Família argeneau A dama é uma vampira.

Page 1


FamĂ­lia Argeneau 17 The Lady is a Vamp Lynsay Sands


Um atraso noturno leva a. . . Sequestro! Quando Jeanne Louise Argeneau saiu do trabalho, ela nunca pensou que ia acabar amarrada por um mortal de boa aparência. Mais atraente do que irritante, ela rapidamente percebe que há mais em seu sequestrador do que seus olhos podem ver. Um ato desesperado conduz ao. . . Amor? Paul Jones precisa de um vampiro, e só Jeanne Louise poderá ajudá-lo. Ele só tem que convencer essa bela vampira a ajudálo, nunca imaginando que ele iria se apaixonar. Mas a resposta do mundo imortal leva os agentes da lei a caçá-los, seu tempo juntos está se esgotando. . . e Paul e Jeanne Louise terão que arriscar tudo para passarem a eternidade juntos.


Capítulo 1

-Último dia, Fred- comentou Jeanne Louise, oferecendo um sorriso ao guarda enquanto se aproximava da estação de segurança. O homem mortal tinha trabalhado na saída da Divisão de Ciências de Empresas Argeneau durante quase cinco anos e agora estava sendo transferido para outra área para evitar que percebesse que muitos membros da equipe não envelheciam. Ela sentiria saudades de Fred. Ele tinha sido o rosto sorridente lhe desejando boa noite e lhe perguntando por sua família durante muito tempo. -Sim, senhorita Jeanie. Último dia aqui. Estarei trabalhando em um dos bancos de sangue na próxima semana. Jeanne Louise assentiu, com seu sorriso desvanecendo-se um pouco e sua expressão sincera quando disse: -Terão sorte de ter você trabalhando ali. Sentiremos saudades. -Também vou sentir saudades de todos vocês —assegurou solenemente, caminhando ao redor do balcão até a porta para abrí-la. Ele a abriu e a segurou, movendo-se para o lado para lhe permitir passar enquanto dizia, -Boa noite, senhorita Jeanie. Agora aproveit do longo fim de semana. -Vou aproveitar. Aproveite você também- disse ela, sorrindo fracamente quando a chamou de senhorita Jeanie. Ele sempre a fazia se sentir como uma menina. . . o que era impressionante já que ele tinha sessenta anos e ela era mais de quarenta anos mais velha que ele. Não que ele fosse acreditar nisso. Ela não aparentava mais que vinte e cinco anos. Era uma das vantagens de ser vampiro, ou imortal, como os veteranos preferiam ser chamados. Havia muitos benefícios e estava agradecida por cada um deles. Mas isso não lhe impedia de se sentir mal pelos mortais que não gozavam desses benefícios.


Genial, um vampiro sentindo culpa, pensou com ironia e sorriu ao clichê. O seguinte seria ficar cheia de angústia, melancolia e se queixando de sua longa vida. -Certo, isso não vai acontecer- murmurou Jeanne Louise com diversão e depois olhou a seu redor devido ao som de uma pedra deslizando-se sobre o pavimento. Ao ver um dos rapazes da divisão de sangue entrando na garagem atrás dela, ofereceu-lhe uma inclinação de cabeça e então se virou de novo para frente para continuar seu caminho até seu carro. Deslizando-se em seu conversível, ligou o motor e rapidamente deu marcha ré para sair da garagem, com sua mente distraída considerando se devia ficar e se encarregar de algumas tarefas de hoje, ou simplesmente ir para casa dormir.

Esse era um problema de ser vampiro, reconheceu Jeanne Louise enquanto manobrava para fora da garagem e começava a subir pela rua. Suas horas eram alinhadas com o resto do mundo. Seu turno terminava geralmente às sete da manhã, mas tinha ficado para trás afim de terminar algumas coisas enquanto outros se foram. Agora eram sete e meia, o que significava que para realizar algumas das tarefas nas quais estava pensando, teria que permanecer acordada durante duas horas e ir a esses lugares que ainda não estavam abertos. Sob um sol ardente, palpitante. Francamente, nesse momento, permanecer acordada mais duas horas era um pensamento exaustivo. Para casa e para cama, decidiu Jeanne Louise, segurando o volante com uma mão para sufocar um bocejo com a outra enquanto desacelerava até parar em um semáforo em vermelho. Acabava de parar quando um movimento em seu espelho retrovisor lhe chamou a atenção. Dando uma olhada bruscamente para ele, Jeanne Louise conseguiu ver uma forma escura aparecendo no assento traseiro e então um som de um assobio foi acompanhado por uma dor repentina e aguda em seu pescoço.


-Que mer…? Segurou seu pescoço e começou a girar ante o som de uma porta abrindo e fechando na parte de trás do carro. Mas então sua própria porta estava aberta e a figura escura passou poe ela para estacionar o carro. -O que? -murmurou Jeanne Louise, franzindo o cenho ante a confusa palavra e por quão lentos pareciam de repente seus processos mentais. Então o homem a deslocou para o assento do passageiro, sentando-se no assento do motorista. Sua visão começou a se apagar; e Jeanne Louise o colocar o carro em movimento e depois perdeu a consciência. Jeanne Louise se agitou sonolenta e tentou se virar de lado, mas franziu o cenho quando percebeu que não podia. Abriu os olhos e ficou olhando o teto em cima de sua cabeça, notando que era de um branco puro e não o rosa pálido do dormitório em sua casa; então tentou se levantar e lembrou o que a tinha despertado. Não podia se mover. Porque estava acorrentada, viu Jeanne Louise, e as correntes iam para baixo por seu corpo, dos ombros até os pés. Meu Deus. -São de aço. Não será capaz de quebrá-las.

Jeanne Louise bruscamente olhou na direção de onde veio a voz, e seu olhar se deslizou sobre o que era um quarto muito pequeno, todo branco e com nada mais que a cama em que estava deitada. A única coisa interessante ali com ela era o homem lhe falando da porta. Ele não era muito alto, talvez quatro ou cinco centímetros mais alto que ela, mas o homem tinha ombros largos e cintura estreita. Também era bastante atraente, com o cabelo castanho, a mandíbula quadrada e os olhos do verde mais brilhante que nunca tinha visto. . . e ela tinha visto um monte de olhos mortais em seus cento e dois, quase cento e três, anos de vida. Estes facilmente venciam qualquer outro que tivesse visto. -Como se sente? -perguntou com o que parecia ser preocupação real.


-Já estive melhor- disse Jeanne Louise secamente, olhando para as correntes de novo. Aço, havia dito. Caramba, a tinha acorrentado como a um elefante enlouquecido ou algo assim. -O tranquilizante que utilizei em você pode te causar dores de cabeça e uma sensação de confusão até que perca o efeito- anunciou ele em tom de desculpa. -Está sentindo algo assim? Precisa de um remédio para dor de cabeça? -Não- disse Jeanne Louise sombriamente, sabendo que desapareceriam rapidamente graças aos nanos. Então entrecerrou os olhos sobre o rosto do homem enquanto instintivamente tentava penetrar em seus pensamentos e tomar controle sobre ele. Tinha intenção de fazer com que ele tirasse essas ridículas correntes e se explicasse, então chamaria seu tio Lucern para que enviasse alguém para tratar com o homem. Esse era o plano de todos os modos. Entretanto, não foi bem assim... porque não conseguia penetrar em seus pensamentos, ou tomar o controle do homem. Deve ser a droga que me deu, pensou Jeanne Louise com o cenho franzido e deu uma sacudida em sua cabeça para tentar esclarecê-lae um pouco antes de voltar a tentar. -Nada- murmurou com assombro. A droga definitivamente tinha que estar afetando-a ainda, pensou, e depois franziu o cenho. -O que me deu? -A última palavra em tranquilizantes nos quais estivemos trabalhando em I e D- disse brandamente, e depois desapareceu pela porta, brevemente fora de sua vista. Jeanne Louise franziu o cenho ao espaço vazio, com suas palavras correndo através de sua cabeça. "I e D" era Investigação e Desenvolvimento. Entretanto, I e D de onde? Não podia ser um tranquilizante normal para mortais, porque estes apenas a entorpeceriam e muito menos poderiam nocauteá-la. Mas… Seus pensamentos se dispersaram quando ele voltou e se aproximou da cama.


-Trabalha para Empresas Argeneau- perguntou Jeanne Louise, olhando com interesse o que ele segurava em uma mão. Estava segurando um copo grande do que parecia ser água gelada e de repente ela ficou terrivelmente consciente de quão ressecada estavam sua boca e garganta. -Sim, trabalho. Estou em I e D como você, só que eu ajudo a desenvolver novos medicamentos enquanto que você estive trabalhando em anomalias genéticas, acredito- disse ele tranquilamente enquanto parava junto à cama. Jeanne Louise franziu o cenho. Bastien Argeneau, seu primo e chefe nas Empresas Argeneau a tinha contratado imediatamente depois de se formar na universidade setenta e cinco anos atrás. Tinha trabalhado para Empresas Argeneau depois disso. No começo, tinha trabalhado no departamento no qual o homem lhe dizia que estava, mas vinte anos atrás, Bastien tinha pedido a Jeanne Louise para escolher com quem queria trabalhar no I e D e formar uma equipe. Ela estaria à frente de um novo ramo do departamento, um dedicado exclusivamente à tarefa de encontrar uma maneira de permitir que seu primo Vicent e seu tio Victor pudessem se alimentar sem necessidade de morder mortais. Desesperadamente queriam ser capazes de se alimentar de sangue embolsado como todos os outros. Isso fazia a vida muito mais simples. Entretanto, ambos os homens sofriam de uma anomalia genética que fazia com que o sangue embolsado fosse tão útil para eles como água. Morreriam de fome com uma dieta de sangue embolsado. Supunha-se que tinha que averiguar porque e se poderia lhes dar algum tipo de suplemento para prevenir isso. Ela então esteve dirigindo à equipe que trabalhava no problema e ainda não tinha descoberto o que exatamente causava a anomalia, sem falar em como solucioná-la. Suspirando ante o que considerava seu fracasso, Jeanne Louise olhou de novo a seu captor, e notou que estava de pé junto à cama olhando dela à água, com expressão preocupada. Apanhando seu olhar interrogante, perguntou-lhe: -Pode beber água? Quero dizer, sei que sua gente pode comer e beber, mas servirá de algo ou necessita


sangue somente? Consegui um pouco para você.

Jeanne Louise o olhou em silêncio. Sei que sua gente pode comer e beber? Sua gente? Como se ela fosse de outra espécie. Um aliem ou algo assim. O homem sabia que não era mortal. Mas, o que mais sabia? Ela o olhou solenemente, uma vez mais tentando penetrar em seus pensamentos e falhando uma vez mais. Então seu olhar se deslizou para a água. Parecia tão condenadamente boa. O copo estava suando, riachos de água corriam pelo exterior e Jeanne Louise teria pago muito só para lamber as gotas. Mas não tinha nem idéia do que havia no copo, além de gelo e água. Poderia ter droga. Não podia correr o risco. Se ele trabalhava em I e D nas Empresas Argeneau, tinha acesso a drogas que poderiam afetá-la. -Não tem droga- disse o homem, como se tivesse lido seus pensamentos, o que ela pensava que era bem irônico. Ele era mortal, um olhar a seus olhos demonstrava isso, e os mortais não poderiam ler a mente. Os imortais podiam, e mesmo assim ela não podia ler seus pensamentos embora ele parecia ser capaz de ler os seus. Ou sua expressão, supôs. -Não há necessidade de te manter drogada- adicionou ele, para convencê-la. -Nunca escapará dessas correntes. Além disso, preciso de você lúcida para que considere a proposta que vou te fazer. -Proposta- murmurou Jeanne Louise com irritação, dando um puxão em suas correntes. Com um pouco de tempo e esforço, poderia ter quebrado a corrente… se ele não tivesse enlouquecido, envolvendo a corrente ao redor dela e da cama como se fosse linho ao redor de uma múmia. -Água ou sangue?

A pergunta atraiu seu olhar para o copo. Não havia nenhuma garantia de que o


sangue não estivesse drogado também. Pensou brevemente e então cedeu com um gesto sombrio. Ele se agachou imediatamente, deslizando uma mão por debaixo de sua cabeça e levantando-a, depois colocou e inclinou o copo em seus lábios. Jeanne Louise tentou tomar só um gole da água, mas no momento em que o líquido tocou sua língua, tão fria e calmante, encontrou-se bebendo o líquido gelado. Tinha bebido a metade antes de parar e fechar os lábios. Ele imediatamente levantou o copo, apoiou sua cabeça brandamente sobre a cama e se endireitou. -Tem fome? - perguntou então.

Jeanne Louise considerou a pergunta. Sua última comida do dia era em geral o café da manhã na cafeteria Argeneau por volta de uma hora e meia antes de voltar para casa. Não tinha fome... mas ele teria que soltá-la para alimentá-la, e esse pensamento foi o suficientemente atraente para trazer um sorriso a seus lábios. -Sim- disse Jeanne Louise, rapidamente ocultando seu sorriso quando notou a forma em que seus olhos se estreitaram. Ele hesitou, depos assentiu e se virou para sair do quarto, uma vez mais, provavelmente em busca de comida para ela. Jeanne Louise o olhou ir, mas assim que a porta se fechou atrás dele, voltou sua atenção às correntes, tentando averiguar se era uma longa corrente envolta ao redor dela e da cama uma e outra vez, ou se eram várias. Supôs que não fazia muita diferença.


Presa como estava, não podia se mover o suficiente para fazer um pouco de alavanca e tentar quebrar uma parte, e nem pensar se fossem várias correntes. Sua melhor aposta era de que ele a soltasse para que pudesse se sentar e comer. Então poderia vencê-lo facilmente. É obvio, seria mais fácil em todos os sentidos se sua mente não estivesse afetada ainda pela droga que lhe tinha dado e apenas pudesse tomar o controle sobre ele. Faria com que a soltasse e se salvaria de uma grande quantidade de problemas. Jeanne Louise não tinha nem idéia de qual era sua proposta, mas os mortais que sabiam deles eram poucos e distantes entre si. Eles eram de confiança, altos cargos nas Empresas Argeneau, ou cientistas excepcionalmente brilhantes que tinham que saber do que se tratava para fazer seu trabalho. Ele era obviamente um destes últimos, um brilhante cientista que trabalhava em medicamentos em I e D. Entretanto, sem importar o grupo ao que pertenciam, todos os mortais que sabiam eram fichados. Recebiam esporádicas verificações mentais para confirmar que estavam bem mentalmente e não planejavam nada estúpido como ir à imprensa para falar sobre eles. Ou que sequestrassem um imortal, o acorrentassem a uma cama e lhe fizessem propostas. Alguém obviamente tinha falhado em seu trabalho, pensou Jeanne Louise sombriamente. O conhecimento não lhe preocupava muito. Não tinha medo, mas estava chateada de que sua rotina fosse interrompida dessa maneira e que provavelmente estaria a maior parte desse dia limpando esta confusão. Eles iriam querer saber quais eram os planos do hhomem, a quem mais, se havia alguém, tinha falado a respeito deles; e então a mente do homem e suas lembranças teriam que ser apagadas, e a situação corrigida corretamente. Jeanne Louise não teria que se encarregar de tudo isso. Os Executores estavam a cargo dessas coisas, mas provavelmente a manteriam durante horas respondendo perguntas e explicando as coisas. Era um grande inconveniente. Jeanne Louise não gostava de ver sua rotina alterada.


Seus pensamentos estavam dispersos e olhou com espera para a porta, quando esta se abriu, a satisfação curvou seus lábios ao ver o prato de comida que seu captor levava. Definitivamente teria que soltá-la para comer. Entretanto, descobriu que o rapaz não era inteligente apenas em seu trabalho, quando deixou o prato de lado e se inclinou ao lado da cama para fazer levantar a metade superior com um silencioso zumbido. -Cama de hospital- disse endireitando-se, com um sorriso reclamando seus lábios ao ver sua expressão chateada. -São muito práticas. -Sim- disse ela secamente, enquanto ele parava e olhava a seu redor com o cenho franzido. -Volto em seguida- anunciou e deixou o prato no chão junto à cama antes de sair do quarto. Não se foi por muito tempo. Nem sequer passou um minuto antes que ele reaparecesse com uma cadeira de madeira na mão. Colocou-a junto à cama, recolheu o prato de novo e se sentou. O homem imediatamente agarrou um pouco de comida com o garfo, mas quando o sustentou para ela, esta girou sua cabeça com irritação. -Não tenho fome.

-Disse que tinha- assinalou ele surpreso.

-Menti- disse ela lacônica.

-Vamos, esquentei e tudo. Pelo menos tente- persuadiu-a como se estivesse falando com uma criança difícil. Quando ela se limitou a lhe dar um olhar carrancudo, ele sorriu encantadoramente e sustentou o garfo com o alimento. -É seu favorito.


Isso chamou sua atenção para o prato e suas sobrancelhas se elevaram ligeiramente quando viu que efetivamente era seu favorito, uma omelete de queijo e salsichas. Era o que comia no café da manhã na cafeteria do trabalho todas as manhãs. Quando o olhar dela se deslocou interrogante a sua cara, ele se encolheu de ombros. -Pensei que deveria se sentir confortável enquanto está aqui. Não tenho nenhum desejo de te fazer se sentir desconfortável ou infeliz. Jeanne Louise abriu seus olhos com incredulidade e depois olhou de maneira significativa para as correntes. Entretanto, tudo o que disse foi algo sarcástico: Olaaaa? -Vou tirar isso depois que tiver escutado minha proposta- assegurou ele solenemente. -Só preciso delas para te manter no lugar até que me escute. -Pode engolir sua proposta- grunhiu ela e então entrecerrou os olhos em seu rosto novamente e tentou deslizar em seus pensamentos, mas de novo se topou com uma parede em branco. A droga ainda a estava afetando. Caiu de costas sobre a cama, com aborrecimento, e depois franziu o cenho. -Está bem. Me fale desta sua proposta- disse finalmente, com vontade de sair dali.

Ele hesitou, e então negou com a cabeça. -Não acredito que esteja em um estado mental adequado para escutar. Parece um pouco chateada. -Pergunto-me porque- disse secamente.

-Provavelmente porque tem fome- disse ele brandamente e lhe estendeu o garfo cheio de comida de novo.


-Disse que não tenho fom… Jeanne Louise fez uma pausa, franzindo o cenho enquanto seu estômago dava um forte grunhido. Ao que parece, tinha fome depois de tudo. Provavelmente o aroma da comida tinha causado isso, e o fato de que tinha estado tão absorta no trabalho que só tinha comido a metade de seu café da manhã. Ao menos isso é o que ela mesma havia se dito quando afastou seu prato. Esquecia o fato de que recentemente havia dispensado muitas refeições e só comia metade quando se incomodava em comer. Simplesmente não pareciam ser tão saborosos ou tentadores como estavam acostumados a ser. Até o chocolate não parecia tão delicioso como já tinha parecido. Na verdade, Jeanne Louise suspeitava que estava chegando a essa etapa em que os alimentos perdiam seu atrativo e se tornavam mais uma chateação que outra coisa. Mas enquanto o café da manhã parecia insípido e aborrecido pela manhã, este cheirava condenadamente bem agora e na verdade sentia um pouco de fome, reconheceu, olhando o garfo cheio de comida. Quando ele começou a mover o garfo de um lado para o outro como se estivesse tentando ou divertindo uma criança, ela estreitou seus olhos para ele. -Se começar a fazer barulho de aviões com certeza que não comerei. Uma surpreendida risada escapou de seus lábios e sorriu.

Entretanto, o garfo se estabilizou. -Sinto muito.

-Hmm- murmurou ela e aceitou a comida. O sabor era tão bom como cheiro, e depois de mastigar e engolir, perguntou-lhe a contra gosto: -Como sabia que era meu favorito? -Comeu o mesmo café da manhã durante anos. Bom, até um mês atrás- adicionou e


depois se encolheu de ombros. -É o que sempre come.

Jeanne Louise o olhou mais de perto agora, observando seu corte de cabelo, suas escuras sobrancelhas marrons, seus olhos verdes e seu sorriso agradável. Um homem bonito. Era difícil imaginar que não o tivesse visto na cafeteria em algum momento durante esses anos nos quais supostamente tinham ido juntos. Mas claro, ela tendia a se meter em seu trabalho e caminhar pelos arredores um pouco alheia, supôs. Jeanne Louise queria desesperadamente encontrar a cura para seu tio e seu primo e até levava suas notas com ela em seus descansos para poder dar uma olhada por cima enquanto comia. Tão concentrada como estava em sua obsessão, Jeanne Louise supunha que seu tio Lucian poderia ter estado no assento do lado e, a menos que ele dissesse ou fizesse algo para chamar sua atenção, provavelmente não teria percebido. Seus olhos se dispararam para ele enquanto algo que ele havia dito chamou sua atenção. Entrecerrando os olhos, perguntou-lhe: -Até faz um mês? Não trabalha mais para as Empresas Argeneau? -Sim, trabalho- disse-lhe em voz baixa. -Tirei alguns meses de licença para descanso.

Jeanne Louise o olhou em silêncio, processando essa informação. Se este plano, qualquer que fosse, não estava em sua mente antes que tivesse tirado a licença. . . bom, podia ser que ninguém tivesse falhado depois de tudo. Ali não haveria nada que uma das equipes que fichavam os mortais pudesse encontrar. -Comida? -perguntou ele em voz baixa, insistindo o garfo cheio de comida mais perto de seus lábios. O olhar de Jeanne Louise foi para o garfo e quase sacudiu a cabeça em negativa no começo, mas parecia que o aroma cortava seu nariz enquanto seu estômago rugia com entusiasmo e sua boca se enchia de saliva ante a perspectiva da comida


oferecida. Suspirando, abriu a boca um pouco ressentida, fechou-a ao redor do garfo quando se deslizou cuidadosamente em seu interior, e depois atraiu a comida com seus lábios apertados enquanto ele o retirava. Ficaram em silêncio, olhando um ao outro enquanto ela mastigava e engolia; então ele agarrou outra porção para ela. -Seria mais fácil se pudesse comer por mim mesma- assinalou ela com secura quando ele levantou o garfo novamente. -Sim, seria- assentiu levemente e quando ela abriu a boca para lhe dizer com um pouco de impaciência que preferia isso, ele deslizou o garfo para silenciá-la antes de que a primeira palavra pudesse deixar seus lábios. Enquanto ela mastigava, ele adicionou: -Mas sei que sua espécie é muito forte, e não quero correr o risco de que tente escapar. Estou seguro de que uma vez que entenda a situação, não haverá necessidade de tal cautela. Mas até lá. . . esta é a melhor maneira de lidar com as coisas. -Minha espécie- murmurou Jeanne Louise enquanto engolia. -Somos humanos, você sabe. -Mas não mortais- disse ele em voz baixa.

-Ao diabo que não o somos. Podemos morrer como vocês. Só somos difíceis de matar. E vivemos mais tempo- acrescentou ela a contra gosto. -E permanecem jovens, resistem às enfermidades, e podem se auto curar- disse ele em voz baixa, deslizando outro bocado em sua boca. Jeanne Louise o olhou enquanto mastigava, engoliu e disse: -Me deixe adivinhar: quer isso. Ser jovem e viver mais tempo, ser mais forte, ser… Ele negou com a cabeça e a silenciou, deslizando outro bocado em seus lábios


enquanto lhe assegurava, -Não quero isso.

-Então, o que quer? -perguntou Jeanne Louise com frustração quando pôde falar de novo. -Qual é essa proposta? Ele hesitou e ela pôde ver o debate passar atrás de seus olhos, mas ao final ele negou com a cabeça. -Ainda não.

Desta vez, quando ele levantou o garfo a sua boca, ela girou a cabeça e murmurou: Não tenho fome- e falava a sério. Estava muito frustrada e zangada para se preocupar com a comida. Além disso, o que tinha comido tinha satisfeito sua fome. Ele ficou em silêncio durante um minuto, mas depois suspirou, deixando o garfo no prato ainda meio cheio e se levantou. -Deixarei que descanse um pouco. O medicamento deverá estar fora de seu sistema no momento em que acordar. Poderemos falar então. Jeanne Louise nem sequer concordou com suas palavras com o olhar, mas apenas olhou sombriamente à parede enquanto ele se inclinava e fazia algo na cama para que voltasse para sua posição horizontal. Ela não se moveu até que ouviu seus passos cruzarem pelo piso e a porta se abrir e fechar. Então Jeanne Louise lentamente se permitiu relaxar e deixar que seus olhos se fechassem. Queria sair dali e voltar para sua própria vida. Mas também estava cansada, e era pouco o que podia fazer até que o último rastro da droga desaparecesse. No momento em que ocorresse, entretanto, ia tomar o controle da situação e faria com que o


homem a soltasse, prometeu-se Jeanne Louise. Ele não esperaria por isso. Embora haviam mortais que sabiam a respeito deles e sabiam que tinham algumas habilidades e forças, a capacidade dos imortais para ler mentes e para o controle mental não eram habilidades habituailmente reveladas. Os mortais não tinham conhecimento desses atributos. Tendia a enlouquecê-los saber que seus pensamentos podiam ser ouvidos, e “sua espécie” tinha aprendido ao longo dos anos a manter esse pequeno conhecimento para eles mesmos. É obvio, se seu trabalho tinha dependido desse conhecimento, poderiam haver dito a ele. Mas Jeanne Louise duvidava que esse fosse o caso ou ele a manteria drogada em vez de esperar que sua cabeça esclarecesse completamente para fazer essa proposta que tinha. Quem quer que fosse, pensou com o cenho franzido perceber que não tinha nem idéia de qual era seu nome ou de nada em realidade. A única coisa que sabia era que ele trabalhava em I e D no Empresas Argeneau e tirava o descanso do café da manhã ao mesmo tempo que ela. O que significava que provavelmente trabalhava no turno de noite também. Isso era interessante. Os mortais em geral não gostavam do turno de noite. Normalmente estava cheio de imortais, enquanto que os mortais se apegavam aos turnos de dia. Perguntou-se brevemente por que ele trabalharia no turno de noite mas logo deixou ir o assunto. Precisava descansar. Jeanne Louise queria estar acordada e alerta quando ele voltasse. Paul fechou a porta atrás dele com um suspiro, movendo-se pelo corredor para as escadas, com sua mente correndo sobre tudo o que tinha feito até agora, em busca de qualquer problema que pudesse surgir, mas não viu nenhum. Tinha esperado até que ela esteve fora da propriedade Argeneau e longe das câmaras de segurança antes de fazer seu movimento e tudo tinha ido tão bem quanto esperava.


O seu tinha sido o único carro no semáforo quando Paul lhe administrou o tranquilizante. Isso, é obvio, tinha sido pura sorte. Deus ou o Destino tinham estado sorrindo para ele esta manhã. O tranquilizante funcionou tão rápido como tinha feito nos testes e tinha levado apenas segundos para que saísse do assento traseiro, passasse ela para o assento do passageiro e se assumisse o volante. Todo o assunto tinha terminado em poucos instantes. O único lugar onde poderia ter um problema foi quando se arrastou para fora do porta-malas de Lester para se meter no assento traseiro de seu carro nas Empresas Argeneau à vista de pelo menos três câmaras de segurança. Mas tinha levado roupa escura e touca ninja para ocultar seu rosto. Não havia muita coisa que as câmaras pudessem captar. Paul tinha se escondido no porta-malas do carro de Lester, mas não havia nada que o outro homem pudesse lhes dizer. Paul tinha entrado na garagem de Lester, aberto seu porta-malas, se escondido nele e aproveitado a carona até as Empresas Argeneau. Isso significava que teve que segurar o porta-malas para que não se fechasse até o final do turno de noite. Momentos antes que Lester voltasse para carro, Paul tinha deslizado para fora do porta-malas e se dirigido ao carro do Jeanne Louise Argeneau. Sua principal preocupação era que pudesse estar trancado, mas poucos trancavam na garagem do estacionamento. Estava tão bem vigiada e havia tantas malditas câmaras, que em regra ninguém tentaria nada ali. Para seu alívio, Jeanne Louise não tinha trancado seu carro, e não tinha trabalhado além de sua habitual meia hora depois do final de seu turno, e tinha chegado momentos depois que ele se colocou dentro. Se Paul tivesse sido visto movendo-se de um carro ao outro pelas câmaras de segurança, já seria muito tarde. Sua única preocupação agora era que Lester pudesse ser considerado cúmplice no assunto e se metesse em problemas. Isso faria com que se sentisse mau. Lester era um bom sujeito. Consciente de que não podia fazer


absolutamente nada pelo homem neste momento, Paul empurrou longe suas preocupações enquanto subia os degraus do porão. Saiu para a cozinha e se dirigiu para o lavabo, com a intenção de se desfazer do alimento que Jeanne Louise tinha deixado sem terminar e enxaguar o prato. Mas na metade de caminho, mudou de direção e em vez disso se dirigiu às escadas para o segundo piso. Paul as subiu rapidamente, deslizando uma mão por debaixo do prato enquanto caminhava para se certificar que a comida ainda estava quente. Estava, e ainda parecia bastante fresca e saborosa para lhe dar fome. Só esperava que Livy pensasse o mesmo, mas temia que não o faria. Nada parecia tentar seu apetite mais. -Papai?

Paul esboçou um sorriso forçado ante a suave pergunta enquanto cruzava o bonito dormitório rosa até a cama com dossel para olhar para a pequena cabecinha loira de uma menina que quase desaparecia entre todos os suaves travesseiros macios e o edredom. -Sim, querida. Estou aqui. -A Senhora Stuart disse que foi trabalhar ontem de noite- disse ela com uma expressão de dor. -Sim, querida. Só por um momento. Entretanto, já estou de volta- disse em voz baixa, sem se surpreender de que ela soubesse. Paul tinha conduzido o carro de Jeanne Louise até o estacionamento onde seu próprio carro esperava, aliviado ao descobrir que estava vazio. Rapidamente a tinha mudado para seu carro, então tinha dirigido diretamente para sua casa e à garagem. Tinha a levado ao porão através da porta da garagem acorrentando-a antes de se dirigir à casa propriamente dita; então tinha procurado a babá. A Senhora Stuart tinha informado que Livy tinha passado uma noite ruim. Tinha ficado decepcionado mas não surpreso pela notícia. Todas pareciam estar ruim


ultimamente. Mas não por muito tempo, tranquilizou-se Paul e então inclinou o prato de comida um pouco para que ela pudesse vê-lo. - Tem fome? -Não- disse fracamente, girando sua cabeça longe da comida apresentada.

Paul hesitou, mas depois disse brandamente: -Querida, tem que comer para conservar as forças e poder recuperar sua saúde. -A Senhora Stuart disse que não ia recuperar a saúde. Isso é de Deus… Livy franziu o cenho como se tentasse lembrar as palavras exatas, e depois disse, -… me chamando para casa para estar com Ele. Ela me disse que se fosse muito boa e Ele gostasse de mim, talvez chegasse a ver mamãe. Mas duvidava que Ele gostasse porque sou travessa e chorona. Acha que Deus irá me querer apesar de que eu chore? Paul simplesmente ficou congelado. Todo o sangue parecia haver se deslizado de sua cabeça, para baixo de seu corpo, acumulando-se em seus pés, deixando-o vazio e débil. Seu cérebro estava tendo problemas para processar o que ela havia dito. E então o sangue retornou galopando, correndo por seu corpo e golpeando seu cérebro, trazendo uma fúria ardente com ele. Não disse nenhuma palavra, não se atreveu. Os impropérios rugindo em sua cabeça não eram para os ouvidos de uma menina. Depois de um momento de luta, Paul conseguiu ladrar uma palavra: “Sim”. Depois se girou rigidamente e simplesmente saiu do quarto, desceu as escadas e voltou para a cozinha. Seus movimentos eram espasmódicos e automáticos enquanto raspava a comida do prato no cesto de lixo. Então caminhou para a pia, mas em vez de enxaguá-lo sob a torneira da forma prevista, Paul se encontrou de repente quebrando o prato vazio na parte superior da pia. Ele nem sequer sabia que ia fazer isso, e depois que notou nem pensou em se importar com as partes de vidros quebrados voando a seu rosto e pescoço. Essa estúpida, viciosa, velha vaca asquerosa. Nunca devia ter deixado a senhora


Stuart cuidando de Livy. Sabia que não seria capaz de manter seu fanatismo bíblico para si mesma, mas não teve escolha. A Senhora Stuart estava acostumada a ser enfermeira antes de se aposentar, e não havia ninguém mais em quem ele confiasse para saber o que fazer se houvesse algum problema. Mas ele nunca deixaria que a velha bruxa se aproximasse dela outra vez. Se fosse boa, Deus gostaria dela? Mas provavelmente não gostaria porque ela tinha chorado? A menina estava morrendo de câncer, sendo comida viva, consumindo-se e sofrendo uma dor que ele nem sequer podia compreender e que não podia evitar. Tinham-lhe dado uma receita de medicamentos para a dor de Livy na dose mais forte que podiam, mas faziam muito pouco pela menina. A única outra opção era mantê-la sedada no hospital até que morresse e ele se negava a fazer isso. Simplesmente não podia vê-la morrer. Queria curá-la, mas até então, nada parecia aliviar a dor que sofria e a Senhora Stuart sugerindo que chorando por causa de uma dor insuportável poderia fazer com que Deus não a quisesse e portanto ela não pudesse ver sua mãe… -Papai?

Rígido, Paul tomou ar para se tranquilizar e depois se virou para olhar fixamente à menina de cinco anos de pé na porta da cozinha. No momento seguinte, estava correndo para frente para pegá-la. -O que está fazendo fora da cama, neném? Não deveria estar acordada. -Estou cansada de ficar na cama- disse Livy com tristeza e depois estendeu a mão para lhe tocar o queixo. -Está sangrando. Você se cortou? -Não. Sim. Papai está bem- assegurou Paul sombriamente, levando-a de volta escada acima. Ela era só osso e pele pálida, e o coração lhe doía enquanto a abraçava. A menina era preciosa, o mais prezado tesouro de sua vida. Paul vivia para ela, e ele morreria por ela também se tivesse que fazê-lo. Mas, por agora, a colocaria de volta na cama e dormiria algumas horas ele mesmo. Ficou acordado toda a noite e tinha


que estar alerta e concentrado quando falasse com Jeanne Louise Argeneau.

Tinha que ser claro e persuasivo. Tinha que convencê-la a fazer sua menina uma de sua espécie. Daria-lhe tudo o que quisesse, incluindo sua própria vida, com tanto que a transformasse e lhe ensinasse a sobreviver como vampiro. Daria algo para que ela vivesse. Tinha falhado com sua mãe, sua esposa, Jerri. Mas não falharia com Livy. Tinha que convencer Jeanne Louise a salvar sua vida. Ela era sua única esperança.

Capítulo 2

Jeanne Louise despertou com a consciência de que não estava sozinha. Não era instinto. Era o zumbido dos pensamentos de um mortal que jogavam na periferia de sua mente. Zumbiam em seu ouvido como uma abelha, suave no começo e não de tudo inteligível quando se deslizou de volta à consciência; então abriu os olhos e girou a cabeça. Não se surpreendeu ao encontrar uma menina de pé junto à cama em vez do homem que a tinha deixado ali. Supôs que era por algo a respeito dos pensamentos, como sua têmpera e ligeireza. Os pensamentos que a tinham despertado tinham sido suaves, inquisitivos e curiosos como uma criança em vez dos pesados, defensivos e até temerosos que eram em geral os dos adultos mortais. Jeanne Louise olhou à garota por um momento, notando a palidez de sua pele e a magreza de seu corpo. Parecia que uma simples tempestade de neve poderia levá-la e uma inalação lhe disse que não estava bem. Percebeu o forte aroma adocicado de enfermidade que vinha dela. Jeanne Louise viu que a menina estava morrendo, e achou o pensamento inquietante.


Os mortais morriam muito antes que os imortais, mas raramente tão jovens. Isto era uma tragédia. Toda esperança e promessa se apagariam antes que lhe fosse permitido dar seus frutos. Era uma abominação. -Olá- sussurrou Jeanne Louise, a palavra lhe saiu quase como um grasnido. Supôs que deveria ter bebido mais da água que seu captor lhe tinha oferecido antes. Como tinha prometido, ao que parece, não tinha sido drogada, e isso fazia mais fácil sua condição. Sem isso, agora estaria ressecada, fosse pelo dardo tranquilizante que lhe tinha disparado ou pelos esforços dos nanos de eliminar a droga de seu corpo o mais rápido possível. Jeanne Louise levou um momento para mover a língua em sua boca, produzindo saliva e engolindo para tentar aliviar a resequidão; depois voltou a tentar, -Olá. Quem é você? -Sou Olivia Jean Jones- disse a menina com solenidade, uma mão subindo para tocar nervosamente uma mecha de seu comprido e murcho cabelo loiro. -Mas todo mundo me chama de Livy. Jeanne Louise assentiu solenemente. Não era realmente necessário que a menina lhe dissesse seu nome. Ela já o tinha tirado de sua mente junto com o nome de seu pai, que também era o homem que a tinha sequestrado e acorrentado. Paul Jones. Deixando esse pouco de informação de lado no momento, rapidamente percorreu a mente da menina para ver se podia lhe ser de alguma utilidade para conseguir sua liberdade. Mas a menina não parecia saber sequer se havia uma chave para as correntes, e muito menos onde poderia estar. Decepcionada mas não terrivelmente surpresa ao saber disso, disse: -Olá Livy. Meu nome é Jeanne Louise Argeneau.


Os olhos da Olivia se abriram amplamente.

-É Jean como eu.

-Quase- disse Jeanne Louise com um sorriso.

Livy não questionou isso, mas anunciou, -Tenho cinco anos.

Quando Jeanne Louise se limitou a assentir, ela acrescentou formalmente, -E eu sempre sou educada com os mais velhos, sou agradável com todo mundo e… Fez uma pausa e franziu o cenho. -Bom, exceto pelo Jimmy, mas ele sempre me incomoda primeiro- disse à defensiva antes de seguir. -E não choro muito, exceto quando dói muito minha cabeça e não posso evitar isso. Mas eu tento, e tento não mentir porque isso é um pecado, e eu gosto das flores e dos cachorrinhos e… Livy fez uma pausa e se mordeu o lábio, depois perguntou, -Acha que Deus gosta de mim? Jeanne Louise ficou imóvel na cama com a pergunta e a preocupação atrás dela, e depois se meteu nos pensamentos da garota, procurando a fonte da mesma. Sua boca se apertou quando tocou a lembrança de uma cansada e mal-humorada mulher mais velha que advertia essa pequena menina doente que não veria sua mãe no céu se Deus não gostasse dela e que Ele não gostava de choronas. Jeanne Louise nem sequer duvidou; rapidamente aliviou os temores da menina, desvanecendo-os de sua mente enquanto dizia, -Acho que Ele te ama, Livy. -OH. A garota sorriu amplamente, sua preocupação voou longe sob sua influência. Espero que sim. Assim poderei ver mamãe. Jeanne Louise vacilou, sem saber como responder a isso, mas finalmente disse, Tenho certeza que a sua mamãe gostaria disso. Depois perguntou, -Então sua mãe está no céu?


Livy assentiu com a cabeça e se aproximou da cama. -Não lembro muito. Eu era pequena quando ela se foi com os anjos. Mas temos fotos. Era bonita e estava acostumada a cantar para me fazer dormir. Não lembro disso, mas papai diz que ela cantava. Jeanne Louise assentiu. - Tinha o cabelo loiro como você?

-Sim. A garota sorriu felizmente. -Tinha bonitos olhos azuis, e papai diz que tenho seu sorriso e que é o mais bonito do mundo. -Sem dúvida- disse Jeanne Louise solenemente. -É muito bonita.

-Você também é bastante bonita- disse Livy amavelmente, e de repente pareceu perceber o estado de Jeanne Louise. -Por que tem todas essas correntes prendendo você? -Estamos brincando de um jogo.

Jeanne Louise olhou bruscamente para o homem que tinha falado: seu captor, Paul Jones. Mais conhecido como Papai na mente de Livy, leu quando a garota sorriu para o homem. -Está acordado- disse Livy simplesmente.

-Sim. Mas você não deveria estar fora da cama- disse o homem solenemente, entrando para recolher à menina. -Fui ver você quando despertei, mas estava roncando, assim desci para procurar os livros de fotos- explicou a menina.


-Levei-os para meu escritório lá em cima- disse seu pai em voz baixa. -E não precisa dos álbuns de fotos. -Sim, preciso, papai. Me esqueci de como mamãe parece e tenho que lembrar, assim poderei reconhecê-la quando chegar ao céu- disse Livy preocupada. Paul se estremeceu ante suas cruas palavras, o terror e a dor em seu rosto durou um momento antes de substituir essas emoções por determinação e se girar bruscamente para levar sua filha para fora do quarto. -Levarei os álbuns para você depois que te pôr de novo na cama. Jeanne Louise o viu ir, concentrando-se na parte posterior da cabeça de Paul, enquanto tentava ignorar a inveja que se deslizava através dela. O vínculo entre o sequestrador e sua filha era um que nunca tinha chegado a desfrutar com seu próprio pai. Sua mãe tinha morrido quando ela era apenas um bebê, e as circunstâncias tinham obrigado a Armand Argeneau a deixá-la com sua tia Marguerite. Tinha sido um esforço para mantê-la a salvo, e agora ela entendia isso e apreciava. Mas não tinha sabido apreciar quando era menina. Tudo o que sabia era que enquanto sua tia a tinha banhado com amor e atenção, e seus irmãos, todos mais velhos que ela, tinhamna visitado e a tratavam com carinho e afeto, não teve esse amor de seus próprios pais. Sendo esse o caso, tinha sido a única coisa que ela mais desejava. Empurrando longe esses pensamentos, Jeanne Louise fechou seus olhos e se entregou ao que tinha aprendido. Livy estava morrendo de câncer. A palavra tinha estado na mente da menina, uma palavra que não entendia, salvo que significava enfermidade e dor em sua cabeça. Jeanne Louise só poderia especular que a menina tinha algum tipo de câncer cerebral, um tumor ou algo assim, embora não podia saber se esse era o problema principal ou se o câncer tinha começado em outra parte e se estendeu a seu cérebro. A única coisa que sabia era que a menina se resignou a "ir ao céu" e que o pai não o tinha feito.


Começou a suspeitar que Livy era a razão pela qual estava aqui. Paul Jones não queria nada para ele, queria que ela salvasse a sua filha. Isso era só uma conjetura. Jeanne Louise não tinha lido os pensamentos na mente do pai quando se foi. Não tinha lido nada. Embora o tivesse tentado. Tinha tentado penetrar em seus pensamentos não só para lê-lo, mas também também para tomar o controle como tinha planejado… e não tinha sido capaz de fazê-lo. Sua mente era uma parede em branco para ela. Jeanne Louise queria pensar que era o tranquilizante que continuava afetando-a, mas tinha sido capaz de ler a mente de Livy com bastante facilidade, inclusive com o possível câncer cerebral, o que poderia frequentemente dificultar fazer isso. Portanto estava bastante segura de que a droga que lhe tinha dado já não estava em seu sistema. O que significava que não podia ler Paul Jones. Deixando-a em um inferno de lugar, não só porque agora não podia simplesmente tomar o controle e fazer que a deixasse em liberdade. Essa já não era uma preocupação em sua mente. Não ser capaz de ler Paul significava que ele era possivelmente seu companheiro de vida. -Meu Deus- sussurrou, abrindo os olhos e olhando para o teto quando o termo reverberou através de sua cabeça. Um companheiro de vida. Alguém que não podia ler ou controlar e que não poderia lê-la nem controlá-la. Alguém com quem poderia relaxar e compartilhar sua vida, um oásis de paz e paixão neste mundo louco. Era algo que todo imortal queria, e era algo que Jeanne Louise tinha desejado desesperadamente a maior parte de sua vida. Em seus anos de adolescente tinha renunciado ao sonho de ter seus próprios pais amorosos e começou a fantasiar tendo algum dia um Companheiro de vida e a seus próprios filhos para banhá-los com todo o amor dos pais que não teve enquanto crescia. Tinha passado muitas horas imaginando como poderia ser seu Companheiro de vida, perguntando-se se teria o cabelo claro ou escuro. Seria de sua altura ou mais alto ou até mais baixo? Seria bonito e forte, com a mente de um cientista como ela ou


mais artística? Seria mortal ou imortal?

E agora sabia, ou acreditava que sabia. Se tivesse razão, Paul era seu Companheiro de vida. Certamente, não estava decepcionada quando se tratava de seu aspecto. E o fato de que ele estava, obviamente, interessado na ciência como ela a estava animando também… mas o homem a tinha sequestrado, o que na verdade não era uma boa maneira de começar um namoro quando pensava nisso. Jeanne Louise empurrou de lado esse assunto para pensar em outras considerações. O principal problema era que se ela tinha razão a respeito de seus motivos para levá-la, bom…transformá-lo simplesmente seria um problema. A cada imortal era permitida apenas uma transformação em toda sua vida. Utilizada geralmente para um Companheiro de vida. Ele. Não sua filha. É obvio, Jeanne Louise podia transformá-lo e ele poderia utilizar seu vez para salvar sua filha. Que era o que ele queria. Mas, e se ela o transformasse e Paul decisse que não estava disposto a ser seu Companheiro de vida? Embora o fato de que não pudesse lê-lo sugerisse que era seu possível Companheiro de vida, nada garantia que estaria disposto a ser dela. Paul provavelmente estaria de acordo com tudo neste momento, com objetivo de salvar sua filha, pensou Jeanne Louise, até passar uma eternidade com ela. Mas não queria que fosse dessa forma. Tinha que saber se realmente queria ser seu Companheiro de vida, e que não aceitava só pelo desespero de salvar Livy. Para que isso acontecesse, precisavam chegar a conhecer um ao outro. Era necessário para se assegurar de que lhes convinha. Precisavam de tempo, mas Jeanne Louise suspeitava que não tinham. Paul poria sua filha na cama, encontraria o álbum de fotos e talvez lhe daria de comer ou se sentaria com ela durante um momento, mas eventualmente voltaria aqui, diria-lhe que Livy estava morrendo e que ele precisava dela para salvar a menina.


Quando fizesse isso, Jeanne Louise teria que recusar, mas sem lhe oferecer nem sequer a esperança da solução alternativa de transformá-lo e que ele transformasse Livy até saber como se sentia sobre ela. Paul não ficaria feliz, o que não lhe daria muitas esperanças de êxito em cortejá-lo. Até poderia odiá-la por isso. Certamente, não gostaria. Suspirando, Jeanne Louise fechou os olhos de novo. Desejou escapar, fugir. Agora era um poço de esperanças por ter encontrado seu Companheiro de vida e de medo por não chegar a encontrar uma maneira de reclamá-lo.

-Tenho sede.

-Trarei uma bebida depois de te pôr de novo na cama- assegurou Paul a Livy, trocando-a de um braço para outro para poder fechar a porta do porão. -Não quero ir para cama, papai. Estou sozinha lá- queixou-se. -Posso mostrar as fotos de mami para Jeanne Louise? Paul não respondeu no começo. Não a levou diretamente à cama, mas a deixou em


uma cadeira na mesa da cozinha e se ocupou em lhe conseguir uma bebida. Livy não tinha feito muita coisa na semana passada, e tinha passado mais e mais tempo na cama. Tinha esperado que ficasse principalmente ali enquanto ele trabalhava em convencer Jeanne Louise para salvar a vida de Livy e de por consequência a sua. Mas na verdade, agora lhe ocorria que ela estaria mais de acordo em fazer o que queria se passasse um tempo com a menina e chegasse a conhecê-la. Ninguém podia passar mais que alguns minutos com sua Livy e não se apaixonar por ela, tinha certeza disso. Era uma menina linda, inteligente, tão doce e preciosa. Todo mundo deveria vê-la. Certamente não prejudicaria sua causa com Jeanne Louise conhecer a e amar à menina. Parecia um plano inteligente, e o interesse de Livy e o desejo de passar um tempo com Jeanne Louise só podia ajudar. Mas estava preocupado com sua filha. Ela tinha estado muito debilitada e apática ultimamente. Este repentino desejo de estar de pé era inesperado, e um pouco preocupante. Tinha ouvido falar de casos em que a morte trazia arrebatamentos repentinos de energia, fazendo a pessoa se sentir melhor antes do final e Paul temia que o tempo estivesse acabando. -Jeanne Louise é bonita, papai- anunciou Livy de repente quando lhe serviu um copo de suco de laranja. -Sim- assentiu ele distraidamente, mas isso lhe fez pensar na mulher acorrentada que estava no que costumava ser seu escritório no porão. Não era o que muita gente poderia classificar como linda. Seu rosto era um pouco redondo, mas seus olhos eram grandes e exóticos e quando sorria seu rosto se transformava. Percebeu isso nas poucas vezes em que a tinha visto sorrir nas Empresas Argeneau. Em muito raras vezes. Provavelmente a tinha visto umas mil vezes na cafeteria durante os últimos anos, mas suspeitava que ela nem sequer o tivesse notado. Parecia principalmente


distraída e franzia o cenho para suas notas enquanto comia. Mas de vez em quando alguém se reunia com ela, seja um de seus colegas de trabalho ou um dos membros de sua família, e ela sorria em sinal de boas-vindas, seu rosto se iluminava como uma árvore de Natal. Esse sorriso sempre tinha fascinado Paul. A forma em que a transformava instantaneamente, de aspecto sério, a uma mulher de uma beleza inesperada. Isso lhe fez pensar que deveria sorrir mais, que ele gostaria de ver mais seu sorriso e fazê-la sorrir mais. Mas nunca tinha tido nenhuma desculpa para se aproximar dela. E em seu coração se havia sentido infiel, inclusive por desejar isso. Não estava há muito tempo viúvo quando começou a trabalhar na Empresas Argeneau. Jerri acabava de morrer, fazia pouco mais de um mês antes disso, atropelada por um motorista bêbado quando voltava do trabalho. Tinha deixado Paul sozinho, solitário e fazendo malabares entre o trabalho e ser um pai solteiro. E então, quando finalmente havia sentido que tinha terminado com seu duelo e que dominava o fato de ser um pai solteiro, havia planejando tirar férias quando completasse três anos. Seria uma excursão pela Europa para ele e Livy durante suas férias de verão. Não tinha tido férias os últimos dois anos e tinha conseguido com um pouco de persuasão que seu supervisor lhe desse dois meses e… E Livy tinha adoecido. Esteve tendo dores de cabeça durante o último mês de escola mais ou menos. Levou-a a médico para consultar uma semana antes de sua viagem, só para se assegurar de que tudo estava bem. Paul não esperava que nada estivesse realmente ruim. Tinha pensado que talvez estivesse desidratada. Isso poderia lhe causar dores de cabeça, e era verão, quente e suarento. O médico concordou que provavelmente esse fosse o caso e tinha feito uma série de exames de sangue. Na quinta-feira antes da viagem, pediu-lhe que levasse Livy para outro exame. Isso tinha sido um pouco preocupante, mas lhe tinha assegurado que era apenas por precaução. Então Paul pensou em levá-la durante o dia. No dia seguinte, na sexta-feira antes que saíssem de viagem, seu mundo caiu a seu redor.


Paul estava em seu carro no estacionamento das Empresas Argeneau depois de sua última noite de trabalho. Assobiava alegremente ante a idéia de mostrar a Livy os castelos ingleses e de provar a comida francesa quando seu celular tocou. Reconhecendo o nome do médico na tela de seu celular, atendeu enquanto saía do estacionamento. O médico tinha o saudado solenemente e anunciou que já tinha os resultados de todos os exames e que devia ir a seu escritório imediatamente. Paul havia sentido o frio da verdadeira preocupação então. Eram as 7:30 da manhã. Tinha contratado a senhora Stuart para cuidar de Livy enquanto dormia, e tinha trabalhado no turno da noite desde a morte de Jerri para poder estar em casa e tomar o café da manhã com ela e para estar disponível durante o dia se por acaso ela precisasse. E também significava que se estivesse doente e tivesse que ficar em casa na hora da escola, estaria ali para ela. Cansado, mas ali. Em geral, dormia enquanto ela estava na escola e despertava quando ela chegava em casa à tarde. O médico conhecia seu turno e sabia que acabava de sair do trabalho e que podia ir a seu consultório a caminho de casa. O que lhe preocupava era que o quisesse ali tão cedo. Dez minutos mais tarde, sentou-se em seu escritório e estava completamente intumescido quando lhe disse que sua filha tinha um tumor cerebral. A posição e o tamanho faziam com que tentar operar fosse muito perigoso. O mais provável era que morresse na operação. A quimioterapia poderia reduzir seu tamanho, mas não era provável. Era um dos tipos mais agressivos e tinha crescido duas vezes seu tamanho entre a primeira bateria de exames e a segunda que tinham feito para comprovar uma semana mais tarde. Paul tinha escutado com a mente em branco, seu cérebro não podia, ou não queria, processar a informação. Não havia dúvida de que ficou em estado de shock, e o médico havia dito que fosse para casa e que pensasse no que sentia que era melhor


para Livy.

Se escolhesse a operação, teriam que fazê-lo imediatamente. Se quisesse tentar primeiro com a quimioterapia para reduzir o tamanho, também deveria ser imediatamente. Mas obviamente não tinha muitas esperanças de poder ajudar à menina. Paul chegou em casa, cancelou os vôos e as reservas de suas viagens e se sentou sozinho na casa vazia durante todo o dia, seu cérebro dando voltas. Operação. Ela poderia morrer na mesa. Quimioterapia. Provavelmente não funcionaria e não seria justo que a menina sofresse. O resultado final, de qualquer maneira, parecia ser sua morte antes de seu sexto aniversário. A questão era: se sofria fortes dores de cabeça e não recebia tratamento, se sofria fortes dores de cabeça e a miséria da quimioterapia em além disso, ou se morria abruptamente na operação. Nenhuma delas tinha sido aceitável para Paul. Tinha visto sua esposa morrer lentamente depois do acidente de carro, um órgão falhando após o outro. Simplesmente não podia fazê-lo outra vez com Livy. Negava-se a perdê-la. Os pensamentos de Paul correram em círculos de pânico dentro de sua cabeça todo o dia enquanto esperava que Livy voltasse para casa de seu último dia de aula. E então a resposta tinha vindo a ele, clara e singela. Se Livy fosse imortal nunca adoeceria, nunca morreria. Paul trabalhava no desenvolvimento de fármacos nas Empresas Argeneau. Seu trabalho consistia em ajudar a produzir os mais forte e melhores tranquilizantes que ajudassem os Executores a capturar e trazer os imortais Renegados. Para fazer seu trabalho corretamente, tinha tido que ser posto no círculo dos que sabiam destas incríveis criaturas, humanos imortalizados pela bio-engenharia nano programada para mantê-los em sua melhor condição. Os nanos atacavam a tudo o que ameaçava a


seu anfitrião: resfriados, gripes, enfermidades… câncer. Também reparavam lesões e transbordavam o dano causado pelo envelhecimento. Os nanos utilizavam sangue para se reproduzir e se mover, assim como para fazer as reparações. Mais sangue do que um corpo humano podia produzir, o que significava que o imortal tinha que ingerir sangue de uma fonte externa. Os mortais. Haviam lhe dito que em Atlântida, onde aparentemente estes nanos foram desenvolvidos há milhares de anos, os beneficiários dos nanos recebiam transfusões de sangue para satisfazer esta necessidade. Mas quando Atlântida caiu, os anfitriões, únicos superviventes da catástrofe, tinham atravessado as montanhas e se uniram ao resto do mundo, encontrando-se em um mundo muito menos desenvolvido no qual as transfusões de sangue e os nanos nem sequer eram um sonho. Os anfitriões tinham começado a murchar e morrer sem as transfusões, e os nanos, em resposta, tinham forçado uma evolução, lhes dando presas retráteis, uma melhor visão noturna, e muita mais força e velocidade que os fariam os melhores predadores, capazes de obter o sangue que necessitavam. Viram-se obrigados a caçar e se alimentar de seus vizinhos e amigos para sobreviver. Ao menos, até o desenvolvimento dos bancos de sangue. Tinham-lhe assegurado que agora a maioria bebia sangue embolsado. Era menos perigoso e havia menos probabilidades de que notassem sua presença entre os mortais, o que era sua preocupação primária. Se os mortais soubessem deles, os imortais, ou seriam perseguidos e assassinados por medo, ou capturados e presos para experiências. Muitos mortais quereriam adquirir o conhecimento por trás dos nanos para si mesmos. Ao menos, isso era o que temiam os imortais. Paul suspeitava que o medo fosse justificado. Antes de ser contratado, e por causa deste segredo, Paul tinha sido submetido a rigorosas provas psicológicas e várias entrevistas destinadas a medir a quantidade de ameaça que poderia gerar se ele soubesse o segredo. Uma vez que averiguaram que


ele podia lidar com a informação sem querer utilizá-la contra eles e que não lhes teria medo indevido, foi submetido a uma sessão de informação. Então, tinham-lhe dado extenso assessoramento e provas para se assegurar de que estava lidando bem com tudo o que tinha aprendido. Paul tinha entendido suas preocupações, mas não tinha tinha o desejo de fofocar a respeito do que tinha aprendido. Em primeiro lugar, era mais que provável que pensassem que estava louco, e, em segundo lugar, toda a coisa lhe tinha fascinado. Tinha querido saber mais, e tinha aprendido tanto como pôde nos últimos anos trabalhando nas Empresas Argeneau. Havia muito que ele não sabia, é obvio. Paul suspeitava que guardavam grande quantidade de informação sobre sua espécie. Realmente tiria gostado de estudar os nanos em si mesmos, mas não era necessário para seu trabalho, então não lhe era permitido. Não tinha necessidade de estudar os nanos para desenvolver novos, melhores e mais fortes tranquilizantes e testes sobre os imortais que se ofereciam para ser suas cobaias. Paul tinha tentado dizer a eles que realmente deveriam estudar os nanos para se assegurar de que não tinham criado nada que pudesse matar a um dos seus. Entretanto, a resposta tinha sido divertida, “nenhum fármaco criado mataria a um ser imortal”. É obvio, essa era a única razão pela qual agora tinha Jeanne Louise presa em seu porão. Se ele tivesse tido acesso aos nanos no trabalho, nunca teria tido que sequestrá-la. Em vez disso, teria tentado roubar os nanos do laboratório.

Paul tiria preferido isso. Normalmente não é o tipo de pessoa que sequestra gente para conseguir que façam o que ele quer, mas estava desesperado. Esta era sua Livy. Seu pequeno anjo. A menina de seus olhos. Ela era a única razão que teve para


continuar vivendo nos últimos dois anos desde que sua mãe tinha morrido. Não podia perdê-la também. -Posso beber mais?

Paul piscou e viu Livy estender copo vazio de suco de laranja. A visão lhe fez sorrir. Ela tinha as bochechas com um pouco de cor e parecia feliz e livre da dor no momento. Era um contraste intolerável com o rosto cinza que tinha encontrado na menina ao voltar para casa. Mas claro, tinha estado preocupada com o que a senhora Stuart lhe havia dito a respeito de que Deus não gostava dos chorões e que não a deixaria ver sua mãe no céu. Parecia como se agora tivesse esquecido tudo isso. Estava contente de que o tivesse feito, e esperava que não se lembrasse de novo. -É obvio- murmurou Paul e pegou seu copo para colocar mais suco nele. Quando o devolveu, perguntou-lhe, -Acha que poderia comer algo agora? Livy inclinou a cabeça e examinou a questão. Paul estava seguro de que estava a ponto de dizer que não, como de costume, mas logo perguntou, -Podemos fazer um picnic ao ar livre com Jeanne Louise? Isso seria divertido. E posso lhe mostrar as fotos de mamãe. Paul se aquietou ante a sugestão, rapidamente analisando suas opções. Queria que Livy comesse e esta era a primeira vez que tinha mostrado algum interesse pela comida em dias. Também queria que Jeanne Louise conhecesse a pequena. Certamente, uma vez que soubesse quão linda e doce era, não poderia se negar a lhe ajudar. Entretanto, seria difícil ter um picnic com a mulher acorrentada, e não se atrevia a liberá-la. Além disso, estava preocupado de que dissesse algo a Livy sobre o fato de que estava ali contra sua vontade. -Direi o que vamos fazer- disse finalmente, pondo o suco longe. -Perguntarei a ela se gostaria de fazer um picnic conosco e se quiser, vamos nos reunir no piso de baixo.


De acordo?

-Está bem- disse Livy feliz.

Assentindo com a cabeça, dirigiu-se para a porta do porão e adicionou, -Fique aí e beba seu suco de laranja. Volto logo. -Está bem- repetiu Livy enquanto se dirigia para as escadas.

Ao soltá-la, a porta se fechou atrás dele imediatamente e Paul se moveu lentamente pelas escadas, tentando pensar na melhor maneira de convencer Jeanne Louise a fazer um picnic e de que não mencionasse nada sobre o sequestro. A única coisa que lhe ocorria era pedir. Paul não era tão orgulhoso para não suplicar por sua filha. Faria isso e muito mais por Livy, e suspeitava que teria que fazer bastante mais até que esta situação se resolvesse. Fazendo uma careta, aproximou-se de seu escritório e se surpreendeu ao ver que tinha esquecido de fechar a porta quando o tinha mostrado a Livy com antecedência. O escritório era a prova de som, mas só funcionava se a porta estivesse fechada. Era uma das coisas que tinha preparado durante o mês passado, quando tinha maquinado seu plano. Tinha mudado seu escritório para o porão porque não tinha janelas, tinha feito o revestimento a prova de som e depois tinha levado até lá a cama de hospital que tinha comprado enquanto sua esposa, Jerri, esteve doente. Não quis que morresse em um frio e estéril hospital. Tinha passado as duas últimas semanas de sua vida nessa cama, em sua casa, com uma enfermeira e sua vida consumindo-se com o passar do tempo. Paul também tinha comprado correntes e tinha começado a coletar seu próprio sangue a cada dia para ter um fornecimento para Jeanne Louise enquanto estivesse ali. E enquanto tinha feito isso, planejou e replanejou quando e como seria melhor


executar o planejado.

Poderia tê-la sequestrado e a prendido aqui muito antes se simplesmente tivesse roubado um banco de sangue, em vez de fazer um estoque de seu próprio sangue, mas Paul não era ladrão e os bancos de sangue já eram escassos. Sua consciência não seria capaz de lutar com o roubo de um banco de sangue e correr o risco de que alguém morresse por causa disso. Estava tudo bem, entretanto. O tempo de espera tinha dado a oportunidade de planejar adequadamente seu sequestro. Tinha pensado em vários planos nesse último mês, mas já tinha decidido qual seria o melhor. Jeanne Louise parecia estar adormecida quando Paul se aproximou da porta, mas seus olhos se abriram quase imediatamente; olhou-o solenemente e anunciou, -Sim, irei ao picnic. Seus olhos se abriram com incredulidade.

-Como...?

-Escutei o que Livy te perguntou- interrompeu ela com suavidade. -Temos uma audição excepcional. -OH. Paul a olhou inexpresivamente. Ele sabia que eram mais fortes e mais rápidos, mas não se deu conta de que sua audição também era melhorada. -O que mais os nanos fizeram por você? Jeanne Louise se encolheu de ombros. Os mortais que trabalhavam em I e D eram informados sobre os imortais. Ele sabia a respeito de sua visão noturna, sua velocidade e força superior, etc. O que não sabia era que eram capazes de ler a mente dos mortais e inclusive controlá-los. Essas habilidades tinham sido necessárias quando se alimentavam dos seres humanos e caçavam. Assim se deslizavam em seus


pensamentos e os mantinham em seu lugar, garantindo que durante esse tempo não sofressem dor e fossem melhor tratados. Podiam lhes fazer acreditar que as pequenas marcas deixadas eram por um acidente com uma tesoura ou algo parecido. Entretanto, Paul não tinha porque saber disto. Para evitar que fizesse as perguntas que podia ver formando redemoinhos em seus olhos, ela disse, -Vai ter que me tirar a maioria destas correntes. Não posso comer assim. Uma ao redor de meu tornozelo deveria ser suficiente para poder ter um picnic. Pode me colocar as demais quando retornar. A incerteza se apoderou imediatamente da expressão de Paul e então ele perguntou com cautela, -Você é mais forte. Como saberei que não pode simplesmente se livrar de uma corrente? -Não posso simplesmente rompê-la como um fio- assegurou ela. -Precisaria me esforçar mais do que dando um simples puxão. Embora você não possa ter certeza e eu poderia estar mentindo. Mas se mantiver sua pistola de tranquilizantes com você não deveria haver nenhum problema, certo? -assinalou ela em voz baixa. Seus olhos se estreitaram com uma combinação de confusão e suspeitas. -Está dizendo que não tentará escapar? -Posso fazer algo melhor que isso. Prometo que não tentarei escapar. Ao menos, não até que tenha escutado essa sua proposta- disse Jeanne Louise solenemente. Os olhos de Paul se estreitaram. -Por que?

Jeanne Louise hesitou. Não podia simplesmente lhe dizer que era porque ele era seu possível Companheiro de vida e esperava poder reclamá-lo. Ao final, disse, -Porque eu gosto de Livy.


Era o que devia dizer para que lhe acreditasse. Relaxou-se imediatamente, com um pequeno sorriso curvando seus lábios. -Todo mundo gosta de Livy. É adorável, inteligente e divertida. Faz que o mundo seja um lugar melhor. Jeanne Louise ficou em silêncio. O homem amava sua filha. Se ela não tivesse percebido isso ainda, a maneira em que seu rosto e seus olhos se suavizaram ao falar dela o teriam demonstrado. -É isso. Ele sorriu, parecendo mais relaxado do que tinha estado desde que acordou e o viu de pé sobre ela. -Vou preparar um picnic e descerei para te buscar. Podemos fazê-lo lá fora. É um lindo dia ensolarado. Livy vai gostar de ...- piscou e fez uma pausa, repentinamente franzindo seus lábios. -OH. Esqueci, você não pode... -Posso sair à luz do dia, mas vou ter que me sentar na sombra- disse ela rapidamente.

