FamĂlia Argeneau 14 Hungry for You Lynsay Sands
Este vampiro tem estado sozinho por um longo tempo …
Como um dos mais antigos membros do clã Argeneau, Cale Valens desistiu de encontrar uma companheira de vida. Seus amigos e familiares, contudo, não desistiram. Na verdade, eles acreditam ter finalmente encontrado o seu par perfeito. Colocá-los juntos, no entanto, requer uma pequena mentira …
Alexandra Willan está em pânico. Seu restaurante deve abrir as portas em duas semanas, mas seu chefe de cozinha acabou de se demitir. Então um substituto altamente recomendado chegou, um gênio culinário incrivelmente bonito que envia arrepios elétricos através de seu corpo …
Só que ele não sabe cozinhar. Na verdade, Cale não come comida de verdade há dois mil anos. No entanto, ele está determinado a provar a Alex o seu talento na cozinha ... e em outros lugares. Porque ele nunca esteve tão faminto por qualquer outra mulher mortal. E não quer apenas para experimentar o gosto dela, mas ter todo um delicioso banquete!
Capitulo 1
Cale estava levantando sua mão para bater na porta quando esta se abriu de repente. Um homem alto com cabelo curto escuro e um telefone pressionado em seu ouvido o olhou fixamente. -Cale Valens?
-Sim- respondeu Cale, sabendo que os guardas do portão da frente tinham ligado para avisar de sua chegada. -Entre. O homem retrocedeu para o deixar passar, pressionando um botão para encerrar sua ligação antes de oferecer uma mão a Cale. -Justin Bricker. Muita gente me chama Bricker. Cale aceitou a mão, apertando-a quando limpou os pés no tapete de boas-vindas algumas vezes para tirar a neve em suas botas. Então entrou. -Me disseram para falar com Garrett Mortimer. -Sim, eu sei. Os rapazes do portão ligaram para cá e nos avisaram, mas Mortimer está lá embaixo na garagem com Sam. Bricker fechou a porta e depois se virou para ficar de frente para ele, ondeando o telefone vagamente. -Acabo de ligar para ele afim de lhe dizer que você está aqui, mas não respondeu. Espero que isso signifique que eles já estão vindo para cá. -Você espera? Cale removeu seu casaco de couro marrom de inverno.
-Sim, bom, estiveram muito ocupados em uma das celas - explicou Bricker ironicamente quando pegou o casaco e rapidamente o pendurou em um armário ao
lado da porta. -Só são companheiros de vida há oito ou nove meses e ainda são bastante agarrados um com o outro. Fechou a porta do armário, girando de volta para Cale, e depois se dirigiu ao corredor para a parte de atrás da casa. -Vamos. Conseguirei-te uma bolsa de sangue enquanto esperamos. Cale o seguiu, lembrando o que seu tio Lucian havia dito sobre esses homens. Mortimer e Bricker estavam acostumados a serem colegas de trabalho, forçados a caçar vampiros renegados, mas agora tinham uma equipe na casa junto com eles. Bricker era o homem mais jovem e auxiliar de Mortimer, que agora estava a cargo de toda a equipe. -Uma bolsa ou duas?- perguntou Bricker, o guiando até uma cozinha grande, mobiliada e com uma ilha de cozinhar no meio. -Uma está bem, murmurou Cale.
O imortal mais jovem imediatamente abriu uma geladeira para revelar uma grande quantidade de bolsas de sangue empilhadas ao lado de várias comidas para mortais. A vista era um pouco assombrosa. Cale não comia comida para mortais há mais de um milênio e tinha apenas sangue em sua própria geladeira. O pensamento cruzou sua mente ao se perguntar se era realmente higiênico ter carne crua e verduras tão perto do sangue. -'O' positivo está bem?- perguntou Bricker, procurando através das bolsas na geladeira. -Pode ser. Higiênico ou não, ele estava faminto.
-Aqui está.
Cale aceitou a bolsa que Bricker segurava com um 'obrigado' murmurado, esperou uns poucos segundo para que os caninos descendessem, e depois rapidamente colocou a bolsa trasparente de líquido carmesim em suas presas. -Sente-se - urgiu Bricker, usando seu pé para pegar um dos tamboretes de madeira colocados debaixo da ilha e tirando-o para ele. Mordeu uma bolsa de sangue com seus próprios dentes quando se sentou no tamborete. Cale tirou um segundo tamborete, mas nem bem tinha se sentado quando um suave som de portas de vidro abrindo-se e fechando-se soou da sala ao lado. Ele seguiu o olhar de Bricker esperando que a porta da cozinha se abrisse. Obviamente dava acesso a uma sala. O final de uma mesa escura de carvalho era visível, assim como parte de uma cadeira, mas a porta e quem quer que tivesse entrado estavam fora do campo de visão. Quem quer que fossem, faziam com que suas vozes chegassem até os dois facilmente, e Cale acabou escutando sem nenhuma intenção o que então perceberia se tratar de uma conversa privada. -Tem certeza que está preparada, amor?- perguntou um homem em tom solene.
-Sim, é claro, estou preparada- respondeu uma mulher, embora ela não soasse muito segura na opinião de Cale. Perguntava-se quem era e sobre o que estava afirmando estar preparada. Aparentemente o macho falante tinha notado a insegurança também. -Mas e seu posicionamento, Sam? Passaram oito meses e você...
-Eu sei - interrompeu a mulher. -E lamento ter insistido nisso como o fiz. Não foi porque não te quisesse, Mortimer, eu quero, mas...
-Mas não quer deixar suas irmãs- disse o homem com aparente compreensão.
Cale sentiu suas sobrancelhas se elevarem quando reconheceu os nomes. Mortimer, a quem ele tinha que ver aqui, e também Sam. Ela aparentemente tinha uma irmã chamada Alex, e Tia Marguerite tinha o pressentimento de que esta Alex poderia ser a mulher que ele tinha esperado durante toda sua vida. Cale não tinha muitas esperanças de que Marguerite tivesse razão. Tão velho como era, tinha esperado muito para encontrar uma companheira de vida. Já tinha se resignado a ser eternamente solteiro. Mas também não esperava ofender à mulher, assim concordou em conhecer esta Alex. Curioso agora para ver o casal que estava falando, Cale girou ligeiramente em seu tamborete, inclinando-se para um lado, mas não foi suficiente. Deviam estar parados na porta pela qual acabavam de entrar. Também obviamente pensavam que estavam tendo uma conversa particular, e olhou para Bricker, esperando que fizesse algum som para alertá-los do fato de que não estavam sozinhos, mas o imortal mais jovem parecia até estar segurando sua respiração enquanto esperava o que eles iriam dizer a seguir. Cale se encontrou franzindo o cenho ao redor da bolsa em sua boca e estava para sair de seu tamborete para avisar o casal, mas as seguintes palavras da mulher lhe fizeram parar. -Não foi por Jo e Alex.
Cale se acalmou curioso, esperando ouvir mais sobre essa Alex.
-Isso foi somente uma desculpa, Mortimer. Uma que quase tinha me convencidoadmitiu a mulher em um suspiro de desculpa. -Mas Jo me disse algo depois de conhecer Nicholas que me fez perceber que não era a verdadeira razão. -O que foi? -perguntou Mortimer tranquilamente.
-Ela disse que depois de me converter, ainda terei dez anos para encontrar seus companheiros de vida. Ela disse que só estava com medo e agora sei que ela tinha razão. -Medo de que, Sam? -perguntou Mortimer com uma tranquila preocupação. -Da dor durante a conversão? -Não... embora isso também me assuste- admitiu ela em uma risada irônica. Sua voz era mais séria quando acrescentou, -Mas realmente tinha medo de que acordasse um dia e percebesse... bom, que sou apenas eu- acabou inutilmente. -Não compreendo. Sei quem você é, Sam. O que...?
-Sei disso, mas... isto é ridículo, mas, enquanto sou inteligente, basicamente bonita e trabalho duro, não sou... A voz do Sam estava ligeiramente envergonhada quando disse, Bom, não serei nenhuma vampira sexy e maravilhosa do tipo de garota que pode chamar a atenção de um homem como você por toda a eternidade. -Querida, você é maravilhosa. Eu...
-Pareço a Olivia Palito, Mortimer. As palavras arderam no ar em uma respiração de exasperação, como se ela pensasse que devia ser óbvio. Cale tirou a bolsa de sangue vazia de sua boca e olhou para Bricker confuso, sua voz apenas um sussurro quando perguntou, -Olivia Palito? Bricker removeu sua própria bolsa de sangue e explicou em um tom baixinho, -A namorada do Popeye. Quando Cale continuou lhe olhando em branco, ele girou seus olhos. -É uma personagem de desenhos animados; cabelo escuro, olhos grandes, e
magra como um palito. Sam é...
-Querida, tenho olhos. Sei que você parece a Olivia Palito.
Bricker parou a explicação em uma baixa maldição e apertou seus olhos fechados brevemente. Então girou sua cabeça para a porta, murmurando com desgosto, Homens são condenadamente delicados. Honestamente. Cale gostaria de discutir o ponto, mas realmente, mesmo alguém que não se incomodou com as mulheres no que parecia ser uma eternidade sabia que as palavras de Mortimer tinham sido o pior para se dizer. Obviamente, Mortimer também percebeu porque começou a balbuciar, -Quero dizer, é maravilhosa para mim. Adoro seu sorriso e a maneira em que seus olhos brilham quando é divertida ou brinca e... -Mas ainda me pareço com a Olivia Palito - disse Sam em um tom que deixava claro que não estava impressionada com os esforços do homem para salvar a situação. -Não realmente. Havia uma falta de convicção na voz de Mortimer, mas foi mais forte quando acrescentou, -Olhe, querida, o ponto é que não te vejo através de lentes cor de de rosa. Meu amor não está apoiado em uma superficial imagem fantasiosa de você, e não vou acordar de repente um dia e notarei que tem joelhos grossos. -Joelhos grossos?- gritou ela.
-Eu... não- assegurou-lhe rapidamente, soando um pouco apavorado agora. -Não, é obvio que não são grossos. Só quero dizer que sei exatamente como te vejo. Vejo você, e é o que quero, não alguma fantasia ridícula como Jessica Rabbit. -Jessica Rabbit?- Sam ecoou com incredulidade. -Tem fantasias com Jessica Rabbit? -Um coelho de desenhos animados?
As sobrancelhas de Cale se elevaram a isso. Tinha vivido durante muito tempo e tinha fantasiado com muitas coisas, mas nunca com um coelho de desenhos animados. -Bom, não como um coelho- murmurou Mortimer, soando um pouco aborrecido. -E não com um personagem de desenhos animados. Realmente não estava... quero dizer, não quero nada com ela. Ela só era uma representação do tipo de mulher com a qual eu pensava que acabaria. -Voluptuosa e sexy - sugeriu Sam.
-Exatamente- disse Mortimer, soando aliviado.
Cale não precisou ouvir o grunhido de Bricker para dizer que isso era possivelmente a coisa mais estúpida que o homem podia dizer. Cabelo escuro, olhos grandes e um corpo magro não sugeria voluptuosa e sexy para ele. -Mortimer- disse Sam, sua voz dura, não sou nem voluptuosa nem sexy. -Se isso é o que quer, por que passar a eternidade comigo? -Querida, você é sexy. É inteligente, e seu cérebro é realmente sexy como o inferno.
-Certo- disse bruscamente Sam, obviamente sem comprar essa idéia.
-Homens!- Bramou Bricker.
Quando o imortal mais jovem se levantou de seu tamborete e correu para a porta do salão, Cale franziu o cenho. Ele entrou na sala logo depois outro homem, seus olhos movendo-se com interesse sobre o casal que lhes olhava fixamente com surpresa.
A descrição de Bricker de cabelo escuro, olhos grandes, e magra como um palito era apropriada para Sam, decidiu Cale. Provavelmente também era a maneira menos atraente para descrevê-lo. A mulher tinha o cabelo escuro, mas só não era loiro. Havia mechas marrom e até vermelho em seu cabelo. Quanto a seus olhos, Cale sempre tinha achado os olhos grandes como um fator atrativo, mas tendiam a se destacar no magro rosto desta mulher. Suspeitava que seriam adoráveis se ela tivesse um pouco mais de carne para arredondar um pouco suas bochechas. Na atual situação, a mulher podia ter tido um pouco mais de carne em todas partes. Seu corpo estava no limite da magreza. Isso o fez se perguntar se ela não tinha alguma doença de tireóide ou algo do tipo. Ele então mudou seu olhar para Garret Mortimer, mas mal conseguiu uma visão de seu cabelo curto e corpo musculoso quando Bricker parou em frente o casal e dissesse bruscamente, -Por todos os Santos, vocês dois! O que estão fazendo? Sam, ama Mortimer, e ele te ama, e isso é o que está tentando te dizer, só que é muito estúpido para fazê-lo direito. Mas ele te ama e te quer como você é. Sacudiu sua cabeça com desgosto. -Deveria ter certeza desse sentimento a essa altura, pelo Amor de Deus. Estão como um casal de coelhos durante meses, sem parar. -Bricker! -chiou Sam, ruborizando-se de um brilhante rosa quando olhou dele para Cale, com uma mortificação que ele suspeitava que não seria tão forte se não fosse a presença de um estranho que não tinha sido apresentado. -OH, certo- murmurou Bricker, o olhando de volta com um sinal que sugeria que se esqueceu brevemente da presença de Cale. -Sam, Mortimer, este é Cale Valens. Cale, estes são Garret Mortimer e Sam Willian. -Cale- disse Mortimer lentamente, oferecendo sua mão, e então o reconhecimento iluminou seu rosto. -O filho de Martine Argeneau.
-Sim. Cale apertou a mão oferecida delicadamente e depois olhou outra vez para Sam. Para sua grande surpresa, a vergonha que tinha colorido seu rosto há um momento parecia ter desaparecido, substituído com um interesse que era afiado e enfocado. -É solteiro, Sr. Valens?-perguntou Sam quando se moveu para frente para apertar sua mão também. Cale levantou uma sobrancelha pela pergunta direta, mas olhou para Bricker quando este liberou uma afiada e curta risada. -Vejo que está de acordo em continuar tentando e que não diminuiu sua determinação de ver Alex unida com um imortal, Sam- comentou Bricker com diversão, então avisou Cale, -Cuidado. Preparará um jantar e vai apresentá-los no final da semana. -Bom, por que não?- Sam soava um toque defensiva. -Nunca se sabe. Poderiam ficar juntos. -Querida - disse Mortimer com um suspiro, -As chances de que Alex seja a possível companheira de vida de um imortal são muito pequenas. É incrível que Jo seja a companheira de vida de Nicholas. É muito difícil encontrar três irmãs mortais que sejam companheiras de vida... -As chances existem - interrompeu Sam firmemente. -Além disso, não faz mal apresentá-los e ver se são companheiros. Alex seria uma boa imortal. É inteligente, tem sucesso e já trabalha de noite. Ligarei para ela para ver se pode vir jantar. Sam começou a se virar, mas Mortimer a segurou pelo braço. -Por que não verificamos porque Cale está aqui e vemos se tem tempo para ficar para jantar primeiro? Sugeriu ele tranquilamente.
Sam hesitou, mas depois olhou a Cale. -Pode ficar para jantar?
Quando ele assentiu, ela sorriu e depois se girou outra vez.
-Obrigado por concordar- disse Mortimer com um suspiro quando a observaram cruzar a sala. Cale se encolheu de ombros. -Não concordei tanto como Marguerite.
-Marguerite?- Sam parou abruptamente na porta da cozinha e girou de volta, seus olhos já grandes pareciam até maiores em seu rosto assustado. As sobrancelhas de Cale se levantaram. A mulher estava quase vibrando com uma emoção que não podia identificar. Ia ler sua mente quando Mortimer capturou sua atenção ecoando a sua exclamação em uma voz mais profunda, embora não menos assustada. -Marguerite?
Cale olhou para o homem, e depois para Bricker, ambos estavam lhe olhando fixamente agora com intenso interesse. Sorrindo, ele admitiu, -Marguerite está muito empenhada para que conheça a irmã de Sam, Alex. -Ela está?- respirou Sam, dando vários passos para eles.
Cale se encontrou trocando de posição incomodamente quando admitiu, -Sim. Parece pensar que poderíamos ser companheiros de vida... Acho que pode estar equivocada, mas não faz mal tentar e conhecer sua irmã para ver o que acontece.
-Farei com que Alex venha!- Sam girou outra vez, desta vez saindo da sala antes que alguém pudesse falar qualquer coisa. Um sopro de diversão trouxe o olhar de Cale para Bricker quando o imortal mais jovem perguntou, -Está de brincadeira, não é? -Sobre o que? -perguntou Cale, franzindo o cenho. Não gostava que rissem dele, e o homem mais jovem definitivamente estava rindo. Também o estava olhando com uma combinação de pena e, estranhamente, o que parecia inveja. -Sobre esperar que Marguerite não tenha razão- explicou Bricker, e então lhe golpeou nas costas. -Cara, se Marguerite está tendo um de seus pressentimentos sobre você e Alex serem companheiros de vida, então vocês ficarão juntos. É o que Marguerite faz. Ela encontra companheiros de vida para todos e todas que pode. Juntou a cada casal solteiro que encontrou nos últimos anos. -Cada casal Argeneau- corrigiu firmemente Mortimer. Não foi responsável por Sam e eu. -Sim, bem, eu não estaria tão certo disso- disse secamente Bricker. -Provavelmente sugeriu a Lucian que o enviasse a esse trabalho na casa de campo com a esperança de que um de nós se juntaria com uma das irmãs. Mortimer girou seus olhos à sugestão. -Ela não poderia saber de Sam e suas irmãs. Não acredito que alguma vez tenha sequer estado na casa de Decker. -OH, ele não lhe disse isso? -perguntou Bricker com diversão.
-Me dizer o que?-perguntou Mortimer, de repente precavido.
-Marguerite o ajudou a encontrar o lugar. Como ele sempre estava tão ocupado no trabalho, ela investigou as propriedades disponíveis e sugeriu a ele que aquela ao lado de Sam e suas irmãs era a mais bonita. -Cristo- murmurou Mortimer.
Bricker riu, mas Cale simplesmente olhou fixamente de um homem a outro com curiosidade. -Ela realmente é tão boa encontrando companheiras para imortais? -OH sim- assegurou Bricker. -Assim, se Marguerite acredita que Alex é para você, já está comprometido. Parece que seus dias de solteiro acabaram, meu amigo. Aposto que você não pode esperar. Cale se encontrou franzindo o cenho à sugestão, e disse um pouco friamente, -Nem todos nós somos solteiros e precisamos de um companheiro de vida. Alguns de nós continuamos vivendo uma vida relativamente feliz e ocupada sem uma companheira de vida. -Sim certo- disse Bricker incrédulo.
Cale franziu o cenho, mas não prolongou o assunto. Por que se incomodar? Não era realmente verdade de qualquer jeito.
-Tem que estar de brincadeira. Alex Willian olhou para o homem que estava de pé no
outro lado de seu escritório. Peter Cunnigham, ou Pierre como ele preferia ser chamado, era seu cozinheiro. Também era baixinho, barbudo, e tinha os olhos um pouco redondos. Ela sempre tinha pensado que ele se parecia com uma doninha, mas nunca tanto como nesse momento. -Não pode ir assim. O novo restaurante abre em duas semanas. -Sim, eu sei. Ele lhe deu uma triste careta. -Mas realmente Alexandra, ele está me oferecendo uma fortuna para...
-É obvio que está. Está tentando me arruinar- disse bruscamente ela.
Peter se encolheu de ombros. -Bom, se puder melhorar sua oferta...
Os olhos do Alex se estreitaram. Ela não podia evitar notar que ele havia dito 'mlhorar' e não 'igualar' ou até 'aproximar'. O pequeno safado realmente era uma doninha sem lealdade a nada... mas precisava dele. -Quanto?-perguntou bruscamente, e apenas tentou evitar hiperventilar no momento em que ele murmurou o valor. Deus querido, isso era três vezes o que lhe estava pagando e duas vezes o que podia suportar... o que ele sabia, é obvio. Era uma soma ridícula. Nenhum chef ganhava isso, e ele não valia esse preço. Peter era bom, mas não tão bom. Não tinha nenhum sentido que Jacques Tournier, o proprietário do Chez Joie, lhe oferecesse tanto. Mas então Alex de repente podia ver o que ele estava planejando. Jacques estava atraindo o homem em uma deliberada tentativa de deixá-la em apuros. Ele continuaria durante duas ou três semanas, o suficiente para poder colocá-la em problemas, depois o despediria com alguma desculpa. Alex abriu a boca, preparada para avisar Pierre, mas a petulante expressão em seu
rosto a deteve. Peter sempre tinha sido um bastardo egoísta. Era bastante ruim quando ele era o único ajudante de cozinha, mas no curto período desde que foi promovido a chefe de cozinha, seu ego tinha crescido dez vezes comparado a seu estado inicial. Não, pensou ela com um suspiro, ele não acreditaria. Pensaria que ela estava desdenhando dele. -Sabe que não pode melhorar a oferta- disse Peter. Então com algo menos que simpatia, acrescentou, -Só admita para que eu possa deixar de desperdiçar meu tempo e sair daqui. A boca de Alex se esticou. -Bem, se sabia, por que se incomodar em sugerir isso?
-Não queria que pensasse que não tinho nenhuma lealdade- admitiu ele com um encolhimento de ombros. -Se melhorasse sua oferta, eu ficaria. -Obrigada- disse ela secamente.
-De rien (de nada)- disse ele, e se virou para a porta. Alex começou a dizer o que pensava, quando Peter começou a sacudir sua cabeça. Ainda assim, ela continuou, o avisando conforme sua consciência mandava. No momento em que terminou, ele zombou dela. -Sabia que isso te incomodaria, Alexandra, mas contar essa historia ridícula para me convencer a ficar é muito triste. A verdade é que estive me vendendo barato por algum tempo. Minha reputação como um chef brilhante cresceu nestas últimas semanas enquanto cozinhava em seu restaurante... -Duas semanas- corrigiu Alex impacientemente. Só passaram duas semanas desde que o promovi a chef de cozinha. E cozinhou minhas receitas, não criou as suas próprias. Certamente pode ver o quanto é ridículo que alguém te pague essa quantia
de dinheiro por...
-Não, não acho ridículo. Sou brilhante. Jacques vê meu potencial e mereço ser pago por meu valor. Mas você obviamente não concorda. Você tentou me manter por baixo. Agora me pagarão o que mereço e desfrutarei de alguns dos benefícios produzidos por minhas habilidades. A boca se esticou, ele acrescentou, -E você não vai me enganar para que fique aqui com essas estúpidas histórias. Com uma pequena inalação de desgosto, Peter deu a volta e saiu de seu escritório com seu nariz levantado e um ar de superioridade que a fez dar arcadas. Alex fechou seus olhos. No momento, não queria nada mais que gritar um monte de obscenidades para o homem, e suspeitava que desfrutaria de sua queda quando ela acontecesse. Infelizmente, sua própria queda chegaria primeiro. Amaldiçoando, pegou seu arquivo de números telefônicos e começou a folheá-lo. Talvez um de seus velhos amigos da escola de cozinha poderia ajudar por uma noite ou duas. Cristo, estaria arruinada se não encontrasse alguém e rápido. Uma hora depois, Alex alcançava a W em seu arquivo sem encontrar nenhuma opção quando o telefone soou. Irritada com a interrupção em meio a uma crise, Alex o levantou bruscamente. Ladrou 'olá', os dedos de sua mão livre ainda voavam através dos cartões do arquivo, um atrás de outro em uma rápida sucessão. -Tenho alguém que quero você que conheça.
Alex franziu o cenho à estranha saudação, e lentamente reconheceu a voz de sua irmã. Uma vez que o fez, um profundo suspiro deslizou por seus lábios, e ela sacudiu sua cabeça cansadamente. Realmente não necessitava disso neste momento. Estava totalmente cançada do desfile de homens que Sam a tinha estado apresentando
durante os últimos oito meses.
Tinha sido bastante ruim quando ela e sua irmã menor, Jo, estavam solteiras e disponíveis, mas agora que Jo tinha encontrado Nicholas, Sam tinha focado toda sua atenção em encontrar um homem para Alex. Pensou que não teria sido tão ruim se algum dos homens que Sam tinha insistido em apresentar a ela tivesse mostrado um leve interesse por ela, mas depois de apenas alguns instantes, e algumas vezes tão breve como uns poucos segundos, cada um deles simplesmente a tinha ignorado, ou em alguns casos, até mesmo se afastado. Isso provocou nela um complexo. Tinha até começado uma dieta, algo que tinha jurado que nunca faria, e exercício, um passatempo que detestava, assim como tentar uma maquiagem diferente e escolhas da moda em um esforço por levantar seu ego agora abalado. Realmente isto era a última coisa que precisava, mas Alex sabia que o coração de Sam estava cheio de boas intenções e se esforçou por manter sua paciência e seu tom de voz apenas medianamente exasperado. -Sam, querida, meu chefe de cozinha acaba de se demitir, e tenho uma hora para substituí-lo antes que o jantar comece. Não tenho tempo para que brinque de casamenteira neste momento. -OH, mas, Alex, tenho certeza que é este- protestou ela.
-Certo, bom, possivelmente ele é, mas se não for um chef de classe mundial, não estou interessada- disse Alex em tom grave. -Vou desligar agora. -Ele é!
Alex parou com o telefone a meio caminho de volta a sua base e o colocou de volta em seu ouvido. -O que? O que você disse? -Um chef? -disse Sam, mas soava mais como uma pergunta do que uma afirmação. Isso foi o bastante para que Alex estreitasse seus olhos. -De verdade?- perguntou ela com suspeita.
-Sim. Sam soava mais segura desta vez.
-Onde fez seu último trabalho?- perguntou ela precavidamente.
-Eu... não tenho certeza- evadiu Sam. -É da Europa.
-Europa?- perguntou Alex, seu interesse aumentando. Tinham boas escolas culinárias na Europa. Tinha ido a uma delas. -Sim- assegurou Sam. -Nesse momento é por isso que tenho certeza que será ele. Ele trabalha na cozinha e cozinha tão bem como você. Alex tamborilou seus dedos pensativamente em sua mesa. Parecia muita sorte que sua irmã quisesse apresentá-la a um chef bem no dia que estava desesperada precisando de um. Por outro lado, tinha sofrido com tanta falta de sorte nos últimos meses que um pouco de sorte certamente faria bem. Finalmente, perguntou, -Qual é o nome dele? -Valens.
-Nunca ouvi falar dele- murmurou Alex, e então percebeu quão estúpido era dizer isso. Ela não conhecia todos os chefs solteiros na Europa. De fato, só conhecia uns
poucos de seus dias na escola de culinária... e os nomes dos famosos, é claro.
-Olhe, ele é um chef, e você precisa de um. Que mal pode fazer conhecê-lo?perguntou Sam. -Juro que não vai se arrepender. Realmente acredito que isto vai dar certo. Marguerite nunca se engana. Tem que conhecê-lo. -Marguerite?- perguntou Alex confusa, reconhecendo o nome. Ela era a tia de um dos companheiros de banda de Mortimer, Decker Argeneau. Alex nunca a tinha conhecido, mas Sam a mencionava muito. De qualquer maneira, não tinha nem idéia do que a mulher tinha que ver com isto. -Só o conheça- suplicou Sam.
Alex suspirou, seus dedos golpeavam a mesa rapidamente. Podia sentir que Sam estava mentindo sobre algo em sua determinação de convencê-la a conhecer esse homem, e realmente, não tinha tempo a perder nesse momento. Por outro lado, Sam não tinha duvidado quando disse que ele podia cozinhar, assim Alex suspeitava que ao menos parte disso era verdade. Ao menos esperava que fosse. O fato era que estava desesperada, e francamente, mendigar não era a escolha. Se o homem podia cozinhar meio decentemente, definitivamente estaria interessada nele, embora não da maneira que Sam obviamente esperava que estivesse. -Mande-o para cá- bramou, e então desligou o telefone antes que pudesse mudar de opinião.
Cale estava falando com Bricker e Mortimer sobre o casamento ao qual tinha comparecido em Nova Iorque com vários dos membros de sua família e suas companheiras de vida quando Sam voltou correndo até a sala. -Tudo preparadoanunciou excitadamente. -Temos que ir a seu restaurante agora mesmo. Cale franziu o cenho. -Disse que viria aqui.
-Sim, bom, houve uma mudança de planos. Alex tem uma pequena crise no restaurante e não pode sair- anunciou Sam, agarrando seu braço e o conduzindo para a porta da cozinha. -Ah, quase esqueci. Você sabe cozinhar? Cale parou, forçando-a a uma parada, e anunciou friamente, -Eu não como.
-Não perguntei se comia- assinalou ela. -Perguntei se sabe cozinhar?
-Por que eu cozinharia, se não como?-perguntou ele secamente.
-Um não impede o outro- disse Sam impacientemente, e depois estalou a língua com irritação e tentou conduzí-lo a continuar andando quando ela assinalou, -Os estilistas masculinos não usam roupa de mulher, mas as desenham. -Como sabe que não as usam?-perguntou ligeiramente Bricker, chamando a atenção de Cale para o fato de que ele e Mortimer os tinham seguido e estavam de pé atrás deles. Mortimer riu pela pergunta, mas Sam não pareceu achar graça. Apertando seus dentes, puxou o braço de Cale outra vez. -Vamos. Precisa chegar ao restaurante antes que ela mude de opinião e vá para outro lugar. Cale liberou seu braço de seu agarre. -Não cozinho e não tenho desejo de visitar um
lugar cheio de fedor. Só tem que marcar um encontro para um dia diferente. Não quero ir a seu restaurante. Fim da história.
Capítulo 2
-Não posso acreditar que Sam disse a sua irmã que sou um chef- murmurou Cale provavelmente pela sexta vez desde que se encontrou sentado no banco do passageiro de seu carro alugado que era dirigido por Justin Bricker. -Acredite- disse Bricker secamente. -Sam está desesperada para ver sua irmã relacionada com um imortal. Ela e suas irmãs são como unha e carne. Vai fazer tudo o que puder para se assegurar que Alex não seja deixada atrás em algum momento no futuro. -Hmm. Cale supôs que podia entender isso. Frequentemente tinha pensado que devia ser difícil para os mortais renunciar a seus familiares e amigos para se unirem aos imortais que amavam. Ganhavam muito em troca, é claro: a eterna juventude, o amor e a paixão que a maioria dos mortais só podia sonhar. Entretanto, a família era muito importante para seu clã, e isso em sua opinião dizia muito sobre Sam e suas irmãs por também considerarem importante a família. -Ainda assim... um cozinheiro? Só a visão da comida faz com que meu estômago de voltas, e o cheiro... Fez uma careta e estremeceu, sentindo náuseas de só pensar. Sua reação aos alimentos era uma das razões pela qual Cale não tinha mais relação com os mortais. Sua própria vida parecia girar em torno de comidas ou bebidas. Eles negociavam com café ou outras bebidas e celebravam festas para comemorar qualquer evento. Foi por isso que Cale tinha canalizado a maior parte de seus
interesses comerciais em áreas onde só tinha que interagir com imortais. É claro, alguns deles comiam muito, os que ainda eram jovens ou aqueles que tinham companeiros de vida. Mas tinha que enfrentar o problema muito menos frequentemente quando se tratava de imortais do que teria com mortais. -Esta é a primeira vez que ouço falar de um imortal com esse tipo de reação aos alimentos- comentou Bricker, e depois lhe deu um olhar curioso, e perguntou, Quantos anos tem? Cale franziu o cenho. Quanto mais idade tinha, mais detestava responder a essa pergunta e achou que estava começando a sentir sua idade. -Não fisicamente, é obvio, mas mentalmente. A verdade é que, ultimamente, Cale se aborrecia até as lágrimas. Essa foi a razão pela qual tinha iniciado uma longa visita ao Canadá. Não tinha havido nenhuma mudança real em sua vida por um tempo muito longo. As empresas de sua propriedade e que atendiam às necessidades dos imortais, tinham em sua maioria empregados imortais, o que significava que não teve que trocar seu nome ou seu trabalho por algum tempo. Também vivia em um imóvel nos subúrbios de Paris, onde não havia vizinhos para reparar que ele não envelhecia. Isso também tinha permitido evitar as mudanças. Cale sabia que fazer isso tinha sido conveniente, mas também tinha permitido que se estagnasse. Ultimamente tinha estado pensando que uma reestruturação importante em sua vida seria bem-vinda. Tinha pensando em deixar sua empresa nas mãos de um de seus capacitados empregados de alto nível e tomar uma linha diferente de trabalho, mas simplesmente não tinha decidido o que queria fazer. Ele tinha considerado várias coisas, mas a maioria delas requeria ir à universidade para adquirir as habilidades necessárias, o que significava estar perto dos mortais e seu sempre presente amor pela comida. Outra opção que tinha considerado era ser um mercenário. Cale tinha desfrutado da
batalha em sua juventude, e mesmo não podendo se tornar em um bom soldado em virtude de não poder se arriscar à luz do dia, sabia que ainda contratavam mercenários para lutar em países do terceiro mundo. Pensou que isso mostrava quão baixo estava seu estado de ânimo que chegou a cogitar a idéia de um sangrento campo de batalha lhe chamando. -Se for filho de Martine e Darius, deve ter nascido antes de Cristo- disse Bricker, pensativo. -Seu pai morreu por volta de 300 AC, não é? -Em 230 AC- disse Cale. Não era um momento que gostava de recordar. Tinha perdido não só seu pai, mas também vários irmãos naquele ano, todos na mesma batalha. Na verdade, "massacre" era a palavra mais adequada, já que tinham sido atraídos para uma armadilha por um imortal que competia pelos mesmos contratos de mercenários e tinha decidido eliminar a concorrência. Darius, pai de Cale, tinha sido um grande guerreiro e educou seus filhos com as mesmas habilidades, e então ganhou a vida mediante contratos de batalha para si mesmo e seus filhos. Incluindo Cale, sua mãe teve onze crianças com seu pai, todos meninos. O casal se conheceu e se converteram em companheiros de vida em 1180 antes de Cristo, quando seu pai tinha duzentos anos de idade e sua mãe trezentos. Embora tivessem aderido à regra de uma criança a cada século, também tiveram dois pares de gêmeos, e até agora o Conselho não castigava os pais por terem gêmeos fazendo-os esperar um século a mais para terem outro filho. Dos onze filhos, só três ainda estavam vivos. O resto tinha morrido junto com seu pai em um sangrento campo de batalha em 230 AC. Cale ainda sentia lembrança da perda. -Bom, então talvez sua reação aos alimentos pode ser causada pelo fato de que é muito velho- murmurou Bricker com preocupação. Ao que parece, a idéia de semelhante desgosto extremoa pela comida era incômodo para os imortais mais jovens. Encolhendo-se de ombros, disse mais alegremente, -Mas embora Marguerite
saiba sobre isto, uma vez que se encontre com o Alex, sua vontade de comer vai retornar novamente. Quando Cale simplesmente lhe olhou em dúvida, pôs-se a rir e acrescentou, -Confie em mim. Esta noite, vais estar preenchendo seu estômago como um mortal depois de um longo dia de trabalho. Cale franziu o cenho, não gostou da sugestão. Na verdade, ele não queria o prazer de ficar preso em um veículo com um imortal mais jovem. Os alimentos que comiam sempre tinham um aroma parecido. Normalmente, esse aroma não lhe incomodava tanto, mas também não ficava normalmente preso em um carro com um deles. Enrugando o nariz, suspirou, e lhe perguntou, -Por que está me levando desta vez? -Porque não conhece as ruas de Toronto e Sam não queria correr o risco de que se perdesse- recordou Bricker divertido. -Também estava preocupada que pudesse danificar seu carro nas estradas geladas e não queria arriscar isso. Como Mortimer queria discutir sua transformação e não permitiria a ela vir dirigindo, ela decidiu a contra gosto que eu deveria te entregar a Alex. Estou aqui para informá-la de cada palavra que for dita por vocês- anunciou com alegria. -Bem- murmurou Cale, começando a se perguntar no que tinha se metido. Talvez realmente não valesse a pena concordar com Marguerite, afinal. Não, se isso significava ir a um restaurante no qual estaria rodeado pelo aroma dos alimentos mortais... e esta mulher, Alex, pensasse que fosse um chef dos bons. Deus! Que diabos havia possuído Sam para afirmar que ele poderia cozinhar? Não sabia nenhuma maldita coisa sobre cozinhar e não queria saber. Por outro lado, se Marguerite tivesse razão, e esta mulher fosse sua companheira de vida... Bom, talvez pudesse valer a pena... e realmente ele poderia começar a gostar de comida de novo. -Aqui. Bricker se virou para pegar um livro no assento de atrás. Ofereceu o grande
volume a Cale, dizendo, -Sam pensou que poderia ajudar se desse uma rápida olhada nisso enquanto nos dirigimos para lá. -Bolachas ou pão-doce? Leu Cale com um algo parecido ao horror enquanto seu olhar passava com desgosto sobre a imagem de animais mortos e sem cabeça, frangos assados e amarrados no prato junto com verduras também assadas. -Bom, não faz mal- disse Bricker, divertido. -Alex está à espera de um chef de classe mundial. Cale lançou o livro de volta ao assento traseiro com desgosto. Não tenho nenhuma intenção de cozinhar. -Irei até lá, conhecerei a mulher, verei se posso lê-la e irei embora assim que puder. -Ou- disse Bricker arrastando as palavras, -Vai até lá, descobrirá que Marguerite estava certa mais uma vez, que não pode ler Alex, e estará desesperado por uma desculpa para estar perto dela para tentar reclamá-la como companheira de vida. Cale soprou. -Se não puder lê-la, e ela é minha companheira de vida, não precisarei de uma desculpa para estar perto dela. Ela irá me querer alí. -OH, cara, tem muito que aprender a respeito das mulheres mortais- disse Bricker secamente. Cale o olhou fixamente. -Certamente, se ela for minha companheira de vida, ela...
-O que? Cairá na palma de sua mão como uma ameixa madura para a colheita? Bricker afastou seu olhar da estrada para lhe dar uma olhada com evidente diversão. Quando Cale só franziu o cenho, meneou a cabeça e voltou sua atenção à estrada. Não estava prestando atenção lá na casa, não é? Não pôde ver o fato de que
Mortimer e Sam são companheiros de vida, estiveram juntos durante oito meses, e entretanto, só agora aceita a mudança? As mulheres mortais têm livre-arbítrio, você sabe. Os olhos de Cale se abriram amplamente quando percebeu que era verdade.
-E contrariamente ao que afirma o filme, as Garotas da Terra não são fáceis.
-O que? Perguntou Cale, completamente desconcertado pela referência.
-Não importa, murmurou Bricker com desgosto. O ponto é, enquanto nós crescemos com o conhecimento de que algum dia encontraremos alguém especial que não nos possa ler e a quem não possamos ler e essa pessoa será, portanto, nossa companheira de vida perfeita, as mulheres mortais não. Enquanto crescem, ensinam a elas que os homens enganam, mentem e são uns bastardos. Dizem que vão ter que beijar a um monte de sapos antes de encontrar o seu príncipe. E então lhes ensinam a serem precavidas, já que alguns realmente são lobos em pele de cordeiro. Cale olhou ao imortal mais jovem com desalento. -Sério?
-Não vê muita televisão, não é verdade?- perguntou secamente Bricker, e depois sugeriu, -Faça um teste, veja um filme ou dois esta noite. Isso o porá a par sobre o estado da guerra dos sexos. -Guerra?
-Sim, guerra- disse Bricker solenemente. -As mulheres já não são objetos de negociação e doces garotas para de prazer só para receber um pouco de atenção. Se estiverem com um homem em suas vidas, é porque querem, não porque precisem que eles cuidem delas. As mulheres de hoje podem cuidar de si mesmas. Pelo menos
muitas delas podem. E como uma bem-sucedida mulher de negócios, Alex é uma das que podem. De fato, afastar sua atenção de seu negócio é mais parecido com uma luta que qualquer outra coisa. Especialmente neste momento, acrescentou sombriamente.
-Por que especialmente agora?- perguntou Cale.
Ela está preparando a abertura de um segundo restaurante- informou Bricker. Começou com este pequeno La Bonne Sex. Que era de luxo - adicionou, no caso de ter dado a Cale a impressão errada. -Mas pequeno. Ela cozinhava sozinha, e foi um sucesso. Tinha que reservar com meses de antecedência para conseguir uma mesa. Assim decidiu que precisava de um lugar maior, e pelo que Sam disse, isso está dando um problema atrás de outro, e Alex está correndo em círculos tentando que tudo funcione a contento a tempo para a noite de inauguração. -Quando é isso?-perguntou Cale.
Em duas semanas- disse Bricker secamente. -Confie em mim, ela estará dando voltas como um frango sem cabeça e, sendo seu companheiro de vida ou não, terá sorte se te informar as horas se souber que você não é chef. Cale ficou em silêncio por um momento, e depois tirou o cinto de segurança e foi até o assento traseiro para pegar o livro de culinária. Pensou que era melhor prevenir que remediar.
-Não há absolutamente ninguém que possa pensar que seja um cozinheiro mesmo que meio-decente e esteja desempregado no momento?- perguntou Alex infeliz, e depois escutou à voz no telefone quando Gina, uma querida amiga que também era chef, disse-lhe que não. Alex fez uma careta, e murmurou, -Bom, obrigada por tentar, de qualquer maneira. Alex desligou o telefone com um suspiro de cansaço. Tinha passado os últimos quarenta e cinco minutos desde que falou com Sam fazendo ligações, mas parecia que não havia cozinheiros em busca de trabalho... o que era ridículo tendo em conta o estado da economia, mas também havia sua atual falta de sorte. Grunhindo com a frustração, Alex esfregou as mãos sobre seu rosto, e depois se sentou na cadeira de seu escritório com um gemido. Ela tinha feito suas ligações caso o chef que Sam estava enviando fosse totalmente inadequado, mas parecia que ele era sua única esperança neste momento. Se ele não conseguisse improvisar, ela teria que cozinhar aqui nesta noite, o que significava que não teria tempo para planejar as coisas que teria que fazer para conseguir que o novo restaurante abrisse as portas a tempo na nova localização. -Por que diabos me propus a esse inferno?- perguntou-se Alex miseravelmente. Parecia um plano simples e fácil a princípio. Este restaurante era um sucesso, sempre estava cheio e o dinheiro entrava. Tinha sido como o gato gordo e feliz desfrutando do sucesso de seu empreendimento... e depois um demônio tinha sussurrado em seu ouvido que devia ampliar o negócio e, como uma idiota, correu impulsivamente para dar andamento à idéia. Originalmente, Alex tinha a esperança de comprar a loja do lado e simplesmente derrubar o muro entre eles e fazer este restaurante maior. Mas então, percebeu que isso significava cancelar várias reservas para fazer o trabalho, e então alguém sugeriu simplesmente abrir outro restaurante do outro lado da cidade. Ela podia atrair uma
nova clientela.
Com visões de uma cadeia de restaurantes de La Bonne Sex dançando em sua cabeça, Alex tinha se proposto encontrar o edifício perfeito no lugar perfeito. Então fez a decoração e a publicidade da inauguração da segunda La Bonne Sex. Tudo estava ido bem em um primeiro momento, mas então a falta de sorte começou a pertubá-la. O lugar perfeito era uma antiga casa vitoriana junto a uma concorrida zona comercial. Tinha sido revitalizado recentemente, e ficou perfeito, até que um incêndio causado por uma falha elétrica aconteceu em uma noite pouco depois que tinha começado sua decoração. Felizmente, Alex já tinha colocado um sistema de alarme, e o departamento de bombeiros tinha chegado até ali rapidamente. Infelizmente, enquanto o fogo em si não se estendeu muito, havia danos causados pela fumaça em todo o edifício. De repente, em vez de uma pequena decoração, Alex teve que refazer o interior e restaurá-lo por completo. Sua sorte não tinha melhorado nada depois disso. Nos últimos meses esteve gastando apagando incêndios de diferentes tipos: perseguindo encomendas que se atrasavam ou simplesmente pareciam ter desaparecido, trabalhadores que de repente a abandonavam ou, simplesmente, não se apresentavam para o serviço, os pedidos que tinha recebido eram confundidos de alguma maneira e produtos equivocados que eram entregues. Em alguns casos, os operários tinham começado a instalar de forma errada as peças antes que ela chegasse ali, e as empresas se negavam a lhe reembolsar pelos produtos usados. Muito em breve o dinheiro começou a escassear, e teve que usar suas economias para continuar dando andamento ao projeto. Foi então que Alex começou a entrar em pânico. Com a data da inauguração já estabelecida e divulgada, tinha demitido o diretor do projeto que tinha sido o supervisor da redecoração e promovido Peter a
chef de cozinha da matrix do La Bonne Sex, para que assim ela pudesse estar no novo prédio todo o tempo e se assegurar de que não haveria mais equívocos... o que aparentemente tinha convencido à pequena doninha que era um cozinheiro de primeira classe e digno de pilhas de dinheiro. -Que se dane- murmurou para si mesma, seu olhar se deslizou apreensivo para o relógio na parede. As reservas para o jantar começavam às cinco, e já estava quase na hora. Se o chef de Sam não aparecesse, ela mesma teria que começar a cozinhar. Não é que se importasse. Cozinhar era o primeiro amor de Alex, tudo o que sempre quis fazer. Tinha sido uma terrível dor quando teve que passar o chapéu de chef para a cabeça de Peter para que pudesse fiscalizar as reformas do novo restaurante. Mas não tinha outra opção. Normalmente, Alex nem sequer teria estado aqui hoje quando Peter chegou com seu anúncio. Só tinha aparecido no restaurante para verificar as coisas e pegar uns papéis. Sua intenção era voltar ao novo restaurante a tempo de passar o serviço de pintura aos pintores, o qual deveria estar pronto antes que as mesas e cadeiras do restaurante chegassem pela manhã. Ao menos esse tinha sido o plano antes que Peter se apresentasse com seu anúncio de que tinham lhe oferecido essa quantidade ridícula de dinheiro para que fosse trabalhar no Chez Joie. Alex franziu o cenho ante a idéia da jogada utilizada por seu maior concorrente, Jacques Tournier. Sempre tinham sido competitivos, seus respectivos restaurantes competiam pela mesma clientela de luxo, mas isto era ir longe demais. Não só podia ser sua ruína, mas definitivamente também iria trazer a Peter e sua carreira um pouco de prejuízo. Mas então, Jacques sempre tinha sido um idiota. Olhou o relógio para ver que enquanto ficou sentada se preocupando, o tempo tinha continuado engatinhando para frente. Alex já não podia postergar mais, tinha que sair ali e começar a trabalhar. Os primeiros clientes já tinham chegado, e seus pedidos
estavam sem dúvida aparecendo na cozinha. Ligaria para os pintores no outro restaurante e...
Um golpe na porta soou quando Alex pegou o telefone. Dizendo a quem quer que fosse que entrasse, começou a discar o número do novo restaurante, mas parou quando a porta se abriu e surgiu Justin Bricker, com seu habitual alegre sorriso ao entrar em seu escritório. -Olá, Alex. Como estão os problemas?- Saudou com facilidade.
Alex o olhou desconcertada, e depois lançou um gemido. -Deus querido, certamente você não é o chef do qual Sam estava falando? -Não- disse com um sorriso, e um gesto para trás dele com seu dedo polegar. -Aqui está Cale. -Couve ('Kale')? Alex se ecoou sem expressão, com os olhos se dirigindo até porta ainda meio fechada. Não viu nenhum sinal de um segundo homem. Franzindo o cenho, pôs de novo o telefone em sua base e se inclinou para um lado, tentando olhar à cozinha enquanto murmurava, -Couve frisada é um vegetal. -Não é couve frisada. Cale... com C - explicou Bricker, e depois olhou a seu redor e franziu o cenho quando viu que o outro homem não tinha entrado. Com o cenho franzido, Bricker saiu brevemente da sala, e lhe ouviu murmurar, -O que está fazendo, cara? Entre aqui e tente lê-la. Alex levantou as sobrancelhas ao ouvir as palavras, e brevemente se perguntou o que queria dizer, mas depois Bricker reapareceu, arrastando um homem em um traje cor de carvão até o escritório quando o homem disse, -Estava procurando algo para cobrir o nariz e a boca. Meu Deus! Como alguém pode aguentar todos estes
alimentos está além de mim. O fedor é insuportável. Eu...
Alex arqueou uma sobrancelha quando o homem a viu e chegou a uma abrupta parada na porta. Ela abriu sua boca para dizer que sua cozinha não cheirava mau, mas as palavras nunca saíram além de sua boca. Encontrou-se simplesmente olhando fixamente ao homem. Era... interessante. Não bonito no sentido clássico, mas sem dúvida interessante, decidiu e estava bem vestido. Seu olhar passou rapidamente por cima de sua alta constituição, musculoso, vestido com o que estava certa era um modelo exclusivo. Então seus olhos se detiveram em seu rosto para desfrutar dos traços fortes, angulares, o prateado dos olhos azuis e a pele clara. O que ocorria com todos estes amigos de Mortimer? perguntou-se com o cenho franzido. Cada um tinha uma pele perfeita e os olhos deveriam ser proibidos. -E então? Pode lê-la? -perguntou Bricker com impaciência.
-O que? Cale o olhou com uma confusão que parecia ter ficado clara rapidamente. OH, certo. Seu olhar se voltou de novo para ela, e Alex se encontrou suspirando quando se centrou nela com uma concentração que reconheceu de todos outros homens que Sam a tinha apresentado desde que estava com Mortimer. Era o olhar que estava acostumada a receber antes do homem ignorá-la ou até mesmo se afastar dela, o olhar que lhe estava dando um complexo. -Genial! Outro de seus amigos e do estranho inseto do Mortimer- murmurou ela com desgosto, e devolveu um olhar de irritação para Bricker quando lhe perguntou. -São todos drogados, ou escutar sua música muito alta os tornou deficientes mentais? -Sei que não se drogam, por isso deve ser a coisa da música- disse Bricker, divertido.
Alex girou os olhos. -Não tenho tempo para isto, Justin. Sabe cozinhar ou não sabe? Bricker olhou a Cale. -Pode lê-la? -Ler, o que? -perguntou Alex irritada, seu olhar voltando a se situar em Cale ao ver que sua expressão se tornou ainda mais concentrada, centrando-se em um lugar no meio de sua testa. -Não pode, não é verdade? -disse Bricker, com o que parecia ser alegria.
-Não. A palavra foi suspirada, e a profunda concentração em sua expressão se desvaneceu para ser substituída por uma expressão um pouco aturdida. Alex franziu o cenho. Cale não se afastava, como todos os outros homens depois desse olhar. Em vez disso, ele a olhava como se fosse algo estranho ou uma criatura exótica. Ela teria preferido que se afastasse, Alex decidiu que o mal-estar começava a se deslizar por ela. Trocou de posição impacientemente e olhou a Bricker de novo. -O que é...? -Sabe cozinhar - interrompeu Bricker alegremente.
Alex entrecerrou os olhos, certa de que aqui havia algo que ela não havia percebido por completo, mas não tinha nem idéia do que poderia ser. -Sra. Willan?
Alex olhou à porta de um salto. Bev, que tinha sido promovida de ajudante a chef para substituir Peter, estava de pé na porta, um olhar inquieto em sua face. -Sim? -Os pedidos estão chegando e Peter, quero dizer Pierre - corrigiu-se com uma caretanão voltou de onde quer que tenha ido. Em caso de que...
-Peter- destacou Alex o nome - não vai voltar. Só veio hoje para se demitiracrescentou bruscamente lhe recordando seus problemas atuais. -Comece a trabalhar nos pedidos. Estarei ali em um momento. Com os olhos muito abertos, Bev assentiu com a cabeça e saiu do escritório, deixando Alex para dar uma olhada de novo aos dois homens. Cale seguia olhando-a como se fosse as jóias da coroa, mas Bricker estava sorrindo como o idiota que estava começando a suspeitar que era. Com um suspiro de exasperação, mudou toda sua atenção para Cale. -Onde você estudou? -Em Paris- anunciou Bricker.
-É ele?- perguntou ela com surpresa. Sam havia dito na Europa, mas o acento de Cale não era exatamente francês. Na verdade, ela não podia saber de onde era exatamente, juntavam-se o acento francês, com algumas entonações de inglês e até mesmo germânico. Ao perceber que o acento que tinha não era realmente relevante, assinalou, -Não perguntei de onde era, mas onde se formou. Foi em La Belle Ecole, O Cordon Bleu, O... -Cordon Bleu- interrompeu Bricker, e Alex entrecerrou os olhos nele brevemente. Quando só lhe sorriu, olhou a Cale para ver que ainda a estava olhando fixamente. Por alguma razão, esse olhar estava começando a cansá-la, fazendo se sentir como se tivesse uma meleca penduranda no nariz ou umas manchas no rosto ou algo... que só lhe incomodava. Negando-se a ceder à tentação de passar as mãos sobre seu rosto e o nariz para verificar, apertou os dentes e disse, -Está bem. Formou-se em Cordon Bleu. E onde
trabalhou depois disso?
Quando Bricker vacilou, Cale disse, -Eu trabalho para mim mesmo.
Os olhos de Alex aumentaram ligeiramente, embora não fosse por suas palavras mas o som de sua voz. Não tinha percebido o tipo sexy do tom rouco de sua voz na primeira vez que tinha falado, mas talvez estivesse muito chateada pela insinuação de que sua cozinha fedia para prestar atenção. Irritada consigo mesma por perceber agora, franziu o cenho e perguntou, -Se tem seu próprio restaurante, por que quer trabalhar aqui? -Não realmente- disse Bricker quando Cale hesitou. -Ele está de visita no Canadá por um tempo, mas se ofereceu para ajudar até que possa encontrar um chef substituto. -'Oui'. É exatamente como ele disse. Assentiu Cale com satisfação e lhe sorriu, o que fez que Alex prendesse o fôlego. Tinha pensado que era interessante e não bonito? O que estava errado com ela, perguntou-se, e depois franziu o cenho ao notar o calor que fazia em seu escritório. Teria que verificar o termostato antes de sair e ver o que estava acontecendo, decidiu Alex, evitando a tentação de afastar o suéter de seu peito e ventilar em si mesma. Depois franziu o cenho ante esse pensamento. Antes de ir? Estava pensando como se já tivesse decidido contratar o homem. Isso não estava bem. Embora reconhecesse que ele estava disposto a ajudar quando estava aqui em férias, pelo que ela sabia ele não sabia cozinhar. Obrigando-se a reunir seus pensamentos, limpou a garganta e lhe perguntou, -Você é bom em algo? Seu restaurante é de sucesso? -Alex- disse Bricker secamente. O homem está vestido com um traje sob medida de
grife. Seu relógio tem incrustações de diamantes. É muito bom no que faz.
Alex piscou e olhou de seu terno, o qual realmente parecia muito bom, ao relógio que agora parecia estar tentando esconder puxando a manga de sua camisa por cima. Apesar da reação adversa a Bricker apontando seus sinais exteriores de sucesso, ela conseguiu ver seu brilhante rosto e reconheceu que o homem tinha dinheiro, o que sugeria um certo nível de sucesso no que fazia. Uma maldição e vidros quebrados ao cair no chão da cozinha fizeram que a mente de Alex se recuperasse. Iria testá-lo, e se pudesse cozinhar, aceitaria sua ajuda. Pelo menos lhe daria mais tempo para encontrar o substituto de Peter, enquanto isso poderia se assegurar de que a reforma do novo restaurante não tinha mudado de rumo outra vez. -Pode cozinhar alguma coisa para ver se você gosta- anunciou repentinamente Bricker. Alex assentiu com a cabeça uma vez, e depois levantou as sobrancelhas com surpresa ao notar o horror no rosto de Cale e a forma rápida com que se voltou para o outro homem. -Pode- disse Bricker insistente, e depois em um tom que sugeria um significado que ela não entendia, acrescentou. -Confie em mim.
Capítulo 3
-Muito bem, este será seu posto.
Cale parou atrás de Alex e conseguiu afastar a vista de seu traseiro para seu rosto quando ela deu meia volta para olhá-lo. Minha companheira de vida. As palavras foram à deriva por sua mente com uma grande quantidade de maravilhas conectadas. Marguerite estava certa. Não podia ler Alex Willan. Ela era sua companheira de vida. O conhecimento seguiu rodando por seu cérebro, mas Cale estava tendo problemas pensando nisso. Finalmente tinha conhecido sua companheira de vida. Depois de todos estes séculos, teria uma companheira de vida. Já não precisava ficar sozinho. Ia formar um casal. Não, Cale deu um pequeno suspiro com esse pensamento, não importava a forma em que abordasse o assunto, seu cérebro parecia intumescido e incapaz de absorver a idéia. -Ou suponho que você está acostumado ao termo francês estabelecido- adicionou Alex, chamando sua atenção de novo. Cale assentiu com frieza.
-Realmente, como chef de cozinha sem dúvida estará por toda a cozinha- continuou Alex, dando a volta rigidamente longe dele para indicar a área em que o tinha levado. -Mas aqui é principalmente onde vai trabalhar quando não estiver dando ordens aos outros. Cale conseguiu assentir quando o olhou e tentou parecer como se soubesse o que ela estava falando, mas seu olhar spassou sobre as peças brilhantes de metal diante dele, sua mente ocupada com os pensamentos que atravessavam sua cabeça. Sua companheira de vida. Sua companheira de vida. Sua companheira de vida. -Este é uma cozinha pequena o suficientemente para que o chefe de cozinha possa
realmente triplicar suas ocupações, atuando como o soucier (coordenador) e se encarrega do pescado também, explicou Alex quase em tom de desculpa. Isso é o que vocês chamam chef sauté e poissonnier na França. Cale franziu os lábios e assentiu com a cabeça, suas palavras em realidade não chegavam além de seus pensamentos a respeito de passar a eternidade com ela. -Como já mencionei, Bev é a sous-chef (vice-chefe), sua mão direita. Vá até ela se tiver alguma pergunta. Mas ela também cumpre uma tripla função nos postos de trabalho, chef de assado e chef de churrasqueira ou o que os franceses chamam o rotisseur e grillardin. -Grillardin- ecoou se Cale, dirigindo uma olhada à atraente ruiva chamada Bev quando ela olhou e sorriu com curiosidade. -E Bobby é o chef de hortaliças e repartidor, o entremetier e tournant- adicionou Alex, ao que parecer, traduzindo os termos para o francês preocupada que ele não pudesse entender os termos em inglês. Ela não tinha com o que se preocupar, ele não entendia francês. Enquanto Cale sabia o que queriam dizer as palavras em si mesmas, não tinha certeza o que significava exatamente a função do rapaz, mas tentou parecer bem informado quando deu ao jovem loiro mortal um gesto de reconhecimento. -Rebecca- Alex assinalou uma mulher que saía de uma pequena sala na parte traseira da cozinha. Era baixa e um pouco redonda, com bochechas rosadas e o cabelo escuro recolhido em uma rabo-de-cavalo. -É a chef da despensa da cozinha e confeitaria, o garde manger e pâtissier. É um sonho trabalhando com doces- assegurou Alex com um sorriso. -Ah, os doces- disse Cale com outro gesto de compreensão fingida.
-Correto. Alex lhe sorriu brilhantemente e apontou com um gesto à parede, onde várias folhas de papel com anotações tinham sido colodas com fita adesiva. -As receitas que utilizamos aqui são todas minhas. Quando nomeei Peter como chef... ou chef de cozinha, tive que colocar as receitas aqui para que ele fosse capaz de utilizálas... o que me poupa ter que fazer isso agora. Alex lhe sorriu de novo, e Cale pensou que realmente tinha um sorriso muito agradável. Embora parecesse com o Sam, Alex tinha uma figura mais cheia, seus grandes olhos complementavam seu rosto bonito em vez de dominá-lo, e tinha o cabelo mais curto, um brilhante castanho, que caía debaixo de suas orelhas e se balançava ao redor de seu rosto quando movia a cabeça. Perguntava-se se os cachos escuros eram tão suaves como pareciam e teve que colocar as mãos nos bolsos para resistir a tentação de experimentar. -Assim, se você quiser pegar apenas um dos pedidos que estão na espera- assinalou várias folhas menores de papel fixadas com clipes na prateleira de metal ao lado de seu posto -e começar, ficarei tempo suficiente para me assegurar de que tem as coisas sob controle, e depois sairei de seu caminho. Cale a olhou fixamente, certo de que tinha perdido algo enquanto a estava avaliando. Estava seriamente sugerindo que cozinhasse? Certamente que estava. Supostamente era para isto que ele estava ali, disse-se, e olhou por cima dos estranhos objetos que o rodeavam. Nem sequer sabia por onde começar. -Talvez devesse tirar a jaqueta. Tem um avental que possa utilizar, não é?- perguntou Bricker, dando um passo para frente. -OH, sim, é claro. Alex sacudiu a cabeça. -Sinto muito. Tudo está tão de pernas pro ar neste momento que não estou pensando direito. Aqui, me dê sua jaqueta. Vou pendurá-la em meu escritório e pegarei um avental e um gorro.
Cale murmurou um agradecimento quando ela o ajudou a tirar a jaqueta, e depois observou em silêncio enquanto se apressava através da cozinha para seu escritório. No momento em que ela desapareceu de vista, voltou-se bruscamente para Bricker e o agarrou pelo gola da camiseta. -O que você fez? Não posso fazer isto. Não sei nada de cozinha. -Ok! Ouça, amigo, não fui eu! Foi Sam que disse a ela que você era um cozinheirorecordou-lhe. -Bom, eu não sou- disse com tom cortante, voltando para seu posto. -Olhe. O que é tudo isto? Estes botões - abriu um deles, fazendo com que soasse um tranquilo assobio, e depois pegou um instrumento brilhante de prata com uma ponta plana - e esta coisa... -Cristo! O que está tentando fazer? Nos mandar pelos ares?
Bricker murmurou, chegando junto a ele para voltar o botão a seu lugar original. Cale notou que o assobio parou imediatamente. Bricker depois pegou a coisa de prata de sua mão. -Isto é uma espátula. É usada para... bom, suponho que para virar coisasmurmurou, e depois deu uma olhada na expressão de Cale e suspirou. -Olhe, estes são botões de controle das churrasqueiras. Eles estão conectados com o gás, mas tem que girá-los para acender a churrasqueira. Girou o botão, e o assobio que Cale tinha notado antes começou de novo. Seguido por um 'click click click', e então um anel de chamas apareceu de repente. Bricker girou o botão de novo um pouco para trás e diminuiu as chamas, e depois pegou uma das várias frigideiras em uma prateleira ao lado da churrasqueira e a colocou sobre o fogão. -Olhe, coloque as coisas na frigideira sobre o fogo e as mexa ou as vire com a espátula.
Bricker moveu a espátula para demonstrar o que estava descrevendo. -Isto não é tão difícil como pensa que é. Basta ler as receitas e seguí-las. Você vai conseguir. Confie em mim. Cale franziu o cenho com desgosto, mas rapidamente passou a um sorriso, quando Alex retornou com um avental branco e um gorro na mão. -Aqui está. Entregou a ele o ridículo, branco e grande gorro, e rapidamente passou a parte superior do avental sobre sua cabeça. Então, Alex pegou as cordas e as passou a seu redor, com a intenção de amarrar para ele, mas ficou encabulada e deu um passo atrás quando percebeu a posição em que estava. Evitando seus olhos, murmurou algo entre dentes e deu a volta nele para amarrar as cordas pelas costas. Cale tinha gostado mais quando ela estava fazendo isso pela frente. -Pronto. Tudo preparado. Acho melhor que comece logo. Os pedidos estão esperando. Quando Cale a olhou fixamente, Bricker pegou um dos pedidos e o colocou na frente de seu rosto. -Este é o primeiro. Truta Amandine. Mmmm. Cale pegou o papel irritado e olhou atentamente o texto.
-Sra. Willan?
Todos pararam e olharam à garota que de repente entrou na cozinha. Vestida com calças negras e uma camisa colorida, a mulher, obviamente, não era parte do pessoal da cozinha. Também estava alterada por algum motivo, o cenho franzido danificava seu rosto plano.
-O que foi, Sue?-perguntou Alex, afastando-se um pouco para falar com ela.
-O que faço?- Perguntou Cale a Bricker bruscamente no momento em que não podia ser ouvido. Faça a truta- disse Bricker secamente.
-Como? -grunhiu Cale. -E que truta?
Bricker olhou a seu redor. -OH. Certo. Espere, vou achar uma.
Cale sacudiu a cabeça com desgosto quando o homem saiu a toda pressa, e depois se virou para olhar Alex, capturando parte da conversa. Ao que parece, uma das garçonetes não apareceu para o trabalho e estavam com poucos empregados no restaurante. Alex parecia estressada com esta notícia. -Aqui, já cobri ambos os lados com farinha- anunciou Bricker, aparecendo a seu lado outra vez, distraindo-o, e Cale se girou para encontrá-lo segurando um prato com duas rodelas de pescado empanado nele. -O que faço com ele?- perguntou, aceitando o prato.
Quando Bricker olhou as folhas de papel, Cale seguiu seu olhar, mas todas as receitas eram para molhos, e não parecia haver uma receita para Truta Amandine. Achou que se esperava que os chefs deveriam saber como fazê-lo. -Espere, lerei a mente de Bev novamente- disse Bricker em um suspiro.
-Outra vez?-perguntou Cale quando ele começou a se afastar.
-Como acha que me soube onde pegar o pescado e cobri-lo com farinha?- murmurou antes de se encaminhar para a ruiva Bev. Não levou muito tempo antes de retornar para o lado de Cale. -De acordo. Doure a truta com três colheradas e meia de manteiga durante quatro ou cinco minutos, e depois vire-a e frite durante outros dois minutos. Em seguida, orvalhe com suco de limão e cozinhe um minuto ou dois, enquanto doura as amêndoas em outra frigideira, sem manteiga, polvilhe as amêndoas e a salsinha sobre a truta e o sirva. Enquanto falava, Bricker estava colocando a manteiga em uma frigideira pequena e pôs no fogão. Ligou chama debaixo dela, e depois jogou o filé de truta. Cale o afastou rapidamente. -Supõe-se que eu deva estar fazendo isso- recordou-lhe severamente.
