Algo para além de tirar as criancas da rua

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É natural de São Paulo-SP; é bacharel e licenciado em Educação Física e mestre em Ciências do Esporte pela Unicamp. Atualmente, é docente do Centro de Formação de Professores da UFRB. É coordenador de projetos de extensão e pesquisa em Pedagogia do Esporte, publicando estudos nessa área relacionados aos temas: Esporte Educacional e Educação Moral.

É natural de Campinas-SP; é doutor pela Unicamp. Exerceu o cargo de diretor da FEF/Unicamp entre os anos de 2006-2010. Publicou estudos na área de Ciências do Esporte, atuando principalmente nos seguintes temas: estudos pedagógicos do Esporte e ensino, iniciação e treinamento em Educação Física e Esporte. Atualmente, é docente da FEF/Unicamp nos programas de graduação e pós-graduação. É diretor executivo da Funcamp, gestão 2010-2014, e coordenador científico do Grupo de Estudos Avançados em Esporte do CEAV/Unicamp.

O aumento do número de intervenções das ONGs (organizações não governamentais) no cenário nacional destaca outra área de desenvolvimento do Esporte. Conhecida como Esporte Social ou Educacional, ela é tratada como “ferramenta” que contribui para a formação do público-alvo, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos em projetos sociais. Investigar qual o tratamento pedagógico indicado que esse esporte pode sofrer e quais as características a serem consideradas ao se planejar um programa social por meio do esporte são os objetivos desta obra. Orientando-se pela Etnografia e utilizando-se da metodologia da história oral, foi foco do estudo o impacto sobre a vida de um grupo de jovens moradores da comunidade de Heliópolis – “favela de Heliópolis” – que participa de um projeto socioeducativo, utilizando o esporte como eixo norteador.

Algo para além de tirar as crianças da rua

Paulo Cesar Montagner

Leopoldo Katsuki Hirama Paulo Cesar Montagner

Leopoldo Katsuki Hirama

Algo para além de tirar as crianças da rua - A Pedagogia do Esporte em projetos socioeducativos Leopoldo Katsuki Hirama | Paulo Cesar Montagner

A obra consiste na construção de um projeto que discute, em diferentes contextos, a relação do esporte com a formação de crianças e jovens na favela de Heliópolis, considerando as diferentes possibilidades de intervenção pedagógica. Isso permite trabalhar com diferentes modalidades esportivas, públicos e ambientes, entre outras possibilidades. Constitui um material de reflexão e de pesquisa para professores e técnicos de esportes, mais especificamente as abordagens propostas no livro que procuram refletir sobre as práticas esportivas em ambientes de populações de risco.

ISBN 978-85-7655-346-5

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Instituto Phorte Educação Phorte Editora Diretor-Presidente Fabio Mazzonetto Diretora-Executiva Vânia M. V. Mazzonetto Editor-Executivo Tulio Loyelo

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Algo para além de tirar as crianças da rua - A Pedagogia do Esporte em projetos socioeducativos -

Leopoldo Katsuki Hirama Paulo Cesar Montagner

São Paulo, 2012

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Algo para além de tirar as crianças da rua: a pedagogia do esporte em projetos socioeducativos Copyright © 2012 by Phorte Editora

Rua Treze de Maio, 596 Bela Vista – São Paulo – SP CEP: 01327-000 Tel./fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com.br E-mail: phorte@phorte.com

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ____________________________________________________________________________ H559a Hirama, Leopoldo Katsuki Algo para além de tirar as crianças da rua : a pedagogia do esporte em projetos socioeducativos / Leopoldo Katsuki Hirama, Paulo Cesar Montagner. - São Paulo : Phorte, 2012. 232p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7655-346-5 1. Esportes - Aspectos sociais. 2. Esportes - Aspectos sociais - Heliópolis (São Paulo, SP). 3. Esportes para crianças - Heliópolis (São Paulo, SP). 4. Adolescentes - Aspectos sociais. 5. Comunidade - Aspectos sociais - Heliópolis (São Paulo, SP). 6. Ação social - São Paulo (SP). 7. Valores sociais - Estudo e ensino. 8. Crianças - Formação. 9. Adolescentes - Formação. I. Montagner, Paulo Cesar. II. Título. 12-0809.

