ARQUITETURA E URBANISMO POLIANY DO NASCIMENTO AMANCIO
UM HOTEL DE LAZER EM GUARAPARI – ES: UMA EXPERIÊNCIA DE MENOR IMPACTO SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO.
[POLIANY DO NASCIMENTO AMANCIO]
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
POLIANY DO NASCIMENTO AMANCIO
UM HOTEL DE LAZER EM GUARAPARI – ES: UMA EXPERIÊNCIA DE MENOR IMPACTO SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO.
VILA VELHA 2014
POLIANY DO NASCIMENTO AMANCIO
UM HOTEL DE LAZER EM GUARAPARI – ES: UMA EXPERIÊNCIA DE MENOR IMPACTO SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO.
Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Ramos
VILA VELHA 2014
a
Prof .
a
Dr .
Larissa
Andara
POLIANY DO NASCIMENTO AMANCIO
UM HOTEL DE LAZER EM GUARAPARI – ES: UMA EXPERIÊNCIA DE MENOR IMPACTO SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO. Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em ____/____/ 2014.
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________ a
a
Prof . Dr . Larissa Andara Ramos Universidade Vila Velha Orientadora
________________________________________ o
Prof . Clóvis Aquino de Freitas Cunha Universidade Vila Velha Avaliador Interno
________________________________________ Colette Dulce Dantas Gomes Arquiteta e Urbanista Avaliador externo convidado
Aos meus pais, minha base, meu tudo.
AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, autor e consumador da minha fé. Aos meus pais, por abrirem mão de muita das suas vontades para realizarem meus sonhos e por estarem sempre ao meu lado, me sustentando com seus ensinamentos, cuidado e amor. Ao meu noivo Winder, que vem me acompanhando durante esses anos, com muita paciência, apoio e compreensão. A minha orientadora de TCC I e agora avaliadora, Colette Dulce Dantas Gomes, por cada orientação, pelo apoio e dedicação ao meu trabalho no 9° período. A minha atual orientadora, professora Larissa Andara Ramos, pela atenção, zelo e cuidado com meu trabalho, por cada orientação, por todo empenho e paciência. Ao avaliador interno, Clóvis Aquino, por aceitar fazer parte da banca. A coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha e a todos os professores que contribuíram com minha formação, transmitindo seus conhecimentos. A Secretaria do Turismo do Estado do Espírito Santo, pela atenção a mim disponibilizada e a Prefeitura Municipal de Guarapari pela prontidão em me atender.
“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.” Oscar Niemeyer
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RESUMO A busca do ser humano por locais que ofereçam além da hospedagem uma diversidade maior de serviços e lazer, atuando como uma opção de fuga das preocupações do dia a dia, deu origem aos hotéis de lazer, também conhecidos como resorts, onde no mesmo ambiente se encontram diversas atividades, além do contato com a natureza. Porém, grandes empreendimentos geram grandes impactos, não só no meio ambiente, mas principalmente no meio em que é implantado, movimentando toda uma sociedade. Esse trabalho tem por objetivo propor um projeto de Resort, que através de técnicas construtivas, aplicação de materiais ecologicamente corretos e soluções de eficiência energética, gere menos impacto no meio em que é implantando, com foco na sustentabilidade sem deixar de proporcionando
ao
usuário
conforto
e
uma
estadia
agradável.
Além
da
sustentabilidade ambiental, o trabalho está focado em um novo conceito dessa tipologia hoteleira, atentando para a sustentabilidade social.
Palavras-chave: Hotelaria. Turismo. Arquitetura. Sustentabilidade.
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ABSTRACT The quest of the human being by local offering beyond hosting a wider range of services and leisure, acting as an option to escape from the worries of everyday life led to leisure hotels, also known as resorts where the same environment are various activities, as well as contact with nature. However, large projects generate large impacts not only the environment, but especially in the middle where it is deployed, moving an entire society. This work aims to propose a design Resort, which through constructive techniques, application of environmentally friendly materials and energy efficiency solutions, generate less impact on the environment in which it is deployed, focusing on sustainability while providing the user with comfort and a pleasant stay. In addition to environmental sustainability, the work is focused on a new concept of this hotel typology, focusing on social sustainability.
Keywords: Hospitality. Tourism. Architecture. Sustainability.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Tipologias de Meios de Hospedagem .................................................... 22 Figura 02: Resort Big Sky, Montana – Estados Unidos ............................................ 26 Figura 03: Chalés do Resort Big Sky, Montana – Estados Unidos........................... 26 Figura 04: Planta do colégio dos jesuítas em Salvador - BA ................................... 29 Figura 05: Vista do Hotel Pharoux ........................................................................... 29 Figura 06: Fachada do Hotel Baur au Lac em Zurique ............................................. 31 Figura 07: O mapa dos Resorts no Brasil................................................................. 33 Figura 08: Composição da cadeia produtiva da construção civil em 2012 ............... 38 Figura 09: Os três “R” da sustentabilidade ............................................................... 41 Figura 10: Esquema de ventilação natural ............................................................... 46 Figura 11: Esquema de ventilação natural por duto ................................................. 47 Figura 12: Esquema de ventilação natural – Elementos na cobertura ..................... 47 Figura 13: Esquema de ventilação natural por poços .............................................. 48 Figura 14: Diferentes estratégias de iluminação lateral............................................ 50 Figura 15: Iluminação Zenital através de Shed ........................................................ 51 Figura 16: Iluminação Zenital através de Lanternim................................................. 51 Figura 17: Parque Eólico de Osório ......................................................................... 54 Figura 18: Camadas de um Telhado Verde.............................................................. 55 Figura 19: Captação de água da chuva pela superfície do telhado.......................... 57 Figura 20: Localização do Txai Resort ..................................................................... 63 Figura 21: Implantação do Txai Resort .................................................................... 64 Figura 22: Apartamento Superior ............................................................................. 65 Figura 23: Apartamento Luxo ................................................................................... 65 Figura 24: Bangalô Superior..................................................................................... 65 Figura 25: Bangalô Luxo .......................................................................................... 65 Figura 26: Interior de bangalô .................................................................................. 66 Figura 27: Interior de bangalô .................................................................................. 66 Figura 28: Parte externa de uma área comum ......................................................... 66 Figura 29: Piscina Norte – Txai Resort ..................................................................... 67 Figura 30: Fitness Center do Txai Resort Itacaré ..................................................... 67 Figura 31: Fitness Center do Txai Resort Itacaré ..................................................... 67
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Figura 32: Quadras de tênis ..................................................................................... 68 Figura 33: Sala de estar Norte/ Casarão Vermelho.................................................. 68 Figura 34: Shamash ................................................................................................. 69 Figura 35: Shamash ................................................................................................. 69 Figura 36: Mapa das Regiões Turísticas do Espírito Santo ..................................... 78 Figura 37: Praia dos Padres, Guarapari - ES ........................................................... 84 Figura 38: Localização Praia dos Padres, Guarapari - ES ....................................... 85 Figura 39: Curvas de nível do Terreno da Praia dos Padres, Guarapari - ES .......... 85 Figura 40: Terreno da Praia dos Padres, Guarapari - ES ........................................ 86 Figura 41:Limite do Terreno e Vegetação – Praia dos Padres, Guarapari - ES ....... 87 Figura 42: Acessos à Praia dos Padres, Guarapari - ES ......................................... 88 Figura 43: Edificações no entorno do terreno........................................................... 89 Figura 44: Edificação residencial.............................................................................. 89 Figura 45: Estação Cesan ........................................................................................ 89 Figura 46: Santuário Santa Ana ............................................................................... 89 Figura 47: Mapa de usos do entorno da Praia dos Padres, Guarapari - ES............. 89 Figura 48: Zoneamento Urbano de Guarapari – Praia dos Padres .......................... 90 Figura 49: Tabela de Controle Urbanístico – Zona de uso turístico 2 – ZUT 2......... 91 Figura 50: Vagas para guarda e estacionamento de veículos.................................. 92 Figura 51: Áreas destinadas a cargas e descargas de mercadorias ........................ 92 Figura 52: Seção transversal da Via Local Tipo 01 .................................................. 93 Figura 53: Seção transversal da via coletora tipo 03................................................ 93 Figura 54: Análise ambiental .................................................................................... 94 Figura 55: Análise solar ............................................................................................ 95 Figura 56: Maquete curvas de nível do terreno da Praia dos Padres....................... 97 Figura 57: Topografia removida ............................................................................... 99 Figura 58: Planta baixa bangalô 01 ........................................................................ 100 Figura 59: Planta baixa bangalô 02 ........................................................................ 100 Figura 60: Cortes esquemáticos bangalô 03 .......................................................... 101 Figura 61: Perspectiva bangalôs ............................................................................ 101 Figura 62: Perspectiva bangalôs ............................................................................ 102 Figura 63: Perspectiva caminho dos bangalôs ....................................................... 102 Figura 64: Golf cart................................................................................................. 103 Figura 65: Perspectiva recepção bangalôs ............................................................ 103
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Figura 66: Fachadas e piscina do SPA .................................................................. 104 Figura 67: Fachada bloco principal ........................................................................ 105 Figura 68: Perspectiva passarela ........................................................................... 106 Figura 69: Planta baixa pavimento térreo bloco principal ....................................... 106 Figura 70: Perspectiva do acesso principal à recepção do hotel............................ 107 Figura 71: Planta baixa pavimento tipo bloco principal .......................................... 107 Figura 72: Áreas de lazer e vivência ...................................................................... 108 Figura 73: Praça da Leitura .................................................................................... 109 Figura 74: Praça dos Padres .................................................................................. 109 Figura 75: Vista do mirante .................................................................................... 110 Figura 76: Área de piscina e bar ............................................................................ 110 Figura 77: Planta baixa bloco turístico ................................................................... 111 Figura 78: Perspectiva Bloco Turístico ................................................................... 112 Figura 79: Vista do mirante .................................................................................... 112
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LISTA DE ABREVIATURAS
EMBRATUR
Empresa Brasileira de Turismo
SBM
Sociedade Brasileira de Metrologia
IUCN
União Internacional pela Conservação da Natureza
CADASTUR
Sistema de Cadastro Pessoas Físicas e Jurídicas que Atuam no setor do Turismo
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
NBR
Norma Brasileira
IDHEA
Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica
ANEEL
Agência Nacional de Energia Elétrica
BLTA
Brazilian Luxury Travel Association
APA
Área de Preservação Ambiental
SNUC
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SETUR
Secretaria de Turismo
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
PMG
Prefeitura Municipal de Guarapari
RMGV
Região Metropolitana da Grande Vitória
FUNGETUR
Fundo Geral de Turismo
PDM
Plano Diretor Municipal
CESAN
Companhia Espírito Santense de Saneamento
CBIC
Câmara Brasileira de Indústria da Construção
CSA
Compensação por Serviços Ambientais
ZEIT
Zona Especial de Interesse Turístico
ZUT
Zona de Uso Turístico
SINDUSCON
Sindicato da Indústria da Construção Civil
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 1. CONCEITUANDO OS HOTÉIS DE LAZER - RESORTS ..................................... 18 1.1 Conceitos ......................................................................................................... 18 1.2 O Resort como um não lugar ........................................................................... 20 1.3 Meios de Hospedagem .................................................................................... 21 1.4 Tipologias de Resort ........................................................................................ 25 1.4.1 Resorts em Montanhas .............................................................................. 26 1.4.1 Resorts em Balneários............................................................................... 27 1.4.1 Resorts Direcionados ao golfe e ao tênis .................................................. 28 1.5 Breve Histórico da Hotelaria no Mundo ............................................................ 28 1.6 História dos Resorts ......................................................................................... 30 1.7 Resorts no Brasil .............................................................................................. 32 2. SUSTENTABILIDADE x CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................. 35 2.1 A Sustentabilidade e Seu Desenvolvimento..................................................... 35 2.2 Construção Sustentável ................................................................................... 37 2.2.1 Como Uma Construção Pode Ser Sustentável .......................................... 41 3. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS SUSTENTÁVEIS .................................................. 45 3.1 Técnicas Construtivas e Soluções Sustentáveis .............................................. 45 3.1.1 Ventilação Natural e Forçada .................................................................... 45 3.1.2 Iluminação Natural ..................................................................................... 48 3.1.3 Energias renováveis .................................................................................. 52 3.1.4 Telhado Verde ........................................................................................... 54 3.1.5 Gestão da Água ......................................................................................... 56 3.1.6 Escolhas de materiais ................................................................................ 58 4. ESTUDO DE CASO: TXAI RESORT ITACARÉ - BA ........................................... 61 4.1 Localização ...................................................................................................... 62 4.2 Infraestrutura .................................................................................................... 63 4.3 Análise da Arquitetura ...................................................................................... 64 4.4 Programas Sociais e Relação com o Entorno .................................................. 69 5. TURISMO NO ESPÍRITO SANTO ........................................................................ 74 5.1 Potencial Turístico do Espírito Santo ............................................................... 74 5.2 Regiões Turísticas do Estado .......................................................................... 76
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5.3 O Turista do Espírito Santo .............................................................................. 79 6. ANÁLISE DO TERRENO ...................................................................................... 82 6.1 Justificativa da escolha da cidade e do terreno................................................ 82 6.2 Contexto social e econômico ........................................................................... 84 6.3 Contexto urbano e legal ................................................................................... 90 6.4 Contexto ambiental .......................................................................................... 93 7. ESTUDO PRELIMINAR ........................................................................................ 97 7.1 Bangalôs .......................................................................................................... 99 7.2 Spa ................................................................................................................. 103 7.3 Bloco Principal ............................................................................................... 105 7.4 Áreas de lazer e vivência ............................................................................... 108 7.5 Projetos sociais .............................................................................................. 111 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 115 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 118 ANEXOS ................................................................................................................. 122
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INTRODUÇÃO O tema escolhido trata de dois assuntos que estão em destaque na arquitetura: o ramo da hotelaria e a sustentabilidade. No Brasil tem sido discutida em especial a hotelaria nos últimos anos, devido aos grandes eventos esportivos de 2014 e 2016, a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. O Resort é definido pelo Ministério do Turismo como “Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento”, logo o grande desafio do trabalho é o de conseguir unir um grande empreendimento na natureza de forma sustentável. O Hotel de Lazer, como será chamado os Resorts nesse trabalho, serão abordados a maneira como grandes empreendimentos hoteleiros têm agredido negativamente o meio ambiente e a sociedade do entorno em que está inserido, mostrando que existem alternativas sustentáveis que podem contribuir para que esse impacto venha diminuir. As ações devem começar desde a concepção do projeto, através de escolhas corretas de materiais e alternativas ecológicas. As ações podem ainda ultrapassar os muros do empreendimento e atingir a comunidade do entorno, através de programas sociais ou pontuais, envolvendo a população ao invés de gerar segregação. Esse trabalho tem como objetivo principal propor o projeto de um Hotel de lazer, com baixo adensamento, aplicação de materiais e soluções sustentáveis, além de envolver a comunidade local com o empreendimento através de programas sociais, colocando em prática não só a sustentabilidade ambiental, mas também social e econômica. Se aplicados princípios e conceitos de sustentabilidade, o empreendimento irá usufruir de bens naturais de forma racional além de agregar valor à paisagem. A proposta do projeto busca demonstrar que é possível desenvolver grandes projetos, colaborando com o meio ambiente, agregando valor ao empreendimento através do desempenho ambiental e ainda promover qualidade e conforto aos seus usuários, que geralmente buscam essa tipologia hoteleira como um local de fuga,
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pois hoje vive em sua maioria nos centros urbanos. O segredo é projetar com a natureza e não contra ela. Dentre os métodos empregados estão o estudo de leis relacionadas ao meio ambiente, bem como legislações que abordam os resíduos gerados pela construção civil e também leis que falam de Áreas de Preservação Ambiental, onde geralmente são implantados os resorts. Buscou-se fazer o estudo em bibliografias relacionadas com hotelaria, especificamente resorts, onde se pode conhecer o histórico e o funcionamento dessa tipologia hoteleira. Outra fonte importante de estudo foi o Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo do Estado do Espírito Santo e a Prefeitura Municipal de Guarapari que forneceram estudos, dados e pesquisas importantes para conhecimento e aplicação na proposta. Para melhor compreensão da proposta final, este trabalho foi separado em sete capítulos. No primeiro capítulo é feita a conceituação dessa tipologia hoteleira e também abordado os meios de hospedagem de acordo com o Ministério do Turismo. Ainda nesse capítulo são abordadas as tipologias de Resorts, descritos por MILL (2003). É relatado o histórico dos Resorts e da hotelaria no Brasil e no mundo, desde os primeiros Spas, aos dias atuais e também é feita uma breve crítica aos Resorts como um não lugar e a justificativa de se referir aos Resorts como Hotéis de lazer. No segundo capítulo são abordados os conceitos de sustentabilidade relacionados à construção civil, assim como o conceito de construção sustentável. O terceiro capítulo relaciona algumas soluções como ventilação e iluminação natural na arquitetura, que podem contribuir para um projeto com maior qualidade ambiental. O quarto capítulo apresenta o estudo de caso do Txai Resort Itacaré, que já foi eleito no ano de 2008, como o resort mais sustentável do país, pela baixa taxa de ocupação utilizada, pela preocupação com o meio ambiente e por diversos programas sociais que desenvolve com a sociedade do seu entorno. O quinto capítulo aborda o turismo no Estado do Espírito Santo e o crescimento do mesmo nos últimos anos, além de apontar as cidades que mais tem recebido turistas nos últimos anos. O sexto capítulo apresenta a área escolhida para implantação do projeto, na cidade de Guarapari por ser uma cidade com grande potencial turístico, com suas 46 praias dispõe de excelentes paisagens naturais. O sétimo e último capítulo apresenta o estudo preliminar do Hotel de Lazer.