-De acordo. Você faz- disse Bricker de uma vez, liberando o prato.
Grunhindo de satisfação, Cale pegou o prato e virou sobre a frigideira de modo que o pescado caiu sobre a manteiga. O outro homem imediatamente tomou fôlego consternado. -O que está fazendo? Você tem que esperar que a manteiga derreta antes de pôr o pescado nela- disse alarmado. -Não me disse isso- espetou Cale, e ia pegando os pedaços de pescado para tirar da frigideira, mas Bricker o segurou pelo braço. -Não importa. Só tem que deixá-los durante mais tempo.
-Algum problema?-perguntou Alex, voltando-se para olhar em sua direção preocupada.
-Não- disseram Cale e Bricker ao mesmo tempo, ambos se posicionando para ocultar o pescado de sua vista. Alex franziu ligeiramente o cenho, mas depois se virou a contra gosto de novo para Sue, a quem Cale deduzia, era a encarregada dos garçons. -Aqui.
Cale se voltou para ver que Bricker tinha encontrado um garfo em alguma parte e estava deslizando-o por debaixo do pescado, tentando amassar a manteiga para que derretesse mais rápido. A ação tirou uma boa parte da farinha do pescado, e a julgar pela maldição que o homem proferiu, não era algo bom. Franzindo o cenho, Cale olhou a seu redor, viu um prato com um pó branco e pensou que deveria ser o que Bricker tinha utilizado para recobrir o pescado, e pegou um pouco. Voltando para a frigideira, colocou sobre a truta, o que fez Bricker dar um grasnido. -O que está fazendo? -gritou o homem alterado.
-Cozinhando- disse Cale com irritação.
-Assim não es...
-Há algo errado?-perguntou Alex, e Cale olhou a seu redor e percebeu que vinha ao encontro deles. -Não- disse rapidamente.
-Tudo está bem- assegurou Bricker em um tom tenso. -Continue se preocupando com... o que for.
Alex hesitou, mas depois sua expressão ficou brevemente em branco antes de assentir com a cabeça e voltou para Sue. Entrecerrando os olhos, Cale olhou para Bricker, não ficando surpreso em ver sua expressão concentrada. Tinha dado uma ordem mental a Alex para fazê-la retornar a sua conversa. O imortal mais jovem estava controlando sua mulher. -Deixe de me olhar com irritação- murmurou Bricker, desviando sua atenção à frigideira e começando a raspar a maior parte da farinha que Cale acabava de jogar sobre o pescado. -Deixe de controlar minha mulher- respondeu Cale.
-Só estou tentando ajudar- disse Bricker sombriamente, e a seguir amaldiçoou.
-O que aconteceu?-perguntou Cale, olhando preocupado à frigideira. A manteiga estava se derretendo agora. Mas também se estava ficando com uma cor marrom e borbulhando com fervor ao redor de todo o pescado. -Coloquei o fogo muito alto- admitiu Bricker em um suspiro.
Cale franziu os lábios. Suspeitava que não era bom que o fogo estivesse muito alto. A manteiga se converteu em uma sopa espessa, cheia de farinha. Não acreditava que deveria ser desta maneira. E, mesmo não sendo cozinheiro, tinha certeza que o pescado estava queimando. Esclareceu a garganta, e sugeriu: -Talvez devesse virá-lo agora. -Sim- concordou Bricker, torcendo a boca com insatisfação. -Vá em frente.
Cale pegou a espátula que o rapaz lhe entregou, e rapidamente pegou o pescado, e o virou. Então ele e Bricker suspiraram tristemente com o resultado. O pescado estava cheio de farinha preta em umas partes e sem farinha nenhuma em outras, metade da cobertura de farinha ficou para trás e grudada na frigideira. -Talvez devêssemos começar com as amêndoas- sugeriu Bricker em um suspiro.
-Hmm- murmurou Cale.
-Vou pegá-las.
O rapaz saiu imediatamente, e então Cale olhou novamente para Alex, só que não estava no mesmo lugar onde a tinha visto da última vez. Sue tinha desaparecido, e Alex se dirigiu para seu escritório. Podia vê-la através da porta, falando ao telefone. Sem dúvida, tentando encontrar uma substituta para a garçonete que faltou. -Aqui vamos nós.
Cale olhou a seu redor quando Bricker voltou e jogou um punhado de amêndoas em rodelas em uma nova panela. - Devem somente dourar sobre o fogo- indicou-lhe, girando o botão para acender o fogo. -Vou pegar o limão para espremer sobre as trutas. -Certo- murmurou Cale, pensando que parecia bastante fácil. Um momento depois, olhando fixamente uma caçarola cheia de partes de amêndoa meio queimadas e a outra metade crua, reavaliou sua opinião. -Este assunto de cozinha não é tão fácil como parece- comentou Bricker com
decepção quando mais tarde olhavam à truta carbonizada salpicada de salsinha e rodelas de amêndoas queimadas que tinham posto em um prato. Comer é mais fácil. -Hmm- disse Cale, sacudindo a cabeça com desgosto.
-Como vamos?
Ambos os homens ficaram de pé e se moveram para ocultar seu serviço quando Alex de repente apareceu ao lado deles. -Bem, bem- assegurou Bricker rapidamente. O primeiro prato está quase feito.
-Só um?-perguntou Alex, seus olhos muito abertos com alarme. Seu olhar saltou à prateleira junto a eles e o alarme cresceu a passos largos, por isso Cale também olhou na mesma direção. Franziu o cenho quando percebeu que o número de papéis na prateleira havia mais que duplicado. Ele estava vagamente consciente de que havia pessoas esperando, mas não percebeu que mais pedidos foram chegando. Estava muito distraído tentando cozinhar e escutar a conversa entre Alex e Sue. -É claro que temos tudo sob controle. Deve cuidar do que seja que precise fazer-disse Bricker com firmeza. Cale não se surpreendeu ao ver a concentração no rosto do outro imortal quando o olhou. Estava controlando Alex de novo, Cale sabia, mas desta vez estava agradecido por isso. A mulher tinha problemas suficientes na cabeça para ter que se preocupar com a presente situação. Nunca ganharia desta maneira. -É claro que têm tudo sob controle aqui. Devo cuidar do que preciso fazer-concordou Alex inexpresivamente e se virou, só para ficar imóvel quando Sue de repente empurrou as portas da cozinha.
-Encontrou alguém?-perguntou a outra mulher com esperança, quando se apressou para colocar mais pedidos na prateleira. -Não- admitiu Alex, seus ombros cansados com a derrota.
-O que vamos fazer?-perguntou Sue com alarme. -Estamos atrasados com os pedidos. Todas as mesas estão cheias, Alex. Só temos duas garotas esta noite, incluindo a mim. Alex levou a mão ao cabelo com agitação, o que fez com que Cale franzisse um cenho. -Somente teremos ...
-Bricker atenderá as mesas para você- interrompeu Cale.
-O que?- Grasnou Bricker.
Olhou para o imortal mais jovem com uma expressão sombria. -Atenderá as mesas.
-O inferno que o farei- disse Bricker.
-Bricker- grunhiu Cale, e depois o levou pelo braço e o conduziu ao longo da fila estanres e mesas até que estiveram longe o bastante para não serem ouvidos. -Não sei cozinhar. -Eu percebi- disse secamente.
-Bom, não vai melhorar- assegurou com gravidade. -E os clientes de Alex não vão estar contentes com meu serviço... a menos que alguém lhes ajude a pensar que estãoacrescentou significativamente.
Bricker arqueou as sobrancelhas. -Quer que controle os clientes?
-Você me meteu nisto- assinalou Cale severamente.
-OH, não. Bricker levantou suas mãos, as Palmas abertas. Não fui eu. Foi Sam que disse que você era chef. -Sam somente disse que conseguiria encontrá-lo, ela não estava no escritório de Alex dizendo que eu era de Paris e tinha meu próprio restaurante- respondeu tristemente, e franziu o cenho quando notou a presença de Bev escutando com os olhos muito abertos. Franzindo o cenho, levou um momento para limpar rapidamente sua mente do que tinha escutado e para se assegurar de que não continuaria escutando. -Eu não disse que era um restaurante- defendeu-se Bricker rapidamente. -Ela somente deduziu isto. -Semântica- espetou Cale, interrompendo-o. -Vai fazer isto. Não vou ver Alex em ruínas por causa de sua "ajuda". Bricker hesitou, mas depois pegou seu telefone.
-Para quem está ligando?-perguntou Cale com o cenho franzido.
-Mortimer- respondeu em voz baixa Bricker. -Tenho um trabalho, você sabe. Não posso desaparecer a noite inteira sem consultá-lo primeiro. Cale relaxou um pouco, aliviado de que o homem estivesse ao menos disposto a cooperar. Isto era um inferno de desastre, um que ele nem sequer sabia como tinha vindo parar no meio, mas estava certo de que eles dois podiam controlar as coisas.
Ele iria fazer seu melhor esforço na cozinha, e Bricker garantiria que os clientes pensassem que eram felizes. Então, no minuto que estivesse longe daqui, ia fazer umas ligações para encontrar alguém que ocupasse seu lugar, ou melhor ainda, encontraria alguém que tomasse o lugar do chef original de forma permanente. Alex acreditaria que ele era um herói, e poderia cortejá-la... e depois explicar que não era realmente chef e nem dono de um restaurante. Só iria relaxar, pensava que seus problemas estariam resolvidos se pudesse terminar esta noite sem que ninguém se intoxicasse, quando um grito de Alex lhe chamou a atenção. Ela tinha se dirigido até sua "posição" para ver sua truta Amandine e pareceu bem horrorizada apesar dos esforços de Bricker. Cale instintivamente tentou entrar em sua mente para controlá-la, mas é obvio que não podia. Voltou-se para Bricker em estado de pânico. Felizmente, o homem já tinha notado. Murmurou algo no telefone, e depois o baixou brevemente e entrou nos pensamentos de Alex para afastá-la do prato. Ele a deixou de pé em branco no centro da cozinha, e voltou para sua ligação. Cale suspirou e depois tomou um momento para dar uma olhada aos outros na cozinha. Nenhum deles parecia haver percebido. Os outros cozinheiros se alvoroçavam ao redor, preparavam seus pratos juntos sob o olhar de águia de Bev. Ele suspeitava que era quem devia fazer a supervisão dos outros cozinheiros, mas o sous-chef se encarregou da tarefa sem perguntar, o que garantia que o resto da cozinha transcorreria sem problemas. A mulher parecia definitivamente saber o que estava passando. Talvez devesse sugerir a Alex que promovesse Bev a chef de cozinha, e depois contratar outro sous-chef. Certamente estes deviam ser mais fáceis de encontrar que um chef de cozinha. -Certo. Bricker fechou seu telefone e conduziu Cale até Alex. -Mortimer diz que concorda com que eu fique esta noite, mas vamos ter que pensar em outra coisa para amanhã.
Cale se limitou a assentir. Não tinha nenhuma intenção ou desejo de fazer isto duas noites seguidas. Iria encontrar um chef substituto para Alex mesmo que tivesse que ligar para todos os que lhe deviam favores, pensou sombriamente, e depois dirigiu sua atenção a Alex quando Bricker disse, -Tudo está em ordem aqui, Alex. Ajudarei a atender as mesas durante esta noite, e Cale é um excelente chef. Tudo vai estar bem. Realmente deveria cuidar do que precisa fazer e nos deixar trabalhar sem ter que se preocupar. Cale não se surpreendeu muito quando Alex inexpresivamente concordou e voltou a entrar em seu escritório. Com um suspiro de alívio, voltou-se para seu posto a espera de pedidos. Então, qual é o próximo pedido? Bricker bufou ante a pergunta. -Esse é seu problema, amigo. Estou atendendo as mesas agora, lembra? Cale o olhou com alarme. -Mas...
-Só tem que seguir as receitas. Se aparecer algo como a Truta Amandine e não souber o que fazer, entre na mente de Bev e obtenha a resposta- sugeriu ele, dirigindo-se à porta do restaurante. Cale abriu a boca para protestar de novo, mas tanto ele como Bricker pararam quando Alex de repente saiu de seu escritório, com sua carteira e uma pilha de papéis na mão enquanto pegava um casaco de inverno. -Aonde vai?-perguntou com surpresa Cale.
-Ao novo restaurante- explicou com pressa, indo em direção à porta na parte traseira da cozinha. -Você e Bricker têm tudo sob controle aqui e não há nada com que me preocupar, então tenho que voltar para o restaurante. Estavam esperando a tinta
quando saí de lá e tenho que me assegurar de que a cor correta chegou. Voltarei na hora de fechar para verificar as coisas. Cale ofegou depois que ela saiu pela porta de atrás. Uma rajada de vento entrou na cozinha, e depois fechou a porta, e então ela tinha ido embora. Ele ficou olhando inexpresivamente durante um minuto, e depois se voltou bruscamente para Bricker. -Hmm- disse o mais jovem, com o cenho franzido. -Esse é um aspecto bastante surpreendente. -Surpreendente?-cuspiu Cale para fora com fúria. -A única razão pela qual deixei você me convencer a tentar cozinhar era para estar perto dela, e ela nem sequer vai estar aqui. -Sim. Isso é um pouco irônico, não?-disse Bricker, com um movimento de cabeça.
Cale só queria liquidá-lo com uma explosão, quando Bricker, comentou, -Veja pelo lado bom, não parece tão verde como quando chegamos aqui. Acho que o aroma da comida já não te incomoda, não é? Cale ficou rígido e levou um momento para comprovar o que ele disse. Não havia náuseas, nenhuma aversão pelos aromas flutuando no ar a seu redor. Respirou profundamente para ter certeza, mas era verdade, parecia que já não se incomodava com o aroma da comida. Na verdade, alguns dos aromas da cozinha pareciam um pouco agradáveis, percebeu com surpresa. -Eu te disse- acrescentou Bricker. Ele riu e se virou para a porta do restaurante, e adicionou. -Bem-vindo à terra da vida. Agora comece a cozinhar. Alex se sentia muito relaxada pela primeira vez nas últimas semanas enquanto dirigia
de um restaurante a outro. Tinha um chef francês genuíno e muito bonito servindo suas receitas, Bricker estava substituindo à garçonete que faltou e tudo estava bem em seu mundo. Seguiu sentindo-se feliz e sem preocupações até que chegou ao novo restaurante e entrou, encontrando os pintores que apressadamente pintavam o restaurante. Os papéis que Alex levava escorregaram de seus dedos, e uma maldição saiu de seus lábios enquanto olhava com horror às três paredes de cor verde limão já prontas. Enquanto que a maldição que tinha usado teria causado uma careta de dor em sua mãe, os pintores não reagiram em nada e seguiram trabalhando. -Parem- disse finalmente. -Parem agora, merda!
Um dos pintores se moveu sobre sua escada para molhar o rolo de pintura na lata de tinta, e foi só então que Alex percebeu os fones em seus ouvidos. Seu olhar se dirigiu aos outros dois pintores para ver que também estavam usando fones. Os três estavam escutando algum tipo de reprodutor MP3 e não a tinham ouvido. Amaldiçoando as cores vivas de novo, Alex se adiantou para puxar a perna da calça do homem mais próximo. Surpreso, ele quase caiu da escada, mas se segurou no último momento. Tirando os fones de suas orelhas, franziu o cenho com fúria. Seu nome era Bill, e era um homem corpulento, intimidante como o inferno... ou tiria sido se ela não estivesse com tal humor. -Que diabos está tentando fazer? Me matar?- Ladrou ele.
-Não, mas você me está matando- espetou Alex e assinalou com a mão para as paredes pintadas. -O que é isto?
-Isto é pintura, senhora- grunhiu, olhando-a iradamente. -Nos contratou para pintar e pintamos. -Eu te disse para esperar até que eu voltasse- recordou-lhe severamente, e em silêncio se repreendeu por não completar a ligação telefônica que estava discando quando Justin e Cale tinham chegado. Poderia ter perguntado a eles de que cor era a tinta ou insistir para que esperassem por sua volta. Em vez disso, tinha desligado o telefone e se esqueceu até agora. Os pintores provavelmente não iriam escutar o telefone devido ao fones de ouvido de qualquer forma. -Nós esperamos- espetou Bill. -Esteve fora mais de quatro horas. Finalmente decidimos que era melhor começar, ou iríamos ficar aqui a noite toda. Alex apertou seus dentes. Só pretendia ficar for a por no máximo uma hora, mas com tudo o que tinha acontecido, a hora passou. -Quando já tinha passado uma hora e meia sem nenhum sinal, nem sequer uma ligação, começamos a pintar - espetou Bill com ira. -A cor está errada!- gritou ela. -Acaso isto se parece com areia branca para você?
-Não, parece com paredes- grunhiu.
-Refiro-me à cor- disse zangada. -A tinta era para ser um cinza areia calmante chamado Branco, não Verde Limão. Ele franziu o cenho, deu uma olhada brevemente ao redor do salão, antes de sacudir a cabeça. -Esta é a tinta que entregaram, por isso é a tinta que usamos. -Esta tinta está errada- disse sombríamente.
-Bom, isso não é problema meu- disse com frieza. -Ligue para a loja onde a comprou e reclame com eles. -Esteja malditamente certo que o farei. Alex, com um humor infernal, girou afastando-se, colocando sua bolsa no ombro para procurar dentro por seu celular enquanto passava pelo salão. Quando percebeu os outros dois homens, com fones e alheios ao que estava acontecendo, ainda pintando, disse, -Faça com que parem. Grunhindo com desagrado, Bill desceu da escada e se dirigiu ao homem mais próximo. Alex então voltou sua atenção a seu telefone, mas parou quando lembrou que não sabia o número. Precisava de uma lista telefônica, ou da fatura, pensou, e correu através do restaurante e depois pela cozinha para chegar ao escritório. Alex encontrou uma cópia da fatura de entrega que estava em cima de sua mesa. Pegou-a e viu que a fatura dizia Tinta de Areia Branca e tinha o número da loja na parte de acima. Deixou cair sua bolsa, olhou a fatura e discou o número da loja de tintas, cozinhando seu temperamento a fogo baixo, conseguiu manter a calma quando explicou seu problema para a eficiente mulher, que atendeu a ligação. Até conseguiu manter seu temperamento sob o controle quando a mulher disse que ia procurar gerente e a colocou em espera. Entretanto, depois de quinze minutos na espera, virtualmente estava espumando pela boca. Quando o gerente finalmente respondeu, Alex reclamou com ele tanto sobre a confusão das tintas, como por ficar na espera portanto tempo. O gerente começou tentado acalmá-la, e explicou que tinha levado tanto tempo porque estava procurando os papéis de entrega da mercadoria. Infelizmente, Alex não estava com humor para ser acalmada. Reclamou que alguém deveria ter explicado isso em vez de deixá-la esperando, e estava tão zangada que
temia lançar um insulto sobre a inépcia da mulher que atendeu o telefone e ele mesmo por não ter pensado nisso. Em todo caso, o gerente desistiu de tentar amenizar o clima. Disse friamente que de acordo com os documentos de entrega, seis latas de tinta de areia branca foram pedidas e entregues e que havia uma assinatura nos papéis que indicava que este era o caso e que tudo estava em ordem. Alex gritou imediatamente que sem dúvida não era Areia Branca o que estava em suas paredes. Infelizmente, poderia ter incluído outro insulto ou dois nesta ocasião. Certamente, não foi muito diplomática. Na verdade, tinham sido meses muito estressante, e se sentia um pouco como uma mulher no limite nesse momento. Sua atitude lhe valeu um momento de frio silêncio, que foi seguido pelo gerente anunciando friamente que ficaria mais do que feliz de substituir qualquer lata sem abrir da tinta restante. Entretanto, ela teria que cobrar dos pintores o reembolso pela tinta utilizada, já que eles tinham assinado o recibo... e obrigado por comprar conosco. Foi o som do telefone que soou depois que o gerente desligou que fez com que Alex ficasse histérica. Escutou-o devidamente, toda sua raiva ficou acumulada nela como o ar preso dentro de um globo. Sentou-se na mesa, olhando com tristeza as paredes ainda sem pintar de seu escritório e depois, lentamente, desligou o telefone. Alex sabia que tinha reagido mal a este último problema, mas maldição!, não parecia haver um único dia sem problemas nos meses que tentou deixar o restaurante preparado. Estava começando a pensar que a maldita coisa estava amaldiçoada. Alex inspirou profundamente, reteve o ar brevemente, e depois, lentamente, expirou e tentou se concentrar no que precisava fazer, mais no que tinha acontecido até agora.
As mesas e cadeiras chegariam amanhã, assim a pintura do restaurante tinha que ser
finalizada esta noite. Tinha pintores, precisava da tinta... e rapidamente, já que duvidava que os pintores estivessem felizes em ficar sentados sem nada para fazer durante muito tempo. Bem, pensou Alex sombriamente, iria rapidamente à loja, compraria a tinta certa, assim como uma tinta de fundo já que o verde limão era muito brilhante e duvidava que o areia branca o cobrisse, traria para cá e poria aos homens para trabalhar. Sentindo-se um pouco mais tranquila, saiu de seu escritório para encontrar os pintores. Estavam no restaurante onde os havia deixado, mas as escadas tinham sumido, assim como o resto da parafernália de pintura e os homens já se dirigiam para fora, levando seus trapos enrolados. -Esperem um minuto- gritou, correndo atrás deles. -Aonde vão?
-Tomar uma cerveja- anunciou Bill, indo em direção à caminhonete estacionada em frente ao restaurante, e sacudindo os trapos na porta de atrás aberta. -Mas e o restaurante?-perguntou Alex com o pânico renovado. -Têm que terminar de pintá-lo. O homem fechou de repente a porta da caminhonete e se virou para ela irritado. Você disse que a tinta estava errada e que parássemos de pintar. -Bom, sim, mas irei buscar a tinta correta...
-Não. O homem se virou e se dirigiu à porta do motorista.
-Não? - ecoou Alex, e depois correu atrás dele. -O que quer dizer?, não? Preciso do restaurante pintado esta noite. As mesas chegarão amanhã.
-Senhora, é sexta-feira à noite. Não vamos ficar à toa esperando enquanto compra a tinta, e depois trabalhar até a meia-noite para conseguir terminar o trabalho. -Mas as mesas chegarão amanhã- repetia lastimosamente.
-Então acho que é melhor pintar você mesma, porque nós não vamos. Abriu a porta e subiu no veículo. Depois tentou fechar a porta, mas Alex estava no caminho. Fazendo uma pausa, ele franziu o cenho. -Este trabalho foi mais que uma dor no traseiro desde o começo. Estávamos quase terminando quando você entrou e nos deteve.
-Não era a tinta correta- assinalou ela com incredulidade.
Fazendo caso omisso continuou: -Além do mais, pensei que faríamos este trabalho na semana passada, mas você fez mudanças na data combinada e quase nos matamos acabando outros trabalhos nos últimos dias para arrumar tempo de vir aqui hoje. -O carpete foi instalado errado, tiveram que fazê-lo de novo, e o único dia que os instaladores tinham disponível era o dia em que vocês viriam- explicou rapidamente, olhando além dele quando os outros dois homens subiram na caminhonete. Nenhum deles nem sequer a olhava nos olhos. Parecia que eles também não estavam dispostos a ficar aqui. -E agora você está dizendo que a tinta foi entregue errada- continuou Bill com secura, afastando seus olhos. -Parece que estes enganos são propositais, ou o Grande Homem lá de cima está tentando te dizer alguma coisa. -Mas preciso do restaurante pintado- disse, quase suplicante agora.
-Então, prevejo, que é melhor que você consiga a tinta. Nós vamos tomar uma cerveja. Agora saia do caminho ou fecharei a porta sobre você. Alex o olhou durante um momento, mas sabia por sua expressão dura que não ia convencê-lo a terminar o trabalho. Com um suspiro, deu um passo fora do caminho. Puxou a porta e a fechou com um grunhido e depois acelerou forte antes de baixar a janela para olhar atentamente para ela. -Lamento sobre seus problemas- disse quase com brutalidade, e depois adicionou, -Enviaremos a fatura da pintura que fizemos hoje.
Capítulo 4
-Rapazes, façam a limpeza, eu vou fechar.
Cale olhou a sous-chef, Bev, que estava na porta do escritório de Alex. A mulher o olhava incomodada. Não precisava ler seu pensamento para saber porque estava no escritório de Alex sem que ela estivesse aqui. Todos estavam esgotados depois de ter terminado e não havia assentos na cozinha, por isso tinha ido até o escritório para descansar seus pés durante uns minutos. Ignorando o olhar de recriminação da Sous-Chef, ele disse, -Alex disse que retornaria no final da noite. Estamos esperando por ela. Bev imediatamente sacudiu a cabeça. -Ela ligou antes. Houve um problema no novo restaurante e ficará por lá a noite toda. Me perguntou se podia fechar. Se não se importam, poderiam sair pela porta dos fundos. Não tenho as chaves porta da frente, por isso tenho que fechá-la por dentro.
Cale franziu o cenho, mas depois viu sua tia Marguerite, quando mudou de posição no sofá, procurando em sua bolsa para pegar seu celular. Marguerite e Leigh, a nova esposa de seu tio Lucian, sentaram-se com alívio, uma vez que o último pedido foi atendido e a estação do chefe de cozinha limpa. Fez uma careta ao ver a expressão cansada no rosto de ambas, sentindo-se culpado por seu esgotamento. Cale tinha durado pouco mais de quinze minutos, depois que Alex o deixou, antes de chamar Marguerite, em estado de pânico, lhe pedindo que viesse em sua ajuda. Isso depois de conseguir fazer dois pratos de pescado queimado e um molho que tinha bolhas de mais e pegou fogo, fazendo um inferno de desastre. Não mais o que fazer. Alimentar os clientes com desagradáveis comidas queimadas, deixando que Bricker tocasse suas mentes para que pensassem que tinham experimentado a melhor comida já era bastante ruim, mas queimar o restaurante de Alex era outra coisa. Tinha chamado Marguerite. Ela e Leigh estavam passeando na cidade, tinham saído apenas a 10 minutos para jantar e ir ao cinema. As duas mulheres foram para o restaurante antes mesmo que terminasse de explicar a situação. Entretanto, não foi Marguerite que acabou por salvar sua pele, foi Leigh. Soube no casamento que ela tinha um restaurante, mas não sabia que também podia cozinhar. E ela podia. Tomou seu lugar essa noite na estação como chefe de cozinha e comandou sua tripulação como profissional. Cale e Marguerite auxiliaram quando necessário, mas ela rapidamente se atualizou com os pedidos e o resto do tempo passou controlando as mentes dos cozinheiros, assim como dos garçons, que continuamente vinham à cozinha com os pedidos. Mantiveram-se assim ao perceber que ligariam para Alex e contariam o que estava se passando. Parecia entretanto, que ao mesmo tempo não tinham impedido que Alex ligasse, Bev felizmente não disse nada a respeito da ajuda que tinha tido aqui esta noite.
-Pois bem- murmurou Marguerite, fechando o telefone e ficando em pé juntamente com Leigh. Acho que podemos ir a casa. Cale ficou de pé também e abraçou a cada mulher com gratidão. -Obrigado por sua ajuda. -De nada- murmurou Marguerite, quando ele deu um passo atrás. Em seguida esboçou um sorriso irônico e acrescentou, -Vou ver se consigo encontrar alguém que tome seu lugar amanhã de noite. Cale lhe agradeceu novamente. Depois seu olhar se moveu vacilante para Bricker, quando o imortal mais jovem se levantou. Você se importaria...? -É claro- interrompeu Marguerite. -A casa dos executores fica no caminho. Deixaremos Bricker lá. -Vou pegar os casacos- ofereceu Bricker.
Cale murmurou seu agradecimento e viu que o homem saía do escritório.
-Cale.
Ele desviou o olhar de novo para Marguerite, para ver uma enchente de preocupação em seu rostro. Depois de um suspiro disse, -Acho que é melhor dizer a Alex a verdade sobre sua falta de habilidade na cozinha logo que seja possível. Talvez não seja útil para ela, mas podem chegar a se conhecer um pouco melhor, não deixe passar muito tempo. Uma relação que começa com mentiras tem uma base instável. Cale assentiu solenemente sabendo que ela estava certa. Como imortais, tinham segredos suficientes para superar e desfrutar de uma relação. As mentiras
desnecessárias seriam apenas uma carga adicional. -Farei isso.
-Aqui está o seu casaco- anunciou Bricker, aparecendo na porta da cozinha. Levava seu casaco de inverno e o estendeu a Cale. Então ficará em um hotel ou algo assim? -Algo assim. Cale aceitou seu casaco, e depois olhou a seu redor para ver onde Alex tinha posto sua jaqueta antes. Viu-a em um cabide no canto e a pegou, depois pegou o casaco de inverno e conduziu Bricker e a mulheres para fora do escritório. -Precisa do endereço?- Perguntou Bricker parando na porta e obrigando a Cale a parar também. -Que endereço?- perguntou ele com cautela.
Do novo La Bonne Sex- disse secamente Bricker e sacudiu a cabeça. -Não se incomode tentando guardar segredos no momento. Sua mente é um livro aberto por agora. Alex definitivamente é a escolhida. -Acho que ele já percebeu isso Bricker -disse Marguerite, lhe pegando pelo para fazêlo andar e deixar Cale sair do escritório. -E já lhe dei o endereço. -Sério?-perguntou Cale, sua surpresa o distraiu da irritação que as palavras de Bricker tinham despertado nele. Marguerite assentiu com a cabeça, sem deixar de puxar Bricker para que cruzasse a cozinha para a porta de atrás. -Confira em seu celular. Te mandei uma mensagem. Lembrando que ela esteve usando seu telefone antes, Cale tirou seu próprio telefone do bolso e rapidamente verificou suas mensagens de texto. Efetivamente havia uma de Marguerite com o endereço para ele. Cale sorriu para si mesmo e depois se
apressou para a saída.
-Obrigado, Marguerite- murmurou, fazendo uma pausa para pressionar um beijo em sua bochecha antes de abrir a porta de atrás para os três. Leigh sorriu cansada para os outros dois e depois olhou de Cale para Bev. Lendo em sua mente a ansiedade por fechar e depois fazer seu caminho até seu carro no escuro e solitário estacionamento. Cale lhe sustentou a porta e murmurou, -Vou esperar até que ela chegue a seu carro antes de ir. -Obrigada- disse com evidente alívio. Rapidamente fechou a porta, e depois foi quase correndo a um pequeno Toyota estacionado junto ao contêiner de lixo. -Seu carro está longe? Quer que te leve? Faz frio esta noite. Cale esboçou um sorriso para Bev, mas sacudiu a cabeça. -Meu carro não está longe. Estou bem. Boa noite. -Boa noite- ela fechou a porta do carro e acelerou enquanto se afastava.
Cale imediatamente se dirigiu ao lado do restaurante. Marguerite, Leigh e Bricker já estavam virando e saindo de vista na parte dianteira do edifício, o mesmo caminho pelo qual as mulheres tinham chegado, Cale as seguiu com a mesma rapidez, desejando chegar ao restaurante e ver o Alex de novo. Ele iria ajudá-la com qualquer problema que tivesse e a cortejaria um pouco. Bom, ia ajudá-la desde que não fosse cozinhando, Cale riu ironicamente. Apesar de ter aprendido uma coisa ou duas com Leigh esta noite, Cale não acreditava que se oferecesse como chef de nuevo... ou que permitiria que alguém mais o fizesse. Fazendo uma careta para si mesmo, correu para o carro e entrou, colocando a chave na ignição mesmo antes de fechar a porta. Os imortais podiam suportar melhor as
temperaturas extremas, mas estava fazendo um frio de rachar esta noite. Frio o suficiente para que Cale o sentisse e não pudesse esperar para ligar o motor, fazer funcionar a calefação e sair rapidamente. Desejando que o carro se aquecesse, centrou sua atenção no sistema GPS do carro de aluguel, inserindo o endereço que Marguerite tinha enviado na mensagem de texto. No momento em que teve uma rota demarcada, as janelas do carro estavam congeladas. Começou a dirigir tentando encontrar uma desculpa para dar a Alex quando chegasse. Alex cantarolava a melodia que tinha em seus ouvidos e dançava enquanto arrastava a escada vários passos à direita, depois voltou a subir para continuar pintando. Decidiu que os pintores tinham razão e colocou os fones para ouvir música de seu iPhone enquanto trabalhava. Sempre tinha achado a música relaxante. Na maioria das vezes lhe ajudava a ser mais criativa. Algunas de suas melhores receitas tinham sido criadas assim, enquanto o rock retumbava em seus ouvidos. Entretanto, surpreendeuse ao perceber que a tinha tirado da atmosfera infernal em que estava depois de ver Bill e seus rapazes irem embora. Havia se sentido o suficientemente mal nesse momento para ir à cama e jogar o resto de sua vida pela janela. Contudo, sempre foi uma lutadora e esse estado de ânimo não durou muito. Depois de permitir a si mesma uns minutos de compaixão, pegou sua bolsa e se dirigiu à loja de tintas. Assim como Bill havia dito, se quisesse a pintura pronta teria que fazê-lo ela mesma. Certamente, não conseguiria contratar outra empresa de pintura que enviasse homens em uma sexta-feira a noite. Ela faria o serviço. Depois de ir à loja de tintas, comprar as tintas, a tinta d efundo e toda parafernália para pintar, Alex foi à loja de ferragens comprar uma escada, antes de voltar para o restaurante e preparar tudo para ela mesma pintar. Por estranho que parecesse, achou a experiência muito relaxante. Havia algo em esvaziar a mente e deixá-la simplesmente à deriva enquanto seu corpo trabalhava... que fez maravilhas em seu
nível de stresse. Infelizmente, com o fim da tensão, outras sensações despertaram... como a fome e a sede. Mas comida foi a única coisa que não pensou em comprar durante sua saída de compras. Fazendo uma careta pelas cãibras de fome, Alex voltou a passar o rolo de pintura pela bandeja, só para descobrir que tinha usado até a última gota de tinta. Fazendo uma pausa, olhou para a lata de tinta e depois para a parede. Não era profissional, mas pensou que estava fazendo um ótimo trabalho até agora. Tinha aplicado a tinta de fundo e estava trabalhando na primeira mão de tinta da cor areia branca, terminou duas paredes e tinha parte da terceira pronta. Apesar da tinta de fundo, ia precisar dar outras duas mãos de tinta para que o acabamento das paredes fosse o adequado, e esperava obter isso antes de ir procurar comida. Entretanto, seu estômago se sentia como se estivesse bebendo ácido e sinceramente estava ficando sem energia. Suas pernas tremiam quando estava trabalhando na terceira parede. Pernas trementes e uma escada não pareciam uma boa combinação. Seria mais sensato descançar um pouco e terminar depois de comer alguma coisa, como um hamburguer por exemplo. Como Chef, Alex nunca admitiria a ninguém que gostava de hamburguer com carne, cebola e queijo, mas em momentos como estes, os hamburgueres com queijo eram a delícia rápida que funcionava. Sorrindo ante a idéia, Alex pôs o rolo de pintura na bandeja, segurando-o em uma mão e com cuidado desceu da escada. Havia comprado vários rolos de pintura, por isso não se incomodou em lavar este. Em vez disso, deixou que secasse, fechou a lata de tinta e depois se dirigiu para a parte traseira do restaurante. Depois de lavar as mãos, foi até seu escritório para pegar sua bolsa e o casaco. Um momento depois, saía pela porta traseira, e então tomou um susto quando sentiu que algo lhe roçou o braço.
Alex se virou para ver o que era, e gritou quando viu uma figura escura que se abatia sobre ela. Brandindo sua bolsa como uma arma, instintivamente começou a golpear seu atacante, golpeando sua cabeça com uma mão, enquanto com a outra dava um murro em seu estômago, no braço e em qualquer outra parte que pudesse atingir. Felizmente, os fones que tinha nos ouvidos caíram em virtude dos movimentos e ela percebeu que seu agressor gritava seu nome em meio ao esforço por bloquear seus golpes. Parou seu ataque e deu um passo atrás com cautela, olhando a figura escura. Sua voz era fraca quando perguntou, - Quem é você? -Valens, Cale - respondeu com um suspiro, incorporando-se da posição ligeiramente curvada que tinha assumido quando ela começou a agredi-lo. -Cale? -perguntou, abrindo os olhos com incredulidade, -Meu chef, Cale?
-Algo assim-murmurou.
Alex estava procurando em sua bolsa por suas chaves, em silência se repreendendo por não ligar as luzes exteriores do pequeno estacionamento da parte de trás do restaurante antes de sair. Encontrou suas chaves e as tirou da bolsa, em seguida ligou uma pequena lanterna e o iluminou. Definitivamente era Cale, seu chef, assinalou e franziu o cenho pela forma em que seus olhos pareciam brilhar na escuridão. Um truque de luzes, disse-se e olhou a seu redor com incerteza. O estacionamento estava vazio, com exceção de seu carro. -Onde está seu carro?- Perguntou ela.
Estacionado em frente ao restaurante. Ia entrar pela porta principal, mas não consegui chamar sea atenção. Quando te vi na parte traseira do restaurante, vim com
a esperança de que estivesse saindo, explicou em voz baixa, depois ondeou sua mão para que ela pusesse o feixe de luz em outro lugar de modo que não brilhasse em seu rosto. -Importaria-se? Isso é muito brilhante. -Sinto muito- murmurou ela, apagando a lanterna. Alex trocou seu peso de um pé ao outro, deslizando seu olhar para seu carro, enquanto pensava na comida que tinha saído para comprar, suspirou e depois lhe perguntou, -O que está fazendo aqui? -Bev mencionou que tinha problemas e me perguntei se poderia te ajudar- disse em voz baixa. -Por que? -perguntou com surpresa, aproveitando o breve sorriso dele.
-Os Canadenses não acreditam em ajudar a outros quando estão precisando?perguntou-lhe em lugar de responder a sua pergunta. -Bom, sim, mas não me conhece- assinalou ela com secura.
-Eu gostaria- respondeu ele e Alex ficou muda pela surpresa. Ela se tinha acostumado ultimamente que os homens simplesmente a cumprimentassem ou a ignorassem, de tal maneira que suas palavras lhe tiraram o fôlego. Foi um pouco surpreendente... e se fosse sincera consigo mesma... tentador. Cale era um homem bonito, e em outro momento teria podido ter o prazer de deixar que a conhecesse, mas este não era o momento. Alex tinha um restaurante para inaugurar e outro para manter funcionando. Paquerar com um colega de trabalho, ou pior ainda, um empregado, não era inteligente. Sacudindo a cabeça, disse em voz baixa, -Temo que agora mesmo não tenho tempo em minha vida para conhecer ninguém. Me desculpe. Alex se virou para cruzar a curta distância que a separava de seu carro, mas só havia feito metade do caminho quando Cale esteva a seu lado outra vez.
-Aonde vai?-perguntou igualando seu passo ao dela enquanto caminhava para o carro. -Para casa- mentiu na esperança de se desfazer dele, e o surpreendeu negando com a cabeça pela extremidade do olho. -Não acredito nisso. Deixou as luzes acesas no restaurante e não terminou de pintar ainda- comentou Cale. Alex parou na porta do lado do motorista e o olhou fixamente. -Estava olhando através das janelas? -Estive aqui bastante tempo. Chamei várias vezes, mas ao que parece não podia me escutar com o fones - disse com ironia. -Além disso, é um negócio, não uma casa particular. Não é necessário que faça parecer como se eu fosse um voyeur do Peeping Paul. -Peeping Tom-corrigiu ela ausente, perguntando-se quanto tempo tinha estado vigiando. Com a decisão de que não lhe importava, apertou o botão para destrancar o carro e abriu a porta do motorista. -Bom, não vou para casa, vou procurar um pouco de comida. Mas a verdade é que neste momento tenho muito com o que lidar e não tenho tempo para homens, por isso boa noite. Alex entrou rapidamente em seu carro e fechou a porta antes de que pudesse dizer nada mais para tentá-la. Felizmente ele não se comportou como uma praga, e se afastou alguns passo do veículo. Exalando um suspiro de alívio, colocou a chave na ignição e girou para frente, só para congelar quando ouviu um 'clique clique clique'. -OH, isto tem que ser uma brincadeira- murmurou ela, tentando ligá-lo de novo, com o mesmo resultado. Não era mecânica, seu pai tinha sido, e enquanto ele tentava lhe
ensinar os fundamentos sobre carros quando era mais jovem, ela não tinha prestado muita atenção. Entretanto, sabia que o som não era um bom sinal. Tentou outra vez com o mesmo resultado, então gemeu e deixou cair a cabeça no volante com desespero. Este era o final de sua vida. Simplemente não podia lidar com todos estes problemas um após o outro. Que diabos tinha feito para merecer esta ridícula má sorte? Era uma boa pessoa, em geral, não prejudicava ninguém e era agradável para quem a conhecia. E também colaborava com a caridade. O que tinha feito para merecer isto? Um golpe suave na janela a fez levantar a cabeça para olhar para fora a Cale. Para lhe dar crédito, parecia preocupado e pouco satisfeito por seu último problema, isso era bom, já que basicamente o enviou para longe de uma maneira muito cortês. Alex deixou escapar um suspiro e se endireitou em seu assento. Esquecendo que o motor não funcionava, apertou o botão para baixar a janela, percebeu seu engano quando não aconteceu nada, e em vez disso abriu a porta. -Posso te ajudar?-ofereceu silencioso.
Alex tocou seus lábios e lhe perguntou, -Sabe algo sobre carros?
-Não, não é minha área de experiência- admitiu com tom de desculpa, -Mas tenho meu carro de aluguel, e posso te levar onde quiser. Alex lhe olhou em silêncio, pensando sobre o asunto. Pensou que a maioria dos homens teriam perdido seu tempo abrindo o capô e depois diriam algo sobre não ter as ferramentas necessárias para arrumá-lo, em vez de admitir que não sabiam como. Apreciava sua honestidade, mas acabava de lhe dizer que não tinha tempo para um homem, e não tinha. Aceitar sua ajuda a comprometeria com ele? Esperaria algo em troca de sua ajuda? Importava-lhe? Francamente Alex tinha tanta fome que começaria a comer pedaços de tinta se não encontrasse um pouco de comida.
-Sem compromisso- acrescentou Cale solene e isso foi suficiente para ela.
-Por que não? Murmurou ela, agarrando sua bolsa e saindo rapidamente de seu carro. Ficaram silêncio enquanto caminhavam ao redor do edifício. De sua parte, Alex estava muito cansada para pensar em algo para dizer. Nem sequer sabia o que ia fazer com seu carro. Simplemente se concentrava em pôr um pé na frente do outro e não cair de traseiro no concreto gelado. Quanto a Cale, não tinha idéia do porque estava tão calado. Ela tinha esperado que redobrasse seus esforços para convencê-la de que o deixasse conhecê-la. Entretanto, ele não fez isso e também estava em silêncio enquanto ia na frente dela para um Lexus estacionado na rua em frente a seu restaurante. Alex murmurou seu agradecimento enquanto ele abria a porta e segurava cotovelo para ajudá-la a entrar, depois fechou a porta, antes de se apressar para o lado do motorista e Alex se perguntou se as boas maneiras eram algo da europa. Nunca tinha visto um homem canadense ajudá-la como se fosse de cristal e necessitasse de mimos. Rapidamente colocou o cinto de segurança e depois olhou para Cale que abria a porta do motorista. Ele entrou no carro com uma brisa fria que tinha uma combinação de cítricos e um aroma amaneirado que não pôde identificar. O ar de Toronto nunca tinha cheirado tão bem. Alex tinha certeza que o aroma não era dele, alguma colônia pós-barba presumiu e se encontrou inspirando profundamente com satisfação.
-Aonde quer ir?-peguntou Cale, ligando o carro, antes de colocar seu próprio cinto de segurança.
Alex abriu a boca, e depois hesitou em admitir que tinha planejado ir em busca de comida rápida. Ele era um chef parisiense, pelo amor de Deus, e não havia dúvida que zombaria de sua idéia de comida rápida. Por outro lado, não estava interessada nele e não devia se importar, recordou a si mesma e disse o nome com desafio. -E ondes isso?-peguntou Cale, nem sequer arqueando uma sobrancelha arrogante ante sua escolha. Alex se sentiu relaxada e informou o endereço. Não era longe, e não tinha considerado que já passava da meia-noite, por isso se sentiu aliviada ao ver que o restaurante funcionava vinte e quatro horas. Rapidamente ficou evidente que Cale nunca esteve em um drive-thru de restaurantes de comida rápida antes. Alex se encontrou mordendo os lábios com diversão, quando baixou a janela e se inclinou quase sobre ela para falar diretamente com voz do autofalante. Suas sobrancelhas se levantaram com surpresa quando ele deu a ordem, hesitou e depois disse, -Tudo em dobro por favor, é para dois. Alex já suspeitava que ia ter companhia na comida. Tinha esperado que simplesmente a levasse de volta e a deixasse no restaurante, o que lhe permitiria seguir seu caminho. Mas se lhe pedisse para acompanhá-la na comida, não seria educado rejeitar depois de tê-la levado para comprar a comida e trazido de volta ao restaurante... e até pagou pela comida, acrescentou em silêncio e com irritação quando dispensou com um gesto o dinheiro que ela ofereceu para pagar a comida. Alex passou a viagem de volta ao restaurante tentando ignorar aos aromas que emanavam da sacola em seu colo, concentrando-se em pensar na melhor maneira de se desfazer de Cale, uma vez que terminassem de comer. Um educado 'Bem, tenho que voltar para trabalho agora, então obrigada por tudo', parecia a melhor maneira. Ao menos isso era ao melhor que tinha conseguido pensar até o momento em que
chegaram de novo ao restaurante. Em vez de se arriscar a ser multado por estacionar na rua, Alex o dirigiu ao estacionamento da parte de trás e saiu do carro quase no momento em que ele parou. Estava caminhando para a porta traseira do restaurante, com a bolsa de comida em uma mão e procurando as chaves com a outra, quando Cale a chamou por seu nome. Fazendo uma pausa impaciente, olhou para trás para vê-lo dando a volta no carro, trazendo as bebidas na mão. Sorriu quase dolorosamente quando se aproximou e depois disse, -Dobrei o pedido com a intenção de que você possa comer bem. -Sim, imaginei- assegurou Alex e quando ele hesitou, reconheceu a importância da bebida e percebeu que ele não tinha a intenção de unir-se a ela como tinha temido. OH, sinto muito- disse ruborizando-se, -Pensei que ia comer comigo. Começou a trocar a bolsa de mão, com a intenção de pegar sua metade da comida, mas ele disse, -Bom, não tinha a intenção de fazê-lo porque me disse que estava ocupada, mas já que está me convidando, ficarei feliz de me unir a você. -OH, eu... Alex começou a lhe dizer que não era um convite, mas ele já estava correndo ao redor de seu carro para desligar o motor que ainda estava ligado e para procurar sua bebida. Suspirando, ela negou com a cabeça sua tendência para se meter nestas situações ridículas, depois deu meia volta e continuou seu caminho até a porta de trás do restaurante. Depois de abrí-la, segurou a porta para que ele entrasse com as bebidas. Ela o seguiu, mas Cale fez uma pausa só alguns passos depois de entrar, olhando ao redor. Um assobio se deslizou através de seus lábios ao ver as instalações. -É enorme.
-Três vezes maior que o La Bonne Sex original- reconheceu Alex com orgulho quando parou junto a ele para olhar sua própria cozinha. Estava contente do que tinha feito alí. Ela mesma a projetou e pensou que era perfeita. Havia muito espaço para que as pessoas não tropeçassem umas nas outras e contudo ninguém estaria tão longe que precisasse gritar para ser escutado. -Está planejando mais pessoal para a cozinha, obviamente- disse ele olhando por cima das distintas estações. -Mais que o dobro de pessoal que no restaurante original- reconheceu, -Já estão contratados e preparados. Ele a olhou com curiosidade. -Surpreende-me que simplesmente não chamasse algum para que ficasse esta noite no lugar de Peter. Alex sacudiu a cabeça. -Estiveram em treinamento com minha outra equipe no restaurante durante o último mês, mas ontem os liberei durante as próximas duas semanas, assim podem descansar e têm tempo para eles mesmos, deixando tudo em ordem antes de abrir o restaurante. A maioria saiu de férias ou estão em casa com suas famílias, para trazê-las para cá esta semana. Quando Cale levantou uma sobrancelha, ela explicou, -Vários vinham de fora da cidade e tivemos que fazer um contrato provisório antes de fazer o contrato definitivo, caso não pudessem trabalhar juntos, explicou com um encolhimento de ombros. Embora Alex tivesse tomado cuidado quando os contratou, as pessoas se portavam diferentemente em uma entrevista e em seu posto de trabalho. Peter foi um exemplo disso. Havia sido educado e atencioso quando o contratou, mas depois se converteu em um ególatra na cozinha. Ela queria evitar o mesmo erro, por isso primeiro fez um contrato temporário, para se assegurar. Felizmente, tudo parecia funcionar muito
bem...até agora.
-O chefe de cozinha que contratei é do British Columbia, e voou para casa afim de ajudar sua esposa a fazer a mudança para cá. Do contrário, teria pedido a ele que assumisse o controle do restaurante principal enquanto procurava um substituto. -Não vai ser a chef de cozinha aqui?-perguntou Cale com surpresa.
Alex fez uma careta com desagrado, quando ele se dirigiu para o salão. -Esse era o plano original. Contrataria um gerente de negócios, para que cuidasse dos restaurantes e seria a chefe de cozinha aqui. -Mas? -questionou Cale, seguindo-a ao centro do salão, onde ela deixou a sacola de comida e sua bolsa, e então tirou seu casaco. Ele também deixou o casaco no chão e depois colocou um pano para sentarem em cima e começou a abrir a sacola de comida. -Mas me encontrei com alguns problemas e o dinheiro começou a diminuir- disse ela com secura enquanto tirava o hamburguer com batatas fritas. Olhando-o, deixou sua jaqueta de lado e acomodou a comida, depois acrescentou, -Os gerentes de negócios são caros. Os chefes de cozinha também não são?-perguntou assombrado.
-Os chefes de cozinha realmente bons podem ser caros se forem ambiciosos, e quiserem usar suas próprias receitas e finalmente iniciar seus próprios restaurantes. Entretanto o homem que contratei é tolerante e não é ambicioso em absoluto. Está feliz em somente cozinhar minhas receitas e não tem aspirações a ser o próximo Gordon Ramsey. Ela começou a desembrulhar seu hamburguer. -É também originário desta parte do país e com tanta vontade de voltar que estava disposto a trabalhar de
forma relativamente barata... pelo menos no começo- acrescentou com um suspiro. Concordei em aumentar seu salário depois de seis meses. Nessa época espero que o restaurante se mantenha sozinho. -Mas na verdsade quer ser a chef de cozinha- disse lentamente, olhando quase com curiosidade enquanto mordia seu hambúrguer. Alex se concentrou em mastigar e engolir, só para não gemer de prazer quando a primeira mordida chegou em seu estômago vazio. Depois pegou uma batata frita e assentiu. -É obvio, a cozinha sempre foi meu primeiro amor. Prefiro fazer isto mais que qualquer coisa no mundo. E, na verdade, se soubesse que abrir um segundo restaurante ia ser uma dor no traseiro e me obrigaria a renunciar à cozinha, não teria começado com isso. -Entendi- Cale cuidadosamente desembrulhou seu próprio hambúrguer.
Alex deu outra dentada e olhou com nostalgia o restaurante inacabado. Havia tido tantas esperanças com esta expansão, as fantasias com um novo e adorável tipo de cozinha, a criação de incríveis e novas receitas, servir comidas de classe mundial, e até mesmo ganhar um Michelin, a cobiçada estrela Michelin, do guia de viagens do Canadá. Tinha escutado rumores de que tinham planejado lhe dar uma e esse seria o ponto culminante de sua carreira, ganhar uma estrela Michelin, ou duas ou três. Mas eram somente fantasias. A triste realidade é que, graças a todos os problemas que tinha tido para a abertura de outro restaurante, já tinha gasto suas economias e teve que hipotecar sua casa para terminar as reformas. Alex estaria feliz se este restaurante funcionasse e sustentasse a si mesmo. A esperança de que seria um sucesso, pudesse pagar suas dívida e contratar a um gerente de negócio para voltar para a cozinha, era somente isso, uma esperança. E
estava começando a parecer algo que provavelmente nunca aconteceria, ou aconteceria algum momento em um futuro distante... em todo caso. Alex agora desejava sinceramente nunca ter iniciado este projeto. Estava feliz em sua pequena La Bonne Sex, um bonito ovo em um ninho pequeno. Mas tinha se contentado com isso? Não. -Isto é bom.
A exclamação de surpresa de Cale tirou Alex de seus pensamentos. Olhou com curiosidade para vê-lo levantar o pão da parte superior do hamburguer, para depois fazer o mesmo com o que estava debaixo, e então mastigar com entusiasmo. Com um leve sorriso disse, -É somente um hamburguer com queijo. Alguma vez já comeu um antes? Cale negou com a cabeça, muito ocupado em morder o hambúrguer de novo, para responder com palavras. Alex riu entre dentes e deu outra mordida em seu próprio hambúrguer, observando com diversão como Cale voltava a abrir seu hamburguer para olhar os ingredientes com fascinação. -Um hamburguer de carne de vitela Oui?-perguntou olhando o hambúrguer. -Sim- disse com um sorriso.
-E essas coisas um pouco brancas?-perguntou pegando uma rodela da parte de acima do hamburguer. -Cebola reconstituída- respondeu ela.
-Reconstituída?
-Deixam que se seque e depois enviam ao restaurante, onde as encharcam com água para que voltem ao normal e depois as põem nos hamburgueres. -Por que?-perguntou ele.
Alex se encolheu de ombros. -Talvez achem que a cebola natural seria algo muito grande para colocar nos hamburgueres. Se utilizassem cebola fresca, os hamburgueres seriam maiores. -Hmmm. Cale deu outra mordida, ao que parece não lhe incomodava que a cebola fosse rehidratada antes de ser colocada no hamburguer. Alex o olhou um momento, surpreendida do muito que parecia estar desfrutando de uma comida simples. Estava comendo como um homem faminto, pensou, depois negou com a cabeça e voltou sua atenção a sua própria comida. -Portanto- murmurou Cale, uma vez que engoliu o último pedaço de hamburguer e centrou sua atenção no pequeno pacote de batatas fritas. Pegou um dos pálidos e o olhou com curiosidade, e depois continuou, -Se encontrarmos alguém que dirija os restaurantes por um baixo salário, você poderá voltar para a cozinha? -Em meus sonhos- murmurou Alex, e colocou uma batata frita em sua própria boca. Um bom gerente de negócios, que fiscalize meus restaurantes, custaria pelo menos o dobro do que estava pagando aos chefes de cozinha, que sob o título de chefes de cozinha, trabalhavam também como Sous-Chef, ou até na estação de chefs. Alex ainda tomava decisões sobre o menu, a gestão de pessoal, o manejo da programação e a lista de reservas, entre outras coisas. Não tinha como cozinhar. -Isso te faria feliz, oui? -perguntou Cale, seu acento era muito mais grosso que o
habitual. Alex levantou o olhar para ver que a estava olhando com solenidade enquanto esperava sua resposta. Que, junto a seu acento marcado, fez suspeitar que sua resposta era importante de algum jeito. -É obvio que sim- respondeu ela com sinceridade. -Odeio os negócios. Não sou uma pessoa do tipo organizado por natureza. Sou mais do tipo criativo, utilizando o caos. -Caos?
Alex assentiu com a cabeça, -A farinha e os outros ingredientes por toda parte, o estrondo das panelas e frigideiras, o tamborilar das baixelas, o aroma dos condimentos italianos ou picantes, as ervas nos pratos, a competência entre a baunilha e o limão na zona de sobremesas. Encolheu-se de ombros. -Em geral controlo o caos na cozinha todas as noites e eu adoro. Me sentar em um escritório sem ar, tentando ordenar as colunas de débito e crédito, e estudando os saldos, é uma tortura para mim. Suspirou. -Além disso, embora sempre tenha pensado que sou tolerante e diplomática, descobri que não sou muito boa com as crises. Alex fez uma careta e depois disse, -Temo que cheguei aos gritos algumas vezes esta semana, quando as coisas sairam mal. Acho que a tensão ultrapassou os limites. -Hmm- Cale esclareceu a garganta e disse, -Então, acho que posso te ajudar a voltar a cozinhar, Alex. -Como? -perguntou com surpresa.
-Na verdade não sou chef.
Capítulo 5
-O que? O que acaba de dizer?
Cale considerou a expressão de Alex, e disse lentamente, -Não sou Chef. Sou um homem de negócios. -Mas você... te contratei para... OH meu Deus! O pânico estava agora em sua face, ficou de pé e começou a procurar em seus bolsos. Quando achou seu telefone, começou a discar os números, Cale franziu o cenho e ficou de pé também. -Para quem está ligando? -Bev- espetou. -Tenho que saber se me arruinou ou não.
-Não te arruinei- assegurou rapidamente. -Por favor, Alex, desligue e me escute.
-Não, eu... fez uma pausa, olhou para ele e estreitou seus olhos. -Cozinhou a truta Amandine e ficou perfeita. -Er... sim... bem... Cale franziu o cenho, tentando decidir a melhor maneira para dirigir isto. Obviamente devia ter levado um momento para pensar sobre isso antes de abrir a maldita boca. Seu único pensamento era que ela adorava cozinhar e ele gostava de negócios, então por que não trocar e deixar que ele ajudasse dirigindo as coisas em vez de cozinhar? Cale tinha pensado que ela estaria feliz em poder voltar a cozinhar e deixar as questões de negócios para ele. E suspeitava que seria deste modo, mas partir de 'Eu não sou chef' provavelmente não tinha sido a maneira mais inteligente de se aproximar de Alex. Ela não estava pronta para o discurso 'Eu não sou chef, mas sim um vampiro' e não podia lhe explicar que não era realmente chef
sem explicar como tinha feito para evitar arruinar a reputação de seu restaurante esta noite. -Jesus, realmente não estou em meu melhor dia esta noite- reconheceu Cale e suspeitava que o assunto do companheiro de vida tinha alguma culpa sobre isso. A pesar do pressentimento de Marguerite e do entusiasmo de Sam, e até das brincadeiras de Bricker, na verdade não estava preparado para ir até ali e descobrir que Alex, de fato, era sua companheira de vida... e não estava dirigindo a situação com sua competência habitual. Tinha que contornar a situação rapidamente ou suspeitava que tudo ia desabar em cima dele a qualquer momento. Antes que Cale conseguisse decidir como salvar a situação, Alex parou olhando com concentração o telefone, a chamada obviamente foi atendida do outro lado. -Sinto muito se te acordei, Bev- disse Alex com gravidade. -Mas tenho que saber o que aconteceu no restaurante esta noite. Cale não podia escutar a voz da mulher para saber o que diria. Asseguraram-se que nem ela nem o resto do pessoal soubessem da presença de Marguerite e de Leigth na cozinha. Entretanto, ficou aliviado quando escutou Bev assegurar a Alex que tudo tinha funcionado como um relógio e Cale tinha sido um sucesso. -Todos falaram maravilhas da comida- disse a mulher, -e um dos críticos de comida mais respeitados da cidade tinha jantado em uma das mesas e se sentiu tão contente que revelou a si mesmo e prometeu uma resenha de cortesia na seção de comida na sábado. Alex se via cada vez mais confusa enquanto a mulher falava, e quando terminou a ligação, deu a Cale um confuso olhar. Sua expressão era severa, entretanto, colocou o telefone em seu bolso. -Esta é sua idéia de uma brincadeira? Bev disse que tudo foi bem esta noite, melhor que bem. Que...? -Sente-se Alex- interrompeu Cale em voz baixa. -Explicarei tudo.
Ela hesitou mas depois se acomodou onde tinha sentado. Cale imediatamente se sentou em frente a ela, perguntando-se como diabos o ia explicar isto...e então a inspiração o golpeou. -Temo que meu inglês não é tão bom como eu gostaria, e de vez em quando me perco ao tentar explicar as coisas. Não fazia mais que felicitar a si mesmo por um trabalho bem feito, quando ela disse duvidosamente, -Soou muito claro para mim. 'Não sou chefe' uma frase bastante simples. Cale fez uma careta. -Sim, bem, o que eu quis dizer é que não sou chef como você. Disse que a cozinha era seu primeiro amor, enquanto que os negocios não são. Eu sou justamente o contrário, eu adoro a gestão de negócios e não gosto de estar na cozinha. Quando seus olhos se estreitaram, ele acrescentou, -Diferente de você, eu não estava seguindo um sonho quando me meti na cozinha. Mas na verdade estava seguindo um sonho, por isso tinha aceito ser o chef de Alex por esta noite, percebeu ele. O sonho de se aproximar e reclamar sua companheira de vida. Era o sonho de toda sua vida, na verdade. O sonho que tinha cada imortal. -Meti-me na cozinha por pressão da família- disse. Não era exatamente uma mentira. Sam tinha metido ele nisto e ela era a família de Alex. Se tivesse sorte, seria sua família também. -Ah- murmurou Alex, assentindo com a cabeça solenemente. -Entendi. Um restaurante de família... a pressão para que se treinasse como chef e se ocupasse do negocio... ela tinha tudo calculado. -A cozinha não está em sua alma, mas se em seu sangue. -O sangue tem muito que ver com minha situação- murmurou Cale.
-O que quer dizer?
-Nada- disse rapidamente. -A questão é que eu não gosto de cozinhar. Prefiro a simples lógica dos negócios e prefiro atender esse tipo de coisas que estar na cozinha.
Alex inclinou a cabeça, a incerteza em seu rosto. -Realmente não esperava que passasse suas férias inteiras ajudando no restaurante. Pensei... bom, mas esperava... que estivesse disposto a cozinhar algumas noites, até que conseguisse encontrar alguém que substituísse Peter. -Estou feliz de te ajudar durante o tempo que for necessário. Assegurou-lhe. -Como gerente de negócios, estaria feliz de me encarregar do assunto da substituição de Peter, se for necessário. -Se for necessário?-perguntou assombrada.
Cale hesitou, mas depois decidiu que podia estar forçando sua sorte ao lhe dizer que esperava uma relação muito mais permanente com ela. Além do mais, tentaria convencê-la que era sua companheira de vida, e não sabia o que isso podia significar na vida de ambos. Havia sentido a necessidade de uma mudança e estaria feliz de deixar suas empresas na Europa nas mãos de seus gerentes, e simplesmente fiscalizaria do Canadá enquanto ajudava na gerência dos restaurantes, mas Alex poderia mudar de opinião sobre o rumo de sua vida. Não era estranho que os novos companheiros de vida o fizessem. Encolheu os ombros e se limitou a dizer, -Entrevistaria as pessoas disponíveis para o trabalho, mas a decisão final será sua. Relaxou-se e assentiu lentamente. Sua expressão se tornou pensativa, e estava certo
que era sobre o acordo, mas Alex era uma mulher de negócios e tinha aprendido a ter certa precaução na hora de tomar decisões deste tipo. Parecia que por mais tentadora que fosse a idéia de voltar para a cozinha, não ia agarrar de imediato a oportunidade, porque disse, -Preciso pensar sobre isto. -É claro- murmurou ele.
-E não tenho tempo para isso agora- acrescentou com um olhar para as paredes da sala. Um suspiro se deslizou de seus lábios e foi para o rolo de tinta e a bandeja que havia deixado antes. -Agradeço a oferta, mas um rosto bonito não é suficiente para me convencer a entregar meu negócio. -Me acha atraente?-perguntou Cale com um sorriso, ajoelhando para abrir uma lata de tinta para ela. Alex se ruborizou, pôs os olhos em branco e ignorou a pergunta, simplesmente pegando a lata que ele tinha aberto e colocando o líquido espesso na bandeja, quando continuou, -Odeio ter que te pedir detalhes por escrito, mas realmente me ajudaria a tomar uma decisão. -Vou fazer por via oral, enquanto te ajudo a pintar- disse solenemente e Alex o olhou de cima abaixo com o cenho franzido. -Isso não é necesario. Não espero que me ajude com isto. Não é parte da descrição do trabalho, nem de chef, nem de diretor comercial. Além do mais não está realmente vestido para a ocasião, assinalou. Cale olhou seu traje de grife e depois se encolheu de ombros e começou a tirar o paletó. -Tenho vários destes, e este já está velho de todo modo. Além do mais, pela minha experiência como gerente de negócios, um bom gerente faz o que tem que ser
feito, assim como você faz.
Alex fez uma careta. -Realmente não tive muita escolha quando os pintores se foram.
-Sempre há opções- disse solene. -Nem sempre boas, mas há opções e nesta você se fez responsável. -Essa sou eu, Alex a responsável- disse com um pouco de auto ironia e se virou para subir de novo na escada com a bandeja. Estava na parte superior da escada e o olhou. -Pode me dar o rolo de tinta, por favor? -Certamente. Agarrou o rolo de tinta e o passou para ela, viu brevemente como o passava pela bandeja e depois olhou a seu redor. Tem outro rolo de tinta e bandeja? Alex fez uma pausa e lhe olhou. -Realmente não tem que...
-Mas quero fazê-lo- interrompeu-a com firmeza.
Ela o olhou fixamente por um momento e depois se encolheu de ombros, assinalou um canto na parte da frente do salão. Ali há outra bandeja e outro rolo de pintura. Não tenho outra escada, por isso terá que pintar a parte inferior, enquanto eu pinto a superior. -Você é a chefe- disse Cale rapidamente e foi procurar a bandeja adicional e o rolo de pintura. Pegou a tinta e começou com a parte inferior da parede, quando lhe fez sua primeira pergunta. -Então, pelo que entendi, foi o gerente do negócio do restaurante de sua família em Paris, e cozinhou ali em alguma ocasião? Ou planejou isso para escapar totalmente da cozinha?
