Velejando e Pescado em Exumas - Bahamas

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Velejando e Pescando em Exumas - Bahamas

maio 2015


Abaco

Eleuthera

Andros

Cat Island

Imagem Google Earth

Eleuthera

Cat Island

Andros

Área e o roteiro do cruzeiro. De George Town até Nassau Imagem Google Earth

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Velejando e Pescando em Exumas - Bahamas Maio 2015

Por Philip Conolly Capitão Amador

B

ahamas é uma região mágica para quem gosta de esportes aquáticos. Águas transparentes e cristalinas, centenas de ilhas, muitos peixes, lagostas, temperatura de 27oC estável durante quase todo ano. Ventos constantes de E /SE, muita segurança e um povo muito amigo e prestativo. Esse país é composto de grandes arquipélagos e ilhas: Andros, Abaco, Eleuthera, Cat Island, Long Island, Nassau, Great Exumas e muitas outras. Já velejei com minha esposa e amigos em Abaco em 2012 e fiquei muito impressionado. Em 2014, comecei a pesquisar uma nova área para levar minha família e cheguei em Exumas. Um grande arquipélago de pequenas ilhas que formam uma extensa linha de quase 106 milhas náuticas ou 196 km, partindo do Sul na direção N – NW. Nas Bahamas, essa formação é chamada de Exumas Chain ou corrente de Exumas, que oferece duas possibilidades: velejar nas águas abrigadas, com conforto para a família, ou velejar pelo mar aberto e profundo, que é bom para a pesca. Só existe uma empresa de charter na região, a Navtours (www.navtours.com), com base em Nassau, a capital das Bahamas. Eles oferecem duas opções de charter em Exumas, partindo de Nassau para George Town ou o caminho inverso, partindo do Sul. Levei essa opção de charter para nosso grupo de grandes amigos velejadores, com os quais tive o prazer de velejar em Angra dos Reis, Ilhas Virgens Britânicas, Granada e Granadinas e Taiti. Estamos juntos realizando charters pelo mundo desde 2006. Hoje, nossa tripulação é composta de 9 integrantes, que se revezam de acordo com a disponibilidade de tempo de cada um. O charter em Exumas foi imediatamente aprovado na nossa primeira reunião, em agosto de 2014, com 8 meses de antecedência. Tempo ideal para conseguir o melhor veleiro, com descontos, comprar as passagens aéreas e iniciar o período de sonhos. Cinco velejadores toparam realizar o cruzeiro. Tripulação: Philip Conolly (Capitão Amador), Antônio Sérgio Medeiros (Mestre amador), Fabiano Henrique Becker (Mestre amador), Kleber Almeida Costa Pinto (velejador) e Luciano Car-

Layout interno

Veleiro Jeanneau 40.9

Imagem da cabine, olhando para popa.

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los Nogueira Marques (velejador). Decidimos contratar um veleiro mono casco, um Jeanneau de 40.9 pés, 2014, com dois banheiros e acomodações para 6 tripulantes, da empresa Navtours. Pagamos US$5.800 por 10 dias de charter, partindo do Sul, de George Town em direção a Nassau, no período de 16 a 26 de maio de 2015. Este é o período de baixa estação e os preços são melhores. Pela primeira vez, em 9 anos de velejadas, iríamos navegar numa só direção, com os ventos sempre favoráveis. Ou seja, sem volta. Pagamos USD$500 pelo translado do veleiro até George Town, mas valeu. Velejar de Nassau para o Sul, os ventosw são quase Da esquerda para direita: Kleber, Fabiano, Luciano, Philip e Sérgio, no aeroporto de Guarulhos - SP sempre de proa e teríamos que enfrentar muitas orças forçadas e desconforto. Depois de 8 meses de planejamento, reuniões e muitos sonhos, partimos de Itajaí com tudo organizado, inclusive a escala de cozinheiros pronta e o cardápio. Cada participante ficou responsável por cozinhar dois pratos principais. Também levamos varas, carretilhas e apetrechos para pesca esportiva. No dia 14 de maio, partimos de avião de Itajaí e Curitiba, para São Paulo, Miami e depois 40 minutos de voo direto para George Town, a capital de Exumas. O visual do voo sobre as Bahamas, antes da chegada, é de tirar o fôlego. Centenas de ilhas, praias e contraste de cores azul claro e marinho da água do mar. O aeroporto é bem pequeno, mas funcional. Não exigem vistos para brasileiros e a imigração é muito simpática. Chegamos finalmente em Exumas, um dia antes do início do charter, felizes e ansiosos para conhecer a região.

Avião da Embraer. Embarque em Miami para Exumas, George Town

Vista aérea das ilhas de Exumas

No aeroporto, alugamos uma mini van por 24 horas, que foi uma ótima decisão para nossa logística, para abastecer o veleiro. A ilha é longa, cerca de 50km no sentido Sul – Noroeste e sem o carro ficaríamos totalmente dependentes de táxis. Saiu bem mais barato. A primeira noite em George Town, ficamos no Hotel Hideaways, www.hideawayspalmbay.com, formado por vários bangalôs à beira mar. Muito bom, limpo e tranquilo. Nas Bahamas existem ótimas casas mobiliadas para aluguel, mas geralmente só aceitam hóspedes, para no mínimo, 4 noites. www.homeaway.com. Área de lazer e piscina do Hotel Hideaway em George Town

Limite Sul da Ilha de Great Exumas, área de mangue.

Kleber, com novos amiguinhos.