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1. CONCEITUANDO OS HOTÉIS DE LAZER - RESORTS
1.1.
Conceitos
A busca do ser humano por momentos fora do seu cotidiano, com tarefas diferentes das executadas no dia a dia seja em casa, escola ou trabalho e estar em ambientes diferentes dos da sua residência, além do desejo por explorar novos lugares tem crescido cada vez mais, inclusive nos dias atuais. Com isso os meios de hospedagem vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado mundial, buscando sempre oferecer ao seu hóspede o melhor em termo de conforto e em alguns casos lazer, proporcionando uma estadia agradável e atuando como um refúgio da rotina. O resort é uma das tipologias dentre os meios de hospedagem e esse possui vários conceitos dentro da literatura, sendo chamado por alguns autores de hotel de lazer, nome que também será utilizado em alguns momentos nesse trabalho. Para Mill (2003), os hotéis de lazer são uma combinação de três elementos: Atrações recreativas para atrair os hóspedes; hospedagem e serviços de alimentação, bebida e atividades para ocupar o hóspede durante sua estadia. Alguns dicionários o definem como um local para pessoas em férias, onde se encontra serviços de hospedagem, recreação e divertimento. No livro “Hotel, Planejamento e Projeto”, os autores relatam que os hotéis de lazer oferecem atrativos e os locais em que estão implantados possuem beleza natural. Também definem os esses empreendimentos como “ilhas de auto-suficiência”, onde o hóspede pode encontrar além do esporte e lazer, opções para a vida social e negócios atendendo todas as faixas etárias. “Os hotéis de lazer, descendentes diretos dos spas e das casas de banho das antigas Grécia e Roma, tem seu maior atrativo na recreação e nos esportes, principalmente em espaços abertos de grande beleza natural e excelentes condições climáticas”. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2000, p.73).
No Brasil, o resort já foi considerado um subtipo de hotel, sendo caracterizada a primeira vez pela Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) como hotel de lazer, localizado fora dos centros urbanos, atendendo apenas ao turista em viagens de lazer. O empreendimento poderia ser denominado Resort, caso estivesse localizado
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em áreas ambientais, onde sua construção tenha sido antecedida por estudos de impacto ambiental, visando a conservação da área. O estabelecimento ainda deveria possuir infraestrutura de lazer e entretenimento maiores que as de outros empreendimentos parecidos, além de possuir condições para ser classificado com quatro ou cinco estrelas. “Hotel de Lazer - meio de hospedagem normalmente localizado fora dos centros urbanos, com áreas não edificadas amplas e com aspectos arquitetônicos e construtivos, instalações, equipamentos e serviços especificamente destinados à recreação e ao entretenimento, que o tornam prioritariamente destinado ao turista em viagem de lazer”. (BRASIL, 1998).
O Ministério do Turismo possui uma definição parecida, classificando-os como um meio de hospedagem que oferece ao usuário além do alojamento e alimentação, o lazer e o convívio com a natureza, sendo que tudo isso é encontrado em uma mesma área e no próprio empreendimento. Para a Associação Brasileira de Resorts, este é um empreendimento hoteleiro de alto padrão, no qual deve oferecer serviços suficientes para que o usuário não precise se deslocar do local para suprir suas necessidades. “É um empreendimento hoteleiro de alto padrão em instalações e serviços, fortemente voltado para o lazer em área de amplo convívio com a natureza, no qual o hospede não precisa se afastar para atender suas necessidades de conforto, alimentação, lazer e entretenimento.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESORTS, 2013).
Com base nessas definições, é possível pontuar duas características básicas encontradas nos resorts, como: Contato com a natureza – Podendo estar relacionado com o mar, rios, lagos ou montanhas; Diversidade na oferta de serviços – Além da hospedagem, os serviços devem variar, oferecendo desde mais de uma opção de restaurante à spas, atividades esportivas e demais recreações de lazer. Essas são apenas duas características que de imediato podem caracterizar um resort, que possui um programa muito mais amplo e complexo que os demais meios de hospedagem. O objetivo dos resorts vai muito além a oferecer ao seu usuário
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apenas serviços de hospedagem ou alimentação, esse empreendimento proporciona ao hóspede contato com o meio ambiente e um de seus principais alvos é dar todo suporte necessário para que seu usuário usufrua de cada momento em que estiver hospedado no local, sem precisar se deslocar para outro ambiente para realizar qualquer outra atividade, ou seja, acaba se encaixando perfeitamente na definição de ANDRADE, BRITO & JORGE, que consideram essa tipologia de hotel, como ilhas de auto-suficiência.
1.2.
O Resort como um não lugar
O lugar está associado para alguns autores com o deslocamento humano, e à medida que esse deslocamento de lugar vai ocorrendo, o indivíduo irá construir suas relações humanas, agregando valores para sua história e construindo novas memórias e novas identidades. Os resorts enquanto não lugar são espaços onde as pessoas imaginam, idealizam um espaço perfeito, ideal, o que a muitos olhos podem parecer um conto de fadas, por outro lado não é exatamente dessa maneira que acontece. O resort, que teoricamente seria um pedaço do “paraíso” do ponto de vista de quem usufrui dos seus serviços, por outro lado pode significar um problema para o meio em que está inserido. O fato é que muito dos resorts, inclusive os do Brasil, estão instalados em locais que não
possuem
infraestrutura
suficiente
para
atender
a
demanda
de
um
empreendimento desse porte. Outro ponto é o fato de o empreendimento funcionar cercado por muros, se isolando e até mesmo segregando a população existente no entorno, que muita das vezes é de comunidade carente. O empreendedor se apropria completamente de espaços que poderiam ser abertos a essa população local e constrói imensas áreas de lazer que ficam disponíveis apenas para quem pode pagar. Aos olhos do poder público, esse tipo de empreendimento seria lucrativo, gerando novos empregos e movimento a economia com o fluxo de turistas. Mas o que pouco se observa é essa sociedade que está inserida no entorno das áreas onde os resorts estão instalados.
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Pelo fato do nome resort se referir a empreendimentos que fazem com que o hospede se contenha apenas com seu espaço e por esse não ser o objetivo da proposta, os resorts serão também aqui chamados de hotel de lazer. Uma nomenclatura já utilizada pelos órgãos do Turismo no Brasil e por alguns autores, que se encaixa melhor na proposta desse estudo.
1.3.
Meios de hospedagem
É extremamente importante que fique claro a diferença entre tipologias hoteleiras e o que cada uma oferece desde serviços à sua infraestrutura. Para o empreendedor que deseja investir nesse campo de mercado, por exemplo, conhecer a diferença entre um resort, hotel ou pousada é importante, pois vai influenciar em todo seu planejamento
de
custos,
na
contratação
de
funcionários,
de
tempo,
de
administração, de gerenciamento e até mesmo irá influenciar na escolha da cidade ou da área em que se pretende implantar o projeto. Já para uma pessoa que pretende ir para algum lugar e queira fazer uso de algum meio de hospedagem, é importante conhecer a diferença dos serviços que cada um oferece e através disso descobrir qual a melhor opção que se encaixa dentro de suas pretensões, desejos e até mesmo condições financeiras. Atualmente se encontra diversos estabelecimentos de hospedagem que vão desde apenas simples quartos mais econômicos à hotéis luxuosos, essa variação de preço, localização, serviço e infraestrutura é que vai diferenciar e caracterizar os meios de hospedagem. Os meios de hospedagem são empreendimentos que têm como objetivo principal oferecer aos seus clientes serviços de hospedagem, estando esses divididos em tipologias tais como por sua infraestrutura, o local em que está inserido e até pelos serviços oferecido. No caso do Brasil, essas edificações devem atender a alguns requisitos do Ministério do Turismo para alcançar sua devida classificação. “Consideram-se meios de hospedagem os empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades de freqüência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual,
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tácito ou expresso, e cobrança de diária”. (BRASIL. LEI N° 11.771, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008).
No mundo não existe uma classificação que determine os meios de hospedagem, mas no Brasil o Ministério do Turismo, em parceria com o Inmetro, a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) e a sociedade civil elaborou em 2010 o sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, onde ficam estabelecidas sete tipologias de meios de hospedagem, sendo elas: O Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Hotel Histórico, Cama & Café, Pousada e Flat/Apart-Hotel. Cada tipologia de hotel também recebe uma simbologia de estrelas, conforme ilustrado na figura a seguir.
Figura 01. Tipologias de Meios de Hospedagem. Fonte: Cartilha de Orientação Básica - Resort. Ministério do Turismo, 2010.
Um Hotel Fazenda que varia de uma a cinco estrelas, por exemplo, tem uma estrutura totalmente diferenciada de um Hotel Histórico, que varia de três a cinco estrelas, pois fica implantado em um ambiente rural e o hotel histórico encontra-se funcionando em edificações históricas preservadas, restauradas ou que possua algum valor histórico para a sociedade. Cada meio de hospedagem possui características distintas, porém, ainda é muito comum se apropriar do termo Hotel para definir todos os outros meios de hospedagem que por mais parecidos que possam parecer cada um recebe uma definição que os distinguem uns dos outros. Hotel e Hotel de lazer, classificado pelo Ministério do Turismo como Resort, também são dois meios de hospedagem distintos, não possuem o mesmo conceito, significado e nem sempre atende o mesmo público, o público que procura um hotel geralmente visa apenas o serviço de hospedagem, se deslocando para outras áreas
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em busca de opções de lazer e entretenimento. Logo, a diferença básica entre um Hotel e um Resort está nos serviços oferecidos aos hóspedes, e até mesmo no meio em que os empreendimentos são implantados, uma vez que o Resort precisa estar em contato com a natureza, seja essa relacionada com o litoral ou com as montanhas, além de oferecer toda uma infraestrutura de lazer. “Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento.” (DEFINIÇÃO DE RESORT. FONTE: PORTARIA N° 100, DE 16 DE JUNHO DE 2011 MINISTÉRIO DO TURISMO).
O hotel já não necessariamente precisa ter contato direto com o meio ambiente e nem mesmo precisa oferecer serviços de alimentação, tendo como objetivo principal a hospedagem em si, conforme definição do Ministério do Turismo. “Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes, mediante cobrança de diária.” (DEFINIÇÃO DE HOTEL. FONTE: PORTARIA N° 100, DE 16 DE JUNHO DE 2011 - MINISTÉRIO DO TURISMO).
Dessa maneira, é possível compreender que cada meio de hospedagem se diferencia dos demais, possuindo características distintivas, não sendo diferente com os resorts. Esses podem ser divididos em apenas duas categorias, de no mínimo quatro ou no máximo cinco estrelas. Para atingir essas categorias, não só o resort, mas qualquer outro meio de hospedagem, deve atender a uma série de requisitos mínimos
quanto
à
infraestrutura,
serviços
e
sustentabilidade,
onde
o
empreendimento é avaliado por um representante do Inmetro. No caso dos resorts, alguns dos requisitos mínimos a serem cumpridos para serem consideradas no mínimo quatro estrelas, estão relacionados abaixo, conforme a Cartilha do Ministério do Turismo para a nova classificação hoteleira.
24 Mínimo de três serviços acessórios oferecidos em instalações no próprio resort (por exemplo: salão de beleza, baby-sitter, venda de jornais e revistas, farmácia, loja de conveniência, locação de automóveis, reserva em espetáculos, agência de turismo, transporte especial, etc); Programas Recreativos Próprios, para adultos e crianças, com recreadores e atendimento em dois turnos do dia (manhã, tarde ou noite); Medidas permanentes para redução do consumo de energia elétrica e de água; Medidas permanentes para redução, separação e coleta seletiva dos resíduos; Atendimento às sugestões e reclamações dos hóspedes; Medidas permanentes de treinamento para colaboradores; Medidas permanentes de seleção e qualificação de fornecedores; Serviço de recepção aberto por 24 horas Serviços de mensageiro no período de 24 horas Serviço de cofre em 100% das UH para guarda dos valores dos hóspedes UH com 25 m²; Colchões das camas com dimensões superiores às normais; Berço para bebês, a pedido; Facilidades para bebês (cadeiras altas norestaurante, facilidades para aquecimento de mamadeiras e comidas, etc); Café da manhã no quarto; Serviço de refeições leves e bebidas nos quartos (room service) no período de 18 horas; Troca de roupas de cama e banho diariamente; Secador de cabelo em 100% das UH; Seis amenidades, no mínimo, em 100% das UH; Serviço de lavanderia; Sala de estar com televisão; Televisão em 100% das UH; Canais de TV por assinatura em 100% das UH; Acesso à internet nas áreas sociais e em 100% das UH; Mesa de trabalho, com cadeira, iluminação própria, ponto de energia e telefone, possibilitando o uso de aparelhos eletrônicos pessoais; Sala de ginástica/musculação com equipamentos; Sauna seca ou a vapor; Dois tipos de piscina, no mínimo; Sala de reuniões com equipamentos; Minirrefrigerador em 100% das UH; Climatização (refrigeração/calefação) adequada em 100% das UH; Dois Restaurantes, no mínimo, com cardápios diferentes; Serviço de alimentação disponível para café da manhã, almoço e jantar; Dois Bares, no mínimo; Área de estacionamento com serviço de manobrista; Medidas permanentes de sensibilização para os hóspedes em relação à sustentabilidade; Pagamento com cartão de crédito ou de débito (FONTE: CARTILHA DE ORIENTAÇÃO BÁSICA RESORT. MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010).
25
1.4.
Tipologias de resort
Os resorts ainda podem receber algumas classificações e características que os diferenciem, em relação ao meio em que está inserido e aos tipos de atividades oferecidas. Segundo Mill (2003), os resorts podem ser caracterizados de acordo com a proximidade do mercado principal; a localização e principais confortos oferecidos e quanto à mistura de residências e alojamentos. De acordo com o autor, com relação à proximidade do mercado principal, os resorts podem ser de destinação ou não destinação, o que depende do empreendimento estar próximo a algum centro, ou cidade principal, o que vai fazer com que varie a estadia e freqüência do hóspede. Os resorts de destinação ficam muito distantes de cidades e centros principais, fazendo com que os visitantes façam uso do avião para se deslocarem, além disso, esse tipo de resort deve estar localizado em locais atraentes. Os resorts de não destinação estão mais próximos de centros principais, gerando um deslocamento menor, realizado através de veículos como automóveis, onde as visitas acabam sendo mais freqüentes. Quanto à localização e confortos básicos, o autor relata que os resorts podem ser classificados em litorâneos, resorts lacustres, resorts de rios de montanha e resorts para golfe. Existem também resorts que são propriedades residenciais e de hospedagem, onde funcionam como produtos imobiliários, com os serviços variando em hotéis, propriedades de férias e residências secundárias. É uma mistura de serviços oferecidos, onde o hotel atende quem apenas quer se hospedar por alguns dias naquele local seja em busca da proximidade com o trabalho ou por lazer, podendo utilizar o espaço até mesmo para reuniões. As propriedades de férias que funciona como um clube para o usuário, onde o proprietário paga uma taxa anual de manutenção e as residências, que podem ser compradas ou alugadas pelo hóspede que opte por morar no empreendimento. O funcionamento de um resort é diferenciado dos outros meios de hospedagem, um hóspede busca esses locais geralmente para mudar a rotina e em busca de conhecer locais atraentes.
26
“Os hóspedes de resorts querem participar de várias atividades. Quando um hóspede permanece na propriedade durante vários dias ou semanas, é necessário um programa de atividades bem planejado para satisfazê-lo. Isso significa bem mais do que oferecer um passeio de trenó em um dia qualquer. Implementar um programa de atividades para hóspedes envolve conhecimento especializado a respeito de lazer, recreação e jogos”. (MILL, 2003, p.35)
O resort deve possuir uma infraestrutura diferenciada, pois geralmente o hóspede permanece mais tempo nesse empreendimento, o que faz com que esses se especializem em algum tipo principal de recreação. Mill (2003) classifica ainda os resorts em três tipologias a nível mundial: Resorts de montanha, de balneários e direcionados ao golfe e ao tênis.
1.4.1. Resorts de montanha
Geralmente encontrados na América do Norte, nesse tipo de resort é muito desenvolvida as atividades de esqui, visando sempre atender as necessidades do hóspede, mas mantendo as características do local. Para esse tipo de resort é muito importante que o empreendimento se adéqüe as condições físicas locais. Outra característica é a presença dos teleféricos, que irão servir para transportar os esquiadores, além de outros serviços como vias de acesso, estacionamentos, serviços de alimentação, acomodações e serviços de emergência. Podendo oferecer ainda atrativos como patinação no gelo, carrinhos para a neve e tobogã. Um exemplo citado por Mill (2003) é o Resort Big Sky, Montana, que está implantado em meio as montanhas e além das atividades de esqui, oferece ao hóspede outros serviços como spas, golfe, trilhas de bicicleta, caminhadas, escaladas e outras tantas atividades.
Figura 02. Resort Big Sky, Montana –
Figura 03. Chalés do Resort Big Sky,
Estados Unidos.
Montana – Estados Unidos.
Fonte: BIG SKY RESORT, 2013.
Fonte: BIG SKY RESORT, 2013.
27
Aqui no Brasil, não existe essa tipologia classificada pelo autor, uma vez que nosso clima é Tropical, não existem áreas que caia neve o suficiente para se ter essa ambiência e a instalação de atividades de esqui.
