P r o g r a m a D a s n a çõ e s u n i d a s pa r a o d e s e n v o lv i m e n to
Empoderando vidas. Fortalecendo nações.
Relatório Anual 2012 O futuro sustentável que queremos
© PnuD Brasil, 2013
© Copyright 2013 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Sumário O PNUD em Ação................................................................................................ 1 Introdução............................................................................................................ 2 O Futuro Sustentável Que Queremos......................................................... 3 Ganhos Triplos..................................................................................................... 4 Distribuição de fundos do PNUD Brasil 2012........................................... 5 ODM Para Todos............................................................................................... 6 Leite de cabra transforma vidas no sertão de Alagoas.................................................................................................. 8 Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Produtiva....................10 Tecnologia social empodera mulheres indígenas Kaiowá-Guarani..................................................................12 Justiça e Segurança Cidadã......................................................................14 Espaço de convivência promove segurança com cidadania em Contagem...........................................................16 Cooperação Sul-Sul.......................................................................................18 Haitianos recebem infraestrutura e formação para a área de saúde..........................................................................................20 Iniciativas com o Setor Privado e Sociedade Civil.........................22 Projeto ODM............................................................................................23 Pacto Global.............................................................................................24 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável................................................................25 Centro Rio+, Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável .........................................................29 Rio+20 vira referência para compensação de CO2....................32 Promoção dos Objetivos do Milênio....................................................34 Fórum de Ministros...............................................................................34 Jogo Contra a Pobreza.........................................................................35 Voluntários das Nações Unidas...................................................................36 O Sistema ONU no Brasil................................................................................38 IPC-IG....................................................................................................................42 foto da capa: A família de Dona Elza Pedro, da etnia indígena KaiowáGuarani, é uma das beneficiárias da construção do fogão ecológico, iniciativa do PNUD no Programa Conjunto da ONU de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas (PCSAN).
Modernização Institucional..........................................................................44 O PNUD nas redes............................................................................................47
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Brasil Jorge Chediek Representante Residente Arnaud Peral Representante Residente Adjunto Maristela Baioni Representante Residente Assistente
Coordenação editorial: Daniel de Castro Textos: Daniel de Castro, Jacob Said, Silvia Cavichioli Colaboração: Arbela Lima, Katherine Judd, Yuri Lima e Daniele Godoy Diagramação original: Design Lab 360 Adaptação: Katherine Judd
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o pn u d e m aç ão 2012 foi um ano marcante para o PNUD Brasil. Entre tantos eventos, a organização se engajou no apoio à realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), do Fórum de Ministros de Desenvolvimento Social da América Latina e África e, até mesmo, da décima edição do Jogo Contra a Pobreza, promovido pelos craques Ronaldo e Zidane.
(UNDSS), o Programa de Voluntários da ONU (VNU) e o Protocolo de Montreal. O Complexo contará futuramente com outros organismos da ONU, melhorando ainda mais a eficácia de nossa cooperação com o Brasil e a coordenação do Sistema. Em 2012, o trabalho coordenado da ONU no Brasil gerou resultados importantes, como a promoção dos diálogos para a construção da agenda pós-2015.
Com o sucesso na realização da Rio+20, o Brasil definiu novos marcos e modelos para conferências mundiais de alto nível. O país introduziu importantes critérios de sustentabilidade operacional e de acessibilidade, promovendo um dos encontros de cúpula mais inclusivos e ambientalmente sustentáveis que a ONU já realizou. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no papel de parceiro do Comitê Nacional de Organização da Rio+20 (CNO Rio+20), orgulha-se de ter contribuído para que essas ideias e iniciativas se tornassem realidade.
Este conjunto de realizações evidencia o forte engajamento do PNUD e da ONU com o país e com o povo brasileiro. Em cumprimento ao nosso mandato de promoção dos Objetivos do Milênio, a equipe do PNUD esteve presente em todos os estados brasileiros, acompanhando nossos parceiros nas mobilizações para o 4º Prêmio ODM. Juntas no Palácio do Planalto, a administradora mundial do PNUD, Helen Clark, e a presidente Dilma Rousseff – acampanhadas de outras autoridades – fizeram a entrega dos prêmios aos vencedores diante de uma plateia repleta de representantes da sociedade civil organizada e de prefeituras.
A Rio+20 deixou ao mundo outro legado importante: a criação do Centro Rio+, Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável, com sede no Rio de Janeiro. O novo centro é um esforço colaborativo de parceiros incluindo governos, organismos da ONU, universidades, empresas e sociedade civil. A criação do Centro tem como base o sucesso da parceria existente entre o governo brasileiro e o PNUD com o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), criado em 2004, em Brasília. Desde sua fundação, o IPC-IG tem desempenhado um papel fundamental no diálogo entre países do Sul no âmbito de políticas de proteção e inclusão social, inovação, desenvolvimento, bem como questões rurais e de desenvolvimento sustentável em geral. Aliás, o ano de 2012 também foi marcado pela promoção da Cooperação Sul-Sul. Um mês antes da Rio+20, o Brasil foi sede do Fórum de Ministros do Desenvolvimento Social da América Latina. Pela primeira vez em cinco edições, o evento aconteceu fora de Nova York. Também pela primeira vez, o encontro realizado em Brasília abriu as portas para a participação de ministros africanos, promovendo um estreitamento dos laços entre os dois continentes e criando mais oportunidades para a cooperação horizontal. A realização deste Fórum em solo brasileiro reforçou o compromisso e a parceria do PNUD com a Agência Brasileira de Cooperação nos esforços de ampliação de espaços e oportunidades que promovam o intercâmbio entre o Brasil e seus pares no hemisfério Sul. Ao final do ano, outro símbolo desta parceria com o Brasil tornou-se realidade. Inauguramos a Casa das Nações Unidas no Brasil – Complexo Sérgio Vieira de Mello – com a abertura do primeiro edifício. Além do PNUD, o prédio Zilda Arns abriga também o Departamento de Segurança das Nações Unidas
O ano foi encerrado com chave de ouro com a realização, no Brasil, da décima edição do evento beneficente mais respeitado do mundo esportivo: o Jogo Contra a Pobreza do PNUD, liderado por nossos Embaixadores da Boa Vontade Ronaldo e Zidane. As duas lendas do futebol mundial – ao lado de craques nacionais e internacionais – reuniram um público de mais de 50 mil pessoas na nova Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Juntos, eles conseguiram mobilizar recursos e conscientizar o público da importância da luta contra a pobreza. Estes esforços para o alcance dos ODM mostram que o Brasil tem se despontado como exemplo de país em desenvolvimento capaz de quebrar diversos paradigmas na luta pela inclusão social e redução da desigualdade, tarefas historicamente complexas e demoradas para as nações situadas nos trópicos. Esperamos que as conquistas e resultados de 2012 sirvam de inspiração para que, juntos, possamos continuar inovando na construção desta agenda positiva para o desenvolvimento humano sustentável.
Jorge Chediek representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil
2012 e m n ú m e r o s
123 45 60
+ de
projetos executados pelo PNUD em 2012, somando 118 milhões de dólares
milhões de dólares movimentados com licitações, compras e serviços para Rio+20 Olaria em Abaetetuba (PA): O desenvolvimento humano local é uma das prioridades do PNUD.
países receberam apoio via Cooperação Sul-Sul
Feirante em seu próprio negócio no Ceará: oportunidades mais igualitárias para reduzir desigualdades
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110 24 4,9
colaboradores do PNUD (50 funcionários e 60 colaboradores e prestadores de serviço)
entidades da ONU (22 residentes e 2 não residentes), que compõem a equipe da ONU no país, receberam apoio e orientações do Sistema do Coordenador Residente, que é financiado e administrado pelo PNUD.
milhões de dólares: custo da obra da Casa da ONU
I n t r o d u ç ão O F U T URO S U S T E N TÁV E L Q UE Q UEREMO S O documento final da Rio+20 consolidou a necessidade de adoção do conceito de desenvolvimento sustentável em sua forma mais ampla, contemplando o social, o ambiental e o econômico.
Oficina de capacitação para a promoção do desenvolvimento local sustentável.
O PNUD Brasil – por intermédio da cooperação técnica e em parceria com o governo brasileiro, o setor privado e a sociedade civil – tem a constante missão de alinhar seu trabalho às necessidades de um país continental, dinâmico, complexo e diversificado como o Brasil. Colaboramos com nossos parceiros no planejamento, implementação, monitoramento e avaliação dos projetos de cooperação técnica, oferecendo também serviços de suporte ao desenvolvimento das atividades planejadas. Através dos projetos que desenvolve, o PNUD presta apoio aos países para que alcancem seus próprios objetivos de desenvolvimento e as metas acordadas internacionalmente. Para além das atividades vinculadas à gestão de projetos, a atuação do PNUD no país compreende atividades de advocacy, assessoria política ou para formulação de políticas públicas (policy advice) e assistência técnica.
Para tanto, o PNUD coloca à disposição do Brasil sua rede global presente em 177 países e territórios, suas plataformas de conhecimento e troca de informações e suas ferramentas, metodologias e instrumentos de gestão e produção de inovações, bem como empresta sua neutralidade no papel de facilitador de diálogos, construção de consensos e aproximação de visões diferentes em prol de objetivos comuns. Em 2012, iniciamos um novo ciclo programático alinhado não apenas ao Plano Plurianual do governo, mas também às necessidades evidenciadas pelos debates e documentos gerados na Rio+20. Os desafios para a construção do Futuro Sustentável que Queremos são claros: combate à pobreza e à desigualdade, fortalecimento da governança democrática, crescimento econômico e o desenvolvimento humano e sustentável. O Programa de País para o ciclo de 2012-2015 compreende quatro áreas-chave: alcance dos ODM para todos; desenvolvimento sustentável e inclusão produtiva; redução da vulnerabilidade à violência e promoção da segurança cidadã; e Cooperação Sul-Sul.
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G an h o s T r i plo s Em 2012, o PNUD lançou o “Ganhos Triplos para o Desenvolvimento Sustentável”, que resume oito estudos de caso e destaca o alcance e a importância da complementaridade entre as três dimensões do desenvolvimento sustentável: social, ambiental e econômica. O documento, que cita o Brasil entre os exemplos bem-sucedidos, descreve as políticas e programas de ‘ganhos triplos’ de desenvolvimento que integram o desenvolvimento social com o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental. “O estudo de caso do Brasil em nosso relatório é apropriadamente intitulado ‘Tornando Realidade o Desenvolvimento Sustentável’. Ele atribui o sucesso do Brasil à compreensão da pobreza como um problema multidimensional, que vai além da falta de renda e exige abordagens abrangentes para quebrar ciclos de exclusão, falta de oportunidade, saúde precária e baixa renda”, diz Helen Clark, administradora mundial do PNUD .
“Ganhos Triplos para o Desenvolvimento Sustentável”, documentobase do PNUD para as discussões da Rio+20
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Políticas brasileiras como o Bolsa Família e o Bolsa Verde (ambas integrantes do Plano Brasil Sem Miséria) e o Luz para Todos são citados como exemplos de evolução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, previstos na Agenda pós-2015. O relatório indica que, durante as últimas duas décadas, o Brasil tem feito grandes progressos ao combinar crescimento econômico com ganhos sociais, proteção e conservação dos recursos naturais. O documento apresentado pelo PNUD às vésperas da Rio+20 serviu de base importante para as ideias tratadas no documento final da Conferência e para as discussões em torno da Agenda Pós-2015.
D i st r i b u i ç ão d e f u nd o s d o pn u d b r as i l 2012 por área Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Produtiva
54.636.929,67
46%
27%
ODM para Todos
Total
31.741.532,33
118.195.244
Justiça e Segurança Cidadã
6.086.652,38 Cooperação Sul-Sul
25.730.129,75
Em US$
5% 22%
P o r f u nd o Governo Brasileiro
59,03%
69.760.183,56 IFIs (Instituições Financeiras Internacionais)
980.873,32 PNUD & Fundos Fiduciários e Temáticos
3.592.596,27 Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF) & Protocolo de Montreal
0,83% 3,04%
Total
118.177.509
3,84% Em US$
4.538.016,35 Setor Privado
39.305.839,49
33,26%
Os projetos da modalidade de Execução Nacional (NEX) implementados pelo PNUD são auditados pela Controladoria Geral da União (CGU). O escritório do PNUD no Brasil passou por auditoria completa em 2012, obtendo classificação “satisfatória”. Os relatórios destas auditorias, incluindo a que foi feita no PNUD Brasil, estão abertas ao público desde 1º de dezembro de 2012 em http://audit-public-disclosure.undp.org/.
