FOTOGRAFIARQUITECTURA-REVISAO

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FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA E INTERIORES

ANTÓNIO LEAL INSTITUTO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA


2ªedição – em revisão revista e aumentada


Um Olhar Sobre A Arquitectura Toda a envolvência humana de desenvolvimento está centralizada na sobrevivência alimentar e na protecção de um abrigo. O homem tem, na construção desse abrigo, elemento preponderante da sua cultura, abrigos esses que, durante milénios, reflectiam a característica do lugar quanto à proposta geográfica. As condições geológicas, o tipo de arborização, as condições climáticas, o tipo de movimentação desses humanos, a organização desse grupo social, o seu desenvolvimento quanto a tecnologias de construção e a época em referência são factores determinantes para a caracterização da “arquitectura” de uma época ou região e em especial de um determinado grupo.

A crença no divino serviu de base a muitas das razões que erigiram obras arquitectónicas que tendo chegado aos nossos dias, representam a capacidade do homem em pôr de pé construções que se tornaram maravilhas da humanidade constituindo hoje valor da cultura Universal. Numa mesma época o desenvolvimento de determinado grupo sendo diferente, apresentava por isso mesmo propostas caracterizadas pelo seu estado de desenvolvimento. Diferentes regiões do globo apresentam semelhanças no processo construtivo mesmo não tendo havido contactos entre si. Por estas e mais razões a Arquitectura é a mais social das Artes. A Arquitectura serve como forma de análise histórica, a Arquitectura serve a análise dos comportamentos sociais, a Arquitectura colabora na observação do desenvolvimento tecnológico, em suma a Arquitectura sendo uma componente da história ajuda a entender a própria história. Para um melhor entendimento dessa história a que a Arquitectura está ligada alguns endereços do espaço em rede aqui ficam: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura

http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_Arquitetura

http://www.greatbuildings.com/types.html

Mas a arquitectura, segundo a forma que ocupa as cidades desenvolvidas durante o século XX, está numa evolução nunca imaginada. Propostas audaciosas invadem espaços numa mudança acelerada e o homem toma a audácia de tornar cidade a construção que antes era célula de cidades construídas. Qual imagem de criação de ficção cientifica em banda desenhada de autor futurista.

James-Law-Technosphere


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“Saber ver a Arquitectura” Este o titulo de um livro de Bruno Zevi e que recomendo vivamente aos que pretendam enveredar pela área da Fotografia de Arquitectura. Fotografar Arquitectura pressupõe possuir alguns conhecimentos sobre a área a que dedicamos o nosso interesse. O cada vez maior números de fotógrafos que se dedicam à Fotografia de Arquitectura, com formação em Arquitectura só vem reforçar uma opinião que me acompanha desde muitos anos atrás. Fotografar Arquitectura exige conhecimentos sobre o que nos motiva. Para uma resposta eficaz não é necessário uma licenciatura em Arquitectura, mas se conhecermos algum do percurso que sustenta a evolução e a razão da Arquitectura mais facilmente executaremos as tarefas para a realização de um trabalho com qualidade. Da História da Arquitectura, no conhecimento dos seus estilos e evolução dos mesmos, o arquitecto e a sua obra, materiais usados e a razão da sua utilização, a região e a sua matriz de construção, aspectos da arquitectura vernacular (popular) razão de diferenças culturais dos povos. Áreas que quando fazem parte da formação de um fotógrafo de Arquitectura, completam o seu conhecimento técnico no que à fotografia diz respeito.

Hatshepsut's Temple · Deir el-Bahri, Egypt

Arco de Constantino · Roma, Itália

Temple at Luxor · Luxor, Thebes, Egypt

Porta Nigra · Trier, Alemanha

A cultura do Antigo Egipto e o Império Romano deixaram marcas de incontornável importância, através da arquitectura que ainda perdura pelo espaço da sua influência. A Grécia e a antiguidade clássica deixaram também elementos arquitectónicos que marcam o espaço de sua influência.

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Um Olhar Sobre A Fotografia de Arquitectura A Fotografia de Arquitectura foi ao longo da minha actividade profissional de Fotógrafo uma área de produção reduzida. Durante décadas o Arquitecto era ele mesmo um entrave ao aparecimento de especialistas nesta área. Fazia o levantamento fotográfico do material que produzia e quando não o próprio era alguém da sua equipa. E entenda-se até compreendo, podia ser mau fotógrafo mas... conhecia a Obra. Mas, alguns foram ultrapassando a barreira para confiar ao Fotógrafo a responsabilidade de Ler a obra realizada pelo Arquitecto e Reescrever pela utilização da Luz a expressão de uma obra de Autor referenciado em folha de obra. O Arquitecto aceitou por fim que o Fotógrafo sabia Ler e Reescrever a partir da sua Obra. Aí alguns fotógrafos, foram ou intuitivamente ou por conhecimento exterior à actividade da Fotografia, marcando a diferença com o material produzido. Tal situação não reflectia a realidade da evolução da Fotografia no que à representação dizia respeito. A Fotografia está ligada à representação de elementos estáticos, pois no inicio a baixa sensibilidade dos materiais sensíveis obrigavam a longos tempos de exposição, e os edifícios não saiam do sítio. Realidade que motivou imensos fotógrafos a fazerem as suas fotos de exterior muito ligados à representação do espaço construído e assim a criar rapidamente uma escola que posso afirmar ser a que esteticamente se pode considerar a mais antiga e se possivelmente a mais conservadora. Um processo de trabalho desenvolvido com materiais pesados, com a possibilidade de ponderar a acção, (pois se o elemento a fotografar não sai do seu local), favorecia a tomada de decisões bem elaboradas e decididas no momento adequado à representação pretendida. Saber Arquitectura, Saber ler Obra, Saber Ver Arquitectura, Saber Respeitar o Autor são elementos de importância máxima para quem fotografa Arquitectura e Espaço Arquitectónico reproduzindo assim de forma bidimensional aquilo que ao ser volumétrico tem nas três dimensões a razão da sua existência. Por tal a Fotografia de Arquitectura e Interiores é no meu entender, a realização fotográfica que aceitando o respeito pela obra de terceiros, mais desafios cria, na relação compromisso/criatividade. E aqui, o Arquitecto, Construtor ou Proprietário de uma obra, devem exigir uma leitura capaz da obra identificada para fotografar sem contudo castrarem as possibilidades de o Fotógrafo partilhar com eles as capacidades que possui para recriar essa leitura. E, essa leitura passa logo pelo que se torna marca de muitas obras, que sendo desenhadas e construídas em relação com o meio ambiente são muitas vezes fotografadas no sentido de uma imagem da Luz "perfeita" como quem diz; Limpa, Correcta, Adequada. O que entenda-se, é a criação de uma representação plástica… muito de plástico. Como já disse em outro lugar, construção em ambiente frequentemente chuvoso com Arquitectura e materiais adequados e depois representada com um dia de Sol de Verão, não me parece fotografia que respeite a obra. Pode servir o interesse de promotor de vendas mas...? Intensas são as mudanças operadas nos últimos anos no que são as propostas técnicas disponibilizadas pelo mercado, no que a câmaras diz respeito. Se alguns anos antes as propostas para a realização de trabalhos na área da Fotografia de Arquitectura e Interiores (FAI) obrigavam a filtrar a ideia de realizar tais trabalhos com uma câmara pequeno-formato, pois não era uma opção que correspondesse às exigências de clientes e autores. Os quais acabavam a realizar os seus trabalhos com uma câmara tipo Banca Técnica ou com uma médio-formato e a utilização de uma objectiva “PC” (perspective correction), resultando em investimentos avultados para que o produto realizado correspondesse às exigências de ambas as partes.

Mas, perante a mudança dos tempos, o digital assume a liderança da quase totalidade dos trabalhos profissionais e a FAI não podia ficar de fora desta opção. Contudo se o digital assume o domínio desta fatia do trabalho Professional, e no qual as propostas de trabalho em médio-formato são muito completas, tal não significa o abandono da reconhecida qualidade proposta pelas câmaras tipo banca técnica as quais percorreram um caminho no sentido de permitirem o acoplamento de diferentes propostas de sistemas digitais. Eis algumas propostas que podem ser encontradas nos endereços de sítios apresentados por alguns fabricantes e que em observação atenta servirão ao melhor entendimento das opções a tomar. Porquê médio-formato – http://www.mamiya.com/photography-why-medium-format.html Uma interessante defesa do médio-formato, razões que se entendem e que justificam a utilização de um sistema que pela proposta apresentada cobre várias e completas utilizações em diversos campos da fotografia. Quando utilizado um sistema óptico baseado em objectivas “PC” o resultado é adequado ao desenvolvimento de tarefas de pós-produção digital resultando num produto final de qualidade óptima.


6 Eis algumas propostas deste fabricante de sistemas médio-formato.

The Mamiya DM33 & DM56 - http://www.mamiya.com/dm56-and-dm33.html The Mamiya DM Series Digital Backs - http://www.mamiya.com/dm-series-digital-backs.html

Algumas propostas que pode encontrar no endereços seguintes e que correspondem com a anterior proposta ao que está disponível no mercado de médio-formato.

PHASEONE – http://www.phaseone.com/Content/p1digitalbacks/Documentation.aspx

Hasselblad - H System http://www.hasselblad.com/1164 Para melhor conhecer um dos fabricantes cujas propostas se adequam ao trabalho que a FAI exige. Visite

http://www.luminous-landscape.com/reviews/cameras/arca-rm3d.shtml

Neste endereço vasta informação pode ser encontrada e a que o segmento das Bancas-Técnicas tem espaço para vasta informação.

O Sistema Digital de Bancas-Técnicas http://www.luminous-landscape.com/reviews/cameras/digital-view.shtml http://www.luminous-landscape.com/reviews/cameras/expensive-ps.shtml http://www.cambo.com/Html/products_photo/set01/english/internet/Item504.html http://www.luminous-landscape.com/reviews/cameras/phase-one-0705.shtml 6


Sistemas Banca-TĂŠcnica Para Acopolamento Digital


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http://www.alpa.ch/index.php

http://www.silvestricamera.com/

http://www.sinarbron.com/sinar.php

http://www.linhof.com/M679e.html

http://www.komamura.co.jp/e/digital/LDpro.html

Algumas propostas que visam adaptar alguns dos movimentos associados às câmaras banca técnica à utilização das correntes DSLR.

