Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Darwin Society Magazine│Série Cien fica v.8 - n.8 - Maio de 2013│Agência Ambiental Pick-upau
Expediente Agência Ambiental Pick-upau Caixa Postal: 42098 - CEP: 04082-970 - São Paulo - SP - Brasil E-mail: refazenda@pick-upau.org.br www.pick-upau.org.br www.refazenda.org.br www.darwin.org.br MTB: 35.491 CRBio: 10897/01 ISSN 2316-106X PRESIDÊNCIA Andrea do Nascimento DIRETORIA-EXECUTIVA
PARCERIA
COORDENADORIA GERAL DE PESQUISA CIENTÍFICA
Terra Indígena Guarani Tenonde Porã
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AGRADECIMENTO
Profa. Dra. Heloisa Candia Hollnagel
(Terra Indígena Guarani Tenonde Porã)
Gabriela Picolo
Timóteo Vera Popygua da Silva Guarani
Karina Spaolonzi dos Santos
Maria Pires de Lima Paulo Karai
COLABORAÇÃO TÉCNICA Eng. Agrônomo Nelson Matheus Oliveira Junior
REALIZAÇÃO & PESQUISA
PICK-UPAU Cris ano da Silva Marcilio da Silva Karai Tataendy Marcos da Silva Neuza Regina Oliveira Silva Ronaldo Karai Mirim Wilson Najar Mahana EDITOR-CHEFE DARWIN SOCIETY MAGAZINE J. Andrade Projeto Gráfico
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Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Maio 2013 │ Ano 02 │ Edição 8
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Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Estudo Preliminar do Desenvolvimento de Espécies Arbóreas da Mata Atlântica em Ambiente de Viveiro Florestal: Bactris gasipaes Kunth, Ormosia arborea (Vell.) Harms. e Albizia hasslerii (Chod.) Burkart. Viveiro de Mudas de Espécies Arbóreas Nativas Refazenda Terra Indígena Guarani Tenonde Porã
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Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Estudo Preliminar do Desenvolvimento de Espécies Arbóreas da Mata AtlânƟca em Ambiente de Viveiro Florestal: Bactris gasipaes Kunth, Ormosia arborea (Vell.) Harms. e Albizia hasslerii (Chod.) Burkart.
Agência Ambiental PICK-UPAU*
RESUMO Com a necessidade de recuperação de áreas degradadas e manejo de áreas florestais, o interesse na propagação de espécies na vas tem-se intensificado. Contudo, não há conhecimento suficiente sobre as sementes e desenvolvimento inicial da maioria dessas espécies. O presente trabalho obje vou avaliar o desenvolvimento após um período aproximado de um ano da germinação de mudas de três espécies de interesse comercial e ecológico do bioma Mata Atlân ca: Bactris gasipaes Kunth (Pupunha); Albizia hasslerii (Chod.) Burkart (Farinha-seca) e Ormosia arborea (Vell.) Harms. (Olho-de-cabra). Realizou-se o experimento no Viveiro Refazenda – Unidade Tenonde, na Terra Indígena Guarani Tenonde Porã, localizado na APA Capivari-Monos, zona sul da cidade de São Paulo. Foram colocadas duas sementes em cada embalagem plás ca com volume de 300 ml. Foi avaliado o tempo necessário para germinação de cada espécies e cada uma foi monitorada simultaneamente ao longo de 12 meses considerando o crescimento (em cm - tamanho da plântula/muda). O substrato u lizado foi terra de subsolo com adubação NPK em sacos de polipropileno e as plântulas/mudas foram diariamente irrigadas, recebendo a luz natural reduzida em 50% (sombrite). A temperatura ao longo do experimento variou entre 12 ˚C e 29 ˚C e a umidade rela va do ar média ficou em 75%, principalmente pelo fato do Viveiro Refazenda – Unidade Tenonde se localizar às margens da Represa Billings. Apesar de concordarem com os dados da literatura, os resultados preliminares apontam para a necessidade de ampliar as pesquisas com estas espécies para contribuir no processo de implantação de projetos de reflorestamento e enriquecimento gené co de fragmentos florestais. Palavras chaves: espécie florestal, emergência, índice de velocidade de germinação, plântula.
