& Construções CONTROLE TECNOLÓGICO
ENSAIOS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO E DE SUAS ESTRUTURAS
Instituto Brasileiro do Concreto
Ano XLV
86 ABR-JUN
2017 ISSN 1809-7197 www.ibracon.org.br
PERSONALIDADE ENTREVISTADA
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
ROBERTO BAUER: PAPEL DOS LABORATÓRIOS NA QUALIDADE CONSTRUTIVA
ADITIVOS PARA CONCRETO DE PAREDES
NORMAS BRASILEIRAS RECÉM-PUBLICADAS SOBRE CONCRETO PRÉ-FABRICADO
Esta edição é um oferecimento das
seguintes Entidades e Empresas
IBRACON
Adote concretamente a revista
CONCRETO & Construções
u sumário
seções
(Contour Crafting - http://www.contourcrafting.org/)
6 Editorial
7 Coluna Institucional
8 Converse com o IBRACON
(Contour Crafting - http://www.contourcrafting.org/)
10 Encontros e Notícias 13 Personalidade Entrevistada:
ISSN 1809-7197 Tiragem desta edição: 5.000 exemplares Publicação trimestral distribuida gratuitamente aos associados
Roberto Bauer
35 Entidades da Cadeia CRÉDITOS CAPA
Ensaio de determinação da tenacidade em concreto com fibra. Grupo Falcão
Bauer
63 Mantenedor 72
Seção Especial: Ensino e
Aprendizado na Engenharia Civil
96
Acontece nas Regionais
ESTRUTURAS EM DETALHES
24 30 37 45
Controle tecnológico de concreto em obras TIP – um novo método para verificação de integridade de fundações de concreto
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado ABNT NBR 16475:2017 – Painéis de parede de concreto pré-moldado
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
51 57
ENDs para identificação de armaduras em elementos de concreto armado
REVISTA OFICIAL DO IBRACON Revista de caráter científico, tecnológico e informativo para o setor produtivo da construção civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto.
JORNALISTA RESPONSÁVEL à Fábio Luís Pedroso - MTB 41.728 fabio@ibracon.org.br PUBLICIDADE E PROMOÇÃO à Arlene Regnier de Lima Ferreira arlene@ibracon.org.br PROJETO GRÁFICO E DTP à Gill Pereira gill@ellementto-arte.com ASSINATURA E ATENDIMENTO office@ibracon.org.br GRÁFICA Ipsis Gráfica e Editora Preço: R$ 12,00 As ideias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião do Instituto. © Copyright 2017 IBRACON Todos os direitos de reprodução reservados. Esta revista e suas partes não podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma de impressão mecânica, eletrônica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos autores e editores.
PRESIDENTE DO COMITÊ EDITORIAL à Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural) COMITÊ EDITORIAL – MEMBROS à Arnaldo Forti Battagin (cimento e sustentabilidade) à Bernardo Tutikian (tecnologia) à Eduardo Millen (pré-moldado) à Enio Pazini de Figueiredo (durabilidade) à Ercio Thomaz (sistemas construtivos) à Evandro Duarte (protendido) à Frederico Falconi (projetista de fundações) à Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural) à Helena Carasek (argamassas) à Hugo Rodrigues (cimento e comunicação) à Inês L. da Silva Battagin (normalização) à Íria Lícia Oliva Doniak (pré-fabricados) à José Martins Laginha Neto (projeto estrutural) à José Tadeu Balbo (pavimentação) à Nelson Covas (informática no projeto estrutural) à Paulo E. Fonseca de Campos (arquitetura) à Paulo Helene (concreto, reabilitação) à Selmo Chapira Kuperman (barragens) COORDENADOR DA SEÇÃO ESPECIAL à César Daher (ensino) IBRACON Rua Julieta Espírito Santo Pinheiro, 68 – CEP 05542-120 Jardim Olímpia – São Paulo – SP Tel. (11) 3735-0202
Avaliação dos reparos e reforços estruturais em cobertura abobadada Instituto Brasileiro do Concreto
ENTENDENDO O CONCRETO
66
Muito além do controle tecnológico convencional do concreto
INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO Fundado em 1972 Declarado de Utilidade Pública Estadual | Lei 2538 de 11/11/1980 Declarado de Utilidade Pública Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982 DIRETOR PRESIDENTE Julio Timerman
76 81 90
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ENDs para caracterização de lajes alveolares pré-fabricadas Caracterização e passivação dos aços CA24 e CA50 Aditivos especiais para concretos de parede
DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Túlio Nogueira Bittencourt DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE Luiz Prado Vieira Junior
Iria Licia Oliva Doniak DIRETOR DE EVENTOS Bernardo Tutikian DIRETORA TÉCNICA Inês Laranjeira da Silva Battagin DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Paulo Helene DIRETOR DE PUBLICAÇÕES E DIVULGAÇÃO TÉCNICA Eduardo Barros Millen
DIRETOR 1º SECRETÁRIO Antonio D. de Figueiredo
DIRETOR DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Leandro Mouta Trautwein
DIRETOR 2º SECRETÁRIO Carlos José Massucato
DIRETOR DE CURSOS Enio José Pazini Figueiredo
DIRETOR 1º TESOUREIRO Claudio Sbrighi Neto
DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO DE MÃO DE OBRA Gilberto Antônio Giuzio
DIRETOR 2º TESOUREIRO Nelson Covas DIRETORA DE MARKETING
DIRETORA DE ATIVIDADES ESTUDANTIS Jéssika Pacheco
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 5
u editorial
O futuro do concreto: investindo nos estudantes Caro leitor,
F
rente às atuais circunstâncias que estamos
59° Congresso Brasi-
enfrentando em nossa atividade profissional
leiro do Concreto.
e à instabilidade do mercado brasileiro em
Completando o desa-
geral, sinto-me honrada em principiar
esta
fio dos concursos, este
edição da Revista Concreto & Construções,
ano teremos a primeira
visto que em minhas mãos está a nobre responsabilida-
edição do “Concreto:
de de incentivar de maneira positiva e otimista aqueles
quem sabe faz ao vivo”, competição que envolverá a do-
que poderão nos conduzir a um cenário mais favorável:
sagem in loco de concretos autoadensáveis coesos, com
os nossos futuros engenheiros.
o menor consumo de cimento possível, que apresentem
São eles que hoje vibram nas Arenas dos Congressos
a maior resistência à compressão em 24h.
Brasileiros do Concreto, de onde estão extraindo parte da experiência necessária para fortalecer o patamar de qualidade e referência tecnológica da engenharia brasileira. E este ano, como não poderia ser diferente, o IBRACON traz a esses alunos desafios atraentes e interessantes em mais uma edição de seus consagrados Concursos Estudantis. No tradicional concurso Aparato de Proteção ao Ovo (APO), foi adicionada a avaliação da perda de massa após a realização dos ensaios dinâmicos, dando maior importância à resiliência dos pórticos de concreto armado. Por sua vez, o CONCREBOL, o mais brasileiro de todos os concursos, traz o desafio da análise da melhor relação entre massa específica e a resistência à compressão da esfera de concreto, que demandará uma escolha refinada do traço a ser empregado.
Este incentivo pela busca por soluções mais eficientes e inovadoras contagia os alunos participantes que, mesmo quando finalizam a graduação, continuam participando através da orientação de novos alunos de sua instituição para as próximas competições. É comum termos conhecimento de depoimentos desses ex-alunos de que a participação nos concursos estudantis lhes proporcionou um aprendizado essencial na área da tecnologia do concreto e de seu adequado controle, tanto no mundo acadêmico como no mundo profissional, auxiliando numa formação sólida, com conhecimento amplo em diversos tipos de concretos especiais. Nota-se que a ideia dos nossos concursos está diretamente relacionada com um apropriado controle tecnológico do concreto, tema principal desta edição, que conta
Trazendo cor e beleza ao congresso, o concurso Con-
com artigos redigidos por profissionais de referência nes-
creto Colorido de Alta Resistência (COCAR) visa testar
ta área e a entrevista do renomado Eng. Roberto Bauer,
neste ano a habilidade dos competidores na preparação
além de outros artigos que corroboram a multidisciplina-
de concretos translúcidos com cores vibrantes e de ele-
ridade de nossa revista.
vada resistência.
Finalizo aqui minha contribuição, com a certeza de que,
Estimulando as atividades interdisciplinares, a atual
investindo nas atividades estudantis, estamos num dos
edição do Concurso OUSADIA propõe a concepção
caminhos certos para mudarmos a dura conjuntura de
de um projeto básico de uma obra de arte especial
nosso país. Boa Leitura!
em concreto, que garanta a acessibilidade da Rua Santo Antônio à Rua Francisco Luiz Bertolini, localizadas na cidade de Bento Gonçalves/RS, que sediará o 6 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
JÉSSIKA PACHECO Diretora de Atividades Estudantis CONCRETO & Construções | 6
u coluna institucional
Atividades voltadas à garantia da qualidade das estruturas de concreto
E
sta edição da Revista está
concreto. O Programa MasterPec é um
dedicada à qualidade e ao
curso de educação continuada em Pro-
controle da qualidade das
dução de Estruturas de Concreto, que
estruturas
concreto,
objetiva o desenvolvimento e a difusão
de
tema que sempre suscita
do conhecimento atual em projeto, ma-
muito interesse e preocupação por par-
teriais, controle, produção, inspeção,
te de todos os agentes envolvidos com
diagnóstico, aplicações, proteção e
a construção civil, uma vez que o con-
reabilitação de estruturas de concreto.
creto é o material estrutural mais em-
Neste ano o Instituto oferecerá mais de
pregado no Brasil e no mundo.
160 horas de cursos vinculados ao Pro-
Em uma visão atual e holística, a qua-
grama MasterPec, quase todos com o
lidade das estruturas de concreto é
protagonismo do Instituto e outros em
obtida quando almejada desde o plane-
conjunto com Instituições parceiras, os
jamento da edificação, passando pelas
quais podem ser vistos no site do IBRA-
especificações das fases de projeto,
CON (www.ibracon.org.br).
seleção dos insumos e fabricação do
Outra importante ação do IBRACON ini-
concreto, execução das estruturas de
ciada neste ano e com forte aderência à última e mais extensa fase do processo
concreto e, finalmente, a fase mais extensa que está relacionada ao seu uso e manutenção. Também
construtivo, a fase de uso e manutenção, foi o lançamento do
nessa visão, é importante salientar para a sociedade, clientes e
Curso de Inspetor I de Estruturas de Concreto, realizado em São
usuários que o custo das estruturas de concreto não é igual ao
Paulo, nos dias 31 de março e 1, 7 e 8 de abril. O curso teve o
valor aplicado para erguê-la, mas sim o custo para erguê-la mais
objetivo de apresentar e discutir conteúdos relativos à formação
o custo para mantê-la ao longo da sua vida útil. Pela conhecida
de Inspetores I de Estruturas de Concreto, segundo a recen-
Lei dos Cinco ou Lei de Sitter, também sabemos que o custo
temente publicada norma ABNT NBR 16230:2013. Além dos
para recuperar ou reforçar estruturas de concreto que apresen-
temas teóricos apresentados em sala, o curso incluiu uma visita
tam problemas oriundos de falhas de projeto pode ser até 125
técnica a duas pontes na cidade de São Paulo. Ministraram esse
vezes maior que o custo para produzir uma melhor especifica-
curso os engenheiros Julio Timerman, Paulo Helene, Alexandre
ção e detalhamentos das estruturas, na fase de projeto, evitando
Beltrame, Gilberto Giuzio e Enio Pazini Figueiredo. O curso foi
o aparecimento de futuras manifestações patológicas. Portanto,
um sucesso e muito bem avaliado pelos profissionais participan-
fica evidente a importância da fase de projeto para diminuir o
tes, todos oriundos de importantes escritórios e empresas de
custo das estruturas de concreto ao longo da sua vida útil, mas
engenharia nacionais. O Instituto está planejando a realização de
também mostra que a fase de manutenção, por ser onerosa e
outros cursos de Inspetor I e o lançamento do Curso de Inspetor II,
complexa, deve ser revista com muito zelo técnico.
inclusive em outras regiões do país, uma vez que é crescente a
O Estatuto do IBRACON deixa evidente no seu Capítulo II, Art. 3º
demanda por profissionais qualificados para inspecionar estrutu-
e parágrafo único, que o Instituto tem como objetivo proporcio-
ras de concreto, principalmente as obras de arte.
nar aos estudantes, profissionais e demais intervenientes da ca-
Esta edição, dedicada ao controle e garantia da qualidade das
deia produtiva do concreto, nas áreas de planejamento, projeto,
estruturas de concreto, evidencia a constante preocupação do
materiais, execução e manutenção, maiores conhecimentos por
IBRACON com o desenvolvimento científico e tecnológico e com
meio de cursos, eventos, publicações, certificações de pessoal,
a disseminação das boas práticas para projetar, executar e man-
reuniões tecno-científicas, bem como pela valorização e incenti-
ter as estruturas de concreto, tão importantes para a qualidade
vos às investigações e pesquisas científicas e tecnológicas e sua
de vida da sociedade.
respectiva divulgação. Com esse propósito o IBRACON realiza uma série de atividades que contribuem para o desenvolvimento da cadeia produtiva do
ENIO JOSÉ PAZINI FIGUEIREDO Diretor de Cursos do IBRACON
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 7
u converse com o ibracon ENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: fabio@ibracon.org.br PERGUNTAS TÉCNICAS
A resistividade pode ser medida por
resultados individuais. Na sequên-
meio de quatro técnicas: Método
cia, o Item diz que o valor da média
seria a forma de calcular os
do eletrodo externo, Método dos
deve estar associado à temperatura
resultados no ensaio de resistividade
dois eletrodos, Método dos quatro
e à “umidade relativa média do am-
(NBR 9204)? Na
eletrodos ou Método de Wenner,
biente nas imediações do corpo de
norma é solicitado que sejam feitos dois
e o Método da resistividade elétri-
prova”. No caso, tem-se duas umi-
grupos de corpos de prova , um fica em
ca volumétrica. Os três primeiros
dades nas imediações dos corpos de
cura ambiente e outro em cura úmi -
métodos dizem respeito a resistivi-
prova avaliados, sendo uma relativa
da .
corpos
dade superficial do concreto e es-
às condições da câmara úmida e a
de prova , independentemente da cura ,
tão relacionados com a qualidade e
outra relativa à umidade do laborató-
corpos de
umidade superficial do concreto de
rio (mais seca). Portanto, o relatório
prova em cura úmida e cura ambiente
cobrimento da armadura. Os resul-
final deve conter para a idade de 28
separadamente ?
tados destes métodos contribuem
dias duas médias aritméticas, sendo
para avaliação do risco de corrosão
uma relativa aos três corpos de pro-
A pergunta da técnica tem rela-
que a armadura pode estar sujeita,
va estocados em câmara úmida e a
ção com a qualidade e o controle
caso o concreto se carbonate ou
outra média relativa aos três corpos
da qualidade do concreto, temas
caso os cloretos atinjam a armadura
de prova estocados em ambiente de
abordados na presente edição da
na forma livre. O Método de Wenner
laboratório. Como o Item 6.1.3 da
revista CONCRETO & Construção.
é o mais empregado par avaliar a
norma reforça dizendo que as deter-
A resistividade do concreto é uma
resistividade superficial do concre-
minações da resistividade volumé-
propriedade que vem ganhando
to. O quarto método, que trata da
trica devem ser feitas nas idades de
importância na área da durabilida-
resistividade volumétrica, alvo da
28 e 90 dias, o mesmo procedimen-
de das estruturas de concreto, de
pergunta, é o único que possui nor-
to deve ser adotado na idade de 90
tal forma que algumas obras im-
ma brasileira relativa ao concreto. A
dias, ou seja, determinar mais duas
portantes incluíram a resistividade
ABNT NBR 9204 (2012) – Concreto
médias para as duas condições de
como
desempenho
endurecido: determinação da resis-
estocagem. Cabe ressaltar que, no
e como parâmetro de controle da
tividade elétrico-volumétrica – Méto-
cálculo de cada uma das quatro mé-
qualidade de recepção do concre-
do de ensaio, preconiza o método
dias, os valores individuais que se
to. Existem duas regiões caracte-
que diz respeito a resistividade das
afastarem em mais de 10% da mé-
rísticas num elemento de concreto,
camadas internas do concreto, re-
dia devem ser desprezados e não in-
as quais possuem valores de re-
presentando, portanto, uma carac-
cluídos no cálculo da nova média de
sistividade elétrica distintos. Uma
terística da massa do concreto.
cada grupo.
região mais superficial, sujeita a
A resposta específica à pergunta en-
Mas por que obter a resistividade
ciclos de molhagem e secagem,
contra-se no Item 8.3, que trata da
em condições tão distintas de umi-
onde se mede a resistividade elétri-
expressão dos resultados. O referido
dade? A norma técnica da SABESP
ca superficial do concreto, e outra
Item diz que a resistividade elétrica-
NTS 162, por exemplo, diz que “a
região mais interna, onde a umida-
-volumétrica do concreto é expres-
critério da fiscalização pode ser exi-
de é mais estável, na qual se mede
sa, nas respectivas idades (28 dias
gida a determinação da resistividade
a resistividade elétrica volumétrica.
e 90 dias), pela média aritmética dos
elétrica-volumétrica potencial, para
Qual
elétrica volumétrica
Calculamos
a média dos
ou tiramos a média dos
requisito
de
3
6
8 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
um concreto na condição saturado
tivas a esta importante característica
de alvenaria estrutural, ou de concreto
com superfície seca (SSS), cujo limite
do concreto.
armado, ou de estrutural metálicas.
mínimo é de 15.000 ohm.cm.” Já o
Normas indicam modelos para projeto,
documento técnico do Metrô de São
ENIO PAZINI FIGUEIREDO, PROF. TITULAR DA UFG,
características e especificações dos
Paulo (ET-5.00.00.00/3J4-001) apre-
DIRETOR DE CURSOS DO IBRACON E PRESIDENTE
materiais. O limite será definido pela
senta dois requisitos de desempenho,
DA ALCONPAT BRASIL
possibilidade dos materiais em resistir
sendo um para a condição úmida,
aos esforços calculados. Por isso, é im-
cujo limite mínimo é de 15.000 ohm.
Qual
é o limite de pavimentos para alve-
cm, coincidente com o critério da SA-
naria estrutural?
BESP, e o outro para a condição seca,
até
cujo limite mínimo é de 60.000 ohm.
ou material técnico que define isso?
sistência hoje disponíveis no mercado
cm. Portanto, o critério de aceitação e
BRUNO ROCHA
brasileiro, em diferentes regiões, têm
rejeição do concreto, baseado na re-
KS Empreiteira
sido construídos edifícios de cerca de
12
Conheço edifícios com
pavimentos.
Existe
alguma norma
sistividade elétrica-volumétrica, está
portante o uso de materiais de qualidade e fazer um bom controle de obras. Considerando os blocos de alta re-
20 andares em alvenaria estrutural,
associado à condição de serviço da
Hoje é usual a construção de edifí-
estrutura de concreto.
cios de mais do que 12 pavimentos
Espero ter respondido a pergunta e
em alvenaria estrutural.
GUILHERME
ter esclarecido outras questões rela-
Não há limite de pavimentos em normas
COMITÊ EDITORIAL
ainda sendo economicamente viáveis.
PARSEKIAN,
PRESIDENTE
DO
Revista CONCRETO & Construções A revista CONCRETO & Construções é o veículo impresso oficial do IBRACON. De caráter científico, tecnológico e informativo, a publicação traz artigos, entrevistas, reportagens e notícias de interesse para o setor construtivo e para a rede de ensino e pesquisa em arquitetura, engenharia civil e tecnologia. Distribuída em todo território nacional aos profissionais em cargos de decisão, a revista é a plataforma ideal para a divulgação dos produtos e serviços que sua empresa tem a oferecer ao mercado construtivo.
PARA ANUNCIAR Tel. 11- 3735-0202 arlene@ibracon.org.br
Formatos e investimentos
Formato
2ª Capa + Página 3 Página Dupla 4ª Capa
Periodicidade Número de páginas Formato Papel Capa plastificada Acabamento Tiragem Distribuição
Trimestral 100 21 x 28 cm Couché 115 g Couché 180 g Lombada quadrada colada 5.000 exemplares Circulação controlada
fissionais e o ramo Consulte o perfil dos pro sas do mailing: pre em das o açã atu de “Publicações”) (link .br org www.ibracon.
2ª, 3ª Capa ou Página 3 1 Página 2/3 de Página Vertical 1/2 Página Horizontal 1/2 Página Vertical 1/3 Página Horizontal 1/3 Página Vertical 1/4 Página Vertical Encarte
Dimensões
42,0 x 28,0 cm 42,0 x 28,0 cm 21,0 x 28,0 cm
R$ 10.285,00 9.100,00 6.960,00
21,0 x 28,0 cm
6.800,00
21,0 x 28,0 cm
6.250,00
14,0 x 28,0 cm
4.880,00
21,0 x 14,0 cm
3.550,00
10,5 x 28,0 cm
3.550,00
21,0 x 9,0 cm
2.940,00
7,0 x 28,0 cm
2 940,00
10,5 x 14,0 cm
2.550,00
Sob consulta
Sob consulta
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 9
u encontros e notícias | LIVROS
Desconstruindo o projeto estrutural de edifícios
E
mbora o projeto estrutural contenha centenas de imagens, muitas vezes a informação contida nas plantas, nos cortes e nos detalhes não é perfeitamente assimilada pelos profissionais responsáveis pela execução da estrutura de concreto armado ou protendido. Desconstruindo o projeto estrutural de edifícios, de autoria do engenheiro José Sérgio dos Santos, tem por objetivo ajudar esses profissionais a fazer a leitura correta dos projetos que têm em mãos, de modo que a execução seja feita
10 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
com o mínimo possível de falhas. Com mais de 100 ilustrações, o livro apresenta de forma prática e didática o projeto de concreto armado e protendido, seguindo, nos capítulos, a sequência em que a obra é executada, iniciando pela locação dos pilares e passando pelo detalhamento de fundações, pilares, cintamento, escada, forma, armadura de lajes, armadura de vigas e protensão. à Mais informações:
www.ofitexto.com.br
u encontros e notícias | CURSOS
IBRACON capacita inspetores de estruturas de concreto
N
os dias 31 de março, 01, 07 e 08 de abril, foi realizado pelo IBRACON o Curso Inspetor I – Inspeção em estruturas de concreto segundo a ABNT NBR 16230, voltado à capacitação de profissionais para a inspeção, diagnóstico e prognóstico de estruturas de concreto. Com a participação de 14 alunos, no primeiro dia os participantes foram apresentados às atribuições do Inspetor I segundo a ABNT NBR 16230, aos problemas e manifestações patológicas mais frequentes nas obras de arte especiais e às expectativas dos contratantes do serviço de inspeção pelo presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), Eng. Julio Timerman. Em seguida, os alunos foram introduzidos nas noções básicas de patologia e terapia de estruturas de concreto, com a aula ministrada pelo diretor da PhD Engenharia e conselheiro permanente do IBRACON,
Presidente do IBRACON, Eng. Julio Timerman, em momento de sua aula
Prof. Paulo Helene, que enfatizou a importância do diagnóstico e apresentou alguns casos interessantes de inspeção e de acidentes, como os casos da Ponte dos Remédios, da concessão da Ponte Rio Niterói e do colapso da Ponte do Socorro. No dia seguinte, na parte da manhã,
os alunos receberam do instrutor Eng. Alexandre Beltrame, da Beltrame Engenharia, noções e dicas importantes para o planejamento dos trabalhos de inspeção, como o controle do cronograma, a logística de execução das atividades, a especificação de tarefas e a
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 11
u encontros e notícias | CURSOS
distribuição dos equipamentos, instrumentos e materiais, com destaque para as precauções a serem tomadas pela equipe para a minimização de riscos na execução dessas atividades. Na parte da tarde, os alunos aprenderam a ler e interpretar projetos e a cadastrar elementos estruturais, com a orientação do Eng. Julio Timerman, que foi o coordenador das Comissões de Estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) das normas
Prof. Paulo Helene, diretor institucional do IBRACON, durante sua aula
NBR 9452 – Inspeção de Pontes, Viadutos e Passarelas de Concreto – Procedimento e NBR 16230 – Inspeção de estruturas de concreto – Qualificação e Certificação de Pessoal – Requisitos. Os participantes tiveram acesso a essas normas para poderem realizar as tarefas nas salas de aula. Esses dois dias do curso foram realizados no auditório da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Na sexta e sábado seguintes, o curso prosseguiu na EPT Engenharia e Pesquisas Tecnológicas, com aulas sobre a maneira de documentar as manifestações patológicas, como aferir sua gravidade, como coletar amostras e como fazer o relatório de inspeção, ministrada pelo Eng. Gilberto Giuzio, diretor de certificação do IBRACON e da EPT. Para subsidiar o diagnóstico no relatório de inspeção, o professor da Universidade Federal de Goiás e diretor de cursos do IBRACON, Prof. Enio Pazini, apresentou aos participantes os ensaios mais comumente realizados nas
1ª turma assiste à aula do Eng. Alexandre Beltrame
inspeções, balanceando sua aula teórica com uma aula prática no Viaduto General Olímpio da Silveira, na qual os participantes foram apresentados aos equipamentos de ensaio e puderam fazer o levantamento das manifestações patológicas no viaduto. Com carga horária de 28 horas, o curso Inspetor I é uma realização do IBRACON, com a parceria com o IDD, e conta com apoio da ABCP, ALCONPAT Brasil, EPT e Sinaenco. Ele faz parte do Programa Master PEC, programa de educação continuada do IBRACON. Para informações sobre as próximas turmas, acesse: www.ibracon.org.br
Programação de Cursos Master PEC uuencontros e notícias | CURSOS Curso
Instrutores
Data
Carga horária
Local
Realizador
Intensivo de Tecnologia Básica do Concreto
Rubens Curti e Flávio André da Cunha Munhoz
18 a 20 de julho
18 horas
Sede da ABCP
ABCP
Esclarecendo Reparos e Reabilitações em Estruturas de Concreto
Paulo Helene, Carlos Britez e Jéssika Pacheco
25 de julho
15 horas
Av. Paulista, 509, 13° andar
PhD, IDD, IBRACON
Reforço de Estruturas de Concreto – Soluções Inovadoras
Paulo Helene, Carlos Britez e Douglas Couto
22 de agosto
15 horas
Av. Paulista, 509, 13° andar
PhD, IDD, IBRACON IBRACON Regional
Diagnóstico e Reabilitação de Estruturas de Concreto
Eliana Monteiro, Enio Pazini Figueiredo e Paulo Helene
31 de agosto
4 horas
Auditório da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco/ UPE
Execução de Estruturas de Concreto – Engenhosidades e Soluções
Paulo Helene, Carlos Britez e Jéssika Pacheco
3 de outubro
15 horas
Av. Paulista, 509, 13° andar
PhD, IDD, IBRACON
Curso RILEM/IBRACON sobre Especificações de Projeto em Concreto Reforçado com Fibras
Marco di Prisco, Thomaz Buttignol, Barzin Mobasher
31 de outubro e 1º de novembro
12 horas
Fundaparque, Bento Gonçalves, RS
IBRACON
Curso sobre Pré-fabricados
Iria Doniak
1º de novembro
4 horas
Fundaparque, Bento Gonçalves, RS
IBRACON
Dimensionamento de Vigas Isostáticas protendidas
Fábio Albino
2 de novembro
8 horas
Fundaparque, Bento Gonçalves, RS
IBRACON
Artefatos de Concreto Vibroprensado
Idário Fernandes
3 de novembro
4 horas
Fundaparque, Bento Gonçalves, RS
IBRACON
12 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u personalidade entrevistada
Roberto José
Falcão Bauer
F
ilho do engenheiro Luiz Alfredo Falcão Bauer, fundador do centro tecnológico de controle da qualidade homônimo, Roberto José Falcão Bauer, engenheiro civil formado em 1975 pela Escola
de Engenharia de Taubaté, foi ser residente das várias obras nas quais o laboratório prestava serviços de controle tecnológico do concreto. O motivo, segundo ele nos informa nesta entrevista, era adquirir conhecimento técnico e aprender a trabalhar em equipe. Em 1979, já como responsável pela equipe técnica do laboratório de concreto, Roberto foi fazer especialização em patologia de materiais, estruturas e habitabilidade no Instituto Eduardo Torroja da Construção e do Cimento, em Madri, na Espanha.
Roberto Bauer em Seminário da ABCIC
Seu apetite por aprender e se relacionar não cessou desde então. Desde 1987, Roberto Bauer é professor no curso sobre tecnologia de concreto e aço para mestres e fiscais de obra, ministrado nas dependências do Laboratório L.A. Falcão Bauer, em convênio com o Senai e o Ministério do Trabalho. Ele é também professor da disciplina de materiais de construção civil no curso de Engenharia Civil da Universidade Taubaté (Unitau), desde 1997. Foi membro da Diretoria do Comitê Brasileiro de Construção Civil (Cobracon) e do Comitê Brasileiro da Construção da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-02/ABNT), sendo atualmente membro do Conselho Deliberativo do Serviço Social da Construção Civil de São Paulo (Seconci-SP) e do Conselho Consultivo do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), entre outras entidades. Diretor técnico do Grupo Falcão Bauer até 2016, Roberto, hoje sócio do Grupo, foi agraciado com o Prêmio Luiz Alfredo Falcão Bauer de 2005, concedido ao destaque do ano em engenharia no campo de pesquisas do concreto e materiais constituintes.
IBRACON – Não poderíamos começar
devido às suas iniciativas com relação
esta entrevista sem lhe perguntar sobre
ao controle tecnológico do concreto,
do país com ensaios acreditados pelo
a influência e os ensinamentos de seu
ao montar laboratórios em veículos
Inmetro, em 1983?
pai em sua vida e carreira profissional,
que prestavam atendimento no local
Roberto José Falcão Bauer – Um dos
das obras e ter o primeiro laboratório
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 13
Grupo Falcão Bauer
Ensaio de início e fim de pega de cimento
de arte da Ferrovia
e Augusto Carlos Vasconcelos,
do Aço, trecho
contando com o auxílio, experiência,
correspondente
amizade e entusiasmo.
ao sul de Minas
No início da década de 60, iniciou
Gerais.
com um laboratório de materiais
Mais tarde percebi
constituintes e instrumentos para
o motivo para
concreto, equipando uma “perua”
que não ficasse
Kombi que ia às obras com finalidade
inicialmente no
de auxiliar o engenheiro responsável
laboratório central:
pela construção, na escolha dos
era para adquirir
materiais e na elaboração das
conhecimento
dosagens do concreto.
técnico, aprender
Encontrou apoio nos primeiros
a trabalhar em
clientes, que foram a Construtora
equipe e como
Adolfo Lindenberg (CAL), e o Escritório
ensinamentos passados por meu pai,
se relacionar com pessoas, além de
de Arquitetura Botti-Rubin.
que considero de suma importância,
participar e ser cobrado praticamente
Entre o final da década de 60 até
foi que, independentemente da
todos os dias por profissionais de
a de 80, a empresa teve grande
profissão que venha a exercer, seja
altíssimo conhecimento e qualidade.
crescimento, mudando, em 1973,
qual for, realmente goste do que faça,
Concluindo, o Dr. Bauer não
para a atual sede na rua Aquinos,
seja responsável e dedicado.
permitiu que, após a conclusão do
dispondo de laboratórios de ensaios
Após a conclusão do curso superior,
curso superior, eu ficasse na “zona
de concreto, agregados, cimento, aço,
meu pai quis que fizesse parte
de conforto”, mas que participasse,
solos e componentes da construção,
das equipes técnicas de controle
fosse cobrado, estudasse, adquirisse e
bem como de serviços de inspeção
tecnológico do concreto, em várias
recebesse conhecimento, e convivesse
e laudos técnicos em estruturas de
obras durante o período de 1976 a
com pessoas especiais, para criar meu
concreto. Posteriormente, foi incluído
1978, residente em obras, tais como,
próprio espaço na carreira profissional.
o laboratório químico, para realização de ensaios químicos nas áreas de
das estações da Praça da Sé, do
concreto e argamassas, e na indústria.
Parque D. Pedro, da conclusão da São
IBRACON – Em linhas gerais, como,
Bento, das obras iniciais do terminal
quando e por que surgiu a
Jabaquara, do Metrô de São Paulo; do
Bauer? De que forma a empresa evoluiu
no Brasil a ter ensaios acreditados
vertedouro de concreto da barragem da
e cresceu para ter a projeção que
pelo Inmetro, recebendo o número de
represa de Guarapiranga; do calçadão
tem hoje?
acreditação CRL 0003.
e galerias de águas pluviais das ruas do
diversificar suas atividades?
Na década de 90 iniciamos as atividades
centro velho de São Paulo, inúmeras
Roberto José Falcão Bauer – Para
do IFBQ – Instituto Falcão Bauer
obras da Sabesp e de obras viárias da
a viabilidade do empreendimento,
da Qualidade, na área de bens de
cidade de São Paulo. Posteriormente,
o Dr. Bauer procurou a opinião de
consumo, construção civil e indústria,
como responsável pela equipe técnica
alguns amigos, dentre eles Sigmundo
sistemas de gestão, dentre outros.
do laboratório de concreto das obras
Golombek, Roberto Rossi Zuccolo
Atualmente contamos com inúmeros
“
Falcão
O que fez a Falcão Bauer
Em 1983 fomos o primeiro laboratório
O DR. BAUER NÃO PERMITIU QUE, APÓS A CONCLUSÃO DO CURSO SUPERIOR, EU FICASSE NA ‘ZONA DE CONFORTO’, MAS QUE ADQUIRISSE CONHECIMENTO E CONVIVESSE COM PESSOAS ESPECIAIS, PARA CRIAR MEU PRÓPRIO ESPAÇO NA CARREIRA PROFISSIONAL
14 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
“
“
O CONTROLE TECNOLÓGICO TRATA-SE DE UM PROCESSO QUE VISA O REGISTRO E A GARANTIA DA CONFORMIDADE OU FATOS NÃO CONFORMES E AÇÕES CORRETIVAS DOS CONCRETOS PRODUZIDOS E APLICADOS NAS OBRAS
“
colaboradores em várias áreas de
especificações técnicas de projeto,
MATERIAIS
atuação, seja na construção civil, seja
com relação às propriedades,
Materiais disponíveis na região da obra
na indústria em geral.
características e respectivas idades
e suas características; definição dos
O crescimento e diversificação de
do concreto fresco ou endurecido,
materiais componentes do concreto
atividades foram decorrentes das
visando atender aos parâmetros de
com base nos requisitos de projeto;
necessidades do mercado, das
desempenho, uso, manutenção e
estipulação da armazenagem, planos de
durabilidade;
amostragem, periodicidade e ensaios
exigências do Inmetro, que contribui desde 1983 na expertise em ter
u Análise conjunta com o construtor
químicos e físicos para caracterização
e manter o foco na qualidade, e
dos elementos estruturais a serem
dos componentes, de acordo com as
principalmente da dedicação de todos
concretados com relação a:
normas da ABNT;
nossos colaboradores em manter e
dimensão máxima do agregado em
preservar os valores e princípios do
função da densidade de armadura
EQUIPAMENTOS
fundador da empresa.
passiva e de protensão, bem como
Equipamentos disponíveis para
dimensões das fôrmas, transporte
mistura, transporte, lançamento e
IBRACON – O que é o controle
e lançamento do concreto, e
adensamento do concreto;
tecnológico do concreto?
características peculiares impostas
Quais
os ensaios típicos mais comumente
pelo projeto arquitetônico;
CURA Processos de cura a serem empregados
realizados, seu lugar e importância no processo construtivo como um todo?
