FASE 01
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ÍNDICE
Fé Bíblica
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Propósito Eterno de Deus
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Arrependimento, Conversão e Batismo
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Trindade e Batismo no Espírito Santo
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ÍNDICE
Capítulo 1: Fé Bíblica O que é a Bíblia? Para começar, antes de entrarmos mais especificamente no ensino que será transmitido nessa escola, é importante que você saiba de qual é sua origem, porquê e qual é o seu propósito. Todo o ensino desta escola baseia-se na Bíblia, e tem o propósito principal de imergi-lo no Reino de Deus, levando salvação, cura e libertação completa à sua vida, e fazendo-o compreender o propósito pelo qual você foi criado. O termo “Bíblia” vem do grego βίβλια (biblia), plural de βίβλιον (biblos), que por sua vez significa “livro”. A Bíblia (protestante) é justamente um compilado de 66 livros, sendo 27 do Novo Testamento e 39 do Velho Testamento. A Bíblia católica, além dos livros da Bíblia protestante, contém ainda os livros chamados apócrifos, de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus, alguns fragmentos extras dos livros de Ester e de Daniel e uma pequena diferença na numeração de Salmos. A Bíblia inclui livros legislativos, históricos, poéticos, proféticos, biográficos e epístolas (cartas formais), escritos ao longo de 1500 anos por cerca de 40 autores diferentes, de pescadores a médicos, governadores a fazendeiros. Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus em sua versão escrita, divinamente inspirada e revelada por Ele (2 Timóteo 3:16), e revela mistérios ocultos sobre os planos de Deus para o homem (Colossenses 1:25 e 26). Os autores humanos escreveram exatamente o que Deus queria que escrevessem, e o resultado foi a perfeita e santa Palavra de Deus (Salmos 12:6; 2 Pedro 1:21). Cremos que a fé que nos revela quem Deus é e quem nós somos vem através de ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10:17), conhecendo aquilo que Ele já nos revelou através da Bíblia e conhecendo Sua Palavra viva em nós, através da qual Ele fala conosco ainda hoje. Por que cremos que a Bíblia é a palavra de Deus? 1. Pela fé e experiência pessoal com Deus: Acima de tudo, cremos pela fé e por nossa experiência pessoal com Deus, que nos confirma em nosso íntimo e em nosso dia a dia a veracidade das Escrituras em nossas vidas. Esse é o maior motivo da nossa fé, pois Deus testifica em nossos corações dia após dia através do relacionamento com Ele que nós somos Seus Filhos (Romanos 8:16). 2. Unidade e Coerência Mesmo tento sido escrita ao longo de 1500 anos em diversos livros, escritos em três continentes, com três línguas diferentes (hebraico, grego e aramaico), por mais de 40 autores de diversas profissões, a Bíblia apresenta uma unidade incomparável. É claro que, diante de tamanha complexidade cultural, é um livro que apresentará aparentes contradições ou trechos de difícil interpretação, mas se a lermos buscando o discernimento que só vem de uma relacionamento vivo, intenso e real com Deus por meio do Espírito Santo, ao longo da leitura o próprio Espírito vai nos revelando cada detalhe aparentemente complicado, fazendonos perceber a belíssima coerência que há em toda a Bíblia. 3. Cumprimento das Profecias A Bíblia contém centenas de profecias que se tornaram realidade, o que é comprovável por meio de ampla documentação histórica e arqueológica através da comparação com outros livros e objetos encontrados nos locais descritos pela Bíblia. As profecias vão desde o futuro de nações e cidades até mesmo sobre a vinda do próprio Messias. Isso difere a Bíblia de qualquer outro livro religioso cujas profecias não se cumpriram (como o livro de Nostradamus). Em Gênesis 12:7, Deus promete que a terra de Canaã seria de Abraão e seus descendentes. Em 1948, a terra foi devolvida ao povo judeu pela segunda vez na história. Isso pode não parecer tão surpreendente até você perceber que nenhuma outra nação na história foi espalhada de sua terra natal e retornou! Com Israel isso já aconteceu duas vezes. No livro de Daniel, há uma profecia precisa Capítulo 1: Fé Bíblica
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sobre a vinda de quatro grandes reinos (Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma) mais de 1000 anos antes de alguns desses reinos surgirem, com detalhes sobre como as nações reinariam e seriam destruídas, incluindo reinados de Alexandre, o Grande, e Antíoco Epifânio. Somente as profecias contidas no Antigo Testamento cumpridas em Jesus Cristo foram mais de trezentas. A Bíblia predisse sua genealogia, onde ele nasceria, como morreria e que ressuscitaria. As chances de um homem cumprir de forma acidental somente 16 destas mais de 300 profecias são de 1 em 10^45 (10 elevado a 45 - para compararmos, existe menos de 10^82 átomos no universo inteiro). O cumprimento de tantos requisitos juntos seria impossível se Deus não estivesse envolvido nisso. É o próprio Deus que zela pelo cumprimento de Sua Palavra (Jeremias 1:12; Mateus 5:18). 4. Sinais acompanham a Bíblia A Bíblia não apenas descreve diversos milagres, mas também é o canal através do qual muitos milagres acontecem até hoje. Pessoas são curadas, se livram de vícios, dívidas desaparecem, famílias são restauradas e pessoas, antes sem nenhuma perspectiva, se tornam vencedores por meio de uma vida baseada na fé bíblica. Não existe nenhum outro livro com tamanho poder transformador, o que nos prova que ele possui algo de fato sobrenatural. 5. Confirmações arqueológicas e históricas Diversos acontecimentos citados na Bíblia foram comprovados histórica e arqueologicamente, e muitos deles foram confirmados através de outros livros, objetos e outros elementos encontrados em buscas arqueológicas. Sobre o assunto, o respeitado arqueólogo William Foxwell Albright escreveu: “Tem havido um retorno geral ao apreço da exatidão da história religiosa de Israel, tanto no aspecto geral como nos pormenores factuais. . . . Em suma, agora podemos novamente tratar a Bíblia do começo ao fim Datas dos documentos históricos¹ como documento autêntico de história religiosa." Jesus e seus seguidores foram, inclusive, citados nos escritos de diversos historiadores reconhecidos como autênticos da época, como Cornelius Tacitus (d.C. 55-120) e Flavius Josephus (D.C 38-100). Além disso, os judeus possuem uma prática copista altamente meticulosa, que permitiu com que fossem encontrados diversos manuscritos dos mesmos livros com mínimas diferenças não relevantes entre si, mesmo tendo sido encontrados em lugares diferentes e datados de épocas diferentes. Qualquer estudioso imparcial de documentos confirma que a Bíblia foi preservada de forma maravilhosa durante os séculos muito mais do que qualquer outro documento antigo. Cópias bíblicas datadas aproximadamente do século 14 D.C. são praticamente idênticas às cópias do terceiro século D.C. Os pergaminhos descobertos no Mar Morto mesmo sendo séculos mais velhos do que qualquer manuscrito descoberto anteriormente, possuíam imensa similaridade com outras cópias antigas do Velho Testamento, o que causou muita surpresa aos arqueólogos que os encontraram. Sendo a quantidade das cópias de um original e suas similaridades um critério imprescindível na avaliação da confiabilidade do documento histórico, confira abaixo uma tabela com a quantidade de cópias de outros documentos históricos notavelmente confiáveis em relação ao novo testamento. Veja também na tabela a seguir alguns dos maiores achados arqueológicos que confirmam a Bíblia.
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Capítulo 1: Fé Bíblica
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1 Fonte das tabelas: http://www.suaescolha.com/jesus/respostas/biblia/ Capítulo 1: Fé Bíblica
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6. Resistência por séculos Ao longo de séculos, diversos homens tentaram destruir a Bíblia, desde imperadores, comunistas, ditadores, mas ela resistiu e resiste até hoje como um livro de grande influência ética e moral sobre inúmeras sociedades, tendo influenciado inclusive no conceito moderno dos Direitos Humanos, por afirmar que o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”, possuindo todos os direitos que por Deus lhe foram concedidos. Isso, para nós, é um indício de que Deus protegeu a Bíblia e fez com que, mesmo diante de todas as agruras enfrentadas, permanecesse influente, poderosa e se tornasse o livro mais vendido e lido no mundo de todos os tempos. Velho e Novo Testamento A Bíblia é dividida em duas partes principais: O Velho Testamento e o Novo Testamento, separados entre si pelo surgimento de um homem: Jesus Cristo, o Messias. Enquanto o Velho Testamento conta a história de um povo com Deus, o Novo Testamento fala de um Homem, prometido no Velho Testamento, que possibilitou um vínculo entre Deus e homens de toda tribo, língua, povo e nação (Ap. 5:9 e 10). Este homem - Jesus Cristo - nasceu do povo cuja história é contada no Velho Testamento: a nação de Israel. No Velho Testamento, Deus escolheu a nação de Israel ao se revelar ao seu patriarca Abrão (cujo nome significa “Pai Exaltado”), que mais a frente tem seu nome mudado por Deus para Abraão (que significa “Pai de Multidões”). Através da nação de Israel, Deus pretendia abençoar o mundo inteiro (Gênesis 12:2-3). No meio desta nação, Deus escolheu um homem segundo o Seu coração que se tornou rei (Atos 13:22; 1 Samuel 13:13-14 e 16:12; Salmos 89:3,4 e 20), e de sua linhagem prometeu um outro homem que cumpriria suas promessas (Isaías 11:1-10). O Novo Testamento descreve o contexto, a vida, a trajetória e os ensinos de Jesus Cristo, que veio para cumprir as promessas de Deus, vivendo sem pecado. A palavra pecado é no original o termo grego αμαρτια (hamartia), que significa “errar o alvo”. Quando dizemos que Jesus viveu sem pecado, não estamos afirmando que ele não se irou ou não se entristeceu, ou que viveu uma vida perfeita no sentido de sem problemas ou dificuldades; estamos dizendo, na verdade, que em nenhum momento ele se desviou do alvo que era o propósito de Deus para sua vida: morrer para tornar-se o Salvador de cada um de nós, sendo o primeiro a ressuscitar dos mortos, e pregando o Reino de Deus por onde Ele passou. A Bíblia tem como centralidade a Jesus Cristo, pois ele é a Palavra de Deus, a palavra encarnada que se revelou aos homens. Jesus encarnou tudo que Deus revelou em sua Palavra (João 1:1 e 2). Por isso, quando proclamamos a Palavra de Deus, é a Cristo quem proclamamos. Quando a Palavra do Pai nos toca e nos transforma, é por Cristo que somos tocados. Por isso, sempre que você ler sobre a Palavra de Deus, entenda que se trata de Cristo. Se defendemos a fé bíblica, que é a fé na Palavra de Deus, estamos portanto, falando da fé em Cristo, a única capaz de criar uma ponte entre nós e o Pai, nos levando a conhecer verdades eternas.
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Capítulo 1: Fé Bíblica
O que é fé bíblica? A palavra fé, ou crer, no Velho Testamento, é o hebraico (’ אמןaman), que se traduz, segundo o léxico de Strong por “apoiar, confirmar, ser fiel, manter, nutrir”. A palavra fé no Novo Testamento vem do termo grego πιστις (pistis), que dá origem ao verbo πιστευω (pisteuo) que siginifica “crer”. Segundo o léxico de Strong, “pistis” significa: “convicção da verdade de algo; no Novo Testamento, de uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela; a convicção de que Deus existe e é o criador e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo; convicção ou fé forte e bem-vinda de que Jesus é o Messias, através do qual nós obtemos a salvação eterna no Reino de Deus; fé com a ideia predominante de confiança (ou confidência) seja em Deus ou em Cristo, surgindo da fé no mesmo; fidelidade, lealdade; o caráter de alguém em quem se pode confiar.” A Bíblia diz em Hebreus 11:1 e 3 que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” e que “pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”, ou seja, é também uma convicção firme de algo que ainda não se realizou. A fé é a certeza e a consciência das coisas eternas. Essa consciência não pode ser auto-adquirida, mas vem de Deus, que a libera como deseja. Jesus afirma, falando com Deus, que “a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17:3), o que demonstra qual é a principal função da fé que é perfeita: conhecer e prosseguir em conhecer ao Deus verdadeiro (Oseias 6:3). Uma fé que existe para qualquer outro propósito, como obter bens ou alcançar status, cargos, níveis sociais, será nada além do que a distorção da fé verdadeira. Você vai ver aqui também que fé vai além de crer em Deus. Em Efésios, Paulo diz que “pela graça somos salvos, pela fé”. Em Tiago 2:19, está escrito: “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem.” Se fé fosse só crer em Deus, os demônios poderiam ser salvos. A fé precisa vir de convicções eternas fundamentadas em Cristo. A compreensão que temos hoje sobre o que é “ter fé” é muito superficial em relação ao que biblicamente isso representa. Acreditar em alguma coisa é depositar pensamento positivo sobre algo, é dar crédito, oferecer uma oportunidade. Aqui, para fins didáticos, vamos separar claramente alguns termos e expressões para entendermos melhor tudo que será aprendido: •
Acreditar ou crer: depositar pensamento positivo, confiar (ainda que por um momento apenas), dar crédito, oferecer oportunidade a algo ou alguém. Pode se acreditar ou crer em Buda, em si mesmo, num futuro melhor, no amigo, no salário ou em qualquer coisa;
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Ter fé: guardar em si uma convicção e consciência sobre uma verdade eterna, revelada por meio de Cristo; crer fundamentado em Cristo, conforme a compreensão bíblica de fé. Não se pode ter fé em Buda, em si mesmo, no amigo, no salário, ou em qualquer outra coisa, a não ser em Deus Pai, Seu Filho Jesus e no Espírito Santo.
Em outras palavras: o ato de ter fé exige muito mais do que uma simples disposição de pensar positivo sobre algo, ou dar crédito sobre algo. A função da fé - Fé, graça e obras Conhecer as coisas eternas é acessar a vida eterna nesta realidade temporal, e a vida eterna é conhecer a Deus e se relacionar com Ele, assim como afirmou Jesus em João 17:3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Por isso, à medida que nossa fé aumenta, temos mais consciência das coisas eternas, conhecemos mais a realidade de Deus e descobrimos mais quem Deus é. Podemos dizer então que a função da fé é conhecer a Deus e a sua realidade, que é espiritual, para que assim possamos nos relacionar com Ele, gerando prazer nEle e em nós. Capítulo 1: Fé Bíblica
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Se não conhecermos a Deus, sua vontade, sua realidade, não poderemos nos relacionar de forma perfeita com Ele! Num relacionamento, é impossível agradar a alguém sem conhecer a essa pessoa, sua vontade e realidade, e não há como conhecer tudo isso sobre Deus sem se dispor a ouvir suas verdades. Por isso,sem fé e impossível agradar a Deus, como afirma Paulo em Hebreus 11:6: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe [a Deus]; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” - colchetes nossos. Quem nos dá esse conhecimento sobre Deus sem que mereçamos é o próprio Deus pelo Seu Espírito. Por isso, percebemos a relação entre graça e fé em Efésios 2:8: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” É pela graça de Deus, ou seja, por Sua boa vontade, Seu favor imerecido, que somos salvos, através da fé, ou seja, do conhecimento das verdades eternas, que Deus libera para nós para que possamos dar e receber prazer por meio dEle, num relacionamento saudável. Essas verdades eternas provenientes da fé geram dentro de nós salvação, e o termo “salvos” neste versículo é o original grego σωζω (sozo), que muito além de salvo, traduz liberto, resgatado e curado. É a boa vontade de Deus que nos dá gratuitamente conhecimento sobre o Pai e sua realidade, e é essa consciência que nos toma que vai nos libertando, nos resgatando do pecado, nos salvando e nos curando. A fé não é liberada por Deus pelo nosso merecimento ou por obras que fazemos, mas por Sua graça, através da qual decide compartilhar conosco suas verdades. Nada do que possamos fazer é comparável ao valor das verdades eternas que dEle recebemos. Ao mesmo tempo, é impossível que essas verdades eternas nos impactem e nos conscientizem sem produzir em nós atitudes. Por isso, logo em seguida em Efésios 2:10, Paulo afirma que: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Quando nos tornamos conscientes das verdades eternas, passamos a conhecer o plano original de Deus que inclui as boas obras que Ele de antemão preparou para que nós andássemos. A função da fé não é trazer à realidade a nossa vontade, mas trazer à realidade a vontade de Deus, que é recompensador daqueles que o buscam, como vimos em Hebreus 11:6. Quando fazemos a vontade do Pai, Ele naturalmente nos recompensa, mas nunca estaremos fazendo a vontade do Pai se nossa intenção for meramente ser recompensado. Como você se sentiria se alguém quisesse agradar você ou fazer o que você pede apenas para obter o que você pode dar? Você se sentiria usado, e mesmo que sua vontade estivesse sendo feita, você não sentiria que ela foi plenamente feita, pois foi cumprida apenas por interesse. Por isso, da mesma forma, Deus procura aqueles cujo coração é inteiramente dEle, e a esses Ele deseja mostrar-se forte, recompensador, como está em 2 Crônicas 16:9a: “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele.” Por isso está escrito em Oséias 6:6: “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” A palavra utilizada em “misericórdia” é o termo hebraico ( חסדcheced), que quer dizer bondade, fidelidade. Deus procura pessoas que desejam agradá-Lo voluntariamente, por fidelidade, muito mais do que pessoas que estejam dispostas a dar a Ele ofertas ou sacrifícios sem se preocupar de fato com o que Ele pensa. Uma das palavras para glória de Deus utilizada na bíblia é o termo grego δοξα (doxa), que além de glória pode ser traduzido por “opinião”. Deus deseja revelar sua glória, sua opinião, aos seus filhos, para que eles vivam de uma forma que revele o que Deus pensa. A criação, assim como o próprio Deus, anseia ardentemente pela revelação dos filhos de Deus, filhos cujas atitudes revelam a opinião completa de Deus. Esses filhos não terão atitudes de obediência que revelam seus interesses individuais, mas atitudes que manifestam a opinião de Deus personificada, como está escrito em Romanos 8:19 a 21: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” Se a nossa fé não produzir 8
Capítulo 1: Fé Bíblica
em nós esse resultado, ela é morta e sem propósito (Tiago 2:26). Podemos produzir obras mortas, obras interesseiras, e precisamos nos arrepender delas. É por isso que o escritor de Hebreus associa o fundamento do arrependimentos de obras mortas ao fundamento da fé em Deus: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus”. A fé verdadeira em Deus produz obras vivas, obras que se importam de fato com a opinião de Deus, e não obras mortas, vazias de eternidade e cheias de interesses pessoais. Abraão é o pai da fé? Costuma-se dizer que Abraão é o pai da fé. Na verdade, o pai da fé é o próprio Deus, pois Ele criou as verdades eternas das quais consistem a fé. Em contrapartida, podemos dizer sim que Abraão é o pai dos que tem fé (Romanos 4:11); isso é bíblico. Jesus fala que “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se” (João 8:56). Abraão foi o primeiro homem a conhecer uma parte do propósito eterno de Deus, tornando-se pai, a origem, das gerações que viriam a receber essas e outras revelações da eternidade. Além disso, em Gênesis 15:5 Deus fala a Abraão: “Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” Deus não estava falando simplesmente de uma descendência carnal, senão Jesus não confrontaria os fariseus, descendentes genealógicos de Abraão, da forma que confrontou em João 8:39: “Responderam, e disseramlhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” Deus falava de uma descendência de filhos na fé, filhos espirituais (Gálatas 3:7-9). Abraão abrigou a promessa de Deus e se posicionou corretamente, ou seja, se colocou em justiça. Isso fez com que ele visse o dia da vinda de Cristo, que nos tornaria seus filhos na fé. Nós seguimos os passos do pai Abraão, o primeiro a ter fé e a receber a chance de conhecer a Deus e agradá-lo, tornando-se seu amigo: “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.” (Tiago 2:23) Na carta aos Romanos, Paulo falava não apenas a judeus, mas também a gentios, que não descendiam carnalmente de Abraão. No entanto em Romanos 4:16 a 18 ele diz: “Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à [posteridade] que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.” grifos e colchetes nossos. Paulo afirma que Abraão é “pai de todos nós”, deixando clara a paternidade espiritual de Abraão por meio da fé, que hoje alcança filhos em inúmeras gerações, de diversas raças, nações, línguas e povos. De fato, Abraão se tornou pai de uma multidão incontável, e de nações em toda a Terra.