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ODM Para Todos Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) norteiam a formulação e a implementação dos projetos do PNUD no Brasil. A partir de uma abordagem multidisciplinar e holística sobre o desenvolvimento, o PNUD trabalha em conjunto com os órgãos dos governos federal, estaduais e municipais, bem como com a sociedade civil organizada, na promoção e aceleração dos ODM. Em complementação à assistência técnica prestada nos diversos setores das políticas sociais e de meio ambiente, o PNUD aporta conhecimento no campo da gestão pública, da governança democrática, do fortalecimento e modernização institucional e do desenvolvimento de capacidades, buscando sempre ampliar a participação da sociedade civil nos projetos e iniciativas. Além do apoio ao Movimento Nós Podemos e ao Portal ODM, nossas parcerias passam por projetos nas áreas de Saúde e Combate ao HIV/Aids, Educação , Desenvolvimento social – com foco na segurança alimentar, redução da pobreza e saneamento – e Desenvolvimento local de capacidades, como é o caso do projeto-piloto CapaCidades, desenvolvido em 4 municípios brasileiros, com ações estruturantes e de suporte aos órgãos centrais de planejamento e de articulação de politicas públicas.
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Pulseirinhas estilizadas com as mensagens dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, distribuídas pela Banda Eva no Carnaval de Salvador (BA)
n o ss o t r abal h o Em julho de 2012, o governo de Minas Gerais assinou com o PNUD o documento que propõe a Repactuação dos ODM, comprometendo-se a melhorar os índices que ainda não foram atingidos e criar novas metas para os objetivos já cumpridos ou que estão próximos do cumprimento. Além disso, um novo ODM foi criado para Minas Gerais: redução da insegurança no estado. Em 2012, formuladores de políticas públicas de Minas Gerais e São Paulo adotaram o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), criado pelo PNUD, para fazer um mapeamento da população em situação vulnerável nos estados. Em MG, por exemplo, ele foi aplicado ao programa Porta a Porta, em parceria com prefeituras e organizações sociais, como projeto-piloto em nove municípios. Esse diagnóstico permite identificar as principais privações dos habitantes e traçar programas sociais mais precisos. O PNUD reforçou seu comprometimento com governo e sociedade civil na luta contra o HIV e contra a discriminação sofrida pelas comunidades mais vulneráveis no acesso aos serviços de saúde. A iniciativa “HIV e Cidades”, firmada em 2012 com a associação Aids Tchê, de Porto Alegre, é um exemplo destas parcerias. Implementado pelo PNUD em 18 cidades no mundo, o projeto tem foco no desenvolvimento e na execução de novas políticas e programas contra o HIV para populações vulneráveis à doença. No Brasil , Porto Alegre é uma das capitais com o maior índice de casos da doença.
Helen Clark na cerimônia do 4º Prêmio ODM Brasil, realizada no Palácio do Planalto, Brasília.
Prêmio ODM As 20 melhores práticas de organizações sociais e prefeituras de todo o país que contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) receberam, em maio de 2012, o 4º Prêmio ODM Brasil – uma parceria entre a Secretaria-Geral da Presidência e o PNUD. A cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, em Brasília, contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e da administradora do PNUD, Helen Clark. A cada ano, o número de projetos inscritos aumenta. Na edição de 2012, foram 1.638 candidatos. Uma das iniciativas premiadas foi a da Cooperativa dos Agricultores do
Vale do Amanhecer (Coopavam), que desenvolve, em parceria com o PNUD e o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), o Projeto de Conservação e Uso Sustentável das Florestas no Noroeste do Mato Grosso. Através do projeto, as famílias conseguiram recursos e capacitação para construir uma fábrica de beneficiamento e extração do óleo da castanha, na qual produzem amêndoas e biscoitos que hoje são utilizados na merenda escolar de seis municípios da região e comercializados para empresas do Sudeste e Sul do país. A fábrica garante a renda de cerca de 80 famílias e gera mais de 300 empregos.
Instituições públicas e a sociedade civil ganharam novos mecanismos de monitoramento e avaliação das políticas sociais com impacto direto sobre os ODM. Em julho de 2012, o PNUD, em parceria com o MDS, publicou a 2ª rodada da Pesquisa de Avaliação de Impacto do Bolsa Família (IFPRI/Datametrica). Ela mostrou os impactos positivos do programa, especialmente em saúde e educação. Entre 2005 e 2009, a cobertura de vacinas entre as famílias beneficiadas aumentou de 79% para 82%, por exemplo. Além disso, o PNUD contribuiu com o Plano Brasil Sem Miséria ao aportar consultoria técnica para a formulação de políticas de geração de renda e apoio na estratégia de comunicação. p n u d b r a s i l r e l ató r i o a n ua l 20 1 2
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Leite de cabra transforma vidas no sertão de alagoas Aos 18 anos, Ádria Lima ganhou para o currículo uma experiência de peso: o cargo de presidente. Exemplo de liderança na comunidade, ela chegou à frente da Natucapri, uma cooperativa no sertão de Alagoas que produz sabonetes artesanais à base de leite de cabra. Trabalhando durante o dia e estudando à noite, Ádria, que concluiu o ensino médio em 2011, sonha agora com a universidade. Mas essa trajetória de jovem mulher empoderada está longe da realidade da maioria das habitantes do pequeno município de Maravilha, a 230 km – 4 horas de viagem de carro – da capital Maceió. Com índices de analfabetismo que chegam a quase um terço da população adulta, Maravilha tem um dos IDHs mais baixos do Brasil. A situação se agrava ainda mais na área rural, onde 40% dos moradores estão em condição de extrema pobreza. Em busca de oportunidades, um grupo de mulheres se uniu em 2006 para fundar o empreendimento que daria origem à cooperativa. A ideia era produzir sabonetes artesanais usando como principal matériaprima o leite de cabra, em abundância na região, em combinação com ervas e
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extratos locais. Além das dificuldades em gerir o próprio negócio, as mulheres de Maravilha enfrentavam a barreira social de uma comunidade tradicionalmente rural e patriarcal. “Passamos por muitos preconceitos. Em casa, nas ruas; a sociedade não aceitava nosso trabalho”, comenta Angelina dos Santos, uma das fundadoras do grupo. Com o apoio do PNUD, uma articulação entre a Agência de Fomento de Alagoas e o Sebrae permitiu a capacitação técnica do grupo. Além do processo de formulação e fabricação dos sabonetes, foram realizados cursos em áreas complementares como cooperativismo, gestão de negócios, elaboração de cronogramas de trabalho e plano de vendas. As viagens por todo o Brasil para vender os sabonetes em feiras de artesanato e de economia solidária tornaram-se constantes para muitas mulheres que, até então, mal conheciam os arredores de Maravilha. Aos poucos, a comunidade passou a compreender e a respeitar o trabalho delas na cooperativa, que não parou de crescer. “O importante é conquistar a autonomia. É ter uma profissão; aprender a fazer a gestão de um negócio e ter uma renda”, diz Ádria.
as mulheres empreendedoras da cooperativa natucapri, em maravilha (al)
Embora o retorno financeiro ainda não seja grande nem regular, os cerca de R$ 100,00 mensais têm um significado importante na autoestima dessas mulheres, que superaram a timidez e a insegurança e ganharam um novo mundo com a cooperativa. “O que nós enxergamos é a perspectiva de um futuro melhor, de mais qualidade de vida, através de um trabalho que não tem patrão nem empregado: todo mundo é dono, todos são ouvidos e lutam por um objetivo comum”, diz Ádria.
sabonetes produzidos pelas mulheres da cooperativa natucapri, como parte do projeto de fortalecimento Institucional em apoio ao desenvolvimento local no estado de alagoas
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Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Produtiva Os projetos ambientais do PNUD no Brasil, voltados ao desenvolvimento e à inclusão social, contemplam iniciativas inovadoras que oferecem exemplos de como o meio ambiente pode servir de base para o desenvolvimento, promovendo a geração de emprego, renda e qualidade de vida. Dezenas de projetos são financiados nas áreas de biodiversidade, mudanças climáticas, desertificação e proteção da camada de ozônio, ajudando o país no cumprimento dos compromissos assumidos nas convenções internacionais e ampliando a visibilidade e o respeito internacional das ações e posições brasileiras. Ao garantir oportunidades às populações mais pobres, nossos projetos buscam contribuir para a redução da pobreza e para a sustentabilidade ambiental, promovendo o desenvolvimento humano com respeito ao modo de vida das populações locais. O PNUD Brasil tem o compromisso de fortalecer as capacidades locais para mitigar efeitos das mudanças climáticas e promover a adaptação das comunidades, oferecendo assessoria para a formulação de políticas, produção de conhecimento e incentivo à inovação tecnológica.
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Produtos artesanais fazem parte de projetos de sustentabilidade no Cerrado brasileiro
n o ss o t r abal h o Desde que o Protocolo de Montreal foi assinado, há 25 anos, mais de 150 projetos foram realizados no Brasil para frear o consumo de substâncias que destroem a camada de ozônio. O PNUD é a agência líder para a implementação dos projetos aprovados pelo Fundo Multilateral, que gere os recursos do Programa. Em 2012, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, incentivamos a troca de equipamentos de refrigeração e ar condicionado que ainda operam à base desses gases nocivos em prédios públicos e pequenos estabelecimentos comerciais. A Articulação Pacari foi uma das grandes vencedoras do Prêmio Equatorial 2012. Apoiado pelo Programa de Pequenos Projetos Ecossociais, que conta com apoio do PNUD e financiamento do GEF, a iniciativa é composta por 47 grupos comunitários que trabalham com plantas medicinais do Cerrado. Entre eles, comunidades quilombolas, grupos de mulheres e assentados de reforma agrária. O Prêmio Equatorial reconhece comunidades do mundo inteiro que contribuem para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Integrando desenvolvimento social, ambiental e econômico, o projeto Saboarana – Arte em madeiras, fruto de uma parceria entre PNUD e Sebrae, foi um dos vencedores da terceira edição do Prêmio Sebrae Top 100. A iniciativa reaproveita resíduos de madeiras da região amazônica – que antes eram queimados – na produção de canetas artesanais. Os artesãos são jovens em situação de vulnerabilidade social que têm a oportunidade de se qualificar e buscar melhores oportunidades no mercado de trabalho.
Produtor inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), trabalhando a lavoura em sua fazenda em Marcelândia (MT).