DURABILIDADE
Roberto José Falcão Bauer – Trata-se
Conhecimento das condições de
de um processo que visa o registro e
exposição e ação de agentes externos
MÃO DE OBRA
a garantia da conformidade ou fatos
e classe de agressividade ambiental
Mão de obra disponível, devidamente
não conformes e ações corretivas dos
(micro e macroambiente); pressão
qualificada e treinada;
concretos produzidos e aplicados nas
hidrostática; ambientes quimicamente
obras de concreto armado, protendido
agressivos;
e período mínimo especificado;
B. Fornecimento e verificação
ou pré-fabricado, com base nas especificações técnicas do projeto estrutural ou de outros documentos técnicos. O controle tecnológico do concreto compreende os serviços relacionados a: A. Tomada de conhecimento quanto ao: PROJETO u Verificação e análise das
Ensaio de abatimento do concreto
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 15
de dosagens que atendam às
e as condições de temperatura
na eventualidade de se verificar
condições anteriores
ambiente;
falhas nos elementos estruturais
u Caso necessário, deverão
C. Acompanhamento da obra u Análise da metodologia de
ser elaborados projetos complementares de escoramento
sobre os serviços realizados,
e fôrmas;
resultados obtidos e eventuais
execução (plano de concretagem) em conjunto com o engenheiro
recomendações. D. Realização dos ensaios
responsável pelo projeto estrutural, o arquiteto e o construtor; u Verificação periódica dos
concretados; u Fornecimento de relatório técnico
IBRACON – Porque, na sua opinião, u Ensaios do concreto fresco e
o ensaio do módulo de elasticidade
endurecido, conforme plano de
é pouco realizado, já que é uma
materiais empregados, do estado
amostragem previamente definido,
característica fundamental nas
de manutenção e operação
de acordo com a NBR 12655
estruturas?
dos equipamentos de mistura,
e especificações de projeto;
seria essa uma razão de em várias
transporte, lançamento e
interpretação dos resultados
regiões do país não haver nenhum
adensamento, bem como dos
obtidos nos ensaios; eventual
laboratório que faça esse tipo de
métodos de cura quanto à sua
correção ou modificação das
ensaio?
eficiência;
recomendações iniciais, em face
ensaio mais comum?
da constatação de variações
Roberto José Falcão Bauer – Minha
construtivo e pela retirada do
das características dos materiais
primeira experiência com especificações
escoramento, levando em
empregados, dos equipamentos
de módulo de elasticidade foi em
consideração as peculiaridades dos
e da eventual necessidade de
1977, no Metrô de São Paulo, no
materiais (em particular do cimento)
correção da avaliação inicial
estudo de dosagem do concreto a ser
u Cuidados requeridos pelo processo
“
O que fazer para tornar esse
feita sobre o
aplicado nas vigas pré-moldadas do
comportamento
elevado entre as estações da Praça da
da obra;
Sé e do Parque Dom Pedro.
u Fornecimento
O projeto estrutural especificava
de consulta aos
valores de resistência característica à
interessados no
compressão e módulo de elasticidade
que diz respeito
do concreto, sendo este último com
aos métodos
base na equação teórica (modelo de
construtivos;
previsão), constante da norma ABNT
u Fornecimento
NBR 6118 em vigor na época
(E = 21.000 x
de instruções e
acompanhamento
Ensaio de resistência à compressão diametral em concreto
Por ser pouco solicitado,
2
fck em kgf/cm²).
Os parâmetros eram fck ≥ 230 kgf/
dos serviços
cm², relação a/c ≤ 0,56 e módulo de
de reparo
elasticidade de 318.500 kgf/cm².
do concreto,
O valor especificado do módulo
O VALOR ESPECIFICADO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE ERA SUPERESTIMADO. PROVAVELMENTE A EQUAÇÃO FORA OBTIDA COM BASE EM RESULTADOS DE ENSAIOS DE CONCRETO MASSA, USUAIS EM BARRAGENS
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“
“
O PROFISSIONAL [ENVOLVIDO COM O CONTROLE TECNOLÓGICO] RECEBE, ALÉM DE TREINAMENTOS EM CURSOS, AVALIAÇÃO DAS RESPECTIVAS ATIVIDADES, TREINAMENTO EM RELAÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO, AO USO DE EPIs, ETC.
de elasticidade era superestimado. Provavelmente a equação fora obtida
u Quadro 1 – Profissionais de controle tecnológico do concreto
com base em resultados de ensaios
Áreas de trabalho
de concreto massa, usuais em
Coordenação Engenheiro Civil
barragens (concretos com elevado teor
Laboratório
Campo
Central de concreto
Laboratorista
Tecnologista
Tecnologista
Auxiliar de laboratorista
Auxiliar de tecnologista
Auxiliar de tecnologista
Moldador
Moldador
–
de agregado graúdo). Durante o estudo da dosagem em laboratório, com emprego de agregado
“
graúdo (brita 1 e 2) de origem granítica, lançamento convencional e abatimento de 80 ± 20 mm,
pelo construtor. Após a escolha da
nas áreas específicas, com atribuições
constatamos que, para atender os
empresa de serviços de concretagem
de programar, distribuir, coordenar e
parâmetros especificados, o concreto
que fornecerá o concreto à obra, as
fiscalizar os trabalhos executados no
não apresentaria trabalhabilidade
dosagens devem ser previamente
campo e no laboratório.
adequada aos elementos estruturais,
verificadas com relação ao
Os colaboradores recebem instruções
que possuíam armadura passiva e
atendimento às especificações
a respeito de:
de protensão, para lançamento e
técnicas, inclusive determinação
u Quem vai fazer (responsáveis pelas
adensamento do concreto (devido ao
do módulo de elasticidade e demais
teor elevado de agregado graúdo).
características, antes do início
Após inúmeras reuniões técnicas, a
da obra.
atividades); u O que deve ser feito (atividades a
serem executadas); u Quando deve ser feito (cronograma
dosagem do concreto foi elaborada
das atividades);
com teor de argamassa mínimo
IBRACON – Quais são os profissionais
e necessário para o adequado
responsáveis por realizar esses ensaios
lançamento e adensamento.
em cada etapa do processo construtivo?
Após a realização de ensaios de
Como é a hierarquia dos profissionais
resistência à compressão e módulo
que trabalham num laboratório de
de elasticidade, em 100 amostras de
controle tecnológico?
concreto, a relação obtida foi
a relação entre os laboratórios e
materiais, máquinas, mão de
seus clientes em termos de divisão de
obra, metrologia, meio ambiente e
Com relação à pouca realização dos
responsabilidades?
recursos);
ensaios de módulo de elasticidade
Roberto José Falcão Bauer – As
devemos ter consciência de que
equipes que atuam em um laboratório
concretos de qualidade devem
de controle tecnológico são
atender às especificações técnicas
constituídas por pessoas de vários
O profissional recebe, além de
de projeto.
níveis de formação e qualificação,
treinamento em cursos formais,
É de vital importância que seja
sempre supervisionadas por
internos e externos, avaliação das
valorizado o projeto estrutural e que
engenheiro civil (Quadro 1).
respectivas atividades, treinamento
as especificações técnicas sejam
O engenheiro civil deverá ter
em relação à saúde e segurança no
devidamente analisadas e atendidas
experiência em tecnologia do concreto
trabalho, ao uso de equipamentos
E = 17.000 x
2
fck em kgf/cm².
u Onde deve ser feito (locais das
atividades); u Por que deve ser feito (finalidade
das atividades); u Como deve ser feito (método,
Como se dá
u Itens de verificação e controle
(listas de verificação, indicadores e monitoramento);
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 17
preservada no
documentação referente ao processo
uso, operação e
de acreditação através do Sistema
manutenção.
Orquestra do Inmetro, tais como: u Documentação legal;
IBRACON – Quais requisitos devem ser considerados
gestão da qualidade implementado; u Relatório de análise crítica pela alta
na contratação
direção dos resultados
de um laboratório
do laboratório;
para o controle tecnológico do concreto?
Por quê?
Ensaio de determinação da Tenacidade em concreto com Fibra
u Documentação do sistema de
Roberto José Falcão Bauer –
u Relatório da última auditoria interna
para o escopo solicitado; u Documentação referente à
participação em ensaios de proficiência; u Documentação referente aos
de proteção individual, às condições
Com relação aos laboratórios, que
requisitos técnicos (procedimentos,
básicas preestabelecidas de acordo
sejam acreditados pelo Inmetro,
metodologias, formulários, incerteza
com o cargo e às responsabilidades
ou pré-qualificados e devidamente
de medição, calibração de
com relação às respectivas funções,
avaliados por critérios objetivos
equipamentos).
atividades principais, documentações
e preestabelecidos no manual
Os documentos necessários estão
e formulários de registros.
da qualidade do contratante e
descritos em documento específico do
Sempre é avaliado o desempenho
formalizados pelo departamento da
Inmetro (documento FOR-CGCRE-017).
dos colaboradores. Também são
qualidade das construtoras.
A DICLA avalia a completeza da
previstos treinamentos específicos,
Então, mediante documentação
documentação e posteriormente
visando à reciclagem, ao aumento de
técnica contendo as especificações
realiza o agendamento da avaliação do
conhecimento técnico e às eventuais
dos trabalhos e atividades a serem
laboratório. Após a avaliação inicial, o
revisões de normas e procedimentos,
realizados, os mesmos possam
laboratório tem um prazo de 45 dias
seja de normas técnicas nacionais ou
apresentar sua proposta técnico
para envio das evidências das não
internacionais, seja de regulamentos
comercial.
conformidades, caso haja. Depois do fechamento das ações, é emitido um
internos da empresa. A qualidade é obtida por quem faz
IBRACON – Como é o procedimento
parecer técnico final pelo avaliador líder
o trabalho e não por quem controla;
para a acreditação de um laboratório
ao GA (Gestor de Avaliação). Após o
quem controla monitora, documenta
pelo Inmetro?
parecer final, o escopo da acreditação
e registra a qualidade ou falta de
avaliados?
qualidade das atividades. É de vital
avaliação?
importância nos conscientizarmos
Roberto José Falcão Bauer – O
Os parâmetros avaliados são
de que a qualidade das construções
laboratório interessado na acreditação
todos os requisitos que são de
nasce com o projeto e especificações,
deve disponibilizar à DICLA (Divisão
responsabilidade da alta direção do
se consolida na execução e é
de Acreditação de Laboratórios) a
laboratório (requisitos gerenciais) e os
“
Quais parâmetros são
Qual é a periocidade dessa
é emitido pela CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro).
A QUALIDADE É OBTIDA POR QUEM FAZ O TRABALHO E NÃO POR QUEM CONTROLA; QUEM CONTROLA MONITORA, DOCUMENTA E REGISTRA A QUALIDADE OU FALTA DE QUALIDADE DAS ATIVIDADES
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“
“
SÃO 48 LABORATÓRIOS NO BRASIL, DOS QUAIS APENAS 9 TÊM ACREDITAÇÃO DE ENSAIOS RELACIONADOS A CONTROLE TECNOLÓGICO DO CONCRETO
requisitos técnicos da ISO 17025 –
(RBLE) no setor
Requisitos Gerais para Competência
da construção
de Laboratórios de Ensaios e
civil, acreditados
Calibração, além de diversas normas
pela Coordenação
complementares da CGCRE.
Geral de
Após a acreditação/avaliação inicial,
Acreditação do
é realizada uma nova avaliação/
Inmetro (CGCRE).
auditoria no período de um ano. As
São 48
novas avaliações de manutenção são
laboratórios
realizadas a cada dois anos, sendo
no Brasil, dos
que essa periodicidade pode ser
quais apenas 9
reduzida com base no resultado da
têm acreditação
auditoria, caso seja satisfatória.
de ensaios relacionados
“
Ensaio de compressão axial de corpo de prova de concreto extraído de estrutura
IBRACON – No universo dos
a controle
laboratórios de controle tecnológico
tecnológico do concreto, de
constituintes do concreto, conforme as
do concreto, qual porcentagem deles é
acordo com a Norma NBR 12655
normas brasileiras (Quadros 2 e 3).
acreditado pelo Inmetro?
Concreto de Cimento Portland –
No Brasil existem apenas 9
Roberto José Falcão Bauer – Consta
Preparo, Controle e Recebimento
laboratórios de materiais de
no site do Inmetro, a relação de
– Procedimento, bem como ensaios
construção (oito na cidade de São
laboratórios de ensaios acreditados
físicos e químicos dos materiais
Paulo e um em Goiás), com ensaios
u Quadro 2 – Quantidade de laboratórios de materiais de construção civil acreditados
Estados
Laboratórios de construção civil Terceira parte
Senai
Outros
Total
São Paulo
25
3
5
33
Paraná
1
2
–
3
Goiás
1
–
1
2
Minas Gerais
2
–
–
2
Pernambuco
1
1
–
2
Rio Grande do Sul
1
1
–
2
Santa Catarina
–
2
–
2
Mato Grosso do Sul
–
1
–
1
Rio de Janeiro
–
1
–
1
N° de laboratórios de materiais de construção civil com ensaios acreditados pelo Inmetro desde 1983 (34 anos)
31
11
6
48
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 19
Após a realização dos ensaios, os
u Quadro 3 – Quantidade de laboratórios de controle tecnológico do concreto acreditados
laboratórios inscritos enviam os resultados obtidos ao coordenador do programa.
Controle tecnológico do concreto
Estados
Observação (1) Observação (2) Observação (3)
É realizado um estudo estatístico dos resultados e apresentado um
São Paulo
10
3
8
Paraná
1
–
–
Goiás
1
–
1
Minas Gerais
1
–
–
Pernambuco
1
–
–
Rio Grande do Sul
–
–
–
Santa Catarina
–
–
–
Rio de Janeiro
–
–
–
bianual e, em alguns casos, os ensaios
Mato Grosso do Sul
–
–
–
são realizados em diversas rodadas
N° de laboratórios com ensaios de CT do concreto acreditados pelo inmetro desde 1983 (34 anos)
14
3
9
1) Ensaio do concreto fresco e de resistência à compressão. 2) Ensaio do concreto fresco e endurecido. 3) Ensaio do concreto fresco, endurecido e materiais constituintes. Somente o estado de São Paulo e de Goiás tem laboratórios na RBLE, acreditados pela coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (CGCRE) para realização de controle tecnológico do concreto.
relatório com o desempenho individual, de cada laboratório participante, onde é avaliado, para cada ensaio, o procedimento, os equipamentos e a mão de obra. Alguns ensaios interlaboratoriais possuem rodada única e anual, outros
durante o ano. O laboratório acreditado deve participar de, pelo menos, uma atividade relacionada a cada parte significativa do seu escopo, a cada quatro anos. Em alguns casos não há programas
de controle tecnológico do concreto
das atividades da garantia da qualidade,
disponíveis para um determinado
acreditados pelo Inmetro, conforme
onde são realizados estudos estatísticos
escopo. Dessa forma cabe ao
pesquisa realizada em 24 de abril
de diversos dados relativos a um mesmo
laboratório buscar por provedores que
de 2017 no site do Inmetro, com
tipo de ensaio. São comparações de
atendam aos ensaios desejados e, caso
relação aos laboratórios da RBLE –
resultados entre laboratórios, sejam de
não exista, devem ser realizados outros
Rede Brasileira de Laboratórios de
ensaio, de calibração, seja de análise
métodos de garantia da qualidade.
Ensaios Acreditados.
clínica, com a finalidade de garantir a qualidade dos mesmos, através da
IBRACON – Como você avalia o
IBRACON – O que são os ensaios
análise da dispersão dos resultados de
Sistema Nacional de Avaliações
interlaboratoriais?
amostras ensaiadas.
Técnicas (SINAT)?
Qualquer laboratório pode participar,
Como tem sido a participação do
independentemente se os ensaios
Instituto Falcão Bauer como Instituição
Esses ensaios são feitos para todos os
sejam acreditados na ABNT/ISO
Técnica Avaliadora (ITA)? De quantas
ensaios realizados pelos laboratórios
IEC 17025.
avaliações o Instituto já participou?
Quais laboratórios
podem participar desses ensaios? são feitos?
Como
Qual sua periodicidade?
O coordenador do interlaboratorial
participantes?
Quais foram os maiores desafios nessas
Roberto José Falcão Bauer – Os
desenvolve uma amostra padrão e
avaliações e resultados mais marcantes?
ensaios interlaboratoriais fazem parte
envia aos laboratórios participantes.
Roberto José Falcão Bauer – O
“
OS ENSAIOS INTERLABORATORIAIS SÃO COMPARAÇÕES DE RESULTADOS ENTRE LABORATÓRIOS COM A FINALIDADE DE GARANTIR SUA QUALIDADE, PELA ANÁLISE DA DISPERSÃO DOS RESULTADOS DE AMOSTRAS ENSAIADAS
20 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
“
“
O PROGRAMA (SINAT) TRABALHA COM A HARMONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO TÉCNICA DOS PRODUTOS, CONSIDERANDO ASPECTOS IMPORTANTES DO USO PROPRIAMENTE DITO
SINAT é, sem dúvida, um programa
pelo Instituto
necessário à mobilização da
Falcão Bauer de
comunidade técnica brasileira, o qual
Qualidade? O que
tem como objetivo avaliar produtos
se avalia nesses
que são utilizados nos processos
processos?
construtivos desenvolvidos no país.
tipos de produtos
Permite operacionalizar procedimentos
e sistemas?
reconhecidos pela cadeia produtiva
garantias são
do setor e ampliar a utilização de
dadas aos clientes
alternativas tecnológicas inovadoras por
e consumidores?
meio de diretrizes técnicas regulatórias.
Roberto José
“
Que Que
O programa trabalha com a
Falcão Bauer –
harmonização de procedimentos
A certificação
de avaliação técnica dos produtos,
de produtos
considerando aspectos importantes
visa verificar o
do uso propriamente dito, ou seja,
atendimento às normas técnicas dos
como componentes automotivos,
promove avaliações considerando
produtos, visando a a segurança,
pneus e rodas, brinquedos, artigos para
o desempenho dos produtos, com
o desempenho e, em alguns
festas, eletrodomésticos, equipamentos
foco nas exigências do usuário,
casos, a eficiência energética e a
eletromédicos, preservativos, implantes
evidenciadas na ABNT NBR
compatibilidade eletromagnética.
mamários, produtos da construção civil,
15575:2013.
Nesse processo são verificados desde
filtros e bebedouros, equipamentos de
A ITA IFBQ, por meio de seu Polo de
o projeto do produto, passando por
proteção individual, equipamentos para
Negócios “Inovação na Construção”,
avaliação de fábrica, acompanhado
postos de combustível, colchões,
atua ativamente no SINAT, tanto
de ensaios de rotina na fábrica e
entre outros.
na avaliação de produtos como no
ensaios de tipo completos no produto,
Os clientes se sentem seguros
processo de revisão e de proposição
realizados em laboratórios creditados.
por colocar no mercado produtos
de diretrizes técnicas. Já produziu um
Já a certificação de sistemas de
produzidos com qualidade,
total de doze documentos de avaliação
gestão visa verificar a repetibilidade
atendendo às normas técnicas e
técnica (DATEc).
dos processos. Estes processos
certificados, e os consumidores que
O principal desafio é promover
podem ser referentes à Qualidade (ISO
utilizam um produto certificado tem
a orientação e disseminação do
9000), Ambiental (ISO 14000), Saúde
a confiança que os mesmos terão
conhecimento da avaliação por
e Segurança Ocupacional (OHSAS
o desempenho esperado e não irão
desempenho junto à cadeia produtiva,
18000), Responsabilidade Social (SA
colocar em risco a integridade física
viabilizando produtos com padrões
8000), entre outros. São auditados e
dos usuários.
mínimos de qualidade para a
verificados “in loco” a implementação
Há também inúmeros programas de
construção civil do país.
dos procedimentos referentes às
qualidade específicos e setoriais, como
Normas de Sistema em questão.
é o caso do PBQP- H (Programa
IBRACON – O que são os processos
A certificação compulsória de produtos
Brasileiro de Qualidade e Produtividade
de certificação de produtos e sistemas
no Brasil abrange vários produtos,
do Habitat), do selo Excelência ABCIC,
Moldagem de corpos de prova para ensaio de resistência à compressão
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 21
do concreto, nos
u Quadro 4 – Resultado de estudo sobre porcentagens de exemplares com fcj ˂ fck
ensaios dos corpos de prova ou na moldagem e cura desses corpos de
Período de janeiro até 15 de junho de 2015
prova?
Roberto José fck (MPa)
N° de corpos de prova ensaios
% de exemplares com fcj ˂ fck
20/25/30 35/40
59.206
1,5% a 4,0%
Bauer, durante
45
1.900
5,0%
vários meses nos
50
1.084
6,0%
Falcão Bauer – Nos controles efetuados pela L.A. Falcão
Ensaio de compressão de prisma de bloco de concreto
últimos anos, constatamos, com
específico da indústria de estruturas
relação aos resultados de resistência
que em 70% dos casos os resultados
pré-fabricadas de concreto.
à compressão de corpos de prova
obtidos confirmaram os resultados
ensaiados, que as porcentagens de
obtidos nos corpos de prova moldados
exemplares com fcj < fck variaram
(7 em cada 10 amostras).
entre 1,5% e 6,0% (Quadro 4).
A distribuição normal ou de Gauss é
é sua posição sobre os concretos não
Mediante rastreabilidade (pelo
um modelo estatístico que representa
conformes?
mapeamento quando do lançamento
de maneira satisfatória a distribuição
do concreto ou por ensaios não
das resistências à compressão do
IBRACON – Considerando a expertise dos laboratórios da
Falcão Bauer, qual
Suas causas estão na falta
de controle de qualidade na produção
Densidade de Frequência ou Densidade de Probabilidade
Curva de Gauss
Sc
Sc 95%
5% fck
fc
fsm
Resistência à compressão (MPa)
“
destrutivos)
concreto (fenômeno físico e real).
das betonadas
O valor de resistência à compressão
de concreto
que apresenta uma probabilidade
correspondentes
de 5% de não ser alcançado é
aos exemplares
denominado resistência característica
que apresentaram
do concreto à compressão (fck),
resistência à
ou seja, uma em cada vinte
compressão
betonadas pode estatisticamente
inferior ao fck,
ser inferior ao fck, parâmetro
foram procedidas
adotado no projeto estrutural.
extrações e ruptura
Analisando o Quadro 4 podemos
de corpos de
considerar que os concretos com
prova da estrutura,
resistência característica à compressão
conforme ABNT
de 20 a 45 MPa não apresentaram
NBR 7680.
desconformidades. Entretanto, com
Constatamos
relação aos concretos com resistência
O VALOR DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO QUE APRESENTA UMA PROBABILIDADE DE 5% DE NÃO SER ALCANÇADO É DENOMINADO RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DO CONCRETO À COMPRESSÃO (FCK)
22 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
“
“
SEMPRE HÁ A PROBABILIDADE DE RECEBERMOS DE CADA 20 BETONADAS UMA COM RESULTADO INFERIOR AO FCK
“
característica à compressão de 50
IBRACON – Qual é sua avaliação do
com seus ensaios ou parte deles
MPa, ocorreu a aceitação de uma
Programa de Certificação de Pessoal
submetidos à avaliação e acreditados
betonada com fcj inferior ao fck em
do
cada dezoito betonadas.
dos profissionais dos laboratórios de
do Inmetro (CGCRE), e participando da
Provavelmente, alguns fatores
controle tecnológico do concreto? Os
RBLE( Rede Brasileira de Laboratórios
contribuíram para a não conformidade
laboratórios da Falcão Bauer têm seus
de Ensaios), do Inmetro.
do concreto, tais como:
profissionais certificados?
Os laboratórios da L.A. Falcão Bauer
u Deficiência de controle de qualidade
IBRACON, voltado para qualificação
pela coordenação Geral de Acreditação
Roberto José Falcão Bauer – Todo
atendem aos requisitos da ABNT/ISO
na produção do concreto (pesagem
programa de certificação, seja de
IEC 17025 e têm inúmeros ensaios
dos materiais constituintes,
qualificação de pessoal, seja de
acreditados, que constam do escopo
variação considerável da
laboratório, é importante.
da acreditação emitido pela CGCRE.
granulometria do agregado miúdo,
Há décadas sabemos que a qualidade
teor de material pulverulento nos
é obtida levando-se em consideração
IBRACON – Quais seus hobbies?
agregados);
os seis “M’s”: material, mão de obra,
Roberto José Falcão Bauer – As
medição, máquina (equipamentos),
atividades que pratico com muito
método (especificações,
prazer são dar aulas no curso de
procedimentos), meio ambiente, e não
Tecnologia do Concreto para mestres
de prova (decorrente da moldagem,
somente um dos “M’s”.
de obras e encarregados, em convênio
cura, desforma e transporte até
Porém a qualidade só pode ser
com o SENAI, em nosso laboratório, e
o laboratório, ou da realização do
implantada na organização por decisão
na Universidade de Taubaté – UNITAU,
ensaio de compressão dos corpos
do presidente da empresa
no curso de engenharia civil, na
de prova).
(e eventuais sócios) e com o seu total
cadeira de materiais de construção
Concluindo, sempre há a probabilidade
comprometimento e apoio sincero para
desde 1977. E sempre que possível,
de recebermos de cada 20 betonadas
envolver toda sua organização nessa
passar o fim de semana no sítio.
01 com resultado inferior ao fck.
forma de gestão.
Portanto, devemos estar sempre
A filosofia dos
atentos, pois existe a probabilidade de
seis M’s e o total
que aquela betonada não conforme
comprometimento
corresponda a 100% do volume
e apoio do
de concreto aplicado nos pilares
presidente são
do edifício em execução ou outro
fatores vitais para
elemento estrutural.
que os laboratórios
Daí a necessidade, quando da tomada
atendam aos
de conhecimento do projeto estrutural
requisitos da
e das especificações técnicas, de
ABNT/ISO IEC
estabelecer os critérios de formação
17025, e sejam
de lotes e amostragem, conforme
devidamente
Norma NBR 12655, e proceder a
acreditados
análise dos ensaios realizados.
pelo mercado,
u Deficiência de homogeneidade do
concreto no caminhão betoneira; u Deficiência nos ensaios dos corpos
Ensaio de penetração de água em concreto
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 23
u estruturas encontros eem notícias detalhes | CURSOS
Controle tecnológico do concreto em obras PAULO FERNANDO A. SILVA – Diretor Técnico-Comercial Concremat Engenharia Empresa do Grupo China Communications Construction
técnico, o que implicou uma desvalo-
lhoria na qualidade da obra. É sabido
presente artigo tem por fi-
rização de uma das mais importantes
da importância da equipe de produção,
nalidade detalhar a ativida-
atividades da construção. Essa postura
mas a equipe da qualidade contribui
de de Controle Tecnológico
tem trazido muitos prejuízos às empre-
muito para o bom desempenho do em-
de Materiais, seus benefícios para o
sas construtoras, pela necessidade de
preendimento, apesar de nem sempre
empreendimento em construção (edifi-
retrabalho, e aos usuários, pois, às ve-
ser valorizada. Eu diria que a qualidade
cações, pontes, viadutos, metrô, obras
zes, recebem empreendimentos sem a
da obra depende mais do Gerente da
de saneamento, etc.) e, por fim, apre-
qualidade que esperavam ou que com-
Obra do que da empresa executante,
sentar casos reais de problemas ocor-
praram. Muitas vezes, o que tem sido
pois é este profissional que dá as dire-
ridos em controle de obra. Os serviços
observado em obra é a elaboração de
trizes da obra.
de Controle Tecnológico ao longo dos
bonitos gráficos de pizza e relatórios
A norma brasileira que atualmente
anos têm sido tratados como apenas
sem qualquer fundamentação teórica,
trata do Preparo, Controle, Recebimen-
moldagem e ruptura de corpos de pro-
aliado a um “excessivo volume de pa-
to e Aceitação do Concreto de Cimento
va, por total desconhecimento do meio
pel”, mas que não trazem qualquer me-
Portland é a ABNT NBR 12655:2015,
1. INTRODUÇÃO
O
que substituiu a versão de 2006 desse mesmo documento e também a ABNT NBR 12654:1992 (Controle tecnológico de materiais componentes do concreto). A ABNT NBR 12655: 2015 estabelece que o Controle Tecnológico dos materiais componentes do concreto deve ser realizado de acordo com as respectivas Normas Brasileiras específicas. Segundo a ABNT NBR 12655 o proprietário da obra e o responsável técnico por ele designado devem garantir o cumprimento desta norma, e manter a documentação que comprove a qualidade do concreto, conforme estabelecido no subitem 4.4. O profissional responsável pela execução da obra, bem como o proprietário da obra
u Figura 1 Concentração de carga em uma pequena área do cp
24 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
e o responsável técnico pela obra têm como uma de suas responsabilidades o recebimento e aceitação do concreto.
Segundo a ABNT NBR 7212:2012
concreto. Pela própria definição pode-
o recebimento do concreto endurecido
-se constatar que o Controle é muito
é o ato pelo qual se constata, mediante
mais do que simplesmente determinar
ensaios ou outras verificações, o atendi-
a consistência (determinar o “slump”),
mento às especificações e às exigências
moldar e romper corpos de prova (cp).
do pedido (“de compra”). A avaliação do
A equipe de Controle Tecnológico tem
concreto fresco compreende a verifica-
que ter conhecimento técnico e experi-
ção da consistência pelo abatimento do
ência prática para realização desta ati-
tronco de cone, ou espalhamento, em
vidade, como veremos adiante. Como
função do tipo de concreto previamente
exemplo, pode-se citar um caso de
especificado no pedido (“de compra”),
obra onde o Engenheiro do Controle
e a comprovação da dimensão máxi-
Tecnológico foi substituído quatro ve-
ma característica do agregado graúdo
zes, e isto ocorreu porque foram co-
solicitada. Os subitens 6 e 7 da ABNT
locados na função profissionais com-
NBR 7212 tratam, respectivamente, do
petentes em fiscalização de obra, mas
Controle do processo de dosagem da
não aptos para coordenar a equipe
subitem 5.3 que o aumento da tensão
central e da Análise do processo. No
de Controle Tecnológico naquele mo-
deverá estar compreendido no interva-
Controle do processo é definida a amos-
mento. É comum, mesmo em grandes
lo de 0,9 MPa/min a 1,2 MPa/min). Os
tragem a ser seguida pela empresa se
obras, deixar a cargo de Engenheiros
resultados atenderam à especificação,
serviço de concretagem, a formação de
Júniores o Controle Tecnológico, sem
mas, na realidade, isto ocorria por um
amostragem, os documentos de entre-
que os mesmos estejam preparados
erro no ensaio, não porque o concreto
ga, o que deve constar em uma carta de
para isto, e o pior sem qualquer orien-
era bom. Nesse caso o traço de con-
traço, critério de descarte de resultados
tação técnica.
creto foi corrigido.
u Figura 2 Corpo de prova rompido em uma pequena parte
espúrios e, por fim, o cálculo do des-
Há um desconhecimento por parte
Outro exemplo interessante é o do
vio padrão da central (Sn). A Análise do
dos envolvidos de que os parâmetros
ensaio de Durabilidade do Agregado ao
processo, através do Desvio Padrão da
especificados em Projeto têm que ser
ataque por sulfato de Sódio e Magné-
Central (Sn), permite avaliar o Controle
atendidos, segundo as normas brasilei-
sio (“Soundness Test: ASTM C 88”, ou
do processo e classificá-lo em níveis (Ní-
ras ou internacionais de cada material
DNER ME 089/94 – Agregados – Ava-
vel 1, Nível 2, Nível 3 e Nível 4). A ABNT
(seguindo métodos de ensaio padroni-
liação da durabilidade pelo emprego
NBR 7212 permite utilizar outros méto-
zados). Esses limites somente são váli-
de sulfato de sódio ou de magnésio).
dos de controle da qualidade, como ACI
dos se a metodologia de ensaio defini-
Conforme poderá ser observado a se-
214 (o qual o autor deste artigo utiliza) ou
da na norma for rigorosamente seguida.
guir há vários fatores citados, que po-
EN 2016-1.
Um exemplo básico é a velocidade de
derão interferir no resultado do ensaio.
Uma conceituação básica para
ruptura dos corpos de prova, que é li-
Os fatores que afetam a precisão deste
Controle Tecnológico é a que o define
mitada por norma e interfere no resul-
ensaio são:
como a atividade que tem por finalida-
tado. Houve um caso bastante interes-
u Temperatura da solução;
de verificar se os materiais empregados
sante de um pavimento de concreto,
u Variação da Temperatura da solução
na elaboração do concreto atendem as
onde a Resistência à Tração na Flexão
durante o ensaio;
suas respectivas normas, bem como a
de Projeto não estava sendo obtida. O
u Idade da solução;
ABNT NBR 12655. Um conceito mais
ensaio foi realizado corretamente; por
u Concentração da solução;
amplo para Controle Tecnológico se-
isso, foi sugerido rever o traço. Antes
u Pureza da água usada para fazer a
ria a análise e verificação do concreto
da mudança do traço um novo ensaio
e seus materiais constituintes, além
em outro laboratório foi realizado, que
do acompanhamento dos serviços
usava uma velocidade bem superior à
de concretagem, recebimento, lança-
máxima permitida pela norma ABNT
No caso do ataque por sulfato, por
mento, vibração, desforma e cura do
NBR 12142:2010 (a qual cita em seu
exemplo, é importante ressaltar que a
solução; u Recipiente usado para imersão das
amostras, etc.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 25
concentração da solução de sulfato de
NBR 12655 e ABNT NBR 6118, da Es-
dito, em particular para os Engenheiros
Magnésio é maior do que a da solução
pecificação da obra e de Projeto. Este
que não têm especialização nesta área.
de sulfato de Sódio. Logo, os limites
Plano deverá conter no mínimo:
máximos a serem atendidos são dife-
u Tipos de Ensaio a serem realizados,
rentes, para cada tipo de solução. No caso da Resistência do Concreto pode-se destacar, dentre inúmeros pon-
e suas respectivas normas;
Um Controle Tecnológico eficaz, além de garantir o uso de materiais conformes (que atendam suas respectivas normas),
u Frequência de realização;
pode gerar os seguintes benefícios:
u Local da execução do ensaio (labo-
u Redução do custo da obra;
tos, os seguintes fatores que interferem
ratório de obra ou externo).
no resultado de cada corpo de prova:
Mensalmente deverá ser elabora-
u Redução do consumo de aglomerante; u Redução do retrabalho;
u Instante da Moldagem do cp;
do um Relatório Técnico conclusivo,
u Cura inicial do cp;
acerca dos ensaios realizados, e se os
u Minimização da fissuração.
u Transporte do cp;
mesmos atenderam ou não às Normas
mantendo-se uniformes e os ensaios
u Temperatura da água de cura;
Brasileiras, e quais as medidas adota-
sendo realizados corretamente o grau
u Preparo do cp;
das em caso de não conformidade. A
de dispersão é baixo, e é possível re-
u Planicidade do cp;
solução das não conformidades deverá
duzir o Desvio Padrão de Dosagem, e,
u Velocidade de ruptura do cp; etc.
ser imediata, pois é inadmissível que,
para uma mesma resistência caracte-
Os ensaios de Controle Tecnológico
por exemplo, após 2 anos ou mais do
rística à compressão do concreto (fck),
têm que seguir o procedimento (Méto-
início da obra, ainda exista não confor-
reduzir o consumo de cimento neces-
do de Ensaio) que está escrito nas nor-
midade não solucionada.
sário, para atendê-lo. Uma redução no
Com
os
materiais
constituintes
consumo de cimento, para grandes
mas brasileiras e internacionais (se for
blocos de fundação, lajes espessas e
não basta fazer os ensaios sem que se
2. BENEFÍCIOS DO CONTROLE CENTROLÓGICO
sigam os Métodos de Ensaio prescritos
Dentre os diversos benefícios do
do Gradiente Térmico, e do risco de
nas Normas Brasileiras. Para se definir
Controle Tecnológico o de mais fácil
fissuração por origem térmica, ou por
um procedimento de ensaio muitos es-
compreensão é saber se os materiais
formação de Etringita Retardada (“De-
tudos são realizados e são observadas
constituintes do concreto atendem ou
layed Ettringite Formation”).
as influências de cada variável no resul-
não as Normas Brasileiras, o que, por si
A fissuração de origem hidráulica é
tado final do ensaio.
só, já é muito importante. Isto é neces-
função, principalmente, do consumo de
o caso). Isto é obrigatório. Em síntese,
pilares robustos, implica em redução
Antes do início de cada obra deve ser
sário, mas não suficiente. Como exem-
água. Logo, mantendo-se a mesma re-
preparado um Plano de Controle Tecno-
plo, imagine a insegurança e o custo que
lação água/cimento e reduzindo o con-
lógico, o qual será elaborado em função
poderá ser acrescido ao custo inicial da
sumo de cimento, temos redução do
do tipo de obra, da classe de agressivi-
obra, pelo uso de um agregado potencial-
consumo de água. Logo, menor será a
dade ambiental (CAA), prevista na ABNT
mente reativo, que não foi ensaiado antes
tensão de tração induzida pela retração e
do início dos serviços de concretagem. O
menor risco de fissuração.
u Figura 3 Discos de desbaste: cinza (bom) e vermelho (ruim)
desgaste para a imagem do Construtor
O retrabalho também é reduzido. Um
em ter que quebrar um elemento estrutu-
exemplo claro de retrabalho é quando
ral recém-construído, ou reforçá-lo é mui-
se usa um agregado reativo em ambien-
to elevado, e tudo isto poderia ser evitado
te de elevada umidade relativa (superior
através do uso inteligente e eficaz de um
a 85%), o que certamente leva ao apa-
Plano de Controle Tecnológico. Contu-
recimento de patologia. Caso o ensaio
do, é importante salientar que há Espe-
seja realizado somente após a confec-
cificações Técnicas de obra e Planos de
ção do elemento estrutural, e este seja
Controle Tecnológico, que exigem uma
de pequena dimensão a sua demolição
quantidade excessiva e absurda de en-
é uma hipótese bastante provável, como
saios, o que pode inviabilizá-lo, ou fazer
ocorreu recentemente em uma obra no
com que os mesmos caiam em descré-
Centro-Oeste do Brasil.