-Sério? Imediatamente sua expressão voltou a se encher de curiosidade. -A maioria dos imortais trabalham de noite. Pensei que tudo era para evitar a luz do sol. -Temos que evitá-lo para não ter que tomar mais sangue, mas podemos sair à luz do dia- disse Jeanne Louise solenemente. Paul assentiu e ela pôde ver um milhão de perguntas nadando em seus olhos, mas ao final, limitou-se a dizer, -Tem que me dizer mais durante nosso picnic. Irei pegar sanduíches e outras coisas para nós. Você gosta de presunto, queijo e maionese, certo? Jeanne Louise piscou ante a pergunta. Era seu favorito, mas não tinha nem idéia de como ele sabia. -É o que costuma pedir na cafeteria para sua primeira refeição- explicou ele e ela se relaxou. O homem obviamente tinha prestado atenção aos detalhes, enquanto


planejava este sequestro.

-Sim, eu gosto de presunto, queijo e maionese- concordou em voz baixa.

Assentindo, Paul se girou para a porta. -Serei tão rápido quanto posso.

Jeanne Louise o olhou até que o perdeu de vista, então se relaxou e fechou os olhos de novo. Isto era bom. Um picnic ao ar livre. Suspeitava que ele queria que chegasse a conhecer Livy, com a esperança de que estivesse mais de acordo com a idéia de converter à garota, mas isto também lhes daria uma oportunidade de chegar a se conhecerem melhor em um aspecto mais natural. Também seria capaz de ver se havia outros sintomas de Companheiro de vida ali. Ou talvez não, pensou com o cenho franzido.

Não ser capaz de ler um mortal ou imortal era só um dos sinais de Companheiro de vida. O ressurgimento do apetite era outro. Muitos imortais deixavam de se incomodar com os alimentos depois dos primeiros cem anos mais ou menos, mas Jeanne Louise tinha apenas 102 anos de idade. Continuava comendo e na maioria das vezes ainda desfrutava da comida, apesar de que tinha notado que ultimamente não parecia tão saborosa como costumava ser. Por isso ficou tão surpresa quando a comida que lhe tinha oferecido aqui tinha um cheiro e um sabor tão delicioso. Entretanto, poderia ser simplesmente um bom cozinheiro. As cafeterias não eram conhecidas por ter comida saborosa e ali era aonde ela estava acostumada comer seus cafés da manhã. Também havia outros apetites despertando em um imortal quando encontravam seu Companheiro de vida. Sexo, por exemplo, mas isso ainda não tinha começado a decair para Jeanne Louise, assim não estava segura sobre isso. De fato, tinha saído casualmente com um doce e inteligente mortal perito na área. Tão assim, que quase nunca o controlava para animá-lo a fazer as coisas que gostava. Era algo que lhe


desgostava fazer para começar, mas às vezes não podia resistir no calor do momento.

Para falar a verdade, Jeanne Louise não estava segura de que passar tempo com Paul realmente lhe ajudasse a averiguar se ele era seu Companheiro de vida. Mas não seria ruim também, supôs, e se perguntou quanto tempo ele levaria para preparar o picnic e voltar para buscá-la. Seria bom sair dessa condenada cama e ir até a rua para tomar um ar fresco. Supunha que era meio-dia ou, talvez, meia tarde. Duvidava que alguém percebesse que estava ausente e tinha que se perguntar quão logo o notariam e o que aconteceria depois. Jeanne Louise tinha esta noite um encontro com seu mortal, o qual evidentemente perderia. Mas além de se incomodar e deixar mensagens desagradáveis em sua secretária eletrônica, provavelmente não faria muito. Ela mantinha seus encontros distantes do resto de sua vida, então não era como se ele fosse chamar sua melhor amiga, Mirabeau, ou seus irmãos, ou seu pai para averiguar porque ela não tinha aparecido. Quando outra pessoa o descobrisse… Sorriu com ironia, sabendo que poderia ser a noite de domingo, quando não se apresentasse para trabalhar, quando sua ausência seria notada. Não é que levasse uma existência solitária. Seu pai frequentemente ligava ou a visitava nos fins de semana, assim como seus irmãos. Ao menos, seu irmão mais velho, Nicholas, e sua esposa, Jo, frequentemente a visitavam. Thomas a visitava muito menos agora que morava na Inglaterra com sua Inez. Embora quando ligou para ela na semana passada, Thomas havia dito que Bastien estava trabalhando na transferência de Inez para o escritório de Toronto de modo que estaria mais perto de sua família. Depois havia seu amiga Mirabeau, sua prima Lissianna, sua tia Marguerite e Rachel, sua prima e esposa de Etienne. Tornaram-se boas amigas depois de seu casamento. Qualquer uma das mulheres poderia ligar.


Entretanto, provavelmente não se preocupariam com ela durante dois dias, o que poderia ser algo bom. Isso lhe daria tempo para tentar descobrir se Paul era seu Companheiro de vida e para resolver o que fazer a respeito caso ele fosse.

Capítulo 3

-E essas somos mamãe e eu em um picnic familiar. Eu tinha três anos.

Jeanne Louise sorriu ligeiramente ante a imagem que Livy estava mostrando. A menina tinha sido um adorável querubim com três anos. Sua mãe também tinha sido uma beleza. Alta, loira, com olhos azul céu, um sorriso bonito e um corpo perfeito. Isso foi suficiente para deixar Jeanne Louise chateada. Ela não era alta, não se considerava bonita, e não tinha um corpo perfeito. Ao menos não em comparação com sua prima Lissianna, ela a considerava bonita. Os lábios do Jeanne Louise eram um pouco mais magros, com olhos grandes, mas em forma de amêndoa, e seu rosto tendia a ser redondo em lugar de ovalado. Também era mais baixa e com menos peito. Não acreditava que pudesse competir com a perfeição da primeira esposa de Paul, especialmente quando essa perfeição era um fantasma cuja beleza nunca se murcharia em sua memória. -Já está bem de fotos por agora, Livy- disse Paul com suavidade. -Deixe o álbum de lado e coma seu sanduíche, por favor. -Mas não quero- disse Livy com tristeza. -Não tem bom sabor.

-Mas é de atum, seu favorito- disse Paul com o cenho franzido.


-Sei, mas seu sabor é estranho- disse Livy tristemente e acrescentou em tom de lástima, -Tudo tem sabor estranho agora. Ao ver a profunda preocupação no rosto de Paul, Jeanne Louise disse brandamente: Talvez seu gosto tenha mudado. Todo mundo muda de gosto. Tome, prove este. Ela pegou a metade de seu próprio sanduíche e o pôs diante da garota. -É de presunto e queijo. É meu favorito e seu pai pôs a quantidade certa de maionese. Nem muito, nem pouco. É perfeito. Quando a menina hesitou, Jeanne Louise se deslizou em seus pensamentos para animá-la e depois ficou ali, assegurando-se de que desse uma mordida, mastigasse e realmente desfrutasse da comida. A menina era só osso, tinha que comer para aumentar sua força. A mudança era um ataque severo ao corpo. Livy tinha que estar forte para sobreviver. . . se mudasse. -E então? -perguntou Jeanne Louise quando Livy engoliu, sorriu e deu outra mordida.

Livy assentiu com a cabeça, muito ocupada mastigando para responder.

-Graças a Deus -murmurou Paul, e as palavras saíram com um profundo suspiro de seus lábios. Jeanne Louise simplesmente lhe sorriu, concentrando-se em assegurar que Livy continuasse desfrutando e comendo seu sanduíche. Quando a menina terminou a primeira metade, Jeanne Louise sem dizer uma palavra lhe passou a segunda metade e continuou fazendo com que comesse. -Tome.


Jeanne Louise deu uma olhada em Paul para lhe ver segurqando um segundo sanduíche da cesta de picnic que tinha preparado antes. Não tinha demorado muito para preparar o picnic. Depois ele tinha voltado para o porão e a tinha desacorrentado com cuidado e conduzido para fora até um pequeno caramanchão no centro do pátio. Tinha utilizado duas correntes para prender um tornozelo ao poste do caramanchão. Paul então a cobriu com uma manta leve para ocultá-las. Depois de uma hesitação, lhe tinha assegurado que estaria de volta e se dirigiu para a casa. Jeanne Louise não teve que ler sua mente para saber que estava preocupado de que ela pudesse escapar enquanto ele não estava. Mas ela nem sequer tinha tentado. Tinha permanecido onde estava, ignorando a maneira com que ele não deixava de olhar por cima do ombro, depois olhando pela janela da cozinha quando tinha recolhido a cesta do picnic e Livy antes de sair. O alívio em seu rosto quando voltou encontrando-a sentada tranquilamente onde a tinha deixado a tinha feito quase sorrir, mas ela se controlou e voltou sua atenção a Livy quando a menina tinha começado a lhe mostrar as fotos de sua querida mãe morta. -Obrigada- disse Jeanne Louise tranquilamente enquanto aceitava sua oferta. Rapidamente desembrulhou o sanduíche e deu uma mordida ausente enquanto se concentrava em Livy. Mas a explosão de sabor em sua boca a fez piscar e seus esforços em Livy gaguejaram um pouco. -Está ruim- perguntou Paul, parando de desembrulhar seu próprio sanduíche.

-Não- disse ela rapidamente, voltando sua atenção a Livy. -Está bom.


Ela captou seu sorriso com a extremidade do olho e sabia que queria assinalar que havia dito a Livy que o sanduíche era perfeito sem nem sequer prová-lo primeiro, mas mordeu a língua. Provavelmente se a assustasse a menina deixaria de comer, pensou com ironia Jeanne Louise enquanto animava Livy para que terminasse o último pedaço de seu sanduíche. -Trouxe batatas fritas também- anunciou Paul, deixando seu próprio sanduíche de lado para pegar dois sacos de batatas fritas da cesta de picnic, -Com sabor de churrasaco e cebola. Vi você comer dos dois tipos, mas não tinha certeza de qual era seu favorito. -Ambos são- admitiu Jeanne Louise com um leve sorriso. -Às vezes prefiro churrasco e outras vezes cebola. Só depende de meu estado de ânimo. - E qual prefere hoje? -perguntou ele, arqueando uma sobrancelha.

-Churrasco- decidiu.

-E isso significa que está em qual estado de ânimo? -perguntou Paul com interesse.

-Com humor para o picante? Sugeriu Jeanne Louise distraidamente, pois sua atenção ainda estava centrada em Livy. -Hmmm- murmurou, e ela ouviu o sussurro ao tempo em que abria as batatas fritas.

Livy terminou seu último pedaço e Jeanne Louise se manteve em seus pensamentos durante um momento para garantir que o estômago da menina não se rebelasse ao estar tão cheio, e que tudo corresse bem, depois a soltou para voltar sua atenção a sua própria comida.


Seus olhos se aumentaram quando viu a pequena montanha de batatas fritas no prato ao lado do sanduíche que tinha desembrulhado. -Obrigada- murmurou ela e pegou uma batata para fazê-la estalar em sua boca. A explosão de sabor em sua língua desta vez fez com que seus olhos se fechassem. Meu Deus, tinha esquecido quão boas eram. Ou talvez simplesmente não tinha provado umas tão boas durante um tempo. Seu sabor foi se deteriorando, deu-se conta Jeanne Louise. Mas estava definitivamente voltando. Esse pensamento lhe fez abrir os olhos de novo e olhar a Paul. Então sem dúvida era um possível companheiro de vida para ela. Não sabia se ficava alegre ou consternada. Isto não ia ser fácil de qualquer maneira que olhasse. As probabilidades certamente estavam todas contra ela e perderia Paul se não resolvesse isso. Ao perceber que Paul a estava olhando interrogante, obrigou-se a mastigar e engolir a batata em sua boca e depois pegou seu sanduíche. -Não senhora- disse Paul de repente, e Jeanne Louise deu uma olhada percebendo que estava falando com Livy. A menina tinha pego seu álbum de fotos de novo e se aproximava de Jeanne Louise com ele. -Deixe Jeanne Louise comer primeiro. -Mas… Livy começou em sinal de protesto.

-Por que não deixa o Boomer sair da garagem? Interrompeu-a Paul. -Coloquei ele ali enquanto a senhora Stuart estava aqui e me esqueci de deixar sair de novo quando cheguei. É provável que esteja louco para correr pelo pátio. Livy ficou em pé e saltou para a casa ao mesmo tempo. Jeanne Louise a viu se afastar com um sorriso e depois olhou para Paul com uma sobrancelha levantada. -Boomer?


-Um Shih-tzu- disse com um leve sorriso. -Comprei para o Livy quando Jer… sua mãe morreu. Ela tinha três anos. Pouco depois da última foto que te mostrou. Livy falava “boom boom” enquanto ela o perseguia a noite para o trazer para casa, então o chamei de Boomer. Jeanne Louise sorriu ante as palavras, e então deu um grito afogado sobressaltada quando uma pequena bola peluda se equilibrou sobre ela, surpreendendo-a e caindo para trás no chão do caramanchão. A bola de pêlo continuou, caindo sobre seu peito com as patas dianteiras em seu queixo e lambendo seu rosto como um louco com sua língua rosa. -Ele gosta de você! Sabia que gostaria! Chiou Livy com deleite e Jeanne Louise pôsse a rir, e depois rapidamente se interrompeu e fechou a boca quando o cão dirigiu imediatamente sua atenção para lá. -Boomer! -disse Paul com voz que ela suspeitava que iria ser firme. Entretanto, o efeito foi destruído em parte por sua risada. Ao ver que dependia dela, agarrou o pequeno corpo que se retorcia em suas mãos e lhe acalmou com suavidade sobre seu colo enquanto se sentava de novo. Boomer não estava gostando nada disso, e continuava tentando se retorcer para sair de seu agarre, até lamber seu rosto outra vez. Era vagamente consciente de que Paul ficou de pé e saiu, mas voltou rapidamente e agitou uma pequena bola rosa diante da cara do cão. -Pega- disse Paul, e depois jogou a bola.

Jeanne Louise instintivamente soltou o animal quando foi atrás dela.

-Sinto muito- disse Paul com ironia e lhe entregou um guardanapo. -É uma pequena coisa carinhosa.


Jeanne Louise sorriu ante as palavras e rapidamente limpou o rosto, e depois procurou a seu redor por seu sanduíche, aliviada ao ver que continuava onde o tinha deixado a seu lado, intocado pela chegada de Boomer. Agarrou-o, com seu olhar procurando Boomer e Livy e viu que a menina estava lançando a bola para o cão e o acariciando quando a trazia de volta. -Livy não esteve tão animada durante muito tempo. Não comeu muito ou nada na última semana mais ou menos- disse Paul em voz baixa, olhando a sua filha jogar. A jovem não estava exatamente saltando, ela simplesmente estava de pé e lançando a bola, mas Jeanne Louise não se surpreendeu ao escutar que isto era estar ativa para a menina. Se Livy não tinha vontade de comer, era normal que não tivesse energia para jogar. Tinham que fazê-la comer mais. -Ela gosta de você.

Jeanne Louise olhou para Paul ante esse comentário e observou a forma em que a olhava. A metade intrigado e a metade calculista. Lembrou da proposta que lhe tinha dito. Encolheu-se de ombros, pegou a metade de seu sanduíche e o levou a boca, dizendo: -Gosto dela também- antes de comer um pedaço. Era a verdade. Gostava de Livy. A menina era doce, carinhosa e bonita como uma boneca, ou seria uma vez que tivesse engordado um pouco e parecesse menos cansada. -Isso é bom- disse Paul seriamente, seus olhos caíram de novo em sua filha enquanto lançava a bola para Boomer e riu de novo quando o cão saiu correndo pelo pátio atrás dela. Era um grande pátio com um muro de privacidade de três metros feito do que parecia ser tijolo de cor rosa por todo caminho ao redor, o que lhe impedia de adivinhar onde estavam. Ela não podia ouvir nenhum som do outro lado do muro que pudesse lhe dizer algo. Pelo que sabia poderia estar fora do país ou exatamente na sua cidade.


-Por que o muro? -perguntou Jeanne Louise em vez de perguntar onde estavam.

-Eu gosto de tomar sol nu.

A resposta a pegou de surpresa, Jeanne Louise engasgou com o pedaço de sanduíche que acabava de comer e Paul se pôs a rir e rapidamente golpeou suas costas para ajudá-la a tirá-lo. -Sinto muito, não pude resistir- disse Paul com um sorriso quando ela recuperou o controle de si mesma, e adicionou: -Não estamos muito longe da estrada e o muro bloqueia o som. Além disso, Livy é pequena, e não queria me preocupar com ela brincando no pátio traseiro com Boomer. Jeanne Louise assentiu com a cabeça, mas evitou olhá-lo. Ela sabia que estava de cor vermelha brilhante. Além disso, se o olhasse suspeitava que o imaginaria nu. Se fosse sincera consigo mesma, já o estava imaginando, e não estava ajudando com seu rubor, por isso olhou fixamente seu prato e comeu seu sanduíche, um pedaço de cada vez. Entretanto isso não ajudou muito a eliminar a imagem dele nu de sua mente. Maldito homem. -Quanto tempo faz que trabalha para as Empresas Argeneau? -perguntou Jeanne Louise enquanto terminava a última parte do sanduíche. Parecia um bonito, seguro e não-pelado tema. -Dois anos e quatro meses agora- respondeu Paul, com seu olhar ainda em sua filha. Comecei a trabalhar lá um pouco mais de um mês depois que a mãe de Livy morreu. Jeanne Louise assentiu. -Como ela morreu?


-Estava dirigindo para casa de volta do trabalho na semana antes do Natal, quando um motorista bêbado a jogou para for a da estrada. Chocou-se contra um poste de telefone. Sobreviveu algumas semanas, quase até o Ano Novo, mas… Ele deixou escapar o fôlego em um suspiro e se encolheu de ombros com tristeza. Jeanne Louise ficou em silêncio durante um momento, mas depois desviou a conversa para longe de sua bela esposa perguntando: -Então Livy tem quase seis anos? -Fará seis anos daqui a seis meses- murmurou Paul.

Tinha visto sua esposa morrer durante duas semanas, e agora estava começando a ver sua linda filha ir também, pensou Jeanne Louise solenemente, e podia compreender o desespero que lhe tinha levado a sequestrar um imortal. Bom, se ela estava certa a respeito de seu motivo para seu sequestro, e estava muito, muito segura de que tinha razão, a única pergunta que restava era… -Por que eu? Ele a olhou surpreso. -Por que você o que?

-Por que me sequestrou? Explicou Jeanne Louise. -Há um monte de imortais que trabalham nas Empresas Argeneau. Por que eu? Franziu o cenho, olhando a sua filha brevemente, e depois admitiu: -Não sei. Eu só… Ele negou com a cabeça impotente e depois lhe deu uma olhada perplexo. -É a primeira pessoa que me vem à mente quando eu… Jeanne Louise o olhou por um momento, mas ele não terminou essa idéia. Ela terminou por ele em sua mente, -Quando decidi que precisava de um imortal para salvar a minha filha. Ele não estava disposto a admitir ainda. Não havia dúvida de que queria estar seguro de que realmente, de verdade, gostasse de Livy antes de lhe


fazer sua proposta. Em sua mente, isso aumentaria as possibilidades de transformação da menina. Mas então ele não tinha nem idéia do que pediria a ela. Ou o que perderia ele se ela fizesse o que ele queria. -Tinha notado você no trabalho várias vezes- disse Paul de repente, com seu olhar sobre sua filha. -Tirávamos as pausas para descanso no mesmos horários. Compartilhamos almoços, pausas para lanches e cafés da manhã, sem compartilhar a mesa durante quase dois anos e meio. Jeanne Louise engoliu em seco, mas permaneceu em silêncio. Tinha estado na cafeteria três vezes ao dia durante dois anos e quatro meses e ela nunca o tinha notado. Provavelmente tinha passado caminhando em frente a ele mil vezes nas Empresas Argeneau, sem parar para olhar sequer em seu caminho e muito menos tentar ler sua mente. Se o tivesse feito… meu Deus, seu companheiro de vida tinha estado tão perto dela todo este tempo, pensou Jeanne Louise, com uma combinação de horror e consternação. -Sempre parecia tão afetada e profissional de cima até em baixo, mas usava uns sapatos surpreendentes- disse Paul de repente com diversão. Jeanne Louise piscou ante suas palavras e olhou para baixo, mas seus pés estavam cobertos com a manta ocultando a corrente do tornozelo. Se não estivesse, estaria olhando uns sapatos negros, de doze centímetros de salto alto. Surpreendentes? Eram sexys como todos os que usava, assim como todos os sapatos que comprava. Mas tinha pensado que estavam ocultos pelas calças compridas que sempre usava. Jeanne Louise supunha que quando se sentava na cafeteria com os tornozelos ou as pernas cruzadas as barras das calças subiam e mostravam os sapatos.

Nunca tinha pensado nisso. Nunca tinha pensado realmente que alguém pudesse


perceber. Ao que parece, Paul percebeu. -Papai, Boomer e eu podemos ver o filme “Como treinar a seu dragão”? Jeanne Louise sorriu para Livy enquanto se aproximava com Boomer a seu lado, franzindo o cenho e curvando seus lábios ao notar a palidez no rosto da menina. Deslizou-se em sua mente, mas imediatamente foi acossada por uma dor que a fez estremecer e apertar os olhos fechados. A menina tinha uma dor de cabeça devastadora. Jeanne Louise levou um momento para tentar se adaptar à dor, depois abriu os olhos de novo e se dedicou a tentar aliviar à menina. Se perguntassem a ela, não seria capaz de explicar como tinha feito, mas utilizou a mesma técnica que lhe tinham ensinado a usar quando se alimentava direto da fonte para manter suas vítimas sem sentir a dor do afundamento de seus dentes em seu pescoço. -Tem outra dor de cabeça, neném? -perguntou Paul, com a preocupação evidente em sua profunda voz. -Eu… Livy franziu o cenho, uma pequena mão se moveu a sua testa como se quisesse verificar se ainda estava ali, e depois disse com surpresa: -Doía um minuto atrás, mas agora não. -Bom… Paul soou perplexo, mas Jeanne Louise não olhou ao redor, sua concentração ainda estava em Livy enquanto continuava trabalhando para aliviar sua dor. Infelizmente, estar em seus pensamentos significava que Jeanne Louise sentia a dor embora Livy já não sentisse. Era insuportável, como um martelo que atravessava seu crânio. Não sabia como a menina tinha aguentado sem chorar e lamentar. Ela queria fazer isso e era um adulto. Mordeu-se o lábio para não gemer, engoliu em seco e tentou ignorar as crescentes náuseas em seu estômago. -Bom- disse Paul outra vez, levantando-se. -Talvez relaxar com um filme seja o melhor. Sim, você e Boomer podem ver um filme.


Jeanne Louise o sentiu dar uma olhada em sua direção, mas sua atenção ainda estava dividida entre tentar manter Livy afastada do sofrimento e tentar pensar em como mantê-lo afastado depois que ela saísse de sua vista. Não havia maneira de que soubesse. Tinha que ser capaz de ver a garota para seguir com o controle de sua mente e mantê-la afastada de sentir a dor. -Jeanne Louise? Você está bem?

-Bem- disse ela firmemente.

-Está pálida- disse Paul soando preocupado de novo. -Precisa…?

Sangue, supôs que era isso que estava lhe perguntando. E, aparentemente, ele pensava que sua obsessão por Livy era porque via a menina como um aperitivo grande. Ao menos essa era a conclusão a que Jeanne Louise chegou quando de repente entrou em sua linha de visão, bloqueando sua vista da menina. Jeanne Louise moveu seus olhos para seu rosto, ao ver a ira ali e sabia que tinha razão. Paul pensava que estava olhando a Livy como um bife grande e suculento. Idiota, pensou, e depois tentou ver Livy atrás dele, quando a menina de repente respirou ofegante. A dor sem dúvida a tinha golpeado com toda sua força agora que Jeanne Louise não a controlava, e a tinha golpeado como um martelo na cabeça, sabia. Felizmente, Paul ouviu o som também e se dirigiu à menina, com o que Jeanne Louise pôde voltar a vê-la. Imediatamente se deslizou de novo em seus pensamentos e tomou o controle mais uma vez, eliminando rapidamente a dor de novo. Jeanne Louis apertou os dentes, já que começou a palpitar em sua própria mente. -O que foi, querida? Estava perguntando Paul a ela.


-Na… nada- disse Livy tremente, com uma mão na frente. -Foi-se outra vez.

Jeanne Louise viu Paul dar uma olhada em sua direção pela extremidade do olho, mas o ignorou. Os segundos passavam como se parecessem horas enquanto a olhava e ela sabia que ele estava tentando averiguar o que estava acontecendo. Ao que parece, ele não acreditava que fosse algo bom, porque de repente ele deu a volta, movendo seu corpo de modo que ficou de costas para ela enquanto movia Livy para a frente dele, bloqueando a vista de Jeanne Louise da menina uma vez mais e outra vez rompendo a conexão. Ela não se surpreendeu ao ouvir um gemido da menina um batimento do coração de coração mais tarde. -Livy? -disse Paul com preocupação.

-Minha cabeça- gemeu ela miserablemente.

Jeanne Louise imediatamente mudou de lado para dar uma olhada à menina de novo e se centrou em seus pensamentos. Um segundo mais tarde, Livy endireitou seu corpo decaído e piscou com um pouco de confusão. -Foi-se outra vez, papai- sussurrou-lhe com medo de que ao falar o trouxesse de volta. -Foi-se? -perguntou Paul e depois olhou por cima do ombro para Jeanne Louise vendo que ela também se deslocou para ver a menina. Ela era consciente de seu olhar, mas se concentrou na menina enquanto tentava resolver a melhor forma de aliviar a dor para ambas. Jeanne Louise não tinha vontade de sofrer mais do que queria que a menina o fizesse.


-O que está fazendo? -perguntou Paul finalmente, com incerteza em sua voz.

Jeanne Louise hesitou e depois obrigou Livy a dormir. Era a única coisa que lhe ocorreu fazer nesse momento. Paul agarrou à menina contra seu peito com preocupação enquanto se deslizava sem forças contra ele. Depois olhou a Jeanne Louise. -Está dormindo- disse em voz baixa. -Agora não sentirá a dor. O corpo humano emite endorfinas durante o sono que evitarão que sofra. -Você a fez dormir? -perguntou com incerteza.

-Foi a única coisa que me ocorreu fazer- disse Jeanne Louise tranquilamente.

-Poderá continuar dormindo se não estiver com ela? -perguntou Paul com o cenho franzido, afrouxando a sua filha em seus braços. -Acho que sim. Se acordar quando a colocar na cama, venha me buscar e a porei para dormir de novo- disse ela simplesmente. Paul hesitou, mas depois assentiu com a cabeça e se levantou para levar sua filha para casa. Boomer lhes seguiu, trotando a seu lado, com sua atenção na menina dormindo e em Paul. No momento em que ele se foi, Jeanne Louise levantou uma mão para esfregar sua própria testa. Embora na mente da menina tivesse sofrido a dor tão claramente como sabia que Livy normalmente sofria. Essa dor era insuportável. Não sabia como a menina lidava com isso. Mal foi capaz de suportar e era mais do que uma mulher adulta, era uma imortal. Os nanos tinham insuflado endorfinas em seu sistema para


tentar aliviar seu mal-estar.

Não podia imaginar ter repetidamente essas insuportáveis dores de cabeça durante dias, deixando-a apenas durante algum tempo. Certamente deveria haver algo que podiam dar à menina. Jeanne Louise deitou na manta de picnic que Paul tinha estendido sobre o chão de madeira do caramanchão. Fechou os olhos e esfregou a testa com tristeza quando a lembrança da dor começou a desaparecer. Depois voltou sua atenção ao que tinha que fazer. Não podia ler Paul e a comida era incrível desde que despertou acorrentada à cama. Estava noventa por cento segura de que Paul era seu companheiro de vida. Só precisava do último pedaço de prova. A comida que tinha comido desde que esteve aqui era dez, talvez cem vezes mais saborosa do que tinha sido um dia antes. Se se tratasse da mesma maneira com o sexo com Paul… Bom, dizia-se que os companheiros de vida desmaiavam de pura paixão que os afligia durante as relações sexuais, e poderia entender como poderia ser se o sexo era cem vezes mais potente também. Teria que averiguá-lo, e rapidamente. A consciência de Jeanne Louise simplesmente não dava permissão a Livy para sofrer como ela o fazia. E não podia lhe dar as costas tampouco. Tinha que intensificar seu cortejo. Tinha que seduzir o homem e conseguir a prova final de que ele era seu companheiro de vida. E tinha que fazer de um jeito que ele a amasse e aceitasse passar a eternidade com ela antes de lhe explicar que só podia converter uma pessoa, que seria ou Livy ou ele. Mas que se ela o transformasse, ele poderia usar sua vez para salvar sua filha. Se tivesse êxito com isso, tudo estaria bem. Seriam uma família. Teria seu companheiro de vida, e uma filha também. O pensamento a fez sorrir fracamente. Era como um sonho que se tornava realidade. Jeanne Louise sempre quis uma família


própria, amava crianças. Tinha estado suspirando por uma na última década mais ou menos. Mas sua ansiedade tinha piorado com o nascimento da pequena Lucy de Lissianna e Greg, e depois com o tio Lucern e o anúncio de Leigh de que estava grávida de novo. Enquanto Leigh tinha perdido seu primeiro filho no segundo mês, estava agora com sete meses e mãe e filho estavam aparentemente bem. Todo mundo estava esperando ansiosamente o nascimento do menino. Jeanne Louise não se importava de que não tivesse dado a luz a Livy. Ela a aceitava como sua própria mãe e faria o melhor que pudesse. Mas não tinha nem idéia de como ser mãe, além do que tinha visto com a Lissianna. Na verdade, Jeanne Louise se deu conta de repente, Livy era aproximadamente da mesma idade que Lucy. Ambas eram pequenas loiras preciosas também, pensou com um sorriso. Poderiam passar pelo treinamento para se alimentar juntas, sem dúvida, estariam no mesmo grau, até poderiam terminar sendo as melhores amigas. A fantasia de uma vida familiar feliz com Paul e Livy estava se construindo em sua cabeça quando o roce de um pé a fez abrir os olhos. Ela piscou ao ver Paul de pé junto a ela, com sua expressão sombria. -Tem algumas explicações para dar- disse-lhe friamente e as fantasias de Jeanne Louise de um futuro feliz estalaram como uma bolha.

Capítulo 4

Jeanne Louise se sentou lentamente, sua expressão imperturbável, mas de repente seus nervos tilintaram. Ele estava preocupado, e sua preocupação estava saindo como ira. E estava preocupado porque não entendia o que ela tinha feito.


—Os nanos nos dão a capacidade de bloquear os receptores da dor de uma pessoa ou fazê-la dormir. Acho que isso foi considerado necessário para ajudar na busca de sangue- disse ela tranquilamente antes que ele pudesse lhe perguntar algo. -Enquanto morde a pessoa, ela não sente dor, e se a faz dormir, também não sentem a mordida. Fiz isso por Livy para aliviar sua dor.

-Bloqueou a dor e depois a pôs para dormir? - perguntou Paul lentamente, como se quisesse se assegurar de que estava certo. Jeanne Louise assentiu.

-Como? - perguntou ele em voz baixa.

Ela hesitou. Jeanne Louise sabia que tinha que entrar na mente da pessoa para fazêlo, não sabia muito mais que isso, na verdade. Era algo instintivo. Não importava, entretanto, porque não pensava que fosse bom admitir que podia entrar na mente das pessoas como o fazia. Finalmente, deu-lhe uma verdade pela metade. -Não sei exatamente como se faz. É algo instintivo. Mas tenho que ser capaz de ver a pessoa para fazê-lo. Como algo que você tem necessidade de contato físico para atuar. Paul ficou em silêncio durante um minuto, processando isso, e depois perguntou, -E sobre comer o sanduíche inteiro? Jeanne Louise hesitou. Sabia que estava perguntando se teve algo a ver com isso, mas admitir isso significaria admitir que era capaz de controlar a mente e não estava disposta a fazer isso. Portanto, limitou-se a dizer, -Está obviamente doente. Talvez sua enfermidade esteja afetando seus papilas gustativas de algum modo, como


quando se fica resfriado ou gripado. Nada ocorre normalmente quando se está doente. Deveria experimentar diferentes alimentos com ela. Paul relaxou lentamente, e assentiu com a cabeça, ao que parece achou isso uma explicação sensata. Sorrindo com ironia, disse, -Alimentarei ela com sanduíches de presunto e queijo em cada refeição se isso significar que vai comer. Perdeu muito peso rapidamente. Jeanne Louise permaneceu em silêncio, mas desejava poder aliviar algumas de suas preocupações. O homem tinha linhas de preocupação fazendo sulcos em seu rosto e suspeitava que provavelmente não estavam ali antes que Livy adoecesse. Poderia aliviar essa preocupação sugerindo transformá-lo, e ele por sua vez a Livy, mas então se arriscaria a passar o resto de sua longa vida só se não estivesse disposto a ser seu companheiro de vida. Poderia parecer egoísta para um mortal que ela pusesse sua necessidade de um companheiro de vida acima da vida de uma criança, mas lhes ensinavam desde o nascimento a manter uma certa distância emocional entre eles mesmos e os mortais. Cada um deles se encontraria com centenas de mortais dos quais podiam gostar, cuidar, ou até amar em um certo grau, mas simplesmente não podiam salvar a todos. Podiam converter apenas um e a idéia de ter que passar séculos ou até milênios só… bom, era insustentável. Apesar disso, Jeanne Louise se sentiu tentada a fazer a oferta de todos os modos, mas resistiu e perguntou, -Não há nada que possamos lhe dar para a dor? Paul negou com a cabeça e passou uma mão cansadamente ao redor de seu pescoço.

-Deram-lhe a dose mais forte possível para sua idade e tamanho, mas parece que já não surte efeito. O próximo passo é mantê-la sedada no hospital, mas… Mas ele não a queria presa enquanto morria. Ele queria salvá-la, terminou Jeanne Louise em sua cabeça quando ele ficou em silêncio.


-Acho que deveria te levar de volta. Não quero deixá-la só caso desperte- disse Paul bruscamente. Jeanne Louise assentiu com a cabeça e começou a guardar os restos de seu picnic, seu olhar deslizando-se para ele quando se ajoelhou para ajudar. Uma vez que tudo estava de volta na cesta e a manta em que se sentaram, assim como a que havia coberto suas pernas, estavam dobradas, ela se levantou e esperou em silêncio enquanto ele rapidamente tirava seus grilhões do poste do caramanchão. Ela levou as mantas e ele a cesta e as correntes enquanto começavam a caminhar, e Jeanne Louise não podia deixar de se sentir como um cão treinado enquanto se dirigiam para a casa. Uma lenta raiva se agitou nela, mas se forçou a tomar várias respirações profundas e empurrou a ira para trás. Esta situação era difícil, mas zangar-se não ajudaria neste ponto. Era outro tipo de paixão o que ela precisava agora. -Não acha que deveria me manter um pouco mais perto de Livy?-perguntou Jeanne Louise quando entraram na casa e ele se girou para a porta do porão. Quando fez uma pausa para olhá-la com o cenho franzido, ela adicionou, -Se acordar com dor, posso ajudá-la. Paul hesitou, a incerteza se mostrando em sua testa, e Jeanne Louise suspirou com irritação. Se preocupava de que ela escapasse, é obvio. E até que ele aprendesse a confiar que não o faria, continuaria pensando nela como uma cativa. Precisava que pensasse nela como uma aliada se ia cortejá-lo. -Não acredito…-começou com pesar. -E se eu prometer não tentarei sair da casa? -interrompeu ela.


Paul parecia dividido. Obviamente queria acreditar nela, mas no final não pôde, e começou a sacudir a cabeça, sua boca abrindo-se para falar. Entretanto, nunca saiu a negativa que ela esperava. Jeanne Louise não permitiu. No momento em que sua boca se abriu, deixou cair as mantas, pegou a corrente e puxou de sua mão. No mesmo momento, tirou-lhe a pistola tranquilizante do bolso traseiro com a outra mão. Nem sequer pensou no que estava fazendo, deixou cair a corrente que tinha tirado dele e utilizou ambas as mãos para quebrar o cano pistola tranquilizante. Jeanne Louise deixou cair os dois pedaços no chão e depois se separou de Paul, lhe dando espaço. Não tinha nenhum desejo de assustá-lo ou fazê-lo se sentir ameaçado. -Jesus, sabia que eram mais rápidos, mas… maldição, moveu-te tão rápido que foi um borrão- disse Paul com assombro. Com voz tranquila, Jeanne Louise disse, -Poderia ter feito isso a qualquer momento durante as últimas horas. A única razão pela qual continuo aqui é porque quero. -Jesus- repetiu Paul, e depois a olhou com cautela enquanto tomava uma respiração profunda. Deixando-a sair, perguntou-lhe, -Então, por que está ainda aqui? Jeanne Louise hesitou, insegura de como responder a isso. A verdade não serviria de nada. Ele não estava preparado para escutar que poderia ser seu companheiro de vida, e ela não estava pronta para lhe dizer. Em primeiro lugar, tinha que estar segura de que ele era seu companheiro de vida. E então precisava ver se ele estava disposto a ficar com ela e vê-la como algo mais que uma possível maneira de salvar a sua filha. Jeanne Louise, como qualquer outro imortal, tinha uma só mudança para usar, e


mesmo que seu coração sofresse por Livy e simpatizasse com Paul, não podia salvar todos os mortais que tinham uma enfermidade terminal. Não cederia sua mudança a ninguém, mas tinha que usá-la sabiamente. Consciente de que estava à espera de uma resposta, finalmente se encolheu de ombros e lhe ofereceu uma evasiva. -Considere como uma prova. -Uma prova- murmurou ele com o cenho franzido. Jeanne Louise assentiu.

-Que tipo de prova? -perguntou-lhe com cautela. Ela se mordeu o lábio, mas se limitou a dizer, —Tem seus segredos e eu tenho meus. Nenhum de nós está preparado para revelá-los ainda. Enquanto isso, estou disposta a ajudar a aliviar a dor de Livy, de maneira que possa comer, descansar e recuperar sua força. Presumo que você gostaria disso? Os olhos do Paul se ampliaram, mas assentiu.

-Sim, é obvio. -Bom. Então, pode por favor tirar as correntes de meu tornozelo? Estão começando a me irritar. -OH. Paul olhou a seu redor e depois afirmou com a cabeça e colocou a mão no bolso procurando a chave enquanto se ajoelhava junto a sua perna. Ele levantou sua calça e Jeanne Louise se inclinou para segurar-la por ele enquanto ele rapidamente se desfazia dos grilhões.


-Obrigada- murmurou ela, soltando as pernas das calças e deixando que caíssem de novo em seu lugar enquanto se endireitava. -O prazer é meu- disse ele com ironia, recolhendo a corrente e os grilhões e movendo-se para pô-los na mesa da cozinha. Depois olhou para o refrigerador. -Você gostaria um pouco de sangue agora? -Sim, por favor- respondeu Jeanne Louise, com os lábios em uma careta ante a forma cortês e rígida em que ambos soavam. Bom Senhor. Nada nunca era fácil, não é? Assentindo, Paul se moveu para a geladeira e tirou um frasco do líquido carmesim escuro. As sobrancelhas de Jeanne Louise se levantaram quando ele o abriu o frasco e o entregou a ela. -O que… -É meu sangue- explicou ele em voz baixa. -Usei vasilhas esterilizadas. Não tinha acesso a um banco de sangue ou nada parecido. Estive extraindo meu sangue durante quase dois meses para juntar o suficiente para você. - Ele olhou de novo para a geladeira com o cenho franzido e acrescentou, -Espero ter suficiente. Não tinha certeza de quanto precisaria. Eles não nos dão esse tipo de informação. Só o que precisamos saber. -Estou segura de que tem suficiente- murmurou Jeanne Louise e aceitou o frasco, depois hesitou. Não estava acostumada a beber de uma jarra. Ou um frasco, no caso. Tendia apenas a aproximar uma bolsa de suas presas para evitar prová-lo. Não é que fosse desagradável para ela, mas se sentia um pouco coibida sobre beber na frente dele.


Lhe dando as costas, caminhou para a janela como uma desculpa para continuar de costas para ele enquanto rapidamente bebia o sangue. O bebeu tão rapidamente como pôde, muito consciente que ele estava parado atrás dela, provavelmente olhando-a beber seu próprio sangue. Querido Senhor. -Mais? -perguntou Paul quando ela terminou e se girou.

Jeanne Louise negou com a cabeça e se dirigiu à pia para enxaguar rapidamente o frasco, como se eliminar o resto do espesso líquido removesse da mente dele a lembrança dela bebendo. Observá-la beber seu sangue dificilmente a pintaria como uma mulher atraente, pensou ela, e fez uma careta quando pôs o frasco na pia. Girou-se para olhá-lo. -Certo. Paul girou para a porta da sala. -Ao piso de cima. Ela o seguiu em silêncio, não muito surpresa quando ele olhou por cima de seu ombro para se assegurar de que o estava seguindo. -Podemos ver um filme ou algo se quiser enquanto ela dorme- ofereceu ele. -Que tipo de filmes você gosta? -De ação, aventura, comédia e terror- respondeu Jeanne Louise facilmente e apanhou o sorriso em seu rosto quando se voltou de novo para frente. -Eu também- admitiu Paul quando começou a subir as escadas. -Tenho uma boa coleção de filmes. Devemos ser capazes de encontrar algo que ambos gostem. -Parece bom- murmurou ela enquanto chegavam ao patamar superior e caminhavam pelo corredor. Ele a levou passando duas portas, desacelerando na segunda para olhar


a uma adormecida Livy, depois continuou até uma porta aberta no extremo do corredor. Jeanne Louise o seguiu ao interior e quase lhe pisa nos calcanhares quando de repente parou. -OH- murmurou ele, parecendo de repente incômodo. Jeanne Louise olhou ao redor do quarto ao que a tinha levado.

Era duas vezes o tamanho de um quarto normal, com um sofá de dois lugares de couro, um tamborete largo, duas mesinhas, e um televisor de 47 polegadas ocupando a metade do quarto, enquanto uma cama king size e dois criados mudos enchiam o outro lado. Era a cama o que Paul estava olhando agora com algo parecido à consternação. -Sinto muito- murmurou, voltando-se para ela. -Não estava pensando. Suponho que teremos que ver um filme abaixo e… -Isto está mais perto de Livy- disse ela com um encolhimento de ombros e se moveu com indiferença até o assento de dois lugares como se nem tivesse notado a cama. Mas era impossível não notar a cama. Querido Deus, era enorme, pensou, e olhou para ele com espera. -Bom- murmurou Paul, deslizando seu olhar para a cama e logo afastando. Endireitando os ombros, ele foi até o armário que ficava abaixo da TV e se ajoelhou para abrir as portas duplas, revelando fileiras e fileiras de DVDs. Curiosa, Jeanne Louise se levantou de novo e se moveu para parar atrás dele e olhar por cima os títulos em exibição. -Bom, vamos ver, tenho… quase tudo- disse com ironia, e depois olhou por cima de seu ombro e para ela para lhe explicar, -Compro os novos lançamentos com bastante


regularidade. -Suponho que não sai muito, com Livy estando doente- disse Jeanne Louise com simpatia. -Não- admitiu Paul, voltando para os DVDs. -Mas já não saía muito antes disso. Não desde que minha esposa… -É isso Red 3? -perguntou Jeanne Louise para mudar de assunto quando ele se calou. -Sim. Ele alcançou o DVD. -Ouvi dizer que é muito bom- disse ela. -É verdade. Eu gostei de muito- disse Paul entregando o DVD a ela para que lesse a parte de atrás. -Malkovich está incrível neste. Jeanne Louise assentiu com a cabeça e o devolveu.

-Importaria-se vê-lo de novo? -Não, é obvio que não. Vi quase tudo o que tenho- disse, fechando as portas e endireitando-se. Deixando-o para que o DVD começasse, Jeanne Louise se dirigiu ao sofá de dois lugares e se sentou, seu olhar se deslizando à outra metade do assento. Não era especialmente pequeno, mas era um sofá de namorados, feito para fomentar a proximidade e as carícias. Bom, queria saber sobre esse último sinal, a paixão do companheiro de vida, recordou a si mesma Jeanne Louise. A situação não poderia ser melhor que isto. Embora suspeitasse que seria a que faria o primeiro movimento. Paul não tinha nem idéia do que podiam ser um para o outro, ou o que havia em jogo.


Ela sim. Isto era sem dúvida uma mudança de papéis para ela. Jeanne Louise não era em geral quem tomava a iniciativa nestas situações. Em geral, ela deixava que os homens fizessem os primeiros movimentos e realizassem a perseguição. Contudo, de vez em quando dava um empurrão mental de ânimo nos homens mortais se lia neles que estavam interessados e se sentia atraída para eles. Economia de tempo. Uma das vantagens de ser imortal, supunha Jeanne Louise. Infelizmente, não podia usar isso com Paul. Nem sequer podia lê-lo para ver se estava interessado. Estava tão sem informações e insegura nesta situação como uma mulher mortal… e não pensava que um dia se preocuparia particularmente por isso. -Já vai começar. Paul retornou ao assento de dois lugares com o controle remoto na mão. Jeanne Louise lhe ofereceu um sorriso enquanto ele se acomodava junto a ela e apertava o botão para iniciar o filme. Caíram em um silêncio um pouco incômodo enquanto esperavam que o filme começasse. Paul estava olhando para a tela como se fosse algo que nunca tinha visto antes. Jeanne Louise estava lhe olhando fixamente, seu olhar deslizando-se sobre seu curto cabelo escuro antes de deslizar-se para seu rosto para se fixar em seu ligeiramente desgastado aspecto de menino da vizinhaça. Conjecturou que Paul estaria em seus trinta e muitos ou quarenta e poucos anos.

Supôs que tinha esperado até seus trinta anos para se casar e ter Livy. Isto lhe fez se perguntar se tinham planejado ter mais filhos depois de Livy e o destino tinha intervindo, ou se ela tinha sido tudo o que tinham querido ou podiam lidar. Jeanne Louise considerou brevemente perguntar, mas depois decidiu não fazê-lo. Trazer o assunto da esposa falecida para a conversa não parecia algo inteligente para fazer


quando planejava tentar seduzi-lo na próxima hora.

Jeanne Louise fez uma careta ligeira ante a idéia. Era algo no que ia ter que trabalhar. Não era como se só pudesse se jogar sobre ele agora e conseguir o que queria. Na verdade, tendo abandonado a aproximação aos homens todos estes anos, não estava exatamente segura do que se supunha que tinha que fazer aqui. Caramba. -Pronto. Jeanne Louise olhou à tela ante esse satisfeito murmúrio de Paul ao ver que ele tinha adiantado os trailers até o filme. Um relógio digital ocupava a maior parte da tela. Ela reparou na hora, e depois sorriu enquanto o personagem principal se sentava na cama. Quase duas horas mais tarde, Jeanne Louise se inclinou para trás com um pequeno suspiro enquanto os créditos finais apareciam. -Bom, não é? - perguntou Paul com um sorriso. -Excelente, como disse- respondeu ela com um sorriso. Paul se pôs a rir e se levantou para ir ao aparelho de DVD, dizendo, -Tenho que dar uma olhada em Livy, mas poderíamos ver outra coisa, se quiser. Quando ele ficou de joelhos diante do aparelho de DVD, Jeanne Louise se moveu para se reunir com ele, ajoelhando a seu lado enquanto abria as portas duplas para mostrar novamente sua coleção. Ela olhou a fila de filmes rapidamente, mas sua mente estava em como se supunha que devia se mover sobre ele.


Tinha conseguido distrair-se de algum modo com o filme e tinha perdido a trama do que se supunha que devia estar fazendo aqui. O problema era que não tinha nem idéia de como começar. Apenas se aproximava do homem e então se jogava sobre ele? Era ela que deveria dizes algo suave e sedutor e depois se jogar sobre ele? Caramba, nesse momento nem sequer podia lembrar como tinha feito sua jogada o mortal com o qual ela estava saindo. Pelo que lembrava, ele só tinha sussurrado algo em seu ouvido enquanto estavam dançando e quando viu, ele a tinha beijado. Tinha parecido tão natural. Ele esteve ali de pé, segurando-a em seus braços e agonizando sobre o que fazer, como ela estava fazendo agora? Jeanne Louise não tinha estado em seus pensamentos nesse momento, assim não podia ter certeza. -Está franzindo o cenho. Há algum problema? -Não- disse Jeanne Louise rapidamente, e então um movimento pela extremidade do olho chamou sua atenção. Olhou para cima para ver Boomer entrar no quarto. Caminhou até ela e se apertou contra seu lado ao tempo em que lhe acariciava. Enquanto continuava esfregando sua pele, ela se girou para a seleção disponível e lhe disse, -Deixarei você escolher esta vez. Eu escolhi a última. -Hmm. Paul olhou sua coleção enquanto voltava a colocar o DVD de Rede em sua caixa e depois se encolheu de ombros. -Escolherei quando voltar. Quando se endireitou, Jeanne Louise o fez também e ambos se giraram para a porta, mas Boomer decidiu que deveria ir também, e ao que parece pensou que a rota mais rápida era entre seus pés. Jeanne Louise ficou sem fôlego e trocou seu passo com rapidez para evitar pisar no cão, depois, agarrou-se violentamente no ombro de Paul para evitar cair enquanto perdia o equilíbrio. Ele se deteve imediatamente e se voltou para segurá-la por ambos os braços, atraindo-a instintivamente contra seu peito para sustentá-la.


-Está bem? -perguntou ele com inquietação. -Não torceu um tornozelo ou algo assim, não é verdade? Juro que Boomer terminará me rompendo uma perna algum dia, sempre me faz tropeçar. -Estou bem- assegurou Jeanne Louise com um sorriso irônico enquanto levantava a cabeça. O sorriso se desvaneceu, entretanto, quando se deu conta do perto que estavam. Sua boca estava apenas a centímetros de distância, o suficientemente perto para poder sentir seu fôlego em seus lábios; o suficientemente perto para beijá-lo. Então ela o fez. Simplesmente se inclinou um pouco mais perto e pressionou seus lábios nos seus antes que pudesse liberá-la ou se afastar. Ele era sem dúvida seu companheiro de vida. Jeanne Louise teve certeza quando o suave roce de seus lábios através dos dele enviou uma explosão de sensações disparadas através de seu corpo, começando em seus lábios e se espalhando por todo seu corpo. A julgar pela maneira em que Paul ficou imóvel, ela não era a única que sentiu isso. No momento seguinte, o que deveria fazer a seguir já não era um problema. Paul usou seu agarre sobre seus braços para atrai-la mais perto ainda, e depois deslizou seus braços ao seu redor enquanto sua boca começava a se mover sobre a dela. Jeanne Louise se abriu a ele, seus lábios separando-se e suas mãos aferrando-se a sua camisa enquanto sua língua empurrava entre seus lábios. Jeanne Louise tinha sido beijada por uma grande quantidade de homens nos quase 103 anos que tinha vivido. Alguns tinham sido muito peritos, mas ninguém a tinha afetado como ele. Os seguintes momentos foram uma corrente de sensações excitantes enquanto os lábios dele acariciavam, chupavam e mordiscavam os seus enquanto sua língua brincava, e então seus lábios e sua língua se deslizaram por sua bochecha para seu pescoço para fazer o mesmo ali.


Um gemido longo e profundo saiu dos lábios de Jeanne Louise enquanto sua língua encontrava o lugar acima de sua clavícula. Liberando o abraço de morte que tinha em sua camisa, deslizou seus dedos em seu cabelo, e depois puxou os suaves fios quando suas mãos se deslizaram por debaixo da parte traseira de sua camisa e por suas costas. Quando se detiveram nas alças de seu sutiã e depois se deslizaram para baixo, com as unhas raspando brandamente, ela pensou que sua pele se retiraria de seu corpo para seguí-las. Querido Deus, ninguém em cem anos tinha feito isso, e se sentia bem. Melhor que bem. Sua boca e mãos nela, sua pélvis pressionando contra a sua… seu corpo estava reagindo como o de uma virgem: o estômago tremendo e as pernas trementes. Percebeu que até seu lábio inferior estava tremendo enquanto onda atrás de onda de crescente prazer se deslizava através dela, e então utilizou o agarre que tinha em seu cabelo para arrastar sua cabeça e assim poder reclamar seus lábios de novo. Paul respondeu, sua boca cobrindo a sua, mais exigente. Suas mãos estavam amassando a pele de suas costas agora, pressionando-a mais perto enquanto o faziam, e então uma mão se deslizou até encontrar um de seus peitos pondo Jeanne Louise nas pontas dos pés com um grito afogado ao primeiro toque. Ela gemeu em sua boca e se apertou ainda mais enquanto ele sujeitava sua suave carne através de sua blusa, com seus quadris se deslocando e a pressionando com mais força contra a dureza crescente entre suas pernas. A ação enviou uma brusca sacudida de prazer através de seu próprio corpo que a fez se mover contra ele outra vez. Amaldiçoando, Paul renunciou a beijá-la para se retirar-se um pouco para trás enquanto sua mão soltava seu peito para encontrar os botões de sua camisa. Ele estava impaciente e ela estava segura de que arrebentaria um botão ou dois em seus esforços, mas isso até seria bem-vindo se acelerasse as coisas. Entretanto,


conseguiu desabotoar os primeiros quatro ou cinco botões e depois puxou a blusa branca de lado para revelar o sutiã rosa claro que usava debaixo de sua blusa de seda. Sua cabeça baixou imediatamente para permitir que sua língua se deslizasse através da pele por cima de seu sutiã e então seus dedos arrastaram a taça, liberando seu peito. Seus lábios imediatamente o cobriram e se aferraram a seu mamilo rosado. Agora era Jeanne Louise quem estava soltando uma maldição e aferrando-se a ele enquanto a chupava. As sensações eram quase muito para as suportar, e gemeu, ia desmaiar antes que chegassem a ter relações sexuais. Suas pernas já estavam tremendo tanto que estava tendo problemas para permanecer de pé. Quando Jeanne Louise se apoiou nele, Paul a ajudou deslizando uma perna entre as suas. A pressão de sua coxa contra seu núcleo foi quase sua perdição. Gritando, Jeanne Louise mordiscou a pele de seu ombro, e depois girou a cabeça e fez o mesmo com seu pescoço, tendo consciência suficiente para manter suas presas ocultas enquanto o fazia. Paul beliscou seu mamilo em resposta, lhe tirando um grito, e depois levantou a cabeça para reclamar sua boca de novo. Sua língua se meteu entre seus lábios enquanto sua mão substituía sua boca em seu peito, com seus dedos encontrando o mamilo ereto e retorcendo-o enquanto a insistia a retroceder. Ela sentiu a parede pressionando-se contra suas costas. Seu corpo estava pressionando firmemente contra sua parte dianteira, sujeitando-a à parede, e Jeanne Louise estava agradecida por isso. Definitivamente, suas pernas não iam mantê-la na posição vertical por muito mais tempo. Suas mãos se obstinado a seus ombros para ajudar a se sustentar, mas agora ela as movia entre eles, as passando sobre seu peito e depois encontrando a barra da camiseta que ele usava para puxar e empurrá-la para cima por seu estômago, assim suas mãos podiam deslizar-se por debaixo e correr sobre sua carne. Em seguida, deslizou-as até seu peito, encontrando um peitoral e amassando-o brevemente antes de que seus dedos se centrassem em seus mamilos e


os apertasse.

A ação provocou um gemido em Paul que reverberou entre seus lábios, e depois ela gemeu também enquanto outra onda de prazer rodava através dela. Estavam crescendo com cada passo, aumentando até o ponto no qual ela se sentia segura de que não poderiam ser mais fortes, e, entretanto, cada onda era maior ainda, até que esteve segura de que se afogaria sob o espumoso fluxo. Isso a assustava, mas também era irresistível. Jeanne Louise nunca tinha entendido porque os franceses o chamavam a petite mort, ou "pequena morte". Mas agora pensava que poderia entender, e queria tanto experimentá-lo nesse momento que pensava que morreria sem isso. Com esse único objetivo em mente, levantou sua própria perna agora apanhada entre as dele e esfregou a parte superior de sua coxa contra sua dureza. Foi recompensada com outro gemido e outra onda de paixão rodando através dela que só a incitou. -Papai? Jeanne Louise escutou essa chamada suave e se congelou. O fato de que Paul não se deteve lhe disse que ele não tinha ouvido com sua audição mortal. Ela retirou com pesar suas mãos por debaixo de sua camisa e agarrou sua cabeça entre suas mãos para forçá-lo a afastar-se. Ele a olhou fixamente em branco, cego com a paixão, e Jeanne Louise abriu a boca para explicar, mas a chamada de Livy chegou de novo, um pouco mais forte. -Papai? Paul ficou rígido, a paixão dissolvendo de uma vez e depois se afastou e saiu correndo para o quarto de sua filha. Jeanne Louise se deixou cair contra a parede com um débil suspiro. Maldição. Ele


tinha saído depressa disso enquanto ela ainda tremia e se estremecia como um gato que acabava de ter um breve mergulho de cabeça em uma máquina de lavar roupa. O poder da paternidade, disse-se, lutando por não se sentir ofendida. A menina estava gravemente doente, depois de tudo. É obvio que Paul correria a seu lado em vez de continuar com o que estava fazendo. Mas maldição, sua cabeça se limpou muito mais rápido que a dela. Suspirando, Jeanne Louise colocou o sutiã em seu lugar, puxou sua blusa fechando-a, fechou os olhos e tomou um par de respirações profundas. A boa notícia era que agora sabia com segurança que Paul era seu companheiro de vida. Não só nunca tinha experimentado uma paixão tão forte e quente como essa em seu vida, mas também tinha estado experimentando definitivamente a “paixão compartilhada” da qual todo mundo falava. A paixão fundida indo e vindo entre eles, cada vez mais forte com cada passo, até que tinha pensado que morreria se não fosse consumada. E havia mais boas notícias, supôs Jeanne Louise, tinham sido interrompidos antes de que pudesse experimentar a petite mort imortal. Agora só tinha que saber se Paul estaria disposto a ser seu companheiro de vida… e não a queria apenas para salvar a vida de sua filha. Fazendo uma careta, tomou outra pausa firme e depois se endireitou, agradecida quando foi capaz de permanecer em pé por si mesma. Suas pernas ainda estavam um pouco instáveis, mas um pouco de água em seu rosto e pulsos ajudaria com isso, estava segura. Também esperava pôr fim ao tremor em suas mãos assim poderia conseguir abotoar sua camisa. Com esse pensamento em mente, Jeanne Louise olhou a seu redor e depois se fixou na porta no extremo do quarto junto à cama. Dirigindo-se para lá, abriu-a, esperando encontrar um closet. Em vez disso, a porta dava para um grande banheiro nas cores branco e marrom.


Com suas sobrancelhas elevando-se, Jeanne Louise entrou, seu olhar deslizando-se sobre outra porta aberta a sua direita, desta vez o acesso era para um closet anexo. Entrou por um instante e depois girou para inspecionar o banheiro, passando pela pia de mármore com lavatório para ele e para ela, o vaso sanitário, a banheira grande, uma ducha o suficientemente grande para dois e depois a porta para o que parecia uma sauna. Caminhando para esta, abriu a porta e olhou com curiosidade o interior. Sim, uma sauna.

Jeanne Louise deixou que a porta se fechasse e se moveu para os lavatórios para abrir a água fria. Passaria um pouco de água em seu rosto e braços e depois iria ver como estava Livy. Não havia sentido nenhuma dor na voz da menina quando Livy tinha chamado, e suspeitava que a dor de cabeça tinha desaparecido, mas tinham passado algumas horas desde que tinha comido e se pudessem fazer com que comesse de novo isso seria algo bom. Controlaria-a e a faria comer tão frequentemente quanto fosse possível para ajudá-la a reconstruir suas forças para a mudança. Não é que Jeanne Louise estivesse totalmente segura de que as coisas fossem sair bem. Sim, Paul era seu companheiro de vida, e sim, estava bastante segura de que tinha estado a segundos de rasgar sua roupa, lançá-la à cama e conduzi-la a petite mort, mas isso não garantia nada. A situação era complicada. Tudo ainda podia desmoronar como um castelo de cartas. Suspirando, Jeanne Louise fechou as torneiras e pegou a toalha no cabide a seu lado para secar o rosto e as mãos. Depois a colocou de novo em seu lugar e rapidamente acomodou sua blusa antes de sair em busca de Paul e Livy.


Capítulo 5

-Eu gosto desse cavalo- anunciou Livy quando seu pai se levantou e se dirigiu ao aparelho de DVD para retirar o disco e guardá-lo. -Mas acredito que preferiria ter um dragão como o negro, porque é muito melhor, não é verdade, Jeanie? -Sim, é verdade Livy- concordou Jeanne Louise, sorrindo fracamente. Ela tinha saído do banheiro antes de encontrar Paul entrando no quarto com Livy em seus braços. Ele tinha deixado à menina no sofá, quando começou “Como treinar a seu dragão", um filme para ela, e depois perguntou a Jeanne Louise se não se importaria em ficar com Livy enquanto ia procurar alguns sanduíches. Não lhe importava absolutamente. Acomodou-se no sofá ao lado da menina, e acabou ficando envolta no filme também. Não foi até que Paul retornou com as bebidas e as pipocas de milho que se retirou do filme por completo, ajudando Livy a comer para que desfrutassem do filme. Depois tinham visto um segundo filme de desenhos animados, Rapunzel. Nele havia um cavalo inteligente e divertido, todos tinham rido muito com o filme. -Não sei- disse Paul colocando o DVD em seu lugar. -Acho que eu gosto da salamandra. -Ewww- disse Livy instintivamente, depois enrugou o nariz e disse juiciosamente, Está muito bem, mas não se pode acariciar uma salamandra, papai. -Hmmm. Paul se ergueu, girou e levantou uma sobrancelha para sua filha. -Outro filme ou está pronta para o jantar?


-Acho que tenho fome- anunciou Livy, soando surpreendida, seus olhos se aumentaram e sua boca formou uma O. -O que? Perguntou Paul, sorrindo.

- Papai podemos ir ao Chuck E. Cheese? -perguntou, escorrendo do sofá onde tinha estado sentada entre Jeanne Louise e Paul durante mais de cinco horas. Esteve a ponto de pisar em Boomer quando se levantou, mas o cão não demorou para sair de seu caminho e segui-la ladrando com entusiasmo, em resposta a sua própria evidente excitação. -Eu gosto do Chuck E. Cheese. Você gostará muito, Jeanne Louise. Têm jogos e passeios e… OH, é tão divertido! Ela deu uma volta a seu pai com entusiasmo com Boomer dançando ao redor de seus pés. -Por favor! Não vamos há um longo tempo. Podemos ir? Paul a olhou fixamente, com os olhos abertos e obviamente pensativo. Jeanne Louise sabia que queria dizer que sim, mas as dúvidas o faziam se preocupar. Se era porque se preocupava com Livy ou porque Jeanne Louise poderia usar a oportunidade para ir embora, ela não sabia. -Quanto tempo esteve presa dentro de casa? - perguntou ela em voz baixa.

Seu olhar se deslizou para ela, silencioso e solene.

-E passou a maior parte de seu tempo aqui com ela- comentou Jeanne Louise. -Não acredito que uma saída para o Chuck E. Cheese seja uma má idéia. Poderíamos comer uma pizza e depois voltar. Paul relaxou, compreendendo a mensagem silenciosa que estava tentando lhe dar. Ela retornaria depois com eles. Ele assentiu com a cabeça, murmurando, -Obrigado.


Depois olhou para Livy.

-Então vamos até o Chuck E. Cheese.

-Oba! Livy dançou um pouco e depois voltou para pegar Jeanne Louise pela mão para tentar tirá-la do assento. -Vamos. Vamos antes que ele mude de opinião. Você vai adorar o Chuck E. Cheese. É tão divertido e a pizza é boa também. Rindo, Jeanne Louise se levantou e permitiu que a menina a puxasse através do quarto e para as escadas, consciente de que Paul as estava seguindo com Boomer atrás dele. Dirigiram-se à direita para o carro, parando apenas o tempo suficiente para deixar Boomer solto no pátio traseiro antes de sair.

-Não a vi assim a muito tempo tempo- disse Paul, seguindo com os olhos sua filha que brincava com outras crianças na área de jogos. Sorriu com ironia. -Suponho que só passaram semanas, mas sinto como se fosse uma eternidade. -É bom para ela- disse Jeanne Louise tranquilamente, com sua concentração na menina. Uma dor de cabeça tinha começado a atacá-la quando chegaram, mas ela se encarregou de mascarar a dor de Livy.


-Sim. Sentiu que a olhava e tentou parecer normal, mas sabia que tinha fracassado quando lhe perguntou com preocupação, -Você está bem? Jeanne Louise assentiu com a cabeça, sem olhá-lo.

-Está pálida e não comeu nada. Está ocultando sua dor outra vez, não é verdade? perguntou, podia ouvir o cenho franzido em sua voz. Suspirando, ela assentiu a contra gosto.

-Desde quando? - perguntou Paul.

Jeanne Louise vacilou, mas depois admitiu, -Uma dor de cabeça começou a se desenvolver pouco depois de chegar aqui. Paul amaldiçoou.

