Relatório do I Congresso AQUINordeste

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RELATÓRIO

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Projeto de Integração de Cadeias Produtivas

da Aquicultura na Região Nordeste do Brasil

Especialista em pequenos negócios / 0800 570 0800 / sebrae.com.br


© 2014. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998).

Informações e contatos Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGAS 604/605 – Conjunto A – Brasília-DF Tel.: (61) 3348-7100 www.sebrae.com.br

Elaboração de conteúdo Thiago Dias Trombeta – consultor Rui Dias Trombeta – consultor

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Roberto Simões

Textos Pelágio Gondim

Diretor-Presidente Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho

Revisão Eliana Silva

Diretor-Técnico Carlos Alberto dos Santos

Projeto gráfico Bruno Vieira

Diretor de Administração e Finanças José Claudio dos Santos

Versão eletrônica Plano Mídia Comunicação & Consultoria / Maven

Gerente da Unidade de Agronegócios Enio Queijada de Souza

Versão Dezembro de 2014

Coordenação editorial Abnor Gondim

Projeto Estruturante AquiNordeste Coordenadora Nacional Newman Costa Equipe Técnica Coordenadores Regionais (Sebrae/UF) Jucieux de Lucena Palmeira (PB) Maria Lúcia Alves (SE) Gestores Estaduais (Sebrae/UF) Ângela Maria de Souza (SE) Célia Marcia Fernandes (BA) Francisco Carlos de Almeida Paulino (CE) Franco Fred Cordeiro Tavares (PB) Geórgia Alcântara Costa de Pádua (PI) João Pinheiro Júnior (PI) José Ronil Rodrigues Fonseca (RN) Liza Myrella Cavalcante Melo Bádue (AL) Manoel Affonso M. Ramalho Azevedo (AL) Marcelo de Oliveira Medeiros (RN) Maria Lúcia Alves (SE) Nancy Nascimento Santos (BA) Paulo Jorge Mendes Leitão (CE) Renato Augusto Gouveia de Carvalho (RN) Vânia Britto (AL)

Prefixo Editorial: 99210 Procedimentos de Regularização da Aquicultura no Nordeste. Sebrae. Brasília, 2014 P: 64; IL.; Collor. ISBN: 978-85-99210-06-2 1. Regularização da Aquicultura no Nordeste. Projeto Estruturante AquiNordeste. Licenciamento Ambiental.


RELATÓRIO

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Projeto de Integração de Cadeias Produtivas

da Aquicultura na Região Nordeste do Brasil

Especialista em pequenos negócios / 0800 570 0800 / sebrae.com.br


Sumário 6

Abertura Aquicultura: uma alternativa social e econômica

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Cenário Ambiente favorável para produzir

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Mundo Brasil tem tudo para ser líder

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Experiências O poder transformador do peixe

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América do Sul Colômbia dá a volta por cima

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Brasil Bom negócio para grandes e pequenos

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Pesquisa Raio X do mercado nordestino

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Ceará Unir para vencer barreiras

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Ostra O desafio de produzir no Nordeste

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Modelo Alagoas incentiva a aquicultura sustentável


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CODEVASF Tecnologia a serviço da aquicultura

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Produtos Tecnologia e informação para piscicultores

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Qualidade Piscicultura terá normas de produção

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Legislação CAR: inscrição vai até 7 de maio de 2015

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Licenciamento A espinha na garganta do produtor

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Espécies A hora e a vez do tambaqui

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Negócios Peixe na merenda escolar

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Artesanato O lixo transformado em renda

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Dia de Campo Fazenda ganha mercado com alevinos


I CONGRESSO AQUINORDESTE

Abertura Aquicultura: uma alternativa social e econômica Congresso do Sebrae em Maceió discute a aquicultura mundial, troca experiências, debate problemas e aponta caminhos para o Brasil progredir na produção de pescados

Se o Brasil tem potencial maior que o do Chile e semelhante ao da China, então o que falta ao Brasil para chegar ao patamar dos grandes países aquícolas, como Índia, Vietnã ou Indonésia, que produzem mais de 3 milhões de toneladas por ano?

O Brasil é o 12º produtor mundial de um alimento muito saudável e, por isso mesmo, cada vez mais procurado: o peixe. O país alcançou essa posição em 2012, quando produziu 707,4 mil toneladas de pescado provenientes de empreendimentos aquícolas. É muito, mas ainda é pouco considerando as condições naturais de que o Brasil dispõe para alcançar o topo da produção mundial: oito mil quilômetros de costas marítimas, rios gigantescos, lagoas enormes, terras produtivas, clima, espécies variadas e um grande mercado consumidor. Apesar de todo esse potencial, o Brasil ainda está atrás de países menores e que não oferecem condições semelhantes, como o vizinho Chile, que produz mais de 1 milhão de toneladas por ano. E está bem longe de países que sabem explorar suas potencialidades, como a China, o maior produtor do planeta, com mais de 41 milhões de toneladas de pescados por ano. Se o Brasil tem potencial maior que o do Chile e semelhante ao da China, então o que falta ao Brasil para chegar ao patamar dos grandes países aquícolas, como Índia, Vietnã ou Indonésia, que produzem mais de 3 milhões de toneladas por ano? Em busca desta e de outras respostas, o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) promoveu, de 18 a 21 de novembro de 2014, em Maceió/AL, o I Congresso AquiNordeste, o AquiNordeste, sigla do Proje-

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I CONGRESSO AQUINORDESTE

to de Integração de Cadeias Produtivas da Aquicultura na Região Nordeste do Brasil. O evento foi idealizado pelo Sebrae de Alagoas com o apoio do Sebrae de todos os nove estados nordestinos e do Sebrae Nacional.

Solenidade de abertura do I congresso aquinordeste em maceió

O congresso reuniu especialistas de renome internacional de Israel, do Chile e do Brasil, além de produtores da Colômbia, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte. Participaram ainda técnicos do Ministério da Pesca e Aquicultura e do Ministério do Meio Ambiente, Codevasf, Embrapa e Conab, representantes do Governo do Estado de Alagoas e de instituições que pesquisam o mercado de pescado. Na plateia, micro e pequenos empresários, produtores rurais, técnicos e universitários. O foco do congresso foi o atual cenário e as perspectivas do mercado mundial da aquicultura; as potencialidades da produção de tilápia, tambaqui e ostra em cativeiro; e a situação da produção do Nordeste. Temas enriquecidos com palestras sobre a legislação brasileira e debates sobre as barreiras enfrentadas para acelerar o crescimento da aquicultura do Brasil. Questões que vão ter desdobramentos em setembro 2016, quando acontecerá, em Fortaleza, o II Congresso AquiNordeste. Para os participantes do I Congresso, em Maceió, o evento do Sebrae revigorou a vocação da aquicultura não apenas como fonte produtora de alimentos saudáveis, mas, principalmente, como um agente capaz de promover transformações sociais e econômicas ao abrir milhares de empregos, gerar renda e ajudar a combater a fome, a miséria e as desigualdades no Brasil e no mundo.

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Cenário Ambiente favorável para produzir Congresso fortalece a inclusão de pequenos produtores no mercado de pescados e revela um panorama positivo aos empreendimentos aquícolas A pesca artesanal está em declínio em todo o mundo, enquanto o cultivo de pescados em cativeiro cada vez mais se consolida como a mais viável alternativa econômica para abastecer o mercado consumidor com peixes, crustáceos e outras espécies aquáticas. No Brasil, a atividade ganha força de Norte a Sul. E é a região Nordeste que oferece as mais promissoras perspectivas de crescimento, já sendo responsável por 32% da produção nacional, com 545 mil toneladas por ano.

Ao pequeno produtor devem ser dadas condições para que ele participe do crescimento da aquicultura do Nordeste. Enio Queijada, Gerente de Agronegócios do Sebrae Nacional

Diante desse cenário, a Gerência de Agronegócios do Sebrae Nacional decidiu realizar em Maceió o I Congresso Regional AquiNordeste não apenas para traçar um panorama do setor e trocar experiências, mas também com o propósito de estimular e fortalecer a aquicultura nordestina a partir do incentivo ao micro e pequeno produtor rural da região. “A aquicultura do Nordeste tem grande potencial de crescimento, e ao pequeno produtor da região têm que ser dadas as ferramentas e as condições necessárias para que ele participe ainda mais desse processo”, destacou Enio Queijada, gerente de Agronegócios do Sebrae Nacional ao falar sobre a iniciativa da instituição em promover o evento. Com o congresso, pretende-se também chamar a atenção do setor para os projetos do Sebrae no campo da aquicultura. “Temos 41 projetos em andamento em todo o país, que oferecem capacitação gerencial, acesso ao crédito, assistência técnica e licenciamento ambiental”, ressaltou.

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MOMENTO POSITIVO Ao abrir o congresso, a analista Newman Costa, coordenadora nacional do AquiNordeste e de Pesca e Aquicultura da Unidade de Agronegócios do Sebrae, chamou atenção para o cenário que o país apresenta aos que já investem ou planejam investir no setor. “Hoje, existe um ambiente muito favorável para que as pessoas ampliem mais seu empreendimento em aquicultura, não só em relação a recursos, mas também em locais para o desenvolvimento da atividade”, enfatizou.

Especialistas e produtores trocam experiências e discutem soluções

Esse ambiente, segundo a analista, compreende desde a disponibilidade de parques aquíferos até a criação de políticas públicas que estimulem o crescimento do mercado de pescados. “Esse ambiente favorável é a união de diversos órgãos dos governos federal, estadual e municipal para que as pessoas possam produzir mais e dentro da legalidade”, explicou. Exemplificando, Newman Costa lembrou que hoje diversos parques aquíferos estão sendo mapeados, licenciados e liberados para produção de pescados. Isso, sem esquecer o que pode ser visto como um gargalo: a obtenção da licença ambiental. “O licenciamento ambiental é necessário não só para proteger e preservar os recursos naturais, mas também para assegurar a regularidade e a legalidade do empreendimento que já existe ou que vai ser implantado”, reforçou. “Então, há todo um ambiente para facilitar a atividade, o que não quer dizer que a coisa é tão simples assim. Mas estamos caminhando para que isso possa acontecer”.

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Entrevista NEWMAN COSTA Coordenador Nacional do Projeto Estruturante AquiNordeste

“É preciso pensar na producão e no mercado.”

Independentemente da situação econômica do País, o Sebrae vai incentivar e apostar no crescimento dessa atividade?

De onde surgiu a ideia de realizar o I Congresso do Projeto AQUINordeste?

NC – Existe um ambiente muito favorável para que as pessoas ampliem mais seu empreendimento na área de piscicultura. Existe todo um ambiente favorável hoje, não só na parte de recursos, também na parte de locais para o desenvolvimento da atividade.

Newman Costa – O Sebrae tem um histórico na promoção de eventos, proporcionando ao público-alvo com o qual trabalha no momento que as pessoa adquiram mais experiência, mais conhecimentos do que tem de novidades no mercado, do que tem de novidades em tecnologias. A ideia do I Congresso AquiNordeste é porque hoje a gente tem um projeto integrado da região, com os nove Estados da região. Com isso, a gente quer mostrar para o setor, que trabalha com tilápia, tambaqui e ostra, quais as novidades para desenvolver os negócios. Então nada melhor do que um congresso para reunir especialistas e trazer o público como qual o Sebrae já trabalha, e mostra o que está acontecendo no mercado e o que tem de novidades. Esse público-alvo está pressionando por mais informações? Há necessidade de conhecer mais, e o Sebrae oferecer mais oportunidades? NC – Há necessidade de se obter mais conhecimento. Os nossos piscicultores estão sempre em busca de novidades. Por isso um evento como esse. Com as palestras no Congresso e as visitas técnicas que serão realizadas após o evento, você consegue reunir a teoria com a prática. Durante esses três dias tem bastante conhecimento e, depois, você poderá conhecer experiências exitosas, no caso, na produção de tilápia. O público-alvo é o micro e pequeno produtor? Mas ele é também investidor? NC – Exatamente. Ele é o investidor, ele é o produtor rural. É responsável por todo o processo para que possa crescer dentro do seu empreendimento. E o Sebrae proporciona que isso aconteça. Não somente através de ferramenta de gestão, mas também através de conhecimento.

