Revista Concreto & Construções IBRACON 84

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& Construções INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO PROJETO, CONTROLE E EXECUÇÃO

Instituto Brasileiro do Concreto

Ano XLIV

84 OUT-DEZ

2016 ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br

PERSONALIDADE ENTREVISTADA

NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL

NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM

ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON




Esta edição é um oferecimento das

seguintes Entidades e Empresas

Adote concretamente a revista

CONCRETO & Construções


u sumário

seções & Construções

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO PROJETO, CONTROLE E EXECUÇÃO

Instituto Brasileiro do Concreto

Ano XLIV

84 OUT-DEZ

2016 ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br

CRÉDITOS CAPA

Modelo Estrutural, Análise Estática (momentos fletores), Análise Dinâmica e Armaduras no multipavimentos.

Edatec Engenharia.

& Construções

Editorial

OUT-DEZ

Personalidade Entrevistada:

NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL

NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM

ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON

88 Mantenedor 97 Acontece nas Regionais

Atividades motivam profissionais a aprenderem mais sobre o concreto e a pensarem sobre sua profissão Profissionais de Destaque do Ano Prêmio de Teses e Dissertações Concursos Técnicos Estudantis Comitê lança Prática Recomendada sobre concreto reforçado com fibras Seminário discute ensino de engenharia civil no país

Revisão das normas brasileiras para controle e aceitação do CAA

BIM no domínio das estruturas de concreto Determinação da capacidade de carga de estacas através de ensaios de carregamento dinâmico Modelagem numérica da interação solo-estrutura

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

90

Técnicas de reforço

PERSONALIDADE ENTREVISTADA

NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL

NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM

ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON

Normas brasileiras sobre BIM

ESTRUTURAS EM DETALHES

70 76 82

ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br

Encontros e Notícias

NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

55 61

Ano XLIV

Converse com o IBRACON

69 Entidades da Cadeia PERSONALIDADE ENTREVISTADA

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PRESIDENTE DO COMITÊ REVISTA OFICIAL DO IBRACON NO PROJETO, CONTROLE Revista de caráter científico, tecnoló- EDITORIAL 84 E EXECUÇÃO 2016 gico e informativo para o setor produ- à Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural) tivo da construção civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto. COMITÊ EDITORIAL – MEMBROS à Arnaldo Forti Battagin ISSN 1809-7197 (cimento e sustentabilidade) Tiragem desta edição: à Bernardo Tutikian 5.000 exemplares (tecnologia) Publicação trimestral distribuida à Eduardo Millen gratuitamente aos associados (pré-moldado) à Enio Pazini de Figueiredo JORNALISTA RESPONSÁVEL (durabilidade) à Fábio Luís Pedroso - MTB 41.728 à Ercio Thomas fabio@ibracon.org.br (sistemas construtivos) à Evandro Duarte PUBLICIDADE E PROMOÇÃO (protendido) à Arlene Regnier de Lima Ferreira à Frederico Falconi arlene@ibracon.org.br (projetista de fundações) à Guilherme Parsekian PROJETO GRÁFICO E DTP (alvenaria estrutural) à Gill Pereira à Helena Carasek gill@ellementto-arte.com (argamassas) à Hugo Rodrigues (cimento e comunicação) ASSINATURA E ATENDIMENTO à Inês L. da Silva Battagin office@ibracon.org.br (normalização) à Íria Lícia Oliva Doniak GRÁFICA (pré-fabricados) Ipsis Gráfica e Editora à José Martins Laginha Neto Preço: R$ 12,00 (projeto estrutural) à José Tadeu Balbo As ideias emitidas pelos entre (pavimentação) vistados ou em artigos assinados à Nelson Covas são de responsabilidade de seus (informática no projeto autores e não expressam, neces estrutural) sariamente, a opinião do Instituto. à Paulo E. Fonseca de Campos (arquitetura) © Copyright 2016 IBRACON à Paulo Helene (concreto, reabilitação) Todos os direitos de reprodução à Selmo Chapira Kuperman reservados. Esta revista e suas (barragens) partes não podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma IBRACON de impressão mecânica, eletrônica, Rua Julieta Espírito Santo ou qualquer outra, sem o consen- Pinheiro, 68 – CEP 05542-120 timento por escrito dos autores Jardim Olímpia – São Paulo – SP e editores. Tel. (11) 3735-0202 Instituto Brasileiro do Concreto

Coluna Institucional

58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

25 32 35 36 47 50

INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO

Nelson Covas

Técnicas de reforço

projeto de edificação

6 7 8 9 11

INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO

Desenvolvimento de concretos leves para o Concrebol

Instituto Brasileiro do Concreto

INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO Fundado em 1972 Declarado de Utilidade Pública Estadual | Lei 2538 de 11/11/1980 Declarado de Utilidade Pública Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982 DIRETOR PRESIDENTE Julio Timerman DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Túlio Nogueira Bittencourt DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE Luiz Prado Vieira Junior DIRETOR 1º SECRETÁRIO Antonio D. de Figueiredo DIRETOR 2º SECRETÁRIO Carlos José Massucato DIRETOR 1º TESOUREIRO Claudio Sbrighi Neto DIRETOR 2º TESOUREIRO Nelson Covas

DIRETORA DE MARKETING Iria Licia Oliva Doniak DIRETOR DE EVENTOS Bernardo Tutikian DIRETORA TÉCNICA Inês Laranjeira da Silva Battagin DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Paulo Helene DIRETOR DE PUBLICAÇÕES E DIVULGAÇÃO TÉCNICA Eduardo Barros Millen DIRETOR DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Leandro Mouta Trautwein DIRETOR DE CURSOS Enio José Pazini Figueiredo DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO DE MÃO DE OBRA Gilberto Antônio Giuzio

CONCRETO & Construções | 5


u editorial

Balanço das edições do ano Caro leitor,

C

hegamos ao final de 2016, com as quatro edições da Revista CONCRETO & Construções registrando o mais elevado conteúdo técnico e o estado da arte de seus temas de capa – pavimentos de concreto, reforço e reabilitação de estruturas, reação álcali-agregado e informática aplicada às construções em concreto. Nas edições tivemos relatos dos eventos relevantes do setor, acompanhamentos dos trabalhos de comitês técnicos, divulgação de artigos técnicos, esclarecimentos de dúvidas e discussões sobre nossa atuação profissional para protagonizar, com elevada ética e competência, as soluções para diversos problemas de nossas cidades e da infraestrutura de nosso país. Um exemplo de caso marcante registrado pela Revista foi o do Viaduto Santo Amaro, em São Paulo, no qual a intervenção da Engenharia permitiu não só a reabilitação mas também sua readequação, com aumento do gabarito vertical, recuperando uma importante obra, outrora condenada pelo poder público em função do incêndio que a afetou. Esse resultado foi possível pelo comprometimento de várias pessoas, em especial os membros do Comitê Editorial, o Diretor de Publicações, Eng. Eduardo Millen, e do editor da Revista, jornalista Fábio Pedroso, bem como os autores e colaboradores de cada edição. Nesta edição de final de ano um dos destaques é a cobertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado de 11 a 14 de outubro, em Belo Horizonte, pelo IBRACON. Além da apresentação das várias premiações e dos relatos dos trabalhos dos Comitês Técnicos, em especial o voltado para a normalização do concreto reforçado com fibras, a edição traz as discussões travadas no Seminário de Ensino de Engenharia Civil. No evento ficou claro o clamor de professores e estudantes para transformação do ensino de graduação, com mudanças nas estruturas curriculares, expansão de métodos que façam o aluno aprender com a prática, melhoria na formação pedagógica dos docentes. Nessa linha, os tradicionais Concursos do IBRACON muito contribuem para estimular o aprendizado e motivação de nossos futuros engenheiros, como expresso no “Manifesto de Belo Horizonte”, publicado nesta edição, produto da livre iniciativa dos alunos. O tema de capa – Informática Aplicada às Construções em Concreto: Tecnologia da Informação no Projeto, Controle e Execução – é pertinente face às inacreditáveis inovações que aparecem de forma incremental a cada ano. A informática nada mais é do que o produto da sistematização do pensamento de grupos de pessoas brilhantes, que conseguem transpor todo seu conhecimento, experiência e inteligência a máquinas e equipamentos, tornando-os disponíveis e acessí-

6 | CONCRETO & Construções

veis, beneficiando milhares de pessoas. É a partir dos comandos programados que o computador realizada as inúmeras atividades e análises, de forma rápida e precisa. Chover no molhado seria fazer um paralelo entre as vigas de concreto armado calculadas e desenhadas “a mão” há cerca de 30 anos, com os refinados processos de análise, detalhamento e disponibilização do projeto em mídias impressas ou não, realizados com o auxílio do computador. Mas a Informática hoje é muito mais que isso. Análises de materiais e componentes em laboratório são automatizadas, o projeto é integrado ao orçamento e ao planejamento da obra através de detalhados processos BIM, elementos do edifício, quiçá o edifício todo, começam a ser “impressos” a partir do computador através de prototipagem, complexos ensaios de prospecção e caracterização realizados no local são analisados e apresentados instantaneamente em equipamentos portáteis. O papel vem aos poucos sendo substituído por esses equipamentos que permitem não só a visualização bidimensional, mas realísticos detalhes em várias dimensões. Robôs, já frequentes em outras indústrias, começam a fazer parte diretamente da construção de edificações. Os artigos nesta edição mostram um pouco desse admirável novo mundo virtual, hoje muito concreto. Destaca-se ainda a entrevista com o Eng. Nelson Covas, pessoa que muito contribuiu para a informática aplicada ao projeto de construções em concreto, e que aceitou o convite após várias tentativas e a partir da unanimidade do Comitê Editorial em torno de seu nome. O esforço valeu a pena e a entrevista é outro marco da Revista em função de seu conteúdo técnico e registro histórico a partir da década de 60 até hoje. Assunto com tantas vertentes, tão surpreendente e cheio de novidades, não cabe em uma única edição. A primeira edição do ano que vem continuará tratando do tema de Informática, focando no auxílio ao planejamento e controle de obras. Estão previstas ainda edições sobre a questão do ensino de engenharia, evolução do concreto como material da construção civil, concreto reforçado com fibras e outros. Então tome fôlego, aproveite a edição e se prepare para o futuro. E que venha 2017! GUILHERME PARSEKIAN Presidente do Comitê Editorial CONCRETO & Construções | 6


u coluna institucional

Balanço do último Congresso Brasileiro do Concreto e informações importantes sobre o próximo

D

e 11 a 14 de outubro de

evento: Estruturas Pré-Fabricadas de

2016, Belo Horizonte re-

Concreto, Projeto de Lajes em Con-

cebeu o 58º Congresso

creto Armado e Protendido, e Ensaios

Brasileiro do Concreto –

Destrutivos e não Destrutivos para

IBRACON. Com o objeti-

Avaliação de Estruturas de Concreto.

vo de divulgar e debater sobre a tec-

Durante o evento realizado foi lança-

nologia do concreto, o projeto e análise

da a Prática Recomendada “Projeto

de estruturas, a normalização técnica

de Estruturas de Concreto Reforçado

e sistemas construtivos, o evento com

com Fibras”, com o objetivo de for-

a temática “Ciência e Tecnologia para

necer material que traz os requisitos

a Construção em Concreto”, contou

mínimos necessários para o projeto

com a presença de mais de 1000 pes-

de estruturas de concreto reforçado

soas, entre profissionais, professores e

com fibras e pode ser adquirido na

estudantes, vindos de todos os esta-

Loja Virtual no site www.ibracon.org.br.

dos brasileiros e do exterior.

Foram realizados os concursos técni-

No 58° Congresso Brasileiro do Con-

cos, com a participação de mais de

creto foram 802 artigos recebidos e

500 estudantes de Engenharia Civil e

678 publicados nos Anais do evento. Para avaliar e revisar todos

Arquitetura. E foram homenageados profissionais de destaque

esses artigos, a Comissão Cientifica contou com o apoio de 171

do ano e as melhores teses de doutorado na área de materiais

professores e profissionais que em média revisaram mais de

e estruturas de concreto.

seis artigos cada um. Os trabalhos submetidos eram de autores

Tudo isso poderá ser conferido nesta edição.

de instituições de ensino e pesquisa, e também profissionais da

Acredito que o 58º Congresso Brasileiro do Concreto atingiu

área de engenharia, do Brasil e do exterior. Cabe aqui nossos

plenamente seus objetivos, sendo o principal deles: proporcio-

agradecimentos a esses profissionais dedicados, sem os quais

nar aos profissionais e estudantes atualização e reciclagem de

o 58º CBC não seria possível.

conhecimentos, e informações relevantes na área de concreto.

Além das três palestras magnas de conferencistas internacio-

O 59º Congresso Brasileiro do Concreto ocorrerá em Bento

nais, ocorreram durante o evento 18 sessões orais, sendo 145

Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e as atividades para orga-

trabalhos apresentados e oito sessões pôsteres, com mais de

nização do evento já se iniciaram. No ano de 2017, o Prêmio

370 trabalhos, sobre os temas Projeto de Estruturas, Análi-

de Teses e Dissertações será para os melhores trabalhos de

se Estrutural, Métodos Construtivos, Sistemas Construtivos

Mestrado nas áreas de materiais e estruturas. As datas-limite

Específicos, Materiais e Propriedades, Materiais e Produtos

para submissão dos trabalhos técnico-científicos para o 59º

Específicos, Gestão e Normalização e Sustentabilidade. Que-

CBC são:

remos agradecer a todos que colaboram na coordenação das

u Envio dos resumos: 17/02/2017;

mesas das sessões orais e das sessões pôsteres, que trou-

u Aceitação dos resumos: 10/03/2017;

xeram sempre um retorno positivo da forma que as sessões

u Envio de artigos: 30/04/2017;

transcorreram. Todas essas sessões sempre contaram com

u Aceitação de artigos: 14/06/2017;

um grande número de participantes interagindo e debatendo

u Aceitação final: 01/09/2017.

com os apresentadores.

Boa leitura!

Somado a isso, o Programa Master PEC, programa de educação continuada do IBRACON, ofereceu três cursos durante o

LEANDRO MOUTA TRAUTWEIN Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON CONCRETO & Construções | 7


u converse com o ibracon ENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: fabio@ibracon.org.br PERGUNTAS TÉCNICAS

dadas e Publicações Especiais. Todo

A norma de blocos de concreto per-

esse acervo pode ser consultado no

mite o uso da largura de 9 cm para até

Gostaria

de saber quais os principais

site www.ibracon.org.br.

um pavimento. Além disso, é preciso

materiais

(livros,

Há ainda algumas referências em li-

atender a norma de projetos, existin-

Te-

vros de fundações, como “Teoria e

do uma limitação quanto à esbeltez

nho estudado o tema e pretendo atuar

Prática de Fundações”, editado pela

da parede. Em termos práticos, en-

na área.

gostaria de entender

PINI/ABMS/ABEF, e o “Manual de Es-

tendo que essa solução só será viável

mais sobre os tipos de concreto espe-

pecificações de Produtos e Procedi-

se a parede tiver alguma armação ou

cificamente para os diferentes tipos de

mentos – Engenharia de Fundações e

se tiver enrijecedor.

fundação, solos, especificidades de so-

Geotecnia “ editado pela ABEF . O

licitações e execução.

DFI – Deep Foundation Institute, junto

GUILHERME PARSEKIAN, COORDENADOR DA PÓS-

LUCAS DE OLIVEIRA MENDES

com o EFFC europeu, tem um manual

GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO

Aluno do curso de Engenharia Civil

“Best Practice Guide to Tremie Con-

CIVIL DA UFSCAR E PRESIDENTE DO COMITÊ

UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná

crete for Deep Foundation”.

EDITORIAL

artigos, sites...) para

estudar concreto para fundações.

Assim,

Você pode consultar ainda o EuroOs tipos de concreto para as mais

code 2 - Design of Concrete Struc-

Comprei o livro “ABNT NBR 6118 Co-

variadas

aplicações

tures e o Eurocode 7 - Geothecnical

mentários e

constam nas normas técnicas bra-

Design. Recentemente, o Prof. Pau-

muito bom livro , e a qualidade de im -

sileiras, em particular, a ABNT NBR

lo Helene em resposta a consulta do

pressão

12655/2015 Concreto de Cimento

presidente da ABEF deu importantes

Matheus Fagundes,

Portland – Preparo, Controle, Rece-

esclarecimentos sobre a especifica-

tre outras , pelas disciplinas de

bimento e Aceitação – Procedimento,

ção do concreto para fundações na

creto

ABNT NBR 6118 Projeto de Estru-

edição 81 da revista CONCRETO &

deste livro , e sempre está incentivando

turas de Concreto – Procedimento,

Construções. Outro artigo interessan-

a leitura .

ABNT NBR 14931 Execução de Es-

te, apresentado em Estocolmo 2014,

Gostaria

truturas de Concreto – Procedimen-

é de Karsten Beckhaus, da Bauer,

128,

to , ABNT NBR 10839 Execução de

intitulado “Are specifications for deep

madura longitudinal, (av), consta como

obras de arte especiais em concreto

foundation concrete up-to-date?”

valor do diâmetro max do agregado,

armado e protendido - Procedimento,

É um começo para você que pretende

quando deveria constar

entre outras mais de 200 normas re-

estudar e gosta do assunto.

IZABEL DA CUNHA ALVAREZ

estruturas

e

lacionadas a concreto.

E xemplos

é excelente .

I, II

e

III,

de

A plicação”,

O P rof. R ubens

responsável , den -

Con-

recomendou a compra

que fosse verificado, na página

quando trata dos valores da ar-

0,5

1,2,

dmax.

URCAMP – Sant’ana do Livramento/RS

Você pode encontrar alguma referência

FREDERICO

também na ABNT NBR 6122 Projeto e

ENGENHEIROS ASSOCIADOS E MEMBRO DO

Excelente a sua observação. Real-

execução de fundações. Ao lado das

COMITÊ EDITORIAL

mente, no que se refere ao av, o cor-

FALCONI,

DIRETOR

DA

ZF

&

reto é 0,5.dmáx , como consta na ABNT

normas técnicas existem várias publicações do IBRACON que tratam do

Os

cm de

NBR 6118. Se houver uma nova

assunto, por exemplo, o livro “Concre-

largura podem ser utilizados em edifi-

Errata, iremos corrigir a figura da pá-

to: Ciência e Tecnologia” editado por

cações de um pavimento?

gina 128.

Geraldo C. Isaia, publicado em 2011, e

mento quanto à flabagem para esse tipo

mais de 4000 artigos técnico-científicos

de bloco, inviabilizando sua utilização em

divulgados em Congressos e Seminá-

edificações de um pavimento?

ALIO KIMURA, SECRETÁRIO DO COMITÊ IBRACON/

rios promovidos pelo IBRACON, além

LUIZ EDUARDO

ABECE

de seus periódicos, Práticas Recomen-

Recife – PE

CONCRETO

8 | CONCRETO & Construções

blocos de concreto com

Não

9

há impedi-

Agradeço pela contribuição.

DE

PROJETO

DE

ESTRUTURAS

DE


u encontros e notícias | LIVROS

Estruturas de concreto armado

A

terceira edição do livro “Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto, dimensionamento e verificação”, do professor da Universidade de Brasília, João Carlos Teatini de Souza Clímaco, foi ampliada e atualizada para se adequar à ABNT NBR 6118: 2014 – Projeto de Estruturas de Concreto Armado – Procedimentos. Voltada aos estudantes de Engenharia Civil, Arquitetura e Tecnologia, a obra objetiva auxiliar os que se iniciam no projeto de estruturas de concreto armado de edificações usuais, com a exposição didática de seus fundamentos e dos principais procedimentos e disposições normativas para o dimensionamento e a verificação de elementos estruturais básicos (vigas, pilares e lajes). à Vendas: www.elsevier.com.br

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As vantagens deste sistema construtivo, presente no Brasil há mais de 50 anos:

Eficiência Estrutural; Flexibilidade Arquitetônica; Versatilidade no uso; Conformidade com requisitos estabelecidos em normas técnicas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); Velocidade de Construção; Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.

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www.abcic.org.br CONCRETO & Construções | 9


u encontros e notícias | LIVROS EVENTOS

59º Congresso Brasileiro do Concreto recebe resumos

O

59º Congresso Brasileiro do Concreto, evento técnico-científico sobre a tecnologia do concreto e seus sistemas construtivos, recebe até o dia 17 de fevereiro os resumos dos trabalhos para serem apresentados no evento. Os temas que serão discutidos no evento são: análise estrutural; ensaios não destrutivos; gestão e normalização; materiais e propriedades; projeto de estruturas; sistemas construtivos; e sustentabilidade. O 59º Congresso Brasileiro do Concreto vai ser realizado de 31 de outubro a 3 de novembro de 2017, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

10 | CONCRETO & Construções

59ª EDIÇÃO C ONGRESSO B RASILEIR O DO

C ONCRETO B E N TO G O NÇA LVE S • R S 31 de outubro a 3 de novembro

2017


u personalidade entrevistada

Nelson

E

Covas

ngenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, formado na turma de 1970. Exerceu atividades em empresas de consultoria e construção, como Maubertec, Promon, Intertec e Método.

Atua no desenvolvimento, utilização e implantação de sistemas computacionais aplicados à engenharia estrutural de concreto armado e protendido. Conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) e do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). É diretor da TQS Informática Ltda.

um trabalho muito repetitivo em

industriais leves e pesadas, portos,

interesse pela aplicação da informática

calculadoras eletrônicas, resolvi ler

galerias, passarelas. Naquela

ao projeto, execução e gerenciamento

o manual da Olivetti 101 e fiz um

época, não existiam os atuais

de obras?

programa para calcular os referidos

microcomputadores, toda a entrada

Nelson Covas – Comecei a

coeficientes. Aí começou a minha

de dados era feita com cartão

trabalhar com informática aplicada

carreira, por acaso, na informática

perfurado e os resultados eram

à engenharia estrutural durante

aplicada à engenharia. Depois

impressos em papel através de

o ano de 1969, ainda estagiário.

de formado, fui contratado pela

resultados numéricos. Ganhei uma

Fui contratado por um brilhante

empresa do professor Maurício, a

enorme experiência em projetos

professor de concreto armado

Maubertec, e fui encarregado de

estruturais neste período e tive

da EPUSP (Escola Politécnica da

elaborar programas computacionais

conhecimento bastante aprofundado

Universidade de São Paulo), o

para outros tipos de estrutura,

das inúmeras dificuldades para se

engenheiro Maurício Gertsenchtein.

como vigas, pórticos, e para o

elaborar um projeto estrutural. A

Tive como primeira incumbência

dimensionamento de concreto

qualificação da equipe técnica da

o cálculo de coeficientes K2, K3

armado. Fiquei na Maubertec

Maubertec era excelente, boa parte

e K6 da publicação intitulada

por 10 anos, sendo autor de

eram professores universitários e

“Tabela para Cálculo de Flexão

milhares de processamentos

profissionais com larga experiência

Normal no Estádio III”, de autoria do

de modelos estruturais das

em projeto. Como todos sabem,

professor Maurício e do professor

mais variadas especialidades,

projeto estrutural é uma atividade

John Ulic Burke Jr. Como eu fazia

como edifícios, pontes, obras

de alta complexidade, que envolve

IBRACON – Como

começou seu

CONCRETO & Construções | 11


responsabilidade, com uma

uma das maiores

remuneração aquém do desejado.

contribuições

Pois esta foi a minha grande

que este novo

motivação pessoal para trabalhar

processo

com informática em projetos

proporcionou aos

estruturais. Com a utilização de

engenheiros é a

recursos computacionais avançados,

expedita definição

o engenheiro poderia analisar melhor

geométrica

sua estrutura, reduzir os prazos e

dos elementos

aumentar a qualidade do projeto, enfim, aumentar a competividade no

estruturais, como Olivetti 101 utilizada em 1969

vigas, pilares e

mercado e ter melhores condições

lajes, permitindo

de exercer sua atividade profissional.

etapas de projeto, como modelagem,

uma rápida definição da estrutura

Esta questão de criar melhores

análise estrutural, dimensionamento,

e uma grande interação com os

condições ao projetista estrutural

detalhamento e desenho dos

arquitetos na definição estrutural. O

para elaborar suas tarefas foi para

elementos. Com isso, a mudança na

uso da informática tornou possível a

mim a grande motivação para investir

forma de se conceber e projetar uma

obtenção de uma solução estrutural

no ramo da informática. Esta questão

estrutura mudou radicalmente nos

mais precisa, uma vez que permitiu

ainda continua até hoje, depois de

últimos 20 anos, no Brasil e no mundo.

ao engenheiro analisar diversas

passados quase 46 anos, o maior

As antigas pranchetas de desenho

alternativas para a estrutura de forma

incentivo pessoal para continuar a

desapareceram e os excelentes

produtiva. Outro importante ponto

desenvolver software para o projeto

profissionais “formistas” também estão

também é o devido equacionamento

de estruturas.

quase em extinção. Hoje em dia, o

e atendimento às inúmeras alterações

engenheiro estrutural se concentra na

de projeto, que sempre ocorrem, de

frente da tela de um microcomputador,

forma mais rápida, completa

o modo de se conceber e projetar estru-

lança a estrutura e faz, de forma muito

e confiável.

turas de concreto?

rápida e quase automática, todo o

Nelson Covas – Hoje em dia, no

processo rotineiro do projeto, que

IBRACON – Que

mundo todo, praticamente não existe

demorava significativamente pelos

truturais a informática possibilitou que se

projeto estrutural sem a utilização

processos convencionais. Apesar

tornassem corriqueiras?

intensa dos recursos da informática.

disso, o lançamento estrutural, a

Nelson Covas – A informática é

O Brasil é um dos países onde

criação e definição da estrutura,

intensamente aplicada em todo

a automação na elaboração de

etapa imprescindível no processo,

tipo de projeto de estruturas de

projetos estruturais em edificações

continuam exclusivamente com o

concreto armado. Entretanto,

convencionais do ramo imobiliário está

engenheiro, pois exige recursos,

é no segmento de edificações,

entre as mais avançadas do mundo,

como a criatividade e o raciocínio

onde prevalece o conceito de

se não for a mais avançada. Em nosso

lógico consistente com fundamentos

pisos sobrepostos, constituídos

país investiu-se muito na automação

teóricos, que nunca poderão ser

pelos elementos de vigas, lajes e

de forma integrada das diversas

supridos pelos softwares. Assim,

pilares, que a informática tornou a

IBRACON – Como

a informática mudou

tipos de soluções es-

ESTA QUESTÃO DE CRIAR MELHORES CONDIÇÕES AO

12 | CONCRETO & Construções

PROJETISTA ESTRUTURAL PARA ELABORAR SUAS TAREFAS FOI PARA MIM A GRANDE MOTIVAÇÃO PARA INVESTIR NO RAMO DA INFORMÁTICA


SOFTWARE NÃO ELABORA PROJETOS. O SOFTWARE É APENAS UMA FERRAMENTA PARA CÁLCULO E GERAÇÃO DE DESENHOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS

tarefa mais rotineira e trabalhosa

desenhos dos elementos estruturais.

para o conhecimento, a experiência

do projeto mais automatizada. É

Do ponto de vista mais prático, há

e a criatividade do engenheiro. As

importante ressaltar que esta tão

uns 20 anos, elaborar um projeto

tarefas já mencionadas de geração de

almejada automação não eliminou

estrutural de um edifício de 30 pisos

modelos de análise, dimensionamento

as inevitáveis complexidades do

era algo considerado complexo.

e detalhamentos são tarefas

projeto estrutural em razão das

Hoje em dia, por todo o país, com o

complexas e estão ainda distantes de

inúmeras soluções estruturais

auxílio dos recursos da informática,

uma automação plena.

possíveis e da diversidade de

temos inúmeras empresas e até

Geralmente, o engenheiro recém-

formas e dimensões dos elementos

engenheiros atuando como pessoa

formado não tem conhecimentos

estruturais. A extraordinária liberdade

física que realizam esta tarefa. O

técnicos suficientes para entender o

de forma que o elemento concreto

desafio agora é o de projetar edifícios

comportamento do material concreto

armado fornece ao arquiteto e ao

com 50, 60 pisos.

armado, material heterogêneo, de

engenheiro estrutural para conceber

comportamento não elástico e não

a estrutura é uma enorme qualidade

IBRACON – Como as limitações e a

linear. Um dos equívocos mais comuns

do material de construção, mas traz

inexperiência de um engenheiro recém-

é o engenheiro recém-formado

inúmeras dificuldades ao projeto.

formado podem conduzir a falhas e

achar que pode ser capaz projetar

Em qualquer edifício com relativa

erros graves no projeto estrutural com

uma estrutura de concreto armado

altura, não temos mais elementos

a aplicação automática de softwares?

utilizando um software sofisticado de

simples de seção retangular - agora

Nelson Covas – Software não elabora

elementos finitos, discretizando todos

os pilares possuem diferentes

projetos. O software é apenas uma

os seus elementos em cascas ou

seções transversais, as lajes são de

ferramenta para cálculo e geração de

sólidos e integrando as tensões de

inúmeros tipos, as vigas possuem

desenhos de elementos estruturais.

tração para determinar as armaduras.

furos e seção variável. Essa tarefa

Esses desenhos somente se tornam

Mas, o concreto armado se comporta

mais corriqueira e complexa deve-

desenhos representativos de projeto

de forma diferente de material elástico

se em grande parte à integração

após a análise, verificação e validação

e linear, o dimensionamento no ELU

entre as fases de modelagem

da sua exatidão. Os softwares ainda

(Estado Limite Último) é feito no

estrutural, geração do modelo

não estão no estágio de equacionar

estádio III, em certos elementos é

analítico para cálculo de solicitações,

adequadamente todas as variáveis

preciso utilizar a técnica de bielas-

dimensionamento, detalhamento

presentes num projeto. O computador

tirantes, existem armaduras mínimas a

e geração semiautomática dos

e o software não são substitutos

respeitar etc. Outro ponto importante a considerar é que a estrutura de concreto armado não é construída instantaneamente - ela vai sendo erguida aos poucos e as cargas vão sendo gradativamente aplicadas ao longo do tempo. Já o modelo estrutural criado no software, usualmente, trata a estrutura

Realidade brasileira: automação entre as etapas de projeto

como um todo, como um modelo CONCRETO & Construções | 13


completo. Isto pode trazer uma série

projetos estruturais automaticamente,

de acordo com o esperado? Os

de incoerências, caso esse efeito

mas é uma ferramenta fundamental,

deslocamentos da estrutura estão

incremental das cargas não seja

nos dias de hoje, para tal. Alguns

conforme o previsto? Os softwares

adequadamente considerado. Por

pontos importantes a serem seguidos

fornecem ferramentas gráficas

exemplo, para as cargas verticais, a

no uso de softwares: conhecer

para que esses pontos possam ser

estrutura física vai se deformando e

as normas técnicas relacionadas

analisados com facilidade. Hoje em

as novas concretagens vão nivelando

ao projeto; estudar com afinco a

dia, não se admite que um engenheiro

o topo dos pilares piso a piso. Já

documentação técnica do software,

possa projetar uma estrutura sem

para as forças horizontais, por

discernindo sua aplicabilidade e

visualizar os resultados do pórtico

exemplo, o vento, a estrutura já está

limitações; entender que o software

espacial, fato que ocorria há alguns

completamente executada. Portanto,

fornece, além dos resultados finais,

anos. Uma verificação fundamental,

numa análise estrutural mais realista,

resultados parciais para validação de

simples, mas, às vezes, não realizada,

de concreto armado, temos que ter

cada etapa do processo de projetar;

é a conferência global das cargas

dois modelos de análise diferentes

verificar se a empresa de software

verticais aplicadas nas edificações.

para atender a esses dois tipos de

fornece suporte técnico adequado;

Qual o valor da carga vertical total

ações. Tenho visto muitos casos nos

ter conhecimento de que todo

média por metro quadrado de projeto?

quais as vigas de transição estão

software tem deficiências em casos

Qual o valor da força horizontal média

subdimensionadas, as vigas estão

particulares não previstos; e consultar

devido ao vento? Todo software

com armaduras insuficientes para o

os engenheiros estruturais experientes.

emite esses valores normalmente

momento positivo devido ao engaste

como um resumo das informações

num apoio irreal, as lajes

IBRACON – Na utilização de grandes

do processamento do projeto. Para

são calculadas como colaborantes

programas de cálculo estrutural como

edifícios elevados, qual o valor do

para resistir a esforços horizontais,

se deve proceder para verificar se os

coeficiente de estabilidade global

mas com momentos fletores nos

resultados parciais estão coerentes e o

GamaZ? Este coeficiente mostra,

apoios, onde o dimensionamento se

resultado final é o esperado?

geralmente, através de apenas um

torna impossível.

