Velejando e Pescando: Grenada e Grenadines

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Aventura publicada na Revista Velejar. Edições 50 e 51


Dedicat贸ria A voc锚, para todos os amantes da vela, da pesca esportiva e do mar.


VELEJANDO NO CARIBE: GRANADA E GRANADINAS Por Philip Conolly

E

m 2009 fizemos um charter de 10 dias nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta história foi publicada na Revista Velejar e Meio Ambiente, nas edições 45, 46 e 47. O sucesso desse primeiro charter no Caribe, nos motivou a partir para uma nova aventura. A opção escolhida foi a região das Granadinas, considerada como a Meca do Caribe. As Granadinas pertencem a Saint Vincent e Grenadines, localizada na cadeia de ilhas de barlavento do Caribe, uma ex-colônia Britânica que obteve a sua independência em 1979. Esta região é formada por muitas ilhas, próximas umas das outras e grandes formações de corais. A navegação é muito privilegiada pelos ventos alísios, clima tropical, águas cristalinas e quentes. Definido o destino, iniciamos a pesquisa sobre as empresas de charter disponíveis na região, a localização, os meios de acesso, qualidade dos veleiros e preço. Após várias pesquisas chegamos a duas opções: embarcar em Saint Vincent ou em Granada. 1 - Saint Vincent e Granadinas : Empresas: Sunsail. Barefoot Yacht Charters, www.barefootyachts.com 2 - Granada, outra ex-colônia Britânica. Empresa Horizon Yacht Charter. www.horizonyachtcharters.com ,

localizada próxima à capital Saint Georges. A primeira opção tem a vantagem de navegar em todas as ilhas das Granadinas, sem ter que passar por imigrações e aduanas. As formalidades legais de entrada e saída do país são apenas no aeroporto. A Sunsail, tem bons veleiros, mas os preços são altos. A Barefoot Yacht Charters, bons preços, mas não tinham o catamarã que queríamos. Chegar a Saint Vincent é um pouco complicado, muitas escalas em pequenos aviões. O acesso pode ser via Miami ou Venezuela. Registramos também nas nossas pesquisas, vários relatos sobre problemas de segurança pessoal em Caracas e na Capital das Granadinas, Kingstown. Granada tem várias vantagens e algumas desvantagens: fácil acesso com vôos diretos de Miami, uma boa companhia de charter, bons veleiros e preços acessíveis. As dificuldades são: a necessidade de visto para entrar no país, estar a 50 milhas ao Sul das Granadinas e ter que passar por quatro procedimentos de imigração. Muitos velejadores relatam as dificuldades burocráticas nas entradas e saídas desse país, que também pesaram na nossa decisão. Depois de algumas reuniões, decidimos partir de Granada, devido a melhor segurança, fácil acesso via Miami, privilegio de velejar maiores distâncias, conhecer dois países e muitas ilhas. Os possíveis problemas com a imigração foram encarados como parte da aventura e do nosso aprendizado. Fechamos o charter com Horizon Yacht Charters, em Granada. Alugamos um catamarã Leopard 47 pés com


Chegada em Granada

Hotel Siesta em Granada

04 suítes, ano 2001, por 10 dias, sem tripulação ou bareboat iniciando no dia 18 de abril de 2010. Depois de um chorinho conseguimos um desconto de 5% e pagamos USD$6.988. Recomendo fazer a reserva com, no mínimo, 6 meses de antecedência. Desta forma, consegue-se melhores preços. Cada tripulante paga sua cota, em quatro parcelas, diretamente à empresa de charter, via cartão de crédito. Após a assinatura do contrato, a Horizon nos enviou, via Correios, um guia: Sailors Guide Windward Islands 2010. Uma excelente publicação, muito completa, com todas as dicas para velejar nas ilhas de barlanto do Caribe, desde Martinique até Granada. Uma verdadeira bíblia para planejar o cruzeiro. Antes da partida, fizemos muitos preparativos como: confeccionar camisas personalizadas para a tripulação, definir o roteiro da navegação e o mais importante; conseguir visto de entrada. Granada não tem representação diplomática no Brasil, mas descobrimos que temos uma embaixada em Saint Georges, a capital. O Embaixador do Brasil em Granada, muito nos ajudou a obter uma permissão para ingressar no país, via e-mail. Recebemos uma carta do Ministério das Relações Exteriores de Granada, confirmando nossa aceitação para entrar em Granada como turistas, onde constava os nomes da nossa tripulação: Philip Conolly, Fabiano Becker, Sérgio Medeiros, Ricardo Meneguzzo e Ubiratan Rayel. Este documento explicava que o visto seria concedido no aeroporto, perante o pagamento de EC$100( Eastern Caribian Dolar) p/ tripulante. Ficamos felizes e muito agradecidos pelo excelente atendimento da nossa embaixada. Nada melhor que viajar com a documentação toda pronta e em dia. Chegamos às 21h30, no aeroporto internacional de Grenada, num vôo de 4 horas de duração, direto de Miami. Todos muito felizes com nossos pensamentos voltados para a nossa aventura. Na emigração do aeroporto, apresentamos nossos passaportes e a carta do Ministério das Relações Exteriores de Granada, garantindo a nossa entrada. O oficial leu o documento, pensou, analisou e levou para o oficial superior. Ficamos todos


