Família argeneau Nascido para morder.

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FamĂ­lia Argeneau 13 The Renegade Hunter Lynsay Sands


Eshe d' Aureus é enviada para Armand Argeneau sob o argumento de que ela precisa de um lugar seguro para se esconder de um renegado em busca de vingança , mas Eshe está na verdade trabalhando. Ela está encarregada da tarefa de descobrir por que as esposas de Armand continuam morrendo e o que isso tem a ver com seu filho Nicholas, e com o assassinato do qual Nicholas é acusado de ter cometido há 50 anos. Ela é a única esperança de evitar que Nicholas seja executado por um assassinato que pode ou não pode ter cometido. Eshe concordou em assumir a tarefa, mas isso foi antes dela perceber que não podia ler Armand e que ele é o companheiro de vida que ela estava esperando. A primeira visão que Armand Argeneau teve de Eshe foi ela chegando em uma motocicleta que rugia e parecia em chamas. Isso foi discreto ! Ela tem a graça de uma pantera, a atitude de um pit bull e abertamente aprecia contrariar as ordens de Lucian sempre que possível, tudo isso o encantou imensamente, até que ele percebeu que não podia ler a mulher e ela pode ser uma companheira de vida. Depois de já ter perdido uma companheira de vida e duas esposas em circunstâncias suspeitas, Armand não está disposto a arriscar perder outra. Infelizmente, mandá-la embora é muito difícil quando ele não pode manter seus pensamentos, sem falar em suas mãos, fora dela. Parece que é hora de mais uma vez tentar obter respostas sobre as mortes de suas três primeiras esposas. Armand já havia tentado antes, mas ele falhou, só que desta vez ele pode perder seu filho, assim como sua companheira de vida.


Capitulo 1

-Chegou tarde- grunhiu Lucian saudando Armand Argeneau enquanto se sentava no assento de em frente a ele na mesa. -Ah olá, como está?- estava bem, mas não era algo que esperasse do imortal mais velho. Lucian não era conhecido por ser caloroso e efusivo.

-Tinha algumas coisas para fazer na fazenda antes de sair- disse Armand com calma, olhando com desinteresse por cima do jantar ao homem que comia a carne assada, antes de olhar ao redor da tranquila mesa. Passava já das nove, era quase hora de fechar e eram os únicos clientes. Nem sequer viu uma garçonete e supôs que estava na parte traseira ajudando com a limpeza. -Sim, é obvio- murmurou Lucian, colhendo com seu garfo um cilindro quente e rangente que gotejava manteiga. -Não podemos esperar que seu trigo cresça sozinho, não é verdade? Armand franziu o cenho, irritado ao vê-lo morder o cilindro com gosto. -Um pouco de respeito com um agricultor que cultiva o alimento que te está comendo não seria ruim... sobre tudo porque parece que vocêo está desfrutando de muito. -Estou mesmo- reconheceu Lucian sorrindo e depois arqueou uma sobrancelha. -Com ciúmes? Armand se limitou a mover a cabeça e voltou a olhar pela janela. Se estava com ciúme? Ver Lucian comer significava que ele tinha encontrado uma companheira de vida. Tinha despertado seu apetite, já ele o tinha perdido há muito tempo. Não havia nenhum imortal que estivesse sem um companheiro de vida que não invejasse,


incluindo a ele mesmo.

-Então?- Olhou para Lucian, viu que de um lado tinha pão e agora estava perseguindo as ervilhas ao redor de seu prato e cravando as suculentas bolas verdes com o garfo. O que é tão importante para que tenha me feito vir aqui para vê-lo? E por que demônios insistiu em ficar aqui durante o jantar? A fazenda não está a mais de cinco minutos de carro. Poderia ter ido até lá. Lucian deixou de cravar as ervilhas e pegou um pouco de purê de batatas. Em seguida, levou-o até a boca antes de dizer, -Tinha que te pedir algo e não queria que ninguém em sua casa me escutasse. -Não vivo com ninguém- murmurou Armand, olhando com fascinação como Lucian levava o bocado de comida à boca e começava a mastigar. A julgar por sua expressão e o murmúrio de prazer, realmente parecia estar desfrutando da comida, era uma espécie de depressão já que o aroma não era nem sequer tentador para o Armand e realmente a comida parecia encantar a Lucian, a carne bem dourada, as batatas assadas com um molho de cor marrom e as feias ervilhas verdes. Não muito apetecíveis absolutamente. Com uma careta, Armand perguntou a Lucian enquanto comia. -Então, qual é o favor? Lucian hesitou e depois levantou as sobrancelhas. -Não vai me perguntar como vai Thomas e a sua companheira de vida? Armand sentiu que sua boca se apertava somente com a menção de seu filho e sua nova esposa, mas não pôde resistir a perguntar, -Como estão? -Muito bem. Neste momento estão visitando o Canadá- respondeu Lucian e depois voltou a olhar a comida e então perguntou, -Não a conhece ainda, não é?


-Não- murmurou Armand, olhando como pegava a salada e a comia.

Lucian mastigou, engoliu e depois lhe perguntou com certa curiosidade, -Conheceu Annie, a esposa de Nicholas? Armand hesitou, mas depois disse simplesmente, -Não conheci. Me diga, qual é esse favor? Lucian o olhou fixamente por um momento, mas depois voltou sua atenção para sua carne e disse, -Preciso de uma casa segura para um de meus executores, por algumas semanas. -E pensou que eu podia proporcionar isso?- perguntou Armand com surpresa.

Lucian se encolheu de ombros, mastigou, engoliu e depois disse, -Está surpreso? Não sei porque. Vive no maldito campo. Ninguém além de Thomas e eu sabemos onde fica a fazenda e isto é um povoado miserável onde ninguém, provavelmente, irá vêla. -Ela?- perguntou Armand com curiosidade.

-É D'Aureus- disse, cortando outra parte de carne. -A filha de Castor.

- Castor D'Aureus?- perguntou Armand murmurando com respeito. Nunca tinha tido a oportunidade de conhecer o homem, mas sem dúvida conhecia o nome. Castor era um herói para seu povo. Nos primeiros dias quando os imortais se uniram ao resto do mundo, um deles, um renegado chamado Leonius Livio, tinha causado problemas tanto a mortais quanto a imortais. Tantos problemas, de fato, que tinham sido obrigados a formar um conselho e caçar a ele e a sua descendência. Foram


Lucian e Castor que mataram o monstro em que Leonius Livio se converteu. No centro do campo de batalha, enquanto o renegado lutava contra os enviados do Conselho, Lucian o tinha atingido com sua lança e Castor tinha separado a cabeça de seu corpo. Ambos tinham sido considerados heróis por isso, mas ele era irmão de Lucian, alguém a quem conhecia muito bem, enquanto que Castor era um desconhecido e não mais que um herói mítico em sua mente. -Não foi um herói -disse Lucian em voz baixa. -Era um bom homem e um bom soldado. Ele também era meu amigo e antes de morrer pediu que cuidasse de sua família se algo lhe acontecesse. Bom, como sabe, morreu e eu tratei de cuidar de Eshe e agora estou tentando colocá-la a salvo enquanto resolve um problema que tem. Estou pensando que demorarei algo em torno de duas semanas. -Qual é o assunto que tem que resolver?- perguntou Armand.

Lucian suspirou e pôs seu garfo e uma faca de lado, parecia que tinha perdido o apetite, aparentemente, afetado pelas lembranças. Sua voz era triste quando admitiu: Ao que parece, não eliminamos todos os filhos do Leonius. Pelo menos um deles sobreviveu. Chama-se Livio Leonius segundo. -Quer dizer que um de seus descendentes esteve por aí todos estes séculos?perguntou Armand com assombro. Era difícil imaginar que apareceu sem prévio aviso. Se fosse como seu pai, suas atrocidades não podiam ter passado desapercebidas durante todo este tempo. -Ele está vivo- assegurou Lucian secamente. -Tem pelo menos vinte filhos, pelo que sabemos. Eliminamos alguns. Ao que parece, é mais inteligente que seu pai, entretanto. Isso ou tem alguém que conseguiu mantê-lo sob um estrito controle. Não cometeu nenhum massacre de grandes proporções ao estilo de seu pai ou iniciou um campo de reprodução. Manteve os números, ataca a uma ou duas mulheres de uma


vez e a desafortunada família ocasionalmente. Descobrimos ele no início deste verão. Sequestrou duas mulheres no estacionamento de um supermercado no norte. Meus homens salvaram uma das garotas e mataram três ou quatro de seus filhos, mas depois tiveram que perseguir à outra mulher que ele havia levado. Eshe estava na busca e parece que a viu e a reconheceu. Agora minhas fontes dizem que quer se vingar pela morte de seu pai. Armand assentiu solenemente. -Atacou Leigh ou qualquer outra pessoa da família por sua participação na morte de seu pai? -Não acredito que ele saiba nada de Leigh. Em qualquer caso, isso não importa, posso mantê-la a salvo. Mas Eshe é outra coisa. Ela é uma de minhas executoras e tão teimosa e orgulhosa como seu pai foi. Ela estava disposta a caminhar pela rua principal de Toronto nua para chamar sua atenção e ter sua oportunidade quando ele aparecesse. -Assim que ela só parece uma mulher, não é?- perguntou-lhe Armand com diversão.

-Certo, certo - Disse Lucian secamente.

Armand riu com expressão azeda. -Se for assim, como vai convencê-la para que se esconda em minha fazenda até que apanhe esse cara? -Sim... bom... isso é um problema- murmurou Lucian, pegando a faca e o garfo de novo. Sua expressão era de aborrecimento quando ele mesmo admitiu, -Ela gosta de desafiar minhas ordens como uma regra. A melhor maneira de conseguir que faça algo é dizer que faça o contrário. Se ela não fosse a filha de Castor...- Lucian o fulminou com o olhar brevemente, mas depois suspirou e sacudiu a cabeça. Felizmente, ela não se atreveria a desobedecer uma ordem direta do Conselho.


-Entendi - disse Armand arrastando as palavras lentamente, com seus olhos entrecerrados olhando desconfiado para seu irmão. -E ela aceitou ficar em minha fazenda de braços cruzados durante várias semanas? -Duas semanas- assinalou, evitando seu olhar.

-E como já disse, ela não vai desobedecer uma ordem direta do Conselho. Então ela não vai estar muito contente- supôs secamente Armand. Lucian se encolheu de ombros. -Ela é muito educada... provavelmente- acrescentou com um sorriso, -Sugiro que a mantenha ocupada. Leve-a para picnics, para passear ou o que quer que faça um fazendeiro. -Fazendeiro?- Armand fez um gesto de asco. Lucian pôs os olhos em branco.

-Tem que conseguir distraí-la e no minuto que eu resolver o problema ela voltará para Toronto e para o trabalho. Ele começou a levantar uma parte de carne para a boca. O garfo estava quase em seus lábios quando de repente olhou para Armand e se congelou. Seus olhos se abriram, uma maldição escapou de seus lábios e então quase em um sussurro, -Vou matá-la. -A quem? -perguntou Armand com confusão e depois se voltou para onde olhava Lucian. Ele estava olhando mais à frente, à estrada escura. Armand olhou o longo trecho de estrada escura durante um minuto, demorou para reconhecer que a luz que se aproximava era uma moto de cor vermelha, amarelo e laranja, tinha luzes LED nas rodas que fazia parecer que a moto andava sobre um caminho de chamas. Era uma vista magnífica do inferno. -Eshe- disse Lucian, finalmente respondendo a sua pergunta. -É ela.


A moto rugiu no estacionamento do restaurante, depois reduziu o ritmo e passou ao lado do carro de Armand. Durante um minuto olhou mais de perto a série de luzes das rodas antes que o motor fosse desligado e a condutora descesse. A mulher era alta, pelo menos de 1,80m de altura, parecia ser toda músculo dentro da roupa de couro negro que usava. Movia-se com a graça de uma pantera. -Parece que nasceu em cima de uma moto- murmurou Armand devorando-a com os olhos. -Está mais pra nasceu para morder- murmurou Lucian. Armand olhou com curiosidade para seu irmão. Por que estava tão chateado? Lucian tinha uma aparência de irritação, quando admitiu, -Disse a ela que fosse discreta. -Ah- murmurou Armand, mordendo o lábio para não rir. Era difícil uma pessoa, imortal ou não, que desobedecesse as ordens de Lucian e lhe parecia divertido que Eshe D'Aureus fosse, aparentemente, uma delas. Isto estava muito longe de ser discreto. Provavelmente neste momento haveria alguém olhando pela janela de cada casa pela qual tinha passado e com os dedos discando o número de telefone para informar sobre a estranha moto. Seria o principal assunto de conversa amanhã na cafeteria. Já conseguia vewr isso acontecendo. Não aconteciam muitas coisas interessantes neste pequeno povoado. -Disse que fosse discreta- grunhiu Lucian quando foi para a entrada da cafeteria.

Armand não podia deixar de pensar que não se importaria em se voluntariar para o trabalho, seu olhar caiu de forma automática em seu irmão, que devia acreditar que isto fosse necessário. A mulher tinha um corpo perfeito, com um traseiro redondo,


que suspeitava que seria um prazer tocar, por alguma razão... ele estava pensando nas diversas razões para fazer precisamente isso, nenhuma das quais incluía ser discreto quando ela abriu a porta do restaurante e entrou, pondo fim ao ponto de vista de seu traseiro. Desviou seu olhar para a frente quando ela parou na porta para tirar a jaqueta e as luvas. Era uma visão muito agradável também, teve que admitir. Ainda usava o capacete, não podia ver seu rosto, mas todo o resto era uma maravilha. Calças de couro negro em cima das pernas longas e magras, debaixo da jaqueta de couro negro usava uma espécie de espartilho de couro negro que revelava a parte superior de seus peitos. A mulher tinha uma pele sedosa de cor mogno, que parecia brilhar sob as luzes fluorescentes da cafeteria como se tivesse pó com brilhantina. -Disse que fosse discreta. Lucian olhou para a mulher quando ela os viu e se aproximou. -Disse que não chamasse a atenção- corrigiu ela com voz calma. Quando tirou o capacete, adicionou, -E fiz isso. Vê? Armand não sabia o ponto de vista de Lucian, mas ele estava vendo o que ele considerava a mulher mais atraente que tinha encontrado em muito tempo. Eshe D'Aureus tinha olhos negros enormes e belos, com reflexos dourados, um nariz reto egípcio e os lábios mais sedutores que nunca tinha visto. Ele ficou com seu coração parado... nenhuma parte dela estava nem perto de ser discreta. -Eshe- grunhiu Lucian com pouca paciência. -Tingir o cabelo não te faz menos visível quando anda nessa moto carnavalesca. Armand olhou seu cabelo ao ouvir essas palavras. Usava-o curto nos lados e um pouco mais comprido parte superior e o estava penteando com seus longos dedos para arrumar o amasso do capacete, mas parecia perfeitamente natural na cor marrom escura, quase negro. Apesar que parecia ser mais claro em alguns lugares. Não pode


deixar de perguntar, -De que cor o usa habitualmente?

-Normalmente, uma combinação de vermelho e loiro, metade de uma cor e a outra metade do outra- informou Lucian secamente e depois se virou para Eshe e acrescentou, -Fez um trabalho bastante pobre. Ainda tem um pouco de cor nas pontas. Eshe olhou com desespero e começou a se sentar ao lado de Armand na mesa, o que o obrigou a se mover um pouco para que ela conseguisse um lugar. -Deus, nunca está contente, Lucian. Sério. Não tive tempo de marcar um horário no salão para que ficasse bem. Tive que fazer isso eu mesma e não sou cabeleireira. Isto é o melhor que pude fazer. Ela pôs o capacete sobre a mesa diante dela e apoiou o queixo em suas mãos enquanto sorria para Lucian. -Assim a culpa é sua se não estiver contente com o resultado. -Não poderia pelo menos ter vindo de carro em vez de vir nessa maldita moto?-disse Lucian irritado. -OH, sim, como se uma Ferrari vermelha fosse muito menos chamativa aqui em Hicksville- disse secamente Eshe e então olhou para Armand e murmurou, -Não se ofenda. -Sem problemas- assegurou ele, depois esclareceu a garganta e tentou relaxar quando percebeu que estava sorrindo para ela como um idiota. -Ferrari?- perguntou Lucian com surpresa. -O que aconteceu a caminhonete?

-Vendi- disse encolhendo-se de ombros. -A Ferrari era mais bonita e eu só tenho lugar para uma moto e um carro, por isso tive que prescindir da caminhonete.


-Uma Ferrari?- Lucian olhou horrorizado. -Já era bastante ruim quando tinha o Mustang conversível, mas uma Ferrari com todos esses cavalos sob o capô... é uma louca da velocidade. Isso vai te matar. É melhor que respeite os limites de velocidade. Armand olhou seu irmão com a fascinação. Lucian nunca tinha sido muito falador, a maioria da vezes só grunhia, mas Eshe parecia que o provocava para que falasse. Nunca tinha pensado que veria esse dia. Estava distraído pensando nisso quando Eshe disse secamente, -É claro... papaizinho. Os olhos do Armand se abriram, mas ela não se alterou. Sorrindo porque Lucian parecia zangado, ela comentou, -Espero que Leigh lhe de alguns bebês logo, Lucian. Talvez assim deixe de posar de papai conosco. -Papaizinho?- perguntou Armand duvidoso. Nunca teria pensado nesse adjetivo para descrever Lucian, mandão e intimidante sim, mas 'papai' não estava nessa lista. -Sim, papaizinho- disse Eshe sorrindo. -Ele sempre está dizendo a todos o que fazer, onde ir e assim sucessivamente. É como um grande pai velho e resmungão. -Seu pai...- começou Lucian, mas ela o interrompeu. -Meu pai te pediu que cuidasse de mim e de meus irmãos se algo acontecesse com ele e está tentando cumprir essa promessa, bla, bla- disse com voz aborrecida que sugeria que já tinha ouvido o argumento umas mil vezes pelo menos. -Esse argumento tinha sentido quando eu era uma menina, Lucian, mas um milênio mais tarde não significa nada. É só uma centena de anos mais velho que eu, pelo amor de Deus. Tenho certeza de que meu pai não queria dizer que bancasse o tutor para sempre. -É só uma centena de anos mais jovem que Lucian? - perguntou Armand com


surpresa. -Parece muito mais jovem.

-Muito obrigada. Ela se virou e lhe sorriu de tal maneira que Armand quase soltou um suspiro, depois ela estendeu a mão. -Olá, sou Eshe D'Aureus e você deve ser Armand Argeneau. -Sim. Pegou sua mão e a apertou sorrindo. -Então, por que não está de mau humor como Lucian? Eu sempre pensei que fosse culpa da idade. Eshe soprou ante a sugestão. -Não é a toa. Banca o pai todo o tempo, gosta de levar o peso do mundo, sem falar no passar do tempo, sobre seus ombros como um Atlas vampírico. Eu desfruto da vida na medida de minhas possibilidades e deixo que Lucian e outros como ele, sejam os amos resmungões. -Há outros como Lucian?- perguntou Armand duvidando.

Eshe arqueou as sobrancelhas. -Não viajou muito pela Europa? Há um monte deles ali. Especialmente na Grã-Bretanha e até mesmo os homens mortais quando ficam mais velhos são resmungões e mandões na Grã-Bretanha. Acredito que é lei de vida ou algo assim. Armand estava rindo pelo que ela estava dizendo e tentando pensar em algo para animar sua falta de respeito contínuo com Lucian, que era incrivelmente novo e emocionante em uma espécie de inflexão nele. O telefone de Armand começou a tocar com sua música fúnebre. Fazendo uma careta ele o tirou do bolso, abriu e o levou ao ouvido, fazendo uma careta quando Paul, o gerente da fazenda, começou a chiar em um tom de pânico sobre Bessy. Quando o homem fez parou um instante para tomar um fôlego, aproveitou a oportunidade para lhe dizer, -Estou em caminho. Estou no restaurante. Estarei aí em cinco minutos.


-Um problema em casa?- perguntou Lucian secamente, quando Armand desligou o telefone e o guardou no bolso. Armand assentiu com a cabeça e começou a se levantare da mesa. Eshe se levantou para que ele pudesse sair. -Uma das vacas leiteiras é o problema, está em trabalho de parto. -Eu pensei que em sua fazenda só tinha trigo- disse Eshe surpresa.

-Sim, mas temos algumas vacas leiteiras e também alguns outros animais, galinhas, cabras...- encolheu-se de ombros. -A maioria dos agricultores tentam economizar em comida. -E o que faz com eles?- perguntou com curiosidade, visto que, com certeza, não comia. -Meu encarregado consome alguns dos produtos, mas sobre tudo abastecemos de carne, ovos e leite a este restaurante. -Vou até sua casa -anunciou Lucian, comendo mais rapidamente.

-Não tenha pressa. Vou estar no estábulo, fique em casa. A porta de entrada está sempre aberta. Quando Lucian levantou uma sobrancelha ante isso, disse com ironia, -É pelo lugar. Aqui ninguém te incomodará ninguém e o crime é bastante raro. Esperou tempo suficiente para ouvir Lucian grunhir, depois sorriu, assentiu com a cabeça e se levantou da mesa. Podia sentir como ela o estava olhando quando ele saiu e desejava que gostasse do que estava vendo. Era uma mulher bonita e ia para sua fazenda. Seu encarregado dirigia as coisas durante o dia e descansava de noite, Armand, em geral só tinha vida noturna. Seria bom ter alguém com quem falar, especialmente alguém que era atraente. Tinha passado muito tempo desde que tinha achado alguém atraente e durante um tempo teve fantasias. Até mesmo sua segunda e terceira esposa não


tinham sido tão atraentes para ele. Seu afeto por elas se apoiou mais na amizade e no companheirismo que em pura luxúria animal. Armand suspeitava que ia ser difícil manter distância da encantadora Eshe D'Aureus... e nem sequer tinha certeza se realmente queria isso de todos os modos. Eshe viu Armand sair do restaurante e deslizou seus olhos de seus largos ombros até cintura estreita e depois para seu traseiro e pernas. Tinha um andar seguro, com um toque de arrogância que era puramente inconsciente, tinha certeza, um balanço natural de pés e o deslocamento dos quadris enquanto se movia. Seus largos ombros se mantinham erguidos, com a cabeça alta. Com suas características de robustez e os olhos azul prateados, não pôde deixar de notar que ele era um homem de aparência agradável, não tinha conhecido nenhum homem Argeneau que não fosse. Nem todos eram de beleza clássica, mas tinham alguma coisa especial. Armand parecia ter sido dotado com um pouco mais de ajuda dessa 'alguma coisa'. -Está tentando lê-lo.

Eshe olhou a sua redor com surpresa pelo comentário de Lucian. Estava acabando rapidamente sua comida. Ela se acomodou na mesa para olhá-lo, olhou com curiosidade a comida. Cheirava bem. Perguntou com voz distraída, -Porque eu ia querer fazer isso? -A verdadeira pergunta é por que não o fez ainda?- disse secamente, juntando as batatas e as ervilhas com o garfo. -Conheço você a muito tempo tempo, Eshe, e nunca deixou de ler a nenhuma pessoa conheceu... sejam mortais ou imortais. Eshe franziu o cenho quando ele colocou a comida na boca, sobre tudo porque era verdade. Ela não admitiria a ninguém, mas estava ansiosa para conhecer um novo companheiro de vida e desfrutar da paz e da paixão que teve com seu anterior companheiro de vida durante vários séculos. A vida era terrivelmente monótona e


aborrecida sem a vitalidade de um companheiro. Assim eram as coisas, a primeira coisa que estava acostumada a fazer quando conhecia alguém em uma reunião era tentar lê-lo. Tentar ler não era o termo correto já que ainda não tinha conhecido ninguém que não pudesse ler. A única razão que lhe ocorreu porque não tinha lido Armand era que ela tinha estado muito ocupada incomodando Lucian. Era um passatempo que tinha desfrutado durante séculos. Depois de viver tanto tempo, a vida podia ser um pouco aborrecida, às vezes. Uma garota tinha que se divertir de algum jeito. Não obstante, era estranho que ela não lesse aos recém chegados, Eshe reconheceu para si mesma e teve que se perguntar por que não o tinha feito. A pergunta, entretanto, a fazia se sentir incômoda e com vontade de mudar de assunto. -Então usou a desculpa de que preciso de um lugar seguro?- perguntou em voz baixa enquanto observava Armand Argeneau entrar em seu carro e tirá-lo do estacionamento do restaurante. Lucian assentiu com a cabeça sem nem sequer olhála. -Por que não o faria?

Eshe fez uma careta. -Suponho que porque não me conhece. Pensará que não posso me esconder em outro lugar. -Hmmm- murmurou Lucian, terminando sua comida. -Bom, me faça um favor e trate de não chamar muito a atenção enquanto estiver aqui. -Certo- murmurou e quando ele afastou o prato e se levantou, ficou de pé e perguntou com curiosidade, -Realmente acredita que pode ter matado a suas esposas?

-Não- disse Lucian tirando de sua carteira com dinheiro para deixá-lo sobre a mesa. Mas eu também não pensava que Jean Claude podia fazer o que fez.


Eshe franziu o cenho ao ouvir essas palavras quando ela agarrou seu casco da mesa. Ela o seguiu até a porta do restaurante e perguntandou, -Por que não o lê e vê se ele fez isso? Por que não leu Jean Claude? -Porque não podia. As palavras assustaram tanto a Eshe que ela parou. Ela talvez pudesse entender que não conseguisse ler Jean Claude porque ele era seu gêmeo, mas Armand... -Mas é 400 anos mais velho que Armand. Detendo-se na porta, Lucian olhou para trás e com uma careta disse, -Por alguma razão... nunca fui capaz de fazer isso com alguns de meus irmãos e com um ou dois sobrinhos. -Sério?- perguntou Eshe com interesse quando finalmente começou a mover-se de novo e se uniu a ele na porta. -Eu não sabia. -Não é algo que digo a todo mundo- disse secamente, passando através da porta.

-Não, suponho que não- murmurou, saindo atrás dele. -Então, por que suspeita de Armand? Não é só porque não pode lê-lo. -Não, não é- disse concordando, caminhando para uma caminhonete escura estacionada a vários metros de sua moto. -E não é que eu suspeite muito mas acredito que não posso deixar de fazê-lo. Pelo que posso dizer, a única conexão entre as mulheres é que foram suas três esposas. E Annie era a esposa de seu filho. -Nicholas não é um assassino, só tem que descobrir o que Annie sabia- murmurou Eshe pensativa. Ela sabia toda a história. Armand Argeneau tinha perdido três esposas em acidentes. Com cem anos de diferença e cada uma depois de casar-se com ele e dar a luz a um menino. Sua nora também tinha morrido em um trágico


acidente e se tornou um pouco louca depois de se casar com seu filho. Ela estava grávida, mas ainda não tinha dado a luz ao que teria sido seu primeiro filho quando ela morreu. Ambos tinham morrido nesse estranho acidente. O mais importante era que Annie tinha estado fazendo perguntas sobre as mortes das mulheres de Armand antes de sua repentina morte e enquanto falava com o Nicholas por telefone na noite anterior a seu acidente, estava bastante nervosa e lhe disse que tinha algo para lhe dizer quando chegasse em casa. Entretanto, ela morreu antes que pudesse dizer o que era e quando Nicholas, algumas semanas mais tarde, tentou perguntar a uma amiga de Annie, se ela sabia o que Annie tinha para lhe dizer, ele tinha terminado de algum modo em seu porão com uma mortal assassinada em seus braços, sangre em sua boca e um lugar em branco na memória. Nicholas era um renegado que Eshe tinha caçado algumas vezes antes, tinha estado foragido desde aquela noite há cinquenta anos, mas recentemente se entregou para salvar a sua nova companheira de vida. Entretanto, a ligação de Annie e o espaço em branco sobre o assassinato da mortal tinham sido suficientes para fazer com que Lucian ficasse relutante em executá-lo como se esperava. Em vez disso, tinha atribuído a Eshe a tarefa de ordenar a desordem e averiguar o que realmente aconteceu às esposas de Armand e com sorte o que lhe tinha acontecido a Annie e Nicholas. Era uma tarefa muito difícil, quase impossível, já que a primeira esposa de Armand tinha morrido em 1449, pensou. -Me siga até a casa- disse Lucian quando se meteu em seu carro. Ela se limitou a assentir e foi para sua moto, colocando o capacete enquanto ia até a moto. Suas ações foram automáticas enquanto subia na moto, sua mente estava pensando em Armand Argeneau e na possibilidade de que ele tivesse algo a ver com as mortes de suas esposas e de Annie. Definitivamente não seria uma idéia boa para ninguém que o conhecesse. Cuidava de todos do clã Argeneau. Os Argeneaus, atualmente, estavam desfrutando de um período feliz depois de séculos de miséria e opressão pelo irmão de Lucian, Jean Claude e não precisavam desse tipo de coisas. Suspirando, obrigouse a se concentrar no trabalho que tinha entre mãos e seguiu Lucian para fora do estacionamento até a fazenda de Armand, que não era longe do restaurante, isso era


bom, já que estava muito concentrada em seus pensamentos e pouco na condução da moto. Ela freou automaticamente quando as luzes de freio da caminhonete se acenderam, depois virou para entrar em um longo caminho pavimentado bordeado de árvores. As árvores eram velhas e grandes, seus ramos se estendiam como um dossel sobre a estrada e bloqueavam as estrelas sobre a cabeça. Na verdade, era surpreendente, olhou a um lado e a outro e viu em uma clareira uma casa de campo vitoriana. Eshe parou atrás da caminhonete quando esta se deteve e depois os veículos deram a volta no jardim junto à uma pequena praça que ficava na frente da casa. Seus olhos percorreram o edifício. Era uma velha casa de campo vitoriana com telhado de duas águas, com tijolos amarelos e um alpendre que cobria a frente da casa. O corrimão da escadaria corria ao longo de ambos os lados com quatro ou cinco degraus, que conduziam às portas duplas que estavam no centro do edifício. Havia luz nas janelas do térreo, somando-se à iluminação do alpendre que brilhava sobre as portas de uma maneira agradável. Eshe desligou sua moto e desceu, seu olhar se deslizou sobre a casa com interesse quando tirou o capacete. Embora o edifício fosse velho, estava em bom estado, bem cuidado durante seus mais ou menos cem anos, certamente tinha sido reformado em algum momento para devolver seu esplendor original. Ou podia ter sido bem cuidada e não reformada. O vidro da janela parecia autêntico. -Sua hipótese é correta- disse Lucian, aparecendo a seu lado. Eshe franziu o cenho, ler sua mente era um hábito grosseiro que o homem tinha e nunca se desculpava por isso. Depois olhou a geladeira que levava e exalou um suspiro ao pensar no sangue que provavelmente continha. A chamada de Lucian a tinha despertado no meio da tarde e teve tanta pressa em seguir as ordens e chegar aqui, que não tinha pensado em se alimentar antes de sair. Estava começando a sentir fome. Lucian sorriu fracamente por seus pensamentos e a deu um pequeno empurrão para frente. -Vou te dar uma ou duas bolsas e o resto colocarei na geladeira de Armand.


Eshe assentiu com a cabeça, pegou sua bolsa da parte traseira de sua moto e se dirigiu para a casa. -Isso? Essa é sua idéia de fazer uma bagagem? - perguntou Lucian, olhando à bolsa com incredulidade enquanto a seguiu até a escada. -O que esperava? Um baú?- perguntou-lhe secamente. -Além disso, eu não tinha certeza de como vestir no campo. Pensei que poderia comprar algumas coisas aqui uma vez que soubesse o que se usa. -Faz parecer como se os agricultores fossem de outra raça completamente diferentedisse Lucian, com desgosto e um pouco de diversão. -Como se você não pensasse o mesmo- disse secamente e depois adicionou, -Além disso, é tudo o que pude pensar. Eshe sacudiu a cabeça admitindo, -Eu não entendo por que alguém viveria em uma zona rural. Eu estaria farta dessas tolices da Idade Média. A zona rural não tem nenhum atrativo para mim. Prefiro viver na cidade. -Acredito que também têm água encanada- disse Lucian com diversão.

-Não era assim a última vez que estive em uma fazenda.

-Quando foi isso?

-Quando estávamos caçando aquele renegado em Arkansas- respondeu ela com um estremecimento. As condições de vida no ninho tinham sido brutais para sua mente. Ela realmente sentia que tinham feito um favor ao renegado e a seus pequenos renegados ao liberá-los de sua miséria. Foi uma caça às bruxas. Os renegados tinham sido investigados e julgados mas ela teve que encontrar seu esconderijo.


-Por Deus, mulher, tinha setenta ou oitenta anos.

-Não faz tempo suficiente para que me esqueça- disse ela com outro estremecimento. -Se soubesse que ia ficar sequelas não teria participado dessa caça- disse secamente. -Sim, claro- soprou. -Melhor seria que queimassem todas as fazendas. Por que acha que não permito que saibam o quanto me incomodou nesse momento? É um bastardo sádico, Lucian. Meu dever é desensibilizar a situação. A resposta de Lucian foi um grunhido enquanto sustentava a porta para que ela entrasse. -Então, quanto tempo vai ficar?- perguntou ela enquanto se movia junto a ela e entravam no comprido corredor. Havia várias portas principais e umas escadas a um lado que conduziam ao segundo piso. Lucian tinha estado aqui antes, obviamente, ele se dirigiu para a parte traseira da casa. -O suficiente para falar com o Armand e depois vou embora.

-Pensei isso quando vi que Leigh não estava com você- admitiu Eshe com um sorriso. Ele e sua companheira de vida raras vezes se separavam, por isso ela pensou que a mulher estaria com o Lucian e Armand no restaurante. -Ela e Marguerite têm uma noite de garotas, irão a um spa, sairão para jantar e verão um filme- disse Lucian enquanto se dirigida à parte traseira da casa. -Eu gostaria de chegar em casa antes que ela, se for possível. Eshe murmurou um comentário, mas sua atenção estava no lugar em que tinham entrado. Estava às escuras mas com a luz suave do corredor era possível ver alguns detalhes, parecia uma cozinha de estilo rústico com chãos de madeira, uma parede decorada com tijolo aparente e três paredes pintadas, por isso parecia de um amarelo intenso. Havia uma mesa em um lado da cozinha, a geladeira e o que parecia ser um antigo fogão a lenha. Com o nome 'Elmira' na frente, isso lhe disse que provavelmente era


um fogão a gás, especialmente desenhado para se parecer com o original da casa vitoriana. Olhou para Lucian e viu que tinha a geladeira aberta. Quando Eshe se deteve junto a ele, abriu o recipiente, tirou uma bolsa de sangue e a entregou a ela. Eshe murmurou um agradecimento, inclinou-se a um lado, contra a mesa, abriu sua boca, esperou a que suas presas saíssem para fora e então rapidamente levou a bolsa de sangue a eles. Lucian se virou para abrir o refrigerador atrás dele. Quando olhou dentro e soltou um grunhido, Eshe olhou por cima de seu ombro. Suas sobrancelhas se levantaram quando viu que não havia uma só bolsa de sangue no interior. Ou tinham acabado e estavam esperando uma entrega ou Armand tinha seu fornecimento em outra parte. Sacudindo a cabeça, Lucian se virou para colocar as bolsas de sangue na geladeira. Eshe se separou um pouco para lhe dar espaço. A bolsa de sua boca estava quase vazia e Lucian pegou um par de bolsas da geladeira, mas de repente as deixou e se voltou para ela, sua mão a agarrou pela cabeça. Eshe sentiu um golpe em seu corpo e um som afogado atrás dela fez que rapidamente olhasse por cima do ombro. Seus olhos se abriram com incredulidade quando viu o homem atrás dela, Lucian pôs sua mão ao redor de seu pescoço e a jogou no chão. Ele sustentava uma faca em uma mão firme.

Capitulo 2

O som de uma maldição na porta fez com que Eshe desse a volta e visse Armand na entrada. A ira brilhou por cima de sua expressão, mas foi rapidamente substituída pela resignação. Sua voz tinha um tom cansado quando ele perguntou, -O que aconteceu? -Sua casa não estava vazia como disse- disse Lucian sombriamente.


Armand parecia chateado, mas se explicou, -É Paul Williams. Ele é o encarregado diurno da fazenda. Eu esperava que estivesse lá atrás no estábulo depois que me chamou, mas deve ter se sentado aqui para me esperar. Infelizmente, eu fui diretamente para o estábulo quando cheguei. Quando percebi que ele não estava ali, apressei-me de volta para buscá-lo. Fez uma pausa, franziu o cenho e perguntou, Mas por que atacou? -Nenhum de nós percebeu sua presença. Comecei a tirar o sangue, Eshe tirou suas presas para beber uma bolsa- disse Lucian secamente e depois fez uma careta e disse, -Embora acho que a faca é de sua gaveta de talheres. Eshe passou entre os dois homens, afastando-se para obter uma melhor visão de quem tinha estado a ponto de atacá-los. Fez uma careta e tirou a bolsa de sangue vazia de seus dentes, viu melhor a grande faca em sua mão direita. Não a teria matado, mas se ele tivesse acertado, antes que Lucian percebesse, tiria-lhe doído muitíssimo. Fazendo uma careta, murmurou, -Um cara amistoso. Armand franziu o cenho ao ver a faca, depois olhou para Lucian e lhe perguntou com incredulidade, -Não o notou? Como diabos não o viu? -A luz estava apagada- assinalou Lucian secamente. -Os mortais não costumam se sentar na escuridão, assim assumi que a cozinha estava vazia e não olhei para a mesa onde ele estava sentado. Além disso, estava distraído falando com o Eshe. Franziu o cenho, depois sacudiu a cabeça e voltou a se concentrar no mortal brevemente antes de olhar para Armand, e levantando uma sobrancelha disse, -Ele trabalha aqui desde o início do verão e não lhe contou nada sobre nós? -É obvio que não. É um bom trabalhador- disse Armand com desgosto, tocando o cabelo com gesto de cansaço. Quando Lucian simplesmente levantou a outra


sobrancelha, Armand suspirou e disse com certa exasperação, -Alguma vez tentou iniciar um mortal em nosso mundo? Ele não permitiu que Lucian respondesse, simplesmente estalou a língua com desgosto e disse, -É obvio, só tem imortais a seu redor. -Faz a vida mais fácil- disse Lucian encolhendo-se de ombros.

-Sim, bom, alguns de nós temos mortais que podem sair à luz do sol, o quie evita a necessidade de duplicar o consumo de sangue... e me deixe te dizer que isso não é fácil. Nove em cada dez vezes quando lhes diz a verdade, não aceitam bem e então terá que limpar suas lembranças e despedimos eles. Respirou profundamente e logo disse com irritação, -É uma enorme complicação. Diz a eles que é um vampiro e pensam que está brincando. Mostra suas presas para convencê-los e a metade das vezes se mijam nas calças ou pegam uma arma. Tira-lhes a arma e lhes explica que não é como eles pensam. Não somos mortos sem alma. Nosso vampirismo é de caráter científico. Nossos antepassados foram os atlantes e eram mais avançados do que as lendas sugerem. Eles desenvolveram nanos que foram implantados no corpo para reparar as lesões e combater as enfermidades, o nano só usa o sangue para fazêlo e necessita mais sangue do que corpo pode criar e temos que consumir sangue de uma fonte externa. Ele soltou um bufido, e depois adicionou, -Ah, claro e o nano vê o envelhecimento como algo que necessita de reparação, a fim de manter a seus anfitriões em sua máxima condição e jovens... para sempre. Com a boca torcida sacudiu a cabeça. -Como já disse, nove de cada dez vezes não aceitam bem e acabamos limpando sua memória e despedido-lhes. Paul é um grande trabalhador, um bom encarregado, mas muito autoritário. Suspeito que vai ser um de cada nove em vez de um de cada dez. Não queria procurar outro novo encarregado por isso evitei lhe dizer. -Seu instinto é bom- disse Lucian enquanto tirava a faca do mortal e o punha no chão. -A julgar pelo que estou lendo em seus pensamentos, neste momento, o Sr.


Williams tem que ser limpo e despedido.

-Números- murmurou Armand com desgosto. -E acho que isso tem que ser feito agora. Lucian não fez comentários, Eshe supôs que não tinha que fazê-los. O medo que sentiu o homem deve ter feito com que atuasse dessa maneira já que eles não tinham tentado agredi-lo. Paul nunca seria capaz de ver a ela nem a Lucian ou até mesmo a cozinha de novo sem correr o risco de se lembrar de tudo. Havia inclusive uma possibilidade de que se visse Armand apoiado no vão da porta também pudesse voltar a se lembrar. Paul Williams tinha que ir embora para não correr o risco de que recuperasse a memória. -Vou limpar a memória do Sr. Williams- anunciou Lucian. -Tem que se preocupar com uma vaca com problemas de parto. Armand hesitou e depois assentiu com a cabeça tristemente. -Paul estava alojado na casa pequena que há nos fundos. Vou fazer um cheque com uma indenização generosa e deixar na casa quando for para o estábulo. Lucian olhou para Eshe. -Guarde o sangue e depois nos vemos na casa do encarregado. Eshe assentiu, mas depois simplesmente se levantou e viu que Armand se virava e se dirigia para o corredor. Uma vez que ele se foi, Lucian centrou sua atenção nela e lhe disse, -Quando ele voltar, quero que tente lê-lo. Eshe franziu o cenho. Lucian saiu da cozinha de Armand para dirigir-se à casa do encarregado. Ela se moveu para a mesa para continuar com o trabalho que tinha começado, recolheu as bolsas de sangue e as colocou na geladeira. Foi rápida na tarefa, estava ansiosa para sair da casa, pôr o encarregado a caminho e começar este novo trabalho. Eshe era um soldado e tinha sido durante algum tempo. Procurava vampiros renegados, procurava seus ninhos, capturava-os e em geral os levava ante o


Conselho para o julgamento. Apesar de que tinha sido um trabalho ocasional.

Lucian dizia que às vezes não se podia trazer a todos vivos. Os trabalhos eram, em geral, em um ritmo rápido e brutal. Entretanto, este trabalho não ia ser nada disso. Isto ia ser mais sobre capacidade intelectual do que capacidade muscular e ela tinha que ir com calma, fazer as perguntas corretas e seguir as pistas. Ela só desejava encontrar respostas que causassem a menor dor para todos os envolvidos. Não queria encontrar nenhuma resposta absolutamente, ou encontrar algo que levasse a que Nicholas Argeneau fosse executado. Armand deu à vaca um reconfortante tapinha na cara enquanto ela lambia e limpava seu novo bezerro. Surpreendeu-se de que ela tivesse tanta energia. Tinha sido um parto difícil. O bezerro estava virado e estava enrolado no cordão umbilical. Por um momento pensou que não seria capaz de corrigir a situação a tempo e salvar o bezerro. Tinha havido um momento ou dois, em que tinha se preocupado pela mãe, mas tinha conseguido virar o bezerro e assim tudo tinha saído bem. Endireitando-se, tirou as luvas de borracha que tinha colocado para atender à vaca e olhou seu relógio, fez uma careta ao ver a hora. Era pouco mais de meia-noite. Só tinham passado duas horas desde que chegou à fazenda. Sentia-se como se tivesse sido pelo menos o dobro. De fato, estava um pouco surpreendido ao sair do estábulo que houvesse uma noite estrelada em vez da luz do amanhecer. Olhou para a casa do encarregado. Não lhe surpreendeu ver a casa às escuras. Tinha sido rápido em ir até o escritório. Encontrar o talão de cheques lhe tinha levado dois minutos. Armand preencheu o cheque e o tinha levado até a casa do encarregado onde o tinha dado a Lucian e ele o tinha posto nas malas de Paul. Lucian tinha limpo a mente de Paul e o tinha levado até o povoado. Armand suspeitava que Lucian provavelmente o tinha feito enquanto ele estava ajudando à vaca. Não tinha nenhuma dúvida de que Lucian tinha estado sentado durante horas


esperando que terminasse e voltasse para... junto de Eshe. Tinha vindo uma vez para lhe perguntar se podia ajudar, mas ele havia dito que se fosse já que em vez de lhe ajudar estava lhe distraindo. Havia algo na mulher, uma combinação de acanhamento e força que lhe fascinava. Era a forma em que lhe olhava. Ela sem dúvida teria sido mais um obstáculo do que uma ajuda no estábulo. Agora que o bezerro e sua mãe estavam bem, Armand se encontrava ansioso por chegar à casa e vê-la outra vez. Tinha passado muito tempo desde que uma mulher lhe chamau tanto a atenção. Desde sua primeira esposa, Susana, sua única companheira de vida. O pensamento fez com que Armand enrugasse a testa enquanto subia as escadas da entrada. Não tinha vontade de pensar nisso mais. A verdade era que a única coisa que tinha que fazer era convencer a ela de que não era boa idéia que ficasse com ele. Mas ele não podia fazer isso. Além do fato de que simplesmente não negava nada para Lucian Argeneau, tinha que admitir que Eshe, provavelmente, não estaria mais segura em outro lugar que em sua casa. Se ela fosse para outra lugar e lhe acontecesse algo, nunca se perdoaria. Armand encontrou Lucian e Eshe na sala de estar. Ela estava folheando uma revista, enquanto que Lucian estava olhando os poucos canais disponíveis na televisão, com uma expressão de aborrecimento que se converteu em irritação quando viu entrar Armand. -Meu deus, Armand, só tem o pacote básico da TV a cabo. O que acontece com você? Os melhores programas estão no pacote completo, e não sei como vive sem os canais de filmes. Armand se encolheu de ombros, com uma meia sorriso em seu rosto. -Eu não teria nem sequer o pacote básico, se não fosse por Agnes. A irmã de minha primeira esposa- explicou para que Eshe soubesse, antes de acrescentar, -Pedi-lhe que solicitasse Internet. Ainda não estou seguro de por que se incomodou em contratar a TV a cabo. Não assisto televisão. Ele levantou uma sobrancelha. -Até onde eu sabia


você tampouco. Quando começou com isso?

-Leigh me fez ver alguns programas- murmurou Lucian e depois disse, -A maior parte do que há na televisão é uma merda, mas há alguns que são bons. -Encontrou algum?- perguntou Armand secamente, mas achava engraçado. Era uma situação pouco comum achar Lucian engraçado, mas encontrar a sua companheira de vida lhe tinha dado um lado quase humano que se sentava com dificuldade sobre seus ombros e isso sem dúvida era engraçado para Armand. Era interessante vê-lo. Tendo em conta que a mudança era produzida por Leigh. Duvidoso, supôs, mas ainda assim era muito divertido vê-lo. Deixando de lado essa possibilidade no momento, levantou as sobrancelhas. -Então... estou surpreso que ainda esteja aqui. Há algo mais que precise me dizer? -Sim.- Lucian desligou a televisão e se levantou. -Tenho que ir, já me atrasei mais do previsto. Vamos falar na cozinha. Quero mais sangue. Armand sorriu com ironia e se afastou para que Lucian passasse. Era sua casa, mas isso não impedia que seu irmão atuasse como se fosse a sua. Era assim em todo lugar e todo o tempo. Não lhe surpreendia. Olhou para Eshe, ela seguia olhando sua revista e ele seguiu Lucian. -Não tinha sangue na geladeira quando coloquei o que trouxe. Está esperando a entrega?- Perguntou Lucian enquanto se dirigia à geladeira para pegar o sangue. -Tenho sangue em uma geladeira em meu quarto. Com dois mortais como empregados, Paul e minha governanta, não me pareceu prudente correr o risco de que um deles olhasse dentro da geladeira e me perguntasse sobre as bolsas de sangue. -E o suco e a outra comida?- perguntou Lucian enquanto pegava duas bolsas de


sangue e fechava a porta.

-Camuflagem- murmurou Armand enquanto aceitava a bolsa que Lucian lhe dava e o seguiu à mesa no outro extremo da cozinha. -Uma geladeira vazia provocaria perguntas que não quero responder. Sempre tenho algo na geladeira. Mudo de vez em quando, a fruta e a carne quando ficam passados dou para os porcos e o suco e o leite eu troco quando falta pouco para vencer. Lucian grunhiu com a informação enquanto se acomodava na mesa. Um momento de silêncio passou, já que se concentraram na alimentação, mas uma vez que as bolsas estavam vazias, e depois de que Armand as pegou e se levantou para jogá-las no lixo debaixo da pia, Armand perguntou, -Então, o que tem para me dizer? -Providenciei para que lhe entreguem sangue extra durante o tempo que Eshe estiver aqui- informou-lhe Lucian. -Vou pagar sua estadia. -Não é necessário- murmurou Armand. Ele tinha participação em empresas e fazendas Argeneau e de todas obtinha lucro. Podia fornecer sangre à mulher durante as duas semanas que estivesse aqui. Lucian não lhe deu atenção e tirou sua carteira para tirar um cartão de crédito. -Ela necessitará mais roupa do que trouxe. Há algum lugar aqui onde se possa comprar? -É obvio, Lucian- disse secamente e depois assinalou, -Londres está só a vinte minutos ao norte daqui. -Hmm- Lucian não parecia impressionado e disse, -Ela tem gostos mais exóticos.


Armand sorriu ante a expressão de dor de Lucian, mas se limitou a dizer, -Londres conta com lojas de estilistas. Trata-se de uma cidade grande, você sabe. -Para Ontario, talvez- Disse Lucian secamente e lhe aconteceu o cartão de crédito. Compre a roupa no cartão da empresa. Armand levantou uma sobrancelha ante a sugestão, não estava seguro de que fosse algo normal que se comprasse roupa de mulher em um cartão empresarial, mas aceitou em lugar de discutir. -E compre qualquer outra coisa que peça no cartão também. Não espero que pague de seu bolso seus gastos já que está nos fazendo um favor. Antes que pudesse responder, Lucian lhe perguntou, -tentou lê-la? Armand sentiu que suas sobrancelhas se levantavam, mas admitiu -Não.

-Por que não?- perguntou-lhe.

-Ela é mais velha que eu, provável eu não seja capaz de fazê-lo.

-Então tentou lê-la. A maioria dos imortais quando conhecem alguém pela primeira vez, devido à esperança de encontrar a seu companheiro de vida, o fazem. Armand apertou os dentes, desviou o olhar e murmurou, -Não estou procurando uma nova companheira de vida. -Hmmph- Lucian franziu o cenho e depois adicionou, -Bom, quero tente lê-la antes de que eu me vá. Vamos até a sala de estar e você tenta. Quando Armand pareceu contrariado, Lucian acrescentou, -Faça isso por mim. Preciso saber tudo o que sabe. Não quero ler algo em sua mente e ter que sair correndo de retorno a Toronto se outro executor se machucar em seu lugar ou algo assim. -De acordo, que seja- murmurou Armand, compreendendo a necessidade de fazê-lo.


-Vamos. Lucian se levantou e se dirigiu para a sala e Armand a contra gosto lhe seguiu. No momento em que entraram, Eshe levantou o olhar e Lucian fez um gesto para Armand para que começasse. Fez uma careta e se concentrou na mulher, centrando-se na testa, olhando-a, tentando dissimular o que estava fazendo. Ele não parecia muito surpreso quando não o conseguiu. -E então?- perguntou Lucian com impaciência. Quando Armand se limitou a mover a cabeça, Lucian assentiu com a cabeça como se o tivesse estado esperando, provavelmente era porque Eshe era mais velha, frequentemente era difícil para um vampiro jovem ler a um mais antigo. Lucian olhou ao Eshe e ordenou, -Me acompanhe até lá fora.

Ela se levantou imediatamente, mas conseguiu lhe olhar como se ela o fizesse porque queria não porque tivesse gritado como se fosse um cão que tem que obedecer. Tomou seu tempo para sair da sala em lugar de sair rapidamente como Armand suspeitava que fariam a maioria dos imortais e por isso admirou sua coragem e seu traseiro quando saía pela porta. Armand estava a ponto de seguir seus quadris balançando-se, quando Lucian, de repente, ficou diante dele com uma mão no peito para detê-lo. -Não precisa nos acompanhar. Estará de volta em um minuto. Espera aqui.

Armand brevemente pensou em se fazer caso omisso à ordem como ele suspeitava que Eshe teria feito, mas se encolheu de ombros e se sentou no sofá do qual ela se levantou. Voltaria logo e estaria ali durante duas semanas. Podia esperar, decidiu e depois virou a cabeça para um lado quando percebeu que a cadeira estava ainda quente e havia um rastro de seu perfume no ar a seu redor. Era um aroma encantador, picante, que lhe caía bem. Inalou profundamente, com prazer.


-Não posso lê-lo- admitiu Eshe em voz baixa no momento em que a porta da casa se fechou atrás dela e de Lucian. O fato de que não pudesse ler Armand era quase aborrecido. Eshe tinha tentado ler Armand na primeira vez quando apareceu na porta da sala de estar, ao retornar do estábulo e depois outra vez quando tinha retornado da cozinha com Lucian. Ela não tinha conseguido penetrar em seus pensamentos em ambas as ocasiões. Eshe percebeu que na segunda vez ele também estava tentando lêla, provavelmente, por ordem de Lucian e tinha baixado suas barreiras para permitir que ele o fizesse, mas o tinha visto sacudindo a cabeça em resposta à pergunta de Lucian. A principal preocupação dela era que não podia lê-lo. Deveria ter sido capaz de fazê-lo. Era mais velha que ele e só tinha encontrado uma pessoa que não tinha sido capaz de ler: Orion. Só era dez anos mais jovem que ela e tinha sido seu companheiro de vida. Armand parecia que poderia ser o segundo. Em qualquer outro momento, encontrar um possível companheiro de vida teria sido um motivo de alegria. Desta vez, entretanto, com este homem, suspeito de vários assassinatos, era possível que não fosse um acontecimento alegre e quase sentia pânico ao pensar nisto. -Eu não posso lê-lo- repetiu mais sombria à medida que baixava as escadas em direção ao carro de Lucian. -Sei. Percebi por sua expressão- disse Lucian sério enquanto se tocava a perna caminho do carro. -Não vi nada. Não posso lê-lo. Talvez seja difícil de ler. -E significa algo?- perguntou em voz baixa, quando se deteve ao lado do carro. Fez uma careta quando ficou olhando, sabendo que a estava lendo, tinha-o feito em várias ocasiões durante toda a noite. Ela disse, -Sei que sabe que o acho atraente também.

-Não me preocupa, de momento, a não ser que comece de repente a comer, -Disse em


voz baixa e depois adicionou, -E se...- apertou sua boca.

-Isso não muda as coisas, Eshe. Está aqui para fazer um trabalho e espero que o faça sendo ele seu companheiro de vida ou não. -Sim, claro- murmurou tentando, pelo menos, aparentar serenidade. Esclarecendo a garganta, ela se segurou na porta do carro quando ele a abriu para entrar e lhe perguntou, -As mesmas ordens?- Lucian se instalou no assento do motorista antes de dar volta para olhá-la com seriedade. -Só lembre o que aconteceu. Quando lhe olhou sem expressão, assinalou, -Com sua anterior companheira de vida não foi muito bem, nem tampouco com suas esposas. Só fique alerta e obtenha as respostas que precisamos o mais rápido possível. Eshe assentiu com a cabeça tristemente e quando acabou de lhe transmitir as ordens se inclinou para frente para ligar o motor e fechou a porta do carro. Em seguida, observou-o em silêncio enquanto se dirigia para a estrada. Eshe ficou no caminho de entrada até que desapareceram suas luzes traseiras, depois se virou para olhar a casa. Dentro havia um homem que poderia ser seu companheiro de vida. Infelizmente, ele também poderia ser um assassino.

Capítulo 3

O forte rugido de um aspirador de pó fora da porta do quarto despertou Eshe perto do meio-dia. Achou impossível ignorar o incômodo som, e ela olhou para a porta do quarto onde tinha passado um dia muito agitado e amaldiçoou em silêncio a Lucian por sua atribuição para este trabalho. Até o momento, não tinha feito nenhum


progresso no trabalho. Depois de se despedir de Lucian Argeneau na noite anterior, tinha passado vários minutos juntando coragem para o que lhe esperava, e depois partiu para a casa, decidida a começar imediatamente. Entretanto, antes que pudesse fazer qualquer pergunta a quem poderia ser seu companheiro de vida, assassino, ou ambas as coisas, ele a tinha recebido com um tranquilo, -Meu quarto é o dormitório principal na parte posterior do segundo andar, mas há outros quatro quarto disponíveis lá em cima. Pegue aquele que quiser. Tenho que ir ver Bessy e sua cria e realizar algumas tarefas. Verei você quando se levantar pela manhã. Boa noite. Armand passou por diante dela e depois saiu da casa antes que ela pudesse murmurar umas plácidas palavras de agradecimento. Eshe ficou olhando assombrada sua saída, achou a situação muito decepcionante depois de seus momentos de preocupação, mas então suspirou, recolheu sua bolsa e subiu as escadas para ver os quartos do andar de cima. Todos eles eram bons, mas o escolhido por Eshe foi um quarto cor rosa ao lado do dormitório principal. Ela deixou cair sua bolsa na cama e depois foi investigar o quarto de Armand, enquanto tinha a oportunidade. Sua investigação resultou em nada. Não tinha encontrado nem um singelo diário com uma prática confissão escrita dos fatos terríveis, nem as sangrentas armas que poderiam ter sido utilizadas para decapitar às anteriores esposas. De fato, não havia nem mesmo quadros ou retratos de suas esposas ou do passado. O quarto tinha somente uma cama, uma cadeira junto ao fogo da lareira, uma estante cheia de livros tanto velhos como novos e um armário cheio de roupas. O banheiro da suíte tampouco tinha sido proveitoso. Saiu do quarto principal sem conhecer mais sobre o homem do que a marca de loção de barbear e pasta de dente que utilizava. Eshe vagou pela casa depois disso, notando a ausência de adornos e lembranças. Parecia que Armand não era do tipo sentimental. Não havia nada de sua vida passada


ou de suas esposas na casa. Só no escritório encontrou algo que lhe disse que ele tinha família. Não havia nada a vista. Assim como com o resto dos cômodos da casa, esta não tinha nenhuma foto visível ou retratos que sugerissem que havia alguém no mundo que amava, mas depois de forçar a fechadura da gaveta grande de sua escrivaninha, ela tinha encontrado uma coleção de álbuns de fotos e uma caixa que continha retratos em miniatura. Os retratos eram antigos, de antes da invenção da fotografia. Pinturas das três mulheres que ela supôs eram sua companheira de vida e esposas, e logo depois de seus filhos. Reconheceu tanto a Nicholas como a Thomas, a quem tinha conhecido através de seu posto de caçador, e imaginou que a garota era Jeanne Louise, sua filha com a última esposa, Rosamund. Os álbuns tinham imagens muito mais recentes, um com fotos de seu filho mais velho, Nicholas e sua esposa, Annie, ambos pareciam muito felizes em diferentes momentos como, o dia de seu casamento, em um picnic no campo, e assim sucessivamente. Outro álbum dedicado a Thomas com fotos recentes de seu casamento com Inês em Portugal. O último era de Jeanne Louise, de sua adolescência com joelhos ralados, de sua formatura na universidade, e depois em diversos momentos em família. Eshe tinha achado a descoberta algo tranquilizador. Diziam que Armand tinha cortado todos os laços com seus filhos e o resto da família depois da morte de sua última esposa há um século e que nunca tinha visto sua filha, Jeanne Louise, desde que a deixou na porta de Marguerite, sua cunhada, depois da morte de sua mãe, Rosamund. Os álbuns sugeriam, entretanto, que embora não a tivesse visto em pessoa, que estava a par de sua vida e do que ela fazia, e ele se preocupava com ela. O fato de que ele tinha escondido os álbuns, entretanto, era bastante curioso. O homem vivia sozinho. Não havia razão para que os ocultasse de todos os modos. Considerando a situação, Eshe guardou os álbuns onde os havia encontrado, seguros na gaveta, e depois saiu do escritório para esperar a volta de Armand, com sua mente


cheia de perguntas. Tinha esperado que ele retornasse à casa antes do amanhecer, caminhando por sua sala de estar como um tigre enjaulado até que não pôde aguentar mais e saiu finalmente para buscá-lo. Encontrou o estábulo onde ficavam suas vacas leiteiras, além de alguns porcos e cabras, mas ele não tinha passado por ali. Depois atravessou um estábulo de bom tamanho onde estavam os cavalos e um galinheiro cheio de frangos dormindo que se agitaram com sua presença, antes que decidisse que ele também não estava ali e fechou a porta ante o asqueroso fedor que vinha do interior. Depois foi verificar o celeiro onde encontrou um trator, uma colheitadeira e vários outros equipamentos da fazenda, mas nem rastro do Armand. Eshe desistiu depois disso e se dirigiu à casa quando o sol começou a surgir no horizonte. Cansada, tinha procurado seu quarto e se preparou para ir para cama, pensando que começaria de novo à noite. Entretanto, mesmo cansada como estava, não foi fácil dormir ou manter o sono. O imóvel era sangrentamente ruidoso. Ouvia frequentemente às pessoas comentando do nível de ruído na cidade e como era tranquila a vida em uma fazenda, mas ela teria algumas palavras muito bem escolhidas sobre o tema para o futuro. Eles estavam cheios de merda. Seu apartamento na cidade tinha proteção acústica, ela nunca teve seu sono perturbado pelos ruídos do tráfego ou da vida da cidade. O mesmo não acontecia aqui. Embora não houvesse muito ruído de tráfego no caminho da fazenda, escutava-se vários outros sons, o barilho de trens ao longe, os bate-papos e canto dos pássaros, os chiados dos grilos... Ela tinha levado um maldito tempo para conciliar o sono e poder dormir ali. E agora havia um maldito aspirador de pó a importuná-la, pensou, e fulminou com o olhar a porta quando o som aumentou, o que sugeria que não tinha sido próximo à porta do seu quarto em um primeiro momento mas que agora, sim, estava. A fazenda definitivamente não era um lugar tranquilo, decidiu Eshe sombria quando algo golpeou contra a base da porta várias vezes. Um grunhido profundo saiu de sua


garganta, lançou as cobertas e lençóis para o lado e saiu da cama para chutar a porta. Cansada como estava, Eshe era pura irritação, e tudo culminou em explosão contra Armand por sua desconsideração ao despertá-la, mas se deteve em seco quando abriu a porta e encontrou uma redonda pequena mortal a ponto de golpear sua porta de novo com a base de um aspirador de pó. -OH, querida!- exclamou a mulher, detendo-se antes de passar o aspirador sobre os pés descalços de Eshe quando ela apareceu na porta. -Sinto muito! Acordei você? Eshe olhou à mulher sem compreender bem e ela rapidamente desligou o aspirador que tinha estado trabalhando mais do que necessário, já que parecia óbvio para Eshe que o tapete estava perfeitamente limpo. Era um desperdício usar o aspirador. A mulher tinha estado tentando despertar à convidada do Sr. Argeneau, leu em sua mente. Parecia que sua presença era uma raridade para a mulher que tinha estado esperando com impaciência durante todo o dia para que ela fizesse sua aparição e, finalmente, cedeu à tentação de levantá-la por si mesma... e com o aspirador. A mulher estava contente por fazê-lo, leu Eshe em sua mente quando ela pensou que a convidada era curiosa, e não podia esperar para dizer às garotas no salão de beleza quando fosse fazer seu penteado semanal. OH, as garotas ficarão loucas para ouvir que o evasivo solteiro Armand Argeneau tem uma beleza em sua casa. Talvez até houvesse sinos de casamento no futuro. Com um suspiro, Eshe deixou de centrar-se nos pensamentos da mulher e mudou sua atenção a sua expressão ansiosa, só para tomar consciência de que enquanto ela tinha estado lendo sua mente, a mulher tinha estado dando uma olhada. Eshe fez uma careta e olhou a enorme camiseta que tinha usado para dormir. Mesmo cobrindo tudo o que era importante, não era exatamente o que ela teria escolhido vestir para se encontrar com a governanta. -Sinto muito se a acordei- disse a mulher com uma excelente atuação fingindo


arrependimento. -O senhor Argeneau disse que chegou na noite passada e que era provável que dormisse todo o dia. Não sei o que estava pensando quando usei o aspirardor. Eshe tentou não bufar ante as palavras, mas pôs um sorriso forçado nos lábios. -Está tudo bem, eu... disse que Armand falou com você? Ele já se levantou então? -OH, sim, foi quando cheguei aqui, o que é incomum nele. Mas suponho que com o ocorrido com Paul, partindo tão inesperadamente para atender a assuntos familiares, teve que cuidar ele mesmo dos animais hoje cedo. Pobre homem. Espero que encontre um substituto logo para Paul. Gerenciar o imóvel e escrever seu artigo diário para o jornal o desgastará depois de muito pouco tempo. -Escrever artigos diários para o jornal?- perguntou Eshe com um sobressalto. Lucian não tinha mencionado isso. Ele só havia dito que Armand era um fazendeiro. -Sim, querida. A mulher sorriu com tanto orgulho como se fosse sua mãe. -Não sabia? Ele é nossa própria pequena celebridade na cidade. Escreve um artigo de interesse diário. Todo mundo adora. Deduzo que escrever é de família. Ele tem um sobrinho que escreve livros, você sabe, mas Armand diz que já tem suficientes problemas com a informação de seu pequeno artigo diário e não pode se imaginar algum dia escrevendo um livro, mas escreve muito bem- assegurou e depois disse quase desculpando-se, -Mas é um pouco excêntrico, escreve de noite e dorme durante o dia, e realmente, pelo que posso dizer, não come o suficiente para manter uma ave alimentada, mas então Doris me disse que a maioria dos escritores são um pouco diferentes do resto de nós, e ela sabe. Tem lido essa biografia sobre a vida de Hemingway... era Hemingway? Pode ter sido outra pessoa- admitiu com o cenho franzido, e depois afastou com a mão o que fosse e disse: -Não posso me lembrar agora, mas lembro que leu sobre um farrista. Porque estava nas drogas, sexo, e... Bom, felizmente, nosso jovem Armand não faz nada disso. Ela franziu o cenho ante


suas próprias palavras e logo se apressou a dizer, -Bom, nas drogas pelo menos não. Tenho certeza que gosta de sexo tanto como qualquer outra pessoa. Embora todos estávamos começando a comentar, já que nunca há moças ao redor ou convida nenhuma das garotas para sair nem nada. Doris diz que ele é gay e tem um amigo na cidade que vem visitá-lo, mas agora posso lhe dizer sobre você e ela terá que deixar de falar isso dele- anunciou com satisfação. -Sim- murmurou Eshe fracamente, assombrada de que a mortal tivesse conseguido dizer tudo o que balbuciou sem tomar fôlego. Querido Senhor. -Bom, agora, vou indo,- anunciou a mulher, inclinando-se para desconectar o aparelho de um tomada ao lado da porta do quarto de Eshe. -Pensando melhor, talvez queira se vestir, e vou para baixo ver se há algo para comer. Imagino que deva estar morta de fome. Perdeu o café da manhã e o almoço já passou. Prepararei algo bom para você e podemos conversar enquanto come. Eshe olhou com os olhos bem abertos como a pequena mulher foi-se apressadamente, sacudiu a cabeça e fechou a porta para começar a se vestir como lhe tinha sugerido. Não parecia provável que voltasse a dormir de todos os modos, e se Armand já tinha levantado, provavelmente até pudesse encontrá-lo e conseguir lhe fazer algumas das perguntas que tanto tinha querido fazer na noite anterior. Tinha a intenção de fazê-lo falar hoje a respeito de suas esposas e como tinham morrido. Lucian se limitou a dizer que suas mortes pareciam ser acidentais, mas não explicou que tipo de acidente, e iso pareceu que seria pertinente. Ela só tinha que imaginar uma maneira de fazer as perguntas em meio a uma conversa, sem levantar as suspeitas de Armand a respeito da verdadeira razão pela qual estava ali. Não havia nenhum problema, não é? pensou secamente enquanto colocava a calça de couro da noite anterior.

