OQUE RECIFE PRECISAMOS
FICHA TÉCNICA Projeto, promoção e divulgação:
OQUE RECIFE PRECISAMOS
Cartello Serviços de suporte em TI LTDA Celso Calheiros - Jornalista DB'D Comunicação Luiza Assis - Jornalista SMF/TGI Editora – Revista Algomais TGI – Consultoria em Gestão
O movimento O Recife que Precisamos nasceu no Observatório do Recife a partir de constatações simples feitas pelos integrantes do fórum de admiradores do município. Dada a relevância e a sinergia existente entre o tema e o art. 1º da sua Carta de Propósitos, a revista Algomais, em prol do desenvolvimento de Pernambuco e do Recife, encampou a ideia realizando sua promoção com uma grande ação de divulgação, objetivando ampliar as discussões, promover a inclusão e as colaborações dos seus leitores e da sociedade em geral. A cidade – que, por séculos, poderia ser inscrita entre os mais relevantes centros urbanos do Ocidente, sendo a capital que figurou entre as mais participantes da vida política da história do Brasil – encontra-se com seu prestígio em declínio. Embora os sinais fossem visíveis, alguns até palpáveis, os participantes dessa discussão deram um primeiro passo em busca da criação de um consenso sobre quais seriam as ações prioritárias para se mudar o rumo da capital pernambucana. A informalidade do diálogo aberto deu lugar a reuniões marcadas com a presença de urbanistas, líderes de setores econômicos e especialistas em diferentes áreas. Todos decidiram traçar, primeiro, um perfil classificado como O Recife que Temos. A partir da base real, os interessados em uma vida progressista para a cidade, com passado de prosperidade e palco de batalhas libertárias, poderiam pontuar as necessidades do município, os ajustes fundamentais a serem implementados e as correções de rumo consideradas inadiáveis. O desenho a que chegaram os envolvidos nos debates sobre O Recife que Temos ficou semelhante a uma caricatura. A cidade cresceu sem acompanhamento proporcional da oferta de serviços com as naturais repercussões no saneamento básico, na macrodrenagem, no transporte público e no trânsito, de uma maneira geral. As ruas mais modernas, construídas há décadas, não foram projetadas para receberem a quantidade de novos veículos particulares, que se somam aos carros velhos, que insistem em permanecer dividindo espaço com um volume cada vez maior de motocicletas. As vias, usadas muitas vezes acima da sua capacidade, não oferecem condições para o passeio e o ir e vir de pedestres. Há trechos que, em vez de proteger, representam perigo para quem passa. Pode ser pior se o cidadão tiver alguma necessidade especial, se fizer uso de um apoio ou estiver empurrando um carrinho de bebê.
O crescimento das demandas urbanas é visível em todos os lugares e talvez seja ainda mais notável no emaranhado de fios suspensos pelos postes da cidade. A população com mais de um celular por pessoa; os estabelecimentos, que precisam autenticar meios de pagamento; e as residências, que pedem banda larga com grande quantidade de dados enrolaram o Recife. De posse de um desenho atualizado da cidade, O Recife que Temos, o grupo de pensadores, reunido sob o abrigo do Observatório do Recife, com o apoio editorial da revista Algomais, voltou a discutir a cidade. Um cronograma foi estabelecido, e uma agenda de reuniões foi criada. Todos concordaram com a oportunidade da discussão: em ano de eleições municipais, todo debate construtivo encontra público, receptividade e chances de trocas. Existem ambiente apropriado e interesse político em todos os níveis. As eleições geram um resultado, mas a discussão das ideias produz consequência mais permanente. O projeto também inclui expandir o chamamento a “se pensar o Recife” para todos os interessados, em última análise os cidadãos com vínculos com a cidade. A revista Algomais assumiu a responsabilidade de reverberar esse chamamento através da cobertura jornalística realizada em todas as suas edições publicadas durante o ano de 2012. A partir de setembro, uma grande campanha foi promovida pela Algomais nas redes sociais. O resultado chegou com a ampliação do debate e a incorporação de milhares de admiradores do Recife, alguns moradores em outra cidade ou mesmo em outro país. Todo o esforço do Observatório do Recife, da revista Algomais e da TGI está representado neste relatório, composto pelo que foi mais relevante em todo o projeto – o engajamento dos órgãos representativos de classes e da sociedade civil.
O Recife que Precisamos é uma iniciativa de admiradores da capital pernambucana, que se trata de uma cidade exemplar, destaque na história do urbanismo, celeiro de revoluções libertárias, conhecida pela sua atividade política, produção intelectual e movimentação cultural. Antes de a proposta por O Recife que Precisamos ser construída ideia a ideia, argumento por argumento, havia um sentimento que agregou cidadãos com diferentes tipos de responsabilidade social. Todos convictos do potencial do Recife. Todos decididos a superar a fase da crítica e da reclamação, com planos de estudar o Recife e os caminhos que o meio urbano deveria trilhar, sem demora. A primeira iniciativa foi a de desenhar o Recife verdadeiro, a cidade real, sem distorções. A partir dessa base, do Recife que Temos, passa-se à fase de tratar das necessidades de uma cidade com características ímpares, com favorecimentos geográficos, com demandas sociais urgentes, história única e futuro incerto. O debate em busca do consenso foi amplo. Especialistas, estudiosos, representantes de setores econômicos, líderes de associações empresariais, admiradores do Recife, militantes e urbanistas tiveram assento. Além dos encontros programados no âmbito do Observatório do Recife, algumas reuniões foram realizadas tendo convidados especiais em destaque. Nesse momento, os principais convites foram feitos aos quatro candidatos a prefeito do Recife mais bem posicionados em todas as pesquisas de intenção de voto, realizadas por diferentes institutos de pesquisa.
A lição tirada dos encontros entre os candidatos ao cargo público, de um lado, e as entidades da sociedade civil, de outro, foi que a democracia e as relações republicanas ganharam um novo nível de discussão. Mudou-se a pauta. A organização de associações, sindicatos, institutos, organizações não governamentais e outras representantes da sociedade civil também contribuem para colocar um fim na era do “Nós queremos”. As reivindicações, agora, tendem a ser de outra natureza. O bem comum tende a ganhar voz. A necessidade particular tende a perder vez. A série de reuniões e encontros foi importante como caldeirão de propostas, celeiro de ideias. O Recife que Precisamos ganhou cinco tópicos.
A CIDADE
A função primeira do gestor é cuidar, administrar, colocar em ordem. Falta ordenamento nas calçadas, nas praças, nos parques, nos postes, no comércio informal e ambulante da cidade. O resumo pode utilizar uma frase irônica, uma interrogação lacônica, capturada em um flagrante de um vendedor de rua: “E tem nada proibido no Recife, doutor?”. As calçadas representam o ponto de partida da cidadania, o primeiro passo fora do espaço privado do lote particular. O passeio público do Recife está cheio de impedimentos. Raras são as calçadas nas quais é possível caminhar por 100 metros sem um obstáculo inesperado. São buracos, raízes expostas, ocupação indevida por pequenos ferros, suportes para sacos de lixo, carros estacionados, motos circulando, animais de todos os portes, uma infinidade de situações que exigem do cidadão comum e impedem a passagem daquela pessoa com alguma dificuldade ao caminhar, que utiliza cadeira de rodas, que utiliza carrinho de bebê, que tem visão ou audição limitada. A desordem é coerente, infelizmente. Ela está no chão e está no ar. O emaranhado de fios que está suspenso nos postes do Recife se tornou um destaque visual do descuido municipal. A necessidade por cabeamento para diferentes funções da vida urbana é conhecida e respeitada em qualquer cidade do País e do mundo. Em poucas, os postes se encontram embaraçados como no Recife, uma boa parte até com bobinas suspensas. O avanço do comércio no o espaço público é outro símbolo da falta de ordenamento. Há ruas do Recife ocupadas por comerciantes formais e informais. Os vendedores ambulantes nas praias, nas praças e nos parques abandonaram as restrições que limitavam a amplitude da atividade. A Prefeitura do Recife deve ordenar, regular e fomentar a organização. A função é clássica, de gestão do espaço público. Há diferentes formas e meios para a Prefeitura do Recife promover a ordem, dar forma ao ordenamento do espaço urbano, criar limites e torná-los respeitados, agindo de acordo com o interesse do cidadão – seu aliado nesse campo. denamento do espaço urbano, criar limites e torná-los respeitados, do interesse do cidadão – seu aliado nesse campo.
O FUTURO
Em algum momento no passado, o Recife perdeu sua capacidade de projetar o futuro através do planejamento com prazos superiores a 20 anos, 25 anos. A falta de visão com foco em um horizonte distante pode ser apontada como a mãe de diferentes mazelas vividas pela cidade hoje. Sem um plano maior, o Recife começa a fazer parte de diferentes planos menores, pequenos, às vezes até conflitantes. Não é descabido afirmar que há anos o Recife preocupa-se apenas com o problema localizado, um método falido, pois não abrange a cidade como um todo. Comprovam essa afirmação, por exemplo, propostas de elevados como solução para um trânsito congestionado e outras soluções viciadas no foco fechado de um efeito, sem a visão maior da causa original e das consequências que advirão. Confunde-se planejamento a longo prazo com proposições políticas com o tempo de um mandato, de dois mandatos. O efeito distorcido dessa troca está na ideia de que um planejamento maior pode limitar a ação propositiva do prefeito. O planejamento a longo prazo feito com consistência técnica, a partir de debates, com espaço para a audição da população, dos seus representantes políticos, da sociedade civil organizada, produz um caminho, pavimenta um futuro, aponta um norte. O bom prefeito saberá criar ânimo político e eficiência administrativa para se alcançarem os objetivos propostos.
O CAMINHO
Tornou-se lugar-comum falar em mobilidade. A palavra ganhou espaço em conversas formais e em encontros informais. O termo está em todos os discursos, bate-papos e planos urbanos. Nem sempre vem acompanhado das proposições ideais do futuro das cidades mais modernas, que pedem atenção ao cidadão comum, pedem a prevalência do transporte não motorizado e a prioridade para o transporte público. O transporte particular deixou de ser prioridade em um século que começa com debates sérios sobre sustentabilidade, sobre melhor utilização dos recursos, que são escassos, e democratização dos espaços públicos. A calçada, como primeiro degrau da cidadania, volta a ser destaque neste tópico. Calçadas bem cuidadas permitem o trânsito a pé. O andar deve ser estimulado por diferentes motivos, entre eles a mobilidade a partir de distâncias que podem chegar a unidades de quilômetros ou até mesmo mais. O andar deve ser tão estimulado quanto o uso de bicicletas. As bicicletas pedem ciclovias, ciclofaixas e, principalmente, novos paradigmas no respeito entre modais de transporte no trânsito. O veículo motorizado é minoria, considerando-se que há mais cidadãos sem um veículo particular. Logo, a mobilidade deve planejar o transporte público com mais qualidade e com o uso cada vez mais intensivo. Soluções já colocadas em prática em Curitiba, no Paraná, e aperfeiçoadas em cidades como Bogotá, na Colômbia, mostram que a oferta de locomoção de forma mais rápida e confortável pode ser colocada em prática. Devemos lembrar que a cidade nasceu das águas, do mar e dos rios, e pode encontrar parte de suas soluções no seu meio básico. O transporte fluvial pode ser aplicado no Recife. É estratégica a utilização do Rio Capibaribe, até mesmo para o próximo tópico.
O RIO
A cidade tem como marca ser cortada pelos seus rios, canais, mangues, estuários e ilhas. Os bairros e as ruas têm nomes que remetem à sua condição de nascida da água. O nome da cidade vem dos seus arrecifes. O nome do Estado vem da sua condição de porto natural. A geografia do Recife é própria e nos favorece. Possuir um rio como o Capibaribe é desejo de qualquer grande cidade. Quem duvidar pode perguntar ao londrino como ele vê o Tâmisa ou ao parisiense como é sua relação com o Sena. Nós temos o Capibaribe desde o início da história da cidade, quando, pelo seu leito, o açúcar era escoado dos engenhos que foram estabelecidos, estrategicamente, à sua margem. Os engenhos se transformaram em bairros, e, pelo Capibaribe, as pessoas transitavam.
O rio perdeu importância relativa, e isso pode ser apontado como uma das causas da falta de rumo da cidade. Rio é rio, não é esgoto. O Capibaribe e seus canais recebem todo tipo de sujeira produzida pelas cidades que atravessa. A falta de saneamento encontra no principal canal de vida sua falsa solução. A cidade perde saúde e distribui lixo com esse tipo de liberalidade. O encontro entre urbanistas da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisadores holandeses gerou algumas boas ideias. Parte dessa troca de visões apresentou o desenho do mapa do Recife no formato de uma árvore, uma árvore-água. Esse conceito de árvore-água para o Recife traz os rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió como grandes galhos, os seus 63 canais como ramos e as pessoas são como as folhas e os galhos dessa analogia. O mar e o litoral são a grande raiz desse sistema.
A HISTÓRIA
O Recife é a capital mais antiga do Brasil. Começou sua história como porto de uma das capitanias mais prósperas, foi a capital da Companhia das Índias Ocidentais, base de um dos centros culturais, educacionais e econômicos mais progressistas do Nordeste e um dos mais ativos do País, região aguerrida que teve o bônus e pagou seu preço por liderar revoluções libertárias. Temos nossa história visível em cada escavação feita no Bairro do Recife, no desenho urbanístico idealizado no século 17, entre igrejas e construções militares, entre prédios mais modernos e residências ilustres. Nossa história rica e repleta de passagens pede preservação para que todos saibam que o Recife é diferente, é singular não apenas na geografia, como na história também. Uma das propostas que saíram das reuniões convocadas pelo Observatório do Recife considerou a expansão do sítio histórico de Olinda para a área mais antiga da capital pernambucana, a se considerar o nascimento das duas cidades, que ocorreu praticamente no mesmo momento – por isso nossos laços firmados com prédios, ruínas, documentos e muitas passagens fundamentais nas histórias dos dois tradicionais municípios pernambucanos..
O Observatório do Recife é parte integrante da cidade e conhece as funções relevantes, sociais e de responsabilidade legal da Prefeitura do Recife. A cidade precisa avançar nesse campo também. 1.Saúde: atingimento de uma atenção básica exemplar. 2.Segurança: radicalização do conceito de segurança cidadã com participação ativa do município. 3.Educação: implantação do ensino integral na aprendizagem fundamental. 4.Saneamento: universalização da coleta e do tratamento do lixo e do esgoto. 5.Meio ambiente: alcance do mínimo recomendado pela ONU de área verde por habitante. 6.Desenvolvimento econômico: definição das principais vocações econômicas da cidade e máximo incentivo para elas.
A participação da população
Foram 417 posts realizados durante a campanha. Veja agora os 30 com maior Ăndice de curtição e engajamento.
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Final do dia na Rua do Bom Jesus, em registro assinado com um pseudônimo, AcidZero. A rua sem fiação confusa, com a árvore frondosa cuidada e o passeio de pedra fazem saltar a beleza do Recife com tantos anos de história. O ordenamento urbano faz diferença. A visão aérea fica livre, o calçamento se torna agradável, o cidadão sente-se valorizado. O Recife que Precisamos considera "ordenamento" uma necessidade urgente da capital pernambucana. Curta esse debate. Compartilhe sua visão de cidadão. Comente suas ideias.
A partir da Rua do Sol, uma imagem primaveril da Rua da Aurora, assinada por Laís Castro. O sol forte e a cultura popular de que a região possui apenas duas estações são desatentas com a época das flores. Os bougainville, ipês e tantas outras flores enfeitam a cidade e decoram o Capibaribe. O resgate da vida e das coisas belas no rio é "O Recife que Precisamos".
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Alcance: 1089 Usuários envolvidos: 338 Falando sobre isso: 278 Efeito viral: 25,53%
Flagrante do vendedor de raspa-raspa na Praça do Marco Zero, em foto feita por Marcusrg, conforme o crédito registrado no Flickr. Alguns ambulantes são parte da cultura imaterial do Recife, infelizmente nem todos sobrevivem. O rasparaspa resiste, mas os vendedores de rolete de cana, de jambo, de pitomba, de peixe se foram. A fragilidade de alguns personagens urbanos reforça a necessidade de preservação do nosso patrimônio histórico. Esse é "O Recife que Precisamos". 56
Alcance: 1059 Usuários envolvidos: 262 Falando sobre isso: 145 Efeito viral: 13,59%
Reportagem de página inteira de Ana Dolores, com chamada na capa do Diario de Pernambuco de hoje trata do movimento "O Recife que Precisamos" com uma abordagem que destaca a participação do cidadão, com opinião, visão e crítica a respeito da sua cidade. 57
Alcance: 924 Usuários envolvidos: 248 Falando sobre isso: 108 Efeito viral: 11,69%
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Alcance: 884 Usuários envolvidos: 302 Falando sobre isso: 159 Efeito viral: 17,99% Esse é o passeio de catamarã pelo Rio Capibaribe, registrado por Francisco Cunha. Uma volta turística pelo rio é uma ideia explorada de maneira tímida, mas com espaço para um empreendimento maior. É pelo ângulo do rio que se melhor admira a Cruz do Patrão, ou mesmo as garças e maguaris, a pescar no mangue por trás do Palácio do Campo das Princesas. Sem falar nas pontes. O Rio Capibaribe tem muito mais a oferecer aos recifenses, mas precisa ser resgatado do lixo e do esgoto. Precisa de vida, inclusive para melhor se relacionar com o patrimônio histórico da cidade. Além do resgate do rio e da preservação do nosso patrimônio, o movimento "O Recife que Precisamos" aponta a mobilidade, o ordenamento e o planejamento de longo prazo como tópicos fundamentais à cidade. Clique em curtir na nossa página (http://migre.me/aWLvf). Comente no Facebook, convença sua rede social, vamos ao debate. O Recife ganha. Compartilhe.
Uma visão noturna da Boa Vista, em perspectiva definida por Thiago Pedrosa. O bairro é uma concentração de toda a cidade. Tem história, comércio ativo, trânsito intenso e é cortado pelo Capibaribe. O bairro pode ser só qualidades. É "O Recife que Precisamos".
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Alcance: 872 Usuários envolvidos: 242 Falando sobre isso: 144 Efeito viral: 16,51% Casario com fachada colorida, em Apipucos, em foto de Lais Castro. Parece o endereço do bucolismo, mas o volume de carros que passa pela Avenida Apipucos afasta essa ideia. Tratar de mobilidade é tratar de um tema sensível, mas todos concordam que o assunto precisa entrar na pauta. "O Recife que Precisamos" pede sua opinião: o que fazer em bairros como Apipucos: cheios de verde, patrimônio arquitetônico e necessidades? Cidadania na rede é debate social.
Jornal do Commercio deu o movimento "O Recife que Precisamos" em reportagem de página inteira, na editoria de Cidades, além de ter sido a principal manchete da primeira página do jornal. O jornalista João Carvalho entrevistou Francisco Cunha, diretor da TGI e incentivador do movimento, conversou com pessoas que apoiam a página e deu destaque para a forma como temas ligados a cidade ocupam as redes sociais. Os bons veículos de imprensa têm um acordo tácito em defesa da cidade, até mesmo porque eles têm o compromisso de expressar a voz dos cidadãos. Se seu interesse é apoiar "O Recife que Precisamos", clique em curtir na fanpage do movimento. Quanto mais recifenses a se manifestarem, maior a pressão por cidadania em cinco diferentes tópicos. Conheça (http://migre.me/aWLvf). Curta. 54
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Calçadão da Avenida Boa Viagem em foto de Fernando Pangaré. Essa calçada tem algumas qualidades que deveriam ser universais: possibilita trânsito de cadeirantes e carrinhos de bebês, é cuidada e a maior parte da fiação é subterrânea, além de possuir ciclovia independente e protegida. As calçadas são tema para a mobilidade e devem ter ordem urbana. Assim é "O Recife que Precisamos".
O edifiício Caiçara em foto tirada por Celso Calheiros, na Avenida Boa Viagem. Em época de debate, uma discussão polêmica. Milhares se manifestaram pela preservação do prédio, que teve seu tombamento negado. "O Recife que Precisamos" defende a preservação do nosso patrimônio histórico, no entanto nem tudo é história. Ou é? Por que o Caiçara não teve direito ao tombamento? Por que ele deve ter direito a preservação? Entre na discussão. Opine. Debate de alto nível -- é o que a cidade precisa. 48
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Alcance: 826 Usuários envolvidos: 300 Falando sobre isso: 140 Efeito viral: 16,59% Pode parecer que esta construção, em perspectiva fotografada por Lais Castro, está em algum lugar bem escondido no Recife. Na realidade, está aos olhos de todos que passam pela Avenida Conde da Boa Vista, no final da via, próximo à Rua Dom Bosco. O que você conhece do Recife? Que casarão está escondido no seu bairro? O que você pensa da capital pernambucana? Comente. Curta. Compartilhe. Ideias reais, meio virtual.