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Mercado em George Town

No segundo dia em Exumas, conhecemos a extremidade Sul da ilha, mas não vimos nada de muito interessante. A área mais badalada fica para o Norte onde existe um grande resort. Passamos o dia comprando os víveres para nossa viagem e transportando até a marina. Existem dois mercados em George Town, mas apenas um de médio porte, onde compramos nosso rancho para dez dias de cruzeiro. Emerald Bay Marina, onde embarcamos no veleiro, fica a 22km do centro e tivemos de fazer duas viagens para levar bagagens e compras, que demandou muito tempo.

Sede da marina em Emerald Bay.

Cais flutuante de Emerald Bay Marina

Emerald Bay Marina pertence à rede de Resorts Sandals (www.sandals.com). Um grande complexo e muito bem estruturado para proporcionar muito conforto para os turistas. A Navtours não tem escritório em George Town, apenas atracam os veleiros na marina e entregam para os clientes. O nosso Jeanneau 40.9, Hélios, estava à nossa espera. É sempre um grande momento, após meses de planejamento e expectativa, ver o veleiro pela primeira. Um sonho que virou realidade. O Michel, velejador e funcionário da empresa de charter nos esperava e informou que só podia enNosso veleiro Hélios. tregar o veleiro após às 16h. Já estávamos cientes pois constava no contrato de locação. Procedimento padrão de muitas empresas de charter, que inibe correrias e saídas desnecessárias no final da tarde. O contrato de locação proíbe a navegação noturna. Assim ficamos conhecendo bem o veleiro, arrumando nossos equipamentos e nos adaptando à nossa nova casa. Dormimos a primeira noite a bordo na marina e com direito a um happy Kleber, com a pizza retangular. Omelete do Fabiano hour no por do Sol, muito bom. Kleber entrou na primeira escala da cozinha e mandou muito bem. Produziu duas deliciosas pizzas retangulares. Motivo: não tinha uma forma redonda, mas ninguém reclamou; estavam ótimas. Após uma boa noite de sono, tomamos um café da manhã bem reforçado no cockpit com a tradicional omelete do Fabiano, que leva queijo, presunto, verduras e bacon. Muito bom, Tchê!

Preparação para partida.

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Logo após o breakfast, representante da Navtours veio a bordo para fazer o briefing do veleiro, ou seja, mostrar todos os procedimentos operacionais. Ele entregou um inventário completo dos equipamentos a bordo e pediu para checarmos tudo, fazer ressalvas e assinar. Fizemos isso e sentimos falta de: 3 cabos de atracação, a bomba manual de ar para encher o barco inflável (dingue) e quatro taças de vinho. Itens que estavam na relação, mas fisicamente não existiam. Michel constatou a falta e endossou no meu manifesto. Ainda bem, caso contrário, teríamos de pagar esses bens no final. Depois de uma hora de trabalho burocrático, o veleiro estava sob o nosso comando e decidimos partir imediatamente. Estávamos tão ansiosos para partir, que esquecemos de completar os tanques de água. Falha grave, mas logo lembramos que tínhamos uma opção de abastecimento em dois dias e ainda contávamos com um tanque cheio; seguimos em frente.

Saindo de Emerald Bay Marina

Finalmente, no dia 17/05, às 8h30, largamos as amarras e partimos de Emerald Bay, felizes e ansiosos para velejar em Exumas Chain. Saímos lentamente da marina para que a tripulação soltasse os cabos e preparasse a vela mestra. A barra é bem estreita, mas muito bem sinalizada. Nas Bahamas, utilizam a mesma sinalização náutica do Brasil. Na saída da barra, balizamento verde por boreste e vermelho por bombordo. Sistema de balizamento internacional IALA–B. A água é extremamente transparente e pode-se ver nitidamente o fundo de pedras, as manchas de areia e algas, a 5m de profundidade. Motoramos uma milha para barlavento ou contra o vento, antes de levantar a vela mestra. O vento soprava de Leste com uma intensidade de 18 nós. Era nossa primeira velejada com o Hélios e ainda não conhecíamos as reações e navegabilidade do veleiro. Optamos por rizar a vela mestra e abrimos toda a genoa. Não tínhamos pressa, estávamos de férias. Alinhei o veleiro no vento e partimos velejando a 6 nós. Logo deu para sentir que o Jeanneau era bom de leme e estável. Nossa tripulação é apaixonada pela pesca esportiva e logo na saída lançamos duas linhas de corrico com iscas artificiais. O objetivo maior era capturar um peixe para fazer sashimi, cujos ingredientes: shoyo, wasabi, hashi e a faca especial, foram trazidos do Brasil.

Bóia vermelha a bombordo, na saida da Barra. Nota-se a transparência da água. Rota de saida de Emerald Bay Marina

Imagem Google Earth Rumo seguido de Emerald até Lee Stocking Island, 16 milhas náuticas.

Imagem Google Earth

Fabiano largando as linhas de pesca.

De Emerald Bay, velejamos até Lee Stocking Island, 16 milhas náuticas, rumo NW, mas sempre acompanhando a caída da plataforma continental

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ou talude, onde a profundidade cai abruptamente de 40m para 1000m ou mais. Em todos os mares, a região do talude da plataforma é a área mais piscosa devido à ressurgência das correntes marítimas. Em Exumas, essa zona fica muito próxima das ilhas, em geral 1,5 milhas da costa.

Primeiros atuns, capturados. Bonito listrado ou Skipjack

Correnteza na maré vazante, na barra de Lee Stocking Island. Uma pororoca de ondas.