juntos numa área de espera, sem compreender o que estava acontecendo. Depois de duas longas horas, finalmente recebemos nossos vistos. O aeroporto já estava fechado e quase perdemos o taxi que nos esperava. Achamos uma atitude burocrática, autoritária e desnecessária dos oficiais da emigração. Talvez eles nunca tenham visto aquele modelo de carta ou estavam querendo mostrar que eles eram as autoridades máximas naquela hora. Um pequeno país, que depende quase exclusivamente de turismo, deveria facilitar a entrada de visitantes. Tudo bem, estávamos de férias e entramos em Granada. Um conselho: nunca viaje para este país sem um visto ou uma autorização de entrada! Chegamos em Saint Georges no dia 16 de abril, com 36 horas de antecedência , para poder descansar da viagem, conhecer Granada e comprar as provisões com tranqüilidade; nada de pressa. Ficamos uma noite hospedados no Hotel Siesta, USD$40 p/ pessoa, com boas acomodações e uma bela piscina, www.siestahotel.com. Alugamos uma ótima Van com motorista, Mr. Keith, indicado pela Horizon, USD 20 p/hora, para fazer um tour pela ilha e comprar provisões. A capital é muito bonita e a população muito amigável e prestativa. Língua oficial é o inglês. Na manhã dia 17, saímos do hotel e partimos bem cedo para a marina da Horizon Charters, em True Blue Bay, onde fomos apresentados ao nosso Tarsha. Este momento é sempre mágico para a tripulação. Depois de muitas pesquisas na internet, só vendo as fotos e arranjos internos, ver o catamarã atracado, ao vivo, nos esperando é sempre uma grande emoção. Ficamos impressionados com as dimensões do catamarã, com 7,4 metros de boca e um padrão de limpeza, nota dez.

Características do Catamarã Tarsha - Ano de fabricação: 2001 - Comprimento: 14,33 metros - Boca: 7,4 metros - Calado: 1,34 metros -Água doce: 742 litros. -Diesel: 569 litros - Acomodações: 04 suítes e camas king size - Ar condicionado - Dois motores de 50HP Yanmar - Equipamentos eletrônicos: GPS com plotter, sonda, anemômetro e piloto automático. Catamarã TARSHA

- Cozinha completa: freezer, geladeira vertical com prateleiras, microondas, fogão de quatro bocas com forno.


Mercado de Granada

Baia Halifax

O tour pela ilha foi muito agradável. Granada tem muitas montanhas cobertas de florestas e cachoeiras. No final do passeio, compramos nossas provisões, com muita facilidade em um dos bons supermercados de Granada. www.realvaluesupermarket. com . A segunda noite em Granada, dormimos a bordo do Tarsha, ou sleep aboard, que é uma boa opção para conhecer o barco e deixar tudo pronto para partida. Na marina True Blue Bay, tem um ótimo restaurante com música caribenha ao vivo e uma piscina liberada para os clientes. Tudo muito tranqüilo, uma bela vista e com muita segurança. Um pouco caro, mas, um grande momento, deve ser comemorado.