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Que ambiente favorável é esse? NC – Esse ambiente favorável compreende parques aquíferos que estão sendo mapeados, que estão sendo licenciados. São áreas liberadas para o governo para que as pessoas possam obter autorização para produzir mais. Mesmo diante de qualquer situação econômica do País, esse mapeamento é uma forma de incentivar e buscar atrair investimentos para a atividade? NC – Existem vários fatores no setor aquícola capazes de atrair investimentos. Desde a parte de áreas liberadas para as pessoas produzirem e áreas licenciadas para as pessoas também continuarem produzindo. Para isso, o ambiente favorável ao qual eu me refiro é o seguinte: você unir órgãos do governo, não só o governo federal, mas governos estaduais e municipais, que proporcionem que isso se facilite. Por exemplo, o licenciamento ambiental para que as pessoas possam estar produzindo, a regularidade da situação desse empreendimento ou de um empreendimento que ainda vai ser implantado. Tudo isso para que as pessoas possam produzir dentro da legalidade. Então existe todo um ambiente que hoje as pessoas estão preparando para facilitar a atividade. Não quer dizer que a coisa é tão simples assim, que é tão fácil. Mas estamos caminhando para isso possa acontecer. Ou seja, reduzir as dificuldades e oferecendo mais facilidades aos empreendedores? NC – Recursos você tem hoje nos órgãos, nos bancos, a exemplo do Pronaf (Programa Nacio-


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a coordenadora do aquinordeste destacou a importância do evento

nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar), para quem está dentro da atividade. Então existe recurso para ser aplicado, existe tecnologia que a gente possa trazer para que as pessoas conheçam mais, para ter mais produtividade, para produzir com mais qualidade, produzir dentro do que o mercado está exigindo. Não adianta pensar só na produção, mas no que o mercado está querendo. Tem o produto certificado, tem o produto rastreado, de onde vem. Então tudo isso hoje tem que ser trabalhado dentro desse setor, que é um dos gargalos da atividade. É isso que o Congresso busca? NC – O I Congresso AQUINordeste busca unir tudo isso. Busca unir a legislação ambiental, a inovação tecnológica, o melhoramento de gestão e obviamente o mais importante, que são os piscicultores e aquicultores envolvidos diretamente nessa atividade. Com que visão e perspectivas os participantes devem sair desse Congresso? NC – A perspectiva é que as pessoas obtenham mais conhecimento, entender mais sobre a atividade, conhecer os seus gargalos e as suas dificuldades também e superar os desafios futuros para que a produtividade possa crescer cada vez mais. Outros eventos desse porte serão realizados? NC – A gente quer fazer o próximo Congresso do Projeto AQUINordeste em 2015 no mês de setembro, que é um mês mais importante.

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Mundo Brasil tem tudo para ser líder Consultor internacional diz que o país pode chegar ao seleto clube dos cinco maiores produtores mundiais, mas, antes, precisa fazer o dever de casa A demanda por produtos pesqueiros em todo o mundo vai crescer em 22 milhões de toneladas nos próximos dez anos, e, já em 2015, mais de 50% desse consumo serão supridos pela aquicultura. Diante desse cenário, o Brasil, por dispor de recursos naturais, humanos e financeiros, pode saltar do 12º lugar na produção aquícola mundial para se estabelecer entre os cinco maiores países que abastecerão o mercado nas próximas décadas.

O Brasil está destinado a ser um dos principais produtores aquícolas do mundo. Carlos Wurmann, Consultor internacional de aquicultura

A avaliação é do economista chileno Carlos Wurmann, diretor executivo da Award Consultores Internacionais, que proferiu palestra no I Congresso AquiNordeste. Ele advertiu, porém, que o Brasil só se juntará aos cinco líderes mundiais do setor se investir em tecnologia, na capacitação efetiva e continuada dos pequenos produtores e, principalmente, no aprimoramento da legislação que normatiza a atividade aquícola. Estudioso do mercado internacional aquícola, Wurmann apontou contradições na aquicultura brasileira. Exemplo: ao mesmo tempo em que o Brasil já é um grande produtor e têm plenas condições de subir ao topo da produção mundial, o país é o principal importador de produtos pesqueiros da América Latina. Compra, anualmente, mais de US$ 1,3 milhão, quando boa parte desses pescados poderia ser produzida em território brasileiro. “A estratégia seguida até agora não está sendo suficiente para promover níveis de produção que poderiam estar gerando emprego e riqueza neste país”, criticou. Na avaliação do economista, o atual cenário interna-

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I CONGRESSO AQUINORDESTE

Brasil é o 12º maior produtor mundial, mas tem potencial e variedades para subir ao topo do mundo

cional obriga o Brasil a se preparar para ter, num breve futuro, uma indústria mais competitiva, com capacidade para exportar e competir satisfatoriamente com produtos estrangeiros. Segundo ele, hoje, entre 30% e 40% dos produtos pesqueiros são direcionados para o comércio internacional. Caso o Brasil não adote sistemas produtivos mais eficientes para competir no mercado internacional, o país pode vir a ser “invadido por produtos estrangeiros, que vão dominar o mercado nacional. Esse é um assunto de maior relevância estratégica para o país”’, advertiu. Outra contradição apontada por Wurmann: apesar de o Brasil ser um país com grande parte do território banhada por mar, a aquicultura marinha é uma atividade pouco explorada. “É inexplicável um país como este, que tem 8.000 quilômetros de costa, não produzir nem ao menos uma tonelada de produtos marinhos através da

aquicultura”, reclamou. Para ele, embora a aquicultura de água doce seja mais recomendada em termos de produção, o país não deve se descuidar do segmento marinho, o qual “provavelmente faz parte do futuro desse país”. Wurmann questionou, ainda, a opção da aquicultura brasileira pelo cultivo prioritário das chamadas “espécies exóticas”, importadas de outros continentes, quando a biodiversidade do Brasil oferece peixes de grande aceitação no mercado. Mas ele já vê mudanças positivas nesse quadro. “Hoje, por razões ambientais e pela possibilidade de tecnologias locais e de menor custo, o mercado está voltando o interesse para se trabalhar com espécies nacionais”, ressaltou.

CENÁRIO LATINO O economista apontou também contradições na aquicultura da América Latina.

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RANKING DOS 12 MAIORES PRODUTORES DE PESCADO PAÍS

TONELADAS/ANO

cer normas que incentivem o aumento da produção tal como poderia ser”, avaliou. “Existem distintos tipos de problemas legislativos e normativos quanto à participação do pequeno produtor, às relações com a pesca tradicional, aos problemas sanitários, ao meio ambiente, à convivência com as comunidades e tantos outros”.

China

41.108,306

Índia

4.209.415

Vietnam

3.085.500

Indonesia

3.067.660

Bangladesh

1.726.066

Noruega

1.321.119

VENTOS FAVORÁVEIS

Tailandia

1.233.877

Chile

1.071.421

Egipto

1.017.738

Apesar desses problemas, Wurmann vê bons ventos soprando a favor da aquicultura no Brasil e no exterior. No cenário internacional, a tendência seria o aumento do consumo de pescados em todo o mundo. Na América Latina, essa tendência estaria sendo impulsionada pela melhoria de renda da população, o que lhe permite comprar produtos que antes não conseguia adquirir, como pescados.

Myanmar

885.169

Filipinas

790.894

Brasil 707.461 Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

O continente, segundo ele, atualmente é o que menos consome produtos pesqueiros. “Os países latinos têm costume de comer carne vermelha. Além disso, temos que reconhecer que os produtos pesqueiros são caros”, admitiu. Mais uma contradição: apesar de os países emergentes serem os que produzem a maior parte dos produtos pesqueiros, as tecnologias utilizadas por eles são importadas das nações mais desenvolvidas. “Se podemos dizer que somos a parte do mundo que produzirá mais pescados através da aquicultura no futuro, também é possível dizer que precisamos investir muito mais em pesquisa e desenvolvimento. É uma necessidade imperiosa”, defendeu. A causa de tantas contradições estaria no tratamento que os governos desses países dão ao setor aquícola. “Nossos governos não têm sido capazes de estabele-

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No caso do Brasil, para o economista,são altas as possibilidades de crescimento da produção aquícola brasileira, inclusive com grandes perspectivas de o país ingressar no seleto clube dos maiores produtores mundiais de pescados. “Em países como Brasil é óbvio que há muito trabalho a ser feito”, ponderou. “Mas, provavelmente, o país está destinado a ser um dos principais produtores da aquicultura mundial”. Para isso, porém, o Brasil precisaria fazer o dever de casa. Wurmann recomenda mais investimentos em tecnologia, em pesquisas, na capacitação dos produtores, no cultivo de mais espécies, na exploração de espécies nacionais pouco cultivadas e no desenvolvimento de técnicas que aumentem a produção pesqueira. Há também que se investir no apri-


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moramento da legislação federal, estadual e municipal para destravar normas legislativas que estariam engessando o crescimento da produção nacional. Tarefa que, segundo Wurmann, precisa contar com o efetivo engajamento de todos os setores que formam a cadeia aquícola: o produtor, o empreendedor, as grandes redes de comercialização de pescados e o próprio consumidor. “Cansei de ouvir falar que o Brasil é o país do futuro”, desabafou. “O futuro é agora!”.

Entrevista “Isso ainda vai mudar”

CARLOS WURMANN Consultor internacional de aquicultura

O Brasil ainda está atrasado na produção aquícola? Não. O país é 12º na aquicultura mundial. A produção do Brasil é que não é expressiva para as possibilidades que o país tem. Se as políticas favorecessem realmente a aquicultura, o Brasil já estaria hoje entre os cinco primeiros produtores do mundo. Nesse sentido, o Brasil fica bem atrasado em relação às expectativas do que poderia ser feito. A aquicultura pode melhorar o Brasil? A aquicultura pode cooperar de maneira expressiva para melhorar a qualidade de vida das pessoas, para trazer mais alimento ao país. A aquicultura tem várias vantagens sobre a pesca tradicional. A pesca é flutuante, vai e vem, sobe e desce. Já a aquicultura pode ser permanente. Pode gerar trabalho para pessoas que já não têm condições de seguir trabalhando na pesca. Mas o Brasil ainda não conhece essa indústria tão nova no país. Aqui, a agricultura e a pecuária são bem maiores e recebem melhor tratamento do que a aquicultura. Há muito ainda para a aquicultura crescer e trazer muito mais riqueza e bem-estar à população. A aquicultura brasileira teria algum modelo a seguir? O Brasil tem muito que ensinar e não só aprender. O nível científico do país é fantástico, mas o nível de organização geral ainda não é muito bem estruturado. Cada região tem algo a oferecer. Não é possível que um país que tem oito mil quilômetros de costa não produza nenhuma tonelada de peixe de cultivo. Mesmo sabendo dessa capacidade, as potencialidades do país ainda não foram bem desenvolvidas. Falta conscientização de que este país tem condições extremamente positivas, mas ainda não bem aproveitadas. Mas tenho confiança de que isso ainda vai mudar.

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Experiências O poder transformador do peixe Projetos que melhoraram a vida de países pobres e que possibilitam produzir pescados até no deserto, também podem promover mudanças sociais e econômicas no Brasil O peixe é capaz de mudar a vida de um país? A resposta está nos resultados positivos obtidos pelos projetos aquícolas implantados em países menos desenvolvidos ou escassos em recursos hídricos. Experiências levadas o I Congresso AquiNordeste por um dos maiores especialistas no assunto do mundo: Israel Snir. Ele trouxe o exemplo de países como Honduras e Israel para mostrar que a aquicultura é capaz de promover transformações sociais e econômicas também no Brasil.

Não adianta apenas o dono enriquecer, os empregados também devem crescer. Israel Snir, Consultor internacional

Snir coordenou e ainda presta consultoria para projetos aquícolas que implantou em diversas partes do mundo, como na Costa Rica, Colômbia, Equador, Jamaica e México. Mas o empreendimento que lhe deu notoriedade internacional foi o projeto Aquafinca, uma fazenda de criação de tilápia em Honduras, mantida há 24 anos pelo grupo Regal Springs, do qual foi vice-presidente. Os projetos de produção de tilápia coordenados por Snir foram fincados em regiões que apresentavam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas com grande potencial de crescimento econômico, a exemplo do Nordeste brasileiro. No caso de Honduras, o projeto implantado num vilarejo pobre fez o país se transformar no maior exportador mundial de filé de tilápia para os Estados Unidos. Tanto em Honduras quanto nos demais países em que Snir coordenou projetos semelhantes, a aquicultura gerou diversos benefícios: redução da fome, da pobreza e

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A criação de tilápia em cativeiro mudou a economia de Honduras

da miséria; erradicação do analfabetismo e melhoria na qualidade de ensino; formação de mão-de-obra, geração de empregos e melhor distribuição de renda; aquecimento da economia, novas oportunidades de negócios e maior zelo com o meio ambiente. Entre todas essas conquistas obtidas pela aquicultura, o resultado mais expressivo, na avaliação de Snir, foi a melhoria da qualidade de vida da população abrangida pelos projetos. “O foco não deve ser o produto em si, mas os indivíduos envolvidos na cadeia de produção”, defende. “Se oferecermos equipamentos e oportunidades para que os trabalhadores expressem sua capacidade, podemos chegar a excelentes resultados. Não adianta apenas os donos da empresa enriquecerem, os empregados também devem crescer”.

PEIXE NO DESERTO Esse modelo de desenvolvimento sustentável também pode ser bem sucedido em estados do Nordeste, segundo Snir.