C adast r o a m b i e ntal r u r al Municípios da região Amazônica que enfrentam altas taxas de desmatamento estão regularizando a situação das propriedades rurais junto aos órgãos ambientais e, dessa forma, controlando e revertendo o desmatamento. Para isso, contam com a ajuda de um projeto-piloto desenvolvido pelo PNUD e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com a Noruega. Em 2012, municípios do Pará, Acre e Mato Grosso tiveram oportunidade de regularizar os imóveis rurais e executar planos de recuperação para as áreas degradadas. Dos seis municípios contemplados pelo projeto, três faziam parte da lista dos que mais desmatam na região conhecida como Arco do Desmatamento: Ulianópolis e Dom
Eliseu (PA), e Marcelândia (MT). Todos os três completaram, em 2012, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em mais de 80% de seus imóveis rurais e saíram da lista – agora estão em situação regular e podem acessar crédito. As outras cidades que participam do projeto são Acrelândia, Senador Guiomard e Plácido de Castro, todas no Acre. O Cadastro Ambiental Rural, uma das principais iniciativas do projeto, acabou se tornando exigência do novo Código Florestal. A medida busca integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
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Tecnologia social empodera mulheres indígenas Kaiowá-Guarani Ainda não havia amanhecido na aldeia e Delma Gonçalves, 41, já caminhava há duas horas até o local em que os indígenas costumam recolher lenha. O caminho de volta, no entanto, era o mais penoso: sob o sol forte, tinha de carregar nas costas um feixe de 20 quilos de madeira. Dona Delma é uma das indígenas Kaiowá Guarani da aldeia de Panambizinho, a 250 km da capital Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Durante anos, três vezes por semana, essa foi sua rotina matinal. “Tinha muitas dores na coluna. Eu chegava tão cansada que mal dava conta de cozinhar”, conta Delma. O fogo para fazer o almoço era feito no chão, de modo precário, com algumas latas para tapar o vento e uma resistência de geladeira improvisada como grelha. Além de aumentar as dores na coluna, o fogo improvisado produzia muita fumaça, prejudicando a saúde dos moradores, principalmente das crianças, que sofriam com doenças respiratórias e tinham agravados casos de pneumonia, bronquite, sinusite e asma. Iniciada em 2012, a construção de fogões à lenha ecológicos
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de alta eficiência energética tem ajudado a mudar essa realidade da família de Delma e de outras dezenas de famílias indígenas na aldeia de Panambizinho. Desenvolvida por ONGs parceiras em um outro projeto do PNUD sobre eficiência e sustentabilidade energética na Caatinga, a tecnologia social para a construção do fogão ecológico está sendo adaptada à realidade indígena do Cerrado sulmatogrossense. Ao contrário dos fogões à lenha tradicionais, que levam cimento e ferro na construção, o fogão ecológico utiliza apenas materiais de baixo custo e que podem ser encontrados na própria região como areia, argila, barro e tijolos de barro. Esta iniciativa do PNUD faz parte de um programa conjunto com outras agências da ONU cujo objetivo é promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres e crianças indígenas no Brasil. Os materiais, aliados ao desenho mais estreito da cavidade para a lenha, funcionam como isolantes térmicos naturais, ajudando a reter o calor por mais tempo. A placa de argila que fica em
contato com o fogo evita o desperdício de energia, conduzindo calor de forma contínua e prolongada. Como as placas se mantêm quentes por até 5 horas, mesmo depois de extinto o fogo, é possível cozinhar alimentos mais duros sem uma supervisão constante. A alta eficiência energética do fogão torna possível o uso de gravetos finos, folhas secas, sabugos de milho e cascas de árvore como combustível, que podem ser encontrados nos quintais das casas, onde estas famílias fazem os plantios agroflorestais. As longas jornadas de dona Delma para buscar lenha agora se limitam a visitas ao quintal, recolhendo pequenos galhos que caem das árvores. “Uso o tempo que sobra pra cuidar das crianças e da casa. Posso tirar o mato, lavar roupa, varrer o terreiro. Também consigo cuidar da plantação”, conta a Kaiowá enquanto toma seu tereré.
dona delma cozinhando em seu novo fogão ecológico, na aldeia de panambizinho (ms)
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Justiça e Segurança Cidadã Os altos índices de criminalidade e insegurança impõem entraves ao desenvolvimento econômico e social. O PNUD Brasil compartilha da prioridade brasileira de melhoria da situação de segurança pública por meio do exercício da cidadania como caminho necessário ao progresso. Desse modo, o trabalho do PNUD Brasil visa contribuir diretamente para o alcance do fortalecimento dos sistemas judiciário e de segurança pública como garantidores dos direitos humanos e da cidadania. Além disso, apoiamos o estabelecimento de políticas integradas e mais efetivas para combater e prevenir a violência entre os grupos mais vulneráveis e excluídos. O PNUD vem desenvolvendo um conjunto de instrumentos e ferramentas que recuperam as melhores práticas sobre segurança cidadã, colocando à disposição dos governos sua rede de especialistas certificados com experiência concreta e exitosa. Nossos projetos nesta área cobrem igualmente ações voltadas para a promoção dos direitos humanos e prevenção e gestão de riscos e desastres naturais.
Jovens em atividade do Programa Conjunto Segurança com Cidadania, pintando o muro na comunidade como parte de uma atividade cultural em Vitória (ES).
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n o ss o t r abal h o Graças à parceria do PNUD com a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, o projeto Pensando o Direito contribuiu para a participação dos cidadãos nos debates sobre temas jurídicos da agenda pública. Em agosto de 2012, o projeto completou cinco anos de financiamento e apoio a estudos, com mais de 40 publicações e 50 pesquisas realizadas. A 1ª Pesquisa Nacional de Vitimização, que mede o sentimento de insegurança e medo do crime, entrou em fase de conclusão no final de 2012. Iniciada em 2010, a parceria entre o PNUD e a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça promoveu entrevistas em 182 municípios, totalizando 82.700 domicílios brasileiros. O PNUD tem apoiado e promovido amplamente os eventos internacionais da Comissão de Anistia, reunindo autoridades públicas e agentes sociais de vários países. Até 2012, foram 11 encontros para intercâmbio de conhecimentos e capacitação de pessoas. Em 2012, uma parceria entre PNUD, Min. Justiça, Agência Bras. de Cooperação e ICTJ, resultou na publicação “Justiça de Transição - Manual para América Latina” – em inglês e espanhol – no âmbito do projeto de cooperação para o intercâmbio internacional, desenvolvimento e ampliação das políticas de justiça de transição do Brasil. Implementado em 2011 e com duração prevista de 4 anos, o projeto Informações em Direitos Humanos: Identificando Potenciais e Construindo Indicadores está construindo um sistema inédito de base de dados com indicadores substantivos de direitos humanos no Brasil, permitindo ao governo e à sociedade avaliarem a situação no país.
O Seminário Internacional da Comissão Nacional da Verdade para troca de experiências na América Latina, em Brasília (DF).
S e m i n á r i o Co m i ss ão da V e r dad e Brasil, Argentina, Paraguai, El Salvador, Peru e Guatemala se reuniram em setembro de 2012, em Brasília, para refletir e trocar experiências sobre as comissões da verdade criadas e implementadas nesses países. O seminário “As Experiências das Comissões da Verdade nas Américas: Comissão Nacional da Verdade do Brasil” abordou metodologias de trabalho, ou seja, formas de organizar a investigação, com exemplos empíricos da Argentina, Guatemala e Peru; apoio a vítimas e testemunhas, com relatos de El Salvador, Peru e Brasil; elaboração de recomendações, com explicações da Guatemala e Peru; alianças institucionais, com exposições de El Salvador, Paraguai e do PNUD Brasil; e comunicação estratégica, com relatos do Paraguai e do Centro de
Informações das Nações Unidas (UNIC-Rio). O Representante Residente do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, destacou que “através desse esforço de compartilhar experiências de diferentes países, estão sendo implementados os melhores valores e princípios da ONU: um mundo com pleno respeito aos direitos humanos, com acesso à verdade e à Justiça.” Para Paulo Sérgio Pinheiro, membro da CNV do Brasil, a comissão no país “chega tarde, mas muitos arquivos foram encontrados, muitos documentos acumulados, então, há um acervo grande de materiais que as outras comissões, quando fundadas, não tinham.”
Uma missão internacional com especialistas da ONU no tema de Prevenção e Gestão de Riscos esteve no Brasil no final de 2012 para promover oficinas de discussão voltadas à identificação dos principais desafios e à formulação de estratégias de mitigação de riscos e fortalecimento de capacidades no país. Além da participação de membros da equipe da Secretaria Nacional de Defesa Civil, as oficinas contaram ainda com a presença de representantes das coordenações de defesa civil de diferentes estados brasileiros. O intenso processo de colaboração e construção coletiva, com foco na promoção de ações voltadas ao fortalecimento da cultura de gestão de riscos no Brasil, resultou nas bases de um projeto do PNUD nesta área.
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Espaço de convivência promove segurança com cidadania em Contagem
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territórios fazem parte do programa conjunto: Bairro itinga, em lauro de Freitas (Ba); região nacional, em Contagem (mg); e região administrativa vii – são Pedro, em vitória (es).
O “Buracão de São Mateus”, no coração da Região Nacional, em Contagem (MG), foi definitivamente eliminado do mapa em 2012, entrando para a história como uma triste e apagada lembrança do passado que os moradores da região preferem esquecer. O local, que ganhou fama como território do tráfico de drogas e que, durante anos, foi um ponto marcado pela insegurança e o abandono, agora é área de lazer e convivência. Com a revitalização, o espaço passou a fazer jus ao nome que leva: Parque São Mateus. O medo de outros tempos cedeu lugar para colorido do playground e do grafite dos jovens artistas. O corre-corre das crianças e as rodas de conversa dos mais velhos preenchem os espaços da praça, algo que, há pouco tempo, parecia um sonho distante. A Região Nacional é um dos três territórios que receberam o Programa Conjunto da ONU “Segurança com Cidadania: prevenindo a violência e fortalecendo a cidadania com foco em crianças, adolescentes e jovens em condições vulneráveis em comunidades brasileiras”. Financiado pelo Fundo para o Alcance dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, o Programa conta com a atuação conjunta de seis
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agências do Sistema ONU: PNUD, UNODC, UNESCO, OIT, ONU-Habitat e UNICEF. O Programa tem a parceria Governo Federal, através do Ministério da Justiça, e das prefeituras dos municípios integrantes, sendo implementado em colaboração com diferentes organizações da sociedade civil e grupos/lideranças comunitários. O líder comunitátio Ilton dos Santos, conhecido por todos no Nacional como o Café, testemunhou essa transformação e acredita que a mudança só pode trazer bons frutos. “Isso aqui não é só um parquinho para as crianças, ou só um espaço para a comunidade se divertir, fazer ginástica, etc. O que está acontecendo aqui é uma verdadeira mudança de cultura”, diz. “Eu me lembro de como este lugar era anos atrás, quando cheguei para morar no bairro. E posso dizer que o que vejo hoje representa uma grande evolução. Nossa esperança é de que a comunidade abrace esta causa e faça parte desta mudança.” Do envolvimento que teve com as drogas no passado, Café fala pouco. Ele agora se foca em mobilizar a comunidade para garantir que crianças e jovens evitem este caminho. “A fé me ajudou muito nesta mudança, mas a força da comunidade e
das pessoas boas que fui conhecendo com o tempo também teve um peso muito importante”, conta. O projeto paisagístico do Parque São Mateus virou símbolo desta nova identidade do Nacional. O local é agora ponto de encontro e de convergência de algumas das melhores coisas que o bairro tem a oferecer: arena para shows, pista de skate, playground, além das instalações de uma Academia da Cidade e do Espaço Integrado Casa Amarela – esta última, um símbolo da união da comunidade em torno da criação de espaços de paz. Desde a chegada do PNUD e das demais agências da ONU na região, treinamentos, oficinas, e a mobilização da própria comunidade têm contribuído para que o sentimento de segurança prevaleça e que o exercício da cidadania se torne parte das vidas de cada um dos moradores.
Ilton santos, o café, brincando com as crianças da comunidade no playground do novo parque são mateus, em contagem (mG), espaço que antes servia de ponto para o tráfico.
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Cooperação Sul-Sul Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A Cooperação Sul-Sul é, nesse sentido, um mecanismo de desenvolvimento conjunto entre países emergentes em resposta a desafios comuns. Em 2012, mais de 60 países foram parceiros do Brasil nesta modalidade de cooperação. O PNUD Brasil apoia o Governo Brasileiro em sua agenda global de desenvolvimento por meio da Cooperação Sul-Sul. Os projetos, coordenados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), têm suas ações realizadas através do mapeamento e transferência do conhecimento brasileiro em um conjunto de áreas temáticas que incluem segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, redução da pobreza, governança democrática, entre outras, além do fortalecimento de capacidades e da inclusão de novos parceiros nos arranjos de cooperação triangular. Para reforçar seu apoio global oferecido à Cooperação Sul-Sul, o PNUD assinou, com o Ministério das Relações Exteriores do país, o documento “Aliança Estratégica entre o PNUD e o Brasil”. A aliança facilita a realização de atividades e iniciativas de desenvolvimento nos países com os quais o Governo Brasileiro mantém acordos de cooperação.
