sumário agenda .
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notícias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 LINHADIRECTA . . . . . . . . . . . . . . 8 capa
•Fugas dentro de nós
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1ºplano
•algas com futuro saúde
•alimentos para
a fertilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
•regenerar o corpo •onagra •o que fazer perante
. . . . . . . . . .
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20 22
uma crise de nervos . . . . . . . . . . . 26
10 Fugas dentro de nós: Nestas férias, sugerimos-lhe que
não vá para muito longe. Aqui, quase ao nosso lado, existem lugares onde a paz e a tranquilidade encontram-se num espaço, ambiente e paisagens únicas. Conheça alguns dos destinos em Portugal, onde a natureza, a meditação e a alimentação natural unem-se no caminho para o seu destino de sonho.
bem-estar
•massagem shantala •festival acroyoga
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28
em lisboa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
vivências
•ritos quatidianos
que dão felicidade . . . . . . . . . . . . 32
ambiente
•exércitos verdes
. . . . . . . . . . . .
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Novos produtos . . . . . . . . 42 Cultura
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Tendências . . . . . . . . . . . . . . . 50
colaboram neste número: Andrew Wasley, Carlos Campos Ventura, Daniel Gloaguen, Francesc Miralles, Laura Kohan, Marco Brito, Zélia Machado • agradecemos a: LPN- Liga para a Protecção da Natureza, Dra Sara Fernandes
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NATURAL
14 Algas com futuro: As algas representam uma fonte de
saúde, com inúmeros benefícios para a saúde, mas actualmente elas têm um papel de destaque no ambiente, porque, entre muitas razões, são uma fonte praticamente inesgotável. As algas apresentam uma produtividade superior à das plantas terrestres, e o projecto Algafuel é o exemplo de como a produção de microalgas permite a fixação de CO2 e a produção de biomassa.
editorial
20 Regenerar o
corpo: Desintoxicar e limpar o organismo é o primeiro passo para conquistar a saúde e eliminar o peso dos resíduos e das toxinas que se acumulam no nosso corpo. A eliminação das toxinas deve acontecer diariamente, contudo, se os hábitos alimentares e de vida não forem os melhores, o corpo começa a acumular demasiados resíduos tóxicos.
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Massagem Shantala: Esta massagem era transmitida de uma forma natural e progressiva pelas mães às filhas, quando estas iniciavam o período de gravidez e ao longo do tempo de gestação. A essência da massagem consiste na intensa transferência de amor dos pais para os filhos. A sua aplicação não produz efeitos dolorosos, conduzindo a criança a uma sensação de bem-estar e de relaxamento.
Destinos de Paz Afaste-se do stress e deixe-se levar pelas estradas que o levarão ao encontro com a paz. A revista Natural reuniu alguns destinos para si, cá dentro, onde a calma e a tranquilidade são únicas. Mostramos-lhe, com estas propostas, que é possível fundir lazer com relaxamento, entre actividades como yoga, meditação, alimentação natural, passeios na natureza, sessões de desintoxicação do organismo e claro, puros momentos de lazer, como mergulhos na piscina. Longe de tudo, e para explorar o seu caminho interior, convidamo-lo a conhecer alguns destinos em Portugal, onde a natureza e o bem-estar são os principais cartões de visita para umas férias de sonho. Casas especialmente pensadas para o encontro com a paz interior, ou idealizadas para o puro descanso, estas são as possibilidades para um turismo que não é um turismo de azáfamas. Alternativo ou não, este é o turismo que todos deveríamos fazer. Boas férias! Manuel Valventos
edição 94 | Julho/Agosto
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Ritos quotidianos que dão felicidade: Celebrar pequenos momentos e rotinas da nossa vida é uma forma de construir alguma serenidade para a agitação do nosso dia-adia, sendo também um caminho para o encontro da nossa identidade. Porque os rituais quotidianos traçam o mapa íntimo da nossa geografia emocional.
edição e propriedade Mistura de Letras, Lda • director Manuel Valventos • redacção Manuel Fernandes (Chefe de Redacção), Rit a E stêvão (Colabor ador a) • d e s i g n Pedro Silva (Coordenador) • publicidade /comercial João Magalhães (Zona Sul) e João Manuel (Zona Norte) • direcção financeira Elisabete Ferreira • administração Mistura de Letras, Lda, Apartado 9116, 1901- 802 Lisboa • Tel.: 309 867 369 • pré - impressão e impressão Sogapal, Estrada das Palmeiras, Queluz de Baixo - Barcarena • distribuição Logista Portugal • a ssinatu r a s e pedidos assinaturas@ beijaflornatural.com /213 530 175 • periodicidade Mensal • tiragem 15.000 exemplares • informação legal • Registo I.C.S. n.º 121091 • depósito legal n.º 167841/01 • ISSN - 1645-2232 • AIND - Sócio n.º 1121 • online • revistabeijaflor@yahoo.com • http://arevistanatural.blogspot.com
Consultores Científicos • Carlos Ventura naturopatia • Francisco Varatojo alimentação macrobiótica • Jean-Claude Rodet naturopatia e alimentação • José Faro medicina chinesa • Manuela Tavares homeopatia antroposófica • Pedro Choy acupunctura • Pedro Escudeiro osteopatia • Pedro Lôbo do Vale médico • Serge Jurasunas naturopatia
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agenda natural CURSOS Mini-curso de massagem com introdução de Shiatsu e Anma Com o Prof. Hiroyuki Takeda Local: Av. 5 de Outubro, nº 204, 8ºB, Lisboa
agenda
»» curso Massagem Thai Yoga »» Este curso pretende transmitir o ensino sistemático de uma massagem tradicional tailandesa - com várias das suas técnicas, utilizando mãos, cotovelos, pés, joelhos, etc... para trabalhar as linhas de energia. Serão ensinados muitos dos alongamentos e estiramentos que incorporam esta massagem e algumas técnicas terapêuticas importantes. O aluno aprenderá a preparar, mover e posicionar o corpo do paciente, de forma a conseguir realizar toda a sessão em conforto e segurança para ele e para a pessoa que recebe.
(junto à estação de Entrecampos) Para mais informações: 217936013 /
hirojp_pt@hotmail.com
Para mais informações: 960448999 / info@
ayurvedica.org
Curso de Fitoterapia Local: Universidade Lusófona, Campo
Curso de Massagem Thai Yoga – Módulo I
»» Dois Domingos por mês
Desenvolvimento e Estudo da Energia Pessoal (DEEP) »» 18 de Julho Local : PRO.CURA (à Lapa, próximo a
Grande, Lisboa
Com Atul Mulji
Santos)
Horário: Das 9h às 16h
»» Dias 25 e 26 de Julho
Horário: Das 10h às 14h
Mensalidade: 120€
Horário: Dia 25 – das 15h às 20h / Dia
Preço: 35€
Para mais informações: 914832654 /
26 - das 09h30 às 13h30 e das 15h às 20h Preço: 350€ Para mais informações: www.brahmi.pt
Para mais informações : www.rodrigobelard.
www.institutohipocrates.pt
Curso de Naturologista Ayurveda »» Abril de 2009 a Abril de 2011 Local: EAN – Estudos Avançados de
Naturologia, Rua Cândido de Figueiredo, N.º 91, Letra I, Lisboa (junto ao Hospital Cruz vermelha – Benfica) Horário: Fim-de-semana Para mais informações: 217723184 | 217723185 | 937723184 | 937723186 | info@ean.pt | www.ean.pt
Aulas de Língua Chinesa »» A partir de Maio Local: EAN – Estudos Avançados de
Naturologia Horário: Pós-Laboral Para mais informações: 217723184 | 217723185 | 937723184 | 937723186 | info@ean.pt | www.ean.pt
workshops Workshops - Acupunctura (só para acupunctores), Moxibustão e Sports Taping
com / 926425817
Workshop de Massagem Shantala Com Zélia Machado
»» 25 de Julho Local: Local: Espiral, Centro de Alternativas Para mais informações: 21 3553993 /
inscritas
Reiki Tradicional I
Local: Av. 5 de Outubro, nº 204, 8ºB, Lisboa (junto à estação de Entrecampos) Preço: Workshop de Acupunctura (2h30) 25€; Workshop de Moxibustão (2h30) 20€; Workshop de Sports Taping (2h30) 30€ Para mais informações: 217936013 / hirojp_pt@hotmail.com
»» 26 de Julho
Com Cristina Bento
Som e Silêncio - Dança e Quietude »» 6,7,8, e 9 de Agosto Local: Margens do Douro Para mais informações: Espaço e 4 Elementos: mail@mariamargaridabarros. com / www.mariamargaridabarros.com / 915 486 254
Retiro Xamânico Purificação e Expansão da Consciência »» 27, 28, 29 e 30 de Agosto Local: Mafra
Horário: Das 10h às 19h
Para mais informações: Espaço e 4 Elementos: mail@mariamargaridabarros. com / www.mariamargaridabarros.com / 915 486 254
Preço: 75€ Para mais informações : www.rodrigobelard.
com / 926425817
actividades
969187832 / 917893403
»» 13 e 18 de Julho
Workshop de Pindas
Local: Sintra
Local: Alba – Associação Luso-Brasileira de
Com Luís Barreto
Para mais informações: 21 3553993 /
Ayurvédica, Lisboa Horário: Das 10h às 18h Lisboa: Dia 13 Porto: Dia 18
»» 18 de Julho
969187832 / 917893403
Para mais informações: 21 3553993 /
retiros
Santos)
Curso de Especialização em Naturopatia Ayurvédica
Local: Local: Espiral, Centro de Alternativas
Elementos: mail@mariamargaridabarros. com / www.mariamargaridabarros.com / 915 486 254
Local : PRO.CURA (à Lapa, próximo a
Passeios Espiral com exercícios de meditação Libertar corpo e alma nos trilhos de Sintra
»» 12 de Julho
Para todas as idades Para mais informações: Espaço e 4
969187832 / 917893403
Cada Workshop começa com 8 pessoas
Workshop de Shiatsu
Local: Óbidos
Com Carlos Gonçalves
Local: Local: Espiral, Centro de Alternativas Para mais informações: 21 3553993 /
Contos de Fadas
969187832 / 917893403
»» 25 de Julho
Contactos para agenda: 309 867 369 ou geral@beijaflornatural.com. A Natural reserva-se o direito de excluir informação por questões de espaço, sendo completamente alheia a qualquer alteração feita pelos intervenientes de cada evento.
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NATURAL
n tícias
curtas
DESTAQUE CBI termina reunião do Funchal sem resolver os principais problemas Um novo modelo de funcionamento interno para a Comissão Baleeira Internacional (CBI), a sua continuidade e o adiamento da decisão para a caça de baleias corcundas pela Gronelândia foram assuntos que marcaram a 61ª reunião, que decorreu no Funchal. Neste encontro, que reuniu na capital da ilha da Madeira centenas de participantes de 85 países e organizações não governamentais, a comissão foi incapaz de superar as divergências internas para ultrapassar os problemas relacionados com a caça dita científica por parte do Japão, e fazer valer a moratória contra a captura comercial da baleia criada em 1986. Os trabalhos foram também uma oportunidade para realçar a actividade turística de observação de cetáceos que, em 2008, movimentou 13 milhões de pessoas de 119 países em mares dos vários continentes. A 62ª reunião da CBI decorrerá em Agadir, Marrocos.
BIODIVERSIDADE 30% das espécies de tubarões estão em perigo de extinção O primeiro estudo para determinar o estado de conservação global das 64 espécies de tubarões e arraias de alto mar revelou que 32% estão ameaçadas de extinção. A informação é do Grupo Especializado em Tubarões da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. De acordo com os técnicos, a ameaça vem principalmente da pesca excessiva. Segundo o grupo de investigação, os tubarões são “profundamente vulneráveis” a esta prática, pois demora vários anos para que as espécies atinjam a maturidade. Vários tubarões de alto mar ficam presos nas redes de pesca de atum e peixe-espada. Contudo, os tubarões estão também cada vez mais a ser procurados pela sua carne, dentes e óleo de fígado.
Energia
Obama quer lâmpadas mais eficientes
O presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu que o país irá adoptar novos padrões de eficiência para lâmpadas e equipamentos de luz a partir de 2012. A medida foi tomada três dias após a Câmara dos Representantes ter aprovado, com uma margem apertada de votos, a nova lei da mudança climática. A lei aprovada na Câmara dá a Obama um argumento para afirmar a liderança dos EUA contra o aquecimento global na reunião do G8. Um dos principais pontos da lei é um plano para reduzir as emissões a um patamar 17% inferior aos registados em 2005 até ao ano de 2020. Até 2050, a redução nas emissões deverá ser de 80%.
OCEANOS Observação de cetáceos com legislação regional Até ao final deste ano, a região vai passar a dispor de legislação própria para a observação de cetáceos. Uma actividade que, em 2008, movimentou 13 milhões de pessoas de 119 países em mares dos vários continentes e gerou receitas superiores a 1,4 mil milhões de euros, segundo o relatório da associação “International Fund for Animal Welfare”.A regulamentação tem dois objectivos: valorizar o património natural (observar com regras que visam a protecção das espécies), mas também dar novas oportunidades económicas sustentadas e sustentáveis. Mas a nova legislação não se ficará pela observação de baleias e golfinhos na Região. O Governo quer ir mais além e tentar “abranger toda a fauna marinha, sempre tendo em mente a preservação do património natural”.