-Quer dizer que esteve ocultando sua dor durante a última hora e meia?

Jeanne Louise franziu o nariz. Era todo o tempo que tinham estado alí? Sentia como fossem três horas. Primeiro tinham jogado videogames, então tinham comido e depois Livy foi brincar com as outras crianças. Uma hora e meia? Deus. -Devia ter dito algo- disse Paul, soando zangado.

-Ela estava se divertindo- disse Jeanne Louise com impotência. -Suspeito que não tem feito isso há um tempo. -Não, não tem- assentiu solenemente. -Mesmo assim...


Ouviu-lhe suspirar, ficou de pé e se afastou. Um momento mais tarde o viu se aproximar de Livy e falar com ela, caminhando de volta para a mesa. -Sei que estava se divertindo, querida. Mas podemos voltar outro dia. Temos que ir para casa agora. Está ficando tarde. Paul estava dizendo a sua filha que levaria a ela e Jeanne Louise de volta. Uma vez na mesa, tirou rapidamente sua carteira para pagar a conta, depois levantou Livy com um só braço debaixo da parte inferior e olhou para Jeanne Louise. -Pode dormir no caminho para casa. Ela assentiu com alívio e fez com que a menina dormisse. Livy se apoiou contra seu pai, sua cabeça caindo descansando em seu ombro. Jeanne Louise ficou em seus pensamentos o suficiente para permitir que as endorfinas da menina fizessem seu trabalho e depois partiu. A ausência imediata de dor foi como um vazio depois de ter sofrido durante tanto tempo, e Jeanne Louise se balançou em seu assento. Paul se aproximou imediatamente e a pegou pelo braço para segurá-la com a mão livre. -Você está bem? - perguntou com inquietação.

Jeanne Louise respirou fundo e assentiu com a cabeça, então fez uma careta quando uma surda dor ficou na cabeça aumentando um pouco. Agora tinha uma dor de cabeça própria, provavelmente pela tensão constante de lutar contra a própria dor de Livy, supôs. Os nanos se encarregariam dela com suficiente rapidez, disse-se enquanto se levantava. -Estou bem. Vamos?

Paul saiu, com sua mão em seu braço por todo o caminho.

Jeanne Louise não pensava que era porque temia que fugisse neste ponto, por isso supôs que se sentia culpado e preocupado com ela. O fato de que a olhasse com


preocupação, como se esperasse que ela de repente desmaiasse a qualquer momento, parecia respaldar isso. Uma vez no carro, Jeanne Louise abriu a porta traseira para ele e se meteu na mente de Livy para impedir que ela despertasse quando ele a instalou no assento de trás e lhe pôs o cinto de segurança. Alegrava-se de voltar a estar fora um momento mais tarde quando se endireitou e fechou a porta. Jeanne Louise começou a abrir a porta de seu próprio assento, mas Paul a impediu pondo suas mãos sobre seus ombros e começou a massagear os músculos tensos ali. O que trouxe um gemido dela e deixou que seus olhos se fechassem e relaxou sua cabeça enquanto a tensão pouco a pouco era aliviada de seus músculos. -Obrigada- murmurou depois de um momento, piscando com os olhos abertos e lhe olhou com surpresa quando elevou seu pescoço para acariciar seu rosto. -Não. Obrigado, a você- disse com firmeza, encontrando seu olhar. -Sei que te causa dor ajudá-la. E lhe agradeço por isso. Ela o faria também se soubesse. Paul fechou os olhos brevemente, deixou escapar um lento suspiro e voltou a abri-los para dizer, Livy não foi tão feliz em muito tempo. Obrigado por isso. Jeanne Louise sorriu fracamente e tomou suas mãos as apertando, dizendo simplesmente, -Não há de que. Ele assentiu com a cabeça, e depois se inclinou para lhe dar um beijo na testa antes de liberá-la e abrir a porta do passageiro para ela. Jeanne Louise se deslizou no assento e colocou o cinto de segurança enquanto ele caminhava para o lado do motorista. Ambos guardaram silêncio na viagem de volta para casa.


Jeanne Louise não tinha nem idéia do que Paul estava pensando, mas sua mente se envolvia com pensamentos deles. Ganhou sua gratidão. Era um começo, mas não tinha certeza se era um bom começo ou não. Não queria sua gratidão. Não podiam estar em pé de igualdade se sentia que lhe devia algo. Jeanne Louise queria que ele a quisesse, que quisesse estar com ela para desfrutar de sua companhia. Não que pensasse nela como alguém a quem devia algo. Infelizmente, a situação não ajudava nisso. Ela franziu o cenho outra vez quando giraram em sua rua. Jeanne Louise olhou ao longo da fileira de casas e então conteve o fôlego quando viu duas caminhonetes escuras estacionadas em frente a casa de Paul. -Pare aqui- gritou de uma vez enquanto Paul a olhava com surpresa.

-O que?

-Pare- vaiou Jeanne Louise e pela primeira vez desejou poder simplesmente entrar em seus pensamentos e tomar o controle para que fizesse o que ela dizia. Por sorte, algo de sua urgência lhe fez obedecê-la e parou na entrada que ela tinha indicado. -O que foi? - perguntou Paul, deslizando seu olhar à casa de um vizinho onde estacionou o carro no caminho de entrada. Jeanne Louise olhou pela janela além dele às caminhonetes. Pareciam vazias. Mordeu-se o lábio e depois se inclinou frente a Paul deixando que seu olhar inspecionasse o pátio e a casa. Ela observou em silêncio durante um momento e depois se endireitou abruptamente quando viu movimento no interior da casa através da janela dianteira.


-Volte por onde viemos- disse com firmeza, colocando-se de novo em seu assento, doía-lhe a cabeça. Paul hesitou, mas depois deu marcha ré e retrocedeu pela calçada para retornar pelo caminho por onde tinham chegado. Quando chegou à esquina, ele simplesmente perguntou, -Por onde? Jeanne Louise examinou por si mesma a maneira de resolver tudo o mais rapidamente possível. Finalmente, suspirou, -Não sei. Basta virar à direita por agora. Virou à direita, partindo por uma nova rua, mas a olhou interrogativamente.

-As caminhonetes- perguntou Paul mas quando ela hesitou em responder, disse, -Não percebi eles no começo, mas havia dois. Negros com janelas negras. Os vi nas Empresas Argeneau. -São da unidade de Executores, o equivalente a nossa força policial- explicou em voz baixa. -Devem ter descoberto que me pegou e vieram atrás de mim. Paul hesitou, mas depois disse, -Fui muito cuidadoso.

Jeanne Louise considerou a reclamação brevemente e depois perguntou, -Estava em meu carro quando entrei nele? Ele assentiu com a cabeça.

-Quando você entrou? - perguntou.

-Uns dois minutos antes que você entrasse. Antes de chegar nas Empresas Argeneau


eu estava no porta-malas do carro de Lester. Um colega de trabalho- explicou Paul. Ele não sabia. Esperei no porta-malas toda a noite, depois saí de lá e entrei em seu carro antes que chegasse a ele. -Na garagem há câmaras- assinalou Jeanne Louise.

-Sim, mas tudo o que fiz os levaria a Lester, e ele não tinha nem idéia de que eu estava no porta-malas. Não poderiam seguir minha pista. -Talvez tenha sido reconhecido- sugeriu.

-Estava vestido todo de negro e com touca ninja. Não havia nada com o que pudessem me reconhecer- assegurou, e ela recordou a forma escura que se levantou no espelho retrovisor. A silhueta simples de uma pessoa. Jeanne Louise ficou em silêncio durante um minuto e depois perguntou, -O que fez com meu carro? -Estacionei meu carro na parte traseira de uma loja de alimentos onde há um lote de estacionamentos perto do edifício de apartamentos do Lester. Conduzi o carro de volta ali, mudei você para meu carro e deixei o seu ali, então te trouxe para casa. -Observou se haviam câmaras de segurança no estacionamento?

Ele hesitou.

-Não vi nenhuma. Mas mesmo que houvesse uma que eu não vi, não acredito que tenham encontrado o carro ainda. É um grande supermercado e nem sequer passaram 24 horas ainda.


Jeanne Louise soltou seu fôlego em um suspiro.

-O segurança deve ter visto você em meu carro e me levar com você, alguém deve ter me visto. Quando não me apresentei em minha casa, devem ter começado a me buscar. Há um rastreador em meu carro. Tio Lucern fez com que todos puséssemos rastreadores em nossos carros. -Então teriam encontrado seu carro bastante rápido- disse Paul com uma careta, depois negou com a cabeça. -Entretanto, observei atentamente que não haviam câmaras no estacionamento. E usava luvas quando dirigi o carro, por isso não há rastros de digitais. Como poderiam ter me rastreado? Ela negou com a cabeça, depois perguntou, -Eu estava no assento dianteiro ou traseiro de seu veículo? Quero dizer, era visível? -Assento dianteiro- respondeu. -Coloquei você no assento do passageiro. Depois de passar a noite no porta-malas de um carro não queria te colocar ali e no assento dianteiro só parecia que estava dormindo. Imaginei que uma mulher dormindo no assento dianteiro seria menos notável que uma mulher desmaiada no assento traseiro. Jeanne Louise assentiu com cansaço. -Provavelmente foi assim que te ratrearam. Tudo o que tinham que fazer era verificar as câmaras de todo o tráfego próximo durante o período de tempo em que saiu do estacionamento das Empresas Argeneau até o da loja de alimentos. Se houve uma que te gravou dirigindo comigo no assento do passageiro teriam conseguido sua placa. Ela se encolheu de ombros. Era a única coisa que tinha sentido. Seu carro tinha sido captado pela câmara com ela inconsciente no assento dianteiro. Tinham verificado sua placa e os levou a Paul. Supôs que tiveram sorte de que o tivessem localizado apenas agora. Os executores


imortais podiam chegar à casa antes que tivessem ido ao Chuck E. Cheese, ou até mesmo depois que tivessem retornado. Jeanne Louise fez uma careta ante a idéia. Se isso acontecesse, Paul provavelmente estaria preso em uma cela na casa dos Executores agora mesmo, enquanto seu tio decidia o que fazer com ele. Gostaria que tio Lucern tentasse ajudá-la a reclamar seu companheiro de vida, mas era um pouco conservador sobre certas coisas... como o sequestro de um imortal com a intenção de ser forçado por um mortal. Sim, provavelmente não ia aceitar isso muito bem. -Suponho que não podemos ir para casa- disse Paul em voz baixa.

-Não, a menos que deseje ser preso e encarcerado- disse ela com um suspiro.

Ele assentiu com a cabeça, com uma expressão solene.

-Então um hotel?

Jeanne Louise se afundou em seu assento e esfregou a testa com cansaço. A renovada tensão havia trazido de volta a dor nas costas e na cabeça. Não deveria. Os nanos não estavam erradicando isso como normalmente faziam. Não era difícil adivinhar porque. Só tinha tomado uma dose de sangue em quase vinte e quatro horas, mas os nanos estavam trabalhando duro, primeiro para eliminar os efeitos do tranquilizante que lhe tinha dado, depois para aliviar sua própria dor que tinha sofrido por Livy. Provavelmente tinha necessidade de outras três boas doses de sangue nesse momento. Em vista da pouca substância que lhes dá vida, os nanos estavam recolhendo e selecionando o que fazer frente a sua dor de cabeça e ao que parecer a tensão não figurava no topo de sua lista de prioridades. -Está pálida ainda. Precisa de sangue, não é? - perguntou Paul em voz baixa.


Jeanne Louise lhe fez gestos de que esquecesse isso. Não havia sangue disponível nesse momento. Teria que esperar. Respirou através do nariz, pensou brevemente e depois disse, -Sugiro que saiamos da cidade. Mandaram os caçadores em busca de seu veículo quando não retornarmos à casa. -Os caçadores- perguntou com o cenho franzido.

-Executores- corrigiu, sem querer explicar que eram caçadores de renegados. Isso poderia conduzir a muitos problemas à companhia. Ela não queria meter-se em tudo isso agora. Paul ficou em silêncio durante um minuto e depois disse solenemente, -Conseguimos voluntários para testar os tranquilizantes sucessivamente. Dois deles mencionaram ser caçadores. Caçadores de Renegados, acredito que foi isso que disseram. Ela sentiu que a olhava. -Esses são os Executores? A versão imortal da polícia que mencionou? Jeanne Louise assentiu a contra gosto.

-E vão estar atrás de nós porque sequestramos você?

Ela suspirou e explicou, -Seu trabalho principal é se encarregar de qualquer imortal renegado, e caçam delinquentes mortais ou a qualquer um que queira nos fazer mal ou que chame muito a atenção e ponha em risco nossa existência. Mas também se ocupam dos mortais sabem sobre nós e que fazem uso desse conhecimento... inapropiadamente- terminou incômoda.

-Assim como o sequestro de um de vocês- disse Paul em voz baixa e depois respirou fundo e perguntou, -Não acredito que o fato de que te esteja ficando voluntariamente agora ajude em meu caso.


-Temo que não. Não deixaram passar o fato de que originalmente estava contra minha vontade, na opinião do conselho. Pelo menos não acredito que devêssemos correr esse risco. As repercussões para tal coisa seriam provavelmente bastante ruinsdisse Jeanne Louise tranquilamente. -Quão ruins? -perguntou Paul, franzindo o cenho agora com preocupação.

Jeanne Louise hesitou. Não estava segura de como o conselho castigaria um mortal neste caso. Não deixariam sem consequências. Teriam que dar um exemplo e desalentar todos os outros mortais que pudessem ter essas idéias. Assim como outras coisas, a morte era uma possibilidade, mas era mais provável que fizessem um três em um e limpassem sua mente, depois o deixariam em um centro psiquiátrico, onde ficaria até morrer. Quando ela disse isso a Paul, sua boca se abriu com horror, mas a primeira pergunta foi, -E quanto a Livy? O que farão com ela? -Não seria castigada por suas ações- assegurou ela com rapidez.

-Mas o que farão com ela? - perguntou com insistência.

Jeanne Louise se encolheu de ombros.

-Provavelmente a colocaram com uma família mortal que trabalhe para Empresas Argeneau. -Não por muito tempo- disse Paul com gravidade.

Sabendo que estava pensando em seu câncer e que provavelmente tinha razão, Jeanne Louise não comentou nada ao princípio. Entretanto, quando percebeu que tinha tomado a rampa de saída na estrada, perguntou-lhe, -Pensou em algum lugar para aonde ir?


-Tenho uma casa de campo no norte. É uma viagem de quatro ou cinco horas ao menos, mas… -Isso não é bom. A essa altura provavelmente conhecem cada propriedade que possui e eles as observarão- interrompeu ela e percebeu seu agudo olhar surpreendido. -Sério? Podem obter esse tipo de informação tão rapidamente? -perguntou incrédulo.

-Paul, podem averiguar tudo sobre um mortal que trabalhe para a empresa e provavelmente mais rápido- disse Jeanne Louise solenemente. -Como? Com certeza eles não têm acesso à base de dados da polícia e outras maisprotestou ele. -Podem ter acesso a tudo o que quiserem- disse ela em voz baixa.

-Como? -repetiu Paul.

Jeanne Louise se limitou a sacudir a cabeça.

-Explicarei isso mais tarde. Agora temos que pensar em um lugar onde ir que não seja seu. Não podemos continuar dando voltas. -Bom- murmurou ele, com o olhar na estrada por diante.

Depois de um momento, ele sugeriu, -Bom, poderíamos ficar em um hotel em algum lugar e… -Podem rastrear seus cartões de crédito.


-Jesus- murmurou Paul. -Só tenho vinte ou trinta dólares comigo.

-Deixou minha bolsa em meu carro? -perguntou. Ela não a tinha visto quando acordou no porão. -Sim- admitiu ele com o cenho franzido.

Jeanne Louise pensou brevemente, e depois perguntou, -Quanta gasolina temos?

Paul sorriu ante a pergunta. Ela suspeitava que foi porque tinha usado a palavra temos, como se formassem uma equipe. Seu olhar se deslizou para o indicador de gasolina e disse, -Meio tanque. -Então sugiro que pare em um posto de gasolina em alguma parte entre o Chuck E. Cheese e a casa e depois passe em um caixa automático na região. Não verão onde fomos ao não chegar em casa. -Boa idéia- murmurou e se moveu para a pista da direita para pegar a próxima rampa de acesso à saída. A seguinte meia hora foi tensa. Jeanne Louise passou todo o percurso e depois o tempo no posto de gasolina esperando que alguma caminhonete escura passasse por eles e lhes obrigasse a parar. Ela esperou no carro enquanto Paul usava o caixa automático, seus olhos vigiando constantemente a área circundante por qualquer sinal de uma caminhonete preta ou de veículos pertencentes a seu pai e seus irmãos. Foi um alívio quando a porta do motorista se abriu e Paul entrou, pelo menos se sentiu aliviada até que ele disse, -Só estava pensando... Boomer ainda está na casa.


-Vão cuidar dele- disse Jeanne Louise tranquilizadoramente. -Vão levá-lo de volta à casa dos executores e cuidaram dele até que tenham nos encontrado ou isto se resolva. Ele assentiu com a cabeça, mas ainda parecia preocupado, depois olhou para Livy, que dormia na parte de trás. -Ela não ficará feliz com ele longe de nós. Esse cão não esteve fora de sua vista durante mais que algumas horas desde que o tem. A única vez que estiveram separados foi quando estava na escola. Ou quando ainda ia à escola- adicionou cansado. Jeanne Louise franziu o cenho também. Não sabia o que provocavam as dores de cabeça de Livy, mas poderia se zangar e tê-las com mais freqüência. Se esse fosse o caso, não queria à menina chateada. Voluntariamente assumiria a dor da menina para evitar que ela sofresse e tinha toda a intenção de continuar fazendo isso, mas não era agradável e se um pouco dessa dor pudesse ser evitada fazendo com que o cão... Sacudindo a cabeça, perguntou, -O que há atrás da casa?

-Outras casas da rua do lado. Por que? -perguntou Paul com curiosidade.

-Vamos ter que ir procurar Boomer. Teremos que estacionar na rua de atrás. Pode esperar aqui com Livy enquanto procuro Boomer. Ele franziu o cenho.

-Isso é um pouco arriscado, não é?

-Estarão procurando seu carro. Não se preocuparam com o cão que está no pátio traseiro. Espero, Jeanne Louise acrescentou silenciosamente.


Paul duvidou, mas depois assentiu. -Obrigado- murmurou, ligando o motor.

Jeanne Louise assentiu com a cabeça tentando pensar na melhor maneira de pegar o cachorro. Estava tentando lembrar a forma do pátio traseiro e qual seria o melhor lugar para saltar a cerca. Esperava que o animal estivesse ainda no pátio traseiro e não tivesse entrado na casa. E esperava que obedecesse sua chamada. Ou que ninguém o fizesse em seu lugar. Caramba, Jeanne Louise não podia acreditar que estivesse assumindo este risco. Mas na verdade, tinha que fazer algo para minimizar a dor de Livy, porque ela também sofria. Francamente, era uma grande covarde quando se tratava de dor. -Mantenha o motor ligado- disse em voz baixa, alcançando a porta quando Paul estacionou ao lado da rua residencial atrás da sua. -Talvez eu devesse ir- disse Paul, pondo sua mão sobre seu braço para detê-la quando começou a sair. -Não conheço as pessoas que vivem aqui mas farei o que puder… -Eu me encarrego dos vizinhos- assegurou Jeanne Louise com calma, deixando seu braço livre. Ao sair, ela repetiu, -Só levará um minuto. Fique preparado para partir quando eu voltar caso me vejam e seja perseguida por um dos caçadores. Ela viu o aumento de preocupação em seu rosto, mas fechou a porta e se virou caminhando para a entrada da casa que tinha em frente. Uma cerca de madeira alta rodeava a casa, começando na garagem e dando a volta pelo pátio traseiro rodeandoo e terminando do outro lado da casa. Tinha 1,80 metro de altura, embora em comparação com o muro de Paul era mais baixa, e podia ver o muro além dela. Aproximou-se da porta da cerca pela frente da casa, ouvindo que a porta principal se


abria. Virou-se e sorriu ao homem que saiu olhando-a suspicazmente.

-Está tudo bem, volte a entrar e vá ver televisão- disse Jeanne Louise, entrando na mente do homem para se assegurar-se que seguisse a ordem. Ele assentiu com a cabeça, sorriu, deu meia volta e voltou a entrar. Jeanne Louise não hesitou então, mas continuou em direção à cerca. Puxou a porta, e não se surpreendeu ao encontrá-la fechada com chave por dentro. Nada era fácil, pensou, olhou a seu redor para se assegurar que ninguém estava olhando com exceção de Paul, então saltou sobre a cerca com um movimento suave. Jeanne Louise grunhiu quando aterrissou em uma calçada de concreto no interior do pátio cercado. A aterrissagem enviou uma sacudida através dela, mas ignorou isso e correu imediatamente a parte traseira. Pelo caminho tinha pensado em diferentes idéias. Saltar a cerca, pegar o cachorro e saltar de volta seria o mais fácil. Mas eram quase oito horas, era verão e ainda brilhava a luz do dia. Havia muito risco de ser descoberta por um dos caçadores dentro da casa e ser perseguida. Também existia o risco de que um dos vizinhos a visse saltando a cerca. Uma mulher magra com roupa de negócios saltando uma parede de três metros de altura chamaria a atenção. Teve que usar outro plano. Fazendo uma careta, Jeanne Louise se ajoelhou no jardim de rosas que corria ao longo da cerca de atrás e começou a engatinhar pela terra lamacenta. Ao que parece, o jardim tinha sido regado pouco antes de sua chegada, a terra estava escorregadia e parecia barro. Genial, pensou, mas continuou avançando. Para seu alívio, não teve que esperar muito. Enquanto a cerca ia pelos lados do pátio, não tinham se incomodado em pô-la na parte traseira. O muro de Paul oferecia toda a privacidade necessária ali e seu muro de contenção estava enterrado só a uns poucos centímetros no chão. Com sua velocidade e força, seria coisa de criança escavar um buraco de um metro de largura e um de altura, até poderia trabalhar apenas com suas mãos.


Uma vez que Jeanne Louise cavou o que considerou o suficientemente fundo, deitouse no jardim para trabalhar com seu braço o buraco e começou a cavar na própria parede, tirando a sujeira rapidamente com impaciência. Tinha que alcançar a superfície do outro lado antes de pensar em chamar Boomer para se assegurar de que ainda estivesse no pátio traseiro. Com o próximo golpe de sua mão, entretanto, ouviu um emocionado yip do outro lado da parede e sentiu uma pata golpeando atrás de sua mão tentando alcançá-la. Boomer estava no pátio traseiro. Jeanne Louise se apressou, temerosa de que o interesse de Boomer pudesse chamar a atenção de alguém na casa. Só levou um momento antes de cavar um espaço o suficientemente grande para que o animal passasse, ele o fez, movendo-se com impaciência sob a parede e rebolando no jardim lhe saltando em cima, balançando a cauda e passando sua língua por suas bochechas. -Bom cachorro- sussurrou Jeanne Louise e parou rapidamente para voltar através do pátio, prestando atenção nos sons caso ouvisse algo e tivesse que avisar Paul. Ao ver que não escutava nada no momento em que chegou à porta de novo, Jeanne Louise teve certeza que suas ações tinham passado desapercebidas. Pressionando o cachorro em seu peito, saltou a cerca com cuidado, depois correu para o carro e entrou. Paul se afastou imediatamente, com sua atenção entre a estrada, ela e a cerca que acabava de saltar, como se quase esperasse ver alguém correndo atrás deles. -Acredito que estamos bem- disse ela, acariciando Boomer e tentando com que ele ficasse em seu colo. O cão se debatia desesperadamente entre tentar lamber seu rosto e tentar se voltar para Paul, mas ela se aferrou à pequena criatura acariciando-a constantemente. -Não acredito que alguém percebeu ou teriam nos seguido. Paul relaxou um pouco, agora sua atenção estava apenas sobre ela e de vez em quando olhava pelo retrovisor. Logo esclareceu a garganta e perguntou, -Umm... Como exatamente o tirou?


-Fiz um túnel por debaixo do muro. Pensei que seria mais seguro que saltá-lo, poderia ser vista- admitiu. -Ah -murmurou Paul, e ela o olhou agudamente, vendo que seus lábios tremiam. Ah? -perguntou Jeanne Louise com suspicacia. O homem estava tentando não rir. Ah, o que? Ele olhou para ela, depois afastou o olhar e esclareceu a garganta, -Isso explica por que você e Boomer parecem ter lutado no barro. Jeanne Louise olhou para si mesma e ao cão e suspirou. A pele de Boomer estava emaranhada com entulho por passar debaixo da parede. Também estava coberta de lama. Suas mãos e braços estavam pior, o barro secou rapidamente sobre eles e o resto não parecia muito melhor. Sua blusa de seda branca estava úmida e lamacenta, provavelmente em ruínas, suas calças estavam cobertas também. Tinham sido as primeiras atingidas ao ficar de joelhos e depois por ter se deitado no jardim lamacento depois de tudo. -Não pode estar confortável assim- disse Paul em voz baixa. -Vamos ter que parar e te conseguir uma troca de roupa. Talvez pudéssemos alugar um quarto de hotel tempo suficiente para que possa tomar banho. -Uma troca de roupa será suficiente- disse Jeanne Louise tranquilamente. Não terá que se arriscar em um motel até que estejamos mais longe de Toronto. De fato, não acredito que devamos comprar a roupa aqui também. Posso repousar durante uma hora mais ou menos. -A uma hora para o norte ou para o sul? - perguntou ele com o cenho franzido.

-Tem alguma propriedade no sul? - perguntou.


Quando ele negou com a cabeça, encolheu-se de ombros.

-Então para o sul.

-Uma hora a sudoeste pela estrada 427 nos levará até a região de Cambridgeanunciou Paul. -Isso é suficiente- decidiu Jeanne Louise. Havia poucos imortais que conhecia que viviam nessa região, mas havia poucos lugares onde não houvesse pelo menos um ou dois imortais. Só teria que ser cuidadosa. Paul assentiu com a cabeça e os próximos minutos ficaram em silêncio enquanto se concentrava em conseguir algo, pela Estrada 427 se dirigiu ao sudoeste, e ambos relaxaram um pouco depois. Depois de um momento, disse, -Obrigado por me ajudar com o Livy. Jeanne Louise tomou nota da gratidão solene em seu rosto e desviou o olhar com um encolhimento de ombros. -Ela tem que comer.

-Sim e te agradeço que olhe por ela- murmurou. -Sei que te causa dor ajudá-la.

Jeanne Louise não fez nenhum comentário, seu olhar estava sobre Boomer que finalmente tinha renunciado a lambê-la e se deitou em seu colo para dormir. -Sinto muito que eu tenha levado tanto tempo para perceber o que acontecia. Vi que seu rosto estava pálido e decaído enquanto estávamos no Chuck E. Cheese, mas não estava seguro do que acontecia. Pensei que talvez só precisasse de mais sangue-


disse em voz baixa. -Então me lembrei de que ocorreu o mesmo quando lhe doeu a cabeça no pátio e você deteve a dor. Paul fez uma pausa durante um momento e depois perguntou delicadamente, -Para que ela não sinta dor, o que você tem que fazer? Jeanne Louise suspirou e se encolheu de ombros.

-Tenho que estar em sua cabeça e aí é onde está a dor. Para mascarar a dor tenho que permanecer alí. -Disse que é seu instinto, que faz o mesmo quando morde às pessoas... por isso ao morder às pessoas também sente sua dor? -Essa dor não está em suas cabeças. Em geral está no pescoço- murmurou ela, depois franziu o cenho e disse, -Embora uns recebem a dor na cabeça. Jeanne Louise ficou perplexa um breve momento e depois admitiu, -Não sei como funciona, Paul. Como já disse, é mais instinto que qualquer outra coisa. -Em geral é no pescoço? - perguntou Paul, soando perplexo. -Há outros lugares que pode morder? -É obvio, em qualquer lugar onde as veias sejam fortes e estejam perto da superfície. A curva do cotovelo, o pulso, os genitais, o tornozelo... Ela se encolheu de ombros. Há um monte de lugares onde se pode morder uma pessoa. -Os genitais? -perguntou Paul com incredulidade.

Jeanne Louise fez uma careta, consciente de que estava de repente ruborizada, mas disse, -Alguns juraram que é o melhor lugar para morder. Não é provável que alguém veja as marcas.


-Bom- murmurou, depois ficou em silêncio durante um momento. Ela suspeitava que ele estava pensando que alguma vez tinha mordido alguém nos genitais. Os homens tendem a ter uma só linha de pensamento, ao menos os homens com os quais tinha estado. -Quer uma aspirina ou algo assim? -perguntou Paul de repente. -Acho que tenho uma caixa no porta-luvas. Se precisar de algo mais forte, a bolsa no assento traseiro tem os medicamentos de Livy, há alguns muito fortes para a dor. Franziu o cenho e acrescentou em um murmúrio, -Apesar de que não ajudam muito. -Não, estou bem- assegurou Jeanne Louise. Mas não era completamente verdade. Sua cabeça ainda doía, mas os medicamentos mortais provavelmente não a ajudariam. Os nanos só os veriam como substâncias estranhas para eliminar de seu corpo, o que consumiria mais sangue e sem dúvida aumentaria seu desconforto. Teria que comer logo, se quisesse ficar livre da dor, teria que enfrentar o problema. Na verdade teria que morder um mortal para se alimentar, uma prática que estava proibida exceto em casos de emergência onde os bancos de sangue não fossem acessíveis. Isto conta como uma emergência, decidiu Jeanne Louise e esperava que o conselho o visse dessa maneira. Entretanto, poderia-se argumentar que a única coisa que tinha que fazer era tirar de Paul ou pegar da casa dos Executores ou de qualquer outro lugar onde se pudesse conseguir sangue. -Sabe- refletiu Paul, -Quando eu era criança, meus pais costumavam alugar uma cabana no Lago Huron, um pequeno lugar no lado leste da reserva Kettle Point. Frequentemente pensei em levar Livy até lá. -Então será lá? Duas ou três horas a sudoeste daqui? - perguntou Jeanne Louis.


-Será lá- concordou ele.

Jeanne Louise considerou a situação. A praia estaria ocupada nesta época do ano, cheia de mortais. Seria difícil para os Executores apanhá-los sem chamar a atenção se os localizassem. Também faria mais fácil que ela se alimentasse com muitas opções para uma refeição, estava pensando em como se alimentar durante um tempo. Pelo menos até que se solucionassem as coisas com Paul, tinha que conseguir que aceitasse ser seu companheiro de vida, transformá-lo, ele teria que transformar Livy, depois teriam que retornar à cidade e ver o que fazer para mitigar o problema sobre Paul com a organização. Ela tinha a esperança de que se Paul fosse transformado antes de ser apanhado poderia haver uma diferença. O fato de que fosse seu companheiro de vida e um deles devia ajudar. Ela esperava que sim. Era a única razão pela qual pensava em transformá-lo por sua conta sem drogas intravenosas para lhe ajudar no esforço. Mas não tinha que prescindir desses elementos. Uma visita ao hospital mais próximo e um pouco de controle mental faria com que conseguisse o que necessitava. Exceto os fármacos especialmente desenvolvidos em I e D, reconheceu com tristeza, mas decidiu depois que se preocuparia quando chegasse o momento. -Parece bom- disse ela finalmente.

Capítulo 6

-Jeanie?

Jeanne Louise se agitou lentamente e abriu os olhos para encontrar ao Paul inclinado


sobre ela. Piscou meio sonolenta e olhou a seu redor, sua mão apertando-se automaticamente sobre a bola de pêlo em seu colo quando Boomer também começou a se mover. O carro estava parado. Estavam estacionados em um terreno grande, ocupando um estacionamento no Wal-Mart. Obviamente, adormeceu e tinham chegado à região de Cambridge. -Ia deixar você dormindo enquanto ia comprar um pouco de roupa, mas não sei que tamanho usa- explicou Paul, recostado em seu assento de modo que ela pudesse se sentar também. -OH. Ela sorriu com um bocejo e depois negou com a cabeça. -Eu vou comprar.

-Uh, bom, talvez seja melhor que não faça isso. Poderia chamar um pouco de atenção assim- assinalou ele gentilmente. Jeanne Louise deu uma olhada em sua roupa e franziu o cenho quando se fixou no barro em sua roupa. Estava seco, pelo menos, mas a lama não evaporou com a umidade. Definitivamente chamaria a atenção. Suspirando com resignação, assentiu. -Tamanho seis para a maioria das coisas, mas às vezes oito. Quando a confusão apareceu em seu rosto, ela se pôs a rir. -Diferentes fabricantes com tamanhos diferentes. Só compre tamanho seis. Assentindo, Paul olhou ao assento traseiro.

-Estarei aqui- tranquilizou ela. -E estou acordada.

-Obrigado- murmurou ele, e depois chegou à porta, abriu-a e saiu, dizendo, -Serei tão rápido quanto puder.


-Está bem- disse Jeanne Louise antes de que ele fechasse a porta. Viu ele se afastar do carro, e depois deu uma olhada aos outros carros a seu redor. Tinha estacionado na parte traseira do lugar, mas ainda estava entre outros carros e não sozinhos. O estacionamento estava surpreendentemente ocupado a essa hora. Supôs que deviam ser quase nove horas. Embora a maior parte dos Wal-Marts ficavam abertos até as onze. Um murmúrio sonolento de Livy lhe chamou a atenção e Jeanne Louise se girou para olhar o banco de trás. A menina ainda dormia. Sua cor era boa, com as bochechas em realidade um pouco atraentes. Duas refeições e um pouco de tempo com outras crianças no Chuck E. Cheese lhe tinham feito muito bem. Ela precisava de alguns dias mais de comida e diversão para reconstruir sua força antes de que fosse seguro a mudança. Jeanne Louise se recostou em seu assento, com a mão automaticamente segurando Boomer em seu lugar. Quando deu a sua mão uma molhada lambida, sorriu ao animal, e acariciou suas orelhas. Era um bom cachorro e ao que parece tinha dormido todo o tempo que o segurou, pensou Jeanne Louise, e depois olhou para onde Paul se dirigia, desejando ter pensado em lhe dizer que comprasse um pouco de comida de cachorro para o pobre animal. Não lhe tinham alimentado desde antes de sair para jantar. Supôs que Paul tinha a intenção de fazer isso quando retornassem, mas em vez disso foram procurar um lugar para se esconder. E o cachorro ainda não tinha comido. Sua atenção se distraiu desse pensamento pela visão de uma família caminhando até a fila de carros, com sacolas em suas mãos. Dois meninos conversavam com uma mãe muito atenta e com o pai, que os conduzia para uma caminhonete pequena através da rua e a dois carros de distância. Jeanne Louise observou os pais guardarem as compras enquanto os meninos subiam na caminhonete; depois eles entraram e ela fez uma careta quando suas presas tentaram deslizar para fora.


Tinha fome, e não de comida. Seu estômago estava ainda felizmente cheio de pizza. Era sangue o que seu corpo queria e a necessidade começava a corroê-la. Tinha que se alimentar logo. Com esse pensamento em mente, Jeanne Louise deslizou o olhar através das pessoas indo e vindo no estacionamento, alguns voltando para os carros, outros dirigindo-se à loja. A maioria parecia estar em grupos ou pelo menos em casais. De fato, passaram vários minutos antes de que visse um homem sozinho. Seus olhos se estreitaram sobre ele, considerando-o. Era jovem, possivelmente de uns vinte anos com cabelo loiro curto e um corpo atlético. De aspecto saudável. Jeanne Louise automaticamente agarrou a maçaneta da porta e então lembrou de Boomer em seu colo. Fez uma pausa, mordeu-se o lábio e olhou fixamente para o cão. Estava acordado e bem deitado em seu colo, mas ela não podia garantir que não saltaria ao assento traseiro e perturbaria Livy se o deixasse no carro. Seu olhar se deslizou de novo ao jovem. Ele foi mais devagar quando se aproximou do carro de Paul, um pequeno esportivo vermelho. Sentiu suas presas se deslizarem para baixo e para fora outra vez e as obrigou a retroceder uma vez mais, mas então alcançou a porta e desta vez a abriu. Jeanne Louise levou Boomer com ela enquanto saía do assento dianteiro. Segurando o cão contra seu peito com uma mão, abriu a porta com cuidado para não despertar Livy e depois girou para olhar ao jovem de novo. Tinha aberto a porta do motorista de seu carro e estava a ponto de entrar. Jeanne Louise não falou, simplesmente se meteu em seus pensamentos e tomou o controle dele. Era tão fácil como colocar um dedo em manteiga derretida. Diferentemente de Paul, o homem era tão maleável como barro. Sorrindo para si mesma, Jeanne Louise o fez fechar sua porta e cruzar a distância até ela. Sua expressão estava em branco quando o fez parar em frente a ela. Levou um


momento para procurar em seus pensamentos e ter certeza de que não tinha estado bebendo ou tomado alguma droga, e quando soube que estava limpo, e de fato era uma pessoa saudável, relaxou e o fez se inclinar para ela como se fosse beijá-la. Mas no último momento lhe fez voltar a cabeça. Para qualquer um que estivesse olhando pareceria simplesmente como se estivessem se abraçando e ela acariciasse seu pescoço, pensou Jeanne Louise, enquanto colocava a mão em seu peito. Elevou-se nas pontas dos pés, deixou que suas presas saíssem e… -Jeanne Louise?

Girou-se instintivamente ante essa voz perguntando, não pensando em retrair suas presas até que viu o modo em que a expressão de Paul se congelou. Amaldiçoando-se por não pensar em verificar o estacionamento antes de fazer seu movimento, Jeanne Louise rapidamente deixou que suas presas retornassem a seu lugar e retirou a mão do homem que tinha estado a ponto de morder. Ficou no interior de sua cabeça, muito sensível ainda para liberá-lo. -Paul, eu…

-Você ia mordê-lo? -disse entre dentes acusadoramente enquanto subia para se juntar com eles entre seu carro e o sedan do lado. Jeanne Louise não se incomodou em tentar negá-lo. Elevou a cabeça, endireitou os ombros e disse com uma simples dignidade, -Tenho que me alimentar, Paul. Sua boca se apertou, e depois olhou bruscamente a seu destinado jantar. Suas sobrancelhas se juntaram imediatamente quando viu a expressão em branco em sua cara.


-O que fez com ele?

Jeanne Louise fez uma careta. Agora teria que explicar coisas que não tinha querido. Ganhando um pouco tempo, disse, -Espere- depois voltou sua atenção ao homem outra vez e o enviou caminhando para seu carro. O fez entrar e depois esperou um momento para se assegurar de que não recordaria o breve desvio, antes de liberá-lo. Ambos observaram em silêncio como o jovem ligou seu motor, mas no momento em que partiu, Paul se voltou para ela de novo, as sobrancelhas levantadas. -E então?

Jeanne Louise olhou a seu redor no estacionamento ocupado e sugeriu, -Talvez devêssemos discutir isto no carro. -OH, está bem. Agora está preocupada com o estacionamento abarrotado de gente? perguntou com secura. -Faz um minuto estava dando uma de Vampirella aqui sem uma só preocupação sobre quem lhes via, mas agora quer falar no carro? -Não estava dando uma de Vampirella- disse com um suspiro. -Nem sequer cheguei a mordê-lo. Interrompeu-me antes de que pudesse. -Muito bom- replicou Paul. -Porque não vai morder ninguém enquanto estiver comigo. -Tenho que me alimentar, Paul- disse Jeanne Louise, tentando manter a paciência. Preciso de sangue para sobreviver. -Pensei que vocês não eram autorizados a se alimentar diretamente da fonte- grunhiu. -Pensei que estavam restritos a sangue empacotado.


-E estamos- disse ela de uma vez. -Salvo em casos de emergência e este é um exemplo. Não posso passar pelo banco de sangue Argeneau, ou ligar para uma entrega a domicílio, não é? Você seria preso, e eu não posso… Ela estalou sua boca fechando-a e deu uma olhada por cima de seu ombro ao som de uma porta se abrindo.

Um pequeno suspiro saiu dos lábios de Jeanne Louise quando viu um senhor mais velho entrar na caminhonete estacionada atrás do carro de Paul. A forma em que os estava olhando lhe disse que tinha ouvido o que estavam falando. Embora parecesse um pouco confuso, ter ouvido isso mesmo sem compreender era suficientemente ruim, e ela se meteu nos pensamentos do homem e os reorganizou um pouco; depois se girou para Paul. -Temos que ir.

Desta vez ele não protestou, e abriu a porta do carro como um idiota. Esperou até que ela se sentou junto com Boomer, e depois deixou cair a enorme sacola de compras que estava levando a seus pés e bateu a porta. O som, é obvio, agitou o sono de Livy e desta vez a dor de cabeça não se foi. A menina despertou com um grito de dor e imediatamente começou a chorar estrepitosamente. Isso fez Jeanne Louise olhar para Paul quando ele abriu a porta do lado do motorista e se deslizou dentro empurrando o cão. Ela abriu sua porta e saiu. -Aonde vai? -grunhiu Paul.

Jeanne Louise o ignorou e fechou de repente sua porta e abriu a de atrás para desabotoar o cinto de segurança de Livy. -Está tudo bem, querida- sussurrou-lhe, levantando-a em seus braços. Abraçou à menina, beijou sua testa e depois se obrigou a cair em sua mente para ajudá-la com a


dor. Imediatamente a agonia insuportável explodiu dentro de sua cabeça e Jeanne Louise se apoiou pesadamente contra o carro, apertando instintivamente à menina para evitar deixá-la cair enquanto tentava fazer frente à dor. Era tão esmagante desta vez que não notou Paul saindo do carro e dando a volta para se unir a elas. -Ponha ela para dormir- ordenou-lhe, tomando à menina, mas demorou um momento que suas palavras chegassem através de seu cérebro aflito. -Jeanie? Obrigou-se a abrir os olhos, olhou para Livy e a pôs para dormir. Desta vez, teve que se esforçar. A dor era realmente ruim. Tinha pensado que os duas primeiras dores de cabeça tinham sido horríveis, mas este era insuportável. Jeanne Louise não podia nem sequer pensar com sua cabeça martelando como o fazia e levou um momento lembrar como fazer com que a menina dormisse. Também teve que esperar mais tempo desta vez antes de ter certeza de que a mente de Livy estava alagada com endorfinas suficientes para acalmar a dor; então finalmente se deslizou fora da mente da menina com alívio. Gemendo, Jeanne Louise pressionou as mãos em sua testa e se girou para apoiar a bochecha com cansaço no teto do carro. Ouviu a porta dianteira abrir-se, e levantou a cabeça para olhar ao redor, rapidamente metendo-se nos pensamentos da menina para impedir que despertasse quando Paul a instalou no assento dianteiro e lhe colocou o cinto de segurança. Foi algo bom porque Boomer imediatamente decidiu que devia sentar-se sobre Livy. Subir à garota a teria despertado se Jeanne Louise não houvesse tornado a cair em seus pensamentos. Paul pegou o cachorro, e depois agarrou a sacola de roupa também. No momento em que se endireitou e fechou a porta, ela liberou a mente de Livy e se apoiou no teto do carro outra vez. -Venha- disse Paul em voz baixa. Ele a impulsionou a um lado, abriu a porta traseira e a introduziu no assento. Jeanne Louise pegou o cachorro quando o entregou, depois


a sacola de roupa também, e simplesmente inclinou a cabeça para trás no assento e fechou a olhos. Foi Paul quem lhe fechou o cinto de segurança. Nem sequer tinha energia para lhe agradecer. Jeanne Louise foi vagamente consciente do fechamento de sua porta; em silêncio, notou ela. Ao que parece, tinha aprendido sua lição ao bater a porta. Então ouviu a porta do motorista abrindo-se e o motor ser ligado. Limitou-se a segurar o cachorro e a sacola contra seu estômago e a ficar onde estava enquanto ele punha o carro em movimento e se dirigia para fora do estacionamento. Jeanne Louise pensou que nunca se sentiu tão esgotada e dolorida em toda sua vida. Sua cabeça ainda palpitava, a dor embotando sua memória, e sem sangue, sabia que não ia melhorar. Simplesmente se recostou no assento, tentando não vomitar pela dor enquanto ele dirigia. Consumida pelo esforço como estava, Jeanne Louise não teria soube quanto tempo passou antes que ele parasse de novo. Também não lhe importava, e ficou onde estava até que Paul saiu do carro. Quando a porta junto a ela se abriu, não reagiu até que sentiu Paul procurar na sacola em seu colo. Forçando seus olhos a abrirem, levantou um pouco a cabeça, bem a tempo para lhe ver tirar uma coleira da sacola. Depois ele tirou a sacola de seu colo e a deixou no assento do carro, antes de colocar a coleira no pescoço de Boomer. -Pode caminhar? - perguntou em um sussurro.

Jeanne Louise fez uma careta, mas assentiu com a cabeça.

Paul levantou Boomer de seu colo. Segurando-o debaixo de um braço, soltou o cinto de segurança de Jeanne Louise, e depois lhe ofereceu a mão para sair. Ela franziu o cenho, ainda zangada de que ele tivesse despertado Livy e posto tanto a sua filha como a ela mesma nessa agonia. Mas então aceitou sua mão estendida e deslizou


seus pés fora do veículo.

Paul fechou a porta tão silenciosamente como foi possível uma vez que ficou de pé junto a ele, e depois se girou para começar a se afastar do veículo. Jeanne Louise olhou a contra gosto ao redor, surpreendida ao ver que os tinha levado a um parque. Conduziu-a a uma mesa de picnic, sentou-a, depois amarrou a ponta da corda da coleira ao pé da mesa e voltou a sentar-se a seu lado. -Morda-me- disse ele com gravidade.

-O mesmo para você- murmurou ela irritada.

Paul piscou, e depois uma risada de surpresa escapou de seus lábios.

-Não. Não era isso, quero dizer, realmente vá em frente e me morda, Jeanne. Precisa se alimentar. Se alimente de mim. -OH- disse Jeanne Louise em um suspiro, e depois franziu o cenho. -Primeiro se incomoda porque eu ia morder alguém, e agora quer que te morda? Ele fez uma careta e afastou o olhar. -Sim, bom… Não deveria ter reagido como reagi. Acho que estava com um pouco de ciúmes quando os vi abraçados no estacionamento. Acho que depois do beijo de hoje me sinto um pouco possessivo. Paul se encolheu de ombros, incômodo, e depois se apressou a dizer, -Além disso, não deveria ter que se alimentar de outros. Só está sem sangue porque eu te sequestrei. Se tiver que morder alguém, deveria ser eu. Ninguém mais tem que pagar por isso. Jeanne Louise olhou fixamente a escuridão crescente. O sol havia se posto há muito tempo, e a escuridão tinha tomado seu lugar. Não tinha notado quando a tinha tirado


do carro, o que dizia muito sobre a forma em que se encontrava. E seu estado de ânimo a estava ajudando a ver o que acabava de dizer. Ele estava com um pouco de ciúmes quando a viu com o homem? Sentia-se possessivo depois de seu beijo, nesse mesmo dia? E estava admitindo isso? Uau. Pensava que era algo importante, mas em sua estado atual não estava segura se era no bom sentido ou no mau. -Então, vá em frente. Paul se moveu um pouco mais perto, e girou sua cabeça para lhe oferecer seu pescoço. Jeanne Louise se limitou a olhá-lo. Não podia simplesmente mordê-lo. Não podia controlar seus pensamentos. Iria machucá-lo se não pudesse evitar que sentisse dor. Não estava disposta a machucá-lo. Entretanto, queria mordê-lo. Não lhe machucar, mas se alimentar dele. A forma em que tinha torcido o pescoço deixava sua veia exposta e palpitante. Quase podia cheirar o sangue golpeando através de suas veias. Gemendo, Jeanne Louise se deu a volta. -Não posso.

Paul ficou em silêncio durante um momento, e depois disse, -Estava controlando o sujeito no estacionamento. -Já te disse, podemos impedir que sintam dor, de modo que…

-Você o estava controlando, Jeanie- interrompeu ele com gravidade. -Não só lhe impedia de sentir dor. Ele parecia não estar ali. Era como se as luzes estivessem acesas, mas não houvesse ninguém em casa. Estava caminhando, mas não parecia consciente apesar de que tinha os olhos abertos. Jeanne Louise assentiu com a cabeça derrotada. Não havia maneira de evitá-lo agora.


-Quando ainda caçávamos, esta era uma habilidade muito útil.

-Então você o controlava?

Ela fez uma careta. -Sim, Paul, eu o estava controlando. Entrei em sua mente e anulei sua vontade com a minha. Ele nem se lembrará de ter cruzado o estacionamento. - Alguma vez fez isso comigo? -perguntou em voz baixa.

-Não- disse ela com cansaço, vendo Boomer perseguir sua cauda ao final da corda.

Paul deixou isso para atrás e murmurou, -Não sabia que sua espécie podia fazer isso.

Jeanne Louise se encolheu de ombros.

-Saber que podemos fazê-lo poria os mortais nervosos, por isso geralmente não lhes dizemos. -Hmm- disse, e depois a olhou bruscamente. -Jesus, poderia ter me controlado e feito com que a libertasse a qualquer momento. Quando ela não fez nenhum comentário, perguntou-lhe, -Por que não o fez? -Porque não posso te controlar, Paul- admitiu com cansaço.

-Não pode? Ele franziu o cenho. -Por que?

Jeanne Louise se encolheu de ombros e disse vagamente, -Acontece às vezes.

-Mas pode controlar Livy- disse. -Isso é o que está fazendo quando suprime sua dor e


quando a põe para dormir, não é?

-Sim- admitiu ela.

Paul assentiu com a cabeça e depois chutou com seu pé a grama, antes de olhá-la e lhe dizer. -Continua terrivelmente pálida, Jeanie. Precisa de sangue.

-Não posso te morder, Paul- suspirou e depois acrescentou com ironia. -Me acredite, eu gostaria de poder fazê-lo. Preciso de sangue. -Bom, então, por que não? Bebeu meu sangue em casa e não parecia te afetar negativamente. -Não é pelo sangue em si- disse Jeanne Louise em uma curta risada seca, e então se girou para olhá-lo. -Não posso te controlar, Paul. Não seria capaz de evitar que sentisse dor. Isso doeria, e não vou te machucar. -Ah, entendi- disse com um gesto de compreensão; em seguida fez uma careta. -Bom, talvez seja o que mereço por te sequestrar em primeiro lugar. Olhou-a com solenidade e lhe disse, -Realmente não quero que tenha que se alimentar de outros pelo que eu fiz. Com dor ou não, prefiro que me morda antes que se alimente dos inocentes que nos rodeiam. -Paul… - começou ela tristemente, mas ele a interrompeu.

-Falo a sério, Jeanie. Prefiro sofrer a dor de sua mordida do que você ter que morder outras pessoas. Então… Ele inclinou a cabeça para ela, deixando ao descoberto seu pescoço outra vez. -Vá em frente. Termine com isto de uma vez.


Jeanne Louise franziu o cenho, negou com a cabeça e olhou ao longe, mas seus olhos rapidamente se deslizaram de volta. Maldição, tinha fome. Seu estômago parecia como se estivesse fervendo com ácido. E os músculos de todo seu corpo começavam a sofrer cãibras e a doer enquanto os nanos chupavam o sangue para não fazer isso dos órgãos principais. E se não se alimentasse somente pioraria. -Não aqui. No carro- disse ela bruscamente e se dirigiu para seu veículo. O silêncio reinou atrás dela durante um momento, e depois ouviu Paul murmurar a Boomer que esperasse onde estava e cuidasse das coisas, que voltaria para pegá-lo em um momento. Jeanne Louise se meteu no assento traseiro atrás de Livy. Deixou a porta aberta para ele, e se deslizou pelo assento, com a mente percorrendo o que teria que fazer quando viu Paul se aproximar. Seus passos se reduziram ao chegar junto ao carro, mostrando certa reticência, mas endireitou os ombros e seguiu. -A porta- murmurou quando ele se deslizou no assento junto a ela, com um pé ainda fora no chão. Assentindo tristemente, Paul colocou seu pé dentro e fechou a porta, depois inclinou a cabeça, oferecendo sua garganta. Jeanne Louise girou seus olhos e imediatamente subiu escarranchada sobre seu colo. Paul tremeu pela surpresa e a agarrou pelos braços. - O que…

-Relaxe- sussurrou, consciente de que Livy estava dormindo na parte dianteira. -Só sei de uma maneira de fazer com que não lhe doa sem controlar sua mente.


-Qual é? - perguntou inseguro.

Lhe dare prazer. Se ele experimentasse o prazer compartilhado dos companheiros de vida, seria menos provável que sofresse com a dor de suas presas afundando-se em sua carne. Entretanto, Jeanne Louise não lhe disse isso. Simplesmente se inclinou para diante e lhe beijou. Depois de uma rigidez inicial, Paul relaxou contra a carícia em sua boca e começou a lhe devolver o beijo. No momento em que o fez, a paixão de antes explodiu entre eles. Jeanne Louise suspirou de alivio em sua boca e deslizou seus braços ao redor de seus ombros, seu corpo instintivamente pressionando-o mais perto enquanto sua boca se abria para ele. Paul aceitou o convite imediatamente, sua língua empurrando para acariciá-la enquanto suas mãos subiam. Uma mão em suas costas, empurrando-a ainda mais perto, enquanto que a outra se afundava em seu cabelo e inclinava sua cabeça em um ângulo mais cômodo. Jeanne Louise gemeu quando sua língua arremeteu contra a dela, e então ofegou quando a mão em suas costas escorregou ao redor para encontrar seu peito através de sua blusa cheia de barro. Sua mão amassou a tenra carne e começou a puxar sua blusa, tentando arrastá-la para baixo para revelar seu sutiã. Jeanne Louise ajudou, desfazendo rapidamente os botões e gemendo quando ele puxou a taça de seu sutiã de lado para poder tocar seu mamilo sem obstáculos. Quando rompeu o beijo para levar seus lábios e língua através de sua bochecha e para sua orelha, Jeanne Louise murmurou com impaciência e girou a cabeça, oferecendose; então inclinou sua cabeça para trás, lhe oferecendo sua própria garganta quando sua boca se arrastou para baixo. Paul não se deteve ali. Encontrou a região de sua clavícula e enviou tremores de calafrios através dela mordiscando-a ali, e depois lambeu o caminho de seu peito a seu mamilo.


Jeanne Louise se levantou um pouco em seu colo enquanto sua boca se fechava sobre a endurecida protuberância, suas mãos agarrando-se ao cabelo atrás de cada uma de suas orelhas para conduzí-lo. A fome se precipitou através dela, uma mescla de paixão e necessidade, por ele e por sua necessidade de sangue. Jeanne Louise se encontrou brevemente dividida pelos desejos contraditórios, mas quando inclinou sua cabeça para trás em um gemido e sentiu suas presas descerem para cravar sua língua, levantou a cabeça bruscamente para lhe olhar atentamente. O coração de Paul batia no rítmo de sua própria necessidade, causando uma dureza debaixo de suas pernas que empurrava contra ela com cada movimento de seus corpos. Jeanne Louise baixou sobre sua dureza, trazendo um gemido a sua boca que reverberou ao redor de seu peito, e então ele afastou a boca da protuberância que estava atendendo e levantou seu rosto. A mão no cabelo dela puxou para baixo, e Paul procurou sua boca novamente, mas Jeanne Louise girou a cabeça no último momento e foi a sua garganta. Suas presas se afundaram na suave carne enquanto empurrava outra vez contra sua dureza, e Paul gritou, som que foi amortecido por sua mão sobre sua boca. Era um grito de êxtase, não de dor, mas não podia se arriscar que Livy despertasse nesse ponto, assim Jeanne Louise manteve sua boca coberta enquanto se alimentava, seu prazer imediatamente viajando pela conexão do prazer compartilhado e alagando a ele. Paul resistiu debaixo dela, com as mãos capturando seus quadris para mantê-la no lugar exato enquanto ele mesmo se movia contra ela em frenética necessidade. Ela se apertou contra ele de novo, a paixão e o prazer da alimentação correndo e esmagando a ambos. Jeanne Louise estava tão absorta no momento que poderia ter se superalimentado e prejudicado Paul se alguém não tivesse batido na janela junto a eles. -Pelo amor de Deus, arrumem um quarto. Este é um parque familiar- gritou alguém, sua voz amortecida pela janela.


Jeanne Louise levantou a cabeça em um grunhido furioso e se girou para olhar quem tinha interrompido sua alimentação, mas a pessoa, um homem de idade, já tinha seguido adiante, agitando a cabeça e murmurando algo sobre os pervertidos e os jovens de hoje em dia. Lhe franziu o cenho, e depois olhou para Paul para ver o olhar aturdido em seu rosto. Então Jeanne Louise se retorceu para olhar por cima do assento dianteiro para Livy. Felizmente, a brutal interrupção do homem não tinha despertado a menina. Suspirando, Jeanne Louise se girou para Paul e franziu o cenho ante quão pálido ele estava. Tinha tomado muito sangue. Não uma quantidade perigosa, mas sem dúvida, era mais do que deveria ter tomado e ele precisaria de tempo para se recuperar. Ao perceber que ainda tinha suas presas fora as retraiu, e depois desceu do colo de Paul e olhou pela janela. Estava suficientemente escuro para ver que Boomer permanecia junto à mesa de picnic. Embora se sentisse melhor. Sua dor de cabeça era novamente um surdo martelar, e muito de suas cãibras e dores tinham desaparecido. Seu estômago também estava apenas turvando agora em vez de ser um banho de ácido. Precisaria de mais sangue para estar plenamente recuperada, mas Paul não podia lhe dar mais. A idéia fez que seu olhar fosse para ele. Estava atirado no assento com sua cabeça para trás e os olhos fechados. Jeanne Louise suspeitava que tinha desmaiado. Deixaria-o por agora. Saiu do carro e se dirigiu à mesa de picnic para pegar Boomer. Estava dando a volta no carro quando percebeu que um homem estava desatando a corda de Boomer da mesa. Jeanne Louise usou sua velocidade imortal e se precipitou para frente, dando um sobressalto ao homem quando de repente apareceu em seu lado. -OH. Ele piscou com confusão e olhou a seu redor. -É… É seu? Só o estava


verificando.

Os olhos do Jeanne Louise se estreitaram. Ele estava mentindo. Tinha previsto ficar com Boomer. Era um desses filhos de puta que roubavam animais dos jardins e dos parques e os vendiam para ser cobaias. Estava dirigindo uma caminhonete cheia de animais de estimação que tinha roubado, mas ao ver Boomer, aparentemente sem vigilância, pareceu que era muito bom para ser verdade e parou para pegar mais um. Tomou o controle do homem, o fez entregar a corda da coleira de Boomer e depois o fez caminhar para sua caminhonete. Estava apenas a dez metros de distância. Acabava de parar no acostamento ao ver Boomer, leu Jeanne Louise em sua mente. O fez abrir as portas traseiras da caminhonete e viu duas fileiras de jaulas no interior. Havia oito, quatro nas paredes de cada lado da parte traseira da caminhonete, e tinha pelo menos dois animais em cada uma, alguns gatos e alguns cães. Franzindo sua boca, Jeanne Louise o fez pegar seu telefone celular e fazer uma chamada anônima à polícia dizendo que um homem com uma caminhonete cheia de objetos roubados se encontrava estacionado no parque. Em seguida, teve que dar uma olhada à placa de entrada do parque para ser capaz de fazer com que o informasse também. Depois de lhe fazer jogar for a seu telefone, Jeanne Louise o agarrou pela camisa e o jogou para baixo para poder afundar seus dentes em sua jugular. Ele gemeu quando suas presas se deslizaram em sua pele, mas não foi um gemido de prazer. Não se incomodou em suprimir sua dor, embora não lembraria de sofrê-la. Estava limpando sua memória. Desta vez, Jeanne Louise tomou deliberadamente sangue suficiente para que o homem desmaiasse. Girou-se com ele e o lançou pela camisa para que caísse na parte traseira de sua caminhonete entre as filas de jaulas. Seus pés estavam pendurados entre as portas abertas, mas não se preocupou com isso e simplesmente fez seu caminho de volta ao carro, levando Boomer com ela.


Quando Jeanne Louise abriu a porta traseira do carro, Boomer subiu e se deitou junto a Paul. Em seguida, abriu a porta dianteira e se meteu no assento do motorista. Sentia-se muito bem agora. Dirigiria o resto do caminho e deixaria Paul dormir e se recuperar. Quando Jeanne Louise se retirou do estacionamento pouco depois, um carro da polícia estacionou atrás da caminhonete dos animais roubados. A visão a fez sorrir com satisfação. Haveria um monte de gente feliz recebendo a seus amados mascotes de volta esta noite. Estava totalmente livre de qualquer culpa que pudesse ter por morder o sujeito.

Capítulo 7

-Tenho sede, Jeanie.

-Comprei alguns aperitivos quando nos registramos, querida. Darei uma bebida para você assim que leve você e Boomer a nosso quarto de hotel. De acordo? Paul pestanejou com os olhos abertos quando um clique seguiu a essa suave voz. O estalo tinha sido do fechamento da porta do carro, viu isso quando elevou a cabeça e olhou a seu redor a tempo de ver Jeanne Louise levando Livy e Boomer a uma porta aberta em um edifício branco, comprido e baixo, diante do carro. Dando uma sacudida com a cabeça para limpar os pensamentos, Paul se sentou e esfregou seu rosto cansado com as mãos. Estava esgotado, e não sabia porque no princípio, mas então se lembrou de que esteve no parque, oferecendo seu pescoço para Jeanie e dela o levando de volta ao carro. Lembrou claramente dela subindo em


seu colo e…

-Jesus- murmurou Paul em voz baixa enquanto isso continuava passando por sua cabeça. Beijaram-se duas vezes, e ambas as vezes tinham sido como nada do que jamais tivesse experimentado. Era como se seu corpo explodisse de desejo quando seus lábios se encontravam com os dela. Se sentia ardendo… e ao que parece todo seu sentido comum também saía pela janela, porque tinha estado a ponto de lhe tirar a roupa e tomá-la ali mesmo, no assento traseiro com Livy dormindo na parte dianteira. A única coisa que o tinha detido foi…

Bom, Paul reconheceu, que na verdade não lembrava o que lhe tinha detido. Lembrava-se de seus corpos se esfregando, lembrava-se de deixar de deslizar seu mamilo por sua boca para que pudesse reclamar seus lábios, e então… não lhe tinha deixado que a beijasse. Havia virado a cabeça e Paul levou uma mão a seu pescoço com o cenho franzido. Pensava que ela poderia tê-lo mordido, mas não lembrava de sentir dor, só um prazer incrível que tinha se deslocado através dele em ondas aparentemente intermináveis. E depois despertou com o som de sua filha e Jeanne Louise falando em voz baixa. A porta abrindo a seu lado chamou sua atenção, e Paul olhou nessa direção quando Jeanne Louise se inclinou para lhe olhar. -Está bem? -perguntou ela, olhando-o solenemente.

-Mordeu-me? Saiu-lhe como uma pergunta, porque não estava muito seguro. Embora seu gesto lhe disse que estava certo. -Deixei me levar um pouco e tomei mais sangue do que pensava- disse Jeanne Louise desculpando-se. -Como se sente?


Paul considerou a pergunta. Como se sentia? um pouco fraco, um pouco cansado, e quente como o inferno ao recordar a paixão que tinham compartilhado. Estava preparado para outra rodada com ela. Se tivesse fome, estaria mais do que feliz em lhe dar de comer. De fato, sua mente estava elaborando uma conversa a respeito dos lugares para morder e como os órgãos sexuais eram um bom lugar, já que não deixavam marcas. Ele seria voluntário para testar isso em um instante, pensou secamente. Mas não podia lhe dizer isso, e só podia pensar que era algo malditamente bom que não pudesse ler sua mente. -Bem- disse Paul por fim, dando-se conta de que estava à espera de uma resposta.

Jeanne Louise hesitou, e depois se inclinou para pegar a sacola do Walmart que agora estava a seus pés. Depois se inclinou para trás e lhe deu espaço para sair. Paul o fez imediatamente, tirou seu cinto de segurança e se estirou no assento de trás para se endireitar a seu lado. Entretanto segurou a porta, quando o mundo deu um lento giro em torno dele. Ela definitivamente tinha tomado muito sangue, reconheceu. Talvez devesse esperar antes de se oferecer para outra refeição. Pelo menos até que tivesse comido algo. -Precisa de ajuda? - perguntou Jeanne Louise preocupada.

-Não- murmurou Paul e cautelosamente soltou a porta, depois a empurrou para fechála e olhou a seu redor. -Onde estamos? -Ipperwash. É muito tarde para procurar chalés que possam ser de aluguel, e vi este hotel, então parei aqui. Ela olhou a seu redor também. -Passaremos esta noite aqui. Poderemos olhar chalés amanhã.


Ele assentiu com a cabeça e voltou a caminhar lentamente para a porta aberta pela qual Jeanne Louise tinha entrado antes com sua filha. A lembrança lhe fez perguntar, -Como está Livy?