Nelson Covas – Em softwares

número se a proposta estrutural é

integrados com elevado grau de

estável ou não. E os deslocamentos?

automação, as diversas etapas do

Também de forma gráfica, é muito

recomendações para o bom uso

projeto estrutural são processadas

simples analisar se a estrutura se

de aplicativos voltados para a

automaticamente. Isto não quer

desloca nas direções vertical e

construção civil?

dizer que o projeto é feito de

horizontal conforme o esperado. Do

Nelson Covas – Existe um antigo ditado

forma automática. Um ponto

ponto de vista de dimensionamento e

de engenheiros estruturais experientes

inicial importante a ser verificado

detalhamento, relatórios são sempre

que diz: “se você não consegue

é a determinação das solicitações

emitidos com mensagens de avisos

enxergar o comportamento global

nos elementos estruturais. Itens,

de erros, médios ou graves, onde

da sua estrutura, não a projete; não

como o modelo estrutural gerado,

não houve possibilidade do correto

é apenas o software que vai resolver

está coerente com o desejado? Os

dimensionamento. Portanto, o mais

o seu problema”. Software algum faz

esforços solicitantes principais estão

importante é não acreditar cegamente

IBRACON – Quais

são suas

“ 14 | CONCRETO & Construções

SE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENXERGAR O COMPORTAMENTO GLOBAL DA SUA ESTRUTURA, NÃO A PROJETE; NÃO É APENAS O SOFTWARE QUE VAI RESOLVER O SEU PROBLEMA


SIS Engenharia e França & Associados Engenharia

enxergar através

estruturas de concreto armado.

do programa o

Modelos atuais

choque entre as

IBRACON – Como as normas

armações?

técnicas influenciam o trabalho de

Nelson Covas –

construção e revisão dos softwares

Já existem hoje

para construção civil?

no mercado

Nelson Covas – As empresas de

softwares que

software para engenharia estrutural

operam em 3D e

são obrigadas a seguir normas

que analisam a

técnicas para que possam atender

interferência entre

aos seus usuários e se manter

as armaduras

competitivas no mercado. Como as

das estruturas de

normas evoluem permanentemente,

concreto armado.

os softwares também são obrigados

Esses softwares

a evoluir conforme elas, sendo isto

ainda possuem

um grande desafio. Se a empresa não

no resultado final e, sempre, analisar

a sua utilização restrita a obras

tiver a capacidade de evoluir conforme

os resultados parciais, desde a

especiais e a algumas estruturas pré-

as normas, ela, simplesmente,

modelagem, análise estrutural,

fabricadas, nas quais a interferência

morre. Daí o grande desafio aos

dimensionamento, detalhamento

tem certa relevância. Normalmente, os

desenvolvedores de software em

e desenho. Conferir sempre o

softwares integrados para edificações

criar técnicas de programação,

resultado final com pequenas contas

existentes no mercado não possuem

estruturação de dados, que permitam

feitas manualmente de forma muito

esta capacidade, sendo necessária

a devida evolução técnica. Uma

aproximada. Nas etapas iniciais de

a integração das informações

empresa de software corre maior

projeto, a visão global deve prevalecer

entre os sistemas de diversos

risco de sair do mercado, não pela

sobre a visão local; a chamada “ordem

fornecedores. Nas edificações usuais

falta de clientes, mas, sim, pela falta

de grandeza” deve ser sempre avaliada

e convencionais de concreto moldado

de evolução e acompanhamento

e certificada, seja para uma estrutura

“in loco”, o mercado não deu ainda

das novas tecnologias. Vale a pena

simples ou complexa. Também existe

a devida importância a esta questão.

lembrar também uma questão sobre

uma regra importante no mercado

Atualmente, esses softwares que

normas técnicas de concreto armado.

de projetistas estruturais com mais

operam com armaduras em 3D ainda

É de pleno consenso que o projeto

experiência - se o software não

são onerosos e não estão muito

estrutural possui uma complexidade

consegue emitir resultados parciais

difundidos, mas já existem soluções

inevitável; por consequência direta, as

para a devida verificação e validação,

práticas e funcionais para a indústria

normas técnicas também possuem

troque para um software que atenda a

de pré-fabricados. A tendência natural

uma complexidade inevitável. Como

este quesito.

de mercado é que essas ferramentas

não deveria deixar de ser os softwares

se popularizem e que possam ser

também possuem essa mesma

aplicados também na maioria das

complexidade. Assim, não existem

IBRACON – Como fazer para melhor

O MAIS IMPORTANTE É NÃO ACREDITAR CEGAMENTE NO RESULTADO FINAL E, SEMPRE, ANALISAR OS RESULTADOS PARCIAIS, DESDE A MODELAGEM, ANÁLISE ESTRUTURAL, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO E DESENHO

CONCRETO & Construções | 15


COMO AS NORMAS EVOLUEM PERMANENTEMENTE, OS SOFTWARES TAMBÉM SÃO OBRIGADOS A EVOLUIR CONFORME ELAS, SENDO ISTO UM GRANDE DESAFIO

softwares simples, de fácil utilização,

nova norma. Este foi um grande

usuário é sempre realizada adotando-

bem como é muito difícil encontrar

diferencial para que a norma ABNT

se os critérios da norma atual vigente.

um software que atenda a todos os

NBR 6118:2003 fosse implantada

requisitos prescritos nas normas de

rapidamente em todo o Brasil.

IBRACON – Quando um novo software

concreto armado.

Com relação à obrigatoriedade de

é lançado no mercado construtivo, ele

se utilizar critérios específicos de

foi devidamente validado?

IBRACON – Você considera que a

uma norma, os softwares permitem

validação?

informática, da forma como é utilizada

geralmente que o usuário utilize alguns

Quais critérios são seguidos?

critérios secundários em desacordo

Nelson Covas – Se estamos tratando

aos requisitos estabelecidos nas normas

com a norma. Isto é devido a diversos

de um software integrado de um certo

técnicas?

fatores. Um deles é a questão de que

porte, a resposta é, geralmente, não.

possível alterar itens obrigatórios por

alguns usuários não reconhecem a

Desenvolver softwares integrados para

norma e já registrados em um software?

norma com força de lei. Outro fator

a engenharia estrutural de concreto

Nelson Covas – Esta é uma questão

é a questão de interpretação dos

armado é uma tarefa complexa

interessante. Vamos lembrar que

itens da norma - alguns entendem

e que leva muito tempo. Eu diria

o nosso país possui dimensões

de uma maneira e outros de outra.

que o tempo de maturação de um

quase continentais. Temos algumas

Um ponto importante é relacionada

software integrado profissional é de

regiões com culturas técnicas bem

a não obediência de itens da norma

5 a 10 anos. Por mais que estudos

diferentes das outras. Implantar

brasileira, pois o engenheiro pode se

preliminares possam ser feitos, o

uma norma num país como o nosso

basear em recomendações de normas

desenvolvedor consegue enxergar

é um grande desafio. Quando foi

internacionais ou de resultados de

apenas uma parte dos problemas

finalizada e publicada a norma ABNT

ensaios. Por isso, os softwares vão

que serão encontrados, a evolução

NBR 6118 ainda em 2003, com

sendo desenvolvidos com diversos

da tecnologia do material concreto

substanciais modificações com

critérios, alguns deles não exatamente

e das normas técnicas não tem fim.

relação à norma anterior, as empresas

em conformidade com a norma.

Portanto, quando o software vai para

de software tiveram o prazo de um

Outro ponto prático a considerar é

o mercado é a ocasião para o início

ano para adaptar os sistemas aos

quando o usuário deseja verificar um

dos desafios do desenvolvimento.

novos requisitos de norma. Era do

projeto realizado há tempos atrás

Em função das solicitações de

conhecimento de todos também que

com a norma anterior - ele tem

usuários, muitas vezes é necessário

alguns quesitos importantes desta

que ter condições de realizar esta

que sejam feitas alterações na

norma de 2003 somente poderiam

tarefa com critérios da antiga norma.

base de dados, introdução de

ser equacionados adequadamente

Portanto, em um software profissional,

novos critérios de projeto etc. Um

através de softwares. As empresas

principalmente os softwares integrados

ponto importante também é que

se prepararam e conseguiram atender

que chegam até o detalhamento das

os engenheiros estruturais não

o mercado no prazo estabelecido.

armaduras, convivem diversas versões

projetam de uma única forma. Existem

Algumas empresas também

de uma mesma norma, diversos

inúmeras e diferentes soluções por

percorreram todo o Brasil, ministrando

critérios alternativos a um mesmo

ocasião da análise estrutural, das

cursos sobre como utilizar o software

quesito. É importante ressaltar que,

considerações para dimensionamento,

frente aos novos itens descritos na

geralmente, a entrega do software ao

detalhamento, desenho etc. É uma

hoje no

Brasil, favorece o atendimento O usuário tem como escolha

16 | CONCRETO & Construções

Como é esta

Quem participa do processo?


O PRINCIPAL TESTE MESMO É FEITO DIARIAMENTE PELOS INÚMEROS USUÁRIOS QUALIFICADOS QUE, CONSTANTEMENTE, FICAM PROCESSANDO NOVOS EDIFÍCIOS, ANALISANDO E QUESTIONANDO RESULTADOS EMITIDOS, E INTERAGINDO COM O DESENVOLVEDOR

tarefa absolutamente sem fim.

Dependendo da qualidade, diversidade

e que a estrutura não é construída

Desenvolver um software integrado

e quantidade dos edifícios de testes,

instantaneamente; aplicar cargas

para concreto armado é como

podemos dizer que o sistema é mais

atuantes na estrutura adequadamente,

projetar a fundação de um edifício

ou menos testado. Mas, o principal

especialmente as forças horizontais

sem conhecer, “a priori”, o número

teste mesmo é feito diariamente pelos

devidas ao vento; definir corretamente

de pisos. Depois de feito o edifício é

inúmeros usuários qualificados que,

os conceitos relacionados ao

preciso, obrigatoriamente, reforçar a

constantemente, ficam processando

comportamento de vigas, pilares, lajes,

fundação para o incremento de mais

novos edifícios, analisando e

pilares-parede, sapatas etc.; estudar a

pisos; às vezes, é preciso trocar o

questionando resultados emitidos,

ligação e a compatibilização entre os

elemento de fundação e, outras vezes,

e interagindo com o desenvolvedor.

diversos elementos; tratar propriedades

é preciso trocar toda a fundação, tudo

Este é o teste final e verdadeiro. Com

de seções transversais para cálculo em

isso com o edifício funcionando. Mas,

tudo isso, ainda existe uma máxima

ELU e ELS (Estado Limite de Serviço);

o ponto mais importante é a validade

no mercado de softwares integrados

analisar se os pilares estão engastados

dos resultados do software. Apenas

para a engenharia estrutural com a

nas fundações, os efeitos dinâmicos,

com a participação de diversos

qual eu concordo plenamente: “não

os efeitos de segunda ordem, casos de

usuários capacitados tecnicamente,

existe software sem erros, não existe

pilares sem travamento, entre outros.

com diferentes filosofias de projeto,

software sem erros graves”. É a

Todos esses pontos, alguns softwares

é possível fazer a validação de um

pura realidade, existem softwares

integrados tratam adequadamente.

software integrado para projetos

mais testados e confiáveis e existem

Cabe ao engenheiro projetista

estruturais de concreto armado.

softwares menos testados e menos

selecionar, ao modelar a estrutura, os

Por essas razões é que o software

confiáveis. Se o desenvolvedor tivesse

quesitos de modelagem que mais lhe

somente chega a uma fase adulta

conhecimento do lugar onde estão os

convém para o caso em projeto.

depois de muitos anos, talvez

erros graves (geralmente, em casos

décadas, de pleno uso no mercado.

muito particulares), ele os corrigiria

IBRACON – Como está o

Portanto, faz parte do processo de

imediatamente.

desenvolvimento dos softwares de

validação de um software, tanto a

interação fundação-estrutura?

equipe técnica do desenvolvedor

IBRACON – Quais os cuidados que

Existe boa aceitação dos profissionais

como uma parcela dos usuários.

um engenheiro projetista deve ter ao

envolvidos?

Como o software continuamente evolui

modelar uma estrutura?

visão, a integração dos profissionais

e é alterado, para distribuir qualquer

Nelson Covas – Esta pergunta poderia

envolvidos e quais lacunas precisariam

nova versão ao mercado é preciso

ser tema para se escrever um livro

ser preenchidas?

garantir a qualidade inicial através de

sobre o assunto. Vou tentar apenas

Nelson Covas – Existem diversos

testes e mais testes. Geralmente, as

relatar alguns itens que considero

softwares provenientes do exterior

empresas possuem uma equipe de

importantes para estruturas de concreto

para calcular a interação fundação-

testes, com programas que testam

armado: aplicar os requisitos de

estrutura. Geralmente, esses

programas, tanto remotamente como

normas técnicas; não tratar elementos

softwares são bastante complexos,

interativos, onde os milhares de

de concreto armado como elásticos

tanto do ponto de vista teórico como

edifícios catalogados são analisados

lineares; entender que o concreto

do ponto de vista da utilização, e, salvo

e validados permanentemente.

armado é um material não homogêneo

raras exceções, não são empregados

Como se daria, na sua

CONCRETO & Construções | 17


que na hora

convencionais do ramo imobiliário.

de enfrentar

Em obras especiais, como linhas de

esse problema

metrô, barragens, obras especiais,

de frente.

esses softwares são empregados

Atualmente, está

com frequência. Existem também

sendo formado

outros softwares disponíveis para esta

um grupo de

função, softwares mais expeditos

estudos para

e práticos, que também, nos dias

tentar evoluir,

atuais, quase não são empregados.

tecnicamente, no

O que sabemos, com certeza, é que

equacionamento

a superestrutura de uma edificação

dessa importante

e os seus elementos de fundação

questão.

estão intimamente ligados. Sabemos

Participarão

também que recalques diferenciais

deste grupo engenheiros estruturais,

recursos têm sido introduzidos

entre os elementos de fundação e,

geotécnicos e empresas de software.

softwares estruturais” no sentido de

consequentemente, entre os pilares

Complementando, creio também que

aperfeiçoar as estimativas, considerando

da superestrutura, existem. Por que

temos um grande obstáculo técnico

a incidência e o desenvolvimento de

então ignorá-los? O assunto está

para enfrentar nessa questão - trata-

fissuras nas peças fletidas, retração e

presente e é tema atual de grandes

se de equacionar o comportamento

deformação lenta do concreto?

conversas e discussões. Segundo

reológico do concreto armado, tanto

Nelson Covas – A questão da

o meio geotécnico, a elaboração

dos elementos de fundação como

flexibilidade da estrutura é uma

de um projeto totalmente integrado

da superestrutura. Especialmente

questão prescrita nas nossas

(infra + superestrutura) é ainda

neste caso, é preciso que o software

normas técnicas. Toda estrutura

complexa. Da forma como se projeta

reconheça que a infra e superestrutura

se deforma sob a ação de cargas

hoje - fundações independentes da

não é executada e carregada

verticais e forças horizontais. A

estrutura - os geotécnicos dizem que

instantaneamente, e sim ao longo

norma brasileira estabelece limites

tem “funcionado” muito bem sem

de alguns meses ou anos. Outro

para o deslocamento horizontal no

problemas. Segundo os engenheiros

ponto importante seria a definição

topo edifício, no estado limite de

estruturais, a introdução de recalques

de quesitos normativos para auxiliar

serviço (ELS), sob a ação de forças

diferenciais na estrutura provoca

os estruturalistas e geotécnicos na

horizontais. O mesmo ocorre para o

maiores esforços, maiores taxas de

abordagem do problema.

deslocamento horizontal entre pisos

França & Associados Engenharia

na grande maioria dos edifícios

Modelos ELU e ELS

“nos

de um edifício. O edifício também

concreto e armaduras, levando a um projeto mais oneroso financeiramente.

IBRACON – Em edifícios residenciais

pode se deslocar horizontalmente

No máximo, o engenheiro estrutural

e comerciais ainda se tem presenciado a

sob a ação de cargas verticais. Com

hoje aplica coeficientes de recalque

ocorrência de patologias em alvenarias e

relação a deslocamentos verticais,

vertical na base dos pilares. A minha

revestimentos, decorrentes de excessiva

é necessário verificar a flecha das

experiência diz que já está mais do

flexibilidade da estrutura.

vigas e lajes no ELS. Além da flecha

Quais

SABEMOS QUE RECALQUES DIFERENCIAIS ENTRE OS ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE, ENTRE OS PILARES DA SUPERESTRUTURA, EXISTEM.

18 | CONCRETO & Construções

POR QUE ENTÃO IGNORÁ-LOS?


Análise de flechas em pavimentos

encontrado para

desempenho e mais duráveis?

tratar o material

Nelson Covas – Nos dias de hoje,

concreto armado

tarefas que pareciam impossíveis de

e o processo

serem realizadas estão ao alcance

construtivo.

de um microcomputador e um bom

Evidentemente

software. A visualização 3D dos

que o projeto

elementos constituintes de uma

de alvenaria

construção é uma realidade. Análise

deve também

de interferências entre a estrutura,

contemplar

as instalações elétricas, hidráulicas,

o prazo de

de ar-condicionado, e arquitetura,

escoramento,

pode ser realizada corriqueiramente

cura do concreto

hoje em dia. Indo mais além, até as

etc. Voltando ao

armaduras dos elementos de concreto

fator flexibilidade,

armado podem ser visualizados

diversos

em 3D. E o que é mais importante,

máxima, é também solicitada a

colegas julgam os limites de norma

associado a esses elementos, temos

verificação da distorção máxima

exageradamente rígidos para serem

todas as informações técnicas e

angular sob as alvenarias. Todas

obedecidos. Se esses parâmetros

gerenciais correlacionadas. Com

essas variáveis são calculadas de

de norma forem obedecidos e os

esses dados, se torna possível analisar

forma automática pelos softwares

valores dos deslocamentos obtidos

alternativas, estimar custos, programar

disponíveis para o projeto estrutural.

forem discriminados no projeto, creio

o cronograma de execução, indo até

Alguns desses softwares realizam

que o projeto de alvenaria possa

a fase de operação e manutenção.

também a análise não linear física

ser realizado para que as patologias

Acompanhar a execução da edificação

(concreto e aço, estádio II), que

sejam minimizadas ou eliminadas.

de acordo com o projetado, em todas

considera a fissuração da peça e

É importante observar que as

as suas funcionalidades (técnicas,

também a deformação lenta do

estruturas em geral se tornaram

custo, tempo etc.), já está ao alcance

concreto para a verificação de

nitidamente mais esbeltas e, portanto,

do dia a dia das empresas. Entretanto,

flechas em vigas e lajes num piso.

mais flexíveis, ao longo das últimas

a única certeza que temos hoje é

O encurtamento vertical de cada

décadas, tornando a adequada

a contínua evolução dos recursos

lance de pilar sob a ação das cargas

análise em serviço, muitas vezes,

computacionais e das funcionalidades

verticais também é facilmente obtido.

preponderante nos projetos.

agregadas aos softwares para facilitar e tornar mais acessível o seu emprego.

Portanto, do ponto de vista de análise, diversas grandezas podem

IBRACON – Como esses recursos

ser obtidas através dos softwares.

informacionais de última geração têm

IBRACON – Como o desenvolvimento

Eu sempre digo que esses valores de

sido usados no projeto, construção,

da informática aplicada à construção

flechas obtidos são sempre valores

gerenciamento e manutenção de obras

civil, aliada à internet, tem possibilitado

estimados pelo grau de complexidade

mais econômicas, ousadas, com melhor

a integração de projetistas e

ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DA EDIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PROJETADO, EM TODAS AS SUAS FUNCIONALIDADES (TÉCNICAS, CUSTO, TEMPO ETC.), JÁ ESTÁ AO ALCANCE DO DIA A DIA DAS EMPRESAS

CONCRETO & Construções | 19


OS COORDENADORES DE PROJETO PODEM AGORA, DE FORMA DINÂMICA E PRÁTICA, REALIZAR A COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS, ALERTANDO POSSÍVEIS PONTOS DE INTERFERÊNCIA – É COMO SE A OBRA FOSSE CONSTRUÍDA VIRTUALMENTE

executores, de fornecedores e

interferência sejam sanados na

construtores?

construtores, tornando a coordenação

própria concepção, o processo

para o mercado de softwares no

de projetos mais eficiente?

de criação se torne dinâmico e as

e no mundo?

Nelson Covas – A nossa construção

modificações sejam absorvidas com

Nelson Covas – O BIM é, antes de

civil está dando um salto tecnológico

naturalidade. Na obra, o engenheiro

tudo, uma tecnologia no tratamento

importante nos dias atuais. Na nossa

pode, portanto, acompanhar a

das informações dos componentes

modalidade de construção - mercado

execução de sua estrutura com

de uma construção. Traduzindo a

imobiliário - temos dezenas de

os projetos acessíveis e à sua

sigla podemos denominar BIM por

fornecedores independentes para

disposição, controlando a qualidade

modelagem das informações da

uma mesma obra. Cada projetista

da montagem das armaduras,

construção. A sigla BIM é novidade de

trabalha, de certa forma, como se

concretagem etc. Se a resistência do

alguns anos, mas a tecnologia, não.

fosse independente dos demais. Daí

concreto ficou abaixo da desejada,

Quando eu trabalhei numa empresa

a grande necessidade de integração

tanto o construtor como o projetista

de engenharia consultiva em 1980,

de informações entre os diversos

estrutural podem visualizar, logo após

a Promon Engenharia, tive contato

fornecedores para um projeto global

a disponibilização dos ensaios dos

com o engenheiro Luiz Esmanhoto,

de construção. Neste ponto, a

corpos de prova, imagem em 3D de

que publicou um interessante artigo

internet veio suprir uma grande lacuna

quais peças estão não conformes

intitulado “CAD-Fundamentos e

para a integração do projeto e da

e tomar as providências cabíveis. O

Tecnologia”. Este artigo poderia ser

própria construção. Aliás, depois do

acompanhamento do cronograma de

hoje publicado trocando apenas

grande salto tecnológico que foi o

execução, visualizando a obra real é

o nome por “BIM-Fundamentos

CAD (Computer Aided Design) nos

de grande importância ao construtor.

e Tecnologia” e continuaria muito

anos 80 e 90, a internet foi a grande

Isto sem citar as alternativas de

atual. O engenheiro Esmanhoto era

revolução e novidade que surgiu para

projetos que podem ser realizadas

um autêntico visionário nesta área,

auxiliar na comunicação e integração

em prazos exíguos e com a devida

prevendo o que ocorreria décadas

entre projetistas e construtores. As

confiabilidade na elaboração dos

à frente. Neste artigo, já estava

informações fluem com rapidez, ficam

orçamentos, visando uma otimização

previsto o tratamento da informação

armazenadas “nas nuvens”, acessíveis

de custos.

da construção desde o projeto,

em qualquer localidade através de dispositivos móveis portáteis. Os

IBRACON –

coordenadores de projeto podem

Como você vê

agora, de forma dinâmica e prática,

o

realizar a compatibilização de

contexto de

projetos, alertando possíveis pontos

desenvolvimento

de interferência – é como se a obra

de recursos

fosse construída virtualmente. Numa

informacionais para

situação ideal, as diversas disciplinas

construção?

de projeto interagem em paralelo,

que é o

e não sequencialmente, criando

recursos ele traz

condições para que problemas de

para projetistas e

20 | CONCRETO & Construções

BIM nesse

O

BIM? Que Visualização 3D de armaduras

Que mudanças ele traz

Brasil


A PADRONIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES SE TORNOU UM ASPECTO FUNDAMENTAL PARA QUE OS DIVERSOS INTERVENIENTES DO PROCESSO POSSAM TROCAR DADOS DE FORMA EXPEDITA E PRÁTICA

Mapa de concretagem digitalizada

processo. Tudo

BIM funcione adequadamente. É

isso se tornou

preciso padronização, disciplina e

possível graças

regulamentação entre os diversos

às facilidades de

projetistas, construtores e softwares

comunicação

no tratamento das informações.

atualmente

Sem isto, trabalhos necessitam ser

existentes via web.

refeitos em outro software, o que

A padronização e

foge completamente à filosofia BIM.

organização das

Portanto, BIM não é uma grande

informações se

novidade, pois já se utilizava o conceito

tornou um aspecto

BIM há muito anos, o que temos

fundamental para

hoje, muito adequadamente, são

que os diversos

equipamentos e softwares muito mais

planejamento para contratação

intervenientes do processo possam

potentes, com novas funcionalidades

na indústria, execução, operação

trocar dados de forma expedita e

e o poder de comunicação via web.

e manutenção. Este artigo foi

prática. A tecnologia BIM para ser bem

O grande desafio atual é a questão da

fundamental para o desenvolvimento

aplicada e gerar bons resultados exige

forma de organização das informações

dos sistemas integrados desenvolvidos

também muito treinamento de pessoal

e da comunicação entre os diversos

pela empresa onde atuo. A filosofia

e novos conhecimentos de base de

softwares, a tal da interoperabilidade.

geral já estava estabelecida há 35

dados e recursos computacionais.

Este é o nosso maior entrave. Em

anos. Evidentemente que os recursos

Em suma: BIM não é apenas um

países onde existem escritórios de

da informática evoluíram muito

software, BIM não é apenas visualizar

projeto multidisciplinares, a implantação

desde aquela época e o BIM está se

informações em 3D. BIM é antes de

do BIM é mais rápida, pois a plataforma

tornando uma realidade.

tudo uma tecnologia no tratamento de

de software utilizada é padronizada e as

Portanto, BIM nos dias atuais nada

informações que afeta diretamente a

informações fluem mais facilmente de

mais é do que a tecnologia para

qualidade, o custo e o prazo

uma especialidade a outra.

tratamento das informações envolvidas

da construção.

Comentando um pouco mais

na construção, informação estruturada,

Atualmente, nenhum grande fornecedor

sobre o mercado internacional de

hierarquizada, organizada, com

de software mundial, entre as quatro

softwares BIM para engenharia,

objetos definidos parametricamente,

empresas mais avançadas na

temos a concentração em quatro

disponível em diversos dispositivos de

tecnologia BIM, possui condições de

grandes empresas, três delas atuando

hardware, possível de ser visualizada

atender convenientemente a todas as

fortemente no Brasil. Cada uma delas

em 3D, acessível por inúmeros

especialidades envolvidas no projeto e

luta para implantar o seu padrão de

intervenientes do processo construtivo

execução de uma obra, principalmente

troca de informações e aumentar a

e percorrendo todo o ciclo de produção

nos detalhes técnicos normativos

sua base de softwares instalados.

de componentes, desde a indústria,

existentes em nosso país. Daí a

Outras empresas, com softwares

projeto, construção, operação e

absoluta necessidade de comunicação

especialistas numa determinada etapa

manutenção. É a construção virtual

entre os diversos softwares. Este é

do projeto, estão sendo adquiridas

acessível a todos os envolvidos no

o ponto crítico para que a tecnologia

por essas quatro gigantes. Não se CONCRETO & Construções | 21


tem ideia ainda como este mercado

o que é ótimo! Conceitualmente,

temos inúmeros obstáculos a superar

se comportará no futuro. Note o

de forma genérica, tanto para

ainda, o principal deles sendo o da

caso específico do Brasil - como

estruturas moldadas “in loco” como

interoperabilidade. Nenhum software

temos uma norma própria para

para as pré-fabricadas, acho que o

que se conceitua como BIM hoje

estruturas de concreto (ABNT NBR

desenvolvimento da industrialização

atende a todas as modalidades de

6118), os softwares desenvolvidos

da construção civil obrigatoriamente

projeto. Se diversos softwares são

no exterior não atendem as nossas

passa pelas características intrínsecas

utilizados, como fica a comunicação

necessidades de projeto, abrindo

do BIM, isto é, pela modelagem das

entre eles? E a bidirecionalidade? Esta

campo para as empresas brasileiras

informações da construção. Se

é uma questão ainda não resolvida. Eu

se desenvolverem, mas com o ônus

as vantagens competitivas no uso

noto que, atualmente, muitos projetos

da necessidade de integração aos

do BIM serão mais intensas em

em BIM elaborados em determinado

requisitos dos softwares internacionais.

estruturas moldadas “in loco” ou pré-

software são refeitos em outro, o

A única certeza que temos hoje é

fabricadas é uma afirmação difícil de

que é um grande contrassenso e

que este mercado é muito dinâmico

ser comprovada, pois inúmeros outros

perda de muitas horas de trabalho.

e mudanças significativas na área de

fatores influenciam esta questão,

E as alterações de projeto? Cada

software ocorrerão.

especialmente num país como o

vez que se realizam alterações

Brasil. Do ponto de vista prático, a

num determinado software estas

IBRACON – O BIM vem sendo

implantação do BIM está mais

também necessitam serem feitas no

considerado por diversos especialistas

próxima e de uso imediato nas

outro software, de forma duplicada?

como indutor do desenvolvimento da

estruturas pré-fabricadas; daí, se

Infelizmente, esta é a realidade

industrialização da construção civil.

pode chegar à conclusão que este

atual. Acho que as exigências para

Como você vê esta relação?

segmento poderá aferir, de imediato,

utilização do BIM precisam ser feitas

Nelson Covas – Como já comentei,

maiores vantagens competitivas com o

paulatinamente, de forma gradativa,

a tecnologia BIM já vem sendo

BIM em menor prazo.

conforme a evolução da indústria de

aplicada há muito tempo. Mas, foi

software e sua interoperabilidade, sem

muito oportuna a designação da

IBRACON – Recentemente alguns

considerar a parte comercial. Com

nomenclatura BIM para a consolidação

órgãos públicos e empresas privadas já

relação a prazos, desde a primeira vez

da tecnologia. As empresas de

começaram a definir em licitações/

que tive contato com o termo BIM, não

software adotaram o termo BIM para

contratos a exigência para que o projeto

a tecnologia embutida no BIM, já se

qualificar os seus produtos, divulgaram

seja apresentado em

maciçamente esta nova funcionalidade

está preparado para atender esta

num estágio inicial, pensando em

e o mercado passou a buscar o BIM

demanda?

termos de mercado em geral. Talvez,

como sendo uma ferramenta que vai

para que o mercado absorva o

solucionar quase todos os problemas.

Nelson Covas – Eu julgo bastante

adicionais, desde que o nosso país

Esta divulgação e conscientização

salutar que órgãos públicos e

volte a crescer de forma sustentada,

do mercado foram muito importantes

empresas privadas comecem a exigir

para que possamos afirmar que o

para a divulgação da tecnologia BIM.

que projetos sejam apresentados

BIM tenha se tornado uma realidade

Todos agora correm atrás do BIM,

em BIM. Entretanto, como foi dito,

consolidada no mercado em geral.

“ 22 | CONCRETO & Construções

Quanto

BIM. O mercado

tempo será necessário

BIM?

passaram dez anos e ainda estamos

seja necessário mais uns cinco anos

O GRANDE DESAFIO ATUAL É A QUESTÃO DA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E DA COMUNICAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS SOFTWARES, A TAL DA INTEROPERABILIDADE


França & Associados Engenharia

médio prazo, acho que seria muito importante a formação dos alunos em faculdades de engenharia, arquitetura e cursos técnicos para a aplicação dessas novas tecnologias BIM. Os currículos de graduação e de pós-graduação das escolas de engenharia precisariam ser adaptados para dar maior ênfase no ensino a esses novos recursos, apresentando os conceitos básicos do BIM, a importância da modelagem digital de uma edificação com todos os seus pormenores, as vantagens que podem ser aferidas nessa metodologia, a operação prática em laboratórios digitais Armazenamento de fotografias da construção na “nuvem”

de sistemas BIM, bem como entender as dificuldades que podem surgir do ponto de vista interoperabilidade.

IBRACON – O que precisa ainda ser

investido para aprimorar seus produtos,

feito para que o desenvolvimento desses

aumentando seu desempenho,

recursos informacionais tragam maior

facilidade de utilização, abrangência na

IBRACON – Como o IBRACON e

integração e coordenação nos projetos,

aplicação, aumento da interoperabilidade

as entidades técnicas do setor de

principalmente no contexto brasileiro?

etc. Infelizmente, no Brasil, não temos

construção podem somar esforços

Nelson Covas – Creio que ainda não

uma política governamental de incentivo

para contribuir tanto com o

chegamos a um grau de maturação

e linhas de financiamento favoráveis para

desenvolvimento quanto com o uso dos

adequado no desenvolvimento

investimento nesta área. Do ponto de

recursos informacionais aplicados na

e aplicação dessas inovadoras

vista dos construtores, é preciso, além

construção civil?

tecnologias. São poucas empresas

de óbvios investimentos, principalmente

Nelson Covas – Tanto o IBRACON

que realmente estão investindo os

a firme determinação para a implantação

como as demais entidades ligadas

recursos necessários. Temos também

na empresa, enfrentando as inevitáveis

a construção civil podem utilizar

que considerar a crise econômica que

mudanças na forma de trabalho,

os seus meios de comunicação

passa o nosso país, com uma forte

impondo novos procedimentos com o

e de educação continuada

recessão há dois anos, especialmente

devido treinamento da equipe para se

para transmitir aos engenheiros

na construção civil. Ainda temos

adequar as novas habilidades e funções.

projetistas e construtores essas

muita coisa a fazer na aplicação do

As empresas projetistas, pulverizadas,

novas tecnologias que evoluem

BIM e estamos passando por uma

precisam principalmente de organização

permanentemente. Nos congressos

fase de transição. Do ponto de vista

e disciplina na forma de troca de

promovidos pelo IBRACON, já é

das empresas de software, muito foi

informações, além de investimentos

comum a apresentação de inúmeros

investido e muito ainda precisa ser

e muito treinamento. Como ação de

trabalhos ligados à informática e

A IMPLANTAÇÃO DO BIM ESTÁ MAIS PRÓXIMA E DE USO IMEDIATO NAS ESTRUTURAS PRÉ-FABRICADAS; DAÍ, SE PODE CHEGAR À CONCLUSÃO QUE ESTE SEGMENTO PODERÁ AFERIR, DE IMEDIATO, MAIORES VANTAGENS COMPETITIVAS COM O BIM EM MENOR PRAZO

CONCRETO & Construções | 23


SERIA MUITO IMPORTANTE A FORMAÇÃO DOS ALUNOS EM FACULDADES DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E CURSOS TÉCNICOS PARA A APLICAÇÃO DESSAS NOVAS TECNOLOGIAS BIM

alguns ao BIM. Há alguns anos,

de 2016, o SINDUSCON também

livre é o futebol, tanto é que fui há

os fornecedores de software para

criou um Prêmio de Excelência em

alguns anos até Tóquio assistir a

engenharia de estruturas, em

BIM, para que os interessados possam

alguns jogos. A pescaria é outro

conjunto com a ABECE, redigiram

apresentar os projetos elaborados em

grande hobbie – vou ao Pantanal

um documento estabelecendo regras

BIM. Essas ações são importantes

e a rios da bacia amazônica todos

e procedimentos a serem seguidos

para que o mercado possa ter acesso

os anos, sempre na companhia

para estreitar o relacionamento entre

ao conhecimento, exemplos práticos

de engenheiros extraordinários. A

empresas de software e projetistas

de aplicação e saber como iniciar a

pescaria é um hábito que foi iniciado

de estruturas. O SINDUSCON/SP

implantação de BIM.

pelo engenheiro Gabriel Feitosa.

promove anualmente um Simpósio

Além de futebol e pescaria, também

sobre estruturas e um outro mais

IBRACON – Quais seus hobbies? O que

gosto de cinema e teatro, mas estou

especificamente sobre BIM, onde a

gosta de fazer em seu tempo livre?

com pouco tempo livre atualmente

informática e as novas tecnologias

Nelson Covas – Indubitavelmente,

devido à atenção dada aos

estão sempre presentes. Neste ano

minha maior dedicação no tempo

queridos netos.

24 | CONCRETO & Construções


Atividades do Congresso motivam profissionais e alunos a aprenderem mais sobre o concreto e a pensarem sua profissão

R

eunidos em Belo Horizonte,

destrutivos (15), gestão e normalização

nados pelo diretor de pesquisa e desen-

de 11 a 14 de outubro, 1037

(13), materiais e propriedades (245),

volvimento do IBRACON, Leandro Trau-

profissionais

estudan-

projeto de estruturas (85), métodos

twein, e pelo professor da Universidade

tes participaram das atividades e dos

construtivos (35), materiais e produtos

de Uberlândia, Antonio Carlos dos San-

debates ocorridos no 58º Congresso

específicos (46), sistemas construtivos

tos. “Na sessão científica que coordenei

Brasileiro do Concreto, evento técnico-

específicos (22) e sustentabilidade (95)

juntamente com o Prof. César Daher

-científico de divulgação da tecnologia

nos anais do evento.

foram apresentados dez trabalhos de

e

do concreto e seus sistemas construti-

Esses trabalhos, submetidos por

primeira linha, muito interessantes. Ob-

vos, promovido pelo Instituto Brasileiro

pesquisadores de instituições de ensino

servei também que os autores obede-

do Concreto (IBRACON).

e pesquisa, e centros de pesquisa, de-

ceram ao tempo disponível para cada

Foram apresentados 614 trabalhos

senvolvimento e inovação de empresas,

apresentação e que o auditório, lotado,

nas sessões orais e pôsteres e publica-

do Brasil e do exterior, foram avaliados

participou ativamente com muitas per-

dos 678 artigos técnico-científicos so-

e aprovados pelos 171 integrantes da

guntas”, registrou o moderador de uma

bre análise estrutural (119), ensaios não

comissão científica do evento, coorde-

das sessões, Prof. Paulo Helene.