Como exemplo, ele citou o caso do Egito e de Israel, países que, embora sejam escassos em recursos hídricos, transformaram a aquicultura numa das bases de sua economia. A oferta de água que esses países dispõem é inexpressiva quando comparada aos recursos hídricos que o Brasil detém. “No Egito, cada cidadão dispõe de apenas 23 metros cúbicos de água por ano, enquanto cada brasileiro conta com 27 mil metros cúbicos”, compara Snir. Enquanto o Brasil, maior país em reserva de água fresca do mundo, utiliza só 1,1% per capita desses recursos, o Egito usa 3.794,0%. E mais: para produzir pescados, o Egito dispõe do delta do rio Nilo. O delta abrange 25 quilômetros quadrados, a mesma extensão do estado de Alagoas. Ainda assim, o país produz 1 milhão de toneladas de pescado por ano, das quais, 700 mil toneladas são de tilápia. Já o Brasil, mesmo dispondo de grandes rios, enormes lagoas e costa marítima de 8 mil quilômetros, produz 707

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mil toneladas de pescados por ano, sendo que a produção de espécies marítimas em cativeiro não chega a mil toneladas. Já em Israel, um país do tamanho do estado de Sergipe, a escassez de água fresca não impede de produzir peixe no deserto. Os israelenses construíram quilômetros de canais para levar a água do mar até as fazendas comunitárias (kibutz) estabelecidas no deserto. A água, depois de passar por processo de dessalinização, é utilizada na agricultura, na pecuária e na aquicultura. Assim, cada kibutz tem sua própria produção de hortaliças, gado, frango e peixe. Alguns, além de cultivarem azeitonas, construíram fábricas para produzir azeite de oliva e indústrias de material plástico. Tudo que é descartável é reciclado, retornando em forma de energia ou de insumos para atender os projetos da comunidade. Para Snir, israelense nascido e criado num kibutz, o sucesso dessas experiências naqueles países está na forma de manejo dos recursos naturais. “Qual seria o tamanho do potencial brasileiro caso seja adotado um manejo melhor dos recursos dis-

poníveis?”, questionou, defendendo que o Brasil também adote modelos sustentáveis para aumentar a produção aquícola do país, inclusive a do Nordeste. Aproveitando melhor os recursos naturais, o Brasil conseguiria suprir o déficit de produção de pescados. Hoje, segundo Snir, cada brasileiro consome em média 10 quilos de pescado por ano. Se passar a consumir um quilo a mais, o país teria que produzir mais 200 mil toneladas. Atingindo essa produção, além de atender à demanda, seriam gerados 1 milhão de novos empregos. Snir acredita que a produção de tilápia é uma alternativa viável para ajudar a melhorar as condições de vida da população mais pobre do Brasil, da mesma forma como aconteceu em Honduras e em outros países. “O peixe, além de enriquecer a alimentação, gera benefícios econômicos e sociais”, garante. “À produção de pescados pode-se incluir outros ingredientes que sejam localmente produzidos. Produtos mais sustentáveis e coerentes com a economia do país, além de integrados ao desenvolvimento da sociedade”.

Entrevista ISRAEL SNIR Consultor Internacional

“A tilápia muda a vida dos pobres” A experiência de Honduras é aplicável no Brasil? Não conheço o suficiente o Brasil, mas pelo que já vi em visitas anteriores, creio que sim. Pelo que o senhor já viu, quais soluções podem ser adotadas no Brasil? O Brasil tem os recursos, muito mais do que qualquer outro país. Mas é preciso entender porque o Brasil não está desenvolvendo o setor

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aquícola na mesma velocidade que em outros países. A aquicultura mundial vai seguir se desenvolvendo e o Brasil deve tomar um posto bem à frente desse movimento. A tilápia é capaz de promover transformações socioeconômicas no Nordeste? Sim, essa é a ideia. A tilápia pode ajudar a vida das pessoas. Temos que aplicar isso no Nordeste. Já estamos trabalhando num projeto nesse sentido para a região. Esse projeto não é sobre peixes, é sobre pessoas e para pessoas pobres de uma região pobre.


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O exemplo de Honduras

Em Israel, peixes são produzidos em pleno deserto

No início da década de 90, ao começar a implantação do projeto Aquafinca num vilarejo de Honduras, Israel Snir ficou chocado com a realidade da região e do país: 90% dos trabalhadores eram analfabetos. Havia muita pobreza, violência, abuso sexual, burocracia e corrupção. Faltavam infraestrutura e zelo com o meio ambiente. Mesmo sob essas condições, a fazenda de criação de tilápia foi implantada. Tudo ia bem até que, no inverno de 1991, uma onda fria atingiu o país, matando todos os peixes da fazenda (1.600 toneladas). Snir convenceu a Regal Springs a não desistir do empreendimento. Seis meses depois, retomou o projeto. Criou espécies mais resistentes, qualificou os trabalhadores, modernizou

o modelo de cultivo. Ao mesmo tempo, implantou escolas, serviços médicos, assistência social e redes de tratamento de água e esgoto. Os resultados logo apareceram. Honduras se tornou um grande exportador de tilápia, virou país pioneiro na produção de tilápia orgânica e continua a apresentar níveis de produção invejáveis. O reconhecimento da comunidade aquícola veio através de diversos prêmios internacionais. Prêmios conquistados não apenas pela contribuição que o projeto deu para melhorar a economia do país, mas, principalmente, pelas transformações sociais que a criação de tilápia proporcionou aos hondurenhos.

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América do sul Colômbia dá a volta por cima Projeto coletivo de produção de tilápia, tambaqui e truta recupera indústria de pescados do país,

Hoje, a pesca e a aquicultura são fontes de desenvolvimento social da Colômbia. Teresa Varón, Diretora do Centro de Produtividade de Tolima (Colômbia)

A Colômbia tem muito a ensinar quando o assunto é peixe. Ensinamentos que o país aprendeu com suas próprias adversidades. Mais exatamente com as chuvas torrenciais que inundaram províncias colombianas nos invernos de 2010, 2011 e 2012, inviabilizando a pesca artesanal e destruindo a produção de peixes em cativeiro. Mas nem os produtores nem o governo colombianos se deixaram abater pela destruição. Somaram forças e reagiram. Ao final de 2013, a indústria de pescados da Colômbia colheu os frutos desse esforço conjunto,

produtores colobianos enfrentam anos difíceis, mas conseguiram recuperar a aquicultura no país

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contabilizando resultados surpreendentes para um país assolado por temporais: produziu 168.644 toneladas e gerou 378.900 mil empregos diretos e indiretos. Essa experiência de superação foi relatada no I Congresso AquiNordeste por dois colombianos que participaram e continuam participando da reconstrução da indústria de pescados da Colômbia: Teresa Santofimio Varón e Nelson Espinosa Criollo. Ela, diretora executiva do Centro de Produtividade de Tolima (CPT); ele, coordenador do Programa Piscícola da instituição.

Bom negócio para famílias atingidas pelas enchentes. Nelson Espinosa, Coordenador do Programa Piscícola do Centro de Produtividade de Tolima (Colômbia)

Tolima é o estado onde se deu o processo de recuperação da indústria de pescado da Colômbia. Foi a província escolhida para a implantação de um corajoso projeto de produção de tilápia, tambaqui e truta nas comunidades mais atingidas pelos temporais. O projeto, desenvolvido em parceria com o governo de Tolima e o Instituto Colombiano de Desarrollo Rural(Incoder), envolveu associações de pescadores e pequenos produtores das áreas devastadas pelas enchentes, num total de 433 famílias. O CPT levou para as comunidades novos métodos de produção, novas tecnologias, assistência técnica permanente, cursos de capacitação dos produtores e ensinamentos sobre mercado, distribuição e comercialização de pescados, além de administração e gestão de negócios. Uma das inovações foi a introdução de unidades móveis que, além de levar assistência técnica, processam e embalam os peixes no próprio local de produção, ideia bastante elogiada no congresso de Maceió. Outra novidade, já no campo do marketing, foi a promoção de desfiles de moda para mostrar roupas, bolsas, sapatos, cintos e adereços feitos com couro de tilápia e produzidas pelas famílias das comunidades atendidas pelo programa. “Ao mesmo tempo em que mostramos que derivados do peixe podem ser usadosem outros segmentos, como na indústria da moda, estimulamos as famílias atendidas a diversificar a produção, gerando, com isso, trabalho e renda”, explicou Teresa Varon, que levou ao congresso diversas peças feitas com couro de tilápia.

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CRESCIMENTO Nelson Espinosa conta que a produção pesqueira da Colômbia é diversificada. O país produz peixes, crustáceos e moluscos, que são pescados ou criados no mar, nos rios e nos lagos existentes no território colombiano. Nesse ambiente propício para o desenvolvimento da indústria de pescados, a “aquicultura, ao ser fortalecida, estimulada e modernizada, se tornou um bom negócio para os pequenos produtores, principalmente para as famílias prejudicadas pelas enchentes”. O programa aquícola implantando em Tolima priorizou a produção de tilápia, tambaqui, truta e algumas espécies nativas. Com a ampliação do programa para outras províncias, a aquicultura se tornou o segmento que mais se desenvolveu no agronegócio colombiano, com taxa de crescimento de 6% em 2013. Das 168.644 toneladas produzidas naquele ano, a aquicultura respondeu por 52% da produção (87.614 toneladas), superando pela primeira vez as pescas marítima e continental, que produziram 48% (81.000 toneladas), conforme Teresa Varon. O país, porém, ainda importa muito. Segundo Teresa, em 2013 a Colômbia importou 147.517 toneladas e exportou 18.725 toneladas de pescados frescos e congelados. Os Estados Unidos, Canadá e Peru compraram mais produtos frescos, enquanto Alemanha, França e Espanha preferiram os congelados. As exportações, somadas à retomada da produção em larga escala, ao aumento da oferta e do consumo interno, fizeram o setor pesqueiro ter papel importante na geração de empregos naquele país. Juntas, a aquicultura e a pesca geraram 120 mil empregos diretos em 2013, dos quais 26.300 no setor aquícola. Esses resultados, segundo Teresa Varon, demonstram que o objetivo do programa vem sendo cumprido: “Hoje, a pesca e a aquicultura são fontes importantes de trabalho e de desenvolvimento social da Colômbia”.

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Brasil Bom negócio para grandes e pequenos Busca por alimentos saudáveis e melhoria do poder aquisitivo da população, fortalecem as potencialidades do mercado aquícola O mundo está consumindo mais pescados. Resultado não só da busca por alimentos mais saudáveis, mas principalmente da melhoria de renda da população global. Gente que agora já pode comprar produtos que antes não conseguia por na mesa, como peixes. É o que acontece com a nova classe média brasileira, que vem consumindo mais pescados e tende a consumir ainda mais.

Para reduzir o déficit, o Brasil tem que produzir mais 600 mil toneladas ao ano. Felipe Matias, Consultor internacional de aquicultura

Com a demanda e o poder aquisitivo em alta, a aquicultura se fortalece como um negócio promissor tanto para os grandes quanto para os micro e pequenos empreendedores, especialmente no Nordeste. A região é a maior produtora de pescados em cativeiro do país, com 200 mil toneladas por ano. Produção, porém, insuficiente para abastecer o próprio mercado nordestino, que pode consumir muito mais. Essas tendências e perspectivas do mercado brasileiro foram apresentadas no I Congresso AquiNordeste pelo engenheiro de pesca Felipe Matias, secretário executivo da Red de Acuicultura de las Americas (RAA), organismo internacional independente que busca beneficiar a Aquicultura de Recursos Limitados (AREL). Matias baseia sua argumentação em dados oficiais sobre o crescimento per capita da renda e do consumo de pescados no Brasil e no exterior, os quais indicariam que a aquicultura brasileira é um campo fértil para os empreendedores.

O CASO BRASIL Analisando a situação do Brasil, Matias defendeu que o crescimento do consumo de pescado está associado às

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A piscicultura hoje é uma excelente oportunidade de negócios no Brasil

políticas econômicas e sociais adotadas para melhorar a renda dos brasileiros. O aumento do salário mínimo, a diminuição da taxa de desemprego, os programas de distribuição de renda e a desvalorização do real são fatores que, segundo Matais, pressionaram positivamente o consumo interno. Foram também importantes a criação do Ministério da Pesca e de eventos de incentivo ao consumo, como a “Semana do Peixe”, que acontece desde 2003. Em 2003, por exemplo, 13 milhões de pessoas estavam nas classes A e B, enquanto 66 milhões compunham a classe C. Naquele ano, o consumo per capita não chegava a 6,5 quilos. Em 2014, 31 milhões de pessoas migraram para as classes A e B. Já a classe C saltou para 130 milhões de pessoas. Antes disso, em 2010, o consumo anual já havia subido para quase 10 quilos por habitante. Em 2012, bateu recorde: “cada brasileiro comeu em média 19 quilos de pescado durante o ano”, destacou Matias. Esse número é superior ao que os médicos recomendam para cada pessoa: 12 quilos por ano. É também superior à média consumida anualmente na América Latina: 9 quilos. Para atender às recomendações médicas, cada habitante do continente teria que comer a mais 3 quilos de pescados. Isso significa que a aquicultura latina tem mercado para crescer. “Hoje, a América Latina produz cerca de 2,5 milhões de toneladas ao ano de pescado. Com uma população de 570 milhões de habitantes, precisaríamos produzir mais 1,7 milhões de toneladas só para atender esse cálculo mínimo”, comparou Matias. PRODUÇÃO AQUÍCOLA DO BRASIL REGIÃO

TONELADAS/ANO

Nordeste

199.504

Sul

172.463

Norte

94.718

Sudeste

86.909

Centro-Oeste

75.108

Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAQ)

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brasil é 2º maior produtor de pescados das américas

Nesse cenário, o Brasil pode se tornar o maior produtor e exportador de pescados para os países das Américas. Atualmente, o Chile é o maior produtor, com 1 milhão 72 mil toneladas ao ano. O Brasil está em segundo lugar, com 707 mil 421 toneladas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresentados por Matias.