Noz Moscada

Muitas cachoeiras

Fruta pão

Na manhã da nossa partida, 18 de abril de 2010, os funcionários da Horizon Charter vieram a bordo para entregar o Tarsha. Primeiro passaram toda documentação, seguido das explicações dos melhores roteiros, cuidados com a navegação e todos os procedimentos para as entradas e saídas de Granada e Granadinas. A empresa de charter fornece a documentação da emigração já preenchida juntamente com a lista dos tripulantes, que contem Supermercado em Granada

Base da Horizon Yacht Chartes em True Blue Bay - Grenada


Briefing na entrega do Tarsha todas as informações dos passaportes etc. Depois do briefing de segurança, operação dos motores e equipamentos, estávamos finalmente prontos para partir. Um marinheiro da Horizon Charter desatracou o Tarsha e entregou o comando na saída da marina. Um ótimo procedimento, que livra nossa responsabilidade de manobrar um barco, ainda desconhecido, num cais congestionado com outros veleiros. INÍCIO DA AVENTURA Recebi o comando do Tarsha às 13 horas do dia 18 de abril, com muita emoção. Estávamos finalmente iniciando nosso charter depois de meses de preparativos. Certamente é um grande momento de alegria para todos a bordo. Partimos do extremo Sul da Ilha de Granada, com o objetivo de velejar ao largo da costa oeste em direção as Granadinas. Tínhamos 42 milhas náuticas pela proa até a Ilha de Carriacou, mas devido a hora, só velejamos 6 milhas até Saint Georges, onde largamos a âncora para passar a noite. O contrato de charter não permite a navegação noturna e concordamos plenamente com esta norma, estávamos de férias, queríamos curtir o visual e relaxar. Em Saint Georges, existe uma grande baía muito bem protegida, Lagoon Bay com uma grande marina, mas o pernoite é cobrado. Optamos em ancorar ao largo da cidade, onde a água é muito limpa e bem abrigada. O primeiro banho nas águas mornas do Mar do Caribe foi inevitável. Descarregamos todo nosso cansaço e a ansiedade naquela água cristalina e revigorante. O nosso Chef de Cozinha Ricardo Meneguzzo, gaúcho de Erexim, rapidamente temperou bistecas de porco com alho, pimenta e alecrim, que se transformou no primeiro churrasco, comandado pelo segundo gaúcho de Lajeado, Fabiano Becker. Todos ficaram impressionados com a comodidade do catamarã e do espaço no convés.

Saint Georges - Capital de Granada

Na manhã do segundo dia, acordamos com o nascer do Sol e com Chef Ricardo, preparando bistecas um belo visual de um navio de passageiros chegando em Saint Georges. Fabiano preparou a tradicional omelete light com bacon e queijo, Fabiando assando as bistecas, que foi servido no cockpit. Depois do breakfast reforçado, a primeira primeiro churrasco providência foi preparar as duas carretilhas para garantir o peixe do jantar. Nesse dia, o nosso destino era Tyrrel Bay, 34 milhas ao norte. Levantamos as velas e seguimos um rumo paralelo à costa oeste de Granada, que é bem abrigada dos ventos alísios pelas grandes montanhas que dominam a Ilha. Nesta área, existe uma linda baía, Halifax Harbour, que lamentavelmente virou o lixão da capital. O cheiro de plástico queimando é muito forte e pode ser sentido a mais de 10 milhas da costa.



Sérgio largando a linha do corrico

Fabiano com a primeira barracuda

O vento de NE, quase de proa, nos obrigou a manter uma orça forçada e para manter uma média de cinco nós, tivemos que usar os motores até o extremo norte da ilha. Depois a orça ficou mais folgada e passamos a velejar a oito nós. Neste trajeto, Sérgio Medeiros de Jaraguá do Sul – SC, embarcou uma bela barracuda de 6kg e Fabiano, outra menor. Os dois peixes foram liberados vivos, devido a uma toxina Ciguatera, que contamina os peixes de coral. Depois tivemos uma surpresa de encontrar barracudas, à venda, num mercado local. Estávamos de férias; para que correr riscos com a saúde? Chegamos a Tyrrel Bay no final da tarde, mas ainda com muito Sol, ideal para localizar um bom ponto de fundeio. Esta baía é bem abrigada e um porto tradicional para veleiros, que navegam pelo Caribe. Oferece poucas opções de compras e abastecimento. No terceiro dia, motoramos 8 milhas até Hillsborough, capital da Ilha de Carriacou, onde atendemos à todos os procedimentos de saída do Tarsha na imigração de Granada. A delegacia de polícia está localizada muito próxima ao porto local. Ancoramos no meio da baía e desembarcamos no dingue. Os procedimentos legais duraram cerca de 40 minutos. Adotamos uma estratégia bem humilde; yes Sir, no Sir, falamos muito de futebol, o que ajudou a quebrar o gelo reinante na delegacia. Funcionou e fomos bem atendidos. Até prometeram torcer pelo Brasil na copa da África, mas acho que esqueceram ou fizeram macumba. Velejando para Tyrrel Bay