26 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
Através dos ensaios de Controle Tec-
a resistência de Projeto era atendida.
nológico pode-se comparar e escolher
Análise e solução: Foi observado
materiais de melhor qualidade, os quais
que a Temperatura da Água de Cura
reduzirão os custos globais da obra.
do cp não atendia ao especificado na
No caso de obras prediais o Con-
ABNT NBR 5738:2015 (Temperatu-
trole Tecnológico deverá ser contratado
ra compreendida entre 21 e 25o C), e
pela empresa responsável pela Cons-
o preparo da superfície das bases do
trução. Já nas demais obras, tais como
concreto não deixava a mesma parale-
METRÔ, ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
la a outra superfície. Segundo a ABNT
DE ÁGUA E ESGOTO, PISCINÕES, RO-
NBR 5738:2015 antes de ensaiar os cp
DOVIAS, FERROVIAS, PORTOS, etc, o
é imprescindível preparar suas faces, de
contratante deverá ser o PROPRIETÁ-
modo que se tornem superfícies planas
RIO da mesma. A empresa construto-
e perpendiculares ao eixo longitudinal do
ra poderá realizar o seu Controle Tec-
cp. Esta preparação pode ser feita por
nológico, mas isto não elimina e nem
retificação ou capeamento. Logo, quan-
minimiza o Controle do Proprietário da
do da ruptura do cp havia concentração
obra. Os laboratórios de ensaio, obri-
de carga em determinada área (foto 1 e
gatoriamente, deverão ser acreditados
2), o que reduzia o valor da resistência
pelo INMETRO. Isto é o mínimo a ser
do concreto na idade considerada (fcj).
exigido, pois o que tem sido observado
Após a correção desses dois proble-
em obra é que há laboratório de ensaio,
mas, a resistência, fcj, aumentou e mui-
mas sem que se siga rigorosamente os
to, às vezes resultando no dobro do fck,
métodos de ensaio definidos em norma.
e foi possível reduzir os consumos de
Por exemplo, se uma norma define uma
cimento, em função do traço, de 40 kg
até que a causa fosse descoberta, que
faixa de temperatura de cura do corpo
/ m e 100 kg / m . Cumpre ressaltar
fosse revisto o traço, o que implicou em
de prova é obrigatório que se cumpra,
que a ABNT NBR 5738:2015 permite,
aumento do consumo de cimento.
a fim de que os resultados de ensaio te-
para a temperatura do ar da câmara
Análise e solução: Foram molda-
nham validade.
úmida ou da água do tanque de cura,
das diversas séries de corpos de prova,
3
3
u Figura 4 Retificadora que gerou melhor planicidade
Enfim, o Controle Tecnológico, aliado
mais três intervalos, além do já citado
pelo mesmo moldador, os quais foram
a um bom Projeto e uma boa Execução
anteriormente, os quais são 21+ - 2oC,
curados à Temperatura especificada na
podem gerar vários benefícios à socieda-
25+ - 2 C, e 27+ - 2 C, o que o au-
ABNT NBR 5738 (Temperatura de cura
de, com uma redução de custo para o
tor deste artigo não concorda, devido
compreendida entre 21 e 25 oC), prepa-
construtor e a entrega de uma obra durá-
aos valores de Maturidade serem di-
rados e rompidos em diversas idades
vel, com o mínimo de manutenção.
ferentes, para um mesmo concreto e
em uma única prensa. A única diferen-
mesma idade, e por consequência dife-
ça entre as séries de cps foram as re-
3. CASOS REAIS
rentes resistências à compressão axial
tificadoras (fotos 3 e 4). A ABNT NBR
A fim de ilustrar a importância do
serão obtidas.
5738 cita que a preparação pode ser
o
o
feita por retificação ou por capeamen-
Controle Tecnológico serão apresentados alguns casos reais de obra no Brasil.
3.2 CASO 2: Retificação do cp
to. Os resultados obtidos de resistência foram analisados estatisticamente,
3.1. CASO 1: Cura e preparo das bases do cp
A fc28 de um mesmo concreto entre-
e empregou-se o teste estatístico t, e
gue em uma dada obra não atendia ao
se obteve uma diferença de 24% entre
fck, pelos ensaios de um Laboratório de
os valores de fcj, em função do disco
O concreto não atendia ao fck. Logo,
Ensaio, mas, pelos ensaios de outro La-
utilizado. Em função disso, os discos
a Construtora aumentou o consumo de
boratório, atendia. Logo, foi solicitada à
abrasivos foram trocados e não houve
cimento e mesmo assim nem sempre
empresa de serviços de concretagem,
mais problemas.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 27
tado quando da análise dos materiais.
3.3 CASO 3: Amostra para moldagem
3.6 CASO 6: Uso de Neoprene
Após a execução do concreto foram observadas manchas brancas, simi-
Tem sido comum o uso de Neo-
É muito comum a coleta de amos-
lares ao processo de lixiviação da cal
prene na ruptura de cp, ao invés dos
tra para moldagem logo no início da
hidratada do concreto, mas não havia
processos normalizados de retificação
descarga, principalmente para concre-
fluxo de água.
e capeamento das bases. Também
tos fluidos (aqueles com abatimento
Análise e solução: Foram extraídos
têm sido observadas rupturas com
superior a 190mm). O concreto entre-
testemunhos da estrutura e realizado o
Fratura no topo do cp, tipo F (figura
gue em uma dada obra não atendia ao
ensaio de Difração de Raio X. Detectou-
A.6) e tipo G (figura A.7) do Anexo A
fck. O valor do fc28 em média era de 22,0
-se a presença de Thenardita (Na2SO4),
(Tipos de Ruptura de cp) da ABNT NBR
MPa e o fck = 30 MPa.
como composto mais presente (Qua-
5739:2007. Em vários casos, o fck não
Análise e solução: Foi solicita-
dro 1 – Compostos Mineralógicos). A
tem sido obtido, não pela qualidade do
do ao Laboratório que a amostra-
obra ficou em observação, em função
concreto, mas sim pelo erro de ensaio.
gem fosse realizada de acordo com
do risco de um ataque por sulfato.
o estabelecido na ABNT NBR 5738, a qual determina que devem ser seguidas as exigências da ABNT NBR NM
O uso de Neoprene para preparação das bases de cp não está
3.5 CASO 5: Agregado graúdo reativo
normalizado no Brasil. A ABNT NBR 5738:2015 cita em seu subi-
33:1998. Esta norma cita que a coleta
tem 9.3.2.4 que outros processos
de amostras deve ser realizada du-
O agregado graúdo (brita) emprega-
de preparo podem ser adotados,
rante a operação de descarga, após
do na confecção do concreto de alguns
desde que estes sejam submetidos
a retirada dos primeiros 15% e antes
blocos de uma obra de arte especial
à avaliação prévia por comparação
de completar a descarga de 85% do
era reativo. Essas britas foram usadas
estatística, com resultados obtidos
volume total da betonada. Após a cor-
porque o ensaio de expansão devido à
de cp retificados por processo tra-
reta amostragem do concreto, o fc28
possível reação dos álcalis do cimen-
dicional, e os resultados obtidos
superou 38 MPa.
to com o agregado não foi realizado
apresentem-se compatíveis.
(ABNT NBR 15577:2008).
A ASTM C 1231/C 1231 M-00 de-
Análise e solução: Foram realiza-
fine na tabela 1 as exigências que as
dos ensaios, conforme estabelece a
“bolachas” ou discos de Neoprene
ABNT NBR 15577, e se confirmou que
deverão atender. Por exemplo, para
O agregado graúdo (brita) emprega-
os agregados eram reativos. Então,
Resistência à Compressão Axial com-
do na confecção do concreto continha
como os blocos eram pequenos, foi
preendida entre 28MPa e 50 MPa, o
sulfatos, mas este fato não foi detec-
decidido por sua demolição.
número máximo de reuso do disco de
3.4 CASO 4: Agregado graúdo contendo sulfato
Neoprene é de 100 vezes (desde que ele não esteja fissurado, desgastado,
u Quadro 1 – Compostos mineralógicos
Minerais
Quimismo aproximado
Quartzo
etc), e a sua Dureza Shore A seja igual a 70 (com tolerância de + - 5). A es-
Frequência relativa
pessura do disco deverá estar com-
65523
65525
Sio2
*
***
Análise e solução: Foram verifi-
Feldispato
(K,Na)[AlSi3O8] – CaAl2Si2O8
nd
tr
cadas as espessuras, dureza Shore
Calcita
CaCO3
tr
*
A, e número de reuso dos discos de
Thenardita
Na2SO4
****
***
Neoprene. A espessura variava mui-
Gipsita
CaSO4.2H2O
tr
tr
to de um lote, para o outro, ou até
Simbologia: nd = não detectado; tr = traços; * = presente; ** = pouco frequente; *** = frequente ; **** muito frequente. Nota: a avaliação semiquantitativa (expressa em número de asteriscos) das fases está fundamentada na latura dos picos de difração, cuja intensidade é função do teor, da simetria e do grau de cristalinidade do constituinte.
preendida entre11mm e 15mm.
mesmo dentro de um mesmo lote. O número de reuso sempre superava 100 vezes, além da presença de
28 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
fissuras e do desgaste do mesmo.
u Teor de material pulverulento;
A dureza Shore A não era atendida. A
u Retração do Concreto (principal-
solução foi pelo impedimento do uso de Neoprene.
E, por fim, é importante ressaltar que a Empresa de Controle Tecnológi-
mente no caso de pavimento);
co tem que, no mínimo, ser acreditada
u Avaliação do Produto de Cura.
pelo INMETRO (condição necessária,
Outros ensaios deverão ser especi-
mas não suficiente), com profissionais
4. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO
ficados, e são muitos, mas dependem
treinados constantemente e com a co-
do tipo de obra. Por exemplo, no caso
ordenação de Engenheiros especiali-
Os ensaios dos materiais e do
de túneis é muito importante o ensaio de
zados na área de ensaios. No caso de
concreto devem seguir o recomenda-
aderência entre o concreto e a rocha. No
obras prediais o Controle Tecnológico
do em norma, mas vale a pena desta-
caso de obras hidráulicas, o ensaio de ab-
deverá ser contratado pela empresa
car alguns ensaios importantíssimos
sorção de água por imersão e fervura, etc.
responsável pela Construção da obra.
de serem realizados, e que são os
Em função do exposto nos itens 1,
Já, nas demais obras, como METRÔ,
seguintes:
2 e 3, pode-se concluir que um Con-
ESTAÇÃO
u Estudo de Dosagem Racional;
trole Tecnológico bem executado traz
ÁGUA E ESGOTO, PISCINÕES, RO-
u Exsudação;
benefícios aos executores e proprietá-
DOVIAS, FERROVIAS, PORTOS etc.,
u Teor de Ar aprisionado;
rios da obra, tanto em qualidade quan-
o contratante deverá ser o PROPRIE-
u Reatividade dos agregados com os
to em redução de prazo e custo.
TÁRIO da mesma. A empresa cons-
álcalis do cimento (RAA); u Teor de sulfatos e cloretos dos
agregados; u Módulo de Elasticidade;
DE
TRATAMENTO
DE
O custo dos serviços de Contro-
trutora poderá realizar o seu Controle
le Tecnológico bem realizado é mui-
Tecnológico, mas isto não elimina e
to baixo em relação ao custo total
nem minimiza o Controle do Proprietá-
do empreendimento.
rio da obra.
DURABILIDADE DO CONCRETO à Editores
Jean-Pierre Ollivier e Angélique Vichot
à Editora francesa
Presses de l'École Nationale des Ponts et Chaussées – França
à Coordenadores da edição em português
Oswaldo Cascudo e Helena Carasek (UFG)
à Editora brasileira
IBRACON
Esforço conjunto de 30 autores franceses, coordenados pelos professores Jean-Pierre Ollivier e Angélique Vichot, o livro "Durabilidade do Concreto: bases científicas para a formulação de concretos duráveis de acordo com o ambiente" condensa um vasto conteúdo que reúne, de forma atualizada, o conhecimento e a experiência de parte importante de membros da comunidade científica europeia que trabalha com o tema da durabilidade do concreto. A edição brasileira da obra foi enriquecida com o trabalho de tradução para a língua portuguesa e sua adaptação à realidade técnica e profissional nacional.
DADOS TÉCNICOS ISBN / ISSN: 978-85-98576-22-0 Edição: 1ª edição Formato: 18,6 x 23,3cm Páginas: 615 Acabamento: Capa dura Ano da publicação: 2014
à Informações: www.ibracon.org.br
Patrocínio
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 29
u estruturas encontros eem notícias detalhes | CURSOS
TIP – um novo método para verificação de integridade de fundações de concreto JORGE W. BEIM – Engenheiro Consultor GEORGE PISCSALKO, PE – Vice-presidente Pile Dynamics, Inc.
outros métodos tradicionais de en-
Em geral, durante a cura, a falta
Perfilagem Térmica de In-
saio de integridade de estacas têm
de concreto competente (ex. estrei-
tegridade, conhecida pela
limites na avaliação de toda a seção
tamentos, inclusões ou baixo con-
sigla de seu nome em in-
transversal
INTRODUÇÃO
A
(por
teúdo de cimento) é registrada por
glês – TIP (Thermal Integrity Profiler
exemplo, o cross-hole só é capaz de
ou
comprimento
regiões relativamente frias. Já a pre-
– Mullins, 2010), usa a temperatura
avaliar a parte interna da armadura,
sença de concreto extra (ex. alar-
gerada pela cura do cimento (energia
o PIT tem limitações de comprimen-
gamentos por excesso de derrama-
de hidratação) para avaliar a qualida-
to, etc.), as medições do TIP avaliam
mento de concreto em camadas de
de de fundações de concreto mol-
a qualidade de todas as porções da
solo mole) é registrada por regiões
dadas in loco (estacas escavadas,
seção transversal ao longo de todo
relativamente quentes.
hélice contínua ou raiz). Enquanto
o comprimento.
Portanto, anomalias tanto dentro como fora da armadura de reforço perturbam o registro de temperatura na região da anomalia, com efeito progressivamente menor com o aumento da distância. A temperatura do fuste depende do diâmetro do elemento de fundação, do traço do concreto e do tempo decorrido entre a concretagem e a medição. Como a distribuição de temperatura em relação à distância do centro do fuste é em forma de sino, como mostra a Figura 1, as medições de temperatura são sensíveis à excentricidade da armadura, assim como ao seu recobrimento. Uma armadura ligeiramente mais perto do solo em
u Figura 1 Distribuição de temperatura em uma seção da estaca
30 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
um lado da escavação exibe temperaturas mais baixas que a média, ao passo que uma armadura mais
próxima do centro da estaca exibe temperaturas mais altas que a média (ver Figura 2). Como a relação entre diâmetro da estaca e temperatura é bastante linear na região próxima à armadura, um gráfico da temperatura média de todos os locais de medição em relação à profundidade reproduz a forma real do fuste, comparável, por exemplo, com a determinada a parObs.: O sistema trabalha tanto com unidades métricas (como mostrado nesta figura) como com unidades inglesas.
tir de diagramas de concretagem de campo (ver Figura 3). Os diagramas de construção e concretagem podem ser usados juntamente com os dados do TIP para melhor avaliar a qualidade global e o raio efetivo do fuste em qualquer ponto ao longo de
u Figura 2 Diagrama de temperatura vs. profundidade para uma estaca com a armadura deslocada para a direita. Depth = Profundidade; Average = Média das temperaturas
todo seu comprimento.
AQUISIÇÃO DOS DADOS
Temperatura em graus Fahreheit (°C = (°F – 32) x 5/9)
Nos EUA, o ensaio encontra-
Sem correção para derramamento de concreto
-se normatizado por meio da norma ASTM D7949-14, “Standard Test Methods for Thermal Integrity Profiling of Concrete Deep Foundations”, que estabelece os procedimentos ra no interior de elementos de fundação profunda moldados in loco, tais como, estacas escavadas, hélice contínua, estacas escavadas de deslocamento (estacas ômega ou
Profundidade em pés
para medir o perfil de temperatu-
“screw piles”), microestacas e colunas de “jet grout”. Os dados do TIP podem ser obtidos através de cabos térmicos (Thermal Wire® – Cotton et.al., 2010) ou através de sondas térmicas que se deslocam no interior de tubos de aço ou PVC (Mullins, Kranc, 2004). A
Diâmetro do fuste em pés (1 pé = 0,3048 m)
Sem correção para o volume de preenchimento do “tremie”
instalação, tanto dos cabos térmicos como dos tubos, tem que ser feita previamente à concretagem. Os cabos com sensores térmicos são presos à armadura de reforço.
u Figura 3 Comparação entre as temperaturas ao longo do fuste (linha preta), com os diâmetros efetivos calculados a partir da altura de subida do concreto para cada caminhão (linha rosa).
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 31
Recomenda-se que seja usado um
simplificar a análise, exceto em esta-
Os dados dos cabos térmicos
cabo térmico para cada 300 mm de
cas hélice contínua ou raiz, nas quais
são automaticamente amostrados,
diâmetro da fundação. Sugere-se o
usa-se um único cabo térmico preso
tipicamente a cada 15 minutos para
uso de um número par de cabos para
a uma barra de reforço central.
cada um dos cabos, através de uma unidade de aquisição alimentada por baterias, permitindo, assim, que a temperatura seja monitorada durante toda a duração do processo de cura. Os dados podem ser recuperados em campo a qualquer tempo após a concretagem, para avaliação. A Figura 4 mostra uma sonda térmica, inserida em tubo metálico preso à parte interior da armadura, semelhante ao usado em ensaios Cross-hole (consulte artigo na edição 85). Diferentemente deste último, porém,
u Figura 4 Sonda térmica (à esquerda) e seu uso no interior de tubo de aço
no caso do uso de sondas térmicas com o TIP, os tubos devem estar secos e não é necessário um perfeito contato entre os tubos e o concreto. A recomendação quanto ao número de tubos a usar é a mesma que para os cabos térmicos. No caso da sonda térmica, o ensaio tem que ser feito dentro de um determinado in-
Linha preta contínua: média das temperaturas Linha preta tracejada: raio médio calculado Linha vermelha tracejada: diâmetro da armadura
tervalo de tempo após a concretagem e consiste em baixar lentamente a sonda no interior de cada tubo, enquanto a unidade eletrônica registra as profundidades e as temperaturas.
Linha tracejada verde: raio nominal da estaca
ANÁLISE DOS DADOS
1 polegada (in) = 25,4 mm
Se nenhuma região local relati-
1 pé (ft) = 0,3048 m
vamente fria for detectada durante o ensaio, significa que o fuste não tem defeitos localizados e nenhuma análise adicional é necessária para aprovação do elemento de fundação, acelerando, assim, o restante do processo de construção. Na grande maioria dos casos as
u Figura 5 Gráfico mostrando o raio (em polegadas) versus profundidade (em pés), estimado a partir das medições de temperatura - obra de ponte na autoestrada I-90 em Cleveland, Ohio
32 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
medições de campo por si só são suficientes para detectar irregularidades flagrantes, já que o perfil de temperatura média mostra a forma
geral do fuste. Esse nível de inves-
cabos térmicos que estão mais pró-
temperaturas mais altas do que os
tigação revela irregularidades no ali-
ximos do centro da estaca mostram
cabos opostos, que estão localizados
nhamento da armadura, localização da camisa, localização de alargamentos, regiões com conteúdo deficiente de cimento (concreto fraco) ou estreitamento, e pode facilmente alertar o usuário ou proprietário sobre áreas de preocupação. O raio em qualquer local ao longo do fuste pode ser estimado, comparando-se a temperatura média (usualmente perto do instante de temperatura máxima) com o raio médio computado a
Profundidade: 4,57 m Temperatura média: 48,7 °C Temperatura mínima: 42,25 °C (local 3) Temperatura máxima: 57,88 °C (local 6)
partir do volume total de concreto instalado e comprimento total da estaca. O exemplo mostrado na Figura 5 corresponde a uma estaca de 1,68 m de diâmetro e cerca de 50 m (165 pés na figura) de comprimento total, com camisa de aço nos 8,53 m superiores (28 pés na figura). O gráfico do raio versus
u Figura 6 Fatia 2-D de seção na parte superior com camisa de 2,13 m de diâmetro, mostrando deslocamento da camisa
profundidade mostra que a camisa de aço está deslocada em relação ao alinhamento da estaca, porém mostra também que o raio efetivo excede o raio nominal (mostrado pela linha vertical verde tracejada – “Shaft”), o que garante recobrimento adequado da armadura ao longo de todo o fuste. É possível gerar tanto avaliações 3-D como 2-D (“fatias” a qualquer profundidade), como mostrado na Figura 6 e Figura 7. No caso mostrado na Figura 8, foram deixados defeitos representan-
A palheta de cores mostra o diâmetro da armadura em polegadas, e as profundidades estão em pés 1 polegada (in): 25,4 mm 1 pé (ft): 0,3048 m
do aproximadamente 5% da seção transversal do fuste, nas profundidades de aproximadamente 6 e 14 m (20 e 46 pés na figura), perto do cabo térmico número 6. Uma inspeção da temperatura inicial versus tempo claramente revela esses defeitos (setas vermelhas). A seta azul mostra uma seção da armadura de reforço que não está bem centralizada; alguns
u Figura 7 Representação 3-D da estaca de 1,68 m de diâmetro com camisa de 2,13 m até 8,53 m – ponte na autoestrada I-90, Cleveland, Ohio
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 33
dos do TIP é capaz de prever. O “roll-off” de temperatura na parte inferior neste caso foi alongado em relação à curva teórica, devido à inclusão de um macaco bidirecional na ponta.
CONCLUSÕES O TIP avalia a integridade de estacas de concreto moldadas in loco, a partir da medição da temperatura de cura do concreto ao longo do fuste. O método já é rotineiramente usado em estacas escavadas e hélice contínua, e também já foi utilizado em estacas raiz. Ao contrário do ensaio de integridade de baixa deformação (PIT), o TIP não é afetado por formatos não uniformes, consegue detectar danos perto do topo e da ponta da estaca, e não tem limitação de comprimento. Ao contrário do ensaio Cross-hole (CSL), o TIP é capaz de avaliar a totalidade da área de seção, e não só a parte interior da armadura. Além disso, o TIP consegue detectar excentricidade da armadura e medir o recobrimento de concreto, o que
u Figura 8 Gráfico de Temperatura (em °Fahrenheit ) vs. Profundidade (Depth – em pés) de um fuste com defeitos deixados de propósito (setas vermelhas) e armadura descentralizada (seta azul). A linha preta é a média das temperaturas dos cabos térmicos individuais
nenhum outro método é capaz. O ensaio TIP pode ser feito através de cabo térmico ou de sonda térmica. Em ambos os casos, o ensaio é completado e consegue fornecer dados preliminares entre 8 e
mais próximos da interface estaca-
devido ao calor irradiando também do
-solo, e apresentam temperaturas
topo e da ponta da estaca. O “roll-off”
O ensaio TIP exige a instalação
mais baixas que a média. A tempera-
em estacas uniformes segue uma
de tubos ou cabos térmicos antes da
tura perto do topo e da ponta mostra
curva de tangente hiperbólica, que o
concretagem, ou seja, exige planeja-
a redução (chamada “roll-off”) normal
programa de processamento dos da-
mento prévio.
24 horas após a concretagem.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Mullins, A. G., (2010), “Thermal Integrity Profiling of Drilled Shafts”, DFI Journal Vol 4, No.2, dezembro. [02] Mullins, A. G. and Kranc, S. C., (2004), “Method for Testing the Integrity of Concrete Shafts,” (Método para ensaio de integridade em fustes de concreto), Patente norte-americana 6.783.273. [03] Cotton, D., Ference, M., Piscsalko, G., and Rausche, F., (2010) “Pile Sensing Device and Method of Making and Using the Same” (Dispositivo de detecção de estacas e método de fabricação e uso do mesmo), Patente norte-americana 8.382.369.
34 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u entidades encontrosda e notícias cadeia | CURSOS
O
Centro
de
Inovação em Construção
Sustentável (CICS) é uma iniciativa pioneira do Departamento de Engenharia de Construção Civil da
Escola
Politécnica
DIVULGAÇÃO | AFLALO GASPERINI ARQUITETOS
Poli-USP cria Centro de Inovação em Construção Sustentável
da Universidade de São Paulo
(Poli-USP),
que
tem o objetivo de congregar grupos de pesquisadores, representantes da sociedade e agentes da cadeia produtiva da construção civil em torno da temática “tecnologia, inovação e sustentabilidade”.
CICS - Centro de Inovação em Construção Sustentável
Segundo a arquiteta e urbanista Diana Csillag, coordenadora do
CICS pretende atrair talentos e apoiar
gramas PITE e PIPE, e pelo SEBRAE.
projeto, “o CICS é uma rede de integração
novas ideias, seja de pesquisadores de
“Pretendemos ser um hub de pesquisa
entre academia, empresas e sociedade,
universidades, seja de empreendedores
básica e inovação”, esclarece Csillag.
concebida tal como um grande projeto de
de empresas privadas. Sua Comissão
pesquisa que visa acelerar a inovação no
Coordenadora, composta pelos profes-
LIVING LAB
setor de construção civil”. Essa rede nas-
sores do Departamento de Construção
O primeiro projeto que está sendo
ce para estimular a interlocução qualifica-
Civil da Poli-USP, Francisco Cardoso,
realizado pelo CICS é a construção de
da entre as partes envolvidas, reunindo
Orestes Gonçalves, Vahan Agopyan e
um “living lab” – laboratório vivo – que
progressivamente parceiros compromis-
Vanderley John, está aberta para anali-
irá abrigar a sede da rede. Localizada
sados com a realização de experimentos,
sar propostas de adesão e deverá fazer
no campus da USP no Butantã, em
o desenvolvimento e a validação de novas
convites. Como esse grupo opera uma
São Paulo, com arquitetura do escritó-
tecnologias construtivas.
unidade Embrapii – Poli-USP Materiais
rio Aflalo/Gasperini Arquitetos e Vivá Ar-
Ao valorizar a perspectiva multidisci-
para Construção Ecoeficientes – existe
quitetura, projeto estrutural da Leonardi
plinar e sistêmica para a compreensão
a facilidade de acesso a recursos para
Construção Industrializada (Eng. Marce-
dos desafios, de suas possíveis solu-
projetos inovadores em parceria com
lo Cuadrado Marin) e apoio da Funda-
ções e da complexidade no desenvol-
empresas, como os recursos disponibi-
ção para Desenvolvimento Tecnológico
vimento e uso atual das tecnologias, o
lizados pela Fapesp, por meio dos pro-
da Engenharia (FDTE), a nova edificação
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 35
irá receber grupos de profissionais, em-
sede. Foram exploradas soluções para
cotamento granular, baixo consumo de
presas e pesquisadores envolvidos com
temas como água e esgoto, construtibili-
água e substituição de cimento por fíleres
trabalhos de experimentação e inovação
dade, domótica, energia e envelope para
selecionados. “Estamos discutindo con-
tecnológica. Suas estruturas e espaços
edifício, entre outras.
sumos possivelmente abaixo de 150kg/
estão sendo projetados para permitir
Entre as empresas que já aderiram ao
m3 de ligantes para concretos de 50Mpa.
flexibilidade, mudanças e substituições
projeto estão: a Intercement, a Leonardi,
É uma tecnologia com potencial para
de sistemas, soluções e materiais. Fa-
a Tecnum Construtora, a Tarjab Constru-
reduzir em, pelo menos, 30% as emis-
chadas,
revestimentos,
tora, a Infibra, a Tigre Ferramentas para
sões de CO2 dos materiais cimentícios a
iluminação, entre outros componentes
Pintura, a Infometer, a Trox, a Somfy, a
serem usados no edifício”, informa John.
e elementos construtivos, estarão em
ICZ – Instituto de Metais não Ferrosos, a
Este balanço na redução da pegada am-
constante mutação e serão testados e
PAM Saint Gobain, a Matec Engenharia,
biental vem tanto por parte da produção
monitorados sistematicamente, confe-
a Bettoni, a Dow Brasil, a Caleffi Hydro-
dos materiais empregados na constru-
rindo ao edifício a condição de ser em si
nic Solutions e a Parks Comunicações
ção quanto por parte do uso da edifica-
mesmo o objeto da pesquisa.
Digitais. Em breve serão anunciadas as
ção. Foi realizada uma Avaliação do Ciclo
empresas que estão ainda em processo
de Vida simplificado para os três projetos
de formalização das parcerias.
executivos analisados, considerando o
coberturas,
“O edifício, suas fachadas, instalações hidráulicas, iluminação, vidros, sistemas de geração de energia, con-
Os critérios para a seleção de empre-
uso do concreto convencional e o uso do
dicionamento ambiental etc. poderão
sas participantes no projeto do edifício do
concreto com baixo consumo de ligan-
ser reconfigurados a qualquer momento
CICS incluem: impacto ambiental, con-
te. De acordo com John, o concreto de-
para testar novas soluções. Por isso, ele
forto para o usuário, inovação e escalabi-
senvolvido pelo grupo de pesquisa car-
será monitorado de forma contínua e de-
lidade. Devido à natureza do edifício, está
bonata rapidamente, absorvendo o CO2
talhada”, explica o professor integrante
sendo assumido um risco tecnológico
da atmosfera, contribuindo, assim, para
da Comissão Coordenadora do Projeto
maior do que o da construção conven-
reduzir a pegada ambiental do edifício.
CICS, Vanderley John.
cional. John exemplifica que as facha-
Com o edifício em uso, testando so-
A edificação está atualmente em fase
das devem ser de estruturas leves, com
luções construtivas inovadoras, num am-
de sua aprovação junto aos órgãos da
materiais inovadores de baixo impacto e
biente bastante controlado, a expectativa
USP e de desenvolvimento de seu pro-
vidros autolimpantes de alta eficiência. A
dos coordenadores do CICS é que as
jeto executivo. Orçada em 9,5 milhões
edificação deverá operar com, pelo me-
tecnologias comprovadamente validadas
de reais, a previsão é que a obra seja ini-
nos, três fontes alternativas de energia
tenham facilitado seu acesso ao merca-
ciada no segundo semestre deste ano e
– solar fotovoltaica, solar (água quente)
do. “Temos a expectativa que um teste
finalizada em 2019.
e geotérmica. “Esperamos também con-
no CICS poderá ser utilizado no proces-
A expectativa é que seja financiada
tar com hidrogênio, pois estamos traba-
so de validação da tecnologia junto ao
quase totalmente por meio de adesões
lhando com o Research Centre for Gas
SINAT, que, no futuro, poderá ampliar
de empresas e cidadãos. A Superinten-
Innovation, com o objetivo de viabilizar a
seu escopo para além dos edifícios de
dência jurídica da USP criou recente-
captação de recursos para integrar uma
programas habitacionais”, avalia John.
mente um modelo para a viabilização de
célula a combustível”, adiciona John.
Além disso, o edifício-sede do CICS vai
parcerias com empresas, que podem ser
Os concretos a serem usados na
ser usado para abrigar laboratórios diver-
feitas por meio de doações de materiais
estrutura do edifício foram desenvolvi-
sos segundo a natureza das pesquisas a
e equipamentos, doações de serviços e
dos pelo Laboratório de Microestrutura
serem realizadas, como o Laboratório de
doações de recursos.
e Ecoeficiência de Materiais da Poli-USP,
Microestrutura e Ecoeficiência de Mate-
No ano passado, o CICS realizou
em conjunto com a Intercement. Se-
riais (LME) e o Laboratório de Sistemas
cinco workshops temáticos, dos quais
gundo John, a tecnologia desenvolvida
Prediais (LSP), gerando conhecimento,
participaram 52 empresas, com o obje-
vai permitir uma significativa redução da
pesquisas e prestação de serviços, bem
tivo de apresentar as oportunidades de
pegada ambiental do concreto, obtida
como capacitando recursos humanos e
participação na rede e de levantar infor-
pela acentuada redução do consumo de
servindo de local de visitação para alunos
mações para subsidiar o projeto de sua
ligantes, resultado de técnicas de empa-
das universidades e escolas.
36 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u normalização encontros e notícias técnica| CURSOS
ABNT NBR 9062:2017 Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-moldado MARCELO CUADRADO MARIN Diretor de Engenharia da Leonardi Construção Industrializada Diretor Técnico da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) Secretário da Comissão de Estudos de revisão da ABNT NBR 9062
ABNT, garantindo a representativi-
às melhores práticas e ao estado da
edição revisada da ABNT
dade da indústria, da academia, dos
arte em relação aos assuntos a se-
NBR 9062 Projeto e Exe-
consumidores e dos fornecedores,
rem abordados.
cução de Estruturas de
incluindo as empresas, os proje-
A tecnologia dos produtos e pro-
Concreto Pré-Moldado foi publica-
tistas de estruturas e consultores,
cessos de um sistema construtivo
da no dia 17 de março de 2017,
totalizando 79 profissionais. Des-
se desenvolvem ao longo do tempo
no âmbito do ABNT/CB-02 (Comi-
tacam-se as participações e apoio
e as normas técnicas que estabele-
tê Brasileiro da Construção Civil da
da ABCIC (Associação Brasileira da
cem os respectivos requisitos devem
Associação Brasileira de Normas
Construção Industrializada de Con-
acompanhar essa evolução. Avalian-
Técnicas), passando a substituir a
creto), da ABECE (Associação Bra-
do o histórico da ABNT NBR 9062,
versão anterior, que havia sido pu-
sileira de Engenharia e Consultoria
através da expansão e aprofunda-
blicada em 2006.
Estrutural), do IBRACON (Instituto
mento de seu conteúdo, é nítida sua
Os trabalhos foram iniciados no
Brasileiro do Concreto), da EESC/
evolução ao longo do tempo.
dia 21 de novembro de 2012, ten-
USP (Escola de Engenharia de São
versão publicada em 1985, o texto
do como coordenador o engenheiro
Carlos da Universidade de São Pau-
apresentava 36 páginas; já na ver-
Carlos Eduardo Emrich Melo, e en-
lo) e do NETPre/UFSCar (Núcleo de
são de 2006 constavam 59 páginas
cerrados no dia 25 de fevereiro de
Estudo e Tecnologia em Pré-Molda-
e, na versão de 2017, o conteúdo foi
2015, totalizando 25 reuniões. O
dos de Concreto da Universidade
distribuído em 86 páginas. Além dos
texto base foi disponibilizado para
Federal de São Carlos).
temas terem sido abordados com
1. INTRODUÇÃO
A
Na
consulta nacional pela ABNT no dia
A revisão da ABNT NBR 9062 foi
mais profundidade e didática, novos
12 de abril de 2016 e recebeu votos
bastante extensa. Além do acrés-
itens foram acrescidos em confor-
até o dia 12 de junho de 2016. Após
cimo de conteúdo em muitos itens
midade com a evolução tecnológica
a consulta nacional foram realizadas
já abordados, foram introduzidos
do sistema construtivo, bem como a
duas reuniões para análise dos vo-
novos itens. O processo de revisão
ampliação da utilização deste siste-
tos, nos dias 29 de agosto e 14 de
de uma norma exige a releitura de
ma construtivo nos últimos anos, nos
setembro de 2016.
todo o texto já existente e a análi-
mais diversos segmentos em edifica-
A composição da comissão de
se de sua aderência à realidade do
ção e infraestrutura. As formas de di-
estudos atendeu as premissas da
mercado nos dias atuais, bem como
mensionamento, produção, controle
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 37
de qualidade e execução da montagem passaram a ser abordados de
u Tabela 1 – Estrutura da norma
forma mais abrangente. Além disso,
ABNT NBR 9062:2017 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado
foi realizada uma melhor adequação e referência a outras normas já exis-
Seção 1
Escopo
tentes, como, por exemplo, as nor-
Seção 2
Referências normativas
mas que abordam temas como resis-
Seção 3
Termos e definições
tência ao fogo, controle tecnológico
Seção 4
Símbolos gráficos
do concreto, concreto autoadensá-
Seção 5
Projeto de estruturas pré-moldadas
vel, entre outras. Uma das primeiras
Seção 6
Projeto de elementos pré-moldados
decisões da comissão de estudos foi
Seção 7
Ligações
a de manter a abordagem das eta-
Seção 8
Materiais
pas de projeto, produção e monta-
Seção 9
Produção de elementos pré-moldados
gem em uma única norma, possibili-
Seção 10
Manuseio, armazenamento e transporte de elementos pré-moldados
tando compreender todas as etapas
Seção 11
Montagem de elementos pré-moldados
Seção 12
Controle de execução e inspeção
Anexo A
Consideração aproximada da não linearidade física na análise global de 2ª ordem
Anexo B
Consideração aproximada para o dimensionamento de pilares pré-moldados em situação de incêndio
do sistema construtivo. Além disso, a integração e interdependência entre as etapas de projeto, produção e montagem são características das estruturas em concreto pré-moldado e entendeu-se que sua separação poderia significar importantes per-
nas reuniões plenárias, a fim de que
centes do comportamento das liga-
das para o processo, especialmente
se imprimisse maior velocidade no
ções viga-pilar semirrígidas e análise
no que tange à industrialização pela
processo de revisão. Essa metodo-
da estabilidade da estrutura.
pré-fabricação em concreto, que
logia também permite que muitos
Resultado de muitos trabalhos
conceitualmente se difere da produ-
itens possam ser desenvolvidos ao
experimentais que foram elaborados
ção das estruturas executadas “in
mesmo tempo, explorando o conhe-
em diferentes dissertações e teses,
loco”, não sendo objeto do presente
cimento específico dos membros da
uma formulação foi criada para de-
trabalho abordá-las.
comissão. A supervisão dos grupos
terminar a rigidez secante à flexão
de trabalho foi realizada pelo co-
negativa em ligações viga-pilar com
2. ESTRUTURA DA NORMA
ordenador em conjunto com o se-
armadura de continuidade local,
A estrutura da norma atual é
cretário da comissão de estudos.
conforme expressão 1.
apresentada na Tabela 1. Cabe res-
Alguns dos principais pontos revisa-
saltar que, na versão de 2006, o
dos ou introduzidos serão explora-
tema “aparelhos de apoio elastomé-
dos nos próximos parágrafos.
tratado no corpo do texto.