DÉFICIT LATINO Reforçando as potencialidades do mercado latino, o secretário da RAA mostrou que é grande o déficit de consumo de pescados nos países do continente. Para atender a recomendação médica (12 quilos por pessoa/ano), a Colômbia teria que produzir mais 315 mil toneladas, a Argentina 280 mil, a Bolívia 90 mil, o Chile 85 mil, o Paraguai 42 mil e a Costa Rica 42 mil toneladas. O Brasil também precisaria aumentar a oferta. Apesar do recorde obtido em 2012, o Brasil ainda apresenta déficit de 3 quilos por pessoa por ano. Para atender a um mercado de 200 milhões de consumi-

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dores, o país teria que produzir mais 600 mil toneladas de pescado, ou seja, quase a mesma quantidade que produz atualmente. “Hoje, produzimos 700 mil toneladas. Teríamos que produzir 85% a mais apenas para atender a recomendação médica”, calculou. Esse cenário é favorável ao aquicultor de todas as regiões brasileiras, conforme Matias. Atualmente, o Nordeste lidera a produção nacional com quase 200 mil to-

neladas por ano. O Sul produz 172,4 mil toneladas, o Norte cerca de 95 mil e o Sudeste chega próximo a 87 mil. O Centro-Oeste é a região que produz menos: 75 mil toneladas. Na avaliação do executivo, o melhor desse cenário é que há espaço para todos. “A aquicultura não é um mercado excludente”, ensina. “Existe espaço tanto para o grande quanto para o pequeno produtor”.

Entrevista FELIPE MATIAS Consultor internacional de aquicultura

“Peixe é uma veia do agronegócio.” Qual o estágio hoje da aquicultura no Brasil? FELIPE MATIAS - Costumo fazer uma comparação: nos últimos dez anos nós estávamos na infância da aquicultura, agora estamos na adolescência, com todas as virtudes e problemas desta faixa etária. Já construímos muito, mas ainda há o que se fazer. Lembro que já estamos entre os doze maiores produtores do mundo, mas o nosso papel é figurar entre os cinco maiores. Em quanto tempo chegaremos ao quinto lugar? FELIPE MATIAS - Num período de 10 a 20 anos estaremos disputando entre o 2º e o 5º lugar. E o que é necessário para chegar a esse patamar?

FELIPE MATIAS - Uma série de coisas. É um conjunto de ações dos governos e da iniciativa privada para, juntos, fazer acontecer. Avanços tecnológicos, ambientais e sociais são preocupações que temos que levar em conta. Não adianta ser o maior produtor do mundo, a forma de produzir também é importante, garantindo inserção social, responsabilidade ambiental aliado à viabilidade econômica, o que considero ser o tripé da sustentabilidade. Qual o maior desafio para aumentar o consumo e a produção? FELIPE MATIAS - Infelizmente a sociedade ainda não tem o conhecimento sobre o que é a produção do pescado, da aquicultura. O nosso desafio é mostrar a importância deste setor, que já se tornou o maior agronegócio do mundo. É importante também despertar o interesse daqueles que já trabalham com o agronegócio, mostrar que a aquicultura pode se tornar mais uma veia desses investidores.

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Pesquisa Raio X do mercado nordestino MERCADO DE

PESCADOS PRODUZIDOS

NO NORDESTE

Estudo sobre distribuição e consumo de tilápia, tambaqui e ostra nas capitais da região

Especialista em pequenos negócios / 0800 570 0800 / sebrae.com.br

O peixe está aceito e incluso no cardápio do consumidor nordestino. Carlos Frederico Melo Lacerda, Diretor do Instituto Mercator

Estudo inédito revela comportamento e tendências das vendas e do consumo de tilápia, tambaqui e ostras nas nove capitais do Nordeste O nordestino está comendo mais peixe; espécies de água doce cultivadas em cativeiro já disputam mercado com pescados marítimos provenientes da pesca artesanal; a tilápia é mais consumida que o tambaqui; cresce a procura por peixes congelado em substituição aos frescos; há mais disponibilidade desses produtos em redes de supermercados, e os restaurantes cada vez mais incluem peixes em seus cardápios. Estes são alguns resultados de uma inédita pesquisa sobre a distribuição, comercialização e consumo de tilápia, tambaqui e ostras no Nordeste, realizada pelo Instituto Mercator de Monitoramento do Mercado, contratado pelo Sebrae. Os resultados da pesquisa foram apresentados no I Congresso AquiNordeste pelo diretor do Mercator, Carlos Frederico Melo Lacerda, e pelo analista e coordenador regional do projeto no Sebrae da Paraíba, Jucieux Lucena Palmeira. A pesquisa foi realizada de janeiro a usado em diversos pratos, o pescado enriquece a culinária nordestina

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agosto de 2014 nas nove capitais nordestinas: Aracaju (SE), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Natal (RN), Recife (PE), Salvador (BA), São Luís (MA) e Teresina (PI). Foram feitas mais de 2 mil entrevistas, visitados 78 pontos de venda e 106 de consumo, e analisadas cerca de 95 mil informações sobre comportamento do consumidor. O objetivo do estudo foi prover conhecimento sobre oferta e demanda de tilápia, tambaqui e ostras nos principais centros consumidores nordestinos, visando “gerar informações que possam contribuir para o crescimento mercadológico e comercial desses produtos, fortalecendo, assim, o desenvolvimento sustentável de todos os elos da cadeia aquícola do Nordeste”, explicou Palmeira, gestor do AquiNordeste na Paraíba. “O estudo mostra que o peixe está aceito e incluso no cardápio do consumidor nordestino”, resume Lacerda. “Precisamos agora fazer com que esse espaço seja ampliado, fazendo com que o peixe chegue em maior quantidade à mesa dos brasileiros de todas as regiões”. Conheça os principais resultados sobre o mercado nordestino revelados pela pesquisa.

DISTRIBUIÇÃO Grandes lideram a oferta O estudo revelou que as redes de hiper e supermercados são responsáveis por 54% da distribuição de tilápia, tambaqui e ostras nas capitais nordestinas, enquanto os supermercados populares representam 21% dos canais de oferta. As feiras livres

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respondem por 15% da distribuição, enquanto as peixarias 6% e as delicatessen, 4%. A tilápia é ofertada em 94% dos canais de distribuição, enquanto o tambaqui é oferecido em 37% desses pontos de venda. Lacerda entende que é preciso ampliar a oferta de pescados na rede de distribuição, especialmente nos supermercados populares, segmento que apresenta tendência de crescimento.

PONTOS DE CONSUMO Maioria vende peixe

Produtos congelados e embalados estão sendo mais procurados

A pesquisa identificou que 94% dos bares e restaurantes pesquisados nas capitais nordestinas oferecem peixe em seus cardápios. Pratos feitos com tilápia aparecem em 35% desses estabelecimentos, enquanto o tambaqui é vendido em apenas 12% dessas casas. Os bares e restaurantes especializados em gastronomia regional somam 34% do mercado. Os que vendem só pescados representam 17%, mesmo percentual do segmento oriental. Já as casas especializadas em culinária internacional, mediterrânea, contemporânea e de grelhados totalizam 34%. Para Lacerda, a venda de pratos feitos com tilápia e tambaqui ainda é pequena. “No caso da tilápia, há muito mercado a se conquistar, principalmente nos restaurantes de culinária oriental, que é o segmento do setor que mais cresce no Brasil. No caso do tambaqui, é necessário que haja mais oferta”, recomenda.

DEMANDA Cresce procura por congelados

A tilápia já está incorporada ao cardápio do nordestino

Os pescados congelados já predominam nas peixarias do mercado nordestino de distribuição, mas os consumidores ainda preferem levar para casa o peixe fresco.“ Nas redes de supermercados populares, por exemplo, só encontramos o filé de peixe congelado”, conta Lacerda, assegurando que a tendência é o aumento da procura pelos congelados. A tilápia congelada representa 85%, e a fresca, 48% da oferta. No caso de tambaqui ocorre o oposto: a espécie fresca representa 35% e a congelada, apenas 4% da oferta. O consumidor, no entanto, ainda prefere comprar peixe fresco. A tilápia inteira fresca responde por 61% do consumo, enquanto o filé congelado ocupa 45% das vendas. “Há muitos produtores vendendo tilápia congelada, desossada e aberta. Pode ser que essa forma de oferecer o produto seja passageira, mas também pode virar tendência”, analisa Lacerda. “É preciso olhar de que forma pode-se melhorar o produto para atender ao que o consumidor almeja. A imagem do produto no mercado consumidor vai ajudar a venda tanto do peixe fresco quanto do congelado”. A pesquisa também identificou que algumas grandes redes, como a Bom Preço, pretendem encerrar, em curto prazo, a venda de peixes frescos. “É uma pena”, lamentou Lacerda.

CONSUMIDOR Sabor puxa consumo A pesquisa também revelou que o sabor das espécies estudadas é o

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principal atributo que leva o consumidor a comprá-las. O sabor responde por 80% dos que adquirem ostras, 75% entre os que preferem tambaqui e 68% entre os que compram tilápia. O fato de terem pouca espinha (tambaqui e tilápia) pesa bem menos na decisão do consumidor, só 7%. O fato de serem alimentos saudáveis também não influencia: só 2% compram tambaqui e tilápia por esse motivo, e apenas 1% comem ostra porque é saudável. Segundo Lacerda, da mesma forma como ocorre com outros alimentos, a embalagem dos pescados congelados pode fazer a diferença, estimulando o consumidor a levar o peixe. O visual e as informações contidas na embalagem “têm que influenciar a decisão de compra do consumidor”, ensina Lacerda. Quanto ao hábito de consumo, a pesquisa identificou que 81% dos entrevistados consomem tilápia, 54% ostras e 45%, tambaqui.

PREÇO Tilápia congelada custa mais A pesquisa mostrou que, entre os produtos pesquisados, a tilápia congelada é a que apresenta maior preço ao consumidor final no mercado nordestino. Entre janeiro de agosto de 2014, o quilo do filé de tilápia congelado estava variando entre R$ 31,37 (São Luís) e R$ 35,89 (Natal). Nesse período, o quilo da tilápia fresca oscilava entre R$ 8,50 (São Luís) e R$ 11,75 (Salvador). Já o

quilo do tambaqui ficou entre R$ 7,75 (São Luís) e R$ 11,70 (Salvador). Na avaliação de Lacerda, a demanda e a oferta dos produtos é que vão balizar o preço, que tende a subir com o crescimento da procura.

ORIGEM Nordeste é o maior fornecedor O estudo identificou que a maioria da produção de tilápia fresca e congelada distribuída nas capitais nordestinas é proveniente de produtores da própria região. Eles respondem por 91% da tilápia fresca e por 47% da tilápia congelada ofertada na rede de distribuição do Nordeste. O maior fornecedor é a Bahia, que responde por 46% da tilápia fresca e por 47% da congelada. Mas a concorrência com produtores do Sul é forte: 40% da tilápia congelada são oriundos daquela região, principalmente de Santa Catarina, responsável por 33% do pescado que chega aos pontos de venda do Nordeste. Os produtores do Sudeste e do Centro-Oeste têm pouca participação no abastecimento do mercado nordestino: apenas 7% cada. Já região Norte não coloca sequer um quilo de tilápia nas gôndolas das capitais do Nordeste. No caso do tambaqui fresco, a participação dos produtores nordestinos é ainda maior: 73% do peixe ofertado nos pontos de venda são produzidos na região. Neste caso, os maiores fornecedores são Maranhão, Piauí e Sergipe, cada um com 20% da produção.

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

OFERTA CAPITAIS DO NE

SEGMENTAçãO - PONTOS DE CONSUMO

CANAIS DE DISTRIBUIçãO ANALISADOS

17%

21% 4%

17%

8%

6%

8% 15%

8% 54%

HIPER E SUPERMERCADOS SUPERMERCADOS POPULARES FEIRA

PEIXARIA DELICATESSEN

8%

REGIONAL PESCADOS ORIENTA CONTEMPORâNIO

34% INTERNACIONAL GRELHADO MEDITERRâNIO

Fonte: Instituto Mercator

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Ceará Unir para vencer barreiras Associação faz estudo sobre o mercado, identifica potencial, revela problemas e recomenda união dos produtores para acelerar o desenvolvimento da aquicultura cearense

O pequeno se torna grande quando trabalha em grupo. Camilo Diógenes, Presidente da ACEAQ (Associação Cearense de Aquicultores)

Os pequenos piscicultores do Ceará têm esbarrado num mar de dificuldades para acelerar o crescimento da aquicultura do Estado, que, graças ao trabalho deles, é o maior produtor brasileiro de camarão e o quinto que mais produz pescados no Brasil. Esses empreendedores remam contra a morosidade da burocracia e a alta carga tributária, sofrem discriminação dos agentes financeiros e enfrentam barreiras para criar peixes nos açudes. São problemas identificados pela Associação Cearense de Aquicultores (Aceaq) ao pesquisar a realidade e as potencialidades do mercado piscícola do Ceará. A experiência cearense foi compartilhada no I Congresso AquiNordeste pelo presidente da ACEAQ, Camilo Diógenes. Ao destacar a importância dos pequenos piscicultores, “responsáveis pela produção de 60 toneladas de pescados por mês”, Diógenes apontou a solução para os desafios do setor: trabalhar em conjunto, unindo todos os segmentos da piscicultura para fortalecer a cadeia produtiva, melhorar a produção e ampliar o mercado do pescado produzido no Estado. A ideia da pesquisa surgiu em 2013, depois de dois anos de grande oferta de tilápia no mercado interno cearense e baixa exportação do produto. “Era importante a gente conhecer não só o mercado, mas também o setor produtivo para verificar o que o mercado está querendo e se a gente está preparado para atendê-lo”, explicou Diógenes.

