Acessibilidade Espacial no Campus da UFSC

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Acessibilidade Espacial no Campus da UFSC: Revisitando o passado e avaliando o presente para projetar o futuro.


Álvaro Toubes Prata Reitor Débora Peres Menezes Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão Edison da Rosa Diretor do Centro Tecnológico Sônia Afonso Chefe de Departamento de Arquitetura e Urbanismo Lino Fernando Bragança Peres Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo Orientadora Vera Helena Moro Bins Ely, Dr. Eng. Bolsistas Sofia Arrias Bittencourt Anamaria Pereira Rego Teixeira dos Santos Daniel Medeiros Ghizi Programa de Pós-Graduação: Projeto e Ambiente Construído Bolsista CAPES Roberta Bertoletti

2010 - Grupo PET Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Santa Catarina


Acessibilidade Espacial no Campus da UFSC

Vera Helena Moro Bins Ely (2004-2010) Roberta Bertoletti (2010) Sofia Arrias Bittencourt (2010) Anamaria Pereira Rego Teixeira dos Santos (2004) Daniel Medeiros Ghizi (2004)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Departamento de Arquitetura e Urbanismo Grupo PET/ARQ/SESu Florian贸polis, Dezembro de 2010

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Coordenação e Textos: Vera Helena Moro BIns Ely Textos: Roberta Bertoletti Sofia Arrias Bittencourt Anamaria Pereira Rego Teixeira dos Santos Daniel Medeiros Ghizi Edição: Roberta Bertoletti Sofia Arrias Bittencourt Capa: Sofia Arrias Bittencourt Editora: Gráfica: IMPRESSO NO BRASIL

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Sumário Capítulo 1 – Introdução

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1.1 Justificativa e Relevância 1.2 Objetivos da pesquisa 1.3 Caracterização do objeto de estudo 1.4 Métodos e técnicas 1.5 Estrutura da pesquisa Capítulo 2 - Fundamentação teórica

2.1 Da Segregação à inclusão 2.2 Deficiências e Restrições 2.3 Compreensão das diferentes deficiências 2.4 Acessibilidade Espacial 2.4.1 Componentes da Acessibilidade 2.4.2 Barreiras 2.5 Sistema de Orientabilidade

Capítulo 3 – Métodos

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3.1 Antropovia 3.2 Levantamento Físico Espacial 3.3 Entrevistas 3.4 Passeios acompanhados

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Capitulo 4 – Resultados

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4.1 Antropovia 4.2 Levantamento Físico Espacial 4.2.1 Percursos 4.2.2 Edificações 4.3 Entrevistas 4.4 Passeios acompanhados

Capítulo 5 – Conclusão

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Referências Bibliográficas

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Apëndice Tabela de Antropovia

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Anexos Artigos e Resumos

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Capítulo 1

Introdução 9


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1.1Justificativa e Relevância Apesar da existência de leis que garantam o direito à educação para todas as pessoas, sem nenhuma forma de discriminação, a inclusão de pessoas com deficiências no ensino universitário ainda é lenta e coloca muitos desafios. Entre esses, podemos citar a necessidade de mudanças físico-espaciais que possibilitem o pleno acesso aos espaços abertos e às edificações em campi universitários. O amplo acesso ao espaço construído depende das condições de acessibilidade espacial. Dischinger, Bins Ely e Piardi (2009) conceituam um espaço aberto ou edificado como acessível quando suas características permitem: • Fácil compreensão de suas partes pelo usuário, possibilitando orientação espacial; • O ir e vir, ou seja, um deslocamento seguro e confortável; • A comunicação entre os usuários; • A participação do usuário em todas as atividades que ali ocorrem, fazendo uso dos equipamentos e mobiliário Esta definição permite destacar os quatro componentes da Acessibilidade Espacial, grifados em itálico. Logo, se considerarmos que todas as atividades humanas ocorrem nos ambientes, o conceito de acessibilidade espacial está relacionado tanto com a inclusão social _ pois se não há acesso, não há participação_ quanto com o exercício da cidadania. É, portanto fundamental dotar o espaço construído de características que possibilitem pleno acesso de forma independente de todos os usuários, sejam quais forem suas habilidades ou deficiências. No ano de 2004, o grupo PET/ARQ realizou uma avaliação das condições de acessibilidade espacial no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 11


focada no deslocamento, já que naquele momento entendia-se que para ocorrer a acessibilidade plena este era o fator indispensável junto ao sistema de orientabilidade (descrito detalhadamente no capítulo 2). Foram definidos, como objeto deste estudo, três percursos de grande circulação unindo as edificações de maior uso da comunidade acadêmica, tais como a reitoria, a biblioteca, o centro de convivência e centro de eventos. Além disso, foram avaliadas 50 edificações (consideradas mais importantes devido ao seu uso), resultando em um mapa da situação real do campus em 2004, segundo alguns parâmetros de acessibilidade. Transcorrido um período de cinco anos, desde a conclusão da pesquisa, observou-se a necessidade de uma reavaliação dos mesmos percursos e edificações. Isso se deve tanto a realização de reformas ou inserção de novas construções, quanto da existência de novos parâmetros da acessibilidade estabelecidos em legislações mais recentes, como a Lei n° 10.098/2000 voltada à acessibilidade espacial que foi regulamentada pelo Decreto nº 5.296/2004 e a Norma Brasileira de acessibilidade ABNT NBR 9050/2004.

1.2 Objetivos da pesquisa 1.2.1 Objetivo Geral Avaliar as condições de acessibilidade espacial das edificações e de três percursos no campus da UFSC, destacando as mudanças ocorridas nos últimos cinco anos (2004/2009). 1.2.2 Objetivos Específicos • Compreender as modificações realizadas nas legislações vigentes, e como afetam a avaliação da acessibilidade espacial; • Compreender se houve alteração no processo de inclusão de pessoas com deficiências na Universidade Federal de Santa Catarina; 12


• Comparar os resultados encontrados com os detectados há cinco anos; • Traçar um panorama das melhorias realizadas; • Promover a disseminação de conteúdo científico para a comunidade, universitária ou não, através de diferentes meios de publicação.

1.3 Caracterização do objeto de estudo A Universidade de Santa Catarina foi criada em 1960 reunindo as Faculdades de Direito, Medicina, Farmácia, Odontologia, Filosofia, Ciências Econômicas, Serviço Social e Escola de Engenharia Industrial, sendo oficialmente criada em 12 de março de 1962. Posteriormente, iniciava-se a construção do campus na ex-fazenda modelo “Assis Brasil”, localizada no Bairro da Trindade, doada à União pelo Governo do Estado (Lei 2.664, de 20 de janeiro de 1961). A UFSC possui 57 Departamentos e 2 Coordenadorias Especiais, os quais integram 11 Unidades Universitárias. São oferecidos 39 Cursos de Graduação com 52 Habilitações nos quais estão matriculados 38.323 alunos. Oferece ainda, 26 cursos de Doutorado, 104 cursos de Mestrado e 88 Especializações. Atualmente, o campus universitário dispõe de uma infra-estrutura que permite funcionar como uma cidade qualquer. Além de uma Prefeitura responsável pela administração do campus, há órgãos de prestação de serviços, cultura e lazer, tais como: hospital, gráfica, biblioteca, creches, centro olímpico, editora, bares e restaurantes, teatro experimental, horto botânico, museu, área de lazer e um Centro de Convivência (com agência bancária, serviço de correio e telégrafo, auditório, bar, restaurante, salões de

Figura 1 - Entrada pelo bairro Pantanal

Figura 2 - Praça da Reitoria

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beleza, sala de meios e cooperativa de livros e de material escolar).

Fonte: Mapa fornecido pelo ETUSC e adaptado pela equipe.

Numa área de 1.020.769 metros quadrados, o campus da UFSC apresenta 274.523 metros quadrados de área construída em edificações do campus e está circundado por cinco bairros, como mostra o mapa abaixo.

Figura 3 - Mapa do campus universitário Trindade – UFSC

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1.4 Métodos e técnicas Para avaliar as condições de acessibilidade espacial no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi desenvolvida uma avaliação pós-ocupação (APO) que segundo Ornstein (1992), é um meio a partir do qual se podem conhecer aquelas variáveis prioritárias em cada estudo de caso e se definir critérios para ‘gerir’ o controle de qualidade do ambiente construído. Foram utilizados quatro diferentes métodos na realização da pesquisa. A entrevista foi utilizada para investigar como é tratada a inclusão no ensino superior na Universidade Federal de Santa Catarina. Os outros três métodos foram utilizados na avaliação dos percursos e edificações do campus. No quadro abaixo, observam-se os dois diferentes momentos da pesquisa (2004/2009) e como se desenvolveram.Em 2004 os métodos avaliam a acessibilidade segundo um único componente – o deslocamento. Já no ano de 2009, avaliam a acessibilidade conforme 3 dos 4 componentes da acessibilidade: orientação, deslocamento e uso.

Tabela 1 - Tabela explicativa dos métodos utilizados

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Em seguida cada um dos métodos são, brevemente, descritos:

Antropovia O método da Antropovia, proposto por Baptista (2003), aborda a temática da Acessibilidade, visando a adequação das estruturas de circulação para seus usuários. Parte de uma abordagem ergonômica, onde a mobilidade é analisada como uma atividade de deslocamento realizada por um ser humano, com suas habilidades e limitações físicas, o qual atua sobre um ambiente construído e sob a influência de um cenário já existente. Este método, utilizado na pesquisa em 2004, apresenta limitações quanto à análise completa da acessibilidade espacial, já que atende somente ao deslocamento, não considerando questões importantes como acesso à informação, uso de equipamentos e participação nas atividades. Por essa razão, não foi utilizado na avaliação de 2009. Levantamento Físico Espacial Foram realizados levantamentos físicos espaciais (2004/2009) nos três percursos definidos anteriormente (A, B e C) subdivididos em trechos (como por exemplo: A1, A2, A3). Em seguida, foi impresso o mapa do campus com os percursos para ser feita a leitura do lugar a partir da observação, de fotografias e de anotações, com o auxílio de uma prancheta. Para a avaliação dos percursos em 2004 foram utilizados os parâmetros normativos da NBR9050/1999 e no ano de 2009 a atual NBR9050/2004. Quanto às edificações, para avaliar as condições de acessibilidade foram selecionados 50 edifícios, considerados centros de interesse e que recebem maior fluxo 16


de pessoas, diariamente, no campus. Para realização da avaliação foram utilizados também a técnica da fotografia e anotações. Os critérios para avaliação dos percursos e edificações encontram-se descritos no capítulo 3. Passeio Acompanhado O método dos Passeios Acompanhados, desenvolvido por Dischinger (2000), busca uma percepção do espaço mais próxima à do usuário a partir de situações reais de uso dos mesmos, com intuito de avaliar suas condições de acessibilidade espacial. Os passeios acompanhados, em 2004, foram realizados, durante o dia, com dois acadêmicos: um paraplégico, que se locomove em uma cadeira de rodas e outro cego. Ambos utilizavam, diariamente, as edificações e caminhos do campus. Para complementar os passeios acompanhados realizados em 2004, optou-se por realizar em 2009 um passeio acompanhado, à noite, com uma estudante que possui uma deficiência parcial visual (baixa visão), para analisar a interferência das condições de iluminação do campus. Entrevistas Semi Estruturadas Foram efetuadas entrevistas (2004/2009) com alguns órgãos da UFSC, responsáveis pela admissão e administração dos estudantes na universidade, para saber como a instituição vem tratando as questões da inclusão no ensino. Em seguida, foram realizadas entrevistas com alunos deficientes (2004) para conhecer os problemas que enfrentam no seu dia-a-dia. E por fim, para aprofundar os conhecimentos sobre as dificuldades e potencialidades específicas destes alunos, foram realizadas entrevistas com professores. 17


As entrevistas (2004/2009) foram, previamente, agendadas por telefone de acordo com a disponibilidade de dias e horários dos entrevistados.

1.5 Estrutura da pesquisa Este caderno está estruturado em cinco capítulos, organizando de maneira linear e seqüencial as etapas de realização da pesquisa. O primeiro capítulo é a Introdução, onde ficam definidos os objetivos e as razões para a execução da pesquisa, assim como a maneira como foi executada e uma breve descrição dos procedimentos metodológicos utilizados. Em seguida, no capítulo 2 de Fundamentação Teórica, são exemplificados os conceitos nos quais a pesquisa foi baseada. No capítulo 3, Métodos, instrumentos são descritos mais detalhadamente, mostrando o que foi realizado no ano de 2004 e o que foi realizado em 2009. No capítulo 4, Resultados, encontram-se os resultados encontrados a partir da aplicação dos métodos, anteriormente descritos. Aqui são analisadas as condições de acessibilidade no campus, mostrando melhorias e mudanças ocorridas de maneira positiva ou negativa no decorrer de cinco anos (2004/2009). A Conclusão, capítulo 5, apresenta a avaliação global dos procedimentos e resultados, assim como sugestões para pesquisas futuras. Por fim, apresentam-se as Referências Bibliográficas utilizadas no desenvolvimento da pesquisa e os Anexos produzidos.

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Capítulo 2

Fundamentação Teórica

Neste capítulo é apresentado um breve histórico sobre a deficiência, descrevendo as diversas conquistas ao longo dos anos. Explica-se a diferença entre os conceitos de deficiência e restrição e apresenta-se uma classificação das diferentes deficiências. Logo após, conceitua-se acessibilidade espacial, definindo os quatro componentes. Há um estudo específico sobre orientabilidade: esse enfoque deve-se à importância da orientação para uma efetiva acessibilidade e a complexidade das questões envolvidas. Cabe ressaltar que, por se tratar de uma pesquisa comparativa, a fundamentação teórica do estudo realizado anteriormente (2004) foi atualizada e inserida neste capítulo.

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2.1 Da segregação à inclusão A deficiência foi considerada um estado de caráter metafísico durante muitos séculos. Acreditava-se que pessoas com deficiência eram possuídas e tratadas como se fossem a própria personificação do mal, merecedoras de castigos e até morte. Com o avanço da medicina, passou-se a crer a deficiência como sendo uma patologia, até então incurável. Por oito séculos vigorou uma política, chamada de Paradigma da Institucionalização, na qual estas pessoas eram excluídas do contato com a sociedade e internadas em estabelecimentos que tinham a função de cuidá-las e protegê-las. Este Paradigma permaneceu até a década de 50, do século XX. As Grandes Guerras Mundiais serviram para impulsionar movimentos sociais intensos no mundo ocidental. Milhares de pessoas mutiladas e muita pobreza marcaram este período conturbado da história da Idade Contemporânea. Tal fato fez com que os países integrantes das Organizações das Nações Unidas, em Assembléia Geral (1948), elaborassem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este documento, que norteia até hoje os movimentos de definição de políticas públicas desses países, estabelece que: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Fundamenta-se no reconhecimento da dignidade de todas as pessoas e na universalidade e indivisibilidade desses direitos; universalidade, porque a condição de pessoa é requisito único para a titularidade de direitos e indivisibilidade, porque os direitos civis e políticos são conjugados aos direitos econômicos, sociais e culturais. Da segregação total das pessoas com deficiência, passou-se a buscar sua integração social a partir dos anos 60 e 70. Neste período propôs-se a reabilitação destas pessoas, utilizando-se de recursos que pudessem capacitá-las para a vida no espaço 21


comum da sociedade. A partir dos anos 80 surgem inovações técnico-científicas que elevaram o nível da qualidade de vida da humanidade. Foi um período em que barreiras geográficas foram quebradas, sendo pelas facilidades de comunicação virtual ou mesmo pela televisão, evidenciando cada vez mais a diversidade entre os povos. Nos anos 90 passou-se a valorizar estas diversidades como características constituintes das diferentes sociedades e da população, em uma mesma sociedade. À luz da defesa dos direitos humanos a diversidade enriquece e humaniza a sociedade, desde que reconhecida e respeitada. Começou-se, então, a perceber a necessidade de se criar espaços organizados para atender às mais diversas pessoas, inclusive aquelas com necessidades educacionais especiais. Nos anos seguintes, seguiram-se discussões sobre como inserir as pessoas com deficiência em todos os âmbitos de convívio. Coincide com a utilização do termo inclusão referindo-se à “inserção de pessoas que estariam excluídas por qualquer motivo” (FÁVERO, 2004, p.37). “[...] para deixar de excluir, a inclusão exige que o Poder Público e a sociedade em geral ofereçam as condições necessárias para todos.” (p.38). No Brasil, apesar de ainda incipiente, a inclusão começa pela própria Constituição Federal que adota o princípio de igualdade como ponto fundamental de uma sociedade democrática e justa, quando determina, em seu Art. 5º, que: “todos são iguais perante a lei... Garantindo-se a unidades de ensino nos níveis primário, secundário e superior para as crianças, os jovens e os adultos com deficiências, em ambientes integrados. Devem assegurar que a educação das pessoas com deficiências constitua uma parte integrante do sistema de ensino.” O Brasil sempre participou das discussões mundiais sobre educação e inclusão social. Assinando declarações como a de Jomtien (1990), Salamanca(1994), Guatemala (1999) e Kochi (2003) e o país assumiu o compromisso de erradicar o analfabetismo, universalizar o ensino no país, transformar o sistema de educação em sistemas educacionais inclusivos, acabar com a discriminação frente às pessoas com deficiên22


cia, dentre outras. Para o cumprimento das propostas elencadas acima, foi criada a Lei n° 10.0981 que define como uma pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitado sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto n° 5.296, de 02 de Dezembro de 2004, que estipula um prazo de 30 meses, a partir de sua publicação, para a promoção de adaptações, eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público. A realização destas adaptações deve ser feita de acordo com a norma NBR 9050:2004², que descreve as diretrizes básicas de projeto para a acessibilidade espacial

A lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. 2 Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. 1

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2.2 Deficiência e Restrição

Fonte: Acervo PET

Deficiência e restrição são termos que estão interligados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004), deficiência é uma disfunção fisiológica do indivíduo. Restrição é o resultado da relação entre as características do ambiente e as condições do indivíduo. Por exemplo, uma criança, sem qualquer deficiência, sofre uma restrição quanto ao uso do ambiente se não consegue alcançar um objeto desejado em uma estante (Figura 4). Já uma pessoa com deficiência físico-motora, que utiliza cadeira de rodas, não sofre qualquer restrição para subir ao 2 º pavimento de um edifício se houver um elevador ou rampas disponíveis (Figura 5).

Fonte: Acervo PET

Figura 4 - Barreira de Alcance

Figura 5 - Edificação acessível

Segundo a NBR 9050/2004, deficiência é uma redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente. Caracteriza pessoa com mobilidade reduzida da mesma forma que a Lei n° 10.098, estando inclusas neste grupo as pessoas com deficiência, idosas, obesas, gestantes entre outros.

O interessante, para arquitetos e urbanistas, é saber como se apresentam e quais são exatamente os problemas de ordem física, sensorial ou cognitiva para facilitar a participação do indivíduo no desenvolvimento de atividades, minimizando restrições.