Cale franziu o cenho ante a parede que estava pintando, sabendo que teria que ser cuidadoso nesse ponto. Sabia que Marguerite tinha razão, e ter uma relação apoiada em uma mentira não era algo bom, assim realmente não queria mentir mais do necessário. Por fim respondeu, -Até esta noite estava sem cozinhar por um longo tempo. Isso era certo, tinha cozinhado antes. Havia assado carne sobre um fogo aberto em várias ocasiões em sua juventude. Não era exatamente cozinhar um Cordon Bleu, mas não obstante, era cozinhar. -Então agora administra o restaurante?-perguntou Alex, com curiosa tranquilidade ao deixar seu rolo de pintura ir de cima abaixo na parede. Cale fez uma careta, sua mão movendo automaticamente seu rolo de pintura de cima abaixo na parede, enquanto pensava. Nunca esteve em um restaurante, mas não pensava que fosse inteligente dizer-lhe isso, então em vez disso disse, -Tenho vários negócios na Europa, a maioria tem que ver com a indústria de viagens e o transporte de mercadoria. -Viagens e transportes? Como se passa de um restaurante a viajar e transportar?Perguntou com surpresa. -Não são tão diferentes- disse e pensou que era verdade. A Argentis Inc e as empresas Argeneau dominavam o Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, mas Cale tinha sua própria versão da companhia que dominava a França, Itália e Espanha, chamada indústrias Valens. Tinha os bancos de sangue e se encarregava da distribuição, para alimentar às masas... pelo menos às massas de imortais. Também atendia outras necessidades dos
imortais. Uma empresa era somente para viagens, os vôos iniciavam e terminavam durante a noite, para que os imortais não tivessem que viajar com mortais se não quisessem. Também colaborava com a recomendação e reserva de locais para que pudessem chegar a seu destino, mantendo o fornecimento de sangue durante sua estadia, fornecia informações dos locais frequentados pelo nativos atendiam aos de sua espécie. Cale também tinha outra operação na qual ajudava com os documentos dos imortais e outras coisas que necessitavam quando trocavam de casa e de nome. Entretanto não podia contar nada disso a Alex, por isso lhe disse, -Minha clientela tem necessidades especiais, e não deseja utilizar o transporte de massa. -Ah! Gente rica que quer atenção especial- disse Alex secamente. -Temos um monte desses em meu restaurante também. -Sim, tenho certeza que tem- murmurou Cale, e pensou que se surpreenderia em saber que uma boa parte eram imortais, segundo Leigh e Marguerite, vários membros da família que tinham encontrado seus companheiros de vida e que comiam novamente, frequentavam a La Bonne Sex e adoravam a comida dali. Leigh tinha ficado extasiada pelo acesso às receitas das salsas que tinha tido esta noite. Apesar de que tinha sido rápido, Leigh lhe assegurou que nada impediria que ela e Lucian frequentassem o restaurante, afirmando que a comida sempre era melhor quando alguém mais cozinhava. -Que bens transportam?- perguntou ela, tirando-o de seus pensamentos.
Cale suspirou para si mesmo. Este negócio de não mentir podia ser o bastante tedioso. Depois de pensar um momento para se decidir, continuou vagamente, -Em
geral coisas especiais que os clientes frequentemente tem necessidades e que não podem conseguir em supermercados comuns. -Por favor, não me diga que estamos falando de prostitutas- disse Alex, inclinando a cabeça para lhe olhar com preocupação. -Não, simplesmente artigos incomuns e bebidas exóticas- assegurou ele com um sorriso, o que havia mais exótico que sangue para beber, ou tão incomum como ataúdes para dormir, que eram solicitados pelos antigos não queriam renunciar aos velhos costumes? Pelo menos, seria certamente exótico e incomum entre os mortais. -Bebidas exóticas- murmurou movendo sua cabeça. Então Alex enrugou o nariz e lhe perguntou, -Realmente gosta do processo do negócio e como saem ao final as coisas? Cale se pôs a rir ao ver sua expressão. -Nem tudo é tão aborrecido como você acha. Existe o desafio de resolver problemas, a emoção dos novos projetos, a... -Sim, se for aceitar sua palavra sobre isso- interrompeu ela com desgosto. Francamente, a solução de problemas não é um dos meus fortes... a menos que seja um problema de como reduzir o conteúdo de ácido em um molho a base de tomate ou como obter um suflê perfeito. Sou melhor com os alimentos que com as pessoas. As pessoas tendem a me tirar do sério... Ele a olhou com surpresa. -Mas é a proprietária de um restaurante.Tem que tratar com pessoas dia após dia. Alex moveu a mão à distância. -Trato com meu pessoal de cozinha todos os dias, que são pessoas inteligentes e boas no que fazem. Não tenho que lidar com as queixas e os clientes que nunca ouviram falar de que é 'gazpacho', e então se queixam porque está frio, sem saber nem mesmo o que é, e o que lhe serviram. Ela estalou sua língua com irritação. -Certamente não estou acostumada a tratar com a inépcia de
vendedores que anotam números errados e que fornecem produtos totalmente inadequados e indesejados, como o carpete verde, a pintura verde limão e os banheiros em laranja. -Ocorreu isso aqui?-perguntou Cale com surpresa.
Alex deixou seu rolo de pintura na bandeja com um suspiro, depois estirou as costas e assentiu com a cabeça. -Por que acha que estou pintando? Contratei homens para que o fizessem, mas voltou a ser o velho restaurante esta noite, a pintura estava errada e os pintores quase tinham terminado- explicou com desgosto. -Parecia que alguém tinha vomitado baba verde por todos lados. Cale deu uma olhada à parte não grafite da parede e observou a tinta verde que o branco cobria. Passou o rolo de pintura pela bandeja de novo, continuou pintando e perguntou. -E o carpete verde? -O mesmo problema. Tinha um chefe de projeto e estava trabalhando no treinamento do novo pessoal, parei para ver como estavam as coisas depois do fechamento e encontrei o chão coberto com uma ervilha tão grande como o mar, em vez do carpete que tinha escolhido. Quase tive um ataque ao coração, e era muito tarde da noite para poder fazer uma maldita coisa. Passei a maior parte da manhã do dia seguinte fazendo ligações para tentar resolver isso. -Obviamente que sim- comentou Cale olhando para baixo ao escuro carpete visível através da lona. Alex soltou um bufido. -Sim mas me custou caro. O diretor de projeto tinha assinado pelo carpete e não podia ser devolvido porque já tinha sido instalado. Basicamente tive que comprar tudo de novo para ter a cor correta instalada.
-Foi quando demitiu o diretor de projeto?-perguntou Cale, movendo a bandeja mais à direita para continuar pintando. -Não- disse Alex com um suspiro. -Ele disse que tinha esquecido a cor que eu tinha escolhido e eu não havia mostrado a ele. Pensei que só tinha ocorrido uma vez. Assim deixei passar, mas depois ocorreu o mesmo com os azulejos do banheiro e da cozinha. -Laranja?- Disse, recordando suas palavras anteriores.
-Sim- disse com desgosto. E nesse momento recordei a ele a cor dos ladrilhos, devia ser arrumado pela manhã. Até liguei para a loja na noite anterior à entrega e fiz com que o empregado lesse os números para mim, para assim me assegurar que coincidiam com os do meu recibo. -E coincidiam?- perguntou ele.
-OH sim, então fui trabalhar no outro restaurante convencida que tudo estaria bem. Só para chegar de noite e encontrar os ladrilhos cor laranja na cozinha e nos banheiros. -O diretor de projeto permitiu que fossem instaladas?-perguntou Cale com o cenho franzido. Alex soltou um bufido de desgosto. -Acontece que o chefe de projeto era um bêbado e estava furioso, ao que parece, fora dali havia mais coisas acontecendo. Nesse dia chegou com ressaca, recebeu os instaladores e depois foi para meu escritório dormir. Ela sacudiu a cabeça e suspirou. -Mas não estava disposta a deixar passar outra vez. Os azulejos que tinha pedido eram importados da Itália, ridiculamente caros. -O que aconteceu?-perguntou Cale.
A boca do Alex se torceu com amargura. -O rapaz que instalava as peças era mais inteligente que o diretor de projeto. Pensou que o laranja podia estar errado e tentou acordar o diretor, mas ele estava fora de combate. Então verificaram duas vezes o número das caixas antes de aceitar a mercadoria, como os números eram os mesmos, ele decidiu que eu tinha mau gosto e seguiu adiante com a instalação. Ela baixou o olhar e sorriu ironicamente quando viu a expressão surpreendida de Cale. -Verifiquei os números por mim mesma e eram os mesmos. Parece que o vendedor inverteu dois números ao escrevê-los, e os azulejos laranja eram os que coincidiam com essa ordem... e assinei o maldito recibo sem verificá-lo duplamente. Tinha exatamente o que eu tinha assinado. Cale fez uma careta e concluiu, -O fornecedor não o substituirá?
Alex soltou um bufido e voltou para seu trabalho. -As peças laranjas já estavam instaladas. Teriam que ser arrancadas e não saíram intactas, e como disse eram muitas. Ele não assumiria esse prejuízo, não tinha porque fazer isso. Infelizmente, com minha assinatura na ordem dos números errados não consegui nada. Legalmente a culpa foi minha. A advertência aos compradores e tudo isso. -E agora a pintura- murmurou Cale, franzindo o cenho enquanto seguia pintando.
-Sim, depois dos azuleijos demiti o diretor de projeto. Ela franziu o cenho à parede e admitiu. Já era muito tarde entretanto. A substituição dos azuleijos era tão cara quanto instalá-los e já estava financieramente comprometida e não podia me dar ao luxo de contratar outro diretor. Mas precisava de alguém aqui que se assegurasse que não haveria mais enganos do gênero. Certamente, não podia me permitir outro engano, por isso promovi Peter a Chef há duas semanas, e então poderia estar aqui eu mesma a todo momento e fazer o dobro do serviço.
-Mas?- concluiu Cale sabendo que algo tinha saído errado ou não estaria agora pintando as paredes. -Corri para o antigo restaurante para recolher uns papéis e a tinta chegou um pouco mais cedo. Além disso, estava além de meus esforços buscar um substituto para Peter. Do momento em que deixei o restaurante e voltei para cá, passaram mais de quatro horas. Ela se encolheu de ombros com tristeza. -Nesse meio tempo, a tinta errada tinha chegado e os homens começaram a pintar. -Ah- respirou Cale. Trabalhando em silêncio durante um minuto, e depois perguntou, -Terá que arcar com o gasto causado por esta confusão? Alex se encolheu de ombros com tristeza. -Provavelmente. Os homens assinaram pela tinta. E a maior parte dela foi utilizada. O gerente da loja disse que poderia devolver qualquer lata de tinta que não foi aberta, o que é só uma lata- adicionou secamente. -Suponho que verificou o recibo para se assegurar de que tinha pedido certo desta vez? -perguntou ele com suavidade. Alex assentiu com a cabeça. -Tanto na fatura como no recibo de entrega diz Areia Branca. -E as latas?-perguntou Cale.
Alex parou de pintar e o olhou com surpresa. Era evidente que não tinha pensado em verificar as latas. Deixou seu rolo de tinta na bandeja, desceu rapidamente a escada e se dirigiu à lata de tinta que não foi aberta e que esatava no canto. Cale imediatamente deixou seu próprio rolo de tinta e a seguiu.
Fazendo uma pausa a seu lado, rapidamente olhou por cima das latas. As tampas das que foram utilizadas estavam sobre a parte superior da lona, mas continuavam com as etiquetas. -Esta diz Areia Branca- assinalou, fazendo um gesto à lata sem abrir. Seu olhar se deslizou à lata meio utilizada. A tampa tinha sido posta, mas havia manchas de pintura verde cobrindo a etiqueta. Cale se ajoelhou e começou a devolver as tampas a suas latas. Algumas também tinham danificado sua etiqueta, mas em duas se podia ler, e disse, -Areia Branca. Cale pegou a lata sem abrir em suas mãos. Buscando como abri-la, agarrou-a, segurou por debaixo e se tirou a tampa da lata de tinta. Eles ficaram olhando o líquido verde e grosso que se revelou. -Parece que alguém o misturou errado- disse Cale em voz baixa. A loja terá que te reembolsar por isso. -E pelo tempo do pintor- disse ela, sorrindo para ele como se tivesse encontrado uma pequena fortuna em dobrões de ouro na lata. Cale não tinha nem idéia de quanto era o custo do pintor, mas tinha certeza de que não havia custado tanto dinheiro. Ele suspeitava que ela estava feliz por ter ao menos uma mudança de sorte, algo que não tinha que deixar acontecer e bancar o gasto. Ela lhe deu a razão neste pensamento ao dizer, -Talvez isto seja um sinal de que minha sorte está mudando. É possível que você seja meu amuleto de boa sorte, Cale. Obrigada. -O prazer é todo meu- assegurou Cale, colocando a tampa da lata. Endireitando-se, disse, -Vou me encarregar disto pela manhã, pode ser? Alex sorriu com ironia. -Valeria a pena te contratar para não ter que lutar com o
gerente da loja outra vez.
-Então me contrate- disse ele. Quando ela hesitou, ele adicionou, -Pode voltar a cozinhar e deixar de se preocupar com tudo isso. -É como o diabo sussurrando em meu ouvido com a tentação- disse ela com regozijo.
-Bom. Contrate-me- repetiu com firmeza.
Alex hesitou. Finalmente, franziu o cenho e sacudiu a cabeça. -É da França.
As sobrancelhas de Cale se elevaram. -Isso é um problema?
-Bom, só para o governo- disse secamente. -Não terá número do SIN (Número de Seguro Social – Em inglês 'sin' é pecado). -Um número de pecado?-perguntou com confusão.
-Um número de seguro social- explicou ela. Eles o chamam número de seguro social nos Estados Unidos. Não tenho certeza de como o chamam na França, mas não se pode trabalhar no Canadá sem um cartão SIN... ou ao menos um visto de trabalho ou algo parecido. -Tenho um Número de Seguro Social- mintiu ele. Dispor de documentos para os imortais que desejavam se mudar para o Canadá era uma das coisas que suas empresas faziam. -Como pode ter um Número de Seguro Social se é da França? -disse ela confusa.
-Tenho dupla nacionalidade- disse Cale com suavidade, pensando que teria que ligar
para seu escritório e para seu assistente, para que fizesse os acertos para que um cartão SIN fosse enviado. Ao perceber que ela o olhava fixamente com os olhos abertos, adicionou, -Uma boa partede minha família vive aquí. É por isso que vim para cá. Ela inclinou a cabeça, -É da família de Mortimer?
-Não. Ele trabalha para meu tio, acredito eu- disse Cale, e pareceu confundir-se ainda mais. -Como é que trabalhar para seu tío? Mortimer, Bricker e Decker estão em uma banda.
Cale ficou tenso. Ninguém lhe havia dito que Alex pensava que os homens estavam em uma banda. Sorrindo um pouco rígido, disse, -Trabalho é possivelmente o termo equivocado, mas meu tio dirige os livros de... er... concertos e espectáculos.Vão onde ele os envia. -Ah, quer dizer que é seu agente ou empresário ou o que seja- disse Alex assentindo com a cabeça. -Sim, é isso. É seu empresário- murmurou Cale, indo para o outro lado do salão. Pegou seu rolo de pintura, e então percebeu que tinha terminado de pintar a área onde a escada lhe permitia alcançar, levou um momento para mover a escada por ela. -Obrigada- disse Alex quando começou a subir de novo por ela.
-'De rien'- murmurou Cale, perguntando-se como Lucian se sentiria a respeito de sua nova atribuição. -Então está visitando sua família aqui- comentou Alex quando voltou a trabalhar, e
depois soltou uma breve risada. -Me alegro de ouvir isso. Pensei que talvez não fosse muito brilhante, vir de férias aqui durante a temporada mais fria. Cale esboçou um sorriso, e disse, -Tenho certeza de que há muito para fazer aqui no inverno. -OH sim- ela concordou com a diversão. -Esqui, motos de neve, ou em casa aquecido pelo calor do fogo até que o frio passe. Minha tendência é preferir o segundo. -Você não gosta de esquiar?-perguntou, querendo saber a respeito do que ela fazia para se divertir, ou até emsmo se chegava a tirar um tempo para fazer algo divertido. Ele suspeita que Alex era uma viciada em trabalho. As pessoas bem-sucedidas em geral eram. -Nunca fui- admitiu Alex com um encolhimento de ombros. Sempre quis experimentar, mas na verdade nunca tive a oportunidade ou o tempo ... os sons das motos de neve podem ser divertidos também, mas nunca tentei isso. Cale estava pensando que talvez devesse organizar uma excursão com ela para experimentar ambas as atividades, quando disse, -Sinto muito você ter que trabalhar esta noite quando está aqui para visitar a família. -Não, absolutamente- disse ele. -Estaria sentado em meu hotel esta noite, de todos os modos. Não era verdade. Cale provavelmente teria sido convidado para se reunir com Marguerite e Lucian, ou o mais provavelmente com Sam e Mortimer, tentando averiguar uma maneira diferente de como se aproximar de Alex. Com efeito, sua má sorte na verdade tinha sido sua boa sorte... embora ele não soubesse cozinhar. -Duvido que tivesse estado sentado em um hotel- disse Alex. -Sua família provavelmente está ansiosa por vê-lo e... fez uma pausa, deixou de pintar e franziu o
cenho para ele. -Trabalhar para mim seria evitar vê-los?
-Todos estavam trabalhando- disse rapidamente. -O trabalho poderia encher meu tempo enquanto não estavam disponíveis. -OH, sim, não tinha pensado nisso- disse, mas sua mão tinha desacelerado e olhou para baixo para perguntar, -Fica em um hotel em vez de com sua família? Cale se pôs-se a rir ante a pergunta. -Tive várias ofertas para ficar com familiares, mas como a maioria acaba de se casar, pensei que poderiam em realidade não agradecer minha intromissão. -A maioria acaba de se casar?-Alex o olhou bruscamente. -Não estará relacionado com a família de que Sam sempre está falando, não é? Os Argeneaus? Eles tiveram umas bodas múltiplas muito grandes em Nova Iorque a semana passada. Cale assentiu com a cabeça. -Voei a Nova Iorque para as bodas, fiquei na cidade durante vários dias para fazer negócios e ver um espetáculo da Broadway ou dois, e depois voei até aqui. -Quando voltará para casa? -perguntou ela.
Cale fez uma pausa. Não tinha estabelecido de fato uma data. Tinha deixado sua data de volta em aberto, porque não tinha certeza de quanto tempo desejaria ficar. Queria procurar oportunidades de negócios aqui durante seu visita. Não tinha esperado aceitar um trabalho em tão pouco tempo, mas estava feliz de ir com o que o destino lhe oferecia na atualidade, se isso lhe permitia a oportunidade de ganhar Alex. A pergunta era, quanto tempo ele levaria? Franziu o cenho e esfregou o estômago ausente quando tentou pensar nisso. Sabia
que os mortais esperavam um noivado. Mas quanto tempo levaria? Uma semana? Duas semanas? Meses? -Dois meses- respondeu ele, só para garantir.
-Pode ficar tanto tempo longe de seus negócios?-perguntou Alex com surpresa.
-Os bons chefes entendem que trabalhar até o esgotamento não faz nenhum bem a ninguém- disse de maneira significativa, olhando a seu relógio. Quando Alex fez uma careta ante a reprimenda suave, acrescentou, -Tenho bons empregados que trabalham para mim, e confio neles para dirigir os assuntos do dia a dia. Devem me consultar se surgir algo importante, mas de resto, provavelmente nem sequer vão sentir saudades minhas. -Uh- murmurou Alex. -Deve ser agradável.
-Há boas pessoas que trabalham para você- disse Cale em voz baixa. -Suspeito que Peter não seja uma delas, mas Bev é uma jóia, e Bobby e Rebecca parecem bastante competentes. -São mesmo- concordou ela. -Bev foi uma surpresa. Tinha o trabalho de Bobby antes, e sempre soube que era boa, mas chegou a Sous-Chef posicionando-se da melhor maneira, como sempre esteve fazendo. E eu considerei sua promoção a chef de cozinha e procurar em substituto para seu posto. -Por que não fez isso?-perguntou Cale.
Alex hesitou, e depois admitiu com ironia, -Porque estou esperando voltar para a posição de chef de cozinha com o tempo e me sinto mal a respeito de rebaixá-la quando o fizer.
-Ah- disse Cale com compreensão. Esfregando o estômago, parou para olhar seu trabalho. Terminou com a porção inferior da parede até o final e estava preparado para começar na parede do lado. Alex estava um pouco mais atrás, mas isso era algo bom. Ele poderia começar a trabalhar na parede do lado e estar fora do caminho de sua escada no momento em que ela chegasse alí. Mudou sua bandeja para começar. -Então, quem iniciou você na cozinha?-perguntou Cale, quando voltou a trabalhar.
Alex esboçou um sorriso e admitiu, -Acredite ou não, foi meu avô.
-Sério?-perguntou com interesse e olhou a seu redor para ver sua cabeça.
-Ele era cozinheiro no exército quando jovem, e depois foi um cozinheiro de linha quando voltou. Ele gostava de cozinhar e me infectou com isso. Ela fez uma pausa para molhar seu rolo de pintura na tinta e depois disse, -Era meu melhor amigo. Cale levantou uma sobrancelha. -Seu avô?
-Sim. Alex se pôs-se a rir ao ver sua expressão, e depois encolheu de ombros. -Minha família se mudou durante todos os anos até que completei dez anos. Foi difícil fazer e manter amigos. -Por que sua família se mudava tanto?
Alex soprou seu fôlego, mas disse, -Meu pai era mecânico e queria sua própria oficina e também era útil em casa, e minha mãe era secretária com um bom olho para o desenho de interiores que apoiou seu sonho. No ano em que nasci, ele comprou uma casa muito velha, passou um ano obcecado com reformá-la, e depois a vendeu e comprou outra. Fizeram isso todos os anos até que completei dez anos, quando por
fim teve dinheiro suficiente para montar a oficina de papai.
-Aí foi quando meu avô, o pai de minha mãe, mudou-se para morar com mamãe e papai, trabalhando longas horas para levar adiante a oficina, ele tinha acabado de se aposentar. Sua saúde não era muito boa, por isso se mudou para ajudá-los com suas filhas. Tenho duas irmãs mais novas- fez uma pausa para explicar. -Sam, a quem já conheceu, e Jo, a caçula da família, que está viajando pela Europa com seu esposo. De todos os modos, os anos que meu avô viveu conosco foram os melhores de minha vida- disse com um sorriso afetuoso. -Todos os dias depois da escola eu voltava para casa para encontrá-lo assobiando enquanto punha bolachas ou alguma outra guloseima no forno e dizia, -Façam sua tarefa, garotas, e poderão comer uma ... Mas um só cada una. Não queremos estragar seu apetite para o jantar. Ela se pôs a rir. -Estávamos acostumadas a fazer nossa tarefa em um tempo recorde, e então ele nos trazia as guloseimas e se sentava conosco na mesa, e todos nós comíamos uma com um copo de leite enquanto contávamos a ele sobre nosso dia. Na maioria das vezes, depois de comermos as guloseimas, ele nos mandava para ver televisão enquanto começava a fazer o jantar, mas eu gostava de deixar Jo e Sam vendo desenhos animados e ia até a cozinha para incomodar meu avô. Perguntava o que estava fazendo, e por que estava colocando isto ou aquilo, e ele me explicava isso pacientemente, e me dava uma pequena tarefa para fazer. No momento em que comecei a escola secundária, ele me deixou fazer tarefas maiores e até mesmo deixar que cozinhasse enquanto ele me ajudava. Eu gostei da cozinha, e depois, quando me graduei na escola secundária, decidi me formar como chef. -Seu avô deve ter ficado orgulhoso- disse Cale, e franziu o cenho quando viu a tristeza dominar sua face. -Temo que nunca saberei. Ele morreu de um ataque do coração no final de meu último ano na escola secundária. -Sinto muito- disse Cale em silêncio, com ar ausente esfregando uma mão sobre o
estômago.
-Eu também. Seu tom era solene. -Era um homem maravilhoso.
-E quanto a seus outros avós?-perguntou Cale.
-OH. Suspirou Alex. -Os pais de meu pai morreram antes de que eu nascesse, e a mãe de minha mãe, a esposa de meu avô, morreu de câncer cerebral quando eu era pequena. Nem sequer me lembro dela. Meu avô se lembrava. -Bom, tenho certeza de que teria se orgulhado em saber que se tornou uma chef.
-Tiria sido genial para ele- disse com um sorriso. -Ainda mais que me formei em Paris. Ele sempre me dizia que Paris produzia os melhores chefs do mundo. Teria ficado impressionado porque me formei lá. -Formou-te em Paris?- Cale parou de pintar com a notícia de que ela tinha estado tão perto geograficamente, há tantos anos. Se não fosse pelo destino, poderia tê-la conhecido nesta época. -Nada exceto Paris serviria- assegurou-lhe em uma risada irônica. -Estava decidida a ser a melhor cozinheira do mundo. -Gostou de Paris?- perguntou ele, e se perguntou se ela gostaria de sua casa.
-Eu adorei- assegurou Alex. -Os aromas, as paisagens, observar às pessoas... É o único lugar que conheço onde absolutamente todo mundo parece estar perambulando com baguettes na mão. Ela sorriu e admitiu. -Quase lamentei voltar para casa quando terminei meu curso.
-Mas voltou- disse quando ela ficou em silêncio.
-OH, sim. Consegui um trabalho como cozinheira de linha em um bom restaurante, e depois abri meu caminho até Sous-chef, mas meu sonho era ser chef de cozinha. Provavelmente levaria quatro ou cinco anos para encontrar esse posto em qualquer lugar se não tivesse aberto a La Bonne Sex. -Ganhou dinheiro da mesma forma que seus pais?Reformando casas?
-Não. Não sou tão hábil como meu pai, nem tenho um olho tão bom como minha mãe- disse. -Comecei a La Bonne Sex com minha parte da herança, quando meus pais morreram em um acidente de carro. -Sinto muito, mas tenho certeza que ficariam contentes com seu sucesso. Está indo tão bem que vai abrir o segundo- elogiou Cale. -Sim, se não for à falência antes de abrir esta noite- disse Alex secamente. Olhou para baixo e de repente perguntou, -Você está bem? A pergunta e seu tom de preocupação na voz fizeram com que Cale olhasse para cima para ver seu apoio na escada. -Jesus, parece horrível- murmurou ela, parando junto a ele. -Esteve esfregando o estômago de forma intermitente durante algum tempo, e pensei que algo poderia estar errado, mas está pálido como a morte, Cale. Olhou para baixo para ver que estava de fato esfregando o estômago. Também estava consciente da sensação de preocupação que o roía. Precisava se alimentar, Cale percebeu com tristeza. Não havia se alimentado desde... bom, na verdade só tinha tomado uma bolsa na casa dos executores nas últimas quarenta e oito horas.
Cale tinha se entretido inesperadamente com alguns primos em seu hotel em Nova York na semana passada e se esgotou mais do que tinha planejado durante sua estadia. -Ficou sem sangue no dia anterior, mas tinha decidido que em vez de pedir mais, poderia aguentar até que chegasse ao hotel em Toronto, onde uma entrega de sangue devia estar esperando. Infelizmente, Cale ainda não tinha ido ao hotel. Havia recebido uma mensagem de Marguerite lhe pedindo que fosse vê-la assim que tivesse aterrissado e se dirigiu diretamente a sua casa depois de pegar seu carro de aluguel. No final acabou sendo uma espécie de emboscada. Havia chegado para encontrar Marguerite, seu marido Julius, Lucian e Leigh o esperando. Cale nem sequer tinha atravessado a porta quando Marguerite começou a falar a respeito de sua certeza de que Alex era a escolhida. Escutou o que ela disse, reparando na cara solene de Lucian e seus braços cruzados a todo momento, e soube instintivamente que Lucian estava ali para respaldar Marguerite e que ficaria em seu pé até que concordasse em conhecer essa mulher. Sendo este o caso, na primera oportunidade que teve para falar, Cale concordou em ir até a casa dos executores e se encontrar com a mulher. Suspeitava que tinha surpreendido a todos ao aceitar tão facilmente, mas no momento em que pôde, Marguerite insistiu que ele deveria ir imediatamente também. Lucian então falou, lhe dando um rápido resumo sobre as pessoas que viviam ali. Em seguida, tinha lhe dado o endereço antes de enviá-lo até a casa dos executores, onde tinha conseguido tomar uma bolsa de sangue antes de ser leavado para o restaurante. Essa bolsa não tinha sido suficiente, percebeu quando Alex levantou uma mão para tocar sua testa. A sensação que roía o intestino de Cale imediatamente se intensificou
em resposta a seu cheiro. Definitivamente precisava se alimentar, pensou, e não se deu conta de que havia dito em voz alta até que Alex franziu o cenho e disse, Acabamos de comer. -Foi um hamburguer muito pequeno- murmurou e se afastou, aparentemente para deixar o rolo de pintura, mas na verdade para se afastar de Alex e do sangue que podia cheirar no pulso debaixo de sua pele. -Sim, foi- disse quase se desculpando. Sempre compro hamburgueres pequenos em vez de um hamburguer adequado. São essas cebolas reconstituidas. Realmente gosto delas. Ainda assim, … -É a única coisa que comi durante todo o dia- interrompeu-lhe enquanto se endireitava. Suas sobrancelhas voaram, e ela se moveu de repente. -Está bem. É hora de ir.
-Não tem que vir comigo- disse Cale com alarme quando ela agarrou a bolsa e o casaco. Alex se encolheu de ombros com o casaco posto. -Há quanto tempo chegou em Toronto? -Hoje- admitiu com confusão.
-É o que pensei. Então não sabe onde fica a loja de comida vinte e quatro horas mais próxima. Eu sim. -Sim, mas posso encontrar o caminho de volta para esse restaurante que visitamos antes- assegurou Cale, pensando que seria uma viagem rápida ao hotel, deixaria sua
mala, tomaria uma ou duas bolsas de sangue, e iria ao drive-thru do restaurante no caminho de volta. Tinha gostado da comida e não se importaria em desfrutar mais dela. -De maneira nenhuma- disse Alex com firmeza. -Não há absolutamente nenhum valor nutritivo nessas coisas, e não comeu nada durante todo o dia. Vamos até a loja e pegaremos os ingredientes para um picnic saudável e agradável. -Mas pensei em ir até meu hotel no caminho de volta para deixar minha bagagem disse com desespero. Alex se virou para lhe olhar com os olhos muito abertos. -Nem sequer se registrou no hotel? -Não. Temo que não. Fui diretamente à casa de minha tia quando saí do aeroporto, e depois er... para a casa de Mortimer, e então terminei em seu restaurante e agora estou aqui- concluiu. -OH, bom, terá que ir diretamente ao hotel primeiro e então, teremos que nos mover, conseguir seu quarto...disse preocupada, e saiu correndo do salão. -Certo- murmurou Cale cansado, recolhendo e encolhendo de ombros em sua própria jaqueta. Isto complicava as coisas.
Capítulo 6
-Isto está bem. Nunca estive neste hotel, mas os quartos são ótimos.
Cale olhou a seu redor enquanto seguia Alex para seu quarto de hotel. Tinham passado vinte anos desde que se hospedou neste hotel. Era propriedade de um imortal que assegurou que as janelas tinham cortinas e os armários tinham suportes especiais para as caixas térmicas especiais de viagem. Com esse pensamento, Cale fez uma pausa para abrir a porta de vidro para ver se seu sangue tinha sido entregue. O armário estava vazio. -O que foi?-perguntou Alex a seu lado.
Cale deixou de franzir o cenho. -Nada. Estava pensando se deveria me trocar ou não.
Ela o olhou de cima até embaixo. -Bom, suponho que depende de se está planejando ajudar a terminar a pintura ou não... quero dizer, não que se...
-Ajudarei-interrompeu quando começou a balbuciar.
-Obrigada- disse Alex brandamente e depois esclareceu a garganta. -Então provavelmente deveria se trocar. Parece que conseguiu evitar de manchar a roupa, mas eu não gostaria que forçasse a sorte. Ela olhou ao redor e disse, -Tenho que ir ao banheiro. Poderia se trocar, enquanto eu... parou de repente e franziu o cenho. -Ou será que quer tomar um banho? -Por que? Estou cheirando mal?-perguntou Cale com diversão quando viu como ficava ruborizada. -Não, é obvio que não. Só pensei, bom, sempre me sinto melhor tomando banho depois de um vôo já que se passa algumas horas de calor. -Estou bem. Uma ducha só atrasaria minha comida. Vou tomar banho depois de
terminar de pintar. Enquanto você vai ao banheiro, eu me trocarei.
Alex assentiu com a cabeça e foi para o banheiro. -Levarei um tempo.
Cale colocou sua mala com rodas sobre a cama, abriu-a e revolveu o conteúdo em busca de uma camisa casual e uns jeans. Em seguida, tirou rapidamente sua roupa e começou a se vestir. Colocou o jeans e pegou a camisa marrom de manga comprida que havia tirado da mala, quando alguém bateu na porta. Pegou a camisa, atravessou o quarto para atender a porta e soltou um suspiro de alívio quando viu que o homem que estava na porta trazia uma caixa térmica grande na mão. -Entre- disse e olhou para a porta do banheiro fechada, quando deixou o homem entrar. -Onde quer que coloque isto?-perguntou o entregador, entrando no quarto.
-Aqui. Cale abriu a porta do armário.
-Configuração nova- disse o homem quando parou junto a Cale e olhou a tomada do armário na parede traseira. Conectou a geladeira e lhe explicou, -Este é o modelo mais recente. Portátil. Pode conectá-la a seu acendedor de cigarros no carro se tiver que sair de viagem. -Muito bem, obrigado- disse Cale enquanto o homem saia. Em seguida, foi imediatamente para a geladeira, abriu a tampa e deu uma olhada nas bolsas de sangue vermelho escuro no interior. Isso foi suficiente para que as presas começassem a sair, pegou uma das bolsas e a perfurou com as presas, então o líquido começou a ser absorvido pelas pontas afiadas como facas e por seu corpo. Cale duvidou depois de terminar a primeira bolsa se teria tempo para tomar outra, já
que sua dor de estômago quase não se acalmou. Quando tinha quase esvaziado a bolsa, a porta do banheiro começou a se abrir. -Toc toc. Vou sair. Está decente?-disse Alex sorrindo e Cale reagiu com toda desenvoltura que se poderia esperar de um homem de sua idade. Tropeçou e se meteu dentro do armário fechando a porta com pânico. -Cale?-ouviu dizer Alex com incerteza no quarto. -Onde está?
Amaldiçoando em silêncio, Cale ficou de pé no armário e amaldiçoou em voz alta quando sua cabeça se chocou contra o suporte de camisas do armário. -Cale?
A voz nervosa de Alex estava cada vez mais perto. Ela tinha ouvido o golpe e estava se aproximando para investigar, percebeu com alarme e imediatamente rasgou a bolsa meio cheia com os dentes. Grande engano, percebeu quando o sangue lhe salpicou o rosto e o peito. Amaldiçoando uma vez mais, colocou a bolsa no refrigerador, fechou a tampa e então rapidamente secou o rosto com sua camisa marrom. Assim que tinha começado a secar o peito, a porta do armário começou a se abrir. Cale instintivamente levantou a camisa diante de seu peito para ocultar qualquer resto do sangue. -Que diabos está fazendo no armário?
-Estava me vestindo ainda, espetou Cale.
-OH- disse Alex desconcertada, seu olhar se deslizou sobre a camisa que mantinha à defensiva e depois para seu jeans. Ela obviamente estava um pouco perplexa ao
observar que estava atuando como uma virgem vitoriana quando só lhe faltava colocar a camisa. Ela se afastou. -Bom, vou te dar mais um minuto mais. Cale suspirou enquanto ela se afastava, rapidamente limpou o sangue que ficou em seu peito, e não saiu do armário até que escutou a porta do banheiro se fechando novamente. Cale levou um momento para se olhar no espelho da porta do armário, sentiu-se aliviado ao ver que tinha limpado todo o sangue. Então jogou a camisa no armário, na parte superior da geladeira, e se apressou em pegar uma nova em sua mala, desta vez uma camiseta verde. Quando a pôs disse, -Pode sair. -Tem certeza?-disse Alex através da porta. Não quero dar uma olhada em seu peito nu. Poderia não ser capaz de me conter. -Já eu gostaria- murmurou Cale, fazendo uma careta com diversão. Sacudindo a cabeça, aproximou-se e abriu a porta do banheiro, depois se moveu para o lado e estendeu o braço em um gesto para que ela saísse. -Estou pronto. Alex sorriu e depois passou a seu lado, murmurando, -Parabéns por sua valentia.
-Valentia?-perguntou confuso.
-Hmm. Ela se dirigiu à porta do quarto, balançando sua bolsa enquanto caminhava alegremente. -Muitos homens têm dificuldades para sair do armário. Cale estava seguro de que ela estava brincando com ele, mas não entendeu a piada. Sacudindo a cabeça, agarrou seu casaco da cama e a seguiu para fora do quarto. Ir às compras foi uma experiência incrivelmente interessante para Cale. Os alimentos
tinham mudado bastante desde a última vez em que tinha comido. Em vez de ter que caçar, matar, limpar e cozinhar a própria comida, agora se podia comprar tudo já preparado ou cozido, até mesmo pronto para comer. Não esteve totalmente desatualizado do mundo, mas nunca tinha entrado em um supermercado. Era muito interessante pesar nas balanças, perder tempo nos corredores e jogar no carrinho quase tudo o que via. -Meu Deus- disse Alex com exasperação, segurando-o pelo braço para levá-lo para fora da seção de confeitaria. -As pessoas poderiam pensar que nunca foi às compras. -Eu não fui- murmurou sem pensar. Quando ela se voltou para ele bruscamente, apressou-se em acrescentar, -Não em um supermercado na América do Norte. -OH, está bem- disse relaxada. -Suponho que tudo aqui é diferente ao que está acostumado, diferentes marca, embalagens diversas, etc. -Oui-murmurou Cale, olhando a mesa de delicatesses (iguarias finas, petiscos, guloseimas, doces ou salgados), quando ela o conduziu para passar. Havia aromas
deliciosos. -Acredito que isso é tudo- murmurou Alex, guardando no carro vários pacotes de carne e queijo em fatias. -Vamos, temos que ir. Assentindo com a cabeça, Cale empurrou o carrinho para detrás dela. Sua mente estava no problema de conseguir que ela aceitasse que ele fosse seu gerente em vez de seu chef. Além do fato de que a faria mais feliz cozinhar que administrar, sem dúvida seria melhor para ele, e ela parecia estar resistindo à idéia. Pelo menos, ainda não tinha aceito a proposta. O toque de seu telefone o distraiu ao chegar ao caixa e Cale olhou o telefone com o cenho franzido. Reconheceu o número de Lucian, hesitou, olhou o telefone e depois
para Alex enquanto colocava a compra no caixa.
-Vá em frente e atenda, posso lidar com isso-disse Alex em voz baixa. A esta hora pode ser alguém na França para te perguntar sobre algum problema de negócio. Cale não a corrigiu, mas assentiu com a cabeça e atendeu o telefone, afastando-se do caixa quando Lucian grunhiu, -Bricker disse que foi ao restaurante para ver Alex. O que aconteceu? Cale sorriu com ironia pela saudação. Lucian não era conhecido por dizer 'Olá' Ou 'Como está'. -Estamos no supermercado, comprando comida. Fez uma pausa para olhar para trás para ver Alex. Lucian grunhiu com essa notícia. -Marguerite está tentando encontrar um chef para substituir você, mas não teve sorte até agora. Leigh e Marguerite renunciaram a sua noite no cinema para te ajudar. Isso não voltará a acontecer. Não vou permitir, assim se conhecer um cozinheiro que possa ajudar, fale agora, ou vamos ter um curso intensivo de cozinha amanhã de noite. Cale suspirou, agora entendia a razão da ligação. Lucian estava zangado porque Leigh teria que trabalhar. Na verdade não o culpava. Leigh estava grávida, e como tinha perdido o último filho, Lucian era muito protetor com ela. O imortal só tinha perdido um filho, e tinha sido um defeito genético estranho. -Não vai ser necessário um chef- disse Cale e depois explicou rapidamente com a esperança de que Alex fosse a chef. -Qual é o problema então?-perguntou Lucian bruscamente.
-Ela tem que aceitar a oferta.
-É um bom homem de negócios.
Cale tirou o telefone de sua orelha para olhar de novo o número só para ter certeza que era seu tio. Nunca tinha escutado o homem fazer elogios. Leigh tinha tido um efeito benéfico sobre o homem. Pôs o telefone na orelha, e disse, -Ela resiste. Acho que depois dos problemas que teve com o diretor do projeto, tem medo de confiar em outra pessoa. Lucian grunhiu, permaneceu em silêncio durante um minuto e depois anunciou, Mandarei Bricker se encontrar com você no novo restaurante e te ajudará a convencêla. Cale suspirou ante a sugestão, sabendo o que Lucian queria dizer com utilizar Bricker para controlar a mente de Alex. A idéia era tentadora. Sem dúvida alguma, facilitaria as coisas, mas não gostava da idéia de que ela tomasse a decisão dessa forma.
-Não tenho certeza que seja uma boa idéia. É seu negócio,Tio. Ela...
-Ela não é consciente de todos os fatos- interrompeu Lucian. E você pode contar a ela. Ela não pode tomar uma decisão adequada com apenas a metade dos fatos, então trate de fazê-lo. -Mas...
-Ela é sua companheira de vida- disse Lucian sombrio. Conquiste-a e a convença a assumir esse papel, então ela será feliz, Sam e Jo também serão felizes e por sua vez meus executores também serão felizes. Bricker está a caminho.
O anúncio foi seguido de um 'clik' e depois o telefone ficou mudo. Lucian tinha desligado. Murmurando entre dentes, Cale colocou o telefone no bolso e voltou a cabeça para trás para ver Alex pagando a compra. -Sou eu quem tem fome- disse com firmeza quando protestou por não permitir a ela pagar a compra. Alex hesitou, mas depois assentiu com a cabeça solene e não discutiu. -Está bem? Perguntou-lhe momentos depois, quando se dirigiam ao restaurante. Parece nervoso. Cale com um sorriso forçado disse, -Só tenho fome. Mas a verdade é que estava inquieto pela chegada de Bricker para controlar a mente de Alex. Uma parte dele estava irritado pelas táticas sujas de seu tio. O homem realmente não tinha que se meter em sua relação. Não em algo tão insignificante para que fosse de sua incumbência, mas não deixaria de lado a orientação de Lucian. Sem dúvida, simplificaria as coisas. Desta forma, Alex seria feliz, poderia estar perto dela e cortejá-la.
-É Justin? -perguntou Alex, quando estacionaram o carro.
-Sim- murmurou Cale, quando viu Bricker sentado em seu carro.
-O que será que está fazendo aqui- disse Alex com o cenho franzido. -Espero que não haja algum problema com o Sam.
-Ele está aqui para ajudar a pintar- disse Cale para que não se preocupasse. Em seguida, decidiu que subornaria o homem para que ajudasse e assim não seria uma mentira completa.
Uma batida na porta despertou Alex. Bocejando, ela abriu os olhos, sentou-se na cama e olhou ao redor com confusão, lentamente compreendeu que acordou. Quando os golpes foram ouvidos de novo, ela retirou os lençóis e se apressou para ficar em pé, quase tropeçou em seus próprios pés e tropeçou com a porta de seu quarto. Conseguiu abrir a porta principal sem quebrar o pescoço. O jovem no alpendre se surpreendeu ao vê-la, e ela sorriu insegura quando ele viu seu pijama de flanela com figuras de pandas e disse, -Sra. Willan? Alexandra Willan? Alex assentiu com a cabeça e então ficou parada, cobrindo um pé com o outro pé devido ao frio. -Aqui estão as chaves- disse o homem, levantando uma mão.
-Minhas chaves?- disse Alex com a confusão.
-Sim, senhora. Seu carro está arrumado. O problema foi que a conexão da bateria se soltou de alguma forma. Está tudo bem agora. Pode assinar aqui que recebeu o carro? -OH, sim, é claro. Alex agarrou a caneta e a prancheta que lhe oferecia e assinou onde estava assinalado. À medida em que lhe devolveu a prancheta de novo, olhou para seu veículo estacionado. Parecia que o tinham limpado. As manchas se foram. Alex negou com a cabeça ligeiramente. Tinha deixado as chaves ontem à noite com
Cale. Ele tinha prometido que alguém arrumaria seu carro. Ao que parece, fez o que tinha prometido. -Tenha um bom dia.
Alex olhou o jovem ao ver que descia de seu alpendre. Com o cenho franzido, ela trocou os pés para esquentar o outro pé e lhe perguntou, - E a conta? -OH, senhora, falei com o Sr. Argeneau. Em alguns dias a receberá. Disse por cima do ombro enquanto ia para um caminhão estacionado próximo à calçada. -Obrigada!-disse Alex enquanto ele entrava no veículo. Ele assentiu com a cabeça outra vez e acenou enquanto fechava a porta. Alex imediatamente fechou a porta, muito contente pelas notícias. Como era de esperar no fim de fevereiro, fazia frio, mas também havia muito vento, por isso parecia que fazia ainda mais frio. Tiritando de frio, dirigiu-se ao andar de acima, pensando que tinha que tomar um banho e se vestir para verificar o novo restaurante. De algum jeito na noite anterior tinha aceito a oferta de Cale no posto de gerente, deixando a cozinha. Alex tinha decidido isso de todos os modos, mas não lembrava de que maneira. Então se deixou convencer a lhe dar as chaves do novo restaurante, assim como as de seu carro, e se encontrou indo para casa e deixando os dois homens com o assunto da pintura. Alex não tinha certeza de como tinha acontecido. -Devo estar seriamente esgotada- murmurou conun movimento de cabeça enquanto atravessava o quarto até o banheiro. Era a única explicação que lhe podia ocorrer. Alex não era das que evitavam um trabalho e ia para cama deixando que outros o fizessem.
Sentiu o ar frio quando abriu a porta da ducha, mas Alex sabia que não estaria completamente acordada até que tomasse um café. Entretanto, não queria gastar seu tempo preparando café, então decidiu que compraria dois cafés no Tim Hortons a caminho do restaurante, decidiu isso enquanto lavava e enxaguava o cabelo; um para ela e outro para Cale, de algum modo a convenceu de que devia trabalhar hoje no restaurante e esperar a entrega dos móveis. Nunca deveria ter aceito, pensou Alex irritada quando saiu da ducha. As possibilidades eram um pouco preocupantes e Alex decidiu que ia pegar um sanduíche para tomar o café da manhã e assim manter sua força, enquanto ia para o quarto. Já era final da tarde. Caramba, Cale provavelmente já teria recebido as mesas e as cadeiras e se dirigido a seu hotel. Entretanto, queria comer. Depois de tudo, Cale ainda estava no restaurante quando Alex chegou. Pelo menos seu carro estava, pensou ela. Como não queria que a comida esfriasse, estacionou o mais perto que pôde da entrada, sem dúvida ficaria feliz com o final do inverno, pensou Alex enquanto deixava o café e os alimentos sobre a mesa de sua preciosa e nova cozinha e correu para o salão do restaurante. Um suspiro se deslizou de seus lábios quando entrou no local. A pintura estava terminada, as paredes tinham um ambiente quente, branco com uma faixa vermelha na parte superior. Esboçou um sorriso ao recordar como tinha explicado a eles o que queria e sua frustração porque sabia que não estava descrevendo adequadamente. Bricker tinha insistido que entendia, então ela se sentiu relaxada e acreditou. Não tinha se enganado. Enquanto Cale tinha parecido distraído, Bricker tinha entendido exatamente o que ela queria. Estava exatamente como ela tinha imaginado. Olhou as mesas e as cadeiras e um calafrio de prazer se deslizou através dela. Eles tinham deixado tudo absolutamente perfeito. Sua sorte estava melhorando pensou
Alex enquanto caminhava entre as mesas, as tocando ligeiramente com os dedos. Tudo estava bem. As coisas estavam tomando forma. -Espero que você goste.
Alex se voltou para ver Cale na porta entre a cozinha e o salão. Lhe sorriu, um sorriso tão amplo que quase lhe doeu. -Graças a você- disse e depois passou junto a ele para entrar na cozinha. -Não posso acreditar que esteja aqui- disse enquanto se aproximava dos cafés e da sacola de comida. -Mas o caso é que te trouxe uma desculpa. -Desculpa? -perguntou e ela pôde escutar a surpresa em sua voz.
-Sim. Virou-se com um café na mão. -Sinto muito ter te pedido que fizesse a pintura e esperasse a entrega dos móveis. Eu não deveria ter feito isso. -Fui voluntário- recordou, movendo-se para frente quando ela estendeu o café.
-Sim, bom, me disseram que não- anunciou Alex, enquanto tomava o café. Voltou-se para pegar o sanduíche com bacon, alface e tomate e depois o ofereceu dizendo, Deve estar esgotado. -Na verdade estou bem- disse, agarrando o sanduíche. Deve ser fuso horário. Meu relógio interno provavelmente deve estar desregulado. -Hmm-disse Alex duvidosa, achava difícil acreditar que não estivesse cansado.
-Vamos nos sentar no salão?-sugeriu.
Sorrindo ante a idéia, Alex pegou seu café e um sanduíche e o seguiu até uma das mesas que estava perto da porta da cozinha. -Deduzo que seu carro já está arrumado?-perguntou Cale com seu sanduíche.
-Sim. Obrigada.
-Levaram-no na primeira hora?
-Sim, na primeira hora- reconheceu.
-Qual era o problema?
-Nada sério- assegurou Alex. -Acho que disseram que a conexão da bateria se soltou ou algo assim. Ela se encolheu de ombros. -Só isso? Um cabo solto? -perguntou.
Alex assentiu com a cabeça, incapaz de responder verbalmente com a boca cheia do sanduíche quente neste momento. Ambos ficaram em silêncio durante vários minutos para se concentrar na comida. -Deveria ter comprado mais cafés- disse com um suspiro enquanto colocava o pacote de seu sanduíche no copo de café vazio. -Há café recém feito no escritório- anunciou Cale quando ela colocou a tampa no copo, olhou-o com surpresa. -Bricker é viciado nessas coisas. Ele insistiu em parar para conseguir uma cafeteira e copos.
-Onde encontraram uma loja que vendesse cafeteiras a essa hora?-perguntou Alex com surpresa. -A loja onde compramos os ingredientes do picnic- respondeu ele, recolhendo seu próprio pacote vazio e o copo de café. -Tem alguns pequenos eletrodomésticos, livros e outras coisas. -OH, sim, tinha-me esquecido disso- admitiu quando o seguiu passando pela cozinha até seu escritório. -Estou acostumada à loja de meu bairro que só tem comida. Cale assentiu com a cabeça enquanto pegava seu copo e se aproximava do cesto de lixo debaixo da mesa. Fez um gesto por cima do ombro a seu passo. -Tinha colocado isto no canto. Não havia nenhuma mesa, então coloquei no chão.
Alex imediatamente foi para a cafeteira e os copos, ajoelhou-se para pegar um copo.
-Mmm, está fresquinho- murmurou, bebendo um gole e depois se endireitou para levá-lo até a mesa. -Liguei a cafeteira quando ouvi a porta de atrás- assegurou Cale aceitando o copo que lhe aproximou. Tomou um gole, soltando um suspiro de prazer, enquanto ia para a mesa. -Há cadeiras?- disse com surpresa, ao ver a cadeira atrás da mesa. Sua cadeira de escritório, percebeu ela ao reconhecer a escuridão do couro marrom que era o modelo que tinha pedido e lhe haviam dito que o envio demoraria seis semanas. -Notei que a cadeira ia demorar quando organizei os papéis, então liguei para eles e
fiz com que lhe trouxessem uma cadeira até que chegasse a outra. Não é muito fácil trabalhar sentado no chão. E concordaram? -perguntou com assombro.
-Sim, uma vez que lhes recordei que os móveis tinham que ter sido entregues na semana passada e que as demoras não eram uma boa publicidade para eles- disse com um sorriso diabólico. Quando propus que nos enviassem uma cadeira até que viesse a outra, o gerente cedeu com bastante facilidade. -Publicidade ruim?-perguntou com diversão.
Cale se encolheu de ombros. -Você ficaria cansada de sentar no chão. Além disso, poderia conseguir que isso fosse mencionado em uma reportagem com bastante facilidade se me dedicasse a isso. -Hmm- murmurou, olhando a cadeira com um suspiro de prazer. Parecia tão bem como tinha pensado que seria e quando a sua chegasse teria menos arranhões. -Resolvi a questão da tinta- anunciou Cale, movendo-se ao redor da mesa para começar a organizar os papéis. Viu uma fatura de tinta quando colocou o monte em sua frente. -Depois de que as mesas e as cadeiras chegaram, levei as latas de tinta até a loja, nas latas etiquetadas com Areia branca, mas que obviamente não eram. O gerente reconheceu que tinham misturado errado as tintas. Ele vai devolver o dinheiro da tinta e também o gasto com os pintores, pediu-me que repassasse a você suas desculpas. -Uau- murmurou Alex, olhando o recibo que lhe entregou. Tinha um monte de
garranchos incompreensíveis e o que parecia ser uma assinatura. Provavelmente, do gerente, supôs ela, depois olhou a Cale quando começou a ordenar os papéis. -Infelizmente, não pude fazer nada a respeito do tapete. Apesar de ser a cor incorreta. Entretanto, fui até a loja onde comprou os azulejos. Mostrei que o vendedor se confundiu e tive que esperar que conferissem as faturas. Também indiquei que a referência estava errada, embora a cor escrita ao lado dos números estivesse certa, e que teria sido essa a escolhida. Sugeri que um juiz provavelmente não estivesse de acordo com o acontecido. Fez uma pausa para sorrir e depois lhe entregou a fatura e disse, -Ele concordou em te reembolsar o valor dos azulejos. -Sério? Alex respirou quando a ameaça de quebra tinha retrocedido em sua mente. Querido Deus, com a devolução do dinheiro dos azulejos italianos muito caros, até havia dinheiro em suas economias de novo. Não muito, mas algo. -Como fez... -Com um pouco de persuasão e algumas ameaças- adicionou secamente Cale e depois lhe advertiu, -Ainda tem que arcar com ambas as instalações. O gerente percebeu que era um erro de venda, mas eu não quis insistir muito... As palavras de Cale morreram pela surpresa, quando Alex de repente se lançou contra ele com um grito. Abraçou-o com força, depois segurou seu rosto entre as mãos, beijou-o em ambas as bochechas, e exclamou, -É um deus! Cale riu por sua emoção e deslizou seus braços ao redor de sua cintura. -Bom, me alegro de que esteja satisfeita com meu trabalho, senhora. -Satisfeita?-perguntou ela com um sorriso. Nunca estive tão satisfeita em minha vida. Obter o reembolso dos azulejos é melhor que... bom, melhor até que o sexo. -Esteve tendo relações sexuais com a pessoa errada - assegurou-lhe solenemente e a
consciência de Alex de repente despertou. Eram chefe e empregado, estavam em seu escritório, e estava em seus braços... e não deveria ser assim. Quem sabe ele poderia até acusá-la de assédio sexual. De repente, nervosa, separou-se dele, consciente de que estava ruborizada. Franziu o cenho, mas a deixou ir sem protestar. Alex imediatamente se virou para a porta, dizendo em um tom tão sério como pôde, -Acho que será melhor que o restaurante esteja pronto antes da hora da inauguração. Deveria ir para casa... bom a seu hotel e dormir um pouco. Deve estar esgotado. Ela parou e se virou com preocupação. É sábado. Não tem que renunciar a seus planos de visitar sua família por estar aqui, não é? -Não-assegurou Cale em voz baixa enquanto se movia para desligar a cafeteira. Quando se levantou, adicionou, -De fato, tenho o dia livre. Só tenho planos para jantar com meu primo Thomas e sua esposa Inez. Alex suspirou tristemente por esta notícia. -Obrigado a passar toda a noite e o dia trabalhando provavelmente estará muito cansado para poder desfrutar da visita. -Vou dormir um pouco antes de ir para o jantar- assegurou ele quando agarrou o casaco da cadeira do escritório. Vamos jantar tarde e depois vou levá-los ao aeroporto. Vieram para um casamento- explicou, -Mas Inez tem que voltar para seu trabalho, por isso voaram de retorno a Europa esta noite. -Europa? -perguntou ela com surpresa.
-Inglaterra- esclareceu. -É apenas uma viagem de duas horas e meia de Paris, e não parece longe para um canadense, para nós é considerada uma viagem noturna, assim não nos vemos muito apesar de estar na Europa.
-Ah. Alex assentiu com um leve sorriso, relaxando um pouco. -Lembro quando estive lá. Têm uma visão diferente das viagens que fazemos. Cale assentiu com a cabeça. -De todos os modos, vou visitá-los esta noite, mas vou verificar o caixa do restaurante antes da hora do fechamento e verei se tudo está bem. Alex estalou a língua e sacudiu a cabeça. -Não seja tolo. Não espero que trabalhe todas as horas do dia e a noite. O que me recorda, que dia quer de folga? Quando ele vacilou, ela sugeriu. -No sábado, normalmente não acredito que tenhamos muito trabalho aos sábados, porque os bancos e a maioria dos negócios estão fechados nos fins de semana. É provável que queira trabalhar de segunda-feira à sexta-feira. Pode ser? Cale assentiu com a cabeça. -Isso parece bom.
-Mas também deve ter um dia livre, assim se quiser pode aproveitar a segunda-feiracomeçou. -Não, não. Vou trabalhar na segunda-feira- assegurou ele. -Lembre-se que estive de férias na semana passada. Alex hesitou, mas depois assentiu. -Está bem. Nos vemos na semana que vem.
Cale franziu o cenho e hesitou, mas depois disse, -Suponho que cozinhará amanhã também? -Sim -assentiu com a cabeça Alex. -Estamos abertos de quarta-feira à domingo, deixando a segunda-feira e terça-feira livres. Surpreendentemente, um monte de gente vem no domingo, mas nas segundas-feiras e terças-feiras não há muitos clientes, por isso será como se fosse fim de semana.
Seu cenho se aprofundou. -Então estou liberado aos sábados, domingos, segundas e terças? -Sim. Ela sorriu. -Assim não se surpreenda caso o chame para ver como vão as coisas aqui de vez em quando nesses dias. Cale assentiu e se relaxou um pouco. -Espero que sim.
Alex soltou um bufido. -Sim, claro, todo mundo adora que seu chefe esteja em cima deles todo o tempo. Ele esboçou um sorriso. -Pode estar em cima de mim quando quiser.
-Vou lembrá-lo disso quando se queixar de que não sei delegar e que tenho que relaxar - disse com uma risada forçada e então pegou seu casaco. -Agora, vamos, tem que dormir um pouco antes de ir jantar com suas primos. Sinto-me culpada por sua falta de sono. Além disso, tenho que me acostumar de que já não é a La Bonne Sex e é outra La Bonne Sex- acrescentou, franziu o cenho e murmurou, -Tiria sido melhor se tivesse colocado um nome diferente. Fica confuso em uma conversa. Cale então sugeriu, -Chama-os La Bonne Sex Um e La Bonne Sex dois.
-Boa idéia- disse Alex caminhando para fora do escritório. Mas parou na porta e se virou para lhe sorrir. -Obrigada, Cale. Por tudo, é muito brilhante. Deteve-se bruscamente, com uma expressão de surpresa.
-O que foi? Fez uma careta.
-Estou brincando... é que às vezes quando digo seu nome me lembro de verduras.
-Verduras?-perguntou-lhe com voz afogada.
Alex fez uma careta. -Sim. A couve frisada(Kale) com K é um vegetal de folha verde, um tipo de couve que eu lembro- murmurou, dirigindo-se para a porta. -Me chame Cal- disse com gravidade, depois de você.
Alex esboçou um sorriso, mas estava procurando em sua mente algo mais para dizer. Por alguma razão queria lhe dizer algo para não pensar no que tinha ocorrido no escritório. Por último, espetou, -É a abreviatura de Cale? -Não.
-É escocês, não é?-perguntou ela enquanto cruzava a cozinha para a porta de atrás e a abriu. Cale hesitou, e depois admitiu, -Minha mãe amava a poesia e Calíope foi a musa da eloquência e da poesia épica. Ela esperava isso quando me pôs o nome da musa, seria um poeta e não um guerreiro como o resto de meus irmãos. Ela pensou que Cale seria uma boa versão masculina do nome. -Guerreiro?-perguntou Alex, lhe olhando com surpresa quando se deu a volta para vê-lo fechar a porta. -Perdão por meu inglês- desculpou-se soando extranhamente sombrio. -Quis dizer soldado. Meus irmãos foram todos criados para serem soldados. -OH, seus irmãos são mais velhos que você. Quando se afastou depois de fechar a
porta, acrescentou, -Tenho certeza de que a pessoa tem que ter dezoito anos para ser soldado. Se fossem soldados quando nasceu, então teria que ter pelo menos dezoito anos ou mais quando nasceu. -Sou muito mais jovem que meus irmãos.
Ele a segurou pelo para caminhar pelo estacionamento. Não eram mais de quatro horas, mas o céu estava já começando a escurecer com a chegada da noite. Isso era algo que Alex odiava no inverno. Não lhe importava o frio, mas sim os dias curtos. -Bom, tenha um bom jantar- disse com alegria enquanto abria a porta do mtorista.
-Sim, e você aproveite de sua cozinha. Manteve a porta aberta enquanto entrava no veículo. -OH, me acredite, farei isso- assegurou ela e depois disse, -Nos vemos na segundafeira, e fechou a porta. Alex ligou o motor, acenou para Cale e se afastou, sorrindo alegremente para si mesma. Cale Valens era impressionante. Não podia acreditar em sua sorte. O que ele tinha feito para mudar as coisas em um dia, ela não o tinha conseguido em vários. Conseguir o reembolso dos azulejos foi a cereja do bolo. Alex realmente podia respirar de novo. Sentia-se como se estivesse se afogando há semanas e de repente estava no topo do mundo e tudo graças a Cale. Deus, como era bom. E agora voltaria a cozinhar de novo. Realmente tinha que ligar para Sam e lhe agradecer que o tivesse apresentado. Era a resposta a suas orações. Lhe deu a esperança para ter dois restaurantes. Agora tudo o que tinha que fazer era
manter as mãos fora do homem e evitar uma ação por assédio sexual.
Capítulo 7
Alex começou a trabalhar preparando-se para a noite que esatva por vir, com um suspiro satisfeito, acondicionando frigideiras e utensílios que tinham maior probabilidade de serem utilizados, e depois alinhando os ingredientes que utilizaria. Era sexta-feira, havia passado uma semana desde a chegada de Cale em sua vida, e tinha sido uma semana incrível. O homem era uma bênção, obtendo mais nesse tempo do que ela tinha feito. Cale tinha conseguido que todos os seus papéis estivessem em ordem, tinha fiscalizado as inúmeras entregas sem problemas, ou pelo menos, se ouve contratempos, ocupou-se deles e ela não soube de nada. O novo restaurante agora estava mobiliado, incluindo seu escritório, que também tinha sido pintado. Depois do fiasco com os azulejos, Alex tinha a intenção de deixar seu escritório sem terminar até que tivesse dinheiro disponível, mas uma vez que Cale tinha conseguido a restituição do dinheiro dos azulejos, ela decidiu esbanjar e saiu para comprar a tinta. Comprou-a na segunda-feira e pintou o escritório na segunda-feira de noite... para desgosto de Cale. Ele tinha ficado chateado porque não disse nada a ele e não deixou que a ajudasse, mas ele trabalhava o suficiente durante o dia e ela não quis incomodálo em seu tempo livre. Além disso, Alex pensou que poderia ser melhor evitar passar muito tempo a sós com o homem. Ele era muito atraente para sua tranquilidade mental. E além de tudo, ele trabalhava para ela, o que só seria temporário, mas esse era outro problema. Não tinha necessidade de se apaixonar por um homem quando ele iria embora em um mês
ou dois. Temia que ia ser fácil se apaixonar por ele.
Agora só faltava uma semana para a abertura do novo restaurante e Alex percebeu que na verdade estava com expectativa em vez de pânico cada vez que pensava nisso. O antigo La Bonne Sex, fecharia nesta noite para que ela e seu pessoal pudessem assistir à inauguração do novo restaurante. Também estariam à mão para ajudar se fosse necessário, e isso era possível, já que Alex estava esperando uma grande quantidade de pessoas na noite de inauguração. Também estava na expectativa por isso. -O que me recorda- murmurou Alex para si mesma, e olhou para Bev por cima do ombro. A mulher estava conferindo um pato assado que antes tinha posto no forno. Bev, Marc estará livre na sexta-feira à noite para assistir à abertura?-perguntou Alex enquanto a mulher fechava a porta do forno e se endireitava. O noivo da jovem, Marc, trabalhava no Chez Joie. A sexta-feira a noite era uma noite agitada para a maioria dos restaurantes, e ele não tinha certeza que lhe dessem a noite livre... especialmente tendo em conta do que se tratava.
Bev a olhou e sorriu ampliamente. -Sim, para meu espanto, Jacques nem sequer lhe fez passar um mau momento por isso. Alex levantou as sobrancelhas, surpreendida por tanta decência por parte de Jacques, ou Jack, como sempre o tinha conhecido antes de que ele iniciasse o Chez Joie e mudasse para Jacques. O que acontecia com os homens e sua necessidade de status? Perguntou-se ela. Ela nunca soube de mulheres chefs que usassem falsos nomes em francês para se sentirem ou soarem mais importantes. Mas Jack, de fato, tinha mudado seu nome legalmente para que soasse francês... o ridículo pretensioso, pensou, e depois pensou que ele e Peter/Pierre se davam bem como cupinchas. Ambos eram umas doninhas egocêntricas. Razão pela qual lhe surpreendeu que não fizesse Marc passar um momento difícil por assistir a inauguração do novo
restaurante de um concorrente.