1.4.2. Resorts em Balneários
Os resorts em balneários são os empreendimentos que possuem relação com o mar. Devendo ser considerado seis fatores nessa tipologia de resort: o mar, o solo costeiro, a praia, a região anterior à praia, a extensão da costa e as áreas ao redor do local. (MILL, 2003). O mar deve ser observado, pois pode afetar a atratividade do local se este empreendimento estiver instalado em áreas de águas poluídas ou onde as correntes, marés e ondas forem muito fortes. Em um resort de balneário, pode ser encontradas atividades como praias naturais, locais abertos, trilhas, campos de golfe, marinas, empreendimentos residenciais, comerciais, cruzeiros, spas e parques aquáticos, sendo segundo Mill (2003), importante pensar esse espaço para os diferentes tipos de pessoas que vão a praia. “O projetista de um resort deverá iniciar considerando as razões que levam as pessoas a irem para as praias. Embora efetivamente muitas pessoas vão à praia para nadar, outras estão mais interessadas em tomar banhos de sol, na vida social, em ver pessoas, em relaxar, ou, ainda, em participar de atividades recreativas. O ideal é projetar o local de forma a permitir várias atividades, ou seja, projetar o local para os diferentes tipos de pessoas que vão à praia. Algumas vão para aproveitar a água. Outros vão para divertir-se na areia. Um terceiro grupo vai para acompanhar os amigos que usufruem da água ou da areia. Para tornar sua estada mais prazerosa, convém oferecerlhes mesas, cadeiras e guarda-sóis (MILL, 2003, p. 129).
Esse tipo de resort é muito encontrado no Brasil, onde será abordado nos próximos capítulos.
28
1.4.3. Resorts direcionados ao golfe e ao tênis.
Esse tipo de resort pode ser de propriedade pública ou privada, onde no privado somente os sócios tem acesso e no público a utilização se dá mediante o pagamento de taxas. O autor ainda relata a importância do papel do arquiteto no planejamento dessa tipologia de resort. “Um arquiteto de paisagens é “uma pessoa cuja profissão é planejar a parte decorativa de locais externos”. Durante o desenvolvimento de um campo de golfe, as responsabilidades do arquiteto são: 1. Ajudar o empreendedor/cliente a atrair os visitantes com o projeto. 2. Proporcionar aos visitantes/usuários uma experiência rica e memorável. 3. Proteger os recursos naturais.” (MILL, 2003, p. 155).
Outros aspectos são levados em consideração antes da implantação desse empreendimento como topografia, a vegetação, características do solo, o clima e a manutenção. As características do resort de tênis são parecidas com os de golfe, sendo que os de tênis, segundo Mill (2003), tem um custo menor tanto de instalação quanto de manutenção. 1.5.
Breve Histórico da Hotelaria
A história da hotelaria mundial está relacionada com o comércio, onde as rotas comerciais entre Ásia, Europa e África formaram núcleos urbanos e locais de hospedagem para atender os viajantes que necessitavam se abrigar. É de se imaginar, que nessa época, as hospedagens não deveriam ser muito confortáveis e nem oferecia muitas regalias. Com o surgimento das monarquias, algumas hospedagens passam a ser feita pelo Estado dentro dos palácios e outros menos beneficiados se acomodavam em estalagens ou albergues. Outro ponto importante na história da hotelaria é a Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mundial, onde hospedar alguém passa a ser uma atividade econômica, graças ao desenvolvimento dos transportes e dos meios de comunicação. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2000). Quando se fala em hotelaria, a grande pioneira foi a Europa e logo depois os Estados Unidos.
29
No Brasil, os hóspedes encontravam abrigo em locais como fazendas, conventos e casarões das cidades, onde era comum a população também receber viajantes em suas casas. Nos conventos eram recebidas pessoas importantes, onde eram separados locais específicos para abrigar esses hóspedes, como ilustra a figura 04 abaixo, mostrando a planta do Colégio dos Jesuítas em Salvador, Bahia.
Hospedaria
Figura 04. Planta do Colégio dos Jesuítas em Salvador, BA. Fonte: ANDRADE; BRITO; JORGE, 2000, p. 20.
Com a chegada da corte Portuguesa em 1808, muitos estrangeiros chegaram ao Brasil, aumentando a demanda por hospedagens. A partir desse momento os locais que abrigavam os hóspedes, viajantes, começa a ganhar o termo de hotel para anunciar o serviço aos estrangeiros na cidade. Nessa época destaca-se o Hotel Pharoux que ficava localizado próximo ao porto no Rio de Janeiro. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2000).
Figura 05. Vista do Hotel Pharoux. Fonte: ANDRADE; BRITO; JORGE, 2000, p. 21.
30
Grandes hotéis passam a ser implantados nas capitais do Brasil a partir da década de 30. Em 1966 é criada a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), e o Fundo Geral de Turismo (Fungetur) que começa a incentivar a implantação de hotéis no país. As redes hoteleiras chegam ao Brasil durante os anos 60 e 70, criando novos padrões de serviços e preços. Como toda atividade comercial, é preciso se manter atualizado e buscar oferecer os melhores serviços para conquistar seus clientes, não sendo diferente com os hotéis, que com o passar dos anos diversificou os serviços oferecidos e melhorou suas instalações para oferecer mais conforto aos hóspedes.
1.6.
História dos Resorts
Antes do século dezoito, as pessoas encontravam dificuldades para se deslocar devido à falta de transporte e até mesmo o fato de não haver meios de comunicação, fazendo com que viajassem não por que desejavam, nem tão pouco por lazer, mas somente porque era necessário. Para compreender o surgimento dos resorts, é preciso voltar na Antiga Roma, onde se deu o início dos resorts que estava relacionado com os banhos públicos presentes naquela sociedade e que serviam tanto fins sociais como de saúde, onde no começo os homens eram separados das mulheres. (MILL, 2003). Os primeiros banhos, introduzidos no século dois antes de Cristo, permitia aos Romanos que freqüentavam descontrair, comer e beber, o que começou a gerar maior interação. Esse equipamento para banhos era formado por um átrio com lojas, restaurantes, lojas e esportes ao seu redor, além disso, a localização desses espaços era fora dos grandes centros, próximos a fontes de água mineral. (MILL, 2003). Desde o século dois antes de Cristo já vemos o conceito de resort sendo aplicado, pois os banhos tornaram-se locais que ofereciam descanso, lazer e outras atividades ao seu freqüentador. “Segundo seu significado clássico, o único objetivo dos resorts é oferecer aos seus usuários um lugar para escapar ou recuperar-se do mundo do trabalho e das preocupações diárias”. (GEE, apud MILL, 2003, p. 20).
31
Na Europa e nos Estados Unidos os resorts ficaram conhecidos como spas, que significa fonte, devido a cura da enfermidade próximo a uma fonte de um metalúrgico belga, Colin Le Loup, onde em agradecimento ele constrói hospedagens para quem freqüenta o lugar em busca das mesmas águas que o curou. As classes mais favorecidas começaram a fazer uso desses spas em 1326 D.C., o que os tornam locais atrativos, pois outras pessoas começam a freqüentar esses espaços. Médicos também colaboraram para a expansão dos spas, pois se acreditava que através dos banhos e por beber da água salgada, pessoas poderiam ser curadas de diversas doenças, o que divulgou os resorts de litoral, onde o hospede além de conseguir beber da água, poderia desfrutar de outras atividades. (MILL, 2003). Como os meios de transportes ainda eram precários, as pessoas viajavam dias para chegar ao seu destino e isso incentivava a permanência por mais tempo nas hospedagens dos spas, podendo chegar a meses. A indústria dos resorts começou a se desenvolver na Suíça em 1838, onde em Zurique foi inaugurado por Johannes Baur o resort mais famoso, o Hotel Baur au Lac, construído de frente para o Lago Lucerna, que funciona até hoje. (MILL, 2003).
Figura 06. Fachada do Hotel Baur au Lac em Zurique. Fonte: BAUR AU LAC, 2013.
No final de 1800 surge também a primeira cidade resort da América, a Atlantic City, onde era freqüentada pelas classes médias e altas da América do Norte.
32
A melhoria dos meios de transporte está estreitamente relacionada com o impulso de muitos acontecimentos importantes, inclusive com a modificação e expansão das estruturas dos resorts, que começou a ser instalado em diversas cidades no mundo, atraindo visitantes para os “spas”, onde dependendo do meio de transporte utilizado, chega-se ao destino em poucas horas de viagem.
1.7.
Resorts no Brasil
A chegada dos resorts no Brasil demorou mais do que as instalações dos primeiros hotéis, por vários motivos, como por exemplo, a falta de infraestrutura e de profissionais. O país, que sempre foi dono de grandes e encantadores cenários naturais, não possuía um suporte físico para a instalação de grandes complexos hoteleiros. Porém com o passar dos anos o país começou a se desenvolver e a investir, por exemplo, no saneamento, na construção de rodovias e aeroportos onde facilitou o deslocamento da sociedade e também a implantação dos primeiros resorts. A instalação dos hotéis de lazer ou Resorts no Brasil ainda é muito recente, pois nas duas últimas décadas não se falava sobre esse meio de hospedagem no Brasil, sendo que primeiro a se instalar no país foi na Ilha de Itaparica em Salvador, em 1981. Andrade; Brito; Jorge (2000) destacam no Brasil os resorts Transamérica em Ilhéus, o Mediterranée também na Bahia, o Caesar Park em Cabo de Santo Agostinho e enfatizam pelo porte, a implantação do complexo turístico multiresort, em Sauípe na Bahia. Os autores ainda afirmam que os resorts já estão alcançando uma proporção grande de aceitação e que irão se tornar o destino turístico mais procurado pelos turistas. Segundo a Associação Brasileira de Resorts, o Brasil possui 47 resorts associados e certificados, presentes em 12 estados brasileiros, com um total de 12.389 unidades habitacionais, gerando cerca de 18.665 empregos diretos. O Ministério do Turismo afirma que o faturamento dos resorts teve um aumento significativo, onde foram de 947 milhões em 2008 e passou para R$ 1,37 bilhão em 2012. A Revista Época mapeou os 12 (Doze) estados brasileiros onde se é possível encontrar os empreendimentos certificados pela Associação Brasileira de Resorts,
33
sendo eles: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Figura 07. O mapa dos Resorts no Brasil. Fonte: REVISTA ÉPOCA, 2013.
A região do país que mais possui hotéis de lazer atualmente é a nordeste onde a maioria está instalada no litoral, devido às belas praias encontradas em toda região costeira. Segundo o Ministério do Turismo, no Sistema de Cadastro Pessoas Físicas e Jurídicas (CADASTUR), existem 109 empreendimentos cadastrados, porém apenas 47, como já citado, possuem a certificação da Associação Brasileira de resorts, onde então mais de 55% dos empreendimentos que se intitulam resorts, não possuem a infraestrutura e nem fornecem todos os serviços que o Ministério do Turismo estabelece para que esse meio de hospedagem seja reconhecido.
34
35
2. SUSTENTABILIDADE X CONSTRUÇÃO CIVIL 2.1.
A sustentabilidade e seu desenvolvimento
Atualmente, muito se ouve falar em sustentabilidade, palavra essa que possui uma extensão gigantesca de significados, com diversos conceitos sobre o mesmo tema, sendo que quando se fala em sustentabilidade, é comum associar esse termo com a natureza e o meio ambiente, mas a sustentabilidade vai muito além desses aspectos. Em 1980 o termo desenvolvimento sustentável começou a ser muito utilizado, primeiramente pela união Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), tendo segundo MONTIBELLER (2004) alguns princípios como princípios: •
Integrar conservação da natureza e desenvolvimento;
•
Satisfazer as necessidades humanas fundamentais;
•
Perseguir equidade e justiça social;
•
Buscar a autodeterminação social e respeitar a diversidade cultural;
•
Manter a integridade ecológica.
A sustentabilidade é definida por MONTIBELLER (2004, p. 27) como a busca de eficácia econômica, social e ambiental objetivado atender às necessidades e anseios da população atual, sem desconsiderar os das gerações futuras. Esse acaba sendo o conceito mais simples e talvez o mais conhecido, também tendo uma definição parecida com a descrita no Relatório de Brundtland, em 1988, na comissão mundial sobre o ambiente e desenvolvimento, ficando compreendido que ser sustentável nada mais seria do que pensar no amanhã, mas não de uma maneira isolada e sim de uma forma em que de fato, se não tudo e todos, grande maioria sejam envolvidos, suprindo as necessidades atuais, porém pensando nas próximas gerações, garantindo que eles também possam desfrutar do que nós usufruímos hoje. "A humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de garantir que ele atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também as suas". (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p.09).
36
Ainda Segundo a Comissão Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento (1991, p.46), o desenvolvimento sustentável contém dois conceitos chave: •
O conceito de necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade;
•
A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. A sustentabilidade tem uma ligação muito forte com o meio ambiente e com o fato de aproveitar os recursos naturais sem prejudicá-lo, garantindo que continuará a existir, mas esse termo alcança outras dimensões e deveria atingir diversas áreas da sociedade, como por exemplo, a área econômica, social e cultural. MONTIBELLER (2004) aborda algumas dessas dimensões que a sustentabilidade pode alcançar, citando cinco âmbitos ilustrados na tabela a seguir, sendo eles: social, econômico, ecológico, espacial e cultural. DIMENSÃO
COMPONENTES
OBJETIVOS
- Criação de postos de trabalho que permitam a obtenção de renda individual SUSTENTABILIDADE
adequada (à melhor condição de vida; à
SOCIAL
maior qualificação profissional). - Produção de bens dirigida prioritariamente
REDUÇÃO
DAS
DESIGUALDADES SOCIAIS.
às necessidades básicas sociais. -
Fluxo
permanente
de
investimentos
públicos e privados (estes últimos com especial destaque para o cooperativismo). SUSTENTABILIDADE
- Manejo eficiente dos recursos.
ECONÔMICA
- Absorção, pela empresa, dos custos ambientais. -
Endogeneização:
contar
com
suas
AUMENTO
DA
PRODUÇÃO E DA RIQUEZA
SOCIAL,
SEM DEPENDÊNCIA EXTERNA.
próprias forças.
SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA
- Produzir respeitando os ciclos ecológicos
MELHORIA
DA
dos ecossistemas.
QUALIDADE
DO
- Prudência no uso de recursos naturais
MEIO AMBIENTE E
não renováveis;
PRESERVAÇÃO
- Prioridade a produção de biomassa e à
DAS
industrialização
RECURSOS
de
insumos
naturais
FONTES
DE
renováveis.
ENERGÉTICOS
E
- Redução da intensidade energética e
NATURAIS PARA AS
aumento da conservação de energia.
PRÓXIMAS
37
Tecnologias e processos produtivos de
GERAÇÕES.
baixo índice de resíduos. - Cuidados ambientais. - Desconcentração espacial (de atividades; SUSTENTABILIDADE ESPACIAL/ GEOGRÁFICA
de produção). - Desconcentração/ democratização do poder local e regional. -
Relação
cidade/campo
equilibrada
EVITAR
EXCESSO
DE AGLOMERAÇÕES.
(benefícios centrípetos).
SUSTENTABILIDADE
- soluções adaptadas a cada ecossistema.
EVITAR CONFLITOS
- Respeito à formação cultural comunitária.
CULTURAIS
CULTURAL
COM
POTENCIAL REGRESSIVO.
Tabela 01. As cinco dimensões de sustentabilidade. Fonte: Montibeller, 2004, p. 48.
Portanto, a sustentabilidade e seu desenvolvimento vão muito além de preservar a natureza, esse é apenas um dos pontos que esse tema envolve, abrangendo todas as áreas de uma sociedade. Sustentabilidade é sustentar, apoiar, conservar e, portanto pensar no amanhã. Por isso, ainda existe um grande receio por parte dos governantes e investidores, em aplicar de fato a sustentabilidade, pois como bem coloca Trigueiro (2005, p. 80), “Sustentabilidade requer coragem, porque estamos falando de uma nova cultura política, de um novo modelo de gestão e de novos parâmetros para o desenvolvimento”.
2.2.
Construção Sustentável
Com o grande desenvolvimento do País, é quase impossível inibir que haja construção civil por todo Brasil. Essas construções ocorrem por parte do poder público e privado. Atualmente existem programas de habitação social em execução por parte do governo, construção de edifícios residenciais, comerciais e condomínios fechados por parte do setor privado, além de grandes empreendimentos com os mais diversos usos sendo instalados por toda parte. Além dos exemplos citados, ainda existem as pequenas reformas e adaptações que ocorrem diariamente em centenas de edificações já existentes.
38
O fato é que, pra se construir uma edificação nova ou apenas para se remover uma parede, trocar um acabamento, mudar um ponto elétrico de lugar ou dar manutenção em uma tubulação que está dando vazamento, é preciso de materiais específicos. A demanda por esses materiais necessários juntamente com a mão de obra especializada para que os serviços sejam executados é que vão movimentar a economia e o setor da construção civil. Assim como em outras áreas de atuação da economia, a construção civil funciona como uma cadeia, um ciclo, onde é preciso extrair elementos da natureza sendo que a maioria desses elementos não se renovam. Esses recursos naturais são transformados em materiais e esses vão atender as obras que estão distribuídas por toda parte seja ela de pequeno ou grande porte. Esse setor significativo da economia no país destaca-se por gerar um número grande de empregos, onde segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), só em 2012 chegou a corresponder a 64,7% da cadeia produtiva da construção civil, conforme ilustrado na figura 08. Mas por menor que seja a construção, irá gerar impacto ambiental não só pelo uso de recursos naturais não renováveis, mas também através da geração de resíduos, pois como afirma TRIGUEIRO (2005, p.81), “a construção civil é o setor que mais emprega, e também o que mais gera desperdício de materiais”.