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Facilitando assim, o desenvolvimento de uma actividade em diversas frentes de trabalho, a partir de convencionais câmara DSLR.

A representação fotográfica de uma obra arquitectónica é à partida um trabalho condicionado pelo discurso resultante do produto em questão. Resultado de um processo criativo de um indivíduo ou equipa a Obra dialogará com a envolvência de outras obras ou espaço e será percorrida por luzes e sombras em diálogo constante ao longo de uma variável permanente determinada pela hora do dia e pelas condições climáticas. O autor concebeu e criou um produto que se pretende em diálogo com o lugar em que é implantado. Ora esse lugar irá dialogar com as diferentes horas do dia e com as diferentes épocas do ano. Assim sendo se ao longo do dia proporcionará uma leitura fácil de observar por quem deambula pelo lugar e se relaciona com a variável que é determinada pela hora do dia, já no que aos momentos climatéricos diz respeito a observação poderá passar despercebida pela maioria. Um fim de tarde límpido e cromaticamente vistoso em que o Pôr-doSol tingirá de vermelhos vários os diferentes planos de uma construção que corresponderá de forma vibrante perante a incidência de uma forte luminosidade em dia de sol extremo e a que um dia chuvoso e encoberto forçosamente encobrirá aspectos anteriormente vistos e que assim abrirá as portas a outras visões nunca antes vistas. Como fotógrafo e professor de Fotografia de Arquitectura, defendo que o meu trabalho deve repercutir o pensamento do autor, que concebeu um volume que tendo em principio vários pontos de vista não servirão na sua totalidade para amostragem da obra. A obra arquitectónica vai viver com sol e com chuva mas a sua representatividade depende do discurso a que está ligado. Diferentes representações, de planos vários, projectarão sombras protectoras e abrirão portas à entrada da Luz a que materiais diversos usados na construção proporcionarão diferentes expressividades variando com a diferente Luz que sobre eles incidirá. Do vidro ao aço, passando pelo betão ou madeira e a que superfícies com cromatismos intensos ou suaves prefiguram sensações e sentires de afectos vários a que o autor da obra foi buscar razão para uma existência a que o Fotógrafo dará uma representação sustentada num plano, a Fotografia, a que a sua interpretação de Luz e Sombra dará vida. Surgindo a encomenda por parte de um cliente a satisfação desse cliente estará intimamente ligada à razão de utilização do produto final. Capacidade de observação, conhecimento da Arquitectura e da sua história e prática intensa são factores que por certo suportam a capacidade de executar trabalhos na área da FAI, a que o equipamento adequado corresponderá com a resposta que se lhe exige para a concretização das diferentes tarefas que o profissional terá que desenvolver. O traço de um arquitecto marca a forma da obra de Arquitectura. Perante os olhos mais atentos a forma será acariciada pela Luz independentemente de um amanhecer de Verão ou uma fim de tarde de rigoroso Inverno. A obra, espera-se estará em diálogo com o espaço e a razão que a utilização determina. Ao fotógrafo a obrigação de uma leitura atenta da linguagem dessa obra. E, assim através dessa leitura, o fotógrafo realizará a sua obra, para ilustrar diversos produtos em que a tridimensionalidade e volumetria continuará o percurso da representação, agora, na bidimensionalidade das fotografias por si realizadas.

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10 A pretensão para uma representação “limpa” leva a que a maior percentagem das fotografias sejam recolhidas com condições climáticas ditas de “ideais” o que prefigura a existência de dias ensolarados e limpos. Mas, aqui surge uma realidade a que o fotógrafo não pode fugir. A “não” existência de Fotografia de Arquitectura em tempo de chuva é da responsabilidade do cliente. Quando digo que a primeira observação é a hora do dia para que as condições de iluminação sejam favoráveis à realização de um trabalho que vá ao encontro do pedido do cliente e que a época do ano será mais ou menos favorável a essa realização, tal não invalida que a relação Fotógrafo/Cliente crie uma abertura para uma maior liberdade na concretização do trabalho. O discurso da Arquitectura é ele mesmo o discurso do seu volume, do seu cromatismo com a envolvência. E a Luz em Lisboa não é a de Londres como não será a de Kualalumpur ou Sidney. Saber ler essa Luz é saber representar a obra e por vezes o Fotógrafo gostaria de liberdade para um discurso diferente, o que por certo o Arquitecto antecipadamente sentiu quando criou a obra a fotografar. Quantas vezes um lugar foi só por si desafio para uma obra diferente. Pois se a chuva é só por si elemento de representação, com luminosidade própria, com movimento, com som com corpo de um volume elástico e que por isso mesmo passível de ser parte integrante da obra arquitectónica.

Cabe ao fotografo entender e caracterizar a obra e seu discurso com as características da região em que está implantada a obra a fotografar. E, aí vários serão os apoios de que se servirá para programar o seu trabalho. Deixo aqui algumas propostas: http://www.meteo.pt/pt/ http://www.worldweather.org/003/m003.htm http://www.worldweather.org

Por vezes torna-se mesmo interessante olhar uma fotografia realizada após uma chuvada

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11 A programação de um trabalho por observação de gráficos que caracterizem os momentos de pluviosidade e de ensolaramento de uma dada localização em determinado período associado às previsões climatéricas para essa mesma localização, vê facilitada a tomada de decisão quanto ao período com mais possibilidades de permitir a realização do trabalho desejado. Opções inadequadas deitarão por terra o trabalho a realizar.

trabalho realizado por um aluno IPF200810

Como se verifica, um fim de tarde e em contra-luz não favorece a realização do trabalho idealizado, um possível desfasamento entre a ideia de Fotografia de Arquitectura e um processo de representação idealizado pelo autor, tornou completamente desinteressante o produto final obtido.

trabalho realizado por Raquel Jorge aluno IPF200810

Já este trabalho apresenta um conjunto de informação que viabiliza a ideia de Fotografia de Arquitectura. Tornando-se notória a qualidade que diferencia as diferentes apresentações aqui presentes.

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O entendimento quanto ás características da iluminação que mais favorece a representação da obra fotografada, é factor da máxima importância, quando pretendemos recolher um conjunto equilibrado de fotografias relativas a uma construção ou espaço.

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Torna-se apaixonante a percepção que gradualmente vamos adquirindo do que mais satisfaz a representação de diferentes ambientes exteriores que enriquecem a sua representação em função do tipo de iluminação existente.

E a que, uma representação a Preto e Branco, vem por vezes reforçar os elementos representados.

Fotografia de Ana Batista aluno IPF 200810

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14 Mas por vezes a opção pela apresentação a P&B reduz a percepção da tridimensionalidade, principalmente se a fotografia é realizada com uma luz difusa, a qual produz imagens sem contraste, perdendo-se a leitura da tridimensionalidade.

Cromatismo, contras, linhas de fuga e sombras podem reforçar a leitura da tridimensionalidade dos elementos representados, saiba fazer-se um uso correcto das possibilidades criadas.

Fotografia de Tiago Costa aluno IPF 200810

A diferente leitura das sombras projectadas proporciona uma mais forte leitura da tridimensionalidade na fotografia da direita. O estudo da projecção das sombras sobre a obra a fotografar e a subsequente avaliação do melhor período do dia para proceder à recolha das imagens que procuramos torna prioritária a nossa percepção da representação que essas sombras irão provocar sobre os elementos a fotografar.

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Introduzir um exemplo – Fotografia de prédio em três situações de projecções de sombra diferentes (Exercício a solicitar)

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Aula I  Ponto / linha / Plano  Perspectiva / Ponto de tomada de Imagem  Correcção de perspectiva  A utilização das basculantes nos sistemas tipo banca técnica  A utilização de objectivas com correcção de perspectiva  Utilização prática.

Da Arquitectura pode dizer-se, ser a arte que concebe e realiza edifícios, enquanto que a fotografia dita de “arquitectura” é a que reflecte essa realização. E, se para alguns a arquitectura reflecte a capacidade do homem pôr ordem no caos da natureza, a fotografia será um meio de expressão essencialmente organizado.

I - Ponto / Linha / Plano Ao observarmos um edifício/moradia, sentimo-nos logo colocados perante o facto, de a imagem que se nos depara ser limitada pelas fachadas e por um conjunto de arestas e vértices que delimitam o exterior do elemento em observação. Através dessa observação, cria-se desde logo a noção de que a representação do elemento em causa só é completa, a partir da visualização do binómio Exterior / Interior. A fotografia dita de “ arquitectura “, engloba um vasto conjunto de motivos, capazes de criar interesse, quanto à realização da sua imagem fotográfica. Todo um vasto conjunto de edificações, da moradia individual ao edifício de apartamentos, da sede de uma grande empresa à instalação industrial ou ao recinto para a prática desportiva, os interiores das construções referidas e mesmo o mobiliário que as equipa, tudo é susceptível de ser fotografado com base na referencia de que as imagens se enquadram nos princípios da fotografia de “ Arquitectura “. Exterior e Interior são assim elementos de um todo e, na representação fotográfica, traduzem a razão de intervenção do arquitecto. É também a partir da diferente utilização de materiais de construção, e no jogo cor / iluminação, que se encontra a razão para a concretização do trabalho fotográfico, e daí "mostrar" o elemento construído. A Cor obriga-nos a relativizar o Volume da obra com as diferentes manchas cromáticas que a compõem e é factor que determina muitas das nossas opções de enquadramento, face, ás características da Iluminação existente. A maior ou menor intensidade luminosa, bem como a existência de uma Iluminação natural ou artificial, directa ou difusa são razões de condicionamento do trabalho a realizar. O Volume dos elementos a fotografar é determinante, nas opções, quanto à distância a que será executada a fotografia, bem como a óptica a ser utilizada. Se bem que, muitas vezes, tal hipótese não tenha escolha possível, pois é o espaço envolvente a determinar as operações a realizar. Entenda-se que, nem todas as fotografias, de elementos construídos poderão ser consideradas, como fazendo parte da chamada “ Fotografia de Arquitectura “. A fotografia, considerada como de “arquitectura”, tem em si todo o discurso, da obra fotografada, permitindo reconhecer as características, do autor da obra fotografada. Conhecendo as regras que condicionam ou delimitam a execução do tipo de fotografia que aqui estudamos, o fotógrafo de arquitectura, expressa-se, por meio de um discurso fotográfico, que de certo modo, repete a linguagem dos arquitectos ao realizarem o seu projecto. A noção que temos de proporção é, quase sempre, fruto da nossa relação com o que nos envolve. A noção de grande ou pequeno é muitas vezes determinada pela nossa própria envergadura. A relação com as proporções na natureza foi perdida pela grande maioria de nós, que relacionamos o edifício alto com outro mais baixo e já não com a altura do pinheiro que estava a seu lado e não somos já capazes de ver que a grossura do castanheiro é razão para uma copa mais desenvolvida. 16


17 Assim, as antigas proporções, preenchem agora, apenas os tratados de estética, enquanto que a vertical se lança de forma assustadora em direcção ao espaço.