Esse casarão na Avenida Rui Barbosa, no endereço que já serviu como sede do Tribunal Regional Eleitoral, foi registrado por Francisco Cunha. A foto comprova como algumas belezas arquitetônicas, representantes de uma época, estão pela cidade. Às vezes em uma grande via, às vezes em uma paralela, a serem descobertas. O Recife que Precisamos tem, em uma de suas bandeiras, a preservação do nosso patrimônio histórico. Essa necessidade vai além das edificações com relação direta com fatos memoráveis. Precisamos saber contar a nossa história a partir de informações concretas, dados paisagísticos, elementos visuais. Isso enriquece a cidade e sua memória. O apoio à fan page de "O Recife que Precisamos" servirá para reforçar o argumento de que o recifense se interesse pelo debate e pelas linhas de ação que defendemos. Conheça. Clique em curtir. Apoie. Compartilhe. Comente. 64
Alcance: 821 Usuários envolvidos: 243 Falando sobre isso: 103 Efeito viral: 12,55%
Feriado é dia de praia cheia, como esse ângulo das areias de Boa Viagem, em foto de Márcio Cabral de Moura. Praia é uma das boas opções de lazer público que a cidade tem a oferecer. São necessárias outras, como parques, academias abertas, ginásios, praças, teatros. Conte o que falta ao lazer público do Recife. A cidade tem de conhecer o que o cidadão quer, qual é o Recife que Precisamos. Comente sua proposta. Critique o debate. Participe da discussão. Curta a cidadania.
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Alcance: 816 Usuários envolvidos: 228 Falando sobre isso: 111 Efeito viral: 13,6%
Foto de Lais Castro revela um ângulo perfeito para abrir o debate. Vemos, no bairro do Recife, o Paço Alfândega, a Madre de Deus e o edifício Chantecleir -joias do patrimônio histórico do Recife. À frente, as torres construídas pela Moura Dubeux. Como você vê o avanço dos empreendimentos imobiliários em direção a bairros tradicionais, como São José? Entre na discussão. Escreva sua opinião. É disso que o Recife precisa: diálogo, troca de ideias. 38
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Alcance: 872 Usuários envolvidos: 338 Falando sobre isso: 246 Efeito viral: 28,21%
O bucólico Poço da Panela em registro feito por Márcio Cabral de Moura. A foto mostra, ao fundo, um prédio com mais de doze andares. O bairro é repleto de verde, normas restritivas para construção e metro quadrado valorizado. O resto da cidade poderia seguir: mais verde, mais restrições à edificações. Em decorrência, poderia gerar nos cidadãos o espírito palpável entre os moradores do Poço: orgulho de viverem ali. "O Recife que Precisamos" é isso. Compartilhe o melhor da sua cidade. Curta a história. Comente soluções.
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Alcance: 805 Usuários envolvidos: 315 Falando sobre isso: 178 Efeito viral: 22,11% Há joias arquitetônicas que se incorporam à paisagem e ficam lá, à espera de um olhar. O casarão da família Baptista da Silva é um exemplo. Imponente, à beira do rio, cercado de jardins bem cuidados, como comprova o registro de Francisco Cunha. O casarão também está na Avenida Rui Barbosa, que não consegue escoar a quantidade de carros da região, não possui ciclovias e está tendo sua ocupação reconfigurada. Essa é a prosa do movimento "O Recife que precisamos". A sociedade organizada reivindica 1) ordenamento; 2) planejamento de longo prazo; 3) mobilidade para todos; 4) história preservada; 5) Capibaribe vivo. Curta a página
O Capibaribe visto da Ponte da Torre, pela perspectiva idealizada por Francisco Cunha, mostra os prédios se aproximando do rio e o Capibaribe sendo escondido pela vegetação das suas margens. Ao se discutir o rio, deve-se debater o manguezal plantado, que ocultou o rio da cidade. Alguns argumentam que o verde é melhor do que o lixo. Outros advertem que a flora esconde o lixo e também que a sujeira não deveria estar lá. "O Recife que Precisamos" defende o rio e pede a discussão aprofundada. Ambientalistas, pescadores, cidadão comum, engenheiros, todo mundo deve se unir em defesa do rio. O Capibaribe de volta às músicas e histórias do Recife. O recifense mais uma vez de frente para sua principal artéria.
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Visão da Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, do alto de um prédio, em foto assinada por TC 2, apenas esse pseudônimo no crédito do Flickr. É notável o adensamento da Zona Sul do Grande Recife. Os prédios eram de Boa Viagem e agora avançam para o Pina, para Piedade, Candeias, Paiva. Primeiro vem a valorização imobiliária, depois os problemas de mobilidade do trânsito, a falta de saneamento. Com um planejamento de longo prazo, esses movimentos são previstos e podem ser resolvidos antes de existir. Isso é "O Recife que Precisamos". 57
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Essa foto, de Francisco Cunha, "exibe" os tópicos que o movimento "O Recife que Precisamos" defende. Temos nosso rio servindo de espelho, a ponte Duarte Coelho com alguns enfeites de carnaval e a vegetação tímida, na margem do Sol, do Capibaribe. O Rio Capibaribe precisa voltar a viver de forma mais próxima à cidade. Vivo, ele pulsa nossas vidas. O nosso patrimônio arquitetônico não deve ser arruinado. O planejamento de longo prazo possibilita multiplicar a tímida arborização pública. A mobilidade do Recife passa pelas pontes. A cidade ordenada é organizada. Participe do debate. Manifeste seu apoio com um "curtir" na fan page. Conheça. Divulgue. Compartilhe.
DEU NO DIARIO "A cidade que precisa de você" é o título da legenda de uma foto em destaque que está na primeira página da edição do Diario de Pernambuco, hoje, e trata do movimento 'O Recife que Precisamos'. Curta. Comente. Participe. Opine. Critique. 30
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A Avenida Conde da Boa Vista tem um pouco da alma do Recife. É solar, comercial, movimentada, cheia de pessoas diferentes. Existem as críticas, também, mas vale a pena observar a beleza da via, com fez Bruno Queiroz, nessa foto.
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Alcance: 775 Usuários envolvidos: 346 Falando sobre isso: 109 Efeito viral: 14,06%
O Recife que Precisamos é um movimento civil que defende a mobilidade para todos, com hierarquia. O cidadão a pé em primeiro lugar, a bicicleta em seguida, o transporte público (em diferentes meios) e, por fim, os carros particulares. Apoie "O Recife que Precisamos" e seus cinco tópicos. Além da mobilidade, ordenamento urbano, planejamento de longo prazo, preservação da história e resgate do rio. Clique em (http://migre.me/aWLvf), conheça, divulgue, comente e compartilhe. Cidadania em rede social substitui as passeatas por cliques no mouse. É mobilidade.
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Alcance: 762 Usuários envolvidos: 211 Falando sobre isso: 66 Efeito viral: 8,66% Em domingo de praia, Boa Viagem é o lugar. Os banheiros públicos são conquistas da cidadania. Todos merecem praias limpas em ordem. O exemplo tem de fincar mais raízes pela cidade. As praias precisam de mais ordenamento. O comércio informal ganhará e os consumidores também. O Recife que Precisamos tem no ordenamento urbano uma de suas principais bandeiras. Deveria começar pelas calçadas, o primeiro espaço da civilidade. O espaço aéreo da cidade, com seus fios e seu caos, também precisa ser visto -- não é área de ninguém. Os tópicos defendidos pelo movimento foram tirados depois de debates entre especialistas, representantes da sociedade civil organizada e pessoas interessadas. Conheça em nossa fan page. Compartilhe os princípios. Divulgue. Comente. Curta.
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Alcance: 759 Usuários envolvidos: 302 Falando sobre isso: 214 Efeito viral: 28,19% Foto da estação da Ponte de Uchôa, na Avenida Rui Barbosa. O crédito pelo registro é de Javier Martínez. As maxambombas eram um tipo de bonde, uma ideia adequada de transporte público no seu tempo. A estação da Ponte de Uchôa foi a única que sobreviveu às mudanças da cidade -- que precisa adequar o transporte público aos novos tempos. São bandeiras defendidas por "O Recife que Precisamos": mobilidade, preservação do patrimônio histórico e ordenamento urbano. Curta a cidade. Compartilhe as ideias. Comente a cidadania.
A relação da cidade com o rio é afinada. Tem intimidade, como revela a foto de Bruno Queiroz. O rio, no entanto, precisa aumentar a parceria com a cidade, para fluir melhor. Resgatar o rio, colocar o Capibaribe no centro das discussões e como alvo de benefícios futuros é uma das linhas defendida pelo movimento "O Recife que Precisamos". Visite nossa fanpage. Conheça os cinco tópicos do movimento. Clique em curtir. Um clique cidadão. 16
Alcance: 750 Usuários envolvidos: 203 Falando sobre isso: 96 Efeito viral: 12,8%
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Alcance: 749 Usuários envolvidos: 230 Falando sobre isso: 99 Efeito viral: 13,22% Falar do lixo eleitoral é quase um lugar comum. No entanto, a exceção do dia da votação, essa campanha foi mais limpa do que as outras, ao menos no Recife. Isso comprova que o ordenamento e a regulamentação são princípios práticos, funcionais e levam a posturas mais cidadãs, que consideram o bem comum. "O Recife que Precisamos" defende cinco bandeiras e o ordenamento urbano é uma delas. A cidade precisa de ruas com boas calçadas para todos: idosos, mulheres com salto alto, crianças, cadeirantes, cidadãos com suas características especiais. A cidade precisa de seus cidadãos cobrando e reivindicando. Cidadania se constroi. Apoie o movimento "O Recife que Precisamos". Seja um cidadão na rede social.
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Alcance: 747 Usuários envolvidos: 253 Falando sobre isso: 115 Efeito viral: 15,35% O Recife que Precisamos é um movimento cidadão, sem vínculo político-partidário, que promoveu reuniões no Observatório do Recife com representantes de entidades civis, estudiosos e interessados na cidade. As discussões geraram cinco linhas de ação, descritas nessa imagem e detalhadas no "sobre" da fan page. A ideia é reunir líderes de instituições civis que concordem com os tópicos propostos e levar ao futuro prefeito, depois da sua posse. Ninguém vai pedir nada. Vamos apresentar as ideias-força, falar dos debates e da campanha nas redes sociais. A campanha foi feita com posts como esse que convidam aqueles que consideram nossas bandeiras boas a clicar em "curtir" na fan page. Compartilhe. Divulgue. Opine. Critique.
A Igreja do Rosário dos Homens Pretos conta a história do Recife de ontem. A foto de Lais Castro registra a cidade como está, hoje. A igreja foi construída, em 1630, por uma irmandade formada por escravos. A foto mostra uma igreja atrás de fios em redes. "O Recife que Precisamos" pede respeito ao nosso patrimônio histórico, em especial no centro do Recife. O movimento também reivindica ordem urbana, a começar pelas calçadas e a continuar na fiação aérea. Cidadania real em campanha virtual. Curta mesmo. 46
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A foto é um antiexemplo e ilustra o que a falta de ordenamento urbano faz. A fiação aérea não tem regulamentação ou é falha ou ela não é fiscalizada. Parece elementar defender a necessidade de ordenamento urbano, no entanto essa é uma grande necessidade do Recife. A foto é de um poste, mas poderia ser de uma calçada, do comércio informal na praia, de uma praça em bairro popular. O Recife que Precisamos defende o ordenamento em toda a cidade. A favor da venda de quitutes na areia, da feira livre, da fiação para a banda larga, mas tudo devidamente regumentado, em ordem. 41
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O conjunto de casas coloridas que integram a fachada da Casa dos Frios, nas Graças, registrado por Francisco Cunha, é perfeito para retratar um pouco do que o movimento "O Recife que Precisamos" defende. A preservação do nosso patrimônio histórico é um dos tópicos do movimento. O conjunto arquitetônico da imagem trata de uma época. Repare na frente destas casas, com uma ou duas janelas, ao lado da porta. As janelas abrem para a Avenida Rui Barbosa e para o Palácio dos Manguinhos, na outra calçada. A Rui Barbosa, em boa parte do dia, é prova de que o volume de carros em trânsito no Recife é maior do que a capacidade de suas vias. Além da defesa do patrimônio, queremos planejamento de longo prazo, mobilidade, ordenamento urbano e o respeito ao Capibaribe -que está próximo a esse endereço da foto. Entre em nossa fan page (http://migre.me/aWLvf) e conheça o movimento. Comente. Compartilhe. Curta. Divulgue.
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Alcance: 737 Usuários envolvidos: 196 Falando sobre isso: 77 Efeito viral: 10,45% Praça com coreto, bancos na sombra, lixeira, o ônibus lá longe. Nem parece que é a Praça do Derby, mas é. Muito de "O Recife que Precisamos" está nessa imagem. Mobilidade, área de lazer próximo ao Rio Capiibaribe, ordenamento urbano, preservação da nossa história. Ao se acrescentar planejamento de longo prazo, fechamos os cinco tópicos. O movimento "O Recife que Precisamos" é civil, cidadão e reúne organizações da sociedade que debateram a cidade e chegaram a cinco tópicos. Eles vão ser entregues ao futuro prefeito. Seu "curtir" na fanpage é sua adesão, sua simpatia às propostas. Leia, conheça, participe, comente. E curta, também.
Cobertura jornalĂstica da Revista Algomais
O Recife que esquecemos |VIDA URBANA Grupo discute as causas da perda acelerada da qualidade de vida no Recife e aponta soluções Por Luiza Assis Falcão
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Recife tem a fama de ser uma cidade megalomaníaca. Duran te anos os moradores da cidade se orgulharam de ter a “maior avenida em linha reta do mundo” – Avenida Caxangá – e do “maior shopping da América La na” – Shopping Center Recife. Hoje, porém, a “maior cidade pequena do mundo” é a bola da vez. Com os novos empreendimentos do estado como o Complexo Industrial Portuário de Suape, a instalação da fá brica da Fiat e a chegada da Copa do Mundo, não só a cidade, mas Pernam buco, se tornou a menina dos olhos do Brasil. Sem ironias, a cidade arrecada, hoje, tulos como ter um dos maiores parques tecnológicos do Brasil, o Porto Digital, e o mais importante polo médi co do Norte/Nordeste. Este boom econômico pode ser
A reunião foi o pontapé inicial da série de debates “O Recife que precisamos” 42 >
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comprovado em números. O cresci mento do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco em 2011 foi de 4,5%, - enquanto o nacional foi de 2,7%. O mercado imobiliário do Recife está cada vez mais aquecido. Recife tem o quarto maior valor do metro quadra do do Brasil – R$ 5.015 – atrás de Bra sília, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2011, os preços dos imóveis subiram 36,6%, enquanto o quadro nacional registrou um aumento de 24,5%. Mas a cidade está preparada -para essa expansão? Para o fórum de discussão “O Recife que precisamos” -a resposta é não. E a situação é emer gencial. “Eu conheço poucas cidades que se autodestroem tão rápido quanto o Recife”. Foi a par r desta fala da arquiteta e doutora em socio -logia Circe Monteiro que o grupo co meçou a discu r a situação da cidade no primeiro encontro que aconteceu
-no começo de março. Promovido pelo Observatório do Recife (ODR) A proposta é realizar debates mensal mente com o obje vo de propor al terna vas que serão levadas para os candidatos ao cargo de prefeito. - O alerta é de que a cidade está -perdendo aceleradamente a quali dade de vida. Qualidade que estaria sendo colocada de lado em meio a números posi vos de crescimento da região. A pedra fundamental da dis cussão parece ter se perdido na bola de neve que foi causada. A vivência urbana é cada vez mais individual e -enclausurada em carros, condomí nios fechados e muros altos. Quando o jornalista e cineasta Kleber Men donça ques ona no curta-metragem -“Recife Frio” onde estão as pessoas -da cidade, a resposta não poderia ser mais clara: nos shoppings. Enquanto isso, o trânsito virou
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pauta prioritária das conversas de ele- dos. Para os pedestres, as calçadas em facebook virou uma ferramenta para vador, superando a reclamação clássi -péssimo estado; para os ciclistas, 13,5 poder organizar protestos, boicotes e ca sobre o calor da cidade. “O proble - km de “ciclovias” – como consta no debates sobre novos empreendimen ma da mobilidade” virou “problema site da Prefeitura - em uma cidade que tos do Recife. Com a facilidade de do número de veículos”. O Recife está tem 217,494 Km² de extensão. compar lhamento de informação na parado e não existem opções alterna - Já a população, que antes pou - rede, as queixas dos cidadãos comevas. Soluções localizadas surgem para co opinava nos rumos urbanís cos çaram a ganhar mais atenção das audesafogar o trânsito, mas os pedestres da cidade, encontrou um meio para toridades e assim nasceu uma nova e ciclistas são cada vez mais esqueci -obter voz e par cipar: a internet. O forma de protestar e expor ideias.
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Alerta vermelho! É hora do recall urbano! Em meio a um turbilhão de inves mentos e novas possibilidades surge o a preocupação com a velocidade destes inves mentos, proporcional à intensidade de crescimento da capital pernambucana. Sob este contexto, o Observatório do Recife realiza uma série de encontros temá cos men salmente. As propostas consolidadas nesses encontros serão entregues aos candidatos a prefeito nas próximas eleições, como sugestão de projetos para a próxima gestão. A pauta do primeiro encontro, que aconteceu no início de março, foi em volta do alerta de que a cidade está perdendo parte da sua essência. No debate, Circe Monteiro, ainda que não seja recifense, expôs as suas preocupa ções em relação à qualidade de vida na capital pernambucana e apresentou soluções para o problema. “O Recife sofre com um processo autofágico, ele come as suas entranhas. É uma cidade que para crescer destrói o que há em baixo. A gente faz isso tão rapidamen te que não tem tempo para avaliar o que está destruindo”. Para a arquiteta, que nasceu em Curi ba e morou em outras metró poles como Rio de Janeiro, Londres, Roma, Oxford e Sydney, a discussão não gira apenas em torno das novas construções, mas da vivência da cida de. “A gente está testemunhando uma cidade que está se perdendo. Está per dendo a sua iden dade, está perdendo a sua vida, perdendo sua urbanidade. Quando eu cheguei aqui, na década de 1970, Recife nha uma urbanida de, um clima tropical, as pessoas que se encontravam. E nesses anos que eu morei aqui eu pude ver a perda desta
- qualidade”. Qualidade de vida que gira em tor no não só de aspectos sócioeconômi cos, mas de poder andar, conhecer os moradores, os vizinhos e de se sen r seguro. “As casas se perderam, assim como a vigilância natural e as pessoas -já não andam mais nas ruas. As pesso as vivem nos edi cios com medo de sair e a procura por essa segurança fez com que a cidade se protegesse por trás de fortalezas de muros altos”. Já o arquiteto e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo em Pernambuco, Roberto Montezu ma, afirma ainda que a vivência de rua con nua na cidade, só que nos bairros mais distantes do centro. Para Mon -tezuma, os bairros mais próximos ao centro, que deveriam fazer parte do coração do Recife, estão desertos pelo medo da classe média de se deslocar sem carro. “Não há integração entre os recifenses, a cidade está segmentada”, -afirma. DESAFIO É neste contexto de crescimento que “O Recife que precisamos” planeja -atuar. Mas Circe Monteiro alerta que a situação é emergencial. “É emergen cial porque o espaço urbano sofre um processo de adensamento em áreas -internas na cidade sem polí cas que acompanhem ou preparem para este -processo. Uma cidade compacta sem nenhum planejamento de mobilidade, de adequação de infraestrutura, sem o uso do solo misto gera grandes pro -blemas. O Recife precisa de um recall urbano, como é feito com os carros”. O arquiteto Roberto Montezuma diz acreditar que o problema está na
preocupação apenas com problemas - localizados. “É preciso repensar tudo -na cidade. O modelo que se está usan do, resolvendo sem planejar, está fali do. É preciso ver o Recife como um todo, esta visão pontual é -míope e prejudica o crescimento urba no”. E Circe completa “O planejamento cir cunstancial que vem para dar respostas, surge em fim de go -verno para dizer que está fazendo alguma coisa. Eu fico muito -chocada com as ci dades que não são discu das. Os planos são facilmente legi mados e se uma ou duas pessoas disse rem que é bom, passa ba do”. Para Montezuma este é o mo mento chave para a mudar a cidade. “O problema é sinônimo de oportu nidade. O Recife está mudando de escala, não é só o processo de metro polização Então tem que ter um basta -nessa maneira de descuido que não é só do poder público, mas da inicia va privada e do próprio cidadão”. O arquiteto desafia: “Ande pelo Recife, use as calçadas, tente usar uma bicicleta, tente usar uma praça, tente usar um espaço público, não vá só aos shoppings. Tente usar para ver que a -cidade está doente, entregue a nin guém, para todo mundo ficar dentro dos seus ‘castelos’ e o resultado disto é o desastre, são as angús as, o trauma, a violência”.