Figura 08. Composição da cadeia produtiva da construção civil em 2012. Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), 2012.
É muito importante que a sociedade, juntamente com o poder público e privado reconheça a necessidade de se investir em construções sustentáveis.
39
Atualmente já existem legislações e políticas públicas específicas com relação aos resíduos da construção civil, visando diminuir o impacto ambiental. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCON – SP) destaca algumas dessas legislações: •
Resolução CONAMA nº 307 – Gestão dos Resíduos da Construção Civil, de 5 de julho de 2002;
•
PBPQ-H – Programa Brasileiro da Produtividade e Qualidade do Habitat;
•
Lei Federal nº 9605, dos Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998;
•
Legislações municipais referidas à Resolução CONAMA;
•
Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15112:2004;
•
Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15113:2004;
•
Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15114:2004;
•
Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos – NBR 15115:2004;
•
Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos – NBR 15116:2004.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define na resolução n° 307, os resíduos da construção civil como “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha”. Ainda segundo o CONAMA, esses resíduos podem ser classificados em classe A, B, C ou D, ficando assim estabelecido: •
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
40
a) De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; •
Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
•
Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
•
Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. Esses resíduos são sobras dos mais diversos tipos de materiais que são utilizados em uma construção e a grande preocupação é com o destino final desses resíduos. Segundo Trigueiro (2005, p.94), os impactos ambientais causados pela construção civil correspondem pelo uso de 40% de toda a matéria prima, 60% da madeira extraída, 40% da energia consumida e 16% da água potável. Outro dado importante é o abordado por PINTO (2005), onde segundo o autor mais de 75% dos resíduos de construção civil são provenientes de construções informais (obras não licenciadas), enquanto 15% a 30% são oriundas de obras formais (licenciadas pelo poder público). O que chama a atenção é esse dado de que 75% dos resíduos de construção são de obras não licenciadas, logo concluí-se que essas obras, em sua maioria, não devem possuir um projeto. O projeto arquitetônico pode sim contribuir pra que a sustentabilidade e o impacto da construção civil no meio ambiente sejam aplicados e diminua se pensado desde sua concepção, utilizando conceitos, materiais e técnicas adequadas. É possível tornar a construção mais sustentável, diminuindo a extração de materiais, através do reuso, reciclagem e reaproveitamento de materiais, além de escolhas
41
certas e aplicações de novas técnicas construtivas, colaborando para que esse impacto causado ao meio ambiente diminua.
2.2.1. Como uma construção pode ser sustentável
Ser sustentável é pensar no futuro das próximas gerações e esse é um desafio muito grande dentro da construção civil, por ser um setor que gera muito resíduo e consome muito recursos. Muitos desses resíduos, que são materiais desperdiçados ou que sobram, gerando entulho podem ser reciclados, reaproveitados ou ainda ter seu uso reduzido, colocando em prática, o que é conhecido como os três “R” da sustentabilidade.
Figura 09. Os três “R” da sustentabilidade. Fonte: CORRÊA, 2009, p. 39.
O primeiro “R”, de reduzir, pode ser aplicado em uma construção quando essa começa a investir em sustentabilidade em fase de projeto, reduzindo, por exemplo, o desperdício de materiais quando se é programada uma quantidade exata do que vai ser gasto no empreendimento. Pode-se reduzir também o uso de energia e água com algumas ações específicas. Corrêa (2009, p.40) cita que “na construção civil pode-se, por exemplo, reduzir a quebra de tijolos solicitando ao fornecedor de blocos cerâmicos o envio de blocos previamente cortados (meio bloco).” O segundo “R”, de reutilizar, é quando damos um novo destino a materiais que sobram ou que não vamos mais utilizar, evitando que esse seja descartado.
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O “R” de reciclar, está associado a transformar um resíduo em matéria prima ou em um novo produto, como por exemplo, o vidro, que pode ser reciclado diversas vezes e não perde suas propriedades. É importante que esses conceitos sejam aplicados em edificações já existentes, através de pequenas adaptações e também que sejam pensados em fase de concepção projetual. Trigueiro (2005) relata que alguns escritórios brasileiros já conheceram as vantagens de uma construção sustentável e estão inserindo na paisagem urbana edificações inteligentes. Ainda segundo o autor, esses projetos prevêem o reuso de água, como por exemplo, reutilizando a água da cozinha na descarga do vaso sanitário, além do aproveitamento de água da chuva utilizada na lavagem de calçadas, carros, rega de jardins e também nas descargas de vasos sanitários. O autor ainda aborda que “num telhado de aproximadamente 100 metros quadrados, na Grande São Paulo, a quantidade de chuva que cai durante um ano seria suficiente para abastecer uma família com quatro pessoas pelo período de seis meses”. (TRIGUEIRO, 2005, p. 94). Outro ponto importante com relação a uma construção sustentável é aproveitar ao máximo a circulação e ventilação natural, para diminuir o consumo de energia. TRIGUEIRO (2005) também diz que é importante já na planta da futura construção ficar definido os espaços onde serão armazenados o lixo e os recicláveis. Uma construção sustentável começa a ser concebida na fase de projeto, onde os autores devem pensar nos materiais, no local em que esta sendo inserida a obra e no seu entorno, se essa edificação pode ter outro uso futuramente, deve-se pensar em todos esses detalhes. É importante também pensar em utilizar materiais do local, como madeira, pedras e terra. “O conceito de construção sustentável, ou greenbuilding – bastante disseminado nos países ricos, onde os recursos naturais não são mais abundantes -, estabelece como prioridades na confecção de todos os projetos imobiliários o baixo consumo de água, a eficiência energética, a infraestrutura para separação de recicláveis e o uso de materiais que gerem menos poluição e impacto ambiental, além de outros quesitos normalmente ignorados pela maioria dos construtores”. (TRIGUEIRO, 2005, p. 81).
Uma construção sustentável pode ainda utilizar materiais que não agridam o meio ambiente. Sem falar que existem materiais, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que podem ser reciclados, como madeira, tijolos, blocos
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cerâmicos e de concreto, resto de concreto e argamassa, metais, vidros, papelão e outros. O Ministério do Meio Ambiente (2013), também cita alguns pontos a serem observados e colocados em prática, para se obter uma construção mais sustentável, como por exemplo: • Mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições; • Busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis; • Gestão ecológica da água; • Redução do uso de materiais com alto impacto ambiental; • Redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.
Segundo a Câmara Brasileira de Indústria da Construção (CBIC, 2012), pesquisas realizadas mostram que se feito gastos em construções sustentáveis, essas podem ter um aumento em cerca de 5%, porém a economia com energia e água dessas edificações pode chegar até 30%. Atualmente, existem bancos que financiam obras com conceitos de sustentabilidade, estimulando construções mais sustentáveis. Por isso é importante pensar na construção desde a fase de projetos e planejamento, pois mesmo que o investidor gaste um pouco mais, no futuro ele será recompensado financeiramente, além de estar colocando em prática o real conceito de sustentabilidade·. Edificações e empreendimentos mais sustentáveis à primeira vista, podem parecer inviáveis, pois podem aumentar o custo das construções em uma porcentagem considerável, mas o que os investidores e o poder público precisam entender é que o custo benefício desse tipo de conceito aplicado às suas obras será muito grande. O investimento feito será restituído a médio e longo prazo, através da economia de água, economia de energia e todos os demais benefícios que edificações sustentáveis proporcionam não só a seus usuários, mas a toda uma sociedade, ou seja, o benefício não é só financeiro, mas social e ambiental.
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3. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS SUSTENTÁVEIS
3.1.
Técnicas construtivas e Soluções Sustentáveis
Como abordado no capítulo anterior, a sustentabilidade envolve diversas áreas, dentre elas a ambiental. Quando extraímos recursos naturais não renováveis para produzir qualquer tipo de material, seja este destinado a construção civil ou a qualquer outra área, o meio ambiente está sendo alterado, ou seja, está sofrendo um impacto ambiental, que vem a ser “qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação humana”. (Sánchez, 2006 apud Moreira, 1992, p.113). Uma forma de ser mais sustentável é escolhendo materiais que são denominados ecologicamente corretos, ou seja, durante seu processo de fabricação buscam diminuir o impacto no meio ambiente. Dentre as novidades presentes no mercado atualmente, podem ser destacados materiais como o concreto de o tijolo reciclado, a madeira plástica e a de demolição, o bambu, telhas ecológicas, tintas ecológicas e revestimentos como pisos e pastilhas reciclados. Assim como existem materiais sustentáveis, também é possível agregar mais valor à edificação explorando algumas soluções como ventilação e iluminação natural, fontes alternativas de energia, reaproveitar águas da chuva e da própria edificação, entre outras alternativas para maior gestão da água, energia e conforto ambiental, além de gerar uma economia muito grande de água e energia.
3.1.1. Ventilação Natural e Forçada
A ventilação é um ponto que pode ser muito bem explorado em um projeto de arquitetura. Esse é um item que agrega muito valor a um projeto, proporcionando além de economia de energia, conforto ao usuário. Além da ventilação natural, COSTA (1982) define que existe também a ventilação forçada ou artificial. Segundo o autor, “a ventilação natural é provocada pela ação dos ventos ou por diferenças de temperaturas’. (COSTA, 1982, p.175).
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A economia de energia irá ocorrer, pois quando a edificação estiver sendo bem ventilado, automaticamente, o uso de aparelhos como ar condicionado e ventiladores diminuirão significadamente. Existem algumas formas de se obter uma edificação bem ventilada, o primeiro passo é iniciar o estudo dos ventos dominantes da região onde se está sendo implantada a edificação, passando pela disposição das aberturas e por proposta de elementos arquitetônicos que vai permitir a entrada da ventilação. COSTA (1982, p.176) relata a importância das aberturas em um projeto, quando diz que “a ventilação natural provocada pela ação dos ventos pode ser intensificada por meio de aberturas dispostas convenientemente. Assim, as portas e mesmo janelas, colocadas em paredes opostas e na direção dos ventos dominantes, representam um papel importante na ventilação de certos ambientes”. Cunha, 2006, aborda algumas estratégias ou elementos que podem contribuir para que a ventilação natural seja eficiente em uma edificação, como os citados abaixo. •
A vegetação exterior: A vegetação funciona como elemento de controle dos fluxos de ar, além de atuar na melhoria do resfriamento do ar interno
Figura 10. Esquema de ventilação natural Fonte: CUNHA, 2006, p. 132
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• Ventilação natural por duto: Esse é um sistema, onde é implantado na edificação um duto de ventilação natural combinado com aberturas na altura e acima do usuário
Figura 11. Esquema de ventilação natural por duto. Fonte: CUNHA, 2006, p. 135.
•
Ventilação interior através de elementos na cobertura: Esse sistema é composto por esquadrias na altura do usuário, no forro e na cobertura da edificação
Figura 12. Esquema de ventilação natural – Elementos na cobertura. Fonte: CUNHA, 2006, p. 147.
•
Ventilação por poços: É um sistema onde é utilizado poços de ventilação no interior da edificação, para aumentar a permeabilidade.
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Figura 13. Esquema de ventilação natural por poços. Fonte: CUNHA, 2006, p. 151.
•
Ventilação por esquadrias: As esquadrias são importantes aliadas na composição de ventilação natural de uma edificação, tanto por sua abertura quanto por sua distribuição no projeto. (CUNHA, 2006). Alguns projetos de esquadrias auxiliam no sistema de ventilação natural, como as esquadrias com bandeja de luz, com toldo, maxim-ar, com venezianas entre outras. Existem ainda mais duas opções muito funcionais de ventilação natural, citadas por COSTA (1982). Essas duas soluções são indicadas para ambientes grandes, podendo dispensar o forro, que é o Shede e o Lanternim. A Ventilação natural ou forçada em uma edificação representa não só eficiência energética, mas uma preocupação com a sustentabilidade e com o conforto dos usuários. Tão importante quanto à ventilação, é a iluminação natural dos ambientes, próximo ponto abordado.
3.1.2. Iluminação Natural
A luz sempre teve ao longo da história, grande influência sobre a arquitetura, usada para destacar algum elemento ou criar algum ambiente. Conforme cita Vianna e Gonçalves (2001, p. 27), “em todos os momentos de sua história a iluminação sempre esteve presente, embora muitas vezes de forma despercebida exatamente por ser considerada algo natural, parte da natureza que vivemos”, ou seja, muitos não conseguem entender e nem mesmo sentir as sensações que a iluminação natural muitas vezes quer transmitir. A Iluminação natural, assim como a ventilação natural pode ser explorada principalmente através da disposição das aberturas de portas e janelas na edificação. Outros elementos também conseguem aproveitar a iluminação externa dentro da edificação, porém alguns acabam fazendo uso excessivo dessa
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iluminação, gerando desconforto ao usuário do ambiente e criando um problema de gestão de energia, utilizando, por exemplo, o vidro exageradamente em fachadas. Um importante ponto para por em prática o desenvolvimento sustentável, é como afirma Cunha (2006), reduzir o consumo. Um consumo considerável é feito através da energia elétrica, utilizada dentre os seus objetivos, para iluminar ambientes. Daí a importância em se explorar o uso da iluminação natural nas edificações, pois automaticamente o uso de luz artificial irá reduzir consideravelmente. “Entretanto, a condição para o desenvolvimento sustentável é a redução do consumo, mais do que mudança de produção de energia elétrica, especialmente pela queima de combustíveis não renováveis e pela redução da poluição gerada, incluindo resíduos”. (CUNHA, 2006, p.13).
Alguns autores como Cunha (2006) e Vianna e Gonçalves (2001) abordam como algumas estratégias de iluminação natural podem ser aplicadas na arquitetura, onde se podem destacar algumas como as citadas abaixo. •
Iluminação Lateral
De acordo com Vianna e Gonçalves (2001) uma das características mais marcantes da iluminação lateral é a desuniformidade com relação à distribuição pelo local. Ainda segundo os autores, o nível de iluminância1 diminui rapidamente com o aumento da distância da janela. Essa iluminação ocorre através das esquadrias, principalmente as janelas. É importante que essas aberturas não ofusquem o ambiente e nem causem desconforto térmico, para que isso não ocorra, alguns elementos podem ser usados para controlar a entrada da luz natural, como brises, beirais, estantes de luz, o tipo de vidro especificado e até mesmo a vegetação implantada no exterior. (VIANNA E GONÇALVES, 2001).
_____________________________ 1
Iluminância é a quantidade de luz, ou fluxo luminoso, que incide sobre uma ponto da superfície e a área dessa superfície.
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A figura a seguir ilustra as diversas estratégias que podem ser adotadas para controlar a luz natural nas edificações, de maneira eficiente.
1 – Pátio Interno
8 – Refletor interno
2 – Átrio
9 – Elemento prismático
3 – Bandeja de luz
10 – Superfície inclinada e reflexiva
4 – Parede refletora
11 – Refletores externos - brises
5 – Shed
12 – Sombreador interno e/ou externo
6 – Duto de luz
13 – Vidro reflexivo
7 – Clerestory
14 – Isolação térmica transparente
Figura 14. Diferentes estratégias de iluminação lateral. Fonte: VIANNA E GONÇALVES, 2001, p. 147.
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•
Iluminação Zenital
Este é um sistema de iluminação natural explorado através da cobertura, onde a radiação solar direta pode ser controlada. A Iluminação zenital possui algumas tipologias, dentre elas: o sheds, lanternins, teto de dupla inclinação e domus, clarabóias ou cúpulas. VIANNA & GONÇALVES (2001) afirmam que os sheds, lanternins e tetos de dupla inclinação geralmente são utilizados em edifícios industriais e estações de transportes. Os domus, clarabóias ou cúpulas são muito aplicados em galerias, museus, shoppings, grandes espaços de lazer, estar e cultura. As figuras a seguir ilustram alguns cortes esquemáticos que representam a aplicação do Shed e Lanternim.
Figura 15. Iluminação Zenital através de
Figura 16. Iluminação Zenital através de
Shed.
Lanternim.
Fonte:
UNIVERSIDADE
SANTA CATARINA, 2013.
FEDERAL
DE
Fonte: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2013.
Os pátios e átrios são espaços abertos e livres dispostos no interior da edificação, com abertura e iluminação também feita pela cobertura. A iluminação natural seja ela lateral ou zenital só será eficiente se não causar efeitos de ofuscamento e desconforto térmico na edificação. Esse sistema deve ser explorado de maneira a conservar energia durante o dia, gerar eficiência energética na edificação e consequentemente contribuir com a sustentabilidade.