A relação entre os diferentes elementos presentes na imagem, permite-nos avaliar a dimensão da construção.

Inserir elemento caracterizador de uma construção cujas proporções ultrapassem a dimensão do Humano

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A razão primeira da fotografia dita “de arquitectura “ é a de mostrar essa mesma arquitectura, proporcionando condições para a leitura da obra proposta pelo autor, o arquitecto. Regra principal na execução deste tipo de fotografia é o de um perfeito controlo da perspectiva, controlo esse que depende do tipo de óptica do formato utilizado e do ponto de tomada da imagem.

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Fotografias de Fábio Arruda aluno IPF200810

A perspectiva e o seu domínio resulta numa representação que favorece a leitura da tridimensionalidade da fotografia realizada e a partir dela numa observação mais rica quanto à disposição dos elementos representados.

Perspectiva Isométrica

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Perspectiva Axonometrica


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ILUMINAÇÃO FILTROS A utilização de filtros na fotografia de “Arquitectura e Interiores”, está directamente ligada à necessidade de adaptar a qualidade espectral da luz, à qualidade espectral da emulsão utilizada . Uma vasta listagem de filtros está disponível para os que se dedicam ao tipo de fotografia que aqui estudamos. Poderá parecer demasiada extensa tal lista, mas uma melhor abordagem, por exemplo, dos diferentes tipos de lâmpadas destinadas a iluminação, tornará perceptível a razão de tão extensa lista de filtros. Observando a proposta de iluminação de um reconhecido fabricante, no caso a “OSRAM”, facilmente se percebem as necessidades que se nos colocam na execução de fotografias no âmbito da “Arquitectura e Interiores”.

Tipo

Ref.

W

Lm

K

Clas A FR 15 Clas A FR 75 Clas A FR 150 Clas A FR 150 BELLA T60 SIL 75

15 75 150 150 75

90 940 2200 2200 840

64470 BT 64470 BT SIL 64476 64476 BT SIL 64861T 64861TIM 64690 6446OU

40 40 100 100 40 40 100 100

490 460 1600 1450 490 430 1650 2200

2900K 2900K 2900K 2900K 2800K 2800K 3000K 3000K

DULLUX EL LL 3W 5W 7W 11W 13W/21-840 13W/31-830 13W/41-827 18W/41-827 18W/32 L 18W/41-827

3

100

2700K

5 7 11 13 13 13 18 18 18

240 400 600 900 900 900 1200 750 1350

2700K 2700K 2700K 4000K 3000K 2700K 2700K 3000K 2700K

Incandescência

Fosca

Clara Branca Halogéneo Clara Sílica Clara Sílica Tubular Clara Tubular Fosca Haloline Halostar 24V Fluorescentes Compactas

DULUX T

DULUX L LUMILUX PLUS ECO 21


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23 O facto de uma construção ser muito rica em elementos de forte reflectância, elementos cromados ou polidos, superfícies espelhadas ou muito claras em contraste com pedra ou betão escuros, obriga a optar por uma iluminação em que o afastamento em diafragmas entre zonas claras e escuras não seja excessivo. Em Portugal, fotografar uma construção virada a Norte, torna-se deveras problemático. A constante presença do Sol no seu movimento de Nascente para Poente coloca-nos perante o clássico contraluz. Para a realização de um trabalho de qualidade, será determinante o conhecimento exacto da posição do Sol em relação a essa construção, ao longo das diferentes estações do ano ou então deve-se optar por utilizar uma iluminação difusa ou reflectida que pode muito bem surgir em dia de chuva ou nublado. Ao atravessarem a neblina os feixes luminosos dispersam-se provocando um aumento da luminância mínima, ao mesmo tempo que se verifica uma redução da máxima, resultando na obtenção de uma luminância mais uniforme. O conhecimento do comportamento da luz em relação às variações meteorológicas, facilita as opções do trabalho a desenvolver.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E CARACTERIZAÇÃO DA ILUMINAÇÃO ADEQUADA A situação geográfica de uma qualquer construção relativiza a opção de tomada de uma fotografia em consonância com as diferentes condições climáticas de uma determinada região. As possibilidades surgidas com o aparecimento dos suportes digitais vieram facilitar as decisões a tomar no que à temperatura de cor diz respeito. Por isso cada vez mais facilmente se torna aceitável a realização de levantamentos fotográficos em qualquer altura do ano, sustentada que está a efectiva possibilidade de ser corrigida com efectiva facilidade o que é designado por “Balanço de Brancos”, e a que a representação de um cromatismo que vê na apresentação em monitor ou projecção, uma abertura para uma expressão cromática mais forte e mais afastada de uma realidade reconstruída para esse processo de amostragem. Hoje o realismo de uma apresentação está mais em dissonância com a realidade do lugar e da obra. O que não afirma a realização de diferentes trabalhos sem uma observação cuidada da obra e do lugar. Uma cuidada análise das características da iluminação a que um prédio está submetido tornará mais facilitada a acção a desenvolver para um trabalho responsável e reconhecido por autor e cliente. Frequentemente encontraremos construções a ser fotografadas em contra-luz ou com sombras muito marcadas sobre o prédio razão do trabalho a desenvolver. Então, um golpe de “sorte” e um dia de neblina brilhante ou de céu nublado poderá propiciar uma verdadeira “caixa” de luz, que sendo difusa, anulará as sombras facilitando a representação uniforme de toda a informação relativa a esse prédio, ou em alguns casos a utilização de uma luz que caracteriza o inicio do dia e o fim de tarde, o lusco-fusco. A correcção da temperatura de cor em zona de sombra estará dependente de um filtro da série 81para quem faça da emulsão a cores ainda o seu suporte de imagem e recolha em película as suas fotografias. Um outro aspecto que diz respeito à qualidade espectral da Luz e que se reforça quando fotografamos em principio de noite ou já à noite, é o tipo de iluminação usada nos diversos espaços. Sejam eles interiores ou exteriores.

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24 Ao fazermos depender a realização de um trabalho, por factores que se relacionam com a luminância dos elementos a fotografar, equacionamos essa realização na base de factores que se relacionam com a intensidade da iluminação, mas, a qualidade espectral dessa iluminação, condiciona fortemente tal realização. A temperatura de cor do material utilizado na actividade fotográfica é normalmente referenciada para dois valores 5600K (dita luz do dia) e 3200K (designação para a luz artificial). Adequar o material existente às condições que se nos deparam é tarefa que enfrentamos com frequência. São sombras ou dias excessivamente nublados, quando não, dias de Inverno com qualidade espectral que nos proporcionam valores inadequados para a obtenção de resultados satisfatórios. O conhecimento das diferentes películas existentes no mercado, a consulta das tabelas disponibilizadas pelos fabricantes e o domínio da utilização dos filtros de correcção, era o mínimo exigido ao fotógrafo de Arquitectura para a execução de muitos dos trabalhos que surgiam independente da época do ano e das suas condições meteorológicas. O facto de hoje com facilidade controlarmos o Balanço de Brancos numa qualquer Câmara Digital veio facilitar a realização das tarefas que vão surgindo independentemente do calendário das estações do ano e de uma mais favorável condição para a concretização do trabalho.

Um bom aparelho de medida, com uma eficiente indicação das correcções a efectuar, é elementar para a execução de um trabalho correcto. Para o qual, uma completa e qualificada colecção de filtros, não pode ser dispensada. Ao lado um sistema que passou à história e que estava associado ao fabrico da célebre Minolta e que a crise económica que surgiu em 2009 fez desaparecer.

Três elementos passíveis de ser adquiridos, Gossen (alemã), Sekonic (japonesa) e Kenko (japonesa, marca do conhecido fabricante Tokina)

Fotografia de Hugo Vieira da Silva aluno IPF 200810 Com facilidade um sistema digital permite fotografar situações em que a variável - Temperatura de Cor – se controla facilmente no menu “Balanço de Brancos”.

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25 Uma observação atenta, da informação relativa, a algumas das lâmpadas “OSRAM” rapidamente torna perceptível, a razão da utilização, dos diferentes tipos de filtros, disponibilizados pelo fabricante “LEE”. Várias grupos de filtros, são descritos, no catálogo, do referido fabricante. Para uma mais fácil consulta do mesmo, reproduzimos aqui a apresentação e classificação original.

CORRECÇÃO DE TEMPERATURA DE COR

Filtro 85 B 85 C 80 C 80 A 81 D 81 A 82 A 82C 81 81B 81D 85C

Conversão 5500K  3200K 5500K  3800K 3800K  5500K 3200K  5500K 3700K  3200K 3400K  3200K 3000K  3200K 2800K  3200K 3300K  3200K 3500K  3200K 3700K  3200K 5500K  3800K

Correcção F 2/3 ponto 2/3 ponto 1 ponto 2 pontos 2/3 ponto 1/3 ponto 1/3 ponto 2/3 ponto 1/3 ponto 1/3 ponto 2/3 ponto 2/3 ponto

Para uma mais completa, consulta das tabelas existentes, contacte o distribuidor dos produtos “LEE” / DULCIFOTO – Tv. Do Giestal 44 b Apartado 3298 – 1301 Lisboa  213645347

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VII - Forma e Textura Luz directa / Luz difusa Uma relação correcta, entre luz directa e luz difusa, determinará, uma boa iluminação de interiores, daí resultando, condições de trabalho adequadas, para a realização de trabalhos com um padrão de qualidade aceitável. E, se a luz, com origem numa única fonte, luminosa, resultará na produção de sombras duras e na definição de espaço, já a modelação desse espaço será quase nula pois não nos revela nem as formas nem as texturas. Assim é frequente a necessidade de além da iluminação existente em diferentes interiores, em que a iluminação resultante tem por base um misto de luz natural - luz artificial, introduzir sistemas extras para que a imagem produzida seja mais homogénea, face à redução de alguns "buracos negros". A utilização de fontes de iluminação dirigidas provocará a formação de sombras duras e com demasiadas projecções resultando ainda na produção de texturas muito acentuadas. Pela adição de difusores é possível reduzir o efeito de projecção, tornando mais suaves os contornos o que resulta na diminuição das sombras e no aumento de informação relativa aos diferentes aspectos do motivo fotografado.