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Calçadas degradadas: um obstáculo para a mobilidade
O problema da (i)mobilidade Dizer que o trânsito está caó co já virou lugar-comum. Para resolver a questão da (i)mobilidade estão sendo planejados novos viadutos, pontes e corredores que preten dem “desafogar o trânsito”. Mas o termo “mobilidade”, que deveria se referir a todas as formas de lo -A calçada da comoção – carro, ônibus, metrô, Champs Elysée, moto, bicicleta e a pé - acaba viran -em Paris, é do o termo para falar das obras que uma prova de resolvem os problemas dos veículos valorização motorizados. do pedestre, Para Circe Monteiro, a prio - segundo Circe rização deve ser dos pedestres. “Mobilidade é o mantra, só que todo mundo só fala em mobilidade como se fosse uma questão de au tomóveis. Eu acho que a questão da mobilidade da cidade é muito mais ampla, para começar não existe mobilidade para o pedestre”. Circe Monteiro afirma, ainda, que se as pessoas não podem andar para re alizar ações simples como ir à pada ria ou ao supermercado a pé ou de bicicleta, já existe um problema de mobilidade. Os pedestres encontram dificul dades para se locomover devido ao 44 >
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mau estado das calçadas e à falta de segurança. Montezuma diz acre ditar que o desenvolvimento passa pela valorização do pedestre e cita o caso de Paris, que aumentou a Champs Elysée para ter uma calça da de 25 metros. “Aqui a gente não tem nem de 5”, afirma. Quando ques onada sobre o que achava da qualidade de vida da cidade a técnica em edificações Kelma Gomes disse acreditar que o Recife perdeu muito a qualida de de outrora, principalmente no
trânsito. Há um ano a recifense - perdeu a moto em um assalto e desde então voltou a usar trans porte público. Mas conta que, se pudesse, andaria de bicicleta. - “Moro em Torrões e ando de bi cicleta sempre que posso por lá, mas não tenho coragem de andar fora do bairro”. E a tendência é de que esta res posta seja cada vez mais comum. O servidor público José Amauri, 27, - conta que há um ano a bicicleta fazia parte do seu dia a dia. “Eu ia para o trabalho e para a faculdade de bicicleta, mas falta espaço e eu tenho medo de ser atropelado. Fora o calor”. Circe Monteiro usa como exemplo as cidades europeias “Lá os centros estão sendo fechados para o trânsito de veículos motorizados privados e abertos só para transporte público, pedestres e bicicletas. É preciso explorar o ônibus, o trem e os rios. Mas principal mente o intermodal, ou seja, você vai de bicicleta até determinado lugar, pega um ônibus com a bic-i cleta e desce no centro para poder se locomover, por exemplo”.
O rascunho das soluções Seja a curto, médio ou longo prazo o Recife é uma cidade que clama por soluções. As saídas propostas por Circe Monteiro no primeiro encontro do grupo “O Recife que precisamos” se espelham tanto em outras cidades, sejam elas brasileiras ou de outros países, quanto em conceitos que podem gerar uma nova forma de ver o Recife. Para que os recifenses -pos sam viver a cidade, a especialista apresentou sugestão como fechar uma das vias, como, por exemplo, a Avenida Boa Viagem ou criar espaços para que as pessoas possam interagir, passear e brincar. Esta ideia já foi posta em prá ca no Rio de Janeiro e João Pessoa. Outra ideia seria inves r em ciclovias e em espaços para os pe destres. “Enquanto a gente pensar em mobilidade como automóvel nós vamos perpetuar este proble ma para o resto da vida. Aumentar as calçadas, as ciclovias e incen var bares e restaurantes nas ruas para que exista mais movimentação. Em Melbourn (Austrália) as pessoas saem do trabalho e ficam na rua até as 6h, 7h da noite. Aqui as pessoas querem correr pra casa”. Para o transporte fluvial foi criado o projeto Navega Recife, que tem como obje vo ligar vários corredores da cidade não só pelos Na foto acima, o rios como também criar conexões exemplo de João com os ônibus e ciclovias. Mas Pessoa e, abaixo, pouco tem sido comentado sobre do Rio de Janeiro a ideia. O arquiteto Roberto Montezuma ressalta a importância dos rios. “Recife é rio, é água, do mar e dos canais. Tem uma estrutura paisagís ca onde a água é essencial. É preciso desenhar o espaço urbano de forma que ela não seja esquecida, ela tem que ser protagonista”. Entre os principais tópicos d’ “O Recife que precisamos” está a par cipação das pessoas nas escolhas da cidade, para Circe: “estamos vivendo administrações que estão negando ao morador a
opção de escolher, opinar sobre as mudanças e isso precisa ser di ferente. Seja qual for a ideia ou o projeto tem que ser analisado do ponto de vista do impacto tanto para a cidade quanto para as pes soas que moram na área”. Montezuma também ressalta a importância da par cipação de todos os atores para a solução dos problemas urbanos. “É preciso que exista um pacto pela urbanidade. O pacto deve ser do poder público, do poder privado e dos cidadãos. As pessoas não estão mais simples mente aceitando as decisões gover namentais de cima para baixo, elas querem discu r”.
INTERATIVIDADE Prova deste anseio de par ci par das decisões são os diversos grupos de discussão que estão sendo formados nas redes sociais. - No Facebook, por exemplo, o gru po “Direitos Urbanos | Recife”, criado no dia 23 de março, já conta com mais de 1.500 membros que trocam ideias, debatem e citam exemplos de outras cidades que poderiam ser aplicados ao Recife. Destes grupos estão surgindo inicia vas como convocar audiên -cias públicas que possam discu r -as obras que são anunciadas pela prefeitura e realizar ocupações u culturais. Recentemente, duas
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Cena do vídeo “A praça é pra quem?”, feito pelas estudantes Juliana Duarte, Bruna Monteiro e Amanda Beça audiências foram realizadas. A primeira discu u o “Projeto Novo Recife”, que prevê a construção de 13 torres no Cais José Estelita, e, a segunda, os viadutos da Agamenon. A estudante Maria Cicília Melo soube da audiência sobre o Novo Recife pelo Facebook e disse acreditar que o ambiente virtual possa ser um meio de transformação da cidade. “Cada vez mais as pessoas aderem aos recursos oferecidos pela internet, de forma que o acesso à informação e divulgação de no cias e eventos fica mais próximo à população”. Para Montezuma, devem ser tomadas a tudes de âmbito ma cro – que pensem na metrópole como um conjunto; médio – que pensem os bairros como unidades de paisagem; e micro – a rua, a calçada, a praça, a borda do rio,
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o local da parada de ônibus etc. “ As cidades tem diferenças que precisam ser tratadas. Por quê o Rio de Janeiro é tão vivo? Porque as pessoas usam os espaços. Não é só um lugar para se ver, é para se vivenciar e é isso que faz com que a cidade crie a sua própria iden dade”. A internet tem sido uma ferra menta usada não só para debater projetos e soluções de grande por te como também para denunciar e mudar a cidade a nível micro. No final de 2011 o vídeo “A praça é pra quem?” gerou bastante reper cusão nas redes sociais. O vídeo, que pode ser encontrado no You tube, mostra a dificuldade da es tudante Juliana Duarte em passar pela praça São José dos Mangui nhos, que era ocupada por car ros
de clientes da Casa dos Frios. A pressão dos internautas e dos sites de opinião, que já lu tavam pela praça, fez com que a Prefeitura do Recife resolvesse o problema. A estudante Amanda Beça, que par cipou da produ - ção do vídeo, diz acreditar que a transformação vem através da - informação. “O Facebook e outras redes são espaços para se expres - sar e divulgar qualquer po de in formação. Muitas pessoas falam de suas preocupações sociais e urbanas. E aí surgem grupos com - opiniões em comum que ganham força e assim as informações cir - culam e vão transformando ou - afirmando a opinião de outras, que se aderem ao “grupo”. E a - “voz” dessas pessoas vai ficando cada vez mais forte”.
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Entrevista Sílvio Meira
“O Recife é muito pequeno para ter opinião sobre si mesmo” Por Júlia Nogueira de Almeida* Especial para Algomais
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araibano de Taperoá, Silvio Mei ra deixou sua cidade natal logo cedo e, desde menino, acostumou-se a ver a população de Taperoá indo embora de sua terra, em busca de novas oportunidades em cidades mais promissoras. Ao longo de mais de cinco décadas de vida, mudou-se diversas vezes e vivenciou a atmosfe ra e a ro na de grandes metrópoles, como Londres e São Paulo. Fundador e batuqueiro do grupo de maracatu ‘A Cabra Alada’, Sil vio Meira costuma ir ao trabalho de bicicleta e, na falta de ciclovias adequadas no Recife, arranjou um mo vo para comemorar quando o trânsito está engarrafado: “nós (ci clistas), circulamos mais facilmente e, com os carros parados, diminuem as chances de sermos atropelados”. Brincadeiras à parte, segundo ele, já passou da hora de o Recife definir a própria vocação: “a cidade precisa (voltar a) ser um lugar de vida e de encontro, e não de passagem”, afir ma. Ele também defende que, numa época de compe ção global, não podemos perder tempo com ques tões discu ndo sobre a inversão do trânsito numa determinada rua ou avenida. “É preciso redesenhar os processos, para tornar a cidade mais compe va. Não estamos mais na 36 >
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-época do imaginário ingênuo sobre a cidade. Estamos no tempo do imagi nário criado, obje vo. Há um design por trás disso”, completa. Um dos importantes formadores de opinião da atualidade, Silvio Meira
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poderia viver em qualquer lugar do mundo. Escolheu o Recife. “Eu vou morar em recife no Recife até morrer. Se não fosse aqui, diz, só viveria em Lisboa”. Por quê? Nem ele mesmo sabe explicar. “Deve ser coisa de vi -
das passadas. Se não fosse Lisboa eu não moraria em lugar nenhum. Mo raria em Taperoá”. Algomais | Como a tecnologia pode ajudar a resolver os atuais pro blemas urbanos do Recife? Silvio Meira | Já existem, em quan dade e qualidade, tecnologias suficientes para tornar as cidades mais inteligentes, flexíveis e ágeis; assim como inteligência social e co labora va, para que os fluxos de informação guiem as melhores solu ções no curto, médio e longo prazos. A cidadania 2.0 funciona quando as estruturas e dinâmicas estão sincro nizadas o suficiente no tempo e no espaço - para todos e com todos. Não é a tecnologia que resolve o problema. A questão é como ela é usada. É preciso ter cuidado para não infor ma zar o caos. AM | E o que é informa zar o caos? SM | Muitas vezes, as pessoas acham que informa zar os processos é a so lução. E não é. Pode até ajudar, mas não é só isso. É preciso repensar os modelos vigentes porque nós não va mos resolver problemas an gos com soluções an gas. Vou dar um exemplo de informa zação do caos em estado puro: no Recife, é comum se ver obras já concluídas, com o prédio funcionan do sem o Habite-se, porque a burocra cia que envolve sua liberação é lenta. Ao mesmo tempo, a mesma Prefeitura que não deu o Habite-se, cobra IPTU. Dentro da mesma Prefeitura, não há comunicação entre os cadastros do Habite-se e do IPTU. O problema do agente público é uma combinação de gastar imposto para prestar serviço, com criar condições para coletar mais imposto, para prestar mais serviço. Eles precisam entender que não é executando a economia que eles par ci pam dela necessariamente.
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AM | O que é o conceito de Smart City? O Recife tem chance de se tor nar uma ‘cidade inteligente’? SM | O conceito de ‘Smart City’ é bem amplo, aberto, solto. Cabe mui ta coisa dentro dele. Essencialmente, propõe um resedenho da vida urba -
na, em toda a sua organicidade, com isso, Recife está tão no passado, que baixo impacto na vida das pessoas. con nua na ilusão de que pode ter Ele compreende a colaboração da um porto no centro de uma cidade população no processo de uso e de de 15 milhões de habitantes. compreensão da cidade no seu dia a dia. No Brasil, nenhuma cidade é AM | Qual o maior problema do smart. Aliás, nenhuma o é, em toda Recife hoje? a América La na. A América La -SM | A falta de con nuidade das po na é a estação da beleza e do caos. lí cas públicas que pensam a cidade. Demora, mas a gente chega lá. Mas, A úl ma pesquisa de origem e des antes disso, precisamos pensar na no (POD) feita no Recife é da década atra vidade da cidade. Isso é ponto de 1970. Em 2001, trabalhavam 500 fundamental para as empresas que pessoas em Suape. Hoje, trabalham pesquisam o Recife como possível 60 mil. E essas pessoas não estão lá. des no para a instalação de grandes Elas vão de algum lugar para lá. O Recife pertence a uma classe de cidades companhias aqui. que já foram pujantes, relevantes em AM | E no restante do mundo, termos de capital, trabalho e poder econômico, mas que, nos úl mos onde estão as cidades inteligentes? SM | A Suécia é toda smart. A Dina - 100 anos, deixaram de ser tudo isso. marca, idem. Lá, por sinal, a questão é O Recife tornou-se irrelevante no inversa: em Kopenhagen, tem engar -cenário de poder nacional. Do ponto rafamento de bicicletas e o governo de vista do tempo social, 100 anos é local está tentando es mular a po -muito pouco. Agora, temos uma re pulação para que volte a usar o carro, tomada dessa relevância econômica para tentar equilibrar esse o tráfego. do Recife, com uma nova definição Outro exemplo é Londres, que me- de centralidades, com Suape de um lhorou magnificamente nos úl mos lado e Goiana do outro, absorvendo 30 anos, em todos os sen dos, graças um pedaço de João Pessoa. E ainda a um sistema muito simples: planeja -tem São Lourenço da Mata. Inclusive mento, foco em um obje vo, meta, – é bom que se diga – nos próximos execução, cobrança. Isso é fácil de anos, os dois prefeitos mais podero fazer. Na vida de uma cidade como sos de Pernambuco provavelmente Londres, que tem 2.500 anos de exis -serão o de Ipojuca e o de Goiana. E, tência, 30 anos não são nada. Foi uma aí, os prefeitos do Recife e de Olinda u mudança muito rápida. Enquanto vão ter que se juntar para ir tomar 2012 maio >
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cerveja no Carnaval. Recife é uma cidade sem território, com 200 quilômetros quadrados, está imprensada no meio disso aí. Aqui não há espaço para a ins talação de estruturas fabris de objetos concretos. Recife tem vocação para a instalação de fábricas virtuais, e isso está justamente na produção de sof twares, de cinema, de animação e na indústria da educação, da formação. AM | Há saídas viáveis? SM | A cidade corre o risco de se dispersar e perder a alma, se tornando alguma coisa sem iden dade: mais uma cidade no meio desse espaço que será ocupado por Suape e Goiana. O Recife, hoje, tem a necessidade de criar um significado para si. Do contrário, vamos virar cidade-dormitório de todos os inves mentos que estão chegando, como aconteceu com Olinda. Aí sim, estaremos verdadeiramente perdidos. Eu acho que a saída para o Recife é ser ‘a cidade do conhecimento’, de acordo com a nossa vocação histórica, como maior e melhor centro de formação do Nordeste desde 1537. Mas a cidade não tem a conta, por exemplo, de quanto um bolsista de doutorado gasta na cidade, nem faz marke ng de si próprio nesse sen do. Recife é uma cidade de inovação e de cultura, mas todos os agentes culturais de expressão ar s ca e relevância nacional saem daqui. Isso significa que não dá para viver disso a par r daqui. Note: não é viver disso aqui, mas a par r daqui. Na Bahia, a indústria do Axé vive, se alimenta e gera negócios e dinheiro a par r de Salvador. Aqui, isso não acontece. AM |Qual o nosso futuro? SM | O Recife precisa olhar para o fu turo, se definir e passar a ser uma parte menor de um todo muito maior e mais organizado, que seria a própria Região Metropolitana. Não deveríamos ter a in teligência de transformar isso aqui numa região efe vamente metropolitana, com um governo metropolitano, com o Reci fe tendo uma subprefeitura? Às vezes, para dar um sen do melhor ao todo, você tem que se decidir a ser uma parte 38 >
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menor desse todo. É uma escolha. AM | Fala-se muito em mobilidade, como se este fosse um problema ex -clusivo de quem tem carro. SM | Mobilidade é, principal mente, para quem não tem carro. Nunca, no planeta, vai -haver mais gente com carro do que sem carro. Até por que, se isso acontecesse, o mundo entraria em colapso. A polí ca urbana brasileira tem sido via de regra - rasa, em todas as cidades. Sem falar que ela é esporádica e con traproducente porque, o tempo todo, a gente vem tentando resolver proble mas pequenos no curto prazo. Isso é o segredo para não ir para lugar nenhum. O cidadão do Recife tem, hoje, o tempo médio de deslocamento de casa para o trabalho, usando o transporte público, maior do que o de São Paulo (!). Ou tra coisa: ônibus com ar-condicionado numa cidade como o Recife é um sinal de cidade inteligente. E cadê? Foi só rarem as kombis e acabaram-se os ônibus com ar-condicionado. AM | Então, estamos em um cami nho sem volta? SM | Deveríamos fazer como em Xan gai (China), que reduziu a quan dade de placas de carro na cidade. Lá e em Singapura, limita-se o uso de veículos em algumas áreas das cidades e, quem quiser andar na cidade, paga pedágio. Aqui, essa possibilidade não é nem con siderada. Precisamos repensar como fazemos as coisas e como usamos o espaço público. Redesenhar a cidade pressupõe, necessariamente, envol ver o Recife em uma rede, mas as po lí cas públicas não dão conta disso. A impressão que se tem é que o Recife é muito pequeno para ter opinião sobre -si mesmo. E mais: como já disse o pro dutor cultural Roger de Renor, ‘o Recife é a maior cidade pequena do mundo’: pensa pequeno, o que leva a um ‘ape -quenamento’ dos seus líderes, frente aos problemas que deveriam tratar. Na minha opinião, em vez de estar discu - ndo a inversão do trânsito da avenida Domingos Ferreira, deveríamos estar decidindo se vamos, ou não, terrapla nar tudo, daqui para Camaragibe. Isso
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sim é um debate do tamanho do Recife. Como é que a gente quer que esteja a nossa cidade no ano 5.000? Isso sim é uma discussão para mobilizar ‘a maior cidade pequena do mundo’.
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AM | E como fica a classe média nes se contexto? SM | Antes de melhorar o sistema de ônibus, é preciso inviabilizar o uso do carro pela classe média para ir para o trabalho. Se isso for feito, a pressão vai ser tão grande que haverá os ônibus. Uma coisa leva a outra. O problema é que, picamente, são os necessitados que não têm voz, porque fazem par te de currais eleitorais estabelecidos, cujos representantes corroboram com o modelo vigente.
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AM |Você acha que conseguiremos ampliar a discussão, indo além de questões com o buraco na rua e a ‘mobilidade’ para quem tem carro? SM | Se a gente conseguir entender que, para ganhar no todo, teremos que perder e nos adaptar individualmente, sim. Essa mudança tem um custo e, normalmente, não existe bene cio sem custo. Todo mundo está a fim de resolver o problema da cidade, desde que isso não tenha nenhum impacto na sua vida pessoal. É muito di cil você conseguir resolver um problema den tro das mesmas linhas de pensamento que o originaram. Não precisamos sal var o planeta coisa nenhuma. Precisa mos salvar a humanidade. E o Recife? Recife quer ser salvo?
* Par cipoou da entrevista Luiza Assiz
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Mais do que irmãs um só Patrimônio PROJETO | Relação entre Recife e Olinda pode conceder ao centro do Recife o título de Patrimônio Histórico de Humanidade Por Luiza Assis
Recife que Precisamos”, realiza do pelo Observatório do Recife u vi o mundo... Ele começa - (ODR) e apoiado pelaAlgomais . va no Recife”. A frase- tulo Os encontros têm como obje do painel do ar sta Cícero Dias é vo elaborar uma proposta que ainda hoje usada pelos morado - possa ser levada ao prefeito do res e admiradores como uma ode Recife. No evento de maio, Me à cidade. Porém, não fosse pelo nezes apresentou um projeto no rumo que a história do estado to - qual, apropriando-se da estreita mou com o episódio da ocupação relação histórica entre o Recife e holandesa e do incêndio de Olin - Olinda, seria possível expandir o da, cidade que nha o centro da perímetro de Patrimônio Históri região ocupada, poderia ter sido co da Humanidade, tulo conce a homenageada pela lembrança dido a Olinda, para o centro do do pintor. Recife. Embasado em fatos históri A preocupação do historiador cos e ressaltando a relevância em expor a relevância desses es dos centros para o desenvolvi - paços vem de uma questão his mento das cidades, o historiador tórica. Para Menezes, existe uma e arquiteto José Luiz da Mota diferença entre viver na cidade e Menezes ministrou a palestra querer viver a cidade, que está do terceiro debate da série “O na relação entre os habitantes e
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o centro. “O centro da cidade era um ‘lugar quente’. Era onde as pessoas discu am as coisas, onde as pessoas se sen am como se fosse a sua casa. Quando se dizia ‘Vou ao Recife’ ia-se ao centro. Era um referencial”, explica. Mas nem sempre este ponto referencial ao qual as pessoas se dirigiam esteve no Recife. Histori camente, o primeiro “lugar quen te” estava em Olinda, que possuía o posto de centro administra vo e comercial do território, mas que nha uma estreita relação com o Recife, uma vez que era na cidadela que estavam o porto e, na várzea do seu rio (o Capibari be), os engenhos que produziam a riqueza (o açúcar) a ser expor tadas. Exis a, assim, uma trian gulação entre o centro, o porto e
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Reunião do Recife que precisamos na TGI Consultoria e Gestão os engenhos na qual os rios eram os elementos condutores. Em 1631, com a invasão dos holandeses, essa organização é destruída com o incêndio de Olin da. “Eles (os holandeses) não po diam manter Olinda. Era períme tro de 6 km sem mata e com ruas tortuosas. Então eles resolveram incendiar a cidade. Não foi um in cêndio para destruir uma imagem an ga, mas uma decisão estraté gica”, explica o historiador. Com o fim dessa triangulação, ocorre a transferência da sede administra va e comercial para o Recife, que se torna uma cidade
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marí ma. Em 1639 surge o Plano comércio em voltar. O comércio Diretor da Cidade Maurícia para já estava estabelecido no Recife os atuais bairros de Santo Antô - e não ia se deslocar novamente, nio e São José, um planejamento seria um retrocesso. Olinda vai encomendado por Maurício de então se transformando em um Nassau para a cidade que estava dormitório do Recife”, esclarece. ganhando impulso para crescer. Um reflexo desta nova organiza Nesse processo Menezes ressalta ção é o tulo de Vila, que a Corte a importância da par cipação da concede ao Recife em 1710. população. “A cidade vai crescer Com o grande número de ha porque ela tem um uso, existe bitantes devido ao crescimento uma escolha dos comerciantes da cidade, começa a exis r uma em crescer a cidade”. ver calização da região. Em 1932 Porém, mesmo quando os ho - ainda exis a uma grande con landeses são vencidos, em 1654, centração habitacional nos bair não há um retorno do centro para ros de Santo Antônio, São José e Olinda “nem houve interesse do do Recife. Para Menezes: “uma u
Imagem do Recife em 1817
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Solução: pontilhado amarelo define os limites da área a ser tombada transformação foi sendo constru ída com o novo porto remodela do, desde a segunda década do século XX. As famílias deixaram o Centro an go e se transportaram ora para o bairro de Santo Antô nio ou para a Boa Vista. Algumas vão para mais distante, organi zando bairros como o Poço da Panela, Caxangá, Casa Amarela e outros”. O esvaziamento do Bairro do Recife começa em 1960, devido a proximidade do porto, que já havia trazido a pros tuição, a fu ligem do vapor e a presença dos marinheiros. Nessa época, o bair ro ainda é uma referência, mas os moradores começam a ir para os bairros mais afastados que cres cem e adquirem vida própria e isolada. No bairro de Santo Antônio ainda permanece a vida, rela cionada, segundo o historiador, à ligação do indivíduo com o território. Hoje, fatores como a pouca habitação nos bairros do centro, atrelada a questões como a falta de segurança, o comércio 56 >
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popular e a falta de polí cas de revitalização fizeram com que a área perdesse força. “Os gesto res urbanos voltaram suas vistas para os bairros. O centro an go entrou em degradação”, avalia. Olinda, por sua vez, renasce com a religiosidade e o interesse dos senhores de engenho. Sendo assim, o renascimento acontece através da renovação, ampliação e recons tuição dos espaços sa grados. Mas para Menezes essa retomada da cidade é uma cria ção ar ficial “É uma ar ficialida de que parece muito o interesse de dar uma imagem que não era real, mas de dar a imagem dos que queriam a imagem. A reto mada de Olinda enquanto povoa ção é uma coisa que retardou até o século XX”.
