& Construções INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO PROJETO, CONTROLE E EXECUÇÃO
Instituto Brasileiro do Concreto
Ano XLIV
84 OUT-DEZ
2016 ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br
PERSONALIDADE ENTREVISTADA
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL
NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM
ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON
Esta edição é um oferecimento das
seguintes Entidades e Empresas
Adote concretamente a revista
CONCRETO & Construções
u sumário
seções & Construções
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO PROJETO, CONTROLE E EXECUÇÃO
Instituto Brasileiro do Concreto
Ano XLIV
84 OUT-DEZ
2016 ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br
CRÉDITOS CAPA
Modelo Estrutural, Análise Estática (momentos fletores), Análise Dinâmica e Armaduras no multipavimentos.
Edatec Engenharia.
& Construções
Editorial
OUT-DEZ
Personalidade Entrevistada:
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL
NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM
ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON
88 Mantenedor 97 Acontece nas Regionais
Atividades motivam profissionais a aprenderem mais sobre o concreto e a pensarem sobre sua profissão Profissionais de Destaque do Ano Prêmio de Teses e Dissertações Concursos Técnicos Estudantis Comitê lança Prática Recomendada sobre concreto reforçado com fibras Seminário discute ensino de engenharia civil no país
Revisão das normas brasileiras para controle e aceitação do CAA
BIM no domínio das estruturas de concreto Determinação da capacidade de carga de estacas através de ensaios de carregamento dinâmico Modelagem numérica da interação solo-estrutura
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
90
Técnicas de reforço
PERSONALIDADE ENTREVISTADA
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
NELSON COVAS: INFORMÁTICA PARA AUXILIAR O PROJETO ESTRUTURAL
NORMAS BRASILEIRAS SOBRE BIM
ATIVIDADES TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E SOCIAIS DO CONGRESSO DO IBRACON
Normas brasileiras sobre BIM
ESTRUTURAS EM DETALHES
70 76 82
ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br
Encontros e Notícias
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
55 61
Ano XLIV
Converse com o IBRACON
69 Entidades da Cadeia PERSONALIDADE ENTREVISTADA
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PRESIDENTE DO COMITÊ REVISTA OFICIAL DO IBRACON NO PROJETO, CONTROLE Revista de caráter científico, tecnoló- EDITORIAL 84 E EXECUÇÃO 2016 gico e informativo para o setor produ- à Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural) tivo da construção civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto. COMITÊ EDITORIAL – MEMBROS à Arnaldo Forti Battagin ISSN 1809-7197 (cimento e sustentabilidade) Tiragem desta edição: à Bernardo Tutikian 5.000 exemplares (tecnologia) Publicação trimestral distribuida à Eduardo Millen gratuitamente aos associados (pré-moldado) à Enio Pazini de Figueiredo JORNALISTA RESPONSÁVEL (durabilidade) à Fábio Luís Pedroso - MTB 41.728 à Ercio Thomas fabio@ibracon.org.br (sistemas construtivos) à Evandro Duarte PUBLICIDADE E PROMOÇÃO (protendido) à Arlene Regnier de Lima Ferreira à Frederico Falconi arlene@ibracon.org.br (projetista de fundações) à Guilherme Parsekian PROJETO GRÁFICO E DTP (alvenaria estrutural) à Gill Pereira à Helena Carasek gill@ellementto-arte.com (argamassas) à Hugo Rodrigues (cimento e comunicação) ASSINATURA E ATENDIMENTO à Inês L. da Silva Battagin office@ibracon.org.br (normalização) à Íria Lícia Oliva Doniak GRÁFICA (pré-fabricados) Ipsis Gráfica e Editora à José Martins Laginha Neto Preço: R$ 12,00 (projeto estrutural) à José Tadeu Balbo As ideias emitidas pelos entre (pavimentação) vistados ou em artigos assinados à Nelson Covas são de responsabilidade de seus (informática no projeto autores e não expressam, neces estrutural) sariamente, a opinião do Instituto. à Paulo E. Fonseca de Campos (arquitetura) © Copyright 2016 IBRACON à Paulo Helene (concreto, reabilitação) Todos os direitos de reprodução à Selmo Chapira Kuperman reservados. Esta revista e suas (barragens) partes não podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma IBRACON de impressão mecânica, eletrônica, Rua Julieta Espírito Santo ou qualquer outra, sem o consen- Pinheiro, 68 – CEP 05542-120 timento por escrito dos autores Jardim Olímpia – São Paulo – SP e editores. Tel. (11) 3735-0202 Instituto Brasileiro do Concreto
Coluna Institucional
58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
25 32 35 36 47 50
INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO
Nelson Covas
Técnicas de reforço
projeto de edificação
6 7 8 9 11
INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO
Desenvolvimento de concretos leves para o Concrebol
Instituto Brasileiro do Concreto
INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO Fundado em 1972 Declarado de Utilidade Pública Estadual | Lei 2538 de 11/11/1980 Declarado de Utilidade Pública Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982 DIRETOR PRESIDENTE Julio Timerman DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Túlio Nogueira Bittencourt DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE Luiz Prado Vieira Junior DIRETOR 1º SECRETÁRIO Antonio D. de Figueiredo DIRETOR 2º SECRETÁRIO Carlos José Massucato DIRETOR 1º TESOUREIRO Claudio Sbrighi Neto DIRETOR 2º TESOUREIRO Nelson Covas
DIRETORA DE MARKETING Iria Licia Oliva Doniak DIRETOR DE EVENTOS Bernardo Tutikian DIRETORA TÉCNICA Inês Laranjeira da Silva Battagin DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Paulo Helene DIRETOR DE PUBLICAÇÕES E DIVULGAÇÃO TÉCNICA Eduardo Barros Millen DIRETOR DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Leandro Mouta Trautwein DIRETOR DE CURSOS Enio José Pazini Figueiredo DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO DE MÃO DE OBRA Gilberto Antônio Giuzio
CONCRETO & Construções | 5
u editorial
Balanço das edições do ano Caro leitor,
C
hegamos ao final de 2016, com as quatro edições da Revista CONCRETO & Construções registrando o mais elevado conteúdo técnico e o estado da arte de seus temas de capa – pavimentos de concreto, reforço e reabilitação de estruturas, reação álcali-agregado e informática aplicada às construções em concreto. Nas edições tivemos relatos dos eventos relevantes do setor, acompanhamentos dos trabalhos de comitês técnicos, divulgação de artigos técnicos, esclarecimentos de dúvidas e discussões sobre nossa atuação profissional para protagonizar, com elevada ética e competência, as soluções para diversos problemas de nossas cidades e da infraestrutura de nosso país. Um exemplo de caso marcante registrado pela Revista foi o do Viaduto Santo Amaro, em São Paulo, no qual a intervenção da Engenharia permitiu não só a reabilitação mas também sua readequação, com aumento do gabarito vertical, recuperando uma importante obra, outrora condenada pelo poder público em função do incêndio que a afetou. Esse resultado foi possível pelo comprometimento de várias pessoas, em especial os membros do Comitê Editorial, o Diretor de Publicações, Eng. Eduardo Millen, e do editor da Revista, jornalista Fábio Pedroso, bem como os autores e colaboradores de cada edição. Nesta edição de final de ano um dos destaques é a cobertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado de 11 a 14 de outubro, em Belo Horizonte, pelo IBRACON. Além da apresentação das várias premiações e dos relatos dos trabalhos dos Comitês Técnicos, em especial o voltado para a normalização do concreto reforçado com fibras, a edição traz as discussões travadas no Seminário de Ensino de Engenharia Civil. No evento ficou claro o clamor de professores e estudantes para transformação do ensino de graduação, com mudanças nas estruturas curriculares, expansão de métodos que façam o aluno aprender com a prática, melhoria na formação pedagógica dos docentes. Nessa linha, os tradicionais Concursos do IBRACON muito contribuem para estimular o aprendizado e motivação de nossos futuros engenheiros, como expresso no “Manifesto de Belo Horizonte”, publicado nesta edição, produto da livre iniciativa dos alunos. O tema de capa – Informática Aplicada às Construções em Concreto: Tecnologia da Informação no Projeto, Controle e Execução – é pertinente face às inacreditáveis inovações que aparecem de forma incremental a cada ano. A informática nada mais é do que o produto da sistematização do pensamento de grupos de pessoas brilhantes, que conseguem transpor todo seu conhecimento, experiência e inteligência a máquinas e equipamentos, tornando-os disponíveis e acessí-
6 | CONCRETO & Construções
veis, beneficiando milhares de pessoas. É a partir dos comandos programados que o computador realizada as inúmeras atividades e análises, de forma rápida e precisa. Chover no molhado seria fazer um paralelo entre as vigas de concreto armado calculadas e desenhadas “a mão” há cerca de 30 anos, com os refinados processos de análise, detalhamento e disponibilização do projeto em mídias impressas ou não, realizados com o auxílio do computador. Mas a Informática hoje é muito mais que isso. Análises de materiais e componentes em laboratório são automatizadas, o projeto é integrado ao orçamento e ao planejamento da obra através de detalhados processos BIM, elementos do edifício, quiçá o edifício todo, começam a ser “impressos” a partir do computador através de prototipagem, complexos ensaios de prospecção e caracterização realizados no local são analisados e apresentados instantaneamente em equipamentos portáteis. O papel vem aos poucos sendo substituído por esses equipamentos que permitem não só a visualização bidimensional, mas realísticos detalhes em várias dimensões. Robôs, já frequentes em outras indústrias, começam a fazer parte diretamente da construção de edificações. Os artigos nesta edição mostram um pouco desse admirável novo mundo virtual, hoje muito concreto. Destaca-se ainda a entrevista com o Eng. Nelson Covas, pessoa que muito contribuiu para a informática aplicada ao projeto de construções em concreto, e que aceitou o convite após várias tentativas e a partir da unanimidade do Comitê Editorial em torno de seu nome. O esforço valeu a pena e a entrevista é outro marco da Revista em função de seu conteúdo técnico e registro histórico a partir da década de 60 até hoje. Assunto com tantas vertentes, tão surpreendente e cheio de novidades, não cabe em uma única edição. A primeira edição do ano que vem continuará tratando do tema de Informática, focando no auxílio ao planejamento e controle de obras. Estão previstas ainda edições sobre a questão do ensino de engenharia, evolução do concreto como material da construção civil, concreto reforçado com fibras e outros. Então tome fôlego, aproveite a edição e se prepare para o futuro. E que venha 2017! GUILHERME PARSEKIAN Presidente do Comitê Editorial CONCRETO & Construções | 6
u coluna institucional
Balanço do último Congresso Brasileiro do Concreto e informações importantes sobre o próximo
D
e 11 a 14 de outubro de
evento: Estruturas Pré-Fabricadas de
2016, Belo Horizonte re-
Concreto, Projeto de Lajes em Con-
cebeu o 58º Congresso
creto Armado e Protendido, e Ensaios
Brasileiro do Concreto –
Destrutivos e não Destrutivos para
IBRACON. Com o objeti-
Avaliação de Estruturas de Concreto.
vo de divulgar e debater sobre a tec-
Durante o evento realizado foi lança-
nologia do concreto, o projeto e análise
da a Prática Recomendada “Projeto
de estruturas, a normalização técnica
de Estruturas de Concreto Reforçado
e sistemas construtivos, o evento com
com Fibras”, com o objetivo de for-
a temática “Ciência e Tecnologia para
necer material que traz os requisitos
a Construção em Concreto”, contou
mínimos necessários para o projeto
com a presença de mais de 1000 pes-
de estruturas de concreto reforçado
soas, entre profissionais, professores e
com fibras e pode ser adquirido na
estudantes, vindos de todos os esta-
Loja Virtual no site www.ibracon.org.br.
dos brasileiros e do exterior.
Foram realizados os concursos técni-
No 58° Congresso Brasileiro do Con-
cos, com a participação de mais de
creto foram 802 artigos recebidos e
500 estudantes de Engenharia Civil e
678 publicados nos Anais do evento. Para avaliar e revisar todos
Arquitetura. E foram homenageados profissionais de destaque
esses artigos, a Comissão Cientifica contou com o apoio de 171
do ano e as melhores teses de doutorado na área de materiais
professores e profissionais que em média revisaram mais de
e estruturas de concreto.
seis artigos cada um. Os trabalhos submetidos eram de autores
Tudo isso poderá ser conferido nesta edição.
de instituições de ensino e pesquisa, e também profissionais da
Acredito que o 58º Congresso Brasileiro do Concreto atingiu
área de engenharia, do Brasil e do exterior. Cabe aqui nossos
plenamente seus objetivos, sendo o principal deles: proporcio-
agradecimentos a esses profissionais dedicados, sem os quais
nar aos profissionais e estudantes atualização e reciclagem de
o 58º CBC não seria possível.
conhecimentos, e informações relevantes na área de concreto.
Além das três palestras magnas de conferencistas internacio-
O 59º Congresso Brasileiro do Concreto ocorrerá em Bento
nais, ocorreram durante o evento 18 sessões orais, sendo 145
Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e as atividades para orga-
trabalhos apresentados e oito sessões pôsteres, com mais de
nização do evento já se iniciaram. No ano de 2017, o Prêmio
370 trabalhos, sobre os temas Projeto de Estruturas, Análi-
de Teses e Dissertações será para os melhores trabalhos de
se Estrutural, Métodos Construtivos, Sistemas Construtivos
Mestrado nas áreas de materiais e estruturas. As datas-limite
Específicos, Materiais e Propriedades, Materiais e Produtos
para submissão dos trabalhos técnico-científicos para o 59º
Específicos, Gestão e Normalização e Sustentabilidade. Que-
CBC são:
remos agradecer a todos que colaboram na coordenação das
u Envio dos resumos: 17/02/2017;
mesas das sessões orais e das sessões pôsteres, que trou-
u Aceitação dos resumos: 10/03/2017;
xeram sempre um retorno positivo da forma que as sessões
u Envio de artigos: 30/04/2017;
transcorreram. Todas essas sessões sempre contaram com
u Aceitação de artigos: 14/06/2017;
um grande número de participantes interagindo e debatendo
u Aceitação final: 01/09/2017.
com os apresentadores.
Boa leitura!
Somado a isso, o Programa Master PEC, programa de educação continuada do IBRACON, ofereceu três cursos durante o
LEANDRO MOUTA TRAUTWEIN Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON CONCRETO & Construções | 7
u converse com o ibracon ENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: fabio@ibracon.org.br PERGUNTAS TÉCNICAS
dadas e Publicações Especiais. Todo
A norma de blocos de concreto per-
esse acervo pode ser consultado no
mite o uso da largura de 9 cm para até
Gostaria
de saber quais os principais
site www.ibracon.org.br.
um pavimento. Além disso, é preciso
materiais
(livros,
Há ainda algumas referências em li-
atender a norma de projetos, existin-
Te-
vros de fundações, como “Teoria e
do uma limitação quanto à esbeltez
nho estudado o tema e pretendo atuar
Prática de Fundações”, editado pela
da parede. Em termos práticos, en-
na área.
gostaria de entender
PINI/ABMS/ABEF, e o “Manual de Es-
tendo que essa solução só será viável
mais sobre os tipos de concreto espe-
pecificações de Produtos e Procedi-
se a parede tiver alguma armação ou
cificamente para os diferentes tipos de
mentos – Engenharia de Fundações e
se tiver enrijecedor.
fundação, solos, especificidades de so-
Geotecnia “ editado pela ABEF . O
licitações e execução.
DFI – Deep Foundation Institute, junto
GUILHERME PARSEKIAN, COORDENADOR DA PÓS-
LUCAS DE OLIVEIRA MENDES
com o EFFC europeu, tem um manual
GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO
Aluno do curso de Engenharia Civil
“Best Practice Guide to Tremie Con-
CIVIL DA UFSCAR E PRESIDENTE DO COMITÊ
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
crete for Deep Foundation”.
EDITORIAL
artigos, sites...) para
estudar concreto para fundações.
Assim,
Você pode consultar ainda o EuroOs tipos de concreto para as mais
code 2 - Design of Concrete Struc-
Comprei o livro “ABNT NBR 6118 Co-
variadas
aplicações
tures e o Eurocode 7 - Geothecnical
mentários e
constam nas normas técnicas bra-
Design. Recentemente, o Prof. Pau-
muito bom livro , e a qualidade de im -
sileiras, em particular, a ABNT NBR
lo Helene em resposta a consulta do
pressão
12655/2015 Concreto de Cimento
presidente da ABEF deu importantes
Matheus Fagundes,
Portland – Preparo, Controle, Rece-
esclarecimentos sobre a especifica-
tre outras , pelas disciplinas de
bimento e Aceitação – Procedimento,
ção do concreto para fundações na
creto
ABNT NBR 6118 Projeto de Estru-
edição 81 da revista CONCRETO &
deste livro , e sempre está incentivando
turas de Concreto – Procedimento,
Construções. Outro artigo interessan-
a leitura .
ABNT NBR 14931 Execução de Es-
te, apresentado em Estocolmo 2014,
Gostaria
truturas de Concreto – Procedimen-
é de Karsten Beckhaus, da Bauer,
128,
to , ABNT NBR 10839 Execução de
intitulado “Are specifications for deep
madura longitudinal, (av), consta como
obras de arte especiais em concreto
foundation concrete up-to-date?”
valor do diâmetro max do agregado,
armado e protendido - Procedimento,
É um começo para você que pretende
quando deveria constar
entre outras mais de 200 normas re-
estudar e gosta do assunto.
IZABEL DA CUNHA ALVAREZ
estruturas
e
lacionadas a concreto.
E xemplos
é excelente .
I, II
e
III,
de
A plicação”,
O P rof. R ubens
responsável , den -
Con-
recomendou a compra
que fosse verificado, na página
quando trata dos valores da ar-
0,5
1,2,
dmax.
URCAMP – Sant’ana do Livramento/RS
Você pode encontrar alguma referência
FREDERICO
também na ABNT NBR 6122 Projeto e
ENGENHEIROS ASSOCIADOS E MEMBRO DO
Excelente a sua observação. Real-
execução de fundações. Ao lado das
COMITÊ EDITORIAL
mente, no que se refere ao av, o cor-
FALCONI,
DIRETOR
DA
ZF
&
reto é 0,5.dmáx , como consta na ABNT
normas técnicas existem várias publicações do IBRACON que tratam do
Os
cm de
NBR 6118. Se houver uma nova
assunto, por exemplo, o livro “Concre-
largura podem ser utilizados em edifi-
Errata, iremos corrigir a figura da pá-
to: Ciência e Tecnologia” editado por
cações de um pavimento?
gina 128.
Geraldo C. Isaia, publicado em 2011, e
mento quanto à flabagem para esse tipo
mais de 4000 artigos técnico-científicos
de bloco, inviabilizando sua utilização em
divulgados em Congressos e Seminá-
edificações de um pavimento?
ALIO KIMURA, SECRETÁRIO DO COMITÊ IBRACON/
rios promovidos pelo IBRACON, além
LUIZ EDUARDO
ABECE
de seus periódicos, Práticas Recomen-
Recife – PE
CONCRETO
8 | CONCRETO & Construções
blocos de concreto com
Não
9
há impedi-
Agradeço pela contribuição.
DE
PROJETO
DE
ESTRUTURAS
DE
u encontros e notícias | LIVROS
Estruturas de concreto armado
A
terceira edição do livro “Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto, dimensionamento e verificação”, do professor da Universidade de Brasília, João Carlos Teatini de Souza Clímaco, foi ampliada e atualizada para se adequar à ABNT NBR 6118: 2014 – Projeto de Estruturas de Concreto Armado – Procedimentos. Voltada aos estudantes de Engenharia Civil, Arquitetura e Tecnologia, a obra objetiva auxiliar os que se iniciam no projeto de estruturas de concreto armado de edificações usuais, com a exposição didática de seus fundamentos e dos principais procedimentos e disposições normativas para o dimensionamento e a verificação de elementos estruturais básicos (vigas, pilares e lajes). à Vendas: www.elsevier.com.br
A INDÚSTRIA DE ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS NO BRASIL TEM VIABILIZADO IMPORTANTES PROJETOS.
As vantagens deste sistema construtivo, presente no Brasil há mais de 50 anos:
Eficiência Estrutural; Flexibilidade Arquitetônica; Versatilidade no uso; Conformidade com requisitos estabelecidos em normas técnicas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); Velocidade de Construção; Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.
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Empresa associada
www.abcic.org.br CONCRETO & Construções | 9
u encontros e notícias | LIVROS EVENTOS
59º Congresso Brasileiro do Concreto recebe resumos
O
59º Congresso Brasileiro do Concreto, evento técnico-científico sobre a tecnologia do concreto e seus sistemas construtivos, recebe até o dia 17 de fevereiro os resumos dos trabalhos para serem apresentados no evento. Os temas que serão discutidos no evento são: análise estrutural; ensaios não destrutivos; gestão e normalização; materiais e propriedades; projeto de estruturas; sistemas construtivos; e sustentabilidade. O 59º Congresso Brasileiro do Concreto vai ser realizado de 31 de outubro a 3 de novembro de 2017, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
10 | CONCRETO & Construções
59ª EDIÇÃO C ONGRESSO B RASILEIR O DO
C ONCRETO B E N TO G O NÇA LVE S • R S 31 de outubro a 3 de novembro
2017
u personalidade entrevistada
Nelson
E
Covas
ngenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, formado na turma de 1970. Exerceu atividades em empresas de consultoria e construção, como Maubertec, Promon, Intertec e Método.
Atua no desenvolvimento, utilização e implantação de sistemas computacionais aplicados à engenharia estrutural de concreto armado e protendido. Conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) e do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). É diretor da TQS Informática Ltda.
um trabalho muito repetitivo em
industriais leves e pesadas, portos,
interesse pela aplicação da informática
calculadoras eletrônicas, resolvi ler
galerias, passarelas. Naquela
ao projeto, execução e gerenciamento
o manual da Olivetti 101 e fiz um
época, não existiam os atuais
de obras?
programa para calcular os referidos
microcomputadores, toda a entrada
Nelson Covas – Comecei a
coeficientes. Aí começou a minha
de dados era feita com cartão
trabalhar com informática aplicada
carreira, por acaso, na informática
perfurado e os resultados eram
à engenharia estrutural durante
aplicada à engenharia. Depois
impressos em papel através de
o ano de 1969, ainda estagiário.
de formado, fui contratado pela
resultados numéricos. Ganhei uma
Fui contratado por um brilhante
empresa do professor Maurício, a
enorme experiência em projetos
professor de concreto armado
Maubertec, e fui encarregado de
estruturais neste período e tive
da EPUSP (Escola Politécnica da
elaborar programas computacionais
conhecimento bastante aprofundado
Universidade de São Paulo), o
para outros tipos de estrutura,
das inúmeras dificuldades para se
engenheiro Maurício Gertsenchtein.
como vigas, pórticos, e para o
elaborar um projeto estrutural. A
Tive como primeira incumbência
dimensionamento de concreto
qualificação da equipe técnica da
o cálculo de coeficientes K2, K3
armado. Fiquei na Maubertec
Maubertec era excelente, boa parte
e K6 da publicação intitulada
por 10 anos, sendo autor de
eram professores universitários e
“Tabela para Cálculo de Flexão
milhares de processamentos
profissionais com larga experiência
Normal no Estádio III”, de autoria do
de modelos estruturais das
em projeto. Como todos sabem,
professor Maurício e do professor
mais variadas especialidades,
projeto estrutural é uma atividade
John Ulic Burke Jr. Como eu fazia
como edifícios, pontes, obras
de alta complexidade, que envolve
IBRACON – Como
começou seu
CONCRETO & Construções | 11
responsabilidade, com uma
uma das maiores
remuneração aquém do desejado.
contribuições
Pois esta foi a minha grande
que este novo
motivação pessoal para trabalhar
processo
com informática em projetos
proporcionou aos
estruturais. Com a utilização de
engenheiros é a
recursos computacionais avançados,
expedita definição
o engenheiro poderia analisar melhor
geométrica
sua estrutura, reduzir os prazos e
dos elementos
aumentar a qualidade do projeto, enfim, aumentar a competividade no
estruturais, como Olivetti 101 utilizada em 1969
vigas, pilares e
mercado e ter melhores condições
lajes, permitindo
de exercer sua atividade profissional.
etapas de projeto, como modelagem,
uma rápida definição da estrutura
Esta questão de criar melhores
análise estrutural, dimensionamento,
e uma grande interação com os
condições ao projetista estrutural
detalhamento e desenho dos
arquitetos na definição estrutural. O
para elaborar suas tarefas foi para
elementos. Com isso, a mudança na
uso da informática tornou possível a
mim a grande motivação para investir
forma de se conceber e projetar uma
obtenção de uma solução estrutural
no ramo da informática. Esta questão
estrutura mudou radicalmente nos
mais precisa, uma vez que permitiu
ainda continua até hoje, depois de
últimos 20 anos, no Brasil e no mundo.
ao engenheiro analisar diversas
passados quase 46 anos, o maior
As antigas pranchetas de desenho
alternativas para a estrutura de forma
incentivo pessoal para continuar a
desapareceram e os excelentes
produtiva. Outro importante ponto
desenvolver software para o projeto
profissionais “formistas” também estão
também é o devido equacionamento
de estruturas.
quase em extinção. Hoje em dia, o
e atendimento às inúmeras alterações
engenheiro estrutural se concentra na
de projeto, que sempre ocorrem, de
frente da tela de um microcomputador,
forma mais rápida, completa
o modo de se conceber e projetar estru-
lança a estrutura e faz, de forma muito
e confiável.
turas de concreto?
rápida e quase automática, todo o
Nelson Covas – Hoje em dia, no
processo rotineiro do projeto, que
IBRACON – Que
mundo todo, praticamente não existe
demorava significativamente pelos
truturais a informática possibilitou que se
projeto estrutural sem a utilização
processos convencionais. Apesar
tornassem corriqueiras?
intensa dos recursos da informática.
disso, o lançamento estrutural, a
Nelson Covas – A informática é
O Brasil é um dos países onde
criação e definição da estrutura,
intensamente aplicada em todo
a automação na elaboração de
etapa imprescindível no processo,
tipo de projeto de estruturas de
projetos estruturais em edificações
continuam exclusivamente com o
concreto armado. Entretanto,
convencionais do ramo imobiliário está
engenheiro, pois exige recursos,
é no segmento de edificações,
entre as mais avançadas do mundo,
como a criatividade e o raciocínio
onde prevalece o conceito de
se não for a mais avançada. Em nosso
lógico consistente com fundamentos
pisos sobrepostos, constituídos
país investiu-se muito na automação
teóricos, que nunca poderão ser
pelos elementos de vigas, lajes e
de forma integrada das diversas
supridos pelos softwares. Assim,
pilares, que a informática tornou a
IBRACON – Como
a informática mudou
“
tipos de soluções es-
ESTA QUESTÃO DE CRIAR MELHORES CONDIÇÕES AO
12 | CONCRETO & Construções
PROJETISTA ESTRUTURAL PARA ELABORAR SUAS TAREFAS FOI PARA MIM A GRANDE MOTIVAÇÃO PARA INVESTIR NO RAMO DA INFORMÁTICA
“
“
SOFTWARE NÃO ELABORA PROJETOS. O SOFTWARE É APENAS UMA FERRAMENTA PARA CÁLCULO E GERAÇÃO DE DESENHOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS
“
tarefa mais rotineira e trabalhosa
desenhos dos elementos estruturais.
para o conhecimento, a experiência
do projeto mais automatizada. É
Do ponto de vista mais prático, há
e a criatividade do engenheiro. As
importante ressaltar que esta tão
uns 20 anos, elaborar um projeto
tarefas já mencionadas de geração de
almejada automação não eliminou
estrutural de um edifício de 30 pisos
modelos de análise, dimensionamento
as inevitáveis complexidades do
era algo considerado complexo.
e detalhamentos são tarefas
projeto estrutural em razão das
Hoje em dia, por todo o país, com o
complexas e estão ainda distantes de
inúmeras soluções estruturais
auxílio dos recursos da informática,
uma automação plena.
possíveis e da diversidade de
temos inúmeras empresas e até
Geralmente, o engenheiro recém-
formas e dimensões dos elementos
engenheiros atuando como pessoa
formado não tem conhecimentos
estruturais. A extraordinária liberdade
física que realizam esta tarefa. O
técnicos suficientes para entender o
de forma que o elemento concreto
desafio agora é o de projetar edifícios
comportamento do material concreto
armado fornece ao arquiteto e ao
com 50, 60 pisos.
armado, material heterogêneo, de
engenheiro estrutural para conceber
comportamento não elástico e não
a estrutura é uma enorme qualidade
IBRACON – Como as limitações e a
linear. Um dos equívocos mais comuns
do material de construção, mas traz
inexperiência de um engenheiro recém-
é o engenheiro recém-formado
inúmeras dificuldades ao projeto.
formado podem conduzir a falhas e
achar que pode ser capaz projetar
Em qualquer edifício com relativa
erros graves no projeto estrutural com
uma estrutura de concreto armado
altura, não temos mais elementos
a aplicação automática de softwares?
utilizando um software sofisticado de
simples de seção retangular - agora
Nelson Covas – Software não elabora
elementos finitos, discretizando todos
os pilares possuem diferentes
projetos. O software é apenas uma
os seus elementos em cascas ou
seções transversais, as lajes são de
ferramenta para cálculo e geração de
sólidos e integrando as tensões de
inúmeros tipos, as vigas possuem
desenhos de elementos estruturais.
tração para determinar as armaduras.
furos e seção variável. Essa tarefa
Esses desenhos somente se tornam
Mas, o concreto armado se comporta
mais corriqueira e complexa deve-
desenhos representativos de projeto
de forma diferente de material elástico
se em grande parte à integração
após a análise, verificação e validação
e linear, o dimensionamento no ELU
entre as fases de modelagem
da sua exatidão. Os softwares ainda
(Estado Limite Último) é feito no
estrutural, geração do modelo
não estão no estágio de equacionar
estádio III, em certos elementos é
analítico para cálculo de solicitações,
adequadamente todas as variáveis
preciso utilizar a técnica de bielas-
dimensionamento, detalhamento
presentes num projeto. O computador
tirantes, existem armaduras mínimas a
e geração semiautomática dos
e o software não são substitutos
respeitar etc. Outro ponto importante a considerar é que a estrutura de concreto armado não é construída instantaneamente - ela vai sendo erguida aos poucos e as cargas vão sendo gradativamente aplicadas ao longo do tempo. Já o modelo estrutural criado no software, usualmente, trata a estrutura
Realidade brasileira: automação entre as etapas de projeto
como um todo, como um modelo CONCRETO & Construções | 13
completo. Isto pode trazer uma série
projetos estruturais automaticamente,
de acordo com o esperado? Os
de incoerências, caso esse efeito
mas é uma ferramenta fundamental,
deslocamentos da estrutura estão
incremental das cargas não seja
nos dias de hoje, para tal. Alguns
conforme o previsto? Os softwares
adequadamente considerado. Por
pontos importantes a serem seguidos
fornecem ferramentas gráficas
exemplo, para as cargas verticais, a
no uso de softwares: conhecer
para que esses pontos possam ser
estrutura física vai se deformando e
as normas técnicas relacionadas
analisados com facilidade. Hoje em
as novas concretagens vão nivelando
ao projeto; estudar com afinco a
dia, não se admite que um engenheiro
o topo dos pilares piso a piso. Já
documentação técnica do software,
possa projetar uma estrutura sem
para as forças horizontais, por
discernindo sua aplicabilidade e
visualizar os resultados do pórtico
exemplo, o vento, a estrutura já está
limitações; entender que o software
espacial, fato que ocorria há alguns
completamente executada. Portanto,
fornece, além dos resultados finais,
anos. Uma verificação fundamental,
numa análise estrutural mais realista,
resultados parciais para validação de
simples, mas, às vezes, não realizada,
de concreto armado, temos que ter
cada etapa do processo de projetar;
é a conferência global das cargas
dois modelos de análise diferentes
verificar se a empresa de software
verticais aplicadas nas edificações.
para atender a esses dois tipos de
fornece suporte técnico adequado;
Qual o valor da carga vertical total
ações. Tenho visto muitos casos nos
ter conhecimento de que todo
média por metro quadrado de projeto?
quais as vigas de transição estão
software tem deficiências em casos
Qual o valor da força horizontal média
subdimensionadas, as vigas estão
particulares não previstos; e consultar
devido ao vento? Todo software
com armaduras insuficientes para o
os engenheiros estruturais experientes.
emite esses valores normalmente
momento positivo devido ao engaste
como um resumo das informações
num apoio irreal, as lajes
IBRACON – Na utilização de grandes
do processamento do projeto. Para
são calculadas como colaborantes
programas de cálculo estrutural como
edifícios elevados, qual o valor do
para resistir a esforços horizontais,
se deve proceder para verificar se os
coeficiente de estabilidade global
mas com momentos fletores nos
resultados parciais estão coerentes e o
GamaZ? Este coeficiente mostra,
apoios, onde o dimensionamento se
resultado final é o esperado?
geralmente, através de apenas um
torna impossível.