Projeto Cotton-4, no Mali, prevê a rotação com outras culturas para preservação do solo
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n o ss o t r abal h o Os bancos de leite humano (BLH) são um exemplo da cooperação técnica brasileira. A combinação de baixo custo e eficácia dos métodos de coleta e controle de qualidade desenvolvidos pela Fiocruz possibilitou ao Brasil estruturar uma das maiores e mais complexas redes de BLH do mundo. O reconhecimento estimulou a demanda e, nos últimos cinco anos, a experiência brasileira serviu de inspiração para a implantação de bancos de leite humano em 24 países da América Latina, África e até Europa. Tudo isso graças à cooperação brasileira para transferência de tecnologia barata e eficaz, que inclui desde a esterilização de embalagens de alimentos reaproveitadas até estratégias para envolver a comunidade e aproveitar serviços públicos, como os bombeiros, para a coleta. Mais de 85 mil recémnascidos são beneficiados no exterior por esses BLH que, segundo os estudos, têm potencial de reduzir a mortalidade infantil em cerca de 13%. Exemplo muito bem-sucedido de projetos de Cooperação Sul-Sul é o Centro de Formação e Capacitação Profissional de Hernandárias, no Paraguai. Executado em parceria com o Senai, desde que foi inaugurado, em 2002, já formou mais de 10 mil profissionais em 660 cursos nas áreas de eletroeletrônica, metal-mecânica, construção civil, informática e outras especialidades.
O cenário agrícola no Mali atribui às mulheres o plantio e a colheita tendo em vista a simbologia da mulher associada à fertilidade das plantações.
Co o p e r aç ão S u l - S u l i m p u ls i o na s e to r alg o d o e i r o d e país e s e m d e s e nv o lv i m e nto Reconhecido mundialmente como líder em tecnologia de plantio direto na área cotonícola, o Brasil tem contribuído para reverter o quadro de estagnação das taxas de produtividade do algodão na África, ajudando a promover o aumento da renda e o acesso das populações rurais a alimentos. Para isso, tem desenvolvido ações inovadoras de cooperação técnica, como o Projeto Cotton-4, realizado desde 2009 pelo Brasil com Benin, Burkina Faso, Chade e Mali. O Cotton-4 é uma das iniciativas de um projeto mais amplo (BRA/12/002), que apoia a cooperação brasileira na área do algodão. Em cinco anos, serão investidos US$ 19,8 milhões em ações de assistência técnica e capacitação a partir de insumos tecnológicos disponibilizados por instituições brasileiras de excelência no setor, como a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que terão o papel de referência técnica na condução da cooperação. Parte dos recursos financeiros são provenientes do Fundo de Assistência Técnica e Fortalecimento da Capacitação Relativo ao Contencioso do Algodão na Organização Mundial do Comércio (OMC). A iniciativa enfatiza a relação entre produtividade agrícola e políticas de desenvolvimento, e cria oportunidades para a geração de empregos e o aumento da renda nos países produtores do algodão. O Projeto reforça o vasto programa de cooperação técnica Sul-Sul conduzido pelo Governo brasileiro na área agrícola, especialmente no setor algodoeiro.
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Haitianos recebem infraestrutura e formação para a área de saúde
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ambulâncias, 13 veículos 4x4 e 500 coolers foram entregues em 2012 para apoiar ações de vigilância epidemiológica no Haiti.
1,5 milhão
de pessoas foram vacinadas em ações que contaram com apoio do PnuD para aquisição de equipamentos especiais de transporte e refrigeração de vacinas e medicamentos.
53 milhões
de dólares é o valor total do projeto.
O Haiti ganhou, em 2012, ferramentas importantes para o combate às deficiências na área da saúde, agravadas pelo terremoto que atingiu o país em 2010. Entre elas está a criação de uma Escola Técnica de Saúde, voltada para a formação de técnicos locais para atuar nas redes pública e privada do país, ambas carentes de profissionais qualificados. A ação prevê a formação de 3,9 mil haitianos. Eles receberão uma bolsa de estudo individual no valor de US$150 por mês para incentivar a adesão e permanência no curso. Os recursos estão sendo desembolsados pelo governo brasileiro ao Ministério da Saúde haitiano por meio do PNUD. Já a expertise técnica é oferecida de forma compartilhada entre brasileiros e cubanos para se somar à rede de serviços e conhecimentos já existente no Haiti. O projeto (BRA/10/005), que está sendo executado pelo PNUD Brasil e pela UNOPS Haiti desde 2011, faz parte de um acordo trilateral entre os Ministérios da Saúde do Brasil, de Cuba e do Haiti, no contexto de reconstrução daquele país. Embora Havana não participe com contribuição financeira, os cubanos têm papel fundamental na transferência de
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conhecimento através de capacitação técnica, devido ao histórico de cooperação com os vizinhos. A Brigada Médica Cubana atua há quase 10 anos no Haiti e possui, no local, cerca de 700 especialistas e técnicos de saúde - todos financiados pelo governo cubano. Além disso, mais de 350 estudantes e médicos haitianos em exercício no país foram formados pela Escola Latino-americana de Medicina de Cuba (ELAM). “Esta iniciativa visa prover um contingente de pessoas qualificadas para operar as novas unidades de saúde do país”, explica Joaquim Fernandes, oficial de programa do PNUD, responsável pela execução do projeto. Ele acrescenta que os técnicos que não forem aproveitados na rede pública serão deslocados para a iniciativa privada. O projeto também contempla a formação de agentes comunitários, baseado na experiência brasileira desenvolvida nesta área. Com isso, a expectativa é poder estender o atendimento de saúde aos locais mais remotos do país. Além das ações de capacitação, a cooperação firmada entre os três países e implementada pelo PNUD Brasil previa a finalização da construção de três hospitais,
médico haitiano em atendimento a vítimas do terremoto que atingiu o país em 2010.
que também serão equipados pelo projeto. A previsão é que os hospitais, localizados em Bon Repos, Carrefour e Beudet, sejam inaugurados em 2013. Também para 2013, o projeto previa a conclusão da reforma de um laboratório de próteses, aparelhos e dispositivos ortopédicos, além de um centro de reabilitação, essencial para as dezenas de milhares de haitianos que perderam membros em decorrência do terremoto. No total, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Saúde e com apoio do PNUD Brasil, está investindo cerca de 53 milhões de dólares no projeto. Para o Brasil, iniciativas de cooperação sul-sul como essa não são consideradas como ajuda, e, sim, “parcerias horizontais de benefício mútuo”. Através dela, os parceiros se auxiliam no enfrentamento conjunto de desafios que atingem países em desenvolvimento. “Fortalecer o sistema público de saúde no Haiti é mais do que solidariedade. É uma contribuição primordial na busca do desenvolvimento humano sustentável, com nações mais fortalecidas e resilientes”, afirma Jorge Chediek, representante residente do PNUD e coordenador residente do Sistema ONU no Brasil.
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i n i c i at i va s c o m o s e to r p r i va d o e a sociedade civil Desde a assinatura da Declaração do Milênio em 2000, estava claro que não seria possível alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sem a participação e a força do setor privado e da sociedade civil. A agricultura familiar promove sustento de pessoas na Região Amazônica e se fortalece como um pilar importante do desenvolvimento humano local.
Foi neste espírito de sinergia e cooperação que a comunidade internacional e o mundo dos negócios se uniram, traçando objetivos comuns e promovendo o desenvolvimento em sua concepção mais ampla. Destas percerias sugiram as duas maiores iniciativas da ONU junto ao setor privado: o Pacto Global e o BCtA – Business Call to Action. O Pacto Global estimula as empresas a cumprirem seus deveres em relação a uma agenda mínima de 10 princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e práticas anticorrupção. Já o BCtA estimula as empresas a serem proativas na inclusão das pessoas de menor renda em seus negócios, contribuindo, assim, para a aceleração do alcance dos ODM. Neste contexto de engajamento em prol do desenvolvimento humano, o PNUD vem trabalhando também com o conceito de promoção de mercados inclusivos. Já a parceria do PNUD com a sociedade civil ocorre no âmbito da implementação do próprio programa do PNUD, na promoção de temáticas e experiências de desenvolvimento e na municipalização e regionalização dos ODM, entre outras formas de trabalho conjunto. O PNUD entende que a sociedade civil potencializa a capilaridade e a sustentabilidade das ações, bem como o maior engajamento dos cidadãos, criando oportunidades de desenvolvimento de capacidades para estas instituições quando preciso. Foram assinadas parcerias com a Fundação Dom Cabral, a Fundação Avina e a Bolsa de Valores Socioambientais (BVSA) para promoção de mercados inclusivos e apoio à implementação do BCtA no Brasil. Com a sociedade civil, destacam-se principalmente parcerias para promoção e localização dos ODM. Outras formas de parceria com estas entidades também são encontradas no âmbito dos projetos do PNUD no Brasil.
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P r o j e to Od m O Brasil caminha para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em suas médias nacionais. A atenção do país, bem como a de muitas outras nações signatárias da Declaração do Milênio, volta-se agora para os números escondidos por trás destas médias. Objetivos relacionados à redução da mortalidade materna (ODM 5) e ao acesso a saneamento básico e água nas áreas rurais (ODM 7) estão entre os maiores desafios de países de dimensões continentais como o Brasil, por contarem com populações isoladas ou localizadas em áreas de difícil alcance. As estatísticas mostram que ainda é necessário um esforço adicional de estados e de municípios nesta tarefa. Por isso, em 2012, foi assinado o Projeto ODM 2015, entre o PNUD, a
Os ODM: Oito objetivos de desenvolvimento acordados por líderes mundiais em 2000.
Secretaria-Geral da Presidência da República, empresas e entidades parceiras: Banco do Nordeste, Eletrobrás/Furnas e SEBRAE. O objetivo dessa iniciativa inovadora do PNUD é contribuir para que os ODM, como uma agenda mínima de direitos humanos, torne-se uma realidade para todos os cidadãos do país. Esse trabalho busca o alcance dos ODM por meio da produção de conhecimento sobre o seu progresso, do monitoramento dos resultados alcançados, da mobilização da população local e do desenvolvimento das capacidades da gestão pública, sociedade civil e setor privado, nas esferas federal, estadual e municipal.
A abordagem de desenvolvimento humano olha para as oportunidades e capacidades das pessoas.
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B o L S A D e VA Lo r e S S o C i o A m B i e N TA i S a Bolsa de valores socioambientais (Bvsa), parceira do PnuD com a Bm&FBovesPa, incentiva pessoas e empresas a contribuir com projetos sociais e ambientais que necessitem de recursos financeiros para sua realização. a Bvsa funciona como uma bolsa de valores, mas no lugar de comprar ações, o investidor socioambiental pode financiar projetos de ongs em todo o
país por meio de doações. em sua recente ampliação, em 2012, a Bvsa adotou os 8 objetivos de Desenvolvimento do milênio como referência para a seleção de projetos. Desde 2003, já foram arrecadados mais de r$ 12 milhões para 119 projetos.
PAC To G Lo B A L
lançamento da Bvsa, com (da esq. à dir.) Jorge chediek, daniela mercury, raymundo magliano e edemir pinto, em são paulo (sp).
Desde que o PnuD assumiu a secretaria da rede Brasileira do Pacto global, em 2011, houve um aumento de mais de 70% no número de empresas brasileiras signatárias. somente em 2012, foram 116 novas adesões totalizando 512 instituições compromissadas com valores internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
em 2012, em razão da rio+20, 230 empresas e outras 8 instituições brasileiras assinaram a Carta de Compromissos, um documento que reflete o posicionamento coletivo de empresas e organizações em prol de obrigações concretas que contribuem para enfrentar os desafios da economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.
10 P r i N C Í P i o S D o PAC To G Lo B A L Direitos humanos 1. respeitar e proteger os direitos humanos 2. impedir violações de direitos humanos Direitos do Trabalho 3. apoiar a liberdade de associação no trabalho 4. abolir o trabalho forçado 5. abolir o trabalho infantil 6. eliminar a discriminação no ambiente de trabalho Proteção ao meio Ambiente 7. apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais 8. Promover a responsabilidade ambiental 9. encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente Princípio contra a Corrupção 10. Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina
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C o n f e r ê n c i a da s N aç õ e s u n i d a s s o b r e d e s e n v o lv i m e n to s u s t e n táv e l o pn u d N a r IO + 20 •
Apoio na execução de estratégias nas áreas de mitigação de gases de efeito estufa, gerenciamento de resíduos sólidos, energia, transporte, construção sustentável, modelo sustentável de compras, turismo e alimentação sustentáveis.
•
Incorporação e implementação de critérios de acessibilidade: “nunca houve uma conferência tão acessível”, segundo o Secretariado da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
•
Recrutamento e treinamento de 1.700 jovens voluntários que contribuíram para o legado social da Conferência.
•
Solução tecnológica e mobilização para os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável (www.riodialogues.org), através da plataforma online Teamworks: as discussões abertas por meio da Internet foram facilitadas por cerca de 30 representantes acadêmicos de universidades e centros de pesquisa de todo o mundo.