Eshe estava no meio do movimento para colocar suas calças quando a realidade lhe


atingiu de que a governanta de Armand havia dito que ia fazer seu café da manhã. Ela não comia, mas isso não foi o que a fez congelar com suas calças ainda só a metade do caminho. Era o fato de que fazer o café da manhã incluia, sem dúvida, que a mulher procuraria algo no refrigerador. Um refrigerador em que claramente recordava ter empilhado suas bolsas de sangue na noite anterior. Amaldiçoando, Eshe puxou suas calças até em acima e se apressou para a porta sem nem sequer incomodar-se em se pentear. Ansiosa por chegar até ela antes que visse o sangue, Eshe virtualmente voou pelo corredor e depois pelas escadas e todo caminho até a cozinha. Chegou à porta para encontrar a governanta de Armand inclinada olhando na geladeira e vasculhando em seu interior. Eshe estava a ponto de tomar o controle da mente da mulher quando se endireitou e se afastou para colocar um pacote de ovos e um pouco de toucinho no balcão, deixando uma visão clara da geladeira aberta e com comida armazenada no interior. Não havia sangue. -OH, deve ter muita fome, querida, para vir aqui assim- disse a governanta, Eshe aproveitou para desviar o olhar fora da geladeira e viu que a mulher lhe sorria ampliamente do outro lado do balcão. -Meu deus, nem sequer escovou o cabelo. Bom, sente-se à mesa e te vou pegar um café e umas torradas para te tirar de apuro até que possa preparar estes ovos e o toucinho para você. -Ovos e toucinho?- murmurou Eshe, passando os dedos pelo cabelo curto para lhe pôr algum tipo de ordem, enquanto ela se aproximava da geladeira para dar uma olhada melhor em seu interior. Não. Não havia sangue ali. -Entendo sua surpresa- disse a governanta com um sorriso quando ela empurrou a porta do refrigerador para fechá-la com o quadril em seu caminho para pegar um pedaço de pão na mesa ao lado da torradeira. -Se tivesse olhado no refrigerador ontem à noite ficaria horrorizada pela pouca comida que havia ali. Como já disse, o Sr. Argeneau não come o suficiente para manter alimentada um ave, mas quando me


disse que havia uma convidada, peguei o carro e corri para o mercado para comprar comida. E fofocar com todo mundo a respeito de uma mulher na casa, leu Eshe em sua mente com irônica diversão. -OH, acabo de perceber que não me apresentei- disse a mulher com aborrecimento enquanto deixava cair um par de fatias de pão na torradeira. Apertou o botão para baixo para começar a torrar e depois se virou para estender sua mão para Eshe. -Sou a senhora Ramsey, querida. Enid Ramsey. -Eshe D´Aureus- murmurou, apertando sua mão brevemente e perguntando-se para onde teria ido o sangue. -D´Aureus- repetiu a senhora Ramsey com um sorriso. -Que nome tão interessante. O que significa? -Ouro- respondeu Eshe de forma automática.

-Assim como seus olhos, que são de ouro. Até mesmo parece que brilham como ouro, quando a luz lhes chega apenas da direita. Muito bonito, querida. Surpreendente.

-Obrigada- murmurou Eshe, e se encaminhou para a mesa como uma desculpa para evitar que olhasse a seus olhos por muito tempo. Igual aos de todos os imortais, os olhos de Eshe capturavam e refletiam a luz para uma melhor visão noturna. Tornava muito mais fácil a caça noturna. Seu pai, Castor D´Aureus, tinha os olhos dourados e por isso tinha sido chamado 'Castor o Ouro' quando tinha fugido de Atlântida com outros. Tinha passado a cor dos olhos a seus filhos, embora a maioria deles tivesse manchas escuras neles, herança de sua mãe, ela supôs.


Querendo distrair à senhora Ramsey do tema dos olhos, Eshe leu sua mente enquanto se sentava à mesa, e depois fez a primeira pergunta que lhe ocorreu. -Faz quanto tempo que trabalha para Armand? -Faz uns cinco anos- respondeu a senhora Ramsey, pegando um copo de café no armário e indo até uma cafeteira que ainda funcionava ao lado da geladeira. Enquanto esperava que passasse o último café que faltava através do filtro de destilação, continuou, -Isso foi quando herdou a fazenda de seu tio. Foi muito agradável quando o fez. Seu tio nunca estava aqui. Havia um administrador encarregado enquanto vivia na cidade e usufruia os benefícios. É muito mais agradável conhecer o proprietário e tê-lo na comunidade. Eshe assentiu solenemente, embora soubesse que tudo o que havia dito a mulher era simplesmente uma história de fachada de Armand. Na verdade ele era proprietário de vários imóveis ao sul de Ontario e dividia seu tempo entre elas, vivendo uns dez anos em uma e depois passando para outra antes que seus vizinhos percebessem que ele não envelhecia. Cada vez que se mudava, a desculpa de fachada era que ele tinha herdado o imóvel e se encarregaria dele, mas não havia nenhum tio do qual herdar. Não tinha idéia de que desculpa deu ao pessoal da fazenda anterior para explicar sua saída. Talvez eles pensassem que ele morreu ou, simplesmente, que se mudou para cidade e deixou um gerente encarregado de tudo. -Ele é um jovem agradável- informou a senhora Ramsey. -Sempre educado e muito bom a respeito de trocar meus dias de trabalho se eu tiver um compromisso, só tenho que vir trabalhar as segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras. Eshe fez um som alentador para que continuasse falando.

-Preocupo-me com ele, entretanto. Não tenho certeza de que herdar o imóvel foi tão bom para ele na verdade. Trabalha muito duro, raras vezes sai da fazenda e não tem


vida social digna de menção. Me Preocupo de que fique sozinho aqui e envelheça no imóvel sem aproveitar a experiência de ter uma mulher e filhos. A senhora Ramsey deixou escapar um suspiro enquanto colocava o café recém passado no copo. Ela se animou, entretanto, quando acrescentou, -Ele ainda é jovem, e agora que está aqui talvez possam chegar a levar a cabo algo mais. Temos bingo na igreja as quartasfeiras de noite, e no restaurante servem boa comida. Todos os aldeões vão até ali. E agora que a colheita terminou, há algumas feiras de outono que vêm chegando se ainda estiver aqui e puder arrastá-lo com você. Sei que os aldeões desfrutariam de poder interagir mais com ele. -Verei o que posso fazer- disse Eshe quando a mulher cruzou a cozinha para por um copo de café frente a ela. -Que bom. A senhora Ramsey sorriu para ela e depois voltou para pegar uma frigideira, assim como o toucinho e os ovos para começar a cozinhar. Eshe a olhou por um momento, sem saber se devia lhe dizer para não cozinhar para ela ou não. Ela não ia comer a comida. Por outro lado, a mulher parecia estar desfrutando do que estava fazendo para ela. De fato, a julgar por seus pensamentos, Eshe suspeitava que a senhora Ramsey ficaria decepcionada se não a deixasse fazer isso. Sempre poderia jogar fora a comida quando a mulher não estivesse olhando, decidiu Eshe. Além disso, a senhora Ramsey era muito faladora, e poderia haver algo útil para averiguar com ela. -Então, Armand não tem nenhuma companhia na casa?- perguntou Eshe com curiosidade, inclinando-se para frente para cheirar o líquido negro fumegante no copo diante dela. Tinha um aroma bastante interessante, um pouco amargo, possivelmente, mas aromático. -Só Agnes e John Maunsell. Eles tem uma fazenda não muito daqui, e pelo que entendi eles são seus cunhados- confessou a senhora Ramsey, e depois estalou a


língua. -Deve ter casado muito jovem. Ele já era viúvo quando se mudou para cá e não pode ter mais que vinte e seis ou vinte e sete anos. Pelo menos não aparenta ser mais velho que isso. Eshe murmurou alguma coisa em acordo, olhando curiosa à senhora Ramsey fritar os alimentos. O toucinho tinha um aroma surpreendentemente delicioso quando estava frito. -OH, aí está sua torrada. A senhora Ramsey se apressou à torradeira, quando o pão torrado saltou da torredeira. Ela passou rapidamente uma manteiga e pôs as fatias em um prato pequeno, então pegou um par de frascos do que parecia ser conserva e os levou para Eshe. -Aqui tem, querida. Começe enquanto termino seu toucinho e os ovos. -Obrigada- respondeu Eshe, olhando para baixo às oferendas.

-Isso é uma geléia de laranja, e isto é geléia de morango- anunciou a senhora Ramsey, empurrando os frascos para ela. -Eu mesma preparo em casa e os trago para o senhor Argeneau. Embora, para falar a verdade, não acredito que ele sequer provou. Pensei no princípio que ele estava comendo, porque os potes desapareciam, assim continuei trazendo mais, mas então encontrei uma caixa cheia deles no porão. Ela suspirou desiludida, negou com a cabeça, e apressadamente retornou ao fogão. -Dê a elas uma oportunidade, entretanto, e veja o que pensa. Todo mundo elogia muito minhas geléias. Eshe levantou a vista para vê-la observando espectadoramente e a contra gosto abriu o frasco de geléia de laranja e começou a passar um pouco em sua torrada. Ela poderia ter somente controlado à mulher e lhe fazer pensar que tinha provado, mas em realidade estava um pouco curiosa de saber que gosto tinha. Eshe não tinha sentido curiosidade por alimentos há alguns séculos, mas decidiu não pensar nisso e


o que seu repentino interesse poderia significar. Ela tinha outros assuntos para tratar. -Então, só tem a Agnes e John?- perguntou ela ao colocar a tampa da geléia. -Sim. A senhora Ramsey enrugou o nariz. -Agnes é uma pequena coisinha doce, mas eu não encontrei calor em John. Não tenho certeza do porque. Ela se encolheu de ombros e então fez um gesto para Eshe, que ainda não tinha provado a torrada, com o garfo que tinha estado utilizando no toucinho e disse: -Vá em frente, prove e me diga o que pensa. Eshe recolheu a fatia de pão torrado em que tinha passado geléia e deu uma dentada, surpreendida pela explosão de sabor que golpeou a sua língua. -É realmente muito boa- disse à mulher com honestidade.

A senhora Ramsey ficou vermelha agradada pelo elogio e riu entre dentes. -Parece que está surpresa. Pensou que eu poderia ser uma má cozinheira?- Brincou, assinalando a sua robusta figura. Eshe esboçou um sorriso, e deu outra dentada à torrada antes de perguntar. -Armand alguma vez fala de suas esposas? -Esposas?- perguntou assombrada.

-Quero dizer esposa- corrigiu Eshe rapidamente.

-OH- relaxou e sorriu com ironia quando voltou novamente para sua forma de cozinheira. -Não. Acredito que deva ser um assunto doloroso. Só sei que era casado porque Agnes se apresentou como sua cunhada a primeira vez que nos conhecemos. -Entendi- murmurou Eshe, tomando um bocado de pão torrado, quando ela percebeu


que não ia saber de nada sobre o passado com esta mulher. Não é que ela realmente tivesse esperado isso. A mulher era uma mortal, depois de tudo. Mas sempre havia a possibilidade de que Armand tivesse deixado escapar algo. Além disso, a senhora Ramsey estava trabalhando para Armand fazia cinco anos segundo seus cálculos, e não era estranho que a longo prazo os funcionários ou empregados descobrissem o segredo de sua imortalidade. Entretanto, parece evidente que a senhora Ramsey não estava nessa lista. Eshe supôs que fosse porque a mulher somente vinha à casa três dias na semana e em geral enquanto ele dormia, se realmente dormia durante o dia e trabalhava de noite como a mulher tinha sugerido. Havia menos possibilidades de acidentalmente descobrir seu segredo com tal contato mínimo. -Ah, está acordada.

Eshe olhou a seu redor com esse comentário e viu Armand entrar na cozinha. Parecia ainda mais esgotada do que se sentia. Embora, para ser honesta, a torrada e o aroma do café lhe tinham animado um pouco. Agora o via caminhar para a mesa onde estava sentada e inalou o aroma dele quando se aproximou. Cheirava a terra, a especiarias e a homem. Ele era uma combinação embriagadora, e Eshe engoliu em seco e se obrigou a afastar os olhos dele quando tentou viajar por seu corpo para examiná-lo no jeans justo e na camiseta que usava. -OH, Armand- sorriu-lhe a senhora Ramsey alegremente e depois fez uma careta triste antes de dizer: -Sim, está acordada. Temo que a acordei com meu aspirador de pó. Sabendo que realmente não o sentia absolutamente, mas estava muito contente de ter tido a oportunidade de falar com ela e reunir mais intrigas, Eshe rapidamente se meteu um pedaço de pão na boca para evitar bufar. O choque apareceu no rosto de Armand quando ela fez isso, mesmo sabendo que não devia. Rapidamente mastigou, engoliu e explicou, -Sua encantadora governanta insistiu em preparar o café da


manhã para mim, embora seja o final do dia.

-E fiz suficiente toucinho para vocês dois no caso de que retornasse, portanto sente-se e vou preparar um par de ovos a mais- ordenou a senhora Ramsey, que soava mas como uma mãe mandona ou uma avó. Armand aceitou com calma e simplesmente arqueou os lábios com diversão enquanto tomava um assento em frente a Eshe. Seu olhar, entretanto, foi até sua torrada, a qual já tinha comido a metade, e depois de novo a ela com especulação. -Aqui está seu café, senhor Armand. A senhora Ramsey colocou um copo diante dele e depois olhou o copo intacto de Eshe e estalou a língua com auto-repugnância. Suponho que toma café com leite e açúcar e eu nem sequer pensei em te oferecer qualquer um dos dois. Sacudindo a cabeça, foi pegar os artigos e depois voltou para jogar primeiro um pouco de leite nos dois copos e então colocou um par de cubos de açúcar em cada tcopo antes de entregar uma colher a cada um deles e correu de novo ao fogão. Eshe olhou para Armand, encolheu-se de ombros, e mexeu o café, que era o que se supunha que devia fazer. Armand imediatamente começou a mexer o seu. Ambos a seguir colocaram as colheres sobre a mesa e hesitaram, olhando um ao outro. Eshe não sabia o que ele estava pensando, mas ela se perguntava se realmente estava louco para beber isso. Ou se ela estava. Ao passo que tinha sentido curiosidade pela bebida, e admitiu que tinha curiosidade sobre o café, ela não comia ou bebia. O que soava absurdo, inclusive em sua própria cabeça, reconheceu Eshe com um suspiro. Poderia ter sido capaz de dizer que nunca comeu ou bebeu antes de que ela tivesse chegado à cozinha esta manhã, mas agora que tinha comido um pedaço de pão torrado com manteiga e geléia, desfrutou bastante a experiência. Parecia óbvio que


era mais excitante para ela, por não ser capaz de ler Armand, que era muito difícil de resistir. Tinha comido e desfrutado da torrada, estava ansiosa por provar o toucinho que cheirava tão deliciosamente, e inclusive tinha a curiosidade de provar o café. O problema era que não tinha certeza de que seria uma boa coisa que Armand soubesse. Neste momento ela ainda poderia ser capaz de sair com a sua dizendo que tinha comido a torrada só para agradar à senhora Ramsey, mas... Se juntou a Armand no silêncio. Em sua experiência, a melhor forma de apanhar os renegados era aproximar-se sigilosamente deles, ou agitá-los. Infiltrar-se neles, é claro, era o caminho mais fácil, mas quando isso não era possível, agitá-los poderia distrí-los e os fazer vulneráveis aos ataques. Talvez agitar Armand funcionasse para ela neste caso, pensou, faria-lhe saber que ela estava mostrando todos os sinais de um imortal que conheceu seu companheiro de vida. Sem dúvida devia fazer isso. Isto sacudiria o inferno fora dela, depois de tudo, pensou-o Eshe sombriamente, e o olhou em silêncio enquanto pegava o café e o levava a seus lábios. Os olhos de Armand se alargaram, suas sobrancelhas se elevaram para cima em sua testa, e sua mão estava apertada ao redor do copo que ele segurou quando ele olhou sua bebida. -Mmm- murmurou Eshe em voz tão baixa que a senhora Ramsey não podia ouvir, mas Armand sim com sua audição imortal. -Já sei que dizem que a cafeína não é boa para nós, mas é que está tão delicioso como no tempo em que compartilhava tudo com meu primeiro companheiro de vida, Orion. Armand tragou uma baforada de ar, seu rosto ficou rapidamente pálido, e logo se inclinou para trás com um sobressalto, quando a senhora Ramsey pôs os pratos entre eles. -Aqui está. Vocês comam isso e eu vou limpar a bagunça que eu fiz aqui.


Eshe murmurou um agradecimento, sem deixar de olhar para Armand, e depois recolheu seu garfo e começou a comer com ele olhando-a. Foi um estranho momento erótico. Seus olhos estavam fixos em seus lábios, olhando-a deslizar a comida na boca, a sua língua que escapava para lamber os lábios enquanto mastigava, e a sua própria garganta que trabalhava quando ela engolia. -Não tem fome?- perguntou com voz rouca depois do terceiro bocado quando simplesmente seguia seu olhar. Pegou a metade de uma tira crocante de toucinho com os dedos, e o colocou na frente de seus lábios tentadores. -Experimente. É possível que você goste. Armand pegou sua mão na sua, segurou-a brevemente, e depois abriu a boca e puxou dela brandamente para frente para deslizar o toucinho em sua boca. Seus lábios roçaram as gemas dos dedos, quando eles se fecharam, em uma ação deliberada, tinha certeza. Quando ela tentou retirar sua mão, Armand não o permitiu. Ele a manteve no lugar, simplesmente segurando-a ante seu rosto enquanto mastigava e engolia o toucinho que lhe tinha oferecido. Em seguida, puxou sua mão para frente outra vez. Eshe ficou rígida, sem saber se iria morder os dedos ou beijá-los, mas ele não fez nenhum nem outro. Em vez disso, sua língua deslizou para fora e raspou sobre a ponta de seu dedo polegar e indicador, lambendo a gordura deixada pelo toucinho e enviando um estremecimento de prazer inesperado pelas costas. -Delicioso- concordou Armand com voz rouca.

-Bom- disse a senhora Ramsey alegremente.

Eshe recuperou rapidamente sua mão e olhou com ar de culpabilidade para a


governanta que voltou a sorrir com alegria para os dois.

-Comam tudo antes que esfrie- ordenou, obviamente, em seu elemento que era a cozinha. Eshe forçou seus olhos para o prato e agarrou o garfo outra vez para seguir comendo, mas não podia deixar escapar um olhar a Armand e vê-lo comer como ela. Estava comendo agora também, e com um apetite que dizia que estava realmente desfrutando da comida que consumia. Seus olhos também brilhavam de prata azul e ele a estava olhando avidamente enquanto o fazia. Foi suficiente para fazer que seus dedos do pé se torcessem com antecipação. O homem era sem dúvida seu companheiro de vida e tinha fome de algo mais que comida. Eshe já conhecia os prazeres que se encontravam no vínculo sagrado entre os companheiros da vida. Sua vida com o Orión tinha sido um momento feliz, e frequentemente recuperava as lembranças e as revivia, desejando poder experimentar a felicidade talvez. O que fazia difícil mentir para si mesma, e ela sabia muito bem que estava condenadamente fazendo exatamente isto quando se disse que revelaria a Armand que ele era seu companheiro de vida era somente para agitá-lo. Ela queria mais que isso. Queria desfrutar de alguns dos benefícios dos companheiros de vida enquanto pudesse. Que estupidez, Eshe sabia. Não ia deixar de fazer seu trabalho aqui, mas a deixaria distraída e lenta, e só faria tudo mais difícil se as coisas não saíssem felizes no final. Se Armand fosse o assassino por trás da morte de quatro mulheres imortais e da mortal que Nicholas era acusado de matar, então teria que entregá-lo a Lucian. Seria difícil, mas seu sentido da justiça não permitiria nada menos. Entretanto, qualquer relação que se desenvolvesse entre eles, enquanto isso, ia fazer mais difícil de fazê-lo, e seria doloroso como o inferno depois. Infelizmente, era difícil preocupar-se muito a respeito disso quando seu corpo estava zumbindo e


dolorido pelo que Armand lhe podia dar. E lhe podia dar um inferno de coisas. Ele poderia voltar a despertar os apetites e as paixões que caíam em desuso para os imortais quando ficavam sem um companheiro. De fato, já os tinha, reconheceu. Do momento em que tinha entrado nessa cafeteria ontem de noite, seus sentidos tinham querido centrar-se unicamente em Armand. Tinha-o encontrado atraente e interessante, e deveria ter sabido imediatamente que havia algo diferente, mas tinha estado centrada na tarefa e relegado ao fundo de sua mente a resposta a seu aroma e o calor do corpo quando ele se sentou junto a ela. Já não estava no fundo de sua mente. O gato estava fora da caixa, e ambos sabiam o que podiam ser o um para o outro se decidiam aceitá-lo, e o que poderiam experimentar um com o outro... e ao que parece os dois o queriam. Certamente o queriam. Eshe era, basicamente, nada melhor que uma cadela no cio nesse momento, e a julgar pela forma em que os olhos do Armand estavam começando a queimar mais prata que azul, sentia-se da mesma maneira. Maldita seja, pensou Eshe em um suspiro. Esqueceu-se de quão potente poderia ser. Sim, se ela tivesse lembrado, teria dito a Lucian que encontrasse outra pesoa para esta tarefa na última noite antes de que seus sentidos despertassem totalmente à vida novamente. Muito tarde para isto agora, entretanto, reconheceu ela. Eles estavam acordados e rugindo por satisfação, e nada ia fazê-la render-se independente do tempo que ela poderia ter para satisfazer... terminando mau ou não. -Bom, ambos limparam seus pratos.- A voz alegre da senhora Ramsey soou justo antes de que ela aparecesse na mesa de ao lado deles. Eshe se obrigou a apartar o olhar de Armand e dirigi-lo para a mulher. Até esboçou um sorriso, embora houve um ligeiro grunhido em sua voz quando disse: -Sim. Obrigada. Estava bom.


-Bem. Me alegro- disse a senhora Ramsey, em tom satisfeito enquanto recolhia os pratos vazios. -E é bom, para variar, ver você comer, Armand. -Sim- murmurou, e ficou de pé bruscamente, quase derrubando sua cadeira em sua pressa. -Eshe e eu vamos converasr em meu escritório, senhora Ramsey. Foi tudo que ele disse, e tudo o que precisava. Eshe ficou em pé e levantou a cabeça, moveu-se tão rápido como pôde sem correr. Entrou no escritório, escutou fechá-lo porta trás deles, e se voltou de uma vez. Armand estava ali para se reunir e ela quase se chocou contra seu peito antes de parar. No momento seguinte a fez golpear-se com ele enquanto tomava em seus braços e reclamava sua boca. Não houve Olá, como está? No momento em que sua boca cobriu a dela, a sua estava aberta e sua língua fazendo uma boa impressão de tentar fazer cócegas nas amídalas. Eshe não protestou nem se afastou. Ela o queria. Sentia-se tão condenadamente bem por estar viva de novo, ter seus sentidos para sentir e responder de novo. Eshe se soltou tanto quanto pôde, com as mãos elevadas como garras para chegar até seu cabelo, seu corpo pressionado o dele mesmo quando ele a empurrava. Estava tão consumida pela explosão de sensações dentro dela, que o único modo em que ela soube que ele a tinha levado através do escritório, era pela sensação da mesa de repente pressionando suas costas. Eshe se sentou sobre ela imediatamente e envolveu suas pernas ao redor dele também, lhe abraçando com todo seu corpo e puxando seus quadris para frente até que ele se pressionasse contra ela. O homem tinha uma arma em suas calças. Ele estava tão duro como o aço, tão forte quanto ela estava quente e úmida, e então soube que a primeira vez ia ser rápido, furioso e alucinante. Ia ser uma batalha para o prazer que ambos sabiam que podiam encontrar mais que em uma acumulação lenta do mesmo.


Eshe não se importou. Poderia tentar fazê-lo mais lento na próxima vez. Nesse momento a única coisa que queria era que seu corpo entrasse golpeando o mais rápido e mais forte que pudesse. Colocou a mão entre eles para começar a soltar o cinto e as calças jeans para obter isso. No momento em que ela começou a tarefa, Armand rompeu seu beijo para começar a lamber e mordiscar um rastro abaixo por seu pescoço. Quando se encontrou com a enorme gola da camiseta, deteve-se e se agachou para agarrar a barra da mesma e puxar para cima. Foi então quando se congelou. Eshe olhou para baixo para ver o que tinha descoberto, e viu que suas calças de couro estavam desfeitas ainda de quando ela se precipitou escada abaixo atrás da senhora Ramsey. O conhecimento pareceu transpassar Armand brevemente, e depois ele jogou o telefone, os papéis e outros artigos que cobriam a escrivaninha no chão e a colocou em cima da mesma para poder agarrar a cintura das calças e começar a puxar para baixo. Felizmente, ele mal havia começado quando uma suave batida veio da porta. -Sr. Argeneau? Está tudo bem?

Ambos se congelaram com a gentil consulta da senhora Ramsey do corredor e depois se voltaram para olhar à porta aberta. Os dois estavam ofegando, e Eshe suspeitou que estavam igualmente surpreendidos pela constatação de que tinham sido apanhados no momento em que não tinham considerado as possíveis conseqüências de satisfazer suas necessidades ali mesmo com a mulher na casa. Em primeiro lugar, não teria sido um acoplamento tranquilo. O ruído dos artigos da escrivaninha ao cair, pelo que estava acostumada, teria sido só o começo. Eshe suspeitava que se não os tivessem interrompido, ela já estaria uivando como um lobo, e insentivando Armand. Em segundo lugar, quando os imortais chegam ao orgasmo, em geral as duas partes desmaiam, afligidos pelo prazer que os atinge. Isso teria sido uma posição muito vulnerável para serem encontrados, e doce como parecia ser, a senhora Ramsey era entrometida o suficiente para que Eshe não


duvidasse que a mulher espiaria para ver o que era que estavam fazendo. Certamente teria conseguido uma boa imagem para ver. -Sr. Argeneau?- chamou a senhora Ramsey de novo.

-Sim, Enid. Tudo está bem- respondeu Armand desta vez, afastando-se de Eshe e deixando que sua camiseta caísse novamente em seu lugar enquanto se movia para acomodar o cinto e as calças jeans que ela acabava de afrouxar. -Eu só deixei cair o telefone do escritório. -OH. Bom. Eu somente vim para lhe dizer que quando você me perguntou a respeito de um bom lugar para comprar roupas para damas esta manhã quando cheguei aqui, esqueci de mencionar a Baía. Tem algumas coisas muito boas e fica no White Oaks Mall em Londres, que tem um monte de lojas de roupas femininas. Este poderia ser o melhor lugar para que você leve Eshe. Ou há no centro comercial Masonville no outro extremo da cidade. Tem algumas roupas bonitas. Eshe levantou uma sobrancelha para Armand, mas ele estava concentrado na tarefa de apertar seu cinto e não percebeu a silenciosa pergunta. Ele simplesmente disse: Obrigado, senhora Ramsey. Vamos realmente para lá, agora. -OH, isso é bom. Você deve levar Eshe para jantar enquanto está na cidade. Moxie é bom- acrescentou alegremente, e logo disse: -provavelmente não estarei aqui quando voltar e vou dizer adeus agora, mas estarei de volta na sexta-feira. -Sim. Nos vemos na sexta-feira, então. E obrigado pelos conselhos de comprasacrescentou Armand, terminando com seu cinto e oferecendo uma mão a Eshe para descer da mesa. Eshe olhou em seus olhos, esboçou um sorriso irônico, mas negou com a cabeça e


desceu da escrivaninha sem tocá-lo. Tinha medo de que até esse toque inocente quebrasse o controle que estava lentamente recuperando sobre seu corpo. Parecia que iriam às compras. É provavelmente uma decisão inteligente, pensou com um suspiro, embora inteligente, nem sempre fosse satisfatório. Ainda assim, daria-lhe a oportunidade de reconsiderar este caminho que tinha escolhido e talvez lhe desse a oportunidade de colocá-los em um novo se pudesse. Eshe estava começando a pensar que deixar que Armand soubesse que ela não podia lê-lo e que seu apetite despertou poderia ter sido uma má idéia. Lucian a tinha advertido para olhar suas costas na noite anterior antes de sair... o que era difícil de fazer quando se está deitada sobre ele.

Capítulo 4

-Então, o que vamos fazer?

Armand olhou para Eshe no banco de passageiros em sua caminhonete, durante um momento pensando que ela queria dizer sobre o fato de que eles pareciam ser companheiros de vida. É obvio que era só porque isto era o elefante que tinha estado sentado em sua mente desde que saíram de casa e se dirigiam para a cidade e aos centros comerciais que os esperavam ali. Eshe era sua companheira de vida. Depois de todos estes séculos, ele tinha sido bastante afortunado de encontrar uma segunda. Isto era o inferno de uma surpresa. O problema era que ele não tinha certeza se isto seria o mais agradável no momento. Sendo esse o caso, ele estava tentando decidir como responder a sua pergunta quando ela acrescentou, -Entendo que vamos comprar roupas para mim, mas por que? -OH.- Armand obrigou seus olhos a olharem de novo para a estrada e sua mente


voltar à pergunta. Levou um minuto fazê-lo, entretanto, e com o cenho franzido sobre este fato respondeu: -Lucian disse que precisava de roupas para sua estadia aqui. Disse que a levasse às compras e me deu o cartão da empresa para isso. Eshe fez um som de desgosto e depois suspirou com tristeza. -Suponho que minha roupa de couro não combina exatamente com o lugar. -Não- concordou Armand, seus olhos indo da estrada até suas pernas vestidas de couro. Ela realmente tinha pernas esculturais, pensou, e logo reconheceu que tudo nela era escultural. A breve visão que tinha tido da parte superior do corpo dela antes de ser distraído pela vista de suas calças tinha sido muito reveladora. Eshe não tinha peitos muito grandes, cada um deles um pouco maior do que cabia em uma mão, mas eram redondos e perfeitos. Além disso, quem precisa mais do que isso? -Bom, vou comprar uns jeans e camisetas- disse Eshe de repente com uma voz que era quase rebelde. -Mas eu não vou comprar nenhum vestido florido nem nada como o que a senhora Ramsey usava hoje. -Não precisa de vestidos- disse Armand divertido. - Os jeans são perfeitos.

Eshe deu um pequeno suspiro apaziguado, -hrrumph- e depois ficou calada outra vez, deixando Armand com seus pensamentos. Estava distraído em um debate silencioso sobre se ele devia chamar Lucian para que ele a levasse a outro lugar, quando de repente ela disse, -Eu não sou sua primeira companheira vida. O comentário o deixou brevemente desconcertado e levou um momento para ordenar seus pensamentos antes de reconhecer, -Não. Eu tive uma companheira de vida antes. -Igual a mim- disse em voz baixa, e depois adicionou, -Tive a sorte de conhecer meu primeiro companheiro de vida, enquanto era muito jovem, só tinha trinta anos. Passei


oito encantadores séculos com ele antes de que o perdesse.

-Como o perdeu?- perguntou-lhe com curiosidade.

-Morreu em batalha- disse Eshe em voz baixa. -Ele era um guerreiro feroz, mas a sorte estava com o outro lado nesse dia e cortaram sua cabeça. -Tiveram filhos?- perguntou Armand depois de uma hesitação.

-Sim. Oito. Seis ainda estão vivos- disse simplesmente, e depois acrescentou, -Sei que tem três. Nem todos eles eram filhos de sua companheira de vida, não é verdade? -Não- disse em um suspiro. -Susanna foi minha primeira esposa e companheira de vida, ela e eu só tivemos um filho, Nicholas. Thomas nasceu de minha segunda esposa e minha filha, Jeanne Louise, da terceira. -Então, sua segunda e terceira esposas não foram companheiras de vida.

Apesar de se tratar mais de uma afirmação do que uma pergunta, Armand disse, Não, elas não eram. -Então, por que se casou com as outras duas mulheres?- perguntou simplesmente.

Não era uma pergunta incomum, mas era complicado explicar. Fazendo uma careta, finalmente só disse a verdade. -Eu estava sozinho, e minha segunda esposa, Althea, parecia-se muito a minha companheira de vida falecida, Susanna. Ainda assim, eu não tinha intenção de me casar com ela, mas ela ficou grávida, e as mulheres solteiras ficariam em uma situação muito difícil por tal coisa naqueles dias. -Então ela te enganou para que se casasse com ela- disse Eshe secamente. Mulheres


imortais não ficam grávidas por acidente, como poderia acontecer com as mulheres mortais. Os nanos em seus corpos foram programados para mantê-las em ótimas condições, e tendo bebês utilizariam uma grande quantidade de nutrientes e sangue de modo que o nano não visse o bebê como um parasita que deveria ser eliminado do corpo. Uma mulher imortal tem que consumir sangue extra para ficar grávida e depois continuar consumindo durante os próximos nove meses para que a criança chegue a nascer. -Basicamente, sim, ela fez isso- admitiu Armand em voz baixa. -Mas não me importei muito. Como já disse, sentia-me sozinho e eu gostei da idéia de outra criança. -E a idéia de outra mulher?- perguntou ela.

Armand franziu o cenho ante a pergunta. Havia algo em sua voz que o fez olhá-la, mas sua expressão indicava mera curiosidade e decidiu que devia ter se tornado um pouco paranóico ao longo dos séculos, e respondeu, -Althea era a filha de um amigo. Tinha um grande carinho por ela. E culpei a mim mesmo por não perceber o que ela estava fazendo. -O que quer dizer com o que ela estava fazendo?- desta vez era definitivamente curiosidade em sua voz. -A idéia de outra esposa?- perguntou. -Althea tinha se apaixonado por mim desde que tinha doze anos. O fato de que ela não podia me ler a convenceu de que eu devia ser seu companheiro de vida. Seus pais lhe explicaram que simplesmente não podia me ler porque eu era mais velho e que eu podia lê-la, mas ela não queria ouvir isso e decidiu que estavam errados. Eu era o homem para ela. Ele fez uma careta ao recordar. -Era adorável quando jovem, mas depois meus dez anos na fazenda perto de seu pai terminou e eu contratei um administrador e me mudei para outra de minhas propriedades. Não a vi muito depois


disso. Seus pais me visitavam com frequência, eles a deixavam em casa, com medo de incentivar a seu amor platônico. Ela era um pouco obsessiva com isso, inclusive quando era adolescente- admitiu com tristeza. -De todos os modos, vários anos mais tarde uma jovem imortal chegou a meu imóvel em busca de um trabalho como empregada doméstica. Ela disse que seu nome era Alice, e se parecia infernalmente com minha Susanna. -Era Althea, é claro- adivinhou Eshe secamente.

Armand assentiu com a cabeça. -Em realidade não se parecia tanto com Susanna. Elas tinham o mesmo cabelo loiro e feições não muito, mas isso era tudo. Entretanto, ela tinha visto retratos de Susana e usava seu cabelo com o mesmo estilo, então, vestida com um traje mais moderno de uma maneira similar a que Susanna usou em seu retrato. Foi suficiente para que na primeira vez que abri a porta pensasse que ela tinha se levantado da tumba e retornado. Fez uma careta e depois admitiu em voz baixa, -Suponho que eu quis acreditar que era ela, ou talvez só fingir um pouco. Armand suspirou com as velhas lembranças. -Acabou que ela chegou em um momento de debilidade e eu me deitei com ela nessa mesma noite. Ela estava mais que disposta. É obvio, não foi o mesmo que com minha Susanna, mas foi agradável e suavizou um pouco a dor em meu coração... até que finalmente reuni suficiente senso comum para ler seus pensamentos e me dei conta de quem era. -Querido Deus- murmurou com desgosto à memória de sua comoção e horror de uma vez. Ainda não podia acreditar que ele não a tivesse reconhecido imediatamente. Embora tivessem passado anos até aquele momento desde que a tinha visto, e que era apenas uma menina então, ele ainda sentia que deveria ter reconhecido à sedutora como a menina de grossos joelhos que tinha conhecido. Infelizmente, não tinha feito isso. -Eu não sabia se dava um tiro em mim ou nela. Era a filha de meu melhor amigo, pelo amor de Deus. E aos dezoito anos ainda era uma menina em termos


imortais. É obvio que a levei para sua casa e a seus pais imediatamente. Ela me pediu todo o caminho que não lhes dissesse o que tinha feito e como me tinha enganado. Não estava muito afoito para confessar que a tinha levado para cama, por isso lhe permiti me convencer a não dizer nada. -Mas então apareceu grávida- deduziu Eshe, e Armand assentiu com a cabeça.

-Sim. Isso foi um inferno de uma noite inesquecível, posso-te dizer. Eu não estava contente quando ela chegou a minha porta outra vez, mas então fiquei simplesmente atônito, quando deu a notícia. Entretanto, minha raiva passou rapidamente ante a idéia de outra criança, então lhe ofereci matrimônio com o promisso de que nenhum de nós tentasse ler ou controlar o outro, e quando conhecesse seu companheiro de vida real o matrimônio seria desfeito para permitir que ele a reclamasse. O mesmo valeria para mim, se eu encontrasse uma segunda companheira de vida, embora eu não esperasse por isso- admitiu com ironia. -É claro, depois tivemos que ir explicar tudo a seus pais. Foi então quando a noite realmente se tornou memorável. Estive a ponto de perder a amizade de seu pai essa noite, mas ele sabia do que Althea era capaz quando queria algo e, finalmente, concordou. -A criança era Thomas- disse Eshe disse em voz baixa.

Armand sorriu. -Sim. Ele era um bebê adorável. Sempre sorrindo com qualquer coisa. Era inteligente, andou e falou muito cedo e sempre cantarolava melodias. Devia ter percebido então que se converteria em um compositor quando fosse adulto. Suspirou com as velhas lembranças de Thomas quando jovem que dançavam em sua cabeça. -Tive que levá-lo para Marguerite para que cuidasse dele quando Althea morreu, e embora me vergonhe admitir isso, eu sentia mais falta dele que a sua mãe. -Por que o levou para Marguerite?- perguntou Eshe. -Por que não o educou?


-Como?- perguntou Armand secamente. -Não é como se houvesse uma empresa imortal de babás por aí, com listas de mulheres imortais em busca de trabalho com canções de ninar. E não se pode deixar um menino tão jovem com uma mulher mortal não iniciada. Ele a teria mordido. Não por crueldade ou maldade, mas porque tinha fome e a babá cheirava a comida. -Poderia ter iniciado uma babá mortal- assinalou Eshe.

-Não pode surgir com esse assunto para eles de repente. Precisa de tempo para desenvolver a confiança suficiente em um mortal que possa aceitar o que somos. Enquanto isso, Thomas nunca poderia ter ficado a sós com ela e eu simplesmente não poderia estar olhando ele com uma babá vinte e quatro horas ao dia. Eu tinha uma fazenda para administrar. Ele negou com a cabeça. -Eu não vi nenhuma outra opção a não ser deixá-lo com Marguerite, para que ela o educasse por mim, quando ela se ofereceu para isso. Eshe ficou em silêncio por um momento e depois perguntou, -Como morreu Althea?Armand lançou um suspiro, com o olhar na estrada ele disse, -Um hotel pegou fogo e ela ficou presa. -E você escapou?- perguntou ela, e sua paranóia se levantou nele outra vez, fazendoo olhá-la com incerteza. Poderia ter jurado que houve um ponto de inflexão em seu tom de voz... Armand deixou passar quando viu que sua expressão era simples curiosidade, e lhe explicou. -Eu não estava com ela. Foi um tempo muito ocupado na fazenda e eu estava mais trabalhando que em casa. William e Mary, os pais da Althea, tinham vindo de visita por um tempo. Quando se foram, levaram Althea e Thomas, que tinha quatro anos, com eles para uma curta estadia. Pensei que iriam para seu imóvel, mas ao que parece, resolveram ficar na cidade pelo que se supunha ser uns quantos dias, mas na


primeira noite que estavam ali ocorreu um incêndio no hotel. Althea deve ter ficado presa ou não despertou com os gritos e o ruído a tempo. Ela morreu no fogo. -E entretanto, Thomas saiu?- perguntou Eshe com o cenho franzido.

-Estava no quarto dos avós. Althea se tinha cansado depois dos passeios do dia e Mary gostava de estragar o menino, por isso o levou para o quarto com eles para que Althea pudesse dormir tranquila. Quando o fogo começou saíram com o Thomas. Althea não. Eshe permaneceu em silêencio durante um minuto. Quando voltou a falar, podia ouvir um tom em sua voz e entendeu por completo quando ela murmurou, -Nicholas mencionou uma vez que sua mãe morreu com fogo também. -Sim- disse sombriamente. -O fogo é uma praga em minha vida.

-Como ela...- começou Eshe, mas ele a interrompeu, alegre de poder fazer isso, quando lhe disse, -Em outra oportunidade. Já chegamos. Eshe se voltou para olhar pela janela quanto entravam no estacionamento do centro comercial, e Armand pareceu relaxar. Ele compreendia sua curiosidade, mas não gostava de falar sobre o passado. Se o fazia, revivia-o um pouco. Ele, um homem que normalmente odiava ir às compras, alegrou-se pelo descanso de falar do passado que isto lhe ofereceria.

-Provavelmente deveria ir à praça de alimentação agora- anunciou Eshe quando agarrou as bolsas que levavam da última loja de roupas, ou ao menos a última da que estava disposta a tentar. Eshe não era muito de compras. Gostava do que gostava,


olhava rápido, comprava e saía, e essa tinha sido uma loja especialmente rápida para ela, já que tudo o que tinha comprado era um par de calças jeans e uma meia dúzia de camisetas. Ela também havia comprado uma calça preta e uma camiseta mais elegante no caso de que fosse a algum lugar mais elegante que o restaurante de Moxie, como a senhora Ramsey tinha mencionado, mas isto tinha levado só alguns minutos. -Praça de alimentação?- disse Armand com surpresa, e depois perguntou. -Tem fome? -Só um pouco- reconheceu, surpresa ao ver que isto era verdade. Só devia ter passado algumas horas desde que tinham comido. O passeio como um todo não tinha levado mais de vinte minutos, e suas compras provavelmente uma hora, mas eles também tinham caminhado por todo o centro comercial olhando as vitrines das lojas antes de iniciar realmente as compras de roupas. Tinha sido um exercício muito interessante. Eshe ficou bastante surpresa de saber que muitas das coisas que Armand tinha achado interessante ou atraentes nas lojas de decoração e de móveis eram os artigos que lhe tinha gostado também. Tinha pensado que teriam muito pouco em comum, com tudo isso de ser um homem do campo, enquanto ela era uma garota da cidade. Equivocouse, entretanto. Eles tinham um gosto parecido. Colocando o pensamento de lado, adicionou, -Mas eu queria dizer que você deveria ir até lá e esperar enquanto termino a compra... em A Senza . -A Senza?- Armand franziu o cenho. -Não reconheço o nome. Que loja é essa?

-Pense no ursinho de pelúcia com sutiã preto e vermelho- disse com regozijo, lembrando a forma como ele tinha olhado o artigo sobre o manequim na vitrine quando eles passaram pela loja antes.


-OH! Você precisa...- Seus olhos baixaram até seus peitos e depois abaixo de sua cintura e atrás, e o homem se ruborizou um pouco. Ou talvez tenha sido só um rubor de desejo. Certamente, seus olhos começaram a brilhar outra vez. -Não me importaria se quiser me acompanhar, mas pensei que poderia se sentir mais confortável me esperando na praça de alimentação- admitiu com um sorriso, e não ficou terrivelmente surpresa quando ele pareceu tomar isto como uma provocação e endireitou os ombros. -Vou com você- disse com firmeza, e depois franziu o cenho e acrescentou, Provavelmente não devo te deixar sozinha, por um dia ou dois, até que estejamos seguros de que não foi seguida até aqui de Toronto de todos os modos. O sorriso de Eshe se converteu em uma risada que ela sabia, sem dúvida, que era má. -Bom. Então pode me dizer o que quer que eu vista. Eu só ia comprar calcinhas e sutiãs; estou acostumada a dormir nua- acrescentou com voz rouca, olhando em seus olhos e feliz pela explosão de chamas de prata em suas profundidades e adicionou, Mas não me importaria em usar uns baby-dolls sexys se você gostar de me ver neles... e tirá-los de mim. Armand engoliu em seco, mas sua voz seguia sendo rouca quando disse: -Me mostre o caminho. Rindo, Eshe se afastou e o levou ao longo da estranha disposição das salas até que viu o letreiro de A Senza logo em frente. -Em geral me visto de negro- murmurou Eshe, examinando atentamente a seleção. Nem sempre usou esta cor, mas essa foi a cor que lhe ficou melhor desde a morte de Orión. Ela escolheu um conjunto preto e o elevou da prateleira para examiná-lo melhor. Suas sobrancelhas se elevaram quando viu que em realidade era uma roupa


de mulher gato quase todo transparente e com partes bordadas em negro estrategicamente colocadas na virilha e em cada peito, ocultando as partes importantes. -Eu gosto disso- grunhiu Armand, e depois selecionou outro da prateleira e o segurou. Era um vestido curto de cetim de cor branca pura com alças finas, e sua correspondente roupa íntima muito pequena em cetim branco neve. Sustentou-o diante dela e assentiu com a cabeça. -E este. Eshe levantou uma sobrancelha, mas aceitou o baby-doll. Ela realmente usava normalmente tudo em negro, mas supôs que o branco seria um bom contraste com sua cor. Deu uma olhada em Armand, levantou uma sobrancelha e perguntou maliciosamente, -Experimento isso para você no provador antes de comprarmos? Armand levantou uma sobrancelha. -Não, a menos que não se importe em ser encontrada nua e inconsciente no chão do provador comigo. Eshe riu com voz rouca pela ameaça e simplesmente pôs os artigos sobre seu braço enquanto ela se movia para escolher calcinhas e sutiãs. Mas suas palavras tinham exposto imagens em sua mente que pareciam não sair de sua cabeça, e enquanto suas mãos automaticamente selecionavam vários pares de roupa íntima, sua mente estava passando um filme curto dela experimentando a regata branca, saindo para lhe mostrar e em seguida suas costas apertadas contra a parede do provador, ele segurando-a e... -Há algo em que possa ajudar?

Eshe piscou aqueles pensamentos travessos de sua mente e se virou para encontrar uma loira magra a seu lado, com um amplo sorriso de Armand para ela e dela para Armand.


-Pode começar a contabilizar e empacotar estas peças enquanto pego alguns sutiãsdisse com facilidade, nem surpresa nem desgostosa ante os pensamentos que atravessavam a mente da jovem enquanto olhava outra vez para Armand e lhe oferecia um sorriso acolhedor. Era um homem de aparência agradável. Eshe não podia culpar à garota por ter bom gosto. Além disso, a pobre garota não tinha nenhuma possibilidade com ele agora que ele a tinha conhecido, assim sorriu amavelmente à atendente enquanto a garota pegou as peças que já tinha escolhido. -Não é do tipo ciumenta, pelo que vejo- murmurou Armand enquanto a atendente levava a roupa ao caixa. -Leu sua mente também, não é?- perguntou Eshe com diversão, levando-o a seção de sutiãns. -Hmm.- Ele fez uma careta e realmente se ruborizou um pouco quando disse, -Seus pensamentos eram desconcertantemente não apropriados para menores de 18 anos. -Não tão NÃO apropriados como os meus- assegurou-lhe com um sorriso e depois pôs-se a rir quando a prata ardeu em seus olhos de novo. -Vai ter que me dizer quais são estes pensamentos assim que retornemos à casagrunhiu, apertando suas mãos em seus lados como se quisesse tocá-la diretamente, mas não se atrevia a fazê-lo. -Talvez- disse encolhendo os ombros, enquanto escolhia dois sutiãns de seu tamanho. -Ou talvez eu te mostre. Com isso, Eshe deu a volta e se dirigiu ao caixa, deixando que ele continuasse rindo quando o ouviu grunhir em voz baixa. Ela poderia ser uma cadela no cio, mas


Armand não fica para trás nesse quesito, e havia uma certa emoção de poder com o conhecimento de que ele a queria tanto como ela o queria. Isso lhe fez decidir que atrasar o inevitável poderia ser divertido... uma espécie de preliminares. Que não faria mal, decidiu Eshe, sobre tudo porque duvidava que fossem ter muito mais jogos preliminares, uma vez que estivessem sozinhos. Pelo menos não a primeira vez, e provavelmente não na segunda ou na terceira tampouco. -Quer tomar um copo antes de ir ?-perguntou Armand enquanto saíam da loja de lingerie. -Em mais de um sentido- admitiu Eshe com uma careta. -Por acaso não teria sangue no refrigerador que vi na parte traseira da caminhonete, teria? -Por sorte, sim- assegurou em voz baixa, e levantou uma sobrancelha. -Já precisa se alimentar de novo? -Já?- perguntou, arqueando uma sobrancelha. -Não tomei de nenhuma bolsa desde que Lucian e eu chegamos à sua casa ontem à noite. O sangue não estava na geladeira quando desci esta tarde- assinalou quando ele olhou assustado ante a notícia de que ela não se alimentou da noite anterior. -OH, sim- disse com convicção. -Mudei-as de lugar antes que a senhora Ramsey chegasse esta manhã para que não as visse e fizesse perguntas. Está em um refrigerador especial que construí em meu quarto. Mostrarei-te onde está quando voltarmos. Eshe assentiu com a cabeça.

-Pensei que íamos diretamente para a caminhonete- disse Armand, e em realidade parecia um pouco decepcionado.


Eshe negou com a cabeça. -Posso esperar outra meia hora mais ou menos sem atacar ninguém, e eu queria experimentar uma dessas bebidas de frutas que vi quando passamos pela praça de alimentação antes. Eu gostei da fruta e cheirava bem. -Eu também- admitiu sorrindo.

Caminharam rapidamente até a praça de alimentação para ver e provar as bebidas cremosas de fruta. A boca de Eshe não soltou a bebida desde que ela pôs as mãos no copo. -Quer se sentar aqui e beber ou vamos fazer isso no caminho de volta para casa?perguntou Armand enquanto se afastava do caixa. Eshe arqueou uma sobrancelha com a consulta. -Tem a intenção de dirigir direto para casa? -Bom, a senhora Ramsey se foi por agora e...- Interrompeu-se bruscamente, e Eshe riu em silêncio de sua expressão. -E pensou que poderia pagar uma bebida a uma garota e se dar bem?- Ela sugeriu com diversão. -Sem sequer me alimentar? -Bom, eu...- Armand parecia realmente perplexo, mas ela não o deixou pensar. Em vez disso, negou com a cabeça. -Não, não, meu amigo, esta garota não é tão fácil. Vai pagar o jantar no Moxie como a senhora Ramsey sugeriu e depois, talvez eu vá te deixar me levar para casa para que eu possa então desencaminhar você.


-Me desencaminhar, não é?- perguntou, incômodo por ter que ceder ao entretenimento. -O que acontece se não quero que você me desencaminhe? Eshe arqueou uma sobrancelha, se aproximou e passou um dedo prazeirosamente pelo peito descendo até a parte superior de suas calças. Seu dedo se deteve ali, mas seus olhos seguiram baixando fazendo uma pausa no vulto cada vez maior e pressionando seu zíper. -Ah, você quer- disse com regozijo. -E vai conseguir. Mas terá que trabalhar por isso... pelo menos um pouco. -Maldição!- respirou Armand.

Eshe riu e retirou sua mão, quando ele de repente a alcançou. Dançando na frente dele, ela encontrou uma mesa vazia, deixou seu copo e baixou todas as suas sacolas, exceto uma, e depois se virou para ele para inspecioná-lo enquanto ele a seguia de uma maneira muito mais preguiçosa. O homem se movia como um tigre espreitando uma gazela. Seus movimentos eram lentos e sinuosos, mas seus olhos estavam ardendo através de sua pele com o desejo como se pacientemente esperando a oportunidade para atacar. -Peguei uma sacola- disse, assinalando à mesa. -Tenho que ir ao banheiro das mulheres. Retornarei em um minuto. Eshe não esperou sua resposta, deu a volta com a bolsa que tinha escolhido e se afastou passando ao largo das mesas da praça de alimentação.

Capítulo 5


Armand olhou Eshe ir com o cenho franzido, sem saber se ele devia segui-la e vigiar do lado de for a do banheiro das mulheres ou não. Este era um centro comercial com um monte de pessoas ao redor, mas isto não deteria Leonius Livio se ele estivesse por perto. Além de ter prometido a Lucian mantê-la a salvo enquanto estivesse aqui, Armand também não queria se arriscar que algo acontecesse com ela. Já tinha perdido uma companheira de vida e duas esposas e não estava disposto a aumentar o número. Estava a ponto de pegar suas bebidas e as sacolas que tinha na nesa, e seguir Eshe quando de repente ela virou em um corredor e desapareceu de vista. Observando a placa pendurada na entrada do corredor com as figuras internacionais feminina e masculina que identificam os banheiros, Armand decidiu que poderia olhar dali e se sentou para terminar sua bebida. Estava realmente muito boa, fria e saborosa, a melhor coisa depois das compras. Armand normalmente não gostava de ir às compras, mas tinha aproveitado seu tempo com o Eshe hoje. Ela era uma mulher inteligente e travessa como o inferno. A combinação perfeita e difícil de resistir, reconheceu. Esse pensamento lhe fez suspirar e recostar-se em sua cadeira. Ela era difícil de resistir, mas isso não era incomum em uma companheira de vida. Foi fundamental para ele, entretanto, e fez difícil até considerar mandá-la de volta para Lucian com o objetivo de enviá-la a outro lugar. Isso seria o mais inteligente a fazer, reconheceu para si mesmo. As mulheres que se envolviam com ele tendiam a terminar mortas. Armand tinha pensado que era tragicamente um má sorte quando sua primeira esposa e companheira de vida Susanna tinha morrido. O golpe tinha sido esmagador e tinha levado um tempo para se recuperar da perda, mas ele nem sequer tinha considerado que poderia ser outra coisa além de um terrível trágico acidente. Tinha sentido o mesmo quando Althea tinha morrido, não a dor, apesar de ter chorado sua morte, não tinha sido tão ruim


como perder Susanna. Mas tinha pensado que sua morte também fosse um caso de terrível má sorte. Entretanto, quando sua terceira esposa, Rosamund, morreu, o pensamento de Armand mudou. Não no começo. Em um primeiro momento tinha ficado muito zangado para pensar com claridade e tinha amaldiçoado a Deus e o destino por levar outra mulher que se preocupava com ele. Durante um tempo tinha estado amargurado e zangado, perguntando-se por que era tão amaldiçoado, ou o que tinha feito para merecer isso. Era muito pouco provável que um homem perdesse três esposas como ele tinha feito... sobre tudo quando se tratava de mulheres imortais. Os imortais não são tão frágeis como os mortais. São incrivelmente difíceis de matar, e esse fato foi o que finalmente o encheu de ira e depressão. Armand tinha começado a examinar as mortes de suas esposas então, em silêncio e tão discretamente quanto possível, mas tinham passado séculos da morte de Susanna, e outro século tinha vindo e ido entre Althea e Rosamund, e pelo que podia dizer, as três mortes pareceram em teoria ser simplesmente má sorte. Entretanto, uma parte dele tinha problemas para aceitar isso e suspeitava que havia algo mais em jogo, alguém que estava causando esta má sorte. O problema é que até onde ele sabia não havia ninguém que tinha estado presente durante as três mortes que poderia ser o responsável. Não tinha ninguém para apontar com o dedo. Apesar disso, Armand fazia o possível para proteger às pessoas que ainda ficavam em sua vida e que lhe importavam. Basicamente, retirou-se da vida e da sociedade em seu conjunto, permanecendo em seus imóveis e se negando a ver e demonstrar que se preocupava com seus filhos ou qualquer outra pessoa na família por temor de que repentinamente pudessem se converter em um alvo. Embora não pudesse evitar que Lucian viesse vê-lo, e trouxesse Nicholas no começo, suas visitas com seu filho sempre eram pequenos encontros clandestinos quando se encontravam longe da fazenda com ele e passavam informações atualizadas sobre Thomas, Jeanne Louise e o resto da família. Quando Nicholas figiu há cinquenta


anos, Thomas tinha tomado seu lugar, reunindo-se com ele nos restaurantes das cidades para passar as fotos mais recentes de Jeanne Louise e dele e dizer a Armand como estavam as coisas. Armand sabia que Thomas não entendia porque ele estava fazendo isso. Ele também sabia que seu filho pensava que ele era um bastardo insensível e meio louco por não ver Jeanne Louise, mas não podia lhe explicar as coisas. Que idiota teria contado! Se houvesse dito que ele tinha essa sensação de que os acidente de suas esposas não tinham sido realmente acidentes, e que tinha medo de que a presença de uma companheira de vida ou esposa ou alguém que lhe importasse, poderia implicar que essa pessoa de repente começasse a sofrer acidentes. Se houvesse dito isto a Nicholas ou Thomas, suspeitava que um ou ambos passariam por cima seus desejos e apareceriam com Jeanne Louise de surpresa em uma de suas visitas. Para ser honesto, Armand tiria gostado disso. Seu coração estava ferido pelo fato de que ele nunca tinha falado com sua filha, já que as mulheres que importavam em sua vida pareciam morrer, preferia ir ao inferno do que aceitar sequer um mínimo risco com a vida da garota. Agora tinha a Eshe com quem se preocupar. Gostaria de pensar que ela estava o suficientemente segura, que ele era o único que ainda sabia que ela estava na casa, mas estaria mentindo para si mesmo. Armand não tinha nenhuma dúvida de que a senhora Ramsey tinha estado provavelmente no telefone durante toda a manhã dizendo a todos que ele tinha uma companhia feminina na fazenda, e que isso tivesse ocorrido mesmo antes de ver Eshe. Era igualmente provável que antes mesmo que tivessem entrado no caminho para a rua quando deixaram a casa, que a senhora Ramsey tivesse voltado para esse mesmo telefone para descrever Eshe em detalhes para todos seus conhecidos e repetir cada palavra dela. Neste momento, a presença de Eshe seria conhecida por todos na pequena cidade e a notícia ainda estaria gerando intrigas. Só esperava que não se estendesse o suficiente para pô-la em


perigo.

A pergunta era se estava disposto a correr esse risco. Suas três esposas tinham morrido depois de se casar com ele e de dar a luz a um filho, o que poderia significar que Eshe estava bastante segura por agora, desde de que ele não se casasse com ela e a deixasse grávida. Mas ele não estava disposto a correr o risco que o padrão se repetisse com sua filha, Jeanne Louise, e em última instância decidiu que não estava disposto a correr esse risco com Eshe também. Gostou dela... muito, e ele a queria com a paixão que só os companheiros de vida podiam desfrutar. Suspeitava que quanto mais tempo ficasse em sua companhia, mais ele seria empurrado sobre o terreno do amor, então ele não seria capaz de se afastar dela, e se algo ocorresse com ela... Armand engoliu sua bebida e pegou seu telefone. Era melhor chamar Lucian agora e pedir que a levasse antes de que ele pudesse desfrutar de tudo como seu companheiro de vida. Não tinha certeza se seria capaz de se afastar dela, uma vez que tivesse provado o paraíso que estava seguro de poder desfrutar em seus braços. -Para quem está ligando?

Armand fechou seu telefone com um sobressalto e olhou para cima para ver que Eshe tinha retornado. Sua boca se abriu para oferecer à mentira padrão. -Ninguém, eu estava verificando as mensagens. Mas a mentira nunca passou por seus lábios. Em vez disso, sua boca caiu aberta quando olhou para ela. Ela tinha se trocado para o jantar no Moxie, mas ainda usava calças de couro e não tinha trocado sua camiseta por uma blusa mais elegante que tinha comprado antes. Em vez disso, agora estava usando o incrivelmente curto, bebê doll branco de cetim como um Top com as calças de couro. -Peguei a bolsa errada- disse Eshe encolhendo-se de ombros quando puxou uma


cadeira frente a ele. -Mas uma vez que vi o que continha, pensei, que diabos. Na verdade isso parece um casaco elegante de verão, e quando se tira isto, continua sendo bastante sexy, então...- Ela se encolheu de ombros e levantou seu copo para tomar um longo gole da mesma. Armand a olhou fixamente, seus olhos viajam pelas tiras brancas como a neve sobre sua pele mais escura, antes de irem até as taças acetinadas que quase cobriam seus seios, e depois seu olhar se deslizou às demais pessoas na área de alimentação. Ninguém apontava para ela e gritava, 'Eek! Ela está usando um bebê doll como uma blusa'. De fato, ninguém parecia dar-se conta de nada incomum, reconheceu. Por outro lado, como ela havia dito, era um dia inusualmente quente e havia um monte de mulheres que usavam tops realmente muito similares, mas em algodão e poliéster em vez de cetim branco... e provavelmente não comprados em A Senza. Uma risada rouca atraiu seu olhar para Eshe e ele viu um sorriso malvado de novo em seus lábios enquanto o observava, e depois se inclinou para frente e sussurrou em um grunhido malditamente sexy, -Coloquei a roupa íntima combinando também. Tudo o que preciso fazer é tirar as roupas de couro e estarei pronta para dormir quando chegarmos em casa. O telefone de Armand estava de volta no bolso e ele de pé recolhendo as sacolas antes que a última palavra tivesse saído de seus lábios. -OH- disse ela com uma surpresa que ele suspeitava que fosse totalmente fingida. -Já vamos? -Pode terminar de beber no caminho para o Moxie. Tenho fome- grunhiu Armand, conduzindo-a para se levantar. -E aposto que não se trata só de comida também- disse ela com um sorriso enquanto


ele a conduzia para a saída do centro comercial.

Deus definitivamente estava inspirado quando criou Eshe para ele, decidiu Armand quando a levou para sua caminhonete, porque ela ia ser sua morte. Isto, sem dúvida ia morrer ao ter que chamar Lucian para levá-la... amanhã pela manhã. Ele se daria uma noite com ela, mas amanhã pela manhã antes de sair ele chamaria Lucian e lhe diria que a tirasse de sua casa e conseguisse um lugar mais seguro em outro lugar, prometeu-se Armand. Até detectaria alguém suspeito que pudesse ser uma das pessoas de Leonius, se houvesse, mas não queria arriscar que esta mulher tão cheia de vida e paixão terminasse morta porque era o suficientemente desafortunada por ser sua companheira de vida. Tinha decidido. Foi uma viagem curta até o restaurante de Moxie. Ainda assim, Eshe conseguiu acabar com seu suco de fruta, e inclusive esvaziar a bolsa de sangue que Armand tinha obtido para ela antes de entrar na caminhonete. Tinha sido uma experiência incômoda. Ela tinha tido que alimentar-se da bolsa enquanto se inclinava para frente com a cabeça escondida pelo painel da caminhonete para evitar que qualquer pessoa nos outros carros na estrada a vissem chupando de uma bolsa de sangue. Enquanto havia inumeráveis benefícios em ser um imortal, isto poderia ser uma grande dor no traseiro, reconheceu ele quando Eshe colocou a bolsa de sangue em uma pequena bolsa de lixo entre os assentos e se sentou para olhar ao redor. Parecia que seu momento tinha sido perfeito. Armand estava entrando em uma praça de estacionamento em frente ao restaurante. Na verdade era tarde para o jantar, mas o restaurante ainda estava bastante cheio. Entretanto, uma meia dúzia de garotas vestidas com trajes negros muito exagerados ou minúsculos que recebiam os clientes se colocaram na entrada do restaurante e uma delas mostrou a eles uma mesa ao longo da parede do fundo. Para Eshe pareceu ser um dos melhores lugares para se sentar, um pouco protegido do resto do lugar por uma parede cortinada que oferecia alguma privacidade, e se perguntou se Armand


tinha posto uma pequena sugestão no ouvido da garota ou só tinha tido sorte.

Eshe se deslizou em uma das cadeiras da mesa, enquanto Armand sentou na outra, e depois aceitaram o menu que a garota lhes oferecia. Foram submetidos a uma lista rápida das especialidades do restaurante antes que a mulher os deixasse sozinhos para ler atentamente os menus. Eshe pediu vinho com carne apimentada quando um jovem e bonito garçom, também de negro, chegou para anotar seus pedidos. Depois que notou o sorriso amistoso em seus lábios e a forma em que a olhava, revisando-a, fez seu pedido. Ela, entretanto, notou como Armand soava quando fez seu próprio pedido. -Eu sou do tipo ciumento- admitiu tristemente quando ela levantou as sobrancelhas depois de que o moço se retirou. -É óbvio que não leu sua mente. -Por que perder meu tempo?- perguntou ela rapidamente. -Já encontrei meu companheiro de vida. Armand relaxou um pouco com suas palavras, mas se queixou, -Porque a metade da coisas que queria lhe fazer eram ilegais. -E a outra metade que você planeja me fazer deve esperar para quando chegarmos em casa- sugeriu com um sorriso. Armand sorriu a contra gosto, mas depois respirou, visivelmente soltando sua irritação quando o fez e relaxando-se por completo. Pegou sua mão e a segurou entre eles sobre a mesa quando ele admitiu em tom de desculpa, -Passou um longo tempo desde que me senti assim. -Para mim também- reconheceu Eshe silenciosamente, e depois, consciente do


trabalho que tinha que fazer, perguntou-lhe se era ciumento com Althea e Rosamund também, ou somente da Susanna. Armand soltou sua mão com um pequeno suspiro que sugeriu que preferiria que ela não houvesse trazido a conversa para esse assunto de novo, mas então disse, -Não. Só com Susanna. Althea...- Afastou a vista e depois olhou de volta antes de admitir, Tenho certeza de que tinha assuntos depois que Thomas nasceu. Eu não a culpoacrescentou rapidamente. -Eu sempre estava ocupado na época, e nesse momento ela já tinha percebido que o que todos lhe haviam dito era verdade e que eu não era seu companheiro de vida. Era ainda jovem. Mas era uma boa mãe para Thomas e uma boa esposa para mim, e eu não invejei sua busca de seu companheiro de vida real, ou que desfrutasse de tudo o que podia até que o encontrasse. Fez uma careta, e acrescentou. -Ela sofreu muita culpa sobre isso, entretanto, e eu não sabia como ajudá-la com isso sem que ela soubesse que eu estava informado de tudo, penso que somente a teria feito sentir-se pior. -Ela alguma vez chegou a ser capaz de ler seus pensamentos como você podia ler os dela? - perguntou Eshe, percebendo de como era que ele tinha sabido a respeito dos assuntos Althea. -Não. Ela poderia ter sido capaz com o tempo, mas então esse momento não chegou. Ele suspirou e admitiu, -Eu estava considerando sentar com ela e lhe dizer que podia ter sua liberdade. A única coisa que sentiria falta seria de Thomas se ela o levasse para viver com ela, mas então ela morreu e tive que me afastar dele de todos os modos. Eshe o considerou em silencio por um momento, mas não viu nenhum subterfúgio em sua expressão. O que lhe dizia parecia ser a verdade. Recostou-se e lhe perguntou, -E Rosamund? Não tinha ciúmes dela?


Armand sorriu fracamente. -Rosamund era totalmente diferente. Assim com Althea, era jovem em idade para um ser imortal, mas aí é onde qualquer semelhança entre elas termina. Rosamund era muito mais amadurecida, sábia para sua idade. -Ela era...- perguntou Eshe, e se surpreendeu ao ouvir o som áspero de sua própria voz. Sugeriu uma inveja inesperada... e ela não foi a única a perceber. Armand levantou uma sobrancelha surpreso e a olhou interrogativamente, mas ela negou com a cabeça. -Sinto muito, continue. Rosamund era sábia para sua idade... Como? Ele hesitou, mas depois decidiu continuar e lhe disse, -Rosamund tinha um plano.

-E qual era? Engravidar e conseguir se casar com você como fez Althea?