Imagem Google Earth

Rota de entrada

Centro de pesquisas abandonado

Hélios ancorado na baía de Lee Stocking Island

O início da pesca foi ruim, nada nas primeiras duas horas. Acho que a ansiedade e a grande expectativa de capturar muitos peixes contribuíram para o desânimo. Continuamos seguindo em zig zag na profundidade ideal, até que Sérgio avistou um bando de gaivotas mergulhando. Ótimo sinal! Significava peixes na superfície se alimentando. Passamos junto das aves e as carretilhas cantaram reeeeeeeee; ótima sinfonia para pescadores. Quem é da pesca conhece bem essa adrenalina. Embarcamos 2 atuns listrados, ou skipjacks de aproximadamente 2kg cada. Fizemos um bordo redondo e voltamos para a área. Logo capturamos mais dois, mas um fugiu. Três ótimos peixes embarcados. Próximo à barra de entrada para Lee Stocking Island, notamos uma área de muita turbulência, como se fosse um rio de ondas brancas ou carneirinhos, que se estendia da entrada até 2 milhas para alto mar. Uma verdadeira pororoca. Estranho, mas logo percebemos que era o fluxo da maré na vazante saindo das áreas rasas, com muita força e contra o vento. Baixamos as velas e entramos motorando. A correnteza era impressionante, mas não tivemos problemas para entrar. Chegamos em Lee Stocking Island no início da tarde e encontramos a maré baixa. Seguimos no motor lentamente até a área de fundeio. Passamos num canal com apenas 15 cm abaixo da quilha, mas o fundo era de areia com algas. Se encalhasse era só largar a âncora e esperar a maré cheia. Perigoso é encalhar na maré alta. Nas Bahamas se navega pelo GPS e pelo visual da cor da água. Os canais mais fundos tem um azul mais escuro, consequentemente, é sempre recomendado entrar em águas rasas com o sol alto, próximo ao meio dia. Assim é possível visualizar com facilidade os cabeços de coral. No início da manhã e no final da tarde é perigoso entrar nas barras desconhecidas. Lee Stocking Island pertencia ao americano John Perry, já falecido. Era um grande visionário da autossuficiência humana, comprou a ilha por US$70.000 em 1962. Construiu nela um grande centro de pesquisas em biologia marinha, administrado pelo PERRY INSTITUTE FOR MARINE SCIENCE, da Flórida. Recebeu até ajuda da agência NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration – USA. O complexo é composto por dezenas de casas, estradas, enfermarias, cais, uma represa artificial de

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Ruínas de um cais e vista da baía de Lee Stocking Island

Churrasco na ilha de Lee Stocking. Casas abandonadas.

aproximadamente 2 hectares, tanques de concreto, laboratórios com aquários e uma pista de pouso para pequenos aviões. A missão era criar lagostas e peixes em cativeiro e tornar a ilha autossuficiente em alimento, Imagem Google Earth água e energia; mas falhou. Hoje, o centro está completamente abandonado. www.perryinstitute.org Ancoramos na baía bem protegida de Lee Stocking, próximo a dois veleiros. Logo, um dingue de um vizinho veio nos cumprimentar e informou que a ilha estava deserta e tudo abandonado. Doamos um atum para o velejador que ficou muito agradecido. Desembarcamos e exploramos o centro de pesquisas abandonado, muito triste de ver. No final da tarde, Fabiano preparou e assou uma carne muito saborosa, aproveitando a grelha da nossa churrasqueira e as pedras da ilha. Momento de alegria e descontração entre bons amigos. Como é bom estar em terra firme na sombra de coqueiros. Na manhã seguinte, partimos de Lee Stocking com a maré cheia e seguimos para Little Farmers Cay, 11 milhas náuticas para o Norte. Tínhamos a opção de velejar por sotavento das ilhas em águas calmas, mas como bons pescadores e viciados em águas azuis oceânicas, optamos por navegar pelo mar aberto, com maiores possibilidades de boas pescarias. A saída da barra foi tranquila, já que a maré estava parada e sem correnteza. Dessa vez, levantamos totalmente a vela mestra e abrimos

Primeira barracuda

Velejando para Little Farmers Cay

Vara de pesca de bomborbo

Segunda barracuda

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toda a genoa. Já estávamos acostumados e confiantes com o veleiro. O vento de SE de 14 nós estava ótimo e muito sol. Nessa manhã, capturamos duas barracudas de bom porte, mas foram liberadas. Nas Bahamas não se come barracudas e peixes de coral, devido a uma toxina chamada Ciguatera. Os pequenos peixes se alimentam de pólipos de corais e se contaminam. Consequentemente, os predadores mais próximos os comem e tornam-se portadores da toxina, que é cumulativa; quanto mais velho o peixe, maior o nível de contaminação. Os bahamianos comem esses peixes quando são pequenos, até o tamanho de um braço e soltam os grandes. Na entrada da barra de Little Farmers Cay, novamente enfrentamos a pororoca e muitas ondas desencontradas da vazante. Já estávamos acostumados às fortes correntezas e entramos bem. Chegamos com o sol bem a pino, que facilitou a entrada e a navegação. No canal mais fundo e abrigado, Kleber ferrou mais uma pequena barracuda e liberou o peixe. Valeu pela adrenalina. Ancoramos próximo a uma pequena marina e restaurante e a tripulação desembarcou para comprar gelo. O veleiro não tinha um cooler no convés e tive-