2.108
RCEs canceladas para a compensação voluntária das emissões locais de GEE associadas à organização do evento
•
Carboneutralização: projeto inovador que contribuiu para o cancelamento das emissões de carbono da conferência através de contribuições voluntárias de empresas públicas e privadas e também dos participantes. A iniciativa foi reconhecida como um modelo bem-sucedido que deve ser realizado em eventos semelhantes.
•
Centro Rio+: um dos grandes legados da Rio+20, a criação do Centro Rio+ , Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, cria um resultado concreto da Rio+20 e uma referência internacional sobre o tema. O Centro conta com o apoio inicial mais de 20 instituições brasileiras e internacionais num esforço colaborativo de parceiros incluindo o Governo Brasileiro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a cidade do Rio, o PNUD, outras agências da ONU, bem como representantes de universidades, empresas e sociedade civil.
•
Mais de 20 mil empresas e consultores se cadastraram no Roster Rio+20 (Banco de Dados de Fornecedores), o que colaborou com a agilidade dos processos, reduziu os custos estimados e ainda garantiu a transparência nas compras e licitações.
•
Contratação de 150 consultores que trabalharam com o Comitê Nacional de Organização da Rio+20 (CNO)
52 t
foi o total de resíduos recicláveis destinados a cooperativas de catadores
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foram as cooperativas de catadores de materiais recicláveis beneficiadas
• Execução financeira de 45 milhões de dólares.
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T e a m w o r k s e a R i o +20 : D i á lo g o s pa r a o D e s e nv o lv i m e nto S u st e ntáv e l Em parceria com o Comitê Nacional de Organização da Rio+20, o PNUD usou a plataforma do Teamworks para criar um canal exclusivo de diálogo com toda a sociedade sobre os temas prioritários para o desenvolvimento sustentável . Iniciativa inédita para grandes conferências da ONU, a plataforma representou uma oportunidade única de engajamento da sociedade civil, comunidade científica, juventude, academia e setor privado às discussões de alto nível da Rio+20. Os debates e as recomendações foram sobre temas relacionados ao combate à pobreza, desemprego e migrações, resposta às crises econômicas, mudança no padrão do consumo, florestas, segurança alimentar e nutricional, energia sustentável, água, cidades sustentáveis e inovação e oceanos. Mais de 60 mil pessoas em 193 países participaram dos diálogos online – cerca de um milhão de votos foram computados. As recomendações, originadas na plataforma, foram enviadas aos chefes de Estados duante os “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, na Rio+20.
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r o st e r r i o + 20
mais de
O PNUD foi um importante parceiro do Comitê Nacional de Organização (CNO) na organização e realização da Rio+20. Com uma participação estimada de 50 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, representantes de governos, sociedade civil e setor privado, um dos desafios centrais do evento foi o de prover, em curto espaço de tempo, os recursos humanos e a infraestrutura adequados para sua realização. Para potencializar a busca e a identificação de instituições, empresas e pessoas com qualificações necessárias para contribuir com a realização da Conferência, o PNUD criou o Banco de Dados de Fornecedores para a realização de obras e aquisições de bens e serviços. O banco de dados, conhecido como Roster Rio+20, recebeu quase 14 mil cadastros de pessoas físicas e jurídicas nas seguintes áreas: • Obras: projetos de arquitetura e acessibilidade, obras de infraestrutura em geral; • Bens: aluguel de mobiliário, aquisição e aluguel de equipamentos, aluguel de veículos, infraestrutura e acessibilidade ao evento; • Serviços: projetos de acessibilidade, inclusão social, cerimonial e apoio a autoridades, divulgação e mídias sociais, eventos culturais, gestão de contratos, imprensa e comunicação social, licitações e contratos, parcerias e captação de recursos, apoio a projetos de cooperação técnica internacional, receptivo e hotelaria, logística e infraestrutura, alimentação e bebidas, intérprete e tradução, segurança, serviços gerais (limpeza, copa), motorista, tecnologias da informação e comunicação, transporte, especialistas em sustentabilidade, saúde e outros, de acordo com a necessidade. Os usuários registrados recebiam avisos sobre licitações públicas e seleções de consultores nas áreas em que possuíam conhecimento e experiência. Após esta etapa, os processos de seleção eram conduzidos de acordo com as normas mundiais do PNUD para estas modalidades.
A contratação de pessoas e empresas prestadoras de serviços foi facilitada pela criação do Roster Rio+20
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63 mil
pessoas de 193 países participaram com cerca de 1,4 milhões de votos, gerando recomendações para os líderes mundiais.
5 mil
pessoas foram diretamente mobilizadas para a realização da Rio+20, entre servidores do Itamaraty, consultores e colaboradores
1,6 mil
pessoas foram contratadas para trabalhar na Rio+20
2 mil
voluntários selecionados para trabalhar durante a Rio+20
80%
dos processos de aquisição de produtos e serviços incluíram critérios de sustentabilidade
Pa r c e i r o s C e nt r o R i o + Apoio inicial para a criação do Centro Rio+: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT) Organização Internacional do Trabalho (OIT) Instituto de Estudos Avançados Universidade das Nações Unidas (UNU-IAS) Centro Regional de Especialização em Educação para o Desenvolvimento Sustentável (RCE) Governo da República Federativa do Brasil Governo do Estado do Rio de Janeiro Cidade do Rio de Janeiro Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) Instituto Global para Tecnologias Verdes e Emprego (GIGTech, COPPE / UFRJ) Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UNB-CDS) Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (REDETEC) Rede de Informação Tecnológica Latino-americana (RITLA / UNESCO) Confederação Nacional da Indústria (CNI) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Conselho Empresarial
Helen Clark, administradora do PNUD, e Izabella Teixeira, ministra de Meio Ambiente, no lançamento do Centro Rio+
C e nt r o R i o +, C e nt r o M u nd i al pa r a o D e s e nv o lv i m e nto S u st e ntáv e l A criação do Centro Rio+, Centro Mundial Desenvolvimento Sustentável, foi anunciada pela ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e pela administradora do PNUD Helen Clark, no último dia do encontro de cúpula da Rio+20. O Centro é um esforço colaborativo de parceiros incluindo o governo brasileiro, o governo do estado do Rio de Janeiro, a cidade do Rio, o PNUD, outras agências da ONU, bem como representantes nacionais e internacionais de universidades, empresas e sociedade civil. O Centro Rio+ vai facilitar a pesquisa e o intercâmbio de conhecimentos, além de promover o debate internacional sobre desenvolvimento sustentável. “O PNUD pode contribuir com sua extensa rede de experiências e especialização. Temos uma longa história de apoio ao
desenvolvimento de capacidades, e um papel estabelecido como agente imparcial que pode conectar iniciativas de desenvolvimento sustentável e dar a elas ganho de escala”, disse Helen Clark. Para o Ministério das Relações Exteriores, o Centro Rio+ “nasce com a missão de ser um centro de referência para a promoção de um dos debates que definem este século: a integração entre as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.” O Centro Rio+ dará continuidade às discussões iniciadas pelos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável (Diálogos Rio+20). Além disso, terá como inspiração o sucesso da parceria existente entre o governo brasileiro e o PNUD: o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), criado em 2004, em Brasília.
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AÇÕ E S S O C I A I S E C U LT UR A I S Além do apoio à organização logístico-operacional da Conferência e seus principais eventos, o PNUD viabilizou a realização de diversas atividades durante os dias do encontro. Com o objetivo de promover ações sociais e culturais no contexto da Rio+20, a parceria PNUD-CNO buscou proporcionar também oportunidades para a população do Rio de Janeiro. A Rio+20 foi considerada uma das conferêcias de alto nível mais acessíveis já realizadas pela ONU.
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Estados-Membros enviaram delegações à Conferência
488 eventos paralelos foram realizados no Riocentro
Eventos folclóricos marcaram a diversidade cultural nas atividades do Pier Mauá, durante da Rio+20.
O conceito de sustentabilidade foi apreendido em seu sentido social, resultando em quatro ações principais: O Programa Voluntário Rio+20 teve o objetivo de promover a inclusão de voluntários nas atividades relacionadas à organização da Conferência. Os participantes foram divididos nas categorias voluntário jovem (entre 18 e 29 anos provenientes de famílias de baixa renda, participantes ou ex-participantes de cursos profissionalizantes), voluntário universitário e profissional (estudantes universitários ou profissionais graduados) e voluntários de ensino médio (estudantes do ensino médio de escolas públicas). Eles foram selecionados e treinados por um conjunto de instituições que atuaram em colaboração, como a FIRJAN, o CNO, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro e o PNUD. O modelo adotado para o projeto de voluntariado já foi utilizado pelo PNUD em outros grandes eventos e um dos resultados foi o aprimoramento do Programa para que ele seja replicado em outros eventos do gênero. O Programa Comunidades Sustentáveis teve com o objetivo envolver as comunidades cariocas na reflexão sobre sustentabilidade e inserir atividades já desenvolvidas por
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instituições nestes locais no âmbito da Conferência. O PNUD lançou edital para selecionar algumas delas para que fossem desenvolvidas atividades em cinco comunidades: Babilônia/Chapéu Mangueira, Cantagalo/ Pavão-Pavãozinho, Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Rocinha/Vidigal. As escolhidas receberam um aporte de R$ 8.000,00 para realização de oficinas e outras atividades com foco na apresentação da Conferência à população envolvida. O Programa Cultura +20 propôs a configuração de uma rede cultural sustentável. O PNUD lançou outro edital para selecionar instituições com atuação na área cultural e artística dentro das comunidades. As instituições receberam aporte de R$ 8.000,00 para viabilizar a participação das comunidades com seus projetos nos eventos da Conferência. Foram abordados os temas manifestação cultural, memória e registro fotográfico e manifestações artísticas. Com o Programa de Visitas às Comunidades do Rio de Janeiro, as comunidades selecionadas ficaram abertas à visitação durante os 10 dias da Conferência e receberam a visita de autoridades e delegações internacionais.
Prêmio Equatorial Centenas de pessoas se uniram a chefes de Estado e de governo, autoridades e celebridades para homenagear líderes comunitários locais vencedores do Prêmio Equatorial. Organizado pela Iniciativa Equatorial, do PNUD, o evento buscou chamar a atenção de todos para as experiências locais de desenvolvimento sustentável bem-sucedidas. Edward Norton, ator e Embaixador da ONU para a Convenção da Biodiversidade, e a atriz e ativista Camila Pitanga apresentaram a cerimônia, que contou com a presença de Gilberto Gil, no show de encerramento.
Além destas quatro ações sociais, o PNUD foi responsável também pela implantação de uma cozinha industrial no espaço Galpão da Cidadania que, além de ter sido usada durante o evento, foi construída para permanecer no Galpão no âmbito do Projeto Ação da Cidadania, para cursos de profissionalização direcionados às comunidades locais.
IDH-Sustentável Em um fórum de alto nível durante a Rio+20 – Para além do PIB e a linha final de resultados – medindo o futuro que queremos –, o PNUD apresentou as bases conceituais para um futuro “Índice de Desenvolvimento Humano Sustentável” capaz de reconhecer os custos do desenvolvimento humano para futuras gerações. Entre os palestrantes presentes no fórum estavam Helle Thorning-Schmidt, PrimeiraMinistra da Dinamarca e então presidente da União Europeia, e Michael Chilufya Sata, Presidente da Zâmbia, além da Administradora do PNUD, Helen Clark. O PNUD foi reconhecido por especialistas como uma liderança natural nos esforços globais para o avanço de indicadores holísticos que acompanhem as necessidades compartilhadas de desenvolvimento sustentável.
Galpão da Cidadania, um dos pontos do Rio Janeiro que receberam eventos durante da Rio+20.
O Futuro que Queremos – Projeto do UNIC (Centro de Informações das Nações Unidas) em conjunto com o CNO, a exposição aconteceu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e mostrou alguns resultados da campanha mundial iniciada em novembro de 2011 pela ONU. A campanha Eu Sou Nós, veiculada em diversos meios de comunicação e com a participação de personalidades brasileiras, foi representada por painéis com fotos e quatro telões com vídeos de pessoas de todo o mundo com depoimentos sobre sustentabilidade. Foram selecionados cerca de 40 vídeos, 500 mensagens e 200 fotos.