-OH, não. Não me enganou para me casar com ela- assegurou-lhe. -Em primeiro lugar deve entender que éramos amigos há algum tempo antes que nos casássemos e nascesse Jeanne Louise. Ela era uma moça inteligente, divertida, sempre com uma opinião sobre as coisas, e como já disse, tinha um plano. Ela sabia que poderia levar séculos antes que conhecesse um companheiro de vida adequado e tinha toda a intenção de sair para procurar um, mas ela não queria esperar séculos para ter um bebê. Ela queria um, enquanto ela fosse jovem. -E teve um, não é?- perguntou Eshe secamente. -E pelo que entendi, você não se negou a ter um filho tampouco. Armand se encolheu de ombros sem pedir desculpas. -Fazia mais de um século que Althea tinha morrido. Thomas estava crescido e sempre viajando para algum lugar, e senti saudade de de ter uma família. -Então se casou e teve Jeanne Louise.


Ele assentiu com a cabeça, um sorriso curvando seus lábios. -Jeanne Louise era uma bebê linda. -E Rosamund?- solicitou Eshe.

O sorriso de Armand se desvaneceu. -Jeanne Louise nasceu em fevereiro. Cinco meses depois, em julho, Rosamund morreu. -Fogo?- perguntou-lhe.

Armand sacudiu a cabeça. -Ela foi decapitada quando o carro que dirigia saiu da estrada e caiu em uma vala. Várias perguntas se produziram em Eshe. A primeira foi. -Havia alguém com ela?

-Jeanne Louise, mas foi jogada para fora quando o carro saiu da estrada e na vala. Não estava nem mesmo ferida. Ao que parece, as mantas em que estava envolta lhe amorteceram a queda. -Aonde ia Rosamund?

-Para a cidade, acredito. Armand franziu o cenho e logo admitiu. -Ela passava muito tempo longe da fazenda depois que Jeanne Louise nasceu. Ela pegava a bebê e saía quando eu saia para o celeiro. Não pensei muito sobre isso no momento. Eu estava ocupado com a fazenda e ainda tinha que caçar para nos alimentar, e assumi que era o que estava fazendo, mas depois de sua morte... -Depois de sua morte...?- incitou Eshe.

Armand sacudiu a cabeça. -Descobri que havia um monte de vezes que ela voltava de


madrugada, pouco antes de mim. De fato, na maioria das vezes ela saía toda a noite.

-Não leva tanto tempo para procurar uma comida- murmurou Eshe pensativa. Ela considerou sua expressão preocupada e lhe perguntou, -Acha que ela tinha assuntos como Althea? Pareceu surpreso pela pergunta. -Rosamund? Não, eu não acredito.

-Você alguma vez leu sua mente?- perguntou Eshe com surpresa.

Armand moveu a cabeça com firmeza. -Tentei não fazer isso. O matrimônio já é bastante difícil, sem se intrometer nos pensamentos privados do outro, então tínhamos um acordo para tentar não fazer isso. Eshe assentiu com a cabeça, mas assinalou, -De modo que você não pode ter certeza se ela também tinha assuntos. Suspirou cansado. -Não, não posso, e suponho que isso explicaria o que poderia estar fazendo. Eu somente não achei haveria sentido em manter isso oculto de mim. Tínhamos um acordo sólido que permitia fazer isso se ela quisesse. Eshe considerou sua expressão. Não parecia ferido ou zangado com a idéia de que Rosamund pudesse estar tendo esses assuntos, só um pouco assustado ante a possibilidade. Tampouco tinha parecido incomodado pelos assuntos de Althea, mas então não tinham sido companheiros de vida. Supõe-se que isso significava que podia descartar a possibilidade dele ter matado sua esposa em um ataque de ciúmes. Pelo menos duas das três esposas. -E Susanna?- perguntou agora, e quando ele a olhou confuso, perguntou -Como morreu exatamente? Sei que foi um incêndio, mas...


-OH- disse em um suspiro. -Foi em com fogo pouco depois de que Nicholas nasceu. A família ainda vivia na Inglaterra e então, como um barão, tive que fazer a viagem ocasional até a Côrte. Eu havia adiado aquele ano até depois do nascimento, mas no dia seguinte em que Nicholas chegou chorando ao mundo, dei um beijo em Susanna e no bebê e me dirigi para a Côrte. Voltei o mais rápido que pude, ainda assim, foram quase duas semanas antes de que eu montasse o cavalo e retornasse para casa. Ela já tinha morrido há uma semana quando cheguei. A expressão de Armand esteve marcada por um momento ao recordar a dolorosa perda, e Eshe esperou pacientemente. Sua expressão a convenceu de que havia amado Susanna. Não lhe invejou isso. Ela tinha amado muito a Orion e ficou triste com sua morte. Isto não quer dizer que ambos não tinham suficiente amor para dar boas-vindas e abraçar a um novo companheiro de vida. Armand esclareceu a garganta, aliviando a dor de sua expressão, e se obrigou a seguir clinicamente mais. -Ao que parece, iniciou-se um incêndio no estábulo uma semana depois de minha partida. Susanna deve ter corrido para tentar salvar sua égua. Ela amava aquele animal. Foi um presente meu de quando nos casamos. Entretanto, o teto deve ter caído enquanto ela se encontrava no interior e um raio deve ter atingido o estábulo ou algo...- terminou cansado. -Outro acidente- murmurou Eshe.

-Sim- disse sombriamente.

-E depois foi Annie- assinalou.

Armand a olhou com um sobressalto. -Annie?


-A esposa de Nicholas. Ela foi decapitada e queimada em seu carro- assinalou Eshe.

-Sim, mas isso foi um acidente- disse Armand de uma vez.

Eshe levantou uma sobrancelha. -Assim como as mortes de suas esposas... não é?

Capítulo 6

Armand franziu o cenho brevemente e depois olhou para um lado e se inclinou para trás ao ver que a comida tinha chegado. Ela retrocedeu deixando espaço para que o garçom colocasse a comida na mesa, mas manteve seu olhar fixo em Armand enquanto a comida era colocada diante deles. A menção de Annie obviamente o tinha perturbado, como se tivesse assumido todo este tempo que sua morte tinha sido um acidente, mas a pergunta que Eshe lhe tinha exposto tinha feito surgir algumas dúvidas nele. Entretanto, seu surpreso 'Isso foi um acidente' foi interessante, poderia dizer-se que ele sabia ou suspeitava que a morte de suas esposas não foram os acidentes que pareciam ser, o que explicaria a forma em que se afastou da sociedade e de sua família. Talvez estivesse tentando protegê-los e mantê-los a salvo, longe do perigo que pareciam correr os que o amavam. Antes que Armand lhe dissesse como tinham morrido as mulheres, Eshe poderia ter suspeitado que essas palavras tinham sido um deslize e que ele sabia que a morte de suas esposas não tinham sido acidentais, porque ele as teria causado, mas ele nem sequer tinha estado perto quando duas delas tinham morrido. Tinha estado cavalgando no campo durante vários dias quando Susanna morreu nesse incêndio, e Althea estava com seus pais, a várias horas de distância, em Toronto, quando ela morreu no incêndio do hotel.


Eshe sacudiu a cabeça com desconcerto ao inteirar-se disso. Não tinha idéia da razão pela qual Lucian podia ter pensado sequer por um instante, que Armand poderia estar por trás das mortes de suas esposas. Ela suspeitava que tinha algo a ver com seu irmão gêmeo, Jean Claude. O homem tinha tratado sua família de forma abominável e até tinha quebrado leis ao tirar a vida de mortais. Eshe sabia que Lucian sentia uma grande culpa por não ter visto isso e por não ter posto fim à má conduta de seu irmão, e supunha que agora estava decidido a não repetir esse engano com o Armand. Ela estaria encantada em poder lhe dizer que seu irmão não poderia estar por trás dessas mortes. Entretanto, isto significava que agora tinham que procurar em outra parte para achar respostas. Eshe tentou pensar onde devia procurar enquanto pegava o garfo e a faca e cortava o estranho bife que tinha pedido, mas se esqueceu da pergunta e quase gemeu em voz alta ante a explosão de sabor em sua boca, quando comeu o primeiro pedaço. Maldição, tinha esquecido de quão boa podia ser a comida. Em realidade, reconheceu Eshe, não era que tivesse se esquecido, mas a comida tinha começado a perder seu sabor depois da morte de Orión, como se seu sentido do gosto tivesse morrido pouco a pouco e tudo lhe parecesse sem gosto e pouco interessante. Ela definitivamente estava contente de ter o gosto de volta e funcionando, pensou Eshe enquanto dava a seguinte dentada à batata assada. Em um primeiro momento comeram em silêncio, Armand parecia estar um pouco distraído, e Eshe tentava pensar para onde devia dirigir sua atenção e as perguntas que devia fazer. Parecia-lhe que quem estava por trás dessas mortes tinha estado na vida de Armand há muito tempo, e também tinha que ser alguém relativamente próximo. Estavam na metade da comida quando finalmente lhe perguntou, -Há alguém mais que venha à fazenda além da senhora Ramsey? Armand permaneceu em silêncio durante muito tempo, e ela pensou que não tinha


ouvido sua pergunta, mas então ele disse, -Paul Ramsey e sua esposa foram os únicos mortais que andaram por ali. É obvio, Paul não será um problema agora. -Vai substituí-lo?- perguntou ela com curiosidade, pensando que ele tinha dormido inclusive menos que ela nesse dia porque se encarregou das tarefas que normalmente Paul desempenhava, por isso era evidente que ele não dormiu em nenhum momento. -Não de forma imediata- disse Armand, tomando um gole de vinho. Egoliu e depois adicionou, -vou esperar algumas semanas. Até que ela se fosse, suspeitou Eshe. Lucian havia lhe dito que ela estaria ali por duas semanas, e supôs que queria esperar até que ela se fosse para trazer de novo a um mortal. Dessa maneira, haveria menos possibilidades de que descobrissem o que eles eram. Mas também significava que ele não estava pensando que ela fosse estar em sua vida muito mais que isso. O fato não lhe incomodava. Eshe tomou um gole de seu próprio vinho e obrigou de novo sua mente a trabalhar na tarefa que tinha em suas mãos, lhe perguntando, -E quanto a imortais? Deve ter visitantes ocasionais, velhos amigos que conhece da Inglaterra ou algum novo que conheceu aqui. A senhora Ramsey mencionou Agnes e John. Armand assentiu com a cabeça enquanto cortava seu próprio bife. -Agnes e John vêm de vez em quando, geralmente uma vez por semana para ver como estou e registrarse. -Registrar-se?- perguntou-lhe ela com curiosidade.

Ele sorriu com ironia. -Sou a única família que têm. Eles eram os irmãos de Susanna, e eram mortais como ela até que se converteram. O resto de sua família faleceu faz muito tempo e, é obvio, Susanna também se foi. Assim sou tudo o que têm.


-Como foram convertidos?,- perguntou Eshe surpreendida, e logo abriu os olhos alarmada. -Você não fez isso, não é? -Não, não, é claro que não- disse Armand sorrindo. -Irmão ou não, Lucian teria cortado minha cabeça se eu tivesse quebrado nossas leis. -OH.- Eshe deixou escapar um suspiro de alívio, mas perguntou ainda confusa, então foram convertidos para serem companheiros de vida de outros imortais? -Não. Armand moveu a cabeça lançando um suspiro e pôs sua faca e seu garfo no prato para tomar seu vinho. Depois de tomar um gole, explicou, -Susanna era muito apegada a seu irmão e a sua irmã. Ela, como é natural, não queria deixá-los atrás, e apresentou a todos os imortais sem companheiros que assistiram à bodas, esperando que chegassem a ser companheiros de vida de um deles. Mas, é obvio, estávamos muito

mais

disseminados

nesse

tempo,

muito

poucas

pessoas

estavam

suficientemente perto para assistir. Eshe assentiu com a cabeça em reconhecimento. Antes da chegada dos bancos de sangue eram obrigados a se alimentar dos mortais. Em essência, tinham tido que morder a seus amigos e vizinhos, ou servos e camponeses. Se houvesse muitos de sua espécie em uma mesma área, significaria que deviam se alimentar de maior quantidade de mortais nessa zona e teria aumentado o risco de serem descobertos. Para evitar isto, estenderam-se por todo o país, permitindo que houvesse só um ou dois imortais em uma área de bom tamanho. Assim foi como seu pai, Castor, tinha terminado na África e se encontrou com sua mãe, sua companheira de vida. -Eu não impedi que tentasse lhes encontrar um companheiro- continuou Armand. Sabia que não era provável, mas estava seguro de que com o tempo se resignaria a perdê-los com a morte.


-Mas não o fez- adivinhou Eshe.

Armand sacudiu a cabeça. -Na verdade não teve a oportunidade de fazê-lo. Pouco depois que nos casamos, sua irmã Agnes adoeceu. Suspeito agora que era leucemia, mas não a chamavam assim na época. Susanna soube de sua enfermidade e viajou ao convento para visitá-la. -Convento?- interrompeu-o Eshe surpreendida.

-Sim. Ela era uma monja- explicou-lhe ele em voz baixa.

Ela sentiu que suas sobrancelhas se levantavam ao saber que Susanna tinha estado tentando encontrar um companheiro de vida imortal para sua irmã monja, mas simplesmente fez um gesto para que ele continuasse. -O convento não estava longe de nossa casa e esperava sua volta de madrugada, mas retornou na noite seguinte, arrastando consigo uma saudável e vibrante Agnes. -Ela a converteu?- adivinhou Eshe.

Armand assentiu com uma careta. -Eu tinha contado a ela sobre nossas leis a respeito de permitir a conversão de uma só pessoa e ter só um filho a cada cem anos e assim sucessivamente, e em lugar de ver como morria sua irmã sem poder fazer nada, ela utilizou sua única oportunidade para salvar Agnes. Eshe assentiu em silêncio. A maioria dos imortais se reservam a oportunidade de converter a um mortal para seu companheiro de vida. Entretanto, Susanna já tinha um companheiro de vida, e, obviamente, não tinha considerado que ele podia morrer e que ela possivelmente necessitasse alguma vez converter a outro companheiro de


vida no futuro. Felizmente para ela, esse dia não tinha chegado. Ou talvez tenha sido lamentável para ela, já que a única razão pela qual não chegou a isso foi porque ela tinha morrido primeiro. Eshe deixou esse pensamento de lado e perguntou, -E John? -Aproximadamente um mês depois que Susanna trouxe Agnes para casa, chegou John. Soube que Agnes tinha deixado o convento e foi ver do que se tratava. No princípio ele ficou zangado e foi necessária um pouco de persuasão adicional para acalmá-lo. Eshe podia dizer pela expressão de Armand que persuasão adicional queria dizer que tinha acalmado o homem com suas habilidades especiais. Eles tinham várias dessas. Os imortais podiam ler as mentes dos mortais, assim como as dos imortais, se estes não as guardavam para si, mas também podiam apagar as lembranças dos mortais, ou pôr pensamentos ou inclusive novas lembranças em suas mentes. -Ficou cerca de uma semana- continuou Armand. -E então, no dia anterior ao que deveria ter partido, fomos todos caçar e ele sofreu uma queda terrível de seu cavalo. Quebrou o pescoço. Não acredito que tivesse sobrevivido uma noite se Agnes não tivesse utilizado sua oportunidade de conversão com ele. -Entendi- murmurou Eshe, pensando que a mulher provavelmente não tinha considerado o que fazia e ao mesmo tempo tinha feito um grande sacrifício. Mas também tinha feito Susanna quando transformou Agnes, e de fato, por como resultou tudo, tinha feito Armand, quando converteu a Susanna. Embora ele tivesse ganhado uma companheira de vida ao convertê-la, não tinha chegado a desfrutar dela por muito tempo antes de perdê-la. -John foi para sua casa pouco tempo depois que lhe ensinei a caçar e a se virar sozinho, mas só passaram umas poucas semanas antes que retornasse- Armand continuou e lhe explicou, -O pai de Susanna também era um barão, mas John era o


segundo filho e não existia probabilidade de que ele herdasse o título ou a propriedade. Ele me perguntou se podia trabalhar para mim. Sabia que era arriscado ter tantos dos nossos semelhantes em um lugar, sobretudo porque Susanna estava grávida e logo haveriam cinco de nós, mas Susanna me pediu que o deixasse ficar e ao final lhe disse que sim. -E ficou depois de que Susanna morreu?- perguntou Eshe.

-Sim. Agnes foi de grande ajuda criando Nicholas e John foi meu encarregado. Quando chegou o momento de seguir adiante, levei-os comigo, e depois na próxima vez e na seguinte. No momento em que segui o resto da família aqui para o Canadá, nem sequer lhes perguntei se queriam me acompanhar, supus que o fariam, e assim o fizeram. -Se Agnes e John estavam com você, por que Agnes não criou Thomas como tinha feito com Nicholas?- perguntou Eshe com curiosidade. -Por que enviou Thomas para Marguerite? -Não estavam mais comigo nessa época- explicou. -Os dois se foram quando me casei com a Althea. Agnes estava preocupada de que Althea pudesse se sentir incômoda com a família de minha primeira esposa a seu redor. Também pensou que como recém casados devíamos ter tempo para nós, e ela disse que queria visitar o velho país. -Inglaterra?- perguntou Eshe.

Armand assentiu com a cabeça. -John a levou de volta para a Inglaterra e visitaram as antigas cidades e depois percorreram o resto da Europa. Voltaram para o Canadá quando souberam da morte de Althea, mas então eu já tinha enviado Thomas para ficar com Marguerite.


-Por que não o trouxe de volta?- perguntou Eshe. - Agnes poderia te haver ajudado a criá-lo como o fez com o Nicholas. -Pensei nisso- reconheceu Armand. -Mas me pareceu injusto confiar meu filho a Agnes, especialmente quando eles deixaram claro que não tinha intenção de retornar para minha casa, mas sim comprar sua própria fazenda pequena no povoado vizinho. Suficientemente perto para poder me visitar, mas sem ser um incômodo, isso foi o que disse John. Então percebi que provavelmente ele tinha querido ir e ter seu próprio lugar fazia séculos, mas de algum jeito retorcido havia sentido que estava em dívida comigo. Fez uma careta e logo admitiu, -Ainda assim poderia ter pedido a Agnes para cuidar de Thomas se ela quisesse, mas depois fui visitar Thomas e ele parecia estar estabelecido e feliz e...- encolheu-se de ombros impotente. -Pareceu cruel separá-lo de Marguerite. Ele a chamava de mamãe e quase nem me reconheceu. Eshe ficou pensando nisso e então comentou, -Surpreende-me que os pais de Althea não quiseram criá-lo eles mesmos. -Eles queriam- admitiu Armand. -Mas decidiram retornar a Europa por um tempo depois da morte da Althea. Acredito que queriam fugir das más lembranças. Estando Thomas com o Jean Claude e Marguerite, pelo menos podia visitá-lo de vez em quando, mas não o teria visto nunca se os pais da Althea o levassem para a Europa, então disse a eles que não. -Então... Agnes e John, os irmãos de Susanna, estavam na Europa quando Althea morreu, mas retornaram e viveram nas imediações depois de se inteirar de sua morte?- murmurou Eshe, tachando-os mentalmente na lista de suspeitos.


Dificilmente teriam matado a sua própria irmã, que os tinha amado o suficiente para converter Agnes. E tinham estado na Europa quando Althea morreu no incêndio do hotel. Quando Armand assentiu com a cabeça, perguntou-lhe, -Mas eles viveram na região após isso? O suficientemente perto para te visitar e coisas assim? -Sim. John aprendeu de mim enquanto trabalhava comigo. Ele foi comprando imóveis pouco a pouco, como eu o fiz. Acredito que é proprietário de cinco ou seis, e agora se muda de uma a outra a cada dez anos, assim como eu. Mas todas estão ao sul de Ontario, como as minhas. O suficientemente longe uma da outra para que não seja provável encontrar com pessoas da região uma vez que as deixe. Apesar de que com o passar do tempo, é cada vez é mais arriscado- acrescentou sério. -As pessoas tendiam a ficar em suas próprias cidades quando usávamos cavalos e carroças, mas quanto mais se automatizam as coisas, maior é o risco de se encontrar com pessoas do passado que se perguntam por que não envelheceu como eles. -Terá que começar a comprar os imóveis mais longe?- perguntou Eshe com curiosidade, perguntando-se como ia lutar com a ameaça de ser reconhecido pelos mortais do passado. Armand guardou silêncio durante um minuto, com os olhos fixos em seu prato que agora estava vazio, e logo admitiu, -Em realidade, estive pensando em deixar a agricultura. Eshe arqueou as sobrancelhas -Sério?

Ele assentiu com a cabeça. -Talvez seja hora de uma mudança. Estive cultivando desde que me mudei para o Canadá e acho que meu interesse nisso está decrescendo.


-Tem interesse em alguma outra coisa?- perguntou ela com curiosidade.

-Não estou cert- disse ele lentamente. -Estava pensando em ir à universidade, talvez estudar medicina ou ciência. -Já vejo que terminaram tudo por aqui- gorjeou alegremente o garçom, que apareceu no extremo da mesa para começar a recolher os pratos vazios. -Posso oferecer alguma sobremesa? Eshe se recostou em seu assento para evitar que seu braço roçasse seu peito enquanto ele agarrava seu prato, mas negou com a cabeça. Apesar da sobremesa soar tentador, tinham passado anos desde que tinha comido. Até mesmo séculos. Ela tinha estendido ao máximo a capacidade de seu estômago. Se comesse outra coisa, provavelmente iria explodir. Literalmente. -Não, obrigado. Só a conta- disse Armand franzindo o cenho ao garçom. Ao que parece, não tinha perdido o detalhe de que o garçom quase lhe tinha roçado os peitos, e por sua expressão, estava pensando que não tinha sido acidental. Eshe não tinha dúvidas de que ele tinha lido a mente do garçom e provavelmente tinha razão, mas ela não se incomodou em ler seus pensamentos. Tinha vivido muito tempo e estava acostumada ao comportamento dos homens, e realmente, depois de um tempo, tornava-se um pouco encorajador escutar seus pensamentos mais baixos. Não sabia como e nem porque, mas um homem mortal podia estar completa e totalmente apaixonado por uma mulher e ainda podia ter os mais desagradáveis e assombrosos pensamentos luxuriosos sobre outras que entravam em seu ângulo de visão. Estava contente por ser imortal. Os casais de imortais, ao menos quando eram companheiros de vida, não sofriam o mesmo problema. Podiam pensar que outra mulher era atraente, mas sem nenhuma consequência, porque simplesmente nunca poderia ser tão boa como era sua companheira de vida. Pode ser que houvesse alguns


inconvenientes nisso, e que um imortal estivesse muito solitário entre os períodos em que estava sem uma companheira de vida, e que poderiam passar séculos, e até milênios, antes que encontrasse a outra, mas os benefícios do prazer compartilhado e a confiança absoluta eram absolutamente maiores que as desvantagens. -Vamos?

Eshe olhou Armand e percebeu que enquanto tinha estado absorta em seus pensamentos, a conta tinha chegado, e ele tinha deixado várias notas de vinte na pasta negra em que estava a conta, e agora a olhava espectador. Ela esboçou um sorriso, assentiu com a cabeça e se deslizou de seu assento, ficou de pé, e se surpreendeu de se encontrar um pouco instável ao parar. -Precisa de mais sangue- murmurou Armand, sua expressão era de preocupação enquanto a segurava pelo braço para sustentá-la. -Deveria ter feito com que tomasse mais algumas bolsas antes de vir aqui, em vez de somente uma. -Estou bem- assegurou Eshe. - É só que provavelmente não deveria ter tomado o vinho. O álcool não a embebedava, mas obrigaria os nanos a trabalhar em dobro para eliminar o álcool de seu sistema, tendo que utilizar o sangue que fluía por suas veias. Ela devia tomar um suplemento. Armand a conduziu para fora do restaurante e a levou até a caminhonete. Quando viu que ela estava no interior, deixou a porta aberta enquanto se dirigia à parte traseira da caminhonete onde estava o refrigerador especial. Um momento depois, estava de retorno com duas bolsas de sangue para ela. -Isto é suficiente ou devo pegar outra?- perguntou enquanto entregava as bolsas a ela. -É provável que necessite três ou quatro, mas sei que é incômodo tentar beber


delas sob o painel para que ninguém te veja.

-Duas está bom - assegurou ela, pegando as bolsas. -Posso tomar mais quando chegarmos em casa. Ele assentiu com a cabeça, deu um passo para trás e fechou a porta, depois rodeou a caminhonete e se sentou no assentou do motorista. Os dois estiveram calados durante a viagem para a casa. No princípio foi porque Eshe tinha as bolsas na boca e não podia falar, e depois, uma vez que estavam vazias, simplesmente não sabia o que dizer para romper o silêncio. Era terrivelmente consciente de que se dirigiam de volta para sua casa, sua casa vazia, onde estariam sozinhos e poderiam terminar o que tinham começado antes. A idéia era como uma grande laje de pedra enorme no centro de seu cérebro, que a incapacitava para pensar em outra coisa. Com cada milha que avançavam, seu corpo ficava mais e mais tenso pela antecipação e sua língua parecia crescer na boca, incapaz de formar palavras, inclusive sua mente não tinha sido capaz de pensar em nenhuma. Estava tão tensionada pela antecipação que quando a caminhonete parou em frente à fazenda, Eshe se lançou pela porta e correu para a casa. Estava decidida a entrar antes de que ele pudesse tocá-la ou dizer ou fazer algo que provocasse o início de sua interação no pátio da frente, e depois se perdessem ante os olhos curiosos dos animais. Entretanto, uma vez na casa, ela deixou de correr e foi para a sala para esperar Armand. Para sua frustração, ele a estava seguindo mas a um ritmo muito mais lento. Do mesmo modo, não parecia estar no mesmo estado de antecipação que ela. Um cenho franzido estava esculpido em seu rosto, tinha rugas de preocupação em seus olhos e seus lábios formavam uma linha firme e sombria quando puxou a porta de tecido metálico para abri-la e encontrou seu olhar. Armand a olhou em silêncio por um momento, seus olhos a percorreram por


completo, com uma fome que era visível no fogo de prata nos olhos, e então se obrigou a afastar o olhar e disse, -Tenho que ver os animais. Depois tenho que tirar o esterco do estábulo. -O que?- perguntou Eshe sem poder acreditar.

-Provavelmente estarei fora toda a noite. Há muito que fazer agora que Paul se foi. Ele continuou dando a volta na porta aberta preparando-se para sair. -A senhora Ramsey não vem às quintas-feiras, então seu sono não será perturbado. Vejo você quando acordar. Depois partiu, deixando-a atrás dele enquanto o olhava assombrada. Isso era tudo? Depois das promessas de paixão no escritório, e suas brincadeiras durante as compras, ele só ia deixá-la excitada e seca e ia cuidar de seus animais? Eshe soprou ante a idéia. Se isso era o que pensava Armand Argeneau, mudaria de idéia, decidiu ela firmemente. Depois de baixar seu olhar para percorrer a si mesma, rapidamente tirou suas calças de couro, lutando um pouco para passá-las por suas botas. Em seguida, fechou a porta e saiu ao alpendre só com suas botas de couro negro que chegavam ao joelho, seu bebê-doll de cetim branco e as calcinhas... só para parar na parte superior da escada. Armand não estava à vista. -Suponho que é verdade que se pode tirar a garota da cidade, mas não a cidade da garota, não é Eshe? Porque isso certamente não é uma roupa de fazenda. Eshe deu um salto ao ouvir o comentário da escuridão e se voltou bruscamente para olhar ao final do alpendre de onde tinha provindo. -Bricker- disse com desgosto, ao reconhecer o homem que se levantava da cadeira de balanço em que tinha estado sentado e se aproximava dela. -Que demônios está


fazendo aqui?

-Lucian me enviou para guardar suas costas- disse Justin Bricker, seus dentes brancos se viam na escuridão enquanto sorria. -Posso ver que aprecia sua consideração.

-Consideração, uma merda!- disse Eshe secamente. -Lucian não tem um osso de consideração em seu corpo. O mais provável é que saber que não posso ler Armand, o fez decidir que devia enviar a alguém para se assegurar de que não deixe que isso afete meu trabalho. -Não pode ler Armand?- disse Bricker surpreso, e depois lançou um assobio silencioso. -Bom, isso complica muito as coisas, não? Quando Eshe só franziu o cenho, Bricker desviou sua atenção ao que ela vestia e enquanto a olhava, perguntou-lhe, -Então, esta é a última moda em roupa de fazenda agora? É uma espécie de leiteira brincalhona ou algo assim? Eshe o golpeou sem nem pensar. Foi o instinto. Quando Lucian tinha concordado em contratá-la como executora há quase um século, uma fêmea caçadora de renegados era algo estranho. Não impossível, mas estranho. Havia dito a ela que se queria que os outros caçadores de renegados a levassem a sério, não podia aceitar nenhuma merda deles. Eshe tinha entendido a dica e passou a maior parte de seu primeiro ano no trabalho chutando o traseiro de um caçador de renegados atrás de outro. Ela ainda o fazia aproximadamente uma vez ao ano. Ao que parece, este ano era o de Bricker. Apoiando suas mãos nos quadris, ela olhou para baixo enquanto ele se sentava no chão do alpendre, e grunhiu, -Importaria-se de reformular pergunta? Bricker não parecia ter pressa para se levantar. Ficou sentado esfregando a


mandíbula, e deixou que seus olhos vagassem brevemente por sobre suas botas de cor negra. Logo a percorreu com a vista até chegar à cara, e levantou uma sobrancelha. Uma Mike Tyson travestida de leiteira brincalhona? Apesar de si mesma, Eshe soprou divertida ante a ocorrência. Com um suspiro, deixou cair as mãos de seus quadris e depois lhe estendeu uma mão em uma oferenda silenciosa para ajudá-lo a ficar de pé, que Bricker não duvidou em aceitar. -Me esqueci de quão duro podia bater- murmurou ele, esfregando-se ainda o queixo enquanto ficava de pé a seu lado. -Sim, bom, não se esqueça de novo- sugeriu ela secamente, começando a baixar as escadas para o jardim da frente. Bricker foi imediatamente a seu lado. -Onde vamos?- perguntou ele com interesse, igualando seu passo com o dela.

Eshe parou e se voltou franzindo o cenho. -Nós não vamos a nenhum lugar. Vou procurar Armand. -Quer dizer que vai seduzí-lo?- perguntou Bricker.

Eshe entrecerrou os olhos. -Está me lendo?

-Bom, vestida como está, realmente não tenho que me incomodar em te ler para averiguar o que está fazendo, não é?- perguntou ele com ironia, e depois adicionou Mas sim, estou lendo. Tem algumas idéias quentes vagando por sua mente Eshe. Muito impressionante. Eshe amaldiçoou duramente ao saber que Bricker podia lê-la. Nunca tinha sido capaz de lê-la antes disto, mas encontrar um companheiro de vida frequentemente obstaculizava a capacidade de um imortal para proteger seus pensamentos de outros.


Não estava contente de saber que isso era o que estava acontecendo com ela. Obrigou-se a se acalmar e disse de forma tranquila, -Seduzir Armand é parte de minha estratégia. -OH, uma estratégia, não é?- perguntou ele com interesse.

-Sim. Isso vai tirar sua concentração, e estará vulnerável a minhas perguntas-explicou Eshe, perguntando-se por que tinha parecido muito mais acreditável quando ela se convenceu disso mais cedo. -Sim, e este recreio quente de celeiro que está planejando não afetará sua concentração. Não é?-perguntou ele com suavidade. -Recreio de celeiro?- perguntou Eshe com incredulidade.

-Sexo de estábulo?- ofereceu ele.

Eshe se parou um momento para respirar profundamente para se acalmar, depois esclareceu a garganta e disse, -Olhe. Não se preocupe. De todos os modos, Armand não pode estar por trás dos assassinatos. Ele estava no campo quando Susanna, sua companheira de vida, morreu no incêndio do estábulo de sua casa, e ele estava em casa, na fazenda, quando sua segunda esposa, Althea, morreu em um incêndio no hotel no qual ela e seus pais estavam hospedados em Toronto. Ele não poderia ter matado às duas mulheres. -E Rosamund e Annie?- perguntou Bricker com interesse.

-Ele também estava na fazenda quando elas morreram, mas embora isso talvez signifique que pode tê-las matado, ele não pode ter matado às duas primeiras mulheres, assim, se as mortes estão conectadas, ele não é suspeito.


-Claro, porque ele estava no campo quando Susanna morreu e estava aqui na fazenda quando Althea morreu em um incêndio no hotel em Toronto- raciocinou Bricker. -Exatamente- disse Eshe com alívio, contente porque ele estava de acordo.

Bricker assentiu com a cabeça várias vezes e depois perguntou, -E nós sabemos que ele estava no campo e depois na fazenda e não em nenhuma parte perto de Toronto, por que...? -Ele me disse isso- respondeu ela de uma vez.

-Bem- disse Bricker arrastando as palavras. -Disse-lhe isso... e não teria razão para mentir, não é verdade? Eshe abriu sua boca e voltou a fechá-la e ficou olhando-o em silêncio, enquanto seu coração se afundava. -Acho que não deu nenhuma prova, não é?- perguntou Bricker amavelmente. -Talvez estivesse no campo com alguém? Ou talvez tivesse uma visita na fazenda que pudesse provar que ele estava ali e não em Toronto no momento do incêndio? Eshe fechou os olhos um momento ao perceber o que tinha feito. Simplesmente tinha acreditado nele. Armand tinha contado sobre a morte de suas esposas e ela não tinha duvidado nem de uma só de suas palavras, nem sequer tinha considerado em comprovar os fatos. Que demônios tinha estado pensando? -Sim- disse Bricker cuidadosamente. -Talvez esta coisa da sedução seja uma má idéia. Talvez todo este assunto de companheiro de vida tenha tirado um pouco de sua concentação, não é?


Eshe girou bruscamente sobre seus calcanhares e se dirigiu às escadas.

-Aonde vamos agora?- perguntou Bricker voltando de novo para seu lado enquanto subia os degraus. -Vou para cama- anunciou ela sombria. -Não dormi mais que algumas horas esta manhã. Obviamente isso me deixou um pouco lenta hoje. -Sim, provavelmente é isso- esteve de acordo Bricker, muito sério.

-Se rir de mim, Bricker, vou chutar seu traseiro de novo- advertiu ela com tom grave, dando fortes pisadas enquanto caminhava pelo alpendre para a porta. -Quando chegou aqui? -Faz uma meia hora- respondeu ele olhando seu relógio enquanto a seguia ao interior da casa. -A porta estava aberta, mas pensei que seria melhor esperar de fora, assim me sentei na cadeira de balanço e tirei uma soneca. Não os ouvi quando voltaram, mas despertei quando Armand deixou bater a porta ao fechar-se atrás dele em seu caminho de volta. -Bom, é melhor que vá ao estábulo procurar Armand, e lhe diga que está aqui- disse ela suspirando enquanto ia para a cozinha, só para deter-se na metade do caminho para a geladeira, ao lembrar que o sangue não estava ali e que Armand não tinha mostrado a ela seu refrigerador secreto como o tinha prometido. Estalou a língua com impaciência e anunciou, -Vou ligar para Lucian para lhe dizer que deve enviar outra pessoa, mas vou esperar que retorne antes de sair. -Chamar Lucian?- perguntou Bricker surpreso. -Eu pensei que a única coisa que


precisava era dormir e que com um pouco de descanso estaria como nova.

-O descanso não vai me ajudar- admitiu ela com tom infeliz e os ombros cansados em sinal de derrota. -Ele é meu companheiro de vida, Bricker. A única coisa que estou pensando quando estou perto dele, é em como lhe tirar as calças. Bricker franziu os lábios, mas conseguiu manter uma cara séria enquanto dizia, Bom, isso é perfeitamente normal. Deveria ter visto Mortimer quando encontrou Sam, sua companheira de vida, ou Decker quando encontrou sua Dani. Demônios, era a cidade dos peitos na parte traseira da caminhonete, quando íamos pela autoestrada 401 com o Decker. -Sim, mas a vida de Nicholas não dependia de Decker- assinalou ela, passando por ele e dirigindo-se à sala para pegar suas calças de couro do chão onde as tinha deixado. -Não- concordou Bricker, seguido-a de perto. -A vida de uma jovem o fazia.

Quando Eshe fez uma pausa e o olhou nos olhos, ele acrescentou, -Nunca soube que fosse uma desertora, Eshe. Lucian te enviou aqui por uma razão, e você sabe que não é provável que mude de opinião a respeito de ter você aqui agora. Só confie nele e faça o que puder. Quando ela hesitou, mas ao mesmo tempo não o contradisse, ele acrescentou, -Pelo menos durma. Quem sabe, talvez um pouco de descanso realmente te ajude, se não o fizer, sempre pode chamar o Lucian amanhã. Eshe o olhou em silêncio, estava terrivelmente tentada pela sugestão. Talvez se ela dormisse, pudesse dirigir melhor as coisas. E poderia ficar aqui com o Armand. Por outro lado, ela realmente não acreditava que o sonho fosse lhe ajudar muito. Não podia pensar com claridade quando estava ao redor de Armand. Entretanto, um dia de descanso não ia piorar muito mais as coisas por aqui, argumentou sua mente de


forma tentadora, e poderia ver Armand quando despertasse.

-Muito bem, vou dormir, mas não acredito que vá fazer diferença- murmurou ela, voltando-se para as escadas. Ouviu que Bricker lhe murmurava um boa noite, mas simplesmente levantou a mão em modo de saudação enquanto se ia. Sua mente estava muito ocupada revisando tudo o que tinha acontecido desde sua chegada para conseguir o esforço necessário para dizer algo. Ela realmente estava esgotada, mas suspeitava que não era só pela falta de sono. Também havia o fato de que realmente deveria ter tomado mais algumas bolsas de sangue, em vez das três ou quatro que tinha tomado. Geralmente só necessitava três ou quatro ao dia, mas entre o curtocircuito que causou a si mesma na noite anterior, e depois o vinho desta noite, tinha esgotado o sangue que em realidade não lhe sobrava. Infelizmente, não tinha idéia de onde estava o sangue. Já tinha ido ao armário de Armand em seu passeio na noite anterior depois de ter chegado e não tinha visto nenhuma prova de que ali houvesse uma geladeira. Obviamente que estava ali, mas ela não tinha vontade de procurar em seu armário de novo. Na verdade, a única coisa que queria fazer nesse momento era dormir. Estava exausta depois do que essencialmente foi uma montanha russa de um dia. Tinha chegado suspeitando que Armand era um assassino, depois soube que era seu companheiro de vida, e passou o tempo entre a luxúria de ir atrás dele e tentar fazer seu trabalho. Sua indiferença ao voltar para a casa, e assim o tinha sentido ela, tinha sido o golpe final. Sua mente estava correndo em círculos tentando entender o que tinha ocorrido ali. No centro comercial ele tinha estado disposto a correr de volta para casa e saltar sobre ela, mas depois da comida, ao que parece, tinha perdido o interesse. Como podia perder o interesse um companheiro de vida? A pergunta divagava por sua mente com uma nota de incredulidade e foi seguida pelo fato de que um companheiro de vida não perde o interesse. O que significava


que por alguma razão ele estava lutando contra o que eram, ou que podia resistir a ela porque em realidade não era seu companheiro de vida. Talvez ela realmente não pudesse lê-lo porque ele fosse difícil de ler e não porque fosse seu companheiro de vida. Depois de tudo, Lucian não podia lê-lo, recordou a si mesma. Talvez isso foi o que aconteceu com ela também, pensou. É obvio que ainda existia o despertar de seu apetite pela comida e pelo sexo, reconheceu Eshe, mas essas ânsias podiam ser mais psicológicas que outra coisa. Talvez só estivesse interessada novamente na comida e no sexo porque pensou que ele era seu companheiro de vida. Eshe lançou um suspiro ante a confusão de seus pensamentos e decidiu que o que realmente precisava era dormir. Isso ao menos esclareceria um pouco seus pensamentos. Pela manhã tentaria considerar tudo de novo e veria se chegava a alguma conclusão diferente, assegurou-se enquanto entrava no quarto de hóspedes que tinha escolhido. Enquanto caminhava pelo quarto escuro em direção à cama, conseguiu ver um reflexo de sua imagem no espelho. Deteve-se e observou sua imagem por um momento, notando quão curto e sexy era seu baby-doll. Tinha sido uma boa escolha por parte de Armand. Verdadeiramente perfeita. Ela duvidava de que na loja houvesse outra coisa que a exibisse como isto o fazia. -Como diabos ele pode resistir a mim?- perguntou ela desgostosa e confusa, e deu a volta para se jogar sobre a cama.

-Como diabos posso resistir a ela?- murmurava Armand enquanto tirava o esterco no


estábulo. Ainda podia vê-la em sua mente, com os olhos dourados brilhantes na penumbra do corredor, o baby-doll branco que abraçava seus peitos e flutuava até passar apenas seus quadris. Ajustado nas calças de couro, que faziam com que parecesse nua, com o baby-doll sob a tênue luz sobre suas cabeças. Maldição, tudo o que queria fazer era jogá-la no chão... tal como ela se pôs... e usar seu lado pervertido com ela. Em vez disso, disse que tinha trabalho para fazer e saiu da casa correndo para cá como se fugisse do inferno. Armand não sabia como tinha conseguido resistir os impulsos que ela lhe causava, mas estava condenadamente seguro de uma coisa, não havia maneira de que fosse capaz de resistir a ela de novo... o que significava que teria que tirá-la dali logo que fosse possível. Nem sequer podia se dar ao luxo de passar uma noite com ela. Armand sabia que se enganou ao acreditar que podia tê-la uma noite e depois mandála emboa. Agora, suspeitava que a verdade é que uma noite não seria suficiente. Teria necessidade de outra e outra e outra até que... até que enviuvasse pela quarta vez, reconheceu com tristeza. Esse era seu temor. Falar para ela da morte de suas esposas tinha feito perceber quão tolo estava sendo. Isso tinha ressuscitado todas as suas dúvidas a respeito de que essas mortes fossem acidentais, e reavivou sua preocupação de que alguém tivesse espreitando às pessoas que amava, tirando-lhes a vida e depois encobrindo como um acidente. Tinha sido bastante ruim quando ele pensou que só suas esposas tinham morrido, mas depois de seu bate-papo durante o jantar, Armand se perguntava também sobre a morte de sua enteada Annie. Tinha que chamar Lucian agora e conseguir que enviasse alguém para recolher Eshe e a levasse a salvo para outra casa. Sua casa não era segura para Eshe D'Aureus, pensou enquanto se endireitava para agarrar o telefone em seu bolso. -Wow!


Armand olhou rapidamente para a porta aberta do estábulo enquanto um homem com calças de couro, camiseta e jaqueta de couro, entrava e se dirigia para as cavalariças em direção a ele. Seu nariz se enrugou com desgosto e seus lábios se torceram com desagrado quando encontrou o olhar de Armand. -O aroma aqui é bastante rançoso, amigo. Não sei como pode suportar isso. Já pensou em algum tipo aromatizador? Ou um trabalho diferente? -Quem diabos...!

-Justin Bricker. Pode me chamar Bricker- interrompeu ele lhe oferecendo sua mão. Eu trabalho com Eshe. Armand trocou automaticamente seu telefone para sua outra mão e pegou a de Bricker. Seu olhar se deslizou sobre o imortal mais jovem enquanto lhe estreitava a mão e arqueou uma sobrancelha, -Então, todos os executores de Lucian tem uma coisa com o couro, ou só você e Eshe? -Estou usando minha motocicleta, e o couro protege melhor sua pele se raspar. Isso significa que depois necessita menos sangue para se reparar- explicou Bricker, e depois sorriu e acrescentou, -Mas eu acredito que Eshe tem uma coisa pelo couro. Para falar a verdade, nunca a vi sem isso. -E não a verá!- assegurou Armand com tom grave e com a boca apertada ante a idéia de que esse menino jovem visse Eshe nua. -Entendido. Ela está fora dos limites- concordou Bricker com uma careta de dor. Sério, cara. Ela nem sequer me daria um segundo olhar quando ela é sua companheira de vida, certo? Então, acha que agora pode soltar minha mão, antes de quebrá-la? A cura pode ser muito dolorida.


Armand soltou a mão imediatamente, sentindo-se estúpido ao perceber que não tinha sido só seus dentes que tinha apertado. Ao que parece, era uma espécie de idiota ciumento. Suspirando, passou a mão pelo cabelo e então lhe perguntou, -Então, o que está fazendo aqui? -Lucian me enviou- murmurou Bricker, esfregando-as mãos maltratadas. -Pensou que vocês dois poderiam estar um pouco preocupados um com o outro, com o fato de serem companheiros de vida e tudo isso, e ele me enviou como amparo adicional. -OH- suspirou Armand e então admitiu, -Eu ia chamar Lucian para lhe sugerir que a levasse para outro lugar. -Agora já não tem que fazer isso, não é verdade?- disse Bricker em tom despreocupado. -Agora que estou aqui, há dois de nós para vigiá-la. Ela estará a salvo como um inseto em um tapete. -As pessoas caminham pelos tapetes- assinalou Armand em voz baixa.

-Então que seja como um inseto fora do tapete- disse Bricker rapidamente. -Mas pelo menos o tapete oferece algum amortecimento. -Não sei- disse Armand com o cenho franzido.

-Durma- sugeriu Bricker despreocupadamente, apoiando-os braços na parte superior da cavalariça. -Se ainda estiver preocupado pela manhã, chame Lucian... mas duvido que mude de opinião. Armand suspeitava que ele tivesse razão, mas não disse nada mais. Ele simplesmente olhou para o outro homem que contemplava a cavalariça e depois todo o celeiro.


-Então, você vive aqui de propósito?,- perguntou Bricker com evidente incredulidade.

Armand o olhou fixamente por um momento, e depois uma breve e surpreendente risada brotou de sua boca. Parecia óbvio que o homem não estava impressionado, e lhe perguntou, -Menino de cidade? -Toda minha vida- admitiu Bricker quase desculpando-se. -Meu tio tinha uma fazenda e eu estava acostumado a ir lá, mas nunca descobri a atração por pisar em esterco. -Em geral, tento não fazê-lo- assegurou-lhe Armand divertido.

-É bom saber disso- disse Bricker, e depois levantou uma sobrancelha. -Há algo no que possa te ajudar? -É amável de sua parte se oferecer, mas acredito que tenho tudo sob controle- disse Armand com ironia, pensando que o moço seria um obstáculo mais que uma ajuda. Se ele nunca tinha estado em uma fazenda antes, não sabia que demônios podia fazer. -Talvez só devesse voltar para a casa e manter um olho em Eshe. -Ela foi para cama- disse Bricker encolhendo-se de ombros, e depois adicionou com malícia, -Sozinha. Devo dizer que não é o resultado mais frequente entre companheiros de vida. Decker e Mortimer eram como um par de touros na temporada de acasalamento quando encontraram suas companheiras de vida, e Eshe estava pronta para partir daqui em nada mais que um baby-doll branco e brilhante e umas botas altas de couro quando a detive. Com certeza, não precisa agradecer. Armand o olhou com uma combinação de raiva, ante a idéia de que este garoto


tivesse sido o primeiro a ver apropiadamente Eshe vestida com apenas um baby-doll, e de confusão porque lhe havia dito 'não precisa agradecer'. -O que é o que devo te agradecer? -Bom, por te salvar de que lhe cravassem lascas no traseiro por fazer sexo aqui no estábulo, com os cavalos olhando- assinalou ele, e depois franziu o cenho e disse -Ou talvez tenha salvado a ela das lascas. De qualquer maneira, alguém não recebeu lascas no traseiro graças a minha intervenção. -Caramba, obrigado- disse Armand secamente, mas não estava seguro do que isso significava. Sua mente estava cheia de imagens de Eshe nesse maldito baby-doll com as botas de couro. Suas costas contra a parede da cavalariça e... -Merda!- deixou de lado o rastelo que estava usando e saiu da cavalariça com a intenção de entrar, encontrar Eshe, e viver aquilo em vez de imaginar. -Então, eu vou terminar isto aqui, pode ser?- ofereceu-se Bricker, ante o qual Armand se deteve abruptamente. Girou e viu que o jovem tinha tomado seu lugar na cavalariça, agarrou o restelo e agora estava olhando pensativo o feno no chão. Armand sentiu que seus ombros caíam. Ele tinha tarefas que fazer. O dobro da quantidade que em geral tinha que fazer, agora que não tinha um encarregado para as fazer. Considerou brevemente deixar que Bricker o ajudasse, mas só muito brevemente. Justin Bricker nem sequer parecia seguro do que fazer com o restelo que segurava. Ao que parece, Eshe ia dormir bem esta noite. Mas amanhã ia pôr um anúncio solicitando um novo encarregado, decidiu Armand. Ao diabo a idéia de esperar até que Eshe fosse embora, ele precisava de alguém agora, para passar tempo com ela.


Capítulo 7

O sol da dura tarde aparecia pelas bordas das cortinas nas janelas do quarto quando Eshe despertou. Um olhar no relógio indicou que eram três da tarde. Era cedo quando foi para cama, mas não quando dormiu. Permaneceu na cama durante horas, exausta, mas sua mente estava inquieta pelas preocupações. Eram as três da manhã quando ela olhou pela última vez o relógio antes de adormecer na noite anterior. Tinha dormido doze horas. Era muito para ela, e isso deveria tê-la deixado bem descansada. Entretanto, também tinha desfrutado de alguns desses sonhos eróticos que compartilham os companheiros de vida, sua mente se fundiu com a de Armand enquanto dormiam e ambos viveram em seus sonhos o que realmente queriam fazer acordados, o que culminou em um monte de sexo muito quente. Era um pouco embaraçoso pensar nisso agora que estava acordada, mas Eshe definitivamente se sentia melhor pelo alívio das tensões sexuais. Até tinha despertado com um plano sobre a maneira de demonstrar que Armand havia dito a verdade a ela sobre a morte de suas esposas. Eshe se sentou na cama, afastou as mantas de lado e ficou de pé. Ela até mesmo estava cantarolando em voz baixa enquanto cruzava o quarto em direção à bolsa que havia trazido consigo. Embora tivesse calças jeans e camisetas, que agora poderia usar, o couro era melhor para andar de moto, então pegou o segundo par de calças de couro que havia trazido, assim como a parte superior do conjunto que era como um corselet de couro negro, e os levou ao banheiro. Quinze minutos depois, de banho tomado e vestida, saiu de seu quarto.

Eshe chegou até a parte superior da escada e parou. O longo sono lhe tinha feito bem, mas agora precisava de sangue e não havia no refrigerador do andar de baixo.


Deu a volta para olhar pelo corredor para o quarto de Armand, mas ao mesmo tempo negou com a cabeça. Se ela fosse até lá, e se aproximasse da cabeceira do adormecido tigre Argeneau, não conseguiria fazer nem nenhuma maldita coisa nesse dia. Sua roupa estaria no chão e ela estaria em sua cama com ele antes de que ele terminasse de abrir os olhos. E apesar de que na noite anterior lhe tinha dado as costas, não acreditava que fosse tirá-la de sua cama esta tarde. Ela estariam vivendo ao vivo, o que eles tinham compartilhado em sonho com cores vívidas. Suspirando, Eshe começou a girar de novo para as escadas, mas se deteve quando seu olhar recaiu sobre a única porta fechada no corredor. Obviamente, esse era o quarto que Bricker tinha escolhido por sua conta. Era o que estava ao lado do dela. Eshe entrecerrou os olhos olhando a porta e depois assentiu com a cabeça e se dirigiu para ela com determinação. Ela suspeitava que Bricker tinha estado acordado até o amanhecer. Era o patrão de sono habitual para a maioria dos imortais, ir para cama ao amanhecer e se levantar ao entardecer. É claro, alguns imortais se levantavam mais cedo ou tinham um horário regular. Eles não tinham que dormir durante o dia se não quisessem. Nem sequer precisavam realmente evitar a luz do sol. Isso só economizava de ter que consumir mais sangue para lutar contra o dano que a luz solar lhes causava na pele, por isso a maioria permanecia dentro de casa durante o dia. Infelizmente para Bricker, Eshe não se importava muito se ele estava acostumado a dormir até mais tarde. Ele era jovem e ela precisava de sua ajuda. Se ela conhecia Lucian Argeneau, ele teria enviado um fornecimento extra de sangue com Bricker, e ela queria parte desse sangue. E depois, precisava de sua ajuda para fazer perguntas sobre os irmãos de Susanna, e os pais da Althea, se é que ainda estavam na região. Uma ligação rápida para Lucian diria onde viviam os dois casais.


A porta de Bricker não estava fechada, mas ela não esperava que estivesse. Pelo que pôde notar, nenhum dos quartos tinha fechaduras. Eshe abriu a porta e se moveu em silêncio pelo interior, enquanto observava Bricker que dormia. O rapaz tinha o corpo de um lutador, um monte de músculos definidos e o barriga plana, mas por sorte sem o pescoço grosso que era tão pouco atraente. Eshe admirou seu peito volumoso por cima do lençol que tinha sido empurrado até debaixo da cintura, enquanto ela se sentava no lado de sua cama, depois estendeu a mão e pegou brandamente uma mecha de seu cabelo. Os olhos de Bricker se abriram imediatamente. -Eshe- disse ele surpreso.

-Preciso de você- sussurrou ela, porque não sabia quão grossas eram as paredes e não queria acordar Armand. Um lento sorriso curvou seus lábios imediatamente. -Sabia que não podia resistir. Sou um bombom. -Certo, certo- disse Eshe, sabendo que ele estava tirando um sarro. -Lucian mandou sangue com você? -Está na geladeira da cozinha. Coloquei lá e depois fui para cama. Armand disse que temos que colocar as bolsas na geladeira de seu quarto esta noite, embora, pelo que sei, sua governanta não vem até manhã. -Bom- disse ela, ficando de pé. -Se levante. Você vai me ajudar.

-O que... te ajudar com o que?- perguntou ele sussurrando, enquanto se sentava na cama. -A saber o que realmente aconteceu às esposas de Armand.


-O sono ajudou a limpar sua mente, não foi?- disse ele satisfeito.

-Sim. E desde que possa me manter afastada de Armand permanecerá clara. Se levante e se vista. Vou estar na cozinha. Ela estava na porta antes de acrescentar: -E coloque suas roupas de couro, vamos sair. Eshe não ficou esperando para ver se ele seguia suas ordens, mas o sussurro dos lençóis atrás dela enquanto abria a porta do quarto, indicou que ele o tinha feito. Como a executora de mais antiga, não teria esperado nada menos que obediência imediata, e conseguiu isso. Eshe estava tomando a terceira bolsa de sangue quando Bricker entrou na cozinha de camiseta, calça de couro e uma jaqueta, e com o cabelo ainda úmido de uma ducha muito rápida. -Então, o que é o que vamos fazer hoje? - perguntou alegremente enquanto abria a porta do refrigerador para pegar uma bolsa de sangue. Eshe tirou a bolsa vazia de seus dentes e respondeu: -Vou chamar Lucian para averiguar onde vivem os irmãos de Susanna e os pais de Althea, e depois vamos lhes fazer algumas perguntas. Devem nos ajudar a corroborar a história de onde estava Armand quando Susana e Althea morreram. -Genial- cantarolou Bricker, encostando junto à geladeira com duas bolsas na mão. Deu uma para ela e disse: -Vê, eu te disse que com uma noite de sono seria diferente. Eshe simplesmente grunhiu enquanto colocava a bolsa em seus dentes. Odiava quando lhe diziam 'Eu te disse...'. Quando terminaram de se alimentar, Eshe tirou seu telefone celular do bolso e discou o número da casa de Lucian. Era cedo ainda, mas Lucian era um homem que parecia


que não dormia. Além disso, ela não podia se sentar para esperar. Queria estar fora da casa e em movimento antes que Armand despertasse e seu cérebro fosse para o sul. -Fale- foi a saudação que ladrou Lucian quando respondeu o telefone. Eshe pôs os olhos em branco. Não havia realmente nenhuma razão pela qual o homem não pudesse pelo menos tentar ser um pouco educado. -Sou eu, Eshe- anunciou ela. -E boa tarde par você também, Lucian.

-Não atribuirei a outra pessoa...- começou a dizer ele com voz firme, e ela o interrompeu, -Não te estou pedindo isso. -OH. De fato, ela podia escutar pela linha como ele franzia o cenho. Ele não perguntou o que ela queria, mas simplesmente esperou a que ela falasse. -Preciso do endereço de Agnes e John Maunsell e também dos pais de Altheaanunciou ela. -William e Mary Harcourt- murmurou ele, lhe dando seu sobrenome, e depois lhe perguntou sem rodeios, -Por que? -Armand diz que ele estava viajando quando Susanna morreu no incêndio do estábulo, e que estava na casa da fazenda quando Althea morreu no incêndio do hotel em Toronto. Quero falar com eles para ver se podem confirmar isso- explicou, e acrescentou: -Isso o inocentará de pelo menos duas das mortes, o que alivia bastante sua situação, você não acha? Lucian permaneceu em silêncio durante um minuto e depois ela ouviu um rangido, como se ele estivesse cobrindo o telefone. Foi seguido por uma conversa apagada que não podia entender. Quando terminou, houve outro som de desobstrução do


telefone e então uma voz feminina disse, -Olá, Eshe. Sou Marguerite Argeneau.

-Marguerite- murmurou ela sorrindo pela metade. Eshe sempre tinha gostado da cunhada de Lucian, esposa de seu agora falecido, Jean Claude. -Olá, Como está? -Muito bem. Escute, Lucian te conseguirá os endereços, mas acredito que pelo menos posso te ajudar com a morte de Susanna. Vivíamos perto de Armand nessa época e Jean Claude e eu fomos visitá-lo quando soubemos que o bebê iria nascer. Nos desencontramos de Armand, que ao que parece se foi no dia seguinte ao do nascimento e nós chegamos quatro dias depois disso. Ficamos hospedados ali durante dois dias e depois fomos embora na tarde do mesmo dia em que se produziu o incêndio durante a noite. Pelo que escutei depois, aparentemente ocorreu algumas horas depois de nossa partida. Armand não estava em sua casa quando fomos embora, então a menos que chegasse depois que fomos embora... . Não se incomodou em terminar a frase, mas em vez disso lhe disse, -Isso te ajuda em algo? -Sim- murmurou Eshe, tentando ignorar o alívio que deslizava através dela, pelo menos sabia que Armand provavelmente não estava lá quando Susanna morreu. -Eu li a mente de Marguerite- anunciou Lucian, que ao que parece tinha tomado o telefone. -Ela está dizendo a verdade. Eshe pôs os olhos em branco ante esse anúncio grosseiro e brusco, mas sorriu a contra gosto quando percebeu que Marguerite ria com regozijo no fundo. Ao que parece, ela não estava chateada por sua leitura para comprovar que estava dizendo a verdade. -Aqui estão os endereços- exclamou Lucian abruptamente, e Eshe olhou a seu redor um pouco aflita procurando lápis e papel para anotar a informação.


-Aqui. Bricker pegou um bloco de anotação magnetizado que estava preso na geladeira e pôs frente a ela, junto com um lápis que encontrou depois de uma busca rápida na gaveta junto à geladeira. Eshe formou a palavra 'Obrigado' em sua boca e escutou enquanto Lucian lhe ditava cada endereço. -Ambos estão na região- murmurou ela aliviada enquanto anotava os endereços. Armand havia dito que os pais de Althea se mudaram para a Europa depois de sua morte. Ela tinha ficado preocupada com o fato de que ainda pudessem estar lá. Mas parece que se mudaram de novo para a região depois disso. -Precisa de algo mais?- perguntou Lucian de forma brusca.

-Não. Isso é...- Eshe não se incomodou em terminar a frase. Lucian tinha desligado no momento em que lhe havia dito que não. Pondo os olhos em branco, murmurou: E adeus para você também. -Então?- perguntou Bricker, dando um salto e sentando-se no balcão da cozinha. Aonde vamos? Eshe arrancou a folha de papel com os endereços e a revisou.

-Os irmãos de Susanna são os que vivem mais perto- comentou ele, e então a olhou interrogante. -O que há para tomar o café da manhã? Eshe examinou a questão. Ela quase queria comer algo, mas realmente queria sair logo. Este assunto de comida podia ser um pouco inconveniente. -Pode cozinhar?perguntou ela finalmente.


Bricker franziu os lábios, e depois disse lentamente: -Sim... mas vi um restaurante quando vim para aqui. Seria mais rápido. -Bem pensado- decidiu ela voltando-se para a porta. -Então iremos ao restaurante.

Bricker desceu do balcão e quando passou junto a lhe disse, -Vamos apostar uma corrida. -Eu vou ganhar- advertiu Eshe, saindo da cozinha atrás dele.

Serviram-lhes um café da manhã completo no restaurante que acabou sendo delicioso. Também foi posto na mesa, frente a eles, muito rápido. Eshe e Bricker foram igualmente rápidos para consumi-lo, pagaram a conta e saíram dali. Além do fato de que queria terminar rápido com as perguntas às famílias das primeiras esposas de Armand, ela também se sentia muito incômoda no restaurante. Estava cheio de aldeões, e cada um deles parecia estar olhando para Bricker e para ela, quando não estavam lhes oferecendo um sorriso amplo e amável, cochichavam entre si freneticamente. Parecia que a senhora Ramsey tinha sido fidedigna ao difundir a descrição de Eshe pelos arredores e todo mundo sabia quem era ela, mas havia um monte de especulação frenética entre as mesas e as garçonetes sobre quem poderia ser Bricker. Alguns o tinham catalogado como seu amante e suspeitavam que se desenvolveu um triângulo amoroso na fazenda. Outros pensavam que talvez fosse um parente. Eshe só sacudiu a cabeça ante isso. Acontece que ela tinha dois irmãos brancos que tinham a cor da pele de seu pai, mas Bricker não se parecia em nada com ninguém de sua família. Eshe se sentia incômoda sendo o centro da atenção e se alegrou quando terminaram de comer e ela se apressou para sair dali junto com o Bricker.


Agnes e John Maunsell viviam a duas cidades longe dali, a vinte minutos de carro. Pelo menos vinte minutos é o que levaram Eshe e Bricker quando dirigiram velozmente até lá. A casa era um rancho grande e moderno de tijolos, situado a uma boa distância da estrada, com várias construções de cor vermelha brilhante a seu redor e uma cerca branca por toda parte. Na verdade, parecia que tudo era flamejante e obviamente foi a última das seis propriedades que John tinha adquirido, conforme lhe contou Armand. -Lindo- comentou Bricker uma vez que desligaram suas motocicletas e ela podia ouvi-lo. -Sim- concordou Eshe enquanto descia de sua moto. Mas ela preferia a fazenda de Armand. Lá havia uma fileira de árvores ao longo da estrada e ao redor da casa que ofereciam privacidade e faziam com que a casa se mostrasse acolhedora. Aqui, não havia nenhuma árvore, os edifícios simplesmente estavam situados no meio do campo como se alguém os tivesse deixado cair ali. -Pergunto-me quantos hectares será que têm aqui- murmurou Bricker enquanto foram juntos em direção à casa. Eshe simplesmente se encolheu de ombros, seu olhar se dirigiu sobre um pequeno carro esportivo amarelo e negro e uma caminhonete grande estacionada do outro lado do caminho da entrada. -Eles estão em casa. -Sim- murmurou Bricker, estendendo a mão para tocar a campainha ao chegar à porta. -Agora a pergunta é se estão acordados ou não. Eshe simplesmente grunhiu ante o comentário, mas franziu o cenho quando percebeu que provavelmente não estavam. Ainda havia luz no exterior e um monte de imortais


velhos dormiam todo o dia, um velho hábito difícil de abandonar, depois de séculos de fazendo isso por necessidade. Enquanto esperavam na porta para serem atendidos, Eshe observou uma vez mais a paisagem a seu redor. A tarde não tinha nem uma nuvem no céu. O sol estava sobre eles, e estava quente, ela se alegrou de ter colocado a roupa de couro que evitava que o sol queimasse e danificasse sua pele. Não tinham pensado em trazer algumas bolsas adicionais de sangue com eles, razão pela qual, Bricker e ela ainda tinham posto seus capacetes com viseiras escuras. Não os tirariam até que estivessem no interior da casa, a salvo do sol. Se é que conseguiam entrar, pensou Eshe enquanto a espera se prolongava. Tamborilou com seus dedos sobre sua coxa, enquanto esperavam, mas quando Bricker estendeu a mão para tocar a campainha da porta outra vez, ela segurou seu braço para detê-lo. -Não se incomode. A maioria dos quartos dos imortais mais antigos estão protegidos contra som e não têm telefone, para evitar as chamadas incômodass e vendedores ambulantes...- Ela fez um gesto para que ele a seguisse e retornaram a suas motocicletas. -Vamos até os Harcourt, passaremos novamente por aqui, no caminho de volta. Eshe o levou de volta até suas motocicletas e subiu na sua, mas olhou para Bricker de forma interrogante, quando este parou e olhou para a casa com a cabeça inclinada. -O que é isso?- Bricker hesitou, e depois sacudiu a cabeça. Foi até sua motocicleta e murmurou, -Não é nada. Eshe olhou de novo para a casa, mas não viu nada. Encolhendo-se de ombros, repetiu, -Vamos aqui no caminho de volta dos Harcourt. Vamos. Bricker hesitou um instante, mas depois assentiu com a cabeça e subiu em sua própria máquina, perguntando, -Conhecemos o caminho à casa dos Harcourt?


-Marquei em meu GPS- respondeu ela. -Segundo isso, a casa dos Harcourt está a uns quinze minutos daqui. Chegaram à casa dos Harcourt em quatorze minutos, mas não tinham se deslocado a toda velocidade como tinham feito quando foram até John e Agnes. William e Mary Harcourt viviam em uma casa não muito diferente da fazenda Maunsell. Era um rancho mais moderno, com edifícios anexos, só que aqui havia uma fileira de árvores junto à propriedade, assim como no caminho que conduzia à casa. Eshe virou no caminho de entrada e desacelerou quando viu o carro que vinha para ela. O carro diminuiu a velocidade, e então uma mulher atrás do volante os olhou com curiosidade enquanto passava, embora não parou, mas continuou indo para a estrada. -Acho que essa era Mary Harcourt- comentou Bricker quando pararam suas motocicletas na área pavimentada frente à casa. -Embora não tenha visto o senhor Harcourt. -Aposto com você que ele se encontra aqui- murmurou Eshe, assinalando com a cabeça para o homem de cabelo escuro que os olhava da porta do estábulo próximo. Ele parecia ter uns vinte e seis ou vinte e sete anos, mas todos os imortais adultos pareciam assim. Entretanto, este homem parecia sombrio e hostil enquanto os olhava se aproximar. Eshe deixou que Bricker fizesse as apresentações, seu olhar percorreu o pai de Althea e depois se moveu por todo o interior do celeiro no que estavam enquanto tirava o capacete. -Então você é a nova companheira de vida de Armand.


Eshe voltou para olhar com os olhos abertos a William Harcourt por esse comentário.

Ele sorriu divertido por sua expressão. -Querida, seus pensamentos são como gritos em meus ouvidos neste momento, esse é o risco de se encontrar pela primeira vez com um companheiro de vida. Pouco a pouco vai recuperar de novo o controle. Eshe fez uma careta e assentiu com a cabeça, mas ele não o fez.

-Agora, que diabos foi isso que li em você, a respeito de que está verificando seus álibis para se assegurar de que Armand não pode ter matado Susanna ou Althea? Eshe amaldiçoou, mas Bricker só começou a rir e disse: -Bom, isso nos economiza de ter que fazer perguntas. -Talvez- grunhiu Harcourt. -Mas você deveria me dar uma maldita explicação das coisas. Conheci Armand por 700 anos. Não teve nada a ver com a morte de suas esposas. Maldição, todas foram acidentes... não é?- Acrescentou, e franziu o cenho. Eu sei que a de Althea foi. Eshe o olhou fixamente. -Não parece muito seguro.