VIII - Iluminação Solar A orientação da construção, relativamente ao Sol, obriga, a um controlo adequado, das diferenças de luz, reflectida pelos diferentes materiais, utilizados na construção. Uma iluminação matinal, não proporciona, a obtenção dos mesmos resultados, que uma iluminação das 14 ou 15 horas, bem como uma fotografia obtida com uma iluminação de forte intensidade luminosa em dia de nevoeiro no Inverno, não resultará em resultados nada semelhantes com os obtidos em pleno Verão de Sol intenso. Iluminação solar perpendicular aos raios solares ( lux ) Altura do Sol

5º 10º 15º 20º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º

Climas Soalheiros e menos soalheiros com céu limpo

Climas menos soalheiros com céu medianamente limpo

12000 35600 52800 65200 80000 88500 93600 96700 98700 99600 100000

8400 24900 39500 45600 56600 61900 65600 67700 69100 69800 70000

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- O DESENHO EM ARQUITECTURA Um sofrível domínio dos diferentes tipos de desenho utilizado em "Desenho Arquitectónico" facilita a organização do trabalho a desenvolver pelo fotógrafo. A planificação torna-se mais eficiente quando, pela utilização dos diversos desenhos de uma obra, sabemos realmente a implantação e orientação da mesma, bem como a estrutura real da construção, o que, embora facilite algumas tomadas de decisão, não anula o conhecimento real da obra a fotografar. A escolha dos horários mais adequados para a realização das fotografias de exterior podem ser decididas em virtude das informações obtidas pela observação dos desenhos de implantação, os quais possibilitam a verificação da orientação das diferentes fachadas em relação ao Sol. Diferentes tipos de desenhos se nos apresentam para serem utilizados na representação de diferentes momentos da construção, bem como de aspectos variáveis da mesma. Desde a representação de estrutura, ao desenho dos aspectos arquitectónicos, vários métodos de trabalho são utilizados pelos diferentes intervenientes do projecto, para a transmissão de informação de diferente complexidade relativa a diferentes etapas de desenvolvimento da obra. Para nós, fotógrafos, o método de representação que mais nos interessa conhecer é o do "Desenho Arquitectónico", pelas possibilidades que nos dá de previamente definir alguns dos passos a dar para a concretização do trabalho que iremos desenvolver. O " Desenho Arquitectónico " permite o estudo de diferentes situações de desenvolvimento da construção, a qual é representada a partir de desenhos de localização, desenhos de conjunto e desenhos de pormenor. São diversas, as escalas utilizadas para a execução dos diferentes tipos de representação.

Desenho Arquitectónico desenhos desenhos desenhos desenhos desenhos

de de de de de

localização conjunto pormenor localização conjunto

desenhos desenhos desenhos desenhos planta da alçado. cortes

de pormenor de localização de implantação de conjunto fundações, planta dos andares e planta da cobertura.

são utilizadas nas escalas 1:500 e 1:1000 as escalas 1:50 ( para construções de menor dimensão), 1:100 e 1:200 para os restantes. são executados com escalas que vão de 1:20 a 1:1.

são sempre verticais e proporcionam informações complementares às plantas dos vários andares.

Assim, para os desenhos de localização são utilizadas as escalas 1:500 e 1:1000, para os desenhos de conjunto as escalas 1:50 ( para construções de menor dimensão), 1:100 e 1:200 para os restantes, enquanto que os desenhos de pormenor são executados com escalas que vão de 1:20 a 1:1. Os desenhos de localização definem o local e o posicionamento da construção, podendo apresentar os contornos gerais da construção, acompanhados pelos elementos que envolvem a obra, como por exemplo arruamentos, limites de propriedades e seus edifícios. Integrando os desenhos de localização surgem os denominados "desenhos de volumes", os quais permitem a identificação do local e a referenciação da distribuição dos edifícios, em conjugação com o que é definido nos planos da urbanização; e os "desenhos de implantação", a partir dos quais se torna possível referenciar a posição dos edifícios em relação à implantação local, aos respectivos acessos e ao traçado geral do terreno. Os desenhos de conjunto, tais como as plantas, os alçados e os cortes, definem forma e dimensão dos principais elementos da construção. As plantas dividem-se em planta das fundações, planta dos andares e planta da cobertura. As plantas das fundações e as plantas dos andares correspondem na realidade a cortes horizontais feitos a alturas determinadas. 27


28 As fachadas serão representadas em desenhos cuja denominação é alçado. Os cortes são sempre verticais e proporcionam informações complementares às plantas dos vários andares. Os desenhos de pormenor permitem a visualização de certos aspectos que não sendo passíveis de representação nos desenhos de conjunto, face à escala utilizada, se tornam complementares ao possibilitarem uma melhor caracterização de alguns espaços da construção bem como de um conjunto de operações especializadas como, trabalhos de cantaria, serralharia e carpintaria.

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III - Perspectiva Ponto de Tomada de Imagem E, se para Kandinsky o ponto geométrico é invisível; para nós fotógrafos, ao observarmos a obra construída, vários serão os "pontos" que, tornados visíveis, servirão para definir as linhas traçadas e que controlam a demarcação do "plano" (fachada). Portas, janelas e varandas serão "pontos", que definindo "linhas", são parte integrante de um espaço que, a partir de planos que se interseccionam, constróem a "Forma" que determina o volume e assim o elemento construído. É a partir da Forma, nascida de planos cruzados, que surge então a fotografia caracterizada pela representação bidimensional de formas tridimensionais, e a Perspectiva reforçará então, mais ou menos intensamente, as características volumétricas do elemento fotografado. A Perspectiva criada, face ao Ponto de Tomada da Imagem, permitirá a maior ou menor noção da relação existente entre os "planos" que criam o Volume, enquanto que a escolha da óptica empregue, servirá para um maior ou menor referência da relação entre os diferentes "planos" (fachadas) . A maior ou menor concentração de "pontos" ou "linhas" nos "planos" (elementos que constituem as fachadas), criará a noção de silêncio ou ruído das diferentes fachadas, diferenças que permitem ao fotógrafo explorar, para criação da sua imagem fotográfica, e em que a iluminação existente, directa ou difusa, terá intervenção deveras acentuada. O ponto de tomada da imagem, é a razão primeira que determina o essencial dos resultados finais obtidos. Pontos de tomada de imagem abaixo da metade da altura dos elementos fotografados, poderão obrigar à utilização de objectivas de curta distância focal, bem como a movimentos de correcção excessivos. Assim é importante encontrar o ponto a partir do qual resulte o equilíbrio da composição.

(Fotografia de Alexandre Gomes – Oficina de Arquitectura e Interiores do Instituto Português de Fotografia 1997/98)

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Na fotografia de arquitectura, o erro mais em evidência, é a inclinação das linhas verticais e a perspectiva criada nos diferentes planos. Tal resulta da falta de paralelismo do plano de filme, com a fachada do elemento fotografado. Um ângulo deveras acentuado originará uma deturpação da perspectiva e de tal modo, das proporções do elemento fotografado. A acentuada perspectiva criada pela altura dos edifícios pode ser corrigida tomando como opção uma altura média do elemento a fotografar, assim nada mais objectivo do que tomar como ponto de tomada da imagem, a construção frontal ao elemento que se pretende fotografar, bem como a obtenção de uma linha perpendicular que corresponda ao eixo óptico da objectiva utilizada. Tal é de fácil realização a partir da utilização de um nível de bolha adaptado sobre a sapata da câmara fotográfica, a utilização de um visor de enquadramento com linhas de perpendicularidade será conveniente, facilitando assim a realização de um enquadramento correcto.


30 Quando se opta, pela obtenção de imagens fotográficas de diferentes construções, a partir de pontos de tomada da imagem, colocados a alguns metros do solo, as exigências quanto a movimentos de correcção diminuem, deixando mesmo de se justificar tal utilização.

Algumas situações de trabalho são favorecidas pelo acesso a elementos de altura considerável e que assim facilitam a realização de algumas tarefas.

Fotografia Hugo Vieira da Silva aluno IPF 200810

Esta fotografia do Mosteiro dos Jerónimos e da sua envolvência torna-se possível pela possibilidade de utilização de uma construção fronteiriça, o Padrão dos Descobrimentos. Uma outra hora de trabalho e uma iluminação mais favorável e o trabalho corresponderia a um padrão de alta qualidade.

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A utilização de uma óptica de distância focal longa, bem como a tomada de imagem de um ponto deveras afastado, possibilitará a correcção da perspectiva, que muitas vezes resulta em acentuadas linhas de fuga, em virtude da utilização de uma focal curta, e em que o ponto de tomada da imagem se encontra em planos abaixo da média da altura do elemento fotografado. Recorrendo a algumas alternativas resolvemos alguns dos problemas que se nos deparam na realização da actividade de fotógrafo de “arquitectura”. Contudo, a evolução natural nos pequeno e médio formato, será a utilização das objectivas denominadas de “PC”, da designação anglófona “perspective correction” e que facilmente definimos de “ Correcção de Perspectiva”. Tal se deve ao facto de a sua construção permitir um descentramento vertical ou horizontal, movimento esse que a mais não corresponde do que à tomada de imagem de um ponto elevado, o mesmo que fizéramos anteriormente, quando procuramos um ponto de uma construção frontal que nos possibilitou a elevação a uma altura média, relativa ao elemento fotografado. As objectivas “PC”, permitem assim a obtenção de imagens ao nível da rua, como se realizássemos a imagem de um andar frontal e vários andares acima. Obtendo-se dessa forma o paralelismo possível entre o plano do filme e o elemento fotografado.