Congressistas no momento de execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto

CONCRETO & Construções | 25


u 58º CBC

pesquisas

cien-

durabilidade das estruturas de concre-

tíficas que vêm

to, ampliada pela ação física de colma-

sendo

realiza-

tação dos poros, evitando a entrada de

das no Nanocem

agentes agressivos, e pela adequada

para uma melhor

combinação química desses materiais,

compreensão da

aprisionando íons que poderiam parti-

cinética de rea-

cipar de reações deletérias, tem-se um

ção dos materiais

menor impacto ambiental na constru-

Clímax das apresentações e dis-

cimentíceos suplementares, como as

ção em concreto, com a redução das

cussões sobre o concreto foram as

escórias de alto forno e as cinzas vo-

emissões de CO2.

conferências plenárias, nas quais es-

lantes. O autor concluiu que a mode-

Hugo Corres Peiretti, professor de

pecialistas estrangeiros trouxeram o

lagem dos compósitos com base nas

estruturas de concreto da Universidade

estado da arte das pesquisas e cons-

reações de hidratação dos materiais

Politécnica de Madrid (Espanha), vice-

truções em concreto. Donald Macphee,

cimentíceos (materiais suplementares

-presidente da fib (Federação Internacio-

professor de química da Universidade

e cimento) pode fornecer base teórica

nal do Concreto) e fundador da empresa

de Aberdeen, na Escócia, e pesquisa-

e prática para substituição, em maiores

de projetos Fhecor, abordou o tema da

dor do Nanocem, consórcio europeu

proporções, do clínquer por materiais

engenharia para um mundo mais sus-

de pesquisadores direcionado para a

energeticamente menos nobres. Com

tentável da perspectiva dos projetos.

pesquisa sobre o cimento, expôs as

isso, além das vantagens em termos de

Segundo ele, a sustentabilidade é um

Autor de trabalho técnico-científico apresenta seu pôster para congressistas numa das sessões

II

Seminário

O

sobre

II Seminário sobre Obras Emblemáticas, ocorrido no 58º Congresso Brasileiro do Concreto, foi um sucesso. Liderada pelo Prof. Paulo Helene e pelo Dr. Carlos Britez, a primeira versão do evento, em Natal, teve a participação de cerca de 80 congressistas. Neste ano, em Belo Horizonte,esse número mais que dobrou, com a participação aproximada de 200 congressistas e as ilustres presenças do Prof. Augusto Carlos Vasconcelos, Eng. Bruno Contarini, Eng. José Luiz Varela, Eng. Antonio Palmeira, Eng. Jefferson Dias de Souza Júnior, além de notáveis pesquisadores, pós-graduandos, estudantes e professores. Realizado na tarde do dia 14 de outubro, o II Seminário sobre Obras Emblemáticas tratou de temas relacionados com desafios em projetos diferenciados no cenário nacional. A palestra de abertura, apresentada pelo Dr. Carlos Britez (PhD Engenharia), foi sobre a obra do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), trazendo abordagens distintas das engenhosidades empregadas na execução da laje de subpressão, dos pilares inclinados e dos grandes paredões das fachadas, em concreto aparente. Logo após, houve uma interessante palestra do Eng. Roberto Amaral (CTMSP), abordando os desafios nas concretagens dos prédios do Laboratório de Geração de Energia Eletronuclear (LABGENE) do submarino atômico da Marinha do Brasil, com uso exponencial de concreto do tipo autoadensável, inclusive tratando de um elemento de sacrifício (protótipo em escala real), que será fruto de pesquisas permanentes sobre o material concreto. Na sequência, o Eng. Helcio Moraes (PERI do Brasil) explanou sobre os grandes desafios relacionados aos sistemas especiais de fôrmas e escoramentos nas concretagens da obra do Museu do Amanhã, inclusive sobre as

26 | CONCRETO & Construções

Obras

Emblemáticas

particularidades envolvidas nas concepções de projeto. Após o coffee break houve uma excelente apresentação sobre os desafios envolvidos na concretagem da cúpula do Teatro Digital. Foi uma apresentação bem diferenciada, pois envolveu três palestrantes: o arquiteto Samuel Kruchin (Kruchin Arquitetura) discerniu sobre a concepção de projeto, inclusive sobre a inspiração da cúpula relacionada com uma concha marinha; a projetista Neide Góes (NG Engenharia) abordou as particularidades e desafios para materializar o sonho do projeto arquitetônico, através de modelos físicos e de dimensionamento, com auxílio de softwares baseados no método de elementos finitos; e, finalmente, o Eng. Pedro Bilesky (PhD Engenharia) tratou dos aspectos de dosagem e lançamento do concreto projetado e suas especificidades para cumprir com os requisitos estéticos do projeto, no que tange especialmente à superfície externa irregular e rugosa da casca. Para fechar com chave de ouro, a Engª Suely Bueno (JKMF) apresentou diversos projetos especiais e abordou temas pouco explorados, como considerações específicas de geometria, estabilidade, vento, sismo e outras condicionantes para garantia, além da segurança estrutural, de uma longínqua vida útil de projeto, com muitos estudos de casos. O público presente interagiu bastante no final, fazendo perguntas e debatendo com os palestrantes. Foi um debate sadio, profícuo e esclarecedor. Relato de CARLOS BRITEZ


conceito recente, surgido em 1987, que

biental entre os

significa, em termos gerais, o desenvol-

requerimentos a

vimento comprometido com o futuro

serem

das nossas vidas, que envolve fatores

em conta como

econômicos, sociais e ambientais, e que

dados de entra-

precisa ser assimilado pelos seres huma-

da para a elabo-

nos por meio da educação e da cultura.

ração do projeto

Essa assimilação progressiva do concei-

de

to de sustentabilidade tem acontecido no

o que implica

setor construtivo pela consciência cada

a estipulação de uma longa vida útil

construtivo. No México, os edifícios mais

vez maior de seus integrantes quanto

para as construções na fase de projeto,

altos possuem em média 200 metros,

ao forte impacto ambiental do setor de

e o fib Mode Code 2020 vai incluir a sus-

utilizando caracteristicamente um con-

construção, pela diminuição das emis-

tentabilidade entre seus princípios gerais

creto com fck de 70Mpa nas suas co-

sões de dióxido de carbono pela indústria

e estendê-la aos requerimentos de de-

lunas. O ensaio de túnel de vento é um

cimenteira mundial por meio da incorpo-

sempenho relativos à segurança e fun-

requisito indispensável na construção

ração de novas tecnologias, processos

cionalidade (redundância de elementos

de edifícios altos no México, em razão

e de materiais usados na fabricação do

estruturais), além de explicitá-la entre os

dos fortes ventos e furações frequentes

cimento, pelas pesquisas científicas que

requerimentos de desempenho ambien-

no país. Outro requisito na construção

vem sendo desenvolvidas na academia

tal. “O novo Código Modelo da fib será

desses edifícios é o uso de dissipadores

sobre concretos mais duráveis, de me-

o produto de esforços da comunidade

de energia, seja com fluidos viscosos,

lhor desempenho e de menor impacto

internacional na elaboração de uma nor-

seja por reação de massas sintonizadas,

ambiental, pelo uso mais eficiente de re-

ma internacional para incorporar as di-

para conferir resiliência a terremotos às

cursos em estruturas com desempenho

ferentes dimensões da sustentabilidade

construções. Segundo o palestrante a

otimizado por meio de projetos bem fei-

no projeto de estruturas de concreto”,

protensão tem sido um sistema bastan-

tos, que levam em consideração o ciclo

concluiu Peiretti.

te usado na construção dos edifícios al-

de vida dessas construções, e de selos

levados

estruturas,

Roberto

Hugo Corres Peiretti, ao lado do presidente do IBRACON, Julio Timerman, responde a perguntas do auditório no final de sua palestra

da

tos no México, pois é capaz de viabilizar

de certificação de construções, que pro-

Stark+Ortiz, empresa de consultoria si-

Stark,

presidente

economicamente sua construção, ao

curam atestar a economia no uso de

tuada na Cidade do México, envolvida

propiciar a execução de cada piso em

recursos e a mitigação de impactos nas

em projetos estruturais para edificações

até cinco dias.

fases de projeto, execução e uso dessas

e infraestrutura, e professor do Depar-

construções.

tamento de Estruturas na Universidade

EVENTOS PARALELOS

O palestrante destacou também

Nacional do México (UNAM), abordou

Nesta edição do Congresso foram re-

que a sustentabilidade está incorporada

os sistemas estruturais e os materiais

alizados os seguintes eventos paralelos:

na estrutura organizacional da fib, que,

usados na construção de edifícios al-

u III Seminário sobre Pesquisas e Obras

além de uma comissão dedicada a ela,

tos no México, região com uma ge-

em Concreto Autoadensável, onde

possui subcomissões dentro de outras

ologia complicada, caracterizada por

especialistas expuseram as proprie-

comissões, como a de estruturas, de

solos moles, sujeita a terremotos e fu-

dades que caracterizam o CAA, os

pré-fabricação e de durabilidade, que

racões. Segundo dados do Conselho

ensaios normalizados para atestar

se dedicam a pensar e desenvolver o

sobre Edifícios Altos e Habitat Urbano

essas propriedades e casos de apli-

conceito. Como resultado disso, a fib

(CTBUH,na sigla em inglês), a maior

cação do CAA na indústria e no can-

lançou diversos boletins dedicados a

parte dos edifícios altos está na Ásia

teiro de obras – o Seminário contou

diferentes aspectos da sustentabilidade,

(64%) e no Oriente Médio (21%), sendo

com o patrocínio da Capes, Erca e

o fib Mode Code 2010 para Estruturas

que 73% dos edifícios altos no mun-

Votorantim Cimentos (veja box);

de Concreto incluiu o desempenho am-

do utilizam o concreto como sistema

u I Seminário sobre o Ensino de CONCRETO & Construções | 27


u 58º CBC

Mesa com os palestrantes do II Seminário sobre Obras Emblemáticas

Engenharia Civil, que debateu a

engenharia nas escolas brasileiras,

reestruturação curricular, para dar

qualidade e atualidade do ensino de

trazendo recomendações para a

maior autonomia aos alunos e para

III Seminário Sobre Pesquisa e O

N

o dia 12 de outubro de 2016, no 58° Congresso Brasileiro do Concreto, ocorreu o III Seminário sobre as pesquisas e a utilização do concreto autoadensável em nosso país. O Seminário foi presidido pelo professor Bernardo Fonseca Tutikian, com a presença de uma ampla plateia e bastante variada, com participações desde professores, pesquisadores, profissionais liberais, empresas e alunos. Os assuntos tratados no seminário foram os mais diversos, passando pela tecnologia dos aditivos desenvolvidos para a execução dos CAA, aplicações especiais do concreto em diferentes situações, a propriedade do concreto no estado fresco, como a robustez da mistura, e alguns estudos de caso nos quais a utilização do CAA se mostrou uma solução técnica de grande impacto, trazendo maior qualidade ao elemento desenvolvido, proporcionando, assim, maior durabilidade, e também foi apresentado um resumo da revisão da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823), que foi posteriormente aprovada para ser posta em consulta pública. Participaram do seminário, como ministrantes, pessoas referência na área, tais como: engenheiro civil Augusto Gil, mestrando do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e pesquisador do instituto tecnológico em desempenho das edificações itt Performance; da mesma instituição, participou o graduando em Engenharia Civil, Cristyan Rissardi; participaram ainda do Seminário a Professora Mônica Barbosa, da instituição PUC Campinas, o professor Carlos Britez, da PhD Engenharia, o mestre em engenharia, Ricardo Alencar, da ERCA Brasil, e também a engenheira civil, Jadna Füchter, representante da Votorantim Cimentos. Cada palestrante trouxe para uma grande discussão temas relevantes para a especificação, utilização e produção dos concretos autoadensáveis. Na palestra ministrada por Augusto Gil, foi discutida

28 | CONCRETO & Construções

a vasta aplicação, bem como as diversas pesquisas realizadas com o CAA. A utilização do CAA em obras civis no Brasil ainda é muito baixa, sendo a indústria de pré-moldados e pré-fabricados a maior consumidora, porque os empresários já notaram que a utilização deste material é de fato uma solução para diversos problemas que as empresas possuem. Ao encontro a este tema, Jadna Füchter apresentou um case de sucesso em duas empresas localizadas no estado do Rio Grande do Sul, uma produz postes de concreto, a outra empresa, elementos construtivos para pavilhões e placas de concreto. Ambas as empresas substituíram o concreto convencional pelo concreto autoadensável. Além de melhorar a qualidade dos seus produtos, as empresas tiveram uma grande vantagem quanto à redução do ruído a que seus colaboradores estavam sendo submetidos diariamente. A palestrante mostrou também os custos envolvidos. Ambas as empresas não tiveram que realizar grandes modificações em suas instalações para a produção dos concretos autoadensáveis, foi realizado um trabalho em conjunto unindo a universidade, a empresa e a fornecedora dos matérias, buscando viabilizar a implantação desta tecnologia nas fábricas. Os custos de produção do concreto autoadensável, se comparados com os do concreto convencional, tiveram um aumento de aproximadamente 8%. Porém, deve-se avaliar o sistema como um todo. Os benefícios trazidos pela implantação do concreto autoadensável nas empresas foram evidenciados por todos os colaboradores das empresas. A palestrante apresentou números comprovando as diversas vantagens em se utilizar este material em indústria de pré-fabricados ou pré-moldados. Carlos Britez apresentou algumas aplicações do concreto autoadensável no sistema de paredes de concreto em diferentes estados do Brasil.


um aprendizado mais proativo, que

Federal de Minas Gerais (UFMG);

concilie teoria e prática (veja matéria

u II Seminário sobre Obras Emble-

ram ainda explanados num curso de

Os ensaios não destrutivos fo-

máticas, que tratou de temas rela-

atualização profissional, que integra

u I Simpósio sobre Ensaios não Des-

cionados aos desafios em projetos

o Programa Master em Produção de

trutivos para Estruturas de Con-

diferenciados no cenário nacional

Estruturas de Concreto (Master PEC),

creto, que traçou um panorama

(veja box);

sistema de cursos de educação conti-

nesta edição);

das aplicações de ensaios, como

u I Seminário sobre Boas Práticas na

nuada do IBRACON. Com carga horá-

tomografia, frequência ressonante

Execução de Estruturas de Con-

ria de oito horas, o curso foi ministra-

forçada, ultrassonografia, esclero-

creto, onde foram apresentadas as

do pelos profissionais Rodrigo Duarte

metria e potencial de corrosão, nas

boas práticas em projetos de lajes

(Proceq), Rodrigo Moysés Costa (Ul-

estruturas de concreto para avaliar

planas, na execução de capitéis de

traLab Engenharia Diagnóstica), Ênio

suas propriedades, componentes

lajes nervuradas, na compra e rece-

Pazini Figueiredo (UFG), Maria Teresa

e condições – o Simpósio contou

bimento do concreto e na execução

Paulino Aguilar (UFMG) e Paulo Helene

com o patrocínio da Proceq e apoio

de edificações, bem como práticas

(PhD Engenharia). Aulas práticas foram

institucional da Universidade Fede-

preventivas de patologia em obras

realizadas no Laboratório de Carac-

ral de Goiás (UFG) e Universidade

de concreto.

terização de Materiais de Construção

bras em Concreto Autoadensável O palestrante enfatizou a necessidade de verificar a qualidade do concreto produzido, ainda em seu estado fresco, sendo necessário realizar ensaios que possam garantir a aceitação do concreto antes do lançamento do mesmo nas fôrmas. Foram apresentadas diversas situações nas quais o pesquisador teve que intervir para realizar melhorias no processo construtivo, a fim de garantir a qualidade dos elementos estruturais que estavam sendo produzidos. O palestrante Ricardo Alencar apresentou os diversos aditivos aplicados na produção, não só dos concretos autoadensáveis, mas também de outros materiais à base de cimento. A evolução dos concretos, sem sombra de dúvidas, se dá ao avanço tecnológico desenvolvido dos aditivos para concreto. A evolução dos aditivos utilizados para a produção do concreto autoadensável faz com que a produção do concreto apresente as características desejáveis no seu estado fresco, sem que haja grandes variações nos lotes produzidos. Seguindo nesta ideia de tornar a produção do CAA mais confiável, Cristyan Rissardi apresentou a importância de se determinar a robustez nos concretos autoadensáveis. O palestrante apresentou o conceito básico da robustez do traço do CAA. A produção em larga escala, as pequenas variações de pesagem dos materiais e as mudanças constantes das propriedades físicas dos agregados, como a granulometria, fazem com que as variações no produto final sejam notadas, principalmente no estado fresco. Foram ilustrados inúmeros fatores que levam à perda de robustez nos traços do CAA, bem como alguns métodos utilizados para a avaliação dessa primordial propriedade do concreto. Cristyan mostrou as pesquisas já realizadas com relação à robustez dos traços e também pode expor algumas lacunas que ainda não são bem conhecidas pelo meio técnico, e, a fim de supri-las, ele

Mesa com o coordenador e os palestrantes no Seminário para debate com o auditório

apresentou de forma sucinta o estudo que está sendo realizado no instituto itt Performance, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. A revisão da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823)foi comentada no seminário pela Profa. Mônica Barbosa, que presidiu os trabalhos de revisão da norma. De forma sucinta e objetiva, o seminário atendeu às expectativas. Foi possível perceber o elevado número de pessoas interessadas no tema, de diferentes setores (pesquisadores, alunos, profissionais liberais, fabricantes, fornecedores de produtos entre outros). O seminário se mostrou, mais uma vez, um excelente evento, onde todos os envolvidos com a construção civil podem buscar se aprofundar sobre o assunto. Relato de ROBERTO CHRIST Diretor Regional do IBRACON no Rio Grande do Sul

CONCRETO & Construções | 29


u 58º CBC

Civil e Mecânica da Universidade Fe-

IBRACON e a Asso-

deral de Minas Gerais, onde foram rea-

ciação Brasileira da

lizados os ensaios de ultrassonagrafia,

Construção

tomografia, medição da profundidade

trializada de Con-

de carbonatação com aspersão de

creto (Abcic), desde

fenolftaleína, avaliação do potencial

2007, e o curso de

de corrosão das armaduras, ensaio

projeto de lajes em

de resistividade elétrica volumétrica e

concreto armado e

aplicação de nitrato de prata. “Os 30

protendido

alunos do curso interagiram ativamen-

trado pelo engenhei-

te com os instrutores, transformando

ro da EBPX, Fábio

o curso num importante momento de

Albino de Souza).

Indus-

(minis-

aprendizado e troca de experiências”,

Consolidando

avaliou o instrutor e diretor regional do

as discussões ocor-

IBRACON em Minas Gerais, Rodrigo

ridas

Moysés Costa.

Técnico IBRACON/

no

Comitê

Profª Maria Teresa Paulino Aguilar no curso sobre ensaios não destrutivos

Outros dois cursos do Master PEC

ABECE sobre Uso de Materiais não

métodos executivos empregados na

oferecidos durante o Congresso foram

Convencionais para Estruturas de

construção da Ponte Rio Niterói. Con-

o curso de pré-fabricados de con-

Concreto, Fibras e Concreto Reforça-

tarini participou também de uma ses-

creto (ministrado pelo engenheiro da

do com Fibras (CT 303), desde 2011,

são de autógrafos de sua biografia “O

CAL-FAC Consultoria e Engenharia,

foi lançada durante o Congresso a

mestre da arte de resolver estruturas”,

Carlos Franco), uma parceria entre o

Prática Recomendada “Projeto de Es-

escrita pelo jornalista Nildo Carlos Oli-

truturas de Concreto Reforçado com

veira, no estande do IBRACON.

Fibras”, que traz os requisitos mínimos to reforçado com fibras, inclusive as

ATIVIDADES TÉCNICAS DE RELACIONAMENTO

apoiadas em meio elástico, como os

Concursos técnicos entre estudan-

pisos, revestimentos de túneis e pro-

tes de Engenharia Civil, Arquitetura e

teção de encostas (veja matéria nesta

Tecnologia aconteceram na Arena das

edição). Para a Enga. Inês Battagin,

Competições, com a participação de

superintendente do Comitê Brasileiro

513 estudantes de 42 universidades

de Concreto, Cimentos e Agregados

e instituições de ensino O objetivo

da Associação Brasileira de Normas

desses concursos é fazer o estudante

Técnicas (ABNT/CB-18) e diretora téc-

aplicar o conhecimento adquirido nas

nica do IBRACON, “essa Prática Re-

aulas para confecção de uma bola re-

comendada é um projeto pioneiro no

sistente de concreto (Concrebol), um

país, que vai auxiliar os trabalhos para

pórtico de concreto capaz de resistir

elaboração de uma norma brasileira

aos impactos dinâmicos (Aparato de

sobre o tema”.

Proteção do Ovo), um corpo de pro-

de projeto de estruturas de concre-

Outro destaque no 58º Congresso

Bruno Contarini palestra no Seminário de Novas Tecnologias

30 | CONCRETO & Construções

va cúbico colorido (Concreto colorido

Brasileiro do Concreto foram as pales-

de alta resistência) e um projeto ar-

tras do engenheiro da BC Engenha-

quitetônico e estrutural de uma pas-

ria, Bruno Contarini sobre os desafios

sarela de concreto (Ousadia). A pre-

na recuperação do Elevado Joá e os

miação das três equipes mais bem


colocadas em cada concurso aconte-

seus clientes em razão de sua política

dar mais agilidade aos processos de

ceu no Jantar de Confraternização, que

de investimento em formação e capa-

decisão e às atividades do IBRACON,

encerrou as atividades do 58º Congres-

citação técnica. Isto porque no evento

adequando-os ao contexto social e or-

so Brasileiro do Concreto(veja matéria

temos a oportunidade de conhecer as

ganizacional do novo milênio. Dentre

nesta edição).

pesquisas sobre o concreto que estão

as mudanças realizadas, destaca-se a

A Feira Brasileira das Constru-

sendo desenvolvidas na academia e

criação da diretoria de Atividades Es-

ções em Concreto - Feibracon reuniu

as tecnologias que estão sendo apli-

tudantis, em reconhecimento à partici-

as empresas e instituições da cadeia

cadas nas obras em nosso país e no

pação expressiva dos estudantes nas

produtiva do concreto, para exporem

mundo. Além disso, temos o contato

edições mais recentes do Congresso

seus produtos e serviços oferecidos no

com consultores e projetistas de re-

Brasileiro do Concreto. “A nova direto-

mercado construtivo brasileiro e para

nome nacional e internacional. É por

ria foi criada para fortalecer ainda mais

estreitarem relacionamentos com seus

isso que a Votorantim tem patrocinado

a integração das novas gerações à

clientes. Os patrocinadores do evento

o Congresso”, avaliou o consultor de

velha guarda e aos experientes profis-

(Eletronorte, Itaipu, Votorantim Cimen-

pesquisa, desenvolvimento e qualida-

sionais que participam das atividades

tos, Associação Brasileira de Cimento

de da Votorantim Cimentos, Eng. Luiz

do IBRACON”, avaliou o presidente do

Portland, Instron Emic, GCP Grace,

de Brito Prado Vieira.

IBRACON, Eng. Julio Timerman.

MC, Intercement e Proceq) apresen-

Por fim, foi realizada no evento a

Coroando as atividades sociais do

taram palestras técnico-comerciais no

29ª Assembleia Geral do IBRACON,

Congresso foram premiados na so-

Seminário das Novas Tecnologias, que

onde seus associados reuniram-se

lenidade de abertura os profissionais

aconteceu no auditório principal do Mi-

para debater assuntos relacionados

de destaque do ano e as melhores

nascentro, no primeiro e segundo dias.

ao Instituto e aprovaram o novo Esta-

teses de doutorado na área de es-

“A Votorantim trouxe para o 58º

tuto do IBRACON, que passou a reger

truturas e de materiais (veja matérias

Congresso Brasileiro do Concreto sua

suas atividades. Atualizando o Estatu-

nesta edição).

equipe técnica e comercial e convidou

to de 2006, o novo Estatuto procurou

CRÉDITOS: ALESSANDRO CARVALHO

FÁBIO LUÍS PEDROSO

Congressistas visitam a Feibracon no evento

CONCRETO & Construções | 31


u 58º CBC

Prêmios de destaque do ano

F

oram homenageados na cerimônia de abertura do

leiro do Concreto por suas contribuições para a divulgação e

58º Congresso Brasileiro do Concreto, no dia 11 de

para o progresso do conhecimento científico e técnico sobre

outubro, no Minascentro, os profissionais indicados

o concreto e seus sistemas construtivos.

por seus pares em votação aberta no site do Instituto Brasi-

à Prêmios

de

Confira os agraciados!

Destaque 2016

PRÊMIO EMILIO BAUMGART | Destaque do Ano em Engenharia Estrutural ENG. AUGUSTO GUIMARÃES PEDREIRA DE FREITAS n Augusto é da turma de 1988 da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde rece-

beu prêmio de melhor aluno das cadeiras de estruturas de concreto e de materiais. n Especializado em projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e

pré-moldados de concreto. n Coordenou a norma ABNT NBR 16475: 2016 – Painéis de Parede de Concreto Pré-Moldado. n É titular da Pedreira de Freitas Engenharia, desde 1993, e exerce atualmente o cargo de

Eng. Augusto Pedreira de Freitas posa com o prêmio entregue pelo presidente do IBRACON, Eng. Julio Timerman

Presidente da Abece – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, onde foi sócio fundador e participa da diretoria desde 2001.

PRÊMIO LIBERATO BERNARDO | Destaque do Ano Como Tecnologista em Laboratório de Concreto JOSÉ FLAUZINO MOREIRA n José Flauzino atua como chefe de laboratório desde 1998, sendo responsável pelo controle

tecnológico de cerca de 8,5 milhões de metros cúbicos de concreto convencional e de 1,6 milhões de metros cúbicos de concreto compactado com rolo. n Como chefe de laboratório atuou nas Usinas Hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical, São

Salvador e Santo Antonio. n Atualmente, é Chefe de Laboratório da Hidrelétrica de Belo Monte, onde, além de realizar o

José Flauzino Moreira recebe o prêmio da diretora técnica do IBRACON, Engª Inês Battagin

32 | CONCRETO & Construções

controle tecnológico na produção e aplicação do concreto, elabora estudo de dosagens e de aditivos, e exerce o controle da central de britagem de agregados para concreto. Também idealizou o Sistema Autolab, que modernizou a forma de controle do concreto.


PRÊMIO FRANCISCO DE ASSIS BASÍLIO | Destaque do Ano em Engenharia na Região do Evento PROFª SOFIA MARIA CARRATO DINIZ n Engenheira Civil e Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal de Minas Gerais,

em 1979 e 1988, respectivamente. n PHD em Engenharia Estrutural pela Universidade do Colorado, em 1994, foi professora vi-

sitante na Universidade de Pittsburg, de 1999 a 2000, e pesquisadora convidada no NIST – Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia, de 2001 a 2002, nos Estados Unidos. n É professora da UFMG, pesquisadora do CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-

Profª Sofia Diniz recebe o prêmio do diretor de eventos do IBRACON, Prof. Bernardo Tutikian

tífico e Tecnológico, “fellow” do ACI – American Concrete Institute, especialista no comitê sobre concreto armado e protendido da ISO – Organização Internacional de Padronização e Membro do Conselho Técnico de Atividades do IBRACON.

PRÊMIO EPAMINONDAS MELO DO AMARAL FILHO | Destaque do Ano em Engenharia de Projeto e Construção de Concreto de Alto Desempenho ENG. WANDERLEY GUIMARÃES CORRÊA n Wanderley é engenheiro civil formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,

em 1959. n Foi responsável pelos laboratórios de cimento e concreto do INT - Instituto Nacional de Tecnolo-

gia, de 1961 a 1969, e da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, de 1969 a 1974. n Nas empresas Concremat, Hidroservice, Themag e Engevix, como responsável pelo setor de

tecnologia do concreto, participou de obras, como Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Sobradinho e Itaipu. Eng. Wanderley Corrêa recebe o prêmio do diretor de relações institucionais do IBRACON, Prof. Paulo Helene

n Fundador do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, onde foi tesoureiro, de 1973 a 1980,

e de quem recebeu o Prêmio Ary Frederico Torres, em 1988, como Destaque do Ano em Tecnologia do Concreto. n Foi professor de Materiais de Construção Civil na Faculdade de Itajubá, de 1977 a 1992. n Atualmente, é diretor da W.G. Corrêa Consultoria, tendo sido o responsável pelas obras

da laje flutuante do Museu de Arte, Museu do Amanhã, Ponte Estaiada do Fundão e BRT Barra-Galeão.

CONCRETO & Construções | 33


u 58º CBC

Prêmios de destaque do ano à Prêmios

de

Destaque 2016

PRÊMIO FERNANDO LUIZ ALFREDO FALCÃO BAUER | Destaque do Ano em Engenharia no Campo das Pesquisas do Concreto e Materiais DENISE CARPENA COITINHO DAL MOLIN n Denise Dal Molin é engenheira civil (1982), mestre (1988) pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul e doutora em Engenharia Civil (1995) pela Universidade de São Paulo. n Professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientou 75 mestres e 38

doutores, principalmente nas áreas de Tecnologia do Concreto, Aproveitamento de Resíduos em Materiais Cimentícios, Durabilidade e Patologia das Estruturas de Concreto. n Autora de mais de 530 artigos publicados em congressos e periódicos nacionais e internacio-

nais, além de 1 livro e 8 capítulos de livro. Profª Denise Dal Molin posa com prêmio recebido do diretor tesoureiro do IBRACON, Prof. Cláudio Sbrighi Neto

n Foi coordenadora do programa de pós-graduação e diretora da Escola de Engenharia da

UFRGS, na gestão 2008-2012.

PRÊMIO OSCAR NIEMEYER SOARES FILHO | Destaque do Ano como Arquiteto SAMUEL KRUCHIN n Kruchin é titular do Escritório Kruchin Arquitetura, onde desenvolve projetos de edifícios ins-

titucionais, residenciais e corporativos, desenho urbano e restauro, como a Fábrica Santa Helena e o Memorial à Poesia Brasileira João Cabral de Melo Neto, premiados na 3ª e 5ª Bienal de Arquitetura, respectivamente; n Mestre em estruturas ambientais urbanas pela FAU-USP, coordenador dos Cursos de Espe-

cialização “Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto”, e autor de “Uma Poética da História - Obra de Restauro”. Arquiteto Samuel Kruchin posa com prêmio recebido do diretor 2º tesoureiro do IBRACON, Nelson Covas

34 | CONCRETO & Construções


Teses de doutorado premiadas N

a cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro

diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON, Prof. Lean-

do Concreto foram premiadas as melhores teses de

dro Mouta Trautwein, a melhor tese na área de materiais e a melhor

doutorado sobre o concreto cadastradas no Banco de Teses

tese na área de estruturas, dentre as teses cadastradas defendidas

e Dissertações do IBRACON.

no período de 1º de março de 2014 a 28 de fevereiro de 2016.

Foram escolhidas pela comissão julgadora, coordenada pelo

à Prêmios

de

Teses

e

Confira os agraciados!

Dissertações 2016

PRÊMIO MELHOR TESE EM ESTRUTURAS Aplicação de Mantas de Polímeros Reforçados com Fibra de Carbono (PRFC) Como Reforço à Punção em Lajes Lisas de Concreto Armado

PRÊMIO MELHOR TESE EM MATERIAIS A Problemática dos Concretos Não Conformes e Sua Influência na Confiabilidade de Pilares de Concreto Armado

Autor Galileu Silva Santos

Autor Fabio Costa Magalhães

Orientador Prof. Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo

Orientador Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

Universidade Universidade de Brasília

Universidade Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Galileu Silva Santos (dir.) posa com prêmio entregue pelo diretor regional do IBRACON em Minas Gerais, Eng. Rodrigo Moysés Costa

Fábio Costa Magalhães (esq.) recebe prêmio do diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON, Leandro Trautwein

CONCRETO & Construções | 35


u 58º CBC

P

Concursos estimulam estudantes a aprenderem competindo

ara contribuir com a forma-

No 58º Congresso Brasileiro do

instituições, com 26 corpos de prova; e

ção dos alunos dos cursos

Concreto, ocorrido de 11 a 14 de ou-

o 9º Ousadia, no qual competiram 149

de graduação em Engenharia

tubro, no Minascentro, em Belo Hori-

alunos, com nove projetos de dez ins-

Civil, Arquitetura e Tecnologia, o Instituto

zonte, foram realizados o 23º Aparato

tituições.

Brasileiro do Concreto organiza anual-

de Proteção ao Ovo, que contou com

Além do aprendizado propiciado

mente concursos técnicos, estimulando

a participação de 14 equipes, formadas

pela interação dos membros de cada

a competição saudável entre os estudan-

por 338 estudantes, que concorreram

equipe, inclusive com seus professo-

tes. Podem participar desses concursos

com 21 pórticos; o 13º Concrebol, no

res orientadores, no momento em que

os alunos regularmente matriculados em

qual competiram 288 estudantes de 23

os estudantes precisam mobilizar seus

instituições de ensino superior, técnico e

instituições, com 23 bolas; o 3º Cocar,

conhecimentos para superar o desa-

tecnógico do Brasil e do exterior.

com participação de 299 alunos de 26

fio proposto em cada concurso, os

Estudantes e profissionais acompanham as competições estudantis na Arena dos Concursos

36 | CONCRETO & Construções


estudantes têm a chance de aprender,

e de incentivo aos

no momento das competições, com

estudantes. O Con-

seus próprios erros e acertos, e com os

crete Lovers foi pa-

erros e acertos dos alunos das outras

trocinado pela Equi-

equipes, bem como com os profissio-

librata e teve o apoio

nais sêniores que, entre uma palestra e

da PhD Engenharia,

outra, vão até a Arena para assistirem

Newton e DCR En-

às competições, divulgando seu co-

genharia e Projetos.

nhecimento e experiência sobre o concreto aos presentes.

A das

premiação três

equipes

A Arena dos Concursos é um es-

mais bem coloca-

paço especialmente projetado, com

das cada concur-

arquibancadas ao redor das pistas de

so

testes, onde os espectadores – alu-

Jantar de Confra-

nos inscritos ou não nos concursos,

ternização do 58º

profissionais do setor, empresários

Congresso Brasileiro do Concreto,

Lima Engenharia. A equipe que apre-

e consultores, professores e pesqui-

realizado no Hotel Ouro Minas. Os

sentou o melhor desempenho nos

sadores – torcem, emocionam-se,

primeiros colocados do APO, Con-

concursos ganhou o Prêmio Medalha

trocam impressões, num ambiente

crebol e Cocar receberam, cada um,

Concreto IBRACON 2016. Por ter so-

envolvente de aprendizado e conhe-

prêmio em dinheiro no valor de cinco

mado o maior número de pontos nas

cimento. Nesta edição, a Arena dos

mil e quinhentos reais, patrocinados

competições, a Universidade Federal

Concursos foi patrocinada pela Voto-

pelas empresas S&P Reinforcement,

da Bahia (UFBA) ganhou a Medalha

rantim Cimentos e os equipamentos

Penetron e Lanxess, respectivamen-

Concreto 2016, bem como uma licen-

de testes foram gentilmente cedidos

te. A equipe vencedora do Ousadia

ça estudantil do software da TQS Infor-

pela Instron/Emic.

recebeu o prêmio de 11 mil reais,

mática para cada membro da equipe.

patrocinado pela empresa Mendes

Conheça a seguir os premiados!

