AS CASAS UNIFAMILIARES NÃO CONSTRUÍDAS DO PROGRAMA
CASE STUDY HOUSES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PAULINE FONINI FELIN O R I E N T. D R A. M A R T A P E I X O T O
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F315c
Felin, Pauline Fonini. As casas unifamiliares não construídas do programa Case Study Houses / Pauline Fonini Felin. – 2015. 230 f.: il ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Ritter dos Reis/Mackenzie, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Porto Alegre, 2015. Orientador: Profª. Drª. Marta Silveira Peixoto.
1. Arquitetura. 2. Arquitetura Moderna. 3. Projeto Arquitetônico. I. Título. II. Peixoto, Marta Silveira.
CDU 72.011 Ficha catalográfica elaborada no Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Dr. Romeu Ritter dos Reis
Fotografia de capa: da autora Case Study House #22 (Stahl House) Los Angeles – CA, USA. Novembro de 2014
CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
AS CASAS UNIFAMILIARES NÃO CONSTRUÍDAS DO PROGRAMA CASE STUDY HOUSES PAULINE FONINI FELIN
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ARQUITETURA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROJETO, PROCESSOS E SISTEMAS ORIENTADORA: PROFA. DRA. MARTA PEIXOTO
PORTO ALEGRE, JANEIRO DE 2015
A meus pais, Carlos Roberto Felin e Marlyse Fonini.
AGRADECIMENTOS Ao programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie. À minha orientadora Profa. Dra. Marta Peixoto pela conduta e apoio durante a realização deste trabalho. À FAPERGS, por ter-me concedido bolsa de estudos, auxiliando nessa pesquisa. À coordenadora do PPGAU, Profa. Dra. Anna Paula Canez por sua dedicação, e ao corpo docente pelo incentivo. À Profa. Dra. Monika Maria Stumpp pela amizade e pelas valiosas interlocuções no decorrer da dissertação. A Carolina Zanon, da International Office (UniRitter), por ter me colocado em contato com a New School of Architecture and Design (NSAD) em San Diego na Califórnia - EUA. A Stefania Costa, Chuck Crawford e Lucy Campbell, por terem me apoiado e recebido nas dependências da NSAD para realização de minha pesquisa. A Jocelyn Gibbs e Alexandra Adler, por terem me acolhido nos arquivos de arquitetura e design da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. Aos amigos Leonardo Frezza, Marina Rosa Rossi e Marina Bueno Manfro, pela compreensão e incentivo. A Gabriela Bertoli e Franciele Fontana da Rosa pelo auxílio nas maquetes eletrônicas. A Lúcia Soldera pela revisão ortográfica e textual desta dissertação. À minha irmã, Carla, que me acompanhou durante a visita às casas em Los Angeles, e me apoiou incondicionalmente durante essa jornada. Ao meu pai, Carlos, e esposa Izabella, incentivadores de minha carreira acadêmica. À minha mãe Marlyse, pelo exemplo de profissional e, acima de tudo, pela dedicação e pelo carinho, sem os quais essa dissertação não teria sido realizada.
“A construção é o momento da solidariedade, da libertação do sofrimento.” A boa vida: Visita guiada às casas da modernidade Iñaki Ábalos, p. 189
RESUMO Esta dissertação se propõe a estudar os projetos não construídos do programa Case Study Houses, o qual compreendeu o período de 1945 -1962, no sul da Califórnia. Considerando uma abordagem didática, a dissertação está dividida em quatro partes. A primeira tem enfoque historiográfico com o objetivo de compreender as transformações e as inovações da casa típica americana, para posteriormente identificá-las no universo do programa proposto por John Entenza. A terceira parte apresenta os aspectos metodológicos, que dizem respeito tanto aos procedimentos necessários para a realização da pesquisa, bem como a metodologia adotada para a análise tipológica formal-funcional dos projetos. O método de investigação é realizado através da análise gráfica, criando-se uma matriz de análise baseada em bibliografia específica. Os estudos sistemáticos dos princípios de forma, espaço e ordem geraram diagramas sintéticos interpretativos. Ao final, para melhor compreensão dos diagramas, foram elaborados textos que explicam e questionam os aspectos de cada projeto. Palavras-chave: Arquitetura Moderna, Projeto Arquitetônico, Case Study Houses.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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1. A CASA MODERNA AMERICANA 1.1 As primeiras manifestações modernas na América: 1850 – 1929 1.2 O foco para a América: 1929 – 1945 1.3 O otimismo americano pós-guerra: 1945 - 1965
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2. O PROGRAMA CASE STUDY HOUSES 2.1 A primeira fase investigativa 2.2 As Case Study Houses #8 e #9 2.3 As casas de Pierre Koenig: #21 e #22
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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Critérios de seleção 3.2 Matriz de análise
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4. OBJETO DE ESTUDO: AS CASE STUDY HOUSES NÃO CONSTRUÍDAS 4.1 Descrição e análise dos projetos não construídos 4.2 Síntese das análises gráficas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
200
LISTA QUADROS LISTA TABELAS LISTA FIGURAS
206 207 207
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INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem, como área de estudo, a arquitetura residencial unifamiliar moderna dos Estados Unidos, entre os anos de 1945 e 1966, época em que surgiram os avanços tecnológicos no país, tendo em vista o panorama pós-guerra. O tema principal deriva de outros dois objetos de estudo: o universo das Case Study Houses e o universo dos projetos não construídos. Ambos os assuntos são contemplados no título dessa dissertação: “Os projetos residenciais unifamiliares não construídos do programa Case Study Houses”. De acordo com Stroeter (1994), as primeiras décadas do Movimento Moderno foram ricas em conhecimentos arquitetônicos. Nessa época, prevaleceram as teorias da arquitetura-manifesto (como as de Wright, Le Corbusier e Groupius), com as quais se tentava mostrar e comprovar a importância de tudo o que era novo: funcionalismo, materiais que a indústria colocava à disposição, flexibilidade, novos sistemas estruturais, pilotis, terraços-jardim e muitas outras propostas inéditas. Frequentemente, os arquitetos descobriam novas formas e novos caminhos nas obras de pequeno porte. Muitas das ideias dos pioneiros do Movimento Moderno nem sequer saíram do papel, mas marcaram a arquitetura posterior. Dessa forma, ressalta-se a importância da arquitetura como exercício de laboratório, que não tem como objetivo final sua materialização, mas o desenvolvimento de novos conceitos. Essa dissertação pretende, portanto, apresentar, por meio da análise gráfica, os novos significados
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atribuídos à arquitetura residencial, entre 1945-1966, período de vigência do programa Case Study Houses. UNIVERSO E OBJETO DE ESTUDO O universo do estudo é o programa Case Study Houses, proposto por John Entenza, em 1945, com o intuito de publicar modelos modernos, na revista Arts and Architecture. Tendo em vista o panorama pós-guerra, o então editor propôs a formulação de residências de baixo custo, que empregassem materiais pré-fabricados, no sul da Califórnia. Esses projetos experimentais visavam atender as necessidades dos novos núcleos familiares, que surgiram com o final da guerra. Além de atender as novas demandas da população, o CSH propunha a construção de casas com linguagem moderna, com o intuito de divulgá-las através de exposições temporárias. No entanto, nem todas as casas foram construídas. De um total de trinta e seis exemplares publicados, onze não saíram do papel, os quais serão o objeto de estudo desta dissertação. OBJETIVOS O objetivo principal dessa pesquisa é analisar o conjunto de projetos não construídos do programa Case Study Houses, por meio da análise gráfica. Pretende-se levantar questões e analisar os aspectos que as caracterizavam como projetos experimentais. Espera-se assim contribuir para o conhecimento específico do programa Case Study Houses, de forma a compreender a concepção espacial das casas não construídas, bem como reconhecer a relevância desses exemplares na arquitetura moderna pós-guerra.
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Como objetivos específicos, busca-se analisar os projetos selecionados, considerando a organização do programa e as propostas espaciais como setorização, acessos, geometria, circulação e volumetria. Esses aspectos são expostos mais detalhadamente no capítulo de metodologia. Além da descrição e da análise por meio de desenhos bidimensionais, foram elaboradas maquetes eletrônicas a fim de facilitar a compreensão dos conceitos implícitos nos percursos de cada casa. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA Em seu livro “Ensaio sobre o projeto”, Alfonso Corona Martínez destaca a separação entre projetistas e executores, onde o projetista opera sobre o primeiro objeto, o projeto, instruindo os encarregados da materialização do segundo objeto: o edifício. Ou seja, o conjunto de especificações e representações constituem a parte principal do projeto. De acordo com Pellegrini (2011), pode-se entender que o projeto ainda não é o edifício, por ser a representação de algo futuro. Ou seja, projeto é o meio que intermedia a relação entre o arquiteto e a edificação. Segundo a autora, no texto “Translations from drawing to building”, Robin Evans (1997) explica essa relação sobre o distanciamento entre o arquiteto e a obra construída. Evans disserta sobre processo de produção da arquitetura, apresentando os conceitos de translação e transmutação. O teórico explana que transladar significa mover algo sem alterá-lo e transmutar significa modificar algo substancialmente, que é o que acontece entre o projeto e o edifício.
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Segundo o autor, o desenho possui limitações referenciais intrínsecas, pois nem todos os aspectos de arquitetura podem ser alcançados através dele. Mesmo que se tenha prestado atenção no desenho, o processo de transmutação que ocorre entre projeto e edifício permanece um enigma. Nesse sentido, o autor apresenta que o que está implícito, na transmutação, é o processo de interpretação. Ou seja, mesmo que o projeto possua os elementos passíveis de compreensão, esse entendimento não está livre de risco. Pellegrini (2011) ainda apresenta outro aspecto importante a respeito do projeto: a possibilidade de reprodução e replicação a partir do registro gráfico. A autora se apoia em Corona Martinez: “o processo projetual implica uma série de operações que resultam em um modelo do qual será copiado um edifício.“ (CORONA MARTINEZ, 2000, p. 17). Ou seja, uma vez assumindo o projeto como modelo e o edifício como uma cópia, é possível dizer que o projeto pode se tornar várias cópias. Era exatamente essa a premissa do programa Case Study Houses: propor protótipos residenciais que fossem passíveis de reprodutibilidade. No entanto, mesmo que se assumisse um modelo e ele fosse reproduzido inúmeras vezes, a cópia não possuiria o mesmo significado que o modelo original, pois cada projeto possui condicionantes peculiares, como lugar, época, clima, programa, usuário etc. Logo, caso se quisesse construir uma cópia fiel de um edifício, seria necessário replicar também todos os seus condicionantes. (PELLEGRINI, 2011, p. 70). Ainda segundo a autora (2006, p. 70), o projeto, na condição de modelo (bem guardado), não possui prazo de validade, permitindo replicações em tempos distintos, mesmo na ausência do seu autor.
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Assim, mesmo que não seja construído, pode ser considerado patrimônio, pois na condição de registro gráfico pode viabilizar a construção, reconstrução ou complemento de um edifício a qualquer tempo, servindo como referência para sua materialização tardia. No livro Arquitecturas ausentes del siglo XX, Márquez (2005) apresenta um conjunto de 24 projetos não-construídos que foram expostos na forma de maquetes, elementos estruturais e volumes plásticos em Bruxelas (2004). A exposição tinha como objetivo enfatizar a capacidade desses projetos influenciarem o pensamento arquitetônico tardio, recolhendo seu testemunho como forma de prolongar conscientemente as propostas para uma nova arquitetura e cultura da Figura A: Casa em Alcudia, Maiorca, 1984. Alejandro de la Sota. Fonte: arquivo Alejandro de la Sota.
sociedade. (Figuras 1 e 2). Já a autora Ana Tagliari (2012), em sua tese de doutorado intitulada “Os projetos residencias nãoconstruídos de Vilanova Artigas em São Paulo” apresenta que as ideias contidas nos projetos nãoconstruídos inspiraram uma série de edificações vivenciadas na atualidade, comprovando assim que os conceitos são duradouros e sobrevivem mesmo sem a sua concretização. Nesse sentido, o redesenho e a análise das Case Study Houses não-construídas se faz relevante, uma vez que esses projetos possuem riqueza de informações passíveis de serem reproduzidas. A pesquisa visa mostrar a relevância do papel do projeto como portador de ideias e intenções, possibilitando a apreciação de proposições, dúvidas e pensamentos, que, de certo modo, estão presentes na obra construída dos arquitetos. A relevância desse estudo não reside somente na pesquisa histórica, crítica e projetual, mas
Figura B: Casa em Alcudia, Maiorca, 1984. Alejandro de la Sota. Maquete da exposição Arquitecturas ausentes del siglo XX, 2004. Fonte: arquivo de la Sota.
também em um contexto mais amplo da arquitetura moderna americana. De um total de
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trinta e seis exemplares publicados, onze não saíram do papel. Trinta por cento dos projetos não passaram da fase de anteprojeto ou até mesmo detalhamento, reforçando assim a relevância de estudá-los como forma de construção do conhecimento. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL Nos últimos anos, é crescente o interesse na investigação de projetos não construídos tanto de pesquisadores de universidades estrangeiras como brasileiras. O tema tem despertado interesse pela qualidade e variedade desses projetos de inúmeros arquitetos importantes. (TAGLIARI, 2012). No Brasil, a abordagem desse tema iniciou há pouco tempo, nas universidades Unicamp e Mackenzie em São Paulo, por iniciativa do Prof. Dr. Wilson Florio. As pesquisas orientadas por ele são pioneiras no que diz respeito à abordagem e ao método, empregando modelos computacionais para análise e estudo (interpretações) de projetos não construídos. Os resultados são investigações sobre projetos de Paulo Mendes da Rocha (SILVA, 2007), Lina Bo Bardi (SANTIAGO, 2008) e Vilanova Artigas (SAKON, 2009). Em 2012, a Prof. Dra. Ana Tagliari apresentou sua tese de doutorado intitulada: “Os projetos residenciais não construídos de Vilanova Artigas em São Paulo”. Tal pesquisa contribuiu significativamente para o universo dessa temática no Brasil, servindo de base principal para a presente dissertação. Em relação às Case Study Houses, em um contexto geral, encontraram-se algumas breves pesquisas, mas nenhuma investigação aprofundada sobre o assunto. Existem inúmeras análises dispersas,
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porém nenhuma dissertação ou tese. Entretanto, devido à grande repercussão mundial do programa Case Study Houses, encontrou-se bibliografia específica diversa, tanto teórica como iconográfica. Imagens e fotografias foram facilmente localizadas em livros que abordam a arquitetura do século XX, como os de CURTIS (2008), KHAN (2009) e GÖSSEL (2013). O material teórico foi detectado em livros específicos, como os de SMITH (1989 e 2009) e MCCOY (1977). Os materiais gráficos ficaram por conta dos livros de BUISSON (2004) e SMITH (2010). O site oficial da revista Arts & Architecture serviu como base para se ter acesso à versão original das publicações das casas. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO: CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS A estrutura da dissertação está dividida em quatro partes, a seguir descritas. A CASA AMERICANA MODERNA Este capítulo delineia brevemente a evolução da arquitetura residencial nos Estados Unidos, no início do século XX. São traçadas algumas características das casas americanas, desde os anos 1950, quando as configurações de planta e fachadas não possuíam a mesma linguagem, até o período que marcou o surgimento e a disseminação das Case Study Houses. O objetivo dessa abordagem é compreender as transformações e as inovações da casa típica americana, para posteriormente identificá-las no universo do programa proposto por John Entenza.
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O PROGRAMA CASE STUDY HOUSES Este capítulo apresenta, inicialmente, uma contextualização das Case Study Houses, formulando uma base teórica em que fatos históricos do programa se revelam importantes para o entendimento da pesquisa. A discussão sobre o objetivo do programa, as fases e as principais características contribuem para a clara visualização e a compreensão da vasta obra residencial construída. Nessa etapa, elabora-se uma tabela cronológica para identificação das transformações dessa produção. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo trata da metodologia de pesquisa adotada para análise dos projetos, abordando brevemente um panorama sobre a investigação de desenhos feita por importantes autores. São demonstrados os instrumentos metodológicos a partir do desenho (análise gráfica) e da maquete modelada digitalmente, visando à melhor compreensão das análises e síntese realizadas posteriormente. A análise gráfica contribui para o entendimento das questões de partido e de programa dos projetos, apoiando-se em itens como: acessos e perímetro; setorização; hierarquia; circulação e espaços-uso; geometria e volumetria (cheios e vazios). Nesse capítulo, também são evidenciados os critérios de seleção do objeto de estudo. OBJETO
DE
ESTUDO:
AS
CASE
STUDY
HOUSES
NÃO
CONSTRUÍDAS
A quarta e última parte contém a análise gráfica dos projetos, a qual contribui para o entendimento do partido arquitetônico proposto pelos arquitetos. Através dessa
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investigação, é possível analisar a maneira como os autores organizaram seus acessos, programa, setorização, circulação, volumetria e organização espacial. São também apresentadas tabelas com amostras gráficas – como plantas, cortes, elevações e modelos tridimensionais – provenientes do redesenho dos nove projetos não construídos residenciais selecionados. CONSIDERAÇÕES FINAIS As considerações finais constituem-se com base nas análises individuais das casas. Nessa etapa final, é realizada uma síntese do desenvolvimento da pesquisa, relacionando os objetivos com os resultados. O objetivo principal dessa dissertação é a análise individual dos projetos residenciais não construídos, tendo em vista as peculiaridades de cada um. Em nenhum momento se visa à análise comparativa dessas cases. Ou seja, o foco não está em uma análise crítica da vida dos arquitetos, no caráter histórico de cada uma das casas, tampouco no processo de projeto e criação dos autores envolvidos.
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1 A CASA AMERICANA MODERNA
O presente capítulo delineia brevemente a evolução da arquitetura residencial nos Estados Unidos, no início do século XX. O objetivo dessa abordagem é compreender as transformações e as inovações da casa típica americana, para posteriormente identificá-las no universo das Case Study Houses. Segundo Giedion (2004), quando se faz referência à arquitetura como um organismo mutável, o enfoque está na repercussão que garantiu sua continuidade. Isto é, o interesse está nas linhas de força, que se desenvolveram por vários períodos, e não na história dos estilos, pois estes correspondem aos aspectos específicos que distinguem um período do outro. A divisão cronológica apresentada a seguir foi elaborada por Kenneth Frampton (2002), nela a crise econômica de 1929 nos Estados Unidos e a Segunda Guerra Mundial são consideradas marcos históricos delimitadores da abordagem. Os representantes arquitetônicos escolhidos são modelos significativos da arquitetura moderna americana, que conquistaram repercussão mundial graças ao incentivo da nova geração de arquitetos. 1.1 AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES MODERNAS NA AMÉRICA: 1850 - 1929 O período entre 1850 e 1890 compreendeu um preparativo para a influência da América do Norte sobre o resto do mundo. Apesar de os períodos colonial e republicano terem sido de
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uma corrida rumo às terras não colonizadas do Oeste. Esse período atribuiu às novas formas um espírito novo e especificamente extrema importância para o desenvolvimento americano, foi entre os anos 1850 – 1890, que ocorreu americano, distinto daquele que prevalecia na Europa. No final do século XIX, enquanto os arquitetos europeus passavam por inquietudes e incertezas, a América mantinha unidade e equilíbrio na arquitetura. Tal distinção em relação à Europa se manifestou tanto através de novas lógicas de ferramentas e móveis, como através da planta informal e flexível da casa americana apresenta a seguir. (GIEDION, 2004). 1.1.1. A configuração contínua e flexível Diferentemente da casa europeia rural, planejada como uma unidade sólida, a casa americana se caracterizou, desde a chegada dos primeiros colonizadores, como uma unidade que pode ser ampliada de acordo com novas condições econômicas e sociais. A planta em forma de ‘L’, passível de alterações, contribuiu para o surgimento da configuração informal e flexível. Segundo Giedion (2004), quando Wilheim Bode visitou a Feira Mundial de Chicago em 1893, verificou que: [...] em contraste com a Alemanha, a casa moderna americana é inteiramente construída de dentro para fora. Não só corresponde às exigências individuais, como acima de tudo às peculiaridades, aos costumes e às necessidades dos americanos. O fato de que tais costumes estejam realmente arraigados e sejam característicos confere à arquitetura residencial americana uma grande vantagem com relação à nossa arquitetura alemã. (GIEDION, 2004, p. 393).
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Bode (apud GIEDION, 2004) observou que: “os cômodos ao longo do corredor têm portas de correr e divisórias – frequentemente com metade da largura das paredes -, as quais quase sempre permanecem abertas. Desse modo é possível vislumbrarmos os vários cômodos da casa”. A típica moradia americana era subdividida o menos possível. Esta tendência de abrir o interior refletia-se na adoção de vários níveis de piso, como em determinados casarões neoclássicos dos anos 1890. Os americanos mais abastados do século XIX, que seguiam o gosto do momento, possuíam residências cujas formas refletiam o estilo: romântico, vitoriano, renascentista francês, românico ou clássico. Contudo, a planta mantinha sua integridade. A flexibilidade e a informalidade espacial eram, geralmente, atribuídas a grandes nomes. Wright encontrou os elementos básicos da planta flexível ao seu alcance. Sem dúvida, Richardson atribuiu densidade artística a essa configuração, nas casas do início dos anos 1880, no entanto a concepção da planta aberta, flexível e informal é resultado do desenvolvimento americano como um todo (GIEDION, 2004). 1.1.1 As contribuições de Frank Lloyd Wright na arquitetura residencial Desde o início, Wright se dedicou ao problema que constituiria o maior interesse de sua vida: a casa como abrigo. Tinha à sua disposição a tradição anônima americana, o exemplo de Sullivan e a consciência artística que Richardson havia mostrado na construção residencial. Parece que o segredo de sua obra é ter visto, na tradição da casa americana, aqueles elementos que poderiam ser usados como base para projetos futuros. Ele assumiu esses
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elementos básicos e acrescentou outros, ampliando a estrutura da casa a ele encomendada. (GIEDION, 2004). Em 1929, o historiador Lewis Mumford considerou a arquitetura de Wright como precursora da modernidade europeia. Mais recentemente, o norte-americano Donald Johnson defendeu ter sido Mies van der Rohe o mais fino intérprete da estética Wrightiniana. Ninguém como Wright conseguiu uma carreira tão abrangente, densa, variada e, todavia, tão coerente. Em quase sete décadas de profissão, o arquiteto conseguiu lançar as bases da modernidade, libertando paredes, abrindo planos e dialogando com o contexto. (ZABALBEASCOA, 1998). A sua verdadeira influência não pode ser mostrada apenas através de poucas fotografias; mas através do estudo de seus métodos e ideias, conforme se veem refletidos em sua obra. Os padrões mutáveis de movimento, combinados com a abstração geométrica do classicismo romântico e a precisão e angularidade mecânicas, formaram, em síntese, o Estilo Internacional das décadas de 1920 e 1930, como se observa nos próximos subcapítulos. (GIEDION, 2004; SCULLY, 1999). 1.1.2 A configuração cruciforme e longitudinal De acordo com Comas (2003), a planta aberta, Raumplan1, planta flexível e planta livre submetemse a um impulso centrífugo, elucidando o que Colin Rowe denominou 1
Raumplan foi um conceito proposto por Adolf Loos, no qual se desenvolve a planta em diferentes níveis
para aproveitamento do espaço, facilidade de distribuição e preservação da intimidade dos utilizadores (ZABALBEASCOA, 1998).
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‘composição periférica’. Essa estratégia compreende o posicionamento dos espaços nas bordas da forma ortogonal, em que se enfatiza o centro intensificado verticalmente. Scully (1999) diz que as plantas abertas, uma vez estabilizadas, em seus centros, por massas de lareiras, como as das casas coloniais norte-americanas, podiam ser estendidas horizontalmente. Os eixos cruzados eram transportados continuamente para fora, para os pórticos e terraços. Wright remontou essa planta do século XVII, onde a chaminé era ponto de partida para toda a sua configuração interna. Os diferentes cômodos eram distribuídos a partir deste núcleo maciço, remetendo às asas de um moinho de vento. Foi essa tipologia que chamou a atenção dos arquitetos europeus. A planta tipo ‘moinho de vento’ é em realidade cruciforme, resultante da interpenetração das duas partes da casa que se interceptam transversalmente, formando uma cruz. Com frequência, elas apresentam diferentes alturas, de maneira que o efeito é de um braço de cruz superposto ao outro, penetrando-o (GIEDION, 2004). Esta antiga prática americana manteve-se viva também durante o século XIX. Um dos livros de gosto comum sobre casas suburbanas e casas de campo, publicado no início dos anos 1970, propõe uma casa de campo consolidada ao redor de uma chaminé de quatro lados, com quatro alas que originam os cômodos. A razão conferida pelo autor para essa configuração cruciforme é Figura 01: Casa de campo: planta cruciforme e perspectiva (1873). Fonte: Livro “Casas suburbanas e casas de campo” – Nova Iorque (WOODWARD, 1873 apud GIEDION, 2004).
muito próxima à intenção de Wright: dar ênfase à luminosidade através de aberturas em três arestas de cada ala da casa.
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Segundo Giedion (2004), Wright assinalou: “A chaminé situa-se no centro da casa e portas corrediças ligam os cômodos principais, de modo que, quando se fizer necessário, o saguão, a sala de visitas, a biblioteca e a sala de jantar podem rapidamente ser unidas [...]” (GIEDION, 2004, p. 429). O autor ressalta o fato de o exterior não possuir a mesma precisão da planta, e que uma das grandes conquistas de Wright foi encontrar uma linguagem adequada em termos do tratamento espacial e da configuração externa. A maioria de suas casas, especialmente as menores, se baseiam na planta cruciforme derivada desta interpenetração de dois volumes de diferentes alturas. Assim são a casa Hickox (1901), Ward (1901), Willits (1901), a pequena casa de campo de Charles Ross (1902), a casa Robert Evans (1904), Isabel Roberts (1907) e a casa Horner (1908). Destas, a casa Isabel Roberts, em River Forest, Illinois, constitui um exemplo de interpenetração de dois volumes de diferentes alturas, em que, no volume mais alto, encontra-se a sala de estar com pé-direito amplo. Esta configuração foi encontrada nas casas de colonizadores do século XVII e também em civilizações antigas. Ela reapareceu no século XX. Em 1910, Wright havia desenvolvido, com a planta aberta, uma flexibilidade até então inédita. Naquele mesmo período, em outros países, a liberdade e a flexibilidade eram quase desconhecidas. O espaço maleável constituiu provavelmente a principal contribuição de Wright à arquitetura, trazendo vida, movimento e liberdade ao corpo rígido e inerte da arquitetura moderna. (GIEDION, 2004).
Figura 02: Casa Isabel Roberts: Planta e volumetria River Forest, Illinois (1907). / Fonte: GIEDION, 2004 e site <http://www.prairiemod.com/> Último acesso em: 05/04/14.
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1.1.2 As superfícies planas na arquitetura residencial americana Seja pelo baixo custo ou pela simplicidade imposta pela escassez de mão de obra qualificada, a superfície plana constituiu o elemento básico da arquitetura na América do Norte. Talvez o fato de os arquitetos nunca terem se desviado das formas básicas tenha sido a razão para o surgimento de soluções arquitetônicas precedentes às europeias. Materiais como a madeira, o tijolo e a pedra sempre foram tratados como superfícies puras, tal como se observa na casa tradicional americana, nas obras de Henry Robson Richardson e Frank Lloyd Wright. (GIEDION, 2004). A casa japonesa influenciou Wright na eliminação do irrelevante. Na casa americana, ele já havia conquistado essa ideia, porém ele fez mais do que isso. Começou a considerar os elementos despercebidos e descobriu, nesta matéria-prima, sua expressão oculta. Na assimilação da casa como uma unidade espacial, Wright apoderava elementos onde quer que fossem encontrados e modelava a casa nos termos de seu próprio tempo. Por exemplo, no século XIX, o pórtico era utilizado como área de recreação nas casas suburbanas e de campo. Wright Figura 03: Casa Robie: Planta e volumetria Woodlawn Avenue, Chicago (1908)./ Fonte: CURTIS (2008).
tratou de adotá-lo nas casas, não as circundando, mas acompanhando as plantas cruciformes e longitudinais, como forma de extensão de suas alas. Desse modo, o antigo elemento, que antes era simplesmente anexado à casa, passou a ser parte essencial da estrutura. Como os pórticos projetavam-se no espaço em balanço, o arquiteto aproveitou-os como planos horizontais, de forma a proteger a edificação. A estas coberturas protetoras Wright acrescentou o plano das superfícies verticais, como observa-se na Casa Robie, de 1908, situada na avenida Woodlawn, em Chicago.
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Segundo Giedion (2004), o arquiteto organizou as superfícies planas de várias maneiras, multiplicando-as, promovendo sua intersecção e situando-as em diferentes profundidades, de modo que, com frequência, seu volume sólido não é de todo compreensível. A questão não é referir-se à casa como pertencente ao ‘estilo pradaria’, mas observar o constante esforço para encontrar inter-relações entre os planos horizontais em diferentes alturas, os beirais que se prolongam além da fachada e os níveis que variam de acordo com a inclinação do terreno. Além da correlação entre o uso de superfícies planas, Wright utilizou vários materiais e estruturas contrastantes. Pedras de deserto, paredes de cascalho e treliças de madeira são alguns exemplos daquilo que o arquiteto utilizou como forma de expressão de materiais em estado natural. Em resumo, Wright adotou superfícies planas e as decompôs em faixas horizontais que se interrelacionam em um jogo de justaposição de volumes sólidos. As chaminés verticais perfuram o telhado, em oposição aos planos horizontais dos pórticos e beirais que se prolongam para além da parede. Assim, pode-se dizer que o exterior possui expressão equivalente à planta. (GIEDION, 2004). A partir de 1914, é observada por Scully (1999), uma pausa decisiva na carreira de Wright, e também na cultura americana como um todo. Wright, então ateve-se às formas da sociedade não europeia, buscando referência na arquitetura maia. Um exemplo disso foi a Residência Barnsdall, de 1920, que apresentava peso monumental em uma arquitetura de concreto aparente.