As Es d 2 Led
[1]
A aplicabilidade da expressão e
ricos” era tratado no anexo A (Informativo) e, na atual versão, o tema é
Rsec = k ×
3.1 Análise da estabilidade estrutural e comportamento das ligações viga-pilar
dos parâmetros de entrada foram aferidos para as tipologias mais empregadas de ligações viga-pilar no mercado brasileiro de estruturas em
3. DESENVOLVIMENTO Por se tratar de uma norma mul-
Para as questões ligadas à esta-
concreto pré-moldado. A Figura 1
projeto,
bilidade, foi criado um grupo de tra-
produção e montagem, foram or-
balho, cuja liderança ficou a cargo do
Além de apresentar uma expres-
ganizados grupos de trabalho (GT)
professor Marcelo de Araujo Ferreira,
são universal para avaliar diferentes
para que os assuntos fossem estu-
do NETPre/UFSCar. Nesse grupo fo-
tipologias de ligações viga-pilar,
dados e posteriormente debatidos
ram explorados os estudos mais re-
foram estabelecidos critérios para
tidisciplinar
que
aborda
38 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
ilustra algumas destas tipologias.
La La é a distância da face do pilar até o centro de rotação no consolo.
u Figura 1 Parâmetros de cálculo para ligações viga-pilar típicas que uma ligação seja classificada
ção do fator de restrição à rotação
ções semirrígidas, M Sd,rig/M y,lim ≤ 1,0.
como semirrígida ou rígida. O fator
(a R) ficou mais explícita, pois o tex-
A relação estabelecida para ligações
de restrição à rotação (a R), conforme
to apresenta uma expressão para o
rígidas estabelece que o dispositivo
expressão 2, continua sendo um pa-
cálculo da rigidez secante (R sec) da
de continuidade na ligação deve
râmetro para classificar as ligações.
ligação. Foi também estabelecido
permanecer em regime elástico de
outro parâmetro para classificar as
tensões para qualquer combinação
ligações: a relação M Sd,rig/M y,lim, de-
de ações no ELU (Estado-limite úl-
finida pela relação entre o momento
timo). Os critérios de especificação
clas-
elástico de projeto (M Sd,rig) e o mo-
das ligações viga-pilar foram com-
articula-
mento no início do escoamento da
plementados com recomendações
em
armadura tracionada (M y,lim = 0,9.
para o projeto, estabelecendo mo-
semirrígidas, quando pertencerem
A s.f yk.d). Para ligações rígidas deve
mentos atuantes limites e dispo-
ao intervalo 0,15 ≤ a R < 0,85; e rígi-
ser respeitada a relação M Sd,rig/M y,lim
sições construtivas. Com o novo
das, quando a R ≥ 0,85. A determina-
≤ 0,85,
texto base, foi possível abordar
é 3(EI )sec ù q a R = 1 = ê1 + ú q2 ë R sec Lef û
As
ligações
sificadas das,
-1
quando
são
como: aR
[2]
<
0,15;
enquanto que, para liga-
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 39
três aspectos importantes de uma ligação viga-pilar: resistência, rigidez
u Tabela 2 – Relação da redução de cortante
e ductilidade.
Espessura das lajes (com ou sem capa) mm
A consideração da não linearidade física de forma simplificada
TRRF
em vigas, pilares e lajes também
VRd incêndio / (VRd) %
foi abordada no texto por meio de coeficientes redutores de rigidez sugeridos, conforme o Anexo A (Informativo). Foi proposta uma classificação das estruturas pré-moldadas, que correlaciona a deslocabilidade da
≤ 210
220 - 350
> 350
30
100
100
100
60
80
75
70
90
75
70
65
120
70
60
55
180
50
45
45
estrutura com a consideração do efeito de 2ª ordem. A utilização do
avaliação baseada nos Eurocódi-
u Condição de contorno;
coeficiente g z foi ampliada para edi-
gos e normas europeias específicas,
u M sd
ficações com menos de quatro pavi-
como a espanhola. Além de debater
de projeto para combinação de
mentos, desde que a geometria da
o tema com especialistas no âmbi-
ações na situação de incêndio;
estrutura
regularidade,
to da fib (International federation for
u TRRF: Tempo requerido de resis-
não ocorrendo discrepâncias signifi-
structural concrete), foi promovida
cativas entre os pés-direitos nos pa-
uma validação dos critérios propos-
Para avaliação da capacidade
vimentos sucessivos, não ocorrendo
tos junto ao coordenador da ABNT
à força cortante foram estabeleci-
variações bruscas acentuadas entre
NBR 15200, o professor Valdir Pig-
das relações de redução, confor-
os momentos de inércia dos pilares
natta, da POLI/USP.
me Tabela 2. Uma das referências
apresente
nos pavimentos sucessivos.
Para as lajes alveolares foram consideradas
três
condições
de
incêndio
:
Esforço
solicitante
tência ao fogo.
para elaboração da Tabela foi a EN 1168:2011[2].
contorno para dimensionamento à
Os critérios estabelecidos para ava-
flexão: lajes biapoiadas, lajes bia-
liação dos painéis maciços em situação
poiadas confinadas e lajes contínuas
de incêndio tiveram como principal refe-
De extrema relevância, o tema
confinadas. A definição da distância
rência o manual do PCI [3], que correla-
de projeto de estrutura em situação
da face do elemento estrutural ao
ciona a espessura do painel com o tipo
de incêndio foi, na versão de 2006,
eixo da armadura (c 1) depende de
de agregado empregado na sua produ-
abordado em apenas 4 linhas e refe-
três fatores:
ção e o TRRF (Conforme Tabela 3).
3.2 Projeto da estrutura em situação de incêndio
renciava a norma ABNT NBR 15200. No entanto, existia uma lacuna na abordagem de alguns elementos em concreto pré-moldado, para lajes al-
u Tabela 3 – Espessura mínima do painel maciço em função do TRRF e tipo de agregado
veolares e painéis maciços de concreto. A revisão da norma permitiu
Tipo de agregado
1h (60 min)
1,5 h (90 min)
2h (120 min)
3h (180 min)
4h (240 min)
Argila expandida, vermiculita ou ardósia expandida
65
80
90
115
130
Pedras calcárias
75
90
110
135
160
Pedras silicosas (quartzos, granitos ou basaltos)
80
100
120
150
175
estabelecer critérios e parâmetros de dimensionamento para os elementos citados. Esse grupo de trabalho teve a colaboração do professor Fernando Stucchi, da POLI/USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), que conduziu uma
Espessura efetiva em função da resistência ao fogo mm
40 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
a Interfaces lisas ou rugosas
b Interfaces com chaves de cisalhamento
c Chaves de cisalhamento
u Figura 2 Detalhes dos cálices de acordo com cada interface
3.3 Estado-limite de deformação Foi alterado o limite de desloca-
to da medição: na fabricação do
tema de avaliação de conformidade
elemento, montagem do elemento,
de projeto para estruturas em con-
após a estrutura ser solidarizada e
creto pré-moldado. Foi acrescentada
diferido no tempo.
uma lista com algumas das atividades desempenhadas pelo verificador.
mento horizontal de galpões para H/400 e de edificações térreas com laje para H/500, onde H represen-
3.4 Avaliação de conformidade de projeto
ta a altura total da edificação. Para deslocamentos verticais foram defi-
Em consonância com a ABNT
nidos limites em função do momen-
NBR 6118:2014, foi introduzido o
3.5 Fixação de vergalhões com adesivos químicos injetáveis Esse item da norma teve a colaboração de fornecedores de adesivos químicos injetáveis, que, em alguns manuais, indicam as referências de utilização dos seus produtos. No entanto, este importante tema não tinha o espaço necessário na versão anterior da norma. Foram apresentadas diretrizes para o dimensionamento à tração de vergalhões, entre os quais, profundidade mínima e máxima dos furos, diâmetro dos furos, distância crítica do vergalhão à borda e entre vergalhões. A penalização ocorrida na resistência dos vergalhões fixados
u Figura 3 Transferência de esforços no cálice para interfaces lisas ou rugosas com grande excentricidade
com adesivos químicos perturbados pelas condições de contorno foi proposta por meio de fatores de CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 41
redução. Esses fatores de redução se superpõem quantas vezes ocorrer à simultaneidade das condições
u Tabela 4 – Parâmetros de entrada para análise de cálices de interface lisa ou rugosa
de contorno. Também foi evidenciaenb
a
m (Interface lisa)
m (Interface rugosa)
Grandes excentricidades ((Md/(Ndh )) ≥ 2
h/4
Lemb/10
≤ 0,3
≤ 0,6
Pequenas excentricidades ((Md/(Ndh )) ≤ 0,15
0
Lemb/6
0
≤ 0,3
da a importância da supervisão e inspeção na fase de execução.
3.6 Ligações de pilar com a fundação por meio de cálice O item destinado a ligações de pilar com fundação por meio de cálice
N bd
coube ao grupo conduzido pelo professor Mounir Khalil El Debs, da EESC/ USP. Foi realizada uma grande revisão das expressões apresentadas para o dimensionamento do colarinho. As expressões propostas são resultado de trabalhos de modelagem numérica e experimentais em estudos de mestrado e doutorado. A norma apresentou a possibilidade de dimensionamento segundo três tipos de interface: lisa, rugosa ou com chaves de cisalhamento. Na interface rugosa, a rugosidade deve apresentar dimensões mínimas de 3 mm a cada 3 cm. Na interface com chave de cisalhamento, a profundidade mínima deve ser de 1 cm a cada 5 cm. Na Figura 2 são apresen-
N - m × Vd = d 1 + μ²
deve ser considerado no mínimo
[4]
Os parâmetros de entrada utilizados nas expressões podem ser vistos na Tabela 4 para situações de grande e pequenas excentricidades. Para situações de excentricidade intermediárias os valores podem ser
20% do carregamento normal atuando na parte da fundação abaixo da base do pilar. A área de transferência é formada pela seção do pilar somada ao concreto de preenchimento e colarinho. H sfd =
[M d +V dLemb + N d (0,5.d c )] 2,60.d c
obtidos por interpolação linear. Para análise de punção deve ser considerado no mínimo 50% do carregamento normal atuando na parte da fundação abaixo da base do pilar. Para cálices de interfaces com chave de cisalhamento, foram propostas as expressões 5 e 6 para análise da transferência de esforços no cálice. Para análise de punção
H spd =
[ M d + Vd Lemb - N d (0,4.d c )] ³0 0 ,63.d c
transferência dos esforços nos cálices de interfaces com chaves de cisalhamento. As disposições construtivas também sofreram mudanças. A espessura
faces lisas ou rugosas e de interfaces com chaves de cisalhamento. A Figura 3 ilustra esquema sobre a transferência de esforços no cálice para interfaces lisas ou rugosas com grande excentricidade. Para cálices de interfaces lisas ou rugosas, foram propostas as expressões 3 e 4 para determinação dos esforços no topo e no fundo do cálice.
H sfd =
é æ 0,1Lemb - 0,75μ × h öù ÷÷ú + M d -N d ê0,25h + μçç 1 + μ² è øû ë é æ 0,1Lemb - 0,75μ × h öù V d êLemb - çç ÷÷ú 1 + μ² è øû ë
{
0,8Lemb + μ × h
[3]
u Figura 4 Transferência de esforços no cálice para interfaces com chaves de cisalhamento
42 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
[6]
Na Figura 4 é apresentada a
tados os detalhes dos cálices de inter-
{
[5]
da parede do colarinho passou a
de Excelência ABCIC, programa
3.7 Montagem
ser de no mínimo 15 cm e a espes-
introduzido no setor desde 2003,
sura da fundação abaixo da base
A seção destinada à monta-
através do qual as empresas são
do pilar de no mínimo 20 cm. No
gem de elementos pré-moldados,
avaliadas periodicamente em audi-
caso de interfaces lisas ou rugosas,
antes
li-
torias de terceira parte pelo IFBQ
a ancoragem da armadura longitu-
nhas, foi reformulada e ampliada
(Instituto Falcão Bauer da Qualida-
dinal do pilar deve ser determinada
com o acréscimo de conteúdo.
de), que disponibilizaram as infor-
considerando seu início a uma dis-
A ABCIC liderou um grupo que
mações para debate. Neste contex-
tância de metade do comprimento
trabalhou com fabricantes, ava-
to é importante destacar o lema da
de embutimento do pilar do topo
liando as melhores práticas de
entidade de que a padronização é a
do cálice. No caso de interfaces
produção, montagem e controle de
base do desenvolvimento sustentá-
com chaves de cisalhamento, as
qualidade. Esse grupo foi coordena-
vel do setor. A evolução das empre-
ancoragens da armadura longitudi-
do por Íria Doniak, presidente exe-
sas é nítida pós implementação do
nal do pilar e vertical do cálice de-
cutiva da ABCIC. Foram utilizados
programa em 2003, proporcionan-
vem atender à condição de emenda
como referência
procedimentos
do importante grau de maturidade
por transpasse.
de empresas certificadas no Selo
para o debate e “feedback” para a
abordada
em
poucas
normalização. O manual do PCI[4], dedicado a montagem, também foi
u Tabela 5 – Pontos abordados na seção de montagem
uma importante referência na elaboração do texto.
Montagem de elementos pré-moldados
Nessa seção ficou estabelecida
Subseções
Pontos abordados
a importância e responsabilidade técnica do engenheiro de monta-
Planejamento de montagem
Avaliação das possíveis interferências no terreno, dos acessos externos e internos; n Estabelecimento da sequência de montagem contemplando as condições de acesso, equipamento utilizado, requisitos do cliente, avaliação das ligações entre os elementos, estabilidade estrutural e cronograma da obra.
dividida em seis subseções, con-
Procedimentos de montagem
Instruções de montagem contemplando a sequência de montagem dos elementos e execução de ligações provisórias e permanentes, tipo de elemento, resistência do concreto para cada etapa; n Memórias de cálculo evidenciando a adequação dos equipamentos de montagem e dispositivos auxiliares para a realização da obra, bem como laudos da condição de uso e manutenção; n Plano de Rigging; n Aprovação do plano de montagem pelo projetista da obra em todas as situações. Limitação do número de pavimentos montados sem solidarização ou capeamento; n Atendimento as tolerâncias de montagem, desaprumo e instalação de aparelho de apoio.
n
n
Carregamento crítico
Análise das fases transitórias de desforma, manuseio interno, estocagem, transporte, içamento e montagem; n Carregamentos adicionais durante a etapa de montagem.
Contraventamento e apoios
Verificação dos apoios quanto à integridade e correto funcionamento; n Verificação dos contraventamentos, principalmente quando estas ligações devem ser executadas antes do equipamento de montagem ser desmobilizado.
Calços para nivelamento
n
n
sionar os itens relacionados à montagem dos elementos. A Seção foi forme Tabela 5, que contempla um resumo dos pontos abordados.
3.8 Materiais Esse grupo de trabalho contou com a contribuição do professor Paulo Helene, da POLI/USP, que avaliou de forma amostral as práticas atuais e procedimentos de Controle Tecnológico de Concreto adotadas pelo setor, em laboratórios instalados em unidades fabris, certificadas
n
no Selo de Excelência ABCIC e revi-
n
sou o texto pertinente relacionado à
Composição dos materiais de nivelamento; Condições de utilização dos calços.
n n n
Escoramento
gem, que deve orientar e supervi-
n
Importância do projeto de escoramento; Situações transitórias de carregamento; Duração e sequência do escoramento; Montagem dos elementos do escoramento.
amostragem, critérios de aceitação e desvio padrão do concreto. Foi abordada também a utilização do concreto autoadensável, que é utilizado em CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 43
66,7 % das indústrias de concreto
pré-fabricação no mundo, a norma
Eduardo Emrich Melo, que coor-
pré-fabricado, segundo sondagem
revisada irá permitir que estruturas
dena a comissão desde a versão
do setor realizada anualmente pela
especificadas total ou parcialmente
de 2006. Ao engenheiro Eduardo
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pu-
em concreto pré-moldado ganhem
Millen, representante da ABECE,
blicada nos anuários da ABCIC[5].
novas aplicações, com segurança,
que acompanhou a totalidade das
Além das principais alterações
em obras de variadas dimensões.
reuniões, sempre promovendo im-
abordadas na revisão atual, cabe
Como, por exemplo, em edifícios
portantes debates. A engenharia,
também destacar neste artigo um
com mais de 50 pavimentos, com a
Inês Laranjeiras da Silva Battagin,
conceito introduzido em 2006 que
possibilidade de muitas aplicações
Superintendente do ABNT/CB-18 e
permaneceu na versão atual, o Pro-
em sistemas mistos ou híbridos.
Diretora Técnica do IBRACON, ao
jeto acompanhado por verificação
O trabalho de revisão da ABNT
experimental. Este conceito está
NBR 9062 envolveu uma grande
Superintendente do ABNT/CB-02 e
presente nas normas internacio-
quantidade de temas, com muitas
à engenheira Iria Doniak, Presidente
nais e é de vital importância para
alterações e por um longo perío-
Executiva da ABCIC, pelas contri-
o desenvolvimento tecnológico do
do, onde novos assuntos foram in-
buições e apoio. À fib (International
setor, devido aos contínuos traba-
troduzidos. Uma vez que a norma
federation for structural concrete),
lhos e pesquisas visando o aprimo-
foi publicada, o próximo desafio é
na pessoa do coordenador da co-
ramento. Em especial destacam-se
a divulgação do seu conteúdo na
missão 6 de pré-fabricados, Stef
temas de fundamental importância,
sociedade. A norma é um impor-
Mass (Bélgica), que tem sido desde
como tecnologia de concreto, estu-
tante instrumento de regulação e
2008 importante fórum no desen-
dos de ligações, processos de lo-
orientação entre consumidores e
volvimento do sistema no contexto
gística rápida, que constantemente
produtores. Espaços de divulgação
mundial e apoio fundamental no es-
evoluem e são objetos de estudos
e debate, como os proporcionados
clarecimento e aprofundamento de
e pesquisa permanente no âmbito
pelo IBRACON por meio de suas
vários temas. Ao engenheiro José
internacional e no país.
revistas, congressos e manuais, e
Zamarion Ferreira Diniz (in memo-
proporcionados pelas demais as-
riam), que na versão anterior se
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
sociações e entidades envolvidas,
dedicou exaustivamente ao tema,
engenheiro
Salvador
Benevides,
A publicação da ABNT NBR
como a ABCIC e ABECE, possibi-
possibilitando a abertura de requi-
9062:2017 irá contribuir para o
litam essa divulgação e aprimora-
sitos importantes para o contínuo
aumento da utilização e compre-
mento do seu conteúdo para próxi-
desenvolvimento dos trabalhos, e
ensão do sistema construtivo em
mas revisões.
à engenheira Daniela Gutstein, que
concreto pré-moldado pela socie-
secretariou a versão de 2006 e ini-
dade. Importantes lacunas foram
5. AGRADECIMENTOS
ciou a secretaria da atual versão,
preenchidas com a revisão, como
O autor, em nome da ABCIC,
tendo se desligado por motivos
a complementação das especifi-
agradece a dedicação e contri-
de ordem profissional, mas que se
cações para projeto, produção e
buição do coordenador da comis-
dedicou em especial ao processo
montagem. Em consonância com a
são de estudos, engenheiro Carlos
de transição.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2017 [2] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1168:2005+A3: Precast concrete products – Hollow core slabs. Brussels: CEN-European Committee for Standardization, 2011 [03] PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Design for fire resistance of precast/prestressed concrete. Chicago, 2011 [04] PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Erector’s manual: Standards and guidelines for the erection of precast concrete products. Chicago, 1999 [05] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO. Anuário ABCIC. São Paulo, 2016.
44 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u normalização técnica
ABNT NBR 16475:2017 – painéis de parede de concreto pré-moldado AUGUSTO GUIMARÃES PEDREIRA DE FREITAS – Engenheiro Civil Pedreira Engenharia Ltda
R
ecentemente,
mais
preci-
tos a serem atendidos no projeto, na
também revisada e atualizada em 2017,
samente, em 15 de março
produção e na montagem de painéis
produtos com maior complexidade de
deste ano, foi publicada a
de parede pré-moldados que se en-
fabricação ou com diferentes tipolo-
norma ABNT NBR 16475:2017: Painéis
quadram nos critérios de classificação
gias, caso das lajes alveolares, estacas
de parede de concreto pré-moldado –
estabelecidos na Seção 5.
e painéis, tivessem normas específicas
Requisitos e procedimentos. Com 61
Com a publicação, conclui-se um
que respaldassem a especificação por
páginas, a norma tem o objetivo de es-
trabalho iniciado em 27 de setembro de
parte dos projetistas. Demanda que foi
tabelecer os requisitos e procedimen-
2012, ou seja, com 4 anos e meio de
acolhida na ABNT (Associação Brasi-
trabalho, por uma comissão não remu-
leira d e Normas Técnicas) e direciona-
nerada (como todas as comissões da
da para o CB-18 (Comitê Brasileiro de
ABNT), que se debruçou sobre o co-
Cimento, Concreto e Agregados). Ha-
nhecimento técnico disponível no Bra-
via também uma preocupação com o
sil e no mundo para desenvolver uma
crescimento desordenado da utilização
norma que representa o estado da arte
em distintas aplicações desses produ-
do tema.
tos, o que poderia comprometer a lon-
Brascan Century Plaza R. Joaquim Floriano, 466 – Itaim Bibi, São Paulo, SP
Na verdade, essa norma começou
go prazo o uso do sistema construtivo,
a ser concebida em reuniões da Abcic
por falta de padronização . O desen-
(Associação Brasileira da Construção
volvimento dessas normas específicas
Industrializada de Concreto), coorde-
teve início com a publicação da ABNT
nadas por sua presidente-executiva,
NBR
Iria Doniak, quando se vislumbrou a ne-
pré-moldadas de Concreto Protendido,
cessidade da normalização desse tipo
e posteriormente, em 2014, a publi-
de pré-moldado, já com muito uso no
cação da ABNT NBR 16258 Estacas
Brasil e no mundo.Tal ação estava em
Pré-fabricadas de concreto. Etapa que
pauta desde 2008, quando, após a re-
agora se conclui com a publicação da
alização da 1ª Missão Técnica da Abcic
ABNT NBR 14675. Contribuiu também
(2008), que abrangeu Bélgica e Inglater-
para essa visão a atuação das entidades
ra, momento em que o setor entendeu
ABCIC e ABECE (Associação Brasileira
como necessário, para que houvesse o
de consultoria e Engenharia Estrutural)
avanço tecnológico das estruturas pré-
junto a fib (international federation for
-moldadas de concreto, que, além da
structural concrete).
14861:2011
Lajes
Alveolares
norma vigente a NBR 9062 Projeto e
Tendo participado desde o início
Execução de Estruturas Pré-Moldadas,
dessas reuniões, aceitei o convite da
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 45
revista CONCRETO & Construções para compartilhar a experiência sobre o desenvolvimento desta norma. Posso adiantar que foi uma experiência riquíssima, por gerar o entendimento de como funciona a normalização, o quão sério é o processo e a necessidade da negociação em busca da unanimidade dentro da comissão para definição de conceitos. A convivência com profissionais de primeira linha e o grande aprendizado em cada reunião e discussão foram o maior legado que esse trabalho me deixou, que posso resumir desta forma: “Participar de uma comissão de norma te enriquece como profissional, e sua participação ajuda a Engenha-
Central Park Prime Rua Antônio de Lucena, 66 – Tatuapé – São Paulo, SP
ria Nacional a se enriquecer, mesmo
Outro objetivo era buscar, através do
nas obras com a utilização desses pro-
que sua contribuição não seja a maior,
alinhamento do conhecimento técnico
dutos tornaram-se expressivos. A nor-
afinal como aprendi há muito tempo,
disponível no Brasil e nas referências in-
malização permitiria o nivelamento de
ninguém é tão grande que não possa
ternacionais, conceitos técnicos, requisi-
conceitos, além de estabelecer critérios
aprender e ninguém é tão pequeno que
tos e diretrizes que possibilitem o desen-
de detalhamento, produção e monta-
não possa ensinar!”
volvimento de projetos e produtos com
gem, minimizando os riscos de insuces-
a segurança necessária. Por sua vez, a
sos que poderiam comprometer o de-
OS MOTIVOS PARA SE DESENVOLVER A NORMA DE PAINÉIS DE PAREDE DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO
normalização permite que mais profis-
senvolvimento de novos sistemas.
da utilização dos produtos. Observando
No final de 2012, com esses objeti-
Sempre me questionei por que exis-
o impulso que a normalização das Pa-
vos, um grupo de profissionais se reuniu
tiam normas de diversos componentes,
redes de Concreto moldadas no local
para discutir e propor o desenvolvimen-
alguns que julgava não tão relevantes, e
tinha dado àquele sistema, vislumbrava-
to de uma Norma Brasileira para painéis
não existiam de outros, alguns muito re-
-se que o mesmo poderia ocorrer com
de parede. Por se tratar de um produto
levantes. Trabalho com sistemas cons-
os Painéis, possibilitando um avanço da
pré-moldado, o trabalho foi realizado na
trutivos que usam Painéis pré-moldados
engenharia nacional neste sistema.
Comissão de Estudo de Lajes Alveola-
sionais tenham acesso às informações técnicas, possibilitando uma expansão
A FORMAÇÃO DA COMISSÃO
desde os anos 80, seguindo a história
Mesmo sem a normalização e em
res e Painéis Pré-Moldados de Concre-
de meu pai, Antônio C L Pedreira de
função de grandes obras de segmento
to, no âmbito do ABNT/CB-18 – Co-
Freitas, que já trabalhava com isso des-
econômico (no caso de painéis estru-
mitê Brasileiro de Cimento, Concreto e
de os anos 70. Vale comentar que, fora
turais) e no de fechamento de galpões,
Agregados da Associação Brasileira de
do Brasil, se tem notícia do uso de pai-
edifícios comerciais e shoppings (no
Normas Técnicas, com participação ati-
néis desde a reconstrução da Alemanha
caso de painéis não estruturais) durante
va do ABNT/CB-02 Comitê Brasileiro da
pós-guerra, a partir de 1945. Ao longo
a grande expansão da construção civil
Construção Civil.
desses mais de 30 anos de trabalho,
(2003-2011), diversos fornecedores e
A Comissão de Estudo contou com
“sofremos” muito com a questão de
projetistas se “aventuraram” em novos
a participação de mais de 90 profissio-
projetarmos algo sem ter o respaldo de
sistemas. Ainda que tomassem todos
nais, representando 59 entidades/em-
uma norma, sendo este um dos objeti-
os cuidados, a falta de alinhamento de
presas, reunindo fabricantes, projetistas,
vos para sua proposição.
conceitos e o risco de se ter problemas
construtores, laboratórios de controle
46 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
tecnológico e demais profissionais inte-
oriundos do Selo de Excelência Abcic,
mos contemplar. Foram feitos convites
ressados no tema e esteve sob minha
programa que atesta qualidade, segu-
a fornecedores e projetistas ligados a
coordenação para este trabalho,
se-
rança e meio ambiente das empresas
painéis pré-moldados de concreto para
cretariado pela colega Daniela Gutstein
integrantes, bem como os Datecs (Do-
que apresentassem suas tipologias e
,no primeiro ano de discussões, e pelo
cumentação de Avaliação Técnica) das
participassem da Comissão, agregan-
colega Fabrício da Cruz Tomo, de 2014
empresas que, para o caso da aplicação
do conhecimento e contribuindo para o
até a publicação.
em edificações habitacionais, já haviam
desenvolvimento da norma. Nem todos
Ao se iniciar uma norma, o ideal é
sido aprovadas pelo SINAT (Sistema
se disponibilizaram a participar e como
que se tenha um texto-base (a partir de
Nacional de Avaliação Técnica) no âm-
na Comissão não existiam profissionais
uma norma internacional ou criado por
bito do PBQP-h, Programa Brasileiro de
com expertise em determinados tipos
um grupo de profissionais qualificados)
Qualidade e Produtividade do Habitat
de painéis, optamos por não contemplá-
para o início das discussões e que di-
- Ministério das Cidades, especialmen-
-los nesta primeira edição da norma.
recione o texto da norma. Infelizmente,
te os que envolviam a comprovação do
No futuro, em uma próxima revisão,
neste caso, não se tinha e foi neces-
atendimento à Diretriz Sinat 002- Siste-
possivelmente novas tipologias serão in-
sário desenvolver a norma “a partir do
mas de paredes integrados por painéis
troduzidas.
zero”, o que dificultou muito os traba-
pré-moldados de concreto ou mistos
lhos, mas, em contrapartida, possibilitou
para emprego em edifícios habitacio-
na norma são os seguintes:
uma investigação mais ampla, com par-
nais, que teve início anterior a publica-
u Painel de parede maciço;
ticipação de um número maior de pro-
ção da ABNT NBR 15575.
u Painel de parede alveolar;
Os painéis que estão contemplados
u Painel de parede nervurado;
fissionais. Agregou valor ao processo
O ESCOPO DA NORMA
u Painel de parede sanduíche;
fabricantes no âmbito da Abcic, espe-
Uma vez instalada a Comissão, era
u Painel de parede dupla;
cialmente por terem seus procedimen-
preciso decidir o escopo da norma, de-
tos de execução e controle descritos,
finindo quais painéis seriam abordados
Esses painéis (nem todos) podem
e propondo a divisão dos itens e as-
ser estruturais ou não estruturais, bruto
suntos a desenvolver. A discussão do
(sem acabamento) ou com acabamento
escopo não foi pequena. Inicialmente,
arquitetônico.
as informações oriundas de empresas
u Painel de parede reticulado misto.
imaginávamos que o escopo poderia
prazo proposto para a conclusão do
PREMISSAS DE DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURA TEMÁTICA DA NORMA
trabalho e da disponibilidade dos mem-
O desenvolvimento da norma seguiu
ser o mais amplo possível; o que se mostrou impraticável em função do
sob algumas premissas acordadas pela
bros da Comissão.
Prédio em painel de parede de concreto pré-moldado
Após as discussões para se chegar
Comissão no início dos trabalhos. Pode-
ao necessário consenso, a Comissão
-se citar que as decisões foram tomadas
decidiu restringir as dimensões dos pai-
por unanimidade, por ser a primeira ver-
néis (menores que 12m de comprimento
são da norma e porque novos profissio-
e 25cm de espessura), não contemplar
nais passariam a desenvolver o sistema
painéis curvos, painéis submetidos a es-
a partir da sua publicação, que precisa-
forços predominantemente horizontais
ríamos ser conservadores e abranger
ou usados como elemento de fundação,
todos os processos (desde projeto até
além de estabelecer que o escopo de-
produção e montagem). Desta forma,
veria contemplar apenas painéis com
seriam dadas as condições necessárias
armação mínima.
para o desenvolvimento do sistema e,
Definido o escopo, a questão passou a ser que tipos de painéis devería-
ao mesmo tempo, os riscos de insucessos seriam menores.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 47
Buscando abranger todas as etapas, do projeto à produção e montagem, definimos que a norma abrangeria, além dos capítulos básicos de uma norma, os seguintes pontos: u Durabilidade; u Propriedade dos materiais; u Comportamento conjunto
dos materiais;
u Segurança e estados limites; u Limites para dimensões, desloca-
mentos e aberturas de fissuras; u Instalações; u Análise estrutural; u Instabilidade e efeitos de segunda
ordem; u Ligações em estruturas de painéis
de parede pré-moldados;
Estoque de painel de parede de concreto pré-moldado
u Dimensionamento;
jetista sobre o processo produtivo e a
temperatura entre faces) e à montagem
u Integridade estrutural;
especificação clara em projeto das con-
(devida às tolerâncias no assentamento
u Métodos de produção de painéis de
dições de dimensionamento e limites.
do painel). Dessa forma, define-se a ex-
paredes pré-moldados;
Na produção do painel, a armação
centricidade total e o esforço de flexo-
u Manuseio, armazenamento
necessária exigida para a desforma di-
fere conforme a direção da produção,
Dito isso, ressalta-se a importância
ou seja, se o painel é moldado na hori-
do conhecimento de todo o processo
zontal ou na vertical. Além disso, existe
de produção e montagem para o dimen-
u Controle de execução e inspeção;
a possibilidade do painel ser produzido
sionamento correto da peça, que preci-
u Documentação técnica.
horizontalmente numa fôrma basculan-
sa ainda resistir aos esforços verticais
te, que se inclina para o içamento e a
(carregamento permanente e acidental)
desforma acontecer quase na vertical.
e horizontais (devido ao vento), usando
e transporte;
u Montagem dos painéis de parede
pré-moldados;
Não é objetivo deste artigo descrever item a item da norma, mas alguns
-compressão que esta produz.
pontos merecem destaque para o en-
Da mesma forma, se no estoque o
nestas considerações as contribuições
tendimento dos conceitos estabelecidos
painel for armazenado de forma inclina-
da norma ABNT NBR 16055:2012 - Pa-
e das possibilidades de uso.
da em cavaletes, ocorrerão ações e de-
rede de concreto moldada no local para
formações diferentes das que ocorrem
a construção de edificações.
AÇÕES, EXCENTRICIDADES E DIMENSIONAMENTO
se o estoque for na posição vertical. Além de contemplar essas situações,
AS LIGAÇÕES
O painel de parede de concreto é
a norma trata com muito critério a ques-
As ligações, como em qualquer
uma peça com rigidez elevada em duas
tão de excentricidades, fundamental para
sistema com uso de peças pré-mol-
direções e extremamente esbelto na
o dimensionamento do painel, que atua
dadas, mereceram um destaque espe-
terceira dimensão (correspondente à
na dimensão crítica da peça. Devem ser
cial. Conceitos introduzidos na revisão
espessura, de 10 a 25 cm).Por isso, é
analisadas as possíveis excentricidades
da ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e
muito importante analisar as condições
partindo-se de um valor mínimo, acres-
execução de estruturas de concreto
impostas, considerando especialmente
centando a parcela devida à fabricação
pré-moldado estão presentes no ca-
a dimensão onde a peça é muito esbel-
(imprecisão da fôrma), ao armazena-
pítulo que trata deste tema na norma
ta (desde a produção até a montagem
mento (deformação no estoque e em-
de Painéis de parede de concreto. São
final), exigindo o conhecimento do pro-
penamento em função da diferença de
tratadas questões importantes, como
48 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
INTEGRIDADE ESTRUTURAL: UM TEMA IMPORTANTE COM UMA ABORDAGEM BEM COMPLETA Os painéis de parede de concreto pré-moldados sempre foram motivo de preocupação do meio técnico em função de um desastre ocorrido em um edifício na Inglaterra em 1968, o Ronan Point, quando uma explosão de gás provocou a ruptura de um painel e este provocou o colapso progressivo de um setor do prédio. Desde o episódio muitos estudos e testes foram feitos, sendo possível estabelecer critérios de dimensionamento capazes de garantir a integridade
Khobar Towers após a explosão de bomba
os coeficientes de minoração da resis-
estrutural, mesmo no caso de falhas nais da Netpré/Ufscar.
não previstas em algum dos elementos
tência e os coeficientes de majoração
Ainda com relação às ligações, vale
estruturais. A questão do colapso pro-
e de ajustamento para as ações, ana-
o registro da importância de se compa-
gressivo é uma preocupação que tem
lisando o modo da falha, suas conse-
tibilizar as deformações previstas e os
se mostrado cada vez mais relevante
quências, incertezas, durabilidade e
critérios de contorno com a estrutura,
e pode ser definido como a ocorrência
manutenção, além do processo cons-
sobretudo nas restrições de movimen-
de um dano na estrutura desproporcio-
trutivo. Essas questões baseiam-se
tação que precisam ser bem definidas
nal a sua causa. Exemplificando com o
num trabalho amplo e muito bem de-
pelo projetista, evitando que o painel
caso citado, a ruptura de uma parede,
senvolvido pelo colega Marcelo Ferrei-
seja exigido por ações às quais não foi
mesmo que por uma explosão, não
ra, coordenando os grandes profissio-
dimensionado.
pode gerar a ruptura do edifício ou de parte dele. É um dano muito grande, desproporcional à causa. A definição do que seria um dano desproporcional à sua causa é extremamente subjetiva e isto tem sido uma dificuldade para a normalização. Na norma mãe, ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estrutura de Concreto, o único ponto que trata deste tema é no detalhamento de laje lisa sem vigas, onde o risco de colapso progressivo é muito alto quando não se prevê armações específicas para isto. Nessa norma, aproveitando-se de uma ampla bibliografia internacional, a Comissão de Estudo responsável pelo trabalho de revisão estabeleceu critérios bem completos que definem
Montagem de painel de parede de concreto pré-moldado
armações de amarração para garantir CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 49
a integridade estrutural no caso de diferentes falhas e funcionamentos após falhas. Esse procedimento, felizmente ou infelizmente, já foi testado em modelo real em um hotel na Arábia Saudita, o Khobar Towers, em 1996. Dimensionado com esses critérios, o hotel sofreu um atentado com explosões pesadas que destruiu a fachada do edifício, mas a estrutura principal, com painéis pré-moldados, permaneceu íntegra,
Win Work Chácara Santo Antonio Rua Luiz Seráphico Júnior, 511 – Jardim Heliomar – São Paulo, SP
evitando um desastre maior com dano Também são tratados na norma
troduzindo novas premissas e referên-
Acreditamos que este capítulo da
os critérios de durabilidade, garantin-
cias que possibilitem o seu avanço com
ABNT NBR 16475 representa um gran-
do a vida útil necessária e os aspectos
relação ao desempenho exigido para
de avanço para a nossa engenharia e
com relação ao incêndio. Nesse que-
as edificações. Espera-se também que,
que pode ajudar na evolução de outras
sito, remeteu-se mais uma vez à ABNT
com mais colegas usando a norma e
normas nas quais este tema é tratado
NBR 9062, com a qual tivemos uma
desenvolvendo novas tecnologias, pos-
muito mais como uma recomenda-
interação muito grande e facilitada
samos evoluir com revisões contínuas
ção, sem critérios específicos como os
pela excelente coordenação do colega
que reflitam novos estados da arte da
apresentados nesta norma.
