Fauna do pantanal arara

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Corumbรก - MS

Fonte de Pesquisa:


Corumbá - MS Arara O termo arara designa várias aves psitaciformes de grande porte, cauda longa e bico muito forte, pertencentes a alguns géneros da família Psittacidae. O grupo encontra-se num estado de conservação ameaçada, graças à caça furtiva devido à sua procura como animais de estimação e, principalmente, ao desaparecimento do seu habitat.

Arara

Arara-canindé (Ara ararauna)

Classificação científica

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Corumbá - MS Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psitaciformes

Família:

Psittacidae

Distribuição geográfica

Géneros

Ara

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CorumbĂĄ - MS Guaruba Anodorhynchus Cyanopsitta Propyrrhura Orthopsittaca Diopsittaca

Etimologia "Arara" se origina do termo tupi a'rara.

Algumas Araras Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacintinus) Arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) Arara-vermelha (Ara chloroptera) Arara-canga ou Arara-piranga (Ara macao) Arara-canindĂŠ (Ara ararauna) Arara-militar (Ara militaris) Arara-de-saint-croix (Ara autocthones) Ararinha-de-testa-vermelha (Ara rubrogenys)

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Corumbá - MS Arara-azul-de-lear A arara-azul-de-lear (nome científico: Anodorhynchus leari) é uma espécie de arara da família Psittacidae endêmica do Brasil. Durante 150 anos de incertezas, sua área de distribuição no nordeste da Bahia só foi descoberta em 1978 pelo ornitólogo Helmut Sick. Espécie ameaçada de extinção pelo tráfico e destruição de habitat, possui uma população pequena, estimada em torno de 1000 animais, mas em crescimento.

Arara-azul-de-lear

Dois exemplares no Zoológico do Rio de Janeiro

Estado de conservação

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Corumbá - MS Em perigo (IUCN 3.1)

Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Anodorhynchus

Espécie:

A. leari

Nome binomial

Anodorhynchus leari Bonaparte, 1856

Distribuição geográfica

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Corumbá - MS

Mapa de distribuição da arara-azul-de-lear

Nomenclatura e taxonomia A espécie foi descrita por Charles Lucien Bonaparte em 1856 com o nome de Anodorhynchus leari baseada em um exemplar taxidermizado presente no Museu de Paris e de um indivíduo no Zoológico de Anvers. O epíteto específico foi em homenagem a Edward Lear que pintou um exemplar em uma prancha de seu livro "Illustrations of the Family of the Psittacidae, or Parrots" em 1828, entretanto, ele designou a espécie na época como sendo uma Macrocercus hyacinthinus.

Distribuição geográfica e habitat A espécie é endêmica do estado da Bahia, onde pode ser encontrada em duas colônias, Toca Velha e Serra Branca, ao sul do Raso da Catarina. Sua área de distribuição está restrita ao nordeste do estado ocorrendo nos municípios de Canudos, Euclides da Cunha, Paulo Afonso, Uauá, Jeremoabo, Sento Sé e Campo Formoso. Existem dois sítios de nidificação e dormitório conhecidos: um em Canudos, na região conhecida como Toca Velha, numa Reserva Particular do Patrimônio Natural de propriedade da Fundação

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Corumbá - MS Biodiversitas e outro em Jeremoabo, ao sul da Estação Ecológica do Raso da Catarina, unidade de conservação federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Características A arara-azul-de-lear é uma arara de porte médio, cujos indivíduos medem entre 70 e 75 centímetros. É muito semelhante em tamanho e coloração com a Anodorhynchus glaucus, sendo que as principais diferenças entre os táxons estão na plumagem do dorso, que é azul-cobalto na leari e azul mais pálido e esverdeado na glaucus, que apresenta também tons de cinza na cabeça e no pescoço. As asas e a cauda também possuem uma coloração azul-cobalto enquanto o ventre é azul mais pálido. Possui um grande bico negro e a plumagem da cabeça e do pescoço é azul-esverdeada. O anel Peri oftálmico é amareloclaro, e na base da mandíbula apresenta uma área nua de formato triangular de coloração amarelo-claro.