CDD: 796.098161 CDU: 796(815.6)

10.02.12 10.02.12

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_____________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora. (www.phorte.com.br/conselho_editorial.php)

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Agradecimentos

Este livro é parte viva de minhas memórias mais caras como educador. Vivi durante três anos na maior favela do Estado de São Paulo e lá encontrei muitos superlativos: grandes exclusões, grande violência, grande pobreza. Mas, em compensação, os melhores alunos, uma comunidade muito forte de gente de coração enorme. É essa experiência que as palavras contidas nesta obra tentam retratar. Por essa oportunidade, sou grato a todos (jovens, pais, lideranças comunitárias, docentes, amigos e a Deus) os que estiveram envolvidos para que esse marco acontecesse. Meu muito obrigado a todos! Leopoldo Katsuki Hirama

Para Denise, para João Vitor e Isabela, e pela linda história que vivemos. Também, uma homenagem a todos aqueles que dedicam sua vida a ajudar, orientar e apoiar o próximo, e o fazem de forma intensa, amorosa e silenciosa. Paulo Cesar Montagner

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O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História.

Professor Paulo Freire Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática pedagógica, 1996

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Apresentação

motivação dos autores com o tema Após trabalharmos como técnicos de modalidades esportivas durante vários anos nos esportes competitivos, foi possível detectarmos as mais variadas possibilidades para contribuir com a formação pessoal dos jovens atletas e alunos. Sempre soubemos e discutimos sobre a seletividade nas modalidades competitivas, na busca por jovens com perfil considerados mais adequados às modalidades, por exemplo, a estatura no voleibol e no basquetebol que provoca a exclusão de muitos jovens, e que, mesmo dispostos a se comprometerem com várias sessões de treinamento por semana, não encontram espaços para desenvolvimento esportivo. Ainda, várias foram as nossas experiências em projetos de esportes nas suas mais diferentes formas, cenários e personagens. A presente obra reúne uma característica diferente de outros trabalhos por nós elaborados, uma vez que apresenta um relato e discussão qualificada sobre projeto de esporte para jovens da comunidade da “favela” de Heliópolis. Coube-nos, portanto, explorar nossas experiências e conhecimento do esporte para uma análise profunda dessa nova experiência. Ao professor Leopoldo Katsuki Hirama, o compromisso de, diante do seu maior desafio ao trabalhar durante três anos em um projeto social, encontrar os aportes teóricos e se valer de metodologias para relatar essa rica experiência para socializá-las, dada sua importância e necessidade para a Educação Física e Esporte no país. O professor Leopoldo sempre esteve “perto desse campo de atuação”, não sendo novato em vivências dessa natureza. Juntamente de outros educadores,1 logo no início de carreira organizou uma ONG (organização não governamental) que buscava oferecer oportunidades de aprendizado por meio do esporte, tendo como

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Decidimos utilizar a denominação educador e educando substituindo as palavras professor e

aluno em razão dos primeiros termos serem comumente utilizados no terceiro setor.

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público principal jovens sem acesso aos clubes e às escolas esportivas do município de Campinas. Nessa instituição viveu muitas experiências ricas e que proporcionaram o conhecimento para ser convidado a trabalhar em um projeto social mais amplo na cidade de São Paulo, numa grande comunidade da periferia, e, em dezembro de 2002, contratado para aquela que seria sua maior viagem profissional. No mês seguinte, estava conhecendo a comunidade de Heliópolis, a maior “favela”2 do estado de São Paulo, e lá estavam cerca de 440 crianças e jovens de 7 a 15 anos, que há oito meses participavam de programa socioeducativo que tinha o esporte como “eixo norteador”. Seguramente, muitos foram os desafios para implantar um projeto educacional tendo como eixo o esporte. Entre as grandes dificuldades, adequar a pedagogia ao contexto social em que as crianças e jovens estavam inseridos foi um enorme desafio. Alguns questionamentos sempre foram inquietantes:

▪▪ De que esporte tratar? ▪▪ Quais as possibilidades de contribuição que poderíamos oferecer? ▪▪ Quais as carências que poderíamos buscar minimizar? ▪▪ De forma empírica, realizada principalmente a partir da sensibilidade dos profissionais do projeto, montou-se e aplicou-se um plano de ação que estava em constante movimento.

Ainda, o professor Leopoldo destaca que desde a primeira oportunidade de trabalhar com jovens em situação de risco na ONG até hoje, já se passou mais de uma década de experiência. Neste período teve a oportunidade de perceber que não existe clareza nos objetivos a serem trabalhados por meio do eixo esportivo nos diversos projetos socioeducativos conhecidos ou relatados em diversas fontes ou registros. Portanto, isso é um dos maiores motivadores desta obra.