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3.1.3. Energias Renováveis • Energia Solar A energia solar é um sistema que provém de uma fonte inesgotável, o sol. A luz do sol é captada e transformada em energia. Essa é uma solução sustentável, que gera a economia significativa de energia na edificação. O Ministério do Meio ambiente divide a aplicação da energia solar em dois grupos: “energia solar fotovoltaica, processo de aproveitamento da energia solar para conversão direta em energia elétrica, utilizando os painéis fotovoltaicos e a energia térmica (coletores planos e concentradores) relacionada basicamente aos sistemas de aquecimento de água”. Segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o efeito fotovoltaico ocorre através da excitação de elétrons de alguns materiais na presença de luz solar, estando entre os materiais mais adequados para transformar os raios solares em energia elétrica, também chamada de células solares, o silício. O sistema fotovoltaico pode ser utilizado não só para uso doméstico, mas para iluminação pública, bombeamento de água, sistemas de uso coletivo, entre outros. A Energia térmica também vem da captação dos raios solares, a diferença desta para a fotovoltaica é que irá gerar ao invés de energia elétrica, o calor. Esse calor pode ser usado para aquecer água na edificação e também para secagem ou aquecimento industrial. A captação é feita através de coletores planos ou concentradores solares. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013). Os coletores solares são utilizados principalmente para aquecer água a temperaturas baixas, onde segundo Ministério do Meio ambiente “sua aplicação ocorre em vários setores, tais como: residências, edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes, hotéis e similares”. Já os concentradores solares, são aplicados em locais que precisam de temperaturas mais elevadas. O Ministério do meio ambiente afirma que “a superfície refletora (espelho) dos concentradores tem forma parabólica ou esférica, de modo que os raios solares que nela incidem sejam refletidos para uma superfície bem menor, denominada foco, onde se localiza o material a ser aquecido. Os sistemas
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parabólicos de alta concentração atingem temperaturas bastante elevadas, podendo ser utilizada para a geração de vapor e, conseqüentemente, de energia elétrica”. Entre algumas vantagens encontradas nesse sistema está o fato de essa ser uma energia que não se esgota; é totalmente limpa; o sistema de instalação e manutenção é simples; tem vida útil prolongada e o custo com energia elétrica da edificação irá diminuir consideravelmente. Essa vem a ser uma solução prática, funcional e sustentável. • Energia Eólica Nos últimos anos, o homem tem se preocupado com a escassez dos recursos naturais e consequentemente com as fontes que são bases para movimentar sua energia. Essa questão tem levado o mundo a um desafio, de procurar e descobrir novas fontes de energias sustentáveis e que não corra o risco de se esgotar. A energia eólica, obtida através da força dos ventos, é uma grande opção de energia sustentável, limpa e renovável, que vem ganhando cada vez mais adeptos e beneficiando não só cidades inteiras, indústrias, mas principalmente e mais importante, sem agredir a natureza. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013). A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos movendo suas pás, onde então era transformada em energia mecânica, possibilitando moer grãos ou bombear águas. A utilização dessa fonte para geração de eletricidade, em escala comercial, começou na década de 1970, quando ocorreu a crise internacional de petróleo, para diminuir a dependência do petróleo e do carvão começou-se a fazer uso da energia eólica. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013). Em relação ao local, a instalação pode ser feita em terra firme ou no mar. A captação da energia eólica é feita através dos aerogeradores, que vai transformar o vento em energia. A figura a seguir mostra um exemplo de equipamentos que captam o vento e transformam em energia.
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Figura 17. Parque Eólico de Osório. Fonte: VENTOS DO SUL, 2013.
A partir do momento que o as hélices captam o vento, é acionado um gerador elétrico que através de cabos transporta a energia até uma subestação coletora, e a partir daí a energia entra na rede elétrica. São várias as vantagens da energia eólica, a principal é que é considerada uma fonte de energia limpa, por não emitir gases poluentes ou gerar resíduos. Entre outras das suas vantagens, podemos citar: • • • • • • • •
Fonte de energia inesgotável (Vento); Pouca manutenção; Geração de energia barata; Retorno de investimento rápido; Possui maior estabilidade e segurança; Produz energia limpa e renovável; Não depende de extração, exploração ou refino; Entre outras. A energia eólica é totalmente limpa, não extrai nenhum elemento da natureza, é de fácil manutenção e ainda depende apenas de um recurso inesgotável, que é o vento.
3.1.4. Telhado Verde
O telhado verde é um sistema onde a cobertura é revestida com vegetação, visando melhorar o desempenho térmico e estético da edificação. BALDESSAR (2012), afirma que os telhados verdes já foram utilizados para diversos fins na arquitetura, sendo por último por motivações sustentáveis.
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“Os telhados verdes, por longo período da história da arquitetura, vêm sendo utilizados, porém com conotações diferentes. Suas motivações foram estéticas, vernaculares, lazer, ecológicas e por fim sustentáveis. Por este último motivo é que hoje procura-se implantar maiores quantidades de telhados verdes nas cidades utilizando-os como um mecanismo de eficiência energética, de conforto térmico e acústico e um potencial redutor da vazão de água pluvial escoada”. (BALDESSAR, 2012, p. 08).
Existem vários tipos de telhado verde, mas este se constitui basicamente de algumas camadas, como a manta para controle de vapor, isolamento térmico, painel de suporte, hidrofugante e antiraiz, camada de drenagem, membrana de filtragem, substrato e por fim a vegetação, conforme ilustra a figura a seguir.
Figura 18. Camadas de um Telhado Verde. Fonte: Sociedade Verde, 2013.
Essas camadas são fundamentais para a sobrevivência das espécies na cobertura, para proporcionar a estanqueidade na edificação e também para que os efeitos termo acústicos sejam eficientes. HENEINE (2008) distingue as coberturas verdes em dois tipos: Intensivo e extensivo. O intensivo é onde se instala vegetações que vão precisar de cuidados
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posteriores como rega, uso de fertilizantes e poda. No extensivo é feito o uso de vegetação que após consolidada, não requer cuidados constantes. Entre os benefícios desse tipo de cobertura, BALDESSAR (2012) cita a retenção de águas pluviais e melhoria da qualidade da água quando se usa o telhado verde para recolher água da chuva. O Autor cita ainda a redução da ilha de calor urbano, onde o sistema consegue melhorar a temperatura ambiente da edificação; melhoria na qualidade do ar; conservação de energia; desenvolve função estética e possui maior durabilidade que um telhado comum, dentre outros benefícios.
3.1.5. Gestão da Água • Aproveitamento de Água da Chuva Esse é um sistema cujo objeto principal é captar as águas pluviais e reutilizá-la na edificação para diversos usos. O sistema de aproveitamento de água da chuva preserva os recursos hídricos, uma vez que reduz o consumo de água potável. A NBR 15527:2007 dimensiona esse sistema, onde de acordo com a norma, a água pluvial captada só deve ser utilizada para fins não potáveis, ou seja, não serve para cozinhar, beber ou tomar banho. A NBR 10884:1989, que trata das instalações prediais de águas pluviais diz que “a instalação predial de águas pluviais se destina exclusivamente ao recolhimento e condução das águas pluviais, não se admitindo quaisquer interligações com outras instalações prediais”. (NBR 10884, 1989, p. 03). Hélio Creder (2011, p. 270) também relata que “o sistema de esgotamento das águas pluviais deve ser completamente separado dos esgotos sanitários, evitandose com isso a penetração dos gases dos esgotos primários no interior da habitação”. ANNECCHINI (2005) diz que “qualquer que seja a técnica, os componentes principais do sistema de aproveitamento da água da chuva são: a área de captação, telas ou filtros para remoção de materiais grosseiros, como folhas e galhos, tubulações para a condução da água e o reservatório de armazenamento”. A área de captação pode ser as superfícies de telhados edificações, onde deve possuir calhas e condutores verticais. Outra área de captação também pode ser feita através da superfície do solo, onde segundo ANNECCHINI (2005), e necessário que possua uma pequena inclinação para possibilitar que a água escoe até o reservatório.
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A figura 19 ilustra o processo desse sistema de captação de água da chuva, feito através da superfície do telhado, onde passa pela calha e por um filtro para reter as sujeiras maiores e vai para os reservatórios. Depois, essa água é bombeada para uma caixa superior e de lá pode ser utilizada na limpeza de jardins, nos vasos sanitários e demais aplicações.
Figura 19. Captação de água da chuva pela superfície do telhado. Fonte: STUDIO ARQUITETURA, 2013.
Os reservatórios de água da chuva podem ser enterrados, semi-enterrados, apoiados sobre o solo ou elevados, podendo ainda ser feitos de diversos materiais como concreto armado, fibra de vidro, aço, polietileno, entre outros. (ANNECCHINI, 2005, p. 42). O IDHEA (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica) destaca alguns dos principais usos desse sistema em áreas urbanas, rurais e industriais, dentre eles:
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•
Em áreas urbanas: banheiro (descarga de vasos sanitários); regas de hortas e jardins; lavagem de pisos, quintais e automóveis.
•
Em áreas rurais: além dos mesmos fins do ambiente urbano, destina-se a irrigação de plantações, lavagem de criatórios de animais e bebedouro.
•
Em áreas industriais: além dos usos semelhantes a edificações em ambiente urbano, recomenda-se para resfriamento de caldeira e extrusoras, lavagem de peças, dentre outras aplicações. Esse é um sistema totalmente sustentável, pois além de diminuir o uso de água potável, pode servir como reserva caso o local enfrente períodos de seca ou falta de água, contribuindo também para diminuir enchentes nas cidades. A água é um dos principais itens de sobrevivência do ser humano e de todo o planeta, logo preservar esse recurso natural é fundamental para garantir que haja vida.
3.1.6. Escolhas de Materiais
Ser sustentável está relacionado com tomadas de decisões. Optar por materiais, técnicas e soluções ecologicamente corretas não irá tornar uma edificação, uma cidade ou uma sociedade 100% sustentável, mas com certeza irá contribuir para o desenvolvimento desse conceito. Um importante aspecto a se observar com relação aos materiais é quanto a sua procedência. Optar por materiais disponíveis na região, também é um item que faz parte do desenvolvimento sustentável de um empreendimento, pois por exemplo, irá reduzir custos como do transporte. Arquitetos e Urbanistas também podem através de decisões simples no processo projetual, mesmo sem propor materiais e técnicas ecológicas, melhorar o desempenho sustentável da edificação, conforme afirma Cunha (2006). “[...] simplesmente através do próprio desenho arquitetônico sem outras considerações além das que dizem respeito ao lugar, ao clima, ás orientações, à insolação, podem ser melhoradas as condições do habitat antes de se recorrer a técnicas ou sistemas tecnológicos”. (CUNHA, 2006, p. 37).
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Estudando corretamente elementos como a implantação e aberturas das edificações, já é um importante passo para o início de um desenvolvimento sustentável. Como já abordado, ser sustentável requer coragem, pois ainda custa mais caro essa tomada de decisão, porém este é um investimento que trará retornos futuros ao investidor, a sociedade e a natureza. Para melhor exemplificação dessas soluções aplicadas em um resort, foi feito um estudo de caso, disponível no próximo capítulo.
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4. ESTUDO DE CASO: TXAI RESORT ITACARÉ - BA Para estudo de caso foi escolhido o Txai Resort Itacaré, localizado na Bahia. Esse é um empreendimento que zela pela sustentabilidade em todos os detalhes, por ser um projeto com baixo impacto ambiental, onde suas acomodações são construídas em decks de madeiras suspensos. Esse projeto rendeu a RFM empreendimentos, responsável pela construção do empreendimento, o V Prêmio Master na categoria empreendimentos, no ano de 2004, considerado o Oscar do mercado imobiliário. (RFM CONSTRUTORA, 2013). Já foi eleito como um dos dez melhores destinos turísticos do mundo pelo The New York Times, segundo a BLTA (Brazilian Luxury Travel Association). Ainda segundo a BLTA, em 2008 o Resort ganhou o prêmio de hotel mais sustentável do país pelo Guia 4 Rodas, da Editora Abril. O empreendimento está localizado em uma Área de Preservação Ambiental (APA), consegue unir um projeto arquitetônico sofisticado com baixo impacto ambiental, e segundo a BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), utiliza menos de 3% da área disponível para construção de edificações. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) define a APA como sendo “[...] uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais” (Cap. do Art. 15 da Lei n° 9.985, de 2000). Os resorts geralmente estão implantados em áreas naturais. Deveriam ser analisados alguns aspectos como a capacidade da área para receber o turismo na região, a aceitação social da atividade na região e a viabilidade econômica. Porém o que ocorre é que os resorts que começaram a ser implantados na década de 1970 não se preocuparam com esses aspectos e muito menos com a preservação ambiental e com a integração da sua infraestrutura com o entorno. Toda atividade turística gera impactos positivos e negativos, ainda mais os resorts que são empreendimentos de grande porte e na maioria das vezes desfrutam da natureza.
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Uns dos maiores impactos dos resorts vêm a ser o social, por não possuir um contato, nem contribuir com a comunidade local, e não valorizar a cultura da sociedade em que está inserido. Além disso, muitos empreendimentos lançam o esgoto diretamente nas águas de rios ou mares, onde está implantado. O motivo pelo qual o Txai Resort Itacaré foi escolhido para ser estudado é porque ele vai exatamente contra os impactos negativos que geralmente os resorts causam ao meio que é inserido. No Txai Resort todo o esgoto é recolhido, tratado e reutilizado na irrigação da área verde (RFM CONSTRUTORA). Além disso, o Resort desenvolve vários programas sociais com a comunidade, que serão abordados mais a frente nos próximos tópicos.
4.1. Localização
A cidade de Itacaré, na Bahia, teve, como muitas cidades Brasileiras, sua origem numa aldeia de índios, onde o Padre Jesuíta Luís da Grã ergueu uma capela, que deu o primeiro nome a cidade, de São Miguel da Barra do Rio das Contas. Em 1732, a povoação foi elevada a categoria de vila e a município, pela D. Maria Ataíde e Castro, então donatária da capitania de Ilhéus (IBGE, 2010). Em meados do século XIX, teve o início das plantações de cacau, que se tornou a principal economia da região. A vila passou a se chamar Itacaré, que significa Pedra Grande em tupi-guarani (TXAI RESORTS, 2013). Essa cidade pertence à conhecida “costa do cacau”, onde faz limite com os municípios de Aurelino Leal, Maraú, Ubaitaba, Uruçuca, Ilhéus e com o Oceano Atlântico. A cidade de clima tropical possui uma temperatura média de 27°C. (ITACARÉ, 2013). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade possui 737.869 km² de área e tem 24.318 habitantes (IBGE, 2010). O acesso se dá por três meios diferentes: por via aérea, por helicóptero ou via terrestre. Por via aérea através do aeroporto de Ilhéus, cidade vizinha de Itacaré. Por helicóptero, pois no empreendimento existe um Heliponto ou de carro por via terrestre, através da rodovia BA-001. O Txai Resort está localizado na Rodovia Ilhéus/Itacaré, Km 48, em Itacaré, na praia de Itacarezinho, a 15 km da cidade e a 48 km de Ilhéus. A pequena cidade, que está localizada na costa Sul da Bahia, está a 150 km da capital do Estado, Salvador.
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Figura 20. Localização do Txai Resort. Fonte: GOOGLE MAPS, 2013.
O resort está implantado dentro de uma propriedade de 100 hectares de mata atlântica nativa, em uma antiga fazenda de coco e cacau, de frente para o mar e em uma Área de Proteção Ambiental (APA) Itacaré Serra Grande (TXAI RESORTS, 2013).
4.2. Infraestrutura
O projeto do Resort iniciou suas obras em 1999 sendo inaugurado em 2001 com 38 unidades, totalizando 8.134,94 m² de área construída em um terreno com área total de 930.000,00m². Segundo a incorporadora e construtora do Resort, a RFM Empreendimentos, A área de lazer e serviço do Resort conta com os seguintes itens: 03 restaurantes, 04 bares, 01 piscina de 50 metros, 01 piscina de 25 metros, 01 piscina de lazer, 01 piscina climatizada e 01 piscina infantil. A figura abaixo mostra a implantação do empreendimento.
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Figura 21. Implantação do Txai Resort. Fonte: TXAI RESORTS, 2013.
O Resort conta ainda com 02 salas de estar, sala de televisão e Sala de jogos, 02 saunas, serviço de praia, serviço de quarto 24hs, sala Vip no Aeroporto de Ilhéus, casa de passeios, Shamash Healing Space, quadra de tênis, atelier de leitura, loja de artesanato, Bussines Center, enfermaria e Heliponto. O Txai Resort Itacaré está dividido em Ala Sul e Ala Norte, onde acomoda até 120 hospedes. O empreendimento possui espaços com tamanhos diferenciados para realização de eventos como casamentos, datas comemorativas ou eventos corporativos.
4.3. Análise da Arquitetura
As acomodações do Txai resort, estão divididas em Apartamento Superior, Apartamento Luxo, Bangalôs Superiores, Bangalôs Luxo e Bangalôs Premium. São construídas com matérias-primas nativas da região, como a piaçava, o bambu e a tala do dendê.
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Os apartamentos variam de 45 m² à 70m² e são construídos sobre um deck de madeira suspenso, como uma espécie de palafita. Os apartamentos superiores São blocos geminados, com quatro unidades horizontais. (TXAI RESORTS, 2013). Os apartamentos luxo possuem uma varanda privativa, situados no nível do mar ou no morro. Nessa categoria luxo, ainda existem duas unidades, denominadas apartamento luxo mezanino, que possuem 80m², sendo seu diferencial, o mezanino.
Figura 22 e 23. Apartamento Superior e Luxo Fonte: TXAI RESORTS, 2013.
O projeto de baixo adensamento agride muito pouco a natureza do local e consegue proporcionar ao hóspede muito conforto e aconchego. E evidente no projeto a utilização de materiais que se adéquam ao ambiente natural do local, através da aplicação de muita madeira, bambu e acabamentos com pedras.
Figura 24 e 25. Bangalô Superior e Luxo. Fonte: TXAI RESORTS, 2013.
Os ambientes internos dos apartamentos e dos bangalôs também foram projetos de maneira bem simples, porém muito funcional e o que é mais importante, utilizando mais uma vez materiais naturais e da região. As figuras abaixo ilustram os
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ambientes o interior de um dos bangalôs e um banheiro. É possível perceber um espaço livre, com iluminação natural e aplicação de madeira, bambu e pedras.
Figura 26 e 27. Interior de um bangalô. Fonte: MAGARI BLU, 2013.
A próxima figura mostra a parte externa de uma área comum do hotel, onde também se vê o uso de materiais naturais como a madeira nos pergolados, nas esquadrias e o piso em pedra, o que integra o ambiente ao local.