Ecologia e comportamento Se alimenta preferencialmente dos frutos do licuri (Syagrus coronata). Essa arara torna-se madura para a reprodução aos 3 anos e sua época reprodutiva é entre novembro e março. Normalmente nascem 2 filhotes por vez e a gestação dura em torno de 30 dias. Depois do nascimento das araras azuis, elas ficam cerca de 3 meses no ninho sob cuidado dos pais, até se aventurarem no primeiro voo.

Paredão de arenito com nichos multiformes escavados que servem de dormitório e lugar de nidificação para a arara-azul-de-lear.

Conservação A arara-azul-de-lear é classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como "em perigo", até 2008 era considerada como "em perigo crítico", mas o aumento da população devido as medidas de conservação fizeram com a classificação fosse revista em 2009. Na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES) aparece no "Appendix I", e pelo Ministério do Meio Ambiente como "em perigo crítico" desde 2003. Par de araras-azuis-de-lear na Estação Biológica de Canudos, na Bahia.

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Corumbá - MS A espécie foi descoberta por volta de 1823, e ao longo dos anos, diversos exemplares foram enviados para zoológicos da Europa, no entanto, nada se sabia sobre a procedência e a área de ocorrência da espécie. Na segunda metade do século XX, Olivério Pinto, em uma expedição pelo Nordeste, encontrou um exemplar cativo no município de Juazeiro, e indicou o Nordeste brasileiro como a possível área de distribuição da arara. Em dezembro de 1978, Helmut Sick e colaboradores realizaram uma expedição partindo de Euclides da Cunha à procura da espécie. A cerca de 11 quilômetros da cidade encontraram a região de Toca Velha com 21 indivíduos. Também encontraram a área de Serra Branca, onde coletaram um espécime depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1980 iniciaram-se os esforços de pesquisa e conservação das áreas de nidificação e dormitório, sendo 1983 criada a Estação Ecológica do Raso da Catarina. Em 1993, a Fundação Biodiversitas adquire uma porção de 130 hectares da área de Toca Velha e cria a Estação Biológica de Canudos, ampliada em 1 500 hectares em 2007, e passando a incluir todos os paredões utilizados pelas aves. Em 2001 é criado o "Programa de Conservação da araraazul-de-lear" no município de Jeremoabo.

Arara-azul-grande A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), também chamada arara-jacinto, araraúna, ararapreta e araruna, é uma ave da família Psittacidae que vive nos biomas da Floresta Amazônica e, principalmente, no do Cerrado e Pantanal. Possui uma plumagem azul com uma pele nua amarela em torno dos olhos e fita da mesma cor na base da mandíbula. Seu bico é desmesurado, parecendo ser maior que o próprio crânio. Sua alimentação, enquanto vivendo livremente, consiste de sementes de palmeiras (cocos), especialmente o licuri.

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Corumbá - MS Arara-azul-grande

Estado de conservação

Em perigo (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

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Corumbá - MS Género:

Anodorhynchus

Espécie:

A. hyacinthinus

Nome binomial Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1790) Distribuição geográfica

Etimologia "Arara" é oriundo do tupi a'rara."Jacinto" é uma referência à flor homônima, também de coloração azul. "Araraúna" e "araruna" são oriundos do tupi a'rara una, que significa "arara preta", "arara escura".

Descrição Essa arara torna-se madura para a reprodução aos três anos e sua época reprodutiva ocorre entre novembro e janeiro. Nascem dois filhotes por vez e a incubação dura cerca de trinta dias. Depois que nascem, as araras-azuis-grandes ficam cerca de três meses e meio no ninho, sob o cuidado dos pais, até se aventurarem no primeiro voo. A convivência familiar dura até um ano e meio de idade, quando os filhotes começam a se separar gradativamente dos pais. Esta espécie ainda é avistada em três áreas brasileiras e em pequenas partes do território boliviano. A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção proíbe sua venda, mas a arara-azul-grande é popular no comércio ilegal de aves.

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Corumbá - MS

Arara-azul-pequena A arara-azul-pequena (nome científico: Anodorhynchus glaucus) é uma espécie de arara da família Psittacidae. Era encontrada nas bacias dos rios Paraná, Uruguai e Paraguai, no noroeste da Argentina, sul do Paraguai, nordeste do Uruguai e sul do Brasil. Também é conhecida pelos nomes vernáculos de arara-azul-claro, arara-celeste, arara-preta, araraúna e araúna. É considerada extinta por muitos pesquisadores por não ser avistada na natureza há mais de 80 anos, sendo que não existem exemplares em cativeiro.