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2.3 Compreensão das diferentes deficiências A classificação das deficiências, segundo Dischinger, Bins Ely e Piardi (2009), se refere estritamente às habilidades funcionais humanas sem considerar a sua origem. As deficiências são dividas em: sensoriais, físico-motoras, cognitivas e múltiplas. Deficiências sensoriais: Afetam os sistemas de percepção (orientação, háptico, visual, auditivo, olfato-paladar) dificultando o uso e a compreensão do espaço, bem como a participação em atividades diversas. Para a análise do espaço é fundamental compreender as deficiências no sistema visual, auditivo e de orientação/háptico. Deficiências no sistema visual: São aquelas que comprometem a capacidade de enxergar. Podem ocorrer em graus diversos, desde baixa visão, causada por problemas como degeneração macular, glaucoma, retinopatia e catarata, até a perda total da visão. Para suprir a falta de informação visual devido à deficiência, a pessoa necessita utilizar os outros sistemas de percepção. Pode também valer-se de equipamento de tecnologia assistiva. Deficiências no sistema auditivo: Constituem em perdas parciais ou totais da capacidade de perceber estímulos sonoros. No caso da perda total, o índividuo não é capaz de ouvir nem com a ajuda de aparelhos, impedindo-o de adquirir o código da linguagem oral. Já no caso da perda parcial, não há impossibilidade de compreender a fala humana, com ou sem a ajuda de aparelhos, e expressar-se oralmente. Este tipo de deficiência cria uma dificuldade em identificar fontes sonoras, dificultando a orientação no espaço a partir da audição. 25


Deficiências no sistema de orientação/háptico: São aquelas que provocam mudanças na percepção do próprio movimento, na manutenção da postura e a identificação dos referenciais externos. Estas alterações comprometem o bom funcionamento de todas as atividades sensoriais, podendo variar de episódios de tontura e vertigem até impossibilidade de orientação espacial. Deficiências físico-motoras: São aquelas que afetam a realização de atividades que envolvam força física, coordenação motora, precisão e mobilidade. Dependendo dos membros afetados surgem dificuldades em diferentes atividades: no caso de deficiência nos membros superiores, a maior dificuldade está nas tarefas que demandam precisão, coordenação e alcance, já nos membros inferiores, a dificuldade diz respeito às questões de deslocamento. Deficiências cognitivas: Referem-se às dificuldades de compreensão e assimilação de informações recebidas, afetando os processos de aprendizado e aplicação de conhecimento, além da comunicação lingüística e interpessoal. Pessoas com esse tipo de deficiência costumam ter dificuldade de concentração, memória e raciocínio. Deficiências múltiplas: São as associações de diferentes deficiências. Podem também ocorrer pela alteração de funções corporais devido a uma deficiência, sendo muito comum em idosos. Outro caso específico é a surdo-mudez, que pode ocorrer tanto pelo não-aprendizado da linguagem oral, quanto pela real sobreposição destas deficiências.

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2.4 Acessibilidade Espacial Acessibilidade é um termo abrangente que envolve diversas definições e conceitos. Segundo a ABNT, através da NBR 9050/2004, pode ser conceituada como: “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. (ABNT/NBR9050, 2004, p.2). Entende-se ainda, como sendo a possibilidade de acesso a todos os lugares e participação nas atividades por todas as pessoas, com conforto e segurança. Acessibilidade é fator primordial para possibilitar a inclusão. Logo é importante incluir nas propostas de projetos as necessidades específicas em termos espaciais das pessoas com deficiência. A arquitetura das edificações e o projeto dos espaços abertos são muito importantes quanto à acessibilidade, pois, se bem executados, podem diminuir o grau de dificuldade que uma pessoa com ou sem deficiência tenha ao usufruí-los. É necessário que todas as pessoas tenham informações claras sobre os lugares que planejam alcançar, se desloquem com conforto e segurança e utilizem os equipamentos e ambientes diversos com independência. O que é visto hoje, em alguns estabelecimentos de ensino, é a implantação de rampas e corrimãos em locais específicos, fato que gera apenas soluções parciais para a acessibilidade. Entende-se que o campus de uma Instituição de Ensino Superior, bem como qualquer edificação que atenda atividades de cunho educacional deve ser acessível por completo, pois ter acesso ao trabalho, lazer e educação é direito de todos. A obrigatoriedade da inclusão de alunos portadores de deficiência em todos os níveis de educação - fundamental, médio e universitário – exige que os estabelecimentos de ensino ofereçam condições tanto de acessibilidade pedagógica quanto es27


pacial. Na UFSC o acesso a alguns espaços abertos e edificados é muito complicado até mesmo para uma pessoa sem qualquer deficiência, devido a sua complexa organização espacial e falta de informação. Este campus foi projetado há aproximadamente quarenta anos quando questões de acessibilidade ainda não estavam em pauta nas discussões de projetos arquitetônicos e urbanísticos.

2.4.1 Componentes da Acessibilidade Para que se alcance uma acessibilidade completa aos diversos espaços e atividades neles desenvolvidas é necessário que 4 componentes, definidos por Dischinger, Bins Ely e Piardi (2009), sejam considerados nos projetos: deslocamento, uso, comunicação e orientação Deslocamento: é ter condições ideais de movimento ao longo de percursos horizontais ou verticais e seus componentes (salas, escadas, corredores, rampas, elevadores). Um edifício cuja entrada é feita somente com degraus é um exemplo de obstáculo ao deslocamento para uma pessoa em cadeira de rodas. Para se garantir o pleno acesso às edificações, todas as barreiras físicas devem ser eliminadas. Orientação: refere-se à compreensão do espaço, para que assim, se possam escolher os possíveis caminhos a serem tomados. Um grande espaço aberto sem direcionadores de fluxo torna a compreensão do espaço extremamente difícil para um deficiente visual, por exemplo. Boa legibilidade arquitetônica e das informações adicionais (mapas, placas, pisos táteis, etc.) são alguns dos requisitos para se obter uma boa orientação. 28


Uso: é a possibilidade de participação do indivíduo nas atividades desejadas, utilizando os ambientes e equipamentos, sem que seja necessário um conhecimento prévio. Um banheiro, por exemplo, deve estar dimensionado de acordo com a NBR 9050/2004, além de conter as barras de apoio nas dimensões e alturas adequadas. A facilidade no uso dos equipamentos é importante para pessoas com deficiência poderem realizar atividades com independência. Comunicação: é como se dão as condições de troca e intercâmbio de informações interpessoais, e entre pessoas e equipamentos de tecnologia assistiva, que permitem o ingresso e o uso da edificação ou espaço livre.A avaliação deste componente é importante para a melhora nos níveis de independência das pessoas com deficiência auditiva, cognitiva ou problemas na fala.

2.4.2 Barreiras Alguns elementos podem dificultar a realização de atividades ou mesmo impedir a sua execução. Estes elementos são chamados de barreiras, e podem ser divididos em três categorias: Barreiras sócio-culturais ou atitudinais: estão relacionadas às relações sociais e gerações de preconceitos que, de alguma forma, podem prejudicar a inclusão social das pessoas com restrições oriundas de alguma deficiência. Dentro da universidade são aquelas que, de alguma forma, podem interferir na inclusão ao ensino, podendo comprometer no aprendizado. A atitude de um professor, quando se recusa a transferir uma aula para o térreo de um prédio, para facilitar o acesso de algum aluno que tenha dificuldade para subir escadas, pode ser considerada uma barreira deste tipo. A visão sobre as pessoas com deficiência deve estar focalizada em suas potencialidades, e não nas limitações que apresentam. 29


Barreiras físicas ou arquitetônicas: são elementos ou mesmo configurações arquitetônicas que impedem ou dificultam o acesso independente de usuários a determinados lugares. Entende-se como acesso tanto o deslocamento no espaço quanto o seu uso. Esse tipo de barreira compromete a acessibilidade espacial. Um edifício que não possua rampa nem elevador pode ser considerado uma barreira arquitetônica, pois impede que uma pessoa em cadeira de rodas, por exemplo, possa chegar aos pavimentos mais elevados sem que seja carregado por outras pessoas. Ou ainda, um banheiro sem cabine adaptada, é uma barreira física que impede a plena utilização dos equipamentos Barreiras de informação: estão ligadas aos elementos que constituem a informação ambiental, como os elementos arquitetônicos, os sistemas de informação adicional (gráfica, sonora, verbal) e a troca de informações. Portanto, este tipo de barreira está relacionada com a orientação e a comunicação. Pode-se chamar de barreira de informação aqueles elementos que restringem a percepção e dificultam o intercambio de informações interpessoais, conseqüentemente impedindo a correta tomada de decisão no deslocamento ou uso do espaço. Exemplos seriam a ausência de placas em alguns locais de decisão e a ausência de telefones públicos com tecnologia assistiva para deficientes auditivos. As barreiras, agindo isoladas ou em conjunto, comprometem ou impossibilitam o acesso e a participação dos usuários às atividades, podendo-lhes causar a exclusão social.

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2.5 Sistema de Orientabilidade Orientação é a capacidade ou habilidade do indivíduo referenciar-se mentalmente e deslocar-se num determinado arranjo físico através de processos cognitivos. Estes processos dependem tanto das informações contidas no ambiente quanto da habilidade do indivíduo em perceber e tratar essas informações. Podemos entender como orientabilidade de um lugar ao conjunto de características do arranjo físico que permite a leitura e a representação dessas informações espaciais necessárias para a orientação do indivíduo (BINS ELY et al, 2002). Segundo Passini (1987) “a orientação espacial é essencialmente um fenômeno estático que consiste em referenciar mentalmente as divisões de um lugar de forma a se situar quanto às mesmas. No entanto a referenciação não é estática, ela se faz e refaz à medida que novos dados vão surgindo”. O modo como as informações ambientais são organizadas mentalmente é definido como mapa cognitivo e inclui todos os processos mentais envolvidos no deslocamento. A função primária de um mapa mental, ou mapa cognitivo é a orientação, pois não seria possível realizar um deslocamento sem alguma forma de imagem mental do trajeto. No momento em que começamos a ter uma compreensão de um determinado arranjo físico, automaticamente inicia-se um processo de mapeamento. De acordo com Passini & Arthur (1992), existem três etapas envolvidas no processo de orientação: o processamento da informação, a tomada de decisão e a execução da decisão. O Processamento da informação abrange os sistemas perceptivos e cognitivos na identificação da informação ambiental. As dificuldades em processar esta informação dificultam ou impedem o deslocamento do indivíduo no espaço. Estas dificuldades podem ser reflexo de uma informação ambiental deficiente (poluição visual, reflexão luminosa, excesso de ruído, mensagens ambíguas, complexidade dos espaços, etc.), ou oriundas de alguma restrição quanto a percepção do indivíduo (como surdez, 31


baixa visão, cegueira), ou ainda no tratamento dessas informações, como no caso de pessoas com deficiência cognitiva. O estado emocional do usuário, seja este fadiga, stress, também influencia a assimilação das informações e, conseqüentemente, a orientação. A tomada de decisão é a elaboração de um plano de ação para realizar um determinado percurso. Este plano é organizado em etapas de forma hierárquica, seguindo uma seqüência. Quanto maior o número de decisões num plano de ação maior o grau de complexidade da operação, pois em cada etapa é necessário um esforço mental e a probabilidade de erro torna-se maior. A execução da decisão é quando colocamos em prática o plano de ação, transformando-o em comportamento físico, podendo, dessa maneira, realizar o deslocamento. O conhecimento prévio ou a presença de informação ambiental em pontos de tomada de decisão, ou seja, em pontos estratégicos para o deslocamento, implicarão na facilidade da execução da decisão.

Fonte: Autores

A Informação Ambiental, portanto é fundamental para a orientação e para se chegar às atividades fim. Este tipo de informação pode ser dividida, para fins de estudo, de diferentes maneiras dependendo da escala do ambiente. Na escala urbana, Lynch (1960) divide a Informação Ambiental em 5 elementos estruturadores para um determinado arranjo físico: vias, limites, bairros, cruzamentos e marcos visuais, abaixo relacionados. Vias: caminho por onde o observador se desloca, podem ser as ruas, passeios, linhas de trânsito, canais, caminho-de-ferro. As pessoas observam a cidade à medida que se deslocam por isso para a maioria das pessoas esses elementos são predominantes em suas imagens. Figura 6 - Via de Acesso

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Figura 8 - Acesso Bairro Pantanal Fonte: Autores

Cruzamentos: também conhecidos como “nós”, são elementos estratégicos de orientação de uma cidade. Estão ligados ao conceito de vias, pois normalmente são os encontros ou cruzamentos entre duas vias. Podem ser essencialmente junções, locais de interrupção num transporte ou momentos de mudança de uma estrutura para outra. É desse ponto que o observador estrutura e segue seu deslocamento de um ponto ao outro. Os cruzamentos também podem se diferenciar por concentrar alguma atividade ou pelo seu caráter físico, como a esquina de alguma rua ou um largo que concentra outros elementos, ou seja, um “nó” de concentração. Estes Nós podem ser características marcantes de um bairro por funcionarem como centros irradiadores de atividades.

Figura 7 - Limites da Universidade

Fonte: Autores

Bairros: são regiões urbanas de diferentes escalas e bidimensionais nas quais o indivíduo consegue entrar e mentalmente identificá-las como zonas diferenciadas, ou seja, que se destacam das demais por funções semelhantes ou tipologia. Podemos citar, como exemplo, os setores da UFSC, centros divididos por áreas de interesse, como Centro Tecnológico (CTC), Centro de Comunicação e Expressão (CCE) entre outros. Para a maioria dos cidadãos, dependendo da cidade, os bairros e as vias são os principais elementos estruturadores do espaço.

Fonte: Autores

Limites: são os elementos que atuam como fronteira separando duas regiões. Essas barreiras podem ser elementos naturais como um rio ou montanha e podem também ser elementos construídos como paredes, cercas ou um bairro. O campus pode ser limitado pelos bairros, ou ter as edificações adjacentes como limites, ou ainda, ter suas rótulas como referências (Figura 7). O que realmente define esses elementos são a experiência e o interesse particular do observador.

Figura 9 - Rótula

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Fonte: Autores

Os cruzamentos são típicas convergências de vias ou centros polarizadores de bairro, em qualquer caso ou imagem, encontramse pontos focais e, em alguns casos, eles são até a característica dominante. A universidade é circundada por rótulas (Figura 9) que marcam as entradas do campus e correspondem aos bairros adjacentes, muitas vezes sendo referência de limites ou até mesmo de pontos marcantes para alguns usuários.

Figura 10 - Vista do Morro da Cruz

Marcos Visuais: São elementos naturais e edificados que se destacam da paisagem por alguma característica particular, podendo ser a forma, função ou cor. Podemos dar como exemplo o “morro da cruz” (nome popular) em Florianópolis, identificável de diversas regiões da Ilha, ou a reitoria, destacada pela sua importância e localidade (Figura 10). É importante ressaltar que diferentemente dos demais elementos citados, neste caso o observador encontrase fora do ponto; é um elemento externo. Estes pontos podem encontrar-se dentro ou fora da cidade, dependendo de sua distância ou dimensões. No caso do morro da cruz, por exemplo, ele encontra-se fora do campus da UFSC, mas funciona como um elemento de orientação para seus usuários atuando como símbolos de direção. Os pontos de domínio local podem ser representados por fachadas de lojas, lagos, quiosques, áreas diferenciadas por alguma função, podendo ainda destacar-se por fatores dinâmicos como cheiro ou som. Esses pontos podem atuar como pontos âncoras para a construção de mapa mental seqüencial. É importante ressaltar que os elementos estruturadores do espaço foram definidos e descritos separadamente, porém eles se relacionam e existem simultaneamente na imagem mental do indivíduo. Para alguém que vive nos arredores do campus os bairros e rótulas podem significar os seus limites. Em contra partida

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estudantes que utilizam o ônibus para chegar à UFSC podem reconhecer como limites o ponto de ônibus que utilizam e o centro que freqüentam. E essa situação acontece para os demais pontos citados. O que os diferencia é a importância que cada observador dá a cada um deles e a relação e experiência do usuário com tais elementos. Já Passini (1987), em sua avaliação dos espaços construídos, ou seja na escala da edificação, define três modalidades: Informação Arquitetônica, Informação Adicional e Informação Verbal, definidos a seguir.

Configuração Espacial: é a relação entre as formas, volumes, circulações, hierarquias do espaço, a relação dos elementos arquitetônicos entre si e com o espaço não edificado. A configuração do espaço que obedece algumas leis geométricas de proporcionalidade, simetria, bem como formas geométricas simples (como “T”, “L”) facilita a estruturação de mapas mentais. Como podemos observar no Centro de Comunicação e Expressão (CCE), com uma planta em “T”, onde a circulação segue a mesma lógica de sua estrutura, a orientação e o deslocamento tornam-se mais fáceis do que os realizados nos prédios do Centro Tecnológico (CTC) que apresentam uma forma irregular e circulação princi-

Fonte: Autores

Informação Arquitetônica: é a informação transmitida através das características físicas do ambiente, de seus elementos e da relação entre eles. A percepção dessa informação depende das características do usuário e da qualidade dessa informação. A presença de alguns princípios de configuração do espaço pode facilitar a representação dos mapas cognitivos, como zonas funcionais, marcos referenciais.

Figura 11 - Circulação CTC

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Fonte: Autores

pal (figura 11) que se desenvolve de forma circular, confundindo o usuário.

Figura 12 - Centro Ecumênico

Fonte: Autores

Zonas Funcionais: essas zonas seguem o mesmo conceito dos bairros definidos por Lynch. São agrupamentos homogêneos de serviço, instalações ou de usuários. A diferenciação e disposição dessas áreas por atividades semelhantes facilitam a percepção e logo a formação de mapas mentais, além de diminuir a necessidade de informação adicional. Podemos citar como exemplo a área de esportes da UFSC, pois ali se encontra apenas um dos setores da UFSC, Centro de Desportos (CDS).

Figura 13 - Via interna

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Marcos Referenciais: assim como os marcos visuais definidos por Lynch, são elementos de características singulares e contrastantes com o ambiente em que estão inseridos e que facilitam a percepção ambiental. A existência desses elementos estruturadores facilita a construção de mapas mentais, até mesmo o mapeamento de caminhos arbitrários. A escolha e uso desses elementos pode ser permanente, como o centro ecumênico (Figura 12) ou a concha acústica do campus, ou podem ser dinâmicos, como o ruído ou o cheiro característicos dos restaurantes e lanchonetes, ou ainda a música da rádio Tróia também pertencente ao campus. Porém referenciais dinâmicos não são os mais confiáveis uma vez que esses estímulos podem ou não existir num determinado momento. A escolha desses elementos pode variar de acordo com o interesse de cada indivíduo.

Acesso Visual: é garantir ao usuário, através das aberturas e transparências e da morfologia dos caminhos orientar-se de maneira adequada. As aberturas e transparências (relação externo e interno) permitem o visual para a rua. Dessa forma o indivíduo


pode localizar-se utilizando os elementos da paisagem, naturais ou edificados. Os sistemas de circulação horizontal de um conjunto formam “ruas internas”. O menor número de mudança de direção (passo topológico) e o maior número de pontos visíveis possibilitam o alcance visual do objeto de deslocamento (um elevador, ou uma escada, por exemplo) antes de lá chegar. Estes princípios de organização propiciam condições favoráveis à orientação.

Sonora - a informação sonora é a segunda mais utilizada depois da visual. Existem muitos exemplos desse tipo de informação no nosso cotidiano, como os alarmes nas escolas indicando o início e o término das aulas, a ambulância abrindo caminho numa

Figura 14 - Mapa do campus Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/

Gráfica - este tipo de informação é transmitida através do alfabeto, de forma pictográfica (signos e figuras) ou através de desenhos (como mapas). Pode se apresentar de diferentes maneiras (placas, mapas, banners) (Figura 14), ou ainda pode ser de uso individual (folhetos, brochuras, etc.). Para que este tipo de informação seja eficiente e transmitida de forma clara, estes signos devem ser de fácil identificação e serem significativos à cultura onde estão inseridos e devem ser fixados em pontos estratégicos de tomada de decisão. Em todos os tipos de informação gráfica devem-se respeitar alguns princípios básicos de composição, como a escolha das cores, relação fundo-figura, legibilidade, tamanhos das placas, a localização e o campo visual, a fim de garantir a qualidade na transmissão da informação.

Fonte: Autores

Informação Adicional: é um complemento à informação fornecida pelo ambiente e auxilia na compreensão do espaço. Pode ser de diferentes tipos: gráficas, sonoras e táteis.

Figura 15 - Exemplo de telefone com tecnologia assistiva.

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Fonte: http://www.arcomodular.com.br/

emergência, entre outros. Para pessoas com deficiência visual a informação sonora (Figura 15) torna-se ainda mais significativa. Porém o excesso de ruído ou a sobreposição de informação pode causar desconforto, ou mesmo deixar desorientado o usuário que dependa exclusivamente desse tipo de informação.