não via no Recife a possibilidade de entrar no perímetro pela sua - diversidade, pelo seu ecle smo. A cidade é a única no Brasil que tem duas culturas muito claras: a dos holandeses e a dos lusitanos. É como se você vesse ao longo do tempo cortado uma coisa que nha lógica neste contexto histó rico”. Segundo o historiador, o Re - cife, sozinho, não teria chance de entrar como Patrimônio His - tórico da Humanidade, e, por - isso, surgiu a ideia de aumentar o perímetro da região para abraçar boa parte dos bairros de Santo Antônio, São José e do Recife. O - historiador diz acreditar na força - da relação entre as duas cidades: “Começou em 1535 e nunca se rompeu. Olinda recebeu o tulo sem considerar essa dependên PROJETO cia. Nós precisamos restaurar a Como profissional que traba - autoes ma do centro recifense”. lhou no processo de transforma A proposta de extensão de ção de Olinda em Patrimônio da tombamento tem como obje Humanidade, José Luiz da Mota vo não apenas requalificar este Menezes conta que o Recife pas - camente, mas obter recursos e sou despercebido na época: “Eu financiamentos para a melhoria
Vista Áerea do Bairro do Recife: linha amarela destaca bairro histórico da moradia. “Em primeiro lugar é preciso restaurar os valores. A restauração da autoes ma deu muita força a Olinda, por exem plo, o que fez com que ar stas fossem morar lá e houve uma mu dança de conceito. Não é a mes ma Olinda do século XVI e XVII, é a Olinda de hoje, vivida com res
peito a tudo aquilo que cons tuiu a sua história”, explica. Ainda que seja uma ideia trazida para o debate e que Me nezes afirme que é preciso fazer uma avaliação, o embasamento histórico já existe. “É preciso unir o processo do Recife à altura do final do século XVIII e boa parte
do século XIX à presença holan desa no subsolo”. Esse esforço é não só possível pelo embasamento histórico que possui como também se configu ra numa necessidade vital para a recuperação, com foco nas pos sibilidades que poderão gerar o tulo de patrimônio de uma área
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hoje grandemente degradada, principalmente Santo Antônio e São José, mas essencial à luta pelo restabelecimento do Recife como cidade boa para se viver. Disse: “A inicia va é um passo para a retomada da autoes ma da população em relação à “sala de visitas” de sua cidade que é o centro histórico do Recife. Trans formar o centro do Recife em patrimônio da humanidade é um importante obje vo a ser traba lhado pelo próximo prefeito con siderando, inclusive, a oportuni dade da Copa do Mundo. Afinal, não deveríamos querer mostrar Santo Antônio e São José nas con dições em que estão aos turistas de 2014”.
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Mota Menezes: pela restauração da autoestima do centro do Recife
O gestor na berlinda “Quem é o responsável pela destruição dos lugares?” A questão, levantada pelo historiador e arquiteto José Luiz da Mota Menezes, teve uma resposta automá ca: “o gestor”. Apesar da referência atual ser o prefeito João da Costa, a crí ca é direcionada àquele que não cumpre o papel de proteger o patrimônio, priorizar o interesse comum e escutar a população. A indagação surgiu enquanto o historiador fazia uma crí ca ao que foi feito com o prédio da Asso ciação Comercial de Pernambuco. O palacete, que fica em frente ao Marco Zero do Recife, é datado de 1915. Tombado como patrimônio histórico pelo Governo Federal, passou por um processo de rees truturação interna e das fachadas, que começou em 2004 e só termi nou em 2008. Menezes par cipou do proje to de revitalização e falou sobre sua indignação ao ver, no Carna val deste ano, o prédio pintado de amarelo para servir de camarote a uma empresa de bebidas: “O pala 58 >
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cete, cien ficamente restaurado, mudou de cor por uma empresa. Foi feito na calada da noite. É uma prova de ausência de presidên cia” Ainda que traga referência de fatos históricos, Menezes dei xa claro que não idealiza tempos passados. “Não sou passadista, eu vivo o meu tempo. O passado para mim representa apenas um diferencial”. Diferencial que dá a visão da importância da popula - ção para a construção da cidade. Como exemplo cita o caso dos viadutos da Agamenon. “Eu vou colocar um viaduto a três metros da sua janela, mas eu estou ‘tra balhando pelo interesse da comu - nidade’. Será que eles não são da comunidade?”, indaga. - E a falta de diálogo com os mora dores gera, na visão do historiador, lo cais como a Praça Dona Lindu, que foi pensado para ser um grande parque, - como o Parque da Jaqueira. “Mas lhe impuseram dois tanques de gasolina. Foi um projeto ruim em um lugar ruim. - É desconhecer o que a gente queria.
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- Prédio da - Associação Comercial de Pernambuco - antes de mudar -de cor
“O Parque da Jaqueira é bom porque representa a relação entre os vizinhos e o lugar”. A par cipação dos recifenses fica ainda menor quando exis te uma polí ca de privilégio aos interesses privados. “Cada um destes lugares começa a ser alvo dos interesses e aparece uma lei do uso do solo que privilegia não a rua, mas o lote. O mais grave é que o gestor da cidade começa a ceder ao maior inimigo de toda cidade, que é o interesse de al gumas comunidades u lizando os privilegios de par do. Isso é grave”, afirma. Para Menezes o “desmonte” do Recife não foi algo planejado, mas uma consequência, e, agora, é preciso tentar resolver a ques tão, mas diz que nenhum dos candidatos apresentou nenhuma proposta para a cidade. “Nós es tamos com ausência de gestores e de atores. Foram os arquitetos que destruíram a unidade da ci dade quando cada um se ocupou dos seus prédios”.
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O futuro do Recife |ESTuDO Projeto em parceria com holandeses pode levar a uma nova forma de pensar a cidade Por Luiza Assis Falcão
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or mais que seja chamada de Veneza brasileira, você já parou para refle r sobre estrutura do Recife do ponto de vista da malha hídrica? Já pensou que a cidade é interligada por canais, córregos, rios e bacias? De São José ao canal do Arruda, de Boa Via gem à bacia de Tejipió. Água, muita água. Na ro na, o quanto esta água é esquecida? Ora escondida por árvores, ora negada pela quan dade de sujeira que os próprios moradores jogam, ora ignorada pelo poder público. Seja qual for o mo vo, a água é um elemento fundamental de toda a estrutura da cidade e só é lembrada em cartões postais com fotos aéreas de Santo An tônio e São José. Além disso, outras perguntas fundamentais: Como você imagina a cidade daqui a 25 anos? Qual é o pla nejamento existente que pode tornar possível esta previsão? Em pleno ano eleitoral os candidatos já começam a se ar cular, mas quais são os projetos para a cidade? A cada campanha são lançadas novas soluções para a educa ção, saúde e mobilidade, mas e quanto à estrutura sica? Como o Recife esta rá quando fizer 500 anos em 2037? Foi pensando em respostas para essas perguntas absolutamente essen ciais para o futuro da cidade que o re cém-criado Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) firmou uma parceria com os arquite tos de uma outra “Veneza”. Conheci da como “Veneza do Norte”, Amster dam tem uma estrutura sica que se assemelha à recifense e, assim como o Recife, já teve seus canais negados, a cidade “dava as costas” para a água de tal forma que pensaram até em transformar os rios em ruas para que
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os carros vessem mais espaço. Mas a par r da década de 1960 a população exigiu mudança e o trabalho nestes es -paços fez com que, em 2010, os canais chegassem a ser reconhecidos como Patrimônio Cultural da Humanidade. A parceria começou há três anos, na vinda de arquitetos holandeses do Amsterdam Centre of Architecture -(Arcam) para a preparação de exposi ção e workshop no âmbito das come -morações do ano do Brasil na Holanda. No ano seguinte, uma parceria entre a Universidade Federal de Pernambuco -e o Arcam gerou o intercâmbio entre alunos da UFPE e arquitetos holande ses para criar um projeto que contem plasse a recém-anunciada Via Mangue. -A inicia va, chamada Recife Exchange -Amsterdam, ficou conhecida como -rXa e resultou em uma exposição na capital holandesa. Depois de desenvolver esse traba lho, o grupo percebeu que era apenas “a ponta do iceberg”, como define o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, Roberto
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Montezuma. “Foi uma a tude dentro de uma parte da cidade mas que po deria ser aplicada em outras áreas. A par r desse insight, a gente resolveu trazer os holandeses para o Recife”, explica. Em 2012, os holandeses par ciparam de um workshop que durou cinco dias, desta vez no Recife. A necessidade de pensar a cidade não apareceu apenas por 2012 ser ano eleitoral, mas pelo momento de intensa transformação de Pernambu co. Recife está entre três polos que estão sendo bombardeados com in ves mentos: ao norte, Goiana com a chegada da Fiat e da Hemobrás; ao sul, Suape com o Complexo Industrial Portuário; e a oeste com a Cidade da Copa. O perigo desta nova configura ção, segundo Montezuma, está no esvaziamento desenfreado que pode causar ao Recife os mesmos danos que o centro da cidade sofreu quando Boa Viagem iniciou o atual surto de crescimento, em meados da década de 1960. Para Montezuma, estes bairros 2012 julho >
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planejados que estão sendo anuncia dos precisam ser considerados com todo o cuidado. “Quando os inves mentos foram para Boa Viagem, por exemplo, o centro da cidade (sobre tudo os bairros de Santo Antônio e São José) começou o atual processo de esvaziamento. E esse crescimen to não pensado e independente da estrutura já existente fez com que vesse início a decadência do centro da cidade”. Para o grupo de arqui tetos brasileiros e holandeses que estudou o problema, o mesmo pode acontecer com o Recife todo e, como o desenvolvimento é inevitável, é im portante ques onar como a cidade vai se preparar para esta nova lógica. Na edição mais recente da série de debates “O Recife que precisa mos”, inicia va do Observatório do Recife e com o apoio editorial da Al gomais, integrantes do Conselho de
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Arquitetura e Urbanismo apresenta ram um trabalho realizado em parceria com o Ins tuto de Arquitetos do Brasil, Fundação Joaquim Nabuco, Iphan, Prefeitura do Recife, Governo do Estado, Universidade Federal de Pernambuco e com o grupo holandês durante o Recife Exchange Amsterdam (rXa) que pode levar a uma nova forma de pensar a cidade. O arquiteto Roberto Montezuma disse, certa vez, que a melhor forma de cri car um projeto é apresentando outro e colocou esta teoria em prá ca. Nos três primeiros debates da sé rie “O Recife que precisamos” foram discu dos diferentes tópicos: como pensar a cidade a par r de exemplos que deram certo, com a arquiteta Circe Monteiro; cidades inteligen tes, com Sílvio Meira; e o centro do Recife com o historiador e arquiteto José Luiz da Mota Menezes. Apesar
-de serem debates sobre temas dis ntos, ainda que complementares, o mote de que é preciso planejar a cida de para o futuro foi um lugar-comum nos encontros, assim como a ideia de que a falta de con nuidade nas polí cas públicas é um dos grandes entra ves para colocar em prá ca o planeja mento. A importância do resultado das reuniões do rXa, como o arquiteto Francisco Cunha atentou na abertura do úl mo encontro, está oferecen do alterna vas de diretrizes de longo - prazo para o planejamento urbano do Recife, já que os diagnós cos, segun do Cunha, feitos tanto pelas con versas do Observatório do Recife quanto de outros grupos, apon -tam a ausência completa de pla nejamento de longo prazo como “raiz da maioria dos males que nós sofremos hoje na cidade”, afirma.
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Mudar é possível? Pensar em uma mudança radical no Recife nos próximos 25 anos pode parecer improvável, mas a Colômbia mostra que é possível. Se o exemplo da recuperação dos rios feita por Ams terdã parece distante, pela condição econômica e social, o que dizer das cidades colombianas que estavam em uma situação bem mais complicada que a vivida pelo Recife hoje? Estudioso da revolução urbana das cidades colombianas, o admi nistrador de empresas Murilo Caval can começou a pesquisar exem plos de redução dos problemas de segurança depois que a irmã foi ví ma de um assalto que a deixou paraplégica. Preocupado com o Recife, encontrou em Bogotá um exemplo que poderia ser seguido. A mudança começou, segundo Cavalcan , em 1995 quando a popu lação, já preocupada com a situação da capital e com a própria seguran ça - afinal, eram 80 homicídios por 100 mil habitantes - escolheu eleger como candidato o matemá co e fi 28 >
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lósofo Antanas Mockus. A proposta mentos públicos (escolas, parques, foi, a par r do planejamento definido bibliotecas, centros comunitários) com vários arquitetos, resolver não só foram instalados nos lugares mais a violência, da como o principal pro -pobres. Com isso, uma série de blema de Bogotá, mas realizar uma problemas foram solucionados, grande transformação social. como a educação e a violência. Como não há reeleição, a sequ - Mas o ex-prefeito Peñalosa disse, ência de prefeitos após Mockus deu em entrevista à Folha de São Paulo con nuidade ao projeto inicial, mes -recentemente, que ainda há muito mo sendo de par dos diferentes. O para ser feito: “É uma cidade te-r resultado foi a redução para 18 homi -rível, com problemas gravíssimos. cídios por 100 mil habitantes e uma Houve experimentos exitosos, mas cidade muito diferente da an ga. ainda há muito a fazer”. Além da melhora na Esse exemplo mostra que é pos violência, foi implan - sível mudar a par r de um planeja tado um sistema cha - mento sério para a cidade. Outra mado “TransMilenio”, referência é Medellín, outra cidade copiado de Curi ba, colombiana que chegou a ter 381 mas que hoje é con - homicídios a cada 100 mil habitan siderado o melhor tes em junho de 1991 e hoje tem transporte cole vo de 45 por 100 mil habitantes. Murilo ônibus do mundo. Cavalcan , que já par cipou de ex A mudança foi, cursões a Bogotá e a Medellín para dentro do planeja- mostrar que é possível melhorar mento, na forma de o Recife, afirma: “A mudança não pensar a cidade. Os chegou aqui porque nós ainda não melhores equipa- chegamos no fundo do poço”.
um conceito para o Recife
A par r da preocupação com o Recife e do desenvolvimento de um projeto para Boa Viagem durante o primeiro momento do rXa, o grupo decidiu dar con nuidade ao projeto. Com a ob servação da estrutura existente e das caracterís cas sicas da cidade, os integrantes do rXa criaram um conceito que pode nortear o Recife no pacto pelo planejamento. Para dar fôlego às ações, foi escolhida uma data como prazo final: 2037, quando a capital pernambucana comple tará 500 anos. Essa necessidade surgiu da importância, como ressaltou Montezuma, em pensar a cidade a longo prazo ao invés da con nua opção por soluções pontu ais e/ou temporárias como tem sido a regra predominante das
úl mas décadas. Porém, para o arquiteto, mais do que planejar para o longo prazo, é preciso fa zer isso de forma integrada, ou - seja, pensando todos os fatores - existentes na cidade, inclusive a dimensão ambiental, tanto como forma de preservar quanto rar proveito da condição geográfica do território. O grupo, ao se debruçar so bre o mapa da cidade, percebeu que, ainda que historicamente, boa parte da malha hídrica do - Recife tenha sido alterada ou esteja em mau estado, a carac terís ca da cidade de ser úmida e interligada por filetes, rios e bacias não mudou. Essas águas, - iden ficadas como a alma da ci - dade, formam uma imagem na qual o contorno tem o formato de árvore.
Tomando a estrutura do Re cife como uma Árvore-Água, o grupo desenvolveu um concei to que envolve os elementos da árvore (folhas, frutos, flores, ramos, galhos, tronco e raízes) fazendo uma analogia com a es trutura da cidade (pessoas, cór regos, canais, rios, bacias e praias e frentes d’água). Nesta lógica, as folhas, frutos e flores corres pondem às pessoas e à sociedade civil organizada. Estes persona gens seriam responsáveis pela ar culação, pela vida existente e que será gerada em uma escala mais detalhada e espalhada por todo o território. Depois existem os ramos, re presentados pelos canais, cana letas e córregos. São 63 canais maiores distribuídos nas três ba cias do Recife, sendo 18 na do Be beribe, 21 na do Capibaribe e 24 na Bacia de Tejipió. A função na tural destes canais é evitar inun dações e complementar a função de distribuição e de equilíbrio no sistema. Os rios Beberibe, Capibaribe e Tejipió são ilustrados como ga lhos, que dão às estruturas me nores a sustentação necessária e que definem as três bacias da cidade. No galho do Capibaribe está o mais conhecido e signifi ca vo eixo da paisagem por sua localização. O tronco, por sua vez, é responsável por sustentar, conectar e guardar, é ilustrado pelas três bacias juntas: Beberi be, Capibaribe e Tejipió. Por fim, as raízes dessa ár u vore seriam as praias e frentes 2012 julho >
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Folhas, Flores e Frutos Pessoas Sociedade Civil Organizada
Ramos Canais Canaletas Córregos
Galhos Rio Beberibe Rio Capibaribe Rio Tejipió Tronco Estuário 3 Bacias Raizes Praias e Frentes d’água
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d’água, onde está fincada a ori gem da cidade, construída da relação entre os rios e o mar. O esquema pensado no workshop ressalta não só a conexão entre as águas que interligam a cida de, mas o quanto as ocupações espaciais estão associadas a es sas estruturas aquá cas. Aglo merações como a orla de Boa Viagem, a Avenida Agamenon Magalhães, a Beira-rio, o Bairro do Arruda são exemplos desse ponto de vista. A par r deste levantamento, a proposta foi resgatar a força hídrica da cidade e voltar o olhar das pessoas para esta estrutura, que não vem sendo bem tratada. Interessados nessa mudança não faltam: seja o grupo dos mora dores dessas áreas, a inicia va privada ou o poder público, são várias as forças que podem par cipar dessa mudança, melhoran do, também, a autoes ma dos cidadãos e da cidade. O planejamento, a par r da visão da água como parte funda mental e integrada com a socie dade, poderia, segundo Monte zuma, ter como fruto “um grande parque que corre a cidade inteira e que gera esse contorno de ár vore d’água. Várias escalas de parque contornando todos esses filamentos. Trata-se de uma ideia capaz de reestruturar a cidade a par r dessa lógica integrada”. Ainda para o arquiteto, a ideia não exige uma verba fora do or çamento por já exis r, dentro do plano de saneamento do Recife, o propósito de melhorar a condi ção dessas águas. A atenção se ria, por exemplo, para a reforma no entorno dos córregos: “Essa a tude pequena pode gerar uma grande qualidade de vida para a população. Na hora que a gen te trata as bordas dos córregos e canais gera a possibilidade de lazer, de usar o espaço, de mo bilidade, que não é só do carro, mas de querer andar a pé e de bicicleta, por exemplo”.
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Criar pocket parks, ou seja, “parques de bolso”. Pequenos parques que estariam espalhados pelos bairros de Boa Viagem, Pina, Imbiri beira e Afogados em pequenas áreas verdes que dialogassem com os manguezais. * Não representado no mapa.
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Ações Planejadas *
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Avenidas e Boulevards: Criar corredores verdes nas seguintes ruas que ligam a praia ao manguezal: Tomé Gibson, Prof Wander ley Filho, Arthur Muniz, Hen rique Capitulino, França Pe reira e Jornalista Adeth Leite. Nestas vias, a prioridade se ria dos pedestres e ciclistas. A Avenida Boa Viagem seria também um corredor verde, com os pocket parks.