Sérgio com a segunda barracuda Happy hour - Rum Punch

Chegando em Tyrrel Bay

Tyrrel Bay - Ilha de Carriacou


De Hillsborough, motoramos 1,5 milhas até Sandy Island. Uma pequena ilha desabitada, de águas cristalinas e de areias brancas. Tiramos muitas fotos, filmamos e curtimos o visual paradisíaco. Voltamos para o Tarsha para o almoço e logo levantamos âncora rumo à Clifton em Union Island, Granadinas. A velejada foi rápida com um vento constante de través e cobrimos as 8 milhas em menos de uma hora. Entre Carriacou e Union Island trocamos a bandeira de Granada pelo pavilhão das Granadinas. Um cuidado especial, que deve ser tomado a sotavento das ilhas no Caribe, é com as pequenas bóias de sinalização de armadilhas e redes de pesca, bastante abundantes. Uma distração e as cordas dos petrechos

Hillborough - Capital de Carriacou

Sandy Island

Philip - Sandy Island

Tarsha em Sandy Island

de pesca podem enrolar no hélice ou na quilha, trazendo grandes complicações. Desviamos de várias e com mar agitado, só são visíveis a menos de 100 metros. Clifton é uma pequena cidade com boa infra-estrutura de mercados, marinas, abastecimento de água, combustível, gelo e outros serviços. O aeroporto é muito movimentado, recebendo pequenos aviões com muitos turistas. Este porto é o principal acesso à visitação ao Parque Marinho de Tobago Cays. Existem várias escunas e grandes catamarãns, que levam os visitantes para passeios diários no parque. A Baía de Clifton é muito bonita, protegida por um anel de corais, águas cristalinas e o fundo de areias brancas, um postal do Caribe. Maravilha! Estávamos nas Granadinas! Union Island também é famosa pelos boat boys, pequenas lanchas que seguem os veleiros até o ancoradouro. Todos os cruzeiristas comentam as suas experiências com esses flanelinhas do mar, que são muito persis-

Ancorando na Baia de Clifton

Famosos Boat Boys de Clifton


tentes e oferecem de tudo: gelo, frutas, lagostas, drogas...etc. Estávamos mentalmente bem preparados para lidar com a abordagem deles. Fomos seguidos desde a entrada da baía por uma lancha com dois boat boys, mas com o jeitinho brasileiro, simpatia e um pouco de paciência, não tivemos problemas. A primeira providência em Clifton foi desembarcar e caminhar dez minutos até o aeroporto para dar entrada do Tarsha e da tripulação no país, Saint Vincent and Grenadines. Fomos bem atendidos na imigração e os procedimentos foram rápidos. Levar uma lista dos tripulantes com nomes, nacionalidades, número dos passaportes e dados de registro da embarcação, ajuda muito a agilizar os procedimentos. Aproveitamos o desembarque para conhecer a cidade e relaxar, tomando a famosa cerveja Carib, no Iate Clube, que tem um belo visual da baía. Neste porto, existe uma pequena lagoa de água salgada com mais de 20 tubarões lixa. Um point muito tranquilo, relaxante e com acesso gratuito a internet. www.grenadines-bougainvilla.com Em Clifton existe uma pequena ilha artificial, que foi construída manualmente por um nativo chamado Janti. Um ex-entregador de suprimentos, ou boat boy, que se cansou das travessias e começou a aterrar Lagoa com tubarões lixa - Clifton Ricardo em Clifton - Union Island