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e m f O cO
Rio+20 vira referência para compensação de CO2 Os relógios do Pavilhão 3 do Riocentro ainda não marcavam 8:30 da manhã quando a angolana Leila Lopes chegou por lá, poucas horas antes da abertura oficial do encontro de cúpula da Rio+20. Era o mesmo pavilhão onde jornalistas do mundo inteiro estavam instalados, conectados aos mais diferentes fusos e prazos, correndo contra o relógio para garantir a cobertura dos principais eventos da Conferência.
R$10
Doação correspondente para efetuar a compensação de 1 t de Co2.
Em clima de contagem regressiva para os discursos de abertura, a concentração dos profissionais da imprensa era tamanha que a Miss Universo 2011 passou quase despercebida entre eles, num vestido preto, colado, com detalhes africanos, saltos altos e a inseparável faixa de mulher mais bonita do mundo. Mas naquela manhã, Leila queria ir além dos flashes usuais de paparazzi. Sua missão era contribuir, de fato, para que a Rio+20 se tornasse a conferência de grande porte mais limpa já realizada em termos de emissão de carbono. Numa cerimônia rápida – eram vários os compromissos previstos em sua agenda naquele dia –, a Miss Universo, que também é Embaixadora da ONU para o Combate à Desertificação, acompanhada de Dennis Garrity, membro do conselho
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do Centro Agroflorestal Mundial e Embaixador da ONU pela mesma causa, ouviu a explicação de um dos voluntários, entregou a ele seu cartão de crédito e, em poucos minutos, compensou o carbono emitido no trajeto que ela precisou fazer de Nova York ao Rio de Janeiro. O custo ambiental da compensação de Leila foi estimado em R$ 40,00. O cálculo é feito por uma ferramenta online que permite a compensação voluntária e individual da emissões de gases de efeito estufa. Esse mecanismo, desenvolvido pelo Governo Brasileiro em parceria com o PNUD e a Caixa Econômica Federal, integrou a Estratégia Nacional de Compensação de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Rio+20. “O combate à mudança climática e a luta contra a desertificação andam juntas. E os beneficiários dessa luta são as populações mais vulneráveis do planeta”, disse a modelo momentos antes de fazer sua compensação.
Leila e Garrity se juntaram a dezenas de autoridades e celebridades – e a centenas de outros participantes da Rio+20 – que usaram a ferramenta de compensação
miss universo 2011, leila lopes, compensa as emissões de carbono de sua viagem de nova York ao rio de Janeiro.
voluntária para realizar doações, via cartão de débito ou de crédito, de recursos equivalentes para compensar suas respectivas emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes de transporte aéreo para o Rio de Janeiro. As doações tiveram o valor correspondente às “Reduções Certificadas de Emissão” (RCEs), provenientes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) estabelecido pelo Protocolo de Kyoto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Estas RCEs foram posteriormente canceladas no sistema de registros das Nações Unidas, garantindo a integridade ambiental da compensação. A verificação deste cancelamento ficou a cargo do PNUD Brasil, que assegurou a mitigação efetiva da iniciativa.
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Promoção dos objetivos do milênio F Ó r u m d e m i n i st r o s Cerca de 40 ministros de desenvolvimento social e representantes de governos de mais de 15 países latino-americanos e 13 países africanos participaram, no final de maio, de um encontro de três dias para a troca de experiências e para a promoção da cooperação sul-sul nas políticas e iniciativas de combate à pobreza. P e la p r i m e i r a v e z , o F ó r u m d e m i n i st r o s é r e al i z ad o n o B r as i l Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o V Forum de Ministros do Desenvolvimento Social da América Latina e África, em Brasília: “A minha experiência em oito anos de governo é a de que não só é possível reduzir a fome e a miséria como esse é um benefício que se estende para toda a sociedade. Cuidar dos mais pobres é a política pública mais barata e de maior retorno para o desenvolvimento de um país”, afirmou Lula em discurso.
O V Fórum de Ministros do Desenvolvimento Social, realizado em Brasília entre 29 e 31 de maio de 2012, reuniou representantes dos dois continentes para discutir avanços significativos na redução da desigualdade e na expansão do desenvolvimento sustentável. Um dos principais temas discutidos foi o papel de políticas fiscais responsáveis na manutenção de programas sociais. O Fórum, organizado anualmente pelo Escritório Regional para a América Latina e o Caribe do PNUD, com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), aconteceu pela primeira vez fora da sede do PNUD em Nova York. Também pela primeira vez, ministros africanos foram convidados às discussões de políticas sociais. O encontro deste ano foi fruto de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. “Há muita experiência a ser compartilhada entre a América Latina e a África na questão da erradicação da pobreza e da fome, especialmente no que tange aos sistemas de
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proteção social”, afirmou a administradora do PNUD, Helen Clark, que veio ao Brasil para participar do Fórum e para ter encontros com autoridades locais e parceiros. A América Latina se destaca mundialmente na área de programas sociais que oferecem auxílio financeiro a pessoas vivendo na pobreza, desde que mantenham as crianças na escola e em dia com suas vacinas e consultas médicas. Estes programas ligados a condicionalidades estão entre os principais meios de redução da pobreza em 18 países da região. Programas mundialmente famosos como o Bolsa Família do Brasil, o Chile Solidario e o Oportunidades, do México, incluem iniciativas que vão da concessão de auxílio financeiro direto e microcrédito às populações de baixa renda até o apoio à agricultura familiar de subsistência e à construção de cisternas em regiões semiáridas. O Fórum reforçou a visão comum de seus participantes quanto à relevância central destas iniciativas para o desenvolvimento sustentável na África.
j o g o co nt r a a p o b r e z a Mais de 50 mil torcedores compareceram ao evento do PNUD, realizado pela primeira vez no Brasil. C r aq u e s d o f u t e b o l pa r t i c i pa m d o J o g o Co nt r a a P o b r e z a co m R o nald o e Z i dan e Com a casa lotada, na recém-inaugurada Arena do Grêmio, em Porto Alegre, o Brasil viu os amigos de Ronaldo vencerem a equipe de Zidane por 3 a 2, no 10º Jogo Contra a Pobreza do PNUD, este ano promovido em parceria com a 9ine e a RBS Eventos. Zidane, que marcou o segundo gol de sua equipe, disse que a experiência inédita de jogar no país foi muito prazerosa. “Foi emocionante jogar no Brasil, país que é o coração do futebol, e me reencontrar com meu amigo Ronaldo. Mas devemos sempre nos lembrar que nosso objetivo é conscientizar todos sobre a luta contra a pobreza.” Rebeca Grynspan, vice-administradora mundial do PNUD e subsecretária-geral da ONU, representou a organização no evento. “Estou muito feliz de estar aqui para o jogo”, disse.
“Essa décima edição é especial. Ele mostra como a luta contra a pobreza é importante e também reconhece os esforços do Brasil na redução da pobreza e seu papel como ator emergente no desenvolvimento global.”
Ronaldo e Zidane, em campo, durante o 10º Jogo Contra a Pobreza, na Arena do Grêmio.
As nove edições que precederam o jogo de Porto Alegre foram realizadas em: Basileia (Suiça), Madri (Espanha), Dusseldorf (Alemanha), Marselha (França), Málaga (Espanha), Fez (Marrocos), Lisboa (Portugal), Atenas (Grécia) e Hamburgo (Alemanha). A cada ano, os recursos arrecadados são usados para financiar projetos sociais apoiados pelo PNUD ao redor do mundo. O dinheiro levantado com a partida de Porto Alegre será destinado a projetos de inclusão social pelo esporte no Brasil e em Cabo Verde, na África.
Rondaldo, Zidane, Jorge Chediek e Rebeca Grynspan momentos antes do Jogo Contra a Pobreza, em Porto Alegre (RS)
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V o lu n tá r i o s d a s N a ç õ e s U n i da s V N U e m 20 1 2 n o B r as i l Voluntários internacionais
V N U N A RIO + 20 6
Voluntários nacionais
75
Voluntários brasileiros no exterior
38
Voluntários online
428
Total
547
A Rio + 20 contou com apoio do PNUD e do Programa de Voluntários da ONU (VNU) para mobilizar comunidades cariocas e promover a inclusão social de diferentes segmentos – principalmente de jovens de baixa renda – em torno dos temas da Conferência. Os trabalhos tiveram 4 eixos de ação: Programa de Voluntariado; Programa Cultura +20; Programa Comunidades Sustentáveis; e Ações de Acessibilidade. V N U E COMU N I D A D E S
A equipe brasileira de voluntários online mobilizados pelo PNUD – com o apoio do VNU –para atuar na divulgação dos Diálogos Rio+20 ganhou, pelo voto popular, o “Prêmio Voluntariado Online 2012” pela contribuição que deram à condução das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Os Diálogos Rio+20 promoveram debates pela internet sobre os temas da agenda do evento, envolvendo vários setores da sociedade.
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O PNUD, o VNU e o Comitê Nacional de Organização da Rio +20 empreenderam ações que focaram na inclusão social de comunidades carentes do Rio de Janeiro, com o intuito de democratizar o acesso da população local ao contexto da Conferência. Para contribuir com essa iniciativa, instituições locais se tornaram parceiras e possibilitaram amplo engajamento da sociedade nos acontecimentos e temas tratados no evento. Os trabalhos foram articulados em duas frentes de ação. Uma, organizada e planejada pelo Programa de Voluntariado da ONU, envolveu jovens estudantes em atividades voluntárias por meio da atuação direta no atendimento aos visitantes nos distintos espaços onde o evento ocorreu, como Riocentro, Arena da Barra e Galpão da Cidadania. Outra, agiu dentro das próprias comunidades, por meio dos Programas Cultura +20 e Comunidades Sustentáveis, que fomentaram projetos de cultura, oficinas e debates relacionados aos assuntos discutidos na Rio+20. Essas ações permitiram à população de baixa renda a conscientização e o aprendizado de conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável de maneira prática e acessível, além de possibilitar o entendimento de que as temáticas da Rio + 20 fazem parte do nosso cotidiano e dizem respeito a todos, não sendo um evento alheio à realidade destas comunidades.
P r o j e to ‘ Esc u e las V i vas’ De setembro de 2011 a outubro de 2012, cinco voluntários brasileiros das Nações Unidas implementaram um projeto pioneiro de prevenção de desastres e recuperação de crises em três municípios de El Salvador:Tepetitán; Verapaz e Guadalupe. A equipe atuou em três estabelecimentos de ensino fundamental, onde capacitaram alunos, professores e familiares em prevenção e enfrentamento de desastres naturais, bem como na promoção da segurança alimentar e nutricional por meio da plantação de hortas nas escolas.
D ad o s & Fato s ✓✓
6 milhões de pessoas vivem em El Salvador.
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Conhecido como “a terra dos vulcões”, o país sofre constantemente com terremotos, além de furacões, como o “Ida” de 2009.
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90% do território são considerados áreas de risco, segundo a ONU.
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Nos últimos 40 anos, os desastres naturais mataram mais de 6.500 pessoas e provocaram prejuízos de mais de US$ 16 bilhões, segundo o Banco Mundial.