William Harcourt evitou seu olhar por um minuto e logo sacudiu a cabeça. -Não sei. Sempre me perguntei...

-O que é o que se perguntou?- perguntou Eshe com seu corpo em tensão.

William lhe fez uma careta. -OH, não entre em pânico. Nunca me perguntei a respeito de Armand. Ele nem sequer sabia onde estávamos. Era a temporada de mais trabalho para nós agricultores, mas eu tinha um bom administrador, assim quando


Mary me pediu que a levasse para ver Althea e o pequeno Thomas, eu concordei. Ficamos hospedados por dois dias, mas as garotas queriam passar mais tempo juntas, e Mary sugeriu a Althea que voltasse para casa conosco durante algumas semanas e a traríamos de volta depois da colheita, quando Armand não estivesse tão ocupado. -E você concordou- adivinhou Eshe, o que provocou que Willian torcesse os lábios em um gesto irônico. -Sempre fui um pouco brando quando se trata das coisas que Mary quer, e não era muito melhor com Althea, assim, sim, eu concordei. Passou uma mão pelo cabelo com gesto cansado. -Se não o tivesse feito, Althea ainda poderia estar viva. Eshe desviou o olhar, lhe dando um momento para que a emoção passasse. Quando ele esclareceu a garganta, olhou-o de novo e viu que sua expressão era sombria e decidida. -De todos os modos, Armand esteve de acordo com a visita e fomos na noite seguinte. Mas te posso garantir que ele não nos seguiu. Quando saímos, ele tinha seu braço metido até o ombro no ventre de uma égua e estava tentando desenrolar seu potro que ficou preso no cordão umbilical. Não há maneira de que nos seguisse. Eshe assentiu em silêncio incitando-o a continuar.

-Mesmo se tivesse deixado tudo, se trocado e nos seguido, ele nunca nos teria alcançado. -Por que?- perguntou Bricker.

-Porque assim que saímos da fazenda, as mulheres começaram a falar da possibilidade de viajar a Toronto, enquanto Althea estivesse ficando conosco- disse, e a seguir explicou, -Armand estava em outra fazenda nessa época, assim como nós.


Sua fazenda era naquela época ao nordeste de Londres, a meio caminho entre nossa fazenda e Toronto. Era uma viagem de carruagem muito mais longa do que seria hoje em dia. A idéia de ter que fazer essa longa viagem desde nossa casa em uma data posterior, não me parecia emocionante. Pensei que se nos dirigíamos para lá saindo da fazenda de Armand, cortaríamos metade da jornada. Eshe assentiu com a cabeça ante seu raciocínio. -Assim em vez de ir para o sul, foram para o este, e Armand não teria esperado isso, assim não pode tê-los seguido, a menos que estivesse bem em seus calcanhares. -Exatamente, e confie em mim, não estava diretamente detrás de nós. Inclusive se tivesse deixado à égua logo que saímos do estábulo, teria que ter se limpado um pouco e trocado de roupa para nos seguir. Não estava em nossos calcanhares- repetiu ele com firmeza. -Então, o que é o que se pergunta?- perguntou Eshe em voz baixa.

-Naquela época, foi o fato de que Althea estivesse morta- disse sombriamente. -Ela foi a única vítima no incêndio do hotel. Muitos dos mortais ficaram feridos. Maldição, até Mary e eu nos chamuscamos um pouco, mas Althea foi a única pessoa que morreu e ela era imortal. -Como Thomas conseguiu sair?- perguntou Bricker de repente. -Ele só tinha quatro anos, não é? Deve ter estado com ela. Como...? -Estava conosco- interrompeu William, lhe dizendo o que Eshe já sabia. -Althea disse que ele tendia a causar alvoroço durante o dia e Mary se ofereceu para levá-lo a dormir no quarto conosco, assim ela poderia dormir durante o dia sem ser incomodada.


-O quarto de Althea era junto ao seu?- perguntou Eshe.

William negou com a cabeça, com uma expressão tensa. -O hotel estava cheio, os dois quartos que nos deram estavam em extremos opostos do hotel, um na parte dianteira e a outra na parte traseira, longe da estrada e mais tranquilo. Althea pediu o que estava na parte traseira do hotel para poder dormir durante o dia sem ser incomodada pelo trânsito da rua. Mary e eu não nos importamos em ficar com o quarto que tínhamos, assim o aceitamos. A única coisa que queríamos era ir para cama. A viagem naquele tempo era longa e poeirenta, tinha nos deixado exaustos, então todos fomos para cama cedo. William Harcourt fez uma pausa, e ela suspeitou que estava procurando em suas lembranças quando disse, -Faltavam um bom par de horas antes do amanhecer, quando fomos para nossos quartos. Não demoramos muito tempo para conseguir que Thomas se deitasse e depois Mary e eu dormimos imediatamente. Suspirou. -O fogo aparentemente começou por volta de três horas mais tarde, um pouco depois do amanhecer. Despertamos pelos gritos e com uma fumaça espessa no ar. Saí no corredor para ver o que estava acontecendo, mas era tudo era um caos. A fumaça era densa e os hóspedes do hotel pareciam estar em pânico, lutando para encontrar seus entes queridos e sair. Voltei e fui procurar Mary e Thomas para tirálos do hotel e depois levei um tempo para encontrar um lugar abrigado do sol onde pudessem me esperar. Assim que encontrei um lugar protegido, fui à parte traseira do hotel em busca de Althea. Passei muito tempo procurando entre os hóspedes que andavam aos tombos, perturbados e confundidos. Quando finalmente não pude encontrá-la, pensei que ela devia ter saído e que tinha encontrado um refúgio. Se esse fosse o caso, ela podia estar em qualquer lugar, então levei um tempo para retornar e procurar Mary e Thomas e depois levá-los a outro hotel, e aí retornei para continuar a busca. -Não a encontrou. Bricker manifestou o que era óbvio.


William sacudiu a cabeça. -Não, fiquei olhando até que escutei que alguns homens diziam que o fogo começou no quarto da parte traseira e que estavam tirando uns restos. -O quarto de Althea?- perguntou Eshe.

William assentiu com a cabeça. -E os restos de Althea. Tudo o que restou dela foi a cabeça queimada, mas uma das orelhas ainda estava quase intacta e reconheci o brinco. Era um de um par que eu tinha dado em seu décimo oitavo aniversário. Ele suspirou e novamente passou a mão pelo cabelo. -Pegamos Thomas e nos dirigimos diretamente até Armand para lhe dizer o que tinha acontecido. William a olhou com seriedade enquanto lhe dizia, -Armand não a matou. Não sei se o fogo foi acidental e ela ficou presa, ou o que aconteceu. Mas se foi intencional, não foi Armand quem o causou. Eshe assentiu com a cabeça e começou a afastar-se, mas se deteve quando ele adicionou: -E ele também não matou Rosamund. Ela se deteve e olhou para trás em forma brusca, -Por que não?

-Mudamos a Inglaterra um tempo depois da morte da Althea. Mary não conseguiu aceitar bem a perda e me pareceu que uma estadia na Europa lhe faria bem, embora em realidade não tenha feito diferença, e nos mudamos de novo para esta região só algumas semanas antes que Rosamund morresse. Armand foi muito generoso ao hospedar a Mary e a mim em sua fazenda até que comprássemos a nossa. Estávamos ali quando Rosamund morreu. Minha Mary e Rosamund estavam na casa falando quando Armand e eu fomos até os campos. Estava ajudando-o enquanto ficávamos com ele. Não queria ser um peso- explicou, e logo continuou, -Acho que Rosamund


saiu uma hora depois de nós. Armand e eu trabalhamos no campo a maior parte da noite e nos fomos para casa em torno de dez da noite. Quando um vizinho de Armand chegou a cavalo com a notícia de que tinha encontrado a caminhonete de Rosamund caída na estrada e que ela estava morta. Sua boca se torceu em uma careta de insatisfação quando acrescentou, -Disseram que a caminhonete caiu de mau jeito sobre ela e que foi decapitada. Eshe permaneceu em silêncio, digerindo isso.

-Não posso falar sobre onde estava ele no momento da morte da Annie de Nicholasdisse William de repente. -Mas que me crucifiquem se não tenho certeza de que ele não a matou, e sei muito bem que não matou a Susanna. Ninguém mata sua companheira de vida- disse William em forma contundente. -Obrigada - disse Eshe com sinceridade, aliviada por suas revelações.

William assentiu com a cabeça, depois se virou e foi para a parte traseira do celeiro, deixando que eles saíssem do edifico por sua conta. -Acho que Armand não é suspeito- comentou Bricker enquanto se dirigiam à porta aberta do celeiro. -Sim- disse Eshe, respirando livremente pela primeira vez desde que se deu conta de que não podia ler Armand Argeneau. Sentia como se tivesse tido uma corda apertada ao redor de seu peito com essa revelação. Encontrar um companheiro de vida era uma coisa impressionante... exceto quando existia a possibilidade de que ele fosse um maldito assassino e pudesse perdê-lo quase tão rápido como o tinha encontrado. -Então, alguma vez se encontrou com o Armand antes disto?- perguntou-lhe Bricker, e depois assinalou, -Quero dizer, há quanto tempo conhece Lucian? -Toda minha vida -murmurou ela.


-Certo. Então, como é que nenhuma vez conheceu Armand?

Eshe fez uma pausa para colocar o capacete quando chegaram à porta do celeiro. Lucian era amigo de meu pai e nos visitava de vez em quando. Sempre vinha a África, uma vez cada cinquenta anos ou algo assim, enquanto meu pai era vivo, mas suas visitas foram menos frequentes depois disso, e ele sempre estava sozinho. Então, quando mudei para o Canadá há aproximadamente um século...- Ela se encolheu de ombros e começou a cruzar o pátio para suas motocicletas. -Não fui muito sociável desde que Orion, meu primeiro companheiro de vida, morreu. Eu era muito reservada. Encontrei-me de passagem com Marguerite uma ou duas vezes e com alguns de seus filhos. Thomas me entregava sangue de vez em quando, e conheço todos os familiares estão envolvidos na caça de renegados, incluindo Nicholas antes de que se convertesse em um renegado, mas além disso...- Ela se encolheu de ombros. -Hmm- murmurou Bricker, e meneou a cabeça. -Então se Lucian não tivesse te enviado neste caso é possível que nunca tivesse encontrado Armand. É estranha a vida, não é? -Sim- concordou Eshe em voz baixa, enquanto passava uma perna por cima de sua motocicleta. -Muito estranha às vezes. -A boa notícia é que agora pode seduzir Armand sem culpa e sem se preocupar por estar fazendo Hoochie-coo com um assassino- disse Bricker alegremente. -Hoochie-coo?- perguntou ela assombrada. -Está tentando fazer com que te chute o traseiro de novo, Bricker? Ele sorriu e simplesmente ligou sua motocicleta, o rugido do motor fez que a conversa fosse impossível.


Sacudindo a cabeça, Eshe ligou sua própria máquina, mas suas palavras ressonavam em sua cabeça. Agora ela podia seduzir Armand sem culpa. Essa era a melhor noticia que tinha tido em muito tempo. Passaram pela casa de John e Agnes Maunsell no caminho de volta à fazenda, mas além do fato de que agora estava completamente escuro e não havia luzes acesas na casa, e o carro e a caminhonete também não estavam. -Parece que os perdemos- disse Bricker sobre o rugido de seus motores, quando eles pararam no caminho de saída. -Vamos tentar mais tarde, ou talvez amanhã- decidiu ela.

Bricker assentiu com a cabeça e acelerou seu motor. -Vamos apostar uma corrida até a fazenda.

Capitulo 8

Armand guardou os bifes que tinha comprado no mercado da cidade, e depois se dirigiu à porta da cozinha e olhou no corredor à porta do pátio dianteiro. Ainda não havia sinais de Eshe e Bricker. Franzindo o cenho, dirigiu-se de novo às sacolas de comida que tinha colocado na mesa e tirou as batatas e as cebolas. Uma vez que estes também foram guardados, retornou de novo à porta da cozinha para olhar no corredor para o pátio dianteiro. Nada. Ainda não havia sinais do Eshe e Bricker. Armand se moveu de novo até a comida.


No final da madrugada ele tinha terminado todas as tarefas e se retirou para sua cama no início da manhã. Armand estava esgotado o suficiente para dormir em vez de permanecer ali cobiçando Eshe... que era exatamente o que esperava. Entretanto, seu cansaço não lhe impediu de ter os sonhos eróticos compartilhados que os imortais tendem a desfrutar. Armand suspirou ao recordar alguns desses sonhos. Se Eshe tivesse a metade da luxúria que demonstrou nos sonhos, não acreditava que alguma vez fosse capaz de afastá-la. E mais, entre estes sonhos, a completa falta de sono no dia anterior, o dia de trabalho e a tarde que tinha tido, Armand tinha dormido durante todo dia e toda noite. Já tinha passado das cinco da tarde quando por fim tinha despertado. Ele tinha descido até o andar de baixo, preocupando-se em como iria lidar com Eshe, só para descobrir que isso não era uma preocupação. Nem ela nem Bricker estavam ali. Uma verificação rápida do local tinha demonstrado que suas motocicletas não estavam ali, mas seus quarto ainda tinham suas coisas, então concluiu que com o tempo iriam voltar. Saber disso tinha deixado Armand aliviado, o que era estranho, já que ele tinha estado preparado para enviar Eshe a outro lugar na noite anterior. Muito faminto para se preocupar com seus próprios sentimentos confusos, Armand olhou dentro do refrigerador e em seguida nos armários em busca de comida. O problema de estar comendo outra vez era que uma vez que se começa, o estômago tende a exigir continuidade. Sem perceber, ele tinha estado tanto tempo sem comer, que não havia muito para escolher em sua cozinha. Parece que a Sra. Ramsey tinha utilizado todo toucinho para cozinhar no dia anterior, e mesmo ainda havendo ovos e torradas, ele não tinha nem idéia de como cozinhá-los. Depois de uma breve divagação, Armand tinha ido ao restaurante para comer. No final, acabou sendo uma escolha mais proveitosa. Armand tinha encontrado um substituto para Paul enquanto estava no restaurante. Tinha acontecido antes de sua


comida chegar. A pessoas nas pequenas cidades eram um grupo muito unido e corria a notícia de que seu encarregado anterior tinha sido obrigado a deixar o serviço em virtude de assuntos familiares, provavelmente pelo que tinha informado a senhora Ramsey. Armand apenas se sentou em uma cadeira em sua mesa, quando dois homens de outras mesas tinham se aproximado e, após se apresentarem, disseram que tinham ouvido falar de seu problema e sabiam de uma solução perfeita. Parecia que um de seus vizinhos tinha um filho adulto que tinha estudado agricultura na universidade e estava de visita na fazenda da família pensando em ajudar seu pai ou em iniciar seu próprio negócio. Seu pai ainda estava na faixa quarenta anos e suficientemente jovem para cuidar da fazenda sem a ajuda do filho, e sem dúvida continuava pensando que o jovem era um menino e o tratava como tal. Os homens sugeriram que seria melhor para o rapaz se ele fosse ajudar Armand na gestão de sua fazenda. Proporcionaria mais experiência ao rapaz e o prepararia para quando se dispusesse a cuidar da fazenda de sua família ou comprar uma para si mesmo. Desejoso de ter um encarregado para que pudesse passar algum tempo com Eshe, Armand tinha aceitado conversar com o jovem. Nem bem havia concordado com isso quando o rapaz apareceu caminhando no restaurante. Parece que alguém o tinha chamado e dito que aparecesse no restaurante antes mesmo que os homens se reunissem com Armand em sua mesa. Depois de dez minutos de falar e ler ao jovem Jim Spencer, Armand o tinha contratado. Seu problema estava resolvido, Jim Spencer estava radiante de orgulho e com vontade de começar, especialmente depois que soube que ia ficar na casa do encarregado, sua primeira moradia fora de casa, e Armand terminou de comer muito satisfeito de si mesmo.

Estava tão satisfeito consigo mesmo que quando viu a fachada do mercado, decidiu entrar e comprar um pouco de comida para sua mulher e Bricker, e isto foi um inferno de uma experiência. A comida não se parecia em nada como na última vez que tinha comido. Armand tinha vagado pelos corredores lançando um pouco de tudo


o que lhe chamou a atenção no carrinho de supermercado, e um monte de coisas tinham chamado sua atenção. As embalagens, na verdade, faziam com que tudo parecesse absolutamente delicioso. Nem sequer tinha certeza do que era a metade das coisas que tinha escolhido, e muito menos a forma de cozinhá-las, mas tinha partido com a parte traseira de sua caminhonete cheia de comida e ainda satisfeito consigo mesmo foi direto para casa para verificar que Bricker e Eshe ainda não tinham chegado. Foi então que começou se preocupar. Armand pensou que deveria ter se preocupado quando descobriu que eles tinham saído, mas provavelmente sua fome e sono tinham afetado seu pensamento. Entretanto, já tinha comido e estava acordado quando chegou em casa, e depois lhe ocorreu que Eshe era uma mulher procurada e sua ausência poderia significar que estavam em problemas. Armand estava tão preocupado que ligou para Lucian. Entretanto, Lucian não se preocupou em nada. Lucian disse que aproveitou que estavam na região e lhes enviou para fazer perguntas de alguém que viveu nas cercanias, relativas a um caso no qual alguns de seus executores estavam trabalhando. Armand então deixou de se preocupar, mas ainda estava chateado. Eles poderiam pelo menos ter deixado um maldito aviso para que ele não se preocupasse com eles, pensou com irritação enquanto tirava uma lata manteiga batida (chantily) da sacola e a olhou com curiosidade. Ele sabia o que era manteiga, tinha algumas vacas leiteiras. Armand até tinha consumido manteiga na Inglaterra, quando Susanna estava viva, mas tinha sido manteiga em pão-doce quente e suave com as conservas. Nunca tinha ouvido falar de batê-la, apesar de sua irritação, encontrou-se curioso. Sempre tinha desfrutado da manteiga de leite. Apoiado na mesa, abriu a tampa e olhou o conteúdo, uma espécie de tubo branco com a ponta dentada como presas curvas para o centro. Muito estranho. Nunca tinha visto nada igual. Armand abriu a mão, a palma para cima, e a ponta do recipiente


sobre ela, mas não saiu nada. Franziu o cenho e olhou de novo o estranho tubo, perguntava-se se não ia demorar muito para a manteiga sair. Encolhendo-se de ombros, pegou o tubo de plástico com a intenção de tentar dobrálo, mas deixou cair o frasco quando começou a fazer um ruído e algo úmido golpeou sua mão. Armand olhou a lata, agora em silêncio no piso, logo a seu lado, levantou as sobrancelhas quando viu a substância branca alí. Levou a mão ao nariz e a cheirou. Tendo em conta o delicado aroma, ele lambeu a substância espumosa, sorrindo quando o sabor familiar preencheu seus sentidos. Era um pouco diferente da manteiga de leite, recordou. Isto era doce e leve, mas era bom. Lambeu o resto de sua mão, pegou o tubo de novo e brincou com ele, pressionando na ponta, até que descobriu como funcionava. Armand logo colocou um pouco mais em sua mão e lambeu. Estava a ponto de repetir a ação, quando decidiu mudar a abordagem, simplesmente abriu os lábios, jogou a cabeça para trás, e jogou a manteiga batida diretamente na boca. Isto era bom. Delicioso. Maldição, não tinha percebido que estava perdendo algo tão delicioso. -OH, cara, eu pensava que era o único que fazia isso.

Armand se endireitou e se voltou com ar de culpabilidade para a porta para ver Bricker encostado lá. Um batimento de coração mais tarde e o imortal tropeçou na cozinha, empurrado para fora do caminho por Eshe, que esperava a entrar. O alívio transpassou Armand no momento em que ele a viu sã e salva. Foi seguido bruscamente pela ira. Engoliu a manteiga batida e franziu o cenho para eles. -Onde diabos estavam? Eu fiquei muito preocupado de que tivessem encontrado Leonius ou algo assim. Até liguei para Lucian. Vocês poderiam ter deixado um maldito aviso,


assim não me preocuparia.

Eshe e Bricker se olharam e depois Eshe se aproximou dele. -Sinto se o deixei preocupado. Deveríamos ter deixado um aviso. -Sim, vocês deveriam- concordou com gravidade, olhando para ela quando parou frente a ele. -E ainda não me disseram onde estavam. Em vez de responder, inclinou-se para ele. Armand se congelou enquanto ela lambia um pouco de manteiga batida de seu lábio inferior. -Mmmm- murmurou com prazer e logo chupou o lábio inferior na boca, limpou a fundo a substância doce antes de colocar a língua entre os lábios para lhe dar um beijo corretamente. Armand seguia ali atônito quando ela rompeu o beijo e moveu os lábios até seu ouvido para lhe sussurrar, -Isso é bom. Doce e cremoso, misturado com seu sabor. Me dá vontade de colocá-lo por todo seu corpo e lambê-lo para tirá-lo. Armand esqueceu a questão de onde tinham estado, engoliu em seco, e depois grunhiu, -Quando? Eshe riu entre dentes com voz rouca e disse na orelha. -Agora.

Depois deu um passo para trás, deu o que estava acostumado a chamar um olhar insinuante e se voltou para sair da cozinha. -Bom- disse Bricker rapidamente quando Eshe desapareceu de vista. -Vou fazer o jantar enquanto os dois estão ocupados, de acordo?


Armand olhou para o homem com surpresa quando a manteiga batida foi retirada repentinamente de sua mão, e murmurou, -Eshe quer isso. Visões em sua mente dela espalhando com deleite a espuma por todo o corpo e lambendo-o e mordiscando, fez com que tentasse pegar a manteiga de novo. -Armand, amigo- disse Bricker, afastando a manteiga para fora de seu alcance. -Eshe quer você, a manteiga batida é só uma desculpa. E a julgar por minha experiência com Decker e Mortimer quando encontram suas companheiras de vida, vocês dois não terão paciência para usar o spray, quanto mais lambê-lo. Acabará ficando no criado mudo e talvez até estrague enquanto os dois estão ocupados. Por que desperdiçar uma lata de manteiga batida?- adicionou secamente. -Agora, se apresse vá atrás dela. Se há uma coisa que sei sobre Eshe D'Aureus é que ela não é uma mulher muito paciente e ela te espera... provavelmente nua neste momento. Armand olhou para a manteiga batida por um momento, as palavras sensatas de Bricker lentamente perfuraram sua luxúria e empanaram seu cérebro. Ele não conseguiu pensar em mais nada, deu meia volta e saiu da cozinha. Ele encontrou a jaqueta de couro de Eshe no chão da sala na base da escada e a pegou rapidamente em seu caminho escada acima. Suas calças de couro estavam no andar superior e ele a pegou também antes de passar e recolher seu top de couro que estava na porta de seu quarto. Armand se endireitou após recolher o top e parou na porta com a vista de Eshe apoiada no poste mais próximo de sua cama com dossel. Não usava nada mais que um par de meias de seda branca e um sutiã branco sem alças. Um que lembrou de sua compra da noite anterior na cidade. Seu olhar se deslizou sobre seu corpo, tomando nota de suas longas pernas bonitas, seus quadris sensuais, a curva de sua cintura, e depois as curvas de seus peitos perfeitos saindo do sutiã, antes de chegar a seu rosto.


Seus olhos estavam em chamas, chamas de ouro mais fortes que as manchas de negro em geral. -Pensei que você pudesse terminar de me despir- disse com voz rouca.

Armand empurrou a porta do quarto fechando-a, deixou que a roupa caísse no chão e cruzou o espaço que os separava rapidamente. Eshe ficou sem fôlego e estremeceu de emoção quando Armand a abraçou, estavam de repente ali, seu corpo junto ao dele, pressionando as costas contra o poste da cama quase dolorosamente. Ela esperava tê-lo distraído de suas perguntas a respeito de onde tinham estado, e ao que parece tinha conseguido. Obviamente tinha se esquecido da pergunta e também de se preocupar muito quando sua boca descendeu sobre ela. Armand Argeneau era um inferno de beijador. Eshe retraiu seus dedos dos pés no tapete em que estava parada quando sua boca se inclinou sobre a dela, mordendo e chupando em um primeiro momento o lábio superior e depois mais abaixo. Quando sua língua finalmente se deslizou para se unir à boca, a mulher gemeu com prazer e se abriu para ele, com as mãos agarrando brevemente a parte dianteira de sua camisa, percebeu que seus braços se deslizavam ao redor de seus ombros e aprofundava os dedos no cabelo. Tinha o cabelo bonito e sedoso, e Eshe brincou com ele e puxou enquanto suas mãos começavam a se mover sobre seu corpo. Elas seguiram a curva de suas costas, pressionando-a mais contra ele antes de deslizar para baixo para desabotoar seu sutiã de seda e a impulsionar contra a ereção crescente pressionando contra sua calça jeans. Eshe gemeu pela dureza golpeando contra ela, e então conteve o fôlego quando suas


mãos conseguiram finalmente abrir o sutiã. Um momento depois a peça de tecido se afastou caindo ao chão e ele deu um passo atrás para pôr o espaço entre eles. Suas mãos estavam imediatamente substituindo a seda, cavando seus peitos nus e alternativamente amassando os seios redondos e beliscando com entusiasmo seus mamilos eretos. Eshe estremeceu ao sentir o contato quente de sua pele na sua, seu corpo instintivamente pressionando na carícia de suas mãos, depois começou a tirar sua camiseta, tirando ela fora de suas calças para que pudesse tirá-la por cima, deixando ao descoberto seu peito. Armand parou o beijo e acariciou seus braços para que pudesse tirá-la, mas em lugar de beijá-la outra vez, baixou a cabeça para reclamar um de seus mamilos entre os lábios ansiosos. Seus dentes raspando na ponta antes que sua língua se prodigalizasse com atenção. -Sim- respirava Eshe, passando suas mãos sobre a extensão das costas ao seu dispor quando ele se inclinou para seu peito, e depois cravou suas garras e arranhou através de sua pele perfeita enquanto deslizava uma mão entre suas pernas. Imediatamente colocou as pernas um pouco mais longe, ao sentir o entusiasmo quando o prazer começou a crescer em ondas dentro dela. Ela sabia por experiência que os imortais tinham prazer compartilhado, e agradeceu a Deus por isso quando as ondas rodaram sobre ela, mais forte a cada passo. -Armand- gritou Eshe, jogando a cabeça atrás, quando ele colocou sua calcinha de lado para introduzir um dedo no centro dela. Ela ofegou por ar e ficou sem fôlego, Não posso... Preciso. -Eu também- grunhiu Armand, levantando-se para reclamar sua boca e com o dedo continuou com sua magia. Desesperada por sentí-lo dentro dela, Eshe começou a trabalhar às cegas em seu


cinto e nos botões de sua calça. Conseguiu abrir e empurrou para baixo as calças com impaciência até que a ereção dele escapou. Em seguida, segurou o eixo com a mão e ficou imóvel com a rajada incrível de emoção que correu por ela, saltando avassaladoramente dentro dela e quase a empurrando ao orgasmo. -Cristo- disse Armand entre dentes enquanto rompia o beijo. Olhou ela no rosto brevemente e sacudiu a cabeça. -Não posso esperar. -Não espere- disse Eshe simplesmente, sabia exatamente como se sentia.

Era tudo o que teve que dizer. Armand imediatamente a girou ao redor do poste da cama e deitou as costas dela na cama, seu corpo a seguindo. Desceu na parte superior dela, beijando a boca dela uma vez mais, e depois tocou seus quadris e penetrou em seu interior. Ela ainda usava sua calcinha, só a parte de tecido entre suas pernas estava empurrado para o lado, e ele ainda tinha sua calça ao redor de seus quadris, mas nenhum deles estava disposto a gastar tempo para eliminar os peças. Na próxima vez poderiam tentar completamente nus, na primeira vez tinham que apagar o fogo ardendo dentro dos dois, e assim o fizeram a uma velocidade quase impressionante. Não pareceu a Eshe que ele tivesse se introduzido e se retirado nela mais do que três ou quatro vezes antes de que ambos gritassem com a ardente paixão e depois desmaiassem. Eshe acordou lentamente mais tarde nesse dia para se encontrar sozinha na cama. Imediatamente despertou e ficou chateada, sentou-se e olhou a seu redor procurando sua roupa. Ela tinha toda a intenção de se vestir, caçar Armand Argeneau, e lhe dizer o que pensava. Uma rapidinha não era uma idéia aceitável. Embora a urgência e a velocidade da primeira vez tivessem sido inevitáveis, sair às escondidas logo depois era... -Você parece chateada.


Eshe piscou e olhou a seu redor, sua ira se desinflou quando viu Armand saindo do banheiro, o cabelo ainda molhado da ducha e vestindo só uma toalha ao redor da cintura. Um lento sorriso veio aos lábios, Eshe colocou seus pés no chão e se sentou no lado da cama enquanto se aproximava. -Tomou banho- disse com voz rouca quando parou frente a ela.

-Hmm- sorriu Armand. -Tentei te despertar quando acordei, mas seu sono estava muito pesado, assim tomei uma ducha em vez de abusar de você. -Na próxima vez, abuse de mim- sussurrou Eshe brandamente, suas mãos se estenderam instintivamente para a toalha na cintura. Ela deslizou seus dedos entre a toalha e sua pele e a utilizou para lhe abraçar mais perto, com seus olhos fixos em uma gota de água escorregando pelo peito quando ela abriu as pernas e puxou ele entre elas. -Eu...- O que ele ia dizer terminou em um som de assombro quando Eshe se inclinou para frente e pegou a gota de água escorregando com sua língua. Ela fechou os olhos quando um raio de emoção passou através dela e estremeceu pelo prazer que tinha experimentado, depois abriu os olhos para contemplar seu peito com avidez. Ao que parece, ele não tinha se secado, simplesmente saiu da ducha e envolveu a toalha ao redor dos quadris. Ela tinha um campo de gotas de água para escolher. Quem precisa de manteiga batida? -Eshe- disse ele quando ela começou a lamber e mordiscar as gotas a distância. Gemendo, deslizou seus dedos em seu cabelo, segurando atrás de sua cabeça enquanto sua boca viajou até o peito. Quando chegou no peito e parou em seus mamilos para dar uma atenção especial, ele usou os dedos apertados no cabelo e a obrigou subir à cabeça até que pudesse lhe dar um beijo.


Eshe permitiu isso, mas depois se afastou um pouco e correu um dedo ligeiramente sobre os lábios inchados quando ela disse, -Você deveria ter tentado me acordar com um pouco mais de vontade. Eu poderia ter ensaboado você. Armand grunhiu e tentou beijá-la, mas ela o manteve longe, virando o rosto para evitar seus lábios e adicionou, -Agora acho que terei que me ensaboar sozinha. Rindo de sua expressão, ela saiu de seu controle e se dirigiu para o banheiro, consciente de que seus assombrados olhos se centraram atrás dela. Podia sentir que queimava através da roupa intinma branca, indo até sua carne enquanto caminhava. Parando na porta do banheiro, olhou por cima do ombro e sorriu. -A menos que você queira me ensaboar? No momento em que ele começou a avançar, ela riu e entrou no banheiro. Eshe conseguiu tirar sua calcinha e abrir a ducha antes que ele a alcançasse. Quando ela se aproximou rapidamente da ducha de água para evitar que ele a detivesse, ouviu a toalha cair no chão e então ele se uniu aela. Ela conseguiu pegar o sabão da saboneteira, mas então ele a pegou pelos braços e a girou na água para que ficasse de frente para ele. Eshe lhe ofereceu o sabão, esperando que ele o deixasse de lado, mas em vez disso, ele a soltou, pegou o sabão e começou a fazer espuma. Só então Armand colocou o sabão de lado. Quando se virou, utilizou as mão ensaboadas para começasr o serviço por seus peitos. Eshe riu e gemeu quando ele começou a ensaboar seus braços, pressinando e fazendo círculos ele pressionaou as costas dela contra os frios ladrilhos da ducha. Eshe fechou os olhos e suspirou, desfrutando do contraste do frio nas costas com o calor de seu corpo na frente, e depois suas mãos de repente deixaram seus peitos.


Abriu os olhos com surpresa ao descobrir que ele tinha recolhido o sabão de novo para fazer mais espuma. Desta vez, quando ele a pôs de costas, suas mãos foram aos seus lados, deslizando para cima e para baixo e em seguida sobre seu estômago antes de descer para encontrar os quadris. Quando uma mão deslizou entre suas pernas para abrí-las mais, mordeu-se o lábio e se girou para ele, ficando boquiaberta quando a mão se levantou para encontrar o centro dela. Eshe se segurou em seus ombros, cravando suas unhas nele enquanto ele a acariciava. A emoção chegou quase tão rápido nesta ocasião como tinha feito na primeira, saltando entre eles forte e avassaladora, e Eshe estava achando que provavelmente não chegariam a ir devagar por um tempo quando Armand então retirou sua mão. Ela piscou com os olhos abertos, observando que estava respirando tão forte como ela, e logo deu um chiado de surpresa quando de repente a virou em direção à água, o que lhe permitiu lavar o sabão que acabava de espalhar sobre ela. Ela tinha fechado os olhos no momento em que a tinha girado na água, mas sentiu que seu braço tocou seu ombro ao chegar a suas costas. Quando a água de repente se afastou dela, ela abriu os olhos para olhar a seu redor e viu que ele tirou jato de água do suporte e o trouxe para baixo na longa mangueira. -Tenho que limpar todo o sabão- grunhiu em uma explicação, mas o brilho de prata nos olhos lhe advertiu que estava fazendo algo. Entretanto, ela não estava preparada quando de repente inundou a ducha entre suas pernas para enxaguar o sabão dali. Tampouco se preparou para a resposta de seu corpo pelo jorro forte de água contra seu centro de excitação. Eshe gritou e se aferrou a seus braços para se manter em pé enquanto seu corpo respondeu a esta nova carícia. Não era a única afetada. Armand tinha apertado os olhos fechados e estava chiando os dentes ao experimentar seu prazer inesperado.


Ficaram completamente imóveis por um momento enquanto a água massageava seu corpo, e justo quando Eshe não acreditava que podia suportar mais, ele amaldiçoou e deixou cair a mangueira, a apanhou nos braços, chutou a porta da ducha para abrir e a levantou. Eshe agarrou uma toalha quando ele se virou para fechar a água. Ela se maravilhou pela maneira com que suas mãos tremiam ao levantar o tecido pesado, mas nunca teve a oportunidade de se secar. A toalha caiu quando Armand se voltou e a levou para fora do banheiro, deixando um rastro de água pelo caminho enquanto a levava a cama. Armand a pôs no colchão, mas quando começou a deitar sobre ela, ela conseguiu surpreendê-lo e colocar a ele com as costas no colchão. Eshe então se sentou sobre ele. Ela sorriu com sua expressão de surpresa, mas quando ele tentou puxá-la para baixo, ela colocou a mão entre eles e pegou sua ereção com firmeza. Ele ficou imóvel de repente, com os olhos fechados e apertados levemente. Eshe cerrou os dentes contra o prazer de apertá-lo quando ela o segurou e depois se sentou rapidamente a seu lado para pôr sua atenção completamente em sua ereção. Começou simplesmente o tocando, passando a mão sobre a longitude de seu eixo, mas depois se inclinou para levar-lhe à boca, pequenos gemidos saíram de sua garganta e vibravam ao redor de seu eixo quando ela experimentou o prazer que lhe estava dando.

Eshe ofegou e quase o mordeu pela surpresa quando Armand de repente a segurou por uma perna e a atraiu até seu corpo, de modo que pudesse lhe agradar como ela o estava fazendo. A combinação foi muito excitante para que qualquer um deles suportasse muito tempo e então foram gritando e agarrando um ao outro quando seu entusiasmo mútuo novamente os afligiu, empurrando-os para a escuridão esperada pelos novos companheiros de vida quando fazem amor.


Capitulo 9

Eshe estava estirada na cama e alcançou Armand instintivamente. Era algo que tinha feito várias vezes na noite, ao menos nos momentos nos quais ele não despertou para alcançá-la, acariciando-se e beijando-se ao despertar para se unirem de novo. Desta vez, entretanto, em lugar de seu corpo quente, sua mão encontrou somente lençóis. Estava sozinha na cama. Eshe abriu seus olhos amplamente ante o vazio da cama e deixou escapar um suspiro de decepção. Ao que parece, o tempo de diversão tinha terminado, mas pensou que era melhor assim. Não podiam ficar na cama para sempre. Ele tinha uma fazenda para cuidar e ela tinha trabalho a fazer para salvar seu filho da execução por algo que ele não poderia ter feito. Recordando o que tinha que fazer, Eshe levantou as cobertas e se levantou para ir ao banheiro. Tomou uma ducha rápida, ignorou as lembranças de sua última ducha, quando tentaram se levantar e se escovou os dentes, brincou com seu cabelo e foi ao para se vestir-se. A casa estava totalmente em silêncio quando saiu no corredor. Eshe imediatamente se dirigiu ao quarto de Armand. Estava vazio, mas ela já esperava isso e então olhou a seu redor, e se dirigiu ao closet e ao refrigerador que estava escondido ali. Armand tinha mostrado onde se encontrava o refrigerador em um momento da noite passada quando finalmente percebeu que estavam com grande necessidade de sangue. Também tinha feito uma viagem até o andar de baixo em busca de comida uma vez que despertou, para comer Cheerios (pequenos biscoitos de aveia e mel em forma de anéis) sobre seu corpo nu, colocando os anéis de maneira estratégica em seus


mamilos e depois chupando e mordiscando para retirá-los. Eshe não tinha sido acordada dessa maneira em muito tempo, mas durante a noite, tinha desejado que os anéis fossem maiores, para poder jogar o mesmo jogo com ele, só que não em seus mamilos. Eshe tomou quatro bolsas de sangue antes de sentir-se satisfeita. Deixando o quarto de Armand, dirigiu-se para as escadas, vendo pela janela que ainda estava escuro lá fora. Sabendo disso, não se surpreendeu ao encontrar Bricker ainda na cozinha, tomando um café na mesa com um papel na mão. Eshe olhava dele para as latas de lixo e lhe perguntou: -Ouvi você mencionar algo a respeito de preparar o jantar antes de subir para o quarto? Bricker olhou a seu redor surpreso por sua chegada, mas disse, -Sim, Guisado cozido, então eu comi... e de novo no dia de antes de ontem, antes de ir para cama-adicionou secamente. -É Sábado, Eshe. Vocês dois dormiram bem até sexta-feira... Ou talvez não tenham dormido? Segundo o que vejo- brincou.

-Sábado?- Perguntou com surpresa e depois fez uma pausa para pensar nisso, supôs que não devia se surpreender que tivesse passado muito tempo. Ela e Armand tinham estado algo assim como... ocupados. Ao perceber que Bricker a olhava com uma sobrancelha levantada, encolheu-se de ombros. -Acho que precisávamos dormir. Bricker riu com diversão e depois soando invejoso disse: -Certo. Era o que realmente precisavam... depois foram transar. Dormiram, acordaram, transaram de novo, voltaram a dormir e acordaram para transar outra vez. Provavelmente perdeu a conta.

-E deveria contar?- Eshe perguntou, arqueando uma sobrancelha.


Bricker voltou a sorrir, mas ela já estava em movimento rumo a geladeira para ver que tinha para comer. Seus olhos se abriram ante o conteúdo do refrigerador. Armand comprou muito. -Sim.- Bricker riu. -E a maioria é comida politicamente incorreta. Devia estar com fome quando comprou. Eshe assentiu com a cabeça, enquanto observava os diferentes alimentos com mais atenção. -Então, tem algo bom aqui? -OH, sim- Bricker lhe assegurou, antes de ir até seu lado e olhar o conteúdo. -Um monte de coisas saborosas. Embora nem todas sejam nutritivas para você. Mas acho que isso não é motivo de preocupação para nós. Obtemos nossos nutrientes do sangue. Ele se inclinou junto a ela e abriu a porta do congelador e pegou uma caixa alaranjada. -Isto é strudel de maçã e é delicioso, só coloque um minuto na torradeira. -Obrigada- murmurou Eshe, pegando a caixa. Foi até amesa onde ficava o aparelho onde a Senhora Ramsey tinha torrado o pão no dias antes. Quando começou a colocar os pedaços com a embalagem, Bricker foi até ela e segurou a comida para ela.

-Vou fazer isto enquanto você serve o café- sugeriu.

Eshe murmurou um 'obrigado' de novo e se moveu para encontrar um copo e servir um café para ela mesma. -Então, o que disse à senhora Ramsey para explicar nossa ausência? Ela esteve aqui ontem, ou não era ela? -Era ela- disse Bricker com secura. -E não tive que lhe dizer nenhuma maldita coisa, ela ouviu que vocês não estavam ausentes.


-OH- disse Eshe, desconcertada.

Bricker soprou com diversão. -Mulher, você tem um pulmão forte. Ele negou com a cabeça. -Armand também não ficou para trás. Era como escutar ópera. Não entendia nenhuma palavra, mas sabia exatamente que estava acontecendo. -OH- disse Eshe de novo, não de todo segura de como reagir. Pensou que deveria estar envergonhada, mas realmente não se sentia envergonhada. Supôs que era muito velha para experimentar essa sensação. Em troca, só sentia uma espécie de calor difuso ao recordar tudo o que tinha provocado a ópera. -A senhora Ramsey esteve preocupada algumas vezes, entretanto- disse-lhe e depois acrescentou com um sorriso, -As duas vezes que vocês ficaram quietos. Fez com que eu subisse e comprovasse se tudo estava bem antes de ir embora no final do dia. Estava tranquilo de novo e ela queria ter certeza de que não tinham morrido. -Você foi nos comprovar?- perguntou Eshe com surpresa.

-Bom, não abri a porta- disse Bricker secamente, abrindo a caixa e tirando dois pastéis retangulares de uma espécie de papel celofane. Quando os pôs na torradeira acrescentou, -Não foi necessário. No momento em que cheguei no degrau mais alto, pude escutar os roncos. Dei a volta e desci para lhe assegurar que os dois estavam bem e que ela devia ir para casa. Eshe assentiu com a cabeça.

-Devo te advertir, seus olhos brilhavam e não podia espera para sair daqui. Tenho certeza de que foi rapidamente ao mercado ou para jantar e espalhar a notícia. Suas travessuras são provavelmente a fofoca da cidade agora.


Eshe se queixou pela sugestão, pensando que comeria no restaurante enquanto estivesse aqui. A última vez tinha sido bastante ruim. Agora... bom, ela não estava acostumada a ficar ruborizada na sua idade, mas tinha certeza que seria a refeição mais incômoda de sua vida. Suspirando, tomou um gole de café e fez uma careta ante o sabor amargo, voltou-se para abrir o refrigerador e procurou o leite. O café da manhã que senhora Ramse preparou foi muito mais agradável, mas ela tinha posto leite e dois cubos de açúcar. Eshe colocou um pouco de leite e depois pôs o recipiente na geladeira e começou a procurar a pequeno pote de cubos de açúcar. -Falando da senhora R- disse Bricker do nada, -Ela mencionou que Armand contratou alguém para substituir o antigo encarregado. Eshe o olhou com surpresa -Contratou? Quando?

-Enquanto estávamos questionando Harcourt. Suponho que foi ao restaurante para jantar e ali contratou um novo homem. Ela disse que ele é filho de um de seus vizinhos. Um bom menino. Trabalhador. Armand nos apresentará a ele a qualquer momento. -Hmmm- Eshe sorriu. -Isso significa que teria mais tempo livre e que poderia... .

-Que diabos está procurando?- Perguntou Bricker quando ela começou a procurar através dos armários. -Açúcar- murmurou.

-Aqui. Bricker pegou um prato de pequenos cubos brancos e ofereceu a ela, perguntando. -Então Qual é o plano para hoje?


Eshe o olhou fixamente por um momento antes de perceber que não estaria levando Armand para cama. Tinha um trabalho por fazer. Sacudindo a cabeça para tentar esclarecer seus pensamentos, murmurou seu agradecimento pelo açúcar, alcançou o prato e colocou dois cubos no copo. Encontrou uma colher para mexer sua bebida enquanto tentava lembrar o que devia fazer hoje. Bom, o que devia fazer ontem, já que tinha perdido um dia, enquanto ela e Armand estavam na cama. -Ainda temos que fazer perguntas aos irmãos de Susanna- disse Eshe finalmente, aliviada apesar de tudo. Este assunto de companheiro de vida realmente era um desastre para a cabeça de um imortal, e não totalmente no bom sentido, decidiu. -Não vai acontecer- anunciou Bricker e quando lhe deu um olhar duvidoso, explicou, -Passei-me pela fazenda dos Maunsells ontem à noite e novamente esta noite. Somente com cinco minutos de diferença. Nas duas vezes não houve resposta. Estou começando a pensar que desapareceram ou algo assim. -Foi lá sozinho?- Perguntou com surpresa.

Bricker fez uma careta de desgosto. -Mandaram-me aqui para te ajudar Eshe. Você estava ocupada com outra coisa, então pensei em ir lá eu mesmo. Entretanto, como já disse, não estavam em casa. O arqueou as sobrancelhas. -Há alguém mais a quem pode perguntar? Eshe examinou a questão, mas negou com a cabeça. -São as únicas pessoas que Armand mencionou para explicar a morte de suas esposas. -E sobre a família de Rosamund?- Perguntou Bricker.

Eshe o olhou com surpresa. Ela nem sequer tinha considerado a família de


Rosamund, mas agora o fez, e negou com a cabeça. -Duvido que estivessem por perto quando ele estava com Susanna. -Por que não? Os Harcourts se foram- assinalou Bricker. -Como ele disse que conheceu Rosamund? -Disse que eram amigos antes de se casarem- Disse Eshe lentamente, recordando suas palavras. -Amigos?- Bricker perguntou, levantando uma sobrancelha. -Ela tinha o que? Vinte anos quando morreu? -Vinte e um acredito- murmurou Eshe.

-E se casaram um ano antes, por isso tinha vinte anos. Levantou a outra sobrancelha.

-E eram amigos? Como?- Bricker negou com a cabeça. -Aposto que era amigo de seus pais, assim como no caso de Althea. Eshe suspirou, irritada consigo mesma porque não tinha pensado em perguntar a respeito da família de Rosamund. O que poderia ter acontecido na vida de Armand antes de se casar com Rosamund. Poderia ser capaz de lhe dizer algo importante? Era claro que sem dúvida valia a pena descobrir. Bricker lhe deu uma palmada e depois fez uma pausa para perguntar, -Sei que é quem manda aqui, mas posso fazer uma sugestão? Eshe assentiu com a cabeça. -Qual seria?

-Já que não podemos interrogar aos Maunsells hoje, acredito que deveria falar com


Armand para descobrir tudo o que puder. Não só a respeito da família de Rosamund, mas também se houve alguém mais em sua vida nos últimos quinhentos e setenta anos. -Mas ele está mostrando as coisas ao novo gerente- recordou ela.

-É tarde, Eshe. Não vai fazer que o menino trabalhe de noite, ele somente vai mostrar o que é urgente fazer na parte da manhã e depois o deixará se instalar na casa do encarregado enquanto ele mesmo faz o que deveria ter feito na noite anterior com os animais. Fez uma careta ao pensar em todas essas coisas desconhecidas, e depois adicionou, -Se não o tiver feito, é provável que o faça logo, porque não vai se trocar enquanto lhes preparo uma comida para um picnic, para que use como desculpa para verificar o que precisa saber. -Me trocar?- perguntou Eshe sobressaltada, olhando para baixo, para ela mesma. Tinha colocado um dos jeans novos uma das camisetas que tinha comprado para usar. Era tudo o que tinha além de couro. -O que está errado no que estou usando? -Está bem- disse rapidamente. -Pensei que você gostaria de ver... er... .

-Sim?- Solicitou olhando-o.

-Não importa- murmurou Bricker, voltando-se para abrir os armários e tirar objetos. Por que não procura algo para colocar as coias do picnic se não vai se trocar? Eshe continuou franzindo o cenho brevemente, mas sua mente estava no fato que ele acreditava que não se parecia bem. Ela olhou para baixo, a se mesma e supôs que o conjunto não era tão excitante. Por outro lado, supunha-se que devia ir fazer perguntas a Armand. O uso de algo excitante não ia conseguir suas respostas. Era difícil falar com sua boca sobre a dela. Não é que tivesse que levar nada excitante


para que isto acontecesse. Este assunto de companheiros de vida realmente era um incômodo às vezes, ela admitiu com um suspiro, quando começou a procurar um recipiente adequado para guardar as coisas do picnic. Bricker definitivamente conhecia a cozinha, Eshe reconheceu enquanto se dirigia à porta traseira da casa uns quinze minutos mais tarde, com uma caixa térmica na mão e uma manta dobrada no braço. O homem tinha sido rápido e eficiente, e empacotou uma deliciosa comida para dois. Tinha o deixado sentado na mesa, devorando desinteressadamente o strudel de maçã que tinha feito para ela, tudo para que ela não estragasse seu apetite e não desperdiçasse a comida. Era um homem generoso, pensou com regozijo enquanto descia pelo alpendre de atrás, cruzando o pátio ao passar por uma pequena porta. Eshe apressou o passo e se dirigiu aos estábulos, deslizando seu olhar à casa do encarregado enquanto caminhava. Havia luz na casa e viu alguém se movendo pela sala, por isso pensou que Armand tinha terminado as instruções para o rapaz novo que tinha conseguido contratar. O que era bom... mais ou menos. A presença do outro homem era o que a tinha impedido de sair e saltar sobre Armand, o que tinha sido útil. Mas o rapaz também era novo, um não iniciado, que tinha atrapalhado seriamente sua capacidade para fazer as perguntas necessárias que Eshe devia fazer. Como que podia perguntar a respeito dos pais de Rosamund, se ainda estavam com vida e como poderia ter sido sua vida há mais de quinhentos anos, com um mortal por perto?. Eshe concluiu que isso significava que ela tinha que ser forte, forte realmente, e não permitir que seu corpo pensasse no lugar de sua cabeça, para variar, quando estava perto de Armand. O que era muito difícil, ela sabia. Mas se queria resolver o caso e salvar Nicholas Argeneau, era realmente necessário. E Eshe definitivamente queria resolver o caso. Começava a entender porque Nicholas era um guardião como ela, mas também havia o fato de que era filho de Armand, e suspeitava que ele nunca se


perdoaria se seu filho fosse executado, caso soubesse que tinha sido investigado para salvá-lo e que ela não houvesse dito a verdade a ele. Não importava que Lucian tivesse ordenado isso. Ele veria isso como uma traição, e provavelmente teria razão, pensou ela com irritação. Ela era sua companheira de vida, devia dizer a ele a verdade, e não via nenhuma razão para não fazer isso agora que ele tinha sido mais ou menos retirado da lista de suspeitos. Fazendo uma pausa na metade do caminho entre a casa o estábulo, deixou a caixa térmica no chão, fazia frio e ela pôs a manta sobre os ombros, depois pegou rapidamente o telefone de seu bolso. Eshe discou o número da casa de Lucian. O telefone tocou três vezes antes que ele respondesse, sua voz soava pouco feliz em receber uma chamada telefônica. Eshe podia adivinhar que tinha interrompido algo entre ele e Leigth, levou um momento para organizar seus pensamentos depois disse. -Tentamos falar várias vezes com John e Agnes Maunsell durante os últimos dias, mas não estavam em casa, Bricker suspeita que estejam fora da cidade. Falamos com William Harcourt entretanto, e ele estava com o Armand quando Rosamund morreu, por isso Armand não pode estar envolvido em sua morte. William nos assegurou que Armand não poderia ter matado Althea, porque não sabia onde ela estava- disse Eshe e em seguida lhe contou a história da morte de Althea. -Então, Armand provavelmente não matou Althea, e definitivamente não matou Rosamund- Lucian murmurou. -Sim- disse Eshe rapidamente, depois acrescentou: -O que torna duvidoso que ele seja o culpado que estamos procurando. Lucian grunhiu.

-Portanto- continuou Eshe, -será que poderíamos dizer a Armand a verdadeira razão pela que estamos aqui?


-Não.

Eshe pôs os olhos em branco. Nenhuma explicação, nada de nada, simplesmente não. -Mas ele poderia ser capaz de nos ajudar- argumentou rapidamente. -Poderia-nos dizer se houver alguém, além dos Maunsells e dos Harcourts, que tenha estado em sua vida quando Susanna morreu. -Não- Lucian grunhiu.

Eshe grunhiu com frustração.

-Algo mais que informar?

-Não- grunhiu Eshe, tomando nota, fechou o telefone sem dizer adeus e murmurando coisas bastante desagradáveis a respeito de Lucian Argeneau em voz baixa. Deslizou seu telefone no bolso, recolheu a caixa térmica e a manta, e seguiu para o estábulo, onde a primeira coisa que pôde ver foi a porta aberta e as luzes do interior acesas. Foi até o estábulo dos cavalos e encontrou Armand limpando as baias. Seu olhar se deslizou pelo espaço vazio antes de se deter no lugar no qual ele estava trabalhando. Parecia que tinha feito a maior parte do serviço e agora ele usava uma forquilha para espalhar o feno ao redor. Só podia pensar em que era uma boa coisa. Eshe amava os cavalos, mas sempre teve trabalhadores para cuidar deles. De algum jeito duvidava que Armand tivesse muito apetite depois de eliminar a palha suja do esterco. Além disso, neste momento, poderia estar preparado para um descanso. Fez uma pausa fora da baia, olhou a parte de trás da cabeça e sorriu para si mesma brincando. -Está realmente considerando espalhar tudo isso? Armand se endireitou com um sobressalto ao ouvir sua voz, virou-se para olhá-la por


cima do ombro. Sorrindo com ironia, deixou o que estava fazendo e se voltou para ela, seu olhar se moveu sobre ela lentamente e logo fez uma pausa sobre a caixa térmica e a manta que sustentava. Olhou-a com curiosidade enquanto murmurava, Difícil de acreditar, não é? Eshe sorriu, depois fez um gesto à caixa témica que levava. -Bricker disse que provavelmente ia querer algo para comer e nos fez um picnic. -Isso conta pontos para ele. Armand pôs sua ferramenta de lado e tirou as luvas enquanto trocava de baia, depois parou, olhou dela para a caixa térmica e depois aos fardos de feno na parte traseira da fazenda. -Talvez devêssemos comer fora- sugeriu, pensando que se queria obter respostas, era melhor não comer perto de qualquer lugar que conduzisse ao descanso. Eshe sabia por experiência que um fardo de feno podia ser divertido. Armand se voltou com um sorriso. -Bem pensado bat-girl.

-Bat-girl? Eu?- perguntou atraída, vendo como jogava suas luvas de lado, pegava a caixa térmica dela com uma mão e com a outra lhe rodeava o ombro e a guiava para fora do estábulo. -Vejo que Lucian não é o único que vê televisão ultimamente. Ainda bem que Agnes pediu a instalação da TV a cabo para você. -Ela pediu- assegurou ele. -Mas eu só vi um ou dois episódios do Batman com Cedrick. Ele é um grande fã. -Cedrick?- Perguntou ela. Era um nome que não tinha ouvido antes. De fato, era um nome que não tinha ouvido em uma centena de anos mais ou menos. Tinha certeza que em alguma época algumas pessoas colocavam esse nome em seus pobres filhos, mas não era popular há bastante tempo.


-Ele é meu imediato- explicou Armand e logo sorriu. -Suponho que nunca o mencionei antes. -Não- ela concordou e seu interesse despertou. Em primeiro lugar era uma velha expressão medieval. Tinha sido usada pelos generais para se referirem ao soldado mais graduado, ou o segundo em comando sob o título de um lord... Armand tinha sido um Barão. -Quanto tempo faz que está contigo? -Suponho que foi no século XIV quando veio trabalhar para mim- murmurou Armand pensativo. -E continua com você?- Perguntou com surpresa.

Armand assentiu. -Ele tem dinheiro mais do que suficiente para se manter por sua conta, mas parece contente onde está. -E onde esta?- perguntou Eshe, sua mente trabalhando. Aí havia alguém a quem podia interrogar. -Ele está administrando uma de minhas fazendas. Também faz os livros contábeis de todas elas e fiscaliza os outros gerentes. Armand respondeu e parou. -Aqui? Eshe olhou a seu redor para ver que, embora estivessem falando, ele a tinha levado a um lugar quase debaixo das árvores a uma boa distância atrás dos estábulos. Havia um grande banco de pedra para que se sentassem. Era um lugar agradável, com uma linda vista das luzes da casa, assim como das estrelas. -Perfeito- assegurou ela e ele rapidamente pôs a manta sobre a banco de pedra.


Eles se sentaram sobre a manta e abriram a caixa térmica. Armand tirou vários sanduíches embrulhados, assim como duas bebidas, duas bolsas de sangue e um pequeno recipiente plástico com um pedaço de fita adesiva que tinha escrita a palavra 'abrir'. Eshe se encolheu de ombros quando Armand a olhou perguntando. -Eu estava ocupada tentando encontrar algo para guardar as coisas do picnic enquanto ele o estava preparando. Levou um tempo. Finalmente encontrei a caixa térmica na garagem, mas então ele já tinha terminado e o guardou tudo- explicou. Assentindo com a cabeça, Armand pôs o recipiente de lado e pegou as bolsas de sangue. Entregou uma a ela e pegou a outra para ele, e começaram com o picnic. No momento em que terminaram, Armand abriu as bebidas e entregou a ela uma, depois um sanduíche, assim começaram a comer. Ficaram em silêncio em um primeiro momento, concentrados em comer, mas Eshe também estava tentando encontrar a maneira de trazer o assunto de Rosamund para a conversa, para que ela pudesse perguntar a respeito da família da mulher morta. Ainda estava pensando quando na metade da comida Armand disse. -Me conte sobre seu primeiro companheiro de vida. Quando Eshe piscou com surpresa e hesitou, ele assinalou, -Falei de minhas mulheres, mas nunca falamos de seu marido ou seu passado. Eshe olhou os sanduíches que estavam comendo e depois perguntou. -O que quer saber? -Contou-me como morreu- Armand murmurou. -Mas como se conheceram?

-Fui muito afortunada- disse Eshe em voz baixa. -Eu só tinha trinta anos quando o conheci. -E ele quantos anos tinha?


-Vinte- disse com um sorriso e depois respondeu à pergunta original, -Era um dos soldados de meu pai. -Imortal?

Eshe negou com a cabeça. -Ele era mortal.

-Então foi como Susanna- Armand disse em voz baixa, depois adicionou quase com culpabilidade. -É muito mais fácil entre nós, ambos nascemos imortais. Eshe assentiu com compreensão. -Não há difíceis explicações necessárias.

-Como reagiu Orion quando explicou para ele?- perguntou Armand com curiosidade.

Eshe lançou uma gargalhada. -Como acha?- perguntou com secura e fez uma careta. Sentiu-se horrorizado no princípio. Vivíamos é uma época muito supersticiosa. Orion estava convencido que eu era um demônio sem alma. Não ajudava que nessa época devíamos nos alimentar direto da fonte- assinalou secamente. Armand assentiu com a cabeça. -Susana também teve problemas desse tipo. Hoje em dia, é um pouco mais simples, mas antigamente tinham que te amar profundamente e confiar em você plenamente para superar esta parte. Eshe assentiu com a cabeça.

-Entretanto, acho que ele superou isso.

Eshe vacilou, então admitiu, -Bom, meu pai me ajudou com isso.


-Seu pai, Castor, te ajudou com Orion?- perguntou ele com curiosidade. -O que fez? Sentou-se com ele para conversar até que encontrou a razão? -Não exatamente- admitiu Eshe a contra gosto, depois suspirou por cima de sua própria reticência. Ia contar de todos os modos. Com uma careta ela admitiu, -Ia limpar a memória de Orion e enviá-lo para longe, mas a idéia de que esmagasse a mente de Orion e que além de ser meu companheiro de vida, era possível que tivesse chegado a me amar antes de saber o que era, fez meu pai mudar de opinião. Em lugar de acabar com ele e enviá-lo para longe... me deixando para procurar um novo companheiro de vida, por séculos provavelmente...- assinalou. Quando ele assentiu com a cabeça, continuou, -Papai nos levou para selva, deixando Orion acorrentado dentro de uma cabana de caça que tinha construído há muito tempo, depois disse que mudasse a opinião de Orion, usando tudo o que tinha. -E?- Armand perguntou com curiosidade.

Eshe se encolheu de ombros. -Usei tudo o que tinha. Felizmente, seu amor por mim superou seu medo e o converti. Embora foi por pouco. Em um momento estive segura de que meu pai teria que limpar sua memória e enviá-lo para longe, mas tudo saiu bem no final. Armand ficou em silêncio, e ela sabia que ele queria saber o que quis dizer com 'tudo-o-que-tinha', mas então se limitou a dizer. -E passou oito séculos com ele, você disse? Não se surpreendeu de que em sua voz soasse invejosa. Tinha perdido sua Susanna muito cedo. -Sim. Como já disse, fui muito afortunada- murmurou, quase sentindo culpa pela


longevidade de seu primeiro companheiro de vida. Ficou em silêncio um momento e depois simplesmente soltou, -Conhecia a família de Rosamund como os Harcounts? Armand se surpreendeu pela mudança de assunto mas respondeu, -Sim, não por muito tempo entretanto. Somente os conhecia há dois anos quando me casei com Rosamund. -Eram felizes em seu matrimônio?- perguntou Eshe, mais por curiosidade pessoal que pela investigação. -Sim, eles sabiam que era o que Rosamund queria e confiaram em mim por seu bemestar. Sua voz se fez sombria na última parte e Eshe cobriu sua mão com a dela. -Teve má sorte, mas não é sua culpa- disse ela. Tentando aliviar a culpa que podia ver em sua expressão. -Bom. Ele esboçou um sorriso. -Talvez algo de sua boa sorte passe para mim.

-Espero sinceramente que sim, Armand- disse com voz rouca e depois esclareceu a garganta e olhou para outro lado quando percebeu que seus olhos se centraram em sua boca, e o resplendor prata foi crescendo em seus olhos. -Onde estão seus pais agora? Ainda tem contato com eles? -Não- esclareceu a garganta e disse. -Eles se mudaram para os Estados Unidos antes que Rosamund morresse. Ela era a quarta filha. Outros nasceram nos Estados Unidos e viveram no sul. Decidiram que não gostavam do inverno daqui e voltaram. Ele sorriu ironicamente. -Eles enviaram várias cartas pedindo que nos mudássemos para lá. -Mas vocês não foram?


Armand se encolheu de ombros. -Todas as minhas fazendas estão aqui... mas eu considerei a idéia, assim Rosamund poderia estar perto de sua família e Jeanne Louise poderia ter seus avós, mas depois Rosamund morreu. Eshe assentiu solenemente e colocou o último pedaço do sanduíche em sua boca. Parecia que não havia necessidade de encontrar a família de Rosamund. Não tinham estado perto em nenhuma das mortes e não poderiam saber nada útil. - Ah, bem, Bricker nos enviou sobremesa também.

Eshe olhou a Armand para ver que tinha aberto a vasilha plástica. Continha duas fatias de alguma coisa, com cobertura e fundo de chocolate, recheio de creme e chocolate cremoso. Entregou-lhe uma peça e pegou a outra para ele mesmo. -Mmm- disse Eshe enquanto dava a primeira dentada, - Delicioso.

Armand assentiu com a cabeça, comendo a sobremesa em duas grandes bocadas. Eshe sacudiu a cabeça com diversão, mas um momento depois, quis ter comido tão rápido quanto ele, quando sentiu uma gota de líquido cair em sua mão. Rapidamente seguida por uma segunda e uma terceira grande gota. -Merda- murmurou olhando para o céu para ver que o claro e estrelado céu sobre sua cabeça já não era claro. Nuvens de chuva se moveram com rapidez, enquanto estavam distraídos comendo e falando, e ao que parece, dispostas a derrubar seu conteúdo sobre eles. Eshe mal teve tempo para pensar, quando os céus se abriram e começou a chover. -A nave- disse Armand, enquanto ficavam de pé e começavam a recolher os restos de sua comida. Eshe não tinha idéia do que estava falando, até que ele pegou a caixa


térmica, encheu-a depressa, pegou ela pelo braço e a levou rapidamente através da tempestade até o edifício mais próximo, muito menor que os outros. Eshe se apressou a entrar, deslocando os olhos na escuridão quando Armand a seguiu e fechou a porta atrás deles. Ele também se voltou para examinar o refúgio. -Que é este lugar?- perguntou Eshe com curiosidade, observando uma pequena mesa, cadeiras e um velho sofá contra a parede. Que mal cabiam no pequeno lugar. -Não tenho certeza- Armand admitiu. -Estava aqui quando comprei o lugar faz cinco anos. Acredito que era uma fortaleza ou algo parecido para os meninos da última família, mas não sei para que era usada originalmente. -Então ninguém se sentou no sofá em pelo menos em cinco anos?- perguntou Eshe, imaginando todos os pequenos roedores que provavelmente brincavam de correr através dele ou até mesmo faziam ninhos nele. -Não teremos que esperar muito tempo- murmurou Armand. -As tempestades que vem rápidas e fortes, em geral se vão com a mesma rapidez. Eshe assentiu com a cabeça, e depois viu como ele deixava a acaixa térmica e tirava a manta que tinha colocado dentro. Ela olhou para trás e viu como ele estendia a manta sobre o sofá. Ela sabia que ele esperava que pudessem se sentar ali e esperar que passasse a tempestade, mas Eshe não estava interessada. Enquanto em algum momento teria considerado o gasto sofá como um luxo, sem dúvida ela era agora uma garota de cidade e não tinha nenhuma intenção de se sentar nesse sofá... nem mesmo por ele. Quando Armand terminou de estender a manta e girou para ela, rapidamente girou sobre seus calcanhares e começou a passear pelo pequeno interior.


-Venha, sentem-se- convidou em voz baixa. -Não teremos que esperar muito tempo.

-Estou bem- assegurou ela.