Figura 16 - Exemplo de mapa tátil

Tátil - este tipo de informação, normalmente usado em mapas e em sinalização, é um importante instrumento de comunicação para pessoas com deficiência visual. A leitura desses mapas é feita através do tato, a partir de texturas e relevos e possibilita a compreensão e a apreensão do espaço, permitindo sua locomoção de forma independente. Informação Verbal: também é um tipo de informação complementar quando as informações arquitetônicas e os demais tipos de informações adicionais são insuficientes ou incoerentes. Essas informações podem ser fornecidas pelos funcionários ou usuários. A necessidade de muitas perguntas para se chegar a um determinado lugar gera uma perda de tempo e constrangimento em muitas situações, impossibilitando autonomia por parte do usuário. Por outro lado muitas pessoas sentem-se mais seguras consultando alguém mesmo antes de buscar algum tipo de informação gráfica.

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Capítulo 3

Métodos

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para avaliar as condições espaciais de acessibilidade do campus conforme já explicitado no item 1.4

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3.1 Antropovia “O termo Antropovia pode ser definido como uma estrutura de circulação pública, de fim social, destinada à acessibilidade de forma universal do ser humano, com conforto, segurança e autonomia, visando à produtividade, competitividade e qualidade de vida para a sociedade” (BAPTISTA, 2003, p.3). Tipificação dos usuários: A tipificação dos usuários se refere à categoria de mobilidade nas estruturas de circulação de pedestres, que são compostas por atividades específicas nos locais escolhidos para análise, conforme tabela abaixo.

Tabela 2 - Tipificação dos usuários

Indicadores: Os indicadores que devem ser observados nas aferições são os seguintes:

Tabela 3 - Indicadores a serem analisados

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Os valores obtidos com relação aos indicadores, nas medições de campo, são analisados através da tabela de referência de parâmetros, logo abaixo:

Tabela 4 - Parâmetros de Análise

Estes parâmetros, propostos por BAPTISTA (2003), seguem autores como Ubierna (1997), Malet & Lloveras (1999) e normas e códigos internacionais e nacionais, como em Ubierna (1999), ABNT NBR-9050/1994 e ADA (1998). Após a análise realizada sobre a tabela de referência de parâmetros para os indicadores é fetuada a ponderação, conforme conceitos e valores expostos no Espectro de Acessibilidade. Espectro de Acessibilidade: A partir da apreciação dos valores obtidos nas medições são atribuídas notas, calculadas em uma escala de 0 (zero) até 100 (cem) para os diferentes indicadores de cada grupo. São usadas as seguintes pontuações: • [0] – Todos os sub-indicadores não correspondem às especificações prescritas. • [25] – Há algumas correspondências com as especificações, mas está bem aquém do desejado. • [50] – Apesar de atender certos parâmetros, o conforto, a segurança e a autonomia das pessoas deste grupo ainda estão ameaçadas. • [75] – Os sub-indicadores encontram-se em situações aceitáveis, mas podem ser melhorados, pois expõem as pessoas deste grupo a pequenos constrangimentos. • [100] – Todos os sub-indicadores correspondem, ou estão próximos, às especificações prescritas. 42


Partindo da tipificação dos usuários, entende-se que, para cada indicador, os usuários do grupo 1 (sem algum tipo de deficiência ou limitação) sempre terão a maior pontuação. Os do grupo 2 terão pontuação igual ou inferior às do grupo 1. A condição ideal é que todos os grupos alcancem os 100 pontos para o indicador. As pontuações obtidas para cada indicador e para cada grupo são ordenadas na fórmula da menor para a maior. Os indicadores de menores níveis têm os maiores pesos e os de maiores níveis os menores. Assim, o indicador mais baixo terá um peso de 0,5; o seguinte 0,25; o próximo 0,125 e assim por diante. Os 2 dos 5 indicadores que obtiverem os melhores resultados terão o mesmo peso (menor), a fim de que a soma dos pesos seja igual a 1. Nível de acessibilidade = Ʃ (1/2 x Ind.1 + 1/22 x Ind.2 + 1/23 x Ind.3 + ... + 1/2n-1 x para n indicadores Ind.n-1 + 1/2n-1 x Ind.n)

A adoção desse procedimento para a ponderação dos pesos parte da observação que: basta apenas que um indicador esteja inacessível, com pontuação 0 (zero), para que toda a acessibilidade esteja comprometida; e que um ou dois indicadores plenamente acessíveis pouco contribuirão, se os demais estiverem apenas parcialmente acessíveis. Sendo assim, se um indicador for 0 (zero) e todos os demais 100, o nível de acessibilidade do grupo será igual a 50. Uma boa acessibilidade se dará quando todos os indicadores estiverem em níveis aceitáveis (acima de 75). Em função da pontuação alcançada pelo nível de acessibilidade podem-se interpretar as conseqüências decorrentes em termos de autonomia, conforto e segurança para o grupo de usuários (conforme a tabela 5).

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Tabela 5 - Espectro de Acessibilidade

Como exemplo, criou-se um percurso “X”. Na análise deste percurso observa-se que: • Sua superfície livre conta com 1,42m de largura; • A altura livre, comprometida pela existência de um galho de árvore, é, no ponto mais crítico, 1,85m; • Não possui inclinação transversal nem desnível no sentido do deslocamento dos pedestres; • Há uma rampa com inclinação de 10% no meio do percurso. Cálculos (ver tabela de referência de parâmetros para os indicadores):

Tabela 6 - Cálculos percurso “X”

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Nível de acessibilidade para 05 indicadores = Ʃ (1/2 x Ind.1 + 1/22 x Ind.2 + 1/23 x Ind.3 + ... + 1/2n-1 x Ind.n-1 + 1/2n-1 x Ind.n) Nível de acessibilidade para 05 indicadores = Ʃ (1/2 x 50 + 1/22 x 75 + 1/23 x 100 + 1/24 x 100 + 1/24 x 100) Nível de acessibilidade para 05 indicadores = Ʃ (25 + 18,75 + 12,5+ 6,25 + 6,25) Nível de acessibilidade para 05 indicadores = 68,75.

Segundo a tabela de interpretação de resultados (tabela 6) este percurso “X” poderia ser considerado seguro, mas necessitaria de atenção dos seus usuários. O único valor que influenciou, consideravelmente, o resultado foi a altura livre, que se modificada para 2,10m, por exemplo, forneceria um valor final de nível de acessibilidade de 87,5 (quase índice máximo de acessibilidade). Os resultados obtidos através do Método da Antropovia indicam onde se encontram os maiores problemas de cada percurso.

3.2 Levantamento Físico-Espacial Neste método foram avaliados os percursos definidos anteriormente e, em um segundo momento, as edificações selecionadas através do critério de importância no campus universitário. Percursos Os três percursos foram denominados de A, B e C e subdivididos em trechos (como por exemplo: A1, A2, A3). Cada um deles recebeu uma cor correspondente no mapa. O percurso A foi representado pela cor vermelha; já a cor azul representa o percurso B e o percurso C é de cor verde, conforme o mapa abaixo: 45


Fonte: Autores

Figura 17 - Mapa do Campus com os percursos analisados

Em 2004 os percursos foram avaliados conforme os seguintes indicadores: Superfície Livre, Altura Livre, Desnível Simples, Inclinação Longitudinal Simples e Inclinação Transversal e com seus respectivos valores atribuídos pelos parâmetros. Após a avaliação de todos os trechos, em função de cada grupo, é possível analisar um percurso. O nível de acessibilidade do percurso será igual ao do trecho que obteve o menor índice, pois, se é esperado que todo o percurso seja realizado, este será o trecho que impedirá o acesso de determinado usuário. Se for objetivo intervir no percurso para melhorar seu acesso, esta secção, de menor nível, será o local que terá prioridade. 46


Para a avaliação da acessibilidade nos três percursos, em 2009, foram abordados três dos quatro componentes da acessibilidade espacial: deslocamento, orientação e uso. Entendeu-se que o componente “comunicação” trata de um aspecto pouco conside- rado em percursos externos, cuja maior atividade é a circulação, devido aos poucos espaços de permanência. Na seqüência, são apresentados os conceitos de cada um dos componentes junto aos elementos que foram considerados importantes para a avaliação e suas respectivos conceitos Considerando que o deslocamento é a seqüência de movimentos de deambulação do usuário de forma confortável e segura, foram analisados sete elementos: • • • • • • •

Largura do passeio – dimensão livre pavimentada para a circulação; Pavimentação – material em que foi executado o passeio; Manutenção da pavimentação – condição atual do passeio; Desníveis – alterações de mais de 5 mm no passeio; Inclinação transversal – inclinação perpendicular ao passeio; Obstáculos – objetos que prejudicam a locomoção segura, aereos ou não; Cruzamento – travessia da pista de rolamento desde o passeio;

A habilidade do usuário de situar-se em relação ao meio e perceber suas características físico-espaciais constitui o componente orientação. Para o estudo da orientação no campus da Universidade foram selecionados quatro elementos a serem avaliados: • Iluminação – condições lumínicas do local; • Vegetação – caracterização da massa vegetal quanto a atributos perceptíveis pelos diferentes canais sensoriais, trazendo identidade ao local; • Diferenciação em cor e/ou textura dos pisos – devido à inexistência de pisos tá47


teis no campus optou-se analisar o contraste dos pisos dos passeios e de seu entorno; • Sinalização visual para pedestres – elementos de informações oficiais indicativos de direção e localização; O ultimo componente da acessibilidade avaliado é o Uso que corresponde a condição que possibilita a utilização dos equipamentos urbanos e a participação nas atividades afins. Foram avaliados cinco mobiliários urbanos segundo os seguintes critérios: • Telefones públicos – análise quanto à localização, espaçamento, altura da cabine em relação ao piso; • Bancos – localização e condição de conforto; • Lixeiras – quanto à localização, identificação, manutenção e descarte de resíduos; • Abrigo para espera de ônibus – condição de informação, mobiliários existentes e localização; • Paraciclo – mobiliário destinado ao estacionamento de bicicletas, analisado quanto a sua localização e manutenção; Nas tabelas a seguir são apresentados os parâmetros utilizados para a avaliação dos trechos. Na primeira coluna refere-se ao componente de acessibilidade a ser abordado. Já na segunda coluna encontram-se cada um dos elementos a serem avaliados, que foram descritos anteriormente. Na terceira coluna aparecem os itens correspondentes aos parâmetros técnicos da NBR 9050/2004. E na quarta e última coluna, estão as respectivas recomendações, sendo a maior parte delas obtida a partir dos parâmetros técnicos da NBR 9050. Os elementos não contemplados na norma técnica foram obtidos em bibliografias complementares.

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Tabela 7 - Paramêtros de avaliação do componente Deslocamento

Tabela 8 - Paramêtros de avaliação do componente Uso

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Tabela 9 - Paramêtros de avaliação do componente Orientação

Quanto às edificações, em 2004, no primeiro momento foi realizada uma seleção dos edifícios mais importantes da UFSC, levando em conta as funções e fluxo diário de pessoas. Nesta avaliação foram selecionados 50 edifícios. Em um segundo momento estes edificios foram avaliados, conforme três níveis de acessibilidade estabelecidos: edificações acessíveis, não acessíveis e acessíveis com assistência. Também foi observada a existência de rampas, telefones públicos, elevador, banheiro e banheiro adaptado. Estes itens de avaliação foram organizados na tabela 10, quando existentes a coluna é preenchido com um ponto (●). Para complementar a avaliação, utilizou-se a técnica do registro fotográfico. Em 2009, a avaliação manteve as 50 edificações, entretanto a tabela foi modificada (tabela 11) mostrando a acessibilidade ao pavimento térreo e a possibilidade de 50


acesso aos demais pavimentos. Os equipamentos avaliados foram apenas banheiros e banheiros adaptados. Da mesma forma que em 2004, foi utilizada a técnica do registro fotográfico para completar as avaliações.

Tabela 10 - Tabela de edificações 2004

Tabela 11 - Tabela de edificações 2009

3.3 Passeio Acompanhado O método dos Passeios Acompanhados, desenvolvido por Dischinger (2000), busca uma percepção do espaço do ponto de vista do usuário. A aplicação deste método consiste em escolher um entrevistado, relevante ao estudo e acompanhá-lo, ao longo dos percursos já definidos, para obter informações sobre o processo de orientação e dificuldades no deslocamento, uso dos equipamentos e participação nas 51


atividades. No decorrer do passeio, o interlocutor não deve conduzir ou ajudar o entrevistado na realização das atividades. Ao final é solicitado ao entrevistado que descreva questões relativas ao passeio que possam ter passado despercebidas durante a execução do mesmo. Estas, geralmente, são relacionadas ao tipo de deficiência que possui. Por exemplo, um deficiente visual encontra maiores dificuldades em se orientar e um deficiente físico-motor em se locomover, logo suas observações terão diferentes enfoques. Todo o processo é registrado em fotografias, áudio ou áudio-visual e são feitas ano- tações relevantes, com o auxílio de uma prancheta. Para sistematização dos dados todos os registros são dispostos em mapas sintéticos dos percursos. Este tipo de observação não poderia ser efetuado por pessoas sem reais deficiências, simulando situações que não são comuns no seu cotidiano. Alguém que possui uma deficiência, seja ela de qualquer tipo, desenvolve algumas habilidades de forma diferente das outras pessoas. Um cego tem o olfato e audição muito mais desenvolvidos que uma pessoa com visão normal, já que depende muito destes sentidos para se orientar no espaço. Com a intenção de visualizar os problemas relativos ao deslocamento e orientação enfrentados pelos deficientes visuais e físicos no campus, utilizaram-se os mesmos percursos das análises dos demais métodos. Sabia-se que as dificuldades encontradas por eles seriam diferentes, já que o deficiente físico-motor possui dificuldades em se deslocar e o cego em se orientar no espaço. No ano de 2004, os passeios acompanhados foram realizados nos três percursos, durante o dia, com dois acadêmicos: um paraplégico, que se locomove em uma cadeira de rodas e outro cego. Para complementar os passeios acompanhados realizados em 2004, optou-se por realizar em 2009 um passeio acompanhado, à noite, com uma estudante que pos52


sui uma deficiência parcial visual (baixa visão), seguindo os mesmos percursos feitos anteriormente, para analisar a interferência das condições de iluminação do campus, até então não relatadas.

3.4 Entrevistas Semi-estruturadas Em 2004, foram entrevistados três diferentes órgãos da universidade para saber como a instituição vem tratando as questões da inclusão no ensino. A primeira entrevista foi realizada no Núcleo de Estudos em Educação Especial (NUCLEIND) com uma bolsista e aluna do curso de Pedagogia e buscou saber que tipos de trabalhos desenvolvem e quais assistências oferecem aos alunos com deficiência. Para saber quais são os procedimentos adotados no concurso vestibular e como são aplicadas as provas aos candidatos com deficiências, foi realizada uma entrevista com o Coordenador de Informática da Comissão Permanente do Vestibular da UFSC, a COPERVE. E o terceiro órgão escolhido foi a Pró-reitoria de Graduação (PREG). A entrevista com a Professora Sônia Maria Hickel Probst teve o objetivo de saber de que maneira este órgão auxilia no desenvolvimento dos alunos com deficiência. Ainda em 2004, foram realizadas entrevistas com alunos deficientes para conhecer os problemas que esses enfrentam no dia a dia e com professores para aprofundar os conhecimentos sobre as dificuldades e potencialidades específicas destes alunos. Foram entrevistados cinco alunos: um cego, um paraplégico e um tetraplégico (ambos usuários de cadeira-de-rodas), uma aluna com reumatismo e uma surda. Os seis professores entrevistados foram indicados pelos próprios alunos. 53


Em 2009, as entrevistas foram pré-agendadas e feitas com três diferentes órgãos da UFSC, responsáveis pela admissão e administração dos estudantes na universidade. As perguntas foram direcionadas a cada um dos órgãos de acordo com os interesses da pesquisa. Optou-se por não realizar entrevistas com alunos e professores, visto que nos outros métodos utilizados observaram-se poucas alterações na estrutura física, administrativa e pedagógica ao longo dos cinco anos. Primeiro, foi realizada uma entrevista com a responsável pelo Programa de Ações Afirmativas da PREG (Pró reitoria de Graduação), com o enfoque nas políticas públicas implantadas para efetivar a inclusão no ensino. Em seguida, foi feita uma entrevista com a arquiteta Chefe da Divisão de Planejamento Físico e Uso do Solo do ETUSC, para descobrir se existem projetos, em andamento, relacionados à acessibilidade no campus (como também está sendo realizada a adequação do campus aos parâmetros da acessibilidade estabelecidos pela legislação vigente) E por fim, foi efetuada uma entrevista com um integrante do Grupo de Acessibilidade (criado em 2008) a fim de descobrir quais são os objetivos do grupo perante as políticas de inclusão no ensino universitário e cumprimento da legislação vigente.

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Capítulo 4

Resultados

Neste capítulo são apresentados os resultados das avaliações realizadas, a partir dos diferentes métodos descritos, em 2004 e 2009.

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4.1 Antropovia

Fonte: Autores

Os percursos foram separados em A, B e C, subdivididos em secções (figura 18). Em uma secção são considerados todos os indicadores (Superfície Livre, Altura Livre, Desnível Simples, Inclinação Longitudinal Simples e Inclinação Transversal), com seus respectivos valores. Após a avaliação de todas as secções, em função de cada grupo, é possível analisar um percurso. O nível de acessibilidade do percurso será igual ao da secção que obteve o menor índice, pois, se é esperado que todo o percurso seja transcorrido, este será o trecho que impedirá o acesso de determinado usuário. Se for objetivo intervir no percurso para melhorar seu acesso, esta secção, de menor nível, será o local que terá prioridade.

Figura 18 - Mapa do Campus com os percursos analisados

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PERCURSO A: São demonstrado a seguir os cálculos do trecho A1, sendo ele um exemplo dos que foram realizados para todos os trechos, encontrados no anexo X. Trecho 1 Trecho compreendido entre o abrigo do ponto de ônibus localizado em frente à Fundação Certi e o final da rótula que leva até o Centro de Eventos.

Fonte: Autores

Fonte: Autores

O passeio tem menor dimensão de 1,20m de largura livre (figura 19), em um local onde há um poste sobre o mesmo. Galhos de árvore muito baixos, com 1,60m de altura foram encontrados próximos da rótula (figura 20). Há um desnível de 13cm de altura, sem rampa (figura 21). O trecho não possui inclinação transversal e há uma rampa com inclinação de 8% no sentido do deslocamento dos pedestres (figura 22). Estas informações foram inseridas na tabela de tratamento dos dados (tabelas 10, 11 e 12), de onde sairão as futuras conclusões, juntamente com os resultados dos demais trechos.

Figura 19 - Largura livre do passeio

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Figura 20 - Galhos de árvore: altura baixa


Fonte: Autores

Fonte: Autores

Figura 21 - DesnĂ­vel sem rampa de acesso

Figura 22 - Inclinação da rampa

Tabela 10 - Tratamento de dados do trecho A1

Tabela 11 - Tratamento de dados do trecho A1

Tabela 12 - Tratamento de dados do trecho A1

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Cálculos:

Grupo 1 - Ʃ (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 68,750. Grupo 2 - Ʃ (1/2) x 25 + (1/2)2 x 25 + (1/2)3 x 75 + (1/2)4 x 75 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 6,25 + 9,375 + 4,7 + 6,25 = = 39,075.