Mandioca fica mais tóxica com CO2 Culturas como a mandioca tornam-se mais tóxicas e produzem menos conforme a quantidade de dióxido de carbono no ar e a frequência de secas. Ros Gleadow, da Universidade Monash, em Melbourne, testou a reacção da mandioca e do sorgo a vários cenários de mudança climática para estudar a qualidade nutricional e a produtividade, concluindo que as espécies produzem o veneno cianeto quando as folhas são esmagadas.
Hipnose paralisa membros do corpo Investigadores da Universidade de Genebra, na Suíça, conseguiram mostrar como um hipnotizador consegue paralisar membros do corpo. O investigador usou imagens do cérebro para mostrar o que acontecia quando 12 voluntários tentavam mover uma mão paralisada pela hipnose. Os resultados mostraram que o córtex motor direito preparava-se para fazer com que a mão esquerda se movesse, mas a região parecia ignorar as partes do cérebro com que se comunica para controlar o movimento. Em vez disso, actuava em sincronismo com uma diferente região do cérebro chamada precuneus, relacionada a imagens mentais e memórias sobre si mesmo.
Chocolate e vinho são a junção perfeita Segundo um estudo publicado no The Journal of Nutrition, quem consome chocolate e vinho regularmente apresenta melhores resultados em testes cognitivos. A explicação pode estar num grupo de fitoquímicos presente em boa quantidade em ambos: os flavonóides, que conseguem atenuar a acção oxidante dos radicais livres, aumentando o tempo de vida das células.
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...linha directa A Natural reserva este espaço para si. Coloque as suas dúvidas sobre saúde e alimentação ao naturólogo Carlos Campos Ventura*, e envie as suas questões, até ao dia 20 de Maio para revistabeijaflor@yahoo.com, juntamente com o seu nome e localidade. Eu e a minha família estamos frequentemente constipados. Até agora a gripe suína ainda não chegou propriamente a Portugal, mas o que devemos fazer para a prevenir?
Ana Gomes (Almada) É verdade que Portugal, até ao momento em que escrevo (Maio de 2009) ainda não tem casos confirmados, mas mais cedo ou mais tarde vai tê-los. É impossível esquecer que a nossa vizinha Espanha é um dos países mais atingidos (até pelas suas ligações históricas ao México), e que será no verão (ou seja, a partir de agora) que haverá mais circulação de pessoas entre os dois países, o que potenciará as trocas dos agentes infecciosos e os consequentes casos da doença. Coincidentemente, os cálculos da Organização Mundial de Saúde também apontam para que será depois do verão que o surto mais forte a nível mundial se desencadeará. Mas será que esta gripe suína é diferente de qualquer outra? Bom, sim e não. É diferente porque o vírus é diferente, sendo causado por uma combinação da gripe suína, da gripe das aves e da gripe humana… Porque é novo (pelo menos à escala pandémica), encontrará (já está a encontrar, como revela a quase uma centena de mortes registadas) organismos menos susceptíveis de serem capazes de o enfrentar. Mas ao mesmo tempo, e em última análise, a possibilidade de um organismo baquear perante algum microrganismo depende das resistências do próprio organismo. Ou seja, como diz a célebre e provocadora frase de Claude Bernard: “o terreno é tudo, o vírus não é nada”. Daí que, todos os anos, quem quebra perante as vagas de gripes, são os idosos, os doentes mais enfraquecidos, os que tem deficiências do sistema imunitário… Portanto, para prevenir esta – ou outra – gripe, sigamos as seguintes medidas: comer uma alimentação à base de cereais integrais, legumes, leguminosas, com algum alimento animal dia sim, dia não (a carne não é recomendável, mas o peixe está bem); ter uma vida activa mas não extenuante, seja a nível físico ou mental; dormir o suficiente; aproveitar as férias para retemperar as forças com boas temporadas no campo e na praia; evitar o açúcar, o álcool, o tabaco e comidas e bebidas geladas ou directamente do frigorífico. E, dentro do bom senso, não se expor inutilmente aos agentes de contacto de qualquer doença transmissível. Como suplemento pode, principalmente a partir de Setembro, fazer uns dois meses de própolis 100%.
As considerações e recomendações são muito sucintas e de forma alguma exaustivas. São apenas uma abordagem adaptada ao espaço disponível. Para o diagnóstico, o prognóstico e o plano de tratamento de cada caso, recomenda-se a consulta ao profissional de saúde que considere competente e de sua escolha.
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NATURAL
opinião ADAPTAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA A vida evoluiu baseada na adaptação. A cada momento, há equilíbrios que se fazem e desfazem. Num momento, as condições para que determinado organismo sobreviva são excelentes, mas no momento seguinte podem já ser inóspitas. Ao mesmo tempo, as condições que são óptimas para certa espécie podem ser péssimas para outra. Em qualquer caso, perante as alterações de condições, os seres vivos têm mecanismos biológicos e instintivos – mecânicos - de adaptação, internos e externos, que lhes permitem surfar a onda do mar em permanente mutação que é a vida. De forma mais elaborada, desde sempre o ser humano tentou criar condições à sua volta que o ajudassem na sua sobrevivência – através de vestuário, de habitação, de tecnologia que o protegessem dos elementos, do frio, das intempéries, dos ataques de animais ou de outros grupos… Para além destas condições externas, que actualmente na nossa sociedade estão asseguradas para a generalidade da população, resta a condição mais primordial e intrínseca de criação e manutenção de capacidade de adaptação de um ser vivo – a alimentação. Quando, de manhã, nos vestimos para sair de casa, escolhemos a roupa de acordo com o tempo que faz. No nosso clima, em Agosto, com muito sol e calor, ninguém sai de casa com camisolas, sobretudo e chapéu-de-chuva. E, em Janeiro, ninguém sai para a rua em t-shirt, calções e sandálias. Então, porque é que, no Inverno, com frio, chuva ou até neve, comemos gelados? E porque é que no nosso clima temperado, sendo sedentários e com reduzida actividade física, nos alimentamos todos os dias com bifes, ovos, frituras e outros alimentos muito calóricos e energéticos, cujos excessos não conseguimos queimar e que necessariamente se irão acumular? E porque é que ingerimos as mais diversas bebidas alcoólicas, às mais diversas horas do dia e da noite? E porque é que escolhemos ingerir alimentos que foram de tal forma processados que ficaram nutricionalmente pobres e desvirtuados? Ou seja, nada disto corresponde às necessidades biológicas do nosso organismo. E, porque não corresponde, vai inevitavelmente introduzir debilidades nos nossos sistemas de defesa. Estas deficiências predispõem ao aparecimento de um leque alargado de problemas. Há factores que promovem o sistema imunitário, como uma alimentação saudável, equilibrada e completa, baseada em alimentos naturais, integrais e biológicos; actividade física e mental acompanhada dos necessários repouso e sono. Mas é claro que a construção desta capacidade vital começa no momento da concepção. Essa capacidade vital é herdada dos pais, derivando da constituição deles e também do estado de saúde em que eles se encontram. Depois, é claro, toda a gravidez é o erguer de uma estrutura física mas também da capacidade de sobreviver, não só dentro do útero como ao longo de toda a vida futura desse ser. Na verdade, estes nove meses estruturam e organizam o edifício vital do indivíduo, nomeadamente a parte óssea, os órgãos e a capacidade que ao longo de toda a sua vida ele vai ter para resistir aos mais diversos desafios, agruras, ataques, doenças… A saúde natural tem como primeiro objectivo fortalecer a capacidade do organismo para que ele cumpra as funções vitais, permitindo assim que esse ser humano leve a cabo a sua vida de forma saudável. Para que isso aconteça, ele tem que ter a capacidade de reagir com adaptação instantânea, sempre que isso se revele necessário – ou seja, a cada momento. É isso um sistema vital forte. É isso um organismo saudável.
*Naturólogo. Dá consultas de Naturopatia na Espiral. É Director Executivo do Instituto Hipócrates de Ensino e Ciência (www.InstitutoHipocrates.pt)
CAPA
monte maravilhas
fugas dentro de nós Roteiros alternativos
Há quem escolha a praia, outros o campo, outros preferem viajar para fora, para explorar novos países e culturas. Mas nós sugerimos-lhe que, nestas férias, não vá para muito longe. Aqui bem perto – dentro de nós – existem lugares onde a paz e a tranquilidade são únicas. Conheça alguns dos destinos em Portugal, onde a natureza, a meditação e a alimentação natural unem-se no caminho para o seu destino de sonho. texto rita estêvão ritaestevao@gmail.com » FotoS d.r
Junto à Serra de Monchique, existe um lugar onde o desenvolvimento pessoal e o encontro com a paz interior são os maiores motivos para a visita. o Monte Maravilhas, propriedade da holandesa Prembodhi Zijtveld, é constituído por três habitações – Mimosa, Amarela e Azul, e é o local ideal para quem procura tranquilidade absoluta. Caminhadas, pintura, massagens e meditação, yoga, e até aulas de língua portuguesa, são as várias actividades que este espaço oferece. As excursões diárias podem ir até seis horas de caminho (14 Km, aproximadamente), através de colinas inexploradas, podendo admirar-se
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NATurAL
fantásticas paisagens. habitualmente, no programa estão incluídos seis passeios, sendo quatro em redor do Monte Maravilhas, um ao longo da costa do Atlântico e um na Barragem de Santa Clara. Para o curso de pintura, os formadores inspiram-se nas árvores e flores, na lua e no céu estrelado, na cor e no cheiro da terra, no silêncio e nos sons da natureza. os dias começam com exercícios de meditação e de observação. trabalha-se com diferentes materiais e técnicas, como natureza morta, paisagem, retrato e pintura abstracta. e ainda há a possibilidade de ter aulas individuais. Já no que diz respeito aos cursos de massagens e meditação, a consciencialização e o relaxamento são os temas centrais. Aqui, aprende-se a fazer uma massagem holística. As técnicas
usadas são jointrelease, massagem aos tecidos profundos, energia, respiração, movimento e meditação. Para a prática do Yoga, inicia-se o dia com exercícios de respiração, nomeadamente pranayama, e praticam-se exercícios intensos de yoga e meditação, alternado com um mergulho refrescante na piscina. A prática é feita no interior e no exterior das habitações, em contacto directo com a natureza.
ao encontro Do Destino interior Também aqui, a serra de Monchique fica mesmo ao lado, bem como as suas termas. Distante dos ruídos e da confusão citadina, a Casa Karuna foi especialmente pensada e desenvolvida para aqueles que desejam somente encontrar a paz interior. Retiros, seminários de Yoga, práticas holísti-
CAPA cas, e várias aprendizagens com mestres que regularmente visitam este espaço, é o que se pode encontrar quem por aqui marcar a sua estadia. Disponibilizando ainda actividades como yoga, massagens, Acupunctura, homeopatia, astrologia, ou métodos índios naturais, a casa permite, para além dos quartos que possui, montar tendas à volta do recinto. A Casa Karuna representa assim um autêntico espaço de reflexão – colectivo ou individual – serve apenas comida vegetariana, e tem à disposição uma piscina natural, bem como saunas e uma nascente de água.
”dosDistante ruídos e da
confusão citadina, a casa Karuna foi especialmente pensada e desenvolvida para aqueles que desejam somente encontrar a paz interior
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Perto da cidade de Lagos, encontramos o Monte Rosa. São quatro hectares que abrem as portas a umas férias em família ou apenas a um fim-de-semana de paz. o espaço é constituído com casas para 1,2, 4 ou 6 pessoas, e os responsáveis tiveram a preocupação de construir uma zona própria para aliar as férias ao desenvolvimento pessoal. o espaço é assim especialmente dedicado ao desenvolvimento pessoal, estimulação da comunicação, yoga, ginástica, reflexão interior, criatividade e meditação, enquanto que no
Casa Karuna
capa Chakras e Bicom (Bio-ressonância ultra fina) são algumas das terapias que este espaço disponibiliza, contudo o jejum é a actividade principal deste retiro, por forma a centrar a energia para o nosso interior. A estadia mínima no Moinhos Velhos é de uma semana, e os programas duram entre 10 a 14 dias. Os campos de férias do Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP) realizam-se há mais de 20 anos e têm contribuído para que muitas pessoas melhorem significativamente a sua saúde e qualidade de vida. A decorrer no Monte Mariposa, em Tavira, esta é uma boa oportunidade para combinar estudo, praia, passeios no campo, convívio e uma
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Porque as férias também podem ser uma oportunidade para se “redimir” dos erros que cometeu durante o ano, o espaço Moinhos Velhos preocupou-se em criar um programa para a limpeza de toxinas
... exterior é possível praticar actividades como workshops de djambé. Sessões de astrologia, yoga para o surf, massagens e outras terapias são possibilidades sempre presentes no Monte Rosa. Por outro lado, e para os mais desportistas, o Monte Rosa disponibiliza passeios pelas falésias da costa oeste, observação de golfinhos, aluguer de bicicletas, passeios a cavalo, canoagem, mergulho e outras.