-Livre da dor de cabeça no momento, graças a Deus- murmurou Jeanne Louise lhe seguindo até a porta. -Além disso tinha fome e sede. Dei-lhe um pouco de suco e uma barra de chocolate para nos tirar do apuro até a manhã. -Uma barra de chocolate? - perguntou Paul com uma careta de dor. -É tudo o que vendiam na recepção- disse Jeanne Louise com tom de desculpa, e depois lhe assegurou, -Porei-a para dormir assim que ela terminar. Paul relaxou e assentiu. -Consegui um pouco de suco e uma barra de chocolate para você também- disse Jeanne Louise quando chegou à porta de seu quarto e olhou a seu redor. Era um quarto de hotel padrão, feito em tons neutros de cor marrom a bege. Havia duas camas tamanho grande e Livy estava sentada na mais próxima com Boomer deitado a seu lado. A garota estava se recuperando enquanto comia uma barra de Chocolate. -Há comida para cachorro junto com a roupa- disse Paul, girando com a intenção de pegar a sacola e a comida do pobre cachorro. Já tinha passado bastante da hora do jantar de Boomer. -Vou pegá-la- disse Jeanne Louise, fechando a porta atrás deles. -Vá beber seu suco e coma seu chocolate. Paul hesitou, mas depois a deixou e se dirigiu ao outro lado do quarto até o criado mudo, onde estavam três ou quatro barras de chocolate e duas garrafas de suco.


Pegou uma garrafa de suco de laranja, abriu-a e bebeu enquanto via Jeanne Louise tirar a comida para cães e os dois pratos pequenos. Boomer estava fora da cama, junto a ela, movendo a cauda, no momento em que abriu a comida para cães. Jeanne Louise serviu um pouco em um dos pratos, depois deixou o saco de comida de lado e levou o outro prato ao banheiro contiguo para enchê-lo com água. Para quando terminou de colocar a água ao lado do prato de comida para Boomer, Paul tinha terminado o suco e comido uma barra de chocolate. -Jeanie, podemos ir à praia? -perguntou Livy enquanto Jeanne Louise se endireitava.

-Pela manhã, querida- disse Jeanne Louise, seu olhar se deslizou sobre Paul antes que ela olhasse o estado em que estava o chocolate de Livy. Sua filha tinha terminado seu chocolate, mas parecia ter mais chocolate nas mãos e no rosto do que tinha conseguido comer. Ele sorriu levemente e olhou a Jeanne Louise a tempo de ver o sorriso que se formou em seu rosto antes que ela desse a volta para retornar ao banheiro. -Jeanie diz que estamos em Upper Watch- anunciou Livy, sorrindo.

-Ipperwash- corrigiu Paul brandamente enquanto abria seu chocolate.

-Sim- concordou Livy. -E diz que vamos nadar e pegar conchas, assar salsichas sobre o fogo e outras coisas também. -Hmm- murmurou Paul ao redor de seu chocolate e assentiu com a cabeça, mas então franziu o cenho quando de repente se perguntou como Jeanne Louise tinha alugado o quarto do hotel. Não tinha sua própria carteira e seu dinheiro estava em sua carteira em seu bolso traseiro. Podia senti-la. -Lá vamos nós- disse Jeanne Louise saindo do banheiro com um pano úmido e


dirigindo-se a Livy.

-Jeanie? -perguntou Paul depois de engolir seu pedaço de chocolate. - Como alugou o quarto? Ela deteve brevemente a limpeza de Livy e depois o olhou. -O dono do motel estava disposto a receber dinheiro em espécie. Disse-lhe que pagaria amanhã. Ele arqueou uma sobrancelha ao ver a expressão culpada em seu rosto.

-E ele esteve de acordo com isso?

-É obvio- murmurou Jeanne Louise, evitando lhe olhar enquanto passava o pano de novo sobre o rosto agora limpo de Livy. Ela tinha controlado o dono do hotel para fazer o acordo. Paul apostaria dinheiro nisso, mas deixou isso passar. Pagaria o homem pela manhã. Tudo estava bem. Ainda assim, era bastante preocupante que sua espécie pudesse fazer com que os simples mortais fizessem coisas que não necessariamente queriam fazer. Duvidava que houvesse um dono de hotel no planeta que alugasse quartos com a promessa de lhe pagar pela manhã, sem falar da garantia de um cartão de crédito em caso de danos… a menos que abrigasse um hóspede vampiro. -Aí vamos nós. Hora de dormir- murmurou Jeanne Louise, puxando as mantas e lençóis de um lado da cama e dando uns tapinhas para que Livy se movesse para cama. -Mas acabo de acordar- protestou Livy.


-Eu sei, querida. Mas é hora de dormir e quer estar descansada e se sentir bem para a praia amanhã, não é? Livy considerou isso e depois assentiu com a cabeça, mas em vez de se mover, ela disse, -Mas não posso dormir com minha roupa. -Há um pijama na sacola do Walmart- disse Paul, ficando de pé para pegar a sacola onde Jeanne Louise a tinha deixado aos pés da cama. -Vou pegá-la- disse Jeanne Louise de uma vez, correndo para tentar chegar a ela primeiro. -Não estou inválido, Jeanie. Posso fazer isso- disse Paul com irritação quando pegou a bolsa. Em seguida, fez uma careta e lhe ofereceu uma expressão de desculpa antes de acrescentar mais brandamente, -Eu farei isso. Jeanne Louise assentiu e recuou, deixando-o derrubar o conteúdo na cama e ordenar toda a roupa que tinha caído. Tinha comprado a roupa prometida para Jeanne Louise, assim como um pijama, uma camiseta e calças curtas para Livy, e outra calça jeans e uma camiseta para si mesmo. Mas não tinha pensado em comprar um pijama nem para si mesmo nem para Jeanne Louise. Ele não estava acostumado a usá-los e não tinha pensado nisso para o Jeanne Louise. Só tinha comprado para Livy porque parecia que tinha saltado para ele quando tinha passado pela prateleira onde estava pendurada. Era cor de rosa com dálmatas brancos e tinha pensado que ficaria adorável nela. Suspirando, Paul pôs sua própria roupa de lado, junto com a de Livy, pôs a roupa que tinha comprado para Jeanne Louise dentro, e depois lhe ofereceu a sacola.


-Sinto muito. Não acho que tenha um pijama.

-Está tudo bem- murmurou ela, aceitando a sacola. -Posso dormir de camiseta e calcinha. Paul piscou ante o anúncio. Jeanne Louise não deixou de notar, e ela deu a volta para pôr a sacola no extremo da cama em que Livy estava. Forçando longe a imagem que acabava de meter em sua cabeça, Paul pegou o pijama e se dirigiu à cabeceira. -De pé, bolinho- ordenou ligeiramente.

Rindo, Livy ficou de pé na cama em frente a ele e saltou ao redor quando ele agarrou a barra de sua camiseta e a puxou para cima por sua cabeça. Ela continuou saltando enquanto lhe punha a camiseta do pijama, mas deteve seu salto ao capturá-la por seus tornozelos e a trouxe para baixo quando estava preparado para trocar sua calça curta pela calça do pijama. Foi só depois que terminou que lhe ocorreu que talvez ela não devesse estar saltando, que talvez isso fizesse com que começasse outra dor de cabeça. Felizmente isso não aconteceu, e Livy riu com gargalhadas enquanto caía sobre seu traseiro na cama. Então chutou suas pernas enquanto ele puxava sua calça curta e lhe punha a calça do pijama. Boomer pensou que era um bom jogo e imediatamente saltou na cama, latindo com entusiasmo. Paul teve que ordenar ao cão que descesse da cama, mas sorriu enquanto terminava de abotoar o pijama de Livy. Tinha os olhos brilhantes e as bochechas de cor rosa. Se não tivesse visto ele mesmo os exames na consulta do médico, e estado alí durante as dores de cabeça que ela sofreu durante as últimas semanas, quase poderia acreditar que era normal, uma jovem menina saudável. Mas ela não era. Estava morrendo. A idéia fez com que seu sorriso desvanecesse e sua voz ficasse rouca enquanto


murmurava, -Sob os lençóis agora.

-Está bem- disse ela alegremente, mas ficou de pé sobre a cama, abraçou-se a seu pescoço e o beijou na bochecha antes de se dirigir ao lugar onde Jeanne Louise tinha afastado a colcha. Deixou-se cair sobre seu traseiro, deslizou seus pés debaixo das mantas, depois as agarrou e puxou até que se deitou. Livy então fechou os olhos, e começou a fazer sons de fortes roncos. -Diabinha- disse Paul, esboçando um pequeno sorriso. Livy abriu os olhos e lhe sorriu brevemente, mas com a mesma rapidez fechou os olhos e seu rosto se deslizou no sono. Ajudada por Jeanne Louise, Paul sabia. Não olhou à mulher, mas continuou olhando sua preciosa filha e renovou sua determinação de salvar sua vida. Convenceria Jeanne Louise a transformá-la. Tinha que fazê-lo.

-Vou tomar uma ducha- disse a mulher em questão com suavidade.

Paul assentiu com a cabeça, mas não olhou em sua direção. Ouviu o rangido da sacola quando ela a pegou no extremo da cama e um momento depois ouviu um suave clique quando a porta entre o dormitório e o banheiro se fechava. Suspirando, Paul se inclinou para afastar uma mecha de cabelo do rosto de sua filha.

-Não se preocupe, querida- sussurrou, passando seu dedo pela bochecha. -Papai está aqui. Ele não te deixará morrer.


Paul estava olhando pela janela para o estacionamento quando Jeanne Louise saiu do banheiro. Tinha lavado sua roupa íntima na pia, tinha escorrido o melhor que pôde e depois a tinha colocado na pia para que secasse um pouco enquanto tomava uma ducha. É claro, não se secou enquanto tomava seu banho e teve que ficar a úmida, mas se secaria em seu corpo e pelo menos estava limpa. Jeanne Louise pôs a camiseta que Paul tinha comprado, um pouco consternada ao ver que ele tinha comprado uma pequena. Era apertada, abraçando seus peitos como uma segunda pele e mal chegava à parte superior de sua calcinha. Olhou-se no espelho antes de sair do banheiro e tinha negado com a cabeça, mas depois de maneira fatalista se encolheu de ombros. Estava mais coberta com esta camiseta do que estaria usando um traje de banho. Com esse pensamento, Jeanne Louise tirou o novo jeans da sacola do Walmart, preenchendo-a com a roupa suja, e levou a sacola e o novo jeans com ela enquanto saía do banheiro. Deixou a sacola e a calça jeans aos pés da cama de Livy e se adiantou para retirar a manta e os lençóis de seu lado. -Jesus.

Jeanne Louise se deteve ante essa expresssão afogada e olhou para Paul. Seus olhos estavam muito abertos e quentes à medida que se deslizavam sobre seu corpo. Sentia como se a estivesse comendo viva do outro lado do dormitório. Ela se obrigou a manter o movimento, terminou de tirar os lençóis e se meteu na cama. No momento em que tinha colocado o lençol e a manta sobre ela, ele estava no criado mudo. -Não tem que dormir com Livy. Eu ia fazer isso- sussurrou Paul, com seu olhar movendo-se sobre as mantas que acabava de subir como se ainda pudesse vê-la com


um olho mental. -Ela está dormindo.

-Está tudo bem- sussurrou Jeanne Louise de novo, voltando para seu lado. -É uma cama grande. Estaremos bem. Paul hesitou, mas no final não teve mais remédio que deixá-la. Apagou as luzes do quarto, deixando apenas a luz do banheiro para iluminar seu caminho. -Cristo- murmurou Paul apoiando-se contra a porta depois de fechá-la. Era evidente que tinha comprado para Jeanne Louise o tamanho errado de camiseta. Ou o tamanho perfeito dependendo de como se olhasse, pensou com ironia. E sem dúvida tinha olhado. A visão dela lhe tinha tirado a respiração quando se virou e a tinha visto caminhando ao lado da cama. E a verdade é que estava esperando que ela sugerisse que compartilhassem a outra cama quando havia dito a Livy que dormisse, e ficou decepcionado porque ela não fez isso. Dando uma sacudida com a cabeça, Paul se separou da porta e se moveu para abrir a ducha. Seria uma ducha de água fria para ele esta noite. E depois provavelmente pouco ou nenhum sono. Suspeitava que ficaria acordado toda a noite, seu corpo eletrizado pelo conhecimento de que Jeanne Louise Argeneau estava meio nua a menos de dois metros de distância, na cama ao lado. -Maldição- suspirou, e começou a tirar a roupa.


-Bom dia, amigos.

Jeanne Louise olhou brevemente ao proprietário do hotel e murmurou um ausente “bom dia”, porque sua concentração se centrava principalmente em Livy enquanto a menina comia seu café da manhã. A menina acordou inquieta e difícil. Tinha dor de cabeça outra vez. De menor grau desta vez, graças a Deus, mas uma dor de cabeça de todas maneiras. Jeanne Louise tinha que mascarar a dor surda e fazer com que a menina comesse e desfrutasse de sua comida. Deixou-a com cuidado para saber o que queria o dono do hotel. Felizmente, Paul foi capaz de lidar com a substituição e saudou o homem com gosto. Os dois se conheceram quando Paul parou na recepção para pagar por seu quarto a caminho da cafeteria anexa para o café da manhã. -Chamei Jack, um amigo meu que possui alguns chalés na praia. Mencionou que estava procurando um para alugar- anunciou o homem alegremente. -Acabou que Jack teve um cancelamento esta semana. Alguém que o tinha alugado de hoje até o próximo sábado. Só ligaram esta manhã para cancelar, os safados, o que é uma boa notícia para vocês. Ele está disposto a receber dinheiro em espécie e alugar para vocês. Jeanne Louise sorriu e assentiu com a cabeça quando Paul se levantou para apertar a mão do homem e lhe agradecer. Os dois homens falaram por uns instantes, mas ela não prestou muita atenção. Sua concentração ainda estava principalmente em Livy até que o dono do hotel os deixou e Paul se sentou de novo, dizendo, -Se não pudermos ir ao chalé até o meio-dia, provavelmente deveríamos encontrar um lugar para comprar mais roupa. E talvez alguma comida. -Sim- murmurou ela.


Paul ficou em silêncio durante um momento e ela pôde sentir seus olhos viajando por seu rosto. Depois lhe perguntou em voz baixa, -É ruim? Jeanne Louise sabia que estava perguntando pela dor de cabeça que estava bloqueando de Livy. Supôs que isso significava que estava começando a mostrar o desgaste de fazê-lo. Suspirando, ela admitiu, -Era leve quando ela acordou, mas está cada vez pior.

-Charlie diz que o melhor lugar para comprar trajes de banho e outras coisas é Londres. Está a uma hora de distância. Pode dormir no caminho- disse Paul em voz baixa. Jeanne Louise assentiu com a cabeça, sabendo que Charlie era o dono do hotel. Tinha conseguido seu nome quando ela se inundou em seus pensamentos para o convencer a alugar o quarto e só receber no outro dia. -Livy, está pronta querida?- perguntou Paul de repente, atraindo sua atenção sobre o fato de que a menina tinha terminado de comer. -Sim, papai. Livy sorriu radiantemente. -Podemos ir à praia agora?

-Logo, bolinho. Mas primeiro temos que ir comprar trajes de banho- respondeu Paul, tirando dinheiro suficiente para pagar por seu café da manhã e depois se levantando para pegar Livy. -Posso caminhar, papai- queixou-se a menina quando ele a levantou nos braços.

-Sim, eu sei. Mas depois será muito grande para que eu possa te levar assim, então devo fazer isso enquanto ainda posso- respondeu ele com facilidade, e depois olhou para Jeanne Louise e acrescentou, -Além disso, logo estará dormindo.


-Não, não vou dormir. Não estou nem um pouco cansada. Eu… A frase terminou abruptamente quando Jeanne Louise pôs à menina para dormir com um pensamento. Suspirando enquanto ela se liberava da mente da menina, Jeanne Louise esfregou a cabeça e se levantou. Sentia-se culpada pelo fato de que a menina dormisse de novo, mas certamente o sono era melhor que sofrer a agonia que sofreria se estivesse acordada. -Não deixe que me esqueça de trazer protetor solar- disse Paul enquanto se dirigiam para a saída. -Protetor solar- murmurou Jeanne Louise.

-E repelente para mosquitos- acrescentou Paul.

-Repelente para mosquitos- repetiu ela com voz apagada. -E as toalhas, é obvio- murmurou Paul, com o cenho franzido. -Acho que talvez devêssemos fazer uma lista antes de ir às compras. -Uma lista. Jeanne Louise suspirou. Não estavam acordados muito mais que uma hora, mas ela já estava esgotada. Uma viagem de compras não era nada atraente, mas tinham pouco mais que a roupa que usavam. Tinha que ser feito, reconheceu, fazendo uma careta quando saíram à luz brilhante do sol da manhã. Teria que se alimentar de novo logo, caso continuasse passeando sob o sol, pensou. E depois, lembrando do cachorro que tinham deixado no quarto do hotel durante o café da manhã, ela perguntou: -E quanto a Boomer? -Dificilmente podemos levá-lo às compras. Ficará bem no quarto durante algumas horas- assegurou ele, e depois olhou para o céu com um gesto de preocupação e


sugeriu, -Talvez devesse esperar aqui sob o toldo enquanto deixo Livy no carro. Darei uma ré e te pegarei. Melhor não sair à luz solar direta se não for necessário. Jeanne Louise parou imediatamente com alívio, mas manteve sua atenção em Livy enquanto ele a levava paa o carro e dentro dele, assegurando-se de que as sacudidas não despertassem à menina. Uma vez no carro, Jeanne Louise encontrou uma pequena caderneta e uma caneta no porta-luvas e escreveu tudo o que os dois lembraram para por na lista enquanto Paul dirigia. -Como está a cabeça de Livy? -perguntou Paul quando entrava no estacionamento de um centro comercial enorme. Jeanne Louise arrancou a lista que tinha feito, a meteu no bolso e se virou para olhar a menina. Deslizou-se em seus pensamentos brevemente, e relaxou quando sentiu que estava livre de dor. -Está bem agora- disse Jeanne Louise com alívio, e induziu à menina para que despertasse de novo assim como quando a punha para dormir. Livy piscou com os olhos abertos, alerta quase instantaneamente.

-Já chegamos?

-Sim- disse Jeanne Louise em uma gargalhada. -Parece lotado- murmurou Paul, conduzindo ao longo das fileiras de carros estacionados. -É sábado- assinalou ela.


-Hmmm. Deixarei às duas aqui na porta enquanto procuro estacionamento, e depois as alcanço- decidiu, dirigindo-se à entrada do centro comercial mais próxima. -Tenho que ir ao banheiro- anunciou Livy.

-Na verdade, eu também- reconheceu Jeanne Louise.

-Está bem- riu Paul. -Bom, eu também. Encontro com as duas no banheiro mais próximo a esta entrada então- disse enquanto reduzia a velocidade até parar em frente a um conjunto de portas. Assentindo, Jeanne Louise desceu do carro, fazendo uma careta pela dura luz do sol que imediatamente a golpeou. Fechou a porta, abriu a de Livy e rapidamente se inclinou para lhe tirar o cinto de segurança e ajudá-la a descer. -Nos vemos em uns minutos- disse, e depois fechou a porta e se apressou com Livy para a entrada do centro comercial. Entraram no ar condicionado que estava quase frio depois do calor exterior. Jeanne Louise deixou escapar um pequeno suspiro de seus lábios, agora que o sol já não caía sobre ela. Tinha as deixado na área de alimentação, uma área com mesas no centro e uma variedade de restaurantes que a rodeavam. Felizmente, já tinha passado da hora do café da manhã e era muito cedo para o almoço, então a área de alimentação estava relativamente tranquila, mesas vazias em sua maioria com umas poucas pessoas conversando com um café ou uma bebida gelada. Um rápido olhar ao redor revelou o sinal universal para banheiros a sua esquerda. Jeanne Louise pegou a mão de Livy e a levou nessa direção, ziguezagueando ao redor de uma ou duas pessoas que cruzaram seu caminho. O banheiro não estava


ocupado e havia várias cabines para escolher. Jeanne Louise levou Livy até uma das cabines localizada no meio da fileira de cabines. -Precisa de mim aí com você? -perguntou vacilante na porta.

-Não, obrigada. Sou uma menina grande- disse Livy simplesmente e fechou a porta.

Algo na forma em que o disse fez Jeanne Louise sorrir. Sacudindo a cabeça, deu-se a volta e caminhou para os lavatórios para se apoiar neles enquanto esperava. Depois que tinha descansado seus quadris contra a pia uma morena de meia idade entrou no banheiro. Jeanne Louise devolveu o sorriso à mulher, e inalou para oferecer uma saudação, mas se congelou ante o aroma que flutuou até seu nariz. Sangue. O aroma era pesado no ar enquanto a mulher passava, embora duvidasse que um mortal percebesse. O aroma fez com que as presas do Jeanne Louise doessem. Deu-se conta de repente de quão faminta estava, e não por comida mas sim pelo líquido metálico que atualmente enchia o ar em frente a ela. A mulher ou tinha uma ferida aberta em algum lugar ou estva menstruada. Jeanne Louise aspirou o aroma embriagador de novo, seus olhos agora seguindo à mulher enquanto caminhava ao longo da fileira de cabines. Quando a morena escolheu a cabine grande para deficientes, Jeanne Louise nem sequer pensou duas vezes, e se afastou da pia. Ela a seguiu até a cabine, deslizando-se na mente da mulher para controlá-la enquanto o fazia. No momento em que ela empurrou a porta da cabine fechando-a atrás delas, a mulher tinha feito uma pausa e inclinou a cabeça para um lado. Jeanne Louise viu os olhos em branco da mulher que olhava fixamente para a cerâmica frente a elas enquanto se afastava o cabelo, e depois se concentrou em mascarar os pensamentos da mulher e a dor enquanto afundava suas presas em sua garganta.


Livy estava indecisa na porta aberta de sua cabine quando Jeanne Louise saiu da cabine para deficientes momentos depois. -OH, aí está- disse a menina com um sorriso quando a viu. -Tive medo de que tivesse ido. -Nunca- disse Jeanne Louise ligeiramente, unindo-se a ela no lavatório e a levantou para que pudesse alcançar o sabão e a torneira. -Acho que papai gosta de você, Jeanie.

O anúncio foi tão inesperado, que Jeanne Louise quase deixou cair a menina. Mantendo seu agarre enquanto a menina afanosamente lavava as mãos, perguntoulhe, -Ah, sim? O que te faz dizer isso? -Sorri mais a seu redor. E já não parece tão triste todo o tempo- disse Livy simplesmente. -Esteve muito triste durante tanto tempo quanto posso lembrar. Pensei que era minha culpa, mas a vovó diz que é porque mamãe morreu. Ela diz que sente falta dela. Entretanto, não parece que sinta tanta saudade quando está a seu redor. Jeanne Louise hesitou, mas depois perguntou, -Isto está bem para você? Ele gostar de mim? -É obvio- disse com um sorriso. -Eu também gosto de você. Além disso, precisará de alguém para fazê-lo sorrir quando eu for para o céu. Seu próprio sorriso se congelou em seu lugar, Jeanne Louise olhou o inocente rosto da menina e sentiu que seu coração se apertava. -Já terminei. Pode me baixar agora- anunciou Livy, obrigando-a a sair de sua imobilidade momentânea. Jeanne Louise baixou à menina ao chão, rapidamente


lavou suas próprias mãos, e depois pegou algumas folhas de papel toalha para as duas. Uma vez que tinha secado as mãos, jagaram as toalhas de papel no lixo e saíram do banheiro. Não foi até que saíram da área de alimentação que percebeu que tinha estado tão distraída por sua inesperada alimentação que se esqueceu de ir ao banheiro.

Capítulo 8

-Vamos nadar quando voltarmos?—perguntou Livy emocionada quando Paul a pôs em seu assento. -Assim que chegarmos em casa e tirarmos tudo do carro —disse Paul, terminando sua tarefa e endireitando-se para fechar sua porta. Deu uma olhada pela janela para o assento do passageiro, franzindo o cenho quando notou a palidez e a expressão tensa de Jeanne Louise. Seu olhar se deslizou para sua filha. Livy estava ainda acordada e sorridente. Carrancudo, abriu a porta do co-piloto e se inclinou dentro. —Jeanie?—disse, a preocupação deslizando em seus pensamentos enquanto notava que sua tez estava cinza, seus dentes estavam apertados, e que lhe saltavam os músculos da mandíbula. Embora ela tivesse se girado para ele, Paul juraria que na verdade ela não o via. Sua concentração estava por completo na dor que sofria enquanto trabalhava para que a pequena menina não o sentisse. As dores de cabeça eram cada vez piores, tomando cada vez mais dela, notou ele. Isto poderia acabar com eles se não convertesse sua filha. Mas claro, não lhe tinha pedido que o fizesse ainda. Paul supôs que tinha esperado que ela sugerisse isso, e ainda poderia fazê-lo. Mas se não o fizesse logo, ele teria que fazê-lo. O aumento da frequência e a força das dores de cabeça de Livy faziam ele suspeitar que estavam ficando sem tempo.


—Ponha ela para dormir —disse em voz baixa, e depois teve que repetir a sugestão com mais firmeza porque Jeanne Louise não parecia lhe entender. Ou talvez não o tivesse ouvido. Qualquer que fosse o caso, depois que falou pela segunda vez, alguns dos sinais de tensão pareceram ir de seu rosto, e Paul olhou para o assento de atrás para ver sua filha dormindo docemente. Suspirou, aliviando um pouco de sua própria tensão. Ele não queria que sua filha sofresse, mas não se sentia melhor em saber que Jeanne Louise estava sofrendo em seu lugar. Paul se girou para a mulher ao ver que ela estava esfregando a cabeça com os dedos, tentando massagear qualquer dor persistente. Imediatamente, levou seus próprios dedos a seu couro cabeludo para se unir a ela, movendo os dedos em círculos firmes sobre sua cabeça. —Sinto muito —sussurrou enquanto trabalhava. Jeanne Louise murmurou com cansaço uma resposta, mas não tinha certeza se lhe ouviu falar ou o que dizia. Paul suspirou e utilizou seus dedos sobre sua cabeça para atrai-la para ele e beijar sua testa brandamente, depois a colocou de volta contra seu assento. —Durma no caminho de volta —disse em voz baixa enquanto lhe punha o cinto de segurança. —Uma sesta te fará bem. Endireitando-se, Paul se afastou e fechou a porta. Dirigiu-se para o lado do motorista e pôs o carro em movimento. Os olhos do Jeanne Louise estavam fechados quando saiu do estacionamento, por isso foi uma surpresa quando de repente conteve o


fôlego junto a ele com um som sibilante.

Acabava de parar no semáforo do estacionamento para pegar a saída. Paul a olhou pelo agudo som, mas no princípio não sabia o que estava errado. A cabeça de Jeanne Louise ficou de lado no apoiador de cabeça, girando-se para a janela. Começou a ir para ela para ver se estava bem, mas depois seus olhos se deslizaram até o veículo junto a eles, uma caminhonete azul com uma mulher de pele escura dentro. A mulher estava olhando diretamente a Jeanne Louise, com brilhantes olhos dourados. Havia visto suficientes olhos imortais para reconhecê-los, e sentiu seu coração saltar em seu peito. —Nos tire daqui— grunhiu Jeanne Louise de repente, girando a cabeça longe da janela para lhe mostrar o alarme em seu rosto. Paul olhou dela à mulher e depois girou para olhar para frente, apertando o acelerador quando a luz ficou em verde. Ele reagiu instintivamente, girando à esquerda na estrada principal, cortando o tráfego em sentido contrário da praça. Sentiu que seu coração pulsava de novo ao ouvir o som das rodas chiando em protesto, e depois se ruborizou sentindo-se culpado quando percebeu o que tinha feito. Felizmente, ninguém bateu neles, e além de algumas buzinadas e sem dúvida alguma maldição que não pôde ouvir, não aconteceu nada. Paul olhou pelo espelho retrovisor enquanto acelerava pela estrada, com um pouco de medo de que a caminhonete tivesse girado também contra o tráfego e os estivesse seguindo, mas a caminhonete estava na outra pista para quem cruzaria a praça e isso foi exatamente o que fez. Entretanto, isso não queria dizer que não daria a volta e voltaria para segui-los, disse-se. —Temos que sair deste caminho agora— disse Jeanne Louise urgentemente, girandose em seu assento para olhar pela janela traseira.


Sabia que tinha uma melhor visão que ele. Por isso sabia que podia ver a caminhonete e que os estavam seguindo. Paul não a questionou, simplesmente mudou de pista e entrou na primeira rua à direita e depois na seguinte à esquerda. Ele continuou assim, dando volta atrás de volta até que Jeanne Louise lentamente relaxou e se inclinou para trás em seu assento. —Acho que os perdemos.

Paul assentiu, mas continuou fazendo algumas curvas a mais antes de ir para uma área residencial para ligar seu GPS e dirigir até o hotel em Ipperwash. Estava bastante seguro de que tinham perdido à mulher na caminhonete, mas no processo também tinha conseguido se perder. —Quem era? — perguntou Paul, enquanto esperava que o GPS calculasse a rota de volta ao hotel. —Minha madrasta, Eshe —disse Jeanne Louise com cansaço. Seus olhos estavam fechados, então ela perdeu o olhar horrorizado que lhe deu. Querido Deus, todo mundo estava nisto. —Por que não me disse que seus pais viviam em Londres? —perguntou com consternação. —Não vivem. Vivem em um pequeno povoado a vinte minutos fora da cidade— explicou. Depois fez uma careta e admitiu, —E não estava prestando atenção para aonde nos dirigíamos quando fomos às compras. Doía-me a cabeça e… —Sim, claro, sinto muito— interrompeu Paul. O pequeno susto não tinha feito nada para aliviar a tensão e a palidez de seu rosto. —Não tem importância. Nós a


perdemos. Talvez tenham nod visto aqui em Londres, mas não vamos ficar aqui. Vamos permanecer fora de Londres e nas redondezas de Ipperwash. —Sim— assentiu ela, inclinando sua cabeça para trás e fechando seus olhos. Jeanne Louise não disse mais nada, e Paul suspeitava tinha adormecido. Isso lhe dizia o quão esgotada estava, porque ele não poderia dormir nem para salvar sua alma nesse momento. Tinham ido a um posto para colocar gasolina em Toronto para que os Executores não soubessem em que direção se dirigiram e fossem obrigados a estender seus esforços em uma área grande. Agora eles sabiam e concentrariam sua busca em Londres, provavelmente nos arredores. Era uma zona muito menor para procurar que a totalidade de Ontario. Ipperwash estava a apenas uma hora de distância. É obvio, não poderiam expandir a busca aos arredores, disse-se, e depois apertou os lábios considerado que se sua gente já sabia que estavam em Londres não havia nenhuma razão para que não usassem o cartão de crédito para pagar a gasolina e assim economizar seu dinheiro, que era cada vez mais curto. Demônios, poderia até mesmo ir a um caixa eletrônico e sacar dinheiro de novo. Feliz com essa idéia, Paul apertou “Ponto de Interesse” no GPS e depois escreveu “Canadian Atire”. Encontrou um suficientemente longe do centro comercial no que tinham estado para ficar relativamente seguro e seguiu as instruções do caminho. —Bom, o que você acha? —perguntou Paul, arrastando as últimas sacolas do carro. Jeanne Louise lhe respondeu dos armários da cozinha, sorrindo. —Acho que é encantador. —Sim, um pouco maior do que eu esperava— admitiu com ironia, deixando as sacolas. —A casa de meus pais não era mais que um barraco de três cômodos com


um banheiro em um cômodo que tenho certeza costumava ser um armário. —Bom, aqui definitivamente é melhor que isso— disse ela com diversão, olhando ao redor da grande e aberta cozinha/sala de jantar e a grande sala de estar mais à frente. Havia dois quartos e uma sala mais a frente, que davam para a rua. Também havia uma escada de caracol entre o sala e a cozinha que conduzia a um porão com outra sala de estar e mais dois dormitórios. Era muito bonito. Provavelmente tinha sido o lar de alguém antes de que se convertesse em uma casa de aluguel. A única queixa que tinha Jeanne Louise eram as intermináveis janelas em todas partes. Felizmente, havia persianas que podiam ser fechadas para escapar do sol implacável. —Livy ainda está no carro? —perguntou, movendo as sacolas com comidas. Os armários estavam cheios de pratos, panelas e frigideiras, mas havia um armário vazio para produtos alimentícios e sem dúvida tinham comprado um monte na cidade, junto com todo o resto. —Sim. Boomer está com ela, e imagino que é melhor deixá-la dormir até que tenhamos estas coisas guardadas. No momento em que acordar vai querer entrar na água. Olhou para o carro estacionado junto à porta da cozinha. A porta de Livy estava aberta, permitindo que o ar entrasse e que eles mantivessem um olho nela, e o cão estava descansando no assento a seu lado. Jeanne Louise assentiu e começou a tirar a comida fria das sacolas e colocá-las na geladeira. A sesta no caminho lhe tinha feito muito bem. Sentia-se quase de volta à normalidade. Isso tinha esclarecido seus pensamentos, e agora estava um pouco preocupada com Eshe e sua localização em Londres. Não tão excessivamente, entretanto. Eles podiam concentrar a busca em Londres, mas Ipperwash estava a uma hora de distância. Ao não encontrá-los em Londres, provavelmente olhariam mais ao


sul, em vez de verificar todas as cidades situadas ao este e ao oeste. Suspeitava que iriam procurar em Chatham e Windsor primeiro, esperando que escolhessem grandes áreas povoadas para se ocultar. Com os dois ajudando, não passou muito tempo até que terminaram de guardar os mantimentos. Depois voltou sua atenção à roupa e as toalhas que tinham comprado. A cabana possuía lençóis, mantas e travesseiros, assim fizeram as camas depois disso. Paul sugeriu a Jeanne Louise ficar com o grande dormitório principal do porão, enquanto Livy ocuparia o menor junto ao dele. Ela se negou a princípio, até que ele assinalou que estaria perto de Livy se por acaso a menina precisasse dela durante a noite. Caso despertasse com uma dor de cabeça e precisasse de ajuda, percebeu Jeanne Louise e aceitou o quarto. Ela esperava que Paul ficasse com um dos dormitórios de baixo, mas ele anunciou que voltaria a dormir no sofá da sala caso Livy precisasse dele. Uma vez que fizeram as camas, seu trabalho estava mais ou menos terminado e não havia razão para não acordar Livy. Deixando Paul classificar um monte de coisas que não conhecia, saiu para pegar Livy. A garota estava emocionada por sair quando percebeu que era uma cabana. Ficou adormecida no caminho de volta da cidade e tinha continuado assim quando foram pegar suas coisas e Boomer no hotel, assim como quando se encontraram com o proprietário. Embora estivesse aturdida quando Jeanne Louise a despertou, a menina ficou desperta e correu rapidamente no minuto em que a deixou no chão dentro da cabana. Boomer estava logo atrás dela, latindo excitadamente enquanto ela corria ao redor e no interior da cabana, olhando em todos os cômodos. Então, atacou a pequena pilha


de roupa no quarto menor que era dela e começou a procurar entre ela por seu traje de banho. Tirou-se a roupa e colocou o bonito traje de banho azul de uma peça que tinha escolhido enquanto Jeanne Louise saía do quarto. Entrou na sala para encontrar Paul em processo de inflar uma pequena bóia. Suas sobrancelhas se levantaram quando deu uma olhada nisso e às bóias de braço já infladas a seu lado no chão. —Quando comprou isso? Não lembro de ter visto em nenhum lugar. Paul deixou de soprar e, bloqueando a abertura com um dedo, explicou, —No posto de gasolina quando parei para abastecer. Tinham algo assim como uma promoção. Compre gasolina e leve a bóia pela metade do preço, então a comprei. Então vi as bóias de braço e as comprei também. —Ah.— Jeanne Louise sorriu fracamente e depois olhou ao redor com surpresa enquanto Livy entrava na sala. —Podemos ir para água agora, papai? —perguntou com entusiasmo, virtualmente dançando pela emoção. —Assim que eu terminar de inflar isto e colocar meu traje de banho —disse Paul pacientemente e depois voltou a soprar. Livy gemeu, mas não se queixou. Ela olhou para Jeanne Louise e disse, — Melhor colocar seu traje de banho, Jeanie. Vai querer nadar também. —Er...bom... —Jeanne Louise se moveu incômoda. —Há algumas lindas e grandes árvores que oferecem sombra, e também comprei uma sombrinha grande para você— disse Paul em voz baixa, fazendo uma pausa em


seu sopro novamente. —Sei que não pode nadar realmente até a noite, mas acredito que dessa maneira poderia pelo menos se sentar lá fora conosco. Jeanne Louise suspirou e se girou para ir a seu quarto. Tinha permitido que Paul e Livy a enrolassem para comprar um traje de banho, mas realmente nunca tinha esperado usá-lo. Não se via frequentemente um imortal na praia a menos que estivessem estacados e sendo cozinhados, o que era algo que nenhum imortal queria que acontecesse já que era um dos castigos mais dolorosos. Era uma sentença de morte que se iniciava estacando-o e o deixando ao sol durante horas, às vezes dias. Isto obrigava aos nanos a utilizar tudo o sangue a disposição para reparar os danos causados pelo calor e pelo sol. Quando ficavam sem sangue nas veias, os nanos atacavam os músculos e, finalmente, os órgãos, extraindo sangue deles para tentar manter o hospedeiro vivo. Quando finalmente chegava a decapitação, a vítima geralmente suplicava por ela. O traje de banho que tinha comprado era preto e de duas partes; o Top não tinha alças e era com pequenos botões. Jeanne Louise os pôs e depois se olhou no espelho. Para os encontros mortais, se depilava desde que as mulheres tinham começado a fazê-lo. Depilou-se durante o banho antes de sair para o trabalho na quinta-feira a noite. Já era sábado a tarde, entretanto, e por alguma razão, seu cabelo parecia crescer rápido. Ou talvez todas as mulheres tinham que se depilar todos os dias. Suas pernas pareciam bem, mas quando passou a mão nelas notou um de pêlo. Encontrou o barbeador elétrico e as lâminas que tinha comprado enquanto estavam na cidade. Jeanne Louise as levou ao banheiro e abriu a torneira do lavatório, depois encontrou uma toalha e um sabonete. Não foi fácil, e Jeanne Louise se encontrou saltando torpemente ao redor algumas vezes, mas uma vez que o trabalho terminou experimentou suas pernas para ver se estavam suaves e não encontrou nenhum pêlo. —Jeanie? —disse a voz de Paul através da porta acompanhada por uma batida.


—Sim? —perguntou, endireitando-se para olhar a porta. —Livy e eu vamos para a água. Levarei a sombrinha para prepará-la. Também levaremos as toalhas de praia. Beba alguma coisa e saia quando estiver pronta para se unir a nós. —Está bem— respondeu Jeanne Louise e depois levantou os braços para dar uma olhada nos pêlos das axilas. Tinha um pouco para fazer também.

—Jeanie! Olhe! Já posso nadar! — gritou Livy, movendo-se como um cachorrinho louco diante de Paul e com Boomer a seu lado. As palavras tiraram sua atenção de sua filha e direcionaram para Jeanne Louise, que saía da casa e corria para a sombrinha que tinha posto para ela. Estava sob a árvore maior na borda da grama entre a casa e a praia. Tinha colocado uma das toalhas ali e agora ela sentou-se alí enquanto sorria para Livy. —Boa garota! — gritou ela. —Muito bem! —Não vai nadar? —perguntou Livy, abandonando sua postura e remando para flutuar na água com suas bóias de braço. —Vou— assegurou-lhe Jeanne Louise, e acrescentou, —Mais tarde, quando não estiver tão ensolarado. A minha pele não gosta do sol. Tenho que permanecer na sombra até que ele se ponha.


—Está bem—disse Livy felizmente e voltou a nadar como um cachorrinho de novo com seu pai e Boomer atrás dela. Paul era consciente de que sua filha avançava para ele, mas não olhava em sua direção. Parecia não poder afastar seus olhos de Jeanne Louise. A pele da mulher era de mármore branco, obviamente nunca exposta ao sol. E sua figura era perfeita. Não a figura esquelética, totalmente sem gordura que era tão popular na cultura de hoje, mas sim arredondada e com curvas que estavam onde tinham que estar. Ela tinha quadris e peitos que sabia que tinham que ser reais, não comprados e colocadas debaixo da pele por um sujeito com máscara cirúrgica. Parecia uma estátua romana antiga que alguém tinha metido em um traje de banho. Jeanne Louise se via condenadamente bem. —Sobe sobre seus ombros de novo para que eu possa mergulhar, papai— exigiu Livy, trazendo sua atenção novamente à garota. Com um sorriso, Paul se virou na água para ficar de costas para ela, então a levantou por cima de sua cabeça, sustentando-a até que se equilibrou em seus ombros. Quando ela agarrou suas mãos com as suas menores, ele liberou seu agarre sobre sua cintura e deixou que seu peso se sustentasse em suas mãos. Então, Paul olhou para o cachorro.

—Mova-se, Boomer —ordenou-lhe, mas o cão já estava fora de seu caminho. Paul olhou para Jeanne Louise de novo enquanto esperava que Livy saltasse de seus ombros. Ela os olhava com um pequeno sorriso nos lábios e um livro sem abrir em seu colo. Paul sorriu e depois voltou sua atenção a sua filha quando ela saltou de seus ombros.


Ele levantou a mão diante de seu rosto enquanto ela caía na água, desviando a água que cairia ali. Depois olhou para Jeanne Louise de novo, pensando que provavelmente teria que se alimentar logo. —Outra vez! —exigiu Livy no momento em que ressurgiu, e Paul pôs-se a rir da menina e a agarrou de novo. Entretanto, pensava em que teria que falar com Jeanne Louise sobre a alimentação mais tarde. Talvez depois que Livy estivesse na cama. A idéia de Jeanie se arrastando sobre seus joelhos na sala de estar, no sofá, beijandoo e acariciando-o enquanto ele liberava seus peitos e os reclamava com as mãos e a boca... Pois bem, a água fria não estava fazendo muito por aplacar seu ardor, observou Paul secamente enquanto levantava Livy em seus ombros. Seu traje de banho era de cor vermelha brilhante, e estava distendido na parte da frente como uma barraca armada. Era algo bom que a água alcançasse a metade de seu peito e Jeanne Louise não pudesse vê-lo, decidiu ele, enquanto ajudava Livy a manter o equilíbrio para saltar. Jeanne Louise olhou para Paul, Livy e Boomer na água durante um momento, e depois relaxou em sua toalha e abriu o livro que tinha comprado na cidade. Era um dos livros de seu primo Lucern. Escrevia histórias que eram vendidas como romance paranormal, mas na verdade eram histórias sobre a formação dos casais dos membros de sua família. Tinha sorrido encantada quando o tinha visto no ranking dos mais vendidos na loja de livros. Por muito que lhe incomodasse que Lucern tivesse êxito com os leitores, o resto da família achava encantador. Além disso, sempre era interessante ver suas vidas através de seus olhos. Ou até mesmo a si e como outros os viam. Jeanne Louise nunca esqueceria a descrição de si mesma que ele tinha escrito na história do encontro entre seu irmão Etienne e Rachel. Uma mulher tão bonita quanto Lissianna e Marguerite, apesar de que não se parecia em nada com elas. Tinha o rosto redondo, seus lábios eram um pouco mais finos, com os olhos mais exóticos, e seu


cabelo era de um negro meia-noite.

Nunca tinha pensado em si mesma como alguém bonita, sobre tudo em comparação com sua tia e sua prima. Quando Jeanne Louise se media com elas sempre se sentia inferior. E, certamente, nunca tinha pensado em si mesma como algo perto de exótica. Ainda não achava, mas se ele achava talvez não estivesse tão mal depois de tudo. Suspirando, Jeanne Louise girou o livro para ler a contracapa. Era a história de seu pai Armand e sua companheira de vida Eshe. Tinha-o lido várias vezes e ainda chorava em certas partes. É obvio, sempre saltava as cenas de amor. Havia algo estranho a respeito de ler sobre os membros de sua família fazendo sexo. No que se referia a Jeanne Louise, nenhum deles o fazia. Os bebês eram produzidos por imaculada concepção.

Os membros de sua família eram Barbie e Ken em sua cabeça, completamente desprovidos de partes sexuais. A idéia fez com que Jeanne Louise risse de si mesma com diversão. Tinha mais de cem anos de idade e era uma cientista e, entretanto, ainda estava desconfortável com o conceito de que seus seres queridos fizessem amor. Quem diria. Sacudindo a cabeça, abriu o livro na primeira página e começou a ler.

Apesar de havê-lo lido várias vezes antes, Jeanne Louise se encontrou entretida na história. Já tinha lido vários capítulos quando salpicaram água fria em seus pés. Surpreendida, saiu de sua concentração. Boomer havia voltado e estava sacudindo-se a seus pés, salpicando água por toda parte. —Ah! Estou cansada— anunciou Livy dramaticamente quando chegou. Deixou-se


cair sobre a toalha de praia de Jeanne Louise com um suspiro de cansaço, e gemeu quando um úmido Boomer se lançou sobre ela, tentando lamber seu rosto. —Ela está bem? — perguntou Paul, chegando a seus pés com a preocupação em seu rosto. Jeanne Louise estava saindo dos pensamentos de Livy e assentiu com a cabeça para tranquilizá-lo. —Está cansada, Paul. O sol, o ar fresco e a natação fazem isso a uma criança. —É verdade. Ele relaxou e sorriu um pouco, depois se sentou na toalha de praia a sua direita. Recostou-se sobre ela com as mãos dobradas sob sua cabeça e as pernas cruzadas nos tornozelos. Seus olhos se fecharam com um suspiro de cansaço. Parecia que Livy não era a única cansada pela diversão do dia, pensou Jeanne Louise, seu olhar se deslizou sobre seu corpo úmido. Maldição, o homem era bem desenhado. Suas pernas estavam bem torneadas, seus quadris eram estreitos e tinha um estômago plano e largo, naturalmente, com ombros bem definidos e músculos por toda parte. Não musculoso como o corpo de um construtor nem nada, mas sim como o corpo de um atleta natural. Jeanne Louise suspeitava que se não tivesse se decidido pela ciência, poderia ter praticado um esporte profissional de algum tipo. —Tenho fome —anunciou de repente Livy e Jeanne Louise a olhou para ver sua vista fixa nos ramos da árvore acima deles. Boomer estava deitado a seu lado, observando à menina mover seus dedos para as folhas de cima como se estivesse as contando ou algo assim. —Hmm— murmurou Paul, com os olhos ainda fechados. —Hambúrgueres ou salsichas ao fogo na praia?


—Salsichas! — gritou Livy, fazendo Boomer latir com entusiasmo. —Então vá procurar alguns galhos longos para servir como espetos e recolha lenhadisse Paul, sem abrir os olhos. Livy ficou de pé e correu pela praia em busca do que ele tinha pedido. Boomer a seguia, movendo a cauda. —Isso deverá mantê-la ocupada durante cinco minutos- disse Jeanne Louise com diversão. -Sim. Paul sorriu com ironia e abriu os olhos. -O tempo suficiente para que nos ocupemos de sua alimentação. Os olhos de Jeanne Louise se abriram com surpresa ante as palavras e lhe fez uma careta. —Não a mesma alimentação, é obvio. Quero dizer, não esqueci o que precisa para se alimentar e queria te assegurar que vamos providenciar isso mais tarde. Depois que Livy for para cama. Paul fez uma pausa e depois, quando ela permaneceu em silêncio e com os olhos abertos, perguntou, —Está tudo bem? Pode aguentar tanto tempo? Jeanne Louise o olhou fixamente durante um momento. Seu olhar depois baixou a seu peito nu e suas pernas antes de se apressar à segurança de seu rosto. Com sua língua agora pega ao teto de sua boca, ela se limitou a assentir. -Bom. Paul se inclinou para frente e lhe beijou a testa, depois se levantou para seguir sua filha e ajudá-la a recolher lenha para um fogo e os galhos para assar as salsichas.


Jeanne Louise ficou olhando, seus olhos deslizando-se sobre cada centímetro de pele masculina bronzeada que sua cueca vermelha revelava.

Capítulo 9

Jeanne Louise se voltou sobre suas costas na água e ficou olhando o céu escuro. Ainda estava claro, mas o sol se estava pondo, alagando o céu de ocre e púrpura. Não passaria muito tempo antes de que essas cores também se fossem e caísse a noite completa. Enquanto isso, tinha decidido tomar esse banho que tinha desejado durante todo o dia, mas não se atreveu a tomar enquanto o sol estava fora. Exalando um suspiro de satisfação quando a água se deslizava sobre e ao redor de seu corpo, Jeanne Louise voltou a cabeça na água e olhou para o chalé. As luzes estavam acesas na cozinha e na sala de estar. Embora ainda estivesse suficientemente claro para ver aqui, no interior, as sombras já estavam enchendo os espaços. Tiveram suas salsichas assadas, depois, também marshmallows assados. Paul tinha feito uma fogueira na borda da praia, onde a sombra da árvore tinha proporcionado a Jeanne Louise alguma sombra para que pudesse participar. Depois, forama ver uma da grande seleção de filmes que estavam no chalé. A maioria eram filmes antigos, com apenas um ou dois atuais, mas não importava. Livy tinha começado a dormr no final do filme, então Paul decidiu que era o momento de pô-la para dormir.


Deixando-os, Jeanne Louise tinha saído, deu uma olhada à água sob o escurecido céu e decidiu que era hora de nadar. O estalo da porta ao se fechar atraiu sua atenção para o chalé e Jeanne Louise sorriu quando viu Paul caminhando para a areia. Moveu-se para ficar de pé, e começou a caminhar fora da água. Paul a encontrou na borda, desdobrando uma toalha de praia que no princípio não tinha notado que segurava. -Obrigada- murmurou Jeanne Louise enquanto envolvia a toalha sobre os ombros. Livy conseguiu dormir? -Está sonhando, com Boomer enroscado em seus pés- disse com um sorriso. -E sem dor de cabeça desde que chegou ao chalé. -Talvez o ar fresco seja bom para ela- sugeriu, agarrando ambos os extremos da toalha debaixo de seu queixo. -Talvez- concordou Paul, dando um passo atrás. Ele a olhou fixamente durante um minuto e logo disse bruscamente, -Provavelmente tem fome. Jeanne Louise se deteve. Não estava falando de comida. E tinha razão. Tinha fome. A garota no banheiro público no centro comercial tinha sido apenas um aperitivo. O problema era que estava preocupada com superexcitar-se e tomar muito sangue dele. -Olá, vizinhos. Quando Paul olhou para essa chamada, Jeanne Louise também o fez com um sorriso automaticamente levantando-se em seus lábios em resposta ao sorriso no rosto do alto e magro homem de meia idade que se aproximava deles. -Sou Russell Jackson- anunciou, estendendo sua mão enquanto se aproximava.


Paul a apertou primeiro, sacudindo-a a modo de saudação.

-Paul Williams- apresentou-se, com o nome que Jeanne Louise tinha utilizado para registrá-los no motel. Dificilmente poderia usar seu nome real quando estavam fugindo, e Williams tinha parecido melhor que Smith. Girando com um gesto para Jeanne Louise, acrescentou, -E esta é minha esposa, Jeanie. Ela o olhou com surpresa, mas se recuperou rapidamente e conseguiu esboçar um sorriso enquanto o homem se virava e lhe oferecia sua mão também. -Um prazer- disse Russell quando lhe soltou a mão. -Estamos alugando o chalé do lado. Estamos aqui há uma semana. E ficaremos mais uma antes de voltar para casa para trabalhar- disse com uma careta que sugeria que preferiria continuar de férias. -Agradável? -perguntou Paul.

Russell assentiu.

-Excelente. O tempo foi bom, o chalé é ótimo, e até agora os outros hóspedes por aqui foram estupendos. -É bom saber- murmurou Paul.

-Bom, todos nos conhecemos uns aos outros e nos juntamos de certa forma. Ao menos o fizemos a semana passada. Todos menos duas famílias que estavam aqui só por uma semana. Os Corby do outro lado de vocês e nós. Ele fez um gesto à construção de cedro à direita de seu chalé. -Minha família e eu estamos do outro lado- adicionou Russell, assinalando o caminho por onde tinha vindo.


-Os Corby são tão agradáveis quanto você? -perguntou Jeanne Louise com um sorriso. -Sim. São boa gente- assegurou ele. -Têm dois meninos de oito e dez anos, e minha esposa e eu temos uma filha que tem seis anos e um filho de nove anos. Os quatro estiveram brincando juntos e passaram um tempo genial, enquanto nós adultos relaxamos e conversamos. Ambas as famílias foram ao parque local hoje, levamos as crianças para dar um pequeno passeio pela natureza. Paramos para jantar no caminho de volta e acabamos de voltar. É por isso que ninguém veio a saudá-los antes-admitiu e depois perguntou, -Têm filhos? -Uma filha- disse Paul com uma inclinação de cabeça. -Livy. Tem cinco anos. -OH, minha Kirsten ficará feliz em saber. Uma garota para brincar em vez de todos os meninos- disse com um sorriso. -Estou segura de que Livy adoraria conhecê-la amanhã- disse Jeanne Louise quando Paul hesitou. -Está dormindo agora. -Sim, minha esposa está pondo as crianças na cama agora também. Todo o ar fresco e os jogos lhes deixaram nocauteados- disse Russell com um sorriso que sugeria que não era algo ruim. -Depois das crianças dormirem, entretanto, os adultos estavam pensando fazer uma fogueira e relaxar com alguma bebida. Estão interessados nisto? -Sim- disse Jeanne Louise quando Paul a olhou com incerteza.

-Bem, bem. Russell olhou de novo a seu chalé e depois para o dos Corby e Jeanne Louise leu o que estava pensando. Um fogo frente ao chalé dela e Paul seria o melhor, estaria à mesma distância do chalé dos Jackson e dos Corby para que todos pudessem ficar atentos a seus filhos.


-Poderíamos fazer o fogo aqui em frente a nosso chalé se achar interessante. Poderíamos, não é querido? -sugeriu Jeanne Louise a Russell quando leu sua hesitação de tomar a iniciativa. Paul assentiu com a cabeça ao mesmo tempo. Não só era equidistante aos chalés dos outros, mas também os manteria perto para ouvir Livy. -Essa é uma boa idéia- disse Russell, sorrindo. -Vou falar com John. Digo Corby — acrescentou, já que não lhes havia dito seu primeiro nome antes disto. —Vou falar com ele e depois retornarei a meu chalé para falar com minha esposa e pegar algumas bebidas e aperitivos na geladeira. Encontraremo-nos de novo aqui em… digamos… meia hora? —sugeriu. -Parece bom— disse Paul de uma vez. Assentindo com a cabeça, Russell se dirigiu para o chalé dos Corby.

-Será melhor que entremos e nos ocupemos de te alimentar— disse Paul em voz baixa, tomando-a do braço conduzindo-a ao chalé. —Está tudo bem, Paul. Pode esperar até depois de retornarmos —disse Jeanie de uma vez, mas não se soltou. Se iam sentar ao redor de uma fogueira com outros casais, queria colocar uma das camisetas e das calças curtas que tinha comprado na cidade. —Tem certeza? - perguntou Paul quando abriu a porta do chalé e segurou para ela. —Certeza— respondeu Jeanne Louise quando passou junto a ele para entrar na cozinha, e tinha certeza. Tão faminta como estava e como se deixou levar quando ele a tinha beijado e acariciado, preferia esperar para ver se primeiro podia conseguir um aperitivo com um de seus vizinhos para aliviar o pior de sua fome. A última coisa


que queria era matar acidentalmente Paul. Afastou esse pensamento desagradável, e se dirigiu para seu quarto dizendo, —Me vou trocar. —Está bem. Procurarei algumas bebidas e aperitivos para nós- disse Paul, movendose para a geladeira. Jeanne Louise não demorou para se trocar e retornou à cozinha para ajudar Paul a pegar o que precisavam. Depois, ajudou a levar tudo para a praia. Enquanto Paul começava uma fogueira, reuniu seis das oito cadeiras de jardim que pertenciam ao chalé e as colocaou a seu redor. -Olhe isso. Fez uma fogueira dos infernos, Paul- saudou Russell enquanto se aproximava na escuridão com uma caixa térmica na mão e uma morena miúda atrás dele. A mulher tinha um prato de queijo em uma mão e um dois sacos de batatas fritas na outra. -Esta é minha esposa, Cecily. Cecily, Paul e Jeanie Williams. -Olá- disse Jeanne Louise e se apressou para frente para pegar as batatas fritas quando um dos sacos começou a cair da mão da morena. -Obrigada- disse Cecily com um sorriso. -E olá.

Jeanne Louise sorriu e a seguiu às duas cadeiras que Russell tinha situado com a caixa térmica no meio. -Tenho algumas salsichas cortadas e biscoitinhos dentro também- anunciou Cecily enquanto deixava o prato de queijo na caixa térmica. -Não será mais de um minuto. -Precisa de ajuda? - ofereceu Jeanne Louise.

-Na verdade, sim, se não se importar- disse Cecily com um sorriso. -Tenho que pegar


algumas bebidas também.

-Não me incomoda em nada- assegurou Jeanne Louise, e deixando o saco de batatas fritas em cima da caixa térmica, seguiu-a ao chalé que os Jackson tinham alugado. -Senti um grande alívio quando Russell me disse que vocês dois têm uma menina da idade de minha filha. Não é que os meninos não tenham incluído a nossa filha, Kirsten, em suas brincadeiras, mas sei que ela se divertirá mais brincando com outra menina- disse Cecily enquanto se aproximavam do chalé. -Tenho certeza que Livy ficará encantada em ter uma amiga também- assegurou Jeanne Louise, olhando o cabelo comprido da mulher e pensando em que ocultaria as marcas de sua mordida. Pelo menos as ocultaria de Paul. Entretanto, teria que pôr na cabeça da mulher que eram picadas de mosquitos para explicar a seu marido, caso ele visse as marcas. Os furos não seriam muito grandes, mas estariam ali.

-Aqui estamos- disse Cecily, levando-a dentro do chalé. Tinha sido construído da mesma maneira que o que eles ocupavam, e estava decorado da mesma atraente forma, notou Jeanne Louise, e depois olhou para Cecily, deslizou-se em seus pensamentos, e se moveu para trás dela para tomar um aperitivo. Sempre era melhor morder os doadores do mesmo sexo por trás. A memória da maioria das pessoas era visual. Se não viam nada mais que a parede em branco durante a mordida era menos provável que vissem algo ou alguém que trouxesse a lembrança de ter sido mordido. Jeanne Louise tomou cuidado de não tomar muito sangue. Era fácil de fazer quando não estava muito excitada e no furor da paixão. Depois ajudou Cecily a recolher os elementos que queria e levar de volta à fogueira. Os Corby tinham chegado no momento em que retornaram à fogueira. Russell


apresentou John Corby e a sua esposa, Sharon, a Jeanne Louise e depois todo o grupo se estabeleceu em torno do fogo e começou a se conhecer. Os dois casais eram bastante agradáveis, a conversa amável e divertida, e Jeanne Louise estava realmente se divertindo quando um grito repentino no chalé de trás a fez ficar rígida. Estava de pé em um instante e perto de esquecer e utilizar sua velocidade imortal para se apressar para Livy, mas se conteve no último minuto e obrigou a se mover na velocidade mortal em vez disso. Era difícil… queria se apressar. Jeanne Louise não sabia o que tinha despertado a menina, mas obviamente tinha outra de suas dores de cabeça. Não percebeu que Paul a tinha seguido até ele chegar junto a ela para abrir a porta do chalé para ela. -Obrigada- murmurou Jeanne Louise quando entrou. Imediatamente renunciou à velocidade mortal pela imortal agora que estavam em casa e não era visível para outros. Livy estava deitada no chão junto a sua cama, comovedores soluços sacudiam todo seu corpo. Boomer lhe lambia o rosto e gemia com preocupação. Jeanne Louise se deslizou em seus pensamentos quando entrou no quarto, mas não havia dor de cabeça esta vez. -OH, querida! O que é? - perguntou ela, inclinando-se para pegar a menina.

-Caí da cama- lamentou-se Livy, envolvendo seus braços ao redor do pescoço de Jeanne Louise e agarrando-a como se sua vida dependesse disso. -Ah, pobre bolinho! - sussurrou Jeanne Louise, abraçando e balançando a menina. Você se machucou?


-Meu cotovelo- exclamou Livy inclinando-se para trás para apontar à pele machucada no extremo do cotovelo. Provavelmente bateu no criado mudo ou no chão quando caiu, supôs Jeanne Louise, mas poderia ter chorado de alívio. Sem dor de cabeça, só seu momento normal de “criança que cai da cama”. -Não pensei em comprar um kit de primeiros socorros- disse Paul, unindo-se a elas ao lado da cama. Jeanne Louise lhe olhou, notando que parecia aliviado de saber que sua filha acabava de ter um momento normal de criança também. -Vou ver se os Jackson ou os Corby têm algum anti-séptico e uma bandagem de sobra- acrescentou, e se afastou do quarto. -Está bem- disse Jeanne Louise e continuou balançando Livy até que suas lágrimas se acalmaram, e depois se sentou na cama com ela em seu colo para esperar. -Olá?

Jeanne Louise olhou para a porta ao ouvir o som da chamada feminina. Reconheceu a voz de Sharon Corby. -Aqui atrás.

-Paul disse que precisava de uma bandagem e um pouco de anti-séptico- disse Sharon ao aparecer na porta um instante depois com ambos os itens na mão. -Ele queria voltar, mas lhe disse que as mulheres podiam lidar com isso- disse ligeiramente, e então seu olhar se deslizou para Livy e lhe perguntou com simpatia, -Alguém caiu da cama?


Livy assoaou o nariz e assentiu com a cabeça, depois levantou seu cotovelo para que ela o visse e Sharon se adiantou de uma vez, dizendo “ooh“ e “OH querida” e em geral fazendo um escândalo enquanto passavsa um pouco de anti-séptico na ferida e depois cobria com uma bandagem. -Melhor? -perguntou Jeanne Louise quando Sharon se endireitou de seus cuidados. Quando Livy assentiu com a cabeça, sorriu fracamente, beijou-a na bochecha e se levantou com ela. Voltou-se e a deixou na cama, puxou o lençol para cobri-la e a beijou na testa com carinho. -Volte a dormir, querida. Tem um monte de gente para brincar amanhã. -Sim, mami- disse Livy sonolenta, seus olhos piscando até fecharem, e Jeanne se congelou de alegria pelo título, com seu coração quase parando. -Uau, dormiu direito, a pobre- sussurrou Sharon com diversão.

Jeanne Louise se endireitou lentamente, dizendo a si mesma que Livy se confundiu porque estava muito cansada. Não queria dizer nada o fato de que a tivesse chamado de mami. Não deveria estar se sentindo como se quisesse agarrar à menina e abraçála e beijá-la como uma louca. -Todos os soluços e o choro devem tê-la esgotado.

Esboçando um sorriso, Jeanne Louise se voltou para a mulher.

Um aperitivo a mais antes de se alimentar de Paul mais tarde só poderia ser algo bom, pensou, olhando o cabelo curto da mulher com os lábios franzidos. As marcas seriam visíveis no pescoço. Seu olhar se deslizou para baixo ao pulso da mulher e ao grande e antiquado relógio que usava. A pulseira do relógio esconderia as marcas em seu pulso, decidiu Jeanne Louise.


-Muito obrigada por sua ajuda- murmurou, deslizando-se na mente da mulher enquanto se movia para frente. Jeanne Louise a fez se virar e caminhar pelo corredor, e depois segurou pela a mão e a fez olhar atentamente ao corredor enquanto afrouxava a pulseira do relógio e levantava o pulso de Sharon até sua boca. Momentos depois, as duas mulheres saíram, Jeanne Louise rindo em voz baixa enquanto Sharon comentava que desejava ter tido uma menina junto com seus filhos, lhe contando algumas das travessuras de seus meninos que a tinham despertado durante anos. Tinha certeza de que uma menina seria menos problemática, ou no mínimo seriam necessárias menos viagens ao pronto socorro para dar pontos. -Livy está bem? - perguntou Paul, quando chegaram à fogueira.

-Ela está bem- Jeanne Louise lhe assegurou enquanto se acomodava em sua cadeira junto à sua. -Voltou a dormir assim que ficou curada. -Bom. Ele sorriu brandamente, depois se aproximou e pegou sua mão para lhe dar um aperto de agradecimento. Jeanne Louise sorriu e relaxou em sua cadeira, mas estava quase com medo de respirar caso ele percebesse que não tinha solto sua mão. Gostava que ele segurasse sua mão. Sentia-se bem. Entretanto era uma pequena distração. Sobre tudo porque ele estava distraidamente esfregando seu polegar sobre a palma de sua mão, enviando calafrios por seu braço. Com ele fazendo isso, Jeanne Louise tinha problemas para continuar a conversa em torno do fogo, e se sentiu aliviada quando Cecily deu um grande bocejo depois de passada uma hora e anunciou que estava


pronta para terminar a noite.

-Já? -perguntou Sharon com pesar, depois olhou seu relógio, e suas sobrancelhas se levantaram. -Meu Deus, já é meia-noite? Acho que o tempo voa quando se diverte. -Sim, e as crianças levantam cedo- disse Cecily, de pé e começando a recolher os restos das coisas que ela e Russell haviam trazido. -Sim- disse Sharon com um suspiro, também ficando de pé agora. -Vamos, John, as crianças estarão batendo na porta de nosso quarto ao amanhecer exigindo que os leve para pescar conforme você prometeu. John Corby gemeu.

-Esqueci disso.

-Bom, posso garantir que as crianças não esqueceram- disse Russell com um sorriso enquanto se levantava também e pegava sua caixa térmica. Olhou ao Paul. -Você e Livy querem vir, Paul? Há espaço para mais dois no barco e Jeanne Louise pode ir às compras em Londres com as garotas. Isso é o que planejaram para amanhã. Jeanne Louise ficou rígida com a oferta, mas não tinha porque se preocupar. Paul riu entre dentes, mas negou com a cabeça. -Obrigado pela oferta, Russell, mas eu fico enjoado em barcos, e Livy se parece comigo. Além disso, prometi às garotas uma viagem à loja de sorvetes amanhã pela manhã. -Está bem- disse Russell facilmente, dando-a volta. -Talvez possamos nos ver amanhã a tarde. Ficamos na praia e vemos as crianças nadarem um momento pelas tardes.