_____________________ 1 PICK-UPAU; HOLLNAGEL, H.C.; PICOLO, G.; SPAOLONZI, K.; ANDRADE. J. & NASCIMENTO, A. Estudo Preliminar do Desenvolvimento de Espécies Arbóreas da Mata Atlân ca em Ambiente de Viveiro Florestal: Bactris gasipaes Kunth, Ormosia arborea (Vell.) Harms. e Albizia hasslerii (Chod.) Burkart. Darwin Society Magazine. São Paulo. v.8 n.8, p 31, 2013.
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Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Preliminary Study of the Development of Tree Species in the AtlanƟc Forest Nursery Environment: Bactris gasipaes Kunth, Ormosia arborea (Vell.) Harms. e Albizia hasslerii (Chod.) Burkart.
PICK-UPAU Environmental Agency*
ABSTRACT With the need for recovery and management of forest areas, concern about the environment and the interest in the preserva on and propaga on of na ve species increased. However, the knowledge about the seed and early development of most of these species (seedlings) available is not enough. For this reason, this study aimed to bring a spark of light on that issue by evalua ng, for a period of approximately one year, the development of three species of Atlan c Forest seedlings with commercial and ecological importance: Bactris gasipaes Kunth (Peach palm), Albizia hasslerii (Chod.) Burkart (Flour-dry) and Ormosia arborea (Vell.) Harms. (Eye-crowbar). The experiments were carried out in the Nursery Refazenda – Unit Tenonde located in Na ve Village Tenonde Pora, in APA Capivari-Monos, south of the city of Sao Paulo. Two seeds were placed in each plas c bag with a volume of 300 ml. The me necessary for germina on of each species and each was monitored simultaneously over 12 months whereas the growth (in cm - seedling size/ change) were measured. The substrate used was subsoil with NPK in polypropylene bags and seedlings/ saplings were irrigated daily, receiving natural light reduced by 50% (shading). The temperature during the experiment ranged from 12 ˚C and 29 ˚C and average rela ve humidity was 75%, mainly because of the Nursery Refazenda – Unit Tenonde be located on the banks of the Billings Dam. Despite agreeing with the literature data, the preliminary results enforce the need to expand research within these species in order to contribute to the process of implementa on of reforesta on and gene c enrichment of forest fragments.
Keywords: forest species, emergence, rate of germina on, seedling.
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1. INTRODUÇÃO
necessária para o ingresso de oxigênio e o escape de gás carbônico e e leno (trocas gasosas) - pro-
A Mata Atlân ca, considerada um dos bio-
duzidos na respiração das raízes; manter um supri-
mas mais ricos em biodiversidade, ocupava cerca
mento adequado de nutrientes e reserva de água.
de 15% do território nacional alcançando o Para-
Além dessas, para Fonseca (2001), o substrato deve
guai e a Argen na. Contudo, pelo processo de uso
proporcionar adequada integração com o sistema
e ocupação desordenada desse bioma, restando
radicular e possibilitar a remoção das mudas por
apenas 7% de sua área natural (MYERS et al.,
ocasião do transplante.
2000). Consequentemente, existe a necessidade
Segundo Muniz e colaboradores (2007) o
de se aprofundar os conhecimentos sobre as es-
po de substrato u lizado é preponderante para a
pécies florestais na vas do Brasil, principalmente
qualidade das mudas de espécies florestais, neste
da Mata Atlân ca, já que esta possui espécies
caso é uma mistura de terra e vermiculita.
muito atra vas para os mais diversos setores (RA-
& LAGO, 2008; CHINATTO et al., 2011), apesar do
POSO, 2007). Em função deste cenário, as pesquisas
aumento considerável dos estudos com sementes
sobre a biologia das espécies arbóreas na vas,
de espécies florestais na vas, ainda há carência de
visando sua domes cação, assume um papel
informações básicas sobre muitas espécies, o que
relevante, principalmente para a renovação da
pode limitar seu uso. Este é o caso das espécies
vegetação nos remanescentes, na recuperação
consideradas na presente pesquisa. Recentemente,
de áreas degradadas, no estabelecimento de ban-
Biernaski (2010), relatou que uma parcela da de-
cos de germoplasma, em programas de melho-
manda por mudas de espécies arbóreas é des na-
ramento e plan o para exportação/exploração
da à restauração florestal.