Nomenclatura e taxonomia Louis Jean Pierre Vieillot descreveu em 1816 uma nova espécie de arara com o nome de Macrocercus glauca baseada nos relatos de Félix de Azara sobre um "guacamayo azul" encontrado por ele no sul da

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Corumbá - MS América do Sul. Em 1825, Vieillot mudou de opinião e considerou a nova espécie como sinônimo da Macrocercus hyacinthinus. Johann Georg Wagler em 1832 conservou a espécie como um táxon distinto, recombinando-a para Sittace glauca. Charles Lucien Bonaparte em 1856 recombinou a espécie paraAnodorhynchus glaucus. E em 1857, juntamente com Charles de Souancé e Émile Blanchard, enfatizam os caracteres diagnósticos da Anodorhynchus glaucus como uma espécie distinta.

Arara-azul-pequena

Ilustração de Bourjot Saint-Hilaire, em Histoire naturelle des Perroquets 1837-1838. Estado de conservação

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Corumbá - MS Em perigo crítico (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Anodorhynchus

Espécie:

A. glaucus

Nome binomial Anodorhynchus glaucus (Vieillot, 1816)

Distribuição geográfica e habitat A espécie encontrava-se historicamente distribuída pelo norte da Argentina, sul do Paraguai, nordeste do Uruguai e sul do Brasil, ao sul do estado do Paraná. Ela era endêmica dos cursos médios dos rios Uruguai, Paraná e Paraguai e áreas adjacentes. Os relatos feitos pelos exploradores no século XVIII e XIX indicam que a espécie habitava savanas arborizadas entremeadas com matas e palmares, como as palmeiras de butiá-jataí (Butia yatai), especialmente ao longo de rios com barrancos escarpados. Há poucos registros da espécie no Brasil, sendo que apenas dois exemplares taxidermizados muito antigos coletados no Brasil, mas sem uma designação específica do local, são conhecidos. Outros registros provém de relatos feitos em 1767, por Sánchez Labrador, de aves no banco leste do rio Uruguai,

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Corumbá - MS referindo-se tanto do Uruguai como do Rio Grande do Sul; em 1820 Bourjot Saint-Hilaire em viagem por Santa Catarina, relatou a presença de araras azul-esverdeadas próximo à Laguna; e na passagem de ano de 1823-1824, Friedrich Sellow comunicou que uma arara-azul-pequena tinha nidificado em uma encosta nas proximidades de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul; o último registro feito foi na década de 1960 no sudoeste do estado do Paraná, quando um morador local afirmou ter visto eventualmente entre os anos de 1961 e 1964 araras azul-esverdeadas nos paredões escarpados do rio Iguaçu.

Características A arara-azul-pequena é a menor representante do gênero Anodorhynchus com 69 centímetros de comprimento. A plumagem tinha uma coloração azul pálida e esverdeada, a cabeça era grande, de plumagem acinzentada, com um bico grande e uma cauda muito longa. A área nua na base da mandíbula possuía formato quase triangular e de tom amarelo-pálido. O anel perioftálmico era amarelo, mais pálido do que na região em torno da mandíbula, e o tarsometatarso era cinza escuro.

Recriação digital de Anodorhynchus glaucus com base em fotografias de espécimes de museu.

Conservação A arara-azul-pequena é classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como "em perigo crítico possivelmente extinto", apesar do último registro ter sido um relato feito na década de 1960. Na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES) aparece no "Appendix I", e pelo Ministério do Meio Ambiente como extinta desde 2003. A espécie nunca foi muito comum na sua área de distribuição e as populações diminuíram consideravelmente durante a metade século XIX devido a caça e o tráfico ilegal, assim como também pela destruição e degradação do habitat. Durante o século XX dois registros são aceitos, uma observação direta no Uruguai em 1951 e relatos locais no estado do Paraná no início da década de 1960. Embora geralmente considerada extinta, rumores persistentes de avistamentos recentes, relatos locais e rumores de aves comercializadas, na Holanda na década de 1970, no Brasil em meados 1970 e na Suécia na década de 1980, indicam que a espécie possa ter sobrevivido. A espécie possui poucos registros de cativeiro, sendo que os últimos exemplares morreram no Zoológico de Londres em 1912, no Jardin d'Acclimatation, em Paris, em 1905 ou 1914, e no Zoológico de Buenos Aires em 1936.