-Isso me recorda- disse Bev de repente. -Mark me disse esta manhã que Jacques despediu Peter ontem a noite. A mulher mais jovem enrugou o nariz. -Suponho que Peter não aceitou bem. Ele... -de repente se deteve, seu rosto empalideceu enquanto olhava para a porta. Acreditando que tinha entrado alguém, Alex se virou, mas não havia ninguém ali. Não entendia o que tinha provocado a reação de Bev, até que olhou pela janela do restaurante e viu Peter caminhando rapidamente através das mesas para a cozinha. -Falando do diabo- murmurou Alex. Não precisava ser um gênio para saber porque o homem estava ali. Tinha sido despedido e tinha a esperança de recuperar seu antigo trabalho, supôs, e suspirou tristemente, na verdade não precisava disto esta noite. As sextas-feiras sempre eram atarefadas, e não queria começar a noite de mau humor... Embora, para ser honesta, nunca quis trabalhar uma noite de mau humor, e teria ficado feliz de evitar a conversa que estava por vir. Fazendo uma careta, olhou de novo para Bev, observando o olhar resignado no rosto da outra mulher enquanto abaixava a cabeça e retornava a sua tarefa. Não precisava ser um gênio para saber o que a estava incomodando. Bev tinha medo que Alex trouxesse Peter de volta, o que significava que Bev seria rebaixada de categoria. Antes que Alex pudesse tranquilizar à mulher, Peter empurrou a porta da cozinha e se dirigiu para ela. Ele hesitou brevemente, e depois, em um tom humilde que não estava absolutamente acostumada para lhe ouvir, disse, -Alex, posso falar com você um momento, por favor? Pensou em lhe dizer simplesmente que não e evitar o que sabia que ia vir, mas depois receou que ele simplesmente dissesse ali mesmo e decidiu que possivelmente
no escritório era melhor. Suspirando, levou-o através da cozinha, dizendo, -Só tenho um minuto, Peter. É sexta-feira a noite. Na porta de seu escritório, Alex parou e fez um gesto para que entrasse, e depois o seguiu, deixando a porta aberta. Não queria fechar a porta e ficar presa na sala com ele, não era uma tola. Peter tinha um gênio forte que explodia com a mínima provocação, e queria que alguém soubesse se de repente ele tentasse estrangulá-la. -Sente-se- disse ela em voz baixa, movendo-se para trás de sua mesa. Alex se sentou em sua cadeira, e depois esperou com impaciência, enquanto Peter olhava para baixo para suas mãos e engoliu em seco em várias ocasiões. Agora ela só queria terminar com isto, que era muito desagradável, e seguir adiante com sua vida. Ela estava tão ansiosa que quase disse a ele que não podia ter seu posto de trabalho de novo, antes que ele o pedisse, mas ele começou a falar antes de que ela abrisse a boca. -Tinha razão- anunciou ele com gravidade. -Jacques me despediu ontem a noite. Elevou a cabeça com expressão furiosa, e lhe disse, -Só estava tentando te arruinar ao me contratar e me afastar de você. -Tentei lhe advertir disso- murmurou Alex, sem incomodar-se em fingir surpresa.
-Ele estava furioso por essa nota de cinco estrelas no jornal, na semana passada quando este francês esteve cozinhando- disse Peter com tom raivoso. -E tentou aliciar seu novo chefe quando soube que o tinha contratado. Quando isso não funcionou, ele só enlouqueceu. Os olhos do Alex olhos se estreitaram. Cale não tinha mencionado nada a respeito de que Jacques o contatasse. - Me chamou em seu escritório e destrambelhou contra mim como se fosse minha
culpa -continuou Peter com indignação. -Disse que tinha sido inútil me contratar...e depois me despediu. -Entendi- murmurou Alex.
-Sabia que ele nem sequer tinha despedido de seu anterior chefe de cozinha?perguntou Peter aborrecido. -O homem só estava de férias. Ela não se surpreendeu muito com esta notícia. Alex tampouco se surpreendeu que Jacques tivesse contratado a um chef de cozinha em lugar de cozinhar ele mesmo. Era um cozinheiro horrível. O único modo pelo qual tinha conseguido chegar tão longe como fez na escola culinária em que ambos tinham estudado, foi mediante trapassa. Foi expulso quando o apanharam e desapareceu por um tempo, só para aparecer em Toronto e abrir Chez Joie pouco depois de que ela inaugurasse o La Bonne Sex. -Então vim pedir meu antigo emprego de volta- anunciou Peter tenso, reclamando sua atenção quando se apressou a dizer, -Sei que está dirigindo a cozinha de novo, então eu teria que ficar na posição de sous-chef de novo, mas estou disposto a aceitar essa humilhação como castigo por não prestar atenção em suas advertências e... -Peter- interrompeu Alex em voz baixa.
-Pierre- corrigiu ele com um brilho da velha arrogância que ela suspeitava que estava debaixo da fachada mais humilde que estava apresentando. Alex sacudiu a cabeça, e disse, -Sinto muito que tenha perdido seu trabalho no Chez Joie. E sim, adverti-lhe isso, entretanto...
-Sim, sei, mas...
-Entretanto- repetiu Alex firmemente. Quando ele recebeu a mensagem e ficou em silêncio, ela continuou, -Não estou disposta a rebaixar Bev e despedir Bobby. Não vou reorganizar tudo para sua conveniência para que simplesmente faça isso de novo na primeira oportunidade que tiver e me deixe na mão mais uma vez. -Eu não faria isso. Juro a você- disse ele apaixonadamente.
-Não acredito em você- disse ela em voz baixa. Ele começou de novo a dizer algo, mas ela levantou a mão e acrescentou, -E não estou disposta a correr o risco. -Mas agora não tenho trabalho- disse ele, como se ela não soubesse disso e mudasse de opinião ao saber. -Isso não é minha culpa ou meu problema, Peter- assinalou ela em voz baixa. -Pedi a você que ficasse. Expliquei o que eu imaginava que Jacques estava fazendo, e mesmo assim, você escolheu ir. Temo que terá que viver com essa decisão. Peter a olhou fixamente, ao que parece, tinha certeza que ela estaria feliz em aceitá-lo de volta. O fato de que ela não lhe perdoasse por tudo e desse as boas vindas não era o que ele queria ouvir, ela se sentiu tensa quando a ira começou a substituir sua surpresa. -É uma puta arrogante- sussurrou ele friamente. -Suponho que está feliz de me ver aqui, sendo servil. Na noite em que ele se foi, Alex tinha pensado que desfrutaria de sua queda, mas agora que estava ali, viu que não o estava desfrutando nem um pouco. Em vez disso, ela se sentia mal por ele e então disse, -Não, realmente sinto muito por você.
-Sente muito? A raiva cobriu seu rosto e ficou de pé. -Não se atreva a sentir pena de mim. Sou Pierre. Sou um cozinheiro brilhante. Sem dúvida, sou muito bom para este buraco de merda. Você é quem vai sentir! Dando a volta, saiu furioso, e quase passou sobre o Bev em seu caminho. -Idiota- murmurou Alex enquanto ele batia a porta ao sair da cozinha.
-Não o contratou de novo.
Alex olhou para a porta onde agora estava Bev, olhando-a com os olhos abertos. Com o cenho franzido, disse, -É obvio que não. Por que faria isso? Foi difícil trabalhar com ele na melhor das hipóteses e você é melhor sous-chef que ele. E algum dia será a melhor chefe de cozinha do que ele pôde sonhar. Bev se ruborizou ante o elogio. -Obrigada.
-Não me agradeça, é a verdade- disse Alex com tom solene, e depois olhou para o telefone em seu escritório, quando este começou a tocar, reconhecendo o número de Sam. Deu uma olhada no relógio, franzindo o cenho quando viu as horas. As portas da frente iriam se abrir em alguns minutos e chegariam os primeiros clientes. Ela realmente não tinha muito tempo para falar, e Sam sabia. Para que estivesse ligando a essa hora, devia ser algo importante. -É melhor que volte para a preparação- murmurou Bev.
Alex assentiu com a cabeça. -Eu irei em um minuto. Pode fechar a porta por mim?
-Claro que sim. Bev fechou a porta enquanto Alex atendia o telefone.
-Como é Cale?-perguntou Sam no momento em que Alex disse olá.
Ela levantou as sobrancelhas ante a saudação pouco convencional, mas então se encontrou sorrindo e dizendo, -É brilhante. Grandioso. Obrigada por colocá-lo em meu caminho. -Estou tão contente. Sam soava realmente contente, mas depois perguntou, -Quanto de grandioso? Alex se recostou em sua cadeira, e levantou as sobrancelhas. -O que quer dizer?
-Quero dizer ... bom, quanto exatamente é de incrível?
Alex considerou a pergunta, e depois se limitou a dizer, -É a resposta a meus sonhos, Sam. Ou talvez a minhas orações. -Falou a você de sua família?-perguntou Sam de uma vez.
-Não muito- admitiu. -Pelo que sei que tem irmãos que são soldados. E aprendeu a cozinhar para o restaurante da família, mas finalmente preferiu a parte comercial do negócio. Isso é o que realmente sei. -Isso é tudo?-perguntou Sam, e Alex pôde ouvir a decepção em sua voz.
-Sim, isso é tudo- disse Alex com um sorriso. Por que teria que me dizer algo mais que isso? Sou sua chefe, não sua namorada. Um gemido saiu da linha. -Alex, não... quero dizer, o que pensa dele como homem?
-É um homem? Ela brincou e olhou pela janela por cima de seu sofá para ver a buliçosa atividade na cozinha. -Alexandra- exclamou Sam com impaciência.
Ela suspirou. O que pensava dele como homem? Surgiram em sua mente imagens dele, Cale levantando-se antes que ela, Cale sorrindo, Cale franzindo o cenho, Cale pintando, Cale se sentando em seu escritório. Finalmente, admitiu, -Acho que é bonito, inteligente, divertido, cheira muito bem, e provavelmente tem o sotaque mais sexy que jamais ouvi. -E?-perguntou Sam.
-E o que?
-O que vai fazer a respeito?-perguntou Sam com impaciência.
Alex se sentou em sua cadeira, e lhe disse com voz firme, -Absolutamente nada.
-O que?-disse sua irmã sem fôlego, soando como horrorizada. -Mas...
-Sam, querida- interrompeu ela com suavidade. -Sei que está delirantemente feliz com Mortimer e quer o mesmo para mim, mas Cale é o melhor gerente de negócios que poderia pedir. Não vou estragar isso me envolvendo com ele. Deixou que assimilasse isso e depois adicionou, -Além disso, não sou como você. Não preciso de um homem que me faça feliz. Cozinhar e meu restaurante me fazem feliz. -Mas não te mantém quente à noite- replicou Sam.
-Para isso servem os cobertores elétricos.
-Não se pode conversar com os cobertores elétricos- sustentou Sam.
-É para isso que servem os amigos- respondeu Alex de uma vez.
-Os amigos não lhe podem satisfazê-la com sexo- espetou ela finalmente.
-Os amigos com benefícios podem- disse Alex com um sorriso, desfrutando verdadeiramente da frustração de sua irmã. Sam parecia surpreendida quando lhe perguntou, -Tem um amigo com benefícios?
-Não- admitiu Alex, e seu sorriso se desvaneceu. Na verdade, sua vida amorosa era um vazio neste momento e tinha sido assim durante um tempo. Até pensar nisso era deprimente. Obrigou-se a endireitar os ombros e adicionou, -Mas um Bob o substitui muito bem até que consiga um. -Quem é Bob?-perguntou Sam confusa.
-Não é um quem, é um o quê- explicou Alex secamente. -Um namorado com pilhas.
-O que?Sam soava completamente perdida.
-Um vibrador, Sam- disse secamente. Caramba. Já ouviu falar deles, não é?
Um longo suspiro saiu da linha, e então Sam disse, -Alex, por favor... Só dê a Cale uma oportunidade. Se não o fizer, poderia estar deixando passar a maior felicidade de sua vida. Alex ficou em silêncio durante um momento, perguntando-se se estava deixando
passar algo bom com Cale. Mas então se recordou que ele só estava aqui por pouco tempo e que volatria para sua casa com o tempo. -O que Cale acha de sua... reticência?-perguntou Sam, atraindo sua atenção de novo.
Alex sentiu que suas sobrancelhas se levantavam, e disse lentamente, -Ele disse que gostaria de me conhecer melhor, mas eu deixei claro que não tenho tempo para os homens neste momento e ele está respeitando isso. -Que idiota- murmurou Sam, fazendo com que Alex sorrisse com afeto. Sua irmã a amava e pensava que o homem era um idiota por não persegui-la ardentemente. Era doce, pensou Alex, mas seu sorriso se desvaneceu quando olhou para a cozinha e viu que Sue colocava uns pedidos em seu quadro. -Querida, tenho que ir- disse em tom de desculpa. -Os pedidos começaram a chegar agora. Sam suspirou, mas disse, -Está bem, tenho que ligar para Marguerite de todos os modos. -Marguerite Argeneau?-perguntou Alex surpreendida. Era a única Marguerite que Sam lhe tinha mencionado. -Sim- murmurou Sam, que soava triste, e Alex sentiu uma pitada de curiosidade. Ela não percebeu as duas mulheres se conheciam muito bem. Sam sempre falava da mulher como se fosse uma espécie de deusa ou alguém muito acima de sua posição social, mas soava como se estivesse fazendo amizade com ela. Sue correu para a cozinha com mais pedidos nas mãos e fez uma careta para Alex. Bem, ligue para Marguerite então, mas primeiro quero te dizer... obrigada, obrigada,
obrigada por me enviar Cale. Ele está fazendo maravilhas e me mantém a salvo da falência. Salvou-me a vida. Amo você Sam. Alex depois esperou até que Sam lhe respondeu com um apagado, -Eu também te amo- antes de desligar e correr para seu posto. Cale acabava de tocar a campainha da porta da enorme casa de Marguerite quando esta se abriu. Obviamente, a mulher o estava esperando. -Cale- exclamou com alegria, e se adiantou para abraçá-lo. -Bem a tempo. Agora já estamos todos aqui. -Todos quem?-perguntou Cale com o cenho franzido, enquanto correspondia o abraço. Ele tinha estado se mantendo no horário dos mortais, agora que estava ajudando no restaurante. O que significava que consumia mais sangue do que o normal para compensar o dano que o sol lhe causava, mas tentava minimizar isso o máximo possível, protegendo-se tanto do sol como do frio e trabalhando principalmente no escritório de Alex no novo restaurante, onde não havia janelas. Infelizmente, isso significava que seu horário não coincidia com o de seus familiares, e a maioria deles tinha deixado mensagens telefônicas na semana passada. Marguerite tinha ligado para ele várias vezes na sexta-feira, a última mensagem soava tão urgente que Cale se programou para ligar para ela cedo essa manhã, assim poderia falar com ela antes que Julius e ela se retirassem ao amanhecer. Cale ficou surpreso quando viu que a única coisa que ela queria era convidá-lo para jantar nessa noite. De todos os modos, como era sábado e Alex estava trabalhando, ele tinha aceito.
-Convidei algumas outras pessoas- disse Marguerite com evasivas quando lhe pediu que entrasse. -Quem?-perguntou Cale enquanto ela se ocupava em lhe ajudar a tirar sua roupa de inverno como se fosse um menino. -OH, Julius está aqui, é obvio- murmurou ela, e pendurou seu casaco.
-É obvio- disse Cale com um débil sorriso. A única vez que tinha visto Marguerite sem Julius foi quando a tinha ajudado no restaurante em New York e depois aqui, o homem parecia estar colado em seu lado como um irmão siamês. -Quem mais?
-Entre e veja- disse ela alegremente, e o pegou pelo braço para conduzí-lo a entrar na sala. Cale parou no momento em que chegou à porta e viu as pessoas que estavam sentadas na sala. Julius estava ali e cruzou a sala para se encontrar com Marguerite como se os poucos minutos que estiveram separados tivessem sido insuportáveis. O homem deslizou seu braço ao redor de Marguerite e lhe deu um beijo na testa enquanto a abraçava de lado, mas a atenção de Cale se voltou para resto das pessoas. Lucian, Leigh, Mortimer, Sam e Bricker, todos o olhavam de volta, e ele teve uma clara sensação de déjà vu. Isto lhe recordava o dia em que chegou e parou aqui na casa de Marguerite, para ver que além de Marguerite e Julius, tembém o esperavam Lucian e Leigh. Ele havia se sentido como se tivesse caído em uma emboscada naquela vez, e agora se sentia da mesma forma. -OH, não, querido! Isto não é uma emboscada- disse Marguerite, e ele a olhou bruscamente, percebendo que tinha lido seus pensamentos. Não se sentiu melhor
quando ela disse, -Na verdade eu não os estou lendo, mas você os está gritando. É uma das características dos companheiros de vida recentes, que faz com que seja difícil guardar seus pensamentos e até parece amplificá-los. Todos passamos por isso- adicionou ela com simpatia, e indicou para que se sentasse no sofá onde estavam Lucian, Leigh e Bricker. Mortimer e Sam estavam sentados em outra poltrona a sua direita, e Marguerite e Julius, em uma poltrona a sua esquerda, lhe fazendo sentir que estava cercado e submetido a um interrogatório. Cale-se se mexeu incômodo em seu assento, olhando às pessoas que lhe devolvia o olhar, e depois passou uma mão pelo cabelo com gesto cansado. -Então se isto não é uma emboscada, o que é? Houve um momento de silêncio enquanto trocavam olhares entre si e a seguir, Marguerite disse, -Só queremos te ajudar com o Alex. -Não preciso de ajuda- disse Cale tenso.
-Ah, sim? Tudo vai bem então?-perguntou ela com suavidade.
Cale sentiu que sua boca se esticava, não diria exatamente isso. Ele mal via a mulher. Ele trabalhava no novo restaurante e ela no velho. Ela tinha folga às segundas-feiras e terça-feira, e ele os sábados e domingos, e embora tenha ido ao antigo restaurante várias vezes para verificar as coisas, tinham mantido uma conversa estritamente profissional. Cale tinha tentado ter uma conversa mais pessoal várias vezes, mas Alex sempre o mantinha firmemente nos negócios. Era muito lhe frustrante, e não tinha nem idéia do que fazer a respeito, mas ele não estava disposto a admiti-lo. Esquecendo que podiam ler sua mente e que saberiam tudo isto, disse secamente, Está tudo bem.
-Dormiu com ela?-perguntou-lhe Lucian abruptamente.
-Luc- repreendeu Leigh, lhe dando uma palmada no ombro. Vai envergonhar a Cale.
-Querida- disse Lucian brandamente, -Cale tem mais de dois mil anos de antiguidade. Nada deveria envergonhá-lo. -É tão velho?-perguntou Sam assombrada.
-Ele nasceu em 280 AC- informou Lucian, e Sam ficou pálida. Cale tinha a clara impressão de que ela agora estava reconsiderando ele como companheiro de sua irmã, ao saber quantos anos ele tinha. -Não respondeu a minha pergunta- assinalou Lucian finalmente, reclamando a atenção de Cale. -Não- disse ele. -Não dormi com ela ainda.
-E não o fará- anunciou ele com firmeza.
Cale franziu o cenho ante sua certeza. -O que te faz pensar isso?
-Ela não dorme com os empregados.
Cale franziu o cenho ante o termo 'empregado'. Ele era proprietário de um negócio por direito próprio na França. Na verdade, tinha sua própria empresa. A idéia de pensar nele como um simples empregado e não um igual que a estava ajudando a seguir em frente era um pouco dolorosa para ele. -Eu sou um colega de trabalho. Não um empregado. E de todos os modos, isso é só temporário. Eu só...
-Está bem. Ela não dorme com seus colegas de trabalho tampouco- interrompeu Lucian secamente e adicionou, -Ela disse isso a Sam na sexta-feira a noite. Sam ligou imediatamente para Marguerite procurando seu conselho, e Marguerite chamou a todos aqui esta noite para te ajudar. Cale se reclinou em seu assento derrotado. Sabia que era uma emboscada. -Está bem. O que sugerem? Houve um momento de silêncio, em seguida, Marguerite disse, -Quem dera Lucern estivesse aqui. Sua Kate teve problemas com a idéia de se envolver com um de seus escritores, mas conseguiram superar e ir além disso. Ele poderia nos dizer como. -Sexo em sonho- disse Lucian abruptamente, atraindo todos os olhos em sua direção.
-Sexo em sonho?-disse Cale sem entender.
Lucian assentiu com a cabeça. -É difícil evitar a tentação quando está compartilhando sonhos úmidos. -Sim, é mesmo- disse Sam com entusiasmo, e depois ruborizou quando todo mundo a olhou. -Bom, é verdade. Eu estava bastante comprometida em minha carreira e não estava em busca de uma relação quando Mortimer chegou, mas os sonhos... Ela sacudiu a cabeça, o sangue foi sua garganta e rosto ao recordar. -Ficou muito difícil para mim resistir a Mortimer. Cada vez que o olhava, recordava esses malditos sonhos. -Graças a Deus por isso- murmurou Mortimer, abraçando-a e apertando-a contra sí. Sam sorriu e se recostou contra ele. -Não se converteu ainda- comentou Cale, e quando Sam e Mortimer o olharam
surpreendidos, ele assinalou, -Sinto muito, mas Bricker e eu escutamos a conversa quando cheguei à casa dos executores na semana passada. Tinha concordado em se converter. Mas não o fez ainda. -Mortimer está com poucos ajudantes neste momento, com todo mundo longe, em suas lua de mel- disse Sam timidamente. -Embora tenhamos a intenção de fazê-lo esta semana. -Concordou em se converter?-perguntou Marguerite radiante. -Que bom. Que dia o fará? Virei para ajudar Mortimer a cuidar de você se quiser. -Eu também- ofereceu-se Leigh.
-Não- disse Lucian. Não quero facilitar a possibilidade de que ela te dê um chute e machuque o bebê. -Eu nunca chutaria Leigh- disse Sam surpreendida.
-Não é que vá ter essa intenção- disse Lucian. -Mas em meio desse tipo de dor, não saberá o que está fazendo. Sam ficou pálida. -Sei que Jo passou por um monte de dor quando se converteu, mas pensei que fosse porque estava ferida. Não será mais fácil para mim? -Pensei que estávamos aqui para falar de Cale e Alex- disse Mortimer, preocupado indubitavelmente de que se Sam soubesse o que lhe esperava, poderia ter dúvidas a respeito da conversão. -Sim- disse Bricker ao mesmo tempo respaldando a seu amigo. Estávamos falando de sonhos úmidos.
-Correto. Sonhos úmidos- disse secamente Cale e fez uma careta para o grupo. Como farei para que Alex tenha sonhos úmidos comigo quando não posso entrar em sua mente?Quando Bricker abriu a boca para falar, acrescentou bruscamente, -E por favor, não sugiram que seja um de vocês os dará a ela. De nenhuma maldita maneira vou permitir isso. Lucian soprou e sacudiu a cabeça. -Sua mãe não te explicou a respeito das questões da vida imortal? -É obvio que sim- disse ele com impaciência, olhando-o com o cenho franzido.
-Então, por que não sabe a respeito de compartilhar os sonhos úmidos?- respondeu Lucian. Quando Cale o fulminou com o olhar, Marguerite disse rapidamente, -Não é algo que alguém lhe dê, querido... exceto você. Os companheiros de vida que dormem sob o mesmo teto tendem a compartilhar seus sonhos... sonhos eróticos um com o outro. -Sam e eu nem sequer estávamos sob o mesmo teto- anunciou Mortimer. -Estávamos em casas vizinhas e experimentamos a experiência. Sam avermelhou, mas assentiu em silêncio. -Então temos que providenciar para que os dois se aproximem mais- murmurou Marguerite, pensativa. -Sob o mesmo teto seria o melhor, mas em algum lugar próximo poderia funcionar. Cale franziu o cenho ante a sugestão, e lhe disse, -Não vejo por que pensa que compartilhar os sonhos a convencerá a ignorar a regra de não ter encontros com colegas de trabalho e de sair comigo.
-Ele nunca teve um- assinalou Mortimer para Lucian quando o imortal mais velho começou a parecer chateado. -Então deveria confiar que sabemos do que estamos falando- grunhiu Lucian.
Foi Marguerite quem disse brandamente, -Cale querido, neste momento Alex te vê como a resposta a seus sonhos para seu negócio. Disse que é bonito e que se sente atraída por você, mas é como ver uma sobremesa deliciosa que nunca provou antes, quando se está de dieta. É possível que tenha um aspecto delicioso, mas como não sabe o quão delicioso é, fica mais fácil evitar de provar. Mas, se fosse uma fatia de um bolo de queijo delicioso que já provou e sabe que é delicioso, seria mais difícil resistir. -Entendi- murmurou ele. -Então, não poderia somente lhe dar um beijo? Desse modo ela experimentaria nossa atração e...
-Os beijos são agradáveis, mas isso poderia afastá-la antes que pudesse chegar muito longe- assinalou Sam. -Alex é muito teimosa quando coloca algo em mente. Um sonho compartilhado na verdade seria melhor, porque poderia experimentar toda a paixão. Um beijo seria só o aperitivo, e queremos que ela tenha o banquete completo para saber o que poderia ter. Cansado, Cale passou uma mão pelo cabelo. -Certo.
-Quanto tempo passou desde que teve relações sexuais?-perguntou Lucian, obtendo outro olhar reprovador de Leigh. Suspirando, lhe acariciou a mão e explicou, -Se tiver passado muito tempo, é possível que precise de um curso de atualização. Ou um desses livros que comprei.
-Você disse que não tinha lido os livros- disse Leigh surpreendida.
-Bom, não, mas sempre fui excepcional em tudo o que faço e consegui seguir em frente sem eles. Entretanto, Cale não é eu. Cale pôs os olhos em branco. -Tinha me esquecido quão arrogante podia ser, tio.
Lucian se encolheu de ombros. -Essa é uma qualidade excessiva, e, como digo, sou excepcional em tudo. Leigh riu e beijou o homem na bochecha como se pensasse que era uma brincadeira. Cale suspeitava que não fosse. -Muito bem, acredito que estamos de acordo em que a melhor maneira de lutar com isto é conseguir de algum jeito que Alex e Cale estejam sob o mesmo teto ou ao menos mais perto um do outro, para que possam experimentar os sonhos compartilhados- disse Marguerite com firmeza, e depois olhou a seu redor. -Alguém tem idéias? -Eu poderia levá-lo até a casa dela em uma caminhonete, estacionar perto, e deixar que ele durma na parte de atrás- sugeriu Bricker. -Isso poderia ser o suficientemente perto para que suas mentes se encontrem. -De nenhuma maldita maneira- gritou Cale, escandalizado pela sugestão. Deitar na parte de atrás de uma caminhonete para ter sonhos eróticos com o Alex, enquanto Bricker está no banco da frente e lendo o que ele experimentava, não era algo que estava disposto sequer a considerar. Deus querido! -Acho que havia dito que depois de tantos anos não deveria se envergonhar- disse Leigh levemente divertida.
Lucian grunhiu. -Suponho que é mais sensível do que pensava.
-Não sou sensível- espetou Cale, irritado pela sugestão.
-Provavelmente seja culpa de sua mãe- disse Lucian, fazendo caso omisso.
-Martine se inspirou em Calíope, a musa da poesia, para escolher seu nome. Entre isso e a morte de seu pai quando só tinha cinquenta anos, provavelmente sofreu a influência suave e muito sensível de Martine. Quando Cale começou a emitir um grunhido em sua garganta, Marguerite falou rapidamente para manter a paz. -Talvez devêssemos ir para a cozinha. É provável que o jantar já esteja pronto, e podemos pensar em uma solução enquanto comemos, e depois falaremos um pouco mais. -A comida é sempre uma boa idéia, Marguerite- anunciou Lucian.
-Genial- murmurou Cale enquanto todo mundo se levantava murmurando sua conformidade. Parecia que ia ter um descanso antes de que continuassem com esta tortura a que chamavam de ajuda.
Capitulo 8
-Quer um pouco de ajuda?
Alex levantou a vista do fogão que estava esfregando e sorriu para Bev. -Não, já estou quase terminando. Vá em frente com o resto. Bev assentiu com gratidão, se apressou para pegar seu casaco e a bolsa e seguiu os outros pela porta traseira. Alex tirou um momento para desfrutar da brisa fria que flutuava pela cozinha quando a porta se abriu e depois fechou. Sempre fazia calor na cozinha no final da noite, horas de trabalho cozinhando tendiam a elevar a temperatura em vários graus, a pesar do sistema de ventilação de alta padrão que tinha tido instalado. A brisa era boa. Com um suspiro, voltou-se de novo para terminar de limpar seu posto. Como proprietária, poderia ter deixado para que outra pessoa realizasse esta tarefa, mas Alex era um tanto possessiva com seu posto. Tinha sido um inferno para ela ver Peter trabalhando nele, mudando as coisas e tocando suas ferramentas. Alegrou-se quando o posto voltou a ser seu outra vez. Sorrindo para si mesma enquanto terminava, Alex guardou seu equipamento de limpeza, e depois tirou o chapéu e o avental enquanto se dirigia a seu escritório. Era sábado a noite e fecharam mais tarde. Normalmente, teria se sentado e trabalhado um pouco em cima de alguns papéis antes de retornar para casa; mas agora que Cale estava cuidando da documentação, não havia nada para ela fazer, e se alegrou com isso. Não sabia se era porque tinha conseguido sair da rotina durante essas poucas semanas que tinha estado fiscalizando o novo restaurante, ou se era outra coisa, mas estava incrivelmente cansada esta noite e com vontade de chegar em casa. Alex pendurou seu avental no cabide no canto de seu escritório, colocou seu casaco, e depois fez uma pausa para cobrir um bocejo que deixou seus olhos marejados.
Limpando a umidade, pegou suas chaves e a bolsa e se dirigiu à porta de trás, com a esperança de que a rajada de ar frio que lhe esperava do lado de fora a despertaria para dirigir até em casa. Por mais que estivesse esperando por isso, o vento gelado que a golpeou enquanto saía a tinha deixado sem fôlego. Entrecerrando os olhos contra o vento, rapidamente fechou a porta e ficou boquiaberta pela surpresa quando de repente foi agarrada por trás. Deu um meio grito antes que um braço serpenteasse ao redor de seu pescoço, cortando até o som, enquanto outro braço se apertava ao redor de sua cintura. Quando foi levantada depois levada, sua surpresa se transformou em pânico. Deixou cair suas chaves e arranhou o braço ao redor de seu pescoço enquanto começou a chutar o homem atrás dela. Quando a ação não teve nenhum efeito, Alex segurou por trás de sua cabeça e cravou as unhas na primeira carne que encontrou. Ouvir uma maldição foi sua recompensa, e depois o braço ao redor de sua garganta se retirou e dobrou os seus. Algo cortou na lateral de seu rosto enquanto reagia, e ela apertou os dentes pela dor. Seu agressor tentou segurar suas mãos, mantendo seu domínio ao redor de sua cintura. Mas ela tinha duas mãos livres enquanto ele só tinha uma, e finalmente ele percebeu isso e lhe deu um murro na cabeça. Alex gemeu enquanto as luzes piscavam atrás de seus olhos, e então o braço ao redor de sua cintura se foi de repente. Seus pés tocaram o chão com um impacto, e imediatamente se deslizaram debaixo dela. Caiu de costas sobre o chão de gelo, e houve uma segunda explosão de dor, desta vez uma que parecia começar na parte posterior de seu crânio e vibrar para frente através de seu cérebro. Por um momento, Alex foi consciente do que era essa dor, e então percebeu que estava sendo arrastada pelo chão gelado por um braço. Ela estava tentando reunir
forças para lutar de novo quando de repente uma luz brilhante salpicou sobre ela. Ouviu o que soava como derrapagem de pneus e depois uma buzina estridente antes que sua mão fosse posta em liberdade e caísse livremente no chão. Gemendo, Alex se encolheu no chão gelado e segurou a parte posterior de seu crânio, tentando manter a cabeça junto ao corpo. A estrepitosa buzina parou abruptamente e foi seguida pelo débil som de uma porta e passos rápidos se aproximando. -Alex? Está bem? Obrigou-se a abrir os olhos para ver Bev de joelhos junto a ela, olhando-a com preocupação, enquanto ela murmurava, -Graças a Deus que esqueci de meus óculos e voltei. Esse homem estava te atacando. -Sim- concordou Alex, embora não poderia dizer se estava concordando que era bom que Bev tivesse esquecido seus óculos e voltasse, ou que sim, de fato, o homem a estava atacando. -Pode se levantar?-perguntou Bev, olhando nervosamente ao redor.
Percebendo que a garota estava preocupada de que seu atacante pudesse voltar, e que era uma possibilidade alta, Alex se obrigou a se sentar. Bev imediatamente se moveu para ajudá-la, colocando seu braço sobre seu ombro e agarrando-a ao redor da cintura enquanto ficava de pé. Trabalhando juntas, conseguiram pôr Alex em posição vertical e sobre seus pés justo quando um segundo carro parava no estacionamento. Alex olhou para o veículo, franzindo o cenho quando reconheceu Cale saindo do carro e correndo para elas. -O que aconteceu? Escorregou no gelo?- perguntou ele com preocupação, movendose a seu outro lado.
-Estou bem- disse Alex em lugar de explicar.
Foi Bev quem soltou, -Alguém a atacou.
Alex fez uma careta, e depois sacudiu sua mão quando Cale se voltou bruscamente sobre ela. Repetiu, -Estou bem. Bev esqueceu seus óculos, retornou e o assustou. Cale olhou a seu redor como se preparando para perseguir o culpado, mas aparentemente ao não ver ninguém, voltou-se, parou para se agachar, e ela ouviu o tinido das chaves. Ele tinha encontrado as delas, percebeu, enquanto se levantava com elas. As segurando em uma mão, utilizou a outra para pegar seu queixo e inclinar seu rosto. -Está sangrando. Alex não sabia como diabos podia saber disso com a escuridão os rodeando, então franziu o cenho ao perceber o quanto estava escuro. Olhou para a luz sobre a porta que normalmente iluminava a metade do estacionamento. -O que aconteceu com a luz?-perguntou Bev, olhando nessa direção agora.
-Não sei. Tenho certeza de que a acendi- murmurou Alex, e depois começou a sacudir a cabeça, mas levou a mão à testa pela dor que isso causou. -Seria melhor entrarmos e pegarmos seus óculos, Bev, assim pode ir para casa.
Sem esperar por uma concordância, Alex se dirigiu para a porta, agradecida pelo apoio da mão de Cale em seu braço. Suas pernas estavam um pouco instáveis ainda. Na porta, ele utilizou suas chaves, destrancou e a abriu, depois a conduziu para dentro.
-Onde está o interruptor da luz?-perguntou Cale, detendo-se na porta.
-Aqui- disse Bev, e as luzes de repente brilharam à vida, fazendo com que Alex fizesse uma careta de dor enquanto a luz brilhante apunhalava através de seus olhos e em sua cabeça. Ouviu a outra mulher acionando outro interruptor várias vezes. Acendi a luz exterior, Alex, mas não está funcionando. Entretanto, estava funcionando quando fui embora- acrescentou ela, com preocupação em sua voz. Talvez a lâmpada tenha queimado. -Vou verificar isso antes de ir- disse sombriamente Cale, conduzindo Alex para frente. Ela se moveu de boa vontade, mas estava agradecida quando ele a levou e parou na cozinha, não a fazendo caminhar todo o caminho até seu escritório. Moverse parecia só agravar a dor que irradiava da parte posterior de sua cabeça, e não pôde conter um gemido quando Cale de repente a segurou pela cintura e a levantou para sentá-la na mesa. É claro que ele não deixou de ouvir o som, e ela notou a preocupação que se amontoou em seu rosto enquanto a olhava por cima. Quando, então, ele começou a mover suas mãos pelo cabelo, Alex supôs que estava procurando um ferimento, e disse, -Está na parte de trás. Cale se moveu imediatamente a seu lado e começou a apalpar ao redor da parte posterior de sua cabeça. Fez uma pausa quando Alex respirou forte enquanto seus dedos encontravam o galo. -Não parece estar sangrando- murmurou ele.
-Entretanto, sua bochecha está sangrado- disse Bev, olhando-a com preocupação.
-Acho que foi seu relógio ou um anel- disse Alex, recordando a dor aguda enquanto sua mão se arrastou através de seu rosto na briga. -Tem que ir a um hospital- decidiu Cale.
-O corte está tão ruim?-perguntou ela, alcançando instintivamente sua bochecha, preocupada de que pudesse ter alguma ferida horrível que a desfiguraria e que depois cicatrizaria. -Não, mas o galo da pancada na cabeça é enorme e contunua crescendo- disse com gravidade, e depois olhou para Bev. -Poderia conseguir um pouco de gelo e colocar em uma bolsa plástica ou uma toalha? -É claro- murmurou Bev e se afastou.
-Não preciso ir a um hospital- disse Alex em voz baixa. -Não perdi a consciência nem por um minuto. É só um golpe. -Poderia ter uma concussão cerebral- disse com firmeza Cale. -É melhor que verifiquem para nos assegurar que tudo está bem. -Ele tem razão- concordou Bev, voltando com gelo em uma bolsa plástica. -É melhor previnir que remediar. Alex rodou os olhos enquanto Cale pegou a bolsa, mas depois fez uma careta quando ele a apertou contra o galo em sua cabeça, enviando dor de novo irradiando para fora através de seu crânio. Ela mordeu o lábio até que se aliviou um pouco, e depois deixou sair sua respiração em um suspiro. -Está bem. Pararei no hospital para que verifiquem a caminho de casa.
-Levarei você, e depois te deixo em casa se o hospital disser que tudo está bem- disse Cale com firmeza, e adicionou, -Podemos chamar à polícia sobre o ataque depois disso. -Por que?-perguntou Alex secamente. -O homem se foi, e eu não vi quem era. Também não me sinto particularmente estimulada para preencher uma pilha de relatórios sobre algum assaltante que eles nunca capturarão. -Estava te atacando?-perguntou Bev com dúvida. -Parecia que estava tentando te arrastar para trás do contêiner de lixo. Pensei que era um estuprador quando cheguei. Cale a olhou agudamente. -Viu seu rosto?
-Não- admitiu a mulher em tom de desculpa. -Estava escuro e tudo aconteceu tão rápido. Ela se encolheu de ombros, e depois adicionou, -Mas poderia ter sido Peter. -Peter?-perguntou bruscamente Cale.
-O chefe de cozinha que despedi- disse Alex com um suspiro. -Não acredito que ele tivesse feito isto, de qualquer forma. -Não sei- disse Bev com o cenho franzido. -Estava muito raivoso no outro dia quando se negou a contratá-lo de novo. E disse que lamentaria isso. Alex franziu o cenho ante a sugestão.
-Vamos. Cale a agarrou pela cintura e a ajudou a descer da mesa. -Quero te levar ao hospital. -Irei também- disse Bev, correndo a seu posto para pegar seus óculos. O vapor de
água na cozinha tendia a embaçar as lentes, e sempre pegava seus óculos e os colocava na estante em cima da estação antes de cozinhar. -Não tem que vir conosco, Bev - disse Alex enquanto Cale começou a levá-la para a porta de trás. -Tenho certeza que estou bem. Vá para casa e descanse. Quando Bev hesitou, Cale adicionou, -Ligarei depois de ter visto o médico para te dizer se tudo está bem ou não. -Está bem, então- disse Bev a contra gosto, e foi na frente para abrir e segurar a porta para que saíssem. Esperou com eles, enquanto Cale usava as chaves de Alex para fechar com tranca as duas portas, e depois caminhou com eles pelo estacionamento onde o carro de Bev estava parado, com o motor ligado, as luzes acesas e a porta aberta do lado do motorista. -Tem sorte de que ninguém partisse com ele, pensou Alex com um suspiro. -Pelo menos vai estar quente- murmurou Bev, enquanto paravam na porta aberta. Ela parou e disse, -Por favor, não se esqueça de me ligar. Estarei toda a noite preocupada se não o fizer. -Não me esquecerei- assegurou Cale solenemente. Vá em frente. Vamos esperar até saia. Quando Bev olhou para Alex, esta agarrou sua mão e lhe deu um apertão. -Obrigada.
Bev esboçou um sorriso. -E você em geral se incomoda quando me esqueço de meus óculos e volto. -Nunca mais- asegurou Alex com ironia.
-Sim o fará, mas está tudo bem- disse Bev com um sorriso, e lhe deu um rápido abraço, depois se virou e entrou em seu carro. Esperaram até que tivesse partido, em seguida, Cale conduziu Alex para seu carro de aluguel. Ela não se incomodou em discutir que podia dirigir até o hospital. Para falar a verdade, sua cabeça doía tanto que a idéia de entrecerrar os olhos frente às luzes do tráfego noturno que se aproximava era desagradável. Estava agradecida de deixar Cale dirigir. Cale passou pela porta do quarto de Alex pela milionésima vez, e depois parou em frente a porta e escutou. Desta vez, em vez de suspiros de dor ou sussurros inquietos, ouviu uma respiração constante, profunda e que indicava um sono tranquilo. Imediatamente segurou a maçaneta e abriu a porta o suficiente para olhar dentro. Ela estava sem dúvida adormecida. Estava deitada de lado, seu cabelo revolto sobre seu rosto e sua boca aberta, uma fina linha de baba gotejando de sua boca. Cale esboçou um leve sorriso, aliviado ao ver que as linhas de dor já não se mostravam em seu rosto. Depois de chegar em casa, Alex tinha lhe assegurado duas vezes que se sentia bem, e que ele não precisava ficar, mas essas linhas de dor lhe haviam dito que estava sofrendo. Brandamente fechou a porta de novo, e depois se dirigiu escada abaixo, tirando seu telefone de seu bolso traseiro enquanto se movia. No momento em que se moveu para a cozinha na andar térreo, estava discando o número de Bricker. Cale tinha ligado para Bev antes que tivessem deixado o hospital para lhe dizer que Alex estava bem e que a estava levando para casa. Alex estava a seu lado quando ele fez a ligação; mas esta outra ligação era mais complicada, e queria ter certeza que ela estava dormindo e não estivesse escutando antes de fazê-la. -E aí, Cale- saudou Bricker, respondendo no segundo toque. -A que devo o prazer? Não me diga que decidiu seguir adiante com minha idéia de dormir na caminhonete em frente a casa de Alex? Se for isso, é só dizer e estou em caminho, amigo. -Não, não mudei de opinião a respeito- disse sombriamente Cale. -E por favor, me
diga que esta noite não foi um plano brilhante de um de vocês para colocar Alex e eu sob o mesmo teto. -Esta noite?-perguntou Bricker, soando inseguro. -Não, não acredito. Por que? O que aconteceu? -Não providenciou para que um de seus amigos atacasse Alex de modo que ela estaria perturbada, e eu teria que ficar aqui a noite para cuidar dela, não é?-perguntou Cale, sem pensar realmente que tinha feito isso, mas querendo ter certeza. Bricker parecia ter algumas idéias loucas. Ele era jovem o suficiente para esquecer o quão frágeis eram os mortais. Cale cogitou quem poderiam ser os possíveis culpados do atentado, e depois de pensar em Bricker não conseguiu tirar isso de sua cabeça. Entretanto, decidiu que o ofego horrorizado e o verdadeiro sobressalto de Bricker eram difíceis de fingir, enquanto este amaldiçoava em alto e bom som por telefone. -Não! É claro que não faria com que atacassem Alex só para que você pudesse conseguir uma chance. Cristo! Por que tipo de homem me toma? Ela é a irmã de Sam! Sem falar que é a melhor maldita cozinheira dos arredores! Jesus! Ela.. Está bem?- interrompeu-se para perguntar. -Teve uma concussão cerebral leve. Vai ficar bem, mas terá que agir com calma durante alguns dias. Bricker grunhiu e depois retornou a seu discurso. -Não posso acreditar que pensou que eu estava por trás de seu ataque. Sentado em uma caminhonete esperando, enquanto você resolve seus problemas é uma coisa, mas atacá-la? De maneira nenhuma. -Meus problemas?-perguntou Cale com incerteza.
-Conseguir uma ereção-explicou o homem, e depois adicionou, -ou uma erecção para esses que estão condenadamente velhos para conhecer o jargão moderno... sem falar de já não é mais capaz de julgar o caráter. Passou muito tempo só se acredita que eu faria... -Não realmente- disse Cale rapidamente, com a esperança de acabar com o assunto. É só que, desde que soube que todos estavam tão ansiosos que acontecesse, me ocorreu que poderia não ser um acidente. -Bom, é obvio que não é um acidente- espetou Bricker, ainda chateado. -Não é um acidente atacar alguém, mas posso prometer que não estou por trás disto. E sei que Mortimer não faria algo assim. Quanto a Julius, não o conheço tão bem, mas não acredito que o fizesse... Agora, Lucian poderia- adicionou secamente. -Esse velho teimoso não se detém por nada, desde que consiga o fim desejado. Ele não acharia nada errado em golpear a uma garota na cabeça e arrastá-la para sua caverna. -Como sabe que foi arrastada?-perguntou Cale com suspeita, aproveitando do retorno da ira e de outra maldição de Bricker. -Estava falando metaforicamente- cuspiu Bricker. -Cristo, realmente acha que eu faria esse tipo de coisas. Por que tipo de pessoa me toma? -O tipo de pessoa que sugere queimar sua casa para que tenha que ficar em um hoteldisse secamente Cale. Tinha sido uma das muitas sugestões ruins de Bricker essa noite. -Foi uma brincadeira! Estava brincando. Cara, vocês velhos estão tão carentes de senso de humor quando estão cortejando- espetou ele.
Um pequeno silêncio caiu. Quando Bricker falou de novo, Cale podia ouvir a chateação em sua voz e sabia que o homem tinha pensado em algo. -Você não viu quem era?- perguntou.
-Não- admitiu Cale.
-Mas foi um imortal?
Cale vacilou. -Não posso ter certeza disso. Não o vi, e Alex não disse nada que pudesse revelar que se tratava de um. No que está pensando? Bricker ficou em silêncio tanto tempo que Cale pensou que não responderia, mas depois disse a contra gosto, -Tivemos alguns problemas com um renegado em particular. Uma sem presas, acrescentou sombriamente. Cale ficou rígido. Seu primo, Decker, tinha mencionado isto na recepção do casamento em New York. Um sem presas chamado Leonius tinha sequestrado e transformado a companheira de vida de Decker, Dani, assim como sua irmã adolescente, Stephanie, e parecia que as queria de volta. -Sei sobre Leonius - disse Cale.
-Mas, o que te faria pensar que ele machucaria Alex?
-Bom, um de seus filhos atacou à irmã menor de Alex e Sam, Jo, planejando levá-la de volta a seu pai. Parecia pensar que Leonius ficaria feliz em obter uma pequena vingança sobre nós através dela. Bricker deixou que isso penetrasse nele e depois adicionou, -É possível que esta seja a mesma situação. Não provável- adicionou rapidamente, -Mas possível.
Cale franziu o cenho. -Não sei. Ela teve uma sequência terrível de má sorte ultimamente, e estive me perguntando se tudo não está conectado. -Sim, teve - concordou Bricker, e depois disse, -Mas não acredito que Leonius ou seus filhos se incomodariam com os pequenos problemas que esteve tendo. -Esses pequenos problemas estiveram malditamente perto de arruiná-la- murmurou Cale, pensando em todas as entregas erradas e empregados abandonando seus postos. -Talvez, mas Leonius não é do tipo de pessoa que procura vingança arruinando às pessoas. Seu tipo de vingança é mais um acordo do tipo violação e tortura. -Bev disse que o agressor de Alex estava tentando arrastá-la para trás do contêiner de lixo. -Tentando?-disse Bricker, pensativo. -Então não é provável que seja um imortal. Qualquer um de nós poderia levantá-la com uma só mão e levá-la onde quisermos. Demônios, nem sequer teríamos que carregá-la, poderíamos fazer que com fosse onde quisermos com o controle da mente... bom, o resto de nós pode. Você não, é claro. -Humm - murmurou Cale, mas o assunto da vingança ainda estava em cabeça. Agora que estava pensando nisso, toda esta situação lembrava uma grande sequência de eventos que levaram seu pai e seus irmãos até a morte. Eles tinham sofrido uma grande quantidade de acidentes antes da emboscada, houve armas defeituosas, cavalos que de repente derrubavam seus cavaleiros e incêndios. Mais tarde percebeu que esses "acidentes" eram todos provocados pelo concorrente de seu pai, que tinha estado trabalhando na emboscada que matou o pai de Cale e muitos de seus irmãos.
-Vou falar com o Mortimer e verei o que ele pensa, e então te verei amanhã. Enquanto isso, realmente deveria dormir e conseguir pôr em funcionamento esses sonhos compartilhados. Cale fez uma careta ante a sugestão, e recordou, -Ela tem dor de cabeça, Bricker.
-Pensei que isso era desculpa de mulher casada- respondeu rapidamente Bricker, e depois riu de sua própria brincadeira quando desligou. Cale sacudiu a cabeça e fechou seu telefone com um suspiro. Justin Bricker era um pequeno delinquente incômodo. E Cale na verdade estava começando a gostar dele. Passou uma mão pelo cabelo e deu uma olhada ao redor da cozinha. Alex lhe havia dito que se sentisse como em sua casa. Era algo bom já que agora estava faminto... e por algo mais além de comida. Infelizmente, Alex não teria nenhuma bolsa de 'O' positivo por aqui. Mas teria comida, e Cale se conformaria com isso por agora. Não tinha certeza de quanto das cãibras no estômago era por alimentos e quanto era por necessidade de sangue. Se o alimento ajudasse, poderia aguentar até manhã. Se não, teria que ligar e providenciar uma entrega especial. Cale se dirigiu até os armários e começou a abri-los. Havia um monte de comida, mas tudo parecia estar em caixas ou latas com a forma de cozinhá-lo escrita na embalagem. Não estava com paciência para tentar cozinhar de novo, por isso tentou a geladeira ao lado. Tinha encontrado um tesouro. Haviam várias comidas pré-cozidas no interior, e todas precisavam ser levadas ao microondas. Cale tinha visto Alex usar o microondas no novo restaurante em várias ocasiões. Havia lhe trazido o almoço todos os dias, na semana passada, quando tinha passado para ver como estavam as coisas, e ele a viu colocar a comida no microondas e apertar os botões para programar o aparelho. Ele podia fazer isso. Cale escolheu um prato de lasanha, colocou no microondas e depois olhou o painel. Custou algumas tentativas, mas logo
descobriu que teria que apertar a tecla cozinhar, digitar quanto tempo queria e depois acionar o botão de início para que a máquina fizesse o trabalho. Suspirando com satisfação quando o microondas começou a zumbir, Cale deu um passo atrás, e depois pegou seu telefone quando este tocou. -Sim- disse Bricker depois que Cale disse 'olá'. Acontece que Lucian estava aqui enquanto estava contando a Mortimer sobre Alex sendo atacada, e então Sam escutou parte da conversa, e agora ambos os queerm... Ouça! Houve um murmúrio, e depois Lucian gritou, -Enviarei Bricker para ler a mente de Alex e veremos se ela conseguiu ver seu agressor. Se for um imortal, quero saber. -Ela disse que não o viu - disse Cale com calma.
-É uma mortal com uma ferida na cabeça- disse Lucian secamente. -Não sabe o que sabe. -Certo- disse Cale em um suspiro, e então lhe ocorreu dizer, -Se Bricker vier, que traga um pouco de sangue. Lucian grunhiu o que poderia ter sido uma concordância, e ao que parece, passou o telefone para Sam, porque ela foi a próxima a falar. -Bricker disse que Alex estava bem. Está mesmo, não é?- perguntou ela com ansiedade. -Ela está bem- disse Cale com doçura, olhando para o microondas quando um pequeno som de explosão chegou do interior. O papel trasparente que cobria o prato inchou como um globo, e agora havia molho de tomate salpicado no interior.
-Bricker disse que tinha uma concussão cerebral- disse Sam, reclamando sua atenção.
-Uma concussão cerebral leve, sim- admitiu. -Mas nunca perdeu a consciência, por isso disseram que estava bem e que voltasse para casa, desde que ficasse tranquila durante os próximos dias, e houvesse alguém aqui para ficar de olho nela, o que estou fazendo- assegurou-lhe. Já a verifiquei várias vezes já e tenho a intenção de continuar fazendo isso durante a noite. Também ficarei aqui e manterei um olho nela pela manhã. -Bom- soprou Sam, e depois perguntou preocupada, -Acha que ficará tranquila durante os próximos dias? E o restaurante? -Acho que terei que encontrar alguém que cozinhe por ela amanhã a noite- disse Cale com um suspiro, perguntando-se a quem diabos encontraria para isso. -Boa sorte com isso- disse Sam com secura, e depois advertiu, -Mesmo se encontrar alguém que a substitua no restaurante, não te invejo tentar fazer com que fique tranquila. Ela não é uma boa paciente. Se preocupe com o fato de ficar pela manhã. -Bom, o médico lhe disse que ela tinha que ficar tranquila, por isso só terá que ficar tranquila, disse ele sombriamente. -Podemos ficar quietos e ver filmes ou algo assim. -Sim, bom, sugiro que comece com isso, mas se ficar teimosa, recomendo antiguidades- disse Sam. -Antiguidades?-perguntou com surpresa.
-Sim. Basta olhar a seu redor. Alex ama antiguidades, e isto não é muito vigoroso. Caminhará lentamente através das lojas para ver tudo, e pode lhe sugerir pausas para o café e o almoço durante o passeio.
Cale não tinha que dar uma olhada ao redor. Tinha notado várias antiguidades quando seguiu Alex antes. Nunca tinha ouvido falar de comprar antiguidades, mas imaginou que isto era comprar coisas velhas e supôs que poderia suportar isso para evitar que Alex fizesse algo muito exaustivo. -Bricker está preparado ir a seu encontro, e quer seu telefone de volta, mas se importaria se ligar amanhã para saber como ela está? Ou você pode me ligar?perguntou Sam. -Sim, é claro- disse Cale, quando a uma explosão muito mais forte soou do interior do microondas. Voltando-se, viu que o plástico arrebentou e o molho de tomate estava agora salpicando o vidro da porta do microondas. Dirigiu-se para o aparelho, mas parou quando a voz de Bricker soou no telefone. -Estarei aí tão rápido quanto puder, mas é provável que leve quarenta e cinco minutos ou mais para cruzar a cidade- anunciou ele. Cale lançou um grunhido como resposta e continuou até o microondas, olhando com preocupação o que supunha ser sua comida. -Há algo que queira que leve comigo agora que estou a caminho?- perguntou Bricker. Cale olhou a desordem no interior do microondas, mas sacudiu a cabeça e disse, Não, obrigado. Há um monte de comida e café aqui. -Certo. Te vejo daqui a pouco- disse Bricker.
Cale assentiu com a cabeça e desligou antes de perceber que seu gesto não teria sido visto. Encolhendo-se de ombros, deslizou o telefone em seu bolso e olhou o painel do microondas, procurando o botão para desligá-lo. Tinha verificado sua lasanha,
limpado o interior do aparelho e colocado a comida por outros dez minutos se acaso não estivesse pronta. Tinha utilizado uma vasilha diferente desta vez. Infelizmente, apesar de ter visto Alex pressionar os botões, realmente não tinha prestado muita atenção no que ela utilizava para esquentar as coisas no microondas, mas parecia óbvio que precisava de algo mais resistente que essa película plástica. Talvez uma tampa de plástico fosse melhor, pensou quando viu um botão etiquetado com 'apagar / parar' e o apertou.
Capitulo 9
Cale acabava colocar o microondas para funcionar de novo e pela sexta vez, quando ouviu a batida na porta. Sabendo que seria Bricker, apressou-se para sair da cozinha com alívio e se dirigiu até a sala para abrir a porta. -Olá- saudou alegremente Bricker. Trouxe... Se deteve abruptamente quando Cale abriu a tampa da pequena caixa térmica que acabava de levantar e pegou uma bolsa de sangue para levá-la de repente a seus dentes. -Faminto suponho- disse Bricker com ironia, seguindo-o para o interior da casa quando Cale se voltou e foi de volta da sala para a cozinha. -Só trouxe quatro bolsas. Imagino que não pode mantê-las na geladeiro daqui de qualquer modo, e posso trazer mais pela manhã se não puder se afastar para conseguir mais. Cale grunhiu em acordo em torno da bolsa em sua boca enquanto passava pela porta da cozinha, então amaldiçoou e se apressou para o microondas quando viu as faíscas que voavam da frigideira que estava dentro do aparelho.
-Que diabos está fazendo?- perguntou Bricker com horror, colocando a caixa térmica na mesa da cozinha e correndo a seu lado em frente do microondas. -No minuto em que Cale apertou o botão 'Apagar / Parar', Bricker puxou a porta para abri-la e depois procurou a seu redor uma toalha para tirar a frigideira. -Caramba, nunca ponha metal dentro de um microondas. -Bom, o plástico derreteu- murmurou Cale, apartando a bolsa agora vazia de seus dentes enquanto o imortal mais jovem deixou cair a frigideira na pia. -Jesus, não pode por plásticos no interior a menos que sejam próprios para microondas- disse ele com desgosto, então parou de falar e se virou lentamente, com a boca aberta enquanto olhava os diversos pratos ao redor da cozinha. Foi até o mais próximo e lhe perguntou, -O que é isto? -Lasanha despedaçada- disse Cale com um suspiro.
-Despedaçada?- perguntou Bricker, arqueando uma sobrancelha.
-A embalagem plástica arrebentou e a lasanha explodiu dentro do microondas. Ele fez uma careta de desgosto. -Foi um inferno de desastre. -Ah- murmurou Bricker e assinalou o próximo prato. -E isto?
-Bolo de carne derretido- admitiu Cale, pegando uma segunda bolsa de sangue da caixa térmica. -Derretido? Dá pra ver. Bricker lhe jogou uma olhada. -O queijo parece um pouco estranho, entretanto.
-Isso não é queijo, é uma tampa de plástico que derreteu quando o coloquei no microondas- explicou com tristeza. Quando Bricker levantou uma sobrancelha, adicionou à defensiva, -Tenho a intenção de repor tudo amanhã. -Hmm. Bricker se dirigiu ao próximo prato. -E este?
-Penne (massa tipo macarrão) duro como uma rocha. Já que a embalagem plástica explodiu e a vasilha de plástico derreteu, tentei cozinhar sem nenhum deles. Pensei que talvez, em tese, não se deveria cobrir a comida afinal de contas, mas ficou todo enrugado e duro como uma pedra- assinalou tristemente. -É por isso que experimentei com a frigideira logo em seguida. Imaginei que devia tentar com algo mais sólido que o plástico. -Quanto tempo o cozinhou?- perguntou Bricker.
-Só dez minutos.
-OH, cara- . Bricker riu. -Tem sorte de não explodir em chamas. Só demora um minuto ou dois para aquecer os pratos quando os coloca em temperatura alta. -Bom, isso explica as coisas- disse Cale, e mordeu a segunda bolsa de sangue.
Sacudindo a cabeça, Bricker se dirigiu até a geladeira e abriu a porta. -Ainda há uma espécie de prato de massa aqui. Parece um macarrão de algum tipo. Esquentarei para você se quiser. Incapaz de falar com a nova bolsa na boca- Cale assentiu com a cabeça.
-Antes que me esqueça, Lucian encontrou um cozinheiro para substituir Alex amanhã a noite- anunciou Bricker enquanto tirava o macarrão da geladeira. Ela está dormindo? Cale assentiu de novo e viu como Bricker tirava a embalagem plástica de um canto do prato e depois o colocava no microondas. -Só utilize embalagem plástica para microondas, a qual tenho certeza que esta éexplicou Bricker enquanto começou a apertar botões. -Mas tem que deixar uma abertura para que o vapor escape. Cale grunhiu sua compreensão ao redor da bolsa, e depois a arrancou de seus dentes, enquanto terminava de esvaziá-la. -Quem foi que Lucian encontrou para substitui-la? -Na verdade foi Lucern quem conseguiu o homem. Lucian chamou a todos para ajudar na tarefa e Lucern me chamou para dizer que tinha conseguido um cozinheiro, você não vai acreditar nisto, o Chef Emile aceitou tomar o lugar de Alex. -Ele é bom?- perguntou Cale, colocando as duas bolsas vazias de volta na caixa térmica. -Está brincando, certo?- perguntou com assombro Bricker. -É um famoso chef, Cale. Tem seu próprio programa de TV. A Cozinha do Emile. Não só é bom, mas isto fará com que os meios de comunicação convidem a La Bonne Sex para entrevistas e coisas assim. Será uma boa propaganda para Alex, provavelmente conseguirá até uma cobertura da imprensa para a inauguração do novo restaurante, já que Lucern também convidou o chef para a inauguração. Cale entrecerrou os olhos. -Ele aceitou? Ou foi convencido?
-Ele aceitou- assegurou Bricker, movendo-se até o microondas quando soou o sinal no aparelho. -Lucern e Kate estão em Toronto por duas semanas e Emile está em Nova Yorque. Não pode controlar a mente de um mortal através do telefone. Além disso, acho que ele e Lucern são amigos. Emile fez um livro de cozinha para a editora de Kate. É foi assim que se conheceram. Sempre estão falando por telefone. Bricker encolheu de ombros e tirou o macarrão. -Então quando Lucian ligou para ele, Lucern ligou para Emile, e tivemos sorte. Ao que parece, acaba de terminar de gravar o programa desta temporada e tem algumas semanas de descanso. Lucern lhe pediu que viesse cozinhar para Alex e ficar com ele e Kate durante uma semana, talvez comparecer à inauguração do restaurante, e relaxar um tempo... e ele aceitou. -Hmm, terei que agradecer a Lucern- murmurou Cale. Olhou por volta ao macarrão que Bricker estava mexendo agora. -Isso está pronto? -Não. Deve colocar por um minuto e meio, depois mexe e o cozinha por outros quarenta e cinco segundos- explicou Bricker enquanto substituía a embalagem plástica. Cale assentiu com a cabeça e se voltou para a porta. -Vou verificar Alex de novo, enquanto isso fica pronto. -Irei com você. Bricker colocou o prato no microondas e acionou os botões para que voltasse a cozinhar outra vez. Quando se voltou, viu que Cale havia parado para olhá-lo, e então lhe recordou, -Lucian quer que eu a leia. -Certo- murmurou, e se girou para abrir o caminho para cima.
Cale parou em frente a porta, escutando para se assegurare de que sua respiração era lenta e constante, e depois abriu um pouco a porta para ver que ela estava de fato dormindo. Voltou-se para Bricker e sussurrou, -Da porta, não quero que acorde e encontre você em seu quarto. -Controlaria ela se isso acontecesse- assegurou-lhe Bricker e rapidamente adicionou, -Certo, da porta. Assentindo com a cabeça, Cale deu um passo atrás e esperou enquanto Bricker olhou e centrou seu olhar em Alex. Não levou muito tempo para lê-la. Depois de um momento, sacudiu sua cabeça e com cuidado fechou a porta. -Agarrou-a por detrás, então ela não viu nada- disse Bricker enquanto liderava o caminho para as escadas. -Não pareceu como um ataque de um imortal, entretanto. -Por que diz isso?- perguntou Cale, enquanto voltavam para a cozinha.
-Ele não a controlou, nem sequer quando ela atacou seus olhos com as unhas, e não tinha nossa força. -Entendi- murmurou Cale, deslocando-se para o microondas para pegar o macarrão o já pronto. Colocou sobre a mesa para esfriá-lo e depois se dirigiu para a caixa térmica com o sangue para acabar com as últimas duas bolsas, enquanto esperava. Antes de morder a primeira bolsa, perguntou, -Então não acredita que isto possa estar conectado a Leonius? -Duvido- decidiu Bricker. -Simplesmente não tem a característica de um imortal. Embora suponho que Leonius poderia ter gerado um menino mortal ou dois. O filho que estava atrás de Jo era imortal em vez de sem presas, e embora seja estranho para uma mortal ficar grávida de um imortal ou sem presas, não é algo impossível. Acho
que poderia ter um filho mortal tentando ganhar sua aprovação para levá-lo a alguém relacionado com a família. Cale ponderou isso, enquanto esperava que sua bolsa se esvaziasse. Acabava de retirá-la de sua boca quando Bricker voltou a falar. -Talvez tenha sido só um ladrão ou um estuprador mortal- sugeriu.
-Bev sugeriu que poderia ser esse homem chamado Peter, que Alex demitiu no dia em que cheguei- admitiu Cale, colocando a bolsa vazia na caixa térmica com as outras duas. Depois se moveu para procurar nas gavetas um garfo e o colocou sobre a mesa ao lado do prato de massa. -Pensei que seu nome era Pierre- disse Bricker com surpresa.
-Uma afetação- disse secamente Cale. -Seu verdadeiro nome é Peter. E acho que se apresentou recentemente tentando recuperar seu trabalho e não ficou contente quando Alex lhe disse que não. Mordeu a última bolsa de sangue. Era melhor beber e enviar as bolsas vazias com Bricker, do que se arriscar que Alex as encontrasse em seu lixo e fizesse perguntas. -Huh- disse Bricker. -Encontrei-me com ele algumas vezes quando fui ao restaurante para jantar com o Mortimer e Sam. Sempre voltávamos para ver Alex antes de sair, e esse cara era um sujeito chato e arrogante. Não pensou em conseguir seu endereço enquanto organizava os documentos de Alex, não é? Cale franziu o cenho com a bolsa em sua boca, obrigado a esperar até que estivesse vazia antes que pudesse perguntar, -Por que?
-Porque vou parar na casa dele quando estiver a caminho de casa e fazer uma leitura em sua mente para ver se era ele ou não- disse Bricker enquanto observava Cale colocar a última bolsa vazia na caixa térmica com as demais, e depois ir se sentar à mesa. -Não lembro de seu endereço, mas vi seu último contra-cheque e sei seu sobrenome. Provavelmente possamos buscá-lo na lista telefônica se estiver cadastrado- disse, e colocou alguns pedaços de macarrão em sua boca, e então fez uma pausa e simplesmente o manteve alí enquanto o sabor explodiu em sua língua. -Bom, não é?- disse Bricker invejosamente.