econômica dos frutos e madeira e outros deriva-
No Brasil, conforme Sodré (2007), diferentes matérias primas de origem mineral e orgânica têm
dos (MELO et al., 2000). Entender o processo de germinação e as
sido usadas para compor substratos de plantas,
condições que influenciam esta etapa em se-
como exemplo a areia e a vermiculita. Entretanto,
mentes de uma determinada espécie é essencial,
o substrato ideal para a germinação e a produção
principalmente no caso de espécies na vas de
de mudas de diferentes espécies deve ser testado,
importância econômica. É sabido que a germi-
a fim de se reduzir custos e se obter mudas vigoro-
nação e o desenvolvimento de plântulas podem
sas e sadias, além da semente ter a capacidade de
responder de maneira dis nta considerando fa-
expressar seu máximo potencial.
tores internos e externos (CARVALHO & NAKA-
O uso de sementes de qualidade é de grande importância para a propagação e produção de mu-
GAWA, 2000).
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De acordo com dis ntos autores (MARTINS
Com papel decisivo para a germinação e
das Bactris gasipaes Kunth, popularmente con-
o desenvolvimento das plântulas, Taveira (1996)
hecida como Pupunha ou Pupunheira, que é uma
discute as quatro funções básicas do substrato:
palmeira mul caule de até 20 m de altura e 15 a 25
ser suporte para as plantas; fornecer a porosidade
cm de diâmetro (LORENZI et al., 1996).
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A principal u lização desta planta é como produ-
cabra, pertencente a família Fabacea. É descrita
tora de frutos e palmito, fazendo parte da dieta
como sendo heliófita, encontrada em Floresta Flu-
da população amazônica (AGUIAR et al., 1980;
vial Atlân ca e La foliada Semidecídua, distribuí-
LORENZI et al., 1996), contudo, sua madeira pode
da nos Estados da Bahia, de Minas Gerais, Mato
ser u lizada para construções, móveis, tacos e
Grosso do Sul até Santa Catarina (LORENZI, 1998),
artesanato (JARDIM & CUNHA, 1998). A Pupun-
ocorrendo em florestas e ao longo da costa em
heira tem um papel importante na agroeconomia
res ngas (RUDD, 1965). De acordo com Lorenzi
moderna dos trópicos úmidos, tais como: o fruto
(2008) a árvore tem altura entre 15 e 20 m com
para consumo humano direto, farinha para pani-
o diâmetro do tronco entre 50 e 70 cm e copa
ficação, óleo vegetal, ração animal e o palmito
arredondada oferecendo sombreamento e uso
(CLEMENT & MORA-URPÍ, 1987).
ornamental, inclusive para arborização urbana.
As pesquisas sobre palmeiras são impor-
A madeira é resistente e pode ser usada tanto na
tantes para subsidiar o desenvolvimento e a ex-
construção civil quanto para confecção de móveis e
pansão de técnicas para sua domes cação, se-
objetos (REIS & FREITAS, 1985).
leção, cul vo e manejo, favorecendo, assim, o
Ainda que se destaquem os trabalhos de Sil-
aumento da produ vidade e, por conseguinte, o
va e colaboradores (1988), Lucas e Arrigoni (1992),
desenvolvimento de novas formas de aproveita-
Oliveira e Beltra (1992), Pinheiro e Araújo-Neto
mento e comercialização de produtos e subprodu-
(1987), Oliveira (2001) e Rodrigues e Tozzi (2007),
tos desse material (JARDIM & CUNHA, 1998).
existem poucos estudos sobre plântulas de legumi-
A Albizia hasslerii (Chod.) Burkart, da
nosas e palmeiras brasileiras.
família Mimosoidea, é popularmente conhecida
Este trabalho pretende contribuir para o en-
como Farinha-seca. Trata-se de uma espécie ar-
tendimento sobre o desenvolvimento inicial de es-
bórea de 10-20 metros de altura, considerada
pécies na vas arbóreas da Mata Atlân ca quando
ornamental e sendo frequentemente u lizada na
as sementes de Albizia hasslerii (Chod.) Burkart
arborização de praças públicas e grandes jardins.
(Farinha-seca), Ormosia arborea (Vell.) Harms.