Carlos Eduardo E. Melo.
engenharia de painéis de parede de
desproporcional.
Quanto ao desempenho acústico
concreto pré-moldado no Brasil.
COMO FICA A QUESTÃO DE DESEMPENHO?
e térmico, por exemplo, em que ou-
A aplicação dos painéis pré-molda-
tros sistemas complementares podem
dos de concreto é um importante merca-
Finalmente, a outra questão que me-
melhorar ou não o desempenho da
do, com grande potencial de desenvol-
rece comentários é o atendimento aos
edificação. Além desses, as ligações
vimento no contexto da industrialização,
requisitos da ABNT NBR15575:2013
podem necessitar de testes para com-
especialmente pelas necessidades de
– Edificações Habitacionais – Desem-
provação de desempenho, sobretudo
agregar maior eficiência, qualidade e
penho. Desde a publicação da norma,
quanto às questões de estanqueidade
produtividade aos processos produti-
muitos questionamentos têm sido feitos
e durabilidade das juntas entre painéis,
vos na Construção Civil. Especialmen-
com relação às necessidades de com-
entendeu-se que o coreto seria reme-
te na questão habitacional, os painéis
provação dos sistemas com testes.
ter a própria ABNT NBR 15575.
pré-moldados demonstram novamente ser solução eficaz na Europa para aten-
Na nossa análise, a norma contempla todos os critérios de dimensiona-
O FUTURO
der elevadas demandas de qualidade
mento e detalhamento da estrutura,
No futuro, com o compartilhamento
e produtividade, como a necessidade
permitindo-se projetar e executar os
de resultados de ensaios (acreditamos
de construções habitacionais em lar-
painéis sem dúvidas quanto ao seu
que esta será a prática entre os forne-
ga escala para moradias decorrentes
desempenho estrutural.
cedores), espera-se revisar a norma, in-
da imigração.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto - Procedimentos. [02] ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado – Procedimentos . [03] ABNT NBR15575:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho. [04] ABNT NBR 16055:2012 – Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações – Requisitos e procedimentos. [05] ABNT NBR 16475:2017 – Painéis de Parede de concreto pré-moldado – Requisitos e procedimentos. [06] Diretriz Sinat 002- Sistemas de paredes integrados por painéis pré-moldados de concreto ou mistos para emprego em edifícios habitacionais.
50 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u inspeção encontrose emanutenção notícias | CURSOS
Ensaios não destrutivos para identificação de armaduras em elementos de concreto armado CLAUDIUS S. BARBOSA – Professor e consultor
PETRUS GORGÔNIO B. DA NÓBREGA – Professor Associado
Escola Politécnica da USP
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
em arquivos digitais, a equipe técnica
e vencedor de prêmio pela execução
om o desenvolvimento da
pode ter dados suficientes para a rea-
do retrofit no ano de 2012. O edifício foi
economia e o crescimento
lização de uma nova análise estrutural.
modernizado e hoje abriga escritórios
das cidades, aumentando
Em edifícios mais antigos, muitas vezes
de empresas nacionais e estrangeiras.
vertiginosamente o valor do metro qua-
o projeto estrutural não está dispo-
Outros exemplos desse tipo de reade-
drado nos grandes centros, cada vez
nibilizado no todo ou em parte, e até
quação podem ser encontrados em
mais se observa na construção civil a
existe a possibilidade de alguns dese-
grandes cidades brasileiras, como o
utilização de edificações existentes– e
nhos estarem ilegíveis, dificultando o
Edifício 740 Anastácio e a Subestação
que foram projetadas para uma utiliza-
conhecimento de informações neces-
Riachuelo – Red Bull Station, ambos
ção específica– adaptadas a uma nova
sárias a esta fase de procedimentos.
em São Paulo.
função. Essa alteração muitas vezes vai
Por outro lado, caso as informações
além da simples alteração da disposi-
sobre o detalhamento das armaduras
ção do ambiente e, comumente, ocorre
estejam facilmente disponíveis, pode
2. TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS COMUMENTE EMPREGADOS
a adoção de ações acima dos valores
haver o interesse (ou dúvida) de algu-
Intuitivamente, a maneira mais di-
previstos em projeto em alguma área
mas das partes envolvidas no processo
reta de se obter informação sobre as
ou, quando se torna mais relevante, em
para ratificar a qualidade da execução
barras da armadura de um elemento
toda a edificação.
da estrutura e, dessa maneira, invaria-
estrutural qualquer é por meio da retira-
recém-construídos,
velmente, mostra-se necessária a con-
da da camada superficial do concreto,
principalmente aqueles em que os de-
ferência da posição, diâmetro e cobri-
deixando-as à mostra.
senhos de forma e de armação estão
mento das barras de aço. Ainda, para
Essa tarefa, embora simples, de-
a extração de testemunhos de concre-
manda muita energia dos executo-
to, técnica essencial para determinar a
res, cuidados para não causar danos
resistência à compressão do concreto
à estrutura e, por fim, a necessida-
em uma estrutura já construída, faz-se
de posterior de recuperação para
necessário o conhecimento da posição
garantir o desempenho estrutural e
e arranjo das barras de aço a fim de
sua durabilidade.
1. INTRODUÇÃO
C
Em
edifícios
evitar conflito com a armadura durante
longo dos anos – e ainda hoje, em ca-
essa extração.
u Figura 1 Pilar com a camada de cobrimento removida para identificação das barras de aço
Tal técnica, bastante utilizada ao
Um exemplo importante que pode
sos específicos – é conhecida como
ser citado é o do edifício que abrigava
“escarificação”. Na Figura 1 está ilus-
a Companhia Sul América de Seguros,
trado um pilar de concreto armado que
projetado em 1922, localizado na Rua
sofreu a remoção do seu cobrimento
Quitanda, na cidade do Rio de Janeiro
para identificação das barras.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 51
Com a evolução da tecnologia nas
obtido no momento do teste. Por outro
últimas décadas, ficou cada vez mais
lado, a atividade de reconhecimento das
acessível à comunidade técnica os
barras não é tão ágil quanto possa pa-
aparelhos denominados “detectores de
recer, já que o detector apresenta alta
armadura”, chamados comumente de
sensibilidade e limitações de alcance: a
pacômetros (do inglês pachometer ou
espessura da camada de cobrimento,
covermeter).
por exemplo, não pode ser muito alta,
No Brasil, ainda não existe uma nor-
tendo como limite máximo a faixa entre
ma reguladora para esses ensaios, mas
7 e 10 cm. Outra limitação da técnica
a metodologia é prescrita, por exemplo,
é quando as barras de aço estão muito
pelos seguintes códigos internacionais:
próximas umas das outras, fazendo o
u ACI 228 2R-13: Report on Nondes-
equipamento “confundi-las” como uma
tructive Test Methods for Evaluation
única barra de diâmetro maior (Figura 3).
u Figura 2 Princípio indutivo gerado nos ensaios de pacometria
A Figura 3(a) ilustra a situação “ideal”,
Um aparelho comercial para a de-
quando o aparelho detecta uma única
tecção das características das barras
u BS 1881-204:1988: Testing concre-
barra, e as demais são situações que po-
exige, em primeiro lugar, a identificação
te. Recommendations on the use of
dem ser aferidas de forma equivocada,
de sua posição (direção e espaçamen-
electromagnetic covermeters. British
quando o aparelho confunde uma barra
to), demarcando-se uma “grade” na su-
Standards.
com uma outra transversal (b); ou com
perfície do elemento de concreto (Figu-
O princípio ativo mais conhecido
duas muito próximas (c); ou ainda quan-
ra 4), para, em seguida, posicionar com
do essas estão agrupadas em feixe (d).
exatidão o sensor e detectar as demais
of Concrete in Structures. American Concrete Institute;
dos pacômetros funciona com a emissão de um campo eletromagnético e a obtenção, por meio da intensidade e frequência, da estimativa das características das barras de aço, conforme ilustra a Figura 2. Um campo eletromagnético é emitido por uma sonda e detectado por uma bobina, acoplados em equipamentos portáteis. As bobinas do transdutor são periodicamente carregadas com pulsos de corrente e, assim, geram um campo magnético. Correntes parasitas
a
b
c
d
são produzidas sobre a superfície de qualquer material eletricamente condutor que estiver no campo magnético e induzem um campo magnético na direção oposta. A partir da mudança na tensão são inferidas as características das barras: cobrimento e diâmetro. A grande vantagem desta técnica, sem dúvida, é o caráter não destrutivo, evitando a quebra e recomposição da camada de concreto. É de baixo custo quando comparada com outras técnicas, descritas a seguir, e o resultado é
u Figura 3 Interferência gerada por barras próximas
52 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
Outra técnica que vem sendo difundida é o ensaio GPR (Ground Penetrating Radar), que tem como princípio ativo a emissão de ondas de rádio para detectar “objetos” no concreto. As ondas são energia eletromagnética emitida e captada pelas antenas do GPR, em frequências superiores a 2000 MHz, que passam pela cama-
a
da superficial do concreto detectando
b
barras ou outros materiais. Além da posição, diâmetro e cobrimento das
u Figura 4 Marcação, com auxílio do equipamento, do posicionamento das barras na superfície e verificação de suas características
barras, é possível identificar vazios no elemento estrutural. Essa técnica também é utilizada para detecção de dutos
características com precisão: diâmetro
nível de confiabilidade elevado. A expe-
no solo, por exemplo. A capacidade de
e cobrimento. A identificação da posi-
riência e conhecimento técnico da mão
detecção das barras é superior a 30 cm
ção das barras por parte do executor
de obra executora são muito importan-
de profundidade, maior que os pacô-
se dá por meio de alerta sonoro ou,
tes para interpretação dos resultados e
metros convencionais.
para os aparelhos mais modernos, pela
para a maior agilidade do processo.
Hamasakiet et al. (2003) detalham
interface gráfica na tela do equipamen-
Ainda na Figura 4 pode ser observa-
esse procedimento, destacando que
to. Assim, fica evidente que, apesar da
do que a marcação inicial indicou barras
as ondas eletromagnéticas curtas são
maior facilidade que esse procedimen-
com diâmetro de 40 mm, não usuais,
emitidas por uma antena em direção ao
to gera para identificação das barras,
especialmente no caso de edifícios. Este
elemento estrutural em concreto, mas a
os dados devem ser analisados com
fato indicou e, em seguida, foi confirma-
reflexão dessa onda, devido à presen-
bastante critério a fim de se garantir um
da a existência de um feixe de barras.
ça das barras, possui características
a
b
u Figura 5 Mapeamento de um tabuleiro de ponte com equipamento do tipo GPR, juntamente com “mapa de profundidade de cobrimento” gerado após tratamento dos dados, adaptada de Hasan e Yazdani (2014)
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 53
diferentes da emitida. A antena recep-
que permite identificar detalhes e mate-
tora é a responsável pela determina-
3. METODOLOGIAS EM DESENVOLVIMENTO
ção do tempo de percurso da onda
Ainda com o custo mais elevado que
O fluxo de radiação, nesses casos, que
e pela análise dos dados de retorno.
as técnicas descritas anteriormente, ou-
passa por um objeto seria atenuado de
Dependendo do aparelho utilizado e
tras duas metodologias se notabilizam
acordo com o tipo de material e o di-
dos softwares de análise de dados,
pela promissora maior agilidade no le-
ferencial registrado, revelando detalhes
podem-se gerar superfícies tridimen-
vantamento das armaduras, apesar de
da composição do elemento estrutural.
sionais oriundas da movimentação das
ainda serem pouco utilizadas comercial-
Atualmente, estão ocorrendo reu-
antenas sobre o elemento de concreto.
mente: a termografia e a radiografia.
riais internos no elemento de concreto.
niões da Comissão Técnica Setorial de
A visualização em tempo real é possível
O conceito da termografia é induzir o
Construção Civil da Associação Brasi-
dependendo do tipo de aparelho utiliza-
elemento estrutural a um aquecimento,
leira de Normas Técnicas (ABNT) para
do. Além das limitações atribuídas à téc-
pois o aço das barras altera o fluxo de
discussão de documentos de norma-
nica anteriormente descrita, a utilização
calor na região. Para isso, a metodologia
lização, inclusive com a elaboração de
de concretos com idades baixas podem
pode utilizar ar quente, radiação infraver-
um projeto de norma de radiografia de
afetar os resultados em função de suas
melha ou outras fontes, mas que geram
estruturas em concreto.
características de condução e, mais
alguma dificuldade em função das maio-
uma vez, alerta-se para a importância
res ou menores dimensões das peças ou
da interpretação dos resultados obtidos
áreas a serem analisadas. Após o aque-
4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO: ACERTOS E LIMITAÇÕES
e da experiência do executor do ensaio.
cimento da superfície, uma câmera de
Um caso de sucesso foi obtido em
Na Figura 5 está apresentado um
termovisão é utilizada para inspeção da
uma estrutura de concreto pré-fabricado
mapa resultante do tratamento de da-
superfície, que são separadas em zonas
em que as vigas se apoiavam nos con-
dos após a execução de um ensaio
com temperaturas diferentes. Szymanik
soles dos pilares. Durante a instalação
com GPR, desenvolvido por Hasan e
et al. (2016) apresentaram um estudo em
das vigas, observou-se a formação de
Yazdani (2014).
que foi utilizada a termografia infraver-
fissuras na interface consolo-pilar, o que
As técnicas descritas anteriormen-
melha para detecção de barras, com a
levou a equipe de montagem a suspeitar
te tornam-se pouco ágeis para levan-
utilização de micro-ondas. Essa técnica
de anomalias no processo de fabricação
tamentos de grandes superfícies, pois
tem uma restrição relativa à profundidade
dos elementos. A armação especificada
ainda são muito dependentes da mão
da locação das barras (além de 20 mm),
em projeto deveria ser constituída por
de obra e da análise dos resultados.
limitando sua aplicação àquelas locali-
um tirante e estribos verticais e horizon-
Comparando-se a pacometria e o GPR,
zadas superficialmente no elemento de
tais, sendo ela responsável por transmitir
Hamasaki et al. (2003) concluem que:
concreto. Mostra-se uma técnica mais
toda essa reação da viga ao pilar. Nessa
a) A localização da posição das barras
eficiente para a determinação da posição
obra existiam 4 tipos de consoles, de-
por ambos os métodos é satisfató-
e direção das barras, mas ainda alta-
pendendo da interação com os pórticos.
ria, com uma precisão de ±10 mm;
mente dependente da interpretação dos
Quando da existência de um console
b) O diâmetro das barras é identificado
resultados, que poderia ser facilitada por
apenas, num dos lados do pilar, a ar-
com uma variação de aproximada-
meio de uma metodologia complementar
madura do tirante seria ancorada com
mente ±3 mm;
como, por exemplo, a pacometria.
gancho, como indica a Figura 6.
c) A camada de cobrimento também foi
Já a radiografia seria um método
A verificação da posição e diâmetro
obtida com uma precisão de ±10 mm,
muito eficiente, mas complicado de se
das barras de aço do tirante por meio
mas, neste caso, o manuseio dos equi-
aplicar em função do perigo causado ao
da pacometria se mostrou complica-
pamentos por mão de obra treinada há
operador. Novas técnicas estão sendo
da, tanto pela elevada concentração
mais tempo levou a menores erros;
desenvolvidas e testadas para melhorar
de barras de aço, devida ao pequeno
d) O estudo intensivo de técnicos
a eficiência do processo de detecção
espaçamento entre elas, como pela
especializados durante 1 semana,
de barras, seu diâmetro e cobrimento,
profundidade em que se encontravam
na maioria dos casos, garante um
como os sistemas com raios-x ou raio-
os tirantes em relação à superfície da
bom resultado.
-gama, ou ainda a radiografia nêutron,
estrutura. Além disso, como indicado
54 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
ARMADURA DO TIRANTE ESTRIBOS VERTICAIS
na Figura 7, os tirantes foram posicionados dentro de bainhas para que, em seguida, fossem grauteados. Essa situação, portanto, quase que inviabilizou o trabalho de identificação do detalhe da armação por meio de ensaio não destrutivo, mas, como um dos consoles já estava escarificado, foi possível constatar, previamente, a ausência de grauteamento das bainhas juntamente com a falta de prolongamento dos estribos horizontais dos consoles nos pilares. A pacometria buscou identificar os estribos horizontais do console e avaliar se existia ancoragem/conexão com o pilar. Em alguns casos eles estavam presentes no console, conforme identificado no elemento na Figura 8(a). Com isso, foram detectados dois resultados: u Os estribos horizontais dos consoles, e seu prolongamento na seção do pilar, são claramente identificados, com cobrimento entre 25 e 30 mm; u Os estribos horizontais dos consoles são totalmente ou parcialmente identificados, porém não é constatado o seu prolongamento na seção do pilar. Nessa região, identificou-se apenas o estribo do próprio pilar, com espaçamento conforme indicado por projeto (Figura 8(b)); outro indício observado preliminarmente era que os consoles em desacordo apresentavam o cobrimento elevado, variando entre 60 a 70 mm. O primeiro resultado foi o indício de que a armação do console ensaiado foi executada da maneira como prevista em projeto e, portanto, não haveria problema de capacidade portante; já o segundo resultado é um indício de que a armação do console ensaiado foi executada em desacordo com o projeto, provavelmente semelhante à armação apresentada na Figura 7, sem, inclusive, o grauteamento das bainhas, que, apesar de não poder ser identificado por esse ensaio não destrutivo,
ESTRIBOS HORIZONTAIS
a
b
u Figura 6 Detalhe do elemento analisado (a) e croqui esquemático de sua armação (b)
a
b
u Figura 7 Detalhe das armaduras do console
ESTRIBOS DO PILAR
ESTRIBOS HORIZONTAIS DO CONSOLE
ESTRIBOS HORIZONTAIS DO CONSOLE
a
b
u Figura 8 Console com armadura conforme (a) e não conforme (b)
foi associado ao erro do detalhamento/ armação dos estribos. Adicionalmente, destacam-se as seguintes constatações, após a realiza-
ção dos ensaios em 55 consoles de um total de 156: a) Nos consoles em que a armadura foi executada conforme projeto, o
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 55
cobrimento do estribo horizontal é de 25 mm, seguindo especificação de projeto; já nos consoles com erro de armação, o cobrimento verificado foi de aproximadamente 55 mm; a) A partir da análise visual dos consoles demolidos, após a escarificação e demolição do concreto do console, verificou-se que a armadura do tirante tem cobrimento de aproximadamente 70 mm em ambas as situações (armação em acordo ou desacordo com o projeto) – essa constatação somada ao fato da região do console
ser densa de armadura inviabilizou a identificação e determinação da bitola da armadura tirante. Conclui-se que a identificação das anomalias por meio da pacometria foi precisa, já que as 20 indicações de consoles com anomalias foram confirmadas na demolição, com posterior reforço do elemento estrutural.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A técnica GPR e a pacometria são metodologias amplamente utilizadas pa ra identificação de armaduras em ele-
mentos de concreto armado, mostram-se eficientes e são de grande interesse para a construção civil. É importante ressaltar que sua utilização apresenta limitações em função do cobrimento ou proximidade das barras e os resultados dependem da qualidade e experiência do executor dos ensaios e da análise criteriosa dos resultados. Outras metodologias, como a termografia e a radiografia da estrutura, ainda estão em desenvolvimento e vêm sendo testadas em laboratórios; contudo, sua utilização ainda é de uso comercial restrito.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] Hamasaki, H.; Uomoto, T.; Ohtsu, M.; Ikenaga, H.; Tanano, H.; Kishi, K.; Yoshimura, A. (2003). Identification of Reinforced in Concrete by Electro-Magnetic Methods. In: International Symposium (NDT-CE 2003) Non-Destructive Testing in Civil Engineering 2003, v.8, n.10. [02] Hasan, I.; Yazdani, N. (2014).Ground penetrating radar utilization in exploring inadequate concrete covers in a new bridge deck. Case Studies in Construction Materials, v.1, pp. 104-114. [03] Szymanik, B.;Frankowski, P. K.; Chady, T.; Chelliah, C. R. A. J. (2016).Detection and Inspection of Steel Bars in Reinforced Concrete Structures Using Active Infrared Thermography with Microwave Excitation and Eddy Current Sensors. Sensors 2016, v.16, n. 234. doi:10.3390/s16020234.
COMENTÁRIOS E EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DA ABNT NBR 6118:2014 A publicação traz comentários e exemplos de aplicação da nova norma brasileira para projetos de estruturas de concreto - ABNT NBR 6118:2014, objetivando esclarecer os conceitos e exigências normativas e, assim, facilitar seu uso pelos escritórios de projeto. Fruto do trabalho do Comitê Técnico CT 301, comitê formado por especialistas do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) e da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), para normalizar o Concreto Estrutural, a obra é voltada para engenheiros civis, arquitetos e tecnologistas.
DADOS TÉCNICOS ISBN 9788598576244 Formato: 18,6 cm x 23,3 cm Páginas: 484 Acabamento: Capa dura Ano da publicação: 2015
AQUISIÇÃO: www.ibracon.org.br (Loja Virtual)
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u inspeção e manutenção
Avaliação dos reparos e reforços estruturais em cobertura abobadada MANUEL FERNANDO SOUSA FERREIRA DOS SANTOS • FLÁVIA LAMIM • ORLANDO CELSO LONGO Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal Fluminense
1. INTRODUÇÃO
E
ste artigo descreve os serviços de reparo e reforço estrutural executados com
concreto projetado e resinas poliméricas na cobertura em abóboda de cerâmica armada nas oficinas de manutenção do Metrô\RJ dos anos de 1990. Executada em forma de cascas múltiplas, seu projeto original seguiu a cartilha construtiva do engenheiro uruguaio Eládio Dieste, sendo o projeto e execução realizados por seu escritório. Na busca da leveza em
u Figura 1 Área com destaque para a Oficina de Pequenos Reparos (OPR) Fonte: Google Maps.
conformidade com grande área útil de vãos livres avantajados, a concep-
cálculo do reforço foi empregada a
ção se adequa em harmonia à neces-
teoria de membrana clássica.
sidade de conforto térmico e grande
A execução dos serviços seguiu
espaço necessário à manutenção
o prescrito em projeto, sendo de res-
das composições. Destaca-se ainda
ponsabilidade da empresa especiali-
a excelente incidência de luminosida-
zada nesse tipo de reforço.
2. LEVANTAMENTO DOS DANOS OCORRIDOS 2.1 Notas Iniciais O Complexo foi inaugurado em
de, que reduz consideravelmente a necessidade de energia elétrica para iluminação. Uma analise recente foi realizada por meio de imagens térmicas no intuito de verificar o comportamento atual da estrutura, e colaborar na manutenção e preservação das abóbodas. A metodologia de reforço e recuperação das cascas seguiu o dimensionamento
da
normatização
brasileira de concreto à época de sua execução (ABNT – NB1\78). Para o
u Figuras 2 e 3 Área interna das oficinas com visualização das aberturas zenitais Fonte: Autores (2017).
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 57
u Figura 4 Corte da colocação das armaduras em conjunto com os blocos cerâmicos Fonte: DIESTE -1987.
1979, com aproximadamente 60.000 m2 de área útil dividida em estacionamento das composições, e duas oficinas, a de grande reparos (OFR) e a de pequenos reparos (OPR). Utilizando o tipo de abóbodas Gaussianas, o Centro de Manutenção representa até a presente data o maior centro de reparos das composições do Metrô. Com a atual expansão, atingiu seu limite, e uma ampliação ou um novo centro deverá ser construído em breve.
2.2 Estrutura da cobertura Em uma descrição sumaria do processo construtivo empregado, a es-
u Figura 5 Montagem de cabos e malha na abóboda autoportante
trutura da cobertura é composta por
a corrosão danifica os fios tracio-
peças de cerâmica vazadas, recober-
nados localizados nas vigas-calha,
tas com argamassa e armaduras de
desequilibrando as forças atuantes
tração intercaladas nos interstícios en-
e inserindo tensões não previstas
tre as peças cerâmicas. As abóbodas
inicialmente. As cascas, por pre-
são múltiplas e formam vigas-calha
missa de projeto, são em forma de
entre suas ligações. Uma armadura
catenária e transmitem os esforços
pré-tracionada associada a uma ma-
de compressão;
lha de aço é inserida sobre as peças
2) deterioração da pintura acrílica pro-
cerâmicas para introduzir esforços de
tetora das abóbodas, que permite a
pré-compressão ao sistema e permitir
infiltração de água e umidade, oxi-
a criação dos vãos, sem introdução de
dando as armaduras e degradando
pilares intermediários.
a argamassa que, por imposição do sistema, é de pequena espessura,
2.3 Análise do Laudo inicial e levantamento das patologias
com aproximadamente 3,0 cm; 3) excessiva fissuração próxima à região dos apoios, que advém da defi-
O laudo inicial elaborado por uma
ciência de armadura nos cantos, ne-
empresa de consultoria técnica levan-
cessária para a absorção das forças
tou diversas manifestações patológi-
de tração existentes. Essa fissuração
cas nas abóbodas. Após a realização
acarreta no rompimento da homoge-
de uma vistoria minuciosa, foi consta-
neidade da argamassa, permitindo a
tada a necessidade de intervenções
entrada de águas pluviais, lixiviando
de grande monta para prolongamento
a argamassa e oxidando as armadu-
da vida útil das estruturas. Foram ve-
ras existentes;
rificadas as seguintes manifestações
4) exposição de armaduras ao longo
patológicas:
do dorso e calhas, com sua conse-
1) infiltração e empoçamento de águas
quente deterioração da argamassa,
pluviais, principalmente nas regiões
criando um ciclo repetitivo de corro-
das calhas, com percolação de água
são e degradação;
e formação de estalactites. A conti-
5) desagregação da argamassa nos in-
nuação dessa degradação poderia
terstícios entre as peças cerâmicas,
levar a estrutura ao colapso, já que
pela infiltração excessiva de umidade;
u Figuras 6 e 7 Degradação da viga-calha e sua percolação na parte inferior
Fonte: DIESTE -1987.
58 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
Fonte: Autores (2017).
tológicas existentes à época, foram empregadas as técnicas clássicas de reforço e recuperação. Os serviços visaram restabelecer a integralidade da argamassa e armaduras, além de evitar futuras infiltrações. Inicialmente foram identificadas e marcadas as fissuras com abertura superior a 0,5 mm, sendo essas
u Figuras 8 e 9 Exposição de armaduras no dorso da abóboda
preenchidas com resina epóxica de baixa viscosidade, após a instalação
Fonte: Autores (2017).
de purgadores nos domos, de modo a proceder a injeção de modo manual e gradativo. Foi dimensionada a colocação de uma armadura diagonal, em CA 50, de φ 6,3mm, a cada 7,5 cm de modo a resistir às tensões de tração existentes nos cantos fissurados das cascas e limitar a abertura de novas trincas, a valores condizentes com a ABNT NB1-78, vigente à época da
u Figuras 10 e 11 Máquina de projeção de concreto e bico de saída
execução do reforço. Para o restabelecimento da argamas-
Fonte: Engelok Equipamentos.
sa, duas sugestões foram consideradas: 6) existência de tijolos partidos e par-
As manifestações patológicas apre-
1) aplicação de traço em concreto
cialmente expelidos de suas cavida-
sentam-se ao longo de diversos pontos
projetado com consumo mínimo
des, pela ação do gradiente térmico
do extradorso das cascas, conforme
de 400 kg de cimento por m3.
existente entre as área do dorso e
apresentado nas Figura 8 e 9.
2) utilização de argamassa em traço de 1:3, com emprego de sílica ati-
intradorso nas abóbodas.
u Figura 12 Malha no aguardo da aplicação do concreto Fonte: Autores (2017).
3. REFORÇO DAS CASCAS COM CONCRETO PROJETADO
va e um superplastificante, para o
Identificadas as manifestações pa-
água possível.
emprego do menor consumo de
u Figuras 13 e 14 Substituição dos domos originais por policarbonato translúcido Fonte: Autores (2017).
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 59
A opção foi pela primeira alternati-
área pelo município. Nas áreas inter-
e distribuição dos serviços. Algu-
va, tendo em vista a maior desenvol-
nas, um novo “layout” foi elaborado,
mas adequações funcionais foram
tura de aplicação, limitada a 2,0 cm
visando à melhor ocupação da área
executadas visando à preservação do
de acréscimo nas superfícies após a realização dos reparos necessários. Cuidado similar foi dispensado à abertura de sulcos para substituição ou implementação de armaduras. O disco cortante não poderia exceder a 1,5 cm de profundidade, para garantir a integridade das armaduras originais. As armaduras danificadas pela corrosão foram substituídas. Houve o acréscimo de uma malha soldada ao longo de toda casca, com traspasse mínimo de 20 cm nas seções. Antes da aplicação do concreto, as superfícies foram limpas com jato de alta intensidade de água e areia,
u Figura 15 Área livre otimizada para melhor aproveitamento dos vãos Fonte: Autores (2017).
para remoção de impurezas e auxiliar na aderência do novo material. Especial atenção foi aplicada à região das calhas, pelo fato já descrito da proteção da armadura de protensão existente na região. A aplicação de concreto projetado ocorreu por equipamento de câmera dupla, por via seca com impulsão pneumática via compressor diesel de 365 pcm, e hidratação dos grãos no bico do mangote.
u Figuras 16 e 17 Deterioração da armadura proveniente do acúmulo de umidade
As figuras 10 e 11 ilustram um mo-
Fonte: Autores (2017).
delo de máquina pneumática para projeção de concreto por via seca, com seu bico aplicador de saída do material. Ao término, uma camada de impermeabilizante de base acrílica foi aplicado em toda estrutura no intuito de aumentar a durabilidade do reforço executado.
4.. ESTÁGIO ATUAL Com a privatização da Companhia uma nova etapa de conservação se inicia, fato este reforçado
u Figuras 18 e 19 Acúmulo de umidade junto à região da calha
pela avaliação do tombamento da 60 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
Fonte: Autores (2017).
patrimônio, como a substituição das
gráficas, obtidas pelo equipamento
A presença da umidade próxima as
claraboias em fibra de vidro por outras
FLIP SC 640, por ocasião da visita às
descidas pluviais e notada pela pelo
similares em policarbonato translúcido.
oficinas. A absorção d’água em al-
tom azulado mais intenso. A setoriza-
Mesmo com plano de manuten-
guns pontos das calhas e nas desci-
ção da região próxima as entradas de
ção constante, o acúmulo de água
das pluviais é facilmente observada
iluminação zenital das abóbodas apre-
nas calhas continua a causar proble-
nas imagens das figuras 18 a 31.
sentam os gradientes termicos mos-
mas localizados.O excesso de umida-
Cada
imagem
termográfica
é
trados nas figuras 25 a 27.
de acumulada deteriora a alvenaria na
acompanhada de sua fotografia do
No balanço externo da abóboda
parte interna do intradorso, fragilizando
mesmo local para facilitar a visuali-
não foi detectada presença de umida-
o ponto, que muitas vezes se desa-
zação. As temperaturas nos cantos
de, o que indica que a impermeabili-
grega do conjunto. As Figuras 16 e 17
superiores determinam as máximas e
zação da casca encontra-se em pleno
mostram esse fenômeno, com a expo-
mínimas do ambiente.
desempenho de sua função. O extre-
sição da armadura da calha e console.
Em uma área mais setorizada da
mo do balanço apresenta uma maior
Esse fenômeno pode ser verifi-
região, tem-se os gradientes térmicos
absorção de calor pela incidência direta
mostrados nas figuras 20 a 24.
do vento e ação direta do sol, obser-
cado pela série de imagens termo-
vando-se uma variação de mais de 10o C, se comparado com as figuras 19 e 24 na região interna das abóbodas.
u Figura 22 Escala térmica do ambiente, com variação de suas temperaturas Fonte: Autores (2017).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeira grande intervenção desde sua construção, foi constatada a existência de anomalias oriundas de uma ausência de
acompanhamen-
to e inspeção frequente das cascas. Verificou-se o inicio da existência de problemas estruturais, oriundos de ação das intempéries e ausência de manutenção constante. Essas manifestações patológicas foram corrigidas através da intervenção nas áreas internas e externas das abóbodas. As soluções adotadas mostraram-se de fácil execução e efetivas, o que possibilitou à Companhia dar início à execução dos serviços de reforço necessários para garantia da integridade estrutural do conjunto,
servindo de
modelo para ser empregado em estruturas similares. A atual gestora da área introduziu
u Figuras 20 e 21 Gradiente de temperatura em pontos notáveis da abóboda Fonte: Autores (2017).
u Figuras 23 e 24 Presença de umidade na região da descida pluvial Fonte: Autores (2017).
um programa de manutenção periódica e rotineira eficaz, de modo a manter as características originais das cascas e preservar suas condições de estabilidade. CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 61
33.3
53.2
38.9 35.6
56.1
42.6
u Figura 27 Escala térmica do ambiente, com variação de 33,3 ºC a 59,6 ºC Fonte: Autores (2017).
u Figuras 25 e 26 Temperatura em pontos próximos as aberturas zenitais Fonte: Autores (2017).
u Figuras 30 e 31 Gradiente térmico no balanço Fonte: Autores (2017).
u Figuras 28 e 29 Cobertura em balanço, sem presença detecção de umidade Fonte: Autores (2017).
4.5
22.4 15.8
47.3 32.2
51.2
u Figura 32 Balanço exposto a incidência solar direta Fonte: Autores (2017).
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] ASSOCIAÇÃO BRASILIERA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NB-1 Cálculo e execução de obras de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 1978. [02] DIESTE, ELADIO – La Estructura Ceramica. Colección Somosur, 1987.