Nelson Covas – Em softwares
número se a proposta estrutural é
integrados com elevado grau de
estável ou não. E os deslocamentos?
automação, as diversas etapas do
Também de forma gráfica, é muito
recomendações para o bom uso
projeto estrutural são processadas
simples analisar se a estrutura se
de aplicativos voltados para a
automaticamente. Isto não quer
desloca nas direções vertical e
construção civil?
dizer que o projeto é feito de
horizontal conforme o esperado. Do
Nelson Covas – Existe um antigo ditado
forma automática. Um ponto
ponto de vista de dimensionamento e
de engenheiros estruturais experientes
inicial importante a ser verificado
detalhamento, relatórios são sempre
que diz: “se você não consegue
é a determinação das solicitações
emitidos com mensagens de avisos
enxergar o comportamento global
nos elementos estruturais. Itens,
de erros, médios ou graves, onde
da sua estrutura, não a projete; não
como o modelo estrutural gerado,
não houve possibilidade do correto
é apenas o software que vai resolver
está coerente com o desejado? Os
dimensionamento. Portanto, o mais
o seu problema”. Software algum faz
esforços solicitantes principais estão
importante é não acreditar cegamente
IBRACON – Quais
são suas
“ 14 | CONCRETO & Construções
SE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENXERGAR O COMPORTAMENTO GLOBAL DA SUA ESTRUTURA, NÃO A PROJETE; NÃO É APENAS O SOFTWARE QUE VAI RESOLVER O SEU PROBLEMA
“
SIS Engenharia e França & Associados Engenharia
enxergar através
estruturas de concreto armado.
do programa o
Modelos atuais
choque entre as
IBRACON – Como as normas
armações?
técnicas influenciam o trabalho de
Nelson Covas –
construção e revisão dos softwares
Já existem hoje
para construção civil?
no mercado
Nelson Covas – As empresas de
softwares que
software para engenharia estrutural
operam em 3D e
são obrigadas a seguir normas
que analisam a
técnicas para que possam atender
interferência entre
aos seus usuários e se manter
as armaduras
competitivas no mercado. Como as
das estruturas de
normas evoluem permanentemente,
concreto armado.
os softwares também são obrigados
Esses softwares
a evoluir conforme elas, sendo isto
ainda possuem
um grande desafio. Se a empresa não
no resultado final e, sempre, analisar
a sua utilização restrita a obras
tiver a capacidade de evoluir conforme
os resultados parciais, desde a
especiais e a algumas estruturas pré-
as normas, ela, simplesmente,
modelagem, análise estrutural,
fabricadas, nas quais a interferência
morre. Daí o grande desafio aos
dimensionamento, detalhamento
tem certa relevância. Normalmente, os
desenvolvedores de software em
e desenho. Conferir sempre o
softwares integrados para edificações
criar técnicas de programação,
resultado final com pequenas contas
existentes no mercado não possuem
estruturação de dados, que permitam
feitas manualmente de forma muito
esta capacidade, sendo necessária
a devida evolução técnica. Uma
aproximada. Nas etapas iniciais de
a integração das informações
empresa de software corre maior
projeto, a visão global deve prevalecer
entre os sistemas de diversos
risco de sair do mercado, não pela
sobre a visão local; a chamada “ordem
fornecedores. Nas edificações usuais
falta de clientes, mas, sim, pela falta
de grandeza” deve ser sempre avaliada
e convencionais de concreto moldado
de evolução e acompanhamento
e certificada, seja para uma estrutura
“in loco”, o mercado não deu ainda
das novas tecnologias. Vale a pena
simples ou complexa. Também existe
a devida importância a esta questão.
lembrar também uma questão sobre
uma regra importante no mercado
Atualmente, esses softwares que
normas técnicas de concreto armado.
de projetistas estruturais com mais
operam com armaduras em 3D ainda
É de pleno consenso que o projeto
experiência - se o software não
são onerosos e não estão muito
estrutural possui uma complexidade
consegue emitir resultados parciais
difundidos, mas já existem soluções
inevitável; por consequência direta, as
para a devida verificação e validação,
práticas e funcionais para a indústria
normas técnicas também possuem
troque para um software que atenda a
de pré-fabricados. A tendência natural
uma complexidade inevitável. Como
este quesito.
de mercado é que essas ferramentas
não deveria deixar de ser os softwares
se popularizem e que possam ser
também possuem essa mesma
aplicados também na maioria das
complexidade. Assim, não existem
IBRACON – Como fazer para melhor
“
O MAIS IMPORTANTE É NÃO ACREDITAR CEGAMENTE NO RESULTADO FINAL E, SEMPRE, ANALISAR OS RESULTADOS PARCIAIS, DESDE A MODELAGEM, ANÁLISE ESTRUTURAL, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO E DESENHO
“
CONCRETO & Construções | 15
“
COMO AS NORMAS EVOLUEM PERMANENTEMENTE, OS SOFTWARES TAMBÉM SÃO OBRIGADOS A EVOLUIR CONFORME ELAS, SENDO ISTO UM GRANDE DESAFIO
“
softwares simples, de fácil utilização,
nova norma. Este foi um grande
usuário é sempre realizada adotando-
bem como é muito difícil encontrar
diferencial para que a norma ABNT
se os critérios da norma atual vigente.
um software que atenda a todos os
NBR 6118:2003 fosse implantada
requisitos prescritos nas normas de
rapidamente em todo o Brasil.
IBRACON – Quando um novo software
concreto armado.
Com relação à obrigatoriedade de
é lançado no mercado construtivo, ele
se utilizar critérios específicos de
foi devidamente validado?
IBRACON – Você considera que a
uma norma, os softwares permitem
validação?
informática, da forma como é utilizada
geralmente que o usuário utilize alguns
Quais critérios são seguidos?
critérios secundários em desacordo
Nelson Covas – Se estamos tratando
aos requisitos estabelecidos nas normas
com a norma. Isto é devido a diversos
de um software integrado de um certo
técnicas?
fatores. Um deles é a questão de que
porte, a resposta é, geralmente, não.
possível alterar itens obrigatórios por
alguns usuários não reconhecem a
Desenvolver softwares integrados para
norma e já registrados em um software?
norma com força de lei. Outro fator
a engenharia estrutural de concreto
Nelson Covas – Esta é uma questão
é a questão de interpretação dos
armado é uma tarefa complexa
interessante. Vamos lembrar que
itens da norma - alguns entendem
e que leva muito tempo. Eu diria
o nosso país possui dimensões
de uma maneira e outros de outra.
que o tempo de maturação de um
quase continentais. Temos algumas
Um ponto importante é relacionada
software integrado profissional é de
regiões com culturas técnicas bem
a não obediência de itens da norma
5 a 10 anos. Por mais que estudos
diferentes das outras. Implantar
brasileira, pois o engenheiro pode se
preliminares possam ser feitos, o
uma norma num país como o nosso
basear em recomendações de normas
desenvolvedor consegue enxergar
é um grande desafio. Quando foi
internacionais ou de resultados de
apenas uma parte dos problemas
finalizada e publicada a norma ABNT
ensaios. Por isso, os softwares vão
que serão encontrados, a evolução
NBR 6118 ainda em 2003, com
sendo desenvolvidos com diversos
da tecnologia do material concreto
substanciais modificações com
critérios, alguns deles não exatamente
e das normas técnicas não tem fim.
relação à norma anterior, as empresas
em conformidade com a norma.
Portanto, quando o software vai para
de software tiveram o prazo de um
Outro ponto prático a considerar é
o mercado é a ocasião para o início
ano para adaptar os sistemas aos
quando o usuário deseja verificar um
dos desafios do desenvolvimento.
novos requisitos de norma. Era do
projeto realizado há tempos atrás
Em função das solicitações de
conhecimento de todos também que
com a norma anterior - ele tem
usuários, muitas vezes é necessário
alguns quesitos importantes desta
que ter condições de realizar esta
que sejam feitas alterações na
norma de 2003 somente poderiam
tarefa com critérios da antiga norma.
base de dados, introdução de
ser equacionados adequadamente
Portanto, em um software profissional,
novos critérios de projeto etc. Um
através de softwares. As empresas
principalmente os softwares integrados
ponto importante também é que
se prepararam e conseguiram atender
que chegam até o detalhamento das
os engenheiros estruturais não
o mercado no prazo estabelecido.
armaduras, convivem diversas versões
projetam de uma única forma. Existem
Algumas empresas também
de uma mesma norma, diversos
inúmeras e diferentes soluções por
percorreram todo o Brasil, ministrando
critérios alternativos a um mesmo
ocasião da análise estrutural, das
cursos sobre como utilizar o software
quesito. É importante ressaltar que,
considerações para dimensionamento,
frente aos novos itens descritos na
geralmente, a entrega do software ao
detalhamento, desenho etc. É uma
hoje no
Brasil, favorece o atendimento O usuário tem como escolha
16 | CONCRETO & Construções
Como é esta
Quem participa do processo?
“
O PRINCIPAL TESTE MESMO É FEITO DIARIAMENTE PELOS INÚMEROS USUÁRIOS QUALIFICADOS QUE, CONSTANTEMENTE, FICAM PROCESSANDO NOVOS EDIFÍCIOS, ANALISANDO E QUESTIONANDO RESULTADOS EMITIDOS, E INTERAGINDO COM O DESENVOLVEDOR
“
tarefa absolutamente sem fim.
Dependendo da qualidade, diversidade
e que a estrutura não é construída
Desenvolver um software integrado
e quantidade dos edifícios de testes,
instantaneamente; aplicar cargas
para concreto armado é como
podemos dizer que o sistema é mais
atuantes na estrutura adequadamente,
projetar a fundação de um edifício
ou menos testado. Mas, o principal
especialmente as forças horizontais
sem conhecer, “a priori”, o número
teste mesmo é feito diariamente pelos
devidas ao vento; definir corretamente
de pisos. Depois de feito o edifício é
inúmeros usuários qualificados que,
os conceitos relacionados ao
preciso, obrigatoriamente, reforçar a
constantemente, ficam processando
comportamento de vigas, pilares, lajes,
fundação para o incremento de mais
novos edifícios, analisando e
pilares-parede, sapatas etc.; estudar a
pisos; às vezes, é preciso trocar o
questionando resultados emitidos,
ligação e a compatibilização entre os
elemento de fundação e, outras vezes,
e interagindo com o desenvolvedor.
diversos elementos; tratar propriedades
é preciso trocar toda a fundação, tudo
Este é o teste final e verdadeiro. Com
de seções transversais para cálculo em
isso com o edifício funcionando. Mas,
tudo isso, ainda existe uma máxima
ELU e ELS (Estado Limite de Serviço);
o ponto mais importante é a validade
no mercado de softwares integrados
analisar se os pilares estão engastados
dos resultados do software. Apenas
para a engenharia estrutural com a
nas fundações, os efeitos dinâmicos,
com a participação de diversos
qual eu concordo plenamente: “não
os efeitos de segunda ordem, casos de
usuários capacitados tecnicamente,
existe software sem erros, não existe
pilares sem travamento, entre outros.
com diferentes filosofias de projeto,
software sem erros graves”. É a
Todos esses pontos, alguns softwares
é possível fazer a validação de um
pura realidade, existem softwares
integrados tratam adequadamente.
software integrado para projetos
mais testados e confiáveis e existem
Cabe ao engenheiro projetista
estruturais de concreto armado.
softwares menos testados e menos
selecionar, ao modelar a estrutura, os
Por essas razões é que o software
confiáveis. Se o desenvolvedor tivesse
quesitos de modelagem que mais lhe
somente chega a uma fase adulta
conhecimento do lugar onde estão os
convém para o caso em projeto.
depois de muitos anos, talvez
erros graves (geralmente, em casos
décadas, de pleno uso no mercado.
muito particulares), ele os corrigiria
IBRACON – Como está o
Portanto, faz parte do processo de
imediatamente.
desenvolvimento dos softwares de
validação de um software, tanto a
interação fundação-estrutura?
equipe técnica do desenvolvedor
IBRACON – Quais os cuidados que
Existe boa aceitação dos profissionais
como uma parcela dos usuários.
um engenheiro projetista deve ter ao
envolvidos?
Como o software continuamente evolui
modelar uma estrutura?
visão, a integração dos profissionais
e é alterado, para distribuir qualquer
Nelson Covas – Esta pergunta poderia
envolvidos e quais lacunas precisariam
nova versão ao mercado é preciso
ser tema para se escrever um livro
ser preenchidas?
garantir a qualidade inicial através de
sobre o assunto. Vou tentar apenas
Nelson Covas – Existem diversos
testes e mais testes. Geralmente, as
relatar alguns itens que considero
softwares provenientes do exterior
empresas possuem uma equipe de
importantes para estruturas de concreto
para calcular a interação fundação-
testes, com programas que testam
armado: aplicar os requisitos de
estrutura. Geralmente, esses
programas, tanto remotamente como
normas técnicas; não tratar elementos
softwares são bastante complexos,
interativos, onde os milhares de
de concreto armado como elásticos
tanto do ponto de vista teórico como
edifícios catalogados são analisados
lineares; entender que o concreto
do ponto de vista da utilização, e, salvo
e validados permanentemente.
armado é um material não homogêneo
raras exceções, não são empregados
Como se daria, na sua
CONCRETO & Construções | 17
que na hora
convencionais do ramo imobiliário.
de enfrentar
Em obras especiais, como linhas de
esse problema
metrô, barragens, obras especiais,
de frente.
esses softwares são empregados
Atualmente, está
com frequência. Existem também
sendo formado
outros softwares disponíveis para esta
um grupo de
função, softwares mais expeditos
estudos para
e práticos, que também, nos dias
tentar evoluir,
atuais, quase não são empregados.
tecnicamente, no
O que sabemos, com certeza, é que
equacionamento
a superestrutura de uma edificação
dessa importante
e os seus elementos de fundação
questão.
estão intimamente ligados. Sabemos
Participarão
também que recalques diferenciais
deste grupo engenheiros estruturais,
recursos têm sido introduzidos
entre os elementos de fundação e,
geotécnicos e empresas de software.
softwares estruturais” no sentido de
consequentemente, entre os pilares
Complementando, creio também que
aperfeiçoar as estimativas, considerando
da superestrutura, existem. Por que
temos um grande obstáculo técnico
a incidência e o desenvolvimento de
então ignorá-los? O assunto está
para enfrentar nessa questão - trata-
fissuras nas peças fletidas, retração e
presente e é tema atual de grandes
se de equacionar o comportamento
deformação lenta do concreto?
conversas e discussões. Segundo
reológico do concreto armado, tanto
Nelson Covas – A questão da
o meio geotécnico, a elaboração
dos elementos de fundação como
flexibilidade da estrutura é uma
de um projeto totalmente integrado
da superestrutura. Especialmente
questão prescrita nas nossas
(infra + superestrutura) é ainda
neste caso, é preciso que o software
normas técnicas. Toda estrutura
complexa. Da forma como se projeta
reconheça que a infra e superestrutura
se deforma sob a ação de cargas
hoje - fundações independentes da
não é executada e carregada
verticais e forças horizontais. A
estrutura - os geotécnicos dizem que
instantaneamente, e sim ao longo
norma brasileira estabelece limites
tem “funcionado” muito bem sem
de alguns meses ou anos. Outro
para o deslocamento horizontal no
problemas. Segundo os engenheiros
ponto importante seria a definição
topo edifício, no estado limite de
estruturais, a introdução de recalques
de quesitos normativos para auxiliar
serviço (ELS), sob a ação de forças
diferenciais na estrutura provoca
os estruturalistas e geotécnicos na
horizontais. O mesmo ocorre para o
maiores esforços, maiores taxas de
abordagem do problema.
deslocamento horizontal entre pisos
França & Associados Engenharia
na grande maioria dos edifícios
Modelos ELU e ELS
“nos
de um edifício. O edifício também
concreto e armaduras, levando a um projeto mais oneroso financeiramente.
IBRACON – Em edifícios residenciais
pode se deslocar horizontalmente
No máximo, o engenheiro estrutural
e comerciais ainda se tem presenciado a
sob a ação de cargas verticais. Com
hoje aplica coeficientes de recalque
ocorrência de patologias em alvenarias e
relação a deslocamentos verticais,
vertical na base dos pilares. A minha
revestimentos, decorrentes de excessiva
é necessário verificar a flecha das
experiência diz que já está mais do
flexibilidade da estrutura.
vigas e lajes no ELS. Além da flecha
“
Quais
SABEMOS QUE RECALQUES DIFERENCIAIS ENTRE OS ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE, ENTRE OS PILARES DA SUPERESTRUTURA, EXISTEM.
18 | CONCRETO & Construções
POR QUE ENTÃO IGNORÁ-LOS?
“
Análise de flechas em pavimentos
encontrado para
desempenho e mais duráveis?
tratar o material
Nelson Covas – Nos dias de hoje,
concreto armado
tarefas que pareciam impossíveis de
e o processo
serem realizadas estão ao alcance
construtivo.
de um microcomputador e um bom
Evidentemente
software. A visualização 3D dos
que o projeto
elementos constituintes de uma
de alvenaria
construção é uma realidade. Análise
deve também
de interferências entre a estrutura,
contemplar
as instalações elétricas, hidráulicas,
o prazo de
de ar-condicionado, e arquitetura,
escoramento,
pode ser realizada corriqueiramente
cura do concreto
hoje em dia. Indo mais além, até as
etc. Voltando ao
armaduras dos elementos de concreto
fator flexibilidade,
armado podem ser visualizados
diversos
em 3D. E o que é mais importante,
máxima, é também solicitada a
colegas julgam os limites de norma
associado a esses elementos, temos
verificação da distorção máxima
exageradamente rígidos para serem
todas as informações técnicas e
angular sob as alvenarias. Todas
obedecidos. Se esses parâmetros
gerenciais correlacionadas. Com
essas variáveis são calculadas de
de norma forem obedecidos e os
esses dados, se torna possível analisar
forma automática pelos softwares
valores dos deslocamentos obtidos
alternativas, estimar custos, programar
disponíveis para o projeto estrutural.
forem discriminados no projeto, creio
o cronograma de execução, indo até
Alguns desses softwares realizam
que o projeto de alvenaria possa
a fase de operação e manutenção.
também a análise não linear física
ser realizado para que as patologias
Acompanhar a execução da edificação
(concreto e aço, estádio II), que
sejam minimizadas ou eliminadas.
de acordo com o projetado, em todas
considera a fissuração da peça e
É importante observar que as
as suas funcionalidades (técnicas,
também a deformação lenta do
estruturas em geral se tornaram
custo, tempo etc.), já está ao alcance
concreto para a verificação de
nitidamente mais esbeltas e, portanto,
do dia a dia das empresas. Entretanto,
flechas em vigas e lajes num piso.
mais flexíveis, ao longo das últimas
a única certeza que temos hoje é
O encurtamento vertical de cada
décadas, tornando a adequada
a contínua evolução dos recursos
lance de pilar sob a ação das cargas
análise em serviço, muitas vezes,
computacionais e das funcionalidades
verticais também é facilmente obtido.
preponderante nos projetos.
agregadas aos softwares para facilitar e tornar mais acessível o seu emprego.
Portanto, do ponto de vista de análise, diversas grandezas podem
IBRACON – Como esses recursos
ser obtidas através dos softwares.
informacionais de última geração têm
IBRACON – Como o desenvolvimento
Eu sempre digo que esses valores de
sido usados no projeto, construção,
da informática aplicada à construção
flechas obtidos são sempre valores
gerenciamento e manutenção de obras
civil, aliada à internet, tem possibilitado
estimados pelo grau de complexidade
mais econômicas, ousadas, com melhor
a integração de projetistas e
“
ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DA EDIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PROJETADO, EM TODAS AS SUAS FUNCIONALIDADES (TÉCNICAS, CUSTO, TEMPO ETC.), JÁ ESTÁ AO ALCANCE DO DIA A DIA DAS EMPRESAS
“
CONCRETO & Construções | 19
“
OS COORDENADORES DE PROJETO PODEM AGORA, DE FORMA DINÂMICA E PRÁTICA, REALIZAR A COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS, ALERTANDO POSSÍVEIS PONTOS DE INTERFERÊNCIA – É COMO SE A OBRA FOSSE CONSTRUÍDA VIRTUALMENTE
“
executores, de fornecedores e
interferência sejam sanados na
construtores?
construtores, tornando a coordenação
própria concepção, o processo
para o mercado de softwares no
de projetos mais eficiente?
de criação se torne dinâmico e as
e no mundo?
Nelson Covas – A nossa construção
modificações sejam absorvidas com
Nelson Covas – O BIM é, antes de
civil está dando um salto tecnológico
naturalidade. Na obra, o engenheiro
tudo, uma tecnologia no tratamento
importante nos dias atuais. Na nossa
pode, portanto, acompanhar a
das informações dos componentes
modalidade de construção - mercado
execução de sua estrutura com
de uma construção. Traduzindo a
imobiliário - temos dezenas de
os projetos acessíveis e à sua
sigla podemos denominar BIM por
fornecedores independentes para
disposição, controlando a qualidade
modelagem das informações da
uma mesma obra. Cada projetista
da montagem das armaduras,
construção. A sigla BIM é novidade de
trabalha, de certa forma, como se
concretagem etc. Se a resistência do
alguns anos, mas a tecnologia, não.
fosse independente dos demais. Daí
concreto ficou abaixo da desejada,
Quando eu trabalhei numa empresa
a grande necessidade de integração
tanto o construtor como o projetista
de engenharia consultiva em 1980,
de informações entre os diversos
estrutural podem visualizar, logo após
a Promon Engenharia, tive contato
fornecedores para um projeto global
a disponibilização dos ensaios dos
com o engenheiro Luiz Esmanhoto,
de construção. Neste ponto, a
corpos de prova, imagem em 3D de
que publicou um interessante artigo
internet veio suprir uma grande lacuna
quais peças estão não conformes
intitulado “CAD-Fundamentos e
para a integração do projeto e da
e tomar as providências cabíveis. O
Tecnologia”. Este artigo poderia ser
própria construção. Aliás, depois do
acompanhamento do cronograma de
hoje publicado trocando apenas
grande salto tecnológico que foi o
execução, visualizando a obra real é
o nome por “BIM-Fundamentos
CAD (Computer Aided Design) nos
de grande importância ao construtor.
e Tecnologia” e continuaria muito
anos 80 e 90, a internet foi a grande
Isto sem citar as alternativas de
atual. O engenheiro Esmanhoto era
revolução e novidade que surgiu para
projetos que podem ser realizadas
um autêntico visionário nesta área,
auxiliar na comunicação e integração
em prazos exíguos e com a devida
prevendo o que ocorreria décadas
entre projetistas e construtores. As
confiabilidade na elaboração dos
à frente. Neste artigo, já estava
informações fluem com rapidez, ficam
orçamentos, visando uma otimização
previsto o tratamento da informação
armazenadas “nas nuvens”, acessíveis
de custos.
da construção desde o projeto,
em qualquer localidade através de dispositivos móveis portáteis. Os
IBRACON –
coordenadores de projeto podem
Como você vê
agora, de forma dinâmica e prática,
o
realizar a compatibilização de
contexto de
projetos, alertando possíveis pontos
desenvolvimento
de interferência – é como se a obra
de recursos
fosse construída virtualmente. Numa
informacionais para
situação ideal, as diversas disciplinas
construção?
de projeto interagem em paralelo,
que é o
e não sequencialmente, criando
recursos ele traz
condições para que problemas de
para projetistas e
20 | CONCRETO & Construções
BIM nesse
O
BIM? Que Visualização 3D de armaduras
Que mudanças ele traz
Brasil
“
A PADRONIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES SE TORNOU UM ASPECTO FUNDAMENTAL PARA QUE OS DIVERSOS INTERVENIENTES DO PROCESSO POSSAM TROCAR DADOS DE FORMA EXPEDITA E PRÁTICA
Mapa de concretagem digitalizada
“
processo. Tudo
BIM funcione adequadamente. É
isso se tornou
preciso padronização, disciplina e
possível graças
regulamentação entre os diversos
às facilidades de
projetistas, construtores e softwares
comunicação
no tratamento das informações.
atualmente
Sem isto, trabalhos necessitam ser
existentes via web.
refeitos em outro software, o que
A padronização e
foge completamente à filosofia BIM.
organização das
Portanto, BIM não é uma grande
informações se
novidade, pois já se utilizava o conceito
tornou um aspecto
BIM há muito anos, o que temos
fundamental para
hoje, muito adequadamente, são
que os diversos
equipamentos e softwares muito mais
planejamento para contratação
intervenientes do processo possam
potentes, com novas funcionalidades
na indústria, execução, operação
trocar dados de forma expedita e
e o poder de comunicação via web.
e manutenção. Este artigo foi
prática. A tecnologia BIM para ser bem
O grande desafio atual é a questão da
fundamental para o desenvolvimento
aplicada e gerar bons resultados exige
forma de organização das informações
dos sistemas integrados desenvolvidos
também muito treinamento de pessoal
e da comunicação entre os diversos
pela empresa onde atuo. A filosofia
e novos conhecimentos de base de
softwares, a tal da interoperabilidade.
geral já estava estabelecida há 35
dados e recursos computacionais.
Este é o nosso maior entrave. Em
anos. Evidentemente que os recursos
Em suma: BIM não é apenas um
países onde existem escritórios de
da informática evoluíram muito
software, BIM não é apenas visualizar
projeto multidisciplinares, a implantação
desde aquela época e o BIM está se
informações em 3D. BIM é antes de
do BIM é mais rápida, pois a plataforma
tornando uma realidade.
tudo uma tecnologia no tratamento de
de software utilizada é padronizada e as
Portanto, BIM nos dias atuais nada
informações que afeta diretamente a
informações fluem mais facilmente de
mais é do que a tecnologia para
qualidade, o custo e o prazo
uma especialidade a outra.
tratamento das informações envolvidas
da construção.
Comentando um pouco mais
na construção, informação estruturada,
Atualmente, nenhum grande fornecedor
sobre o mercado internacional de
hierarquizada, organizada, com
de software mundial, entre as quatro
softwares BIM para engenharia,
objetos definidos parametricamente,
empresas mais avançadas na
temos a concentração em quatro
disponível em diversos dispositivos de
tecnologia BIM, possui condições de
grandes empresas, três delas atuando
hardware, possível de ser visualizada
atender convenientemente a todas as
fortemente no Brasil. Cada uma delas
em 3D, acessível por inúmeros
especialidades envolvidas no projeto e
luta para implantar o seu padrão de
intervenientes do processo construtivo
execução de uma obra, principalmente
troca de informações e aumentar a
e percorrendo todo o ciclo de produção
nos detalhes técnicos normativos
sua base de softwares instalados.
de componentes, desde a indústria,
existentes em nosso país. Daí a
Outras empresas, com softwares
projeto, construção, operação e
absoluta necessidade de comunicação
especialistas numa determinada etapa
manutenção. É a construção virtual
entre os diversos softwares. Este é
do projeto, estão sendo adquiridas
acessível a todos os envolvidos no
o ponto crítico para que a tecnologia
por essas quatro gigantes. Não se CONCRETO & Construções | 21
tem ideia ainda como este mercado
o que é ótimo! Conceitualmente,
temos inúmeros obstáculos a superar
se comportará no futuro. Note o
de forma genérica, tanto para
ainda, o principal deles sendo o da
caso específico do Brasil - como
estruturas moldadas “in loco” como
interoperabilidade. Nenhum software
temos uma norma própria para
para as pré-fabricadas, acho que o
que se conceitua como BIM hoje
estruturas de concreto (ABNT NBR
desenvolvimento da industrialização
atende a todas as modalidades de
6118), os softwares desenvolvidos
da construção civil obrigatoriamente
projeto. Se diversos softwares são
no exterior não atendem as nossas
passa pelas características intrínsecas
utilizados, como fica a comunicação
necessidades de projeto, abrindo
do BIM, isto é, pela modelagem das
entre eles? E a bidirecionalidade? Esta
campo para as empresas brasileiras
informações da construção. Se
é uma questão ainda não resolvida. Eu
se desenvolverem, mas com o ônus
as vantagens competitivas no uso
noto que, atualmente, muitos projetos
da necessidade de integração aos
do BIM serão mais intensas em
em BIM elaborados em determinado
requisitos dos softwares internacionais.
estruturas moldadas “in loco” ou pré-
software são refeitos em outro, o
A única certeza que temos hoje é
fabricadas é uma afirmação difícil de
que é um grande contrassenso e
que este mercado é muito dinâmico
ser comprovada, pois inúmeros outros
perda de muitas horas de trabalho.
e mudanças significativas na área de
fatores influenciam esta questão,
E as alterações de projeto? Cada
software ocorrerão.
especialmente num país como o
vez que se realizam alterações
Brasil. Do ponto de vista prático, a
num determinado software estas
IBRACON – O BIM vem sendo
implantação do BIM está mais
também necessitam serem feitas no
considerado por diversos especialistas
próxima e de uso imediato nas
outro software, de forma duplicada?
como indutor do desenvolvimento da
estruturas pré-fabricadas; daí, se
Infelizmente, esta é a realidade
industrialização da construção civil.
pode chegar à conclusão que este
atual. Acho que as exigências para
Como você vê esta relação?
segmento poderá aferir, de imediato,
utilização do BIM precisam ser feitas
Nelson Covas – Como já comentei,
maiores vantagens competitivas com o
paulatinamente, de forma gradativa,
a tecnologia BIM já vem sendo
BIM em menor prazo.
conforme a evolução da indústria de
aplicada há muito tempo. Mas, foi
software e sua interoperabilidade, sem
muito oportuna a designação da
IBRACON – Recentemente alguns
considerar a parte comercial. Com
nomenclatura BIM para a consolidação
órgãos públicos e empresas privadas já
relação a prazos, desde a primeira vez
da tecnologia. As empresas de
começaram a definir em licitações/
que tive contato com o termo BIM, não
software adotaram o termo BIM para
contratos a exigência para que o projeto
a tecnologia embutida no BIM, já se
qualificar os seus produtos, divulgaram
seja apresentado em
maciçamente esta nova funcionalidade
está preparado para atender esta
num estágio inicial, pensando em
e o mercado passou a buscar o BIM
demanda?
termos de mercado em geral. Talvez,
como sendo uma ferramenta que vai
para que o mercado absorva o
solucionar quase todos os problemas.
Nelson Covas – Eu julgo bastante
adicionais, desde que o nosso país
Esta divulgação e conscientização
salutar que órgãos públicos e
volte a crescer de forma sustentada,
do mercado foram muito importantes
empresas privadas comecem a exigir
para que possamos afirmar que o
para a divulgação da tecnologia BIM.
que projetos sejam apresentados
BIM tenha se tornado uma realidade
Todos agora correm atrás do BIM,
em BIM. Entretanto, como foi dito,
consolidada no mercado em geral.
“ 22 | CONCRETO & Construções
Quanto
BIM. O mercado
tempo será necessário
BIM?
passaram dez anos e ainda estamos
seja necessário mais uns cinco anos
O GRANDE DESAFIO ATUAL É A QUESTÃO DA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E DA COMUNICAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS SOFTWARES, A TAL DA INTEROPERABILIDADE
“
França & Associados Engenharia
médio prazo, acho que seria muito importante a formação dos alunos em faculdades de engenharia, arquitetura e cursos técnicos para a aplicação dessas novas tecnologias BIM. Os currículos de graduação e de pós-graduação das escolas de engenharia precisariam ser adaptados para dar maior ênfase no ensino a esses novos recursos, apresentando os conceitos básicos do BIM, a importância da modelagem digital de uma edificação com todos os seus pormenores, as vantagens que podem ser aferidas nessa metodologia, a operação prática em laboratórios digitais Armazenamento de fotografias da construção na “nuvem”
de sistemas BIM, bem como entender as dificuldades que podem surgir do ponto de vista interoperabilidade.
IBRACON – O que precisa ainda ser
investido para aprimorar seus produtos,
feito para que o desenvolvimento desses
aumentando seu desempenho,
recursos informacionais tragam maior
facilidade de utilização, abrangência na
IBRACON – Como o IBRACON e
integração e coordenação nos projetos,
aplicação, aumento da interoperabilidade
as entidades técnicas do setor de
principalmente no contexto brasileiro?
etc. Infelizmente, no Brasil, não temos
construção podem somar esforços
Nelson Covas – Creio que ainda não
uma política governamental de incentivo
para contribuir tanto com o
chegamos a um grau de maturação
e linhas de financiamento favoráveis para
desenvolvimento quanto com o uso dos
adequado no desenvolvimento
investimento nesta área. Do ponto de
recursos informacionais aplicados na
e aplicação dessas inovadoras
vista dos construtores, é preciso, além
construção civil?
tecnologias. São poucas empresas
de óbvios investimentos, principalmente
Nelson Covas – Tanto o IBRACON
que realmente estão investindo os
a firme determinação para a implantação
como as demais entidades ligadas
recursos necessários. Temos também
na empresa, enfrentando as inevitáveis
a construção civil podem utilizar
que considerar a crise econômica que
mudanças na forma de trabalho,
os seus meios de comunicação
passa o nosso país, com uma forte
impondo novos procedimentos com o
e de educação continuada
recessão há dois anos, especialmente
devido treinamento da equipe para se
para transmitir aos engenheiros
na construção civil. Ainda temos
adequar as novas habilidades e funções.
projetistas e construtores essas
muita coisa a fazer na aplicação do
As empresas projetistas, pulverizadas,
novas tecnologias que evoluem
BIM e estamos passando por uma
precisam principalmente de organização
permanentemente. Nos congressos
fase de transição. Do ponto de vista
e disciplina na forma de troca de
promovidos pelo IBRACON, já é
das empresas de software, muito foi
informações, além de investimentos
comum a apresentação de inúmeros
investido e muito ainda precisa ser
e muito treinamento. Como ação de
trabalhos ligados à informática e
“
A IMPLANTAÇÃO DO BIM ESTÁ MAIS PRÓXIMA E DE USO IMEDIATO NAS ESTRUTURAS PRÉ-FABRICADAS; DAÍ, SE PODE CHEGAR À CONCLUSÃO QUE ESTE SEGMENTO PODERÁ AFERIR, DE IMEDIATO, MAIORES VANTAGENS COMPETITIVAS COM O BIM EM MENOR PRAZO
“
CONCRETO & Construções | 23
“
SERIA MUITO IMPORTANTE A FORMAÇÃO DOS ALUNOS EM FACULDADES DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E CURSOS TÉCNICOS PARA A APLICAÇÃO DESSAS NOVAS TECNOLOGIAS BIM
“
alguns ao BIM. Há alguns anos,
de 2016, o SINDUSCON também
livre é o futebol, tanto é que fui há
os fornecedores de software para
criou um Prêmio de Excelência em
alguns anos até Tóquio assistir a
engenharia de estruturas, em
BIM, para que os interessados possam
alguns jogos. A pescaria é outro
conjunto com a ABECE, redigiram
apresentar os projetos elaborados em
grande hobbie – vou ao Pantanal
um documento estabelecendo regras
BIM. Essas ações são importantes
e a rios da bacia amazônica todos
e procedimentos a serem seguidos
para que o mercado possa ter acesso
os anos, sempre na companhia
para estreitar o relacionamento entre
ao conhecimento, exemplos práticos
de engenheiros extraordinários. A
empresas de software e projetistas
de aplicação e saber como iniciar a
pescaria é um hábito que foi iniciado
de estruturas. O SINDUSCON/SP
implantação de BIM.
pelo engenheiro Gabriel Feitosa.
promove anualmente um Simpósio
Além de futebol e pescaria, também
sobre estruturas e um outro mais
IBRACON – Quais seus hobbies? O que
gosto de cinema e teatro, mas estou
especificamente sobre BIM, onde a
gosta de fazer em seu tempo livre?
com pouco tempo livre atualmente
informática e as novas tecnologias
Nelson Covas – Indubitavelmente,
devido à atenção dada aos
estão sempre presentes. Neste ano
minha maior dedicação no tempo
queridos netos.
24 | CONCRETO & Construções
Atividades do Congresso motivam profissionais e alunos a aprenderem mais sobre o concreto e a pensarem sua profissão
R
eunidos em Belo Horizonte,
destrutivos (15), gestão e normalização
nados pelo diretor de pesquisa e desen-
de 11 a 14 de outubro, 1037
(13), materiais e propriedades (245),
volvimento do IBRACON, Leandro Trau-
profissionais
estudan-
projeto de estruturas (85), métodos
twein, e pelo professor da Universidade
tes participaram das atividades e dos
construtivos (35), materiais e produtos
de Uberlândia, Antonio Carlos dos San-
debates ocorridos no 58º Congresso
específicos (46), sistemas construtivos
tos. “Na sessão científica que coordenei
Brasileiro do Concreto, evento técnico-
específicos (22) e sustentabilidade (95)
juntamente com o Prof. César Daher
-científico de divulgação da tecnologia
nos anais do evento.
foram apresentados dez trabalhos de
e
do concreto e seus sistemas construti-
Esses trabalhos, submetidos por
primeira linha, muito interessantes. Ob-
vos, promovido pelo Instituto Brasileiro
pesquisadores de instituições de ensino
servei também que os autores obede-
do Concreto (IBRACON).
e pesquisa, e centros de pesquisa, de-
ceram ao tempo disponível para cada
Foram apresentados 614 trabalhos
senvolvimento e inovação de empresas,
apresentação e que o auditório, lotado,
nas sessões orais e pôsteres e publica-
do Brasil e do exterior, foram avaliados
participou ativamente com muitas per-
dos 678 artigos técnico-científicos so-
e aprovados pelos 171 integrantes da
guntas”, registrou o moderador de uma
bre análise estrutural (119), ensaios não
comissão científica do evento, coorde-
das sessões, Prof. Paulo Helene.