Imagem Google Earth

Rota de entrada em Little Farmers Cay

Fabiano, Luciano e Sérgio, saindo para comprar gelo

Cais do restaurante em Little Farmers Cay

Veleiro Moondance

Cais do restaurante em Little Farmers Cay

Pequeno povoado em Little Farmers Cay

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mos que comprar duas caixas de isopor em George Town, que provaram ser de péssima qualidade, pois não conservavam nada. Eram apenas ótimas produtoras de água. Gelo é um produto caro nas Bahamas, de US$ 5 a 7 p/ saco. Luciano, que era responsável pelos problemas hidráulicos a bordo, termo que apelidamos ao tripulante encarregado em manter a cerveja sempre bem gelada, teve muito trabalho durante a viagem. Quando faltava gelo, tinha que usar o pequeno freezer de 5 litros, gelando apenas três latinhas de cada vez e ainda administrava o racionamento da demanda de consumo, que era grande. Ele teve muita habilidade e controlou muito bem a tripulação sedenta; não tivemos motins a bordo.

Nina, Philip, Fabiano, Bob, Luciano e Kleber, happy hour em Farmers Cay

Nessa ilha, conhecemos um casal de americanos muito simpáticos, Bob e Nina, que moram no Veleiro Moondance nos USA e sempre passam alguns meses do ano velejando nas Bahamas e Caribe. Eles tiveram uma surpresa no encontro, “ Brazilians again”! A bordo do Hélios, carreteiro do Chef Sérgio

Luciano, reponsável pelos problems hidráulicos

Sérgio no seu dia de comando e linhas de pesca na água. Imagem Google Earth

Rota de entrada para Little Farmers Cay

Bob disse que tinha conhecido os primeiros brasileiros de sua vida no dia anterior e agora mais cinco! “My God” Informaram que cruzaram com o catamarã Cascalho, com um casal de brasileiros, um pouco mais ao Norte. Logo identificamos a dupla, como o casal de brasileiros Luiz Fernando e Mauriane, que são nossos vizinhos da mesma praia que frequentamos, Penha – SC. Grande notícia! Só não sabíamos a localização exata e o destino do Cascalho. Bob e Nina foram convidados para almoçar no nosso veleiro, um carreteiro preparado por Sérgio. Não conheciam esse prato e gostaram muito. É sempre muito bom conhecer novas pessoas e especialmente velejadores que tem a mesma paixão pelo mar e vela. Bons ventos para o Moondance. No terceiro dia do nosso cruzeiro, acordamos cedo e tomamos um café reforçado com o tradicional Fabiano´s omelet, que é um veterano no nosso grupo de velejadores. Durante a viagem nossa alimentação era: um bom café da manhã, beliscos para o almoço e uma boa refeição quente no final do dia. Nesse dia, Sérgio assumiu o comando do veleiro por um dia e não foi motim, mas por mérito. Estamos velejando juntos desde 2006 e sempre procuramos repassar experiências e conhecimentos uns para os outros. Assim, todos aprendem e melhor, ganham auto confiança. Sérgio e Fabiano já são competentes velejadores e habilitados a comandar veleiros. Saímos de Little Farmers Cay para Staniel Cay , 12 milhas ao Norte. Mar calmo e pouco vento. Sérgio decidiu usar também a vela do porão, ou o motor, para manter uma ve-

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locidade constante de 5 nós, mínima para pesca de corrico. Durante a velejada, pescamos mais duas barracudas que foram liberadas. Próximos de Black Point Cay, baixamos as velas e entramos na barra com a maré vazante e novamente enfrentamos uma pororoca de ondas desencontradas, mas lentamente entramos com segurança. Continuamos motorando para Staniel Cay e ao passar por uma praia com muitas lanchas e veleiros, decidimos Entrada da barra de Farmers Cay, com muita correnteza e ondas. Sérgio no leme conhecer o lugar. Era BitGritamos, “ Penha...Santa Catarina” e Luiz entrou rater Guana Cay. Ancoramos próximo a um catamarã pidamente no dingue com Mauriane e veio ao nosso que viu nossa grande Bandeira Brasileira e passou a encontro. Uma grande surpresa! Se fosse combinado soprar uma bumbunzela.. buuuuum. Era o Cascalho. não daria certo, ainda mais nesse marzão. Esse casal

de brasileiros vive a bordo há mais de 3 anos e realizam charters, com tudo incluso, com amigos e pessoas interessadas. Uma ótima oportunidade para conhecer o caribe e curtir a vida a bordo. Muito recomendado para casais sem experiência ou habilitação para tocar um veleiro. Visite no Face Book: Cascalho pelo Mundo. Na ilha de Bitter Guana, existem muitos iguanas selvagens que vem ao encontro dos turistas e gostam muito de alface, repolho e outros vegetais. Esses animais são muito comuns em quase todas as ilhas.

Encontro com o catamarã Cascalho, em Bitter Guana Cay

Partimos de Bitter Cay e seguimos juntos com o Cascalho até Big Major Cay, principal ancoradouro de Staniel Cay, que fica a 1,5 milhas. Essa ilha é habitada por deze-

Confraternização e happy hour com Luiz e Mauriane

Iguanas em Bitter Guana Cay

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Imagem Google Earth

Rota de Little Farmers até Staniel Cay.

Imagem Google Earth

Bitter Guana Cay, local de encontro com o catamarã Cascalho

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Luiz e Mauriane partindo para Staniel Cay.