62 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
59.6
u mantenedor encontros e notícias | CURSOS
Seminário sobre normalização, eficiência e desempenho das estruturas e painéis pré-moldados de concreto
P
ara apresentar as normas
qual foi formada no âmbito da ABNT
tipo de sistema em todas as edifica-
brasileiras
NBR
comissões de estudos para nor-
ções, não apenas as habitacionais”,
ABNT
9062 – Projeto e execução
mas de produtos específicos. Como
avaliou Doniak, destacando que “a
de estruturas de concreto pré-mol-
consequência dessa ação, foram
padronização é a base para o desen-
dado e ABNT NBR 16475 – Painéis
publicadas as normas ABNT NBR
volvimento sustentável do setor da
de parede de concreto pré-molda-
14861:2011 – Lajes alveolares pré-
construção civil”.
do – Requisitos e procedimentos,
-moldadas de concreto protendido
recém-publicadas pela Associação
– Requisitos e procedimentos, ABNT
ções e atualizações da ABNT NBR
Brasileira de Normas Técnicas, e
NBR 16258 – Estacas pré-fabricadas
9062:2017 ficou a cargo do enge-
debater seus impactos no mercado,
de concreto – Requisitos e, agora,
nheiro Carlos Melo, coordenador da
a Associação Brasileira da Constru-
a ABNT NBR 16475. “A solicitação
Comissão de Estudos da ABNT NBR
ção Industrializada de Concreto (Ab-
para a norma de painéis é resultado
9062, e do engenheiro Marcelo Cua-
cic) promoveu o “Seminário ABCIC
do crescimento da aplicação desse
drado Marin, diretor técnico da Abcic
A
apresentação
das
altera-
– Normalização, eficiência e desempenho das estruturas e painéis pré-moldados: o impacto e a entrada em vigência das novas normas
aplicáveis”
no último dia 25 de abril,
no
Instituto
de Engenharia de São Paulo. Em sua palestra, a presidente-executiva da ABCIC, Engª Íria Doniak, enfatizou que a normalização é uma das prioridades da entidade, razão pela
Público presente no Seminário ABCIC
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 63
Mesa de debates no encerramento do Seminário
e Secretário da Comissão de Estudos
cargas com guindaste móvel, visando
cussões para a produção do texto-
da ABNT NBR 9062. Com conteúdo
à otimização dos recursos aplicados
-base da norma, a comissão de es-
abrangente, englobando aspectos
na operação (equipamentos, acessó-
tudos se baseou em experiências
de projeto, produção e montagem,
rios e outros) para se evitar acidentes
nacionais e internacionais de uso
a norma tem hoje 86 páginas, mais
e perdas de tempo.
de painéis pré-moldados e procurou
do que o dobro da versão de 2006,
A análise da estabilidade de es-
tomar o cuidado para que a norma
quando foi publicada com 42 pági-
truturas pré-moldadas, com foco nas
não engessasse o sistema, lançan-
nas. Segundo os palestrantes, um
ligações semirrígidas, foi o tema da
do mão de requisitos que favoreces-
dos pontos centrais da revisão foi
palestra do professor do Núcleo de
sem novos desenvolvimentos. Ainda
a definição do conceito de rigidez
Estudos e Tecnologia em Pré-Mol-
segundo ele, em relação à Norma de
secante das ligações para a perfei-
dados de Concreto da Universida-
Desempenho (ABNT NBR 15575), a
ta estabilidade global da estrutura.
de Federal de São Carlos (NETPRE/
norma de painéis assegura o de-
“A definição do fator de restrição da
UFSCar), Marcelo de Araújo Ferreira.
sempenho estrutural, mas remete
ligação viga-pilar, de onde são deri-
Os conceitos e perspectivas de
diretamente àquela quando se trata
vados os coeficientes de mola e de
desenvolvimento
rotação da viga em relação ao pilar,
16475:2017
permite um melhoramento da mode-
pelo engenheiro Augusto Pedrei-
Sua apresentação foi complemen-
lagem espacial do edifício como um
ra de Freitas, coordenador da Co-
tada pelas palestras dos engenheiros
todo”, apontou Melo.
da
foram
ABNT
NBR
apresentados
de desempenho à estanqueidade, conforto térmico e acústico.
missão de Estudos da ABNT NBR
Luciana Alves de Oliveira, do Instituto
Outro ponto importante da norma
16475. Ele contou que o principal
de Pesquisas Tecnológicas de São
revisada foi a significativa ampliação
objetivo na busca por uma norma
Paulo (IPT), e Marcelo Luis Mitidieri,
do capítulo de montagem e a defini-
específica foi o de difundir o uso
do Instituto Falcão Bauer, que falaram
ção do plano de Rigging, que segun-
do sistema construtivo de painéis.
sobre o desempenho de sistemas ha-
do Marin, “irá contribuir para o desen-
“Um sistema que não tem normali-
bitacionais produzidos com painéis
volvimento do setor ao agregar mais
zação, não tem garantia, afetando
pré-fabricados de concreto.
segurança nas operações em campo
sua confiabilidade, o que acarreta
O Seminário foi encerrado com
com elementos pré-moldados”. O
insegurança a alguns construtores
um painel de debates, mediado por
plano de Rigging é o planejamento
e agentes financiadores de obras”,
Íria Doniak, que contou com a partici-
formalizado de uma movimentação de
explicou. Segundo Freitas, nas dis-
pação dos palestrantes, da arquiteta
64 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
das da ABNT NBR 9062, comentando seus itens mais importantes. “O lançamento desse novo Comitê
Técnico,
bem como a elaboração de práticas recomendadas por seus membros, objetiva que mercado tenha instrumentos de
trabalho
desenvolver
para suas
obras com bastante eficiência e cuidado, e que possamos avançar na Presidente do IBRACON, Julio Timerman, ladeado à esquerda por Íria Doniak e Jefferson Dias de Souza (presidente da ABECE) e à direita por Suely Bueno (diretora de Normalização da ABECE)
área de normas técnicas com maior celeridade”, afirmou.
Maria Salette de Carvalho Weber, co-
retora técnica, Enga. Inês Battagin, e
“Esta primeira ação do CT 304
ordenadora geral do Programa Bra-
seu diretor de publicações técnicas,
será conjunta das entidades ABCIC,
sileiro da Qualidade e Produtividade
Eng. Eduardo Barros Millen.
ABECE e IBRACON”, complementou
do Habitat (PBQP-h), no âmbito do
Íria, para enfatizar que “além desta
COMITÊ TÉCNICO IBRACON/ABCIC
ação, a ABCIC possui outros traba-
rintendentes do ABNT/CB-02 e do ABNT/CB-18, Salvador de Sá Bene-
Na abertura do Seminário AB-
mente no âmbito deste comitê, como,
vides e Inês Laranjeiras da Silva Bat-
CIC foi anunciada a criação do Co-
por exemplo, os manuais de proce-
tagin, respectivamente.
mitê Técnico 304 IBRACON/ABCIC
dimentos dos laboratórios instalados
Em sua intervenção, Maria Salette
de Pré-Moldados de Concreto. O
nas indústrias, entre outras”.O Presi-
destacou que as novas normas dão
objetivo do CT 304 é contribuir
dente do IBRACON, Júlio Timerman ,
celeridade ao processo de avaliação
para o desenvolvimento técnico e
que comentou que tem sido nítido o
dos sistemas construtivos pelo SI-
tecnológico do pré-fabricado de
esforço da Abcic em promover a inte-
NAT (Sistema Nacional de Avaliações
concreto e para a difusão do co-
gração das entidades representativas
Técnicas), uma vez que oferecem se-
nhecimento acerca de seus benefí-
das estruturas de concreto, parabe-
gurança ao agente financeiro de que
cios e aplicações.
nizando a entidade “por nos tempos
Ministério das Cidades, e dos supe-
tudo está testado e analisado.
lhos a serem desenvolvidos posterior-
Na ocasião, Inês Laranjeira da
atuais estar com o evento lotado e
O Seminário da Abcic contou
Silva Battagin, diretora técnica do
com a participação de 200 pessoas,
IBRACON e superintendentes do Co-
entre lideranças setoriais, empresá-
mitê Brasileiro de Cimento, Concreto
CT 304 será realizada no 59º Con-
rios, engenheiros, arquitetos, técni-
e Agregados da Associação Brasilei-
gresso Brasileiro do Concreto, even-
cos, professores e pesquisadores.
ra de Normas Técnicas (ABNT/CB-
to técnico-científico promovido pelo
Dele participaram o presidente do
18), informou que o primeiro trabalho
IBRACON, que vai acontecer de 31
IBRACON, Eng. Julio Timerman, que
a ser desenvolvido pelo CT 304 será
de outubro a 3 de novembro, em
compôs a mesa de abertura, sua di-
a elaboração de práticas recomenda-
Bento Gonçalves.
uma seleta plateia”. A
reunião
de
instalação
do
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 65
u entendendo encontros e notícias o concreto | CURSOS
Muito além do controle tecnológico convencional do concreto ARNALDO FORTI BATTAGIN • ANA LÍVIA ZEITUNE DE P. SILVEIRA Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
A
o se estudar a microestru-
São várias as técnicas aplicadas
propriedades do concreto no esta-
tura do concreto endureci-
no Laboratório de Microestrutura da
do fresco, como o abatimento do
do a partir de um testemu-
ABCP para estudo da microestrutura
concreto, por exemplo. A resposta
nho extraído de uma estrutura ou peça
do concreto, destacando as análi-
é sim e não, pois embora não seja
estrutural, muitas informações podem
ses petrográficas por microscopias
possível fornecer o valor quantitativo
ser conhecidas, como, por exemplo, a
ótica e estereoscópica, a microsco-
do abatimento, indiretamente pode
presença de fissuras e microfissuras, a
pia eletrônica de varredura, sempre
se chegar a características que dele
identificação de compostos correntes
em conjunto com outras técnicas,
decorrem. Constitui exemplo clássi-
de hidratação da pasta de cimento,
como a difratometria de raios X, aná-
co o fato da pasta de cimento ficar
neocompostos formados originados
lises químicas por espectrometria
mais clara com relação a/c mais alta,
de reações deletérias, cujos principais
de raios X, análises termodiferencial
em oposição a uma pasta mais escu-
são os ligados à reação álcali-agre-
e termogravimétrica, etc. Todas es-
ra, típica de relação a/c mais baixa.
gado, ao ataque por sulfatos, dentre
sas técnicas analíticas se comple-
A própria morfologia dos agregados
outros. Portanto, pode-se fazer diag-
mentam e fornecem subsídios para
também constitui indicação, pois
nósticos quanto à qualidade ou com-
que um profissional experiente pos-
agregados mais arredondados re-
portamento do concreto de determi-
sa fazer a correta interpretação das
querem menor quantidade de água
nada estrutura e sua interação com o
implicações ligadas à microestrutura
do que agregados alongados e la-
ambiente, e avaliar se a relação a/c foi
do concreto. Muito se questiona se
melares. Ao contrário, a segregação
elevada, a compacidade do concreto,
um estudo da microestrutura pode-
pode indicar uma consistência mais
a presença de vazios, etc.
ria fornecer informações ligadas às
fluida, assim como certa orientação dos agregados no concreto endurecido pode indicar exsudação, com superfície
enriquecida
em
pasta
de cimento. Neste artigo dá-se ênfase à microscopia eletrônica de varredura (MEV) com uso do EDS, da sigla em inglês para Energy Dispersive Spectroscopy (Espectroscopia por dispersão em energia). Em linhas gerais, a análise por MEV
u Figura 1 Esquema simplificado de microscópio eletrônico de varredura
66 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
conduz ao reconhecimento das feições microestruturais e especialmente a distribuição e morfologia das fases, ao
passo que o EDS permite identificar a composição química, apontando ele-
C
mentos químicos na área na qual se encontra o composto mineralógico,
C
tornando possível seu diagnóstico.
C
ENTENDENDO A TÉCNICA DA MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA O microscópio eletrônico de varredura utiliza um feixe de elétrons, diferentemente dos fótons, isto é, radiação de luz, utilizados no microscópio óptico convencional, o que permite solucionar o problema de resolução ligado à profundidade de
FOTO 1 Aspecto ao microscópio eletrônico dos cristais de carbonato de cálcio (C), oriundos da carbonatação do concreto – aumento de 10.000x – Elétrons Secundários. Os cristais de carbonato de cálcio são romboédricos, muito bem formados e disseminados pelo concreto.
FOTO 2 Aspecto ao microscópio eletrônico da baixa coesão da argamassa (C) – aumento de 1.000x – Elétrons Secundários. Esse aspecto da microestrutura do concreto resultando em argamassa menos coesa indica traço pobre em cimento (pouca pasta).
campo nas altas ampliações. A imagem, por sua vez, não é colorida por
Pelas análises no MEV podem ser
que o microscópio ótico) e imagens
ser uma imagem eletrônica, ao con-
obtidas as seguintes informações:
trário do microscópico óptico que
u Topografia: superfície da amostra
Os principais detectores para
permite observar imagens de distin-
e sua textura, isto é, os aspectos
análise no MEV são: os de elétrons
tas colorações e tonalidades.
ligados às propriedades do mate-
secundários (SE), os de elétrons re-
rial (dureza, refletância, etc);
troespalhados (BSE) e os de Raios X.
O MEV convencional apresen-
tridimensionais.
óptico-eletrônica
u Morfologia: a forma e o tamanho
adaptada a uma câmara com porta-
das fases que formam a amostra,
-amostra aterrado, sistema eletrôni-
isto é, a estrutura e as proprieda-
co, detectores e sistema de vácuo
des do material (ductibilidade, re-
ta
uma
coluna
e
formações topológicas da superfície
que envolvem o MEV são:
compostos da amostra e as quan-
da amostra. Nesse tipo de análise
u Uma corrente de elétrons é formada
tidades relativas deles, relaciona-
a amostra ideal é de superfície de
por uma fonte de elétrons e acele-
das diretamente com a composi-
fratura, principalmente para a identi-
rada em direção à amostra, usando
ção e propriedades dos materiais
ficação da morfologia dos produtos
um potencial elétrico positivo;
(ponto de fusão, reatividade, dure-
investigados (Fotos 1 e 2).
Os princípios e passos básicos
u Essa corrente é confinada e focali-
u Composição:
os
São os responsáveis pela formação da imagem tridimensional e in-
sistência, reatividade);
(Figura 1).
Elétrons secundários (SE)
elementos
za, etc); e
Elétrons retroespalhados (BSE)
zada, usando aberturas de metal e
u Informação cristalográfica: a ma-
lentes magnéticas, a um feixe mo-
neira como os átomos estão or-
nocromático fino e condensado;
denados na amostra – existe uma
A análise é feita principalmente
u Esse feixe é focalizado em cima da
relação direta entre essa ordenação
em superfícies polidas, para assim
amostra usando uma lente mag-
e as propriedades do material (con-
facilitar as identificações de fases
nética;
ductibilidade, propriedades elétri-
da amostra. Essa forma de análise
cas, resistência, etc).
permite investigar as diferentes fases
amostra irradiada, afetando o fei-
A técnica de MEV permite traba-
presentes nas amostras, através de
xe de elétrons – essas interações
lhar com amostras espessas, de alta
seus tons de cinza, conforme o nú-
e efeitos são detectados e trans-
resolução (30Å), grande profundi-
mero atômico médio dessas fases.
formados em uma imagem.
dade de foco (300 vezes melhor do
Quanto maior for o número atômico
u Interações
ocorrem
dentro
da
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 67
médio, mais branco aparece o pro-
de espectrometria e difratometria
consiste de um sistema de evapora-
duto na imagem.
de raios X e em MEV. No MEV, os
ção que remove o ouro de um ele-
raios X são detectados por sistemas
trodo maciço por bombardeamento
acoplados de EDS e/ou WDS, que
com íons pesados de argônio e o
são acessórios do MEV, que além
deposita sobre todas as reentrân-
Os Raios X são utilizados para
da imagem, permitem diagnosticar o
cias e proeminências da superfície
identificar e quantificar elementos
elemento químico presente na partí-
da amostra. Embora seja possível
químicos presentes em determinada
cula investigada. Nas pesquisas re-
usar evaporação térmica em alto
amostra. São utilizados nas técnicas
alizadas na ABCP, utiliza-se o EDS,
Raios X (EDS)
que detecta Raios X através da medição da energia característica de cada elemento químico, permitindo
G
sua identificação nos produtos ob-
M
C
servados. Essa técnica é conhecida como microanálise. C
Atualmente alguns centros de pesquisas
brasileiros
já
utilizam
G
MEVs de última geração, com o chamado Field Emission Gun (FEG). Sua principal vantagem é a meFOTO 3 Aspecto ao microscópio eletrônico dos produtos cristalizados (C) a partir do gel maciço (M) no poro – aumento de 2.000x - Elétrons Retroespalhados. Trata-se de gel maciço, típico da reação álcali-agregado, a partir do qual se desenvolveram produtos cristalizados. Essa é uma indicação da reação dos álcalis solubilizados contidos nos poros com os agregados, sendo responsável pelas manifestações patológicas.
lhor resolução. A ABCP também utiliza quando
esses uma
microscópios melhor
FEGs
resolução
é necessária. Uma etapa importante diz respeito à preparação da amostra. Essa precisa ser montada de modo adequado no suporte do porta-amostra do MEV,
FOTO 5 Aspecto ao microscópio eletrônico do produto da RAA em forma maciça (G) na argamassa – Gel típico da RAA - aumento de 800x - Elétrons Secundários. O gel decorrente da RAA, que preferencialmente se deposita nos poros e vazios, neste caso retratado, está disseminado por toda a argamassa, indicando uma situação generalizada de RAA, favorecida pela presença de umidade, agregado reativo e disponibilidade de álcalis.
ajustando-se a melhor orientação em relação ao feixe de elétrons e ao coletor. Para fixação da amostra no porta-
C C
-amostra vários tipos de cola podem ser usados, como, por exemplo, cola de prata coloidal, fitas adesivas, co-
C
las poliméricas, mas na ABCP se opta por utilizar cola à base de carbono. C
Feita a montagem o próximo passo é a metalização da amostra, com o objetivo de aumentar a condutivi-
FOTO 4 Detalhe ao microscópio eletrônico dos produtos cristalizados da RAA (C) – aumento de 3.000x – MEV - Elétrons Retroespalhados. Muitas vezes o gel expansivo da RAA se cristaliza, resultando em fases cristalizadas, como essas rosáceas que são vistas nessa foto, apresentando a mesma composição do gel.
dade elétrica da sua superfície pela deposição de fina camada de ouro ou carbono, pois o concreto apresenta baixa condutividade elétrica. O processo mais eficiente de deposição é a utilização de um equipamento chamado de metalizador, que
68 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
FOTO 6 Aspecto ao microscópio eletrônico do concreto, onde se observam microfissuras – aumento de 130x – MEV – Elétrons Retroespalhados. Essas microfissuras do concreto que foram parcialmente preenchidas por produtos de corrosão (C) das armaduras, constituídos por hidróxidos e óxidos hidratados de ferro.
vácuo, esse sistema de sputtering é
amostra está pronta para ser exami-
resulta numa desejável diminuição.
mais eficiente. Além de ouro, alguns
nada no MEV.
Por essa razão, novas tecnologias de
materiais podem necessitar de uma cobertura adicional com carbono, obtida no evaporador convencional de alto vácuo. Após a metalização, a
C
desenvolvimento do concreto ado-
ENTENDENDO A MICROESTRUTURA DO CONCRETO
tam o estudo de sua microestrutura como uma das suas ferramentas, pois esse permite uma caracteriza-
O concreto endurecido é um
ção detalhada de cada constituin-
material relativamente heterogêneo,
te, sua distribuição e sua inter-re-
formado pela pasta e os agregados
lação com os demais constituintes.
graúdos e miúdos, com presença de
Mecanismos responsáveis pela re-
vazios e poros.
sistência
mecânica,
estabilidade
Os agregados geralmente são constituídos por vários minerais ou
M
componentes mineralógicos, imprimindo sua característica polifásica.
P
Esses são geralmente inertes, mas
P
pode ocorrer que alguns tipos litolóFOTO 7 Aspecto ao microscópio eletrônico do concreto, em se observam pequenos cristais cúbicos (C) sobre material cristalizado (M) na argamassa. Esses produtos foram identificados como: cloreto de cálcio, de carbonato de cálcio e sulfato de cálcio – aumento de 10.000x – MEV – Elétrons Secundários. Caso de concreto no qual foi utilizado indevidamente como adição material particulado do processo de dessulfuração de gases FGD, contendo sulfitos e cloretos. A cristalização de cloretos de cálcio hidratado, carbonato de cálcio e sulfatos de cálcio levou a microfissuração do concreto e há potencial para corrosão das armaduras.
gicos sejam reativos com álcalis, gerando expansão pela formação de gel e causando fissuração do concreto (Fotos 3 a 5). Os agregados podem também conter componentes deletérios, como sulfetos, sulfatos e cloretos (Fotos 6 e 7), que podem ser identificados numa análise por MEV, com adoção da técnica BSE ou ainda por técnicas complementares, como microscopia ótica, por exemplo. A foto 8 exemplifica um caso de concreto no qual foi utilizado agregado miúdo contendo sulfatos e proveniente de
FOTO 9 Aspecto ao microscópio eletrônico dos produtos de hidratação do cimento (P) – aumento de 4000x – Elétrons Secundários. Foto que mostra o concreto apresentando os produtos correntes da hidratação da pasta de cimento, como a portlandita e C-S-H. A presença expressiva de portlandita é uma indicação de que o tipo de cimento utilizado apresenta ausência ou baixa frequência de escória e materiais pozolânicos.
região litorânea no Nordeste, onde a E
aplicação do MEV mostrou-se eficaz
P
no reconhecimento da etringita tardia. A pasta de cimento hidratada é o elemento que une um agregado ao
E
outro e apresenta uma diferenciação E
V
quando se aproxima da região do agregado graúdo, região denominada de zona de transição, um ponto
FOTO 8 Aspecto ao microscópio eletrônico da etringita compactada (E) na argamassa – aumento de 700x – MEV - Elétrons Retroespalhados. A feição é generalizada no concreto com formação de etringita tardia, mostrando ataque interno do concreto por sulfatos.
natural de vulnerabilidade e constituído por cristais orientados de portlandita. Essa zona de transição varia de 10 a 50 nm e o uso de adições, como materiais pozolânicos, escórias de alto forno, sílica ativa, etc.,
FOTO 10 Aspecto ao microscópio eletrônico dos produtos de hidratação do cimento – aumento de 4000x – Elétrons Secundários. Foto que mostra produto da hidratação bem cristalizado (tobermorita), em concreto celular autoclavado, com alta porosidade entre os cristais (V) e responsável pela baixa massa específica do material.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 69
dimensional e resistência química
que cristaliza em placas hexagonais,
de transporte das fases líquidas e ga-
podem ser identificados, permitindo
e calcita, o carbonato de cálcio, re-
sosas, com impacto direto na perme-
que se atue de maneira a melhorar o
sultante da carbonatação da por-
abilidade do concreto, migração de
desempenho dos concretos.
tlandita. Em concreto celular auto-
íons agressivos e, portanto, na dura-
Com relação à pasta verifica-se
clavado as condições ambientais de
bilidade. A porosidade de gel sempre
que é constituída pelos compostos
temperatura e pressão favorecem a
aumenta com o passar do tempo até
resultantes da hidratação do cimento
formação de C-SH, bem cristalizado,
determinado valor, ao passo que a po-
Portland com a água, gerando com-
correspondente à tobermorita (Fotos
rosidade capilar tende a diminuir.
postos hidratados, como os silicatos
9 a 11). Outros compostos típicos
hidratados C-S-H, geralmente fibro-
são os aluminatos e ferroaluminatos
sos, hidróxido de cálcio (portlandita),
cálcicos hidratados e etringita (trissulfoaluminato cálcico), na forma de
E
acículas, que depois migram para a forma mais estável (monossulfoaluminato cálcico), resultante da reação dos aluminatos com o regulador de
E
pega. Essas fases, por não terem proporção estequiométrica definida,
E
E
são conhecidas na química do cimento como AFt e AFm. Qualquer outra fase pode ser considerada anômala ao processo de hidratação do
FOTO 11 Aspecto ao microscópio eletrônico de cristais aciculares (E) em vazios no concreto – aumento de 4.000x – Elétrons Secundários. As acículas são constituídas de etringita, de origem primária, em oposição à etringita compactada (DEF), mostrada na foto 8.
cimento e pode indicar um potencial para o aparecimento de manifestações patológicas, como o composto etringita tardia, mostrado nas fotos 12 a 14, que indica um ataque interno por sulfatos.
FOTO 13 Aspecto ao microscópio eletrônico da etringita compactada (E), preenchendo fratura na argamassa – aumento de 1.000x – Elétrons Secundários. A microfissura com abertura aproximada de 40 µm foi totalmente preenchida por etringita compactada (DEF). A microfissura foi um local preferencial de deposição e pode aumentar com a progressão do tempo por continuidade da cristalização e expansão da etringita.
A porosidade é outra feição importante da microestrutura do concreto. Ela é constituída pelos poros capila-
ARG
E
E
res, resultantes da migração da água de amassamento, e pelos poros dos produtos de hidratação, dos quais o
E
C-S-H é o predominante, esses últiAG
mos chamados poros de gel. Além disso, existem os vazios ligados ao adensamento do concreto, os chamados macroporos, de forma
FOTO 12 Aspecto ao microscópio eletrônico do concreto, em que se observa o contato agregado graúdo com a argamassa – aumento de 2.000x – MEV – Elétrons Secundários. Observa-se a presença de etringita tardia (E) no contato do agregado graúdo (AG) com argamassa (ARG).
irregular, e eventualmente poros não interligados, de formato esférico, resultantes da incorporação de ar, intencional ou não (Foto 15). Os poros capilares são interligados, se situam entre as fases hidratadas e são responsáveis pelos mecanismos
70 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
FOTO 14 Aspecto ao microscópio eletrônico da etringita compactada (E) – aumento de 300x - Elétrons Secundários. O poro está preenchido por etringita compactada, feição indicativa de que se trata provavelmente de DEF (delayed ettrigite formation), que se diferencia da etringita primária ou secundária pela ausência de acículas típicas.
FEIÇÕES MICROESTRUTURAIS DO CONCRETO E SUA INTERPRETAÇÃO
analista deve ser experiente e com-
apontando as causas de manifesta-
petente o suficiente para proceder
ções patológicas, bem como a iden-
a uma amostragem representativa
tificação de características ligadas à
Embora a interpretação das fei-
para detectar determinadas feições
durabilidade do concreto.
ções microestruturais tenha sido in-
que são decorrentes das caracte-
Finalmente, o estudo da microes-
troduzida já no item anterior, é ne-
rísticas do concreto e associá-las a
trutura vem sendo aplicado de manei-
cessário enfatizar que a técnica da
condições de preparação do concre-
ra crescente no desenvolvimento de
microscopia eletrônica de varredura
to, a manifestações patológicas, a
inovações tecnológicas no campo do
é uma extensão dos olhos do ob-
propriedades especiais, etc.
concreto, de maneira abrangente, das
servador, que lhe permite observar
Numa fase anterior à análise por MEV
quais são exemplos o concreto trans-
detalhes por meio de ampliação de
propriamente dita, é importante que, no
lúcido, o concreto com nanotubos de
até 300.000 vezes, impossíveis de
momento da separação dos fragmentos
carbono, o concreto autolimpante, o
serem vistos a olho nu. Por isso, o
que serão submetidos ao microscópio
concreto autocicatrizante, o concreto
eletrônico de varredura, a estereosco-
têxtil, entre outros.
pia e a análise óptica (Fotos 16 a 18) possam subsidiar a adoção de bons critérios de seleção desses fragmentos,
P
P
F
além do conhecimento preliminar de eventual problema ou característica do concreto em condições de campo, pois,
F
as análises no MEV são pontuais. As-
P
sim, uma manifestação patológica por ataque químico ou problemas ligados à má execução ou ao traço do concreto,
FOTO 15 Aspecto ao microscópio eletrônico da grande porosidade do concreto (P) – aumento de 100x – Elétrons Secundários. Presença expressiva de vazios decorrentes de problemas de adensamento, por vibração insuficiente, por exemplo, e que pode resultar em resistência do concreto abaixo da projetada.
por exemplo, podem ser diagnosticados com maior precisão. Por outro lado, são vários os casos estudados na ABCP nos quais os problemas de fissuração tinham sido atribuídos a outras causas, como, por exemplo, recalque de funda-
FOTO 17 Aspecto geral do concreto. Observa-se agregado graúdo fissurado (F) pela RAA. Lupa estereoscópica, aumento 14x. Caso de concreto onde a estereoscopia mostra melhor resolução para evidenciar bordas de reação e fissuração do agregado graúdo, ocasionado pela expansão do gel da RAA
ções, mas cujos diagnósticos em laboratório mostraram ser devidos à reação álcali-agregado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E
O estudo da microestrutura do concreto, em particular o uso da microscopia eletrônica de varredu-
G
ra, constitui importante ferramenta para entender o comportamento do FOTO 16 Aspecto geral do concreto. Observase vazio preenchido por etringita (E). Lupa estereoscópica, aumento 16x. As acículas de etringita estão bem cristalizadas e desenvolvidas, permitindo quase a sua visualização a olho nu.
concreto frente ao seu processo de preparação, composição e interação com as condições ambientais de exposição da estrutura. Permite prevenir ou diagnosticar ou, ainda, confirmar diagnósticos de campo,
FOTO 18 Aspecto geral do concreto. Observase o gel (G) da RAA envolvendo o agregado graúdo fissurado. Lupa estereoscópica, aumento 16x. Outro caso de concreto onde a estereoscopia mostra melhor resolução que o MEV para um aspecto mais geral do gel da RAA sobre o agregado e disseminado na argamassa.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 71
u especial: encontrosensino e notícias e aprendizado | CURSOS na engenharia civil
Ensino de Engenharia Civil no Canadá: da formação à atuação profissional GUILHERME PARSEKIAN
ALEXANDRE DE BARROS
UFSCar
Universidade de Calgary
E
ste artigo procura relatar um
A universidade não é gratuita - os
pouco da experiência em ensino
alunos devem pagar uma anuidade em
2. FORMA DE INGRESSO NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
de engenharia civil no Canadá,
torno de 7.000 dólares canadenses.
O ingresso é realizado inicialmen-
em especial na Universidade de Calgary, a
Quanto à gestão, existe um Con-
te no primeiro ano de engenharia, que é
partir da vivência do primeiro autor como
selho Diretor da universidade, cujos
comum a todos os programas. Somente
professor visitante e do segundo autor
membros são nomeados pelo governo
após a conclusão do primeiro ano é que o
como professor da universidade canaden-
de Alberta. Esse conselho é formado
aluno opta por uma das áreas de estudo
se há mais de uma década. Contempla o
por pessoas de fora da universidade. O
(“major”), entre as quais a Engenharia Civil.
processo de entrada na universidade, que
presidente da universidade é escolhido
A principal forma de ingresso é atra-
pode ocorrer tanto a partir da graduação
por esse conselho, podendo ou não
vés de processo seletivo de alunos pro-
no ensino médio quanto a partir da gra-
ser um professor da universidade. Esse
venientes do ensino médio. São levados
duação em ensino tecnológico, com apro-
presidente escolhe o reitor, que esco-
em conta as notas dos alunos obtidas
veitamento de parte dos créditos. Discute
lhe os diretores das faculdades, que
nas disciplinas de Inglês, Química, Física,
inserção do aluno na graduação, mos-
escolhem os chefes de departamento.
Matemática Pura e Cálculo. O valor mé-
trando suas possibilidades de estudo em
Em cada um desses níveis, o processo
dio da nota de corte para aprovação varia
diferentes áreas, subáreas e disciplinas.
de escolha leva em conta a experiên-
de acordo com a demanda. Na Univer-
Apresenta o processo de credenciamento
cia dos docentes, sendo que o profes-
sidade de Calgary, a média recente está
na associação de classe, primeiramente
sor interessado deve se candidatar ao
em torno de 89% de aproveitamento em
como engenheiro em treinamento para,
cargo, usualmente após vários anos
relação à nota máxima das disciplinas.
em seguida obter o título de engenheiro
de experiência.
profissional, mediante o cumprimento de diversos requisitos de educação continuada e de renovação de atribuições.
A universidade tem autonomia total, tanto acadêmica quanto financeira. Os cursos de Engenharia passam, a
Existem, porém, outras duas formas de admissão: para alunos internacionais e para transferência de outra instituição de terceiro grau, incluindo cursos tecnológicos.
cada cinco anos, por um processo de
A presença de estudantes estran-
1. ORGANIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE
acreditação realizado por um conselho
geiros é incentivada, sendo meta da
externo. Os membros desse conselho
universidade ter até 10% desses alunos
A Universidade de Calgary é pública,
são docentes de outras universidades e
nos cursos na Escola de Engenharia.
não visa lucro ou possui um dono. É man-
profissionais das associações de enge-
A admissão é feita através de análise de
tida parcialmente com recursos do Gover-
nharia, que verificam o curso, currículo,
currículo e histórico escolar.
no da Província de Alberta e conta com
ementas, etc. Essa não é uma obriga-
Existem também acordos de inter-
muitas doações do setor privado, além de
ção legal, mas usual e necessária para
câmbio com universidades de outros
possuir várias parcerias em projetos de
que potenciais alunos tenham interesse
países, permitindo tanto que alunos de
pesquisa com recursos de empresas.
nos cursos oferecidos.
outros países realizem um período letivo
72 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
na universidade como que alunos de Calgary o façam em outras universidades. No que diz respeito à transferência
u Tabela 1 – Disciplinas do 1º ano de Engenharia MATH 275 - Calculus for Engineers and Scientists (formerly AMAT 217)
MATH 277 - Multivariable Calculus for Engineers (formerly AMAT 219)
ENGG 200 - Design and Communication
ENGG 225 - Fundamentals of Electrical Circuits and Machines
mado no curso de Tecnologia em Enge-
MATH 211 - Linear Methods I
ENGG 202 - Engineering Statics
nharia Civil, ministrado em dois anos no
ENGG 233 - Computing for Engineers
PHYS 259 - Electricity and Magnetism
CHEM 209 - General Chemistry for Engineers
ENGG 201 - Behaviour of Liquids, Gases and Solids
de outra instituição, é possível, por exemplo, ingressar no curso de engenharia da Universidade de Calgary após ter se for-
“Southern Alberta Institute of Technology”, que fica na mesma cidade, aproveitando
Complementary Studies course (optional)
uma parte dos créditos. O critério para admissão no curso de engenharia é a média
Fonte: University of Calgary (2017)
das notas obtidas no curso de tecnologia.
3. CURRÍCULO E OPÇÕES DO CURSO
tos, e Gestão e Sociedade. Pode ainda
trutural, sistemas estruturais e conceitos
A Escola de Engenharia da Uni-
escolher especializações interdiscipli-
de projeto de estruturas, e também prin-
versidade de Calgary tem o nome
nares, como Especialização em Enge-
cípios básicos de projeto de elementos
“Schulich School of Engineering” desde
nharia Biomédica ou Especialização em
em aço, concreto e alvenaria armados
2005, em homenagem ao filantropo Sey-
Energia e Ambiente.
e não armados, e madeira. Em todas as
As disciplinas têm caráter teórico,
ofertas são realizados ensaios de elemen-
porém procuram mostrar aplicações prá-
tos em aço, concreto, alvenaria e madei-
Todos os alunos do 1º ano de en-
ticas e permitir aos alunos uma experiên-
ra, como forma de mostrar na prática
genharia têm um currículo comum con-
cia aplicada e integrada. Por exemplo, na
aos alunos os conceitos teóricos. Como
templando disciplinas de cálculo, es-
disciplina de Engenharia de Estruturas I
exemplo, no caso de concreto armado,
tática, computação, circuitos elétricos
são contemplados tópicos de análise es-
são ensaiadas vigas biapoiadas em duas
mour Schulich, que doou 25 milhões de dólares canadenses à instituição.
e máquinas, química e mecânica dos fluidos, conforme Tabela 1. Após o primeiro ano o aluno escolhe uma grande área de estudo (“major”) dentro da engenharia, entre elas Engenharia Civil. O critério para seleção é a maior média obtida nas disciplinas. Dentro do curso de engenharia civil, os alunos estudam disciplinas gerais sobre propriedades dos materiais, gestão de projeto e engenharia ambiental. O curso é completado usualmente em quatro anos e o aluno deve fazer um projeto aplicado no último ano. Também é incentivado a estudar um ou dois semestres fora, em uma das instituições parceiras na Europa, Hong Kong ou Austrália. O aluno pode escolher ainda uma área de especialização (“minor”) entre as áreas de Transporte, Estruturas, Empreendedorismo e Empreendimen-
u Figura 1 Ensaio de viga de concreto armado para disciplina de graduação
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 73
busca por alternativas quando é verificado um índice grande de reprovação em determinada disciplina. Os professores são avaliados e ranqueados pela Associação dos Estudantes da escola. O lema do Departamento de Engenharia Civil é atingir excelência no Ensino e na Pesquisa, havendo grande dedicação para atingir ambos objetivos. O aluno se forma após cursar todas as matérias exigidas para conclusão do curso – em torno de 42 matérias no total. A grande maioria das matérias é prescrita
u Figura 2 Viga ensaiada na disciplina: sem estribo, ruptura por cisalhamento
pelo Departamento de Engenharia Civil, com um pequeno número de matérias opcionais no quarto ano. A nota mínima para aprovação em cada matéria é D,
configurações de armadura, com e sem
conhecimento prático aos alunos. As Fi-
mas a “Schulich School of Engineering”
estribo, de maneira a mostrar as formas
guras 1 a 3 mostram alguns dos ensaios
exige que a média anual de todas as ma-
de ruptura, deformações e comporta-
em laboratório da disciplina.
térias cursadas seja o equivalente a C.
mento desses elementos. A turma é di-
As outras disciplinas também têm
Essa média é calculada usando-se o sis-
vidida em grupos menores e os ensaios
esse caráter e contemplam atividades de
tema de grade point average, que con-
realizados repetitivamente para cada
laboratório ou campo. Reprovações de
verte a nota final para um número entre 0
grupo, não havendo economia de esfor-
alunos na graduação ocorrem, mas não
e 4 – como exemplos, F corresponde a 0,
ço na tentativa de fornecer experiência e
são frequentes, havendo uma grande
C corresponde a 2 e A corresponde a 4. Um fato interessante é que todo aluno que se forma em engenharia no Canadá recebe um anel de ferro ou aço. É uma tradição que ocorre há quase cem anos, sendo a explicação de sua origem alegada ao colapso de uma ponte em Quebec em 1907. Nesse acidente, vários operários morreram e a causa mais provável foi por conta de um erro do projeto de engenharia. Esse é, portanto, um símbolo que representa ao mesmo tempo o orgulho de ser engenheiro e um lembrete das responsabilidades e obrigações éticas da profissão, e da necessária humildade que se deve ter nas tomadas de decisão durante o exercício profissional.
u Figura 3 Viga ensaiada na disciplina: com estribo, ruptura por flexão
74 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
4. CREDENCIAMENTO NA ASSOCIAÇÃO DE CLASSE E ATUAÇÃO APÓS FORMATURA Logo após a formatura, o engenheiro
pode registrar-se como membro de
candidato acertar pelo menos 65 ques-
em entidades de classe, atividades
uma associação de classe e se intitular
tões. Não é um exame sobre conheci-
para a comunidade; apresentações
Engenheiro. Na província de Alberta, a
mentos específicos de engenharia e sim
em congressos, seminários e outros;
associação é a APEGA – “Association
de atuação e postura profissional.
contribuição ao conhecimento, como
of Professional Engineers and Geos-
Existem ainda categorias específicas
participação em comitês de norma,
cientists of Alberta”. Informações sobre
como de Licença Profissional, para aque-
publicação de artigos, livros e outros,
o processo estão disponíveis em “The
les que têm formação em determinado
obtenção de patente, graduação em
Association of Professional Engineers
escopo e não em engenharia completa, e
mestrado ou doutorado, revisão e
and Geoscientists of Alberta” (2017),
uma licença profissional para profissionais
edição de artigos e outros.
referência na qual este texto se baseia.
não canadenses, com regras específicas.