Happy Man Island Rum Punch

Tripulação com Janti construtor da ilha

Happy Man Island - Clifton uma área sobre os corais. Hoje, Janti, tem uma ilha particular chamada Happy Man Island, onde recebe os velejadores com um Rum Punch especial. A ilha virou uma atração turística e é o melhor local para um happy hour no por do Sol. Na manhã do quarto dia, como sempre, acordamos bem cedo e velejamos 5 milhas só com a genoa até Chatham Bay, do lado oeste de Union Island. Uma Lancha da polícia aduaneira - Granadinas grande baía, muito bem protegida, quase desabitada e sem perigos a navegação. Logo na chegada fomos abordamos por uma lancha da Polícia Aduaneira. Pediram apenas a documentação de entrada nas Granadinas, olharam, agradeceram e partiram. Ainda bem que estávamos legalizados. Nosso fotógrafo de bordo, Ubiratan Rayel, Bira de Curitiba, também responsável em manter sempre a caixa térmica abastecida com cerveja e gelo, tirou muitas fotos da natureza intocada dessa baía. Passamos o dia mergulhando no costão norte, avistamos tartarugas e muitos peixes coloridos. A noite jantamos no boteco da Vanessa, churrasco de lagosta, com salada de fruta pão, muito bom.


Restaurante da Vanessa

Vanessa c/ camisa autografada Chatham Bay

Partimos bem cedo para Mayreau Island, 6 milhas ao norte. Nessa área das Granadinas, as velejadas são curtas devido às proximidades das ilhas. Chegamos em Salt Whistle Bay , uma pequena enseada, bem abrigada, cuja entrada é protegida por corais , mas a visibilidade da água permite ver a passagem sem problemas. Aproximadamente 15 veleiros já estavam ancorados na baía e certamente passaram a noite neste local. A área, propícia para o fundeio, estava quase toda ocupada. Uma grande vantagem do catamarã é poder ancorar em águas mais rasas, próximo a praia. Salt Whistle é uma baía fantástica, cercada de muitos coqueiros, praias de areias brancas e águas cristalinas. Do topo de um morro local, se tem uma bela vista de Tobago Cays. Existe um hotel nesta praia, mas não é visível do mar e que cuida muito bem da limpeza. www.saltwhistlebay.com/english.htm Da ilha de Mayreau partimos para Tobago Cays, próximo ao meio dia, com o Sol bem a pino para melhor

Salt Whistle Bay - Ilha de Mayreau - Granadinas visualizar as passagens entre os bancos de corais. O acesso mais seguro ao Parque Nacional Marinho das Granadinas é pelo norte da Ilha de Mayreau . As escunas locais partem de Clifton e entram no parque pelo Sul, mas é extremamente perigoso e deve ser evitado. www.tobagocays.org

Tarsha ancorado em Salt Whistle Bay

Tobago Cays é o principal destino náutico das Granadinas, que foi transformado em Parque Marinho, monitorado por guarda parques, que cobram EC$10 p/pessoa dia, em cash. Entramos em Tobago motorando e curtindo a transparência da água, passando pelas Ilhas: Petit Bateau e Jamesby e chegamos numa área onde


pelas Ilhas: Petit Bateau e Jamesby e chegamos numa área onde dezenas de veleiros estavam ancorados, junto a Ilha Baradel. Largamos a âncora e logo recebemos a visita de boat boys oferecendo lagostas, pão, gelo e bebidas. Não incomodaram e foram simpáticos, em especial o Sydney que vende belas camisetas das Granadinas. Passamos o dia mergulhando e visitando as ilhas, que são habitadas apenas pelas iguanas e aves. Sempre que ancorávamos num novo point, hasteávamos uma grande Bandeira do Brasil, uma ótima forma de buscar novos amigos. Em Tobago, um dingue com um casal passou, olhou para nosso pavilhão e perguntaram: ...are you Brazilians? e prontamente respondemos: Yes, nós somos! Fechamos uma grande amizade com Agnes, brasileira de Belo Horizonte e o seu marido americano David, piloto da Fedex. Estavam a bordo do catamarã de 44 pés, de sua propriedade, o Gostosa Tu. Tomamos muitas cervejas Carib e vários tragos de Rum. Até fomos convidados, por eles, para um happy hour a bordo. É sempre muito bom conhecer pessoas amantes da vela e de aventuras. Todos têm muitas histórias e experiências para trocar. O casal estava velejando, sem pressa, para a Venezuela, para realizar reparos no catamarã e passar a temporada de furacões no Sul. Infelizmente perdemos o e-mail deles. Agnes e David mandem notícias!

