Análise da função colaborativa de softwares livres aplicados no ensino do Design

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Conference ICBL2008

November 03 - 05, 2008 Florianopolis, Brazil

Análise da função colaborativa de softwares livres aplicados no ensino do Design Adriano Heemann, Jeandrey Scuissiatto Corrêa, Patrícia Vieira Lima Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina

Palavras-Chave: Função Colaborativa, Softwares Livres, Design e Produto. Resumo: O presente artigo apresenta resultados obtidos com uma pesquisa exploratórioexplicativa sobre ferramentas computacionais não comerciais, tidas como adequadas para o auxilio ao ensino do Design. A abordagem utiliza como referência o chamado Projeto Integrador, uma prática colaborativa adotada pelo Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto, do CEFET-SC. Nesse sentido, o artigo apresenta a avaliação crítica e a análise das funções colaborativas de uma seleção de softwares livres disponíveis na Web.

1 Introdução A presente investigação sobre a aprendizagem colaborativa de estudantes de um curso superior de Design foi motivada pelo advento de novas formas de organização do trabalho no ramo de projetos, que exploram recursos compartilhados, conferências eletrônicas, acesso à distância e tele transferência (download) de arquivos. A esse respeito, refere-se aqui ao Trabalho Cooperativo Assistido por Computador [1]. A presente pesquisa partiu da observação de atividades acadêmicas e delimitou-se pela seguinte indagação: qual a função colaborativa das ferramentas computacionais utilizadas por estudantes de Design? Para se alcançar uma resposta à essa indagação, a abordagem analisou uma seleção de softwares livres que podem auxiliar tais acadêmicos em seus projetos em equipe. Os critérios de avaliação foram estabelecidos com base nas necessidades dos usuários. A pesquisa foi encerrada com a apresentação dos resultados da avaliação, onde se destacaram os aspectos positivos e negativos de cada software.

2 Procedimentos metodológicos A pesquisa ocorreu por meio de uma abordagem exploratório-explicativa. A observação do processo colaborativo enfocou a prática pedagógica denominada Projeto Integrador (PI). O PI consiste em um projeto de produto realizado em grupos de três acadêmicos, que integra os estudos correspondentes às unidades curriculares de cada semestre letivo (módulo) do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto, do CEFET-SC. As atividades de projeto consideradas na pesquisa foram discriminadas no Quadro 01, que contempla também o modo como as atividades de projeto são realizadas pelos acadêmicos e o nível de interação exigida entre os membros das equipes.

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Quadro 01 – Etapas do PI, atividades, modos e níveis de interação

Como pode ser observado na quarta coluna do Quadro 01, o nível de interação de cada atividade foi classificado em forte, médio e fraco, com base no grau de exigência da participação de todos os integrantes para a sua realização.

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Análise dos softwares

A análise da função colaborativa de cada ferramenta computacional contou com o apoio do chamado Modelo 3C de Colaboração, proposto originalmente por Ellis et al. [2]. Também a esse respeito, Pichialini [3] destaca a interligação entre a Comunicação, a Coordenação e a Cooperação como fator necessário para que ocorra a colaboração entre pessoas. O Quadro 02 descreve as ferramentas investigadas, atribuindo-as a categoria de função colaborativa de acordo com esse modelo. Para uma correta interpretação do Quadro 02, contudo, é necessário considerar que, em alguns casos, os softwares de auxílio podem exercer diferentes funções colaborativas de acordo com a atividade que os usuários realizam. Um editor de texto, por exemplo, pode ser utilizado para coordenar as atividades iniciais de projeto de produto. Uma função cooperativa, por outro lado, poderá ser exercida pela mesma ferramenta em atividades de detalhamento. Quadro 02: Ferramentas de auxílio, descrição e função colaborativa

2.2

Critérios de avaliação

A avaliação criteriosa dos softwares livres foi organizada em uma matriz. Os treze softwares enumerados no cabeçalho do Quadro 03 foram avaliados de acordo com critérios apontados por acadêmicos do Curso.