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Para Conjunto Habitacio nal Parque do Bode, cuja ocupação vai até a mar gem do rio, sem espaço aberto, - o plano de ação proposto foi - transformar a borda em um par - que linear arborizado com áreas de lazer. O meio das quadras - seria revitalizado com a re rada de casas que não vessem liga ção com a rua e com a constru ção de habitacionais realocando a população.
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O Aeroclube é uma área do Governo do estado que vai ser desa vada. A par r da Via Mangue foi pen sada uma operação urbana com - um parque, que seria construi do pela inicia va privada. Como bene cio, as empresas teriam o direito a construir algumas edi - ficações . A pista de pouso seria - preservada como espaço de la zer. As palafitas seriam resgata das com áreas verdes.
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No pequeno território de terra que se pode construir na região do manguezal - seria criado o Parque Ecológico dos Manguezais, uma grande área ver - de mul uso. Com espaço para pra car esportes, realizar eventos etc. além de uma passarela em vários - níveis foi prevista para que, durante a subida, as pessoas vessem aces - so a equipamentos como bibliote- ca, centro de educação ambiental, centro comunitário e restaurante.
* Não representado no mapa da página 20.
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Para esta área, ocupada atualmente pela Galeria Centro Sul, foi pensada a estação intermodal que abr-i garia recursos como bicicleta, monotrilho ou BRT, teleférico e boat bus. As lojas também par cipariam da estação,como forma de dar vida ao lugar.
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Aproveitando a pro-xi midade com a Praça de Afogados, com a estação de metrô e com galpões que ficam na beira do rio foi proposta uma ligação entre a praça, a estação de metrô e a estação de Barco Bus. A estação teria lojas e mercados, e, na saída, uma praça e um parque. O resgate da água e a criação de uma área habitacional aberta de classe média resgatariam o valor da área.
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Próximo a Faculdade UniNo Conjunto Habita verso existem galpões e cional Parque Sul foi fábricas desa vadas e a prevista a remoção da favela para criar um novo con - população do entorno é de baixa renda. Aproveitando a distância junto habitacional de prédios e de 1km entre as estações Antônio gerar espaços verdes de lazer. Falcão e a Estação de Afogados foi proposta uma nova estação de metrô. Este novo ponto seria um espaço de integração entre a área da Imbiribeira e dos manguezais. Aproveitando a faculdade foi planejada uma grande boulevard com prédios empresariais, e, per to do rio, habitações de classe média e habitações populares.
Os bairros-parques como uma solução Na nova organização mundial que estamos vivenciando no dia a dia, está cada vez mais comum o compar lha mento de exper ses e de experiências. Hoje, principalmente com a Web 2.0, a conexão entre os mais diferentes povos e culturas torna as trocas possíveis, inde pendentemente da distância. Um exem plo desse processo de troca foi a expe riência do Recife Exchange Amsterdam (rXa) em 2011. A par r do anúncio da construção da Via Mangue os professores da Universi dade Federal de Pernambuco Luiz Vieira, Roberto Montezuma e Geraldo Marinho desafiaram os alunos a criar um proje to integrado que trabalhasse essa nova área da cidade. A ideia era não trabalhar apenas a mobilidade, o ambiente ou a habitação, mas propor uma solução que envolvesse todos os aspectos da região. O grupo, formado pelos professores orientadores, alunos, arquitetos convida dos e profissionais de Amsterdã fez video conferências, debates e apresentações até chegar no resultado final. Par ndo de uma enorme área de manguezal que toca os bairros Boa Viagem, Pina, Imbi No sistema de mobilidade desenvolvido ,a Avenida Domingos Ferreira receberia o Monotrilho ou o Sistema Rápido de Ônibus (BRT). Um teleférico foi planejado para ligar a Estação Intermodal de Boa Viagem com a Estação Intermodal da Imbiribeira, cruzando o manguezal. Para as águas que cercam o manguezal foi proposta a instalação do Barco Bus, já u lizado por Amsterdam, interligando as estações.
ribeira e Afogados surgiu a ideia de criar um projeto que envolvesse, além da re-gião da Via Mangue, a requalificação da Imbiribeira e de Afogados. Entre os obje vos do projeto estava encontrar soluções para a mobilidade de -baixa qualidade, os contrastes sociais e -econômicos, o problema da Via Mangue -como uma barreira, a visão de que a cida de vira as costas para a água e a falta de espaços públicos. A par r desta compreensão, os par cipantes estabeleceram -focos de ação em torno do manguezal, principalmente em áreas por onde a Via Mangue vai passar. Para o trabalho, o grupo escolheu implantar a ideia de bairros parques inte grados ao manguezal, ou seja, distribuir o verde pelos bairros a par r da criação de novos lugares públicos, espaços de con vivência e de interação com a área ver de do mangue. Nestes bairros as águas -que margeiam o manguezal são tratadas como o “fundo” quando deveriam ser tratadas como a “frente”. Sendo assim, houve a preocupação de interagir com a água e u lizá-la a favor da população. -E, para solucionar o problema de fluxo
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na região, foi criado um sistema inter modal de mobilidade que u liza metrô, monotrilho, bicicleta, transporte fluvial e teleférico. Foram propostas dez áreas de in tervenção: A orla (Boa Viagem e Pina) e as ruas que ligam o mangue à orla; os pocket parks que estariam pelos quatro bairros; a comunidade do Bode; Conjun to Habitacional Parque Sul, espaço da marinha dentro do manguezal; Parque aeroclube; Galeria Sul; Estação de metrô de Afogados; e o espaço próximo à Facul dade Universo; A par r de Zonas Especiais de In teresse Social (ZEIS), praças, pocket parks e espaços vazios perto dos rios, a proposta inicial dos bairros parques era de “explodir” a região em espaços ver des, ou seja, criar espaços arborizados na orla, na margem dos mangues e nas ruas que ligam o mangue à orla (Tomé Gibson, Prof. Wanderley Filho, Arthur Muniz, Henrique Capitulino, França Pereira e Jornalista Adeth Leite). Segundo o arquiteto Luiz Vieira, a importância desta explosão de espaços verdes está na melhora tanto na qualidade de vida da população quanto no resgate do manguezal, além de melhorar o fluxo com a criação de ciclovias. Com o projeto foram iden ficadas oportunidades de requalificação urba na que podem ser, no futuro, objetos de Parcerias Público Privadas (PPP). Ain da que a proposta não venha a ser colo cada em prá ca na totalidade, o grupo mostrou que com o planejamento é possível mudar a realidade e que ainda existe uma saída para resolver os pro blemas que hoje afligem os moradores do Recife. A par r desta forma de pen sar os bairros e a integração entre eles, o projeto pode ser aplicado ao resto da cidade de forma a criar um espaço mais agradável, verde e com mais interação entre as pessoas. 2012 julho >
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O resgate do Capibaribe AMBIENTE|O Capibaribe precisa voltar a ser rio. O rio não é mangue, o rio é rio”, adverte engenheira ambiental em debate no Observatório “Uma vez Antônio Baltar (enge nheiro e urbanista) disse que o Recife tem a grande virtude, a grande felicidade de ter o rio Capibaribe porque no rio a gente não constrói. O rio alarga os espaços da cidade e permite que você tenha grandes cor redores livres”. Foi com essa fala que a engenheira ambiental Fá ma Bray ner atentou um dos bene cios que o rio pode propiciar para os recifenses durante a palestra “Revitalização si ca e sen mental do rio Capibaribe”, que teve como intuito entender melhor a relação entre a cidade e o rio. O encontro foi o quinto da série de debates “O Recife que precisamos”, inicia va do Observatório do Recife em parceria com a Algomais. O rio Capibaribe, apesar de toda a sujeira que é lançada nele, con nua no imaginário popular como parte importante do Recife, da beleza natural da cidade. O rio, um dos mais cantados, passeou pelos versos de vários autores pernambucanos como João Cabral de Melo Neto, Jo sué de Castro e Austro Costa, além de ter sido objeto de movimentos culturais, como o Manguebeat. Hoje, a relação da cidade com o rio é hos l. O Recife dá as costas para o sistema que por tantos já foi eternizado. Os espigões que hoje ocupam as margens do Capiba-ri be já não se voltam para ele, dão as costas, como o fundo de qu-in tal que já não sa sfaz a vista. Mas ainda é possível encontrar casarios no bairro da Benfica, por exemplo, que têm a frente voltada para o 44 >
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Litografia de Luis Schlappriz do bairro da Madalena. rio, prova de que o Capibaribe nem sempre foi negligenciado. - Brayner estudou o rio tanto do ponto de vista histórico quanto do ponto de vista cien fico. O rio Capibaribe era parte primordial do comércio recifense no transporte da cana-de-açúcar, mas também fazia parte do dia a dia das famílias, como retrata Gilberto Freyre: “No Nordeste da cana de açúcar, a água foi e é quase tudo. Sem ela não teria prosperado do século XVI ao XIX uma lavoura tão dependente dos rios, dos riachos e das chuvas; tão amiga das terras
gordas e úmidas [...] rios sempre bons e serviçais, prestando-se até para lavar os pratos da casa(...) passeios de canoas [...] mudanças de móveis em botes”. Mas nos séculos XVII e XVIII a dinâmica da cidade começa a mudar. O desenho da cidade começa a ser definido, acontece a expansão no sen do leste-oeste, com os engenhos da Torre e da Madalena, grandes marcos nesse movimento. Mas em que momento o rio perde a par cipação no dia a dia? O que aconteceu para que as pessoas parassem de tomar banho, lavar as
roupas e fazer passeios de barco pelo Capibaribe? Brayner explica que essa mudança começa no século XIX, com a modernização da cidade. Nessa época houve a vinda de uma série de técnicos que fizeram uma releitura da cidade com uma visão europeia. Na Europa a cidade incorpora o rio, tem uma lógica completamente diferente. Nesse processo de urbanização foram construídos o Palácio do Governo, a penitenciária - que hoje é a Casa da Cultura -, o teatro Santa Isabel e os passeios da Rua da Aurora. No século XX acontece a ruptura com o rio. A cidade cresce e o rio dei xa de ser usado. O Capibaribe começa a ser visto de uma outra forma, já não se toma mais banho em suas águas e passa a significar doença. A referência de praia deixa de ser fluvial e passa a ser marí ma e as pessoas começam a frequentar a recém-valorizada orla de Olinda e de Boa Viagem. No início do seculo XX surge o automóvel, as ruas vão sendo cal-
çadas, o rio começa a ficar cada vez mais poluído e começa a deixar de ser atra vo para as pessoas. Como reflexo as casas começam a se voltar para as ruas. Por fim, os at-er ros fazem com que as cheias sejam mais intensas, afastando ainda mais os recifenses. Mesmo com essa mudança de valores atribuída ao rio e com as paisagens escondidas pelos man gues, o seu valor foi perpetuado. Simbolicamente ele está incorpora do a beleza da cidade, incorporado pelas pessoas como uma coisa de valor. A relação com o rio foi ilustra
da nas palavras de escritores como Joaquim Cardoso, Carlos Pena, Mauro Mota, Manuel Bandeira, Renato Carneiro Campos, Austro Cos ta e João Cabral de Melo Neto. Para Fá ma Brayner o sig-ni ficado do Capibaribe faz parte da construção da cidade. “Essa con-s trução simbólica gera uma idendade da própria cidade, a iden da-de do recifense. Qual é a primeira imagem que você tem da cidade? É -a das pontes e dos rios”, conclui. A conexão com os rios começou a ser retomada nos úl mos anos com -a volta do rio como paisagem. A u
Gilberto Freyre, no Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife: “Nada mais natural que o fato de no Recife haver gente que adore a água. A cidade pode-se dizer que saiu de dentro da água como uma Iara. O rio está ligado da maneira mais íntima à história da cidade. O rio, o mar e os man gues. Assassinatos, cheias, revoluções, fugas de escravos, assaltos de bandidos às pontes fazem parte da história do Capibaribe a história do Recife.”
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O mangue, segundo Brayner, é resultado de um replantio margem do Capibaribe está sendo ocupada, a exemplo da beira-rio na Ilha do Leite. RESGATE FÍSICO “Emergência! Um choque rápi do ou o Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o co ração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O modo mais rápido, tam bém, de enfartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cida dãos? Como devolver o ânimo, des lobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e es mular o que ainda resta de fer lidade nas veias do Recife.” O primeiro manifesto Caranguejos com Cérebro do Manguebeat, es crito em 1992 pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, faz uma crí ca ao abandono dos rios e estuários reci fenses. Dez anos depois, a situação não é muito diferente. Para entender o estado do Capibaribe atualmente a engenheira ambiental Fá ma Bray ner levanta dois aspectos importan tes desse diagnós co e possíveis solu ções para a poluição nos rios e para a 46 >
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questão do mangue. Apesar da parcela de culpa que as indústrias têm na poluição do rio, Fá ma Brayner explica que a maior contribuição para a péssima qualida - de do rio Capibaribe é o esgoto. Ain da segundo a engenheira, vários prédios de classe média/alta estariam -jogando o esgoto no rio. Uma solução seria que os prédios incorporassem -o tratamento primário do esgoto. “Com a tecnologia que existe é mui to simples. O custo não tem nada de outro mundo, é tudo absolutamente normal”, afirma. - Ainda que pareça utópico, o -Recife já chegou a ter quase toda a sua área saneada em 1910, quando o engenheiro Saturnino de Brito fez a implantação do sistema de esgota mento sanitário e melhorou a saúde pública com foco no sanea mento. Entre as décadas de -1920 e 1970 houve pouco inves mento e em 1970 ape nas 22% da cidade era sane -ada. Nos 32 anos seguintes a área saneada (coletada) pra camente duplicou, chegan do aos 40% atuais, ainda que -menos de 10% seja tratada. - Em 2025, as 14 cidades -da Região Metropolitana do Recife (RMR) e Goiana po -
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derão viver uma realidade parecida com o Recife de 1910. Em maio, o governador Eduardo Campos as sinou o edital para uma Parceria Público-Privada (PPP) que irá sanear toda essa região. A previsão é que as obras comecem no primeiro semes tre de 2013. A segunda problemá ca apresen tada pela engenheira ambiental é a questão do mangue que acompanha o Capibaribe, que, para Brayner, está no lugar errado. “O mangue está todo na beira do rio. Ele tem uma impor tância grande por ele reter os sedi mentos, então quando ele começa a se mover, carrega esses sedimentos. A espécie que foi usada no replan o faz um papel inverso do que se quer. Como o rio daqui é um estuário, ele faz os dois movimentos, de entrada e
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de saída. Então, o que o mangue plan tado nas margens do rio está fazendo hoje é acumulando lixo, porque cada curva daquela tem o que a gente cha ma de pontos mortos do rio”, diz. Esse replan o foi feito, segundo Brayner, com as duas espécies que são as mais resistentes à poluição, as sementes se deslocam com muita ra pidez e se fixam muito rapidamente, além de ter um crescimento muito rápido. “Isso não exis a, foi plantado, nunca exis u. Essa é a distorção. Foi na época de Jarbas. Para mim o mangue que tem que ser preservado é o do Pina. A preservação dessa área é mui to importante pela questão das águas, o Recife é uma cidade de águas”. Os mangues cresceram e em muitos pontos da cidade já não per mitem a visão direta do rio. Para a engenheira ambiental, o perigo de deixar o mangue crescer chega a pas sar por uma questão de segurança. “Quem anda ali sabe, é uma floresta. Mas todo mundo fica ofendido com essa ideia. Se não vai re rar, pelo menos manter o mangue em uma altura
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Fátima Brayner: “O rio não está morto, é um rio vivo” razoável. Não se vê mais o rio”. Recentemente, o Governo do Es tado anunciou a dragagem do Capiba ribe para torná-lo navegável, e, entre as ações, está prevista a re rada de uma parte da vegetação das margens. O paisagista Luiz Vieira sugere que o mangue seja re rado da parte históri
ca da cidade “Na Casa da Cultura, por - exemplo. Mas ele pode ficar na parte -mais larga, perto da Prefeitura do Recife e da Polícia Federal. Ali não é man guezal, é mangue. Manguezal é um ecossistema, como o de Boa Viagem. O Capibaribe precisa voltar a ser rio. O -rio não é mangue, o rio é rio”, afirma.
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Os ensinamentos de Bogotá e Medellín SEGURANÇA| Duas das maiores cidades colombianas podem ser um bom exemplo para o Recife
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esta era de fluxo intenso de in formações, o compar lhamento de experiências têm se mostrado uma tendência. Um exemplo é o TransMi lenio, sistema de Bus Rapid Transit (BRT) de Bogotá, na Colômbia, que foi adaptado dos curi banos. Agora é o Brasil quem está copiando inicia vas colombianas, a exemplo do Rio de Janeiro, que está implantando biblio tecas-parques nas comunidades mais pobres da cidade. O Recife, por sua vez, já trocou experiências com Amsterdã no rXa, que teve como resultado um planejamento de longo prazo para a cida O TransMilenio é um dos sistemas de transporte mais ecientes do mundo de. Agora, o Recife pode aprender com duas cidades colombianas que chamaram muito a atenção: Me A mudança começou em 1995, fizeram uma verdadeira revolução dellín e Bogotá, na Colômbia. Nes - com a eleição do filósofo e mate urbana. Na mais recente reunião da ses úl mos seis anos eu já fui lá 12 má co Antanas Mockus. Depois do série de debates O Recife que Pre vezes e fico muito encantado com planejamento traçado pela gestão, cisamos, inicia va do Observatório os resultados dessas duas cidades”, sucessores ao cargo de prefeito do Recife com o apoio editorial da explica. deram con nuidade e Bogotá co Revista Algomais, o tema Seguran Para perceber a mudança é meçou a alcançar as metas estabe ça foi abordado pelo administrador preciso entender o contexto. Há lecidas e hoje serve de referência de empresas Murilo Cavalcan , 20 anos, Medellín chegou a ter para as cidades. Hoje, a violência hoje especialista em polí cas pú uma taxa anual de 381 homicídios na cidade foi reduzida para 16 ho blicas de segurança. a cada 100 mil habitantes. Bogotá micídios a cada 100 mil habitantes, O interesse de Cavalcan pela também estava entre capitais as o TransMilenio é considerado o sis temá ca surgiu depois que a irmã, mais perigosas, chegando a 80 ho - tema de transporte mais eficiente Mosana Cavalcan , levou um ro micídios por 100 mil habitantes e o da América do Sul e Bogotá serve de durante um assalto, que a deixou tráfico de drogas era protagonista referência, assim como Mendellín. paraplégica. “Comecei a estudar nas duas cidades. Medellín chegou experiências exitosas no campo da a ter dificuldade para recolher os SOLUÇÕES violência e a viajar para conhecer corpos, tamanha violência. Se comparado à realidade dos essas realidades e duas cidades me
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colombianos há 15 anos atrás, o nha dois milhões por ano para to Recife é uma cidade com muitas das as despesas, até o pagamento possibilidades de mudança. Nos de funcionários”. úl mos anos a violência diminuiu, É importante que todos os po figurando, inclusive, um cenário no deres (Federal, Estadual e Munici qual a cidade é a única no Nordeste pal) estejam ar culados com o Po a conseguir minimizar os números. der Judiciário, Ministério Público, Mas ainda há muito o que ser feito. Polícia e Guarda Municipal. Em BoHoje, a taxa de homicídios no Recife gotá, por exemplo, eram feitas reu é de 40 a cada 100 mil, quatro vezes niões às segundas com o Presidente mais do que o índice recomendado da República, o prefeito de Bogotá pela Organização das Nações Uni - e o secretário de segurança para das (ONU). E, ainda que menor, a avaliar o que nha acontecido e segurança foi eleita como o quarto estabelecer polí cas para o futuro. principal problema da cidade em Apesar da cobrança que existe pesquisa do Ins tuto Datafolha. em torno dos governantes, é im Cavalcan alerta para a impor - prescindível que a sociedade par tância da integração de ações no cipe do processo de mudança da processo de mudança e diz acre - cidade, de dirigentes empresariais ditar que não existe solução única. a associação de moradores e grê “Não é só construir mais prisões mios recrea vos. Para Cavalcan , ou apenas fortalecer a polícia, o problema da violência não é um ações pontuais não vão resolver. problema só da polícia, mas um Até a questão da mobilidade está problema de todos, causado por A Biblioteca España, em Medellín, serve de exemplo relacionada com a questão da vio - fatores como desigualdade social, Bogotá com o governador Eduardo lência, pela questão das câmeras, pobreza, cidades mal cuidadas e Campos e ele foi conhecer um prepor exemplo. O TransMilenio só re - gestões desonestas. sídio que nha sido construído pela gistrou uma morte em cinco anos, Uma das principais filosofias prefeitura com uma alta autoridade passam pelo sistema diariamente dos prefeitos de Bogotá e de Me da polícia. Os dois foram revistados, 1,8 milhões de pessoas”, diz. dellín é “o melhor para os mais veram que deixar o celular na en Para que uma mudança como pobres”. Nas áreas mais carentes trada e colocaram a marca d’água a das cidades colombianas acon - estão localizadas as melhores esco no braço. São regras. Não importa teça, a primeira ação, segundo o las, bibliotecas, transportes públi a sua posição” administrador de empresas, deve cos, calçadas, parques e bibliotecas. Este presídio, que fica em Bo par r do prefeito para que ele as - “Tudo isso contribui para a cidada gotá, existe há 11 anos e não tem suma uma parcela de responsabili - nia e para o comportamento das nenhum histórico de drogas, arma dade sobre a segurança da cidade. pessoas nas ruas. A cidade tem que de fogo, fuga e nem rebelião. “Aqui A cons tuição colombiana, por gerar igualdade para as pessoas”, em Pernambuco proibiram a cons exemplo, prevê que a segurança afirma Cavalcan . trução de presídios dentro do perí seja responsabilidade do prefeito Para o administrador é impor metro urbano. É um reconhecimen e que seja tratada como uma das tante inves r também em ilumina to da falência do estado, presídio prioridades do mandato. “O prefei -ção pública de qualidade, mobili não foi feito para ter fuga e nem to do Recife, no úl mo ano, gastou dade e ordenamento urbano, mas, rebelião, arma de fogo ou drogas”, 35 milhões de reais no Carnaval. A em contrapar da, é preciso que as u afirma. Secretaria de Segurança Cidadã ga -regras sejam cumpridas. “Fui para
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PROPOSTAS A pedido do Observatório do Recife, Murilo Cavalcan elencou 15 propostas a par r da visão dele sobre o Recife e do conhecimento adquirido com as experiências em Bogotá e em Medellín. Acima das propostas definidas, o administrador elegeu como prioridade a recuperação das calçadas do Recife. Além de gerar se-
gurança – quanto mais gente na rua, menor será a violência – e acessibilidade, o calçamento foi eleito como o segundo maior problema da cidade (16%), ficando atrás apenas da Saúde (18%), de acordo com a pesquisa do Datafolha. Apesar das propostas, é importante que exista uma mudança na forma de pensar. Em entrevista à
Folha de São Paulo Enrique Peñalosa, que foi um dos gestores a reer guer Bogotá deixou a dica para os futuros prefeitos: “Devemos pensar em cidades para os mais vulnerá veis. Para as crianças, os idosos, os que se movimentam em cadeiras de rodas, para os mais pobres. Se a cidade for boa para eles, será tam bém para os demais”.