Descanso e alimentação Um autêntico spa de saúde e jejum. É assim que se caracteriza o espaço Moinhos Velhos, perto da Barragem da Bravura, também junto a Lagos.
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NATURAL
A dieta da casa – que consiste em sumos de frutas e vegetais – é a marca deste retiro, e ideal para quem procura uma fuga aos malefícios de uma alimentação fast-food e desequilibrada. Porque as férias também podem ser uma oportunidade para se “redimir” dos erros que cometeu durante o ano, o espaço Moinhos Velhos preocupou-se em criar um programa para a limpeza de toxinas: sumos, caldos, ervas, terapias alternativas, meditação, sauna e limpezas do cólon diárias fazem parte do cardápio, bem como o consumo de psyllium, para limpar os intestinos, e argila bentonite, eficaz na limpeza dos metais pesados. Massagens, Acupunctura, alinhamento de
alimentação saudável, longe da confusão típica desta altura do ano, sobretudo no Algarve. O Monte Mariposa é um centro de retiros onde decorrem workshops, retiros, cursos ou, simplesmente, onde se pode gozar um tempo de férias. É um espaço para aprender e partilhar, para respirar e viver experiências, para se nutrir e descansar, para relaxar e meditar. O centro é constituído por vários espaços para práticas – interiores e exteriores – aliados a saborosas refeições vegetarianas. O programa do IMP, a decorrer entre os dias 1 e 7 de Agosto, inclui palestras e convívios, actividades ao ar livre, jogos, música, para além de refeições diárias macrobióticas de grande alta qualidade. Dos passeios na natureza às aulas de massagens e de culinária, esta é uma alternativa para passar umas férias saudáveis, e para sobretudo, cuidar de si.
Passeios de paz Organizados pelo Centro de Alternativas da Espiral, e guiados por Carlos Gonçalves,
CAPA os passeios “Libertar corpo e alma nos trilhos de Sintra”, têm como objectivo o desenvolvimento de actividades de dia inteiro dedicados a aumentar a contacto do ser humano com a natureza, aprender a respeitar as suas energias, e a efectuar um alinhamento interior com a energia universal que nos rodeia. A meditação é neste programa o elemento essencial, possibilitando um alinhamento entre a pessoa e o seu interior, de forma a permitir um melhor entendimento do mundo. A primeira actividade será desenvolvida ao ar livre, dentro dos jardins do palácio da Pena em Sintra. Aqui será desenvolvido um conjunto de tarefas ao longo da caminhada, guiado pelos jardins, tendo como objectivo aumentar o prazer do contacto com a natureza, aprendendo técnicas de descontracção e de respiração, e realizando exercícios de visualização nas magníficas paisagens envolventes. No final da caminhada será realizada uma meditação ao ar livre com tema relacionado e de nível também básico para que todos possam acompanhar. Ao fim do dia, depois da meditação, todos os participantes serão convidados a partilhar
para mais informações, datas e pormenores dos espaços monte maravilhas 283 925 397 / 964 235 864 www.montemaravilhas.com / info@ montemaravilhas.com Casa Karuna 282 912 784 karuna@net.sapo.pt monte rosa 282 687 002 info@monterosaportugal.com www.monterosaportugal.com moinhos Velhos 282 687 147 fasting@ip.pt www.moinhos-velhos.com
com o grupo a sua meditação, o que fizeram, como se sentiram, e poderão colocar todas as perguntas que entenderem. esta actividade está aberta a todas as pessoas, pelo que a caminhada terá um nível fácil e a
imP 1 a 7 de Agosto Tel. 213 242 290 Fax. 213 242 291 E-mail: info@e-macrobiotica.com www.e-macrobiotica.com monte mariposa http://www.montemariposa.co.uk Passeios “Libertar corpo e alma nos trilhos de sintra” Agosto Carlos gonçalves 965 454 944 Espiral 213 553 993 / 969 187 832 / 917 893 403 / www.espiral.pt
meditação poderá ser realizada mesmo por quem não tenha grande experiência. A segunda actividade prevista será na tapada de Mafra e terá como tema a natureza e a sua relação com os animais.
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Algas com futuro
São uma fonte de saúde, são uma fonte praticamente inesgotável, e em termos energéticos são novidade. As algas apresentam uma produtividade superior à das plantas terrestres, e o projecto Algafuel é o exemplo de como a produção de microalgas permite a fixação de CO2 e a produção de biomassa. Texto Rita estêvão ritaestevao@gmail.com » Fotos D.R
Há muitos anos atrás, estes organismos celulares eram-nos apenas familiares pelas praias. Mas as algas encontram-se no mar, nos rios, nas lagoas, sobre pedras, troncos de árvores e outras superfícies, desde que sejam húmidas. E sem sabermos que existiam inúmeras espécies de algas, ou pelos menos sem lhes conhecermos as suas potencialidades, hoje estas têm um futuro promissor: na alimentação, na indústria de produtos naturais e farmacêuticos, e mais recentemente na energia. Como qualquer planta, as algas fazem a fotossíntese – ou seja, transformam o dióxido de carbono (CO2) em oxigénio. E este é um processo que pode ser usado em qualquer indústria que precise de reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera. Este é o objectivo da Algafuel – uma empresa criada com o intuito de explorar esta oportunidade, que consiste na produção e utilização das microalgas para fixação de CO2 e produção de biomassa com diversas aplicações. “A eficiência das microalgas no consumo de CO2 é cerca de 10 a 20 vezes superior à das plantas
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terrestres – este facto poderá permitir viabilizar ou optimizar unidades de produção industrial cuja actividade esteja condicionada pelas emissões de CO2”, explica um dos responsáveis pelo projecto, Nuno Coelho. A produção de energia eléctrica, a refinação, ou a produção de cimento, e de vidro, são grandes emissoras de CO2 para a atmosfera, e são alguns clientes potenciais para esta empresa. Contudo, as algas têm inúmeras aplicações:“Na indústria farmacêutica, na indústria alimentar, na indústria de rações, na aquacultura, como fonte de óleos vegetais, nomeadamente para a produção de biodiesel, entre outros”, refere o responsável.
2 em 1 Para Nuno Coelho, perceber quais as microalgas mais indicadas para cada local e para cada aplicação, valeu vários meses de trabalho: “Normalmente, para cada caso, as conclusões são diferentes – não há uma “microalga tipo” que usemos, mas estudamos sim as condições e os locais específicos, e em função disso identificamos a(s) espécie(s) que melhor se adequa(m) aos objectivos de cada projecto”, explica. Ao depender das condições particulares de cada
cliente, e também das espécies de microalgas mais indicadas, poderão assim existir inúmeras aplicações potenciais. As inovações que a Algafuel propõe vêm replicar as soluções que a natureza desenvolveu para a produção de biomassa e sequestração de CO2. “Ter uma solução que realiza simultaneamente a sequestração de CO2 e a produção de biomassa que pode ter várias potenciais aplicações, incluindo biocombustíveis, são os principais benefícios deste projecto”, sublinha Nuno Coelho.
O processo Contrariamente ao que se passa na agricultura, neste tipo de produção não há sementes, mas sim a manutenção de inóculos. Uma cultura é iniciada adicionando-se um inóculo a um meio nutritivo num dispositivo de cultura, que pode ser um tanque para espécies de microalgas específicas ou um fotobioreactor (tubo transparente, onde se cria um ambiente propício ao desenvolvimento das microalgas). Desta forma, as células iniciam assim o processo de multiplicação, estando prontas a ser recolhidas ao fim de poucos dias. “A produção começa sempre pela obtenção de inóculos que, uma vez conseguidos em
1º plano condições óptimas de laboratório, terão se passar para os sistemas industriais de produção: os Photobiorectores (PBR’s) ou os Raceways; uma vez nos sistemas de produção, e assumindo a existência de sol (para que possam fazer a fotossíntese), CO2 (como principal nutriente) e meio de cultura, as microalgas irão, incessantemente, multiplicar-se, libertando oxigénio”, explica Nuno Coelho. Durante este processo, e diariamente, recolhe-se uma parte da biomassa existente, e introduz-se meio de cultura:“Em resumo ajudamos as indústrias poluentes, fixando o CO2 (que seria normalmente emitido para a atmosfera), produzindo biomassa com diversos aproveitamentos e, sendo um processo fotossintético, produzimos ainda oxigénio”, sublinha o responsável. Desta forma, quando uma indústria quer reduzir as emissões de CO2, basta passar os gases libertados pelas culturas de microalgas, e estas encarregam-se de reter o CO2, produzindo oxigénio a partir do mesmo.
Mercado emergente Para Nuno Coelho, as microalgas são os organismos fotossintéticos mais eficientes e produtivos, quer na sequestração de CO2, quer na produção de lípidos, e “ainda não existem empresas
dedicadas à sua produção em grande escala para utilização como fonte de energia”, lembra. Mas, ainda que este ponto seja a grande vantagem da empresa, a “principal limitação das microalgas consiste no facto de serem economicamente competitivas se as tecnologias utilizadas forem ajustadas aos meios e aos objectivos desejados, a uma escala semelhante à das plantas terrestres”, ressalva o responsável. Contudo, o facto de serem uma fonte praticamente inesgotável, de apresentarem uma produtividade superior à das plantas terrestres e de se alimentarem de CO2, faz
das microalgas uma matéria-prima interessante, tanto em termos energéticos, como no auxílio às indústrias poluentes. Agora, aguarda-se o sucesso em grande escala. Nuno Coelho não quis revelar os actuais clientes do projecto, principalmente por este ser um mercado de grande potencial, mas que ainda precisa de investimentos significativos em investigação e desenvolvimento. Contudo, fica no ar um projecto mundialmente pioneiro para fixação de CO2 e produção de biomassa a decorrer em Portugal, que Nuno Coelho espera poder divulgar nos próximos meses.
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Alimentos para a fertilidade O stress, os poluentes, os radicais livres… atacam e afectam os nossos órgãos reprodutores. Por isso, uma boa dose de vitaminas naturais ajuda-nos na hora de ter filhos. texto laura Kohan
Quando se trata de promover o sempre surpreendente milagre da vida, o provérbio muito sábio “somos o que comemos” fica ainda mais verdadeiro. o que comemos afecta tudo o que nos compõe, desde as nossas delicadas células até às hormonas, e por isso a alimentação daqueles que têm mais dificuldade de gestação deveria ser mais cuidada. A pergunta que deveríamos fazer não é se a alimentação tem uma influência directa sobre a fertilidade mas até que ponto ela a tem. e a resposta é grande, ainda por cima numa sociedade na qual o stress, os hábitos alimentares modernos e a cada vez mais tardia idade em que muitas mulheres decidem engravidar está a multiplicar os problemas de infertilidade, levando muitos a gastar fortunas em infrutíferos tratamentos médicos. infelizmente, são cada vez mais os que não encontram solução e acabam recorrendo à inseminação artificial e até aos bancos de óvulos e de esperma. Assim, antes de escolhermos alguma destas soluções, é fundamental começar por introduzir certas mudanças na nossa alimentação. A escolha desta via só apresenta um problema, que são como todas as mudanças destinadas a permanecer na nossa vida: os resultados não serão imediatos e podem levar vários meses a notar-se, como indicam os últimos estudos da Associação Americana para a Concepção. Não bastam portanto as boas intenções, tem que se levar o que se faz a sério. Só os que são perseverantes recolherão os frutos, é caso para dizer.
imPortantes antioxiDantes investigações recentes indicam que as pessoas com baixo consumo de frutas e verduras têm mais probabilidades de sofrer problemas de fertilidade. Já não há dúvidas sobre a relação entre certos nutrientes altamente antioxidantes e a saúde da nossa capacidade reprodutora. Por um lado temos as mais que sensíveis hormonas femininas com uma contínua propensão para se destabilizarem e, por outro lado, os delicados órgãos sexuais e reprodutores masculinos, como os testículos que são afectados pelas acções dos radicais livres gerados pelas
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diversas substancias tóxicas que nos rodeiam (poluição, metais pesados, pesticidas…). Portanto, quando falamos em melhorar a saúde reprodutora, já não chega incluir na dieta as cinco peças de fruta e verdura recomendadas. Na verdade trata-se de, evitando dentro do possível as vitaminas sintéticas, sacar da calculadora e procurar aqueles alimentos com maior conteúdo destes micro nutrientes chave que vamos ver a seguir: Vitamina C: É uma vitamina indispensável tanto para os homens como para as mulheres. Além de aumentar a produção de esperma, melhora a sua mobilidade e evita a sua aglutinação, enquanto a protege do efeito oxidativo. A quantidade recomendada para estes casos seria à volta de um grama diário e os melhores ingredientes são, por esta ordem, a acerola, a alfalfa germinada, o kiwi, a goiaba, os pimentos e os citrinos.