Cristo, o Fundamento da Fé Como já vimos anteriormente, Jesus disse, falando com Deus, que “a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste” (João 17:3). Jesus é o fundamento da fé. No já citado texto de Hebreus 11:1, a palavra “convicção” pode ser traduzida como “firme fundamento”. Fundamento é a base sobre a qual é estabelecida uma construção, os alicerces, a pedra fundamental. Jesus é citado inúmeras vezes na Bíblia como a rocha que fundamenta o que Deus deseja edificar. Podemos destacar algumas dessas passagens: "Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou Capítulo 1: Fé Bíblica
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dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina." (Atos 4:10-11, citando Isaías 28:16 e Salmos 118:22), e ainda: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Efésios 2:20-21). Uma passagem muito relevante para este entendimento vem a seguir: "Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disselhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;" (Mateus 16:15-18). Diante da revelação que Pedro recebera, Jesus afirma que sobre esta pedra, ou seja, sobre a revelação de quem Cristo é, Ele edificaria sua Igreja. A revelação de quem é Cristo é a primeira e mais fundamental verdade eterna capaz de fundamentar todas as outras verdades eternas. À medida que mergulhamos em quem Cristo é, essa verdade revela quem somos e o que devemos fazer. Quando Pedro entendeu quem Cristo era, Cristo revela a Pedro quem ele era - não mais um homem inconstante agitado pelo vento, mas uma pedra firmada sobre a Rocha (Cristo). A fé se estabelece sobre a revelação de quem Cristo é, e isso não é uma revelação apenas do Novo Testamento. Jesus, falando sobre Abraão, diz que ele “viu meu dia e se alegrou” (João 8:56 a 58). A experiência de fé de Abraão em entregar seu filho o fez encontrar profeticamente a verdade eterna de que o próprio Deus na eternidade já tinha entregue seu filho por nós. No livro de Jó, tido pelos teólogos como o mais antigo da Bíblia, em determinado momento Jó afirma: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25) - ao dizer “sobre a terra”, ele fala de um redentor encarnado. No seu sofrimento, Jó encontrou a revelação de quem era o Cristo, o redentor que seria enviado em carne. Isaías, Jeremias e outros profetas profetizaram sobre a vinda de Jesus. O rei Davi, no Salmo 110:1, afirmou: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” Esse mesmo texto é citado por Jesus em Lucas 20:42, falando sobre si mesmo. No novo testamento, além do próprio Pedro, que já citamos, podemos falar também de Paulo, que encontrou a Cristo no caminho de Damasco e se converteu. Aliás, o próprio Cristo se fundamenta sobre a revelação de quem Ele era. O ministério de Cristo só deu início no momento em que ele é batizado, e o Espírito Santo desce como pomba, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Interessante é que, na tentação no deserto, o diabo tenta Jesus da mesma forma. Ele começa dizendo “se Tu és o filho de Deus”, colocando em dúvida a verdade eterna fundamental, porque até mesmo o diabo sabia que Cristo era o fundamento da fé. Se tiramos Cristo, toda construção da fé fica sem fundamento. Fé e Justiça Em Gênesis 1:26, a Bíblia fala que o homem foi criado à sua imagem e semelhança, ou seja, Deus nos fez parecido com Ele. A Bíblia também fala que tudo que foi criado se fez através da proclamação da Palavra de Deus. Deus ordena: haja luz, e a luz se faz. Cada ordem de Deus por meio de sua Palavra torna-se real. Da mesma forma que Deus traz à existência as coisas por meio da Palavra, quando confessamos aquilo que foi gerado em nós por meio da fé em Cristo, trazemos à existência aquilo que que já foi liberado e autorizado nos céus para a realidade da terra. A Bíblia afirma em Romanos 10:10: “Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” pois enquanto a fé traz a consciência daquilo que, por justiça, é nosso direito, com a boca, através da confissão, nós trazemos à realidade o cumprimento daquilo que já foi liberado por Deus, à semelhança do que Deus faz - cria coisas e traz à realidade pela Sua Palavra, como está escrito em Hebreus 11:3: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”. A fé bíblica não tem nada a ver com pensamento positivo, mas sim com a consciência daquilo que existe desde a eternidade, e que precisa ser trazido à realidade por meio da Palavra. Não é algo inventado por nós, mas revelado da eternidade para nós (Isaías 57:15). A palavra para confissão nesse texto de Romanos 10:10 é 10
Capítulo 1: Fé Bíblica
o grego ομολογεω (homologeo), que significa “dizer a mesma coisa que o outro” ou concordar, consentir, o que significa dizer que há alguém com quem concordar - a fé não é uma ideia, consciência ou sentimento que vem de nós, mas é uma concordância com o que Deus diz. Essa palavra grega é composta pelas palavras homo e logos, que podemos traduzir por “mesma” e “palavra”. João 1 também afirma que Jesus é o logos de Deus, a palavra viva do Pai, e assim a confissão de fé é viver em concordância com Cristo, expressando o logos de Deus. Há pessoas que pensam que a confissão da fé em Cristo é proclamar o que se acredita, mas não se trata disso. Não é dizer algo que eu penso ou que eu acho, mas declarar as verdades eternas que Cristo, a Palavra Viva, já confirmou em nossos corações. Neste texto de Romanos 10:10, a palavra “justiça” é o termo grego δικαιοσυνη (dikaiosune), que se traduz como “posição correta”, ou “estado daquele que é como deve ser”. Há um estado ideal para nós, a justiça de Deus, que só nos é revelada por meio da fé, e só é gerada no natural através da proclamação da Palavra de Deus. Deus deu ao homem na terra a autoridade de criar por meio da palavra, quando em Gênesis 2:19 ele dá ao homem o poder de nomear a cada ser vivo. Quando Jesus é autoridade sobre nós e nos revela aquilo que Ele conquistou para nós e nós proclamamos isso, temos a autoridade, por meio de Cristo, de concordar com a voz de Deus nos céus, cocriando na Terra a Sua vontade. Deus nos deu uma autoridade que só é efetiva quando reconhecemos Sua autoridade e entramos em concordância com Sua vontade. A fé bíblica nos conscientiza do que já existe no Reino dos Céus, mas que ainda precisa ser realizado pela confissão ou proclamação da Palavra (Cristo). Essa consciência é dada por Deus, e não vem de nós (Efésios 2:8), à medida que ouvimos a Sua Palavra, pois “a fé vem pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus” (Romanos 10:17), pois só poderemos proclamar ou testemunhar acerca daquilo que vemos e ouvimos. Imagine que você descobriu que há uma carta endereçada a você com uma mapa do tesouro decodificado, que leva você a um tesouro que lhe foi dado como herança, mas está escrito numa língua que você não conhece. Agora imagine que só existe um homem capaz de interpretá-la e ensiná-la a você - o próprio autor da carta - e só por meio do que ele diz você consegue encontrar todos os tesouros que o mapa identifica. Qual será o único jeito então de encontrar os tesouros dessa carta? Não há outro meio a não ser pedindo a ajuda e colaboração do seu escritor, que poderá ler as instruções e explicá-las. Da mesma forma, só podemos conquistar o tesouro escrito e destinado por Deus para nós desde a eternidade se ouvirmos suas instruções acerca da carta que Ele nos deixou - sua Palavra, escrita e revelada. Há um tesouro esperando por cada um de nós que está oculto na revelação da Palavra de Deus e na sua proclamação. O que entendemos das coisas eternas e o que trazemos à vida a elas por meio da proclamação é o que vai nos fazer caminhar e viver por fé neste tempo. Fé e Salvação Posição Legal e Posição Experimental Vimos acima que a justiça se refere à posição correta das coisas, oestado daquilo que é o que deve ser. Se mostramos anteriormente que a fé é a certeza e consciência das coisas eternas, logo podemos dizer que “crer para a justiça” significa, em outras palavras, “obter uma certeza e consciência das coisas eternas para aplicação do posicionamento correto de tudo em nossas vidas”. Ou seja, a verdadeira fé tem o poder de alinhar corretamente as nossas vidas ao propósito de Deus, à medida que compreendemos e nos conscientizamos do que Deus planejou para nós eternamente. Nisso, podemos seguir adiante em nossa compreensão sobre o resultado da fé, e reconhecer que a fé verdadeira produz justiça, e que a fé que não produz um posicionamento correto em cada área de nossas vidas é morta, conforme diz em Tiago 2:14 até o fim do capítulo. Isso porque a fé produz o movimento que Deus nos deu, nos transformando em cocriadores da eternidade com ele, num relacionamento de intimidade. Que outro adjetivo daremos a uma fé inerte, sem movimento, que não produz resultado? Só podemos chamá-la de morta. Capítulo 1: Fé Bíblica
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É claro que a fé não é dada por Deus de forma completa, mas em medidas, e essa medida da fé é que revela nossa posição correta no Reino de Deus, conforme vemos em Romanos 12:3: “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Quando compreendo de fato a medida de fé que recebi, caminho nela, pois é a medida de fé que tenho que me revela minha posição correta, e só posso ir até onde tenho a consciência em Deus, conforme o que já foi revelado. É importante ressaltar que a fé não vem de nós, é dom de Deus, conforme vemos em Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” É Deus quem voluntariamente, por sua graça, distribui uma maior medida de fé a cada um conforme sua vontade, conforme a liberação de Sua Palavra - o que não significa que não podemos cooperar para que Ele nos encontre. A Bíblia enfatiza sobre a quem Deus olha: “para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” (Isaías 66:2b). Ser “pobre de espírito” é reconhecer que não possui nenhum poder em si mesmo, e “tremer” diante da palavra de Deus é reconhecer Seu poder, respeitá-la. Por que Deus falaria a alguém que não reconhece a verdade e o poder que está em Sua Palavra? É uma questão de reconhecimento. Agora vamos falar sobre a relação entre salvação e fé, voltando ao versículo de Romanos 10:10: “Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”. A palavra aqui para salvação é o termo grego σωτηρια (soteria), cujo significado vai além de salvação. Esta palavra fala também de cura, redenção e resgate. O conceito de redenção se originou desde as épocas em que a escravidão era permitida. Redimir alguém era o ato de libertar um escravo através de um preço que era pago ao seu dono em troca disso. Todas as áreas de nossas vidas, por justiça, já foram compradas por Jesus Cristo pelo seu sacrifício na cruz (o que entenderemos melhor na aula sobre o Propósito Eterno de Deus), mas existe uma diferença entre compreender isso e viver. Quando recebemos uma nova medida de fé, avançamos na compreensão e na conscientização de nossa posição legal - aquela que, por justiça, temos o direito de assumir. Para passarmos a uma posição experimental, ou seja, para vivermos aquilo que temos direito, o primeiro passo a ser tomado é declarar e confessar com as nossas palavras o que compreendemos, gerando pelo poder da Palavra. Para que, de fato, façamos com que áreas que estão escravas do pecado, do medo, da rejeição ou da culpa sejam libertas e recebam a redenção, precisamos confessar e proclamar os decretos que já foram estabelecidos por Deus na eternidade. Isso gerará soteria (salvação, cura e redenção, ou libertação) em nossas vidas. Isso é profetizar! A profecia não é uma visão espiritual de coisas futuras, mas uma confissão que parte da convicção das coisas eternas, e vem para trazer salvação, cura e redenção (libertação) para aquilo que, por direito (ou seja, por justiça) é nosso desde a eternidade. Profecia não é ver o futuro, é ver a eternidade! Deus nos delegou o poder de gerar resgate e salvação, gerando vida por meio da Palavra. É por isso que “Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7), pois à medida que os homens declaram aquilo que Deus já revelou, vão trazendo à realidade a justiça de Deus e seus decretos. Profecia e Medida de Fé Ainda voltando ao tema da fé, o apóstolo Paulo relaciona a profecia à medida de fé em Romanos 12:6: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé.” Não podemos profetizar o que não compreendemos pela medida de fé que nos foi dada. A palavra “profecia” neste texto é προφητεια (propheteia), que é traduzido pelo Léxico de Strong por “discurso que emana da inspiração divina e que declara os propósitos de Deus”, os mesmos propósitos que existem desde a eternidade. Ainda, sobre este assunto, Paulo fala em 1 Coríntios 13: 9 e 10: “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado”. Não 12
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temos ainda a plena medida de fé, e por isso, em parte conhecemos, e, nessa parte que conhecemos, profetizamos. Mas, dentro da parte que conhecemos, profetizamos (ou seja, concordamos com Deus e declaramos isso) que chegará um momento em que “conheceremos como somos conhecidos” (1 Coríntios 13:12). Produza o resultado da fé em sua vida profetizando, ou seja, declare em concordância com Deus a partir do que Ele já te fez compreender das coisas eternas! É isso que te possibilitará realizar obras por meio da fé. Se a sua fé não tem produzido resultado em Deus, é porque você ainda precisa confessá-la! Isso nos ajuda a compreender porque precisamos ter uma vida de oração - para ouvir a Deus e profetizar sua verdade. Mas é importante dizer, como já vimos aqui, que não devemos ultrapassar o limite da medida de fé que já nos foi revelada por Deus no momento de declarar as verdades eternas, pois as palavras tem poder de salvar ou de condenar. Jesus afirmou em Mateus 12:36 e 37: “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Você saberá sempre o que deve dizer se o seu espírito estiver ligado ao Espírito do Pai, assim como Jesus afirmou em Mateus 10:20: “Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.” Gere salvação e não condenação em sua vida, declarando aquilo que já foi revelado por Deus segundo a medida de fé que você recebeu, para que você compreenda a sua posição correta nEle e dê a luz à salvação, cura e libertação em cada uma das áreas da sua vida. É isso que vai impulsioná-lo à atitude, às boas obras, à realização do que Deus já destinou para que você viva! O que a fé produz? ● A fé revela a justiça de Deus (Romanos 1:17 e 3:26; Tiago 2:23; Gálatas 5:5). A palavra usada para justiça no Novo Testamento é o termo grego δικαιοσυνη (dikaiosune), que traduz “estado daquele que é como deve ser, justiça, condição aceitável para Deus; pensamento, sentimento e ação corretos”. Não se estribe no próprio entendimento para conhecer a Deus e à Sua palavra, senão você se afastará da fé que produz justiça correta, ou seja, da fé que te posiciona onde você deve estar para que o propósito e a vida de Deus fluam através de você. Quando alguém distorce a fé que é baseada nas verdades eternas e passa a viver de “verdades” passageiras, passa a se relacionar com Deus numa justiça própria - por isso vemos pessoas querendo exigir coisas de Deus, esses vivem por uma fé falsa. Essas pessoas querem conhecer a Deus por sua própria vontade, o que será impossível. No final, elas acabarão exigindo de Deus coisas que não tem direito, por terem desenvolvido uma falsa justiça. A bíblia afirma: “Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.” (Hebreus 10:38). Não há nenhuma justiça verdadeira que possa proceder de uma falsa fé; ● A fé produz prazer em Deus com relação a nós (Hebreus 11:6) - Sem fé, é impossível agradar a Deus, e se não agradarmos a Deus, não poderemos nos relacionar com Ele. Se não entendemos o que Ele diz, como poderemos entender o que ele deseja? Esse prazer pode ser relacionado à intimidade; quem nos conhece mais intimamente é também aquele que mais terá direito de obter de nós prazer. Um relacionamento onde há grande intimidade, ou seja, onde um conhece mais profundamente o outro, é um relacionamento onde há mais prazer. O nível de nossa fé é proporcional ao nível de prazer que damos e obtemos na presença de Deus. ● A fé possibilita a salvação de Deus para nós (1 Pedro 1:9; Efésios 2:8) - nos livrando de uma vida de pecado (sem propósito) e da morte, nos dando a vida eterna no espírito e resgatando (salvando) cada uma das áreas escravas em nossas vidas. ● A fé vence o mundo e seu sistema de ordens (1 João 5:4/19; 2 Coríntios 4:17 e 18) - Só a consciência Capítulo 1: Fé Bíblica