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1.1.3 As origens da casa californiana moderna Nesse mesmo período, destacaram-se outros dois arquitetos: Rudolph Schindler e Richard Neutra. Emigrados de Viena, ambos foram aprendizes de Wright. Schindler entrou para o gabinete em Oak Park em 1917, tendo o deixado, em 1922, para fundar seu próprio estúdio. Neutra trabalhou em Taliesin, a partir de 1924, e ,em 1925, mudou-se para Los Angeles, onde começaria a colaborar com Schindler. (FRAMPTON, 2002; KHAN, 2008). O aprendizado com Wright acabou resultando na mais importante obra de Schindler em West Hollywood, a Casa Schindler-Chase de 1921-22, conhecida atualmente como Casa de Kings Road. Esta é a obra mais importante de Schindler, apesar de a Casa de Praia Lovell ser também amplamente reconhecida como um modelo moderno na América do Norte (STEELE, 2005). A casa Schindler-Chase seria a mais clara expressão de seus princípios, nos quais a residência destaca seu contexto, faz uso de materiais autênticos, revela a economia de meios e eficácia do método. Além disso, a integração de interior e exterior mostrou-se adequada, uma vez que o clima californiano possui altas temperaturas. Ela se tornou modelo para o programa, após a Segunda Figura 04: Casa Schindler-Chase : Planta e volumetria - West Hollywood, Califórnia (1921-1922). Fonte: STEELE, 2005 (legendas baseadas na planta do site ideasbase.blogspot.com.br). Último acesso em: 05/04/14.
Guerra Mundial, antecipando em mais de quatro décadas o desejo americano de uma vida externa informal. Cada setor da casa apresenta uma parede de concreto posterior e um jardim à frente, com uma grande abertura provida de portas de correr. Esta abertura é protegida com beirais em balanço, suportados por duas vigas suspensas que atravessam as divisões. A forma dos
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setores, sua relação com os pátios e os diversos níveis de assoalho criam uma ligação espacial completamente nova entre o interior e o jardim (STEELE, 2005). Segundo Steele (2005), o terceiro e mais importante marco, no crescimento de Schindler, foi a Casa de Praia Lovell, de 1925-26. O arquiteto a concebeu como uma estrutura de concreto armado em balanço sobre cinco pilares, a fim de minimizar os estragos em caso de abalos sísmicos. As formas simples foram contrapostas pela complexidade dos espaços interiores, como o pé-direito duplo da sala de estar com vista para o pacífico. Foi nesse projeto que Schindler expandiu sua ideia de ‘formas de espaço’, em que a diferença de níveis origina a interpenetração de planos. A tipologia da casa elevada, com estrutura em pórtico e cobertura plana, contribuiu para o gosto moderno americano. O emprego de andares interligados e espaços de pé-direito duplo remontam ao conceito do Raumplan de Adolf Loos. Essa proposta usava planos com divisões de certa forma convencionais para criar um sentido contínuo, mas dispostos em secções verticais escalonadas para surpreender e adicionar descontinuidade, a qual ele acreditava fazer parte da condição moderna. Enquanto Schindler permanecia com a parede de suporte de Loos, Neutra aceitava e desenvolvia a causa da liberdade permitida pela estrutura de aço. Na casa de Saúde de Lovell, o arquiteto fez uso de planos horizontais de concreto apoiados em uma leve estrutura metálica, enquanto as varandas ficavam suspensas da estrutura do telhado. (STEELE, 2005).
Figura 05: Casa de Praia Lovell: Perspectiva e volumetria - Newport Beach, Califórnia (192326). / Fonte: FRAMPTON, 2003 e site < http://en.wikipedia.org/> Último acesso em 07/04/14
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Situada em uma encosta íngreme no Canyon Los Feliz, a construção foi organizada como uma série de pavimentos horizontais e espaços internos e externos interligados. O acesso dava-se pelo nível mais elevado, o qual conduzia para as áreas privativas com belas vistas do vale. As diversas funções eram expressas por variados tamanhos de janelas, buscando os efeitos máximos de luminosidade (CURTIS, 2008). O teórico de arquitetura Kenneth Frampton (2003) a reconheceu como ‘a apoteose do Estilo Internacional’, por conseguir uma expressão arquitetônica até então inédita. A casa exerceu uma influência decisiva na carreira de Neutra, o qual passou então a fazer uma contribuição direta ao bem-estar psicofisiológico de seus moradores. Segundo Khan (2008), Schindler e Neutra inventaram seu próprio vocabulário arquitetônico, porém ambos adotaram o modo de vida ‘natural’ em suas obras. Preocupavam-se antes com a modulação da luz e do sol, bem como o diálogo com o entorno, do que com a forma abstrata como tal, como observa-se em seus projetos posteriores. Figura 06: Casa de Saúde Lovell: Planta e volumetria – Los Angeles, Califórnia (1927-29)./ Fonte: KHAN, 2008.
A partir de então, parece que a tendência passou a ser o emprego de formas simples, sóbrias e úteis, conduzindo para uma linguagem uniforme. Os meados dos anos 30 marcaram o ponto decisivo, uma vez que Gregory Ain, Raphael Soriano e Harvell Harris começaram a regionalizar o Estilo Internacional em uma série de edifícios. Rudolph Schindler também realizou uma versão personalizada dessa abordagem. (KHAN, 2008).
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1.2 O FOCO PARA A AMÉRICA: 1929 - 1945 A designação ‘Estilo Internacional’ aplicada à arquitetura surgiu em uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, em 1932, por iniciativa de Hitchcok e Philip Johnson. A mostra juntou obras de cinquenta arquitetos de dezesseis países e foi um dos exercícios mais influentes da arquitetura contemporânea, durante as três décadas seguintes. A exposição realçava os aspectos modernos que indicavam nova direção e atitude, como definira Le Corbusier nos “Cinco Pontos”, que gerariam impacto na cena americana. Os princípios apresentados destacavam a arquitetura como volume, com uso de pilotis, planta flexível, janelas situadas à face e telhado plano. Buscavam também regularidade estrutural, assimetria e horizontalidade, que se vinculavam à expressão funcional. Os arquitetos promoviam a industrialização, a eliminação do supérfluo e acreditavam que a regularidade geométrica era desejável para contrastar com a natureza. Em 1945, a arquitetura americana tornou-se foco de outra exposição no mesmo museu: “Built in the USA: 1932-1944”. A mostra apresentou as diversas direções da arquitetura, tendo em vista à ‘humanização’ do Estilo Internacional, uma vez que quase metade dos projetos exibidos derivava do New Deal. (KHAN, 2008). Essa política, adotada em 1933, buscava contrariar os efeitos da Depressão. Logo foram iniciados empreendimentos em larga escala, bem como novos projetos para alojamentos, que tinham como objetivo dar casa às pessoas, como forma democrática de modernidade.
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Algumas publicações, como a revista Arts & Architecture, tentaram expor essas ideias com algum êxito, mas o panorama mudou somente depois de 1945, quando o fim da guerra desencadeou maior aceitação da nova arquitetura e das novas tecnologias. (KHAN, 2008). Enquanto isso, a imigração de alguns mestres europeus atribuiu outra dimensão ao processo de mudança. Arquitetos como Mies van der Rohe, Walter Gropius, Marcel Breuer e Mendelsohn levaram filosofias e vocabulários maduros, que contribuíram ao movimento do Estilo Internacional da América do Norte, apesar das diferenças culturais. Frank Lloyd Wright dedicou seu tempo ao projeto de residências unifamiliares de baixo custo (casas usonianas) e à utopia de descentralização, buscando oferecer aos norte-americanos uma configuração social coerente, em um período em crise. Entre suas diversas obras-primas, surgiu a Casa da Cascata, de 1934-1937, um refúgio no campo para Edgar J. Kaufmann, situado sobre uma queda d´água na Pensilvânia. A edificação era formada por bandejas de concreto em balanço, sustentadas por um núcleo engastado nas rochas. Suas formas horizontais ficavam suspensas sobre os planos de água do córrego, como que livres de qualquer apoio. O número de paredes foi reduzido e a sensação de abrigo era configurada pelos beirais e janelas que ressaltavam os ritmos verticais e horizontais. Contrário ao Estilo Internacional, Wright estabeleceu seu ideal orgânico pessoal, enfatizando a vitalidade, fundindo estrutura, função e ideias inspiradas em formas naturais. Isso pode ser observado no acabamento liso das sacadas que contrastavam com o núcleo da chaminé feita de pedras irregulares locais. A grande sala de estar adequada à função de uma casa para os
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fins de semana e os efeitos provocados pela luz, pela vegetação do entorno e pela água caindo contribuíam para a celebração de uma casa tipicamente norte-americana com vida livre e integrada à natureza (CURTIS, 2008). Segundo Curtis (2008), a Casa da Cascata era uma “exploração inventiva da ideia primitivista de origens naturais”. Era uma prova clara da vitalidade renovada de Wright, mas também uma ampliação de suas descobertas anteriores. Tal como a Vila Savoye, a obra possuía ‘uma enorme quantidade de ideias’ concentradas em uma só ideia orientadora: a arquitetura orgânica. Considerando as realidades sociais e econômicas da Depressão, a casa ‘usoniana’ empregava um sistema construtivo inteligente e econômico, com o emprego de paredes pré-fabricadas e cobertura com ventilação. A sala de jantar foi abolida em troca de um nicho com mesa, como resposta às necessidades dos clientes sem empregadas, bem como uma rejeição às formalidades do estilo de vida norte-americano anterior à Primeira Guerra Mundial. Wright empregou essa ideia, pela primeira vez, na Primeira Residência Jacobs, de 1936-7, em Westmoreland. Como o sucesso foi imediato, o arquiteto acabou construindo dezenas delas. A planta livre e suas varandas captavam a vida suburbana da classe média emergente. Não tardou que ela fosse adotada por empreiteiros e surgisse nos catálogos de casas de baixo custo (CURTIS, 2008). A crítica favorável à casa usoniana refere-se à sua adequação e a sua relevância para o desenvolvimento da cidade. Observam-se como características principais: jardim privado, abertura do interior para o terraço, agrupamento das áreas de serviço, acabamentos com materiais
Figura 07: Primeira Residência Jacobs: planta e interior – Madison, Wisconsin, 1936-7./ Fonte: CURTIS (2008).
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naturais, uso de claraboias para iluminação e ventilação e amplos beirais para manter a água da chuva afastada das paredes. Todos esses itens serviram de embasamento para as décadas seguintes, como abordado na sequência. (FRAMPTON, 2002). 1.2 O OTIMISMO AMERICANO PÓS-GUERRA: 1945 – 1965 É difícil mensurar o impacto da Segunda Guerra Mundial na arquitetura, que desgastou os impulsos que tornavam possível a arquitetura moderna. O evento, de certa forma, abalou o otimismo na inovação arquitetônica e contribuiu para o descrédito na tecnologia. O panorama também não cedeu lugar para a sensibilidade urbana em detrimento da construção apressada para o maior número de pessoas (CURTIS, 2008). Contudo, apesar das circunstâncias não serem favoráveis, a ‘transformação criativa’ era uma necessidade dos arquitetos que buscavam a revitalização sob um espirito pós-guerra. Nesse Figura 08: Casa de Deserto de Kaufmann: planta e volumetria – Palm Springs, Califórnia, 1946-1947./ Fonte: GÖSSEL (2013).
cenário geral, a possibilidade de se erguer era através dos princípios pré-guerra: a arquitetura internacional moderna. Durante as décadas de 1940 e 1950, nos Estados Unidos, existiram várias correntes vitais da arquitetura moderna, além da abrangente influência de Wright. Havia, na Costa Oeste, obras posteriores de Schindler e Neutra. Schindler tendia a um estilo complexo, atendo-se a singularidades das encostas de colinas, clientes excêntricos e materiais de construção incomuns, como o revestimento de plástico ondulado em conjunto com a madeira à vista.
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Enquanto isso, Neutra envolveu-se com o aço preciso, vidro laminado, transparência e iluminação. Neutra acreditava na ‘casa saudável’, como um mecanismo que atendesse a mente e o corpo e vinculasse o individual aos ritmos da natureza. Observa-se a expressão disso na Casa do Deserto, em Palm Springs, de 1946, que, com uma piscina retangular, situava-se em uma paisagem desértica com cactos, penhascos e palmeiras nos arredores. Além da exposição do ‘Estilo Internacional’, em 1932, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque também mostrou outros exemplos que chamaram a atenção do público daquela época. Em 1949, o museu expôs o protótipo de uma casa suburbana de Marcel Breuer, que tal como modelo refletia a exuberância do otimismo americano pós-guerra, para atender a classe média (KHAN, 2008). O contexto de disseminação dos EUA, na década de 1950, não pode ser completamente compreendido sem referência às obras tardias de Mies van der Rohe e Frank Lloyd Wright. Na casa Farnsworth, de 1945-1951, Mies demonstrou a ideia de reduzir um edifício à sua essência, transformando a construção nua na forma originaria básica. Certamente era isso que estava implícito na expressão less is more (menos é mais). O pavilhão doméstico, em um contexto natural, compreendia uma caixa de aço cristalina que, tal como Wright tinha sugerido, reduziu a arquitetura aos ‘elementos mais simples’ – o suporte e a arquitrave. Segundo Khan (2008), esse projeto era diferente de qualquer outro concebido antes, nele a caixa retangular era suspensa um metro e meio do solo, sustentada por pilares de aço. Na porção oeste do terreno, havia um pátio, consistindo seu interior em um só espaço, com o núcleo de serviço e os demais ambientes separados por mobiliários e divisórias. O resultado final é uma casa
Figura 09: Exhibition House, Museum of Modern Art (MoMa): planta e volumetria – Nova Iorque, 1949/ Fonte: KHAN (2008).
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integrada com a natureza, atribuindo leveza poética e sentido de espaço fluente a seu interior. Esse projeto originou inúmeras imitações no mundo todo. O mais notável, provavelmente, é a Casa de Vidro de Philip Johnson, em Nova Canaã, de 1949-1950. Sejam quais forem as referências, o fato que permanece é que a estética miesiana estava sendo transformada em uma evocação elegante de um alto padrão de vida, diferente dos originais. Na mesma época, o editor da revista Arts and Architecture, John Entenza, anunciou a criação do programa Case Study Houses na Califórnia. A experiência iniciou em 1945, como tentativa de formular modelos de estruturas de aço de baixo custo, em um panorama pós-guerra, no sul da Califórnia. Participaram desse programa profissionais como Craig Ellwood, Raphael Soriano, Pierre Koenig, Ralph Rapson entre outros, os quais apresentaram como a padronização poderia ser aplicada na problemática da residência unifamiliar. Figura 10 Casa Farnsworth: planta e fachada sul – Plano, Ilinóis, 1946-1951./ Fonte: GÖSSEL (2013).
A casa foi utilizada para intensificar a existência suburbana através de pavilhões leves com belas vistas para a cidade e a natureza. Os espaços interiores eram abertos, eficientes e transparentes, propondo um modo de vida casual e independente, graças ao automóvel. Apesar de os projetistas não se referirem a algum estilo, o vocabulário de paredes finas, pilares esguios e vigas interligadas demonstrava uma versão simplificada e linear da arquitetura de Neutra, Schindler e Wright. Isso demonstra que certos padrões espaciais desse período se embasaram na reinterpretação de meados do século XX.
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A estrutura de aço, com o fechamento em vidro ou as fachadas-cortina envidraçadas adquiriram status, nos Estados Unidos, na primeira década depois da guerra. Essas e outras contribuições do programa Case Study Houses para a casa americana moderna são apresentadas no capítulo a seguir (CURTIS, 2008).
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“ [...]we can develop a point of view and do some organized thinking which might come to a practical end. It is with that in mind that we now announce the project we have callet THE ‘CASE STUDY’ HOUSE PROGRAM.” The Announcement of Case Study House Program: John Entenza, 1945
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2 O P R O G R A M A C A SE S T UD Y H O US E S
O programa Case Study Houses patrocinado pela revista Arts & Architecture, em 1945, em Los Angeles, continua sendo uma das contribuições mais importantes para a arquitetura de meados do século XX. A ideia principal era conceder protótipos modernos experimentais de baixo custo, tendo em vista o panorama pós-Segunda Guerra Mundial. A divulgação do projeto de 36 casas por John Entenza, então editor da revista, buscava proporcionar ao público e à indústria da construção habitações com uma linguagem moderna, com base na previsão do desenvolvimento do mercado da construção, após a escassez de casas durante a depressão e a guerra. A revista Arts & Architecture serviu como veículo para a divulgação desses projetos, que adotariam materiais doados pela indústria. Antes do início do programa, Entenza já havia patrocinado concursos na revista para projetos de casas pequenas para o período pós-guerra, antecipando o interesse dos arquitetos pelo tema e o surgimento de novas ideias. Nos primeiros anos do programa, o espírito especulativo determinou muitas escolhas dos arquitetos e projetos do editor. Alguns dos primeiros projetos não chegaram a ser construídos, por faltarem clientes ou terrenos reais. Algumas casas construídas foram adicionadas ao programa depois de terem sido projetadas, para garantir sua continuidade. Tendo em vista o panorama americano, só foi possível empregar materiais industriais e
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sistemas de construção que suportassem a linguagem do programa, a partir de 1949. Com base no sucesso da fase inicial, em função da prosperidade econômica e dos avanços tecnológicos da época, seriam realizados estudos de caso em Los Angeles, Long Beach, Thousand Oaks e La Jolla para clientes entusiastas da arquitetura e do design moderno. Durante este período poucos projetos não foram construídos e o programa chegou a propor urbanizações de bairros de moradias e apartamentos. De acordo com Smith (2009), as cases mais famosas são as casas de Charles e Ray Eames, Craig Ellwood, Pierre Koenig e Raphael Soriano. Dentre os diversos estudos de caso do programa, estes se aproximaram mais do espírito do estilo internacional. (SMITH, 2009). No entanto, alguns projetos do programa empregavam materiais menos industrializados. Tratavase de casas de estrutura de madeira de arquitetos como Thornton Abell, Julius Ralph Davidson, Richard Neutra, Rodney Walker e de empresas como Buff, Straub & Hensman e Killingsworth, Brady & Smith. Embora menos inovadores do que as casas de estruturas de aço, estes projetos também utilizavam seções modulares padronizadas e foram igualmente concebidos como protótipos para produção em massa. 2.1 A PRIMEIRA FASE INVESTIGATIVA Foi no ano de 1945 que se estabeleceu um ambiente favorável para o início de oito projetos, que, em seguida, seriam nove (#1, #2, #3, #4, #5, #6, #7, #12 e #13). O cenário desse ano foi constante, todo mês apareciam projetos para publicação. O mais recente perfil de cliente hipotético, os desenhos com as preocupações e soluções ultimamente encontradas
Figura 11: Case Study House #4. Fonte: SMITH, 2009.
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construíram um extenso conjunto de material gráfico e modelos. Essa primeira seção testemunhou o surgimento de projetos que oscilavam entre a realidade doméstica que era inovadora ou contida. As CSH #1, #2 e #3 formalizaram os métodos que nunca foram previstos, enquanto as cases #4 e #5 revelavam experimentos espaciais e técnicos que demonstravam o caráter laboratorial do programa. Projetos mais modestos, como as cases #6 e #7, utilizavam técnicas e materiais mais simples e locais. Elas precederam as CSH #8 e #9, dois projetos que eram visionários em seu desenho e construção. Somente seis projetos foram construídos (em Los Angeles). Estes, no entanto, representaram uma conquista para a equipe da Arts & Architecture. De acordo com Buisson e Billard (2004), o projeto da CSH #4 foi abandonado, pois a proposta de quebrar os limites domésticos provocou dúvidas sobre sua repercussão, que poderia provocar a rejeição pela maioria das famílias da época. Figura 12: Case Study House #5. Fonte: SMITH, 2009.
A CSH #5, assim como a #4, mesclava os limites do ambiente doméstico com a paisagem envolvente, também não sendo executada. Essa organização dos vazios estava fora da margem da construção. A casa era apagada em favor de seu uso e o desejo de viver contrariando a tradição (BUISSON; BILLARD, 2004). Seis meses depois desse conjunto de projetos, em fevereiro de 1946, Whitney Smith projetou a case #12 (também não construída), porém abandonando o conceito da Loggia, em favor de uma planta mais convincente para o público. Nesse projeto, a ideia de ilhas independentes permaneceria somente na unidade de hóspedes, onde foi situado outro acesso.
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Menos demonstrativa que os outros dois projetos, a case #6 de Richard Neutra também não foi concretizada. Nesse estudo de caso, Neutra prosseguiu com o processo investigativo de seus predecessores, mesmo que seu desenho possa parecer um tanto banal. O arquiteto, uma vez observando a oportunidade de repercussão, aceitou o desafio de atender clientes hipotéticos, criados por ele mesmo, abandonando um ato de arquitetura heroica em favor de um projeto prudente. Neutra anunciou, em outubro de 1945, um projeto em dupla: a casa ‘Ômega’ (#6) e a casa ‘Alpha’ (#13), para dois casais que tinham adquirido terrenos adjacentes. Ambas eram casas discretas, onde as
Figura 13: Case Study House #6. Fonte: SMITH, 2009.
inovações estavam contidas essencialmente na diversidade de materiais abaixo de uma extensa cobertura inclinada. Tendo em vista essa primeira fase investigativa, pode-se considerar que esses projetos repercutiram na criação das cases #8 e #9, apresentadas a seguir. 2.1
AS CASES STUDY HOUSES #8 E #9 Figura 14: Case Study House #8: percurso externo. Fonte: Da autora.
Longe da proposta de modernidade que tentava ser aceita pela maioria, as cases #8 e #9, publicadas em dezembro de 1945, marcaram o início das ideias avançadas do programa. Essas casas, inicialmente desenhadas por Eero Saarinen e Charles Eames, foram construídas em Pacific Palisades, de frente para o oceano, entre enormes árvores de eucalipto. Esses dois projetos implantados lado a lado, propuseram diferentes soluções.
Figura 15: Case Study House #8: entorno. Fonte: Da autora.
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Enquanto os proprietários da case #8 seriam o casal Eames, na case #9 o proprietário seria o próprio editor John Entenza. Na primeira, o volume poderia ser comparado a um paralelepípedo. Na segunda, a volumetria era configurada por um cubo simples situado no centro do lote. Esses projetos, embora locados no mesmo sítio, não eram voltados um para o outro, mas para o oceano, como forma de respeito à privacidade de cada casa. No entanto, esses projetos eram irmãos, pois suas arestas e peles os definiam, com a demarcação Figura 16: Case Study House #8: fachada. Fonte: Da autor a.
de fachadas horizontais moduladas por painéis opacos e translúcidos. Além do perfil dos proprietários e da simplificação das plantas dos projetos, a estrutura metálica era expressiva como conceito principal. Duas visuais direcionadas ao oceano retomavam a importância da paisagem preexistente. De acordo com Buisson e Billard (2004), a inovação existente nessas casas estava atribuída à estrutura de aço explícita (na case #8, na #9 estava oculta), mostrando que a função do programa finalmente fundou uma expressão de contemporaneidade nessa modernidade tão sonhada. O programa Case Study Houses foi fruto da guerra. Essas casas explicitaram o desenvolvimento
Figura 17: Case Study House #9. Fonte: SMITH, 2009.
tecnológico e as novas técnicas. A construção simples era possível devido à elaboração eficiente e econômica dessas estruturas. Nos valores do estilo internacional, a estrutura liberava a planta e oferecia novas perspectivas de padrão de vida.
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Utilizando estrutura de metal proveniente da indústria, porém aplicada à arquitetura residencial, essas casas foram protótipos inovadores. No entanto, essa proposta de futuro só se tornou possível em janeiro de 1949, quando a case #9 foi construída. No mesmo ano, a case #8 foi considerada projeto genérico do programa. Nessa casa, o volume do estúdio é facilmente reconhecível, mesmo como continuação da casa principal, dando ao trabalho sua identidade. A cor foi aplicada juntamente com o jogo estrutural, demonstrando assim que a técnica também pode se tornar estética, de forma elegante e legível, considerando uma estrutura industrial.
Figura 18: Case Study House #21: vista frontal. Fonte: Da autora
A Eames House foi considerada o ponto culminante do programa, a obra-prima onde espaços domésticos e de trabalho se aliam graças às técnicas de produção em massa e à melhoria dos padrões industriais. A relação com a paisagem (defronte ao oceano) e a implantação abaixo das árvores de eucalipto, conferem a CSH #8 um contexto acolhedor e envolvente. Depois de eleitos os arquitetos e analisado o mercado em estado total de reconstrução, Entenza propôs patrocinar uma casa por ano, após definir o perfil do programa. O artigo da case #9, em 1949, demarca o início do segundo período do programa, caracterizado pelo uso de estruturas metálicas e a participação de três renomados arquitetos californianos: Craig Ellwood, Pierre Koenig e Raphael Soriano. 2.2
AS CASAS DE PIERRE KOENIG: #21 e #22 - Pierre Koenig especificou, em seus projetos,
uma construção baseada em materiais industrializados existentes, elementos padronizados para construção em massa. Na case #21, o arquiteto demarcou a presença do aço na estrutura,
Figura 19: Case Study House #21: vista dos fundos. Fonte: Da autora
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tornando-a visível. Também a reduziu a uma expressão simplista e a destacou pintando-a de preto. Nessa case, o arquiteto propôs duas largas fachadas envidraçadas que se abriam para o vale e o terraço situado ao sul, na plataforma da garagem, bem como um terraço privado ao norte. Entre os pilares de aço foram aplicadas superfícies corrugadas e, em parte do perímetro da casa, foi implantado um espelho d’água. A eliminação das janelas nos banheiros foi gerada pela implantação das unidades de banho no Figura 20: Case Study House #22: vista da piscina. Fonte: Da autora
centro da planta, que se abriam para um pátio, o qual fornecia ventilação e iluminação natural. A casa é transparente em dois lados e a cozinha situava-se no vazio da sala de estar. A dimensão da cozinha era a mesma da garagem, ambas separadas por painéis deslizantes. A localização da garagem finalmente encontrou um espaço na casa e seu perfil foi criado na CSH #9. Um terraço feito de tijolos e um espelho d’água demarcavam o limite dos planos. Para Koenig, a água era utilizada para alargar e duplicar a casa. Por outro lado, a água é uma fonte natural de resfriamento e prazer, essa proposta logrou a empregar um sistema que acelerava a circulação da
Figura 21: Case Study House #22: vista panorâmica. Fonte: Da autora
água. Com a casa #21, o arquiteto elevou a eficiência doméstica e a sobriedade. Sem dúvida, é uma casa sublime para morar, pois a fluidez dos espaços é iluminada por numerosas transparências e visuais. Além disso, a simplicidade atribui identidade a casa. De acordo com Buisson e Billard (2004), foi o projeto que representou a visão mais genérica no ano de 1945.
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Devido ao sucesso da Case Study House #21, Entenza solicitou a Koenig mais uma casa. A oportunidade surgiu em maio de 1959, a poucos meses da entrega da CSH #21. A case #22 seria implantada em uma colina em Hollywood, com uma ampla visão de Los Angeles. A planta com configuração em L, separava os setores social e íntimo em duas alas, articuladas pelo setor de serviços. No quadrante vazio, seria implantada uma piscina, a qual teria acesso a partir de todos os cômodos da casa. Koenig aplicou o conceito de desmaterialização das paredes, de forma que todos os ambientes são conectados e integrados à área externa por meio de grandes portas de vidro de correr. Ou
Figura 22: Case Study House #22: vista da sala de jantar e lareira. / Fonte: Da autora
seja, os espaços interiores e exteriores se mesclam. A extensa cobertura cobre a caixa de vidro criada para olhar de dentro para fora, mas não o contrário. A visão é contemplativa e os vizinhos ficam distantes. Essa cobertura também destaca a horizontalidade da composição, criando uma sensação de superfície flutuante sobre o horizonte. A cozinha é integrada à sala e pode ser interpretada como um espaço dentro de outro espaço. Uma lareira separa a sala de estar e jantar, estando situada no centro dessa grande área social. A elegância da casa a torna um ícone do século XX, pois é sublime e provocativa. Propondo novos conceitos, Koenig lhe atribuiu um caráter minimalista, tornando a arquitetura abstrata e simples, revelando a paisagem como um reflexo da vida diária. Tendo em vista esse panorama, foi elaborada uma tabela com o cronograma das casas, evidenciando ter sido, nos primeiros anos, o maior número de projeto desenvolvidos simultaneamente.