Congressistas no momento de execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto
CONCRETO & Construções | 25
u 58º CBC
pesquisas
cien-
durabilidade das estruturas de concre-
tíficas que vêm
to, ampliada pela ação física de colma-
sendo
realiza-
tação dos poros, evitando a entrada de
das no Nanocem
agentes agressivos, e pela adequada
para uma melhor
combinação química desses materiais,
compreensão da
aprisionando íons que poderiam parti-
cinética de rea-
cipar de reações deletérias, tem-se um
ção dos materiais
menor impacto ambiental na constru-
Clímax das apresentações e dis-
cimentíceos suplementares, como as
ção em concreto, com a redução das
cussões sobre o concreto foram as
escórias de alto forno e as cinzas vo-
emissões de CO2.
conferências plenárias, nas quais es-
lantes. O autor concluiu que a mode-
Hugo Corres Peiretti, professor de
pecialistas estrangeiros trouxeram o
lagem dos compósitos com base nas
estruturas de concreto da Universidade
estado da arte das pesquisas e cons-
reações de hidratação dos materiais
Politécnica de Madrid (Espanha), vice-
truções em concreto. Donald Macphee,
cimentíceos (materiais suplementares
-presidente da fib (Federação Internacio-
professor de química da Universidade
e cimento) pode fornecer base teórica
nal do Concreto) e fundador da empresa
de Aberdeen, na Escócia, e pesquisa-
e prática para substituição, em maiores
de projetos Fhecor, abordou o tema da
dor do Nanocem, consórcio europeu
proporções, do clínquer por materiais
engenharia para um mundo mais sus-
de pesquisadores direcionado para a
energeticamente menos nobres. Com
tentável da perspectiva dos projetos.
pesquisa sobre o cimento, expôs as
isso, além das vantagens em termos de
Segundo ele, a sustentabilidade é um
Autor de trabalho técnico-científico apresenta seu pôster para congressistas numa das sessões
II
Seminário
O
sobre
II Seminário sobre Obras Emblemáticas, ocorrido no 58º Congresso Brasileiro do Concreto, foi um sucesso. Liderada pelo Prof. Paulo Helene e pelo Dr. Carlos Britez, a primeira versão do evento, em Natal, teve a participação de cerca de 80 congressistas. Neste ano, em Belo Horizonte,esse número mais que dobrou, com a participação aproximada de 200 congressistas e as ilustres presenças do Prof. Augusto Carlos Vasconcelos, Eng. Bruno Contarini, Eng. José Luiz Varela, Eng. Antonio Palmeira, Eng. Jefferson Dias de Souza Júnior, além de notáveis pesquisadores, pós-graduandos, estudantes e professores. Realizado na tarde do dia 14 de outubro, o II Seminário sobre Obras Emblemáticas tratou de temas relacionados com desafios em projetos diferenciados no cenário nacional. A palestra de abertura, apresentada pelo Dr. Carlos Britez (PhD Engenharia), foi sobre a obra do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), trazendo abordagens distintas das engenhosidades empregadas na execução da laje de subpressão, dos pilares inclinados e dos grandes paredões das fachadas, em concreto aparente. Logo após, houve uma interessante palestra do Eng. Roberto Amaral (CTMSP), abordando os desafios nas concretagens dos prédios do Laboratório de Geração de Energia Eletronuclear (LABGENE) do submarino atômico da Marinha do Brasil, com uso exponencial de concreto do tipo autoadensável, inclusive tratando de um elemento de sacrifício (protótipo em escala real), que será fruto de pesquisas permanentes sobre o material concreto. Na sequência, o Eng. Helcio Moraes (PERI do Brasil) explanou sobre os grandes desafios relacionados aos sistemas especiais de fôrmas e escoramentos nas concretagens da obra do Museu do Amanhã, inclusive sobre as
26 | CONCRETO & Construções
Obras
Emblemáticas
particularidades envolvidas nas concepções de projeto. Após o coffee break houve uma excelente apresentação sobre os desafios envolvidos na concretagem da cúpula do Teatro Digital. Foi uma apresentação bem diferenciada, pois envolveu três palestrantes: o arquiteto Samuel Kruchin (Kruchin Arquitetura) discerniu sobre a concepção de projeto, inclusive sobre a inspiração da cúpula relacionada com uma concha marinha; a projetista Neide Góes (NG Engenharia) abordou as particularidades e desafios para materializar o sonho do projeto arquitetônico, através de modelos físicos e de dimensionamento, com auxílio de softwares baseados no método de elementos finitos; e, finalmente, o Eng. Pedro Bilesky (PhD Engenharia) tratou dos aspectos de dosagem e lançamento do concreto projetado e suas especificidades para cumprir com os requisitos estéticos do projeto, no que tange especialmente à superfície externa irregular e rugosa da casca. Para fechar com chave de ouro, a Engª Suely Bueno (JKMF) apresentou diversos projetos especiais e abordou temas pouco explorados, como considerações específicas de geometria, estabilidade, vento, sismo e outras condicionantes para garantia, além da segurança estrutural, de uma longínqua vida útil de projeto, com muitos estudos de casos. O público presente interagiu bastante no final, fazendo perguntas e debatendo com os palestrantes. Foi um debate sadio, profícuo e esclarecedor. Relato de CARLOS BRITEZ
conceito recente, surgido em 1987, que
biental entre os
significa, em termos gerais, o desenvol-
requerimentos a
vimento comprometido com o futuro
serem
das nossas vidas, que envolve fatores
em conta como
econômicos, sociais e ambientais, e que
dados de entra-
precisa ser assimilado pelos seres huma-
da para a elabo-
nos por meio da educação e da cultura.
ração do projeto
Essa assimilação progressiva do concei-
de
to de sustentabilidade tem acontecido no
o que implica
setor construtivo pela consciência cada
a estipulação de uma longa vida útil
construtivo. No México, os edifícios mais
vez maior de seus integrantes quanto
para as construções na fase de projeto,
altos possuem em média 200 metros,
ao forte impacto ambiental do setor de
e o fib Mode Code 2020 vai incluir a sus-
utilizando caracteristicamente um con-
construção, pela diminuição das emis-
tentabilidade entre seus princípios gerais
creto com fck de 70Mpa nas suas co-
sões de dióxido de carbono pela indústria
e estendê-la aos requerimentos de de-
lunas. O ensaio de túnel de vento é um
cimenteira mundial por meio da incorpo-
sempenho relativos à segurança e fun-
requisito indispensável na construção
ração de novas tecnologias, processos
cionalidade (redundância de elementos
de edifícios altos no México, em razão
e de materiais usados na fabricação do
estruturais), além de explicitá-la entre os
dos fortes ventos e furações frequentes
cimento, pelas pesquisas científicas que
requerimentos de desempenho ambien-
no país. Outro requisito na construção
vem sendo desenvolvidas na academia
tal. “O novo Código Modelo da fib será
desses edifícios é o uso de dissipadores
sobre concretos mais duráveis, de me-
o produto de esforços da comunidade
de energia, seja com fluidos viscosos,
lhor desempenho e de menor impacto
internacional na elaboração de uma nor-
seja por reação de massas sintonizadas,
ambiental, pelo uso mais eficiente de re-
ma internacional para incorporar as di-
para conferir resiliência a terremotos às
cursos em estruturas com desempenho
ferentes dimensões da sustentabilidade
construções. Segundo o palestrante a
otimizado por meio de projetos bem fei-
no projeto de estruturas de concreto”,
protensão tem sido um sistema bastan-
tos, que levam em consideração o ciclo
concluiu Peiretti.
te usado na construção dos edifícios al-
de vida dessas construções, e de selos
levados
estruturas,
Roberto
Hugo Corres Peiretti, ao lado do presidente do IBRACON, Julio Timerman, responde a perguntas do auditório no final de sua palestra
da
tos no México, pois é capaz de viabilizar
de certificação de construções, que pro-
Stark+Ortiz, empresa de consultoria si-
Stark,
presidente
economicamente sua construção, ao
curam atestar a economia no uso de
tuada na Cidade do México, envolvida
propiciar a execução de cada piso em
recursos e a mitigação de impactos nas
em projetos estruturais para edificações
até cinco dias.
fases de projeto, execução e uso dessas
e infraestrutura, e professor do Depar-
construções.
tamento de Estruturas na Universidade
EVENTOS PARALELOS
O palestrante destacou também
Nacional do México (UNAM), abordou
Nesta edição do Congresso foram re-
que a sustentabilidade está incorporada
os sistemas estruturais e os materiais
alizados os seguintes eventos paralelos:
na estrutura organizacional da fib, que,
usados na construção de edifícios al-
u III Seminário sobre Pesquisas e Obras
além de uma comissão dedicada a ela,
tos no México, região com uma ge-
em Concreto Autoadensável, onde
possui subcomissões dentro de outras
ologia complicada, caracterizada por
especialistas expuseram as proprie-
comissões, como a de estruturas, de
solos moles, sujeita a terremotos e fu-
dades que caracterizam o CAA, os
pré-fabricação e de durabilidade, que
racões. Segundo dados do Conselho
ensaios normalizados para atestar
se dedicam a pensar e desenvolver o
sobre Edifícios Altos e Habitat Urbano
essas propriedades e casos de apli-
conceito. Como resultado disso, a fib
(CTBUH,na sigla em inglês), a maior
cação do CAA na indústria e no can-
lançou diversos boletins dedicados a
parte dos edifícios altos está na Ásia
teiro de obras – o Seminário contou
diferentes aspectos da sustentabilidade,
(64%) e no Oriente Médio (21%), sendo
com o patrocínio da Capes, Erca e
o fib Mode Code 2010 para Estruturas
que 73% dos edifícios altos no mun-
Votorantim Cimentos (veja box);
de Concreto incluiu o desempenho am-
do utilizam o concreto como sistema
u I Seminário sobre o Ensino de CONCRETO & Construções | 27
u 58º CBC
Mesa com os palestrantes do II Seminário sobre Obras Emblemáticas
Engenharia Civil, que debateu a
engenharia nas escolas brasileiras,
reestruturação curricular, para dar
qualidade e atualidade do ensino de
trazendo recomendações para a
maior autonomia aos alunos e para
III Seminário Sobre Pesquisa e O
N
o dia 12 de outubro de 2016, no 58° Congresso Brasileiro do Concreto, ocorreu o III Seminário sobre as pesquisas e a utilização do concreto autoadensável em nosso país. O Seminário foi presidido pelo professor Bernardo Fonseca Tutikian, com a presença de uma ampla plateia e bastante variada, com participações desde professores, pesquisadores, profissionais liberais, empresas e alunos. Os assuntos tratados no seminário foram os mais diversos, passando pela tecnologia dos aditivos desenvolvidos para a execução dos CAA, aplicações especiais do concreto em diferentes situações, a propriedade do concreto no estado fresco, como a robustez da mistura, e alguns estudos de caso nos quais a utilização do CAA se mostrou uma solução técnica de grande impacto, trazendo maior qualidade ao elemento desenvolvido, proporcionando, assim, maior durabilidade, e também foi apresentado um resumo da revisão da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823), que foi posteriormente aprovada para ser posta em consulta pública. Participaram do seminário, como ministrantes, pessoas referência na área, tais como: engenheiro civil Augusto Gil, mestrando do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e pesquisador do instituto tecnológico em desempenho das edificações itt Performance; da mesma instituição, participou o graduando em Engenharia Civil, Cristyan Rissardi; participaram ainda do Seminário a Professora Mônica Barbosa, da instituição PUC Campinas, o professor Carlos Britez, da PhD Engenharia, o mestre em engenharia, Ricardo Alencar, da ERCA Brasil, e também a engenheira civil, Jadna Füchter, representante da Votorantim Cimentos. Cada palestrante trouxe para uma grande discussão temas relevantes para a especificação, utilização e produção dos concretos autoadensáveis. Na palestra ministrada por Augusto Gil, foi discutida
28 | CONCRETO & Construções
a vasta aplicação, bem como as diversas pesquisas realizadas com o CAA. A utilização do CAA em obras civis no Brasil ainda é muito baixa, sendo a indústria de pré-moldados e pré-fabricados a maior consumidora, porque os empresários já notaram que a utilização deste material é de fato uma solução para diversos problemas que as empresas possuem. Ao encontro a este tema, Jadna Füchter apresentou um case de sucesso em duas empresas localizadas no estado do Rio Grande do Sul, uma produz postes de concreto, a outra empresa, elementos construtivos para pavilhões e placas de concreto. Ambas as empresas substituíram o concreto convencional pelo concreto autoadensável. Além de melhorar a qualidade dos seus produtos, as empresas tiveram uma grande vantagem quanto à redução do ruído a que seus colaboradores estavam sendo submetidos diariamente. A palestrante mostrou também os custos envolvidos. Ambas as empresas não tiveram que realizar grandes modificações em suas instalações para a produção dos concretos autoadensáveis, foi realizado um trabalho em conjunto unindo a universidade, a empresa e a fornecedora dos matérias, buscando viabilizar a implantação desta tecnologia nas fábricas. Os custos de produção do concreto autoadensável, se comparados com os do concreto convencional, tiveram um aumento de aproximadamente 8%. Porém, deve-se avaliar o sistema como um todo. Os benefícios trazidos pela implantação do concreto autoadensável nas empresas foram evidenciados por todos os colaboradores das empresas. A palestrante apresentou números comprovando as diversas vantagens em se utilizar este material em indústria de pré-fabricados ou pré-moldados. Carlos Britez apresentou algumas aplicações do concreto autoadensável no sistema de paredes de concreto em diferentes estados do Brasil.
um aprendizado mais proativo, que
Federal de Minas Gerais (UFMG);
concilie teoria e prática (veja matéria
u II Seminário sobre Obras Emble-
ram ainda explanados num curso de
Os ensaios não destrutivos fo-
máticas, que tratou de temas rela-
atualização profissional, que integra
u I Simpósio sobre Ensaios não Des-
cionados aos desafios em projetos
o Programa Master em Produção de
trutivos para Estruturas de Con-
diferenciados no cenário nacional
Estruturas de Concreto (Master PEC),
creto, que traçou um panorama
(veja box);
sistema de cursos de educação conti-
nesta edição);
das aplicações de ensaios, como
u I Seminário sobre Boas Práticas na
nuada do IBRACON. Com carga horá-
tomografia, frequência ressonante
Execução de Estruturas de Con-
ria de oito horas, o curso foi ministra-
forçada, ultrassonografia, esclero-
creto, onde foram apresentadas as
do pelos profissionais Rodrigo Duarte
metria e potencial de corrosão, nas
boas práticas em projetos de lajes
(Proceq), Rodrigo Moysés Costa (Ul-
estruturas de concreto para avaliar
planas, na execução de capitéis de
traLab Engenharia Diagnóstica), Ênio
suas propriedades, componentes
lajes nervuradas, na compra e rece-
Pazini Figueiredo (UFG), Maria Teresa
e condições – o Simpósio contou
bimento do concreto e na execução
Paulino Aguilar (UFMG) e Paulo Helene
com o patrocínio da Proceq e apoio
de edificações, bem como práticas
(PhD Engenharia). Aulas práticas foram
institucional da Universidade Fede-
preventivas de patologia em obras
realizadas no Laboratório de Carac-
ral de Goiás (UFG) e Universidade
de concreto.
terização de Materiais de Construção
bras em Concreto Autoadensável O palestrante enfatizou a necessidade de verificar a qualidade do concreto produzido, ainda em seu estado fresco, sendo necessário realizar ensaios que possam garantir a aceitação do concreto antes do lançamento do mesmo nas fôrmas. Foram apresentadas diversas situações nas quais o pesquisador teve que intervir para realizar melhorias no processo construtivo, a fim de garantir a qualidade dos elementos estruturais que estavam sendo produzidos. O palestrante Ricardo Alencar apresentou os diversos aditivos aplicados na produção, não só dos concretos autoadensáveis, mas também de outros materiais à base de cimento. A evolução dos concretos, sem sombra de dúvidas, se dá ao avanço tecnológico desenvolvido dos aditivos para concreto. A evolução dos aditivos utilizados para a produção do concreto autoadensável faz com que a produção do concreto apresente as características desejáveis no seu estado fresco, sem que haja grandes variações nos lotes produzidos. Seguindo nesta ideia de tornar a produção do CAA mais confiável, Cristyan Rissardi apresentou a importância de se determinar a robustez nos concretos autoadensáveis. O palestrante apresentou o conceito básico da robustez do traço do CAA. A produção em larga escala, as pequenas variações de pesagem dos materiais e as mudanças constantes das propriedades físicas dos agregados, como a granulometria, fazem com que as variações no produto final sejam notadas, principalmente no estado fresco. Foram ilustrados inúmeros fatores que levam à perda de robustez nos traços do CAA, bem como alguns métodos utilizados para a avaliação dessa primordial propriedade do concreto. Cristyan mostrou as pesquisas já realizadas com relação à robustez dos traços e também pode expor algumas lacunas que ainda não são bem conhecidas pelo meio técnico, e, a fim de supri-las, ele
Mesa com o coordenador e os palestrantes no Seminário para debate com o auditório
apresentou de forma sucinta o estudo que está sendo realizado no instituto itt Performance, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. A revisão da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823)foi comentada no seminário pela Profa. Mônica Barbosa, que presidiu os trabalhos de revisão da norma. De forma sucinta e objetiva, o seminário atendeu às expectativas. Foi possível perceber o elevado número de pessoas interessadas no tema, de diferentes setores (pesquisadores, alunos, profissionais liberais, fabricantes, fornecedores de produtos entre outros). O seminário se mostrou, mais uma vez, um excelente evento, onde todos os envolvidos com a construção civil podem buscar se aprofundar sobre o assunto. Relato de ROBERTO CHRIST Diretor Regional do IBRACON no Rio Grande do Sul
CONCRETO & Construções | 29
u 58º CBC
Civil e Mecânica da Universidade Fe-
IBRACON e a Asso-
deral de Minas Gerais, onde foram rea-
ciação Brasileira da
lizados os ensaios de ultrassonagrafia,
Construção
tomografia, medição da profundidade
trializada de Con-
de carbonatação com aspersão de
creto (Abcic), desde
fenolftaleína, avaliação do potencial
2007, e o curso de
de corrosão das armaduras, ensaio
projeto de lajes em
de resistividade elétrica volumétrica e
concreto armado e
aplicação de nitrato de prata. “Os 30
protendido
alunos do curso interagiram ativamen-
trado pelo engenhei-
te com os instrutores, transformando
ro da EBPX, Fábio
o curso num importante momento de
Albino de Souza).
Indus-
(minis-
aprendizado e troca de experiências”,
Consolidando
avaliou o instrutor e diretor regional do
as discussões ocor-
IBRACON em Minas Gerais, Rodrigo
ridas
Moysés Costa.
Técnico IBRACON/
no
Comitê
Profª Maria Teresa Paulino Aguilar no curso sobre ensaios não destrutivos
Outros dois cursos do Master PEC
ABECE sobre Uso de Materiais não
métodos executivos empregados na
oferecidos durante o Congresso foram
Convencionais para Estruturas de
construção da Ponte Rio Niterói. Con-
o curso de pré-fabricados de con-
Concreto, Fibras e Concreto Reforça-
tarini participou também de uma ses-
creto (ministrado pelo engenheiro da
do com Fibras (CT 303), desde 2011,
são de autógrafos de sua biografia “O
CAL-FAC Consultoria e Engenharia,
foi lançada durante o Congresso a
mestre da arte de resolver estruturas”,
Carlos Franco), uma parceria entre o
Prática Recomendada “Projeto de Es-
escrita pelo jornalista Nildo Carlos Oli-
truturas de Concreto Reforçado com
veira, no estande do IBRACON.
Fibras”, que traz os requisitos mínimos to reforçado com fibras, inclusive as
ATIVIDADES TÉCNICAS DE RELACIONAMENTO
apoiadas em meio elástico, como os
Concursos técnicos entre estudan-
pisos, revestimentos de túneis e pro-
tes de Engenharia Civil, Arquitetura e
teção de encostas (veja matéria nesta
Tecnologia aconteceram na Arena das
edição). Para a Enga. Inês Battagin,
Competições, com a participação de
superintendente do Comitê Brasileiro
513 estudantes de 42 universidades
de Concreto, Cimentos e Agregados
e instituições de ensino O objetivo
da Associação Brasileira de Normas
desses concursos é fazer o estudante
Técnicas (ABNT/CB-18) e diretora téc-
aplicar o conhecimento adquirido nas
nica do IBRACON, “essa Prática Re-
aulas para confecção de uma bola re-
comendada é um projeto pioneiro no
sistente de concreto (Concrebol), um
país, que vai auxiliar os trabalhos para
pórtico de concreto capaz de resistir
elaboração de uma norma brasileira
aos impactos dinâmicos (Aparato de
sobre o tema”.
Proteção do Ovo), um corpo de pro-
de projeto de estruturas de concre-
Outro destaque no 58º Congresso
Bruno Contarini palestra no Seminário de Novas Tecnologias
30 | CONCRETO & Construções
va cúbico colorido (Concreto colorido
Brasileiro do Concreto foram as pales-
de alta resistência) e um projeto ar-
tras do engenheiro da BC Engenha-
quitetônico e estrutural de uma pas-
ria, Bruno Contarini sobre os desafios
sarela de concreto (Ousadia). A pre-
na recuperação do Elevado Joá e os
miação das três equipes mais bem
colocadas em cada concurso aconte-
seus clientes em razão de sua política
dar mais agilidade aos processos de
ceu no Jantar de Confraternização, que
de investimento em formação e capa-
decisão e às atividades do IBRACON,
encerrou as atividades do 58º Congres-
citação técnica. Isto porque no evento
adequando-os ao contexto social e or-
so Brasileiro do Concreto(veja matéria
temos a oportunidade de conhecer as
ganizacional do novo milênio. Dentre
nesta edição).
pesquisas sobre o concreto que estão
as mudanças realizadas, destaca-se a
A Feira Brasileira das Constru-
sendo desenvolvidas na academia e
criação da diretoria de Atividades Es-
ções em Concreto - Feibracon reuniu
as tecnologias que estão sendo apli-
tudantis, em reconhecimento à partici-
as empresas e instituições da cadeia
cadas nas obras em nosso país e no
pação expressiva dos estudantes nas
produtiva do concreto, para exporem
mundo. Além disso, temos o contato
edições mais recentes do Congresso
seus produtos e serviços oferecidos no
com consultores e projetistas de re-
Brasileiro do Concreto. “A nova direto-
mercado construtivo brasileiro e para
nome nacional e internacional. É por
ria foi criada para fortalecer ainda mais
estreitarem relacionamentos com seus
isso que a Votorantim tem patrocinado
a integração das novas gerações à
clientes. Os patrocinadores do evento
o Congresso”, avaliou o consultor de
velha guarda e aos experientes profis-
(Eletronorte, Itaipu, Votorantim Cimen-
pesquisa, desenvolvimento e qualida-
sionais que participam das atividades
tos, Associação Brasileira de Cimento
de da Votorantim Cimentos, Eng. Luiz
do IBRACON”, avaliou o presidente do
Portland, Instron Emic, GCP Grace,
de Brito Prado Vieira.
IBRACON, Eng. Julio Timerman.
MC, Intercement e Proceq) apresen-
Por fim, foi realizada no evento a
Coroando as atividades sociais do
taram palestras técnico-comerciais no
29ª Assembleia Geral do IBRACON,
Congresso foram premiados na so-
Seminário das Novas Tecnologias, que
onde seus associados reuniram-se
lenidade de abertura os profissionais
aconteceu no auditório principal do Mi-
para debater assuntos relacionados
de destaque do ano e as melhores
nascentro, no primeiro e segundo dias.
ao Instituto e aprovaram o novo Esta-
teses de doutorado na área de es-
“A Votorantim trouxe para o 58º
tuto do IBRACON, que passou a reger
truturas e de materiais (veja matérias
Congresso Brasileiro do Concreto sua
suas atividades. Atualizando o Estatu-
nesta edição).
equipe técnica e comercial e convidou
to de 2006, o novo Estatuto procurou
CRÉDITOS: ALESSANDRO CARVALHO
FÁBIO LUÍS PEDROSO
Congressistas visitam a Feibracon no evento
CONCRETO & Construções | 31
u 58º CBC
Prêmios de destaque do ano
F
oram homenageados na cerimônia de abertura do
leiro do Concreto por suas contribuições para a divulgação e
58º Congresso Brasileiro do Concreto, no dia 11 de
para o progresso do conhecimento científico e técnico sobre
outubro, no Minascentro, os profissionais indicados
o concreto e seus sistemas construtivos.
por seus pares em votação aberta no site do Instituto Brasi-
à Prêmios
de
Confira os agraciados!
Destaque 2016
PRÊMIO EMILIO BAUMGART | Destaque do Ano em Engenharia Estrutural ENG. AUGUSTO GUIMARÃES PEDREIRA DE FREITAS n Augusto é da turma de 1988 da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde rece-
beu prêmio de melhor aluno das cadeiras de estruturas de concreto e de materiais. n Especializado em projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e
pré-moldados de concreto. n Coordenou a norma ABNT NBR 16475: 2016 – Painéis de Parede de Concreto Pré-Moldado. n É titular da Pedreira de Freitas Engenharia, desde 1993, e exerce atualmente o cargo de
Eng. Augusto Pedreira de Freitas posa com o prêmio entregue pelo presidente do IBRACON, Eng. Julio Timerman
Presidente da Abece – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, onde foi sócio fundador e participa da diretoria desde 2001.
PRÊMIO LIBERATO BERNARDO | Destaque do Ano Como Tecnologista em Laboratório de Concreto JOSÉ FLAUZINO MOREIRA n José Flauzino atua como chefe de laboratório desde 1998, sendo responsável pelo controle
tecnológico de cerca de 8,5 milhões de metros cúbicos de concreto convencional e de 1,6 milhões de metros cúbicos de concreto compactado com rolo. n Como chefe de laboratório atuou nas Usinas Hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical, São
Salvador e Santo Antonio. n Atualmente, é Chefe de Laboratório da Hidrelétrica de Belo Monte, onde, além de realizar o
José Flauzino Moreira recebe o prêmio da diretora técnica do IBRACON, Engª Inês Battagin
32 | CONCRETO & Construções
controle tecnológico na produção e aplicação do concreto, elabora estudo de dosagens e de aditivos, e exerce o controle da central de britagem de agregados para concreto. Também idealizou o Sistema Autolab, que modernizou a forma de controle do concreto.
PRÊMIO FRANCISCO DE ASSIS BASÍLIO | Destaque do Ano em Engenharia na Região do Evento PROFª SOFIA MARIA CARRATO DINIZ n Engenheira Civil e Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal de Minas Gerais,
em 1979 e 1988, respectivamente. n PHD em Engenharia Estrutural pela Universidade do Colorado, em 1994, foi professora vi-
sitante na Universidade de Pittsburg, de 1999 a 2000, e pesquisadora convidada no NIST – Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia, de 2001 a 2002, nos Estados Unidos. n É professora da UFMG, pesquisadora do CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-
Profª Sofia Diniz recebe o prêmio do diretor de eventos do IBRACON, Prof. Bernardo Tutikian
tífico e Tecnológico, “fellow” do ACI – American Concrete Institute, especialista no comitê sobre concreto armado e protendido da ISO – Organização Internacional de Padronização e Membro do Conselho Técnico de Atividades do IBRACON.
PRÊMIO EPAMINONDAS MELO DO AMARAL FILHO | Destaque do Ano em Engenharia de Projeto e Construção de Concreto de Alto Desempenho ENG. WANDERLEY GUIMARÃES CORRÊA n Wanderley é engenheiro civil formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
em 1959. n Foi responsável pelos laboratórios de cimento e concreto do INT - Instituto Nacional de Tecnolo-
gia, de 1961 a 1969, e da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, de 1969 a 1974. n Nas empresas Concremat, Hidroservice, Themag e Engevix, como responsável pelo setor de
tecnologia do concreto, participou de obras, como Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Sobradinho e Itaipu. Eng. Wanderley Corrêa recebe o prêmio do diretor de relações institucionais do IBRACON, Prof. Paulo Helene
n Fundador do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, onde foi tesoureiro, de 1973 a 1980,
e de quem recebeu o Prêmio Ary Frederico Torres, em 1988, como Destaque do Ano em Tecnologia do Concreto. n Foi professor de Materiais de Construção Civil na Faculdade de Itajubá, de 1977 a 1992. n Atualmente, é diretor da W.G. Corrêa Consultoria, tendo sido o responsável pelas obras
da laje flutuante do Museu de Arte, Museu do Amanhã, Ponte Estaiada do Fundão e BRT Barra-Galeão.
CONCRETO & Construções | 33
u 58º CBC
Prêmios de destaque do ano à Prêmios
de
Destaque 2016
PRÊMIO FERNANDO LUIZ ALFREDO FALCÃO BAUER | Destaque do Ano em Engenharia no Campo das Pesquisas do Concreto e Materiais DENISE CARPENA COITINHO DAL MOLIN n Denise Dal Molin é engenheira civil (1982), mestre (1988) pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e doutora em Engenharia Civil (1995) pela Universidade de São Paulo. n Professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientou 75 mestres e 38
doutores, principalmente nas áreas de Tecnologia do Concreto, Aproveitamento de Resíduos em Materiais Cimentícios, Durabilidade e Patologia das Estruturas de Concreto. n Autora de mais de 530 artigos publicados em congressos e periódicos nacionais e internacio-
nais, além de 1 livro e 8 capítulos de livro. Profª Denise Dal Molin posa com prêmio recebido do diretor tesoureiro do IBRACON, Prof. Cláudio Sbrighi Neto
n Foi coordenadora do programa de pós-graduação e diretora da Escola de Engenharia da
UFRGS, na gestão 2008-2012.
PRÊMIO OSCAR NIEMEYER SOARES FILHO | Destaque do Ano como Arquiteto SAMUEL KRUCHIN n Kruchin é titular do Escritório Kruchin Arquitetura, onde desenvolve projetos de edifícios ins-
titucionais, residenciais e corporativos, desenho urbano e restauro, como a Fábrica Santa Helena e o Memorial à Poesia Brasileira João Cabral de Melo Neto, premiados na 3ª e 5ª Bienal de Arquitetura, respectivamente; n Mestre em estruturas ambientais urbanas pela FAU-USP, coordenador dos Cursos de Espe-
cialização “Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto”, e autor de “Uma Poética da História - Obra de Restauro”. Arquiteto Samuel Kruchin posa com prêmio recebido do diretor 2º tesoureiro do IBRACON, Nelson Covas
34 | CONCRETO & Construções
Teses de doutorado premiadas N
a cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro
diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON, Prof. Lean-
do Concreto foram premiadas as melhores teses de
dro Mouta Trautwein, a melhor tese na área de materiais e a melhor
doutorado sobre o concreto cadastradas no Banco de Teses
tese na área de estruturas, dentre as teses cadastradas defendidas
e Dissertações do IBRACON.
no período de 1º de março de 2014 a 28 de fevereiro de 2016.
Foram escolhidas pela comissão julgadora, coordenada pelo
à Prêmios
de
Teses
e
Confira os agraciados!
Dissertações 2016
PRÊMIO MELHOR TESE EM ESTRUTURAS Aplicação de Mantas de Polímeros Reforçados com Fibra de Carbono (PRFC) Como Reforço à Punção em Lajes Lisas de Concreto Armado
PRÊMIO MELHOR TESE EM MATERIAIS A Problemática dos Concretos Não Conformes e Sua Influência na Confiabilidade de Pilares de Concreto Armado
Autor Galileu Silva Santos
Autor Fabio Costa Magalhães
Orientador Prof. Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo
Orientador Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
Universidade Universidade de Brasília
Universidade Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Galileu Silva Santos (dir.) posa com prêmio entregue pelo diretor regional do IBRACON em Minas Gerais, Eng. Rodrigo Moysés Costa
Fábio Costa Magalhães (esq.) recebe prêmio do diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON, Leandro Trautwein
CONCRETO & Construções | 35
u 58º CBC
P
Concursos estimulam estudantes a aprenderem competindo
ara contribuir com a forma-
No 58º Congresso Brasileiro do
instituições, com 26 corpos de prova; e
ção dos alunos dos cursos
Concreto, ocorrido de 11 a 14 de ou-
o 9º Ousadia, no qual competiram 149
de graduação em Engenharia
tubro, no Minascentro, em Belo Hori-
alunos, com nove projetos de dez ins-
Civil, Arquitetura e Tecnologia, o Instituto
zonte, foram realizados o 23º Aparato
tituições.
Brasileiro do Concreto organiza anual-
de Proteção ao Ovo, que contou com
Além do aprendizado propiciado
mente concursos técnicos, estimulando
a participação de 14 equipes, formadas
pela interação dos membros de cada
a competição saudável entre os estudan-
por 338 estudantes, que concorreram
equipe, inclusive com seus professo-
tes. Podem participar desses concursos
com 21 pórticos; o 13º Concrebol, no
res orientadores, no momento em que
os alunos regularmente matriculados em
qual competiram 288 estudantes de 23
os estudantes precisam mobilizar seus
instituições de ensino superior, técnico e
instituições, com 23 bolas; o 3º Cocar,
conhecimentos para superar o desa-
tecnógico do Brasil e do exterior.
com participação de 299 alunos de 26
fio proposto em cada concurso, os
Estudantes e profissionais acompanham as competições estudantis na Arena dos Concursos
36 | CONCRETO & Construções
estudantes têm a chance de aprender,
e de incentivo aos
no momento das competições, com
estudantes. O Con-
seus próprios erros e acertos, e com os
crete Lovers foi pa-
erros e acertos dos alunos das outras
trocinado pela Equi-
equipes, bem como com os profissio-
librata e teve o apoio
nais sêniores que, entre uma palestra e
da PhD Engenharia,
outra, vão até a Arena para assistirem
Newton e DCR En-
às competições, divulgando seu co-
genharia e Projetos.
nhecimento e experiência sobre o concreto aos presentes.