Ilha de James Bond, Thunderball Grotto

nas de porcos , que ficam vagando pela praia e na aproximação dos turistas, saem nadando até os botes pedindo comida. Certamente é a principal atração. No final da tarde, fomos convidados para jantar a bordo do Cascalho. Luiz e Mauriane prepararam uma Moqueca de lagosta, com genuíno azeite de dendê, trazido da Bahia; muito bom. Ficamos várias horas falando de viagens e experiências vividas no mar, tomando vinho ou alguns tragos de rum. Na manhã seguinte, levantamos a âncora e motoramos até Staniel Cay, que é a ilha mais habitada e movimentada de Exumas. Tem marinas, um iate

Jantar muito especial a bordo do Cascalho moqueca de lagosta. Luiz e Mauriane à direita.

clube e um aeroporto de pequeno porte. Os americanos voam diretamente de Miami até essa ilha e se hospedam em mansões alugadas, ou embarcam nos seus iates. Ancoramos próximo ao porto e à uma pequena ilha chamada Thunderball Grotto, que tem uma caverna semi submersa, que serviu de cenário para os filmes de James Bond: Never Say Never Again e Thunderball. A entrada da caverna é muito estreita e é preciso entrar com máscaras e pés de pato. O ideal é na maré baixa. Nossa tripulação entrou e passou trabalho para sair nadando contra a forte correnteza, mas gostaram muito. É um point muito procurado pelos turistas.

Porcos na Ilha Big Major, esperando os turistas

Vista do Povoado de Staniel Cay

O incrível e minúsculo peixe do Kleber

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mas é bom levar repelente; quando escurece os pernilongos atacam e sugam com vontade o sangue dos turistas. Junto ao cais, onde os pescadores limpam os peixes, existem muitos tubarões lixa de grande porte, que estão habituados a devorar as sobras dos pescados.

Famosa isca farnangaio ou ballyhoo

Staniel Cay é a melhor ilha para abastecer veleiros. O cais do posto náutico fica bem no canal e de fácil acesso. Aproveitamos para completar o tanque. A capacidade total dos tanques de água era 288 litros, divididos em dois tanques. Em seis dias gastamos 36 litros de diesel e menos de um tanque de água doce, ou 120 litros. Todos a bordo estavam muito conscientes, economizado água doce. Tomávamos apenas um banho por dia, ou melhor, uma chuveirada rápida na popa. O veleiro tinha uma torneira com água salgada na pia da cozinha, que ajudou muito na lavação de louças e panelas. Nas Bahamas, água doce é um artigo de luxo. Ela é coletada da chuva ou é dessalinizada. ´ Desembarcamos em Staniel Cay para comprar alguns suprimentos. Existem apenas duas micro mercearias, que cobram caro de acordo com a cara do cliente. Na marina compramos três iscas ou farnangaios; lá chamam de ballyhoo, que são peixes agulhas, já preparadas com anzóis e empate de aço. Iscas muito famosas para captura de grandes peixes oceânicos. Cada isca custou US$ 5. Cara, mas a vontade de pescar achou barato. O Cascalho ancorou próximo e a tripulação foi convidada para almoçar bistecas de porco assadas pelo Fabiano, na churrasqueira a gás do Hélios. No final da tarde, fizemos juntos, um happy hour no iate clube. Local muito frequentado por iatistas e pescadores esportivos. Um ambiente muito agradável,

Tubarões lixa esperando as sobras de peixes em Staniel

No amanhecer do sexto dia, partimos para Cambridge Cay, 10 milhas rumo NW, tempo bom, muito sol e ventos de 12 nós. Fabiano assumiu o comando do veleiro e partimos motorando pelos canais até a barra norte de Staniel Cay, onde levantamos as velas e saímos para alto mar. Logo chega-

Imagem Google Earth

Saída de Staniel Cay

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Rumo até Cambridge Cay

Fabiano no seu dia de comando, velejando a 6 nós

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mos nas águas profundas e largamos as linhas, agora iscadas com farnangaios da melhor qualidade. Todos os dias a esperança de capturar um bom atum ou dourado aumentava. Queríamos saborear um sashimi. Durante a velejada, a carretilha de boreste cantou reeeeeeee, a adrenalina a mil. O peixe era grande e levou muita linha. Todos especulavam sobre a espécie: Atum? Wahoo? Dourado? Afinal, a isca de US$ 5 estava em jogo. Fabiano manobrou e colocou o veleiro no vento, para reduzir a velocidade. Sérgio lutou com o peixe por 20 minutos e já, próximo ao veleiro, visualizamos uma grande silhueta prateada. Oba!...Um bom peixe! Mas logo veio a superfície e vimos que era uma grande barracuda de aproximadamente 12kg, que foi liberada. Lá se foram US$ 5 e uma bela isca, mas faz parte. Próximo à barra de Cambridge, ferramos mais uma barracuda com a isca artificial. Ainda bem, economizamos cinco dólares.

formaram para depositar numa caixa na praia de uma pequena ilha. Ok, assim fizemos. Ao lado da caixa tinha envelopes e canetas, onde escrevemos o nome do veleiro, dia da estadia, email, etc...e depositamos no recipiente. Ninguém mexe. Que bom ver que ainda existem lugares com pessoas honestas. Durante a noite assistimos de camarote uma grande queima de fogos de artifício promovida por um mega iate, ancorado ao nosso lado. Pela manhã, partimos para Warderick Wells Cay, 5 milhas ao Norte, onde está localizada a sede do

Entramos na barra de Cambridge Cay às 13h e deparamos com uma linda baía com um mega iate ancorado e vários menores. Essa ilha faz parte do Caixa para depósito das diárias do parque marinho