Figura 28. Parte externa de uma área comum. Fonte: MAGARI BLU, 2013.
O resort possui cinco piscinas, que eles definem como Piscina Norte, Piscina Infantil, Piscina climatizada Shamash, Piscina Sul e Piscina Refúgio.
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Vale destacar a piscina norte que é rodeada por um espelho d’água, localizada bem próxima ao mar, sendo a piscina mais utilizada do empreendimento, onde a borda com o acabamento em pedra revela a preocupação em utilizar materiais que conversem com o ambiente natural em que está inserido o hotel.
Figura 29. Piscina Norte – Txai Resort. Fonte: MAGARI BLU, 2013.
O hotel oferece algumas opções para o hospede realizar exercícios físicos. Além das caminhadas pela Mata Atlântica ou pela Praia, o empreendimento conta com a piscina sul, onde pode ser feito natação e com uma academia, onde o usuário pode malhar com a vista para o mar e onde também são aplicados materiais com estilo mais natural, como pode-se observar nas esquadrias em madeira e nos pergolados criados na cobertura, também em madeira.
Figura 30 e 31. Fitness Center do Txai Resort Itacaré. Fonte: TXAI RESORTS, 2013.
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Dentre as áreas de lazer do resort, estão duas quadras de tênis iluminadas e com piso sintético, duas salas de estar, uma sala de televisão e um atelier de leitura.
Figura 32. Quadras de tênis. Fonte: TXAI RESORTS, 2013.
A primeira sala de estar é chamada de Norte ou Casarão Vermelho, fica localizado em frente a um dos restaurantes do resort. É um ambiente amplo e arejado que fazem referência as antigas fazendas de cacau do local. Essa sala de estar é rodeada por um espelho d’água e no andar de cima encontra-se algumas mesas de jogos. (TXAI RESORTS, 2013). A outra sala de estar, denominada sul ou Sala Kaxinawa, está localizada em frente à piscina sul. A decoração do ambiente é feita com peças indígenas.
Figura 33. Sala de estar Norte/ Casarão Vermelho. Fonte: MCD TRAVEL, 2013.
No ambiente chamado de Atelier de Leitura, encontra-se uma biblioteca com livros de arte. No atelier são encontrados espaços reservados para fauna, cultura e a arte brasileira, além de poder utilizar a internet. O Shamash Healing Space funciona como um SPA. O Txai Resort, afirma que este é um espaço de cura, onde “segundo as tradições orientais, a cura não está só
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associada à doença, mas sim a um contínuo conhecer e cuidar de si”. (TXAI RESORTS, 2013).
Figura 34. Shamash.
Figura 35. Shamash.
Fonte: RFM EMPREENDIMENTOS,
Fonte: TEREZA PEREZ TOUR, 2013.
2013.
Esse espaço oferece ao hospede além de massagens, terapias, práticas e tratamentos estéticos. No Shamash é onde estão localizados a piscina aquecida, uma sauna seca e úmida e um espaço para relaxamento. O Txai Resort possui também bares três restaurantes e assim como todo o resort, os restaurantes estão divididos em norte e sul.
4.4. Programas Sociais e Relação com o entorno
Desde sua implantação, o Txai Resort atua com programas ambientais e sociais na região, conforme relata a BLTA (Brazilian Luxury Travel Association). “Por meio de programas socioambientais mantidos desde a sua implantação, a unidade trabalha com várias iniciativas para a minimização dos impactos à natureza da região e para a sensibilização da população do entorno”. (BLTA, 2013).
Segundo o Txai Resort, os três principais objetivos desses trabalhos socioambientais são: Proteger a natureza conservando sua biodiversidade; envolver a comunidade fortalecendo a cidadania e incentivar a arte, promovendo a cultura local. Vale destacar, que os hospedes são convidados durante sua estadia no resort, a conhecer
e
vivenciar
esses
projetos
desenvolvidos
ou
apoiados
pelo
empreendimento, Dentre os projetos desenvolvidos pelo Txai Resort Itacaré, podemos citar os abaixo relacionados.
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•
Projeto Companheiros do Txai Projeto criado em maio de 2003, atende 23 famílias de pequenos agricultores da Área de Proteção Ambiental de Itacaré Serra Grande. O objetivo é utilizar os recursos naturais de forma sustentável, gerando viabilidade econômica a região. O projeto surgiu como forma de gerar uma renda alternativa para os agricultores. Para participar do programa, os alimentos produzidos pelos agricultores devem ser orgânicos, onde o próprio Txai Resort compra os produtos para servir aos hóspedes. (TXAI RESORTS, 2013).
•
Projeto Txaitaruga Esse é um projeto com o objetivo de preservar as tartarugas marinhas que desovam nas praias da região. Esse programa foi criado pelo Txai em 2004 e atualmente conta com as parcerias do Tamar, da Universidade Santa Cruz e da Track & Field. São mais 30 km de praias monitoradas pelo programa. O programa cuida das fêmeas e dos seus ninhos, orienta os pescadores, cria banco de dados das tartarugas, desenvolve oficinas nas escolas da região, estimula a consciência ambiental convidando os moradores e turistas a participarem. (TXAI RESORTS, 2013).
•
Projeto Feira Orgânica de Itacaré Esse é um trabalho que vem sendo desenvolvido desde novembro de 2007. Esse é um projeto desenvolvido em parceria com a Floresta Viva e a Associação Embaúba, onde ocorre uma feira orgânica na cidade, com o objetivo de conseguir novos mercados para os agricultores venderem sua produção. (TXAI RESORTS, 2013).
•
Lojinha Txai Social Esse é um programa onde os agricultores podem produzir mudas nativas, frutíferas, ornamentais, hortaliças e outros, além de produzirem produtos artesanais e exporem em uma loja do resort que fica localizada no km 42 da Rodovia BA-001. (TXAI RESORTS, 2013).
•
Disseminação Socioambiental
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Quando o projeto teve início, os companheiros do Txai, como são chamados os participantes dos projetos, recebiam meio salário mínimo que era uma ajuda de custo denominada de CSA (Compensação por Serviços Ambientais). Atualmente essa ajuda de custo vem em forma de cesta básica para as famílias e de produtos para continuar desenvolvendo os trabalhos na agricultura e no artesanato, sendo que são os próprios participantes quem definem os produtos que necessitam. (TXAI RESORTS, 2013).
•
Incentivo a formação e fortalecimento de Associações locais O Txai Resort, em parceria com o instituto Floresta Viva apóia o trabalho da Associação dos Produtores Orgânicos da APA, onde cede o local do Txai Social para que as reuniões com a comunidade sejam realizadas. Essas reuniões são para auxiliar os agricultores a conseguirem o selo do IBD para certificação orgânica das hortaliças que produzem. Além desses projetos que o Txai Resorts Itacaré desenvolve com a comunidade, o empreendimento também já apoiou outros projetos. O resort ver o apoio a esses projetos como uma missão, quer sejam projetos ou ações pontuais, desde “[...] que venham semear um futuro melhor em nossa região e que estejam dentro do princípio do desenvolvimento sustentável, ou seja, de ser: ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável”. (TXAI RESORT, 2013). Dentre esses outros projetos destacam-se a Tala de Dendê, que é uma cooperativa com mais de 40 mulheres que produzem artesanatos e vendem na lojinha Txai Social. Outro projeto é o da Escola Dendê da Serra, uma escola pública que atende mais de 100 alunos na região, onde o Resort colaborou cedendo espaço para as primeiras aulas enquanto a escola estava sendo construída e também ajudou na construção doando materiais. O projeto Música sem Fronteiras também foi organizado e criado pelo Resort em 2006, onde vários artistas locais se entrosaram com a comunidade. O projeto Resgate da Canoa a Vela foi um projeto apoiado pelo Resort, onde as canoas que andavam esquecidas na região voltou a ser utilizada, funcionando inclusive como forma de renda para alguns cidadãos. (TXAI RESORT, 2013).
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O Taxai Resort surge com um novo conceito de Resort, que de fato pensa na sustentabilidade como um todo e não somente como uma forma isolada de proteger o meio ambiente. O empreendimento consegue através de projetos socioambientais envolverem e preservar toda uma comunidade no entorno, respeitando sua existência e sua cultura. Apesar de estar inserido em uma Área de Proteção ambiental, o projeto consegue impactar da menor maneira possível o meio em que está implantado, além de criar ambientes totalmente sofisticados e agradáveis através do uso de materiais ecológicos e da região.
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5. TURISMO NO ESPÍRITO SANTO 5.1. Potencial Turístico do Espírito Santo
O Estado do Espírito Santo é rico em paisagens naturais e também possui diversidade cultural, sendo esses os principais pontos que levam o mesmo a ter um grande potencial turístico. A Secretaria de Turismo do Estado do Espírito Santo (SETUR) ressalta algumas vantagens competitivas do estado para melhorar a qualidade do seu produto enquanto turismo, listadas abaixo. •
Localização próxima aos maiores mercados emissores do país e de fácil acesso;
•
Infraestrutura urbana ampla e de boa qualidade na Região Metropolitana;
•
Boa infraestrutura turística nas regiões Metropolitana, Litoral Sul e Norte, e Serrana Centro;
•
Possui complexo portuário que poderá ser utilizado no receptivo de cruzeiros marítimos;
•
O Estado possui moderno parque industrial que recebe grande número de visitantes;
•
Com uma grande variedade de ecossistemas, ainda possui mananciais de Mata Atlântica, dunas, restingas, manguezais, falésias e arrecifes, ilhas, tabuleiros entre outros;
•
Grande quantidade de recursos hídricos de boa qualidade e beleza, principalmente no litoral norte;
•
Dispõe de patrimônio cultural e histórico diversificado e singular, bem conservado e operando;
•
Costas de águas profundas propiciam oportunidades ligadas tanto à pesca esportiva e mergulho quanto à industrialização de pescado e à abertura de marinas;
•
Projeta-se para o Espírito Santo um novo ciclo de desenvolvimento que acontecerá através de uma maior integração nacional e internacional. Com relação ao mercado atual, a SETUR afirma que o turismo capixaba está atuando principalmente com relação ao sol e mar, com foco nas praias, mas que o turismo de negócios e eventos vem crescendo rapidamente. Fica então relacionado por ordem de dimensão e importância os seguintes atrativos do turismo do Espírito Santo: Turismo de Sol e Praia, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural, Ecoturismo e por último, Turismo Esportivo.
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Elaborado pela Secretaria do Turismo do Estado, o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo no Espírito Santo 2025, foi trabalhado em cima de três princípios, onde todas as instâncias devem ser: Ambientalmente correta, Socialmente justa e economicamente rentável. “A premissa de sustentabilidade e a abordagem preservacionista, inclusiva e rentável nortearão o presente Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo do Estado do Espírito Santo – 2025. O primeiro requisito requer a utilização consciente dos recursos naturais e a adoção de práticas e processos de menor impacto. O segundo justifica a necessidade de construção de um processo econômico que promova a inclusão social das pessoas, privilegiando o desenvolvimento local. Por fim, é necessário que as atividades e os negócios de turismo resultem em ganhos financeiros, ou seja, sejam economicamente sustentáveis.” (SETUR PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NO ESPÍRITO SANTO – 2025, 2013).
Esse plano prevê a melhoria do turismo capixaba, através da revitalização de centros turísticos, melhoria da infraestrutura, criação de novos centros de eventos, qualificação das empresas, além de melhoria no governo. O plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo no Espírito Santo 2025 possui ainda algumas diretrizes estratégicas, como o meio de divulgação e público alvo, a área da educação, gestão do turismo, infraestrutura turística, políticas públicas, dentre outros, sendo que são essas diretrizes vão nortear a implantação do mesmo no Estado. O plano de desenvolvimento do turismo está dividido em sete macros programas, onde cada um possui projetos e ações prioritárias, sendo eles: Gestão e Relações Institucionais; Infraestrutura; Fomento; Diversificação da oferta turística; Qualidade dos produtos turísticos; Comercialização e Promoção e informações turísticas. São diversos projetos e ações, que se colocados em prática beneficiarão o turismo do Espírito Santo de maneira significativa, gerando mais emprego e renda, movimentando a economia do Estado. Irá trazer também melhorias para a própria população capixaba, uma vez que receberá investimentos em vias, aeroportos, infraestrutura e demais pontos, além de tornar mais conhecido à cultura e história dos municípios pelo Brasil e pelo mundo.
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5.2. Regiões Turísticas do Estado
O Estado é organizado em regiões turísticas, formadas por municípios vizinhos e que possuem características comuns, mas em contraponto oferecem atividades diferenciadas. Essas regiões levam o turista a encontrar destinos e atividades específicas, como por exemplo, se o visitante estiver procurando no estado maior contato com a natureza, pode se instalar na Região Caparaó, onde vai encontrar cachoeiras e o Pico da Bandeira. A Secretaria do Turismo também criou algumas rotas, que estão associadas com as regiões turísticas, sendo elas: A Rota do Mar e das Montanhas, Rota dos Vales e do Café, Rota do Sol e da Moqueca, Rota do Verde e das Águas, Rota da costa e da Imigração, Rota do Mármore e do Granito, Rota do Caparaó e Rota Caminhos do Imigrante. Abaixo segue a divisão das regiões turísticas com seus respectivos municípios e a síntese de seus atrativos. •
Região Pedra, Pão e Mel: Os principais atrativos dessa região são as rochas, cachoeiras e diversidade cultural, é composta pelos municípios de Água Doce do Norte, Ecoporanga, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Vila Pavão e Vila Valério.
•
Região Doce Terra Morena: Formada por cinco municípios, o atrativo dessa região é pela economia baseada na agropecuária, além de oferecer a prática de esporte e lazer. São os municípios Montanha, Mucurici, Pedro Canário, Pinheiros e Ponto Belo.
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Região Caparaó Capixaba: Composta pelos municípios de Alegre, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba, Irupi, Ibitirama, Iúna, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire e São José do Calçado. Essa é uma região que proporciona uma grande interação do visitante com a natureza, onde os principais atrativos são a Cachoeira da Fumaça e o Pico da Bandeira.
•
Região Metropolitana: Essa região é a que mais possui atrativos que vão de parques aquáticos, cachoeiras, praias a grandes monumentos históricos, além de possuir atrativos culturais. Os municípios que compõem essa região são Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari, Cariacica, Viana e Fundão.
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•
Região Montanhas Capixabas: Formada pelos municípios de Afonso Cláudio, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante. Os nove municípios possuem sua história e cultura ligadas aos imigrantes europeus, o que influenciou na arquitetura e culinária local, assim como nos costumes das comunidades.
•
Região Vales e Café: Os principais atrativos da região são sítios históricos tombados, cachoeiras, trilhas, comunidades quilombolas e ainda a arquitetura eclética. É Composto pelos municípios de Apiacá, Atílio Vivacqua, Bom Jesus do Norte, Cachoeiro de Itapemirim, Mimoso do Sul e Muqui.
•
Região dos Imigrantes: Os municípios que fazem parte dessa região são Itaguaçu, Itarana, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa e São Roque do Canaã. Além das belas cachoeiras, nessa região encontram-se pólos de uvas e vinhas e possui todo um ambiente propicio para prática de rapel e vôo livre. Essa região é composta por muitos imigrantes europeus.
•
Região da Costa e da Imigração: Região é composta pelos municípios de Anchieta, Alfredo Chaves, Iconha, Piúma, Itapemirim, Marataízes, Presidente Kennedy e Rio Novo do Sul. Nessas localidades, encontram-se rampas para vôos livres, além de praias que oferecem atrações ligadas à fauna e a flora.
•
Região Doce Pontões: Essa é uma região que tem como seu principal atrativo os produtos agroindustriais das propriedades rurais e o Pólo comercial. Os municípios que compõem essa região são Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Colatina, Governador Lindemberg, Mantenópolis, Marilândia, Pancas e São Domingos do Norte.
•
Região Verde das Águas: Compõem essa região Aracruz, Conceição da Barra, Ibiraçu, Jaguaré, João Neiva, Linhares, Rio Bananal, São Mateus e Sooretama. Essa região é bem diversificada, onde podem ser encontrados atrativos como dunas, sítio histórico, lagoas, artesanatos indígenas, manguezais, pólo moveleiro e até um mosteiro. O mapa ilustrado na figura a seguir mostra essas regiões turísticas do Espírito Santo.
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Figura 36. Mapa das Regiões Turísticas do Espírito Santo. Fonte: SETUR - PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NO ESPÍRITO SANTO – 2025, 2013, p. 62.