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Quadro 03: Avaliação dos softwares livres identificados

Cabeçalho: 1 - Open Office 2 - Firefox 3 - Inkscape 4 - Gimp 5 - Scribus 6 - Qcad 7 - Blender 3D 8 - Wings 3D 9 - Sweet Home 3D 10 - Miranda 11 - Pidgin 12 - Meebo 13 - Skype Conceitos: 3 - atende completamente 2 - atende parcialmente

1 - não atende

2.3

Aspectos positivos e negativos dos softwares avaliados

Da avaliação criteriosa emergiram os aspectos positivos e negativos (prós e contras) dos softwares analisados. A determinação desses aspectos contou com informações pesquisadas em sites especializados e fóruns de discussão de usuários-especialistas. OpenOffice [4] – Função colaborativa: coordenação e cooperação. Prós: apresenta facilidade de migração e corresponde as funcionalidades do similar da empresa Microsoft; possibilita interação com diversos formatos de arquivos utilizados por softwares equivalentes comerciais. Contras: alguns aplicativos apresentam restrições de funcionalidades; são relatados por usuários como mais lento do que os equivalentes comerciais. Firefox [5] – Função colaborativa: cooperação e comunicação. Prós: ocupa pouco espaço de memória e sua instalação é simples; apresenta facilidade de migração e corresponde as funcionalidades do Internet Explorer; disponibiliza plug-ins que podem agregar funções; é relatado por usuários como seguro. Contras: podem ocorrer complicações de uso por não ser disponibilizado com plug-ins fundamentais; é relatado por usuários como mais lento do que os similares comerciais. Inkscape [6] – Função colaborativa: cooperação. Prós: apresenta as funções básicas dos equivalentes comerciais; apresenta interface versátil e intuitiva; ocupa pouco espaço de memória e sua instalação é simples; disponibiliza tutoriais passo a passo, de fácil aprendizagem; permite interagir com vários formatos de arquivos. Contra: usuários relatam algumas funções muito lentas. Scribus [7] – Função colaborativa: cooperação. Prós: possui todas as funções básicas dos equivalentes comerciais, com algumas ferramentas avançadas; apresenta fácil migração e possui interface intuitiva. Contra: usuários relatam uso prejudicado na plataforma Windows. Gimp [8] – Função colaborativa: cooperação. Prós: corresponde as funcionalidades dos equivalentes comerciais; ocupa pouco espaço de memória. Contras: a interface não segue o padrão dos equivalentes comerciais; usuários relatam dificuldades de instalação. Qcad [9] – Função colaborativa: cooperação. Prós: apresenta funções básicas para desenhos técnicos em 2D; possibilita interação com formatos de arquivos utilizados por softwares 4(6)


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equivalentes comerciais; ocupa pouco espaço de memória. Contra: interface complicada dificulta migração e personalização. Blender 3D [10] – Função colaborativa: cooperação. Prós: corresponde as funcionalidades dos concorrentes comerciais; apresenta diversas funcionalidades; ocupa pouco espaço de memória; disponibiliza plug-ins que podem agregar funções. Contras: apresenta dificuldade para desenhos com precisão; interface complicada dificulta migração. Wings 3D [11] – Função colaborativa: cooperação. Prós: possui as funções básicas dos equivalentes comerciais; apresenta fácil migração e possui interface intuitiva; possui interface de fácil personalização. Contras: Apresenta dificuldade para desenhos com precisão; usuários relatam a falta de atualizações. Sweet Home 3D [12] – Função colaborativa: cooperação. Prós: possui interface intuitiva com funções simples; não há similares disponíveis em softwares livres; possibilita interação com de arquivos utilizados por softwares equivalentes comerciais. Contra: usuários relatam demandar muita memória em visualizações 3D. Miranda [13] – Função colaborativa: comunicação. Prós: possui as funções básicas dos equivalentes comerciais; possui interface de fácil personalização; ocupa pouco espaço de memória; há diversos plug-ins para agregar funcionalidades; economiza memória por se comunicar com vários comunicadores sem ter que instalá-los. Contras: há relatos de usuários sobre problemas de segurança. Pidgin [14] – Função colaborativa: comunicação. Prós: possui as funções básicas dos equivalentes comerciais; ocupa pouco espaço de memória; possui interface intuitiva com funções simples; há vários plug-ins para agregar funcionalidades; economiza memória ao se comunicar com vários comunicadores sem precisar instalá-los. Contra: não há suporte para webcam e microfone. Meebo [15] – Função colaborativa: comunicação. Prós: possui as funções básicas dos equivalentes comerciais; não necessita de instalação, por ser usado através do navegador; não ocupa espaço de memória, somente a ocupada pelo navegador. Contra: é relatado por usuários como sendo mais lento do que os similares; apresenta poucas funcionalidades comparando aos similares. Skype [16] – Função colaborativa: comunicação. Prós: realiza ligações e videoconferências com custo zero ou reduzido; disponibiliza função para criar salas de bate-papo. Contras: foi condenado por violar os termos da licença livre GPL ao lançar um telefone celular com VoIP que não cumpria essa exigência; requer uma conexão de alta velocidade; há relatos de usuários sobre dificuldade de instalação.