Mais uma barracuda, capturada na isca artificial

Parque Nacional Marinho de Exumas, onde a pesca é proibida. Existem várias poitas ou bóias para atracação, na profundidade máxima de 3m em águas cristalinas. O pernoite custa US$30 para barcos com até 45 pés. Chamamos o escritório do parque no VHF, canal 9 e pedimos instruções para pagamento da taxa. In-

Incrível transparência da água em Cambridge Cay

Luciano servindo beliscos para o happy hour

parque. O mar estava calmo e o vento SE fraco, muito sol e calor. Resolvemos motorar, já que com a vela não conseguiríamos velocidade suficiente para corricar as iscas. Ainda tínhamos dois farnangaios e as famosas iscas não decepcionaram. Ferramos dois peixes simultaneamente, um dublê. Trabalhei a vara de boreste e embarquei mais uma barracuda, que dessa vez, foi guardada para fazer iscas. Kleber segurou a outra carretilha que cantava e o peixe não parava de levar linha. Ainda bem que tinha quase 300 metros de linha multifilamento de 60 libras. Aproei o veleiro no vento e desacelerei o motor. Depois de muita luta, cerca de 30 minutos, o peixão deu sinais de cansaço. Lentamente foi chegando. Fabiano e Sérgio estavam com o bicheiro pronto para embarcar a presa e Luciano que filmava com a GoPro, viu o peixão prateado na água azul transparente. Estava chegando, mas re-

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Imagem Google Earth

Rota de Cambridge Cay até Warderick Wells

“Certamente o lugar mais bonito de Exumas” Cais da sede e vista do Parque Nacional Marinho de Warderick Wells

Nosso veleiro Hélios atracado numa poita em Warderick Wells

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pentinamente soltou do anzol e se foi. Nas histórias de pescadores os peixes grandes sempre escapam! Paciência! Pela força e rapidez do peixe, certamente era uma grande cavala wahoo. Um troféu e excelente peixe para comer. Os farnangaios acabaram e aproveitamos a barracuda embarcada para fazer iscas adicionais. Cortamos o filé com o couro branco do peixe em tiras, imitando o ballyhoo. Continuamos navegando e embarcamos mais três xaréus brancos para a cozinha e ainda perdemos um dourado. Foi nosso melhor dia de pesca, com muita ação. As iscas naturais associadas com as artificiais surtiram bons resultados. Creio que também devido a combinação da turbulência da isca artificial incrementada com cheiro e gosto dos filés de peixe.

beleza do lugar e pela grande disponibilidade de bóias vagas, esquecemos e não chamamos pelo rádio. Fomos contornando lentamente o canal e escolhemos uma poita bem próxima ao escritório do parque, o lugar mais bonito. Atracamos e imediatamente desembarcamos com o dingue para fazer o registro oficial de entrada. Estávamos ansiosos para conhecer o local e conseguir um acesso Wi Fi. As saudades da família eram grandes. No escritório central me identifiquei para uma senhora sentada numa mesa cheia de papéis. Ela me encarou muito séria e me deu uma intimada: “Captain, are you coming here to be arrested”? Confesso que fiquei muito surpreso com a atitude dela. Perguntei porque eu deveria ser preso e ela respondeu. Você entrou no parque e atracou numa bóia sem autorização. Pedi mil desculpas e argumentei que o Entramos motorando em Warderick Wells Cay, parque estava vazio e não vi a necessidade de reservar logo após às 13h. Nessa ilha, se localiza a sede do uma poita. A frase, I am very very sorry, I apologize Parque Nacional Marinho de Exumas. O canal de ! ajudou muito e ela relaxou. Na realidade, ela queria apenas mostrar sua autoridade. Pagamos US$30 pelo pernoite e nossa anfitriã nos vendeu 4 acessos à internet por US$15 cada ou US$60. Apenas um funcionou precariamente com o Wi-Fi . Ela cobrou bem pelo meu erro e deu o troco! Na ilha de Warderick Wells não tem muito que ver e devido ao sol forte e calor, resolvemos voltar

Dublê de xaréus

Placa na ilha sede do parque

Vista do canal de acesso ao parque, com veleiros atracados

acesso, forma um semicírculo com um grande banco de areia no centro. O contraste de cores da água do mar impressiona; um degradê do azul bem claro até um azul safira. Um lugar lindíssimo e deve ser visitado. Foi eleito o lugar mais bonito de Exumas. Ao longo do canal existem muitas bóias de atracação e a maioria estava disponível. O regulamento do parque pede que a embarcação chame pelo VHS canal 09, para reservar uma poita, mas na empolgação, com a

Luciano e o grande banco de areia no centro da baía.

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para o veleiro para nadar e tomar umas cervejas. Para o almoço do dia, preparei filé de peixe (xaréu), grelhado no azeite, servido com molho de alcaparras, acompanhado de arroz ao curry. Ficou bom, mas não conseguimos consumir todos os peixes pescados naquela manhã e repassamos alguns filés para o Cascalho. Vinte e quatro horas após a refeição, ficamos sabendo que Luiz tinha ficado indisposto e com problemas intestinais por ter comido o peixe. Depois foi a vez de Fabiano ficar mal, passou uma manhã deitado e ficou com coceiras nas mãos e pés. Também tive uma indisposição, mas passou logo. Ficamos argumentando sobre as causas; seria a toxina da Ciguatera ou o acúmulo de cevada da cerveja local Kalik? Não sabemos. Foi estranho. Ainda bem que todos se recuperaram, mas na dúvida não consumimos mais peixes costeiros. Apenas atuns e dourados. Na manhã do sétimo dia de cruzeiro, resolvemos velejar até Highborne Cay, 20 milhas ao Norte. Levantamos as velas com ventos de SE 14 nós e céu azul. Largamos três linhas de corrico com iscas de tiras de barracudas e não demorou muito para duas carretilhas cantarem reeeee.... Ferramos duas barracudas: uma de 6kg e outra de grande porte. Durante o recolhimento da menor, avistamos um tubarão, que se aproximou do peixe na linha e atacou, deixando as marcas dos dentes. Depois tentou dar mais uma mordida, chegou mais

Xaréu branco, que intoxicou Fabiano e Luiz do Cascalho.