Figura 23: Case Study House #22: vista da cozinha. Fonte: Da autora
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Tabela 01: Cronograma dos projetos do programa Case Study Houses / Fonte: Da autora
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Quadro 02: Mapa Cronolรณgico Case Study Houses Fonte: Da Autora
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Quadro 03: Mapa Cronolรณgico Case Study Houses Fonte: Da Autora
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2.3
A CASA COMO MANIFESTO
Com uma missão pedagógica, os projetos das casas não eram meramente funcionais ou decorativos. A ideologia continha referências crítica, social, política e econômica. As casas se abriam primeiro para os leitores da revista e depois para os visitantes. O programa se propunha a uma crítica à casa unifamiliar, em um contexto pós-guerra Essas residências encorajaram as atividades dos membros da família, graças à facilidade de manutenção. Os ambientes eram abertos e a cozinha abria-se para a sala de estar. Cada cômodo tinha acesso ao jardim, integrando interior e exterior, fazendo do jardim uma sala de estar com o benefício da insolação e a necessidade de uma cultura de lazer. A intenção das casas era revelar os espaços entre um ambiente e outro, harmonizando os espaços noturnos e diurnos, além de relacionar a garagem com a cozinha. A ideia central do programa era propor alternativas ao eclético, buscando uma inovação na vida doméstica moderna. As questões apresentadas foram a família pós-guerra, o modernismo da época, a casa mínima, a padronização, além de outros temas. O programa concentrou-se na noção de bem morar, ao ‘modo californiano’ de viver, integrando atividades de lazer à planta das casas e, ao mesmo tempo, absorvendo conceitos funcionalistas como o less is more de Mies (BUISSON; BILLARD, 2004). 2.4
UMA CONTRADIÇÃO
Carlos Eduardo Comas (2003, p. 13) destaca que as 23 casas completadas entre 1945 e 1962 não mostraram nenhum heroísmo, a não ser uma arquitetura para as famílias de classe
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média. Seu vocabulário de paredes leves, pilares esbeltos e volumes interseccionados basicamente possuíam como precedentes a arquitetura de Richard Neutra e Frank Lloyd Wright. Segundo o autor, o sonho americano se concretizou por meio de programas com área de serviço reduzida, com dois dormitórios e dois banhos, cozinha bem equipada, salas de jantar e estar integradas e muitos painéis corrediços para integrar a casa ao exterior. Os materiais préfabricados e a padronização da estrutura garantiam a economia. A casa de Ray e Charles Eames (Pacific Palisades 1949), a mais inovadora, apresentava um estúdio e empregava estrutura em aço, painéis intercambiáveis e muitas cores. O autor ainda brinca com expressão ‘Mies para as massas’, referindo-se especificamente aos pavilhões de Rafael Soriano, Pierre Koenig e Craig Ellwood (porém com o acréscimo de churrasqueira, piscina e área e lazer). Comas destaca as cases #20 e #22. De acordo com ele, a case #20, de Buff, Straub e Hensman é excepcionalmente coberta por abóbadas de madeira pré-fabricadas, além da alternância de pátios e dormitórios em uma malha modular de contornos irregulares. A case #22 de Koenig tem como atrativo a ampla vista de Los Angeles. A piscina situada logo na entrada celebra a liberdade do usuário em um clima benéfico.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia adotada nessa dissertação está estruturada em seis etapas. 1. Pesquisa bibliográfica – realizou-se o levantamento de textos como periódicos, livros, dissertações, teses, catálogos e artigos que pudessem contribuir na pesquisa. Esta etapa foi efetivada com base nos principais livros sobre o assunto, bem como na pesquisa de acervos reconhecidos como os da UFRGS, Mackenzie, USP e UFRJ, entre outras universidades. 2. Levantamento gráfico – pesquisa de informações e peças gráficas relacionadas ao programa Case Study Houses. Inicialmente, devido à distância da presente investigação em relação à fonte do tema abordado (Califórnia), buscou-se acessar a maior parte das publicações aqui no Brasil, como livros e revistas das bibliotecas da UniRitter e UFRGS, bem como materiais possíveis de serem comprados ou acessados na internet. No segundo momento, a autora decidiu que seria relevante visitar as Case Study Houses existentes, bem como procurar material bibliográfico no local de origem do programa. Em novembro de 2014, a autora visitou as cases #8, #21 e #22, em Los Angeles, a fim de compreender o contexto em que foram inseridas, bem como ter a experiência de visitar essas casas. Além disso, a autora fez contato com a Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (USA), a qual possui, em seus arquivos, o material gráfico original das Cases Study Houses não construídas. Nessa etapa, foi fotografado o material gráfico das cases #1, #4, #5, #12, #24 e #26.
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Em seguida, a autora visitou a New School of Architecture + Design em San Diego, Califórnia. Nessa universidade, foi possível acessar a biblioteca e fazer cópia de livros relacionados ao tema que não são possíveis de se obter no Brasil. Dentre eles, destaca-se “Blueprints for Modern Living: History and Legacy of the Case Study Houses” de Elizabeth Smith (1989). Esse livro foi baseado em uma exposição de 1989-1990, no Museu de Arte Contemporânea (MOCA), Los Angeles. Ali foram apresentados os 36 projetos do programa, as biografias dos trinta arquitetos envolvidos e uma riqueza de fotografias e material gráfico. Essa viagem foi imprescindível para o desenvolvimento da pesquisa, uma vez que a autora teve a oportunidade de experimentar os espaços na condição de sua usuária. 3. Redesenho dos projetos selecionados – tomou por base as teorias de Piñón (2006, p. 68). O autor explica que o redesenho permite a investigação do fundamento construtivo de arquiteturas consistentes, além de se conhecerem os critérios que incidiram sobre sua produção original. O processo de redesenho foi realizado a partir dos projetos disponíveis no livro “Case Study Houses: 1945 – 1966”, de Elizabeth Smith, 2010. Em poucos projetos, observou-se certa dificuldade de interpretação, mas nada que impedisse sua análise, pois o livro “The Presence of Case Study Houses”, de 2004, auxiliou a compreensão através de material gráfico modelado em CAD, ou seja, com maior grau de precisão.
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Nesse momento, percebeu-se que duas das onze casas não construídas não possuíam material suficiente para sua análise, pois não saíram dos estudos iniciais. Uma vez definidos os objetos de estudo, foram redesenhadas plantas, cortes e elevações dos projetos no programa AutoCAD (versão 2014). O objetivo era produzir um material homogêneo que possibilitasse sua clara compreensão. 3. Modelagem virtual dos projetos não construídos no programa Google SkethUp (versão 7 pro) – a intenção desse processo era o estudo da volumetria, bem como das relações internas espaciais, que possibilitam melhor compreensão do partido geral do projeto em questão. 4. Análise gráfica das peças elaboradas em mesma escala: elaboração de uma Matriz de Análise com base nos conceitos apresentados por CHING (1993), CLARK & PAUSE (1997) e FLORIO (2002), que será apresentada a seguir. 5. Síntese das análises – apresenta reflexões e discussão sobre os conceitos presentes nos projetos não construídos. Os critérios utilizados foram os mesmos da análise gráfica. 3.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO Tendo em vista os 36 projetos do programa, o primeiro critério de seleção foram as residências unifamiliares. Em seguida, foram selecionados somente aqueles não-construídos, os quais podem ser observados na tabela a seguir. Dentre esses onze projetos, foram selecionados nove para análise, por possuírem material suficiente.
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Quadro 04: ReferĂŞncia Case Study Houses Fonte: http://www.artsandarchitecture.com/case.houses/houses.html
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A quadro 01 foi obtido no site oficial do programa, que foi tomado como base para a escolha dos seguintes objetos de estudo: # CSH 1 – J. R. Davidson # CSH 4 – Ralph Rapson # CSH 5 – Whitney R Smith # CSH 6 – Richard Neutra # CSH 12 – Whitney R Smith # CSH 13 – Richard Neutra # CSH 19 – Don Knoor # CSH 24 – Quincy Jones # CSH 26 – Killingsworth, Brady, and Smith assoc. William Nugent, structural system 3.2 MATRIZ DE ANÁLISE Compreende um modelo de referência para análise dos projetos na forma de quadro. Os itens de análise estão amparados em referências como CHING (1993), CLARK & PAUSE (1997), FLORIO (2002) e mais precisamente em TAGLIARI (2011), a qual se baseou nas lições dos autores anteriores e propôs seu próprio método para investigação de modelos gráficos.
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A presente autora absorveu esses métodos de análise e propôs outros itens observados na ‘matriz de análise apresentada posteriormente. O método compreende a formulação de diagramas sobre os desenhos dos projetos a serem analisados.
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Quadro 05: Modelo matriz de anรกlise Fonte: Da autora
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No entanto, de acordo com FLORIO ([et al., 2002), o aspecto grau de compartimentação não se refere somente à densidade de paredes em determinada área, mas também às possibilidades de uso e flexibilidade do mesmo espaço, e, sobretudo, ao grau de confinamento psicológico, estabelecido pela quantidade de aberturas. No que se refere à classificação proposta pela presente autora no diagrama de circulação/ espaçouso, observa-se que os espaços distribuidores de fluxos apresentam três ou mais acessos ao ambiente, os de transição apresentam apenas dois acessos e os estáticos, acesso único.
Figura 23: Grau de Compartimentação Fonte: CHING, 2002
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“Six excellent early projects, not executed because they broke sharply with tradition, or would have been too costly to build, exercised, nevertheless, an enormous influence on future design .”
Sobre os primeiros projetos não construídos Esther McCoy, 1962
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4 OBJETO DE ESTUDO: A S C A SE ST UDY H OUSE S N Ã O C O N S T R U Í D A S
Na segunda edição do livro “Case Study Houses 1945 – 1962”, Esther McCoy trata da repercussão dos primeiros projetos não construídos. A autora apresenta: “seis excelentes projetos iniciais, não executados porque eles quebravam nitidamente com a tradição, ou teriam sido muito caros para construir, exercendo, no entanto, uma enorme influência no projeto futuro”2 (McCOY, 1962, p. 22, tradução nossa). Elizabeth Smith, anos mais tarde (1989), destacou o número significante de exemplares não construídos, especialmente na fase inicial, tal como McCoy já havia observado. Segundo Smith, a maioria desses projetos não saiu do papel porque não tiveram auxílio de clientes ou terrenos reais. Ou seja, os arquitetos tinham liberdade de desenvolver suas ideias sobre o uso de materiais, organização da planta ou outras características experimentais, mas sempre à espera de um cliente que possibilitasse o bom emprego desses ideais. Tendo em vista esses aspectos, a presente autora reuniu as informações existentes sobre as casas não construídas em um quadro comparativo. Essa compilação visa enfatizar o fator comum, que segundo Smith (1989), contribuiu para que os
2
Six excellent early projects, not executed because they broke sharply with tradition, or would have been too costly to build, exercised, nevertheless, an enormous influence on future design.
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projetos não saíssem do papel: a definição de cliente hipotético pelos próprios arquitetos. Essa foi uma condicionante imposta pelo programa, que pode ter interferido no prosseguimento executivo das cases, uma vez que não apareceram clientes interessados. Nesse caso, surgiria uma contradição: o fato de os profissionais participantes almejarem a materialização das casas para que fossem expostas ao público, em contraponto com o lançamento da proposta sem ter clientela em vista. Na penúltima coluna do quadro abaixo, delimitam-se em qual fase de projeto as casas foram interrompidas. Para tanto, tomou-se como base as três etapas de projeto de acordo com Elvan Silva (1998): estudos preliminares, anteprojeto e projeto executivo.3
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autor apresenta que a fase preliminar objetiva demonstrar a viabilidade do programa, face às características do terreno e às condicionantes, não sendo necessária a elaboração de desenhos em escala exata. , Silva define a segunda etapa como uma exposição das ideias, utilizando-se de desenhos que buscam a compreensão do objeto com maior precisão. O projeto executivo almeja a realização da obra, utilizando-se de desenhos técnicos claros e precisos. É nessa fase que se detalha o projeto, com auxílio de textos, legendas e especificações. (SILVA, 1998).
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DATA DE PROJETO
TIPO DE CLIENTE/ USUÁRIO
QUANTIDADE E PERFIL DOS USUÁRIOS
GRAU DE DEFINIÇÃO
DIFICULDADES ENCONTRADAS
Case #01a Davidson
1945
Família Hipotética
Quatro Casal com filha adolescente e sogra
Detalhamento
Troca de terreno, cliente encontrado
Case #04 Rapson
1945
Família Hipotética
Anteprojeto
Sem informação
Case #05 Smith
1945
Família Real
Quatro Jovem família (Casal com dois filhos) Quatro Família de Horticultor com dois filhos
Anteprojeto
Sem informação
Case #06 Neutra
1945
Família Hipotética
Detalhamento
Sem informação
Case #12
1946
Família Hipotética
Detalhamento
Sem informação
Case #13 Neutra Case #19 Knorr
1946
Família Hipotética
Detalhamento
Sem informação
1957
Sem informação
Anteprojeto
Sem informação
Case #21ª Neutra
1947
Família Real
Anteprojeto
Desistência dos clientes
Case #24
1961
Família Hipotética
Cinco Casal com três filhos (uma década de casados) ------2 dormitórios e um dormit. hóspedes Cinco Casal com três filhos Três Um jovem físico, sua esposa e um filho pequeno Quatro Um roteirista, uma escultora e seus dois filhos ------Uma família grande com filhos de uma comunidade
Anteprojeto
Case #26a
1962
Família Hipotética
Anteprojeto
Case #27
1963
Família Hipotética
---Três dormitórios Um casal com quatro filhos
Comissão de zoneamento de Los Angeles vetou a proposta Sem informação
Anteprojeto
Sem informação
Quadro 06: Comparação de dados entre as Case Study Houses não construídas Fonte: Da Autora
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Retomando o relato de McCoy apresentado anteriormente, levantam-se outros condicionantes que afetaram o prosseguimento dessas cases. Além de os projetos romperem com a tradição, não possuírem clientes reais e não terem sido viáveis economicamente, Smith (2009) ressalta que muitas das Case Study Houses construídas tiveram dificuldades durante a execução, sofrendo diversas alterações: Aquelas que foram construídas muitas vezes ficaram diferentes da visão original dos arquitetos, devido à escassez de material ou outras dificuldades que cercavam a empresa da construção nos anos pós-guerra. Algumas das casas foram concebidas fora do programa e depois adicionadas para continuar com algum grau de impulso durante os intervalos em sua continuidade. Em um dos casos, o próprio Entenza serviu como cliente para uma casa projetada por Charles Eames e Eero Saarinen, enquanto Charles e Ray Eames mesmos eram os clientes para a sua própria Case Study House. (SMITH, 2009, p. 8, tradução nossa).4
Tendo em vista esses aspectos, é possível observar no Quadro abaixo o enfrentamento dessas dificuldades durante a execução. Ali é possível notar, além da existência de clientes reais em sua maioria, que muitos projetos foram alterados para sua concretização. Smith cita exemplos como a casa Eames, que ficou diferente de sua concepção inicial, bem como vários projetos de Neutra, retirados do programa devido a diferenças entre arquiteto e cliente.
4
Those that were built often changed greatly from the architects’ original vision, owing to building material shortages or other difficulties surrounding the undertaking of construction in the immediate postwar years. A few of the early built houses were even brought into the program after being designed in order to continue some degree of momentum for the Case Study effort during breaks in its continuity. In one instance, Entenza himself served as cliente for a Case Study house designed by Charles Eames and Eero Saarinen, while Charles and Ray Eames themselves were the clientes for their own Case Study house.
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DATA DE PROJETO E EXECUÇÃO
TIPO DE CLIENTE/USUÁRIO
QUANTIDADE E PERFIL DOS USUÁRIOS
HOUVE MUDANÇAS NO PROJETO NA FASE DE EXECUÇÃO?
QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS?
Case #01b Davidson
1948
Família Real
Quatro Casal com duas filhas crescidas
Sim
Sem informação
Case #02 Spaulding and Rex
1945 - 47
Sem informação
Quatro Casal com dois filhos pequenos
Sim
Sem informação
Case #03 Wurster and Bernardi
1945 - 49
Família Hipotética
Sim
Sem informação
Case #07 Abell
1945- 48
Família Real Wilcox
Quatro Casal com um filho adolescente e uma criança Três Casal com uma filha adulta
Sim
Sem informação
Case #08 Charles and Ray Eames
1945 - 49
Família Real Eames
Dois Casal Eameses
Sim
Sem informação
Case #09 Charles Eames e Saarinen
1945 - 49
Dois Casal Entenza
SIm
Sem informação
Case #10* Nomland and Nomland Jr.
1945 – 47
Família Real John Entenza (editor A&A) Família Real Nomland
----
Atrasos dos serviços
Case #11 Davidson
1946
Família Real Cron
Sem informação de número Nomland and Nomland Jr. e suas famílias Três Robert Cron, esposa e filha
----
Atrasos e escassez de material
Case #15 Davidson
1947
Sem informação
Sem informação
Case #16a* Walker
1946 - 47
Família Real Walker
Case #1950 Soriano Case #16b Ellwood
1950
Sem informação
Sem informação de número Família Walker (dois dormitórios) Sem informação
1952
Sem informação
Sem informação
Sem informação
----
Sem informação
Sem informação Sem informação
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(
Quadro 07: Comparação de dados entre as Case Study Houses construídas. Fonte: Da autora
81
Esses fatores (dificuldades) podem ser encontrados em Silva (1998, p. 44), na forma de categorias de avaliação dos projetos. Segundo o autor, o projeto de arquitetura, por utilizar uma linguagem própria, materializa sua realidade específica e, dentro de compreensíveis limites, pode ser analisado através de instrumentos conceituais também específicos. Uma vez observadas as evidentes diferenças entre modelo e objeto representado, identifica-se uma lista de características ou atributos, que possibilitam, em uma perspectiva teórica, a avaliação do potencial resolutivo referido. O autor considera que tal possibilidade de avaliação é absolutamente necessária, pois dela depende a decisão de empreender ou não a materialização do projeto considerado. Nesse contexto, resgatam-se aqui essas características como forma de reflexão a respeito do tema (com base somente na bibliografia consultada). Não é interessante aqui fazer o levantamento de hipóteses sobre os fatores que acarretaram a não execução de cada um dos projetos, pois seria objeto para uma tese. O atual estudo se propõe a identificar e classificar os dados levantados, que segundo McCoy e Smith, foram fatores determinantes para a não concretização dos projetos. Essa classificação foi realizada de acordo com as seis categorias, sugeridas por Silva, que enunciam o grau de adequação das propostas: necessidade, resolubilidade, otimização, viabilidade, grau de definição, comunicação. A necessidade se refere à capacidade de o projeto satisfazer o problema que lhe deu origem. Não existindo necessidade real, tal como pela ausência de cliente, consequentemente não existirão condições para a execução do projeto.
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A resolubilidade diz respeito à capacidade do projeto de resolver os problemas implícitos no contexto da realidade física da obra concebida. É o ato de estabelecer a forma apropriada para a correção completa de uma dada situação considerada problemática. O conceito de otimização refere-se ao fato de o projeto, além de propor soluções para os requisitos programáticos, fazê-lo com excelência. O arquiteto deve identificar, dentre as múltiplas possibilidades, aquela que melhor atenda o problema considerado. O fator viabilidade permite avaliar a exequibilidade da proposta, tendo em vista os condicionantes de ordem tecnológica, econômica e legal. No caso, a falta de recursos para a execução de algumas casas e a não aprovação da CSH#24 por parte da comissão de zoneamento seriam fatores de inviabilidade nas esferas econômica e legal respectivamente. O grau de definição não é propriamente uma qualidade, mas um aspecto do projeto, que pode ser definido pelos termos: estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo. Segundo Silva, a abordagem de pormenores não implica necessariamente o teor qualitativo da proposta, mas a manifestação de quais detalhes foram considerados. O aspecto valorativo diz respeito às categorias da resolubilidade, otimização e viabilidade, apresentadas anteriormente. De acordo com o mesmo autor, projeto é uma representação da forma concebida pelo arquiteto, a qual é desempenhada pela linguagem gráfica (comunicação) e pelas convenções e normas do desenho arquitetônico. Entretanto, as possibilidades artísticas dos meios de representação podem induzir ao desvirtuamento de sua finalidade, que é descrever as ideias e não a de provocar estímulos estéticos.
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Nesse caso, o autor sugere que, se o projeto pelo projeto pode converter-se em exercício teórico, a graficação pela graficação pode degenerar-se em mero ato lúdico. Tendo em vista esses aspectos e condicionantes, é possível identificar na CSH#4 a escolha do arquiteto em demonstrar suas ideias através de desenhos lúdicos, que provocaram o desvirtuamento da comunicação: a falsa interpretação de uma proposta exequível como ilusória. No que se refere às categorias resolubilidade e otimização, seria necessário estabelecer critérios de avaliação de cada uma das cases, tendo em vista suas particularidades. Não cabe, portanto, aqui avaliar esses aspectos, pois, conforme apresentado anteriormente, este seria objeto para uma tese.
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4.1
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS PROJETOS NÃO CONSTRUÍDOS
Case Study House #1 | 1945 Um mês após o anúncio do programa, John Entenza introduziu o projeto da primeira casa, de Julius Ralph Davidson, com o seguinte perfil de cliente: Somente é necessário inventar uma família típica americana, que, em sua maioria, é indicada pelo desejo de participar do mercado da construção pós-guerra. Deixe-nos pressupor Sr. e Sra. X, ambos profissionais com mutuo interesse nos negócios, a família consiste em uma filha adolescente (que está na faculdade) e uma sogra, que ocasionalmente é hóspede da casa. (ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945 – Tradução nossa5).
Figura 24: Perspectiva Case Study House #1: primeira versão. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945.
Inicialmente publicada em fevereiro de 1945, alguns meses antes do término da Segunda Guerra Mundial, a CSH #1 foi uma síntese das intenções e dos recursos do início do programa, que ainda sofria as restrições do período de guerra. A primeira versão, não construída, estava situada em um lote em La Cañada (Los Angeles). Ela acabou sofrendo alterações significativas e, mais tarde, em 1948, foi construída em um local diferente, devido à necessidade de satisfazer uma família em Toluca Lake Avenue, North Hollywood. Davidson idealizou a proposta inicial para clientes hipotéticos com estrutura de dois pavimentos, construída com materiais industriais simples. A ideia principal era o aproveitamento dos espaços, tendo em vista as ampliações futuras e a flexibilidade de usos Figura 25: Maquete CSH #1, térreo: primeira versão. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945. 5
It is only necessary to invent a fairly typical american family of a type that has, in large numbers, indicated its wish to enter the postwar building market. Let us then presuppose Mr. and Mrs. X, both of whom are professional people with mutual business interests, the family consisting of one teen-aged daughter away at school and a mother-inlaw who is an occasional welcome guest in the house.
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internos e externos à casa. Aplicaram-se materiais como laje de concreto em sua cor natural, na sala de estar; cerâmica, nas áreas molhadas; paredes com placas de gesso e manta de isolamento, vidro, ou contraplacado em sua cor natural; forros com uso de lâmpada fluorescente e acrílico. Também se previa a construção de outras duas casas para alugar adjacentes à casa principal. 6 Como Davidson possuía uma herança modernista tipicamente californiana, o arquiteto optou por Figura 26: Previsão de outras duas unidades para aluguel. Fonte: Arquivo Universidade da Califórnia – Santa Bárbara (representação da autora).
móveis embutidos, visando à eficiência e à fluidez espacial. Sua visão da casa pós-guerra era detalhada e bem planejada, utilizando planta-baixa honesta e compreensiva. Preocupava-se com as condições sanitárias da casa, ressaltando a importância da ventilação não somente nos espaços sociais, como também na cozinha e nos banheiros. Entretanto, de acordo com Smith (1989), sob um ponto de vista contemporâneo, a casa apresentava uma característica um tanto tradicional (ver planta baixa nas páginas a seguir). A mesma autora cita Dolores Hayden, que criticou a localização do closet do Sr. X próximo à cozinha, definindo claramente a conveniência dos deveres da esposa, contrastando com seu papel profissional moderno. Um gesto satisfatório seria, talvez, separar a entrada do dormitório, o destinando à filha ou à sogra, em um arranjo que sugere flexibilidade e adaptabilidade. Essa estratégia foi implantada na segunda versão da CSH #1, a qual previa um acesso independente para esse dormitório. Além disso, foi adotado pavimento único com algumas
Figura 27: Suíte CSH #1: primeira versão. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945.
6
Segundo Smith (1989, p. 43), provavelmente os clientes que Davidson tinha em mente eram Robert, Flora Brown Cron e a filha do Sr. Cron, associados da Arts & Architecture, que mais tarde se tornariam clientes da CSH #11.
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alterações como a inserção da suíte próxima ao dormitório já existente no térreo, bem como a transferência do jardim de serviços para a frente da casa. Essas mudanças foram implantadas em decorrência do aparecimento de uma família real: um casal com duas filhas já crescidas. Isso explica o acesso separado do dormitório de hóspedes em relação à casa principal. A família aprovou a provisão dos elaborados depósitos e closets, mas, segundo Smith (1989, p. 43), o banheiro compartilhado entre o dormitório do casal e o das
Figura 28: Perspectiva CSH #1: segunda versão. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, 1948.
crianças se tornou inconveniente para os padrões atuais, existindo a possibilidade de ser alterado. O primeiro projeto, que analisado a seguir, apresentava algumas conquistas. O planejamento compacto, a eficiência dos ambientes com móveis embutidos, a introdução de um espaço de entretenimento central (sala de estar), a provisão de uma unidade para hóspedes separada, embora anexa, a previsão de unidades subjacentes para aluguel representaram as primeiras contribuições de Davidson que impulsionaram a evolução do programa Case Study Houses.
Figura 29: Planta baixa CSH #1: segunda versão. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, 1948.
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #1
Figura 30: Planta e elevações CSH #1 – primeira versão. Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #1
Figura 31: Vista oeste do observador CSH #1 Fonte: Da autora
Figura 33: Vista observador CSH #1 Fonte: Da autora
Figura 32: Vista aérea leste CSH #1 Fonte: Da autora
Figura 34: Vista observador CSH #1 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #1 Implantação
Observando a relação da casa com a rua, percebem-se, com clareza, os diferentes acessos às garagens e o acesso principal de pedestres. No extremo norte do terreno, o arquiteto locou um estacionamento para visitantes, recuando a implantação da casa. Como o lote apresentava geometria irregular, Davidson tirou partido da angulação para ceder uma porção à zona pública, como expressão de gentileza urbana. Os espaços abertos são nitidamente incorporados à residência, integrando as áreas verdes com os espaços interiores. Há duas porções da casa em que o perímetro incorpora as áreas externas: a cozinha que se abre para a área de refeições externa (D) e a sala de estar e o dormitório que se abrem para o terraço coberto por treliças metálicas (E). Foram criadas barreiras vegetais nos extremos do lote, como forma de proteção dos ventos e resguardo da privacidade. Muros altos também foram implantados no perímetro, garantindo a Figura 35: Implantação CSH #1 Fonte: Da autora
segurança e a intimidade da área externa da suíte em relação à área externa social.
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Acessos/perímetro - Opacidade/transparência Os acessos principais encontram-se recuados em relação à rua, através de uma área verde que recepciona os visitantes. Os acessos secundários foram distribuídos em todos os setores da casa, reforçando a permeabilidade física e visual da residência. Entretanto, existem graus de acesso diferentes, pois um muro entre a área externa social e a área externa da suíte foi implantado, a fim de promover a privacidade dos convidados. Essa diferenciação já não acontece entre o estar externo coberto e o dormitório da filha, fazendo com que este ambiente não possua a intimidade desejada, mesmo que a usuária permaneça ali eventualmente, uma vez que estuda fora.
Figura 36: Diagrama acessos/perímetro CSH #1 Fonte: Da autora
O acesso à unidade habitacional superior (dormitório de hóspedes) encontra-se logo à direita do hall de entrada, através de uma escada helicoidal. Essa característica atribui certo grau de autonomia em relação ao restante da casa, mas não em relação a seu acesso principal. O hóspede precisa passar pela dependência social da família para acessar sua unidade. Quanto ao perímetro, todos os ambientes sociais e íntimos apresentam grandes aberturas, em contraponto com os fechamentos das áreas de servir, como garagens e banheiros. Os diagramas de opacidade/transparência esclarecem esse fato, pois se observam grandes peles de vidro nos dormitórios e na sala de estar e fechamentos nos serviços, como observado na fachada sudoeste. Percebe-se também equilíbrio entre cheios e vazios.
Figura 37: Diagrama opacidade/transparência CSH #1 Fonte: Da autora
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Setorização - grau de compartimentação O diagrama ao lado facilita o entendimento da distribuição dos usos. De acordo com a gradação de cinzas, observa-se a localização dos espaços de servir nas extremidades da casa, de forma a liberar o miolo da planta para os espaços de lazer. Essa condição permite que os visitantes tenham acesso somente às áreas sociais, uma vez que a sala de estar, a sala de jantar e o espaço social aberto organizam-se de forma retilínea (a partir da rua). Para que essa característica fosse implantada, o arquiteto teve que separar em duas partes os setores íntimos e de serviços na planta térrea. Esse fato prejudicou a autonomia do dormitório da Figura 38: Diagrama setorização CSH #1 Fonte: Da autora
filha e da unidade de hóspedes, pois ficaram afastados do núcleo de serviços. Os usuários dessa porção da casa têm que passar pela área social para acessar a cozinha e a área de serviço. Os setores também foram implantados de forma estratégica no terreno, a fim de resguardar a privacidade da família. O setor de serviços, que é o de menor permanência, ficou voltado para a rua, na fachada noroeste. O setor íntimo ficou recuado, evitando o contato visual e os ruídos vindos da rua. Considerando a proporção entre setores, observa-se que o setor íntimo é o que apresenta maior área e o social, a menor, ficando na proporção de: social 22,79%; íntimo 48,78%; serviços 28,43%, aproximadamente. As áreas íntimas possuem maior predominância em
Figura 39: Diagrama grau de compartimentação CSH #1 Fonte: Da autora
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virtude da unidade de habitação para hóspedes. A escassez das áreas sociais se deve ao fato de o arquiteto ter atribuído a característica social às áreas abertas, as quais não foram computadas nesse cálculo. O diagrama grau de compartimentação evidencia o equilíbrio entre os espaços pouco, médio e altamente compartimentados. A proporção fica da seguinte forma: 31,65% baixa; 34,23% média; 34,12% alta compartimentação. Isso se deve ao fato de as áreas externas cobertas não terem sido computadas no cálculo da proporção. Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição De acordo com o diagrama de circulação, percebe-se uma organização ramificada que parte através de quatro diferentes acessos pela rua. Percebe-se uma infinidade de percursos que integram interiores e exteriores, mas existem três porções que apresentam circulação cíclica: o
Figura 40: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #1 Fonte: Da autora
núcleo cozinha – jantar – suíte – banho – cozinha; o ciclo estar – terraço coberto – suíte – estar; o núcleo estar – hall – dormitório – terraço coberto – estar. Essas relações estabelecem integração entre os diferentes setores, além de atribuir permeabilidade ao projeto. De acordo com o arquiteto, estabeleceu-se conexão entre o banho da suíte e a cozinha, pois se presumia que a família não teria funcionários, necessitando , por isso, de um planejamento que facilitasse o dia a dia familiar. No pavimento superior, a circulação organiza-se em linha, partindo do acesso da escada que direciona para o dormitório ou para o deck externo. Analisando-se o posicionamento e o número de acessos aos espaços-uso, verificam-se: 65,89% espaços com três ou mais acessos;
Figura 41: Diagrama volume CSH #1 Fonte: Da autora
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20,1%, com dois acessos; 14%, com apenas um acesso. Essa constatação confirma o conceito de planta fluída e flexível. A volumetria do projeto revela um partido em L, sobre o qual foi adicionado um pavimento na ala maior. Observa-se, no volume geral, a adição das partes, como as projeções de cobertura, sacada Figura 42: Diagrama subtração/adição CSH#1 Fonte: Da autora
e volumes das chaminés. Entretanto, na análise do diagrama de subtração/ adição, visualiza-se claramente o formato em L da planta com a subtração dos espaços abertos de convivência e ajustes da volumetria ao programa. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção O traçado da casa segue uma malha regular com módulo de 2’ x 2’, na qual os ambientes podem ser delimitados pelas dimensões 10’, 12’, 14’, 16’ ou 18’. Esse módulo também se repete no estabelecimento das alturas e no posicionamento das aberturas nas fachadas. Quanto à
Figura 43: Diagrama ritmo e geometria CSH #1: Planta baixa/ Fonte: Da autora
geometria, foram identificados dois retângulos (A e B) e um quadrado destinado ao uso da garagem, área de serviço e parte das refeições externas (C). O diagrama de equilíbrio/proporção revela a configuração gerada pela adição das três formas geométricas, que é um retângulo regulador do conjunto. Nesse retângulo, observa-se o módulo de 12’x12’ e suas variáveis (proporções 1:2, 3:4) sobre o desenho da planta baixa. O equilíbrio da forma reguladora se dá pelos eixos X e Y, que se encontram no centro da sala de estar.