Com vistas a tornar a experiência

aconteceu

no Estudantes reunidos para o jantar Concrete Lovers

ainda mais cativante, os inscritos nos concursos são incentivados a buscar patrocínios para seus projetos e participam gratuitamente de um jantar com palestras e sorteios. Tudo para incentivar ainda mais a integração entre os estudantes e destes com os profissionais da cadeia produtiva do concreto. Na edição deste ano o jantar – conhecido por Concrete Lovers – aconteceu no dia 12 de outubro, na Churrascaria Adega do Sul, e contou com as presenças ilustres do projetista Bruno Contarini, do professor Paulo Helene, do professor Augusto Carlos Vasconcelos, do presidente do IBRACON, Julio Timerman, e do engenheiro Carlos Britez, que trouxeram mensagens técnicas

Nelson Covas entrega Medalha Concreto 2016, concedida à equipe da Universidade Federal da Bahia pelo seu desempenho nos concursos CONCRETO & Construções | 37


u 58º CBC

Concurso Aparato de Proteção ao Ovo (APO)

A

competição desafia o estu-

consiste em soltar um

dante a projetar e construir

cilindro metálico, com

um pórtico de concreto

50 mm de diâmetro e

armado que seja resistente às cargas

massa de 15 kg, de

crescentes de impacto produzidas em

alturas

ensaio de carregamento dinâmico. O

mente maiores. Após

pórtico protege o ovo colocado sob

cada impacto, o ensaio

ele, de onde vem o nome do concurso.

prossegue se o APO

Os pórticos têm suas dimensões

resistir, protegendo o

avaliadas e suas massas determinadas

ovo sob ele. Dessa

antes dos ensaios. A precisão dimen-

forma, o cilindro é sol-

sional é crítica, sobretudo nas dimen-

to para as alturas de

sões das bases, pois o pórtico deve

1, 1,5, 2 e 2,5 metros.

ser encaixado no gabarito, que garante

Caso o APO ainda re-

seu alinhamento em relação ao dispo-

sista, o cilindro é solto

sitivo de aplicação da carga. O aparato

três vezes, encerrando-se o ensaio.

progressiva-

Certificado concedido à equipe participante do APO

No caso de equipes que tenham inscri-

que não atender os requisitos de for-

A pontuação obtida por cada equi-

to mais de um APO, a pontuação con-

mato, geometria, dimensão e massa

pe é a somatória das alturas de impacto

siderada é a do melhor APO. Vence a

do Regulamento do Concurso é auto-

resistidas pelo APO antes de o ovo ser

equipe que obteve a maior pontuação.

maticamente desclassificado.

danificado, seja pela ruptura do APO,

Em caso de empate, a equipe vencedo-

seja por cair lascas do APO sobre ele.

ra é a do APO com menor massa.

O ensaio de carregamento dinâmico

Equipe participante acompanha ensaio com seu pórtico

38 | CONCRETO & Construções

APO resiste a impacto protegendo o ovo sob ele


à Premiação APO 2016

1º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado Paulo Murgel, da S&P Reinforcement, entrega prêmio a equipe vencedora do APO

PONTUAÇÕES Massa: 3767g | Pontuação: 5

2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa Equipe segunda colocada com prêmio APO

PONTUAÇÕES Massa: 3774g | Pontuação: 5

3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) EQUIPE Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron ORIENTADORAS Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli PONTUAÇÕES Massa: 3052g | Pontuação: 3

Equipe da Unoesc posa com prêmio pela terceira colocação no APO

CONCRETO & Construções | 39


u 58º CBC

Concurso CONCREBOL

O

CONCREBOL

desafia

o estudante a construir uma

bola

(esfera)

de

concreto leve, com dimensões pré-estabelecidas e que seja capaz de rolar em uma trajetória retilínea. O concurso testa a habilidade dos estudantes para desenvolver um método construtivo e para produzir concretos leves e homogêneos, com bons parâmetros de resistência. Formado por quatro etapas: u Medição do diâmetro e volume

das bolas de concreto; u Medição da massa das bolas de

concreto

e

determinação

das

massas específicas dos concretos utilizados na confecção dessas bolas;

Capitão da equipe acompanha ensaio de resistência à compressão de sua bola de concreto

u Avaliação da uniformidade física

das bolas de concreto por meio

maior pontuação final, calculada segundo a equação:

de um equipamento de impulso, dotado de um

PF =

pêndulo de 20 kg de onde:

alavanca de 80 cm, libe-

PF é o valor da pontuação final;

rado segundo um ângu-

P é a máxima carga no ensaio de re-

lo de 37°, que, ao atingir

sistência à compressão (kN);

as bolas, faz com que

r é o raio da bola, em metros (m);

elas se movimentem por

V é o volume da bola (m3);

uma pista plana de rola-

m é a massa da bola, em quilogramas

mento em direção a um

(kg);

gol com dimensões de

C1 é o coeficiente de uniformidade;

40 cm x 35 cm - chute

F é o fator atribuído ao diâmetro da

convertido em gol vale

bola em função do desvio médio das

1; não convertido vale

três medidas de seu diâmetro. No caso de equipes que tenham

u Avaliação da resis-

inscrito mais de uma bola, a pontu-

tência

ação considerada é a da bola com

das

à bolas

compressão por

meio

de ensaio.

40 | CONCRETO & Construções

[1]

massa com braço de

0,6;

Equipe participante acompanha ensaio de uniformidade da bola de concreto

2•P V x x C1 x F m 4 • p • r2

Vence o concurso a equipe que conseguir a

melhor resultado. Em caso de empate, a equipe campeã é a que concorreu com a bola com menor massa específica.


à Premiação CONCREBOL 2016

1º Lugar INSTITUIÇÃO Instituto Mauá de Tecnologia

Adair da Rosa, da Penetron, entrega o prêmio à equipe vencedora do Concrebol

EQUIPE Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga ORIENTADORES Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,109m | F: 0,97 | Massa (m): 8,962kg | C1: 1 Carga (P): 339,969kN | Pontuação final (PF): 2,674

2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI

Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol

Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol

EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,108m | F: 0,99 | Massa (m): 7,608kg | C1: 1 Carga (P): 278,901kN | Pontuação final (PF): 2,633

CONCRETO & Construções | 41


u 58º CBC

à Premiação CONCREBOL 2016

3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) EQUIPE Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol

Equipe comemora premiação no Concrebol

ORIENTADORAS Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 219mm | Raio: 0,110m | F: 1 | Massa (m): 9,282kg | C1: 1 Carga (P): 324,038kN | Pontuação final (PF): 2,548

Menção Honrosa INSTITUIÇÃO Faculdade Católica do Tocantins (FACTO) EQUIPE Klicha Kelen Boni Rosa, Jônatas Macêdo de Souza, Danilo Rodrigues Martins, Mirelle de Souza Neres Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol

Menção Honrosa à equipe FACTO, pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016

ORIENTADOR Alexon Braga Dantas PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 220mm | Raio: 0,110m | F: 0,97 | Massa (m): 9,476kg | C1: 1 Carga (P): 308,484kN | Pontuação final (PF): 2,320

NOTA: Na avaliação definitiva dos resultados, foi verificado que a equipe da FACTO (Faculdade Católica do Tocantins) foi a vencedora do 4º lugar do Concurso CONCREBOL, resultado este diferente do divulgado no Jantar de Encerramento do Congresso. Desta forma e em consideração ao excelente desempenho da equipe, a Comissão Organizadora concede à equipe FACTO a Menção Honrosa pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016.

42 | CONCRETO & Construções


Concurso Concreto Colorido de Alta Resistência (COCAR)

O

objetivo do concurso é testar a habilidade dos estudantes na preparação

de concretos resistentes, compactos e coloridos. Desafiam-se os estudantes a moldarem um corpo de prova cúbico, com 10 cm de aresta, com concreto colorido de alta resistência. A competição é formada por quatro etapas: u Medição das dimensões e massa

dos corpos de prova, e avaliação de suas colorações com base numa palheta de cores, com atribuição de coeficientes de 0 a 1 (C1); u Determinação da compacidade dos

Estudantes posam com seus corpos de prova coloridos antes do ensaio de resistência à compressão do Cocar

corpos de prova através do ensaio

u Avaliação da resistência à compres-

de velocidade ultrassônica (m/s), com

são dos corpos de prova por meio

concurso.

atribuição de coeficientes (C2) entre

de ensaio;

A pontuação final de cada corpo de

0,7 (menor velocidade do concurso) e 1 (maior velocidade do concurso);

u Inspeção visual dos corpos de pro-

especificações do Regulamento do

prova é calculado pelas expressões:

va rompidos para ver se atendem às PF = fc . C1 . C2

fc =

F d 1 . d2

[1]

Onde: fc é a resistência à compressão do corpo de prova (MPa); F é a máxima carga no ensaio de resistência à compressão (kN); di são as dimensões das arestas medidas na face de ruptura do corpo de prova (mm); C1 é o coeficiente de cor; C2 é o coeficiente de compacidade. Vence o concurso a equipe com o corpo de prova que obteve a maior pontuação final. Em caso de empate, a equipe vencedora é a do corpo de proCorpo de prova despedaça-se no ensaio de resistência à compressão

va com menor massa. CONCRETO & Construções | 43


u 58º CBC

à Premiação COCAR 2016

1º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo. Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado Tânia Regina Moreno, da Lanxess, entrega prêmio ao vencedor do Cocar

PONTUAÇÕES M: 2,6497kg | D1: 101,4mm | D2: 101,8mm | C1: 0,90 | C2: 0,91 | F: 1646,896kN fc: 159,591MPa | PF: 131,073MPa

2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa Equipe da FEI com prêmio pela segunda colocação no Cocar

PONTUAÇÕES M: 2,6847kg | D1: 100,8mm | D2: 101,4mm | C1: 0,90 | C2: 0,96 | F: 1502,729kN fc: 147,007MPa | PF: 126,853MPa

3º Lugar INSTITUIÇÃO Instituto Mauá de Tecnologia EQUIPE Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga Equipe posa com prêmio pela terceira colocação

ORIENTADORES Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon PONTUAÇÕES M: 2,3917kg | D1: 100,2mm | D2: 100,5mm | C1: 1 | C2: 0,9 | F: 1408,198kN fc: 139,840MPa | PF: 126,542 MPa

44 | CONCRETO & Construções


Concurso Ousadia

E

laborar um estudo

culturais – na definição da so-

para a concepção

lução arquitetônica adotada.

de um projeto preli-

Preliminarmente, os pro-

minar integrado de arquitetura

jetos foram avaliados sob os

e engenharia de uma obra de

critérios do sistema constru-

arte em concreto que pos-

tivo adotado, com relação à

sibilite a acessibilidade entre

sua estabilidade, durabilidade

a Rua Sapucaí e o túnel de

e manutenção, recebendo

acesso ao Metrô e à Praça da

notas de 1 a 10, pelos mem-

Estação, de modo a promover

bros da Abece Inovação:

a requalificação urbanística da

Renato Rodrigues Coelho,

Rua Sapucaí e seu entorno,

Maquete do projeto vencedor do Ousadia 2016

Luciano Rodrigues Coelho,

no bairro Floresta da cidade

Pedro Ribeiro Azevedo, Ana

de Belo Horizonte, em Minas

Paula Silveira, Ricardo Ga-

Gerais. Este foi o desafio feito

ranhani Neto, Ramon Costa

aos estudantes dos cursos de

Nascimento, Daniela Baldas-

Engenharia Civil, Arquitetura

sarri e Douglas Couto. Em

e Tecnologia pelo Concurso

seguida, os projetos foram

Técnico do IBRACON – Ou-

avaliados por uma comissão

sadia 2016.

local, formada por represen-

A proposta deve eviden-

tantes da Prefeitura de Belo

ciar uma percepção global

Horizonte, que atribuiu notas

do local, considerando seus

de 1 a 10. Por fim, os projetos

usos, a paisagem urbana, a

foram apresentados em três

preservação do patrimônio

Maquete do projeto segundo colocado

cultural, as formas naturais

pranchas no tamanho A1 da ABNT e numa maquete física,

e as matérias-primas dispo-

representada em escala, com

níveis, conciliando-a com o

no máximo 1m2 de área, no

uso do concreto, a dimen-

Minascentro, e foram avalia-

são e proporções da obra de

dos pela comissão julgado-

intervenção.

ra do concurso, que atribuiu

Os objetivos do Concurso

notas de 1 a 10 a cada um

são: desenvolver a aptidão

dos quesitos arquitetônicos

dos alunos na concepção

considerados.

de projetos ousados; am-

Os três projetos mais

pliar os conhecimentos dos

bem pontuados receberam

estudantes sobre a tecno-

os prêmios de Vencedor (1º

logia do concreto; aumentar

o

entrosamento

entre

Maquete do projeto terceiro colocado

lugar), Destaque (2º lugar) e Mérito (3º lugar). O critério de

estudantes de arquitetura, engenha-

importância de se considerar as condicio-

desempate foi o menor volume total de

ria civil e tecnologia; e evidenciar a

nantes locais – ambientais, econômicas e

concreto empregado. CONCRETO & Construções | 45


u 58º CBC

à Premiação Ousadia 2016

1º Lugar INSTITUIÇÃO Escola de Engenharia de São Carlos | Universidade de São Paulo EQUIPE Álison Toledo, Amanda Basso Morelli, Ana Carolina Faria, Caio Agrizzi, Fabiana Granusso, Gabriel Miranda de Faria, Guilherme Grigio Gabriel, Hugo Lourenço, Ingridth Hopp, João Perdoná, Juan Leles, Luciane Sobral, Masae Kassahara, Renan Antiqueira, Rodrigo Frederice, Gustavo Baeta ORIENTADORES Ricardo Carrazedo, Givaldo Luiz Medeiros, Luciana B. Martins Schenk Carlos Britez, representando a Mendes Lima Engenharia, entrega prêmio ao vencedor do Ousadia

PONTUAÇÃO 737

2º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Presbiteriana Mackenzie EQUIPE Adriana Araújo, Augusto Estevão Soares de Souza, Aya Saito, Flávia Leisnoch Lima, Gabriel Barbeiro Pisani, Gabriel Gomes de Araújo, Gabriel Martins Ramos, Helena Kaori Gomes Silva, Jéssica Santana Soares, Juliana Villar Valença, Lígia Oliva Doniak, Luis Fernando Guimarães, Luiza Vianna Figueiredo, Mauricio Canton Pladevall, Nathalia da Mata, Patrícia Sanvito Bonilha, Paula Leonhardt Miguel, Paula Patocs Alcântara, Rafaela Chaves Dias Honório, Renato Conceição de Almeida, Talita Ezequiel dos Santos, Victor Bitancourt Sodré, Victor Hugo Oliveira, Vinicius Silva Caruso Segunda colocada no Ousadia posa para foto na premiação

ORIENTADORES Alfonso Pappalardo Junior, Eleana Patta Flain, Mauro Claro PONTUAÇÃO 712

3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva

Equipe terceira colocada posa com prêmio

46 | CONCRETO & Construções

ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva PONTUAÇÃO 679


Comitê Técnico trabalha para a normalização do concreto reforçado com fibras

O

concreto reforçado com

desconhecimento no meio técnico so-

Internationale du Béton), com vistas a

fibras (CRF) é um compó-

bre o tema, o que dificulta o uso disse-

desenvolver textos técnicos, com base

sito caracterizado por uma

minado do CRF.

em ensaios, pesquisas e na literatura

matriz cimentícia com fibras descontí-

No sentido de contribuir para os

técnica, para auxiliar nos trabalhos de

nuas. Usado com a finalidade estru-

avanços nessa área, o Instituto Brasileiro

normalização referentes ao projeto es-

tural, o CRF tem excelente comporta-

do Concreto (IBRACON) e a Associação

trutural e procedimentos de controle,

mento nos Estados Limite Último e de

Brasileira de Engenharia e Consultoria

bem como divulgar as recomendações

Serviço, em elementos estruturais com

Estrutural (ABECE) criaram em 2015 o

consensuadas entre seus integrantes

substituição parcial ou total das arma-

Comitê Técnico de uso de materiais não

para o emprego desses materiais.

duras de aço. Sem finalidade estrutu-

convencionais para estruturas de con-

O CT-303 é formado por quatro gru-

ral, o CRF propicia melhor controle da

creto, fibras e concreto reforçado com

pos de trabalho, denominados GT- 1

abertura e do espaçamento de fissuras

fibras (CT-303), que está sob a coorde-

(Estruturas de concreto reforçado com

e favorece a capacidade resistente ao

nação do engenheiro da Evolução Enge-

fibras), GT-2 (Reforço de estruturas

fogo do concreto, com maior desem-

nharia, Marco Antônio Cárnio.

existentes de concreto com materiais

penho em serviço e durabilidade.

O objetivo do Comitê é integrar a

não convencionais), GT-3 (Estruturas

Como o uso de fibras no concreto

cadeia da construção voltada ao uso

de concreto com armaduras de mate-

não é normalizado no Brasil há certo

de materiais não convencionais que

riais não convencionais) e GT-4 (Carac-

sirvam ao reforço

terização de materiais não convencio-

externo de estru-

nais e fibras para reforço estrutural).

turas de concre-

As discussões no âmbito dos GT-1

to existentes e ao

e GT-4 sobre concreto reforçado com fi-

reforço interno de

bras estão em estágio avançado, tendo

estruturas de con-

sido realizado em abril/2016 o primei-

creto novas, bem

ro Workshop Internacional IBRACON/

como ao concre-

ABECE “Concreto Reforçado com

to reforçado com

Fibras”, onde foram debatidas impor-

fibras,

con-

tantes questões para a normalização

sonância com os

técnica do CRF no país, como a ca-

trabalhos

desen-

racterização e a especificação de fibras

volvidos no âmbito

destinadas ao reforço estrutural, as di-

internacional

pela

retrizes de projeto do concreto reforça-

(International

do com fibras, métodos de ensaio para

ISO

em

for

a caracterização do CRF como material

Standardization) e

estrutural e as perspectivas no uso de

pela fib (Fédération

macrofibras poliméricas, de fibras de

Organization Eng. Marco Antônio Cárnio em sua palestra no lançamento da Prática Recomendada

CONCRETO & Construções | 47


u 58º CBC

tipo de macrofibra e os ensaios para

Essa Prática foi concebida para o

avaliação do comportamento mecâni-

projeto de elementos estruturais em

co do CRF (como o ensaio à flexão de

concreto reforçado com fibras por aná-

prismas de CRF com entalhe e o ensaio

lise elástica linear ou não linear, plásti-

por duplo puncionamento do CRF).

ca ou por meio de modelos físicos. “A Prática contempla uma divisão de dois

PRÁTICA RECOMENDADA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

grupos de estruturas: elementos estru-

Fruto do trabalho do GT-1 do CT

elástico (Grupo A) e outros elementos

vidro e de fibras de aço para reforço do

303, foi lançada no 58º Congresso Bra-

estruturais de CRF, como elementos

concreto. Atualmente encontra-se em

sileiro do Concreto a Prática Recomen-

lineares, de superfície ou de volume

discussão o procedimento de contro-

dada “Projeto de Estruturas de Concreto

(Grupo B)”, esclareceu Cárnio no lança-

le da qualidade do concreto reforçado

Reforçado com Fibras”, que estabelece

mento e apresentação da publicação.

com fibras, sendo que os membros do

os requisitos mínimos de desempenho

Baseada nas referências normati-

GT-4 têm se encontrado nas primeiras

mecânico do concreto reforçado com

vas Mode Code 2010 da fib e no Ane-

sextas-feiras de cada mês na Escola

fibras para a substituição parcial ou total

xo 14 da Instrução do Concreto Estru-

Politécnica da USP, para debater, entre

das armaduras convencionais nos ele-

tural do Governo Espanhol, a Prática

outros assuntos, o controle do teor de

mentos estruturais de concreto e indica

Recomendada está também alinhada

fibras no concreto no estado fresco, o

ensaios para a avaliação do comporta-

com

modo de preparo do CRF para cada

mento mecânico do CRF.

tê de materiais não convencionais de

Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado com Fibras

turais de CRF que apresentam capacidade de redistribuição de esforços, considerando a interface com o meio

as

discussões

do

Subcomi-

u Principais Atividades dos Comitês Técnicos em 2016 CT -201 Comitê Técnico IBRACON de Reação Álcali Agregado

Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15577, norma brasileira que estabelece os requisitos e critérios para avaliação e prevenção da reação álcali-agregado (composta de seis Partes) Desenvolvimento da Prática Recomendada “Aplicação da ABNT NBR 15577 para avaliação e prevenção da RAA”

CT -202 Comitê Técnico IBRACON de Concreto Autoadensável

Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15823, norma que estabelece como deve ser realizado o controle e a aceitação do concreto autoadensável no estado fresco e traz o detalhamento dos ensaios (composta de seis Partes) Realização do III Seminário sobre Pesquisas e Obras em Concreto Autoadensável, realizado durante o 58º CBC

CT-303 Comitê IBRACON/ABECE de Uso de Materiais Não Convencionais para Estruturas de Concreto, Fibras e Concreto Reforçado com Fibras

Realização do Workshop Internacional sobre Concreto Reforçado com Fibras, em abril deste ano nas dependências da Escola Politécnica da USP Desenvolvimento da Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado Com Fibras”

CT-402 Comitê IBRACON de Ensaios Não Destrutivos

Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão das ABNT NBR 8802 (ensaio de ultrassonografia em concreto endurecido) e ABNT NBR 7584 (ensaio de avaliação da dureza superficial do concreto por esclerometria) Desenvolvimento da Prática Recomendada de Ensaios não Destrutivos, a ser lançada em breve Realização do Simpósio de Ensaios não Destrutivos para avaliação das estruturas de concreto, realizado durante o 58º CBC

CT-801 Comitê IBRACON de Atividades Estudantis

Realização de quatro Concursos Técnicos Estudantis (Concrebol, APO, COCAR e Ousadia) durante o 58º CBC

48 | CONCRETO & Construções


reforço estrutural do Comitê de concreto, concreto armado e concreto protendido da ISO (ISO/TC71, Concrete, reinforced

concrete

and

pre-stres-

sed concrete, SC 6, Non-traditional reinforcing materials for concrete structures), por ter a professora da Universidade de Minas Gerais, Sofia Diniz, como representante da ABNT na ISO e como

Eng. Inês Battagin em sua apresentação do balanço das atividades dos Comitês Técnicos em 2016

membro do Comitê Técnico de Ativida-

mento, Concreto e Agregados da Asso-

comendadas sobre controle da qua-

des (CTA) do IBRACON, que dá suporte

ciação Brasileira de Normas Técnicas)

lidade do CRF, controle do teor de

às atividades de seus Comitês.

e Diretora Técnica do IBRACON, Enga.

fibras no estado fresco, macrofibras

Inês Battagin, com a publicação desta e

poliméricas para concreto estrutural,

pelo

de outras práticas relacionadas ao con-

macrofibras de vidro álcali-resistentes

IBRACON/ABECE e contou com o

creto reforçado com fibras, o IBRACON e

para concreto estrutural, caracteriza-

patrocínio da Arcelor Mittal, Owens

a ABECE esperam contribuir para desen-

ção do CRF por flexão de prismas com

Corning e Braskem.

volver uma norma brasileira sobre CRF.

entalhes e por duplo puncionamento.

Com 39 páginas, a Prática, em formato

e-book,

foi

editada

do

Estão previstas, como resultados

ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de Ci-

dos trabalhos no CT-303, práticas re-

Segundo

a

Superintendente

FÁBIO LUÍS PEDROSO

CONCRETO & Construções | 49


u 58º CBC

Seminário debate o que deve mudar nos cursos, nos professores e nos alunos para formar mais e melhores engenheiros civis

P

or que a evasão nos cursos de engenharia no Brasil é tão alta? Por que os alu-

nos parecem desmotivados nas salas de aula? Qual é o perfil atual do aluno brasileiro dos cursos de engenharia? A formação do engenheiro tem atendido bem as demandas econômicas e sociais? O ensino evoluiu com a mudança de perfil dos alunos e com o extraordinário desenvolvimento tecnológico do século XX? A qualidade dos cursos brasileiros de engenharia é boa? Existe necessidade de se expandir a formação de engenheiros no país? Essas e outras questões perme-

Prof. Marcos Tozzi em momento de sua palestra sobre ameaças e oportunidades no ensino de engenharia no Seminário

aram as discussões no I Seminário

dades e universidades privadas. São

dos professores e alunos. Ele exempli-

IBRACON sobre o Ensino de Engenha-

formados por ano em torno de 60 mil

ficou que os estudantes de engenharia

ria Civil, ocorrido no dia 13 de outubro

engenheiros, número que poderia pra-

são bastante criativos, mas demasia-

como evento paralelo do 58º Congres-

ticamente dobrar se a evasão nesses

damente arrogantes. Já os docentes

so Brasileiro do Concreto, no Minas-

cursos não fosse tão elevada – média

raramente possuem uma formação

centro, em Belo Horizonte.

de quase 50%, segundo cálculo do

pedagógica adequada, carecendo de

professor da Universidade Federal de

teorias sobre o processo de aprendiza-

Juiz de Fora, Vanderli Fava de Oliveira.

gem professor-aluno, de métodos mais

Segundo o Censo da Educação Superior e o portal do Ministério da Educação (e-MEC), existem atualmente

Para o vice-presidente da Associa-

eficazes de avaliação dos alunos e de

no país cerca de 4446 cursos de enge-

ção Brasileira de Educação de Enge-

uma postura de humildade em sala

nharia em todas as modalidades (civil,

nharia (Abenge), Marcos José Tozzi, um

de aula. Para Tozzi, o ensino de enge-

produção, mecânica, elétrica, química,

dos palestrantes no Seminário, o cená-

nharia no país também precisa mudar

etc.), mais da metade deles em facul-

rio clama por mudanças na formação

para uma abordagem do aprendizado

50 | CONCRETO & Construções


Aluno Vinícius Caruso comenta Carta de Belo Horizonte, manifesto dos alunos para melhorar o ensino de engenharia civil no país

baseado em casos práticos. “É preciso

CON, tive pessoalmente

u Vídeos do TED (Technology, Enter-

que realizar ensaios no

tainment and Design), programa de

laboratório, aprender por

imersão de especialistas em tecno-

conta própria o que não

logia, entretenimento e criação, com

havia aprendido nas au-

duração de uma semana, realizado

las e me habilitar a vencer

duas vezes por ano – o programa já

os desafios propostos

reuniu mais de 1200 especialistas e

nos concursos por meio

redundou em mais de 2300 pales-

de tentativas e erros”,

tras sobre os mais diversos assun-

testemunhou o aluno da

tos, como as de Laurent Alexandre

Universidade Mackenzie,

(nanotecnologia, ciências cogniti-

Vinícius Caruso, a quem

vas, informática e biotecnologia),

coube a leitura do manifesto.

Ray Kurzweil (pensamento híbrido

Este espírito empreendedor foi

e inteligência artificial), Sergei Brin

A palestra de Tozzi sobre as opor-

a tônica da palestra do presidente

(inteligência artificial) e Elon Musk

tunidades e ameaças no ensino de en-

do Instituto Ermínia Sant’Ana, Ruy

(carro elétrico popular, empresa de

genharia civil foi a deixa para a leitura de

Sant’Ana, com foco na formação pro-

locação de energia solar e foguete

um manifesto dos estudantes no qual é

fissional continuada. Com o advento

completamente reutilizável).

apontada a falha no ensino de engenharia

da internet, as fontes de conhecimen-

“Descubra seu talento, tenha amor

no país em oferecer oportunidades para

to diversificaram-se e estão acessíveis

pelo que faz, trabalhe duro e aproveite

aplicar os conhecimentos repassados

a qualquer aluno que disponha de um

as oportunidades! Este é o segredo para

em salas de aula – razão indicada para

computador ou celular e de uma cone-

o sucesso”, aconselhou Ruy Sant’Ana.

fazer para aprender!”, vaticinou.

a desmotivação dos alunos nos cursos.

xão à web. Ruy citou:

NOVA ESTRUTURA CURRICULAR

A Carta de Belo Horizonte (leia nes-

u Open Course Ware, plataforma on-

ta edição) foi escrita pelos estudantes

-line que disponibiliza 2340 cursos

Para formar essas e outras compe-

dos cursos de engenharia civil, parti-

de graduação e pós-graduação do

tências nos alunos de engenharia civil a

cipantes dos concursos técnicos do

Instituto Tecnológico de Massa-

Escola Politécnica da Universidade de

IBRACON, vistos por eles como uma

chussets (MIT);

São Paulo (Poli-USP), herdeira de uma

necessária

u i Tunes U, que oferece cursos das

estrutura político-pedagógica das uni-

para sua boa formação. “Com minha

universidades de Harvard, Stanford,

versidades alemãs, iniciou um trabalho

participação nos concursos do IBRA-

Oxford, Yale, entre outros;

de reestruturação curricular nos anos

atividade

complementar

Prof. Ruy Sant’Ana (esq.), ladeado pelos coordenadores do Seminário, Luís Cesar De Luca e César Daher, em momento de sua palestra sobre educação continuada CONCRETO & Construções | 51


u 58º CBC

1990.

Oito

professores

visitaram,

Dez anos depois, tiveram início

durante 40 dias, escolas europeias

na Poli-USP as discussões para uma

e americanas de engenharia, para

transformação radical do ensino de

conhecer os princípios, o conteúdo,

graduação, com a criação de uma

a carga horária e as perspectivas de

comissão de graduação, um website

pesquisas nessas escolas de exce-

para receber sugestões de mudanças

lência. Em seguida, foi criada uma

de alunos e ex-alunos e uma comissão

comissão de reestruturação dos cur-

de notáveis, formada por presiden-

sos de graduação da Poli-USP, cujos

tes e diretores de grandes empresas,

trabalhos

1998,

governos e instituições, para indicar

numa nova estrutura curricular, com

suas necessidades atuais e futuras em

redução da carga horária (32h para

termos de competências almejadas

28h semanais), para possibilitar aos

na contratação de engenheiros civis.

alunos fazerem estágios; na forma-

A comissão de graduação elaborou o

cos, científicos, tecnológicos e ins-

ção pedagógica dos seus professo-

plano político-pedagógico, com base

trumentais à engenharia;

res, com o oferecimento de cursos

nessas discussões e colaborações,

de pedagogia para melhoria do de-

descrevendo 17 competências mínimas

sempenho didático dos docentes; e

comuns para os cursos de engenharia,

na estruturação do trabalho de for-

sendo três básicas, seis profissionais

matura como momento para o aluno

e oito técnicas, entre as quais foram

acompanhar criticamente um projeto

destacadas:

coordenar projetos e serviços de

ou obra de grande porte.

u aplicar conhecimentos matemáti-

engenharia;

redundaram,

em

Prof. José Balbo em sua palestra sobre a reforma curricular na Poli-USP no Seminário

u projetar e conduzir experimentos e

interpretar resultados; u conceber, projetar e analisar siste-

mas, produtos e processos; u planejar, supervisionar, elaborar e

C A R TA D E B E L O H O R I Z O N T E | E n g e n h a r i a

O

Brasil é um país por se construir. Seu desenvolvimento interessa a cada cidadão. Dado o verbo que se usou (construir), parte dos desafios que devem ser enfrentados diz respeito à infraestrutura. Há os entraves de mobilidade urbana; déficit habitacional; saneamento básico e a problemática da geração de energia. O objetivo deste manifesto não é o de enfocar esses problemas. Mas o de discorrer sobre um fato, unânime: para o enfrentamento dessas questões, o Brasil precisa de Engenharia Civil. O Brasil precisa de bons Engenheiros Civis. Para tanto, vamos direto ao ponto: a evasão nos cursos de engenharia. Muito se fala a respeito, pouco se faz. A maioria das falas atribui o problema ao frágil Ensino Médio. Pouco se fala da desmotivação dos alunos. As Escolas de Engenharia raramente conseguem sair do trinômio sala de aula/listas de exercícios/provas. Entendemos que a prática da Engenharia é muito mais do que isto. A sala de aula imobiliza, torna o aprendizado passivo. Provas são método de avaliação questionável. Como instrumento estatístico, as chances de erro são grandes: seja por sua má formulação, seja pelo preparo inadequado por parte dos alunos ou por problemas emocionais deles. Oportunamente, deve-se lembrar que engenheiros civis não são contratados para fazer provas, mas fazer projetos, obras ou atividades relacionadas a esses processos.