( Fotografia de Bruno Martins – Oficina de Arquitectura e Interiores do Instituto Português de Fotografia 1997/98) E, se em desenho técnico, a perspectiva rigorosa é entendida como a obtida por meio da representação que nos é dada através de uma fotografia tirada do ponto em que se encontra o observador, não deixa de ser verdade a existência de consideráveis diferenças no resultado final obtido, face à utilização de objectivas de distância focal curta ou longa.

O exemplo aqui apresentado, permite uma perfeita observação, das possibilidades, que resultam da variação, da distância focal, da óptica utilizada.


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O exemplo aqui apresentado, permite uma perfeita observação, das possibilidades, que resultam da variação, da distância focal, da óptica utilizada.

E, se a variação da focal utilizada, na realização de fotografias em exteriores se torna imprescindível, é também uma realidade que a sua utilização em trabalhos de interior facilita essa recolha.

Caracterização de algumas objectivas utilizadas em pequeno-formato Distância Focal PC 28mm PC 35mm 85mm 180mmED AF-300mm IF-ED 800mm IF-ED AF-1600mmED

Ângulo de Campo 74º 62º 28º30’ 13º40’ 8º10’ 3º 4º10’

Abertura Máxima f-3.5 f-2.8 f-1.4 f-2.8 f-2.8 f-5.6 f-4

Abertura Mínima f-22 f-22 f-16 f-32 f-22 f-32 f-22

Distância mínima de focagem 0,3m 0,3m 0,85m 1,8m 3,0m 8,0m 6,0m

Obs. Os valores aqui indicados referem-se a objectivas “NIKKOR”

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Caracterização de algumas objectivas utilizadas em médio-formato 6x4,5 Distância Ângulo de Abertura Focal Campo Máxima C 35mm 90º f-3.5 C 45mm 76º f-2.8 Shift C 50mm 70º f-4 C 80mm 47º f-1.9 A 150mm 26º f-2.8 C 210mm 19º f-4 ULD C 300mm 13º f-5.6 C 500mm 8º f-5,6

Abertura Mínima f-22 f-22 f-32 f-22 f-22 f-32 f-32 f-45

Distância mínima de focagem 0,45 m 0,45 m 0,45 m 0,7 m 1,5 m 2,5 m 4,0 m 9,0 m

As objectivas aqui descritas são do fabricante “MAMIYA”

Caracterização de algumas objectivas utilizadas em grande-formato Distância Focal 65 mm (a) 150 mm (b) 480 mm (c)

Ângulo de Campo 105º 72º 46º

Abertura Máxima f-4.5 f-5.6 f-11

Abertura Mínima 45 Copal 0 64 Copal 0 90 Copal 3

Diâmetro Do circulo de imagem 170 mm 214 mm 396 mm

Obs. As objectivas aqui descritas são do fabricante RODENSTOCK – (a) Grandagon-N (b) Apo-Sironar-N / (c) Apo-Ronar

Uma consulta pormenorizada da informação distríbuida pelos diversos fabricantes de óptica para fotografia, permitirá aos interessados, encontrar o material que mais se adapta às suas necessidades.

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A variação do ponto de tomada da imagem, bem como da distância focal utilizada, interfere objectivamente com o resultado final obtido.

A opção do ponto de tomada de vista, a distancia focal utilizada e a direcção do eixo óptico da objectiva utilizada serão determinantes para a perspectiva obtida do elemento fotografado.

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Objectivas para Grande-Formato

Circulo de Imagem

O circulo de imagem formado por este tipo de objectivas é mais uma razão para a utilização deste sistema, na execução das diferentes situações, que nos são apresentadas, para realização de fotografias de arquitectura. Em função do formato utilizado e em relação directa com o circulo de imagem da objectiva empregue, maior ou menor será a possibilidade da variação dos diferentes movimentos, quer do bastidor frontal ( o que suporta a objectiva), quer do bastidor traseiro (o qual aceitará os diferentes tipos de carregadores).

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NIKKOR-T ED 1200mm F18 Uma proposta “NIKKOR” para o grande-formato, com uma invejável distância focal

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Acessórios indispensáveis à boa realização de “fotografia de arquitectura e interiores” A emulsão utilizada, a óptica empregue, a câmara de que dispomos são elementos preponderantes para a boa realização de um trabalho que se pretende de qualidade. Tal qualidade dependerá também de um conjunto de acções que passam por uma perfeita estabilidade da câmara empregue, bem como por uma fotometria correcta. Assim, a utilização de um bom tripé, equipado com uma cabeça de qualidade, conjuntamente com um sistema de fotometria de qualidade, serão razão para a obtenção de resultados satisfatórios para quantos se dedicam à “Fotografia de Arquitectura e Interiores”. Uma busca cuidada sobre as várias propostas do mercado de material fotográfico, evitará desgostos quanto a uma aquisição despropositada. Ao longo deste texto vários materiais serão referidos e correspondem a propostas tecnológicas adequadas ao desenvolvimento da actividade que estudamos. Fotometria Um adequado controlo dos valores de medida das diferentes características da luz, que irá impressionar a emulsão utilizada, será determinante, para a qualidade do original obtido. No que se refere ao diafragma a utilizar, uma correcta medição da luz incidente ou reflectida dependerá da qualidade do material de medida utilizado. As propostas existentes no mercado fotográfico, cobrem as exigências de quantos se dedicam à fotografia de “Arquitectura e Interiores”, sendo vasto o leque de propostas.

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Para a realização de trabalhos fotográficos de grande exigência, o fotógrafo de “Arquitectura e Interiores”, não pode descuidarse no que se refere à qualidade dos diferentes materiais que utiliza. Os tripés e acessórios que lhes estão associados, deverão garantir o máximo de estabilidade, durante a recolha de imagens. O fabricante “Manfroto” é detentor de um vasto e qualificado catálogo destinado a um máximo de eficiência.

Medidor de ângulo de inclinação HORSEMAN

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IV - Pequeno, médio e grande formatos Se bem que não seja o mais adequado à realização de fotografia de arquitectura e interiores, o " Pequeno formato " proporciona ao futuro profissional de fotografia, uma aproximação a este tipo de fotografia, adquirindo através dele uma prática que lhe permitirá, mais tarde, evoluir para práticas mais exigentes. O facto de alguns fabricantes de material óptico destinado ao 35 mm produzirem objectivas que permitem a correcção de perspectiva, viabiliza a obtenção de imagens de qualidade aceitável.

Obj. PC Nikor 28 mm f / 3.5

Obj. PC Nikor 35 mm f / 2.8

O sistema F3 da Nikon continua a ser uma proposta eficiente para a concretização de algumas situações de fotografia de arquitectura, quando utilizados os sistemas ópticos aqui apresentados. Pela utilização do visor reticulado tipo E, mais eficiente se torna a aplicação desta proposta da Nikon. Uma outra câmara pode ser utilizada, a FM2 que muitas boas provas tem dado nas mais variadas utilizações.

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Modernas propostas do fabricante nipónico “Nikon”, que acrescentam uma maior eficiência ao sistema apresentado na página anterior.

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SHIFT TILT Nesta imagem, acoplada a uma “Nikon” F-100, a objectiva PC MICRO-NIKKOR 2.8/85mmD. Esta objectiva pode ser uma grande surpresa para os que se dedicam à fotografia de arquitectura, com a utilização do pequeno-formato.

Na imagem a forte concorrência que a “Canon” faz com a proposta completa que é constituída pelo trio –TS-E 3.5/24mm L, TS-E 2.8/45mm e a TS-E 2.8/90 mm. Que mais desejar para uma proposta completa no pequeno-formato.

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A “ Horseman”, criou um sistema que permite, a partir da utilização de uma câmara de pequeno formato ou pela utilização de um médio formato (Pentax 6X7 ou Mamiya 6X4,5), e usando objectivas de ampliador, conseguir alguns movimentos do bastidor frontal, em tudo semelhantes ás propostas das suas já conhecidas 4x5 polg. “Field”. Movimentos esses que permitem de forma satisfatória dar resposta à concretização de alguns dos objectivos a que se propõem quantos se dedicam à área, da fotografia de “Arquitectura e Interiores”.

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Proposta deveras interessante esta da “Horseman”. Pena que não tenha o representante em Portugal um maior apoio na divulgação deste sistema, permitindo assim e principalmente na área do ensino, um melhor contacto com o sistema proposto. Em fotografia, (como em muitas outras coisas), as compras por catálogo, não são o melhor processo. Desejamos que em breve o mercado nacional disponha desta proposta.

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A utilização de sistemas propostos pelos fabricantes de material fotográfico em " Médioformato ", alarga substancialmente as possibilidades de execução de material qualitativamente superior, e a par das objectivas com correcção de perspectiva surgem já materiais tecnologicamente mais evoluídos que possibilitam movimentos vários, quer do plano de filme quer do sistema óptico, o que se torna um valor acrescentado ao produto final.

MAMIYA RB 67

HASSELBLAD ArcBody

Mamiya 645 ProTL

Hasselblad FLEXYbody

Carregadores para diferentes formatos e “Polaroid” são também motivo para o reconhecimento da qualidade da proposta da “Mamiya”.

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O sistema “Mamyia 645”, propõe ainda, uma objectiva tipo “shift”, que abre assim, grandes possibilidades, na execução de imagens, na área da fotografia de “Arquitectura e Interiores”.

CARACTERÍSTICAS Distância focal Ângulo de campo Abertura máxima Abertura mínima Distância mínima de focagem

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50mm 70º f-4 f-32 0,45 m


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Várias propostas de diferentes fabricantes, se dirigem de forma eficaz, para a concretização da fotografia por nós definida de “Arquitectura e Interiores”. De entre os diversos sistemas existentes no mercado, destacamos pela sua qualidade, por uma completa panóplia de produtos e acessórios para além de uma boa proposta de preço, os sistemas RB, RZ e 645 do fabricante Mamiya.

A utilização da objectiva “shift” L 75 mm f/4.5 S/L, permite, a correcção da perspectiva provocada pela altura do prédio em questão. A situação é resolvida, de forma satisfatória, não pondo em causa, a qualidade do material obtido. O sistema propõe ainda um vasto conjunto de carregadores, que abrem assim uma proposta eficaz na realização de diferentes formatos e materiais.