É uma planta secundária inicial de rápido cresci-
(Olho-de-cabra) e Bactris gasipaes Kunth (Pupunha
mento e por isso, excelente para reflorestamen-
são colocadas em casas de vegetação picas de um
tos mistos de áreas degradadas. De acordo com
viveiro florestal, com sombreamento de 50%, em
LORENZI (2008), a emergência ocorre entre 10
situação muito semelhante ao plan o destas espé-
a 40 dias com taxa de germinação geralmente
cies em programas de enriquecimento gené co de
inferior a 30%. Os resultados de Kissmann e co-
fragmentos florestais.
labordores (2009) para Albizia hasslerii (Chod.) Burkart. mostraram que a espécie comporta-se como ortodoxa. A espécie Ormosia arborea (Vell.) Harms. (tento) popularmente conhecida como Olho-de-
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2. METODOLOGIA
larmente medidas e as condições climá cas (temperatura e umidade externa) registradas. A
O experimento foi realizado no Viveiro Refazenda – Unidade Tenonde, inserido na Terra In-
altura foi aferida u lizando régua graduada em cen metros até o meristema apical.
dígena Tenonde Porã, localizado no extremo Sul da capital paulista às coordenadas S 23°52.085’, O 46°39.069’. O estudo foi delineado a par r de um escopo descri vo de caráter exploratório; abordagem indicada em situações onde existe pouco ou nenhum estudo anterior, de modo que a pesquisa subsequente possa ser concebida com uma maior compreensão e precisão (ROESCH, 2005). Em uma área submen da à sombreamento de 50% da luz natural (pela instalação de sombrite), foram semeadas 2 sementes por embalagem plás ca em terra de subsolo (100%), as quais foram periodicamente acompanhadas de seu estágio de plântula até a fase de muda. O substrato de plan o e desenvolvimento de mudas foi preparado à priori com adubação de base cons tuída por NPK 4-14-8 (4 partes de nitrogênio, 14 partes de fósforo e 8 partes de potássio), mais calcário na proporção de 2,3% de toda mistura. Regas diárias e controle fitossanitário foram efetuados durante o experimento. As sementes de Bactris gasipaes Kunth,
Foto 1: Pick-upau/Divulgação Mudas de Olho-de-cabra idenƟficadas na área de experimento do Refazenda.
Ormosia arborea (Vell.) Harms., e Albizia hasslerii (Chod.) Burkart. foram ob das de lotes adquiridos de um viveiro comercial (que não iden ficava a procedência). As espécies foram eleitas de acordo com a disponibilidade sazonal de ofertas de sementes na vas para atender a demanda de programas de reflorestamento vinculados à produção do Viveiro Refazenda. Ao longo de um ano - março de 2011 a março de 2012, as plântulas/mudas foram regu
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a classificação de Koppen, o clima de São Paulo é Cwa, também chamado de subtropical úmido, caracterizado por um inverno
Foto 2: Pick-upau/Divulgação Mudas foram produzidas em embalagens plásƟcas para que resultados pudessem ser comparados em viveiros de nível tecnológico 1.
notadamente seco e um verão bastante chuvoso. Os dados no climograma da Figura 1 (IAG-USP, 2012) mostram que na cidade de São Paulo, a amplitude anual de temperatura é menor do que a amplitude diária de temperatura e que ele é caracterizado por duas estações (uma seca e outra úmida).
FIGURA 1 Climograma da cidade de São Paulo, mostrando a temperatura média mensal e a precipitação média mensal entre os anos 1993-2011. Fonte: hƩp://www.estacao.iag.usp.br/seasons/index.php
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Contudo, na região do experimento (Viveiro Refazenda) a umidade rela va do ar é superior à encontrada no município de São Paulo, em função da presença de remanescentes florestais e de mananciais, principalmente a Represa Billings
Foto 3: Pick-upau/Divulgação Mudas de Pupunha, Olho-de-cabra e Farinha-seca, espécies avaliadas no experimento.
que localiza-se a menos de 50 m das instalações do viveiro. Este fato pode ser observado na Figura 2 a seguir.