52 | CONCRETO & Construções

Vivemos no século XXI, no qual a informação exerce predominância. Frações de segundos são suficientes para que uma enxurrada de dados apareçam. Os estudantes são ágeis, impacientes, questionadores. O conteúdo dado no curso deve ser absorvido na maior proporção possível. É preciso que ocorra a síntese do conhecimento, englobando todas as áreas da engenharia, e que as atividades extrapolem o momento da exposição em sala de aula ou a realização de exercícios, repetidos e mecânicos. É importante deixar claro que esses são processos indispensáveis para a construção do conhecimento, mas não podem ser os únicos. É necessário preparar o aluno para manter postura ativa frente aos desafios profissionais. Fazê-lo sedento pela descoberta do conhecimento, da lógica dos processos, da resolução de problemas. O engenheiro é prático. Dessa maneira, trabalhar a teoria sem apontar aonde ela será aplicada é um erro. Sempre que possível, esta ação deve acontecer in loco, por meio do contato com situações e ambientes reais. É de grande importância privilegiar na grade curricular a visão de empreendimento: porque e como se identifica a necessidade de uma intervenção de engenharia, como se projeta, como se executa/fiscaliza a obra, como recursos são captados/geridos para sua viabilização, e como se dão os processos que envolvem tópicos jurídicos e ambientais.


u identificar, formular e resolver pro-

blemas de engenharia; u desenvolver e/ou utilizar novas fer-

ramentas e técnicas; u supervisionar a operação e a manu-

tenção de sistemas;

curricular da Poli-USP no Seminário, sua

dade de habilitação de sua escolha, ou

pedra angular foi dar maior flexibilidade

iniciar o mestrado, cursando disciplinas

e mobilidade aos estudantes entre os

para obter créditos para realizar o exame

cursos de engenharia. A formação em

de qualificação.

ciências básicas (matemática, ciências naturais, ciência dos materiais e ciências

u avaliar criticamente a operação e a

sociais) foi reduzida para cinco semestres

MAIS ENGENHEIROS BEM FORMADOS

e a formação em ciências de engenharia

As mudanças e propostas discuti-

(gerenciamento de empreendimentos,

das no Seminário para os cursos de en-

formas escrita, oral e gráfica;

projeto, operação e manutenção), amplia-

genharia no país miraram as posturas

u atuar em equipes multidisciplinares;

da para oito semestres. Ao aluno é dada a

éticas, pessoais e coletivas, bem como

u compreender e aplicar a ética e res-

liberdade de escolha em nove disciplinas,

as competências técnicas, comunicati-

para qualquer uma oferecida pela USP.

vas e de relacionamento, imprescindí-

u avaliar o impacto das atividades

A primeira disciplina para a habilitação

veis para que os engenheiros forma-

da engenharia no contexto social e

é cursada no primeiro semestre, sendo

dos sejam habilitados a enfrentarem

ambiental;

que a habilitação é obtida no oitavo se-

os desafios do milênio com relação às

mestre. A carga horária de 28h semanais

necessidades humanas por infraestru-

é reduzida para 24h no oitavo semestre.

tura, habitação, mobilidade urbana, sa-

u assumir a postura de permanente

O último ano, com carga horária de 20h

neamento básico, geração de energia,

busca de atualização profissional.

semanais, foi transformado em módulo de

sustentabilidade no setor construtivo,

Segundo o professor José Tadeu Bal-

formatura, no qual existe a possibilidade

entre outras. Neste sentido são propos-

bo, que participou da comissão de gradu-

do aluno fazer seu trabalho de conclusão

tas que se inserem num contexto de

ação e que fez o relato da reestruturação

e o estágio supervisionado na modali-

transformação do ensino de engenharia

manutenção de sistemas; u comunicar–se eficientemente nas

ponsabilidade profissionais;

u avaliar a viabilidade econômica de

projetos de engenharia;

civil

brasileira:

motivar

para

Não é possível que o estudante não tenha motivação para frequentar a faculdade. É preciso estimulá-lo a gostar do que faz, tornando essa atividade envolvente, prazerosa. Não há como melhorar o nível do ensino sem que existam alunos motivados. É neste sentido, de motivar, que os concursos técnicos (APO, CONCREBOL, COCAR e OUSADIA) promovidos pelo IBRACON funcionam. Todos apresentam elevado rigor técnico e provocam positivamente os alunos a buscar soluções que compreendem vários tópicos estudados nas cadeiras de Materiais de Construção, Análise Estrutural e Estruturas de Concreto. Para tanto, há que se ter trabalho em equipe, aplicar corretamente as normas técnicas pertinentes, praticar ferramentas de gestão para organização da viagem para o CBC, captar e gerir recursos, dialogar com empresas para obtenção de insumos e manipular de ferramentas de comunicação. A convivência entre alunos é outro aspecto a ser observado, pelo intercâmbio cultural que é realizado. Ademais, há a desconexão das disciplinas do chamado “ciclo básico” com as disciplinas do “ciclo profissionalizante”. O problema não está no ciclo básico em si, já que ele é o responsável por moldar o raciocínio lógico e objetivo do engenheiro. A falha está na falta de oportunidades para aplicar esses conhecimentos. Os concursos são ótimos para tal.

construir Entendemos que a prática dos concursos precisa ser ampliada para outras áreas da Engenharia Civil, inclusive podendo ser pensada como método de avaliação em alguns casos e/ou como uma atividade complementar obrigatória para a obtenção da habilitação profissional, por meio dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia. Este documento não sugere acabar com as práticas tradicionais, mas questioná-las como “verdade absoluta”. A mudança é lenta, mas é preciso que ela comece em algum momento. Queremos reunir compromissados com o aperfeiçoamento dos cursos de Engenharia Civil no Brasil. Queremos ações práticas, e o engajamento do governo, mercado, sociedade civil e academia. Só assim é que será possível projetar e construir o Brasil concreto. Belo Horizonte (MG), outubro de 2016. ENG. JÉSSIKA PACHECO Diretora de Atividades Estudantis, representando os estudantes de Engenharia Civil pertencentes às Instituições de Ensino Superior localizadas em todo território nacional, participantes dos concursos técnicos do IBRACON

CONCRETO & Construções | 53


u 58º CBC

no país e no mundo. Certamente nes-

9,13, segundo dados da publicação “For-

ensino-aprendizagem,

sa transformação se inclui a evolução

talecimento das Engenharias”, publicado

com que o aluno deixe de ser o obje-

paulatina da qualidade dos cursos de

em 2015 pela organização Mobilização

to da aprendizagem para ser o sujeito

engenharia no Brasil. Dados de 2014

Empresarial pela Inovação (MEI).

do conhecimento, priorizando méto-

que

façam

do Sistema Nacional de Avaliação da

Os dados das pesquisas revelam

dos que façam o aluno aprender com

Educação Superior (Sinae) do Instituto

que o país precisa de mais e melhores

a prática, principalmente com seus

Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-

engenheiros civis.

erros, bem como integrando nas sa-

cacionais (Inep), vinculado ao Ministério

las de aula as novas tecnologias de

da Educação (MEC), mostraram que

MESA-REDONDA

mais de 60% dos 239 cursos de enge-

No final das apresentações, os pa-

u Definição de novos critérios para a

nharia civil avaliados em 2014 tiveram

lestrantes juntaram-se aos professores

contratação de professores, sendo

nota 3, enquanto apenas 25% desses

Eliana Monteiro, Paulo Helene, Luiz Pru-

a formação pedagógica e a didáti-

cursos tiveram nota 4 e 5. Consideran-

dêncio, presentes no auditório, ao aluno

ca de ensino critérios fundamentais

do apenas a nota dos alunos no Exame

Vinícius Caruso e aos coordenadores do

para a admissão de professores;

Nacional de Desempenho dos Estu-

Seminário sobre Ensino de Engenharia

u Busca de incentivo governamental

dantes (Enade), o quadro piora: quase

Civil, César Daher e Luís César De Luca,

para a graduação semelhante ao in-

50% dos alunos tiraram notas 1 e 2.

numa mesa-redonda para debater, com

centivo dado pela Coordenação de

“Os engenheiros profissionais atual-

o público presente, as ações para ala-

Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-

mente no mercado de trabalho brasileiro

vancar o ensino de engenharia civil no

vel Superior (Capes) aos cursos de

têm dificuldades com a gestão de pro-

Brasil. Das discussões surgiram as se-

pós-graduação.

jetos, de obras e de recursos, não tem

guintes propostas gerais:

“O IBRACON espera que este semi-

uma boa comunicação oral e escrita,

u Necessidade de mudanças nas es-

nário seja o primeiro de muitos. Espera-

e carecem de liderança e de uma boa

truturas curriculares das instituições

mos com as discussões e seu devido

atuação em equipes multidisciplinares”,

de ensino superior, implementadas

encaminhamento contribuir para que o

avaliou Tozzi.

por meio de programas de rees-

ensino da engenharia civil no país seja

Por outro lado, o Brasil, país por se

truturação que abram espaço para

gratificante, com professores que amam

construir, segundo dizem os alunos na

sondar os interesses dos alunos e

ensinar e alunos motivados a aprender e

Carta de Belo Horizonte, tem atualmente

ex-alunos, que procurem eliminar,

aplicar seus conhecimentos”, avaliaram

cerca de apenas 500 mil engenheiros civis

onde possível, os pré-requisitos para

os coordenadores do Seminário, profes-

no mercado de trabalho, com uma taxa

cursar disciplinas e que enfatizem a

sores Daher e De Luca.

de apenas 2,22 engenheiros por mil habi-

área de detalhamento de projetos;

tantes, bem abaixo da média mundial de

u Adoção de novas metodologias de

informação e comunicação;

FÁBIO LUÍS PEDROSO

Mesa-Redonda para discutir com o auditório o Ensino de Engenharia Civil no país, formada ao final do Seminário

54 | CONCRETO & Construções


u normalização técnica

Normas brasileiras sobre BIM WILTON SILVA CATELANI – Coordenador

EDUARDO TOLEDO SANTOS – Professor

Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE-134)

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP)

VGV – Valor Geral de Venda usado no

nacional. A razão é que seus benefícios

indústria da construção ci-

Brasil); e nessa mesma unidade de

são inúmeros e alcançam toda a cadeia

vil é pouco eficiente, con-

medida, o da indústria de manufatura

da Construção. Entretanto, BIM não é

sumindo e desperdiçando

era de 3,531 e o da indústria como

um conceito fácil de ser corretamente

muitos recursos materiais e humanos.

um todo era de 3,449. Após 10 anos,

entendido, e esse é um dos principais

Outro aspecto intrínseco aos pro-

em 2010, a indústria de manufatura

entraves que explicam porque tem de-

cessos e atividades realizados na

evoluiu para 5,023, enquanto a indús-

morado tanto o crescimento da sua

construção civil é a necessidade de

tria como um todo alcançou 4,496 e

adoção em alguns mercados.

lidar com um volume gigantesco de

a construção civil reduziu para 2,817

dados, e o envolvimento de muitas

yens/homem-hora.

1. INTRODUÇÃO

A

No Brasil, por uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria

pessoas e organizações que pos-

Frente a esse diagnóstico a ques-

e Comércio Exterior (MDIC) em 2009,

suem motivações diversas, limitações

tão que se coloca mais uma vez é

foi criada a Comissão de Estudo Es-

e capacitações diferentes, de realizar

aquela já enunciada por Barros e

pecial de Modelagem de Informação

inúmeros processos e dezenas de

Cardoso (2011) [2]: como fazer para

da Construção, ABNT/CEE-134, que

trocas de informações durante a rea-

“[...] produzir mais, com a qualidade

foi incumbida de desenvolver normas

lização de qualquer empreendimento,

requerida, em menos tempo, com

técnicas sobre BIM. Três atividades

mesmo os mais simples.

menores custos, ao longo do ciclo de

foram definidas como os temas ini-

O pesquisador alemão Thomas

vida de um objeto construído, e de

ciais de trabalho da Comissão:

Bock, líder da área de construções e

forma sustentável [...]” na indústria da

u tradução da norma ISO 12006-2;

robótica da Universidade Técnica de

construção civil?

u desenvolvimento de um sistema

Munique, publicou no ano passado

Qualquer resposta passa, inexora-

um artigo [1] no qual afirma que os

velmente, pela necessidade da inova-

métodos convencionais da constru-

ção e mudanças.

de classificação para a Construção e; u desenvolvimento de diretrizes para

criação de componentes BIM.

ção civil já teriam alcançado seus limi-

O Building Information Modeling

tes de produtividade e que, portanto,

(BIM) ou Modelagem da Informação

Já no ano seguinte foi publicada a

nesse quesito, importantíssimo, a in-

da Construção é um conjunto de tec-

norma ABNT NBR ISO 12006-2:2010

dústria estaria estagnada já há alguns

nologias, processos e políticas que

Construção de edificação — Orga-

anos. Como evidência, compara da-

permite que várias partes interessa-

nização de informação da constru-

dos de produtividade da mão de obra

das possam, de maneira colaborativa,

ção - Parte 2: Estrutura para classi-

de outras indústrias, com a constru-

projetar, construir e operar uma edifi-

ficação de informação, que define

ção civil. Os dados foram coletados

cação ou instalação [3] (BIMDICTIO-

diretrizes e uma estruturação para a

no Japão entre 1990 e 2010. Em 90,

NARY, 2016).

concepção de sistemas de classifica-

os índices médios de produtividade

Segundo Bilal Succar [4], “a adoção

ção das informações da Construção,

da indústria da construção era 3,714

BIM atualmente é a expressão de ino-

permitindo o desenvolvimento de sis-

yens/homem-hora (na média, uma

vação para a indústria da construção

temas de classificação compatíveis

hora de trabalho de um homem, gera-

civil”, a tal ponto que, em alguns países,

internacionalmente.

va 3,714 yens – de valor reconhecido

como Reino Unido, Cingapura e Chile,

Para a segunda ação, toman-

pela indústria – similar ao conceito de

o BIM foi definido como uma estratégia

do essa Norma como referência, e CONCRETO & Construções | 55


tendo como texto-base o sistema de classificação norte-americano Omni-

u Quadro 1 – As tabelas da ABNT NBR 15965

Class™, foi iniciado o desenvolvimen-

Tema

Assunto

Tabela

Materiais

0M

Propriedades

0P

Fases

1F

Serviços

1S

terceira atividade planejada: o Grupo

Disciplinas

1D

de Trabalho de Componentes BIM

Funções

2N

Equipamentos

2Q

Componentes

2C

Elementos

3E

Construção

3R

Unidades

4U

Espaços

4A

Informação

5I

to do sistema brasileiro, descrito na seção 2 deste trabalho.

Características dos objetos

Em julho de 2012, decidiu-se criar um grupo de trabalho no âmbito da ABNT/CEE-134 para desenvolver a

Processos

(GT). As principais diretrizes desta

Recursos

frente de trabalho e alguns dos resultados serão descritos oportunamenResultados da construção

te, num segundo artigo.

2. O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DA CONSTRUÇÃO

Unidades e espaços da construção Informação da construção Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15965-1:2011.

Num mundo ideal não seria preciso iniciar nenhum trabalho do zero e sem-

lização e a combinação de diversos

do sistema de classificação dessa

pre seria possível aproveitar o esforço

termos, com seus correspondentes

Norma inclui toda a Indústria da Cons-

já feito por alguns e então, partindo do

códigos, oriundos de diferentes tabe-

trução Civil, considerando os setores

ponto que eles conseguiram alcançar,

las, para a discriminação completa de

de Edificações e Infraestrutura e tam-

iniciar uma nova etapa de desenvolvi-

um componente, recurso, processo

bém o Industrial, como de mineração e

mento. Mesmo a realização de ativi-

ou resultado gerado.

de extração de petróleo e gás.

dades simples como, por exemplo, a

A ABNT NBR 15965 é composta

Cada uma das tabelas que com-

tarefa de dar nome aos componentes,

por 13 Tabelas. Como a maioria das

põem o sistema foi cuidadosamente

funções e processos, pode gerar mal

Normas Brasileiras está sendo desen-

conceituada e definida (Quadro 1).

entendidos e retrabalhos. Uma ques-

volvida a partir de um “texto-base”

Cada tabela contém duas colunas:

tão crítica à construção civil é a pa-

que, no caso específico, são as 15

uma com o código de classificação

dronização das informações utilizadas,

tabelas

(www.omni-

organizado hierarquicamente e outra

que pode contribuir para a viabilização

class.org), um sistema de classifica-

com o termo padronizado (Quadro 2).

do trabalho colaborativo.

ção aberto, criado para o mercado da

A seguir são descritas as tabelas

Primeira norma técnica BIM Brasi-

OmniClass™

construção da América do Norte.

cujos conceitos e usos são de mais

leira, a ABNT NBR 15965 é um siste-

Convém ressaltar que os conteú-

ma de classificação das informações

dos das tabelas propostas na norma

que oferece à indústria da construção

brasileira não são uma simples tradu-

a possibilidade de padronização para

ção das tabelas da Omniclass™. De

o todo país da nomenclatura utilizada

fato estão sendo retirados itens que

nos seus processos. Embora exista

correspondem a técnicas e sistemas

uma organização hierarquizada den-

construtivos utilizados tipicamente na

A Tabela 4U lista todas as uni-

tro de cada uma de suas várias ta-

indústria da construção norte-ameri-

dades (ou construções) que podem

belas, o sistema de classificação da

cana, e estão sendo incluídas soluções

ser produzidas pela indústria da

ABNT NBR 15965 utiliza uma classi-

construtivas, técnicas e componentes

construção civil, de acordo com suas

ficação “facetada”. Essa requer a uti-

específicos do Brasil. A abrangência

formas e seus usos.

56 | CONCRETO & Construções

difícil compreensão.

2.1 As tabelas de Unidades e Espaços da construção (4U e 4A)


u Quadro 2 – Exemplo de tabela da ABNT NBR 15965 (trecho da Tabela 0M – Materiais) Código 0M.

10.

00.

0M.

10.

10.

00.

0M.

10.

10.

01.

Carbono

0M.

10.

10.

03.

Silício

10.

30.

00.

0M.

10.

30.

10.

40.

00.

0M.

10.

40.

20.

00.

00.

0M.

20.

10.

00.

0M.

20.

10.

0M.

0M. 0M.

Termo Elementos químicos Elementos sólidos

Elementos líquidos 01.

Mercúrio Elementos gasosos

01.

Hidrogênio Compostos sólidos Compostos minerais

01.

00.

Rochas

0M.

20.

10.

01.

01.

Granitos

0M.

20.

10.

01.

03.

Mármores

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 15965-2:2012.

Suas definições são as seguintes:

de maior; não define funções - um

das) pela forma, enquanto a Figura 2

u Unidades pela Forma: são unida-

arranha-céu (edifício de grande al-

mostra a classificação de uma mesma

des definíveis do ambiente cons-

tura) pode ter diferentes usos (re-

edificação (mesma forma) pela função.

truído, compostas de espaços e

sidencial, comercial, etc.).

A Tabela 4A lista todos os diferen-

elementos inter-relacionados clas-

u Unidades pela Função: unidades

tes espaços de uma construção, tais

sificados pela forma; uma entida-

definíveis do ambiente construído,

como: sala de estar, quarto, vestiário,

de construída é completa e pode

compostas de espaços e elemen-

estúdio, sala de cirurgia, cofre, etc.

ser vista separadamente, sem ser

tos

parte constituinte de outra unida-

zados pela função; uma entidade

inter-relacionados

caracteri-

construída é completa e pode ser vista separadamente, sem ser par-

2.2 As tabelas de Elementos (3E), Componentes (2C) e de Resultados da construção (3R)

te constituinte de outra unidade maior; função é o propósito de uso

A Figura 3 ilustra uma situação no

de uma entidade construída e é definida pela ocupação principal e não necessariamente por todas as atividades que podem ser acomodadas na entidade; funções podem determinar formas (ex. Estádio de

u Figura 1 As unidades construídas podem ser classificadas de acordo com sua forma, por exemplo, uma residência unifamiliar, um prédio médio e um edifício de 30 pavimentos Fonte: Imagens livres e autores

Basebol); por outro lado, uma mesma entidade construída pode acomodar diferentes funções ao longo de sua vida útil (um edifício de 2 pavimentos pode ser residencial, educacional ou comercial). A Figura 1 ilustra a classificação de construções (unidades construí-

u Figura 2 A mesma edificação, por exemplo, um prédio de 5 andares, pode ser utilizada tanto para abrigar um pequeno hospital quanto uma escola Fonte: Adaptada de imagens livres pelos autores

CONCRETO & Construções | 57


início do desenvolvimento de um empreendimento. Sabe-se que a edificação terá janelas - que precisam ser consideradas numa estimativa inicial de custos - mas ainda não se definiram o material de que serão construídas nem seus sistemas de abertura ou seus detalhes. A Tabela 3E tem justamente a função de listar esses “Elementos”, cuja definição é:

u Figura 3 O uso de “elementos” nas fases mais iniciais de desenvolvimento de um empreendimento

u Elementos: um elemento é um

componente principal, uma montagem ou “uma entidade da cons-

Fonte: Autores

trução ou parte que, por si só ou combinada com outras partes, desempenha uma função predo-

Um dos principais usos da tabela

ção de sua aplicação no empreendi-

minante na entidade construída”;

de elementos é o desenvolvimen-

mento (produto aplicado/instalado).

funções predominantes podem

to de orçamentos e estimativas

ser, por exemplo: estruturar, ve-

de custos.

temperado, que tenha 8mm de es-

Com a evolução dos esforços de

pessura, 210cm de altura e 70cm

talação ou edificação; funções

projeto e especificação de um de-

de largura: enquanto componen-

predominantes podem também

terminado empreendimento che-

te ou produto utilizável na indústria

incluir um processo ou uma ati-

gará a uma fase em que já se co-

da construção civil, esse painel de

vidade;

principais

nhecem os fabricantes específicos

vidro pode ser classificado com a

podem ser compostos de mui-

e modelos dos componentes que

utilização de um código da Tabela

tos subelementos (por exemplo,

serão incorporados na edificação.

2C – Componentes (Figura 4). En-

a Cobertura de uma edificação

Então, pode-se utilizar o conteúdo

tretanto, esse mesmo painel pode-

pode ser composta pela estru-

da Tabela 2C – Componentes:

ria ser aplicado em diferentes partes

tura, fechamento externo e te-

u Componentes são produtos ou

específicas de uma edificação: numa

dar, realizar serviços numa ins-

elementos

Por exemplo, um painel de vidro

lhado); são utilizados nas fases

montagens

incorporação

área molhada, compondo um box

mais iniciais dos projetos, sem a

permanente em entidades cons-

de chuveiro; como o tampo de uma

definição de um material ou de

truídas; componentes são os blo-

mesa; como divisória interna de uma

uma solução técnica; para cada

cos básicos utilizados para cons-

elemento, existem diversas e dife-

trução; um componente pode ser

rentes soluções técnicas capazes

um único item industrializado,

de garantir sua função elementar

uma

(exemplos: Pisos estruturais, Pa-

composta de várias partes, ou

redes Externas, Escadas, Mobili-

um sistema operacional isolado e

ário, etc).

industrializado; essa tabela identi-

Então, quando ainda não se sabe

fica produtos singulares, catego-

de que material ou que tipo es-

rizadas por número e nome numa

pecífico de solução técnica será

única localização.

aplicado a alguma parte de uma

Já a Tabela 3R – Resultados da

para

montagem

industrializada

construção, utiliza-se a Tabela 3E

construção,

- Elementos para a codificação.

para um dado componente em fun-

58 | CONCRETO & Construções

fornece

classificação

u Figura 4 Exemplo de um componente comumente fabricado, comercializado e utilizado pela indústria da construção Fonte: Adaptado de imagens livres


• Determinados recursos construtivos utilizados; • Determinada parte da construção que resulta; • O trabalho temporário ou preparatório que resulta; • Representa uma entidade completa que passa a existir

após a utilização de todas as necessárias matérias-primas, esforço humano e trabalho de equipamentos e processos, que tenham sido fornecidos e realizados para sua finalização; • Podem ser montagens de diferentes produtos

u Figura 5 Exemplos do resultado da aplicação de um mesmo componente

industrializados,ou um único produto, ou ainda envolver

Fonte: Adaptado de imagens livres

apenas mão de obra para o

sala de reuniões ou até mesmo como

bela 3R – Resultados da Construção,

sinalização visual externa, como ilus-

cuja conceituação é:

trado na Figura 5.

u Resultados da Construção são

alcance de um resultado

desejado e planejado como a escavação de valas.

Portanto, nesse exemplo, embora

resultados alcançados na fase de

Exemplos: Concreto moldado in

o painel de vidro, enquanto compo-

produção ou pelos subsequentes

loco, Revestimento cerâmico, Ilumi-

nente ou produto em si, possa ter um

processos de alteração, manuten-

nação interna, Trilhos.

código da Tabela 2C – Componente,

ção ou demolição, que podem ser

depois de aplicado (e é preciso con-

identificados por um ou mais dos

siderar que sua aplicação pode ser

seguintes aspectos:

muito diversa, como exemplificado na

• Uma habilidade particular ou

Figura 5) receberia um código da Ta-

empresa especializada envolvida;

3. EXEMPLOS DE USOS PRÁTICOS DA ABNT NBR 15965 As tabelas de classificação podem ser utilizadas para criar EAPs (Estrutura Analítica de Projeto) padronizadas, que poderão ser corretamente entendidas e interpretadas, não apenas por pessoas (HHI – Interações entre Humanos e Humanos), mas também por diferentes softwares (CCI – Interações entre Computador e Computador) (Figura 6). A Figura 7 indica quais tabelas da norma poderiam ser utilizadas para a codificação de composições de cus-

u Figura 6 Ilustração de um possível uso prático da Tabela 4U da ABNT NBR 15965 Fonte: Autores

tos para orçamentos. Embora ainda não tenha sido completamente publicada, a ABNT NBR 15965 já foi utilizada em projeto CONCRETO & Construções | 59


real, e muito ambicioso, de implanta-

mentos, também significa a remoção

trabalho colaborativo na indústria da

ção BIM, na CCDI – Camargo Corrêa

de uma barreira para viabilização do

construção civil brasileira.

Desenvolvimento Imobiliário [5] (TRINDADE et al., 2016).

4. ESTADO ATUAL DOS TRABALHOS EM DESENVOLVIMENTO DA ABNT NBR 15965 A Figura 8 demonstra como foi planejado o desenvolvimento da ABNT NBR 15965, mostrando que as partes 1, 2 , 3 e 7 já foram publicadas, estando as demais em desenvolvimento. Estão faltando apenas duas tabedas na Comissão Especial de Estudos

u Figura 7 Tabelas da ABNT NBR 15965 que podem ser utilizadas para a codificação de uma composição de custos unitários para orçamentos

ABNT/CEE-134, a Tabela 2C – Com-

Fonte: Autores

las para serem trabalhadas e aprova-

ponentes e a Tabela 3R – Resultados da Construção. Essas duas tabelas faltantes impedem a finalização das partes 4 (Funções, Equipamentos e Componentes) e 5 (Elementos e Resultados da Construção).

5. CONCLUSÃO As normas brasileiras em desenvolvimento pela ABNT/CEE-134 visam organizar aspectos chave para a adoção de BIM no país. A disponibilidade de um sistema de classificação de informações codificado padronizado, além de facilitar muito a implementação de vários usos de BIM, incluindo orçamentação, planejamento e supri-

u Figura 8 Lista das partes nas quais foi planejada a elaboração da ABNT NBR 15965 com indicação das Tabelas que já foram publicadas e daquelas que ainda estão sendo desenvolvidas Fonte: Autores

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] BOCK, T. The future of construction automation: Technological disruption and the upcoming ubiquity of robotics. Automation in Construction. v.59, p.113-121, nov. 2015. [02] BARROS, M. S. B. e CARDOSO, F. F. Inovação: espiral ou carrossel do conhecimento?. Conjuntura da Construção, São Paulo, p. 10 - 11, jun. 2011 [03] BIMDICTIONARY, Verbete Building Information Modelling. Disponível em: <http://bimdictionary.com/en/building-information-modelling/ >. Acesso em 11 out. 2016. [04] SUCCAR, B, and KASSEM, M. Building Information Modeling: Point of Adoption, CIB World Congress, Proceedings…, Tampere Finland, May 30 – June 3, 2016. [05] TRINDADE, L. D.; SALLES, C. C.; MARVEIS, L. D.; SANTOS, E. T. Building Information Models as the Basis of Business Strategy: A Case Study of an Integrated BIMBased System for Construction Management. 33rd CIB W78 Conference 2016, Proceedings…, Oct. 31st – Nov. 2nd 2016, Brisbane, Australia.

60 | CONCRETO & Construções


u normalização técnica

Novas normas brasileiras para controle e aceitação do concreto autoadensável BERNARDO TUTIKIAN – Professor

RICARDO ALENCAR – Gerente de unidade de químicos para construção

Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos)

Erca Brasil

INÊS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN – Superintendente do Comitê

AUGUSTO GIL – Analista de projetos

Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados e Diretora técnica

CRISTYAN RISSARDI – laboratorista

ABNT/CB-18 | IBRACON

Itt Performance

1. INTRODUÇÃO

de seções reduzidas, com grande liber-

sobre o tema em 2005 e vem evoluin-

concreto

autoadensável

dade de formas e dimensões. Durante o

do constantemente, com a inclusão de

(CAA) é considerado por

processo de execução, reduz a mão de

novos métodos de ensaio. No Japão,

muitos autores como uma

obra no canteiro e os ruídos causados

berço do CAA, a Japanese Standards

das maiores inovações em tecnologia

pelo processo, tornando o local de tra-

Association (JSA) publicou sua primeira

do concreto dos últimos tempos. É um

balho mais seguro e saudável aos traba-

norma em 2001, passando por diver-

concreto que apresenta a capacidade

lhadores e vizinhos [1].

sas revisões e inovações. Apesar de o

O

de fluir livremente por seu peso próprio,

O concreto autoadensável foi pro-

mercado europeu dispor de um guia

sem a utilização de adensamento me-

posto por Okamura em 1986 no Japão,

acessível e explicativo sobre o assun-

cânico, capaz de manter a sua homo-

sendo que, o primeiro protótipo cons-

to, publicado em 2002 pela European

geneidade durante todas as etapas de

truído com o material foi concluído no

Federation of Specialist Construction

execução, preencher completamente

ano de 1988. No Brasil, sua aplicação

Chemicals

as fôrmas e passar habilidosamente

é amplamente difundida na indústria,

(EFNARC), sua primeira norma foi publi-

por embutidos.

onde verifica-se um crescimento cons-

cada apenas em 2010.

and

Concrete

Systems

A utilização do CAA, tanto em can-

tante e hoje seu emprego é estimando

No Brasil, ABNT NBR 15823, com-

teiros de obras quanto na indústria de

em 66,7% das empresas associadas à

posta de seis partes, foi publicada em

pré-fabricados, apresenta diversas van-

ABCIC [2]. Em canteiro, destaca-se a

2010 e está passando por sua primeira

tagens, tanto durante o processo de

utilização do CAA em sistemas de pa-

revisão, que foi finalizada pela Comissão

execução quanto após a finalização das

redes de concreto moldadas no local,

de Estudos durante o 58° Congresso

peças. Desenvolvido inicialmente para

além de diversas aplicações especiais.

Brasileiro de Concreto e, possivelmente,

viabilizar a execução de concretagens

O desenvolvimento normativo do

entrará em consulta nacional no próximo

em locais de difícil acesso, que impossi-

CAA no mundo tem acompanhado o seu

ano. A Norma aborda, além dos métodos

bilitavam o uso de vibrador por imersão,

crescente uso. As normas mais antigas

de ensaio para comprovação das pro-

teve seu uso disseminado para outras

datam de pouco mais de uma década

priedades do CAA, os requisitos para seu

aplicações após constatada a economia

do seu lançamento, sendo que poucas

controle e recebimento no estado fresco,

de tempo proporcionada Além disso, o

delas já passaram por alguma revisão.

considerando diferentes aplicações [3].

uso do CAA resulta em peças com me-

Nos Estados Unidos, a American So-

Na literatura técnica existem diver-

lhor acabamento superficial, permitindo

ciety for Testing and Materials (ASTM)

sos métodos que permitem avaliar as

a concretagem de elementos estruturais

publicou sua primeira norma técnica

quatro principais características que o CONCRETO & Construções | 61


u Tabela 1 – Itens abordados pela EN 12350 e sua correspondência com a ABNT NBR 15823 Norma técnica européia

Assuntos abordados

Norma técnica brasileira correspondente

EN 12350-8:2010 Testing fresh concrete. Part 8: Self-compacting concrete – Slump-flow test

Determinação do espalhamento pelo método do cone de Abrams

ABNT NBR 15823-2:2010 Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento – Método do cone de Abrams

EN 12350-9:2010 Testing fresh concrete. Part 9: Self-compacting concrete – V-funnel test

Determinação da viscosidade plástica pelo método do funil V

ABNT NBR 15823-5:2010 Concreto auto-adensável Parte 5: Determinação da viscosidade – Método do funil V

EN 12350-10:2010 Testing fresh concrete. Part 10: Self-compacting concrete – L box test

Determinação da habilidade passante pelo método da caixa L

ABNT NBR 15823-4:2010 Concreto auto-adensável Parte 4: Determinação da habilidade passante – Método da caixa L

EN 12350-11:2010 Testing fresh concrete. Part 11: Self-compacting concrete – Sieve segregation test

Determinação da resistência à segregação (a Norma Européia adota o método da peneira e a Norma Brasileira usa o método da coluna de segregação)

ABNT NBR 15823-6:2010 Concreto auto-adensável Parte 6: Determinação da resistência à segregação – Método da coluna de segregação

Determinação da habilidade passante pelo anel J

ABNT NBR 15823-3:2010 Concreto auto-adensável Parte 3: Determinação da habilidade passante – Método do anel J

EN 12350-12:2010 Testing fresh concrete. Part 12: Self-compacting concrete – J-ring test

CAA deve apresentar no estado fresco:

diferentes aplicações e, em especial, a

u ABNT NBR 15823-3: Concreto

fluidez, viscosidade plástica, habilidade

analise do controle do lançamento do

auto-adensável – Determinação da

passante e resistência à segregação.

CAA, objetivando sua rastreabilidade.

habilidade passante – Método do

No entanto, alguns desses métodos se

anel J;

mostram inadequados para determinadas aplicações, dificultando a implementação do controle tecnológico do

2. DESENVOLVIMENTO DAS NORMAS TÉCNICAS DE CONCRETO AUTOADENSÁVEL

u ABNT NBR 15823-4: Concreto

auto-adensável – Determinação da habilidade passante – Método da

CAA, que, para o controle no estado

Apresenta-se, nos itens a seguir, um

fresco, é diferente do método emprega-

breve histórico do desenvolvimento das

u ABNT NBR 15823-5: Concreto

do do concreto convencional e pouco

normas técnicas que tratam do CAA,

auto-adensável – Determinação da

difundido entre os profissionais da área.

nos âmbitos europeu e americano,

viscosidade – Método do funil V;

O presente artigo apresenta um his-

traçando um paralelo com o conjunto

u ABNT NBR 15823-6: Concreto

tórico das normas técnicas internacio-

de normas brasileiras sobre o tema,

auto-adensável - Determinação da

nais e estrangeiras relativas ao controle

que tem como base especialmente a

resistência à segregação – Método

e à aceitação do CAA em obras e na

ABNT NBR 15823, publicada em 2010

da coluna de segregação.

indústria da pré-fabricação, comparan-

e composta das seguintes partes:

São apresentadas aindainforma-

do-as à norma brasileira (ABNT NBR

u ABNT NBR 15823-1: Concreto au-

15823:2010) e à sua versão revisada,

to-adensável – Classificação, con-

que será submetida ao processo de

trole e aceitação no estado fresco;

Consulta Nacional pela ABNT1 nos pró-

u ABNT NBR 15823-2: Concreto auto-

ximos meses. São apresentados tam-

-adensável – Determinação do espa-

bém os principais desafios relaciona-

lhamento e do tempo de escoamento

dos a esses processos, considerando

– Método do cone de Abrams;

caixa L;

ções sobre a norma ISO que está em desenvolvimento.

2.1 Normas europeias (EN) A EN 12350 (Testing fresh concrete), composta atualmente de 12 partes,

A Consulta Nacional dos Projetos de Norma é realizada pelo site da ABNT (www.abnt.org.br), possibilitando a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento das Normas Técnicas do país.

1

62 | CONCRETO & Construções


prescreve métodos de ensaio para o

que trata das operações de preparo,

Institute (ACI) e a International Union of

concreto no estado fresco, sendo as

controle, recebimento e aceitação do

Laboratories and Experts in Construc-

partes 8 a 12 dessa Norma aplicáveis

concreto.

tion Materials, Systems and Structures

ao CAA [4]. A Tabela 1 apresenta os

Historicamente deve ser registrada

(RILEM). Na Tabela 2 são apresenta-

itens abordados pela norma europeia,

a criação da EN 206-9, em 2009, com

dos os principais itens abordados pe-

cujos ensaios têm correspondência

requisitos específicos para o CAA, ten-

las normas norte-americanas editadas

direta com os prescritos pela norma

do sido incorporada à EN 206 na sua

pela ASTM sobre o CAA e sua relação

brasileira, com exceção do ensaio de

última revisão, em 2013.

com a ABNT NBR 15823.

resistência à segregação pelo método da peneira - a norma brasileira utiliza

A primeira versão de algumas das

2.2 Normas americanas (ASTM)

o método da coluna de segregação.

normas americanas data de 2010, sendo que todas já passaram por uma

Cumpre mencionar que todas essas

Quando o CAA começou a ser

ou duas revisões. Verificam-se seme-

normas foram publicadas em 2010 e a

estudado e empregado nos Estados

lhanças em três dos ensaios prescri-

Norma Brasileira já passa por revisão.