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Diante dos resultados, a Aceaq pode traçar um plano estratégico de produção e de comercialização do produto de acordo com capacidade de produção e com as perspectivas do mercado. Barreiras continuam existindo e dificultando a evolução da piscicultura do Ceará, mas Diógenes garante: “hoje estamos preparados para atender às futuras demandas”.

Produção de peixe em açude no Ceará: acordo para explorar área federal

AÇUDES A aquicultura do Ceará, conforme a pesquisa da Aceaq, apresenta, ao mesmo tempo, grande potencial de crescimento e uma rede de obstáculos que represam o desenvolvimento do setor. É o caso, por exemplo, dos açudes existentes no Estado, considerados pela Aceaq imprescindíveis para a expansão da piscicultura cearense. A maioria desses reservatórios pertence ao Governo Federal. Juntos, os açudes de domínio da União representam 70% das águas disponíveis no interior cearense. Mesmo sendo um ambiente propício para a criação de peixe em tanque-rede, a potencialidade dos açudes estaria sendo pouco aproveitada por causa de barreiras burocráticas que travariam a emissão de outorgas federais para que os produtores possam cultivar nos reservatórios. A causa da morosidade na emissão das permissões seria a falta de estudos precisos sobre impactos do cultivo de peixe nos açudes. “Enquan-

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I CONGRESSO AQUINORDESTE Piscicultores querem mais redes de energia elétrica nas áreas dos açudes

to não se tira essa dúvida, por precaução os técnicos preferem não emitir a outorga”, reclamou Diógenes, salientando que o problema está sendo resolvido graças à pressão dos produtores. Em breve, segundo ele, será assinado convênio entre o Governo Federal e o Governo do Ceará para incrementar a aquicultura nos açudes. Outro problema é a falta de saneamento básico e de energia elétrica nas regiões dos açudes. O estudo da Aceaq revelou que, nessas áreas, 95% dos produtores não têm rede de esgoto, e 75% não têm acesso à eletricidade. Diógenes defende que esses problemas sejam enfrentados para que o esgoto não prejudique a qualidade das águas dos açudes e para que os produtores possam usar equipamentos que dependem do uso de energia elétrica.

CRÉDITO A pesquisa da Associação Cearense também identificou que os bancos tratam, de forma diferenciada, a aquicultura e as atividades tradicionais do agronegócio. Exemplo: os bancos aceitam como garantia imóveis rurais e a própria safra quando o tomador do empréstimo é um agricultor ou pecuarista. Quando é um piscicultor, “nem os peixes, as gaiolas ou o espelho d’água são aceitos como contrapartida”, reclama Diógenes. Para o pequeno produtor, criar peixe com recursos próprios “é muito caro e muito lento”, segundo Diógenes. Caro porque o piscicultor se vê obrigado a comprar patrimônio para oferecer como garantia ao banco; e lento porque depende do lucro para reinvestir no empreendimento, o que retarda o crescimento do negócio. “As instituições financeiras têm que repensar as formas para viabilizar os empréstimos aos piscicultores”, defende.

TRIBUTOS Os estudos da Aceaq apontaram outra pedra no caminho da piscicultura cearense: a carga tributária incidente sobre os peixes processados (o peixe fresco não é tributado). Os tributos referentes ao PIS, Cofins e ISS representariam 35% do valor do produto processado. Como o consumidor está comprando cada vez mais peixe congelado e embalado, a carga tributária inibe o piscicultor a investir no processamento de pescados para conquistar mercado. Mas o produtor também deve fazer sua parte para que os custos caiam e o produto se torne mais competitivo. “Temos condições de reduzir em 50% nosso custo de produção”, garante o presidente da Aceaq, recomendando que pequenos produtores se unam em grupos e dividam entre si despesas que encarecem o negócio, como salários de profissionais especializados. “O pagamento de um gerente técnico, ao ser dividido por 50 ou 100 produtores, se torna um gasto pequeno para cada um”, ensina. “O pequeno se torna grande quando trabalha em grupo”.

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Ostra O desafio de produzir no Nordeste Fazenda no Rio Grande do Norte consegue resultados positivos com espécie típica de água doce, mas continua pesquisando para produzir ostras resistentes ao clima, de tamanho comercial e mais saborosas

Todo dia a gente mata um leão para criar ostras. Alexandre Wainberg, Diretor da Primar Aquicultura Orgânica

A captura da ostra selvagem no mangue e o processo de engorda em cativeiro ainda são os meios mais usados para a produção desses moluscos no Brasil. A maior dificuldade encontrada pelos criadores, no entanto, é chegar a uma seleção de matrizes capaz de garantir a qualidade e o tamanho da espécie. É o que vem buscando o engenheiro de pesca Alexandre Alter Wainberg, sócio da Primar Aquicultura Orgânica, fazenda instalada no Rio Grande e pioneira, no Nordeste, na produção de ostras orgânicas. Wainberg falou sobre a experiência da Primar no I Congresso AquiNordeste. Há 20 anos, Wainberg trocou o sol carioca pelo sol de Tibau do Sul, município onde instalou a Primar. Começou produzindo camarão, depois peixes, até que decidiu investir na produção de ostras diante da escassez da oferta de sementes e do molusco adulto no mercado nordestino. Hoje produz ostra orgânica e já caminha para a produção do molusco associada à criação de tilápia. No começo da produção, a empresa testou sementes importadas de Santa Catarina, estado referência no cultivo de ostras. Mas não deu certo. “Por questões climáticas, as sementes de ostras produzidas no sul não vingam aqui no Rio Grande do Norte”, explicou Wainberg. “Precisamos mesmo é da produção local e de forma orgânica”.

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A OSTRA PRETA Depois de muita pesquisa, o produtor encontrou a espécie que mais se adaptou ao clima nordestino: a ostra preta, típica de água doce. Ainda assim, ele conta que os exemplares obtidos estão longe de ser o ideal. “A diferença da ostra brasileira para a ostra japonesa, por exemplo, é que a do Japão tem no mínimo 70 anos de seleção, já a nossa não possui nenhuma geração de seleção”, compara. “A espécie se torna fraca e dificilmente consegue se chegar a um plantel genético bom”.

Empresa investe em pesquisa para conseguir ostras maiores e resistentes ao clima nordestino

Atualmente, segundo o palestrante, 35% das ostras produzidas no Brasil medem de três a quatro centímetros e demoram, em média, 12 meses para chegar a esse tamanho. A alternativa para introduzir essas ostras no mercado consumidor é melhorar a qualidade e criar novas formas de comercialização. É o que a Primar também vem fazendo. A empresa instalou aquários em restaurantes nordestinos para expor e vender ostra viva e filé do molusco, muito apreciado no mundo todo. O estoque dos aquários é renovado a cada semana. “Tem vendido bem”, orgulha-se Wainberg.

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A ostra produzida em Tibau do Sul é bem aceita no mercado nordestino

Outro entrave apontado pelo especialista é a falta de tecnologia e o alto índice de desperdícios. Para tentar resolver o problema, ele conta que passou a investir na produção orgânica de ostras e pretende fazer o cultivo multitrófico, que é um dos sistemas mais avançados na aquicultura atualmente. A ideia é cultivar, simultaneamente, tilápias e ostras. “Aquela água que é usada para a criação da tilápia, onde é jogada a ração, pode se tornar uma fonte de nutrientes para as algas, que são usadas para a alimentação das ostras”, explicou.

OSTRA DE LABORATÓRIO Para produzir sementes e ostras, a Primar construiu um moderno laboratório, onde são feitas pesquisas para se chegar a indivíduos resistentes ao clima nordestino. O processo é feito em quatro fases. A primeira é a desova. Wainberg ensina que esses moluscos só desovam quando percebem as mudanças climáticas entre o verão e o inver-

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no. No laboratório, os criadores “enganam” as ostras, simulando mudança de estação para forçar a desova. “Para realizar a desova massiva, colocamos milhares de ostras em tanques de água quente e água fria, com luz e no escuro, para que elas assimilem uma mudança climática”, explica. Feita a desova forçada, passa-se para a segunda fase: a coleta das larvas, procedimento feito em bacias teladas com peneiras minúsculas. A terceira fase é o assentamento. “Esta é a fase em que a ostra procura um local para se fixar ou grudar, como falamos”, esclarece. “Normalmente elas procuram o plâncton, o que já adequamos dentro dos tanques de criação. A quarta e última fase que a Primar espera atingir em breve” é chegar “às ostras de verdade”, ou seja, quando elas crescem acima de 0,3 milímetros.

QUALIDADE DA ÁGUA Wainberg também ensina que a qualidade da ostra está diretamente ligada à da água. “O que determina se a ostra será boa ou não é o ambiente em que ela é criada”, reforça. No caso de ostra em cativeiro, a qualidade da água é considerada primordial para eliminar riscos de contaminação do molusco. “O coração de um laboratório de ostras é o sistema de filtração de água”, explica. No laboratório da Primar, para criar um ambiente favorável, a água passa por 17 processos de microfiltração e limpeza até receber as ostras. “No processo de depuração, a ostra é deixada 48 horas em tanques com água pura e esterilizada”, relata Wainberg. Para manter a qualidade, a cada hora toda água existente em cada tanque de 25 mil litros é renovada. Outro desafio, segundo Wainberg, é desenvolver uma alimentação adequada para as ostras. “Ainda não sabemos o que de fato as ostras gostam”, lamenta. “Produzimos o que chamamos de ‘salada de algas’ com sete tipos diferentes de alimento, mas que não são vistas a olho nu”. Mas ele não desamina, garantindo que “todo dia a gente mata um leão” para superar os desafios até chegar ao objetivo final: gerar tecnologia e conhecimento que permitam oferecer ao mercado ostras resistentes ao clima nordestino, no tamanho ideal e que satisfaçam os paladares mais exigentes.

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Modelo Alagoas incentiva a aquicultura sustentável Visando atrair pequenos agricultores para a aquicultura, Sepag estimula criação de peixes junto com outros animais e com hortaliças em pequenas propriedades Com a intenção de incentivar pequenos agricultores a criar peixe em cativeiro, a Secretaria de Pesca e Aquicultura de Alagoas (Sepaq) está estimulando a adoção de um modelo de produção rural consorciada em pequenas propriedades: a aquicultura sustentável. Esse modelo foi apresentado pelo secretário de Pesca de Alagoas, Cantídio Mundim, a produtores durante o dia de campo realizado pelo Sebrae dentro da programação do I Congresso AquiNordeste.

A aquicultura sustentável nos parece a melhor alternativa para o pequeno agricultor. Cantídio Mundim, Secretário de Pesca e Aquicultura de Alagoas

Mundim explicou que o modelo permite ao pequeno agricultor, que não dispõe de grandes espaços para produzir, criar na mesma área e ao mesmo tempo tanto peixes quanto aves, pequenos animais, frutas e hortaliças. “A aquicultura não é uma atividade exclusiva, ela é inclusiva”, defende Mundim. “O agricultor pode criar peixes, em tanque-rede ou em viveiro escavado, ao mesmo tempo e na mesma propriedade onde ele já planta hortaliças e cuida de outros animais. Por isso, a aquicultura sustentável nos parece a melhor alternativa para o pequeno agricultor”.

PROJETO NO SERTÃO O secretário informou que a Sepaq já está desenvolvendo um projeto, baseado nesse modelo, para atender famílias ribeirinhas que moram próximas ao canal que está sendo construídos para levar água do rio São Francisco ao sertão alagoano. Segundo Mundim, as áreas abertas para receber a estrutura das obras do canal serão transformadas em tanques escavados. Junto a esses tanques serão destinadas áreas para produção de frutas e hortaliças, que receberão água

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ALAGOAS POSSUI VÁRIAS BACIAS HIDROGRÁFICAS E EXTENSO LITORAL PARA PROJETOS DE CRIAÇÃO DE PEIXES, OSTRAS E ALGAS A BAIXO CUSTO

fertilizada do canal. “´Será um consórcio de atividades, ideal para o pequeno produtor, que terá alternância de produção, podendo produzir diversos alimentos ao mesmo tempo”, acrescentou. Mundim aposta nesse modelo para acelerar o desenvolvimento da aquicultura em Alagoas, que “ainda está muito no começo”, embora a atividade tenha grande potencialidade de crescimento diante dos diversos recursos naturais que o estado oferece. “Temos o rio São Francisco, grande quantidade de bacias hidrográficas, 40% do estado está na Zona da Mata, além de 230 quilômetros de litoral, onde podem ser implantados projetos de criação de peixes, ostras, algas”, enumera. “Mas é preciso canalizar esse potencial para pessoas que já estão envolvidas no setor ou que queiram investir na aquicultura de Alagoas”. O secretário também destacou que os custos de produção de peixe em cativeiro são bem inferiores aos de outros seg-

mentos produtivos. “Para gerar um posto de trabalho se gasta de R$ 270 mil a R$ 330 mil na indústria petrolífera marinha, R$ 90 mil na indústria automobilística, R$ 40 mil na agricultura tradicional, de R$ 14 mil a R$ 20 mil na agricultura familiar e entre R$ 2.500 a R$ 3 mil na aquicultura”, detalhou Mudim, com base em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Disse ainda que a aquicultura é uma atividade de baixo custo e de curto prazo para o retorno do investimento. Citando dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), ele informou que para se implantar um projeto de criação de peixe em um hectare de viveiros escavados o empreendedor vai investir cerca de R$ 70 mil. “No segundo ano do projeto, o empreendedor já tem o retorno do que investiu e no terceiro ano, já tem lucro”, salientou. “Com poucos recursos se consegue gerar emprego, ter lucro e produzir alimentos saudáveis”.