A das
premiação três
equipes
A Arena dos Concursos é um es-
mais bem coloca-
paço especialmente projetado, com
das cada concur-
arquibancadas ao redor das pistas de
so
testes, onde os espectadores – alu-
Jantar de Confra-
nos inscritos ou não nos concursos,
ternização do 58º
profissionais do setor, empresários
Congresso Brasileiro do Concreto,
Lima Engenharia. A equipe que apre-
e consultores, professores e pesqui-
realizado no Hotel Ouro Minas. Os
sentou o melhor desempenho nos
sadores – torcem, emocionam-se,
primeiros colocados do APO, Con-
concursos ganhou o Prêmio Medalha
trocam impressões, num ambiente
crebol e Cocar receberam, cada um,
Concreto IBRACON 2016. Por ter so-
envolvente de aprendizado e conhe-
prêmio em dinheiro no valor de cinco
mado o maior número de pontos nas
cimento. Nesta edição, a Arena dos
mil e quinhentos reais, patrocinados
competições, a Universidade Federal
Concursos foi patrocinada pela Voto-
pelas empresas S&P Reinforcement,
da Bahia (UFBA) ganhou a Medalha
rantim Cimentos e os equipamentos
Penetron e Lanxess, respectivamen-
Concreto 2016, bem como uma licen-
de testes foram gentilmente cedidos
te. A equipe vencedora do Ousadia
ça estudantil do software da TQS Infor-
pela Instron/Emic.
recebeu o prêmio de 11 mil reais,
mática para cada membro da equipe.
patrocinado pela empresa Mendes
Conheça a seguir os premiados!
Com vistas a tornar a experiência
aconteceu
no Estudantes reunidos para o jantar Concrete Lovers
ainda mais cativante, os inscritos nos concursos são incentivados a buscar patrocínios para seus projetos e participam gratuitamente de um jantar com palestras e sorteios. Tudo para incentivar ainda mais a integração entre os estudantes e destes com os profissionais da cadeia produtiva do concreto. Na edição deste ano o jantar – conhecido por Concrete Lovers – aconteceu no dia 12 de outubro, na Churrascaria Adega do Sul, e contou com as presenças ilustres do projetista Bruno Contarini, do professor Paulo Helene, do professor Augusto Carlos Vasconcelos, do presidente do IBRACON, Julio Timerman, e do engenheiro Carlos Britez, que trouxeram mensagens técnicas
Nelson Covas entrega Medalha Concreto 2016, concedida à equipe da Universidade Federal da Bahia pelo seu desempenho nos concursos CONCRETO & Construções | 37
u 58º CBC
Concurso Aparato de Proteção ao Ovo (APO)
A
competição desafia o estu-
consiste em soltar um
dante a projetar e construir
cilindro metálico, com
um pórtico de concreto
50 mm de diâmetro e
armado que seja resistente às cargas
massa de 15 kg, de
crescentes de impacto produzidas em
alturas
ensaio de carregamento dinâmico. O
mente maiores. Após
pórtico protege o ovo colocado sob
cada impacto, o ensaio
ele, de onde vem o nome do concurso.
prossegue se o APO
Os pórticos têm suas dimensões
resistir, protegendo o
avaliadas e suas massas determinadas
ovo sob ele. Dessa
antes dos ensaios. A precisão dimen-
forma, o cilindro é sol-
sional é crítica, sobretudo nas dimen-
to para as alturas de
sões das bases, pois o pórtico deve
1, 1,5, 2 e 2,5 metros.
ser encaixado no gabarito, que garante
Caso o APO ainda re-
seu alinhamento em relação ao dispo-
sista, o cilindro é solto
sitivo de aplicação da carga. O aparato
três vezes, encerrando-se o ensaio.
progressiva-
Certificado concedido à equipe participante do APO
No caso de equipes que tenham inscri-
que não atender os requisitos de for-
A pontuação obtida por cada equi-
to mais de um APO, a pontuação con-
mato, geometria, dimensão e massa
pe é a somatória das alturas de impacto
siderada é a do melhor APO. Vence a
do Regulamento do Concurso é auto-
resistidas pelo APO antes de o ovo ser
equipe que obteve a maior pontuação.
maticamente desclassificado.
danificado, seja pela ruptura do APO,
Em caso de empate, a equipe vencedo-
seja por cair lascas do APO sobre ele.
ra é a do APO com menor massa.
O ensaio de carregamento dinâmico
Equipe participante acompanha ensaio com seu pórtico
38 | CONCRETO & Construções
APO resiste a impacto protegendo o ovo sob ele
à Premiação APO 2016
1º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado Paulo Murgel, da S&P Reinforcement, entrega prêmio a equipe vencedora do APO
PONTUAÇÕES Massa: 3767g | Pontuação: 5
2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa Equipe segunda colocada com prêmio APO
PONTUAÇÕES Massa: 3774g | Pontuação: 5
3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) EQUIPE Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron ORIENTADORAS Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli PONTUAÇÕES Massa: 3052g | Pontuação: 3
Equipe da Unoesc posa com prêmio pela terceira colocação no APO
CONCRETO & Construções | 39
u 58º CBC
Concurso CONCREBOL
O
CONCREBOL
desafia
o estudante a construir uma
bola
(esfera)
de
concreto leve, com dimensões pré-estabelecidas e que seja capaz de rolar em uma trajetória retilínea. O concurso testa a habilidade dos estudantes para desenvolver um método construtivo e para produzir concretos leves e homogêneos, com bons parâmetros de resistência. Formado por quatro etapas: u Medição do diâmetro e volume
das bolas de concreto; u Medição da massa das bolas de
concreto
e
determinação
das
massas específicas dos concretos utilizados na confecção dessas bolas;
Capitão da equipe acompanha ensaio de resistência à compressão de sua bola de concreto
u Avaliação da uniformidade física
das bolas de concreto por meio
maior pontuação final, calculada segundo a equação:
de um equipamento de impulso, dotado de um
PF =
pêndulo de 20 kg de onde:
alavanca de 80 cm, libe-
PF é o valor da pontuação final;
rado segundo um ângu-
P é a máxima carga no ensaio de re-
lo de 37°, que, ao atingir
sistência à compressão (kN);
as bolas, faz com que
r é o raio da bola, em metros (m);
elas se movimentem por
V é o volume da bola (m3);
uma pista plana de rola-
m é a massa da bola, em quilogramas
mento em direção a um
(kg);
gol com dimensões de
C1 é o coeficiente de uniformidade;
40 cm x 35 cm - chute
F é o fator atribuído ao diâmetro da
convertido em gol vale
bola em função do desvio médio das
1; não convertido vale
três medidas de seu diâmetro. No caso de equipes que tenham
u Avaliação da resis-
inscrito mais de uma bola, a pontu-
tência
ação considerada é a da bola com
das
à bolas
compressão por
meio
de ensaio.
40 | CONCRETO & Construções
[1]
massa com braço de
0,6;
Equipe participante acompanha ensaio de uniformidade da bola de concreto
2•P V x x C1 x F m 4 • p • r2
Vence o concurso a equipe que conseguir a
melhor resultado. Em caso de empate, a equipe campeã é a que concorreu com a bola com menor massa específica.
à Premiação CONCREBOL 2016
1º Lugar INSTITUIÇÃO Instituto Mauá de Tecnologia
Adair da Rosa, da Penetron, entrega o prêmio à equipe vencedora do Concrebol
EQUIPE Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga ORIENTADORES Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,109m | F: 0,97 | Massa (m): 8,962kg | C1: 1 Carga (P): 339,969kN | Pontuação final (PF): 2,674
2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI
Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol
Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol
EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,108m | F: 0,99 | Massa (m): 7,608kg | C1: 1 Carga (P): 278,901kN | Pontuação final (PF): 2,633
CONCRETO & Construções | 41
u 58º CBC
à Premiação CONCREBOL 2016
3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) EQUIPE Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol
Equipe comemora premiação no Concrebol
ORIENTADORAS Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 219mm | Raio: 0,110m | F: 1 | Massa (m): 9,282kg | C1: 1 Carga (P): 324,038kN | Pontuação final (PF): 2,548
Menção Honrosa INSTITUIÇÃO Faculdade Católica do Tocantins (FACTO) EQUIPE Klicha Kelen Boni Rosa, Jônatas Macêdo de Souza, Danilo Rodrigues Martins, Mirelle de Souza Neres Equipe da FEI foi também premiada pelo segundo lugar no Concrebol
Menção Honrosa à equipe FACTO, pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016
ORIENTADOR Alexon Braga Dantas PONTUAÇÕES Diâmetro médio: 220mm | Raio: 0,110m | F: 0,97 | Massa (m): 9,476kg | C1: 1 Carga (P): 308,484kN | Pontuação final (PF): 2,320
NOTA: Na avaliação definitiva dos resultados, foi verificado que a equipe da FACTO (Faculdade Católica do Tocantins) foi a vencedora do 4º lugar do Concurso CONCREBOL, resultado este diferente do divulgado no Jantar de Encerramento do Congresso. Desta forma e em consideração ao excelente desempenho da equipe, a Comissão Organizadora concede à equipe FACTO a Menção Honrosa pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016.
42 | CONCRETO & Construções
Concurso Concreto Colorido de Alta Resistência (COCAR)
O
objetivo do concurso é testar a habilidade dos estudantes na preparação
de concretos resistentes, compactos e coloridos. Desafiam-se os estudantes a moldarem um corpo de prova cúbico, com 10 cm de aresta, com concreto colorido de alta resistência. A competição é formada por quatro etapas: u Medição das dimensões e massa
dos corpos de prova, e avaliação de suas colorações com base numa palheta de cores, com atribuição de coeficientes de 0 a 1 (C1); u Determinação da compacidade dos
Estudantes posam com seus corpos de prova coloridos antes do ensaio de resistência à compressão do Cocar
corpos de prova através do ensaio
u Avaliação da resistência à compres-
de velocidade ultrassônica (m/s), com
são dos corpos de prova por meio
concurso.
atribuição de coeficientes (C2) entre
de ensaio;
A pontuação final de cada corpo de
0,7 (menor velocidade do concurso) e 1 (maior velocidade do concurso);
u Inspeção visual dos corpos de pro-
especificações do Regulamento do
prova é calculado pelas expressões:
va rompidos para ver se atendem às PF = fc . C1 . C2
fc =
F d 1 . d2
[1]
Onde: fc é a resistência à compressão do corpo de prova (MPa); F é a máxima carga no ensaio de resistência à compressão (kN); di são as dimensões das arestas medidas na face de ruptura do corpo de prova (mm); C1 é o coeficiente de cor; C2 é o coeficiente de compacidade. Vence o concurso a equipe com o corpo de prova que obteve a maior pontuação final. Em caso de empate, a equipe vencedora é a do corpo de proCorpo de prova despedaça-se no ensaio de resistência à compressão
va com menor massa. CONCRETO & Construções | 43
u 58º CBC
à Premiação COCAR 2016
1º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo. Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado Tânia Regina Moreno, da Lanxess, entrega prêmio ao vencedor do Cocar
PONTUAÇÕES M: 2,6497kg | D1: 101,4mm | D2: 101,8mm | C1: 0,90 | C2: 0,91 | F: 1646,896kN fc: 159,591MPa | PF: 131,073MPa
2º Lugar INSTITUIÇÃO Centro Universitário da FEI EQUIPE Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva ORIENTADOR Rui Barbosa de Sousa Equipe da FEI com prêmio pela segunda colocação no Cocar
PONTUAÇÕES M: 2,6847kg | D1: 100,8mm | D2: 101,4mm | C1: 0,90 | C2: 0,96 | F: 1502,729kN fc: 147,007MPa | PF: 126,853MPa
3º Lugar INSTITUIÇÃO Instituto Mauá de Tecnologia EQUIPE Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga Equipe posa com prêmio pela terceira colocação
ORIENTADORES Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon PONTUAÇÕES M: 2,3917kg | D1: 100,2mm | D2: 100,5mm | C1: 1 | C2: 0,9 | F: 1408,198kN fc: 139,840MPa | PF: 126,542 MPa
44 | CONCRETO & Construções
Concurso Ousadia
E
laborar um estudo
culturais – na definição da so-
para a concepção
lução arquitetônica adotada.
de um projeto preli-
Preliminarmente, os pro-
minar integrado de arquitetura
jetos foram avaliados sob os
e engenharia de uma obra de
critérios do sistema constru-
arte em concreto que pos-
tivo adotado, com relação à
sibilite a acessibilidade entre
sua estabilidade, durabilidade
a Rua Sapucaí e o túnel de
e manutenção, recebendo
acesso ao Metrô e à Praça da
notas de 1 a 10, pelos mem-
Estação, de modo a promover
bros da Abece Inovação:
a requalificação urbanística da
Renato Rodrigues Coelho,
Rua Sapucaí e seu entorno,
Maquete do projeto vencedor do Ousadia 2016
Luciano Rodrigues Coelho,
no bairro Floresta da cidade
Pedro Ribeiro Azevedo, Ana
de Belo Horizonte, em Minas
Paula Silveira, Ricardo Ga-
Gerais. Este foi o desafio feito
ranhani Neto, Ramon Costa
aos estudantes dos cursos de
Nascimento, Daniela Baldas-
Engenharia Civil, Arquitetura
sarri e Douglas Couto. Em
e Tecnologia pelo Concurso
seguida, os projetos foram
Técnico do IBRACON – Ou-
avaliados por uma comissão
sadia 2016.
local, formada por represen-
A proposta deve eviden-
tantes da Prefeitura de Belo
ciar uma percepção global
Horizonte, que atribuiu notas
do local, considerando seus
de 1 a 10. Por fim, os projetos
usos, a paisagem urbana, a
foram apresentados em três
preservação do patrimônio
Maquete do projeto segundo colocado
cultural, as formas naturais
pranchas no tamanho A1 da ABNT e numa maquete física,
e as matérias-primas dispo-
representada em escala, com
níveis, conciliando-a com o
no máximo 1m2 de área, no
uso do concreto, a dimen-
Minascentro, e foram avalia-
são e proporções da obra de
dos pela comissão julgado-
intervenção.
ra do concurso, que atribuiu
Os objetivos do Concurso
notas de 1 a 10 a cada um
são: desenvolver a aptidão
dos quesitos arquitetônicos
dos alunos na concepção
considerados.
de projetos ousados; am-
Os três projetos mais
pliar os conhecimentos dos
bem pontuados receberam
estudantes sobre a tecno-
os prêmios de Vencedor (1º
logia do concreto; aumentar
o
entrosamento
entre
Maquete do projeto terceiro colocado
lugar), Destaque (2º lugar) e Mérito (3º lugar). O critério de
estudantes de arquitetura, engenha-
importância de se considerar as condicio-
desempate foi o menor volume total de
ria civil e tecnologia; e evidenciar a
nantes locais – ambientais, econômicas e
concreto empregado. CONCRETO & Construções | 45
u 58º CBC
à Premiação Ousadia 2016
1º Lugar INSTITUIÇÃO Escola de Engenharia de São Carlos | Universidade de São Paulo EQUIPE Álison Toledo, Amanda Basso Morelli, Ana Carolina Faria, Caio Agrizzi, Fabiana Granusso, Gabriel Miranda de Faria, Guilherme Grigio Gabriel, Hugo Lourenço, Ingridth Hopp, João Perdoná, Juan Leles, Luciane Sobral, Masae Kassahara, Renan Antiqueira, Rodrigo Frederice, Gustavo Baeta ORIENTADORES Ricardo Carrazedo, Givaldo Luiz Medeiros, Luciana B. Martins Schenk Carlos Britez, representando a Mendes Lima Engenharia, entrega prêmio ao vencedor do Ousadia
PONTUAÇÃO 737
2º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Presbiteriana Mackenzie EQUIPE Adriana Araújo, Augusto Estevão Soares de Souza, Aya Saito, Flávia Leisnoch Lima, Gabriel Barbeiro Pisani, Gabriel Gomes de Araújo, Gabriel Martins Ramos, Helena Kaori Gomes Silva, Jéssica Santana Soares, Juliana Villar Valença, Lígia Oliva Doniak, Luis Fernando Guimarães, Luiza Vianna Figueiredo, Mauricio Canton Pladevall, Nathalia da Mata, Patrícia Sanvito Bonilha, Paula Leonhardt Miguel, Paula Patocs Alcântara, Rafaela Chaves Dias Honório, Renato Conceição de Almeida, Talita Ezequiel dos Santos, Victor Bitancourt Sodré, Victor Hugo Oliveira, Vinicius Silva Caruso Segunda colocada no Ousadia posa para foto na premiação
ORIENTADORES Alfonso Pappalardo Junior, Eleana Patta Flain, Mauro Claro PONTUAÇÃO 712
3º Lugar INSTITUIÇÃO Universidade Federal da Bahia (UFBA) EQUIPE Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva
Equipe terceira colocada posa com prêmio
46 | CONCRETO & Construções
ORIENTADORES Antônio Sérgio Ramos da Silva PONTUAÇÃO 679
Comitê Técnico trabalha para a normalização do concreto reforçado com fibras
O
concreto reforçado com
desconhecimento no meio técnico so-
Internationale du Béton), com vistas a
fibras (CRF) é um compó-
bre o tema, o que dificulta o uso disse-
desenvolver textos técnicos, com base
sito caracterizado por uma
minado do CRF.
em ensaios, pesquisas e na literatura
matriz cimentícia com fibras descontí-
No sentido de contribuir para os
técnica, para auxiliar nos trabalhos de
nuas. Usado com a finalidade estru-
avanços nessa área, o Instituto Brasileiro
normalização referentes ao projeto es-
tural, o CRF tem excelente comporta-
do Concreto (IBRACON) e a Associação
trutural e procedimentos de controle,
mento nos Estados Limite Último e de
Brasileira de Engenharia e Consultoria
bem como divulgar as recomendações
Serviço, em elementos estruturais com
Estrutural (ABECE) criaram em 2015 o
consensuadas entre seus integrantes
substituição parcial ou total das arma-
Comitê Técnico de uso de materiais não
para o emprego desses materiais.
duras de aço. Sem finalidade estrutu-
convencionais para estruturas de con-
O CT-303 é formado por quatro gru-
ral, o CRF propicia melhor controle da
creto, fibras e concreto reforçado com
pos de trabalho, denominados GT- 1
abertura e do espaçamento de fissuras
fibras (CT-303), que está sob a coorde-
(Estruturas de concreto reforçado com
e favorece a capacidade resistente ao
nação do engenheiro da Evolução Enge-
fibras), GT-2 (Reforço de estruturas
fogo do concreto, com maior desem-
nharia, Marco Antônio Cárnio.
existentes de concreto com materiais
penho em serviço e durabilidade.
O objetivo do Comitê é integrar a
não convencionais), GT-3 (Estruturas
Como o uso de fibras no concreto
cadeia da construção voltada ao uso
de concreto com armaduras de mate-
não é normalizado no Brasil há certo
de materiais não convencionais que
riais não convencionais) e GT-4 (Carac-
sirvam ao reforço
terização de materiais não convencio-
externo de estru-
nais e fibras para reforço estrutural).
turas de concre-
As discussões no âmbito dos GT-1
to existentes e ao
e GT-4 sobre concreto reforçado com fi-
reforço interno de
bras estão em estágio avançado, tendo
estruturas de con-
sido realizado em abril/2016 o primei-
creto novas, bem
ro Workshop Internacional IBRACON/
como ao concre-
ABECE “Concreto Reforçado com
to reforçado com
Fibras”, onde foram debatidas impor-
fibras,
con-
tantes questões para a normalização
sonância com os
técnica do CRF no país, como a ca-
trabalhos
desen-
racterização e a especificação de fibras
volvidos no âmbito
destinadas ao reforço estrutural, as di-
internacional
pela
retrizes de projeto do concreto reforça-
(International
do com fibras, métodos de ensaio para
ISO
em
for
a caracterização do CRF como material
Standardization) e
estrutural e as perspectivas no uso de
pela fib (Fédération
macrofibras poliméricas, de fibras de
Organization Eng. Marco Antônio Cárnio em sua palestra no lançamento da Prática Recomendada
CONCRETO & Construções | 47
u 58º CBC
tipo de macrofibra e os ensaios para
Essa Prática foi concebida para o
avaliação do comportamento mecâni-
projeto de elementos estruturais em
co do CRF (como o ensaio à flexão de
concreto reforçado com fibras por aná-
prismas de CRF com entalhe e o ensaio
lise elástica linear ou não linear, plásti-
por duplo puncionamento do CRF).
ca ou por meio de modelos físicos. “A Prática contempla uma divisão de dois
PRÁTICA RECOMENDADA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS
grupos de estruturas: elementos estru-
Fruto do trabalho do GT-1 do CT
elástico (Grupo A) e outros elementos
vidro e de fibras de aço para reforço do
303, foi lançada no 58º Congresso Bra-
estruturais de CRF, como elementos
concreto. Atualmente encontra-se em
sileiro do Concreto a Prática Recomen-
lineares, de superfície ou de volume
discussão o procedimento de contro-
dada “Projeto de Estruturas de Concreto
(Grupo B)”, esclareceu Cárnio no lança-
le da qualidade do concreto reforçado
Reforçado com Fibras”, que estabelece
mento e apresentação da publicação.
com fibras, sendo que os membros do
os requisitos mínimos de desempenho
Baseada nas referências normati-
GT-4 têm se encontrado nas primeiras
mecânico do concreto reforçado com
vas Mode Code 2010 da fib e no Ane-
sextas-feiras de cada mês na Escola
fibras para a substituição parcial ou total
xo 14 da Instrução do Concreto Estru-
Politécnica da USP, para debater, entre
das armaduras convencionais nos ele-
tural do Governo Espanhol, a Prática
outros assuntos, o controle do teor de
mentos estruturais de concreto e indica
Recomendada está também alinhada
fibras no concreto no estado fresco, o
ensaios para a avaliação do comporta-
com
modo de preparo do CRF para cada
mento mecânico do CRF.
tê de materiais não convencionais de
Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado com Fibras
turais de CRF que apresentam capacidade de redistribuição de esforços, considerando a interface com o meio
as
discussões
do
Subcomi-
u Principais Atividades dos Comitês Técnicos em 2016 CT -201 Comitê Técnico IBRACON de Reação Álcali Agregado
Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15577, norma brasileira que estabelece os requisitos e critérios para avaliação e prevenção da reação álcali-agregado (composta de seis Partes) Desenvolvimento da Prática Recomendada “Aplicação da ABNT NBR 15577 para avaliação e prevenção da RAA”
CT -202 Comitê Técnico IBRACON de Concreto Autoadensável
Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15823, norma que estabelece como deve ser realizado o controle e a aceitação do concreto autoadensável no estado fresco e traz o detalhamento dos ensaios (composta de seis Partes) Realização do III Seminário sobre Pesquisas e Obras em Concreto Autoadensável, realizado durante o 58º CBC
CT-303 Comitê IBRACON/ABECE de Uso de Materiais Não Convencionais para Estruturas de Concreto, Fibras e Concreto Reforçado com Fibras
Realização do Workshop Internacional sobre Concreto Reforçado com Fibras, em abril deste ano nas dependências da Escola Politécnica da USP Desenvolvimento da Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado Com Fibras”
CT-402 Comitê IBRACON de Ensaios Não Destrutivos
Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão das ABNT NBR 8802 (ensaio de ultrassonografia em concreto endurecido) e ABNT NBR 7584 (ensaio de avaliação da dureza superficial do concreto por esclerometria) Desenvolvimento da Prática Recomendada de Ensaios não Destrutivos, a ser lançada em breve Realização do Simpósio de Ensaios não Destrutivos para avaliação das estruturas de concreto, realizado durante o 58º CBC
CT-801 Comitê IBRACON de Atividades Estudantis
Realização de quatro Concursos Técnicos Estudantis (Concrebol, APO, COCAR e Ousadia) durante o 58º CBC
48 | CONCRETO & Construções
reforço estrutural do Comitê de concreto, concreto armado e concreto protendido da ISO (ISO/TC71, Concrete, reinforced
concrete
and
pre-stres-
sed concrete, SC 6, Non-traditional reinforcing materials for concrete structures), por ter a professora da Universidade de Minas Gerais, Sofia Diniz, como representante da ABNT na ISO e como
Eng. Inês Battagin em sua apresentação do balanço das atividades dos Comitês Técnicos em 2016
membro do Comitê Técnico de Ativida-
mento, Concreto e Agregados da Asso-
comendadas sobre controle da qua-
des (CTA) do IBRACON, que dá suporte
ciação Brasileira de Normas Técnicas)
lidade do CRF, controle do teor de
às atividades de seus Comitês.
e Diretora Técnica do IBRACON, Enga.
fibras no estado fresco, macrofibras
Inês Battagin, com a publicação desta e
poliméricas para concreto estrutural,
pelo
de outras práticas relacionadas ao con-
macrofibras de vidro álcali-resistentes
IBRACON/ABECE e contou com o
creto reforçado com fibras, o IBRACON e
para concreto estrutural, caracteriza-
patrocínio da Arcelor Mittal, Owens
a ABECE esperam contribuir para desen-
ção do CRF por flexão de prismas com
Corning e Braskem.
volver uma norma brasileira sobre CRF.
entalhes e por duplo puncionamento.
Com 39 páginas, a Prática, em formato
e-book,
foi
editada
do
Estão previstas, como resultados
ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de Ci-
dos trabalhos no CT-303, práticas re-
Segundo
a
Superintendente
FÁBIO LUÍS PEDROSO
CONCRETO & Construções | 49
u 58º CBC
Seminário debate o que deve mudar nos cursos, nos professores e nos alunos para formar mais e melhores engenheiros civis
P
or que a evasão nos cursos de engenharia no Brasil é tão alta? Por que os alu-
nos parecem desmotivados nas salas de aula? Qual é o perfil atual do aluno brasileiro dos cursos de engenharia? A formação do engenheiro tem atendido bem as demandas econômicas e sociais? O ensino evoluiu com a mudança de perfil dos alunos e com o extraordinário desenvolvimento tecnológico do século XX? A qualidade dos cursos brasileiros de engenharia é boa? Existe necessidade de se expandir a formação de engenheiros no país? Essas e outras questões perme-
Prof. Marcos Tozzi em momento de sua palestra sobre ameaças e oportunidades no ensino de engenharia no Seminário
aram as discussões no I Seminário
dades e universidades privadas. São
dos professores e alunos. Ele exempli-
IBRACON sobre o Ensino de Engenha-
formados por ano em torno de 60 mil
ficou que os estudantes de engenharia
ria Civil, ocorrido no dia 13 de outubro
engenheiros, número que poderia pra-
são bastante criativos, mas demasia-
como evento paralelo do 58º Congres-
ticamente dobrar se a evasão nesses
damente arrogantes. Já os docentes
so Brasileiro do Concreto, no Minas-
cursos não fosse tão elevada – média
raramente possuem uma formação
centro, em Belo Horizonte.
de quase 50%, segundo cálculo do
pedagógica adequada, carecendo de
professor da Universidade Federal de
teorias sobre o processo de aprendiza-
Juiz de Fora, Vanderli Fava de Oliveira.
gem professor-aluno, de métodos mais
Segundo o Censo da Educação Superior e o portal do Ministério da Educação (e-MEC), existem atualmente
Para o vice-presidente da Associa-
eficazes de avaliação dos alunos e de
no país cerca de 4446 cursos de enge-
ção Brasileira de Educação de Enge-
uma postura de humildade em sala
nharia em todas as modalidades (civil,
nharia (Abenge), Marcos José Tozzi, um
de aula. Para Tozzi, o ensino de enge-
produção, mecânica, elétrica, química,
dos palestrantes no Seminário, o cená-
nharia no país também precisa mudar
etc.), mais da metade deles em facul-
rio clama por mudanças na formação
para uma abordagem do aprendizado
50 | CONCRETO & Construções
Aluno Vinícius Caruso comenta Carta de Belo Horizonte, manifesto dos alunos para melhorar o ensino de engenharia civil no país
baseado em casos práticos. “É preciso
CON, tive pessoalmente
u Vídeos do TED (Technology, Enter-
que realizar ensaios no
tainment and Design), programa de
laboratório, aprender por
imersão de especialistas em tecno-
conta própria o que não
logia, entretenimento e criação, com
havia aprendido nas au-
duração de uma semana, realizado
las e me habilitar a vencer
duas vezes por ano – o programa já
os desafios propostos
reuniu mais de 1200 especialistas e
nos concursos por meio
redundou em mais de 2300 pales-
de tentativas e erros”,
tras sobre os mais diversos assun-
testemunhou o aluno da
tos, como as de Laurent Alexandre
Universidade Mackenzie,
(nanotecnologia, ciências cogniti-
Vinícius Caruso, a quem
vas, informática e biotecnologia),
coube a leitura do manifesto.
Ray Kurzweil (pensamento híbrido
Este espírito empreendedor foi
e inteligência artificial), Sergei Brin
A palestra de Tozzi sobre as opor-
a tônica da palestra do presidente
(inteligência artificial) e Elon Musk
tunidades e ameaças no ensino de en-
do Instituto Ermínia Sant’Ana, Ruy
(carro elétrico popular, empresa de
genharia civil foi a deixa para a leitura de
Sant’Ana, com foco na formação pro-
locação de energia solar e foguete
um manifesto dos estudantes no qual é
fissional continuada. Com o advento
completamente reutilizável).
apontada a falha no ensino de engenharia
da internet, as fontes de conhecimen-
“Descubra seu talento, tenha amor
no país em oferecer oportunidades para
to diversificaram-se e estão acessíveis
pelo que faz, trabalhe duro e aproveite
aplicar os conhecimentos repassados
a qualquer aluno que disponha de um
as oportunidades! Este é o segredo para
em salas de aula – razão indicada para
computador ou celular e de uma cone-
o sucesso”, aconselhou Ruy Sant’Ana.
fazer para aprender!”, vaticinou.
a desmotivação dos alunos nos cursos.
xão à web. Ruy citou:
NOVA ESTRUTURA CURRICULAR
A Carta de Belo Horizonte (leia nes-
u Open Course Ware, plataforma on-
ta edição) foi escrita pelos estudantes
-line que disponibiliza 2340 cursos
Para formar essas e outras compe-
dos cursos de engenharia civil, parti-
de graduação e pós-graduação do
tências nos alunos de engenharia civil a
cipantes dos concursos técnicos do
Instituto Tecnológico de Massa-
Escola Politécnica da Universidade de
IBRACON, vistos por eles como uma
chussets (MIT);
São Paulo (Poli-USP), herdeira de uma
necessária
u i Tunes U, que oferece cursos das
estrutura político-pedagógica das uni-
para sua boa formação. “Com minha
universidades de Harvard, Stanford,
versidades alemãs, iniciou um trabalho
participação nos concursos do IBRA-
Oxford, Yale, entre outros;
de reestruturação curricular nos anos
atividade
complementar
Prof. Ruy Sant’Ana (esq.), ladeado pelos coordenadores do Seminário, Luís Cesar De Luca e César Daher, em momento de sua palestra sobre educação continuada CONCRETO & Construções | 51
u 58º CBC
1990.
Oito
professores
visitaram,
Dez anos depois, tiveram início
durante 40 dias, escolas europeias
na Poli-USP as discussões para uma
e americanas de engenharia, para
transformação radical do ensino de
conhecer os princípios, o conteúdo,
graduação, com a criação de uma
a carga horária e as perspectivas de
comissão de graduação, um website
pesquisas nessas escolas de exce-
para receber sugestões de mudanças
lência. Em seguida, foi criada uma
de alunos e ex-alunos e uma comissão
comissão de reestruturação dos cur-
de notáveis, formada por presiden-
sos de graduação da Poli-USP, cujos
tes e diretores de grandes empresas,
trabalhos
1998,
governos e instituições, para indicar
numa nova estrutura curricular, com
suas necessidades atuais e futuras em
redução da carga horária (32h para
termos de competências almejadas
28h semanais), para possibilitar aos
na contratação de engenheiros civis.
alunos fazerem estágios; na forma-
A comissão de graduação elaborou o
cos, científicos, tecnológicos e ins-
ção pedagógica dos seus professo-
plano político-pedagógico, com base
trumentais à engenharia;
res, com o oferecimento de cursos
nessas discussões e colaborações,
de pedagogia para melhoria do de-
descrevendo 17 competências mínimas
sempenho didático dos docentes; e
comuns para os cursos de engenharia,
na estruturação do trabalho de for-
sendo três básicas, seis profissionais
matura como momento para o aluno
e oito técnicas, entre as quais foram
acompanhar criticamente um projeto
destacadas:
coordenar projetos e serviços de
ou obra de grande porte.
u aplicar conhecimentos matemáti-
engenharia;
redundaram,
em
Prof. José Balbo em sua palestra sobre a reforma curricular na Poli-USP no Seminário
u projetar e conduzir experimentos e
interpretar resultados; u conceber, projetar e analisar siste-
mas, produtos e processos; u planejar, supervisionar, elaborar e
C A R TA D E B E L O H O R I Z O N T E | E n g e n h a r i a
O
Brasil é um país por se construir. Seu desenvolvimento interessa a cada cidadão. Dado o verbo que se usou (construir), parte dos desafios que devem ser enfrentados diz respeito à infraestrutura. Há os entraves de mobilidade urbana; déficit habitacional; saneamento básico e a problemática da geração de energia. O objetivo deste manifesto não é o de enfocar esses problemas. Mas o de discorrer sobre um fato, unânime: para o enfrentamento dessas questões, o Brasil precisa de Engenharia Civil. O Brasil precisa de bons Engenheiros Civis. Para tanto, vamos direto ao ponto: a evasão nos cursos de engenharia. Muito se fala a respeito, pouco se faz. A maioria das falas atribui o problema ao frágil Ensino Médio. Pouco se fala da desmotivação dos alunos. As Escolas de Engenharia raramente conseguem sair do trinômio sala de aula/listas de exercícios/provas. Entendemos que a prática da Engenharia é muito mais do que isto. A sala de aula imobiliza, torna o aprendizado passivo. Provas são método de avaliação questionável. Como instrumento estatístico, as chances de erro são grandes: seja por sua má formulação, seja pelo preparo inadequado por parte dos alunos ou por problemas emocionais deles. Oportunamente, deve-se lembrar que engenheiros civis não são contratados para fazer provas, mas fazer projetos, obras ou atividades relacionadas a esses processos.
