agllicoP
{I love this shit that killed me}
.
2021
aqui dentro sem virgula e regra de escrita aqui dentro não|| importa|| interpretação aqui dentro invento meu próprio idioma pra amar de maneira singular, aceito minhas lacunas, sinto que tudo que escrevi antes foi medíocre. existe os "porém" mas eu nunca lembro de nenhum deles antes de fazer merda. porque sinto ///mesmo/// quando julgam e o que vinha antes de terceiros em tom de denúncia. os cadernos encontrados com desenhos de corpos e sexos que me colocaram contra a parede "vagabunda, te peguei desenhando bucetas" agora legitima meu devir.me dá força . não tão ingênua. não se escreve com mentiras. essa que fala não sou. desafio a mim mesma então durmo.
O que te escrevo é medíocre, escrita vazia, falta vivência. eu sei. puta merda. eu realmente sei. da última vez foi pior. Pode ser um lixo eletrônico, eu continuo? Tenho meus livros e chico, ambos não verbalizam nada, chico mia baixinho e eu digo “sim, já vou, princeso”. sinto que não quero mais nada do que já quis antes. meus afetos mudam rápido, menos aquele afeto, menos aquele, mas a máquina de lavar avisou que encheu e eu preciso parar aqui.
Liberal de merda
Será que sexualizar ainda mais um corpo que sempre foi lido a partir do estigma do sexo é uma saída radical?
Eram dois celulares desligados, não era amor. o receio em escrever sobre amor tem relação com a perda precoce, a exposição gratuita, o trato que fazem da minha escrita equivocada, da confusão mental, da potência criativa que é o nosso encontro, das lembranças que magoaram, do amor que foi dito mas quando chegou veio acompanhado de uma outra, outra que não gostou de mim e tu não percebeu. eu também continuo aqui, gasto meu tempo enchendo cadernos, lendo anotações ridículas, sentindo tua felicidade através de uma tela, opaca, sem luz, mentirosa, real, eis o que o amor faz. estranho isso, sempre escrevo umas coisas ensaiando te mandar também, ensaiando os passos e sai tudo tão errado que raiva, nem é sobre falsidade é sobre autopreservação. depois de uma conversa sobre dar acabei sonhando contigo, tu comia o meu. acordo cansada/exausta não é mais tu que tá aqui, ainda bem que tu sumiu, já me segurei umas trezentas vezes pra não te mandar aquele som que eu sei que tu vai gostar, acho que vais conhecer de qualquer forma, afastando como sempre. depois de uma conversa sobre _ acabei sonhando contigo, tu estavas deitada com outra guria, certamente era teu novo amor e isso me queimou, pesadelo da porra. acordo cansada/exausta racionalmente eu sei que esse terror não me pertence mais e eu agradeço mas não esqueço, sonho e etc, queria apenas parar de sonhar e sonhei depois **, foda, perco tanta coisa por causa de ti, me defendo 24hrs de tudo e de todos, it's all fucked up.
Pintei as unhas depois de cortas bem no miolo do dedo, tirei o exagero de pele que ficou ao redor resultando em um dedo cabeçudo com um ponto preto + glitter. Borro a unha tentando achar uma calcinha no guarda-roupa e um marcador de texto na bolsa, minhas mãos existem independentemente do corpo, crio meu alimento, lavo esse corpo, brinco com a vela até doer, conheço ela por dentro.
Eu sei O patriarcado é uma máscara e todas as coisas complicadas de lidar tem sempre um tom de culpa nossa conversa antes de: a gente faz pra se compartilhar A foda //Tudo que foi dito horas antes// Porque isso parece tão especial pra mim? Ontem conheci uma bruxa que se chama Anita Ela tentou me ajudar a te encontrar, me colocou no teu caminho mas eu não conseguia te ver, não conseguia chegar e te dizer, Te dizer que eu tô pronta.
Depois de muito tempo consegui chorar, um dos efeitos colaterais de antidepressivos é retirar o teu tesão de viver e de sentir, o conceito de estar alt pra não se infectar com a existência de sentimento nunca fez tanto sentido, o sentimento sempre foi minha matéria-prima, se jogar dos abismos sem pensar uma única vez, atos que me levaram para uma clínica psiquiátrica e um médico metido a sabichão, não poderia ter um destino melhor depois de uma perícia da faculdade onde tive que ouvir da médica "mas uma moça tão bonita dessa está com depressão", primeiro o cansaço seguido de pensamentos suicidas, pavor a luz do dia, necessidade de silêncio, dias confinada no quarto, zero contato social misturado com outra substância que me dopava na hora de dormir, foram dias intensos e ninguém precisou saber do que eu senti e de como vivi, esse egoísmo na hora da dor eu aprendi sozinha, perda e ganho de peso, conversas intensas com os cactos da varanda, as vezes a visita de uma amiga, ligações da minha mãe no intervalo do trabalho pra saber se já tinha tomado banho e me alimentado, dias escrevendo sobre uma vida que eu não vivia, criando contos sobre um sagui que sempre vinha na minha janela pedir frutas. Grande problema de branca de merda, né, mas são meus. Depois de muito tempo consegui chorar.
Quando senti que o choro vinha, me preparei, me isolei, coloquei Pink Sorbet pra tocar e chorei tudo o que precisava chorar, chorei por 20 minutos, foram os minutos mais bem vividos depois de dois anos.
Tudo o que não entendo ou me envergonha guardo na gaveta antiga, daquelas com fechadura e cadeado. Atiçar as memória da gaveta ataca minha rinite no ato, eu entendo.. Lá estão os pingentes, postais, pessoas, vida-morte-vida, cor-ação, dor-prazer olhos e mãos frio-calor memória tem um gosto amargo quando é revirada sem aviso, deixa rastro, coisa doida. A gaveta persiste _ resiste_ e me olha de frente Volta e meia eu preciso esquecer.
Dia tonto pandemic Não sei ao certo o que significa essa zine mas agradeço a aleatoriedade da subjetividade por me apresentar o óbvio: sem isto não há isto. Sinto que tudo aqui é experimento apesar desta ser minha terceira publicação, tenho sonhado com algumas realidades mais macabras e desconexas que me deixam mais introspectiva, parir isto é um rasto de sobriedade mas já diz tanto mesmo com essa rapidez, estou me reconhecendo sem medicação depois de dois anos e durante muito tempo senti vergonha do diagnóstico de depressão por todos os estigmas e senso comum do que as pessoas acham que significa esta doença e como elas manipulam os outros onde apenas uma terapia poderia ajudar, perdi muito da vida por isso, perdi pessoas, um grande amor e oportunidades, escrevo hoje para exorcizar tudo isso e estou pensando em publicar os contos que nasceram deste período, afinal, a vida faz seu revés e eu, cria do ar acompanho sem medo. porque perder não limita. Obrigada por apoiar esse movimento intimo, se algo aqui te tocou me manda um e-mail, eu gostaria de saber o que você sentiu. Com carinho, Pocillga.
CONTATOS @pocillga
( 9 3 ) 99150 2 3 7 7 P O C ILLGA S C U M @ GM A I L . C O M
NÃO PERGUNTE SOBRE ESSA CICATRIZ