A proposta de carregadores para a RB 67 é completa

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O adaptador Tilt/Shift, permite um manuseamento, de alta precisão, acoplado com as diferentes objectivas que a MAMIYA propõe. O resultado final é de alta qualidade, predispondo assim os utilizadores do médio formato, para a obtenção de material e grande qualidade. No que respeita à fotografia de “Arquitectura e Interiores”, a utilização do presente sistema, não deixará ninguém insatisfeito.

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45FA – HORSEMAN

sinar

CAMBO

SINAR – CAMBO – HORSEMAN, Estas algumas das propostas que é possível encontrar no mercado nacional e que permitem escolhas variadas quer quanto a custos, quer quanto a propostas de trabalho. Da 45FA da Horseman que permite inclusive uma utilização à mão, com visor directo, e cuja proposta é completada por um vasto conjunto de acessórios, às ultra-sofisticadas SINAR, passando por uma grande-formato mais económica mas não menos capaz, como as hipóteses que a CAMBO nos apresenta.

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As possibilidades que acompanham a 45 FA no que se refere a movimento de descentramento e basculação, são evidentes nas imagens que se mostram:

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De entre, os diversos modelos da marca “HORSEMAN”, um destacamos nesta apresentação de alguns modelos e marcas de câmaras dedicadas ao grande formato, e que permitem, uma eficiente aplicação numa área específica como a da fotografia dita de “arquitectura e interiores”: Referimo-nos ao modelo designado por 45FA. Sistema compacto, de grande precisão, e cujo peso (2Kg), permite uma utilização mesmo sem tripé, após um pouco de tempo dedicado ao seu manuseamento. Este modelo da “HORSEMAN” estimula a realização de um vasto leque de trabalhos, face ás possibilidades que o acompanham no que se refere, aos diferentes movimentos, sendo ainda uma câmara, que por certo, corresponderá, aos mais exigentes dos criadores da “Fine Art Photography”.


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A proposta da “HORSEMAN”, que aqui se apresenta, não se esgota numa utilização de dimensões consideradas pela sua própria designação 45FA. Se o 4x5 polegadas antevê a possibilidade de executar os formatos 9x12 cm e 10x12,5 cm; a utilização de diferentes tipos de carregadores; do 6x7 ao 6x12, bem como a adição de sistemas que permitem avançar para maiores dimensões, coloca ao alcance dos que o pretendam, a obtenção da alta qualidade que o sistema permite. A “HORSEMAN” dispõem ainda de uma variada proposta de sistemas tipo banca técnica, para diferentes dimensões no grande formato: Dessa proposta destacamos a LX ou LX-C. Podendo ainda, em qualquer dos sistemas, utilizar o “ Horseman ISS – Intelligent Shutter System”, sistema este que proporciona o máximo de precisão e fácil controlo das aberturas utilizadas, com variações de 1/2, 1/3, 1/4, 1/6 e 1/10. Precisão, Fiabilidade e Facilidade são atributos que este sistema apresenta para os mais exigentes na área do grande formato e em que a “Fotografia de Arquitectura e Interiores” se enquadra.

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A utilização de sistemas tipo banco óptico, abrem uma maior possibilidade quanto aos diferentes tipos de movimentos dos bastidores frontal e traseiro. Na imagem, a proposta da “HORSEMAN” é completa. Os valores que se disponibilizam para os diferentes movimentos, Rise/Fall - 60 mm Descentramento Vertical Shift - 60 mm Descentramento Horizontal Swing - 360 ° Descentramento Angular Horizontal Tilt - 360 ° Descentramento Angular vertical Base Tilt - 40 ° <> Movimento acessório de adição recente que reforça as possibilidades do descentramento angular vertical

Das muitas propostas tecnológicas da “Horseman” destaca-se a tecnologia digital do seu obturador ISS G2. Este sofisticadíssimo obturador, de alta precisão permite controlar variações de 1, 1/2, 1/3, 1/6, e 1/10 de Diafragma, com velocidades de obturação dignas de referência; 1/125 a 32 Seg. em passos de 1/3 ou de 1Seg a 99 min. 59 Seg. em passos de 1 Seg.. Precisão é pois coisa que não lhe falta, bem como um sofisticadíssimo conjunto de acessórios.

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Para lá da utilização do sistema banca técnica, é ainda possível a utilização de sistemas utilizando o médio formato e produzindo uma mancha 6x12 cm. de que apresentamos o modelo produzido pela “HORSEMAN”.

Mais recentemente surgiu a “HORSEMAN SW6x9 Professional”, cujas características se adaptam optimamente às exigências que se colocam na fotografia de “Arquitectura e Interiores”. A câmara em questão, permite a execução do 6x9 ou do 6x7cm, com a utilização de uma gama de objectivas muito completa. Assim, estão disponibilizadas com abertura máxima a 4.5 as seguintes distâncias focais: 35, 45, 55, 65 mm e com abertura a 6.8 objectivas de 75 e 90mm. Como elemento de valorização, a SW6x9 possui ainda a possibilidade de executar movimentos ao nível da objectiva, em descentramento horizontal (Shift) 40mm e em descentramento vertical (Rise & Fall) 34mm.

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Máscaras para o vidro despolido, adaptáveis ao formato 10x12,5 cm vulgarmente designado 4x5”

Pela utilização de carregadores de diferentes formatos, é possível utilizar-se película 120 ou 220, pode-se assim realizar desde o 6x7 ao 6x12 cm em câmaras de grande-formato, como seja pela utilização da “Horseman 45FA”.

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Diversas propostas da conhecida marca “SINAR”, permitindo a partir de um adaptador, utilizar película “120” e assim produzir diversas dimensões de imagem. Do 6x7 ao 6x9 uma completa proposta está disponível para quantos se dedicam à fotografia de “Arquitectura e Interiores”. Pela utilização de um carregador apropriado é possível a utilização de emulsão instantânea “POLAROID”.

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O domínio dos diferentes movimentos que proporcionam ambos os bastidores das câmaras designadas por “banca técnica” ou “de banco óptico” essencial para o desenvolvimento das diversas acções de execução técnica que são exigidas a quantos se dedicam à “Fotografia de Arquitectura e Interiores”. Os movimentos base sofrem algumas variantes em função da proposta quer de fabricante quer do modelo proposto. Contudo, dominados os movimentos essenciais, facilmente se dará a adaptação às diferentes situações que se apresentam.

Esta apresentação permite facilmente perceber os mais elementares movimentos dos sistemas tipo banco óptico.

Tilt

Descentramento Angular Vertical

Swing

Descentramento Angular horizontal

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Rise / Fall

Descentramento Vertical

Shift

Descentramento Horizontal


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O crescimento natural de uma exigência tecnicamente superior conduz-nos, com toda a naturalidade, à utilização de sistemas de tecnologias cada dia mais sofisticadas e em que a par da utilização de sistemas ópticos de alta definição, vemos muitas vezes serem utilizadas dimensões de película que poderemos considerar de verdadeiros "gigantes" do" Grande- formato", aos quais hoje se junta a utilização de sistemas de controlo informatizado a par de recolha de imagem digital. Do “35 mm” ao “grande-formato” é possível encontrar uma vasta proposta de trabalho em imagem digital, propostas essas que se adaptam muitas vezes ao material utilizado anteriormente.

O fabricante do sistema “Rollei” disponibiliza uma proposta, em que a utilização de um dorso digital, um corpo 6008 integral e a objectiva 55 mm PCS Schneider Super-angulon PQ f/4,5 HFT, abre as portas para a utilização do digital na fotografia de arquitectura e interiores, não pondo em causa a qualidade do material obtido. 56


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V - Correcção de perspectiva E se o afastamento do ponto de tomada de vista e a utilização de uma altura média em relação ao elemento a fotografar reduzem a necessidade de movimentos de correcção da perspectiva, tais movimentos serão sempre a base da realização de um trabalho cuidado, razão pela qual é de todo o interesse o domínio dos mesmos.

Fotografia obtida a partir do teleférico

Fotografia de Bruno Martins – Oficina de Fotografia de Arquitectura e Interiores – Instituto Português de Fotografia

Fotografia de António Campos Leal, orientador da “Oficina de Fotografia de Arquitectura e Interiores – Instituto Português de Fotografia -

O estudo da zona envolvente do elemento a fotografar, determina muitas das opções de trabalho a tomar.

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Quer com a utilização de objectivas de controlo de perspectiva (PC) ou nos casos mais avançados, com a utilização de sistemas que permitam a oscilação do plano de filme ou da objectiva, é possível realizar um conjunto de operações de correcção, indispensáveis à obtenção de resultados finais que a fotografia de arquitectura e interiores não pode dispensar. Quando se utilizam sistemas designados de banco óptico ou banca técnica aumentam as possibilidades oferecidas para a resolução eficaz dos diferentes obstáculos que se nos deparam na concretização de trabalhos fotográficos vocacionados para o que poderemos designar como fotografia de arquitectura e interiores.

Fotografia de Alexandre Gomes Oficina de Arquitectura e Interiores do Instituto Português de Fotografia)

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O Princípio de Scheimpflug Pela aplicação do "Princípio de Scheimpflug" obteremos resultados mais satisfatórios no que respeita á utilização de aberturas de quociente de menor valor. A não aplicação do princípio em causa obriga a que o Diafragma a utilizar seja bastante reduzido o que em muitos casos é quase impraticável. O Princípio de Scheimpflug consiste na projecção de duas linhas imaginárias, uma traçada a partir do bastidor traseiro, e que corresponde mais concretamente ao plano de filme, a outra traçada a partir de um plano imaginário correspondente ao motivo a fotografar. No caso de uma construção, consideramos a fachada como elemento a partir do qual imaginamos essa linha. Ao ponto em que as duas linhas se encontram, e que designaremos por ponto P, corresponderá a passagem de uma terceira linha imaginária a partir do bastidor frontal, (grosso modo corresponderá ao plano traçado perpendicularmente sobre o eixo óptico da objectiva). Assim, por oscilação do bastidor frontal, é possível obter melhor rendimento da imagem formada, quanto à sua nitidez, reduzindo assim o valor do diafragma a utilizar.