Investigações ”recentes indicam que
as pessoas com baixo consumo de frutas e verduras têm mais probabilidades de sofrer problemas de fertilidade. Já não há dúvidas sobre a relação entre certos nutrientes altamente antioxidantes e a saúde da nossa capacidade reprodutora
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Vitamina E: Está demonstrado que a deficiência nesta vitamina pode causar infertilidade, porque representa um papel importante no equilíbrio hormonal feminino e na qualidade do esperma, e a prova é que começa a estar incluída nos tratamentos de fertilização in vitro. O que está menos claro é a quantidade necessária: desde as 200 IU até às 800 IU, segundo o profissional que a recomende. O melhor para estar seguro de obter a suficiente é incluir na dieta o alimento que mais a contém, o gérmen de trigo, seja em óleo ou em flocos. Outra fonte muito boa desta vitamina são os frutos secos como a amêndoa e os óleos de sementes não refinados. Vitamina A ou betacaroteno: Esta vitamina tem a capacidade de proteger as células do aparelho reprodutor masculino do processo
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algumas sugestões Cocktail da fertilidade para ele Este é um cocktail que melhora a qualidade do esperma pela sua riqueza em arginina, zinco, vitamina C e ginseng. ingredientes para um batido • 200 ml de leite de aveia • 100 ml de sumo de acerola biológico (ou groselha) • 20 g de nozes • 20 g de pevides de abóbora • 2 g de pó ou extracto puro de ginseng coreano (Panax ginseng) • 2 colheres de óleo de gérmen de trigo Preparação moem-se muito bem as nozes e as pevides. se quisermos um resultado mais saboroso, podemos tostá-las previamente cinco minutos no forno. metemos num copo da batedeira o leite de aveia, o sumo de acerola, as pevides e as nozes moídas, o óleo de gérmen de trigo e o pó ou extracto de ginseng. Batemos muito bem até que as pevides se tenham integrado no batido. É melhor tomá-lo logo que se faz e pela manhã, em jejum e bebendo depois um copo de água. Cocktail da fertilidade para ela Equilibrar o nosso metabolismo e o nível de estrogéneos com certos ingredientes-chave é importante para potenciar a nossa fertilidade. ingredientes para um batido • 300 ml de leite de soja (preferivelmente biológica) • 2 colheres de sementes de sésamo moídas • 1 colher de farinha de alfarroba • 1 colher de flocos de levedura de cerveja • meio abacate maduro • meio ananás • 1 colher de melaço de cana Preparação Começamos por moer as sementes de sésamo bem moídas. Depois metemos no copo da batedeira o leite de soja, a farinha de alfarroba, o abacate e o ananás em pedaços médios. Também se incorporam as sementes de sésamo moídas, a levedura de cerveja (a que deve ser retirado o sabor amargo) e o melaço de cana. Neste processo, é importante bater muito bem para que não fiquem grumos desagradáveis. Este batido deve-se tomar imediatamente depois de preparado para evitar a oxidação do abacate e do ananás
de envelhecimento prematuro produzido pelos radicais livres, mas mais importante é o seu papel na formação de esteróides fundamentais para a síntese da progesterona. As melhores fontes, além dos derivados do leite, são a gema de ovo, o óleo de soja, as cenouras, os brócolos e a couve. A quantidade adequada seria à volta dos 1000 mcg (ou 2 700 ui). Vitaminas do complexo B: São o grupo de vitaminas mais importantes para a produção de hormonas sexuais femininas e além disso equilibram o sistema nervoso, tão importante no processo de engravidar. Apesar de todas
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serem importantes, em especial as vitaminas B6 e B12, é a B9, ou ácido fólico, a que se converte em absolutamente prescindível neste processo. o ideal seria ingerir 400 mcg por dia e, no caso da vitamina B12 (não muito frequente em dietas vegans) é conveniente assegurarmos 2,4mcg por dia. os alimentos que mais as contêm são os legumes de folhas verdes, os germinados de soja, as leguminosas e os fruto secos. selénio e zinco: Além de ambos serem poderosos antioxidantes, equilibram os níveis de testosterona e ajudam as mulheres a equilibrar a
produção de estrogéneo e progesterona, a não ser que soframos de alguma carência comprovada, não é conveniente tomar suplementos, já que uma sobredosagem pode ser tão má como uma carência e o mais seguro seria assegurar-se de que em cada dia existam legumes e cereais integrais na dieta. Como suplementos naturais, o melhor seria agregar à comida flocos de levedura de cerveja ou de gérmen de trigo e uma dose extra de alho e sementes.
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são o grupo de vitaminas mais importantes para a produção de hormonas sexuais femininas e além disso equilibram o sistema nervoso, tão importante no processo de engravidar
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Dieta para ele, dieta para ela No caso das mulheres, é importante que estejam o mais próximo possível do seu peso ideal, sendo até mais contra-producente estar muito magra do que ter peso a mais, já que isto impediria a produção de um número suficiente de estrogéneos. outro ponto importante na alimentação feminina é o de evitar substâncias excitantes como a cafeína. A razão é que estreita as veias, diminuindo o fluxo sanguíneo até ao útero, o que dificulta a tarefa do esperma. Mas para os homens é o contrário: a cafeína ajudaria os espermatozóides a nadar mais rápido. Para os homens, grande parte dos casos de infertilidade deve-se a uma oliogospermia, ou baixo conteúdo de espermatozóides, e um dos melhores alimentos quando se procura melhorar a sua qualidade são as pevides de abóbora. Como suplemento, os que produzem melhores resultados seriam a Arginina e o Panax ginseng, e de ambos se poderiam tomar até 4g por dia. Não seria descabido recomendar, sobretudo aos homens, que tentem consumir produtos de cultivo biológico, já que se começa a suspeitar da relação entre os pesticidas e fertilizantes químicos e a perda de qualidade do esperma. e um último conselho: se fuma está exposto ao cádmio do papel do cigarro, que interfere na absorção do zinco, e debilita o esperma ao inculcar-lhe substâncias químicas nocivas. Fonte: integral
saúde acção lógica a empreender para devolver a saúde ao corpo: purificá-lo.
Eliminar as toxinas Uma alimentação equilibrada é, por si só, depurativa e deve prescindir dos alimentos que contêm aditivos ou conservantes químicos, dos óleos hidrogenados (como as margarinas), das frituras, dos doces (guloseimas e produtos de confeitaria), chocolate, enlatados (de qualquer tipo), café, tabaco e álcool. Como estes alimentos geram uma significativa quantidade de toxinas no nosso organismo, é importante diminuir o seu consumo. Para Dina Neves, as causas de uma intoxicação do organismo podem ser variadas, entre as quais as drogas (medicamentos e ilícitas), a poluição, os metais pesados, o álcool, o tabaco, o café e até uma má alimentação (pesticidas, aditivos alimentares, exageros). “Dependendo da causa, primeiro que tudo há que eliminá-la; não adianta de muito estar-se a fazer uma desintoxicação quando a causa se mantém”, sublinha. A fitoterapeuta explica que uma desintoxicação assenta em três pontos essenciais – alimentação saudável, fitoterapia e exercício físico: “Na minha prática clínica, uso muito a desintoxicação para corrigir os maus hábitos alimentares e ajudar a implementar hábitos alimentares novos e saudáveis: dependendo da pessoa e da sua condição de saúde, uma desintoxicação pode ir dos 4 dias às 4 semanas”.
Regenerar o corpo Desintoxicar, limpar e depurar o organismo é o primeiro passo para regenerar, conquistar a saúde e eliminar o peso dos resíduos e das toxinas que se acumulam no nosso corpo. Texto Rita estêvão ritaestevao@gmail.com
Ajudar o organismo a retomar o equilíbrio. Para a fitoterapeuta Dina Neves, esta é a principal função de uma desintoxicação do organismo. Conseguir uma total renovação no funcionamento fisiológico do aparelho digestivo, aumentando a vitalidade e a energia de todo o corpo é o processo fundamental para tal acontecer. Mas, ainda que a eliminação das toxinas aconteça diariamente, se os hábitos alimentares e de vida não forem os melhores, o corpo começa a acumular demasiados resíduos tóxicos.
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O nosso corpo está dotado de cinco órgãos encarregues de filtrar para fora do sangue todos os desperdícios e resíduos do metabolismo, para depois os lançar para o exterior. Estes cinco órgãos, também chamados de emunctórios, são o fígado, os intestinos, os rins, a pele e as vias respiratórias. Quando funcionam correctamente, estes órgãos são capazes de eliminar todos os resíduos de uma vida normal e equilibrada. Mas quando o terreno está sobrecarregado de toxinas, os órgãos congestionados, o sangue cheio de resíduos, os tecidos envenenados e as células asfixiadas pelos resíduos, só há uma
Uma dieta natural Uma alimentação equilibrada permite desinchar todo o corpo e até diminuir o peso. Procurar os alimentos que contêm uma importante quantidade de vitaminas, minerais, fibras e água é um passo importante porque, para além de facilitar a eliminação das toxinas, produzem uma revitalização geral de todos os órgãos do corpo. Por outro lado, os antioxidantes, como as vitaminas C e E, o betacaroteno, o zinco e o selénio neutralizam o efeito que os radicais livres produzem no metabolismo. Para que a dieta seja realmente eficaz e atinja todos os seus objectivos, é necessário consumir uma boa quantidade de frutas e verduras. Além disso, não se deve esquecer dos benefícios que pode obter ao seguir uma dieta de desintoxicação: depurar o organismo, diminuir o peso (através da perda de líquido), retardar o envelhecimento, aumentar a vitalidade, potenciar a memória e a agilidade mental, melhorar a produtividade, reforçar as defesas, prevenir doenças, e alcançar um óptimo estado de saúde e bem-estar. As frutas e vegetais são os purificadores mais eficientes que se pode encontrar, entre os quais:
saúde Hortaliças e leguminosas: Agrião, aipo, alcachofra, alface, alho, bardana, beterraba, brócolos, cebola, cebolinho, cenoura, chicória, couve, couve-flor, inhame, nabo, rábano, rabanete, rúcula, salsa, tomate, entre outros. Frutas: Abacaxi, abacate, ameixas, amoras, cerejas, figo, laranja, lima, limão, maçã, manga, maracujá, morango, pêra, uvas, entre outras. Todas as frutas doces depuram e ajudam a diminuir o calor, pois são refrescantes. As frutas cítricas, consumidas em jejum, estimulam a produção de substâncias alcalinas.
Jejuns e plantas A fitoterapeuta aconselha que, numa desintoxicação, se deva seguir um jejum à base de sumos de frutos, feitos no momento, bem como caldos de legumes, de origem biológica, se possível. Deve-se ainda ingerir entre 1,5 e 2 lde água por dia. “Os fitoterápicos a utilizar - tisanas, tinturas, cápsulas ou comprimidos - serão personalizados, e podem variar bastante consoante as necessidades do paciente”, sublinha.
Utilizam-se plantas hepatoprotectoras (ex: cardo mariano (Silybum marianum ou Carduus marianus), alcachofra (Cynara scolymus), dentede-leão (Taraxacum officinalis radix), Boldo
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O nosso corpo está dotado de cinco órgãos encarregues de filtrar para fora do sangue todos os desperdícios e resíduos do metabolismo, para depois os lançar para o exterior
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(Peumus boldus)), diaforéticas (ex: milefólio (Achillea millefolium), bardana (Arctium lappa), cidreira (Melissa officinalis), e plantas que
estimulem a circulação sanguínea (ex: gengibre (Zingiber officinalis), alho (Allium sativum), caiena (Capsicum frutescens). “Se for uma intoxicação por metais pesados utiliza-se também a chlorella (Chlorella pyrenoidosa) ou a curcuma (Curcuma longa); se for por álcool utiliza-se também o kudzu (Pueraria phaseoloides) e por tabaco pode utilizar-se o kudzu e a lobélia (Lobelia inflata)”. Para Dina Neves, “o exercício físico, durante o período que dura a desintoxicação, deve ser muito moderado (caminhadas, passeios de bicicleta, piscina), e cuja duração também varia de acordo com o estado de saúde do paciente”. A fitoterapeuta ressalva ainda que nem todas as pessoas podem fazer uma desintoxicação do organismo: “ Em pessoas com algumas patologias, como por exemplo a diabetes, a desintoxicação é contra-indicada; não se deve fazer mais do que uma a duas vezes por ano. Fontes: Pequeno Tratado de Naturopatia, Christopher Vasey, Publicações Europa-América
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Onagra
(oenothera biennis)
A sua importância reside no facto de possuir índices elevados de ácidos provenientes de ómega 6.O óleo de onagra – a sua forma mais popular – oferece inúmeros benefícios, e é sobretudo indicado para os sintomas e efeitos da síndroma pré-mestrual. texto rita estêvão ritaestevao@gmail.com » Foto d.r
De nome científico Oenothera biennis, a onagra é uma planta herbácea bianual pertencente à família onagraceae, nativa da América do Sul, tendo sido introduzida na América do Norte, europa e Ásia como planta de jardim. também conhecida como a “erva dos burros”, a onagra apresenta uma camada de pêlos que cobre toda a planta. A onagra é usada desde há séculos pela tribo americana dos ojiwas e foi em 1614 quando chegou à europa que se tornou mais popular. O óleo de onagra obtém-se por pressão a frio das sementes desta planta, e a sua importância reside no facto de possuir na sua composição índices muito elevados de
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ácido linoleico e ácido gammalinoleico, dois ácidos essenciais da série ómega 6. Estes ácidos intervêm no metabolismo do sistema hormonal, e a sua carência resulta em desequilíbrios hormonais, que podem afectar a qualidade de vida.
as inDicaçÕes teraPÊUticas o consumo de onagra reduz os transtornos frequentes do designado síndroma pré-menstrual (afrontamentos, irritabilidade, tensão mamária, etc..); ajuda a regular a taxa de colesterol; ajuda a regular a tensão arterial; tem um eleito antioxidante, inibindo especificamente a oxidação do colesterol; é útil na osteoporose e no reumatismo; apresenta uma acção benéfica a nível da pele, sobretudo quando esta está seca. Contudo, o óleo de onagra não deve ser
consumido por pessoas que tomem antiplaquetários – como por exemplo, a aspirina, Deve ainda ser evitado durante a gravidez devido à alteração hormonal.
oUtros Usos essencialmente como decoração, a onagra é muito utilizada na culinária. Contudo, as suas folhas também são comestíveis e têm um sabor parecido com o pepino. Misturadas com outras ervas, se preferir, as folhas frescas podem ser consumidas como salada, sopas, condimentar vegetais cozidos, saladas frescas, rechear pastéis, temperar manteigas aromáticas, molhos feitos de iogurtes, queijos cremosos e bebidas refrescantes. o uso das folhas é especialmente indicado para pessoas com dietas restritas em sal.