-Eshe.- Murmurou Armand, de repente a seu lado, tendo-a em seus braços, para que o olhasse de frente. Pôde ver por sua expressão que estava preocupado enquanto a olhava e confunso enquanto perguntava, -Tem medo das tempestades? Eshe estava a ponto de sacudir a cabeça quando de repente disse. -Se for assim, talvez eu possa distrair você. Ela se congelou e então sua boca descendeu sobre ela. Talvez fosse a chuva ou o fato que ele pensava que necessitava calmá-la, mas esse beijo foi diferente de qualquer um dos outros que tinha desfrutado. Foi um beijo suave, suave e doce... pelo menos no princípio, e ela se derreteu contra ele com um pequeno suspiro, sua boca se abriu para ele, e logo se queixou em sinal de protesto quando ele rompeu o beijo e sussurrou, -Está toda molhada, devemos arrumar isso. -Sim- Eshe sussurrou, elevando os braços quando começou a puxar a camiseta para cima. Estremeceu-se quando saiu por sua cabeça e depois estremeceu-se um pouco mais quando a pôs sobre o sofá coberto pela manta. Em seguida, eliminou sua própria e encharcada camiseta, antes de voltar para lhe dar calor com suas mãos e com seu corpo. Eshe gemeu quando seus braços estiveram a seu redor, com as costas arqueadas e estirando seus peitos contra ele com suas mãos deslizando sobre suas costas nuas, e então ele a beijou de novo e o momento suave passou quando a paixão se levantou através deles, selvagem e violenta, à medida que a tempestade caía lá fora. Eshe enredou as mãos em seu cabelo, sua boca cada vez mais exigente. Seu corpo se


encontrou com seu impulso quase febrilmente, em seguida Armand elevou suas costas do sofá. Eshe não percebeu e muito menos emprestou atenção, sua atenção estava no que Armand estava fazendo quando se inclinou para desfazer-se de suas calças jeans. Eram ajustados para começar, mas agora que estavam molhados eram quase colados. Quando finalmente saíram, sua cueca de algodão saiu com eles. Armand os jogou sobre o respaldo do sofá, junto a suas camisas e depois a segurou nos braços e se instalou, com ela em seu colo, no sofá, sua boca grunhia enquanto suas mãos começaram a tocar seu corpo. Eshe gemia e gemia até que ficou sem fôlego em sua boca, seu corpo se retorcia contra ele, seus dedos se moviam sobre seu peito, antes de cair entre suas pernas. O acariciou com um propósito, conduzindo-os a enlouquecer de desejo, até que não pudessem suportá-lo mais e então afastou suas mãos. -O que?- Armand começou, mas parou quando ela se deslizou de seu colo. No momento em que estava de pé, Eshe lhe agarrou a mão e o levantou para que ficasse de pé e pudesse desfazer-se de suas calças jeans. Ela o liberou até empurrá-lo fora de seu quadril e liberar sua ereção e depois fez uma pausa para pressionar um beijo nela antes de terminar de liberá-lo de sua calça jeans. Armand não lhe deu oportunidade de outra coisa, de repente se sentou de novo e a levou a seu colo de tal maneira que seus joelhos estavam a ambos os lados de seus quadris. Eshe tinha caído sentada nele e ia levá-lo dentro dela, mas Armand a deteve, tomando-a pelos quadris, mantendo-a em posição vertical. -Estas pernas longas- murmurou, sua voz um grunhido faminto, Eshe olhou para baixo, percebendo que estava uma polegada acima de sua pélvis nua alinhado com ela. Ela olhou fixamente na escuridão e então se deu conta que havia silêncio. A chuva já


não trovejava lá fora. Tinha sido uma chuva rápida e forte. Lambendo os lábios murmurou. -A tempestade passou. -Não, não passou- assegurou ele e se encurvou no sofá, conduzindo seu avanço com as mãos em seu traseiro apertando sua boca no núcleo dela. Eshe inspirou profundamente e fechou os olhos, deixou cair sua cabeça para trás, suas mãos seguraram em seu cabelo quando se encontrou no centro de sua excitação. O prazer estalou dentro dela e logo retrocedeu, somente para ser substituído por uma quebra de onda mais forte junto com um eco da primeira onda, com sua língua raspando sobre ela. Sentiu que suas mãos apertavam atrás dela, e que ele também era golpeado por seu prazer, então ela não foi consciente de nada mais que a paixão que fluía entre eles, quando ele deixou loucos a ambos. Quando suas pernas começaram a tremer, Eshe gritou e apoiou as mãos contra a parede de madeira atrás do sofá e lhe suplicou parasse para não chegar ao clímax ainda. No momento em que não acreditava que pudesse aguentar muito mais, sentiu como ele pressionava um dedo dentro dela e gritou quando seu corpo começou a sacudir-se, sem poder fazer nada. Ela ouviu o rugido de Armand com seu próprio orgasmo, sentindo-o vibrar contra seu próprio corpo. Começou a relaxar quando a escuridão a reclamou.

Armand despertou na absoluta escuridão e em um completo silêncio, seu rosto abraçava um par de peitos quentes. Eshe. Sorrindo para si mesmo, a levantou um pouco para colocá-los em uma posição mais confortável, logo depois de uma pausa soou um rangido lá fora. Olhou para a porta e escutou brevemente, mas nenhum som saiu e decidiu que tinha sido um animal de algum tipo. E, provavelmente, um que estava incomodado, se esta era sua atual moradia, pensou enquanto sorria e acomodava Eshe sobre seu colo.


A ação lhe fez morder o lábio com um gemido quando sem querer a esfregou sobre seu colo e seu corpo saltou em reação. Parecia que não podia ter o suficiente da pobre mulher. Ambos estariam exaustos por suas necessidades neste ritmo, pensou Armand, mas viu que não conseguia deter a ereção que vinha constantemente à vida. Dormindo ou não, Eshe parecia estar conectada a ele, a seus pensamentos. Ela gemeu adormecida e se movia em direção a ele, enviado outra sensação através de seu eixo, deslizando seus braços ao redor de suas costas rodeando-o completamente, em um esforço para ela. Mas acabava de pressionar seus peitos contra seu peito e se agitou ainda mais a sensação entre os dois. Eshe também começou a despertar de seu sono, emitiu um pequeno suspiro e se moveu para ele. -Eshe- estremeceu ele. Ela o estava matando.

Sua cabeça se levantou lentamente e depois abriu os olhos sorrindo para ele sonolenta. -Olá Isso foi tudo o que fez. O pequeno Armand aumentou um pouco a tensão sobre eles e então o grande Armand se encontrou incapaz de resistir a beijá-la. No momento em que sua boca cobriu a dela, ele se perdeu e Eshe com ele. Suas mãos começaram a mover-se, encontrando todos os pontos de prazer e Eshe se moveu em seu colo, esfregando-se contra ele até que seu peito se deslizou sobre o peito de Armand, foi bombardeado por uma sensação dupla, a de seu próprio prazer, e a de seu úmido e quente núcleo, deslizando-se através de seu eixo, e o dela nele, além disso sentia o prazer acrescentado de como o pêlo do peito lhe fezia cócegas nos mamilos, em múltiplas pequenas carícias. Armand gemeu em sua boca e tomou seu quadril com uma pressão mais firme contra si mesmo, então quando se ocupou da ação, levantou as mãos para que se


deslizassem entre eles e pudesse agarrar os peitos em uma carícia mais completa. Ele brincou e puxou seus mamilos brevemente, sua língua lutando com a dela em um beijo, mas nenhum deles tinha a força para adiar o que estavam fazendo. Sentiu-se aliviado quando ela se levantou lentamente, deixando que o ar frio roçasse sua quente ereção, e inclusive mais aliviado quando ela se sentou sobre ele adequadamente, levando-o para dentro dela. Com medo mordê-la na língua pela excitação, Armand rompeu o beijo e rapidamente mudou sua boca para o pescoço enterrando-se nele. Grande engano, deu-se conta um momento mais tarde quando ela se levantou e se sentou de novo e sentiu suas presas saindo. Mas já era muito tarde, suas presas estavam atravessando sua pele e ela tomou sua cabeça, lhe dando permissão em silêncio. -Sim- ficou sem fôlego, já que este novo prazer se somou aos outros e então ambos gritaram e caíram na inconsciência de novo.

Capitulo 10

Armand despertou com o Eshe abraçada a ele, outra vez, seu primeiro pensamento foi que ela era a mulher mais sexy que jamais tinha conhecido. E não só de uma forma sexy. Sentia seu calor, quase febril, pensou, queimando-o com sua temperatura corporal. Isso despertou interesse nele e fez que despertasse completamente para ver que não era Eshe que provocava esse calor. Os dois estavam assando. O abrigo estava em chamas. Amaldiçoando, sacudiu Eshe, mas ela nem sequer se moveu. Recordou que a tinha mordido e amaldiçoou a si mesmo quando a sacudiu de novo, mais violentamente desta vez, mas ela estava completamente inconsciente depois da paixão. Parecia que teria que tirá-la dali. Amaldiçoou outra vez, levantou-a e a pôs


no sofá quando ele ficou de pé, olhou ao redor para estudar a situação. Não demorou muito par perceber que estavam com sérios problemas. O abrigo estava totalmente em chamas, as paredes e o teto eram cascatas de fogo. Supôs que em uns minutos o edifício cairia em cima deles. Voltando de novo para o sofá, agarrou Eshe e a colocou por cima de seu ombro com pouco esforço. Correu para a porta com ela e a empurrou, fez uma careta de dor quando queimou levemente o braço. Esqueceu da dor quando a porta não abriu. Estavam presos. Armand ficou olhando fixamente a porta. Não a tinha fechado. Nem sequer tinha fechadura. Mas não conseguia abrí-la. Distraiu-se ao tentar resolver isso e em sua pele começaram a sair bolhas pelo calor. Não tinha muito tempo. Os nanos dos imortais era muito inflamáveis. A qualquer momento ele e Eshe iriam estalar em chamas, amaldiçoando, retrocedeu um passo e se lançou para a porta, dando um giro no último momento para proteger Eshe tanto como pôde. Para seu grande alívio se chocou contra a porta débil e caiu no chão úmido. Armand instintivamente rodou com Eshe várias vezes para se assegurar de que nenhum deles se estava queimando e depois simplesmente ficou imóvel com a cabeça sobre seu peito, seu coração estava acelerado. Olhou ao céu sobre sua cabeça por um momento e depois virou sua cabeça para um lado para ver como o abrigo desmoronava. O teto caiu e o edifício estava implodindo. Com um suspiro, voltou-se ligeiramente para olhar Eshe. Sua pele estava enegrecida, assim como a sua. Estava muito queimado e precisava de sangue. Tinha que chegar a sua casa. Esse foi o último pensamento antes que Armand desmaiasse.

Armand despertou para ouvir um assobio. Reconheceu a melodia, haviam-na tocado em seu casamento com Rosamund. Era uma das canções que tinham utilizado na celebração. Era muito popular naquela época.


-Sim. Minha mãe costumava cantarolá-la muito quando eu era um menino. Por alguma razão esteve em minha cabeça desde ontem. Armand piscou e olhou na direção da voz. Viu o Bricker tirando uma bolsa vazia da via e trocando-a por uma nova. Ele o olhou com o cenho franzido, sua mente lenta tentou descobrir por que estava na cama e por que era necessária a via intravenosa. -Pense no fogo-disse Bricker secamente, ao que parece estava lendo sua mente. As palavras tiveram o efeito desejado. De repente Armand lembrou e tentou se sentar imediatamente. Infelizmente, não parecia ter a força necessária para isso. -Não desperdice suas energias- disse Bricker. Terminou com a bolsa, voltou-se para a cama e olhou para ele. -Tem muitas queimaduras e os nanos estão fazendo seu trabalho. Armand se deixou cair sobre o travesseiro com um grunhido. A cura, obviamente, era um caminho a percorrer, um pouco de esforço o tinha deixado esgotado e ofegante. Seus pensamentos estavam ficando claros. -Eshe?- A palavra era pouco mais que um suspiro, mas Bricker entendeu.

-Em seu quarto. Com uma intravenosa como você. Bricker fez uma careta. -Ela estava em piores condições. Suas costas estavam arruinadas. Parecia como se tivesse sido assada na churrasqueira. Armand fechou os olhos, sabendo que sua posição entre ela e o sofá o tinha salvado de estar como ela. O fogo por cima e ao redor deles os tinha queimando, mas ele esteve protegido por seu corpo. -Isso provavelmente salvou aos dois- Comentou Bricker em voz baixa, sem lhe importar o que pensasse sobre o fato de que estava lendo sua mente. Acomodou-se na cadeira junto à cama e lhe disse -Se tivesse estado na mesma postura que ela, nunca teria saído, quanto mais ela. Ele fez uma careta. -Sempre pensei que depois do sexo havia um desmaio, mas que uma boa bofetada ou um pouco de água na cara


faria com que a pessoa despertasse, ela deve ter ficado completamente inconsciente e isso foi o que fez com que ela não sentisse o fogo. Armand lançou um grunhido, sentiu preocupação de novo e também remorso. Sua inconsciência, provavelmente não teria sido tão profunda se não a houvesse mordido e tivesse bebido parte de seu sangue. Na verdade, isto também tinha impedido que provavelmente despertasse mais rápido. Os nanos extras do sangue o tinham debilitado. -Ela ficará bem- assegurou Bricker. -Está dez vezes melhor do que estava antes.

-Como?- Armand não se incomodou em terminar a pergunta em voz alta. Sua garganta estava completamente seca e só dizer uma palavra lhe produzia uma dor muito aguda. Tal como esperava, Bricker leu o resto da pergunta e respondeu de uma vez. -Quando passaram horas sem que Eshe retornasse, imaginei que vocês dois... er... estavam falando- disse secamente, mas era óbvio que ele sabia o que tinham estado fazendo exatamente na edifício antes de desmaiarem. -Mas quando não retornaram de madrugada comecei a me preocupar e pensei em ir até o celeiro e me assegurar de que tudo estava bem. Não o vi, mas cheirava a fumaça e me guiei por meu nariz. Sinto muito, Armand. Olhei várias vezes pela janela e não vi fogo. Os estábulos bloqueiam a visão. Armand fez uma ligeira inclinação de cabeça. Além dos estábulos bloqueando a visão, o edifício estava ao final da propriedade. As árvores ao redor da casa tinham ajudado também. Bricker teria tido que sair ao exterior para ver o fogo iluminando o céu. -Surpreende-me que o abrigo tenha se queimado com a chuva da noite anterior, embora não tenha durado muito. Suponho que não fez mais que retardar as coisas- murmurou e depois disse -De todos os modos, consegui vê-los sobre a grama e o sol aumentou seus danos. Chamei Lucian, trouxe Eshe e depois você. Não passou muito tempo até que consegui acomodar os dois em seus quartos e


Anders trouxe sangue. Me senti aliviado ao vê-lo. Eu estava tentando colocar sangue por sua garganta quando chegou com as intravenosas. Estava tão ruim que suas presas não saíram nem quando coloquei o sangue debaixo do nariz. -O interior do nariz se queimou, provavelmente pela inalação do ar quente do fogo. Armand olhou para a porta para ver quem falava, era um homem de pele escura. Seus olhos instintivamente se ampliaram e depois fez uma careta pela dor. Não era só sua garganta que estava ressecada. Suas pálpebras lhe doíam e também os olhos, mas os manteve abertos para examinar o homem, e se perguntou se seria um dos filhos de Eshe. Ela lhe havia dito que tinha tido oito filhos e que seis estavam vivos, mas nunca tinha tido tempo para falar mais sobre eles durante seus encontros, nem tampouco lhe havia dito seus nomes. 'Na próxima vez falaremos sobre isso', havia dito ela. Justo antes que a mandasse até Lucian para conseguir um lugar mais seguro. Parecia óbvio que Leonius tinha descoberto seu paradeiro. Tinha que ir a um lugar mais seguro. -Não tenho relação com o Eshe- disse Anders, ao que parece, era capaz de ler seus pensamentos. -E não se preocupe por sua segurança. Agora estamos aqui. Preocuparemo-nos disso por você. Olhou a seguir para Bricker e lhe estendeu um telefone, Armand não tinha percebido que o levava. -É Lucian. Bricker se levantou e se aproximou para pegar o telefone sem fio que o homem levava. Saudou, escutou e depois lançou um grunhido e saiu do quarto para continuar falando. -Lucian se atrasou- explicou-lhe o homem chamado Anders enquanto se movia ao redor da cama para o suporte das bolsas. Estava de costas para Armand enquanto comprovava se tudo estava certo e acrescentou, -Será de noite antes de que chegue. Ele quer que lhe mantenhamos tranquilo e confortável até que chegue. Armand não fez comentários, mas duvidava de que fosse possível mantê-lo tranquilo e confortável. Seu corpo estava ferido por toda parte, do couro cabeludo até os pés e


ele estava muito preocupado com Eshe e não conseguiria dormir. De fato, estava a ponto de lhe pedir que o levasse até onde estava ela para ver por si mesmo que estava bem quando Anders se separou do suporte com uma seringa vazia. -Lucian, disse que pediria isso- disse com ironia, é obvio lia sua mente como o fazia Bricker. -É por isso que disse que lhe mantivéssemos sedado. -Filho da Puta- Murmurou Armand com uma combinação de aborrecimento e consternação ao perceber que o homem não estava verificando as bolsas, mas sim injetando um sonífero. Ele agora queria golpear Lucian pela ordem, mas ao que parece, Anders pensou que o comentário era para ele. Sorriu ligeiramente e admitiu Chamaram-me de muitas coisas. Armand abriu a boca para lhe explicar que ele não tinha entendido, mas as palavras saíram ilegíveis e seus olhos se fecharam, o sonífero estava fazendo efeito. Eshe abriu os olhos e olhou para Armand. Seu rosto pálido estava em cima dela, seus olhos azul-prata a olhavam. Sorrindo, meio sonolenta, tentou levantar a mão para acariciar seu rosto, mas estava muito cansada, assim murmurou; -Armand. Querido. Me dê um beijo. -Não sou Armand. Eu não sou seu querido. E não te vou beijar.

Eshe piscou, sem saber se era sonho ou um problema com sua visão, e se encontrou olhando fixamente à cara sombria de Lucian Argeneau. Ela não se incomodou pelo cenho franzido. Imediatamente teria lhe socado a cara se pudesse, e ela não se incomodou em tentar deter o 'Ai Deus!' que lhe escapou dos lábios. -Sempre foi muito gentil- disse Lucian, soando divertido. Eshe grunhiu e disse: -O que está fazendo em meu quarto?


-Talvez devesse perguntar por que estou em seu quarto- respondeu Lucian, olhando-a com atenção. Eshe procurou em sua mente, as lembranças do que ela e Armand faziam no abrigo apareceram. É evidente que o homem a tinha levado para casa enquanto ela ainda dormia e a colocou na cama. Agora tinha sido apanhada vadiando. Se Lucian estava aqui, devia ser de noite e deveria estar trabalhando. -Ela não lembra.

Eshe abriu os olhos e levantou o olhar para a mulher morena que pôde ver atrás de Lucian. Leigh, sua companheira de vida. Eshe a tinha visto só algumas vezes, de passagem, já que a mulher tinha entrado na vida de Lucian, mas não imaginava ninguém que pudesse suportar seu mau humor, então ela tinha que ser uma santa, assim sorriu à mulher e disse -Olá, Leigh. O que está fazendo aqui? -É uma santa- assegurou Lucian, obviamente depois de ter lido seus pensamentos e não ter absolutamente nenhuma dúvida em lhe fazer saber que ele o tinha feito. Ele podia ser um cara grosseiro. -Disse a você que ela ainda está sob os efeitos dos sedativos- disse Bricker, fazendo notar sua presença. Eshe olhou ao outro lado da cama, subiu as sobrancelhas quando viu o Anders a seu lado. -Por Deus. O que é isto, uma convenção? Por que estão todos em meu quarto? E por que me dói a garganta? E que cheiro é esse?- perguntou com indignação quando pouco a pouco se deu conta das sensações que estava experimentando. -Que cheiro?- perguntou Lucian com paciência.

-De carne de porco queimada -murmurou franzindo o nariz.

-É você- disse secamente.


-Lucian- repreendeu Leigh empurrando-o. A morena tomou seu lugar sentando-se na borda de sua cama, e lhe sorriu com os olhos confusos. -Não se lembra de você e Armand passando um dia no campo e depois... er... dormir no abrigo? Eshe olhou em silêncio, ela procurou em sua mente, mas a última coisa que lembrava era o que aconteceu junto de Armand. -Não- disse finalmente e depois com crescente preocupação -Ocorreu algo? Onde está Armand? -Ele está bem. Está dormindo- assegurou Leigh de forma rápida e depois vacilou antes de perguntar -Não lembra do fogo? -Que fogo?- perguntou sem compreender.

-Ela estava inconsciente. Acabava de ter sexo- assinalou secamente.

-Sim, mas não percebi nada. Eu sempre pensei que era só um desmaio ou algo assim.

-E é- disse Bricker em voz baixa e depois sacudiu a cabeça e murmurou. -Deus, sorte que Armand despertou. Lucian grunhiu e olhou para Eshe. Ficou em silêncio, esperando. Sua mente estava cheia de perguntas, mas ela não perguntou nada. Esteve se fazendo perguntas desde que abriu os olhos e não lhe tinham respondido nenhuma delas ainda. Percebeu que poderia saber mais coisas apenas escutando-os falar entre si e sobre tudo o que lhe tinham feito. Ela, ao que parece, estava sob a influência de algum calmante no momento em que se produziu um incêndio, pensou, no abrigo onde ela e Armand se


refugiaram da tormenta. Pelo que haviam dito, Armand tinha despertado e a tinha tirado de lá, ela estava deitada na cama, ao que parece, em sua própria cama, sem dúvida, e ambos tinham ficado feridos e estavam se recuperando. -Tirou você de lá, mas ao que parece desmaiou de novo. Bricker foi buscá-los ao amanhecer e os encontrou deitados ao sol. Ele me chamou, colocou-os para dentro e eu vim o mais breve possível. Anders lhes deu soro, sangue e medicamentos para mantê-los tranquilos. O que foi bom, já que Armand despertou logo depois que Anders chegou aqui. -Tivemos que colocar uma intravenosa- murmurou Bricker.

Eshe girou a cabeça no travesseiro, enquanto olhava o suporte das bolsas. Observou a destilação constante mas lenta do sangue saindo da bolsa e fez uma careta. A capacidade curativa dos nanos atuaria na velocidade que recebesse o sangue. Seria mais rápido se tivesse colocado suas presas nas bolsas e deixado que seu corpo absorvesse o que fosse necessário. Provavelmente agora estaria em pé e caminhando. -Suas presas não baixaram- informou Lucian. Achamos que as fossas nasais foram danificadas pelo ar quente e a fumaça. Ao não cheirar o sangue as presas não saem. Bricker fez muito bem em te pôr uma intravenosa pelo menos até que despertasse. -Estou acordada- murmurou. Os calmantes não funcionam sempre com os imortais e parecia que os efeitos dos que tinham dado a ela começavam a desaparecer. Sentia suas terminações nervosas danificadas. -Traga mais bolsas. Ordenou Lucian. -Suas presas aparecerão no momento em que veja o sangue, agora seus olhos estão abertos.


Quando Anders assentiu com a cabeça e se dirigiu à porta, olhou para Lucian e Bricker. - Armand pode acordar agora assim lhes dou o medicamento ao mesmo tempo. -O que lhe digo se estiver acordado?-perguntou Bricker, dirigindo-se para a porta também. Lucian apertou a boca. -Nada. Simplesmente sede-o de novo. Quero falar contigo e Eshe antes de decidir o que fazer com ele. -O que quer dizer, com 'o que fazer com ele'?- Leigh lhe perguntou com o cenho franzido e assentiu com a cabeça para Eshe. Ela se perguntava o mesmo e se sentiu aliviada por não ter que fazer a pergunta, agora que os efeitos do sedativo estavam se dissipando. Lucian franziu o cenho brevemente. Ele odiava ter que explicar, Eshe sabia. Mas ao que parece, teria que fazer isso já que Leigh fazia a pergunta, e depois de uma pausa, passou uma mão pelo cabelo e disse, -estive providenciando de que Armand não se inteire do que estava passando aqui. A respeito da investigação, quero dizer. -Por que?- Perguntou Leigh com surpresa. Eshe poderia havê-la beijado. Salvou-lhe de que se fizesse mais dano na garganta, agora podia sentir seu mal estado. Além disso, era óbvio que a mulher era em realidade à única que se incomodou em responder. Eshe viu como Lucian se sentava em uma cadeira junto à cama e começou a falar, pensando as palavras para formar frases e orações em conjunto para fazer o que era um comprido discurso quando ele disse, -Armand era um membro ativo da família antes da morte de Rosamund. Ia visitar os meninos, realizava as funções da família e assim sucessivamente. Depois da morte de Rosamund, encerrou-se em seu próprio mundo. Pensei que só necessitava tempo para curar e o deixei sozinho. Finalmente teria conseguido com uma briga lhe fazer voltar para a família mas depois que Nicholas se entregou, inteiramo-nos de que Annie tinha estado


investigando as mortes das mulheres de Armand quando ela morreu, e eu comecei a me perguntar: E se ele a matou?- Eshe grunhiu e imediatamente lamentou a ação. Maldição, ela deve ter tragado fogo para que sua garganta estivesse tão sensível, pensou com um suspiro. -Não- disse Lucian e depois se virou para Leigh e disse, -Realmente não acredito que tenha matado sua companheira de vida. Nem Althea nem Rosamund, mas é uma possibilidade que terei que investigar. O que realmente me fez suspeitar era que ele mesmo se isolou da família em um esforço por nos manter a todos seguros. Que talvez ele mesmo suspeitasse que o acontecido com Rosamund foi um acidente e que algo mais que a má sorte estava por trás da morte de suas esposas. -Mas só morreram suas esposas- assinalou Leigh. -Por que ia pensar que alguém mais poderia estar em perigo? -Se foram assassinadas, poderia ter sido devido ao fato de que eram suas mulheres, mas também eram mulheres em sua vida que lhe importavam. Terá que recordar que Althea e Rosamund não eram companheiras de vida, só mulheres às quais tinha afeto. -Acha que estava preocupado com Jeanne Louise?- Leigh se deu conta com espanto. -Temia que o assassino de sua esposa poderia lhes fazer mal? -Era uma possibilidade- murmurou Lucian.

-Ao que parece, é uma boa possibilidade, já que Annie também foi assassinada, outra mulher de sua família- murmurou Leigh e depois franziu o cenho e assinalou -mas ele nunca a conheceu, nã é verdade? Lembro que disse que ele se negou a vir à bodas ou permitir que o visitassem.


-Sim- disse Lucian secamente. -Mas se Annie estava perguntando aos membros da família sobre os assassinatos, não acredito que ela parasse por aí. Nicholas ficava muito tempo fora a trabalho. Ela poderia ter dirigido até aqui para falar com ele. -Perguntou a ele?

Lucian assentiu com a cabeça. -Disse que nunca a tinha conhecido e não posso ler sua mente, então não sei se era verdade ou não. -Acha que mentiria para você?- perguntou Leigh com surpresa.

-Bom, fiz a pergunta de passagem. Eu não poderia lhe dizer porque estava perguntando isso ou explicado que era importante. -Por que não?- Perguntou Leigh e Eshe estava agradecida por não ter que falar devido a seus problemas de garganta. -Porque ele não pode saber que Nicholas está preso na casa dos executores. Poderia fazer algo estúpido. E Eshe está aqui. Só a temos aqui com a desculpa de que precisa de uma casa de segurança para ela. Tenho certeza de que está pensando que só estará um tempo com ela e depois das duas semanas vai afastá-la para sua própria segurança. Se ele souber que está aqui para investigar quem estava por trás de todas estas mortes, enviaria-a para longe. -Não enviaria Eshe para longe- Leigh protestou rapidamente, Eshe estava começando a pensar que a mulher lia sua mente e para fazer as perguntas que ela mesma queria fazer. Leigh acrescentou -São companheiros de vida. Não enviaria para longe sua companheira de vida.


Lucian olhou Eshe e arqueou uma sobrancelha. -Falou de um futuro com você, ou do que vão fazer depois destas duas semanas? Os olhos do Eshe se abriram amplamente ao perceber que não tinha feito isso. De fato, lembrou do momento em que tinha mencionado sua viagem em duas semanas e seu mal-estar a respeito nesse momento. Mas ela tinha pensado que era um descuido ou algo assim. Lucian grunhiu e assentiu com a cabeça enquanto lia a resposta dela. -Por isso decidi não lhe contar a verdadeira razão pela qual você estava aqui quando me chamou a outra noite, ele teria metido você em seu carro e conduzido diretamente a minha casa em Toronto. Não há dúvida de que então tiria comprado uma fazenda nova e não me diria aonde é, para que não o encontrássemos. Ou talvez até se mudasse para a Europa ou a outro lugar para tentar te manter a salvo. Ele já perdeu uma companheira de vida. Garanto que não vai pôr em perigo a outra. Por que teria que ser tão inapresentável?- pensou Eshe com tristeza. Lucian estava certo. Armand pensava que podia despedir-se dela depois das duas semanas, como um romance de férias. Bom, pensou sombriamente, é somente mais um. A porta do quarto se abriu e Eshe se sentiu aliviada ao ver Anders com as bolsas de sangue. Não pôs as bolsas no suporte, sabia que as bolsas eram para que ela, ao vê-las, descesse suas presas e bebesse. Ela apertou os dentes contra a dor que estava experimentando e se esforçou para algo, simplesmente abriu a boca. Lucian se levantou quando Anders se aproximou, mas foi Leigh quem agarrou uma das bolsas e levou até a boca de Eshe. -Sinto muito- murmurou quando Eshe estremeceu ao tocar a bolsa contra seu rosto machucado, mas Eshe não pôde lhe dizer que estava tudo bem, assim esperou que ela lesse sua mente enquanto seus dentes faziam seu trabalho.


-Está bem?- Perguntou Leigh uma vez que a bolsa estava vazia e a tirou de seus dentes. Eshe simplesmente grunhiu e lhe indicou que lhe desse a próxima bolsa. Foi Lucian que pegou a outra bolsa das mãos de Anders, a entregou e disse: -Não deixe de lhe dar bolsas. Logo pegou as outras bolsas com Anders e disse, -Vá procurar os medicamentos que te pedi. Depois que ela terminar com a última bolsa, ajude-a. -Por que?- perguntou Leigh com surpresa, quando deu a segunda bolsa a Eshe.

-Ela tem muitos danos e vai ser uma recuperação dolorosa- explicou tristemente. Melhor que não esteja acordada. Leigh parecia horrorizada ante a possibilidade, mas Eshe não se surpreendeu. Tinha vivido muito tempo. Esta não era a primeira vez que tinha sido ferida. O pior não era o dano, o pior era a cura e já podia sentir em seu corpo o trabalho dos nanos. Nestes momentos se sentia como se seu corpo estivesse sendo picado por um milhão de abelhas, mas com a última bolsa suspeitava que ia se sentir como se estivesse sendo devorada de dentro para fora. Entretanto, ela a necessitava disso para se curar. Tinha que voltar a ficar de pé e encontrar quem tinha provocado o fogo. Ela não ia ser expulsa da vida de Armand por seu próprio bem e ela não ia se arriscar a ser assassinada, como quase tinha ocorrido com este fogo. Mas suspeitava que ia ter uma briga quando Armand despertasse. Eshe precisava curar rapidamente e recuperar suas forças para ganhar essa batalha. Era companheira de vida do Armand e era melhor que se acostumasse a isso, porque ela não ia a parte nenhuma.


Capitulo 11

O som da porta tirou Armand de seu sonho. Piscando os olhos abertos, olhou para ela, um sorriso de alívio se refletiu em seus lábios quando viu entrar Eshe. Usava uma calça jeans e uma das novas camisetas que tinham comprado. Ela parecia bem. Melhor que bem, parecia como se nada tivesse acontecido. Seu sorriso desvaneceu no momento em que a próxima pessoa entrou e Armand franziu o cenho a seu irmão com desgosto. -Saia, Lucian. Não quero falar com você. As sobrancelhas de Eshe se elevaram, girou a cabeça para olhar o homem atrás dela e logo depois se voltou para Armand em interrogação, e ele se mexeu sem descanso na cama, e então explicou, -Ele me drogou. -Assim dormiria durante toda a cura- disse Lucian encolhendo os ombros e saindo do caminho quando Leigh, Bricker e Anders lhe seguiram até o quarto. Seu quarto estava se enchendo de gente, pensou Armand com desgosto, mas disse, Não foi para a cura da última vez. A cura estava praticamente pronta. -Praticamenteadicionou Lucian. -Mas Eshe não estava e estava tentando se levantar para ir vê-la. -Ela estava gritando- assinalou com gravidade. -Estava no maldito direito de ir vê-la. Não teria ido ver Leigh se a situação fosse inversa? -É claro- disse Lucian com calma. -É por isso que Anders tinha que te drogar de novo. Precisava descansar e não havia nada que pudesse ter feito por ela. Armand soltou um bufido de desgosto. -Deus, é um traseiro arrogante.


-Tento ser- disse Lucian sem preocupação, deixando para Leigh a cadeira ao lado da cama quando Eshe se aproximou da cama ela mesma. Armand franziu o cenho a seu irmão novamente e depois olhou para Eshe que se instalou no lado da cama. Ele esboçou um sorriso para ela, e lhe perguntou -Como está? -Viva. Graças a você- murmurou, e se inclinou para beijá-lo, sussurrou-lhe Obrigada. Armand suspirou tristemente, sabendo que se não a tivesse mordido na última vez que tinham feito amor, ambos provavelmente teriam percebido antes. Então, ele tinha estado malditamente perto de lhes matar com esse truque. Forçando um sorriso para seu benefício, apertou-lhe a mão quando a deslizou na sua, e depois olhou aos outros em seu quarto. -Então, o que é tudo isto? -É hora de falar- anunciou Lucian em voz baixa.

Armand fez uma careta ao ouvir as palavras. Tinha a esperança de ter um momento a sós com Eshe antes desta conversa, mas supunha que era melhor fazer isso logo de uma vez. Algo como puxar a fita de uma vez e sofrer uma dor aguda rápida, em vez de sofrer o comprido e prolongado esforço de sentir cada pequeno puxão de cabelo, quando se puxava a fita devagar. -Bem- disse ao fim. -Obviamente Leonius descobriu onde está Eshe e precisa ser relocada para um lugar mais seguro. A resposta era decididamente estranha. Todos na sala se voltaram para Lucian, esperando... exceto Eshe. Ela estava olhando para baixo a suas mãos entrelaçadas, mas ela estava em sintonia, obviamente, com Lucian, assim como os outros. No


momento em que ia começar a falar, ela o interrompeu dizendo, -Não é de Leonius que tenho que me esconder. -O que?- perguntou Armand com surpresa.

-Quero dizer que ele é perigoso, mas ele não está detrás de mim- disse Eshe em voz baixa. -Isso foi só...

-Enviei Eshe aqui para investigar a morte de sua esposa- interrompeu Lucian.

-O que?- perguntou-lhe bruscamente, com o olhar trocando entre os dois. -Por que? -Porque a vida de Nicholas depende disso- respondeu Eshe de uma vez.

-Eshe!- grunhiu Lucian, olhando do outro lado da cama.

-Tem o direito de saber. É seu filho- espetou-lhe, olhando de volta, e depois adicionou, -Além disso, não vai fazer nada estúpido como tentar escapar. Ele quer saber o que aconteceu suas esposas assim como muitos, até mais que ninguém. -O que tem que ver a morte de minhas esposas com o Nicholas?- perguntou Armand, olhando de um a outro. -E o que quer dizer que a vida de Nicholas depende disso? E tirá-lo de onde? Nicholas foi encontrado? -Sim- murmurou Eshe. -E não há dúvidas de que ele matou a essa mortal há cinquenta anos. -Eu sei que ele não fez isso- disse Armand sombriamente, e era verdade, tinha sido taxativo sobre isso na época, e ainda agora sabia que Nicholas não tinha matado a


mortal da qual tinha sido acusado de matar há cinquenta anos. Armand tinha ido inclusive a Toronto na época e tentou verificar o que realmente tinha acontecido, mas tudo parecia apontar para Nicholas. Entretanto, não tinha sido capaz de acreditar nisso. Mas tampouco tinha sido capaz de demonstrar o contrário. A história de sua vida, pensou com amargura. -Tenho certeza de que não o fez- disse Eshe em voz baixa, e se relaxou um pouco para ouvir a sinceridade de sua voz. Quando ele assentiu com a cabeça, continuou, Parece que Annie estava fazendo um monte de perguntas sobre as mortes de suas esposas antes de morrer, e, de fato, chamou Nicholas na noite antes de sua morte dizendo que tinha algo para lhe dizer, mas morreu antes de poder de falar. Nicholas estava compreensivelmente angustiado no começo, mas umas semanas depois da morte de Annie, lembrou da chamada telefônica, e tentou verificar o que tinha querido lhe dizer. Em sua lembrança da noite do assassinato da mortal, Nicholas começou a dirigir-se ao hospital onde Annie estava acostumada a trabalhar com a intenção de falar com uma amiga e colega de trabalho dela e lhe perguntar se ela sabia o que Annie podia ter querido lhe dizer. Entretanto, sua memória saltou de estar cruzando o estacionamento do hospital a abrir os olhos no porão de sua casa com uma mortal morta em seu colo. Ele esteve fugindo após isso. Armand fechou os olhos brevemente, a culpa se deslizava através dele. Seu filho tinha perdido a sua companheira de vida, o mesmo que tinha acontecido a suas próprias esposas. Ele sabia. Tudo foi culpa dele de algum jeito. O mais frustrante era que Armand não sabia como. Não sabia por que alguém ia querer matar a qualquer das mulheres que tinham morrido. Esse tinha sido o problema desde o começo. -Nicholas está preso na casa dos executores- murmurou em voz baixa Eshe.

-Ele está esperando para saber seu futuro. Se nós encontrarmos o culpado da morte, será declarado inocente e liberado. Ele recuperará sua vida.


-E se não o fizermos?- perguntou Armand com brutalidade.

Eshe negou com a cabeça e sorriu em realidade. -Isso não acontecerá. Obviamente alguém tem medo de nós, do contrário por que nos prender no abrigo e atear fogo? Vamos pegá-los, Armand- prometeu ela. -E Nicholas ficará livre. Armand quase lhe perguntou como sabia que tinham estado presos no abrigo, quando ela tinha estado inconsciente, mas depois percebeu que Lucian provavelmente teria lhe contado. Seu irritante irmão mais velho acabava de terminar de interrogá-lo a respeito do que é que exatamente tinha ocorrido no edifício quando Eshe começou a gritar do quarto ao lado. Armand tinha tentado sair da cama para ir vê-la imediatamente, e Lucian o tinha empurrado para baixo na cama e ordenou a Anders que lhe drogasse. Então as luzes se apagaram. Agora que estava acordado e sabia que Eshe não estava sendo perseguida pelo psicopata Leonius, mas estava ali para investigar a morte de sua esposa e tentar salvar seu filho. Obviamente, tinha que verificar que diabos tinha estado ocorrendo todos estes anos. Tinha tentado procurar algo sobre as mortes antes, mas não lhe tinha ocorrido nada, mas agora era imperativo averiguar o tinha acontecido. Do contrário seu filho provavelmente seria executado e Armand se preocupava que todo mundo poderia estar em risco... como Eshe. Seu olhar se deslizou para ela. Sua companheira de vida. Depois da morte de Rosamund tinha tido suspeitas, mas isso foi tudo. Não tinha sido capaz de encontrar nenhuma prova de que alguma de suas esposas tivesse sido assassinada. Aparentemente as mortes pareciam ser acidentes, e isso foi tudo. Entretanto, ele tinha suspeitado, e essa suspeita tinha sido suficientemente forte para que em um esforço de manter o resto das mulheres de sua família a salvo, Armand tivesse se separado delas, pensando que se ele estivesse equivocado e as mortes tivessem sido acidentes,


então a única pessoa afetada pela ação seria ele mesmo. Entretanto, se ele tinha razão e não fazia todo o possível para mantê-los a salvo, ele nunca seria capaz de perdoar a si mesmo. O mesmo continuava acontecendo. Se alguém estava matando às mulheres que lhe importavam, então Eshe, como sua companheira de vida, estava sem dúvida em risco e o melhor que podia fazer por ela era enviá-la a um lugar seguro enquanto resolvia esta confusão. Assentindo com a cabeça a si mesmo, mudou seu olhar para Lucian, e disse sombriamente, -Como minha companheira de vida, Eshe está em maior risco. É necessário tirá-la daqui. -Estar longe não salvou Althea- assinalou Eshe que não parecia chateada ou zangada por suas palavras. De fato, estava estranhamente tranquila e adicionou, -De fato, você é a maior preocupação. -Eu?- perguntou com surpresa.

-Sim. Eu sou uma soldado profissional. Estou capacitada para isto- assinalou brandamente, como se falasse com um menino. -Você, entretanto, é um civil. E enquanto eu era, provavelmente, o objetivo do fogo no abrigo, quase morre ali comigo. É provavelmente melhor se for viver em um lugar seguro. Voltou-se para olhar ao Lucian. -Talvez devesse madar que Anders o leve à casa dos executores e tracá-lo com Nicholas. Ninguém poderia chegar até ele lá e pode visitá-lo e se atualizar das notícias.


-Não vou a nenhuma parte- disse Armand com assombro, e depois olhou para Lucian como se o homem o tivesse cogitado realmente isso, quando acrescentou, -Não me prenda. Esta é minha vida. Eram minhas esposas, e eu fico aqui para averiguar que diabos está acontecendo. -Não sei, Armand- disse Eshe em voz baixa. -Nunca me perdoaria se algo te acontecesse por minha causa. -Bom, eu não vou embora- informou-lhe com firmeza, com os braços cruzados sobre o peito obstinadamente. Eshe suspirou, mas depois de um momento fez um gesto pequeno. -Muito bem. Então por que não se veste e desce até a cozinha? Podemos falar ali e Bricker pode fazer o café da manhã e café para todos nós. -Posso?- perguntou Bricker secamente.

-Eu ajudo- ofereceu-se Leigh.

-Estou de acordo de que deve descer até a cozinha- disse Lucian com arrogância.

Pensando que definitivamente se sentiria menos em uma situação de desvantagem se não estivesse ali sentado, nu, Armand assentiu sombriamente. -Bom- murmurou Eshe, e se inclinou para lhe dar um beijo na bochecha. -Então te verei quando estiver lá. Levantou-se então e Armand viu um leve sorriso nos lábios enquanto ela conduzia Leigh e Bricker fora do quarto. A mulher estava caminhando em sexo, todos seus movimentos sedutores para ele. Ele...


Seus pensamentos chegaram a um abrupto fim, quando de repente lhe ocorreu que tinha começado a tentar fazer com que Lucian enviasse Eshe a um lugar seguro e de algum jeito terminou argumentando defensivamente que ele mesmo não deveria ser enviado para longe. Não tinha certeza, mas tinha a impressão de que tinha sido enganado de algum jeito. -Sim, foi- disse Lucian, e embora seu rosto fosse inexpressivo, não tinha perdido a diversão em sua voz. -Ela desempenhou como uma profissional- esteve de acordo Anders com secura, deixando claro que Lucian não era o único que o lia. O homem negou com a cabeça e disse -Foi bonito de ver. Quase pensei que fosse lhe agradecer porque permitiu que ficasse antes que saísse do quarto. -Então de algum jeito trocou as posições e conseguiu seu objetivo? - perguntou-lhes com um deixe de indignação. -É claro- Anders pôs-se a rir.

-Hmm- murmurou Lucian. -Deveriam ver quando Leigh e eu não estamos de acordo.

-Me deixe adivinhar- disse Anders com regozijo. -Começa chateado por alguma coisa, discute com ela por isso, e de algum jeito, no final da discussão, você é quem se desculpa. Lucian assentiu com um grunhido de desgosto.

-As mulheres são trapaceiras- disse Anders secamente.


-Não, não são- Armand descordou com um suspiro, jogou as cobertas de lado e se levantou. Tinha aprendido algo em seus três matrimônios, mesmo curtos como foram. Avançando até o armário para pegar sua roupa, explicou o que tinha aprendido, -Um homem zangado pode ser intimidante, especialmente quando é mais forte, e os homens em geral o são, ainda mais quando se trata de imortais. Acredito que as mulheres tiveram que desenvolver a inteligência para fazer frente a nossa ira. Assim, enquanto andamos rugindo como leões feridos, elas utilizam suas cabeças como uma espécie de defesa. -Hmm- murmurou Anders, aparecendo na porta do closet quando Armand colocava uma calça jeans. -Então está sugerindo que elas evoluíram para ser mais inteligentes que nós? Armand sorriu fracamente ante a incredulidade arrogante na voz do valentão e lhe disse: -Só nas habilidades de comunicação. Podem dançar em círculos ao redor de nós nesse assunto. Ou pelo menos a maioria delas podem- corrigiu-se secamente. Tinha conhecido mulheres que eram um fracasso nessa área e homens que tinham melhores habilidades de comunicação que a maioria. -Mas temos a vantagem em outras áreas. Quando Anders simplesmente grunhiu em dúvida, Armand simplesmente sorriu e negou com a cabeça enquanto pegava uma camisa e a colocava. O homem aprende. -Então?- perguntou Lucian, e Armand deu um passo atrás no closet. -Vai tentar insistir em deixar Eshe? Armand parou para olhá-lo com consideração. -Você a afastaria?

Lucian se encolheu de ombros. -É sua casa. Faria com que se retirasse se você desejar... e a poria no hotel ao lado do restaurante.


-Bom, então ainda estaria aqui, sob ameaça, mas sem que ninguém para ficar de olho nela- disse secamente e depois suspirou. -Ela pode ficar. Vamos resolver isto juntos. Mas não vou deixá-la fora de minha vista. -Veremos- murmurou Lucian e se dirigiu à porta.

Armand franziu o cenho a suas costas e lhe seguiu.

-Isso foi um bom golpe, sobre falar rápido lá encima- felicitou Bricker enquanto seguia Eshe e Leigh pelas escadas. -Deu a volta em Armand belamente. -Não sei do que está falando- disse Eshe inocentemente, e viu o sorriso de Leigh pela extremidade do olho, quando baixou o último degrau para entrar na sala. Em um esforço por trocar de assunto, acrescentou, -Sinto muito por voluntariá-lo para o serviço de cozinha. Vou ajudar também, é obvio. Bricker soprou com a oferta. -Nem sequer pode abrir um pacote de strudel. Não vai ser de muita ajuda. -É por isso que ofereci você- assinalou, sem ofender-se. -Tenho certeza de que vou me inteirar deste negocio de cozinhar suficientemente rápido, agora que vou comer outra vez. Simplesmente não me incomodei com os alimentos durante muito tempo. -Ainda não entendo- disse Leigh, enquanto entrou na cozinha. -Não me posso imaginar que não queria comer. Quero dizer que a vida já não vale a pena ser vivida sem o chocolate e o bolo de queijo.


-Bolo de queijo?- perguntou Eshe. -Não parece muito atraente. O queijo é encantador, mas colocar queijo azul ou até mesmo o velho cheddar em um recipiente com farinha e outras coisas e depois cozinhá-lo e congelá-lo soava estranho para ela. -Não provou ainda o bolo de queijo? perguntou-lhe com assombro.

Eshe negou com a cabeça, e Leigh lhe deu um olhar de lástima que parecia sugerir que se estava perdendo algo. -Se ficarmos, vou trazer algum hoje. Tem que prová-lo. É o maná- assegurou-lhe a mulher. -É coisa de garotas- disse Bricker com ironia quando Eshe olhou para ele. -Nunca conheci uma mulher que não gostasse de bolo de queijo. -Você não gosta?- perguntou-lhe Leigh com incredulidade.

-Por mim, tudo bem- disse Bricker, com um encolhimento de ombros.

-Lucian gosta. Não posso ter o suficiente- anunciou Leigh. -Mas à maioria dos homens parecem gostar mais de comidas gordurentas como bacon ou hambúrgueres do que coisas doces. -Bacon é bom- disse Eshe, suspirando ao pensar na comida. Sentia como se tivessem passado dias desde que tinha comido comida real, e seu estômago se sentia vazio. -Passaram dias- assinalou Bricker, lendo seus pensamentos. -Não comeu nada desde domingo e hoje é terça-feira. Eshe franziu o cenho ante este anúncio. Era noite da terça-feira quando tinha


chegado para começar este trabalho. Tinha passado uma semana, e a única coisa que tinha feito era fazer perguntas ao Harcourt. Neste ritmo, Nicholas ia fritar. -Não seja tão dura consigo mesma- disse Bricker em voz baixa ao abrir a geladeira, e começou a pegar ovos, bacon e manteiga. -Perguntou o Armand também, e tentamos perguntar ao irmão e a irmã de Susanna. Eles simplesmente não estavam lá para serem interrogados. Eshe grunhiu e lhe franziu o cenho por ler sua mente, mas ele não percebeu. Estava de costas para ela enquanto pegava uma frigideira de um armário ao lado do fogão. -Deveria fazer café?- perguntou Leigh, olhando ao redor da cozinha. -E então poderia fazer torradas. -Isso seria bom. Obrigado- disse Bricker.

-O que quer que eu faça?- perguntou Eshe para Leigh que se encaminhou para pegar a jarra de café vazia e a levou até a pia para enchê-la. Bricker franziu o cenho e olhou a seu redor e então disse: -Pode pôr a mesa.

Eshe levantou uma sobrancelha. -Onde quer que a ponha?

-Certo, certo- disse secamente, e depois sua expressão se tornou incerta. -Está brincando, não é? Você sabe como por a mesa, colocando pratos, talheres, manteiga, sal, pimenta e talvez algumas geléias. -É claro que sim- disse secamente, passando à despensa para começar a procurar os artigos que tinha mencionado. Embora a verdade é que, mesmo tendo escutado o termo 'pôr a mesa', não tinha certeza do que implicava. Mas agora sabia e encontrou


os pratos para começar a contar cinco deles. Anders, sabia, não comia, por isso não se incomodou em pôr para ele. O café estava terminando quando os outros três homens chegaram. Anders imediatamente se instalou na mesa, mas Lucian e Armand se dirigiram à cafeteira para pegar cafés. -O leite e o açúcar estão sobre a mesa- disse-lhes Eshe, enquanto procurava no refrigerador uma seleção de conservas da senhora Ramsey. -Venha e sente-se, Eshe- ordenou Lucian que se dirigiu à mesa com o café.

Ela pôs as geléias na mesa, e depois hesitou, mas Leigh estava a cargo da torradeira, e Bricker parecia ter o fogo sob controle, por isso se serviu um café e foi se unir aos três homens na mesa, sentando-se ao lado de Armand. -Como mencinou lá em cima, obviamente, chamaram a atenção de alguém em suas investigações- disse Lucian sombriamente, enquanto colocava dois cubos de açúcar em seu copo e pegava o leite. -Temos que saber como. Eshe ficou em silêncio enquanto colocava leite em seu café e depois mexeu a bebida fumegante. Deixando a colher de lado, suspirou e admitiu, -Não estou segura de como. Realmente conseguimos interrogar somente Armand e Harcourt. Apesar de que nossa presença foi ampliamente assinalada- acrescentou secamente -pense na reação no restaurante. -William?- perguntou Armand com surpresa. -Não pode suspeitar dele. Ele não teria matado Althea. Ela era sua filha.


Eshe fez uma careta. -Estou de acordo com você nisso. Não acredito que ele esteja por trás das mortes, mas falar com ele foi muito útil. Aprendemos algumas coisas. -Sim, sim -disse Lucian em voz baixa. -Harcourt tinha álibi para a morte de Rosamund e está seguro de que não poderia tê-los seguido a Toronto quando Althea morreu. Ele disse que estava trabalhando no parto de uma égua? Armand fez uma careta, uma lembrança desagradável, obviamente, deslizando-se através de sua mente. -Perdemos o potro. E a ponto de perder a égua também-disse, e então reforçou com realização. -Suspeitas de mim? -Bom, pelo que posso dizer, é a única conexão óbvia entre as três mulheres e Anniedisse Lucian encolhendo-se de ombros. -Tiramos você da lista, e falamos com Harcourt - disse Eshe em voz baixa.

-Assim como com Marguerite. Ela e Jean Claude aparentemente fizeram uma visita enquanto esteve ausente, chegaram depois de que saiu da Côrte, e saíram cedo na noite do incêndio. Comprovou que estava ausente enquanto eles estavam ali. -De acordo- suspirou. -Mas William Harcourt estava na Côrte quando Cedrick e eu chegamos lá. Foi antes que eu, mas ele estava comigo quando Rosamund morreu. Assim se minhas três esposas morreram, então não é o culpado de ambas. -Então podemos tirar William e Cedrick da lista também, se a morte de Susanna não foi um acidente- disse Eshe encolhendo-se de ombros. -O que sobre o irmão e a irmã?- sugeriu Bricker, atravessando a cozinha para dar uma olhada a sua direção.


-Susanna era muito unida a seu irmão e irmã- disse Armand em voz baixa. -É por isos que Agnes voltou. Eles não fariam mal a Susanna, e nem sequer estavam no país quando Althea morreu. -Parece como se ninguém pudesse tê-lo feito- disse Anders secamente.

-Essa foi minha conclusão faz um século, quando comecei a procurar nas mesmas mortes.- admitiu Armand em tom deprimido. -Bom, alguém fez- anunciou Lucian com gravidade. -Há alguma razão pela qual os dois foram presos em um abrigo em chamas. O silêncio reinou na mesa por um momento e depois Eshe olhou para Armand. -Há alguém que estivesse presente desde antes da morte da Susanna? Armand pensou por um momento, mas negou com a cabeça. -Estávamos muito mais espalhados na época. Os Harcourts não estavam tão longe, e tampouco Marguerite e Jean Claude, e é obvio Cedrick trabalhava para mim no castelo e o irmão de Susanna e sua irmã estavam ali, mas...- encolheu-se de ombros sem poder fazer nada. -É isso. -Talvez a morte de Susanna tenha sido um acidente e só teria que estar olhando Althea, Rosamund, e a morte de Annie- sugeriu Anders. -Isso é possível- murmurou Eshe.

-Não sei- murmurou Bricker do fogão. -A morte de Althea soava como se pudesse ter sido um acidente. Eshe o olhou com incredulidade. -Está brincando, não?


Olhou por cima do ombro com surpresa. -Não. Foi um incêndio de hotel. Poderia ter sido um acidente. Eshe franziu o cenho -Não percebeu nada suspeito na morte de Althea, quando William Harcourt a estava descrevendo? Bricker franziu o cenho agora também enquanto os outros viram e escutaram com curiosidade. -Não. Em realidade não. Quer dizer, tratava-se de um incêndio de hotel. Acontece. Eshe sacudiu a cabeça com assombro e maravilhada, -Era evidente que estava contando uma história que nem Harcourt acreditava, mas ele é um homem. -Ei. Sou um homem também- protestou Bricker.

-Ah, claro- disse, e mordeu o lábio para não rir de sua expressão. Sorrindo, disse, -Eu só penso em você como um soldado em vez de um homem. -Não posso ser ambas as coisas?

-Talvez quando for mais velho- permitiu.

-Ok, obrigado- disse secamente.

-O que você notou, que Bricker não notou, e que te faz pensar que foi assassinada?perguntou Armand e parecia quase ansioso. Ela supôs que estaria encantado de conhecer sua mente, se suas suspeitas tinham uma boa razão.


Eshe hesitou, alinhando seus pensamentos em sua mente, e depois disse, -Bom, foi um incêndio em um hotel como Bricker disse... mas ao que parece começou em seu quarto durante o dia. Bricker se encolheu de ombros com impaciência. -Eles utilizavam candeiros e velas nessa época. Um ou o outro pode ter caído no chão. -Mas foi durante o dia- assinalou Armand, seus pensamentos seguindo juntamente aos Eshe. -Althea dormia durante o dia como regra. Mas mesmo que não estivesse, não necessitaria um candeiro ou uma vela durante o dia. -Exatamente- sorriu-lhe Eshe.

-Sim, parece que é algo estranho- aceitou Bricker com o cenho franzido, quando se virou para começar a fazer as tiras de toucinho. Eshe assentiu com a cabeça, e depois disse, -Só que ela não estava dormindo.

Bricker se virou novamente, uma parte de toucinho gotejando pendurava do extremo de seu garfo. -O que quer dizer com que não estava dormindo?- perguntou Bricker com surpresa. -William disse que estava esgotada, que perguntou pelo quarto na parte traseira do hotel, que iria descansar e Mary levou Thomas para que não a incomodasse. Ela... -Ela usava o brinco que seus pais lhe deram de presente em seu aniversário de dezoito anos- interrompeu Eshe para lhe recordar. Bricker a olhou sem compreender. -E?

-Althea nunca usou jóias na cama- disse Armand em voz baixa.


-William disse que estava cansada- assinalou Bricker, e sugeriu, -Talvez estivesse tão esgotada que apenas se deitou e se esqueceu de tirar. Eshe negou com a cabeça. -São muito incômodas, não teria se esquecido. Bricker soprou. -Dormi com uma grande quantidade de mulheres mortais que mantiveram seus brincos. -Tenho certeza- disse Eshe secamente. -Mas os mortais têm as orelhas perfuradas e a maioria dos imortais não. -Sim- disse Leigh em um suspiro. -Tenho que dizer que é uma espécie de desafio. Tinha as orelhas furadas quando era mortal, mas depois da mudança?- Ela sacudiu a cabeça. -Minhas orelhas se curaram no momento em que tirei os brincos que usava quando me converti. Tentei fazer os furos de novo, mas curam outra vez quando tiro o brinco. Eshe fez uma careta e assentiu com a cabeça. -Teria que fazer os furos cada vez que quisesse usar brincos, e teria que colocar os brincos que deseja usar. -Não, obrigada- disse Leigh secamente.

Eshe sorriu ironicamente. -A maioria das imortais não são suficientemente sádicas para querer fazer isso. Geralmente usamos brincos de pressão. -Parece incômodo- murmurou Lucian, de pé para procurar outro café.

-E são- disse Leigh secamente, e franziu o cenho como se fosse sua culpa a necessidade de usá-los.


-Sinto muito, meu amor- murmurou Lucian, e se inclinou para pressionar um beijo na frente. A careta do Leigh se desvaneceu. -Não é sua culpa.

Eles compartilharam um sorriso, e depois Lucian voltou a beijá-la antes de voltar a cruzar a cozinha. Eshe olhou o homem com curiosidade enquanto ele se sentava. Foi a primeira vez que testemunhou este lado mais suave dele. O fazia parecer quase humano. A surpreendendo olhando-o, Lucian levantou uma sobrancelha. -Dizia?

-Bem- murmurou Eshe, e logo reordenou seus pensamentos. -Assim, de todos os modos, além de ser de pressão, a moda naqueles tempos era de brincos grandes e torpes que eram incômodos de usar enquanto se está deitado. É impossível dormir e definitivamente não é algo que Althea teria levado para cama- murmurou, e depois adicionou, -Por outro lado, William disse que quando tiraram seus restos, a única coisa que sobrou foi a cabeça queimada e isso é um engano. Os nanos nos fazem altamente inflamáveis. Em todas partes. Teria que ter ardido como uma vela romana se pegou fogo. Não deveria ter ficado algo... a menos que a cabeça estivesse longe do fogo em si. -E longe de seu corpo, quando ardeu- disse Lucian pensativo. -Pensa que estava acordada e viva, por alguma razão e foi decapitada como Annie e Rosamund, e então incendiaram seu corpo? Eshe se encolheu de ombros. -Isso explicaria por que a cabeça sobreviveu quase intacta, enquanto que seu corpo não. Poderia ter caído debaixo da cama ou em algum outro lugar onde fosse pouco queimada em vez de arder em chamas.


-Certo.- suspirou Bricker derrotado. -Isso parece menos com um acidente.

Estiveram todos em silêncio por um momento, e depois Bricker disse com assombro, -Mas, quem poderia tê-lo feito? William disse que a viagem a Toronto foi uma coisa de última hora. Alguém que tivesse os seguido para matar Althea, teria que estar diretamente em seus calcanhares. Todos se voltaram para o Armand.

-Ouça, não me olhem assim- disse rapidamente. -Eu estava ocupado com a égua.

-Sim, mas também estava na fazenda quando se foram- assinalou Lucian. -Havia alguém mais lá? Um imortal que pudesse ir atrás deles? Armand franziu o cenho, sua expressão pensativa, mas finalmente disse -Não. John e Agnes estavam na Europa e eu tinha chamado Cedrick quando a égua começou a ter problemas. Ele estava ali me ajudando durante toda a noite e o amanhecer do outro dia. -Não tem que ser alguém que estivesse perto quando Susanna morreu, se o caso dela foi um acidente- assinalou Eshe. Armand se levou um momento para pensar, mas finalmente suspirou e sacudiu a cabeça. -Sinto muito. Não havia ninguém. Além disso- acrescentou sombriamente Também pensei isto depois da morte de Rosamund. Fiz perguntas e até li mentes. Nenhuma das pessoas que mencionei me mentiu quando respondeu as perguntas que fiz.


Eshe assentiu com a cabeça. -Eu li a mente de William também, quando falamos com ele. Sem dúvida disse a verdade sobre as mortes que ele conhecia. -Então, estamos de volta a nenhum suspeito- disse Lucian secamente.

Armand hesitou, mas depois disse, -Não acredito que Jean Claude...- deixou o rastro de pena e logo fez uma careta quando Lucian começou a olhá-lo como um trovão. Sinto muito, Lucian. Sei que a idéia te incomoda, e francamente, não posso pensar em uma razão pela qual ele quisesse me machucar assim, mas não posso pensar que alguém o fizesse, e fez algumas coisas loucas. -Ele as fez- concordou Lucian com frieza. -Mas não pôs fogo no edifício. Está morto.

-Ele já esteve morto antes- murmurou Armand com desgosto.

Lucian de repente parecia cansado. -Sim, bom, confie em mim. Agora está morto.

Armand suspirou. -Muito bem. Então estamos de volta ao ponto de partida. Quatro mulheres mortas, sem nenhum motivo para isso, e sem suspeitos. Bem-vindo a meu mundo- disse amargamente. -Pelo menos pode estar relativamente seguro agora de que Althea foi assassinadaassinalou Bricker. -Quero dizer, estamos de acordo nisso, certo? Quando todo mundo assentiu em silêncio, Bricker se encolheu de ombros. -E alguém próximo está nervoso pela investigação ou não teriam tentado matar a ambos no abrigo- assinalou. -Suponho que simplesmente temos que seguir fazendo perguntas. Alguém em algum lugar tem que saber algo que nos pode levar na direção correta se Annie descobriu algo há cinquenta anos.


Eshe notou o olhar penetrante de Lucian voltando-se para Armand. Viu seus olhos estreitos e logo disse, -Perguntei isso no restaurante, mas lhe pergunto isso uma vez mais. Annie estava fazendo um monte de perguntas sobre a morte de sua esposa. Não seria inesperado que tentasse falar com você. Alguma vez veio aqui? -Já disse que não- disse Armand em voz baixa. -Eu não estava mentindo. Nunca conheci a Annie de Nicholas. -Talvez ela tenha dado um nome diferente ou não deu seu nome- sugeriu Eshe em voz baixa. -Alguém apareceu nessa época fazendo perguntas? Armand sacudiu a cabeça. -Não. Sinto muito.

Eshe se sentou com um suspiro e se encolheu de ombros. -Bom, então Bricker e eu continuaremos fazendo perguntas. -Nós três continuaremos fazendo perguntas- disse Armand sombrio.

Quando Eshe olhou a Lucian interrogativamente, ele disse, -Leigh e eu retornaremos à cidade depois do café da manhã, mas deixarei Anders aqui com você. Quero que se dividam em dois grupos. Eshe, com o Bricker. Armand, Anders estará com você. Eu quero que um grupo fale com o irmão e a irmã de Susanna e o outro que fale com Cedrick. Averiguem o que lembram das mortes e se algum deles falou com Annie. Averigúem tudo o que puderem e depois me chamem em Toronto e falaremos de novo. Antes que ninguém pudesse fazer comentários, voltou-se para dar uma olhada em Bricker. -Quanto tempo falta para a comida ficar pronta? -Agora- disse Bricker, entregando um prato de bacon para Leigh quando ela parou


junto a ele com um prato de torradas empilhadas na mão. Como Leigh levava mais dois pratos, Bricker tirou dois pratos a mais do forno para levá-los a mesa também. Os olhos de Eshe se abriram amplamente quando viu que ao mesmo tempo tinha feito uma dúzia de ovos cozidos da maneira que a garçonete no restaurante tinha se referido como mais fácil, e um prato que levava uma pequena montanha de batatas hash browns. Não o tinha visto cozinhá-los, mas também tinha estado distraída pela conversa na mesa. -Quero falar com você antes de sair, Lucian- disse Armand em voz baixa, já que começou a se servir. Eshe olhou com curiosidade, mas suspeitava que sabia o que ele queria falar com Lucian. Ela tinha notado a forma em que reagiu à atribuição dos grupos. Suspeitava que ia argumentar que ela podia formar um grupo com ele, em vez de Bricker. Mas também sabia sem dúvida que Lucian lhe diria que não.

Capitulo 12

-Quero formar um grupo com o Eshe- anunciou Armand a Lucian no momento em que tinha fechado a porta do escritório. -Não.

-Ela é minha companheira de vida, Lucian- disse Armand sombrio.

-É precisamente por isso que disse não- respondeu Lucian sombrio. Ficaria distraído.


Preciso de você com a cabeça no lugar para que não te escape nada e estar alerta no caso de que haja outra tentativa de matar a um de vocês. Armand piscou surpreso. -Um de nós? Fala por Eshe ou pelas mulheres que morreram? -Em geral, depois de casar-se com você e dar a luz a um filho ou, no caso de Annie, casar-se com seu filho e estar grávida- disse Lucian e depois assinalou com secura Eshe não se casou, e suponho, não está grávida e desta vez você estava presente e tentaram matá-lo também, então alguma coisa mudou. -Suponho que sim- murmurou Armand, perguntando-se o que poderia ser. Sua vida tinha transcorrido sempre da mesma maneira durante tanto tempo, que um dia tinha começado a se fundir em outro... até a chegada de Eshe. De fato, sua aparição em sua vida foi a única mudança. Mas enquanto os assassinatos tinham sido de suas esposas antes disto e da esposa de seu filho, Annie. Eshe teria morrido no incêndio se não tivesse despertado. Uma mudança interessante. -Por que não veio a mim com suas suspeitas depois que Rosamund morreu?perguntou Lucian bruscamente, lhe distraindo de seus pensamentos. Armand franziu o cenho brevemente, mas depois negou com a cabeça e suspirou. -Porque tudo o que tinha eram suspeitas. -Tão fortes eram as suspeitas que se retirou da família... Suponho que foi para protegê-los. -Sim- admitiu Armand com um suspiro. -Mas eram só suspeitas e quando suspeitou de mim, isso fez que me afastasse mais. Eu nem sequer ouvi a história de Althea. William nunca me mencionou isso.


-Provavelmente não queria te incomodar com detalhes horripilantes- disse Lucian pensativo. -Provavelmente- concordou Armand, e então disse o que lhe tinha estado incomodando desde que ele soube que a morte do Annie provavelmente estava relacionada com tudo isto também. -Mas se eu tivesse estado junto de Nicholas, Annie possivelmente estivesse viva. -Pode ser- disse Lucian e então adicionou -Mas se tivesse vindo a mim com o que suspeitava, tiríamos investigado e talvez ela ainda estaria viva apesar de seu silêncio. Nicholas tem uma nova companheira de vida e agora não tem que escolher entre seu Annie morta e seu Jo muito viva. -Deus, às vezes é desumano- disse Armand com indignação e assombro e então perguntou curioso -Sua companheira de vida se chama Jo? Lucian assentiu -Josephine Willan. Ela é a irmã de Sam, a companheira de vida de Mortimer. Armand cabeceou; ele tinha se encontrado com Mortimer algumas vezes. Nicholas tinha vindo às vezes lhe deixar fotos de Jeanne Louise no povoado enquanto investigava algum caso. Às vezes havia outros executores com ele. Mortimer tinha sido um deles. -Onde está Jo enquanto Nicholas está preso na casa dos executores?- perguntou, pensando que se estivesse sozinha e desprotegida ela possivelmente poderia sofre algum dano como às outras mulheres que tinham morrido, já que pertencia agora a sua família. -Está encerrada com ele.

-Por que?- Perguntou Armand com assombro.


-Marguerite pensou que ajudaria Nicholas a passar o tempo. Além disso, mantém-na fora de problemas- adicionou com diversão. Armand levantou uma sobrancelha.

Armand pensou que não queria que Lucian juntasse Eshe com Bricker em um grupo ao invés dele, mas ele compreendeu a razão. Ficavam distraídos quando estavam juntos. Além disso, quase a tinham matado. Se esse fosse o caso, possivelmente quem quer que estivesse por trás do ataque viria depois por ele outra vez. Eshe não correria perigo longe com Bricker se isso acontecesse.

-John e Agnes Maunsell?- murmurou Bricker.- Eles não são realmente suspeitos, o que esperamos saber deles? -Vamos saber alguma coisa- disse Eshe secamente. Olhou pela janela do passageiro da caminhonete quando entraram no caminho da fazenda dos Maunsell. Era o veículo que Anders dirigia. Ele e Armand tinham ido ver Cedrick na motocicleta de Armand e Anders tinha sugerido que utilizassem a caminhonete em vez de suas motocicletas. É obvio, Bricker tinha insistido em dirigir. Eshe não se queixou, somente encolheu de ombros e subiu no lado do passageiro. -Espero que estejam em casa- comentou Bricker secamente, e depois quando viu a fazenda escura à vista, adicionou, -Parece que não vamos ter sorte.