15 propostas para um Recife melhor 01. Polícia metropolitana com gestão da prefeitura - Em Bogotá a gestão da polícia é feita pelo prefeito. Embora a cons tuição brasileira não delegue esses poderes ao gestor da cidade, não há impedimento em fazer isso. O prefeito não teria um poder sobre a polícia, ele seria respon sável pela gestão e também em prover orçamento. Em Petrolina, por exemplo, a prefeitura alugou viaturas para a polícia; 02. Criar uma Casa da Jus ça - É um lugar que pode ter mediação de conflito, acesso à jus ça, apoio psico lógico e treinamento de jovens que estavam no tráfico, por exemplo; 03 . Criação da secretaria de segurança cidadã e de valoriza ção da vida – É importante que a secretaria tenha um orçamento robusto, Recife tem um índice de homicídio de 40 para 100 mil e se coloca para a cidade um orça mento de dois milhões para toda a secretaria; 04. Parte do orçamento de publicidade para a difusão da cultura da paz - gasta-se muito dinheiro com publicidade, mas nada disso é voltado para a cul tura da paz; 05. Disciplinamento de horário de funcionamento de bares e similares – É impossível ter uma polícia eficiente em eventos que começam às 20h da noite e ter minam a qualquer hora. Uma cidade tem que ter regras. Não podem ficar funcionando bares 50
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e similares até 6h da manhã. Bo gotá fecha tudo às 3h da manhã. Depois, o prefeito colocou metas para o bairro e afrouxou um pouco, colocou para as 5h da manhã mas quando a violência voltou a aumentar voltaram a fechar às 3h da manhã novamente. É o preço que a gente tem que pagar para ter uma cidade civilizada; 06. Ordem pública em toda a cidade – Tem lugares no Recife que tomaram conta da calçada e colo cam até a placa de estacionamento priva vo. É um absurdo, a calçada é de todos; 07. Bibliotecas públicas em áreas pobres – Antanas Mockus conta que fez a votação do orça mento par cipa vo para saber o que a população queria e biblio teca não estava entre os tópicos. No segundo mandato ele acabou com o Orçamento Par cipa vo e criou mega bibliotecas dentro das comunidades; 08 . Recuperação das praças, parques, campos de futebol na periferia da cidade - Bogotá tem 4 mil praças e parques; 09. Iden ficação com a placa da moto no capacete e no colete do condutor - Não se gasta nada para isso. Lá em Bogotá todo mundo tem que usar. O número de roubo de motos caiu, porque teriam que roubar também o ca pacete e o colete e caiu também o número de acidentes; 10. Criar um mapa de violên cia da cidade com todos os dados
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Murilo Cavalcanti propõe mudanças -
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econômicos das ví mas - Obter e oferecer informações confiáveis transparentes para a popula ção. É importante que a prefei tura tenha informações como: Quem? Onde? Estava emprega do? Quem matou? Era do bairro onde aconteceu? Era de um bair ro distante? Tinha problema com a polícia? Era usuário de drogas? Etc. Quando uma pessoa morre em Bogotá e em Medellín a pre feitura tem uma força-tarefa só para levantar essas informações. São dados sociais que são usados para determinar polí cas sociais para aquele lugar onde ocorrem os maiores índices de violência; 11. Mediador de Conflito em todas as escolas da rede munici pal de ensino. Ele pode ser um professor ou um funcionário; 12. Atenção aos grupos vul neráveis: pros tutas, moradores de rua e usuários de drogas; 13 . Não armar a Guarda Municipal nem a CTTU - Tenho conversa do muito com os secretários de se gurança, os de São Paulo e Londrina só veram problemas. Eles querem ser polícia sem ser e não tem uma legislação para punir o guarda. A Guarda Municipal tem que ser uma guarda patrimonial, eles podem aju dar muito na segurança da cidade; 14. Plano especial para o centro da cidade com a revitalização das calçadas; 15. Programa de combate à violência com recursos, metas e integração com as secretarias.
Um outro olhar para o Recife PAISAGISMO | Arquiteta do Laboratório da Paisagem, da UFPE, propõe uma nova forma de ver a paisagem
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ma forma diferente de ver a ci dade é o que propõe a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro. A maneira que ela enxerga a cidade destoa em dois pontos da visão comum. O primeiro é a opinião de que o Recife não pre cisa de áreas verdes, mas de atenção para cuidar dos espaços já existentes como praças, parques e jardins. E essa preservação não pode ser apenas res ponsabilidade da prefeitura, é preciso que a população se mobilize por esses equipamentos públicos. A arquiteta faz parte do Laboratório da Paisagem, parte da pós-graduação e da graduação do cur so de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernam buco, que foi criado em 2000 com o livro “Espaços Livres do Recife”, que foi uma pesquisa feita em par ceria com a Prefeitura do Recife. Ana Rita Sá Carneiro apresen tou na sé ma edição da série de debates O Recife que Precisamos a palestra “Em busca da conservação da paisagem do Recife”. Os encontros vem sendo promovidos pelo Observatório do Recife (ODR) e contam com o apoio editorial da Revista Algomais. O segundo ponto de vista inco mum trazido pela arquiteta se refe re à paisagem, ou melhor, à forma de ver a paisagem, como explica Ana Rita: “Eu acredito que seja esse olhar paisagís co o que está faltan do no planejamento. A gente sente que ele exis u em alguns momen tos, nos séculos XVII, XIX e começo
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Para Ana Rita falta cuidar do que já existe do século XX, mas depois parece tural, incluindo áreas históricas e que isso foi sendo esquecido. A nos - paisagens culturais. sa proposta é que se volte a ver o Segundo a arquiteta, a imporRecife com esse olhar”. tância de planejar as áreas verdes O próprio conceito de paisagem é que elas sejam integradas. “A vai além do que é repe do na geo - cidade é rica em canais, foram 66 grafia. Mais do que um conjunto canais cadastrados pela prefeitura. de elementos sicos e materiais, a O que exis a era o sistema de parpaisagem é definida pela Conven - ques, praças, arborização de ruas ção Europeia da Paisagem como e a ligação com os canais. Tudo sen mento, emoção, sensibilidade. interligado, isso sim seria um pla É um envolvimento das pessoas nas no verde para a cidade. O rio é um decisões que afetam o seu territó - grande elemento estruturador da rio. Nesse sen do, a conservação paisagem no Recife”. também tem um sen do mais es O Rio Capibaribe é a nossa “l-i pecífico. São ações para prolongar nha de força”, conceito presente a vida do patrimônio cultural e na - no livro Paisagem Urbana, de Gor-
don Cullen, publicado em 1961. U lizar essa caracterís ca, segundo Ana Rita, é uma preocupação que o planejamento deve ter. “Essa ‘linha de força’ é o que marca, é o que diferencia uma cidade da outra, a gente precisa dar ênfase à água no planejamento”. Além da integração com o rio, é importante o pensamento de que a paisagem engloba não apenas a cidade, mas toda a região metropolitana. “Precisamos ligar os verdes da cidade aos da região metropolitana, não pode ficar só no Recife como uma ilha”. A paisagem tem um valor espiritual também que muitas vezes é esquecido. Em 2008 aconteceu em Quebec, no Canadá, uma reunião onde foi assumida uma declaração com princípios da preservação do espírito do lugar – spiritu loci. Sob esta ó ca, são tombadas as paisagens e as tradições pelo valor que a população dá. O contato da população com as paisagens é um dos fatores que podem gerar afeto pelo lugar. “Por que não criar mirantes, por exemplo, no Rio Capibaribe, para as pessoas se debruçarem mais,
assim que houver o tratamento do de cidade, nha um planejame-n rio? É importante ter pontos que to e um projeto de parque. Havia permitam a visualização da cidade, preocupação com os eixos, com lugares onde você possa desfrutar a questão da paisagem. O Parque disso, aí você começa a ter amor de Friburgo nha, além do palácio, pelo lugar”, afirma a Ana Rita. viveiros de peixe, pomar, alameda Para entender como se pensar de coqueiros, enfim, era um jardim e se conservar uma paisagem é de caráter u litário e decora vo preciso voltar para a história. Para em uma ponta estratégica de onde a arquiteta, o passado é um pon - se via Olinda e se vê Olinda ainda to de relevância, tão importante hoje. que todos os trabalhos realizados Depois de destruído, o Palácio pelo Laboratório da Paisagem tra- de Friburgo ficou na memória dos zem esse resgate histórico. “É por recifenses e outra inicia va de paiisso que a gente voltou para o pla- sagismo tão forte quanto a primei no diretor da Cidade Maurícia e ra só aconteceria em 1935, quando viu que Maurício de Nassau já no Burle Marx chega ao Recife e passa século XVII faz um projeto de -Ci a integrar uma diretoria de arqui dade Maurícia e cria o Parque de tetura e urbanismo junto com o Friburgo,lugar que hoje é ocupado urbanista A lio Correia Lima e com pelo Palácio das Princesas. O Palá- o arquiteto Luiz Nunes. Na época, cio, voltado para o Rio Capibaribe, havia a compreensão de que a ci nha no parque um planejamento dade precisava ser discu da denque permi a uma visualização de tro da arquitetura, do urbanismo e pontos importantes e mirantes”, do paisagismo. explica. Burle Marx traz uma filosofia Na época já exis a a preocupa- diferente, uma filosofia de jardim, ção com os mirantes, por exemplo: de paisagem com a influência dos como era que se avistava, do Palá - jardins botânicos da Alemanha, cio de Friburgo, o Palácio da Boa país que ele conheceu e viveu dois Vista – que era a outra residência anos antes de chegar ao Recife. de Nassau. Ele nha um projeto Aqui ele atua no planeja-u
Reconstituição do Palácio de Friburgo feita pela arquiteta Liana Mesquita 2012 outubro >
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mento como diretor de parques e jardins pelo Governo do Estado de Pernambuco. Está sendo feito um inventá rio dos jardins de Burle Marx no Recife pelo Laboratório de Paisagismo. Entre públicos e privados, são aproximadamente 50 jardins, número ainda em processo de verificação. “Esse inventário é uma inves gação de todos os eleme-n tos do jardim, sempre do ponto de vista histórico. É uma história do jardim nos mínimos detalhes”. No tempo que ficou no Recife o paisagista fez modificações na Praça Arthur Oscar, no Largo das Cinco Pontas, Praça Dezessete, Praça
da República e Jardim do Campo das Princesas. As Praças Maciel Pinheiro, Euclides da Cunha, do Entroncamento, Farias Neves, de Casa Forte e Parque do Derby tem o desenho do paisagista. As Praças Chora Menino e Pinto Damos também veram desenhos feitos, mas a construção não foi a par r do planejamento feito por ele. A oportunidade de fazer a restauração dos jardins recifenses surgiu com a realização, em 2002, de um encontro nacional de pai sagismo. No ano anterior, a equ-i pe começou a discu r com a PCR a ideia de restaurar alguns jardins de Burle Marx e o aval veio depois
do convencimento sobre a impor tância do trabalho do paisagista e da presença, no ano seguinte, de estudiosos da paisagem. Em 2004 teve início a primeira restauração, que foi a Praça Euclides da Cunha
TOMBAMENTO Entre as lutas do Laboratório de Paisagem da UFPE está o pedido de tombamento de seis jardins - Praça do Derby, Praça Euclides da Cunha, Praça de Casa Forte, Praça da República e Jardim do Campo das Princesas, Praça Salgado Filho e Praça Faria Neves - que tem o desenho de Burle Marx, realiza do em 2008. O tombamento vem para pro -
Praça Euclides da Cunha Antes de começar a restaura ção exis am dúvidas sobre a exis tência da praça. Entre as desco bertas estavam cactos enormes, que o paisagista trouxe de viagens de estudo. Formado por um jar dim de cactáceas, a visão da praça reflete a aridez do sertão e traz, na escultura de Abelardo da Hora, o vaqueiro simbolizando a região. Ana Rita conta que, na restau ração, foram re radas 25 árvores doentes do canteiro central com o parecer do botânico e foram implantadas 48 na periferia, nos anéis da praça. Muitas destas plantas não faziam parte do proje to original previsto por Burle Marx e teriam ido parar na praça depois da enchente de 1975, quando, depois de alagada, passou a ser vir de moradia para os mendigos. As sementes das frutas que eram
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- jogadas na praça deram vida às - novas árvores, que não combina - vam com a proposta inicial para a praça. Frases como “aquela praça é - abandonada” não surpreendem a paisagista. Por não conhecer a história muitos não entendem a mensagem que Burle Marx quis passar. “Ela não é abandonada, - ela retrata a região do sertão. Bas ta ler “Os Sertões”, mas a popula ção não entende. Ele (Marx) quis fazer uma grande provocação para as pessoas se preocuparem. Ali era onde ficavam os grandes -casarões da Benfica, os grandes proprietários de terra. Isso foi um ato polí co, a gente tem que ren der essa homenagem a essa cora - gem, essa irreverência. Quando a gente é despertada pela história a gente começa a ver as coisas.
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Praça Faria Neves A Praça Faria Neves, que fica no bairro de Dois Irmãos, também foi restaurada. Antes do processo, estava servindo de estacionamento para veículos, principalmente ônibus e caminhões que visitavam o Zoológico de Dois Irmãos. Com a mudança, o local voltou a ser uma praça, e, na opinião da paisagista, uma praça muito bonita. “A gente não nha o projeto original, nós recuperamos a par r de ves gios, dos discursos de Burle Marx e dos desenhos dele. Mas não nha planta baixa do projeto, então as pessoas que moravam ali na Vila do Beberibe, an ga Compesa, desenharam pra a gente no chão como era essa praça. Isso é o espírito do lugar”, relembra.
teger jardins como o da Praça Euclides da Cunha. A construção de prédios no entorno da praça pode ser extremamente prejudi cial para a vegetação árida pela sombra gerada pelo edi cios. Em Casa Forte, essa situação já é rea lidade. Os espigões bloqueiam a passagem do vento e geram um microclima prejudicial à vegeta ção do local. Além dos tombamentos, ou tras duas inicia vas vão ajudar a recuperar a área verde da cidade: o projeto restauração da Praça Salgado Filho, que fica em frente ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, já está pronto na PArefeitura e em discussão no Ministério _Público e a proposta de criar uma praça d’água na Pra ça da República, que já foi aceita. A proteção desse polígono deve guardar as possibilidades visuais de paisagem que a região possi bilita.
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O jardim da Praça de Casa Forte está na lista do Laboratório de Paisagem
Muitos problemas parecem complicados e sem solução. Até chegarem a nossas mãos. A Deloitte é referência em consultoria e auditoria no Brasil e no mundo. E isso é resultado do esforço para encontrar as melhores soluções de negócio e de seu comprometimento com o desempenho de seus clientes. Isso é o que faz a Deloitte ser líder. Isso é o que faz a Deloitte ser a Deloitte.
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cidade
Não existe fórmula para mudar cidades Exemplo de Bogotá foi discutido por quem procura soluções para melhorar a capital pernambucana Luiza Assis
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esde fevereiro deste ano a série de debates “O Recife que Precisamos” vem procurando entender como é esta cidade e o que é necessário fazer para melhorá-la. Um dos principais exemplos adota dos, tanto pelo contexto social quan to pelo histórico, foi a capital da Colômbia, Bogotá. A cada debate foram levantados temas como o centro do Recife, o Rio Capibaribe, os espaços verdes da cidade, mobilidade, desor dem urbana e planejamento a lon go prazo. Estes pontos surgiram em cada discussão separadamente, mas a ideia de que a cidade precisa mudar de forma conjunta sempre esteve presente. No dia 15 de outubro o encontro teve a presença do especialista em mobilidade urbana Ricardo Monte zuma, assessor do prefeito Antanás Mockus, governante que deu início ao processo de mudança da cidade. Mas de onde vem a necessidade de entender experiências como a de Bo gotá? Antes de mais nada, é preciso entender que a capital colombiana é uma cidade muito maior que o Reci fe, são 7 milhões de habitantes dis tribuídos em 35 mil hectares. São um
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milhão de carros nas ruas de um país que tem uma história política violenta, marcada por uma guerra contra o narcotráfico. Apesar da fama do Recife de ser uma cidade megalomaníaca, é evi dente a diferença entre estas cidades. Somos 1,5 milhão de habitantes com 692 mil carros particulares nas ruas de uma cidade de 218 km². Além das características territoriais e habita cionais, a transformação colombiana aconteceu em um momento de crise econômica em um país que tem um Produto Interno Bruto (PIB) muito
mais baixo que o Brasil: 331 bilhões de dólares enquanto o brasileiro é de US$ 2,4 trilhões. Como então tirar proveito de realidades tão diferentes? Para Mon tezuma, apesar de ser um exemplo muito interessante que vem inspi rando outras cidades da América La tina e do mundo, existem muitos mi tos sobre como se muda uma cidade. “Obviamente a realidade não coin cide com nenhum (dos mitos). Um deles é o de que uma pessoa mudou tudo em três anos. Isso é impossí -
EXPERIÊNCIA.AUTORIDADES E ESPECIALISTAS CONHECERAM EXPERIÊNCIA COLOMBIANA
BOGOtÁ 7 MILHÕES DE HABITANTES, 35 MIL HECTARES, UM MILHÃO DE CARROS NAS RUAS
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vel”, afirma. A mudança de Bogotá, segundo o colombiano, é particularmente significativa porque se dá em duas estruturas da cidade no espaço de uma década: social – na men talidade, na cultura e no compor tamento dos cidadãos que ele julga necessário para que uma cidade se transforme – e uma transformação tradicional - já conhecida, espacial, física, material e de infraestruturas. CONTEXTO. A história desta nova cidade começa em 1991, com uma nova Constituição. Montezuma ressalta que até então os prefeitos eram eleitos pelos presidentes e governadores, que passaram a ser eleitos pelo povo. “O primeiro passo, e, para mim, o mais importante, é a lideran ça pelas pessoas. É triste dizer que é a liderança individual, porque não é mais o caso da Colômbia a lideran ça de um partido e muito menos de uma ideologia. É a liderança de uma pessoa que constitui uma equipe que terá capacidade de gestão pública efetiva. Afinal, além de um líder e de boas ideias a gestão requer a ca pacidade para transformar as ideias em realidade. Não houve apenas a transformação cultural e social, mas também de muitos setores da gestão pública”. O prefeito que começou a mu dança foi o filósofo, matemático e físico Antanás Mockus, que gover nou entre 1995 e 1998. O mandato de prefeito na Colômbia tem duração de três anos e não há reeleição. O suces sor foi o economista Enrique Peñalosa, entre 1998 e 2001; Mockus volta para o cargo em 2002 e governa até 2004. Em 1995, quando Mockus assu miu, a situação de Bogotá era caótica: o engarrafamento da cidade chegou ao ponto de a velocidade média ser 5km/h. A cidade estava totalmente bloqueada, a cada dia ocorriam quase dez mortes violentas, quatro destas em acidentes de trânsito. A capital chegou a ensaiar uma saída com um sistema de bondes, e, posteriormente, com um sistema de empresa pública que administrava os ônibus, mas ambos fracassaram. A segurança também estava entre os problemas mais graves para a Colômbia, e, prin 46
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RICARDO MONTEZUMA
O cliente é o cidadão e ele tem que estar satisfeito” cipalmente, para Bogotá e Medellín. Em 1994, Bogotá tinha 70 mortes violentas por 100 mil habitantes. Se o índice da capital colombiana fosse comparado com a lista atual do es tudo do gabinete de Drogas e Crimes da ONU, Bogotá só perderia para dois países: Honduras (91,6) e El Salvador (69,2). CULTURA CIDADÃ. Para a mudança, Mockus buscou durante os dois man datos a transformação das mentali dades e da cultura da cidade a par tir de um conceito chamado cultura cidadã, que é buscar a corresponsabilidade entre todos os cidadãos e a autorregulação. Montezuma explica que a ideia surgiu na campanha de Mockus em 1994: “Ele não era um político, ele era um acadêmico, reitor da universidade. Então ele disse: A cidade de Bogotá não vai ser mudada pelos políticos. Os políticos demonstraram a incapacidade para melhorar essa cidade. Os únicos que podem
mudar a cidade são os cidadãos, mas, para transformá-la, é preciso que os cidadãos também se transformem”. Essa transformação passava pela própria relação dos moradores com a cidade. Por ser a capital, Bogotá tem muitos moradores de todas as partes do país, pessoas que não nasceram lá e que, por esse motivo, não tem uma relação de pertencimento com a cidade – situação semelhante à de São Paulo. Para mudar este comportamento, Mockus fez uma prefeitura totalmente atípica que concentrava a ação nestas campanhas. A cultura cidadã prevê que os colombianos tenham o senso de cor responsabilidade, ou seja, todos são responsáveis pelos seus atos e tam bém pelos atos dos demais, seja por ação ou por omissão. Aconteciam exercícios simbólicos para sensibilizar as pessoas a manifestar-se pelas ações das outras pessoas. Em uma das ações, por exemplo, foram criados cartões, como os dos árbitros de futebol e foram distribuídos pela cidade para que os moradores pudessem reprovar ou aprovar o comportamento das pessoas nas ruas. MENTALIDADE. A forma diferente de pensar não foi proposta apenas pela Cultura Cidadã, mas também foi aplicada na própria prefeitura. Com o problema de insegurança, os cidadãos pediam mais policiais nas ruas. Montezuma conta que Moc kus escolheu não colocar mais policiais nas ruas de Bogotá por preferir a qualidade antes da quantidade. “O discurso do prefeito foi de que ele preferia 12 mil policiais bem equipados, bem pagos, com bons veículos, uniformes e meios de comunicação a ter 20 mil policiais corruptos, mal reformados, mal comunicados e sem veículos”. Neste caso existe uma outra diferença entre o Brasil e a Colômbia: os prefeitos colombianos são responsáveis pela polícia e tem dinheiro para investir. O futuro prefeito do Recife, Geraldo Júlio, se reuniu com Ricardo Montezuma e destacou a impor tância da prefeitura na problemática da segurança. “Essa visão de que o combate à criminalidade cabe ape nas ao Governo do Estado caducou.
