

Cartografar implica ações de observação, interpretação, síntese e representação. Não se circunscreve à criação gráfica de mapeamentos do território, mas incorpora vivências e visões da realidade e do mundo. Que caminhos exploramos no nosso quotidiano? Qual a nossa relação com o(s) espaço(s) que habitamos? Que vestígios deixamos no(s) espaço(s) que percorremos? Que marcas (visuais, olfativas, auditivas...) captam a nossa atenção? Como descrevemos o(s) espaço(s)? que memórias são conservadas? Estas constituem algumas questões que podemos lançar quando desejamos delinear uma representação cartográfica das vivências dos espaços e dos lugares.
Na verdade, a nossa relação com o território e com o lugar assume múltiplas dimensões sensoriais (perceção visual, sonora, atmosférica, … ), poéticas (memória do espaço, fruição estética do espaço), sociais e antropológicas (a partilha, apropriação e utilização coletiva do espaço). Cartografar significa selecionar e representar essas dimensões sob a configuração da metáfora visual.
Os trabalhos que agora se apresentam resultam de um processo de ensino-aprendizagem, realizado com estudantes do 1.º ano da licenciatura em Artes Visuais e Tecnologias da Escola Superior de Educação de Lisboa, ao longo do 1º semestre do ano letivo 2022-2023 na Unidade Curricular de Oficina de Artes, Tecnologias e Multimédia I (módulo de introdução à Pintura) e integrado no projeto IMAGO MUNDI - Cartografias, práticas artísticas, comunidade e representações do território (Refª: IPL/2022/ IMAGOMUNDI_ESELx).
Através de processos de pesquisa baseados na prática, envolvendo a experimentação e exploração de meios plásticos, foram desenvolvidos projetos de natureza pictórica caracterizados por uma desejável diversidade. Estes propõem diferentes cartografias poéticas que, aos relacionarem espaço, vivências, trânsitos e memórias (sensoriais e afetivas) atravessam transversalmente os domínios da psicogeografia ou da autobiografia.
A palavra, a linha, a cor ou a textura configuram fragmentos visuais que, no seu conjunto, assumem uma dimensão intersubjetiva, que não se esgota nos limites visuais da imagem apresentada. A composição traduz, assim, diversos momentos de tempo, detalhes quotidianos que passam facilmente despercebidos, origina outras geografias imaginadas, reconfigura espaços, propõe coletivamente, uma diversidade de mundos possíveis.
Lisboa, 4 de junho 2023
Teresa Matos Pereira
S/Título
Rafael Gonçalves
S/Título
50x70 cm
Técnica mista s/tela
2022
Rita Conceição
S/Título
70 x 50 cm
Técnica mista s/tela
2022
S/Título
50x70 cm
Técnica mista s/tela
2022
Maria SantosVera Soares
S/Título
50x70 cm
Técnica mista s/tela
2022
Eliana Lima
S/Título
50x70 cm
Técnica mista s/tela
2022
Jasmin Santos
S/Título
60x80 cm
Técnica mista s/tela
2022