Cabo Bentinho, não deixe este herói no anonimado, conheça esta linda história e compartilhe!

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BENTO MARTINS DE SOUZA, O CABO BENTINHO, PRECURSOR DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO DAS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL.

Bento Martins de Souza, o Cabo Bentinho, nasceu em 1903, filho de Manoel Martins de Souza e de Feliciana Maria de Souza. Ingressou na Força Pública como soldado. Durante os cinco quinquênios em que serviu nas fileiras da Corporação, na cidade de Piracicaba, conquistou o respeito e a amizade da população local, tratando a todos com bondade e os mais humildes, de cuja sorte se condoia, quer os poderosos. Com singular benevolência e sabedoria, seus conselhos colaboraram para transformar meninos truculentos em cidadãos de bem. Apesar de sua proverbial tolerância e bondade, onde estivesse não haveria transigência para com os autores de atos anti-sociais.


Todas as noites, às 19 horas, era encontrado à porta do cinema principal, a distribuir cumprimentos a quantos entravam, pois a todos conhecia, e a receber balas e bombons dos admiradores. Os mais insistentes do oferecimento chegavam a colocar as guloseimas em seus bolsos. Bentinho não tinha filhos e esses doces ele os destinava aos garotos que encontrava pelas ruas. Aparecesse desordeiro no cinema, no campo de futebol ou em qualquer lugar onde estivesse o Bentinho de policiamento, teria o autor de ver-se com o próprio povo, que em todas as ocasiões se colocou ao lado do mantenedor da ordem pública. Os estudantes de agronomia, ardorosos opositores da ditadura Vargas, por vezes mostravamse dispostos a enfrentar a Polícia, quando da ocorrência de movimentos grevistas. Nessas ocasiões, à frente seguia Bentinho, desarmado, confiante apenas em seu prestígio e força moral. Negociador habilidoso, não puçás vezes foi Bentinho a solução conciliadora para o impasse que ameaçava desandar em confronto. Também por isso, era muito estimado pelos estudantes. Integrando as forças piracicabanas para o “front”, durante o movimento constitucionalista de 32, correu pela cidade o boato de que Bentinho havia sido abatido nas barrancas do Itararé. Houve consternação geral. Mas, eis que Bentinho retornou após cumprir com seu dever. Recebido como se fora o filho dileto da cidade que voltasse do campo de luta, Bentinho, comovido, chorou. Sendo amigo de autoridades das mais influentes do País que deixando a Capital da Republica e passando por Piracicaba, iam até sua casa simples para tomar com ele um café, Bentinho jamais se prevaleceu desse fato. Exato no cumprimento dos deveres, bom camarada e respeitoso para com seus pares e superiores, era unanimemente estimado, quer pelo Comandante, quer pelo Soldado mais moderno do 8º BC, Unidade à qual pertencia. Morreu em 24/03/1946, aos 43 anos. Estudantes da “Luiz de Queiroz” suspenderam as aulas imediatamente e compareceram em peso ao sepultamento, marcando o ato com oferecimento de uma coroa. Crianças, adultos e idosos, de Piracicaba e de toda região, afluíram à sua casa modesta. Piracicaba parou, cerrando as portas do comércio. As usinas açucareiras mobilizaram-se para angariar um pecúlio para desolada viúva. O Clube XV de Novembro declarou-se em luto, hasteando sua bandeira a maio-pau. O Batalhão se fez representar pelo Tenente Paulo Monte Serrar Filho que impressionado com o que viu, registrou o fato nas páginas da revista “Militia”, de onde foi extraído parte substancial desta biografia. Em sua oração fúnebre, falaram representantes da AOB, da Escola de Agricultura, do 8º Batalhão. O Delegado de Polícia local, consternado, descerrou um retrato de Bentinho na Delegacia. Fruto de subscrição popular foi comprado o lote para sua sepultura e construído um túmulo digno, para perpetuar sua memória. Naquele ano, em Finados, a sepultura de Bentinho foi a mais profusamente iluminada pelos círios ardentes.


Policial exemplar, “para quem a felicidade do próximo era a própria felicidade”, segundo registro de Paulo Monte Serrar Filho, desapegado de bens materiais, humilde e digno, Bentinho foi o precursor do policiamento comunitário em Piracicaba e um dos vultos pioneiros a desenvolver tal estratégia no âmbito das polícias militares do Brasil. Uma via pública no bairro jardim Primavera, em Piracicaba, o homenageia, por meio do Decreto n.º 1.131, de 08/02/1971. Fonte: Revista A FORÇA POLICIAL – ANO 2007 JANEIRO/FEVEREIRO/ MARÇO – N.º 53


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