Unidos, formaram-se diversos grupos

tos pela norma brasileira, sendo estas

Na Europa, os requisitos de recebi-

de estudo e discussão para o desen-

o slump-flow, o anel J e a coluna de

mento do concreto autoadensável no

volvimento de normas e outros docu-

segregação. No entanto a ASTM traz,

estado fresco são estabelecidos pela

mentos que padronizassem e esta-

adicionalmente, um método rápido

EN 206 (Concrete – specification, per-

belecessem regras para seu uso. Os

para avaliação da resistência à segre-

formance, production and conformity),

resultados oferecidos por esses grupos

gação através do teste de penetração

apesar de não tratar exclusivamente

foram publicados por entidades como

e a determinação do Índice de Estabi-

sobre o CAA. Vale mencionar que a EN

a American Society for Testing and Ma-

lidade Visual (IEV) [5, 6 e 7]. Estes mé-

206 corresponde à ABNT NBR 12655,

terials (ASTM), o American Concrete

todos apresentam maior facilidade de

u Tabela 2 – Itens abordados por normas norte-americana sobre CAA e sua relação com a ABNT NBR 15823 Norma técnica

Assuntos abordados

Norma técnica brasileira correspondente

ASTM C1610/C1610M-14 Standard Test Method for Static Segregation of Self-Consolidating Concrete Using Column Technique

Determinação da resistência à segregação pelo método da coluna

ABNT NBR 15823-6:2010 Concreto auto-adensável Parte 6: Determinação da resistência à segregação – Método da coluna de segregação

ASTM C1611/C1611M-14 Standard Test Method for Slump Flow of Self-Consolidating Concrete

Determinação do espalhamento e do t500 pelo método do cone de Abrams e do Índice de Estabilidade Visual (IEV). A nova versão da Norma Brasileira incorporou o IEV.

ABNT NBR 15823-2:2010 Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento – Método do cone de Abrams

ASTM C1712 -14 Standard Test Method for Rapid Assessment of Static Segregation Resistance of Self-Consolidating Concrete Using Penetration Test

Determinação da resistência à segregação pelo teste rápido de penetração

Não há similar brasileira

ASTM C1758/C1758M-15 Standard Practice for Fabricating Test Specimens with Self-Consolidating Concrete

Moldagem de corpos de prova de CAA.

A ABNT NBR 5738:2015 Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova, embora não seja específica para o CAA, inclui requisitos para esse tipo de concreto

ASTM C1621/C1621M-09b Standard Test Method for Passing Ability of Self-Consolidating Concrete by J-Ring

Determinação da habilidade passante pelo anel J

ABNT NBR 15823-3:2010 Concreto auto-adensável Parte 3: Determinação da habilidade passante – Método do anel J

2

No caso das Normas ASTM, o ano de publicação é informado pelos dois últimos algarismos e grafado após o número da norma, separado deste por hífen. No caso das normas brasileiras e europeias, a identificação do ano de publicação é dada com quatro algarismos, após o número da norma e separado deste por dois pontos.

2

CONCRETO & Construções | 63


emprego nos processos de controle e

classificação (limites para as proprieda-

aceitação do CAA.

des no estado fresco), de forma a faciliMarcação Ø 500mm

tar e incentivar sua aplicação.

2.3 Normas brasileiras – ABNT NBR

2.4 Norma internacional – ISO

A norma brasileira de CAA teve a sua

Em âmbito internacional, o comitê

primeira edição publicada em 2010 e

técnico ISO/TC 71 (Concrete, reinfor-

está dividida em seis partes (já apresen-

ced concrete and pre-stressed con-

tadas em 2.1), que abrangem métodos

crete) em seu subcomitê SC 1 (Test

de ensaio, classificação e controle de

methods for concrete) criou o grupo de

u Figura 1 Ensaio de espalhamento e determinação do t5 00

aceitação do concreto no estado fresco.

trabalho WG 2 (Self-compacting con-

Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 2

A parte 1 da ABNT NBR 15823 traz

crete) para tratar da elaboração de uma

a classificação do concreto autoaden-

norma técnica internacional de CAA. O

ceitos da norma brasileira de concreto

sável em função de suas propriedades,

Brasil participa desse trabalho de nor-

autoadensável publicada em 2010, vale

medidas pelos ensaios previstos nas

malização representado pela ABNT,

citar:

partes 2 a 6 dessa Norma, e estabelece

participando de reuniões e discussões

a) modificações no procedimento para

os critérios de recebimento em obras e

relacionadas ao tema. A versão prelimi-

a determinação do espalhamento,

em empresas de pré-fabricação.

nar da norma internacional tem como

partes 2 e 3 da ABNT NBR 15823

Para os requisitos de composição

base a Norma Europeia e, portanto,

(alterações no tempo limite de reti-

do concreto e verificação das proprie-

aborda todos os ensaios já prescritos

rada do molde e definição da altura

dades dos materiais a serem utilizados,

pela norma brasileira, com exceção

máxima de lançamento do concre-

assim como requisitos de durabilidade

do ensaio de resistência à segregação

to no molde cônico, de 225 ± 75

e critérios de aceitação final do concre-

pelo método da peneira.

mm, Figura 1) - essas alterações visam sua uniformização com ou-

to no estado endurecido, a ABNT NBR 15823 referencia a ABNT NBR 12655. Ensaios de determinação do espa-

3. REVISÃO DA ABNT NBR 15823 A revisão de uma norma técnica

tras normas, como a ASTM C1611/ C1611M-14;

lhamento, da viscosidade plástica pelo

tem, como principais objetivos, sua atu-

b) a parte 3 da Norma, além das modi-

t500 e habilidade passante pelo anel J

alização com base no desenvolvimento

ficações pertinentes à realização do

são atualmente requisitos de aceitação

técnico sobre o tema e sua adequação

ensaio de espalhamento, também

do CAA no estado fresco para todas

às condições do País ou região. Para

sofreu alterações nas dimensões

as aplicações, devendo ser realizados

a revisão da ABNT NBR 15823 foram

do aparato (o anel-J passará a ter

em laboratório, para os estudos de

convidados representantes de produto-

a espessura das barras alterada

dosagem e verificados em campo. Os

res de insumos que entram na prepara-

de 10mm para 16mm)- esta medi-

demais ensaios são focados no desen-

ção do concreto, empresas de serviços

da tem, como principal objetivo, a

volvimento de estudos de dosagem e

de concretagem, empresas de pré-

padronização da distância entre as

aplicações específicas. Mas, caso sejam

-fabricação em concreto, construtoras,

barras apresentadas na norma bra-

especificados os ensaios da caixa L e/

laboratórios de controle tecnológico,

sileira e nas normas estrangeiras,

ou funil V em campo, podem ser dispen-

universidades e outros.

permitindo a realização de estudos

sadas a realização do anel J e/ou tempo

Os trabalhos de revisão foram ini-

comparativos, conforme Figura 2;

ciados em março de 2016, com a pro-

c) na parte 4, referente ao método da

A ABNT NBR 15823 apresenta ain-

posta de serem finalizados até o final

caixa L, também foi realizada uma

da um anexo informativo, com indica-

do ano em curso. Como resultado da

padronização com as normas es-

ções de uso do CAA em função de sua

atualização3 dos procedimentos e con-

trangeiras, reduzindo o tempo de

de escoamento (t500), respectivamente.

Essas alterações já constam do Projeto a ser submetido ao processo de Consulta Nacional pela ABNT.

3

64 | CONCRETO & Construções


abertura da comporta, após o final do preenchimento da câmara vertical, de 30s a 60s para 10s ± 2s; além disso, sugere-se a inserção de uma comporta frontal optativa na câmara horizontal, para facilitar a limpeza do equipamento, conforme Figura 3; d) no caso da parte 5, relativa ao método do funil V (Figura 4), a única Dimensões mm A B C D E F

300 ± 3,3 38 ± 1,5 16 ± 3,0 59 ± 2,0 25 ± 1,5 120 ± 1,5

modificação apresentada é a alteração do tempo de permanência do concreto no funil que, anteriormente, era de 30s e foi alterado para 10s ± 2s, tempo esse já utilizado no meio técnico internacional; e) a parte 6, em relação ao método

u Figura 2 Anel J

da Coluna, sofreu uma modificação

Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 3

do tempo para início da retirada

pontual: padronização com ASTM das porções de concreto do topo e base do equipamento para 15min ± 1min, ao invés de 20min - a Figura 5 ilustra o equipamento utilizado. A nova versão dessa norma apresentará também três novos procedimentos para avaliação do CAA: o índice de estabilidade visual (IEV), a caixa U e o método da peneira. Esses métodos

Fluxo

u Figura 3 Caixa L Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4

u Figura 4 Funil V Fonte: NBR 15823 – Parte 5

CONCRETO & Construções | 65


Onde IEV 0 – indica bom comportamento do concreto e ausência de segregação ou exsudação; IEV 1 – indica leve exsudação do concreto, sem apresentar segregação; IEV 2 – indica a existência de uma pequena auréola de argamassa e/ou empilhamento de agregados no centro do círculo de concreto IEV 3 – indica segregação do concreto, evidenciada pela concentração de agregados no centro do círculo e/ou pela dispersão de argamassa nas extremidades

u Figura 5 Coluna de segregação Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 6

são bastante difundidos no meio técni-

u Figura 6 Classes do índice de estabilidade visual (IEV) Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 2

co internacional, sendo indicados em

sões e a geometria desse equipamento

leiro em relação à sua utilização para,

normas de outros países e utilizados

podem ser observadas na Figura 7.

posteriormente, avaliar se devem ser

em inúmeros trabalhos acadêmicos.

A caixa U avalia particularmente a

O IEV foi inserido na parte 2 do pro-

capacidade do CAA de escoar e ascen-

jeto de revisão. Esse ensaio tem como

der. Essa é uma análise importante para

principal objetivo avaliar visualmente a

estruturas da complexidade das vigas

capacidade de fluidez e a possibilidade

calhas pré-fabricadas. Nesses elemen-

de segregação do CAA, pela aparên-

tos, para evitar o aprisionamento de ar,

cia do concreto imediatamente após

o concreto deve ser lançado a partir de

a retirada do molde tronco-cônico, no

uma das abas da fôrma, precisa ter a

ensaio de espalhamento. A concentra-

capacidade preencher todos os espa-

ção (ou não) de agregados no centro

ços, atingir o nível do miolo negativo de

do círculo formado pelo concreto e a

conformação da calha e autonivelar-se

presença (ou não) de borda nesse cír-

até o topo da aba paralela [8].

culo (exsudação) dão indicações inte-

O método da peneira, por sua vez, é

ressantes sobre o CAA. O IEV classifica

um ensaio que tem por objetivo avaliar

o concreto em 4 níveis que variam de 0

a resistência à segregação estática do

a 3, como se pode observar na Figura

CAA, por isso esse ensaio será inserido

6. Sendo o nível 3 (segregação aparen-

na parte 6. A Figura 8 mostra o aparato.

te) não aplicável.

próxima revisão da norma. As alterações nas partes 2, 3 e 4 da

Os ensaios da Caixa U e da Pe-

O método da caixa U aparece na

neira são apresentados na revisão

nova versão da parte 4 e tem como

da norma brasileira como anexos in-

objetivo a avaliação da habilidade pas-

formativos das respectivas partes já

sante do CAA em fluxo confinado. A

citadas, e, dessa forma, não são obri-

caixa U, como o próprio nome sugere,

gatórios, aparecendo como métodos

consiste em dois compartimentos no

alternativos. A inserção desses pro-

formato de um “U”, separado por uma

cedimentos tem como objetivo obser-

comporta e barras metálicas. As dimen-

var a resposta do meio técnico brasi-

66 | CONCRETO & Construções

incluídos como obrigatórios em uma

u Figura 7 Caixa U – Perspectiva Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4


4. CONCLUSÃO Após cinco anos de sua publicação e disponibilização para a sociedade da ABNT NBR 15823, o atual projeto de revisão possibilitou a introdução de alguns ajustes para sua atualização e alinhamento com as tendências internacionais, permitindo que o profissional brasileiro tenha opções de procedimentos para avaliação de cada uma das propriedades do CAA. Vale ressaltar o bom trabalho desenvolvido na elaboração da primeira

u Figura 8 Execução do ensaio – método da peneira

versão dessa norma, cujo conteúdo

Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 6

aplicação do CAA nas obras e empre-

serviu de base durante seis anos à

ABNT NBR 15823, principalmente no

dústria de pré-fabricados ou ca-

que se refere à inserção dos novos

sos especiais, muito embora não

procedimentos de ensaio, causaram

seja suficiente para a não aceitação

algumas mudanças na parte 1, com

do concreto.

relação à classificação, controle e

Outro item de extrema importância

aceitação do CAA no estado fresco.

na utilização do CAA, introduzido na

Como os limites de classificação são

parte 1 da norma, refere-se à sua ras-

apresentados em tabelas da parte 1,

treabilidade. Para elementos verticais

contendo dados de cada tipo de en-

recomenda-se a medição da altura de

saio, decidiu-se introduzir três novas

concreto atingida em cada lançamen-

tabelas, cada qual relativa a um dos

to e, para elementos horizontais, a

três novos ensaios da norma.

demarcação de zonas de lançamento

O Índice de Estabilidade Visual,

para cada lote de concreto.

por sua vez, aparece como deter-

A Tabela 3 mostra um compara-

minação obrigatória para o controle

tivo entre os ensaios que compõem

e o recebimento do CAA no estado

cada uma das normas comentadas

fresco, tanto em obra quanto na in-

neste artigo.

sas de pré-fabricação do Brasil e também na sua revisão, que, por sua vez, irá possibilitar aprimoramentos nos documentos originais, tendo em vista facilitar o conhecimento e a aplicação do concreto autoadensável no país. O trabalho de revisão realizado possibilita tornar a norma brasileira uma das mais completas do mundo, permitindo ao usuário conhecer melhor o concreto autoadensável que irá efetivamente utilizar, a partir dos ensaios previstos, e realizar seu controle tecnológico com mais propriedade. Destaca-se como principais contribuições para o meio técnico nacional: u Incorporação do Índice de Estabi-

u Tabela 3 – Ensaios de CAA normatizados por diferentes normas técnicas Propriedade

Brasileira (ABNT NBR)

Europeia (EN)

Americana (ASTM)

Fluidez

– Slump flow – IEV

– Slump flow – IEV

– Slump flow – IEV

Viscosidade plástica

– Funil V – t500

– Funil V – t500

– t500

Habilidade passante

– Anel J – Caixa L – Caixa U (informativo)

– Anel J – Caixa L

– Anel J

Resistência à segregação

– Coluna de segregação – Método da peneira (informativo)

– Método da peneira

– Coluna de segregação – Teste da penetração

CONCRETO & Construções | 67


lidade Visual (IEV).: possibilita uma

tos estruturais: permite uma maior

5. AGRADECIMENTOS

avaliação qualitativa da estabilida-

segurança ao consumidor final

Aos participantes da CE-018:300.003

de da mistura aplicada em campo,

(construtora);

visto que os ensaios de resistência

u Incorporação de ensaios comple-

à segregação são mais indicados

mentares em anexo informativo

para laboratório;

– caixa U e Peneira: proporciona

(Comissão de Estudo de Concreto Autoadensável do ABNT/CB-18), pelas discussões que proporcionaram

especificações

alternativas de ensaios e ambiente

os avanços aqui descritos dessa nova

para melhorar a rastreabilidade

para discussão técnico-acadêmica

versão da ABNT NBR 15823 em rela-

da aplicação do CAA nos elemen-

para avanços futuros.

ção à anterior.

u Elaboração

de

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] TUTIKIAN, B. F.; DAL MOLIN, D. C. Concreto autoadensável. 2. ed. São Paulo: Pini, 2015. [02] ASSOCIAÇÃO BRASILERA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO (ABCIC). Anuário ABCIC 2015. São Paulo, 2015. [03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15823: Concreto auto-adensável. Rio de Janeiro, 2010. [04] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 12350: testing fresh concrete. Brussels, 2010. [05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1611-14: Standard test method for slump flow of self-consolidating concrete. West Conshohocken, 2014a. [06] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1712-12: Standard test method for rapid assessment of static segregation resistance of selfconsolidating concrete using penetration test. West Conshohocken, 2014b. [07] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1758-15: Standard practice for fabricating test specimens with self-consolidating concrete. West Conshohocken, 2015. [08] ALENCAR, R. S. A. Dosagem do concreto auto-adensável: produção de pré-fabricados. 2008. 179 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2008.

68 | CONCRETO & Construções


u entidades da cadeia

Norma brasileira sobre Métodos de Ensaios de Alvenaria de Blocos de Concreto é publicada

D

esenvolvida dentro da Co­

apresentação dos resul-

missão

de

tados desse ensaio em

Blocos de Concreto (CE-

diagrama de tensão-de-

018:600.04), sob coordenação do Arq.

formação, melhoria das

Carlos A. Tauil e Eng. Guilherme A. Par-

especificações para ca-

sekian, o texto unifica e atualiza todos os

peamentos nos diversos

ensaios em elementos de alvenaria que

ensaios, padronização do

estavam dispersos em várias normas.

procedimento de cura dos

São contemplados ensaios de parede,

corpos de prova em pris-

pequena parede, prisma, cisalhamen-

ma com necessidade de

to por compressão e tração diagonal,

aplicação de filme plásti-

flexão simples e flexo-compressão de

co nas faces grauteadas,

paredes e de tração na flexão de pris-

indicação da necessidade

mas. Contempla ainda procedimento

de molhar os vazados an-

para cálculo de valor característico para

tes do grauteamento de

amostras a partir de 3 exemplares.

prismas, entre outros.

de

Estudo

Algumas melhorias em relação às

O Comitê discutiu ainda

versões anteriores incluem: eliminação

a inclusão de anexo com

de necessidade de número mínimo de

especificação para extra-

3 macacos para ensaios de parede,

ção de prismas testemu-

Ensaio de cisalhamento

nho em paredes já construídas, que não fez parte da Consulta Nacional, porém deverá ser proposto como emenda em breve. Esse trabalho faz parte de uma séria de ações da área de Alvenaria Estrutural que vêm ocorrendo com objetivo de unificar

Ensaio de pequena parede

Ensaio de prisma

e melhorar a normalização técnica dos

dos de ensaios, que deverá ter reflexos

produtos, das especificações para pro-

na Construção Civil com a publicação

jeto, execução e controle, e dos méto-

de novas normas nos próximos anos. CONCRETO & Construções | 69


u estruturas em detalhes

A influência do processo BIM no domínio de estruturas de concreto ALEX RODA MACIEL – Engenheiro Civil iBIM

Projetos e Consultoria

como um novo software, uma ferramen-

(TIC) é utilizada para criação de um mo-

ema cada vez mais frequen-

ta computacional que substituirá as fer-

delo virtual do empreendimento, o modelo

te na pauta da indústria da

ramentas CAD tradicionais, possibilitan-

BIM, que representa suas características

construção civil brasileira, o

do a evolução do projeto 2D para 3D,

físicas e funcionais (NIBS, 2007), bem

BIM vem ganhando amplo destaque

o acrônimo BIM (Building Information

como o inter-relacionamento entre seus

entre os agentes que atuam em sua

Modeling) representa um conjunto inter-

elementos e componentes construtivos.

cadeia produtiva. Torna-se cada dia

-relacionado de políticas, processos e

maior a quantidade de empresas ou

tecnologia (SUCCAR, 2009).

1. INTRODUÇÃO

T

O processo BIM estabelece um novo paradigma, um novo modo de se con-

profissionais que buscam conhecimen-

A Modelagem da Informação da

ceber, projetar, construir e operar em-

to a respeito desta inovação ou que já a

Construção é um processo focado no

preendimentos de construção civil. O

estejam utilizando, independentemente

desenvolvimento, uso e intercâmbio de

BIM fomenta um novo fluxo de trabalho,

de seu porte ou segmento de atuação.

modelos de informação em formato digital

integrado e colaborativo, promovendo

Apesar do destaque ao aspecto tec-

(COMPUTER..., 2011). Nesse contexto, a

a integração entre os diversos agentes

nológico, sendo ainda visto por alguns

tecnologia da informação e comunicação

envolvidos e durante as diferentes fases do ciclo de vida dos empreendimentos. O modelo BIM representa uma base de informações, comum e compartilhada, que evolui gradualmente ao longo do ciclo de vida do empreendimento. Suas informações são complementadas progressivamente pelos diversos intervenientes, permitindo o reuso das informações geradas ao longo do processo e auxiliando a tomada de decisões. A figura 1 ilustra a interação entre as fases do ciclo de vida do empreendimento, baseada na tabela 1F da ABNT NBR 15965-3. De modo a suportar o desenvolvimento dos modelos BIM, encontram-

u Figura 1 Estágios do ciclo de vida do empreendimento no contexto BIM Fonte: Elaborada pelo autor com base na ABNT NBR 15965-3

70 | CONCRETO & Construções

-se disponíveis no mercado diversas ferramentas computacionais, destinadas a atender os mais diversos usos e


necessidades específicas dos agentes envolvidos na indústria da arquitetura, engenharia e construção (AEC). Este artigo explora o uso do BIM aplicado ao domínio de estruturas de concreto, apresentando os impactos que sua abordagem provoca no processo de projeto tradicional. Algumas considerações específicas aos segmentos obras de edificações e infraestruturas são expostas, bem como os

u Figura 2 Processo tradicional de projeto estrutural Fonte: Elaborado pelo autor

benefícios promovidos ao longo de sua contendo definições e premissas, que

calculista, usualmente com apoio de

serão usados como base à proposição

softwares de análise estrutural, são

2. A INFLUÊNCIA DO PROCESSO BIM NOS PROJETOS ESTRUTURAIS

da tipologia estrutural adequada ao

repassadas ao responsável pelo deta-

empreendimento.

lhamento dos desenhos de modo qua-

A terceira etapa destina-se ao cál-

se artesanal, não sendo comum o in-

No processo de projeto tradicional,

culo, análise e dimensionamento dos

tercâmbio de dados em formato digital

fundamentado na representação gráfica

elementos estruturais. Por meio de di-

devido as distintas ferramentas usadas

bidimensional, o fluxo de informação en-

ferentes níveis de abstração que repre-

por esses agentes.

tre os diversos agentes envolvidos é rea-

sentam a estrutura física real idealizada

Parte considerável do tempo con-

lizado por meio de documentos planifica-

(MARTHA, 2010), procede-se a discre-

sumido no processo tradicional reser-

dos, exigindo, segundo Ferreira e Santos

tização, cálculo e comprovação das hi-

va-se documentação do projeto, onde

(2007), um recorrente esforço mental

póteses, simplificações e demais consi-

o espaço tridimensional, idealizado

para recomposição do espaço tridimen-

derações previstas no modelo analítico,

pelo projetista estrutural, é novamente

sional a partir da representação 2D.

possibilitando o dimensionamento da

planificado na elaboração de desenhos

armadura necessária.

de fôrmas e armadura.

cadeia produtiva.

Essas informações, advindas das envolvidas,

Ao término dessa etapa, as in-

Em geral, a interação com as de-

bem como internas da empresa res-

formações geradas pelo engenheiro

mais especialidades ocorre ao término

distintas

especialidades

ponsável pelo projeto estrutural, precisavam ser recriadas diversas vezes ao longo do processo, em função da interpretação dos desenhos ou uso de distintos softwares específicos. A figura 2 representa um fluxo de trabalho tipicamente adotado no desenvolvimento de projetos estruturais. A primeira etapa destina-se a concepção e definição dos requisitos do empreendimento. Embora recomendável, em muitos casos ainda não há a definição da empresa que será responsável

Fonte: Pries (2010) apud Goes (2011)

Fonte: Elaborada pelo autor

pelo projeto estrutural. O processo de projeto estrutural inicia-se efetivamente com o recebimento dos documentos de referência

u Figura 3 Interação entre agentes da indústria AEC no processo tradicional e no contexto BIM

CONCRETO & Construções | 71


do detalhamento do projeto de fôrmas.

etapas de projeto, conforme represen-

intercâmbio entre ferramentas de auto-

O repasse e solução de eventuais alte-

tado na figura 4.

ria BIM e ferramentas de análise estru-

rações, inerentes ao processo de proje-

Essa abordagem colaborativa fa-

tural. Cada elemento estrutural contém,

to, demandavam um trabalho eficiente

vorece a identificação, bem como a

além de definições geométricas e de

de coordenação, de modo a garantir a

prevenção, de possíveis problemas

materiais, elementos analíticos asso-

solução prévia de problemas de interfa-

de interface desde as etapas iniciais

ciados que podem ser exportados aos

ce antes do início da construção.

do projeto, auxiliando a mitigar erros,

aplicativos de análise estrutural.

A consistência e atualização dos

omissões, retrabalhos, e contribuindo

documentos, ainda que elaboradas

para redução dos ciclos de aprovação

com auxílio de ferramentas CAD para-

e duração dos projetos.

1

Apesar de compartilhar informações com o modelo estrutural BIM e possibilitar sua atualização, como, por

métricas, que permitem a automação

O primeiro aspecto está relaciona-

exemplo, a exportação das armaduras,

da representação gráfica e quantifica-

do aos benefícios proporcionados pela

o modelo de análise deve ser mantido

ção dos materiais, requerem grande

representação tridimensional. A visua-

externamente à base compartilhada,

esforço sendo comum a ocorrência de

lização 3D reduz consideravelmente o

devido à responsabilidade técnica e ci-

divergência entre as informações conti-

esforço cognitivo necessário à percep-

vil associada.

das nos documentos.

ção dos objetivos e necessidades do

Após a modelagem dos elementos

O processo BIM provoca profundas

empreendedor. Facilita a transmissão

estruturais, armaduras e demais com-

mudanças em relação à forma com que

das intenções e premissas ao projetista

ponentes, desenhos e quantitativos de

os projetos são desenvolvidos, uma vez

estrutural, assim como às empresas res-

materiais passam a ser subprodutos do

que deixam de ser representados por

ponsáveis pelas demais especialidades.

modelo, gerados a partir de uma base

desenhos 2D e passam a ser simulados

O intercâmbio de dados entre ferra-

de dados coordenada. Eventuais altera-

mentas de autoria BIM usadas por dis-

ções no modelo são reproduzidas nos

Seu uso fomenta um novo fluxo de

tintas especialidades reduz o esforço

documentos associados, garantindo a

trabalho multidisciplinar, integrado e co-

inicial necessário à entrada de dados.

consistência e atualização das informa-

laborativo, promovendo a interatividade

Um elemento estrutural, definido ini-

ções contidas no projeto estrutural.

entre as diversas especialidades atuan-

cialmente em um projeto arquitetônico,

Na figura 5 apresenta-se um exem-

tes no processo de projeto.

pode ser reconhecido automaticamen-

plo de Projeto de Detalhamento de Ar-

Nesse contexto, o modelo estrutu-

te pelas ferramentas BIM utilizadas pelo

maduras (PDA), elaborado com suporte

ral BIM é mantido em uma base co-

projetista estrutural, assim como por

de uma ferramenta de autoria BIM.

mum e compartilhada, desenvolven-

demais especialidades.

por meio de modelos virtuais.

do-se progressivamente ao longo das

Esse conceito também se aplica ao

Diferentemente do processo tradicional, no qual a representação gráfica 2D possibilitava o uso de simplificações, simbolismo e omissões de algumas informações consideradas implícitas (FERREIRA; SANTOS, 2007), como no caso de barras corridas ou com comprimento variável, no contexto BIM cada componente deve ser modelado de forma explícita.

u Figura 4 Processo de projeto estrutural no contexto BIM Fonte: Elaborado pelo autor

2.1 O BIM no setor de obras de edificações Embora os benefícios proporcio-

Foram omitidas as atividades de análise e aprovação do projeto estrutural pelo contratante que ocorrem ao longo processo de projeto com base no modelo BIM.

1

72 | CONCRETO & Construções


u Figura 5 Exemplo de PDA desenvolvido por meio do processo BIM Fonte: Nemetschek Structural User Contest (NEMETSCHEK, 2013, p. 150)

nados pela representação 3D serem

dos desenvolvedores de modeladores

conhecidos há décadas pelos projetis-

estruturais integrados, de modo a via-

tas estruturais que atuam no segmento

bilizar o efetivo trabalho colaborativo e

de edificações, sobretudo em obras

permitir o reuso de informações advin-

reticuladas de concreto, seu uso ficava,

das das demais especialidades.

2.2 O BIM aplicado a obras de infraestrutura Em comparação ao segmento de

edificações, onde o uso de modela-

em geral, limitado aos processos inter-

O BIM ajuda a expandir esses be-

dores estruturais integrados encontra-

nos do projetista estrutural e à expor-

nefícios a estruturas cada vez mais sin-

-se estabelecido e proporciona sinergia

tação de imagens para comunicação

gulares e ousadas, nas quais tipologias

entre a análise, dimensionamento e de-

com o contratante.

formadas por superfícies em cascas e

talhamento estrutural, nos projetos de

edificações concebidas em arquitetura

estruturas de concreto destinados às

estrutural exigem sinergia entre o arqui-

obras de infraestrutura este processo é

teto e o projetista estrutural.

realizado de forma quase artesanal.

O advento dos modeladores estruturais

integrados,

ferramentas

computacionais que abrangem todas as etapas do processo de projeto estrutural, permitiu aumentar consideravelmente a produtividade e reduzir os prazos de desenvolvimento do projeto, porém a interface entre os demais agentes se manteve baseada em documentos 2D. Atualmente os principais modeladores integrados permitem a exportação dos modelos, por meio de plugin ou formatos não proprietários e abertos, como o IFC2, possibilitando aos projetistas estruturais participarem do processo BIM, porém de forma coordenada. Há um grande esforço por parte

u Figura 6 Edifício do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões Fonte: Imagem cedida por José Carlos Lino (Newton)

Industry Foundation Classes (IFC) é um schema de dados e um formato de arquivo neutro, não proprietário, usado para o intercâmbio de dados na indústria AEC. Este padrão é desenvolvido e mantido pela organização internacional buildingSMART e registrado pela norma ISO 16739:2013.

2

CONCRETO & Construções | 73


reduzindo eventuais divergências entre informações contidas nos modelos e documentos de construção. A adoção do processo BIM por empresas que atuam em obras de infraestrutura tende a obter uma forte expansão nos próximos anos, motivado por seus benefícios internos e, principalmente, pela indução do setor público, seu principal contratante. Alguns órgãos e empresas estatais, como DNIT, METRÔ-SP e CPTM, já

u Figura 7 Exemplo de projeto de infraestrutura desenvolvido por meio do processo BIM

anunciaram intenções ou solicitam que seus projetos sejam desenvolvidos em BIM.

Fonte: Imagem cedida por Intertechne Consultores S.A.

2.3 O BIM na preparação e produção de estrutura em concreto

Este fato se deve à peculiaridade

denação espacial multidisciplinar, o uso

dos projetos desenvolvidos e à menor

de ferramentas BIM no desenvolvimento

interoperabilidade entre as ferramentas

dos projetos estruturais contribui para:

tradicionalmente utilizadas, sendo ainda

a) minimizar a segregação entre as ati-

Os empreendimentos de constru-

frequente o uso de ferramentas que de-

vidades de análise e detalhamento

ção civil têm por característica a singu-

mandam alto grau de intervenção manual.

estrutural por meio do intercâmbio

laridade. Cada obra possui caracterís-

de informações em formato digital;

ticas específicas e, diferentemente de

O emprego do processo BIM em obras de infraestrutura favorece não

b) mitigar problemas relativos à inter-

outras indústrias, nas quais as defini-

apenas o aumento da integridade e con-

face e congestionamento de barras

ções de projeto são validadas por meio

sistência dos projetos estruturais, mas

de reforço, comuns aos elementos

de protótipos antes do início de sua

também propicia maior colaboração en-

estruturais robustos e com alta taxa

produção em massa, cada empreendi-

tre os diversos agentes envolvidos.

de armadura, frequentemente em-

mento é, ao mesmo tempo, um produ-

pregados nesse setor;

to final e um protótipo.

Além dos benefícios proporcionados pela visualização tridimensional e coor-

c) extração precisa de quantitativos,

A possibilidade de simular as etapas construtivas (BIM 4D) e uso dos modelos para orçamentação e gestão de custos (BIM 5D) contribui para antever eventuais problemas, que, em muitos casos, somente eram identificados durante a obra. A construção virtual da construção facilita a interpretação do projeto estrutural, identificação de possíveis interferências provocadas por estruturas temporárias, que possam afetar o acesso a equipamentos, e os estudos de alterna-

u Figura 8 Uso do processo BIM na construção virtual de empreendimentos Fonte: Adaptado de Trimble Buildings (2016, p.10)

74 | CONCRETO & Construções

tivas antes do início de sua execução. Embora questões relativas à construtibilidade serem, em muitos casos, abordadas somente após o término do


projeto estrutural, recomenda-se que a

surgimento de patologias estruturais.

concepção estrutural, reduzindo o es-

definição do método e sequenciamen-

O emprego da fabricação digital,

forço inicial necessário à interpretação

to executivo seja tratado concomitante-

processo no qual a informação digital,

de desenhos 2D e ao intercâmbio de

mente ao projeto, de modo a possibilitar

contida no modelo BIM é usada com

dados entre diferentes sistemas compu-

a previsão de juntas de concretagem e

objetivo de facilitar a fabricação ou

tacionais, resultando em projetos mais

armaduras de espera, e evitar a neces-

montagem de produtos de construção

econômicos e com maior qualidade.

sidade de adequações durante a etapa

(COMPUTER..., 2011), aliada a maior

Não obstante aos benefícios pro-

de construção.

confiabilidade proporcionada pelo BIM,

porcionados pela visualização tridi-

contribuem para aumentar o grau de in-

mensional, coordenação espacial 3D

dustrialização e pré-fabricação.

e maior automação nas atividades de

Durante a fase de execução, os modelos BIM desenvolvidos nas fases de projeto e preparação podem

Destaca-se também o uso de equi-

documentação e quantificação, de-

ser utilizados no apoio das atividades

pamento Laser Scanning no levanta-

vem-se ter em conta os impactos que

de execução.

mento de dados para obras de amplia-

o BIM promove ao longo da cadeia

O uso de dispositivos móveis e de

ção e reforço estrutural, sobretudo em

produtiva, os quais transcendem seu

armazenamento de dados baseados

ambientes agressivos e locais de difícil

aspecto tecnológico.

na nuvem vem tornando o BIM cada

acesso, como obras de arte especiais.