52 | CONCRETO & Construções
Vivemos no século XXI, no qual a informação exerce predominância. Frações de segundos são suficientes para que uma enxurrada de dados apareçam. Os estudantes são ágeis, impacientes, questionadores. O conteúdo dado no curso deve ser absorvido na maior proporção possível. É preciso que ocorra a síntese do conhecimento, englobando todas as áreas da engenharia, e que as atividades extrapolem o momento da exposição em sala de aula ou a realização de exercícios, repetidos e mecânicos. É importante deixar claro que esses são processos indispensáveis para a construção do conhecimento, mas não podem ser os únicos. É necessário preparar o aluno para manter postura ativa frente aos desafios profissionais. Fazê-lo sedento pela descoberta do conhecimento, da lógica dos processos, da resolução de problemas. O engenheiro é prático. Dessa maneira, trabalhar a teoria sem apontar aonde ela será aplicada é um erro. Sempre que possível, esta ação deve acontecer in loco, por meio do contato com situações e ambientes reais. É de grande importância privilegiar na grade curricular a visão de empreendimento: porque e como se identifica a necessidade de uma intervenção de engenharia, como se projeta, como se executa/fiscaliza a obra, como recursos são captados/geridos para sua viabilização, e como se dão os processos que envolvem tópicos jurídicos e ambientais.
u identificar, formular e resolver pro-
blemas de engenharia; u desenvolver e/ou utilizar novas fer-
ramentas e técnicas; u supervisionar a operação e a manu-
tenção de sistemas;
curricular da Poli-USP no Seminário, sua
dade de habilitação de sua escolha, ou
pedra angular foi dar maior flexibilidade
iniciar o mestrado, cursando disciplinas
e mobilidade aos estudantes entre os
para obter créditos para realizar o exame
cursos de engenharia. A formação em
de qualificação.
ciências básicas (matemática, ciências naturais, ciência dos materiais e ciências
u avaliar criticamente a operação e a
sociais) foi reduzida para cinco semestres
MAIS ENGENHEIROS BEM FORMADOS
e a formação em ciências de engenharia
As mudanças e propostas discuti-
(gerenciamento de empreendimentos,
das no Seminário para os cursos de en-
formas escrita, oral e gráfica;
projeto, operação e manutenção), amplia-
genharia no país miraram as posturas
u atuar em equipes multidisciplinares;
da para oito semestres. Ao aluno é dada a
éticas, pessoais e coletivas, bem como
u compreender e aplicar a ética e res-
liberdade de escolha em nove disciplinas,
as competências técnicas, comunicati-
para qualquer uma oferecida pela USP.
vas e de relacionamento, imprescindí-
u avaliar o impacto das atividades
A primeira disciplina para a habilitação
veis para que os engenheiros forma-
da engenharia no contexto social e
é cursada no primeiro semestre, sendo
dos sejam habilitados a enfrentarem
ambiental;
que a habilitação é obtida no oitavo se-
os desafios do milênio com relação às
mestre. A carga horária de 28h semanais
necessidades humanas por infraestru-
é reduzida para 24h no oitavo semestre.
tura, habitação, mobilidade urbana, sa-
u assumir a postura de permanente
O último ano, com carga horária de 20h
neamento básico, geração de energia,
busca de atualização profissional.
semanais, foi transformado em módulo de
sustentabilidade no setor construtivo,
Segundo o professor José Tadeu Bal-
formatura, no qual existe a possibilidade
entre outras. Neste sentido são propos-
bo, que participou da comissão de gradu-
do aluno fazer seu trabalho de conclusão
tas que se inserem num contexto de
ação e que fez o relato da reestruturação
e o estágio supervisionado na modali-
transformação do ensino de engenharia
manutenção de sistemas; u comunicar–se eficientemente nas
ponsabilidade profissionais;
u avaliar a viabilidade econômica de
projetos de engenharia;
civil
brasileira:
motivar
para
Não é possível que o estudante não tenha motivação para frequentar a faculdade. É preciso estimulá-lo a gostar do que faz, tornando essa atividade envolvente, prazerosa. Não há como melhorar o nível do ensino sem que existam alunos motivados. É neste sentido, de motivar, que os concursos técnicos (APO, CONCREBOL, COCAR e OUSADIA) promovidos pelo IBRACON funcionam. Todos apresentam elevado rigor técnico e provocam positivamente os alunos a buscar soluções que compreendem vários tópicos estudados nas cadeiras de Materiais de Construção, Análise Estrutural e Estruturas de Concreto. Para tanto, há que se ter trabalho em equipe, aplicar corretamente as normas técnicas pertinentes, praticar ferramentas de gestão para organização da viagem para o CBC, captar e gerir recursos, dialogar com empresas para obtenção de insumos e manipular de ferramentas de comunicação. A convivência entre alunos é outro aspecto a ser observado, pelo intercâmbio cultural que é realizado. Ademais, há a desconexão das disciplinas do chamado “ciclo básico” com as disciplinas do “ciclo profissionalizante”. O problema não está no ciclo básico em si, já que ele é o responsável por moldar o raciocínio lógico e objetivo do engenheiro. A falha está na falta de oportunidades para aplicar esses conhecimentos. Os concursos são ótimos para tal.
construir Entendemos que a prática dos concursos precisa ser ampliada para outras áreas da Engenharia Civil, inclusive podendo ser pensada como método de avaliação em alguns casos e/ou como uma atividade complementar obrigatória para a obtenção da habilitação profissional, por meio dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia. Este documento não sugere acabar com as práticas tradicionais, mas questioná-las como “verdade absoluta”. A mudança é lenta, mas é preciso que ela comece em algum momento. Queremos reunir compromissados com o aperfeiçoamento dos cursos de Engenharia Civil no Brasil. Queremos ações práticas, e o engajamento do governo, mercado, sociedade civil e academia. Só assim é que será possível projetar e construir o Brasil concreto. Belo Horizonte (MG), outubro de 2016. ENG. JÉSSIKA PACHECO Diretora de Atividades Estudantis, representando os estudantes de Engenharia Civil pertencentes às Instituições de Ensino Superior localizadas em todo território nacional, participantes dos concursos técnicos do IBRACON
CONCRETO & Construções | 53
u 58º CBC
no país e no mundo. Certamente nes-
9,13, segundo dados da publicação “For-
ensino-aprendizagem,
sa transformação se inclui a evolução
talecimento das Engenharias”, publicado
com que o aluno deixe de ser o obje-
paulatina da qualidade dos cursos de
em 2015 pela organização Mobilização
to da aprendizagem para ser o sujeito
engenharia no Brasil. Dados de 2014
Empresarial pela Inovação (MEI).
do conhecimento, priorizando méto-
que
façam
do Sistema Nacional de Avaliação da
Os dados das pesquisas revelam
dos que façam o aluno aprender com
Educação Superior (Sinae) do Instituto
que o país precisa de mais e melhores
a prática, principalmente com seus
Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-
engenheiros civis.
erros, bem como integrando nas sa-
cacionais (Inep), vinculado ao Ministério
las de aula as novas tecnologias de
da Educação (MEC), mostraram que
MESA-REDONDA
mais de 60% dos 239 cursos de enge-
No final das apresentações, os pa-
u Definição de novos critérios para a
nharia civil avaliados em 2014 tiveram
lestrantes juntaram-se aos professores
contratação de professores, sendo
nota 3, enquanto apenas 25% desses
Eliana Monteiro, Paulo Helene, Luiz Pru-
a formação pedagógica e a didáti-
cursos tiveram nota 4 e 5. Consideran-
dêncio, presentes no auditório, ao aluno
ca de ensino critérios fundamentais
do apenas a nota dos alunos no Exame
Vinícius Caruso e aos coordenadores do
para a admissão de professores;
Nacional de Desempenho dos Estu-
Seminário sobre Ensino de Engenharia
u Busca de incentivo governamental
dantes (Enade), o quadro piora: quase
Civil, César Daher e Luís César De Luca,
para a graduação semelhante ao in-
50% dos alunos tiraram notas 1 e 2.
numa mesa-redonda para debater, com
centivo dado pela Coordenação de
“Os engenheiros profissionais atual-
o público presente, as ações para ala-
Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-
mente no mercado de trabalho brasileiro
vancar o ensino de engenharia civil no
vel Superior (Capes) aos cursos de
têm dificuldades com a gestão de pro-
Brasil. Das discussões surgiram as se-
pós-graduação.
jetos, de obras e de recursos, não tem
guintes propostas gerais:
“O IBRACON espera que este semi-
uma boa comunicação oral e escrita,
u Necessidade de mudanças nas es-
nário seja o primeiro de muitos. Espera-
e carecem de liderança e de uma boa
truturas curriculares das instituições
mos com as discussões e seu devido
atuação em equipes multidisciplinares”,
de ensino superior, implementadas
encaminhamento contribuir para que o
avaliou Tozzi.
por meio de programas de rees-
ensino da engenharia civil no país seja
Por outro lado, o Brasil, país por se
truturação que abram espaço para
gratificante, com professores que amam
construir, segundo dizem os alunos na
sondar os interesses dos alunos e
ensinar e alunos motivados a aprender e
Carta de Belo Horizonte, tem atualmente
ex-alunos, que procurem eliminar,
aplicar seus conhecimentos”, avaliaram
cerca de apenas 500 mil engenheiros civis
onde possível, os pré-requisitos para
os coordenadores do Seminário, profes-
no mercado de trabalho, com uma taxa
cursar disciplinas e que enfatizem a
sores Daher e De Luca.
de apenas 2,22 engenheiros por mil habi-
área de detalhamento de projetos;
tantes, bem abaixo da média mundial de
u Adoção de novas metodologias de
informação e comunicação;
FÁBIO LUÍS PEDROSO
Mesa-Redonda para discutir com o auditório o Ensino de Engenharia Civil no país, formada ao final do Seminário
54 | CONCRETO & Construções
u normalização técnica
Normas brasileiras sobre BIM WILTON SILVA CATELANI – Coordenador
EDUARDO TOLEDO SANTOS – Professor
Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE-134)
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP)
VGV – Valor Geral de Venda usado no
nacional. A razão é que seus benefícios
indústria da construção ci-
Brasil); e nessa mesma unidade de
são inúmeros e alcançam toda a cadeia
vil é pouco eficiente, con-
medida, o da indústria de manufatura
da Construção. Entretanto, BIM não é
sumindo e desperdiçando
era de 3,531 e o da indústria como
um conceito fácil de ser corretamente
muitos recursos materiais e humanos.
um todo era de 3,449. Após 10 anos,
entendido, e esse é um dos principais
Outro aspecto intrínseco aos pro-
em 2010, a indústria de manufatura
entraves que explicam porque tem de-
cessos e atividades realizados na
evoluiu para 5,023, enquanto a indús-
morado tanto o crescimento da sua
construção civil é a necessidade de
tria como um todo alcançou 4,496 e
adoção em alguns mercados.
lidar com um volume gigantesco de
a construção civil reduziu para 2,817
dados, e o envolvimento de muitas
yens/homem-hora.
1. INTRODUÇÃO
A
No Brasil, por uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
pessoas e organizações que pos-
Frente a esse diagnóstico a ques-
e Comércio Exterior (MDIC) em 2009,
suem motivações diversas, limitações
tão que se coloca mais uma vez é
foi criada a Comissão de Estudo Es-
e capacitações diferentes, de realizar
aquela já enunciada por Barros e
pecial de Modelagem de Informação
inúmeros processos e dezenas de
Cardoso (2011) [2]: como fazer para
da Construção, ABNT/CEE-134, que
trocas de informações durante a rea-
“[...] produzir mais, com a qualidade
foi incumbida de desenvolver normas
lização de qualquer empreendimento,
requerida, em menos tempo, com
técnicas sobre BIM. Três atividades
mesmo os mais simples.
menores custos, ao longo do ciclo de
foram definidas como os temas ini-
O pesquisador alemão Thomas
vida de um objeto construído, e de
ciais de trabalho da Comissão:
Bock, líder da área de construções e
forma sustentável [...]” na indústria da
u tradução da norma ISO 12006-2;
robótica da Universidade Técnica de
construção civil?
u desenvolvimento de um sistema
Munique, publicou no ano passado
Qualquer resposta passa, inexora-
um artigo [1] no qual afirma que os
velmente, pela necessidade da inova-
métodos convencionais da constru-
ção e mudanças.
de classificação para a Construção e; u desenvolvimento de diretrizes para
criação de componentes BIM.
ção civil já teriam alcançado seus limi-
O Building Information Modeling
tes de produtividade e que, portanto,
(BIM) ou Modelagem da Informação
Já no ano seguinte foi publicada a
nesse quesito, importantíssimo, a in-
da Construção é um conjunto de tec-
norma ABNT NBR ISO 12006-2:2010
dústria estaria estagnada já há alguns
nologias, processos e políticas que
Construção de edificação — Orga-
anos. Como evidência, compara da-
permite que várias partes interessa-
nização de informação da constru-
dos de produtividade da mão de obra
das possam, de maneira colaborativa,
ção - Parte 2: Estrutura para classi-
de outras indústrias, com a constru-
projetar, construir e operar uma edifi-
ficação de informação, que define
ção civil. Os dados foram coletados
cação ou instalação [3] (BIMDICTIO-
diretrizes e uma estruturação para a
no Japão entre 1990 e 2010. Em 90,
NARY, 2016).
concepção de sistemas de classifica-
os índices médios de produtividade
Segundo Bilal Succar [4], “a adoção
ção das informações da Construção,
da indústria da construção era 3,714
BIM atualmente é a expressão de ino-
permitindo o desenvolvimento de sis-
yens/homem-hora (na média, uma
vação para a indústria da construção
temas de classificação compatíveis
hora de trabalho de um homem, gera-
civil”, a tal ponto que, em alguns países,
internacionalmente.
va 3,714 yens – de valor reconhecido
como Reino Unido, Cingapura e Chile,
Para a segunda ação, toman-
pela indústria – similar ao conceito de
o BIM foi definido como uma estratégia
do essa Norma como referência, e CONCRETO & Construções | 55
tendo como texto-base o sistema de classificação norte-americano Omni-
u Quadro 1 – As tabelas da ABNT NBR 15965
Class™, foi iniciado o desenvolvimen-
Tema
Assunto
Tabela
Materiais
0M
Propriedades
0P
Fases
1F
Serviços
1S
terceira atividade planejada: o Grupo
Disciplinas
1D
de Trabalho de Componentes BIM
Funções
2N
Equipamentos
2Q
Componentes
2C
Elementos
3E
Construção
3R
Unidades
4U
Espaços
4A
Informação
5I
to do sistema brasileiro, descrito na seção 2 deste trabalho.
Características dos objetos
Em julho de 2012, decidiu-se criar um grupo de trabalho no âmbito da ABNT/CEE-134 para desenvolver a
Processos
(GT). As principais diretrizes desta
Recursos
frente de trabalho e alguns dos resultados serão descritos oportunamenResultados da construção
te, num segundo artigo.
2. O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DA CONSTRUÇÃO
Unidades e espaços da construção Informação da construção Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15965-1:2011.
Num mundo ideal não seria preciso iniciar nenhum trabalho do zero e sem-
lização e a combinação de diversos
do sistema de classificação dessa
pre seria possível aproveitar o esforço
termos, com seus correspondentes
Norma inclui toda a Indústria da Cons-
já feito por alguns e então, partindo do
códigos, oriundos de diferentes tabe-
trução Civil, considerando os setores
ponto que eles conseguiram alcançar,
las, para a discriminação completa de
de Edificações e Infraestrutura e tam-
iniciar uma nova etapa de desenvolvi-
um componente, recurso, processo
bém o Industrial, como de mineração e
mento. Mesmo a realização de ativi-
ou resultado gerado.
de extração de petróleo e gás.
dades simples como, por exemplo, a
A ABNT NBR 15965 é composta
Cada uma das tabelas que com-
tarefa de dar nome aos componentes,
por 13 Tabelas. Como a maioria das
põem o sistema foi cuidadosamente
funções e processos, pode gerar mal
Normas Brasileiras está sendo desen-
conceituada e definida (Quadro 1).
entendidos e retrabalhos. Uma ques-
volvida a partir de um “texto-base”
Cada tabela contém duas colunas:
tão crítica à construção civil é a pa-
que, no caso específico, são as 15
uma com o código de classificação
dronização das informações utilizadas,
tabelas
(www.omni-
organizado hierarquicamente e outra
que pode contribuir para a viabilização
class.org), um sistema de classifica-
com o termo padronizado (Quadro 2).
do trabalho colaborativo.
ção aberto, criado para o mercado da
A seguir são descritas as tabelas
Primeira norma técnica BIM Brasi-
OmniClass™
construção da América do Norte.
cujos conceitos e usos são de mais
leira, a ABNT NBR 15965 é um siste-
Convém ressaltar que os conteú-
ma de classificação das informações
dos das tabelas propostas na norma
que oferece à indústria da construção
brasileira não são uma simples tradu-
a possibilidade de padronização para
ção das tabelas da Omniclass™. De
o todo país da nomenclatura utilizada
fato estão sendo retirados itens que
nos seus processos. Embora exista
correspondem a técnicas e sistemas
uma organização hierarquizada den-
construtivos utilizados tipicamente na
A Tabela 4U lista todas as uni-
tro de cada uma de suas várias ta-
indústria da construção norte-ameri-
dades (ou construções) que podem
belas, o sistema de classificação da
cana, e estão sendo incluídas soluções
ser produzidas pela indústria da
ABNT NBR 15965 utiliza uma classi-
construtivas, técnicas e componentes
construção civil, de acordo com suas
ficação “facetada”. Essa requer a uti-
específicos do Brasil. A abrangência
formas e seus usos.
56 | CONCRETO & Construções
difícil compreensão.
2.1 As tabelas de Unidades e Espaços da construção (4U e 4A)
u Quadro 2 – Exemplo de tabela da ABNT NBR 15965 (trecho da Tabela 0M – Materiais) Código 0M.
10.
00.
0M.
10.
10.
00.
0M.
10.
10.
01.
Carbono
0M.
10.
10.
03.
Silício
10.
30.
00.
0M.
10.
30.
10.
40.
00.
0M.
10.
40.
20.
00.
00.
0M.
20.
10.
00.
0M.
20.
10.
0M.
0M. 0M.
Termo Elementos químicos Elementos sólidos
Elementos líquidos 01.
Mercúrio Elementos gasosos
01.
Hidrogênio Compostos sólidos Compostos minerais
01.
00.
Rochas
0M.
20.
10.
01.
01.
Granitos
0M.
20.
10.
01.
03.
Mármores
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 15965-2:2012.
Suas definições são as seguintes:
de maior; não define funções - um
das) pela forma, enquanto a Figura 2
u Unidades pela Forma: são unida-
arranha-céu (edifício de grande al-
mostra a classificação de uma mesma
des definíveis do ambiente cons-
tura) pode ter diferentes usos (re-
edificação (mesma forma) pela função.
truído, compostas de espaços e
sidencial, comercial, etc.).
A Tabela 4A lista todos os diferen-
elementos inter-relacionados clas-
u Unidades pela Função: unidades
tes espaços de uma construção, tais
sificados pela forma; uma entida-
definíveis do ambiente construído,
como: sala de estar, quarto, vestiário,
de construída é completa e pode
compostas de espaços e elemen-
estúdio, sala de cirurgia, cofre, etc.
ser vista separadamente, sem ser
tos
parte constituinte de outra unida-
zados pela função; uma entidade
inter-relacionados
caracteri-
construída é completa e pode ser vista separadamente, sem ser par-
2.2 As tabelas de Elementos (3E), Componentes (2C) e de Resultados da construção (3R)
te constituinte de outra unidade maior; função é o propósito de uso
A Figura 3 ilustra uma situação no
de uma entidade construída e é definida pela ocupação principal e não necessariamente por todas as atividades que podem ser acomodadas na entidade; funções podem determinar formas (ex. Estádio de
u Figura 1 As unidades construídas podem ser classificadas de acordo com sua forma, por exemplo, uma residência unifamiliar, um prédio médio e um edifício de 30 pavimentos Fonte: Imagens livres e autores
Basebol); por outro lado, uma mesma entidade construída pode acomodar diferentes funções ao longo de sua vida útil (um edifício de 2 pavimentos pode ser residencial, educacional ou comercial). A Figura 1 ilustra a classificação de construções (unidades construí-
u Figura 2 A mesma edificação, por exemplo, um prédio de 5 andares, pode ser utilizada tanto para abrigar um pequeno hospital quanto uma escola Fonte: Adaptada de imagens livres pelos autores
CONCRETO & Construções | 57
início do desenvolvimento de um empreendimento. Sabe-se que a edificação terá janelas - que precisam ser consideradas numa estimativa inicial de custos - mas ainda não se definiram o material de que serão construídas nem seus sistemas de abertura ou seus detalhes. A Tabela 3E tem justamente a função de listar esses “Elementos”, cuja definição é:
u Figura 3 O uso de “elementos” nas fases mais iniciais de desenvolvimento de um empreendimento
u Elementos: um elemento é um
componente principal, uma montagem ou “uma entidade da cons-
Fonte: Autores
trução ou parte que, por si só ou combinada com outras partes, desempenha uma função predo-
Um dos principais usos da tabela
ção de sua aplicação no empreendi-
minante na entidade construída”;
de elementos é o desenvolvimen-
mento (produto aplicado/instalado).
funções predominantes podem
to de orçamentos e estimativas
ser, por exemplo: estruturar, ve-
de custos.
temperado, que tenha 8mm de es-
Com a evolução dos esforços de
pessura, 210cm de altura e 70cm
talação ou edificação; funções
projeto e especificação de um de-
de largura: enquanto componen-
predominantes podem também
terminado empreendimento che-
te ou produto utilizável na indústria
incluir um processo ou uma ati-
gará a uma fase em que já se co-
da construção civil, esse painel de
vidade;
principais
nhecem os fabricantes específicos
vidro pode ser classificado com a
podem ser compostos de mui-
e modelos dos componentes que
utilização de um código da Tabela
tos subelementos (por exemplo,
serão incorporados na edificação.
2C – Componentes (Figura 4). En-
a Cobertura de uma edificação
Então, pode-se utilizar o conteúdo
tretanto, esse mesmo painel pode-
pode ser composta pela estru-
da Tabela 2C – Componentes:
ria ser aplicado em diferentes partes
tura, fechamento externo e te-
u Componentes são produtos ou
específicas de uma edificação: numa
dar, realizar serviços numa ins-
elementos
Por exemplo, um painel de vidro
lhado); são utilizados nas fases
montagens
incorporação
área molhada, compondo um box
mais iniciais dos projetos, sem a
permanente em entidades cons-
de chuveiro; como o tampo de uma
definição de um material ou de
truídas; componentes são os blo-
mesa; como divisória interna de uma
uma solução técnica; para cada
cos básicos utilizados para cons-
elemento, existem diversas e dife-
trução; um componente pode ser
rentes soluções técnicas capazes
um único item industrializado,
de garantir sua função elementar
uma
(exemplos: Pisos estruturais, Pa-
composta de várias partes, ou
redes Externas, Escadas, Mobili-
um sistema operacional isolado e
ário, etc).
industrializado; essa tabela identi-
Então, quando ainda não se sabe
fica produtos singulares, catego-
de que material ou que tipo es-
rizadas por número e nome numa
pecífico de solução técnica será
única localização.
aplicado a alguma parte de uma
Já a Tabela 3R – Resultados da
para
montagem
industrializada
construção, utiliza-se a Tabela 3E
construção,
- Elementos para a codificação.
para um dado componente em fun-
58 | CONCRETO & Construções
fornece
classificação
u Figura 4 Exemplo de um componente comumente fabricado, comercializado e utilizado pela indústria da construção Fonte: Adaptado de imagens livres
• Determinados recursos construtivos utilizados; • Determinada parte da construção que resulta; • O trabalho temporário ou preparatório que resulta; • Representa uma entidade completa que passa a existir
após a utilização de todas as necessárias matérias-primas, esforço humano e trabalho de equipamentos e processos, que tenham sido fornecidos e realizados para sua finalização; • Podem ser montagens de diferentes produtos
u Figura 5 Exemplos do resultado da aplicação de um mesmo componente
industrializados,ou um único produto, ou ainda envolver
Fonte: Adaptado de imagens livres
apenas mão de obra para o
sala de reuniões ou até mesmo como
bela 3R – Resultados da Construção,
sinalização visual externa, como ilus-
cuja conceituação é:
trado na Figura 5.
u Resultados da Construção são
alcance de um resultado
desejado e planejado como a escavação de valas.
Portanto, nesse exemplo, embora
resultados alcançados na fase de
Exemplos: Concreto moldado in
o painel de vidro, enquanto compo-
produção ou pelos subsequentes
loco, Revestimento cerâmico, Ilumi-
nente ou produto em si, possa ter um
processos de alteração, manuten-
nação interna, Trilhos.
código da Tabela 2C – Componente,
ção ou demolição, que podem ser
depois de aplicado (e é preciso con-
identificados por um ou mais dos
siderar que sua aplicação pode ser
seguintes aspectos:
muito diversa, como exemplificado na
• Uma habilidade particular ou
Figura 5) receberia um código da Ta-
empresa especializada envolvida;
3. EXEMPLOS DE USOS PRÁTICOS DA ABNT NBR 15965 As tabelas de classificação podem ser utilizadas para criar EAPs (Estrutura Analítica de Projeto) padronizadas, que poderão ser corretamente entendidas e interpretadas, não apenas por pessoas (HHI – Interações entre Humanos e Humanos), mas também por diferentes softwares (CCI – Interações entre Computador e Computador) (Figura 6). A Figura 7 indica quais tabelas da norma poderiam ser utilizadas para a codificação de composições de cus-
u Figura 6 Ilustração de um possível uso prático da Tabela 4U da ABNT NBR 15965 Fonte: Autores
tos para orçamentos. Embora ainda não tenha sido completamente publicada, a ABNT NBR 15965 já foi utilizada em projeto CONCRETO & Construções | 59
real, e muito ambicioso, de implanta-
mentos, também significa a remoção
trabalho colaborativo na indústria da
ção BIM, na CCDI – Camargo Corrêa
de uma barreira para viabilização do
construção civil brasileira.
Desenvolvimento Imobiliário [5] (TRINDADE et al., 2016).
4. ESTADO ATUAL DOS TRABALHOS EM DESENVOLVIMENTO DA ABNT NBR 15965 A Figura 8 demonstra como foi planejado o desenvolvimento da ABNT NBR 15965, mostrando que as partes 1, 2 , 3 e 7 já foram publicadas, estando as demais em desenvolvimento. Estão faltando apenas duas tabedas na Comissão Especial de Estudos
u Figura 7 Tabelas da ABNT NBR 15965 que podem ser utilizadas para a codificação de uma composição de custos unitários para orçamentos
ABNT/CEE-134, a Tabela 2C – Com-
Fonte: Autores
las para serem trabalhadas e aprova-
ponentes e a Tabela 3R – Resultados da Construção. Essas duas tabelas faltantes impedem a finalização das partes 4 (Funções, Equipamentos e Componentes) e 5 (Elementos e Resultados da Construção).
5. CONCLUSÃO As normas brasileiras em desenvolvimento pela ABNT/CEE-134 visam organizar aspectos chave para a adoção de BIM no país. A disponibilidade de um sistema de classificação de informações codificado padronizado, além de facilitar muito a implementação de vários usos de BIM, incluindo orçamentação, planejamento e supri-
u Figura 8 Lista das partes nas quais foi planejada a elaboração da ABNT NBR 15965 com indicação das Tabelas que já foram publicadas e daquelas que ainda estão sendo desenvolvidas Fonte: Autores
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] BOCK, T. The future of construction automation: Technological disruption and the upcoming ubiquity of robotics. Automation in Construction. v.59, p.113-121, nov. 2015. [02] BARROS, M. S. B. e CARDOSO, F. F. Inovação: espiral ou carrossel do conhecimento?. Conjuntura da Construção, São Paulo, p. 10 - 11, jun. 2011 [03] BIMDICTIONARY, Verbete Building Information Modelling. Disponível em: <http://bimdictionary.com/en/building-information-modelling/ >. Acesso em 11 out. 2016. [04] SUCCAR, B, and KASSEM, M. Building Information Modeling: Point of Adoption, CIB World Congress, Proceedings…, Tampere Finland, May 30 – June 3, 2016. [05] TRINDADE, L. D.; SALLES, C. C.; MARVEIS, L. D.; SANTOS, E. T. Building Information Models as the Basis of Business Strategy: A Case Study of an Integrated BIMBased System for Construction Management. 33rd CIB W78 Conference 2016, Proceedings…, Oct. 31st – Nov. 2nd 2016, Brisbane, Australia.
60 | CONCRETO & Construções
u normalização técnica
Novas normas brasileiras para controle e aceitação do concreto autoadensável BERNARDO TUTIKIAN – Professor
RICARDO ALENCAR – Gerente de unidade de químicos para construção
Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos)
Erca Brasil
INÊS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN – Superintendente do Comitê
AUGUSTO GIL – Analista de projetos
Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados e Diretora técnica
CRISTYAN RISSARDI – laboratorista
ABNT/CB-18 | IBRACON
Itt Performance
1. INTRODUÇÃO
de seções reduzidas, com grande liber-
sobre o tema em 2005 e vem evoluin-
concreto
autoadensável
dade de formas e dimensões. Durante o
do constantemente, com a inclusão de
(CAA) é considerado por
processo de execução, reduz a mão de
novos métodos de ensaio. No Japão,
muitos autores como uma
obra no canteiro e os ruídos causados
berço do CAA, a Japanese Standards
das maiores inovações em tecnologia
pelo processo, tornando o local de tra-
Association (JSA) publicou sua primeira
do concreto dos últimos tempos. É um
balho mais seguro e saudável aos traba-
norma em 2001, passando por diver-
concreto que apresenta a capacidade
lhadores e vizinhos [1].
sas revisões e inovações. Apesar de o
O
de fluir livremente por seu peso próprio,
O concreto autoadensável foi pro-
mercado europeu dispor de um guia
sem a utilização de adensamento me-
posto por Okamura em 1986 no Japão,
acessível e explicativo sobre o assun-
cânico, capaz de manter a sua homo-
sendo que, o primeiro protótipo cons-
to, publicado em 2002 pela European
geneidade durante todas as etapas de
truído com o material foi concluído no
Federation of Specialist Construction
execução, preencher completamente
ano de 1988. No Brasil, sua aplicação
Chemicals
as fôrmas e passar habilidosamente
é amplamente difundida na indústria,
(EFNARC), sua primeira norma foi publi-
por embutidos.
onde verifica-se um crescimento cons-
cada apenas em 2010.
and
Concrete
Systems
A utilização do CAA, tanto em can-
tante e hoje seu emprego é estimando
No Brasil, ABNT NBR 15823, com-
teiros de obras quanto na indústria de
em 66,7% das empresas associadas à
posta de seis partes, foi publicada em
pré-fabricados, apresenta diversas van-
ABCIC [2]. Em canteiro, destaca-se a
2010 e está passando por sua primeira
tagens, tanto durante o processo de
utilização do CAA em sistemas de pa-
revisão, que foi finalizada pela Comissão
execução quanto após a finalização das
redes de concreto moldadas no local,
de Estudos durante o 58° Congresso
peças. Desenvolvido inicialmente para
além de diversas aplicações especiais.
Brasileiro de Concreto e, possivelmente,
viabilizar a execução de concretagens
O desenvolvimento normativo do
entrará em consulta nacional no próximo
em locais de difícil acesso, que impossi-
CAA no mundo tem acompanhado o seu
ano. A Norma aborda, além dos métodos
bilitavam o uso de vibrador por imersão,
crescente uso. As normas mais antigas
de ensaio para comprovação das pro-
teve seu uso disseminado para outras
datam de pouco mais de uma década
priedades do CAA, os requisitos para seu
aplicações após constatada a economia
do seu lançamento, sendo que poucas
controle e recebimento no estado fresco,
de tempo proporcionada Além disso, o
delas já passaram por alguma revisão.
considerando diferentes aplicações [3].
uso do CAA resulta em peças com me-
Nos Estados Unidos, a American So-
Na literatura técnica existem diver-
lhor acabamento superficial, permitindo
ciety for Testing and Materials (ASTM)
sos métodos que permitem avaliar as
a concretagem de elementos estruturais
publicou sua primeira norma técnica
quatro principais características que o CONCRETO & Construções | 61
u Tabela 1 – Itens abordados pela EN 12350 e sua correspondência com a ABNT NBR 15823 Norma técnica européia
Assuntos abordados
Norma técnica brasileira correspondente
EN 12350-8:2010 Testing fresh concrete. Part 8: Self-compacting concrete – Slump-flow test
Determinação do espalhamento pelo método do cone de Abrams
ABNT NBR 15823-2:2010 Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento – Método do cone de Abrams
EN 12350-9:2010 Testing fresh concrete. Part 9: Self-compacting concrete – V-funnel test
Determinação da viscosidade plástica pelo método do funil V
ABNT NBR 15823-5:2010 Concreto auto-adensável Parte 5: Determinação da viscosidade – Método do funil V
EN 12350-10:2010 Testing fresh concrete. Part 10: Self-compacting concrete – L box test
Determinação da habilidade passante pelo método da caixa L
ABNT NBR 15823-4:2010 Concreto auto-adensável Parte 4: Determinação da habilidade passante – Método da caixa L
EN 12350-11:2010 Testing fresh concrete. Part 11: Self-compacting concrete – Sieve segregation test
Determinação da resistência à segregação (a Norma Européia adota o método da peneira e a Norma Brasileira usa o método da coluna de segregação)
ABNT NBR 15823-6:2010 Concreto auto-adensável Parte 6: Determinação da resistência à segregação – Método da coluna de segregação
Determinação da habilidade passante pelo anel J
ABNT NBR 15823-3:2010 Concreto auto-adensável Parte 3: Determinação da habilidade passante – Método do anel J
EN 12350-12:2010 Testing fresh concrete. Part 12: Self-compacting concrete – J-ring test
CAA deve apresentar no estado fresco:
diferentes aplicações e, em especial, a
u ABNT NBR 15823-3: Concreto
fluidez, viscosidade plástica, habilidade
analise do controle do lançamento do
auto-adensável – Determinação da
passante e resistência à segregação.
CAA, objetivando sua rastreabilidade.
habilidade passante – Método do
No entanto, alguns desses métodos se
anel J;
mostram inadequados para determinadas aplicações, dificultando a implementação do controle tecnológico do
2. DESENVOLVIMENTO DAS NORMAS TÉCNICAS DE CONCRETO AUTOADENSÁVEL
u ABNT NBR 15823-4: Concreto
auto-adensável – Determinação da habilidade passante – Método da
CAA, que, para o controle no estado
Apresenta-se, nos itens a seguir, um
fresco, é diferente do método emprega-
breve histórico do desenvolvimento das
u ABNT NBR 15823-5: Concreto
do do concreto convencional e pouco
normas técnicas que tratam do CAA,
auto-adensável – Determinação da
difundido entre os profissionais da área.
nos âmbitos europeu e americano,
viscosidade – Método do funil V;
O presente artigo apresenta um his-
traçando um paralelo com o conjunto
u ABNT NBR 15823-6: Concreto
tórico das normas técnicas internacio-
de normas brasileiras sobre o tema,
auto-adensável - Determinação da
nais e estrangeiras relativas ao controle
que tem como base especialmente a
resistência à segregação – Método
e à aceitação do CAA em obras e na
ABNT NBR 15823, publicada em 2010
da coluna de segregação.
indústria da pré-fabricação, comparan-
e composta das seguintes partes:
São apresentadas aindainforma-
do-as à norma brasileira (ABNT NBR
u ABNT NBR 15823-1: Concreto au-
15823:2010) e à sua versão revisada,
to-adensável – Classificação, con-
que será submetida ao processo de
trole e aceitação no estado fresco;
Consulta Nacional pela ABNT1 nos pró-
u ABNT NBR 15823-2: Concreto auto-
ximos meses. São apresentados tam-
-adensável – Determinação do espa-
bém os principais desafios relaciona-
lhamento e do tempo de escoamento
dos a esses processos, considerando
– Método do cone de Abrams;
caixa L;
ções sobre a norma ISO que está em desenvolvimento.
2.1 Normas europeias (EN) A EN 12350 (Testing fresh concrete), composta atualmente de 12 partes,
A Consulta Nacional dos Projetos de Norma é realizada pelo site da ABNT (www.abnt.org.br), possibilitando a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento das Normas Técnicas do país.