Tabela 13 - Valores encontrados do trecho A1

Tabela 14 - Valores encontrados para cada percurso

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Fonte: Autores

Figura 23 - Mapa do Campus com os percursos mais críticos de acordo com a antropovia

Os trechos que apresentaram valores mais críticos na análise foram: A3 (percurso A), B4 (percurso B) e C1 (percurso C). Dentre todos os trechos, o 05 do percurso A (entre Centro de Convivência e RU) obteve o maior nível de acessibilidade, chegando ao valor máximo para os grupos estudados. Os indicadores que fizeram com que alguns trechos do percurso A recebessem uma ponderação de baixo valor (principalmente para o grupo 2) foram a altura livre e o desnível simples. Neste percurso há galhos de árvore em alturas muito baixas (aproximadamente 1,6m) e desníveis de até 20cm, dificultando a passagem e não oferecendo segurança aos usuários. No Percurso B vêem-se os mesmos problemas encontrados no anterior, porém com 61


menor intensidade. A ponderação neste percurso foi um pouco maior para ambos os grupos. Os trechos 2 e 3 obtiveram ótimos resultados, porém o trecho 4 possui desníveis elevados (15cm) e obstáculos aéreos que oferecem grave risco de acidente aos diversos tipos de usuários do campus. O percurso C foi o que apresentou as melhores condições de acessibilidade. Os únicos fatores que impediram uma avaliação do percurso como sendo totalmente acessível foram a existência de um desnível de 15cm no trecho 1 (facilmente resolvido se implantada uma rampa) e um galho de árvore com h=1,95m (não consideramos esta uma altura tão baixa).

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Segundo a avaliação do Método da Antropovia, efetuado em 2004, todos os percursos têm problemas de acessibilidade para os grupos de usuários aqui estudados. Em alguns locais (como na figura 24, do trecho 4 do Percurso A) os passeios estão com irregularidades que geram riscos de acidentes para os cadeirantes, por exemplo. A eliminação de barreiras aéreas, geralmente galhos de árvores (figura 25), adequação dos passeios em locais específicos e implantação de rampas com inclinação adequada fariam com que todos os percursos avaliados aumentassem sua ponderação, conseqüentemente tornariam-se mais acessíveis para todos os grupos de usuários.

Figura 24 - Passeio com irregularidades

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Figura 25 - Galhos de árvore muito baixos


4.2 Levantamentos Físico-Espaciais 4.2.1 Percursos   O levantamento físico-espacial foi efetuado nos percursos A,B e C. Para cada um dos três percursos mostram-se os resultados seguindo a mesma ordem: 1) Descrição dos trechos compreendidos pelo percurso e ilustrados por um mapa; 2) Avaliação efetuada em 2004, composta por textos ilustrados; 3) Avaliação de 2009, organizada em três tabelas, segundo os componentes de Acessibilidade; 4)Comparação entre os resultados obtidos nos diferentes momentos da pesquisa (2004/2009)

Percurso A:

Fonte: Autores

Compreende os 5 trechos ( de A1 a A5), representado no mapa pela cor vermelha. Inicia a partir do acesso do bairro Pantanal, um dos principais acessos do campus da UFSC, e termina próximo ao prédio do CCE (Centro de Comunicação e Expressão)

Figura 26 - Mapa do Campus com os percursos analisados

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Trecho A1: Consiste no trecho que inicia no portal do acesso ao campus pelo bairro Pantanal e termina na rótula próxima ao Centro de Cultura e Eventos. Avaliação feita em 2004:

Figura 27 - Poste no passeio

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Figura 28 - Rebaixo

Figura 29 - Passeio estreito, piso irregular

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Neste trecho o piso não está em bom estado de conservação (figuras 27 e 28), haven- do vários locais com irregularidades que causam riscos de acidente aos usuários. Galhos de árvore também podem ser perigosos aos transeuntes mais desatentos ou os com deficiência visual. Postes de placas mal posicionados atrapalham a passagem pelo passeio (figuras 27 e 28). Para chegar até o final da rótula os pedestres precisam sair do passeio, passando por um trecho sem calçamento (figura 30).

Figura 30 - Visão geral do trecho


Avaliação feita em 2009:

Tabela 15 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho A1

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Tabela 16 - Avaliação do componente Orientação - trecho A1

Tabela 17 - Avaliação do componente Uso - trecho A1

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Comparação 2004 x 2009: Considerando que na pesquisa realizada em 2004 foram avaliados principalmente quesitos referentes ao componente deslocamento, é possível perceber que não ocorreram alterações significativas no trecho. Obstáculos, como postes e placas mal-posicionados, e árvores sem a devida poda ainda persistem; o calçamento continua em péssimo estado de conservação. Este trecho foi considerado crítico na pesquisa de 2004, baseado especificamente no Deslocamento, porém em 2009, observou-se outros problemas de Uso e Orientação que agravam a acessibilidade do local, como ausência de placas informativas e mobiliário mal-distribuído Trecho A2: Inicia na frente do Centro de Cultura e Eventos(final do trecho A1) e termina em frente a rótulo próxima ao Centro de Convivência.

Figura 31 - Passeio Figura 32 - Rampa de regular grande largura, porém com inclinação inadequeda

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Avaliação feita em 2004:

Figura 33 - Passeio

Figura 34 - Amplo pátio que leva até o Centro de Convivências

Neste local o passeio está bem conservado (figura 31), sendo que grande parte dele foi executada recentemente, juntamente com a obra do Centro de Cultura e Eventos. Há inclinação transversal no sentido do deslocamento dos pedestres, mas devido à baixa inclinação não chega a comprometer a segurança do trecho. A rampa que faz a ligação deste trecho com o praça seca, em frente à Reitoria, possui ampla largura, porém inclinação inadequada (figura 32). Alguns equipamentos estão mal 67


localizados: árvores com galhos baixos (figura 33), hidrante, lixeiras, dentre outros. Para acessar o trecho houve a necessidade de vencer a altura do meio-fio, pois não há rebaixo. A praça que leva até o Centro de Convivências é amplo e possui calçamento em bom estado (figura 34). Avaliação feita em 2009:

Tabela 18 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho A2

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Tabela 19 - Avaliação do componente Orientação - trecho A2

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Tabela 20 - Avaliação do componente Uso - trecho A2

Comparação 2004 x 2009: O trecho A2 encontra-se em condições similares de deslocamento daquelas encontradas em 2004: persiste o piso em mosaico português, que causa trepidações em cadeiras de roda (não abordado em 2004), não oferecendo conforto e segurança ao usuário. O rebaixo do passeio com inclinação irregular (figura 32) mantém-se inadequado. No entanto as árvores foram podadas, as lixeiras substituídas, porém em número insuficiente. Quanto à iluminação, é perceptível a diferença entre duas partes do trecho, próximas ao Centro de Eventos e ao Centro de Convivência. Enquanto a primeira é bem iluminada, na segunda os postes são altos e estão muito espaçados entre si, criando áreas de penumbra. 70


Neste trecho são encontrados um totem e um mapa, que seriam elementos informativos para auxiliar na orientação, porém nenhum dos dois possui sinalização tátil, e o mapa apresenta cores pouco contrastantes e desbotadas. Trecho A3: Consiste no trecho que começa em frente ao Centro de Convivência e termina em frente a entrada dos prédios do CED e do CFH.

Figura 35 - Galhos de Figura 36 - Acesso aos Figura 37 - Passeio bem árvore: risco de acidente veículos no nível do conservado passeio; rampa utilizada também por pedestres

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 38 - Estacionamento para pessoas com deficiência

Os galhos de uma árvore que avançam sobre o passeio compromentendo a altura livre são muito perigosos aos pedestres que trafegam pelo local (figura 35). Nota-se que há poucas rebaixos de acesso neste setor (figura 36) e as que existem estão com a inclinação acima do exigido pela legislação. O passeio está bem conservado (figura 37). Neste trecho foi implantado um sistema especial de acesso para os veículos. Esses chegam até o estacionamento passando pelo mesmo nível do passeio dos pedestres. Não houve rebaixamento no passeio, a passagem dos veículos é que foi elevada, fazendo com que os motoristas reduzam a velocidade e fiquem atentos quanto à presença de pessoas no local. Há um estacionamento exclusivo par aos deficientes físico-motores no local (figura 38). Ao final do trecho, atravessando-se a rua, encontram-se dois problemas: não existe rebaixo do passeio em nenhum dos lados da rua e os veículos estacionados prejudicam a passagem até mesmo de pessoas que não possuem deficiência. 71


Avaliação feita em 2009:

Tabela 21 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho A3

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Tabela 22 - Avaliação do componente Orientação - trecho A3

Tabela 23 - Avaliação do componente Uso - trecho A3

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Comparação 2004 x 2009: É um trecho considerado excelente quando comparado com as condições de outros trechos, porém quando é analisado a partir dos parâmetros de acessibilidade é possível perceber seus pontos fracos. A pavimentação é recente e bem conservada, mas não foi considerada a implantação de pisos táteis. A iluminação é alta e espaçada, criando locais de penumbra. É o único trecho que possui vagas de estacionamento para deficiente, essas estão bem sinalizadas e com os afastamentos necessários. O problema encontrado, em 2004, em relação ao cruzamento da via mantêm-se.: inexistem rebaixamentos dos passeio, faixa de segurança além do inconveniente dos carros estacionados na via.São encontrados bancos próximos ao Centro de Convivência e ao Centro de Ciências da Educação (CED), estando estes em mal estado de conservação.Não são encontradas lixeiras e telefones públicos durante o trecho. Sendo assim, é perceptível que não ocorreram mudanças significativas ao longo dos 5 anos passados. Trecho A4: Atravessando a rua no final do trecho A3, começa este trecho que vai até a lateral do prédio A do CCE (Centro de Comunicação e Expressão)

Figura 39 - Abrigo do ponto de ônibus

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Figura 40 - Rampa no ponto de ônibus

Figura 41 - Passeio em bom estado

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Avaliação feita em 2004:

Figura 42 - Rótula, passeio muito irregular


O trecho é obstruído por um abrigo de ponto de ônibus (figura 39), mas este possui rampas dos 2 (dois) lados (figura 40). Trecho com vários rebaixos do passeio, alguns com inclinações adequadas, outros não. O passeio que leva até a rótula está em bom estado (figura 41), o abrigo do ponto de ônibus também. A acessibilidade espacial deste trajeto é muito prejudicada na rótula (figura 42). O piso está mal conservado e as rampas existentes oferecem sérios riscos de acidente (devido à falta de manutenção ou incorreta execução) aos usuários que trafegam pelo local. Avaliação feita em 2009:

Tabela 24 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho A4

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Tabela 25 - Avaliação do componente Orientação - trecho A4

Tabela 26 - Avaliação do componente Uso - trecho A4

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Comparação 2004 x 2009: É um trecho com passeio largo e de pouca extensão, porém com diferentes pisos e estados de conservação. Logo no início o caminho passa pelo abrigo do ponto de ônibus (elevado 18 cm do passeio), nessa parte o piso em concreto está bem mantido assim como as rampas que dão acesso ao abrigo. Na rótula próxima ao CCE encontram-se dois tipos de pavimentação, o passeio em concreto moldado in loco em mau estado de conservação, e a entrada do estacionamento em paralelepípedo de basalto, também mal conservado. Lixeiras e bancos estão restritos ao ponto de ônibus e inexistem placas de sinalização para o pedestre. Neste trecho, a iluminação com postes de média altura é insuficiente Não foram observadas grandes alterações no trecho analisado, porém ao contrário da avaliação anterior (2004) acredita-se que a existência do abrigo do ponto de ônibus não é uma obstrução ao deslocamento, desde que seu acesso seja feito de maneira correta, como neste caso. Trecho A5: Compreende o caminho na lateral do Centro de Convivência até as diferentes alas do Restaurante Universitário, formando um “U”.

Figura 43 - Janela aberta: risco aos transeuntes

Figura 44 - Passeio largo, sem obstáculos

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 45 - Passeio regular

Figura 46 - Restaurante ao fundo

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A única barreira física encontrada neste trecho foi uma janela maxi-ar, do Centro de Convivências, que abre para fora, num local de fluxo intenso de pedestres (figura 43). O passeio neste local está em ótimo estado (figura 44), possuindo ampla superfície livre em quase todo o trecho (figura 45). Não há desníveis nem árvores que atrapalhem a passagem dos usuários. Avaliação feita em 2009:

Tabela 27 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho A5

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Tabela 28 - Avaliação do componente Orientação - trecho A5

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Tabela 29 - Avaliação do componente Uso - trecho A5

Comparação 2004 x 2009: O trecho apresenta bom estado de conservação, com necessidade de manutenção em alguns locais. Ainda persistem obstáculos como janelas do tipo maxi-ar com peitoris inadequados, visto que estão em lugares de passagem, além dos pilares não-sinalizados da cobertura que dá acesso ao restaurante universitário (RU), que podem trazer risco ao transeunte. 80


A iluminação, bem como as placas de orientação, são insuficientes. O mobiliário encontra-se restrito aos canteiros, sendo inacessível a cadeirantes e pouco identificável. Neste trecho é encontrado um paraciclo, considerado em bom estado de uso e implantado de forma correta, recuado do passeio. Considerando a avaliação anterior e o tempo decorrido percebe-se a degradaçãp no estado de conservação do piso devido ao grande fluxo de pessoas.

Percurso B: Compreende os trechos B1 ao B5, representado no mapa pela cor azul. Inicia em frente ao Centro de Eventos, segue paralelamente a reitoria em direção a Biblioteca, continuando pela sua lateral até o ponto de ônibus do CTC (Centro Tecnológico).

Figura 47 - Mapa do Campus com os percursos analisados

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Trecho B1: Corresponde ao caminho que inicia em frente ao Centro de Eventos e continua paralelamente a Reitoria até o inicio do caminho que leva a Biblioteca.

Figura 48 - Passeio em frente à Reitoria

Figura 49 - Rampa só de um lado da rua

Figura 50 - Passeio sem obstáculos

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 51 - Local com irregularidades no piso

No início do trecho encontramos o maior e mais presente problema do campus, relativo ao deslocamento de pessoas com deficiência motora: rebaixo do passeio apenas de um dos lados da rua (figura 49). O passeio é bastante largo (figura 50), sem obstáculos terrestres ou aéreos. O calçamento em pedras portuguesas e está irregular em alguns locais (figura 51), mas não comprometem o acesso e passagem pelo local. O trajeto é plano, há bancos para descanso sob uma imensa árvore situada em frente à Reitoria.

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Avaliação feita em 2009:

Tabela 30 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho B1

Tabela 31 - Avaliação do componente Orientação - trecho B1

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Tabela 32 - Avaliação do componente Uso - trecho B1

Comparação 2004 x 2009: É um passeio amplo e plano, bem conservado, com algumas irregularidades no piso devido à falta de manutenção. Inexistem obstáculos uma vez que árvores e iluminação estão restritos aos canteiros paisagísticos, porém na travessia da rua, encontra-se rebaixo do meio fio apenas em um lado da via e em mau estado de conservação. Quanto à orientação, percebe-se que a iluminação é distante e alta. As massas vegetais encontram-se restritas aos locais determinados pelo projeto, assim como as diferentes cores dos pisos, não criando identidade sensorial ao local, nem facilitando a orientação do usuário. Quanto aos mobiliários, inexistem telefones públicos e os bancos são de concreto com encosto localizados próximos a massa de árvores em frente à reitoria e aos tubos de concreto utilizados como lixeiras. Decorridos cinco anos da avaliação anterior, percebe-se deterioração no piso devido a falta de manutenção, assim como a persistência do obstáculo ao desloca84


mento previamente encontrado: a ausência de rebaixamento em um dos lados da via.

Trecho B2: É o caminho que conduz o transeunte da reitoria até a entrada da biblioteca.

Figura 52 - Início do passeio

Figura 53 - Rampa de acesso à ponte

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 54 - Banco e lixeira no trecho

Figura 55 - Piso de placas de concreto

O piso de placas de concreto está em bom estado de conservação (figura 52); existem duas rampas, no início e fim da ponte, com inclinações bem pequenas (figura 53). Não possui qualquer tipo de obstáculos aéreos, apesar de ser totalmente cercado por árvores. Os bancos dispostos no decorrer deste trajeto (figura 54) são bastante usados e o trecho conta ainda com lixeiras espalhadas ao longo de toda sua extensão. É um local de passagem e descanso muito utilizado pelos usuários do campus.

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Avaliação feita em 2009:

Tabela 33 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho B2

Tabela 34 - Avaliação do componente Orientação - trecho B2

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Tabela 35 - Avaliação do componente Uso - trecho B2

Comparação 2004 x 2009: O aspecto mais critico deste trecho é o estado em que se encontra o piso, há cinco anos encontrava-se em perfeito estado de conservação, e hoje, seja pelas raízes das árvores ou pelas manobras irregulares de automóveis sobre o passeio, está esburacado e com desníveis perigosos. No que diz respeito aos outros componentes, o trecho possui número suficiente de bancos e lixeiras, possui uma vegetação marcante tanto pelo seu aroma quanto pela sua disposição ao longo do caminho. O único aspecto mal dimensionado para este trecho é a iluminação os postes são baixos e não iluminam o trecho de forma satisfatória, devido a grande densidade da vegetação. Trecho B3: É um trecho de grande circulação que liga o ponto de ônibus de maior fluxo do campus à Biblioteca Universitária.

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Figura 56 - Início em frente à biblioteca

Figura 57 - Piso de concreto sextavado, em bom estado

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 58 - Passeio largo

Figura 59 - Abrigo do ponto de ônibus

O piso neste trecho é de concreto sextavado e está em boas condições de tráfego (figura 57), o passeio tem largura adequada (figura 58) e a rampa que leva até o abrigo do ponto de ônibus tem inclinação adequada e está em bom estado (figura 59). O trecho não possui barreiras físicas que impeçam a passagem dos pedestres. Avaliação feita em 2009:

Tabela 36 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho B3

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Tabela 37 - Avaliação do componente Orientação - trecho B3

Tabela 38 - Avaliação do componente Uso - trecho B3

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Comparação 2004 x 2009: O trecho possui problemas mínimos na pavimentação, como diferença de altura entre os blocos devido a falta de manutenção permanente, apesar do grande fluxo de pedestres diário. No que diz respeito ao componente orientação,possui problemas como a pouca iluminação e a ausência de informações visuais: placas e identificação da biblioteca para quem circula no sentido ponto de ônibus-biblioteca. Já a formação arbustiva que marca o caminho linearmente, serve como um recurso secundário de orientação na ausência de outros meios.

Neste trecho são encontrados bancos e lixeiras próximos ao abrigo de ônibus.

Trecho B4: É o caminho lateral da Biblioteca que liga à rua dos Centros de Ciências da Saúde (CCS) e Tecnológico (CTC).

Figura 60 - Passeio pela lateral da BU

Figura 61 - Galhos de árvore no local de passagem

Figura 62 - Piso com irregularidades

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 63 - Paralelepípedos sobre o passeio

Galhos de árvore muito baixos tornam o local passível de acidente aos que por ali circulam (figura 61). O piso, como no trecho 03, é de concreto sextavado, porém está irregular em grande parte do passeio (figura 62). Alguns paralelepípedos foram implantados no local de passagem dos pedestres (figura 63), fato que inibe a entrada dos veículos, mas atrapalha o passeio dos transeuntes. A rampa que serve 90


para travessia pela rua é pouco inclinada, porém sua superfície é bastante irregular. Avaliação feita em 2009:

Tabela 39 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho B4

Tabela 40 - Avaliação do componente Orientação - trecho B4

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Tabela 41 - Avaliação do componente Uso - trecho B4

Comparação 2004 x 2009: Neste trecho são percebidas alterações simples que podem fazer diferença na compreensão do local. Primeiramente foram podadas as árvores que interferiam na a altura livre, e o meio-fio foi pintado de amarelo, que gera contraste com o piso cinza. Porém alguns pontos negativos não foram alterados, como por exemplo, os blocos de concreto dispostos na calçada, a falta de manutenção nos rebaixos do passeio. Por ser um trecho curto não possui muitos elementos de orientação ou uso, consiste basicamente em uma área de passagem. Trecho B5: Este trecho incio no término do trecho B4, na lateral da Biblioteca Universitária, até o ponto de ônibus em frente ao CCS (Centro de Ciências da Saúde)

Figura 64 - Início do trecho

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Figura 65 - Postes mal posicionados

Fonte: Autores

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Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 66 - Vista do trecho

Figura 67 - Abrigo do ponto de ônibus


O passeio é largo, mas alguns postes dispostos sobre ele atrapalham a passagem dos pedestres (figuras 65 e 66). As árvores que existem no local são altas, sem galhos que possam oferecer risco de acidente. Para acessar o local, pelo caminho que traçamos, há um rebaixo (6%) em condições regulares de utilização. Próximo ao abrigo do ponto de ônibus não encontramos rebaixos do meio fio, fato que faz com que um cadeirante, por exemplo, seja obrigado a percorrer um grande trecho para chegar no passeio. Avaliação feita em 2009:

Tabela 42 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho B5

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Tabela 43 - Avaliação do componente Orientação - trecho B5

Tabela 44 - Avaliação do componente Uso - trecho B5

Comparação 2004 x 2009: Na época da avaliação anterior (2004) a pavimentação era recente e bem mantida, diferentemente do que foi encontrado em 2009, devido ao crescimento das árvores o piso está elevado e constitui obstáculo ao deslocamento. Árvores, placas e postes estão posicionados no meio do passeio, sem sinalização. 94


A iluminação é insuficiente e a vegetação não auxilia a orientação dos usuários. Os equipamentos encontrados neste trecho, localizam-se no ponto de ônibus, como bancos, lixeiras e o telefone público (sem diferença de altura nas cabines e tecnologia assistiva)

Percurso C: Compreende os trechos C1 a C3, representado no mapa pela cor verde. Começa no ponto de ônibus da rótula da biblioteca, vai em direção ao CCE e pela lateral até o final do percurso A.