O processo de credenciamento ocorre
Os detalhes completos sobre o Pro-
Profissional
grama de Desenvolvimento Profissional
ao longo dos anos. Inicialmente o recém-
quanto o portador de Licença devem
Continuado podem ser encontrados
-formado é definido na categoria Enge-
participar do Programa de Educação
em “The Association of Professional
nheiro em Treinamento, bastando para tal
Continuada. A cada três anos, o profis-
Engineers and Geoscientists of Alberta”
o diploma de graduação e uma declara-
sional deve realizar 240 horas de desen-
(2014).
ção de bom caráter e reputação (pessoas
volvimento profissional, sob o risco de
com antecedentes criminais, histórico de
cancelamento de sua titulação caso não
má conduta profissional ou que tenham
o faça. Essas horas podem ser divididas
cometido alguma falta frente ao código
entre seis categorias:
genharia no Brasil, percebe-se que o cur-
de ética da associação precisam expli-
u prática profissional, limitada a 50 ho-
so de graduação canadense contempla
car as circunstâncias). Nessa categoria, o
ras de desenvolvimento profissional/
uma menor quantidade de disciplinas,
engenheiro deve sempre trabalhar sob a
ano, sendo cada 15 horas de trabalho
que tendem a ser mais aplicadas. O alu-
supervisão de um Engenheiro Profissional.
equivalente a uma hora de desenvolvi-
no pode ainda escolher pela sua área de
A atribuição inicial é válida por seis anos,
mento profissional;
atuação de uma maneira ampla, inclusive
podendo ser estendida até oito anos.
Tanto
o
Engenheiro
5. COMENTÁRIOS FINAIS Em comparação à formação em en-
u atividade formal, como cursos, semi-
podendo atuar em campos multidiscipli-
Apenas após quatro anos de atua-
nários oferecidos por universidades,
nares. Após a formatura, existe um ca-
ção como engenheiro é possível se apli-
fornecedores, empregadores ou as-
minho de, no mínimo, quatro anos para
car para mudar para classe Engenheiro
sociações, sendo uma hora de curso
esse ser considerado um profissional in-
Profissional. Nesse caso é necessário ter
equivalente a uma hora de desenvolvi-
dependente, sendo necessária contínua
quatro anos de experiência profissional,
mento profissional, limitada ao máxi-
participação em atividades de desenvol-
atestada por pelo menos três cartas de
mo de 30 horas de desenvolvimento
vimento profissional para manter esse
referência, boa reputação e caráter e
profissional por ano;
título. Ou seja, para exercer a profissão
passar no Exame Nacional de Exercício
u as outras quatro categorias incluem
semelhantes,
de engenheiro, além do diploma universi-
Profissional. O exame versa sobre práti-
indicações
contem-
tário, o profissional passa ainda por uma
cas profissionais, leis e ética, consistindo
plando atividades informais, como
fase de treinamento até poder ser consi-
de 110 questões de múltipla escolha, a
participação em feiras e reuniões;
derado engenheiro pleno, e mesmo de-
serem respondidas dentro de 2,5 horas,
atividades de mentor de um enge-
pois precisa estar sempre comprovando
em sete áreas específicas, devendo o
nheiro em treinamento, participação
sua atuação de forma ativa.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] The Association of Professional Engineers and Geoscientists of Alberta. Continuing Professional Development Program. Abril, 2014. Disponível em https://www.apega.ca/assets/PDFs/cpd.pdf (acesso em 03/04/2017). [02] The Association of Professional Engineers and Geoscientists of Alberta. Right to Practise & Title . Disponível em https://www.apega.ca/rights (acesso em 03/04/2017). [03] University of Calgary (2017). Schulich School of Engineering: First-Year Common Core. http://schulich.ucalgary.ca/education/future-students/undergraduate/ degree-programs-minors-and-specializations/first-year-common. Disponível em https://www.apega.ca/assets/PDFs/cpd.pdf (acesso em 03/04/2017).
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 75
u pesquisa encontrose edesenvolvimento notícias | CURSOS
Aplicação de ensaios não destrutivos na caracterização de lajes alveolares pré-fabricadas LUCAS MARRARA JULIANI – Mestre em Engenharia de Estruturas VLADIMIR GUILHERME HAACH – Professor Doutor Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo
do tempo. Nos ENDs as propriedades do
to na ordem de 0,30 a 0,40, garantindo
radicionalmente, a caracteri-
concreto, como módulo de elasticidade
um concreto com elevada resistência
zação do concreto utilizado
e resistência à compressão, podem ser
à compressão e menor porosidade. De
em elementos pré-fabricados
relacionadas com frequências de resso-
acordo com Mizumoto, Marin e Silva
é realizada por meio de ensaios padroni-
nância, propagação de ondas ultrassô-
(2013), essas características muitas ve-
zados no concreto fresco e endurecido,
nicas, emissão de ondas eletromagnéti-
zes dificultam a moldagem dos cilindros
como o de abatimento do tronco de cone
cas e acústicas, dispersão de nêutrons,
para o ensaio de compressão. Por ou-
(ABNT NBR NM67:1998) e o de com-
radiografias, entre outros. É possível,
tro lado, o concreto produzido utilizando
pressão em corpos de provas cilíndricos
ainda, realizar esses ensaios em diversas
fôrmas deslizantes possui fator água/ci-
de concreto (ABNT NBR 5739:2007).
regiões da estrutura, resultando em uma
mento mais elevado, aumentando a tra-
Essa abordagem pode não ser a mais
melhor determinação da sua condição e
balhabilidade do concreto, o que facilita
completa, pois esses ensaios são realiza-
caracterização global.
no deslizamento da fôrma.
1. INTRODUÇÃO
T
dos em um pequeno número de exem-
Dentre os elementos pré-fabricados,
Dentro desse contexto, este trabalho
plares do concreto aplicado nos elemen-
os painéis alveolares se destacam por
apresenta a aplicação de dois tipos de
tos pré-fabricados e, em geral, os corpos
sua versatilidade na construção civil,
ENDs, ultrassom e o método de excita-
de prova são submetidos a condições de
podendo ser apoiados em elementos
ção por impulso, no controle tecnológico
adensamento e cura ligeiramente diferen-
de concreto pré-fabricado ou moldado
do concreto aplicado na construção de
tes daquelas a que o elemento construído
no local, alvenaria estrutural e estruturas
lajes alveolares. Em ambos os métodos
está submetido. No caso dos elementos
metálicas. São muito empregados como
obtém-se o módulo de elasticidade dinâ-
pré-fabricados protendidos, a precisa ca-
elementos de laje e também de vedação
mico e correlaciona-se este com a resis-
racterização da resistência à compressão
lateral em edifícios residenciais, comer-
tência à compressão do concreto.
do concreto tem um importante impacto
ciais e industriais, além de tabuleiros de
dentro dos procedimentos de desfôrma e
pontes. A produção dos painéis alveo-
liberação da protensão.
lares é normalmente feita pela técnica
O método do ultrassom é baseado
Uma das principais vantagens dos
de vibro-compactação, utilizando equi-
na propagação de ondas mecânicas de
ensaios não destrutivos (ENDs) é que
pamento de extrusão ou fôrmas desli-
tensão com frequência superior a 20 kHz.
não causam danos à amostra e, portan-
zantes. De acordo com Catóia (2011), o
Essas ondas originam-se quando ocorre
to, podem ser aplicados ao próprio ele-
concreto utilizado na máquina extrusora
uma pressão ou deformação na super-
mento pré-fabricado e repetidos ao longo
deve ser seco, com relação água/cimen-
fície do sólido. O distúrbio gera ondas
76 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
2. ENSAIO DO ULTRASSOM
que se propagam pelo sólido com velo-
de contato acoplado (caso do acelerô-
cidades que dependem dos módulos de
metro, por exemplo) ou um transdutor
elasticidade longitudinal (E) e transversal
sem contato, como, por exemplo, um
(G), coeficiente de Poisson (µ), densida-
microfone. Esse transdutor transforma
de (ρ) e geometria do elemento analisa-
as ondas mecânicas em sinais elétricos.
do (ACI 228.2R-2013). A equação (1)
Para qualquer um dos casos, deve-se
apresenta a relação entre a velocidade
utilizar um equipamento que detecte e
de propagação de ondas longitudinais
analise as frequências de ressonância
(V) com as propriedades elásticas de um
fundamental ou período da vibração
material isotrópico.
com precisão.
ö æ E öæ 1- m V 2 = ç ÷ çç ÷ ÷ r 1 + m 1 2 m ( )( ) è øè ø
u Figura 1 Seção transversal das lajes alveolares ensaiadas em laboratório
As normas ASTM C215 (2014) e
[1]
ASTM E1876 (2015) apresentam os procedimentos para realização deste tipo de
massa de 1: 1,48: 2,02; 0,43 (cimento
O equipamento de ultrassom, basi-
ensaio em cilindros e prismas, bem como
CPV-ARI: areia média : pedrisco : água),
camente, produz e introduz, através de
as equações que relacionam as frequên-
com 1% de superplastificante.
um transdutor emissor, pulsos de ondas
cias de vibração com o módulo de elas-
Para a realização dos ENDs demar-
de compressão e/ou cisalhamento den-
ticidade dinâmico para estas geometrias.
caram-se cinco seções na superfície superior das lajes e foram efetuadas de 5 a
tro do concreto. Um transdutor receptor recebe o pulso e mede o tempo que a
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL
6 medições dentro das primeiras 24 ho-
onda levou para atravessar o elemento
Neste programa experimental, duas
ras. Os CPs cilíndricos foram ensaiados
de concreto. O equipamento deve pos-
lajes alveolares com seção transversal
nas mesmas idades das lajes e alguns
suir um osciloscópio para registrar o pul-
conforme Figura 1 e com dimensões de
desses CPs foram rompidos para a de-
so recebido.
200 cm x 50 cm x 10 cm foram constru-
terminação da resistência à compressão.
O método de ensaio para a obten-
ídas no Laboratório de Estruturas da Es-
Para o ensaio do ultrassom foi utilizado
ção da velocidade de propagação de
cola de Engenharia de São Carlos e en-
o equipamento PUNDIT LAB+, da marca
ondas ultrassônicas é normalizado pela
saiadas por meio do ensaio de ultrassom
Proceq®, com transdutores de frequên-
ABNT NBR 8802:2013, que apresenta
e do método de excitação por impulso.
cia de 54 kHz. Para o ensaio de excitação
como principais aplicações a verificação
Juntamente com as lajes, corpos de pro-
por impulso utilizou-se o equipamento
da homogeneidade do concreto, detec-
vas cilíndricos de concreto de 100 mm x
Sonelastic® da ATCP Engenharia Física.
ção de eventuais falhas internas e moni-
200 mm foram moldados com o mesmo
No ensaio dos CPs cilíndricos com o
toramento de variações no concreto ao
concreto utilizado nas lajes e ensaiados à
Sonelastic®, o apoio das amostras foi fei-
longo do tempo.
compressão, além dos ENDs. O concre-
to por meio de 2 fios de nylon conforme a
to utilizado nos ensaios tinha o traço em
Figura 2a. Já na laje alveolar, a excitação foi
3. MÉTODO DE EXCITAÇÃO POR IMPULSO As propriedades elásticas dinâmicas de um material qualquer podem ser obtidas, se conhecidas sua geometria, massa e frequências de ressonância. O módulo de elasticidade dinâmico está relacionado com os modos de vibração de uma determinada estrutura. Para determinação da frequência de ressonância pode-se utilizar a técnica de excitação por impulso mecânico. Essa técnica de medição utiliza um transdutor
a
Cilindros
b
Lajes
u Figura 2 Ensaio de excitação por impulso utilizando o Sonelastic®
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 77
de elasticidade dinâmico através do mé-
A Figura 4 apresenta a malha de elemen-
todo de excitação por impulso, é preciso
tos finitos da laje alveolar.
levar em consideração algumas análi-
Cada modo de vibração de uma es-
ses teóricas, já que o módulo dinâmico
trutura pode ser descrito de maneira sim-
é obtido indiretamente, ou seja, o dado
plificada pela equação (3), onde a frequ-
registrado no ensaio é a frequência de
ência de vibração (f) do respectivo modo
ressonância do elemento estudado. Para
é definida pelo módulo de elasticidade
os corpos de prova de seção retangular e
do material (Ep), a massa da estrutura (M)
circular, o cálculo já é consagrado e está
e um coeficiente λ que é um parâmetro
descrito nas normas ASTM C215 (2014)
geométrico relativo a um determinado
e ASTM E1876 (2015). O cálculo do mó-
modo de vibração. Este parâmetro pode
feita de maneira a captar o primeiro modo
dulo de elasticidade dinâmico (E) para
ser obtido numericamente a partir de uma
transversal da laje alveolar. O microfone foi
seções circulares a partir da 1ª frequência
análise paramétrica, variando-se a massa
posicionado próximo à capa superior, em
de vibração do modo longitudinal (fl) é fei-
da estrutura e o módulo de elasticidade do
um dos lados da laje, e a excitação efe-
to pela equação (2), onde m é a massa
material, conforme realizado na Figura 5.
tuada, do outro lado, também próximo à
do corpo de prova, L o comprimento e d
capa superior, conforme a Figura 2b.
o diâmetro.
u Figura 3 Ensaio de ultrassom na laje alveolar
O ensaio de ultrassom foi realizado nos corpos de provas cilíndricos por meio de transmissão direta ao longo de
æ Lö E = 5.093ç 2 ÷ mfl 2 èd ø
f =
[2]
l 2p
Ep r
[3]
Por meio de uma regressão linear aplicada à superfície da Figura 5, obteve-
seu comprimento. No caso das lajes,
Ao contrário dos corpos de prova
-se o coeficiente λ igual a 6,20 m½, para
os transdutores foram posicionados
cilíndricos e prismáticos, não há uma
a geometria da laje alveolar utilizada neste
com o objetivo de captar as velocida-
fórmula normalizada para o cálculo do
trabalho e para a frequência do 1º modo
des das ondas ultrassônicas longitudi-
módulo de elasticidade dinâmico para
de vibração.
nais passando pela capa superior da
lajes alveolares. Sendo assim, é necessá-
laje alveolar (Figura 3). Essa escolha foi
rio um estudo paramétrico para correla-
tomada de maneira a não se ter a in-
cionar módulo de elasticidade dinâmico
terferência dos alvéolos na propagação
com a frequência de ressonância e geo-
das ondas, já que diminuiria a velocida-
metria do elemento. Para isso, um mode-
As concretagens das lajes foram
de do pulso ultrassônico.
lo numérico pelo método dos elementos
efetuadas em dias diferentes e serão
finitos foi elaborado para a verificação
chamadas de L2 e L3. Com a obtenção
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.2 Resultados dos ensaios experimentais
dos modos de vibração e para estimar as frequências naturais que seriam obtidas
5.1 Análise teórica
nos ensaios experimentais. O programa utilizado foi o SAP 2000.
Para a análise e obtenção do módulo
No modelo numérico, as lajes alveolares foram simplesmente apoiadas, restringindo o deslocamento no eixo Z (vertical) e X (transversal), simulando a condição de contorno do ensaio. O elemento utilizado no modelo foi o sólido constituído de 4 nós. Para uma
u Figura 4 Malha de elementos finitos da laje alveolar
análise preliminar, definiu-se o coeficiente de Poisson igual a 0,2, a densidade do concreto em 2500 kg/m³ e diferentes módulos de elasticidade, em GPa.
78 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u Figura 5 Gráfico de contorno representando a variação da frequência do 1º modo de vibração da laje alveolar
dos módulos dinâmicos por ambos os métodos, foram elaborados os gráficos dos módulos dinâmicos ao longo do tempo, bem como a equação da curva calculada, conforme apresentado na Figura 6. Primeiramente, são apresentados os gráficos obtidos dos ensaios nos CPs cilíndricos. A equação que melhor representou a curva do gráfico módulo dinâmico ao lon-
a
go do tempo foi a curva logarítmica, lembrando que a equação é válida somente para estes intervalos de dados e Ed ≠ 0. Para que seja possível correlacionar os
Laje nº 2
b
Laje nº 3
u Figura 6 Curva Módulo de elasticidade ao longo do tempo dos CPs cilíndricos
módulos de elasticidade dinâmicos de ambos os métodos com a resistência à compressão dos respectivos traços, foram rompidos 3 CPs a cada idade, totalizando 15 amostras rompidas. Com a obtenção da resistência à compressão dos CPs, elaboraram-se os gráficos correlacionando os módulos de elasticidade dinâmicos, obtido em ambos os métodos, com a resistência à compressão, conforme apresentado na Figura 7.
a
Laje nº 2
b
Laje nº 3
Observando os gráficos anteriores, nota-se que o coeficiente de determinação apresentou valores similares em ambos os métodos de ensaio, tanto para
u Figura 7 Gráfico de correlação da resistência à compressão vs módulo dinâmico dos métodos do Sonelastic® e ultrassom dos CPs cilíndricos
os CPs da L2, quanto para os da L3. Portanto, a curva de potência, utilizada em ambos os gráficos, representou bem os dados obtidos nos ensaios. Com os módulos de elasticidade dinâmicos obtidos dos ensaios nas lajes alveolares, calculados por ambos os métodos, e a obtenção da resistência à compressão dos CPs na mesma idade dos ensaios nas lajes, elaboraram-se os gráficos e equações correlacionando o módulo dinâmico com a resistência à
a
Sonelastic®
b
Ultrassom
compressão para a laje alveolar L2 e L3. Para efeito de comparação, apresentam-se na Figura 8 e Figura 9 as correlações dos módulos dinâmicos com as resistências à compressão das lajes e
u Figura 8 Comparação do gráfico de correlação da resistência à compressão vs módulo dinâmico para a laje e CPs cilíndricos da L2 utilizando Sonelastic® e Ultrassom
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 79
nados os transdutores. Já o Sonelastic®, o módulo dinâmico é global, registrando toda a vibração do elemento em estudo. Outro fator a considerar é que, apesar de se ter realizado os ensaios com o mesmo método nos CPs e nas lajes alveolares, cada elemento terá uma curva de correlação do módulo dinâmico pela resistência à compressão diferente. O motivo é que
a
b
Sonelastic®
Ultrassom
u Figura 9 Comparação do gráfico de correlação da resistência à compressão vs módulo dinâmico para a laje e CPs cilíndricos da L3 utilizando Sonelastic® e Ultrassom
cada elemento estrutural possui um crescimento diferente do módulo dinâmico ao longo do tempo, conforme apresentado nas análises, devido ao processo de cura ligeiramente diferente. Ressalta-se, porém, que, neste estudo específico, poderia se utilizar as curvas de correlação obtidas dos CPs cilíndricos para estimar a resistência à
CPs no mesmo gráfico, utilizando o So-
dos CPs são distintos, comprovando que
compressão das lajes a partir do módulo
nelastic® e o ultrassom.
cada elemento possui um crescimento
de elasticidade obtido nos ensaios das la-
do módulo diferente ao longo do tempo.
jes, pois, neste caso, esta resistência esti-
Os gráficos da Figura 8 demonstram que os ensaios na laje alveolar nº 2, tanto
mada seria menor do que a resistência real,
para o Sonelastic® quanto para o ultras-
6. CONCLUSÃO
som, não apresentaram comportamento
Apesar de ambos os métodos apre-
Finalmente, os resultados mostram
similar aos seus respectivos CPs. Para a
sentarem boa correlação, tanto nos CPs
que a aplicação de ensaios não des-
laje alveolar nº 3, os ensaios do ultrassom
quanto nas lajes alveolares, cada tipo de
trutivos na caracterização do concreto
na laje e nos CPs apresentaram curvas
ensaio possui diferentes equações e cur-
utilizado na construção de elementos
de correlação similares, demonstrando
vas na correlação. Isso porque o módulo
pré-fabricados pode ser uma alterna-
que ambos os elementos possuem com-
dinâmico do ultrassom é sempre maior do
tiva viável. Talvez, não seja o caso de
portamentos semelhantes quanto ao
que no Sonelastic®. Esse fator já era es-
se substituir os ensaios destrutivos por
crescimento do módulo. A diferença está
perado, e ressalta-se que a obtenção do
ensaios não destrutivos, mas utilizar am-
nos valores desses módulos, já que, para
módulo dinâmico pelo ultrassom é locali-
bos em conjunto de maneira a se poder
uma mesma resistência à compressão,
zado, obtendo as ondas ultrassônicas so-
ter uma caracterização mais confiável,
os valores do módulo dinâmico da laje e
mente nos pontos em que estão posicio-
com mais dados para análise.
o que estaria a favor da segurança.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67. Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998. [02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739. Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007. [03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8802: Concreto endurecido – Determinação da velocidade de propagação de onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 2013. [04] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 228.2R. Nondestructive Test Methods for Evaluation of Concrete in Structures. Farmington Hills, 2013. [05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. C597-09: Standard method for pulse velocity through concrete. Philadelphia, 2016. [06] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. E1876-09: Standard Test Method for Dynamic Young’s Modulus, Shear Modulus, and Poisson’s Ratio by Impulse Excitation of Vibration. Philadelphia, 2015. [07] CARINO, N.J. Nondestructive Test Methods. In: NAWY, E. G. Concrete construction engineering handbook, Boca Raton: CRC Press, 1997. Cap. 19, p.19-68 [08] CATOIA, B. Lajes alveolares protendidas: cisalhamento em região fissurada por flexão. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. [09] MIZUMOTO, C.; MARIN, M. C., SILVA, M.C. Aspectos técnicos referente a sistemática de controle e produção da laje alveolar de concreto pré-fabricado. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA-PROJETO-PRODUÇÃO EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO, 3, 2013, São Carlos, Anais. São Carlos: 3º PPP, 2013.
80 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u pesquisa e desenvolvimento
Caracterização e passivação dos aços CA24 e CA50 LEONARDO GOMES DE SÁ E CARVALHO – Mestre ENIO PAZINI FIGUEIREDO – Professor Titular, Doutor Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás
1. INTRODUÇÃO
prevenir, controlar e reabilitar estru-
O concreto armado é uma asso-
turas de concreto que apresentam
condições do meio (concreto) que
ciação inteligente de materiais, que
ou estão suscetíveis a esse fenôme-
envolve a armadura sejam muito
fornece um material construtivo re-
no tão danoso e que tanto prejuízo
importantes para o estabelecimen-
lativamente barato se comparado
econômico traz para a sociedade.
to e manutenção da passivação da
Embora
as
características
e
aos demais, com boa resistência à
A corrosão das armaduras é um
armadura ao longo do tempo, está
água, grande estabilidade dimensio-
processo eletroquímico que ocorre
provado, pelos casos práticos, que
nal, possuindo inúmeras possibilida-
naturalmente, conduzindo a forma-
o concreto é falível, e, em condições
des de tamanhos e formas e, princi-
ção de óxidos e hidróxidos de ferro,
de uso, frequentemente, torna as ar-
palmente, com alta capacidade de
com volume muito superior ao volu-
maduras vulneráveis aos processos
suportar esforços, tanto de tração
me do metal original. Esse aumento
corrosivos, permitindo sua despas-
quanto de compressão. Por esses
de volume cria tensões internas no
sivação. A partir desse momento, a
motivos, o concreto armado foi con-
concreto, que levam ao surgimento
variável aço passa a ter uma influ-
siderado um material definitivo na
de fissuras, manchas superficiais,
ência no desenvolvimento dos pro-
construção civil, aliando durabilida-
destacamento do cobrimento, per-
cessos corrosivos, uma vez que os
de e resistência.
da de aderência entre o concreto
diferentes tratamentos térmicos e
Porém, com o passar dos anos,
e a armadura, e perda de seção da
mecânicos pela qual passam as ar-
a durabilidade do concreto armado,
armadura, podendo levar à instabili-
maduras, bem como a composição
que antes era considerada ilimita-
dade e ao colapso da edificação ou
química variada e os diversos níveis
da, começou a ser questionada, em
de suas partes.
de inclusão apresentados pelos tipos
razão do surgimento de manifesta-
Existem muitos trabalhos reali-
de aço, alteram a microestrutura do
ções patológicas que começaram a
zados, nacional e internacionalmen-
material, tornando-o mais ou me-
deteriorar as estruturas de concreto,
te, que avaliam o desempenho do
nos suscetível à corrosão. Por essta
algumas vezes de forma prematura,
concreto armado frente à corrosão,
razão não são incomuns os casos
sendo a principal delas a corrosão
levando em consideração apenas
práticos em que se observam aços
das armaduras.
características do concreto, tais
menos processados industrialmente
No contexto da Patologia das
como a composição do concreto, a
(em obras antigas) praticamente sem
Construções, a corrosão de arma-
espessura do cobrimento, a porosi-
apresentar corrosão, enquanto que
duras em estruturas de concreto é
dade do concreto e a presença de
aços mais novos, com elevada ener-
um dos problemas de grande des-
contaminantes no concreto, entre
gia de produção, de alta dureza e re-
taque, sendo
complexa, séria e
outros aspectos. Porém, ainda são
sistência mecânica, mostram sinais
onerosa para ser resolvida na cons-
poucos os trabalhos que contem-
visíveis e acentuados de corrosão,
trução civil. Atualmente, vários pro-
plam a participação da variável “tipo
mesmo em estruturas de concreto
fissionais e setores da construção
de aço” no desempenho da corro-
relativamente novas e, muitas vezes,
civil estão mobilizados no sentido de
são de peças de concreto.
inseridos em concretos mais nobres. CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 81
O aço 37-CA, aqui denominado de
samento e cura, o concreto representa
químicas na camada de concreto que
CA24 para igualar a nomenclatura atual
uma barreira física ao ingresso e avan-
a envolve. A denominada película pas-
que identifica, na simbologia, a tensão
ço dos agentes iniciadores do proces-
sivadora pode ser entendida como um
de escoamento mínima, a qual para o
so de corrosão das armaduras, princi-
filme transparente, com nanômetros de
aço 37-CA é de 240 MPa, segundo a
palmente os cloretos e a carbonatação.
espessura, fortemente aderida sobre
ABNT EB-3:1939, foi amplamente em-
Contudo, o concreto não se limita ape-
o aço, estável e composta por duas
pregado nas construções até a déca-
nas a fornecer uma proteção de nature-
camadas de óxidos de ferros mais ou
da de 60 e o aço CA50 é o aço atual
za física contra os elementos nocivos à
menos hidratados com vários níveis de
mais empregado como armadura de
armadura, ele também estabelece uma
Fe2+ e Fe3+, sendo uma interna, onde
elementos em concreto. Em muitas si-
proteção de natureza química.
predomina o Fe3O4, e outra externa de
tuações, durante a realização de recu-
Durante o processo de hidratação
g-Fe2O3 (BERTOLINI et al (2004), HELE-
perações e reforços em estruturas de
do cimento, gera-se um sólido consti-
NE (1993)). Segundo Hausmann (1998),
concreto antigas, que foram feitas com
tuído pelas fases hidratadas do cimento
a utilização excessiva de adições mine-
aço CA24, é comum o uso de arma-
e pela fase aquosa que ocupa a rede
rais no cimento tende a diminuir este
duras de aço CA50 para repor seções
de poros intersticiais e capilares do
pH da solução intersticial, porém não o
de armaduras perdidas pela corrosão
concreto. Com o decorrer do proces-
suficiente para comprometer a película
ou para a realização de reforços. Quan-
so, a pasta de cimento torna-se muito
passivadora.
do juntas em um mesmo elemento, o
alcalina devido à presença de íons OH ,
Conforme pode ser observado
comportamento
armaduras
Ca++, Na+, K+ e SO4-- no líquido aquoso
na Figura 1, enquanto o concreto se
pode ser diferente dependendo do su-
da rede de poros. A alcalinidade gera-
mantiver com alta alcalinidade, valor
cesso na etapa de remoção do concre-
da apresenta um potencial de hidrogê-
de pH superior a 9,0 e sem cloretos
to contaminado com cloretos. Neste
nio (pH) entre 12,7 e 13,8 (LONGUET
livres, a armadura estará protegida da
artigo apresenta-se o comportamento
et al., 1973), ocasionando a formação
corrosão. Entre as duas retas trace-
dos aços CA24 (antigo) e CA50 (atu-
da película de passivação da armadu-
jadas paralelas e oblíquas do diagra-
al) durante o processo de passivação,
ra, protegendo-a da corrosão enquan-
ma forma-se uma região onde exis-
simulando a situação em que os dois
to não ocorrer alterações físicas ou
tem condições para a formação da
dessas
-
tipos de aços estarão imersos em concreto não contaminado por cloretos e não carbonatado, após a realização de recuperação ou de reforço.
2. PASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS Desde que bem projetado, empregando as recomendações da ABNT NBR 6118:2014, ou seja, com relação água/cimento, resistência, espessura do cobrimento, consumo de cimento e abertura máxima de fissuras compatíveis com a agressividade ambiental, e bem controlado e executado, empregando os procedimentos da ABNT NBR 12655:2015 e da ABNT NBR 14931:2004, ou seja, cuidando do controle de recebimento e das atividades de transporte, lançamento, aden-
u Figura 1 Diagrama de equilíbrio termodinâmico de Pourbaix. Potencial versus pH para o sistema Fe-H 2O a 25°C (POURBAIX, 1976)
82 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
(antigo) e CA50 (atual) durante o processo de passivação, simulando a situação em que os dois tipos de aços estarão imersos em concreto não contaminado por cloretos e não carbonatado, após a realização de recuperação ou de reforço. Nos experimentos foram em-
u Figura 2 Esquema da distribuição dos corpos de prova
pregadas barras de aço carbono de classificação CA 24 e CA 50 de diâmetro nominal de 5mm e 25mm.
película de passivação. As referidas
-0,6 V em relação ao eletrodo pa-
Para a caracterização das armadu-
retas representam a região de esta-
drão de hidrogênio. Quando a arma-
ras, foram feitos ensaios de meta-
bilidade da água, sendo que acima
dura permanece nessas condições,
lografia e composição química, en-
delas é o domínio do oxigênio e abai-
ela não reagirá com o meio, qual-
saios de caracterização da dureza
xo, o do hidrogênio. As armaduras
quer que seja sua natureza (ácida,
Vickers e ensaios mecânicos para
com produtos de corrosão sobre sua
neutra ou alcalina).
caracterização da tensão de esco-
superfície, antes de serem concre-
As duas regiões da extrema es-
amento e de ruptura, alongamento
tadas, ao entrarem em contato com
querda e direita do Diagrama de
e dobramento, obtidos segundo os
a matriz cimentícia altamente alca-
Pourbaix, principalmente a da es-
preceitos das Normas ABNT NBR
lina, podem dar origem à formação
querda, representam as situações
7480:2007, ABNT NBR 6892:2013,
de uma película passivante espessa
onde pode ocorrer corrosão do fer-
ABNT NBR 6153:1998, para o aço
de ferrita de cálcio (óxido duplo de
ro. Para as estruturas de concreto
CA50,
cálcio e ferro), resultante da combi-
convencionais, a película passivado-
da ABNT NBR 7480), para o aço
nação da ferrugem superficial da ar-
ra é desestabilizada pela diminuição
CA24. O ensaio de dureza Vickers
madura com o hidróxido de cálcio da
do pH do concreto a valores infe-
consiste na aplicação de uma de-
pasta de cimento (BASÍLIO, 1972).
riores a 9,0, devido ao processo de
terminada carga (P) em um penetra-
Esta reação é representada pela
carbonatação, ou devido à presença
dor bastante duro, o qual está em
Equação 1.
de cloretos livres no concreto na po-
contato com a superfície do material
sição da armadura.
a ser testado. No caso da dureza
2 Fe(OH)3 + Ca(OH)2 → Ca(FeO2)2 + 4H2O
[1]
e
EB-3:1939
(precursora
Vickers, utiliza-se um penetrador
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
de diamante com a forma de uma
O diagrama também mostra a re-
A metodologia aplicada neste
sões da marca de penetração (in-
gião de imunidade do ferro, onde o
trabalho teve como objetivo avaliar
dentação) deixadas na superfície do
potencial de eletrodo é menor que
o comportamento dos aços CA24
material são aferidas com o uso de
pirâmide quadrangular. As dimen-
microscópio. A partir dessas dimensões é calculada a área superficial da indentação. O cálculo da dureza Vickers (VHN) é definido como a carga aplicada (P) dividida pela área superficial da indentação (A), con-
u Figura 3 Critérios de avaliação da probabilidade de corrosão por meio de medidas de potencial de corrosão (Ecorr), segundo a ASTM C-876 (1991)
forme Equação 2. VHN =
1,854.P A
[2]
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 83
Onde: – VHN é o número da dureza Vickers; – P é a carga aplicada em Kgf; e – A é a área superficial da indentação em mm 2. Foram confeccionados um total de 12 corpos de prova prismáticos de tamanhos iguais, sendo 3 com CA24 e
u Figura 4 Nível de corrosão em função da corrente icorr (DURAR, 1997)
diâmetro 5mm, 3 com CA24 e diâmetro 25mm, 3 com CA50 e diâmetro 3mm e
: areia : brita : água), para um consumo
Durante 90 dias o comportamento
3 com CA50 e 25mm de diâmetro, utili-
de 400 kg de cimento por m3. Em cada
dos aços CA24 e CA50 foi monitora-
zando-se o concreto de referência, cujo
corpo de prova há apenas uma barra
do por meio de medidas eletroquími-
traço é 1 : 1,434 : 2,683 : 0,55 (cimento
de aço em seu interior (Figura 2).
cas de potencial de corrosão (Ecorr) e
Superfície 1
Núcleo
Superfície 2
u Figura 5 Metalografia do aço CA24 com diâmetro de 5mm (escala 25µm)
Superfície 1
Núcleo
u Figura 6 Metalografia do aço CA24 com bitola de 25mm (escala 25µm)
84 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
Superfície 2
Superfície 1
Núcleo
Superfície 2
u Figura 7 Metalografia do aço CA50 com diâmetro de 5mm (escala 25µm)
Superfície 1
Núcleo
Superfície 2
u Figura 8 Metalografia do aço CA50 com diâmetro de 25mm (escala 25µm)
resistência de polarização (icorr), que in-
de ocorrência de corrosão (Figura 3).
metalografias típicas dos aços CA24
formam sobre o processo de passiva-
Os valores da velocidade de cor-
e CA50 com diâmetros de 5mm e
rosão (i corr) podem ser relacionados
25mm. Em todas as amostras foram
ção/corrosão das armaduras. A medida do potencial de corrosão
qualitativamente ao grau de corrosão
realizadas microfotografias do nú-
da armadura (Ecorr) consiste no regis-
da armadura, empregando-se os cri-
cleo da barra de aço e de dois pon-
tro da diferença de voltagem entre a
térios da Figura 4.
tos próximos da superfície externa.
armadura e um eletrodo de referência, que é colocado em contato com a superfície do concreto. A ASTM C-876
Os ensaios de metalografia do
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
(1991) apresenta uma correlação entre intervalos de diferença de potencial,
tros revelaram uma microestrutura composta de ferrita e perlita, tanto
4.1 Metalografia
próxima da superfície da barra (su-
em relação a um eletrodo de referência de Cu/SO4Cu, e a probabilidade
aço CA24 em ambos os diâme-
perfícies 1 e 2) quanto na sua esAs Figuras 5, 6, 7 e 8 mostram
trutura central (núcleo), mostrando a
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 85
u Tabela 1 – Composição química dos aços CA24 e CA50 CA24 (5mm)
Classificação e diâmetro do aço
Elementos químicos
Amostra
CA24 (25mm)
CA50 (5mm)
CA50 (25mm)
1
2
1
2
1
2
1
2
Ferro (%)
99,1
99,3
98,9
99,4
98,1
97,9
98,5
98,4
Carbono (%)
0,079
0,094
0,171
0,077
0,264
0,248
0,281
0,295
Silício (%)
0,073
0,080
0,150
0,080
0,248
0,184
0,137
0,148
Manganês (%)
0,322
0,288
0,440
0,305
0,950
0,815
0,620
0,751
Fósforo (%)
0,037
0,069
0,018
0,028
0,018
0,025
0,074
0,025
existência de homogeneidade no
e resistente que a ferrita, porém mais
martensita. A transformação da mi-
aço CA24. No entanto, a microes-
branda e maleável que a cementita.
croestrutura em martensita ocorre
trutura de ferrita e perlita no aço
Esse resultado é compatível ao en-
continuamente com o decréscimo da
CA24 de 5mm possui tamanho de
contrado na Tabela 2, onde o grau
temperatura durante o resfriamento
grãos férricos no 8 (Figura 5), en-
de dureza no núcleo do aço CA50
ininterrupto. A martensita tem eleva-
quanto que, no aço CA24 de 25mm,
de diâmetro de 25mm é superior aos
do índice de dureza, o que explica a
o tamanho de grãos foi de no 11 (Fi-
dos aços CA24 de diâmetro de 5mm
elevada dureza superficial encontrada
gura 6). Essa diferença de dimensão
e 25mm, e ao do aço CA50 de 5mm,
na borda do aço CA50 de 25mm de
do grão confere ao aço CA24 de
que possuem uma estrutura de ferri-
diâmetro (Tabela 2).
maior diâmetro uma quantidade su-
ta-perlita. A segunda microestrutura,
perior de ferrita, em relação ao aço
localizada próxima à borda do aço
de menor diâmetro. Segundo Co-
CA50 de diâmetro 25mm, é do tipo
paert (2008), a ferrita é a estrutura
martensítica, que possui elevado índi-
mais mole e torna o aço mais dúctil
ce de dureza. Krauss (1990) explica
A Tabela 1 mostra a composição
quando apresenta-se como o seu
que o aparecimento de uma micro-
química dos aços CA24 e CA25 com
principal constituinte. Isto explica os
estrutura martensítica é usualmente
diâmetros de 5 e 25mm.
baixos resultados de dureza encon-
decorrente do efeito do resfriamento
A análise da composição química dos
trados na Tabela 2 para o aço CA24
rápido empregado no metal, sendo
aços revelou mais que o dobro do índice
de 25mm em relação ao mesmo tipo
que os átomos de carbono ficam pre-
de carbono na estrutura do aço CA50
de aço com diâmetro inferior.