Tobago Cays

Sidney - vendedor de camisas Tobago Cays

Tripulação com David e Agnes a bordo do Gostosa-Tu

Ricardo, Fabiano e Sérgio Tobago Cays

Catamarã Gostosa-Tu de David e Agnes - Tobago Cays Na manhã do quinto dia, levantamos a vela mestra, ainda ancorado, para que Agnes e David fotografassem a tripulação do Tarsha devidamente uniformizada. A foto oficial! Partimos de Tobago Cays, rumo à Mustique, 22 milhas ao Norte. O vento de Nordeste, soprando a 14 nós , mar calmo e muito Sol, o sonho de todo velejador. Tivemos que dar dois bordos para passar a Ilha de Canouan. Não paramos nessa ilha e passamos ao largo. O vento melhorou e rondou para Leste, que nos proporcionou uma grande velejada de través até Mustique, a ilha de veraneio dos ricos e famosos como Mick Jagger, feliz proprietário de uma das mansões. Sempre que estávamos velejando, as linhas de pesca de corrico eram lançadas. Fabiano e Sérgio mantinham uma vigília severa sobre as carretilhas. Ao menor sinal, rerrrrr..., da linha sendo puxada, estes tripulantes se lançavam sobre a vara, para ter o prazer de recolher o peixe. Pescadores fanáticos são assim, ficam malucos quando ouvem a carretilha cantar, pois traz muita adrenalina e satisfação.


Sérgio

Philip

Bira

Fabiano

Ricardo

Foto oficial da tripulação, tirada por David a bordo do Catamarã Gostosa -Tu, em Togago Cays. Tarsha ao fundo. Nos últimos cinco dias, só pescamos duas barracudas e Ricardo, o nosso chef de cozinha, andava cobrando mais peixes. A área onde estávamos navegando não era propícia para a pesca. Águas rasas e protegidas a sotavento das ilhas, não são piscosas. Isso é uma regra em todos os oceanos. Melhores lugares são os taludes das plataformas continentais, a barlavento, onde as profundidades despencam de 50m para 400 metros. O vento e a corrente, incidem sobre o talude, formando uma ressurgências das águas profundas, ricas em nutrientes, que desenvolve o plâncton e toda uma cadeira alimentar, atraindo grandes peixes. Quase chegando a Britannia Bay, em Mustique, a carretilha de boreste cantou, rerrrrr... e ,por sorte, Ricardo estava à postos e embarcou um belo olhete ou Rainbow Runner, Sashimi garantido. A Ilha de Mustique é administrada por um grande condomínio particular, onde tudo é muito limpo, organizado, mas caro. A bóia de fundeio ou atracação custa EC$80 por até três noites. No início tínhamos decido apenas fazer um reconhecimento ao longo da costa e seguir para Bequia, mas a beleza de Britannia Bay nos deixou fascinados e resolvemos ficar uma noite. Desembarcamos, alugamos uma caminhonete com um motorista chamado de Bom Bom. Uma figura! Típico has safári com um boné arco Iris, roupas coloridas e aparentava ter fumado uma erva... Fizemos um tour de 2 horas pela ilha, ao custo de EC$30 por pessoa. Passamos pelas grandes mansões de Yves Saint Laurent, Brain Adams, Mick Jagger e muitas outras. Tudo é muito limpo e organizado. O principal bar e restaurante é o Basil´s Bar, muito bem localizado a beira mar e com uma excelente vista da baía. Olhamos o cardápio, os preços... e decidimos apenas tomar um Rum Punch, observando o por do SOL. A comida é cara, só para os famosos. Voltamos para o Tarsha para jantar; sashimi de olhete e salada. Tenho certeza que o Mick ia gostar!