Figura 44: Diagrama ritmo e geometria CSH #1: Elevações/ Fonte: Da autora
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Esse módulo de 12’x12’ também se repete na proporção nas elevações, para compor as alturas da edificação. Os diagramas de equilíbrio e proporção demonstram a harmonia entre o módulo proposto em planta (situado no pavimento térreo) e o módulo implantado no pavimento superior, que nada mais é que a metade do padrão de medida original. Hierarquia Analisados os diagramas anteriores, identificou-se o espaço dominante da CSH #1. No primeiro momento, elegeu-se a sala de estar/jantar, o espaço que possui maior importância para a
Figura 45: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #1: planta baixa/ Fonte: Da autora
organização. Essa seleção teve como critério sua diferenciação em relação aos demais espaços, pois a sala de estar/jantar é o maior ambiente interno da casa, apresenta configuração em L, está situada na conexão entre os dois blocos que definem a composição, além de possuir o maior número de acessos. No segundo momento, o terraço externo (em conjunto com o pátio) foi definido como espaço dominante devido a seu perímetro que adentra a residência (a especificação do material do piso é a mesma que a da sala de estar/jantar). Observa-se este fator no diagrama de hierarquia, onde se percebe o diálogo que a edificação faz com o espaço aberto, de forma a envolvê-lo como se fosse uma área interna.
Figura 46: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #1: elevações/ Fonte: Da autora
Outro aspecto decisivo foi a relevância funcional que esse espaço aberto tem na vida da família, pois ali ocorrem as atividades de lazer, recreação e serviços de jardinagem.
Figura 47: Diagrama hierarquia CSH #1 Fonte: Da autora
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Estrutura O sistema estrutural é constituído por pilares e treliças de aço na cobertura. Todos os elementos seguem a malha reguladora de 2’x2’, que pode alcançar 28’ de vão livre, como no caso da fachada nordeste. As paredes estruturais encontram-se nas chaminés. As vigas treliçadas estão espalhadas em toda Figura 48: Diagrama estrutura CSH #1 Fonte: Da autora
a cobertura, inclusive sobre o ‘terraço coberto’, sobre o qual elas foram dispostas em sequência, simulando o efeito que a luz do sol faz em um pergolado. A estrutura do pavimento superior segue a ordem dos vãos do térreo.
Cobertura O diagrama de cobertura revela que a projeção em balanço não foi considerada em todo o perímetro da edificação. Exemplo disso são as finalizações da cobertura nos volumes das garagens do pavimento inferior. Nas porções onde as treliças avançam para além do perímetro, observa-se a necessidade de proteção dos pedestres, como se observa no acesso frontal e posterior da casa. A altura do beiral assumiu dimensão mais espessa no térreo do que no segundo andar, de forma a atribuir leveza à cobertura superior. A laje plana reforça a horizontalidade da composição.
Figura 49: Diagrama cobertura CSH #1 Fonte: Da autora
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Case Study House #4 | 1945, Casa Greenbelt O design inovador desta construção era considerado um dos mais incomuns de todo o programa Case Study Houses, que nunca chegou à fase de construção. O arquiteto Ralph Rapson, um dos únicos de fora da Califórnia, imaginou uma casa que incluísse a natureza de forma significativa no projeto, a denominando Casa Greenbelt. Essa proposta buscava refletir sobre a transformação radical dos padrões convencionais da vida familiar, os quais podem ser facilmente identificados nos esboços preparatórios de arquiteto, em que foram exploradas inúmeras alternativas de plantas e sistemas estruturais. A ideia geradora era incorporar a natureza na vida doméstica, através de uma solução original para um sítio confinado à área urbana. A implantação de uma paisagem interna proporcionaria espaço de lazer para a família, que preferia atividades ao ar livre. Rapson partiu do princípio da separação dos setores social e íntimo por meio de um cinturão verde, o qual representava, para
Figura 50: Planta baixa CSH #4 Fonte: SMITH, 2009.
ele, mais do que quatro paredes e um telhado, mais do que um conceito de espaço, mas um retorno ao modo simples de morar. Outro aspecto importante foi a intenção de provocar sensações no usuário, fundamental para a incorporação da natureza na vida cotidiana. Foram especificados materiais pré-fabricados, como estrutura de aço ou madeira, dependendo do custo. Um sistema de painéis seriam aplicados na fachadas, podendo ser fixos ou móveis, opacos ou translúcidos, intercalados com painéis de compensado ou placas cimentíceas. Figura 51: Perspectiva CSH #4: vista usuário. Fonte: SMITH, 2009.
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De acordo com Smith (1989, p. 46) essa variedade de painéis na fachada antecipou o design para a renomada Case Study House #8 (Eames house) de 1949, apresentada anteriormente. A cobertura da casa seria em formato borboleta com caimento voltado para o cinturão verde, sobre o qual seria instalado vidro aramado translúcido. Sob esse vidro seriam instalados brises para controle do calor e da luz solar. Painéis de aquecimento radiante ou um sistema com circulação de água quente abaixo do piso de concreto também poderiam ser implantados. Essa estrutura simples, com uma planta aberta e sem paredes fixas em seu interior, proporcionava flexibilidade no uso. As divisões poderiam ser fechadas quando se desejasse privacidade, por Figura 52: Perspectiva CSH #4: vista aérea Fonte: SMITH, 2009.
exemplo, na área de dormitórios, cozinha, jantar e estar. A cozinha assumia importante papel, pois estava estrategicamente localizada próxima à garagem e à área de brincar das crianças, enquanto mantinha diálogo com os outros ambientes internos. Para a face interna dos painéis externos, o arquiteto sugeriu o uso de tecidos com cores e texturas fortes. Ao invés de mobiliário embutido, conforme especificado pela maioria dos arquitetos do programa, Rapson propôs móveis soltos e leves, desenhados por ele mesmo.
Figura 53: Perspectiva CSH #4: vista interna estar. Fonte: SMITH, 2009.
No entanto, o arquiteto não foi adiante no detalhamento do projeto 7, pois nunca foi encontrado um cliente para construir tal casa. Seus desenhos em perspectiva e suas especificações talvez retomassem o significado de unidade entre arquitetura e os interiores.
Figura 54: Perspectiva CSH #4: vista interna cozinha. Fonte: SMITH, 2009.
7
De acordo com McCoy (1962, apud SMITH, 1989, p.47) essa casa nunca foi construída pois contrariava radicalmente a tradição.
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Nos desenhos do projeto, havia um helicóptero sobrevoando a casa, o qual representava a linguagem futurística do arquiteto. Entretanto, de acordo com McCoy (1962, apud SMITH, 1989, p.47), Rapson falhou ao representar um varal nas perspectivas, uma vez que já existia máquina de lavar e secar roupas. Esses desenhos atribuíam uma atmosfera casual e contemporânea de uma jovem família iminente, que tinha o desejo de dar forma a seus sonhos. Apesar de não ter sido construída, essa Case foi reproduzida em tamanho real na exposição Blueprints for Modern Living no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, entre 1989 e 1990, que teve Elizabeth Smith como curadora. O objetivo era familiarizar o público leigo com os valores então vigentes e os estilos de vida da época, através de réplicas das primeiras e últimas
Figura 55: Réplica CSH #4 na exposição Blueprints for Modern Living: vista externa. Fonte:http://hplusf.com/project/blueprints-for- modernliving / ultimo acesso em: 05.01.15
casas da série, equipadas com acessórios da época, embalagens e eletrodomésticos.
Figura 56: Réplica CSH #4 na exposição Blueprints for Modern Living: vista interna. Fonte: http://hplusf.com/project/blueprints-for- modernliving ultimo acesso em: 05.01.15
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AMOSTRAS GRÁFICAS
CASE STUDY HOUSE
Figura 57: Planta e elevações CSH #4. Fonte: Da autora
#4
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #4
Figura 58: Vista aérea CSH #4 Fonte: Da autora
Figura 59: Vista externa observador CSH #4 Fonte: Da autora
Figura 60: Vista observador CSH #4 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #4 Implantação - Acessos/perímetro
A representação ao lado permite-nos observar os principais acessos a CSH #4. O acesso de pedestres se dá de forma centralizada, já o de veículos ocorre perpendicularmente, onde existe um volume anexo. Talvez Rapson o tenha ali locado a fim de criar uma barreira para os ventos predominantes do oeste. O acesso central é demarcado por um caminho em pedra, que, em conjunto com a sequência de ripas (à direita), direcionam a entrada na casa (ver perspectivas). Os acessos secundários estão na fachada sul, de encontro à cozinha, e na fachada leste, de encontro ao cinturão verde, partindo da área de lazer. Essa área está na parte posterior do lote, do qual não foram encontradas as dimensões exatas. Rapson especificou uma área de serviços (C) externa à cozinha, a qual é protegida por uma barreira física e visual: um muro de pedra. Outra sequência de ripas de madeira, oposta ao muro, assume o papel de direcionar o percurso para o acesso à cozinha. A natureza desempenha papel importante nessa residência, pois a área verde externa adentra o interior. O perímetro transparente e demarcado por painéis leves também contribui para a percepção de um espaço integrado às áreas verdes.
Figura 61: Implantação CSH #4 Fonte: Da autora
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Opacidade/transparência O diagrama de opacidade/transparência demonstra o movimento que o arquiteto imprimiu, nas fachadas, através da alternância de placas opacas e translúcidas, com cores fortes ou claras. Há equilíbrio entre cheios e vazios nas fachadas norte, sul e leste, enquanto o vazio predomina na fachada oeste. Deve-se este fato ao conceito de transparência que o arquiteto desejava, visto que a natureza fazia parte da paisagem interna. Setorização/ grau de compartimentação Identifica-se, no diagrama de setorização, a divisão dos setores de serviços e íntimo em duas alas.
Figura 62: Diagrama opacidade/transparência CSH #4 Fonte: Da autora
A sequência de dormitórios foi situada na porção norte do terreno, visando a temperaturas amenas para esses espaços. O setor de serviços foi locado na porção sul frontal do lote, como forma de facilitar o acesso dos usuários. O cinturão verde e a sala de estar foram considerados sociais, por serem espaços integrados. No entanto, é possível se arriscar a interpretar a residência como um grande pavilhão social. Isso se deve ao fato de a planta ser aberta e flexível, podendo os visitantes participarem da vida cotidiana.
Figura 63: Diagrama setorização CSH #4 Fonte: Da autora
(58,65% social; 16,64% íntimo; 24,71% serviços). Como as interfaces entre os setores são leves (portas sanfonadas nos dormitórios) e permeáveis visualmente (cozinha), pode-se considerar que o grau de privacidade da casa fica comprometido. No entanto, era exatamente esse o propósito desse estudo de caso proposto por Rapson: extinguir os limites entre os setores, tornando o interior da casa um grande espaço aberto e fluído.
Figura 64: Diagrama grau de compartimentação CSH #4 Fonte: Da autora
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De acordo com o diagrama de compartimentação, observa-se a predominância dos espaços pouco compartimentados. Isso se deve ao conceito que o arquiteto implantou na casa, tornando os espaços livres e amplos (72,67% baixa comp.; 22,75% média e 4,58% alta). A pequena parcela compartimentada foi atribuída aos espaços de dormir, que necessitam maior privacidade, e à cozinha que, por sua natureza, precisa de grande quantidade de compartimentações no mobiliário.
Figura 65: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #4 Fonte: Da autora
Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição O cinturão verde foi interpretado como um grande espaço-uso, destinado à circulação entre setores e ao lazer. Esse espaço, que representa 1/3 da casa, é o principal distribuidor de fluxos, pois é ele que faz a conexão entre as diferentes partes da casa. O arquiteto situou três possíveis caminhos que interligam as duas alas do telhado em borboleta. A circulação parte de um ponto central externo, o qual se distribui de forma ramificada no interior
Figura 66: Diagrama volume CSH #4 Fonte: Da autora
do pavilhão. Ao se acessar as alas, circula-se de forma linear na sequência de espaços. Os ambientes também foram classificados de acordo com o número de acessos. Conforme a gradação de cinzas, é possível perceber que cozinha, estar e suíte são acessados por dois pontos. Dormitórios e banheiros possuem acesso único, tendo em vista a necessidade de privacidade. (61,75% três acessos; 26,10 dois acessos e 12,15% um acesso). O pavilhão principal é um volume compacto com a adição do volume da garagem, que é vazado.
Figura 67: Diagrama subtração/adição CSH#4 Fonte: Da autora
Considerando um diagrama de subtração/adição nesse volume principal, poderia se identificar a subtração do Greenbelt na composição da casa.
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Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção A planta da casa é determinada por uma malha regular quadrada de módulo 2’x 2’, na qual os ambientes podem ser delimitados pelas dimensões 6’, 8’, 10’, 12’ ou 16’. Provavelmente, esse módulo foi assumido em virtude da especificação de placas de Cemesto, que eram fabricadas entre 4 a 12 pés de comprimento por 4 pés e largura. Foi identificado um retângulo de proporção 3:4 na delimitação do bloco principal. as elevações, observou-se o mesmo módulo de 2’ no estabelecimento das alturas, onde a proporção dos painéis era a seguinte: 2:4:4.
Figura 68: Diagrama ritmo e geometria CSH #4: Planta baixa/ Fonte: Da autora
No diagrama de proporção/ equilíbrio, identificam-se nove retângulos de proporção 3:4, que configuram os setores da casa. No espaço útil para o estacionamento do carro, também foi encontrado esse módulo. Nas elevações, o módulo da proporção é dado por um quadrado de 10’ x 10’ nas fachadas norte e sul e por dois quadrados 10’x10’ e 6’x6’ (parte mais baixa) nas fachadas leste e oeste. O
Figura 69: Diagrama ritmo e geometria CSH #4: Elevações/ Fonte: Da autora
equilíbrio do conjunto encontra-se no centro do pavilhão principal.
Figura 70: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #4: planta baixa/ Fonte: Da autora
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Hierarquia De acordo com os diagramas anteriores, identifica-se o espaço dominante na composição do conjunto: o Greenbelt. Esse espaço foi assim denominado por três razões: formato, tamanho e localização. O cinturão verde, como o próprio nome diz, é uma faixa de terra natural que atravessa o interior da casa. Sua configuração é um retângulo facilmente identificável, que alcança a extensão de 1/3 do tamanho total do pavilhão. Ele está localizado no coração da residência e possui altura Figura 71: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #4: elevações/ Fonte: Da autora
diferente, assumindo importante papel na composição.
Estrutura Conforme apresentado anteriormente no diagrama de proporção, a casa organiza-se em 9 módulos com retângulos 3:4. A estrutura localiza-se exatamente nessa organização dos espaços. Alcançando vãos de 16 pés, as vigas metálicas acompanham o caimento do telhado em borboleta. Figura 72: Diagrama hierarquia CSH #4 Fonte: Da autora
No outro sentido (eixo x), as vigas alcançam vãos de 12 pés e foram situadas nos encontros dos planos da cobertura. O posicionamento dos pilares encontra-se recuados em relação à fachada do pavilhão central, de forma que o telhado fica em balanço nas extremidades. Talvez essa estratégia visasse liberar a composição da fachada, a deixando mais leve. Os pilares da garagem foram dispostos em seu perímetro.
Figura 73: Diagrama estrutura CSH #4 Fonte: Da autora
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Cobertura Como identificou-se nos diagramas, a cobertura possui formato em borboleta, que nada mais é que um telhado em duas águas com caimento para dentro. Talvez essa proposta do arquiteto tenha tido com princípio o destaque do perímetro do Greenbelt no conjunto. O formato da cobertura também interfere na orientação do acesso principal, visto que é centralizado na porção plana. A diferença de altura provoca movimento na fachada, expressando a linguagem do arquiteto. A cobertura da garagem acompanha essa inclinação, integrando-se à composição do conjunto. Esse movimento na cobertura também se deve à necessidade de ajuste da altura da garagem, pois o veículo da família era mais alto (jeep).
Figura 74: Diagrama cobertura CSH #4 Fonte: Da autora
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Case Study House #5 | 1945, Casa Loggia Na CSH #5, chamada Loggia House, se utilizou do conceito de espaço dentro de outro espaço. Isto provocou a possibilidade e a esperança de se ter uma casa introspectiva na metrópole, conforme o arquiteto Whitney R. Smith narrou na publicação de Arts & Arquitecture. A concepção engloba uma série de quatro salas separadas por um jardim ou ‘ilhas de estar sob o mesmo teto’, conforme descrito pelo arquiteto. A Loggia House propôs uma reorganização da forma tradicional de projetar. Em contraste com a maioria das outras Case Studies, incorporou, na parte interna da casa, o modo de viver ao ar livre. Os ambientes poderiam ser integrados ou isolados, através de portas de vidro de correr, que transformavam a Loggia central em uma grande sala. Dessa forma, surgiram, no desenho da Figura 75: Planta baixa CSH #5. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, set 1945
planta, diversas gradações de acesso. A estrutura planejada para este projeto não construído era tijolo de adobe em conjunto com sistemas de aço. A opção por adobe deveu-se ao significado histórico indígena, em contraste com a incorporação de materiais industriais. Além disso, o adobe poderia enriquecer o projeto através de sua forma, cor e textura. O material especificado para o piso era pedra, em consonância com as áreas externas. Essa casa nunca saiu da fase preliminar de projeto e foi descrita, em uma publicação, como o estudo de caso que apresentava características mais próximas da casa californiana. Em função desta reestruturação da casa tradicional, a CSH #5 representa uma das contribuições visionárias
Figura 76: Maquete CSH #5. Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, set 1945
do programa em sua fase inicial.
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #5
Figura 77: Planta e elevações CSH #5. Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #5
Figura 78: Vista aérea leste CSH #5 Fonte: Da autora
Figura 79: Vista aérea noroeste CSH #5 Fonte: Da autora
Análise Gráfica
Figura 80: Vistas observador CSH #5 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #5 A planta de situação, apresentada ao lado, demonstra que as casas #5 e #12, ambas de Whitney Smith, estavam previstas para serem construídas na mesma rua. A implantação da CSH #5 mostra o acesso principal da rua na porção norte do terreno, o que faz pensar que o arquiteto tenha partido desse patamar mais alto para a concepção do projeto, pois a casa foi concebida em níveis. Os acessos de veículos e pedestres se dão pela mesma via, a qual direciona o percurso através da sequência de árvores (ver perspectiva). No final dessa via encontram-se a garagem e o direcionamento de pedestres à esquerda, através de uma escada de
Figura 81: Situação CSH #5 E #12 Fonte: Da autora
acesso à residência. Os espaços abertos complementam o programa, de modo que cada dormitório possui seu respectivo pátio. Foi também previsto um espaço para a futura piscina (G) e para uma área para lazer (H). Nessa porção do lote, foi prevista uma barreira vegetal que atenua a velocidade dos ventos vindos do oeste. A CSH #5 é introspectiva, pois foi recuada em relação à rua, de forma que a vegetação e as barreiras físicas impedem o contato visual. Além disso, os ambientes de permanência foram todos voltados para a parte posterior do terreno, criando um núcleo de convivência e integração com a natureza.
Figura 82: Implantação CSH #5 Fonte: Da autora
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Acessos/perímetro - Opacidade/transparência Identificam-se, no diagrama de perímetro/acessos, os quatro núcleos que configuram a CSH #5, que são cobertos por uma laje de cobertura delimitadora da residência. O acesso principal é frontal e divide-se em para veículos e para pedestres, sendo, respectivamente, frontal e lateral. Os acessos secundários encontram-se espalhados por todo o perímetro, destacando o grau de acessibilidade e permeabilidade na residência. Todos os dormitórios possuem acesso externo, bem como cozinha, garagem e sala de estar. A loggia assume importante papel nessa composição, por ser configurada por um grande vazio no coração da casa. Devido à separação dos setores em núcleos, o número de acessos à casa aumentou, surgindo Figura 83: Diagrama acessos/perímetro CSH #5 Fonte: Da autora
assim espaços de transição entre os volumes, bem como a definição de “hall secundário”, existentes na porção sul e leste da edificação (hall 2 e 3). Quanto às aberturas, nota-se que o conceito de perímetro aberto pode ser claramente identificado nos diagramas contidos na figura ao lado, Os cantos das unidades foram suprimidos, ocasionando a identificação da forma por Gestalt. Analisando-se a proporção entre opacidades e transparências, percebe-se que há equilíbrio na composição. Geralmente, as unidades abrem-se para uma face e fecham-se para outra. Isso é observado no estar e na cozinha, que se abrem para a loggia (interior) e na unidade de hóspedes e os dormitórios, que se abrem para o exterior.
Figura 84: Diagrama opacidade/transparência CSH #5 Fonte: Da autora
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Setorização/ grau de compartimentação O diagrama de setorização revela o agrupamento dos ambientes por setores. O setor íntimo foi implantado na porção leste do terreno, sendo protegida por uma barreira física que evita o contato visual com a rua. Essa ala recebeu um hall de entrada próprio. As áreas sociais ficaram na parte posterior do terreno, pois o arquiteto tinha a intenção de abri- las para o exterior, respeitando assim a privacidade das áreas de convivência. O setor de serviços foi locado a sul, pois assim o volume hermético criaria uma barreira para o sol. Considerando uma proporção entre setores, verificou-se: 52,71% social, 34,76% íntimo e 12,53% serviços. A pequena área de serviços se deve aos fatos de a garagem não ter sido contabilizada e de o arquiteto ter proposto a compactação dos equipamentos de lavar e secar roupas no armário
Figura 85: Diagrama setorização CSH #5 Fonte: Da autora
divisor entre cozinha e sala de jantar. No diagrama grau de compartimentação, percebe-se que a maior parte da casa é pouco compartimentada (52,71%), o que facilita a legibilidade interna. Os ambientes médios (25,25%) e altamente (22,04%) compartimentados possuem equilíbrio, pois cada núcleo de dormitório necessita de sua própria área de serviços. O médio grau de compartimentação foi atribuído aos dormitórios, pois estes se abrem para o exterior, gerando espaços iluminados e amplos. O dormitório de hóspedes não foi assim classificado devido à existência do volume da caldeira implantada no canto da configuração. Figura 86: Diagrama grau de compartimentação CSH #5/ Fonte: Da autora
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Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/ adição Como a casa possui diferentes acessos, a circulação é ramificada e cíclica em algumas porções. Através do diagrama, identificam-se as diversas possibilidades de percurso na CSH #5, tendo em vista os diferentes halls de acesso. A loggia é o espaço que apresenta maior número de acessos e eixos de circulação, sendo a responsável pela independência dos setores. Todos os espaços adjacentes têm possibilidade de acessarem um ao outro, o que reforça a característica flexível e fluída da casa. Os espaços com três ou mais acessos são predominantes (50,1%), seguidos pelos espaços de dois (35,10%) e de um único acesso (13,80%). Figura 87: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #5 Fonte: Da autora
A representação do volume mostra uma composição aglomerada, unida pela mesma cobertura. Analisando-se o diagrama de subtração/adição, identifica-se o perímetro fechado da casa em contraponto com a subtração da loggia. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção
Figura 88: Diagrama volume CSH #5 Fonte: Da autora
A planta baixa segue uma malha regular quadrada de módulo 5’ x 5’, na qual os ambientes podem ser delimitados pelas dimensões 10’, 15’, 20’ ou 25’. Os volumes são quadrados ou pela composição deles, que podem virar retângulos ou aglomerados (como na cozinha e na sala de jantar). O posicionamento das aberturas também é determinado pela malha reguladora de 5 pés, a qual estipula as alturas de volumes e coberturas.
Figura 89: Diagrama subtração/adição CSH#5 Fonte: Da autora
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Analisando-se a planta baixa, observam-se as relações métricas entre os volumes. O diagrama de proporção revela que foram utilizadas as mesmas dimensões para a garagem (A) e a sala de estar (B) (20’ x 20’); os dormitórios (C, D, E, G) e o bloco da sala de jantar (D) com 15’ x 15’. O volume da cozinha (F) possui proporção de 10’x 10’. Delimitando o contorno da composição, observa-se a existência de um retângulo, no qual foram demarcados os eixos de equilíbrio: eixo x e eixo y. Através desses eixos, observa-se a harmonia da composição, em que o bloco C encontra-se no centro e os demais volumes posicionam-se de forma equilibrada.
Figura 90: Diagrama ritmo e geometria CSH #5: Planta baixa/ Fonte: Da autora
Identificam-se também as relações do eixo Y1 (limite bloco D) com Y2 (limite blocos E e G) e X1 (centro bloco B) com X2 (limite bloco E). Nas elevações, identifica-se o eixo de equilíbrio dado pelo volume da lareira. Hierarquia
Figura 91: Diagrama ritmo e geometria CSH #5: Elevações/ Fonte: Da autora
Tendo em vista os diagramas anteriores, identifica-se o espaço hierárquico mais importante do conjunto: a loggia, que, devido a seu formato único e à localização estratégica, se destaca na composição. A loggia é o espaço mais importante, pois, além de ser o maior, possui geometria diferente dos demais ambientes e localiza-se no centro do conjunto. Através dela, se acessam todos os espaços da casa, o que os torna subordinados a ela. Além de servir como conexão entre os diversos ambientes, a loggia oferece áreas de estar que servem de interface entre os setores. Figura 92: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #5: planta baixa/ Fonte: Da autora
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Estrutura O sistema estrutural segue o módulo de 5’x5’, o mesmo apresentado como gerador da composição. Seriam utilizados pilares metálicos, que, em conjunto com as paredes de adobe, suportariam as treliças de aço da cobertura. Figura 93: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #5: elevações/ Fonte: Da autora
Os maiores vãos possuem 20 pés (609,6 cm) e encontram-se na sala de estar e na garagem, para eles estavam previstas paredes mais espessas. Cobertura O diagrama demonstra a horizontalidade das coberturas planas, que devido à diferença de níveis, incorpora movimento nas fachadas. Os planos contínuos, tanto o superior como o inferior,
Figura 94: Diagrama hierarquia CSH #5 Fonte: Da autora
possuem papel unificador dos volumes que ali estão abrigados. Ou seja, a cobertura possui importância na composição, pois sem ela a unidade não seria estabelecida.
Figura 95: Diagrama estrutura CSH #5 Fonte: Da autora
Figura 96: Diagrama cobertura CSH #5 Fonte: Da autor
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Case Study House #6 | 1945 Case Study House #13 | 1946 Foi nesse período que Richard Neutra se tornou participante do programa Case Study Houses, quando ele recém havia sido reconhecido internacionalmente por sua arquitetura residencial. Como o arquiteto buscava a aplicação de novas tecnologias e materiais industrializados, para empregar nos edifícios modernos de classe média, suas habilidades e ideias eram adequadas ao
Figura 97: Maquete de estudo das cases #6 e #13 Fonte: SMITH, 1989, p. 48
programa (SMITH, 1989, p. 48). De acordo com Smith (1989, p. 48), Neutra projetou quatro casas para o programa, das quais somente a Bailey House (CSH#20 – 1947/ 48) foi construída. As primeiras a serem projetadas foram as cases #6 (1945) e a #13 (1946) para clientes hipotéticos – as famílias Ômega e Alpha respectivamente. A relação dessas famílias se dava da seguinte maneira: as esposas eram irmãs e haviam se casado com proprietários de dois lotes adjacentes.
Figura 98: Perspectiva cases #6 e #13 Fonte: Revista A&A, março 1946
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Neutra desenvolveu o projeto de duas casas, implantadas harmoniosamente em conjunto com seus jardins privados, criando uma comunidade verde no interior dos lotes. Essa estratégia, segundo McCoy (1962. p. 30), serviu de referência para inúmeros planejadores, tendo em vista o talento de Neutra em situar as casas uma em relação à outra, com equilíbrio entre as áreas verdes. O arquiteto também definiu que, apesar de não serem idênticas, as casas teriam características comuns em termos de materiais e disposição geral. O paisagismo foi desenhado para garantir a Figura 99: Implantação cases #6 e #13 Fonte: Revista A&A, março 1946
privacidade entre as casas, mas acabou permitindo também a inter-relação entre elas.