Grupo de Voluntários da ONU, logo após a inauguração do Pavilhão do Brasil, no Parque dos Atletas, durante a Rio+20
Grupo de Voluntários da ONU em foto especial com coordenadores mundiais do Programa VNU, no Riocentro, durante a Rio+20
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O r gan i s m o s da O N U co m r e p r e s e ntaç ão n o B r as i l ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ACNUDH - Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos* BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - Banco Mundial CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação FMI - Fundo Monetário Internacional OIM - Organizacao Internacional da Migração* OIT - Organização Internacional do Trabalho ONU Mulheres - Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres ONU-HABITAT - Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos OPAS-OMS -Organização Pan-Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde PMA - Programa Mundial de Alimentos PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
o sistema Onu no brasil At uaç ão d o P N U D : CC A e U N D A F Para articular uma estratégia coerente de atuação em cada país, a ONU adotou dois documentos que permitem estabelecer suas diretrizes de acordo com objetivos de desenvolvimento específicos dos países onde atua, considerando os desafios e oportunidades particulares a cada nação. A Avaliação Conjunta do País, conhecida como CCA (Common Country Assessment), permite analisar o estado de desenvolvimento nacional e identificar os problemas-chave de desenvolvimento. O Marco de Assistência das Nações Unidas para o Desenvolvimento , conhecido como UNDAF (United Nations Development Assistance Framework), busca delinear os eixos prioritários de atuação da ONU para um período determinado. O ano de 2012 foi marcado pelo início da execução do novo ciclo de programação da ONU no país (2012-2015). Este ciclo coincide com o do Plano Plurianual do governo brasileiro. As quatro prioridades das Nações Unidas para o país neste período são:
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente UIT - União Internacional de Telecomunicações UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ Aids UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas
1. ODM para todos os brasileiros e brasileiras no contexto ampliado das políticas nacionais de desenvolvimento 2. Segurança e Cidadania 3. Economia verde e trabalho decente no contexto da erradicação da pobreza e do desenvolvimento sustentável
UNIC - Centro de Informação das Nações Unidas UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância UNIDO - Organização para Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime UNISDR - Centro de Excelência para a Redução do Riscos de Desastres UNOPS - Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos UNDSS - Departamento de Salvaguarda e Segurança das Nações Unidas *não residentes
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4. Cooperação Sul-Sul.
o PNuD e o SiSTemA oNu o PnuD é o organismo da onu que reúne a experiência técnica e os subsídios necessários para coordenar as atividades de desenvolvimento entre as entidades que formam o sistema em cada país. o grupo de Desenvolvimento das nações unidas - em inglês unDg (united nations Development group -, presidido pela administradora do PnuD, é composto de 32 organismos, entre fundos, programas, agências, departamentos e escritórios da onu que trabalham com a temática do desenvolvimento. Para a onu, melhorar os níveis de desenvolvimento humano, principal mandato do PnuD, é um elemento-chave na criação de condições para a paz e a segurança internacional. em sua atuação no Brasil, o PnuD também busca criar oportunidades para as outras agências, fundos e programas que atuam no país. iniciativas desenvolvidas em 2012 como a construção da Casa das nações unidas, apoio na organização da rio+20 e promoção dos oDm com a realização da 10ª edição do Jogo Contra a Pobreza do PnuD são alguns dos exemplos de trabalhos nossos com frutos coletivos para toda a família da onu no Brasil. além disso, o PnuD atua em sete dos grupos temáticos e forças-tarefa do sistema onu no Brasil e participa ativamente em cinco Programas Conjuntos: • • • • •
Programa interagencial para a Promoção da igualdade de gênero, raça e etnia. segurança Cidadã: Prevenindo a violência e Fortalecendo a Cidadania com Foco em Crianças, adolescentes e Jovens em Condições vulneráveis no Brasil. segurança alimentar e nutricional de mulheres e Crianças indígenas no Brasil. amazonaids (amazonas), laços sociaids (Bahia) e aids tchê (Porto alegre) informações em Direitos Humanos: identificando Potenciais e Construindo indicadores.
os grupos temáticos e as Forças-tarefa são os principais mecanismos de articulação em nível nacional. esses grupos têm duas funções: assessorar a equipe da onu em temas interagenciais complexos e diversificados, além de desenvolver e implementar ações programáticas que contribuam para o cumprimento dos objetivos de Desenvolvimento do milênio e dos resultados previstos no marco de assistência das nações unidas para o Desenvolvimento (unDaF). alguns dos grupos dos quais o PnuD participa são: • • • • • •
gênero, raça e etnia Hiv/aiDs Comunicação Cooperação Horizontal Crime organizado internacional, segurança e Cidadania esporte para o Desenvolvimento e a Paz
Programa Conjunto da ONU
segurança com CIDADANIA P n u D B r a s i l r e l ató r i o a n ua l 20 1 2
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C asa da O N U Em 2012 foi inaugurada a Casa das Nações Unidas no Brasil. Batizada de Complexo Sergio Vieira de Mello, ela se tornou um símbolo da nova parceria da ONU com o Brasil.
D ad o s e N ú m e r o s •
O terreno doado pelo Governo do Distrito Federal tem 22.500 m²
•
A implementação do projeto ficou a cargo da Organização das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS)
•
Nesta primeira etapa, foram utilizados cerca de 3.100 m² de área total de construção, dos quais 2.850 m² pertencem ao prédio de escritórios.
•
O valor total da obra para a construção do primeiro módulo foi de quase US$ 5 milhões
O primeiro módulo da obra – que abriga o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Departamento de Segurança das Nações Unidas (UNDSS), o Programa de Voluntários da ONU (VNU) e o Protocolo de Montreal – recebeu o nome de Zilda Arns.
A atuação conjunta de seus diversos organismos em um país tem como objetivo estreitar os laços entre os programas da ONU e promover uma atuação unificada, reduzindo também os custos operacionais do Sistema.
Em mensagem enviada especialmente para a inauguração do Complexo, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao povo a ao governo do Brasil por tornar a Casa da ONU em Brasília uma realidade. “Agindo e trabalhando unidos nesta nova Casa das Nações Unidas, teremos maior eficiência e construiremos uma relação ainda maior e mais produtiva com o Brasil”, afirmou.
Para 2013, está programada a expansão do Complexo com a construção de um segundo módulo para abrigar pelo menos outros quatro membros da família da ONU no Brasil: o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, falou da importância de ter o nome do Brasil associado ao trabalho da ONU pelo desenvolvimento sustentável e pela paz . “Esta ‘Casa’, que hoje temos a honra de inaugurar, é um símbolo da parceria Brasil-ONU, que se mantém e se aprofunda”, afirmou Patriota. “Cabe às Nações Unidas papel privilegiado, sobretudo à medida que a organização, em suas diferentes instâncias, se torne mais representativa, legítima e eficaz.” A Casa da ONU no Brasil se junta a outros complexos semelhantes das Nações Unidas espalhados pelo mundo. O conceito de “Instalações Comuns” a várias agências, fundos e escritórios da ONU faz parte de um componente importante do Programa de Reforma das Nações Unidas, lançado há mais de uma década.
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Sergio Vieira de Mello A Casa das Nações Unidas, chamada de Complexo Sergio Vieira de Mello, é uma homenagem ao brasileiro que, durante seus 34 anos de trabalho na ONU, chegou ao cargo de alto comissário de Direitos Humanos em 2002. Em 2003, foi nomeado representante especial do Secretário-Geral para o Iraque, onde morreu num atentado terrorista em agosto do mesmo ano. Zilda Arns Médica pediatra e sanitarista, três vezes indicada pelo Brasil ao Prêmio Nobel da Paz, Zilda Arns foi fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa e morreu no terremoto que atingiu o Haiti, em 2010, quando estava em missão pela Pastoral.
D A Co N S T r u ç ão à i N Au G u r Aç ão
lançamento da pedra fundamental da Casa da onu em Brasília; da esquerda para a direita: salviano guimarães (gDF), Jorge Chediek (PnuD/onu) e Hadil vianna (mre)
ministro das relações exteriores, antonio Patriota (esq.) e o coordenador residente do sistema onu no Brasil, Jorge Chediek, na cerimônia de inauguração da Casa da onu
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I PC - I G p u bl i caçõ e s Até dezembro de 2012, o IPC-IG acumulou mais de 800 publicações. As atividades são coordenadas com autores, editores, tradutores, revisores , equipe de impressão, gerentes de websites e parceiros, em vários idiomas. As publicações são distribuídas online e também fisicamente. Em 2012, foram produzidas 149 publicações: • o lançamento de uma nova edição da revista Poverty in Focus, • 7 Working Papers, • 21 Policy Research Briefs, • 53 One Pagers • e 57 publicações traduzidas em árabe, chinês, espanhol, francês, português e turco, encorajando o debate de políticas públicas e a disseminação de conhecimento em tópicos centrais sobre pobreza e crescimento inclusivo.
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missões internacionais apoiadas
u m c e nt r o m u nd i al co m s e d e n o B r as i l O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) é o fórum global das Nações Unidas para o diálogo e aprendizado SulSul sobre políticas inovadoras para o crescimento inclusivo. A partir de sua sede em Brasília, o IPC-IG dedicase à promoção de conhecimento entre os países em desenvolvimento visando a formulação, implementação e avaliação de políticas e programas que levem a um processo de crescimento com inclusão social. O IPC-IG foi estabelecido em 2004 como o resultado de uma parceria entre o PNUD e o governo do Brasil. Esta colaboração é fruto do compromisso do PNUD para com os processos de reforma da ONU a partir da descentralização e reforço de parcerias estratégicas com os países emergentes. A parceria também indica o reconhecimento por parte da comunidade internacional de que países como o Brasil estão passando por processos bemsucedidos de transformação social e, portanto, têm
muito a compartilhar com o resto do mundo. As contribuições concretas do IPC-IG para o fortalecimento do diálogo político sobre crescimento inclusivo se concentram em três esferas: 1) produção de uma extensa base de conhecimento aplicado sobre políticas para o desenvolvimento; 2) construção de oportunidades de diálogo entre os países do Sul e engajamento estratégico com os países emergentes e agrupamentos regionais e subregionais, tais como: IBAS, BRIC e G-20; e 3) uso efetivo de estratégias dinâmicas de comunicação e advocacy para a consolidação de parcerias com os formuladores de políticas públicas e formadores de opinião nos países em desenvolvimento.
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conferências e eventos atendidos
As parcerias do IPC-IG com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e com o Instituto de Pesquisa Econômia Aplicada (Ipea) – existentes desde a criação do Centro – ganharam impulso em 2012 com a realização de diversas atividades conjuntas, entre elas a organização de programas para visitas ao Brasil de autoridades e pesquisadores de países como Uganda, Canadá, Indonésia e Nigéria, além da realização de seminários internacionais e encontros com foco no debate sobre programas de proteção social e intercâmbio sul-sul.
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I P C - i g : i nst r u m e nto d e Co o p e r aç ão S u l - S u l e D e s e nv o lv i m e nto Ag r íco la
O ano de 2012 foi marcado pela realização de uma série de encontros e debates que tiveram como foco a promoção do intercâmbio de experiências nas diversas áreas de estudo e aplicação das políticas de crescimento inclusivo. O IPC-IG se posicionou como protagonista destes eventos dentro e fora do Brasil. O IPC-IG organizou, em maio de 2012, a oficina “O papel da cooperação sul-sul no desenvolvimento agrícola da África”. Mais de 100 participantes de 14 países – em sua maioria, países em desenvolvimento – compareceram ao evento realizado em Brasília. As discussões giraram em torno das tendências atuais e assuntos emergentes na cooperação Brasil-África, incluindo: a cooperação em políticas públicas e pesquisas sobre segurança alimentar, crescimento verde inclusivo, crescimento
agrícola e desenvolvimento rural; o impacto da política chinesa de desenvolvimento agrícola na África, além de outros desafios e oportunidades para a cooperação internacional. O evento, que reuniu ministros, pesquisadores, organizações da sociedade civil, ativistas, empresários e outros atores, resultou na promoção do diálogo entre Brasil e África em áreas prioritárias para o desenvolvimento como políticas climáticas, redução da pobreza e desenvolvimento rural e sustentável.
P r ot e ç ão S o c i al : u m d i á lo g o glo bal Em dezembro de 2012, o IPC-IG organizou o seminário internacional “Desenvolvimentos recentes no papel e desenho de programas de proteção social – um diálogo de políticas, oficina de especialistas e evento de aprendizado sul-sul”. A conferência explorou os desenvolvimentos recentes em programas de proteção social, especialmente a transição para sistemas mais abrangentes, com foco nas experiências dos países em desenvolvimento. Durante seus três dias, o evento reuniu especialistas e formuladores de políticas públicas
Participantes do Seminário “Desenvolvimentos recentes no papel e desenho de programas de proteção social - um diálogo de políticas, oficina de especialistas e evento de aprendizado sul-sul”, organizado pelo IPC-IG, em Brasília entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2012.
de 15 países da África, Ásia e América Latina tratando de tópicos como os efeitos da proteção social e sua ligação com a geração de empregos, impactos de programas de transferência de renda nas áreas rurais, programas de garantia de emprego temporário, transferência de renda condicionada, pensões sociais, inclusão financeira, ações integradas de apoio a famílias em situação de vulnerabilidade e o papel de sistemas de monitoramento e avaliação para assegurar a coordenação e a integração entre mecanismos de proteção social e políticas sociais.
