Josi Carolina da Silva Leme Mariana de Oliveira Faria Maria Iolanda Monteiro
EXPLORANDO O LÚDICO NA SALA DE AULA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Editores Eld Johonny Mônica Baltazar Diniz Signori Texto Josi Carolina da Silva Leme Mariana de Oliveira Faria Maria Iolanda Monteiro Revisão Daniel Perico Graciano Lívia Beatriz Damaceno Capa e Diagramação Eld Johonny
LEME, Josi Carolina da. Coeduca - Explorando o Lúdico na sala de aula no Ensino Fundamental / Josi Carolina da Silva Leme, Mariana de Oliveira Faria, Maria Iolanda Monteiro. São Carlos - PNAIC UFSCar, 2017. ISBN 978-85-923424-0-1 1. Alfabetização 2. Educação 3. Ensino Fundamental
Josi Carolina da Silva Leme Mariana de Oliveira Faria Maria Iolanda Monteiro
EXPLORANDO O LÚDICO NA SALA DE AULA NO ENSINO FUNDAMENTAL
1ª edição
EXPLORANDO O LÚDICO NA SALA DE AULA NO ENSINO FUNDAMENTAL Josi Carolina da Silva Leme Mariana de Oliveira Faria Maria Iolanda Monteiro1
INTRODUÇÃO O presente texto tem a finalidade de apresentar para o leitor uma proposta de projeto que poderá ser desenvolvido nos anos iniciais da Educação Básica. A partir dessa proposta, traremos alguns conteúdos necessários na etapa da Educação Básica que corresponde aos três primeiros anos do Ensino Fundamental de Nove Anos, assim como, demonstrar a importância de se trabalhar tais conteúdos de forma interdisciplinar, conforme os estudos de Fazenda (1998) e Ciryno e Jesus (2014). Nossa intenção é que os professores possam refletir sobre as ideias aqui apresentadas: discutindo e (re)pensando possibilidades que contribuam com seu trabalho em sala de aula. Portanto, não esperamos que ele seja aplicado fielmente, mas que instigue os professores a pensarem outras possibilidades pedagógicas com os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A criança ao iniciar a escolarização vivencia algumas mudanças no cotidiano escolar ao que estava habituada na Educação Infantil. No entanto, é um equívoco pensar que a brincadeira não poderá mais fazer parte desse novo ambiente. A brincadeira é muito importante para o desenvolvimento das crianças, como mostra a pesquisa de Faria (2015), e deve estar presente também no Ensino Fundamental, contribuindo com a aprendizagem 1 Professora Adjunta IV do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas da Universidade Federal de São Carlos e do Programa de Pós-Graduação em Educação. Membro do Grupo Horizonte (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Inovação em Educação, Tecnologias e Linguagens - UFSCar).
dos alunos. Para tanto, é preciso que o professor tenha clareza de como contemplar a atividade lúdica integrada com o processo de ensino e aprendizagem (BORBA, 2006). No Projeto que apresentaremos a seguir, buscamos a partir de uma atividade prazerosa presente na vida de muitas crianças, explorarmos conteúdos matemáticos, linguísticos, entre outros. Acreditamos que, ao iniciar um Projeto com algo que faz parte do cotidiano dos alunos, pode despertar ainda mais o interesse e o envolvimento nas atividades propostas. Diante disso, o tema do nosso Projeto é a Pipa, um brinquedo antigo e atual que envolve conhecimentos diversos e questões sociais. Vejamos a seguir como poderia ser desenvolvido.