Figura 68 - Mapa do Campus com os percursos analisados

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Trecho C1: É o trecho compreendido entre o ponto de ônibus e a lateral da rótula até o início do caminho diagonal que leva ao CCE (Centro de Comunicação e Expressão)

Figura 67 - Vista do passeio

Figura 68 - Faixa de pedestres, rampas nos dois lados da rua

Figura 69 - Início da rótula

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

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Avaliação feita em 2004:

Figura 70 - Piso em bom estado de conservação

Os rebaixos que servem para passagem entre os dois lados da rua têm inclinações um pouco elevadas e não estão bem conservadas (figura 68). A rótula é utilizada por muitos acadêmicos do campus (figura 69), já que este é um importante nó entre os diferentes centros acadêmicos. O piso do passeio está bem conservado e possui ampla largura livre de obstáculos (figura 70). Em alguns locais deste trecho não há rampa e a diferença de nível é grande, se considerarmos para utilização de um cadeirante sem auxílio de outra pessoa. É um caminho muito utilizado pelos usuários do campus da UFSC.

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Avaliação feita em 2009:

Tabela 45 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho C1

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Tabela 46 - Avaliação do componente Orientação - trecho C1

Tabela 47 - Avaliação do componente Uso - trecho C1

Comparação 2004 x 2009: O trecho possui grande circulação de pessoas pelo fato de ser ligação da área central das principais edificações e o principal ponto de ônibus dentro do campus. O 98


passeio é bastante amplo, porém apresenta mal estado de conservação, além de possuir rebaixamentos com inclinação inadequados nos cruzamentos das vias. Quanto ao componente orientação, como nos demais trechos, este sofre da ausência de elementos direcionadores. Lixeiras e bancos estão localizados apenas na área do abrigo de ônibus e não oferecem conforto ao usuário. Trecho C2: Consiste no caminho diagonal que começa na rótula da biblioteca e vai até o prédio do CCE (Centro de Comunicação e Expressão)

Figura 71 - Lixeira no local de passagem

Figura 72 - Passeio com inclinação adequeada

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Avaliação feita em 2004:

Figura 73 - Piso de pedra portuguesa

Figura 74 - Entrada do CCE

Como barreira física encontramos uma lixeira situada no meio do passeio (figura 71). Passando pela mesma, encontra-se uma pequena inclinação no passeio que segue até a edificação (figura 72). O piso neste trecho está disposto com três diferentes tipos de pavimentação: bloco de sextavado de concreto, placas de concreto e pedra portuguesa (figura 73). Não há rampas nem desníveis consideráveis. Abrange um trajeto pouco extenso que tem intenso movimento de pedestres, por ser um importante caminho de ligação entre setores do campus. Seu final acontece na entrada do prédio do CCE (figura 74).

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Avaliação feita em 2009:

Tabela 48 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho C2

Tabela 49 - Avaliação do componente Orientação - trecho C2

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Tabela 50 - Avaliação do componente Uso - trecho C2

Comparação 2004 x 2009:

Este trecho, como na pesquisa anterior, possui um bom estado de conservação, seu desníveis são tratados de forma adequada, com duas opções: degraus e rampas. A lixeira que está disposta no meio do passeio permanece desde a pesquisa feita em 2004. Boa parte da iluminação provêem do interior do prédio, visto que no exterior existem poucos postes de iluminação, além disso o único elemento de sinalização é um totem que está próximo ao trecho analisado. Trecho C3: O trecho analisado é lateral ao prédio do Centro de Comunicação e Expressão chegando até a rua em frente ao Centro de Convivência.

Figura 75 - Passeio em frente ao CCE

Figura 76 - Trecho sob marquise

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Fonte: Autores

Avaliação feita em 2004:

Figura 77 - Pilar sobre o Figura 78 - Trecho plano passeio

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Este trecho começa em frente ao acesso do CCE (figura 75), tem grande parte de sua extensão protegida por uma marquise (figura 76) e termina no início da rótula próxima ao Centro de Convivências. Um pilar localizado no meio do passeio sem devida sinalização, ao final do prédio do CCE, é uma barreira física que coloca em risco a segurança dos pedestres (figura 77). Como o trecho anterior, não possui desnível considerável em seu trajeto (figura 78). O piso é de blocos de concreto, em bom estado de conservação. Galhos de árvores, que comprometem a altura livre,também podem causar acidentes aos diversos tipos de usuários que circulam pelo local. Avaliação feita em 2009:

Tabela 51 - Avaliação do componente Deslocamento - trecho C3

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Tabela 52 - Avaliação do componente Orientação - trecho C3

Tabela 53 - Avaliação do componente Uso - trecho C3

Comparação 2004 x 2009: No último trecho analisado, a largura do passeio é adequada ao exigido pela norma NBR 9050/2004. Constatou-se que a pavimentação permanece bem conservada, entretanto em frente às entradas do prédio do CCE, devido ao fluxo constante, necessita de manutenção. A vegetação não traz identidade ao passeio, já que está restrita aos canteiros, disposta de maneira não linear e sem características sensoriais marcantes.

No que diz respeito ao componente uso, o trecho apresenta muitos prob103


lemas, como os bancos que estão mal conservados e dispostos em locais inacessíveis a cadeirantes ou idosos, fazendo com que os usuários prefiram se acomodar no hall do prédio. Em relação ao que foi encontrado em 2004, foram observadas poucas alterações, sendo a mais significativa a poda das árvores cujos galhos consistiam em obstáculos ao pedestre 4.2.2 Edificações

Fonte: Autores

O resultado da avaliação das 50 edificações mais importantes da UFSC, realizada em 2004, é mostrado no mapa (Figura 79) e na tabela 54, sendo descritos e explicados detalhadamente a seguir.

Figura 79 - Mapa do Campus com as edificações analisadas em 2004

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Tabela 54 - Avaliação das Edificações - 2004

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Fonte: Autores

Na avaliação em 2004 a grande maioria dos edifícios analisados foi classificada como acessível (76%), sendo que apenas um, que tem como único acesso uma grande escadaria, com aproximadamente trinta degraus dividido em três lances, foi considerado inacessível - Prédio A do curso de Engenharia Mecânica - pois um cadeirante não teria condições de acessá-lo e uma pessoa com muletas passaria por grandes dificuldades para chegar a porta de acesso já que não existe corrimão ao longo da escadaria.

Fonte: Autores

Figura 80 - Acesso do prédio A da Engenharia Mecânica

Fonte: Autores

Figura 81 - Centro de Cultura e Eventos

Figura 82 - Rampa na Biblioteca Universitária

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São poucos os edifícios que possuem rampas que servem de ligação entre os seus diferentes pavimentos (6%). O número de elevadores existentes também é pequeno (em 18% dos edifícios), se considerarmos que praticamente todos os prédios analisados possuem mais de um pavimento. Há um número razoável de prédios que possuem próximo a seus acessos - interna e externamente- telefones públicos (34%), mas o número de banheiros adaptados aos deficientes físicos é muito pequeno (22%) . Mais da metade dos prédios (58%) não possuem banheiro no térreo (mesmo que não-adaptados) . O melhor exemplo encontrado é o prédio do Centro de Cultura e Eventos (figura 81), onde há rampa de acesso (mesmo que separada da escadaria de acesso principal), entre os diferentes pavimentos, vários telefones públicos, inclusive em alturas mais baixas e banheiros adaptados aos deficientes físico-motores. Podem-se citar outros edifícios que foram considerados bons exemplos: Reitoria, COPERVE, novo prédio do CED, entre outros.


O setor F foi considerado o local mais crítico desta análise. Dos seis prédios observados, apenas um foi considerado acessível. Os outros cinco foram classificados como acessíveis com assistência. É o setor que compreende os edifícios do curso de Engenharia Civil (figura 83), a sede do SINTUFSC e prédios do Departamento de Química e Engenharia de Alimentos e também Administração do Patrimônio da UFSC.

Fonte: Autores

A Biblioteca Universitária, um dos edifícios com maior fluxo de acadêmicos da UFSC, possui rampa interna (figura 82), porém com inclinação acentuada. Conta ainda, em seu pavimento térreo, com banheiro adaptado.

Figura 83 - Bloco A da Engenharia Civil

Fonte: Autores

Na avaliação de 2009, da mesma forma que 2004 os resultados podem ser vistos no mapa e planilha abaixo.

Figura 84 - Mapa do Campus com as edificações analisadas

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Tabela 55 - Avaliação das Edificações (Setores A. B e C) - 2009

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Tabela 56 - Avaliação das Edificações (Setores D, E e F) - 2009

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Fonte: Autores

Observam-se algumas melhorias, quanto aos três níveis de acessibilidade (acessível, acessível com assistência e inacessível). Diferente do que o encontrado anteriormente, o único prédio considerado inacessível (Prédio A do curso de Engenharia Mecânica) agora está totalmente acessível: no acesso junto a escadarias agora existem rampas e corrimãos (figura 85) e, internamente, a edificação possui elevadores levando aos demais pavimentos e conta com banheiros acessíveis no térreo.

Fonte: Autores

Figura 85 - Novo acesso do prédio de Engenharia Mecânica

Figura 86 - Instalação de elevador no prédio do CTC

Ainda são poucos os edifícios que possuem rampas que servem de ligação entre os seus diferentes pavimentos (6%). O número de elevadores existentes mantêm-se em 18% dos edifícios, entretanto existem obras já iniciadas em duas edificações para instalação de futuros elevadores (figura 86). O número de banheiros adaptados aos deficientes físicos continua sendo muito pequeno (22% dos edifícios possuem). E ainda, mais da metade dos prédios continuam sem possui banheiro (mesmo que não adaptado) no térreo. O prédio do Centro de Cultura e Eventos, COPERVE, CED continu- am sendo bons exemplos. Além disso, a Biblioteca Universitária agora possui sinalização tátil aos deficientes visuais e equipamentos de tecnologia assistiva. O setor F continua sendo considerado o local mais crítico desta análise. Dos 6 prédios observados, nenhum foi considerado completamente acessível, visto que os acessos possuem degraus ou rampas com inclinação elevada.

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4.3 Entrevistas Apresentam-se as entrevistas realizadas nas pesquisas de 2004 e 2009, com o objetivo de obter um panorama mais amplo sobre as condições de inclusão ao ensino universitário da UFSC.

4.3.1 Entrevistas realizadas com Órgãos da UFSC em 2004 No ano de 2004, foram feitas entrevistas com três órgãos administrativos da Universidade, responsáveis pela admissão e controle de estudantes como o NUCLEIND, a COPERVE e a PREG. NUCLEIND (Núcleo de Estudos em Educação Especial): O NUCLEIND é um núcleo de pesquisa do CED, Centro de Educação da UFSC, em atividade desde 1986. Desenvolvem pesquisas e fazem atendimentos na área da Educação Especial. Também é neste local que os candidatos que necessitam de provas especiais (de Florianópolis ou outras localidades que optam por fazer a prova nesta cidade) realizam suas provas. Além disso, são os próprios funcionários do Núcleo que, a pedido da COPERVE, fiscalizam o concurso. Segundo Fabiana Grassi Mayca, aluna do curso de Pedagogia e bolsista PIBIC/CNPq, “o local é uma das únicas edificações da universidade completamente adaptada e acessível em termos de deslocamento”. Atendem todos os tipos de deficiência, mas o trabalho é mais intenso com alunos que possuem problemas auditivos, o que se justifica por ser esta a área de trabalho da professora que coordena o núcleo atualmente. Apesar de fazerem campanhas e entrevistas nas salas de aula e via Internet, e se colocarem integralmente à disposição para auxiliar todos os alunos com restrição da UFSC, são pouco procurados. Além de não indicarem o NUCLEIND aos seus acadêmicos, os professores da graduação e pós-graduação não pedem nenhum tipo de apoio pedagógico para 111


ministrar suas aulas e realizarem suas avaliações. A grande maioria das pessoas desconhece a existência do núcleo, principalmente pela falta de apoio e divulgação dos seus trabalhos por parte da universidade. Os atendimentos mais freqüentes são com alunos do NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil) e Colégio de Aplicação. Outro problema relatado é a dificuldade que encontram quando os próprios funcionários e bolsistas do NUCLEIND vão à procura dos alunos com deficiência nos diversos centros. A grande maioria dos departamentos dos cursos não fornece informação alguma, por má vontade ou por desconhecer os casos que neles existam. COPERVE (Comissão Permanente do Vestibular) Segundo o edital1 do vestibular 2004 da UFSC, aqueles que apresentem algum tipo de restrição, ao se inscrevem no Concurso Vestibular, têm um prazo adicional para entrar em contato com a COPERVE e solicitar, através de laudo médico, prova e/ ou local especial para realizá-la. De acordo com o edital: 9.10 - O candidato portador de deficiência deverá comprová-la com o respectivo laudo médico, até o dia 15 de setembro de 2003, junto à COPERVE/UFSC, no endereço anteriormente citado, para que sejam propiciadas condições que lhe permitirão a realização das provas. 9.10.1 - O candidato deficiente auditivo, usuário de aparelho auricular, deverá comprovar sua necessidade, através de laudo médico, junto à COPERVE/UFSC, até a data supra mencionada. 9.12 - Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão Permanente do Vestibular COPERVE/UFSC2.

A COPERVE busca os devidos meios para que as pessoas que possuem algum tipo de deficiência possam realizar as provas com as mesmas condições daquelas que Este edital encontra-se disponível no portal da COPERVE na Internet sob o endereço: <http://www.coperve. ufsc.br/vestibular2004/edital> último acesso em 11 de junho de 2004. 2 Disponível em: <http://www.coperve.ufsc.br/vestibular2004/edital/9_disposições_finais.html>

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último acesso em 11 de junho de 2004.

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não necessitam de auxílio especial. Para tanto, a entidade, já com a lista dos vestibulandos inscritos, analisa cada caso em particular buscando a solução mais adequada. A Comissão se encarrega de contratar profissionais especializados para auxiliar os que necessitam de assistência. Toda a prova é elaborada e impressa na própria COPERVE. Desde o ano 2000 a UFSC realiza provas em braille, o que só foi possível com a aquisição de uma impressora especial. A correção das provas é feita de forma igualitária para todos os alunos, porém a prova de redação dos alunos com defiências é corrigida por

Tabela 56 - Dados Vestibulares 2000-2004

professores especializados, pois pode haver grande diferença na ortografia destes em relação aos outros candidatos. 113


A tabela acima mostra alguns números sobre os candidatos que participaram dos últimos cinco vestibulares. A coluna chamada reprovados se refere àqueles que não obtiveram as notas mínimas estabelecidas pela COPERVE, logo nem chegam a competir por uma vaga. Os não-classificados representam os que obtiveram notas mínimas para concorrer, mas não conseguiram o ingresso à universidade. Nota-se que apenas 7,7% dos inscritos que possuem algum tipo de deficiência passaram com êxito pelo concurso vestibular. Somente 34,5% dos inscritos conseguiram notas para concorrer na avaliação com os outros candidatos. O número de inscritos com deficiência auditiva, físico-motora ou visual cresceu nos últimos três vestibulares: 24 em 2002, 30 em 2003 e 31 em 2004. Pró-reitoria de Ensino e Graduação (PREG) A Professora Sônia relatou que, apesar das dificuldades, a UFSC tem procurado ao máximo dar todo o apoio necessário aos seus alunos com deficiência. O trabalho mais intenso é com os deficientes auditivos, devido à iniciativa e maior interesse na área por parte dos profissionais do Centro de Educação (CED). A Instituição é hoje pioneira entre as Universidades Federais, servindo de modelo às demais no atendimento e acompanhamento aos alunos com deficiência auditiva. Há um aluno surdo no curso de matemática que assiste a todas as suas aulas acompanhado por um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Também foi a primeira Universidade Federal a contratar um professor substituto deficiente auditivo, que está lecionando na língua dos sinais para os alunos do curso de Pedagogia e mais quatro turmas extracurriculares gratuitas, oferecidas aos demais alunos de licenciatura. O resultado está sendo considerado muito bom e já existe uma lista de espera com mais de 200 (duzentas) pessoas. Por conta desse trabalho a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o Ministério da Cultura financiaram a abertura de um curso de Pós-Graduação dos Centros de Educação e Comunicação e Expressão nesta área de estudo. 114


Com relação à eliminação de barreiras físicas, a Pró-reitora afirma que foram e estão sendo feitas inúmeras melhorias, como construção de rampas, melhoria das calçadas, adaptação de banheiros, etc. Há uma preocupação, ainda em nível de projeto, para que todos os novos prédios da UFSC sejam construídos com elevador e que os mais antigos sejam conectados, através de passarelas, a algum que o tenha. Faz-se isso porque o governo não disponibiliza recursos para isso: “Se uma lei é aprovada no Congresso, deveria ter um orçamento previsto para isso”, diz a Pró-reitora, referindose às leis existentes que obrigam as universidades a adequarem suas edificações para as pessoas com deficiência. Para os com deficiência visual não existe nenhuma assistência concreta, apenas no concurso do vestibular. A Pró-Reitora está ciente de que precisam avançar neste ponto e estão tentando conseguir recursos para a compra de scaners que convertem o texto-imagem em arquivos de texto digitalizados. Estes arquivos podem ser “lidos” através de um programa computacional chamado Dos-Vox. A comunicação entre aluno-departamento e departamento-pró-reitoria ainda é praticamente inexistente. Os departamentos só vão saber se há algum aluno com deficiência no curso a partir do momento que o presidente do colegiado assumir essa responsabilidade e for atrás dessas informações. É sua função, perante a lei, dar as condições necessárias para que os alunos acompanhem integralmente o curso. A iniciativa do aluno também é fundamental para ser mais assistido e poder usufruir melhores condições de ensino e deslocamento. No presente momento, quando os alunos procuram a pró-reitoria (fato raro), os casos são resolvidos individualmente. Ainda não há quantidade expressiva de alunos com deficiência na UFSC e os casos que existem são bem isolados. Segundo a PróReitora, num futuro próximo, quem deve assumir a frente da situação dos alunos que possuam algum tipo de deficiência da UFSC é o NUCLEIND, que tem vocação e estrutura física para tal tarefa. 115