Considerações finais Com a presente pesquisa foi possível concluir que, para que a colaboração entre acadêmicos de Design ocorra efetivamente, é necessário que os integrantes de uma equipe compreendam a função colaborativa das ferramentas computacionais utilizadas. Nesse sentido, a pesquisa foi concluída com a descrição da função colaborativa de uma seleção de softwares livres, tidos como úteis pelos acadêmicos de Design. Constatou-se, no decorrer da investigação, que os softwares analisados podem auxiliar o Design colaborativo, sobretudo quando disponibilizados em diferentes línguas, quando apresentam versões para plataformas variadas e quando interagem com arquivos de formatos de equivalentes comerciais. Outro atributo importante para esses softwares é a oferta de tutoriais e informações disponíveis na Internet. A pesquisa apontou, finalmente, que softwares livres devem disponibilizar mais atributos que seus equivalentes comerciais, pois, do contrário, seus usuários tendem a não recomendá-los para aplicação em atividades acadêmicas ou profissionais mais complexas.

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Referências [1]

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

[2]

ELLIS, C; GIBBS, S. J; REIN, G. L. Groupware: some issues and experiences. Communications of the ACM, v.34, n.1, p.38-58, jan., 1991.

[3]

PICHILIANI, M. Mapeamento de software para permitir a colaboração síncrona. São José dos Campos, SP: ITA, 2006.

[4]

OPENOFICE. The free and open productivity suite. Disponível em: <http://www.openoffice.org/>. Acesso em: 10 mai. 2008.

[5]

MOZILA. What’s So Great About Firefox? Disponível em: <http://www.mozilla.com/firefox/>. Acesso em: 10 mai. 2008.

[6]

INKSCAPE. Draw freely. Disponível em: <http://www.inkscape.org/>. Acesso em: 10 mai. 2008.

[7]

GIMP. GNU Image Manipulation Program. Disponível em: <http://www.gimp.org>. Acesso em: 5 mai. 2008.

[8]

SCRIBUS. Scribus Open Source Desktop Publishing. Disponível em: <http://www.scribus.net/>. Acesso em: 5 mai. 2008.

[9]

QCAD. Product Overview. Disponível em: <http://www.qcad.org/>. Acesso em: 5 mai. 2008.

[10]

BLENDER. Blender. Disponível em: <http://www.blender.org/>. Acesso em: 10 mai. 2008.

[11]

WINGS3D. Wings 3D. Disponível em: <http://www.wings3d.com>. Acesso em: 4 mai. 2008

[12]

SWEETHOME3D. Sweethome 3 D. Disponível em: <http://www.sweethome3d.com/>. Acesso em: 8 mai. 2008.

[13]

MIRANDA. Miranda IM. Disponível em:<http://www.miranda-im.org>. Acesso em: 2 mai. 2008.

[14]

PIDGIN. Pidgin. Disponível em: <http://www.pidgin.im/>. Acesso em: 2 mai. 2008.

[15]

MEEBO. Meebo. Disponível em:<http://www.meebo.com>. Acesso em: 10 mai. 2008.

[16]

SKYPE. Skype. Disponível em: http://www.skype.com/>.Acesso em: 10 mai. 2008.

Autores Adriano Heemann, Prof. Dr. Instituição: CEFET-SC, Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto Endereço: Av. Mauro Ramos 950, 88020-300, Florianópolis SC Brasil Email: aheemann@cefetsc.edu.br Jeandrey Scuissiatto Corrêa CEFET-SC, Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto Endereço: Av. Mauro Ramos 950, 88020-300, Florianópolis SC Brasil Email: jeandrey@gmail.com Patrícia Vieira Lima CEFET-SC, Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto Endereço: Av. Mauro Ramos 950, 88020-300, Florianópolis SC Brasil Email: patriciavieiralima@gmail.com 6(6)


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