-Vamos verificar de todos os modos. Podemos pelo menos chamar para ter certezadisse Eshe com um suspiro, mas não pensou realmente que encontraria alguma surpresa na casa. Não via nenhuma luz na casa e nenhum carro. Viu um homem ao lado do caminho entre o celeiro e a casa. -Acha que é ele?- Perguntou Bricker quando parou o veículo diante da casa. Eshe se encolheu de ombros. Ela não sabia. Nunca tinha visto o casal antes. Poderia ser.

-Ele pelo menos pode nos dizer quem são John e Agnes e onde podemos encontrálos. -Tem razão- murmurou Bricker quando desligou o motor. Eshe abriu sua porta e desceu, olhando para ver se via o homem. Ele ainda estava parado exatamente onde ela o tinha visto, depois de uma vacilação breve, ele caminhou para eles, observandoos especulativamente. Eshe o olhou enquanto se aproximava. John Maunsell era igual ao dos retratos. Tinha características semelhantes a uma das mulheres dos retratos em miniatura que Armand tinha no escritório. Devia ser Susanna. A irmã de John Maunsell. Era loiro e alto. Tinha aspecto de guerreiro. Mas foi a cara o que mais lhe chamou a atenção. O homem tinha os olhos verde prata e a cara de um anjo. Deus tinha estado de bom humor no dia que fez este homem, decidiu ela. Tinha a beleza de conto de fadas e ela não teria ficado surpresa se o tivesse encontrado nas páginas de uma revista de moda ou que o tivessem utilizado como modelo para o príncipe da Branca de Neve ou da Bela Adormecida. Devia deixar loucas às garotas locais. Elas provavelmente se dedicavam a conseguir chamar sua atenção. Realmente, percebeu que provavelmente era um inferno para ele. -É mesmo.


Eshe piscou por esse comentário do homem quando parou ante eles, ele fez uma careta de desculpas. -Perdão. Não protegeu seus pensamentos. Eshe forçou um sorriso quando se deu conta de que ele tinha lido seus pensamentos.

Apesar de ser grosseiro fazer comentários a respeito disso, foi um bom aviso para que ela se lembrasse de proteger seus pensamentos. Era um pouco difícil quando se encontrava um companheiro de vida, embora ninguém soubesse realmente porque. -John Maunsell?- Perguntou Bricker, quando chegou até onde estava Eshe.

-Sim.- Assentiu e estreitou a mão de Bricker.

John olhou para Eshe. -É a nova companheira de Armand, Eshe DAureus? Quando ela reagiu surpresa, ele sorriu ligeiramente e disse, -Não me surpreende sua presença seu nome esteve na boca de todos os fofoqueiros entre aqui e a fazenda de ArmandInclinou a cabeça e a observou brevemente antes de dizer, -Embora seja mais encantadora do que Cedrick me disse. Eshe sorriu ante o elogio. Ela não estava acostumada a receber elogios habitualmente. Ela não era escultural, era feia e tinha aprendido a viver com isso há séculos. Então, deixou passar os elogios agradáveis, sorriu e disse, -Vejo que é muito eloquente. Foi Bricker quem perguntou, -Cedrick te falou de Eshe?

-Sim. Ele estava feliz em passar as fofocas em primeira mão- Disse John e então perguntou -Armand não veio com vocês?


Eshe olhou para Bricker antes de dizer, -Viemos sozinhos. Temos algumas perguntas que esperamos que possa responder a respeito de sua irmã Susanna. Ele assentiu. Não parecia muito surpreso e suspeitou que ele assumia que as perguntas de devia ao fato de que era a nova companheira de Armand, com uma curiosidade compreensível a respeito de sua primeira companheira. -Entramos?- sugeriu John, fazendo gestos para a casa. -Agnes foi à cidade ver um filme, mas eu posso lhes dar as respostas. -Obrigada- Murmurou Eshe permitindo que os dirigisse até a casa.

-Querem algo para beber?- perguntou John quando entraram e começou a acender as luzes. -Não para mim, obrigada- Murmurou Eshe quando lhe indicou a sala de estar. Estava decorada com móveis modernos de cores neutras de café. Eshe olhou ao redor e então se sentou no sofá de couro e se afundou em suas almofadas suaves. -Para mim também não. Acabamos de comer não faz muito tempo. Um bom pedaço de café da manhã- explicou Bricker quando se sentou no outro sofá. John assentiu e se sentou na cadeira mais próxima e então levantou suas sobrancelhas quando olhou para ela e depois para Bricker. -O que querem saber sobre a Susanna?

-Na verdade, queremos saber como ela morreu- Murmurou Eshe.

-Ah- Suspirou John. Em silêncio olhou para longe durante um minuto e então olhou para ela e disse, -Posso perguntar porque?


Eshe olhou para Bricker, sua mente que trabalhando rápido e então disse simplesmente, -Tem algo a ver com o conselho. John a olhou fixamente como se esperando mais da pergunta e então, percebendo que aparentemente isso era tudo o que estavam dispostos a dizer, assentiu. -Bem... foi aproximadamente uma semana depois que Nicky nasceu- deteve-se e sorriu. -Acho que já não é um menino? Não é? Eshe concordou em silêncio. Nicky Argeneau já não era um menino, tinha uns quinhentos anos de idade. O filho de Armand já era adulto. -Sabe algo dele?- Perguntou John de repente, olhando-a de maneira ansiosa e depois para Bricker, -Se o viram, devem saber se está bem. -Ele...- Começou Bricker e depois se calou.

-Não. Temo que não- disse pensando na pequena mentira. Para este homem não seria bom saber que Nicholas atualmente estava preso na casa dos executores à espera do veredicto. -Ah. Esperava que alguém pelo menos o tivesse visto. John afastou seu olhar triste.

-Sinto muito- disse Eshe silenciosamente, e então continuou, -A respeito da morte de Susanna...

John assentiu. -Como disse, foi aproximadamente uma semana depois que Nicky nasceu. Armand estava viajando a trabalho na Côrte; chegou no dia seguinte ao nascimento. Seu irmão Jean Claude e sua esposa, Marguerite, estavam de visita por uns dias para ver o bebê, mas tinham partido quando anoiteceu. Fui à aldeia para jantar, eu ainda comia e o cozinheiro do castelo não era muito bom- ele piscou arrependido pela mudança de assunto. -Onde estávamos?


-Armand estava viajando a serviço?

-Sim. Como disse, foi no dia seguinte depois que Susanna deu a luz. Tinha que ter chegado mais cedo. O rei enviou pelo menos três ordens para que ele se apresentasse, mas ele não foi até que Susanna deu a luz- John fez uma careta. -Felizmente, Nicholas nasceu antes que o rei se zangasse e enviasse soldados, imagino que Armand tinha alguma coisa para explicar ao rei. Eshe assentiu, já que Armand e Marguerite já tinham contado isso.

-Quanto tempo esteve na aldeia?

-Sim. Estive ali, provavelmente, algumas horas... possivelmente três ou quatro. Quis beber como um mortal e vi que o álcool não tinha efeito em mim- admitiu com uma careta e então continuou, -Enfim. Cheguei tarde, provavelmente depois de meianoite. A maior parte dos soldados e os serventes eram mortais e estavam deitados. Só os homens da muralha estavam acordados, mas sua atenção estava na vigilância da muralha. -Não viram o fogo começar.

-Sim- concordou John. -Quando cheguei eles tinham formado uma fila para passar baldes de água do poço, mas quando eles viram que os estábulos estavam queimando, era muito tarde para que tentassem apagá-lo com baldes. É obvio, eles estavam concentrados na vigilância do muro e não perceberam que o estábulo estava em chamas até que foi tarde demais. Bricker perguntou, -Soube como começou o fogo?


Pareceu surpreendido pela pergunta, mas sacudiu a cabeça. -Suponho que uma tocha caiu no feno- encolheu-se de ombros. -Nós não tínhamos exatamente investigadores naquela época e como sabe, os incêndios eram comuns. Eshe assentiu com a cabeça. Ela não se surpreendeu com o cometário, era suficientemente velha para lembrar. Quanto a fogos, tinham sido muito comuns naqueles tempos. A pressa e o feno seco eram uma combinação muito mortal quando se mesclavam com uma chama. -Como souberam que Susanna estava lá dentro?- perguntou Bricker curiosamente.

Eshe se concentrou nos pensamentos de John quando ele respondeu, escutando com sua mente e seus ouvidos quando falou. -Eles só souberam que alguém tinha ficado preso dentro. Disseram que podiam ouvir os gritos quando se aproximaram. Quando eles me disseram isso eu assumi que fosse ela... como muitos deles fizeram. Mas o fogo estava muito alastrado quando me disseram isso. Ninguém teria sobrevivido se tivesse tentado entrar e tirá-la de lá. Foi o que pensei naquele momento- murmurou, com culpa em sua cara. -Hoje sei que poderia ter entrado e, embora tivesse me queimado muito, poderia tê-la tirado e teríamos sobrevivido com bastante sangue. Eu... . Sua voz ficou embargada e girou a cabeça brevemente. Eshe engoliu em seco e se retirou de seus pensamentos. Ela podia ler sua mente enquanto ele falava, verificando ela mesma que dizia a verdade. Sentia culpa e dor pela perda. Foi Bricker quem perguntou, -Sabe se realmente era Susanna que estava lá dentro? Ninguém realmente a viu entrar nos estábulos ou...? -Não- interrompeu John, sua voz dura era uma combinação de pena e ira. -Ninguém a viu, mas era ela. Percebemos quando Agnes saiu correndo do castelo gritando que


não podia encontrar Susanna. Ela não estava com o bebê, ou em seu quarto. Suspirou e sacudiu a cabeça. -É obvio, eu queria acreditar que poderia ter estado dentro de casa. Quis acreditar que era outra pessoa, mas na noite seguinte ainda não tinha aparecido. O fogo estava extinto e as brasas tinham se apagado, assim juntei vários homens e nós examinamos as cinzas. Sua expressão foi desoladora quando disse, Encontrei seu anel de casamento e a jóia que Armand tinha dado a ela antes de sair para a Côrte, assim como algumas partes de tecido queimado de sua bata. A que estava usando quando Marguerite e Jean Claude a visitaram. É estranho que devido aos nanos, existissem esses pedaços de tecido. Permaneceram em silêncio um momento. E então John adicionou, -Fui eu quem teve que dizer a Armand o que aconteceu quando ele voltou para casa uma semana mais tarde. Sacudiu a cabeça com tristeza. -O homem estava muito feliz por estar em casa e estava contente por ver Susanna. Para ele parecia que tinha passado uma década em vez de uma semana. Saltou do cavalo a toda velocidade e subiu as escadas rindo e chamando Susanna. Quando tentei pará-lo, ele riu e disse 'Onde está sua irmã?', trouxe um presente. Tentei explicar mas só pude lhe dizer: 'Ela está morta'- John sacudiu a cabeça. -Adorava a minha irmã e foi muito doloroso para mim, mas às vezes penso que se tivesse tido mais tato não pareceria como se tivesse colocado uma estaca no coração de Armand. Eu nunca tinha visto um homem tão abatido. Eshe engoliu fortemente. Ela deixou de se concentrar em seus pensamentos para pensar em Armand retornando para casa sorrindo e desejando ver sua companheira de vida, para então saber que sua companheira estava morta. Tinha sido difícil pensar nisso. Esclarecendo a garganta, ela disse em voz baixa, -Obrigada. Sentimos fazê-lo recordar coisas tristes. Eu só tenho uma pergunta mais. Ele assentiu, sua expressão era espectadora. -Disse que Marguerite e Jean Claude estavam ali, antes, à tarde. E sei que Armand e Cedrick estavam na Côrte. Algum outro imortal esteve durante o fogo?


John pareceu assustado pela pergunta e levou um momento antes de responder. Então ele sacudiu a cabeça. -Não. Só eu e Agnes. Inclinou a cabeça curiosamente. -Por que?

Eshe deixou sair um suspiro. Ela estava esperando que houvesse alguém que pudesse investigar, alguém que Armand não tinha lembrado ou talvez alguém que ele nem soubesse. Alguém que aparecesse inesperadamente ou... bom, qualquer coisa. Mas a vida nunca é simples, não é? Sacudindo a cabeça, ela ficou de pé. -Obrigada por nos dedicar sua atenção. Temos que ir. Mantiveram-se em silêncio enquanto se dirigiam à porta. Bricker murmurou um agradecimento quando saíram e não falaram até que estiveram na caminhonete. Então a olhou, -Por que não lhe perguntou sobre Althea ou Rosamund?- Eshe se endireitou em seu assento, estava colocando o cinto de segurança quando percebeu que ele tinha razão. Ela o havia sentido tão transtornado pela história da morte de Susanna e a dor de Armand que ela não pensou em lhe fazer perguntas sobre outros assuntos. Mordendo o lábio, ela olhou para a casa e franziu o sobrecenho. A porta agora estava fechada, John não estava à vista. -Bem, ele não sabe nada útil a respeito de Althea. Ele e Agnes estavam na Europa. Armand e Harcourt nos disseram isso, ele não estava perto quando Rosamund morreu. -Certo- concordou Bricker lentamente.


-Mas deveríamos perguntar pelo menos- disse Eshe vacilante e suspirou quando terminou de tirar o cinto de segurança. Os dois saíram da caminhonete e se dirigiram à parte de trás da casa. Eshe tocou a campainha. Ela então parou, amaldiçoando-se em silêncio por não fazer todas as perguntas a respeito das outras mulheres como tinham falado. E esperou. -Ele não responde- indicou Bricker. -Não acredito que tenha dado tempo para ele ir até o celeiro enquanto que estávamos na caminhonete. -Não. Teríamos visto- disse Eshe com certeza e tocou a campainha outra vez. Estava a ponto de chamar pela terceira vez quando o som de um carro fez com que olhasse para o caminho de entrada. Uma caminhonete quatro por quatro branco com janelas escurecidas estacionou ao lado da sua caminhonete. Eshe e Bricker olharam com curiosidade quando o veículo parou e o motorista saiu. O homem parecia um touro, tinha o peito largo, era musculoso e tinha o pescoço grosso. Tinha o cabelo castanho claro muito curto. Eshe se encolheu de ombros quando Bricker a olhou e esperou simplesmente que o homem se aproximasse da porta de entrada. Parou na calçada diante da escada. Olhou aos dois e depois observou a ela com mais atenção. -Eshe Daureus?

Os olhos de Eshe se ampliaram ligeiramente, mas aceitou a mão que lhe estendeu e assentiu antes de perguntar: -E você é? -Cedrick Hanford.

-Cedrick?- perguntou Bricker com surpresa. -Armand e Anders estavam indo falar com você quando saímos de casa.


-Suponho que não me acharam. Estava cuidando de algumas coisas- disse e arqueou uma sobrancelha ao perguntar. - E quem é você? - Justin Bricker- disse, oferecendo sua mão em saudação. -Eu sou amigo de Eshe e agora de Armand- murmurou por último. Cedrick assentiu e aceitou a mão em uma sacudida, então olhou para a porta. -Não respondem?

-Não- admitiu Eshe, franzindo o cenho.

-Nos reunimos com John. Falávamos com ele há uns minutos e então íamos embora, mas lembramos de algo que esquecemos de lhe perguntar e retornamos, mas agora ele não responde. Cedrick grunhiu, não parecendo surpreso. -Ele provavelmente desceu ao porão. Se esse for o caso, não nos ouvirá. É a prova de som. É onde dormem e lá não se pode ouvir a campainha nem o telefone. Poderia explodir a caminhonete e ele não saberia. -Parece que se deita cedo-disse Bricker.

-Provavelmente- disse Cedrick. -Mas ele tem um escritório ali também, com um computador, eu às vezes estive ali jogando com um vídeo game. Está acostumado a jogar até o amanhecer. O melhor é lhe deixar um recado na secretária eletrônicaadicionou com irritação. -Bem então não poderemos falar com ele esta noite- murmurou Bricker. Eshe assentiu e então retrocedeu. Cedrick murmurou, -Com licença- e passou entre eles para chegar à caixa de correio.


Tirou um CD do bolso de atrás e o deixou cair dentro da caixa. Virando-se, ele viu suas expressões e explicou, -Um programa de contabilidade para ajudá-lo com os livros contábeis. -Pensei que John fosse o proprietário deste lugar, não Armand- Disse Bricker surpreso. -Faço umas coisas aqui e ali. Este programa é para sua própria contabilidadeadicionou secamente, movendo-se entre eles outra vez para seguir pela escada. Deu um passo na escada para segui-lo quando começou a caminhar para o carro. Viu seu encolhimento de ombros. -Diga a Armand para me ligar.

-Sim. Provavelmente está em sua casa- adicionou. -Pode ir conosco até a fazenda.

Eshe olhou a casa silenciosa atrás deles. Necessitavam realmente perguntar a John algumas coisas mais, mas lhe pareceu que esse não era o momento. Eles tinham que retornar para casa, conseguir o número de seu telefone e ligar para ele para deixar um recado em sua secretária eletrônica. Não podia fazer outra coisa. Suspirou e se dirigiu para Cedrick. -Sim. Nós vamos até a fazenda, pode nos seguir e ali falar com o Armand. Cedrick assentiu e entrou em seu carro.

-Trouxe o telefone Bricker?- perguntou Eshe quando se dirigiam para seu carro.

-Sim. Onde está o seu?- perguntou com surpresa.

-Derreteu no incêndio- disse secamente.


-Ah- ele colocou a mão no bolso para pegar o aparelho.

-Me dê o telefone no carro- disse quando se aproximou da porta do passageiro. Os dois entraram e colocaram os cintos de segurança, então Bricker lhe deu seu telefone e ligou o motor. -Para quem vai ligar?

-Para Armand- respondeu distraídamente quando começou a discar o número no telefone. -Eu só quero ter certeza de que ele e Anders estejam em casa quando Cedrick chegar. -O telefone dele sobreviveu ao incêndio?- perguntou Bricker. Eshe amaldiçoou e desligou. Discou o número de Anders quando Bricker entrou na estrada e Cedrick os seguiu.

Capitulo 13

-Armand está a caminho- disse Eshe a Cedrick quando ela saiu do veículo para encontrá-lo já fora de sua caminhonete e ali para segurar a porta para ela. Tinham estado balançando tanto tempo ao redor das curvas de nível no caminho de volta que ela tinha discado o número de Ander errado duas vezes antes que finalmente conseguisse discar o número certo e falar com os homens. Como tinha previsto, estavam sentados na caminhonete de Armand esperando que Cedrick voltasse. Ela tinha explicado que se encontraram com ele na fazenda


Maunsell e que o levavam de volta à fazenda de Armand para falar com ele. Armand havia dito que se dirigiam exatamente para lá. Eshe tinha terminado de falar com ele e desligou antes que Bricker entrasse na estrada para a fazenda de Armand. Por seus cálculos, os homens estariam a quinze ou vinte minutos de distância. Ela murmurou um obrigada quando Cedrick fechou a porta por ela, e depois olhou para o alpendre. -Você gostaria de algo para beber enquanto esperamos? Café, chá... sangue?- Eshe acrescentou o último como um movimento irônico de seus lábios. Dizer os dois primeiros a tinha feito se sentir como a Pequena Dona-de-casa Susi, mas oferecer o sangue a tinha feito se sentir melhor. Além disso, ninguém nunca tinha mencionado se o homem tinha uma companheira de vida ou não. Se não, provavelmente não beberia nada exceto sangue. -Sangue- murmurou Cedrick quando a seguiu subindo os degraus do alpendre. Então acrescentou. -Estou sem ninguém ainda... e começo a pensar que nunca encontrarei a minha companheira de vida. A última frase foi dita em uma nota cansada que fez com que Eshe franzisse o cenho ligeiramente. Era difícil estar sozinho, ela sabia. A vida começava a se mesclar em um perfeito novelo de noite sem fim. E John Maunsell também estava sozinho, reduzido a um jogo emocionante no qual se sentava sozinho em um quarto à prova de som e sem janelas, noite após noite jogando sem fim os videogames. Depois que resolvessem tudo isto, parecia que ela e Armand deveriam dar uma grande festa e convidar toneladas de mulheres, mortais e imortais, para apresentarem aos homens. Ambos pareciam bastante bonitos para ela e mereciam companheiras de vida. É claro, ela só tinha tido uma curta conversa com o John, e pelas poucas e breves frases que tinha trocado com Cedrick, parecia que ele não pensava muito em John.


-O que quer dizer com o John é John?- Perguntou ela curiosamente quando entraram na cozinha e ela foi até a geladeira para pegar três bolsas de sangue. -Acho que eu deveria levar isso ao quarto de Armand antes que esqueçamosmurmurou Bricker quando pegou a bolsa que lhe ofereceu. A Senhora Ramsey estará aqui amanhã. Eshe assentiu ausentemente, seu olhar interrogativo estava em Cedrick quando lhe ofereceu uma bolsa. -Obrigado. Ele aceitou o sangue, mas não colocou a bolsa em seus dentes, em vez disso considerou sua pergunta. Finalmente suspirou e disse sem rodeios, -John foi um idiota bêbado como mortal. Os olhos de Eshe se abriram amplamente com essa notícia. Ele tinha mencionado que gostava de beber quando era mortal, mas ela não tinha tomado isso como se significasse que ele era um bêbado. É obvio, ele não ia provavelmente dizer isso. Ela olhou para Bricker e viu que ele pareceu surpreso. Também deixou de tirar as bolsas de sangue da geladeira, recolocou duas que já tinha retirado de volta na geladeira, fechando a porta e endireitando-se para escutar. Eshe olhou de volta para Cedrick, e então levou sua bolsa de sangue com ela à mesa e se sentou quando perguntou, -O que lhe conduziu à bebida? -Nada- disse Cedrick secamente quando ele e Bricker se uniram a ela na mesa. -Ele apenas era o segundo filho sem responsabilidades, sem possibilidades, e um gosto pela bebida. -OH- murmurou Eshe, girando sua bolsa ausentemente em sua mão.


-Também esteve noivo da filha de um barão que morava perto- disse Cedrick em um suspiro. -A garota podia ter escolhido melhor, mas ela e John estavam loucos um pelo outro e seu compromisso já durava três meses quando John chegou ao castelo para averiguar por que Agnes não estava no convento. E então, é obvio, saiu uma noite para caçar e quebrou o pescoço. -E Agnes o converteu- murmurou Eshe.

-Sim. O pequeno idiota. Pensava que era uma perda de tempo converter-se naquela época. -E agora?- Perguntou Eshe curiosamente.

Cedrick se encolheu de ombros. -A conversão fez com que John deixasse a bebida. O álcool não tinha nenhum efeito nele e Armand ordenou a todos que não lhe contassem sobre como beber o sangue de um bêbado nos afetava. Tenho certeza de que ele aprendeu isso depois, mas pelo que posso dizer ele não era um bêbado antes da morte de Suanna. Apertou seus lábios e disse, -Culpa, imagino. Se ele não tivesse bebendo no botequim do povoado, teria estado ali quando o incêndio começou e Susanna poderia estar viva. Eshe assentiu, e Bricker perguntou, -O que ocorreu a sua prometida?

-OH.- Cedrick estalou a língua com desgosto. -Armand lhe avisou que esperasse até que tivesse domínio sobre a habilidade de ler mentes antes de se casar com ela, para se assegurar de que ela era sua companheira de vida, mas ele ainda estava apaixonado pela garota e teria seguido em frente e se casado com ela se ela estivesse de acordo.

-Ela não estava, suponho- disse Eshe tranquilamente.


-Demônios, não estava. Ele foi até ela no minuto em que deixou o castelo e contou o que ele era agora. A garota era muito religiosa, muitas famílias eram na época, e por isso teve um ataque do coração quando ele contou. Pelo que ele entendia, ele agora era a semente do diabo e não podia afastar-se dele rápido o suficiente. Se eu não tivesse estado ali, ela teria fugido e teria contado a seu pai e teríamos um exército na porta do castelo com estacas e tochas na mão. -Você estava lá?- perguntou Eshe com surpresa.

Cedrick assentiu. -Armand não é idiota. John tinha prometido adiar o casamento e não falar nada até que pudesse ler a mente e controlar os mortais, assim como limpar lembranças no caso de que ela reagisse exatamente como fez. Mas Armand não confiava nele e me enviou para seguí-lo só para garantir. Limpei sua memória, pus falsas lembranças de uma terrível briga com o John em sua mente, e a enviei para casa pensando que nunca mais queria vê-lo outra vez. Então levei John de volta ao ao castelo. Cedrick se sentou em na cadeira e sacudiu sua cabeça. -Foi um pequeno bastardo muito amargurado e zangado durante um tempo depois disso, antipático com tudo mas principalmente com o Agnes. John a culpava por lhe converter no que sua prometida via como um monstro, você sabe- acrescentou secamente. -Não importava o fato de que se o tivesse deixado morrer ele não teria ficado com sua noiva e também não teria uma vida. -Foi duro como o inferno para Agnes. Felizmente, a morte de Susanna pareceu colocar pelo menos algum juízo no rapaz. Tinha tratado ela melhor depois do ocorrido, muito protetor com ela... o que é bom pois sempre lhe adorou- acrescentou tranquilamente, e depois perguntou. -Já conheceu Agnes?


Eshe sacudiu sua cabeça. -Ela tinha ido até a cidade ver um filme ontem à noite quando chegamos. Cedrick sorriu fracamente. -Agnes adora filmes. É uma pequena garota doce. Acho que é quase dez anos mais velha que Susanna. Ela e um irmão mais velho tiveram uma mãe diferente do que Susanna e John, que nasceu da segunda esposa de seu pai. A mãe de Agnes deve ter sido uma garota pequena. A estatura da garota e sua magreza a fazem parecer mais jovem que muitos imortais apesar de ter mais de quinhentos anos. Já tinha aceito o véu e se convertido em monja quando Susanna a converteu, mas como é obvio, melhorou depois da mudança. É bastante difícil morder os amigos e vizinhos, e não são noivas virgens de Deus- disse com um sorriso. -Conheci alguns renegados que teriam pensado que é uma vantagem- disse Bricker.

-Sim, bom, Agnes não acha- assegurou Cedrick, e então lhes deixou saber que ele tinha respondido muitas perguntas por agora e então colocou a bolsa de sangue que Eshe lhe tinha dado em seus dentes. Ela e Bricker fizeram o mesmo e ficaram em silêncio quando as bolsas se esvaziaram. Eshe só tinha tirado a bolsa vazia de seus dentes quando ouviram o oxidado rangido da porta ao abrir na parte dianteira da casa e então a batida quando se fechou. Eshe não ficou surpresa quando Armand guiou Anders até a cozinha um momento depois. Cedrick assentiu saudando e removeu sua própria bolsa vazia para receber Armand. Ouvi dizer na cidade que tem um novo encarregado.


-Tenho- concordou Armand, golpeando o outro homem no ombro de passagem no caminho para a cadeira ao lado de Eshe. -Darei a você o nome e demais detalhes para registrar nos livros antes de vá. Cedrick assentiu e depois olhou curiosamente para Anders quando se moveu para a geladeira para pegar um par de bolsas de sangue. -Este é Anders- respondeu Armand à pergunta sem fazer, e quando Cedrick levantou uma sobrancelha, acrescentou, -Sinto muito, não sei seu primeiro nome. -Poucas pessoas sabem- disse Anders brandamente quando se uniu a eles na mesa e entregou uma das bolsas que tinha recolhido a Armand. Quando se sentou na cadeira entre o Armand e Bricker, acrescentou, -Falando de seu jovem encarregado, acredito que você e Eshe estiveram longe por alguns dias. Isso vale também para sua governanta. Isso foi trabalho de Lucian,- acrescentou quando Armand lhe olhou com surpresa. -Não os queria em nenhuma parte perto da casa enquanto vocês dois estavam curando, assim pôs em suas mentes que estiveram fora e que seu encarregado deveria ficar em sua casa com a TV ligada, exceto quando tivesse coisas para fazer, e sua governanta deveria ir para casa para uma folga remunerada. Ela voltará amanhã, acredito. Armand assentiu e olhou para Eshe. -Suponho que já lhe fez as perguntas?

Ela sacudiu sua cabeça, um sorriso divertido curvava seus lábios por sua consternação à possível perda de informação ganha. -Não. Cedrick estava falando sobre o John e Agnes. Não perguntamos nada mais. -OH. Ele sorriu fracamente, seus olhos caíram a seus lábios. Quando Armand então se balançou para ela, Eshe tinha certeza de que ia beijá-la, mas parou quando Cedrick falou.


-Lamento interromper, mas que perguntas?

Suspirando, lhe sorriu ironicamente, e depois se virou para Cedrick. -Estamos tentando averiguar quem matou minhas esposas e minha nora. Annie. Eshe estremeceu com as palavras. Mesmo que ela soubesse que Armand não acreditava que Cedrick podia estar por trás das tragédias de sua vida, e que ela teoricamente estivesse de acordo, ainda seria melhor preservar momentaneamente este pedaço de informação, só no caso de que eles estivessem equivocados sobre ele. Ela olhou fixamente para Cedrick, notando a expressão em sua face e que de algum jeito estava surpreso, mas não pareceu aturdido pelas notícias. Ela compreendeu o porque quando ele disse lentamente, -Pensei que poderia ser mais do que só um pouco de má sorte com as mulheres. -Deveria ter dito algo- disse Armand com surpresa. -Pensei o mesmo.

Cedrick se encolheu de ombros. -Bom, nunca me disse nada, e pensei que possivelmente só estava sendo paranóico. -Sim- disse Armand secamente. -Conheço o sentimento.

Cedrick o olhou em silêncio durante um momento, e depois se endireitou em seu assento e disse, -Certo. O que posso fazer para ajudar? Para sua grande surpresa, Armand se girou para olhá-la e levantou uma sobrancelha, em silêncio passando a palavra para ela. Levantando sua mão onde descansava em sua perna, ela a apertou gentilmente e depois perguntou a Cedrick, -Pelo que sei, você foi à Côrte com Armand na época da morte de Susanna?


Ele assentiu. -Fomos na semana antes e voltamos aparentemente uma semana depois da morte dela. -E quando Althea morreu você estava na fazenda ajudando Armand?

Ele assentiu outra vez. -Acredito que a égua pariu. Althea e seus pais se foram enquanto estávamos tentando girar à pequena besta.- Ele sorriu. -Perdemos o potro se me lembro corretamente?- Olhou ao Armand, quem assentiu.

-Estava na região quando Rosamund morreu?- Perguntou Eshe.

Cedrick sorriu a isso. -Estava na área, mas estava na fazenda que eu gerenciava na época. Só soube na noite seguinte. -Não suspeitamos de você- assegurou Armand solenemente. -Só estamos tentando pôr as coisas em uma sequência. Você é meu álibi para as mortes de Susanna e Althea. -Suspeitam de você?- Perguntou Cedrick com surpresa e depois olhou para Eshe, Bricker e Anders e assegurou a todos eles, -Conheci este homem durante muito tempo. Armand não faria mal a ninguém, só não conseguiu impedir a morte de uma companheira de vida e duas esposas. -Há alguém que acredite que poderia ter feito isso?- Perguntou Eshe de uma vez.

A pergunta pareceu deixá-lo desconcertado, mas parou e o considerou durante vários momentos antes de sacudir sua cabeça. -É um cara bom. Não posso pensar em uma razão para que alguém fosse atrás de suas mulheres.


-Então, além de você, dos Harcourt, e de John e Agnes quem estaria na região na época da morte de Susanna?- perguntou ela. -Possivelmente não estivesse envolvido diretamente com sua esposa, mas talvez nos arredores? Alguém que trabalhou nas colheitas? Cedrick se encolheu de ombros. -Somente sua família. Eles entravam e saíam de sua vida às vezes. Lucian... Jean Claude e sua esposa, Marguerite. Eshe golpeou para trás em seu assento com desgosto. Ela não era a única. Bricker e Armand o fizeram também. Somente Anders pareceu ficar imóvel pela falta de informação, mas era um novato na investigação e dificilmente conhecia Armand. Não lhe incomodaria. Cedrick ofereceu um sorriso de desculpa. -Sinto muito. Acredito que não sou de muita ajuda. -Confirmou a história do Armand- disse Eshe, forçando um sorriso. -Isso foi de ajuda. Ele deu uma pequena risada incrédula, e depois olhou para Armand quando de repente ficou de pé. -Vamos ao escritório. Passarei as informações sobre Jim, meu novo encarregado aqui- disse tranquilamente Armand. Cedrick assentiu e ficou de pé, mas parou para assentir para o Bricker e Anders, depois sorriu para Eshe. -Foi um prazer te conhecer. Espero que averigue tudo e desfrute de uma vida feliz com Armand. Ele merece.


-Obrigada- murmurou Eshe. -Prazer em conhecê-lo também. E nos encontraremos outra vez. Cedrick assentiu e se girou para seguir Armand até o escritório.

-Bom- disse Anders quando o som de seus passos desapareceram no corredor. Espero que vocês dois tenham tido mais sorte com John e Agnes Maunsell. -Sim- respondeu Bricker, justamente quando Eshe disse, -Não.

Anders levantou uma sobrancelha. -Qual é a resposta certa?

Eshe olhou fixamente para Bricker. -Tudo o que fez foi confirmar a história de Armand. -Caramba!- disse Bricker com triunfo. -Desta vez vi detalhes que você não viu.

Eshe sorriu. -Pois diga. O que notou?

Bricker sacudiu sua cabeça e ficou de pé. -Levarei o sangue para cima. Explicarei quando Armand voltar. Dessa maneira terei uma testemunha a meu favor e não parecerei um idiota como da última vez. Eshe considerou lhe dizer que não tinha parecido um idiota, mas então simplesmente se encolheu de ombros e ficou de pé para ir até os armários e começar a abrir e fechálos, até que encontrou os que tinham comida ao invés de pratos. -O que está procurando?- perguntou Bricker com um franzido.

-Algo para comer- disse ela ausentemente.


-Já?- Perguntou ele com consternação. -Tomamos o café da manhã faz algumas horas antes de Lucian e Leigh saírem. -Faz três horas- corrigiu ela, e então acrescentou à defensiva, -E esse café da manhã foi a única coisa que comi desde o picnic de domingo. Tenho fome outra vez. Soltando um suspiro, Bricker deixou o sangue que tinha recolhido e fechou a porta da geladeira. -Está bem. O que quer? Vou preparar. -Posso fazer algo eu mesma- disse ela de uma vez.

-Certo- disse ele com incredulidade aberta. -Quando foi a última vez que cozinhou?

Eshe franziu o cenho e hesitou, mas finalmente admitiu, -Nunca.

-Nunca?- Ele ecoou com incredulidade. -Nenhuma vez?

Eshe soltou um suspiro e se girou de volta às caixas dos armários e as latas com um sorriso. -Minha família era rica. E Orion era um guerreiro alucinante. Também era rico. Tínhamos servos para fazer essas coisas. Não parecia tão difícil. Tenho certeza que posso conseguir. Ela agarrou uma lata de aparência atraente do armário e olhou fixamente a bonita imagem de trigo e fruta na parte da frente. -Isto parece bom. -Isso é Metamucil- disse Bricker com desgosto, tirando-o de sua mão.

-E?- Ela se girou para lhe franzir o cenho. -O que tem o Metamucil?


-Isto é...- Olhou a lata e leu. -Um complemento alimentar.

-Isso parece saudável- disse ela, tentando agarrá-lo outra vez.

-Eshe- disse ele, seu desgosto dava espaço à diversão. -É o que os mortais velhos tomam para regular. -Para regular o quê?- perguntou ela, e depois lhe golpeou no estômago, forte. No momento em que Bricker se inclinou com um ooh, ela pegou a lata e repetiu, -Regula o que? -Merda- ofegou ele, apertando seu estômago.

-Não te golpeei tão forte- disse ela com um pouco de desgosto próprio.

-Não.- Suspirou ele, endireitando-se. -Quero dizer que é o que regula. Merda.

Eshe jogou a lata com consternação. -Compram merda?

-Não a... Isso é uma... OH. Por amor de Deus- murmurou Bricker, inclinando-se para recolher a lata. Sacudindo-a em sua cara, então disse, -Isto é fibra. Sementes de Psyllium ou grãos ou algo do tipo. Regula o espaço intestinal para os que não comem fibra suficiente em suas dietas. -OH. Ela olhou fixamente outra lata. -Isso não soa muito bem e nem é muito atrativo.

-Sim, bom, isso é mais comida para gatos e eu não sugeriria tentar comer isso também- murmurou ele, colocando a lata de volta no armário. -De fato, sugiro que me deixe te levar ao supermercado na primeira vez só para me assegurar de que não tente fazer uma comida com produtos de limpeza ou produtos de higiene femininos.


-Certo, certo, sei o que são os produtos de higiene femininos- disse ela secamente.

-De verdade?- perguntou ele duvidosamente, e Eshe girou seus olhos.

-Sou uma mulher, Bricker- assinalou ela.

-OH, certo, esqueci disso- disse ele secamente, inspecionando o conteúdo dos armários ele mesmo. -Só penso em você como uma soldado. Uma soldado muito antiga. Eshe estava estreitando seus olhos e considerando lhe chutar o traseiro quando foi consciente da suave risada de Anders provinda da mesa. Girando-se, olhou para ele, mas ele meramente se encolheu de ombros. -Achoo que somente está te devolvendo os comentários anteriores por não pensar nele como um homem- disse o homem com diversão. Dando-se conta de que ele tinha razão, Eshe suspirou e decidiu não golpear Bricker. Movendo-se para a mesa, murmurou um obrigado, -Bom. Pode cozinhar para mim. -Ok, obrigado- disse Bricker secamente, e Anders riu mais alto.

-O que é tão divertido?- perguntou Armand, entrando na sala. Eshe olhou em sua direção para ver que estava sozinho e supôs que Cedrick tinha voltado para a fazenda que estava gerenciando. -Eshe ia comer o Metamucil- anunciou Bricker, sorrindo com uma diversão que só aprofundou quando viu a branca expressão de Armand. Sacudindo sua cabeça, pegou a lata do Metamucil e a segurou. -Sabia o que era isto quando o comprou?


Armand olhou a lata e se encolheu de ombros. -Não, mas parecia bom.

Isso só fez com que Bricker risse outra vez. -OH cara. Vou ter que te dar duas lições de compras antes de ir embora. Sacudindo sua cabeça, girou-se de volta ao armário, dizendo, -Sente-se. Falarei enquanto lhes preparo algo para comer. -Bem- murmurou Armand, movendo-se ao redor da mesa para reunir-se com Eshe. Estou faminto. -Cedrick se foi?- perguntou Anders a Armand, sentado na cadeira em frente a Eshe.

-Sim. Não acredito que possa ser de muito mais ajuda- murmurou Armand, colocando seu braço ao redor de Eshe e a puxou para seu lado. Anders assentiu e depois olhou para Bricker. -Então, Armand está aqui... nos diga o que precebeu dos Maunsell que Eshe não percebeu. -Certo- murmurou ele, agarrando carnes fritas, queijo e várias verduras da geladeira. Deixou-as na bancada e voltou para pegar cebola e tomate quando disse, -Bom, dissenos muita coisa que Armand já tinha dito, mas com um pequeno detalhe a mais. -Sim, mas realmente não foi o bastante para averiguar se a morte de Susanna foi assassinato ou acidental- disse Eshe, olhando-o tirar pratos do armário e começando a cortar a cebola e o tomate. -Não estou de acordo- disse Bricker, e depois assinalou, -Ele disse que os homens aparentemente não tinham notado o incêndio do estábulo até que estava fora de


controle porque estavam olhando fora dos muros quando estavam trabalhando. E que não se deram conta de que Susanna estava ali até que Agnes saiu alterada porque não podia encontrar Susanna. -Sim- murmurou Eshe, sua boca começou encher de água quando lhe observou fazer vários sanduíches bem altos com alface, cebola, tomate, pepino, carne e queijo. Ele parou o que estava fazendo e se girou para olhar onde estavam sentados. -A primeira coisa que fiz quando encontrei você e Armand perto dos restos da cabana queimada foi chamar Lucian. Sabia que precisaria de ajuda; drogas e sangue e...Bricker se encolheu de ombros. -Demônios, só alguém para ajudar a vigiar suas costas enquanto se curavam. Deixou que isso se fixasse em suas mentes e depois perguntou, -Não acham que se Susanna tivesse saído do castelo e tivesse visto que os estábulos estavam em chamas, teria gritado aos homens nos muros para conseguir ajuda?- perguntou ele deliberadamente. -Teria que haver mais de um cavalo ali. Ela não podia ter pensado que resgataria todos sozinha. Ele sacudiu sua cabeça e girou de volta aos sanduíches. -Acredito que se os estábulos estavam em chamas antes de que ela entrasse, teria estado gritando a pleno pulmão por ajuda e os homens saberiam antes que ela estava lá dentro. -Tem razão, ela teria feito exatamente isso- disse Armand tranquilamente.

-O que significa que ela não entrou nos estábulos em chamas e que uma viga ou outra coisa caiu em cima dela e a predeu como todos assumiram- disse Eshe, seguindo esse raciocínio. -Todos os outros tinham estado decapitados- assinalou Anders. -Só Althea e Annie se queimaram como ela. Rosamund não se queimou mas foi decapitada.


-Sim. Bricker franziu o cenho quando pôs a última fatia de pão em cada sanduíche e depois começou a cortá-los em dois. -Pensei nisso, mas aparentemente ela estava gritando de dentro dos estábulos quando os homens finalmente o notaram e correram para lá. Ela não podia ter sido decapitada. -Poderia- murmurou Eshe, atraindo três pares de olhos duvidosos para ela. Tomou um minuto pensando e depois disse. -Ela foi a primeira a ser assassinada. O assassino poderia não ter sido muito confiante ainda. Poderia não tê-la decapitado completamente, mas somente cortado sua garganta ou inclusive a metade do pescoço. Uma ferida como essa a teria incapacitado, evitando escapasse, provavelmente até deixá-la inconsciente durante vários minutos, o suficiente para que os estábulos se incendiassem e tudo estivesse em chamas antes que ela recuperasse a consciência e pudesse gritar. -Mas se sua garganta foi cortada, não teria sido capaz de gritar- assinalou Bricker.

-Não muito- concordou Eshe. -Mas a primeira reação dos nanos seria reparar o dano de semelhante ferida. -O suficiente para que gritasse?- disse Bricker duvidosamente, mas depois murmurou, -Teria sentido, acredito. Quero dizer, tem razão, os assassinos frequentemente usam o mesmo método, assim acredito que tenha sido uma tentativa de decapitação. Quero dizer, encaixaria. Todos os outros foram decapitados e depois envoltos em incêndios, exceto Rosamund. Eshe assentiu, e depois olhou para Armand para ver sua problemática expressão. Acreditando que duvidava de sua teoria, ela disse, -Ou ela poderia ter outro tipo de ferida, algo que evitasse que fosse capaz de escapar, mas não de gritar.


-De maneira nenhuma, parece que Susanna foi assassinada também- murmurou Armand. -Bricker levantou um bom ponto- disse Anders tranquilamente. -Todas estavam envoltas em incêndios, exceto Rosamund. -Não haveria uma maneira de explicar um incêndio com a morte de Rosamundassinalou Eshe. -William disse que ela foi decapitada quando a carruagem que estava conduzindo se acidentou. As carruagens não tinham motores para se incendiarem. -Não sei sobre essa carruagem, mas nós tínhamos uma carruagem Brougham quando era um menino e ela tinha um farol de carruagem- disse Bricker. -Se a carruagem de Rosamund tinha um, poderia ter iniciado facilmente um incêndio quando ela tombou. Ao menos isso é o que todos teriam pensado a caruagem tivesse se incendiado. Eshe olhou para Armand. -Seu carro tinha um farol?

-Na época, sim- disse ele tranquilamente. -E havia sinais de que tinha havido um pequeno incêndio, mas estava chovendo naquela noite e aparentemente não pôde progredir. -Inclusive com o combustível do farol?- perguntou Eshe com surpresa. Tinha chovido na noite em que o edifício em que estavam se queimou também, mas isso não tinha detido muito ao fogo. Embora Lucian houvesse dito que ele tinha saído para examinar o edifício e pôde cheirar a gasolina no que restou do incêndio e suspeitava que tinha sido usada para começar o incêndio e fazê-lo crescer rápido e furioso. -Conhecendo Rosamund, provavelmente não preencheu o farol com combustível antes de sair naquela noite. Ela sempre se esquecia- acrescentou ele com carinhosa


exasperação. Armand se encolheu de ombros. -Poderia não haver suficiente combustível nele para ser de muita ajuda. -Assim, se não fosse pela chuva, Rosamund teria se queimado também- disse Anders tranquilamente e levantou uma sobrancelha na direção do Armand. -Alguns de seus conhecidos é o que chamaria piromaníaco? Gostam de fogo, usam-no para se desfazer do lixo ou algo assim? Armand franziu o cenho mas sacudiu sua cabeça. -Não que eu saiba.

-Valeu a pena a tentativa- disse Anders com um encolhimento.

-Como exatamente foi decapitada Rosamund no acidente?- Perguntou Eshe franzindo o cenho. -Os trilhos do carro eram de madeira com tiras de metal por cima. Parece que ela foi lançada do carro quando tombou, e então a tira de metal caiu diretamente em seu pescoço com o peso do carro por trás- respondeu ele cansado. -Foi um corte limpo, que uma espada poderia ter feito, mas a tira de metal também. Todos ficaram em silêncio durante um momento, e depois Anders murmurou, -Então, basicamente, tudo o que aprendemos é que as quatro mulheres provavelmente foram assassinadas, o que suspeitamos no começo... e já perguntamos a todos. Eshe começou a assentir, mas depois parou e sacudiu sua cabeça. -Não perguntamos à mulher. Armand a olhou com surpresa. -Não estará sugerindo que Mary assassinou a sua própria filha?


-Não, é claro que não- disse ela para aliviar seu desgosto, mas depois franziu o cenho quando percebeu o que estava dizendo e acrescentou, -Embora não há razão para que não o tivesse feito. Quero dizer, se William for suspeito, Mary também é. O mesmo vale para John e Agnes. Uma mulher pode matar tão bem como um homem. -Mary era a única na casa que falou com Rosamund antes que ela supostamente saísse e sofresse seu acidente. -Mary não teria tocado nem um fio de cabelo da cabeça de Althea- disse Armand firmemente. -Deus querido, ela mimou a garota. De fato, culpa-se pela obstinação de Althea. William ao menos fez um esforço por tentar refrear à garota, mas Mary sempre o impedia. Ele sacudiu sua cabeça. -Ela não está por trás dessas mortes. -Está bem, acredito sua palavra nisto- disse Eshe docemente. -Mas ainda não perguntamos às mulheres, e uma ou ambas poderiam saber algo que nenhum dos homens sabem. Temos que perguntar a elas. Armand franziu o cenho, mas depois suspirou e assentiu relutantemente. -Está bem. Mas quero estar presente quando forem interrogadas. -Seria mais rápido se... .

-Quero estar presente- repetiu ele firmemente.

Eshe o olhou em silêncio, o instinto lhe dizia que provavelmente seria melhor se ela falasse com as mulheres a sós. Uma mulher diria coisas a outra mulher que nunca diria na presença de um homem. Então, se Althea tinha tido uma aventura amorosa como Armand acreditava, sua mãe poderia não querer falar dessas coisas diante dele. Ou alguém para essa questão. Suspirando, pegou seu olhar com o seu. -Não confia em mim?


Armand piscou com surpresa. -É obvio que sim, mas...

-Então me deixe falar com elas- interrompeu-lhe firmemente Eshe, e quando abriu sua boca, provavelmente para protestar, ela acrescentou rapidamente, -Pode estar na casa comigo. Mas quero que mantenha William e John ocupados e me deixe falar com as mulheres a sós. Poderiam dizer mais sem homens ali. Armand soltou sua respiração lentamente e assentiu. -Está bem.

Capitulo 14

Eshe se estirou sonolenta e se virou de lado, congelando-se quando viu a mecha de cabelo se sobressaindo debaixo do monte de cobertas a seu lado. Um lento sorriso curvou seus lábios. Já sabendo que nenhuma das mulheres estaria acessível na noite passada, eles somente ligaram para a casa dos Maunsell e depois dos Harcourts e deixaram uma mensagem para cada mulher pedindo que retornassem a ligação afim de fazerem os acertos para se reunirem com elas. Então se sentaram para conversar e esperar pelas ligações que acabaram não chegando. Finalmente, por volta das três da manhã, Armand tinha esboçado um bocejo e disse que provavelmente não seriam capazes de se reunirem com as mulheres até a próxima noite e que pensava em se retirar e ir descansar. Ainda estava se recuperando de sua aventura no edifício incendiado e cançado depois de tudo o que tinha ocorrido. Estava retraído e sentiu que Eshe também deveria estar. Ela concordou com tal rapidez que deixou Bricker e Anders rindo enquanto Armand


a deixou em seu quarto. Eshe não se preocupou muito se tinham achado divertido. Sua mente pensava somente em estar a sós com Armand, a salvo na casa onde tinham respaldo e onde era pouco provável que fossem atacados. A porta mal se fechou atrás deles e já estavam nos braços um do outro e dançando às cegas para a cama, andando de lado e os fazendo parecer como um enorme e disforme caranguejo multicolorido. Tinham dormido, embora... poucas vezes, e sem dúvida muito antes que os homens fossem para cama. Ela supôs que provavelmente esse era o motivo pelo qual estava acordada agora, enquanto o sol ainda estava tentando olhar às escondidas ao redor das cortinas fechadas... O que significava que tinham tempo antes de terem que se levantar e deixar seus dias de folga para falar com as mulheres, pensou Eshe, sorrindo quando abraçou a posição de Armand. Amassou-se nas cobertas com só um monte de mechas de cabelo aparecendo da pequena abertura superior. Seu rosto e o restante de seu corpo estavam escondidos e envoltos na cômoda suavidade... sem deixar nada para ela. Ele tinha sorte de que ela não gostasse de cobertas pesadas e preferisse usar um lençol sobre ela, supôs. Sacudindo sua cabeça ligeiramente, Eshe levantou as cobertas, tentando desembrulhar o maravilhoso homem que tinha dado a ela tanto prazer durante a noite, mas parou quando abriu sua boca para falar e um grasnido de som saiu. Maldição, estava tão seca como o deserto e com alguma necessidade de hidratação... e comida, Eshe sabia como seu estômago podia fazer muitos sons atrozes. Realmente, agora que tinha desfrutado da experiência de comer outra vez, sua barriga parecia ter começado a exigir... e o resto dela estava exigindo sangue, deu-se conta com um suspiro de que estava consciente da cãibra que apareceu em seu corpo. Retraindo a mão que tinha estendido para Armand, Eshe saiu da cama. Ela olhou para o banheiro, tropeçando com a camisa que Armand tinha usado, e parou para pegá-la antes de continuar seu caminho.


Cinco minutos depois ela saía do banheiro vestida somente com a camisa de Armand, seu cabelo escovado com os dedos e sua boca fresca e mentolada, para sair em silêncio do quarto e fazer seu caminho escada abaixo. A casa estava mortalmente tranquila e Eshe olhou ao redor com curiosidade, perguntando-se onde estaria a Senhora Ramsey. Era quarta-feira, e a mulher normalmente trabalhava as quartas-feiras. Certamente Lucian não tinha posto em sua cabeça que não viesse durante toda a semana, não é? Eshe franziu o cenho ante a possibilidade. Ela preferia que a mulher lhe fizesse algo para comer. Embora supôs que poderia fazer um sanduíche para ela mesma. Tinha visto Bricker fazer isso no dia anterior e estava bastante segura de que podia replicar as ações que tinha feito. Eshe franziu o cenho para recordar todos os ingredientes que Bricker tinha posto nos deliciosos sanduíches no dia anterior quando entrou na cozinha e viu a redonda figura da Senhora Ramsey na bancada em frente à cafeteira. Era definitivamente uma vista feliz para ela. -Bom dia, Senhora Ramsey- disse Eshe animadamente quando cruzou a cozinha até seu lado. -Como está esta manhã? A última palavra mal tinha deixado a boca de Eshe quando a senhora Ramsey de repente se virou da bancada, e mostou uma faca afiada para a garganta de Eshe. A visão foi muito inesperada e tão improvável, que ela quase não saiu do caminho a tempo, mas no último momento seus reflexos foram acionados e Eshe se agachou, sentindo a brisa da faca passando quando roçou a pele sensível de sua garganta. -Ok. Não está de bom humor hoje- murmurou Eshe, retrocedendo e notando que a cara da senhora Ramsey estava vazia e tão branca como um lençol de papel. Não sob


o controle dela mesma, deduziu. Percebendo que a mulher estava sob controle de outra pessoa, Eshe instintivamente começou a olhar ao redor, mas captou o movimento pela extremidade do olho e voltou seu olhar de volta para a senhora Ramsey, bem a tempo de evitar outra estocada da mulher anciã. -Ai. Realmente não quer fazer isto- disse Eshe, continuando a se afastar dela. Ela então girou seus olhos a suas próprias palavras. A senhora Ramsey provavelmente não queria fazer isso, mas não podia evitar a quem quer que fosse que a estava controlando para que fizesse isso. Ela teria que machucar à mulher para se defender. Franzindo o cenho à idéia de ferir esta querida mulher, Eshe tentou entrar na mentes da dona-de-casa para detê-la quando se moveu para ela outra vez, mas quem a estava controlando tinha um firme agarre na mente da mulher. Não podia liberá-la, e em vez disso teve que retroceder vários passos quando tentou apunhalá-la outra vez. Eshe mordeu o lábio ante uma maldição quando chocou dolorosamente contra a bancada oposta de onde tinha encontrado inicialmente a mulher, e depois saiu pela lateral quando a senhora Ramsey seguiu avançando. Não lhe deu muito descanso. A senhora Ramsey simplesmente seguiu, mas Eshe estava se cansando deste jogo, e quando a mulher balançou a faca outra vez, em lugar de retroceder ou se mover, ela usou sua mão para agarrar o pulso da anciã, estremecendo mas não a soltando quando a faca feriu seu braço. -Que demônios?- Armand de repente estava ali a seu lado, contendo à mulher. Estava sem camisa e sua voz foi como um trovão quando perguntou, -Que diabos está acontecendo? -Está sendo controlada. Segure ela- disse bruscamente Eshe e fechou suas mãos sobre seu braço ferido quando correu passando por ele. Havia duas janelas na cozinha, uma sobre a pia com vista à parte de atrás do jardim, a outra na mesa com


vista ao pátio lateral, mas a janela da pia da cozinha estava melhor posicionada para uma visão completa da cozinha, e quando Eshe saiu pela porta traseira até o alpendre, realmente esperou encontrar o culpado que estava controlando à senhora Ramsey. Não o encontrou, e amaldiçoou quando correu baixando os degraus para redear a casa, sabendo que quem quer que fosse já estaria longe. Como Eshe esperava, quando virou na esquina não havia ninguém no pátio lateral, mas os arbustos na borda da janela ainda estavam se movendo por alguém ter passodo entre eles. Eshe começou a avançar, tentando perseguir o culpado, mas depois que deu dois passos, percebeu quão idiota seria fazer isso. Detendo-se, olhou fixamente a seu redor. As árvores aqui eram velhas e altas, seus frondosos galhos bloqueavam a luz do sol, assim estava escuro e não havia nenhum caminho visível. Tudo ali estava quieto e havia um silêencio que arrepiou os cabelos da parte de atrás de seu pescoço. Ele estava ali em alguma parte, Eshe sabia, esperando, ou detrás de um dos amplos troncos das árvores ou das folhagens altas. Provavelmente esperando que seguisse avançando, possivelmente até prendendo a respiração na expectativa, e definitivamente armado. Eshe não era bastante estúpida para caminhar onde ele queria enqunto ela estava ferida, desarmada e nem mesmo vestida. -Eshe?

Esse grito de trás a fez olhar pelo caminho por onde tinha vindo. Era Armand, e soava como se estivesse do lado de fora agora. Ela hesitou, olhando para frente outra vez, mas ainda não via nada, e quando Armand gritou seu nome outra vez, soando mais perto, ela começou a mover-se rapidamente para trás vários passos antes de se virar para correr longe das árvores. Eshe estava contente de fazê-lo quando viu que ele tinha ido atrás dela descalço como ela, só com sua calça e desarmado.


-Está bem?- perguntou ele preocupado, correndo para ela. -Está sangrando.

Eshe abriu sua boca para lhe assegurar que estava bem e depois parou e girou sua cabeça para um lado para escutar quando ouviu o motor de um veículo ligar em alguma parte do outro lado das árvores. Ela brevemente considerou correr para a estrada para tentar vê-lo, mas sabia que ela nunca chegaria a tempo e girou de volta para Armand com um suspiro. -Estou bem. Vamos entrar e sair do sol. Armand assentiu, seu olhar se moveu sobre as árvores atrás dela e depois à estrada, mas logo deslizou seu braço protetoramente a seu redor e correu com ela através do pátio, dirigindo-se à parte dianteira da casa. -O que fez com a senhora Ramsey?- perguntou ela quando ele abriu a porta para que ela entrasse na casa. -Ela de repente desmaiou. Deixei-a na cozinha- murmurou Armand, acomodando-a no corredor e voltando para a cozinha. Ele apenas parou para olhar a mulher no chão e depois conduziu Eshe para a mesa. -Sente-se. Trarei o kit de primeiros socorros e um pouco de sangue. Eshe sorriu e removeu sua mão de sua ferida para poder dar uma olhada. Havia muito sangue correndo do profundo corte, mas já estava parando, os nanos a estavam reparando e curando neste momento. -Não se incomode com os primeiros socorros. Uma toalha e sangue serão suficientesdisse ela em um suspiro. Seria um desperdício de boas ataduras. Não levaria muito tempo para que seu braço se curasse. Seu olhar deslizou para a senhora Ramsey e suspirou outra vez quando viu sua feição. A mulher estaria confusa e angustiada quando despertasse, e muito desgostosa se quem a tinha controlado a deixou consciente enquanto o fazia. Isso significaria que ela teria que ter sua mente limpa e


deveria ir embora. Mas teria que ir embora com o tempo de qualquer maneira, assim como o novo encarregado, se o assassino fosse começar a usá-los para fazer seu trabalho. -O que aconteceu?

-O que está acontecendo?

Eshe olhou ao redor para ver Bricker e Anders correndo para a cozinha, ambos só de calças, com o sono ainda evidente em seus olhos. De algum jeito, enquanto Bricker estava sofrendo um sério caso de descabelamento, o cabelo de Anders aparentemente não atrevia a se rebelar. Cada curta mecha estava em seu lugar. Pelo menos parecia assim, pensou ela, e depois olhou a um Armand meio nu quando este correu para seu lado com uma toalha e várias bolsas de sangue. Aqui estava ela rodeada por belos exemplares masculinos e simplesmente não tinha humor para apreciar. Isso não era irônico? -O que aconteceu à senhora Ramsey?- perguntou Bricker com consternação quando assinalou à mulher no chão e se moveu para verificá-la. Foi Anders que notou primeiro o braço de Eshe e perguntou, -O que aconteceu? Ouvi o Armand gritar. -Não tenho certeza- admitiu Armand quando Eshe permaneceu em silêncio. Colocou as bolsas de sangue na mesa e começou a enrolar a toalha ao redor de seu braço quando disse, -Despertei e vi que Eshe não estava, vim para encontrá-la, e a senhora Ramsey estava...- Sacudiu sua cabeça, ou não estava certo do que a mulher estava fazendo, ou era incapaz de dizer. -Desci para pegar algo para comer e alguém controlou a senhora Ramsey e tentou me cortar a garganta- disse Eshe secamente quando Anders olhou em seu caminho.


-O que?- Bricker a olhou com receio.

Eshe assentiu, mas quando abriu sua boca para falar outra vez, Armand levou uma das bolsas de sangue à vista, suas presas se deslizaram, e ele fincou a bolsa, silenciando-a. -Se alimente agora. As explicações virão depois- grunhiu ele quando lhe olhou. Ignorando-a então, girou-se para olhar à senhora Ramsey e lhes disse, -A senhora Ramsey tinha uma faca, Eshe foi atacada e segurava seu pulso para evitar que a apunhalasse outra vez quando entrei na cozinha. Agarrei à senhora Ramsey, e Eshe imediatamente saiu correndo para fora, provavelmente para perseguir a quem que que fosse que a estava controlando. A senhora Ramsey desmaiou e saí correndo atrás de Eshe. Anders girou sobre seus calcanhares, dirigindo-se para fora sem hesitar, mas parando quando Bricker disse, -Não se incomode. Já foi. Ouviu quando se afastou dirigindo. Eshe olhou em sua direção e depois girou seus olhos quando viu que ele estava concentrado em seu rosto. Estava lendo ela, é obvio, e provavelmente desfrutando ao ser capaz de fazê-lo, pensou com irritação, e mentalmente lhe chamando de pequeno chato quando isso lhe fez sorrir. Isso o fez rir também, e Eshe suspirou e sacudiu sua cabeça, depois olhou à senhora Ramsey quando a mulher deu um pequeno gemido e começou a se mover. Bricker levantou a parte superior de seu corpo para descansar contra seu peito mais que no chão e a mulher tomou isso com surpresa quando recuperou a consciência. -O que aconteceu?- perguntou ela fracamente.

-Não lembra de nada- murmurou Anders tranquilamente. -Estava pensando em fazer


café e então despertou no chão ou, como ela pensou, nos braços de um belo jovemacrescentou com diversão. -Me ocuparei dela- disse Bricker tranquilamente, ajudando à mulher a se levantar. Guiou-a para fora da cozinha, sua concentração na senhora Ramsey, sem dúvida acalmando-a e mudando suas lembranças quando se foram. Eshe lhes observou ir-se, depois tirou finalmente a bolsa vazia de seus dentes e murmurou, -Não pode voltar até que isto esteja resolvido. Ele poderia usá-la outra vez. Quando Anders levantou as sobrancelhas e olhou na direção de Armand, este suspirou cansadamente e assentiu. -É o melhor. Teremos que afastar também a meu novo encarregado, Jim, até que isto acabe. -Vou providenciar- assegurou Anders, e saiu da cozinha.

Armand entregou a Eshe outra bolsa e se sentou no assento a seu lado. Sua cara era problemática quando a observou colocar a bolsa em sua boca e logo disse, Controlaram à senhora Ramsey porque não queriam ser reconhecidos. Incapaz de falar, Eshe assentiu. Também era o que estava pensando.

-Então é alguém que conheço- continuou ele, seguindo seu pensamento.


Eshe assentiu outra vez. Ela não estava muito surpresa por essa possibilidade. Depois de tudo, os estranhos normalmente não se fixam em uma pessoa durante tantos séculos sem conhecê-la, mas parecia óbvio que, ou Armand realmente não tinha pensado que isso podia ser possível, ou não tinha querido pensar nisso e se convenceu de que não podia ser, porque parecia estar estupefato pela possibilidade e lutando para aceitar isso. -Quem?- perguntou ele finalmente, e havia uma combinação de dor e aborrecimento em seus olhos quando a olhou. Eshe tirou a segunda bolsa vazia de seus dentes e disse, -Vamos encontrá-lo.

-Quando?- perguntou ele, o aborrecimento e a frustração em seus olhos se arrastavam em sua voz. -Logo que os rapazes volterem e nos vestirmos iremos à casa de John e Agnes- disse Eshe tranquilamente. -Derrubaremos a porta se for preciso, mas entraremos e falaremos com Agnes, depois iremos aos Harcourts e faremos o mesmo. -E se ao falar com elas não conseguirmos mais do que conseguimos com os homens?- Perguntou ele tranquilamente. -Então colocaremos uma armadilha- disse Eshe tranquilamente.

Os olhos de Armand se estreitaram. -Qual será a isca?

Quando simplesmente o olhou em silêncio, ele sacudiu sua cabeça.

-Você não- disse ele com gravidade. -Eu serei a isca. No momento eu gostaria de ser. Quero enfrentar esse bastardo.


-Falaremos disso depois de que falarmos com Agnes e Mary- disse ela tranquilamente. -Ainda acho que conseguiremos algo com elas. -Por que?- perguntou Armand com o cenho franzido.

-Porque Annie conseguiu algo de algum jeito, assim sei que há algo para saber. Só temos que averiguar onde conseguiu a informação e onde esteve. -Acha que falou com Mary ou Agnes?- perguntou Armand com surpresa.

Eshe se encolheu de ombros. -Ou William ou John. Não pensamos em lhes perguntar se ela tinha estado para vê-los há cinquenta anos. Mas alguém falou com ela, e eles disseram algo que a fez pensar que tinha a resposta. Encontraremos essas respostas também- assegurou ela firmemente. -Parece muito segura disso- disse ele quase com inveja.

Eshe se encolheu de ombros. -Já disse a você, fui isso muito afortunada em minha vida. Não vou deixar que isso mude agora. Armand olhou para Eshe em silêncio, suas palavras soavam em seus ouvidos. Havia dito a ele que tinha sido muito afortunada em sua vida porque tinha encontrado seu primeiro companheiro de vida, Orion, enquanto era jovem e desfrutava de oito adoráveis séculos com ele. E olhando dessa maneira ela tinha sido afortunada, mas agora a olhava e recordava outras coisas. Que tinha perdido Orion, assim como a dois de seus oito filhos. Tinha perdido gente que amava assim como ele, mas Eshe não se focava nisso. Armand tinha certeza que ela tinha amado muitíssimo a seu companheiro de vida e aos dois meninos que tinha perdido, e sofreu essas perdas profundamente, mas Eshe escolheu não persistir nisso. Ela literalmente contava suas


bênçãos e se achava muito afortunada por ter outras pessoas em sua vida e também outras coisas que ela considerava abençoadas. Era uma questão de perspectiva, admitiu Armand, e compreendeu exatamente por que os nanos os tinham juntado. Podia aprender com esta mulher. Podia ser feliz com ela. Podia até mesmo amar a esta mulher. De fato, suspeitava que já amava. Eshe era forte e inteligente e não estremecia diante da adversidade, em vez disso, enrolava suas mangas e seguia em frente para enfrentá-la... inclusive sem nada exceto uma de suas camisas, pensou ele ironicamente, notando o que ela usava. Inclinando-se para frente, pressionou sua testa contra a sua e sussurrou, -Eshe, quero passar minha vida com você. -Bem- sussurrou ela de volta. -Esse era o plano.

Sorrindo, beijou-a, um suave e gentil roce de lábios, e então se afastou tentando lhe dizer que a amava, mas parou e a liberou, sentando-se em seu assento quando Bricker entrou na sala. -Enviei à senhora Ramsey embora com o pensamento de que vocês dois estão em uma longa lua de mel, que ela está fora no mesmo período com folga remunerada e que não deveria voltar até que fosse chamada- anunciou Bricker, movendo-se para a geladeira para pegar uma bolsa de sangue. Ele então olhou para Armand e disse, Espero que não se importe, mas ela depende de seu salário aqui e pensei que não deveria sofrer só porque alguém tentou te matar e às pessoas que importam a você. -Não, está bem- disse Armand tranquilamente. Podia pagar por isso, e era melhor que tê-la ali para ser controlada outra vez. Na próxima vez a mulher poderia ficar ferida em uma luta, ou até ser assassinada. Já tinha muitas mortes em sua consciência. E não estava nem sequer considerando o que poderia ter ocorrido a Eshe se a


governanta, ou a pessoa que a controlava, tivessem tido sorte na punhalada. Armand não queria pensar nisso e se alegrava de não ter que fazê-lo quando Anders voltou para a cozinha também, chamando sua atenção. -Cuidei de seu encarregado- anunciou ele, parando perto da porta.