4.3.2 Entrevistas realizadas com Órgãos da UFSC em 2009 Pró-Reitoria de Graduação - PREG Ao contatarmos a Pró-reitoria de Graduação para agendamento da entrevista, fomos encaminhados a Sra. Corina Martins Espíndola, responsável pelo Programa de Ações Afirmativas da UFSC. A Sra. Corina tem participação em estudos sobre educação inclusiva: na adequação do Colégio de Aplicação aos alunos com deficiência e no grupo de acessibilidade da UFSC. Segundo ela, as iniciativas quanto à acessibilidade na universidade ainda são muito localizadas e não atingem grande parte dos estudantes. Como exemplo de ação pontual, a reforma que está sendo realizada no Colégio de Aplicação devido à obrigatoriedade da reserva de 5% das vagas para alunos com deficiência. Na graduação, percebe-se a falta de preparo dos setores da universidade para a recepção dos alunos, os dados sobre os alunos com deficiência ainda não são repassados aos cursos. A funcionária entrou em contato com estes alunos perguntando quais seriam suas principais necessidades e expôs em reunião com os coordenadores , como por exemplo uma aluna cadeirante ao ingressar no CFH, não teria pleno acesso as salas. Assim como os cursos, os professores também não são avisados sobre a existência de alunos com deficiência nas suas turmas e não possuem nenhum treinamento especifico. Fica a cargo do professor solucionar as dificuldades encontradas em ensinar estes alunos. A Sra. Corina relata que alguns professores realmente se esforçam, porém outros simplesmente ignoram a presença do aluno em sala de aula. 116

A Sra. Corina percebe a falta de um posicionamento institucional sobre a aces-


sibilidade, algo permanente que não seja afetado pela oscilação de gestões e funcionários, com diretrizes sobre o que deve ser feito. Ela também citou uma idéia recente da prefeitura do campus de padronizar as calçadas dentro da UFSC pelos padrões utilizados pela prefeitura de Florianópolis, porém ao apontar várias falhas em tal modelo ela conseguiu que fosse feita uma análise mais profunda antes dessa instalação. Grupo de Acessibilidade O grupo é formado por integrantes de diferentes campos, locados em diferentes Centros na universidade, porém com um interesse em comum de criar um desenho para a política de acessibilidade no campus. No momento em que contatamos para a realização da entrevista, o grupo estava desarticulado. Logo, optamos por entrevistar um integrante do grupo, o Professor Adriano Henrique Nuernberg. Partindo de algumas perguntas, o professor discorreu sobre as suas impressões da acessibilidade do campus e das políticas tomadas: A criação do grupo data de 2008, como uma forma de organizar-se para a participação do edital do programa INCLUIR, no qual foram adquiridos equipamentos assistivos para diferentes locais no campus, como o Núcleo de Acessibilidade Informacional na Biblioteca Universitária, além de verba para a realização do caminho coberto para acesso ao bloco de salas de aula do CFH. O professor Adriano comentou que já realizou experiências com a implementação da acessibilidade em outra universidade, e que sente falta de uma política institucional da UFSC sobre a questão, com diretrizes a serem seguidas por todos os órgãos dentro da Universidade. Porém destaca que não deve ser criado um núcleo específico 117


para todas as ações referentes à acessibilidade, mas sim que cada orgão seja responsável pela aplicação dessa em suas funções por exemplo, ao ser feita a catalogação dos exemplares fosse realizada a sua conversão em material acessível, já na Biblioteca Universitária. Segundo o professor, o problema inicial na inclusão de pessoas com deficiência são as barreiras atitudinais, da falta de compreensão de professores e colegas para com alunos com alguma deficiência. Citou ainda que ao advento da implantação do programa de Ações Afirmativas, foi sugerido a inclusão de reserva de vagas para alunos com deficiência, mas que essa sugestão foi mal-recebida por membros do corpo docente, demonstrando a falta de preparo de alguns. Quanto à participação acadêmica, o professor citou a presença de alunos com deficiência que estão engajados no grupo e participam ativamente. Porém além destes, participam alguns alunos de pós-graduação e/ou que vem acompanhar os professores integrantes do grupo. A longo prazo, o objetivo do grupo é a criação e disseminação de uma cultura inclusiva na Universidade, enquanto a curto prazo, é atender as necessidades específicas dos alunos que buscam ajuda, desde o acesso às salas de aula, disponibilidade de equipamentos e profissionais adequados A atual desarticulação do grupo ocorreu também devido a espera de uma oficialização do mesmo a partir de uma portaria por parte da reitoria, que estava prevista para o final do ano passado. Na UFSC, o setor responsável pelas questões de acessibilidade é o Programa de Ações Afirmativas . Esse programa administra o ingresso de alunos na universidade a partir do sistema de cotas (reserva de vagas à alunos egressos de escola pública e afro-descendentes). As Ações Afirmativas possuem um caráter reparativo, ou seja, buscam minimizar os problemas educacionais anteriores, enquanto a acessibilidade 118


possui um caráter inclusivo, de proporcionar condições de estudo as pessoas com deficiência. Pela divergência destes assuntos, o professor Adriano demonstra preocupação com a sobreposição de funções no setor do Programa de Ações Afirmativas que não dispõe de uma equipe exclusiva para tratar da acessibilidade.   ETUSC A entrevista foi realizada com a Arquiteta Maria das Graças Velho do Amaral, Chefe da Divisão de Planejamento Físico e Uso do Solo do ETUSC.

Existe a intenção, do ETUSC, de realizar um levantamento dos espaços livres dentro da universidade, porém ainda não teve nenhuma iniciativa concreta devido a falta de recursos e necessidade de treinamento de pessoal. Porém quanto a questões de projeto, todos os edifícios projetados, pelo ETUSC e pelas construtoras licitadas, devem ser feitos seguindo a norma NBR 9050 e o código do corpo de bombeiros de Santa Catarina. Nestes projetos está sendo priorizado o uso de elevadores ao invés de rampas, visto que estas demandam muito espaço e são consideradas cansativas para os usuários. Os prédios mais antigos, os pré-moldados utilizados amplamente pelo campus como prédios de sala de aula, de sala de professores e administração, não possuem acesso aos pavimentos superiores através de rampas ou elevadores, somente escadas. Um projeto que está em fase de execução é o elevador para o prédio básico do Centro Tecnológico, que serviria como base para os outros prédios do campus. Quanto à reformulação das calçadas, citada pela Sra. Corina, a iniciativa partiu da pró-reitoria de infra-estrutura como uma recuperação de calçadas, inicialmente sem adequação à acessibilidade. Porém a realização de um projeto geral para o campus é inviável devido à ausência de levantamento topográfico, teria então de ser realizado caso a caso. Entretanto, desde dezembro a Arq. Maria da Graças não tem mais notícias sobre o andamento deste projeto. Além disso, esta questão não é consid119


erada prioridade, já que o ETUSC está com a demanda de realização de projetos de novas edifiicações para atender os programa REUNI e CTINFRA de aumento de vagas da graduação e da pós-graduação, respectivamente. Alguns prédios possuem projetos para implantação de elevadores, mas devido a falta de recursos financeiros ainda não foram instalados comprometendo a acessibilidade desses.

4.3.3 Entrevistas com alunos e professores realizada em 2004 No ano de 2004 foram realizadas entrevistas com alunos com deficiência e alguns professores, para levantar quais eram as suas maiores dificuldades. Devido ao número de entrevistados e tópicos abordados, as entrevistas com o primeiro grupo foram divididas em dois assuntos: Acessibilidade Espacial ( edificações do curso, demais edificações e aspectos positivos e sugestões) e participação nas atividades (informações adicionais no campus, vestibular, apoio da coordenação do curso, relacionamento com professores, colegas e funcionários, atividades desenvolvidas em sala de aula e participação nas atividades na UFSC) Alunos entrevistados: Nome: Gerdfried Tribesss Idade: 51 anos Curso: História – Licenciatura plena Fase e andamento: atrasou 2 anos, está na última fase (8° fase) Deficiência: sensorial (perda total da visão) Não poder ler nem escrever, dificuldade para se orientar.

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Nome: Kátia Bottaro Rocha Idade: 46 anos. Curso: Pedagogia Fase e andamento: situação normal, se forma em 2004/2 (está na 7° fase) Deficiência: físico-motora (problemas de articulação) Dificuldade de deslocamento de grandes distâncias, carregar peso e subir escadas. Nome: Rodrigo Zarpelon Idade: 27 anos. Curso: Medicina Fase e andamento: situação normal, se forma em 2004/2 (está na 11° fase) Deficiência: físico-motora (cadeirante - tetraplégico por lesão medular traumática) Dificuldade de locomoção, manuseio de objetos pequenos, etc. Nome: Thiagus Mateus Batista Idade: 21 anos. Curso: Filosofia Fase e andamento: 6° fase Deficiência: físico-motora (cadeirante – paraplégico por lesão medular T6, T7). Dificuldade de locomoção

Nome: Anahí Guedes de Mello Idade: 28 anos Curso: Química Fase e andamento: atrasou, está cursando disciplinas da 6°, 7º e 8° fases Deficiência: sensorial (perda total da audição) Não escuta 121


Acessibilidade Espacial

Tabela 57 - Entrevistas

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Tabela 58 - Entrevistas

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Tabela 59 - Entrevistas

Tabela 60 - Entrevistas

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Tabela 61 - Entrevistas

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Acessibilidade – Participação nas Atividades

Tabela 62 - Entrevistas

Tabela 63 - Entrevistas

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Tabela 64 - Entrevistas

Tabela 65 - Entrevistas

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Tabela 66 - Entrevistas

Tabela 67 - Entrevistas

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Tabela 68 - Entrevistas

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Tabela 69 - Entrevistas

Ao conhecer um pouco sobre a trajetória destes alunos e seu cotidiano dentro da universidade, pode-se perceber que o atendimento prestado pela UFSC ainda está longe do ideal. Esta falta de preparo faz com que os alunos encontrem, ao longe de sua carreira acadêmica, uma série de barreiras – físicas, pedagógicas e atitudinais – que muitas vezes os fazem ir pelo caminho mais fácil: a desistência do curso. Como os entrevistados possuem diferentes deficiências (algumas sensoriais e outras físico-motoras), os problemas relativos aos espaços físicos do Campus da UFSC atingem cada um de maneira diferenciada. Não há nenhuma adaptação para pessoas com deficiência visual, o que dificulta um deslocamento autônomo por parte do aluno cego. Por conta disso, ele acaba freqüentando sempre os mesmo lugares (neste caso o CFH e CED), com os quais já está familiarizado e, portanto, se orienta com mais facilidade. Depende de ajuda para participar de conferências e outras atividades fora desses centros. Soluções simples como um meio-fio em bom estado ou colocação de pisos táteis nos passeios lhe permitiriam ter mais segurança e independência no deslocamento, pois, dessa 130


forma, teria conhecimento de quais caminhos seguir para chegar no seu destino. A introdução de mapas táteis pelo campus, ilustrando tanto as áreas abertas quanto o interior das edificações, também facilitaria a orientação das pessoas com deficiência visual, independentemente de terem um conhecimento prévio ou não sobre o local. Ainda que o grau de lesão dos deficientes físico-motores seja diferente, os problemas apontados e as sugestões de melhorias são bastante semelhantes. É consenso que os passeios estão mal cuidados, sendo, em geral, estreitos e contendo inúmeros obstáculos, tais como: postes, lixeiras, placas e telefones públicos. Estes obstáculos se tornam barreiras em potencial tanto para cadeirantes, que muitas vezes não conseguem transitar continuamente pelos passeios, quanto para os deficientes visuais, que podem colidir com os mesmos. Os passeios também são muito irregulares. Deveriam ser nivelados, pois qualquer desnível e rugosidade, por menor que seja, dificulta o deslocamento das cadeiras de rodas. Outra observação feita é em relação aos rebaixos que dão acesso aos passeios. Além de existirem em número reduzido, são, geralmente, mal executadas e irregulares e com dimensões e inclinação inadequadas. Dessa forma acabam sendo utilizadas apenas por ciclistas. Quanto às vagas de estacionamento reservadas aos deficientes físico-motores, nota-se que raramente estão localizadas próximas ao passeio que leva às edificações. Deveria haver fiscalização, maior conscientização e educação da população, pois freqüentemente são ocupadas por pessoas sem deficiência. Os entrevistados apontaram que no interior das edificações também há vários problemas relativos à acessibilidade espacial. Pouquíssimos prédios são completamente acessíveis (citaram a Reitoria como um bom exemplo). Entretanto o fluxo mais intenso daqueles com deficiência físico-motora ocorre apenas nos seus centros de ensino, devido às longas distâncias que têm que percorrer para acessar outras edificações. As circulações verticais quase sempre se dão através de escadas e quando há rampas – como da Biblioteca Central – possuem inclinação inadequada. Apenas dois auditórios da universidade possuem acesso por rampas (Reitoria e Centro de Cultura 131


e Eventos), o que impossibilita os cadeirantes de participarem de eventos que aconteçam nos demais. No entanto, mesmo esses dois auditórios com entrada acessível não possuem local reservado para cadeiras de rodas em seu interior. Nota-se também que poucos banheiros estão adaptados com barras de apoio pessoas com restrição físico-motora. Para pessoas com deficiência auditiva o problema maior refere-se à comunicação e informação, e não ao deslocamento. Um bom exemplo de adaptação para resolver o problema de informação seria a colocação de painéis eletrônicos com legendas em alguns centros de interesse (bibliotecas, auditórios e no prédio da reitoria) para permitir uma melhor orientação destas pessoas. Em relação à comunicação o problema é mais difícil de ser resolvido, já que pessoas com essa deficiência podem até fazer leitura labial (como a acadêmica entrevistada) mas têm grandes dificuldades quando tentam fazer-se entender. Os problemas enfrentados pelos acadêmicos com deficiência vão além das estruturas físicas do Campus. Apesar da atenção especial no concurso vestibular, quando ingressam na Universidade as dificuldades são inúmeras, começando pelo descaso de algumas chefias dos departamentos e dos cursos. Na maioria dos casos, não tomam providência alguma sem que haja iniciativa e reivindicação do próprio aluno. É visível o descontentamento dos alunos com alguns professores, que além de não ajudá-los, os deixaram constrangidos em certas situações. Muitas vezes estes alunos estão incapacitados de realizar determinada tarefa exigida pelos professores e nem sempre têm sua compreensão. Notamos o desconforto sentido por eles quando mencionam certas atitudes de colegas e professores frente a situações ocorridas. A acadêmica com deficiência físico-motora sofreu forte discriminação de colegas pelo simples fato de que, em algumas vezes, solicitou a transferência de aulas ou palestras para salas localizadas no térreo da edificação. Há, dentro dos próprios órgãos da UFSC, uma transferência de responsabilidades e indefinição sobre quem e como se deveria ajudar estas pessoas. 132


Constatou-se, a partir das entrevistas, que os acadêmicos com deficiência, principalmente visuais e de deslocamento, não utilizam o Campus da UFSC plenamente, não participando de muitas atividades oferecidas. Somente utilizam os caminhos e prédios que lhe fornecem alguma condição de acesso. É necessário que a administração da UFSC conheça quem são seus alunos com deficiência e dê subsídios para que possam usufruir o espaço físico do Campus e participar de suas atividades, na sua totalidade. É fundamental que os professores estejam cientes que terão determinado aluno com restrição durante o semestre, antes mesmo do início das aulas. Isto servirá para que elaborem, junto à universidade, plano pedagógico que garanta o total aproveitamento da disciplina para todos os alunos. E a universidade precisa criar diretrizes para quando defrontar-se com alunos com restrições, estar prontamente capacitada à ajudá-los. Professores entrevistados:

Nome: Nilo Kühlkamp Curso: Química (mas é do departamento de Matemática) Disciplina(s) que ministra: Cálculo I Aluno(a): Anahí Guedes de Melo

Nome: Almir Spinelli Curso: Química Disciplina(s) que ministra: Métodos Instrumentais I Aluno(a): Anahí Guedes de Melo

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Nome: Maria Marta de Souza Sierra Curso: Química Disciplina(s) que ministra: Físico-química Aluno(a): Anahí Guedes de Melo

Nome: Sônia Maria Hickel Probst Curso: Química Disciplina(s) que ministra: Química Geral I e Físico-Química A e B Aluno(a): Anahí Guedes de Melo

Nome: Gilberto Amorim Solto Curso: Medicina (mas é do departamento de anatomia e histologia – Centro de Ciência Biológicas - CCB) Disciplina(s) que ministra: Anatomia Aluno(a): Rodrigo Zarpelon

Nome: João Klug Curso: História Disciplina(s) que ministra: História Moderna I e História Moderna II Aluno(a): Gerdfried Tribess

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Atividades pedag贸gicas

Tabela 70 - Entrevistas com os professores

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Tabela 71 - Entrevistas com os professores

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Tabela 72 - Entrevistas com os professores

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Outras dificuldades observadas

Tabela 73 - Entrevistas com os professores

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Tabela 74 - Entrevistas com os professores

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Tabela 75 - Entrevistas com os professores

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Tabela 76 - Entrevistas com os professores

As entrevistas com os professores confirmam que não há nenhuma organização prévia por parte dos departamentos para receber os acadêmicos com deficiência, tanto em relação à acessibilidade espacial quanto pedagógica. Normalmente os professores só ficam sabendo do “problema” quando se deparam com ele. Não existem regras nem procedimentos pré-estabelecidos. As dificuldades são resolvidas individualmente e as decisões tomadas em conjunto com o aluno. Este despreparo da instituição muitas vezes causa insegurança inclusive a professores, que agem intuitivamente, mas sem saber ao certo se estão agindo da maneira mais adequada. Como se não bastassem as dificuldades naturais causadas pelas suas limitações específicas, esses alunos ainda encontram inúmeras barreiras atitudinais – como a falta de sensibilidade e companheirismo por parte de alguns professores, funcionários e 141


colegas - o que dificulta ainda mais sua trajetória na universidade.