2

A denominação “favela” aparece entre aspas, pois geralmente vem “carregada” de sentido pejorativo,

o que não reflete a intenção de sua utilização neste estudo. Seu uso é justificado por ser uma palavra bastante conhecida, aparecendo inclusive em produções científicas e pelo fato de a comunidade foco do estudo ser chamada comumente de favela de Heliópolis, inclusive por seus próprios moradores. Segundo o novo dicionário Aurélio, favela significa conjunto de habitações populares toscamente construídas e desprovidas de recursos higiênicos. No entanto, em Heliópolis, muitas construções apresentam fundações sólidas, algumas com vários andares e recursos higiênicos. No entanto, regiões com estas mesmas características mantêm a denominação de “favelas”, provavelmente por suas origens.

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Ao professor Paulo Cesar Montagner, o desafio de orientar um processo que permitisse registrar, a partir da experiência do professor Leopoldo, a realidade de um projeto esportivo na comunidade de Heliópolis, experimentado “por dentro”, ou seja, o professor Leopoldo desenvolveu o projeto por longos anos, vivenciou inúmeras experiências, o que, nessa investigação, o diferenciava daquelas em que o pesquisador vai para uma “coleta de dados no campo por um período” e depois registra no seu computador os “relatos e dados coletados”. Enfim, foi uma oportunidade incomum de construir um relato concreto do vivido, buscando orientar as reflexões para novos projetos, numa área que cresce e se desenvolve cada dia mais no Brasil: contribuir na construção de novas referências para programas esportivos dessa natureza. O professor Leopoldo, apesar de ter crescido no mesmo município e também na periferia, nos três anos por lá vivenciados, trabalhando e morando no bairro, representaram momentos únicos, e particulares daquele ambiente. A expectativa também de nortear, com base nos relatos dos integrantes do projeto, novas formas de pensar o trabalho social pelo esporte, fazem desse projeto uma reflexão concentrada sobre o que podemos chamar “esporte social”. Talvez exista um consenso quando se afirma que o esporte tem o poder de atrair as crianças e adolescentes. “Tirar das ruas!” é a afirmação mais utilizada. Mas o que fazer a partir deste ponto? O que trabalhar? Como? Por quê? Garcia (2005, p. 24) confirma a proposta de alguns projetos de oferecimento de atividades com o objetivo de “passar o tempo, ocupar a cabeça”. Por meio da investigação da intervenção e dos significados atribuídos pelos jovens participantes do projeto e posterior análise destes dados, relacionando-os com os referenciais teóricos, orientados pela metodologia científica adotada, esperamos caminhar na direção de respostas mais profundas e consistentes às questões anteriores. Também, contribuir para o processo de empoderamento de agrupamentos sociais dessa natureza e da própria comunidade de Heliópolis, por meio das informações colhidas, analisadas e a ela devolvidas, a fim de que possam se utilizar da pesquisa para a constante luta de seus moradores por melhorias na qualidade de vida e serviços que lhes são oferecidos. Durante os anos vivenciados na comunidade, sempre foi dada atenção especial à autonomia dos jovens e à continuidade do projeto por eles próprios. No entanto, as divergências entre seus desejos e as orientações muitas vezes ditadas por pessoas que não conheciam e compreendiam as

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relações dentro da localidade, eram constantes e acreditamos, sempre serão se não nos aprofundarmos nesse tema. Portanto, esperamos que o estudo permita, como defende a metodologia escolhida e que será detalhada adiante, dar voz aos que em geral não são escutados, oferecendo-lhes instrumento que possa registrar e exprimir seus pensamentos, desejos e sentimentos. Os autores Verão de 2011

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Prefácio

É como se houvessem, no campo do esporte, duas forças opostas permanentemente em conflito. Em um dos campos uma força do bem, a investir nas pessoas aquilo que há de mais virtuoso no esporte; no outro, uma força do mal, retirando do esporte todo o lucro político e mercadológico possível, para isso investindo o que há de mais vicioso nele. Ambas as forças, representadas por todos aqueles que, por inúmeros motivos, com ele se envolvem, e percebem seu imenso poder de aglutinação, seu poder quase mágico de envolver as pessoas. Essa apropriação, para o bem ou para o mal, não seria indébita, porquanto o esporte, sem as pessoas que o vivem, nada é. Ou seja, para o esporte acontecer, ele precisa se materializar na ação de pessoas. E sua prática não se traduz apenas naquela dos que correm, saltam ou passam uma bola, mas também na dos que o pensam, dirigem-no, exploram-no, transformam-no, isto é, todos os que, de alguma maneira se apropriam dele por algum motivo. O esporte, enquanto fenômeno social, está aí, aguardando materialização, e, para tanto, carece de práticas. E não é preciso estar no gramado do campo, correndo atrás da bola, para praticar um esporte como o futebol, porquanto, incorporando-o à nossa imaginação podemos fazer gols ou sofrê-los, realizarmo-nos ou frustarmo-nos, sofrer toda espécie de raiva ou de alegria, viver a generosidade ou o egoísmo próprios da produção esportiva. Apropriar-se do esporte significa permitir que a imaginação seja penetrada de maneira avassaladora. A imaginação é a representação figurativa do organismo humano, tal como um programa de computador é a versão figurativa do equipamento. Poucas serão as oportunidades maiores de ter acesso ao cérebro humano que a prática esportiva, não importa se no gramado de futebol ou no sofá de uma sala à frente da televisão. Políticos, publicitários e comerciantes sabem disso; educadores deveriam sabê-lo. O esporte não é só veículo educacional, é também fim; a prática do esporte, por si só, já é um ato educativo, o que não significa que essa prática, necessariamente, encaminhe para uma educação ética, para uma educação cidadã. O esporte é educacional porque aquilo que o compõe é exercitado