-Férias pagas até que o chame?- Perguntou Armand, sabendo que não era seguro ter o encarregado ali tampouco. Parecia uma pena mandá-lo para casa de sua família, mesmo durante uma semana. Tinha ficado bastante emocionado por ter sua própria casa. De qualquer maneira, Anders sacudiu sua cabeça e se moveu para a mesa para pegar uma das bolsas de sangue que Eshe não tinha beber ainda e disse, -Uma longa semana com todas as despesas pagas em São Francisco. -São Francisco?- perguntou Armand sem compreender.

-É onde sempre quis ir- disse Anders com um encolhimento, sentando-se com a bolsa. -Está fazendo as malas agora. Liguei para Lucian e ele disse que teria a reserva da viagem pronta e que se encarregaria isso por você. Disse que enviaria um carro para pegar o rapaz em uma hora. -Bem- disse Armand com uma sacudida de sua cabeça. -São Francisco.

-E por falar nisso- acrescentou Anders, passando a gelatinosa bolsa ociosamente de uma mão a outra, -foi ele que colocou fogo no edifício em que estavam. -O que?- perguntou Armand com surpresa.


Anders assentiu. -Estava sendo controlado como a senhora Ramsey. As lembranças estão escondidas e difíceis de conseguir, mas eu as encontrei. Armand assentiu. As lembranças não estariam facilmente disponíveis, embora poderiam vir a ele em sonhos. Mas desde que sua mente tinha sido controlada, tudo o que ele teria seriam lembranças basicamente visuais, como um filme que tinha visto uma vez. Sempre era mais difícil resgatar isso do que eventos que a pessoa tivesse participado ativamente. -Bloqueou a porta com duas pás fincadas no chão- anunciou Anders. -Depois molhou o edifício com o conteúdo de uma lata de gasolina e atirou um fósforo. Bumm. Anders sorriu. -Queimou como palha apesar de estar um pouco molhado pela tempestade. -Viu quem o estava controlando?- perguntou Eshe.

Anders sacudiu sua cabeça. -Assim como a senhora Ramsey, não sabia o que aconteceu. Em sua memória superficial estava olhando a televisão e logo depois, de repente, estava de pé em sua cozinha com as botas cheias de barro, e ele não tinha certeza de como se encheram de barro ou por que estava ali. -Como Nicholas- assinalou Bricker, fazendo que os olhos de Armand se deslizassem afiadamente em sua direção quando explicou, -As lembranças de Nicholas acabam com ele cruzando o estacionamento, e depois 'Bang', estava abrindo seus olhos em seu porão com uma mortal assassinada em seu colo e sangue por toda parte. -Nicholas não podia ter sido controlado- assinalou Anders. -Devia estar drogado de algum jeito. -Hmm- Assentiu Bricker em acordo e depois olhou para Armand e disse, -Já sabe,


afastar à senhora Ramsey e a seu encrregado não impede o assassino de escolher alguém da cidade, tomar o controle, e obrigar a fazer o que lhe for mandado. Armand franziu o cenho à sugestão, sem ter pensado nisso, mas Eshe não pareceu surpresa e disse, -O que significa que precisamos acabar com isso rapidamente antes de que esse fato possa ocorrer. Ligarei para Agnes e Mary outra vez. Se não consiguir uma resposta dos Maunsell, iremos até lá de qualquer jeito. Derrubaremos a maldita porta se for preciso, mas definitivamente falaremos com elas esta noite. -Eu ligarei. Você precisa de mais sangue- disse Armand firmemente. Entregou a ela outra bolsa e depois ficou de pé e foi em direção ao telefone na parede. -Não precisa ligar para ninguém, ambas ligaram noite passada- anunciou Bricker.

-Ligaram?- perguntou Armand com surpresa, parando a meio caminho do telefone. Não tinha ouvido o som do telefone, e olhou instintivamente para Eshe perguntando, mas ela sacudiu sua cabeça e admitiu, -Não ouvi o telefone. -Bom, provavelmente estavam... ocupados- disse Bricker com diversão.

-Ou em um desmaio posterior ao 'ocupados'- sugeriu Anders secamente, e depois assinalou, -Se o fogo te queimou como churrasco e não você não acordou, o que te faz pensar que um telefone o faria? Armand notou que Eshe não se ruborizou ou pareceu completamente envergonhada. Ela simplesmente se encolheu de ombros e perguntou, -Então quando podemos vêlas? -Eu recebi esta ligação- anunciou Anders. -Agnes estará disponível esta noite. Disse que as nove em ponto é melhor para ela.


-E disse a ela sobre o que queremos falar?- perguntou Armand tranquilamente.

-Só disse que queria apresentá-la a sua nova companheira de vida- disse Anders. Pensei que era melhor não dar muitos detalhes até que estivéssemos lá. Armand assentiu e perguntou, -E Mary Harcourt?

Anders imediatamente girou um seco olhar para o Bricker.

O imortal mais jovem suspirou e disse, -Eu recebi esta ligação. Mary estava falando de Montreal. Amanhã é seu aniversário e aparentemente planejaram esta viagem antecipadamente. Viajaram noite passada e não voltarão até sábado. Ligou em casa para verificar as mensagens quando chegaram ao hotel, e ligou de lá- explicou Bricker, e depois relutantemente admitiu, -Pediu que a esperássemos até sábado a tarde. Queria um dia para conseguir planejar a volta para casa. Fará um jantar no sábado para todos nós. -Jantar no sábado?- Eshe soava aturdida. -Bricker, só temos até a próxima terça-feira para terminar isto. -Isso nos dá todo o tempo então- disse ele rapidamente, e depois acrescentou. Considerei dizer a ela sobre o que queríamos falar. Que isso provavelmente a traria de volta; quero dizer, sua filha foi uma das esposas assassinadas de Armand e provavelmente iam querer saber que foi assassinada e conseguir justiça- assinalou ele, e então sorriu e acrescentou com desculpas, -Mas pareceu cruel arruinar sua viagem de aniversário especial. Ela parecia realmente feliz e excitada por isso. Além disso, não tinha certeza do que vocês queriam fazer. Assim agradeci e desligueiadmitiu ele, e então quando Eshe pareceu irritada, ele acrescentou rapidamente, Pensei que poderia ligar no hotel em Montreal e tentar convencê-la a voltar logo


você mesma, se quiser. Ou até mesmo voar até lá para falar com ela em pessoa se sentir que não deve esperar. Eshe lhe olhou interrogativamente, e Armand suspirou e esfregou os curtos cabelos na parte de atrás de seu pescoço. A situação era crítica, mas realmente não pensava que conseguiriam muito de Mary Harcourt. Armand estava certo de que ela teria mencionado se soubesse algo sobre a morte de Althea que sugerisse que não tinha sido um acidente ou que parecesse até mesmo ligeiramente estranho. De fato, suspeitava que ela teria caçado o culpado por si mesma com uma tocha naquela época. A mulher era implacável quando alguém queria machucar sua filha. Ele a tinha visto em ação quando pensou que alguém tinha desprezado sua filha quando ele e Althea se casaram. Armand estava certo de que ela não teria nada útil a lhes dizer.

-Falaremos primeiro com Agnes- disse ele finalmente. -Podemos ligar ou ir até Mary e William depois, caso tenhamos que fazê-lo. Eshe assentiu e colocou em seus dentes a bolsa de sangue que lhe tinha dado antes. Quando seus olhos se dirigiram ao relógio na parede, os dela o seguiram, e Armand sorriu quando viu a hora. Eram as três da tarde em ponto. Tinham horas para esperar antes de que pudessem ver Agnes.

Capitulo 15


-Estou pensando que Agnes e John não esperam que Anders e Bricker estejam conosco- disse Eshe em voz baixa, olhando pelo espelho do lado do passageiro do carro à caminhonete que os seguia. Eram oito e quarenta e cinco da noite e estavam a caminho de sua visita marcada para falar com Agnes. Eshe tinha sugerido que poderia ser melhor se Anders e Bricker esperassem em casa, mas Armand tinha insistido em que eles os acompanhassem. Ele se encolheu de ombros e disse: -Não se importarão. Só direi a eles que Anders e Bricker são convidados em casa, e que teria sido grosseiro deixá-los sozinhos. Ela o viu olhando pelo espelho retrovisor à caminhonete, depois desviando o olhar de novo à estrada, acrescentando: -Sinto-me melhor de que eles estejam te vigiando as costas. Não terão a oportunidade de te atacar de novo... ou a mim- acrescentou no último momento. Eshe sorriu divertida, sabendo que só acrescentou o final para não deixá-la zangada, e disse a ele, -Alegro-me de que acrescentou a última parte. Eu não gostaria de pensar que não confie que eu seja capaz de cuidar de mim mesma. -Tenho certeza de que é muito capaz- disse Armand um pouco rígido, e ela se perguntou se ele ficava rígido quando dizia uma mentira. -Eu sou muito capaz- assegurou solenemente. -Recebi treinamento de batalha desde que tinha trinta anos. Isso é muito tempo. Posso cuidar de mim mesma. Armand não se incomodou em ocultar sua surpresa pela notícia enquanto a olhava. Recebeu? -Sim.


-Orion te ensinou?- Armand perguntou com cuidado.

-Sim.- Eshe sorriu fracamente quando as lembranças a alagaram. Ele a tinha ensinado como lutar com lança, faca, espada e com cada arma que tinha surgido na história antes de sua morte. Entretanto, as lições favoritas de Eshe tinham sido as de mãos limpas. Que sempre terminavam com sessões de sexo quente e suarento. Uma boa maneira de finalizar as lições para os companheiros de vida. Suspirando, Eshe empurrou as lembranças longe, sentindo-se culpada por ter desfrutado delas quando tinha um novo companheiro de vida. Exalando seu fôlego, disse: -Orion era um guerreiro. E se ausentava muito. Não queria se preocupar comigo estando em casa só e indefesa enquanto ele estava fora ganhando dinheiro... ou preocupar-se ante a possibilidade de voltar para casa e encontrar sua companheira de vida morta. -Homem inteligente- murmurou Armand ironicamente. -Quem dera eu tivesse tido a metade de sua inteligência e ensinando uma coisa ou duas a Susanna, e também a Althea e Rosamund. Eshe se encolheu de ombros. -Às vezes é diferente, lugares diferentes, pessoas diferentes. É inútil lamentar-se pelas coisas que não se pensou na época. Todo mundo tem um caminho, que não sempre é o mesmo. Armand lhe lançou um olhar curioso. -Você de verdade acredita nisso?

Eshe o olhou surpreendida. -Você não?

Armand voltou sua atenção à estrada e sacudiu a cabeça. -Para mim a vida pareceu acima de tudo, um caos muito doloroso por muito tempo.


-Então, talvez não esteja procurando direito- disse em voz baixa. -Você está ainda olhando a vida dentro do aquário em vez de estar de pé junto ele olhando para dentro.

-O que quer dizer?- perguntou-lhe com óbvia confusão.

Eshe se encolheu de ombros. -Quando meu primeiro filho morreu em batalha, pensei que era a pior coisa do mundo que poderia me acontecer e que nunca voltaria a ser feliz. E senti o mesmo quando meu segundo filho morreu. -Também morreu em batalha?- Pergunto-lhe Armand.

Eshe assentiu com a cabeça, e não se surpreendeu de que ele tivesse adivinhado. Havia muito poucas formas pelas quais um imortal podia morrer e mais de um jovem imortal tinha morrido em batalha através dos tempos, especialmente quando as armas de sua escolha eram espadas. -De todos os modos- murmurou, -com cada filho pensei que o pior tinha chegado... e então morreu meu companheiro de vida, Orion. Nesse dia soube realmente que isso era o pior do mundo que podia me acontecer e que nunca seria feliz de novo. Que nunca voltaria a ser feliz. Eshe suspirou ao recordar esses tristes sentimentos. Durante um tempo eu mesma quis morrer. -Sinto muito- murmurou Armand, apertando sua mão, -Senti o mesmo quando Susanna morreu. Apertou sua mão e depois ele soltou e voltou a segurar o volante. -Eu estava no aquário nesse momento. Mas logo depois de um tempo, comecei a ver que se Orion teve que morrer, esse foi o melhor momento que podia pedir.


-Ah, sim?- perguntou-lhe em voz baixa.

-Sim- assegurou solenemente. -Eu ainda tinha uma filha em casa para me consolar, e meu segundo filho acabava de encontrar a sua companheira de vida e a tinha levado para sua casa, por isso nós fomos para lá também... e Lucian trouxe Orion para casa. -Lucian?- exclamou Armand, afastando os olhos da estrada. -Ele estava lá?- disse retornando sua atenção de novo à estrada, com uma expressão descontente. -Como Orion encarou isso? -Estou certa de que estava bem com ele- disse Eshe com regozijo. -Sobre tudo porque ele é quem insistiu para que eu aprendesse a me defender sozinha e que ele me ensinasse. Ela assentiu com a cabeça. -Foi uma de suas estranhas visitas. Uniu-se a Orion na batalha, e quando foi ferido, o colocou sobre seu ombro e o levou para casa. Caminhou três noites para trazê-lo. Ninguém mais teria feito isso. Outro teria queimado seu corpo com o resto dos imortais caídos e depois enviaria alguém para me dizer que ele morreu. Mas Lucian o trouxe para casa, por mim, para que eu pudesse dizer adeus e estar em sua cremação. Armand estava em silêncio, Eshe engoliu o nó que tinha em sua garganta e se obrigou a ter um tom mais alegre quando disse, -Passei por isso e desfrutei de muitos momentos de felicidade em minha vida após todo este tempo. E agora tenho a você, meu outro companheiro de vida para desfrutar dela.


Armand soltou o volante uma vez mais, para que sua mão se encontrasse com a dela e a apertou brandamente, mas com a mesma rapidez a soltou para recuperar o volante enquanto se virava para ver a entrada da fazenda dos Maunsells. Imediatamente Eshe dirigiu sua atenção à casa que se aproximava. Esta noite não era como as outras quando Eshe tinha visitado a comunidade. Esta noite estavam esperando por eles, e todas as luzes da casa pareciam estar acesas, assim como várias das luzes exteriores que iluminavam tudo, quase parecendo ser dia. Eshe olhou por cima da casa e do pátio, enquanto se dirigiam pelo caminho, depois olhou por cima do automóvel e da evidente Van, e pensou com ironia que devia ter ligado antes para fazer os acertos necessários para se reunir com John e Agnes. Isso lhe teria economizado um monte de viagens perdidas até aqui. Armand estacionou perto da Van, depois ambos saíram e esperaram Anders que estacionaou ao lado deles. Então todos se dirigiram à casa em silêncio, Eshe apertou a mão de Armand quando ia bater na porta, e ele apertou a dela. Desta vez não houve necessidade de tocar a campainha e esperar ter sorte, porque ao que parece John Maunsell estava atento a eles e abriu a porta antes de que chegassem até ela. -Olá- saudou-os com um sorriso, deslizando seu olhar sobre o Eshe e Armand, depois passando a Bricker e Anders, um pouco surpreso. -Vejo que trouxeste companhia. -Pareceu mais amável trazê-los do que deixá-los sozinhos na fazenda. E essa não é maneira de tratar os convidados- Armand se desculpou com ironia, logo adicionou: Espero que não se importe?


-Não, é obvio que não. Todos são bem-vindos. Entrem. John sorriu de novo, mas a Eshe pareceu que estava um pouco inseguro, o que despertou sua curiosidade. Entretanto, quando John se encaminhou para a casa e lhes fez um gesto para que pudessem entrar, Armand a conduziu para frente e ela entrou e ficou a seu lado deixando espaço aos outros. -Vamos para a sala de estar, Eshe- John murmurou ao grupo que estava na porta, e Anders e Bricker entraram. -Agnes está alí tecendo. Eshe assentiu com a cabeça e entrou na sala onde foi levada da última vez que tinha estado ali com Bricker, e seus olhos procuraram com curiosidade à esquiva Agnes. Ela a viu, era uma morena magra usando uma blusa branca e calça negra, sentada em uma cadeira de balanço, balançando-se brandamente enquanto tecia. A mulher deve ter os escutado entrar, mas foi lenta em dar uma olhada, o que deu a Eshe a oportunidade de checar seu aspecto uma vez mais. Cedrick havia descrito Agnes como uma garota pequena que parecia mais jovem do que a maioria dos imortais, e Eshe pensou que sua descrição foi bastante justa. Ela era magra, de ossos finos e suas feições eram quase de uma menina, fazendo-a parecer ter dezoito ou dezenove anos, em vez dos vinte e seis ou vinte e sete que a maioria dos imortais pareciam ter. E o fato de que usasse o cabelo escuro recolhido em uma rabo-de-cavalo só adicionou à sua aparência um aspecto mais juvenil. -OH, olá.- Agnes levantou o olhar e lhes dedicou um sorriso, enquanto os homens seguiam Eshe pela sala. Ela deixou de lado na mesa seu trabalho junto à cadeira de balanço e ficou de pé, oferecendo uma desculpa, -Sinto muito, estava tentando fazer uma fileira. Do contrário perderia a conta. Eshe nunca tinha tecido, por isso não tinha nem idéia do que ela estava falando, mas pareceu uma desculpa plausível, por isso lhe sorriu com facilidade. -Está tudo bem.


Além disso me deu a oportunidade de te dar uma olhada uma vez mais sem que você percebesse. Agnes se pôs-se a rir quando ela cruzou a sala para eles. -Você deve ser Eshe. É bonita. E honestamente, já gosto de você. O sorriso de Eshe se ampliou quando apertou a mão que a mulher lhe ofereceu. -É um prazer te conhecer, Agnes. -Para mim também- disse com gosto, depois se voltou para os homens. De repente Armand se dirigiu até ela e lhe ofereceu um quente abraço em sinal de saudação. Eshe o olhava com curiosidade, reparando o carinho que se via em seu rosto enquanto abraçava de novo à mulher, em seguida, Agnes se afastou para voltar sua atenção aos outros recém chegados, e perguntou, - E quem são eles? -São Justin Bricker e Anders- disse Armand. -Neste momento são meus convidados e não senti que fosse correto deixá-los em casa, por isso vieram conosco. -É obvio- disse Agnes com firmeza. -Era o que devia fazer. Bem-vindos, senhores.

Ofereceu sua mão primeiro um, depois a outro, e em seguida voltou a olhar ao grupo. -Bom, suponho que uns refrescos cairão bem. -OH, tenho certeza que não ficarão muito tempo- disse John, afiando os olhos.

Eshe dirigiu sua atenção sobre ele. O homem parecia tenso, nervoso, e tinha uma expressão de dor. Ele esclareceu a garganta, depois se explicou desculpando-se, -Não temos nenhum alimento para mortais aqui, Armand. Nós...


-Está tudo bem- Armand o interrompeu com doçura. -Comemos antes de sair da casa de todos os modos. Eshe se aproximou mais dele, tomou sua mão entre as suas e apertou com força para lhe recordar o que devia fazer. Ouviu-lhe lançar um suspiro, mas depois forçou um sorriso e disse: -Na verdade, estou mais interessado em ver o novo sistema de ar condicionado que comprou. Cedrick mencionou que foi entregue na semana passada e estou pensando em comprar um novo para mim, assim não me importaria em dar uma olhada. -OH- John o olhou desconcertado, e seu olhar preocupado se dirigiu a Agnes. -Talvez em outro momento. As garotas se aborreceriam sem nós. -Não seja tolo- disse Agnes com um sorriso. -Vá com eles e lhes mostre o sistema, John. Eshe e eu nos podemos nos divertir por conta própria. Ela riu e adicionou: -Nós só nos sentaremos aqui e falaremos dos homens. É isso o que mulheres fazem, não é mesmo, Eshe? -A maior parte do tempo, sim- ela concordou com diversão, embora não estivesse certa que fosse verdade. Ela e sua companheira de trabalho habitual, Mirabeau, frequentemente tinham melhores coisas para conversar quando trabalhavam juntas, mas na condição de executoras e mulheres, não atuavam desta forma, inclusive entre os imortais. - Vê?- Agnes se voltou para John. -Vão em frente. Enquanto os meninos vão brincar com seu novo brinquedo, Eshe e eu esperaremos aqui conversando.


John hesitou, mas como todo mundo o olhava com espectativa, não havia muito o que fazer. Então, apertando a boca, assentiu com a cabeça e se virou para levar os homens através da casa, deixando um vazio silencioso por um momento depois que a porta da sala se fechou. -Bom- disse Agnes depois que o momento passou. Com um sorriso pela metade, voltou seu olhar do arco da sala para encontrar o olhar curioso de Eshe e admitiu: Quase pensei que ele viria correndo insistir que os acompanhássemos. John pode ser terrivelmente protetor. Protegemo-nos um ao outro. - Armand também a protege- Eshe disse em voz baixa. -Parece que os dois se preocupam muito com você. Isso fez com que Agnes fosse direto ao assunto: -Sim, sim- admitiu, depois a preocupação encheu seu rosto e acrescentou, -Espero que isso não te incomode? Sei que pode ser um pouco incômodo já que somos os irmãos de Susanna. -Não, em absoluto- assegurou Eshe. -Vocês são sua família, e agora que penso nisso, espero que algum dia me vejam como parte de sua família também. Agnes ficou sem fôlego por um suspiro de felicidade e avançou até o Eshe para abraçá-la. -OH, só sei que isso eu gostaria- disse alegremente, então se moveu para pegá-la pelo braço enquanto a conduzia pela sala para outra porta e lhe confessou: Você é muito melhor que Althea. Ela não queria ter nada a ver conosco.


-É por isso que você e John foram para a Europa quando eles se casaram?- perguntou Eshe com curiosidade, olhando por cima de Agnes ao local para onde a conduzia. Era uma cozinha que parecia tão nova como a casa. Apesar de que não comiam nem bebiam alimento para mortais, a cozinha tinha sido equipada com as mais modernas comodidades. Eshe a admirou brevemente, depois olhou com curiosidade para Agnes que respondeu sua pergunta. -Sim, temo que sim. Ela queria que fôssemos embora. Isso estava bem, entretanto, não podia suportar estar perto dela- admitiu com aberto desgosto, logo disse: -Sabia que ela enganou Armand com uma gravidez e quase o obrigou a se casar com ela? -Ele me explicou como se produziu o matrimônio- disse Eshe cuidadosamente, -Mas disse que não se importava. -É obvio, é o que ele diria- disse Agnes, agitando a mão como se fosse algo sem importância, -Ele é muito cortês para dizer a verdade sobre estas coisas- fez uma parada e depois mantendo seu domínio sobre Eshe acelerou o passo quando acrescentou pensativa, -É obvio que conseguiu o consentimento de Thomas para esta união e assim suponho que valeu a pena no final. Encolheu-se de ombros, e soltando Eshe perguntou, -Quer algo para beber? Agnes foi até a geladeira enquanto fazia a pergunta, abrindo a porta para ver seu conteúdo, -Sei que provavelmente você e Armand comem e bebem alimento para mortais agora que encontraram um ao outro, mas como John o mencionou, temo que não temos nada disso aqui- ela estalou a língua irritada, e acrescentou: -Suponho que devia ter corrido até a cidade e comprado algo quando me levantei esta noite, mas não pensei nisso. Com um suspiro, inclinou-se para ver dentro da geladeira e disse, Mas temos uma grande variedade de sangue, se deseja escolher uma. Quando Agnes a olhou, Eshe se moveu a seu lado para ver dentro da geladeira


também. Seus olhos se abriram incrédulos ao ver as especialidades de sangue marcados na geladeira. A maior parte desse sangue ela só tinha visto nos clubes noturnos para imortais. Havia uma grande quantidade de Wino Redes, Doce Extasis, Bloody Mary, High Teme, e de todo tipo de sangue que foram confeccionados a partir do sangue de mortais alcoólicos e drogados para permitir que os imortais sentissem o prazer que não podiam sentir pela via normal. E valia uma pequena fortuna também. Era sangue condenadamente caro. Parecia que apesar de Armand ter ordenado que ninguém dissesse a ele, John tinha descoberto a maneira com a qual os imortais podiam se intoxicar. Cedrick estava obviamente equivocado, John definitivamente começou a beber de novo, e se perguntou se isto era o motivo pelo qual John estava tão resistente a deixá-las sozinhas, como se temesse que Agnes revelasse seu segrado... tal como o tinha feito. -John os compra- disse Agnes com tristeza. -Tentei fazer com que parasse, mas ele não parou. Ele toma várias bolsas e se senta em seu quarto noite após noite, só bebendo para esquecer. Isso não é uma maneira de viver de verdade. -Possivelmente Armand possa lhe ajudar com isso- Eshe murmurou, a mulher se endireitou, e no momento seguinte se perguntou como poderia fazer isso. Não havia lugares de reabilitação para imortais, pensou secamente. -OH, não, melhor não dizer a Armand- disse Agnes rapidamente. -Só traria preocupação, e faria com que se sentisse mau. Agora ele é feliz. Terá que lhe permitir que seja feliz- e se voltou de novo para a geladeira. -Também temos um pouco de sangue normal, se gostar. Mas não direi nada se preferir um Rede Wino. -Não. Obrigada- murmurou Eshe. -Não estou acostumada a beber essas coisas. Não me interessam as sensações que provocam. Agnes fechou a porta e se afastou da geladeira. -Me alegro. Althea gostava de morder


bêbados quando ia à cidade. A vida para ela era uma grande festa. Você parece muito mais adequada para Armand. Aspirou com alegria deixando que sua respiração saísse em uma rajada, e adicionou: -Estou muito feliz por Armand, não posso te dizer quanto. Esteve tão só durante tanto tempo. Me alegro de que a tenha encontrado. -Obrigada- murmurou Eshe, e consciente de sua razão para estar ali, disse: -Mas não passou muito tempo, um século possivelmente. -Um século?- Agnes a olhou com os olhos muito abertos. -Por que diz isso?, Susanna morreu faz mais de quinhentos anos. - Sim, mas depois vieram Althea e Rosamund- ela assinalou.

-OH, elas.- Agnes fez um gesto com a mão de repugnância. -Como já disse, Althea não era adequada para ele. Ela não era mais que uma puta ardilosa puta, e Rosa...

-Puta?- Eshe a interrompeu surpreendida.

Agnes fez uma careta. -Suponho que te surpreende me ouvir usar essa palavra. Provavelmente Armand te disse que eu fui uma monja antes da transformação, e sei que não deveria usar tais vulgaridades, mas é o que era. Althea foi infiel estando com o Armand, você sabe. Eshe sabia, ao menos Armand havia dito que suspeitava disso, mas só levantou as sobrancelhas em questão para incentivar Agnes a continuar.


-Ela era infiel- Agnes lhe assegurou. -Enquanto ele estava trabalhando duro lavrando a terra, ela viajava a Londres para recolher um homem, depois ia a sua casa ou até mesmo às vezes o trazia de volta à fazenda para ter sexo com ele. Ela não era melhor que um animal- disse Agnes com desgosto, e depois acrescentou firmemente, Armand merecia algo melhor. Eu não lamentei quando ela morreu. -E Rosamund?- perguntou Eshe.

Agnes se encolheu de ombros e disse a contra gosto, -Ela era legal, suponho. Mas sempre estava metendo o nariz nos assuntos de todo o mundo. Além disso, nenhuma delas eram verdadeiras companheiras de vida de Armand. Não eram mais que...- Ela se encolheu de ombros e disse: -Sua maneira de passar o tempo, suponho. Ele queria ter filhos, você sabe. Armand sempre foi um bom pai. Eshe arqueou as sobrancelhas. -Pelo que sei só criou Nicholas, e enviou Thomas e Jeanne Louise para que Marguerite os criasse. -Ele não queria fazer isso- assegurou Agnes. -Mas era um homem sozinho, trabalhando nos campos- moveu a cabeça com tristeza. -Não sabe quantas vezes pensei em estar aqui para que não tivesse mandado Thomas para longe. Mas sei que o visitava tão frequentemente como podia. Ele está acostumado a nos visitar e nos contar tudo antes de voltar para sua casa. -Pelo que sei você o ajudou a criar Nicholas- disse Eshe em voz baixa. -Armand me disse que não sabia o que teria feito se você não tivesse estado ali. Que foi uma maravilha com ele.


-Sim. Ela sorriu, satisfeita. -Ajudei a criar Nicholas. Nicky é um bom moço. Ele sempre fazia o que lhe dizia e nunca se negou a comer suas verduras. E também era um bom estudante. Ele já caminhava com um ano de idade, falava orações inteiras aos dois, e se alimentava sozinho com quatro anos. Era um bebê muito brilhante. Eshe esboçou um sorriso ante a orgulhosa maneira de ela se gabar. Ela mesma tinha feito isso um pouco, e Agnes estava falando como uma mãe em vez de como uma tia, mas então tinha criado o moço e foi mais uma mãe para ele que ninguém. -Alguma vez Nicholas lhe apresentou Annie? -OH, sim- o sorriso de Agnes começou a se desvanecer e iniciou o caminho de volta à sala de estar. -Vieram para me ver antes de se casarem e depois voltaram algumas vezes. Ela é uma garota muito doce. Parou junto à cadeira de balanço e se afundou nela, antes de adicionar: -Não sei porque, mas ele não a trouxe mais faz muito tempo. Já tem... Vejamos, devem ser mais de cinquenta anos?- Agnes se queixou, depois sacudiu a cabeça desconcertada. -Passamos uma boa temporada na última vez que ficaram aqui. Estiveram aqui durante um fim de semana, jogamos com alguns jogos e conversamos até de madrugada. Foi muito agradável, como uma verdadeira família. Eshe acabava de se sentar no sofá, e endurecida, olhou para ela sem compreender. Não sabe por que não voltou? Agnes sacudiu a cabeça. -Tentei ligar, mas a linha estava desconectada e não conseguir seu novo número. John diz que provavelmente estão ocupados, mas certamente Nicky poderia ao menos dedicar um momento para ligar, não é?- mordeuse o lábio com tristeza. -Eles sempre dizem que é melhor ter garotas que garotos porque estes abandonam a suas mães quando encontram uma mulher, e suponho que é verdade.


Eshe se limitou a olhá-la, sem saber o que fazer. Parte dela queria dizer à mulher exatamente porque Nicholas não havia trazido seu Annie de volta, porque até mesmo ele não havia voltado, mas o fato é que ninguém, nem sequer Armand, ao que parece, sabiam o que tinha acontecido ao casal, e isso a fez mordê-la língua. Devia haver uma razão, e ela tinha a intenção de descobri-la logo que saísse dalí. -Tem filhos, Eshe?- perguntou Agnes de repente.

Eshe apartou seus pensamentos e assentiu com a cabeça. -Sim. Seis.

-Meninos, meninas, ou ambos?- perguntou-lhe Agnes.

-Três meninos e três meninas- respondeu Eshe de forma automática.

-Tem sorte. Terá às garotas para te fazer companhia quando os garotos te abandonarem. Eshe hesitou, mas depois disse: -Vai conhecer seu companheiro de vida algum dia, Agnes, e terá seus próprios filhos. -Não. Tenho certeza de que não o farei- disse Agnes em voz baixa. -John nunca permitiria isso. Eshe franziu o cenho ante suas palavras, mas antes que pudesse perguntar algo ou fazer algum comentário, ouviram a porta se abrir e o som dos homens voltando, Eshe se virou para a porta e viu como John conduzia os homens à sala de estar. Não podia deixar de notar que havia uma expressão de ansiedade em seu rosto até que o viu sentado alí. -Bem, isso foi rápido- comentou Agnes rapidamente.


-John não se sente bem, e insistiu em retornar- murmurou Armand, com seu olhar em Eshe, que tomou como uma mensagem silenciosa de que tinha feito todo o possível para mantê-lo afastado o maior tempo possível. Ela mudou sua atenção para John, com uma sobrancelha arqueada de dúvida. Imortais simplesmente não se sentem mau. Eles não se adoecem. -Temo que não estive me alimentando com tanta regularidade como deveriamurmurou John, evitando seu olhar. -Suponho que tenho que prestar mais atenção a isso e menos aos jogos de computador. Quanto a esta noite, acredito que vou tomar uma ou duas bolsas e me retirarei cedo. Isso pôs mais de uma expressão duvidosa em sua cara. Eram só nove e meia, ninguém se retirava tão cedo, mesmo que estivessem dormindo no horário normal de um mortal. Mas sabia que não poderia conseguir muito mais de Agnes com seu irmão ali, assim não teve nenhuma sutileza com John e se levantou. -Então devemos ir. -OH, não- Agnes quase gemeu. -Mas estava gostando tanto de sua visita. E eu que pensava que todos poderíamos jogar cartas ou algo assim. -Na próxima vez- Eshe lhe assegurou com sinceridade, sorrindo à mulher. -Vamos convidar você e John para nossa casa e pode planejar tudo para passar a noite lá. Desta forma se John não se sentir bem, simplesmente pode ir a seu quarto para se deitar e o resto de nós pode jogar cartas e ficar até tão tarde quanto quiser. -Sério?- perguntou Agnes, ficando de pé, e quando Eshe assentiu com a cabeça, cruzou a sala para lhe dar um rápido abraço dizendo, -OH, eu adoraria. -Então eu... - começou a dizer Eshe.


-OH, Armand!- Agnes se voltou agora para lhe dar um abraço. -Eu gosto dela. Foi tão feliz ao encontrá-la. Armand em realidade riu entre dentes enquanto abraçava suas costas. -Me alegro, Agnes. Eu gosto muito dela. -OH!- Agnes se inclinou para trás para lhe golpear o peito brincalhonamente como reprimenda. -Homem, alguma hora você se abrirá nem que seja um pouco. Ela não apenas gosta dela, Armand. Sou capaz de ler seus pensamentos. Você a ama. Eshe caiu ante essas palavras, um pouco surpreendida por elas, embora não soubesse o porquê. Eles eram companheiros de vida, o amor era algo natural e fácil entre os companheiros de vida. Mas ela tinha estado preocupada com outros assuntos, como desfrutar da vida e do bom sexo e não tinha pensado no desenvolvimento do amor entre eles. Seu olhar se deslizou para Armand em busca de sua solene expressão, e quando ele encontrou seu olhar ele disse: -Sim, eu a amo.

Capitulo 16

-Então não conseguiu nada com Agnes?

Eshe se assustou, surpreendida com a pergunta de Bricker, quando saiu do carro. Anders e Bricker chegaram em casa na caminhonete, logo depois do carro, mas ela tinha permanecido em silêncio durante toda a viagem, enquanto sua mente repetia o


momento em sua cabeça, de quando Armand havia dito que a amava em frente a todos. Por isso tinha esquecido tudo referente a Agnes e sua conversa. -Vamos para dentro conversar,- disse Armand em voz baixa, rodeando o carro para levá-la pelo braço e conduzir até a casa. Eshe notou a forma com que os homens assentiram de repente, assim olhou com receio a seu redor e percebeu que estavam preocupados de que alguém tinha controlado à senhora Ramsey pela manhã que poderia os estar observando neste momento. Permitiu-se subir à casa, olhando com curiosidade repetidas vezes para Armand durante a caminhada. Ele tinha permanecido em silêncio durante a viagem para casa, e continuava assim, e agora ela se perguntava o que ele esteve pensando. Era difícil saber só por sua expressão. Parecia estar em um estado de ânimo solene no momento. -Devo fazer café?- perguntou Bricker ao entrar na cozinha. -Ou talvez servir um pouco de torta de café? Acredito que vi algumas na geladeira logo depois de sua expedição de compras. -Não sabia se deviam ser refrigeradas ou não- explicou Armand quando levou Eshe até a mesa, depois adicionou: -Parecem boas. Quero algumas. -Eu também- murmurou Eshe, sentando-se em uma cadeira à mesa.

-Não para mim- disse Anders graciosamente, e Bricker soprou dizendo: -Como se não o pudesse adivinhar. Eshe esboçou um sorriso. A maioria dos imortais deixava de comer ao redor dos cento e cinquenta ou duzentos anos. Bricker era bastante jovem e por isso comia, mas Anders era muito mais velho e já não se incomodava em fazê-lo. Ele se limitou a


bolsas de sangue como a maioria dos imortais sem companheiro faziam. Como ela tinha feito antes de vir aqui e se reunir com o Armand. -Então?- disse Armand em voz baixa enquanto se acomodava na cadeira junto à sua. -Conseguiu algo útil? Eshe examinou a situação e não estava segura de como responder, mas finalmente disse: -Consegui muito. Mas acredito que nada disso nos ajude muito com o caso. -Nos diga- disse Bricker colocando a cafeteira na pia para encher de água. Resolveremos depois se é útil ou não. -Bom- disse lentamente. -Não nos deram a oportunidade de falar nada sobre a morte de Susanna, ou sobre qualquer das mortes na verdade. Mas ela disse que Althea foi... er... bom, tinha razão, ela foi infiel a você e Agnes sabia.

Armand se limitou a assentir, nem surpreso nem incômodo, por isso Eshe continuou, -Isso e o fato de que Althea não queria ter nada a ver com Agnes e John, e ao que parece, os fez saber disso e isso foi a verdadeira razão pela qual foram para a Europa. Isso lhe incomodou, e ela percebeu. Ele franziu o cenho com desagrado ao saber que ter levado Althea a sua casa, expulsou John e Agnes de seu lar. -E sobre Rosamund?- perguntou Bricker, terminando de preparar o café e tirando pratos e garfos para a torta de café. -Disse algo sobre ela? -Só que era agradável, mas curiosa- recordou Eshe.

-Eu não diria que Rosamund era intrometida- disse Armand lentamente. -Gostava de falar muito e era curiosa, mas...- encolheu-se de ombros.


-Perguntou a respeito de Annie?- Anders lhe perguntou.

Eshe franziu o cenho assentindo com a cabeça. -Sim. Nicholas trouxe Annie para vêlos por três vezes: uma vez antes do casamento e duas vezes depois. Acho que passou com eles o fim de semana na última vez e foi uma visita encantadora. Agnes disse que jogaram e falaram até o amanhecer. -Mas alguma vez Annie veio sozinha?- perguntou Bricker, e acrescentou: -Duvido que não falaram sobre as mortes das esposas de Armand ou sobre a de Nicholas. Ela não entendeu a pergunta. -Não, pelo que entendi, Agnes só a viu nesses três momentos. Além disso- adicionou com tristeza, girando os olhos entrecerrados, -Armand, por que diabos ninguém lhe disse que Annie esta morta e que Nicholas é um fugitivo? -O que?- perguntou com surpresa.

Eshe assentiu com a cabeça. -Agnes não tem nem idéia. Ela pensa que Nicholas a abandonou e está completamente sem entender porque não traz Annie de volta e a visita de novo, quando já se passou tanto tempo desde a última vez que se reuniram. Armand a olhou com o que parecia ser um sincero assombro, então disse: -John me disse que não mencionou a Agnes porque era um tema incômodo para ela. Disse-me que não podia mencionar Nicholas nem Annie na frente dela. -Bom, John aparentemente não lhe disse nada- disse ela com gravidade. -Disse a ela que provavelmente a explicação era que ele estava ocupado e que por isso não a tinha visitado nos últimos cinquenta anos.


Armand amaldiçoou entre dentes e sacudiu a cabeça. -Agnes ama esse rapaz como um filho. Ela entenderia porque não a visitou se soubesse que ele esta fugindo, mas deixar que ela pense que é porque não pode ser incomodado...- ele sacudiu outra vez a cabeça. -Não sei que diabos John está pensando. -Provavelmente esteja com uma bolsa do High Teme do lado- disse Eshe secamente, o que surpreendeu os três homens. -Suspeito que essa é a verdadeira razão pela qual John não se sentia bem e queria descansar. A geladeira está lotada com Wino Redes, High Teme, e toda variedade de sangue que possa embriagar. Agnes me mostrou tudo, mas me pediu que não dissesse isso a você. Ela me disse que ele é feliz, que está só preocupado e que precisa disso para ser feliz. Que tentou fazer com que ele parasse, mas ele não a escuta.- ela estalou a língua desgostada. -Não há dúvida de que estará agarrado a um par de bolsas neste momento, bebendo de novo e ficando muito alto no porão com isolamento acústico. Armand se inclinou para trás com outra maldição, suas mãos apertadas em punhos grunhindo, -Sempre foi um idiota. Eshe não fez nenhum comentário. Não sabia o que pensar de John Maunsell. Parecia ser um homem triste mas bom, sobre tudo quando ela e Bricker tinham falado com ele. Entretanto, o que tinha aprendido esta noite tinha sido inquietante. -Houve outra coisa que Agnes disse que me incomodou- anunciou Eshe abruptamente. -O que foi?- perguntou Armand.

-Disse a respeito dela e sobre encontrar um companheiro de vida algum dia e ter filhos, mas ela me respondeu que tinha certeza de que isso nunca iria acontecer. Disse, e cito nas palavras dela, 'John nunca o permitiria'.


-John nunca o permitiria?- repetiu Armand incrédulo. -Que diabos significa isso?

Eshe se encolheu de ombros. -Surpreendeu-me também, mas não tive a oportunidade de falar disso. Vocês voltaram antes de que pudesse fazê-lo. Todos permaneceram em silêncio por um momento, o único som que se ouvia era o zumbido do microondas que Bricker tinha ligado para esquentar a torta de café. Quando o zumbido parou, soou um 'ding', e Armand se moveu em seu assento, e disse cansado, -Entendo o que quis dizer com que conseguiu muita coisa, mas nada sobre o caso. -Esta informação põe John em uma situação menos favorável- comentou Anders.

-Mas isso não muda o fato de que ele não assassinou Susanna e que tampouco pode ter matado Althea. -Parece que sim- admitiu com o cenho franzido, e depois seus lábios se torceram com irritação. -O que nos deixa de novo como no princípio. -O que nos deixa de novo com Mary Harcourt- Eshe o corrigiu. -Annie tem que ter falado com alguém. Armand fez uma careta, obviamente aborrecido com a idéia de incomodar à mulher em sua viagem de aniversário, mas disse: -Muito bem. Acho que teremos que falar com ela. Eshe assentiu com a cabeça e olhou para Bricker. -Em que hotel disse que estão se hospedando?


Bricker ficou rígido, de costas para eles enquanto cortava a torta, mas depois se voltou pouco a pouco, com a consternação no rosto. -Não sabe em que hotel estão se hospedando- disse Eshe adivinhando sombria.

-O vou averiguar- Bricker disse por sua vez. Enquanto Anders punha-se a rir, e Eshe deixava cair a cabeça entre suas mãos desgostosa, ele prometeu, -Vou ligar em todos os hotéis de Montreal até encontrar onde eles estão... enquanto isso, tenho uma torta com seu nome- acrescentou apressando-se para colocar um prato com uma grande fatia de torta de café entre seus cotovelos que descansavam sobre a mesa. Eshe abriu os olhos e olhou através de seus dedos a torta que estava debaixo de seu nariz. Cheirava bem. Parecia boa também, reconheceu, mas não estava disposta a perdoar Bricker até que Armand deslizou sua mão sobre suas costas, e assinalou, -É provável que não se encontrem alí neste momento de todos os modos. Provavelmente estejam em alguma peça de teatro, em um baile ou algo parecido. Bricker averiguará em que hotel se hospedam e poderemos ligar para eles perto do amanhecer, quando é mais provável que estejam presentes. Eshe levantou a cabeça e aceitou o garfo que Bricker lhe ofereceu com um suspiro. Certo. Torta agora. Ligação mais tarde. -E café- disse Bricker, se apressando em servir três copos.

-Está bem, então- disse Anders, ficando de pé. -Se vocês se forem comer outra vez, eu vou ver se a velha Lassie está passando na televisão. Bricker o viu se afastar enquanto levava uma bandeja com café e mais torta à mesa e comentou: -Ele sente falta do cão de Jo.


-O cão de Jo?- Armand perguntou vacilante.

-Jo é a nova companheira de vida de Nicholas e tem um pastor alemão chamado Charlie- murmurou Eshe. -O cão estava com eles quando estavam sendo perseguidos. -Encontramos eles em um ponto e conseguimos apanhar Charlie, mas Jo e Nicholas escaparam- Bricker acrescentou. -Mantivemos Charlie na casa dos executores conosco e ele se afeiçoou a Anders, começou a segui-lo a todas partes e então esteve cuidando dele. Entretanto, Anders teve que deixá-lo com sua governanta quando veio para cá. Bricker se encolheu de ombros. -Acredito que está conectado ao vira-lata e sente sua falta. -Não pode ser tão mau se gosta de cães- comentou Armand. Aceitando uma fatia de torta e um café de Bricker, murmurando um 'Obrigado'. -Você gosta de cães?- Eshe perguntou com curiosidade.

-Ah, sim- disse Armand sorrindo. -Tive vários. O último morreu faz uns dois anos. Estive pensando em conseguir outro, mas...- encolheu-se de ombros, e então lhe perguntou, -Você gosta dos cães? -Sim, mas não posso os ter um em meu apartamento- disse Eshe com uma careta.

-Então vamos ter que viver em outro lugar- disse Armand encolhendo-se de ombros.

Eshe ficou imóvel e o olhou. Era a primeira vez que falava de um futuro juntos além das duas semanas que originalmente tinham programado. -O que?- perguntou-lhe, cortando a torta com o garfo. -Pensou que permitiria a você se afastar de mim depois que isto terminar?


-Antes de Lucian estava tentando me afastar- assinalou ela.

-Estava tentando me sacrificar- disse Armand com ironia. -Mas você ganhou. Vou ser egoísta como o inferno e me agarrarei em você agora. Eshe sorriu. -Acho que eu gosto quando é egoísta como o inferno.

-Então serei egoísta como o inferno- assegurou-lhe aproximando-se até estar mais perto para poder lhe dar um beijo. Entretanto, antes de que seus lábios pudessem se encontrar, um bocado de torta apareceu entre eles. Eshe e Armand se voltaram ao mesmo tempo para olhar Bricker. -Comida agora. Relações sexuais como lindos loucos depois- advertiu ele. -Tive muito trabalho para esquentar isto e fazer café. E não deixarei que isto seja desperdiçado. Eshe riu de suas palavras e voltou sua atenção à torta e ao café, mas seus dedos estavam enrolados dentro de suas botas por estar muito consciente de ter Armand a seu lado. Ela não podia deixar de pensar que seria bom que tudo isto terminasse e que pudessem estar juntos sem ter que se preocupar com assassinatos e salvar Nicholas. Mas havia tempo para isso, assegurou-se ela. Um muito longo tempo, se tivessem sorte.

Eshe despertou com o som das batidas de alguém na porta e os gritos para que despertasse. Virando-se na cama com um gemido, olhou o relógio do criado mudo, seus nublados olhos se abriram com incredulidade ao ver que eram só nove da manhã.


-Pelo amor de Deus- murmurou, voltando o olhar para a porta, depois franziu o cenho e sentiu cheiro de queimado. Percebeu que não era na cozinha. Algo estava queimando. Foi nesse momento que Bricker gritou: -Fogo! Acorde! Antes que pudesse reagir, ele se deu por vencido e com um golpe irrompeu no quarto. Eshe piscou ao ver Bricker somente de cueca, depois olhou para Armand enquanto ele se remexia a seu lado. -Não escutaram?- Bricker rugiu de frustração. -A casa está em chamas. Levantem-se!

Armand era, ao que parece, muito mais rápido em acordar e ficar alerta. Enquanto ela estava começando a olhar ao redor procurando algo para se vestir, ele já estava saindo da cama. -Onde está Anders?- gritou, atirando a Eshe sua camisa e depois agarrando suas calças para vestí-la. Eshe olhou para Bricker quando ele deu meia volta e saiu correndo do quarto para acordar o outro homem, depois rapidamente vestiu a camisa e saiu da cama enquanto ficava em pé. A camisa era curta e chegava até debaixo das nádegas. Eshe em seguida tentou pegar seu próprio jeans para vestir, mas Armand rodeou a cama e a puxou pela mão, arrastando-a para a porta antes de que pudesse fazê-lo. Eshe apertou seus jeans contra seu peito e saiu correndo do quarto, reunindo-se com o Anders e Bricker no corredor. Assim como Armand, Anders tinha saído de jeans, e agora abria caminho para as escadas, mas parou abruptamente uma vez que chegou alí. Armand chegou a seu lado, levando Eshe com ele enquanto olhava para baixo ao inferno que era o andar de baixo. -Cristo- murmurou, e logo deu meia volta e começou a arrastá-la para seu quarto.


-Bricker, pegue um pouco de sangue do armário enquanto abro a janela- ordenou ele, passando diretamente a ela junto à cama. -Sangue?- perguntou Bricker sem compreender, passando uma mão pelo cabelo despenteado. -É para o caso de que um de nós torça ou quebre um tornozelo saltando até o alpendre- Armand lhe explicou pacientemente enquanto levantava a janela e começava a retirar a tela. -As casas não queimam tão rápido. O fogo deve estar definido. Se o culpado ainda está por aí, não quero ninguém machucado e que não possa se defender. -Certo. Bricker se voltou e correu para o armário.

Eshe alternava seus pés descalços sobre o piso de madeira. -Está muito quente.

Armand assentiu com a cabeça quando retirou a tela, e a jogou longe da casa. Olhou, mas depois se deteve e amaldiçoou. -O que foi?- Eshe perguntou, indo a seu lado para olhar para fora. E então viu qual era o problema. -O alpendre de atrás está em chamas- grunhiu. -Não podemos ir por este caminho.

Eshe olhou o teto do alpendre queimando e suspirou, com a certeza ele estava certo. Poderia desmoronar sob eles e deixá-los em um inferno em chamas.


-O alpendre não é uma possibilidade agora- murmurou Anders quando Armand se separou da janela. -Entretanto, a janela de meu quarto dá para o pátio lateral. Poderia ser nossa melhor opção. Armand assentiu com a cabeça e conduziu Eshe, levando-a para a porta do quarto.

-Aonde vamos?- perguntou Bricker. Abraçado com várias bolsas de sangue sobre o peito, saiu do armário e foi se reunir com eles na porta. -O alpendre está em chamas. Vamos tentar sair pelo quarto de Anders- explicou Eshe, pegando alguns bolsas dele para que não as deixasse cair. Assentindo com a cabeça, Bricker saiu do quarto e abriu o caminho pelo corredor até a porta de Anders. O corredor agora estava cheio de fumaça, asfixiante, e todos tossiram no momento em que chegaram. E o calor começava a ser insuportável. -Vamos fazer isso- decidiu Armand, logo depois de abrir a cortina negra que protegia a janela, olhando para fora. Ele jogou as cortinas para um lado do quarto, empurrou a janela e golpeou a tel, mandando-a voando para fora. Depois disso, ele a olhou e lhe disse: -Eshe, venha aqui. Ela avançou para ele, ainda com seus jeans e o sangue nas mãos, mas ele os tomou dela e a conduziu para sair pela janela. -Se afaste da casa se for possível, e rode pelo chão. As chamas estão consumindo o exterior do andar de baixo e sua camisa poderia se incendiar. Eshe assentiu com a cabeça e começou a subir pela janela, mas depois que tinha conseguido passar uma perna por cima dela, ele a agarrou pelo braço, dizendo: Talvez Anders, Bricker ou eu devamos ir primeiro.


Lembrando porque ele tinha querido o sangue no caso de que o culpado ainda estivesse por aí, soube exatamente porque de repente ele quis que um deles fosse primeiro. Ela trovejou exasperada. -Sou uma agente. Vou estar bem- recordou-lhe Eshe. E a seguir puxou para liberar seu braço, posicionando-se pela segunda vez na janela, empurrou com suas mãos para pegar impulso para longe da casa tanto como pôde. Aterrissou com um grunhido, mas sem torcer ou quebrar um tornozelo, depois deitou e rodou só para se assegurar de que não se incendiou. Ouviu um ruído a sua direita durante sua terceira rodada e soube que um dos homens a seguia. Detendo seu movimento, ficou em pé rapidamente para saltar para trás, de forma que pôde ver como Bricker rodava para ela. Eshe olhou para a janela a tempo de ver Anders saltando através dela. Seu olhar se dirigiu para Armand, lhe chamando com um gesto de seus lábios quando o viu emoldurado na janela, com as bolsas de sangue abraçadas contra seu peito. -Bricker, fique de olho em nosso incendiário- ordenou-lhe, então se aproximou da casa e lhe estendeu a mão. -Jogue-as para mim e saia daí. Armand lançou a primeira bolsa e as demais seguiram rapidamente, e Eshe terminou deixando cair algumas no chão depois de apanhar algumas para poder pegar as seguintes. Sentiu-se aliviada quando terminou de jogar a última, até que de repente ele desapareceu por completo da janela. -Armand?- gritou com incerteza.

-Onde diabos ele foi?- disse Anders, movendo-se a seu lado. -O fogo estava consumindo o chão antes que eu saltasse. Ele tem que sair dali.


Eshe sacudiu a cabeça e observou impotente. Não tinha idéia de onde tinha ido o grande idiota, mas se não retornasse e saísse no momento seguinte, iria atrás dele, pensou sombriamente, depois suspirou aliviada quando ele apareceu de novo na janela e saltou. -Não há nenhum sinal de nosso incendiário- disse Bricker em voz baixa, passando a recolher as bolsas que ela tinha deixado cair. Eshe se limitou a assentir. Não esperava que o covarde ficasse. Pelo que sabia, tinha tomado o controle de alguém e colocado fogo na casa enquanto observava de uma distância segura, pensou com desgosto enquanto se movia para ajudar Armand a se levantar, e se assegurar de que ele estava bem. Ele ficou de pé com facilidade, não tinha se machucado com o salto, e lhe deu um sorriso torcido antes de se virar para ver sua casa. Eshe suspirou e se voltou para olhar também, sabia muito bem quão difícil era para ele ver todas as suas posses pessoais se queimando. Ela mesma tinha perdido o pouco que tinha aí, suas calças, por exemplo. Mas Armand estava perdendo muito mais, incluindo os retratos e os álbuns de fotos em seu escritório. -Sinto muito- disse-lhe em voz baixa, deslizando sua mão na sua.

-É só uma casa. Podemos construir outra- murmurou, mas parecia cansado.

Ela apertou sua mão e disse: -Na verdade, deveríamos nos proteger do sol. Temos a opção da caminhonete ou dos bosques.


-A caminhonete- murmurou Armand, depois se afastou caminhando com ela da casa para o veículo. -Temos um problema- anunciou Anders. -Estão tracadas e não temos as chaves.

-Tenho-as em minha mão- disse Armand brandamente, abrindo os dedos para mostra jogo de chaves. -Vi-as no armário e peguei antes de sair. Isso explicava seu breve desaparecimento, percebeu Eshe, e embora tivesse lhe dado um susto, alegrou-se de que ele tivesse pensado em pegar as chaves. Ela suspeitava que não estaria confortável sentada no bosque por não colocado sua calça. Armand entregou as chaves para Anders, que imediatamente apertou o botão para abrir. Eles subiram na caminhonete, Eshe e Armand atrás, e Anders e Bricker na frente. -Foi bom ter acordado, Bricker- murmurou Eshe ao ver o fogo devorando a casa.

-Não acordei- admitiu com gravidade, e quando ela o olhou com surpresa, explicoulhe. -Estava ligando para os hotéis até uma hora atrás. Eu os localizei, estão no Sofitel- disse ele, e depois continuou: -É obvio, foi o último hotel para o qual liguei. Fui para cama depois, e vi não podia dormir. Estava fora do quarto quando senti o cheiro da fumaça. Eshe sorriu com ironia e depois olhou para Armand murmurando: -Vê o que digo a respeito do aquário? Quando ele a olhou de novo fixamente, assinalou-lhe, -Estava chateada porque esqueceu obter o nome do hotel, mas no final percebi que isso nos salvou a vida. Armand assentiu com a cabeça, e seu olhar se deslizou para a casa em chamas.


-Que fazemos agora?- perguntou Bricker.

Armand abriu a boca para responder, depois parou e olhou pela janela quando o som de um caminhão de bombeiros de repente apareceu ao longe. Mas eles não o podiam ver através da fumaça, ele suspirou dando-a volta. -Acho que devo esperar aqui até que cheguem- disse a contra gosto. -Mas vocês três se... -Não te vou deixar sozinho aqui- Eshe interrompeu com firmeza. -O piromaníaco poderia estar por perto. -Todos ficaremos- decidiu Anders.

Satisfeita com isso, Eshe se sentou para esperar que os bombeiros chegassem.

Capitulo 17

Eshe levantou uma sobrancelha em pergunta quando Armand deixou os bombeiros reunidos frente a sua casa, ainda fumegante e se dirigiu para se reunir com eles na caminhonete. Já passava das das quatro da tarde. Tinham ficado sentados na caminhonete a maior parte da tarde, sem poder sair com os caminhões de bombeiros bloqueando seu veículo. -Eles dizem que foi incêndio- disse secamente Armand, enquanto parava a seu lado.

-Grande surpresa- murmurou Bricker com desgosto.


Armand assentiu com a cabeça. -Não há nada mais que possamos fazer aqui, e eles disseram que podíamos ir. -Ir aonde?- perguntou Anders com ironia. -Não a esse motel de estrada ao lado do restaurante, não é? Nenhum de nós tem dinheiro. -Eu tenho outras fazendas- disse Armand, acompanhando Eshe até a caminhonete. Me sigam no outro veículo. -Tem as chaves?- perguntou Eshe com preocupação enquanto ele abria a porta do passageiro para ela. Não estava fechada, mas já tinha notado que Armand não parecia se preocupar muito em trancar as coisas aqui. Observou quando ele parou e conferiu no bolso de atrás, depois sorriu com ironia quando tirou suas chaves. -Esqueci de guardar as chaves ontem a noite antes de tirar a roupa e você me acompanhar- brincou ele. -Certo, certo- murmurou Eshe, subindo à caminhonete. Ouviu Armand rir enquanto fechava a porta, e depois se colocava a seu lado. Quando ele entrou, ela perguntou a ele, -Onde vamos? Armand hesitou. -Considerei ver se podíamos ficar com Agnes e John, sua casa é grande, mas vão estar dormindo e não escutaram a campainha da porta, então vamos ficar com Cedrick até encontrar outro lugar. Não gosta de envolvê-lo nisto, mas é melhor do que envolver um de meus encarregados humanos. Eshe assentiu com a cabeça. Ela tinha gostado de Cedrick, e parecia alguém com quem se podia conviver. Além disso, ao menos eles sabiam que não podia ser controlado para atacar a um deles. Ficaram em silêncio pelo caminho, ambos cansados e, sem dúvida, preocupados com


este último ataque. Pelo menos Eshe estava. Parecia que o culpado estava desesperado e desesperado significava mais perigoso, mas não tinham chegado mais perto de saber quem era. Uma vez que chegaram à fazenda que Cedrick estava gerenciando, Armand a fez esperar com os rapazes nos veículos para evitar ficarem de pé sob o sol enquanto ele ia até lá e tirava Cedrick da cama. A porta devia estar aberta, porque ele chamou e em seguida simplesmente abriu a porta e entrou. Passaram-se uns bons dez minutos ou mais, e Eshe supôs que ele estava explicando tudo a Cedrick, o que parecia justo. Ela esperaria o mesmo tratamento se fosse com ela. Era um dia quente e estava abafado na caminhonete. Eshe se sentiu aliviada quando Armand apareceu na porta e lhes fez um sinal para que entrassem. -Este lugar me lembra o de Armand- Comentou Bricker enquanto estavam na parte dianteira dos veículos para se dirigirem até a casa. -Isto é de Armand- assinalou Anders. -Cedrick apenas o dirige para ele.

-Você sabe o que quero dizer- disse Bricker com irritação. -Esta é uma antiga casa vitoriana assim como a dele e tem as árvores a seu redor e tudo mais. Isto tem coração. Eshe sabia o que ele queria dizer. John e Agnes tinham uma casa bonita, mas ela preferia as árvores e as casas antigas. Obviamente, Armand também. Armand estava esperando para lhes dar boas-vindas na entrada com um Cedrick que parecia preocupado a seu lado. Todo mundo murmurou saudações, e Cedrick os levou até o andar de cima para seus quartos. Esta casa foi projetada muito parecida com a de Armand, mas como ele havia dito, menor. Só havia três quartos, o quarto de Cedrick e dois quartos de hóspedes, o que significava que Eshe e Armand


compartilhariam uma, e os rapazes utilizariam o beliche na outra. Depois de mostrar os quartos de hóspedes, Cedrick retornou a eles e fez uma careta de desculpa enquanto pegava as roupas com que tinham conseguido escapar e observava a fuligem cobrindo seus rostos, assim como toda a pele que estava em exibição. -Vocês homens, podem pegar emprestado macacões esportivos ou outra coisa que preferirem em meu armário- anunciou, e depois olhou para Eshe e disse, -Minha governanta mora aqui. Ela fica em um apartamento situado sobre a garagem. É provável que tenha algo que possa usar, Eshe. Será provisório até que possa comprar algo mais. Mas só temos um banheiro aqui na casa e terão que tomar turnos. Fez uma pausa e olhou a seu redor ao grupo de novo e depois anunciou, -As damas primeiro, é claro. Vocês rapazes podem tirar a sorte para ver quem será o próximo. Me siga, Eshe, e te mostrarei onde estão as coisas. Quando Bricker e Anders se queixaram por terem sido deixados com fuligem por mais algum tempo, Eshe deu seu primeiro sorriso desde o despertar na casa em chamas e o exibiu a eles enquanto seguia Cedrick mais à frente passando por eles. Às vezes valia a pena ser a única garota. -As toalhas e outros panos estão no armário debaixo da pia- disse Cedrick, fazendo uma pausa ao lado da porta do banheiro para que ela pudesse entrar. -Há sabão e xampu na banheira, é bem-vinda a usá-los. -Obrigada- murmurou ela, entrando no banheiro decorado em azul pálido.

-Verei se minha governanta tem algo que te sirva. Vou deixar no chão aqui em frente a porta para você- terminou, e depois fechou a porta antes que ela pudesse agradecer. Suspirando, Eshe se virou para olhar o quarto, fazendo uma pausa quando se viu no espelho. Seu cabelo estava de arrepiado como se ela tivesse sido eletrocutada, havia


manchas escuras em seu rosto, garganta e pernas causadas pelo fogo, e a camisa branca que usava estava de fato torcida, um botão solto, fazendo com que parecesse não só ridícula, mas ainda pior do que se tivesse se vestido corretamente. Basicamente, era um desastre. Rindo em voz baixa, ela saiu do espelho e se dirigiu à banheira, abriu a cortina e depois as torneiras. Em questão de segundos havia uma agradável corrente de água saindo da ducha. Eshe estava tirando a camisa emprestada de Armand, quando alguém bateu na porta. Levantando as sobrancelhas, moveu-se para abri-la e encontrou Armand do outro lado com uma pilha de roupa na mão com um par de botas em cima. -Trouxe isso para você- explicou, segurando-as. -A governanta é quase do seu tamanho, acredite ou não, por isso devem servir. Eshe sorriu com ironia ante suas palavras enquanto pegava as roupa. Ela era alta para uma mulher, e magra. Era estranho encontrar alguém de seu tamanho. -Obrigada- murmurou, indo até a penteadeira e colocando as roupas lá. Ela ouviu a porta se fechar enquanto fazia isso, e deduziu que Armand tinha saído, por isso levou um momento para examinar o bota de cano longo que havia lhe trazido. Um par de velhas calças jeans puídas, descoloridas e com buracos nelas, e uma camiseta com o duvidoso logotipo de um trator sobre ela. -Lindo- disse ela secamente.

-O que é isso?- disse Armand, e Eshe levou um grande susto. Girando, viu que ele tinha entrado antes de fechar a porta e agora estava nu, só com as manchas de fuligem.


Ela deixou deslizar seu olhar prazerosamente sobre toda a pele descoberta e depois arqueou uma sobrancelha e perguntou, -Tentando cruzar a linha? -Economizaremos água se tomarmos banho juntos- assinalou com um sorriso, e quando ela só o olhou fixamente, ele acrescentou, -Eu poderia esfregar suas costas. Eshe deixou a camiseta na penteadeira, tirou-se sua camisa emprestada, e entrou na banheira e debaixo da ducha. Quando ele imediatamente a seguiu, ela o advertiu, -Só vai esfregar minhas costas. Não quero ficar desmaida com você no fundo desta banheira com o Bricker e Anders batendo na porta. -Desmancha prazeres- brincou ele, pegando o sabão.

Armand se comportou e já estava de banho tomado e fora da banheira antes dela. Eshe levou um pouco mais de tempo, lavando e enxaguando seu cabelo antes de sair para encontrá-lo já seco e vestido. Ele a beijou quando ela saiu da ducha, e depois se dirigiu à porta, dizendo, -Vou ver se há um pouco de café. Eshe assentiu com a cabeça e rapidamente se secou e se vestiu, surpreendida ao ver que a roupa serviu. As calças eram um pouco apertadas, mas ficavam bastante bem tendo em conta que eram emprestadas. Pensou que Anders e Bricker estivessem esperando do lado de fora com impaciência, mas não havia ninguém no corredor quando ela abriu a porta do banheiro. Encolhendo-se de ombros, dirigiu-se para as escadas e encontrou Anders e Bricker ali. -Onde estão Armand e Cedrick?- perguntou enquanto se dirigia à cafeteira para servir um copo.


-Cedrick saiu depois de conseguir algumas roupas para todos nós. Teve que ir checar uma das outras fazendas- disse Anders com um encolhimento de ombros. Bricker então acrescentou, -E Armand foi até John. Ele ligou enquanto Armand descia e lhe perguntou se poderia ir ajudar com uma nova vaca que parece estar doente. -E ele foi?- Perguntou ela com o cenho franzido.

Bricker se encolheu de ombros. -John e Agnes estavam na Europa quando Althea morreu. Deveria ser seguro o suficientemente. Me ofereci para ir com ele, mas disse que queria falar com John a respeito do problema com a bebida e que seria melhor se fosse sozinho. -Bom- murmurou Eshe, pensando que provavelmente fosse verdade. Percebendo a forma com que Bricker repentinamente estava procurando no bolso, olhou com curiosidade enquanto ele tirava um jogo de chaves e as colocou sobre a mesa junto a Anders. -As chaves da caminhonete- explicou, e depois foi para a porta e disse, -Vou tomar uma ducha. -Ganhou no cara ou coroa para ver quem iria tomar banho primeiro, não é?perguntou Eshe rapidamente, fazendo-o parar. -Não. A governanta de Cedrick me levará até a cidade para fazer algumas compras, por isso Anders disse que eu poderia ir primeiro. Vou comprar roupa e qualquer artigo pessoal que precisarem. Pode vir também, ou simplesmente anote o número de seu manequim e o que mais precisar nessa folha de papel sobre a mesa e compraremos o que for possível.


Eshe olhou para a folha de papel enquanto ele seguia para fora da sala, e viu os elementos já mencionados anotados junto aos nomes de Anders e de Armand. Estava escrito com a mesma letra; a letra de Bricker, supôs ela. Sentou-se com seu café, pegou a caneta, e anotou o número de seu manequim e mais algumas coisas, e depois olhou a sua volta perguntando-se se havia algo para comer. -A governanta, aliás seu nome é Jean, disse que havia alguns pães-doces sobre essa bandeja coberta logo aí- disse Anders enquanto se levantava. -Ela disse que havia manteiga na mesa, acho que nessa vaca de vidro. Eshe olhou de novo para a mesa, com um leve sorriso notou o pote de manteiga em forma de vaca. -Então, qual vai ser nosso próximo passo?- perguntou Anders enquanto ela pegou um prato no armário e levantou a tampa da bandeja sobre a mesa para pegar um pãodoce. -Vou ligar para Mary Harcourt em Montreal- disse Eshe em voz baixa, e se virou da mesa a tempo para vê-lo assentir. Alegrou-se de que ele não protestasse, mas não esperava isso dele. Anders não era tão sentimental, e as coisas tinham ido o suficientemente longe para que a possibilidade de incomodar Mary em seu aniversário não parecesse tão importante. Além disso, abordaria o assunto com o maior cuidado possível. Eshe não incomodaria intencionalmente à mulher. Anders se sentou à mesa frente a ela e lhe fez companhia enquanto esperava por sua vez na ducha. Eshe tinha terminado, pegou um segundo café, e ligou para o hotel onde estavam hospedados os Harcourts em Montreal, quando Bricker veio descendo pelas escadas para anunciar que a ducha estava livre e pegou o papel da mesa. Deu uma piscada e uma saudação para ela quando a viu no telefone, depois se virou e se apressou para sair.