4.4 Passeios Acompanhados A seguir, são apresentados os resultados encontrados pelos passeios acompanhados realizados em 2004, com cadeirante e cego, e em 2009, com pessoa com baixa visão. Passeio acompanhado com cadeirante em 2004 O passeio foi realizado no dia 09 de dezembro de 2004, quinta-feira, no período compreendido entre 15:30h e 17:00h. O acadêmico com deficiência físico-motora Thiagus Baptista, do curso de Filosofia desta universidade, foi quem percorreu o percurso estipulado pela equipe. Este usuário se locomove através de uma cadeira de rodas. O percurso proposto é o mesmo utilizado nos outros métodos de análise e engloba as principais vias de circulação de pedestres do setor central do campus da UFSC, sem adentrar nas edificações. Porém, ao final do percurso, pode-se avaliar também o acesso de alguns edifícios, já que o usuário é questionado sobre isto durante a passagem pelos locais. O passeio iniciou no ponto de ônibus próximo ao Banco do Brasil e CCS, na rua Delfino Conti (conforme mapa). Thiagus elogiou a rampa que dá acesso à BU, por ter uma largura considerável e pouca inclinação. Segundo ele: “... o melhor tipo de rampa é este aqui, não daquelas rampas que são somente o trechinho, porém assim é melhor para os carros subirem”. No percurso que margeia a BU há paralelepípedos no espaço da circulação, o que evita que automóveis ocupem o espaço dos pedestres, mas atrapalha o deslocamento de um cadeirante, por exemplo. O primeiro obstáculo que encontramos no percurso foi um veículo estacionado sobre o passeio (imagem 01, figura 02), ainda no caminho da BU; fato comum neste local. 142


O percurso compreendido entre a BU e a Reitoria foi percorrido sem problemas. É uma área arborizada e plana, com bancos para descanso. O caminho situado em frente à reitoria também não foi obstáculo ao seu deslocamento. Thiagus fez alguns comentários sobre a falta de conservação dos pisos destes trajetos. Segundo ele, a universidade não faz a manutenção necessária nos caminhos abertos dentro do campus: “Minha sorte que o campus é plano, pois se dependesse da manutenção destes caminhos enfrentaria sérios problemas”. Ao final do pátio central da UFSC, surge o segundo problema do passeio: há uma via que corta o pátio, e para chegar do outro lado, em frente ao Centro de Cultura e Eventos, temos que atravessá-la. Porém, há rebaixo do meio fio somente de um lado da rua, e esta dificultou bastante a passagem do usuário, já que está com a superfície irregular e possui uma “valeta” na parte mais baixa (imagem 02, figura 02). É grande o risco de queda neste local para qualquer cadeirante. Como não tem por onde subir do outro lado da rua, ele é obrigado a se deslocar na pista de rolamento de veículos (imagem 03, figura 89). Este é um fato que ocorre em mais lugares, como conta o usuário: “Esse é um grande problema, pois, em vários locais da universidade você desce e não sobe”. Toda a extensão do Centro de Cultura e Eventos foi percorrida por esta via. Subiu por um rebaixo até o passeio em frente ao Centro de Convivência e fez observações sobre estas duas edificações: “Um bom prédio feito na UFSC foi esse Centro de Cultura e Eventos, as rampas foram bem feitas, os banheiros também... na verdade eu prefiro rampa à elevador”. Neste comentário Thiagus coloca sua preferência por rampas pelo fato de poder encontrar, eventualmente, o elevador desligado quando precisar usá-lo, por falta de manutenção ou de energia elétrica. E sobre a outra edificação: “O Centro de Convivências para mim só existe no térreo, só subi uma vez ao 2º pavimento, carregado, para fazer a carteirinha de estudante” (imagem 04, figura 89). No percurso compreendido entre o Centro de Convivências e o RU verificouse a existência de falhas no piso (imagem 05, figura 89). “Talvez para muletante seja 143


ruim, se o cara não ver pode cair”, comentou. No percurso entre os dois restaurantes, o piso está bem conservado. As rampas colocadas na entrada dos mesmos são recentes, estando elas em boas condições de uso (imagem 06, figura 89). Seguindo o passeio, saindo do RU e indo para o ponto de ônibus próximo ao CFH, existe um rebaixo em péssimo estado de conservação e que oferece sérios riscos de queda para os cadeirantes. Tem uma extensão pequena, inclinação elevada e no seu final há uma vala que oferece risco de acidente ao cadeirante. Se não conseguisse elevar as rodas da frente ele poderia ter caído. (imagem 07, figura 89). O passeio entre o Centro de Convivência e o CFH foi reformado, ampliaram sua largura e regularizaram o piso. Thiagus passa tranqüilamente pelo trecho, e comenta sobre a elevação que foi feita no acesso dos veículos, onde o caminho dos pedestres não sofreu alteração: “Essa calçada era horrível, mas agora está ótima... essa sacada eu achei legal, não fazer o rebaixamento quando a calçada é assim...” (imagem 08, figura 89). Atravessando a pista de veículos indo do CFH para o CFM encontramos outro problema, onde novamente há rebaixo somente de um lado da rua (imagem 09, figura 89). Após percorrer grande extensão chegamos à rampa, a qual está colocada juntamente com a vaga de estacionamento para os usuários com deficiência. A vaga tem boas dimensões e sinalização e a rampa foi bem executada e está em boas condições de uso. Chegando no ponto de ônibus vê-se rampa nos dois lados, com inclinação adequada, Thiagus consegue subir e descer sem problemas (imagem 10, figura 89). A única dificuldade relacionada ao uso do transporte público coletivo enfrentada pelos usuários de cadeira de rodas é a falta de preparo dos cobradores, responsáveis por comandar os elevadores nos ônibus adaptados aos mesmos. “Alguns motoristas param os ônibus fora do ponto porque os cobradores não sabem utilizar o elevador corretamente, acabam trancando no piso aqui de cima”. 144

O local seguinte no percurso tem como obstáculo para o usuário a passagem


O passeio que leva até o prédio do CCE (Básico) é bom. O acadêmico comenta sobre uma boca-de-lobo existente em frente ao prédio, onde há barras de ferro somente numa direção: “Aqui se você andar descuidado o pneu pode cair. Uma vez eu caí. Deveria ser em forma quadriculada”. Indo ao percurso compreendido entre o CCE e o ponto de ônibus da BU há quatro tipos de piso em poucos metros de percurso, mas o passeio não ofereceu risco algum ao usuário, pois está bem conservado. Os problemas novamente aparecem quando se precisa atravessar a rua. As rampas não foram feitas corretamente. As valas que existem ao final delas colocam em risco a segurança dos cadeirantes, pois é muito fácil perder o controle da cadeira e cair quando a mesma se choca na vala (imagem 13, figura 89).

Fonte: Autores

Figura 87 - Acesso ao banheiro

Fonte: Autores

por uma rótula onde há uma rampa em péssimas condições de acessibilidade. Para ele: “esta rampa é horrível, se eu estou carregando algum peso não consigo subi-la” (imagem 11, figura 89). A mesma tem inclinações nos sentidos longitudinal e transversal ao deslocamento, há diferenças no tipo de piso e valas. Thiagus prefere descer por alguns degraus (só consegue porque tem muita força e habilidade nos braços) que ficam ao lado da rampa, pois, segundo ele, oferece menos perigo (imagem 12, figura 89).

O percurso continuou até a entrada da BU, onde foi declarado o fim do mesmo (imagem 14, figura 89). Thiagus foi questionado sobre os banheiros das edificações da UFSC: “os melhores são os dos prédios novos do CED e CFH. O problema de alguns banheiros é que eles ficam trancados (como no CED antigo e na BU) e se a pessoa responsável não está na portaria, para você pegar a chave, não há como usá-lo. Porém, os que ficam

Figura 88 - Altura da pia

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Fonte: Autores

sempre abertos sempre têm gente, porque as pessoas acabam utilizando-os, já que são amplos e mais confortáveis. Não sei qual tipo eu prefiro”. O usuário foi convidado a entrar no banheiro da BU. O deslocamento até o mesmo aconteceu sem problemas: não há degraus, o piso está todo no mesmo nível. Encontrou dificuldades no acesso, onde a porta de acesso é estreita e o bebedouro está colocado na sua frente (figura 87). As pias são boas, o cadeirante consegue acessá-las com facilidade (figura 88). Como não foi encontrado ninguém para pegar a chave da parte privativa aos cadeirantes não conseguimos entrar, fato que seria problemático se Thiagus estivesse precisando utilizá-lo naquele momento.

Figura 89 - Mapa do passeio acompanhado com problemas encontrados

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Fonte: Autores

Mesmo sendo praticamente todo planificado em sua extensão, o campus da UFSC não oferece condições plenas de deslocamento para seus usuários que utilizam cadeiras de rodas. Os maiores problemas encontrados no passeio realizado com Thiagus dizem respeito às rampas. Seja pela sua inexistência em locais de fluxo intenso, como na frente do Centro de Cultura e Eventos, pela sua incorreta execução ou falta de manutenção. Na lateral da Biblioteca Central os motoristas estacionam seus automóveis sobre o passeio, impossibilitando a passagem dos cadeirantes, que necessitam de largura livre considerável para se deslocarem. As irregularidades existentes no piso não impediram, em nenhum momento, a passagem do cadeirante.

Figura 90 - Mapa com a localização dos principais problemas

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Passeio acompanhado com deficiente visual em 2004 O passeio acompanhado com o deficiente visual foi realizado no dia 21 de março de 2004, segunda-feira, no período entre 16:15h e 18:00h. Gerdfried Tribesss, recém-formado (outubro de 2004) no curso de Licenciatura em História da UFSC, foi quem percorreu o percurso pré-definido pela equipe. O passeio teve como início o abrigo do ponto de ônibus próximo à Biblioteca Central, já no campus (indicação no mapa). O entrevistado tem dificuldade em se orientar neste setor do campus, pois só freqüentou quando acompanhado. Iniciamos atravessando a rua (imagem 01, figura 91) e chegando ao passeio que leva ao CCE (Básico). Na rótula (imagem 02, figura 91) encontram-se os primeiros problemas. Não há neste local referência que possa guiar qualquer deficiente visual. Gerdfried encontrou dificuldades para saber onde seria o início e fim do limite do asfalto e colocou: “deveria ter, nessa parte oval, um meio-fio mais alto para que servisse como uma barreira de aviso e proteção...”. Mencionou ser muito difícil orientar-se nos espaços abertos do campus da UFSC porque não há referenciais nos percursos e estes são muito parecidos. Nas proximidades do prédio do CCE havia areia no passeio: “quando tem areia na calçada me confunde, não sei se estou no caminho certo dos pedestres; fico confuso, tenho que pedir ajuda”. Outro problema encontrado no local é que, ao passar pela frente da edificação, os aparelhos de ar-condicionado soltam água exatamente no meio do passeio, sobre os pedestres (imagem 03, figura 91). Tal fato é inconveniente para os deficientes visuais, pois podem acabar molhados por não perceberem o risco ao se aproximar do local. Além do meio fio, Gerdfried utiliza as paredes dos prédios para se deslocar. Quando não há nenhum dos dois perde a orientação, pois, segundo ele: “a única coisa ajudaria aqui seria um piso guia ou alerta para eu seguir o percurso sozinho, porque quando acaba o prédio fico perdido novamente”. Ao final 148


do prédio do CCE há um degrau de, aproximadamente, 5cm, onde tropeçou e quase caiu (imagem 04, figura 91). Posteriormente seguiu-se ao abrigo de ônibus que fica em frente ao CFH. Neste percurso há uma árvore com galhos muito baixos que causa sério risco de acidente a qualquer transeunte (imagem 05, figura 91). Chegando no abrigo Gerdfried esbarra nos degraus da escada, pois não há indicação quanto a sua existência. As barreiras encontradas no passeio foram os automóveis estacionados, já que ocupam grande parte do espaço destinado aos pedestres e impossibilitam o deslocamento seguindo o meio-fio (imagem 06, figura 91). O entrevistado tem conhecimento desta localidade do campus, pois era onde freqüentava suas aulas. “Este trajeto eu fiz muitas vezes a pé, sozinho, eu descia na outra rótula e vinha”, referindo-se à rótula do bairro Carvoeira (conforme indicação no mapa). Partindo do CFH em direção ao Centro de Convivências há um passeio que, recentemente, foi revitalizado e está em boas condições de circulação. Gerdfried fez elogios a ele: “Agora melhoraram bastante esta parte da UFSC... Está fácil para eu ir até o Centro de Convivências porque vou tateando no lado, sei que o limite da calçada acaba quando começa a grama” (imagem 07, figura 91). Antes de chegar na edificação, ainda neste passeio, outra árvore com galhos muito baixos oferece risco aos pedestres. “Se fizesse este percurso sozinho certamente sofreria um acidente neste local“ (Gerdfried). Outra barreira encontrada foi o comércio informal (bancadas de artesanato) situado no meio do passeio, próximo ao acesso ao edifício. Dentro do Centro de Convivências há uma agência bancária, porém Gerdfried prefere ir ao centro da cidade (caminho muito maior) para utilizar as agências deste mesmo banco: “uso aqui só em última necessidade, porque é muito difícil de achar o caminho, prefiro ir lá no centro, que é mais longe, mas eu não me perco”. Nunca utiliza os restaurantes universitários sozinho. No trajeto, ao caminhar de um restaurante para o outro Gerdfried bateu com o braço em um bicicletário situado entre as duas edificações. O acidente poderia ter sido grave se ele não estivesse acom149


panhado, já que foi avisado do perigo (imagem 08, figura 91). “Seria bom se tivesse aqui algum piso alerta pra eu poder perceber esta diferença, já me machuquei em outros bicicletários”. Passando pelo Centro de Convivências, porém desta vez pelo outro lado, os aparelhos de ar-condicionado, mais uma vez, despejam sua água no meio do passeio. Gerdfried percebe a existência dos aparelhos devido ao som emitido. O percurso compreende a passagem em frente ao Centro de Eventos, que foi visitado por ele apenas na ocasião de sua formatura. Gerdfried percebe o cheiro das plantas existentes no caminho que leva até aquela edificação (imagem 09, figura 91), mas apontou que não tem condições de utilizá-los como referência. Mais uma vez a existência de galhos de árvore, em alturas muito baixas, comprometem seu deslocamento (imagem 10, figura 91). Na passagem pelo Centro de Eventos não houve problemas relativos ao deslocamento nem obstáculos, mas o passeio é muito largo e não oferece referenciais para que ele siga sozinho no caminho. O caminho percorrido compreende uma passagem em frente à reitoria. Segundo Gerdfried: “não há como chegar na reitoria sozinho, somente consigo me orientar pelo meio-fio,... ela (reitoria) está no meio da praça, nada me leva até ela” (imagem 11, figura 91). Ao fazer o trajeto o entrevistado fica totalmente desorientado quando uma motocicleta passa pela praça, sobre o passeio, bem próxima ao percurso que era seguido. Passando pela reitoria soube diferenciar as paredes de alvenaria das portas de vidro: “aqui é vidro, eu percebo, mas não tanto quanto o concreto, que é mais denso e exala mais calor” (imagem 12, figura 91). Seguindo em direção à biblioteca o caminho foi percorrido sem problemas; Gerdfried percebe a existência das árvores e para para cheirar as folhas. Sente-se muito confortável quando passava pelo caminho cercado de árvores e fez uma observação: “já tinha passado por aqui antes, me passa uma sensação muito agradável” (imagem 13, figura 91). Alcança logo após, sem problemas, a biblioteca (imagem 14, figura 91). A última etapa do trajeto compreende o trecho que termina no abrigo de 150


Fonte: Autores

ônibus localizado entre o CCS e o CTC. O passeio que leva até este local está em bom estado, porém, não há marcação que auxilie no deslocamento dos deficientes visuais.

Figura 91 - Mapa do passeio acompanhado com problemas encontrados

Durante todo o percurso, Gerdfried esbarrou com sua bengala em várias placas de sinalização, que são colocadas, geralmente, em locais inadequados. As maiores dificuldades enfrentadas estiveram relacionadas com a sua orientação, tratadas como pontos negativos (Figura 92) Devido ao fato de o campus possuir um amplo pátio central 151


Fonte: Autores

(em frente à Reitoria), sem indicações que possam servir como guia ou referência, é quase impossível para ele se locomover sem auxílio de outras pessoas. A necessidade de guiar Gerdfried durante praticamente todo o passeio acompanhado comprova esta afirmação. Além deste problema, obstáculos à altura livre (galhos de árvore), o bicicletário e as águas que saem dos aparelhos de ar-condicionado foram os maiores problemas pontuais encontrados no decorrer do passeio.

Figura 92 - Mapa com a localização dos principais problemas

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Passeio acompanhado com pessoa com baixa visão em 2009 Durante o passeio acompanhado foram confirmados os inúmeros problemas levantados anteriormente, descritos no item 4.2 (Levantamento Físico-espacial) deste capítulo. Dos três trechos percorridos (A, B e C), o trecho A foi considerado o mais crítico, onde foram relatados doze problemas. No início do percurso o aluno explica que o meio fio quando está bem sinalizado (figura 01) auxilia no seu deslocamento, principalmente na ausência da sinalização tátil. “ Me ajuda muito o meio fio pintado em amarelo, assim eu consigo perceber o limite entre a calçada e a rua” (depoimento do aluno no início do passeio).

Na primeira figura, uma placa de sinalização obstrui a passagem do aluno. Em seguida outro obstáculo, desnível no chão, é descrito como um perigo pelo aluno. Da mesma forma, na figura C, o aluno quase bate a cabeça em outra placa de sinalização. Em frente a um dos prédios mais frequentados da UFSC, o Centro de Eventos, muitos obstáculos são observados. Na figura D, o aluno detecta com sua bengala um hidrômetro e uma palca de sinalização, na sequência mais uma placa (figura E) e uma caixa de inspeção elevada no piso (figura F). O tóten informativo, sem informações em braile, só é percebido pelo aluno como um obstáculo no passeio (figura G).

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No percurso A, todos os problemas apontados são obstáculos encontrados ao longo do do passeio . Nas figuras abaixo, percebem-se estes obstáculos.

Figura 93 - Problemas diagnosticados (A até G)

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Fonte: Autores

O longo do passeio algumas elevações e o passeio sinuoso confundem o aluno na direção a ser seguida (figura H).

Fonte: Autores

Figura 94 - Problemas diagnosticados (H e I)

Saindo do ponto de ônibus (figura J) o aluno relata não notou a rampa existente, pois não existe contraste de piso ou cor.

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Figura 95 - Problemas diagnosticados (J e L)

Fonte: Autores

Figura 96 - Problemas diagnosticados (M e N)

Fonte: Autores

Figura 97 - Problemas diagnosticados (O e P)

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A existência de grelha no fluxo principal de circulação, com espaçamento acima de 15mm, atrapalham o deslocamento do aluno, que tranca sua bengala no seu espaçamento (figura I).

Ao final do percurso A, o aluno quase bate a cabeça em uma placa de sinalização (figura L) e na sequência é parado por um tronco de árvore (figura M). Na seqüência do passeio, no trecho C, o pilar da edificação não é considerado um obstáculo, pois está pintado com uma cor forte (figura N). Na figura O, a ausência de sinalização visual e tátil (placas, tótens mapas) em um lugar amplo considerado pontos de tomada de decisão, confundem o aluno. A falta de contraste entre o passeio e canteiro prejudica o deslocamento do aluno (figura P). Ao final do trecho C, a rampa que dá acesso ao ponto de ônibus não está sinalizada (figura Q) e também não existe contraste entre passeio e canteiro.

Figura 98 - Problemas diagnosticados (Q)

No trecho B, em frente a Biblioteca, o aluno desvia de duas


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lixeiras, que estão no passeio (figura R). Na lateral a biblioteca, foram colocados tubos de ferro para que veículos não subam no passeio, mas o aluno diz que, como são pintados na mesma cor que o meio fio ele, não os vê. Sugere que seja pintado de branco.

Figura 99 - Problemas diagnosticados (R até T)

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No final do Passeio Acompanhado , trecho B, o passeio irregular, com desníveis, devido à falta de manutenção são apontados como perigo pelo aluno.

Figura 99 - Diagnõstico do Passeio Acompanhado

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Fonte: Autores

Vale salientar que, além dos problemas, o passeio acompanhado também pode mostrar que foram realizadas manutenções no campus, após a avaliação dos trechos, muito positivas sob o olhar do aluno deficiente visual. Na figura 100, em frente a reitoria, o deficiente classifica como ponto positivo o contraste do piso e o utiliza para se guiar no espaço.

Fonte: Autores

Figura 100 - Constraste de pisos em frente a reitoria

Figura 101 - Pista tátil implantada recentemente

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Na figura 101, no trecho B2, a pista tátil é considerada nova no campus. O aluno tem segurança ao se deslocar.


Capítulo 5

Conclusão 157


158


Foi possível observar que, apesar da existência de leis que garantam o direito à educação para todas as pessoas, possibilitando o pleno acesso aos espaços abertos e as edificações em campi universitários, as mudanças vem ocorrendo lentamente. Passado cinco anos, observa-se que pouco mudou no campus da UFSC: foram realizadas, principalmente, a poda de árvores e algumas alterações nos passeios, iniciativas ainda incipientes para a melhoria das condições de acessibilidade. Qualquer pessoa que venha a freqüentar o campus enfrenta dificuldades em orientar-se no espaço devido à ausência de legibilidade arquitetônica e informações adicionais (mapas, placas, etc.), o que mostra a fragilidade no componente de acessibilidade Orientação. Quanto ao componente Deslocamento - garantido a partir da supressão de barreiras físicas que comprometem a mobilidade em percursos horizontais ou verticais - é também avaliado de forma negativa, pois o deslocamento com conforto e segurança de todos os usuários do campus está comprometido, ou até mesmo impossibilitado, como no caso de pessoas com deficiências físico-motoras e visuais. Quanto ao componente Uso, a possibilidade de participação dos indivíduos nas atividades desejadas - utilizando ambientes e equipamentos, sem que seja necessário um conhecimento prévio - encontra-se ainda comprometida. Observa-se, portanto, que faltam algumas mudanças básicas, além de boa manutenção, como: sinalização e pisos táteis, iluminação adequada, rebaixos do passeio com inclinação correta, maior presença de equipamentos, como telefones públicos, e melhorias no mobiliário. Ressalta-se que essa pesquisa apenas diagnosticou os problemas do campus quanto à acessibilidade espacial, ficando como sugestão para futuras pesquisas a elaboração de soluções projetuais específicas para cada um dos problemas existentes. Por último, destacam-se novas iniciativas de acessibilidade espacial no campus a partir da implantação de alguns trechos de passeios com pisos táteis, como no Centro Sócioeconômico (CSE) e no entorno da Biblioteca Universitária. No entanto, é importante 159


para um efetivo deslocamento e orientação dos usuários, que esses trechos tenham continuidade, fazendo parte de uma rota acessível, com iluminação adequada e sinalização visual e tátil (como mapas). As edificações contempladas por essa rota devem estar interligadas aos meios de transporte disponíveis (paradas de ônibus, estacionamentos) e, ao mesmo tempo, possuírem percursos internos acessíveis. Não basta encaminhar uma pessoa com deficiência a uma edificação: ela deverá ter condições de encontrar seu destino e participar das atividades que ali ocorrem. Desta maneira, esse caderno de pesquisa poderá servir de guia para projetos futuros, na consolidação de uma plena acessibilidade espacial nos espaços abertos do campus da UFSC.