PROJETO SOBRE A PIPA O Projeto sobre a Pipa poderá ser desenvolvida ao longo de todo um ano letivo ou ter um prazo menor com maior frequência na sua abordagem. O público alvo são os alunos do 2º ou 3º ano do ensino fundamental, porém, conforme destacamos anteriormente, a partir da proposta apresentada cada professor poderá adequá-la ao seu contexto e realidade. A ideia central do Projeto é se apropriar de alguns conhecimentos segundoa temática escolhida. Desenvolver pesquisas com fontes diversas, elaborar diferentes registros, construir e interpretar gráficos e tabelas, entre outros. Ao final do projeto pretende-se promover uma oficina de confecção de Pipa, na qual, os próprios alunos serão os monitores e auxiliarão os participantes com os conhecimentos que adquiriram ao longo do Projeto. Com isso, espera-se que as crianças possam ao longo do Projeto:
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• observar, relatar e registrar por meio de experimentos simples com pipas alguns fenômenos naturais como o vento e a resistência do ar. • identificar materiais disponíveis por meio de observações diretas, fotos, ilustrações e textos, explorando-os de forma criativa e responsável, ampliando e aprimorando habilidades motoras e cognitivas. • utilizar estratégias pessoais para medir (comprimento e tempo) adequando ao contexto e ao objeto no sentido de desenvolver noções de tempo e espaço. • elaborar e organizar tabelas, listas e gráficos simples utilizando coleta de dados em situações do cotidiano, lendo e interpretando suas informações e estabelecendo as relações entre as histórias das pessoas e das famílias, usando fontes orais, escritas e de imagem. • ler, produzir e revisar textos levando-os a se tornarem coerentes e coesos, utilizando algumas convenções da escrita alfabética: maiúscula (nos nomes próprios, início de parágrafos e frases), sinais de pontuação e regras da norma culta da linguagem escrita. A partir dos objetivos elencados acima, apresentamos a seguir atividades nas quais é possível desenvolver habilidades relativas ao propósito educativo visando à formação e desenvolvimento integral do estudante.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 1ª ETAPA: Apresentar o tema do projeto, realizar uma roda de sonho na qual as crianças poderão falar tudo que quiserem sobre o tema, dando asas para a criatividade, sem restrições. Ao mesmo tempo, fazer o levantamento dos conhecimentos prévios, parte da avaliação diagnóstica, anotando alguns relatos sobre experiências bem-sucedidas e outras não tão boas com a pipa. Pode-se pedir para as crianças desenharem e mostrarem seus desenhos para o grupo, explicando-o.
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Questionar sobre os formatos e sobre os materiais usados que eles já viram e se acham que seja possível utilizar outros que nunca viram numa pipa, se eles já fizeram ou viram alguém fazendo, se já tiveram ideias impossíveis com uma pipa. Escolher um nome para o projeto. Sugestões: “Papagaiada”, “Pipas, peixinhos e papagaios” e “Asas da imaginação”. Definir com os alunos as etapas de apropriação dos conteúdos para chegar ao produto final: uma pipa. Expor expectativas: apresentar a ideia de conhecer e fazer vários tipos de pipas e testar para ver se voam e anotar o máximo possível de hipóteses levantadas pelos alunos. Pode-se criar um cronograma de atividades conjuntamente. 2ª ETAPA: Com folhas de revistas fazer os primeiros testes com as chamadas “capuchetas” para que todos percebam a influência da resistência do ar, as possibilidades de voo baixo e a necessidade de outros conhecimentos. Procurar avaliar essa percepção num primeiro momento como parte da avaliação diagnóstica (CORDEIRO, 2012) e, aos poucos, fazer as primeiras intervenções, chamando a atenção, quando necessário, para os elementos importantes da experiência, o que constitui a avaliação formativa. Empreender uma pesquisa no laboratório de informática para descobrir a evolução da pipa: a utilização para que inicialmente foi criada ou formas de utilização conhecidas na história, como modificaram a estrutura e a forma de brincar com ela no decorrer do tempo e do espaço, consultar textos e imagens. Montar um “trabalho acadêmico” coletivo com os resultados individuais. Mostrar as partes do trabalho, a forma como deve ser formatado e anexar as imagens, para melhor visualização, pode-se utilizar o Datashow ou lousa digital, se houver disponibilidade na unidade escolar. O professor projeta as partes do trabalho e vai montando conforme os alunos falam sobre as informações (professor-escriba).