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A casa Ômega (CSH #6) era de planta cruciforme, permitindo a incorporação de quatro pátios externos com diferentes funções (pátio de entrada, pátio social, pátio de esportes e pátio de serviços). Um charco foi planejado entre a área de esportes e o pátio social, como uma alternativa mais barata à implantação de uma piscina. No pátio de serviços, adjacente à cozinha, foi providenciada uma zona para as três crianças brincarem onde a mãe/dona do lar poderia observálas enquanto realizava os serviços domésticos. O perfil do telhado era característico de Neutra, com sua leve inclinação e beirais largos, proporcionando proteção dos elementos e adequação ao entorno arborizado. Os materiais seriam madeira de sequoia, vidro, amianto corrugado, faixas de metal préfabricado e portas de correr. Era para ser empregada pedra de basalto no piso da sala de Figura 100: Planta baixa CSH #6 Fonte: SMITH, 2009, p. 76
estar e nas áreas externas. Esses materiais e o perfil do telhado deveriam ser repetidos na vizinha Case #13, a Alpha House. (SMITH, 1989, p. 48). De acordo com McCoy (1962, p. 30), Neutra assumiu, nesse planejamento, a predileção pela vida nas áreas abertas, perfeitamente adequada para o sul da Califórnia. Na casa da família Alpha (#13), que também possuía três filhos e era uma pouco mais madura que a família Ômega (#6), o arquiteto proporcionou amplo espaço para atividades de lazer, através de um pátio exterior e uma casa de ripas separada , especialmente dedicada às crianças de ambas as famílias.
Figura 101: Maquete CSH #6 Fonte: SMITH, 2009
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Ele utilizou estratégias, como um pavimento para ligar as duas casas e os respectivos espaços sociais, e visualizou o interior com possibilidade de se abrir extensivamente para o exterior, por meio de paredes de vidro deslizantes. Outras características eram ideias sobre o uso de espaços interiores para as duas funções, sempre que necessário, e a inclusão de alguns detalhes, como um banheiro para cada quarto e espaços específicos para vários aparelhos domésticos e ferramentas.
Figura 102: Planta CSH#13 Fonte: Revista A&A, março 1946 /
Figura 103: Maquete CSH #13 Fonte: Revista A&A, março 1946 /
Figura 104: Maquete CSH #13 – vista norte Fonte: Revista A&A, março 1946 /
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AMOSTRASGRĂ FICAS
C A S E S T U D Y H O U S E S #6 E #13
#6
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Figura 105: Perspectiva CSH #6 e CSH #13: vista sudoeste Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
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#13
C A S E S T U D Y H O U S E #13
Figura 106: Perspectiva CSH #6 e CSH #13: vista nordeste Fonte: Da autora
#6
Figura 107: Vista frontal a partir das cases #6 #13 (vista a partir da rua – fachada oeste) Fonte: Da autora
#13
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Análise Gráfica Case Study House #6 e #13 Implantação As residências vizinhas foram implantadas no topo de uma colina, oferecendo a ambas amplo
#13 #6
visual , sem que uma interferisse na outra. A casa Ômega (#6) foi implantada na parte frontal do terreno. A casa Alpha foi situada na porção posterior do lote. Essa estratégia gerou o distanciamento entre as casas, criando espaços intermediários verdes que garantiam a privacidade dos moradores. Identifica-se, na implantação, a individualidade das duas unidades. Como a família Alpha era um pouco mais madura que a Ômega, o arquiteto as distanciou, a fim de evitar a interferência mútua. Essa diretriz de projeto é observada na localização de aberturas e acessos, e na setorização dos espaços internos e externos. Os principais acessos para pedestres foram situados nos dois extremos dos lotes, configurando as cases como unidades independentes. Os setores sociais de ambas as casas foram situados na porção norte, evitando a conexão visual entre elas, resguardando assim a privacidade desses núcleos de maior permanência. Neutra também privilegiou uma visão controlada e agradável aos usuários, posicionando as aberturas de forma estratégica.
Figura 108: Implantação CSH #6 e #13: acessos principais e setorização. Fonte: Da autora
Quanto à comunicação entre as casas, Neutra criou um patamar intermediário para que crianças e adolescentes de ambas as famílias pudessem
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interagir: uma casa de ripas (E). Esse espaço tinha, primeiro, a função de interligar as unidades e, em segundo, serviria para plantar videiras do Sr. Alpha, que era horticultor. (Arts & Architecture, 1946). Em relação aos acessos secundários, identifica-se a independência dos setores, uma vez que o sistema de fluxos fornece diversas possibilidades de acesso em ambas as casas. Esse alto grau de acessibilidade favorece a comunicação entre as duas unidades. Apesar de as cases #6 e #13 terem sido planejadas harmoniosamente em conjunto, foi priorizada a privacidade entre elas, fato que as configura como unidades independentes, porém interligadas.
Figura 109: Implantação CSH #6 e #13 Fonte: Da autora /
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #6
Figura 110: Planta baixa CSH #6 Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #6
Figura 111: Elevações CSH #6 Fonte: Da autora
Figura 112: Perspectivas CSH #6 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #6 Acessos/perímetro - Opacidade/transparência
Os diagramas acessos/perímetro e opacidade/transparência da Case Study #6 permitem identificar o contraste entre os fechamentos, na parte frontal (na interface com a rua), e as aberturas, na parte posterior do terreno. Essa estratégia foi utilizada para resguardar a privacidade dos moradores. Apesar da existência de diversos acessos, no quadrante externo de serviços (B), esta área está Figura 113: Diagrama acessos/perímetro CSH #6 Fonte: Da autora
protegida visualmente por uma sequência de ripas na fachada. Ou seja, mesmo que existam aberturas/ acessos na porção frontal, as áreas íntimas da casa estão resguardadas por essa barreira visual. As aberturas frontais da sala de estar foram situadas de forma estratégica: acima da linha de visão dos transeuntes. O acesso principal se dá pela área aberta do primeiro quadrante, resultado do partido em cruz. Esse espaço antecede o acesso à casa, criando uma área de transição entre o público e o privado. O grande número de acessos secundários demonstra a independência entre os ambientes, além de facilitar a comunicação com a CSH #13. As aberturas dos dormitórios foram posicionadas para norte, porque a fachada sul torna-se muito quente, na Califórnia, durante o verão.
Figura 114: Diagrama opacidade/transparência CSH #6 Fonte: Da autora
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Setorização/ grau de compartimentação No diagrama de setores, percebe-se que a planta se organiza em cruz, situando o setor social, serviços e íntimo em diferentes alas, articuladas pela pelas áreas externas da casa. Ou seja, esses espaços delimitam o perímetro da residência e, ao mesmo tempo, estabelecem relações entre os setores. O setor social é afastado da rua, com amplas aberturas para a parte posterior do terreno, onde está situada a área externa social da residência (C). Área essa que serve de conexão entre os setores social e íntimo os quais se integram visualmente por meio de aberturas, estabelecendo uma continuidade entre esses espaços. Essa integração de setores também pode ser identificada em outras áreas abertas, como na área para esportes (D) e na área para serviços (B). Na área para esportes, observa-se a integração entre os dormitórios das crianças (íntimo) e o acesso à garagem, espaço que serve de apoio para guardar /
objetos esportivos. Na área de serviços, ocorre a mescla dos três setores: íntimo, social e serviços. Segundo Hertzberger (1996), essa área aberta pode ser identificada como um espaço de transição entre a rua e a residência. Pode ser comparada a função da ‘soleira’, pois fornece um espaço de boas-vindas e de despedida, que, em termos arquitetônicos, é a tradução de hospitalidade.
Figura 115: Diagrama setorização CSH #6 Fonte: Da autora
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A fim de ilustrar tal condição, o autor usa como exemplo uma criança sentada no degrau em frente à sua casa, que está suficientemente longe da mãe para se sentir independente, mas, ao mesmo tempo, sente-se segura, pois sabe que a mãe está por perto. Essa dualidade é gerada graças à qualidade espacial da soleira como um lugar em que os dois mundos se superpõem, em vez de estarem rigidamente demarcados. A área externa de serviços, exercendo papel de soleira, é considerada um ‘intervalo’ entre a rua e a residência. Essa condição espacial permite um diálogo entre áreas de ordens diferentes, seja público versus privado, ou até mesmo entre os setores: serviços versus íntimo versus social. Figura 116: Diagrama grau de compartimentação CSH #6/ Fonte: Da autora
Considerando a proporção de setores, observa-se que o setor íntimo é o que apresenta maior área e o de serviços, a menor. Identifica-se a seguinte proporção: social 32,2%; íntimo 43,37%; serviços 24,7% aproximadamente. No diagrama grau de compartimentação, observa-se que a residência apresenta pouca compartimentação no setor social, e maior rigidez de separação de ambientes no setor de serviços. Essa característica se deve à diminuição de sua área, que está diretamente ligada à funcionalidade da planta. A análise dos ambientes compartimentados não se refere, porém, somente à densidade de paredes em determinada área, mas também às possibilidades de uso e de flexibilidade do mesmo espaço e, sobretudo, ao grau de confinamento psicológico, estabelecido pela quantidade de
Figura 117: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #6 Fonte: Da autora
aberturas. (FLORIO [et al., 2002). Por esse motivo, os dormitórios das crianças e a sala de jogos foram classificados como com médio grau de compartimentação.
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Neutra atribuiu a esses espaços a possibilidade de separação de um único ambiente em dois, sem interferir na privacidade dos espaços de dormir. Circulação/ espaço-uso – Volume – Adição/ Subtração Quanto à circulação/ espaço-uso, percebe-se o princípio de integração e continuidade dos espaços internos e externos. Devido à configuração da planta em cruz, a circulação em geral é
Figura 118: Diagrama volume CSH #6 Fonte: Da autora
ramificada, podendo ser interpretada como linear, nas alas, e circular, /em determinadas regiões. Há dois momentos em que ela é circular: no centro da planta e na porção sul da casa. No centro da planta, identifica-se uma circulação circular formada pelos ambientes distribuidores de fluxos - corredor, sala de jantar, sala de jogos e wc 2 – sendo a sala da caldeira considerada Figura 119: Diagrama Adição/ Subtração CSH #6 Fonte: Da autora
apenas espaço de transição. O segundo momento em que ela é circular é na interligação dos setores íntimo, serviços e social na porção sul da planta, nos quais os espaços externos (área de esportes e serviços) assumem o papel de distribuidores de fluxos.
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O espaço entre a sala de estar e a circulação é delimitado pelo mobiliário, distribuindo o fluxo para o setor íntimo em forma linear. Outra característica marcante é o fato de a maioria dos ambientes possuir mais de um acesso, em decorrência do partido em forma de cruz. Em razão disso, surgem os termos ‘espaços de transição’ e ‘espaços distribuidores de fluxos’, os quais foram classificados pela autora como forma de auxílio na identificação do espaço hierárquico dominante da casa. Figura 120: Diagrama Geometria e Ritmo: Planta baixa - CSH #6/ Fonte: Da autora
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Geometria - Ritmo – Equilíbrio/proporção O diagrama de geometria e ritmo apresenta uma malha regular quadrada de 6’x 6’ que ordena todos elementos da casa. Entretanto, Neutra realizou alguns ajustes nas delimitações dos espaços, como observado entre o volume dos dormitórios e da garagem, em que os ambientes foram expandidos para atender ao programa. As geometrias dos volumes são quadrangulares e aglomeradas, formando uma planta em cruz. Observando o diagrama de proporção, identificam-se as variações do módulo de 6’x6’ na configuração da planta. Além disso, identifica-se um quadrado de 18’ x 18’ que configura o centro Figura 121: Diagrama Proporção/equilíbrio: Planta baixa - CSH #6/ Fonte: Da autora
da planta (A). Esse quadrado é o centro de uma configuração maior: o quadrado que delimita os elementos externos ao perímetro, como a churrasqueira e o pergolado. Nas elevações, a proporção foi dada pelo módulo de 12’ x 12’ e 15’ x 15’. Hierarquia Tendo em vista estes aspectos, em que o partido é composto por espaços adjacentes que são ligados por espaços comuns, o ambiente que melhor exerce essa função e possui todas as
Figura 122: Diagrama Ritmo/Proporção: Elevações CSH #6/ Fonte: Da autora
características de um espaço hierárquico dominante é a área externa de serviços. Esse espaço, além de distribuir os principais fluxos de acesso à casa, possui importante papel na configuração da planta, pois exerce função de intervalo entre a rua e a casa. Outro aspecto que o difere dos demais é sua delimitação através de uma sequência de ripas, que permitem a integração visual com o exterior.
Figura 123: Diagrama hierarquia CSH #6 Fonte: Da autor
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Essas características podem ser analisadas no diagrama de volume, no qual se identifica a hierarquia do espaço de serviços como um espaço vazio em relação ao todo. Estrutura O sistema estrutural consiste de vigas e pilares de aço. Os maiores vãos podem ser encontrados na sala ou na garagem, alcançando 18 pés de dimensão. É notável, no diagrama, a importância das duas vigas inclinadas que atravessam toda a edificação, por serem elas que estruturam o telhado. Foram especificadas também paredes de alvenaria estrutural na sala e na garagem.
Figura 124: Diagrama estrutura CSH #6 Fonte: Da autora
Cobertura /
O diagrama apresenta uma cobertura plana e contínua, que estabelece a unidade na composição. Esse elemento possui leve angulação, acompanhando o caimento do terreno. Essa característica destaca a intenção de Neutra em integrar a casa à natureza.
Figura 125: Diagrama cobertura CSH #6/ Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #13
Figura 126: Planta baixa e elevações CSH #13 Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
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Figura 129: Pergolado de acesso a CSH #13 Fonte: Da autora Figura 127: Vista aérea sudeste CSH #13 Fonte: Da autora
Figura 130: Área externa de jantar CSH #13 Fonte: Da autora
Figura 128: Vista aérea nordeste CSH #13 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #13 Acessos/perímetro - Opacidade/transparência Percebe-se, através do diagrama de acessos/ perímetro, a diferenciação do grau de acesso às diferentes alas da casa. No primeiro instante, observa-se o acesso principal pela fachada oeste, o qual se divide entre para veículos e para pedestres. A entrada de veículos ocorre de forma linear e direta pela rua. A entrada de pedestres sofre um deslocamento em relação ao eixo principal e é Figura 131: Diagrama acessos/perímetro CSH #13 Fonte: Da autora
demarcada por um pergolado de madeira. Esse elemento, de acordo com Herzberger (1996), seria considerado um elemento de demarcação territorial, que, na condição de intervalo, diferencia os espaços público e privado e dá a sensação de acesso através de um percurso destinado aos pedestres. Os acessos secundários à casa são diversos e diferenciados, de acordo com o setor a que pertencem: três no setor de serviços, dois no setor social, dois no setor íntimo. Existe maior número de acessos ao setor de serviços devido à intenção de Neutra em fornecer estrutura de apoio às tarefas do Sr. Alpha, que era horticulturista. Por isso, o arquiteto locou o volume dos depósitos com acesso independente dos demais. Os acessos aos espaços sociais e íntimos encontram-se próximos na porção sul e distantes na porção norte da residência. Isso acontece pois existem graus de sociabilização diferentes entre as duas porções do terreno. Como estão situados na fachada norte os espaços de dormir, o arquiteto distanciou o acesso a essa ala em relação à área aberta social norte, a fim de promover a privacidade dos moradores.
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Na porção sul, ocorre o contrário, pois se nota a integração entre a sala de jantar interna (social) e o espaço destinado às atividades familiares (íntimo), através de um pátio aberto destinado a jantares externos. Quanto ao perímetro, identificam-se maiores fechamentos na garagem, nos depósitos e na fachada sul da suíte, por razões de insolação e ventilação. Porque os ventos predominantes partem do oeste/sudoeste e existe maior insolação a sul na Califórnia, Neutra posicionou as maiores aberturas para o norte. Essa estratégia garantiu temperaturas mais amenas aos dormitórios e à área social, tendo em vista a menor permanência nos espaços de servir. Outra estratégia que permitiu a proteção da sala de estar foi o posicionamento do volume dos depósitos que, na condição de volume hermético, serviu como barreira para os ventos predominantes a sudoeste. A implantação de uma sequência de ripas na face sul também teria como objetivo atenuar a velocidade dos ventos nessa direção. Mesmo que a opacidade prevaleça nessa arquitetura, destaca-se o ensaio que Neutra realiza ao abrir os espaços internos para o exterior. Observando o diagrama ao lado, notam-se maiores transparências nos espaços sociais, bem como na área íntima, especificamente na suíte do casal. Essa tendência do arquiteto em abrir a ala íntima para a natureza, através de maiores aberturas e/ou transparências, não foi diferente no programa CSH. Fato que também pode ser observado na Casa #20 (construída) e na Casa #21 (não construída).
Figura 132: Diagrama opacidade/transparência CSH #13 Fonte: Da autora
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Setorização/ grau de compartimentação No diagrama de setorização, visualiza-se a configuração em ‘L’ da planta. Os setores íntimo e de serviços são distribuídos em duas alas articuladas por um setor comum: o social. Essa área assume o mesmo papel que o espaço aberto de jantar, o qual interliga os setores íntimo e de serviços, conforme abordado anteriormente. Esse partido em ‘L’ favoreceu a independência dos setores, no que diz respeito aos acessos externos. No entanto, esse zoneamento não ofereceu, internamente, autonomia de acesso entre Figura 133: Diagrama setorização CSH #13 Fonte: Da autora
os setores de serviços e íntimo, ou seja, para circular entre um setor e outro, deve-se passar pela área social. Os setores também foram implantados de forma estratégica no terreno, a fim de resguardar a privacidade da família. O setor de serviços, que é o de menor permanência, ficou voltado para o acesso principal, na fachada oeste. Os setores íntimo e social ficaram recuados, evitando o contato visual e os ruídos externos vindos da rua. Considerando a proporção de setores, o setor social é o que apresenta maior área e o de serviços, a menor. Os setores íntimo e social possuem áreas semelhantes, ficando na seguinte proporção: social 44,5%; íntimo 41%; de serviços 14,5% aproximadamente.
Figura 134: Diagrama grau de compartimentação CSH #13 Fonte: Da autora
Quanto ao grau de compartimentação, foram identificados três tipos de compartimentação: baixa, média e alta. Entretanto, como esse diagrama não diz respeito somente à densidade de paredes,
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mas também às possibilidades de uso e grau de confinamento psicológico (estabelecido pela quantidade de aberturas), consideraram-se também esses aspectos na classificação dos ambientes. Como, na maioria dos casos, o alto grau de compartimentação coincide com o setor de serviços, com exceção da garagem e adição dos serviços íntimos e espaço de atividades da família. Este ambiente foi assim classificado devido ao grau de confinamento e à sensação de estreitamento que provoca nos usuários. O médio grau de compartimentação foi atribuído aos dormitórios, devido à existência de maior
Figura 135: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #13 Fonte: Da autora
visibilidade interna em relação à classificação anterior. Os ambientes considerados menos compartimentados foram os ambientes sociais, a garagem e a sala de jantar. Essa última foi assim
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classificada por sua continuidade visual com a sala de estar (existe apenas uma mureta entre elas) e integração física com o espaço aberto de jantar. Circulação/ espaço-uso – Volume – Adição/ Subtração
Figura 136: Diagrama volume CSH #13 Fonte: Da autora
De acordo com o diagrama de circulação, percebe-se uma organização circular entre os ambientes de serviços e sociais, na ala sul. Na ala leste, nota-se uma organização em linha, da qual partem
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ramificações para os dormitórios e serviços do setor íntimo. Essas duas alas – sul e leste – integram-se através do espaço externo de jantar, configurando um percurso circular que articula os setores social e íntimo no centro da casa. Observando o posicionamento e o acesso aos espaços, identificam-se três tipos de ambientes: os estáticos, os de transição, os distribuidores de fluxos. Foram considerados estáticos aqueles que
Figura 137: Diagrama Adição/ Subtração CSH #13 Fonte: Da autora
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possuem acesso único, como os dormitórios de solteiro, a garagem, o lavabo e os depósitos. Como de transição foram consideradas a cozinha, a lavanderia e a suíte. Na classificação ‘espaços articuladores de fluxos’, foi observada diversidade de ambientes como: área de serviços, sala de jantar, estar, área de atividades da família, corredor e closet. Esses ambientes, uma vez acessados, 9’
oferecem três ou mais possibilidades de acesso a outros ambientes. Apesar da demarcação dos setores por paredes, os espaços são integrados e fluidos, com diversas possibilidades de acesso. O diagrama de volume possibilita a visualização da residência como um conjunto formado pela adição de diversas partes. Os setores se diferenciam pelas reentrâncias e saliências, diferenciando
Figura 138: Diagrama ritmo e geometria CSH #13: Planta baixa/ Fonte: Da autora
os acessos, como observa-se na fachada norte, onde o volume dos espaços de dormir foi deslocado para frente, a fim de promover a privacidade em relação à área social externa. Os elementos vazados também fazem parte dessa composição, direcionando o percurso ao acesso principal. No diagrama, percebe-se o espaço aberto que antecede a residência. Devido à configuração em ‘U’, ele proporciona a sensação de convite à entrada na casa. A disposição dos volumes (sejam eles cheios ou vazados) também resulta em uma circulação principal linear, que distribui os demais ambientes. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção
Figura 139: Diagrama ritmo e geometria CSH #13: Elevações/ Fonte: Da autora
A planta da casa é determinada por uma malha regular quadrada de módulo 1,5’ x 1,5’, na qual os ambientes podem ser delimitados pelas dimensões 6’, 9’, 12’, 15’ ou 18’. As
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alas sul e leste são configuradas por retângulos, enquanto o volume da garagem pode ser identificado como um quadrado. O posicionamento das aberturas nas fachadas também segue essa malha reguladora de 1,5’ x 1,5’ , tanto na horizontal como na vertical. No entanto, de acordo com o diagrama de proporção, visualiza-se que o volume da garagem não possui relação direta com a malha reguladora, pois se encontra afastado do bloco A. Buscou-se estabelecer relações (através de eixos), a fim de encontrar a ideia geratriz desse volume, conforme descrito a seguir. Figura 140: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #13: planta baixa Fonte: Da autora
O diagrama de proporção revela que o contorno geral da casa segue o módulo de 6’ x 6’, 3’x 6’
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e 9’x9’ (vermelho). Considerando que todos os volumes pertençam a uma forma geométrica delimitadora, encontrou-se um retângulo de proporção 2:3. Nesse retângulo, identificaram-se relações entre os eixos X e Y e a delimitação do volume da garagem, de acordo com as seguintes constatações: 1. rebatendo o eixo X1 (bloco B) em relação ao eixo X, encontra-se o eixo X2, o qual delimita o volume da garagem no sentido X; 2. o quadrado ‘D’ foi encontrado através da diagonal entre a intersecção dos dois volumes (A e B) e o vértice da cobertura em balanço. Uma vez delimitada essa forma geométrica, traçou-se o
Figura 141: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #13: elevações Fonte: Da autora
eixo Y1 (centro geométrico), o qual delimita o volume da garagem no sentido Y. Através desse diagrama, observa-se também a relação entre o volume da lareira e o eixo Y. A lareira, na condição de elemento de destaque na composição, é delimitada
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pela intersecção dos volumes A e B e o eixo Y (centro geométrico) do retângulo regulador (sentido X). O diagrama revela o papel que a lareira exerce em relação aos demais volumes. Esse elemento vertical, além de ‘amarrar’ os volumes na composição, também demarca o eixo de equilíbrio do conjunto, que, nesse caso, pode ser considerado dinâmico. Hierarquia Tendo em vista os diagramas apresentados anteriormente, identificou-se o espaço hierárquico Figura 142: Diagrama hierarquia CSH #13 Fonte: Da autora
mais importante da casa Alpha. Considerando as características ali reveladas, levantaram-se as seguintes constatações: 1. a sala de estar é o primeiro ambiente ao qual se tem acesso na casa (pedestres); 2. por se encontrar em esquina, na junção dos eixos principais, articula os demais setores (de serviços e íntimo); 3. é um espaço articulador de fluxos; 4. é onde se encontra o elemento de destaque da composição: a lareira.
Figura 143: Diagrama estrutura CSH #13 Fonte: Da autora
Considerando esses aspectos, identificou-se o espaço hierárquico dominante da casa: a sala de estar. Na Figura 142, visualiza-se sua importância em relação aos demais ambientes.
Estrutura Observa-se, no diagrama, que o sistema estrutural é composto por paredes estruturais, pilares e vigas. Todos esses elementos seguem a malha reguladora de 1,5’ x 1,5’, na qual as vigas alcançam vãos de 9‘, 12’, 15’, 16,5’ e até 21’ como no bloco sul. O ala leste está
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estruturada por vigas de bordo que estão distantes 16,5’ (aprox. 502,92cm) entre si. A ala sul está estruturada por vigas afastadas 21’ (aprox. 640,08cm) no maior vão, com vigas perpendiculares com vãos de 9’ (aprox. 274,32cm) e 10,5’ (aprox. 320,04cm). As paredes estruturais encontram-se na garagem, nos depósitos e na lareira, na qual estão apoiadas as vigas de bordo das alas leste e sul. Segundo Smith (1989), não há registros de qual material estava previsto para as vigas e pilares. Ou seja, essa estrutura apresentada aqui é uma mera interpretação da planta, sem embasamento teórico em relação à aplicabilidade dos vãos.
Cobertura O diagrama revela que, apesar de o conjunto ser formado por diversas partes, a cobertura confere unidade a esses volumes. A laje plana contínua, que se estende para além do perímetro da casa, reforça a horizontalidade dessa composição, além de proteger os principais acessos e áreas abertas. A leve angulação também assume papel importante nessa arquitetura, pois o sentido do caimento das águas coincide com a inclinação do terreno. O partido adotado buscou integração com a natureza, tendo em vista que a residência se adequa à inclinação do lote.
Figura 144: Diagrama cobertura CSH #13 Fonte: Da autora
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Case Study House #12 | 1946 Projetada por Whitney R. Smith, esta casa também não foi construída. Mesmo que diferente da casa #5, do ano anterior, o novo desenho fundamentou-se na reorganização de uma casa unifamiliar. Era focada na horticultura, com clientes hipotéticos que foram assim caracterizados por Smith: Há a história do inventor amador que nunca teve um lugar melhor para trabalhar do que um canto de uma garagem escura e cheia ... a história da mulher que projetava sua própria roupa e nunca teve nada, além da mesa da sala de jantar para trabalhar sobre ... a história do fotógrafo jovem entusiasta que tomou posse do banheiro da família duas noites por semana. Já houve situação mais conflituosa do que a imposta por uma casa Figura 145: Perspectiva interna casa de ripas CSH #12 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, fev. 1946
estereotipada? [...] (ARTS & ARCHITECTURE, fevereiro de 1946).
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A planta baixa é baseada em uma forma em X, na qual uma diagonal contém as salas de jantar e estar e suas extremidades são configuradas por paredes de ripas e vigas de madeira. Esses jardins internos proporcionavam proximidade visual e espacial entre as áreas sociais, por poderem ser vistos de qualquer ponto do ambiente social interno. Perpendicular a este bloco, foi implantado um volume que contém três quartos, dois banheiros, uma cozinha, a área de serviço e a garagem. Um destes quartos é destinado aos hóspedes e está situado na extremidade noroeste deste volume. A configuração da
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Figura 146: Perspectiva unidade hóspedes CSH #12 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, fev. 1946
There is the story of the amateur inventor who never had a better place to putter than a corner of a dark and crowded garage... There is the story of the woman who designed her own clothes and never had anything but the dining room table to work on... There is the story of the enthusiastic Young photographer who took possession of the Family bath two nights a week. W there ever more tortuous procrustean fitting than that imposed by a stereotyped house? [...]
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planta proporciona áreas externas de lazer em três lados da casa, que reforça, ao longo das casas de ripas, a sensação de passagem entre a estrutura e seu cenário natural. O resultado não é diferente de uma integração entre abrigo e área aberta, que Smith também propôs no desenho da Loggia House. Os espaços sociais da casa são a transição dos ambientes externos e internos, os quartos possuem privacidade e isolamento acústico.
Figura 147: Planta baixa e elevações CSH #12 Fonte: Da autora
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AMOSTRAS GRÁFICAS
CASE STUDY HOUSE
#12
Figura 148: Vista aérea norte CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 150: Casa de Ripas: Acesso CSH#12 Fonte: Da autora
Figura 149: Vista aérea leste CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 151: Casa de Ripas: vista interna CSH#12 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #12 Implantação
A Case Study House #12 foi implantada na porção frontal do terreno. Assim como na CSH #5, Smith propôs o acesso de veículos no patamar mais alto, gerando um partido em níveis. O acesso de pedestres situava-se no patamar intermediário, com acesso direto à rua. No platô mais baixo foi implantada a ala íntima. O partido em cruz foi rotacionado em relação à rua, a fim de acomodar melhor a sequência de ambientes na direção do caimento do terreno. Dessa forma, os acessos ficaram oblíquos à fachada da casa. O arquiteto implantou muros de pedra para contenção do solo compactado, os quais direcionavam o percurso dos usuários (ver perspectiva). A garagem assumiu o conceito de espaço aberto para a rua, como forma de convite à entrada na residência. A casa de ripas com jardim interno também tinha essa função, pois servia de interface entre a rua pública e o núcleo residencial privado. Os espaços abertos integravam-se ao interior, tendo em vista que todos ambientes possuíam aberturas para o exterior. A unidade de hóspedes tinha acesso independente, o que garantia a privacidade dos moradores.