Imagem Google Earth

Rota de Warderick Wells até Highborne Cay

perto e desapareceu. A outra barracuda que estava na segunda linha, oferecia uma boa luta, mas repentinamente a briga acabou. Outro tubarão, certamente bem maior, comeu o peixe com uma bocada e só deixou a cabeça. Imediatamente lembramos da nossa velejada no Taiti, próximo a Bora Bora, onde também perdemos um belo atum para um tubarão.

Cabeça da barracuda, após o ataque do tubarão

Finalmente o primeiro dourado. Sashimi garantido.

A medida que nos aproximamos do nosso destino, Highborne Cay, tivemos muita ação e adrenalina com os dourados, peixes atacando as iscas, saltando e fugindo. Finalmente embarcamos nosso primeiro Mahi Mahi ou dourado, de aproximadamente 5kg. O sonhado Sashimi estava garantido. Entramos na barra Sul ou canal de entrada e tivemos sorte de seguir uma lancha, que certamente conhecia o caminho. O nosso plotter/GPS indicava perfeitamente o rumo, mas existiam muitos bancos de corais e pequenas ilhas, uma entrada complicada. Contar com um prático local ajudou e deu tranquilidade. No Sul da ilha de Highborne, existe uma marina e durante a aproximação argumentamos se deveríamos entrar e passar uma noite com o veleiro atracado. Assim poderíamos desfrutar de um bom banho, abastecimento e restaurante, mas resolvemos ancorar e fazer uma pesquisa dos preços. Sérgio, Fabiano e Luciano saíram de dingue, foram conhecer a

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Imagem Google Earth

Rota de entrada da barra de Highborne Cay

Marina de Highborne, lotada de mega iates

marina e ver as condições para um pernoite. Logo voltaram para o veleiro e informaram que estava lotada de grandes iates, não tinham banho e nenhuma facilidade a nossa disposição. Não queriam nem ver o nosso veleirinho de 40 pés e assim ficamos ao largo, numa baía bem abrigada, onde uma frota de grandes iates estava ancorada. Certamente foi melhor, ficamos tranquilos, economizamos e desfrutamos de um bom jantar preparado pelo Sérgio; estrogonofe de carne com arroz branco. Muito bom. Durante a tarde, limpei o dourado e deixei a carcaça flutuando na popa, amarrada pela cauda para atrair tubarões e não demorou muito. Estava conversando com Kleber no cockpit e de repente escutamos um barulho da água. Eram dois grandes tubarões lixa atacando os restos do dourado. Incrível como sentem o cheiro e se aproximam rapidamente.

Tubarões lixa na popa, comendo a carcaça do dourado

No oitavo dia de cruzeiro decidimos conhecer as proximidades e aproveitar a piscosidade encontrada no dia anterior. Já tínhamos alcançado o limite Norte e era nosso último dia em Exumas. Saímos novamente pela barra estreita, mas agora conhecendo bem as voltas dos arrecifes de coral. O vento de SE estava mais forte, com rajadas de 18 nós e mar mais agitado, mas traçamos o rumo para Norte e o veleiro estabilizou, ficando confortável. Como sempre, velas içadas e linhas na água, afinal somos velejadores apaixonados pela pesca. Novamente usamos duas carretilhas, uma em cada bordo, tiras de peixe como iscas e mais uma vara segurada pelo Kleber, com uma isca artificial, no centro da popa. Navegamos duas milhas e o resultado foi quase imediato. Ferramos três dourados simultaneamente, nas três linhas. Kleber, Fabiano e Sérgio, trabalhavam as varas, Luciano filmava e fiquei no leme. Muita confusão no convés, enquanto os peixes corriam e saltavam. A nossa turma é experiente e PHD na pesca de dourados e não deixaram que as linhas cruzassem. Embarcamos dois peixes e o terceiro fugiu. Ufa! Já tínhamos mais do que o suficiente para o jantar, mas a adrenalina dominou a todos e rapidamen-

Kleber tomando um merecido trago de rum

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Três dourados embarcados

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A melhor pescaria de dourados

te as linhas foram lançadas novamente. Navegamos mais 10 minutos e ferramos mais três dourados, outro triple. A luta recomeçou e logo embarcamos mais um dourado grande e soltamos os outros dois. Chega de pescarias! Estávamos muito satisfeitos e felizes. Velejamos até um grupamento de ilhas, 5 milhas mais ao Norte para conhecer Allan´s Cay.