1
62 | CONCRETO & Construções
prescreve métodos de ensaio para o
que trata das operações de preparo,
Institute (ACI) e a International Union of
concreto no estado fresco, sendo as
controle, recebimento e aceitação do
Laboratories and Experts in Construc-
partes 8 a 12 dessa Norma aplicáveis
concreto.
tion Materials, Systems and Structures
ao CAA [4]. A Tabela 1 apresenta os
Historicamente deve ser registrada
(RILEM). Na Tabela 2 são apresenta-
itens abordados pela norma europeia,
a criação da EN 206-9, em 2009, com
dos os principais itens abordados pe-
cujos ensaios têm correspondência
requisitos específicos para o CAA, ten-
las normas norte-americanas editadas
direta com os prescritos pela norma
do sido incorporada à EN 206 na sua
pela ASTM sobre o CAA e sua relação
brasileira, com exceção do ensaio de
última revisão, em 2013.
com a ABNT NBR 15823.
resistência à segregação pelo método da peneira - a norma brasileira utiliza
A primeira versão de algumas das
2.2 Normas americanas (ASTM)
o método da coluna de segregação.
normas americanas data de 2010, sendo que todas já passaram por uma
Cumpre mencionar que todas essas
Quando o CAA começou a ser
ou duas revisões. Verificam-se seme-
normas foram publicadas em 2010 e a
estudado e empregado nos Estados
lhanças em três dos ensaios prescri-
Norma Brasileira já passa por revisão.
Unidos, formaram-se diversos grupos
tos pela norma brasileira, sendo estas
Na Europa, os requisitos de recebi-
de estudo e discussão para o desen-
o slump-flow, o anel J e a coluna de
mento do concreto autoadensável no
volvimento de normas e outros docu-
segregação. No entanto a ASTM traz,
estado fresco são estabelecidos pela
mentos que padronizassem e esta-
adicionalmente, um método rápido
EN 206 (Concrete – specification, per-
belecessem regras para seu uso. Os
para avaliação da resistência à segre-
formance, production and conformity),
resultados oferecidos por esses grupos
gação através do teste de penetração
apesar de não tratar exclusivamente
foram publicados por entidades como
e a determinação do Índice de Estabi-
sobre o CAA. Vale mencionar que a EN
a American Society for Testing and Ma-
lidade Visual (IEV) [5, 6 e 7]. Estes mé-
206 corresponde à ABNT NBR 12655,
terials (ASTM), o American Concrete
todos apresentam maior facilidade de
u Tabela 2 – Itens abordados por normas norte-americana sobre CAA e sua relação com a ABNT NBR 15823 Norma técnica
Assuntos abordados
Norma técnica brasileira correspondente
ASTM C1610/C1610M-14 Standard Test Method for Static Segregation of Self-Consolidating Concrete Using Column Technique
Determinação da resistência à segregação pelo método da coluna
ABNT NBR 15823-6:2010 Concreto auto-adensável Parte 6: Determinação da resistência à segregação – Método da coluna de segregação
ASTM C1611/C1611M-14 Standard Test Method for Slump Flow of Self-Consolidating Concrete
Determinação do espalhamento e do t500 pelo método do cone de Abrams e do Índice de Estabilidade Visual (IEV). A nova versão da Norma Brasileira incorporou o IEV.
ABNT NBR 15823-2:2010 Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento – Método do cone de Abrams
ASTM C1712 -14 Standard Test Method for Rapid Assessment of Static Segregation Resistance of Self-Consolidating Concrete Using Penetration Test
Determinação da resistência à segregação pelo teste rápido de penetração
Não há similar brasileira
ASTM C1758/C1758M-15 Standard Practice for Fabricating Test Specimens with Self-Consolidating Concrete
Moldagem de corpos de prova de CAA.
A ABNT NBR 5738:2015 Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova, embora não seja específica para o CAA, inclui requisitos para esse tipo de concreto
ASTM C1621/C1621M-09b Standard Test Method for Passing Ability of Self-Consolidating Concrete by J-Ring
Determinação da habilidade passante pelo anel J
ABNT NBR 15823-3:2010 Concreto auto-adensável Parte 3: Determinação da habilidade passante – Método do anel J
2
No caso das Normas ASTM, o ano de publicação é informado pelos dois últimos algarismos e grafado após o número da norma, separado deste por hífen. No caso das normas brasileiras e europeias, a identificação do ano de publicação é dada com quatro algarismos, após o número da norma e separado deste por dois pontos.
2
CONCRETO & Construções | 63
emprego nos processos de controle e
classificação (limites para as proprieda-
aceitação do CAA.
des no estado fresco), de forma a faciliMarcação Ø 500mm
tar e incentivar sua aplicação.
2.3 Normas brasileiras – ABNT NBR
2.4 Norma internacional – ISO
A norma brasileira de CAA teve a sua
Em âmbito internacional, o comitê
primeira edição publicada em 2010 e
técnico ISO/TC 71 (Concrete, reinfor-
está dividida em seis partes (já apresen-
ced concrete and pre-stressed con-
tadas em 2.1), que abrangem métodos
crete) em seu subcomitê SC 1 (Test
de ensaio, classificação e controle de
methods for concrete) criou o grupo de
u Figura 1 Ensaio de espalhamento e determinação do t5 00
aceitação do concreto no estado fresco.
trabalho WG 2 (Self-compacting con-
Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 2
A parte 1 da ABNT NBR 15823 traz
crete) para tratar da elaboração de uma
a classificação do concreto autoaden-
norma técnica internacional de CAA. O
ceitos da norma brasileira de concreto
sável em função de suas propriedades,
Brasil participa desse trabalho de nor-
autoadensável publicada em 2010, vale
medidas pelos ensaios previstos nas
malização representado pela ABNT,
citar:
partes 2 a 6 dessa Norma, e estabelece
participando de reuniões e discussões
a) modificações no procedimento para
os critérios de recebimento em obras e
relacionadas ao tema. A versão prelimi-
a determinação do espalhamento,
em empresas de pré-fabricação.
nar da norma internacional tem como
partes 2 e 3 da ABNT NBR 15823
Para os requisitos de composição
base a Norma Europeia e, portanto,
(alterações no tempo limite de reti-
do concreto e verificação das proprie-
aborda todos os ensaios já prescritos
rada do molde e definição da altura
dades dos materiais a serem utilizados,
pela norma brasileira, com exceção
máxima de lançamento do concre-
assim como requisitos de durabilidade
do ensaio de resistência à segregação
to no molde cônico, de 225 ± 75
e critérios de aceitação final do concre-
pelo método da peneira.
mm, Figura 1) - essas alterações visam sua uniformização com ou-
to no estado endurecido, a ABNT NBR 15823 referencia a ABNT NBR 12655. Ensaios de determinação do espa-
3. REVISÃO DA ABNT NBR 15823 A revisão de uma norma técnica
tras normas, como a ASTM C1611/ C1611M-14;
lhamento, da viscosidade plástica pelo
tem, como principais objetivos, sua atu-
b) a parte 3 da Norma, além das modi-
t500 e habilidade passante pelo anel J
alização com base no desenvolvimento
ficações pertinentes à realização do
são atualmente requisitos de aceitação
técnico sobre o tema e sua adequação
ensaio de espalhamento, também
do CAA no estado fresco para todas
às condições do País ou região. Para
sofreu alterações nas dimensões
as aplicações, devendo ser realizados
a revisão da ABNT NBR 15823 foram
do aparato (o anel-J passará a ter
em laboratório, para os estudos de
convidados representantes de produto-
a espessura das barras alterada
dosagem e verificados em campo. Os
res de insumos que entram na prepara-
de 10mm para 16mm)- esta medi-
demais ensaios são focados no desen-
ção do concreto, empresas de serviços
da tem, como principal objetivo, a
volvimento de estudos de dosagem e
de concretagem, empresas de pré-
padronização da distância entre as
aplicações específicas. Mas, caso sejam
-fabricação em concreto, construtoras,
barras apresentadas na norma bra-
especificados os ensaios da caixa L e/
laboratórios de controle tecnológico,
sileira e nas normas estrangeiras,
ou funil V em campo, podem ser dispen-
universidades e outros.
permitindo a realização de estudos
sadas a realização do anel J e/ou tempo
Os trabalhos de revisão foram ini-
comparativos, conforme Figura 2;
ciados em março de 2016, com a pro-
c) na parte 4, referente ao método da
A ABNT NBR 15823 apresenta ain-
posta de serem finalizados até o final
caixa L, também foi realizada uma
da um anexo informativo, com indica-
do ano em curso. Como resultado da
padronização com as normas es-
ções de uso do CAA em função de sua
atualização3 dos procedimentos e con-
trangeiras, reduzindo o tempo de
de escoamento (t500), respectivamente.
Essas alterações já constam do Projeto a ser submetido ao processo de Consulta Nacional pela ABNT.
3
64 | CONCRETO & Construções
abertura da comporta, após o final do preenchimento da câmara vertical, de 30s a 60s para 10s ± 2s; além disso, sugere-se a inserção de uma comporta frontal optativa na câmara horizontal, para facilitar a limpeza do equipamento, conforme Figura 3; d) no caso da parte 5, relativa ao método do funil V (Figura 4), a única Dimensões mm A B C D E F
300 ± 3,3 38 ± 1,5 16 ± 3,0 59 ± 2,0 25 ± 1,5 120 ± 1,5
modificação apresentada é a alteração do tempo de permanência do concreto no funil que, anteriormente, era de 30s e foi alterado para 10s ± 2s, tempo esse já utilizado no meio técnico internacional; e) a parte 6, em relação ao método
u Figura 2 Anel J
da Coluna, sofreu uma modificação
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 3
do tempo para início da retirada
pontual: padronização com ASTM das porções de concreto do topo e base do equipamento para 15min ± 1min, ao invés de 20min - a Figura 5 ilustra o equipamento utilizado. A nova versão dessa norma apresentará também três novos procedimentos para avaliação do CAA: o índice de estabilidade visual (IEV), a caixa U e o método da peneira. Esses métodos
Fluxo
u Figura 3 Caixa L Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4
u Figura 4 Funil V Fonte: NBR 15823 – Parte 5
CONCRETO & Construções | 65
Onde IEV 0 – indica bom comportamento do concreto e ausência de segregação ou exsudação; IEV 1 – indica leve exsudação do concreto, sem apresentar segregação; IEV 2 – indica a existência de uma pequena auréola de argamassa e/ou empilhamento de agregados no centro do círculo de concreto IEV 3 – indica segregação do concreto, evidenciada pela concentração de agregados no centro do círculo e/ou pela dispersão de argamassa nas extremidades
u Figura 5 Coluna de segregação Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 6
são bastante difundidos no meio técni-
u Figura 6 Classes do índice de estabilidade visual (IEV) Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 2
co internacional, sendo indicados em
sões e a geometria desse equipamento
leiro em relação à sua utilização para,
normas de outros países e utilizados
podem ser observadas na Figura 7.
posteriormente, avaliar se devem ser
em inúmeros trabalhos acadêmicos.
A caixa U avalia particularmente a
O IEV foi inserido na parte 2 do pro-
capacidade do CAA de escoar e ascen-
jeto de revisão. Esse ensaio tem como
der. Essa é uma análise importante para
principal objetivo avaliar visualmente a
estruturas da complexidade das vigas
capacidade de fluidez e a possibilidade
calhas pré-fabricadas. Nesses elemen-
de segregação do CAA, pela aparên-
tos, para evitar o aprisionamento de ar,
cia do concreto imediatamente após
o concreto deve ser lançado a partir de
a retirada do molde tronco-cônico, no
uma das abas da fôrma, precisa ter a
ensaio de espalhamento. A concentra-
capacidade preencher todos os espa-
ção (ou não) de agregados no centro
ços, atingir o nível do miolo negativo de
do círculo formado pelo concreto e a
conformação da calha e autonivelar-se
presença (ou não) de borda nesse cír-
até o topo da aba paralela [8].
culo (exsudação) dão indicações inte-
O método da peneira, por sua vez, é
ressantes sobre o CAA. O IEV classifica
um ensaio que tem por objetivo avaliar
o concreto em 4 níveis que variam de 0
a resistência à segregação estática do
a 3, como se pode observar na Figura
CAA, por isso esse ensaio será inserido
6. Sendo o nível 3 (segregação aparen-
na parte 6. A Figura 8 mostra o aparato.
te) não aplicável.
próxima revisão da norma. As alterações nas partes 2, 3 e 4 da
Os ensaios da Caixa U e da Pe-
O método da caixa U aparece na
neira são apresentados na revisão
nova versão da parte 4 e tem como
da norma brasileira como anexos in-
objetivo a avaliação da habilidade pas-
formativos das respectivas partes já
sante do CAA em fluxo confinado. A
citadas, e, dessa forma, não são obri-
caixa U, como o próprio nome sugere,
gatórios, aparecendo como métodos
consiste em dois compartimentos no
alternativos. A inserção desses pro-
formato de um “U”, separado por uma
cedimentos tem como objetivo obser-
comporta e barras metálicas. As dimen-
var a resposta do meio técnico brasi-
66 | CONCRETO & Construções
incluídos como obrigatórios em uma
u Figura 7 Caixa U – Perspectiva Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4
4. CONCLUSÃO Após cinco anos de sua publicação e disponibilização para a sociedade da ABNT NBR 15823, o atual projeto de revisão possibilitou a introdução de alguns ajustes para sua atualização e alinhamento com as tendências internacionais, permitindo que o profissional brasileiro tenha opções de procedimentos para avaliação de cada uma das propriedades do CAA. Vale ressaltar o bom trabalho desenvolvido na elaboração da primeira
u Figura 8 Execução do ensaio – método da peneira
versão dessa norma, cujo conteúdo
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 6
aplicação do CAA nas obras e empre-
serviu de base durante seis anos à
ABNT NBR 15823, principalmente no
dústria de pré-fabricados ou ca-
que se refere à inserção dos novos
sos especiais, muito embora não
procedimentos de ensaio, causaram
seja suficiente para a não aceitação
algumas mudanças na parte 1, com
do concreto.
relação à classificação, controle e
Outro item de extrema importância
aceitação do CAA no estado fresco.
na utilização do CAA, introduzido na
Como os limites de classificação são
parte 1 da norma, refere-se à sua ras-
apresentados em tabelas da parte 1,
treabilidade. Para elementos verticais
contendo dados de cada tipo de en-
recomenda-se a medição da altura de
saio, decidiu-se introduzir três novas
concreto atingida em cada lançamen-
tabelas, cada qual relativa a um dos
to e, para elementos horizontais, a
três novos ensaios da norma.
demarcação de zonas de lançamento
O Índice de Estabilidade Visual,
para cada lote de concreto.
por sua vez, aparece como deter-
A Tabela 3 mostra um compara-
minação obrigatória para o controle
tivo entre os ensaios que compõem
e o recebimento do CAA no estado
cada uma das normas comentadas
fresco, tanto em obra quanto na in-
neste artigo.
sas de pré-fabricação do Brasil e também na sua revisão, que, por sua vez, irá possibilitar aprimoramentos nos documentos originais, tendo em vista facilitar o conhecimento e a aplicação do concreto autoadensável no país. O trabalho de revisão realizado possibilita tornar a norma brasileira uma das mais completas do mundo, permitindo ao usuário conhecer melhor o concreto autoadensável que irá efetivamente utilizar, a partir dos ensaios previstos, e realizar seu controle tecnológico com mais propriedade. Destaca-se como principais contribuições para o meio técnico nacional: u Incorporação do Índice de Estabi-
u Tabela 3 – Ensaios de CAA normatizados por diferentes normas técnicas Propriedade
Brasileira (ABNT NBR)
Europeia (EN)
Americana (ASTM)
Fluidez
– Slump flow – IEV
– Slump flow – IEV
– Slump flow – IEV
Viscosidade plástica
– Funil V – t500
– Funil V – t500
– t500
Habilidade passante
– Anel J – Caixa L – Caixa U (informativo)
– Anel J – Caixa L
– Anel J
Resistência à segregação
– Coluna de segregação – Método da peneira (informativo)
– Método da peneira
– Coluna de segregação – Teste da penetração
CONCRETO & Construções | 67
lidade Visual (IEV).: possibilita uma
tos estruturais: permite uma maior
5. AGRADECIMENTOS
avaliação qualitativa da estabilida-
segurança ao consumidor final
Aos participantes da CE-018:300.003
de da mistura aplicada em campo,
(construtora);
visto que os ensaios de resistência
u Incorporação de ensaios comple-
à segregação são mais indicados
mentares em anexo informativo
para laboratório;
– caixa U e Peneira: proporciona
(Comissão de Estudo de Concreto Autoadensável do ABNT/CB-18), pelas discussões que proporcionaram
especificações
alternativas de ensaios e ambiente
os avanços aqui descritos dessa nova
para melhorar a rastreabilidade
para discussão técnico-acadêmica
versão da ABNT NBR 15823 em rela-
da aplicação do CAA nos elemen-
para avanços futuros.
ção à anterior.
u Elaboração
de
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] TUTIKIAN, B. F.; DAL MOLIN, D. C. Concreto autoadensável. 2. ed. São Paulo: Pini, 2015. [02] ASSOCIAÇÃO BRASILERA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO (ABCIC). Anuário ABCIC 2015. São Paulo, 2015. [03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15823: Concreto auto-adensável. Rio de Janeiro, 2010. [04] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 12350: testing fresh concrete. Brussels, 2010. [05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1611-14: Standard test method for slump flow of self-consolidating concrete. West Conshohocken, 2014a. [06] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1712-12: Standard test method for rapid assessment of static segregation resistance of selfconsolidating concrete using penetration test. West Conshohocken, 2014b. [07] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1758-15: Standard practice for fabricating test specimens with self-consolidating concrete. West Conshohocken, 2015. [08] ALENCAR, R. S. A. Dosagem do concreto auto-adensável: produção de pré-fabricados. 2008. 179 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2008.
68 | CONCRETO & Construções
u entidades da cadeia
Norma brasileira sobre Métodos de Ensaios de Alvenaria de Blocos de Concreto é publicada
D
esenvolvida dentro da Co
apresentação dos resul-
missão
de
tados desse ensaio em
Blocos de Concreto (CE-
diagrama de tensão-de-
018:600.04), sob coordenação do Arq.
formação, melhoria das
Carlos A. Tauil e Eng. Guilherme A. Par-
especificações para ca-
sekian, o texto unifica e atualiza todos os
peamentos nos diversos
ensaios em elementos de alvenaria que
ensaios, padronização do
estavam dispersos em várias normas.
procedimento de cura dos
São contemplados ensaios de parede,
corpos de prova em pris-
pequena parede, prisma, cisalhamen-
ma com necessidade de
to por compressão e tração diagonal,
aplicação de filme plásti-
flexão simples e flexo-compressão de
co nas faces grauteadas,
paredes e de tração na flexão de pris-
indicação da necessidade
mas. Contempla ainda procedimento
de molhar os vazados an-
para cálculo de valor característico para
tes do grauteamento de
amostras a partir de 3 exemplares.
prismas, entre outros.
de
Estudo
Algumas melhorias em relação às
O Comitê discutiu ainda
versões anteriores incluem: eliminação
a inclusão de anexo com
de necessidade de número mínimo de
especificação para extra-
3 macacos para ensaios de parede,
ção de prismas testemu-
Ensaio de cisalhamento
nho em paredes já construídas, que não fez parte da Consulta Nacional, porém deverá ser proposto como emenda em breve. Esse trabalho faz parte de uma séria de ações da área de Alvenaria Estrutural que vêm ocorrendo com objetivo de unificar
Ensaio de pequena parede
Ensaio de prisma
e melhorar a normalização técnica dos
dos de ensaios, que deverá ter reflexos
produtos, das especificações para pro-
na Construção Civil com a publicação
jeto, execução e controle, e dos méto-
de novas normas nos próximos anos. CONCRETO & Construções | 69
u estruturas em detalhes
A influência do processo BIM no domínio de estruturas de concreto ALEX RODA MACIEL – Engenheiro Civil iBIM
Projetos e Consultoria
como um novo software, uma ferramen-
(TIC) é utilizada para criação de um mo-
ema cada vez mais frequen-
ta computacional que substituirá as fer-
delo virtual do empreendimento, o modelo
te na pauta da indústria da
ramentas CAD tradicionais, possibilitan-
BIM, que representa suas características
construção civil brasileira, o
do a evolução do projeto 2D para 3D,
físicas e funcionais (NIBS, 2007), bem
BIM vem ganhando amplo destaque
o acrônimo BIM (Building Information
como o inter-relacionamento entre seus
entre os agentes que atuam em sua
Modeling) representa um conjunto inter-
elementos e componentes construtivos.
cadeia produtiva. Torna-se cada dia
-relacionado de políticas, processos e
maior a quantidade de empresas ou
tecnologia (SUCCAR, 2009).
1. INTRODUÇÃO
T
O processo BIM estabelece um novo paradigma, um novo modo de se con-
profissionais que buscam conhecimen-
A Modelagem da Informação da
ceber, projetar, construir e operar em-
to a respeito desta inovação ou que já a
Construção é um processo focado no
preendimentos de construção civil. O
estejam utilizando, independentemente
desenvolvimento, uso e intercâmbio de
BIM fomenta um novo fluxo de trabalho,
de seu porte ou segmento de atuação.
modelos de informação em formato digital
integrado e colaborativo, promovendo
Apesar do destaque ao aspecto tec-
(COMPUTER..., 2011). Nesse contexto, a
a integração entre os diversos agentes
nológico, sendo ainda visto por alguns
tecnologia da informação e comunicação
envolvidos e durante as diferentes fases do ciclo de vida dos empreendimentos. O modelo BIM representa uma base de informações, comum e compartilhada, que evolui gradualmente ao longo do ciclo de vida do empreendimento. Suas informações são complementadas progressivamente pelos diversos intervenientes, permitindo o reuso das informações geradas ao longo do processo e auxiliando a tomada de decisões. A figura 1 ilustra a interação entre as fases do ciclo de vida do empreendimento, baseada na tabela 1F da ABNT NBR 15965-3. De modo a suportar o desenvolvimento dos modelos BIM, encontram-
u Figura 1 Estágios do ciclo de vida do empreendimento no contexto BIM Fonte: Elaborada pelo autor com base na ABNT NBR 15965-3
70 | CONCRETO & Construções
-se disponíveis no mercado diversas ferramentas computacionais, destinadas a atender os mais diversos usos e
necessidades específicas dos agentes envolvidos na indústria da arquitetura, engenharia e construção (AEC). Este artigo explora o uso do BIM aplicado ao domínio de estruturas de concreto, apresentando os impactos que sua abordagem provoca no processo de projeto tradicional. Algumas considerações específicas aos segmentos obras de edificações e infraestruturas são expostas, bem como os
u Figura 2 Processo tradicional de projeto estrutural Fonte: Elaborado pelo autor
benefícios promovidos ao longo de sua contendo definições e premissas, que
calculista, usualmente com apoio de
serão usados como base à proposição
softwares de análise estrutural, são
2. A INFLUÊNCIA DO PROCESSO BIM NOS PROJETOS ESTRUTURAIS
da tipologia estrutural adequada ao
repassadas ao responsável pelo deta-
empreendimento.
lhamento dos desenhos de modo qua-
A terceira etapa destina-se ao cál-
se artesanal, não sendo comum o in-
No processo de projeto tradicional,
culo, análise e dimensionamento dos
tercâmbio de dados em formato digital
fundamentado na representação gráfica
elementos estruturais. Por meio de di-
devido as distintas ferramentas usadas
bidimensional, o fluxo de informação en-
ferentes níveis de abstração que repre-
por esses agentes.
tre os diversos agentes envolvidos é rea-
sentam a estrutura física real idealizada
Parte considerável do tempo con-
lizado por meio de documentos planifica-
(MARTHA, 2010), procede-se a discre-
sumido no processo tradicional reser-
dos, exigindo, segundo Ferreira e Santos
tização, cálculo e comprovação das hi-
va-se documentação do projeto, onde
(2007), um recorrente esforço mental
póteses, simplificações e demais consi-
o espaço tridimensional, idealizado
para recomposição do espaço tridimen-
derações previstas no modelo analítico,
pelo projetista estrutural, é novamente
sional a partir da representação 2D.
possibilitando o dimensionamento da
planificado na elaboração de desenhos
armadura necessária.
de fôrmas e armadura.
cadeia produtiva.
Essas informações, advindas das envolvidas,
Ao término dessa etapa, as in-
Em geral, a interação com as de-
bem como internas da empresa res-
formações geradas pelo engenheiro
mais especialidades ocorre ao término
distintas
especialidades
ponsável pelo projeto estrutural, precisavam ser recriadas diversas vezes ao longo do processo, em função da interpretação dos desenhos ou uso de distintos softwares específicos. A figura 2 representa um fluxo de trabalho tipicamente adotado no desenvolvimento de projetos estruturais. A primeira etapa destina-se a concepção e definição dos requisitos do empreendimento. Embora recomendável, em muitos casos ainda não há a definição da empresa que será responsável
Fonte: Pries (2010) apud Goes (2011)
Fonte: Elaborada pelo autor
pelo projeto estrutural. O processo de projeto estrutural inicia-se efetivamente com o recebimento dos documentos de referência
u Figura 3 Interação entre agentes da indústria AEC no processo tradicional e no contexto BIM
CONCRETO & Construções | 71
do detalhamento do projeto de fôrmas.
etapas de projeto, conforme represen-
intercâmbio entre ferramentas de auto-
O repasse e solução de eventuais alte-
tado na figura 4.
ria BIM e ferramentas de análise estru-
rações, inerentes ao processo de proje-
Essa abordagem colaborativa fa-
tural. Cada elemento estrutural contém,
to, demandavam um trabalho eficiente
vorece a identificação, bem como a
além de definições geométricas e de
de coordenação, de modo a garantir a
prevenção, de possíveis problemas
materiais, elementos analíticos asso-
solução prévia de problemas de interfa-
de interface desde as etapas iniciais
ciados que podem ser exportados aos
ce antes do início da construção.
do projeto, auxiliando a mitigar erros,
aplicativos de análise estrutural.
A consistência e atualização dos
omissões, retrabalhos, e contribuindo
documentos, ainda que elaboradas
para redução dos ciclos de aprovação
com auxílio de ferramentas CAD para-
e duração dos projetos.
1
Apesar de compartilhar informações com o modelo estrutural BIM e possibilitar sua atualização, como, por
métricas, que permitem a automação
O primeiro aspecto está relaciona-
exemplo, a exportação das armaduras,
da representação gráfica e quantifica-
do aos benefícios proporcionados pela
o modelo de análise deve ser mantido
ção dos materiais, requerem grande
representação tridimensional. A visua-
externamente à base compartilhada,
esforço sendo comum a ocorrência de
lização 3D reduz consideravelmente o
devido à responsabilidade técnica e ci-
divergência entre as informações conti-
esforço cognitivo necessário à percep-
vil associada.
das nos documentos.
ção dos objetivos e necessidades do
Após a modelagem dos elementos
O processo BIM provoca profundas
empreendedor. Facilita a transmissão
estruturais, armaduras e demais com-
mudanças em relação à forma com que
das intenções e premissas ao projetista
ponentes, desenhos e quantitativos de
os projetos são desenvolvidos, uma vez
estrutural, assim como às empresas res-
materiais passam a ser subprodutos do
que deixam de ser representados por
ponsáveis pelas demais especialidades.
modelo, gerados a partir de uma base
desenhos 2D e passam a ser simulados
O intercâmbio de dados entre ferra-
de dados coordenada. Eventuais altera-
mentas de autoria BIM usadas por dis-
ções no modelo são reproduzidas nos
Seu uso fomenta um novo fluxo de
tintas especialidades reduz o esforço
documentos associados, garantindo a
trabalho multidisciplinar, integrado e co-
inicial necessário à entrada de dados.
consistência e atualização das informa-
laborativo, promovendo a interatividade
Um elemento estrutural, definido ini-
ções contidas no projeto estrutural.
entre as diversas especialidades atuan-
cialmente em um projeto arquitetônico,
Na figura 5 apresenta-se um exem-
tes no processo de projeto.
pode ser reconhecido automaticamen-
plo de Projeto de Detalhamento de Ar-
Nesse contexto, o modelo estrutu-
te pelas ferramentas BIM utilizadas pelo
maduras (PDA), elaborado com suporte
ral BIM é mantido em uma base co-
projetista estrutural, assim como por
de uma ferramenta de autoria BIM.
mum e compartilhada, desenvolven-
demais especialidades.
por meio de modelos virtuais.
do-se progressivamente ao longo das
Esse conceito também se aplica ao
Diferentemente do processo tradicional, no qual a representação gráfica 2D possibilitava o uso de simplificações, simbolismo e omissões de algumas informações consideradas implícitas (FERREIRA; SANTOS, 2007), como no caso de barras corridas ou com comprimento variável, no contexto BIM cada componente deve ser modelado de forma explícita.
u Figura 4 Processo de projeto estrutural no contexto BIM Fonte: Elaborado pelo autor
2.1 O BIM no setor de obras de edificações Embora os benefícios proporcio-
Foram omitidas as atividades de análise e aprovação do projeto estrutural pelo contratante que ocorrem ao longo processo de projeto com base no modelo BIM.
1
72 | CONCRETO & Construções
u Figura 5 Exemplo de PDA desenvolvido por meio do processo BIM Fonte: Nemetschek Structural User Contest (NEMETSCHEK, 2013, p. 150)
nados pela representação 3D serem
dos desenvolvedores de modeladores
conhecidos há décadas pelos projetis-
estruturais integrados, de modo a via-
tas estruturais que atuam no segmento
bilizar o efetivo trabalho colaborativo e
de edificações, sobretudo em obras
permitir o reuso de informações advin-
reticuladas de concreto, seu uso ficava,
das das demais especialidades.
2.2 O BIM aplicado a obras de infraestrutura Em comparação ao segmento de
edificações, onde o uso de modela-
em geral, limitado aos processos inter-
O BIM ajuda a expandir esses be-
dores estruturais integrados encontra-
nos do projetista estrutural e à expor-
nefícios a estruturas cada vez mais sin-
-se estabelecido e proporciona sinergia
tação de imagens para comunicação
gulares e ousadas, nas quais tipologias
entre a análise, dimensionamento e de-
com o contratante.
formadas por superfícies em cascas e
talhamento estrutural, nos projetos de
edificações concebidas em arquitetura
estruturas de concreto destinados às
estrutural exigem sinergia entre o arqui-
obras de infraestrutura este processo é
teto e o projetista estrutural.
realizado de forma quase artesanal.
O advento dos modeladores estruturais
integrados,
ferramentas
computacionais que abrangem todas as etapas do processo de projeto estrutural, permitiu aumentar consideravelmente a produtividade e reduzir os prazos de desenvolvimento do projeto, porém a interface entre os demais agentes se manteve baseada em documentos 2D. Atualmente os principais modeladores integrados permitem a exportação dos modelos, por meio de plugin ou formatos não proprietários e abertos, como o IFC2, possibilitando aos projetistas estruturais participarem do processo BIM, porém de forma coordenada. Há um grande esforço por parte
u Figura 6 Edifício do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões Fonte: Imagem cedida por José Carlos Lino (Newton)
Industry Foundation Classes (IFC) é um schema de dados e um formato de arquivo neutro, não proprietário, usado para o intercâmbio de dados na indústria AEC. Este padrão é desenvolvido e mantido pela organização internacional buildingSMART e registrado pela norma ISO 16739:2013.
2
CONCRETO & Construções | 73
reduzindo eventuais divergências entre informações contidas nos modelos e documentos de construção. A adoção do processo BIM por empresas que atuam em obras de infraestrutura tende a obter uma forte expansão nos próximos anos, motivado por seus benefícios internos e, principalmente, pela indução do setor público, seu principal contratante. Alguns órgãos e empresas estatais, como DNIT, METRÔ-SP e CPTM, já
u Figura 7 Exemplo de projeto de infraestrutura desenvolvido por meio do processo BIM
anunciaram intenções ou solicitam que seus projetos sejam desenvolvidos em BIM.
Fonte: Imagem cedida por Intertechne Consultores S.A.
2.3 O BIM na preparação e produção de estrutura em concreto
Este fato se deve à peculiaridade
denação espacial multidisciplinar, o uso
dos projetos desenvolvidos e à menor
de ferramentas BIM no desenvolvimento
interoperabilidade entre as ferramentas
dos projetos estruturais contribui para:
tradicionalmente utilizadas, sendo ainda
a) minimizar a segregação entre as ati-
Os empreendimentos de constru-
frequente o uso de ferramentas que de-
vidades de análise e detalhamento
ção civil têm por característica a singu-
mandam alto grau de intervenção manual.
estrutural por meio do intercâmbio
laridade. Cada obra possui caracterís-
de informações em formato digital;
ticas específicas e, diferentemente de
O emprego do processo BIM em obras de infraestrutura favorece não
b) mitigar problemas relativos à inter-
outras indústrias, nas quais as defini-
apenas o aumento da integridade e con-
face e congestionamento de barras
ções de projeto são validadas por meio
sistência dos projetos estruturais, mas
de reforço, comuns aos elementos
de protótipos antes do início de sua
também propicia maior colaboração en-
estruturais robustos e com alta taxa
produção em massa, cada empreendi-
tre os diversos agentes envolvidos.
de armadura, frequentemente em-
mento é, ao mesmo tempo, um produ-
pregados nesse setor;
to final e um protótipo.
Além dos benefícios proporcionados pela visualização tridimensional e coor-
c) extração precisa de quantitativos,
A possibilidade de simular as etapas construtivas (BIM 4D) e uso dos modelos para orçamentação e gestão de custos (BIM 5D) contribui para antever eventuais problemas, que, em muitos casos, somente eram identificados durante a obra. A construção virtual da construção facilita a interpretação do projeto estrutural, identificação de possíveis interferências provocadas por estruturas temporárias, que possam afetar o acesso a equipamentos, e os estudos de alterna-
u Figura 8 Uso do processo BIM na construção virtual de empreendimentos Fonte: Adaptado de Trimble Buildings (2016, p.10)
74 | CONCRETO & Construções
tivas antes do início de sua execução. Embora questões relativas à construtibilidade serem, em muitos casos, abordadas somente após o término do
projeto estrutural, recomenda-se que a
surgimento de patologias estruturais.
concepção estrutural, reduzindo o es-
definição do método e sequenciamen-
O emprego da fabricação digital,
forço inicial necessário à interpretação
to executivo seja tratado concomitante-
processo no qual a informação digital,
de desenhos 2D e ao intercâmbio de
mente ao projeto, de modo a possibilitar
contida no modelo BIM é usada com
dados entre diferentes sistemas compu-
a previsão de juntas de concretagem e
objetivo de facilitar a fabricação ou
tacionais, resultando em projetos mais
armaduras de espera, e evitar a neces-
montagem de produtos de construção
econômicos e com maior qualidade.
sidade de adequações durante a etapa
(COMPUTER..., 2011), aliada a maior
Não obstante aos benefícios pro-
de construção.
confiabilidade proporcionada pelo BIM,
porcionados pela visualização tridi-
contribuem para aumentar o grau de in-
mensional, coordenação espacial 3D
dustrialização e pré-fabricação.
e maior automação nas atividades de
Durante a fase de execução, os modelos BIM desenvolvidos nas fases de projeto e preparação podem
Destaca-se também o uso de equi-
documentação e quantificação, de-
ser utilizados no apoio das atividades
pamento Laser Scanning no levanta-
vem-se ter em conta os impactos que
de execução.
mento de dados para obras de amplia-
o BIM promove ao longo da cadeia
O uso de dispositivos móveis e de
ção e reforço estrutural, sobretudo em
produtiva, os quais transcendem seu
armazenamento de dados baseados
ambientes agressivos e locais de difícil
aspecto tecnológico.
na nuvem vem tornando o BIM cada
acesso, como obras de arte especiais.