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Fadiga, falta de entusiasmo, palidez, rigidez articular, retenção de líquidos, digestão lenta, cabelos quebradiços… são sintomas de uma acumulação excessiva de toxinas no organismo. TESTE: O SEU ORGANISMO ESTÁ INTOXICADO? este teste permite-lhe verificar se o seu organismo se encontra intoxicado. Para cada questão, escolha a situação que mais se adequa ao seu caso e em seguida some os pontos. (0 = raramente, 1 = por vezes, 2 = muitas vezes) 0
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Sente-se cansado (a)? tem dificuldades em adormecer? Sente dificuldade em concentrar-se? Sente-se nervoso (a)? Sente-se com mau aspecto? tem mau hálito? o seu suor tem um cheiro desagradável? Sente-se inchado (a)? tem digestões difíceis? Sofre de pernas pesadas? Fuma? de 0 a 3 Não necessite de se preocupar, pois o seu organismo não se encontra sobrecarregado de toxinas. de 4 a 8 É tempo de acordar para a realidade. Dê preferência aos frutos e legumes com propriedades diuréticas e desintoxicantes e beba muita água. Ao mesmo tempo, inicie um processo de drenagem. mais de 9 o seu organismo não consegue desintoxicar-se. Fazer uma drenagem é uma prioridade, caso contrário poderão surgir alguns problemas de saúde. a soluÇão Purificar o organismo através de uma drenagem estimulando as vias naturais de eliminação! Como? Com o MethoDDRAiNe DetoxiNe que é um suplemento alimentar único e natural pode eliminar as toxinas do organismo a cinco níveis: pulmões, pele, rins, fígado e intestinos, estimulando todos os órgãos de uma forma suave, e permitindo o retorno dos mesmos ao equilíbrio. este processo dá-se devido à combinação de extractos concentrados de plantas com princípios activos e com doses exactas, conhecidas pelas suas propriedades desintoxicantes e purificantes.
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Excelente Drenagem, com eliminação de toxinas do organismo a cinco níveis
publireportagem
METHODDRAINE DETOXINE DESINTOXICAÇÃO ATRAVÉS DE UMA COMBINAÇÃO perfeita DE PLANTAS Bodelha Reforça a acção das outras plantas estimulando o metabolismo em geral devido à sua riqueza em iodo.
Se posteriormente à fase de desintoxicação quiser perder algum peso de forma suave a gama MethodDraine tem, também, ao seu dispôr:
. MethodDraine Elegância que limita a assimilação dos açúcares e favorece a combustão e a eliminação de gorduras supérfluas.
Funcho Estimula as funções digestivas e ajuda a atenuar a flatulência. Alcachofra e Dente-de-Leão Estimulam a função hepática e facilitam a digestão de gorduras; estimulam a eliminação e favorecem o trânsito intestinal. Bardana e Amor-Perfeito Bravo Purificam a pele. Bétula e Erva-ulmeira Drenam o excesso de líquidos e favorecem a excreção de toxinas acumuladas em todo o organismo, diminuindo a retenção de líquidos.
Uma solução eficaz para perder peso e combater a celulite
Tamarindo e Ameixa Favorecem o trânsito intestinal. Chá verde Retarda o envelhecimento celular ao limitar a formação de radicais livres, contribuindo assim de forma directa para uma pele saudável. A estas plantas foi adicionado chá verde que, devido às suas propriedades antioxidantes, protege as células dos radicais livres. Este produto deve ser tomado durante 3 semanas e é necessário beber pelo menos 1,5l de água, por dia, de forma a eliminar as toxinas rapidamente.
. MethodDraine LipoSlim é um produto adelgaçante completo e energizante, combinação de 2 Produtos Naturais limita a acumulação de gorduras, reduz a massa gorda, queima as calorias aumentando o gasto energético e elimina os líquidos em excesso no organismo.
MethodDraine Detoxine está disponível em embalagens de 250ml de sabor a ameixa, pêssego-limão e maçã (fórmula sem iodo indicada para quem sofre de hipertiroidismo) e em embalagens de 60 cápsulas. Um corpo purificado...emagrecimento mais eficaz Para um ano saudável e com vitalidade, os Laboratórios ORTIS aconselham 4 tomas por ano de MethodDraine Detoxine, uma a cada mudança de estação. Antes de iniciar, qualquer dieta ou qualquer outro tratamento, recomenda-se uma drenagem para que as toxinas sejam eliminadas do organismo. Um corpo purificado adapta-se mais facilmente a uma dieta ou a um tratamento, obtendo resultados mais eficazes! Em simultâneo com a toma deste produto deverá realizar uma alimentação hipocalórica evitando carne, dando preferência ao peixe, aos vegetais, à fruta e aos cereais integrais. As refeições não deverão ser excessivas e se possível comer diversas vezes por dia.
Ideal para emagrecer sem sentir a fadiga graças ao efeito energizante!
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o que fazer perante uma crise de nervos Gritos súbitos, acompanhados de uma agitação motora que não é comum, que pode ser teatral… Ninguém está ao abrigo de uma forte crise de nervos, a que os médicos chamam “estado de agitação aguda”. texto daniel gloaguen
espectacular mas também inquietante para quem está à volta, a crise de nervos esconde uma angústia psicológica, temporária ou durável, que pode necessitar de intervenção de um profissional de saúde, ou até de uma hospitalização de urgência, a crise de nervos toca maioritariamente os adolescentes e as mulheres. uma perda de controlo impressionante que não deve esconder o risco maior da agitação aguda: a agressividade sobre si próprio, sinónimo por vezes de tentativa de suicídio, ou a violência física contra quem está a volta. Daí o interesse em reconhecer os três outros sinais característicos da crise que são a dificuldade em raciocinar, as frases delirantes e uma pesada angústia, nem sempre fácil de identificar.
a imPortÂncia De qUem nos roDeia os que nos rodeiam (família, amigos, colegas de profissão…) têm um papel crucial, tanto no desencadear da crise (conflito, acontecimento familiar, alguma contrariedade…) como na sua resolução. Com efeito, a crise de nervos está frequentemente ligada a um problema profissional, social ou conjugal. Noutros termos, se estamos sós, não fazemos crise de nervos: pela sua presença, os que nos rodeiam vão estar na origem da agitação aguda, a maior parte das vezes de forma involuntária.trata-se muitas vezes da “gota que faz transbordar a taça”.
é muitas vezes vivida como uma ameaça por quem está agitado e aumenta a sua ansiedade.
estar em emPatia
qUanDo o mÉDico se
A empatia e a escuta benevolente são as palavraschave para tentar tranquilizar alguém agitado. É preciso, em primeiro lugar, escutar e tranquilizar com frases que abrem a possibilidade a um diálogo e a uma explicação:“eu talvez te possa ajudar”, “Não te inquietes, eu vou tratar de ti e desse problema”,“explica-me o que não está bem”,“eu compreendo-te. No teu lugar, eu reagiria como tu”,“Vamos encontrar uma solução”… Como se percebeu, é preciso ser-se aberto, construtivo e não querer julgar a pessoa, o que poderia dar lugar ao acentuar da agitação. Não hesite em contactar os familiares se eles não estiverem presentes nesse momento, e se o desencadear da crise não estiver relacionado com eles (crise de nervos em ambiente profissional). isole-se num lugar calmo se a agitação aconteceu no meio de muita gente e se quem está agitado não está muito agressivo. Porque a multidão
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Chamar o médico pode revelar-se necessário em certos casos. Como efeito, a agitação aguda esconde por vezes uma causa orgânica, ou seja, uma patologia da qual um dos sintomas é a agitação aguda. Não hesite em chamar um médico num contexto de febre (meningite, desidratação), de espasmos violentos ou de perda de conhecimento (epilepsia, hemorragia cerebral), após um traumatismo craniano, se a pessoa agitada está coberta de suor (hipo glicemia) ou ainda em caso de alcoolismo conhecido (síndrome de falta, embriagues) ou de toxicomania (overdose).
não fazer - Dizer que “não é grave” ou “Acalma-te” ou “Não é razão para te enervares assim”, que podem provocar ainda mais agitação.
- Não deixar a pessoa sozinha. - Desdramatizar a situação, minorando as razões que desencadearam a crise, forma de negar a tristeza psicológica de quem está agitado. - Atar ou agarrar o doente, não havendo risco de suicídio eminente ou de violência destruidora. estes gestos podem reforçar a agitação.
aPÓs os nervos, o fUror Fala-se de “crise de furor” quando a agitação desemboca numa forma extrema e incontrolável de violência destrutiva. A força empregue pela pessoa agitada é com frequência superior às suas possibilidades habituais e tornam-na perigosa para ela própria e para quem a rodeia. Neste estado, o diálogo é impossível e o recurso às forças da ordem e a um médico é indispensável para controlar a pessoa agitada num primeiro tempo e acalmá-la com calmantes. Fonte: La Vie Naturelle
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Workshop de Massagem shantala
toque com amor
A massagem Shantala proporciona uma relação íntima entre pais e filhos, e conduz a criança a uma sensação de bem-estar e relaxamento. texto rita estêvão, com a colaboraÇão de zélia machado
A arte de fazer massagem Shantala está entre os mais antigos e tradicionais conhecimentos de terapia, especialmente no Sul de Índia. este tipo de massagem tornou-se uma tradição que era transmitida de uma forma natural e progressiva pelas mães às filhas, quando estas iniciavam o período de gravidez e ao longo do tempo de gestação. A massagem, após o nascimento, é a continuação da relação e do contacto íntimo que existia entre a mãe e o bebé, e pode ser ainda considerada uma integração fisiológica natural, que permite ao bebé suportar o trauma do parto, no qual este passa de um ambiente de protecção total para um ambiente desconhecido. Mas a essência da massagem Shantala consiste na intensa e sentida transferência de amor dos pais para os filhos. A técnica é muito fácil de aprender, podendo qualquer pessoa aplicá-
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la no seu filho, utilizando somente as mãos e uma vontade profunda de se doar. A sua aplicação não produz efeitos dolorosos, conduzindo sempre a criança a uma sensação de bem-estar e de relaxamento.
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A essência da massagem Shantala consiste na intensa e sentida transferência de amor dos pais para os filhos
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os vários benefÍcios Apesar de ser muito mais que uma massagem exclusivamente terapêutica, a massagem Shantala pode reduzir o stress, proporcionar um sono mais calmo, aliviar as dores em geral, estimular a circulação, melhorar o sistema
linfático, reduzir as cólicas, melhorar o conhecimento do corpo, aumentar a auto-estima, favorecer a comunicação. No que respeita aos pais, a prática da massagem reduz também o stress, estimula a tensão arterial, promove a sensação de bem-estar e também favorece a comunicação. Apesar do elemento essencial desta prática ser o vínculo parental e o toque em si, é importante ter em conta alguns problemas crónicos que possam existir, a pele, o tecido digestivo, respiratório e urinário, e o sistema nervoso. No entanto, existem algumas contrapartidas, e momentos, em que não se deve massajar o bebé: Logo após ter sido vacinado; se tem problemas de coração ou rins; se tiver febre; se sofrer de epilepsia; se tiver cortes, inchaços, escoriações, distensões ou fracturas; e após as refeições (esperar pelo menos 1h30m). este workshop é destinado a terapeutas, pais e outras pessoas que tratam diariamente bebés até aos 12 meses de idade.