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CODEVASF Tecnologia a serviço da aquicultura Há mais 30 anos a companhia investe em técnicas de reprodução de peixes para recuperar a fauna aquática, revitalizar bacias hidrográficas e promover inclusão social

A Codevasf contribuiu muito para desenvolver a aquicultura do Brasil Eduardo Motta Diretor de Revitalização da Codevasf

A evolução da aquicultura no Nordeste teve e continua tendo um importante aliado: a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf ). Já são mais de três décadas de investimentos em atividades que resultaram em diversas conquistas: novas tecnologias, recuperação da fauna aquática, mais peixes nos rios, fortalecimento do mercado e melhoria da qualidade de vida de centenas de famílias que habitam áreas atendidas pela Codevasf. Esse trabalho mereceu painel especial no I Congresso AquiNordeste, apresentado pelo diretor de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf, Eduardo Motta. O diretor fez um retrospecto dos investimentos da companhia no setor. Contou que tudo começou em 1979 com a implantação da Estação de Hidrobiologia e Piscicultura de Três Marias (MG), a primeira a ser criada pela Codevasf para estudar e produzir peixe em cativeiro. A partir de 1981, novas estações foram implantadas e

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Estudantes participam de projeto da Codevasf para repovoar espĂŠcies de peixes no Velho Chico

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os projetos da codevasf são vitais para recuperar o rio são francisco

depois transformadas em Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura. Hoje, são oito centros tecnológicos, sendo dois em Minas Gerais, dois na Bahia e quatro (um por estado) distribuídos em Alagoas, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Juntos, os oitos centros produzem 24 milhões de alevinos por ano. O maior produtor é o Centro de Itiúba, em Alagoas, com 8 milhões de peixes juvenis ao ano. Os bons resultados colhidos pelos centros de pesquisas tiveram origem no início da década de 80, quando um acordo de cooperação internacional permitiu ao Brasil importar da Hungria tecnologia e técnicos especializados em propagação artificial de peixes em laboratório. “Os húngaros passaram dez anos morando no Brasil para que esse conhecimento fosse transmitido”, conta Motta. A tecnologia húngara possibilitou produzir alevi-

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nos com tamanho acima de 10 centímetros, além de aumentar a produção de juvenis. “Passaram de 100 mil para 6 milhões por ano”, relata o diretor. Depois de aprender com os húngaros, a Codevasf passou a disseminar pelo Brasil as técnicas de propagação artificial de peixes de piracema em água doce. “A nossa experiência contribuiu muito para o desenvolvimento da aquicultura do Brasil”, orgulha-se Motta.

RECUPERAÇÃO DAS BACIAS Os oito centros tecnológicos da Codevasf são equipados com laboratórios de pesquisas, tanques e viveiros escavados. Neles são produzidas espécies nativas ou comerciais, que depois são usadas para repovoar e revitalizar a fauna das bacias hidrográficas, beneficiando rios e seus afluentes, açudes públicos e reservatórios comunitários. A proteção ao meio ambiente aquático é feita por meio de projetos como o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco em Alagoas. O programa prevê a construção de 13 Sistemas de Esgotamento Sanitário (SES), dos quais três já foram concluídos e repassados às prefeituras de Santana do Ipanema, Igreja Nova e Batalha. Outros 10 sistemas serão implantados nos municípios de Delmiro Gouveia, Piaçabuçu, Belo Monte, Traipu, São Brás, Canapi, Cacimbinhas, Jaramataia, Carneiros e Olho D'Água do Casado. Quando esses sistemas estiverem funcionando, cerca de 30% dos municípios alagoanos do Vale do São Francisco terão tratamento de esgoto, o que reduzirá drasticamente a emissão direta de dejetos no rio São Francisco e seus afluentes, conforme prevê a Codevasf.

A VOLTA DO PIRÁ As tecnologias desenvolvidas pela Codevasf permitiram devolver ao Velho Chico uma espécie típica que andava desaparecida da região: o pirá. “O único lugar do universo que ainda possui o pirá é o Vale do São Francisco”, ressalta Motta. “Em 1977, nós fizemos a primeira desova. Esse peixe está em processo de extinção e nós estamos fazendo uma nova colocação dessa espécie, que é um símbolo da região”. Motta esclarece que, ao produzir espécies nativas e comerciais, a Codevasf não está competindo com os produtores da região. “A nossa intenção é incentivar a iniciativa privada a produzir para atender ao mercado”, explicou. “Além de repovoar e revitalizar as bacias, também trabalhamos para garantir a atividade pesqueira nas regiões em que atuamos, especialmente no vale do rio São Francisco”. É justamente para ajudar a desenvolver o setor que a Codevasf transforma os resultados de suas experiências em publicações técnicas e científicas, disponibilizando-as aos produtores e pesquisadores. Entre as 1.315 publicações, destacam-se o Manual de Piscicultura, o Manual de Criação de Peixes em Tanque Rede e o Manual de Criação de Peixes em Viveiros Escavados. Motta ressalta que a Codevasf, ao revitalizar a fauna aquática, recuperar as bacias hidrográficas e aumentar da população de peixes, está conseguindo produzir também um benefício inestimável aos habitantes da região: a inclusão social e produtiva.

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Produtos Tecnologia e informação para piscicultores Sebrae apresenta programa de informática e cartilhas que vão ajudar micro e pequenos produtores a ter sucesso no mercado de pescados

Se o produtor apresenta dados confiáveis, certamente o banco vai considerar que aquele é um potencial cliente, habilitando-o ao empréstimo. Newman Costa, Ccoordenadora nacional de Aquicultura e Pesca do Sebrae Nacional

Um programa de informática (software) que permite monitorar cada etapa de um empreendimento aquícola e três estudos que irão contribuir, de forma didática, para que o empresário rural compreenda a legislação e conheça melhor o mercado de pescados no Nordeste são os novos produtos que o Sebrae Nacional está disponibilizando aos micro e pequenos empreendedores. A nova ferramenta de gestão foi apresentada no I Congresso AquiNordeste pela coordenadora nacional de Piscicultura e Pesca do Sebrae, Newman Costa. Essa ferramenta foi criada com o objetivo de disponibilizar instrumento para auxiliar o empresário rural na gestão do seu negócio aquícola, neste caso a produção de peixes, ajudando-os a adquirir conhecimentos para melhorar a gestão dos negócios e, assim, fortalecer a cadeia produtiva de pescados.

PROGRAMA CONTROLA TUDO O software “Gestão para a Aquicultura e Piscultura”, idealizado pela Gerência de Agronegócios do Sebrae Nacional em parceria com a unidade de Agronegócios do Sebrae de Tocantins, possibilita ao produtor acompanhar minuciosamente as mais diversas etapas do empreendimento, desde a elaboração do projeto até os resultados de cada fase do negócio. Assim, o empreendedor pode avaliar, por exemplo, a qualidade da água dos tanques escavados, o desenvolvimento das espécies que produz, os

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gastos com insumos e com mão-de-obra, a aceitação do produto no mercado consumidor e os resultados financeiros do empreendimento.

SEBRAE DESENVOLVE SOFTWARE PARA FACILITAR A GESTÃO DOS NEGÓCIOS DE PISCICULTURA

Além de dar mais segurança na gestão do negócio, a ferramenta também pode ajudar o pequeno produtor a obter financiamentos junto aos bancos, que são sempre rigorosos quanto às garantias que o empreendedor oferece. “Se o produtor apresenta dados confiáveis que mostram que o empreendimento é bem administrado, é viável e tem capacidade para honrar financiamentos, certamente o banco vai considerar que aquele é um potencial cliente, habilitando-o ao empréstimo”, argumenta Newman Costa. A executiva explica que essa ferramenta compete, tecnicamente, com outros programas semelhantes existentes no mercado. A grande diferença, além da qualidade tecnológica do software, é que o programa poderá ser acessado sem necessitar de internet – o do Sebrae será gratuito e basta participar da capacitação para apreender a ter domínio sobre a ferramenta. “É uma despesa a menos para o produtor, que também não vai depender de internet”, reforça a executiva. O software do Sebrae já está pronto, mas, antes de ser disponibilizado, será testado por piscicultores em fevereiro de 2015, em alguns estados.

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uma DAS cartilha lançadas pelo sebrae orienta os produtores sobre tributos

TRIBUTAÇÃO DO PESCADO NO NORDESTE BRASILEIRO

TRIBUTOS, SIMPLES NACIONAL E MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA

Setembro/2014

ESTUDOS ORIENTAM Os novos estudos elaborados pelo Sebrae dedicados ao setor aquícola abordam três temas que, pela complexidade, atormentam a vida dos produtores: licença ambiental, tributação e mercado. Com linguagem simples e didática, as publicações vão ajudar o produtor a conhecer, compreender e se adequar às exigências da legislação e às peculiaridades do mercado de pescados. É o caso, por exemplo, do licenciamento ambiental, considerado um dos principais gargalos para o desenvolvimento da aquicultura brasileira. O nó estaria na diversidade das normas adotadas por diferentes instituições nos âmbitos federal, estadual e municipal. Diante da complexidade da legislação, muitos produtores acabam descumprindo as exigências, passando a atuar de forma irregular, o que pode ser fatal para o negócio. O Estudo orienta que, em vez de ignorar a legislação ambiental, é melhor conhecê-la, respeitá-la e obedecê-la. Legalizado, o produtor tem segurança jurídica para tocar o empreendimento sem risco de embargo, apreensão de equipamentos e multas. Legalizado, estará apto a receber os benefícios da lei, como acesso a financiamentos bancários e aos programas de incentivo à produção. No estudo, o produtor passa a ter conhecimento do passo a passo para obter a tão desejada licença ambiental.

TRIBUTAÇÃO A legislação tributária é outra espinha na garganta dos produtores. A maio-

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ria considera a carga tributária excessiva e injusta, poucos compreendem que os impostos recolhidos retornam em forma de obras e serviços públicos à sociedade. O estudo elaborado pelo Sebrae sobre tributos ensina que o recolhimento correto dos impostos pode reduzir as despesas tributárias, aumentando a lucratividade do empreendimento. A publicação traz um panorama geral sobre os impostos que incidem na cadeia produtiva de pescados do Nordeste. Apresenta também resumos dos principais tributos cobrados nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. É o caso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), tributação federal; do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), cobrado pelos governos estaduais; e do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), aplicado pelos municípios. A publicação ensina, ainda, que há outras modalidades de regimes tributários, como o Simples Nacional, o do Lucro Presumido e o do Lucro Real.

MERCADO O Sebrae realizou o estudo sobre o mercado de tilápia, tambaqui e ostras nas nove capitais do Nordeste, em parceria com o Instituto Mercator de Monitoramento de Mercado. A inédita pesquisa, apresentada no congresso de Maceió, identificou os principais canais de distribuição, comercialização e consumo das três espécies, além de mostrar tendências de crescimento, preferência dos consumidores e preços praticados. A pesquisa, resumida no estudo, fornece subsídios que dão ao produtor maior segurança na hora de decidir sobre os rumos do negócio, bem como a melhorar seus produtos para vencer obstáculos mercadológicos e conquistar espaço no mercado de pescado das capitais do Nordeste.

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Qualidade Piscicultura terá normas de produção Projeto em fase de conclusão vai definir regras de boas práticas que permitam melhorar métodos produtivos e oferecer aos consumidores pescados mais confiáveis

A certificação traduz o que a sociedade espera do pescado que a gente produz. Alessandra Weyandt, Pesquisadora do Inmetro

Ainda em 2015, o Brasil pode dispor de um conjunto de normas de certificação de produtos aquícolas, com regras de produção que objetivam melhorar o padrão de qualidade dos pescados e aumentar o nível de segurança alimentar dos consumidores. O anúncio foi feito pela pesquisadora do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Alessandra Weyandt, em palestra no I Congresso AquiNordeste. Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Alessandra explicou que esse conjunto de regras vem sendo elaborado por meio do Projeto de Desenvolvimento de Normas e Certificação para Aquicultura. Foi idealizado a partir do princípio de que “toda produção voltada para o consumo humano deve obedecer a regras de sanidade, higienização e cuidados básicos com a alimentação”, segundo a especialista em Sistemas de Gestão de Qualidade. O projeto desenvolvido no Brasil é similar ao adotado pela Espanha. No caso brasileiro, a proposta é estabelecer, prioritariamente, normas de boas práticas de higiene e de produção primária de tilápias, peixes redondos e moluscos bivalves (ostra, mexilhão, sururu e conchas). O trabalho envolve pesquisas de campo junto a produtores, coleta e análise das sugestões do setor, elaboração de propostas e consultas ao mercado produtor sobre as normas sugeridas. A fase de consulta nacional começou em março e deve ser concluída ao final de 2014. Encerrada essa faze, a coordenação do projeto terá 60 dias de prazo para estudar as sugestões apresentadas e fechar o conjunto de normas.