FIGURA 2 Climograma do Viveiro Refazenda, mostrando as temperaturas médias, em oC, máximas (Tmáx.) e mínimas (Tmin.) mensal e a umidade rela va média mensal (em porcentagem) entre os anos 2011-2012.
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A temperatura, juntamente com a umidade
A Figura 3 mostra o acompanhamento do
do substrato e a luz, são considerados os princi-
crescimento das mudas de Pupunha (Bactris gasi-
pais fatores influenciando a germinação de se-
paes Kunth), 9 meses após a primeira germinação,
mentes (MAYER, 1986). Para as espécies florestais
de março de 2011 à março de 2012. Esses dados
subtropicais e tropicais brasileiras a temperatura
representam uma média das medidas ob das en-
ó ma de germinação situa-se entre 20 °C e 30 °C,
tre os indivíduos avaliados com o respec vo des-
uma vez que estas são temperaturas encontra-
vio-padrão. Podemos observar que o crescimento
das em suas regiões de origem, na época propí-
de B. gasipaes é bastante brando ao longo do es-
cia para a germinação natural (BORGES & RENA,
tudo. Em um delineamento experimental dis nto,
1993). Considerando o experimento realizado,
considerando a transferência de plântulas de Pu-
mesmo nos meses de inverno, a temperatura
punha germinadas em sementeiras para desen-
mínima foi superior a 10 °C em alguns dias, mas
volvimento em pleno sol em diversas condições
neste mesmo mês (junho de 2011) ao longo dos
de adubação e substrato, Mar ns e colaboradores
dias exis u grande amplitude térmica, com vari-
(2005) observaram após 10 meses do plan o que o
ação de até 15 °C (dados não mostrados).
indivíduo menor apresentava 15,10 cm e o maior
Os experimentos de Lima e colaboradores
47,67 cm. Cabe destacar que esses autores relatam
(2006) levaram a concluir que o substrato areia
a germinação ocorrendo 60 dias após o plan o,
promovia o menor tempo médio de germinação
coadunando com o citado por Môro (2003) e não
de Caesalpinia ferrea, uma leguminosa, mas em
são descritas a temperatura e umidade rela va
função de experiências anteriores no viveiro Refa-
das condições experimentais o que dificulta uma
zenda (dados não publicados) foi definido o uso de
análise compara va mais robusta com os resulta-
solo desde o início para o acompanhamento des-
dos ob dos no Refazenda.
tas espécies. Os resultados mostram que o tempo de germinação ocorreu dentro do esperado (descrito na literatura) para as espécies invesgadas, conforme as figuras a seguir. Como observação, deve ser pontuado que os registros
Foto 4: Pick-upau/Divulgação Espécies escolhidas para experiência são de interesse das comunidades guaranis.
dos meses de novembro e dezembro de 2011 foram inu lizados para as três espécies inves gadas. As sementes de Pupunha germinaram cerca de 120 dias após o plan o. Apesar de SILVA e colaboradores (2006) encontrarem valores semelhantes aos observados no Refazenda (entre 60 e 120 dias), Môro (2003) observou que sementes que germinavam após 110 dias apresentavam um desenvolvimento mais lento.
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FIGURA 3 Desenvolvimento das mudas de Pupunha (Bactris gasipaes Kunth), germinadas após 9 meses do plan o. Os dados representam a média entre os indivíduos avaliados com o respec vo desvio-padrão.
Decorridos 12 dias do plan o, as sementes de Farinha-seca (Albizia hasslerii (Chod.) Burkart.) germinaram no Refazenda, o que está de acordo com a literatura (KISSMANN et al., 2009; LORENZI, 2008). Outra leguminosa Enterolobium schombu (Orelha-de-macaco), a fase descrita como o estágio de “plântula normal” foi alcançada entre 7-15 dias após a semeadura (RAMOS & FERRAZ, 2008). Os dados experimentais considerando o crescimento das plântulas de A. hasslerii podem ser observados na Figura 4. Os dados mostram um incremento (em cm) de 25,99% ao longo do período avaliado (um ano) no tamanho das mudas. Foto 5: Pick-upau/Divulgação Mudas de Pupunha no Viveiro Refazenda.
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FIGURA 4 Desenvolvimento das mudas de Farinha-seca (Albizia hasslerii (Chod.) Burkart) germinadas após 12 dias do plan o. Os dados representam a média entre os indivíduos avaliados com o respec vo desviopadrão.