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do que é eterno pode vencer o sistema que rege este mundo, conduzido por decretos/ordens temporais. A palavra “mundo” citada em 1 João 5:19 no original grego é κοσμος (kosmos), e se refere à ordem das coisas criadas. Essa ordem foi distorcida pelo pecado originando o atual sistema de decretos que rege este mundo, que jaz no maligno. Só a nossa fé é capaz de suplantar esse sistema e vencer o mundo. ● A fé te protege (Efésios 6:16 / 2 Coríntios 10: 4 e 5) - A função de um dardo em chamas numa guerra é desestruturar os muros e as construções da cidade pelo fogo, até que desmoronem e a cidade possa ser abatida. A Bíblia relaciona fortalezas a pensamentos em 2 Coríntios 10: 4 e 5. Os pensamentos que o inimigo lança em nossa mente são como dardos em chamas, que só podem ser impedidos de desmoronar o que estamos construindo em Deus se colocamos em prática nossa fé. A consciência das verdades eternas nos protege dos pensamentos temporais que tentam destruir a obra que está sendo edificada em nosso coração. ● A fé nos leva a alcançar o propósito, recebendo bençãos e promessas (Lucas 1:45; João 8:56; Hebreus 11:18 a 33; Gálatas 3:7 a 9, 13 e 14); Abraão é considerado o pai de todos que tem fé porque ele foi o primeiro homem a quem foi revelada uma parte das verdades eternas. Jesus disse sobre ele: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.” Pela voluntariedade em entregar seu filho Isaque, o que provou seu amor e obediência, Deus o revelou o dia de Cristo, e outras dimensões do Seu propósito que vão muito além de alcançar a promessa de receber um filho em sua velhice. ● A fé produz paciência (Tiago 1:3 e 4 / Hebreus 11:39 e 40 / 1 Coríntios 13:9 a 12 / 2 Pedro 3:9); Entre os homens que viveram pela fé, muitos deles não alcançaram a promessa que haveria de se cumprir futuramente, mas pela própria fé foram aperfeiçoados em sua paciência, criando uma resiliência que os permitiu resistir mesmo nos piores momentos, conscientes de que Deus realizaria um dia cada uma de suas promessas. ● A fé produz obediência (Hebreus 11:8; Romanos 1:4 a 6/10:16 e 17); Quem crê de verdade obedece. A compreensão das coisas eternas gera uma convicção que nos permite tomar as atitudes mais loucas aparantemente, mas plenamente conscientes sob o entendimento de que a obediência traz a promessa à realidade. ● A fé produz humildade (Mateus 15:22 a 28; Marcos 7:26; Romanos 11:20). Na passagem de Mateus 15:22 a 28, a mulher cananéia (ou siro-fenícia, pois os siro-fenícios decendiam dos cananeus) não era judia, e por isso não teria, teoricamente, direito de receber do que Jesus oferecia, pois a salvação havia sido dada aos judeus. Em Marcos 7:26, ela é descrita também como sendo grega. A Grécia era uma região conhecida pela soberba de sua sabedoria, e Jesus confronta essa soberba de forma direta na vida desta mulher, afirmando que não era certo tirar o pão dos filhos e dar aos cachorrinhos. No entanto, a mulher apresenta tamanha humildade gerada por sua fé, que Cristo afirma: “Grande é a Tua fé!”, e anuncia a cura de sua filha endemoninhada. A fé nos faz reconhecer quem somos, afinal, essa é uma das verdades eternas, e nos faz agir de forma humilde, sabendo que somos devedores da graça de Deus, e não merecedores dela. Quem tem fé deixa de pleitear o reconhecimento de quem é, mas sim, pelo reconhecimento de que não é nada, se torna humilde e pobre de espírito. A Luta pela fé O livro de Judas nos ensina que viver pela fé não é tão simples. Há uma batalha envolvida no ato de guardar a fé sobre a qual não podemos desanimar. Judas, irmão de Jesus, através da Carta de Judas, exorta seus companheiros de fé e caminhada a batalharem pela fé: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que 14
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uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” (Judas 1:3 e 4). Ainda, Paulo afirma ao seu discípulo Timóteo em 1 Timóteo 6:12: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” Somente vencendo a batalha da fé podemos tomar posse da salvação que nos foi entregue por meio de Jesus Cristo, por isso, para que o nosso relacionamento com Deus permaneça firme, precisamos guardar e proteger a fé em nosso coração. Viver pela fé exige luta, diligência e esforço, pois o tempo todo somos cercados de linhas de pensamento, opiniões, sugestões e ideias que tentam nos afastar da fé verdadeira em Jesus Cristo. Por isso, precisamos entender que, a partir do momento que decidimos crer, nos colocamos em uma batalha para manter a nossa fé. Você deve estar se perguntando: mas, e se a minha fé se enfraquecer, como faço para aumentá-la, ou mesmo que ela esteja forte, como faço para mantê-la assim? A Bíblia nos afirma que a “fé vem por ouvir a Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Por isso, se desejamos aumentar nossa fé, precisamos estabelecer uma vida que se baseia em quatro atitudes: ● Precisamos criar uma prática diária de Leitura da Bíblia orientada por Deus: Não adianta lermos a Bíblia como um livro qualquer. Precisamos da direção de Deus em sua leitura, ou simplesmente vamos adquirir conhecimento vão. Ao instruir seu discípulo Timóteo sobre a permanência na fé e na instrução bíblica, Paulo diz: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:14-17). Paulo afirma que “Toda a Escritura [Bíblia] é divinamente inspirada”. Se você tivesse em suas mãos um livro inspirado numa determinada pessoa e tivesse a oportunidade de ouvir essa mesma pessoa explicando-o, você negaria essa oportunidade? O Espírito Santo de Deus deseja ensiná-lo as Escrituras! Ainda sobre isso, Pedro afirma em 2 Pedro 1:19-21: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” ● Precisamos criar uma prática diária de oração: Como entenderemos a voz do Senhor nos direcionando nas Escrituras se não soubermos reconhecê-la? Só há um meio de reconhecer a voz de Deus: estabelecendo um relacionamento com Ele, e isso se dá através da oração. Orar é se abrir com Deus, falar o que sente, o que busca, o que precisa entender, de forma sincera e humilde. Jesus em Mateus 6 ensina seus discípulos como orar, e no versículo 6 ele enfatiza que nós devemos buscar ao Pai em secreto. ● Precisamos aplicar a nossa fé em obras (Tiago 2:20 a 22 e 26): Se a nossa fé não resultar em atitudes, ela será morta. Através de atitudes de obediência prática às direções que recebemos da fé, aperfeiçoamos e fortalecemos a nossa fé. É impossível viver pela fé se não obedecermos as instruções que recebemos através dela. É através das obras que a nossa fé revela se ela é viva e verdadeira ou morta e falsa, assim como Tiago afirma em Tiago 2:18: “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”
Capítulo 1: Fé Bíblica
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● Precisamos nos submeter ao conselho e à mentoria de irmãos mais maduros na fé: Deus repartiu com cada um uma medida de fé que pode ser aumentada. Alguns já alcançaram uma medida de fé maior, e podem compartilhar o que aprenderam. Não despreze o conselho dos mais maduros, que foram estabelecidos por Deus em diferentes funções para ajudarem os demais a alcançarem um mesmo nível de fé mais alto (Efésios 4:11 a 13). Essa atitude e entendimento implica em submeter-se a um discipulado, e buscar sempre ouvir irmãos maduros - não ouça pessoas imaturas, pois elas podem te atrapalhar ao invés de ajudar. Ouvir um irmão mais maduro na fé é reconhecer que não importa o que o irmão tenha vivido e aprendido, mas sim o quanto Deus, por sua graça, já liberou de fé em seu coração. Ele então saberá mais sobre a opinião e sobre a vontade de Deus.
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Capítulo 1: Fé Bíblica
APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 01 Tempo total: 20 minutos na primeira aula / 40 minutos na segunda aula Esta aula terá como avaliação a média dos dois trabalhos, ambos com correção. TRABALHO 01 - SOBRE A BÍBLIA ● ● ● ● ● ●
Trabalho em grupo (3 a 5 pessoas) - formar grupos em 1 minuto Tempo de conclusão: 5 minutos (tolerância de 3 minutos) Formato: Questionário objetivo, a ser entregue pelo grupo Correção e avaliação: grupo ao lado, segundo a correção do professor (5 minutos) Total de tempo da atividade: 15 a 18 minutos Dica: cada integrante pode ficar responsável por uma questão.
1. Com base no que você aprendeu, assinale V de verdadeiro ou F de falso nas seguintes afirmações sobre a Bíblia - cada ítem vale 1 ponto: ( ) É um compilado de 66 livros (27 do Novo Testamento e 39 do Velho Testamento). ( ) Tem cerca de 40 autores diferentes. ( ) É um livro divinamente inspirado que contém diversos livros, dos quais podemos citar: Tobias, Judith, Sabedoria, entre outros. ( ) Seu nome é vem do grego βίβλια (biblia), plural de βίβλιον (biblos), que significa “livro”. ( ) Nós cristãos consideramos apenas válido o Novo Testamento. ( ) Para nós, cristãos, é a Palavra de Deus divinamente revelada em sua versão escrita. ( ) É um conjunto de 66 livros escritos por Moisés. ( ) É um livro que começou a ser escrito em 22 d. C. e foi terminado em aproximadamente em 1016 d. C. 2.
Como a Bíblia se divide basicamente? (escolha apenas uma opção) - Vale 2 pontos
( ) Livros proféticos e apócrifos ( ) Pentateuco e Novo Testamento
APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 01
( ) Velho Testamento e Novo Testamento ( ) Legislação, Profecias e Cumprimento
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TRABALHO 02 - FÉ BÍBLICA ● Trabalho em grupo (8 a 12 pessoas) ● Tempo de conclusão: 10 minutos para organizarem e 5 minutos para apresentar (cada grupo) ● Formato: Formular apresentação em casa e apresentar na aula seguinte (Propósito Eterno) / não precisa entregar texto, só apresentar. ● Correção e avaliação: Nota do professor: média da nota geral do grupo e nota individual (0 a 10) ● Total de tempo da atividade: 50 minutos ● Dica: cada integrante pode ficar responsável por apresentar um item da apresentação. Leia o texto bíblico (se tiver) para depois comentá-lo. Com base no que aprendemos: Grupo 1: Relacione Fé e Justiça. Grupo 2: Relacione Fé, graça e obras. Grupo 3: Relacione Fé e Salvação. Grupo 4: Relacione Medida de Fé e Profecia. Grupo 5: Explique os 4 primeiros produtos da fé citados pela apostila. Grupo 6: Explique os 5 últimos resultados da fé citados pela apostila. Grupo 7: Explique quais são as 2 primeiras atitudes citadas pela apostila que precisamos ter se desejamos aumentar nossa fé. Grupo 8: Explique quais são as 2 últimas atitudes citadas pela apostila que precisamos ter se desejamos aumentar nossa fé.
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APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 01
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus Introdução Vimos na aula anterior o que é ter uma fé bíblica. Para dar continuidade ao tema, precisamos entender sobre o que a Bíblia fala, e qual o Propósito Eterno de Deus e o Plano de Salvação contido nela. A vida de um discípulo de Jesus não está sem direção. Depois que nos tornamos um discípulo de Jesus precisamos de orientação, precisamos de uma direção clara, para que possamos cumprir o propósito de Deus. Precisamos de uma visão geral do todo, para que compreendamos o que Deus quer de nossas vidas, para depois começarmos a encaixar as partes. Muitos podem estar equivocados quanto ao rumo de sua vida por não ter recebido uma visão clara do propósito de Deus, uma visão clara do que Deus planejou para nós desde o dia em que nascemos até o dia em que estaremos com Ele. Por isso, esse é um assunto fundamental, que devemos abordar de coração aberto a Deus, em oração, para que o Espírito Santo nos revele a grandeza do supremo propósito do Pai. Este assunto deve tomar conta de nossa mente e coração. O conhecimento da glória que há no propósito de Deus deve tomar todo o nosso ser. Seu propósito, objetivo, alvo ou meta deve permear todo nosso ser e direcionar nossas vidas. Se quisermos cooperar com Deus devemos conhecer os Seus desejos, Seu coração, Seu propósito. Tudo que fazemos só terá valor eterno à medida que cooperar com o propósito de Deus. Qual é a história da Bíblia? Esse é um resumo muito simplório de um compilado de 66 livros escritos ao longo de 2000 anos, mas é para que tenhamos uma compreensão geral da história bíblica. Deus criou o homem para relacionar-se com Ele, e o colocou num ambiente perfeito, mas o homem se rebelou contra Ele, infringindo a única regra que Deus lhê impôs para seu próprio bem, deixando assim de ser e ter tudo que era e tinha, e tornando-se mortal. O mundo ficou sob uma maldição por causa do pecado - o desvio do propósito para o qual havia sido criado, mas Deus, em sua misericórdia, estabeleceu um plano para salvar o homem e o mundo e restaurar o relacionamento quebrado. Deus deu início ao Seu plano através de Abraão, chamando-o para sair da Babilônia e ir para Canaã (mais ou menos 2000 A.C.), prometendo a ele descendentes e afirmando que, por meio dele, todas as nações da terra seriam benditas. Posteriormente, os descendentes de Abraão foram para o Egito, onde se tornaram uma nação. Passando a ser escravizada no Egito, a nação de Israel clamou por um livramento, e mais ou menos em 1400 A.C., Deus os guiou através de Moisés para fora do Egito, rumo à Canaã. Moisés também recebeu de Deus uma legislação e uma aliança (testamento) entre Deus e o povo, oferecendo benção e prosperidade com a condição de que o povo obedecesse a Deus. Depois de 40 anos rodando no deserto por causa da desobediência a Deus, finalmente a nação entrou em Canaã, liderada por Josué, sucessor de Moisés. No meio deste povo, Deus levantou juízes para governar o povo. Durante este tempo, Deus estabeleceu profetas, que traziam a visão daquilo que Deus desejava fazer para o Seu povo. Em seguida, Saul é levantado como rei, mas desagradou o coração de Deus. Deus o substitui por Davi, um homem segundo o Seu coração, e em seu reino e no reino do seu filho Salomão, Israel se confirmou com força e poder, e Deus prometeu a Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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Davi que em sua descendência viria um rei cujo reinado era eterno. Depois do reino de Salomão, Israel se dividiu em duas nações: Israel (nas dez tribos do norte) e Judá (duas tribos do sul) e continuou sendo governada por reis, alguns que cooperavam com a vontade de Deus e outros que O desobedeceram. Ambas foram levadas cativas por terem se afastado de Deus. Depois, Deus foi misericordioso com Israel e reuniu novamente as Tribos, e a cidade de Jerusalém, capital da nação, foi reconstruída. Aqui termina o Antigo Testamento. Cerca de 400 anos depois, nasce Jesus, descendente de Abraão e Davi, e assim começa o Novo Testamento. Jesus veio para cumprir o que havia sido prometido e redimir a humanidade, restaurando o propósito eterno de Deus. Ele cumpriu sua missão, morrendo mesmo sem ter sido condenável (pois não tinha pecado, e a morte veio pela maldição do pecado), colocando-se como inocente e pagando o preço de morte no lugar daqueles que deveriam pagar pelo pecado - a humanidade. Através de Jesus, Deus estabeleceu uma nova aliança (testamento), que consistia no seguinte: quem tivesse fé na ação salvadora de Cristo estaria livre da lei do pecado e da morte (Romanos 8), vivendo eternamente – nosso corpo corruptível dará lugar a um novo corpo incorruptível (2 Coríntios 5:1-5 / 1 Coríntios 15:52), a alma será transformada e o espírito será resgatado por Deus, voltando ao propósito eterno de Deus. Jesus ressuscitou da morte, e a partir daí, seus discípulos foram enviados por Ele a anunciar as boas novas de sua salvação e do reino de Deus, que seria iniciado pelos que cressem em Cristo, e confirmados no retorno de Jesus. Então, discípulos viajaram por todo o mundo, fazendo milagres e sinais, e a Bíblia termina com uma complexa e detalhada profecia do retorno de Jesus em Apocalipse, que marcará a finalização deste plano de salvação. Muitos de nós costumávamos (ou ainda costumamos) ver o propósito de Deus a partir da queda do homem. Sendo assim, como o homem está perdido, a salvação do homem se tornou o centro do propósito eterno de Deus. Aqui estava o erro e aqui devia ser feita a correção. É claro que Deus quer salvar a todos os homens. Vemos isto claramente nos textos de I Timóteo 2.3-4; II Pedro 3.9 e João 3.16. Mas nós não devemos confundir o plano de Deus com o Seu propósito. O propósito de Deus para o homem não surgiu com a queda do homem. É algo que já estava no Seu coração antes da fundação do mundo. Efésios 1:3-5,11 - “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade... nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade.”. Deus jamais quis que o homem pecasse. A salvação não era o propósito do coração de Deus. A redenção foi necessária por causa da queda. A queda não foi “programada” para que houvesse salvação. Nós precisamos conhecer qual era a primeira intenção de Deus, qual era o propósito que Deus tinha em seu coração quando criou o homem. Qual o Propósito de Deus ao Criar o Homem? Gênesis 1:26-28 - “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.”. 20
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
Quando Deus fez o homem, Ele queria ter filhos com a sua imagem, com a sua natureza e com a sua vida. Deus queria ter uma grande família que expressasse na terra a sua glória e autoridade (Gênesis 1.27-28). Por isso, Adão e Eva foram criados à imagem de Deus. Sabemos que cada ser vivo se reproduz segundo a sua própria espécie. Então, quando Adão e Eva de multiplicassem, reproduziriam filhos à imagem de Deus. Esta seria a família de Deus. A Bondade e o Propósito da Criação Em Gênesis 1 e 2, vemos em diversos versículos que Deus afirma, ao criar cada coisa, que era bom, e ao final, a Bíblia afirma que contemplou tudo que criou e viu que era muito bom (Gênesis 1:31). Isso porque Deus é bom, e sua criação expressa quem Ele é. O criador imprime em sua criação a essência daquilo que Ele é, e por isso que a criação expressa a Sua bondade. Ela foi criada por Deus, para Deus e sustentada por Ele, pois Deus sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder (Hebreus 1:3). Tudo que existe só foi criado e permanece existindo porque Deus sustenta pelo poder de sua palavra. Existem quatro propósitos principais para a criação que nos mostram a bondade inerente a essa criação: 1. A criação tem o propósito de revelar a glória de Deus. A Bíblia afirma: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Salmos 19:1). Ela revela a sabedoria, a graça e a essência boa de Seu criador. 2. A criação foi feita para ser a habitação da humanidade. Os mesmos elementos que estão em nós estão na criação, pois fomos criados do pó da terra (Gênesis 2:7). Isso nos revela que Deus desejou que houvesse entre nós, os demais seres e a terra uma harmonia perfeita. Hoje percebemos que o meio ambiente está sendo degradado e corrompido a cada dia, o que altera a harmonia que deveria existir entre nós e o meio ambiente. Assim, temos visto e sentido aumentar catástrofes e todos os males relativos à natureza nos últimos dias. Isso nos indica claramente que houve uma corrupção do propósito original. 3. A criação foi criada para ser o ambiente da comunhão do homem com o Seu Deus. A criação foi feita não apenas para que o homem existisse nesse ambiente, mas para que este lugar atraísse o homem para a comunhão com Deus. Deus tinha prazer em passear no jardim e encontrar Adão ali (Gênesis 3:8). O termo Éden, local onde Deus plantou o jardim, vem do hebraico ( עדןÌeden), que significa “prazer”. Muitas vezes, nosso ambiente e rotina nos oprimem, nos distanciam de Deus e não nos dá mais prazer, o que nos mostra que algo foi distorcido do que foi no início.