Anders se levantou e em seguida se dirigiu à ducha, e Eshe se virou e olhou pela janela quando ouviu Bricker falando com alguém. Ela viu a alta ruiva caminhando com ele para uma caminhonete e esboçou um sorriso para si mesma, suspeitando pela forma em que a jovem estava sorrindo que logo ia ser uma de suas conquistas, mas seu sorriso se desvaneceu quando o telefone foi atendido do outro lado da linha. Conseguindo que sua mente retornasse aos negócios, Eshe peguntou pelo apartamento dos Harcourts e depois aguardou, meio que esperando não conseguir nenhuma resposta ou que seria atendida por um sistema de correio de voz. Era depois das cinco da manhã, mas ainda cedo para sua espécie, e eles provavelmente estavam dormindo, o que significava que provavelmente tinham pedido que suas ligações fossem redirecionadas. Ficou surpresa quando o telefone foi atendido no segundo toque por uma mulher. -Mary Harcourt?- perguntou ela hesitante.

-Sim. Quem é?- disse a mulher alegremente.

-É Eshe D'Aureus. Sou...

-Você é a companheira de vida de Armand. A mulher riu quando ela hesitou sobre como se apresentar. -Passei por você no caminho de saída de minha fazenda na noite em que falou com William. Ele me contou tudo a respeito disto. Seu amigo Justin te disse que convidei a todos vocês para jantar no domingo? -Sim, obrigada- murmurou Eshe, começando a sentir-se mal por ter que fazer esta ligação. Mas sabendo que era necessária, ela abriu a boca para fazer a primeira pergunta e depois a mudou, -William está aí?


-Sim, mas temo que está na ducha. Temos uma reserva cedo para um jantar. Vamos a uma ópera depois. É importante? -Na verdade, não, está tudo bem. Não o incomode- disse rapidamente. Só tinha perguntado para se assegurar de que a mulher estava sozinha e falaria livremente com ela. -Mary, realmente queria te perguntar algumas coisas. -Entendi. Algo da alegria deixou sua voz, substituída pela incerteza.

Eshe vacilou, debatendo o que perguntar primeiro, mas finalmente decidiu tentar permanecer longe das perguntas sobre a noite em que Althea morreu o máximo que pudesse. Com a esperança de que falar de Annie seria menos incômodo, perguntoulhe -Você conheceu Annie? -A Annie de Nicholas?- Perguntou Mary, soando duvidosa.

-Sim. Sabemos que ela estava fazendo perguntas a respeito das esposas de Armand antes de morrer, e me perguntei se ela falou com você? Houve uma longa pausa, tempo suficiente para que Eshe tivesse certeza de que a resposta era positiva e a mulher estava decidindo se lhe dizia a verdade, então ela murmurou, -É importante. Um comprido suspiro se deslizou ao longo da linha telefônica. -Sim, eu a conheci. Foi realmente por acaso. Eu estava comprando algumas coisas de Armand para meu William e ela estava alí batendo na porta. Apresentou-se quando me aproximei da entrada e explicou que estava procurando seu novo sogro, e eu lhe disse que ele provavelmente estava no estábulo ou no campo. Eshe franziu o cenho ante esta notícia. Armand havia dito que nunca a tinha conhecido. -Ela foi buscá-lo?


-Não- murmurou Mary, e depois vacilou antes de admitir, -Estávamos conversando e então de repente ela correu para seu carro, entrou e arrancou. Eshe se endireitou, os cabelos da nuca se arrepiando. Ela sabia que esta era a peça do quebra-cabeças que faria com que todo o resto tivesse sentido. -O que lhe disse antes de que saísse correndo, Mary? -Eu... eu não lembro- murmurou.

-É importante, Mary- disse ela com firmeza. Quando um obstinado silêncio reinou do outro lado da linha, Eshe estalou a língua com irritação e tirou a artilharia pesada. -Eu sou uma executora do Conselho, Mary. Estou aqui por assuntos do Conselho, e o que quer que seja que disse a Annie é pertinente a isso. -Não vejo como- disse Mary, soando mais chateada que impressionada, mas logo depois de um comprido suspiro que soou no telefone, disse, -Annie estava fazendo um monte de perguntas sobre Althea e as outras esposas de Armand. Mas no final, a conversa retornou a Althea e como ela realmente não gostava de Agnes e John. Althea pensava que eram um par de sanguessugas aproveitando-se da boa natureza de Armand, quando sua irmã morreu. Ela pensava que deveriam ter se mudado nos primeiros séculos, e sua primeira ordem no dia seguinte ao que se casaram foi convencer Agnes e John a se mudarem. Conseguiu isso e eles se foram para a Europa, mas ela sempre tinha medo de que voltassem e aparecessem como fantasmas do passado. Althea estava ficando obcecada com a idéia, até o ponto em que na noite a que fomos a Toronto, acreditou ter visto Agnes e estava certa de que eles tinham voltado e iam estragar tudo o que tinha conseguido. -Althea viu Agnes?- perguntou Eshe com brutalidade.

-Não, é obvio que ela não viu- disse Mary com firmeza. -Agnes e John estavam na


Europa. Todo mundo sabia disso. Tenho certeza que só imaginou ou viu alguém que se parecia com ela, mas isso conseguiu alterar Althea o suficiente para que ela dissesse que não podia dormir e que ia dar um passeio antes de se deitar. -Por que William não me disse nada a respeito disto?- perguntou Eshe com o cenho franzido. -OH, William não sabe. Althea não disse nada até que fui pegar Thomas em seu quarto. Thomas preferiu tomar banho sozinho, então depois de nos registramos, levou-o até seu quarto para tomar banho, enquanto William e eu nos instalamos em nossos quartos, e depois fui pegá-lo. Quando cheguei, Thomas estava sentado em uma banheira de água fria, enquanto Althea passeava pelo quarto como um tigre enjaulado e não deixava de olhar para a janela delirando a respeito de ter visto Agnes enquanto passeávamos. Tentei lhe dizer que estava equivocada e lhe recordei que Agnes e John estavam na Europa, mas ela não escutava. Nunca escutava uma vez que colocava algo em sua cabeça- acrescentou Mary com exasperação, e isto fez Eshe pensar bem sobre Althea e que Armand era seu companheiro de vida, porque ela não podia lê-lo, e não lhe acreditou em ninguém quando eles tentavam lhe dizer que não podia lê-lo porque ele era mais velho que ela. Parecia óbvio que sua mãe tinha pensado parecido deste caso. -Althea era um pouco teimosa- admitiu Mary a contra gosto, e depois se apressou em acrescentar, -Sempre era melhor concordar com ela quando ficava assim, então a deixei falar sobre tudo, e depois, concordou com algum alívio que ela deveria ir dar um passeio antes de se deitar. Então levei Thomas para nosso quarto... É obvio que depois me arrependi disso. William não sabia isto, mas sei que Althea às vezes bebia de mortais bêbados. Dizia que era só quando tinha problemas para dormir, mas...Houve um suspiro triste. -Quando aconteceu o incêndio, suspeitei que ela tinha feito isso naquela noite também e depois voltou para seu quarto e derrubou a lamparina enquanto desmaivava em sua cama.


-Obrigada, Mary- disse Eshe brandamente quando ficou em silêncio. -Ajudou muito.

-Como?- perguntou Mary quase lastimosamente. -Por que Annie estava tão entusiasmada com isto? E o que está investigando? Eshe hesitou, mas depois negou com a cabeça e disse, -Que tal se falarmos sobre isso no jantar do domingo? Poderia ter mais notícias para você, então. -Muito bem- Mary aceitou a contra gosto.

-Tenha um feliz aniversário- disse Eshe com sinceridade, e desligou o telefone para começar imediatamente a andar pela pequena cozinha de Cedrick. Enquanto Mary tinha certeza que Althea havia imaginado ver Agnes, Eshe não tinha a mesma opinião. Se ela tinha visto Agnes, então significava que Agnes e John tinham retornado da Europa antes do que todos acreditavam, ou que talvez nunca tivessem ido... o que eliminava seu álibi e significava que tinham estado por perto em todas as mortes. Estavam no castelo quando Susanna morreu, assim como em Toronto na noite em que Althea morreu, e nunca houve nenhuma dúvida de que viviam na região quando Rosamund e Annie morreram. E sem dúvida estavam aqui agora, podendo ter causado o incêndio no abrigo, e depois queimando a casa. Era o fato de estarem na Europa o que os tinha tirado da lista de suspeitos, mas se Althea realmente os tinha visto, então isso os colocava de volta nela. Na verdade, os fazia os únicos suspeitos, reconheceu ela, e então deixou de caminhar quando percebeu que Armand estava neste momento lá fora sozinho com John e Agnes. Eshe se voltou lentamente e olhou pela janela, vendo o sol poente. Não era de noite ainda. Pelo que ela sabia sobre a dupla, eles nunca tinham deixado o local e deveriam ter ficado escondidos em seu porão a prova de som. Ela tinha deduzido que


John tinha um gerente para o período diurno, assim como Armand, e entretanto John estava acordado hoje e Armand estava lá para ajudá-lo com uma vaca doente. Ela não tinha visto nenhuma vaca na granja Maunsell. Amaldiçoando, Eshe pegou as chaves da caminhonete que Bricker tinha posto sobre a mesa e saiu correndo da casa. -Surpreende-me que esteja começando a criar gado- comentou Armand enquanto saía da caminhonete e ia se encontrar com o John na parte dianteira da caminhonete dele. Seu olhar se dirigiu para a fazenda a qual John o tinha levado. Era há uma grande distância da fazenda onde John e Agnes atualmente viviam, e teria sido uma distância menor para Armand dirigir se John tivesse dito para se encontrar com ele ali e lhe dado o endereço. Em vez disso, John tinha esperado por Armand na fazenda principal e depois o levou até o local em sua caminhonete. Armand franziu os lábios enquanto olhava a casa, outra fazenda moderna, com edifícios anexos. Havia vários celeiros, e se perguntou em qual deles mantinha a vaca doente. -Eu pensei que era hora de diversificar- murmurou John, indo em direção à casa em lugar dos celeiros. -Eu só quero verificar algo antes de ir ver a vaca. Venha dar uma olhada. Armand assentiu com a cabeça e o seguiu até a casa, esperando enquanto John abria a porta e depois entrou primeiro quando John lhe fez um gesto. -Preciso verificar o tamanho e tipo dos interruptores daqui. Algumas das luzes não funcionam. Acredito que os interruptores estão queimados e preciso saber qual tipo tenho que comprar- murmurou John, seguindo-o pelo corredor enquanto Armand caminhava olhando os cômodos vazios. -A porta do porão é a seguinte à direita.


Armand abriu a porta e acionou o interruptor, aliviado quando uma luz acendeu. Não gostava de tentar andar por um conjunto desconhecido de escadas e em um porão na total escuridão. Os imortais tinham uma excelente visão noturna, mas necessitavam ao menos um pouco de luz para ver e o porão parecia um grande buraco negro quando ele abriu a porta. -Vai comprar outros animais?- perguntou Armand enquanto começava a descer as escadas. -Não, só a vaca por enquanto- respondeu John. -Estou começando nisto pouco a pouco. Armand assentiu com a cabeça, e depois suspirou e levantou o assunto que ele pretendia tratar enquanto estivesse aqui. Enquanto descia o último degrau, ele disse, John, Agnes mostrou a Eshe sua coleção de sangue quando estivemos em sua casa na outra noite. Acredito que deveríamos falar sobre isso. Houve um suspiro pesado atrás dele e Armand começou a girar para enfrentá-lo, então lançou um grunhido de surpresa enquanto algo golpeou sua cabeça. Ele sentiu que caía e se estirou instintivamente para amortecer sua queda, chegando a cair sobre suas mãos e joelhos, mas depois deu um pequeno gemido e se desmaiou na escuridão quando foi golpeado de novo.

Capitulo 18

Era noite fechada no momento em que Eshe chegou à casa Maunsell. Como de


costume, as luzes estavam todas apagadas e o coração de Eshe se afundou ante a visão. Não tinha certeza do que mais fazer, conduziu até a entrada de todos os modos, alegrando-se de havê-lo feito quando viu Agnes abrindo a porta do lado do motorista do pequeno carro amarelo estacionado junto à casa. A mulher fez uma pausa e olhou para a caminhonete com curiosidade, sem poder ver quem estava dirigindo através dos vidros escurecidos. Eshe estacionou, desceu e deu a volta no veículo até Agnes, tentando apresentar um débil sorriso em resposta ao grande sorriso que adornava o rosto de Agnes quando a reconheceu. -Eshe- Agnes a recebeu com alegria, saindo a seu encontro e abraçando-a. -Que agradável surpresa. Como está? -Muito bem- murmurou ela, automaticamente abraçando à mulher de volta enquanto olhava a seu redor. Não havia nenhum sinal da caminhonete deles ou da caminhonete de Armand e todas as portas do celeiro estavam fechadas. Forçando um sorriso, enquanto Agnes dava um passo atrás dela perguntou, -Onde estão John e Armand? As sobrancelhas de Agnes se levantaram com surpresa. -Imagino que John está visitando uma das outras fazendas, mas não tenho idéia de onde está Armand. Ele ia vir aqui? -Sim, John chamou e lhe pediu que desse uma olhada na nova vaca leiteira que ele acaba de comprar. Ele pensou que ela estava doente. Agnes franziu o cenho. -Não temos vacas. Johnny diz que são estúpidas e inúteis. Nós só praticamos a agricultura. -Ele disse que acabava de comprá-la. Talvez seja em uma das outras fazendas-


sugeriu Eshe, mas seu coração se afundou outra vez enquanto Agnes negou com a cabeça. -Armand deve ter entendido errado. Os imóveis são de propriedade conjunta. Nós dois temos que assinar os cheques para as compras e, definitivamente, não compramos uma vaca. Eshe fechou os olhos, sabendo que ela estava certa... o que significa que Armand estava em problemas. Obrigou-se a respirar lentamente, tentou se acalmar e pensar. Depois de um momento, disse, -Agnes, preciso saber se Johnny tem algum lugar onde vai sozinho às vezes. Algum lugar que ninguém mais saberia encontrá-lo. Agnes inclinou a cabeça e perguntou em voz baixa, -Que está acontecendo, Eshe?

Ela a olhou nos olhos e depois lhe perguntou abruptamente, -Vocês estavam na Europa quando Althea morreu, ou aqui no Canadá? -Fomos para a Europa depois que Althea e Armand se casaram- disse Agnes evasivamente. -Já te disse isso. -Sim, mas ainda estavam lá na época do incêndio no hotel?- perguntou Eshe insistentemente. Agnes franziu o cenho. -Por que me está perguntando isto?

-Vocês estavam aqui, não é?- disse Eshe, segura de que era verdade, e então amaldiçoou, se afastando uns passos antes de lhe dar as costas. -John ligou e disse a Armand que tinha uma vaca doente e que necessitava ajuda. Se não há uma vaca, então o atraiu por outra razão, e acredito que essa razão é para poder matá-lo.


Agnes parecia desconcertada pelas palavras e começou a sacudir a cabeça. -John não machucaria Armand. Ele nos deu um lar durante séculos apesar de Susanna estar morta. Tratou-nos como uma família. Ele é a família. Ela negou com a cabeça firmemente. -Ele nunca machucaria Armand. -Bom, alguém tentou nos matar três vezes. Tracaram Armand e eu no abrigo e atearam fogo e depois controlaram à governanta e a fizeram me atacar, e ontem à noite a casa pegou fogo enquanto dormíamos. Alguém está tentando nos matar e acredito que é John. -Por que Johnny...

-Porque estávamos investigando todos os acidentes e as mortes que ocorreram em torno de Armand, a partir da morte da Susanna- interrompeu ela, sabendo que era urgente que se movesse com rapidez. -OH, querida- suspirou Agnes, e então lhe perguntou quase lastimosa, -Por que faria isso? -Para salvar Nicholas- respondeu ela de uma vez.

-Nicholas?- Agnes ficou pálida. -O que aconteceu a Nicholas?

Eshe se moveu com impaciência, ela realmente não tinham tempo para isto. -Tenho que encontrar Armand, Agnes. Por favor, pense, há algum lugar...? -Me diga o que aconteceu primeiro a Nicholas- espetou-lhe, mostrando um caráter inesperado. Eshe parou, mas então disse, -Annie foi assassinada há cinquenta anos e Nicholas foi


acusado do assassinato de uma mortal. Ele esteve fugindo depois disso. É por isso que eles não voltaram a te visitar. -Annie assassinada?- murmurou ela com desalento. -Mas por que?

-Porque ela estava investigando as mortes das esposas de Armand.

-Por que ela faria isso?- chorou com tristeza Agnes.

Eshe se encolheu de ombros. -Suponho que tinha a esperança de averiguar o que tinha acontecido esperando conseguir que Armand retornasse à família por amor a Nicholas. Ela o amava. -É obvio que amava... pobre Nicholas, ele amava meigamente à pequena Annie- disse com um suspiro e depois perguntou, -E diz que Nicholas foi acusado de assassinato? Eshe assentiu com a cabeça. -Pensamos que era para evitar que revisasse o que Annie estava investigando. Ele teria sido executado se tivesse sido capturado- assinalou ela. -Em vez disso, fugiu, e foi fugitivo durante cinquenta anos. É por isso que nunca voltou a te visitar e você nunca pôde localizá-lo. Lhe permitiu um minuto para assimilar isso, e depois adicionou, -Fui enviada para ver se podia descobrir o que tinha acontecido... Se não puder, eles executarão Nicholas- acrescentou sombriamente apesar de que ela não acreditava que isso agora fosse verdade. Depois de tudo o que eles tinham descoberto e tudo o que tinham passado aqui, realmente não acreditava que Lucian executaria Nicholas por um assassinato que estavam quase certos de que ele não tinha cometido, mas queria motivar Agnes. -O pobre rapaz- gemeu Agnes, e depois murmurou, -OH, Johnny, o que você fez?

-Ele assassinou quatro mulheres imortais, e uma mulher mortal, encriminou o


sobrinho, que é como um filho para você, e tentou matar a Armand e a mim em várias ocasiões- soltou Eshe com impaciência. -Agora tem Armand em alguma parte, e se não o encontramos, poderá matá-lo também. Então, onde poderia levá-lo, Agnes? Por favor, pense. Agnes pareceu rasgada por um momento, e depois suspirou e se voltou para retornar a seu carro. -Entre- ordenou-lhe enquanto ela se sentou ao volante.

Eshe não hesitou, mas foi até o lado do passageiro e entrou. A julgar pela surpresa no rosto de Agnes, a mulher não tinha esperado que realmente obedecesse sua ordem, mas Eshe teria entrado no inferno para tirar Armand de lá. Ela amava o homem, ele era seu companheiro de vida, e iria aonde a mulher dissesse se a levasse a ele. -Tem alguma idéia de onde poderiam estar?- perguntou-lhe ela.

-Sim- disse Agnes em voz baixa quando arrancou o carro e o enviou rápido pelo caminho. -Não compramos uma vaca, mas compramos uma nova fazenda há alguns meses. Só tomamos posse na semana passada. Johnny esteve entrevistando administradores para ela, mas não contratou ninguém ainda. É o lugar perfeito. Ninguém estaria lá. Eshe assentiu com a cabeça. Isso soava como um lugar provável para matar alguém.

-Por que Armand nunca me falou a respeito de Nicholas e Annie?- perguntou Agnes, a ira em sua voz. -Ele pensava que sabia- disse-lhe Eshe. -John disse que não falava sobre o assunto porque te incomodava. Armand só se inteirou de que você não sabia quando lhe disse


depois de nossa visita na outra noite. Fez uma pausa e depois admitiu, -Eu queria te dizer, mas pensei que devia falar primeiro com Armand. Não sabia se havia uma boa razão que não tivesse sido informada. -OH, havia uma boa razão- disse Agnes sombriamente. -Johnny sabia que nunca o perdoaria se tivesse me informado de Annie e Nicholas. Apertou sua boca, e adicionou, -Rosamund era uma coisa. Ela era entrometida e não era uma companheira de vida para Armand de todos os modos, mas Annie era a companheira de vida de Nicholas. Ela era da família e uma garota tão doce. E Nicholas...- Ela sacudiu a cabeça tristemente. -Ele nunca devia ter ferido Nicholas. -Você sabia que ele matou Rosamund?- perguntou Eshe com cuidado.

-Sim. Ele me disse, é claro. Deu-me algo para me sentir culpada. Eu matei Rosamund por você, bla, bla, bla, bla,- disse com desgosto, e depois deu um olhar seco para Eshe. -Não sabe quantas vezes usou isso contra mim. Usa a cada vez que temos uma briga. Peço que faça algo por mim que não quer fazer, e é 'Não fiz o bastante já? Eu matei ao Rosamund por você'. Tento fazer que pare de beber, e ele me joga a culpa e que está tentando esquecer que matou Rosamund por mim. -Por que mataria Rosamund por você?- perguntou Eshe lentamente, temerosa de que ela já soubesse a resposta. Agnes sacudiu a cabeça e deixou escapar um comprido suspiro, depois a olhou com pesar. -Por favor, não pense mal de mim por isso, mas John matou Rosamund porque ela estava investigando sobre as mortes de Susanna e Althea e ele tinha medo de que ela concluísse que eu as tinha matado.


Armand abriu os olhos lentamente, no começo só consciente da agonia em sua cabeça e as cãibras em seu corpo. Tinha sofrido uma lesão grave na cabeça e seus nanos tinham utilizado uma grande quantidade de sangue para reparar o dano que eles podiam, mas, obviamente, necessitavam de mais sangue para que pudessem terminar o trabalho corretamente ou a cabeça não estaria doendo. A cãibra era um indício de que necessitava de sangue para algo mais que a reparação de sua cabeça. Ele chegou a essa conclusão e logo percebeu outras coisas. Que estava em uma cômodo muito iluminado com piso de cimento. Que estava sentado em uma espécie de caixa, e que tinha as mãos atadas à costas, o que não seria um problema se tivesse com sua força normal. Armand poderia ter rompido as cordas com apenas uma rápida sacudida, afastando-as de seus pulsos, mas definitivamente não estava com a força normal. Levantou a cabeça para olhar ao redor e ver exatamente onde estava e parou quando viu o homem descansando em sua própria caixa na estreita sala onde estava ele. -Johnny. O nome foi um suspiro de decepção em seus lábios.

-Estive esperando aqui durante bastante tempo até que despertasse- disse John em voz baixa. Armand o olhou em silêncio. John se sentou com as pernas estiradas e cruzadas pelos tornozelos, o torso inclinado para trás contra a parede com os braços cruzados sobre o peito. Sua atitude sugeriu que na verdade estava esperando um momento, mas ele descruzou seus braços e se agachou para pegar uma garrafa de água, e depois se levantou e desenroscou a tampa enquanto a aproximava dele. Armand bebeu quando pressionou a garrafa em seus lábios. Estava quente, mas


estava úmida e aliviou a secura em sua boca. O que Armand realmente precisava era sangue, mas tinha certeza nesse momento que Johnny não levaria isso com ele. -Por que esperar?- perguntou ele quando Johnny afastou a garrafa. -Por que apenas não me mata agora mesmo? Encolhendo-se de ombros, John deixou a garrafa ao lado dele e retornou a sua caixa. -Queria me desculpar e te explicar antes de te matar. Assim você entenderia. -Bem- disse Armand amargamente, e arqueou uma sobrancelha. -Então, suponho que matou Susanna, Althea, Rosamund e Annie, assim como implicou Nicholas nesse assassinato de uma mortal? -Não.

Armand piscou surpreso. -Não?

-Eu só matei Rosamund e Annie, e comprometi Nicholas- explicou.

Armand considerou isso e depois perguntou, -por que?

Johnny suspirou e fez uma careta. -Para proteger Agnes.

-De que...? Seus olhos se abriram com a compreensão. -Ela matou Susanna e Althea?

Ele assentiu com solenidade.

Armand o olhou fixamente durante um minuto, achando isso difícil de acreditar, e então disse, -Eu sei que não gostava de Althea, mas por que mataria Susanna? Susanna era sua criadora.


-Basicamente, é por isso- disse Johnny com ironia e depois esfregou a parte posterior do pescoço e lhe disse, -Em realidade foi tudo culpa minha. Armand se afundou em seu assento enquanto Johnny lhe dizia o que tinha acontecido todos esses anos.

-Susanna era sua criadora, Agnes. Era sua irmã, amava você. Por que a mataria?

Agnes deixou escapar um profundo suspiro e meneou a cabeça antes de admitir, -Eu estava bastante louca nesta época. Eshe se afundou em seu assento com incredulidade. -Essa é sua resposta? Que estava muito louca? -Bom, é a verdade- disse sem poder fazer nada, e depois sacudiu a cabeça e disse, Você tem que entender, eu era uma monja, Eshe. Uma noiva de Deus. Eu era muito religiosa. Eshe recordou Cedrick dizendo que a noiva de Johnny tinha sido muito religiosa e que isso a tornou incapaz de aceitar no que Johnny se converteu. Ela tinha pensado nele como um demônio e teria dito a seu pai e então ele teria aparecido com um exército de soldados sustentando estacas e tochas. Ela supôs que sendo uma monja, Agnes teria sido até mais religiosa que a prometida de Johnny, e isso poderia ter feito difícil que aceitasse no que se converteu. Mas então, por que tinha permitido a Susanna convertê-la?


-Não permiti- disse Agnes sombriamente, obviamente, lendo seus pensamentos. -Eu estava feliz no convento, tinha nascido para isso. Ninguém se importou que meu rosto estivesse salpicado de marcas de uma enfermidade de infância, ninguém se importava que eu fosse um pouco torpe. Eles me aceitaram tal como eu era. Floresci como uma monja. -E depois adoeceu- disse Eshe em voz baixa.

Agnes assentiu com a cabeça, e admitiu com ironia, -Sentia-me muito mal todos os dias, cada vez pior. Mas isso também estava bem para mim. Ia estar com meu Deus. Todas as irmãs choravam por mim e oravam junto a minha cama para que eu pudesse melhorar, e todas se angustiaram e tentaram me animar, e me deram as mais selecionadas partes de carne para tentar reconstruir minha força. Deixou sair seu fôlego em um pequeno suspiro. -Mas então chegou Susanna, linda com seu grande sorriso e encanto natural e seu romance de conto de fadas com Armand. Todos tentavam agradá-la. Sussurravam-lhe pelos cantos, lhe dizendo quão mal eu estava. Então ela pediu a todos que saíssem, se aproximou de mim e começou a me contar a história mais fantástica que já tinha ouvido. Que Armand era um imortal. Que tinha a transformado em uma imortal e que ela podia me transformar também e me salvar. A boca de Agnes se torceu com amargura. -Eu não acreditei no começo, mas depois ela me mostrou suas presas e eu fiquei morta de medo. Disse a ela que não queria isso, que me deixasse como estava, que ia estar com meu Deus, mas Susanna sempre fazia o que queria e simplesmente foi em frente e o fez de todos os modos- disse com irritação. -Ela rasgou seu próprio braço com suas presas e o pressionou em minha boca, e quando me neguei a engolir, ela manteve meu nariz fechado, assim não tive outra opção. -Sinto muito, Agnes- disse Eshe em voz baixa, e falava a sério. -Susanna não deveria ter feito isso. Supõe-se que nunca transformamos a quem não deseja isso.


Agnes não pareceu escutá-la, e simplesmente continuou. -E então começou a dor. Era como se estivesse sendo queimada e devorada viva ao mesmo tempo. E os pesadelos... Ela ainda se estremecia ante as lembranças. -Pensei que tinha morrido e ido para o inferno. Eshe olhou ao longe pela janela e amaldiçoou em silêncio a Susanna. Não havia drogas na época para facilitar a mudança, e infligi-la a uma pessoa que não queria era cruel. -E então despertei para ver meus dentes afundados no pescoço da abadessa- Agnes continuou em voz baixa. -E Susanna estava ali dizendo suaves palavras e passando os dedos por meu cabelo enquanto eu drenava a vida da pobre mulher. -Deixou que te alimentasse da abadessa até a morte?- perguntou Eshe com horror. Sempre tinha sido mal visto que se alimentassem de qualquer tipo de figura religiosa, mas se alimentar de qualquer mortal, até que morresse não era permitido em nenhum lugar e em nenhuma época. -Não- disse Agnes em um suspiro. -Mas eu não sabia na época. Quando a abadessa começou a afrouxar, soltei-a e Susanna trouxe outra monja para que me alimentasse e depois outra. Eu não queria mordê-las, mas sentia muita dor, não pude resistir... Pensei que tinha matado a todas até que fomos embora e Susanna me assegurou que não o tinha feito. Ela apertou os dentes juntos e acrescentou, -Nunca a perdoei por fazer com que me alimentasse deles. Eram monjas, minhas irmãs, noivas virgens bentas de Deus. Eshe suspirou. Pelo que ela podia ver, enquanto o coração de Susanna tinha estado no lugar correto querendo apenas salvar sua irmã, ela tinha feito tudo absolutamente da forma errada.


-Na próxima vez que abri meus olhos foi como passar de um pesadelo para um sonho perfeito- disse Agnes em voz baixa, grande parte da ira tinha desaparecido de sua voz. -Como foi isso?- perguntou Eshe com curiosidade.

-Senti-me maravilhosa- disse simplesmente, e depois adicionou, -Sentia-me forte e saudável de novo, e minha pele era perfeita. As pústulas que sempre tinham me marcado tinham desaparecido. Meu cabelo brilhava no espelho de mão que Susanna segurava na minha frente. Ela sorriu um pouco ante a lembrança e admitiu, -Nem sequer protestei quando Susanna disse que teria que abandonar o convento. Ela me deu um de seus vestidos para usar. Era um pouco grande, mas a coisa mais linda que jamais tinha usado e me senti linda com ele. Saímos de lá no momento em que o sol se pôs. -O mês seguinte foi maravilhoso. Armand me deu boas-vindas e me assegurou que sempre seria bem-vinda em sua casa, e Susanna deu uma festa e convidou a qualquer pessoa que morasse suficientemente perto para vir. Ela me ensinou a caçar e me alimentar e... Agnes deu um pequeno suspiro. -Perdi parte da convivência com a luz do sol, mas a noite era nossa, e eu já não tinha medo de ir a nenhuma parte sem um homem que me protegesse. Senti-me livre. -O que mudou isso?- perguntou Eshe em voz baixa.

-Johnny apareceu- disse, seu sorriso desvanecendo-se. -A família tinha ouvido que eu tinha deixado o convento e meu pai enviou Johnny para averiguar o motivo. Armand lidou com tudo. Agora me dou conta que ele controlou sua mente e o acalmou, e foi uma agradável visita até a noite em que caiu de seu cavalo.


-Cedrick me disse que converteu Johnny para salvá-lo.

-Sim- admitiu. -Eu não tinha certeza se deveria. Estava inconsciente e não podia lhe perguntar se ele queria, mas Susanna me pressionou para que eu o fizesse, para salválo como ela tinha feito comigo. E Johnny sempre tinha sido meu favorito. No final, eu o transformei... e tudo mudou- acrescentou com amargura. -OH, estava tudo bem no princípio. Estava contente de estar vivo e bem quando despertou, e nós três passamos a noite juntos e riu muito enquanto esteve ali. Mas depois foi ver sua Elizabeth. Ele tinha que ter sua Elizabeth. -Sua prometida?- perguntou Eshe. Cedrick nunca tinha mencionado o nome da mulher. Quando Agnes assentiu com a cabeça, ela murmurou, -Cedrick me disse que ela não aceitou bem. -Não, não aceitou- concordou Agnes. -Ela o rechaçou e disse algumas coisas terríveis. Johnny ficou devastado. Ficava triste e mal-humorado com todos, mas sobre tudo comigo. E ele seguiu seu caminho até o povoado e bebeu litros de cerveja tentando se embriagar até o esquecimento. Armand havia dito a ele que isso não funcionaria mais, mas ele tentou... e tentou... e tentou- adicionou com ironia e sacudiu a cabeça. -Eu sabia que ele me culpava por convertê-lo, mas ele nunca disse quanto e tentei de ser paciente e simplesmente esperar, desejando que passasse. Mas passaram meses e não melhorou. Sentia-me como se sempre estivesse andando sobre ovos à espera de seu próximo rompante de ira. Armand tentou levantar o ânimo dele, mas nada funcionou. Comecei a lamentar tê-lo convertido, e desejar que apenas o tivesse deixado morrer. E depois comecei a desejar que Susanna tivesse me deixado morrer. Então ele nunca teria vindo, nunca teria quebrado o pescoço... Eu teria estado com Deus, e ele com sua Elizabeth.


Eshe podia ouvir o desespero e a depressão em sua voz e soube que deveria ter sido cem vezes pior naquela época. -E então, Susanna teve o pequeno Nicholas- disse Agnes, animando-se um pouco. Todo mundo estava contente. Johnny até deixou de ir ao povoado para beber, e sorriu uma ou duas vezes. Nicholas era um bebê lindo. Armand partiu para a Côrte e nós três cuidávamos do bebê. Era quase como ocorreu assim que Johnny foi convertido... e então chegaram Marguerite e Jean Claude. Quando se deteve brevemente, Eshe a olhou com curiosidade, perguntando-se por que essa visita teria posto fim ao que tinha divulgado como a cura para ela. -Foi um pequeno comentário- explicou ela em voz baixa. -Um completo, de fato. Enquanto estava se despedindo, Marguerite sorriu tanto a Johnny como a mim, tomou uma de nossas mãos nas dela, e disse, 'Vocês são tão maravilhosos com Nicholas. Susanna tem sorte de tê-los com ela. Vocês serão pais maravilhosos quando tiverem seus próprios filhos'. Agnes apertou os lábios, os olhos fixos na estrada. -Apenas ri e agradeci. Não perebi o efeito que tinha causado em Johnny até que foram embora e Susanna havia retornado entrar com Nicholas. Voltei-me para comentar com Johnny quão agradável a visita tinha sido, e ele grunhiu que se dirigia à aldeia. Eu me tinha ficado calada sobre esse assunto durante meses, mas tinha sido uma semana maravilhosa desde que Nicholas nasceu, eu não pude fazê-lo naquela hora. Segui-o até os estábulos, lhe pedindo que não fosse até a aldeia, que deveria ajudar com Nicholas, que isso o faria se sentir melhor. -Por que, me disse ele. Para que possa ver o que nunca terei? E então simplesmente explodiu sobre mim. Tinha perdido sua Elizabeth. Nunca teria as crianças que estavam destinados a ter. Nunca haveria uma companheira de vida para ele. Éramos


todos demônios sem alma. Tinha me alimentado das monjas, pelo amor de Deus. Eu era seguidora do diabo, e tinha feito dele um também. Odiava-me por isso e nunca me perdoaria. Só pensar nisso o fazia adoecer. Fez uma pausa e arqueou uma sobrancelha a Eshe. -Consegue imaginar a cena? -Sim, consigo- disse Eshe em voz baixa. Johnny tinha vomitado toda sua decepção e frustração em Agnes e sem dúvida a fez se sentir muito mal, por sua vez. Eshe detestava pessoas assim. Por sua experiência, podia identificar diferentes tipos de pessoas no mundo, aqueles que foram chutados pela vida e chutavam de volta, os que foram chutados e chutavam outras pessoas, e os que receberam chutes e chutavam a si mesmos. Ela admirava os que chutavam de volta, e podia viver com os que chutavam a si mesmos, mas Eshe não tinha tempo para os que foram chutados e chutavam a outra pessoa. Era um abuso, e eles eram abusadores, e Johnny tinha abusado de Agnes nesse dia nos estábulos. Infelizmente, já conhecendo a história, sabia que Agnes virou e direcionou o abuso de Johnny sobre ela para Susanna, e de uma forma muito mais mortal. -Sim, foi o que eu fiz- admitiu com pesar, lendo seus pensamentos. -Quando Johnny saiu furioso apenas me deitei em um canto do lugar e chorei. Estava convencida de que era um monstro. Que eu tinha arruinado sua vida, e que a minha estava arruinada também. Na época usávamos facas que serviam como armas e utensílios de comer e que carregávamos em nosso cinturão. -Eu me lembro- murmurou Eshe.

-Sim, acho que lembra- disse Agnes. -De todos os modos, eu tinha tirado o meu e cortei minhas veias, mas para minha consternação as feridas simplesmente começaram a se fechar. Parecia que nem sequer podia me matar... isso me enfureceu. Infelizmente, foi quando Susanna me encontrou nos estábulos. Ela veio correndo e se ajoelhou a meu lado, perguntando o que estava errado, e... apenas explodi. Cortei-a


com a faca e a golpeei na garganta. Ela nem sequer segurou a ferida, ela somente me olhou, ferida, o sangue brotava por toda parte, e depois de repente estava sobre ela, apunhalando-a uma e outra vez, até que deixou de doer. Eshe supôs que Agnes queria dizer até que sua dor emocional deixou de doer e não até que Susanna deixou de sentir dor. Duvidava que apunhalar alguém uma e outra vez fizesse deter sua dor. Bom, quando eles morressem saberiam, supôs. -E então apenas me sentei junto a ela por um minuto, horrorizada pelo que eu tinha feito- Agnes continuou, sem incomodar-se em fazer comentários sobre seus pensamentos nesta ocasião. -E então, é obvio, entrei em pânico quando percebi que Armand me odiaria, provavelmente eu seria queimada viva por meus pecados... e foi quando pensei no fogo. É limpeza. Ocultaria meus pecados. -E ateou fogo no estábulo,- disse em voz baixa.

Agnes assentiu com a cabeça.

Ambas guardaram silêncio durante um minuto, e depois Eshe perguntou, -E Althea?

-OH, Althea. Dizer o nome lhe fez torcer a boca com desgosto. -Não me sinto muito mal por matá-la. Ela realmente era uma mulher horrível. Uma retorcida mucosa malcriada que não pensava em ninguém mais que ela mesma e no que ela queria. -Alguma vez foram para a Europa?- Eshe perguntou.

-OH, sim. Passamos pela França, Alemanha e Espanha e finalmente a Inglaterra. Pensei que podíamos aguentar, mas isso trouxe um monte de lembranças ruins. O convento não era nada mais que uma pilha de pedras quando fomos até lá, e Johnny chorou durante dias depois de visitar a antiga casa de Elizabeth e ver seu túmulo.


-Por que iriam a qualquer desses lugares?- perguntou Eshe com consternação. Ambos devem ser masoquistas. -Perguntei-me isso depois, mas na época pareceu uma boa idéia. Contudo, só nos deprimiu, e nos fez querer voltar ao Canadá. Assim pegamos um navio de volta, chegamos a Toronto e tentamos decidir o que fazer. Compraríamos uma fazenda perto de Armand, ou mais longe para evitar Althea? Essa era a grande pergunta. Estávamos em Toronto há quase uma semana, quando uma carruagem passou por nós e vi Althea. Ela me viu também, é obvio, e então fui encontrar Johnny, mas ele tinha entrado em um bar. Sua boca se apertou. -Ele tinha aprendido que beber álcool por si mesmo não funcionava para nós, mas morder um mortal que tinha bebido funcionaria, e ele tinha começado a comprar bebidas para mortais bêbados, unicamente com a intenção de depois beber deles. Deixei-o com isso e segui a carruagem até o hotel em que eles se hospedariam, e depois esperei em frente até que Althea aparecesse. Olhou ao Eshe e disse secamente, -Eu sabia que ela não seria capaz de resistir a sair para encontrar um homem para transar ou morder. Era a grande cidade e ela era uma hedonista. Agnes voltou o olhar para a estrada. -Não tive que esperar muito. Eu estava na esquina em frente ao hotel para poder ver a parte dianteira, mas também via o beco atrás do hotel pelo qual ela deveria sair, e assim o fez. Segui-a, vi ela parar para conversar com um homem, levou-o a um beco e o mordeu enquanto ele transava com ela contra a parede. Pensei então que ela retornaria, mas ao que parece ainda tinha fome. Ela fez o mesmo com outros três homens antes de voltar para hotel. Agnes fez uma pausa e franziu o cenho. -Pensando nisso agora, acredito que definitivamente tinha um problema. Como o chamam? Ninfomania?


-Acredito que sim- murmurou Eshe, pensando que Agnes podia ter razão. Morder a quatro homens em uma noite não era uma surpresa, mas ter relações sexuais com cada um deles era um pouco de mais. -De todos os modos, a segui até o hotel quando finalmente voltou para lá e depois a rastreei dentro e até seu quarto. Realmente só queria tentar fazer as pazes com ela. Johnny e eu sentíamos saudades de Armand. Ele era a única família que tínhamos, e queríamos continuar sendo de sua família. E nós queríamos que fosse mais fácil para visitar Nicholas também, o que sempre era incômodo com Althea por perto. Pensei que se explicasse isso a ela, talvez poderíamos chegar a algum tipo de acordo onde ao menos fôssemos civilizados entre nós. -Ela não foi maleável?- sugeriu Eshe secamente. Althea não estava parecendo com alguém que se preocupasse muito pelas necessidades de outras pessoas. Agnes soprou. -No momento em que abriu a porta, ela começou a jogar as coisas mais vis para mim. Que éramos sanguessugas. Que Armand não era nossa família, mas que era dela. Que deveríamos nos arrastar para baixo da rocha de onde tínhamos vindo, ou melhor ainda, nos colocar na tumba de Susanna com ela. Bla bla bla.- Ela franziu o cenho ao pára-brisa, e acrescentou, -Basicamente, me incomodou muito. -Sempre me surpreende quando usa esses termos modernos- disse Eshe com irônica diversão. Agnes se encolheu de ombros. -Vejo televisão.

Por alguma razão isso fez Eshe rir, o que trouxe um sorriso ao rosto de Agnes, e depois a outra mulher a olhou com uma expressão que era quase triste e disse, Realmente eu gosto de você, Eshe. É uma lástima que nossa amizade seja tão curta.


Isso deu o que pensar a Eshe, mas Agnes continuou com seu relato. -Como estava dizendo, me incomodou muito e tenho um pouco de mau gênio quando me pressionam muito. Eu realmente não pensei, só tirei a faca e a feri. -Ainda leva a faca com você?- perguntou Eshe com surpresa.

-Sempre tenho uma faca comigo- assegurou Agnes. -Nunca se sabe quando vai precisar. -Certo- murmurou Eshe, pensando que esse poderia ser todo o problema de Agnes. Ter mau gênio é uma coisa, mas se ela não estivesse com uma faca, nas duas vezes que tinha perdido sua paciência, sua vida poderia ter ido muito diferente. Assim como também a de Armand, pensou, e lhe perguntou, -Essa vez realmente tirou a cabeça de Althea? -Isso me ofende- disse Agnes com um bufo.

Por alguma razão isso trouxe uma risada surpreendida de Eshe. Seus olhos se abriram de horror para ouvir o som e ela rapidamente cobriu sua boca em estado de comoção ante sua própria resposta ao que era realmente um acontecimento monstruoso, mas Agnes pôs-se a rir. -Você percebeu? Nos damos muito bem- disse Agnes com um sorriso. -Eu gostaria que Armand tivesse te conhecido antes de Althea há todos esses séculos. Poderíamos ter sido grandes amigas. -Exceto pela parte de eu ser uma executora e você uma assassina, o que te faria uma renegada que eu caçaria- disse Eshe em voz baixa. -Sim. Bom, a amizade não é perfeita- disse Agnes encolhendo-se de ombros.


Eshe soprou ante isso com diversão e depois disse, -Então cortou a cabeça de Althea e ateou fogo em seu quarto. -E depois retornei ao quarto em que estávamos hospedados. Infelizmente, Johnny já havia retornado nesse momento, e embora estivesse bêbado quando entrei, pareceu ficar sóbrio com bastante rapidez ao ver meu estado sangrento. Fez uma careta de desgosto ante a lembrança. -Confessei tudo, é obvio; o assassinato de Susanna, assim como o de Althea. -Ele não sabia nada de Susanna até aquela ocasião?- perguntou Eshe com surpresa.

-Acha que eu lhe diria?- perguntou com surpresa. -Meu Deus, não. Pensei que me odiaria. -E odiou? Quando lhe disse depois de matar Althea?

Agnes considerou isso e depois moveu a cabeça. -Não. Em sua maior parte se sentia culpado, eu acho. Meu ataque a Susanna tinha sido um resultado direto de seu ataque contra mim. Não é que não estivesse zangado. Quero dizer, deu chutes ao redor gritando um pouco, mas então saiu e encontrou outro bêbado para morder e nunca mais falou disso outra vez... até que ele matou Rosamund. E então tudo foi 'É tudo sua culpa que tive que fazê-lo. Se não tivesse matado Susanna e Althea...'. -Bla bla bla?- sugeriu Eshe quando a voz do Agnes se foi apagando.

Agnes deixou escapar uma risada seca. -Sim. Basicamente... Agora chegamosacrescentou, dando a volta para a entrada de uma fazenda tipo rancho moderno não muito diferente em que eles viviam.


Para o alívio de Eshe, viu a caminhonete negra de John e a caminhonete de Armand ao mesmo tempo. Elas estavam no lugar certo. -Fique atrás de mim quando entrarmos- deu instruções Agnes, desligando o motor e procurando algo no assento traseiro. -Não quero que se machuque. Suficientes pessoas já foram afetadas por Johnny e por mim. Eshe não lhe recordou que era uma executora e treinado para a batalha, simplesmente olhou a enorme bolsa que Agnes tirou do assento traseiro, e depois, rapidamente saiu a toda pressa do carro quando Agnes fez o mesmo. -Muito bem, então Agnes matou Susanna e Althea- disse Armand lentamente, -Mas por que matar Rosamund? Ela deu boas-vindas a você e a sua família. Estava acostumada a receber vocês dois para jantar em casa todo o tempo. Nunca se comportou mal com nenhum de vocês. -Mas ela começou a fazer perguntas a respeito das mortes de Susanna e Althea- disse Johnny com impaciência. -Isto só me deixou um pouco nervoso no começo. Tinha certeza de que não havia nada para que ela descobrisse, mas então Rosamund chegou em nossa casa uma noite, perguntando em que momento havíamos retornamos da Europa. Se tinha sido antes da morte de Althea? -Por que ela perguntaria isso?- Armand perguntou com surpresa. -Todo mundo pensava que tinham estado na Europa até bem depois da morte de Althea. -Sim, bom, parece que a mãe de Althea disse a ela que pensava que tinha visto Agnes enquanto viajavam para Toronto naquela noite, e isto enviou um pequeno alerta mental a Rosamund. Franziu o cenho e disse, -Tive que matá-la então. Ela estava se aproximando muito. Matei-a na hora, e depois a carreguei na caminhonete e dirigi a um ponto a meio caminho entre sua fazenda e o povoado e tentei fazer que parecesse


um acidente. Então tentei incendiar o carro, mas estava chovendo e não se queimaria corretamente, assim tive que deixá-lo como estava e esperar que todo mundo acreditasse que a guilhotina de metal a tinha decapitado... Felizmente, todos acreditaram. -Sim- Armand murmurou, pensando na pobre e doce Rosamund. Ela tinha sido curiosa, e isso tinha causado sua morte. -E depois quase cinquenta anos mais tarde, a Annie de Nicholas chegou para farejar nas mesmas malditas perguntas. Tinha a esperança de que assassiná-la poria fim a tudo isto, mas fiquei por perto para ver Nicholas por um momento, e quando percebi que sua dor estava se acalmando o suficiente e que ele estava começando a perguntar o que Annie tinha querido lhe dizer... Bom...- Ele se encolheu de ombros. -Eu tive que entrar em ação. Ele era um executor. Teria perseguido cada pista, cada chamariz e prova, e Agnes e eu teríamos sido estacados e queimados. -Como levou o Nicholas do estacionamento do hospital para sua casa?- perguntou Armand com gravidade. -Tranquilizantes fortes para animais- respondeu Johnny. -Eu disparei em seu pescoço a parti de minha caminhonete. Havia uma mulher mortal passando nesse momento e parou para ver se ele estava bem, quando ele caiu. Aproximei-me deles, carreguei-o sobre meu ombro, tomei o controle dela, e levei a ambos a sua casa para arrumá-los de maneira que parecesse que a tinha matado. Seus lábios se torceram em um gesto de infelicidade, e explicou, -Não acreditei que outro acidente tão cedo seria acreditável. Pensei que seria melhor se fosse culpado de assassinato e executado. Eu estava tentando encontrar a maneira de conseguir que alguém fosse até ali para descobrir Nicholas com a mulher morta quando Decker começou a bater na porta. Isso foi pura sorte para mim- adicionou com um débil sorriso.


Armand o olhou com incredulidade. -Nicholas é seu sobrinho. É o filho de Susanna. Como pôde fazer os acertos a sangue frio para que acreditassem que ele era um assassino e executá-lo? -Senti-me mal por isso- assegurou-lhe Johnny solenemente. -Mas era melhor ele do que eu. -E melhor eu do que você também? Correto. E quem mais?- Perguntou-lhe com amargura. -A quantos mais assassinará? -Mary Harcourt- respondeu Johnny, e depois lhe assegurou, -Ela deveria ser a última. Se a tivesse matado depois de Rosamund, Annie não teria que morrer. Eu nunca pensei que alguém fosse bisbilhotar, por isso não tinha me incomodado. -E por que não a matou depois de Annie?- perguntou Armand em voz baixa, muito cansado e muito adolorido para estar mais zangado. Johnny se encolheu de ombros. -Que Annie falasse com ela foi puramente acidental. Não é que ela a tenha buscado para lhe perguntar. Conheceram-se por acaso em sua porta. Parecia um golpe de sorte. Além disso, eu não gosto de matar. É um trabalho desagradável com pouca recompensa. -Exceto para salvar seu pescoço- disse Armand secamente.

-Isso mesmo- concordou Johnny.

Armand franziu o cenho. -E o incêndio do abrigo, a senhora Ramsey atacando Eshe, e minha casa em chamas hoje? Você, suponho? Johnny assentiu com a cabeça. -Eu estava em casa na primeira vez que Bricker e


Eshe chegaram à porta. Eu não sabia quem eram e estava um pouco surpreso quando apareci para ver duas pessoas de negro com cascos. Li-os, ou pelo menos a Eshe. Como uma nova companheira de vida era a mais fácil de ler. Uma vez que soube que estavam ali para investigar as mortes decidi que definitivamente não ia atender a porta. E então comecei a tentar me desfazer dela. Hesitou e depois acrescentou em tom de desculpa, -Sinto muito a respeito de te incluir nos dois incêndios, mas vocês dois sempre estavam juntos quando tentava me livrar dela, e então hoje quando ateei o fogo, pensei que não seria ruim me desfazer dos quatro ao mesmo tempo. Então não haveria ninguém para investigar. -É obvio que haveria- disse Armand com desgosto. -Um monte de gente sabe que algo está acontecendo agora e não descansarão até verificar tudo. Lucian certamente não o faria, e tem um exército de executores para cair sobre você- assinalou, pensando que Johnny era um idiota e que Agnes definitivamente tinha causado uma mudança nele. Pensar em Agnes lhe recordou o fato de que Johnny não havia dito a ela sobre o Annie e Nicholas e perguntou, -Sim, você disse o Agnes a respeito de Rosamund, por que nunca disse sobre o assassinato de Annie e de incriminar Nicholas? Johnny o olhou com incredulidade. -Está brincando? Sei que ela parece doce e terna, mas Agnes tem um gênio dos infernos. Ele negou com a cabeça. -Ela adora Nicholas até a morte, e aceitou Annie imediatamente. Me mataria se alguma vez soubesse o que fiz. -Está malditamente certo quanto a que eu o faria.

Armand olhou para a porta ante esse comentário sombrio, e depois olhou para John, e notou sua surpresa e horror quando Agnes entrou. Ela ficou junto a ele quando Armand olhou de novo para a porta e viu Eshe entrar atrás dela. A única coisa que


mantia sua esperança enquanto ele escutava Johnny, tinha sido que Eshe estava segura na casa de Cedrick, mas agora ela estava ali e ambos iam morrer. Eshe olhou por cima do ombro de Agnes enquanto ela a seguia até o quarto de atrás no porão, do qual as vozes estavam vindo. Para seu grande alívio, viu Armand logo que entrou. Ainda estava vivo... não se via tão ardente, talvez, reconheceu ela, por ter um buraco na cabeça e o sangue cobrindo seu rosto e a parte superior do peito. Mas ele estava em posição vertical, e seus olhos estavam abertos. Seus olhos se dirigiram para John depois, notando a espada antiga apoiada contra a parede e a lata de gasolina a seu lado. Os planos que tinha para Armand pareciam bastante óbvios, mas agora estava olhando para Agnes, sua boca movendo-se e nada saindo. Agnes não estava tendo o mesmo problema. Agarrando sua bolsa, cruzou a sala, parou diante dele e olhou para cima a seu nariz, enquanto ela gritava, -Como pôde? Quero dizer, sério, John, matar Rosamund era uma coisa, mas à pequena Annie? E implicar Nicholas, seu próprio sobrinho! No que estava pensando? E suponho que planejava matar Armand também, depois de tudo o que ele fez por nós! -Eu... Você... Tudo isto é por sua culpa!- soltou Johnny finalmente. -Se não tivesse matado Susanna e Althea nada disto seria necessário! Você é a culpada disto! Você é quem vai ter isto em sua alma. Eu não. Só estive tentando te proteger. Mas você... O olhar de Eshe passou para Agnes enquanto Johnny seguiu destrambelhando. A outra mulher lhe devolveu uma expressão de vê? Em seu rosto, e depois se virou, e deixou cair sua bolsa para mostrar uma faca muito grande e de aspecto malvado que repentinamente afundou no peito de Johnny. Isto pôs fim imediatamente a seu discurso.


Eshe o viu olhar com horror da faca em seu peito até sua irmã, comoção e assombro em seu rosto, e começou a andar furtivamente em direção a Armand. -É tempo de assumir um pouco de responsabilidade, John- disse Agnes quase com suavidade. -Fiz minha escolha e você fez as suas, mas não podemos continuar machucando as pessoas desta maneira. Agnes retirou a faca e Johnny caiu sobre seus joelhos, ainda olhando surpreso. Deixando-o ali, ela se dirigiu para pegar a lata de combustível. Enquanto tirava a tampa, disse com calma, -Será melhor que tire Armand daqui agora mesmo, Eshe. Eu não gostaria que nenhum de vocês saísse ferido. Eshe hesitou, mas quando Armand começou a ficar de pé e cambaleou ligeiramente, ela correu para seu lado, rompeu a corda que unia suas mãos, e pôs seu braço por cima do ombro dela para que se apoiasse. Mas depois fez uma pausa para olhar Agnes enquanto ela começou a salpicar gasolina ao redor da sala e sobre si mesma e Johnny. -Agnes- ela começou, sem saber o que ia dizer. Mas a outra mulher levantou a vista e sorriu. -Está tudo bem. Vão. Digam a verdade a todos e consigam que Nicholas recupere sua vida. Talvez encontre outra companheira de vida algum dia e poderá em seu coração nos perdoar. -Ele já encontrou outra companheira de vida- disse-lhe Eshe.

Isso fez com que Agnes parasse. -Sério?


-Seu nome é Josephine Willan. A chamam de Jo. Ela hesitou e depois adicionou, -Ela parece agradável. -OH, eu gostaria de tê-la conhecido. Agnes se encolheu brevemente ante a idéia de que ela não o faria, e depois olhou para Johnny quando ele gemeu e tentou se levantar. Com um suspiro, deixou cair a lata, deixando que o que sobrou do líquido corresse onde quisesse e tirou um isqueiro Zippo. Segurando-o com uma mão, ela pegou a espada de Johnny antes de olhá-los de novo. -Melhor saírem agora. E dê a Nicholas meu amor. Eshe debatia se devia baixar Armand, golpear Agnes e John, e prender os dois, mas parecia uma idéia ridícula. Apesar do fato de que gostava de Agnes, isto não mudava o fato de que ela era uma assassina, e que o Conselho simplesmente ordenaria sua execução de todos os modos. Deixando escapar um suspiro de tristeza, ela se virou com Armand para a porta e saiu meio caminhando e meio se arrastando. Nem bem tinham passado através da porta quando um assobio soou atrás deles e o calor irradiou em suas costas. Eshe olhou para trás para ver o irmão e a irmã rodeados por um círculo de chamas que estava correndo para eles, e depois se apressou com Armand um pouco mais. Tinham chegado à escada quando Johnny começou a gritar. No momento em que chegaram em cima, tinha parado, e Eshe lembrou de Agnes levantando a espada e suspeitou que ela o tinha decapitado em lugar de fazê-lo sofrer ao ser queimado vivo. Entretanto, ela não podia se decapitar, e ainda não havia nenhum som de Agnes. Eshe não podia deixar de admirá-la por isso enquanto ela e Armand saíam da casa. No momento em que Eshe e Armand cambalearam para se apoiar na caminhonete, as


chamas começaram a lamber as janelas do primeiro andar da casa. Eshe olhou para trás, mas depois se inclinou para a parte traseira da caminhonete e abriu o refrigerador dali, aliviada ao encontrar várias bolsas de sangue no interior. Agarrou todas elas e as deu a Armand uma de cada vez enquanto viam queimar a casa. -Melhor?- perguntou-lhe ao terminar a última.

-Mais ou menos- respondeu, e ela sabia que, embora já não tivesse cãibras pela falta de sangue, a cura ainda estaria em precessamento e que provavelmente tinha uma dor de cabeça infernal. Duvidava de que se mantivesse em pé por mais tempo. -Me deixe te levar até Cedrick- disse ela, ajudando-o a subir no lado do passageiro da caminhonete. Ela o pôs no interior e depois rodeou o veículo até o lado do motorista para entrar, não se surpreendeu ao vê-lo cair contra a porta, inconsciente, no momento em que ela se sentou ao volante. Provavelmente estaria entrando e saindo da consciência pelas próximas vinte e quatro horas. Mais saindo que entrando, já que tinha planejado manter o homem drogado. Não havia necessidade de que sofresse pela cura. -Amo você, Armand Argeneau- sussurrou ela, e depois levou um susto quando seus olhos se abriram. -Amo você também, Eshe- grunhiu ele e depois fechou os olhos outra vez e deslisou no assento para descansar no pequeno espaço entre o assento e o painel. Eshe começou a se mover para colocá-lo de volta no assento, mas quando o tocou, ele gemeu, e decidiu simplesmente deixá-lo onde estava e levá-lo até Cedrick.


Com um suspiro, Eshe se virou e olhou a coluna de direção, aliviada ao ver as chaves penduradas ali. Ligou o motor, e depois começou a se afastar da casa agora completamente em chamas.

Epílogo

-Não acabou com esse vira-latas ainda?- perguntou Lucian com desgosto. -Todos estão esperando. -Não é um vira-latas- disse Armand com firmeza, baixando o olhar para o pálido cachorrinho a seus pés, um presente de Eshe. -É um golden retriever e seu nome é Lucky. -Chamamos ele assim em sua homenagem, Lucian- disse Eshe com um incitante sorriso. -Mas o chamamos de Lucky para economizar. A resposta de Lucian foi um grunhido de desgosto enquanto se virava para a casa e batia a porta atrás dele. -É uma mulher malvada, Eshe- riu Armand, rodeando-a com suas mãos por trás de suas costas para aproximá-la mais. -Eu gosto. -Ótimo, porque está preso a mim- disse ela brandamente, apoiando-se em seu peito e brincando com os botões de sua camisa com a mão livre, enquanto olhava para baixo ao cachorrinho. -Eshe?- perguntou ele silenciosamente.


-Hmm?- levantou o olhar para ele perguntando.

-Seu nome significa vida.

Sorriu com um gesto. - Eu sei.

-Estou seguro disso- disse ele facilmente. -Mas eu não sabia até que o busquei na internet ontem à noite. Eshe significa vida e DAureus ouro. É apropriado. É minha garota dourada, que salvou a vida de meu filho e tornou minha vida boa. Estou muito, muito agradecido- assegurou ele. Os olhos de Eshe brilharam, um perverso sorriso curvou seus lábios enquanto dizia, Bem. Pode me mostrar quão agradecido está quando voltarmos ao hotel. Armand riu ante a sugestão e a apertou mais perto dele, então ela acrescentou, -E então te demonstrarei quão agradecida estou eu por trazer alegria e cor a minha vida. -Amo você- disse Armand, sorrindo.

-E eu te amo- assegurou ela.

Beijaram-se de novo, desta vez o beijo foi cada vez mais profundo até que ouviram abrie a porta de novo e Lucian bramou, -Maldição! Esse cão ainda não está pronto? Os nativos estão se impacientando. Armand se retirou com um suspiro e se girou com o cenho franzido para seu irmão. Já vamos. Está quase. Murmurando baixo, Lucian se voltou pisando forte e bateu a porta com força.


-Talvez devêssemos ir agora- disse Eshe com sarcasmo, seu olhar baixou a Lucky, que tinha vindo até eles e tinha feito 'plaf', sentando-se a seus pés onde estavam cara a cara. -Acredito que agora ele já fez. -Hmm. Armand olhou para o cachorrinho enquanto ela se separava, mas não fez menção de sair imediatamente. Em vez disso, olhou para a porta e engoliu o nó de medo da garganta. -Está nervoso- disse Eshe surpresa, vendo sua expressão.

-E se ela me odeia?- perguntou Armand com uma careta. -Sou um estranho para ela e tão diferente do que conheceu, simplesmente a abandonei com sua tia como um sobra indesejável. E além disso tem Nicholas. Vai me culpar por... -Sua filha não te vai odiar- interrompeu brandamente Eshe. -Estão sabendo que a enviou para longe afim de mantê-la a salvo mesmo antes que eu fosse até você. Ela sabe. E Nicholas não te culpará por nada. Nada disto é sua culpa. Armand aspirou ar e assentiu, então permitiu que o guiasse à porta, o cachorrinho os seguiu contente com sua correia. Já preparados, Armand deu um passo adiante para abrir a porta para ela, parando quando a porta se abriu e revelou Lucian no outro lado. -Até que enfim- murmurou seu irmão aborrecido. -Vamos.

Armand sacudiu a cabeça e esperou passarem Eshe e Lucky, mas quando indicou a ela que seguisse Lucian, ela moveu a cabeça e lhe fez um gesto para que ele fosse primeiro. Levantado os ombros, colocou-se atrás de Lucian, parando quando o outro homem parou na porta, bloqueando sua entrada.


-Bem?- perguntou alguém no interior -Como soube que Nicholas era inocente? Quem matou Annie e a mortal? Vai nos dizer isso agora ou o que? Armand sorriu fracamente, reconheceu a voz de Thomas, mas seu sorriso desapareceu quando Lucian respondeu bruscamente, -Não, vou deixar que seu pai faça isso. Então Lucian deu um passo para o lado, o deixando no centro de vários pares de olhos curiosos. Armand deslizou seu olhar pela sala, reconheceu sua cunhada Marguerite e imaginou que o homem de cabelo escuro a seu lado seria seu companheiro de vida, Julius. Tinha ouvido a história do homem que tinha substituído o gêmeo de Lucian mas não o conhecia ainda. Passou de Bricker e Anders para Leigh, enquanto Lucian se colocava atrás da cadeira dela e ofereceu aos três um débil sorriso, então seu olhar foi para Nicholas, em outra cadeira no lado oposto ao final da sala. Havia um pastor alemão deitado a seus pés e uma delicada morena em seu colo, sua Jo. Trocaram sorrisos, então reconheceu Mortimer, de pé, atrás de seus assentos com outra morena, tinha uma aparência muito parecida com a garota do colo de Nicholas. Poderia ser a irmã de Jo e companheira de vida de Mortimer, Sam, supôs, notando que parecia doente. Mas sabia que lhe faltava pouco para fazer a mudança e suspeitava que os nanos a curariam quando estivesse preparada. Por último seu olhar se voltou às pessoas no meio do sofá. Thomas e sua companheira Inez; era mais atraente em pessoa do que na fotografia, notou sorrindo a eles e finalmente girou seu olhar à mulher de cabelo escuro do outro lado do sofá. Parecia-se com sua mãe, Rosamund, e sussurrou seu nome, -Jeanie. -Meu nome é Jeanne Louise, senhor- disse ela, um pouco tensa, como se suspeitasse que ele não saberia. Armand hesitou, mas então Eshe lhe deu uma ligeira cotovelada, lhe agarrou a mão e


cruzou a sala situando-se frente a sua filha, aquela que não tinha visto em um século. Baixando o olhar para ela, esclareceu-se garganta e disse, -Pusemos esse nome em você Jeanne Louise, mas sua mãe e eu a chamávamos de Jeanie enquanto esteve conosco quando era um bebê, eu sempre pensei em você como Jeanie. -OH- murmurou desconcertada, lhe olhando como se não soubesse o que fazer ou o que dizer. Armand a compreendia, estava inseguro, mas Eshe apertou sua mão tranqüilizando-o, esclareceu sua garganta de novo e disse, -Estou muito contente de poder te conhecer por fim, Jeanie. Vi suas fotografias que Nicholas me enviou quando as pedi há anos, mas não era o mesmo que estar em sua vida. Sinto haver perdido seus primeiros passos, suas primeiras palavras e, de verdade, teria gostado de estar em sua graduação. Estava linda com seu vestido azul. Desejei ter estado alí para lhe dizer quão orgulhoso estava e que sua mãe também tiria estado. Eu... Armand se deteve com um grunhido quando, de repente, Jeanne Louise saltou como se tivesse sido catapultada do sofá lançando-se contra ele. Soltou Eshe para acolher sua filha em seu peito, sentindo seu corpo tremer com silenciosos soluços, fechando os olhos abraçou sua filha pela primeira vez desde que ela tinha uns poucos meses. -Estará no resto de momentos importantes- disse com voz apagada contra seu peito. Pode me levar ao altar quando conhecer meu companheiro de vida e pode me ajudar quando me debilitar com o nascimento de nosso primeiro filho e... e todas essas coisas- assegurou ela, acariciando seus ombros como se fosse o único necessitado de consolo. -Está alterando a minha Leigh, Armand- disse Lucian bruscamente. -Sente-se e tire Nicholas de sua miséria.


-Não está me alterando, querido- disse Leigh com voz aquosa. -Estou chorando porque estou feliz por Jeanne Louise. -Eu também.- suspirou Marguerite.

-E eu- acrescentou Inez, Armand olhou ao redor para ver todas as mulheres secando as lágrimas. Inclusive Eshe tinha os olhos chorosos. -Embora tenha razão- murmurou Jeanne Louise, se soltando para limpar o rosto. Deveríamos deixar que nos conte quem colocou a armadilha para Nicholas. Segurando sua mão, ela se sentou, arrastando-o para se sentar a seu lado. Armand agarrou a mão de Eshe de novo e puxou ela para o sofá junto a sua filha, desequilibrando-a ela caiu com ele. Thomas começou a rir e colocou Inez sobre seu colo, fazendo lugar para eles de modo que pudessem se amontoar juntos, então Armand se sentou um momento, seu olhar se deslocou de Jeanne Louise para Eshe enquanto apertava as mãos com que as segurava. Olhou ao resto das pessoas na sala e por um momento se sentiu afligido. Fazia muito tempo que não tinha estado rodeado de sua família. Um movimento inusitado atraiu sua atenção, lhe distraindo ligeiramente enquanto olhava Lucky incomodar o pastor alemão. O cão grande simplesmente o olhou sem interesse e colocou a cabeça entre suas patas, Lucky tomou isso como um convite e se deitou a seu lado. Sorrindo, por fim Armand olhou a Nicholas e Jo, que lhe devolveram o sorriso, com expressão espectadora. Armand hesitou, esclareceu a garganta e começou, -Sua tia Agnes te envia seu amor. FIM


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