BEm-EsTAr
AcroYoga festival em lisboa
O primeiro festival AcroYoga em Portugal foi celebrado em Lisboa no fim de semana do solstício, e foi recebido com entusiasmo e alegria por todos os participantes com um real interesse e curiosidade para saber e experimentar esta abordagem do “yoga em dupla”. Todos tiveram a oportunidade de descobrir esta prática lúdica onde cada um integra o espírito da partilha e sentimento de união com o grupo. texto marco brito » FotoS d.r
AcroYoga, ainda um bebé com apenas 5 anos de existência, nasceu em São Francisco, Califórnia. Os co-fundadores, Jason e Jenny, com um “background” em acrobacia, circo, teatro e yoga de contacto, amalgamaram os seus conhecimentos com um profundo desejo de ligar pessoas. o espírito desta arte é trazer paz e harmonia promovida pela entrega e confiança gerada entre os praticantes. AcroYoga combina yoga, massagem tailandesa e acrobacia, 3 artes antigas que se combinam numa fusão perfeita para a nosso ritmo elevado de vida hoje em dia.
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Ajuda a aumentar a concentração, energizando e vitalizando, tudo num ambiente acolhedor.tem uma abordagem terapêutica no qual se exploram as nossas possibilidades psicológicas e emocionais; ajuda-nos também a desenvolver o nosso potencial físico. Pessoas que nunca imaginaram antes que conseguiam fazer isto, ultrapassaram os seus medos e foram para além das suas limitações. Apesar de nos sentirmos intimidados pelo aspecto espectacular das imagens, a prática é bastante acessível. Não é necessário ter treino prévio como ginasta para experimentar o AcroYoga. em apenas algumas horas podemos aprender as técnicas necessárias para poder fazer “voar” alguém.
Atul Mulji, professor de yoga e massoterapeuta (thai, ayurveda), que teve o seu primeiro contacto com o AcroYoga recentemente na sua última viagem pelo oriente, tomou a iniciativa de trazer o AcroYoga pela primeira vez a Portugal. Quando Daniel Anner (www.yogagroove.ch), o instrutor suíço de AcroYoga, chegou a Lisboa, foi convidado para fazer uma demonstração no jantar de yoga logo na mesma noite. Por coincidência, uma das visitas do Atul, a Sandra Leonard que tinha chegado de França para participar, aceitou ser a parceira para voar com Daniel. ela tinha muito pouca experiência prévia de AcroYoga, mas, em apenas algumas horas, conseguiram montar um espectacular show para os cerca de 60 alunos de
bem-estar
yoga, que os observaram em silêncio, boquiabertos, com espanto e admiração. Este fim de semana foi mágico pela partilha entre pessoas que se conheceram pela primeira vez, que terminou numa “jam session” gratuita no domingo – pura magia, com algumas famílias e as suas crianças a juntarem-se à brincadeira, à sombra das árvores ao pôr do sol, no Parque das Conchas, numa tarde quase de verão. Devido ao entusiasmo com que os portugueses acolheram esta nova modalidade, já está a ser planeado um próximo festival de AcroYoga para o último fim-de-semana de Setembro, para o qual pode solicitar mais informações contactando o organizador. Om Shanti Para mais informações, contactar: Atul Mulji www.freewebs.com/amulji Tlm: 933199593 Email: atul.mulji@gmail.com
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ViVêNCiAs
rItos QuotIDIANos
que dão felicidade
Celebrar os pequenos rituais é uma maneira de trazer serenidade para dentro da agitação dos dias, sendo também um caminho para a nossa identidade mais profunda. 32
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ViVêNCiAs
texto Francesc miralles
A natureza humana sempre esteve ligada de alguma maneira aos rituais. talvez já não sigamos os rituais de uma tribo, mas há outros actos simbólicos que ocupam o lugar dos que os nossos antepassados levavam a cabo: acordamos a ouvir a rádio, tomamos duche matinal, bebemos café a meio da manhã com os amigos, vemos a novela à noite… Somos ritualistas e estes actos dão ordem e sentido ao nosso dia, para além de serem um fio condutor que nos confere segurança e comodidade. De cada vez que os realizamos, sentimo-nos em casa, por isso muitas vezes, quando estamos em viagem e não podemos realizá-los, parece que nos falta alguma coisa. o ser humano é um animal de hábitos, e são justamente esses hábitos que nos conferem uma identidade. os rituais quotidianos traçam o mapa íntimo da nossa geografia emocional.
momentos Íntimos Num dos seus poemas mais célebres, o dramaturgo Bertolt Brecht enumerava assim o seu catálogo pessoal de satisfações quotidianas: “o primeiro olhar pela janela ao acordar, o velho livro que volto a encontrar, rostos entusias-
todos precisamos ”de pequenos rituais
para ser felizes. Há quem comece o dia com uma asana de yoga como a saudação ao sol, há quem tome o pequeno-almoço olhando para o boletim meteorológico e há quem reze antes de dormir
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mados, neve, a mudança das estações, o jornal, o cão, a dialéctica, tomar duche, nadar, música antiga, sapatos cómodos, compreender, música nova, escrever, plantar, viajar, cantar, ser amável.” Como a ele, a todos nós pode ser útil elaborar uma lista da felicidade para tomar consciência dos pequenos rituais que nos fazem sentir vivos. Quando a teia das preocupações é tão densa que nos impede de apreciar estes momentos, estamos a perder o mais sublime da existência.
Há um par de séculos, outro alemão, o filósofo emanuel Kant, era famoso na sua cidade pela extrema pontualidade com que saía para passear. Era tão metódico nesta rotina diária que os seus conhecidos acertavam o relógio pela hora em que o viam passar. Sem dúvida, estes passeios estruturavam a sua jornada, como carris através dos quais podia circular um pensamento que acabaria por gerar obras como a célebre Crítica da razão pura. todos precisamos de pequenos rituais para ser felizes. há quem comece o dia com uma asana de yoga como a saudação ao sol, há quem tome o pequeno-almoço olhando para o boletim meteorológico e há quem reze antes de dormir. São momentos de recolhimento e de prazer que nos concedem uma respiração em algum momento do dia e abrem um oásis de calma no decorrer do nosso dia.
elogio Do comUm Num artigo de fundo, o especialista em comunicação José Ramón Blázquez criticava a busca da felicidade excepcional, quando no seu entender a felicidade se passa no quotidiano. “É à rotina que devemos a vida”. Não seria possível quase nada sem a repetição do que é comum. o que se passa é que para compreender o valor da rotina e superar o horror ao invariável há que
perceber o desenho divino da vida (…) Cada dia é diferente e tudo é diferente na enganosa aparência da sua repetição. Se o incomoda a tenacidade da rotina, pense que o novo, que tanto satisfaz os entediados pelo que é costume, surge da tentativa de melhorar o que é corrente (…) Na sublimação das coisas correntes de todos os dias está a raiz de uma vida feliz. olhando mais alto, humildemente desejo o elogio da vida comum – a experiência real e não o impossível e quimérico – porque este é o único modo humano de construir uma existência extraordinária.” De facto, o quotidiano de que tanto nos queixamos é o primeiro que achamos que nos falta quando algo nos arrebata a infra valorizada normalidade. o doente de longa duração num hospital ou a pessoa que ingressa na prisão experimenta uma forte saudade de rituais tão quotidianos como tomar um café no bar, dar um passeio ou até ir ao trabalho que antes ele detestava. Por esta razão, enquanto possamos desfrutar deles, é importante dar brilho a estes carris pelos quais decorre, um dia atrás do outro, a nossa existência. No seu clássico de auto-ajuda Simplifica a tua vida, elaine St. James nota a importância de abrir o dia com um ritual pessoal: “o melhor momento do dia é a hora imediatamente anterior a levantar-se. Se você é como a maior
protocolo para viver o dia em harmonia Apesar de cada pessoa dever desenhar e pôr em prática os seus próprios ritos quotidianos, estas sugestões ajudam, em geral, a vertebrar a jornada com equilíbrio e tranquilidade. Acorde com música: se não acorda com a claridade do novo dia, evita que o zumbido ou o silvo do despertador lhe dê uma entrada demasiada abrupta na vigília. Programar uma rádio ao seu gosto ou um disco relaxante é uma boa maneira de começar o dia. Tome o pequeno-almoço calmamente: Da mesma forma que precisamos de um período de transição para adormecermos, também é preciso tempo para receber o novo dia. um bom pequeno-almoço, com alimentos saudáveis e naturais, é uma excelente pista de início para a viagem do dia. mova o seu corpo: seja com uma breve sessão de estiramentos ou caminhando até ao trabalho, é bom ter um ritual diário de tonificação para se manter fresco e flexível. Ao meio-dia pare para respirar: Em lugar de comer depressa e a correr, utilize a pausa do almoço para devolver ao seu espírito a calma perdida com os esforços da manhã. se não pode ir a casa, faça um passeio para se oxigenar antes de se confrontar com a tarde. Tire 1 hora para si: No final das suas obrigações diárias, deveria premiar-se com um espaço de desconexão à sua medida. Praticar um desporto que lhe agrade, cozinhar por prazer enquanto escuta um disco ou ir ao cinema vai recordá-lo que existe uma rotina gratificante como contrapeso às tensões. Deite-se com um livro: O Dr. Estivill assegura que não há melhor ritual para induzir o sono que uma boa hora de leitura na cama, já que ao repetir este hábito quotidiano, o nosso corpo sintoniza a função do sono.
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Vivências
parte das pessoas, levanta-se com o tempo justo para se vestir, tomar um pequeno-almoço rápido, olhar o resumo informativo e levar as crianças à escola (…) Contudo, se nos levantamos uma hora antes destas obrigações, de repente encontramos tempo para passear, estabelecer a rotina própria ou tomar o pequeno-almoço descontraidamente com a família. Roubar uma hora por dia para si, se não se utiliza para trabalhar, é uma forma muito eficaz de aliviar o stress e começar o dia com o pé direito.
Compartilhar rituais O catedrático de Linguística Sebastià Serrano destaca o valor dos rituais partilhados como ponto de união para os vários membros de uma tribo, inclusivamente na sociedade moderna. “Os rituais - assegura ele – contribuem para desactivar a agressividade e facilitam a coesão do grupo, além de marcar a diferença com outros grupos sociais. A função do ritual é facilitar a aproximação e a interacção. Por isso, toda a separação, as ofertas e as súplicas, os serviços, os convites, as apresentações, e os
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compromissos são actos ritualizados.” Por conseguinte, os rituais não servem simplesmente para pautar de forma individual os diferentes momentos do dia, mas são também um ponto de encontro com outras pessoas a nossa volta. O campo de ténis onde jogam semanalmente os amigos, o parque onde os pais levam os filhos ou o intervalo ao pé da máquina de café são um espaço para que a tribo leve a cabo o seu ritual de aproximação e reforce os vínculos, mesmo não estando conscientes disto. A nossa felicidade depende também destes pequenos rituais partilhados porque nos fazem sentir que pertencemos a um círculo de afectos para além do nosso lugar.
Actos iniciáticos Mas além dos rituais quotidianos, em todas as culturas existem actos simbólicos de especial transcendência porque marcam passos de uma etapa vital para outra. Uma das pessoas que melhor estudou estes ritos iniciáticos é o antropólogo Josep Maria Fericgla. Depois de viver nove anos com os Indígenas da alta Amazónia equatoriana, aprendeu com
eles a importância fundamental dos ritos de passagem que, segundo este especialista, se perderam recentemente no Ocidente. Nas palavras do antropólogo, “a primeira comunhão, para além do seu sentido religioso, era um rito iniciático: uma porta simbólica que conduzia da infância à puberdade. Por exemplo, aos miúdos eram compradas as primeiras calças para a primeira comunhão, o que os convertia em homenzinhos. Isto coincidia com as primeiras permissões para que os meninos saíssem à rua sozinhos, nem que fosse só para comprar pão. O padrinho costumava abrir uma conta no banco pelo mesmo motivo. Também na primeira comunhão era dado às crianças o primeiro relógio, o que supunha um controlo adulto do tempo (…) À margem de questões militaristas, para os rapazes o serviço militar era um rito de passagem de primeira magnitude: os rapazes passavam a ser homens. Muitas empresas não queriam empregar jovens que não tivessem cumprido este rito porque ele implicava ter aprendido uma disciplina.” O desaparecimento destas portagens existenciais, afirma Fericgla, provocou que actualmente mui-
vivências tas pessoas não tenham consciência da etapa final em que se encontram, e isso salda-se em confusão e em, por exemplo, o prolongamento de condutas infantis na idade adulta. Ao não atravessar a porta simbólica que separa uma etapa da outra, produzem-se fenómenos como o chamado sindroma de Peter Pan, baptizado assim pelo psicólogo Dan Kiley num ensaio com o mesmo título, e que designa a imaturidade de muitos homens que resistem a abandonar a adolescência. Como o menino que não queria crescer, de J. M. Barrie, os efeitos secundários nos adultos que evitaram este ritual de passagem são: - Irresponsabilidade e reacções infantis. - Pânico do compromisso, falta de empatia e solidão. - Negação do envelhecimento. - Instabilidade laboral. Muitos indivíduos desta idade iniciam até estudos universitários “para se construírem um futuro”. Até agora este sindroma parecia afectar exclusivamente homens mas com cada vez mais frequência há mulheres que resistem a abandonar uma juventude que já passou há muito. Isto traduz-se na fixação pela estética – com as consequentes operações cirúrgicas – e
a busca de acompanhantes mais jovens que reforcem a ligação ao passado.