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Rota até Allan´s Cay. Área com muitos dourados

Veleiro do brasileiro Roland

O vento estava ótimo e em menos de uma hora entramos na proteção de três pequenas ilhas, com um canal e um banco de areia submerso. Local paradisíaco. Dois veleiros já estavam nesse local. Ancoramos e olhamos para os três dourados no cockpit, certamente não tínhamos condições de consumir essa quantidade de pescado. Resolvemos oferecer dois peixes para os veleiros vizinhos. Da nossa popa, gritei para um barco mais próximo, “ do you want fish?” Obviamente aceitaram e ficaram muito agradecidos. Fui com Fabiano no dingue até o segundo veleiro, um pouco mais distante. Na abordagem, repeti a pergunta para um velejador solitário que apareceu na popa. Conversamos em inglês sobre a pescaria por uns 10 minutos e depois perguntei, where are you from? e recebi a resposta...from São Paulo! Que surpresa agradável! Era um brasileiro chamado Roland, de 66 anos, que estava velejando solitário, conhecendo Bahamas. Logo depois, chegou o catamarã Cascalho com Luiz Fernando e Mauriane, que se juntaram a comunidade brasileira

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de Allan´s Cay para um happy hour. Nesse local, após limpar nosso dourado, tornei a amarrar a carcaça pelo rabo e deixei boiando na popa. Não deu outra; em menos de 15 minutos dois grandes tubarões lixas apareceram para o almoço e reciclaram os restos do peixe. Ao cair da tarde, levantamos a âncora para buscar um bom abrigo. A baía onde estávamos não era bem abrigada do vento de SE, que soprava forte. Não queríamos passar a noite com duas ilhas bem próximas, a menos de 100 metros da nossa popa. Segurança em primeiro lugar. Voltamos para Highborne. Roland e o Cascalho nos acompanharam e na chegada, ancoramos bem próximos um do outro. O almoço de final de tarde, foi o cobiçado sashimi de dourado que foi devorado rapidamente pela tripulação. Na nossa última noite em Exumas, a bordo do Hélios, fizemos uma janta especial e convidamos nossos vizinhos brasileiros. Na hora do happy hour, no por do Sol, Luiz trouxe do Cascalho um sashimi de lagosta numa travessa muito bem ornamentada com a carapaça, que impressionou pela maciez. Luiz explicou que o segredo era cozinhar levemente a lagosta na água do mar para não enrijecer a carne. Após muitos tragos e boas conversas no cockpit, Luciano esqueceu os problemas hidráulicos e preparou um jantar especial. Um delicioso penne à carbonara com filé mignon ao molho madeira. Noite cinco estrelas entre amigos, que fechou a nossa aventura em Exumas.

Philip com o sashimi de dourado. Grande happy hour.

Sashimi de lagosta, preparado por Luiz. Nota dez!

Roland, Luciano e Sérgio, no cockpit.

Kleber, Mauriane, Luiz e Fabiano. Última noite em Exumas. Jantar a bordo do Hélios

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Imagem Google Earth

Rota de Highborne Cay até Nassau.

Philip no comando

Acordamos bem cedo e iniciamos a velejada final de 38 milhas náuticas até Nassau, para entregar o veleiro. Durante os nove dias que velejamos em Exumas, desfrutamos de ótimas condições de ventos favoráveis, muito sol e exatamente no último dia da maior travessia, o vento aumentou para 20 nós pelo través de boreste, proporcionando uma navegação rápida e com emoção no nosso retorno. Desfrutamos de uma grande velejada de quase sete horas até Nassau e ainda pescamos um badejo e uma sororoca, que soltamos. Antes de atracar na marina, abastecemos o veleiro num posto náutico localizado entre as duas grandes pontes. Chegamos na base da Navtours às 13h30. Passamos a tarde limpando o Hélios e arrumando as malas. Não tivemos tempo de conhecer a principal atração turística da capital das Bahamas, Paradise Island, que é um gigantesco resort localizado do outro lado do canal. Fica para a próxima.

Velejando para Nassau

Veleiro Hélios atracado em Nassau

No dia seguinte, entregamos o veleiro para a representante da Navtours, que veio a bordo e conferiu tudo nos mínimos detalhes. Todas as máscaras e pés de pato, uma por uma, mas por sorte deu tudo certo. Vale uma dica: no recebimento do veleiro chequem e confiram tudo a bordo, filmem e fotografem qualquer coisa errada ou quebrada. Caso contrário, a empresa de charter vai cobrar a substituição ou devidos reparos; são muito exigentes. Deixamos a marina e embarcamos para nosso retorno ao Brasil, via Miami.

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Foto oficial do cruzeiro tirada pela Mauriane a bordo do Cascalho, em Allan´s Cay - Exumas

Tripulação formada por grandes amigos: Fabiano, Luciano, Philip, Sérgio e Kleber.

Gostamos muito do cruzeiro em Exumas, especialmente por velejar sempre em uma direção, sem volta. Centenas de ilhas, baías, praias e águas cristalinas e muito sol, onde se tem a opção de navegar em águas abrigadas ou oceânicas, com muitos peixes. Não é um lugar com muita agitação e estrutura turística, mas ideal para quem quer desfrutar de bons ventos , natureza e tranquilidade. O acesso a Exumas é fácil, com voos diretos de Miami para George Town e o retorno de Nassau para USA. Para quem não tem visto americano, existem voos do Panamá direto para a capital das Bahamas. Finalmente chegamos bem e felizes no Brasil e retornamos ao convívio das nossas famílias que sempre apoiam nossas aventuras. Registramos os melhores momentos em fotos e vídeos. Não vamos esquecer os grandes momentos que passamos juntos. Agora vamos editar um DVD e iniciar o planejamento do próximo charter. Agradecemos a Deus, pela proteção. Bons ventos e até a próxima.

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Parque Nacional Marinho de Cambridge Cay - Exumas - Bahamas


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