Figura 152: Implantação CSH #12 Fonte: Da autora
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Acessos/perímetro - Opacidade/transparência De acordo com o diagrama, existem dois acessos principais: o de veículos, no patamar mais alto, e o de pedestres, no patamar intermediário, o qual inicia oblíquo na rua e se torna centralizado na casa de ripas. Os acessos secundários estão situados em todos os ambientes, com exceção da cozinha e dos banheiros. Quanto ao perímetro, observam-se maiores fechamentos na asa noroeste – sudeste, na qual estão situados os setores íntimo e de serviços. O outro volume (nordeste-sudoeste) é caracterizado pela predominância das aberturas e fechamentos leves de madeira nas extremidades. A garagem é aberta para a rua, na qual existem três acessos: para a lavanderia, para o pátio e para o depósito, o qual apoiava as atividades de horticultura. O acesso à unidade de hóspedes se dá independente do restante da casa. Considerando que a garagem fosse aberta e a casa de ripas Figura 153: Diagrama acessos/perímetro CSH #12 Fonte: Da autora
leve, o arquiteto locou uma massa vegetal em frente à casa para proteger dos ventos oeste. Observando-se as fachadas, identifica-se o equilíbrio entre as opacidades e as transparências. Isso ocorre porque, geralmente, os blocos se abrem para o exterior de um lado e são fechados no lado oposto. Setorização/ grau de compartimentação Os setores da casa foram organizados em alas separadas. O setor social foi implantado
Figura 154: Diagrama opacidade/transparência CSH #12 Fonte: Da autora
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numa sequência de espaços do bloco de acesso. O setor de serviços foi locado na asa noroeste, mais próxima do centro da composição, a fim de servir os espaços sociais. O setor íntimo ficou na asa sudeste, ou seja, na parte posterior do terreno, mantendo assim a privacidade dos moradores. Considerando a proporção entre setores, verifica-se que 50,28% é social; 38,84% é íntimo; 10,87% é de serviços. Essas porcentagens revelam a predominância do setor social na casa, uma vez que foram implantadas áreas de ripas. O diagrama grau de compartimentação permite observar a existência de espaços pouco compartimentados, no setor social; espaços médios, nos dormitórios; espaços altamente compartimentados, no setor de serviços e nos banheiros íntimos. A baixa compartimentação predomina na composição, alcançando 51,63%; a média chega a 16,46%; a alta, a 32,33%.
Figura 155: Diagrama setorização CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 156: Diagrama grau de compartimentação CSH #12 Fonte: Da autora
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Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição A circulação se organiza de forma linear na ala social, da qual partem outros dois sistemas de circulação: um linear no sentido sudeste e um ramificado no sentido noroeste. A maioria dos espaços possui mais de três acessos, chegando a um percentual de 46,74%, seguido por 40,11% dos espaços com dois acessos e 13,15% com apenas um acesso. O diagrama de volume apresenta a residência como um conjunto de diversas partes, onde foram subtraídos alguns volumes como as extremidades das casas de ripas e o volume da garagem. No diagrama de subtração/adição, identificam-se essas subtrações do volume geral, que nada mais é do que uma planta em cruz. Existem também algumas subtrações de ajuste da forma, como na Figura 157: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 158: Diagrama volume CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 159: Diagrama subtração/adição CSH#12 Fonte: Da autora
porção da suíte e do dormitório de hóspedes.
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Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção A composição da casa segue uma malha regular quadrada de módulo 2’ x 2’, na qual os ambientes podem ser delimitados pelas dimensões 6’, 8’, 10’, 12, 16’ ou 20’. O estabelecimento das alturas nas elevações segue esse mesmo módulo. A geometria do conjunto é regular, sendo identificados três retângulos (B,C e D). A proporção interna dos espaços parte do módulo 8’ x 8’, conforme se observa no diagrama de geometria e equilíbrio. Ressalta-se que o arquiteto realizou alguns ajustes no volume da suíte, que parte de um quadrado 12’ x 12’. O equilíbrio da composição encontra-se no volume central das ripas.
Figura 160: Diagrama ritmo/ geometria e equilíbrio/ proporção CSH #12: Planta baixa Fonte: Da autora
Hierarquia O espaço mais importante é a sala de estar, por sua dimensão (maior que os demais ambientes), seu formato e sua localização. Encontra-se nela o elemento vertical da lareira, que interfere na regularidade do espaço. Ela está locada no mesmo eixo do acesso principal de pedestres e faz conexão direta com a cozinha e os dormitórios.
Figura 161: Diagrama ritmo e geometria CSH #12: Elevações/ Fonte: Da autora /
Figura 162: Diagrama equilíbrio e proporção CSH / #12: elevações/ Fonte: Da autora
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Estrutura O sistema estrutural é formado por pilares distanciados 6 pés, em sua maioria, e por vigas, que apoiam as coberturas planas. As dimensões seguem o módulo de 2’ x 2’, que pode alcançar 20 pés de vão livre na sala de estar. As coberturas das casas de ripas são compostas por pilares e vigas de madeira. Figura 163: Diagrama hierarquia CSH #12 Fonte: Da autora
Cobertura A composição das coberturas remete a um sistema de movimentos nos planos retilíneos e contínuos. Esse movimento se deve às diferenças de alturas, bem como à inclinação implantada sobre o volume da unidade de hóspedes. O arquiteto, propondo diferentes níveis na cobertura, buscava a integração com a natureza, pois as alturas das lajes acompanhavam o declive do terreno.
Figura 164: Diagrama estrutura CSH #12 Fonte: Da autora
Figura 165: Diagrama cobertura CSH#12 Fonte: Da autora
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Case Study House #19 | 1957
Situada em uma planície arborizada, a CSH #19 ficava a alguns quilômetros ao sul de São Francisco e representava a extensão das casas fora do sul da Califórnia. Os clientes eram jovens físicos de classe média, que adoravam música, política, artes e atividades ao ar livre. De acordo com o arquiteto, a família estava simultaneamente implantando uma nova empresa, o que exigia baixo
Figura 166: Perspectiva aérea CSH#12 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, maio 1957
custo na construção da casa. A planta era em forma de H, configurada por dois prédios retangulares conectados por uma entrada estreita e envidraçada. O volume maior continha sala de estar, jantar, cozinha e área de serviço e, no andar superior, suíte, sala de estudos e deck. O outro edifício, destinado às crianças, também poderia acomodar hóspedes, e era delimitado por um gramado.
Figura 167: Perspectiva acesso CSH#12 Fonte: Da autora
Os materiais predominantemente utilizados, neste volume, seriam alvenaria pintada de branco, aço, vidro e madeira. No final dos anos cinquenta, era comum incluir piscina nas casas de classe
/
média. Nesta casa, não foi diferente. Don Knorr projetou uma grande piscina e um bar adjacente, além de uma área para churrasco e festa. Esse núcleo, entretanto, era localizado distante da casa principal, a desejo dos clientes. Essa implantação ficou diferente da maioria das casas iniciais do programa, que propunham a integração do estar diário com a recreação. De acordo com a revista Arts & Architecture (Maio 1957), esse distanciamento entre a casa principal e a área de lazer criou um ambiente surpreendente, onde os elementos provocavam sensações nos usuários.
/ Figura 168: Perspectiva sala de estar CSH#12 Fonte: Da autora
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Don Knorr propôs uma contraposição entre estreitamentos e alargamentos, ou entre espaços abertos e fechados, que proporcionam movimento no percurso. No interior da sala de estar, foi implantado pé-direito duplo, além de uma lareira escultural. O desenho desta casa evidencia claramente a distinção entre estrutura e entorno. O arquiteto a definiu como um conjunto de volumes sobre uma base (implantação de um gramado bem demarcado), que delimitava os espaços da casa, da piscina e de recreação.
Figura 169: Planta e cortes CSH #19 Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #19
Figura 170: Vista aérea sudeste CSH #19 Fonte: Da autora Figura 172: Área de lazer CSH#19 Fonte: Da autora
Figura 171: Vista aérea noroeste CSH #19 Fonte: Da autora
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AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #19
Figura 173: Percurso CSH #19 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #19 Implantação
O diagrama apresenta uma composição esparsa dos elementos em relação às Case Studies anteriores. O acesso principal está na porção sul do terreno, o qual se abre para uma grande área pavimentada para o estacionamento. Essa é a primeira sensação que o arquiteto provoca no usuário: a sensação de amplidão (imagem percurso 1). Em seguida, há possibilidade de acessar a garagem ou seguir o caminho a pé, sobre um deck de /
madeira, que está situado entre a parede cega da casa à esquerda e uma divisória de vidro à direita. Esses dois elementos geram o estreitamento do percurso, além de provocar a sensação de orientação e envolvimento ao transeunte (imagens percurso 2 e 3). Seguindo por esse caminho, o usuário tem duas opções: acessar a entrada da casa à esquerda ou atravessar uma pequena ponte de madeira à direita, em direção à piscina. Caso escolha acessar o núcleo de lazer, ele terá a sensação de amplidão. Caso escolha acessar a casa, a sensação será de direcionamento e acentuação do grau de envolvimento, uma vez que o plano da direita tem dois pavimentos (imagem percurso 4). Acessado o hall da casa, o usuário pode seguir em direção à ala das crianças/ hóspedes, à esquerda, ou em direção à sala de estar, à direita. Nessa etapa, esse espaço, por se configurar como estreito e de passagem, assume o papel de orientador do usuário (imagem percurso 5). Caso ele acesse o estar, que possui pé-direito duplo, a sensação que ele
Figura 174: Implantação CSH #19 Fonte: Da autora
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terá será de amplidão (imagem percurso 6). Analisando-se esse percurso, percebe-se que Don Knorr tirou partido do terreno plano, provocando sensações no pedestre que evitam a monotonia. Essas alternâncias na configuração dos espaços, ora amplos, ora estreitos, despertam interesse no usuário, fazendo-o desfrutar a arquitetura. Figura 175: Diagrama acessos/perímetro CSH #19 Fonte: Da autora
A vegetação também faz parte dessa proposta de provocar estímulos, uma vez que ela complementa a configuração dos espaços. As árvores de maior porte foram locadas entre os blocos para proporcionar sombra, bem como foram implantadas na porção oeste do lote, a fim de proteger a fachada envidraçada dos ventos do oeste. Acessos/perímetro - Opacidade/transparência O diagrama de acessos/perímetro permite identificar a hierarquia dos acessos no conjunto. O
Figura 176: Diagrama opacidade/transparência CSH #19 Fonte: Da autora
acesso principal se dá em dois momentos: no edifício da garagem (veículos) e no edifício da própria casa, através do volume de conexão dos dois blocos (pedestres). Os acessos secundários encontram-se distribuídos na área de lazer (bar e vestiários), na cozinha, sala de jantar, no estar e no dormitório das crianças. Além desse variado número de acessos, que buscam a integração dos interiores com a natureza, o arquiteto propôs grandes panos de vidro no bloco mais alto. No bloco das crianças/hóspedes, Don Knorr especificou as aberturas voltadas para seu interior, criando um edifício introspectivo. De acordo com o diagrama, percebe-se o equilíbrio entre as opacidades/transparências no
Figura 177: Diagrama setorização CSH #19 Fonte: Da autora
conjunto, com predominância do vidro no principal
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Setorização/ grau de compartimentação Identifica-se no diagrama, a configuração da casa em H. Isso se deve ao partido composto por dois blocos unidos por um hall em comum. O bloco menor da esquerda abriga uma parcela do setor íntimo: os dormitórios de crianças e hóspedes, que foram voltados para o pátio interno. O bloco da direita abriga a área social interna, a cozinha e a suíte no andar de cima. Ambos os blocos voltaram o setor social para o lado da rua, de forma a resguardar a privacidade da área íntima locada na parte posterior do terreno.
Figura 178: Diagrama grau de compartimentação CSH #19 Fonte: Da autora
Considerando a proporção entre setores, identifica-se a predominância do setor social com 43,54%; o íntimo com 30,6%; o de serviços com 25,86%. A proximidade dos valores do setor íntimo e de serviços deve-se ao fato de as edificações estarem separadas, ou até mesmo distantes, necessitando assim mais áreas de servir. O diagrama de compartimentação revela que todos os edifícios possuem os três tipos de compartimentação: baixa, média e alta. Isso se deve ao fato de cada bloco funcionar como uma unidade autossuficiente no que diz respeito às necessidades básicas. Calculando a proporção, encontram-se: 48,5% baixa compartimentação; 23,45% média; 28,04% alta. Constata-se, pois, que a maioria dos ambientes são pouco compartimentados, reforçando sua característica ampla e fluída.
Figura 179: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #19 Fonte: Da autora /
Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição A circulação parte de um ponto inicial que é o estacionamento, desde o qual os fluxos são distribuídos em direção ao bloco de lazer ou à própria residência.
Figura 180: Diagrama volume CSH #19 Fonte: Da autora
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A circulação externa é linear e a interna, ramificada, podendo ser cíclica em alguns momentos como no hall da escada/sala de estar/ jantar no bloco maior. O único momento em que os dois blocos se comunicam é na parte da passarela coberta, a fim de manter a privacidade nos dois volumes. Figura 181: Diagrama subtração/adição CSH#19 Fonte: Da autora
Analisando-se o número de acessos a cada um dos ambientes, identifica-se que 56,25% possuem três ou mais acessos; 40,43%, dois acessos; 3,32%, acesso único. Constata-se, portanto, que há predominância dos espaços distribuidores de fluxos e dos de transição, em virtude de as edificações serem separadas. O diagrama de volume apresenta a operação subtrativa que foi realizada no conjunto. Observase ali que os espaços abertos fazem parte da casa, de forma ela, através de planos verticais (muros, envolve e protege os pátios internos. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção
Figura 182: Diagrama ritmo e geometria CSH #19: Planta baixa/ Fonte: Da autora
A planta baixa da composição está baseada em uma malha regular quadrada de módulo 2,5’ x 2,5’, que gera espaços com dimensões de 7,5’; 10’; 12,5’; 15’, 20’ e 25’. Os três volumes soltos são configurados por retângulos, dos quais dois se conectam formando um H. O estabelecimento das alturas e o posicionamento das aberturas foi norteada por um módulo de 1,5 pés, alcançando alturas de 9 pés no pavimento térreo (2,74m) e de 7,5’ (2,30m) no superior. O diagrama de equilíbrio/proporção apresenta as relações métricas entre as edificações. O bloco A (lazer) é delimitado por dois quadrados de 20 pés e um retângulo de proporção 3:5.
Figura 183: Diagrama ritmo e geometria CSH #19: Elevações/ Fonte: Da autora
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O bloco B (crianças) é definido por dois quadrados de 25’ x 25’ e o bloco C (suíte) é ordenado por três quadrados de 20’ x 20’. O desenho da piscina também foi definido por dois quadrados de 15’ x 15’ e um retângulo de proporção 3:1. O equilíbrio do conjunto é dado pelos eixos X e Y, que surgem do centro geométrico da composição. A partir desses eixos, os limites da piscina e do bloco B foram implantados equidistantes (sentido Y), além de a piscina estar implantada exatamente no eixo Y (sentido X). Nas elevações, identifica-se o estabelecimento das alturas através do diagrama de proporção. Os volumes mais baixos foram determinados pelo módulo de 10’ x 10’, enquanto o mais alto (desconsiderando os pisos e lajes) foi estabelecido pela proporção de 15’x15’.
Figura 184: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #19: planta baixa/ Fonte: Da autora
Hierarquia Sob o ponto de vista do conjunto, o espaço que possui maior importância, por seu tamanho, formato e localização, é o espaço aberto de lazer (piscina). Esse espaço, por assumir quase metade do terreno através do vazio, possui relevância, pois é configurado por uma forma regular (retângulo) que segue as linhas ordenadoras do conjunto. Ele está localizado na parte posterior do lote, amparado por uma divisória de vidro, que revela a
Figura 185: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #19: elevações/ Fonte: Da autora
necessidade de privacidade dos moradores. Ou seja, mesmo que essa área busque a sociabilização, ao mesmo tempo propõe um caráter íntimo a seus usuários. Observando os espaços internos, identifica-se o ambiente que se destaca nessa composição: a
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sala de estar. Essa sala é o maior espaço interno da casa, possui pé-direito duplo e tem Figura 186: Diagrama hierarquia CSH #19 Fonte: Da autora
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a função de reunir as pessoas. Outro aspecto importante que a torna um espaço hierárquico importante é o fato de que, para acessá-la, é necessário percorrer todo o percurso externo proposto pelo arquiteto, conforme abordado anteriormente.
Estrutura Figura 187: Diagrama estrutura CSH #19 Fonte: Da autora
O sistema estrutural é composto de vigas e pilares de aço em conjunto com paredes de adobe. A estrutura metálica foi especificada no bloco principal e no bloco de lazer. Neste último, a vedação prevista seria tijolo de adobe pintado de branco. Esse tipo de tijolo também seria empregado nas paredes do bloco das crianças. Todos esses elementos são posicionados de acordo com a malha ordenadora de 2,5’ x 2,5’. No bloco principal, o vão, no sentido da largura, é de 20 pés (609,6cm) e, no sentido do comprimento, é de 15 pés (457,2cm). No bloco de lazer o maior vão pode alcançar 20’ x 20’.
Cobertura Figura 188: Diagrama cobertura CSH#19 Fonte: Da autora
O diagrama contido na Figura 188 evidencia que todas as coberturas finalizam no alinhamento dos pilares, sem a existência de beiral. Esse conceito só é diferente no bloco que conecta as duas alas da casa, onde é possível perceber a cobertura em balanço. Talvez o arquiteto assim o tenha diferenciado para demarcar a entrada da residência e proteger o acesso contra intempéries.
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Case Study House #24 | 1961
C
A Case Study House #24 representa uma unidade de um conjunto de casas suburbanas. Esse planejamento foi proposto por Joseph Eichler (empresa Eichler Homes), que desenvolveu grande parte das casas modernas do norte da Califórnia. Na tentativa de estender o seu conceito para o sul do estado, Eichler comprou uma parcela de terra próximo a Northridge - CA, e se associou ao escritório Jones Emmons, que já tinha colaborado em seus projetos anteriores.
Figura 189: Planejamento de Eichler Homes Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961
No desenho da CSH#24, os arquitetos consideraram quatro principais aspectos: a planta geral da unidade, a relação com os lotes vizinhos, o lote individual e a casa em si. Após mapear o plano diretor, eles colocaram seu foco no desenho de uma unidade, um dos quatro protótipos que seria oferecido aos residentes dessa comunidade.
Figura 190: Corte CSH#24 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961
Essa casa possuiria alto grau de flexibilidade espacial, contendo quatro quartos, três banheiros, sala de estar, sala de jantar, cozinha, lavanderia e sala multiuso. Tendo Jones e sua esposa assumido o papel de clientes hipotéticos, o projeto se desenvolveu para uma família com filhos, considerando um casal de arquitetos que tinha necessidades pessoais e profissionais sob o mesmo teto. A sala multifuncional com acesso para o banheiro e a cozinha poderia ser adaptada conforme
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a necessidade dos usuários, funcionando como home office ou talvez como dormitório para hóspedes. Uma área oculta, próxima à cozinha, foi providenciada para tornar eficiente o trabalho do funcionário na casa. Figura 191: Perspectiva sala de estar CSH#24 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 /
a
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Os arquitetos também implantaram uma piscina que separava a ala social da ala dos dormitórios, bem como mudanças de nível na sala de estar, para provocar a sensação de amplitude. Cada ambiente abria para seu próprio jardim, nos três lados da casa, permitindo assim o uso total da propriedade. Figura 192: Entrada CSH#24 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961
O diferencial da CSH#24 era sua implantação no lote. A casa seria parcialmente enterrada, com muros de contenção em três arestas do terreno. A entrada deveria abrigar a garagem. Agindo como uma barreira de som, essa terra compactada teria o objetivo de criar privacidade visual entre as residências pouco espaçadas. Esse partido deveria também proteger do frio e do calor, tendo como foco a economia de energia, através de um sistema de circulação de água que previa o resfriamento da cobertura. O partido geral da Case Study #24 tinha o intuito de solucionar o problema da diminuição dos lotes, a fim de providenciar uma comunidade que tivesse sua própria área de recreação, com
Figura 193: Maquete CSH#24 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961
espaços verdes, estrutura para piscina, churrasco e passeios a cavalo. Entretanto a aprovação deste planejamento foi negada por parte do conselho de zoneamento da cidade de Los Angeles e o loteamento foi desenvolvido convencionalmente. A rejeição da CSH#24 foi uma desgraça para os possíveis compradores, que já tinham reservado as primeiras casas em função do conceito de comunidade, além de não terem condições de comprar casas em lotes maiores.
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AMOSTRAS GRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #24
Figura 194: Planta baixa e elevações CSH #24 Fonte: Da autora
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AMOSTRAS GRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #24
Figura 195: Vista aérea noroeste CSH #24 Fonte: Da autora
Figura 196: Vista aérea sudoeste CSH #24 Fonte: Da autora
Figura 197: área de lazer CSH #24 Fonte: Da autora
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AMOSTRAS GRร FICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #24
Figura 199: Pergolado CSH#24 Fonte: Da autora
Figura 198: Percurso CSH #24 Fonte: Da autora
Figura 200: Pรกtio dos dormitรณrios CSH#24 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #24 Implantação
Como abordado anteriormente, a CSH #26 foi implantada como um recorte no terreno, de modo a evitar ruído e contato visual com as casas vizinhas. A vegetação faz parte da composição e colabora para o conforto acústico da residência. O acesso principal se dá pela parte frontal do terreno, na porção leste. Veículos e pedestres acessam pela mesma via, a qual se encerra na garagem, defronte à entrada da casa. Como a composição da planta é espelhada, existem duas possibilidades de acesso para pedestres: uma à direita e outra à esquerda do volume central. O percurso do usuário é direcionado pelo estreitamento do acesso (imagem percurso 1), o qual segue em direção à sala principal. Nesse intervalo, o pedestre percorre um caminho externo coberto (imagem percurso 2), que promove o contato com a natureza. Uma vez acessada a sala de estar, o usuário terá a sensação de amplidão, pois o ambiente é amplo e delimitado por portas de vidro de correr (imagem percurso 3). O projeto compreende a implantação de dois volumes separados: um destinado aos dormitórios Figura 201: Implantação CSH #24 Fonte: Da autora
e outro às áreas sociais e de serviços. Como o terreno era menor que o padrão, o perímetro do conjunto foi configurado por um muro de contenção de terra. Dessa forma, essa composição gerou espaços intermediários entre as alas da casa, bem como a seu redor, como se visualiza nas perspectivas.
166
Esses espaços de estar poderiam ser abertos para entrada do sol ou cobertos por pergolados. As variações de luz e sombra teriam o objetivo de provocar estímulos nos transeuntes. Acessos/perímetro - Opacidade/transparência O diagrama de acessos/perímetro possibilita a visualização da quantidade e variedade de acessos que a CSH #24 possui. Chegando à entrada principal da casa, o pedestre possui diversas opções de percurso. É possível acessar a sala multiuso, prosseguir até a sala de estar ou atravessar o gramado e acessar os fundos da casa.
Figura 202: Diagrama acessos/perímetro CSH #24 Fonte: Da autora
Todos os ambientes possuem acesso para o exterior, com exceção da pequena cozinha e dos banheiros. Esse aspecto reforça o conceito de permeabilidade e flexibilidade e integração do edifício com a natureza. Além desse variado número de acessos, os arquitetos propuseram grandes panos de vidro nos blocos que ora receberiam luz natural, ora seriam protegidos do calor pela existência de pergolados e coberturas em balanço.
Figura 203: Diagrama opacidade/transparência CSH #24 Fonte: Da autora
Sob o ponto de vista das fachadas internas do conjunto, observa-se, no diagrama de opacidade/transparência, a predominância das aberturas nas fachadas, pois as áreas opacas ali representadas compreendem os muros do perímetro. Setorização/ grau de compartimentação
/
Os setores são organizados em alas, com o intuito de promover a privacidade da família. A unidade de hóspedes se encontra na porção frontal do conjunto, favorecendo assim a
Figura 204: Diagrama setorização CSH #24 Fonte: Da autora
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criação de um acesso independente. Caso a família utilize esse ambiente como espaço multiuso, este espaço pertencerá ao setor social, de modo a permitir o acesso direto dos visitantes. O setor social encontra-se no coração do terreno, assumindo papel articulador em relação aos espaços circundantes. Esse núcleo da casa também possui uma parcela do setor de serviços, que ampara os espaços de socialização. Considerando a proporção entre setores, identifica-se a predominância do setor íntimo com Figura 205: Diagrama grau de compartimentação CSH #24 Fonte: Da autora
60,32%, em seguida do social com 31,03% e de serviços com 8,65%. Isso se deve ao fato de a residência possuir quatro quartos, um a mais que nos projetos analisados anteriormente. Outro fator que interfere é o fato de a maioria dos espaços sociais serem espaços abertos, os quais não foram contabilizados nesse cálculo. O
diagrama
de
compartimentação
demonstra
uma
sequência
dos
espaços
mais
compartimentados que serve de barreira acústica para o setor íntimo, locado nos fundos do conjunto. Calculando a proporção, encontram-se: 31,03% baixa compartimentação; 28% média; 40,97% alta. Isso ocorre porque os espaços pouco compartimentados são externos (não foram incluídos no cálculo) e porque, sendo a casa é dividida em dois blocos, são necessários mais Figura 206: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #24 Fonte: Da autora
espaços que amparem os demais (compartimentados). Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição A circulação parte da garagem, portal de entrada da casa, de onde o fluxo é dividido em dois percursos: um a leste e outro a oeste. Na parte externa, os fluxos são organizados
Figura 207: Diagrama volume CSH #24 Fonte: Da autora
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em linha, enquanto, nos ambientes internos, são ramificados. Esse aspecto facilita o entendimento do percurso, atribuindo legibilidade ao conjunto. Analisando-se o número de acessos a cada um dos ambientes, identifica-se que 68,9% possuem três ou mais acessos; 19,95%, dois acessos; 11,15%, acesso único. Constata-se, portanto, predominância dos espaços distribuidores de fluxos, em virtude de a planta ser aberta e flexível.
Figura 208: Diagrama subtração/adição CSH#24 Fonte: Da autora
O diagrama de volume apresenta a operação subtrativa que foi realizada no conjunto. Observase ali uma composição introspectiva, na qual os espaços abertos surgem da subtração do volume maior: o retângulo delimitado por muros de contenção. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção A composição da planta está baseada em uma malha regular quadrada de módulo 2’ x 2’, que gera espaços com dimensões de 6’; 10’; 12’; 20’ e 24’. Os volumes são configurados por retângulos que se organizam de forma sequencial (bloco dormitórios) ou de forma interseccionada (bloco social e hóspedes).
Figura 209: Diagrama ritmo e geometria CSH #24: Planta baixa/ Fonte: Da autora
O pé-direito da edificação possui 9 pés (274,32cm). As variações de alturas, como muros e pergolados, segue um módulo de 2 pés. O posicionamento das aberturas segue o módulo da
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planta. O diagrama de equilíbrio/proporção demonstra que a ordem é estabelecida pelo módulo de 12’ x 12’ em todo o conjunto. Tanto as áreas externas como as internas seguem essa modulação.
Figura 210: Diagrama ritmo e geometria CSH #24: Elevações/ Fonte: Da autora
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O equilíbrio do conjunto encontra-se nos eixos X e Y, que surgem do centro geométrico da composição e que também estão situados no centro da sala de estar. Talvez essa coincidência tenha sido uma proposta dos arquitetos que desejavam destacar a importância desse espaço, uma vez que é ali que ocorreriam as reuniões familiares. Nesse diagrama, percebe-se a composição simétrica que estabelece o equilíbrio do conjunto. Visualiza-se claramente o diálogo que os volumes estabelecem entre eles. Ou seja, assim como o volume B intersecciona o volume maior A, o volume A projeta-se através do vazio no volume C, estabelecendo assim harmonia no conjunto. Nas elevações, identifica-se o estabelecimento das alturas através do diagrama de proporção. Figura 211: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #24: planta baixa/ Fonte: Da autora
Percebe-se que a altura do conjunto é delimitada pelo módulo de 6’ x 6’ mais meio módulo de altura (3 pés), totalizando 9 pés. Hierarquia Tendo em vista os diagramas anteriores, verifica-se que o espaço de destaque na composição é a sala de estar. Isso se deve a três fatores: sua localização centralizada, seu tamanho que se destaca
Figura 212: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #24: elevações/ Fonte: Da autora
dos demais, sua forma regular, delimitada por um quadrado de 24’ x 24’. Outros fatores que determinam sua importância são a grande quantidade de acessos, sua função centralizadora, sua configuração interna. O desnível proposto no centro desse espaço simboliza o núcleo familiar da casa.
Figura 213: Diagrama hierarquia CSH #24 Fonte: Da autora
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Estrutura O sistema é composto de vigas e pilares de aço, os quais seguem o módulo da malha ordenadora de 2’ x 2’. No bloco principal, os vãos entre pilares possuem 6 pés (182,88cm), a mesma medida empregada no bloco dos dormitórios. Os maiores vãos encontram-se na garagem e chegam a medir 28 pés (853,44cm) nas vigas de bordo. As vigas em balanço (garagem) medem 8 pés (243,84 cm) e as do pergolado, 14 pés (426,72cm).
Figura 214: Diagrama estrutura CSH #24 Fonte: Da autora
Cobertura O diagrama demonstra o conceito de horizontalidade que os arquitetos imprimiram no projeto. A cobertura plana e contínua assume o papel de interligar os volumes, de forma a proteger os percursos e atribuir unidade ao conjunto.