4.2 Composição química e dureza Vickers
sos em octaédricos de uma estrutu-
em relação ao aço CA24, sendo que a
O resultado da metalografia do
ra CCC (cúbica de corpo centrado),
amostra de aço CA50 de 25mm obteve
aço CA50 com diâmetro de 5mm
produzindo assim uma nova fase, a
o maior percentual de carbono em sua
mostrou-se semelhante ao do aço CA24 de 5mm, ou seja, uma micro-
u Tabela 2 – Resultado do ensaio de dureza Vickers
estrutura de ferrita e perlita com taDureza Vickers (HV1)
manho de grão nº 11. O mesmo não ocorreu no aço CA50 com diâmetro
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
de 25mm, que apresentou dois tipos
CA24 – 5mm (centro)
173,5
173,8
174,0
de microestruturas. A primeira, loca-
CA24 – 25mm (centro)
137,1
138,2
137,4
lizada em seu núcleo, é constituída
CA24 – 25mm (borda)
144,2
144,3
144,0
de uma matriz perlítica com redes de
CA50 – 5mm (centro)
260,1
260,4
261,0
ferrita. A perlita é formada a partir de
CA50 – 25mm (centro)
184,5
184,5
184,3
CA50 – 25mm (borda)
308,1
308,2
308,0
uma mistura eutetóide de duas fases, ferrita e cementita, sendo mais dura
86 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u Tabela 3 – Propriedades mecânicas dos aços CA24 e CA50 Classe do aço
Diâmetro (mm)
Comprimento (mm)
Limite de escoamento (MPa)
Limite de resistência (MPa)
Alongamento em 10Φ (%)
Dobramento a 180º
CA24
5
500
373
544
24
Ok
CA24
25
500
385
423
20
Ok
CA50
5
500
815
848
10
Ok
CA50
25
500
700
750
10
Ok
composição, o que pode explicar a maior
A Tabela 2 mostra os resultados
CA50 com diâmetros de 5 e 25mm.
dureza Vickers encontrada na superfície
obtidos no ensaio de dureza super-
Os aços CA50 obtiveram resulta-
deste aço e neste diâmetro (Tabela 2).
ficial Vickers para os aços CA24 e
dos de dureza superiores aos dos aços CA24, sendo que os maiores valores de dureza observados estão localizados na borda do aço CA50 com bitola de 25mm. Os maiores teores de carbono nestes aços explicam suas maiores durezas (COPAERT (2008)). Além da composição química, conforme discutido no Item 2.1, a análise metalográfica também pode explicar a dureza dos aços.
4.3 Características mecânicas A Tabela 3 apresenta as tensões
u Figura 9 Densidade de corrente de corrosão (i corr) versus tempo para os aços CA24 e CA50 com 5mm de diâmetro
de escoamento e de ruptura, o alongamento e o resultado do ensaio de dobramento dos Aços CA24 e CA50 com diâmetros 5 e 25mm. Todas as armaduras estudadas atenderam aos requisitos de escoamento, resistência à tração, alongamento e dobramento, estabelecidos pela ABNT NBR 7480:2007, para o aço CA50, e EB-3:1939, para o aço CA24. A única exceção está no alongamento do aço CA24 de diâmetro 25mm que, segundo a EB-3, deveria ser maior que 22,4%, mas o resultado obtido foi de 20%. O aço que obteve maior porcentagem de alongamento foi o aço CA24 de diâme-
u Figura 10 Densidade de corrente de corrosão (i corr) versus tempo para os aços CA24 e CA50 com 25mm de diâmetro
tro de 5mm, que, por sua vez, foi o que possuía o menor teor de carbono em sua composição.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 87
4.4 Análise da passivação por meio dos parâmetros eletroquímicos As Figuras 9 e 10 mostram a evolução da densidade de corrente de corrosão (icorr) das armaduras de aço CA24 e CA50 com diâmetros de 5mm e 25mm, respectivamente, embebidas no concreto de referência. As Figuras 11 e 12 mostram a evolução do potencial de corrosão (E corr) das armaduras de aço CA24 e CA50 com diâmetros de 5mm e 25mm, respectivamente, embebidas
u Figura 11 Potencial de corrosão (E corr ) da armadura em função do tempo para o aço CA24 e CA50 com 5mm de diâmetro
no concreto de referência. Os resultados das Figuras 9, 10, 11 e 12 mostram que inicialmente a densidade de corrente de corrosão (i corr) e o potencial de corrosão (E corr) indicam certa atividade, o que é explicado pela rápida oxidação ocorrida no processo de formação da camada passiva (FIGUEIREDO, 1994). Após alguns poucos dias, os registros da i corr passam a ser todos inferiores a 0,1µA/cm 2, indicando corrosão desprezível (Figura 4), e os registros de E corr vão em direção e se mantem em valores superiores a –200 mV em relação ao eletrodo de cobre-sulfato de co-
u Figura 12 Potencial de corrosão da armadura (E corr) em função do tempo para o aço CA24 e CA50 com 25mm de diâmetro
bre, o que significa baixa atividade e baixa probabilidade de corrosão
na composição química e metalo-
trabalhos de recuperação e refor-
(Figura 3). Portanto, os parâme-
gráfica, na dureza superficial, nas
ço de estruturas antigas, com aço
tros eletroquímicos mostram que
propriedades mecânicas e na duc-
CA24, desde que o concreto com
os aços CA24 e CA50, tanto com
tibilidade dos aços CA24 e CA50, o
cloretos e carbonatado tenha sido
diâmetros menores como maiores,
monitoramento eletroquímico da i corr
totalmente removido do entorno
não possuem diferenças no que se
e do E corr ao longo dos 90 dias de
dessas armaduras.
refere ao processo de passivação,
ensaio mostrou que ambos os aços,
Diferentemente da conclusão re-
podendo ser associados em con-
com os dois diâmetros estudados,
lativa ao período de passivação, es-
cretos isentos de cloretos e não
mostraram semelhantes capacida-
tudo realizado por Carvalho (2014)
carbonatados.
des de se passivarem quando en-
mostrou que, após a despassiva-
volvidos por concreto sem cloretos
ção, o tipo de aço e o diâmetro das
5. CONCLUSÕES
e não carbonatado. Portanto, o aço
armaduras influenciam na velocida-
Apesar das diferenças existentes
CA50 poderia ser empregado em
de de propagação da corrosão.
88 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto. Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. [02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655. Concreto de cimento Portland — Preparo, controle, recebimento e aceitação — Procedimento. Rio de Janeiro, 2015. [03] LONGUET, P.; BURGOEN, L.; ZELWER, A.. La phase liquid du ciment hydraté. Rev. Materiales de Construcción, n. 676, 1973, p.35-42. [04] BERTOLINI, L.; ELSENER, B.; PEDEFERRI, P.; POLDER, R.. Corrosion of Steel in Concrete – Prevention, Diagnosis, Repairs. Weinheim: WILEY-VCH, 2004. 392 p. ISBN: 3-527-30800-8. [05] HELENE, P. R. L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado. 1993, 231p. Tese (Livre-Docência) – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica de São Paulo – USP, São Paulo. [06] HAUSMANN, D. A. Steel corrosion in concrete: how does it occur? Materials Protection, p. 19-23, 1967. ____. A probability model of steel corrosion in concrete. Materials Performance, Houston, v. 37, n. 10, p. 64-68. 1998. [07] BASILIO, F. A. Durabilidade dos Concretos. Permeabilidade e Corrosão Eletrolítica. São Paulo, ABCP, 1972. [08] POURBAIX, M. Atlas of electrochemical equilibria inaqueous solutions. NACE, Cebelcor, 1976. [09] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480. Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro, 2007. [10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6892. Materiais metálicos — Ensaio de Tração - Parte 1: Método de ensaio à temperatura ambiente. Procedimento. Rio de Janeiro, 2013. [11] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6153. Produtos metálicos - Ensaio de dobramento semi-guiado. Procedimento. Rio de Janeiro, 1988. [12] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. EB-3. Barras laminadas de aço comum para concreto armado. Rio de Janeiro, 1939. [13] AMERICAN SOCIETY for TESTING and MATERIALS. Standard Test Methods for Half Cell Potential of Uncoated Reinforcing Steel in Concrete. ASTM C 876. In: Annual Book of ASTM Standars. Philadelphia, EUA, 1991. [14] COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 4. Ed. São Paulo, SP, Ed. Edgard McGraw-Hill, 2008. [15] KRAUSS, G. Steels: heat treatment and processing principles. 2 ed. Ohio: ASM International, 1990. 497p. [16] DURAR (Red Temática XV.B – Durabilidad de la Armadura – del Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo). Manual de inspección, evaluación y diagnostico de corrosión en estructuras de hormigón armado. Rio de Janeiro: CYTED, 1997. 208 p. [17] FIGUEIREDO, E. J. P.. Avaliação do desempenho de Revestimento para proteção da armadura contra a corrosão através de técnicas eletroquímicas – contribuição ao estudo de reparo de estruturas de concreto armado. EPUSP. Tese (Doutorado). São Paulo, 1994. 423p. [18] CARVALHO, L. G. S.. Resistência à corrosão dos aços CA24 e CA50 frente à corrosão. UFG/EEC/CMEC. Dissertação (Mestrado). Goiânia, 2014, 158p. [19] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14931. Execução de estruturas de concreto. Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 89
u pesquisa encontrose edesenvolvimento notícias | CURSOS
Aditivos especiais para concretos de parede DANILA FABIANE FERRAZ • RENAN LUCAS LAPA LOBO • MATEUS DE SOUZA GUERRA GCP Applied Technologies
ou seja, com classe de espalhamento
amento pequena, porém, mensurável,
s benefícios do concreto
entre SF1 ou SF 2, onde é exigido um
usando dosagens típicas da concretei-
autoadensável,
a
teor de material fino alto para estabili-
ra, apenas ajustando o teor de finos,
boa capacidade de bom-
zar e dar coesão e conseguir atingir a
sendo possível obter um concreto para
beamento e a eliminação da necessi-
fluidez necessária, sem haver segrega-
paredes com boa fluidez e sem segre-
dade de compactação, são reduzidos
ção dos materiais. Porém, em paredes
gação e exsudação. Dois aditivos flui-
pela necessidade de incremento de
de concreto, os valores de resistência
dificantes foram estudados sendo um
materiais finos na mistura, o que pode-
podem variar dependendo do projeto,
deles base policarboxilato convencional
rá elevar o custo e demanda de água,
podemos citar alguns casos onde a es-
(identificado como PCE) e o outro adi-
aumentar a sensibilidade a pequenas
pecificação varia de 25-30Mpa em 28
tivo, igualmente de um policarboxilato,
variações na relação água/cimento e
dias. Um dos parâmetros que merece
porém com características de modifica-
necessidade de dosagens especiais.
destaque é a necessidade do desen-
dor de viscosidade (identificado como
As principais características do con-
volvimento de pelo menos 3,0 MPa
PCMV). Os estudos foram feitos com
creto para a produção de paredes é
com apenas 12 horas após a molda-
ambos aditivos e cimento CP V ARI RS,
boa fluidez, sem haver segregação e
gem, para acelerar a desforma, critério
primeiramente em pasta depois em ar-
exsudação, altas resistências inicias,
que define rapidez do sistema em rela-
gamassa e finalmente em concreto. Os
bom controle reológico para auxiliar no
ção a outros. Neste estudo, foi identifi-
ensaios em concreto convencional fo-
bombeamento e controle do teor de
cado que o aditivo base policarboxilato
ram realizados para o desenvolvimento
ar. Isso é um grande desafio, por se
modificador de viscosidade proporcio-
de uma dosagem ideal para paredes de
tratar de um concreto autoadensável,
na uma mistura com tensão de esco-
concreto e sem apresentar exsudação
1. INTRODUÇÃO
O
como
u Figura 1 Distribuição do tamanho médio de partículas do cimento CP V ARI RS
90 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
e segregação, sendo o aditivo PCMV o
saios de fluorescência de Raios X foram
que apresentou menor tendência à se-
realizados seguindo as diretrizes gerais
gregação e exsudação, possibilitando o
da ISO 29581:2010 “Cement – Test
uso de uma maior dosagem em mistu-
Methods – Part 2: Chemical analysis by
ras com menor teor de finos, permitindo
X-ray fluorescence”.
uma redução de custo do concreto e
Na Tabela 1 são apresentados os
menor consumo de cimento, atenden-
resultados das avaliações da composi-
do aos requisitos de especificação de
ção química e mineralógica do cimento
resistências para concretos de parede.
CP V ARI RS.
2. CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO
3. ESTADO FRESCO DA PASTA A pasta foi misturada em um dis-
O cimento foi caracterizado para
persor de alta energia, mantendo-se
avaliar as suas propriedades físico-quí-
constante a mistura com energia de
micas e mineralógicas. A avaliação da
10.000rpm por 60 segundos e relação
distribuição do tamanho médio de par-
água/cimento de 0,4. Cerca de 100 g
tículas foi feita no equipamento Malvern
de pasta foi adicionada no minicone
Mastersizer e os resultados mostrados
de Kantro e o espalhamento foi reali-
na Figura 1.
zado sobre uma base metálica úmida,
foram realizados somente com a pasta
Os cimentos também foram carac-
quantificado após a retirada do molde.
do aditivo PCE versus PCMV[1]. Os es-
terizados por difração de raios X e Fluo-
Além disso foi ensaiado em calorime-
tudos de otimização do teor de aditivo
rescência de raios X, sendo que os en-
tria isotérmica. Neste caso, os ensaios
na pasta foram realizados por reometria
u Figura 2 Reômetro Anton Paar Modelo MCR302
u Tabela 1 – Resultados da caracterização química e mineralógica do cimento FRX e DRX FRX
DRX
Determinações – %
CP V ARI RS
Determinações – %
CP V ARI RS
Anidrido silícico (SiO2)
19,32
Alita
55,8
Óxido de alumínio (Al2O3)
5,36
Belita
8,3
Óxido férrico (Fe2O3)
2,36
Brownmilerita
5,2
Óxido de cálcio (CaO)
59,86
C3A cúbico
2,4
Óxido de magnésio (MgO)
3,45
C3A ortorrômbico
5,4
Anidrido sulfúrico (SO3)
4,17
Periclásio
2,4
Óxido de sódio (Na2O)
0,43
Portlandita
1,1
Óxido de potássio (K2O)
0,88
Gesso
–
Óxido de titânio (TiO2)
0,25
Calcita
9,9
Óxido de fosfóro (P2O5)
0,14
Gipsita
0,6
Óxido de manganês (Mn2O3)
0,18
Hemidrato
5,3
Óxido de estrôncio (SrO)
0,13
Anidrita
0,3
Óxido de cromo (Cr2O3)
˂0,01
Arcanita
0,7
Óxido de zinco (ZnO)
0,03
Quartzo
0
Óxido de bário (BaO)
0,07
Aftitalita
0,8
Perda ao fogo (PF)
3,91
Albita
–
TOTAL
99,55
Singenita
1,7
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 91
a determinação dos parâmetros reológicos e do tipo de comportamento sob solicitação de fluxo. A taxa de cisalhamento foi mantida constante por 10s em cada patamar e a quantificação da tensão de cisalhamento e viscosidade em função da taxa foi realizada a partir de uma média dos últimos 5 segundos (Figura 3)[2].
4. TRAÇOS DO CONCRETO PARA PAREDES
u Figura 3 Esquema do ensaio de reometria
Normalmente os traços para concreto autoadensável necessitam de maior quantidade de materiais finos,
u Tabela 2 – Traços para testes com policarboxilato convencional e policarboxilato modificador de viscosidade para paredes de concreto Materiais
Policarboxilato convencional
Policarboxilato modificador de viscosidade
Cimento (Kg/m3)
348
295
Areia natural fina (Kg/m3)
479
423
Areia artificial (Kg/m3)
479
423
Brita 0 (Kg/m3)
871
1013
Água (Kg/m3)
175
183
Relação água/cimento
0,50
0,62
Teor de argamassa (%)
60
53
como filler, areia bem fina, sílica ativa, cinza da casca de arroz, entre outros, ou, em alguns casos, o cimento (porém, com este último o custo da mistura será elevado), para evitar exsudação e segregação, e garantir que se consiga atingir o espalhamento necessário. Neste estudo foram reduzidas as frações finas da mistura intencionalmente para aumentar o nível de segregação e avaliar o efeito do aditivo PCMV. A composição do concreto para paredes é definida com as mesmas técnicas
rotacional. Após a mistura das pastas
hatched, com diâmetro de 25mm
de concreto autoadensável. Antes de
cimentícias, essas foram adicionadas
(PP25/P2). Variou-se a quantidade de
definir a proporção de cada elemento
em um reômetro da marca Anton-Paar,
aditivo para avaliação comparativa da
da mistura, foram avaliadas as carac-
modelo MCR302, ilustrado na Figura 2.
viscosidade e tensão de escoamento.
terísticas do cimento, agregados e da
Utilizou-se geometria de placas pa-
Os ensaios foram realizados a partir da
água, primeiramente antes de definir
ralelas de aço inoxidável do tipo cross
programação de stepped flow test para
o tipo de aditivo e dose utilizados. As características da mistura foram avaliadas e definidas de acordo com as especificações de aplicação, resistência e fluidez necessárias, principalmente na seleção da relação água/cimento para atingir a durabilidade necessária. Após a seleção do traço, os ensaios foram realizados com foco na avaliação da estabilidade do concreto principalmen-
u Figura 4 Efeito do aumento do teor de aditivo pelo ensaio de cone de Kantro
92 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
te na resistência à segregação e exsudação. Para a determinação do traço utilizou-se como referência o manual
PCA-Portland Cement Association[3]. No primeiro traço para uso do po-
ometria rotacional com ambos aditivos
dos de tensão de escoamento, viscosi-
PCE e PCMV, utilizando-se os resulta-
dade aparente para cada dosagem dos
licarboxilato convencional[4], utilizou-se uma quantidade maior de cimento, enquanto que, para o uso de policarboxilato modificador de viscosidade, reduziu-se a quantidade de cimento, mas mesmo assim os resultados de resistência atenderam às especificações para concretos de parede e com menor custo (Tabela 2), como o traço de concreto autoadensável ensaiado com o PCMV permitiu a redução da quantidade de pasta e aumento da quantidade de brita 0, há uma contribuição indireta para o aumento de módulo de elasticidade, embora parâmetro não tenha
u Gráfico 1 Avaliação do espalhamento de ambos aditivos pelo ensaio de cone de Kantro
sido avaliado neste estudo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram realizados os ensaios de fluidez em cone de Kantro para determinar a dosagem ótima de cada aditivo. Com as mesmas doses foram ensaiadas em reometria rotacional as pastas para avaliação da viscosidade e tensão de escoamento, e calorimetria. No Gráfico 1, estão apresentados os valores de espalhamento comparativos do PCE versus PCMV. É possível verificar que, para uma mesma fluidez, é necessária
u Gráfico 2 Avaliação da viscosidade aparente para PCE versus PCMV
uma dosagem levemente mais alta de PCMV quando comparado ao PCE nas dosagens acima de 0,3%. Essa diferença de dosagem foi considerada para os ensaios em concreto. Dosagens mais altas de aditivo policarboxilato tendem a aumentar a segregação e exsudação, fato que pode ser avaliado na Figura 4 é possível verificar que o aditivo PCMV, em nenhum dos casos, apresentou exsudação; já o aditivo PCE, após a dosagem de 0,35%, apresenta exsudação, porém os valores de fluidez estão muito próximos. Foram realizados os ensaios de re-
u Gráfico 3 Avaliação da tensão de escoamento do PCE versus PCMV
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 93
u Gráfico 4 a: Curva de fluxo de calor; b: Curva de calor acumulado para ambos aditivos aditivos. Para os resultados de viscosi-
bos aditivos apresentam tensão de esco-
te, a mistura foi realizada colocando-se
dade neste estudo foram utilizados os
amento iguais, porém com o aumento da
em betoneira de laboratório os agrega-
parâmetros da máxima taxa de cisa-
dosagem, essa tensão é diminuída para o
dos graúdos com 50% da quantidade
lhamento aplicada no ensaio, enquan-
aditivo PCE. Isso indica que, para os en-
da água definida no desenho da mis-
to que a tensão de escoamento foi
saios em concreto, a dosagem do PCMV
tura. Posteriormente, foi adicionado o
quantificada como o valor da tensão
deverá ser maior, fato que realmente
cimento e, na sequência, as areias e o
de cisalhamento na menor taxa utiliza-
foi comprovado em concreto com a
restante da água. A dosagem do adi-
da no ensaio da etapa de desacelera-
elevação da dose do aditivo PCMV
tivo PCE foi de 0,65%, enquanto que,
ção. No Gráfico 2, estão apresentados
para o mesmo espalhamento de 700
para o aditivo PCMV, foi de 0,70%
os resultados de viscosidade aparen-
mm. Mesmo assim nos ensaios em
para atingir o espalhamento de 700
te, onde o aditivo PCMV apresenta um
concreto não houve exsudação com o
mm, procedeu-se a mistura por 8 mi-
perfil de viscosidade mais alto quando
aditivo PCMV.
nutos, visto que a adição do aditivo foi
comparado ao aditivo PCE.
Os resultados de calorimetria iso-
feita em modo atrasado, ou seja, um
Esse é um parâmetro importante que
térmica demonstram que não houve
minuto após ter sido adicionada a se-
contribui com a diminuição da exsudação
diferenças entre os aditivos estudados
gunda metade da água. Após decor-
e segregação do concreto. Já no Gráfico
nas doses de 0,2 e 0,4% (Gráfico 4).
rido o tempo estabelecido foram ava-
3 é possível verificar que, nas doses mais
Os ensaios em concreto foram rea-
liadas as propriedades do concreto no
baixas de 0,1 e 0,2%, concretos com am-
lizados conforme Tabela 2. Inicialmen-
estado fresco e moldados os cilindros 10x20cm para o ensaio de resistência à compressão axial nas idades de 1, 7 e 28 dias. O ensaio de espalhamento pelo tronco de cone foi realizado com o cone invertido e
ambos os testes
apresentaram espalhamento de 700 mm. Porém, a amostra PCE apresentou segregação e exsudação em valores consideráveis, de acordo com a normativa C1712-14 “Visual Segregation Index” e “Prática Recomendada
u Figura 5 a) Ensaio em concreto com aditivo PCE; b) Ensaio em concreto com aditivo PCMV
94 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
de CAA-Ibracon”, o valor apresentado para a amostra PCE foi de VSI = 3, ou seja, níveis mais altos de segregação.
Enquanto que o aditivo PCMV apresentou VSI=0, ou seja, pouca segregação/exsudação, como apresentados na Figura 5 a e b. Os ensaios de compressão axial foram realizados nas idades iniciais e finais (Gráfico 5). É possível verificar que os valores de resistência inicial e final da amostra PCE estão mais altos quando comparados com a amostra
u Gráfico 5 Resultados de resistência à compressão axial
PCMV. Porém, mesmo com a diminuição do teor de finos da mistura, o en-
mesmas dosagens que o PCE apre-
aos requisitos usuais para concretos de
saio realizado com o PCMV apresen-
sentou maior viscosidade aparente,
parede. Os valores apresentados nos
tou valores de resistência aceitáveis
enquanto que, no ensaio de tensão de
estudos de calorimetria isotérmica indi-
de acordo com os estabelecidos para
escoamento, o aditivo PCMV apresen-
cam que ambos aditivos apresentaram
paredes de concreto, podendo-se
tou valores de tensão de escoamento
o mesmo perfil de fluxo de calor e calor
apresentar menores custos e melhor
iguais na dosagem mais baixa e esses
acumulado, o que indica, na prática,
acabamento (Figura 6 a e b), conforme
valores foram aumentando com o au-
que nenhum dos aditivos apresentam
o comparativo dos cilindros moldados
mento da dosagem do aditivo. Esses
retardo de pega, sendo o PCMV o aditi-
para ensaio de resistência à compres-
resultados servem de parâmetros para
vo que melhor é aplicável para paredes
são axial, onde a mistura feita com o
o desenvolvimento da mistura de con-
de concreto para o apresentar menor
aditivo PCMV apresenta melhor aca-
creto para paredes. Esses dados com-
tendência de exsudação.
bamento e melhor coesão.
parativos indicam que o aditivo PCE, embora necessite de uma dosagem
6. CONCLUSÃO
menor para mesma tensão de escoa-
Através dos resultados apresen-
mento nas dosagens altas, não permite
tados a partir do ensaio de cone de
o uso na prática de tais dosagens por
Kantro, foi possivel verificar que o adi-
apresentar exsudação e segregação,
tivo base policarboxilato convencional
enquanto que o aditivo PCMV, mesmo
(PCE) apresenta uma maior tendencia
em dosagens mais altas, reduz signifi-
á exsudação nas maiores dosagens
cativamente a exsudação. Esse fato foi
estudadas. Já o aditivo base policar-
evidenciado nos ensaios em concreto,
boxilato modificador de viscosidade
onde mesmo reduzindo a quantidade
(PCMV), mesmo nas dosagens mais
de finos na mistura, não houve exsu-
altas, não apresentou tendência à ex-
dação nem segregação e os desen-
sudação. Os resultados de viscosidade
volvimentos de resistências, tanto nas
também indicaram que o PCMV nas
idades finais como iniciais, atendem
u Figura 6 Aspecto do cilindro moldado em concreto com: a) aditivo PCE e b) aditivo PCMV
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [01] LANGE, A., PLANK, J. Optimization of comb-shaped polycarboxylate cement dispersants to achieve fast-abatimentoing mortar and concrete. Technische Universitdad Munchen, Chair for Construction Chemistry, Garching, Lichtenbergstraße 4, Germany, 2015. [02] LYRA, J.S., ROMANO R.C.O., PILEGGI, R.G., GOLVEA, D. Consolidação de pastas cimentícias contendo policarboxilatos um estudo calorimétrico e reológico. Associação Brasileira de Cerâmica, ANO LVIII - VOL. 58, 346 - ABR/MAI/JUN 2012. [03] KOSMATKA, S.H and WILSON, M.L – Design and Control of Concrete Mixtures –The Guide to applications, method and materials – Fifteenth Edition.-2012. [04] RAMACHADRAN, V.S. Concrete. Admixtures Handbook, Properties, Science and Technology.Institure of Research in Construction National Research Council Canadá, Ottawa. 2nd edition. 1995.
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 95
u acontece nas regionais
Regional da Bahia realiza Seminário sobre desempenho, manutenção e durabilidade das estruturas de concreto
N
os últimos dias 29 e 30 de mar-
o minicurso sobre
ço a Regional IBRACON na
técnicas não des-
Bahia realizou o I Seminário sobre
trutivas para ava-
desempenho, manutenção e dura-
liação do concreto
bilidade das estruturas de concreto,
teve duas turmas.
em parceria com o Departamento
Nele os participan-
de Construção e Estruturas da Es-
tes tiveram a opor-
cola Politécnica da Universidade Fe-
tunidade de assistir
deral da Bahia, local de realização
a
do evento.
numa
Com participação de 151 profissio-
em construção no
nais e estudantes, o Seminário dis-
próprio campus da
cutiu aspectos de desempenho e
UFBA,
durabilidade das estruturas de con-
há três anos. “A
creto, com a finalidade de contribuir
estrutura prestou-se perfeitamente
CREA-BA, Odebrecht, Ademi-BA e
com a formação profissional e a ca-
à realização de ensaios especiais
Proceq e com o apoio da UFBA, Ins-
pacitação técnica dos participantes.
de carbonatação, cloretos, escle-
tituto Politécnico da Bahia, Sindus-
Na ocasião foi apresentada a nova
rometria, potencial de corrosão, ul-
con-BA, Ceta e Núcleo de Inovação
diretoria regional do IBRACON.
trassom, extração de testemunhos,
da Construção.
O presidente do IBRACON, Eng. Julio
e outros ensaios apropriados para
Nos dois dias do evento foram ar-
Timerman, proferiu palestra no Semi-
estruturas existentes, nas quais se
recadados cerca de 200 kg de ali-
nário sobre as normas brasileiras de
deseja um correto diagnóstico de
mentos não perecíveis, doados ao
inspeção das estruturas de concreto.
segurança e vida útil”, avaliou o Prof.
Hospital Aristides Maltez, que vem
Já o diretor de relações institucionais
Paulo Helene.
passando por uma grave crise fi-
do Instituto, Prof. Paulo Helene, abor-
Os participantes foram ainda agra-
nanceira e que tem como uma de
dou as lições aprendidas dos erros e
ciados com o sorteio de algumas
suas missões cuidar de crianças
acidentes com estruturas de concre-
publicações técnicas do IBRACON.
com câncer.
to. Por sua vez, o diretor regional do
Foi feita uma sin-
IBRACON e coordenador do Semi-
gela
nário, Prof. Francisco Gabriel Santos
à equipe da UFBA
Silva tratou da manutenção das es-
ganhadora
dos
truturas de concreto.
concursos
Apara-
Além de sete palestras, o Seminário
to de Proteção ao
contou com dois minicursos: Alvena-
Ovo
ria Estrutural – projeto, execução e
Colorido
desempenho, ministrado pelo instru-
Resistência no últi-
tor Hélio Aragão (STR Construções);
mo Congresso Bra-
e Técnicas não destrutivas para ava-
sileiro do Concreto.
liação do concreto, ministrado pe-
O Seminário con-
los professores Paulo Helene (PhD
tou com o patro-
Engenharia)
Gabriel
cínio da STR Con-
(UFBA). Devido à grande demanda,
sultoria e Projeto,
e
Francisco
96 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
aulas
práticas edificação
paralisada
Momento da palestra do Prof. Paulo Helene no Seminário
homenagem
e
Concreto de
Alta
Uma das turmas do curso assiste ao ensaio de esclerometria feito pelo Prof. Paulo Helene em edifício em construção no campus da UFBA
Jornada de Engenharia Civil na Regional Tocantins
Público assiste palestra durante a Jornada de Engenharia e Presidente do IBRACON, Julio Timerman, posa para foto com as ganhadoras de prêmios sorteados pelo IBRACON
oi realizada de 24 a 28 de abril a VII
F
assistir a seis palestras proferidas por pro-
cionais no auxílio em projetos de estru-
Jornada de Engenharia Civil no Centro
fessores e profissionais renomados, entre
turas de concreto armado e dimensiona-
Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/
eles o presidente do IBRACON, Eng. Julio
mento geotécnico de fundações em radier
Ulbra),em Tocantins, com o objetivo de
Timerman (Projeto Estrutural do Museu
estanqueado. Além disso, os participantes
reunir acadêmicos e profissionais da área
do Amanhã) e o professor da Escola Po-
assistiram, envolveram-se ou competiram
para atualização de conhecimento técnico
litécnica da Universidade de São Paulo,
nos concursos “Pontes de Macarão”,
e científico e para a troca de experiências.
Eng. Nelson Aoki (Risco Geotécnico na
Concrebol e Concreto de alta resistência,
O evento teve como bandeira a Tecnolo-
Engenharia Civil). Tiveram a oportunidade
estes dois últimos baseados nos concur-
gia e a Sustentabilidade – os novos desa-
de escolher entre 16 minicursos, com os
sos nacionais promovidos pelo IBRACON,
fios da engenharia civil.
mais variados temas, como segurança de
preparando os estudantes da Regional
Os mais de 500 participantes puderam
barragem, uso de ferramentas computa-
para as competições em nível nacional.
Semanas acadêmicas na Regional de Santa Catarina
N
o dia 8 de maio, em Joinville, o
tarina sobre os concretos emprega-
Joelcio Stocco, ministrou palestra
diretor técnico do IBRACON em
dos na Ponte Anita Garibaldi (Ponte
sobre os concretos para a execu-
Santa Catarina, Prof. Denis Fernan-
da Laguna).
ção de grandes blocos de fundações
des Weidmann, ministrou a palestra
Já, no dia 9 de maio, o Prof. Luiz Ro-
para os edifícios altos de Balneário
de abertura da Semana Acadêmi-
berto Prudêncio, da Universidade Fe-
Camboriú, na Semana Criativa do
ca do Curso de Engenharia Civil da
deral de Santa Catarina, a convite do
curso de Arquitetura e Urbanismo
Universidade Católica de Santa Ca-
diretor Regional do IBRACON, Prof.
da Unisul.
Regional do Ceará participa da Semana de Engenharia do Instituto Federal
A
III Semana de Engenharia Civil do
com o mercado e com as demandas
promovidas pelo Instituto Brasileiro do
Instituto Federal do Ceará aconte-
da sociedade.
Concreto: o Aparato de Proteção ao
ce de 19 a 24 de junho, em Fortaleza,
Durante a Semana serão realizadas
Ovo e o Quem sabe faz ao vivo.
com o objetivo de contribuir para
a
duas competições em nível regional
Mais informações:
formação de profissionais atualizados
das competições em nível nacional
https://www.facebook.com/SEMECIFCE
CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 97
Palestras na Regional do Rio de Janeiro
A
concepção da estrutura de uma torre e sua fundação, destinada a testes de elevadores de grande velocidade para prédios altos, foi tema de palestra na Regional IBRACON do Rio de Janeiro, no dia 3 de maio, no Clube de Engenharia. Além dos aspectos de projeto e construção, foi apresentada análise estática, dinâmica e aerodinâmica do sistema estrutural sob ação do vento e avaliação de seu desempenho e estabilidade aerodinâmica. Com participação de 100 profissionais, a palestra foi ministrada pelo diretor da Controllato Projeto, Monitoração e Controle de Estruturas e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eng. Ronaldo Battista, que é também presidente da Associação Sul-Americana de Engenharia Estrutural (ASAEE).
Já no último dia 17 de maio, o presidente do IBRACON, Eng. Julio Timerman, esteve no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, para uma palestra sobre o projeto das estruturas de concreto do Museu do Amanhã. Em sua apresentação, Julio Timerman, consultor em estruturas, diretor da Engeti Consultoria e Engenharia e vice-presidente da Internacional Association for Bridges and Structural Engineering (IABSE), abordou as características principais da estrutura, as premissas de cálculo, a compatibilização da estrutura com a cobertura metálica e os detalhes executivos dessa obra emblemática no Rio de Janeiro, assinado pelo arquiteto Calatrava. Para tratar das patologias de alvenarias e acabamentos decorrentes da deformabilidade das estruturas de concreto
armado e das falhas de execução das vedações verticais e acabamentos, a Regional convidou o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), Eng. Ercio Thomaz, que também é professor da Ycon Formação Continuada e da Academia de Engenharia e Arquitetura (AEA), além de membro do Conselho da Revista Téchne e da Revista CONCRETO & Construções. Em sua palestra, Thomaz abordou a fluência e a deformabilidade das estruturas de concreto armado e sua relação com as patologias das alvenarias e dos acabamentos nas edificações, bem como as patologias decorrentes de falhas na execução de alvenarias e revestimentos. As palestras foram uma realização do IBRACON, do Clube de Engenharia e da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).
SISTEMAS DE FÔRMAS PARA EDIFÍCIOS: RECOMENDAÇÕES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE E DA PRODUTIVIDADE COM REDUÇÃO DE CUSTOS Autor: Antonio Carlos Zorzi O livro propõe diretrizes para a racionalização de sistemas de fôrmas empregados na execução de estruturas de concreto armado e que utilizam o molde em madeira As propostas foram embasadas na vasta experiência do autor, diretor de engenharia da Cyrela, sendo retiradas de sua dissertação de mestrado sobre o tema.
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