Bogotá, Medellín e Nova Iorque são alguns exemplos de como o poder público municipal pode atuar com sucesso no combate à violência”, afirmou. A decisão de Mockus foi enviar os 13 mil policiais para as universida des de Bogotá para aprender alguns temas que eles não aprendem na academia de polícia como: Cultura Cidadã, Direitos Humanos, Relações Pessoais e Relação com o Cliente. Afinal, como explica Montezuma, “o cliente é o cidadão e ele tem que estar satisfeito”. GESTÃO. A gestão pública também passou por uma revolução. Os gover nos trabalham com temáticas – educação, saúde, transportes etc - e cada secretaria tem muitos projetos. O problema está no fato de que muitas vezes os departamentos – não apenas da Colômbia, mas em várias outras cidades - não dialogam e fazem políticas separadas, além de existirem divergências entre os grupos que -li deram cada secretaria. Para resolver essa falta de comunicação os núcleos
EDUCAÇÃO .AÇÃO DE MÍMICOS ,QUE CORRIGEM AS ATITUDES NO TRÂNSITO
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foram divididos em grupos por -ob jetivos que todas as pastas deveriam cumprir: cultura cidadã, segurança, espaço público, progresso social, urbanismo e legitimidade institucional. Foi estabelecido que cada secretário precisaria cumprir tanto as prio ridades quanto os objetivos gerais citados acima. No final do ano há uma avaliação para cada secretário e se ele não conseguir cumprir as metas, outro assume o cargo. “É uma ques tão embasada em metas e resultados, em um segmento bastante exigente. Mockus era um acadêmico que bus cava como a prática poderia trazer o conhecimento e como o conheci mento poderia ser aplicado na práti ca”, explica Montezuma. Na gestão de Mockus houve- in versão na maneira como os impostos eram gastos. Ricardo conta que a prefeitura gastava muito, principalmente mantendo funcionários públicos que se acomodavam por ter um cargo público. Mas o ex-prefeito de Bogo tá mostra que a prefeitura não é uma máquina para dar estabilidade, mas uma máquina para administrar a ci dade e, então, se busca a eficiência da gestão pública desaparecendo o ma nejo político e a burocracia nos pos tos de trabalho. Assim, esse dinheiro passa a ser revertido para a cidade. A preocupação da transparência pública de Mockus e da determinação em criar a consciência cidadã reflete atualmente na prisão do último pre feito de Bogotá por corrupção. “Ele roubou vários milhões de dólares e, hoje, felizmente, existe uma pressão da população para que ele seja julga do, condenado e que se possível o dinheiro seja recuperado”, conclui.
mero de mortes está diretamente relacionado ao álcool. “O álcool é um detonador que, associado a uma arma de fogo ou a alguma outra arma é muito perigoso, assim como associado à condução de um veículo. Então Mockus vai ser muito drástico e vai tentar limitar o consumo de álcool na noite dos fins de semana. Ele gera uma lei seca a partir da 1h da manhã. Isso foi terrível, totalmente impopu lar, todo mundo pedia a cabeça de Mockus porque na Colômbia a ativi dade social mais importante é dançar. E dançar sempre está associado ao álcool, assim como à música”, lembra. Ainda que a reação tenha sido negativa, a lei seca conseguiu alcançar resultados e reduzir muito fortemente as mortes violentas aliada às campanhas de conscientização, maior atenção nos hospitais e uma mudança da relação entre os moradores e a polícia. A instituição deixa de ser vista como corrupta e negativa dentro da socie dade colombiana e passa a ser uma das instituições mais valorizadas, inclusive quando comparada às polícias de outros países da América Latina.
MOBILIDADE. O prefeito Enrique Peñalosa trabalhou durante a gestão a recuperação do espaço físico dando prioridade ao transporte público e investindo na construção de milhões de metros quadrados de calçadas, pra ças, alamedas, espaços de qualidade para bicicletas, e, por último, criando um rodízio para os automóveis. “Era pouco desenho urbano, pouco dese nho paisagístico, quase sem nenhu ma alternativa para os pedestres, a terceira idade, as crianças, deficientes físicos e bicicletas”, lembra Montezuma. OUSADIA. Para poder diminuir a vioA saída de Peñalosa foi fazer a eslência, Mockus perguntou à polícia trutura veicular sem impactar na ci onde, quando e como as mortes vio dade, na paisagem e, sobretudo, para lentas aconteciam e, para levantar permitir a ação de todos os atores da esses dados foi criado em 1995 um mobilidade. O Transmilenio, sistema observatório da violência e do delito. de Bus Rapid Transit (BRT) de Bogo A primeira conclusão foi que a cidade tá, surgiu em três anos, inspirado no inteira não é perigosa, também exismodelo de Curitiba. O importante, tem lugares muito seguros. Depois segundo o especialista em mobilida de descobrir o onde, o levantamento de, é o conceito de dar prioridade a mostrou que a maioria dos cidadãos essas pessoas no melhor espaço da morriam nos fins de semana, princirua, com a melhor qualidade possí palmente à noite. vel. A qualidade do BRT também é O colombiano explica que o nú vista nas calçadas, nas praças e nos 48
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parques porque o conceito paisagísti co e humanístico do sistema não se faz para o ônibus, mas principalmente para os pedestres, como o centro da prioridade do transporte público. O Transmilenio, além de ter elevado a confiança na cidade e no governo mu nicipal, hoje serve para inspirar outras cidades. Nos últimos 10 anos foram feitos mais de 100 BRTs no mundo, todos inspirados em Curitiba, mas o detonan te, segundo Montezuma, foi Bogotá. “Jaime Lerner (prefeito que implantou o BRT em Curitiba) disse que era a pessoa mais feliz com o Transmilenio porque era a prova de que é possível fazer em qualquer parte”. Inclusive no Recife. Geraldo Júlio diz acreditar que é possível trazer a experiência da capital colombiana para a cidade. “Bogotá e Recife guardam muitas semelhanças e muito do que foi feito lá pode ser aplicado aqui. O Transmi lenio é um grande exemplo disso: um moderno sistema de transporte público integrado e feito através de BRTs, modelo idêntico ao que apresentamos durante a nossa campanha”, afirma. A preocupação das calçadas é outro
MODELO O SISTEMA BRT DE BOGOTÁ, ADMINISTRADO POR ENRIQUE PEÑALOSA (ACIMA) FOI ADAPTADO DA IDEIA APLICADA EM CURITIBA E SERVIU PARA INSPIRAR OUTRAS CIDADES DA AMÉRICA LATINA E DO MUNDO
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exemplo de Bogotá. Peñalosa ousou ao priorizar os pedestres e retirar os carros das calçadas. “Em Bogotá as calçadas estavam totalmente inváli das por causa dos carros e motos. O prefeito seguiu a tarefa de retirar os carros de todas as calçadas da cida de. Essa medida foi muito impopular. Aos bogotanos se pode tirar os bailes, o álcool, mas não o carro. Foi extre mamente impopular, mas o prefeito se manteve em uma linha de mostrar que, para a cidadania, era absoluta mente prioritário e necessário ter espaços dignos para se locomover a pé”. Para os carros foi implantado um rodízio nos horários de maior congestionamento podendo rodar antes ou depois da restrição. A medida foi feita de maneira que as pessoas não precisassem comprar outro carro ou moto. Assim, 85% das pessoas iam antes ou depois, 15% iam de táxi e alguns iam de transporte público. LIÇÕES. Ricardo Montezuma deixa claro que a mudança da cidade foi conjuntural e que essas mudanças são multissetoriais com uma grande base 50
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Um exemplo desta confiança no governo aconteceu durante a campanha de reeleição de Mockus (foto), quando lhe perguntaram se ele iria aumentar os impostos. Ele respondeu positivamente e cresceu nas pesquisas”
sociocultural. “Foi um feito maravi lhoso, os astros se alinharam, apa receram dois prefeitos muito bons, líderes, pessoas ousadas com muita coragem para fazer medidas impo pulares que logo as pessoas come çaram a dar valor e a apreciar. Esses prefeitos conseguiram fazer uma complementaridade entre a políti ca de mudança cultural e espacial. Nestes temas, não precisa inventar a roda, a roda já existe, já a inventa ram. Agora precisamos aprender com as experiências das outras cidades, compreender essas experiências e, o mais importante, adaptá-las. É pre ciso adaptar a cada cidade, a cada contexto”, afirma. O exemplo de Bogotá deve ser considerado notável pelo investi mento em cultura, e, ao mesmo tempo, em infraestrutura, além de fazer uma inversão no espaço público para os pedestres, ciclistas, transporte pú blico e até para os carros, mas dando prioridade principalmente para as pessoas e não aos veículos. Monte zuma ressalta a importância da confiança da população no governo, que só tem êxito a partir da legitimidade do setor público. Um exemplo desta confiança aconteceu durante a campanha de reeleição de Mockus, quando, em um debate, lhe perguntaram se ele iria aumentar os impostos. Ele respondeu positivamente e cresceu nas pesquisas. Quando eleito, não conseguiu colocar novos impostos porque os vereadores não concordaram e Mockus sugeriu um imposto adicional voluntário, ou seja, ao invés de pagar o imposto normal a pessoa pagaria 10% mais dos impostos e 10% dos cidadãos aceitaram contribuir. O recado de Montezuma é claro: não existe fórmula. “É preciso dizer que não existe receita, nem manual ou modelo para a mudança de uma cidade. Existem ideias que cada cidade pode adaptar. Mockus diz que o mais importante para melhorar uma cidade é você detectar qual é o vírus que prejudica a cidade porque para cada vírus existe um antídoto. A maior parte dos governos não se preocupa em descobrir os vírus, mas um antídoto que não conhece o vírus pode ser ineficiente”.
capa
O Recife que teremos No lançamento da Agenda TGI 2013 foi revelado projeto do Observatório do Recife que propõe soluções para a cidade Luiza Assis
N
ão há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso ama nhã”. Foi com essa frase do escritor Victor Hugo que o arquiteto Francisco Cunha finali zou a palestra de lançamento da 14ª Agenda TGI. Com o tema “Do mundo em transformação ao Reci fe que precisamos”, foi apresentado aos mais de 500 convidados o projeto que pretende mudar a forma de pensar a cidade para o presente e, principalmente, para o futuro. O pessimismo e o conformismo dos brasileiros em relação às pers pectivas futuras são claras, basta lembrar da frase que virou resposta clássica aos problemas que surgem: “imagina na Copa”. É esta falta de iniciativa que o projeto “O Recife que precisamos” tenta mudar. O inglês Alvin Toffler afirma que “ou você tem uma estratégia própria ou você é parte da estratégia de alguém”, frase que ilustra bem a situação vivida pela 34
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cidade. Preocupados com este Recife que faz parte da estratégia de vários agentes - menos dele próprio, por não ter estratégia alguma - e alertados pela fala da arquiteta Circe Monteiro: “Eu conheço poucas cidades que se autodestroem tão rapidamente quanto o Recife”, o Observatório do Recife se mobilizou realizando reuniões mensais para discutir a cidade e achar soluções para os principais problemas da metrópole. Com convidados que tinham propostas inovadoras, foram sen do levantados novos pontos de vis ta sobre os diversos problemas que assombram a cidade. Cinco eixos de atuação foram definidos: desor dem urbana, mobilidade, falta de planejamento de longo-prazo, o Rio Capibaribe e o resgate da história da cidade. A primeira concepção foi de que é possível mudar. Muitos não acredi tam na transformação pelo descrédito da população com a política, mas
o Brasil vive hoje um momento que poucos diriam ser possível há alguns anos: o primeiro presidente negro de um tribunal foi empossado pela primeira presidente mulher da história do país, que, por sua vez, foi eleita por um ex-operário, também eleito pela população. Duas vezes. Esta é uma prova de que o mo mento que estamos vivendo é dife rente. Além da mudança da socieda de, as redes sociais vem provocando burburinhos e gerando debates nos quais os jovens se mobilizam para lutar por causas da urbe, situação que ilustra o momento caótico que o Recife vive. De certa forma, a população está se conscientizando de que é preciso ter uma cidade diferente, e, mais importante que isso, é preciso que a sociedade perceba que é possível mudar. Isto é o que o “Recife que precisamos” vem tentando provar.
Controle urbano. Ainda que Per nambuco viva um bom momento econômico, Recife não estava – e não está – preparado para o ritmo de crescimento que foi aplicado, sendo,
assim – nas palavras de Francisco Cunha – atropelado pelo desenvol vimento. “O Recife é uma das cida des mais fotogênicas que eu conhe ço. Todavia, cada vez mais, o Recife é uma paisagem bonita só de longe, de perto tende a ser uma caricatura grotesca de cidade”, afirma Cunha. Esgoto sendo jogado diretamente nos rios que dão a beleza da cidade, insegurança, calçadas que dificultam a circulação, engarrafamentos que se comparam aos de cidades como São Paulo, super adensamento de determinadas áreas e, outras, pouco ex ploradas, perda de urbanidade e total falta de atenção com os equipamentos públicos. A cidade começou a en trar em colapso. Para o economista Sérgio Buarque, esta degradação se deve a uma combinação de fragili dade operacional da prefeitura e des controle urbano. Mas ainda há tempo para a mu dança, e, segundo o mote levantado pelo arquiteto Roberto Montezuma nos primeiros encontros d'O Reci fe que Precisamos, o problema é si nônimo de oportunidade. Este seria
então o momento de reestabelecer a ordem e de fazer o que a arquiteta Circe Monteiro – primeira palestrante da série de debates – chamou de “recall urbano”, fazendo uma alusão aos carros defeituosos. Para esta mudança, Sérgio Buarque diz acreditar que haverá - me lhoras pela preocupação do futuro prefeito Geraldo Júlio em fortalecer a Diretoria de Controle Urbano (Dircon). “É muito positiva a iniciativa de fortalecer a Dircon. Não adianta você ter o órgão, ter uma boa legislação de uso e habitação do solo se você não tem um órgão que controle. E tem que ser rígido, é a falta de urbanidade na cultura e falta de uma instituição que faça essa fiscalização”. “É indispensável retomar o controle urbano na cidade como medida prévia moralizadora e legitimadora para as demais iniciativas funda mentais. Se a prefeitura não retoma o controle urbano não tem condições de sequer fazer mais nada”, afirma Cunha. A preocupação com a qualidade de vida no Recife vai além dos pro blemas relacionados à própria estru tura física. A urbanidade, a vivência da cidade pelos cidadãos estaria se perdendo. O problema de seguran ça, por exemplo, pode ser associado a essa forma de viver a cidade em condomínios fechados e espigões. Assim, as ruas perdem a vigilância natural e se tornam mais perigosas, fazendo com que as pessoas evitem andar a pé, por exemplo.
Planejamento de longo prazo. Grande parte dos problemas que a cidade enfren ta hoje é causa da pela falta de planejamento de longo prazo de gestões passadas, aliada à falta de continuidade dos projetos entre uma prefeitura e outra. Em 2011, professores e alunos da Universidade Federal de Pernambu co (UFPE) se uniram, com o apoio do Conselho de Arquitetura e - Ur banismo de Pernambuco (CAU), a arquitetos e estudantes holande -
CIDADE SEGUNDO FRANCISO CUNHA "O RECIFE É UMA PAISAGEM BONITA SÓ DE LONGE, DE PERTO TENDE A SER UMA CARICATURA GROTESCA DE CIDADE"
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ses para debater projetos e soluções para a capital pernambucana. Deste encontro, que foi batizado de Recife exchange Amsterdã (rXa), foi criado um esboço de planejamento de longo prazo, com a meta de ser colocado em prática até 2037, comemoração de 500 anos da cidade. Partindo do fato de que o Recife é uma planície alagatícia, os arquitetos e estudantes se debruçaram sobre o mapa da cidade para criar alternativas que colocassem a água – extre mamente presente na cidade porém
entrevista
constantemente esquecida – em um patamar de destaque. A pesquisa gerou um conceito, chamado de “Árvore d'água”, no qual o projeto assume a característica aquática da cidade, composta por bacias, estuários, canais, rios e visualiza que os caminhos que a água percorre tem o formato de uma grande árvore. Este conceito permite que as frentes d'água da cidade sejam -va lorizadas. A partir desta ideia foi gerada uma sugestão de planejamento de longo prazo para o bairro de Boa
Viagem com o uso da ideia de “Bairros-parques”, ou seja, distribuir o verde pelo bairro na criação de novos espaços públicos que tenham contato com as águas e os mangues, reestabelecendo a relação dos habitantes com as estruturas naturais da cidade. Entre as preocupações do proje to desenvolvido no rXa estava criar não apenas um planejamento -vol tado para aspectos específicos, mas que conseguisse solucionar proble mas como habitação, mobilidade e meio ambiente de forma integrada.
Sérgio Buarque
Oitenta e cinco por cento da popu lação brasileira vive, atualmente, em espaços urbanos. A expectativa é de que em 2050 esse número suba para 93%. Nesta entrevista o economista Sérgio Buarque diz acreditar que o Recife vive um processo de inchaço por causa do crescimento desorde nado como consequência da falta de planejamento, principalmente na expansão da Região Metropolitana do Recife (RMR). Diante do crescimento econômico de Pernambuco, o que se pode esperar do avanço das cidades? Nós estamos caminhando para um adensamento da Região Metropolitana do Recife tanto para o oeste, com a Cidade da Copa, quanto para o litoral. A RMR vai ser altamente adensada, o que cria um desafio adicional para os gestores. Os últimos prefeitos do Recife pensaram apenas na cidade. Se o próximo fizer isso ele estará perdido. Por quê? Se você criar uma estratégia para o Recife sem contar com a RMR, você vai ser atropelado por este adensa mento que estamos tendo com os centros habitacionais no entorno e a industrialização do norte. Este adensamento vai fazer com que Recife, 36
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Alexandre Albuquerque
“O Recife está inchado”
Olinda e Jaboatão sejam receptácu los dessa dinâmica toda para o bem e para o mal. Acredito que o Recife vai terminar se beneficiando em alguns segmentos de maior valor agregado, principalmente serviços prestados às empresas. O senhor acredita que a nova gestão pode mudar esta forma de ver a RMR? Acho que Geraldo Júlio, que é um ho-
mem que tem uma cabeça de planejamento, está aparentemente sinalizando na direção de planejamento da cidade dentro de uma estratégia me tropolitana. Tem que existir uma par ceria entre os municípios e a criação de uma estratégia que não depende só do Governo do Estado, mas também dos prefeitos. Acho que ele tem que pensar em uma ação metropolitana e o Recife pode liderar esse movimento para uma estratégia que prepare a RMR para daqui a 20, 30 anos. A questão do transporte, por exemplo, não se resolve sem que haja esse engajamento na Região Metropolitana. Os prefeitos tem que se reunir, constituir um consórcio, definir uma estratégia da metrópole e partilhar ações que se complementem para melhorar o conjunto. Não adian ta cada um querer salvar a sua pele porque não tem fronteira. A fronteira está aberta, a população se desloca de um lado para o outro. Se é correta a minha hipótese de que vai haver um grande adensamento, em termos de serviço e de produção, será essencial um planejamento de longo prazo. So bre os governantes, é compreensível, são quatro anos para se reeleger, mas é preciso que eles incorporem ideias que fiquem para o futuro.