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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4. A criação foi criada para ser governada pelo homem. O homem recebeu de Deus um mandato de governo sobre a criação (Gênesis 1:26). O homem seria responsável por administrar e governar toda a criação, mas o pecado fez com que o homem perdesse esse domínio. Na Bíblia, há um homem que fez o que Adão deveria ter feito: Jesus. Em Mateus 8:23-27, a Bíblia diz: “E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram; e eis que no mar se levantou uma tempestade, tão grande que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos! que perecemos. E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” O resultado dessa atitude de Jesus não foi um milagre, mas foi Jesus tomando posse do mandato de governo dado ao homem: a autoridade capaz de submeter a natureza. Adão recebeu de Deus a autoridade para dominar sobre os céus, a terra e os seres, o que foi perdido pelo pecado, mas Cristo, sem pecado e como homem, foi capaz de exercê-la nesta passagem. A Queda Romanos 5:12 afirma: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Quando no Éden Adão e Eva pecaram (Eva sendo enganada e Adão se rebelando contra Deus), eles trouxeram a condenação do pecado (a morte) não apenas para si, mas para todo o ambiente criado para que o homem habitasse, governasse e se relacionasse com Deus, assim como vemos em Gênesis 3:17: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” Deus nos criou para vida, mas o pecado trouxe a morte, afastando o homem do relacionamento com Deus. Existem cinco esferas que foram afetadas pelo pecado: 1. Esfera física: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. (…) No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gênesis 3:16 e 19). Isso significa que a mulher teria que, a partir de agora, ter um esforço muito grande e até dor para dar a luz, e o homem, por sua vez, teria que se esforçar e sofrer para da terra tirar seu sustento. Antes já havia o trabalho, pois o homem possuía a função de governar todas as coisas, porém o trabalho do homem fluía de forma tranquila e em paz. O trabalho não foi uma punição por causa do pecado, mas sim o esforço e sofrimento que a partir dali o trabalho causaria. 2. Esfera emocional: “E ele respondeu: 'Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi'” (Gênesis 3:10 – grifos nossos). Nesta passagem Adão revela a Deus o seu sentimento de medo. Essa foi a primeira emoção distorcida. Muitas vezes nos movemos por medo em nossas vidas por causa do afastamento do propósito e isso nos causa terríveis sofrimentos. 3. Esfera espiritual: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15). Essa afirmação de Deus revela que, a partir daquele momento, começaria uma batalha envolvendo o homem e os demônios no mundo espiritual, prefigurando o que hoje chamamos de batalha espiritual. Antes, o homem não precisava se preocupar com Satanás, mas a partir daí, passa a ter que lutar contra o diabo e seus demônios. 4. Esfera ambiental: “Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.” (Gênesis 3:18). A partir desse momento, a criação sofreria e desenvolveria pestes. Isso demonstra que todo o ambiente em que o homem estava passou a ser desarmônico em relação a ele. A criação não se 22
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
submetia mais a ele da mesma forma que anteriormente. 5. Esfera governamental: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” (Gênesis 3:16). Antes, o homem e a mulher governariam a terra juntos, sendo a mulher uma ajudadora e companheira neste propósito. Agora a mulher deixa de governar a terra e passa a ser governada pelo homem. O homem recebe a difícil tarefa de ter que, além de lidar com a situação de rebeldia e corrupção instaurada na criação, governar a mulher, pois o desejo dela de governá-lo seria muito intenso. Assim, conforme já citamos no texto de Romanos 8, a criação geme e sofre até o momento em que se verá livre desse sofrimento gerado pelo pecado. A promessa de restauração “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15) No contexto desse versículo, Deus começa a citar as maldições provenientes do pecado, e essa é a segunda sentença lançada sobre a serpente. Os teólogos costumam chamar este versículo de “Proto-evangelho”, ou o Evangelho em protótipo, porque este verso introduz dois elementos até então desconhecidos no Jardim do Éden que são a base do cristianismo: a maldição sobre a humanidade por causa do pecado de Adão e provisão de Deus para um Salvador do pecado que levaria a maldição do pecado sobre si.
Compreendendo melhor o Proto-Evangelho Gênesis 3:15 nos revela a primeira vez que o Evangelho foi anunciado na Bíblia: foi manisfetado pelo próprio Deus no ambiente de condenação do mundo pelo pecado. Em Gênesis 3:14, fica claro que Deus está falando com a serpente, a quem Ele amaldiçoa a rastejar sobre o ventre e "comer pó" todos os seus dias. Já no versículo 15, Deus deixa de condenar a serpente para condenar aquele que a habitava, Satanás – a antiga serpente, segundo afirma Apocalipse 20:2. Ele amaldiçoa Satanás a viver em guerra contra a humanidade, descrita como a semente da mulher. A mulher em questão é de modo geral a própria Eva, cujos descendentes seriam dali em diante assediados por Satanás e seus demônios. Neste momento, o pecado entrou na raça humana, e seus estragos e conseqüências reverberam em nós até hoje. Nós herdamos o pecado e a natureza do pecado de Adão, e sofremos com isso continuamente. A inimizade - a hostilidade e ódio - entre homens e demônios, entre os quais a guerra ainda continua, começa aqui. Anjos caídos, e também os homens perversos são chamados de serpentes, e até mesmo de “raça de víboras” (Mateus 3: 7), e vivem em guerra contra o povo de Deus. O povo de Deus, que é a semente da mulher, é odiado e perseguido por eles, e tem sido desde este acontecimento no Jardim. Mais especificamente, a descendência ou semente da mulher refere-se a Jesus Cristo, que nasceu de uma mulher. A "inimizade" ou hostilidade e ódio que se fala aqui é entre Satanás e Cristo. A semente da serpente, os homens perversos e forças demoníacas, feriram o calcanhar do Salvador quando Judas Iscariotes, os fariseus, os romanos e outros homens, conspiraram para condenar Jesus à crucificação. Mas essa ferida não foi o ato final. Cristo ressuscitou no terceiro dia, depois de ter pago o preço pelo pecado de todos os que depositam sua fé nEle. A vitória final era de Jesus, e Ele esmagou a cabeça de Satanás, removendo para sempre o seu domínio sobre o homem. Assim, esmagar a cabeça representa que Cristo não só destruiu a serpente, mas retirou sua autoridade e poderio utilizado para sujeitar o homem. O poder de Cristo destruiu Satanás e todos os seus principados e potestades, confundiu todos os seus esquemas, e arruinou todas as suas obras. O poder da cruz esmagou todo o império de Satanás, despojando-o de sua Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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autoridade (particularmente o seu poder sobre a morte), e sua tirania sobre os homens. Tudo isso foi feito por Cristo encarnado quando Ele sofreu e morreu para nos salvar (Hebreus 2: 14-15). Para sermos vitoriosos com Cristo, precisamos reconhecer seu sacrifício na cruz e recebê-lo em nosso coração como nosso Senhor e Salvador, partindo de uma posição legal conquistada por Cristo a uma posição experimental de sua vitória. O Proto-evangelho nos mostra que Deus sempre teve o plano de salvação em mente, e informou-nos de Seu plano assim que o pecado entrou no mundo. "A razão pela qual o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo" (1 João 3: 8).
Podemos falar sobre as duas obras que a semente (descendência) de Eva, o último Adão (1 Coríntios 15:45) Jesus, veio cumprir: 1. Restaurar o homem, recuperando sua autoridade: Através da restauração do homem e de sua autoridade, o homem recupera o seu mandato de domínio. Além disso, a autoridade é reestabelecida no ambiente do casamento. Inicialmente, o homem não havia recebido um mandato de domínio para governar sobre a mulher, mas a rebeldia que se instaurou dentro dele, de Eva e de toda criação, fez com que a mulher desenvolvesse um desejo de dominá-lo. Para que esta posição fosse realinhada em justiça, Cristo – o último Adão - como o noivo da Igreja, mostra com sua atitude sacrificial o papel do marido: exercer autoridade em amor em favor da mulher, enquanto ela se submete em santidade (Efésios 5:22-25 / 1 Coríntios 11:3). Cristo não só realinha o papel do homem e da mulher, mas o propósito da família de gerar filhos à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26 / Romanos 8:29). 2. Restaurar a terra para Deus habitar com o homem: Depois da queda, em Gênesis 3, Deus ainda estava presente no ambiente, não simplesmente por revelações e aparições. Deus caminhava no jardim, e a Bíblia afirma também que Enoque andava com Deus – acreditamos que isso seja literal. A partir de Genêsis 6, após o dilúvio, passam a acontecer somente revelações e aparições de Deus, porque, com o pecado, a comunhão com Deus, que era próxima, foi quebrada. O Espírito de Deus deixou de habitar no homem, levando embora consigo a vida de Deus que estava sobre o homem (Gênesis 6:3). Deus deixou de andar com o homem, pois tanto ele quanto o ambiente em que estava havia sido corrompido pela perversidade e pelo pecado. Ao vir à terra, Deus, por meio do Seu filho, dá início ao plano de restauração de todas as coisas e da restauração do relacionamento com o homem, pois Cristo habitou entre nós (João 1:14). Cristo, após seu sacrifício, enviou o Espírito Santo de volta para habitar no homem, restaurando a comunhão perdida pelo pecado (Atos 2:4). A restauração total da terra e da habitação plena de Deus com o homem se dará quando novos céus e nova terra forem recriados (Apocalipse 21:1-3). Os textos de João 1:14 e Apocalipse 21:1-3 utilizam o mesmo termo para o verbo “habitar”: o grego (σκηνοω) skenoo, que pode se traduzir por “tabernacular, fixar moradia”. Ainda sobre Jesus, podemos fazer 4 afirmações: 1. Ele é o Filho de Deus que veio em carne (João 1:14 e 34; Mateus 14:33 e 16:16; 1 João 5:5): Jesus foi gerado de Deus para ser o primeiro de seus muitos filhos (Romanos 8:29 / Colossenses 1:15) 2. Ele veio para nos salvar da morte e do pecado (João 3:16; Romanos 5: 17 e 21, 6:23, 8:2; Colossenses 1:22; 1 Pedro 1:19) 3. Ele nos revelou o Reino de Deus (Mateus 4:17; Marcos 1:14 e 15; 4. Ele voltará para cumprir seu reinado (Mateus 24:30; Atos 1:11; Tito 2:13; Apocalipse 19:11 a 16)
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Propósito Eterno X Plano da Salvação É importante entender a diferença entre propósito eterno e plano da salvação •
O propósito é Deus querendo habitar com o homem;
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O plano é o processo que Deus vai fazer a terra e os homens passarem para que esse propósito seja alcançado.
Esse plano sempre se desenvolve em torno do Messias. Esse plano envolve o desenvolvimento da verdade da identidade e da missão do filho prometido de Adão que vai destruir o pecado e tornar a terra novamente habitável para comunhão entre Deus e o homem. A obra redentora de Cristo Jesus e sua graça salvadora é tão grandiosa que temos a tendência de confundi-la com o próprio propósito de Deus. Mas não é assim. Jesus Cristo, o Filho de Deus, com sua obra redentora, deu uma nova vida ao homem, restaurando-lhe a comunhão com o Pai. A redenção efetuada por Jesus Cristo e encarnada pela igreja, é o plano estabelecido por Deus para restaurar todas as coisas, e assim concluir seu propósito.
A redenção nunca poderia ser um fim em si mesmo, mas apenas um plano para consertar um grande erro. Para Paulo, a redenção nunca foi o propósito de Deus. Ele entendia que o propósito de Deus era a família eterna (Efésios 1.4,5; Romanos 8.28,29). Uma família perfeita em Cristo (Filipenses 3.12-14). Sua obra para o Senhor não consistia em buscar apenas a redenção do homem, mas em apresentar este homem a Deus, restaurado à imagem de Jesus Cristo (Colossenses 1.28). O Propósito de Deus “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra;” (Efésios 1:9-10 – grifos nossos) Neste versículo, o termo grego para congregar ou convergir (dependendo da versão bíblica) é o grego ανακεφαλαιομαι (anakephalaiomai), que significa “resumir ou colocar todas as coisas juntas sob um princípio unificador”. Estamos indo para este lugar em Cristo, onde tudo será unificado e alinhado. Tudo que Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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tem nos céus e na terra será alinhado a um único princípio unificador: Cristo. Quando isso acontecer, haverá uma perfeita linguagem e comunicação entre os céus e a terra, entre nós e Deus. Deus deseja fazer convergir por meio de Cristo céus e terra, nos tornando um com ele e um com o lugar onde ele habita em pleno relacionamento. Em Apocalipse 21:3-4 nos expressa isso mais claramente: “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Aqui o termo traduzido por Deus é o grego θεος (theos), que se refere a Deus Pai. Haverá um momento na história no qual Deus, o Pai, descerá para a terra, já transformada, para habitar com os homens. Quando pedimos “Venha o Teu reino”, isso significa literalmente: “Deus, cumpra sua palavra, e venha habitar aqui na terra conosco.” Da mesma forma que Deus estava com Adão, Deus deseja restaurar conosco essa comunhão plena que foi perdida, o propósito inicial, que era habitar com o homem e se relacionar com ele. Ao mesmo tempo, Deus espera que seus filhos clamem pela vinda do Reino de Deus, e só liberará essa vinda como resposta às nossas orações, clamor e ações em direção a este Reino. Deus espera que o desejemos, e o nosso clamor por Seu reino é o que o atrairá. Em Isaías 30:19, está escrito: “Porque o povo habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor e, ouvindo-a, te responderá.” Se não clamarmos, Ele não virá! É por isso que nestes dias Deus tem gerado nos quatro cantos da terra um movimento de oração e adoração, clamando pelo Seu retorno. Todos os grandes homens de Deus foram tomados por este clamor. Abraão obedeceu a Deus esperando a vinda dessa cidade de Deus, dessa habitação, como está em: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.” (Hebreus 11:8-10). Abraão já sabia que essa cidade de Deus seria trazida para Terra, mesmo que, na Bíblia isso só tenha sido mais diretamente revelado em Apocalipse! Todos os homens de Deus sempre creram nisso - isso sempre foi uma das bases fundamentais da fé judaico-cristã. Ainda neste mesmo capítulo de Hebreus, o autor do livro, falando sobre os homens de Deus que caminharam por fé, diz: “Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” (Hebreus 11:16). Da mesma forma, nós, vivendo pela fé, precisamos estar focados nesta cidade celestial e na transformação necessária dentro de nós para que estejamos prontos para este momento. Plano da Salvação O que se padronizou pensar sobre o plano da salvação é que Deus deseja salvar os homens e destruir o mundo, mas a Bíblia não afirma isso. Uma grande distorção nos fez considerar que Deus nos tiraria daqui para um outro lugar, e que o mundo seria destruído. Em Gênesis 1:31, no livro que descreve a criação do mundo, a Bíblia afirma que Deus, ao contemplar tudo que Ele criou, viu que era tudo “muito bom”. O homem corrompeu o mundo por meio do pecado (Romanos 5:12), mas ainda assim, Deus resolveu salvá-lo. Será que Deus salvaria o homem, o meio através do qual entrou o pecado no mundo, e destruiria todo o mundo, que era muito bom, mas se tornou vítima da corrupção do pecado? Romanos 8:19-23 nos diz: “Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo.”