O atrativo turístico é tudo o que vai incentivar o movimento de pessoas no local. Para a SETUR, “os atrativos turísticos podem ser de ordem cultural, histórica, geográfica ou de bens e serviços, acrescidos de infraestrutura de acesso e transporte, hospedagem, alimentação, agenciamento e outros que possibilitem o deslocamento e a permanência dos visitantes”, e o Espírito Santo possui muitos atrativos. O primeiro e mais visível atrativo do Estado é a proximidade e relação existente entre mar e montanha. Outro atrativo se dá pelo fato da mistura de povos existente no Estado, são europeus, africanos e índios, que formam uma diversidade cultural. (SETUR - PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NO ESPÍRITO SANTO – 2025, 2013, p. 36.) Entre os atrativos relacionados com a gastronomia destacam-se à moqueca e a torta capixaba. A panela de barro também ficou conhecida devido à moqueca. Atrativos arquitetônicos são diversificados, onde as obras representam diferentes momentos de desenvolvimento do estado. Conforme a SETUR, “do ciclo da colonização, fortificações, igrejas e casarios administrativos. Da época das companhias religiosas, igrejas, escolas, aldeamentos e fazendas que cresciam no
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Espírito Santo. Do período do café, casas sedes de fazendas, casarios, casas comerciais, portos e estradas de ferro brotavam nas várias e prósperas cidades. Com o assentamento dos imigrantes, novas edificações foram surgindo, como as casas rurais que apresentam uma composição que mistura técnicas indígenas, material local e estilo europeu”. Ainda existem os atrativos geográficos, pois o Estado possui clima tropical quente e úmido, e têm em sua composição duas bases principais: 40% de região litorânea e 60% de região serrana. A SETUR ainda destaca alguns monumentos naturais como “a Pedra Azul, o Forno Grande e o Pico dos Três Pontões que despontam como pontos turísticos importantes. Além das serras e montanhas, entrecortadas por planaltos e vales que fazem parte dos corredores ecológicos, estão praias, mangues, restinga, mata atlântica, falésias, ilhas e lagoas”. A divisão do estado em regiões e rotas turísticas caracteriza os grupos de municípios, de acordo com serviços e atrativos que esse tem para oferecer ao turista. Por possuir essa grande diversidade de atrativos, essa divisão facilita para o visitante, a escolha da cidade em que irá se instalar e a determinação do que irá usufruir.
5.3. O Turista do Espírito Santo
É de extrema importância conhecer o perfil do usuário de um projeto, seja de uma edificação, de um empreendimento, ou de uma cidade. Antes de intervir ou propor algo, é ideal saber quem vai usufruir desses serviços, qual a necessidade desse usuário, quais suas características, pois não adianta elaborar uma proposta que não se encaixe em determinado local ou que não atenda quem vai utilizar. No caso da proposta do Resort, antes de apontar uma cidade inicialmente e logo depois um terreno, é importante conhecer o perfil do turista do Espírito Santo e qual a atividade que é mais explorada por ele no estado, o que consequentemente levará também a um local ou região com maior potencial turístico. A Secretaria de Turismo do Estado juntamente com a SEBRAE realizou pesquisas nos períodos de baixa, média e alta temporada no Espírito Santo, com o objetivo de quantificar o número de turistas por região, identificar o perfil do turista e seus hábitos, além de obter a opinião dos turistas com relação ao estado. Foram realizadas entrevistas nos principais pontos de saída do estado, verificando o
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número de carros e passageiros desembarcados no aeroporto, na estação ferroviária e em postos da Polícia Federal e Estadual. As pesquisas realizadas em baixa e média temporada, não variam muito com relação à feita em alta temporada. A pesquisa em alta temporada foi realizada no mês de janeiro de 2013, onde ficou constatado que a maioria dos turistas é brasileira (98,14%), sendo que a maioria vem do estado de Minas Gerais (30,30%), seguido pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e do próprio estado. O número de turistas nessa época chegou a 979.681 pessoas, o que representa um aumento de 38% com relação ao ano de 2012. Os meios de transporte mais utilizados para chegar aos destinos são o automóvel (58,70%), o avião (47,50%) e o ônibus (22,40%). A maioria dos turistas permaneceram no Estado entre 3 a 7 dias, sendo os destinos mais procurados pelos turistas, as cidades de Vitória, Vila Velha, Guarapari e Serra. As atividades mais realizadas pelos turistas foram freqüentar praias (56,40%) e ir a bares, restaurantes ou boates (49,20%). Como já visto nesse capítulo, o turismo capixaba está explorando principalmente a relação sol e mar, com foco nas praias, prova disso é o fato de que a rota mais utilizada pelos turistas na alta temporada foi a do Sol e da Moqueca, que é composta pelos municípios de Vitória, Serra, Guarapari, Vila Velha e Anchieta, onde quase 70% dos turistas optaram por esse destino. Com base nas informações, é possível identificar que o atrativo turístico mais explorado pelo turista, são de fato as praias do estado. Esses dados são a base para a escolha da cidade onde se dá a proposta de implantação do resort, a cidade de Guarapari, que possui 46 praias e é o balneário mais famoso do Espírito Santo.
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6. ANÁLISE DO TERRENO
6.1.
Justificativa da Escolha da Cidade e do Terreno
Também conhecida como cidade saúde, pelas propriedades medicinais de suas areias monazíticas, Guarapari, localidade escolhida para o desenvolvimento da proposta compõe a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), juntamente com os municípios de Cariacica, Viana, Fundão, Vitória, Vila Velha e Serra. O histórico da cidade iniciou-se em 1585, quando o padre José de Anchieta levantou uma capela e construiu residências para os catequistas da Companhia de Jesus. Os índios se instalaram-se próximo a igreja e a população foi aumentando, também devido a chegada dos portugueses. Em 1677 Francisco Gil de Araújo, o então donatário da capitania do Espírito Santo, construiu uma igreja para Nossa Senhora da Conceição e em 1679 fundou a vila, que teve seu primeiro nome de Vila dos Jesuítas, depois Aldeia de Nossa Senhora, Aldeia de Santa Maria de Guaraparim, Guaraparim, Goaraparim e por fim Guarapari. (IBGE, 2013). Em 24 de dezembro de 1878 Guarapari passou de vila a município e somente em 29 de fevereiro de 1948 teve sua Câmara instaurada. (PMG – PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARAPARI, 2013). Guarapari é uma palavra de origem indígena, onde guará deriva de um pássaro, que aparece a beira mar de varias cores e pari que significa rede, ou seja, um lugar onde se armam redes para pegar guarás. (IBGE, 2013). A cidade possui segundo o IBGE (2013), mais de 105.000 habitantes e ocupa uma área de 594.487 km², faz divisa com as cidades de Vila Velha, Viana, Marechal Floriano, Alfredo Chaves e Anchieta. É uma cidade com grande potencial turístico, possui 46 praias, com destaque para as praias de Setiba, Praia do Morro, Praia de Meaípe, Areia Preta, Recanto da Sereia e tantas outras praias. Esse é o município litorâneo mais conhecido do Espírito Santo que recebe turistas em todas as épocas do ano. As praias do município ainda oferecem excelentes condições para a prática de esportes como surf, vela, Jet-ski e remo. A cidade também possui vida noturna onde o turista encontra opções de bares, restaurantes e casas noturnas.
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Dentre outros atrativos turísticos da cidade, além das 46 praias, a Secretaria do Turismo e a Prefeitura de Guarapari destacam alguns elementos, como os citados abaixo: •
Ecoturismo: Parque Estadual Paulo César Vinha;
•
Pesca oceânica e Turismo submarino (Mergulhos);
•
Patrimônios culturais: Casa da Cultura, Velha Matriz e Ruínas da Igreja;
•
Artesanato: Renda de bilro, panelas de barro, artesanato em conchas, vime, taquara, coco, entalhes em madeira e barcos em miniatura;
•
Agroturismo: Desenvolvido em área rural, no distrito de Buenos Aires. A cidade foi escolhida para elaboração da proposta pelo fato de destacar-se no estado do Espírito Santo, possuindo localização privilegiada, com acesso pela Rodovia do Sol, BR-101 e ES-060, e por estar próxima a importantes cidades do Estado, como Vila Velha e a cerca de 51 km de Vitória. Além disso, a cidade possui uma beleza natural única, composta por mares, praias, montanhas e rios. Guarapari é ainda conhecida em outros estados brasileiros como referencial turístico do Espírito Santo, e é por esse motivo que a cidade é objeto de estudo neste trabalho, onde será feita a proposta de implantação do Hotel de Lazer. A partir da escolha da cidade, foram identificadas e analisadas diversas áreas consideradas como possíveis locais de implantação do projeto, sendo escolhida a região da Praia dos Padres, situada na parte sul do município de Guarapari, como ilustra a figura 37 a seguir.
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NORTE: Vitória/Vila Velha Aeroporto Bahia
SUL: Anchieta Rio de Janeiro São Paulo
Figura 37. Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: GOOGLE MAPS, 2014.
A escolha do local se deve às características que o local reúne, como a relação direta com paisagens naturais de matas, praias e montanhas, além da localização que favorece o acesso de hóspedes e de toda sociedade que frequenta o local.
6.2.
Contexto Social e Econômico
Segundo a Prefeitura de Guarapari, a Praia dos Padres possui 142 metros de extensão e fica escondida por um terreno acidentado coberto de grande vegetação, com cerca de sete quilômetros de distância do centro da Cidade. Moradores antigos da região, afirmam que a praia era assombrada, ouviam vozes e barulhos de barcos e toda vez que chegava algum padre na cidade, eles levavam para benzer e rezar a praia, por isso o nome de Praia dos Padres.
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A figura 38 a seguir identifica o terreno dentro da cidade de Guarapari.
Figura 38. Localização Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: GOOGLE EARTH, 2014.
Na imagem ainda é possível contemplar uma vista panorâmica parcial da cidade de Guarapari, tendo a oeste montanhas e a leste um litoral extenso, com belas praias. O terreno possui uma topografia acidentada, com curvas de nível que atingem até 25 metros de altura, apresentado na figura 39.
Figura 39. Curvas de nível no Terreno da Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2014.
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São esses relevos formados pelas curvas de níveis que escondem a praia, que fica cercada por morros, o que torna o local ainda mais atrativo. A área também possui espaços amplos e planos em alguns pontos. A figura a seguir ilustra a diversidade de níveis do local.
Figura 40. Terreno da Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2014.
Essa área da Praia dos Padres é ampla, por esse motivo foi criado um limite onde foi possível desenvolver uma proposta projetual do hotel de lazer, ilustrado na figura 41, que assegura o acesso público até a praia totalmente livre e integra o hotel ao ambiente convidativo do meio natural em que está inserido o terreno. A área total do terreno delimitado em vermelho é de 62.756,33 m². Percebe-se a presença de muita vegetação distribuída pelo local, onde é possível identificar de imediato a presença de espécies como palmeiras e castanheiras, como ilustra a figura a seguir.
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Palmeiras
Vegetação de diversos tipos
Castanheiras
Área
Verde
do
Morro da Bacutia; Limite do Terreno; Trilhas/ Caminhos.
Figura 41. Limite do Terreno e Vegetação - Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: GOOGLE MAPS, 2014. ADAPTADO.
Com relação ao acesso do terreno, existem algumas vias importantes no entorno do local. A via que passa em frente ao terreno é denominada Avenida Meaípe e faz conexão com a Rodosol, importante via que liga Guarapari a demais cidades da Grande Vitória. Também conectada à Rosodol, está a BR-101, muito utilizada por turistas para acesso ao estado do Espírito Santo através de veículos particulares ou ônibus de viagens. A partir da Avenida Meaípe, o acesso ao terreno se dá pela Rua 11 ou pela Rua Alameda Frisia, sendo esta pela Praia da Bacutia. O fluxo da Avenida Meaípe é intenso, com veículos trafegando o tempo todo, sendo maior ainda nos finais de semana e dias de feriados. Nas outras duas vias de acesso ao terreno, na Rua Alameda Frisia e Rua 11, o fluxo é menor por serem vias locais. A imagem abaixo ilustra as vias de acesso ao terreno.
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Figura 42. Acessos à Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: GOOGLE MAPS, 2014. ADAPTADO.
Os elementos atratores dessa região são as praias do complexo da Enseada Azul, a Praia dos Padres e também a Praia de Meaípe. Os transportes públicos tem como ponto de partida a rodoviária de Vitória ou do Aeroporto, onde os ônibus passam pela Rodosol chegando à Avenida Meaípe. Outro transporte público existente é o municipal, da Prefeitura de Guarapari, administrado pela empresa Asatur, que circula por vários pontos da cidade, inclusive pela Enseada Azul, local mais próximo da área de estudo. O perfil econômico da população da região do entorno do terreno é de médio à alto, onde se observa a predominância de edificações residenciais de alto custo. Também é encontrado no entorno poucos serviços e comércios, sendo verificado a presença de muitos condomínios fechados, pousadas e hotéis. É possível ainda observar a presença de muitos terrenos vazios na Enseada Azul. Próximo ao terreno existe uma Estação da Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN), que funciona como um reservatório para a região. Outro elemento importante a se destacar é a existência do Santuário Sant’ Ana, construído em 1619 em local estratégico, no alto de uma pedreira de onde se tem vista para o mar e boa parte de Guarapari, além disso, esse santuário faz parte do patrimônio histórico da cidade.
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Figura 43. Edificações no entorno do terreno. Fonte:
ARQUIVO
PESSOAL, 2014.
Figura
44.
Edificação
Residencial. Fonte:
ARQUIVO
PESSOAL, 2014.
Figura 45. Estação Cesan. Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2014.
LEGENDA Figura 46. Santuário Santa Ana. Fonte: FABIO ARREBOLA, 2014.
EDIFICAÇÕES DE USO RESIDENCIAL; CONDOMÍNIOS FECHADOS; POUSADAS/HOTÉIS; SERVIÇOS/COMÉRCIO; TERRENO NA PRAIA DOS PADRES; SANTUÁRIO SANTA ANA; E.T.A. CESAN; PRAÇA; LAGOA.
Figura 47. Mapa de Usos do Entorno da Praia dos Padres, Guarapari – ES. Fonte: ARQUIVO PESSOAL, 2014.
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6.3.
Contexto Urbano e Legal
O Plano Diretor Municipal (PDM) de Guarapari define a área onde está localizado o terreno escolhido como uma Zona Especial de Intervenção (ZEIT), definida no artigo 128 do PDM. “As Zonas Especiais de Interesse Turístico – ZEIT são definidas pelas áreas livres ou apenas parcialmente ocupadas, cuja localização apresenta relevante interesse para a implantação de empreendimentos voltados para apoio e/ou exploração turística de natureza variada, conforme diretrizes específicas a serem definidas para cada qual delas, demarcadas no zoneamento da cidade.” (Art. 128 – PDM DE GUARAPARI, p. 51).
Após consulta à Prefeitura de Guarapari sobre as ZEITs, ficou compreendido que a área é também considerada pelo poder público como um excelente local para implantação de empreendimentos que venham a incentivar e gerar o crescimento do turismo na cidade e no estado.
Figura 48. Zoneamento Urbano de Guarapari – Praia dos Padres. Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 12, p.09.
Como já citado, a cidade de Guarapari possui grande potencial turístico e algo que chama a atenção são as várias áreas de ZEITs vazias por toda a cidade, quando se
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poderia estar investindo em empreendimentos que valorizem e aumentem ainda mais esse potencial do local. A Zona em que está inserido o terreno não possui no PDM uma tabela de controle urbanístico, onde segundo a Secretaria de Projetos da Prefeitura de Guarapari e conforme o PDM da cidade deve-se enquadrar a ZEIT como Zona de Uso Turístico, Zona Residencial ou de Usos Diversos, considerando o mais adequado de acordo com o projeto proposto. Nesse estudo preliminar será utilizada a tabela de controle urbanístico da Zona de Uso Turístico 2 (ZUT 2) do PDM de Guarapari, conforme ilustrada abaixo, onde pretende-se utilizar o mínimo de alguns índices urbanísticos, uma vez que a proposta é de um empreendimento de baixo adensamento e inserido no ambiente natural.
Figura 49. Tabela de Controle Urbanístico – Zona de Uso Turístico 2 – ZUT 2 Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 14, p.10.
Outro ponto considerável no PDM com relação às ZEITs é o fato de que os projetos para essas áreas são aprovados pelo Conselho Municipal do Plano Diretor de Guarapari e submetidos à Audiência Pública. O anexo 16 do PDM de Guarapari, aborda sobre a quantidade de vagas de estacionamentos para veículos, onde se devem prever vagas para ônibus e as vagas de veículos são calculadas de acordo com a metragem quadrada da edificação hoteleira, conforme mostra a próxima figura.
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Figura 50. Vagas para guarda e estacionamento de veículos. Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 16, p.01.
O Anexo 15 informa sobre o número de vagas para embarque e desembarque, que deve ser de três vagas com circulação independente, e as vagas para carga e descarga, onde em edificações com até 3.500m² de área computada no coeficiente de aproveitamento deverá haver uma vaga.
Figura 51. Áreas destinadas a cargas e descargas de mercadorias. Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 15, p.01.
As vias do entorno do terreno são classificadas pelo PDM como vias coletoras, principal e local. A Avenida Meaípe no início da Enseada Azul aparece como via principal, duas faixas e canteiro central, porém em frente ao terreno recua, podendo ser classificada também como uma via coletora, onde aparece com treze metros de
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largura. A Rua 11 e a Alameda Frisia são vias locais, ambas com seis metros de largura ilustradas, como ilustradas nas figuras a seguir, do PDM de Guarapari.
Figura 52. Seção Transversal da Via local Tipo 01. Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 10, p.01.
Figura 53. Seção Transversal da Via Coletora Tipo 03. Fonte: PDM de Guarapari – Anexo 10, p.02.
6.4.
Contexto Ambiental
O Terreno está inserido em um local privilegiado e possui algumas características particulares que incentivam e reforçam o uso dos elementos naturais como sol e vento. Está em frente ao mar, é formado por uma topografia diversificada que cria morros e vales ao mesmo tempo, além de possuir centenas de árvores e vegetação das mais diversas espécies.
A figura a seguir ilustra as áreas verdes mais concentradas do terreno, a direção dos ventos recebidos e algumas visuais.
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Terreno Áreas Verdes Visuais Ventos Figura 54. Análise Ambiental Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.
