Piracaia HOJE
OUTUBRO/14
09
Piracaia e Joanópolis
Rural Uma parceria entre o jornal Piracaia Hoje e o Sindicato Rural de Piracaia
Inácio Benedito - experiência e projetos Aos 72 anos tem projetos para implantar em Joanópolis (meu pai fazia o melhor “fumo de rolo” da região), sorgo vassoura e grande variedade de frutas e olerícolas; Além das atividades na agricultura e na pecuária de leite, meu pai era um mestre de artes e ofícios, pois fazia trabalhos em couro (laços, arreios, etc.), madeira, bambu (cestarias); era pedreiro, barbeiro e também aplicava injeções receitadas pelo Dr. Felício Fernandes Nogueira, o qual deu as instruções e ensinamentos para esse trabalho social. Na área da comunidade exerceu o cargo de Inspetor de Quarteirão sempre
Nesta edição do caderno Piracaia e Joanópolis Rural, conversamos com o senhor Inácio Benedito Pereira, 72 anos, joanopolense, nascido na roça, trabalhou na Sabesp, acompanhou a construção das represas de nossas cidades, viu o sofrimento de fazendeiros e sitiantes deixando suas terras submersas pelas águas do Cantareira. Voltou para a roça e, com sua experiência, tem projetos para adequar-se aos novos tempos e às mudanças vividas pela cidade e pela região. Deixamos a apresentação para o próprio Inácio que conta-nos quem é ele: “Sou Inácio Benedito Pereira, nasci no Bairro dos Alves, município de JoanópolisSP, em 5 de fevereiro de 1942. Sou filho de Jerônimo Benedito Pereira e de Dona Maria Benedita de Almeida Pereira. Meus familiares sempre foram agricultores familiares e trago na lembrança a década de 50 quando a primeira Escola Rural se instalou no bairro em 1952 (eu já sabia ler e escrever, graças aos ensinamentos de meu pai). A minha primeira professora foi dona Orazília Turella. Outras professoras se seguiram, algumas delas ficavam a semana toda no sítio e uma delas na nossa residência e que me ajudava nas “lições de casa”. Era uma casa simples a nossa, porém muito hospitaleira e tínhamos conforto e muita fartura. Nossa diversão e fonte de informações era um rádio alimentado por baterias e, por ser de válvulas, demorava aquecer para começar a falar. Em 1954, meu pai instalou uma turbina para acionar um pequeno gerador de energia que alimentava apenas cinco lâmpadas de 60 watts e não servia para o rádio, porém foi um avanço ter
a casa toda iluminada. Meu casamento aconteceu no ano de 1966, com Sebastiana Verona Pereira e dessa união nasceram minhas quatro filhas, todas casadas, acrescentando ao convívio familiar mais quatro genros e oito netos; minha neta primogênita se casou no último dia 20/09 e até o final de dezembro o meu neto primogênito também contrairá matrimonio, agregando mais pessoas no nosso grupo familiar. Minha vida de agricultor que começou aos catorze anos de idade foi interrompida em 1970 quando fui aprovado num teste para apontador de obras na Empreiteira da COMASP e comecei a trabalhar na construção civil na obra da Represa do Rio Cachoeira em Piracaia. A função de Apontador permitia fazer um “diário da obra” pois éramos (tinha vários colegas) os “Escrivãos da Obra”. Outras firmas me admitiram, sempre na área de construção civil e em 1978 fui admitido pela SABESP como Operador de Estação de Tratamento de Água sendo promovido em 1981 para Cargo de Chefia (Encarregado de Posto de Operação) até o ano de 2004 quando me desliguei da Empresa, já aposentado. No entanto jamais me desliguei da agricultura sendo parceiro de meu pai até 1986 quando ele faleceu e, após esse ano, com meus irmãos, dos quais sou condômino até a presente data numa área 42 hectares, dividida em três glebas distintas. No tempo de meu pai tínhamos dois hectares de cafezal, carro chefe da propriedade, além de cultivos diversificados, tais como milho, feijão, arroz, cebola, tabaco
procurando mediar os conflitos dos vizinhos e dos casais. Já minha mãe era uma verdadeira mestra nas chamadas “prendas domésticas” que além do “porco na lata” (carne de porco conservada na própria banha), fazia farinha de milho no monjolo, torrava o melhor café, cujos grãos eram colhidos e selecionados no “ponto de cereja” e secados com todo o cuidado para proporcionar uma excelente bebida; além disso, era também costureira e bordadeira; tudo isso sem saber ler e escrever, apenas com o conhecimento empírico vindo