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Corumbá - MS

Ararinha-azul A ararinha-azul (nome científico: Cyanopsitta spixii, do grego: kuanos, "azul-piscina; ciano" + do latim: psitta, "papagaio"; e spixii, em homenagem a Johann Baptist von Spix) é uma espécie de ave da família Psitacídea endêmica do Bras il. É a única espécie descrita para o gênero Cyanopsitta. Outros vernáculos associados a esta espécie são arara-azul-despix, arara-do-nordeste e arara-celeste. Habitava matas de galeria dominadas por caraibeiras associadas a riachos sazonais no extremo norte do estado da Bahia, ao sul do rio São Francisco. Todos os registros históricos para a espécie estão localizados nos municípios de Juazeiro e Curaçá na Bahia, com apenas relatos da presença da ave nos estados de Pernambuco e Piauí. A arara mede cerca de 57 centímetros de comprimento e possui uma plumagem azul, variando em tons pálidos e vividos ao longo do corpo. Pouco se conhece sobre sua ecologia e comportamento na natureza. Sua dieta consistia principalmente de sementes de pinhão-bravo e fave leira. E a nidificação era feita em caraibeiras, em ocos naturais ou feito por pica-paus. O período de reprodução estava associado a época das chuvas. Em decorrência do corte indiscriminado de árvores da caatinga e do tráfico ilegal, a população se reduziu até restar um único indivíduo que desapareceu em 2000/2001. Está seriamente ameaçada de extinção, tendo somente 73 exemplares em cativeiro, e declarada extinta na natureza pelo governo brasileiro. Entretanto, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) ainda a classifica como "em perigo crítico", possivelmente "extinta na natureza".

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Corumbá - MS

Ararinha-azul

Ararinha-azul juvenil em cativeiro. Estado de conservação

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Corumbá - MS Em perigo crítico Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Cyanopsitta Bonaparte, 1854

Espécie:

C. spixii

Nome binomial Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832)

Nomenclatura e taxonomia Relações filogenéticas do gêneroCyanopsitta Cyanopsitta Orthopsittaca

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Corumbá - MS Primolius Ara

A primeira descrição da espécie foi feita por Johann Baptist von Spix em 1824 com o nome de Arara hyacinthinus. No entanto, o epíteto específico estava pré-ocupado pelo Psittacus hyacinthinus descrito por John Latham em 1790. Johann Georg Wagler, que foi assistente de von Spix na publicação do livro de 1824, substituiu o nome científico da espécie para Sittace spixii em 1832. Em 1854,Charles Lucien Bonaparte descreveu um novo gênero para a espécie, o Cyanopsitta, recombinando o nome científico para Cyanopsitta spixii. Ocasionalmente, a espécie foi inserida no gênero Ara. Helmut Sick (1997) não considerava a Cyanopsitta spixii como uma arara, por suspeitar que a espécie possuía um maior relacionamento com as jandaias. Análises moleculares demonstraram que o gêneroCyanopsitta está mais relacionado com os gêneros Primolius, Ara e Orthopsittaca do que com o Anodorhynchus e Aratinga.

Distribuição e habitat A espécie ocorria principalmente na margem sul do rio São Francisco em matas de galerias dominadas por caraibeiras (Tabebuia aurea). A área de registro histórico está situada na região do submédio São Francisco no noroeste da Bahia entre as cidades de Juazeiro e Abaré. Os únicos registros confirmados estão nas proximidades da cidade de Juazeiro, onde o holótipo foi coletado em abril de 1819 por von Spix durante a Expedição Austríaca ao Brasil, e na área dos riachos Barra Grande-Melância no município de Curaçá, onde alguns indivíduos foram redescobertos em 1985-1986 e posteriormente em 1990. Um registro não confirmado indicou também a presença da ave no riacho da Vargem situado nos municípios de Abaré e Chorrochó. O único registro, baseado em informação local, ao norte do rio São Francisco no estado de Pernambuco, é proveniente do riacho da Brígida localizado nos municípios de Orocó e Parnamirim. Dois registros são conhecidos para o estado do Piauí, um de 1903, quando Othmar Reiser relatou dois avistamentos próximos ao lago Parnaguá, e outro em março-abril de 1975 na região de Serra Branca, por Niéde Guidon durante uma expedição arqueológica. Alguns autores consideravam a distribuição da ararinha-azul associada com os buritizais, indicando uma área de distribuição no sul do Piauí, extremo sul do Maranhão, noroeste de Goiás (hoje Tocantins), noroeste da Bahia e extremo sudoeste de Pernambuco. Foi somente na década de 80 com a redescoberta da arara que observou-se que o habitat preferencial da ave estava associado com a caraibeira, que está restrita a margens e várzeas de riachos estacionais existentes na Caatinga, especialmente no submédio São Francisco.