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com profundo empenho por seus praticantes. E o esporte não é composto só de habilidades motoras, muito menos só de elementos virtuosos. Ou seja, ao praticar esportes, as pessoas não desenvolvem somente virtudes ou expressões corporais. Porém, comecemos por estas últimas. Costumamos julgar, desavisadamente, que praticar um esporte como o voleibol, apenas beneficia os praticantes, desenvolvendo certas habilidades, tais como saltar, lançar, passar, finalizar, correr, e assim por diante. Sem dúvida isso acontece, porém é o tipo de intervenção pedagógica que definirá se esse exercício beneficiará ou prejudicará. Mal-orientado, o exercício de saltar, por exemplo, pode resultar em lesões graves e até irreversíveis. Quantos não são os atletas de voleibol inutilizados para o esporte como consequência de excessos no treinamento? Isto é, mesmo a orientação de práticas motoras esportivas é um ato educativo que pode resultar em benefícios ou em prejuízos para as pessoas. O esporte, porém, é um conjunto formado por inúmeros componentes, e não só os motores. Fazem parte do esporte, por exemplo, componentes virtuosos, tais como a coragem, a generosidade, a solidariedade, a confiança, a dedicação e a amizade. Entretanto, também fazem parte do esporte componentes viciosos como a covardia, a intolerância, o preconceito, a desconfiança e o egoísmo, entre outros. A prática do esporte potencializará esses componentes, quer sejam as virtudes, quer sejam os vícios. É a orientação da prática, isto é, o método, a pedagogia, a didática, que definirá a potencialização de cada componente. E essa pedagogia não é definida apenas pelo método explicitado. Uma Copa do Mundo de Futebol é um grande acontecimento pedagógico, influenciador de multidões imensas, cujos orientadores não se definem como educadores, tais como as emissoras de televisão, o rádio, os dirigentes esportivos, técnicos, jogadores, pais, políticos, empresários, publicitários etc. Assim como o esporte educacional não é definido somente pelo currículo declarado ou pelo método definido pelo professor. Por mais que, no papel ou nas palavras, o método adotado por um professor diga que o esporte educacional objetiva formar cidadãos éticos, ao longo do processo as emoções diárias de professor e alunos, pais, o entorno social, acontecimentos, clima, material didático, e tantas outras coisas, produzirão um resultado que poderá confirmar ou não os propósitos de um programa educacional.

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O que se lê neste livro é uma tentativa de apropriação do esporte para torná-lo um potencializador de possibilidades educacionais para uma vida cidadã, a fim de ampliar as oportunidades de vida digna, de vida ética e de boa qualidade. Entre outras, destaco duas grandes novidades neste livro: o tratamento científico dado a uma experiência de educação popular e a participação do pesquisador como morador profundamente envolvido na comunidade pesquisada. Os detalhes da pesquisa científica realizada pelos autores deste livro, no entanto, não importam tanto quanto a experiência pedagógica que evidenciou o poder do esporte como recurso educacional. Porém, ao mesmo tempo, mostrou que o esporte não possui algum poder mágico de transformar pessoas em cidadãs, pois isso só pode ser conseguido pelo modo como esse esporte for orientado pedagogicamente. O mesmo esporte que tanto mal faz em certas circunstâncias, nas mãos de um bom educador, pode encaminhar para a cidadania. Os relatos contidos no livro não querem dizer que essa experiência pode ser repetida por qualquer pessoa com igual êxito, porém aponta um caminho, um caminho árduo, como árduas são todas as grandes tarefas. Ressalte-se que educar para a cidadania é uma grande tarefa. Os autores sabiam, desde o início do trabalho, que não bastam as boas intenções, pois é preciso que elas se transformem em práticas. Os jovens da comunidade na qual se realizou o trabalho iniciaram suas vidas desfavorecidos do ponto de vista econômico e social, e isso eles mesmos ressaltam em seus depoimentos. Portanto, é preciso muito mais que boas intenções para que eles superem tais condições. A história nos conta diversos casos de experiências educacionais com jovens em condições desvantajosas. Lembro, por exemplo, a história de Anton Makarenko, o pedagogo russo responsável por educar jovens delinquentes durante a revolução soviética. Leopoldo, um de nossos autores, consideradas as proporções e o contexto, não fez muito diferente. E quanto ao êxito do trabalho de Leopoldo como educador dos jovens de Heliópolis, se não há provas cabais, há evidências. Basta ler os depoimentos de ex-alunos, professores e parentes deles. Não é preciso que se prove; apenas que se conte a história, para que outros acreditem e façam parecido. Convido-os a ler este livro. É uma bela história, escrita por educadores que acreditam em uma educação a partir dos brasileiros que somos, a