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A Fotografia de Interiores

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A Fotografia de Interiores A representação dos interiores é elemento por demais tratado na pintura e na gravura. Muitos foram os artistas que envolveram os personagens por si pintados, pelos ambientes que os relacionavam.

Damas em ambiente da corte, jovens príncipes em salas aprendendo com seus mestres e sábios demonstrando a sua actividade, preenchem muitas das telas legadas na história da arte aos tempos em que hoje a representação fotográfica repercute interiores de espantosa dimensão aos que preenchem folhetos de venda imobiliária.

Teatro Alla Scalla – Fotografia de Vítor Arnaut – aluno IPF 200810

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Mas, é o espaço interior um vasto conjunto de elementos a representar. O espaço em si domina o projecto de trabalho, são as suas dimensões que caracterizam a leitura das imagens a realizar e que servem de orientação às decisões a tomar quanto ao ponto de tomada de vista e quanto à óptica a utilizar. Agora à que olhar a iluminação existente, natural ou artificial e qual a sua relação entre si e a sua importância no espaço que nos propomos trabalhar. Fase seguinte, a decoração que ocupa o espaço e que lhe dá o seu cunho pessoal e de individualidade, ou não. Espaço minimalistas facilitarão a nossa decisão quanto aos pontos de tomada de vista bem como o tipo de iluminação e sua colocação. Espaços recheados de elementos e carregados de objectos proporcionando uma intensa informação obrigando a um olhar mais treinado e a uma análise mais intensa da proposta que nos é dado fotografar.

Fotografia António Barradas – Aluno IPF 200810

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63 A representação de interiores obriga a cuidados relativo ao domínio das linhas que determinam a estrutura de composição da fotografia.

Um menor cuidado no que à orientação das que representadas na imagem concretizam diferentes linhas de fuga e dessa forma os pontos mais fortes da leitura dessa fotografia, e o trabalho perderá o discurso desejado.

O facto de uma construção ser muito rica em elementos de forte reflectância, elementos cromados ou polidos, superfícies espelhadas ou muito claras em contraste com pedra ou betão escuros, obriga a optar por uma iluminação em que o afastamento em diafragmas entre zonas claras e escuras não seja excessivo. Em Portugal, fotografar uma construção virada a Norte, torna-se deveras problemático. A constante presença do Sol no seu movimento de Nascente para Poente coloca-nos perante o clássico contraluz. Para a realização de um trabalho de qualidade, será determinante o conhecimento exacto da posição do Sol em relação a essa construção, ao longo das diferentes estações do ano ou então deve-se optar por utilizar uma iluminação difusa ou reflectida que pode muito bem surgir em dia de chuva ou nublado. Ao atravessarem a neblina os feixes luminosos dispersam-se provocando um aumento da luminância mínima, ao mesmo tempo que se verifica uma redução da máxima, resultando na obtenção de uma luminância mais uniforme. O conhecimento do comportamento da luz em relação às variações meteorológicas, facilita as opções do trabalho a desenvolver. Ao fazermos depender a realização de um trabalho, por factores que se relacionam com a luminância dos elementos a fotografar, equacionamos essa realização na base de factores que se relacionam com a intensidade da iluminação, mas, a qualidade espectral dessa iluminação, condiciona fortemente tal realização. A temperatura de cor do material utilizado na actividade fotográfica é normalmente referenciada para dois valores 5600K (dita luz do dia) e 3200K (designação para a luz artificial). Adequar o material existente às condições que se nos deparam é tarefa que enfrentamos com frequência. São sombras ou dias excessivamente nublados, quando não, dias de Inverno com qualidade espectral que nos proporcionam valores inadequados para a obtenção de resultados satisfatórios. O conhecimento das diferentes películas existentes no mercado, a consulta das tabelas disponibilizadas pelos fabricantes e o domínio da utilização dos filtros de correcção, permitirá resolver de forma eficiente os diferentes obstáculos que se nos apresentam.

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Assim se desenvolvia o trabalho produzido antes do aparecimento do suporte digital. Hoje o suporte analógico faz quase parte da história, perante a intensa utilização de sistemas digitais que possibilitam um controlo eficiente dos diversos valores associados ao controlo da temperatura de cor. O que comummente é designado por Balanço de Brancos.

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Aula III  Iluminação Interior / Exterior  Aspectos físicos e subjectivos da Luz  Forma e Textura Luz directa / Luz difusa  Iluminação Solar  Luz do Sol, directa e reflectida

V - Iluminação Interior / Exterior A utilização de diferentes tipos de fontes de luz facilitará certamente a realização dos trabalhos que se nos deparem. Assim, o domínio das técnicas que lhes estão associadas é por demais evidente. Se a utilização de um único tipo de iluminação não acarreta grande grau de dificuldade para a realização de trabalhos de qualidade aceitável, já uma utilização mista obriga a uma maior atenção das diferentes etapas do trabalho. A utilização de iluminação artificial associada à presença de luz natural, obriga a uma correcta partilha de iluminação das diferentes áreas de preenchimento da fotografia a executar. Um equilíbrio, o mais correcto quanto possível, da temperatura, de cor, das diferentes fontes de luz, ou o jogo dessas diferenças, permitirá a realização de trabalhos, com uma qualidade satisfatória. Uma coerência na relação luz directa/luz difusa é factor determinante para uma boa iluminação de interiores.

Nesta fotografia, encontram-se misturados três tipos de luz. A luz do Sol que entra pelas janelas, a luz artificial que ilumina o ambiente e a luz de relâmpago, introduzida para fazer ressaltar os sofás.

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VI - Aspectos físicos e subjectivos da Luz A visualização de objectos, construções, etc., é feita a partir a partir do brilho e da cor dos materiais em questão. E, se o brilho tem como razão de ser a quantidade de luz emitida/reflectida e recebida pelos nossos olhos, já a cor está relacionada com a qualidade dessa luz ou mais concretamente com a qualidade espectral dessa luz. Qualidade essa directamente ligada com os comprimentos de onda que com ela estão relacionados. Influenciando esta característica temos o que denominamos por “Temperatura de Cor”, unidade de medida do “Sistema Internacional” e utilizada na fotografia para caracterizar as fontes de luz. Expressa-se em Kelvin (K), e já não em graus Kelvin como anteriormente. Como temperatura de Cor entende-se a temperatura absoluta da radiação de um corpo negro emitindo a mesma cor da fonte de luz em comparação. A luz é uma manifestação de energia radiante e está ligada directamente ao sentido da visão, podendo contudo ser avaliada por processos físicos. A caracterização subjectiva obtida a partir do sentido da visão, permite o erro que resulta em diferenças de observação, que vão da intensidade à cor de um objecto, ao reflectirem um determinado conjunto de comprimentos de onda que, quando observados por um daltónico, resultam em informações incorrectas. E, se um objecto se caracteriza por um brilho próprio, porque ele mesmo é fonte de produção luminosa, como por exemplo: o Sol, uma lâmpada, uma vela, um eléctrodo de soldadura, estamos assim perante fontes primárias de luz, já que os que reflectem luz são considerados fontes secundárias, como acontece com a Lua, paredes, tectos ou painéis reflectores.

Se um objecto apresenta a cor vermelha, tal deve-se ao facto de ele absorver da luz branca que nele incide, as cores azul e verde, reflectindo essencialmente o vermelho. Assim, se a síntese aditiva é de facto a mistura em igualdade de proporções da luz azul, verde e vermelho, ao ser-lhe retirada as componentes de azul e verde restará o vermelho. Em oposição as suas cores complementares; amarelo, magenta e ciano darão origem ao negro que corresponde de facto à ausência de luz. A presença como elemento de iluminação de fontes de luz caracterizadas por uma qualidade espectral não similar à luz do Sol, originará um tipo de iluminação com cores dominantes. Assim no desenvolvimento de trabalhos com iluminação artificial será necessário um perfeito domínio da qualidade dessa luz, de molde a ser conseguido o equilíbrio entre a iluminação existente e as emulsões utilizadas. O equilíbrio será conseguido quer pela utilização de películas equilibradas para luz artificial, quer pela utilização de filtros de correcção: Um bom termoclorimetro em parceria com uma colecção de filtros, o mais completa quanto possível é importante para uma boa realização do trabalho 66


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A maior ou menor distribuição de luz sobre uma superfície é designada por iluminação, e exprime-se em lúmens/m2 ou lux. Direcção, dimensão e quantidade de determinada fonte de luz são factores que tornam possível uma perfeita visualização dos diferentes objectos iluminados num espaço determinado.

A relação existente entre luz natural, luz ambiente e luz de relâmpago, favorece a percepção das características das diferentes salas.

A luz de relâmpago não destrói o equilíbrio existente entre luz natural e a luz de iluminação.

A luz natural que penetra pelas janelas, é compensada pela luz de relâmpago que foi distribuída com grande coerência pela sala.

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Já a realização de um trabalho em que predomina a presença da luz natural, vê facilitada a acção. Haja uma boa escolha do momento ideal.

Fotografia José Lage aluno IPF 200810

Uma má relação entre as diferentes luminâncias e a falta de tratamento posterior resultará numa representação deficiente.

Fotografia José Lage aluno IPF 200810

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VII - Forma e Textura Luz directa / Luz difusa Uma relação correcta, entre luz directa e luz difusa, determinará, uma boa iluminação de interiores, daí resultando, condições de trabalho adequadas, para a realização de trabalhos com um padrão de qualidade aceitável. E, se a luz, com origem numa única fonte, luminosa, resultará na produção de sombras duras e na definição de espaço, já a modelação desse espaço será quase nula pois não nos revela nem as formas nem as texturas. Assim é frequente a necessidade de além da iluminação existente em diferentes interiores, em que a iluminação resultante tem por base um misto de luz natural - luz artificial, introduzir sistemas extras para que a imagem produzida seja mais homogénea, face à redução de alguns "buracos negros". A utilização de fontes de iluminação dirigidas provocará a formação de sombras duras e com demasiadas projecções resultando ainda na produção de texturas muito acentuadas. Pela adição de difusores é possível reduzir o efeito de projecção, tornando mais suaves os contornos o que resulta na diminuição das sombras e no aumento de informação relativa aos diferentes aspectos do motivo fotografado.