Cale assentiu com a cabeça e engoliu. -Alex me trouxe almoços no trabalho e sabia que era uma boa cozinheira, mas isto é maná do céu. -Sim. Suspirou Bricker. -É um demônio de cozinheira. Deu meia volta, caminhou para onde o telefone estava colocado na mesa da cozinha, abriu a gaveta debaixo deste, então sorriu e tirou uma caderneta de telefone, dizendo, -Bingo. E qual é o sobrenome do Peter? -Cunningham- respondeu Cale, e continuou comendo enquanto Bricker folheava o livro. Levou vários minutos, mas então fez um som triunfal. Cale olhou para ele perguntando. -Encontrou? -Sim, vários, agora só tenho que verificar qual é- disse Bricker secamente enquanto fechava o livro. Enquanto se afastava, disse, -Vi na memória de Alex que a luz não estava funcionando fora da porta quando saiu, mas que estava acesa antes a noite. Quer que dê uma olhada nisso também?
-Alguém quebrou a lâmpada- anunciou Cale em voz baixa.
-Alex não sabia disso. Por que não lhe disse nada?
-Porque não podiam ver isso e me perguntariam como eu podia- assinalou Cale secamente. -Ah. Bricker assentiu com a cabeça compreendendo. -Estava escuro?
Cale assentiu com a cabeça. -Quem atacou ela provavelmente fez isso para que não o reconhecesse se o olhasse. -O que sugere que Pierre / Peter é nosso homem- disse Bricker sombrio, seu olhar sobre a comida de Cale. -Vou ter uma reunião mental com ele. Acho que vou comprar alguma comida rápida no caminho. O aroma disso me deixou faminto. -Obrigado por trazer o sangue... e pela ajuda para esquentar o jantar-disse Cale, de pé para sair quando Bricker recolheu a caixa térmica e se dirigiu à porta. -Sem problema. Dê um grito se necessitar algo mais. Se eu não poder sair, sempre posso mandar um dos outros rapazes. -Obrigado- repetiu Cale enquanto o imortal mais jovem abriu a porta principal.
Bricker assentiu com a cabeça e fez uma pausa para olhar para trás. -Boa sorte com o sonho. Esperemos que a dor de cabeça tenha acabado e seja capaz de experimentar o negócio de compartilhar os sonhos. -Não estou contando com isso. Sofreu um golpe muito forte. Mesmo se não estiver com dor de cabeça, poderia não estar predisposta para algo assim.
-Também não esperava que fosse sua companheira de vida- assinalou Bricker com um sorriso enquanto seguia para a porta. -Boa noite. -Boa noite. Cale o viu caminhar até uma caminhonete estacionada na rua, entrar e ligar o motor. Fechou a porta de entrada e a trancou enquanto o utilitário começava a ficar fora de vista. Cale voltou para sua comida e saboreou cada pedaço do saboroso prato. Uma vez que terminou, jogou for a todas as comidas tinha arruinado em seus esforços no microondas e limpou os pratos antes de voltar para ver Alex de novo. Encontrando-a dormindo tranquilamente, ele desceu as escadas até a sala de estar, e depois ficou ali durante um minuto sem saber o que fazer. Tinham ficado muito tempo no hospital, e agora eram mais de três da manhã. Cale tinha ficando acordado durante o dia e deveria estar cansado, mas se sentia muito acordado. Seu olhar foi até a televisão, então encolheu de ombros, pegou o controle remoto da mesa de centro, depois se acomodou no sofá e ligou a televisão. Cale não tinha um televisor em casa, mas tinha seguido o conselho de Bricker e viu alguns programas de televisão no hotel antes de adormecer e sabia como funcionava o controle remoto, o que era uma vantagem. Passou pelos canais até que encontrou algo que parecia interessante, e então se acomodou para vê-lo. Alex despertou com sede. Movendo-se meio sonolenta, sentou-se e olhou ao redor do quarto na penumbra tenebrosa da porta parcialmente fechada do banheiro. Cale tinha deixado a luz acesa e a porta ligeiramente aberta caso ela despertasse a noite, e agora apreciava sua consideração, já que saiu da cama. Considerou colocar a bata para sua viagem até a cozinha em busca de água, mas depois decidiu que seu pijama de flanela grande era mais que decente.
Uma luz estava acesa na sala de estar enquanto descia as escadas. Alex olhou para lá com curiosidade, mas se dirigiu à cozinha para pegar a água. Depois de tomar três copos, se encaminhou para a sala, curiosa por ver o que Cale estava fazendo. Encontrou-o dormindo no sofá, sentado em posição vertical, o queixo sobre o peito. Alex fez uma careta ante a idéia do torcicolo que estava certa que ele teria no pescoço depois de dormir dessa maneira e se aproximou do sofá. Considerou despertá-lo, mas se via muito tranquilo, assim pegou um dos travesseiros decorativos do extremo do sofá, e depois ficou de frente para ele. Depois de uma hesitação, parou entre suas pernas, avançando para frente até que seus joelhos pressionaram contra o sofá. Então se inclinou para colocar o travesseiro no encosto do sofá atrás dele e tentaou acomodar sua cabeça. Alex estava a ponto de se endireitar e voltar para seu quarto quando seus olhos se abriram de repente. Ficou imóvel de repente como se a tivesse surpreendido fazendo algo que não deveria, e depois sorriu com ironia ante sua própria reação e explicou, Tive medo de que conseguisse uma cãibra no pescoço por dormir assim... Sua explicação morreu em um pequeno ofego de surpresa quando ele de repente se aproximou e segurou pela parte posterior de sua cabeça. Antes que pudesse fazer mais que piscar, tinha puxado sua cabeça sobre ele e apertado seus lábios com os dela. Foi tão inesperado que Alex não reagiu como deveria, tentando se afastar. No momento em que recordou que estava tentando evitar se envolver com ele e que não deveria permitir isto, era muito tarde. Sua língua se deslizou entre seus lábios entreabertos e em sua boca, provocando uma imediata reação de respostas em seu interior. Em vez de afastá-lo, Alex se encontrou abrindo a boca mais amplamente para ele e pressionando suas mãos no encosto do sofá a ambos os lados de sua cabeça.
Cale imediatamente aprofundou o beijo, as mãos percorrendo ao longo de seus braços. Um calafrio de desejo se deslizou através dela ante a simples carícia, e depois gemeu quando suas mãos se deslizaram até abraçar seus peitos através da flanela de seu pijama. Alex se inclinou para a carícia, lhe dando parte de seu peso enquanto a beijava mais a fundo. Quando começou a conduzí-la para que ficasse em posição vertical, afastou-se com certa confusão, e depois olhou para baixo com surpresa, já que sentiu um roce de brisa fresca sobre o peito. Seus olhos se aumentaram quando viu os botões de sua blusa de flanela desabotoados agora, deixando-a aberta, seus peitos expostos. Ela engoliu em seco quando Cale se inclinou para frente no sofá e acariciou a generosidade revelada. Seu olhar se deslizou para seu rosto, e viu sua expressão através das pálpebras cansadas enquanto ele apertava e amassava as esferas redondas. Quando então apanhou seus mamilos entre os dedos e apertou com suavidade, ela gemeu e cobriu suas mãos com as suas próprias, seus olhos fechando-se brevemente enquanto um prazer rodava através dela. -Abra seus olhos- sussurrou ele, e Alex se obrigou a abrí-los a tempo para vê-lo mover-se do sofá e fechar sua boca sobre um mamilo agora duro. Ela olhava com fascinação enquanto ele alternadamente chupava, beliscava e puxava a ponta dura com sua língua, mesmo enquanto continuava acariciando o outro com uma mão. Seu corpo estava cantarolando com a sensação, e então foi consciente de que sua outra mão se estava movendo entre suas pernas, esfregando o tecido contra ela ali. Alex ofegou então, e alcançou seus ombros, para ajudar-se a permanecer de pé enquanto ele a acariciava, enviando quebra de onda atrás de quebra de onda de prazer deslizando através dela. Não poderia suportar a investida por muito tempo, então puxou o cabelo na parte posterior da cabeça e o separou de seu peito para que ela pudesse dobrar-se para beijá-lo outra vez. Ele respondeu ao silencioso pedido, a boca levantando-se para a sua e a língua varrendo para inundar-se na sua, mas ele
continuou movendo a mão entre suas pernas, a ação mais rápido agora e mais insistente. Alex gemeu em sua boca, e depois começou a chupar sua língua, seus dedos raspando o couro cabeludo com exigência. Ela gemeu de novo, desta vez em sinal de protesto, quando sua mão saiu de entre suas pernas. Mas esteve de volta rapidamente, deslizando-se entre o cinto de seu pijama e sua pele quente para tocá-la de novo, agora sem o tecido entre eles. A explosão de necessidade dentro dela estava consumindo tudo, depois que foi consciente do puxão de sua calça de pijama que caiu ao redor de seus tornozelos. Ela só percebeu sua perda quando deixou de acariciá-la de novo para agarrá-la pela cintura, tirar a calça, e depois sentá-la sobre seu colo. O material áspero da calça jeans dele roçava contra suas coxas nuas enquanto Alex se acomodava sobre ele, e depois tirou a camiseta para que assim pudesse unir-se às calças dela no chão. Cale rompeu seu beijo e se inclinou um pouco para trás para olhá-la com olhos sonolentos, e Alex se encontrou olhando-os com fascinação. Parecia mais cinza que prata agora, a prata fundida e crescendo em seus olhos enquanto sua mão se deslizava entre suas pernas uma vez mais. Mordeu-se os lábios e cravou as unhas em seus ombros enquanto seus dedos dançavam brandamente ao longo de sua carne, então Alex gemeu e jogou a cabeça para trás, fechando os olhos enquanto seus dedos se inundavam para encontrar seu centro. -Olhe para mim- ordenou em voz baixa, e ela se obrigou a levantar a cabeça. Seus olhos pareciam estar quase acesos agora, e ela ficou olhando-os enquanto ele trabalhava sua carne, sua respiração vindo em pequenos ofegos que ficavam mais superficiais enquanto seu entusiasmo crescia. Quando ele deslizou um dedo nela enquanto ainda a acariciava, não pôde evitá-lo, os olhos do Alex se fecharam apertados, sua boca aberta em um 'OH' gritado, que se converteu em um gemido, enquanto o retirava, só para inundar-se de novo.
Alex estava segura que um orgasmo estava a ponto de rasgar através dela quando parou de repente. Abrindo seus olhos, piscou para ele confunsa, e ficou boquiaberta pela surpresa quando a agarrou pela cintura e a levantou. Voltou-se para olhá-lo, e então viu que se pôs de pé para tirar-se sua própria roupa. Levantou-se imediatamente para ajudar, mas se distraiu com seu peito, enquanto levantava sua camisa sobre sua cabeça. Alex não pôde resistir a correr as mãos sobre a ampla extensão, mas depois as deixou cair nos botões de sua calça, desabotoando cada um rapidamente. Apesar de ser justa, sua calça caiu como manteiga deslizando-se em um peru assado, e sua ereção se derramou, forte e com vontade própria. Alex instintivamente a alcançou, mas Cale a segurou e lhe deu a volta, assim suas costas estavam contra seu peito. Então, envolveu seus braços ao redor dela por trás, sua boca pressionando o lado de seu pescoço enquanto uma de suas mãos começava a acariciar seus peitos e a outra se deslizava entre suas pernas de novo. Desta vez ela tomou a iniciativa, usando o agarre para pressionar suas costas contra sua ereção de modo que seu traseiro se esfregava contra ele enquanto continuava suas carícias de antes. -Cale, por favor- queixou-se Alex, empurrando de novo nele quase asperamente. Tinah certeza que não poderia aguentar muito mais e queria senti-lo dentro dela, queria que a enchesse e a levasse até o ápice para onde se dirigiam. Para seu alívio, ele atendeu sua petição. Mas não a levou com ele escarranchado no sofá como ela tinha esperado. Em vez disso, conduziu-a para se ajoelhar no sofá e inclinar-se para frente para que ele pudesse segurar o encosto do sofá. Alex gritou quando ele a penetrou, suas unhas cavando desesperadamente na partede atrás do sofá enquanto suas pernas tremiam. Cale se deteve então e pressionou um beijo ao lado de seu pescoço, depois se retirou um pouco e penetrou de novo nela. Sentiu seus dentes rasparem através da carne tenra de sua garganta, e Alex virou a
cabeça para beijá-lo com toda a paixão que ele estava movendo nela, mas isso o fez parar, então ela baixou um pouco para a parte posterior de seu sofá enquanto ele começava a golpeá-la a sério. Quando a rodeou com sua mão para acariciá-la de novo, não pôde suportar mais e gritou enquanto seu prazer estalava a seu redor. Alex deve ter dormido depois disso. Quando abriu os olhos de novo, estava sobre o peito de Cale no sofá. Sem saber se estava acordado ou não, levantou lentamente a cabeça para olhá-lo e conseguiu esboçar um sorriso quando viu que seus olhos estavam abertos, e estava devolvendo o olhar. -Olá- sussurrou ela com acanhamento.
-Olá- disse ele solenemente.
Alex o olhou durante um momento, mas depois aumentou seu acanhamento, e começou a se levantar, mas se congelou ao sentir sua ereção debaixo dela. Seus olhos se dispararam de volta a sua cara com comoção. Você não...? -Sim- assegurou ele com um sorriso irônico. -Mas parece que te quero de novo.
Alex olhou seu peito e vacilou, insegura do que deveria fazer. Já tinha cometido o grande engano de se deitar com ele. Ficaria pior se o fizesse de novo? Decidindo que se tinha que se perguntar isso, provavelmente o faria, deslizou seu pé direito até o chão, com a intenção de tirá-lo, mas à medida que se movia, esfregou-se contra sua reaparecida ereção. O entusiasmo que enviava estremecimentos através dela a fez deter-se de novo. -Não acredito que chegue a ter o suficiente de você- sussurrou Cale, movendo seus quadris de maneira que se esfregou contra ela uma vez mais.
Alex olhou seu rosto solene, e murmurou, -OH, que diabos. Estirou-se entre eles para segurar sua ereção, e depois a dirigiu de novo dentro dela enquanto se colocava em cima dele. Enquanto o fazia, Cale lhe sorriu sedutoramente. -Bem-vinda de volta- murmurou ele, e procurou seus seios.
Alex fechou os olhos com um pequeno suspiro enquanto suas mãos a acariciavam, e começava a subir de novo, mas o toque de um telefone fez com que piscasse seus olhos abertos e olhasse ao redor com confusão. Franzindo o cenho, incorporou-se bruscamente ao perceber que estava em sua cama, completamente vestida com seu pijama de flanela, e completamente sozinha. Que diabos? O telefone voltou a tocar, e Alex se aproximou para pegá-lo e silenciá-lo. Levantou-o até sua orelha, e ladrou, -Olá? -Parabéns!, você ganhou uma viagem grátis a Las Vegas. Tudo o que tem que fazer para reclamar seu prêmio es... e pagar milhares de dólares- murmurou Alex com desgosto e desligou o telefone. Seu olhar foi para o alarme do relógio de cabeceira enquanto o fazia, e suspirou quando viu que eram as oito e meia da manhã. -Malditos vendedores de telemarketing- murmurou ela, caindo de novo na cama.
Imaginava que havia uma lista em que podia pôr seu nome para evitar este tipo de ligação. Teria que procurar a maneira de conseguir colocar seu nome nela, pensou Alex, e depois olhou ao redor do quarto outra vez. Realmente ainda estava vestida e na cama. Tinha sido um sonho todo este episódio com Cale? Deve ter sido, percebeu ela, e murmurou, -Sabia que essas calças jeans saíram fáceis demais.
Cale olhou para o teto em cima de sua cabeça, perguntando quem teria ligado. Teria gostado de cortá-los e fritá-los lentamente por interromper a ele e Alex. Maldição, estes sonhos úmidos compartilhados eram algo além do imaginável. Também estava definitivamente úmido, deu-se conta com uma sensação de fria umidade em sua virilha atraindo sua atenção à mancha mais escura sobre a ereção que ainda se mantinha alí. Graças a Deus que não tinha aceito a idéia de dormir na caminhonete.
-Alguém poderia ter me avisado- murmurou com desgosto. Teria levado uma muda de roupa com ele, mas tudo o que tinha agora era o que estava usando. Cale se deixou cair sobre o sofá com um suspiro, e depois ficou rígido ao ouvir movimento no andar de cima. Alex estava de pé. Bem, agora ela ia descer aqui e... Amaldiçoando, saiu do sofá e correu em direção à cozinha só para parar no meio do caminho, sem saber o que fazer. O tamborilar de passos ligeiros descendo as escadas o levou a se mexer. Correndo até a geladeira, puxou a porta para abri-la, pegou uma garrafa meio cheia de suco de laranja da prateleira superior e rapidamente a levou a sua boca. -Bom dia, eu...
De costas para ela, Cale se sacudiu como se tivesse se assustado e deixou que o suco de laranja derramasse sobre seu queixo, peito e também sua calça jeans. Amaldiçoou quase esvaziando a garrafa inteira para se assegurar que chegasse a sua calça jeans antes de se endireitar e girar para Alex com fingida surpresa. -OH, sinto muito, não tinha a intenção de te assustar. Alex se precipitou para frente.
Agarrou a toalha que ele tinha deixado secando ao lado da pia e se apressou a seu lado para começar a limpar o suco de seu rosto e peito. -A chamada telefônica me acordou e então tentei voltar a dormir, mas tinha sede, assim desci para tomar um gole de água e eu... Cale se mordeu o lábio. Ela estava limpando seu rosto e depois o peito enquanto ele balbuciava, e então automaticamente se ajoelhou para continuar em sua calça, mas então percebeu o que estava fazendo e parou. Felizmente, o pânico tinha esfriado sua paixão, e sua ereção original tinha desaparecido; entretanto, observando-a enquanto o limpava, seu cabelo alvoroçado como tinha estado no sonho e usando os adoráveis pijamas de flanela dos que tinha desfrutado tanto em despojá-la em seu sonho... bom, não foi capaz de deter o reavivamento da ereção até um meio levantar enquanto a visão trouxe o sonho a sua mente. -OH- sussurrou ela, olhando fixamente o vulto em suas calças jeans. -Eu... Talvez deveria... Alex levantou a cabeça e a mão, sustentando o pano e olhando para cima com incerteza de onde ela se ajoelhou ante ele. Isso trouxe um novo conjunto completo de imagens a sua mente, umas que não tinham provado no sonho. Os olhos de Cale se abriram com horror enquanto ele se animava completamente agora, sua ereção pressionando contra suas calças jeans e criando um vulto muito notável. -Sim, sim, é claro- disse ele, pegando a toalha em uma mão e seu braço na outra, impulsionando-a rapidamente para que se detivesse, quando ela começou a baixar seu olhar a seu crescente vulto de novo. Uma vez que a colocou de pé, Cale deu a volta e foi a té o tanque, usando-o para lavar as mãos como uma desculpa para manter-se de costas para ela enquanto esperava até que sua ereção retrocedesse. -Realmente sinto muito- murmurou Alex, indo até a despensa para pegar um copo. Acho que deveria ter feito algum ruído ou algo parecido para avisá-lo que estava chegando.
-Não foi tua culpa. A chamada telefônica me despertou do sono, mas não estava completamente acordado. Só fiquei surpreso- disse em voz baixa, perguntando-se quanto tempo ia ter que lavar suas mãos. Esta ereção em particular parecia bem persistente. -Como está sua cabeça? -Muito bem. Ela se moveu até o filtro de água no canto e serviu água fria em seu copo. -Um pouco dolorida ainda, mas acredito que mais algumas horas de sono curariam isso. Era tarde quando retornamos do hospital. -Sim- concordou Cale, fechando, a contra gosto, a torneira e agitando suas mãos na pia para eliminar a maior quantidade de água enquanto tentava pensar em como ia seguir de costas para ela. Não conseguindo pensar em nada, disse um pouco bruscamente, -Deveria retorna à cama. -Farei isso depois de comer alguma coisa. Ela apareceu a seu lado com uma toalha limpa, e Cale murmurou um "obrigado", enquanto pegava, mas ficou de frente para a pia enquanto secava as mãos. -Caramba, o que aconteceu com toda a comida? Houve uma festa ontem à noite?
Cale olhou a seu redor e a viu de pé na porta aberta da geladeira, com o cenho franzido sobre as prateleiras agora vazias. -OH, eu... er... Com um suspiro, deixou a toalha e se dirigiu à porta da sala. -Tenho que ir buscar uma troca de roupa no hotel de qualquer forma. Trarei comida no caminho de volta. -Cale.
Ouviu seus pés vindo atrás dele e se moveu um pouco mais rápido até o armário da porta principal, conseguindo pegar seu casaco antes de que ela o alcançasse.
-Chaves. Lhe ofereceu suas chaves quando se virou com o casaco, sustentando-o frente a sua virilha. -Assim pode voltar a entrar. -Certo. Sorriu e pegou as chaves, depois retrocedeu para a porta, o casaco ainda posicionado à altura de sua cintura. -Não demorarei muito tempo. Algum pedido especial quando vier com a comida? -Deixo isso com você.
-Está bem. Virou-se, abriu a porta e caminhou para fora com alívio.
-Ponha seu casaco- disse com um sorriso, segurando a porta quando ele tentou puxála para fechar. -Está frio aí fora, e está molhado. Poderia congelar alguama parte. Cale rapidamente colocou o casaco enquanto trotava pelas escadas e correu para o carro.
Capitulo 10
A casa estava em silêncio quando Cale voltou quase duas horas mais tarde. Ele tinha sido tão rápido quanto pôde, pegando uma bolsa de sangue da geladeira assim que entrou no quarto do hotel, na verdade se alimentou dela enquanto entrava na ducha. Esta tinha sido a ducha mais rápida da história, estava seguro. A bolsa em seus dentes ainda não estava vazia quando ele tinha terminado, secou-se com uma mão só, e depois começou a se vestir com uma roupa limpa. Depois Cale só levou o tempo necessário para jogar mais roupa limpa dentro de uma
sacola para levar com ele, antes de descer correndo para seu carro. Ambos, a parada no hotel e passar no Tim Hortons para comprar a comida, provavelmente lhe tinham levado menos de vinte minutos. Entretanto, a casa de Alex estava a uns bons quarenta minutos de carro do hotel, que era onde costumava se hospedar. Agora fechou a porta principal, fechando a tranca, e levou a comida e o café até a cozinha antes de tirar o casaco. Rapidamente o pôs no armário da sala, e depois foi em silencio até as escadas. Cale escutou sua respiração lenta e profunda antes de alcançar sua porta, mas a abriu de toda maneira para se assegurar. Sorriu amplamente quando a viu encolhida de lado, de costas para ele, dormindo tranquilamente. Cale aliviado fechou a porta, deu meia volta e desceu as escadas. Estava dormindo! A idéia correu enlouquecida por sua cabeça. Poderiam compartilhar outro sonho! O pensamento lhe deixou meio ereto antes mesmo que tivesse alcançado a sala e o sofá. Mergulhou nele, acomodou-se sobre suas costas e fechou os olhos, ansioso para que caísse no sono e o sonho começasse como antes. -Olá?
Os olhos de Cale se abriram de repente e se sentou para olhar para a porta vazia com o cenho franzido. Isto não era um sonho. Nem bem tinha fechado seus olhos quando Alex chamou por seu nome. Devia ter despertado quando ele fechou a porta. Suspirando, respondeu. -Sim? -Pensei ter ouvido você entrar- gritou do alto das escadas. -Só tomarei uma ducha. Estarei aí em baixo em seguida. Os ombros de Cale se desabaram. Parecia que não haveria mais sonhos compartilhados por agora. Maldição! Estava esperando por isso. Suspirando, levantou-se e voltou para a cozinha. A comida e o café continuavam esperando na mesa. Cale pegou pratos e talheres para dois. Tinha colocado o café nos copos e a
comida nos pratos no momento em que Alex entrou na cozinha. Seu cabelo estava úmido mas escovado, vestiu-se com uma calça jeans e um suéter azul, e cheirava a laranjas e a especiarias quando se uniu a ele na mesa. -Uau, ainda está quente- disse ela com prazer, pressionando com um dedo a parte superior de seu sanduíche. -Oui. Comprei-o na cafeteria da esquina. Cale se sentou no assento em frente a ela. E você foi rápida com a ducha. Assentindo com a cabeça, ela se sentou. Os dois ficaram inusualmente silenciosos enquanto comeram. Cale não precisou pensar muito para saber porque. Cada vez que a olhava, seu sonho compartilhado voltava a sua mente, roubando qualquer habilidade para falar. A julgar pela forma com que Alex se ruborizou quando seus olhares se encontraram, Cale suspeitava que estavam sofrendo do mesmo problema. Foi quase um alívio quando os dois terminaram. Trabalharam juntos no mesmo silêncio enquanto limpavam seus copos e pratos, e depois Alex o olhou, ruborizou-se, desviou o olhar, e murmurou, -Estou pensando em ir ao restaurante e verificar a luz da porta traseira, poderia trocar a lâmpada. Se não fizer isso, esquecerei e acabarei saindo na escuridão outra vez. -O doutor disse que você tem que ficar tranquila durante o dia de hoje- disse Cale calmamente. -Sei, mas tenho que cozinhar esta noite e...
-Não, não- interrompeu Cale. -Meu primo já providenciou para que Emile ocupe seu lugar esta noite. Alex lhe olhou diretamente pela primeira vez desde que desceu a escada.
Definitivamente não estava pensando em seu sonho neste momento. Seus olhos se ampliaram. -Como é? Seu primo providenciou para que ocupem meu lugar? -Emile- disse Cale, sorrindo com ironia a sua expressão de surpresa. Aparentemente ela reconheceu o nome quando ele não o fez. -Acho que exclusivamente pelas perspectivas de negócio é uma boa notícia. Não só se supõe que ele é um bom cozinheiro, mas também estão esperando uma ampla cobertura da imprensa no restaurante uma vez que saibam... e conhecendo minha família, já fizeram várias ligações as diferentes jornais da cidade. Isto deverá ser uma ótima publicidade para o restaurante, assim como para a inauguração na próxima semana. -Maldição- respirou Alex, apoiando-se fracamente contra a mesa. E eu que temia que o ataque fosse um sinal de que minha onda de má sorte não tinha terminado, vou começar a repensar o assunto. Cale sorriu incredulamente. -Agora está pensando que sofrer um ataque é boa sorte? Lhe olhou como se fosse uma pergunta estúpida. -Se fizer Emile cozinhar em minha cozinha e ainda gera uma boa quantidade de publicidade, pode estar malditamente seguro que é boa sorte. Caramba, o tipo de publicidade que isto trará vale a pena umas fraturas de osso e pontos de sutura, até mesmo um pequeno coma. Um pequeno galo na cabeça não é nada. Cale começou a rir com incredulidade.
-OH, vamos lá- disse Alex repentinamente endireitando-se. Preciso limpar o restaurante. -Pensei que o limpava a cada noite depois do fechamento. Cale a seguiu quando ela saiu fora da cozinha. -Eu limpo, mas este é Emile- disse sobre seu ombro, pronunciando seu nome como
se fosse sinônimo de rei ou deus. Tem que estar imaculado. -Passaria em uma inspeção da vigilância sanitária?- perguntou Cale, embora já soubesse a resposta. Percebeu na noite que trabalhou no restaurante e depois outras vezes nas poucas oportunidades em que ficou até a hora do fechamento, que Alex era muito consciente sobre o aspecto de seu negócio e tinha treinado sua equipe para ser assim também. -É obvio. Mantenho uma cozinha limpa- disse quase indignada, parando em frente do armário da sala e abrindo a porta. - Então é o suficientemente bom para o Emile- disse ele razoavelmente. -Isto é diferente. Quero me assegurar que não há nem sequer uma bolinha de pó que se possa encontrar. Ele es... -Alex- disse Cale calmamente, pegando seu casaco quando ela o arrastava para fora do cabide. Franzindo o cenho se voltou para ele. -Cale, me dê isso. Tenho que chegar ao restaurante e começar a limpeza. Quero esfregá-lo de cima abaixo, usar alvejante e uma escova de dentes entre cada greta. Ela franziu o cenho e acrescentou, -Talvez deva comprar um novo avental só para ele. Ela tinha tentado pegar o casaco enquanto falava, mas Cale continuava desviando para fora de seu alcance. Agora ele segurou seu braço, obrigando-a a parar. -Esfregar a cozinha hoje não é relaxante. De fato, é mais estressante que se tivesse que cozinhar esta noite. -Sim, mas é Emile- sublinhou com frustração. -Preciso me assegurar de que tudo
seja perfeito. Cale ficou em silêncio, então suspirou e baixou seu casaco. -Muito bem, se insistir em que a presença de Emile significa limpar o restaurante durante todo o dia, então ligarei para meu primo e lhe direi que entre em contato com Emile e cancele a sua substituição. Alex tinha arrebatado seu casaco no momento que ele o baixou e imediatamente o pôs sobre os ombros, mas então se congelou olhando-o horrorizada. -O que?
-Bom- disse de forma razoável, -O homem só vem aqui para ajudar porque você foi ferida e se supõe que tem que descansar. Como acha que se sentiria se ele fosse o causador de todo esse trabalho, e descobre que a mulher que deveria estar descansando passou todo o dia de hoje limpando como um cão para sua chegada... limpando uma cozinha que, obviamente, estava perfeitamente impecável quando a vi ontem à noite, acrescentou ele. -Ele não tem que saber- protestou Alex. -Ele teria a impressão de que se aproveitaram dele, utilizado por sua reputaçãocontinuou Cale firmemente, e então somou, -E mesmo que ele não soubesse, eu saberia e não me parece correto. Se insistir nisto, preferiria cancelar sua substituição, e te deixaria cozinhar, que certamente é menos extenuante que limpar o chão de joelhos e com suas mãos. O doutor disse que deveria descansar. -Mas... ela o olhou com frustração, mas aparentemente incapaz de encontrar um argumento válido, afundou-se com sua derrota. Alex suspirou, e com voz ressentida murmurou, -Acho que tem razão. Provavelmente seria ruim se descobrisse que fiquei limpando o restaurante quando deveria estar muito doente para cozinhar.
-Está muito doente para cozinhar- disse com firmeza Cale. Quando ela fez uma careta a sua demanda, adicionou brandamente, -Alex, sei que se sente bem agora, mas seu cérebro sofreu um trauma ontem à noite. Segundo o médico, sofreu um golpe forte e seu cérebro foi sacudido dentro do crânio quando caiu. Poderia haver machucados, ou danos que não apareceram até agora. Por favor, poderia fazer o que lhe disseram e descansar? Só por um dia? -Bem- murmurou ela, tirando o casaco e lançando-o ao chão do armário antes de bater a porta e partir para a cozinha. Cale a seguiu com o olhar assombrado, perguntando-se se realmente teria agido errado. Estava se portando como uma menina mimada que não tinha conseguido o que queria. Estava fascinado por um lado, mas nunca a tinha visto assim antes. Cale a seguiu até a cozinha e a viu apoiada contra a pia, olhando por cima da janela. Quando percebeu sua chegada, suspirou e se voltou para ele murmurando, -Sinto muito.
-Compreendo- disse Cale em voz baixa. -Então... ela forçou um brilhante sorriso... -Acho que passarei o tempo por aqui hoje e descansarei. Você pode ir se quiser, eu agradeço sua estadia da última noite. Foi muito amável de sua parte. Cale entrecerrou seus olhos, e a suspeita aumentou dentro dele. Sua voz foi relaxada quando disse, -Vou sair, se quiser. Preciso levar suas chaves a Lucian de todos os modos. - Minhas chaves?- perguntou com cautela, seu sorriso desvanecendo-se. -Ele levará Emile ao restaurante. Provavelmente um pouco antes do que é realmente
necessário, mas o homem deve ter a chance de se familiarizar com as instalações, mentiu Cale. Ninguém tinha mencionado os planos sobre quem deveria deixar o chef entrar no La Bonne Sex, e ele tinha decidido essa manhã que ele mesmo o faria. Mas quis que Alex soubesse que não ia se livrar dele e escapulir para ir ao restaurante como suspeitava que estava planejando. -E é claro, preciso pegar as chaves de seu carro e organizar para que alguém o traga até aqui. Fomos em meu carro na noite anterior, e agora você está sem veículo até que alguém venha trazê-lo. Mas já que planeja ficar em casa de qualquer maneira... -Merda- murmurou Alex, seu sorriso tinha desaparecido definitivamente. Parecia evidente que estava planejando ir até o restaurante. -Ou... ele começou, mas parou para considerar o plano que acabava de imaginar. Cale estava preocupado de que Alex estivesse chateada o suficiente com ele para mandá-lo para fora de sua casa devido a sua irritação. Mas se pudesse tentá-la com um passeio de antiguidades... ele poderia vigiar e ter certeza de que ela descansaria. -Ou o que? - perguntou Alex com o cenho franzido.
-Ou você e eu poderíamos ir ver algumas antiguidades hoje- sugeriu, e depois lhe advertiu, -Teríamos que fazê-lo com tranquilidade. Nada de perambular pelos arredores. -Perambular? perguntou secamente.
-Frequentes descansos para tomar café ou comer, e nada de ficar de pé durante muito tempo- disse com firmeza.
Alex ficou olhando por um tempo muito longo, mas depois suspirou e se afastou da mesa outra vez. Seu tom foi mal-humorado quando disse, -Acho que isso é melhor que ficar presos aqui durante todo o dia. -Realmente é uma má paciente, não é?- disse Cale com diversão quando a seguiu para fora da cozinha. -Quem disse que era uma má paciente? -perguntou Alex, olhando-o sobre seu ombro. -Sam. -Como se ela fosse melhor- soprou Alex, abriu a porta do armário e se inclinou para pegar seu casaco. Então tirou sua jaqueta do cabide, e se virou para entragar a ele. -Obrigado- murmurou Cale. Alex assentiu com a cabeça e se encolheu de ombros em seu casaco, antes de acrescentar, -Além disso, não sou uma má paciente. -Não? - perguntou secamente Cale, pegando seu cachecol, chapéu e luvas.
-Não- assegurou ela, e acrescentou com um toque de desgosto, -Eu gosto de fazer do meu jeito. Cale começou a rir ante a admissão. Não se surpreendeu. Era proprietária de seu próprio restaurante, conseguiu seu próprio negócio e foi bastante capaz de fazer do seu jeito em seus assuntos. Mas ele também era assim, e Cale suspeitava que se alguma vez tinha êxito cortejando-a para que aceitasse ser sua companheira de vida, haveria alguns atritos durante o primeiro ano enquanto lutavam por aprender a viver como um casal. Mas a distribuição do sexo definitivamente seria quente.
-Suficientemente agasalhado? - perguntou Alex com diversão quando viu a maneira com que ele se abrigou. O chapéu chegava sob sua testa, o cachecol estava envolto ao redor do pescoço e do rosto, de modo que a única parte de pele que o sol alcançaria seria um pouco ao redor de seus olhos. -Sou europeu- disse através do cachecol. -Não estou acostumado a este frio. -Hmm. Alex se virou para abrir a porta principal. -Este é o mesmo homem que não usou seu casaco antes de sair correndo para seu carro esta manhã? Cale não fez comentários, mas a seguiu para fora da casa, fechou a porta e colocou as chaves no bolso. Tinha planejado retê-la pelo menos até esta noite. Não havia maneira de que ela se desfizesse dele e saisse para o restaurante para fazer a limpeza. Louca, pensou com um suspiro. Obviamente não sabia o quão frágil era como mortal. Tinha que cuidar dela até que aceitasse a mudança, decidiu Cale, e esperava que não passasse muito tempo para levá-la a esse ponto agora que tinham compartilhado um sonho. Ele não sabia como Mortimer conseguiu não converter Sam em todos estes meses. O homem deve estar doente de preocupação. Cale havia se sentido como se tivessem arrancado seu próprio coração na noite anterior quando chegou ao restaurante e viu Alex aos pés de Bev e a esta ajudando-a com uma hemorragia. Não foi capaz de chegar rápido o suficiente. Ele precisava incrementar seu esforço no cortejo e conseguir que ela se comprometesse com a mudança, e isso era tudo. -Isto deve acrescentar um pouco de cor ao escritório- disse Alex com um sorriso de satisfação quando olhou para baixo na moldura de oito polegadas por oito polegadas da gravura em seu colo. Esta tinha como inspiração a preparação de alimentos, e mostrava um chef com um brilhante estilo italiano cortando chirivías (vegetal parecido com cenoura) em rodelas.
Apesar de ter encontrado a peça hoje em uma loja de antiguidades, Alex tinha certeza de que não era uma antiguidade. Pelo menos lembrava ter visto esta peça, e outras três que eram vendidas em um conjunto, em um dos catálogos que tinha no restaurante. Parecia muito melhor ao vivo, porque dava a impressão de ser menor na foto do catálogo, e pensou que poderia comprar as outras três peças que combinavam com esta, agora que o restaurante estava ganhando dinheiro. -É linda. Cale percorreu com o olhar brevemente a gravura, e depois voltou rapidamente seu olhar à estrada quando sugeriu, -Você gostaria de parar no restaurante e pendurá-la antes de irmos à antiga La Bonne Sex para o jantar? Ainda é um pouco cedo de qualquer maneira. -Sim, por favor- disse Alex feliz. Tinham ido para o norte da cidade para chegar às lojas de antiguidades nos pequenos povoados, dali tinham que dirigir à direita passando a fronteira que conduzia à parte da cidade onde se encontrava o novo restaurante. De fato, já próximos à via de saída, Alex assinalou o acesso e Cale ligou a seta para entrar. O observou fazer a manobra e então perguntou com curiosidade, -Como é dirigir este carro? Cale pensou em sua pergunta, e lhe explicou, -Meu carro está nas últimas e vou ter que substitui-lo nos próximos seis meses ou um ano... sim, já sei que me posso permitir isso, adicionou com ironia, e logo continuou, -Estava considerando um Pontiac Solstice, mas este é agradável de dirigir. -E bom de dirigir- assegurou e lhe ofereceu, -Se quiser pode experimentar você mesma quando sairmos do restaurante. -Oooh, que animal mais estranho e exótico, um homem disposto a deixar uma mulher dirigir seu carro- brincou. Seu estado de ânimo tinha melhorado muito enquanto
estavam comprando antiguidades. Alex ainda desejava que lhe deixasse dar a sua cozinha uma revisão rápida, mas entendeu porque não a deixava. Esta tarde era para se divertir, desfrutando de passear pelas diversas lojas de antiguidades com ele e olhando isto e aquilo. -Este é de aluguel- recordou ele, e depois acrescentou, -Embora eu adoraria deixar você dirigir meu próprio veículo. É claro que tem que vir à França para fazer isso. -Isso pode acontecer- disse com um sorriso. -Sinceramente, tenho a esperança de que o faça- disse solenemente. Alex o olhou bruscamente, seus olhos seguindo o contorno de seu perfil. Era a primeira vez que havia dito algo que pudesse sugerir que ele esperava continuar sua amizade além dos dois meses em que ia estar aqui. Se fosse uma amizade. Não estava certa de como classificar sua relação. Ele trabalhava para ela no momento, tinha declarado seu desejo de chegar a conhecê-la melhor, mas não tinha tentado beijá-la nem nada. Bom, exceto nesse sonho desatinado que tinha tido na última noite, mas essa era sua mente torturando-a com o que não poderia ter. Não podia contar com isso. Não é que quisesse que a beijasse, disse-se Alex firmemente ao perceber a direção de seus próprios pensamentos. Nem mesmo tinha permitido que a conversa se situasse na área pessoal na noite em que tinham pintado o restaurante juntos. Não queria envolver-se, recordou-se Alex com firmeza, e virou seu rosto quando Cale entrou no estacionamento atrás do novo restaurante. Suas sobrancelhas se elevaram quando divisou uma caminhonete estacionada onde normalmente estacionava seu carro. -Aquele é Justin Bricker?
-Hmm. Cale assentiu com a cabeça, sua expressão era agora séria.
-Pergunto-me o que está fazendo ele aqui. -Eu também- disse Cale secamente enquanto estacionava o carro.
No momento em que o veículo parou, Bricker se dirigiu à porta do passageiro e a abriu para Alex. Sorrindo alegremente, saudou, -Olá, preciosa. Queria ver se não tinha matado Cale durante seu descanso forçado. Alex sorriu com ironia, ele segurou com uma mão a gravura e lhe estendeu a outra para que a segurasse quando ela saiu do carro. -Estive perto quando ele não me deixou vir ao restaurante para limpá-lo, mas consegui me controlar. Bricker riu com a afirmação enquanto fechava a porta. Seu olhar se fixou na gravura que sujeitava para ela. -Para o novo restaurante?
-O escritório- respondeu ela, olhando-o outra vez. -Bonita- decidiu Bricker. Eu gosto das cores, e se adapta à perfeição com o restaurante. -Isso foi o que pensei também- disse ela com um sorriso, voltando a olhar a gravura. -Então, a que devemos esta visita? - perguntou Cale, rodeando o carro para unir-se a eles. -Vim buscar as chaves do restaurante para Lucian. Ele e Lucern levarão Emile mais
cedo para que possa se familiarizar com o local. -OH, certo, me esqueci das chaves. Cale começou a procurar em seus bolsos. -Estou surpresa de que não chamasse por telefone- disse Alex a Bricker. Bricker se encolheu de ombros. -Estava nas vizinhanças. Quando percebi que não estavam aqui, ia ligar em seu celular para ver onde estavam, mas então apareceram e me solucionaram o problema. -Aqui. Cale entregou as chaves a Bricker. -Iremos jantar uma vez que esteja aberto. -Direi isso a Sue, para que lhes reserve uma mesa- prometeu Bricker. -Se estiver muito cheio, diga que comeremos em meu escritório- disse Alex, não queria pressionar à mulher. Quase sempre tinham reservas para a lotação completa, mas se a notícia de que Emile estaria na cozinha esta noite tivesse se espalhado, tinha certeza de que seria uma casa de loucos, com mesas originalmente reservadas para dois de repente comportando quatro ou mais pessoas chamadas de amigos que iriam juntos. Uma certa quantidade disto acontecia todas as noites de todos os modos, e geralmente tentavam acomodar a todos, mas suspeitava que esta noite seria pior que de costume. -Farei isso- assegurou Bricker. -Alex, por que não entra e decide onde quer a gravura? Pendurarei ela depois de falar um momento com Bricker, disse Cale calmamente. Alex levantou as sobrancelhas com curiosidade, perguntando-se de que queria falar com ele que não podia dizê-lo diante dela, mas assentiu com a cabeça e começou a caminhar para a porta traseira.
-Visitou Peter ontem à noite? - perguntou Cale no momento em que Alex desapareceu dentro do restaurante. O jovem imortal assentiu com a cabeça com uma careta de desgosto. -Sim. É um pequeno idiota desagradável, mas não foi o assaltante. Só estava chateado com Alex por não lhe contratar de novo. -Estava zangado? - perguntou Cale, levantando uma sobrancelha.
-Eliminei esses sentimentos por ela- disse Bricker secamente. Na verdade é um amargurado, e é um tipo vingativo. Pensei que era melhor fazer assim que lutar com os problemas que causasse mais tarde. Cale assentiu com a cabeça. -Bem pensado. Obrigado.
-E? Bricker levantou agora sua própria sobrancelha. Tive doces sonhos esta noite?
Cale franziu o cenho. Isso não era assunto dele.
Bricker riu entre dentes, absolutamente ofendido por seu tom cortante. Afastou-se, dirigindo-se para a caminhonete, dizendo, -Isso seria um sim então. Avisarei Sam. Ela realmente está preocupada com vocês dois. Tinha chegado a pensar que começava a gostar deste tipo?- perguntou-se Cale com irritação enquanto observava o jovem imortal entrar na caminhonete e sair. Se for assim, definitivamente tinha que rever essa opinião. Moveu sua cabeça quando Bricker o saudou alegremente acenando com a mão. Cale virou e se dirigiu para dentro. O som de batidas chegou a ele no momento que entrou pela porta traseira e Cale
soube imediatamente que em vez de lhe esperar, Alex tinha começando a pendurar a gravura ela mesma. A mulher era muito independente. Parecia decidida a lhe demonstrar que não precisava dele para nada exceto para o trabalho que tinha concordado fazer. Pelo menos assim lhe parecia. Ela sempre estava tentando pagar por suas comidas, sempre fugindo da ajuda para a mais pequena tarefa. Parecia que não sabia como aceitar ajuda. Isso o fazia se sentir um pouco inútil às vezes. Suspirando, Cale fechou a porta atrás dele e se dirigiu para o escritório, seus olhos se abriram com horror quando viu onde ela tinha subido. Em vez de arrastar a escada que tinham usado para pintar, estava usando a cadeira do escritório, e agora estava de pé nela, com um pé no assento, e outro no braço da cadeira, martelando o gancho da foto na parede. Alex parecia completamente alheia à forma com que a cadeira balançava com cada um dos golpes, sem falar no fato de que a maldita coisa tinha rodas e podia escorregar debaixo dela a qualquer momento. Cale se apressou em cruzar o escritório, ela tinha terminado de martelar, deixando cair o martelo no assento da cadeira e pegando a gravura para pendurá-la. Ela teve que soltá-la quando ele alcançou a cadeira, e disse bruscamente, -Jesus, Alex. Você vai cair. Ele se interrompeu com uma maldição, então estendeu a mão para segurá-la quando ela deu um salto, desceu e perdeu o equilíbrio ao deslocar a cadeira debaixo dela. Ele a levou perto de seu peito, fechou seus olhos brevemente com alívio por ter estado ali para fazê-lo, e então os abriu de repente quando ela disse com irritação, -Pelo amor de Deus, Cale. Quase quebro o pescoço. Não deveria assustar às pessoas dessa forma.
Cale ficou olhando sua cara com o cenho franzido com incredulidade. -Você... eu...
Alex levantou as sobrancelhas quando Cale deixou de tentar falar o que fosse que
estava para dizer e simplesmente a olhou com frustração. Ela não tinha nem a menor ideia do que o incomodava tanto. Foi ele que a tinha assustado e esteve a ponto de induzí-la a fazer uma tolice. Mas continuava pressionando-a com força contra seu peito. Era um pouco desconcertante. Tinha o ridículo impulso de deslizar seus braços ao redor de seus ombros e pressionar-se ainda contra ele, mas lutou para resistir. Em vez disso, obrigou-se a contemplar de novo seu rosto e esperar que ele a baixasse. Bom, na verdade não era em seu rosto onde seu olhar se enfocava. Por alguma razão se centrou em seus lábios e não foi capaz de tirar sua atenção deles, em sua mente se reproduziam as cenas do sonho da noite anterior. Imagens desses lábios movendo-se por sua pele e fechando-se sobre seu mamilo passaram por sua cabeça, e pensou que o escritório ficou terrivelmente quente de repente, quando percebeu que esses doces lábios que ela estava olhando estavam se aproximando. Ia beijá-la, e uma parte de sua mente gritou em alerta, Alex sabia que deveria girar a cabeça, ou lhe dar um chute nas pernas para jogá-lo no chão, mas descobriu que estava disposta a fazê-lo. Queria que ele a beijasse, queria saber se seria tão maravilhoso como o tinha sido em seu sonho. Certamente nada poderia ser tão bom, pensou Alex fracamente, e então sua boca foi à deriva brandamente sobre a dela, roçando através deles tão ligeiramente como as asas de uma mariposa, uma vez, depois duas vezes antes de colocar-se de maneira que sua língua pudesse deslizar para fora para induzir seus lábios a se separarem. Alex não foi consciente de dar a seu cérebro a ordem para fazê-lo, mas sua boca se separou de boa vontade, deixando entrar sua língua, e ela teve que revisar seu pensamento de que nenhum beijo real poderia se comparar com os de seu sonho. Este foi definitivamente tão bom ou melhor, decidiu, quando sua língua entrou rapidamente para se enredar com o dela. Cale tinha sabor de bolo de merengue, limão e café, o lanche que tinham comido
durante o último descanso que ele tinha insistido em fazer enquanto estavam passeando pelas lojas de antiguidades. Mas estava combinado com outro sabor totalmente dele, e Alex se encontrou gemendo e remexendo ligeiramente em seus braços a fim de que suas mãos pudessem se deslizar lentamente ao redor de seu pescoço. Cale imediatamente aprofundou o beijo, sua boca cada vez mais exigente, e ela se deu conta de que estava se segurando nele, e movendo seu corpo a fim de que pudesse se pressionar mais perto. Não foi consciente de seu movimento até que ele a desceu. Alex era vagamente consciente de que a parte superior da mesa de repente estava debaixo de seu traseiro, mas essa foi toda a atenção que pôde dedicar. Seu enfoque estava nas mãos que agora estavam passando por seu corpo, e depois acariciando seus seios através de seu suéter. Alex ofegou e se arqueou ante seu toque, então ficou sem fôlego quando ele rompeu o beijo para fazer um atalho com seus lábios até seu ouvido. Imediatamente voltou a cabeça com a carícia com um grito afogado, seu corpo estremecendo-se quando mordiscou seu lóbulo. Abriu os olhos com confusão quando se retirou, e então deu uma olhada para baixo para ver que estava tentando tirar seu suéter e já o tinha empurrado acima de seu peito para revelar seu sutiã. Alex instintivamente levantou os braços para lhe ajudar, emitindo um suspiro quando ele o tirou completamente por cima de sua cabeça, então estremeceu quando suas mãos imediatamente se moveram para cobrir os triângulos de seda sobre seus seios. Ele começou a beijá-la outra vez, sua língua empurrando em sua boca enquanto a acariciava através de seu sutiã. Sentiu o ar fresco tocando as pontas de seus mamilos que ele tinha acariciado, olhou para baixo quando ele rompeu o beijo de novo para ver que Cale tinha baixado as taças do sutiã sob seus seios, deixando-os expostos. Não por muito tempo. Apenas percebeu o que ele tinha feito quando uma mão cobriu um peito descoberto enquanto sua boca se inclinava para o outro.
Alex ofegou e plantou suas mãos na parte superior da mesa, apoiando-se nelas para arquear suas costas. Cale imediatamente a segurou pelos quadris e a aproximou da borda da mesa até que suas pernas emolduraram seus quadris, ele pressionou seu centro contra sua virilha. Ela gemeu quando repetidas vezes se esfregou contra ela sem deixar de sugar e beliscar um de seus seios, e depois o outro. Alex nunca tinha experimentado uma paixão como a que ressonava através dela. Vinham em ondas que rodavam através de seu corpo uma atrás da outra, a primeira parecia unir-se à segunda, e depois à terceira, até chegar a um nível insuportável. Envolveu suas pernas ao redor das dele, pressionando firmemente contra ela em um esforço por deter seus impulsos. Alex mudou seu peso para uma mão e enredou a outra em seu cabelo, arrastando sua cabeça para fora de seu peito e para cima para poder beijá-lo. Nunca experimentado a profundidade de sensações que ele estava provocando nela, e a deixou com medo, mas sua ação não ajudou muito. De fato, acabava de piorar; agora ele a estava seduzindo com sua boca enquanto uma mão se ocupava da tortura em seus peitos, e a outra deslizou entre eles para acariciá-la através de sua calça jeans. -OH Deus- gemeu Alex, afastando a boca da dele e girando a cabeça. Precisava parar, tomar um pouco de ar. Tinha certeza de que ia desmaiar com o furacão de prazer dentro dela. Mas Cale simplesmente deslizou sua boca através de seu rosto até seu ouvido e estabeleceu uma nova sensação quando a mordiscou impetuosamente. Quando suas mãos deixaram de acariciá-la, Alex por um momento sentiu um pouco de alívio, que se converteu em confusão quando a segurou pelos quadris e a levantou da mesa para colocá-la de pé. Por um momento temeu que tivesse a intenção de parar e deixá-la com vontade. Embora estas sensações a estivessem afligindo, estava temerosa de que isto terminasse... mas parar não estava em seus planos. Assim que percebeu suas intenções, suas mãos já tinham trabalhado o botão e o zíper de sua calça jean, os dois estavam abertos, e sua mão se deslizava para o interior.
Alex se segurou em seus ombros e ficou nas pontas dos pés com um suspiro quando começou a acariciá-la através de sua calcinha sem o grosso tecido da calça jeans entre eles. -Cale- ofegou, escutando o desespero em sua voz, e então girou a cabeça para apanhar sua boca outra vez, sugando a língua quando esta se deslizou em sua boca. Ao perceber que ele estava tirando sua calça com sua mão livre, ela os alcançou cegamente para lhe ajudar, empurrando-a para fora e sacudindo seus quadris ligeiramente para ajudá-a a descer por suas pernas. Nesse momento gemeu quando suas carícias tornaram-se mais intensas. Agora sua cabeça estava dando voltas, e Alex estava começando a temer que pudesse ter alguma sequela pela lesão na cabeça depois de tudo. Nenhum homem a tinha afetado alguma vez da maneira como ele fazia. Não podia ser soemente devido à paixão, pensou aturdida, obstinada à frente de sua camisa enquanto ele rasgava suas calcinhas. Imediatamente, seus dedos deslizaram por sua carne úmida, e Alex decidiu que não lhe importava. O medo se desvanecia sob uma necessidade ardente que ele provocava, causando estragos dentro dela. Chegou às cegas para alcançar a frente de sua calça para abrir o botão e descer o zíper, mas se encontrou com o trabalho feito e sua ereção meio exposta quando ele se desfez de sua própria calça por seus quadris. Ela mal conseguiu tirar completamente o tecido quando Cale abandonou a calça e a colocou em cima da mesa. Alex ficou sem fôlego com o contato de sua pele quente com a madeira fria, e no momento ela estava gritando em sua boca quando ele a apanhou por debaixo das coxas e entrou nela. Cale então fez uma pausa, seu corpo enchendo o dela. Alex não estava segura porque, até que ele interrompeu o beijo para olhá-la. Reconhecendo a incerteza e a pergunta em seus olhos, ela o alcançou para pressionar um beijo em seus lábios, e depois o apertou por trás cravando suas unhas, conduzindo-o a se mover.
Ambos gemeram quando ele se retirou lentamente até a metade, então gemeram ao juntos outra vez enquanto se deslizava de novo, depois sua boca voltou a cobrir a dela e seus quadris começaram uma dança milenar... foi um baile muito curto. Já na borda do orgasmo, quando entrou nela, Alex durou possivelmente quatro impulsos mais antes que seu mundo explodisse. Ela foi vagamente consciente de seu grito de acompanhamento e nesse momento a escuridão varreu seu cérebro eliminando todo o resto.
Capítulo 11
Alex despertou e viu que estava deitada no peito de Cale no sofá. Ele deve tê-los levado até lá depois que ela tinha desmaiado, compreendeu, e depois franziu o cenho ante o fato de que aparentemente ela não acoedou quando ele a transportou. Mordeu-se o lábio e ficou imóvel durante vários minutos, tentando averiguar o que tinha acontecido e o que significava. Não é que não soubesse, acabava de ter sexo alucinante na mesa do escritório de seu novo restaurante com seu gerente comercial, não podia negar isso. O que não entendia era o quão poderoso e nocauteante tinha sido. Foram só as sequelas de seu trauma cerebral? Não era normal que o sexo consumisse tudo nela, e nunca antes tinha perdido a consciência como um alcólatra depois de uma bebedeira de três dias. Mais importante para ela que todo o resto, entretanto, estava a pergunta de como deveria enfrentá-lo agora. -Estou acordado. Não tem que permanecer imóvel por medo de me despertar.
Esse sussurro de Cale foi acompanhado de sua mão brandamente em suas costas, e Alex se esticou onde ela estava deitada. Ele tinha interpretado mal completamente sua imobilidade... E isso era provavelmente algo bom, decidiu ela. Supunha-se que era uma mulher adulta e moderna, não uma tímida violeta com medo de enfrentar o que tinha feito. Forçando a si mesma a se mover, Alex apoiou suas mãos a cada lado dele, deslocou seus joelhos para acima de ambos os lados de seus quadris, e começou a se impulsionar para cima. Mas congelou na metade de caminho, quando teve que se sentar escarranchada e deslizar ao longo da ereção que estava entre seus corpos. -Estive acordado durante um momento- disse com ironia quando os olhos dela se lançaram a ele com surpresa. Alex piscou ao recordar uma cena muito similar de seu sonho. No sonho, tudo tinha sido bom o suficiente para que decidisse outra rodada e o levasse para dentro de si mesma. Na verdade, não pensava que seria provavelmente um movimento inteligente. Já era um tremendo engano dormir com um empregado, não ia se complicar com isso. Seus pensamentos se dispersaram quando Cale de repente levantou a cabeça para agarrar o mamilo de um dos seios que tinha deixado pendurando sem querer em seu rosto. Seus olhos fixos nos dele, Alex simplesmente se ajoelhou ali, incapaz de se afastar dele como o tinha previsto, não quando essa pequena ação despertou de novo toda sua anterior paixão. Querido Deus, como tinha feito isto? perguntou-se aturdida, e depois ele deslocou seus quadris debaixo ela, esfregando sua ereção contra seu núcleo, e os olhos dela se abriram de repente. -Me monte- sussurrou Cale, o que permitiu que seu mamilo escorregasse de seus lábios. Suas mãos se moveram a seus quadris e Alex se encontrou fazendo o que lhe pediu, deslocou-se para trás e para baixo para levá-lo dentro dela. A seguir reacomodou suas mãos no peito dele para se equilibrar e começou a se mover sobre ele, ainda não compreendia como a paixão tinha estalado de forma tão extraordinária
como tinha feito, mas já não importava. O som longínquo de batidas na porta fez com que Cale ficasse em vigília. Franziu o cenho brevemente, perguntando-se quem poderia ser, mas então lembrou que tinha chamado Bricker depois de despertar da primeira rodada de amor com Alex e lhe pediu que lhe trouxesse sangue. Naquele momento tinha parecido uma boa idéia. Só tinha tomado uma bolsa essa manhã e se encontrou lutando para não morder Alex quando seus lábios tinham passado em sua doce pele. Mas não quis sair e pegar uma bolsa ele mesmo por mede de que Alex despertasse e corresse para se esconder em sua casa ou no restaurante, e depois ela faria todo o possível para evitar estar a sós com ele de novo. Na verdade, sua primeira vez juntos tinha sido tão rápida e quase violentamente nocauteadora que teve medo que isto a assustasse como o inferno e ela fizesse seu melhor esforço para não vê-lo outra vez. Pedir que lhe trouxessem sangue tinha sido a única maneira idéia que lhe ocorreu para evitar tanto a possibilidade de que ela figisse como que ele a mordesse. Bricker tinha concordado, mas avisou que poderia levar algum tempo para chegar, por isso Cale tinha levado Alex até o sofá e se deitou ali com ela para esperar, não terrivelmente surpreso quando ela despertou antes da chegada do outro homem, e de novo estava duro como aço lutando contra si mesmo para não mordê-la. Felizmente, essa sessão tinha sido até mais rápida que a primeira, sobre tudo devido ao fato de que Cale tinha estado ali durante um tempo muito longo, segurando Alex em seus braços, inalando seu aroma e pensado em todas as coisas que queria fazer com ela. No momento em que sentiu que estava acordada, Cale estava tão excitado como se tivesse passado todo o tempo fazendo o que tinha imaginado, e essa paixão o tinha alagado rapidamente. Outra rodada de batidas na porta forçou Cale a se mexer, e cuidadosamente moveu
Alex de seu peito, e depois se levantou para atender a porta. Estava fora do escritório e na metade do caminho atravessando a cozinha antes de lembrar que estava nu. Seus passos se reduziram, mas com medo de que Bricker chamasse de novo e despertasse Alex, evitou retornar por sua roupa e se apressou à porta. -Finalmente- murmurou Bricker quando Cale abriu. -Estava começando a pensar... deteve-se abruptamente quando notou o estado de nudez de Cale, e depois começou a sorrir. -Suponho que isso responde uma pergunta. Finalmente conseguiram, não é? Cale franziu o cenho e pegou a caixa térmica. Tinha começado a fechar a porta quando Bricker, disse, -Realmente quer ter isso aí? Alex poderia...
Cale amaldiçoou e voltou a abrir a porta. -Entre aqui. Tomarei uma bolsa ou duas, e depois pode levar isso. -Na verdade, trouxe várias bolsas desta vez. Estava pensando que poderia colocá-las no porta-malas de seu carro- disse Bricker. -Só no caso de que isto se converta em uma maratona de três dias ou algo assim, e necessite de mais. -Boa idéia- decidiu Cale, empurrando-o para a porta de novo. -Espere- Bricker riu. -Meu deus, se eu fosse do tipo sensível poderia ficar ferido por sua impaciência para se livrar de mim e somente ir. Então nunca nem sequer veria as outras delícias que trouxe para você. -Que delícias- perguntou com suspeita.
Bricker levantou as sacolas que Cale não tinha notado que estavam em sua outra mão. -Comida e bebida. Uma comida de Emile feita especialmente para vocês dois. Assim como suficientes provisões para te tirar do apuro durante um dia ou dois.
Cale parou de tentar empurrá-lo para a porta e suspirou. -Obrigado. Isso foi amável.
-Sou um tipo amável- disse Bricker rapidamente, e levou as sacolas até o balcão. Consegui para vocês vinho, fruta, o necessário para fazer sanduíches e batatas fritas. Fez uma pausa ao descarregar os mantimentos sorrindo e disse, -Não comprei nenhuma sobremesa, mas consegui chantily no caso de que queria fazer uma sobremesa de Alex... ou vice-versa. -Justo quando estava começando a gostar de você outra vez, sai com um comentário como esse- disse Cale secamente, colocando a caixa térmica no balcão. -OH, Cale, me fará ficar ruborizado com uma conversa Brou-mântica (Brou=irmão e mântica=romântica) como essa- burlou-se Bricker, continuando a desempacotar as comidas. -Brou-mântica- perguntou Cale com desgosto. -Que diabos é isso? Bricker abriu sua boca para responder, mas depois negou com a cabeça e voltou a desempacotar as comidas. -Acho que deixarei que se preocupe com isso até que nos vejamos de novo. -Deus, é um idiota às vezes- murmurou Cale, pegando os frios, com a intenção de pôlos na geladeira. Ele nunca teve a oportunidade; pois Bricker deu uma palmada em sua mão, e surpreso deixou cair o pacote. -O que está fazendo? - espetou o imortal mais jovem. -Se afaste dos alimentos. Deus, está nu como um bebê, e sei onde estiveram suas mãos. Supere a depressão e se limpe. Porei as coisas em seu lugar. -É pior que minha mãe- murmurou Cale, mas em vez de ir à pia, retornou ao escritório. Alex estava ainda profundamente adormecida no sofá enquanto se dirigia
ao banheiro anexo. Alex tinha explicado a ele na noite em que pintaram o restaurante, que seu escritório costumava ser uma suíte. Tinha considerado tirá-lo e fazer seu escritório maior, mas depois decidiu que poderia ser útil e o deixou, pensando que sempre poderia tirá-lo mais adiante se não se acostumasse. Estava se acostumando agora, decidiu Cale. A ducha que tomou foi muito rápida, e Bricker acabava de guardar o último dos alimentos quando Cale retornou à cozinha, o cabelo úmido e uma toalha envolta ao redor de sua cintura. Vestir-se parecia um desperdício já que planejava despertar Alex com beijos e carícias depois que se livrasse de Bricker. -Isso é tudo, exceto as comidas que Emile fez. Estão em sacolas térmicas que devem mantê-las quentes um pouco mais- comentou Bricker, saindo da câmara fria. -Agora, por que não toma algumas bolsas de sangue, e então levarei a caixa térmica e a colocarei em seu porta-malas para você antes de ir ? -Você pode ir- disse Cale. -Eu posso levar a caixa térmica para o carro quando tiver terminado. -Quer ficar com o pinto congelado, não é verdade? - perguntou Bricker, olhando com mordacidade seu estado de nudez. Cale fez uma careta e caminhou a caixa térmica para pegar uma bolsa de sangue. Acabava de morder a bolsa quando ouviu um movimento no escritório. Seus olhos se alargaram, e começou a puxar instintivamente para afastar a bolsa, mas Bricker estava de repente em frente a ele, permanecendo a seu lado. -Não entre em pânico- disse entre dentes, impedindo que Cale descartasse a bolsa e fizesse um inferno de desordem. -Pode ser que não seja capaz de controlar Alex, mas eu posso.
Quando Cale o fulminou com o olhar sobre a bolsa, furioso ante a idéia de que a controlasse, Bricker suspirou. -Só porei em sua mente que tome uma ducha, como você fez. Isso te dará tempo para terminar de se alimentar antes de que ela venha para te buscar- disse tranquilizador, e depois, quando Cale relaxou, murmurou, -Todos ficam tão suscetíveis a respeito de alguém lendo ou controlando suas mulheres. O que pensou que eu ia fazer? Fazer com que ela fizesse cambalhotas nua fora do escritório e na cozinha? Quando Cale franziu o cenho ante a idéia, Bricker riu e voltou a cabeça para a porta do escritório. Cale não podia ver o escritório de onde estava, mas Bricker estava em uma melhor posição para fazê-lo, e sabia que o imortal mais jovem deveria ser capaz de ver Alex porque tinham que ser capazes de ver os mortais para ler suas mentes e controlá-los. Esse fato lhe fez aproximar a bolsa a seus dentes outra vez. Não toleraria que Bricker visse Alex nua. -Fique tranquilo, velho- murmurou Bricker, alargando sua mão para detê-lo outra vez. -Estou olhando seu rosto e nada mais. Cale a contra gosto se obrigou a relaxar e esperou.
-Cara, Alex é um bichinho confuso neste momento- murmurou Bricker, ao que parece, lendo seus pensamentos. -Sam pediu para te avisar que Alex se envolveu com um cara na escola de cozinha e que ela é ligeiramente antiquada, mas que não teve nenhuma relação séria depois disso. Cale franziu o cenho ante essa notícia. Alex não tinha mencionado nada disso, mas então, na noite em que tinham pintado o restaurante, tinha sido muito reservada a respeito de si mesma, decidida a manter sua relação em um plano puramente
profissional.
-Sim, puramente profissional é tudo o que ela se diz a si mesma, informou Bricker, obviamente lendo seus pensamentos, assim como a mente de Alex. A verdade é que tem medo de se machucar de novo, e sentiu desde o começo que você foi o primeiro homem que conheceu em muito tempo que poderia fazer isso. Os olhos de Cale se alargaram. Eram boas notícias... de certo modo.