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partir daqueles jovens da “favela” de Heliópolis. Uma educação diferente daquela que sempre fomos obrigados a seguir, por mais anacrônica que ela se mostre em cada sala de aula tradicional. Por qual razão não educar tendo por ambiente o esporte? Tendo por fim e por meio essa prática tão encantadora, tão mágica, tão aglutinadora que é o esporte? Afinal, toda educação é para a vida. Educamo-nos para aprender a viver, pois nascer nada garante quanto a esse que é o maior de nossos compromissos: viver. Há muitas lições no livro que vocês lerão a seguir, porém, posso adiantar-lhes que são, todas elas, lições de vida.

João Batista Freire Novembro de 2011

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Sumário

Introdução

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1 | O terceiro setor: panorama, conceitos e concepções

1.1 O terceiro setor e as organizações não governamentais

29

31

1.1.1 Origem

32

1.1.2 Características

33

1.1.3 Objetivos do terceiro setor

39

1.1.4 Os números do terceiro setor

40

1.2 O terceiro setor e a educação não formal

41

1.3 Projeto socioeducativo: divergências e controvérsias

47

2 | A Pedagogia do Esporte e os projetos socioeducativos

55

2.1 Conceitos do esporte contemporâneo

57

2.2 Efeitos negativos do esporte

59

2.3 O conceito de Pedagogia

63

2.4 O esporte a ser tratado: reflexões introdutórias

65

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3 | A investigação no campo: caminhos percorridos

77

3.1 A abordagem etnográfica

79

3.2 A história oral

85

3.3 Panorama dos entrevistados

90

3.3.1 Jovens participantes do projeto

90

3.3.2 Jovens de geração mais recente participantes do projeto 92 3.3.3 Mães dos jovens participantes do projeto

93

3.3.4 Educadores do projeto

94

3.3.5 Liderança da comunidade

94

3.4 Perfil dos entrevistados

95

4 | Memórias Vividas

101

4.1 Crianças e jovens da “favela”: quais problemas tratar?

104

4.2 As lembranças mais significativas

108

4.2.1 Heliópolis

108

4.2.2 A chegada

109

4.2.3 Os adolescentes

110

4.2.4 A violência

111

4.2.5 A educação formal

114

4.2.6 O esporte e a formação

115

5 | As vozes dos envolvidos: deixando de ser subterrâneas

131

5.1 Crescer em Heliópolis

134

5.1.1 Um breve perfil das moradias: casa, vizinhança e suas influências no cotidiano

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5.1.2 Convivendo com a violência