Figura 215: Diagrama cobertura CSH#24 Fonte: Da autora
/
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Case Study House #26 | 1962
De acordo com SMITH (1989), a primeira versão da CSH#26 foi documentada por Esther McCoy como um estudo em progresso, que nunca foi publicado na revista Arts & Architecture. Essa residência, planejada por Kllingsworth, Brady e Smith, foi baseada em uma estrutura préFigura 216: Maquete CSH #26: vista noroeste Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962
fabricada, desenvolvida pelo arquiteto e engenheiro Willian Nugent. Ele obteve sucesso pela criação de um novo material e pela estrutura que poderiam ser aplicados universalmente para casas de baixo custo de produção em massa. Trabalhando com pesquisa, ele desenvolveu um sistema de painéis e colunas baseado na combinação de colunas de concreto e espuma de estireno.
Figura 217: Maquete CSH #26: vista sul Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962
Depois de testar o sistema em oito protótipos de casas no deserto, esse material foi utilizado inicialmente para suprir as necessidades do sul da América do Norte. Nesse desenho, Killingsworth, Brady e Smith adaptaram o método de Nugent para a CSH #26 como forma especulativa, situada, em San Diego, numa colina com vista para o oceano. Em virtude da coesão do sistema e da modulação, eles acreditavam que eram possibilidades inovadoras para acelerar a construção residencial. O projeto nunca foi executado, tampouco seus componentes desenvolvidos e aplicados em grande escala.
Figura 218: Maquete CSH #26: vista oeste Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962
172
AMOSTRASGRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #26
Figura 219: Planta baixa e elevações CSH #26 Fonte: Da autora
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AMOSTRAS GRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #26
Figura 220: Vista aérea noroeste CSH #26 Fonte: Da autora
Figura 221: Vista aérea nordeste CSH #26 Fonte: Da autora
Figura 222: Vista do observador: acesso pedestres CSH #26 Fonte: Da autora
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AMOSTRAS GRÁFICAS
C A S E S T U D Y H O U S E #26
Figura 223: Percurso CSH #26 Fonte: Da autora
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Análise Gráfica Case Study House #26 Implantação
Conforme percebe-se na implantação, a Case Study House #26 seria construída no topo de uma colina. O campo de visão ali existente serviria como inspiração para o partido da residência. O acesso de veículos situa-se na porção norte do terreno, por meio de duas vias que terminam em uma ampla área pavimentada para estacionamento. O acesso para a garagem se dá paralelamente à rua. O acesso de pedestres é frontal em relação ao pilotis e perpendicular em relação ao acesso principal da casa. O perímetro é delimitado por um espelho d’água que serve como barreira física no sistema de fluxos. A implantação de pilotis, na porção oeste do terreno, tinha o objetivo de integrar a casa com o entorno circundante, pois o conjunto de pilares e o plano de cobertura emolduravam a paisagem em direção ao Oceano Pacífico. A sequência de imagens do percurso ressalta a qualidade espacial do pilotis que, através do vazio, estimula a contemplação da paisagem. Percebe-se ali que o ritmo provocado pela sequência de pilares, o efeito cristalino da água e a existência de um elemento contemplativo, a estátua, são Figura 224: Implantação CSH #26 Fonte: Da autora
aspectos relevantes para a concepção da poética nesse espaço. Entretanto, não foi observada nenhuma barreira física no eixo de circulação do pilotis, tendo em vista a predominância dos ventos do oeste. Os dormitórios voltam-se para o norte,
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buscando assim temperaturas mais amenas. Foi implantada vegetação e uma barreira de vidro em frente à ala íntima, a fim de manter a privacidade e atenuar os ruídos vindos da rua. A vegetação na parte frontal da residência também servia como barreira visual e transição entre a parte pública e a privada. Acessos/perímetro - Opacidade/transparência No diagrama de acessos/perímetro identifica-se a hierarquia dos acessos no conjunto. O acesso
Figura 225: Diagrama acessos/perímetro CSH #26 Fonte: Da autora
de veículos se dá paralelamente à casa. O de pedestres é frontal ao pilotis. Em seguida, a direção do percurso é alterada, de forma que o usuário é direcionado para a esquerda, para ter acesso direto aos interiores. Talvez essa mudança de direção tenha sido uma estratégia para despertar interesse do usuário, como um convite a sensações que a arquitetura poderia lhe proporcionar. Não existem acessos secundários à casa, pois o espelho d’água serve de barreira física na circulação externa. No entanto, era exatamente este o propósito de tal elemento: direcionar o pedestre por apenas uma opção de acesso, incentivando a contemplação da área de pilotis.
Figura 226: Diagrama opacidade/transparência CSH #26 Fonte: Da autora
Observando o diagrama de opacidades, percebe-se a predominância da transparência e, ao mesmo tempo, do vazio, nessa arquitetura. A área de pilotis serve de espaço intermediário que antecede o núcleo da casa. Sua extensão, que assume metade das elevações norte e sul, desperta
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interesse no transeunte.
Figura 227: Diagrama setorização CSH #26 Fonte: Da autora
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Setorização/ grau de compartimentação Os setores da casa se organizam em alas bem delimitadas e de forma aglomerada. O primeiro quadrante, que tem acesso ao exterior, é destinado ao setor social. A ala íntima é configurada por uma sequência de espaços na porção frontal do edifício. O setor de serviços é distribuído na garagem e na porção central da planta, como forma de conexão entre as demais alas. Considerando a proporção entre setores, identifica-se a predominância do setor social com Figura 228: Diagrama grau de compartimentação CSH #26 Fonte: Da autora
41,73%, seguido pelo íntimo com 37,32% e pelo de serviços com 20,95%. A proximidade dos valores do setor íntimo e social deve-se ao fato de os dormitórios e o quarto de banho possuírem dimensão maior que o normal, além da existência da circulação em formato de L. O diagrama de compartimentação revela que os espaços muito compartimentados encontram- se distribuídos em dois núcleos: o da cozinha e o de banheiros e closet, na área íntima. Observa- se também que esses espaços se encontram entre os setores íntimo e social de forma a proteger a parte íntima da casa dos ruídos da área social. Calculando a proporção dos espaços compartimentados, encontram-se: 53,72% baixa compartimentação; 19,62% média; 26,66% alta. O alto percentual dos espaços mais
Figura 229: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #26 Fonte: Da autora
Figura 230: Diagrama volume CSH #26 Fonte: Da autora
compartimentados se deve à existência de corredores que conectam os diferentes setores.
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Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição A circulação parte do estacionamento e segue para garagem ou em direção à entrada de pedestres. Organiza-se de forma linear externamente e ramifica-se na parte interna da casa. Observando o diagrama, percebe-se que a circulação pode ser cíclica em alguns momentos, por exemplo, no centro da planta, sendo possível partir do jardim interno, acessar o estar, o jantar e assim retornar para o jardim inicial, seguindo em direção à ala íntima.
Figura 231: Diagrama subtração/adição CSH#26 Fonte: Da autora
Esse jardim interno serve de interface entre o estar social e os dormitórios, promovendo a privacidade familiar. Analisando-se o número de acessos a cada um dos ambientes, identifica-se que 49,64% possuem três ou mais acessos; 12,52%, dois acessos; 37,84%, acesso único. O alto percentual dos espaços com acesso único reflete o fato de nenhum ambiente possuir acesso para o exterior, gerando assim maior quantidade de espaços estáticos. A predominância dos espaços com mais de três acessos ressalta a característica dos espaços internos contínuos e fluídos. O diagrama de volume demonstra a operação subtrativa que foi realizada na área de pilotis.
Figura 232: Diagrama ritmo e geometria CSH #26: Planta baixa/ Fonte: Da autora
Percebe-se que o conjunto possui formato quadrangular com a adição de um retângulo. Ritmo - Geometria – Equilíbrio/proporção
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A planta baixa da composição está baseada em uma malha regular quadrada de módulo 6’ x 3’, que gera espaços com dimensões de 12’, 18’, 24’ e 30’. O volume principal é configurado por um retângulo de proporção 4:3. A área de pilotis é delimitada por um retângulo. Nas elevações, o módulo utilizado para estabelecimento das alturas foi de 2 pés, resultando
Figura 233: Diagrama ritmo e geometria CSH #26: Elevações/ Fonte: Da autora
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em 10 pés (304,8cm )de altura no pilotis, 8 pés (243,84cm) no volume mais baixo dos banheiros e 12 pés (375,76cm) no jardim interno. Apesar de a composição do volume principal ser simétrica, o eixo de equilíbrio encontra-se no centro geométrico do conjunto (eixo X e Y). O eixo Y coincide com o perímetro frontal da casa e o eixo X coincide com a delimitação do espelho d’água. Os ambientes são definidos pelo módulo de 24’ x 24’ em toda a extensão da parte principal, com exceção da garagem que se afasta um módulo (3 pés) em relação à residência. Identifica-se Figura 234: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #26: planta baixa/ Fonte: Da autora
também o conceito de espaço dentro de outro espaço, pois o jardim interno está centralizado no volume principal. Nas elevações, percebe-se que o estabelecimento da maior altura (12’) surgiu pelo sistema de proporção estabelecido em planta. Ou seja, pode-se estabelecer relações entre as partes através do módulo de 12’ x 12’. Hierarquia
Figura 235: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #26: elevações/ Fonte: Da autora
Sob o ponto de vista do conjunto, o espaço que possui maior importância – por seu tamanho, formato e localização – é o jardim interno. Esse espaço, que possui maior área interna, é configurado por uma forma retangular com pé-direito mais alto que os demais espaços. Essa diferenciação de altura tem o intuito de destacar esse ambiente, por ser o jardim interno que antecede todos os espaços da casa. Além disso, o eixo de circulação principal de acesso tem esse espaço como ponto focal no percurso.
Figura 236: Diagrama hierarquia CSH #26 Fonte: Da autora
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Estrutura O sistema estrutural é composto por pilares de concreto espaçados seis pés (182,88cm) no sentido X e vinte e quatro pés (731,52cm) no sentido Y. Devido à extensão do vão maior, os pilares foram reforçados, aumentando sua seção para 30x15 cm. Todos esses elementos são posicionados de acordo com a malha ordenadora de 6’ x 3’.
Figura 237: Diagrama estrutura CSH #26 Fonte: Da autora
Cobertura O diagrama apresenta a horizontalidade proposta pelos arquitetos, mostrando que as diferenças de altura provocam movimento na composição. A cobertura é leve e plana e segue em mesma altura em toda extensão do bloco principal, com exceção do quadrante do jardim interno, que possui diferença de altura. Esse movimento permitiu a entrada de luz natural nesse espaço confinado.
Figura 238: Diagrama cobertura CSH#26 Fonte: Da autora
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4.2 SÍNTESE DAS ANÁLISES GRÁFICAS
São apresentadas, a seguir, as características mais relevantes dos projetos abordados. A intenção dessa síntese é salientar os conceitos e as lições de arquitetura que foram absorvidos no decorrer dessa pesquisa.
Implantação A maioria das cases foram propostas em sítios urbanos, que tinham dimensões bem definidas e existência de vizinhança. Em outras, não foi especificada a localização do sítio, tampouco suas dimensões. No que se refere à implantação das casas nos terrenos, destacam-se algumas características comuns, como a separação de acessos de pedestres e de veículos e o uso de vegetação como forma de proteção contra os ventos predominantes do oeste. Algumas características como estacionamento para visitantes, grandes recuos na parte frontal do terreno e barreiras vegetais para resguardo da privacidade da família também foram recorrentes. A existência de muros altos foi observada em uma pequena parcela, como garantia da segurança e da intimidade dos moradores. Em todas as cases foram observados espaços abertos incorporados às residências. Ressaltam-se algumas características específicas de cada case. Na CSH #4, a hierarquia do Greenbelt estava nítida na implantação, pois a natureza adentrava a casa, como se essa lhe pertencesse. O acesso de pedestres era centralizado e frontal, destacando a simetria
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das fachadas. Outros elementos soltos no terreno, como as sequências de ripas, tinham o intuito de orientar o percurso dos pedestres, bem como de criar barreiras (mesmo que permeáveis), garantindo a privacidade das áreas abertas. As cases #5 e #12 tiveram partidos semelhantes no que diz respeito à implantação da casa em níveis, partindo do ponto mais alto do lote. Essa estratégia, além de adequar o edifício ao perfil natural do terreno, provocava aos usuários sensação de descoberta . Smith implantou elementos que direcionavam a entrada do pedestre na residência. Na case #5, o arquiteto situou árvores em sequência no acesso. Na #12, a orientação era dada por meio de um muro de contenção de terra. Em ambas, os espaços abertos complementavam o programa, de modo que cada dormitório possuía sua respectiva varanda. A case #5 diferia da #12, pois possuía uma proposta introspectiva, enquanto a #12 convidava a entrada do usuário na casa através da garagem aberta e da transparência da casa de ripas. As cases #6 e #13 eram vizinhas. Neutra propôs um partido de forma que uma não interferisse na privacidade da outra, implantando a case #6 na parte frontal do terreno e a #13 na parte posterior. Os acessos de cada uma delas foram distanciados, assumindo-as como unidades independentes. O setor social foi locado a norte em ambas, evitando a conexão visual entre elas. No entanto, havia um patamar intermediário que visava à integração entre as duas casas, que seria um espaço para brincar e/ou plantar videiras. Os acessos secundários eram diversos em ambas, o que facilitava a comunicação entre as unidades. As cases #6 e #13 de
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Neutra, foram planejadas harmoniosamente em conjunto, por serem as unidades independentes, porém interligadas. De todas as cases apresentadas, a #19 era a que apresentava composição esparsa no terreno. O arquiteto tirou partido da planície, evitando a monotonia e provocando sensações nos usuários. Esses estímulos aconteciam por meio de alargamentos e estreitamentos no percurso, despertando o interesse do usuário. Os elementos ritmados também provocariam a sensação de orientação e de envolvimento com a edificação. A case #24 propunha um recorte no terreno como forma de atenuar o ruído vindo da vizinhança. Essa composição simétrica utilizava-se da vegetação em seu entorno, que contribuía para o conforto acústico. O percurso externo proposto pelos arquitetos orientava o acesso à casa através de um caminho coberto que protegia e, ao mesmo tempo, promovia o contato com a natureza. Como a casa era composta por dois volumes principais, os espaços abertos circundantes assumiam papel importante nesse projeto. Em termos de visuais, o terreno que possuía maior campo de visão era o da case #26. Situada no topo de uma colina, essa casa propunha a contemplação da paisagem através do vazio. O uso de pilotis no acesso principal despertaria interesse no pedestre. Os percursos Tendo em vista as constatações expostas, considera-se que os percursos fazem parte de uma proposta arquitetônica, pois conduzem as pessoas a descobertas. A estratégia de provocar estímulos/expectativas nos usuários agrega valor simbólico ao espaço construído.
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Acessos/perímetro – Opacidade/transparência Na case #1, os acessos principais eram na parte frontal e recuados em relação à rua, criando uma área verde intermediária. Os acessos secundários estavam em todos os setores da casa, reforçando a permeabilidade da residência. O acesso a unidade de hóspedes no segundo pavimento era dependente da casa, sendo necessário acessar o hall para subir as escadas. Havia equilíbrio entre cheios e vazios. Todos os cômodos possuíam grandes aberturas, porém as áreas de serviços e as garagens eram fechadas. A casa Greenbelt possuía acesso central, direcionando a entrada no jardim interno. Foi proposto movimento na fachada através da aplicação de painéis translúcidos/ opacos, móveis ou fixos, existindo assim equilíbrio entre cheios e vazios. O conceito da casa era claro: mostrar a paisagem interna através da transparência. Na case #5, o acesso principal era frontal e dividia-se em para veículos e para pedestres (lateral). Os acessos secundários estavam espalhados por todo o perímetro, destacando a acessibilidade e a permeabilidade da residência. O afastamento dos volumes internos gerou a existência de hall secundário. Havia equilíbrio entre opacidades e transparências. Nas cases #6 e #13, Neutra privilegiou uma visão controlada e agradável aos usuários, posicionando as aberturas de forma estratégica. Na case #5, o grande número de acessos secundários demonstra a independência entre os ambientes, além de facilitar a comunicação com a case 13. As aberturas dos dormitórios estavam situadas a norte, uma vez que a fachada sul se torna muito quente no verão.
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Na casa Alpha, o acesso linear frontal, onde existiria um pergolado de madeira para demarcar o acesso, tinha o intuito de diferenciar os espaços públicos e privados e proporcionar sensação de acesso através do percurso destinado aos pedestres. O perímetro era fechado na garagem, nos depósitos e na fachada sul na suíte. Na #12, existiam acessos secundários em todos os ambientes, menos na cozinha e nos banheiros. Os fechamentos leves de ripas de madeira proporcionavam transparência e esses espaços abertos faziam parte da casa. Na #19, havia diversos acessos em todos os setores, gerando a integração entre os interiores e a natureza. Na case #24, também havia diversos acessos secundários, inclusive o acesso independente ao dormitório de hóspedes. Na maioria das cases, todos os ambientes possuíam acesso exterior, destacando a permeabilidade e a flexibilidade dos projetos, além da integração com os espaços externos. A case #26, se diferenciava das demais, pois o espelho d’água era uma barreira física que acarretava a existência de um único acesso. Na case #26, predominava a transparência, diferente das demais que a equilibravam com a opacidade.
Setorização – grau de compartimentação Na case #1, o setor de serviços foi locado nas extremidades, liberando o centro da casa para espaços de lazer. No entanto, em algumas áreas, a privacidade ficou comprometida, como no dormitório da filha situado ao lado da área coberta, que era social.
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Como na maioria das cases, o setor de serviços era voltado para a rua, enquanto os espaços de permanência ficavam na parte posterior da composição, atenuando assim os ruídos vindos da rua. Nessa case, o setor íntimo é predominante, em virtude da existência da unidade de hóspedes no pavimento superior. As porcentagens dos espaços pouco, médios e altamente compartimentados ficaram com valores similares, pois as áreas sociais externas não foram contabilizadas. Na casa Greenbelt, o setor íntimo ficou separado do de serviços, pois eles foram implantados em alas opostas. Os dormitórios foram situados na porção norte, visando a temperaturas mais amenas, assim como em outras cases. O cinturão verde e a sala de estar foram considerados sociais, pois são integrados. Ressalta-se que, quando as divisórias da casa estão todas abertas, a residência pode ser interpretada como um grande pavilhão social. Tendo em vista que esse setor é predominante e os espaços pouco compartimentados também, pode-se definir a planta da case #4 como aberta e flexível. No entanto, como as divisórias entre setores são leves, o grau de privacidade na ala íntima fica comprometido. Além disso, a fachada oeste da casa é aberta, prejudicando a intimidade da suíte do casal. Na case #5, a loggia possui importante papel na composição, uma vez que é configurada por um grande vazio no coração da casa. A maior parte dos ambientes é pouco compartimentada, permitindo a legibilidade interna.
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A casa Ômega é configurada por uma planta em cruz – situando os setores em diferentes alas que se comunicam com seus respectivos pátios. Apesar de o arquiteto ter locado o setor íntimo na parte posterior do terreno, a fim de manter sua privacidade, Neutra não utilizou o mesmo princípio na localização do ‘dormitório 1’. Ou seja, a abertura desse ambiente ficou voltada para a parte frontal da casa, onde existe um acesso secundário à cozinha. Esse dormitório ficou muito próximo à sala de jantar, ambiente social que pode vir a comprometer o conforto acústico da ala íntima. Outro aspecto que compromete a privacidade desse dormitório é o fato de que, para se acessar o dormitório 2, é necessário passar por esse ambiente. Disto se conclui que esse dormitório era destinado aos hóspedes, os quais ficariam ali temporariamente, não necessitando do mesmo grau de privacidade que as demais áreas íntimas. Outra possibilidade seria a especificação desse ambiente como dormitório das crianças, que necessitariam amparo constante da família (razão pela qual os dormitórios eram interdependentes). Nessa case, o setor predominante era o íntimo, pois esse foi separado em duas partes. Além disso, as áreas externas sociais não foram contabilizadas. Esse fato ressalta a importância dos espaços abertos como espaços de convivência da residência. A casa Alpha possui planta com configuração em L, separando os setores íntimo e de serviços em duas alas, articulados pelo setor social que era predominante. Entretanto, a autonomia entre os setores de serviços e íntimo ficou comprometida, pois, para acessar um e outro, se deveria passar pela área social.
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Na case #19, a planta apresentava configuração em H, separando os setores íntimo e social/serviços em duas alas. O setor predominante era o social e os ambientes pouco compartimentados. Na case #24, o setor dominante era o íntimo, sendo os espaços altamente compartimentados. Isso se deve ao fato de as áreas abertas complementarem o programa do setor social. Na case #26, os setores foram locados em alas bem delimitadas, de forma que o setor social e os espaços pouco compartimentados prevaleciam na composição. Ressalta-se que, geralmente, o alto grau compartimentação coincide com o setor de serviços, e a baixa compartimentação, com o setor social. Tendo em vista os princípios modernos da planta aberta e fluída, esperava-se que todas as cases apresentassem predominância do setor social e de espaços pouco compartimentados. No entanto, isso foi conferido em algumas casas, mas, em outras, observou-se a predominância dos espaços íntimos e médio compartimentados. Esse fato retoma a importância dos espaços abertos como áreas de convivência, tendo em vista que essas áreas não foram contabilizadas nos cálculos de setorização e compartimentação. A sala de jantar Em termos modernos, esperava-se a integração total da sala de jantar com a sala de estar na maioria dessas cases. No entanto, isso não foi observado, pois esse conceito não foi aplicado plenamente (a sala era integrada nas cases #1, #4, #12, #24 e #26). Algumas das casas
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apresentavam ainda características convencionais, como a delimitação rígida da sala de jantar (#6). Outras apresentavam essa interface parcialmente aberta (cases #5, #13 e #19), seja por portas de correr, muretas ou mesmo mobiliário, ensaiando os princípios da planta flexível. A cozinha americana A ideia de espaços integrados e fluídos foi observado na maioria das cases, no entanto não foi implantado em todas o conceito de cozinha americana. Do conjunto analisado, somente três casas apresentavam configuração da cozinha aberta, integrada ao espaço social (as CSH #4, #19 e #24). As demais, ou eram completamente delimitadas por paredes, como as cases #1, #6, #12 e #26, ou parcialmente abertas, como as cases # 5 e #13, o que demonstra certa permanência da tradição. A busca pela quebra da tradição não foi, portanto, plenamente aplicada, por haver ambientes livres em determinados espaços, mas com separação rígida nos serviços.
Circulação/ espaço-uso – Volume – Subtração/adição Geralmente, foram encontrados três tipos de circulação: linear, ramificada e cíclica. Nos espaços externos, ou seja, nos percursos estabelecidos pelos arquitetos, encontrava-se circulação em linha. Nos interiores, essa circulação era distribuída entre os diversos ambientes. Na maioria das cases, observava-se a circulação cíclica, ou seja, partindo de um cômodo, era possível voltar a ele por outro trajeto. Essa característica demarca a flexibilidade das plantas.
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Quando a casa era configurada em alas, em decorrência da configuração em cruz, L ou H, a circulação nesses volumes era linear. No que diz respeito ao número de acessos aos ambientes, nas cases #1, #4, #5, #13, #12, #19, #24 e #26, prevaleciam os espaços com mais de três acessos. Na case #6 prevaleciam os espaços com dois acessos. Tal resultado demonstra a fluidez das plantas. Quanto à volumetria e ao diagrama de adição/subtração, identificou-se partido subtrativo em todas as cases (mesmo com pequenas adições). Esses espaços abstraídos do volume geral, usualmente eram áreas abertas de convivência, incorporadas à organização da casa. Essa pode ser considerada a característica principal encontrada nas análises desse conjunto de projetos. Ressalta-se o papel da circulação que tende a estimular os sentidos, criando expectativa a respeito da sequência dos espaços, até atingir o espaço principal, onde geralmente se encontra a lareira. A lareira Com base nos diagramas, nota-se que, normalmente, as lareiras não estavam localizadas no centro da composição do conjunto, mas em uma posição de destaque na sala de estar. A lareira, considerada o coração da casa nos anos precedentes, agora assumia hierarquia diferente, podendo estar configurada de diversas formas.
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A lareira podia assim estar situado no ambiente: - no centro da composição, porém alinhada à parede lateral da entrada (#1 e #13); - no centro da composição, solta no ambiente (# 4); - deslocada do centro da composição, alinhada à parede lateral da entrada (#5); - deslocada do centro da composição, solta no ambiente (#12, #19, #26); - cases que não possuem lareira (#6, #24). De acordo com esse levantamento, verifica-se que a lareira era frequentemente situada em um local que exigia da pessoa um percurso não linear, cuja descoberta era gradativa. Ou seja, para visualizar a lareira frontalmente, devia-se percorrer um caminho desde o acesso até o ambiente principal e se virar, com algumas exceções, como nas cases #12 e #19. Em todas as casas, a lareira estava situada no ambiente principal da casa. No entanto, isso não significa que estivesse em uma configuração simétrica. Pelo contrário, na maioria dos projetos, ela estava deslocada do centro da composição. Ou seja, a lareira posicionava o centro articulador da casa, em um espaço assimétrico. A garagem Todas as casas apresentavam garagem, pois o automóvel era símbolo da vida moderna. Geralmente, a garagem se situava em um volume secundário do conjunto da residência, em um
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espaço aberto e autônomo. Poderia estar incorporada (cases #4, #19 e #26) ou integrada ao conjunto (cases #1, #5, #6, #13, #12 e #24). Os espaços abertos Conforme abordado anteriormente, os espaços abertos eram incorporados à configuração da casa, fazendo parte dessa unidade. Isso acontecia com frequência nos projetos, pois o clima da Califórnia requer espaços abertos para lazer.
Ritmo –Geometria – Equilíbrio/proporção Os diagramas mostraram a importância da adoção de uma malha regular ordenadora de todos os elementos do projeto. Essa malha tinha como objetivo padronizar os materiais e evitar desperdícios na construção. O módulo empregado em planta geralmente era adotado no estabelecimento das alturas, a fim de estabelecer coerência entre planta e fachadas. Essa malha poderia ser de 2’x2’ (#1, #4,#12, #24) ; 5’x 5’ (#5); 6’x6’ (#6, #26); 1,5 ‘x 1,5’ (#13); ou 2,5’x2,5’ (#19). Observou-se que as casas de Neutra seguiam múltiplos de 3 pés, medida empregada na modulação das casas japonesas, as quais eram referência para o arquiteto. A geometria das casas geralmente era regular, configurada por quadrados ou retângulos organizados de forma aglomerada. A geometria e a proporção dependiam do sistema de unidades adotado em cada uma das casas, de acordo com as dimensões dos materiais pré-fabricados.
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Hierarquia O diagrama de hierarquia tinha como objetivo definir qual o ambiente de destaque na composição do conjunto. Geralmente, era um espaço social, a sala de estar. Essa eleição de um ambiente dependia de seu formato diferente dos demais, do tamanho (menor ou maior) e da localização de destaque (exemplo: percursos que levavam até esse espaço.) No conjunto de projetos analisados, encontraram-se os seguintes espaços hierárquicos mais importantes: #1 sala de estar, #4 Greenbelt, #5 Loggia, #6 área externa de serviços e sala de estar, #13 sala de estar, #19 área de lazer e sala de estar, #24 sala de estar e #26 jardim interno. Aqueles ambientes com configuração diferente da convencional eram, geralmente, os espaços mais importantes da composição. Obs: Na case #6, elegeu-se a área externa de serviços como o espaço hierárquico mais importante, pois essa área antecede a entrada na casa, servindo de soleira entre o espaço público e o privado. No entanto, poderia se considerar a sala de estar como o espaço dominante, uma vez que ela é o maior ambiente da casa, possui pé-direito alto e conecta os ambientes internos à área externa social.
Estrutura Os diagramas de estrutura evidenciaram que a maioria dos materiais empregados era préfabricada e com estrutura de aço. Era utilizado um módulo ordenador da construção, que determinava também as paredes portantes de alvenaria.
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Ao se observar os vãos apresentados anteriormente, não foi constada nenhuma incompatibilidade de estabelecimento de medidas em consonância com o material a ser empregado. Ressalta-se que a estrutura é inseparável do conjunto e não pode ser dissociada de vedações e fechamentos. A utilização de novos materiais, como o aço, gerou condições para um novo tipo de arquitetura.
Cobertura Na maioria das cases, foi proposta laje plana contínua, realçando a horizontalidade do conjunto. No entanto, houve três exceções: as cases #4, #6 e #13, que possuíam conceitos coerentes com o tipo de cobertura. Para a case #4, Rapson propôs o telhado em formato borboleta, pois desejava demarcar o volume em que o Greenbelt estava inserido, além da expressão de uma linguagem futurista. As cases #6 e #13 possuíam cobertura inclinada, em consonância com o caimento do terreno, integrando-se assim ao contexto preexistente. No emprego de laje em balanço em partes do perímetro, observou-se a necessidade de proteção dos usuários. A laje plana reforça a horizontalidade da edificação de forma a se integrar com o terreno e garantir uma escala humana. As coberturas, quando em diferentes alturas, poderiam provocar a sensação de movimento nas fachadas. As lajes planas e contínuas buscavam estabelecer a unidade do conjunto.