-Só a mandarei para a ducha, e depois amenizarei esses medos um pouco para que não saia gritando de noite antes que possa conquistá-la. Cale franziu o cenho de novo, não totalmente seguro de querer que Bricker amenizasse seus temores. Parecia injusto. -Sim, mas realmente precisa de mim porque quer desesperadamente que ela seja sua companheira de vida- anunciou Bricker. Cale admitiu com culpabilidade que o homem tinha razão. Realmente queria isso, mas isso não queria dizer que deveria deixá-lo fazer. -Tarde demais- anunciou Bricker e então relaxou. Deu uma olhada em Cale. -Ela está na ducha, e sua bolsa de sangue está vazia. Pegue uma bolsa nova. Depois me dê as chaves de seu carro. Cale tirou a bolsa vazia de seus dentes e foi até a caixa térmica para pegar outra. Depois a mordeu enquanto atravessava a cozinha e se dirigia ao escritório. Cale não só queria fazer de seu jeito com Alex, mas também não gostava seguir ordens, mesmo se essas ordens fossem sensatas. Alex saiu da ducha, secou-se e depois se dirigiu nua ao escritório. Uma vez ali,
pegou a camisa de Cale e a colocou, perguntando-se por que não estava usando sua roupa. Essa tinha sido sua primeira intenção ao despertar sozinha em seu escritório. Desta vez Cale não tinha estava alí para tentá-la com uma ereção palpitante, e sua primeira reação tinha sido sair correndo do sofá e colocar sua roupa, e depois fazer uma rápida retirada para entender que diabos estava fazendo. Entretanto, Alex nem bem tinha terminado de colocar seu suéter, quando de repente se encontrou tirando-o de novo e se dirigindo à ducha. Agora parte de seu cérebro ainda a impulsionava a colocar sua roupa e fugir, mas era menos urgente e mais como uma sugestão. Acabou simplesmente fechando os botões da parte da frente da camisa e saindo em direção à cozinha. Cale estava na porta de trás quando entrou na cozinha. Vestido apenas com uma toalha que estava enrolada em sua cintura, ele falava algo para alguém do lado de fora. Curiosa, Alex começou a caminhar para ele, mas ele terminou sua conversa e fechou a porta antes que ela chegasse até ele. -Quem era?- perguntou ela. Cale se virou da porta quase com culpabilidade, mas depois se recuperou rapidamente e sorriu quando cruzou a cozinha para encontrá-la. Seus braços se deslizaram ao redor dele, aproximando-a enquanto baixava sua cabeça, e apesar da confusão em sua mente, Alex se encontrou levantando sua rosto para que a beijasse, e então fechou seus olhos quando sua boca cobriu a sua. Um pequeno suspiro se deslizou de seus lábios quando terminou, e ele se retirou para responder a sua pergunta. - Bricker. Trouxe uma comida de Emile feita para nós. -Sério? - perguntou Alex, seus olhos piscaram abertos pela surpresa. Quando ele assentiu, Alex saiu de seus braços e, localizando a sacola na mesa, apressou-se para
olhar dentro. Tudo o que conseguiu ver foi um pacote recoberto por uma embalagem térmica. Dois pacotes na verdade, percebeu quando tirou o de cima. -Você tem fome? - perguntou Cale com diversão, seguindo-a. Alex o olhou com surpresa. -Você não? Já passou da hora de comer- assinalou ela enquanto abria o pacote. Depois adicionou em um murmúrio envergonhado, Devemos ter dormido durante um tempo. -Um pouco- disse brandamente. Alex se sentiu ruborizar e tentou ignorá-lo abrindo a bolsa térmica e deixando-a aberta. Não pôde conter seu "Mmmm" de prazer quando o aroma mais incrível flutuou acima para provocar seu nariz. - Cheira bem. Cale se aproximou mais, atraído pelo aroma. -O que é? -Não sei- admitiu com um sorriso quando levantou a tampa da sacola. -Mas isto cheira divinamente bem. -Sim, é verdade- Cale concordou.
Alex pôs o primeiro pacote no balcão, e em seguida foi pegar o segundo na sacola térmica. Este emitiu um aroma diferente quando foi tirado da sacola e o colocou no balcão. -São diferentes- comentou Cale, olhando de um ao outro. Alex se encolheu de ombros quando olhou para ele. Provavelmente enviou dois tipos diferentes de prato no caso de que nós não gostássemos de algum deles.
Cale assentiu e começou a abrir o primeiro pacote quando ela tirou a tampa do segundo. Depois levaram um minuto para examinar cada prato. -Esse é coq au vin, e algum tipo de salada- anunciou Alex, assinalando o pacote dele. -Frango ao vinho?- murmurou Cale, depois olhou o pacote dela, e perguntou, -E esse? -Gratinado Delfinado e frango Basco- disse ela depois de um momento, e então explicou, -Basicamente, batatas com queijo e frango cozido com presunto, pimentões, tomates e alho. - Não recordo desses pratos em seu menu- disse Cale com o cenho franzido. -Não. Ela sorriu ligeiramente. -Mas os ingredientes estão na cozinha de todos os modos. Provavelmente quis fazer algo diferente do que todos pedem. Cale assentiu e levantou uma sobrancelha. -Então, qual vai querer?
-Ambos- admitiu ela com um sorriso. -Vamos dividir.
-Parece bom- decidiu ele e se afastou para procurar talheres enquanto perguntava, No restaurante? -Claro. Alex pegou ambos os pratos e se dirigiu à porta do restaurante, mas parou quando de repente Cale saiu correndo diante dela. -Me deixe verificar as persianas.
-OH. Alex parou na entrada, pensando que era bom que as persianas tivessem chegado e foram instaladas na semana passada. No momento em que a última esteve fechada, moveu-se para uma das mesas perto da porta da cozinha e deixou os pratos. -Boa escolha- Cale a felicitou quando se reuniu com ela. -Desta maneira não temos que nos incomodar com as luzes. -Exatamente o que pensei- murmurou Alex, olhando ao redor. A luz se pulverizava através da porta da cozinha e a larga abertura por cima do balcão para que os pedidos fossem passados emitia luz suficiente para que comessem sem ter que aumentar os gastos gerais. Na verdade era agradável, um bom ambiente. Um gemido de Cale atraiu seu olhar ao redor, e sorriu quando o viu mastigar. Tinha começado sem ela. - Isto está muito bom, anunciou ele depois de engolir. -Bom, Emile não ficou famoso cozinhando comida ruim, disse ela com um suspiro. -Você gostaria de ser tão famosa quanto ele? - perguntou Cale com curiosidade quando a viu levantar um pedaço de frango Basco a sua boca. Alex fez uma pausa considerando a pergunta, e admitiu, -É provável que cada chef queira ser o próximo Emile, mas... -Mas? - apressou ele. -Mas não acredito eu queria o tipo de fama que ele tem- admitiu ela. Quando Cale levantou as sobrancelhas curioso, ela se encolheu de ombros. -O homem vive em um aquário. Os papparazzi o seguem por todo lugar como se fosse um ator, todos eles esperando e rezando para apanhá-lo em uma de suas famosas explosões emocionais. Ele está sempre nas notícias por uma coisa ou outra. Ela sacudiu sua cabeça. -Eu
não gostaria disso. -Hmm. Não, acredito que não.
Alex podia senti-lo olhando-a enquanto comia e de repente estava incrivelmente tímida. -E então?- perguntou Cale.
Alex seguiu seu olhar faminto enquanto ele estava olhando-a colocar mais comida em seu garfo e quase se pôs a rir. Parecia que seu acanhamento tinha sido por nada. Era a comida o que ele cobiçava agora, não ela. -Aqui- disse com um sorriso, e sustentou o pedaço de comida para ele.
Cale fechou a mão ao redor da dela e lhe ajudou a dirigir a comida a sua boca, obrigando-a a se levantar ligeiramente de seu assento. Seus olhos estavam postos nela quando o fez, e ligeiras chamas de prata pareciam dançar em seus centros quando fechou os lábios sobre o pedaço de comida, e depois pouco a pouco a retirou para tirar o garfo limpo. Com sua mão ainda segura pela dele. Alex se encontrou olhando com fascinação como mastigava e engolia. Então sua língua se deslizou por seus lábios, e ele sorriu. Delicioso. A única coisa melhor seria se o estivesse comendo de seu corpo. Os olhos do Alex se abriram amplamente pelas imagens que isso trouxe para sua mente. Depois que ele liberou sua mão, ela se sentou em seu assento com um pequeno golpe, seu olhar continuava preso ao dele. -Deve comer- disse ele solenemente. -Vai precisar de sua energia.
Alex abriu a boca, e depois fechou-a de novo, e então baixou o olhar quase com desespero a seu prato. Estava tentando recuperar sua compostura quando disse, Prove isto. Ela levantou a cabeça a contra gosto para descobrir que lhe oferecia um pedaço de coq au vin. Engolindo em seco, Alex hesitou, e depois se inclinou para frente e abriu a boca para aceitar a oferta. Cale deslizou a comida dentro e sua boca se fechou automaticamente, mas era terrivelmente consciente de seus olhos olhando-a enquanto o fazia. Quando começou a retirar o garfo de uma maneira lenta, sem pressa, sua mente vagou pelo caminho da consumação, pensando em seu corpo retirando do seu durante o sexo. -Faz calor aqui?- perguntou Alex fracamente assim que engoliu. Conseguiu retirar seu olhar do dele com algum esforço e devolvê-lo a seu prato. -Oui. Um pouco- murmurou ele, e depois sugeriu, -Se estiver incomodada, por que não tira minha camisa? Seus olhos se dispararam a ele de novo. Ele o havia dito brandamente, como se fora a coisa mais razoável no mundo. E tendo em conta que tinha feito sexo duas vezes com ele, Alex supôs que não deveria se surpreender tanto pela possibilidade de estar nua outra vez. Na verdade, realmente não estava. O que a aterrou foi que queria fazer isso. Queria ficar de pé, ir até ele, e lentamente desabotoar cada botão de sua camisa, deixá-la de lado, e depois saltar em seu colo e montá-lo como uma vaqueira. Tanto por manter um relacionamento extritamente profissional, pensou com ironia, e então admitiu que isso foi para o espaço horas antes. -Venha aqui.
Alex levantou a cabeça quando ele saiu de sua cadeira e lhe estendeu a mão. Ela hesitou, mas depois pegou a mão que lhe oferecia ficando de pé, lhe permitindo
puxá-la brandamente ao redor da mesa quando ele se virou em seu assento de modo que ela se sentou de lado em seu colo. Uma vez que a tinha onde queria, Cale lhe soltou a mão e alcançou a frente de sua camisa, rapidamente desabotoou botão por botão. Depois separou facilmente os dois lados da camisa, o material suave de repente acariciou os eretos e muito sensíveis mamilos. -Mmmm- murmurou ele, percorrendo uma mão acima sobre a pele de seu ventre até cavar um peito completo. -Nem mesmo Emile pode competir com a Chef Alex. Uma pequena gargalhada nervosa escapou de seus lábios com suas brincadeiras, mas terminou em um ofego quando ele se inclinou para frente para pressionar um beijo em seu estômago. Engolindo em seco, ela entrelaçou seus dedos em seu cabelo e pressionou sua cabeça enquanto as mãos dele deslizavam em cima do exterior de suas suaves pernas sobre seu colo. Os lábios dele se moveram através de seu estômago de um lado a outro, mordiscando e fazendo cócegas em seu caminho, o que fez saltar seus músculos e com que os dedos de seus pés se enrrolassem no tapete. -Lindo- sussurrou ele contra sua pele, e depois deslizou uma mão ao redor para segurá-la atrás e a impulsionou mais perto de seus lábios movendo-se para baixo para percorrer seu osso do quadril. A outra mão, entretanto se deslizou sobre a parte interna de sua coxa, e Alex se mordeu seus lábios e fechou seus olhos quando esta se apressou através de sua pele para seu núcleo. Nunca foi até lá, entretanto. Em vez disso, deslocou-se sob sua coxa e a levantou enquanto ele saia da cadeira para ajoelhar-se no chão. Alex piscou seus olhos abertos, segurando-se a sua cabeça um pouco desesperada enquanto ele deslizava uma de suas pernas sobre seu ombro e se agachava. Quando sua língua raspou sobre sua carne sensível, ela gemeu e se estremeceu violentamente, a perna em que se apoiava começou a tremer como louca. O homem tinha uma boca muito talentosa. Tinha pensado que era um beijador perito,
mas isso não era nada comparado com o que estava fazendo agora. Era como se soubesse exatamente onde tocar para lhe dar melhor prazer, quando exercer pressão e quando não, quando ir rápido e quando diminuir. Em questão de segundos, Alex se encontrou uma lamentável massa tremente e tinha certeza que nem sequer estaria de pé se não fosse por suas mãos segurando suas coxas. Tinha medo de desabar sobre o pobre homem, puxou seu cabelo para fazê-lo parar. Cale se inclinou para trás para olhá-la, hesitou, e depois começou a ficar de pé. Aliviada, Alex chegou a ele e começou a ficar de joelhos, tentando ganhar um descanso enquanto o agradava. Mas seus joelhos mal haviam tocado o chão e sua boca acabado de se fechar ao redor de sua ereção quando ele agarrou seus braços e a levantou de novo. Alex permitiu isso mais pelo choque que por outra coisa. Mesmo tão breve como tinha sido o contato entre sua boca e sua ereção, tinha enviado uma descarga de prazer através dela como se tivesse estado experimentando a carícia ela mesma. -Eu... Alex começou, mas sua tentativa de falar de sua estranha experiência terminou em um ofego quando Cale a levantou sobre a mesa a seu lado. Ele se moveu entre suas pernas e se deslizou dentro dela antes de que o ofego terminasse. Então ambos gritaram e desmaiaram momentos depois, Alex já tinha esquecido o estranho incidente.
Capítulo 12
Alex estava sonolenta, e ofegou com surpresa pela dor em seu joelho quando se chocou com algo duro. Piscou abrindo seus olhos, olhou ao redor, um suspiro escapou de seus lábios enquanto olhava a cozinha de uma perspectiva que nunca
tinha pensado que teria. Estava sobre os frios ladrilhos de cerâmica que cobriam o chão, em algum lugar entre um dos fogões e uma das mesas de preparar alimentos. Tinha golpeado a mesa com o joelho. Esfregou o lugar para aliviar a dor e depois olhou para o homem desabado na metade superior dela. Cale Valens, um chef incrível, extraordinário gerente de negócios e amante maravilhoso. O homem parecia ser excepcional em tudo o que fazia. Podia assegurar isso. Também parecia que não podia ter o suficiente dele. Tudo o que ele tinha que fazer era tocá-la, e se derretia como o chocolate quente. No final, nem sequer sabia quantas horas tinham feito amor em seu escritório, no restaurante, de novo no sofá do escritório, e por último, na cozinha. A última vez não tinha sido mais planejada que as outras. Tinham vindo aqui pegar comida, mas seu desejo de um pelo outro os desviou de sua tentativa de desfrutar da comida que Bricker havia lhes trazido. O que estava explícito agora encontrando a si mesma deitada no chão frio da cozinha, coberta pela metade por Cale e rodeada pelos restos de sua tentativa de picnic. Seu olhar se deslizou sobre as frutas meio comidas e espalhadas pelo chão ao redor deles e a lata quase vazia de chantily. Consciente de que seus mamilos estavam duros, crescendo outra vez ao lembrar da forma como conseguiram esvaziar a lata, Alex decidiu que era hora de se mover. Enquanto fazer amor em quase todos os comodos de seu restaurante tinha sido muito divertido, já tinha tido o suficiente das superfícies duras. Uma suave e boa cama com mantas e lençóis limpos seria sua primeira opção a partir de agora. Alex suspirou fracamente ao pensar em como ia sair de debaixo de Cale facilmente. Desistiu de pensar que poderiam voltar para uma relação mais profissional. De fato, Alex nem sequer queria isso. A idéia de renunciar ao prazer que tinham compartilhado esta noite, ela nem sequer queria considerar. O homem se colocou sob sua pele... e em sua pele. E o queria ali de novo, uma e outra vez, e outra vez
pelo maior tempo possível. Alex suspeitava que seu coração ficaria em pedaços quando ele fosse embora, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito nesse momento. Já estava apaixonada pelo homem, e a única coisa que podia fazer era aproveitar o momento e guardar tantas lembranças com ele quanto fosse possível antes que ele fosse embora. Cale suspirou dormido e girou de lado, e Alex se congelou brevemente, parada na metade do movimento, mas quando sua respiração se voltou para um ritmo lento e constante, terminou de ficar se levantar e depois andou nas pontas dos pés pela cozinha até seu escritório e dali até o banheiro. Apoiou-se na banheira e abriu as torneiras, decidindo tomar um banho rápido para tirar a superfície oleosa deixada pelo cjantily. Então se vestiria antes de Cale despertar e o acordaria para sugerir que fossem para sua casa. Alex ajustou as torneiras até que a água esteve quente e agradável. Meteu-se na banheira, puxando a porta do box para fechá-la antes de que pudesse molhar o banheiro. Enquanto se girava para entrar na água quente, Alex teve que admitir que deixar o banheiro em vez de aumentar seu escritório tinha sido uma jogada brilhante. Tornou-se útil sem dúvida nenhuma esta noite. Só desejava ter comprado mais sabão líquido. Colocou um pouco e suas mãos e começou a fazer espuma. Um pouco de xampu e um sabonete adequado, ou até mesmo um exfoliante corporal também seri bom, pensou enquanto estendia a espuma sobre seu corpo, lavando o chantily pegajoso. Ter toalhas de banho adequadas neste caso seria bom também. As toalhas de mão extra grandes que tinha comprado para o banho eram muito pequenas para ser de muita utilidade, mal conseguiam rodear os quadris de Cale. Recordando como ele estava com a toalha, Alex sentiu um fluxo de calor através dela e se girou imediatamente para enxaguar a espuma. -Mmm. Quente e úmida Alex, minha comida favorita.
Alex olhou por cima de seu ombro sobressaltada. Seus olhos se abriram com alarme quando viu que Cale tinha aberto a porta e estava entrando para se unir a ela. -OH, não- disse ela, retrocedendo para o canto para evitar seu contato quando chegou até ela. Sabia por experiência que se a tocasse, cairia em seus braços. Se isso acontecesse, encontraria a si mesma acordada em cima ou embaixo dele no fundo da banheira. Se acordasse, pensou Alex sombriamente. Com sorte, desmaiaria de costas na parte de baixo da banheira e se afogaria. Ao perceber que Cale se congelou e agora a olhava com incerteza, sorriu ironicamente, e se explicou, -Tinha a esperança de que pudéssemos tentar a próxima vez em uma cama. Talvez ir a minha casa? Cale se relaxou e assentiu com a cabeça, solene sua voz quando disse, -Sim. Eu gostaria disso. Alex deixou escapar um suspiro de alívio, mas sabia que não estava fora de perigo ainda. Agora que se desatou, sua paixão de um pelo outro era bastante volátil ainda e poderiam terminar molhados em um atoleiro no fundo da banheira caso se roçassem, mesmo de forma acidental. Ela baixou o olhar para si e viu que a água tinah tirado o sabão. -Então sairei e me vestirei. Já tinha terminado de todos os modos- disse, deslizando facilmente a porta do box em seu lado da banheira. - Tem certeza? Posso sair e esperar se... -Não, não, tenho certeza. Ela deslizou a porta e saiu. -Vá em frente.
Alex rapidamente fechou a porta, deixando ele sozinho la dentro, e só então deu um pequeno suspiro de alívio. Tomou uma das toalhas e começou a se secar quando Cale
falou do interior da banheira.
-Talvez devêssemos pegar seu carro no caminho para que não fique presa em casa depois de que eu for para o trabalho. Alex fez uma pausa e pegou seu relógio de pulso da pia onde o tinha deixado antes de sua primeira ducha da noite. Franziu o cenho quando viu a hora. -São quase duas da manhã, Cale. Certamente não planeja ir trabalhar hoje quando dormiu tão pouco, não é? -Não, não imediatamente. Mas não estou acostumado a dormir tanto como a maioria das pessoas. Poderia voltar mais tarde durante o dia enquanto você está descansando e fazer ao menos um pouco da papelada em algumas horas. Não quero evitar meu trabalho e decepcionar minha chefe- adicionou com um sorriso. -Confie em mim, não acredito que seja possível para você decepcionar sua chefedisse Alex secamente, e sorriu quando ele voltou a rir. Sacudindo a cabeça, acrescentou, -E sua chefe acha que depois de ter passado a noite de sábado e o domingo como sua babá, depois de sua lesão na cabeça, merece um dia de descanso. -Bom, terei que ir até o hotel pegar roupa limpa em algum momento, e você vai precisar do carro eventualmente. Então poderíamos recolhê-lo no caminho. O antigo restaurante La Bonne Sex não ficava exatamente no caminho. De fato, ficava muito fora do caminho. Entretanto, a esta hora, o trânsito na estrada era rápido, o que provavelmente reduziria à metade o tempo que se levava para chegar. -Está bem, vamos recolher meu carro- disse Alex finalmente, e então ficou rígida quando o som da água correndo de repente parou. Quando a porta do box começou a abrir, deixou cair a toalha que estava usando e saiu correndo do banheiro para pegar sua roupa que ainda estava jogada no chão do escritório. Alex já tinha colocado sua
roupa íntima, calça e camiseta, e estava puxando seu pulôver pela cabeça quando Cale saiu do banheiro. Ela deu uma olhada em seu orgulhoso corpo nu enquanto ajeitava o suéter em seu lugar e imediatamente se dirigiu à porta, murmurando, -Vou pegar sua camisa. Alex encontrou a camisa no salão do restaurante, esquecida sobre o chão entre as duas mesas que tinham usado, só uma para comer. Então, enrugou o nariz e recolheu a comida de Emile que esqueceram, empilhando as vasilhas uma em cima da outra para levá-las à cozinha. -Ah, encontrou-a- disse Cale, entrando na cozinha enquanto ela a cruzava. Ele se aproximou dela, seu olhar deslizando-se sobre as vasilhas que segurava e com uma careta no rosto reclamou, -As comidas de Emile não parecem tão deliciosas frias. -Não- ela concordou, entregando sua camisa com cuidado para se assegurar que sua mão não tocasse a dele. Alex seguiu para o lixo e jogou fora as vasilhas de plástico das comidas enquanto ele terminava de se vestir. -Vou pegar nossos casacos- disse Cale, colocando sua camisa enquanto se voltava para retornar ao escritório. Alex começou a segui-lo, com a intenção de pegar sua bolsa, mas então lembrou da comida no chão de sua última sessão e começou a caminhar ao redor do balcão. Entretanto, não havia comida no chão quando chegou lá. Cale deve tê-la recolhido e descartado antes de ir para a ducha, com surpresa percebeu ela, e pensou que o homem era muito bom para ser verdade. Devia haver um terrível defeito que ainda não conhecia. Ninguém, homem ou mulher, era tão perfeito. -Trouxe sua bolsa também- anunciou Cale, voltando para a cozinha com seu casaco posto mas sem fechar e seu cachecol ao redor do pescoço. -Há algo mais que deveria ter trazido?
-Obrigada. Não, isso era tudo- murmurou, aceitando seu casaco e sua bolsa, percebendo o que fez ele, cuidar para que suas mãos não se tocassem. -Disse que queria experimentar meu carro, quer dirigí-lo até La Bonne Sex One?Perguntou Cale enquanto fechava seu casaco, e então recolheu seu chapéu e as luvas de seu bolso para colocá-los também. -Está bem. Alex sorriu pela oferta e lembrou com surpresa do assunto. Seu sorriso se desvaneceu, enquanto se dirigia à porta de trás e o pensamento que veio a ela era que ele realmente era muito perfeito. -Aqui. Cale segurou as chaves para ela enquanto se virava para fechar a porta traseira do restaurante, momentos depois Alex estendeu a mão para que as soltasse. Depois rapidamente se dirigiram a seu carro, os dois correndo para sair do frio. Já era bastante ruim durante o dia, mas a essa hora fazia um frio absurdo. Pelo menos não havia vento hoje para deixar ainda pior, pensou Alex enquanto se mexia no lado do motorista. Ligou o motor antes de fazer qualquer outra coisa, e depois ajustou o assento antes de olhar para Cale com surpresa enquanto ele abria a porta de trás do carro em vez da porta do passageiro. -Ligue o desembassador- disse, enquanto agarrava um pano do assento traseiro, e então fechou a porta e começou a limpar as janelas. Alex fez o que ele sugeriu, e depois olhou ao assento traseiro para ver se havia outro pano. Não havendo nenhum, recolheu sua bolsa e tirou rapidamente seu lenço. Depois de levar um momento para aumentar o calor, foi para fora e começou a limpar a janela do lado do motorista.
- Onde arrumou um pano?-perguntou Cale com surpresa. Alex levantou o lenço e riu de sua expressão de surpresa. -Nós os nortistas aprendemos a improvisar muito cedo. -Acho que sim- disse com regozijo. -Os lenços descartáveis também servem, informou-lhe quando terminou com a janela lateral e se dirigiu à parte de atrás. Mas são mais delicados então prefiro usar meu lenço convencional. -Vou lembrar disso.
Alex sorriu fracamente e se dirigiu à janela traseira. Tudo foi bem rápido com eles dois trabalhando, e se sentiu aliviada quando terminaram e puderam voltar para o carro, sobre tudo porque estava muito mais quente do que tinha estado quando saíram. -Quer tomar um café em algum lugar pelo caminho? -perguntou Alex enquanto conduzia o carro de aluguel para fora do estacionamento. -Parece bom- disse e depois lhe perguntou de repente, -Não tem luvas? Alex escutou o grunhido em sua voz e olhou para ver a preocupação em seu rosto enquanto olhava a forma em que levava o volante. Enquanto o interior do carro agora estava quente, o volante ainda parecia um bloco de gelo, e ela o manejava com o menor contato possível. Mordendo os lábios, fechou os dedos ao redor dele corretamente, e disse, -Sim tenho as minhas guardadas... em algum lugar. Mas parece que me esqueço de pagá-las o tempo todo. Mas isso não importa. Estou bem. -Aqui. As luvas dele de repente apareceram em sua visão periférica enquanto parava
em um semáforo. Alex hesitou, mas o volante estava realmente frio. Suspirando, aceitou as luvas e as pôs, murmurando, -Obrigada. -Vou comprar umas luvas para você de Natal- decidiu, e brincou então, -Do tipo que traz uma corrente para que estejam sempre em sua jaqueta, esperando penduradas pelas mangas... e vou insistir em que as use. -Essa ameaça não me assusta- brincou ela. -Natal é daqui há dez meses, e você vai embora em menos de dois. -Talvez- murmurou. Seu tom de voz foi tão suave que quase não ouviu as palavras, e Alex o olhou fixamente. -O que significa isso? -Significa que eu gosto de estar aqui e poderia estar disposto a fazer daqui meu lar permanente. Só depende. Alex engoliu em seco e voltou o olhar para a estrada antes de perguntar, -Depende do que? -De você.
Alex parou no cruzamento em um outro semáforo e se virou para lhe olhar com um pouco de admiração. O homem estava falando de um futuro com ela. Pelo menos ela acreditava isso. Não? Ambos ficaram em silêncio durante um minuto, simplesmente olhando o um ao outro, Cale se virou para olhar pela janela da frente e disse, -A luz está verde.
Alex olhou a luz para ver que estava verde e tirou o pé do freio.
Nenhum dos dois voltou a falar pelo resto da viagem. Ela não sabia o que Cale estava pensando, mas sua mente estava tão ocupada dando voltas em círculos que mal conseguia pôr a atenção adequada em conduzir. Alex até esqueceu de parar para comprar o café que tinha sugerido quando tinham começado a viagem enquanto meditava sobre uma possibilidade real, tipo permanente, de uma relação com ele. Cale era o tipo de homem que toda mulher procurava, inteligente, sexy, considerado e um amante incrível. O fato de que o achasse atraente era a cereja do bolo, porque francamente, até um homem não tão atraente começava a parecer um modelo quando tinha todas essas qualidades. E que poderia ser dela, pensou, com a cabeça dando voltas... e depois seu lado mais cínico falou, dizendo que tinha que haver alguma falha enorme nesse homem, ou certamente teria sido apanhado por outra mulher há alguns anos. Provavelmente gostava de se vestir com roupa de mulher no fim de semana e pegar homens, pensou... ou talvez fosse um assassino em série. -Siga em frente e dirija esta carro- disse Cale enquanto ela estacionava junto ao dela, parado no estacionamento do La Bonne Sex. -Seu carro estará frio. Ele estava fora do carro alugado antes de que pudesse responder, mas Alex se apressou a segui-lo. -Volte para carro. Cale franziu o cenho por cima do capô do carro de aluguel. -Não há necessidade de que os dois estejamos no frio. -Posso te ajudar. Dois trabalhando é melhor que um- disse rapidamente, e começou a tirar suas luvas. Quando deu a volta no carro protestando, Alex ficou com uma luva e lhe entregou a outra enquanto deslizava sua mão descoberta no bolso. -Só preciso de uma mão para limpar.
Cale hesitou, mas depois sorriu com ironia e aceitando a luva, comentou, -Uma ajuda seria bom. -Sim, seria - concordou ela em voz baixa, e se dirigiu a seu carro para recuperar seu próprio pano. -Aqui. Alex se ergueu para ver que ele segurava suas chaves.
-Ligue o motor enquanto começo a limpar.
Assentindo com a cabeça, pegou as chaves e se sentou ao volante, ligando-o rapidamente. Como tinha feito no carro de aluguel, Alex ligou o desembassador e aumentou o calor, mas também levou um segundo para ajustar o assento do passageiro para acomodar suas longas pernas antes de pegar seu pano e sair. Com os dois trabalhando, as janelas ficaram limpas em pouco tempo. Cale abriu a porta de seu carro de aluguel para ela. -Aqui pegue sua luva de novo, este volante está quente agora, e o do meu carro não. Alex tirou e lhe entregou a segunda luva enquanto se sentava no assento do motorista do carro alugado. Enquanto Cale pegava a luva, ela acrescentou, -Provavelmente deva ir na frente até minha casa. Tem que sair primeiro para a rua, do contrário, meu carro bloqueará o seu. -Bem pensado. Cale fechou a porta, e depois correu rapidamente para o carro dela. Um momento depois, ambos estavam com o cinto de segurança e ela estava seguindo a seu próprio carro no estacionamento. Cale parou na esquina e olhou para Alex atrás dele pelo espelho retrovisor. Um
pequeno sorriso reclamou seus lábios ao recordar sua reação a suas palavras, que ele ficasse dependia dela. Ela não tinha ignorado ou se horrorizado com a sugestão, e se sentia bem a respeito de como foram as coisas, a esperança para o futuro. Agora, que tinha posto a idéia da permanência em sua cabeça, Cale tentaria passar cada momento possível com ela e trazer o assunto à baila uma e outra vez, até que ela não só se acostumasse com a idéia, mas também o quisesse tanto como ele a queria. Hoje e amanhã eram os dias de descanso de Alex, e Cale decidiu que faria bom uso deles. Faria amor até que ela não pudesse parar, trabalhando enquanto ela estava dormindo, e depois voltar e fazer amor com ela de novo. Isto significava consumir muito mais sangue. Podia ficar sem dormir durante muito tempo, desde que aumentasse seu consumo, e... Cale desviou os pensamentos desses planos e franziu o cenho quando viu uma caminhonete escura saindo de uma rua atrás dele. Alex tinha ficado para trás com uma distância de dois carros, e o veículo aproveitou e entrou entre eles. Não é que houvesse muito tráfego a essa hora, mas havia um pouco. Cale fez uma careta no espelho retrovisor, pensando em tomar o controle da mente do motorista e fazê-lo trocar de pista ou algo para que Alex estivesse atrás dele outra vez, mas então decidiu não se incomodar. Sem dúvida, a caminhonete sairia logo do caminho. Além disso, Alex conhecia o caminho de sua casa. Voltando sua atenção para a estrada, Cale se perguntou se não deveria parar em uma cafeteria daquelas que Alex tinha mencionado e comprar alguns cafés. Suspeitava que seu comentário a respeito de permanecer no Canadá tinha empurrado o plano de sua mente, mas não se importaria com um bom café quente agora... e talvez um sanduíche. Não tinham comido grande parte da comida que Bricker tinha trazido, só um pedaço ou dois das comidas de Emile.
E provavelmente a metade da lata de chantily, pensou, um sorriso curvando seus lábios. Alex foi quem descobriu a sobremesa principal. Ela estava mordiscando um morango enquanto viam o que Bricker havia trazido quando achou o chantily. Tinhaa agarrado com um 'oooh' de prazer e colocado uma boa quantidade no morango que tinha na mão. Alex então lhe ofereceu a lata e os morangos. Cale pegou o chantily, tendo em conta a sugestão de Bricker para fazer de Alex sua sobremesa, e ignorou a fruta. Momentos depois, os dois estavam rodando pelo chão frio de cerâmica, cobertos de chantily. O sorriso de Cale se desvaneceu um pouco ao lembrar um momento pegajoso ou dois que tinham acontecido com ela tentando lamber parte do chantily nele e experimentando seu prazer com ele. Felizmente, percebeu o que estava acontecendo bastante rápido intensificando sua atenção a seu corpo, e conseguindo distraí-la do que acabava de experimentar. Não havia maneira de explicar como podiam sentir o prazer de um pelo outro, sem revelar o que era, e Cale achava que Alex não estava pronta para essa conversa ainda. É por isso que a tinha parado no restaurante quando o surpreendeu ao se deixar cair de joelhos para levar sua ereção a sua boca. Sabia que ia ser um problema recorrente. Mas era um com o qual teria que enfrentar até que ela soubesse o que ele era. Desde que ele fosse o único fazendo carícias, ela simplesmente pensaria que seu prazer combinado era somente o dela. Mas se deixasse que lhe desse prazer como queria, definitivamente sentiria algo diferente, pensou Cale, ao pegar a rampa para a estrada que cruzava a cidade. Tinha ouvido incontáveis contos sobre a fusão de mente durante o prazer que unia e existia entre os companheiros de vida, mas continuava ficando sem fôlego querendo experimentar isso. Fazendo com que todas as suas experiências sexuais, tanto com mortais quanto com imortais, empalidecessem em comparação. Eram como o brilho de um fósforo aceso ao lado de um inferno rugente. Era aditivo. Mesmo agora, seu corpo estava clamando por ela, parte de sua mente pensando em quão rápido podia
sair de seu casaco de inverno, tirar sua roupa e se afundar dentro de seu corpo quando retornassem à casa. Cale suspirou quando o pensamento provocou uma semi ereção que pressionava com insistência contra o zíper de sua calça. Não era nada mais que um passeio, falar de uma ereção no momento em relação ao que tinha ouvido. Fazendo uma careta, Cale se mexeu e tentou se adaptar a uma posição mais cômoda, e depois olhou o espelho retrovisor para ver que a caminhonete o tinha seguido até a estrada, e que estava na outra pista para altrapassá-lo, o que permitiria a Alex dirigir o carro de aluguel atrás dele. Apesar de sua visão noturna, tudo o que podia ver dela era sua silhueta escura no interior do veículo, e sabia que como mortal, nem sequer seria capaz de ver grande parte dele. Esse pensamento mal acabou de passar por sua mente quando o carro que conduzia repentinamente foi sacudido para a direita. Cale agarrou o volante, e olhou para um lado para ver que a caminhonete na pista de fora de repente desviou e se chocou contra ele. Pensando que o condutor tivesse perdido o controle por uma ou outra razão, Cale tentou se concentrar nele ou ela, com a intenção de tomar o controle e dirigir o veículo com segurança para fora da estrada, mas nem bem havia tocado a mente do condutor quando Alex começou a tocar a buzina. Cale instintivamente olhou pelo espelho retrovisor para ver que ela já não estava diretamente atrás dele, mas sim a seu lado. Cale girou para olhar pela janela outra vez, ofegando quando viu que a caminhonete o tinha forçado a sair de sua pista. Estava entre a pista da direita e uma rampa de saída... e se dirigia para o muro de concreto que separa as duas vias. Amaldiçoando, pisou no freio e tentou desviar da estrada, mas seu veículo estava enganchado com algo à caminhonete. Amaldiçoando uma vez mais, Cale apertou o
acelerador, fazendo uma careta pelo alarido de metal contra metal enquanto conduzia ao lado da caminhonete. Para seu grande alívio, o que mantinha os veículos presos um ao outro se soltou, e ele foi virando para a rampa de saída, raspando a lateral do muro de concreto antes de conseguir endireitar o carro. Estava livre, mas Cale tinha outro problema. Ia muito rápido para a maldita curva.
Capítulo 13
-OH Deus, OH Deus, OH Deus- Alex meio rezou e meio cantava enquanto fechava de repente a porta do carro alugado de Cale no parque ao lado da rampa de saída. Seu próprio carro era uma massa enrugada na parte dianteira, destroçado contra o corrimão do muro de concreto. Não havia nenhum sinal da caminhonete que tinha batido nele. Quando Cale colidiu, o motorista forçou ao máximo seu motor e desapareceu. Provavelmente o idiota bêbado fugiu da cena antes de que os policiais aparecessem, Alex pensou sombriamente enquanto abria a porta do lado do motorista e se cambaleava pela neve perto de seu carro.
Não foi capaz de acreditar no que via quando a caminhonete se desviou de repente contra Cale e começou a forçá-lo a sair-se da estrada. Alex tinha começado a desacelerar por instinto para se manter fora do caminho, mas no momento em que percebeu que o impacto tinha conduzido o carro para o muro de concreto e Cale estava olhando para a caminhonete e ainda não percebido, ela pressionou a buzina do carro de aluguel para tentar lhe avisar. Para seu alívio, ele fez um gesto e girou a cabeça, vendo o problema e conseguindo se afastar da caminhonete. Mas ela sabia que ele ia muito rápido. Seus ouvidos ainda ressonavam pelo horrível acidente quando o carro se chocou contra a barreira, mas também havia pressa em seus ouvidos pela adrenalina bombeando através dela, ajudando-a a passar através da neve para chegar a Cale. Alex tinha uma sensação terrível de que só chegaria para descobrir que estava morto. Não tinha tanta sorte para receber um presente como ele e lhe ser permitido conserválo. Tinha perdido seus pais e avós, por que tinha pensado durante um minuto que ela poderia tê-lo? As lágrimas nublaram sua vista, e Alex as afastou com impaciência quando chegou à porta do lado do motorista. A parte dianteira de seu carro parecia uma caixa apertada pelo lado do motorista recebendo o pior dos danos. As janelas estavam destroçadas, e se cortou com os cristais quebrados que ainda estavam incrustados no marco da porta quando agarrou o frio metal para se inclinar. Alex podia ver Cale deitado através dos assentos, com a cabeça no assento do passageiro. Ele não se movia.
O desespero deslizou através dela, Alex soltou o marco da janela e de imediato começou seu caminho tropeçando através da neve para chegar à porta do passageiro. Este lado sofreu muito menos danos, e para seu grande alívio a porta ainda funcionava. Foi capaz de abri-la para inclinar-se no carro e examinar a Cale. Alex olhou por cima do vulto negro, abriu o porta-luvas e pegou a lanterna de emergência que mantinha ali. Acendeu-a com os dedos já rígidos do frio, e depois iluminou Cale, um pequeno soluço escapou de seus lábios quando viu o dano. Seus olhos estavam fechados, e estava tão pálido como a morte, o peito e o rosto cobertos de sangue. Alex moveu o feixe de luz para baixo até as pernas e fechou os olhos brevemente pela visão do metal as esmagando contra o assento, dos joelhos para abaixo. Se era tão mau como parecia, necessitariam de ferramentas para tirá-lo, pensou com desespero, procurando no bolso de sua jaqueta por seu telefone, mas não estava ali. Não tinha pensado em pegá-lo antes de sair para ir às compras de antiguidades, percebeu Alex. Estava no carregador de sua casa, onde o tinha posto depois de retornar do hospital. Amaldiçoando, olhou a Cale, e depois apagou a lanterna e a pôs no chão para poder se inclinar e procurar nos bolsos o telefone dele. Ela acabava de começar com o primeiro bolso quando Cale de repente se sacudiu ligeiramente para cima com um grito forte e profundo como se o acabassem de ser tocado pelas paletas de um desfibrilador. -Cale?- disse com incredulidade, com as mãos movendo-se por seu rosto quando voltou a cair no assento. -Pode me escutar? Quando ele se queixou e virou o rosto em sua mão, Alex suspirou com alívio. As lágrimas começaram a cair por suas bochechas, e lhe deu um beijo na testa, sussurrando, -Graças a Deus. -Sangue- queixou-se.
-Sim, sei querido, perdeu muito sangue. Tenho que chamar uma ambulância. Ela começou a retirar suas mãos de seu rosto, mas ele agarrou a mão fracamente e a devolveu a seu rosto. -Não... telefone- queixou-se Cale, acariciando sua mão. Ela pensou que sentia sua língua quente passando através de sua mão fria, mas estava mais preocupada com o que havia dito. -Também não tem seu telefone? Mas pensei que tinha chamado Bricker, deve ter utilizado o telefone do restaurante. Ainda não tinha percebido que já estava conectado. Franzindo o cenho, voltou a cabeça para olhar pela janela da frente, perguntando-se quão longe estava de um edifício ou uma casa em que pudesse utilizar um telefone ou ao menos conseguir a alguém que chamasse um ambulância. Uma dor lhe atravessou a mão, e Alex instintivamente se separou de Cale com um, Ai! -Sinto muito- Cale soava tão miserável como débil, e ela suspirou e o beijou outra vez na testa. -Está tudo bem. Me cortei com a janela quebrada quando cheguei pela primeira vez. Está um pouco sensível. Ela meio se endireitou para olhar de novo, esperando que alguém tomasse a saída e parasse para ajudá-los. Não viu ninguém. O tráfego não estava totalmente ausente na estrada, mas ao que parece esta não era uma rampa de saída muito popular. Teria que ir em busca de ajuda. -Cale. Ela se voltou para ele e franziu o cenho ante os ruídos que estava fazendo. Recolhendo a lanterna, acendeu-a e se mordeu os lábios ao ver a forma em que se retorcia no assento. Era óbvio que estava com uma dor terrível.
-OH, Deus, Cale- sussurrou, e depois estendeu a mão para tocar sua bochecha com sua mão livre, e disse em tom forte, -Querido, tenho que ir procurar ajuda. Vou ser tão rápida quanto puder, mas... Cale gemeu e virou o rosto em sua mão outra vez, e desta vez pôde ver sua língua lambendo a palma de sua mão ensanguentada. Apesar da situação, a carícia fez que um calafrio de emoção a atravessasse, levantando um redemoinho de vergonha em seu interior. O homem estava delirando e meio morto, e ela estava ali ficando quente. Sua atenção se centrou novamente em Cale que de repente afastou sua mão. -O porta-malas- disse com voz entrecortada. -O porta-malas? -perguntou vacilante.
-O carro alugado. Uma caixa térmica- disse Cale em tons roucos. Ele sem dúvida estava delirando, decidiu Alex. -Querido, não é o momento para tomar uma cerveja. Precisa de ajuda. -A caixa térmica- insistiu, soando desesperado, e logo um som de algo rasgando-se atraiu seu olhar para suas pernas e dirigiu o feixe da lanterna para ver que ele estava tentando puxar suas pernas para liberá-las do metal retorcido como se fosse sair e pegar ele mesmo a caixa térmica. Outro rasgão soou, mas desta vez suspeitava que não era de tecido. O homem estava se machucando em seu desespero. -Muito bem, trarei a caixa térmica- disse ela rapidamente, tentando acalmá-lo. -Só deixe de se mover. Só está se prejudicando. Para seu alívio, afundou-se e ficou imóvel, só murmurando, -Preciso dela.
-Está bem. Vou pegá-la. Simplesmente não se mova- declarou ela, e depois saiu do
carro e se endireitou para voltar rapidamente para carro alugado. A neve no lado da rampa tinha um bom par de metros de profundidade. Sabendo o difícil que foi atravessá-la, Alex se arriscou a passar pela própria rampa, mas soube que não era muito mais rápido. O caminho estava gelado e não podia mover-se muito rápido por medo de escorregar e se machucar em uma queda que lhe impedisse de ser capaz de obter a ajuda que Cale necessitava desesperadamente. Alex foi parando de novo quando chegou finalmente ao carro. Tinha deixado as chaves na ignição e o motor ligado em sua pressa por chegar a Cale e agora tinha que passar através da neve para chegar ao lado do motorista e as chaves. Ofegava pelo esforço no momento em que chegou à porta aberta. Alex colocou a mão e apertou o botão do chaveiro negro que pendurava da chave na ignição. Depois o virou até que ouviu que todas as portas se abriram. Endireitando-se, apressou-se em torno do portamalas e o abriu para descobrir no interior uma pequena caixa térmica. Alex segurou a alça e puxou para fora, depois fechou o porta-malas e se apressou a retornar a seu carro e a Cale. -Aqui, tenho a caixa térmica- disse Alex com doçura enquanto se inclinava para o lado do passageiro. Deixou a caixa térmica no chão do passageiro dianteiro, e depois iluminou Cale com sua lanterna, quase gemendo, quando viu que tinha continuado tentando se liberar, enquanto ela foi pegar a caixa. Tinha conseguido alguma coisa. A metade de suas pernas estava livre, em vez de onde tinham sido esmagadas contra o assento, mas não era o bastante. A parte inferior de suas pernas parecia um hambúrguer, e conseguiu ver os ossos em um ponto ou dois. -OH, Deus, Cale- tenho que te conseguir ajuda, gemeu, perguntando-se se alguma vez voltaria a caminhar. -Na caixa térmica... sangue- grunhiu Cale, e ela mudou seu olhar e a luz da lanterna para seu rosto. Parecia ainda mais pálido que a primeira vez que o tinha visto. Estava quase cinza pela falta de sangue, mas ainda lutando por sair do assento, seus olhos
queimando agora em prata e concentrando-se na caixa témica que tinha trazido. Abra ela. As palavras eram quase um grunhido, e Alex automaticamente moveu a tranca e abriu a caixa térmica. Seus olhos aumentaram quando viu as bolsas de sangue empilhados no interior. Ela o olhou com confusão, e então levantou uma para olhá-la mais de perto. -O que...? De repente, ele arrebatou a bolsa, e seus olhos se abriram com horror ao ver as presas que se deslizavam de sua boca. Quando rasgou a bolsa com eles, deu um passo para trás em pânico, chocou-se contra a porta do carro, perdeu o equilíbrio, e caiu sobre seu traseiro na neve fria. Mas nunca o feixe da lanterna e seus olhos deixaram a Cale. Que tinha fechado os olhos, se era pela luz que brilhava sobre ele, ou pelo alívio ou o prazer não sabia, mas podia ver que a bolsa estava vazia, o plástico se murchou quando seu conteúdo foi eliminado. -Outro- disse com voz entrecortada, arrancando a primeira bolsa assim que esteve vazia. Alex nem sequer olhou a caixa térmica, mas sim simplesmente ficou olhando.
-Alex- grunhiu Cale. -Por favor. -O que é? -perguntou com voz tremente. Cale fechou os olhos. -Não queria que soubesse desta maneira.
-Saber o que? Que é um vampiro? Ela escutou a nota histérica em sua voz, tampou a boca e fechou os olhos, pensando então que essa era a falha. Ele era perfeito... exceto por ser um demônio chupa-sangue. Jesus, podia escolhê-lo ou o que?
Um sussurro e mais rasgões fizeram com que abrisse os olhos para ver que Cale se arrastou um pouco mais tentando sair do assento, fazendo-se mais dano do que já tinha se feito. Mas então ele não tinha muito de onde escolher, supôs. Se era um vampiro, não podia se dar ao luxo de que os paramédicos e os bombeiros o vissem assim. -Por favor- repetiu Cale, ofegando. Alex hesitou, mas quando ele conseguiu mover-se outra metade de uma polegada mais perto, rapidamente agarrou outra bolsa de sangue e entregou a ele para mantê-lo afastado. Pegou a bolsa de sangue, mas não com as presas que se podiam ver tão claramente. -Alex, está tudo bem- disse ele. Um murmúrio de incredulidade, a risada lhe escapou dos lábios, e tampou a boca com consternação pelo som da histeria. Cale suspirou, um som cheio de desespero e, finalmente levantou a bolsa para afundar seus dentes nela. Alex observou, e de repente se perguntou se a tinha mordido. Não tinha visto nenhuma marca, mas havia lugares em seu corpo que não podia ver sem o uso de um espelho ou quando se dobrava como um pretzel... e ele tinha dado muita atenção a um lugar em específico. Querido Deus, talvez por isso ela esteve desmaiando, pensou de repente. Não só a lambia e mordiscava, mas sim mordendo e chupando também. Provavelmente estava com pouco sangue agora mesmo. Jesus! Ela olhou a Cale com os olhos muito abertos, perguntando-se como tinha conseguido para que não sentisse dor. Ela pensou que o prazer que lhe havia dado era como nada jamais tivesse experimentado. Agora sabia porque, era capaz de lhe fazer acreditar
que estava desfrutando... o que significava que de algum jeito podia controlar sua mente, percebeu Alex. Isso explicava porque, de repente, tinha passado de lutar para colocar sua roupa a ir alegremente tomar uma ducha quando despertou no escritório sozinha. Ao ver que a bolsa em seus dentes estava quase vazia, Alex agarrou outra da caixa térmica, mas então hesitou. Talvez não devesse lhe dar mais sangue. Ele estava débil e com dor agora, mas e se o sangue o curasse? Sabia o que ele era agora. Não estava tentando controlá-la nesse momento, mas isso poderia ser porque estava muito fraco pela perda de sangue para fazê-lo. Se continuasse lhe dando sangue e se sentisse mais forte... então o que? Faria ela esquecer o que ele era? Que outra coisa poderia fazer ele se ela fizesse isso? Manteria-a como seu mascote, um fornecimento ambulante de sangue e brinquedo sexual até que se cansasse dela? Uma vez mais, então o que? Encontrariam seu corpo ao lado da estrada, sem sangue? Tinha tirado o sangue das bolsas na caixa térmica de alguma parte. Encontrou a vítimas, drenou seu sangue, colocou em bolsas e as guardou para seu futuro uso até que encontrasse outra vítima?
-Cristo- suspirou ela. -Alex? Cale tirou a bolsa fora do alcance e a olhou com preocupação. -O que está pensando? Deu-lhe outra olhada enquanto outro pensamento a assaltava. -É amigo de Mortimer. Ele não é... como você? . Cale não falou, mas podia ver a resposta em seus olhos. Mortimer era um vampiro também. -OH Deus- soltou Alex, pensando que isso explicava porque Sam tinha abandonado de repente uma carreira em que tinha trabalhado toda sua vida só para brincar de ser
mãe de Mortimer e seus amigos. Mortimer controlava Sam, usando-a provavelmente como uma bolsa de sangue ambulate e como seu brinquedo sexual também. Tinha que avisá-la. - Alex?
Cale a olhava com tal intensidade que lhe pareceu que estava tentando controlá-la, mas estava muito fraco. Não podia permitir que ele estivesse o suficientemente forte para fazê-lo. Alex deixou cair a bolsa, pôs a tampa novamente na caixa térmica, fechou-a e ficou de pé, arrastando-a do carro com ela. -Espere! Alex. Não! - Ela escutou o sussurro e o rasgo de novo e soube que ele estava lutando por sua liberdade e indo atrás dela. Insegura do que ele era capaz de fazer, e aterrada de se teria êxito, correu de novo sobre o caminho para o carro alugado. Estava a um par de metros de distância, quando seus pés se deslizaram por debaixo dela. Alex deixou cair a caixa térmica quando começou a patinar e tentou manter-se de pé quando a camada de gelo de repente quebrou. Seu pé direito parou bruscamente ao se chocar contra o áspero asfalto, e de repente caía para frente. Levou suas mãos para frente, tentando parar sua queda, mas sua cabeça girou para frebte enquanto caía, e com o osso da testa bateu fortemente contra o chão. Gemendo, Alex fechou os olhos contra a dor, mas depois se arrastou sobre suas mãos e joelhos e olhou para trás por onde tinha vindo. Cale estava miserável fora do carro para ir atrás dela. Lutando por ficar de pé, girou ao redor do carro alugado para o lado do motorista e se jogou no interior, fechando a porta quase em seu tornozelo em seu desespero por fechá-la e pôr a trava. Agradecida de que tivesse deixado o carro ligado, Alex engatou a marcha para dirigir, e depois olhou para Cale e viu que suas pernas estavam paralisadas debaixo dele, muito danificadas para levantar seu peso. Seu coração saltou quando ele soltou um rugido de dor enquanto caía, e hesitou, mas depois viu a caixa témica que tinha
deixado lá. Abrindo-se, quando caiu e várias bolsas de sangue se derramaram e brilhavam com um carmesim escuro pelos raios dos faróis do carro. Chiando os dentes, ela girou o volante e pisou no acelerador, derrapando ao ir para trás pela rampa em sentido contrário. Nem sequer se arriscaria a passar ao lado de Cale. Não sabia do que ele era capaz. Felizmente, ninguém apareceu no caminho, vindo em sua direção, e a estrada estava espaçosa quando saiu da rampa. Alex girou para ela, fazendo girar os pneus e derrapando outra vez antes de ter o controle e sair disparada pela estrada. Sua mente centrando-se em uma só coisa: tinha que chegar até Sam e adverti-la. Sobre seus joelhos e ofegando, Cale viu que seu carro alugado se distanciava a grande velocidade, desabou-se sobre suas costas e rugiu de dor e desespero. Tinha estado a ponto arrancar seu próprio pé tentando sair do carro. A dor era insuportável. Neste momento seu corpo inteiro já sofria uma dor terrível desde que tinha despertado depois do acidente. Sem o cinto de segurança para detê-lo, tinha sido lançado contra o painel e tinha ouvido o rangido de seus ossos quebrando com o impacto. Suspeitava que tinha uma fratura de crânio, a maçã do rosto quebrada, o nariz quebrado, uma fratura de clavícula, várias costelas fraturadas, e não queria nem pensar sobre os danos internos. Depois estavam suas pernas e pés. Levantou a cabeça e deu uma olhada, fazendo uma careta por seu estado. As duas bolsas que conseguiu consumir tinham começado a cura, mas precisava de muitas mais para curar completamente. E então tinha que encontrar Alex, acalmá-la, e tentar salvar a situação. Não podia perdê-la, pensou, e maldito o idiota que o tinha golpeado. Fazendo caretas enquanto um shock de dor percorria seu corpo, Cale procurou em seu bolso para encontrar o celular que Alex tinha procurado antes. Felizmente, só tinha conseguido examinar um dos bolsos e tinha confundido sua tentativa de lhe
dizer que não queria que falasse para pedir ajuda, com que não tinha seu telefone. Arrastando-se para fora penosamente, começou a discar o número de Bricker, mas se parou quando percebeu que não acontecia nada. Deu-lhe a volta e viu o grande buraco na parte de trás do aparelho. A maldita coisa tinha se quebrado no acidente. Amaldiçoando, jogou-o longe, escutando como escorregava na neve. Em seguida, girou sobre seu estômago com um gemido para ver a caixa térmica jogada no caminho. Não podia chamar niguém para pedir ajuda e não podia caminhar, mas conseguiria chegar à maldita caixa térmica, pensou sombriamente, e começou a arrastar-se pela neve, usando os braços para impulsionar-se para frente, com as pernas inúteis deixando um rastro de sangue atrás dele. Alex parou na entrada da casa de Mortimer, só então recordou do ridículo nível de segurança que ele tinha. Provavelmente para evitar que alguém entrasse às escondidas e estacasse um deles, pensou enquanto apertava o botão para baixar a janela. Em geral, reconheciam seu carro e a deixavam entrar sem pará-la no primeiro portão, mas esta noite estava no carro alugado de Cale. Entretanto, ao que parece, também o reconheceram, assim antes que pudesse apertar o botão do interfone e mentir dizendo que só estava de passagem para uma visita, a primeira porta começou a se abrir. Com um suspiro, deixou-se cair no assento e apertou o botão para levantar a janela, mas então começou a ficar inquieta quando percebeu que estava parada entre os dois portões para olharem debaixo do carro, enquanto averiguavam por que estava ali. Alex não tinha nem idéia do que eram capazes, mas suspeitava que deveria manter fora de sua mente a verdadeira razão de sua visita. Se podiam controlar às pessoas como suspeitava, também poderiam ser capazes de ler a mente. Estava bastante segura de que nos livros e nos filmes os vampiros podiam ler a mente. Tinha sido estúpido de sua parte vir até aqui. Deveria ter ligado para Sam e lhe pedir
se encontrarem em uma cafeteria ou algo do tipo. Alex só tinha pensado na idéia, quando uma caminhonete parou atrás dela. Percebendo que não tinha outra opção agora, amaldiçoou em voz baixa e tirou o pé do freio, permitindo que o carro se movesse para frente, até a área alta segurança da entrada da casa. Um olhar no espelho lhe mostrou que a caminhonete a seguia até o interior, e depois moveu-se a seu lado enquanto a primeira porta começava a se fechar. Alex olhava tristemente, perguntando-se se alguma vez poderia sair deste lugar... com vida.
Uma pequena batida em sua janela lhe chamou a atenção, e Alex olhou a seu redor para ver Russell sorrindo com curiosidade. Seu olhar foi do cabelo loiro e olhos dourados de Russell ao homem de cabelo escuro em movimento atrás dele para a parte traseira de seu carro para olhar debaixo. Francis era o nome do segundo homem, e sem que ninguém houvesse dito nada, ela suspeitava que os dois homens não só eram colegas de trabalho nos detalhes de segurança, mas também eram um casal. Eles eram os únicos que Sam não tinha apresentado a ela e Jo. Além disso, havia algo a respeito da forma em que se olhavam e tratavam um ao outro que lhe fez pensar que havia algo mais que amizade entre eles. Alex desviou o olhar para Russell e apertou o botão para baixar a janela outra vez, tentando pôr rapidamente sua mente em branco em caso de que pudessem ler seus pensamentos. -Olá, Alex. O que aconteceu? Russell lhe deu as boas-vindas. Algo em sua atitude ou sua forma de falar lhe fez temer que já era muito tarde para ocultar seus pensamentos, mas forçou um sorriso e tentou soar casual enquanto dizia, -Nada. Só passei para ver Sam. -É um pouco tarde, não é?-perguntou, entrecerrando os olhos.
-Um pouco- concordou Alex, ao perceber que era quase amanhecer. Seu olhar se deslizou à caminhonete e viu dois homens saindo para falar com Francis, que tinha terminado com a parte traseira do carro. Ela os recordou de outras visitas. Em geral estavam de guarda durante o dia. Supôs que tinha chegado na mudança de turno. -Vou ligar na casa para que alguém te receba na porta. Alex se voltou bruscamente para Russell de novo. Sua expressão era fechada, e havia preocupação nas profundidades de seus olhos. Estava segura de que tinha sido capaz de ler sua mente e considerou dar a ré e bater na parte traseira para retornar pelo primeiro portão. Russell vetou essa idéia dizendo, -Eu não o faria isso se fosse você. Poderia ficar machucada. Alex engoliu em seco. As palavras tinham sido com uma voz suave, mas soavam como uma ameaça para ela nesse momento. Pior ainda, agora não havia dúvida de que podia ler sua mente. -Vá em frente. Alex olhou para frente para ver que Francis tinha aberto o segundo portão para ela e agora estava esperando que passasse através dele. -Não é tão ruim como pensa- disse Russell silenciosamente quando ela hesitou. Quando o olhou de novo, adicionou, -Vá até a casa e deixe que alguém te explique as coisas. Tudo vai ficar bem. Dissimulando, Alex apertou o botão para fechar a janela e passou pelo portão, com as mãos agarrando o volante com força. Dirigindo, por breve que fosse, era o pior
momento de sua vida... porque suspeitava que estava dirigindo para sua própria perdição. Cale poderia ter chorado de alívio quando finalmente chegou à geladeira. O alívio só aumentou quando viu que já estava aberta, com seu conteúdo derramado sobre a neve, como rubis. Agarrando a bolsa mais próxima, arrastou-a até sua boca e afundou seus dentes nela, esperando com impaciência enquanto a esvaziava, seus pensamentos sobre Alex e onde podia ter ido. Teria que ter explicado tudo a ela antes de revelar seus dentes, Cale se repreendeu. Deve ter sido uma espécie de shock quando suas presas apareceram de repente. Entretanto, ele tinha estado em tal necessidade, e ela tinha estado sangrando, o aroma e o sabor do sangue na palma de sua mão, o corte... Tinha sido um caso de mal menor, chupar uma bolsa de sangue ou ceder ao desespero e morder Alex. Qualquer das duas opções tiriam revelado o que ele era, mas não estava em forma para atraí-la, acariciá-la e excitá-la o suficiente para que abrisse sua mente e sentisse seu prazer em vez de sua própria dor. Sua dentada a teria ferido, e nunca faria mal deliberadamente a Alex, com a fome nele como tinha estado, não confiava em si mesmo. Conseguir que lhe trouxesse a caixa térmica com o sangue parecia o único recurso.
Se tivesse estado um pouco melhor, Cale poderia ter pensado em lhe dizer que deixasse a caixa térmica e fosse em busca de ajuda para poder se alimentar sem que ela o visse, mas uma vez que viu a caixa térmica, não foi capaz de pensar em outra coisa que o doce alívio que o sangue lhe daria. Cale arrancou a bolsa vazia de seus dentes e pegou outra para substitui-la. Alimentou-se de quatro bolsas antes de se preocupare com outra coisa... como o fato de que, dada as circunstâncias, estava recostado ao lado da estrada onde qualquer pessoa poderia encontrá-lo. E o sangue em questão de segundos golpearia seu
sistema, começaria a curá-lo, e estaria com tanta dor que não seria capaz de se controlar. Se um bom samaritano viesse nesse momento, provavelmente lhe rasgaria a garganta, sem nem sequer ser consciente do que estava fazendo. Suspirando, olhou a seu redor. Não havia nada mais que o corrimão metálico, um triângulo de neve entre a estrada e a rampa de saída desse lado, mas havia um pequeno bosque de árvores a uns cinquenta metros da estrada do outro lado. Parecia muito longe nesse momento, mas Cale sentia que não havia muito que escolher. Era isso ou se arriscar a machucar alguém. Até o momento já tinha tido uma sorte incrível de que ninguém tivesse aparecido, entretanto, não podia se arriscar. Os pensamentos de Cale morreram com as luzes que o iluminaram. Levantando a cabeça, viu que alguém tinha tomado a rampa de saída e estava desacelerando à medida que se aproximava.
Capitulo 14
Se Alex acreditava que dirigir até a casa foi ruim, obrigar-se a sair do carro e caminhar até a casa foi ainda pior, mas se obrigou a fazê-lo. Por um lado, Sam estava ali, completamente ignorante de que o homem que amava era um vampiro que estava lhe fazendo pensar que o amava para poder se alimentar dela como um parasita. Tinha que ir e adverti-la, e se pudesse tirá-la dali. Embora Alex começasse a pensar que não fosse provável. Detendo-se na porta, tomou um momento para tentar recuperar a compostura, e, finalmente, levantou a mão para bater. Não era exatamente uma batida forte, era mais uma tímida, mas tinha medo nesse momento... e realmente tinha que ir ao banheiro,
deu-se conta infelizmente, perguntando-se por que esse tipo de coisas sempre parecia ocorrer nos momentos mais inoportunos. Um bom susto seria suficiente para se molhar toda, e como estava entrando em um ninho de vampiros, Alex suspeitava que ia experimentar mais do que um 'boo', o que significava que era provável que teria uma experiência humilhante nesta noite de terror, e se irritou de repente. A irritação cresceu à medida que passavam os minutos sem que alguém respondesse a sua chamada. Ok, se ia ser sacrificada no altar de sangue por um grupo de chupadores de pescoços, o mínimo que podiam fazer era não deixá-la esperando. Esse último pensamento disse a Alex que provavelmente tinha perdido sua prudência. Simplesmente não parecia muito saudável estar zangada porque seus aspirantes a assassinos careciam de rapidez. Suspirando, sacudiu a cabeça e voltou a bater, mas ainda não muito forte. Não se atrevia a bater como se realmente quisesse que alguém viesse matá-la. Quando passou outro momento sem que a porta se abrisse, hesitou, e depois segurou a maçaneta da porta e a girou. Para sua grande surpresa, não estava fechada com chave. Ela facilitou a abertura, sentindo-se como alguma heroína vitoriana entrando em uma casa encantada... ou um ninho de vampiros, pensou Alex secamente, e depois murmurou, -Posso estar a ponto de morrer, mas ao menos não perdi meu senso de humor. Com uma careta de dor por quão forte sua voz soava, deslizou-se no interior e depois parou, quando uma cacofonia de sons golpeou seus ouvidos: chiados, gritos e o som insistente de um telefone. Supôs que no telefone era Russell, tentando avisar de sua chegada. Soava como se ninguém se incomodasse em responder a sua chamada. Ela o atribuiu ao feito de que provavelmente não podiam ouvir mais que os alaridos do piso de acima. Era forte e angustiado... e sua irmã, Alex percebeu com horror ao reconhecer a voz de Sam no som torturado.
Ela começou a ir instintivamente para as escadas, mas parou bruscamente ao escutar outras vozes gritando, tratando se fazer ouvir por cima dos gritos de Sam. -Maldição! Por que não funciona? Isso soou como Mortimer, e na verdade soava um pouco desesperado, observou Alex com o cenho franzido. -Não sei. Demos a quantidade prescrita- gritou alguém conhecido.
-Dê mais! -rugiu Mortimer.