Velejando

Chegando em Mustique

Britannia Bay - Mustique


Pescadores de Mustique - Granadinas

Mansões de Mustique

Ruas de Mustique

Ricardo com Olhete

Ao amanhecer do sexto dia, partimos para Bequia, 14 milhas à NW, vento de 14 nós pela alheta de boreste e muito Sol. Velejamos umas duas horas, contornamos a Ilha de Quatre e entramos em Admiralty Bay. Uma baía fantástica, com muita circulação de ferry boats e centenas de veleiros. Este porto é muito procurado por cruzeiristas para fazer provisões e reparos. Em Bequia, fizemos nosso único abastecimento de água e com muita facilidade. No centro da baía existe um grande rebocador, pintado na cor laranja, transformado em um posto flutuante. Atende dois veleiros simultaneamente, um em cada bordo, oferecendo também gelo, cerveja, água mineral e refrigerantes. Tudo muito prático e eficiente. Bequia é uma cidade muito movimentada, com uma arquitetura caracterizada pela colonização Britânica. Certamente, uma parada obrigatória para todo velejador. A orla da praia é muito bonita com casarões coloridos, que foram transformados em restaurantes ou hotéis. A área de ancoragem, destinada aos veleiros, fica no Sul da baía, à aproximadamente uma milha da cidade. Optamos em atracar numa bóia de um restaurante, muito bem localizada, à 200 metros da praia e do comércio. Pagamos EC$25 pelo pernoite e valeu cada centavo. Sérgio, Fabiano, Bira e Ricardo fizeram um tour pela ilha e gostaram muito do visual. Ao anoitecer, nosso tradicional happy hour, no cockpit, foi dedicado ao planejamento do nosso retorno à Granada, 82 milhas ao Sul. Queríamos pescar na costa leste das Granadinas, região de mar aberto, com grandes possibilidades de boas pescarias. Como já foi citado, navegamos muito à sotavento das ilhas e agora tínhamos a oportunidade de velejar à barlavento, ao longo do talude da plataforma continental. A rota foi rapidamente aprovada por unanimidade e comemorada com várias rodadas de Rum. Viva! Vamos voltar pescando.


Fotos acima; Admiralty Bay, Bequia - Granadinas


A GRANDE PESCARIA Às 7:00 horas da manhã já estávamos saindo de Admiralty Bay e tivemos de motorar por duas horas para contornar a Ilha de Bequia pelo Norte. Neste ponto, se tem uma perfeita visão da grande Ilha de Saint Vincent, sede do governo das Granadinas. Levantamos as velas e navegamos numa orça forçada até ultrapassar a Ilha Baliceaux e seguir na direção leste, por mais 9 milhas até o final da plataforma continental. Tentamos orçar o máximo possível para nordeste, para poder explorar uma maior área de pesca. Logo, a nossa estratégia de seguir este rumo, começou a dar frutos. A carretilha de bombordo cantou rerrrrrr... e a adrenalina subiu. Fiquei muito feliz e surpreso, quando a tripulação gritou,... este peixe é do capitão! Finalmente abriram mão do assédio sobre as varas e deixaram que eu embarcasse o peixe. Depois de uma luta, contabilizamos a bordo, um atum de 8kg, da espécie conhecida no Brasil como Albacorinha ou Black Fin Tuna. Ótimo para sashimi. O peixe foi direto para o gelo para garantir a qualidade.

Chegando no talude, ou no final da plataforma continental, logo tivemos uma sinfonia de carretilhas cantando rerrr... rerrr.... Bira foi o próximo premiado, perdeu um peixão, e logo depois embarcou outra albacorinha, com muita alegria, ..“o primeiro atum ninguém esquece”. A tripulação foi se revezando até que o último atum foi embarcado pelo Ricardo. Pescar de corrico num veleiro é um pouco difícil, quando um peixe é ferrado é necessário entrar no vento para diminuir a velocidade. O timoneiro deve ter muito cuidado para não se distrair com a gritaria na popa e não dar um bordo. Pescamos 5 atuns e um olhete, mas devolvemos


Sashimi de Atum três peixes vivos ao mar. Ficamos apenas com o necessário para o Sashimi e para fazer uma salada de atum. O talude, leste das Granadinas, é um local especial para a pesca de corrico. Ao longo da caída da plataforma, entre as isóbatas de 40 e 200 metros, é possível visualizar divisas de espuma e pequenas ondas, como se a água estivesse fervendo, provocado pelas fortes correntes ascendentes. Nessa área, existe muita atividade de gaivotas e cardumes de peixe voador, que voam, quando são atacados por predadores. Essas condições são especiais para pesca. Navegamos três horas nessas profundidades, mas tivemos que mudar o rumo para SW, em busca de uma ilha para passar a noite. No final da tarde, chegamos à Petit Tabac, uma pequena ilha desabitada, localizada a leste de Tobago Cays. O mar na pequena baía de fundeio, estava muito agitado e não seria seguro pernoitar. Seguimos para a nossa conhecida Chatham Bay, onde chegamos antes do por do Sol. Nesse dia navegamos 62 milhas.