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Os conceitos modernos de continuidade e plasticidade estão presentes nos elementos arquitetônicos como os que compõem a estrutura do edifício e seus fechamentos. A continuidade ocorre quando os elementos estão integrados, formando uma unidade. A plasticidade é a aparência estética decorrente da continuidade, ou seja, a verdadeira estética da realidade estrutural orgânica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo apresentou uma avaliação da parcela não construída do programa Case Study Houses, como forma de contribuição ao conhecimento. Explicitaram-se os dados que basearam a formulação dos problemas pelos arquitetos, como o perfil do cliente e os condicionantes físicos, climáticos, econômicos, impostos ou não pelos próprios profissionais. Com referência ao projeto, sabe-se que o processo inicia com algum tipo de problema e termina com algum tipo de solução. No entanto, é comum se verificar que os elementos de soluções, mais que os problemas, começam a surgir bem no início do processo. (LAWSON, 2011, p. 172). Tendo em vista esses aspectos, Lawson (2011, p. 117) explica: “[...] não é possível esperar que muitos componentes dos problemas de projeto surjam antes que haja alguma tentativa de gerar soluções”. Na verdade, muitas características dos problemas de projeto talvez nunca sejam totalmente reveladas, pois eles costumam ser cheios de incertezas tanto a respeito dos objetivos quando de sua prioridade relativa. Aqui se propõe que o ato de projetar é uma questão de encontrar problemas, além de resolvê- los (sendo essas soluções de projeto uma contribuição para o conhecimento). Muitos problemas de projeto contemporâneos também resultam da atividade de projetar anterior.
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Cada projeto, quer construído quer existente somente no papel, representa um tipo de progresso. Essas constatações devem servir de base sobre a qual avança o conhecimento do ato de projetar. Essa atividade pode ser considerada um tipo de processo investigativo, como uma forma de pesquisa. Deve-se reconhecer que, além de depender do futuro, os projetistas também podem ajudar a criá-lo. O ato de projetar não deve servir apenas para aumentar a estabilidade do mundo feito pelo homem, mas alterar as coisas que determinam o caminho para seu desenvolvimento. (CHRIS JONES, 1970 apud LAWSON, 2011). Os projetos, os problemas e as soluções são inexoravelmente interdependentes. Obviamente, não faz sentido estudar soluções sem fazer referência aos problemas, sendo o inverso igualmente improdutivo. Ao se projetar, os problemas podem sugerir características das soluções, mas essas soluções, por sua vez, podem criar problemas novos e diferentes. Essa dissertação se propôs a apresentar as características importantes dos problemas e das soluções dos projetos, bem como as lições que se podem aprender a respeito da natureza do próprio processo de projeto. Não se deve considerar que os pontos, a seguir explicitados, constituam uma lista abrangente de propriedades isoladas da situação do projeto, eles costumam estar intimamente interligados, havendo, portanto, alguma repetição. No entanto, tomados em conjunto, eles revelam um quadro geral da natureza do ato de projetar entre os anos de 1945 e 1966. Fatores como terreno, localização ou contexto específico em que um projeto será usado
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criam restrições externas que enfatizam a natureza individual e particular do projeto. (LAWSON, 2011, p. 99). O projeto da casa deve ter equilíbrio homogêneo entre as restrições externas e internas. Ao contrário de muitas edificações que o arquiteto pode projetar, a residência tem uma estrutura interna relativamente simples e fácil de entender. Contudo, o que torna difícil o planejamento interno é o problema de relacioná-la com as casas vizinhas e com outras características do terreno. (LAWSON, 2011, p. 99). Apesar de os problemas de uma casa permanecerem praticamente constantes, é importante ressaltar que cada terreno é único. Lawson (2011, p. 102) cita Norberg-Schultz (1966), que defende a importância do simbólico para determinar a distinção entre arquitetura e mera edificação. O citado autor diz que os valores humanos só podem ser preservados e mediados por formas simbólicas e que os fatores básicos da civilização exigem símbolos mais articulados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Imagem externa Casa Schindler-Chase: <http://www.studyblue.com/notes/note/n/slide-quiz-3/deck/6307359> Último acesso em: 05/04/14 Imagem Casa de Praia Lovell: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Lovell_Beach_House_02.jpg> Último acesso em: 07/04/14 Imagens exposição Blueprints for Modern Living: http://hplusf.com/project/blueprints-for-modern-living último acesso em: 05/01/15 Site oficial revista Arts & Architecture: http://www.artsandarchitecture.com/ Ultimo acesso em: 15/01/15 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AGUIAR, Douglas Vieira de. Alma espacial: o corpo e o movimento na arquitetura – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010. BAKER, Geoffrey H. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1984. BOESIGER, W. Richard Neutra: 1950-60 - Buildings and projects . New York, 1960. BORCHERDT, Helmut; TRAUB, Volker. Casas Unifamiliares en Estados Unidos. Barcelona: Editorial Gustavo Gili S. A., 1962. COMAS, Carlos Eduardo. Livre pensar é só pensar: Casa, Cidade e Pax Americana. Artigo publicado no site ArcoWeb. Disponível em: <arcoweb.com.br> Ultimo acesso em: 12/05/14). CHING: Francis D. K. Arquitectura: forma, espacio y ordem. 8. Ed. México: Gustavo Gili, 1993. CLARCK, Roger H. & PAUSE, Michel. Arquitectura: temas de composición. México: Gustavo Gili, 1997, 2ª edición. COOK, Peter. The Motive Force of Architecture. Great Britain: John Miley n Sons, 2008. COOK, Peter. Experimental Architecture. New York: Universe Books, 1970.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Tabela de Referência Case Study Houses | p. 60 Fonte: http://www.artsandarchitecture.com/case.houses/houses.html Quadro 02: Mapa Cronológico Case Study Houses | p. 50 Fonte: Da Autora Quadro 03: Mapa Cronológico Case Study Houses | p. 51 Fonte: Da Autora Quadro 04: Modelo Matriz de análise | p. 64 Fonte: Da Autora
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Cronograma dos projetos do programa Case Study Houses | p. 49 Fonte: Da autora Tabela 02: Comparação de dados entre as Case Study Houses não construídas | p. 69 Fonte: Da Autora Tabela 03: Comparação de dados entre as Case Study Houses construídas | p. 72 Fonte: Da Autora
LISTA DE FIGURAS Figura A: Casa em Alcudia, Maiorca, 1984. Alejandro de la Sota. | p. 27 Fonte: arquivo Alejandro de la Sota.
Figura B: Casa em Alcudia, Maiorca, 1984. Alejandro de la Sota. | p. 27 Maquete da exposição Arquitecturas ausentes del siglo XX, 2004. Fonte: arquivo Alejandro de la Sota.
Figura 01: Casa de campo: planta cruciforme e perspectiva (1873). | p. 27 Fonte: Livro “Casas suburbanas e casas de campo” Nova Iorque (WOODWARD, 1873 apud GIEDION, 2004). Figura 02: Casa Isabel Roberts: Planta e volumetria - River Forest, Illinois (1907) | p. 28 Fonte: GIEDION, 2004 e site http://www.prairiemod.com/ Último acesso em: 05/04/14. Figura 03: Casa Robie: Planta e volumetria - Woodlawn Avenue, Chicago (1908) | p. 29 Fonte: CURTIS (2008).
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Figura 04: Casa Schindler-Chase : Planta e volumetria | p. 31 West Hollywood, Califórnia (1921-1922). Fonte: STEELE, 2005 (legendas baseadas na planta do site ideasbase.blogspot.com.br). Último acesso em: 05/04/14. Figura 05: Casa de Praia Lovell: Perspectiva e volumetria | p. 32 Newport Beach, Califórnia (1923-26). Fonte: FRAMPTON, 2003 e site < http://en.wikipedia.org/> Último acesso em 07/04/14 Figura 06: Casa de Saúde Lovell | p. 33 Los Angeles, Califórnia (1927-29)./ Fonte: KHAN, 2008. Figura 07: Primeira Residência Jacobs | p. 36 Madison, Wisconsin, 1936-7./ Fonte: CURTIS (2008). Figura 08: Casa de Deserto de Kaufmann | p. 37 Palm Springs, Califórnia, 1946-1947./ Fonte: GÖSSEL (2013). Figura 09: Exhibition House, Museum of Modern Art (MoMa): planta e volumetria – NY, 1949/ Fonte: KHAN (2008). | p. 38 Figura 10 Casa Farnsworth: planta e fachada sul – Ilinóis, 1946-1951. | p. 39 Fonte: GÖSSEL (2013). Figura 11: Case Study House #4. | p. 43 Fonte: SMITH, 2009. Figura 12: Case Study House #5. | p. 43 Fonte: SMITH, 2009. Figura 13: Case Study House #6. | p. 44 Fonte: SMITH, 2009. Figura 14: Case Study House #8 | p. 44 Fonte: Da autora.
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Figura 15: Case Study House #8: entorno | p. 44 Fonte: Da autora. Figura 16: Case Study House #8: fachada | p. 45 Fonte: Da autora. Figura 17: Case Study House #9. | p. 45 Fonte: SMITH, 2009 Figura 18: Case Study House #21: vista frontal | p. 46 Fonte: Da autora Figura 19: Case Study House #21: vista dos fundos./ Fonte: Da autora | p. 46 Figura 20: Case Study House #22: vista da piscina | p. 47 Fonte: Da autora Figura 21: Case Study House #22: vista panorâmica | p. 47 Fonte: Da autora Figura 22: Case Study House #22: vista da sala de jantar e lareira | p. 48 Fonte: Da autora Figura 23: Case Study House #22: vista da cozinha | p. 48 Fonte: Da autora Figura 24: Perspectiva Case Study House #1: primeira versão. | p. 76 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945. Figura 25: Maquete CSH #1, térreo: primeira versão. | p. 76 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945. Figura 26: Previsão de outras duas unidades para aluguel. | p. 77 Fonte: Arquivo Universidade da Califórnia – Santa Bárbara (representação da autora). Figura 27: Suíte CSH #1: primeira versão. | p. 77 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, Fevereiro de 1945. Figura 28: Perspectiva CSH #1: segunda versão. | p. 78 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, 1948.
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Figura 29: Planta baixa CSH #1: segunda versão. | p. 78 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, 1948. Figura 30: Planta e elevações CSH #1 – primeira versão. | p. 79 Fonte: Da autora Figura 31: Vista oeste do observador CSH #1 | p. 80 Fonte: Da autora Figura 32: Vista aérea leste CSH #1 | p. 80 Fonte: Da autora Figura 33: Vista observador CSH #1 | p. 80 Fonte: Da autora Figura 34: Vista observador CSH #1 | p. 80 Fonte: Da autora Figura 35: Implantação CSH #1 | p. 81 Fonte: Da autora Figura 36: Diagrama acessos/perímetro CSH #1 | p. 82 Fonte: Da autora Figura 37: Diagrama opacidade/transparência CSH #1 | p. 82 Fonte: Da autora Figura 38: Diagrama setorização CSH #1 | p. 83 Fonte: Da autora Figura 39: Diagrama grau de compartimentação CSH #1 | p. 83 Fonte: Da autora Figura 40: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #1 | p. 84 Fonte: Da autora Figura 41: Diagrama volume CSH #1 | p. 84 Fonte: Da autora Figura 42: Diagrama subtração/adição CSH#1 | p. 85
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Fonte: Da autora Figura 43: Diagrama ritmo e geometria CSH #1: Planta baixa/ Fonte: Da autora | p. 85 Figura 44: Diagrama ritmo e geometria CSH #1: | p. 85 Elevações/ Fonte: Da autora Figura 45: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #1: planta baixa/ Fonte: Da autora | p. 86 Figura 46: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #1: elevações/ Fonte: Da autora | p. 86 Figura 47: Diagrama hierarquia CSH #1 | p. 86 Fonte: Da autora Figura 48: Diagrama estrutura CSH #1 | p. 87 Fonte: Da autora Figura 49: Diagrama cobertura CSH #1 | p. 87 Fonte: Da autora Figura 50: Planta baixa CSH #4 | p. 88 Fonte: SMITH, 2009. Figura 51: Perspectiva CSH #4: vista usuário. | p. 88 Fonte: SMITH, 2009. Figura 52: Perspectiva CSH #4: vista aérea | p. 89 Fonte: SMITH, 2009. Figura 53: Perspectiva CSH #4: vista interna estar. | p. 89 Fonte: SMITH, 2009. Figura 54: Perspectiva CSH #4: vista interna cozinha. | p. 89 Fonte: SMITH, 2009. Figura 55: Réplica CSH #4 na exposição Blueprints for Modern Living: vista externa. | p. 90 Fonte: http://hplusf.com/project/blueprints-for-modern-living ultimo acesso em: 05.01.15
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Figura 56: Réplica CSH #4 na exposição Blueprints for Modern Living: vista interna. | p. 90 Fonte: http://hplusf.com/project/blueprints-for-modern-living ultimo acesso em: 05.01.15 Figura 57: Planta e elevações CSH #4. | p. 91 Fonte: Da autora Figura 58: Vista aérea CSH #4 | p. 92 Fonte: Da autora Figura 59: Vista externa observador CSH #4 | p. 92 Fonte: Da autora Figura 60: Vista observador #4 | p. 92 Fonte: Da autora Figura 61: Implantação CSH #4 | p. 93 Fonte: Da autora Figura 62: Diagrama opacidade/transparência CSH #4 | p. 94 Fonte: Da autora Figura 63: Diagrama setorização CSH #4 | p. 94 Fonte: Da autora Figura 64: Diagrama grau de compartimentação CSH #4 | p. 94 Fonte: Da autora Figura 65: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #4 | p. 95 Fonte: Da autora Figura 66: Diagrama volume CSH #4 | p. 95 Fonte: Da autora Figura 67: Diagrama subtração/adição CSH#4/ Fonte: Da autora| p. 95 Figura 68: Diagrama ritmo e geometria CSH #4: Planta baixa | p. 96 Fonte: Da autora Figura 69: Diagrama ritmo e geometria CSH #4: Elevações | p. 96 Fonte: Da autora
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Figura 70: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #4: planta baixa | p. 96 Fonte: Da autora Figura 71: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #4: elevações/ Fonte: Da autora | p. 97 Figura 72: Diagrama hierarquia CSH #4 | p. 97 Fonte: Da autora Figura 73: Diagrama estrutura CSH #4 | p. 97 Fonte: Da autora Figura 74: Diagrama cobertura CSH #4 | p. 98 Fonte: Da autora Figura 75: Planta baixa CSH #5. | p. 99 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, set 1945 Figura 76: Maquete CSH #5. | p. 99 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, set 1945 Figura 77: Planta e elevações CSH #5. | p. 100 Fonte: Da autora Figura 78: Vista aérea leste CSH #5 | p. 101 Fonte: Da autora Figura 79: Vista aérea noroeste CSH #5 | p. 101 Fonte: Da autora Figura 80: Vistas observador CSH #5 | p. 101 Fonte: Da autora Figura 81: Situação CSH #5 E #12 | p. 102 Fonte: Da autora Figura 82: Implantação CSH #5 | p. 102 Fonte: Da autora Figura 83: Diagrama acessos/perímetro CSH #5 | p. 103 Fonte: Da autora
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Figura 84: Diagrama opacidade/transparência CSH #5 | p. 103 Fonte: Da autora Figura 85: Diagrama setorização CSH #5 | p. 104 Fonte: Da autora Figura 86: Diagrama grau de compartimentação CSH #5 | p. 104 Fonte: Da autora Figura 87: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #5 | p. 105 Fonte: Da autora Figura 88: Diagrama volume CSH #5 | p. 105 Fonte: Da autora Figura 89: Diagrama subtração/adição CSH#5 | p. 105 Fonte: Da autora Figura 90: Diagrama ritmo e geometria CSH #5: | p. 106 Planta baixa/ Fonte: Da autora Figura 91: Diagrama ritmo e geometria CSH #5: | p. 106 Elevações/ Fonte: Da autora Figura 92: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #5 / Fonte: Da autora | p. 106 Figura 93: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #5 / Fonte: Da autora| p. 107 Figura 94: Diagrama hierarquia CSH #5 | p. 107 Fonte: Da autora Figura 95: Diagrama estrutura CSH #5 | p. 107 Fonte: Da autora Figura 96: Diagrama cobertura CSH #5 | p. 107 Fonte: Da autora Figura 97: Maquete de estudo das cases #6 e #13 | p. 108 Fonte: SMITH, 1989, p. 48
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Figura 98: Perspectiva cases #6 e #13 | p. 108 Fonte: Revista A&A, março 1946 Figura 99: Implantação cases #6 e #13 | p.108 Fonte: Revista A&A, março 1946 Figura 100: Planta baixa CSH #6 | p. 109 Fonte: SMITH, 2009, p. 76 Figura 101: Maquete CSH #6 | p. 109 Fonte: SMITH, 2009, p. 68 Figura 102: Planta CSH#13 | p. 110 Fonte: Revista A&A, março 1946 Figura 103: Maquete CSH #13 | p. 110 Fonte: Revista A&A, março 1946 Figura 104: Maquete CSH #13 – vista norte | p. 110 Fonte: Revista A&A, março 1946 Figura 105: Perspectiva CSH #6 e CSH #13: vista sudoeste | p. 111 Fonte: Da autora Figura 106: Perspectiva CSH #6 e CSH #13: vista nordeste | p. 112 Fonte: Da autora Figura 107: Vista frontal a partir das cases #6 #13 | p. 112 Fonte: Da autora Figura 108: Implantação CSH #6 e #13: acessos principais e setorização | p. 113 Fonte: Da autora Figura 109: Implantação CSH #6 e #13: acessos secundários e ambientes internos. | p. 114 Fonte: Da autora Figura 110: Planta baixa CSH #6 | p. 115 Fonte: Da autora Figura 111: Elevações CSH #6 | p. 116
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Fonte: Da autora Figura 112: Perspectivas CSH #6 | p. 116 Fonte: Da autora Figura 113: Diagrama acessos/perímetro CSH #6 | p. 117 Fonte: Da autora Figura 114: Diagrama opacidade/transparência CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 117 Figura 115: Diagrama setorização CSH #6 | p. 118 Fonte: Da autora Figura 116: Diagrama grau de compartimentação CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 119 Figura 117: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #6 | p. 119 Fonte: Da autora Figura 118: Diagrama volume CSH #6 | p. 120 Fonte: Da autora Figura 119: Diagrama Adição/ Subtração CSH #6 | p. 120 Fonte: Da autora Figura 120: Diagrama Geometria eRitmo: Planta baixa - CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 120 Figura 121: Diagrama Proporção/equilíbrio: Planta baixa - CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 121 Figura 122: Diagrama Ritmo/Proporção: Elevações - CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 121 Figura 123: Diagrama hierarquia CSH #6| p. 121 Fonte: Da autora Figura 124: Diagrama estrutura CSH #6 | p. 122 Fonte: Da autora Figura 125: Diagrama cobertura CSH #6/ Fonte: Da autora | p. 122 Figura 126: Planta baixa e elevações CSH #13 | p. 123 Fonte: Da autora
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Figura 127: Vista aérea sudeste CSH #13 | p. 124 Fonte: Da autora Figura 128: Vista aérea nordeste CSH #13 | p. 124 Fonte: Da autora Figura 129: Pergolado de acesso a CSH #13 | p. 124 Fonte: Da autora Figura 130: Área externa de jantar CSH #13 | p. 124 Fonte: Da autora Figura 131: Diagrama acessos/perímetro CSH #13 | p. 125 Fonte: Da autora Figura 132: Diagrama opacidade/transparência CSH #13 | p. 126 Fonte: Da autora Figura 133: Diagrama setorização CSH #13 | p. 127 Fonte: Da autora Figura 134: Diagrama grau de compartimentação CSH #13 | p. 127 Fonte: Da autora Figura 135: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #13 | p. 128 Fonte: Da autora Figura 136: Diagrama volume CSH #13 | p. 128 Fonte: Da autora Figura 137: Diagrama Adição/ Subtração CSH #13 | p. 128 Fonte: Da autora Figura 138: Diagrama ritmo e geometria CSH #13: | p. 129 Planta baixa/ Fonte: Da autora Figura 139: Diagrama ritmo e geometria CSH #13: Elevações/ Fonte: Da autora | p. 129
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Figura 140: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #13: planta baixa | p. 130 Fonte: Da autora Figura 141: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #13: elevações | p. 130 Fonte: Da autora Figura 142: Diagrama hierarquia CSH #13 | p. 131 Fonte: Da autora Figura 143: Diagrama estrutura CSH #13 | p. 131 Fonte: Da autora Figura 144: Diagrama cobertura CSH #13 | p. 132 Fonte: Da autora Figura 145: Perspectiva interna casa de ripas CSH #12 | p. 133 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, fev. 1946 Figura 146: Perspectiva unidade hóspedes CSH #12 | p. 133 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, fev. 1946 Figura 147: Planta baixa e elevações CSH #12 | p. 134 Fonte: Da autora Figura 148: Vista aérea norte CSH #12 | p. 135 Fonte: Da autora Figura 149: Vista aérea leste CSH #12 | p. 135 Fonte: Da autora Figura 150: Casa de Ripas: Acesso CSH#12 | p. 135 Fonte: Da autora Figura 151: Casa de Ripas: vista interna CSH#12 Fonte: Da autora | p. 135
Figura 152: Implantação CSH #12 | p. 136 Fonte: Da autora Figura 153: Diagrama acessos/perímetro CSH #12 | p. 137
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Fonte: Da autora Figura 154: Diagrama opacidade/transparência CSH #12 | p. 137 Fonte: Da autora Figura 155: Diagrama setorização CSH #12 | p. 138 Fonte: Da autora Figura 156: Diagrama grau de compartimentação CSH #12 | p. 138 Fonte: Da autora Figura 157: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #12 | p. 139 Fonte: Da autora Figura 158: Diagrama volume CSH #12 | p. 139 Fonte: Da autora Figura 159: Diagrama subtração/adição CSH#12 | p. 139 Fonte: Da autora Figura 160: Diagrama ritmo/ geometria e equilíbrio/ proporção CSH #12: Planta baixa | p. 140 Fonte: Da autora Figura 161: Diagrama ritmo e geometria CSH #12: | p. 140 Elevações/ Fonte: Da autora Figura 162: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #12: elevações/ Fonte: Da autora | p. 140 Figura 163: Diagrama hierarquia CSH #12 | p. 141 Fonte: Da autora Figura 168: Perspectiva sala de estar CSH#12| p. 142 Fonte: Da autora Figura 169: Planta e cortes CSH #19| p. 143 Fonte: Da autora Figura 170: Vista aérea sudeste CSH #19| p. 144 Fonte: Da autora
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Figura 171: Vista aérea noroeste CSH #19 | p. 144 Fonte: Da autora Figura 172: Área de lazer CSH#19 | p. 144 Fonte: Da autora Figura 173: Percurso CSH #19 | p. 145 Fonte: Da autora Figura 174: Implantação CSH #19 | p. 146 Fonte: Da autora Figura 175: Diagrama acessos/perímetro CSH #19/ Fonte: Da autora | p. 147 Figura 176: Diagrama opacidade/transparência CSH #19 | p. 147 Fonte: Da autora Figura 177: Diagrama setorização CSH #19 | p. 147 Fonte: Da autora Figura 178: Diagrama grau de compartimentação CSH #19 | p. 148 Fonte: Da autora Figura 179: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #19 | p. 148 Fonte: Da autora Figura 180: Diagrama volume CSH #19 | p. 148 Fonte: Da autora Figura 181: Diagrama subtração/adição CSH#19| p. 149 Fonte: Da autora Figura 182: Diagrama ritmo e geometria CSH #19: | p. 149 Planta baixa/ Fonte: Da autora Figura 183: Diagrama ritmo e geometria CSH #19: | p. 149 Elevações/ Fonte: Da autor Figura 184: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #19: planta baixa/ Fonte: Da autora | p. 150
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Figura 185: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #19/ Fonte: Da autora | p. 150 Figura 186: Diagrama hierarquia CSH #19 | p. 150 Fonte: Da autora Figura 187: Diagrama estrutura CSH #19 | p. 151 Fonte: Da autora Figura 188: Diagrama cobertura CSH#19 | p. 151 Fonte: Da autora Figura 189: Planejamento de Eichler Homes | p. 152 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 Figura 190: Perspectiva sala de estar CSH#24 | p. 152 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 Figura 191: Perspectiva sala de estar CSH#24 | p. 152 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 Figura 192: Entrada CSH#24 | p. 153 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 Figura 193: Maquete CSH#24 | p. 153 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE , julho 1961 Figura 194: Planta baixa e elevações CSH #24 | p. 154 Fonte: Da autora Figura 195: Vista aérea noroeste CSH #24 | p. 155 Fonte: Da autora Figura 196: Vista aérea sudoeste CSH #24 | p. 155 Fonte: Da autora Figura 197: área de lazer CSH #24 | p. 155 Fonte: Da autora Figura 198: Percurso CSH #24| p. 156 Fonte: Da autora
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Figura 199: Pergolado CSH#24 / Fonte: Da autora | p. 156 Figura 200: Pátio dos dormitórios CSH#24 | p. 156 Fonte: Da autora Figura 201: Implantação CSH #24 | p. 157 Fonte: Da autora Figura 202: Diagrama acessos/perímetro CSH #24/ Fonte: Da autora | p. 158 Figura 203: Diagrama opacidade/transparência CSH #24 | p. 158 Fonte: Da autora Figura 204: Diagrama setorização CSH #24 | p. 158 Fonte: Da autora Figura 205: Diagrama grau de compartimentação CSH #24 | p. 159 Fonte: Da autora Figura 206: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #24 | p. 159 Fonte: Da autora Figura 207: Diagrama volume CSH #24 | p. 159 Fonte: Da autora Figura 208: Diagrama subtração/adição CSH#24 | p. 160 Fonte: Da autora Figura 209: Diagrama ritmo e geometria CSH #24: Planta baixa | p. 160 Fonte: Da autora Figura 210: Diagrama ritmo e geometria CSH #24: Elevações | p. 160 Fonte: Da autora Figura 211: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #24: planta baixa | p. 161 Fonte: Da autora Figura 212: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #24: elevações | p. 161 Fonte: Da autora
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Figura 213: Diagrama hierarquia CSH #24 | p. 161 Fonte: Da autora Figura 214: Diagrama estrutura CSH #24 | p. 162 Fonte: Da autora Figura 215: Diagrama cobertura CSH#24/ Fonte: Da autora | p. 162 Figura 216: Maquete CSH #26: vista noroeste | p. 163 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962 Figura 217: Maquete CSH #26: vista sul | p. 163 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962 Figura 218: Maquete CSH #26: vista oeste | p. 163 Fonte: ARTS & ARCHITECTURE, outubro 1962 Figura 219: Planta baixa e elevações CSH #26 | p. 164 Fonte: Da autora Figura 220: Vista aérea noroeste CSH #26 | p. 165 Fonte: Da autora Figura 221: Vista aérea nordeste CSH #26 | p. 165 Fonte: Da autora Figura 222: Vista do observador: acesso pedestres CSH #26 | p. 165 Fonte: Da autora Figura 223: Percurso CSH #26 | p. 166 Fonte: Da autora Figura 224: Implantação CSH #26 | p. 167 Fonte: Da autora Figura 225: Diagrama acessos/perímetro CSH #26 | p. 168 Fonte: Da autora Figura 226: Diagrama opacidade/transparência CSH #26 | p. 168 Fonte: Da autora
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Figura 227: Diagrama setorização CSH #26/ Fonte: Da autora | p. 168 Figura 228: Diagrama grau de compartimentação CSH #26 | p. 169 Fonte: Da autora Figura 229: Diagrama circulação/espaço-uso CSH #26 | p. 169 Fonte: Da autora Figura 230: Diagrama volume CSH #26 | p. 169 Fonte: Da autora Figura 231: Diagrama subtração/adição CSH#26 | p. 170 Fonte: Da autora Figura 232: Diagrama ritmo e geometria CSH #26: | p. 170 Planta baixa/ Fonte: Da autora Figura 233: Diagrama ritmo e geometria CSH #26: | p. 170 Elevações/ Fonte: Da autora Figura 234: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #26: planta baixa/ Fonte: Da autora | p. 171 Figura 235: Diagrama equilíbrio e proporção CSH #26: elevações/ Fonte: Da autora | p. 171 Figura 236: Diagrama hierarquia CSH #26/ Fonte: Da autora | p. 171 Figura 237: Diagrama estrutura CSH #26| p. 172 Fonte: Da autora Figura 238: Diagrama cobertura CSH#26 | p. 172 Fonte: Da autora
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ANEXO A DOCUMENTOS DA PESQUISA DE CAMPO Museu de Arte, Design e Arquitetura da Universidade da Califรณrnia. Santa Bรกrbara, Califรณrnia - Estados Unidos.
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CRONOGRAMA DA VIAGEM VISITAS ÀS CASAS E PESQUISA NAS UNIVERSIDADES
Los Angeles - Dia 05.11.14 Visita à Eames House - Case Study House #8 Charles & Ray Eames www.eamesfoundation.org
Santa Barbara - Dia 06.11.14 Coleta de material gráfico original – Arquivos de Esther McCoy sobre o CSH. Architecture and Design Collection Universidade da Califórnia. Contato: Jocelyn Gibbs e Alexandra Adler. adc@museum.ucsb.edu
Los Angeles - Dia 06.11.14 Visita à Schindler House and Studio MAK Center for Art and Architecture Los Angeles - Dia 07.11.14 Visita guiada à Stahl House - Case Study House #22 Pierre Koenig http://stahlhouse.org
San Diego - Dia 14.11.14 Coleta de material bibliográfico New School of Architecture and Design (NSAD) Contato: Stefania Costa, Chuck Crawford e Lucy Campbell
Los Angeles - Dia 16.11.14 Visita à Case Study House #21 - Pierre Koenig
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TABELA DE DIREITOS DE IMAGEM CONCEDIDOS PARA DISSERTAÇÃO CONFORME REGULAMENTO INTERNO DO MUSEU DE ARTES, DESIGN E ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, SANTA BARBARA – ESTADOS UNIDOS
230
ATESTADO DE VISITA À NEW SCHOOL OF ARCHITECTURE AND DESIGN SAN DIEGO, CALIFÓRNIA – ESTADOS UNIDOS
231
FORMULÁRIO DE VISITAÇÃO À EAMES HOUSE MODELO DO FORMULÁRIO E ORIENTAÇÕES AOS VISITANTES DA EAMES HOUSE – LOS ANGELES, CALIFÓRNIA, EUA.
http://www.eamesfoundation.org
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