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3ª ETAPA: Além da forma escrita, fazer o tratamento dos dados da pesquisa através de gráficos e/ou tabelas coletivas. Se for interessante e adequado (em relação ao tempo e espaço do projeto e interesse dos estudantes) alguns registros poderão ser individuais também. Por exemplo, organizando os nomes de diferentes tipos de pipas numa tabela, conforme forem aparecendo na pesquisa. Levantaralgumas hipóteses dos tipos de estruturas necessárias e adequadas para garantir o voo da pipa, colocando novamente os conhecimentos em prática, testando alguns protótipos que as crianças deverão confeccionar. Sempre anotando os resultados. Verificar constantemente se as crianças estão observando os aspectos que facilitam ou dificultam a construção do brinquedo e a brincadeira com o mesmo (avaliação do processo). Sempre mostrando essa necessidade aos que precisarem, atendando inclusive, para os estudantes que não obtiverem êxito, para que não fiquem desmotivados. O erro faz parte do processo de aprendizagem. 4ª ETAPA: Realizar uma nova pesquisa para verificar os materiais necessários e escolher as técnicas que os estudantes julgarem mais adequadas dependendo do perfil de cada criança ou do grupo. Esta pesquisa poderá ser realizada na Biblioteca Escolar, em parceria com o bibliotecário, em livros ou vídeos que poderão ser previamente selecionados pelo professor e bibliotecário. Há diversos vídeos disponíveis na internet, chamados tutoriais, que podem ser utilizados, chamando a atenção das crianças para a linguagem usada. O registro da pesquisa também poderá ser coletivo no sentido de repertoriar os alunos. O professor como escriba pode anotar na lousa as “descobertas” elencadas pelos estudantes. Neste momento se faz interessante chamar a atenção dos participantes para as normas ortográficas, gramaticais, entre outras que forem pertinentes, mas sem desgastar a atividade.
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Em seguida, fazer novos testes com o novo conhecimento, sempre registrando os melhores resultados e levantando novas hipóteses sobre como construir uma pipa e como conseguir levantá-la. Antes dos testes, é necessário verificar as possibilidades e disponibilidade de materiais. 5ª ETAPA: Elaborar um roteiro de entrevista e aplicar juntos aos familiares, a fim de envolvê-los e encontrar outras alternativas e parcerias para a continuidade do projeto. Incluir questões que abordem a comercialização, padronização dos modelos de pipa e o uso de cerol (cortante). Exemplos de questionamentos: - Onde podemos encontrar pipas prontas para comprar? - Qual o tipo de pipa que você conhece? - Qual o tipo de pipa mais comum? - Qual o melhor formato para uma pipa? - Você sabe fazer pipa? - É correto usar cortante? Por quê? - Você acha importante conscientizar as crianças sobre os perigos do uso do cortante? - Quais os riscos que o cortante representa para as pessoas? Socializar os dados oralmente, organizar os dados numa tabela e construir um gráfico de barras para melhor apresentação e para facilitar a interpretação pelas crianças. Dessa forma, terão outros elementos para incluir na proposta da oficina (produto final). O gráfico pode ser construído com uma das informações, por exemplo, quantos entrevistados disseram saber fazer pipa e quanto disseram não saber.
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Todos os registros das etapas desenvolvidas até esse momento serão muito importantes para facilitar a retomada, por isso se faz importante formalizar todos os registros de forma coletiva. Algumas atividades mais simples podem ser individuais, como a elaboração de um título para o gráfico de barras ou tabela, por exemplo. Avaliar e sinalizar sempre às crianças e familiares o cumprimento de todas as atividades (feedback) individuais e coletivas pelo uso da agenda da criança e por outros meios dos quais a unidade escolar dispuser, como e-mails, blog, etc. A divulgação de fotografias em um painel da escola também pode ser um recurso interessante para integral a família ao projeto. 6ª ETAPA: Realizar pesquisas sobre os diferentes nomes que a pipa tem em diferentes lugares, seja no Brasil ou fora. Neste momento, haverá maior protagonismo dos alunos para escolher as fontes de pesquisa (se realizarão através de meios eletrônicos, bibliográficos, entrevistas, enfim, pois estarão repertoriados com as pesquisas anteriores). Enviar roteiros de tarefas de casa para que os familiares também possam contribuir na orientação da pesquisa, acompanhar todo o processo da investigação, promovendo alguns momentos de socialização para que todos possam realizar a atividade. Cada criança montará seu trabalho em sala de aula, revisando o texto, quando necessário. Pode-se enviar um roteiro pedindo uma lista de diferentes nomes de pipas num primeiro momento. Numa segunda atividade, envia-se um mapa do país no qual a criança deva identificar algumas regiões em que a pipa receba um determinado nome (ou nomes) criando uma legenda. Posteriormente, sugerem-seàs crianças para trazerem imagens de diferentes pipas e os respectivos nomes. Há também a possibilidade de se organizar em grupos, cada um sendo responsável por uma região do país. Alguns detalhes como essa divisão