-Parece bom- disse Paul. -Boa noite. Um coro de boa noite seguiu dos outros dois casais afastando do fogo, dirigindo-se a seus próprios chalés. -Você realmente fica enjoado -perguntou Jeanne Louise com curiosidade.

-Felizmente, sim- admitiu Paul com ironia.

-Por que felizmente? -perguntou Jeanne Louise com surpresa.

-Porque sou um mentiroso terrível e teria problemas para dar uma desculpa para evitar o contrário. -Não está interessado na pesca? -perguntou ela com diversão.

-Jeanie, sou um nerd da ciência- disse secamente, como se ela pudesse ter esquecido. -Me dê sangre, cultivo de células e placas de Petri para brincar e sou feliz. Entretanto, os vermes, os anzóis e os viscosos peixes com escamas são simplesmente asquerosos.

Ela se pôs a rir ante a concessão, e depois olhou a seu redor com um suspiro.

-Acho que deveríamos reunir nossas coisas e entrar também. Livy provavelmente acordará logo. -Sim- disse Paul com pesar, e depois ficou de pé, utilizando o agarre de sua mão para puxar ela para cima também. Ela não esperava por isso, foi com um suspiro e tropeçou contra ele. Paul imediatamente fechou os braços ao redor dela, com uma de suas mãos ainda na sua enquanto a estreitava entre seus braços, a ação fez com que


involuntariamente se arqueasse contra ele, esfregando seus quadris com os dele.

Ambos se congelaram brevemente pelo contato e, em seguida, Jeanne Louise inclinou a cabeça para trás para o olhar nos olhos. -Ainda precisa se alimentar. O aviso foi um pequeno grunhido na brisa da noite. Se Paul fosse imortal, tinha certeza que seus olhos estariam brilhantes, e sabia que provavelmente os seus o estavam. Jeanne Louise ficou imóvel durante um momento, permitindo que o calor se acumulasse nela, depois elevou a mão livre, deslizou-a ao redor de seu pescoço e puxou sua cabeça para baixo até que pôde chegar a seus lábios. O beijo foi ao princípio vacilante e explorador, mas então Paul lhe soltou a mão para acariciar seu rosto e aprofundou o beijo, sua boca cada vez mais exigente, sua língua deslizando-se fora para arremeter contra ela. Isso a fez gemer e Jeanne Louise deslizou seus braços ao redor de sua cintura, com os dedos acariciando com avidez por suas costas, e depois baixando para deslizá-los por debaixo de sua camiseta e tocar a carne nua. Paul gemeu ante o contato e, em seguida, levantou a cabeça dela para trás para permitir que sua boca viajasse pelo queixo e a garganta. Depois a soltou e deixou que suas mãos viajassem, as colocando sobre seus ombros, as baixando por seus braços em uma carícia sedutoramente suave. Então agarrou a barra de sua camiseta. Jeanne Louise olhou para baixo, e então instintivamente levantou os braços enquanto ele tirava a camiseta por cima de sua cabeça como se despisse uma criança. A camiseta flutuou até o chão e as mãos de Paul encontraram e cavaram seus seios através da parte superior do traje de banho sem alças que usava antes que pudesse baixar os braços. Gemendo pela carícia, Jeanne Louise agarrou seus ombros e se levantou nas pontas


dos pés em resposta, arqueando a parte superior de seu corpo para cima, enquanto sua pélvis se pressionava mais contra ele. Quando soltou um seio e alcançou suas costas, ela começou a pressionar beijos em sua garganta, lambendo sua pele salgada. Sentiu que ele trabalha no fecho da parte de acima de seu traje de banho, então a parte de tecido negro se afastou, deixando-a nua para sua atenção. Jeanne Louise abriu a boca e mordiscou seu pescoço enquanto as mãos dele acariciavam e massageavam os firmes seios agora revelados. Ela escutou Paul murmurar seu nome e se inclinou para trás para olhá-lo, só para que lhe cobrisse a boca com a sua. Seu beijo foi faminto, a massagem de seus seios chegando a ser quase dolorosa, e depois rompeu o beijo para começar a arrastar sua boca até a garganta outra vez enquanto seus dedos encontraram seus mamilos e os beliscou de maneira brincalhona. Jeanne Louise segurou sua cabeça e gemeu, a parte superior de seu corpo se inclinou de novo para lhe dar um melhor acesso, enquanto sua boca continuava para alcançar um seio. Sua língua lambeu ao longo do caminho e depois se enroscou ao redor de seu mamilo ereto enquanto sua boca se fechava sobre ele. Isso a fez ofegar e agarrar seu cabelo, depois ficou sem fôlego outra vez, enquanto suas mãos baixavam para encontrar seu traseiro e pressioná-la com mais força contra ele. Quando uma mão se deslizou pela parte traseira de sua calças curta para pressiontá-la por trás, Jeanne Louise gemeu e se esfregou contra a dureza entre suas pernas. Paul gemeu em resposta e ele recuperou a mão para agarrar a cintura de sua curta calça jeans justa e empurrá-la para baixo, tentando descê-la por seus quadris sem desabotoar. Não desciam, é claro, e ele grunhiu com frustração contra seu seio, e depois deixou de tentar descê-la e em vez disso a acariciou entre suas pernas através do tecido grosso, quase levantando-a do chão quando o fez.


Jeanne Louise gritou e se aferrou a seus ombros, depois ficou sem fôlego pela surpresa quando sentiu a outra mão na cintura e os botões do jeans de repente cedendo. No momento seguinte, sua mão se deslizou entre suas pernas e sua curta calça jeans deslizou por seus quadris e por suas coxas. -Paul- suspirou ela, a vaga idéia de que deveriam levar isto para dentro do chalé dançava na borda de sua mente, mas não se estabelecendo completamente antes que ele empurrasse para baixo a parte baixa de seu traje de banho e substituísse o tecido por seus dedos, deslizando-os entre suas pernas para a acariciar de novo, mas desta vez sem a roupa para o impedir. Ofegando, Jeanne Louise puxou violentamente a cabeça, retirando sua boca de seu seio para reclamá-lo em um beijo que foi forte, quente e um pouco frenético enquanto seus dedos se deslizavam entre suas dobras e começavam a tocar sua pele escorregadia. Quando suas pernas, já tremendo, começaram a falhar, Paul ficou de joelhos na areia com ela, seus beijos e carícias implacáveis enquanto enviava quebra de onda atrás de quebra de onda de calor e paixão que surgia através de ambos. -Cristo- grunhiu de repente, arrancando sua boca da dela para pressionar quentes beijos em sua bochecha e pescoço enquanto murmurava, -Toco você e ardo em chamas. -Sim- exclamou Jeanne Louise, apesar de que não era tanto para responder ou para concordar para animá-lo, quando liberou seu agarre sobre seus ombros para alcançar o botão e o zíper de sua calça. Ela desabotoou os dois e empurrou o material para baixo até que sua impaciente ereção saiu, dura e quente, cheia de sangue delicioso. Jeanne Louise considerou realmente experimentar a mordiada genital de que tinha ouvido falar tanto, mas lhe preocupava que pudesse causar algum desconforto depois


de fazê-lo, e em vez disso de repente o empurrou para trás. Em seu entusiasmo, utilizou um pouco mais de força do que tinha previsto e Paul caiu para trás, aterrissando forte de costas na areia com um grunhido. Não lhe deu a oportunidade de se recuperar. Sentia-se nua sem suas mãos nela, Jeanne Louise arrastou seu corpo até que pôde lhe dar um beijo, e depois se deixou cair se esfregando contra sua dureza.

Paul lhe devolveu o beijo com um gemido, suas mãos se moviam para estreitar e acariciar seus seios enquanto ela se esfregava sobre ele uma e outra vez. Mas então ele agarrou seus quadris, mantendo-a quieta enquanto se movia debaixo dela, e depois a estava conduzindo para baixo, pressionando sua ereção contra ela. Jeanne Louise rompeu o beijo e jogou a cabeça para trás para olhar às cegas às estrelas quando seu úmido calor se fechou com força ao redor dele, lhe apertando e lhe espremendo da ponta até a base e triplicando seu prazer combinado. Baixou a cabeça para o olhar e se levantou até que estava perto de deslizá-lo fora, antes de baixar de novo. Paul a olhou nos olhos, sua mandíbula apertada contra as ondas que corriam através dele. Quando ele levantou a mão a seu rosto, girou-se para ele e depois abriu a boca para permitir que um dedo se deslizasse entre seus lábios. Imediatamente atraiu o dedo dentro de sua boca e começou a chupá-lo enquanto ela se movia, tão apanhada na combinação das coisas que fazia que a pegou de surpresa quando de repente Paul puxou seu dedo liberando o de seus lábios, agarrou-a pela cintura e ambos rodaram. No seguinte momento, Jeanne Louise estava de costas na areia com ele sobre ela. Paul fez uma breve pausa, sua ereção afundada profundamente nela, mas quando ela se aproximou e atraiu sua cabeça para baixo para um beijo, ele começou a se mover, conduzindo aos dois sobre a borda e ao vazio.


Capítulo 10

Paul despertou com a idéia de estar deitado em uma avultada cama inexistente. Quando recuperou o conhecimento por completo, abriu os olhos para ver que era Jeannne Louise sobre quem estava deitado, empurrou-se para cima, tirando o peso de seu peito. Depois a olhou, preocupado de que a tivesse asfixiado ou algo assim, mas ao ver que seus seios subiam e desciam ao respirar, relaxou um pouco. Depois se acomodou a um lado e se sentou para olhar a seu redor. As brasas do fogo se apagaram, assim como as luzes nos chalés dos Jackson e dos Corby, mas a lua e as estrelas se refletiam na superfície lisa do lago, lhe dando um pouco de iluminação. Na verdade, a água parecia incrivelmente acolhedora sob a luz da lua, e Paul se encontrou pensando que deveria tomar um banho. Seu olhar se deslizou de novo para Jeanne Louise. Enquanto se vestia, ela estava completamente nua, estendida sobre suas costas na areia como um anjo caído do céu. Os olhos de Paul se deslizaram sobre suas extremidades e o torso pálido, recordando a sensação de seu corpo deslizando-se contra o seu e o fechamento úmido e quente a seu redor, e imediatamente se endureceu ante a lembrança. Não esperava o que tinha acontecido. Bom, certo, talvez em seu íntimo Paul estava esperando estar com ela. Mas honestamente esperava que ela o beijasse e acariciasse um pouco, antes de morder seu pescoço. Antes de iniciar a tarefa. Em vez disso, a paixão explodiu sobre eles como uma chuva de brilhos. Tinha tomado sua mente até que a única coisa na qual podia pensar era na busca da liberação rápida e furiosa que a paixão tinha prometido. Tinha cumprido sem dúvida sua promessa, pensou. De fato, tinha sido tão potente


que Paul não acreditava ter dormido depois de havê-lo feito. Por muito que fizesse se retorcer ao admitir isso, na verdade suspeitava que nem bem tinha terminado de chegar ao climax e desmaiou. Nunca tinha experimentado nada igual. Nunca tinha conhecido uma mulher como Jeanne Louise. Ao redor dela sentia... Esperança, compreendeu. E felicidade. E desejo como nunca tinha experimentado, mesmo com sua esposa Jerri. Essa afirmação trouxe uma quebra de onda de culpa sobre ele, e Paul girou o olhar para a água uma vez mais. Tinha amado Jerri com todo seu coração. Tinha pensado que nunca ia encontrar ninguém que pudesse encher seu coração como ela o tinha feito. Mas Jeanne Louise... olhou-a de novo, seus olhos acariciando seu rosto sem preocupações ao dormir. Jeanne Louise enchia seu coração, sua mente, e parecia encher também seu corpo. Sentia como se ela se deslizasse em sua pele quando se beijavam, como se estivesse ali com ele enquanto cavalgava as ondas do prazer. E era algo que jamais tinha imaginado que viveria. Na verdade, tinha pensado que já tinha tido sua grande historia de amor, que ninguém se compararia a Jerri, e que a única coisa que faltava era criar Livy. Quando pensava em seu futuro depois que Jerri morreu, Paul se via só a partir desse momento, como um pai solteiro que via feliz a sua filha trilhar em seu caminho na vida, criando-a, enviando-a à universidade, passeando com ela no asilo, saudando seus netos… e talvez então, depois de que seu trabalho terminasse, tinha pensado que poderia desfrutar de espiar sua vizinha pela janela intuindo que ele nunca poderia amá-la como tinha amado sua mulher. Em vez disso, Paul tinha uma visão muito diferente do futuro, um com Jeanne Louise nele... e isso o distraiu de seu propósito para sequestrar Jeanne Louise. Em vez de tentar convencê-la a transformar sua filha e salvar sua vida, ele avidamente a despojou de sua roupa e fundiu seu corpo com o dela na areia fria sob uma lua brilhante. E não só seu corpo. Havia sentido quase como se suas almas tivessem estado entrelaçadas aqui sob as estrelas, e ele não tinha certeza se aconteceria de


novo.

Enquanto devia estar satisfeito e brilhante depois de sua vigorosa sessão, Paul a desejava outra vez. Estava duro e dolorido, e lutando contra o impulso de se inclinar, beijá-la e começar essa loucura de novo. E outra vez, e outra vez. Na verdade, Paul pensava que podia apenas ficar felizmente aqui na praia, entrelaçando seu corpo para sempre no interior de Jeanne Louise. Paul percebeu com tristeza que tinha perdido o rumo de seu plano, e embora realizasse seu desejo, sua filha continuaria sofrendo dores de cabeça e se aproximando da morte. Mas não era o único que tinha ficado apanhado nisto até o ponto de perder de vista o que se deveria fazer. Jeanne Louise não se alimentou até esse momento, o que tinha sido a razão de iniciar as carícias e que tinha estalado em um ardor incontrolável. O que significava iriam fazer isso outra vez. A idéia disso fez com que o membro entre as pernas de Paul se levantasse como uma haste. Suspirando, observou a superfície lisa do lago e ficou de pé. Sua calça imediatamente começou a se deslizar por seus quadris. Paul a deixou cair na areia, saindo do tecido quente. Depois tirou a camiseta, deixando-a cair ao lado de sua calça jeans. Seu olhar se deslizou novamente sobre Jeanne Louise, que permanecia quieta e perfeita na areia, então se girou e correu para a água. Jeanne Louise suspirou, movendo-se adormecida sobre seu lado por um pequeno calafrio, com uma mão procurando às cegas o lençol que lhe faltava. Devia ter tirado enquanto dormia, pensou com tristeza, mas franziu o cenho quando em lugar da suave roupa de cama seus dedos encontraram grãos de areia. Abriu os olhos contemplando a praia que se estendia ante ela e se sentou abruptamente quando sua


memória retornou a como tinha chegado até ali.

Paul não estava a seu lado, como tinha esperado, embora sua roupa estava. Seguindo essa pista, Jeanne Louise se girou para olhar para o lago, relaxando quando o viu nadando longe da costa. Deu-se conta que despertou antes dela. Bom, desmaiaram, pensou a seguir. Ela sabia o que tinha acontecido… mas seu olhar se deslizou para o moribundo fogo e depois Jeanne Louise pegou sua roupa, relaxando quando sentiu o calor ainda aferrando-se nela. Não a tinha tirado há muito tempo, supunha que pelo menos uma ou duas horas tinham passado desde que seus vizinhos tinham partido, e eles tinham caído nos braços um do outro como um par de adolescentes brincalhões. E tinham ficado desacordados também. Seu olhar se deslizou de novo para o lago, considerando brevemente unir-se a ele. A simples lembrança do que tinham feito trazia de novo seu desejo quase por completo fazendo-a querer tocá-lo e beijá-lo de novo, mas então a feia razão apareceu, sensível em sua cabeça. Se seguisse seus instintos e se unisse a Paul na água, não conseguiria parar antes que voltassem a fazer o mesmo de antes outra vez. E se isso acontecesse e desmaiassem no lago, ela poderia sobreviver, os nanos se reativariam nela, lhe permitindo chegar à borda, mas Paul se afogaria. E esse não era um risco que queria correr. Fazendo uma careta, Jeanne Louise recolheu seu traje de banho, sua calça curta e sua camiseta, e se levantou para se dirigir ao chalé. Afastando a tentação, optou pela rota mais segura. Quando entrou no chalé, imediatamente se dirigiu ao quarto principal, parando para olhar Livy no caminho. A menina dormia profundamente, mas Boomer levantou a cabeça e moveu a cauda. Jeanne Louise sorriu. O cão é tão devoto com a menina como o é seu pai, pensou, enquanto seu olhar se deslizava para o doce rosto adormecido de Livy. Os dois dias que a menina tinha se


alimentado já se mostravam dignamente. Pelo menos Livy não parecia tão magra e pálida como tinha estado quando Jeanne Louise a tinha visto pela primeira vez. Isso era bom. Deixando-a imperturbável, Jeanne Louise continuou pelo corredor para seu quarto, ao banheiro. A visão de si mesma no espelho não a fez parar. Estava coberta com areia da cabeça aos pés. Os finos grãos estavam pregados em seu corpo como pulgas em um cão. Jeanne Louise fez uma careta e rapidamente deixou cair a roupa suja no chão. Depois abriu a ducha. Deixando que esquentasse, meteu-se de novo em seu quarto para pegar uma das duas camisolas que tinha comprado no centro comercial. Jeanne Louise normalmente não as usava, mas tinha pensado que era o melhor se por acaso tivesse que ir até Livy rapidamente durante a noite se a menina precisasse. Pegando sua nova camisola cor de rosa com comprimento até o joelho, voltou de novo para o banheiro e a deixou sobre a pia, depois colocou a mão sob a ducha para ver a temperatura da água. Vendo que estava boa, Jeanne Louise entrou na pequena ducha e fechou a porta. Como nunca perdia tempo, apressou-se em tomar banho. Dez minutos mais tarde, tinha terminado. Jeanne Louise rapidamente envolveu seu cabelo em uma toalha pequena e depois usou uma maior para secar seu corpo antes de colocar sua camisola. Seguiu secando o cabelo com a toalha, afastando o de seu rosto. Ia deixar assim, mas a idéia de se meter na cama com o cabelo molhado não pareceu boa. Rapidamente, procurou no armário debaixo do lavatório um secador de cabelo. Jeanne Louise imediatamente se inclinou e com a escova secou o cabelo. Satisfeita de que não ia ter que dormir sobre um travesseiro úmido, ou despertar com o cabelo embaraçado depois de dormir sobre ele úmido, Jeanne Louise guardou o secador e a escova, dirigindo-se depois para o quarto. Contemplou brevemente a cama, decidindo que o melhor seria se assegurar de que Paul estava bem. Os mortais eram conhecidos por sofrer cãibras e se afogarem. Além disso, tinha sede e um copo de água iria bem. Assim tomaria um pouco de água e olharia para fora para ver como


estava Paul.

Saindo de seu quarto, Jeanne Louise deu uma olhada em Livy outra vez e depois se dirigiu à cozinha passando pela sala. Uma olhada rápida pela janela da sala não lhe revelaria muito, mas mesmo assim olhou ao passar. Na cozinha, pegou um copo do armário, foi até a pia e abriu a torneira. Deixando que o copo se enchesse durante um momento, Jeanne Louise olhou pela janela em cima da pia para checar a praia e o lago e franziu o cenho quando não viu nem rastro de Paul. Não havia ninguém no lago pelo que podia ver. Então, seu olhar se dirigiu aos restos da fogueira e percebeu que sua roupa tinha desaparecido também ao mesmo tempo em que a porta atrás dela se abriu. Relaxando, Jeanne Louise voltou sua atenção ao copo que se enchia debaixo da torneira, e lhe perguntou, -Nadou bem? -Estupendo- respondeu Paul, fechando devagar a porta para evitar que o barulho despertasse Livy. Ela o escutou colocar algo sobre a mesa e caminhar atrás dela enquanto fechava a torneira, mas se surpreendeu quando seus braços se deslizaram ao redor de sua cintura por trás. -Ainda está molhado- protestou Jeanne Louise com uma gargalhada enquanto ele estreitava suas costas contra seu peito e lhe afastava o cabelo para lhe dar um beijo na lateral de seu pescoço. -Mmmm, não tinha uma toalha- murmurou ele contra sua garganta. -E se esqueceu comer. Jeanne Louise agarrou seu copo olhando por cima do ombro, depois ofegou quando uma de suas mãos deslizou para cima para encontrar um de seus seios através de sua camisola de algodão. Ela abriu a boca de novo quando sua outra mão deslizou entre


suas pernas pressionando suas costas contra ele. Paul não tinha usado uma toalha para se secar-se, e também não se incomodou em se vestir, percebeu Jeanne Louise quando sentiu seu corpo pressionado contra dele através do fino tecido. -Paul…- sussurrou, e não conseguiu expressar o que tinha querido dizer com isso. Se era uma motivação, uma advertência ou uma reprimenda. Não importava. Paul baixou a cabeça para beijá-la, e Jeanne Louise simplesmente não se importou. E importou muito menos quando sua mão deslizou até entrar na parte de cima de sua camisola, encontrando e acariciando um seio e depois outro. O toque lançou um gemido em sua garganta, e Jeanne Louise se arqueou frente a seu tato enquanto lhe devolvia o beijo. Quando Paul rompeu o beijo para arrastar sua boca para sua orelha, ela suspirou e elevou a cabeça. O chapinho da água fria que se derramava do copo inclinado em sua mão lhe recordou que ainda o segurava e imediatamente Jeanne Louise o pôs na pia. A mão de Paul em seus seios tinha puxado a camisola para revelá-los agora plenamente, e ele os estava acariciando, brincando primeiro com um, depois com o outro. Com a outra mão estava levantando a camisola para cima. Jeanne Louise cobriu a mão em seu seio com a sua. Com a outra o agarrou pelo pescoço de novo. Então voltou seu rosto para ele para lhe dar outro beijo. Paul cedeu a sua demanda, cobrindo sua boca e bloqueando o gemido que lhe seguiu, ficando sem fôlego quando sua mão se deslizou por fim sob a camisola entre suas pernas. Quando seus dedos encontraram seu centro, Paul rompeu o beijo para sussurrar, Deus, quão quente e úmida já está para mim. Jeanne Louise simplesmente retirou a mão com a qual o estava animando sobre seus seios, para procurar atrás até encontrar a dureza que a pressionava como evidência de que ele estava em um estado similar. Fechando os dedos em torno dele, Jeanne Louise o apertou e ele voltou a gemer pela paixão do deslizamento que ela


aumentava.

Amaldiçoando, Paul a conduziu pelas costas um pouco para a pia ainda com a mão entre suas pernas. Depois utilizou a outra mão para levantar para cima sua camisola e tirá-la de seu caminho. Em seguida, Jeanne Louise estava segurando na pia enquanto ele se deslizava dentro dela. Paul lançou um gemido longo em seu ouvido enquanto a penetrava, sem parar as carícias de sua mão entre suas pernas e depois de puxar sua camisola, agarrou-lhe a parte superior da coxa, puxando para ele enquanto a empurrava para frente. Jeanne Louise fechou os olhos durante um instante pela corrente de sensações que golpeavam através dela, depois gemeu quando ele se retirou e se deslizou de novo dentro dela. A tensão estava aumentando nela, amplificada pela dele, e Jeanne Louise estava segura de que estava a ponto de gozar quando Paul de repente se congelou. Ela piscou com os olhos abertos, ao captar seu reflexo na janela e ver o cenho franzido no rosto de Paul. Antes que pudesse perguntar o que acontecia com ele, retirou-se dela e a pegou pelo pulso, arrastando-a pela cozinha. Jeanne Louise o seguiu sem protestar, já que pensou que o chão de madeira da cozinha teria sido uma dolorosa aterrissagem ao acabar. Paul a levou até o quarto principal, diretamente para cama, antes de fazer uma pausa e girar-se para olhá-la. Levou sua mão até a barra de sua camisola, sem dúvida com a intenção de tirá-la, mas Jeanne Louise o pegou de surpresa e o empurrou sobre a cama. Aterrizou sobre a superfície suave, com os olhos muito abertos, e depois sorriu. -Você gosta de ficar por cima, não é verdade? -perguntou ele com diversão, empurrando-se mais acima na cama.


Jeanne Louise simplesmente pegou a abarra de sua camisola levantando-a rapidamente para tirar. Atirou-a ao chão e depois se arrastou ao longo da lateral da cama até que esteve na altura de seus quadris; depois elevou a mão para agarrar sua ereção. Paul ficou rígido, mas só o olhava.

-Chegue para o lado de cá- sussurrou ela, com medo de despertar Livy no quarto ao lado. As sobrancelhas do Paul se levantaram, mas se deslizou para um lado até que não havia espaço entre ele e a borda da cama. Jeanne Louise sorriu levando imediatamente sua perna esquerda por cima dele para descansar na cama ao outro lado de seu quadril, deixando a direita ainda plantada no chão. Depois, utilizou seu agarre sobre seu eixo para dirigi-lo dentro dela. Paul gemeu quando Jeanne Louise se sentou sobre ele, estendendo suas mãos até ela. Uma delas encontrou seu seio, começando a tocá-la e acariciá-la ali, mas a outra se deslizou entre o ponto onde estavam conectados, procurando a essência de sua excitação, acariciando-a. Jeanne Louise deixou a mão entre suas pernas, mas demandou a que estava em seu seio, retirando-a para beijá-la enquanto se levantava e se sentava sobre ele. Depois passou a língua entre seus dedos brevemente, antes de beijar e mordiscar através da palma até seu pulso quando se levantou e se sentou de novo, vendo que com o pé no chão a ação era mais fácil. Encontrando seus olhos sobre seu braço, Jeanne Louise se levantou uma vez mais, mas desta vez enquanto se deslizava para baixo sobre sua longitude, permitiu que suas presas se deslizassem para fora afundando-se em sua carne.


Paul grunhiu, arqueando seu corpo rígido sobre a cama e depois empurrou seus quadris, investindo com sua dureza quando cada musculo dela se contraía sob a quebra de onda de prazer que lhe seguiu. Jeanne Louise foi consciente de seu grito de prazer, de seu corpo tremendo debaixo dela ao gozar. Mas seu corpo estava apanhado também nas ondas de prazer, vibrando como uma corda de violão enquanto sugava seu pulso, incapaz de deter qualquer movimento até que a última quebra de onda de prazer se precipitou sobre ela, chocando-se contra sua mente com uma violência que a deixou aturdida, afundando-a na escuridão. Um lamento longínquo despertou Jeanne Louise. Abriu os olhos olhando fixamente o peito que se estendia frente a ela, percebendo que os soluços e choros vinham do quarto ao lado. Livy. Esticou-se brevemente, depois se incorporou, afastando-se de Paul, fazendo-o sem despertá-lo. Uma vez de pé, Jeanne Louise pegou sua camisola colocando-a sobre sua cabeça enquanto se dirigia ao quarto da menina. Entretanto, a menina não estava ali quando ela entrou. Franzindo o cenho, Jeanne Louise se virou, seguindo o som dos soluços e gemidos até a sala, e encontrou a menina deitada com Boomer no sofá, agarrando-se a ele com desespero enquanto gritava com todo seu coração. -O que foi, querida? Outra dor de cabeça? - perguntou Jeanne Louise, movendo-se rapidamente para ela. Livy levantou a cabeça do peludo Boomer. Seus olhos se abriram e depois se lamentou, -Pensei que você e papai estavam mortos!


-O que? - perguntou Jeanne Louise assombrada, afundando o sofá ao se sentar a seu lado e fazendo uma careta enquanto posava sua cabeça sobre a da menina, sentindo sua dor atroz. -Escutei um gri-grito- explicou Livy. -Acordei, minha cabeça doía, e fui procurar papai. Ele e você estavam tão adormecidos, que eu n-não consegui acor-acordá-lossoluçou miseravelmente. -Pensei que estavam mortos. -Não, é claro que não, querida- murmurou Jeanne Louise, trabalhando rapidamente para mascarar a dor de cabeça da menina. -Seu papai também está bem. Estávamos dormindo. -Então, por que não se levantou quando te sacudi e gritei? - perguntou Livy, com seus soluços diminuindo enquanto Jeanne Louise tomava sua dor, afastando da menina e atraindo para ela. -Talvez porque tomamos muito vinho na fogueira- mentiu Jeanne Louise. Meu Deus, tinham que ter estado verdadeiramente inconscientes se os gritos e sacudidas da menina não tinham despertado nenhum dos dois! E bom Deus, ambos estavam nus… e bom, basicamente, em uma posição bastante comprometedora. Não é que Livy parecesse ter percebido. Graças a Deus. -Um grito foi o que te despertou? - perguntou Jeanne Louise de repente, demorando um pouco a falar dado que sua dor agora golpeava sua cabeça. Soluçando, Livy assentiu.

-Ambos, você e papai gritaram.

-Hmm, então deve ter tido um pesadelo- murmurou Jeanne Louise, reconhecendo que tinham sido seus gritos apaixonados os que tinham despertado à menina. Teriam


que se assegurar de não estar no quarto ao lado em um futuro quando caíssem em… er… Jeanne Louise deixou ir o pensamento. Ela não podia pensar com claridade. Esta dor de cabeça era ainda pior que a anterior. Estavam ficando cada vez mais insuportáveis. Decidindo que tinha consolado à menina o suficiente, Jeanne Louise a pôs para dormir. Livy desabou sobre Boomer e Jeanie ficou em sua mente durante uns minutos a mais para se assegurar de que tudo ficaria bem. Depois se recostou no sofá ao lado deles e esperou que sua própria dor diminuísse. Jeanne Louise tentou pensar em sua situação enquanto esperava, tentando averiguar se era o momento de explicar a respeito dos companheiros de vida a Paul e lhe dizer que ele era o seu, mas era bastante difícil se concentrar neste momento, e não chegaria a nada. Fazendo uma careta, deixou passar o assunto e ficou de pé. Em seguida, levantou Livy da poltrona, com Boomer disposto a seguí-la enquanto Jeanne Louise levava a garotinha para cama. Quando a pôs na cama e a agasalhou, o cão saltou sobre a cama para deitar a seus pés. Jeanne Louise acariciou o fiel mascote, beijou Livy na bochecha, e depois saiu do quarto. Paul seguia profundamente adormecido quando Jeanne Louise retornou ao quarto principal. Hesitou, perguntando-se se devia dormir no sofá para não incomodá-lo, mas depois subiu com cuidado na cama junto a ele, aliviada sob os lençóis. Uma vez ali se deteve e o olhou. Paul envolveu a parte superior da coberta a seu lado, sem dúvida pelo frio da noite. Depois de um breve debate interno, Jeanne Louise sacudiu brandamente seu ombro. -Paul?

-Hmmm? - murmurou sonolento, girando a cabeça para sua voz, mas sem abrir os olhos.


-Quer se deitar sob os lençóis? - sugeriu.

Quando Paul murmurou em seu sonho, mas não pareceu despertar completamente, Jeanne Louise se encolheu de ombros e o deixou como estava. Tombou-se na cama, mas se encontrou olhando-o fixamente. Seu companheiro de vida. Maldição. A idéia continuava a fazendo sacudir sua cabeça, maravilhando-a. A maioria dos imortais esperavam séculos, até milênios para encontrar seus companheiros de vida. Muito poucos tinham a sorte de encontrá-los tão jovens. E com um pouco mais de um século de idade, Jeanne Louise se considerava definitivamente jovem para a maioria dos de sua espécie… era um bebê, na verdade. Entretanto, ali estava ele… seu companheiro de vida. O único homem que não podia ler nem controlar, e o único homem com o qual podia pensar livremente sem guardar seus pensamentos. Paul era seu oásis no mundo caótico, onde Jeanne Louise geralmente tinha que estar em guarda… e estava aterrorizada de perdê-lo. A idéia fez com que Jeanne Louise se encolhesse de lado, afastando-se dele sob as mantas. As coisas iam bastante bem, mas mesmo assim era difícil. Ela pensava que ele a queria para si, mas quem pode dizer o que os homens pensavam? Ele possivelmente a queria pelo sexo e pelo que podia fazer por Livy. Jeanne Louise se acalmou e escutou Paul mover-se, trocando de posição na cama junto a ela. Despertou depois de tudo, deu-se conta, e quando levantou as cobertas atrás dela, teve que se perguntar se o ar fresco da noite sobre sua pele nua tinha terminado o que ele tinha começado. Então, seu corpo se deslizou por trás dela, pressionando sua parte dianteira sobre suas costas enquanto deslizava um braço ao seu redor para atrai-la para ele. Uma vez que a teve na posição em que a queria, sua mão se deslizou lentamente por um de seus seios enquanto lhe beijava o pescoço. Jeanne Louise lançou um pequeno suspiro enquanto seu corpo respondia, mas estava preocupada por ter se alimentado dele e perguntou, -Como se sente?


-Honestamente? - perguntou Paul com um murmúrio em sua

orelha. -Sim- disse Jeanne Louise com diversão.

-Bem. Quero fazer amor com você outra vez, mas estou muito cansado- admitiu com ironia, e ela se pôs a rir ante a admissão. -Está tudo bem. Durma- disse Jeanne Louise deslizando sua mão sobre seu braço e para baixo para cobrir a mão em seu peito. -Sempre há um manhã. -Amanhã? - perguntou Paul com diversão, acariciando sua orelha. -Vai sair para cantar, Annie? Os olhos de Jeanne Louise se abriram amplamente na escuridão.

-Bom, Sr. Jones. Parece que tem uma veia de sarcasmo oculta em sua

doçura. Paul se pôs a rir ante as palavras e lhe deu um beijo a um lado de sua

cabeça. -Só um pouco, Sra. Argeneau. Tentarei me abster de usá-lo.

-Não se preocupe comigo- disse ela. -Faz você interessante.

-Vocês vampiros- ele estalou a língua, puxando-a com mais força contra ele. -Sempre indo pelas veias. -Hmm- murmurou Jeanne Louise. -Falando de veias, eu te machuquei?


-Absolutamente- assegurou Paul, e depois perguntou, -Vai tentar com uma veia diferente a cada vez? -Esperançado de que finalmente vá dar uma dentada genital? -perguntou ela com diversão. -Absolutamente- disse imperturbável, e Jeanne Louise riu brandamente ante o entusiasmo em sua voz. -Possivelmente da próxima vez- disse rapidamente, e depois murmurou, -Boa noite, Paul. -Boa noite, John Boy- respondeu Paul, e depois grunhiu quando lhe golpeou a mão como castigo. -Alguém cresceu vendo muita televisão- disse Jeanne Louise secamente.

-Alguém continua vendo- admitiu, e deixou que sua mão se afastasse de seu seio e se movesse entre suas pernas. -Talvez possa me ajudar a encontrar algo mais interessante para fazer no futuro. Os olhos de Jeanne Louise se abriram bruscamente quando começou a acariciá-la com preguiça. -Pensei que estava cansado.

-Estou acordado- disse Paul, movendo seus quadris contra seu traseiro, o que demonstrava até que ponto estava acordado. Jeanne Louise gemeu quando sentiu a dureza empurrando-a, e chegou de novo a estreitar sua ereção na mão como advertência, -Está bem, mas temos que ficar em


silêncio. Acordamos Livy a última vez.

-Acordamos? - perguntou, acalmando. -Ela estava bem?

-Tinha dor de cabeça- admitiu. -E se assustou quando não conseguiu nos acordar.

-Esteve aqui? Nos viu? -perguntou Paul com alarme, detendo suas mãos abruptamente. Jeanne Louise suspirou e moveu suas costas diante dele.

-Está tudo bem- disse para tranquilizá-lo. -Tranquilizei-a, tirei a dor de cabeça, e a pus de novo na cama. Paul ficou quieto durante um minuto, depois deixou escapar o fôlego em um suspiro.

-Obrigado- murmurou, com os olhos cheios de sinceridade quando se encontraram com os seus, mas neles abundava algo completamente diferente quando baixaram e viram que a coberta estava ao redor de sua cintura, mostrando seus seios. Ela deslizou sua mão para estreitá-lo mais de perto e Paul respirou, -Maldição, acho que adoro seus seios. -Você adora meus seios? - perguntou Jeanne Louise secamente.

-E outras partes- murmurou ele distraidamente, baixando a boca para reclamar o mamilo do seio que segurava. Jeanne Louise mordeu o lábio quando Paul começou a sugá-lo, enviando ondas de de prazer através dela; depois suspirou e relaxou, murmurando, -É um bom começo.


Capítulo 11

-Que vamos fazer agora?

Jeanne Louise sorriu ante a pergunta de Paul, uma vez que saíram da seção de antiguidades. Mas antes de que pudesse lhe responder, Livy gritou, -Sorvete! Ela olhou à menina, rindo pela forma em que estava saltando e aplaudindo.

Dirigiram-se ao Grand Bend na primeira hora da manhã. Ou na primeira em que Livy os acordou, reconheceu com um sorriso irônico. Certamente, Jeanne Louise não estava pronta para acordar ainda e duvidava que Paul estivesse depois de passarem quase toda a noite se familiarizando com o corpo um do outro, indo e voltando. Tinham sido como um par de drogados, desfrutando um do outro e voltando várias vezes para a próxima dose no momento em que acordavam depois de cada sessão. Depois de esperar sua vez na ducha, tinham colocado Livy no carro e se dirigiram ao Grand Bend e ao mercado de antiguidades Pinery. Paul tinha lido sobre o lugar em um monte de folhetos e volantes que estavam na mesa do proprietário do chalé. No mercado, as pessoas poderiam encontrar o café da manhã de domingo, entretenimento ao vivo, e sorvete de creme caseiro, junto com antiguidades e várias outras coisas que não se esperaria. Tinham tomado o café da manhã primeiro e depois percorreram as lojas dos vendedores, com Livy pedindo todo o tempo por um sorvete, por isso Paul tinha prometido que tomariam um nessa excursão. Não importava que ela acabasse de tomar um grande café da manhã, queria sorvete desde o momento em que chegaram. O apetite da menina definitivamente se via beneficiado pela ausência de dor e pelo


fato de que Jeanne Louise se assegurava de que Livy pensasse que gostava do que comia. -Está bem, está bem- disse Paul com diversão. Tomaremos sorvete. E depois provavelmente deveríamos retornar ao chalé para nadar. -Ohhh. Os olhos de Livy se ampliaram felizes. -Nadar.

-Sim, e provavelmente brincar- adicionou. -As pessoas do chalé do lado têm uma pequena menina de sua idade. Seu nome é Kirsten. Assim poderá ter alguém com quem brincar enquanto estamos aqui, se é que as duas se darão bem. -Oba! - gritou Livy dançando em círculos.

Paul negou com a cabeça ante seu entusiasmo e depois pegou sua mão; deslizou a outra ao redor da cintura de Jeanne Louise e as conduziu à loja de sorvetes. Jeanne Louise pediu um cone combinado com uma bola de chocolate e uma de cereja. Livy imediatamente pediu o mesmo e Paul pediu de pistache. Uma vez que seus cones estavam em suas mãos, caminharam lentamente para o estacionamento, lambendo furiosamente o sorvete que se derretia rapidamente. Era quase meio-dia e fazia um forte calor. Jeanne Louise era muito consciente de que o sol estava escaldante, mas não queria estragar o momento recordando a Paul que não deveria estar alí. Era como se ele tivesse esquecido completamente que ela era imortal, como se fossem uma típica família mortal, desfrutando de um passeio em um ensolarado domingo... e gostou disso. Jeanne Louise jamais tinha pensado realmente em invejar os mortais por desfrutar de prazeres simples como este, mas nesse momento o fazia. Estava feliz, relaxada e saciada por sua noite juntos. Não é que Jeanne Louise não quisesse estar caminhando com este homem a seu lado


e escutando a feliz conversa de sua filha. Mas ficaria feliz em atraí-lo para o banho público mais próximo ou o banco de trás do carro ou a qualquer lugar privado que pudesse encontrar, se não tivessem que vigiar Livy. Definitivamente, ainda desejava o homem e estava ansiosa de que o dia terminasse e a noite começasse para poder pôr Livy na cama e aproveitar de novo. Mas enquanto isso, sentia-se plena. - Jeanie?

A voz tensa de Paul se ecoou através de seus pensamentos, chamando sua atenção. Ao ver a tensão em sua expressão, ela seguiu seu olhar para uma caminhonete escura estacionada fechando o caminho do carro de Paul. Seus olhos se estreitaram movendo-se para o lado para dar uma olhada na placa e então sentiu cair seu coração. Era uma caminhonete dos Argeneau. Todas tinham placas especiais e esta não era exceção. Seus olhos se dirigiram às janelas, mas o veículo estava vazio. -Vê o carro- disse com gravidade, deixando cair seu cone de sorvete no chão para ter as mãos livres.


Paul imediatamente pegou Livy e correu para o carro. Jeanne Louise não o seguiu, mas girou em um círculo lento, procurando o motorista do veículo. Depois de dar uma volta completa e de que sua investigação não revelasse ninguém, apressou-se para se reunir com o Paul e Livy. Em seguida acariciou à menina nas costas quando chegou ao carro. Jeanne Louise abriu a porta do passageiro, mas não entrou imediatamente, aproveitando a oportunidade para explorar de novo seu entorno, conferindo os olhos e os rostos que via. Uma vez mais, entretanto, não viu nenhum imortal em nenhum lugar. Não é que conhecesse todos os caçadores que trabalhavam para seu tio, mas os olhos tendiam a ser uma revelação, assim como a pele pálida nesta época do ano. E a maioria dos imortais estariam usando mangas e calças compridas em vez de curtas para se proteger do sol tanto como fosse possível. Mas todos os que viu estavam de calças curtas e camisetas ou algum Top de manga curta ou completamente sem mangas. Paul fechou de repente a porta traseira, e ela olhou em sua direção enquanto ele se apressava para o lado do motorista. Jeanne Louise voltou a verificar as pessoas, sentando-se no assento dianteiro enquanto ele entrava. Seguiu escrutinando a todos e a cada um que via enquanto ele ligava o motor e começava a deixar o lugar onde tinham parado no estacionamento. Ela não relaxou até que estiveram a caminho e haviam posto certa distância entre seu veículo e o mercado. -Não acredito que estejam nos seguindo- disse Paul em voz baixa enquanto olhava para frente deslocando-se em seu assento. -Não- concordou Jeanne Louise com um suspiro. -Acho que tivemos sorte. Embora não sei como não reconheceram seu carro e sua placa- acrescentou com assombro. Na verdade, deveríamos ter abandonado o carro. Devia ter pensado nisso. -OH... er... Não há necessidade disso- disse ele, olhando-a repentinamente incômodo. Ela o olhou com curiosidade.


-Ahã?

Paul assentiu, esclareceu a garganta e depois admitiu, -Comprei uma tinta preta enquanto estávamos na cidade ontem, e quando estava descarregando o carro a usei para trocar os dois 'seis' em minha placa para 'oito'. Os olhos do Jeanne Louise se abriram amplamente.

-Sério?

Ele assentiu com ironia, e se encolheu de ombros.

-Parecia uma boa idéia. Não pensei que viriam te buscar tão longe de Londres, mas havia uma pequena possibilidade, que acaba de ocorrer... Paul se encolheu de ombros com impotência. Jeanne Louise relaxou um pouco mais com essa descrição, mas o olhava com admiração e murmurou, -Isso foi inteligente. -Não sou só um rosto bonito, sabia? - disse com um sorriso.

-Não, certamente não é- esteve de acordo ela com solenidade.

Paul a olhou bruscamente; depois aproximou uma mão a dela e a apertou. Isso fez com que Jeanne Louise se desse conta de que tinha as mãos tão vazias como as dela. -Onde está seu sorvete?

-Deixei cair no estacionamento- admitiu e depois adicionou, -Assim como o seu. Encolheu-se de ombros e acrescentou, -Parecia sensato ter as mãos livres.


-Sim- disse ela, e lhe apertou os dedos com os seus enquanto olhava para o assento traseiro. Livy era a única que continuava com seu cone de sorvete, o que explicava seu silêncio. A menina continuava lambendo seu cone locamente... e sem ter que controlá-la, o que era algo bom, decidiu Jeanne, com os olhos muito abertos. Tinha renunciado a controlar a menina porque sabia muito bem que tinha que se concentrar em procurar qualquer imortal na região. Mas a menina parecia sem dúvidas estar desfrutando de todos os modos. -É uma pena, entretanto- disse Paul repentinamente, com lamento em sua voz. -Era um bom sorvete. Jeanne Louise sorriu ante suas palavras enquanto se acomodava em seu assento. Mas ele tinha razão. Era um sorvete malditamente bom, reconheceu, e então sugeriu, Talvez devêssemos parar em uma loja e comprar um pouco do Häagen-Dazs ou de Ben & Jerry. -Definitivamente- concordou ele. -Podemos celebrar nossa sorte por conseguir escapar. -Foi sorte- disse Jeanne Louise solenemente. -Não esperava que me buscassem tão longe de Londres. -Eu tampouco- admitiu Paul, e seu sorriso se desvaneceu. -Talvez devêssemos ficar perto do chalé durante um dia ou dois. Aluguei-o sob o nome de Williams e mudei a placa do carro, por isso enquanto não nos virem devemos ficar bem. -Sim- concordou Jeanne Louise. Parecia o mais sensato a fazer. Tiveram sorte desta vez, mas isso não significava que aconteceria de novo. Ao final, desistiram da parada do sorvete. Se os executores patrulhavam a região,


parecia uma boa idéia voltar para o chalé e não se arriscar a topar com um deles.

Enquanto Cecily Jackson e Sharon Corby estavam ainda em sua excursão de compras com Kirsten, seus maridos e filhos haviam voltado da pesca e foram até eles assim que desceram do carro. Paul se viu obrigado a fingir entusiasmo pela pescaria da manhã, e parecer entretido com as histórias de como tinham lutado, e de que tiveram que lutar com mais força, porque o maior peixe que jamais tinham visto. Jeanne Louise estava a seu lado com o que suspeitava que fosse um divertido silêncio enquanto tentava não fazer uma careta para o pescado fedorento pendurado ante ele. Livy, por outro lado, era livre de dizer "asqueroso" e "ewww” para depois sair correndo com Boomer. Paul a invejava. Teria gostado de ecoar seus comentários e fugir do fedor, mas sabia que ia ser considerado terrivelmente inapropriado para um homem como ele. Em vez disso, passou vários minutos oferecendo felicitações aos homens antes que suas esposas retornassem e os distraíssem. Os triunfantes pescadores foram correndo até as mulheres da família com suas histórias de êxito, assegurando a Paul e Jeanne Louise que iriam à praia depois do almoço. Aliviado de estar livre da tarefa de admirar os vertebrados escamosos, Paul segurou Boomer e conduziu Jeanne Louise e Livy para o chalé. Ele gemeu quando Jeanne Louise disse que faria o almoço. O odor dos peixes mortos debaixo de seu nariz tinha roubado um pouco de seu apetite. Mas a resposta entusiasmada de Livy foi suficiente. A menina parecia ter fome todo tempo e ele não sabia se isso era por causa de Jeanne Louise ou porque o apetite natural da menina retornou agora que já não tinha uma dor constante. Entretanto, quando o almoço já estava preparado, Paul se encontrou com fome e desfrutando do toucinho, da alface e do tomate que ela serviu. Depois, reuniram o que necessitavam e se dirigiram à praia. Paul estava preocupado pela necessidade de Jeanne Louise de permanecer longe do


sol, mas Cecily e Sharon estavam ambas sentadas à sombra quando se reuniram com elas e todos os outros na praia. Jeanne Louise se instalou felizmente entre elas, enquanto Paul e Livy se dirigiam diretamente para a água com Boomer à frente e direto para as ondas. Russell esperava na borda da água com Kirsten. Apresentaram as duas garotas que ficaram tímidas durante cinco minutos antes de mergulharem na água juntas, chapinhando e rindo entre si como as meninas costumam fazer. Paul a olhava com um sorriso, sentindo um pouco de dor em seu coração por ver sua filha tão feliz. Era uma grande diferença da pálida, magra e doentia menina que dormia muito em seu quarto cor de rosa, a Livy das últimas duas semanas. Era como a noite e o dia, e sabia que devia tudo isso a Jeanne Louise. A mulher ainda não tinha transformado sua filha, mas tinha tirado a dor e tinha dado a Livy a oportunidade de ser uma menina normal. Passaram a tarde com seus vizinhos, depois tiveram um churrasco em comum, em que todo mundo contribuía. Os homens se congregavam ao redor da grande churrasqueira a gás que pertencia ao chalé de Paul e Jeanne Louise enquanto as mulheres se moviam entre ps chalés preparando salada de batatas, de macarrão, batatas fritas e bebidas. Uma vez que tinham comido e limpado as sobras, as meninas foram correndo para brincar com Boomer enquanto todos os adultos arrumavam tudo ao redor de uma fogueira para conversar e manter um olho nelas. Foi muito bom. Paul não tinha desfrutado de noites como esta desde a morte de Jerri. Tinha sido convidado para participar dos churrascos dos vizinhos, mas se sentia deslocado e preferia não ir. Não se sentia deslocado com Jeanne Louise a seu lado.


-Parecem nuvens de chuva.

Paul seguiu o olhar de John Corby para um agrupamento de grandes nuvens escuras ao longe e assentiu com a cabeça solenemente. Eram quase negras contra o céu que se obscurecia enquanto o sol se ocultava no horizonte. Fazendo uma careta, disse, Parece que estamos no olho da tormenta. -Hmmm- comentou Russell. -E se movem muito rápido.

-Bom, disseram que se formaria uma tormenta esta noite- disse Sharon com diversão. -Fortes ventos, muita chuva. Serviço completo. -Disseram? - perguntou John Corby a sua esposa com surpresa.

-Sim, Cecily e eu escutamos no rádio no caminho na volta de Londres esta manhãdisse Sharon, e logo sacudiu a cabeça com exasperação. -Disse para você quando voltamos das compras. -Não te ouvi- disse John com o cenho franzido, seu olhar se deslizando sobre seu pier e os chalés de veraneio com preocupação. -Nunca me escuta- disse Sharon com secura.

-Bom, tem que falar alto, mulher- brincou ele com ar ausente, depois suspirou e se levantou. -Se vamos ter em uma tormenta, acho que será melhor guardar o barco e pedir aos meninos que nos ajudem a recolher todas as coisas que não quisermos que o vento leve.


-Parece um plano- comentou Russell, se levantando também e pegando a mão de sua esposa e a levantando da cadeira. -Obrigado pela fogueira, Paul. Jeanie. É um prazer. Faremos de novo amanhã se quiserem. -Nós gostaríamos- disse Paul com facilidade, dando uma olhada em Jeanne Louise, que já estava de pé e dobrando sua cadeira, se preparando para levar tudo até o chalé. Ele se levantou, apagou o fogo, e depois a ajudou a recolher as cadeiras enquanto os outros dois casais pegavam suas coisas e partiam a pé. Guardou as cadeiras em seu lugar habitual, e depois recolheu suas próprias coisas espalhadas porque não queria que voassem pelos ares: as toalhas que tinham sido penduradas para secar, o balde de areia e a pazinha de Livy... Depois de um último olhar pelo pátio para se assegurar de que não tinha esquecido nada, Paul chamou Boomer, que estava pulando na praia. Depois olhou pela lateral da casa onde Livy e Kirsten estavam agachadas, brincando cutucando algo com um pau no pátio dianteiro. -Acho que é hora do banho e de dormir para as crianças.

-Se quiser, pegarei Boomer, darei-lhe de comer e prepararei o banho para ela enquanto você vai pegá-la- ofereceu Jeanne Louise, sorrindo enquanto olhava às duas garotas. -Obrigado- assentiu Paul e entrecerrou os olhos. -O que diabos estão cutucando?

-Um pássaro morto- respondeu Jeanne Louise, entrecerrando os olhos. -Estão furando ele, não cutucando. Elas tem certeza de que ele está dormindo e estão tentando acordá-lo. -OH, Deus- murmurou Paul e se dirigiu para as garotas, com a risada suave de


Jeanne Louise atrás dele. Rodeou o chalé ao mesmo tempo em que Cecily apareceu no pátio lateral, e soube que tinha chegado em busca de sua filha. Sorriu-lhe, depois olhou de novo às duas meninas e chamou, -Livy, querida, deixe o pobre pássaro tranquilo e dê boa noite para Kirsten. É hora do banho e de dormir. Livy o olhou com olhos assustados, depois olhou ao redor e franziu o cenho.

-Mas ainda há luz.

-Sei disso, mas é tarde, querida. Além disso, parece que vai chover- disse Paul com paciência. -Vamos. Um banho e dormir. -Você também, Kirsten- chamou Cecily. -Dê boa noite para Livy.

-Está bem- disse Kirsten com um suspiro ruidoso. Em seguida, dirigiu-se para Livy e a abraçou. -Brincaremos outra vez amanhã, certo? -Está bem- disse Livy com um sorriso, abraçando a de volta. Elas se separaram e depois correram para seus respectivos pais. Paul estendeu a mão, sorrindo quando Livy a segurou. Saltou a seu lado enquanto ele a levava de volta ao redor do chalé e à porta da cozinha. Conforme o prometido, Jeanne Louise tinha o banho preparado e esperando, concordando com facilidade quando Livy anunciou que queria que lhe desse seu banho essa noite. Paul sentiu um pingo de dor de que tivesse escolhido Jeanne Louise em vez dele, mas também estava feliz. Sua filha gostava de Jeanie, e era óbvio que a imortal gostava dela também. Pensava que isso poderia ser algo bom, e quando se inclinou junto à porta para olhar às duas garotas que riam e se salpicavam com a água, e Paul se permitiu a breve fantasia de que eram uma família... que Jeanne Louise ficava com eles, que Livy melhorava e crescia... em um futuro. Era um sonho bonito que lhe fez


sorrir amplamente.

Paul e Jeanne Louise colocaram Livy na cama depois do banho, e cada um lhe deu beijos e abraços de boa noite… o que só parecia seguir com sua fantasia. Paul se sentia quente, seguro e contente puxando a mão de Jeanne Louise para levá-la à sala. Uma vez lá, parou e se girou para ela, depois tocou suas bochechas com as mãos e se limitou a olhá-la no rosto. Ela era tão preciosa, esta mulher de algum jeito havia se tornado tão importante para ele como era Livy. Daria sua vida por ela, assim como por Livy. Cada uma delas possuía um pedaço de sua alma. Paul quis lhe expressar tudo, dizer a Jeanne Louise como se sentia, mas ele não tinha nem idéia de como fazê-lo, e no final simplesmente se inclinou e lhe deu um beijo na testa, em cada pálpebra, no nariz e, finalmente, em seus lábios. Quando levantou a cabeça, Jeanne Louise abriu os olhos que tinha fechado quando ele a tinha beijado. Estavam brilhando brandamente na penumbra, de um azul prateado vibrante. Ela sorriu brandamente e lhe disse, -Eu também te amo. -Amo você- disse Paul ao mesmo tempo, com alívio deslizando através dele quando reconheceu o que estava sentindo; tudo o que queria era lhe dizer como se sentia. Não sabia o que dizer, mas no final era muito simples. Ele a amava. Ela tinha entendido isso e também o amava. Graças a Deus, pensou Paul, e então a beijou de novo. Mas desta vez não foi uma suave carícia, desta vez foi quente, apaixonado e exigente. Ele queria tudo dela, seu corpo, seu coração e sua alma. Jeanne Louise gemeu e se arqueou contra ele enquanto se beijavam, suas mãos apertando seus ombros. Mas quando arrancou sua boca da dela para procurar outros lugares, ela sussurrou, -Aqui não. Fazendo uma pausa, Paul levantou a cabeça para olhá-la lhe perguntando, e depois olhou para o lado quando Jeanne Louise assentiu com a cabeça por esse caminho.


Ele se encontrou olhando pela janela ao longo da sala de estar e diretamente para a cozinha dos Jackson. Russell, Cecily e seu filho mais velho estavam sentados na mesa da cozinha atarefados com algum tipo de jogo de mesa. Inclusive enquanto os olhava, Russell deu uma olhada, os viu, sorriu e os saudou. Paul sorriu e automaticamente lhe devolveu a saudação, depois pegou a mão de Jeanne Louise e se virou para as escadas do porão. Poderiam ter ido para o quarto principal, mas sabia que tinha despertado Livy na noite anterior com os gritos da primeira vez. Tinham tentado diminuir seus ruídos depois disso, usando travesseiros, cobertores, e até mesmo o corpo do outro para amortecer os sons de seu prazer, mas desta vez suspeitava que nem sequer isso seria de ajuda. Sentia-se a ponto de arrebentar de emoção, estava faminto por Jeanne Louise. Paul tinha a esperança de que a distância combinada com obstáculos como as paredes ajudassem a amortecer qualquer ruído que fizessem. Jeanne Louise ficou em silêncio enquanto Paul a levava escada abaixo. Ela sabia que logo lhe perguntaria sobre a transformação de Livy, porque tinha chegado o momento de lhe falar sobre os companheiros de vida e de que só podia fazê-lo uma vez. Mas seria depois. Admitir os sentimentos que tinham crescido tão rapidamente nela durante os últimos dias, e o ouvi-lo falar em voz alta dos seus, lhe dava vontade de abraçá-lo, celebrar com ele e lhe dar as boas vindas em seu corpo. Ela queria fazer amor com ele e sabia que ia ser mais doce porque agora conhecia seus sentimentos por ela. Paul a levou através da sala de televisão, situada ao pé da escada, passando o primeiro dormitório e até último. O mais longínquo do quarto de Livy, notou e imaginou que isso só podia ser algo bom. Ele a levou diretamente para a cama antes de deter-se, depois se virou e começou a tirar sua roupa, afastando suas mãos quando ela tentou tocá-lo ou sua própria roupa. Jeanne Louise o deixou tirar sua roupa, imóvel enquanto ele tirava uma peça de cada


vez, suas mãos deslizando sobre seu corpo enquanto trabalhava, lhe oferecendo breves carícias, brincadeiras. Quando Paul a deixou nua, ele a conduziu à cama e depois voltou sua atenção a sua própria roupa, despojando-se dela muito mais rápido e com menos cuidado enquanto a olhava reclinada na cama. Sua camisa foi a primeiro, com seus músculos ondulando quando ele a tirou por sua cabeça, depois tirou a calça e a cueca juntas. Paul saiu delas para subir à cama e se colocou a seu lado. Quando Jeanne Louise chegou até ele, pegou as mãos e cobriu cada lado de sua cabeça enquanto se inclinava para beijá-la. Poderia ter se liberado com facilidade, mas não o fez, simplesmente lhe devolveu o beijo, arqueando seu corpo até que seus seios se esfregaram contra seu peito. Ambos gemeram quando o contato enviou prazer ondulando através deles, e ofegavam quando finalmente ele rompeu o beijo. -Precisa se alimentar- sussurrou, pressionando beijos em sua bochecha e orelha.

Jeanne Louise assentiu com a cabeça e sorriu lentamente. Alimentou-se de novo enquanto Cecily e Sharon tinham preparado as saladas para o jantar, mas precisava de mais. -O que há com esse sorriso? - perguntou Paul com diversão quando levantou a cabeça e a olhou. -Estava pensando que sei exatamente que veia quero aproveitar desta vez- murmurou Jeanne Louise, e abriu os olhos. -OH? - perguntou ele com interesse, mordendo seu lábio. -E qual seria?


-Se quiser trocar de lugar comigo lhe mostrarei- prometeu.

Paul levantou a cabeça, olhou-a brevemente, pôs-se a rir e sacudiu a cabeça.

-Gosta de ficar por cima, Senhorita Argeneau.

-Importa-se? - perguntou ela, arqueando uma sobrancelha.

Paul sorriu.

-Não, absolutamente. Mas desta vez terá que esperar. Tenho a intenção de fazer a minha maneira primeiro. -Sua maneira, é? - disse Jeanne Louise com uma risadinha rouca, que morreu quando ele pegou uma de suas mãos para deslizá-la sobre seu corpo, tocando um seio antes de deixar que seus dedos dançassem através de seu estômago para o ápice de suas coxas. Quando seus dedos se deslizaram entre suas pernas, ambos estavam respirando pesadamente. -Por que quando te toco sinto seu prazer? - perguntou Paul, sua voz quase um gemido. -Chama-se prazer compartilhado- exclamou Jeanne Louise, enquanto ele começava a passar sua boca por seu corpo seguindo o rastro que sua mão tinha percorrido apenas um segundo atrás. -Você me sente e eu sinto … OH, Meu Deus- queixou-se quando ele colocou a cabeça entre suas pernas, os dedos e a boca agora trabalhando juntos e fazendo-a esquecer o que estava dizendo... e todo o resto. Jeanne Louise era vagamente consciente de que Paul estava gemendo junto com ela enquanto trabalhava. Mas era só uma consciência periférica. Sua concentração estava no fogo que ardia em seu ventre e na construção de tensão em seu corpo. Deus, ele é


bom nisto, pensou Jeanne Louise grosseiramente, cravando seus calcanhares na cama e arrastando um travesseiro para cobrir sua boca quando percbeu que estava começando a ser um pouco ruidosa. Mas ele estava experimentando seu prazer com ela, e sabia exatamente o que era melhor, e sabia exatamente quando aumentar a pressão ou o ritmo. Ela deixou de pensar depois disso e se converteu em nada mais que sensações, seu corpo cantando com a música que ele estava tocando até que a tensão finalmente estalou em uma quebra de onda de prazer que lhe tinha feito gritar grosseiramente no travesseiro. Jeanne Louise estava tão absorta que nem sequer escutou Paul gritar com ela. Sentia-o, entretanto, uma reverberação em sua pele que simplesmente parecia acrescentar ao que estava experimentando. Paul despertou para se encontrar deitado de costas sobre a cama, com o Jeanne Louise inclinada sobre ele, beijando e mordiscando de sua garganta e até seu peito. Quando chegou a ela, deslizando seus dedos em seu cabelo, ela levantou a cabeça e lhe sorriu. -Hora de comer- sussurrou ela com um sorriso travesso que fez com que seu sangue fugisse para o sul. Em seguida, ela afastou sua mão e continuou com o que tinha estado fazendo, agora prestando primeiro atenção a um mamilo e depois a outro antes de continuar para baixo. Parecia que era sua vez, e Jeanne Louise ia atrás da veia que tinha mencionado antes. Obviamente não era no pescoço ou nos braços, pensou Paul com ironia enquanto ela riscava um caminho através de seu estômago. Ele gemeu e se moveu sob suas brincadeiras, suas mãos segurando seu cabelo enquanto ela beliscava sua pele. Mas à medida que Jeanne Louise se movia mais abaixo, ele recolheu seu cabelo em seus dedos de modo que já não ocultava seu rosto e assim pôde ver como seguia seu caminho com o passar do osso de seu quadril.


Quando voltou sua atenção a seu eixo, já estava completamente ereto com a antecipação. Jeanne Louise o colheu com a mão e passou a língua por sua longitude da base até a ponta. Paul gemeu e fechou os olhos. Quando ela o tomou em sua boca quente e úmida, teve que soltar seu cabelo por medo de puxá-lo. Cristo, essa não era a primeira vez que uma mulher lhe fazia isso, mas nunca se sentiu tão malditamente bem antes, pensou Paul. Mas claro, nenhuma outra mulher tinha desfrutado da ajuda que era esse tal de prazer compartilhado que ela tinha mencionado. Não tinha a menor dúvida que isso a estava guiando tal como tinha feito com ele; ao sentir seu prazer, Jeanne Louise era capaz de saber exatamente o que era melhor e onde, e como acariciá-lo para um melhor efeito. O prazer compartilhado é sem dúvida uma bomba, decidiu Paul, e sua última semisensata idéia foi dar graças a Deus por isso e a qualquer cientista que tivesse criado aos nanos que permitiam isto.

Capítulo 12

Jeanne Louise se agitou sonolenta e abriu os olhos. Estava na cama no dormitório do porão... sozinha. Paul tinha saído. Ele também a tinha coberto primeiro, percebeu quando se sentou e deixou cair as cobertas até sua cintura. Ela olhou para a porta, perguntando-se onde tinha ido e depois sorriu quando ouviu o som de passos suaves descendo as escadas na sala. Paul apareceu na porta um instante depois, nu como um bebê e levando uma bandeja com dois pratos de comida e copos nela. Ele sorriu quando a viu sentada.


-Está acordada. Paul deixou a bandeja sobre o criado mudo, e depois se inclinou para lhe dar um beijo rápido. Quando ele se endireitou, disse, -Dei uma olhada em Livy, fiz uns sanduíches, fechei as portas e apaguei as luzes. Jeanne Louise assentiu, mas perguntou com interesse, -Sanduíches?

Ele riu da pergunta, e se arrastou na cama junto a ela, arrumou e ajeitou seus dois travesseiros para que pudessem se recostar, depois puxou os lençóis por cima para cobrir-se antes de pegar a bandeja de novo. Paul a colocou sobre seu colo e lhe sorriu. -Faminta?

-Mmm. Ela assentiu, seu olhar se movia sobre os sanduíches. -Do que são?

-Presunto, maionese e queijo.

-Meu favorito- disse Jeanne Louise com um sorriso.