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Corumbá - MS Características A ararinha-azul mede de 55-60 centímetros de comprimento, possui uma envergadura de 1,20 metros e pode pesar de 286 a 410 gramas. A plumagem possui vários tons de azul. O ventre tem um tom pálido a esverdeado enquanto o dorso, asas e cauda tons mais vividos. As extremidades das asas e cauda são pretas. A fronte, bochechas e região do ouvido são azul-acinzentados. O loro e o anel perioftálmico são nus e a pele é de coloração cinza-escura nos adultos. A cauda é proporcionalmente mais longa e as asas mais longas e estreitas que as demais araras. O bico é inteiramente preto e os pés são marrom-escuros a pretos. A íris é amarela. O juvenil se diferencia do adulto por apresentar a cauda mais curta, a íris cinza, a faixa nua na face mais clara e uma faixa branca na frente do colmem do bico. Essas diferenças desaparecem quando a ave atinge a maturidade sexual. Apresenta dimorfismo sexual, sendo as fêmeas menores que os machos, quanto a plumagem não há diferenças.

Litografia feita por Joseph Smit em 1878.

Ecologia e comportamento

Semente da faveleira.

As informações sobre a ecologia e o comportamento da ararinha são limitadas, já que as pesquisas só começaram na década de 80, quando somente três indivíduos restavam na natureza. Os dados obtidos da observação dos três últimos espécimes foram insuficientes para a dedução de informação confiável sobre as necessidades biológicas e de habitat da espécie. A alimentação consistia de flores, frutos, polpa, seiva e principalmente de sementes, sendo ao todo identificados 13 espécies de plantas na dieta do último indivíduo observado na natureza. A dieta era composta principalmente de sementes de pinhão-bravo (Jatropha mollissima) e faveleira (Cnidoscolus quercifolius) que representavam cerca de 81% da dieta. Outros fontes alimentares incluíam as vagens da caraibeira (Tabebuia aurea) e da baraúna (Schinopsis brasiliensis), e os frutos do joazeiro (Zizyphus joazeiro), do pau-de-colher (Maytenus spinosa) e de facheiros e outras cactáceas (Pilosocereus spp.).

A estação reprodutiva estava relacionada com a época das chuvas, ocorrendo de outubro a março. A espécie era dependente de árvores da espécie Tabebuia aurea onde nidificavam. O ninho era feito em ocos naturais ou feitos por pica-paus (Campephilus melanoleucos) e normalmente de dois a três ovos eram postos. Relatos feitos na observação do último exemplar na natureza, revelou que a espécie

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Corumbá - MS pernoitava em facheiros (Pilosocereus spp.), possivelmente para proteção. A longevidade máxima registrada foi de 27 anos em um indivíduo em cativeiro.

Conservação A ararinha-azul é classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como "em perigo crítico" (possivelmente extinta na natureza), na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES) aparece no "Appendix I" e pelo Ministério do Meio Ambiente como extinta na natureza desde 2002. O declínio populacional da espécie está associado com a perda do habitat, competição com abelhas africanizadas por ninhos, caça e tráfico de filhotes. Durante as últimas décadas, o tráfico ilegal foi possivelmente a principal causa da extinção da espécie na natureza. O maior responsável pelo desaparecimento desta ave é o homem devido ao intenso tráfico. Os compradores são atraídos pela sua bela cor azul e principalmente pela ganância de possuir uma espécie tão rara. Um exemplar da ararinha-azul chega a custar no mercado negro milhares de dólares.