VIII - Iluminação Solar A orientação da construção, relativamente ao Sol, obriga, a um controlo adequado, das diferenças de luz, reflectida pelos diferentes materiais, utilizados na construção. Uma iluminação matinal, não proporciona, a obtenção dos mesmos resultados, que uma iluminação das 14 ou 15 horas, bem como uma fotografia obtida com uma iluminação de forte intensidade luminosa em dia de nevoeiro no Inverno, não resultará em resultados nada semelhantes com os obtidos em pleno Verão de Sol intenso. Iluminação solar perpendicular aos raios solares ( lux ) Altura do Sol

5º 10º 15º 20º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º

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Climas Soalheiros e menos soalheiros com céu limpo

Climas menos soalheiros com céu medianamente limpo

12000 35600 52800 65200 80000 88500 93600 96700 98700 99600 100000

8400 24900 39500 45600 56600 61900 65600 67700 69100 69800 70000


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Um perfeito equilíbrio entre a temperatura de cor, da película a utilizar e a temperatura de cor da luz que utilizamos, bem como uma boa relação entre a qualidade espectral dessa mesma luz, com a da emulsão utilizada são factores que não podem ser esquecidos. Made by Kodak Temperatura de cor

Fonte de Luz Sol Aumentando com a altura solar até Céu: Limpo Encoberto Céu limpo + Sol Valor observado mais frequentemente

Kelvin 4000 5300 10000 – 100000 4500 – 7000 5000 – 7000 6000

A justaposição de filtros nas fontes luminosas, permite manipular as características espectrais dessas fontes, adequando-as ao trabalho a realizar.

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Aula V  Fotografia de Interiores Expressão / Visualização  Iluminação Luz natural Luz artificial Utilização de apoio Utilização dominante

IX - Fotografia de Interiores Expressão / Visualização Fotografar o interior de um espaço urbano, de um espaço rural, de um museu ou de um estabelecimento comercial, obriga-nos a equacionar valores que caracterizam cada um dos espaços. A utilização de objectos e materiais adequados a ritmos de vida que muitas vezes se encontram a anos-luz, proporcionam-nos formas de expressão muitas vezes dependentes de coisas muito simples; como por exemplo a não existência de uma sala de jantar em meio rural, a qual surge numa só divisão que resultando de uma grande cozinha que transforma em utilização vária: Sala de jantar, cozinha e sala de estar. Tal apresentação obrigará, a uma perfeita sintonia por parte do fotógrafo, para com o sentir de um espaço com tais características.

Fotografia de Ana Batista aluno IPF 200810 A gradação de cinzentos e a perspectiva provocada pelas linhas horizontais, torna mais forte a percepção da tridimensionalidade.

Já uma sala de jantar com espaço de estar ou de jogo num meio urbano, obriga-nos a uma outra caracterização. Assim, perante dois exemplos com diferenças que poderão ser levadas ao extremo pela utilização de materiais de âmbito rural e antigo na habitação rural, enquanto que na da cidade se encontram elementos de decoração contemporâneo, para lá de uma intensa utilização de luz artificial; ao contrário da casa em meio rural que faz uma utilização intensa da luz natural associada a alguns elementos característicos do princípio do século, e em que a utilização de luz artificial é exclusiva da zona de leitura. A visualização destes espaços perfeitamente definidos não podem ser destruídos na suas características, pela utilização desajustada de elementos de iluminação introduzidos pelo fotógrafo.

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A relação entre a qualidade espectral de diferentes fontes de Luz é factor de diferenciação na estrutura da composição.

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A expressão pessoal e a fotografia em interiores Alguns espaços são por si só, estimulantes para a concretização de trabalhos a que o autor associa a sua caracterização pessoal. A realização espacial do mesmo, a apropriação de uma expressão em que a Luz marca a representação do espaço, a cor ou a sua ausência estimulam a uma leitura pessoal dos espaços.

Espaço em que planos e linhas que se cruzam, no seu diálogo permanente com a Luz proporcionando um desafio estimulante para um processo criativo a que o autor deu azo.

Possibilitando assim uma leitura pessoal na representação de um espaço arquitectónico.

Conjunto de fotografias realizadas pelo autor, galeria de arte contemporânea novaOgiva - Óbidos

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X - Iluminação Uma relação perfeita entre luz natural e luz artificial permitirá a criação de imagens que traduzam o "discurso" do ambiente fotografado. A utilização de iluminação de apoio, apoio esse que resulta da utilização sistemas electrónicos de luz de relâmpago, devem ter apenas como objectivo, iluminar áreas, em que, a penumbra existente, dificulte a percepção do que nela se encontra. Já, a utilização de uma iluminação dominante por parte de sistemas electrónicos de luz de relâmpago, tem em vista, provocar resultados essenciais, para a visualização das áreas e elementos fotografados.

Uma iluminação equilibrada entre luz natural e luz artificial.

Iluminação predominantemente de luz natural.

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75 Ao aceitar a relação entre a iluminação artificial existente num interior e a luz natural que penetra nesse interior ficamos algumas vezes dependentes, de uma pós-produção, cujos resultados favorecem o produto resultante.

Fotografia de Filipe Gomes, aluno IPF 200810

Tratamento digital em ACDsee Pro 3

Uma pequena intervenção sobre a fotografia da esquerda e o resultado torna possível uma informação mais pormenorizada. O que aplicado a um interior mais sofisticado, o transforma numa outra possibilidade de representação.

Opções várias que facilitam a recriação de um discurso que se adapte com maior coerência à publicação a que se destina a fotografia em causa. No caso aqui apresentado é a luz ambiente, natural e artificial que realizam o discurso do ambiente registado.

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Ao passarmos a porta que dá acesso ao interior da construção, um variado conjunto de espaços, exigirão do fotógrafo, uma perfeita sintonia com o espírito que envolve, quer a construção, quer a decoração dos espaços interiores. As características da iluminação deverão ser conciliadas de forma a que prevaleça uma perfeita coerência entre a iluminação artificial existente, entre a possível luz natural que entre no interior e o tipo de iluminação utilizada pelo fotógrafo. A relação entre áreas iluminadas e espaços de penumbra, deverá ser equacionada de forma a que a imagem obtida, traduza correctamente os valores existentes, mas sem que se perca a leitura da fotografia obtida. Pronta a obra, dá-se início ao levantamento fotográfico do exterior e do interior, de um "sólido geométrico", cujas características são resultado de um processo criativo. Ao fotógrafo caberá recolher e representar o resultado final desse processo.

A relação existente entre os diferentes tipos de iluminação, permite que se mantenha a característica do ambiente

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A representação dos diferentes aspectos exteriores, tenderá para uma avaliação das verticais e das horizontais que delimitam o "sólido geométrico" construído. A utilização criteriosa da óptica que mais se adapte ao trabalho pretendido, bem como as correcções necessárias das linhas de fuga (perspectiva) existentes, são factor elementar para que as fotografias obtidas, traduzam de forma correcta o elemento fotografado. Nos aspecto de pormenor do exterior, deve-se recolher de forma eficiente tudo quanto diga respeito a acessos e sua metodologia; garagens, entradas de cadeiras de rodas, zonas de serviços possuem características específicas que não devem passar despercebidas.

Dois aspectos do edifício, sede da CGD, fotografias realizadas durante o “workshop” de fotografia de “Arquitectura e Interiores” 1998/99


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XI - Interiores Caracterização dos espaços Caracterização dos materiais empregues na construção e seus resultados finais Já no interior, variados aspectos deverão ser contemplados por um levantamento fotográfico criterioso, o qual propiciará posteriormente, uma informação adequada de todas as características que envolve a "obra" acabada. Dos acessos às escadarias, passando por corredores aos elevadores, verificaremos que a variedade dos elementos presentes, serão determinantes para o processo a desenvolver. O vidro, a madeira, a pedra (em bruto ou polida), os metais e muitos e diversificados materiais, empregues em interiores, permitirão, obter imagens de muita agradabilidade, quando bem relacionada, a sua presença no trabalho que efectuamos.

Madeira, vidro, pedra e cobre são alguns dos materiais utilizados na construção, e que, nestas imagens, reflectem bem, as características do ambiente criado.


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Aula X  Interiores O espaço / O mobiliário  Aproveitamento das características da decoração

XII - Interiores O espaço / O mobiliário A observação do espaço a fotografar, e das suas características, quanto à iluminação e preenchimento físico, dá corpo à ideia base que orienta o método do trabalho, que iremos desenvolver. A solidez do mobiliário empregue ou, pelo contrário, a fragilidade de linhas do mesmo, a cor que é a razão que o promove ou a existência de uma forte componente de iluminação artificial não directa, serão factores que possibilitarão ao fotógrafo a procura de um discurso adequado a cada uma das situações criadas. O mobiliário, cujas características, fortemente definidas por um desenho vanguardista, faz uma forte presença. Obrigando à procura de um processo expressivo que de certo diferenciará da representação de um espaço em que mobiliário de séculos passados. Espaços amplos e muito iluminados, por uma forte presença da luz natural, devem reflectir uma grande ligação ao exterior, enquanto que espaços em que a iluminação artificial reforça a sua presença, prefigura uma atitude intimista, mais virada para o interior e daí para comportamentos em que a leitura e a música poderão ser dominantes.

(Entrada do IPF, fotografia realizada no âmbito do “workshop” de fotografia de Arquitectura e Interiores – 1999/2000)

Sala de aula em estabelecimento do Ensino Superior.


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Aproveitamento das características da decoração As diferentes formas do comportamento humano acabam por se reflectir em gostos e prazeres; e, assim, é natural que a decoração de um espaço habitado acabe por reflectir esses mesmos gostos e prazeres. Se o tipo desportivo, preenche o seu espaço com produtos que fazem parte quer do seu imaginário quer mesmo da sua prática, já o amante de uma atitude mais científica, não meterá em casa um taco de basebol ou uma "makiwara", o que por certo um praticante de "karate" não dispensará criando mesmo se possível, dentro de portas, um miniginásio. Enquanto o amante de pintura reforça o seu lote de livros com uma significativa presença de livros de arte. São pois, estas diferenças que servirão de base a uma execução, tão brilhante quanto possível, do trabalho que nos propomos executar.

Respeito total, pela iluminação natural, existente na sala.


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