O uso do processo BIM fomenta um
vez mais presente nos canteiros de
De modo a viabilizar o uso do mo-
novo fluxo de trabalho, integrado e co-
obras, auxiliando o acompanhamen-
delo estrutural BIM ao longo de sua
laborativo, auxilia a promover maior in-
to, controle tecnológico e medição
cadeia produtiva torna-se fundamen-
tegração entre os agentes atuantes na
das atividades de produção, agili-
tal a prévia definição dos objetivos e
indústria AEC e contribui para reduzir
zando a comunicação entre equipes
propósitos de uso do modelo. A clara
incertezas, omissões e problemas de
locadas em campo e o projetista es-
definição dos objetivos e necessida-
interface que ocasionam retrabalhos e
trutural caso seja necessário dirimir
des, desde suas etapas iniciais, permi-
o aumento de custos e prazos do pro-
alguma dúvida.
te maximizar os resultados obtidos e
jeto e construção.
A integração do modelo BIM a equipamentos topográficos facilita a loca-
atender aos agentes atuantes à jusante do processo.
ção das estruturas na obra, tornando-
Assim como já ocorrido em alguns países, a exigência de uso do BIM torna-se a cada dia uma realidade no
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
contexto brasileiro. Iniciativas realizadas
e contribui para identificação de even-
O auxílio de ferramentas BIM no de-
por órgãos públicos e privados tendem
tuais desvios que possam gerar esfor-
senvolvimento dos projetos estruturais
a impulsionar o mercado brasileiro na
ços não previstos e, posteriormente, o
permite ao projetista focar esforços na
implantação do BIM.
-as mais precisa e aderentes ao projeto,
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM. BIM Project Execution Planning Guide - Version 2.1. University Park, Pa, USA: The Pennsylvania State University, 2011. 134 p. [02] FERREIRA, R. C.; SANTOS, E. T. Limitações da representação 2D na compatibilização espacial em projetos de edifícios e a aposta no CAD 3D como solução. In ENCONTRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL, 3., Porto Alegre, 11 e 12 de julho de 2007. Anais. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 10 p., 1 CD-ROM. [03] GOES, R. H. T. B. Compatibilização de projetos com a utilização de ferramentas BIM. 2011. 142p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo, 2011. [04] MARTHA, L. F. Análise de Estruturas: Conceitos e Métodos Básicos. Rio de Janeiro: Editora Campus/Elsevier, Rio de Janeiro, RJ, 524p., ISBN 978-85-352-3455-8, 2010. [05] NATIONAL INSTITUTE OF BUILDING SCIENCES (NIBS). United States Nation Building Information Modeling Standard: Version 1- Part 1: Overview, Principles, and Methodologies. [S.l.], 2007. 182 p. [06] NEMETSCHEK. Nemetschek Structural User Contest: Inspirations in Engineering, 2013. [S.l]: 2013. 271 p. Disponível em: <http://books.scia.net/UC2013/>. Acesso em: 02 nov. 2016. [07] SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: a research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p. 357-375, 2009. [08] TRIMBLE BUILDINGS. Vico Office introduction: Training manual. [S.l.:s.n.], 2016. 110p.
CONCRETO & Construções | 75
u estruturas em detalhes
Determinação da capacidade de carga de estacas através de ensaios de carregamento dinâmico JORGE W. BEIM – Diretor Técnico
SERGIO VALVERDE – Diretor Técnico
JB Instrumentação Eletrônica
PDI Engenharia
de Normas Técnicas através da ABNT
módulo de elasticidade dinâmico e
esenvolvida nos anos 70, a
NBR 13208 Estacas – Ensaio de Car-
peso específico do material da estaca.
técnica de determinação da
regamento Dinâmico e a sua aplicação
Esta força, que pode alcançar valores
capacidade de carga de es-
é especificada na ABNT NBR 6122 –
muito superiores ao peso do pilão, se
Projeto e Execução de Fundações.
propaga com velocidade constante ao
1. INTRODUÇÃO
D
tacas, baseada na propagação da onda
longo do elemento de fundação, sob
de tensão gerada pelo impacto de um martelo de peso adequado faz uso in-
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
a forma de uma onda de tensão, que
tenso de informática. A metodologia
O impacto de um martelo, caindo
sofre reflexões sempre que encontra
aqui apresentada pode ser aplicada para
com uma certa velocidade no topo
resistência do solo, ou então variações
avaliar a capacidade de praticamente
de uma estaca, transfere parte desta
nas características físicas do elemento
qualquer tipo de estaca de fundação,
velocidade à estaca (dependendo da
ao longo do seu fuste. A determinação
porém neste trabalho será abordado
relação entre o peso do pilão e o da
da capacidade de carga se faz através
particularmente a aplicação em estacas
estaca, entre outros fatores). Isto gera
da análise dos efeitos dessas refle-
de concreto, principalmente àquelas
uma força de impacto, que é função da
xões na força e na velocidade medidas
que são moldadas “in loco”. A técnica é
velocidade transferida e de caracterís-
por sensores instalados em um pon-
normatizada pela Associação Brasileira
ticas físicas da estaca: área de seção,
to próximo do topo do elemento de
u Figura 1 Instalação dos sensores eletrônicos
76 | CONCRETO & Construções
fundação e chamada de seção instrumentada. No caso de estacas moldadas “in loco” são confeccionados blocos prolongadores, na superfície lateral dos quais os sensores são aparafusados através de chumbadores adequada e previamente instalados. O método é capaz também de detectar variações de área de seção, resistência ou densidade do material, já que essas também provocam reflexões da onda que afetam as medições de força e velocidade. No concreto, a onda gerada com o impacto se propaga com uma velocidade que tipicamente varia entre 3500 m/s e 4500 m/s (4.000 + ou – 12,5%). Se esta velocidade de onda for conhecida com razoável precisão, é possível relacionar o tempo entre o impacto e a
u Figura 2 Tela do PDA vista através de acesso remoto via Internet
chegada da reflexão com a exata localização da resistência ou da variação
ção de ponte de Wheatstone. A defor-
metralmente opostas em relação ao eixo
de características do material ao longo
mação específica assim medida é mul-
de simetria do elemento de fundação.
do fuste. Se o comprimento do ele-
tiplicada pelo módulo de elasticidade e
Os sinais de força e velocidade as-
mento de fundação é bem conhecido,
pela área de seção do elemento de fun-
sim obtidos são enviados por cabo ou
a velocidade de propagação da onda
dação, para obtenção da força. Outro
por rádio a uma unidade eletrônica, co-
pode ser determinada medindo-se o
método possível, as vezes empregado
nhecida pela sigla de seu nome em in-
tempo entre o impacto e a chegada
em estacas moldadas “in loco”, é o uso
glês – PDA (Pile Driving Analyzer). Esta
da reflexão correspondente à ponta do
de célula de carga interposta entre o pi-
unidade consiste dos circuitos de en-
elemento. Outro critério que pode ser
lão e o topo da estaca. Apesar de ter a
trada e conversores analógico-digitais,
usado é a verificação da chamada pro-
vantagem de não depender de conhe-
que enviam os sinais digitalizados a um
porcionalidade entre força e velocidade
cimento prévio do módulo de elastici-
microcomputador, rodando um progra-
de partícula no instante do impacto, já
dade do concreto para determinação
ma específico em ambiente Windows®.
que a constante de proporcionalidade é
da força, este método é pouco usado
Este programa faz a interface com o
função do módulo de elasticidade e do
pois exige a confecção de células de
usuário através de tela de toque, para
peso específico do material, os quais
carga específicas para o nível de carga
entrada dos parâmetros do elemento
também determinam a velocidade de
que está sendo medido.
de fundação, e efetua os cálculos para
O sinal de velocidade (não confundir
obtenção dos sinais digitalizados de
com a velocidade de propagação da
força e velocidade, a partir da defor-
3. OBTENÇÃO DOS DADOS
onda) é obtido através da integração
mação e da aceleração medidas pelos
O sinal de força é em geral obtido
numérica dos sinais obtidos por acele-
sensores. O programa também obtém
rômetros aparafusados à estaca.
os sinais médios de força e velocida-
propagação da onda.
a partir da medição da deformação do material da estaca ao nível dos senso-
Para compensar o efeito da flexão,
de, a partir dos sensores instalados, e
res. Esta deformação é medida usan-
sempre presente nos golpes aplicados,
efetua cálculos preliminares de capa-
do-se um sensor aparafusável, o qual
o sistema usa dois ou mais de cada tipo
cidade de carga, tensões no material
contem “strain-gages” em configura-
de sensor, colocados em posições dia-
da estaca e energia transferida, após CONCRETO & Construções | 77
cada golpe. O software utilizado é ca-
numérica dos sinais, que será aborda-
rante o golpe), EMX (energia máxima
paz de fazer todo este processamento
do mais adiante.
transferida para a estaca durante o gol-
sem perder golpes aplicados, mesmo
Para calcular a capacidade de car-
pe, na região dos sensores), FMX (força
quando se utiliza martelos capazes de
ga da estaca, o PDA usa um método
máxima aplicada pelo pilão no topo da
aplicar 120 golpes por minuto.
simplificado, denominado “CASE” (de
estaca) etc.
O microcomputador usado na uni-
Case Western Reserve University, onde
dade de campo pode rodar outros
o método foi desenvolvido), o qual é
4. EXECUÇÃO DO ENSAIO
programas Windows. Particularmente,
uma solução fechada da equação da
O ensaio exige a aplicação de gol-
é possível utilizar programas de aces-
onda, que é correta se forem assumi-
pes com um pilão de peso suficiente
so remoto via Internet, que permitem o
das algumas hipóteses simplificadoras.
para provocar força de impacto capaz
acompanhamento do ensaio à distân-
No método CASE a estaca é assumi-
de mobilizar a resistência do solo. No
cia (desde o escritório), e transmissão
da uniforme, o seu material idealmen-
caso de estaca de concreto moldada
praticamente instantânea dos dados
te elástico, não oferecendo nenhuma
in loco, é necessário dispor-se de um
obtidos para análises adicionais e ela-
resistência à propagação da onda e o
sistema de percussão adequadamen-
boração de relatório interpretativo. A
solo é assumido idealmente plástico,
te construído, capaz de aplicar golpes
Figura 2 mostra a tela do PDA, como
de modo que são desprezados os mo-
com alturas de queda variáveis (a prá-
vista através de acesso remoto.
vimentos do solo em relação à estaca.
tica usual consiste em aplicar golpes
A tela do PDA exibe os resultados
A Figura 3 mostra a tela do Progra-
com alturas de queda crescentes, va-
preliminares assim obtidos em forma
ma PDA-W, usado para processamen-
riando de 0,2 m até 2,0 m ou mais se
textual e gráfica, imediatamente após
to dos sinais obtidos em campo. Este
for necessário). O sistema usado deve
cada golpe aplicado. O software do
programa permite a visualização gráfi-
também guiar a queda do pilão duran-
PDA também é capaz de armazenar
ca dos sinais obtidos em campo, bem
te todo seu trajeto, e permitir ajustar o
os sinais digitalizados de cada sensor
como dos resultados mais relevantes
alinhamento entre o sistema percussor
em arquivos que podem ser usados em
tais como RMX (capacidade calculada
e o elemento de fundação. Deve-se
programas específicos para geração de
pelo método simplificado CASE), DMX
também usar um sistema de amorteci-
relatórios, ou no programa de análise
(deslocamento máximo da estaca du-
mento, composto em geral de chapas
u Figura 3 Sinais de força e velocidade x impedância – ondas descendente e ascendente
78 | CONCRETO & Construções
u Figura 4 Sistemas de percussão de madeira compensada sobrepostas,
5. ANÁLISE NUMÉRICA
University. O programa resolve a equa-
entre o pilão e a cabeça da estaca,
Para a exata determinação da ca-
ção da onda usando o método numérico
para permitir melhor distribuição da
pacidade de carga e sua distribuição ao
desenvolvido por E.A. Smith, publicado
força de impacto.
longo do fuste e na ponta, é necessária
em 1960.
Estudos efetuados pelos desenvol-
a execução de análise numérica rigo-
A estaca é dividida em segmentos,
vedores do método indicam que o peso
rosa, usando um programa conhecido
em geral de cerca de 1 m de comprimen-
mínimo recomendado é de 2% a 3%
pela sua sigla em inglês – CAPWAP®
to, podendo cada elemento ter caracte-
da carga de projeto (1% a 2% a car-
(Case Pile Wave Analysis Program).
rísticas físicas (área de seção, módulo de
ga máxima prevista no ensaio). Vários
O CAPWAP é um programa de
elasticidade e peso específico) diferentes,
sistemas específicos para a realização
identificação de sistema, ou análise re-
o que permite a modelagem de estacas
de ensaios deste tipo estão disponíveis
versa, que usa o processo de “signal
não-uniformes. A resistência de fuste é
no mercado brasileiro. O importante a
matching” (coincidência de sinal).
modelada através de elementos posicio-
observar é que o sistema de percussão
O processo consiste em calcular
nados em geral a cada dois segmentos
fique garantidamente centrado com a
uma das variáveis (digamos a força),
de estaca, com um elemento adicional
estaca a ensaiar e possua a eficiência
resolvendo a complexa equação que
para a ponta. Versões mais modernas
mínima recomendada.
rege a propagação da onda, tendo
do programa permitem a modelagem de
Uma vez posicionado o sistema de
como dados de entrada a outra variável
até duas pontas adicionais no caso de
percussão e colocados os sensores
(digamos a velocidade), o modelo da
estacas não-uniformes, com redução de
eletrônicos, o ensaio é bastante rápido,
estaca (considerado conhecido) e um
seção por exemplo no caso de estacas
e consiste na aplicação de uma série
modelo assumido para o solo. O ope-
escavadas pinadas em rocha.
de golpes com altura de queda cres-
rador então efetua sucessivas análises
Cada elemento de solo possui uma
cente, até que seja mobilizada a resis-
variando o modelo do solo, até que a
componente de resistência estática,
tência desejada do solo (constatada
melhor coincidência seja obtida entre
dependente do deslocamento, e uma
através da medição do deslocamento
o sinal calculado e o sinal medido em
componente dinâmica, dependente da
permanente do elemento de fundação,
campo. Os parâmetros do modelo do
velocidade. O modelo original de Smith
preferencialmente após cada golpe
solo assim obtido é basicamente o re-
foi bastante aprimorado, com a adição
aplicado), ou se antes disso os valores
sultado da “análise CAPWAP”.
de elementos, como diferentes com-
de tensão máxima de compressão ou
O desenvolvimento do programa
portamentos durante carga e descarga,
tração, computados pelo programa do
CAPWAP constituiu a tese de douto-
modelagem do peso da bucha de solo,
PDA, atingirem níveis próximos de limi-
rado do Dr. Frank Rausche, defendi-
consideração do movimento do solo
tes admissíveis.
da em 1969 na Case Western Reserve
em relação à estaca, etc. CONCRETO & Construções | 79
Após entrar com os sinais digitali-
nimização de erro, ou seja, funções que
sentados também outros parâmetros
zados de força e velocidade e com os
variam certos conjuntos de parâmetros
usados na modelagem do solo, como
parâmetros do topo da estaca, o ope-
até obter o menor MQ possível. Contudo,
“quakes” (limites de deformação elástica)
rador do programa CAPWAP deve en-
o operador tem sempre que se certificar
e “dampings” (coeficientes da resistência
trar com as variações de parâmetros da
de que as soluções “automáticas” são
dependente da velocidade de desloca-
estaca ao longo do fuste, se for o caso.
coerentes do ponto de vista físico e ge-
mento), para cada um dos elementos de
O programa então calcula o modelo
otécnico, e corrigi-las e voltar a procurar
solo ao longo fuste e para a ponta, assim
da estaca e efetua uma análise com
um menor MQ caso não sejam.
como valores de resistências unitárias.
base em um modelo bastante simples
Uma análise CAPWAP típica pode
A Figura 6 mostra a página de grá-
do solo, usando valores padrões. Para
levar de alguns minutos a algumas ho-
ficos gerada pela análise CAPWAP. O
cada análise o programa calcula um ín-
ras, dependendo da complexidade da
canto superior esquerdo mostra a boa
dice denominado “MQ” (originalmente
situação, e também em parte da expe-
coincidência das curvas medidas e cal-
de “Match Quality” – vide Figura 5), que
riência do operador. Uma vez encon-
culadas; o canto superior direito mostra
é na realidade um indicador de erro, ou
trada a solução considerada correta, o
as curvas de força e velocidade medi-
seja, quanto maior o MQ maior o de-
programa permite a impressão de tabe-
das em campo; o canto inferior esquer-
sencontro entre as duas curvas.
las e gráficos com os resultados, para
do mostra uma curva carga-recalque
anexação ao relatório.
calculada pelo programa a partir dos
O objetivo da análise é, portanto, modificar o modelo do solo até que se
Na figura 5 são apresentados os va-
modelos do solo e da estaca, e o canto
lores da resistência total estática mobi-
inferior direito mostra a distribuição de
As versões atuais do programa CA-
lizada, bem como as parcelas ao longo
resistência ao longo do fuste da estaca.
PWAP possuem vários algoritmos de mi-
do fuste e ponta. Além desses são apre-
As análises CAPWAP de ensaios
obtenha o menor MQ possível.
efetuados em estacas de concreto moldadas “in loco” são algo mais complexas do que as de estacas pré-moldadas, devido à natural não uniformidade das primeiras, pelo seu próprio processo construtivo, que permite a ocorrência, por exemplo, de alargamentos. Diferenças de módulo de elasticidade e/ ou peso específico ao longo do fuste também têm que ser levadas em conta. A mais nova versão do programa (2014) permite a modelagem do comportamento anisotrópico do concreto, com velocidades de onda diferentes quando o material é submetido a esforço de compressão ou tração. Este modelo permite que os operadores alcancem valores de MQ mais baixos em estacas de concreto, o que significa maior precisão e confiabilidade do resultado.
6. CONCLUSÃO u Figura 5 Tabela de resultados da análise Capwap
80 | CONCRETO & Construções
A partir dos fundamentos teóricos publicados em 1970 por pesquisadores da Case Western Reserve University nos
u Figura 6 Gráficos da análise Capwap EUA, o Ensaio de Carregamento Dinâ-
mobilizar a carga que se deseja medir.
fuste da resistência do solo, além de
mico (ECD) começou a ser utilizado de
Os sinais obtidos durante os impactos
outros parâmetros.
forma prática a partir de meados da dé-
são enviados a uma unidade eletrônica
O ECD se popularizou devido à sua
cada de 1970, com o desenvolvimento
portátil, o PDA (Pile Driving Analyzer),
maior rapidez, custo mais baixo e me-
da eletrônica e das técnicas de proces-
o qual efetua um processamento ini-
nor interferência no andamento da obra,
samento de dados.
cial e armazena os dados em forma
comparado com o método tradicional
O ensaio consiste na instalação de
de arquivos digitais. Esta informação
(Prova de Carga Estática). O ECD permi-
sensores de deformação e acelerôme-
é posteriormente reprocessada usan-
tiu a comprovação de um universo maior
tros perto do topo da estaca, que é,
do um programa de análise numérica,
de estacas nas obras, aumentando, as-
em seguida, submetida a golpes de
denominado CAPWAP, o qual fornece
sim, a confiabilidade, com redução dos
um martelo com peso suficiente para
o valor e a distribuição ao longo do
prazos e dos custos.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Smith, E.A. – “Pile driving analysis by the wave equation”, Journal of Soil Mechanics and Foundations Division, American Society of Civil Engineers, Agosto de 1960, volume 86, no SM4, Proc. Paper 2574, pgs. 35-61 [02] Goble, G. G., Rausche, F., Moses, F., “Dynamic Studies on the Bearing Capacity of Piles; Phase III Volume II Report No. 48” – Division of Solid Mechanics Structures and Mechanical Design, School of Engineering, Case Western Reserve University, Cleveland, OH. – Agosto de 1970 [03] Rausche, F., Moses, F., Goble, G. G., “Soil resistance predictions from Pile Dynamics”, Journal of Soil Mechanics and Foundations Division, American Society of Civil Engineers, Setembro de 1972, reimpresso em “Current Practices and Future Trends in Deep Foundations, Geotechnical Special Publication No. 125, DiMaggio, J. A., e Hussein, M. H., Editores, Agosto de 2004, pgs. 418-440 [04] Pile Dynamics, Inc. – manual do programa CAPWAP, 2014
CONCRETO & Construções | 81
u estruturas em detalhes
A modelagem numérica da interação solo-estrutura FÁBIO SELLEIO PRADO – Engenheiro EGT Engenharia | Professor assistente
MARCELO WAIMBERG – Gerente Técnico
Instituto Mauá de Tecnologia
EGT Engenharia
Hoje, o custo de processamento não
siderar o fato de que modelos mais
ara se resolver um problema
é mais uma variável relevante na mo-
simples incluem mais hipóteses simplifi-
físico real, a solução usual é
delagem numérica. Os programas de
cadoras. Essas hipóteses podem estar
recorrer a modelos matemá-
análise estrutural disponíveis permitem
relacionadas com as teorias de cálculo
ticos que representem adequadamente
que se simule praticamente qualquer
consideradas, com a representação
esse problema.
estrutura, sem limites à criatividade na
geométrica da estrutura, com as pro-
sua concepção.
priedades dos materiais, etc.
1. INTRODUÇÃO
P
Nas obras em geral, a análise estrutural parte sempre de um modelo matemá-
Nessas análises, em um caso geral,
Tome-se o caso de uma edificação
tico da realidade que se deseja represen-
não é possível desconsiderar a interação
com fundações profundas, por exemplo
tar. Nesse modelo são adotadas teorias
entre solo e estrutura sem se afastar da
estacas cravadas. Um primeiro modelo
de cálculo conhecidas, representações
realidade que se busca representar.
em que o confinamento lateral dessas es-
aproximadas das ações na estrutura e
Em algumas estruturas, como nas
tacas seja representado por molas ao lon-
do comportamento dos materiais, condi-
obras enterradas, essa interação é
go do comprimento (modelo de Winkler,
ções de contorno (interfaces da estrutura
mesmo o principal fator a definir o com-
para mais detalhes ver (1)), pode fornecer
com o ambiente), além de hipóteses sim-
portamento estrutural.
resultados bastante satisfatórios na análise da estrutura do prédio. Esse modelo
plificadoras para representação da geometria real, com o objetivo de se compre-
2. HIERARQUIA DE MODELOS
pode evoluir, incluindo molas verticais re-
ender o comportamento dessa estrutura,
A representação de uma estrutu-
presentando o atrito lateral entre solo e es-
isto é, essencialmente prever suas defor-
ra através de um modelo matemático
taca. Molas verticais e horizontais podem
mações e deslocamentos, bem como o
sempre esteve, historicamente, con-
ser substituídas por elementos de material
“caminho” das cargas pelos elementos
dicionada às ferramentas disponíveis
elastoplástico, que simulem de maneira
que a compõem.
para sua resolução.
mais realista o comportamento do solo na
O que se busca é que esses mode-
Desse modo, modelos mais simples
los representem o mais fielmente pos-
sempre foram preferíveis no dia a dia
sível aquele comportamento estrutural.
do engenheiro de estruturas.
interação com a fundação. Cada uma dessas alterações corresponde à eliminação de hipóteses sim-
A dificuldade para o engenheiro é que
A análise dos resultados obtidos
plificadoras e a obtenção de resultados
a avaliação dos resultados é feita, no
nesses modelos é facilmente com-
mais precisos na análise. Note-se que
caso geral, para uma estrutura que ain-
parada com resultados prévios de
nem sempre esse ganho de precisão é
da não existe e deformações e deslo-
estruturas análogas e ajuda a entender
relevante (ou mesmo necessário) face
camentos que se desejam prever são,
o comportamento das estruturas que
às simplificações eliminadas. Muitas ve-
usualmente, imperceptíveis a olho nu.
estão sendo projetadas. Por outro lado,
zes, esse ganho de precisão é ilusório,
Com a evolução nas últimas duas
a repetição dessas análises realimenta o
face às incertezas dos dados de entrada
décadas dos equipamentos e progra-
processo de concepção e ajuda a agu-
(para uma discussão acerca da precisão
mas de informática, é cada vez mais
çar a sensibilidade quanto ao comporta-
de modelos de cálculo, ver (3)).
simples e menos custoso resolver nu-
mento esperado dessas estruturas.
mericamente os modelos matemáticos. 82 | CONCRETO & Construções
No entanto, não é possível descon-
Ainda que se continue evoluindo, com a consideração de elementos de
comportamento não linear, eventual-
mentos
mente não isotrópicos, em três dire-
permitem análi-
ções, representados por uma matriz
ses sofisticadas,
de rigidez, em que os efeitos cruzados
em que o solo
também são considerados, há um claro
é,
limite para o que pode ser representado
tempo, vínculo e
por esse modelo. Não é possível, por
carga na estru-
exemplo, conhecer o estado e compor-
tura, permitindo
tamento do maciço logo antes e após a
incorporação de
execução das fundações.
fluxos d’água ou
Para resolver essa questão e obter
Finitos,
ao
mesmo
outros fluidos.
essas informações adicionais, um novo
Ressalte-se
modelo numérico, mais sofisticado,
que, via de regra,
precisa ser considerado. Por exemplo
modelos
um modelo em que o solo seja repre-
complexos
sentado por elementos finitos e a inter-
mais
face com as estacas, por elementos de
(não tanto quanto ao processamento,
crito a seguir o problema da análise do
contato adequadamente definidos.
mas sempre com relação às análises
revestimento de um túnel em solo.
mais são
u Figura 1 Seção esquemática
custosos
Esse novo modelo, por sua vez,
de resultados). Eles têm também maior
também pode incluir informações adi-
probabilidade de que se cometam er-
cionais do comportamento dos mate-
ros de modelagem e interpretação, já
riais e da história do maciço, resultando
que a checagem dos resultados pode
análises mais precisas.
ser menos intuitiva.
3. EXEMPLO – REVESTIMENTO DE UM TÚNEL Como
exemplo
de
compara-
ção entre modelos de diferentes ní-
A essa evolução nos modelos nu-
Assim, cabe ao engenheiro estabele-
veis hierárquicos para a represen-
méricos, desde os mais simples até os
cer as informações necessárias e definir
tação do problema do revestimento
mais complexos e abrangentes, dá-se
modelos em que, com precisão suficiente,
de um túnel com diâmetro equiva-
o nome de Modelagem Hierárquica (ver
possam ser obtidas essas informações.
lente de 11,3m, considere o maciço
Cabe também ao engenheiro certi-
esquemático e a geometria do túnel in-
As ferramentas computacionais hoje
ficar-se de que, mesmo fazendo uso de
dicados na Figura 1. Por simplicidade
disponíveis, como o Método dos Ele-
modelos hierarquicamente superiores, um
não se considerou a presença de água
(2) para mais detalhes).
modelo mais sim-
Molas
no maciço.
ples para o mes-
A análise preliminar dos parâmetros
mo problema (e,
da Figura 1 indica pequeno potencial
portanto, menos
de arqueamento de carga em torno do
preciso e com
túnel. Assim, optou-se inicialmente por
menos informa-
um modelo de barras com carregamen-
ções resultantes)
to vertical total sobre o revestimento (gh).
seja considerado, Revestimento
de modo a servir como parâmetro
3.1 Modelo de ordem hierárquica mais baixa (modelo 1)
de comparação
u Figura 2 Geometria do modelo 1
e análise do com-
O modelo em elementos finitos de
portamento glo-
barras que representa o túnel de forma
bal da estrutura.
simplificada foi elaborado no programa
A título de exemplo, é des-
STRAP 2011, que é um programa de elementos finitos generalista. CONCRETO & Construções | 83
35 tf/m/m
17.5 tf/m/m
17.5 tf/m/m
to de carga no
mentos finitos plano com a representa-
maciço os carre-
ção do maciço.
verti-
O modelo em elementos finitos que
cais e horizontais
representa o meio contínuo foi elabora-
do
ficam
do no programa Midas NX, que é um
como indicado na
programa especializado em modela-
Figura 3.
gens de maciços, túneis, valas, etc.
gamentos
27 tf/m/m
27 tf/m/m
u Figura 3 Carregamento no revestimento, desprezando o arqueamento
Para
representar
o
revestimen-
to do túnel foram utilizados elementos
túnel
Nas Figuras 4
O modelo elaborado é plano e sua
e 5 são apresen-
matriz constitutiva é para estado plano
tados os diagra-
de deformação (EPD).
mas de momen-
Para representar o revestimento do
to fletor e força
túnel foram utilizados elementos de barra
normal no revestimento do túnel para
com meio metro de comprimento e com
o carregamento indicado na Figura 3.
função de forma linear. Para representar o maciço foram utilizados elementos pla-
de barra com meio metro de comprimento e com função de forma linear. Para representar o maciço foram utili-
3.2 Modelo de ordem hierárquica mais alta (modelo 2)
nos com lados de meio metro e função de forma linear. Manteve-se o revestimento em con-
zados elementos de mola elásticos não lineares (só podem ser comprimidos),
Para investigar melhor o comporta-
creto com comportamento elástico line-
com rigidez equivalente a E/D (E é o mó-
mento do maciço e o efeito do possível
ar. Já para o maciço foi considerado o
dulo de elasticidade da camada de solo e
arqueamento de carga nas solicita-
critério de Mohr-Coulomb para resistên-
D o diâmetro equivalente do túnel).
ções do revestimento, bem como os
cia, adotando os parâmetros da Figura 1.
recalques causados na superfície, o
O modelo foi dividido em duas
O em
revestimento concreto
foi
com
considerado
comportamen-
to elástico linear (em uma primeira aproximação). O modelo não representou as fases construtivas. Desprezando o possível arqueamen-
modelo anterior não é suficiente. Não basta refinar o modelo e os
tado inicial de tensões no maciço na
parâmetros adotados. É preciso elabo-
hipótese geostática. Na segunda fase
rar um novo modelo, hierarquicamente
é feita a abertura do túnel em uma úni-
mais avançado que o modelo de bar-
ca fase de escavação e aplicado o seu
ras. Por exemplo, um modelo em ele-
revestimento.
157 tf/m
148 tf.m/m
158 tf.m/m
fases. Na primeira fase instala-se o es-
158 tf.m/m
245 tf/m
245 tf/m
113 tf.m/m
263 tf/m
u Figura 4 Momento fletor no modelo simplificado
84 | CONCRETO & Construções
u Figura 5 Força normal no modelo simplificado
u Figura 7 Momento fletor (tf.m/m) mento de carga,
carregamento indicado na Figura 11.
que não é repre-
Verifica-se na Tabela 1 que os re-
sentado no mo-
sultados de momento fletor e força
delo simplificado.
normal no modelo simplificado (bai-
A hipótese simpli-
xa hierarquia) com o carregamento
O carregamento é gerado automati-
ficadora adotada para o carregamento
revisado e o modelo em meio con-
camente pelo programa, considerando
não estava adequada. Assim, é propos-
tínuo (alta hierarquia) são muito pró-
o peso próprio do maciço e do revesti-
ta uma nova forma de carregar o mode-
ximos. Isso mostra que, mesmo o
mento e sua interação (Figura 6).
lo simplificado para que este represente
modelo sendo mais simples, se os
melhor a interação solo-estrutura.
parâmetros e os dados de entrada fo-
u Figura 6 Geometria do modelo 2 em elementos finitos
Nas Figuras 7 e 8 são apresentados
rem coerentes com o problema físico
os resultados de momento fletor e força normal no revestimento do túnel. Com este modelo de ordem hierárquica mais alta é possível ver os resultados do recalque na superfície do ter-
3.3
Modelo de ordem hierárquica mais baixa – revisão do carregamento adotado (modelo 3)
que se deseja representar, seus resultados são bastante próximos aos de modelos de hierarquia superior. Note-se que ainda há alguma diferença importante nos resultados do
reno e também se houve plastificação A nova proposta de carregamento,
arco invertido, provavelmente decor-
com uma simulação do arqueamento
rente do arqueamento da carga ho-
Nota-se que o momento fletor na
do maciço, é apresentada na Figura 11
rizontal aplicada, pois o material da
calota superior do modelo simplificado
(notar que a resultante da carga vertical
camada inferior de solo é bastanterígido.
possui um valor maior que aquele en-
é a mesma).
no maciço. Estes resultados são apresentados nas Figuras 9 e 10.
Numa tentativa de melhorar a precisão
contrado no modelo em meio contínuo.
Nas Figuras 12 e 13 são apresentados
desses resultados, ambos os modelos
Esta diferença ocorre, porque no mode-
os diagramas de momento fletor e força
poderiam evoluir. No modelo de elemen-
lo em meio contínuo existe um arquea-
normal no revestimento do túnel para o
tos finitos, o critério de resistência do solo
u Figura 8 Força normal (tf/m)
u Figura 9 Curva de recalques na superfície do terreno
CONCRETO & Construções | 85
60 tf/m/m
60 tf/m/m 25 tf/m/m
u Figura 10 Regiões de plastificação do maciço poderia ser substituído pelo Mohr-Cou-
importante na de-
lomb modificado, enquanto no modelo de
finição do com-
barras o carregamento horizontal poderia
portamento estru-
ser corrigido para levar em conta o arque-
tural e pode ser
amento do empuxo, de maneira análoga
modelada numeri-
ao que foi feito para a carga vertical.
camente de diver-
Um modelo de barras, mais simples
sas formas, desde
e adequadamente calibrado, pode for-
a
necer informações iniciais valiosas na
do solo por vincu-
análise do problema.
lações
representação
u Figura 11 Modelo 3 – Adequação do carregamento para modelo de barras
elásticas,
Nos modelos de hierarquia su-
como no modelo de Winkler, até mo-
baseados em hipóteses adequadas,
perior é possível, no entanto, ob-
delos de elementos finitos não lineares.
trazem resultados tão bons quan-
ter informações adicionais, como o
Embora seja tentadora a ideia de
to, como se observa no exemplo
comportamento do maciço escava-
sempre se utilizarem modelos mais
do, incluindo a curva de recalques
sofisticados para essas análises, uma
Ocorre que, em vários casos, os
na superfície, suas tensões e regiões
vez que programas e equipamentos de
resultados obtidos podem ser insu-
de plastificação.
informática estão hoje disponíveis a um
ficientes. Cabe ao engenheiro iden-
custo razoável, essa opção deve sem-
tificar a possibilidade de, a partir
pre ser evitada de início.
de modelos hierarquicamente mais
4. CONCLUSÕES A interação solo-estrutura é muito
Modelos mais simples, desde que
simples, avançar para modelos mais
140 tf/m
95 tf.m/m
120 tf.m/m
apresentado.