O uso do processo BIM fomenta um

vez mais presente nos canteiros de

De modo a viabilizar o uso do mo-

novo fluxo de trabalho, integrado e co-

obras, auxiliando o acompanhamen-

delo estrutural BIM ao longo de sua

laborativo, auxilia a promover maior in-

to, controle tecnológico e medição

cadeia produtiva torna-se fundamen-

tegração entre os agentes atuantes na

das atividades de produção, agili-

tal a prévia definição dos objetivos e

indústria AEC e contribui para reduzir

zando a comunicação entre equipes

propósitos de uso do modelo. A clara

incertezas, omissões e problemas de

locadas em campo e o projetista es-

definição dos objetivos e necessida-

interface que ocasionam retrabalhos e

trutural caso seja necessário dirimir

des, desde suas etapas iniciais, permi-

o aumento de custos e prazos do pro-

alguma dúvida.

te maximizar os resultados obtidos e

jeto e construção.

A integração do modelo BIM a equipamentos topográficos facilita a loca-

atender aos agentes atuantes à jusante do processo.

ção das estruturas na obra, tornando-

Assim como já ocorrido em alguns países, a exigência de uso do BIM torna-se a cada dia uma realidade no

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

contexto brasileiro. Iniciativas realizadas

e contribui para identificação de even-

O auxílio de ferramentas BIM no de-

por órgãos públicos e privados tendem

tuais desvios que possam gerar esfor-

senvolvimento dos projetos estruturais

a impulsionar o mercado brasileiro na

ços não previstos e, posteriormente, o

permite ao projetista focar esforços na

implantação do BIM.

-as mais precisa e aderentes ao projeto,

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM. BIM Project Execution Planning Guide - Version 2.1. University Park, Pa, USA: The Pennsylvania State University, 2011. 134 p. [02] FERREIRA, R. C.; SANTOS, E. T. Limitações da representação 2D na compatibilização espacial em projetos de edifícios e a aposta no CAD 3D como solução. In ENCONTRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL, 3., Porto Alegre, 11 e 12 de julho de 2007. Anais. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 10 p., 1 CD-ROM. [03] GOES, R. H. T. B. Compatibilização de projetos com a utilização de ferramentas BIM. 2011. 142p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo, 2011. [04] MARTHA, L. F. Análise de Estruturas: Conceitos e Métodos Básicos. Rio de Janeiro: Editora Campus/Elsevier, Rio de Janeiro, RJ, 524p., ISBN 978-85-352-3455-8, 2010. [05] NATIONAL INSTITUTE OF BUILDING SCIENCES (NIBS). United States Nation Building Information Modeling Standard: Version 1- Part 1: Overview, Principles, and Methodologies. [S.l.], 2007. 182 p. [06] NEMETSCHEK. Nemetschek Structural User Contest: Inspirations in Engineering, 2013. [S.l]: 2013. 271 p. Disponível em: <http://books.scia.net/UC2013/>. Acesso em: 02 nov. 2016. [07] SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: a research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p. 357-375, 2009. [08] TRIMBLE BUILDINGS. Vico Office introduction: Training manual. [S.l.:s.n.], 2016. 110p.

CONCRETO & Construções | 75


u estruturas em detalhes

Determinação da capacidade de carga de estacas através de ensaios de carregamento dinâmico JORGE W. BEIM – Diretor Técnico

SERGIO VALVERDE – Diretor Técnico

JB Instrumentação Eletrônica

PDI Engenharia

de Normas Técnicas através da ABNT

módulo de elasticidade dinâmico e

esenvolvida nos anos 70, a

NBR 13208 Estacas – Ensaio de Car-

peso específico do material da estaca.

técnica de determinação da

regamento Dinâmico e a sua aplicação

Esta força, que pode alcançar valores

capacidade de carga de es-

é especificada na ABNT NBR 6122 –

muito superiores ao peso do pilão, se

Projeto e Execução de Fundações.

propaga com velocidade constante ao

1. INTRODUÇÃO

D

tacas, baseada na propagação da onda

longo do elemento de fundação, sob

de tensão gerada pelo impacto de um martelo de peso adequado faz uso in-

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

a forma de uma onda de tensão, que

tenso de informática. A metodologia

O impacto de um martelo, caindo

sofre reflexões sempre que encontra

aqui apresentada pode ser aplicada para

com uma certa velocidade no topo

resistência do solo, ou então variações

avaliar a capacidade de praticamente

de uma estaca, transfere parte desta

nas características físicas do elemento

qualquer tipo de estaca de fundação,

velocidade à estaca (dependendo da

ao longo do seu fuste. A determinação

porém neste trabalho será abordado

relação entre o peso do pilão e o da

da capacidade de carga se faz através

particularmente a aplicação em estacas

estaca, entre outros fatores). Isto gera

da análise dos efeitos dessas refle-

de concreto, principalmente àquelas

uma força de impacto, que é função da

xões na força e na velocidade medidas

que são moldadas “in loco”. A técnica é

velocidade transferida e de caracterís-

por sensores instalados em um pon-

normatizada pela Associação Brasileira

ticas físicas da estaca: área de seção,

to próximo do topo do elemento de

u Figura 1 Instalação dos sensores eletrônicos

76 | CONCRETO & Construções


fundação e chamada de seção instrumentada. No caso de estacas moldadas “in loco” são confeccionados blocos prolongadores, na superfície lateral dos quais os sensores são aparafusados através de chumbadores adequada e previamente instalados. O método é capaz também de detectar variações de área de seção, resistência ou densidade do material, já que essas também provocam reflexões da onda que afetam as medições de força e velocidade. No concreto, a onda gerada com o impacto se propaga com uma velocidade que tipicamente varia entre 3500 m/s e 4500 m/s (4.000 + ou – 12,5%). Se esta velocidade de onda for conhecida com razoável precisão, é possível relacionar o tempo entre o impacto e a

u Figura 2 Tela do PDA vista através de acesso remoto via Internet

chegada da reflexão com a exata localização da resistência ou da variação

ção de ponte de Wheatstone. A defor-

metralmente opostas em relação ao eixo

de características do material ao longo

mação específica assim medida é mul-

de simetria do elemento de fundação.

do fuste. Se o comprimento do ele-

tiplicada pelo módulo de elasticidade e

Os sinais de força e velocidade as-

mento de fundação é bem conhecido,

pela área de seção do elemento de fun-

sim obtidos são enviados por cabo ou

a velocidade de propagação da onda

dação, para obtenção da força. Outro

por rádio a uma unidade eletrônica, co-

pode ser determinada medindo-se o

método possível, as vezes empregado

nhecida pela sigla de seu nome em in-

tempo entre o impacto e a chegada

em estacas moldadas “in loco”, é o uso

glês – PDA (Pile Driving Analyzer). Esta

da reflexão correspondente à ponta do

de célula de carga interposta entre o pi-

unidade consiste dos circuitos de en-

elemento. Outro critério que pode ser

lão e o topo da estaca. Apesar de ter a

trada e conversores analógico-digitais,

usado é a verificação da chamada pro-

vantagem de não depender de conhe-

que enviam os sinais digitalizados a um

porcionalidade entre força e velocidade

cimento prévio do módulo de elastici-

microcomputador, rodando um progra-

de partícula no instante do impacto, já

dade do concreto para determinação

ma específico em ambiente Windows®.

que a constante de proporcionalidade é

da força, este método é pouco usado

Este programa faz a interface com o

função do módulo de elasticidade e do

pois exige a confecção de células de

usuário através de tela de toque, para

peso específico do material, os quais

carga específicas para o nível de carga

entrada dos parâmetros do elemento

também determinam a velocidade de

que está sendo medido.

de fundação, e efetua os cálculos para

O sinal de velocidade (não confundir

obtenção dos sinais digitalizados de

com a velocidade de propagação da

força e velocidade, a partir da defor-

3. OBTENÇÃO DOS DADOS

onda) é obtido através da integração

mação e da aceleração medidas pelos

O sinal de força é em geral obtido

numérica dos sinais obtidos por acele-

sensores. O programa também obtém

rômetros aparafusados à estaca.

os sinais médios de força e velocida-

propagação da onda.

a partir da medição da deformação do material da estaca ao nível dos senso-

Para compensar o efeito da flexão,

de, a partir dos sensores instalados, e

res. Esta deformação é medida usan-

sempre presente nos golpes aplicados,

efetua cálculos preliminares de capa-

do-se um sensor aparafusável, o qual

o sistema usa dois ou mais de cada tipo

cidade de carga, tensões no material

contem “strain-gages” em configura-

de sensor, colocados em posições dia-

da estaca e energia transferida, após CONCRETO & Construções | 77


cada golpe. O software utilizado é ca-

numérica dos sinais, que será aborda-

rante o golpe), EMX (energia máxima

paz de fazer todo este processamento

do mais adiante.

transferida para a estaca durante o gol-

sem perder golpes aplicados, mesmo

Para calcular a capacidade de car-

pe, na região dos sensores), FMX (força

quando se utiliza martelos capazes de

ga da estaca, o PDA usa um método

máxima aplicada pelo pilão no topo da

aplicar 120 golpes por minuto.

simplificado, denominado “CASE” (de

estaca) etc.

O microcomputador usado na uni-

Case Western Reserve University, onde

dade de campo pode rodar outros

o método foi desenvolvido), o qual é

4. EXECUÇÃO DO ENSAIO

programas Windows. Particularmente,

uma solução fechada da equação da

O ensaio exige a aplicação de gol-

é possível utilizar programas de aces-

onda, que é correta se forem assumi-

pes com um pilão de peso suficiente

so remoto via Internet, que permitem o

das algumas hipóteses simplificadoras.

para provocar força de impacto capaz

acompanhamento do ensaio à distân-

No método CASE a estaca é assumi-

de mobilizar a resistência do solo. No

cia (desde o escritório), e transmissão

da uniforme, o seu material idealmen-

caso de estaca de concreto moldada

praticamente instantânea dos dados

te elástico, não oferecendo nenhuma

in loco, é necessário dispor-se de um

obtidos para análises adicionais e ela-

resistência à propagação da onda e o

sistema de percussão adequadamen-

boração de relatório interpretativo. A

solo é assumido idealmente plástico,

te construído, capaz de aplicar golpes

Figura 2 mostra a tela do PDA, como

de modo que são desprezados os mo-

com alturas de queda variáveis (a prá-

vista através de acesso remoto.

vimentos do solo em relação à estaca.

tica usual consiste em aplicar golpes

A tela do PDA exibe os resultados

A Figura 3 mostra a tela do Progra-

com alturas de queda crescentes, va-

preliminares assim obtidos em forma

ma PDA-W, usado para processamen-

riando de 0,2 m até 2,0 m ou mais se

textual e gráfica, imediatamente após

to dos sinais obtidos em campo. Este

for necessário). O sistema usado deve

cada golpe aplicado. O software do

programa permite a visualização gráfi-

também guiar a queda do pilão duran-

PDA também é capaz de armazenar

ca dos sinais obtidos em campo, bem

te todo seu trajeto, e permitir ajustar o

os sinais digitalizados de cada sensor

como dos resultados mais relevantes

alinhamento entre o sistema percussor

em arquivos que podem ser usados em

tais como RMX (capacidade calculada

e o elemento de fundação. Deve-se

programas específicos para geração de

pelo método simplificado CASE), DMX

também usar um sistema de amorteci-

relatórios, ou no programa de análise

(deslocamento máximo da estaca du-

mento, composto em geral de chapas

u Figura 3 Sinais de força e velocidade x impedância – ondas descendente e ascendente

78 | CONCRETO & Construções


u Figura 4 Sistemas de percussão de madeira compensada sobrepostas,

5. ANÁLISE NUMÉRICA

University. O programa resolve a equa-

entre o pilão e a cabeça da estaca,

Para a exata determinação da ca-

ção da onda usando o método numérico

para permitir melhor distribuição da

pacidade de carga e sua distribuição ao

desenvolvido por E.A. Smith, publicado

força de impacto.

longo do fuste e na ponta, é necessária

em 1960.

Estudos efetuados pelos desenvol-

a execução de análise numérica rigo-

A estaca é dividida em segmentos,

vedores do método indicam que o peso

rosa, usando um programa conhecido

em geral de cerca de 1 m de comprimen-

mínimo recomendado é de 2% a 3%

pela sua sigla em inglês – CAPWAP®

to, podendo cada elemento ter caracte-

da carga de projeto (1% a 2% a car-

(Case Pile Wave Analysis Program).

rísticas físicas (área de seção, módulo de

ga máxima prevista no ensaio). Vários

O CAPWAP é um programa de

elasticidade e peso específico) diferentes,

sistemas específicos para a realização

identificação de sistema, ou análise re-

o que permite a modelagem de estacas

de ensaios deste tipo estão disponíveis

versa, que usa o processo de “signal

não-uniformes. A resistência de fuste é

no mercado brasileiro. O importante a

matching” (coincidência de sinal).

modelada através de elementos posicio-

observar é que o sistema de percussão

O processo consiste em calcular

nados em geral a cada dois segmentos

fique garantidamente centrado com a

uma das variáveis (digamos a força),

de estaca, com um elemento adicional

estaca a ensaiar e possua a eficiência

resolvendo a complexa equação que

para a ponta. Versões mais modernas

mínima recomendada.

rege a propagação da onda, tendo

do programa permitem a modelagem de

Uma vez posicionado o sistema de

como dados de entrada a outra variável

até duas pontas adicionais no caso de

percussão e colocados os sensores

(digamos a velocidade), o modelo da

estacas não-uniformes, com redução de

eletrônicos, o ensaio é bastante rápido,

estaca (considerado conhecido) e um

seção por exemplo no caso de estacas

e consiste na aplicação de uma série

modelo assumido para o solo. O ope-

escavadas pinadas em rocha.

de golpes com altura de queda cres-

rador então efetua sucessivas análises

Cada elemento de solo possui uma

cente, até que seja mobilizada a resis-

variando o modelo do solo, até que a

componente de resistência estática,

tência desejada do solo (constatada

melhor coincidência seja obtida entre

dependente do deslocamento, e uma

através da medição do deslocamento

o sinal calculado e o sinal medido em

componente dinâmica, dependente da

permanente do elemento de fundação,

campo. Os parâmetros do modelo do

velocidade. O modelo original de Smith

preferencialmente após cada golpe

solo assim obtido é basicamente o re-

foi bastante aprimorado, com a adição

aplicado), ou se antes disso os valores

sultado da “análise CAPWAP”.

de elementos, como diferentes com-

de tensão máxima de compressão ou

O desenvolvimento do programa

portamentos durante carga e descarga,

tração, computados pelo programa do

CAPWAP constituiu a tese de douto-

modelagem do peso da bucha de solo,

PDA, atingirem níveis próximos de limi-

rado do Dr. Frank Rausche, defendi-

consideração do movimento do solo

tes admissíveis.

da em 1969 na Case Western Reserve

em relação à estaca, etc. CONCRETO & Construções | 79


Após entrar com os sinais digitali-

nimização de erro, ou seja, funções que

sentados também outros parâmetros

zados de força e velocidade e com os

variam certos conjuntos de parâmetros

usados na modelagem do solo, como

parâmetros do topo da estaca, o ope-

até obter o menor MQ possível. Contudo,

“quakes” (limites de deformação elástica)

rador do programa CAPWAP deve en-

o operador tem sempre que se certificar

e “dampings” (coeficientes da resistência

trar com as variações de parâmetros da

de que as soluções “automáticas” são

dependente da velocidade de desloca-

estaca ao longo do fuste, se for o caso.

coerentes do ponto de vista físico e ge-

mento), para cada um dos elementos de

O programa então calcula o modelo

otécnico, e corrigi-las e voltar a procurar

solo ao longo fuste e para a ponta, assim

da estaca e efetua uma análise com

um menor MQ caso não sejam.

como valores de resistências unitárias.

base em um modelo bastante simples

Uma análise CAPWAP típica pode

A Figura 6 mostra a página de grá-

do solo, usando valores padrões. Para

levar de alguns minutos a algumas ho-

ficos gerada pela análise CAPWAP. O

cada análise o programa calcula um ín-

ras, dependendo da complexidade da

canto superior esquerdo mostra a boa

dice denominado “MQ” (originalmente

situação, e também em parte da expe-

coincidência das curvas medidas e cal-

de “Match Quality” – vide Figura 5), que

riência do operador. Uma vez encon-

culadas; o canto superior direito mostra

é na realidade um indicador de erro, ou

trada a solução considerada correta, o

as curvas de força e velocidade medi-

seja, quanto maior o MQ maior o de-

programa permite a impressão de tabe-

das em campo; o canto inferior esquer-

sencontro entre as duas curvas.

las e gráficos com os resultados, para

do mostra uma curva carga-recalque

anexação ao relatório.

calculada pelo programa a partir dos

O objetivo da análise é, portanto, modificar o modelo do solo até que se

Na figura 5 são apresentados os va-

modelos do solo e da estaca, e o canto

lores da resistência total estática mobi-

inferior direito mostra a distribuição de

As versões atuais do programa CA-

lizada, bem como as parcelas ao longo

resistência ao longo do fuste da estaca.

PWAP possuem vários algoritmos de mi-

do fuste e ponta. Além desses são apre-

As análises CAPWAP de ensaios

obtenha o menor MQ possível.

efetuados em estacas de concreto moldadas “in loco” são algo mais complexas do que as de estacas pré-moldadas, devido à natural não uniformidade das primeiras, pelo seu próprio processo construtivo, que permite a ocorrência, por exemplo, de alargamentos. Diferenças de módulo de elasticidade e/ ou peso específico ao longo do fuste também têm que ser levadas em conta. A mais nova versão do programa (2014) permite a modelagem do comportamento anisotrópico do concreto, com velocidades de onda diferentes quando o material é submetido a esforço de compressão ou tração. Este modelo permite que os operadores alcancem valores de MQ mais baixos em estacas de concreto, o que significa maior precisão e confiabilidade do resultado.

6. CONCLUSÃO u Figura 5 Tabela de resultados da análise Capwap

80 | CONCRETO & Construções

A partir dos fundamentos teóricos publicados em 1970 por pesquisadores da Case Western Reserve University nos


u Figura 6 Gráficos da análise Capwap EUA, o Ensaio de Carregamento Dinâ-

mobilizar a carga que se deseja medir.

fuste da resistência do solo, além de

mico (ECD) começou a ser utilizado de

Os sinais obtidos durante os impactos

outros parâmetros.

forma prática a partir de meados da dé-

são enviados a uma unidade eletrônica

O ECD se popularizou devido à sua

cada de 1970, com o desenvolvimento

portátil, o PDA (Pile Driving Analyzer),

maior rapidez, custo mais baixo e me-

da eletrônica e das técnicas de proces-

o qual efetua um processamento ini-

nor interferência no andamento da obra,

samento de dados.

cial e armazena os dados em forma

comparado com o método tradicional

O ensaio consiste na instalação de

de arquivos digitais. Esta informação

(Prova de Carga Estática). O ECD permi-

sensores de deformação e acelerôme-

é posteriormente reprocessada usan-

tiu a comprovação de um universo maior

tros perto do topo da estaca, que é,

do um programa de análise numérica,

de estacas nas obras, aumentando, as-

em seguida, submetida a golpes de

denominado CAPWAP, o qual fornece

sim, a confiabilidade, com redução dos

um martelo com peso suficiente para

o valor e a distribuição ao longo do

prazos e dos custos.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Smith, E.A. – “Pile driving analysis by the wave equation”, Journal of Soil Mechanics and Foundations Division, American Society of Civil Engineers, Agosto de 1960, volume 86, no SM4, Proc. Paper 2574, pgs. 35-61 [02] Goble, G. G., Rausche, F., Moses, F., “Dynamic Studies on the Bearing Capacity of Piles; Phase III Volume II Report No. 48” – Division of Solid Mechanics Structures and Mechanical Design, School of Engineering, Case Western Reserve University, Cleveland, OH. – Agosto de 1970 [03] Rausche, F., Moses, F., Goble, G. G., “Soil resistance predictions from Pile Dynamics”, Journal of Soil Mechanics and Foundations Division, American Society of Civil Engineers, Setembro de 1972, reimpresso em “Current Practices and Future Trends in Deep Foundations, Geotechnical Special Publication No. 125, DiMaggio, J. A., e Hussein, M. H., Editores, Agosto de 2004, pgs. 418-440 [04] Pile Dynamics, Inc. – manual do programa CAPWAP, 2014

CONCRETO & Construções | 81


u estruturas em detalhes

A modelagem numérica da interação solo-estrutura FÁBIO SELLEIO PRADO – Engenheiro EGT Engenharia | Professor assistente

MARCELO WAIMBERG – Gerente Técnico

Instituto Mauá de Tecnologia

EGT Engenharia

Hoje, o custo de processamento não

siderar o fato de que modelos mais

ara se resolver um problema

é mais uma variável relevante na mo-

simples incluem mais hipóteses simplifi-

físico real, a solução usual é

delagem numérica. Os programas de

cadoras. Essas hipóteses podem estar

recorrer a modelos matemá-

análise estrutural disponíveis permitem

relacionadas com as teorias de cálculo

ticos que representem adequadamente

que se simule praticamente qualquer

consideradas, com a representação

esse problema.

estrutura, sem limites à criatividade na

geométrica da estrutura, com as pro-

sua concepção.

priedades dos materiais, etc.

1. INTRODUÇÃO

P

Nas obras em geral, a análise estrutural parte sempre de um modelo matemá-

Nessas análises, em um caso geral,

Tome-se o caso de uma edificação

tico da realidade que se deseja represen-

não é possível desconsiderar a interação

com fundações profundas, por exemplo

tar. Nesse modelo são adotadas teorias

entre solo e estrutura sem se afastar da

estacas cravadas. Um primeiro modelo

de cálculo conhecidas, representações

realidade que se busca representar.

em que o confinamento lateral dessas es-

aproximadas das ações na estrutura e

Em algumas estruturas, como nas

tacas seja representado por molas ao lon-

do comportamento dos materiais, condi-

obras enterradas, essa interação é

go do comprimento (modelo de Winkler,

ções de contorno (interfaces da estrutura

mesmo o principal fator a definir o com-

para mais detalhes ver (1)), pode fornecer

com o ambiente), além de hipóteses sim-

portamento estrutural.

resultados bastante satisfatórios na análise da estrutura do prédio. Esse modelo

plificadoras para representação da geometria real, com o objetivo de se compre-

2. HIERARQUIA DE MODELOS

pode evoluir, incluindo molas verticais re-

ender o comportamento dessa estrutura,

A representação de uma estrutu-

presentando o atrito lateral entre solo e es-

isto é, essencialmente prever suas defor-

ra através de um modelo matemático

taca. Molas verticais e horizontais podem

mações e deslocamentos, bem como o

sempre esteve, historicamente, con-

ser substituídas por elementos de material

“caminho” das cargas pelos elementos

dicionada às ferramentas disponíveis

elastoplástico, que simulem de maneira

que a compõem.

para sua resolução.

mais realista o comportamento do solo na

O que se busca é que esses mode-

Desse modo, modelos mais simples

los representem o mais fielmente pos-

sempre foram preferíveis no dia a dia

sível aquele comportamento estrutural.

do engenheiro de estruturas.

interação com a fundação. Cada uma dessas alterações corresponde à eliminação de hipóteses sim-

A dificuldade para o engenheiro é que

A análise dos resultados obtidos

plificadoras e a obtenção de resultados

a avaliação dos resultados é feita, no

nesses modelos é facilmente com-

mais precisos na análise. Note-se que

caso geral, para uma estrutura que ain-

parada com resultados prévios de

nem sempre esse ganho de precisão é

da não existe e deformações e deslo-

estruturas análogas e ajuda a entender

relevante (ou mesmo necessário) face

camentos que se desejam prever são,

o comportamento das estruturas que

às simplificações eliminadas. Muitas ve-

usualmente, imperceptíveis a olho nu.

estão sendo projetadas. Por outro lado,

zes, esse ganho de precisão é ilusório,

Com a evolução nas últimas duas

a repetição dessas análises realimenta o

face às incertezas dos dados de entrada

décadas dos equipamentos e progra-

processo de concepção e ajuda a agu-

(para uma discussão acerca da precisão

mas de informática, é cada vez mais

çar a sensibilidade quanto ao comporta-

de modelos de cálculo, ver (3)).

simples e menos custoso resolver nu-

mento esperado dessas estruturas.

mericamente os modelos matemáticos. 82 | CONCRETO & Construções

No entanto, não é possível descon-

Ainda que se continue evoluindo, com a consideração de elementos de


comportamento não linear, eventual-

mentos

mente não isotrópicos, em três dire-

permitem análi-

ções, representados por uma matriz

ses sofisticadas,

de rigidez, em que os efeitos cruzados

em que o solo

também são considerados, há um claro

é,

limite para o que pode ser representado

tempo, vínculo e

por esse modelo. Não é possível, por

carga na estru-

exemplo, conhecer o estado e compor-

tura, permitindo

tamento do maciço logo antes e após a

incorporação de

execução das fundações.

fluxos d’água ou

Para resolver essa questão e obter

Finitos,

ao

mesmo

outros fluidos.

essas informações adicionais, um novo

Ressalte-se

modelo numérico, mais sofisticado,

que, via de regra,

precisa ser considerado. Por exemplo

modelos

um modelo em que o solo seja repre-

complexos

sentado por elementos finitos e a inter-

mais

face com as estacas, por elementos de

(não tanto quanto ao processamento,

crito a seguir o problema da análise do

contato adequadamente definidos.

mas sempre com relação às análises

revestimento de um túnel em solo.

mais são

u Figura 1 Seção esquemática

custosos

Esse novo modelo, por sua vez,

de resultados). Eles têm também maior

também pode incluir informações adi-

probabilidade de que se cometam er-

cionais do comportamento dos mate-

ros de modelagem e interpretação, já

riais e da história do maciço, resultando

que a checagem dos resultados pode

análises mais precisas.

ser menos intuitiva.

3. EXEMPLO – REVESTIMENTO DE UM TÚNEL Como

exemplo

de

compara-

ção entre modelos de diferentes ní-

A essa evolução nos modelos nu-

Assim, cabe ao engenheiro estabele-

veis hierárquicos para a represen-

méricos, desde os mais simples até os

cer as informações necessárias e definir

tação do problema do revestimento

mais complexos e abrangentes, dá-se

modelos em que, com precisão suficiente,

de um túnel com diâmetro equiva-

o nome de Modelagem Hierárquica (ver

possam ser obtidas essas informações.

lente de 11,3m, considere o maciço

Cabe também ao engenheiro certi-

esquemático e a geometria do túnel in-

As ferramentas computacionais hoje

ficar-se de que, mesmo fazendo uso de

dicados na Figura 1. Por simplicidade

disponíveis, como o Método dos Ele-

modelos hierarquicamente superiores, um

não se considerou a presença de água

(2) para mais detalhes).

modelo mais sim-

Molas

no maciço.

ples para o mes-

A análise preliminar dos parâmetros

mo problema (e,

da Figura 1 indica pequeno potencial

portanto, menos

de arqueamento de carga em torno do

preciso e com

túnel. Assim, optou-se inicialmente por

menos informa-

um modelo de barras com carregamen-

ções resultantes)

to vertical total sobre o revestimento (gh).

seja considerado, Revestimento

de modo a servir como parâmetro

3.1 Modelo de ordem hierárquica mais baixa (modelo 1)

de comparação

u Figura 2 Geometria do modelo 1

e análise do com-

O modelo em elementos finitos de

portamento glo-

barras que representa o túnel de forma

bal da estrutura.

simplificada foi elaborado no programa

A título de exemplo, é des-

STRAP 2011, que é um programa de elementos finitos generalista. CONCRETO & Construções | 83


35 tf/m/m

17.5 tf/m/m

17.5 tf/m/m

to de carga no

mentos finitos plano com a representa-

maciço os carre-

ção do maciço.

verti-

O modelo em elementos finitos que

cais e horizontais

representa o meio contínuo foi elabora-

do

ficam

do no programa Midas NX, que é um

como indicado na

programa especializado em modela-

Figura 3.

gens de maciços, túneis, valas, etc.

gamentos

27 tf/m/m

27 tf/m/m

u Figura 3 Carregamento no revestimento, desprezando o arqueamento

Para

representar

o

revestimen-

to do túnel foram utilizados elementos

túnel

Nas Figuras 4

O modelo elaborado é plano e sua

e 5 são apresen-

matriz constitutiva é para estado plano

tados os diagra-

de deformação (EPD).

mas de momen-

Para representar o revestimento do

to fletor e força

túnel foram utilizados elementos de barra

normal no revestimento do túnel para

com meio metro de comprimento e com

o carregamento indicado na Figura 3.

função de forma linear. Para representar o maciço foram utilizados elementos pla-

de barra com meio metro de comprimento e com função de forma linear. Para representar o maciço foram utili-

3.2 Modelo de ordem hierárquica mais alta (modelo 2)

nos com lados de meio metro e função de forma linear. Manteve-se o revestimento em con-

zados elementos de mola elásticos não lineares (só podem ser comprimidos),

Para investigar melhor o comporta-

creto com comportamento elástico line-

com rigidez equivalente a E/D (E é o mó-

mento do maciço e o efeito do possível

ar. Já para o maciço foi considerado o

dulo de elasticidade da camada de solo e

arqueamento de carga nas solicita-

critério de Mohr-Coulomb para resistên-

D o diâmetro equivalente do túnel).

ções do revestimento, bem como os

cia, adotando os parâmetros da Figura 1.

recalques causados na superfície, o

O modelo foi dividido em duas

O em

revestimento concreto

foi

com

considerado

comportamen-

to elástico linear (em uma primeira aproximação). O modelo não representou as fases construtivas. Desprezando o possível arqueamen-

modelo anterior não é suficiente. Não basta refinar o modelo e os

tado inicial de tensões no maciço na

parâmetros adotados. É preciso elabo-

hipótese geostática. Na segunda fase

rar um novo modelo, hierarquicamente

é feita a abertura do túnel em uma úni-

mais avançado que o modelo de bar-

ca fase de escavação e aplicado o seu

ras. Por exemplo, um modelo em ele-

revestimento.

157 tf/m

148 tf.m/m

158 tf.m/m

fases. Na primeira fase instala-se o es-

158 tf.m/m

245 tf/m

245 tf/m

113 tf.m/m

263 tf/m

u Figura 4 Momento fletor no modelo simplificado

84 | CONCRETO & Construções

u Figura 5 Força normal no modelo simplificado


u Figura 7 Momento fletor (tf.m/m) mento de carga,

carregamento indicado na Figura 11.

que não é repre-

Verifica-se na Tabela 1 que os re-

sentado no mo-

sultados de momento fletor e força

delo simplificado.

normal no modelo simplificado (bai-

A hipótese simpli-

xa hierarquia) com o carregamento

O carregamento é gerado automati-

ficadora adotada para o carregamento

revisado e o modelo em meio con-

camente pelo programa, considerando

não estava adequada. Assim, é propos-

tínuo (alta hierarquia) são muito pró-

o peso próprio do maciço e do revesti-

ta uma nova forma de carregar o mode-

ximos. Isso mostra que, mesmo o

mento e sua interação (Figura 6).

lo simplificado para que este represente

modelo sendo mais simples, se os

melhor a interação solo-estrutura.

parâmetros e os dados de entrada fo-

u Figura 6 Geometria do modelo 2 em elementos finitos

Nas Figuras 7 e 8 são apresentados

rem coerentes com o problema físico

os resultados de momento fletor e força normal no revestimento do túnel. Com este modelo de ordem hierárquica mais alta é possível ver os resultados do recalque na superfície do ter-

3.3

Modelo de ordem hierárquica mais baixa – revisão do carregamento adotado (modelo 3)

que se deseja representar, seus resultados são bastante próximos aos de modelos de hierarquia superior. Note-se que ainda há alguma diferença importante nos resultados do

reno e também se houve plastificação A nova proposta de carregamento,

arco invertido, provavelmente decor-

com uma simulação do arqueamento

rente do arqueamento da carga ho-

Nota-se que o momento fletor na

do maciço, é apresentada na Figura 11

rizontal aplicada, pois o material da

calota superior do modelo simplificado

(notar que a resultante da carga vertical

camada inferior de solo é bastanterígido.

possui um valor maior que aquele en-

é a mesma).

no maciço. Estes resultados são apresentados nas Figuras 9 e 10.

Numa tentativa de melhorar a precisão

contrado no modelo em meio contínuo.

Nas Figuras 12 e 13 são apresentados

desses resultados, ambos os modelos

Esta diferença ocorre, porque no mode-

os diagramas de momento fletor e força

poderiam evoluir. No modelo de elemen-

lo em meio contínuo existe um arquea-

normal no revestimento do túnel para o

tos finitos, o critério de resistência do solo

u Figura 8 Força normal (tf/m)

u Figura 9 Curva de recalques na superfície do terreno

CONCRETO & Construções | 85


60 tf/m/m

60 tf/m/m 25 tf/m/m

u Figura 10 Regiões de plastificação do maciço poderia ser substituído pelo Mohr-Cou-

importante na de-

lomb modificado, enquanto no modelo de

finição do com-

barras o carregamento horizontal poderia

portamento estru-

ser corrigido para levar em conta o arque-

tural e pode ser

amento do empuxo, de maneira análoga

modelada numeri-

ao que foi feito para a carga vertical.

camente de diver-

Um modelo de barras, mais simples

sas formas, desde

e adequadamente calibrado, pode for-

a

necer informações iniciais valiosas na

do solo por vincu-

análise do problema.

lações

representação

u Figura 11 Modelo 3 – Adequação do carregamento para modelo de barras

elásticas,

Nos modelos de hierarquia su-

como no modelo de Winkler, até mo-

baseados em hipóteses adequadas,

perior é possível, no entanto, ob-

delos de elementos finitos não lineares.

trazem resultados tão bons quan-

ter informações adicionais, como o

Embora seja tentadora a ideia de

to, como se observa no exemplo

comportamento do maciço escava-

sempre se utilizarem modelos mais

do, incluindo a curva de recalques

sofisticados para essas análises, uma

Ocorre que, em vários casos, os

na superfície, suas tensões e regiões

vez que programas e equipamentos de

resultados obtidos podem ser insu-

de plastificação.

informática estão hoje disponíveis a um

ficientes. Cabe ao engenheiro iden-

custo razoável, essa opção deve sem-

tificar a possibilidade de, a partir

pre ser evitada de início.

de modelos hierarquicamente mais

4. CONCLUSÕES A interação solo-estrutura é muito

Modelos mais simples, desde que

simples, avançar para modelos mais

140 tf/m

95 tf.m/m

120 tf.m/m

apresentado.

120 tf.m/m

230 tf/m

230 tf/m

95 tf.m/m 255 tf/m

u Figura 12 Momento fletor – carregamento revisado

86 | CONCRETO & Construções

u Figura 13 Força normal – carregamento revisado


u Tabela 1 – Comparação de esforços entre os modelos Posição

Solicitação

Modelo 1 (barras)

Modelo 2 (MEF)

Diferença (2/1)

Modelo 3 (barras modif.)