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Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
Aqui vemos que a criação está sofrendo, sujeita à vaidade. A palavra vaidade neste texto pode também ser traduzida por perversidade, depravação. O pecado sujeitou à vaidade não apenas o homem, mas toda a criação, que aguarda a manifestação dos Filhos de Deus. O versículo mais conhecido e mais utilizado ao se descrever o plano da salvação de Deus é a passagem de João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Observe que Jesus não afirma que Deus amou a “humanidade” ou as “pessoas do mundo”, mas que Deus amou “o mundo”, que, é claro, inclui as pessoas que estão no mundo, mas também inclui as árvores, os animais e todo o restante da criação. A palavra traduzida como mundo é o termo grego κοσμος (kosmos), que pode ser traduzido por: “ordem harmoniosa, criação, o mundo criado e sua organização; ordem das coisas criadas”. O versículo seguinte, João 3:17, diz: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (grifos nossos). Deus não deseja salvar apenas os homens, mas também toda a sua criação, resgatando-a da corrupção do pecado. Colossenses 1:20 afirma: “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.” (grifos nossos). O sangue de Jesus e seu sacrifício veio para reconciliar não apenas o homem com Deus, mas também todas as coisas criadas. O livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, vem do termo grego Γένεσις, (gênesis), que se traduz por origem, nascimento, criação. Por sua vez, esse termo é a tradução grega para o nome original em hebraico, que é ( בראשיתB'reishit) e significa "no princípio" – essa é a primeira palavra retirada da sua frase original. Este livro nos revela chaves em seus 3 primeiros capítulos que nos trazem o entendimento sobre a intenção original de Deus, sobre a qual entenderemos melhor aqui. Algumas palavras nestes capítulos de Gênesis se repetem em outras partes da Bíblia, revelando segredos importantes sobre o propósito de Deus, e por isso é importante, se queremos compreender o propósito de Deus, considerar de forma prioritária esses capítulos. O Plano de Deus e as Alianças Já entendemos o que Deus deseja fazer, mas agora precisamos saber qual é o Seu plano, ou seja, de que forma Ele pretende atingir Seu propósito. Esse plano se desenvolve ao redor da identidade e da missão da semente de Eva que foi prometida, o Cristo, através de quem Deus estabelecerá seu plano de convergir todas as coisas. Deus utiliza sempre um método para o comprimento do seu propósito: Ele estabelece alianças com o homem. A partir do cumprimento dessas alianças, a terra e a humanidade são preparadas para a vinda do Messias. Assim foi em toda a Bíblia, antes da primeira vinda de Cristo, e assim será até a segunda vinda dEle. Para isso, precisamos gerar comunhão com Ele e entre os irmãos, para que, a partir dessa comunhão, Ele nos manifeste sua vontade, nos dando uma missão a partir de uma aliança que devemos cumprir. Deus prometeu no Éden que a semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Como vimos anteriormente, isso se refere a uma promessa de Deus sobre a restauração do Seu propósito eterno. Para o cumprimento dessa promessa, Deus escolhe homens e estabelece com eles uma aliança através da qual Ele implementa Seu plano. A partir da aliança estabelecida, esses homens passaram a viver obstinados pela promessa de restauração, dando suas vidas para que o plano de Deus fosse cumprido. Sem uma aliança com Deus, caminharemos sem um propósito, sem estabelecer um compromisso com Sua vontade. A aliança deve ser o princípio que rege e precede nosso trabalho com Deus. Muitas vezes queremos trabalhar para Deus sem ter uma aliança com Ele, e assim não colaboramos com Seu plano, Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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desprezando o que Deus deseja. O trabalho deve ser fruto do nosso relacionamento com Deus, e não o contrário. Apesar da queda, Deus continuou desejando se relacionar com o homem, e por isso Ele se tornou amigo de homens (Êxodo 33:11). Essa amizade fez com que estes homens desejassem servir a Deus. O serviço foi fruto do relacionamento. Existem na Bíblia muitas alianças, mas vamos observar aqui cinco alianças que possuem uma relação com a redenção da terra e com a preparação do caminho para a vinda do Messias. 1. A aliança com Noé: Lendo Gênesis 6 a 8, você perceberá que, após a queda e a instauração de uma rebeldia tanto nos homens quanto na Terra, Deus fez juízo não apenas contra a humanidade, mas também com a Terra. Ao encontrar em Noé uma geração justa, Deus estabeleceu uma aliança após o dilúvio com a humanidade e com a terra. Essa aliança teve como alvo principal a conservação da terra: “E eu convosco estabeleço a minha aliança, que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.” (Gênesis 9:11). Noé se moveu pela fé em direção à aliança, fazendo a sua parte após ser avisado por Deus das coisas que não se viam (Hebreus 11:7). Esta aliança foi marcada pela misericórdia de Deus. 2. A aliança com Abraão: Com Abraão, Deus estabelece uma benção geracional, uma aliança familiar, afirmando que por meio dele seriam benditas todas as famílias da Terra (Gênesis 12:1-3) – a benção que havia sido perdida por Adão. A partir da fé nessa promessa, ele se move a uma terra que não conhecia (Hebreus 11:8-10), se envolvendo com o propósito eterno de Deus e crendo que Deus viria habitar com os homens. A Bíblia ainda afirma que Deus estabeleceu uma aliança com Abraão, Isaque e Jacó – uma aliança de gerações: “E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó.” (Êxodo 2:24). A aliança não incluía Ismael porque ele não nasceu de uma aliança familiar legítima - não havia aliança familiar entre Abraão e Hagar, pois Hagar era uma serva de Sara, e não esposa de Abraão. Já Sara era a esposa legítima de Abraão, e tinha aliança com ele. A aliança geracional de Deus, dessa forma, era capaz de cobri-la e cobrir sua geração. Abraão e Sara tiveram um filho já bem idosos quando humanamente não havia mais chances disso acontecer, e sobrenaturalmente, Deus faz Isaque nascer. Deus faz nascer um filho de dois idosos e não de um outro casal mais jovem e fértil porque, neste momento, ele não estava apenas em busca de um homem ou de uma mulher ou de um casal qualquer, mas em busca de uma família, de uma linhagem, que escolhesse juntamente servi-Lo e obedecê-lo. Quando olhamos para Abraão e Sara, notamos que Deus escolheu neles a linhagem através da qual faria vir Jesus, e também percebemos que Deus determinou por meio deles o local onde Jesus – a semente que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15) – nasceria. Deus promete a terra de Canaã a Abraão, e o orienta a seguir até ela. Através dessa aliança, Deus pretendia posicionar uma família no local geográfico escolhido por Ele para que o Cristo nascesse ali, e por meio daquela descendência. Abraão viu também pela fé a vinda de Jesus (João 8:56). Assim, por meio de Abraão e de sua obediência, Deus começa a estabelecer seu plano de redenção, cujo ápice é Cristo. Esta aliança foi marcada pela graça de Deus. 3. A aliança com Moisés: Moisés recebe uma promessa de Deus e larga toda a vida de riquezas no Egito para vivê-la, envolvendo-se também com o propósito eterno de Deus (Hebreus 11:24-26). Deus estabelece uma aliança não só com um homem ou com uma família, mas com todo o povo de Israel, principalmente através do ministério de Moisés. Aqui Deus não tem mais como intenção posicionar uma família abençoada no local que deseja, pois isso já foi feito, mas agora Ele mostra o estilo de vida que precisa ser vivido para que o Messias venha e para que o povo se torne benção a todas as nações. A aliança estabelecida por Deus ordena ao povo um processo de obediência à justiça, ou à lei da justiça. Deus dá uma lei a Moisés, e a obediência a essa lei os tornaria testemunhas para as nações como um povo justo, que possui um Deus presente. O povo aqui não conseguiu obedecer à lei, pois o 28
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seu coração não havia sido circuncidado (Deuteronômio 10:16 / 30:6), ou seja, não havia uma aliança em seus corações a favor da obediência à lei. Esta aliança foi marcada pela justiça de Deus, que trouxe um estilo de vida através do qual o povo deveria viver. 4. A Nova Aliança: Esta aliança, embora cronologicamente não seja manifesta aqui, ela é profeticamente revelada após a desobediência do povo à lei trazida por Moisés. Essa aliança diz o seguinte: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jeremias 31:31-33). Aqui, Deus estabelece uma aliança com seu povo, afirmando que Ele escreveria a Sua lei no coração do povo, colocando neles o desejo profundo de cumpri-la. Essa aliança seria consumada pelo próprio Messias, que, com seu sacrifício, viria escrever essa lei no coração de cada um, nos fazendo ter um desejo ardente e uma capacidade de obedecer a lei de Deus. Cristo não veio abolir a lei, mas cumpri-la (Mateus 5:17), e o cumprimento dessa lei inclui o selo do Espírito Santo em nossos corações, que nos impulsiona a desejar o Senhor e a obedecer o que Ele diz (João 14:16-17 / Atos 1:8). É a obra de Cristo e a habitação do Espírito Santo em nossos corações que nos faz viver em santidade. Por isso, se não há um desejo ou uma capacidade de parar de pecar, isso expressa claramente que o Espírito Santo ainda não está habitando em um coração. Nesse caso, o jeito é voltar ao princípio do caminho, se arrependendo e pedindo perdão. Falaremos mais sobre este processo na aula de Arrependimento. Quem não obedece a Cristo não o conhece, pois a obediência é uma manifestação natural de alguém que foi sobrenaturalmente transformado por Deus. Não há como testemunhar ao mundo sobre Cristo se não o conhecemos e se de fato sua lei não está escrita em nós. Essa aliança aponta para o selo do Espírito Santo em nossos corações, habitando novamente no homem. 5. A aliança com Davi: Em 2 Samuel 7, Deus estabelece uma aliança com Davi, na qual afirma que não faltaria nunca mais um rei no trono da descendência de Davi, ou seja: da tribo de Judá e da descendência de Davi, Deus levantará reis, legisladores e governantes, até que volte o Cristo, que pertence à descendência de Davi, e reinará eternamente. Aqui, Deus estabelece que a semente da mulher (Jesus – Gênesis 3:15) viria de uma linhagem real. Na verdade, essa profecia já havia sido feita muito antes por Jacó, em Gênesis 49:10 (NVI): “O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão.” Essa aliança demonstra uma espécie de corrida de bastão de gerações, até que venha o rei a quem pertence o governo de fato: Jesus. Ainda, sobre essa aliança com Davi, fala a passagem de Isaías 9:6-7: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.” Jesus é o rei eterno. Ao visitar Maria, o anjo que anunciou sua gravidez disse: “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim.” (Lucas 1:32-33). Essa aliança aponta para o Reino Eterno de Cristo.
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Por que Jesus não assumiu o governo das nações se Ele tem toda a autoridade? Cristo já possuía um trono nos céus, junto ao Pai, mas sua vinda e sacrifício deu a Ele o direito de possuir também um trono na terra. A maioria dos judeus não crêem em Jesus porque pensavam que a Sua vinda seria apenas uma vez, e não que Ele ressuscitaria para depois retornar. Para os judeus, Cristo já em sua primeira vinda viria e reinaria sobre Jerusalém e sobre as nações, o que ainda não aconteceu, e a pergunta que eles fazem é: se Jesus, como Messias, tinha toda autoridade, por que não a exerceu? Em Romanos 5:10, está escrito: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Se Jesus decidisse já assumir o governo em Sua primeira vinda, Ele teria que destruir seus inimigos. O que acontece é que, como vimos neste versículo, todos, até mesmo Israel, eram inimigos de Deus por causa do pecado. Cristo, com Sua morte redentiva, transforma essa realidade trazendo reconciliação, mas isso se dá num processo. Dentro desse processo está incluída a necessidade da pregação do evangelho do Reino de Deus às nações, para que muitos possam crer em Cristo e assim serem salvos. Esse evangelho do Reino, em outras palavras, é a mensagem das boas novas do sacrifício redentivo de Cristo e do anúncio de que Deus deseja governar seu povo e habitar em nosso meio. Por isso, a Bíblia afirma que é necessário que o Evangelho do Reino seja pregado a todas as nações primeiro, para que cada um tenha a chance de se arrepender e reinar com Cristo: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” (Mateus 24:14).
Os dois momentos da vinda do Messias 1. Primeira vinda: Ele vem com o propósito de redimir o mundo e restaurar a autoridade perdida. Como já vimos, Cristo foi enviado primeiro para redimir, preparar e reunir seu povo para que Ele possa habitar com eles. Neste primeiro momento Ele restaura a autoridade perdida por Adão (Filipenses 2:9-11) liberando essa autoridade novamente sobre os homens (Salmos 68:18 / Mateus 28:18-20 / Efésios 4:8). 2. Segunda vinda: Ele vem o propósito de reinar sobre o mundo com os escolhidos, exercendo a Sua plena autoridade. Cristo estabelecerá seu reino em todas as áreas: política, social, ambiental, e outras. O mundo e todo o ambiente será reajustado conforme o propósito original: “E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Isaías 11:6-9). Sobre o Governo de Cristo, Apocalipse 11:15 diz: “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.” (Apocalipse 11:15 – Grifos nossos). Cristo virá dominar a Terra por 1000 anos com seus escolhidos, e nesse tempo restaurará toda a Terra, sob o mesmo modelo de liderança que teve em sua primeira vinda.
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Nossa atual situação Observe a seguinte parábola: “E, ouvindo eles estas coisas, ele prosseguiu, e contou uma parábola; porquanto estava perto de Jerusalém, e cuidavam que logo se havia de manifestar o reino de Deus. Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois. E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha. Mas os seus concidadãos odiavam-no, e mandaram após ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. E aconteceu que, voltando ele, depois de ter tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que cada um tinha ganhado, negociando. E veio o primeiro, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. E ele lhe disse: Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade. E veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas. E a este disse também: Sê tu também sobre cinco cidades. E veio outro, dizendo: Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num lenço; Porque tive medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não puseste, e segas o que não semeaste. Porém, ele lhe disse: Mau servo, pela tua boca te julgarei. Sabias que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não pus, e sego o que não semeei; Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros? E disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. (E disseram-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas. ) Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado. E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim. E, dito isto, ia caminhando adiante, subindo para Jerusalém.” (Lucas 19:11-28 grifos nossos). Nesta passagem, Jesus estava em Jerusalém – lugar de onde biblicamente Jesus voltaria a reinar – e a expectativa daquelas pessoas era de que Cristo começasse a reinar já a partir daquele momento. Sabendo disso, Jesus resolve explicar aos seus discípulos através de uma parábola porque Ele não reinaria ainda em sua primeira vinda. A frase destacada acima (“Negociai até que eu venha”) tem muito a ver com o que Deus deseja de nós para esse tempo. Da mesma forma que os discípulos ali presentes, nós estamos no meio do caminho entre a primeira vinda de Cristo e o seu retorno. Cristo nos deu uma ordenança antes de subir aos céus: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.” (Mateus 28:19-20). Dentro dessa ordenança, o nosso papel é multiplicar naquilo que Ele nos deu. A palavra original neste texto de Lucas 19 para “negociai” é o termo grego πραγματευομαι (pragmateuomai), que significa “estar ocupado com algo”. Jesus pediu que seus discípulos se ocupem das suas ordenanças até que Ele venha, fazendo aquilo que Ele pediu, mas não segundo achamos que deve ser, e sim segundo a direção do Seu Espírito, que Ele nos deu. Cristo veio e restaurou a habitação de Deus em nós ao nos conceder o Espírito Santo, para que possamos nos envolver com Seu propósito eterno, multiplicando discípulos por todas as nações, ensinando a eles aquilo que Jesus nos ensinou. O Espírito é o penhor da nossa herança (Efésios 1:13-14), ou seja, um bem precioso que nos foi concedido para que possamos garantir a herança que nos foi destinada em Sua vinda. As minas que o homem dá a cada um dos servos se refere a uma porção e uma realidade do reino de Deus, uma medida de fé que Cristo dá a cada um de nós. Ele deseja que nós multipliquemos essa porção nos ocupando com suas ordenanças. Ele deseja que toquemos as nações, ele deseja que nos comprometamos a discipular pessoas, trazendo-as para a esfera do Reino de Deus. À medida que fazemos isso, os princípios do Reino de Deus começam a nos transformar, e a lei de Deus começa a ser escrita em nossos corações. Assim, onde quer que cada um de nós esteja, Deus deseja que sejamos testemunhos vivos de Cristo na vida cotidiana. O professor será o mais dedicado no ensino e no carinho, o engenheiro o mais esforçado em construir com excelência, o jurista o mais empenhado em praticar a justiça, em tudo agindo da forma que Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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Cristo faria se estivesse em nosso lugar. Isso naturalmente implicará em mudanças que transformarão a vida de outras pessoas e as trarão para Deus. A autoridade e o domínio deste Reino, ao nos afetarem, causa um intenso processo de mudança em nós que nos impulsiona a manifestar esse Reino e proclamá-lo, pregando-o em todo mundo em testemunho às nações (Mateus 24:14). Só poderemos fazer isso à medida que nós o ouvimos e vemos, pois não podemos testemunhar do que não ouvimos e vimos. Nossa operação nas esferas de influência só acontece na medida que somos influenciados pela operação do Reino de Deus em nossas vidas. Vamos fechar este entendimento com este versículo: “Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus, que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos.” (1 Timóteo 1:8-9). Entrando na plenitude do plano e do propósito de Deus para esses dias A criação está gemendo pela redenção e pelo retorno ao propósito de Deus, e nós não podemos ficar indiferentes a este clamor (Romanos 8:18-21). Como filhos maduros de Deus, precisamos assumir nossa postura e responsabilidade, pois a criação aguarda nossa manifestação. Precisamos remover em nós paradigmas e sofismas para que possamos nos envolver com esse propósito, entendendo claramente o que é ter um chamado de Deus. Antes de tudo, é necessário compreender que somos chamados segundo o propósito de Deus (Romanos 8:28-29), o que significa dizer que Deus tem nos convocado a fazer parte e nos envolvermos com o que Ele está fazendo. Em Romanos 12:1-2, Bíblia nos revela que existem diferentes níveis da vontade de Deus que só podem ser experimentados à medida que quebramos paradigmas, transformando nossa mente segundo a mente de Cristo. Também precisamos mudar a mentalidade que temos acerca do tema do chamado. O versículo de Romanos 8:28 nos mostra um processo em direção ao propósito: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (grifos nossos). É necessário, antes de tudo, amar a Deus, e amar é obedecê-lo. Deus só se manifesta àquele que O ama e obedece, conforme vemos em João 14:21: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”” (grifos nossos). É a partir do nosso amor por Ele que somos chamados, e isso começa com atitudes de amor que se traduzem em obediência. Isso tem a ver com uma mudança de mente que se revela em um estilo de vida, que em tudo busca glorificar e obedecer a Deus. Só quem vive dessa forma poderá participar do propósito de Deus. Muitas vezes, quando nos perguntam sobre qual é o nosso chamado em Deus, traduzimos isso com uma tarefa. Na verdade, nosso chamado, muito antes de ser uma tarefa, é uma convocação a colaborar com o propósito de Deus. Para entendermos o que é chamado segundo a Bíblia, vamos recorrer à primeira vez que este conceito é mencionado na Palavra: em Gênesis 3:8. Depois de Adão ter pecado, Deus chama a Adão para fora do lugar onde ele estava escondido. Deus sabia que Adão havia se escondido por causa do pecado, mas desejou provocar em Adão uma compreensão daquilo que ele havia feito. Adão estava escondido fora do propósito. Dessa forma, entendemos que Deus não nos chama para executarmos uma tarefa – sair do esconderijo - mas sim para compreendermos nossa situação, e a partir disso voltemos a ser quem éramos nEle. 32
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
Chamado é reposicionamento! Se traduz por uma postura e posição de justiça, e não por atividades e tarefas. Quando atendemos ao chamado do Senhor, entendemos quem nós éramos originalmente nEle, percebemos nossa atual situação e nEle descobrimos nossa missão. Isso só será possível quando transicionarmos em nossa mentalidade, através de um relacionamento de amor, obediência e plena comunhão com Ele. A soberana vocação de Deus para nós é a transformação que Ele faz em nós à medida que mergulhamos nEle e em Seu amor: o que estamos nos tornando nEle (Filipenses 3:14). Isso não tem a ver com um lugar, mas com uma transformação que se dá nós, pois o Reino de Deus está dentro de nós (Lucas 17:21). Precisamos olhar o propósito eterno de Deus com uma visão completa, a mesma visão de Deus. Ele não vê o propósito no futuro, mas na eternidade, e foi nessa eternidade (Eclesiastes 3:11/ Isaías 57:15) que Deus planejou o Seu plano em Jesus para cumprir o Seu propósito (Efésios 3:11-12). Podemos começar isso agora dentro de nós, se caminhamos nesse propósito. Quanto à consumação desse propósito, também há um paradigma a ser quebrado: não somos nós que vamos para um lugar, mas é o reino de Deus que vem em nosso meio. A consumação deste propósito consiste na habitação de Deus com os homens, o tabernáculo de Deus em nosso meio (Ap. 21:3). O ápice e a plenitude de seu propósito será a sua habitação com os homens.