140

5.1.3 As mães lutando contra a violência: o isolamento como consequência

142

5.1.4 A educação formal

147

5.1.5 O “coitadinho da favela”

150

5.1.6 Diferenças entre gêneros

152

5.2 Memórias do projeto esportivo

157

5.2.1 O ensino do esporte de forma continuada e profunda 158 5.2.2 Proximidades na relação educador/educando

182

5.2.3 O sentimento de pertencimento

191

5.2.4 A situação atual do projeto

200

6 | Considerações finais: buscando respostas ou ampliando para novos

questionamentos

R eferências

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Introdução

O projeto A população jovem em situação de risco do Brasil se reflete em números significativos. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância),1 são 62 milhões de jovens com menos de 18 anos, dos quais 27,6% são pobres. Entre 12 e 18 anos, são 21 milhões de adolescentes, dos quais apenas 59% terminam o ensino fundamental, e 40%, o ensino médio. Tais números ajudam a ilustrar o universo de jovens que vivem alguma forma de exclusão ou dificuldade em sua formação, espaço no qual as instituições do terceiro setor, em geral, buscam atuar. Apesar dessa atenção dada aos projetos sociais, do aumento dos investimentos e das ações do terceiro setor, assim como da importância e da responsabilidade atribuída aos programas nas ONGs (organizações não governamentais) – com destaque para os que atuam tendo como eixo norteador o esporte –, ao procurar referências teóricas, estudos científicos que pudessem balizar este trabalho, percebeu-se que existe uma grande carência. O material encontrado sobre o tema, em sua maioria, versava sobre a descrição de programas realizados ou as bases fundamentais a serem seguidas, sempre de maneira generalizada. Como esse setor já se configura como um importante meio de intervenção na formação dos cidadãos brasileiros, já confirmada sua presença e ação, acredita-se serem necessários estudos nas especificidades de suas diferentes áreas de atuação, em busca da melhoria da qualidade dos serviços prestados. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geogra-

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Informações retiradas do site: <www.unicef.org.br>.

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fia e Estatística),2 em 2002 totalizavam 26.894 entidades sem fins lucrativos que se classificavam como atuantes na área de esporte e recreação no Brasil. O fenômeno das ações das ONGs está a cada dia mais presente no cotidiano da população. Nos Jogos Pan-americanos do Rio, em julho de 2007, houve grande divulgação dos trabalhos realizados por instituições sem fins lucrativos, principalmente os que são mantidos ou organizados por atletas ou ex-atletas de renome, como a Fundação Gol de Letra, fundada pelos ex-jogadores de futebol Raí e Leonardo, o Instituto Guga Kuerten, do tenista de mesmo nome, ou ainda o trabalho do judoca Flávio Canto com crianças e jovens das “favelas” do Rio de Janeiro. A participação e o sucesso de atletas pan-americanos que iniciaram a prática esportiva em ONGs também receberam atenção da mídia. O primeiro medalhista de ouro brasileiro nessa edição dos Jogos, o atleta Diogo Silva, do tae kwon do, iniciou sua trajetória esportiva em um projeto social. Outro medalhista de ouro, o atleta Edson Isaías da Silva, da canoagem, também começou a praticar a modalidade em uma ONG. Mesmo não sendo declarada a formação de atletas de alto rendimento como objetivo das ONGs, é fato que muitos talentos são iniciados pelo trabalho social. A própria Hortência, ex-jogadora de basquetebol, campeã mundial e vice-campeã olímpica, que durante os Jogos Pan-americanos defendia o incentivo fiscal para projetos socioeducativos que atuam com o esporte, afirmou em diversos meios de comunicação3 que ela própria iniciou a prática esportiva em um projeto social. Não somente os destaques esportivos em competições de alto rendimento foram divulgados, como também exemplos de jovens que afirmam ter mudado os rumos de suas vidas por causa da vivência esportiva nos projetos4. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Gerência do cadastro central de empresas. As fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil – 2002. Rio de Janeiro, 2004. 3 Extraído dos sites <www.globo.com> e <www.diario.com.br>. 4 Extraído do site <www.globo.com/rjtv>, na seção “Globo Comunidade”. 2

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Introdução

Tudo começou em 2000, quando o projeto Educação, Criança e Futuro foi inserido na comunidade. Eu comecei a participar do projeto como aluno e virei monitor. Em 2006, eu me tornei professor e hoje eu estou dando aula em um novo polo, na Ilha do Governador. (Rodrigo Borges, morador da “favela” da Rocinha, RJ, judoca do projeto organizado pelo atleta Flávio Canto) O esporte me deu o direito de estudar em colégios bons, vou poder estudar em uma faculdade. Além disso, me trouxe disciplina e me afastou de drogas e bebidas. (Aline Torres, atleta da Vila Olímpica da Mangueira)

Este estudo tem como público-alvo jovens também participantes de um projeto socioeducativo que utilizava o voleibol como eixo norteador. Esse projeto se localiza na favela de Heliópolis, que, pelos seus números estatísticos, pode oferecer a representação de um universo ímpar.

Figura 1 – Vista aérea da “favela” de Heliópolis (demarcada em branco pelos pesquisadores). Fonte: Google Earth. Acesso em: jul. 2006.

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Algo para além de tirar as crianças da rua

Figura 2 – Vista aérea de parte da “favela” de Heliópolis. Do lado esquerdo, bairro e classe média; do lado direito, estação de tratamento de água (demarcada pelos pesquisadores). Fonte: Google Earth. Acesso em: jul. 2006.

Figura 3 – Vista aérea de parte da “favela” de Heliópolis. No destaque, com contorno em branco indicado pela seta, o núcleo socioeducativo estudado. Fonte: Google Earth. Acesso em: jan. 2007.