O estudo de Dutra e Medeiros (2009), com
sucessionais secundário e climácico em campo
sementes de Albizia, relata que estas são sementes
(fragmentos florestais) es mando que: o Angico
dormentes e que tratamentos devem ser empre-
(Anadenanthera macrocarpa) cresceu em um ano
gados para melhorar sua germinação, o que não
25,82 cm, o Cedro (Cedrella fissilis) 25,61 cm, o
foi observado no experimento aqui descrito (100%
Jatobá (Hymenaea courbaril L. var. s lbocarpa)
de germinação - dados não mostrados). De acordo
20,30 cm, o Guatambu (Aspidosperma parvifoli-
com Nóbrega e colaboradores (2008), Albizia has-
um) 14,24 cm e o Ipê-Roxo (Tabebuia avellanidae)
slerii (Chod.) Burkart é uma espécie secundária tar-
13,51 cm.
dia (não-pioneira). Considerando o crescimento de espécies não pioneiras adultas, no ambiente natural é de 8,16 cm (altura) em clareiras de florestas (JARDIM et al., 2003), pois a luz tem influência direta neste aspecto, contudo, estes resultados são do Pará, local com temperatura ambiente muito acima da encontrada em São Paulo. Inves gando outra
Foto 6: Pick-upau/Divulgação Pesquisadora faz a coleta de dados para avaliação do crescimento das espécies em destaque.
espécie não pioneira, Tabebuia caraiba, foi verificado que esta cresceu entre 20 e 35 cm ao longo de quatro meses de experimento em situação de pleno sol em Mossoró, no Rio Grande do Norte (MEDEIROS et al., 2011). Em Guará, no estado de São Paulo, onde a temperatura média mensal é de 22,9˚C, Paiva e Poggiani (2000) acompanharam o desenvolvimento de mudas de 5 espécies florestais arbóreas na vas ecologicamente pertencentes aos grupos
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Cabe ponderar que as mudas nham tamanhos iniciais superiores ao experimento aqui descrito, e com os ajustes (diferença entre o tamanho inicial e final), os valores reais de incrementos em altura foram: Angico 25,9%; Cedro 50,9%; Jatobá 24,3%; Guatambu 40% e Ipê-Roxo 53,8%. Sendo o Angico e a Albizia leguminosas, os valores se mostram coerentes: 25,9% (PAIVA, POGGIANI, 2000) e 25,9 % no presente experimento. Os experimentos com Ormosia arborea (Vell.) Harms. (Olho-de-cabra) mostraram uma germinação das sementes após 40 dias. O estudo de Rodrigues e Tozzi (2007) com a mesma espécie mostrou que o início da germinação ocorria 27 dias após a semeadura, mas o experimento se desenvolveu em caixas po gerbox, sob uma camada de algodão recoberta por outra de papel de filtro, levemente umedecido com água des lada e em temperatura ambiente (Campinas, mais quente que São Paulo). Em um experimento realizado com semeadura manual de O. arborea em mata ciliar no norte do Estado de São Paulo, a maior parte das sementes germinou em período maior que 45 dias (SOARES, RODRIGUES, 2008). O desenvolvimento das mudas de Olhode-cabra pode ser verificado na Figura 5. De acordo com o gráfico, a velocidade no incremento de altura aumentou nos úl mos três meses de
Foto 7: Pick-upau/Divulgação Detalhe da muda de Pupunha.
avaliação.
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FIGURA 5 Desenvolvimento das mudas de Olho-de-cabra (Ormosia arborea (Vell.) Harms.) germinadas após 40 dias do plan o. Os dados representam a média entre os indivíduos avaliados com o respec vo desvio-padrão.