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poderá ser discutida com eles para que se organizem da melhor forma possível, sempre dependendo: das habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos, da adequação ao tempo e espaço, do envolvimento e interesse dos estudantes. Procurar incentivar a participação efetiva das crianças no projeto. O resultado da pesquisa deverá ser individual e se constituirá num tipo de catálogo com nomes e desenhos ou figuras de diferentes pipas de diversas regiões do país e fará parte do produto final do projeto. 7ª ETAPA: De posse dos trabalhos individuais de cada criança, os alunos deverão fazer uma seleção de formatos de pipas, classificando, denominando e organizando as formas que apareceram nos trabalhos. Para isso, os estudantes trocarão seus “catálogos”. Dessa forma, o trabalho não se tornará repetitivo. A fim de profundar o conhecimento das unidades de medidas e a noção de medidas, o professor poderá explorar o uso de instrumentos de medidas de comprimento (régua, fita métrica, etc.) e as unidades de medidas mais apropriadas para uma pipa; para uma distância entre uma pipa e outra quando estão no céu, inclusive com uso de estimativas; para detalhes nos desenhos das pipas; para as regiões que estudaram anteriormente, entre outras possibilidades que surgirão com o interesse dos estudantes. Para serem monitores na oficina de pipas, as crianças precisarão das habilidades adquiridas nessas atividades com os instrumentos de medição. A intenção descrita acima deverá ser explicitada a todos para que compreendam sua necessidade no projeto. Por isso é importante procurar motivar os alunos de forma que entendam que para ensinar outras pessoas a confeccionar pipas precisamos treinar e saber usar todos os materiais, técnicas e instrumentos de que dispomos.
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Cada criança deverá escolher um formato, modelo e técnica que não tenha utilizado nas experimentações anteriores e confeccionar uma pipa diferente das que já fez. Fazer novas tentativas de “empinar” e “soltar” as pipas, ampliando ainda mais o repertório e as habilidades. Verificar com antecedência os materiais disponíveis na unidade escolar. 8ª ETAPA: Organizar uma linha do tempo do projeto, escolher fotografias e ilustrações para compor o painel a ser exposto no dia da oficina. Organizar também os materiais disponíveis para a oficina arrecadados durante todo o ano e os modelos confeccionados pelos alunos durante os experimentos. Todo esse material ficará exposto na sala, disponível para os participantes como modelos. Para a construção da linha do tempo, elaborar um relatório coletivo com uso do Datashow ou lousa digital a fim de repertoriar os estudantes, o professor como escriba destacando as características do texto e a norma culta da língua. Neste relatório anotar, por exemplo, datas em que foram realizadas pesquisas, datas e descrição das pipas confeccionadas, datas e informações sobre as visitas de parceiros da sociedade que se dispuseram a contribuir durante o projeto, etc. Após a confecção da linha do tempo, cada criança deverá produzir seu próprio relatório do projeto, tendo como referência a linha já montada. O texto servirá como instrumento de avaliação individual final do projeto com o objetivo de verificar, além dos elementos discursivos e linguísticos, o sentido e o significado que toda a atividade teve para cada um. Para isso, incentivar relatos com as impressões pessoais da criança, além das datas e descrições. Faz-se importante promover momentos de autoavaliação, partindo da escrita, avançar para outras áreas procurando levá-los à reflexão sobre as habilidades aprendidas durante o ano todo, tanto no projeto quanto em outras atividades que permearam todo o processo.
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9ª ETAPA: Promover o fechamento do projeto com uma mostra do projeto, neste dia oferecer uma oficina de pipa para os visitantes que manifestarem interesse. Expor os modelos de pipas, os catálogos produzidos com nomes e figuras, a linha do tempo do projeto para que os participantes também possam consultar. Organizar os alunos para monitorarem os visitantes na confecção de suas pipas para depois “soltar” com os familiares no campo da escola. Procurar registrar através de fotografias todas as etapas.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Há diversos desafios a serem enfrentados para realizar o trabalho com projetos didáticos. Podemos destacar a mudança de mentalidade, especialmente no que se refere à interdisciplinaridade, no sentido de superar a segmentação do conhecimento em áreas e das áreas em disciplinas e ir além dos conteúdos programáticos fomentando nos alunos “formas complexas de pensamento” (CIRYNO; JESUS, 2014, p.754). Quanto ao protagonismo do estudante, o maior vilão da história é a ansiedade dos adultos. Para isso, precisamos compreender que se trata de um aspecto gradual. A criança não se torna autônoma de uma hora para outra, por isso deve-se começar desde muito cedo, dentro das possibilidades que cada indivíduo possui, respeitando o ritmo de cada um e de todos. Possibilitar que eles explorem suas habilidades, coloquem a prova o que conseguem fazer sozinhos durante o andamento do projeto para que se desenvolvam. Neste sentido Kramer afirma que Nos dois [Educação Infantil e Ensino Fundamental], temos grandes desafios: o de pensar a creche, a pré-escola e a escola como instâncias de formação cultural; o de ver as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais (KRAMER, 2006, p.20).