Capítulo 2: Entendendo o Propósito Eterno de Deus
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APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 02 Tempo total: 30 minutos Esta disciplina terá como avaliação dois trabalhos. O primeiro é trabalho avaliado apenas como feito (todos que participam ganham 10) e o segundo é um questionário objetivo a ser entregue. TRABALHO 03 - O QUE CONTA A BÍBLIA ● Trabalho com toda a turma ● Tempo de conclusão: 5 minutos para organizarem (tolerância de 3 minutos) e 10 minutos para a correção ● Formato: Organize os eventos cronologicamente - cada um segura um dos 16 cartazes. Todos da turma são responsáveis por colocar na ordem. ● Correção e avaliação: feito ● Total de tempo da atividade: 15 a 18 minutos ● Dica: O ideal é fazer essa atividade antes de entrar em propósito eterno, para reforçar o aprendizado e não confundir depois os temas. Ao fim da atividade, indicar aos alunos que anotem ou tirem foto da ordem, pois é a história da Bíblia resumida em tópicos. TRABALHO 04 - O PROPÓSITO ETERNO ● ● ● ● ● ●
Trabalho Individual Tempo de conclusão: 10 minutos para fazer (tolerância de 3 minutos) e 10 minutos para a correção Formato: Questionário objetivo Correção e avaliação: do professor Total de tempo da atividade: 15 a 18 minutos Dica: fique atento às “pegadinhas”.
1. Com base no que você aprendeu, assinale V de verdadeiro ou F de falso nas seguintes afirmações sobre o Propósito Eterno de Deus - cada ítem vale 1 ponto: ( ) O propósito de Deus para o homem é a salvação. ( ) O propósito de Deus para o homem está contido na salvação. ( ) A salvação está contida no propósito de Deus para o homem. ( ) Era da vontade de Deus que o homem pecasse. ( ) Jesus foi o meio através do qual Deus restaurou todas as coisas. ( ) Deus criou o homem com o propósito de ter na Terra uma família de filhos semelhantes a Jesus. ( ) Deus mudou seu propósito inicial após a queda do homem. ( ) A salvação não é um fim em si mesma, mas um meio através do qual Deus restaura seu propósito inicial. ( ) Para honrarmos o Propósito de Deus, precisamos atender a seu chamado, nos tornando semelhantes a Jesus. ( ) O homem pode cooperar com o propósito de Deus atendendo ao Seu chamado.
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APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 02
Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo Arrependimento e Conversão Já entendemos nas aulas anteriores que o homem foi afastado de Deus pelo seu pecado no jardim do Éden. Em Gênesis 3:1-7 temos a descrição da entrada do pecado no mundo. Geralmente se diz que o pecado de Adão foi a desobediência. No entanto, isso não define exatamente o problema, pois na verdade a desobediência é o fruto do pecado e não próprio pecado. A relação de Adão com Deus era de total dependência; em tudo ele necessitava de Deus. Ele era dirigido pela própria sabedoria de Deus (Provérbios 8:22-31). Se Adão vivia nesta dimensão com Deus, porque ele se sentiu tentado em ser conhecedor do “bem e do mal”? Para que ele queria o conhecimento advindo de uma árvore e não de Deus? Na realidade, Adão queria dirigir a própria vida, queria fazer a sua própria vontade. Adão queria INDEPÊNDENCIA de Deus. Todavia, isto não foi algo que Adão tenha feito, mas, foi uma decisão interior no seu coração de ser INDEPENDENTE. Com isso, o pecado foi gerado por uma atitude interior de rebelião e consumado pela sua desobediência. Quando Adão pecou, sua própria natureza humana se degenerou. O pecado, então, se tornou parte de sua natureza, e, portanto, a herança de toda a raça humana, pois todo homem passou a ser gerado conforme a semelhança de Adão (confira Romanos 3:23; 5:12; Gênesis 5:3). Quando o homem pecou, sua atitude encarnou uma consciência independente em relação a Deus. Ao enviar Seu Filho, Deus atingiu a raiz do problema: além de trazer perdão dos pecados, trouxe a solução plena para a independência do homem. Jesus proclamou o Evangelho, as boas novas do Reino de Deus (Mateus 4:17), que é o fim da independência e início do governo de Deus sobre o homem que responder a esta mensagem. Entretanto, como podemos dar a resposta certa à mensagem do evangelho para que de fato tenhamos acesso à realidade do Reino de Deus? Em Atos 2, o povo que ouviu a mensagem pregada por Pedro sentiu-se afligido. em seguida, a multidão questionou: "Irmãos, que faremos?". Pedro, então, apresentou a solução para o povo: “Pedro respondeu: "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo.” (Atos 2:38). Arrependimento: A Solução No antigo testamento, a palavra usada para “arrepender-se” é o termo hebraico ( שובshuwb), que significa literalmente “voltar”. Por vezes, este mesmo termo é traduzido por “se converter”. Deste termo se origina a palavra Teshuvah (em hebraico תשובה, literalmente que dizer “retorno”). Embora algumas vezes no antigo testamento o termo ( נחםnacham) também seja traduzido por “arrepender-se”, na verdade ele tem mais a ver com “lamentar, sentir pesar, tristeza, dor ou compaixão”. No novo testamento, o verbo usado para “arrepender-se” é o grego μετανοεω (metanoeo), que quer dizer “mudar a mente”. O termo μετανοια (metanoia) é o que traduzimos por “arrependimento”. O verbo “arrepender” é dito pela primeira vez no Novo Testamento em Mateus 3:2 por João Batista: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” Depois, Jesus começa a dizer a mesma frase, revelando que o arrependimento é a porta de entrada do reino dos céus (ou reino de Deus). Outra palavra também usada no novo testamento dentro do mesmo sentido de arrependimento é o termo grego επιστρεφω (epistrepho), que quer dizer “voltar”. Este termo é usado, por exemplo, em Atos 3:19: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” (grifos nossos). O arrependimento é o primeiro passo de uma caminhada em Deus, que nos habilita a um processo que é completado pelo Espírito Santo. O “arrependimento das obras mortas”, ou seja, aquelas que não são Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo
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provenientes das verdades eternas mas sim de nossas vontades, é considerado um dos “rudimentos”, ou princípios elementares da doutrina de Cristo, entre os quais também está o batismo (Hebreus 6:1-2). A atitude de arrepender-se não está limitada a uma mudança moral. Não significa, isoladamente, parar de fumar ou beber, ou qualquer outra atitude que pareça moralmente correta. Na verdade, muito mais que isso, o arrependimento está associado a uma mudança de mentalidade que provoca em nós mudança de atitude, o que significa que, naturalmente, que o verdadeiro arrependimento se manifesta em obras, em frutos. Assim como o pecado entrou no mundo através de uma sugestão, uma ideia, que transformou a mentalidade de Eva e Adão, é por meio da transformação, do retorno da nossa mente ao estado original criado por Deus, que recebemos a salvação. Por isso, a palavra “retorno” expressa exatamente o que Deus espera de nós no arrependimento. Deus espera que nossa mentalidade retorne a um estado aceitável para ele. Essa palavra também representa uma reviravolta, uma guinada de 180 graus que indica uma total mudança de direção. Antes, nossa mentalidade nos movia para alimentar nossa natureza carnal, mas após o arrependimento, somos movidos a alimentar nossa natureza eterna. Arrependimento não é assumir um estado moralmente correto, mas assumir uma mentalidade aceitável para Deus. É possível ter atitudes aparentemente belas sem nenhum tipo de arrependimento, como faziam os fariseus. Isso porque, embora seus corações fossem corruptos, eles queriam parecer que não eram, e, por isso, sua obediência se limitava ao que era conveniente, o que seria visto pelas pessoas. Assim, eles foram confrontados intensamente por João Batista, e posteriormente por Cristo, por não produzirem frutos dignos de arrependimento (Mateus 3:8). O arrependimento nos molda a uma mentalidade totalmente dependente de Deus e obediente a Ele, não apenas no que convém, para parecer correto. Se agimos assim, temos a mentalidade de um fariseu e não de uma pessoa arrependida e convetida a Cristo. Quando nos arrependemos, abrimos mão de nossos pecados e vontades e da nossa independência de Deus. Só uma atitude de arrependimento nos coloca a disposição de sermos governados por Deus, pois só uma postura de arrependimento nos faz entrar no Reino dos céus. Essa atitude nos habilita a sermos lavados pela Palavra de Deus, ou seja, por Cristo e pelo que nos é relevado através dEle, conforme compreendemos em Lucas 24:46-47: “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.” Em outras palavras: nossa atitude de transformar nossa mente nos habilita ao batismo: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (Atos 2:38). O arrependimento, que sempre é precedido de uma manifestação interior de inconformismo com o “mundo” (a ordenação que rege o mundo, distorcida pelo pecado), nos habilita a nos oferecermos como um sacrifício aceitável a Deus, como está em Romanos 12:1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Veremos isso mais claramente a seguir, entrando no assunto do batismo. O Batismo Este passo está associado à porta da caminhada cristã. Não é um passo do meio do caminho, nem para depois de algum tempo de vida cristã. Está na PORTA. Trata-se de uma ordenança do Senhor Jesus, que expressa o comprometimento público com a fé em Cristo. O batismo é uma de duas ordenanças que Jesus instituiu para a igreja. Pouco antes da Sua ascensão, Jesus disse: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século" (Mateus 28:19-20). Estas instruções especificam que a igreja tem 36
Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo
a responsabilidade de ensinar a palavra de Jesus, de fazer discípulos e batizá-los. Isso deve ser feito em todos os lugares ("todas as nações") até "à consumação dos séculos." O batismo é uma ordenança clara de Jesus e por isso deve ser obedecida. O batismo já era praticado antes da fundação da igreja. Os judeus dos tempos antigos batizavam os novos convertidos para significar a natureza "purificada" dos convertidos. João Batista usou o batismo para preparar o caminho do Senhor, ensinando que todos, não apenas os gentios, fossem batizados porque todo o homem precisa de arrependimento. Batismo e Holocausto Para compreendermos melhor o que representa o batismo, é importante entender as ordenanças sacrificiais do antigo testamento, em especial sobre o tipo de sacrifício que chamamos de holocausto. A palavra holocausto vem do hebraico ( עלהÌolah) ou ( עולהÌowlah), cujo significado é oferta queimada, ou subida, escada, degraus. Esse tipo de sacrifício era oferecido anualmente pelo sumo sacerdote para expiação de pecados, tanto seus como do povo. No capítulo 1 do livro de Levítico está descrito o passo a passo para execução correta da oferta de holocausto: 1. O animal a ser oferecido precisava ser perfeito, sem manchas ou deficiências. 2. O animal devia ser imolado, cortado e lavado com água no caso de rebanho (bois, ovelhas, cordeiros e caprinos) ou destroncada a cabeça, no caso de aves, e depois colocado sobre o altar. 3. O holocausto, diferente de outras ofertas, era completamente queimado, e nenhuma parte do sacrifício era destinada para outra finalidade. O simbolismo do holocausto está fortemente associado a uma consagração completa e irrestrita a Deus, e costumava preceder uma aliança que o Senhor fazia com seu povo - assim foi com o holocausto oferecido por Noé após o dilúvio e com o holocausto oferecido por Abraão num monte em Moriá (no qual um carneiro substituiu Isaque, o filho de Abraão, que seria sacrificado). O holocausto poderia ser realizado tanto para a expiação de pecados quanto para uma adoração completa, uma consagração plena a Deus. É importante dizer que o holocausto, diferente das demais ofertas, era voluntário quando oferecido individualmente - as demais ofertas eram ordenanças. Entedemos que os sacrifícios levíticos eram apenas uma sombra, um símbolo, uma referência à real expiação de pecados que viria posteriormente por meio de Cristo, e na verdade eram ineficazes para expiar o pecado da humanidade de uma vez por todas, conforme está escrito em Hebreus 10:1 a 4: “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.” Deus sabia que sacrifícios de animais seriam incapazes de expiar pecados, ou mesmo não poderiam consagrar integralmente a vida de um homem a Deus, mas Ele permitiu que fosse assim temporariamente na Antiga Aliança levítica para que, na Nova Aliança, tivéssemos o entendimento profundo e claro sobre o sacrifício que seria capaz de nos expiar completamente: o sacrifício de Jesus. O Batismo e o Sacrifício de Expiação de Cristo Cristo se ofereceu como holocausto para expiação dos nossos pecados, como cordeiro de Deus, sem manchas Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo
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ou sujeiras do pecado, assim como João Batista afirmou em João 1:29b: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João Batista seria o sacerdote que, por direito, sucederia seu pai Zacarias no serviço do templo, o que não aconteceu por causa da corrupção farisaica. Ainda assim, João, como sumo sacerdote, o último sacerdote da velha aliança sacerdotal levítica legal, batiza Cristo nas águas, o apresentando como o holocausto de expiação diante de Deus. O sacrifício de Cristo obedece a ordenança de todos os elementos necessários para que sua oferta pela redenção dos pecados pudesse ser considerada. Primeiramente, Jesus, sem nenhum pecado, já morto para sua própria vontade, é lavado pelo sumo sacerdote na água, mergulhando no batismo para justiça. Ressaltamos aqui a relação entre água e justiça esclarecida por Cristo: quando João Batista pergunta a Jesus porque deveria batizá-lo, Ele responde que era necessário “cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15), mesmo sem pecado algum. Era preciso cumprir com os elementos do sacrifício. Jesus entendia que precisava assumir a posição certa para que tudo acontecesse da forma que o Pai planejou. O batismo de arrependimento realizado por João, assim como o batismo nas águas hoje, era o batismo para cumprimento da justiça – lembrando que justiça é posição correta, alinhamento, e é por isso que ao perguntarem a João Batista quem ele era, ele responde citando o profeta Isaías (Isaías 40:3) em João 1:23: “Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” (grifos nossos). Endireitar o caminho fala de alinhar, posicionar corretamente; fala de justiça. Ainda, João Batista, como sumo sacerdote legal, sabia que haveria um outro batismo que completaria o primeiro sobre a oferta, que era Jesus Cristo: o batismo com o Espírito Santo. Sobre Cristo, João ainda afirma: “E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (João 1:33) e ainda, falando sobre Jesus, ele diz: “ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.” (Mateus 3:11). No momento que Jesus recebe o batismo nas águas, o Espírito Santo vem sobre Ele como pomba, como a consagração feita pelo fogo que começa a incendiá-lo, estabelecendo uma nova aliança. Ao morrer na cruz, Cristo afirma: “está consumado”, e o Espírito completa a obra do sacrifício, tomando Jesus como o holocausto que foi totalmente consumido pelo fogo. Nosso Batismo e o Sacrifício de Consagração O sacrifício de Cristo o tornou o sumo sacerdote, não mais segundo a velha aliança levítica, que oferecia sacrifícios de animais para expiação dos pecados. Além de expiar os pecados de todos os que caminham por fé, Cristo ainda firmou em Deus uma nova aliança sacerdotal, não mais segundo a ordem levítica, mais segundo a ordem de Melquisedeque, um sacerdote de Deus que aparece a Abraão (Hebreus 7:1-3), antes das ordenanças levíticas – uma ordem sacerdotal eterna, sem contagem de dias. Nessa ordem sacerdotal, Deus elege a Jesus o sumo sacerdote, que agora pode nos oferecer como oferta a Deus se assim nos dispomos a Ele. O nosso sacrifício para Deus não é mais para expiar pecados, pois sacrifício de Cristo foi suficiente para isso, mas somos sim sacrifícios voluntários de consagração a Deus, entregues ao Pai por Jesus. Podemos confirmar esse entendimento em diversos versículos do livro de Hebreus: Hebreus 2:17; 3:1; 4:14-15; 5:5-10; 6:20; 7:26-28; 8:1-3; 9:11-12; Por gratidão pela salvação do pecado que recebemos em Cristo, nos disponibilizamos a Ele como um sacrifício voluntário, individual, de consagração e entrega. Selamos essa decisão no batismo nas águas, o batismo de arrependimento para justiça, e Cristo completa a obra em nós nos batizando com o fogo do Espírito Santo, o que falaremos melhor quando entrarmos na aula sobre Batismo no Espírito. É o batismo no Espírito que nos capacita a ouvi-lo, que amplia nossa fé, que nos torna aptos a sermos testemunhas de Cristo. Sem o batismo no Espírito, a obra do Batismo não é completa; por isso a Bíblia fala que há um só batismo (Efésios 4:5), pois o processo do batismo nas águas e no fogo (Espírito) são completamentares. A Bíblia ainda fala que o batismo é um “um princípio elementar da doutrina de Cristo” (Hebreus 6:1-2), e é fundamental que seja ensinado, compreendido e praticado. O batismo nas águas marca o início de uma realidade espiritual. Quando decidimos ter a mente transformada 38