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Referências Bibliográficas

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ApĂŞndice

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1 -Cálculos dos trechos - Antropovia Percurso A: Trecho 2: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 250 100 183 50 15 75 4 100 4 100 2.1 250 100 183 25 15 25 4 50 4 100 2.2 250 100 183 25 15 25 4 50 4 100 Grupo 1 -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 68,750. Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 25 + (1/2)3 x 50 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 6,25 + 6,25 + 6,25 + 6,25 = = 37,500. Trecho 3: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 300 100 160 50 20 75 0 100 21 75 2.1 300 100 160 25 20 25 0 100 21 25 2.2 300 100 160 25 20 25 0 100 21 25 Grupo 1 -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 75 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 9,375 + 6,25 + 6,25 = = 65,625. Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 25 + (1/2)3 x 25 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 6,25 + 3,125 + 6,25 + 6,25 = = 34,375. Trecho 4: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 300 100 170 50 10 75 0 100 17,5 75 2.1 300 100 170 25 10 50 0 100 17,5 50 2.2 300 100 170 25 10 50 0 100 17,5 50 Grupo 1 -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 75 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 9,375 + 6,25 + 6,25 = = 65,625.

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Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 50 + (1/2)3 x 50 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 12,5 + 6,25 + 6,25 + 6,25 = = 43,750. Trecho 5: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 200 100 100 100 100 100 2.1 200 100 100 100 100 100 2.2 200 100 100 100 100 100 Grupo 1 -  (1/2) x 100 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 50 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 100,000. Grupo 2 -  (1/2) x 100 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 50 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 100,000. Nível de acessibilidade do percurso A: Para o grupo 1: 65,625. Para o grupo 2: 34,375. Percurso B: Trecho 1: Ind. Grupo Inacessível 1 x≤20 2.1 x≤70 2.2 x≤70

SL (cm) Acessível Medição Valor 1450 100 x≥100 1450 100 x≥150 1450 100 x≥150

Ind. DS (cm) Grupo Inacessível Acessível 1 x≥37,5 x≤2 2.1 x=0 x≥18 2.2 x≥18 x≤0

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Medição Valor 100 100 100

Inacessível x≤160 x≤190 x≤190

AL (cm) Acessível Medição 180 x≥210 180 x≥210 180 x≥210

IT (%) Inacessível Acessível x≥20 x≤3,33 x=0 x≥8,33 x=0 x≥8,33

Medição 0 0 0

Valor 50 25 25 Valor 100 100 100


Ind. Grupo Inacessível 1 x≥50 2.1 x≥25 2.2 x≥25

ILS (%) Acessível Medição Valor 9 100 x≤6,66 9 75 x≤3,33 9 75 x≤3,33

Grupo 1 -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 75,000. Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 56,250. Trecho 2: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 290 100 100 100 0 100 6 100 2.1 290 100 100 100 0 100 6 75 2.2 290 100 100 100 0 100 6 75 Grupo 1 -  (1/2) x 100 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 50 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 100,000. Grupo 2 - -  (1/2) x 75 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 37,5 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 87,500. Trecho 3: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 330 100 100 100 0 100 5 100 2.1 330 100 100 100 0 100 5 75 2.2 330 100 100 100 0 100 5 75 Grupo 1 -  (1/2) x 100 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 50 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 100,000. Grupo 2 - -  (1/2) x 75 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 37,5 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 =

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= 87,500. Trecho 4: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 150 100 1,80 50 15 75 0 100 6 100 2.1 150 100 1,80 25 15 25 0 100 6 75 2.2 150 100 1,80 25 15 25 0 100 6 75 Grupo 1 -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 68,750. Grupo 2 - -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 25 + (1/2)3 x 75 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 6,25 + 9,375 + 6,25 + 6,25 = = 40,625. Trecho 5: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 330 100 2,50 100 15 75 0 100 6 100 2.1 330 100 2,50 100 15 25 0 100 6 75 2.2 330 100 2,50 100 15 25 0 100 6 75 Grupo 1 -  (1/2) x 75 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 37,5 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 87,500. Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 56,250. Nível de acessibilidade do percurso B: Para o grupo 1: 68,750. Para o grupo 2: 40,625. Percurso C: Trecho 1: Ind. SL (cm) AL (cm) Grupo Inacessível Acessível Medição Valor Inacessível Acessível Medição Valor 1 250 100 100 x≤20 x≥100 x≤160 x≥210 2.1 250 100 100 x≤70 x≥150 x≤190 x≥210

170


2.2

x≤70

x≥150

250

100

x≤190

x≥210

-

100

Ind. DS (cm) IT (%) Grupo Inacessível Acessível Medição Valor Inacessível Acessível Medição Valor 1 15 75 0 100 x≥37,5 x≤2 x≥20 x≤3,33 2.1 x=0 15 25 x=0 0 100 x≥18 x≥8,33 2.2 15 25 x=0 0 100 x≥18 x≤0 x≥8,33 Ind. ILS (%) Grupo Inacessível Acessível Medição Valor 1 10 100 x≥50 x≤6,66 2.1 10 75 x≥25 x≤3,33 2.2 10 75 x≥25 x≤3,33 Grupo 1 -  (1/2) x 75 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 37,5 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 87,500. Grupo 2 -  (1/2) x 25 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 12,5 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 56,250. Trecho 2: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 360 100 100 100 4 100 8 100 2.1 360 100 100 100 4 50 8 75 2.2 360 100 100 100 4 50 8 75 Grupo 1 -  (1/2) x 100 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 50 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 100,000. Grupo 2 - -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 68,750.

171


Trecho 3: Ind. SL (cm) AL (cm) DS (cm) IT (%) ILS (%) Grupo Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor Medição Valor 1 295 100 195 75 100 100 8 100 2.1 295 100 195 50 100 100 8 75 2.2 295 100 195 50 100 100 8 75 Grupo 1 -  (1/2) x 75 + (1/2)2 x 100 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 37,5 + 25 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 87,500. Grupo 2 - -  (1/2) x 50 + (1/2)2 x 75 + (1/2)3 x 100 + (1/2)4 x 100 + (1/2)4 x 100 = 25 + 18,75 + 12,5 + 6,25 + 6,25 = = 68,750. Nível de acessibilidade do percurso C: Para o grupo 1: 87,500. Para o grupo 2: 56,250.

172


Anexo 173


174


1. Resumo XIII SEPEX (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) Local: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Aceito (x) Não aceito ( )

Apesar da existência de leis que garantam o direito à educação para todas as pessoas, sem nenhuma forma de discriminação, a inclusão de pessoas com deficiências no ensino universitário é ainda relativamente recente e coloca muitos desafios. Entre esses, podemos citar a necessidade de mudanças físico-espaciais que possibilitem o pleno acesso aos espaços abertos e às edificações em campi universitários. Por acessibilidade a NBR 9050/2004 entende a “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. No ano de 2004, o grupo PET/ARQ realizou uma avaliação das condições de acessibilidade espacial no campus da UFSC. Foram definidas, como objeto desse estudo, três rotas de grande circulação unindo as edificações de maior uso da comunidade acadêmica, tais como a reitoria, a biblioteca e o centro de convivência e de eventos. Além disso, foram também avaliadas todas as edificações do campus, resultando em um mapa que estabelecia alguns parâmetros de acessibilidade para o campus. Tendo transcorrido um período de cinco anos desde a conclusão desta pesquisa, observou-se a necessidade de uma reavaliação desses mesmos percursos e edificações. Isso se deve tanto a realização de reformas ou inserção de novas construções quanto da existência de novos parâmetros estabelecidos em legislações mais recentes. Para tal intuito estão sendo utilizados dois dos três métodos da pesquisa original: levantamento técnico utilizando tabelas para coleta de informações e passeios acompanhados com pessoas que apresentam deficiência motora e visual. A partir dos resultados encontrados, serão elaborados prognósticos dos níveis de acessibilidade do campus, e somente então apontadas algumas iniciativas que poderiam solucionar 175


os problemas de acessibilidade existentes. Palavras-chave: Acessibilidade-Avaliação-Universidade Federal de Santa Catarina.

2. Banner XIII SEPEX (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) Local: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Aceito (x) Não aceito ( )

Acessibilidade espacial no campus da UFSC: Revisitando o passado e avaliando o presente para projetar o futuro. Justificativa da pesquisa:

BIBLIOTECA CENTRAL

A importância do acesso ao ensino universitário (profissionalizante) na busca a inclusão de pessoas com deficiência, traz a necessidade de mudanças físico espaciais que facilitem o pleno acesso aos espaços aberto e as edificações em campus universitários. Tendo transcorrido cinco anos da pesquisa realizada, observou-se a necessidade de uma reavaliação desses mesmos percursos e edificações, buscando identificar as condições atuais de acessibilidade no campus e o que foi realizado até então.

B5 B4

B3 C1 CCE

B2

C2

C3

Objetivo da pesquisa:

B1

A3

Avaliar as condições de acessibilidade espacial das edificações e de três percursos no campus da UFSC, destacando as mudanças, positivas ou negativas, no decorrer dos últimos cinco anos.

CENTRO DE CONVIVÊNCIAS

Método:

REITORIA

A2

A1 CENTRO DE CULTURAS E EVENTOS

A5

Levantamento técnico e observação com registros fotográficos.

Percurso A Percurso B Percurso C

RU

RU

Orientação: capacidade de localizar-se em relação a si e ao espaço.

A3

B2

Diferença entre os pisos quanto à cor e textura.

A2

Vegetação homogênea, alta e linear, criando uma marcação ao longo do caminho.

Inexistência de sinalização tátil.

B1

A2

B3

Grande área aberta sem elementos direcionadores.

Mapa geral do campus sem sinalização tátil, e em cores pouco contrastantes.

Falta de indicação clara da Biblioteca.

Deslocamento: locomover-se de forma independente com conforto e segurança

A3

B1

C2

Entrada de carros elevada à altura do passeio, tornando desnecessário o uso de rampas.

Passeio sem desníveis e obstáculos, com pavimentação em bom estado de conservação.

Desnível vencido tanto por degraus quanto por rampa com inclinação correta.

A3

C2

B2

A1

Postes, placas e árvores Piso em péssimo estado situados no meio do de conservação, devido ao passeio, diminuindo a mau-uso do espaço. largura e a altura livre.

Lixeira instalada no meio do passeio, constituindo em obstáculo ao pedestre.

Uso: participar de atividades utilizando ambientes e equipamentos.

A2

C3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO PET - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL TUTORA GRUPO PET/ARQ: VERA HELENA MORO BINS

176

Apesar dos bancos estarem bem conservados, o acesso à eles é dificultado pela presença das raízes das árvores.

A5

A5

Bancos sem acesso pavimentado, dificultando sua utilização.

O acesso a área de estar não é feito por um caminho pavimentado. criando um empecilho ao usuário. ORIENTADORA:

VERA HELENA MORO BINS ELY COLABORADORA:

ROBERTA BERTOLETTI

(Bolsista Capes/Pós-ARQ)

BOLSISTA PET/ARQ:

SOFIA ARRIAS BITTENCOURT

Ufsc

B5

O banco se encontra em É o único telefone público local pouco visível e de encontrado nos três trajetos percorridos, porém não possui uma difícil acesso ao pedestre. cabine mais baixa para pessoas com deficiência.


3. Resumo X ERGODESIGN (Congresso Nacional de Ergonomia e usabilidade de interfaces humano-tecnologia: produtos, informação, ambiente construído, trasporte) Local: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio) Aceito (x) Não aceito ( ) ACESSIBILIDADE ESPACIAL NO CAMPUS DA UFSC: “REVISITANDO O PASSADO E AVALIANDO O PRESENTE PARA PROJETAR O FUTURO”. SPACIAL ACESSIBILITY IN THE UFSC CAMPUS’: “REVISITING THE PAST AND EVALUATING THE PRESENT TO DESIGN THE FUTURE” Vera Helena Moro Bins Ely (1), Roberta Bertoletti (2), Sofia Arrias Bittencourt (3) (1) Doutora em Engenharia, Professora no Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal de Santa Catarina e-mail: vera.binsely@gmail.com (2) Arquiteta e urbanista, Mestranda no Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal de Santa Catarina e-mail: robertabertoletti@yahoo.com.br (3) Graduanda no curso de Arquitetura e Urbanismo, bolsista do grupo PET/Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal de Santa Catarina e-mail: sofia.ab@gmail.com

Palavras-chave em português (Acessibilidade espacial; campus universitário) Key-words in English (Spacial accessibility; university campus)

1. Apresentação e justificativa Apesar da existência de leis que garantam o direito à educação para todas as pessoas, sem nenhuma forma de discriminação, a inclusão de pessoas com deficiências no ensino universitário é ainda relativamente recente e coloca muitos desafios. Entre esses, podemos citar a necessidade de mudanças físico-espaciais que possibilitem o pleno acesso aos espaços abertos e às edificações em campi universitários. Por acessibilidade, a NBR 9050/2004 entende a “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. No ano de 2004, o grupo PET/ARQ realizou uma avaliação das condições de acessibilidade espacial no campus universitário (Figura 1). Foram definidos, como objeto desse estudo, três percursos de grande circulação, unindo as edificações de maior uso da comunidade acadêmica, tais como a reitoria, a biblioteca e o centro de convivência e de eventos (Figura 2). O primeiro percurso engloba desde a entrada do campus pelo Bairro Pantanal, até os Centros de Ciências da Educação e Comunicação e Expressão (CED e CCE) respectivamente. Já o segundo, começa na lateral da reitoria, em frente ao Centro de Cultura e Eventos, e vai até o Centro Tecnológico e o Centro

de Ciências da Saúde. E o terceiro e último percurso liga o CCE ao abrigo de ônibus próximo à Biblioteca Universitária. Além disso, foram também avaliadas todas as edificações do campus, criando um mapa que determina as condições de acessibilidade em cada edifício, especificando a existência de banheiros adaptados, telefones públicos e separando as edificações em acessíveis, inacessíveis ou acessíveis com assistência. Passados cinco anos desde a conclusão desta pesquisa, observou-se a necessidade de uma reavaliação desses mesmos percursos e edificações devido à realização de reformas ou inserção de novas construções e da existência de novos parâmetros legais. O objetivo desse artigo é, justamente, fazer o cruzamento dos resultados das duas pesquisas.

2. Procedimentos metodológicos Na reavaliação dos percursos do campus, foram aplicados diferentes métodos e técnicas. Primeiramente, foi feita a análise do material da pesquisa anterior e da bibliografia existente sobre acessibilidade espacial, fundamentando a avaliação realizada e possibilitando a sua comparação com a pesquisa anterior.

177


As visitas exploratórias (ORSTEIN, 1992) foram realizadas com a observação dos quesitos referentes a três dos quatro componentes da acessibilidade: deslocamento, orientação e uso. Utilizaram - se os parâmetros fornecidos pela norma NBR 9050/2004 e pela bibliografia complementar para avaliar as condições de acessibilidade. Também foram feitas entrevistas com os órgãos da universidade responsáveis pelo gerenciamento e organização dos estudantes dentro da instituição, assim como com o grupo formado para estudo da acessibilidade. E, para complementar a pesquisa anterior, optou-se por realizar o passeio acompanhado (DISCHINGER, 2000) com uma pessoa com baixa visão para avaliar as condições lumínicas do trecho, essencial ao conforto e segurança do usuário. Sendo assim, foram utilizados três dos quatro métodos da pesquisa original, considerando não necessária a aplicação do método da antropovia (Arthur, 2003), já que apresenta limitações quanto à análise completa da acessibilidade espacial, atendendo somente ao deslocamento e, não considerando questões importantes como acesso à informação, uso de equipamentos e participação nas atividades. Os diferentes métodos foram essenciais para sintetizar e mapear os problemas de acessibilidade do campus.

solucionar os problemas de acessibilidade existentes.

In: Fortaleza, Anais do XIII Congresso Brasileiro de Ergonomia - ABERGO, 2004. CD-ROM.

4. Gráficos e Ilustrações

BINS ELY, Vera Helena Moro. Ergonomia + Arquitetura: buscando um melhor desempenho do ambiente físico. In: Rio de Janeiro, Anais do 3º. ERGODESIGN, 2003. CD-ROM.

Figura 1 – Vista aérea do campus

DISCHINGER, Marta. Designing for all senses: accessible spaces for visually impaired citizens. Göteborg, Suécia, 2000. – Department of Space and Process, School of Architecture, Chalmers University of Technology. DISCHINGER, Marta. BINS ELY. Vera Helena Moro. PIARDI, Sonia. Promovendo a acessibilidade nos edifícios públicos: Programa de Fiscalização do Ministério Público de Santa Catarina. Trabalho em andamento. Florianópolis, 2009.

3. Resultados e discussão Considerando que o local da pesquisa, o campus universitário, mesmo sendo dividido em três percursos, é um local de difícil entendimento pela sua complexidade e extensão, os dados foram compilados em três tabelas, referentes aos componentes de acessibilidade mais relevantes aos espaços externos: deslocamento, orientação e uso. Apesar de a pesquisa estar em fase intermediária, já é possível observar que, nesses cinco anos, pouco mudou no campus, foram realizadas principalmente a poda de àrvores, e algumas mudanças de piso, iniciativas ainda incipientes como melhora das condições de acessibilidade. Observa-se, ainda, que faltam algumas mudanças básicas, como sinalização e pisos táteis, iluminação bem dimensionada, rebaixos do passeio com inclinação correta e bem mantidos e maior presença de telefones públicos. A partir desses resultados encontrados, serão elaborados prognósticos dos níveis de acessibilidade do campus e, somente então, apontadas outras iniciativas que poderiam

178

BRASIL. Decreto Federal nº. 5.296, de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/ 2004/5296.htm> Acesso em: 10/07/09.

DUARTE, Cristiane Rose. COHEN, Regina. Pesquisa e projeto de espaços públicos: Rebatimentos e possibilidades de inclusão da diversidade física no planejamento das cidades. In: Rio de Janeiro, Anais do II PROJETAR, 2005. CD-ROM.

Figura 2 – Percursos analisados

5. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BINS ELY, Vera Helena Moro. Desenho Universal como tema inovador na pós-graduação.

FÁVERO, Eugenia Augusta Gonzaga. Direitos das pessoas com deficiência: garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004. 344p. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980. ORNSTEIN, Sheila Walbe. Avaliação PósOcupação (APO) do Ambiente Construído, Marcelo Romero (colaborador). São Paulo: Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1992. 223p.


4. Banner X ERGODESIGN (Congresso Nacional de Ergonomia e usabilidade de interfaces humano-tecnologia: produtos, informação, ambiente construído, trasporte) Local: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio) Aceito (x) Não aceito ( )

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