Diferença (2/3)

Calota

Momento fletor (tf.m/m)

148

98

34%

95

3%

Normal (tf/m)

157

180

15%

140

29%

Momento fletor (tf.m/m)

158

105

34%

120

13%

Normal (tf/m)

245

250

2%

230

9%

Momento fletor (tf.m/m)

113

40

65%

97

59%

Normal (tf/m)

263

95

64%

255

63%

Lateral

Arco invertido

sofisticados que permitam obter in-

Mas, de todo modo, essa pos-

ral o comportamento da estrutura.

formações adicionais e, eventual-

sibilidade não prescinde dos mode-

Essa compreensão pode ser amplia-

mente, aumentar a precisão dos re-

los mais simples, com os quais se

da e/ou refinada nos modelos mais

sultados obtidos.

pode compreender de maneira ge-

sofisticados.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Velloso, D. A. e Lopes, F. R., 2009, “Fundações, volume 1: critérios de projeto: investigação de subsolo: fundações superficiais”, Nova Ed, São Paulo: Oficina de Textos. [02] Bucalem, M. L e Bathe, K. J, 2011, “The mechanics of solids and structures – hierarchical modeling and the Finite Element Solution”, Springer-Verlag. [03] Duddeck, H., 1987 “Codes need different structural design models than research work”, CEB Bulletin D’Information nº 170/179, Lausanne.

CONCRETO & Construções | 87


u mantenedor

Seminário discute os desafios e perspectivas da industrialização da construção civil

C

om a presença de cerca

2010, que incluiu as mais avançadas

Já, o consultor de planejamento

de 100 participantes, a

tecnologias e soluções construtivas

estratégico da Abcic, Gerson Ishikawa,

Associação Brasileira da

relacionadas aos pré-fabricados, con-

traçou quatro cenários para o setor de

Construção Industrializada de Concre-

templando as particularidades de cada

pré-fabricação nos próximos anos. No

to (Abcic) realizou no último dia 22 de

país no desenvolvimento e aplicação

primeiro cenário (de canteiro de obras),

setembro o 7º Seminário Internacional

dos sistemas pré-fabricados. Segun-

o setor manterá sua participação no

Abcic “Inovação e ousadia para vencer

do ele, o Model Code 2010 influenciou

mercado da construção, respondendo

os atuais desafios e gerenciar o futuro”.

a revisão de diversas normas na Eu-

por 2 a 5% desse mercado. No segun-

O secretário geral da fib, Eng. Da-

ropa, Ásia e África e, em razão disso,

do cenário (de patchwork), as vulnera-

vid Fernandez-Ordoñez, expôs os

as atividades preparatórias para o lan-

bilidades do setor de pré-fabricação

trabalhos que estão sendo feitos na

çamento do Model Code 2020 já es-

serão expostas e solucionadas por ou-

entidade para o desenvolvimento da

tão em andamento, com a reunião de

tros sistemas construtivos. No terceiro

pré-fabricação em concreto no mun-

especialistas de diversos países nas

cenário (de solução completa), proje-

do, como a publicação do Model Code

comissões e grupos de trabalho da fib.

ta-se uma ampliação de participação

88 | CONCRETO & Construções


dos pré-fabricados no mercado da

sem perder segurança estrutural.

construídas com pré-fabricados. Ele

construção em até 10 vezes, pois nele

Paulo Fonseca lançou a versão em

também comentou os trabalhos que

a industrialização da construção será a

espanhol do livro “La Tecnología Del

estão sendo desenvolvidos para a pu-

opção de engenharia preferencial. Por

Microcad aplicada a la construcción

blicação de um Boletim sobre Pontes

fim, o quarto cenário (de verticalização)

del Habitat Social”, do qual foi coor-

Pré-Fabricadas pela fib. Segundo ele

estará sujeito a fatores externos, como

denador e um dos autores.

a publicação contará com exemplos

competitividade regional, transferência

As palestras do período vespertino

de uso de pré-fabricados de diferentes

voltaram-se para exposição de cases

países, para contribuir para o desen-

Encerrando as palestras do perío-

de obras que optaram pelo sistema

volvimento geral das práticas e tecno-

do matutino, o professor da Faculda-

de pré-fabricados. O diretor da cons-

logia da pré-fabricação no mundo.

de de Arquitetura e Urbanismo da Uni-

trutora Sumitomo Mitsui Construction,

Além da participação da diretora

versidade de São Paulo (FAU-USP),

Akio Kasuga, expôs alguns projetos de

de marketing do IBRACON, Íria Do-

Paulo Fonseca de Campos, abordou

pontes e de edifícios altos executados

niak, que é a presidente-executiva da

como a inovação será a indutora do

no Japão. Já, o diretor da Commercial

Abcic, o Seminário teve a participação

desenvolvimento sustentável no se-

Design and Concepts, George Jones,

do diretor de publicações técnicas,

tor de pré-fabricação. Segundo o

apresentou a construção da nova es-

Eduardo Millen, e da diretora técnica

arquiteto, a redução do consumo de

tação Paddington, que integra impor-

do IBRACON, Inês Battagin. Na oca-

cimento no segmento de pré-fabrica-

tante sistema público de transportes

sião, Battagin informou aos presentes

dos é consequência de uma inovação

de Londres. Por fim, o engenheiro da

a formação de um Comitê Técnico de

introduzida no setor, que está permi-

EGT Engenharia, Marcelo Waimberg,

Pré-Fabricado, fruto da parceria entre

tindo produzir peças mais esbeltas,

apontou exemplos de pontes no Brasil

Abcic e IBRACON.

FSB

de tecnologias.

para escrever a história de um país, é preciso cuidar dele.

Para um país crescer, é preciso investimento. Mas é necessário também pensar no meio ambiente, na sociedade e nas futuras gerações. A indústria do cimento investe em qualidade e utiliza as tecnologias mais avançadas para promover um desenvolvimento sustentável. Colabora ainda para tornar o meio ambiente mais limpo com o co-processamento: a destruição de resíduos industriais e pneus em seus fornos. Onde tem gente tem cimento.

CONCRETO & Construções | 89


u pesquisa e desenvolvimento

Desenvolvimento de concretos leves para o Concrebol ANDRÉ SOARES MENDES – Tecnólogo em Construção de Edifícios

BEATRIZ CORREA XAVIER – Engenheira Civil

Instituto Federal do Tocantins – IFTO Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA

DIEGO ARAUJO SANTOS – Graduando em Engenharia Civil Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA

MARIA CAROLINA ESTEVAM D’OLIVEIRA – Professora Mestre

BERNARDO FONSECA TUTIKIAN – Professor Doutor

Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP / ULBRA / Universidade Federal do Tocantins – UFT

Universidade do Rio dos Sinos – Unisinos itt/Performace

EDUARDA SUÉLEN DA SILVA SARAGOZO – Engenheira Civil Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI)

o concreto leve deve atingir resistência

1. INTRODUÇÃO

O

concreto leve é aque-

à compressão mínima de 17,2 MPa aos

le que apresenta massa

28 dias, o que também é indicado pela

específica menor com-

NM 35 (1995), conforme Tabela 2.

parada a do concreto convencional

Adicionalmente são especificadas

- este possui massa específica entre

vantagens nas propriedades térmicas

2000 kg/m³ e 2800 kg/m³ (ABNT NBR

do concreto leve, conforme exposto

8953:2015). A Tabela 1 apresenta os

na Tabela 3.

u Tabela 2 – Valores correspondentes de resistência à compressão e massa específica para concreto leve estrutural Resistência à compressão aos 28 dias (MPa) (Valores mínimos)

Massa específica aparente (kg/m³) (Valores máximos)

limites mínimos e máximos do concre-

A utilização de concreto leve es-

28

1840

to leve segundo algumas normas e pu-

trutural como um material alternativo

21

1760

blicações técnicas.

implica redução de custo pela redu-

17

1680

Além disso, o ACI 213 R-03 (2003)

ção do peso próprio das estruturas,

define que, para ter aplicação estrutural,

pois elementos estruturais mais leves

u Tabela 1 – Documentos normativos internacionais para massa específica de um CLE

da obra.

reduzem as cargas totais na fundação

Diante da importância desse tema, o

e, consequentemente, o custo final

Instituto Brasileiro de Concreto – IBRA-

u Tabela 3 – Propriedades térmicas dos concretos leves Referência

Massa específica (kg/m³)

RILEM (1975)

g < 2000

CEB-FIP (1977)

g < 2000

NS 3473 E (1992)

1200< g < 2200

ACI 213 R-03 (2003)

Propriedades

Concreto com agregados leves

Concreto com agregados convencionais

Massa específica (kg/m³)

1850

2400

Resistência à compressão (MPa)

20 - 50

20 - 70

Calor específico (cal/g. °C)

0,23

0,22

1120< g < 1950

Condutividade térmica (W/m.K)

0,58 – 0,86

1,4 – 2,9

prEN 206 (2000)

800< g < 2000

Difusão térmica (m²/h)

0,0015

0,0025 – 0,0079

ABNT NBR 8953:2014

g < 2000

Expansão térmica (10-6/°C)

9

11

90 | CONCRETO & Construções

Fonte: Holm e Ferrara, 2000; apud Rossignolo,2009


CON, desde o 54° Congresso Brasileiro de Concreto, realizado em 2012, utiliza

u Tabela 4 – Características físicas da areia

a massa da amostra como índice de

Características físicas da areia

pontuação para competição estudantil denominada Concrebol, na qual os participantes devem construir uma esfera de concreto leve capaz de desenvolver uma trajetória retilínea, com alta resis-

Massa específica (NBR NM 52:2009)

2660 kg/m³

Massa unitária (NBR NM 45:2006)

1,42 kg/m³

Dimensão máxima característica (NBR NM 248:2003)

4,8 mm

Classificação (NBR 7211:2009)

Areia média

Modulo de Finura (MF) (NBR NM 248:2003)

2,22

tência à compressão. O presente trabalho é fruto de pes-

52,5 MPa (com base na norma europeia

o fornecedor o ensaio de composição

quisas e análises desenvolvidas para

EN-197-1). É um cimento equivalente em

granulométrica mostrou que 90% dos

participação dos autores neste concur-

termos de resistência aos concorrentes

grãos da amostra tinham diâmetros

so e visa descrever e detalhar o pro-

cinzas nacionais do tipo ARI

menores que 37,37μm, 50% possuíam

cedimento de execução das amostras para competição.

diâmetro menores que 10,80μm e 10%

2.3 Sílica ativa

apresentaram diâmetro menores que 1,33μm. Por ser um material fino, au-

2. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS 2.1 Cimento Portland

A sílica ativa utilizada foi fornecida

menta a compacidade e empacotamen-

pela empresa Silmix, sendo um sub-

to do esqueleto granular, o que é benéfi-

produto

co para misturas de alta resistência.

do processo de fabricação

do silício metálico ou do ferro-silício gás SiO, ao sair do forno, oxida-se,

2.5 Agregado miúdo

Foi utilizado o cimento Portland tipo

formando o dióxido de silício (SiO2).

CPV ARI (alta resistência inicial), fabrica-

Segundo o fornecedor as característi-

Foi utilizada areia natural da região

do pela Cimentos Planalto – CIPLAN,

cas físicas e químicas da sílica ativa uti-

de Palmas, doada pela Castelo Forte

por ser um cimento com menor teor de

lizada são: massa especifica de 2222

Materiais para Construção, extraída do

adições inertes e minerais, e por ser mais

kg/m³; formato de partícula esférica;

Rio Tocantins pela Mineração Capital.

fino que outros produtos comerciais.

diâmetro médio 0,2 μm; teor mínimo

Suas características podem ser ob-

de SiO2 de 85%; e umidade máxima

servadas na Tabela 4. Este material foi

de 3%. A sílica ativa é uma superpo-

seco em estufa após a extração; poste-

2.2 Cimento branco

zolana, com grande reatividade com o

riormente, foi peneirado mecanicamen-

O cimento branco Tolteca - composto

hidróxido de cálcio, produto gerado na

te, com separação em várias frações

de silicatos, aluminatos e ferro aluminato,

hidratação do cimento. Este material

granulométricas, lavado para retirada

gesso e cargas minerais - é fabricado pela

tambem produz C-S-H, como o gera-

dos materiais pulverulentos e seco em

Cemex e distribuído no Brasil pela Aditex

do pelo clínquer, aumentando as resis-

estufa novamente. Para pontecializar

Química. Segundo o fornecedor, pode

tências do concreto e atua fisicamente,

a resistência e o empacotamento do

ser aplicado tanto em argamassas co-

como ponto de nucleação.. Com isso,

esqueleto granular foi utilizado o méto-

lantes brancas quanto em pré-fabricados

potencializa as reações, melhorando as

do analítico de empacotamento de Al-

de concreto, possui índice de brancura

propriedades da mistura.

fred, apontado por Castro e Pandolfelli

superior a 90%, maior fidelidade às cores quando pigmentado, alta resistência,

(2015) como um dos mais utilizados.

2.4 Pó de quartzo

desforma rápida e possibilita a redução de

2.6 EPS reciclado

custos empregados em insumos. Além

O pó de quartzo utilizado foi forne-

disso, apresenta classe de resistência de

cido pela Mineração Jundu. Segundo

O EPS utilizado foi recolhido dos CONCRETO & Construções | 91


u Figura 2 EPS Industrializado u Figura 1 EPS reciclado

to esférico, como pode ser observado na Figura 1.

despejos da obra do Ibis Hotel, da construtora Inovatec em Palmas-TO,

u Figura 3 Granulometria do EPS industrializado

2.7 EPS industrializado

cujo fornecedor é a Isoeste Indústria e Comércio de Isolantes Térmi-

O EPS industrializado foi adquirido

cos. De acordo com o laudo técnico

em pacotes de 1 litro, conforme Figura

do produto fornecido pela Isoeste,

2. O EPS industrializado apresenta diâ-

é classificado como tipo F, segundo

metro característico de 0,75 mm, mais

A água de amassamento utilizada

especificação BF216 da BASF (Ba-

uniforme que o EPS reciclado (Figura

foi a fornecida pela rede pública, reti-

dische Anilin und Soda-Fabrik), que é

3), e sua massa específica, por sua me-

rada de um bebedouro do laboratorio

uma empresa química alemã. A mas-

nor granulometria, ficou maior que a do

de Materiais e Estruturas do CEULP/

sa específica do EPS é 11 kg/m³ e

EPS reciclado, com 72 kg/m³.

ULBRA, com temperatura média de

2.9 Água

14ºC.

sua condutividade térmica é de 0,025 kcal/h.m².C. O diâmetro máximo do

2.8 Aditivo 3. PROGRAMA EXPERIMENTAL

EPS reciclado é de 1 cm, com forma-

u Tabela 5 – Características técnicas do aditivo utilizado

Ação principal

Aditivo Superplastificante tipo II (SP-II R) (Hiperplastificante)

Ação secundária

Redutor de água de amassamento (A/C)

Composição

Solução de policarboxilatos em meio aquoso

O aditivo utilizado foi Plastol 6040

A fim de determinar o traço de

da empresa Viapol. As característi-

melhor desempenho foram testa-

cas técnicas do aditivo utilizado nesta

dos três granulometrias de EPS e

pesquisa podem ser observados na

dois tipos de cimento. Vários ajus-

Tabela 5.

tes foram feitos no decorrer de cada

u Tabela 6 – Traço de Referência (VANDERLEI, 2004) Material

Relação (em massa)

Consumo (kg/m³)

Cimento

1

874

Areia

1,101

962

Aspecto

Líquido

Pó de quartzo

0,235

205 215

Cor

Levemente amarelada

Sílica ativa

0,246

Massa específica

≅ 1,1 g/cm³

Superplastificante 3%

0,030

26

Teor de cloretos

Não contem cloretos

Água (a/c= 0,18)

0,180

157

92 | CONCRETO & Construções


u Tabela 7 – Dosagem de EPS com relação a massa de cimento Traço

u Figura 4 Corpos de prova antes do rompimento

Massa de pérolas de EPS (g)

Massa proporcional ao cimento

T-1

288

0,016

T-2

176

0,011

T-3

120

0,0075

T-4

91,2

0,0057

T-5

766,4

0,0479

T-6

718,5

0,0479

T-7

795

0,053

-estabelecido de CPR. Os Traços

mas para um consumo de 15 quilos

traço, buscando sempre melhorar o

T-1, T-2, T-3 e T-4 foram feitos com

de cimento - o traço foi feito em

desempenho do concreto, manten-

CPV-ARI, já os traços T-5, T-6 e T-7

betoneira.

do sua massa específica dentro dos

foram confeccionados com Cimento

limites para ser considerado CLE.

Branco.

3.1 Procedimento de mistura

Para execução deste trabalho par-

Foram moldados 4 corpos de

tiu-se de um traço pré-estabelecido

prova cilíndricos com dimensões

Este processo é de extrema im-

de concreto de Pós Reativos – CPR

100x200 mm, para os ensaios de

portância para qualidade do concre-

segundo (VANDERLEI, 2004), traço

compressão axial (Figura 4) e 3 es-

to e tendo em vista a importância

este que pode ser observado na Ta-

feras de diâmetro de 219 mm para

desse processo ele foi altamente

bela 6. O âmbito deste trabalho foi

os ensaios de tração por compres-

controlado. Os materiais finos (ci-

produzir um material que possa ser

são pontual (Figura 4), ensaio utili-

mento, sílica e quartzo) eram mistu-

classificado como Concreto Leve de

zado como um dos critérios de ava-

rados previamente em um recipiente

Alta Resistência (CLAR), a partir de

liação no CONCREBOL. Os ensaios

seco para que a homogeneidade da

um CPR com a adição de pérolas

mecânicos foram realizados aos 7

mistura fosse garantida. Após, foi

de EPS. A Tabela 7 mostra as dife-

dias de idade, pois, de acordo com

adicionado o agregado miúdo e, en-

rentes dosagens de EPS em relação

HOLM e BREMNER (1994) apud

tão, os materiais foram lançados na

à massa de cimento do traço pré-

ROSSIGNOLO (2009), os concre-

betoneira, seguindo a ordem confor-

tos leves apresentam aos 7 dias

me Tabela 8.

80% da resistência à compressão

Em todo processo de mistura a be-

observada aos 28 dias. As adições

toneira ficava com sua boca tampada

mostradas na Tabela 7 são a quan-

para que a perda de material fino fosse

tidade de EPS adicionada em gra-

a menor possível.

u Tabela 8 – Processo de misturas dos materiais

u Figura 5 Bola de concreto

Procedimento

Tempo inicial (s)

Tempo final (s)

EPS + 50% Água

0

30

Ligantes com agregado miúdo

30

120

Limpeza e espera

120

150

50% água + Aditivo

150

450

CONCRETO & Construções | 93


u Figura 7 Comparativo entre as massas específicas obtidas e os documentos listados na Tabela 1

u Figura 6 Moldagem das esferas

EPS em concreto

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

(XAVIER; SANTOS;

4.2 Massa específica

MENDES, 2015), é que quando maior adição de EPS ao concreto, menor sua

Os resultados de massa específica

trabalhabilidade. Esta influência negativa

obtidos através do estudo das esferas

da adição de EPS na trabalhabilidade do

de concreto e dos corpos de prova

Não foram realizados ensaios de

concreto foi facilmente superada com

podem ser observados na Tabela 9.

consistência no estado fresco, pois a

emprego de aditivos plastificantes. Com

Os traços T-1, T-2, T-3 e T-4, que

quantidade de material era bem limita-

isso, a utilização de aditivo e o alto teor

foram produzidos com EPS reciclado,

da, já que quase todo material da pes-

de finos tornou possível a moldagem do

apresentaram

quisa era de outros estados, todo con-

concreto de forma fácil e quase de ma-

para concretos leves. À medida que foi

creto foi exclusivamente utilizado para

neira fluida (Figura 6).

aumentado o teor de EPS, a massa es-

4.1 Concreto no estado fresco

resultados

favoráveis

confecção dos corpos de prova e das

Podemos observar na Figura 6 como

pecífica foi diminuída, atingindo o seu

esferas. Contudo, o que se pode afr-

o concreto é colocado nas aberturas das

mínimo no T-1, que, com 13,98 kg/m³

mar, com base em trabalhos de adição

formas com uma boa trabalhabilidade.

de EPS, alcançou uma massa específica de 1367 kg/m³. Já os traços T-5 e T-6 foram pro-

u Tabela 9 – Resultados experimentais de massa específica

duzidos com EPS industrializado e

Traço

Relação água/cimento

Diâmetro característico do EPS (mm)

Dosagem de EPS (kg/m³)

Massa específica (kg/m³)

T-1

0,475

5 a 10

13,98

1367

T-2

0,475

5 a 10

9,61

1596

T-3

0,475

5 a 10

4,20

1699

T-4

0,440

5 a 10

4,98

1713

T-5

0,405

1,5

41,66

1780

T-6

0,330

1,5

41,86

1729

T-7

0,263

0,75

46,33

1687

94 | CONCRETO & Construções

com diâmetro menor, os quais também apresentaram resultados positivos para concretos leves e obedeceram à mesma tendência dos outros traços, ou seja, com o aumento do teor de EPS, observou-se a redução da massa específica do concreto. O traço T-7 também foi produzido com EPS industrializado e com diâmetro característico menor que os traços


u Tabela 10 – Resultados experimentais de resistência à compressão axial

Traço

Relação água/cimento

Diâmetro característico do EPS (mm)

Dosagem de EPS (kg/m³)

T-1

0,475

5 a 10

13,98

13,4

T-2

0,475

5 a 10

9,61

16,4

T-3

0,475

5 a 10

4,20

18,5

T-4

0,440

5 a 10

4,98

18,8

T-5

0,405

1,5

41,66

30,3

T-6

0,330

1,5

41,86

30,6

T-7

0,263

0,75

46,33

43,3

quisa estão dispostos na Tabela 10.

u Figura 8 CP após ensaio de resistência à compressão

Tensão média de compressão (MPa)

sendo que, neste caso, os dois tra-

Analisando os resultados dos tra-

ços obedeceram ao ACI 213 R-03

ços T-1, T-2, T-3 e T-4, que possuem

(2003) e podem ser considerados

EPS com o mesmo diâmetro caracte-

concretos leves estruturais. E o

T-5 e T-6, sendo que também obede-

rístico, observa-se que, ao aumentar

T-7 apresentou a maior resistência

ceu aos requisitos de concretos leves.

a quantidade de EPS, a resistência

à compressão, mesmo tendo uma

Portanto, todos os traços estudados

à compressão do concreto tende a

maior quantidade de EPS, isso pos-

obedeceram às referências da Tabe-

diminuir, sendo considerados como

sivelmente se deve à granulometria

la 1 de massa específica para CLE,

concretos leves estruturais apenas os

do EPS, que é bem menor em re-

como mostra a Figura 7.

traços T-3 e T-4, pois, de acordo com

lação aos outros traços. A Figura 8

o ACI 213 R-03 (2003), o valor míni-

mostra um CP após o ensaio de re-

mo de resistência à compressão para

sistência à compressão.

4.3 Resistência à compressão axial

este tipo de concreto é de 17,2 MPa. Os traços T-5 e T-6, com EPS

Os resultados de resistência à

de diâmetro de 1,2 mm, seguiram

compressão axial obtidos nesta pes-

a mesma tendência de decréscimo de resistência dos traços anteriores,

4.4 Resistência à tração por compressão pontual Os resutados de resistência à

u Tabela 11 – Resultados experimentais de resistência à tração por compressão pontual

u Figura 9 Esferas após ensaio de resistência à compressão mostrando as 3 granulometrias de EPS utilizadas nesta pesquisa

Traço

Dosagem (g)

Carga média de ruptura da bola (kN)

Massa específica (kg/m³)

T-1

288

111,77

1367

T-2

176

80,87

1596

T-3

120

87,36

1699

T-4

91,2

91,04

1713

T-5

766,4

230,45

1780

T-6

718,5

250,96

1729

T-7

795

320,56

1687

CONCRETO & Construções | 95


fator de eficiência maior que 25MPa.

u Tabela 12 – Fator de eficiência

dm³/kg. Portanto, apenas o T-7 pode ser considerado concreto leve de

Traço

Dosagem (g)

Tensão média de compressão (MPa)

Massa específica (kg/dm³)

Fator de eficiência (MPa.dm³/kg)

T-1

288

13,4

1,367

9,80

T-2

176

16,4

1,596

10,27

5. CONCLUSÕES

T-3

120

18,5

1,699

10,91

Pode-se concluir, por meio do

alto desempenho.

T-4

91,2

18,8

1,713

11,00

exposto neste artigo, que o EPS se

T-5

718,5

30,3

1,780

17,52

mostra um agregado leve de gran-

T-6

766,4

30,6

1,729

17,19

de potencial para ser utilizado em

T-7

795

43,3

1,687

25,66

concretos leves. No entanto, alguns fatores devem ser levados em con-

tração das esferas e corpos de pro-

granulometrias de EPS após ensaio

sideração para que o desempenho

va estudados estão dispostos na

de compressão axial.

deste concreto não seja prejudicado devido à escolha do tipo de EPS a

Tabela 11. Assim como a resistência à com-

4.5 Fator de eficiência (FE)

ser utilizado. Esses fatores podem ser destacados como: diâmetro má-

pressão axial, a resistência à tração foi maior no T-7, que possui a maior

O fator de eficiência do concreto

ximo característico do EPS, sua uni-

quantidade de EPS e menor granulo-

(FE) consiste na razão entre a resis-

formidade e a quantidade utilizada

metria. Normalmente, quanto maior a

tência à compressão e a massa es-

em função da massa do cimento.

quantidade de EPS colocada no con-

pecífica aparente. Não existe atual-

De acordo com essa pesquisa, o fa-

creto, maior será a perda na resis-

mente um parâmetro para o concreto

tor mais importante na dosagem de

tência. No entanto, trabalhando com

leve estrutural, somente para o con-

EPS e na produção de concretos é a

uma granulometria menor, como no

creto leve de alto desempenho que,

sua granulometria, já que o concreto

T-7, que foi de 0,75 mm, mesmo au-

de acordo com Spitzner (1994) e Ar-

elaborado com o EPS de menor diâ-

mentando a quantidade do EPS em

melin et al. (1994), deve ser superior

metro característico foi o que apre-

relação aos outros traços, obteve-

a 25 MPa.dm³/kg. Os valores de FE

sentou a maior resistência, mesmo

-se maior resistência, tanto na tra-

podem ser observados na Tabela 12.

sendo adicionado em maior quanti-

ção quanto na compressão. A Figura

Analisando os dados apresen-

dade em relação aos outros traços

9 mostra as esferas com diferentes

tados, apenas o T-7 apresentou um

de concreto estudados

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 213 R-03 Guide for structural lightweight-aggregate concrete. Farmington Hills, 2003. [02] ARMELIN, H.S.; LIMA, M.G.; SELMO, S.M.S. Alta resistência com argila expandida. Revista Ibracon, n.09, p.42-47, 1994. [03] UNIT-NM 35:1998 Agregados livianos para hormigón estructural. Especificación, Montevideo, 1998. [04] CASTRO, A. L.; PANDOLFELLI, V. C. Revisão: conceitos de dispersão e empacotamento de partículas para a produção de concretos especiais aplicados na construção civil. Cerâmica, vol.55, no.333, p.18-32. Mar 2015. [05] HOLM, T.A. Specified density concrete – A transition. In: Internacional Symposium on Structural Lightweight Aggregate Concrete, 2. Kristiansand, Norway, 2000. Proceedings, p.37-46. [06] ROSSIGNOLO, J. A. Concreto leve estrutural: produção, propriedades, microestrutura e aplicações. Editora Pini, 1ª Edição. São Paulo, 2009. [07] SPITZNER, J. High-Strength LWA Concrete. High-Strength Concrete. RILEM Cap.II – Aggregates. 1994. [08] VANDERLEI, Romel Dias. Análise experimental do concreto de pós reativos: dosagem e propriedades mecânicas. 2004. Tese (Doutorado em Estruturas) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-23082006095043/>. Acesso em: 2016-05-16. [09] XAVIER, Beatriz Correa; SANTOS, Fabrício Bassani dos; MENDES, André Soares. Avaliação do Concreto Leve Estrutural com EPS Reciclado. 2015. 64 f. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas, 2015.

96 | CONCRETO & Construções


u acontece nas regionais

Regional de Mato Grosso do Sul encerra sua programação com cursos e workshop

F

oi realizado um curso e um workshop sobre revestimento com argamassa no

campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, com apoio da Regional do IBRACON na região. O Programa de Desenvolvimento de Construtoras qualificou 15 alunos no curso que discutiu os conceitos, a viabilidade, o projeto e o planejamento na aplicação de argamassas, com carga horária de 26 horas, dividida em três módulos. Já o workshop, realizado no

Elza Nakakura em aula sobre conceitos e viabilidade na aplicação de revestimentos de argamassa

dia 24 de novembro, trouxe estudos de

apoio da Construtora Planalto, Crea-

de produção e controle de qualidade de

caso, produtos, equipamentos e estu-

-MS, Cimento Itaú, IBRACON, IEMS,

artefatos de concreto, com o engenhei-

dos para aumentar a qualidade e produ-

Sermix Sinduscon-MS, UFMS e Voto-

ro Idário Fernandes, com aulas teóricas

tividade do uso da argamassa como re-

rantim Cimentos.

na Universidade e aulas práticas na Pav

vestimento. Realizada pelo PDC, ABCP

Já, nos dias 1 e 2 de dezembro, a UFMS,

Tubo. O curso contou com apoio da Ci-

e Comunidade da Construção, teve o

ABCP e o IBRACON realizaram o curso

mento Itaú e da Votorantim Cimentos.

RAA é tema de palestra no Rio de Janeiro

A

misteriosa reação álcali-agregado no concreto foi o tema da palestra do coordenador do Comitê

de RAA e diretor tesoureiro do IBRACON, Cláudio Sbrighi Neto, na sua Regional no Rio de Janeiro, no dia 22 de novembro, no Clube de Engenharia. Com realização conjunta da ABECE, Clube de Engenharia e IBRACON, a palestra trouxe para os 50 profissionais presentes, os conceitos, mecanismos, medidas preventivas e corretivas, casos de estruturas afetadas por RAA e a apresentação da ABNT NBR 15577:2014.

Prof. Cláudio Sbrighi Neto em sua palestra

II Workshop de Concreto em Natal o dia 23 de setembro foi realizado

N

torres), George Maranhão (Análises e

Com

no Instituto Federal do Rio Grande

dimensionamento de fundações para

workshop contou com a colaboração

do Norte, em Natal, o II Workshop de

torres eólicas) e José Martins de Souza

da Atelier, EEPC e Dois A Engenharia e

concretos utilizados em usinas eólicas,

Júnior (Experiência em controle tecno-

o apoio de UFRN, Instituto Federal do

com os palestrantes Bernardo Tutikian

lógico de concreto em 30 usinas eóli-

Rio Grande do Norte e Universidade

(CAA para estruturas pré-moldadas de

cas no Brasil).

Potiguar.

realização

do

IBRACON,

o

CONCRETO & Construções | 97


II Seminário Pernambucano de Estruturas de Fundações

N

a Universidade Católica de Per-

Fundações, organizado pelo diretor

geotécnicos e estruturais no projeto

nambuco, no dia 16 de no-

regional do IBRACON, Prof. Romilde

e execução de fundações e contou

vembro, aconteceu o II Seminário

Almeida de Oliveira.

com o apoio da Unicap e do Sinaen-

Pernambucano

O Seminário discutiu os aspectos

co-PE.

de

Estruturas

de

Eventos na Regional do Espírito Santo

F

oram realizados cursos de aperfei-

e reforço de estruturas degradadas.

a vida útil da edificação), José Eduardo

çoamento de curta duração (carga

Já, no dia 30 de novembro, a Regional

de Aguiar (Implantação de plano de ma-

horária de 16 horas) na Universidade

realizou o I Seminário Capixaba de Ma-

nutenção em estruturas de concreto) e

Federal do Espírito Santo, com a ins-

nutenção em Estruturas de Concreto,

Paulo Helene (Avaliação da resistência

trutora Profa. Geilma Lima Vieira, sobre

no Sinduscon-ES, com palestras de

do concreto em estruturas existentes).

patologia das construções, perícias em

Oswaldo Cascudo (Projeto de estrutu-

O evento foi coordenado pelo diretor re-

edificações e técnicas de recuperação

ra de concreto e sua importância para

gional, Prof. João Luiz Calmon.

Atividades na Regional de Alagoas

O

diretor regional de Alagoas pro-

tendido, no dia 04 de outubro, na

Materiais e Estruturas Ecoeficientes,

feriu uma palestra sobre prá-

Universidade Federal de Alagoas. A

realizado nos dia 05 e 06 de dezem-

ticas de projeto em concreto pro-

Regional apoio ainda o Workshop de

bro, na UFAL.

Acreditado pelo INMETRO para certificar mão de obra da construção civil

Programa IBRACON

IBRACON

de Qualificação

e Certificação

de Pessoal O IBRACON é Organismo Certificador de Pessoas, acreditado pelo INMETRO (OPC-10). Estão sendo certificados auxiliares, laboratoristas, tecnologistas e inspetores das empresas contratantes, construtoras, gerenciadoras e laboratórios de controle tecnológico. O certificado atesta que o profissional domina os conhecimentos exigidos para a realização de atividades de controle tecnológico do concreto, entre os quais as especificações e procedimentos de ensaios contidos nas normas técnicas.

A certificação é mais um diferencial competitivo para sua empresa: a garantia da qualificação dos profissionais contratados!

INSCRIÇÕES ABERTAS! Para mais informações acesse: www.ibracon.org.br (link “Certificação”) | Tel.: 11 3735-0202 | qualificacao@ibracon.org.br 98 | CONCRETO & Construções


59ª EDIÇÃO C ONGRESSO B RASILEIR O DO

C ONCRETO

B E N TO G O NÇA LVE S • R S 31 de outubro a 3 de novembro

2017

Ponto de encontro dos profissionais e das empresas brasileiras da cadeia produtiva do concreto

TEMAS „ Gestão e Normalização „ Materiais e Propriedades „ Projeto de Estruturas „ Métodos Construtivos „ Análise Estrutural 100 „ Materiais e Produtos Específicos „ Sistemas Construtivos Específicos 95 „ Sustentabilidade 75 „ Ensaios não Destrutivos

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C O T A S D E PA T R O C Í N I O E E X P O S I Ç Ã O Envie seu resumo até 17 de fevereiro. Acesse www.ibracon.org.br (clique no logotipo do evento)

„ Excelentes oportunidades para divulgação, promoção e relacionamento „ Espaços comerciais na XIII FEIBRACON - Feira Brasileira das Construções em Concreto „ Palestras técnico-comerciais no Seminário de Novas Tecnologias „ Inscrições gratuitas Informe-se sobre as cotas de patrocínio e exposição: Tel. (11) 3735-0202 e-mail: arlene@ibracon.org.br

REALIZAÇÃO Rua Julieta do Espírito Santo Pinheiro, nº 68 – Jardim Olimpia | CEP 05542-120 São Paulo – SP – Brasil | Telefone (11) 3735-0202 | Fax (11) 3733-2190

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