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pela Palavra de Deus, por meio de uma atitude de arrependimento e pelo batismo nas águas, essa palavra vem sobre nós como uma água, nos limpando dos nossos pecados (João 15:3/ Efésios 5:26) e nos posicionando em justiça, ou seja, nos colocando na posição correta. Se lavar e se batizar é o primeiro passo no ritual de sacrifício. Deus nos recompensa conforme a justiça que resulta do ato de nos lavarmos. Há um versículo que é repetido de forma muito similar quatro vezes na Bíblia, duas vezes em 2 Samuel 22 e duas vezes em Salmos 18. A repetição é uma ferramenta de reforço, de ênfase, e o próprio significado de batismo tem a ver com repetição. Esse versículo que se repete mostra a relação que há entre se lavar e se tornar justo: “Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça; conforme a pureza de minhas mãos me retribuiu.” 2 Samuel 22:21 “E me retribuiu o Senhor conforme a minha justiça, conforme a minha pureza diante dos seus olhos.” 2 Samuel 22:25 “Assim que retribuiu-me o Senhor conforme a minha justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.” Salmos 18:24 “Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça, retribuiu-me conforme a pureza das minhas mãos.” Salmos 18:20 Nada na Bíblia está escrito por acaso. Não é coincidência o fato deste texto se repetir por quatro vezes: a repetição é um batismo, uma imersão, dentro de uma realidade ou de um pensamento. O que Deus nos quer fazer entender de forma completa é que a nossa disposição em lavar nossas mãos determina a disposição de Deus em purificar nosso coração. Enquanto não estivermos dispostos a nos lavar, fazendo a parte que depende de nós, Deus não purificará o nosso coração. A recompensa do Pai só virá para quem se lava nas águas pela Sua Palavra, escolhendo obedecer mesmo sem arrepios e sensações. Por isso, em Mateus 28:19, a Bíblia Judaica diz “imergindo-os na realidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, pois se o batismo não nos colocar numa posição de justiça, lavados pela Palavra de Deus, o Espírito Santo não consolidará o sacrifício. Conforme vimos no que falamos sobre holocausto, os primeiros passos para oferecer um holocausto a Deus são matar o sacrifício, lavá-lo e posicioná-lo no altar. Sendo assim, podemos afirmar o seguinte sobre o que precisamos começar fazendo para que Cristo nos ofereça como sacrifício agradável a Deus: 1. Precisamos estar mortos: Pedro, falando sobre Jesus, nos revela o que é estar morto: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1 Pedro 2:24). Precisamos estar mortos para os pecados, ou seja, para tudo que nos afasta de Deus e de Sua vontade. 2. Precisamos nos lavar: Isso fala sobre o batismo nas águas, mas também sobre arrependimento, mudança de mente. Isso só é possível pela Palavra. A Palavra de Deus vem a nós de duas formas principais: através do que ouvimos dos homens-dons que Deus nos dá (principalmente enquanto ainda não discernimos a voz do Espírito Santo) e através do que captamos das Escrituras, mas com o coração correto (ou seja, um coração morto para o pecado, que não busca mais seus prazeres e vontades). Se ainda não estamos mortos para o pecado, não seremos lavados, nossa carnalidade distorcerá o que ouvimos. A atitude de ser batizado, ou seja, megulhado diversas vezes na Palavra, nos coloca em posição de justiça, nos permitindo assumir a posição correta, que é sobre o altar. 3. Precisamos nos colocar sobre o altar: Isso fala de uma vida de devoção e entrega a Deus, em oração e na vida como igreja. O fogo e o Espírito Santo só vem se estamos no altar, dedicados a Deus, entregues a Ele. Um sacrifício que foi morto e lavado mas não se colocou no altar não será consumido Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo
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pelo fogo do Espírito, mas certamente apodrecerá. O batismo nas águas - especialmente o de João Batista - era realizado para arrependimento. Isso se confirma em diversas passagens bíblicas, entre elas Lucas 3:3: “E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados”. A palavra aqui para arrependimento é o termo grego μετανοια (metanoia), que quer dizer literalmente mudança de mente. O arrependimento acontece no entendimento. A forma de pensar muda, e isso transforma as atitudes e as direções. O processo de arrependimento não consiste numa mudança de sentimentos, mas numa mudança de mentalidade. Arrepender-se é optar pela obediência por causa da metamorfose de um entendimento, o que significa que o arrependimento real não se demonstra com manifestações da alma, do tipo chorar, sorrir ou gritar, mas com manifestações da mentalidade, como assumir posturas e tomar decisões. Por menores que pareçam ou sejam, serão muito mais eficazes no processo de arrependimento que qualquer declaração pública de sentimento, por mais bonita e sacrificial que seja. É necessário tomar decisões e transformar a nossa mentalidade. Esse é o processo de limpeza, a transformação da mente da qual fala a famosa passagem já citada de Romanos 12:2. Sem começar por aqui, nenhum sacrifício poderá ser realizado. Não podemos nos oferecer como sacrifício sem antes escolher morrer para nós mesmos e, em seguida, nos lavarmos. Se não nos lavarmos, tudo que vamos oferecer é um sacrifício sujo a Ele. Esse sacrifício sujo Cristo não recebe, porque Ele é santo. Podemos ir ao Senhor como estamos, mas se permanecermos como viemos, nosso sacrifício não será aceito, pois Deus é santo e nada que é oferecido de qualquer maneira servirá para honrá-lo. Um lindo presente, se estiver sujo ou embalado de qualquer maneira, é uma afronta. Deus nos ama do jeito que estamos, mas nos ama tanto a ponto de não permitir que permaneçamos do mesmo jeito. O verdadeiro amor nos recebe como somos, mas não se conforma com nosso estado de sujeira e depravação. Portanto, se desejamos nos oferecer a Deus, temos que nos lavar, caso contrário, não seremos um bom presente. O batismo é o meio pelo qual uma pessoa faz uma confissão pública de fé e discipulado. Nas águas do batismo, uma pessoa diz com sua atitude: "confesso a minha fé em Cristo; Jesus limpou a minha alma do pecado, e agora tenho uma nova vida". O batismo está revestido de sentido e de realidade espiritual, trazendo a realidade de Deus para as nossas vidas: morte para o pecado e ressurreição para Deus. O batismo ilustra a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo. Ao mesmo tempo, ele também ilustra a nossa morte ao pecado e a vida nova em Cristo. Quando o pecador confessa o Senhor Jesus, ele morre para o pecado (Romanos 6:11) e é elevado a uma nova vida (Colossenses 2:12). Estar submerso na água representa a morte para o pecado, e emergir da água representa a vida santa e purificada que segue a salvação. Romanos 6:4 ensina desta forma: "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida." Um novo crente em Jesus Cristo deve desejar ser batizado o mais rápido possível, pois a disposição em querer ser batizado demonstrará uma consciência de fé diante de Deus. Em Atos 8, Filipe compartilha “as boas novas de Jesus Cristo" para o eunuco etíope, e "seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado?"(Versos 35-36). Imediatamente, eles pararam o carro e Filipe o batizou. De mesmo modo, em todos os lugares onde o evangelho é pregado, as pessoas devem ser batizadas. Batismo e Salvação Conforme já vimos anteriormente, somos salvos pela nossa fé em Jesus Cristo e não pelas obras, por mais excelentes que sejam (Efésios 2: 8 e 9). No entanto, o batismo possui uma representatividade fundamental 40
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na vida cristã. Da mesma forma que um casamento, para que seja pleno e efetivo, precisa em nossa atual cultura de um registro em cartório assumindo publicamente a aliança, assim a nossa conversão e arrependimento também precisam estar acompanhados de uma confissão pública, que é o batismo. Quem tem a possibilidade de assumir publicamente um compromisso com Cristo e não o faz, é porque ainda não possui a fé que salva. Na situação do ladrão da cruz, que ao falar com Jesus recebeu a oportunidade de ser salvo, ele não teve tempo de ser batizado, o que nos prova a infinita graça de Deus. No entanto, precisamos ser equilibrados, entendendo que casos como o do ladrão são exceção, e não regra. Um casal que se ama e deseja assumir um compromisso para o resto da vida não terá problemas em assinar um papel que confirme esta aliança. Da mesma forma, um cristão que deseja comprometer-se com Deus não terá nenhuma dificuldade em assumir isso por meio do batismo. O batismo é um ato que confirma a fé diante de Deus e dos homens. O batismo foi a maneira que Jesus determinou para esta fé se expressar e se consumar. A água do batismo não tem nenhum poder em si mesmo. Se alguém que não creu, nem se arrependeu, entrar nesta água, o batismo não é válido. Mas se alguém desce a estas águas com fé, pela fé é unido a Cristo Jesus. Como já entendemos nos estudos sobre fé, não são as obras que nos salvam, mas é impossível que alguém que tenha recebido realmente a fé em Cristo não pratique boas obras. O mesmo texto de Efésios que confronta a salvação por obras continua dizendo: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Se negamos a prática das boas obras, estamos negando a própria fé que traz consigo a compreensão de que Deus preparou as boas obras para que andássemos nelas. Negar a importância do batismo seria negar a importância das boas obras, e consequentemente negar a fé. Realidades espirituais demonstradas no Batismo A morte do velho homem e a ressurreição de uma nova vida são, juntamente com outras coisas, a consequência direta e imediata de sermos unidos a Ele. Enumeramos abaixo todas as realidades espirituais que estão diretamente associadas ao batismo. ● A morte de Jesus é a nossa morte. Portanto estamos mortos para o pecado (Romanos 6.3,4,6; Colossenses 2.12; 3.3), para o mundo (Gálatas 6.14) e para a lei (Romanos 7.4; Gálatas 2.19). ● A sua ressurreição é a nossa nova vida para servimos a Deus (Romanos 6.4,8,11; II Coríntios 5.17; Efésios 2.5,6; Colossenses 2.12). ● Sua exaltação é a nossa vitória sobre todas as potestades (Efésios 1.20-23; 2.6). Essa é a nossa posição nEle, e foi no batismo que fomos colocados nesta posição. ● Temos o perdão dos pecados (Atos 2.38). ● Somos lavados e purificados (Atos 22.16). Aqui caberia a pergunta: Mas o que nos purifica do pecado é o batismo ou é o sangue de Cristo? Certamente que é o sangue de Jesus. Mas quando? Quando somos unidos a Ele pelo batismo. ● Somos introduzidos no corpo de Cristo que é a igreja (I Coríntios 12.13). Quando estávamos no mundo éramos independentes de Deus e independentes dos homens. Agora, não nos tornamos apenas dependentes de Deus, mas também da sua igreja, entrando numa realidade de submissão de uns aos outros.
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Algumas Colocações Finais: ● A fé e o arrependimento são condições indispensáveis para o batismo (Marcos 16.16; Atos 2.38). Por isso não devemos batizar crianças, porque é necessário que elas tenham consciência do ato. ● Não existe mais de um batismo nas águas. Se alguém crê que o seu batismo não foi válido (porque era uma criança sem entendimento ou porque não havia verdadeiramente se convertido), então não foi batizado, foi mergulhado. Deve portanto se batizar.
Batismo por imersão A palavra batismo tem origem na palavra grega bapto que significa Mergulhar, submergir. Mesmo em português é possível perceber esse significado (Marcos 1:5, João 3:23, Atos 8:36). Não se mergulha alguém num copo d’água, muito menos em algumas gotas d’água. Por isso o batismo é feito por imersão, pois é a forma mais próxima do sentido original. Não importa se ele é feito numa banheira, numa piscina, num rio ou lago. O importante é que haja água para mergulhar a pessoa. Em alguns casos, por impossibilidade (pessoas mais velhas, por exemplo) o batismo pode ser feito despejando-se água sobre a pessoa que é batizada. Este é chamado batismo por derramamento, ou aspersão.
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Capítulo 3: Arrependimento, Conversão e Batismo
APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 03 Tempo total: 70 minutos Esta aula terá como avaliação um trabalho em grupo avaliado pelo professor segundo a compreensão dos temas apresentados. TRABALHO 05 - ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO ● Trabalho em grupos de 8 a 12 pessoas ● Tempo de conclusão: 10 minutos para organizar o que vão falar e até 7 minutos para cada grupo explicar ● Formato: Sorteio de temas + apresentação ● Correção e avaliação: Do professor Serão formados grupos e sorteados os seguintes temas para serem respondidos: 1. O que é conversão e arrependimento? 2. Qual é o propósito o arrependimento? 3. O que é o batismo? 4. Relacione batismo com o sacrifício de holocausto. 5. Fale das três primeiras realidades espirituais demonstradas no batismo citadas na apostila. 6. Fale das quatro últimas realidades espirituais demonstradas no batismo citadas na apostila.
APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 03
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Capítulo 4: Trindade e Batismo no Espírito Santo Para entendermos o batismo no Espírito Santo, antes precisamos saber quem é o Espírito Santo, mas, antes de falarmos sobre quem Ele é, precisamos compreender o conceito de Trindade. O que é Trindade? A palavra Trindade tem o objetivo de traduzir o conceito de que Deus é triuno, ou seja, se apresenta em três pessoas diferentes, com funções diferenciadas entre si, mas continua sendo um só. De jeito nenhum o conceito de Trindade sugere aqui que existam três deuses. A Trindade é um Deus feito de três pessoas, cada uma delas possuindo os mesmos atributos. Ainda que o termo Trindade não seja encontrado na Bíblia, não há nenhum problema em utilizá-lo, afinal, é mais prático dizer a palavra “Trindade” do que dizer “três pessoas co-existentes e co-eternas perfazendo um só Deus”. A palavra avô também não é usada na Bíblia, e mesmo assim, sabemos que havia avôs na Bíblia. Abraão foi avô de Jacó. O que realmente importa é que o conceito representado pela palavra “Trindade” é bíblico. Breve Histórico Historicamente, a palavra Trindade foi usada pela primeira vez, em sua forma grega, por Teófilo de Antioquia; e, em sua forma latina, por Tertuliano, ambos teólogos cristãos que viveram no segundo século depois de Cristo. A igreja começou a formular a sua doutrina da Trindade no século quarto. O Concílio de Nicéia (325 A.D.) declarou que o Filho é co-essencial com o Pai, enquanto que o Concílio de Constantinopla (381 A.D.) afirmou a divindade do Espírito, embora não com a mesma precisão. Com a Reforma Protestante, o conceito volta a ser abordado, mas depois não temos maior desenvolvimento da doutrina da Trindade. Durante um considerável período de tempo, declinou o interesse pela doutrina da Trindade, e a discussão teológica centralizou-se mais particularmente na personalidade de Deus. Emil Brunner e Karl Barth chamaram de novo a atenção para a sua importância na primeira metade do século XX. Existem algumas analogias que podem nos ajudar a compreender o conceito: podemos comparar o conceito de Trindade a um bolo. Vamos imaginar um bolo com cobertura e recheio. Na verdade, esse bolo são três: a massa, a cobertura e o recheio, mas os três são um só: o bolo. A cobertura tem uma função diferente do recheio e da massa, mas o sabor do bolo só será possível na mistura dos três.
Credo Niceno O Credo Niceno foi desenvolvido no Primeiro Concílio de Niceia - o primeiro concílio ecuménico do Cristianismo, reunido em Niceia no ano de 325, e que discutiu questões cristológicas. A seguir: “Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, o Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Unigênito de Deus o Pai, o Unigênito, que é da essência do Pai. Deus de Deus, Luz de Deus, Luz verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não feito; da natureza mesma do Pai, por quem todas as coisas vieram a existir, no céu e na terra, visíveis e invisíveis. Quem de nós a humanidade e para nossa salvação desceu dos céus, se encarnou, foi feito humano, nasceu perfeitamente da Santíssima Virgem Maria pelo Espírito Santo. 44
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Por quem Ele tomou corpo, alma e mente, e tudo o que está no homem, verdadeiramente e não na aparência. Ele sofreu, foi crucificado, foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu com o mesmo corpo, [e] se sentou à direita do Pai. Ele está para vir com o mesmo corpo e com a glória do Pai, para julgar os vivos e os mortos; do Seu reino não tem fim. Acreditamos no Espírito Santo, no incriado e perfeito, que falou através da Lei, os profetas, e os Evangelhos; que desceu sobre a Jordânia, pregado pelos apóstolos, e viveu nos santos. Acreditamos também em apenas uma, Universal, Apostólica, e [Santa] Igreja e, em um batismo de arrependimento, para remissão e perdão dos pecados e na ressurreição dos mortos, no julgamento eterno das almas e corpos, e o Reino dos Céus e na vida eterna.”