-Nosso objetivo é satisfazer aqui na casa Jones, madame- ele arrastou as palavras brincando. -E você definitivamente satisfaz- assegurou ela, inclinando-se para pressionar um beijo em sua bochecha. Quando ela depois suspirou e beijou a comissura de sua boca, Paul a conduziu para trás. -Nada disso agora, empregada insaciável. Este homem precisa de alimento para continuar te agradando. Jeanne Louise sorriu e aceitou o prato que ele ofereceu. Ela sentia bastante fome, e


os dois ficaram em silêncio quando começaram a comer. Como estava faminta, Jeanne Louise virtualmente aspirou seu sanduíche. Mesmo assim, Paul foi mais rápido. No momento em que ela terminou o seu, ele tomou seu prato e o pôs sobre sua na bandeja. Em seguida, entregou um dos copos do que resultou ser chá gelado. -Jeanie- disse ele a contra gosto enquanto ela bebia o doce líquido gelado. -Temos que falar sobre Livy. -Quer que a transforme- disse Jeanne Louise brandamente.

Paul se congelou brevemente, depois baixou a cabeça e respirou fundo. Sua expressão era de desculpa e súplica quando levantou os olhos para se encontrar novamente com os seus. -Sinto pedir isso. Quero dizer… quando primeiro te sequestrei, pensei que isso era a única coisa que me importava. Foi um modo de salvar Livy. Mas acredito que ainda então eu… Fechou os olhos e voltou a abrí-los e admitiu, -Poderia ter tomado a alguém mais, mas queria que fosse você. -Poderia ter tomado a alguém mais? - perguntou ela, olhando-o com incerteza.

Paul sorriu com ironia e admitiu, -Há uma ruiva muito pequena chamada Bev em meu departamento, que deixou claro que estaria interessada em uma... er... amizade. Ele terminou com uma careta incômoda. Jeanne Louise arqueou as sobrancelhas ao final. Queria dizer que esta Bev queria ser seu amante. A idéia fez com que o ciúmes irrompessem nela brevemente antes de que os esmagasse. Obviamente ele não tinha aceito a oferta. Além disso não havia nada para ter ciúme, ela era sua companheira de vida. Assim Jeanne Louise simplesmente esperou em silêncio que ele continuasse.


-Teria sido a coisa mais fácil do mundo chamá-la e dizer que tinha decidido que eu gostaria- assinalou Paul. -Poderia tê-la convidado para jantar em casa, lhe disparar o tranquilizante quando aparecesse na porta e… Ele se encolheu de ombros. -Teria sido a forma mais segura e singela de colocar minhas mãos em um imortal. Sem problemas, sem alvoroço, nenhuma preocupação a respeito de câmaras ou da segurança. Jeanne Louise o olhou em silêncio, sabendo que ele tinha razão. Isso teria sido muito mais simples, sem mencionar mais fácil que andar às escondidas, entrar no carro de seu amigo para ter acesso ao estacionamento, e depois ficar escondido em seu portamalas toda a noite esperando a que ela terminasse seu turno. O que a fez perguntar, Por que não fez isso? -Quase fiz- admitiu Paul com uma careta. -E então me encontrei com Marguerite enquanto fui comprar as correntes. -Marguerite- interrompeu Jeanne Louise bruscamente. -Marguerite Argeneau- Notte? Minha tia? -Sim.

-Como demônios conhece minha tia? - perguntou ela com assombro.

Paul sorriu levemente.

-Nos conhecemos em meu primeiro dia nas Empresas Argeneau. Bastien estava me apresentando o lugar e acabávamos de chegar de seu laboratório. Paul fez uma pausa para lhe sorrir com ironia. -Você nem prestou atenção, a propósito. Nem sequer levantou a cabeça quando Bastien nos apresentou, só murmurou uma saudação e continuou olhando em seu microscópio o que estava examinando.


Jeanne Louise o olhou perplexa. Na verdade o tinha conhecido? Aparentemente. Bom, mais ou menos. -De todos os modos, Marguerite entrou pelo corredor em busca de Bastien quando saímos de seu laboratório- continuou Paul. -Ela supôs que almoçaria com ele ou algo assim. Ele nos apresentou e ela disse que adoraria ajudar, e possivelmente poderia levar para casa os voluntários depois que tivéssemos testado o tranquilizador neles. Então nessas raras vezes quando temos um voluntário que não dirigir por si mesmo, ela vem, os pega e leva para casa. Paul sorriu e disse simplesmente, -Nos tornamos uma espécie de amigos. -Amigos- disse Jeanne Louise fracamente, e depois negou com a cabeça. Era sua tia da que ele falava. -E ela te animou a me sequestrar? -Bom, não exatamente- disse ele com uma risada. -Ela não sabia que eu planejava sequestrar alguém. Mas estava procurando frascos esterilizados, e tropecei com ela na seção de conservas no Canadian Atire. -Tropeçou com a tia Marguerite na seção de conservas do Canadian Atire? perguntou ela secamente. Marguerite não fazia conserva de nada. Ela nem sequer cozinhava pelo que Jeanne Louise sabia. -Sim, e me perguntou como estava e como estava Livy. É obvio, não lhe disse que Livy estava doente. Ele não tinha que fazê-lo, pensou Jeanne Louise friamente, Marguerite teria tirado isso de sua mente sem nenhum esforço. Teria estado bem ali na superfície, provavelmente a única coisa enchendo seus pensamentos no momento. A idéia principal que tinha ocupado seus pensamentos desde que recebeu a notícia, estava segura. Jeanne Louise não disse muito.


-De todos os modos, depois ela disse a coisa mais estranha- disse ele, e murmurou com confusão, -Disse-o inesperadamente. -O que foi? - perguntou Jeanne Louise com cautela.

-Que sempre é melhor seguir seu coração. Que às vezes não era o caminho mais fácil, mas sempre era o correto- disse Paul solenemente. Ela considerou isso brevemente e depois perguntou, -E me sequestrar era seguir seu coração? -Eu te queria- disse ele simplesmente. -Me fixei em você nesse dia durante a apresentação de Bastien e —a pesar de ainda chorar a morte de Jerri— me encontrei te buscando. Variei meus horários de descanso para averiguar quando tirava o seu até que tive sua rotina estabelecida. Até tomei nota do que comia e bebia- admitiu Paul com ironia. -No começo, não sabia porque me fascinava. Seu cabelo é negro e eu sempre preferi às loiras, e no princípio um pouco mais de um mês depois que minha esposa morreu, sentia-me culpado como o inferno até por te olhar. Ele fez uma careta, mas continuou, -Mas apenas... cada dia esperava com interesse tirar meu descanso para poder te ver. Isso me fez sentir... Não sei. Em paz, um pouco. Talvez feliz. Com um sorriso torcido, Paul adicionou, -E então comecei a notar seus sapatos e se converteu em uma espécie de jogo ver quais usava cada dia e tentava adivinhar o que isso significava e em que estado de ânimo se encontrava. Pôs sua bebida sobre o criado mudo e depois se deslizou para baixo na cama, deitado sobre suas costas e olhando ao teto enquanto confessava, -Embora tivesse sido mais fácil trazer Bev para casa, queria que fosse você. Queria que conhecesse Livy e que você gostasse dela e. . . que eu gostasse. Acho que estava esperando no fundo de meu coração que algo assim acontecesse. Que teríamos esta conexão e paixão.


-E a temos- disse Jeanne Louise brandamente, pensando que teria que ter um batepapo com sua tia quando tudo isto se resolvesse. A mulher tinha que ter lido os pensamentos de Paul e sabia o que ele estava fazendo. Ela não tinha intervido exceto para lhe dar o empurrão que precisava para decidir que levasse ela em vez do caminho mais fácil de sequestrar Bev. A mulher era incrível, pensou secamente, colocando sua própria bebida no criado mudo a seu lado da cama e se deitando também. Depois ficou de lado e apoiou a cabeça em sua mão levantada para olhar o rosto dele. Paul olhou para ela, e depois levantou uma sobrancelha interrogante.

-Não parece feliz em saber isto.

-Estou- assegurou-lhe Jeanne Louise, e ela estava feliz por saber que ele tinha estado interessado nela mais do que transformar Livy antes de capturá-la. Que ele a tivesse escolhido porque havia se sentido atraído por ela durante mais de dois anos. Mas isso não mudava os fatos, e agora tinha algumas explicações próprias para dar. -Paul, os imortais têm leis assim como os mortais. Ele piscou ante o que parecia ser uma mudança de tema, mas simplesmente esperou a que ela continuasse. -Não é permitido nos alimentar de um mortal até a morte. Isso é para proteger os mortais, mas também protege a nossa gente- admitiu ela e assinalou, -Causaria um escândalo se os corpos começassem a aparecer sem sangue e com marcas de mordidas. Poderia conduzir à descoberta de que nossa gente existe. Paul assentiu, e perguntou, -O que acontece a um imortal que quebra essa lei?


-A morte- admitiu Jeanne Louise, e depois acrescentou, -Somos uma espécie rígida com nossas leis. Ele grunhiu ante isso, e perguntou, -E as outras leis?

-Também estamos restritos a sangue empacotado. Isto também ajuda a nos proteger de ser descobertos, e de romper essa lei —exceto em caso de emergência— poderia muito bem significar a morte. -Estou sentindo um patrão aqui- murmurou Paul.

Jeanne Louise sorriu ligeiramente, mas continuou.

-Basicamente, os imortais nunca devem fazer nada que possa chamar a atenção sobre a existência de nossa espécie. Fazer isso leva ao castigo com a morte em todos os casos- disse ela solenemente, e depois acrescentado, -Mas também há duas leis que foram estabelecidas para nos impedir de crescer muito rápido como a população e transbordar nossa fonte de alimento. Paul não era um homem estúpido. Jeanne Louise sabia isso, assim não se surpreendeu quando sua expressão se voltou de repente preocupada, mas continuou, -Uma dessas regras é a que nos permite ter só um filho cada cem anos. Romper essa lei significa a morte. -E a outra? - perguntou ele tenso.

Jeanne Louise fez uma pausa, e depois lhe disse, -A cada imortal é permitido converter a somente um mortal em nosso tempo de vida. Ela fez uma pausa e então acrescentou, -Uma vez mais, romper essa lei se castiga com a morte. -E você já converteu o seu- adivinhou Paul sombriamente.


-Não- admitiu ela, e antes de que ele pudesse dizer nada, acrescentado, -Eu, como a maioria dos imortais, estava guardando isso para meu companheiro de vida quando o encontrasse, caso ele fosse mortal. -Companheiro de vida? - perguntou ele com incerteza.

-Aquela pessoa que não podemos ler ou controlar, que poderia ser um verdadeiro companheiro para nós. Que revigora nosso apetite pela comida e pelo sexo, que se funde tão totalmente conosco durante o ato sexual que nossa paixão é compartilhada e afeta a ambos. -O prazer compartilhado? - perguntou ele.

Ela assentiu.

Paul piscou várias vezes enquanto seu cérebro digeria isso e depois respirou, -Não pode me ler ou me controlar. Jeanne Louise assentiu solenemente. -Você é meu companheiro de vida, Paul.

-Seu companheiro de vida. Ele disse as palavras lentamente, como se as degustasse, e depois perguntou, -Quanto tempo… Quero dizer, quando este prazer compartilhado e essas coisas passam, o. . . -Não. Os imortais são companheiros por toda vida- assegurou ela. -Estão verdadeiramente unidos até que a morte os separe. -E eu sou o seu? - perguntou Paul com assombro. A alegria se estendeu em seu rosto,


mas sua voz era solene e sincera quando disse, -Eu gostaria disso. Estar contigo até a morte. Lhe devolveu o sorriso, com o alívio fluindo através dela. Isto ia funcionar. Ele queria ser seu companheiro de vida. Seria um verdadeiro companheiro de vida, e não o fazia apenas para salvar Livy. Isto era o que ela tinha esperado, o que precisava para ter certeza antes que pudesse revelar a forma de salvar Livy e ter a ele também. Fechando seus olhos um instante, ela saboreou o momento, depois abriu seus olhos e disse, -Quero isso também. Quero te transformar e passar o resto de minha muito longa vida com você como meu companheiro. Ele começou a sorrir, mas com a mesma rapidez em seu lugar franziu o cenho.

-Mas se me transformar, não poderá transformar Livy.

-Não, mas você poderia- assinalou ela com um grande sorriso, e depois advertiu, Mas isso significa que se eu morrer, você não será capaz de converter nenhuma futura companheira de vida que puder encontrar e que seja mortal. Jeanne Louise realmente não pensou que isso lhe importaria. Que ele poria Livy por cima de tal consideração, mas sentia que Paul deveria ter todos os fatos antes de tomar sua decisão. Como esperava, ele descartou suas palavras como se não tivessem importância.

-Você não vai morrer, não vou deixar você. Além disso, ninguém poderia te substituir para mim- acrescentou ele solenemente. Jeanne Louise não notou que ele provavelmente tinha sentido o mesmo por sua esposa mortal Jerri em algum momento. Ela simplesmente se inclinou e lhe deu um beijo, aliviada de que as coisas tinham funcionado depois de tudo. Bom, ao menos as


coisas com ele. Ainda havia o fato de que ele a tinha sequestrado para conseguir que transformasse e salvasse sua filha. Teriam que lutar com isso e o conselho, e em especial com seu tio, que presidia o conselho e poderia ser bastante implacável sobre coisas assim. O homem tinha decapitado seu próprio irmão gêmeo a quem tinha amado profundamente quando o homem quebrou uma de suas leis. O pensamento fez com que Jeanne Louise franzisse o cenho e mordiscasse seu lábio. Tinha estado tão preocupada sobre como cortejar Paul e conseguir que ele a quisesse por si mesma que nem sequer tinha começado a considerar os outros problemas. -Então- disse Paul em voz baixa, -Você poderia me transformar, e então eu poderia transformar Livy? Jeanne Louise assentiu.

-E poderíamos ser uma família. Você, Livy e eu- disse .

-Sim, poderíamos- disse ela brandamente e estava agradecida com o pensamento como ele. Jeanne Louise já amava à menina como dela. Desfrutaria ajudando a criála. Ao perceber que Paul tinha estado calado durante um momento, olhou para ele e franziu o cenho quando viu que se beliscava o braço. -O que está fazendo?

-Tentando acordar- disse ele secamente. -Isto tem que ser um sonho. Está me dando tudo o que eu quero e simplesmente a vida nunca é assim sem problemas. Jeanne Louise se mordeu o lábio, e depois disse, -Não disse que ia sem problemas.


Paul deixou de se beliscar e se encontrou com seu olhar solenemente.

-Me diga.

-A transformação é muito dolorosa, Paul. É uma prova dura e algumas vezes o transformado morre. É raro, mas já aconteceu em casos onde o transformado está doente ou além disso debilitado. -Como Livy- disse com um suspiro.

-Sim. Então poderíamos esperar um pouco antes de transformá-la, até que esteja mais forte. -O que significa que estará sofrendo suas dores de cabeça por ela- disse Paul pesaroso, depois se acalmou e perguntou, -Posso fazer isso por ela depois de que me transformar? Jeanne Louise sabia que ele sentia muita culpa porque ela sofria no lugar de Livy, assim quase lamentou lhe dizer, -Provavelmente não. Tem que ser treinado nesse tipo de coisas. Não sairá da transformação com o conhecimento e as habilidades de um imortal que foi treinado nisso. -Certo- disse com tristeza.

Jeanne Louise hesitou em adicionar algo mais a sua tristeza e preocupações, mas ele tinha que saber, então acrescentou, -E esse não é nosso único problema. Há o pequeno assunto de que sequestrou um imortal com a intenção de me convencer a transformar Livy. Paul fez uma careta.


-Acho que isso não passará em branco, não é verdade?

-Isso poderia ser um problema- admitiu ela, e depois acrescentado, -Mas esperemos que o fato de que fiquei voluntariamente e que seja meu companheiro de vida seja levado em conta. Jeanne Louise poderia dizer pela preocupação em sua expressão que ele não pensava que fosse provável. Já que era uma preocupação em sua própria mente, decidiu que estiveram falando por tempo suficiente e era hora de alguma distração... para ambos. Com esse fim, inclinou-se para baixo e o beijou. Paul, ao princípio, ficou quieto e imóvel sob a carícia suave, sua mente obviamente estava preocupada com os possíveis problemas frente a eles. Mas depois de um momento começou a lhe beijar de volta. Estava começando a pensar que tinha conseguido distrai-lo quando de repente a pegou pelos braços e a obrigou a voltar a romper o beijo. Captando a visão de sua expressão decepcionada, ele disse, -Eu só… você disse que só nos permitem uma criança a cada cem anos. Temos que esperar até que Livy tenha cem anos antes de ter um filho? Devemos usar proteção? - perguntou ele, e depois acrescentou com voz rouca, -Não quero correr o risco de que seja sentenciada a morte… -Não- interrompeu Jeanne Louise. Ela não usou tempo para explicar que uma mulher imortal só podia ficar grávida e concluir a gravidez se deliberadamente se superalimentasse de sangue para manter os nanos ocupados tempo suficiente para que não expulsassem a criança como um parasita, simplesmente disse, -Livy contará como sua transformada, não como uma criança nascida de um imortal. -Certo. Ele relaxou e até esboçou um sorriso. -Então está tudo bem com começar com uma irmã pequena para ela?


-Eu gostaria disso- admitiu Jeanne Louise em voz baixa, embora sabia que não era possível. Simplesmente não tinha acesso ao sangue que precisava para ficar grávida. Antes que Paul pudesse responder, o som de algo deslizando no andar de cima fez com que ambos ficassem rígidos e olhassem para a porta. Soava como se um brinquedo ou algo um pouco menor tivesse deslizando pelo chão de madeira, mais ou menos como se tivesse sido jogado, ou chutado acidentalmente. -Provavelmente é Boomer- murmurou Paul. Voltando-se lhe deu um beijo na testa e disse, -Vou conferir e te chamo se for Livy e você for necessária. Jeanne Louise assentiu e se sentou enquanto ele rodava fora da cama.

-Vou me vestir por precaução.

-Não há necessidade- disse Paul, mas parou quando olhou para trás e viu que as cobertas deslizaram até sua cintura deixando-a nua da cintura para acima. Voltando para a cama, beijou-a de novo, desta vez nos lábios. Os dois estavam sem fôlego quando ele terminou o beijo. -Pensando melhor, vá em frente e se vista- sussurrou Paul, cobrindo um seio com sua mão e apertando brandamente. -Então poderei te despir outra vez quando voltar. Jeanne Louise riu entre dentes ante as palavras, e tirou seus braços do redor de seu pescoço para lhe permitir se endireitar. Viu ele colocar o jeans, com seus olhos devorando cada centímetro antes que os levantasse. Apesar de todas as dificuldades e problemas, tinham conseguido solucioná-los. Apenas podia acreditar. Ela não acreditava que fosse. Mas lhe deu a esperança de que pudessem superar os problemas com o conselho. Eles tinham que fazê-lo.


-Volto em um minuto- prometeu Paul, dirigindo-se para fora do quarto.

Paul deixou a porta do quarto aberta e utilizou a luz que vinha de lá para ir até as escadas e subir. A luz da lua brilhava através das janelas quando chegou ao andar de cima, fazendo mais fácil ver. Virou para se mover para o corredor dos quartos, mas se congelou quando uma forma escura apareceu frente a ele. Levou um momento que sua mente processasse que se tratava de um homem com os olhos brilhantes. E então o imortal mostrou os dentes, alguns cintilando muito desagradavelmente, mostrando pontudas presas quando grunhiu, -Onde está? Paul deu um cauteloso passo atrás, e então deu um grito afogado quando o homem de repente o pegou com uma mão na garganta e o levantou do chão para levá-lo de volta à cozinha. No momento seguinte, suas costas se chocaram contra o que acreditava que era a geladeira. Ao menos estava seguro de que era a alça da porta da geladeira o que bateu dolorosamente em seu braço quando se chocou. -Não foi muito inteligente deixar que sua filha brincasse na parte dianteira, mortal. Dirigia por aqui e a vi, depois te vi. Ele apertou sua mão ao redor de sua garganta, grunhindo, -Sabemos que está com Jeanne Louise, e se a machucou, vai se arrepender o resto de seus muito curtos e miseráveis dias. Agora onde ela está? Incapaz de falar, Paul tentou sacudir a cabeça tentando dizer que não tinha feito mal a Jeanne Louise, mas mesmo isso era impossível com o apertão do homem em sua garganta. No seguinte momento sentiu um estranho atordoamento em sua cabeça e se deu conta que o sujeito não tinha necessidade de que falasse, ele mesmo estava procurando as respostas em sua cabeça. Paul não podia respirar e a escuridão começava a desfocar as esquinas de sua visão. Evitando o pânico que tentava se apossar dele, disse-se que estaria em liberdade assim que o imortal percebesse que Jeanne Louise estava aqui voluntariamente, e


então seria capaz de respirar outra vez. Mas o movimento sobre o ombro do homem lhe chamou a atenção e desesperadamente piscou para afastar a escuridão que tentava se amontoar nele e ficou olhando com horror ao reconhecer a pequena figura de Livy de pé nas escadas. Tão escuro como estava podia dizer que os olhos dela estavam muito abertos, igual a sua boca com terror. Seu atacante deve ter captado algum som, ou talvez seu aroma, porque o imortal de repente girou a cabeça, atravessando à menina com um olhar, e suas presas ainda se sobressaindo com brancos brilhos na escuridão. Os olhos do Livy se abriram ainda mais, seu rosto empalideceu e depois gritou de terror, e se girou para fugir. Mas Boomer estava ali. O pequeno cão deu um chiado de dor enquanto seu pé caía sobre ele, depois se apartou e correu fora da vista quando Livy perdeu o equilíbrio para um lado. O som de seu pequeno corpo caindo pela escada curva, e o modo em que se cortou seu grito de maneira tão abrupta atormentaria Paul durante um longo tempo. Jeanne Louise pôs sua calcinha e uma camiseta quando ouviu Livy gritar. Deixando cair o jeans que acabava de pegar, saiu rapidamente do quarto bem a tempo de ver o pequeno corpo da menina caindo pelas escadas em uma confusão de braços e pernas. Gritando, precipitou-se para frente, chegando ao pé da escada quando Livy parou ali. A menina aterrissou sobre suas costas; os braços e as pernas estendidas e a cabeça para um lado, sua camisola torcida ao redor de seus pequenos joelhos. Jeanne Louise caiu de joelhos junto a ela para buscar o pulso, levantando sua cabeça, seus olhos se endureceram quando viu Justin Bricker descendo as escadas a toda velocidade. -Fez isto? - grunhiu ela acusadoramente justo antes de que Paul aparecesse no alto da escada e começasse a descer também. -Foi um acidente- disse o Executor, soando horrorizado. -Ela me viu, gritou, virou para correr e…


-E você não tomou o controle sobre ela e a deteve- espetou Jeanne Louise.

-Tentei. Mas não pude- disse Bricker com culpa e confusão em sua voz.

Jeanne Louise franziu o cenho, depois olhou para Paul quando chegou ao pé da escada e encontrou seu caminho bloqueado por Justin. O imortal não se moveu, o impedindo de alcançar qualquer uma delas, ignorando seus frenéticos esforços para empurrá-lo de lado. -Ela está… Paul cortou a pergunta, incapaz de dizer a palavra morta. -Está viva- disse Jeanne Louise quando encontrou o pulso. Não acrescentou “apenas” mas temia que fosse o caso. O pulso de Livy era muito fraco. Furiosa e com medo pela menina, começou a deslizar suas mãos debaixo da menina para pegá-la, mas se congelou quando sentiu a ferida aberta na parte posterior de sua cabeça. -Cristo- murmurou Justin, e Jeanne Louise silenciosamente se ecoou da palavra. Ao levantá-la revelou muito, o tapete onde a menina tinha aterrissado estava empapado de sangue. -OH, Deus! -gemeu Paul e Jeanne Louise o olhou fixamente. Ele já não estava tentando passar por Justin. De fato, balançava-se onde estava, sua expressão era torturada. Ela sentiu que seus olhos se enchiam de lágrimas quando tomou sua dor. Era a dor que ela mesma padecia. Jeanne Louise tinha chegado a amar à menina agonizante diante dele, já não podia manter-se à margem e ver o que acontecia sem fazer nada para parar o que poderia ter sido caso se tratasse de Paul atirado no chão. Ela enviou ao homem que amava um olhar de desculpa, depois voltou seu olhar para Justin e o olhou com toda a raiva que sentia quando entregou seu futuro e fez a única coisa que podia fazer. Jeanne Louise se mordeu violentamente no pulso, arrancando uma parte de pele. Depois pressionou a ferida na boca aberta de Livy.


Capítulo 13

-Jesus, Jeanne Louise, o que está fazendo? -respirou Justin Bricker com horror quando ela entregou sua escolha de transformação à menina. Ignorando a pergunta, ela espetou, -Ligue para pedir ajuda. Precisamos de sangue, muito, uma via intravenosa, e correntes, assim como as drogas para facilitar a transformação. Justin hesitou, mas depois tirou seu telefone e começou a discar números. Também se virou para passar por Paul e voltou para o andar de acima enquanto apertava o telefone em seu ouvido. Livre para se aproximar agora, Paul se moveu para ajoelhar do outro lado de Livy, com incerteza e o medo lutando em seu rosto. Não falou até que Jeanne Louise tirou seu pulso da boca de Livy e a levantou. Ficou de pé para seguí-la quando ela levou a menina ao quarto que tinham usado, perguntando em um sussurro, -Ela sobreviverá? Jeanne Louise não respondeu imediatamente. Ela pôs a menina na cama e depois a girou sobre seu estômago para poder examinar a parte posterior de sua cabeça. A ferida era tão grande como tinha sentido em sua mão. Podia ver através de seu crânio fraturado. -Não sei- disse ela com tristeza. Certamente não parecia bem. Não havia apenas o tumor com o qual os nanos tinham que lidar, mas também seu estado debilitado, e agora a ferida na cabeça e a perda de sangue.


-Por favor, não deixe que mora- disse Paul em voz baixa. Era realmente uma oração, uma petição silenciosa a Deus. Mas Jeanne Louise se estremeceu como se a tivesse açoitado com as palavras. No momento seguinte, de repente levantou seu pulso ileso por suas presas e o rasgou com uma intenção ainda mais feroz que na primeira vez. Paul se estremeceu e começou a se afastar, mas então se obrigou a olhar à mulher que amava rasgando uma grande ferida profunda em seu pulso. Estava fazendo isto por ele, depois de tudo, por ele e por Livy. Enquanto Jeanne Louise simplesmente tinha grunhido na primeira vez que se mordeu, desta vez um grito de dor foi arrancado de sua garganta pela ação. Mas desta vez a ferida que se causou foi maior, o pedaço de pele que arrancou era quase duas vezes o tamanho do primeiro. Então segurou esta nova incisão sobre a cabeça ferida de Livy e começou a apertar a ferida como se tentasse conseguir tanto molho de tomate como fosse possível de uma garrafa de plástico. Paul tragou em um fôlego sibilante quando ela aspirou ao fazê-lo, sabendo que se causava ainda mais dor. Ele então deu a volta e saiu correndo do quarto, e se apressou até o banheiro entre os dois quartos. Paul se sentia como se fosse adoecer, mas não era pelo que tinha acontecido. Ignorou o vaso, engoliu a bílis em sua garganta e rapidamente abriu a porta do armário debaixo da pia. De um monte de toalhas colocadas dentro, agarrou várias, depois se apressou para voltar para o quarto onde o pulso de Jeanne Louise tinha parado de sangrar, a ferida se reduziu a pouco mais que um gotejamento. Mesmo assim, ela a apertava tentando tirar mais do prezado líquido.


Quando finalmente desistiu de tentar tirar mais, deixou cair seus pulsos a seu lado, Paul se aproximou de seu lado e utilizou as toalhas para enfaixar primeiro um pulso ferido e depois outro, envolvendo as toalhas com força ao redor de cada um. -Porque colocou sangue sobre sua cabeça? - perguntou Paul em voz baixa enquanto terminava com o segundo pulso. -Ajudará? Jeanne Louise sacudiu sua cabeça e deixou escapar um suspiro cansado.

-Não sei. Foi a única coisa que me ocorreu. Os nanos poderiam ser capazes de curar a ferida na cabeça. E poderiam ser capazes de passar através de seu crânio fraturado para chegar ao tumor rapidamente e começar a trabalhar nele. Quanto a se isto ajudará ou não… Ela se encolheu de ombros impotente. -Isso poderia ajudar.

Paul se voltou bruscamente para aquele grunhido, seus olhos se estreitaram no homem de cabelo curto e escuro que entrava no quarto. -Papai! -disse Jeanne Louise com alívio e se adiantou para abraçar o homem enquanto Paul ficava boquiaberto. Papai? O sujeito tinha o cabelo curto e escuro, usava calça jeans e uma camiseta e não aparenta mais de vinte e cinco anos. Mas Jeanne Louise também não, ou qualquer dos outros imortais que tinha conhecido. Nenhum deles parecia ter mais de vinte e cinco. Mesmo assim... o sujeito não parecia como se pudesse ser seu pai, pensou Paul, e depois mudou de idéia quando o homem em questão liberou Jeanne Louise e se virou para ele atravessando-o com um olhar de frio desgosto e disse, Este é o bastardo que te sequestrou, Jeanie? -OH... er... não- disse Jeanne Louise rapidamente, movendo-se para ficar entre Paul e


seu pai. Quando seu pai voltou um olhar agudo sobre ela pela mentira, ela acrescentou, -Quero dizer, sim, mas só no princípio. Já não estou sendo retida contra minha vontade. É meu companheiro de vida, papai. Ou o era- acrescentou ela fracamente, com seus ombros caídos tristemente enquanto olhava Livy. Engolindo em seco, o olhou outra vez e perguntou, -Tem um pouco de sangue? -Só temos duas bolsas restantes. Bricker saiu para pegar na caixa térmica da caminhonete- respondeu uma voz de mulher. Paul se deslocou de lado para ver quem era, suas sobrancelhas se levantaram à medida que viu a mulher negra alta com o cabelo curto espetado atrás do pai do Jeanne Louise. Reconheceu-a imediatamente como a mulher da caminhonete no centro comercial de Londres. Eshe, Jeanne Louise havia dito que se chamava. Sua madrasta. -Só duas bolsas? Jeanne Louise se ecoou com consternação.

-Nicholas e Jo estão a apenas uns minutos de distância e têm mais em sua caixa térmica, assim como Etienne e Rachel. Estavam procurando por você nos pequenos povoados ao longo do lago Huron- explicou ele. -Como soube que estávamos no lago? - perguntou Jeanne Louise com o cenho franzido. -Depois de lhes ver abandonar o estacionamento do centro comercial, apareceu um saque e um transação de cartão de crédito- explicou Eshe solenemente.


Quando Jeanne Louise se virou para ele, Paul disse desamparadamente, -Já tínhamos sido vistos em Londres. Imaginei que era suficientemente seguro para abastecer e retirar mais dinheiro. Sabiam que estávamos ali e não acreditava que isso fosse conduzi-los até onde estávamos. -Não foi o dinheiro ou a gasolina que nos disse isso. Foi a bóia e os bóias de braçosdisse seu pai secamente. -Isso junto com o repelente de mosquitos nos sugeriu a praia, assim nos concentramos na busca nas cidades ribeirinhas a ambos os lados de Londres. Paul sentiu o sangue escapar de sua cara. Cristo, tinha comprado tudo no posto de gasolina, sem sequer pensar... Havia trazido essa gente aqui com suas próprias ações. Tinha arruinado tudo por si mesmo. Seu olhar se deslizou a Jeanne Louise, mas ela não o estava olhando agora. Ela ficou de pé, seu rosto olhando para outro lado e as mãos apertadas. Odiando-o por colocar tudo a perder entre eles, supôs ele miseravelmente. O silêncio reinou no quarto durante um momento e depois o pai de Jeanie se moveu à cama para olhar Livy. Com a boca apertada, perguntou, -Bricker disse que usou sua escolha de transformação nela. -Não tinha outra opção- disse Jeanie em voz baixa. -Ele a assustou e ela caiu pelas escadas. Estava morrendo. -Qual é o problema? Se já estava morrendo- grunhiu ele e Eshe se adiantou atrás dele, pondo uma mão em seu braço. -É a filha de seu companheiro de vida, Armand- disse Eshe brandamente. -Ama a menina. Foi sua escolha. Não foi forçada. -Não, só sequestrada e chantageada emocionalmente- grunhiu Armand Argeneau,


dando outro olhar para Paul.

Ele se moveu incômodo sob o olhar, pensando que o sujeito definitivamente atuava como um pai. Ele mesmo provavelmente teria ficado com o saco cheio ante a maneira em que as coisas tinham ocorrido se fosse o pai de Jeanne Louise. Fez uma confusão de tudo. -O que é isto?

A pergunta tensa de Jeanne Louise tirou Paul de sua autoflagelação enquanto se movia ao lado de seu pai para olhar Livy. Paul se moveu ao pé da cama para dar uma olhada em sua filha, a preocupação reclamando-o quando o fez. Ela ainda estava sobre seu estômago na cama, com o corte visível na parte posterior de sua cabeça, mas vendo-se um pouco menor a seus olhos. Mas Paul realmente mal notou isso. Foi a forma em que a menina parecia estar vibrando na cama que captou sua atenção. -Jeanie? - disse ele perguntando, um cenho reclamando sua boca quando a vibração pareceu aumentar em força. Em vez de responder, inclinou-se para girar Livy, depois levantou primeiro uma pálpebra, depois a outra. O que quer que tenha visto a fez se endireitar bruscamente com consternação, dizendo, -Vamos necessitar mais do que duas bolsas de sangue e rapidamente. -O que está acontecendo? - perguntou Paul.

-Está tendo convulsões- respondeu Jeanne Louise com gravidade.

-Por que? O que significa isso? - perguntou Paul imediatamente.


-Isso significa que os nanos já estão trabalhando em seu cérebro- respondeu Eshe, movendo-se ao redor da cama do lado oposto de Jeanne Louise e inclinando-se para colocar suas mãos sobre o braço e a perna de Livy, assim como Jeanne Louise se inclinou para fazer o mesmo em seu lado. Armand se moveu ao extremo da cama, empurrando Paul do caminho para que pudesse se inclinar e reforçar as pernas de Livy, pondo suas mãos em seus tornozelos e pressionando para baixo sobre a cama. Isso liberou as mulheres para mover suas próprias mãos sobre os ombros e braços. -O que estão fazendo? Por que a mantêm pressionada dessa maneira? Ela… Paul fez uma pausa quando as convulsões de Livy se converteram em açoites. Imediatamente retornou à cama para tentar ajudar a segurá-la, mas se congelou, com o horror passando através dele quando o sangue começou sair a jorros de sua boca. -Querido Deus. Ele tomo ar. Era como se tivesse entrado no filme do Exorcista, só que não era vômito verde o que saía da boca de sua querida filha. -Mordeu a ponta da língua quase cortando-a- disse Eshe bruscamente. -Armand…

Ela não se incomodou em terminar o que quer que fosse dizer, o pai de Jeanne Louise já tinha liberado as pernas de Livy e se apressou para agarrar a bandeja de madeira do criado mudo. Não se incomodou em limpá-la primeiro, simplesmente enviou voando o prato vazio do sanduíche e o meio copo de chá gelado de Paul quando a agarrou. Depois Armand se dirigiu ao lado de Eshe, partindo a ponta da bandeja enquanto avançava. Entregou o pedaço menor de madeira a Eshe que o deslizou entre os dentes de Livy. Paul observou isto em silêncio, mas quando segurou a madeira entre os dentes de Livy, perguntou-lhe temblorosamente, -Mordeu-se a língua e a cortou? -Não totalmente. Os nanos a curarão- assegurou Jeanne Louise rapidamente, e


assentiu com a cabeça, mas sabia que o fariam apenas se ela sobrevivesse. E Paul tinha muito medo de que não o fizesse. Jeanne Louise lhe tinha advertido que a transformação era violenta e uma dura prova, mas quando escutou a advertência, sua mente estava por completo em que Livy estaria sã e forte. Paul não tinha imaginado nada parecido a este pesadelo. -Aqui. Paul deu uma olhada ao redor para ver quem havia dito essa palavra, e viu o imortal que tinha falado precipitando-se no quarto com as duas bolsas de sangue que Eshe tinha mencionado. -Não temos uma via intravenosa- assinalou Jeanne Louise, franzindo o cenho às bolsas. -Corte a ponta com uma unha e derrame em sua boca- instruiu Eshe. Deixando seu pai e Eshe tentando manter Livy deitada, Jeanne Louise se ergueu e agarrou as bolsas de Justin. No momento em que as tirou de suas mãos Justin se aproximou para tomar seu lugar e ajudar a manter Livy pressionada. Ignorando ele, entregou uma bolsa a Paul para que a segurasse e com a unha cortou através da parte superior da outra. Jeanne Louise tirou a madeira dos dentes de Livy e inclinou a bolsa em sua boca agora sem obstruções. -Quanto tempo a seguraremos até que as drogas, o sangue e a IV cheguem? Paul ouviu que Armand perguntava a Justin em voz baixa. -Nicholas e Jo devem estar aqui a qualquer momento. Ele disse que tinham duas bolsas. Anders tem seis e não demorará muito também. Garrett… -E as drogas e a IV? - interrompeu Eshe.

-A metade em uma hora e quarenta e cinco minutos- admitiu com tristeza.


-Têm que voar.

-Isso poderia ser um problema- disse Eshe sombria enquanto Jeanne Louise lançava a primeira, agora vazia, bolsa a um lado e tomava a segunda de Paul e a abria. -Vai chamar a atenção dos vizinhos. -O que quer dizer? - perguntou Paul, tentando ajudar outra vez a segurar Livy. Eshe não se incomodou em responder. Não tinha que fazê-lo. Livy respondeu a sua pergunta começando a gritar com toda a força de seus pulmões. Paul despertou com um sobressalto e depois deu uma olhada ao redor confuso. Estava deitado em cima dos lençóis sobre a cama no segundo dormitório no porão, mas não tinha nem idéia de como tinha chegado até ali. A última coisa que lembrava era entrar em pânico quando Livy começou a gritar grosseiramente e a dar golpes como um animal selvagem. -Meu pai te pôs para dormir e te instalou aqui para te manter fora do caminho.

Paul levantou a cabeça e olhou o homem que tinha falado. Estava sentado em uma cadeira junto à cama, era de altura média, com o cabelo bastante longo, rosto solene e brilhantes olhos azuis prateados. -Livy- perguntou, mais com sua mente.

-Estava passando pela pior parte da transformação. Deve estar bem agora- disse solenemente. Paul deu um suspiro de alívio, e depois lhe fez a outra pergunta mais importante para ele.


-E Jeanne Louise?

-Ela está no piso de cima monitorando sua alimentação. O sangue e as drogas chegaram noite passada, mas não abandonará Livy enquanto esteja guiando sua alimentação até ter certeza de que ela possa fazê-lo. Paul assentiu, não muito surpreso para ouvir isso. A seguir perguntou, -Quem é você? -Perguntava-me quando iria chegar a isso- disse o homem com um sorriso, e depois respondeu, -Nicholas Argeneau. Irmão do Jeanne Louise. Paul o olhou fixamente e depois se deixou cair na cama com um murmúrio, -Então sem dúvida me odeia também. -Não.

A resposta lhe fez levantar a cabeça. Levantando o cenho, perguntou-lhe, -Por que não? Sequestre sua irmã. E ela está unida por sua vez a minha filha. -Bom, já que estive farejando em sua cabeça durante vários minutos, sei que sequestrou Jeanne Louise por um desejo desesperado de salvar a sua filha, e que fez todo o possível para não lhe machucar e a manteve mais confortável possível. Também sei que não era prisioneira, e que estava disposta a ficar; que se amam mutuamente e que ambos tinham planejado que ela te transformasse e depois você transformaria Livy para que pudessem ser uma família. Mas os acontecimentos interferiram e agora ela não pode te transformar. Nicholas suspirou e se esfregou a parte de atrás de seu pescoço com cansaço, e depois admitiu, -Não te odeio, Paul Jones. Sinto compaixão tanto por você como por Jeanne Louise.


-Estaremos bem- disse Paul bruscamente, embora o medo se deslizava través de suas palavras. -Livy melhorará, e seremos uma família. Simplesmente não durante o tempo que esperávamos. -Realmente acha que Jeanne Louise quer ver você murchar e morrer mais do que você queria ver Livy murchar e morrer? - perguntou Nicholas solenemente. -Não estou morrendo- protestou Paul.

-É mortal- disse Nicholas simplesmente. -Todos os mortais estão morrendo. Pode ser que seja mais lento que Livy ou outra pessoa com uma enfermidade. Pode ser que tenha vinte ou quarenta anos antes de partir, mas isso é um batimento do coração de coração para nós e você está morrendo. Cada dia te leva para mais perto da tumba, e se permanecerem juntos, Jeanne Louise terá que viajar até lá com você e observar você partir. Paul olhou para Nicholas, suas palavras ressonavam em sua cabeça. Levantando o terror de que Jeanne Louise pudesse deixá-lo agora, que fugiria para evitar ser arrastada até a borda da tumba com ele e vê-lo ser enterrado. -Isso não vai acontecer- disse Nicholas em voz baixa. -São companheiros de vida. Ela não será capaz de se afastar de você. Ficará junto a ti até seu último fôlego, e então seu coração se romperá quando te perder, é provável que se retire para reviver os momentos que compartilharam. É o que eu fiz depois de perder à minha companheira. -Perdeu sua companheira de vida? - perguntou Paul em voz baixa.

Nicholas assentiu.


-Mas encontrei outra.

-Talvez ela também possa- disse Paul.

-Poderia- reconheceu. -Mas para os imortais podem passar séculos, até mesmo milênios antes de encontrar outro, e se seu próximo companheiro for mortal também… Negou com a cabeça. -Passará por isso de novo, o amor, a perda, o desespero. Nicholas ficou em silêncio, com uma expressão triste. Era óbvio que ele estava prejudicando a sua irmã. Não via muita felicidade no futuro para ela. E tudo é minha culpa, pensou Paul.

Se apenas tivesse parado para pensar, e não tivesse comprado as bóias com o cartão de crédito quando pararam para abastecer no Canadian Atire, sua família nunca teria pensado em procurá-los nos povoados costeiros... e seus planos teriam acontecido como tinham previsto. Seriam uma família. Consciente de que Nicholas estava sentado ainda anormalmente, Paul lhe olhou, com as sobrancelhas se levantando quando viu que olhava para a porta, como se estivesse escutando algo. Passaram vários minutos dessa maneira e então de repente ficou de pé. -Estou seguro que deseja ver Livy.

-Sim. Paul se sentou e tirou as pernas para fora da cama. Quando o outro homem se dirigiu à porta, seguiu-lhe rapidamente, ansioso para ver tanto Jeanne Louise como Livy. Entretanto, quando seguiu Nicholas até o outro quarto, Jeanne Louise não estava lá. Eshe estava sentada sozinha junto à cabeceira de Livy. Paul hesitou, mas se dirigiu à cama para olhar Livy. Parecia muito melhor que da última vez que a tinha visto, até melhor do que tinha estado em mais de um mês. Realmente parecia saudável, com as bochechas cheias e cor de rosa, e o rosto


tranquilo. Um suspiro de alívio se deslizou da boca de Paul e depois olhou para Eshe.

-Onde está Jeanie?

-Vamos- disse Eshe, de pé. -Nicholas e eu temos que subir logo. Terá que se sentar com Livy e trocar as bolsas de sangue. Mostrarei-te como. -Jeanne Louise?

Passando da contemplação do conteúdo da geladeira, Jeanne Louise arqueou as sobrancelhas enquanto via seu pai com a bolsa de sangue em seus dentes. Depois de observar Livy durante toda a noite estava faminta tanto de sangue como de alimento. O sangue era a primeira coisa que tinha atendido. Comida seria a próxima. Conseguiria alguma comida para Paul, pensou enquanto esperava que seu pai falasse. Sem dúvida, Paul estaria faminto quando despertasse. Junto com o alívio de saber que Livy estava bem. Jeanne Louise ainda não podia acreditar que a menina tivesse sobrevivido. Levando em conta o câncer, a perda de sangue, o corte e o crânio fraturado... tinha estado segura de que o corpo da menina não seria capaz de resistir a tudo. Tinha temido até que ela morresse antes que a transformação realmente chegasse a começar. -Eshe acha que o fato de você ter colocado sangue dentro da ferirá aberta na parte posterior da cabeça da menina provavelmente tenha salvado a vida dela- disse Armand, obviamente depois de ler seus pensamentos. Inclinando a cabeça com curiosidade, perguntou-lhe, -Como é que sabia que tinha que fazer isso? Jeanne Louise arrancou a bolsa agora vazia de suas presas e sorriu com ironia enquanto admitia, -Não sabia. Só me ocorreu. Suas sobrancelhas se elevaram, mas ele deixou isso passar e depois se moveu para


sentar-se na mesa da cozinha.

-Lucian estará aqui logo. Temos que falar. Jeanne Louise hesitou, não estavas realmente ansiosa para “falar.” Sabia que seu pai odiava Paul por sequestrá-la. Todos odiavam. E sem dúvida estavam também furiosos com ela porque tinha renunciado a sua escolha de transformação. Ela mesma não estava muito contente sobre isso e culpava Bricker por isso. -Foi um acidente- disse Armand Argeneau solene. -Bricker não tinha a intenção de que acontecesse. Diz que tentou deslizar nos pensamentos da menina para detê-la quando ela se virou para correr, mas encontrou resistência. Provavelmente foi o tumor. -Provavelmente- reconheceu Jeanne Louise, e cansada foi se sentar à mesa. Ela não estava realmente surpresa de escutar que Justin teve dificuldades para penetrar na mente da menina. Tornou-se mais e mais difícil para ela deslizar nos pensamentos de Livy com cada dor de cabeça. Suspeitava que o tumor tinha crescido a cada dia e tinha começado a interferir. Jeanne Louise sempre tinha conseguido passar pelo bloqueio inicial, mas Justin não o tinha esperado, e pode ser que não tenha sido capaz de passar no pouco tempo que teve para fazê-lo. -E não odeio Paul- disse seu pai em voz baixa, demonstrando que tinha lido esse pensamento também. -Li sua mente enquanto o pus para dormir. Ele ama você. Queria ser seu companheiro de vida. É trágico que não possa acontecer agora. Jeanne Louise olhou para suas mãos. Estava chateada com seu pai no começo, quando Paul caiu de repente no quarto e percebeu que seu pai o tinha nocauteado. Mas depois quando a transformação progrediu, viu que tinha sido provavelmente o melhor a fazer. A transformação de Livy tinha sido rápida, furiosa e incrivelmente violenta. Provavelmente porque Jeanne Louise tinha doado sangue a ela duas vezes,


lhe dando o dobro do número normal de nanos em dois pontos de entrada. Foi provavelmente melhor que Paul não tivesse que presenciar sua filha em tal agonia. Jeanne Louise desejava não ter tido que fazê-lo. -E sei que você o ama também- Armand continuou solenemente. -É por isso que temos que falar. Temos que encontrar uma estratégia para apresentá-la a Lucian se quiser salvar a vida de Paul. Jeanne Louise ficou rígida. -Lucian não pode…

-Lucian faz o que acredita que é melhor para nossa gente. Paul te sequestrou, com a esperança de conseguir que transformasse a sua filha. O sequestro é errado até na lei mortal, Jeanne Louise. Mas Lucian não tolerará que um mortal sequestre um imortal. -Paul pode ter me sequestrado inicialmente- disse Jeanne Louise cuidadosamente. Mas depois que estive totalmente acordada e percebi que não podia lê-lo fiquei ali voluntariamente. E ele só esperava me convencer a transformar Livy. Não tiria me forçado. -Não tenho certeza disso- disse Armand com um suspiro. -Paul estava originalmente esperando te convencer, mas também estava desesperado. Não acredito que nem ele mesmo soubesse o que ia fazer se você se negasse, ou até onde iria. Jeanne Louise franziu o cenho ante essa notícia, mas sacudiu sua cabeça.

-Isso não importa. O problema nunca aconteceu e Lucian não pode castigar Paul por algo que poderia ter ocorrido. -Lucian não concordará com você sobre isso.


Jeanne Louise olhou para a porta às palavras de sua primo Etienne ao entrar no chalé com sua esposa, Rachel, e Jo, que era a esposa de seu irmão Nicholas. O trio tinha ido procurar comida e cada um levava uma bandeja com bebidas e uma sacola do Tim Hortons. Nicholas, Etienne e suas esposas tinham chegado pouco depois que seu pai tirou Paul do quarto. Com a ajuda acrescentada, seu pai tinha enviado Etienne e Justin para se encarregar dos vizinhos e assegurar que não pensassem nada sobre os gritos de dor e gemidos de Livy que eram escutados claramente do lado de fora. Outros ficaram no quarto, ajudando a segurar Livy e impedir que se machucasse quando sua luta se fez mais forte. Mesmo com a ajuda acrescentada, tinha sido difícil segurar a menina e Jeanne Louise ficou aliviada quando o Executor Anders chegou com as drogas e a IV. As drogas não tinham parado a dor de Livy, mas tinham tornado mais suportável e impediram que se agitasse. -Ele não pode castigar Paul por me levar. Eu estava de acordo- disse Jeanne Louise com firmeza quando Etienne e as mulheres começaram a desempacotar a comida que haviam trazido. Nove sanduíches e nove bebidas, notou ela, adivinhado que não se incomodaram em trazer comida para Paul. -Anders não come nem bebe- disse Jo tranquilamente. Inclinou-se para um lado no assento para oferecer um pedaço de seu sanduíche a Boomer com uma mão e levantando-o com a outra. O cachorro não tinha entrada permitida no quarto de Livy, e ao que parece estava vivendo à custa alheia da comida de todos, pensou Jeanne Louise, mas então observou seu prato de comida cheio a uns metros de distância. Não estava passando fome, então talvez o que queria era afeto e consolo tanto como alimento, decidiu,


depois deixou ir a preocupação quando Jo se endireitou e a tranquilizou, -Um dos sanduíches e uma bebida são para Paul. -OH- murmurou ela e sorriu a sua cunhada com gratidão. Gostava de Jo e se alegrou de que a mulher e Nicholas tivessem se encontrado. Como chamado por seus pensamentos, Nicholas entrou na cozinha atrás de Eshe e Jeanne Louise franziu o cenho ao vê-los. ? Livy… -Paul está com ela. Eshe a tranquilizou imediatamente. -Mostrei a ele como trocar as bolsas quando fora necessário. -Estava disposta depois de que te deu conta de que ele era seu companheiro de vida, Jeanne Louise, mas não no princípio- disse seu pai, atraindo sua atenção de novo ao assunto em questão. Depois acrescentou com tristeza, -E querida, que estivesse disposta ou não, não muda o fato de que sequestrou um imortal com a intenção de transformar sua filha. -Estava morrendo- espetou Jeanne Louise com frustração, e depois perguntou com gravidade, -O que faria para salvar a mim ou ao Nicholas ou ao Thomas? Isso provocou um momento de silêncio que ela encheu acrescentando, -Além disso, ele só me sequestrou porque Marguerite lhe disse que seguisse seu coração. -O que? -perguntou Etienne com assombro, levantou bruscamente a cabeça ante a menção do nome de sua mãe. Jeanne Louise assentiu com firmeza.

-Paul ia tentar convencer uma colega de trabalho que teria sido mais fácil de capturar, mas Marguerite lhe disse que seguisse seu coração, assim ele me levou.


-Foi o desejo de seu coração- disse Eshe brandamente, e seu olhar se concentrou na testa de Jeanne Louise. Estava lendo sua mente, é obvio, pensou Jeanne Louise com um suspiro, mas não lutou. Que ela visse tudo o que tinha ocorrido só poderia ajudar a sua causa. Ao menos isso esperava. Seu olhar se deslizou ao redor da mesa ante o silêncio que de repente a rodeava, e Jeanne Louise encontrou a todos olhando-a fixamente, concentrando-se em sua testa. Todos estavam lendo-a cruelmente. Isso a fez perceber que algumas de suas lembranças eram pessoais e privadas e definitivamente classificação imprópria para menores. Não era algo que queria que seu pai e seu irmão vissem. Levantando-se abruptamente, disse, -Amo-o. É meu companheiro de vida. Queria transformá-lo e que ele transformasse Livy para que pudéssemos ser uma família. Não posso ter isso agora, mas se o tio Lucian danificar um cabelo da cabeça de Paul o deterei, ou morrerei tentando. Se me amarem, sugiro que encontrem uma maneira de convencê-lo a deixar Paul em paz. Pegando dois sanduíches e duas bebidas, acrescentou, -Agora irei lá em baixo para me sentar com Paul e Livy. Me desculpem. Jeanne Louise se virou e se dirigiu para as escadas, fazendo uma pausa e caminhando ao redor de Justin Bricker e Anders quando apareceram no alto da escada. -Jeanne Louise- disse Bricker, segurando seu braço quando passou. Quando ela parou, ele disse, -Realmente sinto muito. Desejaria poder… Com um suspiro, soltou seu braço e lhe disse simplesmente, -Farei o que puder para ajudar. Assentindo com a cabeça, Jeanne Louise deu a volta e seguiu escada abaixo. Sabia que ele se sentia mal e seu silêncio não estava ajudando. E não queria culpar Bricker pelo modo que as coisas tinham acontecido. Jeanne Louise sabia que ele não teve a intenção de que nada disto acontecesse, que não tinha sido deliberado de sua parte.


Mas enquanto sua cabeça era capaz de raciocinar tudo isto, seu coração queria descontar em alguém toda a frustração e a raiva que estava se forçando a conter sobre o modo como as coisas tinham acabado. Jeanne Louise temia que se dissesse algo ao Executor, poderia derramar toda essa raiva e frustração sobre sua cabeça. Talvez com um pouco de tempo. . . Jeanne Louise fez uma careta a si mesma. Duvidava muito que o tempo ajudasse aqui. De fato, não estava segura de que algo ajudasse. Suspirando enquanto descia as escadas, Jeanne Louise cruzou a sala de estar até o quarto onde estavam Paul e Livy... ou onde se supunha que deviam estar. Mas quando entrou no quarto, com um sorriso um pouco forçado no rosto, encontrou o quarto vazio.

Capítulo 14

Paul correu pelo lateral da casa com o coração na garganta. Sentou-se para ver Livy quando Eshe e Nicholas saíram, mas momentos mais tarde teve uma terrível vontade de fazer suas necessidades. Tinha decidido que não seria de mais ir ao banheiro do lado. Livy estava tranquila e descansando, e sua bolsa de sangue acabava de ser trocada. Deixá-la só por um minuto não deveria causar nenhum problema... ou ao menos foi isso que pensou. Não tinha demorado muito tempo, somente o que levou para satisfazer suas necessidades e depois passar uma água fria em seu rosto e secálo. Mas quando voltou para o quarto não encontrou Livy e a bolsa de sangue estava rasgada e vazia no chão, junto à cama. Tinha dado meia volta e saído correndo do quarto, então parou quando percebeu que


a porta que dava para o lago estava aberta. Embora o quarto ficasse tecnicamente em um porão, a casa era ligeiramente inclinada. O porão ficava na metade superior do chão e uma pequena parte tinha sido escavada e reforçada de modo que uma porta foi instalada junto com um lance de seis degraus até o pátio traseiro. Amaldiçoando, Paul tinha deslocado à porta e saiu desesperado por encontrar sua filha. Tinha levado apenas uma rápida olhada para perceber que não estava no pátio ou na praia. Agora Paul estava correndo pela lateral do chalé, muito consciente de que o sol era quente e forte, e que Livy devia estar fora de si. Um carro estava entrando no caminho quando Paul deu a volta à parte dianteira da casa, mas ele nem prestou atenção. Seu atenção estava sobre as duas garotas na borda da estrada.

Livy e Kirsten estavam de pé junto ao pássaro morto que tinham pensado que estava dormindo. Só que seu enfoque não estava no pássaro agora. Em vez disso, as duas garotas pareciam estar brigando, e enquanto se apressava para frente, Kirsten conseguiu empurrar Livy e correu para casa gritando, —Tentou me morder! Livy estava atrás dela, correndo com as mãos estendidas e os dedos apertados. Suas presas estavam expostas. —OH, Deus —murmurou Paul e correu para frente para detê-la. Conseguiu pegar Livy pela cintura justo quando estava arremetendo contra as costas de Kirsten. Imediatamente, voltou a levantá-la em seus braços e a segurou frente a seu rosto e então se congelou ao vê-la. Tinha os olhos prateados brilhante, suas presas estavam expostas, estava grunhindo como um cão raivoso e havia sangue ao redor de sua boca, não sabia se por mastigar a bolsa de sangue ou por morder Kirsten. -Livy? -disse com assombro, e exclamou quando de repente se equilibrou sobre ele.


Paul não reagiu com suficiente rapidez, não teria sido capaz de detê-la. Mas não tinha que fazê-lo. Ela foi tirada de seu abraço antes que chegasse a sua garganta. Piscando, Paul olhou o homem que tinha sua filha nos braços - de cabelo loiro e olhos azuis prateados ardendo, seu corpo e postura irradiavam confiança e força. Era impressionante e intimidante. O homem deu um olhar em Livy e de repente ela desmaiou em seus braços. Depois olhou brevemente a Paul antes de olhar além dele e dizer, -Se ocupe dos mortais, Anders. Paul olhou por cima de seu ombro para ver o Executor girando para seguir o caminho que Kirsten tinha tomado. Depois olhou de novo para sua filha quando o loiro a embalou contra seu peito e olhou para Paul. -Não é exatamente o que esperava, não é verdade, mortal? -perguntou com gravidade. -Tudo em que estava pensando era em ter Livy saudável. Um final feliz para sempre. Não te ocorreu que mudaria. Que isto poderia ser um pesadelo mais que um sonho.

-Ela…-começou Paul, e depois fez uma pausa quando uma muito grávida morena chegou e passou a mão pelo braço do homem loiro. -É sua filha, Lucian- disse em voz baixa. Paul ficou rígido ante o nome. Então este era o tio de Jeanne Louise, o homem que decidiria seu destino. O tipo dava medo. -Ele a ama- continuou a morena. -E Jeanne Louise também. O que teria feito para cuidar de suas filhas em Atlantis? E o que faria para salvar o menino que levo agora?


Lucian Argeneau olhou à mulher, detendo-se em sua suplicante expressão, e depois se voltou para Paul. Ele não era precisamente suave, mas estava mais relaxado de repente. Seus olhos já não pareciam flamejar, e o poder que irradiava estava agora silenciado; continuava alí, mas não furioso. -Livy não é ela mesma neste momento- disse Lucian tranquilamente. -Ainda está passando pela mudança. O que acabamos de presenciar não era realmente sua filha. O mais provável é que nem sequer fosse plenamente consciente. Uma vez que termine e se recupere, será a mesma garota da qual se lembra- adicionou secamente, depois trocou Livy de posição contra seu peito, deste modo só precisava de uma mão para segurá-la. Liberou a outra para segurar a morena pelo cotovelo e conduzí-la para o chalé. -Vamos. Paul lançou um suspiro tremente e os seguiu. Agora tinha conhecido Lucian Argeneau. E ainda estava vivo. Bom, até agora. Jeanne Louise ficou olhando a cama vazia, e depois escaneou o quarto como se o pai e a filha pudessem estar brincando de esconder com ela, mas sabia que não era assim. Foram-se. Ambos. E a única coisa que tinha sentido era que Paul tivesse agarrado Livy e tivesse fugido antes de correr o risco de enfrentar a ira de Lucian. Podia entender isso. Ela era imortal e um familiar e seu tio lhe aterrorizava. Paul era mortal, atualmente considerado inimigo público número um por seu povo, e estava em um monte de problemas. Jeanne Louise poderia compreender sua decisão. O que não entendia era por que não a tinha levado ela com ele. Engolindo em seco, deu a volta e saiu do quarto, incapaz de suportar ficar ali sozinha. Movendo-se sem pensar, começou a subir as escadas, sua mente lenta e aturdida. Não tinha nenhuma intenção de revelar que ele se foi. Faria o que pudesse para ajudá-lo a escapar simplesmente guardando silêncio. Jeanne Louise estava decidida, mas assim que chegou ao andar de cima viu Anders e Bricker de pé e


correndo diante dela.

Foi então quando percebeu quão aturdida tinha estado quanto ao fato de que Paul a houvesse abandonando. Esqueceu-se de que os novos companheiros de vida eram muito fáceis de ler. Provavelmente ela também parecia bastante afetada, supôs Jeanne Louise, e todo mundo estaria se perguntado porque tinha retornado tão cedo. Supunha que provavelmente teria ajudado mais a Paul ficando lá em baixo durante um momento. -A bolsa de sangue estava destroçada no chão junto à cama e a porta estava aberta. Jeanne Louise olhou para Bricker enquanto ele fazia o anúncio quando retornava do andar de baixo. -Anders foi atrás deles enquanto eu devia informar- acrescentou Bricker, quando se aproximou da porta da cozinha. —Ajudarei... Bricker parou abruptamente, depois abriu a porta e saiu do caminho quando Leigh entrou com Lucian atrás ela com Livy dormindo em seus braços. Paul estava bem atrás deles, reparou Jeanne Louise. Debatia-se entre estar feliz de vê-lo e chateada porque não tinha conseguido fugir. Também queria um pouco golpear o idiota por deixá-la para trás. Uma agradável mescla, pensou secamente, e teve que agarrar o encosto da cadeira que tinha deixado atrás para evitar correr para ele. Seu olhar se deslizou de novo a seu tio quando passou Livy para Bricker.

-Leva-a para baixo, coloque a IV e lhe dê mais droga- ordenou Lucian. -Leve o pai com você e permaneça com eles até que alguém te substitua. Bricker assentiu e esperou Paul para levá-lo com ele, então o seguiu sem fazer nenhum comentário quando começou a cruzar a sala.


Os olhos de Paul a buscaram em seu caminho. Lhe ofereceu um débil sorriso ao passar, mas não podia responder do mesmo modo. Jeanne Louise se virou e observou os dois homens que caminharam para as escadas e desapareceram rumo ao porão. Uma vez que se foram, voltou-se para ver Lucian a olhando. Podia dizer pela forma em que seus olhos estavam estreitados que estava lendo seus pensamentos. Sabendo que não podia detê-lo, Jeanne Louise simplesmente esperou que terminasse. -Ele não te abandonará- anunciou Lucian abruptamente um momento depois. -Livy despertou e saiu para rua enquanto ele estava no banheiro e saiu atrás dela. Foi uma estupidez. Deveria ter gritado pedindo ajuda, mas o homem está acostumado a se virar sozinho e ser o único responsável por Livy. Os olhos de Jeanne Louise se abriram amplamente e se afundou brevemente no alívio ao saber que Paul não a tinha abandonado. Depois se obrigou a endireitar e olhou nos olhos de seu tio com cautela. Lucian Argeneau era um verdadeiro osso duro entre os imortais, e seria ele que decidiria o destino de Paul e o seu. Não podia permitir o luxo de ser débil, decidiu. -Amo Paul, tio- disse Jeanne Louise tranquilamente quando falou. -Ele é meu companheiro de vida, e penso que ele me ama também. -Sei que ele ama- disse Lucian tranquilamente, sem parecer impressionado pelo conhecimento. Jeanne Louise se mordeu o lábio, e depois acrescentou, -Sei que não deveria ter me sequestrado, mas fui sua vítima voluntária no momento em que percebi que não podia lê-lo. Houve vários momentos nos quais poderia ter ido e não o fiz. Até o ajudei a escapar dos Executores quando voltávamos do jantar e vi suas caminhonetes em sua rua. Endireitou-se um pouco e acrescentou suplicante, -Certamente, como a suposta vítima disto, se eu não desejar castigá-lo, não deveria estar tudo resolvido?


Quando Lucian se limitou a levantar uma sobrancelha ante a sugestão, acrescentou com tristeza, -Não posso transformá-lo agora, graças a Bricker. Nunca poderemos ser companheiros de vida. Isso não é castigo suficiente? -Ainda podem ficar juntos, Jeanne Louise- disse Lucian em voz baixa. -Certamente. Por dez, vinte, talvez até trinta ou quarenta anos, se tivermos sorte-disse Jeanne Louise amargamente. -Um batimento de coração em minha vida. E durante essas poucas décadas o verei murchar e morrer lentamente por envelhecimento. Sua boca se apertou ante a idéia, e disse, -Na verdade, isso é provavelmente mais castigo do que algo que possa pensar. Ela sentiu uma mão em seu ombro e olhou a seu redor para ver que seu pai estava atrás dela para lhe oferecer seu consolo e apoio. Por alguma razão, seu oferecimento de resistência de repente fazia mais difícil lutar contra as lágrimas. Voltando-se para Lucian, tomou um tremente suspiro e disse, -Paul é um bom homem, tio. Fez o que fez por desespero, por amor a sua filha. Não conhecia nossas leis, não sabia o que se pede de cada um de nós e nunca me fez mal. De fato, fez tudo o que pôde para me acomodar no princípio. A única razão pela qual você descobriu que era ele foi porque estava preocupado com meu bem-estar e se negou a me pôr no porta-malas de seu carro quando trocou os veículos. Nicholas tinha admitido tudo quando se sentou cuidando de Livy toda a noite. Tal e como ela tinha pensado, tinham controlado as câmaras de trânsito em todo o estacionamento, onde Paul a tinha mudado de seu carro para o dele. Tinham descoberto ela inconsciente no assento dianteiro de seu carro, conseguiram sua placa e a utilizaram para procurar seu nome e o endereço. -Está bem- disse Lucian abruptamente, atraindo sua atenção.


Jeanne Louise o olhou com incerteza.