Petit Tabac - Granadinas Ao amanhecer, seguimos novamente para Clifton para as formalidades de imigração e saída oficial das Granadinas: fizemos algumas compras e velejamos até Petit Saint Vincent ou PSV. Uma ilha muito bonita com praias de areia branca. Desembarcamos e tiramos muitas fotos. Petit SV fica muito próxima à Petite Martinique, que já pertence a Granada. No meio do canal passa a linha imaginária da fronteira entre esses dois países. Petite Martinique é indicada, pela empresa de charter, para reabastecimento de água e combustível de boa qualidade e de fácil acesso. Informaram que é bem melhor e mais confiável do que Clifton. Posto náutico: B&C Fuels Enterprice. Partimos de PSV, logo após o almoço e navegamos 6 ilhas no rumo SW até Carriacou para nosso último procedimento de emigração e aduana, retornando para Granada. A Horizon Charter já tinha fornecido os formulários oficiais preenchidos, que facilitou muito o atendimento. Naquele mesmo dia retornamos à Tyrrel Bay onde ancoramos. Logo após o por do Sol, saboreamos um suculento Sashimi de atum com salada e ficamos no cockpit curtindo e relembrando as aventuras do dia e planejando a rota para o nosso último dia no mar do Caribe. Acordamos com o nascer do Sol e após um café reforçado, partimos rumo a Granada, 40 milhas ao Sul. Dessa vez, decidimos navegar pela costa Leste, ao longo do talude da plataforma continental, certamente outra região muito piscosa. Durante a noite, o vento aumentou para 16 nós e já saímos da baía com as velas rizadas.


Tarsha ancorado em Petit Saint Vincent

Petit Saint Vincent

Ao largo da Ilha Ronde Island, o mar começou a piorar e o vento também. Resolvemos abortar a pescaria e mudamos o rumo para a costa protegida a oeste. Ficamos muito frustrados, mas a segurança está sempre em primeiro lugar. Chegando à área protegida de Granada, as ondas diminuíram, mas o vento estava soprando forte, rajadas de até 35 nós desciam as montanhas e rasgavam a superfície do mar. Reduzimos ainda mais a genoa, que se transformou numa vela de Laser e seguimos nosso rumo. O catamarã se comportou muito bem e não tivemos avarias. Petit Saint Vincent

Retornando para Granada Próximo à Saint Georges, o vento acalmou e seguimos até o porto de destino, True Blue Bay. Na entrada da baía, chamamos a Horizon Charters pelo rádio VHF, que prontamente mandou um dingue com um prático para atracar nosso Tarsha. Tínhamos completado, com sucesso, o nosso cruzeiro nas Granadinas. Os procedimentos da entrega começam com o abastecimento de diesel, vistoria geral do barco e a devolução do kit com binóculos, peças de reserva etc. Consumimos 105 litros de diesel em 10 dias; muito bom, considerando o quanto motoramos e uso com o gerador. Fizeram até uma vistoria submarina para verificar se não houve avarias no casco, ou danos no hélice e lemes. Chegamos ao final do nosso charter, com tudo e todos bem a bordo. Isso traz uma grande alegria e grande prazer de ter completado todo percurso sem incidentes ou problemas. O catamarã Tarsha 47 surpreendeu nossas expectativas, muito espaço, conforto e em perfeitas condições operacionais. Estávamos todos muito bem, com as nossas amizades ainda mais fortalecidas e prontos para retornar às nossas famílias. Certamente não vamos esquecer o Tarsha, das Granadinas e dos grandes momentos que passamos juntos. Já estamos sonhando com o nosso próximo charter, aguardem!



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