A “favela” de Heliópolis pertence à Zona Sul da cidade de São Paulo e está localizada no bairro do Sacomã. Originou-se a partir de uma desocupação, realizada pela prefeitura no bairro de Vila Prudente, no início da década de 1970. Desde então a comunidade tem crescido acentuadamente, sendo considerada a maior do Estado de São Paulo em número de habitantes. Estima-se que atualmen24

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Introdução

te vivam, em uma área de apenas 1 km² (demarcada na Figura 1 em branco), cerca de 120 mil habitantes, o que representa uma das maiores densidades demográficas do continente. Os participantes da pesquisa frequentaram o núcleo socioeducativo do programa da Prefeitura de São Paulo que teve origem na década de 1970, no Projeto Menor Trabalhador de Rua (1973), que na época buscava ser uma opção de não internação para crianças com desvios de comportamento, pois havia grande pressão da população contra os maus-tratos sofridos nas FEBEMs (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor). Esse projeto foi sofrendo adequações, passando a ser conhecido por designações diferentes, como Atividade Menor Trabalhador de Rua (1975) e Projeto Orientação Sócio-Educativa ao Menor – OSEM (1977), adotando uma linha de prevenção em vez da internação e atendendo crianças e adolescentes das camadas populares de forma que evitasse seu abandono. Em 1986, os núcleos passaram a se chamar Centros da Juventude – CJs, mantendo a linha anterior e somando-se a intenção de proporcionar reforço escolar. Em 1999, mudaram para Espaços Gente Jovem – EGJs e, em 2004, Núcleos Socioeducativos – NSE. Tais alterações se relacionam principalmente com as mudanças de gestão municipal, pois internamente pouco se alterou desde os CJs (Souza, 2002, p. 25). Cada NSE pode e é estimulado a ser formado em parceria com ONGs, como associações de bairros, e com a iniciativa privada. No núcleo Heliópolis, a parceria acontece com a UNAS (União dos Núcleos de Ação Social de Heliópolis e São João Clímaco), a Sociedade Amigos de Heliópolis e outra ONG dirigida por uma ex-atleta de voleibol e patrocinada por uma empresa privada. Esse projeto específico com o esporte, no qual os jovens foco deste estudo participaram, tem atualmente uma abrangência que envolve diretamente três estados: Paraná, onde se originou, São Paulo e, mais recentemente, Rio de Janeiro, totalizando 45 núcleos. 25

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Os trabalhos do núcleo Heliópolis iniciaram-se em 2002 com duzentos educandos, entrando em expansão para um total de 440 com idades entre 7 a 15 anos a partir do segundo ano de atividade. No início de 2004, foi aberto um núcleo-broto (núcleo menor atrelado ao núcleo principal), em uma escola municipal situada no entorno, somando-se mais duzentas vagas. Eram oferecidas aulas de voleibol duas vezes por semana, com duração de uma hora cada, além de atividades extras, como teatro, e campanhas de solidariedade e de participação na comunidade. O apoio da empresa privada foi fundamental na estruturação e manutenção das atividades. Iniciou-se com o investimento na construção de uma quadra coberta, onde originalmente existia um espaço conquistado pela Associação dos Moradores, que consistia em um terreno de algumas moradias desocupadas e derrubadas. Todo esse espaço passou a conter uma quadra de futsal e voleibol com dimensões reduzidas, dois vestiários, mezanino e um pequeno depósito de materiais. A compra de materiais esportivos, a manutenção dos equipamentos, os uniformes e os salários de educadores, coordenadores e estagiários do projeto de voleibol eram provenientes da empresa privada e eram administrados pela ONG dirigida por uma ex-atleta profissional de voleibol. Obviamente a empresa esperava retorno desse investimento por meio do marketing, agregando valor de empresa socialmente responsável ao divulgar seus trabalhos na comunidade. O objetivo principal do projeto para a ONG, responsável pedagógica pelas ações, era a de contribuir para a formação cidadã dos jovens esperando ser capaz de transformar sua realidade e a da comunidade em que viviam, utilizando como eixo norteador o esporte, mais especificamente o voleibol. Como objetivos específicos estavam a ampliação do universo cultural dos educandos, o desenvolvimento de conhecimentos voltados para a manutenção da saúde, contribuir para a formação do jovem enquanto cidadão crítico, participante e transformador de sua realidade, oportunizar a formação profissional 26