-Está bem? O que significa isso? -Viverá e manterá sua filha, assim como suas lembranças- disse Lucian, e depois acrescentou solenemente. -Isso é castigo suficiente. Jeanne Louise sentiu seu pai apertando seu ombro mas se limitou a olhar Lucian. Como era de esperar, ele não o fez. -Entretanto, nos minutos, e quero dizer muitos minutos, nos quais a garota atravessa a mudança quero os três de volta em um avião com destino a Toronto. Farei com que alguém os pegue e leve até Marguerite. -Tia Marguerite? -disse Jeanne Louise com surpresa, consciente de que Etienne tinha chegado ante a menção de sua mãe. -Por que? -Porque ela obviamente sabia o que Paul estava fazendo quando se encontrou com ele antes que te sequestrasse, e em vez de me dizer isso para que pudesse fazer algo a respeito, simplesmente o mandou em sua direção- disse secamente. As sobrancelhas de Jeanne Louise se levantaram o ouvir estas palavras. Com todo o resto em sua mente, a lembrança daquela conversa com Paul não tinha estado na parte superior de suas lembranças. Seu tio tinha feito uma busca exaustiva quando leu sua mente. Ou a memória tinha estado na superfície da mente do Paul por alguma razão. -Já que Marguerite ajudou em tudo isto- continuou Lucian com secura. -Ela poderá ajudar com as conseqüências e o mínimo que pode fazer é ajudar Livy a iniciar seu treinamento para ser um imortal.


Jeanne Louise se mordeu o lábio, mas assentiu em consentimento. Gostava de sua tia, e sabia que Paul também. E estava segura de que Livy adoraria a mulher, mas... -Quanto tempo temos que ficar com tia Marguerite? -Até que eu diga o que fazer com Livy- disse ele sem rodeios. -Fazer com ela? -perguntou Jeanne Louise com preocupação. -Bom, não pode voltar para sua vida normal, ou pode? -perguntou ele com secura. Não pode retornar a sua escola, não pode estar todo o dia fora no sol com seus amigos do bairro e não pode viver a mesma vida que tinha antes. Mas precisa de uma educação. -Sim- concordou Jeanne Louise com o cenho franzido. Não tinha considerado realmente o problema. -E o que eu direi de Livy dependerá de se Paul e você permanecerão juntos ou nãoadicionou Lucian; seus olhos bruscamente procuraram os dele. Encontrando seu olhar lhe disse, -Não estou totalmente seguro de que o farão. -Mas ele é meu companheiro de vida- disse ela com voz débil. -E é mortal- disse Lucian tranquilamente. -Somos similares em muitos aspectos aos mortais, mas há diferenças, Jeanne Louise, e cada minuto que passa com ele as diferenças se farão mais evidentes para você. Ele é mais fraco fisicamente, mais frágil. Adoecerá ou se machucará, e se por sorte não o fizer, envelhecerá e se murchará... Não estou totalmente seguro de que possa te manter à margem e ver isso. O mais provável é que se rasgue por dentro. E se ele estiver machucado e morrendo, não tenho certeza de que possa resistir a salvá-lo nesse momento com a transformação como fez com Livy. Fez uma pausa e depois acrescentou com gravidade, -E se o fizer, será como perder sua própria vida. Até que esteja seguro de


que não vai fazer isso, quero alguém ao redor para te proteger de si mesma. -Eu... Jeanne Louise fez uma pausa e franziu o cenho, insegura de si mesma e de se podia se manter à margem e ver Paul morrer. -É obvio, que caso se separem haverá outro problema- continuou Lucian. -É difícil para um mortal criar um imortal. As crianças adquirem habilidades como a leitura e o controle dos mortais mais rápido que os adultos transformados, e antes que sua consciência e sensibilidade se formem. Paul tentar educá-la por sua conta é como ter um macaco tentando criar uma criança. Antes que acabe o ano, estará dando voltas em torno dele, controlando-o e fazendo o que ela quiser se um imortal não estiver ali para detê-la. Não vou permitir isso. Não desejo caçar uma menina desertora que minha sobrinha transformou. Jeanne Louise se mordeu o lábio. Não tinha considerado nada disso no momento em que tinha convertido Livy. Não tinha considerado outra coisa que não fosse salvar à garota, por Paul e também por ela mesma, porque amava à loira e doce menina. -Então- disse Lucian tranquilamente. -Os três ficarão com Marguerite até que eu diga o contrário. Ou até que se separem e eu faça acertos alternativos para Paul e Livy... entendido? Jeanne Louise assentiu com cansaço, sua mente cambaleava sob o peso de todos os problemas que ele acabava de lhe esclarecer. Não tinha pensado em nenhum deles antes disto, e não estava contente de ter que lidar com eles agora. -Bem. Enquanto isso estiver claro- disse Lucian e depois olhou para Anders que chegava à porta do chalé atrás deles. Conduzindo Leigh para que saísse do caminho para que o homem entrasse, perguntou-lhe, -Está tudo pronto? Anders assentiu.


-Livy não conseguiu morder à garota do vizinho. Limpei a memória dela de todos os modos e então ficamos ao redor para nos assegurar de que ninguém tinha presenciado o ataque. -Bom- disse Lucian, e depois anunciou, -Quero que Bricker e você escoltem Jeanne Louise, Paul e Livy para a casa de Marguerite assim que terminar a transformação da garota. Me ligue quando chegar a hora e mandarei um avião para vocês cinco. Anders assentiu, mas Lucian já tinha se virado para os outros na sala.

-Armand, suponho que ficará até que se vão- disse Lucian. -Sim- disse ele em voz baixa, apertando o ombro de Jeanne Louise. Lucian, obviamente, não se surpreendeu. Voltou o olhar para os outros dois casais.

-Podem trazer de volta as caminhonetes nas quais Bricker e Anders estavam? Houve murmúrios de aceitação. Enquanto Anders e Bricker tinham vindo sozinhos, Nicholas e Jo vieram juntos, assim como Etienne e Rachel, mas os casais dirigiriam de volta sozinhos para levar as caminhonetes de volta a Toronto. Lucian não lhes agradeceu, nem sequer comentou algo, limitou-se a assentir, tomou o braço de Leigh e a levou do chalé sem nem sequer se incomodar em dizer adeus. Não havia ninguém terrivelmente surpreso, mas houve um suspiro coletivo de alivio entre o grupo uma vez que a porta se fechou atrás do casal. Era bastante óbvio quão tenso todos no grupo tinham estado, como se todos tivessem contido o fôlego e só agora pudessem respirar de novo. Jeanne Louise, entretanto, não estava segura de que voltasse a respirar outra vez.


Sabia que deveria estar feliz de que Paul não fosse castigado, mas a única coisa que sentia era preocupação e ansiedade, e um terrível peso pressionando sobre ela quando contemplava o futuro. Suspirando, passou-se uma mão com cansaço pelo cabelo.

-Devo ir contar a Paul. -Por que não vai descansar um pouco e me deixa fazer isso? - sugeriu seu pai em voz baixa. -O resto de nós tomou turnos para dormir mas você não pôde dormir a noite inteira. Ela não quis deixar Livy. Jeanne Louise não queria que a menina de cinco anos despertasse ferida e confusa e se encontrasse em um quarto cheio de estranhos. Tal como tinha ocorrido, entretanto, Livy não despertou até depois que ela a deixou, e agora Jeanne Louise se sentia esgotada. Mas não era por isso que tinha a tentação de aceitar a oferta de seu pai. Acreditava que não poderia enfrentar Paul nesse momento sem cair em lágrimas ou alguma outra coisa igualmente débil e ridícula. Algumas horas atrás tinha sido mais feliz do que jamais foi em toda sua vida, segura de seu futuro, e agora seu futuro cor de rosa era um caos a seu redor e a única coisa que queria era dormir. Entretanto, seu pai estava bastante zangado com Paul sobre o assunto e não confiava nele para não utilizar essa oportunidade contra ele. -Serei encantador- disse Armand Argeneau secamente, evidentemente ainda lendo seus pensamentos. Depois adicionou, -Prometo. Jeanne Louise hesitou, mas estava tão cansada e deprimida. Precisava dormir... e um tempo a sós para ordenar seus pensamentos... e um bom choro. Não necessariamente nessa ordem. Suspirando, assentiu e depois se virou e saiu da sala para ir até o quarto principal e à cama que a esperava ali.


Paul estava sentado em uma cadeira ao lado da cama, evitando olhar Justin Bricker que ocupava uma cadeira do outro lado. Os dois homens não tinham trocado uma só palavra desde que vieram para cá. Bricker parecia perdido em seus próprios pensamentos e Paul estava muito chateado nesse ponto para querer falar. Essa cena com Livy no exterior continuava se repetindo em sua cabeça como um horrível pesadelo e lhe deixou se perguntando o que tinha feito a sua filha. E tinha sido ele, não importava que Jeanne Louise iniciasse a mudança. Ele a tinha sequestrado para que ela fizesse isso. Mas a garota, louca e coberta de sangue, tinha tentado morder Kirsten e depois se lançou para sua garganta como um demônio sem sentido; não tinha sido sua doce filha. E as palavras do homem loiro continuavam se repetindo em sua cabeça: “Não é exatamente o que esperava, não é verdade, mortal? Tudo no que estava pensando era em ter Livy saudável. Um final feliz para sempre. Não lhe ocorreu que ela mudaria. Que isto poderia ser um pesadelo mais que um sonho”. Isso era exatamente o que Paul sentia, que sua vida se converteu em um pesadelo e que ele tinha atraído isso sobre si mesmo. O homem também disse algo a respeito de que Livy não era ela mesma nesse momento e que ainda estava mudando. Que provavelmente não estava muito consciente e que uma vez que a mudança terminasse seria a mesma menina da qual se lembrava. “Principalmente”. Mas Paul não considerava

isso

muito

tranquilizador.

O

que

o

homem

entendia

por

“principalmente”? - perguntava-se, além de se perguntar o que tinha feito a sua filha. O som da porta se abrindo chamou sua atenção e olhou para ela, esperando que fosse Jeanne Louise. Estava realmente aliviado ao ver seu pai em seu lugar. Paul não acreditava poder enfrentá-la nesse momento. Estava chateado, e se perguntava se os imortais eram tão humanos como pareciam. -Somos humanos- disse Armand Argeneau secamente e depois olhou para Bricker e


lhe disse, -Vá comer um sanduíche. Preciso falar com ele. Bricker se levantou e saiu do quarto, deixando aos dois homens sozinhos.

Paul esperou que a porta se fechasse atrás do Executor antes de olhar para Armand, que se moveu para tomar o posto deixado pelo Executor. Uma vez que o homem esteve sentado, disse, -Me deixe adivinhar. Fui declarado culpado de sequestro e condenado a morte. -Não- disse Armand em voz baixa. -Foi declarado culpado de sequestro e condenado a viver. Paul o olhou fixamente, sabendo que deveria se sentir aliviado, mas estava intumescido nesse momento; seus pensamentos estavam tão cheios de horror e confusão que não podia sentir nada mais. -Então, o que vão fazer? Levarão Livy para longe de mim e a entregarão aos imortais? -É isso o que quer? -perguntou Armand. Paul se virou para olhar sua filha. Parecia tão doce e inocente agora como tinha sidoo desde o dia em que nasceu, como a mesma menina pela qual tinha estado disposto a dar sua vida tão recentemente como essa manhã. Entretanto, a cena no pátio de em frente o surpreendeu. Já não tinha certeza de quem ou do que era. Exceto que ela era sua filha, sua pequena Livy. Ou isso esperava. -Não- disse finalmente. Armand se relaxou em seu assento.


-Lucian estava dizendo a verdade quando te disse que o que viu no pátio em frente não era ela. Ainda está mudando. Seu cérebro está perturbado neste momento. Ela não teria sido capaz de nenhum raciocínio cognitivo ou de perceber o que estava fazendo. Uma vez que isto termine voltará a ser sua Livy. -Principalmente- murmurou Paul com amargura. -Haverá algumas diferenças, é obvio- explicou Armand. -Será mais forte, mais rápida, resistente às enfermidades e inclusive à morte. E terá que se alimentar como o resto de nós. Paul fez uma careta ante a palavra alimentar-se.

-De sangue embolsado- disse Armand com secura. -Embora terá que ser capaz de se alimentar direto da fonte também, assim se alguma vez houver uma situação em que não tenha acesso a sangue empacotado e precise se alimentar de uma fonte poderá fazê-lo sem indevidamente se machucar ou machucar ao doador. -Certo- disse Paul com cansaço. -Mas não haverá nenhuma mudança em sua personalidade- disse Armand em voz baixa. -Despertará com simpatia às mesmas coisas que antes e ainda te amará. Paul engoliu em seco e assentiu, aliviado para ouvir isso.

-Então Lucian decidiu que não seria castigado- disse Armand solenemente. -Ele está organizando para que você, sua filha e a minha voem de volta a Toronto uma vez que a mudança termine e sejam levados a Marguerite. Paul piscou ante esta notícia.


-A mãe do Bastien, Marguerite? Armand assentiu.

-Minha cunhada. Os três terão que ficar com ela enquanto Livy é treinada. -E depois? -perguntou Paul. Armand hesitou e depois disse, -Isso depende de você e Jeanne Louise.

Os olhos do Paul se estreitaram ante as palavras.

-O que quer dizer? -Se decidem permanecer juntos ou não- disse solenemente. -Eu a amo- disse Paul simplesmente, e era verdade. Embora estivesse confuso sobre a diferença entre os imortais e os mortais, e neste momento estivesse preocupado a respeito de como isso afetaria Livy, amava Jeanne Louise. -E ela ama você- disse Armand. -Mas às vezes o amor não é suficiente e este poderia muito bem ser um desses momentos. -Porque? -perguntou. A ira começou a agitar-se nele ante a sugestão. -Porque é mortal. -Então não sou o suficientemente bom para ela- adivinhou Paul. Por alguma razão, Armand achou isso divertido e depois assinalou, -Quando entrei no quarto não estava seguro se os imortais não eram um monte de monstros.


-Isso foi só porque Livy... Sacudiu a cabeça, não querendo nem mesmo recordar esses momentos. -Mas disse que não era ela mesma. Que ficará bem. -Então agora acha que minha filha é a mulher que pensava, depois de tudo-raciocinou Armand e assentiu. -É. Jeanne Louise é inteligente, sensível, carinhosa e compassiva. E te ama. E você é mortal. Paul o olhou fixamente, sem compreender.

-O que acha que faria se você caísse diante dela e quebrasse as costas ou o pescoço, ou se fosse atropelado por um carro ou algo dessa natureza pudesse ocorrer? Paul franziu o cenho.

-Ela tentaria me ajudar. -Provavelmente te transformaria- disse Armand com gravidade. -Nem sequer pensaria, apenas abriria uma veia e te converteria antes de perder você. E se o fizer, será condenada a morte. Paul se inclinou para trás em seu assento, débil.

-Por outro lado, a maioria dos mortais vivem toda sua vida sem que se produzam acidentes letais e chegam até uma idade avançada- disse Armand com um suspiro. Então teria que simplesmente se sentar e vê-lo morrer de câncer, doenças do coração ou apenas pela idade. -As pessoas morrem de velhice todo o tempo. É a maneira natural- disse Paul em voz baixa. -Para os mortais é- Armand concordou. -Mas Jeanne Louise não é mortal, e o tempo


é diferente para nós. Devido ao fato de que vivemos tanto tempo, não passa para nós como faz para você. Ou talvez realmente não passe para você tampouco. -O que quer dizer? Armand hesitou e depois disse, -Vinte anos parecem muito tempo, não é?

Paul assentiu com a cabeça. -Mas faz vinte anos você tinha… o que? Dezenove? Quando Paul assentiu, ele perguntou, -Realmente sente que já passaram vinte anos? Paul piscou ante a pergunta. Na verdade não era assim. Às vezes se perguntava aonde foi o tempo. -Se permanecerem juntos, Jeanne Louise terá que ver como você murcha e morre nas próximas décadas, algo que não pôde suportar fazer mesmo durante semanas com o Livy- assinalou. -E pensa que eu deveria deixá-la ir- disse Paul solenemente, e sentiu que seu coração se sacudia de angustia ante apenas a idéia. -Não- disse Armand. -Minha filha te ama. Você é seu companheiro de vida. Ela renunciou a sua escolha de transformação por sua filha, depois de tudo. Deveria obter algo, inclusive se forem só um par de décadas com você. Ele suspirou e depois endireitou os ombros e disse com gravidade, -Mas se você a ama, terá que deixar claro para ela que não quer que renuncie a sua vida para te trocar e te salvar. E tem que se assegurar de que nunca o faça.


Capítulo 15

Jeanne Louise murmurou sonolenta e se arqueou contra o corpo em suas costas, instintivamente empurrou o seio para a mão que a acariciava. Mas seus olhos se abriram quando sentiu um beijo pressionando em seu pescoço. - Paul? -sussurrou confusa.

-Pensei que nunca acordaria- grunhiu em seu ouvido, lhe beliscando o mamilo por lhe fazer esperar. Uma risada rouca escapou de seus lábios, e virou colocando suas costas sobre a cama para olhá-lo. -Está tudo bem com Livy?

-Mmm hmm- murmurou Paul, com sua atenção no lençol que ele puxava para baixo para mostrar seus seios. Inclinando-se, deu um beijo em um dos mamilos, murmurando, -Está lá em cima tomando o café da manhã com seu pai e Eshe. -OH- suspirou Jeanne Louise enquanto sua boca se fechava sobre seu mamilo. Fechou os olhos enquanto o sugava, mas piscou e os abriu quando de repente parou e levantou a cabeça. -Amo você- disse solenemente.

Jeanne Louise hesitou, as preocupações que a tinham feito chorar até adormecer cedo se levantaram dentro dela, mas as empurrou para trás, e tomou seu rosto entre as mãos e disse, -Amo muito você, Paul.


Ele sorriu torcidamente e se inclinou para lhe dar um beijo nos lábios, depois levantou a cabeça e disse solenemente, -Obrigado por salvar Livy. Jeanne Louise engoliu em seco e assentiu com a cabeça, incapaz de falar além das lágrimas que de repente se encontravam em sua garganta e apareciam em seus olhos. Não se arrependia de salvar à menina, mas lamentava perder a oportunidade de transformar Paul. -Sei que significa que não posso ser transformado, e que só temos três ou quatro décadas, mas farei o que puder para que sejam os melhores anos de sua vidaprometeu. Jeanne Louise fechou os olhos. Três ou quatro décadas. Tão pouco tempo.

-Quero que me prometa algo.

Ela abriu os olhos de novo.

-O que?

-Quero que me prometa que nunca me vai me transformar.

-Não posso agora, Paul- sussurrou Jeanne Louise, sua voz tremente quando ela fez a afirmação.


-Sei. Mas quando Livy caiu das escadas, nem sequer pensou nisso. Transformou-a para salvá-la. Não quero que faça isso comigo, nunca, que me converta se pensar. Estaria negociando sua vida pela minha, e não quero isso. Me mataria no momento em que recuperasse o conhecimento para te salvar de todos os modos. Assim não vale a pena. Jeanne Louise o olhou, as lágrimas saíam das comissuras de seus olhos e se deslizavam em seu cabelo quando a dor brotou de seu interior. Lançando seus braços ao redor dele, abraçou-o com força, sussurrando, -O que vou fazer sem você? -Mulher, Jesus, não estou morto ainda. Não me enterre tão cedo- disse com voz rouca, abraçando-a pelas costas. -Teremos tempo juntos. Um par de décadas, pelo menos, e espero que sejam quatro ou mais. Vamos aproveitar e deixar que o futuro se preocupe de si mesmo. Ele retrocedeu para olhá-la e limpar suas lágrimas, e depois lhe perguntou, -De acordo? Jeanne Louise assentiu.

-Bom- suspirou, e então a beijou para selar o trato.

Jeanne Louise lhe devolveu o beijo, e gemeu enquanto suas mãos começaram a se mover sobre seu corpo, seus beijos e carícias empurraram fora suas preocupações sobre o futuro -e por perdê-lo- por um breve tempo, fazendo amor com ela. -Papai! Jeanie! Olhem! Cresceram dentes novos! E olhem o que posso fazer com eles! Jeanne Louise piscou com os olhos abertos e o olhar perdido em Livy quando ela irrompeu no quarto e correu para a cama, com suas presas saindo e entrando de novo em sua mandíbula repetidamente.


-Uau. Bom, isso é genial, querida- disse Paul fracamente a seu lado.

-Sim. Justin e Anders me ensinaram a fazer isso. Justin diz que sou a melhor estudante de todas! Ela sorriu e depois se virou e correu para a porta gritando, -Ele disse que lhe mostrasse isso e que te dissesse que é hora de levantar. Vamos pegar um avião! -Minha filha é uma vampira- disse Paul em um suspiro quando Livy desapareceu pelo corredor, deixando a porta aberta. -É uma vampira linda entretanto- disse Jeanne Louise com diversão, e depois se sentou e se deslizou fora da cama enquanto lhe advertia, -Não deve utilizar o termo vampiro perto dos mais velhos. São um pouco sensíveis sobre esse termo. -E quem são os mais velhos? -perguntou Paul, levantando-se depois que ela se dirigiu ao banheiro. -Lucian, meu pai, Eshe, Nicholas, Anders, tia Marguerite- calou-se quando abriu a ducha para pôr a água para esquentar. Jeanne Louise se voltou e se inclinou para olhar no armário debaixo da pia para encontrar uma toalha de rosto e uma toalha de banho. -Os mais velhos são os que têm mais de um século ou dois de idade, e há muitos mais deles, mas esses são os únicos que conheceu até agora. OH, e Bastien. -Certo- disse ele, secamente. - E como se supõe que eu vá saber quem são os mais velhos? Todos se parecem ter de vinte e cinco a trinta anos. Ela sorriu ironicamente e se encolheu de ombros enquanto se endireitava. -Suponho que é melhor não usar a palavra com “V” quando houver outros a seu redor.


-Hmm- murmurou Paul, com seus olhos se deslizando sobre seu corpo. -Falando nisso. Quantos anos tem? -Farei cento e três este ano- admitiu Jeanne Louise, depois entrou na ducha e fechou a porta. A água estava encantadora, morna, fechou os olhos e se meteu debaixo dela. -Cento e três? - chiou Paul, puxando a porta para abri-la.

Piscando com os olhos abertos, Jeanne Louise o olhou fixamente com surpresa.

-Sim.

-Jesus- murmurou Paul, inclinando-se fracamente contra a porta da ducha. Jeanne Louise hesitou e depois lhe perguntou, -É que… isso… é… um problema? -O que? Ele a olhou, e depois franziu o cenho. -Bom, não… Quero dizer, eu… Acho que pensei que fosse mais jovem- terminou por fim. Mordeu-se o lábio, ela se separou dele para ocultar sua preocupada expressão e agarrou o xampu para colocar um pouco em sua mão. Tentando ignorar o repentino silêncio incômodo, ela massageou o xampu através de seu cabelo, criando espuma. -Só fiquei surpreso- disse Paul depois de um momento, com tom de desculpa. -Quero dizer que sabia que os imortais viviam muito, eu só… -Me considera uma jovem para os padrões imortais- disse Jeanne Louise em voz baixa, antes de se meter sob a ducha para enxaguar o sabão. Deu um passo atrás para fora, piscando para abrir os olhos com cautela e murmurando um obrigado quando Paul lhe entregou a toalha para secar os olhos.


-Quanto tempo viveu o mais antigo- perguntou ele com curiosidade. -Quero dizer, suponho que tecnicamente os nanos permitem que alguém viva para sempre, mas… -Alguns dos que sobreviveram a Atlántida ainda estão por aí- interrompeu Jeanne Louise. -Tio Lucian por exemplo. Outros, como seu irmão gêmeo e seus pais, morreram por decapitação ou erupções vulcânicas e outras causas, mas há vários vivos ainda desde os primeiros dias. -Seu tio Lucian é de Atlântida- perguntou Paul com cuidado. Jeanne Louise se deteve e lhe olhou solenemente.

-Nunca brinque sobre ele ser um homem de Atlântida- advertiu ela. -Thomas o fez uma vez e ele realmente não aceitou bem. -Certo- sussurrou, e depois sorriu com ironia. -De algum jeito não acredito que terei que me preocupar com isso. Não vejo seu tio e eu sentados e discutindo em qualquer momento logo. -Coisas mais estranhas acontecem- disse Jeanne Louise com diversão, colocando o sabão de novo na prateleira e passando por debaixo da água de novo se enxáguar. -Então- disse Paul enquanto ela passava água nos lugares onde a ducha não podia alcançar por si só. -Tem cento e três. -Quase- disse, e depois sorriu. -Sou uma mulher velha, Paul. Inclinando a cabeça, arqueou uma sobrancelha e perguntou: -Isso é um problema? Paul deixou seu olhar deslizando sobre seu corpo sob a água enquanto considerava sua pergunta, logo sorriu, negou com a cabeça e deu um passo sob a ducha com ela.


-Não, absolutamente- assegurou, deslizando seus braços ao redor de sua cintura. Beijou-a na ponta do nariz e depois assinalou, -Isso significa que não pode se zangar comigo se chamá-la de minha velha. -Certo, certo- disse Jeanne Louise secamente e saiu de seus braços para sair da ducha, fechando a torneira da água quente enquanto o fazia. -Aproveite a ducha. -Eu… Ahhh! - chiou Paul e rapidamente começou a abrir as torneiras quando a água ficou fria.

-Então esta é a casa de Margarite.

Jeanne Louise sorriu fracamente à expressão com os olhos abertos de Paul, quando ia pelo caminho da entrada. -Tio Jean Claude a fez construir.

-Hmm- disse Paul com ironia, e depois a olhou. -Quem é o tio Jean Claude?

-O irmão de Lucian, e o primeiro marido de tia Marguerite. Ele a transformou. Julius Notte é seu segundo marido e seu primeiro companheiro de vida. -Seu primeiro companheiro de vida? Seu tio não era seu companheiro de vida também?


Jeanne Louise negou com a cabeça.

-Não. Ele a transformou e afirmou que era porque se parecia com sua companheira de vida que morreu em Atlântida. -Hmm. Paul olhou pela janela. -Quando morreu seu tio?

-Em 1995- respondeu ela.

-Jesus- sussurrou Paul, e depois perguntou, -Que idade tem Marguerite?

Jeanne Louise se deteve para fazer os cálculos.

-Setecentos e quarenta e poucos.

-Certo- suspirou e depois olhou para Livy, que estava agarrando Boomer contra seu peito e olhando com entusiasmo pela janela. Sem dúvida estava pensando que sua filha teria uma longa vida pela frente, supunha Jeanne Louise, e depois olhou pela janela quando Anders saiu da caminhonete e parou em frente das amplas portas duplas da casa. -Fique com eles- disse Anders para Bricker. -Estacionarei e me reunirei com você em um minuto. Jeanne Louise não esperou para escutar a resposta de Bricker, abriu a porta e saiu. Paul a seguiu, com o Livy em seus calcanhares, e então Jeanne Louise se virou para a casa, quando as portas da entrada se abriram e Marguerite apareceu.


-Jeanne Louise, querida- saudou sua tia, com um olhar de desculpa e felicidade de vê-la uma vez mais.

-Tia Margarite- murmurou ela, entrando nos braços da mulher e abraçando-a.

-Sinto muito, querida- sussurrou Marguerite enquanto a abraçava com força. -Eu pensei que tudo sairia bem. E ainda pode acontecer- acrescentou, apertando-a menos. -Não perca a esperança. -Não perderei- disse Jeanne Louise em voz baixa, mas sabia que era uma promessa que seria difícil de manter. Uma vez livre, voltou-se para dizer, -Conhece Paul, é claro, e esta é sua filha, Livy. E isso é Boomer- acrescentou assinalando o pequeno Shih Tzu que a menina levava. -Olivia Jean Jones- anunciou solenemente Livy, segurando Boomer com um braço para que pudesse levantar sua mão para Marguerite. -Olá, querida- murmurou Marguerite, inclinando-se para aceitar a mão. -Prefere Olivia ou Livy? -Livy- disse ela de uma vez.

-Então será Livy- disse Margarite solenemente, em seguida, endireitou-se e olhou por cima do ombro quando um homem bonito, alto e com o cabelo castanho apareceu atrás dela. Parando ao lado de seu filho Christian, Margarite fez as apresentações, incluindo o cão. -Ah. Isso explica por que Julius foi enviado ao canil.


Christian disse com ironia, olhando para Boomer.

-Ele o teria comido vivo.

-Julius é o cão de Margarite- explicou Jeanne Louise a Paul enquanto sorria a seu primo italiano. -Pensei que Julius era o companheiro de vida de Marguerite- disse Paul com confusão. -E é. Há dois Julius- disse Christian com diversão. Trata-se de um cão, e de meu pai.

-É uma longa história- disse Jeanne Louise quando Paul a olhou.

-Christian, conhece Justin Bricker, não é verdade?

Marguerite perguntou agora, fazendo um gesto para o Executor que estava um pouco mais atrás do grupo, parecendo incômodo. Anders se aproximou dela e depois acrescentou, -E Anders. Christian fez um sinal aos homens.

-Agora, temos que entrar. Tenho sanduíches e aperitivos esperando, e Carolyn está ansiosa para saber tudo também- anunciou Marguerite, voltando para dentro. -Carolyn? -perguntou Paul, pegando a mão de Livy e deslizando seu braço ao redor da cintura do Jeanne Louise enquanto seguiam a mãe e filho. -A companheira de vida de Christian- explicou Jeanne Louise. -São novos companheiros de vida também. Conheceram-se em Santa Lucia em julho durante a Lua de mel de Margarite.


-Christian foi na lua de mel com seus pais? -perguntou Paul com assombro, enquanto caminhavam pelo corredor uns metros atrás dos outros. -Ah... bom, não no começo. Mas Marguerite estava segura de que Carolyn era perfeita para Christian e o fez voar para se encontrar com ela. -Na lua de mel? - perguntou ele com um sorriso.

-O que fazemos por nossos filhos, não é? - perguntou Julius atrás deles e Jeanne Louise olhou a seu redor para vê-lo sair pela porta do escritório que acabavam de passar. -OH, olá, tio Julius- murmurou ela e se moveu de novo para abraçá-lo.

-Olá Jeanie. Espremendo-a com força, Julius Notte lhe deu uma massagem rápida na suas costas, depois a soltou para oferecer sua mão a Paul. -E olá ao companheiro de vida do Jeanne. Paul, não é? -Não- murmurou enquanto se estreitavam as mãos e depois disse, -Eu quero dizer, sim. Olá. Julius sorriu e passou um braço ao redor de cada um deles para guiá-los pelo corredor. -Conhecemos os problemas que aconteceram com você. A família é importante. Fazemos nosso melhor esforço por nossas crianças. É bem-vindo aqui. -Obrigado- disse Paul sinceramente, e Jeanne Louise notou que se relaxava um pouco. Foi então que percebeu quão tensa tinha estado antes e entendeu que tinha


estado preocupada a respeito de como seus familiares o receberiam. É compreensível, é obvio. Depois de tudo, seu pai e seu irmão não tinham estado satisfeitos com eles juntos. Pelo sequestro e sobre o assunto de utilizá-la para transformar Livy. Mas Julius acabava de dizer que entendia, e ela se sustentou contra Paul, apertando o braço que tinha ao redor de seu tio com gratidão. Tinha gostado do companheiro de vida de sua tia desde o começo, mas cada vez que se viam, lhe gostava um pouco mais. -OH, ninguém me disse que estavam aqui. Eu teria ido saudá-los também.

Jeanne Louise olhou para a sala em que estavam entrando para essas palavras assustadas e sorriu à companheira de vida de Christian, Carolyn, quando saltou de onde estava sentada no sofá, lendo. Colocando o livro sobre a mesa, a loira se adiantou para oferecer a Jeanne Louise um abraço e se apresentou a Paul e a Livy, depois todos foram até a cozinha para comer. Jeanne Louise se preocupou por sua estadia aqui, mas Marguerite sabia que Julius, Christian e Carolyn fariam Paul se sentir tão bem como pudessem. Ele parecia encaixar perfeitamente no grupo. De fato, se alguém parecia não encaixar, eram Bricker e Anders, que pareciam incômodos, já que tinham sua comida. Jeanne Louise podia entender isso, estavam ali basicamente como suas babás. Na verdade não eram convidados e realmente não eram bem-vindos, ao menos não por ela, embora Marguerite fosse tão gentil e acolhedora com eles como com todo mundo, e seu marido, seu filho e sua nora seguiam seu exemplo. Entretanto, Jeanne Louise não acreditava que fosse necessário, já que os Executores estavam com pouco pessoal ultimamente. Certamente tinham coisas melhores que fazer. Estava pensando nisso quando Anders virou e respondeu à pergunta por ela, sem rodeios, -Sim, estamos com pouco pessoal, mas Lucian quer que fiquemos até que se


certifique da forma em que a terra se encontra.

-O que significa isso? -perguntou ela com o cenho franzido, não gostava do sentido da frase. -Acho que Lucian se preocupa que tente transformar Paul apesar de haver utilizado sua escolha de transformação- disse Julius em voz baixa. -Depois de tudo, ele tem uma companheira de vida e sabe quão valioso é isso, e que sua perda, inclusive com o tempo, não é algo fácil de aceitar. Jeanne Louise o olhou em silêncio e depois se sentou em seu lugar.

-E o que? Vão viver conosco durante os próximos quarenta anos para se assegurar de que eu não o transforme? -Jeanie não vai fazer isso- disse Paul solenemente. -A fiz prometer que não o faria.

O silêncio reinou ao redor da mesa brevemente, depois Marguerite esclareceu a garganta e se levantou. -Se todo mundo terminou, acredito que devo lhes mostrar seus quartos. Julius, pode mostrar a Anders e Bricker seu quarto, eu mostrarei a Jeanie e Paul onde ficarão. -É obvio. Julius ficou de pé para levar os dois homens.

Uma vez que se foram, Marguerite sorriu para Jeanne Louise.

-Vamos?

Jeanne Louise forçou um sorriso e se levantou também. A expressão se voltou mais


natural, entretanto, quando Paul ficou a seu lado e tomou a mão entre as suas. Deu uma olhada em Livy e depois lhe estendeu a mão, e a menina saltou de sua cadeira, pegou Boomer de onde estava dormindo a seus pés, colocou-o debaixo de um braço e deslizou sua mão livre na de seu pai. Seguiram Marguerite ao quarto como uma família. -Jeanie, Mirabeau está trazendo a roupa de seu apartamento, e Paul, Lucian providenciou para que trouxessem para você e Livy algumas coisas que reuniram. Devem estar aqui esta tarde- anunciou Marguerite enquanto os conduzia escada acima. -Se houver algo mais que precisem, podem fazer uma viagem aos lugares amanhã. -Então não estamos presos- perguntou Jeanne Louise secamente.

-O que? Marguerite olhou ao redor com verdadeira surpresa. -Não, é claro que não. São nossos hóspedes. Ajudaremos com Livy, enquanto os dois decidem o que querem fazer. Têm um monte de coisas por resolver… se desejarem viver juntos ou se casar. Onde irão viver se se casarem? Onde é melhor viver para Livy? Se devem se mudar para onde possa ir à escola, ou se querem ficar aqui em Toronto e ter um tutor, etc.

-Há um lugar onde Livy possa ir à escola como uma menina normal? -perguntou Paul com surpresa. -Port Henry- disse Marguerite assentindo. -É relativamente apenas para imortais e Lucian esteve trabalhando cada vez mais para que nossos filhos possam ter uma infância mais normal. A maioria das crianças imortais são criadas sozinhas ao longo dos anos sem irmãos ou irmãs de sua idade para socializar. Ele esteve tentando convencer os imortais sobre o ensino e outras áreas similares para que se mudem para Port Henry e que nossos filhos possam ir à escola com outros como eles e tenham amigos, ir aos bailes, etc.


-Onde fica Port Henry? -perguntou Paul interessado.

-No lago Erie, a pouco menos de uma hora do outro lado de Londres onde morávamos- respondeu Jeanne Louise, perguntando-se se Paul quereria viver ali por Livy. Isso significaria renunciar a seu cargo nas Empresas Argeneau. Renunciar a tentar resolver o problema de seu tio e seu primo no referente a sua alimentação de sangue empacotado no qual esteve trabalhando durante tanto tempo para resolver. Ou não, pensou de repente. Depois de tudo, tio Víctor, seu tio, que tinha a anomalia genética, encontrava-se em Port Henry. Podia ser útil tê-lo a mão para testar coisas nele. Paul até poderia continuar seu trabalho ali se configurassem um laboratório para os dois. -Aqui estamos. Marguerite se deteve na metade do caminho pelo corredor e abriu uma porta, depois fez um gesto para que entrassem. Ela os seguiu até o quarto bastante azul com uma cama king size e sala de estar, e disse, -Esta porta conduz ao banheiro da suíte. Seguiram-na, olhando o quarto enquanto cruzavam o banheiro branco e azul a outra porta. -E esta nos leva ao quarto de Livy- anunciou ela, abrindo a porta e levando-os a um quarto cor de rosa com duas camas. Voltando-se à medida que a seguia, sorriu a Livy e lhe perguntou, -O que acha? -Tenho duas camas- disse Livy com temor ao entrar no quarto, e depois pôs Boomer no chão e se voltou para seu pai. Agarrando suas mãos, ela as apertou com entusiasmo e lhe suplicou, -Posso trazer Shelly para dormir? Podemos ter cada uma nossa própria cama e tudo. -Querida, acredito que está apertando muito a mão de seu papai- disse Jeanne Louise,


capturando a expressão doída de Paul. -Livy, por que não vamos dar uma volta com Boomer lá fora? - sugeriu Marguerite. É provável que queira correr ao redor do pátio agora, não acha? Livy olhou para ela, soltou a mão de Paul e correu para a mulher, detendo-se para recolher ao Boomer de novo no caminho. -Obrigada- murmurou Jeanne Louise quando sua tia pegou a mão de Livy entre as suas e a tirou do quarto. Depois se voltou para olhar a mão de Paul, franzindo o cenho quando viu a forma em que estava inchando. A menina não sabia de sua própria força ainda. -Será melhor pôr um pouco de gelo nisso. -Está tudo bem- disse Paul, afastando sua mão da dela. -Ela quer ter uma festa de pijamas. -Paul, realmente deveríamos colocar gelo em sua mão- disse Jeanne Louise com o cenho franzido. -Não pode ter uma festa de pijamas, Jeanie. Shelly é mortal. Livy poderia ter fome de noite e se alimentar da pobre menina. Jeanne Louise deixou sua mão no momento e olhou seu rosto.

-Paul, não fará isso. Não fez quando foi atrás de Kirsten. Não vai correr por aí atacando às pessoas. Terá acesso ao sangue embolsado quando estiver com fome. Não irá atrás de outras crianças. -Como pode ter certeza? - perguntou com o cenho franzido.

-Porque sabe que é errado- disse em voz baixa.


Suspirando, Paul assentiu com a cabeça e passou a mão boa pelo cabelo.

-Bem. Obrigado.

Jeanne Louise assentiu, depois suspirou e disse, -Mas tem razão. Não pode trazer mais de um mortal para dormir em casa. Podem ver algo que não deveriam. -Certo- disse ele com cansaço e se estremeceu quando passou sem pensar sua mão machucada por seu cabelo esta vez. -Vamos- disse Jeanne Louise com firmeza. -Vamos pôr gelo em sua mão.

-Está tudo bem. Não se preocupe- disse Paul, mas lhe permitiu arrastá-lo para fora do quarto.

Capítulo 16

Paul se virou na cama, tentando alcançar Jeanne Louise, e piscou abrindo os olhos quando a única coisa que encontrou foi uma cama vazia. Fria e vazia cama. Franzindo o cenho, sentou-se e olhou a seu redor. O quarto estava em silêncio, sem Jeanne Louise. Agarrando seu relógio do criado mudo olhou a hora, fazendo uma careta quando viu que eram pouco mais que duas da tarde. Jeanne Louise não deveria estar de pé ainda. Reprimindo um bocejo, deslizou fora da cama e se dirigiu ao banheiro para uma ducha. Vinte minutos mais tarde, Paul tinha tomado banho, se vestido e escovado os dentes e o cabelo. Sentindo-se um pouco vivo agora, foi para o quarto dele e Jeanne Louise,


fazendo uma pausa para olhar Livy ao passar.

-Hmm- murmurou quando notou que sua filha havia se levantado e também se foi. As duas garotas madrugaram esta manhã. Encolhendo-se de ombros, Paul fechou a porta e seguiu para o andar de baixo. Deu uma olhada em cada cômodo enquanto se dirigia à cozinha em busca de café, fazendo uma pausa quando viu todos os homens da casa congregados em torno de algo na sala de estar. -O que foi? -perguntou Paul, entrando na sala.

-A televisão não funciona e há uma grande partida em quinze minutos- disse Julius com irritação. -Grande partida? -perguntou Paul, cruzando a sala para se unir a eles. -Futebol- disse Christian, franzindo o cenho enquanto apertava botões no controle remoto, vendo-se tela atrás de tela de estática. -A Itália está jogando. -Hmm. Paul olhou do controle remoto para a tela da televisão, então disse, -Pensei que dormiam durante o dia. -A Itália está jogando- repetiu Christian. -Certo- disse Paul com diversão. Ao que parece, o futebol prevalecia sobre o sono. Sabem onde estão Jeanne Louise e Livy? -Foram às compras com Marguerite e Carolyn- respondeu Christian e depois deu ao controle remoto uma irritada sacudida. -Maldita coisa. -Me deixe ver- disse Paul, tomando o controle remoto. Todos os homens se voltaram


para ele com espera enquanto punha o menu e depois algumas opções a mais antes de selecionar "Sinal de vista". -Huh. -O que é? -perguntou Julius. -Bom, o sinal é muito baixo, parece que a antena do satélite está desalinhadaexplicou. -Tivemos uma tormenta ontem à noite, os ventos fortes provavelmente a moveram ou algo assim. Christian se queixou.

-Nunca teremos a um técnico aqui antes de que comece a partida. -Não precisam de um técnico- assegurou Paul, lhe devolvendo o controle remoto. -Há um par de parafusos que direcionam as posições, isso é tudo, para acima e para abaixo e de um lado e de outro. Posso ajustá-lo. Onde está a antena do satélite? -No teto- disse Julius com o cenho franzido. -Eu farei isso- anunciou Bricker, girando para sair da habitação. -Não pode ir lá fora- disse Paul, agarrando seu braço para detê-lo. -Está ensolarado. Além disso, sei o que estou fazendo. Dando-a volta perguntou, -Tem uma escada, Julius? Subirei e… -Eu não preciso de uma escada- disse Bricker, liberando-se e saindo da sala. Franzindo o cenho, Paul se apressou a segui-lo pelo corredor.

-Bricker. Está ensolarado lá fora. Eu o posso fazer isso sem sofrer nenhum dano. Você não pode.


-Jeanne Louise já está zangada comigo por causa de Livy. Nunca me perdoaria se algo te acontecesse- disse o guarda-costas com gravidade. -Eu farei isso. -Deixe que ele- disse Julius, quando Paul abriu sua boca para discutir. -Pode saltar lá em cima, ajustar a antena do satélite e depois saltar para baixo. Não lhe levará nem um minuto. -Sim, mas eu também posso fazer- disse Paul irritado. -Posso precisar de uma escada, mas pelo menos sei o que estou fazendo. -É verdade, mas ele sobreviverá se cair do teto. Você talvez não- disse Julius com calma, depois aplaudiu suas costas. -Venha, pode me ajudar a pegar cerveja e aperitivos. Paul franziu o cenho.

-Pegar os sanduíches? É claro. Sou mortal. Recomendável só para o trabalho das mulheres, não é? Seu anfitrião se deteve e se voltou para trás, arqueando as sobrancelhas.

-Pareço uma mulher paa você?

Suspirando, Paul relaxou e fez uma careta.

-Não. É obvio que não. -Bom. Então venha me ajudar. Julius se girou e continuou pelo corredor e Paul a contra gosto seguiu o imortal mais velho à cozinha. Irritava-lhe ainda que não lhe deixassem subir no teto. Era mortal, não incapacitado.


-Nós sabemos- disse Julius brandamente, pegando umas tigelas do móvel, e depois indo à despensa em busca de uma variedade de batatas fritas. -Mas não vamos correr riscos com você. É o companheiro de vida do Jeanne Louise. -Sim- murmurou Paul, e depois exalou um suspiro. -Então onde está a cerveja? Vou procurá-la. -Já peguei. Ponha as batatas nas tigelas e pegue os aperitivos da geladeira- disse Julius, lhe lançando as batatas e depois se movendo para a garagem. Com a boca endurecida, Paul abriu um dos sacos de batatas e colocou seu conteúdo em uma das tigelas, depois fez o mesmo com as demais. Parecia que para estes homens até ir procurar cerveja era muito exigente para um mortal. Rodando os olhos, dirigiu-se à geladeira em busca dos aperitivos. Paul nunca tinha gostado muito do esporte, mas ali não havia nada melhor para fazer, e supôs que era uma forma de se vincular com o tio de Jeanne Louise e seu primo.

-E sei como fazer um toalha de mesa de cachorro também. Mostrarei para vocêanunciou Livy a uma aparentemente cativada Carolyn, que acabava de ficar de lado no assento do passageiro para escutar o bate-papo feliz de Livy. Agora a garota se virou para Jeanne Louise, que estava sentada no assento traseiro junto a ela e lhe perguntou, -Quando podemos ir à praia outra vez, Jeanie?


-Não por um momento, querida- disse Jeanne Louise desculpando-se. -Tem que treinar um pouco mais antes que possamos fazer coisas como essas. E quando formos, terá que ser de noite. Tem que permanecer fora do sol a partir de agora, lembra? -OH, certo, porque sou um vampiro como nesse filme com as vacas voando-anunciou Livy com um sorriso. Jeanne Louise olhou rapidamente a Marguerite no assento do condutor, capturando sua careta de dor na palavra com "V". -Vacas voando? - perguntou Carolyn com confusão. -Sim, porque também eram vampiros do menino vampiro e sua família que se alimentava delas- explicou Livy. A explicação não eliminava a confusão do rosto de Carolyn. Jeanne Louise não entendia muito mais, mas supôs que era um filme que a menina tinha visto. -Aqui estamos- anunciou Marguerite, que pôs fim à discussão das vacas que voam e dos vampiros. Jeanne Louise olhou a seu redor para ver que estavam no caminho de entrada. Marguerite apertou o botão para abrir a porta da garagem, e depois foi para dentro e longe do sol. -Espere a porta da garagem se fechar querida- disse Jeanne Louise quando Livy agarrou a maçaneta da porta em seu lado. -OH, certo, porque não posso sair ao sol nunca mais. Sou agérgica a ele- disse a garota, sentando-se com impaciência.


-Alérgica- corrigiu Jeanne Louise, girando-se para olhar o progresso da porta da garagem. Não era alérgica, é obvio, não mais que qualquer um deles, mas era a explicação mais fácil e Livy poderia explicar assim aos mortais se o tema surgisse. -Está bem- anunciou Marguerite quando a porta terminou de fechar. Em seguida, apertou o botão para abrir o porta-malas, enquanto todos saíam. -Voltou.

Jeanne Louise olhou para a porta da cozinha, enquanto Paul saía para se reunir com elas. -Papai, fomos às compras e Jeanne Louise me deixou comprar sorvete e chocolate para a sobremesa- anunciou alegremente, jogando-se em suas pernas e abraçando-o fortemente. Jeanne Louise caminhou ao redor do carro, mordendo o lábio com ar de culpabilidade sob as sobrancelhas arqueadas do Paul. -Ela foi tão boazinha que a sobremesa parecia adequada.

-Uh-huh- disse Paul secamente, abraçando-a e beijando-a com rapidez quando chegou a seu lado. Continuando, deixou passar o assunto, e disse, —Vocês duas levantaram cedo. -Escutei Livy levantar e fui a seu quarto para ver como estava- disse Jeanne Louise com um encolhimento de ombros enquanto escapava de seus braços para voltar para o porta-malas, onde Carolyn e Marguerite estavam levando as comidas. Unindo-se a elas, olhou para o que ficava. As duas mulheres tinham reunido todas as sacolas, deixando um grande pacote de papel higiênico, uma garrafa grande de água para a


geladeira e quatro caixas de refrescos. -Livy, pode levar isto? - perguntou Jeanne Louise, levantando a garrafa de água de vinte galões. -Sim- disse a menina alegremente, pegando-a. -Livy, querida, deixe o papai levar isso- disse Paul com o cenho franzido, movendose rapidamente para frente. -Está tudo bem, papai. Não pesa nada- disse Livy balançando a garrafa de mão em mão enquanto saltava por diante dele à porta da cozinha. -Jesus- murmurou Paul, afastando-se em direção ao carro. -É forte agora, Paul- disse Jeanne Louise com diversão, lhe lançando o pacote grande de papel higiênico e depois girando-se para levantar as quatro caixas de refrescos. As apoiando em seu quadril, fechou o porta-malas e voltou a pegar as caixas com as duas mãos. Indo para a cozinha perguntou, -O que fez hoje? Quando ele não respondeu, ela se deteve e olhou para trás em pergunta. Paul seguia de pé junto ao porta-malas, o pacote de papel apertado entre suas mãos. -O que foi? - perguntou, e quando a preocupação se deslizou através dela ao notar sua palidez, adicionou, -Não se sente bem? -Estou bem- disse ele em voz baixa, movendo-se ao redor do carro para segui-la. Jeanne Louise hesitou, mas depois continuou para a cozinha. Deixou os refrescos na mesa e depois olhou bem a tempo para ver o Paul deixar o papel higiênico sobre a mesa em sua saída da cozinha. Ela franziu o cenho atrás dele.


-Às compras outra vez? Este é o segundo dia seguido. Vou começar a pensar que é uma viciada em compras. Jeanne Louise se estremeceu com essa saudação de Paul ao entrar na cozinha com um par de sacolas na mão. Ela sorriu quando o viu sentado na mesa da cozinha. -Acho que os viciados nas compras em geral compram roupa, sapatos, jóias e outras coisas. Não cenouras e tomates- assinalou ela com diversão, e depois explicou, -Tia Marguerite me pediu que fizesse meu famoso 'Smokin Hot Chili' para o jantar. Ela e Julius falaram sobre ele com Nicholas e Carolyn durante um tempo e querem que o provem. Concordei antes de perceber que não tinha tudo o que precisava para isso. -'Smokin Hot Chili, hein? -perguntou Paul com diversão, parando para se unir a ela e deslizar seus braços ao redor de sua cintura. -Feito por uma Smokin Hot mulher. -Mmmm, é adulador- murmurou Jeanne Louise justo antes que ele se inclinasse para beijá-la. -Jeanie, meu estômago dói. Jeanne Louise e Paul se separaram ante a queixa de Livy e ambos se giraram para a garota quando ela fez uma pausa na porta da cozinha, esfregando o estômago com tristeza. -Onde dói, coração? - perguntou Paul, alcançando-a primeiro e pegando-a em seus braços. -Minha barriga- disse Livy tristemente, envolvendo seus braços ao redor de seu pescoço.


-Dói como quando tinha gripe, ou é uma forte dor como se alguém te tivesse golpeado? -perguntou Paul com preocupação. -Não está doente, Paul. Não vai voltar a adoecer- recordou-lhe Jeanne Louise brandamente. -Provavelmente precisa se alimentar. -Certo- disse ele com ironia. -Acho que o esqueci. Ela sorriu levemente e levantou as sacolas que ainda levava sobre a mesa. -Sente-se com ela na mesa, porei isto em baixo e lhe conseguir uma bolsa de sangue. -Eu pego- disse Paul, sentando Livy à mesa e lhe dizendo, -Se sentirá melhor assom que tiver um pouco de sangue. Papai pegará para você. Jeanne Louise sorriu levemente e se girou para as sacolas na mesa para começar a esvaziá-las. Pegou os hambúrgueres e se virou para a geladeira, mas quando encontrou Paul inclinado entre a porta aberta, pegando o sangue na prateleira inferior, não pôde resistir a beliscar seu traseiro. Sobressaltado, Paul se ergueu, golpeando sua cabeça contra o congelador enquanto se endireitava. -OH, Deus, sinto muito- disse Jeanne Louise com consternação, lançando o hambúrguer na mesa e se movendo a seu lado. -Me deixe ver como está? -Está tudo bem- disse ele entre risadas. -Apenas bati a cabeça, querida. -Me deixe ver- disse, sentindo-se culpada por haver causado a lesão. Detendo-se diante dele, o fez se inclinar para poder dar uma olhada em sua cabeça. -É apenas uma batida, Jeanie- disse em voz baixa. -Não cortou nem nada.


Jeanne Louise deixou escapar o fôlego em um suspiro e o liberou para que se endireitasse, mas enquanto o fazia ela procurava com seus olhos sinais de uma concussão cerebral. -Estou bem- disse Paul com firmeza, tomando-a pelos braços e afastando-a. -Pare de se preocupar. Mordendo o lábio, Jeanne Louise lhe permitiu empurrá-la brandamente para suas sacolas e então lembrou do hambúrguer e se virou para pegá-lo e por na geladeira. Seu olhar se deslizou a Paul enquanto entregava a Livy a bolsa de sangue. No momento em que a menina pegou a bolsa, ele deu a volta e saiu da cozinha, dizendo que ia tomar uma ducha. Jeanne Louise o viu se afastar e depois olhou de novo a Livy enquanto ela perfurava a bolsa com suas presas. A garota era uma profissional depois de alguns dias. Era uma rápida aprendiz, sem dúvida. Anders e Bricker tinham treinado ela, assim como Marguerite e Julius, e todos diziam que era brilhante e rápida e que aprenderia rapidamente. Já podia retrair suas presas por sua conta, e evitar que saíssem ainda que estivesse com fome, inclusive quando o sangue era agitado sob seu nariz. Imaginavam que seria capaz de ler e controlar mentes antes do que esperavam, talvez antes que começasse a escola em setembro. Não é que Livy fosse à escola. A não ser que se mudassem para Port Henry. Jeanne Louise e Paul não o tinham discutido isso ainda. Só estava aqui há dois dias e tinham tempo de sobra para isso. -Os rapazes estão ensinando Paul a jogar futebol.

Jeanne Louise olhou com surpresa para Carolyn quando entrou na cozinha fazendo esse anúncio. -O que?


Carolyn assentiu e voltou a roubar uma das peças de cenoura que Jeanne Louise acabava de cortar. Seu chili tinha feito tanto sucesso na noite anterior que se ofereceu para fazer o jantar desta noite outra vez. A fazia se sentir como se estivesse contribuindo enquanto eles estavam aqui. -Sério? -perguntou Jeanne Louise. Sabia por conversas que tinha tido com Paul que não lhe importavam muito os esportes. -Sério- assegurou Carolyn. -Acho que é uma coisa de vínculos masculinos. -Espero que os rapazes não sejam muito duros com ele- disse Marguerite com preocupação. -Jeanne Louise, talvez devesse ir lembrar a meu filho que pegue leve com Paul. Não estão acostumados a jogar com os mortais e podem se deixar levar. Assentindo, Jeanne Louise deixou a faca que estava utilizando e se apressou para a porta traseira. -Estão na parte dianteira- disse Carolyn, levando-a. -Obrigada- disse Jeanne Louise, dando a volta para o outro lado. Saiu pela porta principal para ver que de fato estavam jogando na grama em frente da casa. Supôs que era para evitar pisotear Boomer e Livy, que estavam correndo no pátio traseiro enquanto Marguerite os observava da mesa da cozinha. Era tarde da noite, depois das nove. O sol já não era visível, mas o céu continuava brilhando com a luz e o ar ainda estava quente e abafadiço. Jeanne Louise desceu o primeiro degrau e cruzou a calçada que passava diante da casa para chegar à grama. Não tinha nenhum desejo de simplesmente gritar a seu primo que tivesse cuidado, suspeitando que envergonharia Paul.


Jeanne Louise se aproximou do lugar onde os homens tinham estabelecido suas redes, vendo o jogo em marcha pelo caminho. Parecia que eram Nicholas, Julius e Paul contra Anders e Bricker. Uma divisão injusta já que era desigual, ou teria sido se Paul fosse imortal, mas não era e estava tendo problemas para se manter junto com outros. Definitivamente eles não iam facilitar porque fosse mortal. Os outros foram correndo para a rede, Christian no controle da bola, chutando-a para frente enquanto corria. Julius estava a seu lado direito no mesmo ritmo e Bricker e Anders se aproximavam rapidamente, enquanto que Paul ficava atrás. E então Anders correu repentinamente para frente e conseguiu tirar a bola com um pé, enviando-a voando para o lado de Bricker. O jovem imortal deu um salto e a deteve com sua cabeça, e depois virou quando a teve sob controle de novo e começou a chutá-la para o outro lado, em direção à outra rede. Paul estava entre ele e a rede em questão, e tentou detê-lo, saltando em seu caminho e tentando chutar a bola para o outro lado, mas tudo saiu errado de algum jeito. Paul calculou mal onde precisava estar e Bricker se chocou com ele. Jeanne Louise ouviu o golpe seco de suas cabeças fazendo contato de onde estava e lançou um grito de alarme. Ela se pôs a correr enquanto Paul começava a cair. Os homens estavam todos ao redor de Paul quando ela chegou a ele. Jeanne Louise se empurrou entre Anders e Bricker para cair a seu lado, o medo aferrando-se a sua garganta quando viu o sangue. Paul se sentou no chão, colocou a cabeça para trás e o polegar e o índice apertando a ponte de seu nariz, tentando parar o sangramento. -Está bem? -perguntou ela com alarme. -Estou bem. Só um nariz ensanguentado- murmurou Paul. -Parece que quebrou- disse Jeanne Louise com ansiedade.


-Não quebrou, Jeanie- disse ele em voz baixa. -Estou bem. -Mas parece quebrado, e se estiver, pode infeccionar e… -Maldição, Jeanie- espetou. Ela se sentou sobre suas pernas com surpresa ante a dura resposta.

Fazendo uma careta, Paul negou com a cabeça e disse com mais calma, -Não está quebrado. Estou bem. Pare de se preocupar. -É claro- disse Jeanne Louise rigidamente e se levantou. -Jeanie- disse ele em um suspiro quando ela começou a se afastar para a casa, onde Carolyn estava na porta observando. Jeanie só seguiu seu caminho. Depois que ouviu Christian murmurando, -Vamos ter mais cuidado com ele, Jeanie. Sinto muito. -Está bem? -perguntou Carolyn com preocupação quando Jeanne Louise chegou ao degrau da entrada. -Sim- disse Jeanne Louise tranquilamente, e continuou para casa para voltar a cortar as verduras. Nem sequer olharia pela janela para ver e se assegurar que ele não se machucasse outra vez, prometeu-se Jeanne Louise. E tentaria duramente esquecer que estava ali fora golpeando sua cabeça contra imortais que aparentemente tinham madeira entre as orelhas, decidiu sombriamente. Jeanne Louise tinha terminado de cortar as verduras, tinha as colocado no caldo de carne em uma panela e tinha agitado o começo de seu guisado quando o som da abertura da porta captou seu ouvido. Levantou o olhar, mas depois baixou a cabeça


de novo rapidamente quando viu que se tratava de Paul.

-Hey Paul- saudou Carolyn à ligeira. -Quem está ganhando? -O outro lado- murmurou Paul, pegando um copo do armário e movendo-se ao bebedor. Pôs o copo no aparelho e pressionou o botão, então o pegou e bebeu a metade antes de olhar a Jeanne Louise e só disse, - garrafão deve ser trocado. Onde Marguerite guarda os reservas? Jeanne Louise hesitou, e depois deixou a colher e se dirigiu para a porta da despensa.

-Vou pegar.

-Não estava pedindo que o pegasse. EU posso pegá-lo. Só me diga onde está- disse Paul bruscamente, seguindo-a. -Não é nenhum problema- disse Jeanne Louise sombriamente, puxando a porta e entrando na garagem. -Apenas volte para sua partida. Eu trocarei o garrafão. -Maldição, Jeanie! Parou abruptamente com o grito e depois se girou lentamente enquanto Paul entrava na pequena despensa e fechava a porta. Suspirando, apoiou-se contra a porta e fechou os olhos antes de dizer com cansaço, -Jeanie, não posso fazer isto. -Fazer o que? -perguntou ela com cautela.

Ele abriu os olhos e disse solenemente, -Não posso aguentar que me trate como uma criança. Jeanne Louise franziu o cenho e depois forçou uma risada nervosa e se colocou


diante dele, suas mãos deslizando-se por cima de seu peito e indo um pouco mais abaixo à deriva para embalá-lo através de sua calça jeans enquanto se inclinava a mordiscar sua orelha e sussurrar, -Dificilmente o trato como uma criança, Paul. -Não na cama- disse com gravidade, capturando suas mãos e as colocando a suas costas. -Essa é o único lugar que não me trata como uma criança. Jeanne Louise o olhou com incerteza.

-Não entendo. Quando te trato como uma criança?

-O garrafão de água- disse em voz baixa. Ela encolheu os ombros com tristeza. -Eu só estava tentando ajudar. São pesados e… -Para mim- interrompeu Paul. -Mas não são para você ou para Livy- disse com cansaço. -Mas não são tão pesados que eu não possa carregar. -Suspirando, passou uma mão pelo cabelo. -É superprotetora comigo, Jeanie. Não quer que faça algo perigoso ou leve objetos pesados. Suspeito que se eu deixar, você me envolveria em algodão e me manteria na casa todo o tempo. -Eu só... Quando Jeanne Louise se deteve sem poder fazer nada, ele tomou em seus braços e a abraçou com força. -Já é bastante ruim que seu tio e os outros homens me tratem como uma garota, mas não posso aguentar que você o faça também- disse Paul com voz dolorida. Jeanne Louise hesitou, e depois o rodeou com seus braços.


-Estamos preocupados com você, Paul. -Eu sei- disse com tristeza. -E por que não seria assim? Sou o mais fraco aqui. O frágil. E todos vocês são mais fortes, mais rápidos e mais inteligentes que eu. -Podemos ser mais fortes e mais rápidos, mas não somos mais inteligentes- disse Jeanne Louise, tentando se separar. -É inteligente, Paul. -Então, por que não vejo isso como seu tio e seu pai?—perguntou ele em voz baixa,

Deixando que ela se retirasse finalmente. -Por que vejo que não funcionamos desta maneira? -Podemos funcionar- disse ela, o desespero entrando em sua voz. -Não, não podemos- disse Paul solenemente. -Não podemos. Porque estou te pedindo que faça o que eu não pude. Jeanne Louise sacudiu a cabeça com confusão. -Eu não…


-Estou te pedindo que me veja morrer- disse ele solenemente. -Jeanie, você me trata exatamente como eu tratei Livy quando soube do tumor, inclusive antes que ela ficasse magra e fraca. Está preocupada e protetora. Vai ter que me ver morrer como eu estava vendo Livy morrer, só que vai me cuidar e se preocupar durante décadas em vez de meses. E não tem esperança de me salvar. -Ele deixou escapar o fôlego em um suspiro, e depois disse, -Fui bastante egoísta ao estar disposto a te deixar sofrer pela preocupação e na miséria. Queria isso apesar de que sabia que ia te machucar todos os dias ao me ver envelhecer, murchar e morrer. E provavelmente ainda seria o suficientemente egoísta para te fazer isso... à exceção de quão débil e inútil me faz sentir. -Tentarei não te fazer sentir débil e inútil- disse Jeanne Louise em voz baixa e quando ele começou a negar com a cabeça, ela disse com mais força ainda, -Farei. Não estava pensando em como se sentia. Deixarei você ser um homem, Paul. Não estou dizendo que não me preocuparei, mas tentarei pensar antes de falar, e permitirei que carregue coisas pesadas e não vou tentar impedir que faça coisas que é perfeitamente capaz de fazer. -Mas ninguém mais o fará- assinalou ele com suavidade. -Ainda me trataram como o mais fraco em comparação com eles. -Então iremos embora- disse. -Vamos para sua casa. Posso treinar Livy sozinha.

-Nos deixarão ir ? -perguntou Paul com incerteza. -Vão ter que deixar- respondeu ela com firmeza. Paul a olhou com incerteza, e depois assentiu e a apertou contra seu peito para lhe dar um abraço, e Jeanne Louise deixou escapar o fôlego em um suspiro. Mas estava preocupada. Só a idéia de lhe perder a tinha exposto a tal pânico... e passava por isso. Poderia ter sorte e ele viveria até os oitenta. Podia ter quarenta anos com ele. Mas


isso era apenas um batimento de coração para sua gente. Ela tinha cento e dois anos de idade, quase cento e três. Só um bebê para sua gente. Poderia viver até os mil, dois mil, até três mil anos de idade. Seu tempo com ele seria um mero buraco em sua vida, e depois passaria o resto de seus anos sozinha, vivendo em suas lembranças. Isso poderia quebrá-la.

Capítulo 17

-Você parece a vontade aí.

Jeanne Louise abriu seus olhos e sorriu enquanto Paul se colocava do outro lado da grande banheira de hidromassagem e se inclinava para pegar um punhado de bolhas que a rodeavam. Tinham deixado a casa de Marguerite há três dias. Ninguém tinha tentado detê-los. Todos pareceram entender, e até agora não tinham tido notícias do tio Lucian, embora seguramente as teria muito em breve. Jeanne Louise esperava que Bricker e Anders tivessem que ir com eles, mas não tinham feito isso. Em vez disso, tinham voltado para a casa dos Executores, deixando ela, Paul e Livy partir por sua conta. Jeanne Louise suspeitava que podia agradecer a sua tia por isso. Marguerite tinha algo com tio Lucian. Até agora as coisas iam bem. Jeanne Louise tinha conseguido se forçar a não se preocupar tanto, nem tomar medidas drásticas contra o impulso de intervir e levar as coisas pesadas, ou se preocupar... ao menos em voz alta. Mas tinha sido difícil, muito mais difícil do que tinha esperado, reconheceu Jeanne Louise. -Livy dormiu sem nenhum problema? -perguntou.