Toda a vegetação presente no local favorece o clima, ajudando a manter o ambiente sempre agradável. As visuais estão por toda parte, existem visuais para as matas, outras para o morro e de vários pontos visuais para o mar. Não se encontram no local ruídos, vibrações, odores, lixos e nem outros agentes poluidores. Outro aspecto importante a ser analisado no terreno é a orientação solar, pois esse é sem dúvidas um fator determinante em muitas escolhas de um projeto com relação ao conforto ambiental. O terreno recebe bastante insolação do norte e oeste, sendo essas duas orientações as que incidem a maior quantidade de sol e consequentemente causam maior desconforto ambiental, porém nesse caso a vegetação atua como barreira, bloqueando parte da passagem do sol para dentro do terreno.
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Caminho do sol
LEGENDA: Ventos Insolação Oeste; Insolação Norte;
Figura 55. Análise Solar. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.
Insolação Leste; Insolação Sul
A figura acima ilustra o caminho feito pelo sol dentro do terreno e indica os lados do terreno que recebem as insolações norte, sul, leste e oeste, além dos ventos e brisas marinhas. Com todas essas características reunidas, é possível concluir que o terreno da Praia dos Padres possui um ambiente único, tendo contato direto com uma natureza que é um conjunto de desníveis, de vegetação e do mar.
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7. ESTUDO PRELIMINAR A implantação do empreendimento foi pensada de formar a integrar cada bloco com o terreno e com a natureza do local, sendo esse o partido do projeto. Para melhor compreensão da proposta, foi realizado um estudo preliminar do projeto, onde foram exploradas três edificações principais, sendo elas o SPA, o Bloco Principal e os Bangalôs. As demais edificações serão abordadas apenas em nível de volume, sendo a guarita, a recepção dos bangalôs e o Bloco Turístico. Para estudo da implantação foi elaborada uma maquete das curvas de níveis do terreno, compondo a metodologia de estudo do local, que auxiliou em decisões projetuais, como por exemplo, a definição de acessos e posicionamento dos blocos e demais serviços e opções de lazer Hotel. Abaixo segue a imagem da maquete.
Figura 56. Maquete Curvas de Nível do Terreno da Praia dos Padres. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Visando o conforto e a funcionalidade do empreendimento, ficaram definidos dentro do programa de necessidades algumas funções e serviços que deveriam ser contempladas no projeto, sendo elas: • Acessos: Acesso principal, Acesso aos Bangalôs, Acesso público à Praia dos Padres. • Estacionamento público; • Estacionamento privado; • Bloco Principal (Recepção, Serviços, Restaurante, Apartamentos, Auditório); • Piscina principal; • Bar da piscina principal; • Piscina infantil; • SPA e Academia; • Play ground; • Praças; • Quadra poliesportiva; • Quadra de tênis; • Academia ao ar livre; • Recepção dos bangalôs; • Bangalôs 01 quarto; • Bangalôs 02 quartos; • Programas Sociais: Pesca Artesanal, Horta, Lojas, Mirante. Em primeiro lugar, foram definidos os acessos. Foram propostos dois acessos para o hotel e dois acessos públicos para a Praia dos Padres, um de veículos e outro de pedestres. O primeiro acesso ao Hotel se dá pela Avenida Maruípe, sendo essa a principal entrada do empreendimento. O segundo acesso, também do hotel é feito pela rua 11, sendo esse o acesso de veículos aos bangalôs. Visando à importância de se manter estacionamentos públicos para os usuários da Praia dos Padres, uma vez que em nenhum momento a intenção foi de privatizar o Patrimônio Natural, um estacionamento com capacidade para atender 58 veículos foi previsto e junto ao mesmo uma trilha possibilita o pedestre descer até a Praia ou acessar as outras trilhas de acesso ao mirante criado no topo do morro vizinho ou ainda percorrer a trilha que dá acesso à Praia da Bacutia, que fica localizada ao lado da Praia dos Padres.
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Os estacionamentos do hotel estão dispostos para atender aos usuários do empreendimento e alguns funcionários. Como visto na análise do terreno, já existiam algumas trilhas traçadas por pedestres que frequentam a região, sendo que somente uma delas foi retirada, por ser muito inclinada e não acessível.
7.1.
Bangalôs
Procurou-se preservar o máximo possível do terreno, porém para uma melhor implantação dos bangalôs, foi necessário alterar minimamente a topografia, para deixar o terreno mais plano e explorar mais o espaço, como ilustra a imagem abaixo.
Figura 57. Topografia Removida. Fonte: Arquivo Pessoal.
Foram trabalhados três opções de plantas para os bangalôs, uma de 02 quartos, uma de 01 quarto e a outra também de um quarto onde o diferencial está na forma em que foi implantado na topografia.
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O bangalô 01 possui apenas um quarto, cozinha, sala, banheiro e um deck, totalizando 39,20 m². As aberturas proporcionam ventilação natural.
Figura 58. Planta baixa bangalô 01. Fonte: Arquivo Pessoal.
O bangalô 02 também possui sala, cozinha, deck, sendo um quarto e uma suíte, o que atenderia um público maior, como por exemplo, uma família com filhos. Um desses bangalôs 02 é totalmente acessível, o que permitiria um portador de necessidades especiais utilizá-lo.
101
Figura 59. Planta baixa bangalô 02. Fonte: Arquivo A planta baixa do Pessoal. bangalô 03 é semelhante ao bangalô 01, porém este foi
implantado de maneira que se integrasse ao local, funcionando como parte da encosta. A cobertura verde percorre sinuosamente o terreno, se adequando a topografia.
Figura 60. Cortes Esquemáticos bangalô 03. Fonte: Arquivo Pessoal.
Foram trabalhados tetos verdes em todos os bangalôs e materiais naturais como a madeira e revestimentos de pedra natural. Além disso, as três opções de bangalôs recebem iluminação e ventilação natural, além de captarem energia solar térmica para aquecimento das águas utilizadas nos mesmos.
Figura 61. Perspectiva Bangalôs. Fonte: Arquivo Pessoal.
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Os Bangalôs ainda estão elevados a um metro do chão, como forma de agredir menos o solo, deixando-o livre, com sua vegetação natural.
Figura 62. Perspectiva Bangalôs. Fonte: Arquivo Pessoal.
Os Bangalôs ainda foram posicionados de forma a receber a menor insolação possível e explorando, na maioria deles, a vista para o mar. Apenas os quatro blocos que estão inseridos na topografia do terreno não possui a vista para o mar, mas estão com a visual voltado para a mata existente no local. O caminho de acesso ao bangalô permite a passagem de veículos somente em casos extremamente necessários.
Figura 63. Perspectiva caminho dos bangalôs. Fonte: Arquivo Pessoal.
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A intenção projetual é que o usuário estacione seu veículo nas vagas destinadas a ele e percorra o caminho até seu bangalô andando e contemplando a paisagem natural do local, ou então que o empreendimento leve o usuário e sua bagagem com os carros especiais denominados golf carts, semelhantes aos carros utilizados em jogos de golf, como ilustra a imagem a seguir.
Figura 64. Golf Cart. Fonte: BRICOBASE, 2014.
A recepção dos bangalôs visa recepcionar os usuários dos apartamentos e oferecer pequenos serviços imediatos para que o hospede não precise se deslocar até o bloco principal.
Figura 65. Recepção dos Bangalôs Fonte: Arquivo Pessoal.
O bloco da recepção dos bangalôs também recebe teto verde e materiais como madeira e vidro. Implantado na parte alta do projeto, o deck da recepção se transforma num local de contemplação do hotel e do mar.
104
7.2.
Spa
O SPA, como eram conhecidos os primeiros resorts que ficavam longe dos grandes centros urbanos e serviam tanto a fins sociais como de saúde, nessa proposta aparece como um centro de relaxamento e bem estar. Oferece ao usuário serviços de academia, massagem e estética. O volume dois pavimentos, parece deslizar um sobre o outro. Os materiais propostos, assim como a cor utilizada, camufla o empreendimento e faz com que o mesmo se adeque a natureza local. Da mesma forma os brises de madeira e o teto verde também deixam a edificação com essa integração ainda mais forte.
Figura 66. Fachadas e piscina do SPA. Fonte: Arquivo Pessoal.
O deck em madeira também proporciona uma sensação de conforto e junto com a piscina de borda infinita e com vista para o mar, integra-se na paisagem. Dentro da piscina encontram-se ilhas com palmeiras, onde o usuário tem a opção de pode sentar dentro da mesma, podendo usufruir da paisagem.
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A divisão dos ambientes internos do SPA é realizada com paredes em Dry-wall, o que evita o uso de tijolos convencionais e a diminuição de outros materiais como o cimento, areia e até mesmo a água.
7.3.
Bloco Principal
A edificação denominada bloco principal, engloba os serviços como de recepção, administração, apartamentos, serviços em geral, restaurante e auditório. O uso de cores no tom verde no volume faz com que esse se integre ao meio natural, além do uso de paredes vivas, que são paredes com vegetação e de esquadrias em madeira e vidro.
Figura 67. Fachada bloco principal Fonte: Arquivo Pessoal.
O volume implantado próximo à topografia do morro se conecta aos bangalôs através de uma passarela, que foi proposta não somente como forma de facilitar o acesso e a conexão entre a parte alta e baixa do terreno, mas principalmente
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visando à acessibilidade dos usuários a todos os ambientes do hotel. A figura a seguir ilustra a passarela.
Figura 68. Perspectiva passarela. Fonte: Arquivo Pessoal.
A recepção ampla recebe os hospedes e os direciona ao hall de elevador que dá acesso aos apartamentos ou a passarela. Ainda através da recepção é possível acessar um auditório, com capacidade para 96 pessoas sentadas, onde poderão ser realizados eventos de empresas ou instituições.
Figura 69. Planta baixa pavimento térreo bloco principal. Fonte: Arquivo Pessoal.
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O usuário tem a opção de acessar o restaurante por dentro do hotel ou externamente. A acessibilidade está presente nesse e em todos os blocos, onde foram previstas rampas. Uma marquise assegura a proteção do usuário contra intempéries durante o embarque ou desembarque.
Figura 70. Perspectiva do acesso principal à recepção do hotel. Fonte: Arquivo Pessoal.
No mezanino estão algumas áreas administrativas e uma sala de reunião e treinamento de funcionários. Os apartamentos desse bloco são amplos, possuem 57 m² e uma varanda rotacionada que melhora a vista para toda a área de lazer e vivência do hotel e para a natureza do local. As repartições dos apartamentos são feitas em Dry-wall, o que proporciona uma obra mais limpa e com menor impacto ambiental.
Figura 71. Planta baixa pavimento tipo bloco principal. Fonte: Arquivo Pessoal.
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São quatro pavimentos com dez apartamentos, totalizando 40 unidades. Esse bloco possui brises de madeira e assim como a maioria dos blocos, recebe o teto verde.
7.4.
Áreas de lazer e vivência
As áreas de lazer e vivência contam com duas praças, uma área de piscina, uma quadra poliesportiva, uma quadra de tênis, uma academia ao ar livre e um play ground. O desenho geométrico dessa área de vivência foi inspirado numa teia, que se conecta. As linhas retas formam espaços geométricos irregulares, conectando um ambiente ao outro. Alguns eixos principais são reforçados com caminhos mais largos.
Figura 72. Áreas de lazer e vivência. Fonte: Arquivo Pessoal.
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As quadras estão posicionadas na orientação solar norte sul, para melhor uso do espaço e para não impedir que a insolação prejudique o desenvolvimento das atividades esportivas. A primeira praça é denominada praça da leitura, possuindo espaços arborizados e com pergolados e assentos em madeira, proporcionando conforto e um ambiente agradável para leitura e vivencia dos usuários.
Figura 73. Praça da leitura. Fonte: Arquivo Pessoal.
Em toda essa área, os jardins são elevados 0,60 centímetros do piso, o que integra o usuário com o espaço. A segunda praça, denominada praça dos padres, possui um monumento de uma cruz e um barco, que faz referência à história e cultura do local, onde antigamente os padres eram levados para benzer a praia, devido os rumores de que almas de pescadores iam a noite até a praia.
Figura 74. Praça dos padres. Fonte: Arquivo Pessoal.
110
A cruz remete ao símbolo do cristianismo, sendo em metal e na cor vermelha atraí a atenção não somente dos usuários do hotel, mas de quem passa pela trilha que dá acesso a praia e pode ser vista ainda do mirante.
Figura 75. Vista do Mirante Fonte: Arquivo Pessoal.
A área de piscina conta com uma piscina infantil e duas piscinas de adultos que são separadas por um deck e juntamente com a academia ao ar livre e o play ground estão implantados visando atender o mais variado público, desde o infantil ao mais idoso.
Figura 76. Área de piscina e bar Fonte: Arquivo Pessoal.
111
Essa área da piscina, recebe uma edificação de apoio com um bar e banheiros para atender os usuários do espaço. A vegetação presente no local é variada, com destaque para o uso de ipês amarelos, rosa e roxo, além das palmeiras e dos jatobás. Toda vegetação proporciona áreas sombreadas e coloridas.
7.5.
Projetos Sociais
Visando atender a sustentabilidade social, foram previstos na proposta alguns projetos que podem integrar a sociedade local com o empreendimento. Dentro do empreendimento foi implantada uma horta, que pode ser cultivada pela comunidade vizinha e utilizada pelo hotel. As trilhas mantidas levam o usuário à uma edificação, denominada Bloco Turístico, pois será possível encontrar nesse bloco lojas de artesanatos locais como de panela de barro, objetos feitos com conchas, entre outros, tendo ainda um centro de informações turísticas e um bar.
Figura 77. Planta baixa bloco turístico Fonte: Arquivo Pessoal.
Passando por dentro desse edifício o usuário encontra a trilha que leva a um mirante no alto do morro, de onde se tem vista para o mar e para o empreendimento, podendo visualizar inclusive, o monumento erguido na praça dos padres, conforme citado anteriormente.
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Figura 78. Perspectiva bloco turístico Fonte: Arquivo Pessoal.
O mirante é um ambiente de contemplação das belezas naturais do entorno, como o mar e as montanhas de Guarapari. Ele coloca o usuário em contato com o meio natural e revela uma parte da beleza natural da cidade.
Figura 79. Vista do Mirante Fonte: Arquivo Pessoal.
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Analisando o terreno, foi possível perceber que algumas pessoas utilizam a pedra dos morros para pescar, com isso também foi previsto um deck para pesca artesanal. O principal objetivo desses projetos é envolver a sociedade do entorno e valorizar a cultura e a local, fazendo com que o projeto abranja não somente os usuários privados do hotel, mas toda uma sociedade.
114
115
CONCLUSÃO
Toda construção por menor que seja irá afetar o local em que será inserida, porém as construções são necessárias e continuarão ocorrendo, o
que
se
pode
mudar é a forma de construir. Um resort, ou hotel de lazer como foi chamado esse estudo, é um projeto de grande impacto ambiental e na maioria das vezes de auto adensamento, além de excluir a população do entorno, privatizar áreas que são patrimônios naturais onde todos deveriam ter acesso livre e ainda isolar o hóspede do meio em que o empreendimento está inserido. A fim de alcançar o objetivo do trabalho foram realizadas diversas visitas ao terreno, consultas a Prefeitura Municipal de Guarapari e a Secretaria de Turismo do Estado do Espírito Santo, onde foi possível levantar dados importantes com relação à história e cultural local, além de dados com relação ao turismo no Estado do Espírito Santo e da cidade de Guarapari. A cidade de Guarapari possui de fato um grande potencial turístico, por isso foi escolhida para estudo da proposta do hotel de lazer. Três objetivos principais nortearam o estudo, onde pretendia-se diminuir o impacto econômico, social e ambiental de uma edificação desse porte. Com relação ao impacto econômico e ambiental, nesse estudo foi possível identificar que não é necessário aplicar materiais luxuosos ou adensar excessivamente o terreno com diversas construções para proporcionar ao hóspede lazer e conforto. Essas soluções podem ser encontradas em um projeto de baixo adensamento e que possui materiais naturais, integrando o projeto à natureza. Foi utilizado apenas 0,15 do coeficiente de aproveitamento máximo do terreno, que era de 2,8. Com relação a taxa de ocupação do terreno que é de 60%, foi utilizado um índice bem menor que o permitido, apenas 11,24%. Ao invés de remover toda a topografia de um terreno como o apresentado no estudo da Praia dos Padres, é possível integrar as edificações aos desníveis, sendo mínima a movimentação de terra. Além de diminuir o impacto com as soluções de implantação, foi possível também agregar
soluções
como,
por
exemplo,
energia
solar,
ventilação
natural,
aproveitamento de águas pluviais e teto verde, que irão trazer para o empreendimento uma economia futura em energia e uma alternativa imediata de
116
conforto ambiental onde o teto verde aparece em todos os blocos do projeto, e as demais soluções sustentáveis estão concentradas nos bangalôs. Para diminuir o impacto social, foram propostas alternativas que integrem a população à região da Praia dos Padres e ao empreendimento, por esse motivo em nenhum momento foi necessário privatizar a praia, estando essa totalmente livre para atender os usuários que não estiverem hospedados no hotel. Além disso, incentivou-se a exploração da área pela sociedade através da trilha e do bloco turístico que irá atender o público e ainda oferecer opções de lazer, esporte e cultura. Um deck para pesca artesanal também foi proposto, uma vez que foi identificado que pessoas pescam nas pedras do entorno. A horta dentro do hotel também foi uma forma de diminuir o impacto social, onde em parceria com o hotel moradores carentes do entorno poderão cultivar as hortaliças e venderem para o restaurante do empreendimento. Com esse estudo fica compreendido que é possível diminuir o impacto econômico, ambiental e social, não sendo necessário construir grandes monumentos luxuosos para oferecer lazer e conforto ao usuário. O hóspede além de poder usufruir do empreendimento, é convidado a ultrapassar os muros do hotel e explorar a cidade de Guarapari como um todo.
117
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ANEXOS