A visão de que os problemas são tratados de forma pontual é, segundo o economista Sérgio Buarque, um dos grandes entraves da cidade. “O Reci fe veio acumulando nas gestões passadas alguns muito bons projetos em termos de reordenamento do territó rio. Mas são dispersos. Tem um projetinho aqui, outro ali, mas não tem uma estratégia. Os gestores olham pedaço por pedaço, projeto por projeto, formando uma colcha de reta lhos que termina na sua síntese tendo um resultado pior do que se não -ti vesse feito nada. E isso não acontece apenas aqui, é uma coisa que ocorre no Brasil inteiro”.
Mobilidade. Se antigamente os países competiam entre si, atualmente a disputa é ainda maior entre as -ci dades, assim como o intercâmbio de experiências. A partir da globaliza ção as empresas tem opção de escolher entre um número muito maior de lugares para se instalar e investir. Desta forma se faz necessária a ca pacitação da cidade para estar mais bem preparada que as outras. Desta concorrência surgem ini ciativas importantes e, da comunica ção da aldeia global, novas formas de aprender com as boas experiências. As duas maiores cidades da Colômbia – Bogotá e Medellín - são exemplos a serem seguidos. A partir de uma mudança na forma de pensamento, as cidades conseguiram mudar a rea lidade em várias esferas. Enrique Peñalosa, um dos pre feitos que participaram da mudança da capital, deixou vários ensinamen tos como a necessidade de preparar a cidade para os idosos, crianças e cadeirantes, porque se a cidade for boa para eles será boa para os - de mais. Para isso, é importante mudar a mentalidade de favorecer o trans porte privado em relação ao público, às calçadas e às ciclovias. A calçada é considerada o primei ro degrau da cidadania, ela pertence a todos. Cunha lembra que a calçada é a grande via urbana e faz parte do sistema de transporte. “Nós não con sideramos isso”. E é usada por 70% da população do Recife. Cerca de 35% se deslocam pelas calçadas, ou seja, se deslocam a pé do lugar onde esta-
CUNHA. O RECIFE É UMA DAS CIDADES MAIS FOTOGÊNICAS QUE CONHEÇO
vam para o lugar onde pretendem ir, cerca de 35% usam o transporte público. Mas 80% das vias da cidade são ocupadas pelos 30% que usam car ros. Não podemos mais pensar daqui pra frente nisso como uma regra. A prioridade deve ser dada ao pedestre e ao transporte coletivo. Além de dar prioridade às -cal çadas, ciclovias e ao transporte pú blico de qualidade, Sérgio Buarque considera importante inibir o uso do transporte particular. “O que se vê é o contrário, há um incentivo para comprar carro. As duas coisas tem que correr paralelamente. Não adianta você fazer um e não fazer o outro. Eu acho que tem que ter um sistema que iniba a pessoa de sair com o carro para qualquer lugar. Seria necessária uma ação – aí entra o papel da prefeitura – numa estratégia de cidade, você desconcentrar as ati vidades econômicas. Está tudo concentrado em Boa Viagem e no Pina”. O número de automóveis no Re cife cresce alguma coisa como 5% ao ano; a população cresce menos de 1% ao ano; as motos crescem 17%. A área é a mesma e ainda tem o resto da região metropolitana, onde o crescimento de carros é semelhante. "Em 10 anos teremos a frota dobra -
da. Imagina dobrar a frota de carros da cidade. Não tem nem espaço. Tem que pensar no pedestre e ter uma visão mais abrangente da cidade," diz Buarque. Centro histórico. O historiador José Luiz da Mota Menezes defendeu, durante a apresentação no Recife que Precisamos, a recuperação do centro histórico – os bairros do Recife, de São José e de Santo Antônio – a partir da extensão do título de Olinda Pa trimônio Histórico da Humanidade para estes dois bairros. A ideia vem a partir da ligação histórica entre as duas cidades. O esvaziamento do Bairro do Recife se deu apartir da década de 1960, com a prostituição, a fuligem do vapor e a presença dos marinheiros que ocorreu com o remodelamento do porto. Além de poder promover uma requalificação estética na região, o tombamento traria recursos para atrair moradores. Além da revitalização do Centro, o projeto também prevê um resgate da história da cidade, conforme des taca Francisco cunha. “O que a gente precisa considerar é que não estamos tratando de uma cidade qualquer. O Recife não é uma cidade qualquer. Sempre foi um polo Algomais • DEZ/2012
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O Recife que precisamos Formadores de opinião opinam sobre a realidade da cidade e as expectativas para o futuro. Tendo em vista o bom momento da economia de Pernambuco, a preocupação com o Recife como ator desta mudança foi recorrente nas falas, principalmente em relação a pontos críticos como a violência, a mobilidade e o ordenamento urbano. Para trilhar este caminho surgiram sugestões como ter um planejamento de longo prazo, a conscientização a respeito de práticas que priviliegiem a coletividade e a desburocratização para a realização de projetos. Apesar da situação caótica na qual o Recife se encontra, é notável a esperança no potencial que a cidade tem para ocupar o espaço que merece: boa qualidade de vida para todos os moradores, desenvolvida economicamente, que valorize tanto a história quanto os recursos naturais, como o Rio Capibaribe.
muril O Caval Canti Kilsa rOCha ESPECIALISTA EM POLÍTICAS DE SEGURANÇA INTEGRANTE DO OBSERVATÓRIO DO RECIFE Recife corre o sério risco de virar a Medellin dos anos 90: mal cuidada, marcada pela violência, desordem urbana e falta de planejamento. Cabe ao novo gestor liderar um processo que leve a cidade a reverter esse ciclo de decadência, investindo fortemente em políticas integradas de mobilidade urbana, segurança cidadã e planejamento de longo prazo.
Aceitar a forma destruidora e predadora de ocupação e gestão da nossa cidade e considerar essa uma situação irreversível não condiz com a história de luta do Recife. O compromisso com a cidade é o grande exercício de democracia. A qualidade de vida diz respeito, principalmente, à coletividade. Apenas um amplo movimento político, mas não partidário, irá resgatar a consciência do cidadão capaz de de nir seu futuro.
ÂngEl O dE mEllO PRESIDENTE DA ABAP-PE
EduardO Catã O PRESIDENTE DA CDL RECIFE
hEnriQuE marianO PRESIDENTE DA OAB -PE
O desenvolvimento econômico que Pernambuco tem conquistado nos últimos anos apresenta grandes oportunidades também para o Recife, principalmente naquela que é a sua principal vocação: o setor de comércio e serviços. Mas precisamos preparar a cidade para receber as benesses do momento econômico do Estado, pois o crescimento não vem por sorte ou por gravidade.
Sem receio de cair no lugar comum, a rmo que o destino da nossa cidade é o desenvolvimento. Na educação, na saúde, na infraestrutura, o Recife tem que acompanhar o crescimento do Estado e do Brasil e se tornar a principal capital do Nordeste. Ruas limpas e seguras, transporte público de qualidade e escolas de referência. Isso não é só o que o Recife precisa, é o que o cidadão merece.
O Recife caminha para um futuro sustentável, onde a sociedade pensa de maneira consciente e trabalha junto ao poder público para fazer a cidade crescer. É importante que o Recife busque o seu desenvolvimento através de investimentos que gerem emprego e renda para a população. Mas todo esse processo deve buscar sempre o respeito aos princípios constitucionais da igualdade de direitos.
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antôniO Carl Os viEira PRESIDENTE DA SINAPRO
raymundO dE almEida DIRETOR-EXECUTIVO DA APESCE
O Recife deve caminhar na direção de um progresso sustentável. Um Recife com saneamento, mobilidade, transporte de qualidade e controle urbano. Caminhar na direção de um futuro com mais qualidade de vida, que corresponda ao aumento da expectativa de vida. Caminhar para ser uma cidade bonita de se ver, com ruas bem cuidadas, rios bem tratados, praias menos sujas. Um Recife que possa ser de todos e para todos.
Acho que o Recife deve ter uma só direção, que seria a humanização da estrutura urbana, visando o bem-estar e — por que não dizer? — a felicidade dos recifenses. A burocracia e o alto custo do aparato estatal são uma carga muito pesada. Muitos são os projetos e ideias, mas os recursos são sempre insu cientes. É necessário associar os grandes projetos estruturais a intervenções locais.
luiz FErnandO BandEira PRESIDENTE DA URBANA-PE
rOBErt O mOntEzuma PRESIDENTE DO CAU-PE
O Recife deve caminhar para que seja criada uma melhoria na infraestrutura pública de transporte tornando-a mais e ciente. Com essa melhoria, a classe media poderia passar a usar o transporte público, deixando o carro na garagem para ser usado nos passeios de m de semana. Assim, será possível ampliar o número de usuários, contribuindo para uma menor quantidade de veículos individuais na cidade.
O Recife pode e deve caminhar para alcançar uma meta para 2037, quando completa 500 anos: se transformar em protagonista internacional da renovação urbana com cultura cidadã do século XXI. Para isso, precisa de um projeto de cidade corajoso, com integração radical das políticas físicoambientais, econômicas e sociais. É preciso convidar e envolver a sociedade organizada nisso.
de atração do Nordeste, foi considerada durante muito tempo a capi tal do Nordeste, aqui vieram muitas pessoas para estudar, fazer a vida e a história da cidade é muito importante para o Brasil”. Na frente da Central de Artesana to, por exemplo, tem vários prédios completamente degradados que poderiam ser habitações (no Bairro do do Recife). Colocar as residências tem duas grandes vantagens: a pri meira é que se otimizam os recursos como energia elétrica, sistema de telefonia, estrada etc. A outra é que dá uma dinâmica maior ao local. A grande aposta deveria ser nessa dire ção. Como foi feito em Curitiba e em Bogotá. Precisa ter um investimento maior em infraestrutura, em segu rança, para que as pessoas arriscarem mais em termos de investimento.
Resgate do Rio Capibaribe. O Rio Capibaribe fez parte da vida das famílias recifenses até o século XIX, quando começou a modernização acelerada do Recife e, consequentemente, a ruptura da relação entre o Capibaribe e a cidade. Hoje, apesar de fazer parte de cartões postais que ilustram o Recife de cima, o rio perdeu parte da relação que tinha com os moradores. E, mesmo poluído e abandona do, não perdeu totalmente o vínculo sentimental com a cidade, que co meçou a “dar as costas” para ele. A poluição é causada principalmente pelo lançamento de esgoto nas águas do Capibaribe. Francisco Cunha diz acredi tar que a cidade precisa de um rio vivo integrado à cidade. “O Reci fe cresceu em torno do Capibaribe. Fátima Brayner, especializada em meio ambiente,diz que o rio ainda está vivo e que se quisermos é pos sível recuperá-lo em menos de uma década. Restaurar o rio deveria ser uma missão de todos os recifenses. Conseguimos restaurar uma fala de Antônio Baltar em que ele diz que o Capibaribe pode ser reabilitado se dispusermos de recursos suficientes, não somente financeiros como também tecnológicos e pessoal capa citado, mas, sobretudo, de vontade política para enfrentar a tarefa”. Algomais • DEZ/2012
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Recife 500 Anos - Uma visão da Cidade Ao completar 500 anos em 2037 o Recife será economicamente pujante, socialmente justo, ambientalmente equilibrado e espacialmente planejado com todos os cidadãos recifenses orgulhosos de uma cidade que terá: 1. Plena Fluidez da Mobilidade: A prioridade estará claramente de nida e implantada para a circulação dos pedestres em calçadas livres, regulares, descon nadas, acessíveis e sombreadas; para ciclovias seguras implantadas em toda a malha urbana; para transporte coletivo rápido, seguro, confortável e com paradas e estações distantes, no máximo, 500 metros do destino do usuário; e para engenharia de tráfego municipal equiparável às melhores do Brasil. 2. Intensa Apropriação do Espaço Público O espaço público da cidade estará intensamente apropriado pelo cidadão recifense e a legislação municipal pertinente estimulará a maior permeabilidade possível entre as vias públicas e os lotes privados, estabelecendo parâmetros de adensamento compatíveis com as redes e os serviços públicos disponíveis. 3. Desenvolvimento Espacialmente Descentralizado Os bairros da cidade, inclusive as áreas periféricas, estarão urbanisticamente desenvolvidos, com serviços públicos (inclusive administração pública municipal), comércio e vida cultural dinâmicos de modo a suprir as principais necessidades de seus habitantes e desestimular deslocamentos intramunicipais extensos. 4. O Rio Capibaribe Revitalizado: o Rio Capibaribe estará despoluído e
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sem lixo, completamente reintegrado à vida da cidade sendo o principal eixo de integração municipal e parque linear interligando, por vias de pedestre e ciclovias, as principais áreas verdes, praças e parques do entorno, desde a foz (incluindo o Parque dos Manguezais) até o seu ponto extremo navegável da várzea recifense (Parque Brennand) e, daí, até a Cidade da Copa. 5. Saneamento Básico Resolvido 100% do território do Recife terá cobertura de coleta de lixo (inclusive seletiva) e esgoto sanitário e 100% do esgoto será tratado de modo a que os e uentes lançados nos cursos d’água sejam de melhor qualidade ambiental do que a água deles. 6. Saúde, Educação e Segurança exemplares A saúde, a educação e a segurança públicas serão exemplares no Recife, com indicadores básicos acima da média brasileira, nenhum cidadão desassistido pela rede de atenção primária, 100% do ensino fundamental integral e zero moradores de rua. 7. Economia Forte O Recife terá consolidada sua vocação história de cidade criativa e terá uma economia forte e competitiva sendo referência nacional e mundial no terciário moderno, na economia da cultura, nos serviços modernos e na tecnologia da informação.
8. História Preservada: os pontos, locais e monumentos históricos do Recife estarão completamente recuperados e sinalizados, em especial o centro da cidade (habitado e revitalizado) que será reconhecido como patrimônio da humanidade associado a Olinda, de modo a que os cidadãos tenham acesso fácil ao rico patrimônio histórico e possam inspirar-se nele para cuidarem da cidade e quererem bem a ela. 9. Equilíbrio Ambiental A cidade estará ambientalmente equilibrada, com área verde por habitante e níveis de poluição ambientais compatíveis com os padrões recomendados pelos organismos internacionais, com as áreas de risco completamente mapeadas e controladas e com planos desenvolvidos para enfrentamento das consequências sobre o município das mudanças climáticas. 10. Ampla Participação Cidadã Os cidadãos recifenses participarão intensamente da vida da cidade encaminhando suas opiniões e colaborações pelo fortalecido canal da sociedade civil organizada que funcionará em estreita colaboração com a administração pública municipal (que também será padrão no Brasil).
Versão 01 apresentada no lançamento da Agenda TGI 2013 em novembro/2013
Os nĂşmeros do projeto
Total de fãs:
1.924
Amigos de fãs:
524.317
Alcançe total semanal:
1.002
Pessoas que cutiram o Projeto no Facebook (GĂŞnero e idade)
Feminino: 50,5%
0,6%
9,3%
14,1%
10%
5,6%
1,7%
13 - 17
18 - 24
25 - 34
35 - 44
44 - 54
+55
0,4%
8,9%
14,9%
10,6%
4%
1,9%
Masculino: 49,5%
Pessoas alcançadas pelo Projeto no Facebook (Gênero e idade)
Feminino: 60,1%
0,9%
9,2%
17,3%
12,4%
12,1%
2%
13 - 17
18 - 24
25 - 34
35 - 44
44 - 54
+55
0,3%
6,9%
11,9%
8,3%
6,7%
1,4%
Masculino: 39,9%
Pessoas falando sobre o Projeto no Facebook (GĂŞnero e idade)
Feminino: 68,1%
0,6%
4,9%
12,2%
11,6%
20,4%
4,4%
13 - 17
18 - 24
25 - 34
35 - 44
44 - 54
+55
0,3%
4,3%
5,8%
6,4%
6,8%
1,7%
Masculino: 31,9%
VisĂŁo para o Recife 2037
O Recife é uma cidade diferenciada na sua geografia: plana, estuarina com seus rios e mangues, clima quente e caracterizada por uma formação de arrecifes alinhados à praia, que criam piscinas para banhistas e um porto natural – endereço onde a cidade nasceu. Essa mistura de água e terra atraiu uma população de indígenas, colonizadores, trabalhadores e empreendedores que fizeram e fazem história. A capital pernambucana tem grandes feitos econômicos, políticos e culturais. Essa história foi e permanece sendo escrita. O Observatório do Recife oferece sua contribuição a partir da visão cidadã dos seus integrantes e de pessoas próximas. O Recife que Precisamos é uma projeção para nos tirar do imobilismo, para limpar a poeira atraída pela inércia. O Recife que Precisamos é um chamado para o fim da estática e o início do momento dinâmico. A capital precisa se inserir nos projetos econômicos em curso no Estado. A cidade deve acertar o passo no espírito dos dias de hoje e inspirada na sua trajetória. Ao encontrar-se com seu caminho, o Recife liderará. Com a execução de cinco tópicos necessários, temos outros paradigmas. É pouco para fazer e muito a ter como retorno. Isso é certo para todos e pode favorecer cada um. Entre os cinco tópicos que O Recife que Precisamos elegeu, um tem vida longa. Ao adotar o planejamento a longo prazo, programamos anos à frente. É começar a olhar um projeto que será concreto e realidade para uma geração adiante. Com base nessa visão a longo prazo, com vista ao futuro, é possível fazer o que o arquiteto Francisco Cunha fez na condição de relator do projeto O Recife que Precisamos. Especialista em planejamento estratégico, Francisco Cunha, ao final de 2013, propôs uma visão para o Recife em 2037, quando a capital pernambucana completar 500 anos. O Recife no aniversário do seu quinto século, será uma economia pujante, socialmente justo, ambientalmente equilibrado e espacialmente planejado, com todos os cidadãos recifenses orgulhosos da cidade que terão.
1. Plena Fluidez da Mobilidade: A prioridade estará claramente definida e implantada para a circulação dos pedestres em calçadas livres, regulares, desconfinadas, acessíveis e sombreadas; para ciclovias seguras implantadas em toda a malha urbana; para transporte coletivo rápido, seguro, confortável e com paradas e estações distantes, no máximo, 500 metros do destino do usuário; e para engenharia de tráfego municipal equiparável às melhores do Brasil. 2. Intensa Apropriação do Espaço Público O espaço público da cidade estará intensamente apropriado pelo cidadão recifense, e a legislação municipal pertinente estimulará a maior permeabilidade possível entre as vias públicas e os lotes privados, estabelecendo parâmetros de adensamento compatíveis com as redes e os serviços públicos disponíveis. 3. Desenvolvimento Espacialmente Descentralizado Os bairros da cidade, incluindo as áreas periféricas, estarão urbanisticamente desenvolvidos, com serviços públicos (inclusive administração pública municipal), comércio e vida cultural dinâmicos, de modo a suprir as principais necessidades de seus habitantes e desestimular deslocamentos intramunicipais extensos. 4. O Rio Capibaribe Revitalizado O Rio Capibaribe estará despoluído e sem lixo, completamente reintegrado à vida da cidade, sendo o principal eixo de integração municipal e parque linear e interligando, por vias de pedestre e ciclovias, as principais áreas verdes, praças e parques do entorno, desde a foz (incluindo o Parque dos Manguezais) até o seu ponto extremo navegável da várzea recifense (Parque Brennand) e, daí, até a Cidade da Copa. 5. Saneamento Básico Resolvido 100% Do território do Recife, terá cobertura de coleta de lixo (inclusive seletiva) e esgoto sanitário e 100% do esgoto será tratado, de modo que os efluentes lançados nos cursos de água sejam de melhor qualidade ambiental do que a água deles. 6. Saúde, Educação e Segurança Exemplares A saúde, a educação e a segurança públicas serão exemplares no Recife, com indicadores básicos acima da média brasileira, nenhum cidadão será desassistido pela rede de atenção primária, 100% do Ensino Fundamental será integral e não haverá moradores de rua. 7. Economia Forte O Recife terá consolidada sua vocação histórica de cidade criativa e terá uma economia forte e competitiva, sendo referência nacional e mundial no terciário moderno, na economia da cultura, nos serviços modernos e na tecnologia da informação. 8.História Preservada Os pontos, locais e monumentos históricos do Recife estarão completamente recuperados e sinalizados, em especial o centro da cidade (habitado e revitalizado), que será reconhecido como patrimônio da humanidade associado a Olinda, de modo que os cidadãos tenham acesso fácil ao rico patrimônio histórico e possam inspirar-se nele para cuidarem da cidade e quererem bem a ela. 9. Equilíbrio Ambiental A cidade estará ambientalmente equilibrada, com área verde por habitante e níveis de poluição ambientais compatíveis com os padrões recomendados pelos organismos internacionais, com as áreas de risco completamente mapeadas e controladas e com planos desenvolvidos para enfrentamento das consequências das mudanças climáticas sobre o município. 10. Ampla Participação Cidadã Os cidadãos recifenses participarão intensamente da vida da cidade encaminhando suas opiniões e colaborações pelo fortalecido canal da sociedade civil organizada, que funcionará em estreita colaboração com a administração pública municipal (que também será padrão no Brasil).
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PARCEIROS
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