A beleza das pequenas coisas Voltando aos ritos da tribo, Kent Nerburn – Escultor, educador e especialista na história oral dos índios Ojibwa – publicou recentemen-
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Cada vez que cuidamos dos rituais que nos fazem felizes, estamos a dar valor à canção profunda dos dias, enquanto nos refrescamos num oásis de íntima sabedoria
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te um livro intitulado The Hidden Beauty of Everyday Life (A beleza oculta da vida diária). E para a representar na capa o autor escolheu uma pêra partida que simboliza o coração das maravilhas quotidianas sempre próximas de
nós, apesar de com frequência não as vermos. O escritor fala assim dos momentos de “epifania”, como chamou James Joyce aos episódios aparentemente rotineiros da nossa vida que nos permitem compreender toda a sua essência: “O nosso dia-a-dia está cheio de momentos nos quais a beleza oculta da vida emerge na nossa consciência com um inesperado brilho de luz. Contudo, com demasiada frequência, estamos cegos a esses momentos. Estamos demasiado ocupados com as nossas obrigações diárias, com as nossas idas e vindas, para dar ao nosso coração a calma necessária para escutar as canções mais doces da vida.” Cada vez que cuidamos dos rituais que nos fazem felizes, estamos a dar valor à canção profunda dos dias, enquanto nos refrescamos num oásis de íntima sabedoria. Se prestamos atenção a estes momentos que nos ligam profundamente com nós mesmos e com os outros, teremos sempre ao nosso alcance a serenidade e inspiração que precisamos para viver. Como dizia a poeta Emily Dickinson, “ocupa-te das pequenas coisas, e as coisas grandes ocupar-se-ão delas mesmas.” Fonte: Integral
ambiente
Verdes Exércitos
Quando Al Gore clamou por um “exército verde”, é provável que ele não estivesse a prever que isso viesse a existir. Os recursos naturais, incluindo madeiras, diamantes e vida selvagem, são cada vez mais responsáveis pelo deflagrar de violência e o aparecimento de conflitos armados através do mundo. Agora alguns ambientalistas querem responder - usando a força, se necessário.
Texto Andrew Wasley* » Fotos D.R.
O polícia Kalibumba não teve hipótese. Cinco balas rebentaram-lhe o peito e o abdómen quando ele tentara intersectar um fugitivo armado que tinha roubado uma mota e morto o dono. Kalibumba, um polícia da vida
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selvagem vivendo em Virunga National Park, na República Democrática do Congo (RDC), morreu pouco depois de ser baleado. Tinha 36 anos e oito filhos. Kalibumba é mais um de uma longa linha de guardas a perecer na defesa da abundante vida selvagem e ricos eco sistemas da RDC, e mais uma vítima de um perturbante padrão global
de assassinatos, violentos ataques e perseguições dos que trabalham na linha da frente da protecção ambiental. Estudos ainda não publicados revelam que centenas de polícias dos parques naturais e guardas da vida selvagem e da floresta morreram ou ficaram seriamente feridos nos últimos anos em ataques em África, América Latina, Ásia, Europa e EUA.
ambiente polícias, particularmente os que operam em regiões já atingidas por conflitos. Tal apoio ao uso da força armada, mesmo de forma reactiva ou como auto-defesa, não deixa ninguém confortável entre os partidários do ambiente, contudo, e alguns advogam terem que se distanciar desta solução, mas com a vida selvagem em perigo, e os habitats e os recursos naturais a ficarem sob nova pressão, há cada vez mais apelos a partir do movimento ambiental para maior uso de força, em vez de menos, incluindo a intervenção armada próactiva numa escala militar. Tais propostas controversas espalham petróleo num debate já aceso acerca de quão longe, ética e praticamente, o movimento ambiental, os governos e as instituições internacionais podem ir para salvaguardar o planeta e os seus recursos. Elas também aparecem a partir de alguns governos e agências legais que progressivamente empregam esforços militares sofisticados para combater em conflitos acerca de recursos naturais, e negócios associados e ilícitos de madeiras, minerais, petróleo, gás e vida selvagem.
A estreita linha verde
O dossier, compilado pela Federação Internacional dos Guardas, quer chamar a atenção para o que descreve como “O horrível custo humano” da protecção ambiental, ocorrido com perturbante monotonia : “…morto numa luta a tiro com rebeldes”; “…baleado por atacantes”; “…abatido”; “…assassinado”; “… baleado num roubo armado”; “…morto por caçadores furtivos”. A situação tornou-se tão séria que tem conduzido a uma escalada pelas ONG’s, organizações de ajuda, agências legais e governos para treinar, equipar, patrocinar e organizar melhor os que estão empenhados na protecção da vida selvagem e do ambiente. Isto aumentou o armamento e o treino militar de guardas e
O guarda de parque Sean Willmore vendeu o seu carro e a sua casa na Austrália depois de ouvir histórias de horror acerca do que tinha acontecido a colegas noutras partes do mundo. A sua missão: fazer um documentário destacando os perigos que enfrentam os guardas ambientais a nível global. “Estive numa convenção e foram-me contadas histórias de guardas que foram enterrados vivos – isso aconteceu em Tamil Nadu (na Índia) – e colegas mostraram-lhe agressões horríveis que tiveram em ataques a machado,” diz Willmore. O seu filme The Thin Green Line, que levou a mais de doze países nos cinco continentes, mostra claramente os perigos que enfrentam os que guardam os parques nacionais e outras áreas ecológicas importantes. Os lucros do filme ajudaram ao estabelecimento de uma fundação dedicada ao apoio às famílias dos guardas mortos em serviço. “Esta é a história ocultada da luta para proteger a vida selvagem,” diz Willmore, “a carnificina dos animais faz manchetes, mas as pessoas não se lembram se os guardas são mortos ou não.” Os esforços de Willmore têm a simpatia de várias organizações globais, incluindo da International Ranger Federation, que ajudou a compilar o primeiro estudo detalhado acerca das mortes, agressões e perseguições a guardas e outros defensores ambientais a nível mundial. Além de cobrir a RDC e outros países africanos, o estudo foca incidentes na Índia, Sri Lanka, Cambodja, Filipinas, Brasil e Argentina, sem esquecer os EUA e alguns países europeus.
Choques com caçadores furtivos ou grupos rebeldes estão entre as causas mais comuns de mortes, de acordo com as estatísticas. Muitos guardas são forçados, devido à falta de recursos e mão-de-obra, a patrulhar vastas extensões de sítios selvagens dias a fio, tornando-se altamente vulneráveis aos ataques. Caçadores ilegais e outros grupos têm vindo a armar-se e organizar-se fortemente – frequentemente muito mais do que os guardas, que poucas armas têm. Na África Oriental, polícias do Serviço da Vida Selvagem do Quénia que patrulham a região de Tana River, no ano passado defrontaram um gang de caçadores ilegais que se deslocou desde a Somália caçando elefantes e outros animais selvagens para vender. Durante uma intensa luta armada, estes caçadores furtivos fizeram cerca de trezentos ataques usando modernas armas automáticas de assalto, mataram três guardas e causaram graves danos noutro.
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O filme The Thin Green Line, que levou a mais de doze países nos cinco continentes, mostra claramente os perigos que enfrentam os que guardam os parques nacionais e outras áreas ecológicas importantes
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Alguns meses antes, em Wilpattu National Park, no Sri Lanka, quatro guardas que faziam a sua patrulha foram brutalmente executados numa emboscada por rebeldes fortemente armados da Frente de Libertação Tigres de Tamil. “É importante lembrar que estes relatos representam só uma amostra,” diz Willmore. “Há muitos países de que ouvimos problemas mas não conseguimos ter estatísticas, incluindo Serra Leoa, Etiópia, Europa de Leste e Rússia.” Enquanto Willmore e a federação internacional de guardas reconhecem que o treino armado e o comportamento militar dos guardas não resolverá por si só todos os problemas, eles acreditam que são tais os perigos que os guardas enfrentam no terreno, que as armas se tornaram um mal necessário. “Já não é uma questão de se a força pode ser usada,” contrapõe Willmore, “mas quanta força.”
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Ecologia armada É esta a questão que incendiou progressivamente o debate acerca de até onde pode ir o movimento ambiental – ou outros – para proteger o planeta. Alguns querem expandir o uso de guardas paramilitares; outros querem ver a criação de “eco exércitos” independentes, fortemente equipados e de reacção rápida, capazes de intervir em combate e comparáveis às unidades das Nações Unidas ou da NATO. Outros respondem que a ONU e outras forças multinacionais semelhantes deveriam ter as suas competências alargadas para incluir mais ênfase à protecção ambiental, incluindo intervenção pró-activa em casos de ataques graves aos recursos naturais e destruição dos habitats, particularmente onde pessoas e vida selvagem estejam em risco. Nos últimos anos viu-se uma quantidade de “eco milícias” privadas estabelecerem-se em vários países africanos, frequentemente com o tácito apoio de governos que se acham eles próprios incapazes de efectivamente policiar os seus recursos policiais. Bruce Hayse, um médico americano e defensor ambiental, alinhavou alguns princípios depois de ter recebido permissão
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do presidente da República Centro-Africana (RCA) para criar uma força mercenária para combater o crescente número de caçadores ilegais que dizimam a vida selvagem do país e aterrorizam aldeias. Hayse, membro fundador do radical Earth First!, criou a Africa Rainflorest and River Conservation (ARRC) para treinar e equipar uma milícia de 400 homens fortemente armados, que, além de patrulharem as fronteiras e as áreas selvagens do país, tem a missão de estabelecer estradas, construir clínicas e escolas, e informar as populações de como usar os recursos naturais de forma sustentável. A milícia, equipada em parte com armas trazidas da África do Sul, teve autorização para disparar à vista em reencontros com caçadores ilegais e contrabandistas de animais selvagens. Apesar de alguns sucessos iniciais – inclusivamente operações militares visando alguns dos maiores gangs que caçavam elefantes – as questões práticas e efectivas de manter um exército privado rapidamente se provaram ser problemáticas. Os potenciais fornecedores de fundos começaram a falhar, progressivamente preocupados com a legalidade de estarem ligados ao que os EUA questionavam como questões de
operações paramilitares virtualmente não contabilizadas num país relativamente sem lei. Os apoiantes a partir do movimento ambiental também começaram a recuar. As figuras mais respeitas dentro das organizações estabelecidas, conscientes do seu poder, temeram que ao apoiarem esta aventura pudessem causar mas consequências, particularmente se muitas pessoas – caçadores ilegais ou não – começassem a ser mortas. Ainda há memórias vivas de uma aventura similar – e altamente controversa – previamente iniciada pelo francês Jean Laboureur que, com alguns homens armados que ele contratou, apanhou caçadores de marfim. Fortemente armado e não tendo feito prisioneiros, Laboureur e o seu grupo atacaram e alegadamente mataram mais de 30 caçadores ilegais nas suas primeiras operações, pegando fogo a dezenas de acampamentos de caçadores e recuperando enormes reservas de marfim. Em consequência da operação, a caça diminuiu e os elefantes voltaram à região. Depois da morte de um guarda inocente, contudo, Laboureur foi preso por assassínio. Apesar de mais tarde ele ter sido libertado, o incidente lançou uma sombra sobre a sua iniciativa e levou a uma ruptura diplomática entre a França e a CAR.
ambiente Apesar do falhanço de ambos os projectos se estenderem por um período longo, eles captaram a atenção do movimento ambientalista, lançaram sementes por todo o lado de operações semelhantes noutros sítios mesmo numa menor escala e claramente colocaram o conceito de acções militares pró-activas no mapa. Karl Ammann, um suíço conservacionista veterano que se tornou jornalista e investigador anónimo, e foi importante no lançamento de várias iniciativas de protecção e promoção da vida selvagem, diz que em muitos países africanos a falta de boas leis significa que poucas opções há para além do uso da força. “Há países onde (os caçadores) chegam fortemente armados, onde não há prisões nem administração que funcione e massacram a vida selvagem que deveria ser recurso da população daquele país,” diz Ammann. “Nestas circunstâncias concordo absolutamente com o uso da força.” Ammann também é crítico acerca das maiores ONG’s de conservação que recusam misturar-se na via da intervenção armada. “Eles frequentemente compram uniformes, botas, tendas para os soldados (que integram as forças),” diz, “mas quando o primeiro caçador é morto eles recusam ser implicados.” O apoio ao conceito de acção militar organizada de combate aos crimes ambientais estendese agora bem para lá dos que trabalham na conservação em África.