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Outra questão muito importante a ser observada dentro do contexto social no qual a criança está inserida é a variação linguística, regionalização e função social da escrita, pois segundo Monteiro (2010, p. 92) “a capacidade de analisar, refletir e pensar linguisticamente contribui para o conhecimento sobre os fatos e fenômenos da linguagem, melhorando a compreensão e expressão dos momentos comunicativos escritos e orais”. Assim, desde elencar diferentes forma de nomear o brinquedo, considerar e valorizar os conhecimentos dos agentes sociais conhecidos pela criança, dar sentido à escrita e à comunicação oral em diversos momentos, como na elaboração da linha do tempo do projeto e no monitoramento da oficina de pipas, enfim, todas elas são atividades que vão ao encontro da questão abordada pela pesquisadora. Em consonância com propostas de reflexão sobre avaliação e questionamentos levantados por Hoffman (2005), pensamos a avaliação de forma que acompanhe o processo de desenvolvimento do projeto. Dessa forma, a avaliação diagnóstica permitirá verificar os conhecimentos já consolidados, os introduzidos e os que ainda não foram trabalhados e que serão necessários para o desenvolvimento integral do estudante. A avaliação formativapermiteao professor verificar e regular as demandas formativas do grupo eaos próprios estudantes permite verificaros saberes que necessitarão para a construção efetiva do produto final. A avaliação final vislumbra a qualidade do processo e do produto final ao término do projeto.Assim, entendemos a avaliação como parte e não finalidade do trabalho docente. Para Lima (2013, p.57): A avaliação formativa é aquela que faz uso da função diagnóstica com vistas a intervenções seguras, promovendo avanços significativos. Ela é ao mesmo tempo, informativa e formativa. Não precisa nem faz uso de comparações e classificações entre estudantes, escolas e/ou sistemas. Por meio da avaliação formativa, o estudante é tomado como seu próprio
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parâmetro, ou seja, seu desenvolvimento é, ao mesmo tempo, seu ponto de partida e de chegada. Ressaltamos que, apesar dos desafios apontados por Leme (2015), destacamos o importante papel da formação docente oferecida pelo PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa), e consideramos possível realizar um trabalho pedagógico de qualidade oferecendo oportunidade às nossas crianças de forma contextualizada, vivenciando o conhecimento, promovendo a interação família e escola e garantindo os direitos de aprendizagem dos educandos.
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REFERÊNCIAS BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In.: BRASIL. Ensino fundamental de nove anos: orientação para a inclusão da criança de seis anos. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. CIRYNO, M. C. C. T.; JESUS, C. C. Análise de tarefas matemáticas em uma proposta de formação continuada de professoras que ensinam matemática. Ciênc. Educ., Bauru, v. 20, n. 3, p. 751-764, 2014. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132014000300751&lng= pt&nrm=iso&tlng=en Acesso em 10/02/2017. CORDEIRO, J. Didática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012. FARIA, M.O. A teoria histórico-cultural e a brincadeira: (re)pensando a educação infantil a partir dos autores contemporâneos. São Carlos: UFSCar, 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, 2016. FAZENDA, I. C. A. Didática e Interdisciplinaridade. 3.ed. Campinas: Papirus, 1998. HOFFMANN, J. M. L. Avaliação: mito e desafio, uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2005. KRAMER, S. A infância e sua singularidade. In.: BRASIL. Ensino fundamental de nove anos: orientação para a inclusão da criança de seis anos. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. LEME, J. C. S. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: possibilidades e percepções no contexto da formação docente. São Carlos: UFSCar, 2015. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, 2015. LIMA, E. S. Avaliação formativa: indutora das aprendizagens de todos na escola. In Serviço Social da Indústria (São Paulo). Saber em ação 2012. São Paulo: SESI – SP Editora, 2013. MONTEIRO, M. I. Alfabetização e letramento na fase inicial da escolarização. São Carlos: EDUFSCar, 2010.
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