Alex se mordeu os lábios e olhou a seu redor, em busca de uma arma à mão. Uma cruz, água benta, ou alho seria bom, mas é obvio não havia nada parecido com isso. Viu a luz acesa na cozinha, correu pelo corredor até lá e diretamente ao bloco de madeira cheio de facas. Tirou as duas maiores e se voltou para a porta, mas depois parou ao perceber que não era provável que fizessem muito estrago. Cale tinha sofrido monte de machucados no acidente de carro e, ainda estava vivo. Precisava de uma bazooka... ou uma estaca. Alex passou de um pé a outro, tentando pensar no que fazer, e depois começou a abrir as gavetas da cozinha procurando desesperadamente até que achou uma colher longa de madeira. Pegando ela, levou um momento para afiar a ponta com uma das facas. Foi um trabalho muito ruim, e só conseguiu fazer a ponta ligeiramente bicuda, mas teria que servir, decidiu Alex, quando os gritos do Sam cresceram em volume. Só teria que afundá-la com muita força. Deslizando a estaca improvisada em seu bolso traseiro, dirigiu-se à porta outra vez, mas depois parou ao lembrar que os vampiros podiam ler a mente. Precisava de um plano, ou simplesmente tomariam o controle dela e tomariam suas armas, percebeu Alex com tristeza. Um ataque surpresa seria o melhor... ou evitar de algum jeito que se metessem em sua cabeça.
Girando lentamente, escaneou a cozinha, e depois retornou às gavetas. Na segunda ou terceira gaveta que tinha aberto tinha certeza que tinha visto uma caixa de... -Isso! Ofegou quando as embalagens de alimentos apareceram na primeira gaveta em que tentou. Alex agarrou o papel de alumínio, arrancou um pedaço enorme, e rapidamente o pôs por cima de sua cabeça. Enrugou os extremos sob o queixo para que ficassem firmes, e depois puxou para frente até que sua testa esteve coberta. A parte de atrás ficou descoberta, entretanto, e rapidamente arrancou um segundo pedaço e a emendou ao outro juntando as bordas para cobrir toda a cabeça. Alex se sentiu uma idiota total, e nem sequer tinha idéia se funcionaria, mas iria tentar. Além disso, era o que os gênios da ciência sempre faziam nos filmes para evitar que os raios do espaço ou o que fosse penetrassem em suas mentes. Devia haver alguma ciência por trás disso. Talvez a mantivesse a salvo.
-Fiquei louca- murmurou Alex, agarrando suas facas de novo e se dirigindo ao outro lado da cozinha. -Acordei esta manhã em uma aborrecida cozinha no planeta terra, e de algum jeito terminei na zona escura como substituta de terceira de Buffy a caça vampiros. Correu pelo corredor até as escadas, e adicionou, -E onde diabos está quando se precisa dela? Seria bom se Buffy estivesse aqui neste momento. Alex sabia que provavelmente não deveria estar falando com ela mesma quando estava tentando surpreender os vampiros, mas a fazia se sentir melhor e lhe dava coragem. Além disso, não era como se a ouvissem com Sam perfurando os ouvidos com seus gritos, pensou e se franziu o cenho para si mesma sobre o que poderia estar ocorrendo a sua irmã.
Provavelmente era uma orgia de sangue, doze dos bastardos rodeando-a e mordendo a carne de sua pobre irmã nua. Teria que ter ido diretamente para cima na primeira vez que os ouviu, repreendeu-se Alex ao chegar à parte superior das escadas, mas sabia que não teria ajudado em nada. Era o suficientemente arriscado mesmo armada como estava. Seu olhar se deslizou sobre as portas ao longo da sala, fazendo uma pausa naquela que sabia ser um banheiro devido a anteriores visitas. Alex ainda tinha que fazer xixi. De fato, quanto mais assustada estava, mais tinha que ir, mas não havia maneira de que fizesse uma parada no banheiro com os gritos de Sam. Parar por armas era uma coisa, mas fazer xixi estava fora de questão. Entretanto, definitivamente ia chutar algum traseiro vampiro e se molharia, Alex decidiu seguir o som dos gritos de Sam até a porta do quarto que sabia que sua irmã compartilhava com Mortimer. Outras vozes continuavam gritando no interior, mas era mais difícil distinguir o que diziam agora que estava tão perto. Suas orelhas estavam tão cheias dos sons da agonia de Sam, que não era capaz de se concentrar nas outras vozes. Tomou uma respiração profunda, Alex mudou sua faca para a outra mão e girou lentamente a maçaneta da porta, facilitando assim a abertura da porta com todas as ânsias de um menino que entra no consultório de um dentista. No momento em que Alex pôde ver o interior, procurou no quarto. Havia quatro pessoas no interior com o Sam, não doze: Mortimer, Bricker, e outro homem, assim como uma mulher. Nenhum deles parecia estar mordendo Sam, entretanto, todos estavam abraçando-a na cama.
Bastardos doentes, pensou Alex com desgosto antes de voltar seu olhar para Sam. No momento em que a viu, a preocupação do Alex atingiu outro nível. Além de estar fisicamente presa, Sam tinha cordas nos pulsos e nos tornozelos, amarrando-a à cama, embora uma delas tivesse se rompido. Também estava completamente vestida, isso era bom, não tinham chegado à parte orgia ainda. E não tinham chegado a mordê-la, pelo menos não havia marcas de mordidas na pele de sua garganta ou no pouco que era visível nos pulsos e os tornozelos. Entretanto, Sam estava muito pálida, como uma folha branca, como se todo o sangue tivesse sido sugado. Mas não estava atuando como uma pessoa debilitada pela perda de sangue. Quatro pessoas a estavam segurando, vampiros, e pelo que o cinema sugeria, eram mais fortes que os simples mortais, e entretanto, estavam tendo problemas para manter Sam na cama enquanto golpeava e gritava como se ardesse em chamas. Abrindo mais a porta, Alex se meteu no quarto, agradecendo que os quatro vampiros estivessem distraídos com sua irmã. Na verdade poderia conseguir se arrastar para cima e estacar um ou dois antes que outros percebessem o que estava acontecendo. Bricker era o mais próximo. Ele e outro homem estavam em cada canto dos pés da cama, segurando as pernas de Sam, enquanto Mortimer e a mulher seguravam os braços. Alex não reconheceu o homem de cabelo escuro da esquerda, e quase sentia que não estava segurando o outro tornozelo do Sam, o que lhe tinha convertido no objetivo mais próximo. Tinha certeza que seria mais fácil estacar a um estranho. Quando se aproximou, estava sofrendo um certo pesar por ter que estacar Bricker. Sempre tinha gostado do menino. Mas ele era um vampiro e ela tinha que salvar Sam e provavelmente a mataria se tivesse a oportunidade agora que sabia que sua máscara amigável ocultava um monstro chupa-sangue, Alex recordou a si mesma e pôs a faca em sua mão direita no
bolso de trás para poder tirar a estaca improvisada em seu lugar. Com os olhos fixos nas costas de Bricker, levantou a estaca, e depois se lançou para baixo, com o objetivo na área geral de seu coração. Não conseguiu a reação que tinha esperado. Bricker simplesmente olhou a seu redor com um gesto incômodo, e depois piscou surpreso quando a viu. -Alex. O que está fazendo aqui?-disse, ou pelo menos pensava que havia dito isso. Sobre tudo tinha que ler os lábios já que não podia ouvir nada mais que Sam neste momento. Confusa, Alex olhou sua estaca e viu com espanto que a maldita coisa estava virada. Havia afundado o lado sem ponta da colher. Alex começou a se repreender por não comprovar antes para se assegurar de que a tinha o lado certo em posição antes de lhe apunhalar, e então percebeu que Bricker tinha voltado para Sam enquanto continuava golpeando. Alex rapidamente girou a colher em seus dedos, amaldiçoando quando esteve a ponto estocar com a maldita coisa. Merda. Sou uma Buffy ruim, pensou Alex enquanto freneticamente afundava a colher em Bricker, esta vez com o extremo correto da mesma. Infelizmente, ele olhou para trás nesse momento e instintivamente estendeu a mão e a agarrou pelo braço descendente com uma mão. -Bricker, deixa de brincar com o Alex e segure Sam- gritou Mortimer tão forte que na verdade o obedeceu, e depois adicionou, -E Alex, fica de pé no canto e se comporte. Alex girou sobre seus calcanhares e se dirigiu ao canto, e depois se virou e simplesmente ficou ali. Não foi por escolha. Seu corpo acaba de fazer o que Mortimer tinha ordenado, como se... bom, como se o filho da puta tivesse seu controle, percebeu com espanto, e não parecia haver uma maldita coisa que pudesse fazer a respeito. Seus músculos e seus membros simplesmente não obedeciam as
ordens que enviava para tentar fazer que se movessem.
-A segunda dose está funcionando- disse a mulher da parte superior da cama agora, sem ter que levantar a voz, já que os gritos de Sam tinham passado a gemidos. Desistindo de tentar se mover, Alex olhou para Sam ao ver que se retorcia menos agora. Perguntando-se o que estava funcionando, direcionou seu olhar à mulher que tinha falado, tinha um comprido cabelo escuro e a pele perfeita. Nunca tinha visto alguém com o cabelo tão brilhante e com aspecto tão saudável ou a pele tão pura como a desta mulher. As bonecas de porcelana teriam chorado em sua própria deficiência ao vê-la. A mulher brilhava de boa saúde e felicidade. Sem dúvida era a rainha dos condenados, decidiu Alex.
-Graças a Deus- disse Mortimer, e Alex desviou o olhar para ele, um pouco surpreendida ao ver a angústia e o amor em seu rosto enquanto olhava para baixo a sua irmã. Um pouco surpreendida de que ele se atrevesse a usar o nome do Senhor. Não deveria sua língua explodir em chamas ou cair por isso? Uma risada suave da mulher atraiu o olhar de Alex de volta a ela com sua maneira de suave diversão. -Qual é a graça, querida? -perguntou o homem que estava aos pés de Sam com o Bricker. -Ela estava pensando que... Fez uma pausa e sacudiu a cabeça. -Nada. Não quero envergonhar a pobre garota.
Alex franziu o cenho com as palavras quando se deu conta que todo mundo se virou agora para olhá-la. Mortimer com o cenho franzido, incomodado, obviamente aborrecido por sua presença. Bricker estava dando seu sorriso habitual, mas o homem que não conhecia se virou com um olhar curioso sobre ela e agora olhou para Mortimer, e disse, -Não nos vai apresentar? Mortimer só voltou seu olhar de novo para Sam, foi Bricker quem falou. -Esta é a irmã de Sam, Alex- anunciou, se levantando e indo em direção a ela. Parando em frente a ela, adicionou, -Alex, estes são Marguerite Argeneau Notte e seu marido Julius Notte. O reconhecimento se deslizou através de Alex, e seus olhos se dirigiram à mulher outra vez. Lembrou que Sam sempre falava dela com um pouco de temor. Agora sabia porque... rainha dos condenados. -O que é isso... er... um chapéu? -perguntou Bricker, dirigindo sua atenção para ele.
Alex abriu a boca, mas imediatamente a fechou de novo, não estava disposta a admitir que tinha esperado evitar que fossem capazes de controlá-la. -Sim, isso não funciona tão bem- riu entre dentes Bricker. -Mas está muito linda como uma virgem com um lenço de papel de tipo gracioso. Alex franziu o cenho. -E?-perguntou divertido. -O que está fazendo aqui? Quero dizer, além de tentar me matar com uma colher. -Bricker- repreendeu a mulher, deixando a cama para unir-se a eles. -Deixe de implicar com ela. A pobre garota está aterrorizada. Bricker ficou em silêncio, mas Marguerite também o estava agora, Alex percebeu, e
olhou de um a outro, franzindo o cenho quando viu a expressão concentrada em seus rostos. Pouco a pouco se deu conta de uma alteração estranha de seus pensamentos, uma espécie de comichão, como se uma traça ou uma mariposa revoassem pelo interior de seu crânio, e depois se distraiu quando o marido de Marguerite, Julius, uniu-se ao casal para olhá-la assim. Outro momento de silêncio e continuou olhando enfurecida, e depois Marguerite disse de repente, -Bricker, é melhor que vá procurar Cale. -Já estou indo- assegurou, afastando-se.
-O que aconteceu?- perguntou Mortimer do lado da cama. Alex não podia vê-lo, Marguerite estava no meio, mas sua voz soava preocupada. -Nada com que se preocupar, Mortimer- disse Marguerite com doçura. -Eu me encarrego disto. Você só se preocupe com Sam. Estaremos no quarto ao lado. Grite se precisar de mim. -Quer que eu vá com você? -perguntou Julius.
-Não, estaremos bem- assegurou Marguerite, e se inclinou para beijá-lo antes de olhar de novo para Alex. -Vamos, querida. Posso ver que temos muito do que falar. Marguerite mal terminou de falar e Alex se encontrou girando os pés e movendo-se para a porta por onde Bricker tinha saído. Uma vez mais, não foi por vontade própria. Não queria deixar Sam, Alex tentou parar, mas seu corpo não quis escutar. -Sam vai ficar bem- assegurou Marguerite em voz baixa, enquanto saíam do quarto e se dirigiam ao corredor. -Mortimer a ama e nunca lhe faria mal. Prometo isso a você.
Alex se perguntou do que servia a promessa de um vampiro. Certamente poderiam mentir tão facilmente como os mortais. -É claro que podemos, mas não fazemos- disse Marguerite, enquanto os pés de Alex conduziam-na ao quarto do lado. Ouviu a porta se fechar atrás dela. -Você gostaria de ir ao banheiro? Se tivesse podido virar a cabeça, Alex teria olhado para trás com surpresa apesar de que sabia que não deveria se surpreender de que a mulher soubesse que tinha que ir. Estava lendo sua mente, depois de tudo e isso estava ali, entre suas preocupações. Morrer era uma coisa, mas gostaria de fazê-lo com um pouco de dignidade. -Não vai morrer- disse Marguerite com exasperação. -E pode falar. Não tomei o controle total de você. -Poderia ter me enganado- murmurou Alex.
A risada de Marguerite era um tinido de campainhas no ouvido, e então Alex sentiu os pés movendo-se para a porta do segundo quarto. -Vá em frente e use as instalações. Mas por favor não tente escapar, não chegará muito longe. Alex fez uma careta, pensando que era bastante óbvio, e depois chegou à porta e de repente sentiu desaparecer todo o poder que tinha estado fazendo que seus pés se movessem. -Acredito que pode ir sozinha- disse Marguerite em voz baixa. -Eu te espero aqui.
Alex olhou à mulher, feliz de perceber que era capaz de fazê-lo. Quando Marguerite sorriu alentadora, girou-se para trás e abriu a porta.
Uma vez a salvo no interior do banheiro, fechou a porta e depois se inclinou fracamente contra ela. Estava presa na toca do leão e quase perdida. Parecia evidente que não ia escapar destas pessoas quando podiam controlá-la. Além disso, mesmo que escapasse do banheiro e da casa, conhecia a segurança daqui, as altas cercas eletrificadas, as câmeras com sensor de movimento, e os homens armados. Não ia a parte alguma. Nem sequer teria tentado sem Sam.
Um grito tirou Cale do inferno que estava sofrendo, e por um momento temeu que mais mortais tivessem chegado para buscá-lo. Isso não seria algo bom. Ele estava débil, e em agonia, e não se sentia muito sociável neste momento. Além disso, estava sem sangue, precisava de mais, e não pensava que pudesse se controlar como o tinha feito na primeira vez. Seu primeiro instinto quando tinha visto o carro rodando para ele, foi cair na mente do motorista e fazer com que seguisse em frente, mas então olhou para o bosque de árvores, notou a distância e mudou de opinião. Nunca teria sido capaz de se arrastar essa distância, por isso tinha tomado o controle do motorista e lhe fez parar, suspeitava que o teria feito de todos os modos, em seguida, fez com que os dois ocupantes do veículo saíssem e fossem até ele. Para alívio de Cale eram um par de homens perto dos vinte anos, saudáveis e fortes. Uma vez que os homens ficaram calados e diante dele, Cale tinha recolhido as últimas duas bolsas da caixa térmica, guardou-as em sua jaqueta, e depois fez com que o levassem até as árvores do bosque. Entre a neve e o terreno acidentado, as coisas tinham sido difíceis para eles. Também tinha tomado mais tempo do que esperava, e no momento que o tinham colocado na coberta das árvores, a cura se
estendeu com vingança. Cale só tinha tido um magro fio de controle sobre si mesmo. A única coisa que o tinha impedido de atacar a um ou ambos os homens era o conhecimento de que tinha duas bolsas de sangue escondidas dentro de seu casaco. Tinha rasgado as bolsas no momento em que lhe puseram no chão, quando os enviou correndo de volta a seu veículo com a idéia de esquecer do carro destroçado e dele. Tinham chegado a seu veículo e arrancado justo quando tinha terminado a última bolsa de sangue e começado a convulsionar no chão do bosque. -Cale. Sem mais mortais, pensou com um suspiro, quando reconheceu a voz de Bricker. Tentou gritar "aqui", mas o que saiu foi um grasnido seco. Não importava. Ao que parece, tinha sido escutado por Bricker que de repente apareceu a seu lado, uma silhueta alta na luz da aurora tecendo através das árvores sem folhas. -Jesus, está em mal estado- disse o homem sombrio, de joelhos para olhar por cima dele. Quando seu olhar passou às pernas de Cale, amaldiçoou. -O acidente fez isto? Cale lançou um grunhido, e o outro homem se voltou para lhe olhar no rosto. -Vi as pistas. Deixou um inferno de rastro de sangue. Isso explica porque não tinha avançado mais em sua cura, pensou torvamente. Tinha perdido sangue tão rápido como podia consumí-lo. Provavelmente havia tantas veias cortadas em suas pernas que não pôde fechá-las o suficientemente rápido para evitar a hemorragia. Isso significava que precisava de muito mais sangue. A melhor aposta era provavelmente colocá-lo em uma banheira cheia de sangue. -Russell e Francis vão se desfazer das pistas e do carro- informou Bricker. Acabavam de terminar seu turno quando eu estava saindo, então chamei-os para virem ajudar. Cale voltou a grunhir.
-Havia dois pares de rastros. Como conseguiu chegar aqui?
-Os mortais- conseguiu dizer Cale.
-Onde estão os corpos? -perguntou secamente Bricker, dobrando os braços debaixo dele. Cale só gemia em agonia enquanto Bricker o levantava do chão.
-Não se preocupe, amigo- disse Bricker com simpatia. -Há sangre na caminhonete e estará de volta em casa em pouco tempo. -Alex- conseguiu dizer Cale enquanto saíam das árvores. -Está na casa, e está bem. Um pouco louca, talvez- adicionou com diversão. -Mas está bem. Cale teria gostado de perguntar o que significava isso, mas simplesmente não tinha energia. Seus olhos se fecharam e caiu na inconsciência com gratidão.
Capítulo 15
Alex olhou no espelho enquanto lavava as mãos, observando seu reflexo. Parecia ridícula com papel de alumínio em cima de sua cabeça... e não tinha funcionado. Entre isso e sua tentativa de "colher" para a morte, que era uma maravilha, Bricker tinha razão em zombar dela, pensou rindo de si mesma com desgosto e atirou o papel no lixo. Definitivamente era uma Buffy ruim.
Suspirando, Alex secou as mãos e se obrigou a retornar ao quarto. Ela na verdade gostaria de se esconder no banheiro para sempre. Marguerite estava sentada em uma das duas cadeiras no outro lado do quarto. Sorriu quando Alex apareceu, depois deu uns tapinhas no braço da cadeira junto à sua. -Venha sente-se. Alex não se moveu. -Realmente preferiria não fazê-lo.
-OH, vamos- repreendeu. -Eu não mordo.
Alex soltou um bufido. -É um vampiro.
-Não, não sou- Marguerite assegurou solenemente. -Sou um ser imortal.
Olhou-a com incerteza. -O que quer dizer?
-Vai ter que vir aqui para saber- disse com firmeza. -Não quero ter que gritar para que me escute do outro lado do quarto. Alex hesitou um momento antes de entrar e se sentar a contra gosto na cadeira. Afastou-se na cadeira o mais que pôde, para estar tão longe de Marguerite como pôde, olhou-a com receio e esperou. -Em primeiro lugar, não tem nada que temer- Marguerite lhe assegurou em voz baixa. -Aqui ninguém te faria mal. Não o fazemos, e de fato não nos permitem nos alimentar dos mortais. Aqui consumimos bolsas de sangue.
Alex sentiu que um pouco da tensão se filtrava através dela, logo ficou rígida e disse, -Sam. -Não estávamos fazendo mal a ela- Marguerite lhe assegurou com firmeza. -Deve ter notado como se agitava e convulsionava na cama. Estávamos tentando segurá-la e impedir que machucasse a si mesma. Ela inclinou a cabeça e adicionou, -Certamente viu o amor e a preocupação no rosto de Mortimer? Ele nunca permitiria que a machucassem para chegar até ela. Alex franziu o cenho. Percebeu que estava completamente confusa. -O que aconteceu com ela? Marguerite hesitou um momento e depois disse, -Acredito que antes de explicar isso, é necessário compreender quem e o que somos. -Sei o que são- disse Alex secamente. -São vampiros.
-Não somos vampiros- disse Marguerite com firmeza. -Somos imortais.
-Tem presas- disse Alex secamente, depois franziu o cenho e acrescentou, -Pelo menos, Cale tem. -Os imortais tem presas- disse Marguerite com calma.
-Certo- disse Alex com o cenho franzido. -Todos tem presas e consomem sangue para sobreviver, mas não são vampiros. Marguerite estalou a língua com impaciência. -Sim, já sei que há semelhanças. Os vampiros mitológicos tem presas e se alimentam dos vivos. Entretanto, também se supõe que estão amaldiçoados e que são mortos reanimados sem alma. E te garanto
que não estou nem amaldiçoada nem perdi minha alma. E definitivamente não estou morta. -Então, o que?
-Vou explicar isso a você, entretanto pode achar a explicação difícil de aceitaradvertiu ela. -É mais difícil que aceitar que os vampiros realmente existem?- perguntou Alex secamente. -Vá em frente. Acredito que posso lidar com isso neste momento. -Eu gostaria que deixasse de nos chamar com essa palavra tão desagradável. Isso é realmente incômodo- disse Marguerite com desânimo, mas continuou, -Já ouviu falar sobre Atlântida? Alex levantou as sobrancelhas. -Sim. Era uma terra antiga, mítica e que era supostamente mais avançada que o resto do mundo. -Sim... mas não era só um mito. Era um país na ponta de um continente, rodeado pelo oceano em três lados e isolado de seus vizinhos por uma cordilheira que tornava difíceis as viagens até ela. Era isolada, e era muito mais avançada cientificamente que o resto do mundo, até o ponto em que os cientistas tivessem começado a trabalhar com o que agora chamam nanotecnologia. Parece que um desses cientistas pensou que poderia ser útil na área médica e criou nanos especificamente programados para reparar lesões e combater as enfermidades no corpo humano. Sua idéia era que estes nanos pudessem ser disparados diretamente na corrente sanguínea, o que os levaria por todo o corpo e atuariam sobre as lesões ou enfermidades. Por essa razão, desenhou-lhes para utilizar o sangue como impulsor, assim como para se autoregenerar, o que podia ajudar em grandes feitos como a luta contra o câncer em um corpo infestado dele.
Alex levantou as sobrancelhas e lhe perguntou com incredulidade, -E quando foi isto? -Muito antes da chegada de Cristo, querida- disse Marguerite com solenidade.
-Bom, isso é extraordinário- reconheceu Alex. -Mas o que tem isso a ver com os vampiros... imortais?- corrigiu-se no último momento. Marguerite sorriu pelo esforço. -Bom, estes nanos deveriam se dissolver e sairem do corpo quando terminassem com seu trabalho. Entretanto, há um sem número de enfermidades e lesões que um organismo pode sofrer, e programar diferentes tipos de nanos para cada doença tiria sido impossível, assim, para evitar esse problema, os nanos foram programados para reparar qualquer dano, lutar contra qualquer enfermidade, e manter o corpo do anfitrião em sua melhor condição. Infelizmente, o corpo sempre tem algo para reparar. O sol, o meio ambiente, e mesmo o passar do tempo matam células e causam danos, o que os nanos vêem como algo que deve ser reparado. -Eles nunca se dissolvem e saem do corpo- percebeu Alex.
Marguerite assentiu com a cabeça. -E usam o sangue para poder se regenerar, assim como para reparar os danos. Mais sangue do que um corpo mortal pode produzir. -Daí a necessidade de sangue- murmurou.
Ela assentiu de novo. -Em Atlântida, contornava-se o problema aplicando transfusões de sangue aos que tinham sido administrados com nanos antes de descobrirem as falhas nestes. Entretanto, quando Atlantis caiu...
- Como foi a queda de Atlântida?-perguntou Alex com curiosidade. -Acho que foi um terremoto. Em qualquer caso, Atlântida, basicamente afundou no oceano. -Como dizem que acontecerá com a Califórnia algum dia- murmurou Alex.
-Sim- disse Marguerite, -E quando isso aconteceu, quase os sobreviventes eram aqueles que tinham os nanos em seu sangue. Eles atravessaram as montanhas para se reunirem com o resto do mundo e o que encontraram foi uma sociedade muito menos avançada. Não havia médicos que realizassem as transfusões. Alex fez uma careta. -Isso deve ter sido um choque.
Marguerite assentiu com a cabeça. Ao que parece foi um momento muito difícil para a maioria deles. Ainda necessitavam mais sangue do que podiam produzir, mas agora não tinham a forma de consegui-lo. Por isso alguns simplesmente morreram, mas em outros, os nanos os obrigaram a evoluir para se adaptar a este novo ambiente. Os nanos fizeram com que surgissem presas retráteis para que pudessem conseguir o sangue que necessitavam. Entrecerrando os olhos, Alex a interrompeu, -Pensei que havia dito que não mordiam, e nem se alimentavam dos mortais. -Sim, bom, deveria ter dito que não mordemos mais. Entretanto, atualmente não podemos nos alimentar de mortais já que existem bolsas de sangue, porque vai contra nossas leis. Um imortal que rompe a lei pode ser executado. -Pode ser executado? Ou é executado- perguntou Alex secamente. -Há exceções em casos de emergência quando um imortal está em uma terrível
necessidade de sangue e não tem bolsas ao seu dispor- explicou Marguerite. -Do contrário, simplesmente se alimenta dos mortais porque eles querem, ou se encontram autorizados pelo Coselho. Alex pensou em Cale. Definitivamente estava em uma terrível necessidade... e não tinha conseguido pegar as bolsas de sangue da caixa térmica que estava muito longe. Se não conseguissem chegar até ele e um transeunte apareceu, ia ser perdoado por se alimentar de uma pessoa? -Seria mais provável que tomasse o controle de uma pessoa, que poderia levar a caixa térmica até ele- disse Marguerite em voz baixa. -Acredito que estava muito fraco para fazer isso, do contrário, teria me obrigado a trazê-lo de volta- disse Alex, e franziu o cenho ao perceber que realmente tinha sido controlada nesta última semana, como tinha temido. -Um imortal nunca está muito fraco para não poder controlar um mortal- assegurou Marguerite. -Cale não te controlou porque não podia. Não pode te controlar nem ler sua mente, Alex. Isso é o que te faz especial. -Você pode me controlar- assinalou ela, sem lhe acreditar.
-Sim, assim como qualquer imortal nesta propriedade que deseje fazer isso. Marguerite se encolheu de ombros. -Mas isso é porque você não é a companheira de vida de qualquer um de nós. Cale é incapaz de ler ou de controlar a quem possa se converter em uma possível companheira de vida para ele. - O que é um companheiro de vida?-perguntou Alex.
Marguerite hesitou. -Acredito que vou deixar que Cale lhe explique isso.
-Por que? Marguerite se encolheu de ombros. -É seu dever. Na verdade, era melhor que ele te explicasse tudo isto, mas pensei que não estaria disposta a escutá-lo. Alex franziu o cenho com desgosto e olhou à mulher por um momento, logo suspirou e disse, -Então os nanos lhe deram as presas e a capacidade de controlar e ler a mente para te ajudar a comer depois da queda. E o que mais? -Não foi assim. Eu nasci no ano de 1.265 A.D. -interrompeu Marguerite em voz baixa. -Nasci mortal, foi mais tarde que me deram os nanos. Alex se encolheu de ombros distante. -Que mais pode fazer sua gente? Não...? Perguntou vacilante. -Não se converte em morcegos e voa Ou..? Alex fez uma pausa. A mulher ria em voz baixa. -Não- Marguerite assegurou divertida. -Embora acredite que seria interessante ser capaz de voar, acredito que não me importaria em ser um morcego. Moveu a cabeça ante a idéia, e lhe explicou, -Os nanos só aumentam a capacidade natural que todos os seres humanos têm. Foram programados para manter seus anfitriões em sua melhor condição física e para precisar do sangue necessário para fazê-lo, por isso dão a seus anfitriões as melhores condições para obtê-lo. Fazendo-os mais fortes, mais rápidos, aumentando seu sentido do olfato e de visão. Os imortais também tem uma visão noturna incrível, assim podem caçar à noite e evitar os danosos raios do sol durante o dia. -Converteram-se em predadores noturnos- disse Alex lentamente.
-Essencialmente, sim- concordou Marguerite, -Embora não foi por vontade própria. Vinham de uma sociedade culta e não se converteram de repente em animais ferozes.
Caçavam e se alimentam, mas a maioria tentou não machucar desnecessariamente seus vizinhos e amigos quando se viam obrigados a se alimentar. -E o controle da mente? -Outra das habilidades provocadas pelos nanos- disse Marguerite encolhendo-se de ombros. -Facilita-nos caçar e viver sem a ameaça constante de ser descobertos, assim o doador escolhido não resiste, nem sequer lembrará de ter sido mordido. É compreensível que às pessoas não gostem de ser uma presa. -Não, acho que não- disse Alex secamente, depois inclinou a cabeça e voltou para um ponto anterior. -Mencionou que nasceu mortal. -Sim. Me converti quando era adolescente- disse Marguerite em voz baixa.
-Não havia seringas nem médicos capazes de introduzir os nanos em 1.265-assinalou Alex. -Não, não havia. Meu pai mordeu seu próprio pulso abrindo uma ferida e a pressionou em minha boca para que pudesse beber seu sangue e os nanos com ele. Assim é como a maioria dos mortais se convertem hoje em dia. Alex enrugou o nariz com desgosto ante a idéia. -Por que? Quero dizer, entendo que naquela época não havia outra forma, mas hoje em dia há seringas e não há a necessidade de fazer esse tipo de tolices bárbaras. Marguerite sorriu fracamente. -Mas se converteu em uma tradição.
-Ainda assim é doloroso- insistiu Alex secamente.
-Sim, mas é uma dor própria, e acredito que sua irmã estaria de acordo com que a dor
que Mortimer sofreu essa noite foi muito pouco em comparação com o que está sofrendo agora. Além disso, há uma suspeita de que ao compartilhar os nanos, estes criam uma conexão adicional, embora ainda não se provou nada. Alex simplesmente a olhava, lembrando do que escutou na última parte. Sua mente se deteve no "Acredito que sua irmã estaria de acordo com que a dor que Mortimer sofreu essa noite foi muito pouco em comparação com o que está sofrendo agora''. Essas palavras ressonavam em sua cabeça ao lembrar dos gritos agonizantes de Sam e a forma com que se derrubava na cama. Levantando os olhos atormentados para Marguerite, pergunto-lhe com voz tremente, -Sam não...? -Sim, querida. Sam está se transformando- disse Marguerite com solenidade.
Alex começou a se levantar, mas com a mesma rapidez se encontrou caindo sentada para trás. Mas não por seus próprios meios. Marguerite lhe acariciou a mão com suavidade. -Foi Sam quem decidiu, Alexandra. Ninguém a obrigou. Ela ama Mortimer. Eles são verdadeiros companheiros de vida e ela deseja compartilhar sua vida com ele. Alex a olhou fixamente, sua mente compreendia que agora Sam também era um vampiro, ou o seria, e que não podia fazer nada. -Continuará sendo Sam- assegurou Marguerite. -Simplesmente não envelhecerá mais, nem mudará. Embora seja provável que engorde um pouco. Alex piscou. -Engorde?
-Bom, está sadiamente magra- assinalou Marguerite. -Suspeito que seja por algum tipo de disfunção da tireóide.
-Nossa mãe sempre a arrastava para médicos por causa disso, mas não puderam encontrar nada de errado- disse Alex fracamente. -Ainda há muitos médicos que não detectam esse distúrbio, mas os nanos estão programados para colocar seus hospedeiros em sua melhor condição e mantê-los alirecordou ela. -Não acredito que Sam tenha estado alguma vez em sua melhor condição. Mas logo estará. Alex simplesmente estava ali sentada, muito aturdida pela notícia de que logo sua irmã seria um vampiro, para falar ou pensar em nada por um momento, mas depois perguntou, -Quando se decidirá? -O que quer saber na verdade é desde quando sabia sobre nós e por que não lhe disse isso- disse Marguerite em voz baixa. Alex não fez comentários, mas sabia que isso era realmente o que queria saber. Se sentia um pouco traída nesse momento. Sam deveria haver-lhe dito. -Não podia fazê-lo se quisesse ficar com Mortimer, e não seria permitido a Sam conservar sua memória se tivesse optado por não ficar com ele- disse Marguerite com firmeza, depois acrescentou, -E o conheceu em sua casa no verão passado, mas só recentemente aceitou a mudança. Quando ficou em silêncio, Alex a olhou com curiosidade e viu a breve luta que havia no rosto da mulher, depois Marguerite fez uma careta e simplesmente disse, Entretanto, não deve permitir que o fato do que Sam fez em seu momento influa em sua decisão. -Que decisão? -perguntou com sobressalto.
-Sobre se está disposta a aceitar Cale como seu companheiro de vida e também passar pela mudança. Ela empalideceu ante a sugestão. -Me convertendo também em um vampiro?
-Não, em um imortal- disse Marguerite com exasperação. -E por favor não comece com essas tolices a respeito de que é o mesmo. Sei que já não pensa dessa maneira agora que te expliquei as coisas. Alex permaneceu em silêncio.
-Já não terá medo de mim nunca mais, Alex. Também não teme a Cale agora que entende o que somos. -Sim tenho medo- disse Alex com rapidez, mas se podia ouvir a falta de convicção em sua voz. -Não, querida, não tem- disse Marguerite com firmeza. -Posso ler sua mente, e sei que não tem mais medo de nós... ao menos não fisicamente. Só tem medo da proposta de ser companheira de vida de Cale. -Então, qual é o verdade? Tenho medo, ou não?- perguntou Alex secamente, e realmente queria saber o que a mulher pensava. Ela mesma estava muito confusa neste momento, sem saber o que sentir. Marguerite tinha razão, havia começado a relaxar e a deixar de temer a todos agora que entendia as coisas. Entretanto, no momento em que Marguerite tinha mencionado o fato de ser companheira de vida de Cale, um terror se lançou através dela. -Acredito que tem medo, mas só com respeito a Cale, não de que ele te machuque fisicamente, mas que possa fazê-lo emocionalmente- disse-lhe Marguerite
brandamente. -Fez com que ele encontrasse o amor querida. Sou capaz de ler e sentir suas lembranças e pensamentos. Reconheceu desde o começo que ele era especial, que poderia cuidar dele. Mas manteve uma relação profissional entre você e ele, como uma desculpa para se proteger, mas não pôde se manter afastada como pensava, e encontrou desculpas para vê-lo todos os dias. Mas achava impossível acreditar que ele poderia te amar- disse Marguerite com tristeza. -Porque apesar de tudo, você é uma mulher muito atraente, inteligente e de sucesso... mas por alguma razão não pensa que é digna de ser amada. Alex engoliu o nó de sua garganta e seus olhos piscaram rapidamente ao sentir que se enchiam de lágrimas. As palavras de Marguerite tinham acertado em cheio sem dúvida alguma. -Acho que talvez precise parar um momento e se perguntar o porquê- disse solene. Quem te fez pensar que não é digna de ser amada? Quem te disse isso? Alex não tinha que pensar muito, sua mente imediatamente voltou à escola de culinária e a sua primeira experiência com o amor. Um choque de trens com segurança, pensou com um suspiro. Mas sem dúvida não podia estar afetando-a ainda, podia? -Acho que isso complicou algo que já estava crescendo dentro de você, um medo irracional, acredito, mas isso não o faz menos aterrador. Terá que procurar mais atrás, e vou deixar que o faça. Tem muito no que pensar. Precisa saber o que fez com que acreditasse nisso até o dia de hoje, e assim podê-lo deixar atrás, e aceitar o que Cale tem para te oferecer. Ele te ama, Alexandra. Garanto isso a você. Ele não pode te controlar, nem te ler. Poderiam compartilhar uma vida maravilhosa, juntos, se só puder aceitar seu amor. Mas terá que resolver e enfrentar seu passado para poder fazer isso.
Alex observou em silêncio enquanto a outra mulher se levantava e cruzava o quarto, mas se levantou bruscamente quando Marguerite abriu a porta para revelar Bricker que vinha carregado Cale, que mancava. Ela correu para a porta, mas parou quando o viu realmente. Suas feridas pareciam ainda piores na luz do que quando percorreram o escuro caminho... e o tinha deixado lá, pensou envergonhada. Este era o homem que tinha sido mais que atento e amoroso com ela, e ela o deixou a própria sorte no meio do nada nessas condições. -Acreditava que ele fosse um monstro- disse Marguerite em voz baixa. -É lamentável, mas compreensível dadas as circunstâncias. Não lhe reprovo por isso. Alex começou a se mover para aproximar-se de Cale, mas seus pés pararam quase imediatamente e deu as costas a ele cruzando o quarto até a cadeira que acabava de deixar. Marguerite tomou o controle de novo.
-Vou ajudar Bricker com Cale. O melhor que pode fazer por ele agora é encontrar o modo em que possa amá-lo como ele merece- disse Marguerite da porta, já que Alex se encontrava sentada. -Devo te advertir que terá que ter certeza de sua decisão quando tomá-la. Porque é irreversível. Se decidir não ser companheira de vida de Cale, todas as lembranças que tiver dele serão apagados de sua mente, nunca voltará a vê-lo, já que se o fizesse, as lembranças poderiam voltar. E então a porta se fechou, e Alex se encontrou de repente capaz de se mover novamente. Ficou de pé, mas depois simplesmente se sentou de novo. Eles a controlariam para detê-la de novo. Além disso, tinha muito em que pensar.
Capítulo 16
Cale abriu os olhos e olhou para o teto, esperando que a dor voltasse a consumi-lo de novo como das outras vezes que acordou neste quarto durante as últimas horas. Mas não aconteceu nada. A dor tinha desaparecido. Tinha percebido isso brevemente, mas então pensou que era melhor se assegurar disso antes de ficar muito feliz. Tentou mover suas extremidades de formas diferentes para testar a dor, mas parou e olhou de lado quando um ruído chegou a seus ouvidos. -Está acordado- sorriu Alex da cadeira que estava junto sua cama.
Ele viu seu sorriso com surpresa, depois se apressou para se sentar, esquecendo tudo a respeito de sua preocupação de que a dor pudesse voltar. -Está aqui. -Sim. Ela hesitou e lhe perguntou, -Quer que eu vá? Entendo que esteja chateado comigo por fugir de você. Cale agarrou sua mão quando ficou de pé. -Não. Fique.
E segurou ela até que voltou a se sentar, depois acariciou a mão e lhe assegurou, Não estou zangado por isso. Deve ter sido terrível para você ver minhas presas. Lidei com o assunto muito mal. Deveria ter te deixado antes. Foi só um terrível acidente Cale- interrompeu ela. -Depois pensei com mais clareza. Eu deveria ter ficado tempo suficiente para me assegurar de que estava bem e permitir que se explicasse. -Suponho que alguém mais lhe explicou sobre isso enquanto me recuperava? perguntou ele.
Alex assentiu com a cabeça. -Marguerite.
Cale enviou um silencioso agradecimento à mulher. Foi um alívio não ter que ver Alex o olhando como se fosse um monstro outra vez. Ele suspeitava que passaria muito tempo antes que pudesse esquecer o horror que tinha empalidecido seu rosto quando permitiu que suas presas deslizassem e perfurassem a bolsa de sangue. Era uma das poucas vezes em sua vida em que havia se sentido como uma espécie de demônio. Observou-a novamente para ver que agora estava agachada retorcendo suas mãos nervosamente em seu colo. A visão o fez franzir o cenho. Marguerite lhe tinha explicado o que eram e ela parecia aceitar isso, obviamente não era algo que ainda lhe preocupasse. -O que é? -perguntou ele em voz baixa.
Alex lambeu os lábios e depois disse, -Marguerite diz que me ama.
-Sim, acredito que sim- admitiu ele. Apesar de ter passado pouco mais de uma semana, quanto tempo realmente se leva atualmente para amar alguém? Suspeitava que às vezes era lento, que crescia como uma flor perfumada de um botão, mas que outras vezes podia ser muito rápido. Além disso, graças aos nanos, os imortais tinham um bom começo nessa matéria. Sabiam com certeza se a pessoa era seu companheiro de vida, e iam direito a ela para poder desfrutar dessa pessoa sem ter que pensar em se perguntar se seria a adequada ou não, e assim sucessivamente. Isso era o que Cale tinha feito na semana que passou, tinha desfrutado de tudo nela, sua independência, sua ambição, sua criatividade e seu sentido de aventura. Ela era uma mulher espetacular e combinava perfeitamente em alguns aspectos, complementando todo o resto. Enquanto ele era organizado, ela era uma pensadora caótica, criativa. Podiam se complementar e se acostumare um com o outro em outras coisas ao mesmo tempo. -Ela disse que me ama muito- disse Alex em voz baixa, ainda olhando suas mãos.
-E você está bem com isso?- perguntou, e depois conteve o fôlego, rezando pela resposta que queria. -Sim... não... Fez uma careta e, finalmente, olhou-o nos olhos. -Fiquei muito surpresa quando vi suas presas. Meu priemiro pensamento foi que tinha caído nas mãos de um monstro, e que a única coisa que queria era um doador de sangue e um brinquedo sexual. -Não, Alex, eu... Cale começou a dizer mas ela continuou.
-Marguerite me disse que eu estava usando isso como uma desculpa para não me envolver ante o risco de alguma dor, e tem razão. Pensei muito enquanto se recuperava e, basicamente, cheguei à conclusão de que estou em muito mau estadoadmitiu com uma risada seca.
Cale franziu o cenho com preocupação. -Mas agora está comigo.
-OH. Ela sacudiu a mão. -Claro, estou contigo, mas...- suspirou e disse, -Lembra-se que te disse que nos mudávamos todos os anos até que completei dez anos, e que isso tornava muito difícil fazer e manter amigos? Ele assentiu com a cabeça.
-Bom, a coisa é que isso me fez fazer amigos, mas depois tínhamos que ir e eu gostava, e pensava que eu gostaria de fazer um novo amigo, mas depois íamos outra vez. Isso ocorria uma e outra vez, até que meu avô veio para ficar conosco, era mais fácil estar com ele, porque ele se tornou meu melhor amigo e confidente. Depois morreu e me deixou também- fez uma careta. -Comecei a sentir que talvez não pudesse ter ninguém. Porque todos morriam ou me deixavam. -Entendi- murmurou Cale, -Compreendendo o que deve ter sofrido quando menina. Não tinha amigos na escola secundária? Ela sacudiu a cabeça. -Naquela época foi uma adolescência difícil e eu era tímida... e não ajudou muito ser a mais velha e ter que cuidar de Jo e Sam depois de que meu avô morreu. Quero dizer, que não podia aceitar convites para fazer coisas depois da escola ou nos finais de semana. Estava muito sozinha- fez uma careta, e acrescentou, -Mas depois fui para a escola de culinária, e foi como se todo um mundo se abrisse ante mim. Estava em um país estrangeiro, conhecendo e me reunindo com muita gente nova e interessante, tendo amigos, e... - E? Animou ele. -E apareceu Jack. Fez uma careta. -Conheci-o na primeira semana de aula. Ele também era do Canadá, de um pequeno povoado do sul de Ontario. Falava francês, era bonito, gracioso, encantador e eu gostei dele. Nesse primeiro ano estive no céu.
Tudo era maravilhoso. Jack e eu sempre estávamos juntos e até tínhamos um monte de aulas juntos. Disse que me amava. Cale sentiu como apertava a boca. Parte disso era pelo ciúmes, embora não tivesse direitos sobre ela, e parte se devia ao som lastimoso de sua voz ao dizer aquilo, com uma nota de dor muito antiga e profunda, o que lhe deu vontade de caçar a esse Jack e lhe quebrar o pescoço. -Então, chegou o projeto final- continuou. -Era esperado que mostrássemos nossa criatividade apresentando uma receita original, algo novo e diferente. Graças a meu avô, que sempre me incentivava a experimentar coisas novas, estava acostumada a isso e rapidamente decidi o que ia fazer. E pratiquei em minha casa com antecedência para fazê-lo perfeito. Fiz com que Jack provasse meus experimentos. Isso foi um grande engano- disse secamente. -No dia seguinte ao da aula de apresentação, me ligaram da escola. Ao que parece, minha receita era uma réplica exata da de outro estudante que tinha apresentado a mesma receita no princípio do dia. -Jack – concluiu Cale.
Alex assentiu com solenidade. -Disse a eles que devia haver algum engano, que Jack nunca roubaria minha receita, e começaram a me perguntar como tinha chegado a criar a receita e por que tinha acrescentado isto ou aquilo- sorriu com ironia. -De algum jeito terminei falando de meu avô e disse a eles como ele tinha me ajudado na cozinha com as receitas, os experimentos e assim sucessivamente. Logo me pediram que esperasse em outra sala. Quando saí, Jack acabava de chegar, e o chamaram. -Tinha a boca apertada. Ainda pensava que devia haver algum tipo de engano. Depois de tudo, Jack me amava. Entretanto, a porta da sala onde eu estava era muito fina, e escutei cada palavra que disse. Acusou-me de roubar sua receita. Difamou-me tanto, que apenas se deu conta de que não podia responder às perguntas sobre como tinha chegado à receita ou por que se acrescentou isto ou aquilo. Quando me
chamaram para me reunir com eles, estava aterrorizada de que acreditassem que realmente a tinha roubado. -É obvio que não- disse Cale incondicionalmente.
-Não, não- ela concordou. -Disseram-me que era evidente que Jack a tinha roubado. Que era um cozinheiro medíocre, enquanto que eu tinha demonstrado as características de um cozinheiro de primeira classe desde o começo. Foi expulso da escola com descrédito, e se desculparam por terem desconfiado de mim através de suas perguntas e me deixaram seguir meu caminho. -Como Jack lidou com isso?- perguntou Cale, suspeitando que sabia a resposta. -OH, não ficou nem um pouco contente- disse com uma careta. -Esperei até que saísse, e depois perguntei por que tinha feito aquilo, quando ele havia dito que me amava. Ele explodiu e gritou para mim: te querer? Como poderia alguém te amar? É uma vaca feia e estúpida. A única razão pela qual te dei atenção foi porque é boa na cozinha e te queria para me graduar. Enrugou o nariz. -Disse algo mais, mas pode fazer uma idéia. Foi muito desagradável. -E ele validou seu sentimento interior que te faz supor que ninguém te ama- disse Cale compreendendo. Alex assentiu com solenidade. -Foi uma nova versão da adolescência a essa idade. Qualquer pessoa que amava me deixava, morria, ou não me amava, e todos iriam me abandonar. Apartou o olhar, e depois admitiu, -E embora saiba que é irracional, sei que Deus não levou meu avô porque ele me amava, e eu o amava, e que não teve nada a ver com que Jack fosse um grande engano... encolheu-se de ombros sem poder fazer nada. Isto não faz com que eu tenha menos medo de que se me permito te amar e
confiar em você, você não...
Cale tomou a mão dela na sua e esperou que o olhasse antes de dizer, -Então, não confie em mim. Confie nos nanos. Ela piscou confusa. -Não entendo.
-Marguerite não te explicou a respeito dos companheiros de vida quando te explicou todo o resto? -perguntou-lhe com o cenho franzido. Alex negou com a cabeça. -Ela disse que deixaria isso para você.
Cale assentiu com a cabeça, e depois levou um momento para organizar seus pensamentos, antes de dizer, -Os companheiros de vida são pessoas, seres imortais que podem viver uma vida muito longa com alegria. Nenhum dos dois se afasta do outro, nunca se traem, nunca deixam de se amar por alguém mais. Um imortal arrancaria seu próprio coração e o comeria antes de machucar a seu companheiro de vida... e você é a minha. Alex franziu o cenho. -Como sabe que eu sou? Talvez...
-Ela explicou nossas capacidades? Que podemos ler e controlar os mortais-perguntou ele. Alex assentiu com a cabeça. -Mas disse que não pode me ler nem me controlar.
-Sim. Isso é correto. É assim que sei que é minha companheira de vida- disse com firmeza. -Isso é tudo?-perguntou-lhe com o cenho franzido.
-É mais importante do que possa parecer- disse com ironia. -Como pode ver, não só podemos ler e controlar os mortais, também podemos ler os pensamentos de outros imortais, se eles não se protegerem contra isso. Isto significa que a maioria dos imortais passam seu tempo protegendo seus pensamentos quando em companhia de outros. Nunca chegamos a relaxar, devemos estar sempre em guarda. Mas com um companheiro de vida, podemos relaxar e não proteger nossos pensamentos. - E você não pode me ler nem me controlar?-perguntou-lhe lentamente. -Não, não posso- assegurou ele.
As suspeitas imediatamente lhe encheram os olhos. -Marguerite disse isso também, e estava pensando nisso, e me parece que alguém me controlou no restaurante na noite anterior. Porque despertei no sofá na primeira vez e comecei a pegar minha roupa, me preparando para fazer uma saída rápida, mas de repente estava pegando minha roupa e me preparando para tomar banho. -Esse foi Bricker- Cale admitiu em tom de desculpa. -Estava comendo na cozinha e ele te enviou à ducha para que não entrasse e me visse. Seus olhos se estreitaram, mas se limitou a dizer, -E a noite em que me ajudou no restaurante? Não estava muito segura de sair dali e então logo depois eu...
-Foi Bricker de novo. Realmente não posso te ler nem te controlar, Alex. Não vou mentir a respeito disso. Nunca te faria nada de mau- assegurou-lhe. -Mas não tem que acreditar em minha palavra. Há outros sinais para os companheiros de vida. -Como o que? -perguntou ela rapidamente. Em geral são feitos um para o outro, satisfazem-se, ou se complementam quanto a temperamento e gostos. Os nanos parecem que reconhecem suas almas quando
coincidem. Além disso, nos complementamos entre nós, Alex. Sua mente é mais criativa e a minha é mais lógica, e trabalhamos muito bem juntos desde que cheguei. Ela assentiu a contra gosto. -Isso é verdade. Dirige a parte comercial como se fosse um sonho. -E você cozinha como um sonho- assegurou ele.
Ela não só esboçou um sorriso, mas também disse, -Com que mais se pode saber se estiver com seu companheiro de vida? -A chegada do companheiro de vida tende a rejuvenescer um imortal. De repente desfrutar mais das coisas. - Que tipo de coisas? -perguntou a sua vez. -Como a comida- respondeu ele, como sua escolha de matéria mais fácil. Não fui capaz de suportar o sabor, nem mesmo o aroma da comida durante mais de um milênio, mas depois de estar com você, recuperei meu apetite. -Parece que não tenho feito nada mais que comer desde que te conheci.
-Isso foi certo em um primeiro momento, mas não comeu muito no domingo a noite antes do acidente- assinalou ela com secura. -Sim, tem razão, o sexo é outro dos apetites que despertou, admitiu ele com um sorriso, depois lhe perguntou, -Certamente percebeu que era mais... Explosivo? Alex se ruborizou. -Sim, mas...
-É pelo prazer compartilhado entre companheiros de vida.
Alex o olhou indecisa. -Compartilhar prazer?
Cale deu uns tapinhas na cama junto a ele. -Venha aqui. -Por que?-perguntou ela com cautela. -É mais fácil mostrar isso do que dizer- disse em voz baixa, e como ela ainda duvidava, acrescentou, -Prometo que só te mostrarei o suficiente para que compreenda com mais claridade, depois terminaremos nossa conversa. Soltando um leve suspiro, Alex ficou de pé e se aproximou ao lado da cama, depois se sentou com cuidado na borda. -Me toque- disse Cale.
Ela levantou uma sobrancelha, depois olhou por cima da extensão de seu largo peito. Haviam tirado sua roupa quando o trouxeram para a casa. Estava completamente nu sob o lençol que lhe cobria abaixo da cintura. Alex olhou por cima a carne disponível, e depois estendeu a mão, e lentamente percorreu seus dedos com suavidade pelo braço. Cale ficou rígido involuntariamente enquanto um formigamento lento corria pela pele que ela tocava, mas Alex não percebeu do que se tratava, -O que se supõe que eu deva sentir? Os olhos de Cale se abriram amplamente, e logo se deu conta do problema. Ela tinha que experimentar também a felicidade que lhe havia descrito. Estalando a língua, deslizou sua mão por seu cabelo, envolvendo seu crânio. Começou a aproximá-la, mas ela pôs uma mão em seu peito, detendo-o. -Espere. O que...? -Confie em mim- insistiu em silêncio, depois fez uma careta e acrescentou, -Confie nos nanos.
Alex mordeu o lábio, mas assentiu com a cabeça e lhe permitiu aproximá-la. Cale a beijou ligeiramente em um primeiro momento, seduzindo-a, apenas passando sua boca sobre a dela, roçando-a brandamente com seus lábios entreabertos, convidandoa a aprofundar o beijo. Então lhe deu o que tanto queria, e brevemente aprofundou o beijo, colocando sua língua em sua boca. Mas além da mão em sua cabeça, ele não a tocou, e rompeu o beijo quando começou a gemer primeiro. Os dois estavam respirando mais rápido do que o habitual quando ele se retirou. Sua voz era rouca quando lhe disse, -Agora me toque. Alex abriu os olhos lentamente e o olhou nos olhos. Depois baixou o olhar e se aproximou de novo lentamente. Desta vez tocou o peito, seus dedos começaram pela clavícula deslizando-se para baixo até roçar seu mamilo antes de apartar a mão para trás surpreendida. -Senti isso- disse confusa, levando os dedos a seu próprio peito, como se esfregando a sensação de formigamento que tinha começado quando ele a tocou. -Oui. Os companheiros de vida compartilham a experiência do prazer, mais que outros- disse ele. -Por isso nunca deixei que me tocasse até agora. Sentiria isto e teria perguntas que não poderia te explicar, por isso... Cale deixou escapar um suspiro, quando Alex de repente passou a mão por cima de sua virilha sobre as mantas. Ela definitivamente estava experimentando, pensou sombrio quando viu que seus lábios se abriam em um suspiro muito pequeno. -Certo- disse sem fôlego. Provavelmente deveria voltar a...
-Em um minuto- murmurou Alex. Ele se sentiu aliviado durante um momento quando ela tirou a mão, mas só o fez para retirar as mantas que cobriam suas pernas. No momento em que estavam fora de seu caminho, ela fechou os dedos ao redor de sua
ereção e Cale apertou os olhos pelo prazer de sentir sua mão suave e cálida deslizarse até a base, apertando-o brandamente. No seguinte momento gritou e piscou abrindo os olhos em choque quando sentiu algo quente e úmido perto da ponta. Ela se agachou para levar-lhe à boca. Esta tinha sido uma idéia muito ruim, decidiu Cale, enquanto Alex girava sua língua ao redor da ponta e o chupava com firmeza. Maldição, pensou aturdido, assim nunca ia terminar esta conversa. Alex se deteve bruscamente e se sentou olhando-o com os olhos abertos. -Senti isso.
-Sim- assentiu com a cabeça, meio agradecido de que tivesse deixado de fazê-lo, e meio desejando que pudesse continuar. -Quero dizer que o sentia de verdade. Não é como se tivesse um pênis ou qualquer outra coisa, mas ao tocá-lo e lambê-lo enviou ondas de choque de prazer através de mim. -Oui. Sei- disse com uma careta, puxando o lençol para seu lugar. Era melhor terminar esta conversa. -É por isso que se chama compartilhar prazer. É uma experiência só para os companheiros de vida. -Então sentirei isto toda vez que me beijar e me acariciar?-perguntou assombrada. Ele assentiu com a cabeça.
-Bom, maldição- sussurrou ela, e de repente se aproximou e lhe beliscou os mamilos... muito forte. Cale gritou surpreso de dor olhando-a com assombro. -Por que fez isso?
-Sinto muito- murmurou ela, lhe acariciando o braço com o cenho franzido. -Só queria ver se podia sentir sua dor também. -Não, não funciona dessa maneira- disse secamente, esfregando-se.
-Huh. Pergunto-me por que não.
Sacudindo a cabeça, Cale puxou as mantas até suas axilas no caso de que ela tivesse a tentação de fazer outros experimentos, e lhe disse, -O ponto é que definitivamente somos companheiros de vida. Os companheiros de vida são os únicos que experimentam o prazer compartilhado. Aproximou-se dela e tomando a mão acrescentou solenemente, -Eu amo você Alex, mas entendo que tudo isto te pareça repentino, e que tenha dúvidas sobre meus sentimentos por você. Está tudo bem. Não tem que confiar só em mim, Alex. Confie nos nanos até que aprenda a confiar em mim. Alex olhou para Cale em silêncio, sua mente estava girando. Tudo isto estava acontecendo tão rápido, e queria ir mais devagar. O resto de sua vida estava em jogo, e teria gostado de ter mais tempo para pensar, mas sabia que não tinha esse luxo. Marguerite tinha explicado a ela que tinha que tomar sua decisão logo, que não podiam permitir que ela fosse embora com tudo o que sabia. E havia dito que não tinha que aceitar a mudança imediatamente, mas tinha que decidir isso antes de lhe permitir sair da casa. Tratava-se de proteger a sua gente. Tinham mantido o segredo todo este tempo não permitindo que ninguém soubesse sobre eles.
Alex sabia que Cale estava esperando uma resposta, mas era muito difícil. Ela pensava que amava Cale, ou que tudo caminhava para isso. O homem era atraente a seus olhos, considerado, inteligente, sexy e o sexo era de matar... e tinha razão, trabalhavam bem juntos e completavam um ao outro. Mas tinha pensado que Jack também a queria. Teria apostado sua vida por ele. E agora sentia um medo terrível de que pudesse cometer outro engano se dissesse que sim. Por outro lado, sua mente discutia. A outra opção era que nunca mais veria Cale de novo. Nunca. Sem mais beijos, sem rir mais com ele, sem mais sexo incrível, sem mais de suas tentativas exasperadas para ajudá-la quando estava decidida a demonstrar sua independência. Alex balançava entre um sim e um não quando alguém bateu na porta. Ela virtualmente saltou da cama, dizendo, -Eu atendo. Ouviu Cale suspirar atrás dela e sabia que estava decepcionado pela interrupção, mas se sentiu aliviada de ter uma desculpa para adiar a resposta. Ela abriu a porta com um pequeno sorriso que se converteu em um "Wow" de choque ao ver o Sam no corredor. Não tinham permitido que visse sua irmã desde sua chegada há quase vinte e quatro horas, insistindo que era melhor esperar até que ela se sentisse preparada para isso. Agora Alex estava olhando à mulher frente a ela e ficou boquiaberta. Sam tinha engordado, já não era Oliva Palito, pois havia algumas curvas nela, e seus olhos já não dominavam seu rosto, mas o emolduravam. Eram inclusive arrasadores, com uma cor prata. Na parte superior de sua cabeça, seu cabelo era saudável e brilhante, sua pele parecia resplandecer de boa saúde e felicidade. Era uma Sam perfeita, quase impressionante. -Bom- perguntou Sam com um sorriso. -O que você acha?
-OH, Meu deus! Gritou Alex e lhe deu um abraço. -Está linda.
-Sinto-me linda. Sam se pôs-se a rir, abraçou-a, e depois acrescentou, -E a maldita infecção de ouvido finalmente se foi. -Sério? -perguntou Alex, se afastando para olhá-la. Sam tinha sofrido de infecções recorrentes de ouvido por um bom momento. Tinha sido muito preocupante para Alex e Jo, que pensavam que poderia ser um sintoma de um problema subjacente e mais sinistro. -Na verdade...- disse Sam com um suspiro de felicidade, depois olhou além dela até Cale e franziu o cenho. -Cheguei no momento errado, não é? Disseram-me que estava aqui desde que chegou, e que iria dizer a Cale sua decisão quando despertasse, mas não fez isso, não é? -Está lendo minha mente?-perguntou Alex com o cenho franzido. Sam se pôs-se a rir. -Não. Não posso fazer isso ainda. Entretanto, Cale não parece feliz, e posso dizer...
-Ele ficará bem. Alex olhou para Cale, e disse, -Já volto- enquanto empurrava Sam longe da porta, saindo par se reunir com ela. Ela fechou a porta, depois se virou para sua irmã. -O que devo fazer? -Sobre o que? -perguntou Sam com incerteza. -Aceito ser a companheira de vida de Cale ou não? -disse Alex com impaciência, franzindo o cenho a sua irmã. -Marguerite me disse que Cale te ama- disse finalmente, confusa.
-Ela me disse isso também- admitiu Alex com um suspiro. -E estou bastante segura de que vou fazer isso.
-Então, dirá que sim- disse Sam de uma vez, soando aliviada.
-Mas e se não for certo que me quer?-disse Alex com angústia. -Ele diz que sim, mas Jack também dizia. -OH, querida- interrompeu Sam com um suspiro. -Jack era um idiota. Cale nunca te faria o que Jack fez. -Não se pode ter certeza- protestou Alex.
-Eu posso. Ele é um imortal. É diferente. Levei muito tempo para ver isso, mas ele é. Ela sacudiu a cabeça com desgosto, e murmurou, -Juro que se mamãe e papai estivessem aqui, eu gostaria de lhes dizer uma ou duas palavras. Alex levantou as sobrancelhas com surpresa. -Mamãe e papai estavam bem.
-Então, por que estamos tão fodidas? -perguntou-lhe secamente. -Não estavam perto na maioria das vezes, Alex. E quando estavam, eram muito críticos e exigentes em vez de nos dar amor e apoio- torceu a boca com amargura. -Sabe que deixei Mortimer pendurado durante oito meses antes de aceitar a mudança? Por que? Porque acreditava que não era capaz de manter sua atenção, que devia haver algum engano, que não era possível que gostasse de mim. Tive o tolo medo de que percebesse que eu não era suficientemente boa e perfeita, como mamãe e papai sempre insistiam que tinha que ser. Não era só por meu ex que me sentia assim. Era porque mamãe e papai pareciam amar mais seus malditos negócios que a nós. Alex a olhou com os olhos abertos, reconhecendo todos os sentimentos que acabava de descrever. Era uma espécie de choque saber que Sam tinha saído da mesma maneira. -Acha que Jo se sente assim?
-Não acredito- disse Sam com um suspiro. -Ela é mais jovem, e nós duas cuidamos dela e demos o amor e o apoio que mamãe e papai não nos deram. Ficaram em silêncio durante um minuto, e depois Sam disse, -Sei que tem medo de cometer um engano, e sei porque te dá medo. Mas se ama Cale, deve lhe dizer que sim, Alex. A outra alternativa é que o perca para sempre, além disso... Alex levantou uma sobrancelha. -Além disso, o que?
Sam hesitou, mas depois negou com a cabeça. -Nada. Basta dar a você uma oportunidade e dizer que sim. Sei que Jack te fez mal, mas na realidade não desfrutou do ano que tiveram antes de que te traísse? Realmente quer renunciar a séculos de estar com Cale pela remota possibilidade de que algo poderia sair mal no futuro? Ele esteve vivo mais de dois mil anos e nunca conheceu uma companheira de vida antes. Confie em mim, ele te ama. -Dois mil anos? -exclamou Alex. -OH. Sam fez uma careta. -Pensei que já sabia.
- Dois mil?-perguntou Alex. -Sim, nasceu no 280 a.C. ou algo assim. É bastante velho, não é?
-Isso é uma espécie de eufemismo, não acha?-perguntou Alex secamente. -É anormalmente ancião. -Sim. Sam assentiu com a cabeça. -Mas ainda parece bem.
Alex soltou uma gargalhada, depois suspirou e passou uma mão com cansaço pelo
cabelo.
-Parece esgotada- disse Sam com simpatia.
-Não dormi desde que cheguei aqui- admitiu Alex.
As sobrancelhas de Sam se elevaram. -Por que não?
-Estava pensando. Tentando decidir o que fazer.
-Alex, nunca é bom tomar decisões quando se está esgotado. Durma um pouco. Tudo se apagará de sua cabeça, e então será capaz de decidir. -Tem razão. Alex fez uma careta. Sempre era um pouco torpe quando estava esgotada, e estava mais que esgotada nesse momento do que nunca tinha estado em sua vida, em espírito e em corpo. Entre ser atacada, passar ao seguinte nível em sua relação com Cale, e então saber que era um vampiro, tinha passado por muita coisa em muito pouco tempo. E estaria bastante forte para tomar uma decisão depois de uma noite de sono reparador, mas sem ela, parecia algo impossível. Definitivamente o sono parecia uma boa idéia, mas Cale estava esperando. -Direi a ele que foi descansar- disse Sam em voz baixa quando Alex olhou a contra gosto para a porta do quarto que estava em frente. -Obrigada- disse Alex com alívio, e partiu para o quarto que Marguerite a tinha levado quando tiveram seu bate-papo. - Alex. Ela parou na porta e olhou para trás.
-Amo você- disse Sam em voz baixa. -Não importa qual seja sua decisão, quero que saiba que te amo. Não quero que se esqueça disso. Alex sorriu. -Também te amo muito, Sam.
Sam sorriu com tristeza e voltou a entrar no quarto de Cale, Alex se virou para a porta, desejando ter um mapa ou um manual de instruções para a vida. Só queria que alguém lhe dissesse o que devia fazer, que decisão era a correta. Deveria saltar impetuosamente para ao amor, ou seria mais inteligente permanecer de pé na praia e contemplar os navios do cruzeiro do amor a distância? -Cruzeiro do Amor- murmurou com desgosto quando entrou em seu quarto.
Agora só estava variando. Definitivamente precisava dormir.