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M o d e r n i z aç ão i n s t i t u c i o n a l A s f e r r a m e ntas d e p o nta d o P N U D apl i cadas à g e stão A longa e diversificada experiência do PNUD nas áreas de gestão de conhecimento, governança e capacitação de pessoas e instituições tem fomentado a criação e a implementação de mecanismos de ponta em termos de gestão institucional. Entre as ferramentas utilizadas tanto internamente quanto externamente – junto a parceiros de todas as esferas –, destacam-se: IWP – Integra te d Work Pla n O Plano de Trabalho Integrado é o sistema corporativo de planejamento estratégico que dá suporte para a prática da gestão baseada em resultados. Possibilita alinhar as ações e os recursos aos resultados de forma mais eficiente. A ferramenta possui interligação com outro instrumento, chamado de RCA. RC A – Resu lts a nd Comp etenc i es A s s es s m ent Avaliação de Competências e Resultados é a ferramenta de gestão de desempenho orientada para resultados e centrada na carreira e no desenvolvimento profissional, servindo como um facilitador para que funcionários e supervisores contribuam para o alcance dos objetivos estratégicos organizacionais propostos no IWP. L MS – Lea rning Ma nagement Sys tem O Sistema de Gestão de Aprendizado é a plataforma do PNUD de educação corporativa online que fornece acesso universal a serviços de aprendizagem para todos os funcionários, parceiros e partes interessadas. Nosso ambiente de aprendizagem online possibilita a profissionalização e o desenvolvimento de capacidades, com e-Learning e e-Books, contribuindo para uma organização mais verde. O LMS, possibilita o gerenciamento, a entrega e o rastreamento de cursos; as certificações; a aprendizagem facilitada; as avaliações, as pesquisas e os programas mistos (online e presencial); e fornece o gerenciamento com relatórios e análise de dados de aprendizagem. Possui cerca de 100 cursos desenvolvidos internamente e mais de 2 mil cursos online da SkillSoft,
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que cobre temas como habilidades gerenciais e habilidades de tecnologia da informação e comunicação. Possui também e-Books dos mais conhecidos autores e editores sobre negócios, produtividade, TIC, “green living” e bem-estar – em francês, espanhol e inglês. Tea mwor k s É a ferramenta de gestão de conhecimento do PNUD. É chamado de Teamworks pois identifica as comunidades de conhecimento online que envolvem parceiros internos e externos, proporcionando aumento da colaboração e do compartilhamento de conhecimento. Essas comunidades podem ser criadas pela organização e por usuários internos do Teamworks. Exemplos: • corporativos: espaços oficiais gerenciados pelas unidades de negócios; • temáticos de desenvolvimento: cobrem tópicos temáticos, como redução da pobreza, energia e outras; • por projetos: criados para gestão de projetos em campo; • por região: servem como ponto de encontro das equipes regionais; • por país; • para situações de crise; • por usuários; • e por eventos. E s c u el a Vi r tua l : É a plataforma de aprendizagem virtual especializada nas áreas de: Desenvolvimento Humano, Governança Democrática, Prevenção de Crises e Recuperação e Tecnologia da Informação e Comunicação.
P N u D A B r e D A D o S D e m A i S D e S e i S m i L P r o J e To S e m P o r TA L D e T r A N S PA r ê N C i A o portal conta com atualizações trimestrais de todos os projetos do PnuD em andamento o PnuD lançou, no final de 2012, uma plataforma digital que permite o acesso público a dados de projetos em 177 países e territórios, com o compromisso de transparência total até 2013, em conformidade - e até além - de padrões internacionais. “a transparência é uma prioridade para o PnuD, além de ser um elemento fundamental para a manutenção da confiança depositada em nós pelo público em geral e por nossos parceiros. este portal online permite acompanhar as doações e ajuda nossos parceiros a gerenciar seus recursos de maneira mais efetiva”, disse Helen Clark, administradora mundial do PnuD. o novo portal (http://open.undp.org/#2012) possui ampla gama de informações programáticas – desde receita e gastos até atividades e resultados – sobre mais de 6 mil projetos do PnuD em andamento pelo mundo, assim como aqueles que foram encerrados financeiramente em 2011, além de mais de 8 mil produtos e resultados. os usuários podem ordenar os projetos por área de atuação, fontes de financiamento e área geográfica para extrair dados detalhados sobre orçamentos, agências implementadoras e produtos esperados em áreas como: governança e justiça; prevenção de crises e recuperação; e meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
o PnuD ficou entre as 10 instituições mais transparentes do mundo, pelo Índice de transparência 2012, da Publish What You Fund.
o PnuD criou o portal como parte de sua adesão e apoio à implementação da iniciativa internacional pela transparência - em inglês iati (international aid transparency initiative). o portal foi financiado por uma contribuição de 225 mil dólares dos estados unidos, com participação orçamentária do PnuD. a partir de 2013, o portal contará com atualizações trimestrais de todos os projetos do PnuD em andamento. antes da abertura oficial de um portal na internet, o PnuD já havia publicado uma série de dados relativos a 2009-2010, também como parte da iniciativa. o PnuD, como membro fundador da iati, assumiu o compromisso de adesão total aos padrões de transparência até 2013, garantindo a publicação de dados financeiros e informações de projetos da maneira mais transparente e acessível possível. a iati é uma iniciativa voluntária de múltiplos participantes focada em facilitar o acesso, entendimento e uso da informação sobre desembolso financeiro para projetos humanitários e de desenvolvimento, para que isso se torne um catalisador do movimento de promoção da transparência sobre estes fundos.
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S i S T e m A D e i N F o r m Aç ão e G e S Tão PA r A A G o V e r N A B i L i D A D e - S i G o B o sigoB é um produto de cooperação técnica internacional, desenvolvido pelo escritório regional do PnuD para américa latina e Caribe, e que começou a ser implementado no Brasil a partir de 2004. seu principal papel é contribuir para o fortalecimento das capacidades de gestão politicoinstitucional para a governabilidade democrática, através da conexão entre gabinetes, instituições e sociedade, promovendo com transparência a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações políticas e públicas. suas metodologias e ferramentas organizam e otimizam as tarefas da alta esfera do governo, favorecendo a redução da distância entre os condutores/executores das ações políticas e os cidadãos. as ferramentas e metodologias do sigoB também podem ser adaptadas a instituições públicas e privadas. presença do sIGOB na américa latina ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
166 módulos implementados 70 projetos 40 instituições 17 países 14 presidências 15 governos estaduais e prefeituras 4 supremos tribunais 3 assembleias legislativas 25 ministérios
METAS
AGENDA INTERINSTITUCIONAL
TRE
RESULTADOS E EFETIVIDADE
CENTRO DE GESTÃO
COORDENAÇÃO ALTA DIREÇÃO GESTÃO GABINETE DE MINISTROS
Perspectiva SIGOB INTERAÇÃO LEGISLATIVO
TRANSPARÊNCIA
TRANSDOC
MONITORAMENTO DE LEIS
INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE
SIMAT ACOM FORO CIDADÃO
presença do sIGOB no Brasil ✓ Presidência da república ✓ governo do estado do amazonas ✓ ministério do Planejamento ✓ ministério do meio ambiente ✓ Prefeitura de são Paulo
SIGOB
SISTEMA DE INFORMAÇÃO E G E S TÃ O PA R A A G O V E R N A B I L I D A D E 46
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Empoderando vidas. Fortalecendo nações.
o pnud nas redes weBSiTe e mÍDiAS SoCiAiS
www.pnud.org.br
2 milhões de visualizações em nosso website em 2012
2º
site de escritório de País mais visitado no mundo, em 2012
@PNuDBrasil
escritório de País mais influente do PnuD nas redes sociais , segundo Klout score.
www.youtube.com/PNuDBrasil
18 mil visualizações no canal de Youtube em 2012
23 mil
seguidores no twitter em dezembro de 2012
www.facebook.com/PNuDBrasil
6.200 pessoas e instituições curtiram nossa página no Facebook
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s i glas ABC Agência Brasileira de Cooperação AECID Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento BCtA Business Call to Action BLH Bancos de Leite Humano BRIC Brasil-Rússia-Índia-China BVSA Bolsa de Valores Socioambientais CAR Cadastro Ambiental Rural CCA Avaliação Conjunta do País CGU Controladoria Geral da União CNO Comitê Nacional de Organização Coopavam Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer CPD Documento de Programa de País CSS Cooperação Sul-sul ELAM Escola Latino-americana de Medicina de Cuba G-20 Grupo de ministros de finanças e chefes de bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia GEE Gases de efeito estufa GEF Fundo para o Meio Ambiente Mundial IATI Iniciativa Internacional pela Transparência IBAS Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul ICTJ International Center for Transitional Justice IPC-IG Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo IPM Índice de Pobreza Muiltidimensional MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fomev MJ Ministério da Justiça MMA Ministério do Meio Ambiente ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável PIB Produto Interno Bruto RCEs Reduções Certificadas de Emissão Rio+20 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio +20 TIC Tecnologias da Informação e Comunicação UNDAF Marco de Assistência das Nações Unidas para o Desenvolvimento UNDG Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas UNIC Centro de Informações das Nações Unidas UNV Programa de Voluntários da ONU
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C r é d i to s f oto g r á f i co s Capa: Gilmar Galache/PNUD Brasil Página 1: Ana Nascimento/MDS Página 2, acima: Kenia Ribeiro/CNM/ PNUD Página 2, embaixo.: Kenia Ribeiro/CNM/ PNUD Página 3: Kenia Ribeiro/CNM/PNUD Página 4: Fac-símile /PNUD Brasil Página 6: Robson Senne/ Divulgação Eva Página 7: Ville Peltovuori/PNUD Brasil Página 9, box: Jacob Said/PNUD Brasil Página 9: Jacob Said/PNUD Brasil Página 10: Silvia Cavichioli/PNUD Brasil Página 11: Silvia Cavichioli/PNUD Brasil Página 13: Jacob Said/PNUD Brasil Página 14: Marialina Marialina Antolini/ PNUD Brasil Página 15: Silvia Cavichioli/PNUD Brasil Página 17: Daniel de Castro/PNUD Brasil Página 18: Ferdy Garcês/PNUD Brasil Página 19: Ferdy Garcês/PNUD Brasil Página 21: Logan Abassi/ UN Photo Página 22: Laercio Miranda/PNUD Brasil Página 23: Kenia Ribeiro/CNM/PNUD Brasil. Página 24: Luiz Prado/ BM&FBovespaAchievement Fund Secretariat/UNDP Página 25, acima, da esq. à dir.: Marcelo Vallin, Glaucio Ayala, Marcelo Vallin Página 25, ao centro: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Página 25, embaixo, da esq. à dir.: Silvia
Cavichioli/PNUD Brasil, Silvia Cavichioli/ PNUD Brasil Página 26: Marcelo Vallin Página 27, em cima: Marcelo Vallin Página 27, embaixo: Marcelo Vallin Página 28, à esq.: Glaucio Ayala Página 28, à dir.: Glaucio Ayala Página 29: Daniel de Castro/PNUD Brasil Página 30, acima: Renatto Thiele/ Marcelo Vallin Fotografia) Página 30, embaixo: Marcelo Vallin Página 31, acima: Daniel de Castro/ PNUD Brasil Página 31, embaixo: Luciana Avellar e Caru Ribeiro/Ministério da Cultura Página 33: Daniel de Castro/PNUD Brasil Página 34: Daniel de Castro/PNUD Brasil Página 35, acima: Lucas Uebel/PNUD Página 35, embaixo: Marcos Nagelstein/ PNUD Página 37, acima: Daniel de Castro/ PNUD Brasil Página 37, embaixo: Joel Sheakosi/VNU Página 41, acima, da esq. à dir.: João Queirolo/PNUD Brasil, Ricardo Iglesias/ PNUD Brasil, Ricardo Iglesias/PNUD Brasil Página 41, ao centro: Jacob Said/PNUD Brasil Página 41, embaixo, da esq. à dir: Katherine Judd/PNUD Brasil, Divulgação/ PNUD Brasil Página 43: Silvia Cavichioli/IPC-IG
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Pa r a m a i s i nf o r m açõ e s , e nt r e e m co ntato : Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Casa das Nações Unidas no Brasil – Complexo Sergio Vieira de Mello Módulo I – Prédio Zilda Arns Setor de Embaixadas Norte, Quadra 802 Conjunto C, Lote 17 Brasília, DF CEP: 70800-400
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