Cativeiro A ararinha-azul é uma das aves mais raras e protegidas do mundo. Em 2010, o número oficial de espécimes em cativeiro chegou a 73, distribuídos em cinco instituições. Mas acredita-se que possa haver até 120 animais espalhados pelo mundo. Destes, apenas seis podem ser encontrados no Brasil, sendo que dois estão no zoológico de São Paulo. Apesar de serem um casal, as ararinhas-azuis do Zoológico de São Paulo nunca tiveram filhotes. Instituições

Localidade

Machos

Fêmeas

Desconhecido Total

22

34

0

56

Berlim

0

2

0

2

Fundação Parque Loro (LPF)

Tenerife

3

5

0

8

Fundação Lymington (LF)

São Paulo

2

1

0

3

São Paulo

2

1

0

3

29

43

0

72

Al

Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP)

Association for the Conservation Threatened Parrots (ACTP)

Fundação Parque Paulo (FPZSP)

Zoológico

de

Shahaniyah of

São

Total

21


Corumbá - MS Aspectos culturais Em 2011, o filme de animação Rio teve como personagem principal uma ararinha-azul. E em 2014, o filme de animação Rio 2, que teve como personagem principal uma ararainha-azul chamado Blue.

Arara-vermelha A arara-vermelha (Ara chloropterus), também chamada arara-verde, araracanga, aracanga, araramacau, ararapiranga emacau, é uma ave psitaciforme, nativa das florestas do Panamá, Brasil, Paraguai e Argentina. A sua alimentação é baseada em sementes, frutas e coquinhos.

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Corumbá - MS Arara-vermelha

Dois exemplares em cativeiro Estado de conservação

Pouco preocupante (IUCN 3.1) Classificação científica

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Corumbá - MS Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Ara

Espécie:

A. chloropterus

Nome binomial Ara chloropterus (Gray, 1859) Distribuição geográfica

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Corumbá - MS Etimologia "Araracanga" e "aracanga" vêm do termo tupi arara'kãga. "Arara" vem do tupi a'rara. "Ararapiranga" vem do termo tupi para "arara vermelha". Araguaia. No Brasil ocorre desde a Amazônia até oeste do Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Assim como a arara-Canindé, também vive na cidade de Campo Grande. A observação de bandos de araras vermelhas expandindo e migrando está tornando possível a ocorrência desta espécie na divisa dos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, onde já era considerada extinta.

Descrição A arara-vermelha mede até noventa centímetros de comprimento e pesa até 1,5 quilogramas. Cada postura é composta por ovos de cinco centímetros, incubados por 29 dias. O ninho dessa arara é feito em ocos de árvores, mas ela também se aproveita de buracos em paredes rochosas para colocar os ovos, os quais são chocados apenas pela fêmea, que fica no ninho. Quem cuida de garantir a alimentação tanto da fêmea como dos filhotes é o macho, que, nessa espécie, é fiel, mantendo a mesma companheira durante a vida inteira.

Araracanga A araracanga (Ara macao, Linnaeus, 1758), também chamada aracanga, araramacau, ararapiranga, macau e arara-vermelha-pequena, é a terceira maior representante do gênero Ara, que reúne araras e maracanãs. Ocupa um grande território na América que vai do sul do México até o norte do estado brasileiro do Mato Grosso. É uma das aves mais emblemáticas das florestas neotropicais, mas sua população vem declinando e em algumas áreas já foi extinta ou está em grande perigo. A população centro americana está particularmente ameaçada. Entretanto, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, em 2009, classificou o estado da espécie globalmente como "pouco preocupante" (LC).

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Corumbรก - MS

Araracanga

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Corumbá - MS Estado de conservação

Pouco preocupante (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Ara

Espécie:

A. macao

Nome binomial Ara macao (Linnaeus, 1758 Distribuição geográfica

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Corumbá - MS

Distribuição da Araracanga

Etimologia "Araracanga" e "aracanga" vêm do termo tupi arara'kãga. "Arara" vem do tupi a'rara. "Ararapiranga" vem do termo tupi para "arara vermelha".