-Dormiu como um anjo- disse Paul com diversão, e depois assinalou com sua mão para ela e soprou as borbulhas da palma de sua mão, enviando-as flutuando. Ela se pôs a rir quando aterrissaram sobre sua bochecha e flutuaram para baixo para se unir às demais ao redor de seu seio. -Esta é uma banheira grande- indicou Jeanne Louise brandamente.

-Bastante grande para dois. Paul concordou com um sorriso.

-Então porque não se une a mim.

Paul sorriu.

-Você somente quer me ver nu.

-Maldição, certo- assegurou ela e arqueou uma sobrancelha.

-Então. Vai fazer isso?

Rindo, ficou de pé e se dirigiu à porta, dizendo, -Não. Pode ser que ambos nos afogássemos na banheira quando desmaiássemos, ou ao menos eu me afogariaacrescentou Paul ironicamente. -Além disso, tomei banho antes de fazer o jantar, lembra? Acho que irei acender o fogo da lareira do quarto e te esperarei. Dando uma olhada sobre seu ombro, ele acrescentou, -Não demore muito. Poderia dormir esperando. -Levarei isso em conta enquanto ensabôo cada centímetro de meu corpo aqui sozinha- brincou Jeanne Louise com uma careta triste.


-Não se esqueça de se enxaguar. O sabão não tem um gosto bom e penso em lamber cada centímetro de você quando sair- brincou ele de volta. -Pode tentar- disse Jeanne Louise soltando uma gargalhada. Que vida, maldição, meu companheiro de prazer compartilhado fazendo semelhantes esforços impossíveis a estas altura do campeonato. -Tenho a intenção- assegurou Paul. -E continuarei tentando até conseguir. Isto poderia levar uma década ou duas, mas… Ele se encolheu de ombros. -Me divertirei tentando. Jeanne Louise soltou um risinho ante a afirmação e recolheu o sabão e a bucha, agora impaciente para se enxaguar e sair do banho. Paul assobiava entre dentes enquanto abria a proteção da lareira. Dando volta ao tronco de madeira com o atiçador, inclinou-se para empilhar mais dois, mas então fez uma pausa quando viu que só havia um. Então nem se incomodou pelo fogo. Era verão, o ar condicionado estava ligado, pelo amor de Deus. Realmente não precisavam de uma lareira. Isso apenas parecia um lindo gesto romântico, uma garrafa de vinho, uma lareira, música suave... Isso sim, o ar condicionado era bom quando se estava vestido, mas poderia fazer um pouco de frio quando estavam nus e suados. Paul se deslocou brevemente, depois deu a volta e saiu do quarto. Cortaria alguns troncos e faria um pequeno fogo. Apenas grande o suficiente para impressionar, oferecer iluminação ambiente e tirar o frio. Queria que essa noite fosse especial. As coisas tinham estado um pouco frias e incômodas entre eles desde sua explosão na casa de Marguerite depois de jogar futebol. Paul sabia que Jeanne Louise só tinha estado se preocupando com ele, e havia se sentido mal pelo que havia dito naquela tarde. Era verdade, certamente. Ele realmente às vezes se sentia como o fraco na


relação. Mas nesse momento ele realmente era, fisicamente, e sabia. Infelizmente, seus mimos e preocupação somente fizeram isso pior, mas Paul sabia que ela o mimava e se preocupava porque se importava. Eles resolveriam isso. Tinham que resolver. Com o cenho franzido ante o desespero de seus próprios pensamentos, ele trotou ligeiramente pelas escadas e se dirigiu pelo corredor à cozinha. Boomer se levantou imediatamente de seu lugar na porta de atrás, balançou a cauda e choramingou. -Quer sair um momento? - perguntou Paul para o cão enquanto se detinha no armário da cozinha para pegar o pequeno machado que guardava no interior. Tomando o frenético balançar de cauda e os latidos do cachorro como um sim, Paul sorriu e fechou a porta do armário, depois conduziu o animal à porta de atrás, lhe advertindo, -Esta é apenas uma corrida curta, amigo. Partirei algumas lenhss e depois voltarei para dentro esteja preparado ou não, então faça o que tiver que fazer rápido. Boomer irrompeu fora da porta antes de que ele a abrisse totalmente.

Rindo entre dentes, Paul o seguiu e depois se moveu à esquerda para o enorme toco de árvore com vários troncos colocados ao lado. Eram os restos de uma árvore que uma tempestade de inverno tinha derrubado seis meses antes. Por sorte, estes tinham caído longe da casa ou Paul teria tido o começo de um jardim botânico em sua cozinha. Fazendo uma careta ante o pensamento, recolheu um dos troncos, colocou-o sobre o toco, e começou a trabalhar. Tinha partido um na metade e tinha colocado a outra metade sobre o toco, segurando-o verticalmente com sua mão esquerda balançando o pequeno machado com a direita quando Boomer o pegou de surpresa saltando sobre ele do nada.


A ação o assustou, sacudindo seu corpo e postergando seu objetivo. O machado tinha atravessado debaixo de seu polegar e se afundou na madeira antes de que ele registrasse o que tinha acontecido. A dor começou em um batimento de coração mais tarde, golpeando através dele como um martelo enquanto o sangue começava a sair. Amaldiçoando, ele deslizou sua mão ao redor do machado e a apertou em seu peito com sua outra mão, sustentando-a instintivamente enquanto se apressava para a casa. Jeanne Louise entrou no quarto e deixou cair a toalha com a qual tinha se envolvido, depois piscou e olhou com surpresa. Paul não estava ali. -Bem, diabos- resmungou ela, agachando-se para pegar sua toalha e envolvê-la a seu redor outra vez. Tanto de uma magnífica entrada para nada, pensou ironicamente. Ele provavelmente tinha ido pegar o vinho ou algo, pensou, movendo-se mais adiante no quarto, fez uma pausa quando viu a proteção aberta diante da lareira. Seu olhar se deslizou ao solitário tronco e ao suporte de lenha, depois se deu a volta e cruzou o quarto até as portas corrediças de cristal para olhar atentamente para fora. Efetivamente, ele estava ali, cortando lenha, ela o viu, depois deu uma olhada para o lado quando notou Boomer correndo para ele. Viu o que acontecia, mas não o viu chegar. Boomer correndo emocionado para Paul, lançando-se avidamente e firmando suas patas sobre sua perna. Paul olhando ao redor com um começo meio oscilante, seu braço indo um pouco selvagem e depois olhando bruscamente para trás ao que estava fazendo quando o machado aterrissou. Durante um segundo ele não se moveu e ela não estava segura se tudo estava bem ou não, mas então ele liberou o machado, levantou sua mão sangrando e a segurou contra seu peito enquanto corria para casa. Com o coração na garganta, Jeanne Louise saiu correndo do quarto e se precipitou escada abaixo, chegando à cozinha quando ele alcançou a pia e abriu a torneira. Seu olhar se deslizou sobre o rastro de sangue da porta de trás, depois agarrou um pano de cozinha e se lançou a seu lado.


-Me deixe ver.

-Estou bem- murmurou Paul, segurando sua mão sob a água. -Não alcançou o osso. Somente cortou um pouco em meu polegar. -Está sangrando muito, Paul. Me deixe ver- insistiu ela, não disposta a ter um não como resposta. -Estou bem, Jeanie- disse ele com gravidade, mas a deixou tirar sua mão de debaixo da água e examinar a ferida. -Não está bem, precisa de sutura- disse firmemente, estremecendo-se quando pegou a ferida aberta. Jesus, tinha desviado do osso, mas por um fio de cabelo. E estava sangrando muito. Ela envolveu o pano ao redor da ferida e a atou fortemente, ignorando a forma em que ele conteve o fôlego pela dor. Ela tinha que parar a hemorragia. -Tem que ir ao hospital. -Sim. Ele suspirou. -Pode olhar Livy enquanto eu…

-Não vai dirigir até o hospital com uma mão. Sobre tudo, não depois de ter perdido tanto sangue. Poderia desmaiar. -Aí está, preocupando-se outra vez- disse ele com a irritação.

Jeanne Louise apertou os dentes.

-Sente-se- disse firmemente. -Vou me vestir, pegarei Livy e iremos até o hospital.

Ela o acompanhou até uma cadeira na mesa, viu-o sentado e depois saiu correndo da cozinha, usando a velocidade imortal em lugar da velocidade mais lenta e mais


mortal que tentavam incorporar em torno dos mortais. Jeanne Louise estava de volta no quarto, vestindo a roupa antes que a maioria dos mortais tivessem alcançado a escada. Não se preocupou muito sobre o que vestiu, apenas agarrou a roupa que estava usando antes e a vestiu, pegou as chaves do carro no criado mudo, depois entrou precipitadamente no quarto de Livy e a levantou, deslizando-se em seus pensamentos para mantê-la dormindo como estava. Pouco depois estava de volta na cozinha, levando Livy para a garagem, consciente de que Paul a estava observando. Jeanne Louise colocou à menina no assento traseiro, fechou o cinto de segurança, endireitou-se e fechou a porta, depois girou para Paul e lhe ofereceu uma mão estabilizando-o enquanto ele fazia seu caminho cambaleante ao assento dianteiro do passageiro. Ele não protestou por sua ajuda. Não é que teria se importado se o fizesse neste ponto. Ele estava ziguezagueando como um marinheiro bêbado, com o pano de cozinha envolto ao redor de sua mão empapado de sangue. O colocou no assento, pôs o cinto de segurança rapidamente, depois fechou de repente a porta e correu para o lado do motorista. Jeanne Louise acionou o controle para abrir a porta da garagem antes que estivesse completamente sentada. Só então fechou a porta e colocou seu cinto de segurança. Quando ligou o motor, a porta estava aberta e ela simplesmente saiu. Os dois estavam em silêncio enquanto ela dirigia para o hospital.

Jeanne Louise mordeu novamente sua preocupação quando seu olhar se dirigiu com inquietação da estrada para o pálido rosto de Paul. Ele ainda sangrava, o líquido vermelho agora gotejava do pano em seu colo. Ela o viu e dirigiu mais rápido, com seus lábios enviando uma reza silenciosa para que não sangrasse até morrer, antes que chegasse com ele ao hospital. Jeanne Louise se deteve na entrada de emergencias, fechou com uma portada o carro


no estacionamento, saltou apressadamente e abriu sua porta. O fato de que ele ainda estivesse sentado ali parecendo um pouco aturdido e confuso em vez de abrir a porta e sair ele mesmo não era um bom sinal, pensou enquanto o guiava fora do veículo. Fechando de repente a porta, ela hesitou brevemente, mas então abriu a porta do assento traseiro e rapidamente desabotoou o cinto de segurança e tirou Livy. Nunca se perdoaria se alguém tentasse levar a pequena. As possibilidades eram que o atacante terminasse sendo um caos sangrento no assento de atrás agora que era uma imortal, mas Jeanne Louise não queria que Livy tivesse que passar por isso. Pondo-a em um braço, usou a outra mão para segurar Paul e avançar para o hospital. Ele arrastava seus pés, apoiando-se fortemente nela. Além disso estava ficando cinza e Jeanne Louise estava seriamente preocupada. -Senhora, você não pode deixar seu carro ali- anunciou um guarda de segurança uniformizado, movendo-se para eles. -As chaves estão no carro. Estacione-o e me traga as chaves- ordenou ela, sabendo que seu carro poderia bloquear o caminho de uma ambulância. O homem deu a volta e saiu do hospital, ajudado em seu caminho por um impulso mental dela. Jeanne Louise então olhou ao redor às pessoas de verde do hospital que estavam disponíveis e tomou o controle do que dizia "Doutor" em seu crachá de identificação. Deslizou na mente do homem e o enviou para fora do cubículo da recepção de vidro fechado e abriu as portas enquanto ela entrava com Paul. -Estava cortando madeira e se cortou com o machado- disse bruscamente enquanto o impulsionava para dentro do pronto socorro. -Perdeu muito sangue. Uma enfermeira correu com uma cadeira de rodas e Jeanne Louise o impulsionou a


ela, depois os seguiu quando giraram ao longo de uma fila de salas de exame.

A enfermeira olhou dela ao doutor; ainda examinando Jeanne Louise, depois disse um pouco nervosa, -Em geral não permitimos ninguém aqui, com exceção dos pacientes. -Mas você fará uma exceção em meu caso- disse Jeanne Louise com gravidade, dividindo agora sua concentração entre o doutor e a enfermeira. -Certamente- disse a enfermeira em tom agradável, dirigindo Paul para dentro da sala e girando-o até a mesa de exame. -Você acha que pode se levantar, senhor? Jeanne Louise sentou Livy em uma cadeira junto a porta, notando que a menina despertava. Ela só podia controlar algumas mentes de uma vez. Suspirando, murmurou com doçura à pequena, depois se virou e se aproximou de Paul. Jeanne Louise o levantou da cadeira de rodas e o pôs sobre a mesa tão facilmente como se ele fosse uma criança, mas ninguém disse nada. Paul estava muito enjoado e débil para notar e ela ainda tinha o controle da enfermeira e do médico. Deixando o médico e a enfermeira com seu trabalho, Jeanne Louise retrocedeu ao lado de Livy e tirou um momento para colocar à menina recém acordada de novo para dormir. Então observou em silêncio enquanto o médico desembrulhava a bandagem e fazia umas perguntas a Paul. Uma delas era que tipo de sangue era o dele. -'O' positivo- respondeu Jeanne Louise por ele quando ele franziu o cenho confuso.

O médico a olhou, mas não perguntou como ela sabia. Ela supôs que suspeitava que ela fosse a esposa de Paul e tinha informação, o que era uma sorte. Jeanne Louise não podia lhe dizer que depois de cem anos de beber sangue começava a reconhecer


e a diferenciar entre os tipos de sangue e já que tinha bebido de Paul vários dias nas últimas semanas, sabia. A enfermeira saiu correndo para trazer o sangue enquanto o médico terminava de desembrulhar a toalha e dava uma olhada na ferida. Estava limpo e costurado quando a enfermeira retornou e começou a estabelecer uma intravenosa com o sangue e uma com um líquido claro que supunha que era água com açúcar ou algo assim para ajudar a repor seus líquidos. Jeanne Louise permaneceu quieta e em silêncio através do acontecido. Seus olhos registrando tudo e seu coração acelerado. -Teve sorte, Mr. Jones- anunciou o médico enquanto terminava a sutura e voltava sua atenção para enfaixar a ferida. -Só trincou o osso metacarpiano de seu dedo polegar, mas conseguiu cortar uma veia também. Alguns minutos a mais e se teria sangrado até morrer. Paul grunhiu ante a notícia. Estava começando a se sentir um pouco melhor, o sangue e os fluidos já estavam fazendo seu trabalho. Jeanne Louise por outro lado se sentia doente. Seu estômago parecia que a estava comendo e se sentia enjoada. Quase o tinha perdido. Por um estúpido acidente. Quantos vezes mais ia ter que passar por isso antes que finalmente o perdesse? Quantos mais apuros no hospital? Quantas febres, resfriados, pneumonias… O corpo mortal era muito frágil em comparação com o imortal. Este não ia ser seu último susto se ficasse com ele. Era o primeiro de muitos, até que finalmente o perdesse. Porque o faria. Uma dessas viagens ao hospital seria a última e estaria sozinha de novo. Não acreditava que pudesse suportar. -Simplesmente deite-se um momento e relaxe- disse o médico, dando tapinhas no


braço do Paul. -Uma vez que as intravenosas terminem, o checaremos de novo e é provável que lhe dê de alta. -Suas chaves.

Jeanne Louise olhou para um o lado para ver o guarda de segurança a seu lado.

Disse-lhe onde tinha estacionado o carro enquanto lhe entregava suas chaves, e depois acrescentou, -Doris da recepção me pediu que lhe dissesse que retorne à recepção e nos dê sua informação pessoal, número de seguro social e tudo. Jeanne Louise se girou para Paul para vê-lo tirar a carteira do bolso de seu jeans com a mão boa. Quando a passou, ela pegou sem fazer nenhum comentário, deu uma olhada em Livy que ainda continuava dormindo e saiu da sala. Enquanto seguia o guarda de segurança até a área de urgências lhe ocorreu que Paul possivelmente queria dirigir ele mesmo ao hospital. Até apostava que lhe incomodou que ela insistisse em dirigir por ele. Se o tivesse feito, provavelmente estaria morto agora. Teria aumentado sua tontura, teria batido e nunca teria chegado à emergênci a tempo. Ela sabia que lhe tinha salvado a vida. Entretanto, Jeanne Louise suspeitava que não a agradeceria. Era outro exemplo das queixa, de mimos e de não deixá-lo "ser um homem". -Um homem mortal- murmurou em voz baixa. O problema não era que ele era um homem, mas sim era mortal. Ia perdê-lo, gritou sua mente. Se não hoje, então em algum lugar do caminho e a pequena viagem de pânico de hoje teria sido a primeira de muitas. Por que? Porque ele estava decidido a demonstrar que não era débil e então correria riscos estúpidos. Não é que ela pensasse que o acidente de hoje tivesse sido um esforço de sua parte por demonstrar sua dignidade. Entretanto, insistiria em levantar coisas que eram


muito pesadas só para demonstrar que era forte, e se o fizesse…

Jeanne Louise se interrompeu bruscamente ao perceber o que estava fazendo. Estava construindo um caso, desenhando o futuro, dando uma desculpa para ir embora. Não precisava de uma desculpa. Simplemente já estava decidido, que ele já estava perdido para ela. Era só uma questão de 'quando' e 'como' realmente ele iria. Ela não queria parar e esperar para ver o que acontecia. Não podia suportar sustos repetidos como o desta noite. Seu coração não poderia suportar. E só pioraria quando estivesse mais unida a ele, enquanto que ele seguia seu caminho para decepcionar sua vida e seu coração. Tinha que ir embora, se afastar dele, e tentar reconstruir sua vida sem ele. Tinha estado contente, desfrutando do que a vida tinha para lhe oferecer. Certamente poderia voltar a ser dessa maneira outra vez e… E o que? Esperar que outro possível companheiro de vida aparecesse em cena. A menos que ele fosse imortal, nunca poderia ser dela tampouco. Livy adormecida recostou sobre ela, situando seu rosto em seu pescoço, e Jeanne Louise fechou os olhos um instante, vacilando em suas decisões. Não só deixaria Paul, mas Livy também. Tinha chegado a amar a menina tanto como ao pai, e a idéia de deixar os dois rasgava seus intestinos, mas não sabia que outra coisa podia fazer. Ficar a mataria... lentamente. Jeanne Louise suspirou cansada e seguiu até a recepção da emergência, depois abriu a carteira de Paul para encontrar o cartão do seguro social. Abriu-a apenas para revelar uma foto de uma perfeita e bela loira. Jerri, sua esposa. Ainda levava sua foto dois anos e meio depois. Quanto tempo ia levá-la em sua cabeça? Fazendo uma careta, entregou o cartão do seguro social a Doris e respondeu às perguntas o melhor que pôde.


Paul se moveu adormecido, golpeou a mão contra algo e despertou abruptamente. Abrindo os olhos, olhou ao redor da sala e depois se sentou no sofá. Jeanne Louise o tinha deixado ali com uma bolsa de gelo e uma bebida ao retornar do hospital, depois tinha pegado Livy para devolvê-la à cama. Se tinha retornado ou não, não podia dizê-lo. Dormiu pouco depois, esgotado pelos acontecimentos da noite. É obvio, os analgésicos que o médico lhe tinha dado tinham ajudado provavelmente a nocauteá-lo. Esfregando-a o rosto com sua mão boa, escutou brevemente o silêncio na casa, depois se levantou e saiu arrastando os pés pela sala e a cozinha. Parou na porta, entretanto, quando viu o Jeanne Louise sentada na mesa da cozinha, folheando uma revista. -Está acordado. Lhe ofereceu um sorriso tenso enquanto o olhava. Ficou de pé e perguntou, -Tem fome? Fiz toucinho, ovos mexidos, e pão torrado. Há café também. -Parece bom- admitiu.

-Venha se sentar e trago isso para você- sugeriu, agarrando as luvas de cozinha e colocando-as antes de abrir o forno para revelar os mantimentos quentes no interior. Paul se dirigiu à mesa e se sentou.

-Quanto tempo faz que se levantou?

-Não me fui para cama. Caminhante noturno, lembra- disse rapidamnete, colocando a comida na parte superior do forno e pegando um prato para começar a servir uma porção de cada elemento nele. Ela devolveu o resto da comida ao forno e tirou um tempo para lhe buscar um café e um copo de suco também.


Paul observou em silêncio enquanto levava tudo à mesa em uma bandeja. Havia algo errado. Percebia bem. Ela estava muito ferida, seus movimentos eram muito desiguais, e lhe servia como se fosse um inválido. -Coma- disse ela. -Terá que repor seu sangue.

Paul agarrou o garfo que também lhe tinha providenciado e ficou espetando a comida. Parecia e cheirava delicioso, mas lhe preocupava o que estava passando dentro de sua cabeça. -Há…

-Me alegro de que esteja acordado- interrompeu ela. -Não queria ir enquanto você dormia, mas tinha a esperança de chegar em casa antes que o sol ficasse muito forte. -Casa? - perguntou bruscamente, baixando o garfo à mesa de novo. Seu olhar se centrou e ficou nela, notando a forma em que estava evitando olhá-lo. Jeanne Louise hesitou, evadindo seus olhos, mas de repente o olhou nos olhos e suspirou. -Tinha razão. Isto não vai funcionar.

Paul se inclinou para trás em seu assento. Em silêncio. Esperando. -Eu não posso… Se deteve e engoliu em seco, esclareceu a garganta, e depois voltou a tentar. -Amo você, Paul e a Livy também, mas não posso fazer isto. Vou perder você de um modo ou de outro. Seja um acidente estúpido, câncer, ou por um ataque do coração, ou simplesmente pela velhice normal. E quanto mais tempo estiver com


você mais louca me ficaar com minhas queixas e… me doerá mais quando te perder. Fez uma pausa e o olhou fixamente suplicante. -Não posso fazer isto. Ele assentiu com a cabeça e esclareceu a garganta. Agora era Paul quem evitava seus olhos. Não lhe ia pedir que ficasse. Não podia pedir já que entendia o motivo. Ao lhe pedir que ficasse pedia para fazer uma pausa e vê-lo morrer. Se ela fosse mortal, teria sido diferente. Mas não era. Era como querer estar com uma deusa. Uma forte, e linda mulher brilhante de luz e glória. Enquanto que ele era um simples homem. Não podia lhe pedir que ficasse. Era egoísta esperar isso. Mas era difícil não fazê-lo. Perder Jerri tinha sido doloroso como o inferno, mas perder Jeanne Louise seria mais difícil. Porque ela não estaria morta e enterrada além de seu alcance. Apesar de que assim seria com o tempo. -E o treinamento de Livy? - perguntou finalmente.

-Chamei tio Lucian ontem à noite. Disse que ia fazer os acertos- disse Jeanne Louise tranquilamente e algo em sua voz lhe fez olhá-la por fim. Tinha parecido decepcionada? Tinha esperado que ele protestasse, perguntasse e suplicasse? Deveria? Ou era egoísta? -Devo ir- disse ela bruscamente, agarrando uma mala cheia junto à porta da garagem. Ele deveria ter percebido a mala, pensou com o cenho franzido. Teria lhe haver dado algum aviso, o prepado. Talvez soubesse o que fazer então, o que dizer. -Tio Lucian se comunicará com você nos próximos dias com os acertos para ajudar Livy- disse em voz baixa enquanto abria a porta da garagem. Olhando para trás, olhou-o em silêncio por um momento, e depois murmurou, -Que tenha uma boa vida. Ele pensou que tinha captado o brilho das lágrimas em seus olhos antes que se desse a volta, mas então ela já estava saindo pela porta da garagem e fechando-a atrás de si.


Paul escutou o ruído de seus movimentos ao redor, depois o golpe da porta, o carro arrancando e a porta da garagem abrindo. Ouviu-a saindo, e depois de uma pausa, o som da porta fechando de novo, e se perguntou ociosamente se lhe enviaria por correio o controle da porta. Depois sua mão se sacudiu lançando fora o prato com toucinho e ovos no chão.

Capítulo 18

-Quando Jeanne Louise virá nos ver outra vez, papai?

Paul se deteve diante do porta-malas que acabava de abrir e olhou cegamente aos mantimentos em seu interior. Quando Jeanne Louise virá nos ver outra vez? Nunca era a resposta. Foi-se de sua vida, incapaz de lidar com vê-lo envelhecer e morrer, deixando-o sozinho. Ele a entendia. Ele tampouco seria capaz de suportar sem poder fazer nada ver Livy murchar e morrer, mas maldição, sentia falta dela. Se apenas… Se apenas? Paul retorceu a boca às palavras em sua cabeça. Se apenas, o que? Se apenas ela não tivesse transformado Livy? Ele não queria isso. Amava sua filha e queria que vivesse. Assim era como se supunha que devia ser se apenas os Caçadores de Renegados não tivessem chegado quando o fizeram. Se apenas esse tal de Bricker não tivesse assustado à menina enquanto corria, fazendo com que caísse e se ferisse de morte, assim Jeanie não teria se visto obrigada a transformá-la? Assim poderiam ter concluído seu plano de que ela o transformasse e ele transformasse Livy? Entretanto, os "se apenas" não tinham importância. O que tinha ocorrido, ocorreu, e agora tinham que viver com os resultados.


-Então? Quando, papai?

Paul suspirou e olhou para sua filha, franzindo o cenho quando viu que tinha levantado quatro malas do porta-malas como se não pesassem quase nada. -Querida, dê essas coisas para o papai. Você…

-Está tudo bem. Não pesam nada- ssegurou ela, e se dirigiu para a porta da cozinha.

Enquanto a observava, Livy trocou as pesadas malas de uma mão a outra para abrir a porta com uma mão, depois saiu da garagem e entrou na cozinha. -Jesus- murmurou Paul, e voltou sua atenção para pegar várias sacolas de compras em cada mão. Conseguiu pegar todas, e estava a ponto de fechar o porta-malas quando de repente se fechou de repente frente a ele. Paul se girou para olhar a sua silenciosa filha. Ela tinha retornado sem que percebesse, provavelmente na velocidade vampírica. E de algum jeito tinha fechado o porta-malas. Deve ter saltado alguns centímetros para chegar até lá, já que era muito pequena para fazê-lo de outra forma, mas agora que lhe sorria parecia uma menina normal e feliz de cinco anos, em lugar de algum vampiro híbrido estranho. -Então, como é que Jeanne Louise não virá nos ver nunca mais? Eu gosto dela. Já não nos quer mais? Os ombros de Paul se afundaram com derrota, depois se ajoelhou ante ela, deixando de lado suas sacolas de supermercado de modo que pudesse lhe dar um abraço. -Sim, ela nos ama muito e é por isso que não a veremos nunca mais.


-Mas isso não tem sentido, papai- queixou-se Livy. -Se ela nos ama…

-Querida, lembra-se de quão aborrecido e preocupado eu estava quando você ficou doente e pensei que fosse morrer? Livy retrocedeu para olhá-lo solenemente e assentiu.

-Sim. Tinha medo.

As sobrancelhas do Paul se levantaram ante sua sabedoria. Tinha tentado lhe ocultar suas preocupações e temores, mas ao que parece ela tinha visto através dele. -Sim, eu tinha. Sabia que ia me machucar por te perder porque te amo. E agora Jeanne Louise se sente da mesma maneira. -Mas ela não me vai perder. Não ficarei doente nunca mais- assinalou Livy.

-Não você, querida, eu.

Seus olhos se aumentaram e assustada disse, -Está doente, papai?

-Não- assegurou Paul rapidamente. -Mas não sou como você e Jeanne Louise. Eu sou mortal. Lembra-se do que Marguerite te ensinou de ser imortal, de como vai crescer mas não vai envelhecer, nem adoecer ou morrer? Livy assentiu.

-Bom, eu sou mortal. Vou envelhecer e morrer com o tempo, e Jeanne Louise tem medo de ter que ver isso. Que ela me perca é muito para ela. -Eu não quero que envelheça e morra, papai- disse Livy a sua vez. -Quem enfaixará


meus dodóis e me dirá “lhe disse isso” quando adoecer por comer muitos caramelos?

Paul torceu os lábios por suas palavras, mas lhe assegurou, -Querida, eu não vou morrer logo. Você vai ser grande quando acontecer. -Mas não quero que morra nunca- disse Livy por sua vez. -Talvez você possa se transformar em vampiro como Jeanne Louise fez comigo. Depois ela viria nos ver outra vez e nunca morrerá e poderíamos ser uma família. -Você gostaria disso, Livy?

Paul olhou bruscamente para o lado de onde saiu a pergunta, ficou de pé e deu um passo protetoramente diante de sua filha quando reconheceu Lucian Argeneau de pé na porta entre a cozinha e a garagem. -O que está fazendo aqui?

-A porta principal estava aberta- disse Lucian com um encolhimento de ombros negligente. Deu um passo para a garagem, revelando Leigh, Nicholas e Bricker na porta da cozinha detrás dele. -Tocamos a campainha- disse Leigh em tom de desculpa. -Mas como a porta estava aberta e não houve resposta, decidimos que o melhor seria investigar. -Deixei Boomer fora depois de que pus as malas na cozinha- disse Livy com uma careta. E não fechou bem a porta, como de costume, terminou Paul em sua cabeça. Cristo, a menina deve ter se movido como o vento para deixar as malas, soltar o cão e retornar para fechar o porta-malas por ele nos poucos segundos que lhe levou para recolher as


sacolas de compras em suas mãos.

-Por que não vamos todos para dentro e nos sentamos? -sugeriu Leigh, esfregando incômoda seu ventre estendido. Lucian foi imediatamente a seu lado, preocupado.

-Está cansada? Doem-lhe os pés, amor? Venha, vamos sentar na cozinha, enquanto Paul recolhe seu mantimentos. Os outros se afastaram quando Lucian iniciou o caminho de volta com o Leigh para a cozinha, mas ela se negou a se mover e murmurou. -Vamos esperar Livy. Paul olhou para trás, com a intenção de recolher as sacolas de compras que tinha deixado no chão e escoltar sua filha ao interior, mas Livy já tinha as sacolas na mão e se movia a seu redor para Leigh e Lucian. -Olá, tia Leigh. Olá, tio Luc- saudou-os alegremente enquanto se aproximava deles.

Lucian Argeneau se partiu em algo parecido a um sorriso para a menina enquanto Leigh passava a mão brandamente sobre a cabeça de Livy enquanto ela lhes falava. -Trouxeram Jeanne Louise com vocês? - perguntou Livy, detendo-se.

-Não- grunhiu Lucian, recolhendo à menina e as sacolas em um só braço, deixando a outra mão para segurar o braço de Leigh e encaminhar-se à cozinha, enquanto dizia, Não desta vez, pastelzinho. Mas tenho certeza que vai vê-la muito em breve. Paul ficou sem poder fazer nada atrás deles. Lucian Argeneau tinha chamado sua filha de pastelzinho. Livy o tinha chamado tio Luc. E sua filha pequena levava os mantimentos que mal tinha sido capaz de levantar, e o fazia como se não pesassem


nada. E quanto à asseveração de que veria logo a Jeanne Louise… Bom, isso era cruel, quando ele sabia que isso não ia acontecer. -Vais ficar aqui todo o dia ou o que? Lucian não é um tipo paciente.

Paul piscou e franziu o cenho ao imortal que tinha assustado sua filha nas malditas escadas e quase a matou. Justin Bricker. Ele não respondeu às palavras do homem, apenas se limitou a caminhar sombriamente para frente. Não queria culpar o homem por seus erros. Depois de tudo, tinha sido um acidente. Mas se não tivesse assustado Livy, ela não teria caído e Jeanne Louise não teria que transformá-la no lugar e renunciar à esperança de seu plano de convertê-lo para que ele depois transformasse Livy. Paul culpava ao bastardo, quisesse ou não. Se não fosse porque a outra parte do caçador aparentava ser agradável, teria-o culpado por tudo neste momento. -Sinto muito por isso, Paul- disse Bricker em voz baixa enquanto Paul girava sua atenção para ele. -Não esperava que a menina se zangasse como o fez e me bloqueasse. E não pude entrar em sua mente para detê-la. Tentei quando virou para correr, mas não fui o bastante rápido para detê-la. Acho que foi o tumor cerebral que causou essa certa resistência ou algo assim. Paul deixou escapar o fôlego em um suspiro, com os ombros caídos enquanto sua ira lentamente era drenada dele. Jeanne Louise tinha comentado em algum momento que era um pouco difícil entrar nos pensamentos de Livy, mais do que na maioria das pessoas, e que tinha que fazer um esforço para se concentrar por completo para obtêlo, e que suspeitava que era o tumor cerebral o causador. Tinha tentado salvá-la. A vida estava cheia de acontecimentos tão infelizes que não eram realmente culpa de ninguém, só do fodido destino. -Sim, o destino é uma cadela às vezes- murmurou Justin, obviamente lendo seus


pensamentos. Colocando uma mão sobre seu ombro, o conduziu à cozinha e adicionou, -Entretanto, Lucian trouxe a todos nós aqui porque quer te compensar. Ofereci-me a utilizar minha escolha de transformação para te transformar por Jeanne Louise. Quando Paul se deteve bruscamente, deu-lhe um apertão, sorriu-lhe com ironia e adicionou, -E por Livy também, é obvio. A menina é linda. Não posso fazê-la se sentir abatida e deixar que me culpe por toda a eternidade de que envelhecerá e morrerá. -Não o transformará, Bricker- disse Lucian irritado do outro extremo da habitação. Agora vocês dois venham aqui. Eu gostaria de resolver isto antes que Leigh entre em trabalho de parto. -Não acontecerá até dentro de um mês, Lucian- disse Leigh com diversão.

-É uma dessas pessoas que se antecipam para tudo- grunhiu Lucian, oferecendo a sua esposa um sorriso afetuoso para suavizar suas palavras, e depois franziu o cenho para Paul e adicionou, -Enquanto que o Sr. Jones aqui presente parece arrastar seus pés para tudo. Ele arqueou as sobrancelhas e fez um gesto à cadeira vazia na mesa. Estou esperando. Paul se aproximou da cadeira, mas Bricker estava bem em seu rosto, dizendo, -Pensei que vínhamos aqui para que pudesse fazer isso. Foi depois de que disse que o faria ontem que começou a fazer os acertos para a visita. Lucian pôs os olhos em branco.

-Acha que foi o único que fez a oferta? Marguerite também se ofereceu. E Nicholas e Jo- informou ele secamente, e fez uma careta. -Cada coração sangrando na família se


ofereceu livremente. Os olhos de Paul se abriram ante esta notícia. A esperança surgiu à vida em seu peito. Podia ser imortal, e ter Jeanne Louise. Mas essa esperança morreu com as seguintes palavras do homem. -Mas não vou deixar que nenhum de vocês faça isso. Sua única escolha é muito preciosa para que a atirem ao lixo pelo companheiro de vida de outra pessoa. Paul suspirou e se deixou cair na cadeira à mesa. O homem tinha razão, é obvio. Era o mesmo que Jeanne Louise lhe tinha explicado; se Justin o fizesse, e depois encontrasse a sua companheira de vida, já não seria capaz de convertê-la. O deixaria na mesma posição em que Jeanne Louise e ele estavam neste momento. Quanto a Jo e Marguerite… elas já tinham a seus companheiros de vida, mas, imortais ou não, podiam morrer. O que aconteceria se ficassem viúvas e depois encontrassem outro companheiro de vida que fosse mortal? Também estariam justo onde eles se encontravam agora. E sua consciência não permitia isso. -A idéia original de Jeanne Louise era te transformar e te permitir usar sua escolha para transformar Livy- anunciou Lucian, chamando a atenção do homem. -Sabia? -Sim- admitiu Paul com um suspiro. -Tínhamos discutido isso.

Ele assentiu.

-E estava de acordo com isso?

-É obvio- disse Paul. Por Deus, como não estaria de acordo com isso?

-Você queria ser imortal? - perguntou Lucian.


Paul piscou ante a pergunta com surpresa.

-É obvio que não. Preferiria que nem Livy nem eu fôssemos imortais. Tudo mudou para ela. Não poderá retornar à escola no próximo ano. Não poderá viver sem preocupações em torno do sol. Não poderá ver seus amigos ou brincar com as crianças do bairro por medo de revelar acidentalmente o que é. E te asseguro que não quero perder minha família. -E mesmo assim aceitou- assinalou Lucian. Paul suspirou e se esfregou a testa, sentindo o começo de uma dor de cabeça agitando-se através de seus pensamentos. -Aceitei por duas razões. Primeiro, porque ser imortal era a única forma de que Livy ficasse viva. Se tivesse encontrado outra maneira de curá-la ou salvá-la, teria passado por cima disto a fim de que tivesse uma infância normal. -E você? -perguntou Lucian. -Se tivesse encontrado outra maneira de curá-la, teria passado por cima de ser imortal também? -Não. Porque isso significaria não ter Jeanne Louise. E tudo em minha vida por ela... exceto minha filha e sua felicidade.

Lucian ficou em silêncio por um momento, com seu olhar forte e concentrado, depois assentiu e se girou para Livy. -Estava dizendo que talvez você pudesse transformar seu papai e fazê-lo imortal como você e Jeanne Louise para que pudessem ser uma família. Sabia o que dizia? Quereria transformar seu papai se pudesse? Paul ficou rígido ante a pergunta.


-Espere um maldito minuto, ela tem cinco anos. Não pode…

Lucian lhe fez calar com um olhar. Na verdade, concentrando-se e usando seu controle mental, decidiu Paul, quando tentou falar de novo e descobriu que não podia. O muito safado o estava controlando. -Livy? Leigh roçou com sua mão brandamente a parte posterior do cabelo e o rosto da menina. -Quer usar sua escolha para transformar a seu pai? -Uh-huh- disse Livy simplesmente, e se inclinou para a mulher. -Eu gostaria que Jeanne Louise voltasse. Papai estava contente com ela. Ela me fez feliz. E não quero que papai morra. -Bom. Isso é o que vamos fazer então- anunciou Lucian, parando-se. Paul tentou se levantar e protestar, mas não podia fazer nenhum dos dois. -Leigh, querida, por que não leva Livy para o carro? Estarei com vocês em um minuto. Leigh assentiu, ficou de pé e, tomando a mão de Livy, conduziu-a para fora da cozinha. Paul a viu partir, mais confuso que chateado agora. Tinha pensado que iriam tentar fazer com que a menina o transformasse. Mas ao que parece não. E se sentiu aliviado e decepcionado de uma vez. Queria que o transformasse, daria tudo o que queria, a Jeanne Louise e a Livy, a ambas. Uma família feliz. Só não queria que Livy tivesse que fazê-lo e perdesse sua escolha de transformação. -Que tipo de filho de puta doente acha que sou? -espetou Lucian com desgosto no momento em que as duas mulheres tinham desaparecido. -Não faria com que uma


menina de cinco anos rasgasse seu pulso e abrisse mão de sua escolha de transformação para seu pai. Paul piscou ante esse comentário. -Eu… Se deteve, surpreso de encontrar que podia falar novamente. Lucian tinha tirado seu controle sobre ele. -Bom, então, porque a forçou a responder a essa pergunta? -Porque tinha que dizer que sim- disse Lucian secamente. -Tinha que te dar verbalmente sua escolha de transformação na presença de testemunhas. -Ela tem cinco anos- disse Paul com assombro. -Não pode lhe pedir que faça isso.

-Posso e fiz. Mas eu farei a mudança por Livy- disse Lucian simplesmente. -Eu te transformarei fisicamente, mas contará como seu único turno. -Não- disse Paul com firmeza. Não podia tomar a escolha de transformação de sua filha e, possivelmente, deixá-la em uma insustentável posição similar no futuro, frente a um companheiro de vida mortal que jamais poderia reclamar. -Não quer Jeanne Louise? - perguntou Lucian simplesmente.

Paul fez uma pausa. A sério tentado. Poderia ter Livy e Jeanne Louise. Poderia ter tudo, tudo o que poderia ter querido, uma bela esposa vibrante e uma filha feliz. Um futuro que parecia tão cor de rosa como poderia ser. De fato, teria tido tudo. Mas em vez disso, tinha perdido tudo. -Ainda tem Livy.


Paul o olhou com o cenho franzido.

-Sim, é obvio- murmurou, franzindo o cenho ante seus próprios pensamentos.

É obvio, não tinha perdido tudo. Ainda tinha Livy. Há um mês teria sido suficiente. Por que não lhe parecia suficiente agora? Por que sua vida parecia tão sem sentido sem Jeanne Louise nela? -Sempre pode renunciar a sua escolha de transformação e dar a sua filha- disse Lucian com calma. Paul o olhou fixamente.

-O que?

-Livy perderá seu escolha de transformação para te transformar. Uma vez feito isso, você dará sua escolha de transformação para ela. Pode perder sua escolha de transformação aqui na presença de testemunhas, dando a sua filha. Isso significa que estará com o Jeanne Louise, mas se ela morrer, e depois encontrar outra companheira de vida que seja mortal… Ele se encolheu de ombros. -Estará sem sua escolha de transformação. Mas Livy ainda terá sua escolha de transformação para ter um companheiro de vida próprio. Entendido? -Sim- sussurrou Paul, a esperança apareceu de novo. Querido Deus, poderia ter Jeanne Louise depois de tudo. -Então, quer te transformar? - perguntou Lucian firmemente. -É obvio. Eu… As palavras de Paul foram cortadas quando o pulso de Lucian lhe deu repentinamente uma bofetada na boca aberta. A outra mão do imortal estreitou a parte posterior de sua cabeça para que não tentasse afastar-se dela. As ações foram


tão rápidas que Paul levou um momento para perceber o que estava acontecendo e então se precaveu de que o sangue saía a jorros em sua boca. -Engula- disse Lucian secamente. -Não vou me morder de novo para você.

Paul olhou o homem sem compreender. Ele nem sequer tinha visto Lucian se morder uma primeira vez. Demônios, estes bastardos se movem rápido, pensou com assombro enquanto automaticamente obedecia e engolia. Respirou rapidamente através do nariz para evitar as náuseas à medida que engolia o líquido espesso, metálico, e depois o engolia outra vez, e outra vez. Parecia não ter fim até que Lucian de repente tirou seu braço e soltou sua cabeça. -A mudança começou. Será imortal. Agora… Lucian elevou as sobrancelhas. -Vai renunciar a sua escolha de transformação para que Livy o utilize como desejar? Paul assentiu sem duvidá-lo. -Diga-o.

-Renuncio a minha escolha de transformação para que minha filha o use como quiserdisse Paul obedientemente com voz rouca. -Bom. Lucian olhou aos outros dois homens. -Nicholas, ajude Bricker a segurar seu novo cunhado. Seu pai está trazendo Marguerite, Eshe, Julius e Jo com os soros, os medicamentos e outras coisas. Deverão estar aqui logo. Leigh e eu levaremos Livy ao Wonderland para que não tenha que ouvir seu pai gritar. Lucian se girou e saiu da habitação. Bricker olhou a Nicholas com uma sobrancelha arqueada. -Wonderland?


-Lucian sempre amou os parques de diversões- disse Nicholas com ironia, pegando uma pequena corrente em um canto que Paul não tinha notado. -Infelizmente, Leigh também gosta. -Por que infelizmente? - perguntou Bricker com surpresa.

-Ela dará a luz no próximo mês. Acaso acha que a deixará fazer algo nos passeios que darão? - perguntou Nicholas em uma gargalhada, começando a desenrolar a corrente com a ajuda de Bricker. -Ah, claro- disse Bricker com uma careta. -Diabos, terá sorte se a deixar dar um passeio pelo parque e não insistir que use uma cadeira de rodas ou que a leve ele mesmo. Ele olhou a Paul, logo deu uns tapinhas na mesa da cozinha. -Suba, Paul. Vamos te pôr o cinturão para a viagem. -Na mesa? - perguntou sem compreender.

-Lucian sugeriu isso quando entramos na casa- disse com um encolhimento de ombros e depois aplaudiu a mesa, assinalando-a. -Base robusta de ferro forjado, superfície de madeira de grande espessura. Tem menos probabilidades de quebrar que sua cama e será fácil de limpar a desordem depois. -O levaremos à cama depois que o pior tiver terminado e já esteja nocauteado e transformado- assegurou Nicholas com doçura. -Transformado? -perguntou Paul, elevando a voz.

-Bom, é só um dos termos que utilizamos para isso- disse em tom de desculpa. Durante a transformação, seu corpo expulsa as impurezas e os nanos preenchem o


que decidem que já não precisa. Pode ser bastante complicado. E é muito mais fácil limpar superfícies como estas. Então… Ele assentiu para a mesa. -Suba. Paul hesitou, mas depois cedeu, subiu a uma cadeira, sentou-se na mesa e subiu as pernas. Quando se deitou, olhou para Nicholas e murmurou, -Sei que é o irmão do Jeanne Louise. Mas não estamos casados. Por que me chamou seu cunhado? Nicholas sorriu enquanto se inclinava para lhe oferecer um dos extremos da corrente a Bricker debaixo da mesa. Enquanto os dois homens se endireitavam e começavam a prender cada extremo em seus pulsos, ele disse, -É como se estivessem casados segundo nossos costumes. Tenho certeza de que Jeanne Louise insistirá em uma cerimônia muito em breve, mas no fundo você é seu companheiro de vida e já foi convertido. É um fato que nós respeitamos. Olhou-o e lhe sorriu. -Bem-vindo à família, irmão. -Obrigado... eu acho- murmurou Paul fracamente.

-Não é exatamente um fato consumado- assinalou Bricker enquanto os dois homens foram para seus pés na mesa. -Ainda têm que passar pela agonia e pelos gritos. Fez uma pausa para dobrar e aceitar a corrente que Nicholas lhe passou debaixo da mesa, logo se endireitou e continuou, -Mas nunca matou ninguém… bom, não vi ninguém que tivesse morrido de todos os modos. Franzindo os lábios, olhou-o com solenidade e depois lhe perguntou, -Não tem uma doença do coração ou algo que eu deva saber, não é? Os olhos de Paul se abriram amplamente, mas negou com a cabeça.

-Bem, bem. Bricker lhe aplaudiu a perna de novo, depois começou a fixar um grilhão e adicionou, -Tenho certeza que ficará bem então. -Isso é bom. Jeanie nunca nos perdoaria se matarmos seu companheiro de vida.


Esse comentário chegou secamente da porta e chamou a atenção de Paul e dos dois homens que colocavam os grilhões em seus pés. Ele olhou ao homem apoiado despreocupadamente na porta. -Thomas. Nicholas fechou o grilhão no tornozelo de Paul, deu-lhe um puxão de teste, depois se levantou e cruzou a cozinha para abraçar o outro homem. Retrocedendo, perguntou-lhe, -O que está fazendo aqui? -Por alguma estranha razão tio Lucian pensou que devia estar aqui para a grande transformação. Tinha um dos aviões Argeneau preparado para recolher a mim e a Inez pela manhã para voar até aqui. Explicou-lhe Thomas sorrindo. -Inez está aqui então? -perguntou Nicholas.

-Está brincando? Sorriu Thomas. -Não me deixaria voar sem ela. Além disso, Bastien pensa que poderia ter um posto para ela aqui no Canadá e quer falar com ela sobre isso. -Então está no escritório? -perguntou Nicholas, girando-se para levá-lo a um lado da mesa e prender Paul a ela. -Não. Bastien quer vê-la manhã assim veio comigo hoje. Está na parte dianteira. Um carro saía enquanto nós estávamos entrando na casa, assim que ficou para ver quem era e, ou despedi-los se fossem mortais, ou saudá-los se fossem um dos nossos. -Ele olhou para Paul. -Este é ele, então? -Hmmm. Nicholas sorriu para Paul e assentiu. -Parece um bom sujeito.

-É o suficientemente bom para Jeanie? - perguntou Thomas.


-Há alguém o suficientemente bom para Jeanie? -perguntou Nicholas com diversão.

-Hmmm- murmurou Thomas.

-Mas é um geniozinho como ela- comentou Nicholas pensativo. -Trabalha no I&D nas Empresas Argeneau como ela. -Bom, ao menos podem montar um trabalho em conjunto- disse Thomas com ironia. Embora se trabalharem no mesmo lugar é provável que realmente não façam muito. Suspeito que vão se encontrar nos armários de vassouras até que se consigam um carro na garagem do estacionamento durante no próximo ano. Nicholas assentiu.

-Realmente, Bastien deveria lhes dar um ano de descanso.

Paul franziu o cenho a ambos.

-Olá. Estou acordado. Posso lhes escutar- assinalou com irritação. -Podem pensar que não sou o suficientemente bom para sua irmã, mas farei meu maldito melhor esforço para fazê-la feliz. E não vamos ser dos "que sobem” no carro na garagem. Tenho um pouco mais de classe que isso- assegurou ele com gravidade. -Além disso, o estacionamento tem câmaras de segurança por toda parte - assinalou Bricker, terminando de apertar os grilhões de Paul e se endireitando para se unir aos outros dois. -Foi a forma em que confirmei que Jeanne Louise tinha sido raptada. Com certeza te vi entrar na parte de atrás de seu carro justo antes que ela chegasse. Paul franziu o cenho de novo, mas já que era por isso que ele tinha sido capaz de assegurar que não seria apanhado fazendo algo errado no carro na garagem


Argeneau, não disse nada. Entretanto, a julgar pela diversão nos rostos dos homens, não tinha que fazê-lo. Provavelmente tinham arrancado o pensamento de sua mente. -Hmm. Isso algo novo- comentou Nicholas de repente, olhando nos olhos de Paul.

-Sim, decidiram ir aos primeiro órgãos- comentou Thomas, aproximando-se um pouco da mesa e se inclinando para olhar nos olhos de Paul mais de perto. -Quem decidiu ir aos primeiros órgãos? - perguntou Paul com cautela.

-Os nanos. Seus olhos já piscam em prateado- explicou Nicholas, e depois perguntou, -Tem algum tipo de problema nos olhos? -Tenho queratocono de aparição tardia- admitiu Paul com o cenho franzido, com princípios de alarme percorrendo sua espinha dorsal. Havia um estranho calor construindo-se em seus olhos. -O que é queratocono? - perguntou Bricker curioso, movendo-se para sua cabeça na mesa para obter um melhor olhar. -A córnea, a parte clara dianteira do olho, fica fina e desenvolve um avultamento que se sobressai em forma de cone- murmurou, piscando quando seus olhos começaram a arder. -Uso lentes de contato rígidas permanentes devido a isso. -Huh- murmurou Thomas. Deu uma olhada a Nicholas e logo depois de volta a ele com um suspiro. -Bom, a boa notícia é que não terá que usar lentes de contato nunca mais. -E a má notícia? - perguntou Paul com gravidade, fechando seus olhos apertadamente frente à crescente pressão que sentia neles.


-Acho que vai ser um desses que tem uma transformação dura e rápida. Você…

Paul não ouviu o resto. Sua atenção foi repentina e completamente desviada pela dor repentina que se disparou através de seus olhos. Sentia-se como se alguém tivesse usando duas agulhas e o apunhalasse com elas. Isso trouxe um rugido imediato de dor sobre ele e se agitou sobre a mesa, puxando seus pulsos para tentar chegar a seus olhos. Entretanto, provavelmente era melhor que estivesse preso. Paul suspeitava que quereria fazer algo, inclusive arrancar seus próprios olhos, para pôr fim à agonia que explorava e sentia através dele nesse momento. O pior de tudo era que sabia que era só o começo.

Capítulo 19

-Estou de volta.

Jeanne Louise levantou a cabeça ante esse alegre anúncio e forçou um sorriso a sua ajudante, Kim, quando a pequena loira entrou no laboratório com um sorriso no rosto e a primavera em seu caminho. -Almoço com o Arthur?—brincou Jeanne Louise, ou ao menos tentou brincar. As palavras saíram um pouco planas, mas tudo nela era plano ultimamente. -Almoço e outras coisas. Kim suspirou feliz ao pensar no homem mortal que tinha substituído Fred na segurança. Os dois se tornaram bastante próximos com bastante rapidez durante as últimas semanas. Bom, o mais perto que uma imortal e um mortal que não eram companheiros de vida poderiam conseguir estar. -É o mais lindo pequeno mortal no planeta. E é um bom beijador. Bom em outras coisas, tambémacrescentou com um sorriso. -Quase não tenho que me deslizar em seus pensamentos


para lhe mostrar o que fazer. Ele gosta de fazer. -Hmm. Jeanne Louise baixou a cabeça. O mortal com o qual ela saía quando Paul a tinha sequestrado tinha sido da mesma forma. Provavelmente ainda o era. Não sabia. Não o tinha visto desde que deixou Paul e voltou para sua antiga vida. Não tinha visto ninguém realmente após isso. Jeanne Louise estava evitando seus amigos e seres queridos como se fossem a peste desde que conheceu e perdeu Paul. E não tinha nenhum interesse em ver seu velho amor mortal. -Deixe isso- disse Kim movendo-se a seu lado. -Vigiarei-o enquanto almoça. -Não tenho fome- murmurou Jeanne Louise, girando a placa no microscópio até que a imagem refletida nele tinha um aspecto impreciso, sem definição e cheia de cor. -Não almoçou ontem também. O que está acontecendo? Imortalpausia? -brincou Kim. Jeanne Louise esboçou um sorriso débil ante a brincadeira. Era um jogo sobre a menopausa, a palavra para os imortais que se afastaram do desejo pela comida e pelo sexo. Kim sempre brincava disso com ela quando estava muito ocupada para se preocupar com a comida, e no passado se teria rido. Não tinha muita vontade de rir ultimamente, mas Kim não sabia. Ninguém sabia quem era Paul, seu companheiro de vida, ou que ela o perdeu. -Jeanne Louise? Ela olhou à moça, e tomando nota da preocupação repentina refletida em seus lábios, afastou o tamborete para trás e se levantou. -Tem razão. Devo ir almoçar. Kim hesitou, mas depois sorriu e assentiu. Seu sorriso, entretanto, não ocultou sua


preocupação. Jeanne Louise a ignorou e se dirigiu à recepção para pegar sua bolsa. Em seguida, dirigiu-se à porta. -Jeanne. Fazendo uma pausa, Jeanne Louise olhou para trás em pergunta. -Se houver algo que eu possa fazer para ajudar... sabe que farei, não é? —disse Kim em voz baixa. -Ajudar com o que? - perguntou Jeanne Louise com o cenho franzido. Ela hesitou e depois disse em tom de desculpa, -Dizem que os novos companheiros de vida são fáceis de ler, mas é mais como se transmitessem seus pensamentos. Ao menos isso é o que acontece com você. Olhou a seus olhos durante um momento, e depois desviou o olhar.

-Obrigada- murmurou e se deslizou fora do laboratório. Parecia que não importava que não houvesse dito a ninguém. Parecia como se estivesse dizendo a todo mundo de todos os modos. Isso explicava porque as pessoas evitavam seus olhos e eram especialmente amáveis com ela ultimamente, supôs, e exalou um suspiro. Era a figura trágica, um símbolo vivente do que cada imortal temia, aquela que tinha encontrado e perdido a seu companheiro de vida. Suspirando, obrigou-se a endireitar seus ombros e levantar a cabeça, mantendo seu passo. Não havia nada que pudesse fazer a respeito de que outros imortais fossem capazes de ler seus pensamentos, mas não tinha porque ser a criatura patética que todos pensavam que era. Tinha encontrado um companheiro de vida e não podia reclamá-lo. Isto não queria dizer que não encontraria outro, e esperava que este já


fosse imortal e sem necessidade de transformação. Só pensar nisso deprimiu Jeanne Louise. Não queria outro. Queria Paul. Mas não só por umas poucas décadas. Já o queria como a ninguém e nada do que tinha desejado em sua vida, inclusive o amor de seu pai. E isso depois de apenas algumas semanas. Não podia imaginar quanto lhe doeria ter por uma vida mortal e depois perdê-lo. Jeanne Louise não podia sequer imaginar a dor então. Melhor esta dor terrível que lhe rasgava a alma em agonia agora, que destruída por completo mais tarde. Ou talvez qualquer dor depois valesse a pena por qualquer quantidade de tempo que poderia passar com ele agora, pensou ao chegar à cafeteria. Esse era o problema, pensou enquanto recolhia uma bandeja e se deslocava com o passar da mesa automática, selecionando seu sanduíche de presunto habitual e suco. Seus pensamentos se mantiveram flutuantes. Ansiava por ver seu sorriso, ouvir sua risada, olhá-lo nos olhos. Ansiava seus beijos, sentir seus braços ao redor dele, seu corpo deslizando-se contra o dela. Mas sabia, no fundo de seu coração, que perdê-lo depois a mataria. Entretanto, isso não lhe impedia de passar de carro em frente de sua casa todas as noites em seu caminho para o trabalho, com a esperança de vê-lo ele ou simplesmente a Livy. Estava atuando como uma espécie de viciada ou perseguidora e estava começando a se assustar. Cada noite depois de dirigir se amaldiçoava e se sentia envergonhada e prometia que não voltaria a fazê-lo. Mas na noite seguinte, o fazia de novo. Jeanne Louise liberou seu fôlego em um suspiro quando pagou seu almoço. Girou-se para levar a bandeja a uma mesa vazia, perguntando-se como poderia convencer a seu tio, tia e pai de fazer uma limpeza de mente. Era perigoso, mas se não a matasse e conseguisse, deixaria de doer. Não lembraria de tê-lo conhecido, não teria que recordar e ter saudades seus beijos, não saberia o que perdeu... -Realmente deveria tentar o sanduíche de toucinho, alface e tomate se tiver perdido o gosto pelo presunto.


Jeanne Louise levantou o olhar com sobressalto ante esse solene comentário, seus olhos se aumentaram quando viu o homem que tanto obcecava seus pensamentos. Vestido com calça jeans e uma camiseta, com óculos escuros que cobriam seus olhos, parecia a ponto de ir à praia, e, obviamente, não estava aqui para trabalhar. -Paul- disse ela com voz débil enquanto seu corpo gritava em resposta a sua presença. -O que… Suas palavras morreram quando ele se aproximou e tirou os óculos de sol. Ela olhou fixamente aos olhos verdes brilhantes que resplandeciam em prata e que piscavam ante ela. Olhou-o e o olhou, incapaz de processar o que estava vendo. -Seu tio Luziam me fez uma visita ontem a tarde- disse em voz baixa e depois sorriu com ironia e adicionou, -Bom, seu tio Lucian, sua tia Marguerite, seu pai, sua madrasta, seus dois irmãos, suas esposas, e um caçador chamado Bricker; todos eles me fizeram uma visita. Tem uma família interessante- acrescentou com ironia. -Acho que eu gosto deles. Eles… Suas palavras terminaram com um 'oomph' quando Jeanne Louise de repente se lançou de seu assento para ele. Seus braços se fecharam ao redor dela imediatamente, sustentando-a com força enquanto a beijava, mas ela se retirou no meio do beijo para perguntar, -Quem te converteu? Como? Por que? Paul sorriu ante suas frenéticas perguntas, mas não respondeu imediatamente. Em troca, levantou-a em seus braços e se dirigiu com grandes pernadas para a saída antes de dizer, -Seu tio fez as honras. Ao que parece, rasgou-se o pulso abrindo-o, embora eu não tenha visto, e depois o golpeou contra minha boca. Muito desagradávelacrescentou com um estremecimento quando recordou, enquanto empurrava as portas e caminhava pelo corredor para segurança.


Franziu o cenho e disse, -Me alegro de que não tenha que provar o sangue normalmente. Em bolsas é definitivamente melhor que ter que bebê-lo e saboreá-lo. Franzindo o cenho para ela, disse, -Deveria ter me dito isso quando te ofereci minha jarra de sangre. Poderia ter encontrado alguns canudinhos ou algo assim. -Você se acostuma a isso- murmurou ela, olhando fixamente os formosos olhos verdes e prata. Converteu-se em um imortal. Não ia perdê-lo. Sua mente não deixava de cantar essa canção uma e outra vez, e ainda não estava o bastante segura. -De todos os modos- continuou ele, assentindo para Arthur quando o guarda de segurança mortal se apressou a abrir a porta do estacionamento para eles, -Quão seguinte soube é que estava preso à mesa da cozinha e toda sua família estava ali. Bom, exceto Lucian e sua esposa. Levaram Livy ao Wonderland e depois a sua casa para que não tivesse que escutar os gritos de seu pai. Fez uma careta enquanto a levava ao longo da fila de carros estacionados. -Seu tio é um pouco... Ele hesitou, mas depois negou com a cabeça e disse, -Ainda está com Livy. Disse que ficariam com ela durante um tempo para que pudéssemos nos reencontrar. A preocupação cruzou seu rosto quando disse isso. -Ela estará bem. Sei que parece áspero e dá um pouco de medo, mas o tio Lucian tem um bom coração. As crianças e os cães o adoram- disse Jeanne Louise tranquilamente. -Isso sempre é um bom sinal. -Hmmm. Fez uma pausa ao lado de seu carro e depois olhou para ela. -Você quase me mata quando partiu. -Quase me mata fazê-lo- disse ela solenemente. -Mas foi uma questão de autopreservação, Paul. Amei você depois de poucos dias. Não podia imaginar quão forte meus sentimentos seriam depois de décadas. E ver você envelhecer e morrer e que eu continuaria durante séculos, inclusive milênios sozinha sem você... Ela sacudiu a cabeça. -Não poderia fazê-lo.


-É possível que ainda tenha que fazê-lo, Jeanne Louise- disse ele solenemente. -Não, você é imortal agora- disse ela com um sorriso. -E até os imortais podem morrer- assinalou ele em voz baixa. -Poderia ser decapitado em um acidente de carro amanhã. Ela o olhou em silêncio, o medo apertando seu coração, e ele a deixou no chão e depois tomou seu rosto entre as mãos. -Não esperava perder Jerri como o fiz, ou tão cedo. Eu a amava, Jeanne Louise, tanto como um mortal pode amar a outro. E quando a perdi, pensei que minha vida tinha terminado, que tudo o que ficava por fazer era ver o Livy crescer e ser feliz. Mas estava errado. Inclinou-se para lhe dar um beijo nos lábios e depois se endireitou para dizer, -Amo você. Quero viver para sempre com você, mas tem que me prometer que se eu morrer em um acidente ou algo assim, não se dará por vencida como eu fiz. Como fez quando percebeu que tinha esgotado sua escolha de transformação e que não podia me converter. Pode haver um segundo amor te esperando, e até um terceiro. Enquanto houver vida há esperança. Não seja um morto vivo como eu era até que você me despertou. Jeanne Louise franziu o cenho e olhou para outro lado; era difícil fazer qualquer promessa desse tipo. Em vez disso, lhe perguntou, -Por que o tio Lucian te transformou? Paul a olhou fixamente durante um momento, mas depois suspirou e a deixou mudar de assunto.


-Livy renunciou a sua escolha de transformação para poder me transformar. Ele fez as honras, mas se contou como dela. -OH, não- respirou Jeanne Louise, com verdadeiro horror deslizando-se por ela ao saber que sua felicidade era às custas da menina. -Mas uma vez que ele me transformou, cedi minha escolha de transformação para Livy. É dela agora. Então tudo está bem- assegurou ele. Jeanne Louise suspirou e se derreteu contra ele.

-Graças a Deus. -Ou a seu tio- disse Paul com ironia. Jeanne Louise levantou a cabeça e lhe sorriu.

-Admita, ele é legal. -Ele tem seus pontos bons- admitiu Paul a contra gosto e depois fez uma careta e acrescentou, -Entretanto, o homem realmente tem que trabalhar em suas habilidades com as pessoas. Jeanne Louise riu entre dentes e depois se inclinou para lhe dar um beijo. Começou como um suave roce de lábios, mas como sempre acontecia, logo se fez mais quente e apaixonado. Grunhindo, Paul se girou para pressionar suas costas contra o carro, com seu corpo sujeitando-a quando suas mãos começaram a vagar. Quando Jeanne Louise deslizou uma mão para ele para embalá-lo através de sua calça jeans, entretanto, ele rompeu o beijo e deu uma olhada ao carro para abrir a porta.


Jeanne Louise suspirou com decepção, mas se deslizou no interior quando ele abriu a porta e a conduziu a entrar. Não foi até que estava sentada que percebeu que ele a estava seguindo e que a tinha colocado no assento traseiro. -O que estamos fazendo? - perguntou com confusão, deslizando-se para um lado para deixar espaço para que ele entrasse. -O que você acha- perguntou com um grunhido, fechando de repente a porta e puxando ela para seus braços. Teve sua boca sobre a dela em um momento, e Jeanne Louise não duvidou em lhe devolver o beijo, mas quando sua boca começou a viajar a seu ouvido, murmurou, Há câmaras na garagem. -As janelas dos assentos traseiros são escurecidas. Não podem ver nada. Deu uma olhada às janelas para ver que as laterais eram realmente recobertas por uma película negra, mas riu com um gemido quando suas mãos encontraram seus seios e ficou sem fôlego. -Mas eles saberão o que estamos fazendo. Paul se interrompeu para se inclinar para trás e olhá-la com solenidade.

-Querida, todo aquele que saiba que somos novos companheiros de vida saberá exatamente o que vamos fazer durante no próximo ano. Mas se te incomoda, podemos ir para minha casa. Ou à tua se estiver mais perto. Jeanne Louise considerou a pergunta, mas depois negou com a cabeça e subiu escarranchada sobre seu colo.


—À merda. Que saibam. Não me importa. Todos estiveram correndo ao redor e se compadecendo nas últimas duas semanas. Agora me podem invejar- acrescentou com um sorriso e o beijou.

FIM


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.