O trabalho de Soares e Rodrigues (2008, p. 118) também avaliou o crescimento em altura (m) do Olho-de-cabra aos 13 meses após a semeadura, encontrando valores médios de aproximadamente 25 cm (mas os autores não apresentam valores do desvio padrão neste indicador). No experimento do Refazenda, os valores ob dos no mesmo período de tempo para esta espécie, apresentaram um valor médio de 39 cm, com desvio padrão de 12 cm (antepenúl mo dado do gráfico), ou seja, muito semelhantes. Cabe salientar que, assim como a altura da muda, o crescimento do diâmetro do coleto apresenta uma grande correlação com a capacidade de sobrevivência da planta no campo (CARNEIRO, 1993), portanto, em próximos delineamentos experimentais, este parâmetro morfológico deverá ser incluído nas avaliações.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Em função da crescente necessidade de recomposição de ecossistemas degradados é cada vez mais evidente a existência de lacunas no conhecimento biológico e ecológico das espécies presentes nos diversos ecossistemas brasileiros. • Além disso, apesar de alguns estudos em laboratório (e realizados sob condições controladas) existem poucos dados cien ficos sobre os efeitos do meio ambiente no crescimento de mudas de espécies arbóreas na vas, principalmente no caso das não comerciais. • A maior parte dos trabalhos se concentra na obtenção de dados sobre a morfologia de plântulas, geralmente destacando aspectos anatômicos. • Os resultados apontam a necessidade de maiores inves gações referentes ao desenvolvimento de mudas, principalmente nas condições encontradas em viveiros para subsidiar os programas de recuperação de ambientes alterados. Foto 8: Pick-upau/Divulgação Mudas de Farinha-seca.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Darwin Society Magazine│Série Cien fica v.8 - n.8 - Maio de 2013│Agência Ambiental Pick-upau
Avaliação do Desenvolvimento de Mudas Na vas
Darwin Society Magazine│Série Cien fica v.8 - n.8 - Maio de 2013│Agência Ambiental Pick-upau
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6. Quem Somos
Sobre o Pick-upau
Sobre o Projeto Darwin
A Agência Ambiental Pick-upau é uma organi-
O Projeto Darwin tem como principais caracterís-
zação não-governamental sem fins lucra vos de
cas conhecer e divulgar os atributos naturais
caráter ambientalista 100% brasileira, fundada
e culturais dos Biomas Brasileiros, com ênfase
em 1999, por três ex-integrantes do Greenpeace-
na Floresta Atlân ca Tropical, incluindo áreas
Brasil. Originalmente criada no Cerrado brasileiro,
par culares, Unidades de Conservação e Terras
tem sua base, próxima a uma das úl mas e mais
Indígenas. Além dos inventários biológicos das
importantes reservas de Mata Atlân ca da cidade
espécies predominantes da fauna e da flora (pes-
São Paulo. Por tratar-se de uma organização sobre
quisa), há o compromisso de sensibilizar o maior
Meio Ambiente, sem uma bandeira única, o Pick-
número de pessoas possíveis para tornar viável o
upau possui e desenvolve projetos em diversas
desenvolvimento sócio-econômico das regiões in-
áreas ambientais.
seridas no projeto e a preservação do ambiente.
Saiba mais: www.pick-upau.org.br
Saiba mais: www.darwin.org.br
Sobre o Refazenda
Sobre a TI Tenonde Porã
O Projeto Refazenda é uma inicia va do Pick-upau,
A aldeia Tenonde Porã está situada na região sul
que conta com vários parceiros. O programa tem
do município de São Paulo (cerca de 60 km do
entre seus principais obje vos a produção de mu-
centro), Distrito de Parelheiros, com grande parte
das na vas da Mata Atlân ca e do Cerrado, como
da área indígena às margens da represa Billings.
forma de fomento da economia de comunidades
A comunidade Guarani M’Bya possui
tradicionais e o aumento da oferta de produtos
26 hectares, demarcados e homologados em
florestais des nados a recuperação e ampliação
1987, onde vivem atualmente 170 famílias com
da cobertura vegetal.
cerca de 900 pessoas. Apesar do crescimento
Saiba mais: www.refazenda.org.br
acelerado e desordenado da região e do contato
apenas
com a sociedade do entorno, esta população vem se assegurando como um povo. Os conhecimentos milenares são passados por gerações através da oralidade dos mais velhos, seus rituais, artesanato e da valorização de sua cultura.
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Darwin Society Magazine é uma publicação cien fica eletrônica da Agência Ambiental Pick-upau que tem o obje vo de divulgar a vidades e pesquisas realizadas pela equipe técnica da organização, através de seus projetos ins tucionais sobre biodiversidade e meio ambiente em geral.
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