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Introdução

em áreas sociais, de educação e de saúde, desenvolver competências e habilidades psicomotoras, socioafetivas e cognitivas, promover a integração do programa com as comunidades local e escolar. Até o período em que os pesquisadores estavam, atuando no projeto aconteciam torneios competitivos que se realizavam em três etapas. A primeira dentro dos próprios projetos de que todos os educandos participavam. Na segunda, em nível regional, reuniam-se os educandos classificados por qualidade técnica no esporte e por merecimento alcançado pelo compromisso e esforço nas atividades propostas, em um torneio estadual. Por fim, os classificados representariam os núcleos e seu estado na etapa nacional, realizada na cidade de Curitiba. O grupo foco da pesquisa foi formado por trinta adolescentes de 15 e 16 anos, que frequentaram treinamentos da modalidade e participaram de muitas outras ações a partir do esporte, entre o início de 2003 e o final de 2005. Esses jovens foram escolhidos por terem sido pioneiros em diversas ações por meio da proposta esportiva dentro e fora do espaço do projeto. Apresentado o ambiente e as personagens, segue-se para as bases metodológicas da pesquisa. Orientando-se pela etnografia e utilizando-se da metodologia da história oral, buscou-se reconstruir as memórias de jovens, educadores, mães e lideranças, confrontando-as com a do próprio pesquisador que vivenciou o processo como educador do projeto. Relacionando-se tais dados com as referências teóricas levantadas, pretendeu-se alcançar como objetivos: ▪▪ por meio do estudo de caso, levantar características relevantes da comunidade em sua complexidade e também relacionadas à inserção do projeto socioeducativo nessa comunidade; ▪▪ compreender as transformações vividas em seu cotidiano, pelos jovens que se integraram ao projeto, no período enfocado e na contemporaneidade; 27

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▪▪ descobrir os significados da cultura local que permitam contribuir para a estruturação de projetos socioeducativos que possuam o esporte como eixo norteador. Entende-se por significados a busca de uma interpretação da teia de relações ocorridas na comunidade estudada, levando-se em conta as motivações, tensões e emoções que dinamizam as ações do local.

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É natural de São Paulo-SP; é bacharel e licenciado em Educação Física e mestre em Ciências do Esporte pela Unicamp. Atualmente, é docente do Centro de Formação de Professores da UFRB. É coordenador de projetos de extensão e pesquisa em Pedagogia do Esporte, publicando estudos nessa área relacionados aos temas: Esporte Educacional e Educação Moral.

É natural de Campinas-SP; é doutor pela Unicamp. Exerceu o cargo de diretor da FEF/Unicamp entre os anos de 2006-2010. Publicou estudos na área de Ciências do Esporte, atuando principalmente nos seguintes temas: estudos pedagógicos do Esporte e ensino, iniciação e treinamento em Educação Física e Esporte. Atualmente, é docente da FEF/Unicamp nos programas de graduação e pós-graduação. É diretor executivo da Funcamp, gestão 2010-2014, e coordenador científico do Grupo de Estudos Avançados em Esporte do CEAV/Unicamp.

O aumento do número de intervenções das ONGs (organizações não governamentais) no cenário nacional destaca outra área de desenvolvimento do Esporte. Conhecida como Esporte Social ou Educacional, ela é tratada como “ferramenta” que contribui para a formação do público-alvo, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos em projetos sociais. Investigar qual o tratamento pedagógico indicado que esse esporte pode sofrer e quais as características a serem consideradas ao se planejar um programa social por meio do esporte são os objetivos desta obra. Orientando-se pela Etnografia e utilizando-se da metodologia da história oral, foi foco do estudo o impacto sobre a vida de um grupo de jovens moradores da comunidade de Heliópolis – “favela de Heliópolis” – que participa de um projeto socioeducativo, utilizando o esporte como eixo norteador.

Algo para além de tirar as crianças da rua

Paulo Cesar Montagner

Leopoldo Katsuki Hirama Paulo Cesar Montagner

Leopoldo Katsuki Hirama

Algo para além de tirar as crianças da rua - A Pedagogia do Esporte em projetos socioeducativos Leopoldo Katsuki Hirama | Paulo Cesar Montagner

A obra consiste na construção de um projeto que discute, em diferentes contextos, a relação do esporte com a formação de crianças e jovens na favela de Heliópolis, considerando as diferentes possibilidades de intervenção pedagógica. Isso permite trabalhar com diferentes modalidades esportivas, públicos e ambientes, entre outras possibilidades. Constitui um material de reflexão e de pesquisa para professores e técnicos de esportes, mais especificamente as abordagens propostas no livro que procuram refletir sobre as práticas esportivas em ambientes de populações de risco.

ISBN 978-85-7655-346-5

9 788576 553465

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