Capítulo 17
Alex despertou com um pequeno suspiro de prazer na cama. Sentia-se fabulosa, absolutamente fabulosa. Tinha adormecido assim que se deitou na cama e depois tinha desfrutado de alguns sonhos bastante eróticos, todos sobre ela com Cale. Maldição, era tão bom em seus sonhos como o era na vida real. E ele disse algumas coisas maravilhosas em seus sonhos quando a tinha acariciado com seu corpo. Havia dito tudo o que adorava nela, de seu nariz a sua obstinada determinação de demonstrar que podia fazer algo que acreditasse. Ele também havia dito que a amaria para sempre. Poderia ter sido só um sonho, mas Alex tomou como um presságio e decidiu dizer
que sim. Mesmo apenas uma noite com ele era digna de qualquer dor que pudesse esperar. Além disso, não estava em sua natureza não fazer algo por medo, justamente o contrário, nunca tinha feito isso e um exemplo foi o La Bonne Sex... . Devia estar muito esgotada depois de tudo o que tinha experimentado, ou Alex tinha certeza de que não estaria tão confusa no momento em que Cale despertou da cura. Uma batida na porta lhe chamou a atenção, sentou-se na cama para olhar para ela. Sim? -Bom dia- disse Cale alegremente enquanto empurrava a porta e entrava, -Ou boa noite, suponho. É tarde. -Olá. Sorriu Alex, seu olhar se movendo com curiosidade para a bandeja que tinha sobre seu braço e a sacola de plástico. -Trouxe um sanduíche para você e roupa para que possa colocar mais tarde-anunciou quando colocou a bandeja no pé da cama, e depois deixou cair a bolsa grande ao lado. -Obrigada - disse Alex com surpresa, olhando por cima da bandeja. Viu uma espécie de sanduíche e um copo de café fumegante e então olhou de novo para Cale, só para ver que se dirigia à porta tão rápido como tinha entrado. -Leve o tempo que precisar, depois nos vemos no andar de baixo- disse rapidamente e saiu do quarto fechando a porta. Alex olhou de novo a bandeja, depois empurrou as mantas de lado e se arrastou até o extremo da cama para tomar o café. Viu que era só com leite e açúcar como ela gostava. Esboçou um sorriso enquanto tomava um gole, pensando que Cale tinha aprendido seus gostos e desgostos rapidamente. O café estava delicioso, mas também
estavam o toucinho torrado, alface e tomate, que consumiu de forma rápida antes de ir até a sacola de roupa. Era muito grande, então percebeu porque. Embora houvesse um par de jeans limpos, um suéter, calcinha e um sutiã, também havia um traje de neve, meias três-quartos grossas, gorro, luvas e botas. Parecia que iam a algum lugar. Alex tomou uma ducha rápida antes de se vestir. Encontrou Cale olhando para cima e esperando na porta da frente, ao pé da escada com pesadas botas. Esperava que ele não tivesse esperado ali muito tempo. -Então, o que está acontecendo?- perguntou com curiosidade ao chegar à parte inferior das escadas. E onde estão todos? -Bricker e Mortimer estão na garagem, na parte traseira da propriedade e Sam está na cozinha- respondeu Cale, voltando-se para abrir a porta principal. -Vamos. -Onde?- perguntou Alex, depois saiu e parou surpresa quando viu a moto de neve. -O que...? -Disse que queria andar em uma moto de neve, mas nunca tinha tempo, então tive que alugar uma- anunciou Cale, e levou-a até a moto. Tirou dois capacetes de moto do assento e lhe entregou um, em seguida, colocou o seu. Alex se limitou a pegar o capacete e o olhou em silêncio, lembrando da conversa que tinham tido. Ela se surpreendeu por ele ter lembrado e ainda mais que ele tivesse se incomodado em alugar uma para que ela experimentasse. -Russell me ensinou a dirigir. Vamos dar uma volta- anunciou, e em seguida ligou o motor. A conversa era impossível devido ao barulho do motor. Quando Cale se virou, assinalando para que ela fosse em frente, Alex colocou o capacete e avançou, em silêncio movendo a cabeça. Era realmente muito gentil e não era a primeira vez que
antecipava seus desejos, como quando a levou para comprar antiguidades. Assombrou-se de que ele soubesse que ela gostava. Suspeitava que Sam houvesse dito a ele. Certamente queria que estivesse relaxada enquanto se curava da lesão na cabeça. E então havia seu dom para os negócios, também soube que ele sabia cozinhar. Sabia que ele preferia não cozinhar, mas a verdade era que não tinha que fazê-lo bem. Ele estava aqui de férias, mas tinha renunciado a seu tempo livre para ajudar. Era um homem muito generoso. Cale se sentou na moto e depois a ajudou a subir atrás dele. Uma vez que tinha feito isso, agarrou suas mãos para guiá-las a seu peito. Depois o rugido do motor da moto de neve de repente aumentou. Alex se agarrou a ele, apoiando-se em suas costas. Gritou e afundou a cabeça nas costas quando voaram por cima de um pequeno monte de neve. Alex estava muito ocupada observando a condução, sem prestar atenção a qualquer outra coisa, dirigiu-se para as árvores, olhou ao redor e ficou sem fôlego. Os ramos das árvores estavam recubertos de neve nova que brilhava com os faróis da moto, mas eram os carvalhos e os arces que verdadeiramente brilhavam, seus ramos estavam cobertos de gelo das nevascas anteriores, que tinha derretido e brilhava como diamantes quando a luz incidia sobre eles. Era lindo. Ela se surpreendeu quando Cale parou de repente e simplesmente ficou olhando. Então disse exatamente o que estava pensando. -É lindo, não é? Alex sorriu e o abraçou com mais força, sussurrando, -Amo você.
Cale, surpreso, se virou bruscamente no assento e levantou a viseira de seu capacete para que pudesse vê-la melhor. -O que?
Alex levantou a viseira também, e disse com firmeza, -Amo você, e estou disposta a fazer a mudança. Em lugar de parecer contente, ele franziu o cenho. -Tem certeza? Quero dizer, esta manhã em meu quarto parecia confusa, assustada e... -Esta manhã eu estava esgotada -interrompeu ela com firmeza, e depois assinalou, Foram alguns dias difíceis, com muitos acontecimentos e pouco sono. Eu estava um completo desastre esta manhã. -E agora? -perguntou com incerteza.
-Agora tive a oportunidade de dormir um pouco- disse brandamente. -E embora ainda esteja assustada de que me machuque, amo você e me parece que vale a pena correr o risco. -Eu gostaria que não tivesse medo- murmurou Cale, levantando uma mão enluvada para lhe acariciar com o dedo sua bochecha. -Deveria se convencer de que te amo e que não te farei mal. -O tempo fará isso- disse em voz baixa.
Cale a abraçou e suspirou. -Espero que nunca me encontre com esse Jack. Seria difícil não quebrar o pescoço dele por te machucar. Alex riu contra seu peito. -Não se tratava só do Jack. Não foi mais que a cereja do bolo. Além disso, pode ser que você já o conheça. Ou pelo menos tenha falado com ele- adicionou. -O que? Não conheci ao Jack.
-Jacques Tournier- disse ela com secura. -Peter disse que Jacques tentou te afastar de mim. Tentou mesmo? -Sim, tentou. Fez uma ligação. Mas ele se apresentou como Jacques e você o chama de Jack- disse com o cenho franzido. -É fácil de explicar- disse Alex com uma careta e depois explicou, -Era Jack quando o conheci na escola. Trocou seu nome legalmente para Jacques Tournier, antes de abrir o Chez Joie. Acho que pensou que um nome francês lhe daria mais prestígio como cozinheiro. Sempre foi muito esnobe- adicionou secamente. -Ele é seu maior concorrente? -perguntou Cale, sua voz sombria.
Alex assentiu com a cabeça. -Mais ou menos. Ele... - interrompeu-se com surpresa quando de repente se virou e ligou o motor. Ela franziu o cenho, incapaz de dizer o que estava acontecendo. Nunca a teria ouvido por cima do ruído do motor. A única coisa que podia fazer era se segurar firmemente quando pusesse em marcha a moto. Alex não se surpreendeu muito quando se dirigiu diretamente para a casa, estava preocupado. -O que aconteceu?-perguntou no momento em que se encontravam em frente a casa e desligou o motor de novo. -Nada- murmurou, descendo da moto e dando pernadas para a casa. -Só preciso ter uma conversa com alguém. Alex entrecerrou os olhos e correu atrás dele. -Não vai falar com o Jack.
Cale não respondeu, mas entrou na casa e gritou, -Sam?
-Sim? Ela mostrou a cabeça pela porta da cozinha.
-Pode chamar Mortimer e Bricker e lhes dizer que venham aqui?- perguntou enquanto tirava as botas. -Preciso falar com eles. É importante- adicionou ao terminar de tirar as botas e começou a tirar o traje de neve. Amaldiçoando, Alex tirou as botas e começou a persegui-lo. -Cale, me diga o que está acontecendo. -Não é nada pelo que deva se preocupar- assegurou ao chegar à sala na parte superior das escadas. -Só tenho que ver algo. -Isso é mentira- espetou ela enquanto o seguia até seu quarto. -Jack não significa nada, é uma tolice. Não era mais que uma aventura de adolescência. O que quer dizer com nada. -Ele ainda está interessado, o que significa que ainda poderia te afetar- disse Cale ausente quando começou a tirar parte da roupa. Alex parou e o olhou sem compreender. -Do que está falando? Quero dizer, sei que disse que me afetou, mas era só uma coisa mais, não é o fim. E certamente não me afetará mais. Ele nunca me amou. -Alex, ele teve uma relação com você e roubou sua receita fazendo com que o expulsassem da escola de culinária- disse Cale com tranquilidade quando jogou seu capacete e suas luvas na cama e começou a desabotoar a jaqueta de seu traje de moto. -É obvio que você ainda o afeta. É provável que ele a culpe de algum jeito. Gente como ele sempre retorce as coisas para que possam culpar a alguém por seus próprios enganos.
-Mas...
-Quanto tempo depois que abriu o La Bone Sex ele veio convidar você para trabalhar no Chez Joie? -perguntou Cale, jogando sua jaqueta na cama e depois começou a tirar a calça. -Faz uns seis meses, disse que não, certa de que não tinha nada a ver.
-A que distância fica o restaurante dele em relação ao seu?
Alex franziu o cenho enquanto o via tirar a calça, ficando de jeans e suéter.
-Não sei. Não muito longe. Um passeio leve em um bom dia.
-E realmente acha que é uma coincidência que abrisse um restaurante de cozinha francesa como o seu, aqui em Toronto, muito perto dos seus e só uns meses depois de abrir seu próprio restaurante?- perguntou, com as mãos nos quadris. Ela piscou, surpresa pela pergunta, e depois admitiu, -Bom, nunca pensei nisso.
-E ele mudou seu nome para Jacques Tournier para obter mais credibilidade, porque não tem o diploma de uma boa escola de culinária- depois franziu o cenho. Realmente deveria ter me dito isto antes. -Não lhe disse isso porque não era importante- disse Alex à defensiva. -E ainda não é. -O que aconteceu?-perguntou Bricker quando entrou na sala com Mortimer.
-Jacques Tournier, o proprietário do Chez Joie, é maior concorrente de Alex, também é Jack Turner, o imbecil da escola de culinária que foi expulso pelo roubo de sua receita- anunciou Cale como se fossem entender a importância que ela não via e quanto mais seu assombro. -Interessante- disse Bricker.
-Mais que interessante- disse Mortimer com secura. -É muita coincidência.
Os olhos de Alex se abriram, e ela olhou para Cale com consternação. -Falou para eles de Jack? -Não foi Cale. Sam nos disse que alguém na escola de culinária quebrou seu coração e roubou seu projeto de fim de curso- disse Bricker, ausente, com expressão reflexiva, como se estivesse pensando nas palavras de Cale. -Talvez seja melhor fazer uma visita ao Chez Joie- disse Mortimer em voz baixa.
Alex se voltou para ele com assombro. -Por que? Isso é estúpido. O que...? -deteve-se abruptamente quando se sentiu furiosa com o Bricker e Mortimer. -Já chega. Se querem saber algo, podem me perguntar. Não leiam minha mente. Bricker, arqueou as sobrancelhas. -É mais sensível que a maioria. Sabe quando estou fazendo isso. Alex só franziu o cenho. -O que estava tentando encontrar?
-O que encontrei já é suficiente- disse encolhendo-se de ombros, depois olhou para Cale e disse, -Ocultou algumas coisas.
-Que coisas? -perguntou Alex com os dentes apertados.
Cale foi até seu lado para segurar suas mãos. -Querida, tive um monte de contratempos e problemas recentemente. -Sim, já tinha percebido- disse secamente. -Foi uma coisa atrás de outra durante meses. -Bom, não acredito que seja só má sorte- disse em voz baixa.
Alex se acalmou. -O que quer dizer?
Hesitou e depois disse, -A primeira vez que me inteirei de todos os problemas que tinha tido, incomodei-me. Lembrei-me de minha família. -Sua família?-perguntou com surpresa, depois sacudiu a cabeça. -Como?
-Lembra-se de que te disse que meus irmãos eram todos soldados?
-Na verdade, disse guerreiros e depois disse que em inglês significava soldados-disse, recordando a conversa... e lembrando-se da idade que Sam lhe havia dito que ele tinha, levantou os olhos para ele, e disse, -Realmente queria dizer guerreiros, não é mesmo? Ele assentiu com a cabeça. -Meu pai era um mercenário. Como meus pais tiveram meninos, formaram a cada um de nós para a batalha, e nos unimos a ele até que teve um pequeno exército. Fomos considerados os melhores no negócio. Mas tivemos um concorrente, outro imortal, Níger Malumus. Ele tinha seu próprio pequeno exército com seus filhos e competiam pelos mesmos contratos. Não era grande coisa quando ambos os grupos eram pequenos. Frequentemente acabávamos todos sendo
contratados e assim foi durante séculos. Mas como cada lado cresceu em número, apenas um ou o outro eram contratados em vez dos dois, e começaram a competir pelos contratos. Foi uma competição amistosa no princípio, mas depois se fez menos amigável... e então começamos a ter uma rajada de má sorte- disse com gravidade. Acidentes, cavalos ficando loucos e derrubando seus cavaleiros, armas com defeitos, pequenos incêndios nos estábulos. Cale suspirou e passou uma mão pelo cabelo. Não percebi nesse momento, mas um de nossos homens era um traidor, pagavam-lhe para que provocasse os acidentes. Entretanto, os acidentes foram só o princípio. Níger estava trabalhando na eliminação de todos nós como concorrência, de forma permanente. -O que aconteceu? -perguntou Alex em voz baixa quando ele parou.
Cale negou com a cabeça. -Não podemos ter certeza. Um dia chegou um mensageiro com uma suposta oferta de trabalho. Meu pai e oito de meus onze irmãos saíram. -Por que só oito?-perguntou Alex.
-Eu tinha sido jogado do cavalo pela manhã. Um desses acidentes que aconteciamdisse com amargura. -Quebrei as costas em uma queda de meu fiel cavalo, ele de repente ficou louco e me atirou contra uma árvore. Ainda estava me recuperando. Quanto a meus dois irmãos que ainda sobrevivem, o mais velho, Darius, vivia a certa distância com sua nova companheira de vida e meu irmão Caleb foi enviado para pegá-lo e se reunirem com meu pai e os outros no caminho. Fez uma pausa, engoliu em seco e fechou os olhos. -Darius os alcançou antes do esperado, apenas a uma hora de nossa fortaleza. Tinham montado uma espécie de armadilha e sacrificaram até o último homem. Todo mundo estava decapitado e estavam apodrecendo na sarjeta como se fossem lixo. -Sinto muito- respirou Alex, apertando as mãos. Nem sequer podia imaginar isso.
Oito irmãos e um pai perdidos em uma noite, assassinados por trabalho. -O que aconteceu a Níger Malamus e seus filhos? Alguma vez os capturou? Cale respirou profundamente para se acalmar. -Foram vingados, com o tempo- disse em voz baixa. -Mas isso não trouxe meu pai e meus irmãos de volta. Ela baixou o olhar a suas mãos entrelaçadas e sacudiu a cabeça. -Sinto muito, Cale, não posso imaginar o sofrimento pela grande e trágica perda, mas realmente não entendo que isso tem a ver com Jacques. -Não?- perguntou-se em voz baixa. -Eu vejo o mesmo patrão. Concorrência, revéses, entregas acidentais de mercadorias...
-Tinha um gerente de projeto realmente ruim. Foi por isso que o despedi- assinalou ela com impaciência. -E o fogo depois de comprar a casa?- perguntou Bricker.
-Isso foi um incêndio de origem elétrica- disse Alex. -Era uma velha casa, a fiação era velha. -E quanto ao ataque no restaurante?-recordou Mortimer.
-Uma tentativa de ataque- disse com firmeza.
-E o carro que te tirou da estrada?- perguntou Cale.
Alex piscou surpresa. -Tenho certeza de que não era mais que um condutor embriagado.
-Alex- disse Cale secamente. -Sei que houveram muitos problemas ultimamente. Me acredite, eu sei- acrescentou sombriamente. -Mas foi só má sorte. Não acredito que ninguém está por trás disso. Ninguém tem nenhuma razão para querer me machucar, sobre tudo, Jacques. Pelo amor de Deus, se alguém tem direito a sentir esse rancor sou eu. E não o faço. -Bom, alguém tem feito isso- disse secamente Bricker.
-Por que diz isso?- perguntou com surpresa.
Mortimer olhou para Cale. -Não disse a ela?
-Me dizer o que?- perguntou Alex, voltando-se para Cale com o cenho franzido.
-Parecia triste. Quando estava tentando me tirar da estrada tentei controlar o motorista para voltar a sua pista. Pensei que talvez estivesse bêbado ou que tinha um ataque ao coração. -Provavelmente- disse Alex de uma vez. -Não conseguiu controlá-lo?
-Não tive a oportunidade. Tocou a buzina, me distraindo, e olhei ao redor para ver que me dirigia ao muro de concreto. Desisti de me preocupar com o outro motorista e me concentrei em tentar evitar o choque. Mas mesmo não cheguando a ler a mente do motorista, senti o sabor de seus pensamentos antes que tocasse a buzina. -O sabor de seus pensamentos?- perguntou com confusão.
-As mentes das pessoas são... Franziu o cenho. -Pense nisso como um prato. Cheira-o antes de comer e isso te dá uma idéia do que está a ponto de degustar.
-Nossos cérebros cheiram?- perguntou Alex com assombro.
-Não- riu em voz baixa. -Mas tem um sentimento geral sobre que se pode sentir antes de penetrar realmente e tocar seus pensamentos. Por exemplo, teria um sentido geral de confusão e falta de interesse antes de penetrar no cérebro de um bêbado, ou é possível que obtenha uma sensação de pânico e dor antes de tocar alguém que tenha um ataque ao coração. Ele esperou que ela assentisse com a cabeça afirmando que tinha compreendido e depois disse, -O motorista não sentia nada disso. Alex sentiu que seu coração começava a afundar-se. -O que sentia?
-Uma sensação de pesar. A única maneira de descrevê-lo seria malícia- disse em voz baixa. -Tenho certreza que sabia exatamente o que estava fazendo. Ele deliberadamente me tirou da estrada. Alex franziu o cenho. -Quem faria isso?
-Não acredito que ele soubesse que era eu. Era seu carro- assinalou em voz baixa.
Alex ficou olhando com os olhos abertos, ficou aniquilada pela possibilidade de que alguém quesesse machucá-la, mas depois negou com a cabeça outra vez. Simplesmente não podia ser. Era ridículo. Por que alguém deliberadamente tentaria tirá-la da estrada? Bricker investigou o caso enquanto eu estava me curando- disse Cale em voz baixa. Ninguém informou do acidente à polícia e ninguém levou um carro assim a nenhuma oficina dos arredores. Sabe que carro tem Jacques?
Alex sacudiu a cabeça com o cenho franzido e depois se voltou bruscamente e saiu da sala. -Alex? Oonde vai?- perguntou Cale, quando passou ao lado de Mortimer e Bricker. Ela não olhou para trás para ver se a estavam seguindo, mas ouviu seus passos, quando o trio a seguiu pelas escadas. -Alex- disse Cale com impaciência, quando a segurou pelo braço na parte inferior das escadas. -Vou verificar que carro tem Jacques- murmurou, liberando a mão e correndo à cozinha. Sam estava ali e se virou com surpresa quando ela entrou com os três homens. -O que está acontecendo? Alex ignorou a pergunta, um pouco chateada com sua irmã porque tinha falado de sua relação com o Jack para Bricker e Mortimer. Foi para o telefone, ouviu Mortimer murmurar e sabia que ele estava dando explicações. Eram sete da manhã de uma terça-feira. O La Bonne Sex estava fechado, mas o Chez Joie estava aberto todos os dias da semana e Mark estava trabalhando, por isso Bev estaria disponível. Alex ligou em sua casa, aliviada quando respondeu depois de alguns toques. Esse alívio se converteu em preocupação quando ouviu a voz aguada da garota e espirros. -Bev? Está bem? -perguntou, preocupada de que a garota estivesse doente.
-Alex?- perguntou Bev com voz aturdida.
-Sim, você está bem?-repetiu.
-Eu? Quase gritou a garota. -OH, Meu deus, estava preocupada porque você estava doente. Estava tão chateada que...
-Estou bem- interrompeu Alex com um movimento de cabeça. Tinha estado de pé junto a Cale quando ele ligou para Bev no hospital depois do ataque. Ele havia dito a ela que estava bem, pelo amor de Deus. -Foi só um golpe na cabeça. O cara que me atacou não teve a oportunidade de me machucar, obrigada. -Esse filho da puta- de repente Bev começou a grunhir.
Alex levantou as sobrancelhas, mas se limitou a dizer, -Olhe, estou ligando porque queria saber que carro tem o chefe de Mark. -Jacques?-disse Bev com desgosto. Eu não sei e não quero saber. É um idiota. Sabe que contou a Mark uma história maluca ao ver nos noticiários que tinha estado em um terrível acidente? Disse que seu carro ficou destruído e que você estava morta. Perguntou ao Mark se eu tinha ouvido algo ou se sabia o que ia acontecer com o restaurante. É obvio, Mark me ligou imediatamente e foi um desastre depois disso. Estive ligando para sua casa e como não obtive resposta, comecei a tentar encontrar os números dos telefones suas irmãs para ligar para elas. Até liguei para os hospitais e para a polícia para tentar encontrar informação seu respeito. Deveria ter sabido que não podiam me dizer nada.
Com o telefone ainda na orelha, Alex se virou lentamente para Cale, Mortimer e Bricker. Um olhar triste em seus rostos lhe disse que tinham ouvido tudo. Jacques foi atrás dela, percebeu com tristeza. Já sabia que Bricker e outros homens tinham limpado o lugar do acidente e levaram seu carro para que ninguém fizesse perguntas. Ninguém na cidade sabia do acidente... com exceção do condutor do carro negro. Não tinha havido notícias. Jacques tinha perguntado para conseguir informações. -Bev, estou com Sam. Anote o número do telefone que estou chamando e ligue se precisar de mim- disse Alex e apertou o botão para finalizar a ligação. -Umm, nosso número não quando faz uma chamada. Está como privado- anunciou Bricker, enquanto deixava o receptor de novo em seu lugar. Alex fez gestos de que se afastasse e olhou para Cale. Só uma palavra saiu de sua boca. -Por que? Cale se adiantou, tomando-a em seus braços. Abraçando-a, esfregou as costas com doçura. -Não sei, querida. Mas vamos averiguar isso. -Sim, vamos- disse com gravidade, retrocedendo para olhá-lo com firmeza. -Eu vou com você. Cale abriu sua boca pelo que suspeitava ia ser um protesto, mas Mortimer se adiantou. -Temo que não posso permitir isso. Alex tirou os braços de Cale para olhar ao noivo de sua irmã. -Não pode permitir?perguntou com brutalidade. -Quem diabos acha que é? Não pode me impedir de fazer nada. -Umm, bom, na verdade, Alex, ele pode- disse Sam brandamente. -É seu trabalho.
Alex entrecerrou os olhos e depois olhou para Mortimer.
-Não faz parte de uma
banda...
Mortimer fez uma careta, o que fez com que Bricker risse antes que ele dissesse, -Ele odiava esse disfarce. Alex suspirou. Deveria ter desconfiado. Tinha estado na casa várias vezes e nunca tinha visto um instrumento musical por aqui. Por que não tinha percebido antes? Provavelmente porque não tinham permitido isso, se respondeu ela mesma. Jesus. Eles eram como semi-deuses, controlavam as pessoas e dispunham as coisas da maneira que queriam. Movendo a cabeça com desgosto, perguntou-lhe, -Então, o que são? -Vampiros policiais- disse Bricker, e ambos, tanto Mortimer como Cale, fizeram uma careta de dor. Ele parecia achar divertido suas reações de dor e Mortimer disse, -Não somos como os antigos vampiros. E nem pretendemos ser. Os vampiros são... -Muito mais sexys que os imortais- interrompeu com firmeza Bricker. -Caramba fazemos furor hoje em dia. Saímos ao mundo e nos chamamos vampiros. -Certo, porque muitas pessoas são necrófilas que procuram amantes vampiros- disse Sam com uma gargalhada. -Eu acho que não, Bricker. -Voltemos para o assunto- disse Mortimer sombrio, voltando a olhar Alex. -Temo que não pode sair daqui até que decida ser a companheira de vida de Cale ou não. -Já decidi. Disse a ele que eu gostaria de ser sua companheira de vida- disse Alex de uma vez.
-Graças a Deus. Sam se moveu para abraçá-la fortemente com alívio. Mais forte do que se deu conta, pensou Alex enquanto começava a lhe faltar o ar. -Sam, querida, é um pouco mais forte que antes- disse Mortimer brandamente. -É possível que deseje soltar Alex antes de sufocá-la. -OH, sinto muito- Sam a soltou e lhe aplaudiu as costas. -Sinto muito, estou muito feliz. Abraçou-a de novo, com menos força desta vez, e balbuciou, -Estava muito preocupada se por acaso decidisse não fazê-lo e então teriam que limpar sua mente e não poderia vê-la mais. Alex franziu o cenho. -Quer dizer que Cale não poderia me ver mais?
-Não. Nem Jo e eu poderíamos agora que somos imortais também. Isso poderia provocar lembranças e não nos teriam permitido. Teria nos perdido para sempre. Alex a olhou sem compreender, sentiu como um murro no estômago. Ela então gritou, -Jo é uma imortal também? Sam fez uma careta, e depois disse em tom de desculpa, -Sim. Nicholas a converteu poucos dias depois de a haver conhecido. -Por que não me disse isso?- perguntou Alex com fúria. -Já é bastante ruim que não me contasse sobre Mortimer, mas posso entender isso. -Mas, Jo? Nossa irmã caçula. Deveria ter me dito sobre isso. -Não me deixaram- disse Sam. -Tinham medo de que influíra em sua decisão sobre aceitar Cale como companheiro de vida ou não. É por isso que não me deixaram te dizer que caso dissesse não, iríamos perdê-la.
Alex se virou para olhar os três homens, mas já não estavam ali. Tinham aproveitado a oportunidade, de que estava distraída, para partir.
Capitulo 18
O som da porta dianteira abrindo-se agitou Alex que estava deitada sobre o sofá, e se sentou para olhar tensamente para a entrada quando ouviu os homens pisarem forte em seu caminho para dentro. Sam se levantou e saiu para se reunir com eles, mas Alex ficou onde estava, quase relutante em saber o que tinha ocorrido. Não queria acreditar que alguém estivesse por trás de sua má sorte, mas a ligação para Bev a tinha convencido de que Jacques foi quem forçou seu carro a sair da estrada... o que tornava possível que ele também tivesse algo a ver com os outros problemas que a tinham afetado ultimamente. Para ela tratava-se de um estúpido. Tinha sido ela que se equivocou em sua relação. Por que diabos ele tinha feito de sua vida uma miséria? Cale apareceu na porta e depois cruzou a sala para se juntar a ela, e Alex viu Sam se dirigir com o Mortimer e Bricker para a cozinha. Estavam dando a eles um tempo a sós. Isso não significava boas notícias, pensou ela, quando Cale parou diante dela. -Tudo bem se eu me sentar?- perguntou ele, olhando-a cauteloso, e ela se encontrou sorrindo ironicamente. Ele não estava seguro de suas boas-vindas. Ao menos sabia que sair às escondidas tinha sido jogo sujo. -Sim, é claro- murmurou ela, e esperou até que ele se sentou a seu lado antes de voltar a se sentar com as pernas cruzadas frente a ele. -E?-perguntou ela. -O que aconteceu? Foi ele?
Cale soltou sua respiração em um suspiro, e depois admitiu, -Não estava no restaurante quando chegamos lá. Parece que depois que você desligou, Bev ligou para Mark perguntando que tipo de veículo Jacques dirigia para que pudesse te passar a informação. Ela então disse enfaticamente que o cara estava dizendo que você teve um terrível acidente quando na verdade estava bem. Mark falou com Jacques sobre a ligação, e ele se foi. Sorriu. Achamos que ele ficou preocupado porque estava perguntando que tipo de veículo conduzia... que era uma pickup negra. De acordo com as lembranças de Mark, ele estava dirigindo o veículo até segunda-feira, quando foi ao restaurante em um carro de aluguel reclamando que sua pickup estava na oficina. Alex percorreu suas mãos através de seu cabelo com um pequeno suspiro, sabendo que isso era bastante ruim. Parecia que Jacques tinha tentado jogá-la para fora da estrada na segunda-feira pela manhã. Tinha tido sorte de que Cale estivesse atrás do volante. Não é que estivesse feliz por ele ter se machucado, mas ela nunca teria sobrevivido. -Suponho que foram em sua casa depois disso? Quando Cale pareceu surpreso, ela se encolheu de ombros. -Mortimer e Bricker são vampiros policiais, os policiais verificariam a casa em seguida. Ele assentiu. Suas gavetas estavam abertas e meio vazias, e havia um ponto em seu armário entre uma mala grande e uma pequena onde uma mala de tamanho médio faria parte do conjunto. Acreditamos que fez as malas depressa e se foi. Temos alguém verificando suas transações bancárias neste momento para tentar rastreá-lo, e Mortimer enviou alguns de seus homens para caçá-lo. Vão encontrá-lo eventualmente e averiguarão quantos de seus recentes problemas foram causados por ele e como.
-E depois o que?- perguntou ela tranquilamente. -E por favor não me diga que o entregarão às autoridades. Sei que o carro já foi enviado para o desmancher, assim não há provas de que ele fizesse algo errado. O que farão com ele?
-Não sei- admitiu Cale tranquilamente. Lucian provavelmente decidirá o que será feito. Ele toma todas as decisões deste tipo. -Lucian. Alex murmurou o nome com desgosto. Sam tinha falado muito sobre o imortal enquanto esperavam que os homens voltassem. Tinha explicado que somente porque escolheu fazer a mudança não significava que pudesse seguir com sua vida. Se não mudasse agora, teria que ser entrevistada por Lucian Argeneau. Ele decidiria se era seguro permitir que saísse com a informação sobre quem e o que eram. Era um esforço para manter seu segredo e a sua gente a salvo. Alex compreendia isso mas, a julgar pela descrição de Sam, preferia evitar essa entrevista. Sam a havia descrito como uma violação mental. Também não queria passar semanas preocupada com ter que fazer a mudança. Pareceu malditamente doloroso para ela quando viu Sam sofrendo seus efeitos. Tinha tomado sua decisão, e como sempre, só queria ir em frente e terminar logo com isso. Decidindo não se preocupar com o Jacques e seu futuro agora, ela disse, -Então... se eu fizer a mudança esta noite, estarei recuperada o suficiente para trabalhar amanhã? Cale pareceu surpreso pela pergunta. -Esta noite? Esta manhã não tinha certeza do que fazer. -E então tive um bom período de sono e decidi que queria ficar com você e fazer a mudança- disse ela firmemente. -Não quero perder tempo. -Sim, mas é uma grande decisão. Se quiser mais tempo...
-Merda- murmurou Alex, e ficou de joelhos para subir em seu colo. Sentia-se um pouco torpe fazendo isso no princípio. Tudo ainda era muito novo para ela, mas se situou em seu colo e deslizou seus braços resolutamente ao redor de seu pescoço.
Olhando em seus olhos, disse solenemente, -Parece como se estivesse tendo outros pensamentos. -Nunca- assegurou ele, deslizando seus próprios braços ao redor de sua cintura. -É só que não quero que dê este passo sem que tenha certeza. -Ter medo é de minha natureza- admitiu ela, pressionando sua testa contra a dele. Reclamo, depois argumento, e então pressiono as pessoas com a decisão a que tenha chegado. É parte de meu encanto, acrescentou ela ironicamente. -Sim, é- murmurou Cale. -E pensar nas coisas, calcular os prós e os contras, e então depois de pensar durante um tempo razoável, decidir o que deve ser feito. Alex bufou, -Pelo que Sam me disse, você decidiu que eu era sua companheira de vida na primeira noite em que nos conhecemos. -Isso é diferente. Os nanos escolheram você. Não terei que tomar nenhuma decisão.
-Então por que esperar? -disse ela simplesmente, e lhe beijou.
Cale correspondeu, sua boca se abriu para permitir que sua língua saísse. Alex suspirou quando a invadiu, suas mãos caíram para percorrer seu peito, enviando pequenas ondas de prazer através deles quando ela encontrou seus mamilos e começou a brincar com eles através de sua camisa. -Nunca soube que os homens também gostassem que lhes tocassem os mamilosofegou ela quando sua boca deixou a sua para viajar a sua orelha. -Possivelmente não todos- murmurou ele.
-Você sim- ela quase gemeu quando ele começou a mordiscar seu lóbulo.
-Assim como você- respirou ele, suas mãos agora encontraram seus peitos através de seu moleton e amassou ligeiramente. Alex gemeu quando o prazer se deslizou através dela em dobro, e depois em dobro outra vez, mas então ofegou com surpresa quando Cale de repente ficou de pé, levando-a com ele. Suas mãos embalaram sua parte inferior, segurando-a, e ela instintivamente abraçou suas pernas ao redor de seus quadris. Alex enganchou seus tornozelos um no outro quando ele começou a caminhar para a porta, mas perguntou preocupadamente, -Temos tempo? Tem que estar bem o bastante para ir ao restaurante amanhã às quatro. -Seremos rápidos- assegurou ele, caminhando com ela.
Ela riu ironicamente pela promessa. -Sempre somos. Mas se dormirmos muito depois...
A resposta de Cale foi gritar, -Mortimer, bata em nossa porta em uma hora e se assegure de que estamos acordados! Nem sequer esperou que Mortimer respondesse, e começou a subir as escadas, seus olhos movendo-se para seu rosto quando seus corpos se esfregavam, enviando surpreendentes ondas de prazer através de ambos. Alex se mexeu contra ele com um pequeno gemido, parando contra a crescente dureza onde seus corpos se encontravam, e disse sem respiração, -Acho que seria melhor que se apressasse. -Estou fazendo isso- assegurou ele, e ela percebeu que ele tinha acelerado o passo e
virtualmente estava correndo escada acima neste momento. Isso só mantinha seu corpo mais firmemente pressionado ao dele, golpeando entre si com cada passo. No momento em que ele chegou no andar de cima, ambos ofegavam, e tinha pouco a ver com o exercício de subir as escadas. Em vez de levá-la a seu quarto ou o dela, Cale grunhiu e a pressionou contra a parede, deixando lhe ajudar a dividir seu peso quando reclamou seus lábios e removeu uma mão de seu traseiro para levá-la ao redor para cobrir um peito. Alex ainda não estava preparada. Imediatamente ela começou a tirar seu moleton, levantando-o para despir seu peito, e então levantou seus braços para que Cale pudesse tirá-lo. Cale imediatamente a liberou da vestimenta, cravando-a contra a parede com seus quadris e respirando seu beijo para que pudesse fazer sua oferta em silêncio e liberou seus braços. -Isto é uma loucura- murmurou ele quando ela arrastou o moleton sobre seu rosto.
-Uh-huh- concordou ela, atirando longe o moleton. Ela o viu cair sobre o corrimão da escada, e então a atenção dele se moveu ao peito nu que tinha revelado. Não pensava, mas inclinou sua cabeça para lamber a pele nua de seu peito, a parte inferior de seu corpo se retorceu entre ele e a parede quando mordiscou sua clavícula, enviando uma tormenta de prazer. Quem sabia que uma clavícula podia ser tão sensível? Pensou ela aturdidamente, quando seu seu prazer se mesclou com o dela. Sentiu ele empurrar seu próprio moleton agora, e afastar-se o suficiente para removêlo também, depois estremeceu quando ele o jogou por cima do ombro. Ela o viu flutuar sobre o corrimão da escada, e então fechou seus olhos em outro estremecimento quando suas mãos, ainda frias do tempo lá fora, deslizaram sobre sua carne aquecida. Seus olhos se abriram outra vez quando seu sutiã de repente se afrouxou a seu redor, e depois Cale o deslizou entre eles e o enviou voando também para que pudesse embalar seus peitos, sem restrições pela sedosa roupa.
-Deus, você é maravilhosa. Ele quase suspirou as palavras quando a levantou mais alto para fechar sua boca sobre um mamilo agora nu. -Hey! Sam, Mortimer! Deviam ver isto. Está chovendo roupa aqui fora. As palavras de Bricker soaram alto, e Alex ouviu Cale grunhir profundo em sua garganta, então suas mãos se deslizaram para sustentá-la outra vez. Separou-a da parede para continuar pelo corredor, ainda sugando o mamilo e Alex fechou seus braços ao redor de sua cabeça, seu corpo dolorido e retorcendo-se contra sua cabeça. -Porta?-murmurou ele contra sua carne, sem levantar a cabeça.
Alex estremeceu quando a vibração de suas palavras foram através dela, e depois riu pelo absurdo, mas olhou ao redor. -Alguns passos mais- ofegou ela, percorrendo suas mãos por suas costas e cravando as unhas. Quando ele a pressionou contra a porta, ela alcançou a maçaneta para abri-la, consciente de um suave murmúrio de vozes abaixo mas incapaz de compreender o que estavam dizendo. Não é que se importasse com o que dissessem ou pensassem lá em baixo. Não conseguia pensar em mais nada nesse ponto; tudo o que podia pensar era na sensação rugindo através de seu corpo. Só teve concentração suficiente para girar a maçaneta, mas conseguiu, e a porta se abriu de repente. Cale imediatamente a levou para dentro. Virou-se para fechar a porta ao pressionar suas costas contra ela, quando seus lábios deixaram seu mamilo deslizando livre só para mordiscar seu caminho através de seu outro peito e reclamá-lo. Ele a estava segurando alto agora, suas pernas ao redor de sua cintura mais do que em seus quadris, e Alex gemeu pela frustração quando se retorceu contra ele. Ela começou a
puxar seu cabelo, querendo que a descendesse o suficiente para continuar se esfregando contra ele outra vez, e ele o fez, mas teve que deixar o que estava fazendo para conseguir, e Alex achou isso frustrante também. Ela agarrou seu rosto em suas mãos e o levantou, reclamando sua boca com a dela, e depois afastou sua boca para olhar ao redor com surpresa quando ele a separou da porta. -Cama- ofegou ele como uma explicação. -Superfície suave.
Alex o olhou com surpresa, assombrada que ele lembrasse desse pedido que fez no restaurante, quando ela dificilmente podia lembrar seu próprio nome. Ela estaria feliz se tirasse a calça e fizesse amor ali contra a porta... Ao menos até que despertassem amontoados no chão, como sabia que aconteceria. Então ele estava inclinado sobre a cama. Deixou-a gentilmente, e imediatamente a beijou outra vez. Ela devolveu o beijo com toda a paixão com que ele podia trazer para sua vida, mas agarrou suas mãos quando ele alcançou a cintura de sua calça. Cale parou e rompeu seu beijo para olhá-la fixamente em sinal de pergunta, e Alex imediatamente apertou seu rosto em suas mãos. -Quero você- disse ela sem respiração.
Cale piscou com confusão. -Eu também te quero.
-Não, quero dizer exatamente isso- disse ela mais firmemente. -Quero você. Amei pessoas com as quais não podia viver, minhas irmãs por exemplo- acrescentou ela secamente. -A rivalidade entre irmãs era terrível... Mas quero você, Cale. É divertido, inteligente, considerado e sexy com o inferno, e realmente quero você.
Ele sorriu brandamente, então girou sua cabeça para pressionar um primeiro beijo em uma de sua palmas, e depois na outra, antes de encontrar seu olhar solenemente. -Eu também te quero. É doce, inteligente, ambiciosa e uma incrível cozinheira... Agora vamos tirar sua roupa porque eu gosto mais assim. Alex riu e lhe ajudou a se desfazer de sua calça, depois segurou a cabeceira da cama para evitar ser puxada quando ele a tirasse. Sua calcinha se foi com a calça, e ambas as coisas sairam voando sobre seu ombro, depois Cale rapidamente tirou sua própria calça. -Mmm, suave- murmurou ele quando subiu à cama para se unir a ela.
-Você ou a cama? -brincou ela.
-A cama- disse ele secamente. -Não acredito que eu seja suave a seu redor.
-É bom saber- ofegou Alex quando ele se deslizou dentro dela, quente e cheio, e definitivamente não foi suave. -Se cale e me beije, mulher- grunhiu ele, retirando-se um pouco.
Alex riu e o fez o que demandou, cobrindo sua boca e permitindo que seus lábios se separassem para que sua língua empurrasse dentro mesmo quando ele se conduzia dentro dela outra vez.
-Acho que posso chamar isto de sucesso.
Alex olhou para Cale quando parou a seu lado. Parecia a coisa mais natural do mundo apoiar-se nele quando seu braço se deslizava ao redor de sua cintura, e seus lábios tocavam sua testa. A noite de inauguração tinha chegado finalmente. Era uma coisa que ela temia uma vez ou duas que nunca chegasse, mas aqui estava. O restaurante estava terminado, tudo em seu lugar, os novos cozinheiros na cozinha trabalhando e o salão e a área da balcão completamente cheios de gente compartilhando sua comida e bebida. Alex tinha providenciado para que fosse mais uma festa do que um restaurante noturno. Os clientes habituais do La Bonne Sex original tinham sido convidados, assim como amigos e familiares, várias celebridades locais, Emile, é obvio, e a imprensa local, que, graças a Emile, apareceu em massa. Era um sucesso definitivamente. -Parece pálida - murmurou Cale, olhando-a fixamente com preocupação.
-Talvez devesse ir a seu escritório para uma refrescada rápida. Só levará um minuto, e eu ficarei de olho nas coisas por aqui- acrescentou ele quando ela franziu o cenho à idéia. -Está bem então- grunhiu Alex com toda a boa graça de um menino relutantemente de acordo em tomar óleo de fígado de bacalhau. Não era que achasse o sangue ruim. Nem sequer o saboreava da maneira como eles a tinham ensinado a se alimentar, mas era a idéia de agora ter que consumir sangue. Não estava suficientemente acostumada a isso ainda e se encontrava estremecendo com o desgosto mesmo quando suas presas se deslizavam com avidez para consumi-lo. Quão confuso era isso? -Renda-se bobamente- Cale a abraçou e se inclinou para pressionar um rápido beijo em seus lábios. -Pobre querida. Vai se acostumar logo.
-Continua dizendo isso- murmurou ela, brincando com sua gravata. -Mas isso não aconteceu ainda. -Serão só alguns dias, amor- repreendeu ele. -Dê um tempo.
-Hmm. Ela sorriu fracamente. -Acho que tenho muito disso agora.
-Sim. Tem- disse ele solenemente. -Não está arrependida, não é?
-Está de brincadeira, certo?- perguntou ela com diversão. Há dois dias tinha despertado da mudança que tinha sido alucinante. Agora que tinha parado de tentar manter o equilíbrio e com sua tolice profissional, e estava de acordo em ser sua companheira de vida, sua vida se converteu em algo quase maravilhoso. Eles aproveitavam cada oportunidade que tinham, o que era alucinante é obvio. Alex tinha certeza que não havia nada que pudesse bater o sexo imortal. Exceto que havia algumas maneiras, e isso era quando ela e Cale estavam juntos e incapazes de fazer amor, o que tinha sido horrível nesses dois últimos dias quando ela tinha tido que cozinhar na velha La Bonne Sex, e ele se negou a deixá-la sozinha até que Jacques fosse encontrado. Enquanto havia o desejo e a necessidade chispando entre eles debaixo da superfície, também havia aguda confusão e gentileza e fácil afeto que ela revelou quando ele se sentava na mesa e a observava cozinhar. Realmente gostava deste homem, e é claro que definitivamente o queria, mas também o amava, e mesmo Alex dizendo isso a ele quando concordou em fazer a mudança, agora pensava que talvez realmente não fosse só isso, porque o que ela sentia por ele parecia crescer mais forte a cada dia e algumas vezes até doía. Ela podia olhá-lo e sentir uma dor em seu peito. Ou talvez isso fosse o amor. Talvez crescesse mais forte com o tempo, pensou ela, e lhe assegurou, -Estou muito feliz com minha decisão.
-Bom. Ele sorriu e beijou seu nariz antes de liberá-la. -Vamos. Há uma surpresa esperando em seu escritório também. -OH? -perguntou ela com interesse. -Que tipo de surpresa?
-Vá e olhe você mesma- insistiu ele, dando-a um pequeno empurrão.
Sorrindo, Alex se moveu rapidamente através da multidão, agradecendo às pessoas quando elas a felicitavam pelo novo restaurante, a comida, a bebida e o serviço. Ela estava começando a pensar que nunca chegaria a seu escritório, quando Sam de repente apareceu para agarrar sua mão e arrastá-la o resto do caminho. -Uau! Obrigada. Alex riu quando escaparam até cozinha e a porta se fechou atrás delas. -Estava começando a pensar que nunca chegaria aqui. -Sim, parecia como uma donzela em perigo com todos esses seus admiradores sobre você- brincou ela. -Sim, bom. Além disso, eu era uma donzela em perigo. Preciso ir me alimentar, e Cale diz que há uma surpresa em meu escritório também que quero ver- disse Alex, afastando-se da porta. -Ele disse?- perguntou Sam inocentemente.
Alex freou e a olhou estreitando os olhos. -Você sabe o que é.
-Quem eu? Ela bateu suas pálpebras e conduziu Alex para continuar se movendo.
Alex bufou. -É uma... As palavras morreram em sua garganta quando entrou em seu escritório e viu Jo sentada na cadeira, com seus pés na mesa.
-Até que enfim! Jo ficou de pé e foi ao redor de sua mesa. -Levou uma eternidade para trazê-la até aqui. -Jo! Ofegou Alex, correndo para abraçar sua irmã mais nova. Foi tão rápido que se afastou para olhá-la fixamente, notando que enquanto a mudança tinha acrescentado algum peso em Sam, e removido algumas libras dela, não pareceu gerar nenhuma diferença em Jo exceto que agora tinha um brilho saudável. Todas elas tinham, reconheceu, e perguntou, -O que está fazendo aqui? Pensei que estava viajando pela Europa com Nicholas. Pensei que não podia vir. -E perder seu grande dia? Bufou Jo. -De nenhuma maldita maneira. É claro que voamos de volta para a festa. -OH. Alex retrocedeu para olhá-la fixamente, e então trocou para deslizar seu braço ao redor de Sam também e a incluiu. -Não é bastante impressionante? -Bem impressionante- assegurou Sam.
-É o começo de uma cadeia de restaurantes, meu amor- anunciou Jo. -Prevejo que nos próximos dez anos haverá restaurante La Bonne Sex em cada canto do planeta. -Isso não- disse Alex em uma risada. -E te asseguro que não tenho nenhum desejo de abrir mais restaurantes. Me refiro a nós. Aqui. As três com homens que nos amam e que amamos. -Imortais que nos amam e quem amamos- disse Sam solenemente.
-Deveríamos ter um casamento conjunto- anunciou Jo de repente.
-OH, Deus, não comece a falar de casametos- disse Alex com desgosto. -Cale e eu acabamos de nos juntar. E odeio casamentos. -Que é exatamente o motivo porque deveria ter um grande- disse Jo uma vez mais. Menos trabalho para nós. Além disso, não tem que ser agora mesmo, talvez em algum dia do ano que vem. Podemos... Ela parou e olhou para Sam com curiosidade quando começou a sacudir com uma risada silenciosas. -O que? -Estava pensando em quão maravilhoso seria- admitiu ela com um sorriso, e então deu uma risada completa, e disse, -E eles continuavam me dizendo que isso não ia acontecer, que três irmãs não podiam encontrar companheiros de vida. -Espere, espere. Jo se afastou e correu para a pequena geladeira no canto. Precisamos de uma bebida para isso. -A única coisa que vai encontrar aí é sangue- disse Alex secamente.
Jo sorriu quando abriu a porta e olhou fixamente o interior para ver que era verdade. Hesitou durante um momento e depois se encolheu de ombros. -Ah, que diabos. -Será melhor baixar as persianas- murmurou Sam, e correu para as persianas quando Jo pegava três bolsas de sangue. Alex rapidamente fechou a porta também, e depois voltou para aceitar a bolsa de sangue que Jo estava oferecendo. -Ok- anunciou Jo quando entregou uma bolsa a Sam também. -Digamos, 'Certo!' juntas, e depois vamos morder as bolsas. Pode ser nossa palavra secreta de agora em diante. Ela parou para olhar Sam e Alex com preocupação. -Podem expor seus dentes sem Cale e Mortimer lhes excitando primeiro, não é?
Alex levantou suas sobrancelhas. -Parece que sempre que preciso de sangue, basta olhar as bolsas que as presas saem. Cale nunca teve que me excitar para que saíssemdisse ela, e sorrindo de maneira que as presas em questão desmonstraram suas palavras. Apareceram no momento que tinha visto a bolsa de sangue. -Eu também- disse Sam, as duas curtas palavras saíram eu 'taaambeem'.
-Huh. Jo franziu o cenho. -Deve ser só eu. Encolheu-se de ombros e levantou sua bolsa. -Ok. Juntas agora. Alex sacudiu sua cabeça pela tolice, mas sempre haviam tonteado juntas, e ela também disse, 'Certo!' quando suas irmãs o fizeram, e então morderam as bolsas. Elas então ficaram ali de pé, sorrindo como um trio de idiotas ao redor de suas bolsas enquanto esperaram que se esvaziassem. -Deveria nos deixar de porre- disse Jo com um pequeno suspiro quando tirou a bolsa vazia um momento depois. -Faremos isso com champanhe depois- decidiu Alex, afastando sua própria bolsa. As irmãs Willan valem a pena tomar um pequeno porre. -Tem champanhe?-perguntou Jo com interesse.
-Está sendo resfriada. Deverá estar pronta depois de que os outros tiverem ido. Mas há todo tipo de outras coisas alí fora se estiver sedenta ou faminta. -Estou morta de fome- admitiu Jo. -Viemos para cá direto do aeroporto.
Alex arqueou suas sobrancelhas quando seu olhar se deslizou sobre o apertado e
comprido vestido negro. -Voou até aqui assim?
-Está de brincadeira? Voei até aqui bastante mais nua a maioria do tempo- disse ela com diversão, e quando as sobrancelhas de ambas as irmãs voaram para cima, explicou-se, -Era uma companhia aérea. Bastien nos enviou as passagens, e Nicholas e eu estávamos sozinhos na seção de passageiros. Agora sou um membro do clube da grande milhagem várias vezes. Esse homem não pode manter suas mãos para ele mesmo. Alex riu. -E suponho que você não tem nada a ver com isso e estava tentando lutar contra ele? -OH, bom Senhor, não- Jo riu. Posso até ter começado a parte de nos despir. Ele, de algum jeito, começou com o assunto de tocar-sentir. Estava tentando me comportar até então. -Não ouvi isso, não ouvi isso- disse Sam, tirando sua própria bolsa de sangue. -É minha irmã caçula. Você não faz sexo. Ainda é virgem, e como me preocupo será até que mora. -O que acontece Alex? -perguntou Jo com diversão.
-Ela também- assegurou Sam. -Nenhuma de vocês faz sexo, e isso é assim. Quando chegarem os bebês, explicarei com diversão o fato que a concepção imaculada ocorreu outra vez. Alex e Jo riram com a declaração.
-Está bem, Alex, monopolizamo você o suficiente. Devemos deixar que volte para sua inauguração- disse Sam mais séria. -Nós podemos te alcançar mais tarde em
casa. Teremos uma de nossas noite de garotas.
-Ainda está ficando na casa?- Jo se girou para o Alex para perguntar com feliz surpresa. Alex sorriu. -Sim. Mortimer e Cale insistem nisso até que Jacques seja encontrado.
-Jacques Tournier?-perguntou Jo com o cenho franzido. -O que...?
Eu explicarei isso- interrompeu Sam firmemente. -Alex, realmente deveria voltar. Um dos repórteres poderia estar procurando para uma entrevista. Alex assentiu, mas disse, -Preciso usar o banheiro primeiro. Vocês vão na frente.
-Está bem, manteremos em pé o forte em sua ausência- disse Sam, acompanhando Jo até a porta. Alex as observou ir, sorrindo, e depois se virou para abrir a porta do banheiro. Acendeu a luz e começou a entrar, mas parou quando viu o homem dentro, sentado na privada. -OH, sinto muito- começou ela com surpresa. Não percebi... Parou abruptamente quando o homem ficou de pé, e ela viu que ele estava vestido, apenas sentado na tampa fechada da privada. Foi então que lhe olhou atentamente. Quando viu que alguém estava no banheiro, imediatamente desviou seus olhos, mas agora ela olhava seu rosto e seus olhos se abriram amplamente quando reconheceu o homem com barba de três dias por fazer. -Jack. -Jacques- corrigiu ele gravemente, começando a avançar. A pistola que ela agora notava em sua mão se sacudia para apartá-la da porta quando ele caminhou, e ela
rapidamente trocou para o lado, movendo-se a seu redor e explorando os lugares quando ele fechou a porta. O olhando com receio, Alex parou ao lado da privada e lhe olhou fixa e interrogativamente para ele. -Agora o que? Parecia a pergunta mais razoável. Ele tinha a pistola, e mesmo ela não pensando que ele poderia matá-la agora que se converteu, certamente podia feri-la. Ninguém gostava de ser ferido. De algum jeito, sua pergunta pareceu irritá-lo. Ou talvez foi sua falta de choro e gemidos de terror que percebeu quando ele chispou com frustração.
-Não fez nada da maneira que deveria- cuspiu ele com frustração. -Na França, achei que me amava o suficiente para assumir ter roubado minha receita, mas o fez? Não. Deixou que acreditassem que eu tinha roubado as suas. -Roubou as minhas- disse ela uma vez mais.
-Mas se me amasse como dizia, deveria ter assumido a culpa. Mas não o fez. Deixou que me expulsassem com vergonha- disse ele bruscamente. -Meu pai nunca me perdoou por isso. -Bom, isso dificilmente é minha culpa- disse ela impacientemente. -E te amava. Ou pensava que amava. O suficiente para que se me pedisse ajuda, teria ajudado, mas em vez disso me roubou. -Eu fiz gastos para abrir um restaurante perto do seu, e nem sequer o notou? Dificilmente. Desejou-me sorte e seguiu atuando como se estivesse tudo bem com você.
-Estava bem para mim- disse ela secamente. -Há muita gente em Toronto, Jack, certamente suporta dois restaurantes franceses. -Jacques- disse ele bruscamente. -E sei que você estava rindo de mim, pensando que não era um concorrente real porque não me graduei na grande escola de culináriadisse ele amargamente. -Eu não estava rindo...
Então decidiu abrir um segundo restaurante para se mostrar- acrescentou ele, falando sobre ela. -E o que aconteceu quando arrumei problemas para você? -Suspeitávamos que você estava por trás de meus problemas aqui- disse ela com um pequeno suspiro. -Tinham malditamente razão. Gastei um inferno de dinheiro para me assegurar que o eletricista comprasse coisas para que este lugar queimasse. Mas você tem um amuleto de sorte. Não queimou até os alicerces como deveria ter feito. Só sofreu algum dano de fumaça. Nem sequer a deteve muito. Continuou trabalhando para seguir em frente e reformando-o. Ele sacudiu sua cabeça. -Acho que não teve nada a ver com os problemas que tive na reforma também, não é?- perguntou ela sombriamente. -O tapete errado, os azulejos, os...
-Isso me custou uma pequena fortuna para que tudo saísse bem- disse ele amargamente. -Estava pagando seu gerente de projeto para estragar as coisas e subornar todos os vendedores de azulejos e até os instaladores de tapete para danificar as coisas. Mas outra vez, continuou sozinha. Até contratei Peter para que desistisse. Só que isso levou ao outro cara.
Alex o olhava com assombro, achando incompreensível que ele tivesse gasto tanto tempo e dinheiro só para tentar lhe fazer mal. Como tinha retorcido sua própria decepção em sua mente para fazer com que isso de algum jeito fosse culpa dela? O que estava errado com ele? -O ataque na velha La Bonne Sex? -perguntou ela.
Ele assentiu gravemente, os olhos ardiam com ódio. -Nada mais te ensinaria. Percebi que a única maneira de te ensinar uma lição era te fazer mal diretamente. Estava esperando te bater e te deixar sem sentido, mas Bev voltou e viu tudo. Alex estreitou seus olhos. Já não lhe importava o porque tinha feito tudo isso, ela estava zangada agora. -Forçou meu carro para fora da estrada? Essa pergunta lhe fez parar quando a confusão se deslizou através de seu rosto. Como diabos sobreviveu a isso? Solo queria te machucar, mas tinha certeza que devia ter morrido. Não tem sequer uma marca, mas vi o carro bater no muro de concreto. -Não estava dentro do carro- admitiu ela gravemente, e recordando as feridas de Cale sentiu que seu aborrecimento aumentava mais um pouco. O homem podia tê-la matado. A teria matado se estivesse dirigindo como desejava, mas ele tinha ferido Cale horrivelmente, e tudo porque tinha roubado suas receitas quando eram basicamente uns meninos? -Não estava? Jack se ecoou com assombro, e então sacudiu sua cabeça. -É a puta mais sortuda que jamais conheci. -Sim, sou- assegurou ela gravemente. -Assim deveria reconsiderar o estúpido plano que está nadando dentro do que chama de cérebro e sair daqui de uma maldita vez.
Ele bufou pela sugestão. -Está de brincadeira, não é? Me arruinou completamente. Os policiais estão detrás de mim agora. Sabem que bati em seu carro. Estavam no restaurante fazendo perguntas a minha equipe. Alex não duvidou nem um minuto que os homens que ele pensava que eram policiais na verdade eram Cale, Mortimer e Bricker; mas supôs que eram policiais, policiais vampiros, mas policiais de todo modo, assim não se incomodou em corrigí-lo. Duvidava que ele a tivesse escutado de todas formas. Além disso, sua atenção se deslizou à porta atrás de Jack. Estava se abrindo lentamente. -Me arruinou- repetiu Jack, trazendo sua atenção de volta a ele antes que pudesse ver quem era. -Estou sem dinheiro, não posso me aproximar de minha casa ou do restaurante para conseguir mais, os policiais estão detrás de mim, e não tenho para onde ir. Estou acabado agora. Ela franziu o cenho a seu tom. Seu aborrecimento pareceu diminuir, e ele meramente soava triste. Mesmo assim, não estava preparada para suas seguintes palavras. -Amava você- disse ele com infelicidade. -Nos imaginei começando um restaurante juntos e tendo bebês e... Mas tinha que me graduar para fazer isso junto com você, e estava desesperado, então copiei a receita. Não sabia que eles trariam todos os professores para nos julgar e que todos os professores testariam todos os alunos. Pensei que seu professor veria as suas e o meu veria as minhas e ninguém nunca saberia. Alex o olhou com assombro. Todo este tempo ela tinha pensado que ele nunca se preocupou, e ele simplesmente tinha sido um lamentável idiota débil. -Mas disse todas aquelas coisas horríveis.
-Estava envergonhado e zangado- admitiu ele cansando. -E não me amava como deveria fazer. O amor significa não ter que dizer nunca 'sinto muito'. Alex mudou impacientemente. -Isso é uma tolice! Se ama alguém, diz que isso porque te importa o suficiente. E não rouba suas malditas receitas- disse ela bruscamente. -Vê! Disse ele bruscamente. -Uma vez mais não faz o que deveria fazer.
-E o que é exatamente isso?- Perguntou ela secamente.
-Acho que ele estava esperando que dissesse que o ama e o perdoa por tudo, assim ele estaria livre de problemas- disse Cale secamente, deslizando-se através da porta aberta parcialmente para se unir a eles. Jack se sacudiu ao redor, a pistola elevando-se, mas Cale somente a arrebatou de sua mão, a ação tão rápida que Alex quase não a viu. -Infelizmente para você- continuou Cale, olhando ao homem. -Acho que saberá que Alex não te ama agora. Assim perdeu a oportunidade. -Quem diabos...? Jack engoliu a pergunta quando Cale abriu a porta, revelando Nicholas, Mortimer e Bricker, todos de pé no escritório, com as bolsas quase vazias de sangre em seus dentes. Quando Alex lhes olhou fixamente com incredulidade, Bricker afastou sua bolsa vazia de sua boca, e explicou, -Fala muito, e tínhamos sede. Além disso, sempre desfruta de um espetáculo melhor com refrescos. Alex sacudiu sua cabeça com desgosto. -Me alegro que ache o pesadelo de minha
vida tão entretido.
-Eu diria que era mais uma comédia que um pesadelo- assegurou Bricker com diversão. O cara realmente é um perdedor. Me alegro que seu gosto pelos homens tenha melhorado. Alex estreitou seus olhos para o protetor, perguntando-se se ela podia lhe matar agora que era imortal também, e Mortimer de repente separou sua bolsa de seus dentes e deu a Bricker um empurrão para a porta, ordenando, -Vá chamar Lucian. Ele quererá decidir o que fazer com este cara. -Logo agora quando começava a gostar dele- murmurou Cale, observando o imortal mais jovem ir. Ele sacudiu sua cabeça, e depois olhou para Alex e estendeu sua mão. Quando ela deu uns poucos passos ao redor de Jack para tomá-la, Cale a puxou para seu peito e franziu o cenho com preocupação. -Está bem? -Sim. Suspirou ela, e depois olhou para Jack, notando que ele estava de pé com a cara em branco e tranquilo, aparentemente sob o controle de alguém. -O que vai acontecer com ele? -Vamos cuidar dele- assegurou Mortimer tranquilamente, liberando Cale da pistola de Jack. -Vocês dois voltem para a festa antes de que as garotas venham para te buscar. Não queremos chamar muito a atenção para este local. Isso só significaria mais trabalho limpando mentes e substituindo lembranças. Cale assentiu e conduziu Alex para o escritório, e depois para a porta.
-O que farão com ele?-perguntou ela tranquilamente quando caminharam à cozinha.
-Provavelmente limparão sua mente, mandarão para um hospital psiquiátrico, e se
assegurarão que ele fique ali- disse ele com um encolhimento de ombros.
-Não deveríamos entregá-lo à polícia?-perguntou ela com o cenho franzido.
-Para que?-perguntou ele secamente, e depois disse, -Infelizmente, não temos provas de que ele fez algo. Tenho certeza que pagou seus subornos em dinheiro, e não há maneira de provar que foi ele quem te atacou no estacionamento. Quanto ao incidente com o carro, nunca informamos disso e não podemos fazê-lo agora. O carro foi levado para o desmache essa noite. Mesmo se não tivesse sido, como explicaríamos que não tenha nem um hematoma agora? Ele a deixou pensar nisso, e depois sacudiu sua cabeça. -Não. É melhor se cuidarmos disto nós mesmos. -Sim, mas colocá-lo em um hospital psiquiátrico parece... Alex se mordeu seu lábio infeliz e sacudiu sua cabeça. Cale parou de caminhar e a tomou em seus braços. -Não se sinta mal por ele, querida. Se estivesse no carro em meu lugar, estaria morta agora. Seus braços se esticaram brevemente com o pensamento, e então acrescentou gravemente, -Ele passou dos limites. Se fosse imortal, estaria estacado no sol para assar durante todo o dia, e depois seria decapitado. Além disso, ele não está realmente bem da cabeça, Alex. Sei que não pode ler os pensamentos ainda, mas eu li, e está louco, confie em mim... Ele se deteve e suspirou, antes de acrescentar, -Ou, já sabe, mais que confiar em mim poderia perguntar a uma de suas irmãs para lê-lo e... Alex retrocedeu e rapidamente situou seus dedos sobre seus lábios. -Não tenho que fazer isso. Confio em você. A tensão deixou seu rosto uma vez mais. -Confia?
Ela sentiu solenemente. -Com minha vida, meu corpo e meu coração. Realmente te
amo, Cale.
-OH, graças a Deus-, murmurou ele, pondo-a mais perto outra vez. -Eu também te amo. -Caramba, vocês dois, na cozinha não. Não é higiênico. Encontrem um quarto em alguma parte. Honestamente. Alex e Cale se separaram para ver Bricker levando Lucian Argeneau ao escritório.
-Alguém matará esse menino algum dia- murmurou Cale, quando os dois homens desapareceram no escritório. -Sim, concordou Alex com um suspiro. -Mas outra pessoa pode fazê-lo. Eu tenho coisas melhores que fazer com você. -OH? -perguntou ele, voltando-se para ela com interesse.
-Hmm- murmurou ela. Mostrarei isso a você esta noite em casa.
-Parece bom- murmurou ele, girando-a para continuar caminhando para o salão do restaurante. -Não posso esperar. -Bom, acho que vai ter que esperar- disse ela desculpando-se. -Sam, Jo e eu vamos ter algum tempo de garotas primeiro. Cale parou outra vez e a olhou com o cenho franzido. -Tempo de garotas?
Ela se mordeu seu lábio e assentiu.
Cale suspirou. -Está bem. Acredito que elas podem ter seu tempo de garotas com você... Desde que eu consiga você depois disso. -Me terá para sempre - assegurou ela tranquilamente.
Cale sorriu. -Hmm. Eu gosto do compromisso.
-Parece bom, não é? Concordou com ela com uma risada, quando ela os empurrou através da porta para voltarem a se unir à festa.
FIM