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A perspectiva é que as regras sejam publicadas em 2015 para que se passe à fase de implantação assistida e posterior certificação-piloto. Alessandra aproveitou para explicar a diferença entre normalização e normatização: “Normalização é um processo voluntário baseado em consenso, que procura escolher a melhor solução técnica possível com resultado imparcial. Já a normatização, o que não é o caso, é um processo obrigatório baseado em regras públicas estabelecidas pelo governo”. A especialista lembra que o produtor não é obrigado a obedecer às normas de certificação. Ressalta, porém, que essas regras consequentemente levarão os piscicultores a se adequarem ao que o mercado consumidor deseja. “Estabelecer normas de certificação seria a tradução do que a sociedade, na condição de consumidor, espera do pescado que a gente produz”, enfatiza. “Uma norma oferece regras, diretrizes ou características para atividades e seus resultados. Nada mais é do que um guia contendo instruções para que aquele produto ou serviço seja desempenhado da melhor maneira possível”.

SUSTENTABILIDADE A pesquisadora apresentou dados indicando que, atualmente, produtos sustentáveis são mais aceitos no mercado. Segundo ela, pesquisa do instituto mantido pelo grupo Basf revelou que 75% dos consumidores entrevistados estão dispostos a pagar mais por produtos que tenham certificação com apelo de sustentabilidade. E 95% dessas pessoas consideraram importante que o pescado brasileiro tenha certificação.

Alessandra argumenta que muitos consumidores deixam de comprar pescados por desconhecerem a origem do produto e os métodos de produção em cativeiro. Problema que a certificação ajudaria a resolver ao oferecer essas informações, fazendo com que produtos certificados levem vantagem sobre os que não têm esse selo. “Ao ver o selo de certificação, o consumidor consegue diferenciar um produto do outro de acordo com a sua origem, qualidade e segurança”, ressalta. A certificação, portanto, se ajuda o consumidor na hora da compra, seria também favorável ao produtor no momento da venda.

EXPORTAÇÕES Produtos certificados também têm mais aceitação no mercado externo, conforme a pesquisadora. Segundo ela, muitos países estão de olho no pescado produzido no Brasil, mas boa parte deles exige o selo atestando a qualidade do produto. Ao não se adequar às normas de certificação, o produto brasileiro perderia competividade no mercado externo. A regra é válida para produtos importados pelo Brasil, como é o caso do camarão da Tailândia ou do salmão do Chile, que enfrentaram problemas com a qualidade sanitária na produção dessas espécies. Hoje, segundo Alessandra, esses países cumprem normas de boas práticas de produção. “A certificação”, ensina Alessandra, “fortalece o mercado interno e cria expectativa no mercado externo, além de agregar valor ao produto e possibilitar aumento da produtividade”.

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Legislação Código Florestal traz novas exigências Todo proprietário de imóveis rurais é obrigado a fazer o Cadastro Ambiental Rural sob pena de perder diversos benefícios, inclusive crédito agrícola Os proprietários de imóveis rurais, inclusive os aquicultores, são obrigados a cumprir regras para fazer a inscrição no Cadastro Rural Ambiental (CAR), conforme determina o novo Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional em 2012. O alerta foi dado no I Congresso AquiNordeste pelo palestrante José Ângelo Ramalho, da Diretoria de Fomento e Inclusão do Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Os bancos já estão cortando o crédito agrícola a quem não tem o CAR. José Ângelo Ramalho, Representante do Ministério do Meio Ambiente

Uma das penalidades a quem não possuir o CAR é ser impedido de receber crédito agrícola, segundo Ramalho. O crédito automaticamente será cortado a partir de 28 de março de 2017. “Mas os bancos já não estão liberando o crédito agrícola aos proprietários sem o CAR”, alertou o representante do MMA. “Quanto mais rápido se cadastrar, melhor”, recomendou. Ramalho ressaltou que o novo Código Florestal foi criado para estabilizar a disputa entre ambientalistas e produtores rurais, incluindo aí os aquicultores. O CAR, esclareceu, “é o registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais ou urbanos com destinação rural”. A finalidade do cadastro é integrar as informações ambientais desses imóveis, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. O cadastramento, segundo Ramalho, é simples e desburocratizado. “O cadastro é declaratório, diferentemente dos processos anteriores em que o proprietário rural tinha que levar até certidão de nascimento da tataravó para pro-

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var que o imóvel era dele”, enfatizou. “No CAR você fala a verdade até que se prove o contrário. Quem usar de má fé terá a lei para puni-lo”.

os aquicultores também têm que inscrever o imóvel no car

Ramalho explicou, ainda, que o cadastramento é feito junto aos governos dos estados e do Distrito Federal. Assim, cada unidade da federação tem seu próprio cadastro, não existindo CAR federal. “Não tenham medo de fazer o cadastro”, recomendou Ramalho. “Venham para o CAR”. Na avaliação de especialistas que participaram do congresso, o cadastramento é uma ferramenta fundamental para se obter o licenciamento ambiental do empreendimento rural, que tem sido uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pequenos aquicultores. “Feito o CAR, tem-se um elemento a mais para debater com os órgãos ambientalistas a questão do licenciamento”, ponderou Felipe Matias, palestrante e mediador dos debates do I Congresso AquiNordeste. “Se o produtor já tem o CAR, agora ele quer a licença ambiental. Então, o CAR pode facilitar o entendimento com os órgãos ambientalistas”.

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Licenciamento A espinha na garganta do produtor Órgãos ambientais defendem leis que os pequenos aquicultores querem mas não conseguem cumprir para obter documentos como a licença ambiental Todo setor produtivo enfrenta dificuldades específicas. A espinha atravessada na garganta dos pequenos aquicultores nordestinos é o grande número de exigências legais para se obter documentos fundamentais ao empreendimento, como o licenciamento ambiental. Por isso, o assunto legislação e licença ambiental foi um dos principais temas dos debates do I Congresso AquiNorte, com muitos esclarecimentos dos representantes dos órgãos ambientais e muitas reclamações dos produtores de peixe.

A maiorias dos empreendimentos de piscicultura em Alagoas não está regularizada. Paulo Costa, Gerente de Aquicultura do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA)

O engenheiro de pesca Paulo Costa, gerente de Aquicultura do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), fez uma detalhada explanação sobre a legislação que disciplina a atividade em território alagoano. Ele reconheceu que a demora na emissão do licenciamento é a maior reclamação que o IMA recebe dos pequenos aquicultores. Costa atribui a demora à escassez de servidores para dar andamentos nos processos. O gerente do IMA, porém, também reconhece que a legislação impõe inúmeras exigências ao produtor, que tem que vencer diversas etapas para que o empreendimento obtenha a licença ambiental. O produtor tem que apresentar uma série de documentos, pagar taxas, aprovar projetos e se entender juntos a órgãos do governo federal, do governo estadual e dos municípios para conseguir alvarás, outorgas e o licenciamento. Se não cumprir algumas das obrigações, o produtor pode ser multado em alguma fiscalização coletiva dos órgãos fiscalizadores. Para não ser surpreendido, Costa defende que o produtor se esforce para cumprir a legislação, porque o importante “é se regularizar”, já que, atualmente,

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I CONGRESSO AQUINORDESTE Cícero Teixeira, produtor: águas limpas para gerar emprego, renda e alimentos

“a maiorias dos empreendimentos de piscicultura em Alagoas não está regularizada”. O gerente de Aquicultura do IMA garante, contudo, que o instituto procura sempre atuar para que o produtor consiga o licenciamento ambiental e assim possa trabalhar de acordo com a lei, sem medo de eventuais fiscalizações que ponham em risco a sobrevivência do empreendimento.

PRODUTORES RECLAMAM Mas para os pequenos produtores, cumprir todas as exigências é uma missão difícil. “A burocracia dificulta nosso trabalho, pois de certa forma estamos trabalhando ilegalmente”, reclama Maria Helena de Souza, produtora de peixe em Porto da Barra, em Delmiro Gouveia (AL). “Não temos como crescer. Corremos o risco da fiscalização nos colocar fora das águas e perdemos toda a produção. E, como somos pequenos produtores, temos pouco dinheiro. Se fizermos investimentos de grande porte corremos o risco de perder tudo”. Cícero Teixeira, produtor da região do Baixo São Francisco, passou pelo constrangimento de ser alvo de uma fiscalização coletiva. “Recebemos a visita do Ibama, da polícia e da Marinha e isso nos causou muito constrangimento”, contou. “Nossa gente já deu entrada nos pedidos, mas encontramos muitas dificuldades para conseguirmos atendimento”. Segundo ele, existem aquicultores no Baixo São Francisco com crédito já aprovado por instituições financeiras, porém, ainda não liberado por causa da demora na liberação da licença ambiental. “Vimos aqui, no congresso, que outros países produzem mais com muito menos recursos naturais,

enquanto aqui, nós queremos produzir, mas não nos dão condições”, reclamou. Para Teixeira, os órgãos fiscalizadores punem primeiro em vez de informar os produtores sobre as exigências legais. O ideal, segundo ele, é que os fiscais visitassem os empreendimentos, apontassem as irregularidades e ajudassem a saná-las em vez de simplesmente punir. “Não é do agrado de nenhum produtor estar na clandestinidade”, garante. “Somos os maiores interessados em permanecer em águas limpas e fiscalizadas, pois sem água limpa e tratada eu não tenho produção. Temos o ambiente e a água favorável para isso. O que precisamos é de apoio, de suporte para continuar gerando empregos, renda e alimentos”. Durante o congresso de Maceió, o Sebrae lançou cartilha sobre o assunto. O material tem como objetivo ajudar os pequenos produtores a superar as dificuldades do processo de regularização. Na publicação, são explicados os passos necessários para conseguir toda documentação federal, estadual e municipal para a produção em águas brasileiras. O material é de livre acesso e está disponível online .

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Espécies A hora e a vez do tambaqui MPA mostra que, com a produção em plena aceleração e com forte tendência para crescer ainda mais, investir no peixe pode ser bom negócio

O sucesso ou fracasso do negócio depende do conhecimento do produtor sobre o peixe e a cadeia produtiva, que envolve desde a escolha dos alevinos até a venda do tambaqui. Jackson Pinelli, Coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do Ministério da Pesca e da Aquicultura

Para quem quer entrar ou já está no ramo da piscicultura, o Ministério da Pesca e da Aquicultura (MPA) recomenda: cultivar tambaqui em cativeiro é um negócio em pleno crescimento que pode ser tão promissor quanto à tilápia. Mas o ministério adverte: o sucesso ou fracasso do negócio depende do conhecimento do produtor sobre o peixe e a cadeia produtiva que envolve desde a escolha dos alevinos até a venda do tambaqui. A recomendação e a advertência foram feitas aos participantes do I Congresso AquiNordeste por Jackson Pinelli, coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do Ministério da Pesca. Ele apresentou estatísticas oficiais mostrando que a produção nacional de tambaqui subiu de 8 mil toneladas por ano em 1994 para 54 mil toneladas em 2014. Em 2015, Pinelli estima que a produção brasileira de tambaqui em cativeiro chegue a 75 mil toneladas em 2015, quantidade ainda bem abaixo do que se produz de tilápia, que em 2014 caminhava para atingir 200 mil toneladas. Ainda assim, é um desempenho que coloca os dois peixes entre os mais cultivados pelo aquicultores do país. “Hoje, no Brasil, para cada três quilos de carne de tilápia se produz um quilo de carne de tambaqui”, calcula Pinelli. O representante do Ministério da Pesca ressalta que esse crescimento tem sido puxado pela região Norte, especialmente por dois estados: Rondônia e Acre. Rondônia, conforme Pinelli, “já vinha num pico acelerado de

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crescimento”, enquanto que o Acre passou a produzir em larga escala somente a partir de 2010, quando o governo acreano investiu R$ 70 milhões num projeto ousado: criar tambaqui em áreas destinadas à reforma agrária. Por causa desse projeto, Pinelli acredita que no próximo levantamento sobre produção de tambaqui, a produtividade do Acre vai surpreender.

PRIORIZAR ESPÉCIES O executivo do Ministério da Pesca também destacou que, hoje, a produção de tambaqui, embora se concentre mais no Norte, avança para outras regiões. “Já atinge parte do Centro-Oeste, especialmente no Mato Grosso do Sul, e avança para o Nordeste”, relatou. Segundo Pinelli, as outras espécies mais cultivadas por região estão assim distribuídas: “A criação de tilápia está espalhada pelo Brasil. Surubim e pacu apresentam maior ocorrência no Mato Grosso. As trutas predominam nas regiões serranas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina. As carpas no Rio Grande do Sul e os moluscos em Santa Catarina”.