Entendendo o conceito de Trindade Deus é um só e único. Existe somente um Ser Divino e todos os outros seres têm sua co-existência dele, por meio dele e para Ele. Em várias passagens, a Bíblia nos ensina que existe somente um Deus verdadeiro. Salomão pleiteou com Deus que defendesse a causa do Seu povo, “para que todos os povos da terra saibam que o Senhor é Deus, e que não há outro” (1 Reis 8.60) e Paulo escreve aos coríntios: “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as cousas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por Ele” (1 Coríntios 8.6). Semelhantemente, escreve a Timóteo, “porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5). Outras passagens salientam, não a unidade numérica de Deus, mas a sua unicidade. É o caso das bem conhecidas palavras de Dt 6.4, “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor ”. A questão é: como um Deus que é único pode ser três? Se a Escritura refuta todo o tipo de politeísmo, então como podemos entender que três pessoas distintas não são três deuses? Nesta passagem de Deuteronômio 6:4, a palavra em hebraico para único é ’( אחדechad) é a mesma utilizada para o numeral “uma” na passagem de Gênesis 2:24: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.”. Essa passagem pode nos ajudar na compreensão dessa questão. Da mesma forma que no casamento homem e mulher se tornam um, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um. Trindade e a Doutrina da Revelação O teólogo suiço Karl Barth na primeira metade do século XX coloca a Trindade em primeiro plano, colocando-a em conexão com a doutrina da revelação, e lhe dedica 220 páginas em sua obra “Dogmática Eclesiástica”, sendo a obra mais completa já escrita sobre o tema da Trindade. Barth entende a Trindade como a maior revelação de Deus para o homem, e por isso decide analisá-la em conexão com a doutrina da Revelação. A doutrina da revelação está baseada em Romanos 1:19-20, que começa falando sobre os homens (humanidade): “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. Segundo essa doutrina, Deus se comunica e se revela em tudo que Ele criou e na própria consciência humana, ainda que corrompida pelo pecado. Esta doutrina bíblica é reafirmada na Confissão de Fé de Westminster, uma confissão de fé reformada de orientação calvinista produzida pela Assembléia de Westminster e aprovada pelo parlamento inglês em 1643. Essa confissão foi e continua sendo adotada por muitas igrejas presbiterianas e reformadas ao redor do mundo. É justamente em torno dessa comunicação de Deus com o homem que ele nos explica melhor o que é a Trindade. Capítulo 4: Trindade e Batismo no Espírito Santo
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Barth oferece uma ampla fundamentação bíblica para explicar a Trindade, mas logicamente ele compreende que ela está envolvida na simples sentença “Deus fala”. Segundo Barth, na comunicação de Deus com o homem, Deus é Revelador (Pai), Revelação (Filho) e meio através do qual a revelação se dá (Espírito Santo). Deus e Sua revelação se identificam. Em Sua revelação, Ele continua sendo Deus, absolutamente livre e soberano. Ele não admite nenhuma subordinação entre as pessoas da Trindade, diz ele: “Assim, ao mesmo Deus que, em unidade incólume, é Revelador, Revelação e meio através do qual a revelação se dá, também se atribui, em Sua variedade incólume, precisamente este modo tríplice de existência”. Cada uma das pessoas da Trindade possui funções distintas, porém harmônicas, visando a realização dos decretos divinos e a concretização do propósito eterno de Deus. Se avaliássemos cada estrutura celular que nosso corpo tem, poderíamos dizer que somos vários. Nossas células epiteliais tem funções diferentes das sanguíneas, e assim por diante. Ainda assim, continuamos sendo um corpo, um só, mesmo com tantos órgãos e células atuando em nós, com diferentes papéis, mas com um mesmo objetivo: nos fazer permanecer vivos. Podemos adicionar um nível maior de revelação à compreensão de Barth sobre este assunto. O pai gerou a ideia de criar o homem, e por meio de Seu Espírito Santo, liberou sua Palavra (que é Cristo, segundo a escritura diz no capítulo um do evangelho de João). Essa Palavra criou o homem à Sua semelhança, tornandoo também três em um - espírito, alma e corpo. Segundo a teoria da comunicação (que é o conjunto estudos acadêmicos que pesquisam os efeitos, origens e funcionamento do fenômeno da Comunicação Social em seus aspectos tecnológicos, sociais, econômicos, políticos e cognitivos), existem alguns elementos sempre presentes na comunicação, os quais podemos relacionar a cada uma das pessoas da Trindade: ● O emissor (aquele que transmite a mensagem): o Pai é a origem, aquele que fala (Mateus 10:20; João 12:49) ● A mensagem, da qual se deriva o código (a linguagem utilizada na transmissão) e o referente (o assunto ou conteúdo tratado): Jesus Cristo, a Palavra, o Filho, o grande mistério (código e mensagem) que foi revelado (João 1: 1 e 2; Cl. 1:24 a 27) ● O canal - meio através do qual a mensagem é transmitida: o Espírito Santo (Atos 1:1 e 2; 2 Pedro 1:21). ● O receptor - aquele ao qual a mensagem se destina.- o Homem. Os três primeiros são um. O quarto é o homem, criado pela mensagem, a Palavra proferida de Deus, que soprou sobre nós o espírito tornando-nos almas viventes (Gênesis 2:7). Esta relação entre emissor, mensagem e canal fica expressa em Romanos 11:36: "Pois dele [do Pai], por ele [pelo Espírito Santo] e para ele [Cristo] são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém." - Grifos nossos. Jesus, a Palavra, a mensagem viva, convergiu em si o propósito de nos unir a Deus. Toda a centralidade da comunicação converge na mensagem, e na mensagem, a Palavra, que é Cristo, Deus estabeleceu o cumprimento de seu propósito, conforme vemos em Efésios: “E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos.” Efésios 1:9-10 São as três pessoas da Trindade o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada um deles é uma pessoa, porque são dotados de personalidade. Vamos entender melhor porque cada um deles é Deus a seguir. 1. O Pai O Pai é a Primeira Pessoa da Trindade, pois Ele manifesta o seu eterno amor para com o Filho e a 46
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humanidade caída (João 1.12; 3.16). Ele preserva tudo o que criou e mantém as bases proféticas e pactuais visando a perfeita comunhão entre si e a humanidade mediante a obra de Cristo. Na eternidade de seus propósitos, gerou o seu Filho, igualmente eterno e possuidor dos mesmos atributos relativos, metafísicos e absolutos. 2. Jesus, o Filho de Deus Jesus é o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade. Indica, ainda, possuir Ele os mesmos atributos naturais e morais encontrados no Pai. Ao mesmo tempo, a Bíblia o identifica também como filho do Homem, pois Cristo era completamente homem e completamente Deus. Como Filho de Deus, o Senhor Jesus é destacado em toda a Escritura, pois sua vinda ao mundo, para executar o Plano da Salvação, deu-se por intermédio de uma geração sobrenatural e divina conduzida pelo Espírito Santo. A palavra profética é mais que clara: “Tu és o meu Filho amado. Hoje, te gerei” (Salmos 2:7; Lucas 1.35). Talvez você se pergunte: “é possível entender que o Espírito Santo possua todos os atributos de Deus. Mas se Jesus assumiu forma de homem, ele não poderia ser onipotente, onisciente e onipresente, ou seja: como ele poderia ser Deus?” Pense conosco: o atributo da onipotência permite ser e fazer o que quiser, pois Deus possui todo o poder. Jesus, sendo Deus, para cumprir o propósito do Pai, tomou a forma de homem e escolheu “abrir mão temporariamente” de seus atributos divinos durante sua vida na terra. Se ele é onipotente, não se pode negar que possuía o poder até mesmo de abrir mão da sua divindade. Após sua ressurreição, o Pai o exaltou, colocando-o a sua destra na mais alta posição, o que fica claro em Filipenses 2:5 a 11: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” - Filipenses 2:5-11 (NVI) Jesus é o filho unigênito de Deus (João 3:16), o que revela a sublimidade e singularidade da relação existente entre o Filho e o Pai. Nenhuma criatura veio a este mundo como o Messias e Filho de Deus. Pela ação do Espírito Santo, o Verbo - a Palavra - fez-se carne, e passou a habitar entre nós (João 1:14). No mistério da encarnação, Deus, em seu Filho, participa da própria natureza humana. E, finalmente, esta foi a maneira de Deus revelar-nos, não somente a sua imagem e semelhança, mas a expressão exata de seu exaltadíssimo ser (Hebreus 1:3). Você pode perguntar: “mas se Deus é eterno, como Cristo pode ser Deus se ele é o unigênito gerado de Deus?” A Bíblia afirma que o Filho não foi criado, mas gerado da mesma essência do Pai, o que significa dizer que Ele já existia no Pai, mas o Pai o “trouxe para fora”, o gerou, o revelou. João afirma em João 1:1 e 2: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.” Vemos claramente mais a frente que João falava de Jesus, em João 1:14: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” Cristo, a Palavra de Deus, a mensagem de Deus, já estava no Pai - Ele apenas o revelou. Sendo assim, Cristo já era completamente Deus, e se tornou completamente homem. Não era metade de cada um, era completamente as duas coisas. Vemos que o Senhor Jesus, o filho de Deus enviado pelo Pai, exerceu plenamente os três ministérios dos Antigo Testamento: profeta, sacerdote e rei. Somente Ele reunia as condições necessárias para falar aos homens por Deus, falar a Deus pelos homens e governar sobre todos.
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Jesus veio em carne oferecer-se como sacrifício perfeito, sem mácula, para limpar de uma vez por todos a humanidade dos pecados, segundo a fé em Cristo. Por isso, João Batista apresentou o Senhor Jesus Cris to à nação de Israel cordeiro de Deus (João 1.19-36). 3. O Espírito Santo Do hebraico Ruhh Kadosh e do grego Hagios Pneumathôs. É a Terceira Pessoa da Trindade. Ele é dotado de personalidade. Possui os mesmos atributos morais e espirituais que o Pai e o Filho. Não é, portanto, uma energia emanada de Deus como o querem certos segmentos que se dizem cristãos. O Espírito Santo atuou: 1) na criação do Universo (Gênesis 1:1,2); na encarnação de Cristo (Lucas 1:35); 3) na fundação da Igreja e sua conseqüente expansão (Atos 2.1- 4; 13.1-5); 4) na produção das Escrituras Sagradas (2 Pedro 1:20,21). E, como o Consolador enviado por Cristo, atua na conversão do pecador (João 16: 8-10). É através do Espírito Santo que Deus cumpre seus propósitos. Em diversas passagens do novo testamento observamos a preposição “pelo”, que significa através de, por meio de, acompanhando o “Espírito Santo”, pois através dEle Deus revela seus propósitos para que se reproduzam em ações, gerando transformação: Mateus 4:1; 12:18; Marcos 12:36; 13:11; Lucas 1:35; 2:26-27; 4:1; Atos 1:2; 11:28; 13:4; 16:6; 20:22; 21:4; 28:25; Romanos 5:5; 8:11-15,27; 15:16-19,30; 1 Coríntios 2:10; 6:11: 12:3, 8-9; 2 Coríntios 3:18; Gálatas 5:5; Efésios 3:5,16; 2 Timóteo 1:14; Hebreus 9:14; 1 Pedro 1:12; 3:18; 2 Pedro 1:20-21; O que é Batismo no Espírito Santo? O batismo com o Espírito Santo é uma promessa para todo aquele que crê e que faz parte da Igreja de Cristo. É um revestimento de poder, que visa capacitar o cristão a testemunhar sobre Cristo e realizar a obra de Deus no poder e na virtude do Espírito (Atos 1:8). Mas para receber este batismo é preciso crer e obedecer, como fizeram os primeiros cristãos, que permaneceram em oração (Atos 2:1-4), aguardando o cumprimento da promessa de Jesus em Atos 1:4-5. Assim como o batismo nas águas é um marco inicial de imersão numa vida de purificação e santidade, o batismo no Espírito Santo é um marco inicial de imersão numa vida guiada pelo Espírito Santo. O batismo nas águas sela o arrependimento (quando feito em verdade e não como um ritual religioso), e o batismo no Espírito Santo é um dom de Deus que sela a obra do Espírito Santo em nós. O Espírito Santo é o fogo que consome o holocausto, nos tornando uma oferta agradável a Deus. Só Ele pode completar essa boa obra em nós. O efeito do pecado em nós foi desativar nosso espírito, nos desconectando de Deus. O batismo no Espírito Santo nos reconecta ao Espírito de Deus, permitindo-nos ouvi-lo, reconhecê-lo e nos relacionarmos com Ele. Antes de subir aos céus, Jesus afirmou aos discípulos: "Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (Atos 1:8 - NVI). A partir do momento que os discípulos foram batizados pelo Espírito Santo, receberam seu poder transformador e tornaram-se capazes de testemunhar daquilo que viam e ouviam do mesmo Espírito a toda a Terra. É impossível viver uma vida no Espírito sem o batismo no Espírito Santo, pois como seremos guiados pelo Espírito de Deus se não o conhecemos? João Batista, que batizou a Cristo para que se cumprisse toda a justiça, afirmou: “Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo” (Marcos 1:7 e 8).
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Comunicação com o Espírito Santo O Espírito Santo nos foi dado como garantia da herança que Deus nos prometeu: “[Deus] nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir” (2 Coríntios 1:22) colchetes nossos. Ele é o nosso conselheiro, nosso guia e mestre, que nos guia a toda verdade: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse” (João 14:26) - “Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (João 16:13). A partir do momento que somos batizados no Espírito, Ele passa a se comunicar conosco, tornando-se nosso guia e mestre. Ele fala conosco através de três formas principais: por meio da nossa consciência, através da nossa intuição e pela comunhão com Ele. Explicaremos melhor cada meio a seguir: ● Consciência: Em nossa consciência, o Espírito nos dá discernimento entre o certo e o errado, mas não pela influência do conhecimento previamente obtido, e sim por revelação e entendimento em Deus. Muitas vezes o raciocínio justifica as coisas que a consciência censura. A ação do Espírito Santo em nossa consciência é independente de nós, embora possamos ignorá-la se quisermos (o que de forma alguma é recomendável); Se o homem errar, o Espírito em nossa consciência nos alerta. falando sobre o Espírito Santo, Jesus diz: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8). Essa obra Ele executa em nossa consciência. ● Intuição: O Espírito Santo sinaliza aquilo que ele deseja ensinar, falar ou direcionar em nós através de sensações e sentimentos, aos quais chamamos de intuição. Dentre esses sentimentos, podem estar estado de alerta, percepção de ambientes e outros. Como você pode ter percebido, essas sensações podem muitas vezes parecer provenientes da alma. A forma de discernimos isso é através de uma vida de comunhão com o Espírito Santo mergulhada na Palavra de Deus, pois só ela é capaz de dividir o que é da alma e o que é de fato do espírito (Hebreus 4:12). Podemos ver diversos momentos em que o Espírito Santo promoveu em Jesus e em outros homens de Deus sensações e sentimentos que os impulsionaram à vontade de Deus: Marcos 1:11 e 12; Lucas 2: 27; João 11:33; Atos 20:22 e 23; 2 Pedro 1:21; Romanos 15:5, entre outros. ● Comunhão: As duas formas anteriores de relacionamento com o Espírito Santo só serão possíveis se desenvolvermos uma intimidade com Ele por meio da comunhão. O Espírito de Deus se comunica conosco através do nosso espírito. Esse relacionamento é desenvolvido quando nos envolvemos com Ele através de uma vida de constante oração e adoração. No devocional, aprofundamos essa comunhão, o que nos torna aptos a reconhecer Sua voz onde quer que estejamos: Lucas 3:22; Lucas 12:12; Atos 13:2; Hebreus 3:7; Hebreus 10:15 a 17, entre outros. Para exercitarmos essa comunicação, precisamos sempre buscá-la nos três níveis. Se ouvimos o que Ele diz e o obedecemos, Ele mesmo nos revelará mais. Além disso, o Espírito Santo também distribui dons no batismo no Espírito. Precisamos exercitar esses dons para que possamos reconhecer Sua voz mais facilmente e cumprir Sua vontade: “Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade” (Hebreus 2:4). Em 1 Coríntios a Escritura nos esclarece quais são os dons distribuídos pelo Espírito Santo, e a relação dos dons com o batismo: “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a Capítulo 4: Trindade e Batismo no Espírito Santo
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outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas.Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito.” - 1 Coríntios 12:4-13 Sobre os dons espirituais, entenderemos melhor no módulo Liderança. Também compreenderemos um pouco mais a oração em línguas quando falarmos sobre Oração e Adoração (devocional), ainda neste módulo.
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APLICAÇÃO PRÁTICA DO CAPÍTULO 04 Tempo total: 90 minutos Esta aula terá como avaliação dois trabalhos. O primeiro é um texto a produzido e entregue em aula, a ser corrigido, e o segundo é um trabalho em grupo avaliado pelo professor. TRABALHO 06 - DOUTRINA DA REVELAÇÃO E TRINDADE ● ● ● ●
Trabalho individual Tempo de conclusão: 30 minutos Formato: Redação Correção e avaliação: Do professor
Escreva um texto entre 15 e 30 linhas relacionando o conceito de Trindade à doutrina da Revelação e depois explicando quem é o Pai e quem é o Filho dentro da Trindade. TRABALHO 07 - BATISMO NO ESPÍRITO E COMUNICAÇÃO NO ESPÍRITO ● ● ● ● ●
Trabalho em grupos de 8 a 12 pessoas Tempo de conclusão: 8 minutos para idealizar e até 6 para apresentar Tempo total do exercício: 60 minutos Formato: Sorteio de temas + apresentação Correção e avaliação: Do professor
Serão formados grupos e sorteados os seguintes temas para serem respondidos (2 grupos de cada tema): 1. Explique o que é o batismo no Espírito Santo. 2. Com base em um ou mais versículos citados na apostila, descreva o método de comunicação do Espírito Santo conosco por meio da consciência. 3. Com base em um ou mais versículos citados na apostila, descreva o método de comunicação do Espírito Santo conosco por meio da intuição. 4. Com base em um ou mais versículos citados na apostila, descreva o método de comunicação do Espírito Santo conosco por meio da comunhão.
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