120 tf.m/m
230 tf/m
230 tf/m
95 tf.m/m 255 tf/m
u Figura 12 Momento fletor – carregamento revisado
86 | CONCRETO & Construções
u Figura 13 Força normal – carregamento revisado
u Tabela 1 – Comparação de esforços entre os modelos Posição
Solicitação
Modelo 1 (barras)
Modelo 2 (MEF)
Diferença (2/1)
Modelo 3 (barras modif.)
Diferença (2/3)
Calota
Momento fletor (tf.m/m)
148
98
34%
95
3%
Normal (tf/m)
157
180
15%
140
29%
Momento fletor (tf.m/m)
158
105
34%
120
13%
Normal (tf/m)
245
250
2%
230
9%
Momento fletor (tf.m/m)
113
40
65%
97
59%
Normal (tf/m)
263
95
64%
255
63%
Lateral
Arco invertido
sofisticados que permitam obter in-
Mas, de todo modo, essa pos-
ral o comportamento da estrutura.
formações adicionais e, eventual-
sibilidade não prescinde dos mode-
Essa compreensão pode ser amplia-
mente, aumentar a precisão dos re-
los mais simples, com os quais se
da e/ou refinada nos modelos mais
sultados obtidos.
pode compreender de maneira ge-
sofisticados.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Velloso, D. A. e Lopes, F. R., 2009, “Fundações, volume 1: critérios de projeto: investigação de subsolo: fundações superficiais”, Nova Ed, São Paulo: Oficina de Textos. [02] Bucalem, M. L e Bathe, K. J, 2011, “The mechanics of solids and structures – hierarchical modeling and the Finite Element Solution”, Springer-Verlag. [03] Duddeck, H., 1987 “Codes need different structural design models than research work”, CEB Bulletin D’Information nº 170/179, Lausanne.
CONCRETO & Construções | 87
u mantenedor
Seminário discute os desafios e perspectivas da industrialização da construção civil
C
om a presença de cerca
2010, que incluiu as mais avançadas
Já, o consultor de planejamento
de 100 participantes, a
tecnologias e soluções construtivas
estratégico da Abcic, Gerson Ishikawa,
Associação Brasileira da
relacionadas aos pré-fabricados, con-
traçou quatro cenários para o setor de
Construção Industrializada de Concre-
templando as particularidades de cada
pré-fabricação nos próximos anos. No
to (Abcic) realizou no último dia 22 de
país no desenvolvimento e aplicação
primeiro cenário (de canteiro de obras),
setembro o 7º Seminário Internacional
dos sistemas pré-fabricados. Segun-
o setor manterá sua participação no
Abcic “Inovação e ousadia para vencer
do ele, o Model Code 2010 influenciou
mercado da construção, respondendo
os atuais desafios e gerenciar o futuro”.
a revisão de diversas normas na Eu-
por 2 a 5% desse mercado. No segun-
O secretário geral da fib, Eng. Da-
ropa, Ásia e África e, em razão disso,
do cenário (de patchwork), as vulnera-
vid Fernandez-Ordoñez, expôs os
as atividades preparatórias para o lan-
bilidades do setor de pré-fabricação
trabalhos que estão sendo feitos na
çamento do Model Code 2020 já es-
serão expostas e solucionadas por ou-
entidade para o desenvolvimento da
tão em andamento, com a reunião de
tros sistemas construtivos. No terceiro
pré-fabricação em concreto no mun-
especialistas de diversos países nas
cenário (de solução completa), proje-
do, como a publicação do Model Code
comissões e grupos de trabalho da fib.
ta-se uma ampliação de participação
88 | CONCRETO & Construções
dos pré-fabricados no mercado da
sem perder segurança estrutural.
construídas com pré-fabricados. Ele
construção em até 10 vezes, pois nele
Paulo Fonseca lançou a versão em
também comentou os trabalhos que
a industrialização da construção será a
espanhol do livro “La Tecnología Del
estão sendo desenvolvidos para a pu-
opção de engenharia preferencial. Por
Microcad aplicada a la construcción
blicação de um Boletim sobre Pontes
fim, o quarto cenário (de verticalização)
del Habitat Social”, do qual foi coor-
Pré-Fabricadas pela fib. Segundo ele
estará sujeito a fatores externos, como
denador e um dos autores.
a publicação contará com exemplos
competitividade regional, transferência
As palestras do período vespertino
de uso de pré-fabricados de diferentes
voltaram-se para exposição de cases
países, para contribuir para o desen-
Encerrando as palestras do perío-
de obras que optaram pelo sistema
volvimento geral das práticas e tecno-
do matutino, o professor da Faculda-
de pré-fabricados. O diretor da cons-
logia da pré-fabricação no mundo.
de de Arquitetura e Urbanismo da Uni-
trutora Sumitomo Mitsui Construction,
Além da participação da diretora
versidade de São Paulo (FAU-USP),
Akio Kasuga, expôs alguns projetos de
de marketing do IBRACON, Íria Do-
Paulo Fonseca de Campos, abordou
pontes e de edifícios altos executados
niak, que é a presidente-executiva da
como a inovação será a indutora do
no Japão. Já, o diretor da Commercial
Abcic, o Seminário teve a participação
desenvolvimento sustentável no se-
Design and Concepts, George Jones,
do diretor de publicações técnicas,
tor de pré-fabricação. Segundo o
apresentou a construção da nova es-
Eduardo Millen, e da diretora técnica
arquiteto, a redução do consumo de
tação Paddington, que integra impor-
do IBRACON, Inês Battagin. Na oca-
cimento no segmento de pré-fabrica-
tante sistema público de transportes
sião, Battagin informou aos presentes
dos é consequência de uma inovação
de Londres. Por fim, o engenheiro da
a formação de um Comitê Técnico de
introduzida no setor, que está permi-
EGT Engenharia, Marcelo Waimberg,
Pré-Fabricado, fruto da parceria entre
tindo produzir peças mais esbeltas,
apontou exemplos de pontes no Brasil
Abcic e IBRACON.
FSB
de tecnologias.
para escrever a história de um país, é preciso cuidar dele.
Para um país crescer, é preciso investimento. Mas é necessário também pensar no meio ambiente, na sociedade e nas futuras gerações. A indústria do cimento investe em qualidade e utiliza as tecnologias mais avançadas para promover um desenvolvimento sustentável. Colabora ainda para tornar o meio ambiente mais limpo com o co-processamento: a destruição de resíduos industriais e pneus em seus fornos. Onde tem gente tem cimento.
CONCRETO & Construções | 89
u pesquisa e desenvolvimento
Desenvolvimento de concretos leves para o Concrebol ANDRÉ SOARES MENDES – Tecnólogo em Construção de Edifícios
BEATRIZ CORREA XAVIER – Engenheira Civil
Instituto Federal do Tocantins – IFTO Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA
DIEGO ARAUJO SANTOS – Graduando em Engenharia Civil Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA
MARIA CAROLINA ESTEVAM D’OLIVEIRA – Professora Mestre
BERNARDO FONSECA TUTIKIAN – Professor Doutor
Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP / ULBRA / Universidade Federal do Tocantins – UFT
Universidade do Rio dos Sinos – Unisinos itt/Performace
EDUARDA SUÉLEN DA SILVA SARAGOZO – Engenheira Civil Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI)
o concreto leve deve atingir resistência
1. INTRODUÇÃO
O
concreto leve é aque-
à compressão mínima de 17,2 MPa aos
le que apresenta massa
28 dias, o que também é indicado pela
específica menor com-
NM 35 (1995), conforme Tabela 2.
parada a do concreto convencional
Adicionalmente são especificadas
- este possui massa específica entre
vantagens nas propriedades térmicas
2000 kg/m³ e 2800 kg/m³ (ABNT NBR
do concreto leve, conforme exposto
8953:2015). A Tabela 1 apresenta os
na Tabela 3.
u Tabela 2 – Valores correspondentes de resistência à compressão e massa específica para concreto leve estrutural Resistência à compressão aos 28 dias (MPa) (Valores mínimos)
Massa específica aparente (kg/m³) (Valores máximos)
limites mínimos e máximos do concre-
A utilização de concreto leve es-
28
1840
to leve segundo algumas normas e pu-
trutural como um material alternativo
21
1760
blicações técnicas.
implica redução de custo pela redu-
17
1680
Além disso, o ACI 213 R-03 (2003)
ção do peso próprio das estruturas,
define que, para ter aplicação estrutural,
pois elementos estruturais mais leves
u Tabela 1 – Documentos normativos internacionais para massa específica de um CLE
da obra.
reduzem as cargas totais na fundação
Diante da importância desse tema, o
e, consequentemente, o custo final
Instituto Brasileiro de Concreto – IBRA-
u Tabela 3 – Propriedades térmicas dos concretos leves Referência
Massa específica (kg/m³)
RILEM (1975)
g < 2000
CEB-FIP (1977)
g < 2000
NS 3473 E (1992)
1200< g < 2200
ACI 213 R-03 (2003)
Propriedades
Concreto com agregados leves
Concreto com agregados convencionais
Massa específica (kg/m³)
1850
2400
Resistência à compressão (MPa)
20 - 50
20 - 70
Calor específico (cal/g. °C)
0,23
0,22
1120< g < 1950
Condutividade térmica (W/m.K)
0,58 – 0,86
1,4 – 2,9
prEN 206 (2000)
800< g < 2000
Difusão térmica (m²/h)
0,0015
0,0025 – 0,0079
ABNT NBR 8953:2014
g < 2000
Expansão térmica (10-6/°C)
9
11
90 | CONCRETO & Construções
Fonte: Holm e Ferrara, 2000; apud Rossignolo,2009
CON, desde o 54° Congresso Brasileiro de Concreto, realizado em 2012, utiliza
u Tabela 4 – Características físicas da areia
a massa da amostra como índice de
Características físicas da areia
pontuação para competição estudantil denominada Concrebol, na qual os participantes devem construir uma esfera de concreto leve capaz de desenvolver uma trajetória retilínea, com alta resis-
Massa específica (NBR NM 52:2009)
2660 kg/m³
Massa unitária (NBR NM 45:2006)
1,42 kg/m³
Dimensão máxima característica (NBR NM 248:2003)
4,8 mm
Classificação (NBR 7211:2009)
Areia média
Modulo de Finura (MF) (NBR NM 248:2003)
2,22
tência à compressão. O presente trabalho é fruto de pes-
52,5 MPa (com base na norma europeia
o fornecedor o ensaio de composição
quisas e análises desenvolvidas para
EN-197-1). É um cimento equivalente em
granulométrica mostrou que 90% dos
participação dos autores neste concur-
termos de resistência aos concorrentes
grãos da amostra tinham diâmetros
so e visa descrever e detalhar o pro-
cinzas nacionais do tipo ARI
menores que 37,37μm, 50% possuíam
cedimento de execução das amostras para competição.
diâmetro menores que 10,80μm e 10%
2.3 Sílica ativa
apresentaram diâmetro menores que 1,33μm. Por ser um material fino, au-
2. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS 2.1 Cimento Portland
A sílica ativa utilizada foi fornecida
menta a compacidade e empacotamen-
pela empresa Silmix, sendo um sub-
to do esqueleto granular, o que é benéfi-
produto
co para misturas de alta resistência.
do processo de fabricação
do silício metálico ou do ferro-silício gás SiO, ao sair do forno, oxida-se,
2.5 Agregado miúdo
Foi utilizado o cimento Portland tipo
formando o dióxido de silício (SiO2).
CPV ARI (alta resistência inicial), fabrica-
Segundo o fornecedor as característi-
Foi utilizada areia natural da região
do pela Cimentos Planalto – CIPLAN,
cas físicas e químicas da sílica ativa uti-
de Palmas, doada pela Castelo Forte
por ser um cimento com menor teor de
lizada são: massa especifica de 2222
Materiais para Construção, extraída do
adições inertes e minerais, e por ser mais
kg/m³; formato de partícula esférica;
Rio Tocantins pela Mineração Capital.
fino que outros produtos comerciais.
diâmetro médio 0,2 μm; teor mínimo
Suas características podem ser ob-
de SiO2 de 85%; e umidade máxima
servadas na Tabela 4. Este material foi
de 3%. A sílica ativa é uma superpo-
seco em estufa após a extração; poste-
2.2 Cimento branco
zolana, com grande reatividade com o
riormente, foi peneirado mecanicamen-
O cimento branco Tolteca - composto
hidróxido de cálcio, produto gerado na
te, com separação em várias frações
de silicatos, aluminatos e ferro aluminato,
hidratação do cimento. Este material
granulométricas, lavado para retirada
gesso e cargas minerais - é fabricado pela
tambem produz C-S-H, como o gera-
dos materiais pulverulentos e seco em
Cemex e distribuído no Brasil pela Aditex
do pelo clínquer, aumentando as resis-
estufa novamente. Para pontecializar
Química. Segundo o fornecedor, pode
tências do concreto e atua fisicamente,
a resistência e o empacotamento do
ser aplicado tanto em argamassas co-
como ponto de nucleação.. Com isso,
esqueleto granular foi utilizado o méto-
lantes brancas quanto em pré-fabricados
potencializa as reações, melhorando as
do analítico de empacotamento de Al-
de concreto, possui índice de brancura
propriedades da mistura.
fred, apontado por Castro e Pandolfelli
superior a 90%, maior fidelidade às cores quando pigmentado, alta resistência,
(2015) como um dos mais utilizados.
2.4 Pó de quartzo
desforma rápida e possibilita a redução de
2.6 EPS reciclado
custos empregados em insumos. Além
O pó de quartzo utilizado foi forne-
disso, apresenta classe de resistência de
cido pela Mineração Jundu. Segundo
O EPS utilizado foi recolhido dos CONCRETO & Construções | 91
u Figura 2 EPS Industrializado u Figura 1 EPS reciclado
to esférico, como pode ser observado na Figura 1.
despejos da obra do Ibis Hotel, da construtora Inovatec em Palmas-TO,
u Figura 3 Granulometria do EPS industrializado
2.7 EPS industrializado
cujo fornecedor é a Isoeste Indústria e Comércio de Isolantes Térmi-
O EPS industrializado foi adquirido
cos. De acordo com o laudo técnico
em pacotes de 1 litro, conforme Figura
do produto fornecido pela Isoeste,
2. O EPS industrializado apresenta diâ-
é classificado como tipo F, segundo
metro característico de 0,75 mm, mais
A água de amassamento utilizada
especificação BF216 da BASF (Ba-
uniforme que o EPS reciclado (Figura
foi a fornecida pela rede pública, reti-
dische Anilin und Soda-Fabrik), que é
3), e sua massa específica, por sua me-
rada de um bebedouro do laboratorio
uma empresa química alemã. A mas-
nor granulometria, ficou maior que a do
de Materiais e Estruturas do CEULP/
sa específica do EPS é 11 kg/m³ e
EPS reciclado, com 72 kg/m³.
ULBRA, com temperatura média de
2.9 Água
14ºC.
sua condutividade térmica é de 0,025 kcal/h.m².C. O diâmetro máximo do
2.8 Aditivo 3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
EPS reciclado é de 1 cm, com forma-
u Tabela 5 – Características técnicas do aditivo utilizado
Ação principal
Aditivo Superplastificante tipo II (SP-II R) (Hiperplastificante)
Ação secundária
Redutor de água de amassamento (A/C)
Composição
Solução de policarboxilatos em meio aquoso
O aditivo utilizado foi Plastol 6040
A fim de determinar o traço de
da empresa Viapol. As característi-
melhor desempenho foram testa-
cas técnicas do aditivo utilizado nesta
dos três granulometrias de EPS e
pesquisa podem ser observados na
dois tipos de cimento. Vários ajus-
Tabela 5.
tes foram feitos no decorrer de cada
u Tabela 6 – Traço de Referência (VANDERLEI, 2004) Material
Relação (em massa)
Consumo (kg/m³)
Cimento
1
874
Areia
1,101
962
Aspecto
Líquido
Pó de quartzo
0,235
205 215
Cor
Levemente amarelada
Sílica ativa
0,246
Massa específica
≅ 1,1 g/cm³
Superplastificante 3%
0,030
26
Teor de cloretos
Não contem cloretos
Água (a/c= 0,18)
0,180
157
92 | CONCRETO & Construções
u Tabela 7 – Dosagem de EPS com relação a massa de cimento Traço
u Figura 4 Corpos de prova antes do rompimento
Massa de pérolas de EPS (g)
Massa proporcional ao cimento
T-1
288
0,016
T-2
176
0,011
T-3
120
0,0075
T-4
91,2
0,0057
T-5
766,4
0,0479
T-6
718,5
0,0479
T-7
795
0,053
-estabelecido de CPR. Os Traços
mas para um consumo de 15 quilos
traço, buscando sempre melhorar o
T-1, T-2, T-3 e T-4 foram feitos com
de cimento - o traço foi feito em
desempenho do concreto, manten-
CPV-ARI, já os traços T-5, T-6 e T-7
betoneira.
do sua massa específica dentro dos
foram confeccionados com Cimento
limites para ser considerado CLE.
Branco.
3.1 Procedimento de mistura
Para execução deste trabalho par-
Foram moldados 4 corpos de
tiu-se de um traço pré-estabelecido
prova cilíndricos com dimensões
Este processo é de extrema im-
de concreto de Pós Reativos – CPR
100x200 mm, para os ensaios de
portância para qualidade do concre-
segundo (VANDERLEI, 2004), traço
compressão axial (Figura 4) e 3 es-
to e tendo em vista a importância
este que pode ser observado na Ta-
feras de diâmetro de 219 mm para
desse processo ele foi altamente
bela 6. O âmbito deste trabalho foi
os ensaios de tração por compres-
controlado. Os materiais finos (ci-
produzir um material que possa ser
são pontual (Figura 4), ensaio utili-
mento, sílica e quartzo) eram mistu-
classificado como Concreto Leve de
zado como um dos critérios de ava-
rados previamente em um recipiente
Alta Resistência (CLAR), a partir de
liação no CONCREBOL. Os ensaios
seco para que a homogeneidade da
um CPR com a adição de pérolas
mecânicos foram realizados aos 7
mistura fosse garantida. Após, foi
de EPS. A Tabela 7 mostra as dife-
dias de idade, pois, de acordo com
adicionado o agregado miúdo e, en-
rentes dosagens de EPS em relação
HOLM e BREMNER (1994) apud
tão, os materiais foram lançados na
à massa de cimento do traço pré-
ROSSIGNOLO (2009), os concre-
betoneira, seguindo a ordem confor-
tos leves apresentam aos 7 dias
me Tabela 8.
80% da resistência à compressão
Em todo processo de mistura a be-
observada aos 28 dias. As adições
toneira ficava com sua boca tampada
mostradas na Tabela 7 são a quan-
para que a perda de material fino fosse
tidade de EPS adicionada em gra-
a menor possível.
u Tabela 8 – Processo de misturas dos materiais
u Figura 5 Bola de concreto
Procedimento
Tempo inicial (s)
Tempo final (s)
EPS + 50% Água
0
30
Ligantes com agregado miúdo
30
120
Limpeza e espera
120
150
50% água + Aditivo
150
450
CONCRETO & Construções | 93
u Figura 7 Comparativo entre as massas específicas obtidas e os documentos listados na Tabela 1
u Figura 6 Moldagem das esferas
EPS em concreto
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
(XAVIER; SANTOS;
4.2 Massa específica
MENDES, 2015), é que quando maior adição de EPS ao concreto, menor sua
Os resultados de massa específica
trabalhabilidade. Esta influência negativa
obtidos através do estudo das esferas
da adição de EPS na trabalhabilidade do
de concreto e dos corpos de prova
Não foram realizados ensaios de
concreto foi facilmente superada com
podem ser observados na Tabela 9.
consistência no estado fresco, pois a
emprego de aditivos plastificantes. Com
Os traços T-1, T-2, T-3 e T-4, que
quantidade de material era bem limita-
isso, a utilização de aditivo e o alto teor
foram produzidos com EPS reciclado,
da, já que quase todo material da pes-
de finos tornou possível a moldagem do
apresentaram
quisa era de outros estados, todo con-
concreto de forma fácil e quase de ma-
para concretos leves. À medida que foi
creto foi exclusivamente utilizado para
neira fluida (Figura 6).
aumentado o teor de EPS, a massa es-
4.1 Concreto no estado fresco
resultados
favoráveis
confecção dos corpos de prova e das
Podemos observar na Figura 6 como
pecífica foi diminuída, atingindo o seu
esferas. Contudo, o que se pode afr-
o concreto é colocado nas aberturas das
mínimo no T-1, que, com 13,98 kg/m³
mar, com base em trabalhos de adição
formas com uma boa trabalhabilidade.
de EPS, alcançou uma massa específica de 1367 kg/m³. Já os traços T-5 e T-6 foram pro-
u Tabela 9 – Resultados experimentais de massa específica
duzidos com EPS industrializado e
Traço
Relação água/cimento
Diâmetro característico do EPS (mm)
Dosagem de EPS (kg/m³)
Massa específica (kg/m³)
T-1
0,475
5 a 10
13,98
1367
T-2
0,475
5 a 10
9,61
1596
T-3
0,475
5 a 10
4,20
1699
T-4
0,440
5 a 10
4,98
1713
T-5
0,405
1,5
41,66
1780
T-6
0,330
1,5
41,86
1729
T-7
0,263
0,75
46,33
1687
94 | CONCRETO & Construções
com diâmetro menor, os quais também apresentaram resultados positivos para concretos leves e obedeceram à mesma tendência dos outros traços, ou seja, com o aumento do teor de EPS, observou-se a redução da massa específica do concreto. O traço T-7 também foi produzido com EPS industrializado e com diâmetro característico menor que os traços
u Tabela 10 – Resultados experimentais de resistência à compressão axial
Traço
Relação água/cimento
Diâmetro característico do EPS (mm)
Dosagem de EPS (kg/m³)
T-1
0,475
5 a 10
13,98
13,4
T-2
0,475
5 a 10
9,61
16,4
T-3
0,475
5 a 10
4,20
18,5
T-4
0,440
5 a 10
4,98
18,8
T-5
0,405
1,5
41,66
30,3
T-6
0,330
1,5
41,86
30,6
T-7
0,263
0,75
46,33
43,3
quisa estão dispostos na Tabela 10.
u Figura 8 CP após ensaio de resistência à compressão
Tensão média de compressão (MPa)
sendo que, neste caso, os dois tra-
Analisando os resultados dos tra-
ços obedeceram ao ACI 213 R-03
ços T-1, T-2, T-3 e T-4, que possuem
(2003) e podem ser considerados
EPS com o mesmo diâmetro caracte-
concretos leves estruturais. E o
T-5 e T-6, sendo que também obede-
rístico, observa-se que, ao aumentar
T-7 apresentou a maior resistência
ceu aos requisitos de concretos leves.
a quantidade de EPS, a resistência
à compressão, mesmo tendo uma
Portanto, todos os traços estudados
à compressão do concreto tende a
maior quantidade de EPS, isso pos-
obedeceram às referências da Tabe-
diminuir, sendo considerados como
sivelmente se deve à granulometria
la 1 de massa específica para CLE,
concretos leves estruturais apenas os
do EPS, que é bem menor em re-
como mostra a Figura 7.
traços T-3 e T-4, pois, de acordo com
lação aos outros traços. A Figura 8
o ACI 213 R-03 (2003), o valor míni-
mostra um CP após o ensaio de re-
mo de resistência à compressão para
sistência à compressão.
4.3 Resistência à compressão axial
este tipo de concreto é de 17,2 MPa. Os traços T-5 e T-6, com EPS
Os resultados de resistência à
de diâmetro de 1,2 mm, seguiram
compressão axial obtidos nesta pes-
a mesma tendência de decréscimo de resistência dos traços anteriores,
4.4 Resistência à tração por compressão pontual Os resutados de resistência à
u Tabela 11 – Resultados experimentais de resistência à tração por compressão pontual
u Figura 9 Esferas após ensaio de resistência à compressão mostrando as 3 granulometrias de EPS utilizadas nesta pesquisa
Traço
Dosagem (g)
Carga média de ruptura da bola (kN)
Massa específica (kg/m³)
T-1
288
111,77
1367
T-2
176
80,87
1596
T-3
120
87,36
1699
T-4
91,2
91,04
1713
T-5
766,4
230,45
1780
T-6
718,5
250,96
1729
T-7
795
320,56
1687
CONCRETO & Construções | 95
fator de eficiência maior que 25MPa.
u Tabela 12 – Fator de eficiência
dm³/kg. Portanto, apenas o T-7 pode ser considerado concreto leve de
Traço
Dosagem (g)
Tensão média de compressão (MPa)
Massa específica (kg/dm³)
Fator de eficiência (MPa.dm³/kg)
T-1
288
13,4
1,367
9,80
T-2
176
16,4
1,596
10,27
5. CONCLUSÕES
T-3
120
18,5
1,699
10,91
Pode-se concluir, por meio do
alto desempenho.
T-4
91,2
18,8
1,713
11,00
exposto neste artigo, que o EPS se
T-5
718,5
30,3
1,780
17,52
mostra um agregado leve de gran-
T-6
766,4
30,6
1,729
17,19
de potencial para ser utilizado em
T-7
795
43,3
1,687
25,66
concretos leves. No entanto, alguns fatores devem ser levados em con-
tração das esferas e corpos de pro-
granulometrias de EPS após ensaio
sideração para que o desempenho
va estudados estão dispostos na
de compressão axial.
deste concreto não seja prejudicado devido à escolha do tipo de EPS a
Tabela 11. Assim como a resistência à com-
4.5 Fator de eficiência (FE)
ser utilizado. Esses fatores podem ser destacados como: diâmetro má-
pressão axial, a resistência à tração foi maior no T-7, que possui a maior
O fator de eficiência do concreto
ximo característico do EPS, sua uni-
quantidade de EPS e menor granulo-
(FE) consiste na razão entre a resis-
formidade e a quantidade utilizada
metria. Normalmente, quanto maior a
tência à compressão e a massa es-
em função da massa do cimento.
quantidade de EPS colocada no con-
pecífica aparente. Não existe atual-
De acordo com essa pesquisa, o fa-
creto, maior será a perda na resis-
mente um parâmetro para o concreto
tor mais importante na dosagem de
tência. No entanto, trabalhando com
leve estrutural, somente para o con-
EPS e na produção de concretos é a
uma granulometria menor, como no
creto leve de alto desempenho que,
sua granulometria, já que o concreto
T-7, que foi de 0,75 mm, mesmo au-
de acordo com Spitzner (1994) e Ar-
elaborado com o EPS de menor diâ-
mentando a quantidade do EPS em
melin et al. (1994), deve ser superior
metro característico foi o que apre-
relação aos outros traços, obteve-
a 25 MPa.dm³/kg. Os valores de FE
sentou a maior resistência, mesmo
-se maior resistência, tanto na tra-
podem ser observados na Tabela 12.
sendo adicionado em maior quanti-
ção quanto na compressão. A Figura
Analisando os dados apresen-
dade em relação aos outros traços
9 mostra as esferas com diferentes
tados, apenas o T-7 apresentou um
de concreto estudados
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 213 R-03 Guide for structural lightweight-aggregate concrete. Farmington Hills, 2003. [02] ARMELIN, H.S.; LIMA, M.G.; SELMO, S.M.S. Alta resistência com argila expandida. Revista Ibracon, n.09, p.42-47, 1994. [03] UNIT-NM 35:1998 Agregados livianos para hormigón estructural. Especificación, Montevideo, 1998. [04] CASTRO, A. L.; PANDOLFELLI, V. C. Revisão: conceitos de dispersão e empacotamento de partículas para a produção de concretos especiais aplicados na construção civil. Cerâmica, vol.55, no.333, p.18-32. Mar 2015. [05] HOLM, T.A. Specified density concrete – A transition. In: Internacional Symposium on Structural Lightweight Aggregate Concrete, 2. Kristiansand, Norway, 2000. Proceedings, p.37-46. [06] ROSSIGNOLO, J. A. Concreto leve estrutural: produção, propriedades, microestrutura e aplicações. Editora Pini, 1ª Edição. São Paulo, 2009. [07] SPITZNER, J. High-Strength LWA Concrete. High-Strength Concrete. RILEM Cap.II – Aggregates. 1994. [08] VANDERLEI, Romel Dias. Análise experimental do concreto de pós reativos: dosagem e propriedades mecânicas. 2004. Tese (Doutorado em Estruturas) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-23082006095043/>. Acesso em: 2016-05-16. [09] XAVIER, Beatriz Correa; SANTOS, Fabrício Bassani dos; MENDES, André Soares. Avaliação do Concreto Leve Estrutural com EPS Reciclado. 2015. 64 f. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas, 2015.
96 | CONCRETO & Construções
u acontece nas regionais
Regional de Mato Grosso do Sul encerra sua programação com cursos e workshop
F
oi realizado um curso e um workshop sobre revestimento com argamassa no
campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, com apoio da Regional do IBRACON na região. O Programa de Desenvolvimento de Construtoras qualificou 15 alunos no curso que discutiu os conceitos, a viabilidade, o projeto e o planejamento na aplicação de argamassas, com carga horária de 26 horas, dividida em três módulos. Já o workshop, realizado no
Elza Nakakura em aula sobre conceitos e viabilidade na aplicação de revestimentos de argamassa
dia 24 de novembro, trouxe estudos de
apoio da Construtora Planalto, Crea-
de produção e controle de qualidade de
caso, produtos, equipamentos e estu-
-MS, Cimento Itaú, IBRACON, IEMS,
artefatos de concreto, com o engenhei-
dos para aumentar a qualidade e produ-
Sermix Sinduscon-MS, UFMS e Voto-
ro Idário Fernandes, com aulas teóricas
tividade do uso da argamassa como re-
rantim Cimentos.
na Universidade e aulas práticas na Pav
vestimento. Realizada pelo PDC, ABCP
Já, nos dias 1 e 2 de dezembro, a UFMS,
Tubo. O curso contou com apoio da Ci-
e Comunidade da Construção, teve o
ABCP e o IBRACON realizaram o curso
mento Itaú e da Votorantim Cimentos.
RAA é tema de palestra no Rio de Janeiro
A
misteriosa reação álcali-agregado no concreto foi o tema da palestra do coordenador do Comitê
de RAA e diretor tesoureiro do IBRACON, Cláudio Sbrighi Neto, na sua Regional no Rio de Janeiro, no dia 22 de novembro, no Clube de Engenharia. Com realização conjunta da ABECE, Clube de Engenharia e IBRACON, a palestra trouxe para os 50 profissionais presentes, os conceitos, mecanismos, medidas preventivas e corretivas, casos de estruturas afetadas por RAA e a apresentação da ABNT NBR 15577:2014.
Prof. Cláudio Sbrighi Neto em sua palestra
II Workshop de Concreto em Natal o dia 23 de setembro foi realizado
N
torres), George Maranhão (Análises e
Com
no Instituto Federal do Rio Grande
dimensionamento de fundações para
workshop contou com a colaboração
do Norte, em Natal, o II Workshop de
torres eólicas) e José Martins de Souza
da Atelier, EEPC e Dois A Engenharia e
concretos utilizados em usinas eólicas,
Júnior (Experiência em controle tecno-
o apoio de UFRN, Instituto Federal do
com os palestrantes Bernardo Tutikian
lógico de concreto em 30 usinas eóli-
Rio Grande do Norte e Universidade
(CAA para estruturas pré-moldadas de
cas no Brasil).
Potiguar.
realização
do
IBRACON,
o
CONCRETO & Construções | 97
II Seminário Pernambucano de Estruturas de Fundações
N
a Universidade Católica de Per-
Fundações, organizado pelo diretor
geotécnicos e estruturais no projeto
nambuco, no dia 16 de no-
regional do IBRACON, Prof. Romilde
e execução de fundações e contou
vembro, aconteceu o II Seminário
Almeida de Oliveira.
com o apoio da Unicap e do Sinaen-
Pernambucano
O Seminário discutiu os aspectos
co-PE.
de
Estruturas
de
Eventos na Regional do Espírito Santo
F
oram realizados cursos de aperfei-
e reforço de estruturas degradadas.
a vida útil da edificação), José Eduardo
çoamento de curta duração (carga
Já, no dia 30 de novembro, a Regional
de Aguiar (Implantação de plano de ma-
horária de 16 horas) na Universidade
realizou o I Seminário Capixaba de Ma-
nutenção em estruturas de concreto) e
Federal do Espírito Santo, com a ins-
nutenção em Estruturas de Concreto,
Paulo Helene (Avaliação da resistência
trutora Profa. Geilma Lima Vieira, sobre
no Sinduscon-ES, com palestras de
do concreto em estruturas existentes).
patologia das construções, perícias em
Oswaldo Cascudo (Projeto de estrutu-
O evento foi coordenado pelo diretor re-
edificações e técnicas de recuperação
ra de concreto e sua importância para
gional, Prof. João Luiz Calmon.
Atividades na Regional de Alagoas
O
diretor regional de Alagoas pro-
tendido, no dia 04 de outubro, na
Materiais e Estruturas Ecoeficientes,
feriu uma palestra sobre prá-
Universidade Federal de Alagoas. A
realizado nos dia 05 e 06 de dezem-
ticas de projeto em concreto pro-
Regional apoio ainda o Workshop de
bro, na UFAL.
Acreditado pelo INMETRO para certificar mão de obra da construção civil
Programa IBRACON
IBRACON
de Qualificação
e Certificação
de Pessoal O IBRACON é Organismo Certificador de Pessoas, acreditado pelo INMETRO (OPC-10). Estão sendo certificados auxiliares, laboratoristas, tecnologistas e inspetores das empresas contratantes, construtoras, gerenciadoras e laboratórios de controle tecnológico. O certificado atesta que o profissional domina os conhecimentos exigidos para a realização de atividades de controle tecnológico do concreto, entre os quais as especificações e procedimentos de ensaios contidos nas normas técnicas.
A certificação é mais um diferencial competitivo para sua empresa: a garantia da qualificação dos profissionais contratados!
INSCRIÇÕES ABERTAS! Para mais informações acesse: www.ibracon.org.br (link “Certificação”) | Tel.: 11 3735-0202 | qualificacao@ibracon.org.br 98 | CONCRETO & Construções
59ª EDIÇÃO C ONGRESSO B RASILEIR O DO
C ONCRETO
B E N TO G O NÇA LVE S • R S 31 de outubro a 3 de novembro
2017
Ponto de encontro dos profissionais e das empresas brasileiras da cadeia produtiva do concreto
TEMAS „ Gestão e Normalização „ Materiais e Propriedades „ Projeto de Estruturas „ Métodos Construtivos „ Análise Estrutural 100 „ Materiais e Produtos Específicos „ Sistemas Construtivos Específicos 95 „ Sustentabilidade 75 „ Ensaios não Destrutivos
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C O T A S D E PA T R O C Í N I O E E X P O S I Ç Ã O Envie seu resumo até 17 de fevereiro. Acesse www.ibracon.org.br (clique no logotipo do evento)
„ Excelentes oportunidades para divulgação, promoção e relacionamento „ Espaços comerciais na XIII FEIBRACON - Feira Brasileira das Construções em Concreto „ Palestras técnico-comerciais no Seminário de Novas Tecnologias „ Inscrições gratuitas Informe-se sobre as cotas de patrocínio e exposição: Tel. (11) 3735-0202 e-mail: arlene@ibracon.org.br
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