A PRODUÇÃO DE TAMBAQUI DEVE CHEGAR A 75 MIL TONEALDAS EM 2015, PUXADA PELOS ESTADOS DE RONDÔNIA E AMAPÁ

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Negócios Peixe na merenda escolar A inclusão de pescados no cardápio das escolas públicas, além de melhorar a qualidade da alimentação dos alunos, amplia o mercado dos produtores Além de carne bovina, frango e enlatados, por que não servir também peixe na merenda escolar? Esta pergunta esquentou os debates do I Congresso AquiNordeste quando se discutiu as possibilidades de se ampliar o mercado consumidor de pescados na região, vendendo o produto para potenciais segmentos de negócio ainda pouco explorados, como os governos estaduais e municipais, responsáveis pela administração de escolas e creches públicas.

O preço do quilo da tilápia no mercado pode crescer Miguel Alencar Consultor do Sebrae Alagoas

“É preciso que os produtores busquem as prefeituras, conversem com os conselhos escolares, façam a introdução da carne de tilápia nesse mercado”, defendeu Carlos Lacerda, diretor do Instituto Mercator, coordenador da pesquisa sobre distribuição, comercialização e consumo de tilápia, tambaqui e ostras no Nordeste. Lacerda ressaltou que os produtores têm fortes argumentos para que governos estaduais e prefeituras incluam a tilápia no cardápio da merenda escola: é um peixe altamente nutritivo, faz bem à saúde humana e pode ser servido de diversas formas. Além disso, há o fator econômico: o peixe será fornecido pelos pequenos aquicultores dos próprios municípios produtores da região, gerando emprego e renda. Diante dos argumentos de que as prefeituras não seriam sensíveis à proposta, os palestrantes recomendaram que os pequenos produtores de tilápia atuem de forma organizada para ter sucesso. Que discutam a proposta no âmbito das associações de produtores; busquem apoio

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dos alunos, dos pais e de lideranças comunitárias; e conquistem a adesão das Câmaras de Vereadores dos municípios para que as prefeituras incluam o peixe na merenda escolar. “Vai chegar uma hora em que eles (governadores, prefeitos, diretores de escolas públicas) irão lembrar que os produtores daquela região pediram a inclusão da tilápia no cardápio”, prevê Lacerda.

Pescado no cardápio das escolas: bom para alunos e produtores

AUMENTO DO PREÇO Os produtores também questionaram os palestrantes sobre se diante do atual cenário do mercado consumidor, que está em alta, seria aceitável elevar o preço do quilo da tilápia. Para Miguel Alencar, consultor de piscicultura do Sebrae Alagoas, o preço médio do quilo está abaixo do que uma família gasta num supermercado do Nordeste. “A questão é se o consumidor está satisfeito com o preço da tilápia no mercado”, ponderou. “O preço médio do quilo da tilápia é de R$ 20, enquanto que uma família gasta tam-

bém em média R$ 28 em peixes como a sardinha, o panga ou o bacalhau. Essa diferença de quase 30% pode, sim, indicar que o preço praticado no mercado pode crescer.” Felipe Matias, secretário executivo da Red de Acuicultura de las Americas (RAA) e mediador dos debates, disse acreditar que há ambiente favorável para o aumento do preço, mas que o percentual de crescimento será definido pelo próprio mercado. “Há espaço para aumentar, mas a lei da oferta e da procura é que vai dizer”, salientou.

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Artesanato O lixo transformado em renda Artesãos alagoanos produzem bolsas e acessórios a partir do couro extraído da pele da tilápia

diversos empregos são gerados com o aproveitamentodo couro da tilápia

A atividade pesqueira tem o potencial de gerar renda e oportunidades de negócios não apenas com a venda dos produtos originários diretamente do pescado, como o filé. A pele de peixes como a tilápia também tem valor comercial, podendo gerar renda para diversas famílias. É isso o que vem ocorrendo em Piranhas, município alagoano que vem produzindo peças artesanais feitas do couro da tilápia.

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Mostruário com diversas peças foi exposto durante o I Congresso AquiNordeste pela artesã Maria Cleonice Soares Vitor, representante da Associação dos Artesãos em Couro de Tilápia (AACT), de Piranhas (AL). A instituição foi fundada há três anos com apoio do Sebrae em parceria com a Prefeitura de Piranhas e o Governo de Alagoas, através do Arranjo Produtivo Local da Piscicultura (APL Piscicultura).

A variedade de produtos artesanais feitas do couro da tilápia

Com essas parcerias, a associação adquiriu maquinário apropriado, compra matéria-prima (a pela de tilápia, que depois de curtida vira couro bonito e resistente) e oferece cursos para aprimorar as técnicas e os modelos dos produtos feitos pelos associados. Assim, os artesãos passaram a transformar o que seria lixo em produtos sustentáveis, que livram do meio ambiente resíduos poluentes, geram renda e ainda são úteis a quem os usa. O resultado desse trabalho estava representado no mostruário de Cleonice: bolsas, sandálias, cintos, carteiras, capa para agendas, bijouterias e dezenas de acessórios para cabelo. Tudo feito do couro da tilápia. “As peças vendem bem, principalmente as com preços mais acessíveis, como bijuterias”, conta Cleonice, mostrando, com orgulho, a diversidade dos produtos, que variam de preços.

As peças vendem bem, principalmente as bijuterias Cleonice Soares Artesã

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Dia de Campo Fazenda ganha mercado com alevinos Sebrae leva grupo para conhecer empresa alagoana responsável por projeto inédito no Nordeste: a produção de sementes de tilápia em cativeiro A criação de tilápia pode ser uma alternativa econômica para pequenos empreendedores do Nordeste, como Alagoas, um estado tradicionalmente produtor de canade-açúcar. Foi para mostrar na prática essa alternativa que o Sebrae levou um grupo de participantes do I Congresso AquiNordeste à empresa Red Fish, uma fazenda em Coruripe, a 85 quilômetros de Maceió, que vem desenvolvendo um projeto pioneiro na região: a produção em cativeiro de alevinos de tilápia.

Apostamos nesse mercado por ser grande a demanda por proteína de origem saudável Fernando Chaves Diretor da Red Fish

O grupo, composto por pequenos produtores, empresários e estudantes, conheceu todo o processo de produção, desde a seleção das sementes em viveiros até o processo de engorda da tilápia em tanques-redes, onde os peixes permanecem de 90 a 120 dias até atingirem entre 300 e 400 gramas, quando são comercializados. Em poucos tanques são produzidas tilápias de até seis quilos, “mas esses são reservados para a diretoria”, brinca Fernando Chaves, 33 anos, que dirige a Red Fish, uma empresa familiar. A fazenda também produz pirarucu, projeto que ainda está em fase experimental, já que o foco principal é a produção de alevinos de tilápia, um filão na aquicultura do Nordeste que a Red Fish vem explorando há oito anos. “No começo tínhamos a criação de camarão, mas era totalmente despreparada”, conta o empresário. “Passamos a importar as matrizes de tilápia que são chipadas e ao longo dos anos fizemos investimentos e melhorias na fazenda”.

ESTRUTURA DE PRODUÇÃO Hoje, a fazenda está dividida em duas áreas, ambas

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em Coruripe: a matriz, na Lagoa do Pau, onde as sementes de tilápia são desenvolvidas, e a filial no povoado de Poxim, local da engorda dos peixes em tanques-redes. A matriz conta com um laboratório composto por 12 pequenos viveiros, onde é feito o processo de produção e coleta dos alevinos, as chamadas “nuvens”. O laboratório produz “nuvens” com média de 100 mil pós-larva por dia, o que representa 3 milhões de alevinos por mês. “A perspectiva é dobrar nossa produção para 6 milhões, já que somos o único estado produtor do Nordeste”, projeta Chaves, animado com a “demanda que não para de crescer”. Do laboratório, parte da produção de alevinos é comercializada para criadores e outra parte é levada para os oito tanques escavados na área da matriz, que totalizam cerca de cinco hectares de lâmina d’água. Nessas “piscinas” ficam tanques-redes com capacidade para receber até 4 mil alevinos. Ali eles permanecem entre 50 e 60 dias até se tornarem peixes juvenis, quando são transferidos para tanques que comportam até 1.500 tilápias. Após essa fase, finalmente são levados para a filial, onde é feita a engorda até atingir o peso que a direção da fazenda considera ideal para comercialização.

criação de tilápias é desenvolvida em tanques escavados

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A produção de alevinos no laboratórito da fazenda

Na etapa de engorda os peixes ficam em tanques-redes. Antes de irem para esses tanques, os peixes juvenis são selecionados por tamanho. A seleção, que antes era feita manualmente, agora é feita por meio de máquina desenvolvida por fabricantes do sul do país (leia box). Cada tanque recebe 900 peixes e rende, em média, entre 400 e 600 quilos de carne de tilápia, segundo Chaves. Todo o processo, da produção do alevino à tilápia pronta para venda, dura entre três e quatro meses. Com crescimento entre 10% e 15% ao ano, a criação e produção da carne de tilápia já desponta no mercado como um dos segmentos com maior chance de alavancar economias locais para as próximas décadas, conforme estudos divulgados no I AquiNordeste. Chaves concorda: “Tem tudo

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para dar certo. Apostamos nesse mercado por sabermos ser grande a demanda por proteína de origem saudável”

PEIXE PEQUENO O grupo que visitou a Red Fish notou que a fazenda quase não produz peixe acima de um quilo. Técnicos explicaram que o mercado consumidor vem optando por consumir peixes mais jovens e menores. Tendência atribuída a um simples fator que faz a diferença: esse tipo de peixe é menos gorduroso, portanto, mais saudável, segundo os especialistas. No caso da tilápia, há uma peculiaridade: o filé do peixe pode ser extraído de um exemplar que pese menos de um quilo, ou seja, não precisa pesar mais para se obter


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o mesmo produto. Além do que, a venda do peixe jovem custa menos e tem retorno mais rápido. Esses motivos foram suficientes para a Red Fish focar na produção de tilápias com peso entre 300 e 400 gramas, segundo Fernando Chaves. Além disso, o próprio consumidor fez a opção por peixes meno-

res. “Nosso mercado é um mercado diferente”, avalia. “Nossos clientes, em sua maioria, são feirantes que vendem a nossa produção em diversos povoados de Alagoas”. Para atender ao consumidor final, das tilápias comercializadas pela Red Fish 80% pesam 300 gramas e somente outros 20% chegam aos 400 gramas.

Máquina separa tilápias por tamanho

Fernando Kubitza: “Falta capacitação”

Um dos gargalos na produção de tilápia é a seleção manual dos peixes juvenis antes deles serem transportados para os tanques de engorda. Trabalho que consome tempo, mão-de -obra e dinheiro. Fernando Chaves, da Red Fish, conviveu com essa dor de cabeça até novembro de 2014, quando adquiriu uma máquina que seleciona peixes juvenis de acordo com o tamanho. A máquina entrou em operação no mesmo dia de campo do Sebrae na fazenda Red Fish. O equipamento é fabricado no interior de São Paulo pela ClassiFish, do empresário Sandro Nucci. Com tecnologia genuinamente brasileira, há cerca de dois anos ele patenteou a

invenção e em 2014 começou a vender a máquina no Sul. Agora está explorando o mercado nordestino. “A vantagem para o produtor é que ele consegue separar até 30 mil peixes em até uma hora”, garante Nucci. “Além de ganhar tempo, o estresse do peixe é menor e o criador não fica dependente da mão-de-obra. “Já estamos estudando a possibilidade de expandir os negócios. Tem muita gente interessada”. O fabricante já produz dois modelos do equipamento, que custam entre R$ 35 mil e R$ 45 mil. Para Chaves, os resultados justificam o investimento.

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participantes do evento visitaram fazenda de criação de tilápia

Gargalos para o pequeno produtor

fernando kubitza: falta de capacitação

Mão-de-obra não qualificada e excesso de burocracia para se obter licenciamento ambiental seriam os dois grandes gargalos que os pequenos produtores enfrentam para crescerem na aquicultura brasileira. Esta é avaliação do engenheiro agrônomo Fernando Kubitza, especialista em criação de peixe em cativeiro e um dos profissionais mais conceituados na difusão de tecnologia e capacitação de recursos humanos em aquicultura no país. Ele foi o palestrante convidado para o dia de campo promovido pelo Sebrae durante o I Congresso AquiNordeste. Kubitza ressaltou que hoje o Brasil oferece boas condições tanto para o grande quanto para o pequeno produtor. “Temos a tecnologia, diversos equipamentos, ra-

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ção e mercado”, relacionou. “Mas a grande lacuna para o pequeno produtor é a falta de capacitação. Falta capacitação não só de produção, mas também de gestão dos empreendimentos em aquicultura”. Outro fator limitante “é o licenciamento ambiental, especialmente quando se trata de cultivar peixes em águas públicas”, diz Kubitza. O licenciamento permitiria ao pequeno produtor sair da informalidade, passando a trabalhar de maneira formal, o que lhe garantia diversos benefícios, entre eles, o acesso a crédito e financiamentos bancários. “Quem não tem licenciamento do seu cultivo, tem dificuldade de acessar esse crédito”, lamenta. “Resolvendo a questão do licenciamento e da capacitação, a atividade pode deslanchar muito rapidamente”.


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0800 570 0800 / sebrae.com.br


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