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De forma semelhante, a Federação Internacional de Guardas está a tentar construir o apoio a uma “brigada de capacetes verdes” multinacional – a partir do modelo dos famosos capacetes azuis da ONU, dirigidos para a paz – que teriam uma larga gama de intervenções em crises ambientais sérias, incluindo quando espécies raras estivessem em risco.
Quem guarda os guardas? As grandes organizações de conservação estão rapidamente a perceber – algumas relutantemente - a necessidade de protecção armada para os defensores do ambiente. “Qual é a opção?” pergunta David Sheppard, director do programa das áreas protegidas na União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).“É uma realidade que os que fazem este trabalho enfrentam o perigo de grupos de interesses organizados fortemente armados.” A UICN financia e apoia centenas de iniciativas de protecção à vida selvagem e ao ambiente, e apesar de não comprar directamente armas e outros equipamentos militares, em alguns países onde trabalha colabora com agências que podem ser armadas e operar sob jurisdição governamental. A Wildlife Direct, que proporciona que os guardas dos parques comuniquem o seu trabalho e as suas experiências directamente para o mundo através de uma série de blogs
(www. wildlifedirect.org), tem uma politica semelhante, fornecendo treino, apoio, uniformes e salários a guardas na RDC e noutros sítios, mas armas e munições não. Paula Kahaumbu, a dirigente do grupo, reconhece a necessidade para a protecção: “se se olhar para o que está a acontecer no sector da guerrilha (da RDC) vê-se que os guardas enfrentam perigo de morte. Recentemente as estradas foram minadas, houve combates (com grupos de milícias). É muito perigoso.” Ambos os grupos têm reservas acerca da formação e funcionamento de exércitos privados como os organizados por Hayse. “Estou preocupada quando os imagino a funcionarem a longo termo, diz Paula.” Estas ideias radicais fazem notícias bombásticas, mas não fazem a diferença no terreno. Para ter um impacto a longo termo temos que ultrapassar as suspeitas e o desespero, e encorajar as pessoas a proteger os seus recursos. Não estou certa de que passear-se com metralhadoras consiga estes objectivos. A ideia deixa um sabor um pouco amargo na boca”. Sheppard concorda: “Virtualmente todos os governos têm agências que protegem áreas, pessoas e a vida selvagem. É mais importante trabalhar com governos do que com margens radicais – temos que ser cautelosos acerca de apoiar (milícias privadas), que podem ter os seus propósitos próprios.”
Choques com caçadores furtivos ou grupos rebeldes estão entre as causas mais comuns de mortes, de acordo com as estatísticas
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Paul Watson, fundador da Sea Shepherd Conservation Society, que recentemente saltou para os jornais por questionar a frota baleeira japonesa, diz que o grupo quer com urgência o desenvolvimento de uma unidade militar internacional armada e com grande mobilidade, que possa atacar rapidamente, em terra ou em mar. “Queremos ver uma polícia ecologista do tipo da Interpol que opere em qualquer sítio do mundo, agressiva, pró-activa e equipada para perseguir, prender e levar a tribunal,” declara. A Sea Shepherd está actualmente envolvida com as autoridades do Equador num programa a longo termo para treinar e equipar uma força ambiental dedicada a proteger as ilhas Galápagos e a sua fauna e flora únicas. O grupo também fornece armas.
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A UICN diz que também teria interrogações acerca da complexidade do estabelecimento e o trabalho com “brigadas de capacetes verdes” e preferiria ver uma significativa extensão dos actuais mandatos das missões da ONU. “Onde já há tropas da ONU, deveria haver um desses elementos a trabalhar especificamente na conservação e nos recursos naturais,” diz Sheppart. “Veríamos isso com bons olhos.” Algumas das missões da ONU, tais como as previamente estabelecidas no Cambodja, tiveram estas vertentes incorporadas. Depois de ter sido revelado que os Khmer Vermelhos estabeleceram o seu reino de terror através da recolha e venda ilegal de madeira do país vizinho Tailândia, a ONU aprovou uma moção para prevenir a exportação de madeira cortada do país e criou forças fronteiriças de intervenção, que usam a força quando necessário. Na Libéria, onde o saque dos recursos naturais do país, em particular as florestas, financiou o agora deposto regime de Charles Taylor, a actual missão da ONU, UNMIL, inclui operações dedicadas ao ambiente e aos recursos naturais. Na RDC, contudo, onde a actual missão da ONU, MONUC - a maior força da ONU actualmente a operar no mundo – existe há quase uma década, o mandato não menciona a vida selvagem, o ambiente nem os recursos naturais. A incapa-
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cidade da missão, ou a falta de vontade, de se envolver em operações ambientais tornou-se um assunto de grande debate entre as ONG’s que operam na RDC e em países vizinhos, em particular devido à grande abundância da região em vida selvagem e importantes recursos naturais. Durante uma recente trégua numa região do país que contém alguns dos últimos gorilas de montanha, as ONG’s e o governo americano moveram influências, sem sucesso aparente, para que a ONU acedesse a escoltar guardas para aquela área, de forma a eles poderem monitorizar o impacto da violência e fazer o que pudessem para proteger os animais. Em anos recentes, as populações de gorilas foram severamente afectadas por uma miríade de conflitos, caça ilegal e outras perseguições. “Isto é um exemplo clássico de como as coisas estão erradas, de como não há reforço efectivo da defesa da vida selvagem e dos recursos naturais” diz Karl Ammann. “A UICN (o corpo encarregado de policiar os parques naturais da RDC) perdeu o controlo da situação: houve o Lord´s Resistance Army (um grupo de milícias forte) que se estabeleceu num parque nacional e ninguém reagiu. Se houvesse atentados aos direitos humanos, provavelmente haveria acções. Dêem-lhes um ultimato; se eles não aceitarem enviem armas para os enfrentar.”
Definindo a causa das coisas Importantes pensadores da causa ambiental estão a começar a considerar a necessidade de uma força multilateral e militar para a defesa do ambiente e dos recursos. O professor Robyn Eckersle, da Universidade de Melbourne, enfrentou recentemente uma controvérsia após produzir uma investigação que encarava – prática e teoricamente – como o mundo poderia olhar as políticas de eco-intervencionismo e eco-promoção da paz se fossem adoptadas a um nível global e intergovernamental. Eckersle crê que o uso de força armada para intervir em disputas ambientais – água ou reservas de petróleo, por exemplo – aumentariam à medida que os recursos baixam, a expansão das populações aumentam e “a taça transborda”. “Acredito que é uma realidade que veremos, necessariamente, a certa altura, um corpo – chamem-lhes “boinas verdes” – formado com o objectivo principal de proteger sítios ecológicos,” declara. “Não necessariamente com armas à vista mas perfeitamente equipados para em última instância proteger florestas e espécies.” Outros acreditam que a situação é mais complexa e requer um conjunto de abordagens para além da intervenção militar. Alguns activistas dizem que o foco deveria ser mais
ambiente no reconhecimento de como os recursos ambientais e naturais são eles próprios desencadeantes de conflitos. “Certamente que há um papel fiável para a ONU como promotora da paz ecológica,” diz Patrick Alliy, director do Global Witness, que trabalha para expor as ligações entre a exploração dos recursos naturais e os conflitos, “mas há com frequência falta de coesão nos objectivos.” A Global Witness diz que seria bem-vinda a protecção dos recursos naturais, na RDC e não só, e a sua inclusão na ONU, mas que é pouco importante um reforço – militar ou outro – enquanto a pouca operacionalidade do governo e a corrupção existirem efectivamente. “Actualmente (a intervenção armada) não é uma grande ideia a considerar, até porque estas áreas já estão devastadas por anos de conflitos,” diz Alley. O grupo está e tentar conseguir que os recursos naturais sejam algo de reconhecido pela ONU como uma específica fonte de conflito, a partir de sucessos anteriores baseados no Processo Kimberley que controla o comércio internacional em conflitos de diamantes. “No presente não há mecanismos para parar alguém que se dirija aos senhores da guerra ou aos partidos para adquirir madeiras ou outros recursos, que é o que alimenta as suas campanhas militares,” diz Alley. Apresar disto certos governos estão agora a começar a reconhecer o papel desempenhado pelos recursos naturais, tanto na causa, como no alimentar de conflitos, e no impacto que isto pode ter na segurança regional e internacional. Relatórios recentes de que a milícia Janjaweed do Sudão está a massacrar elefantes por causa do marfim para financiar operações no Darfur chocou e alarmou muitos observadores internacionais. Aparentes ligações entre a al-Qaeda e o comércio de vida selvagem rara na Índia e no Bangladesh surgiram. As autoridades americanas têm vindo a ser creditadas como elemento pivôt para conseguir aprovar no conselho de segurança da ONU sanções contra os exportadores de madeiras da Libéria, o que cortaria directamente um enorme recurso de fundos para o regime de Charles Taylor, e por liderar um programa inovador no interior do sector florestal da Libéria. Numa recente audição no Comité Americano de Representantes para os Recursos Naturais examinaram o comércio ilegal de espécies selvagens e propuseram que uma ONG liderasse operações à escala global – incluindo vigilância fronteiriça, espionagem sobre o comércio, investigações sobre várias actividades – com o objectivo de limitar o problema e que foram “muito bem recebidas”
Claudia McMurray, Sub-Secretária de Estado para os Oceanos, Ambiente Internacional e Assuntos Científicos, declarou na audição que a administração americana encara agora o comércio de espécies selvagens como uma “actividade criminal sofisticada”, e requereu “um reforço efectivo da lei.” McMurray confirmou posteriormente: “Estamos a gastar muito tempo com isto – apesar dos conflitos acerca de recursos ainda não estarem muito espalhados, é algo que nós vigiamos de perto.” Apesar do serviço de segurança pró-activo ou operações militares no terreno dos recursos naturais e da criminalidade sobre a vida selvagem ainda terem de ser sancionadas numa escala tangível, o Ecologist soube que a Africom, o novo comando militar Americano para África, pode em breve ter os seus pode-
Sea Shepherd ”estáAactualmente
envolvida com as autoridades do Equador num programa a longo termo para treinar e equipar uma força ambiental dedicada a proteger as ilhas Galápagos e a sua fauna e flora únicas. O grupo também fornece armas
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res aumentados para controlar o comércio de recursos naturais e espécies selvagens. Neste momento, não é claro até que ponto isto envolveria operações militares próactivas, mas o comando já está directamente envolvido no combate à pesca pirata e ilegal e a outras questões de defesa marítima. Enquanto que alguns clamam que estas actividades são parte de uma cortina de fumo para esconder razões maiores para o estabelecimento da missão – ganhando uma base para vigiar e atacar alvos terroristas que operam na Somália e noutros países no Corno de África – aquelas decisões vão marcar de forma importante a militarização da protecção ambiental. Robyn Eckersley e outros são cuidadosos acerca do que provêm: rápida procura de governos para imitarem e executarem acções
semelhantes. No presente, não há nada de semelhante a ser feito por qualquer dos maiores países europeus. Contudo outros, e incluindo a Índia e o Cambodja, enviaram tropas recentemente para combater a caça ilegal e para defender florestas e outras valiosas áreas ecológicas. Eckersley argumenta que, com o crescente cepticismo acerca dos méritos das supostamente humanitárias intervenções na esteira da invasão do Iraque, é agora improvável que governos possam individualmente fazer, legal ou moralmente, ataques militares unilaterais baseados em objectivos ecológicos, e que isso se torne a norma. “Não se pode excluir nada, mas um caso destes teria que ser inacreditavelmente forte,” diz. Muito provavelmente, considera esta académica, haverá um aumento de acções multilaterais em casos de emergência ambientais, com o potencial para o que ela descreve como “internacionais”: Ela ilustra o seu ponto de vista, propondo um cenário ficcionado mas altamente credível: “Suponham por exemplo que uma reacção em cadeia tenha começado num reactor nuclear desactualizado na Ucrânia e que as coisas estejam fora de controlo, com o perigo eminente de explosão nuclear como em Chernobil. “Suponham também que o governo ucraniano recusa assistência técnica internacional, apesar dos especialistas europeus avisarem que a Ucrânia não tem capacidade técnica e humana para controlar a emergência. Nestas circunstâncias, a intervenção militar pode ser a única maneira para prevenir um eminente desastre ecológico internacional.” Esta académica acredita que a acção militar em casos como este teria provavelmente maior apoio, já que satisfaria todas as três chaves normalmente envolvidas em decisões políticas respeitando politicas intervencionistas: legalidade, moralidade e legitimidade. Ela não descarta, contudo, a potencialidade para operações militares serem levadas – até certo ponto – à sua conclusão lógica: a guerra ecológica total. “Penso que a potencialidade existe. A escassez puxa pelo pior no ser humano. Quando as coisas escasseiam há o potencial para as pessoas se deslocarem para a coerção.” Citando a água e o petróleo como potenciais fontes de conflito, Eckersley admite: “acho que tudo é possível”. *Andrew Wasley é jornalista e produtor da Ecostorm (www.eco-storm.com), agência de investigação especializada em ambiente, direitos humanos e bem-estar animal. Fonte: Ecologist
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