Taxonomia e descrição Foi descrita pela primeira vez por Lineu em 1758. Tradicionalmente, tem sido considerada uma espécie monotípica, como a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais ainda o faz, mas, há alguns anos, foi proposta a divisão em duas ou três subespécies. O Sistema Integrado de Informação Taxonômica reconhece apenas duas: Ara macao macao (Linnaeus, 1758), presente na América do Sul e Ara macao cyanopterus (ou cyanoptera) Wiedenfeld, 1995, que ocorre na América Central. Os indivíduos desta espécie pesam cerca de 1,2 quilogramas, com 85-91 cm de comprimento. Sua plumagem geral é vermelha com verde, asas em azul e amarelo e face glabra e branca. Os olhos vão do branco ao amarelo. Têm pernas curtas e uma longa cauda pontuda, asas largas, um bico largo, curvo e forte com parte superior branca e inferior negra e pés zigodáctilos, que os tornam hábeis escaladores e manipuladores de objetos. Quando voam e se alimentam, emitem um característico grito forte e rouco, como um RRAAAAH, e são capazes de articular sons imitando palavras humanas ou vozes de outros animais.

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Corumbá - MS Ocorrência, ameaças e conservação A Ara maca o ocorre em uma vasta área americana, indo do sul e leste do México até o Panamá, com um hiato, então continuando por todo o norte da América do Sul até o norte do Mato Grosso, incluindo regiões adjacentes do Maranhão, Pará e Bolívia. No Peru e Equador ocorre em toda parte a leste da Cordilheira dos Andes. Já foi vista até no nordeste da Argentina. A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais indica, como países nativos da Ara maca o: Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela. Foi introduzida pelo homem em Porto Rico e algumas áreas urbanas dos Estados Unidos, Europa e outros pontos da América Latina.

Sua população total é estimada entre 20 000 e 50 000 indivíduos, mas está em declínio. Entretanto, o número é considerado ainda expressivo, o que, junto com a sua grande área de ocorrência e o ritmo relativamente lento do seu declínio populacional, fez a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais declarar a Ara maca o como em condição "pouco preocupante" (LC). Porém, há um consenso de que a espécie precisa receber atenção. Já foi declarada como "ameaçada" na lista Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção. De fato, há muitas razões para se preocupar e os esforços até agora têm sido insuficientes para reverter a tendência de queda populacional. As maiores ameaças para esta espécie são a destruição do seu ambiente e a caça predatória, estando entre as aves mais cobiçadas no tráfico ilegal de animais silvestres. Como a sua longa e vistosa cauda não cabe nos ninhos, fica para fora, o que a denúncia facilmente para os caçadores num período em que a ave fica particularmente vulnerável a inimigos, e como seu ciclo reprodutivo é longo, sua população cresce devagar. Em alguns lugares ainda é caçada pela carne. Em El Salvador, foi extinta e desapareceu do leste do México e da costa pacífica da Nicarágua e Honduras. No Panamá e na Costa Rica está ameaçada, e na Guatemala, Peru e Venezuela se tornou

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Corumbá - MS rara. Em Belize é muito rara, calculava-se em 1997 a existência de apenas 30 indivíduos, embora um grupo adicional tenha sido mais tarde redescoberto. Como visto, a subespécie cyanoptera, que ocorre na América Central, já se tornou no geral extremamente rara e sua extinção fora de reservas especialmente bem protegidas é considerada inevitável. Por outro lado, vários países adotaram medidas de conservação da espécie, criando leis e reservas, e projetos privados de monitoramento de ninhos, mapeamento de populações, educação ambiental e criadouros para soltura também estão sendo realizados, com resultados positivos. Ela se tornou um grande atrativo no ecoturismo de algumas regiões, o que pode contribuir para sua conservação.

Comportamento, reprodução

alimentação

e

Prefere viver em altitudes não superior a mil metros nas galerias das florestas tropicais, úmidas ou secas, frequentando os estratos arbóreos superiores, embora desça ao solo em ocasiões. Pode viver nas beiras das matas, nos descampados, desde que sobrevivam algumas árvores grandes e altas, e habitar até áreas suburbanas se não for molestada. Prefere a proximidade dos rios, mas pode obter água também de depósitos naturais em bromélias e forquilhas de troncos. Gosta de tomar banho de chuva e entre seus hábitos está roer muita madeira. Não tem grande fôlego, sendo capaz só de voos curtos, mas é um excelente escalador e acrobata das árvores. Manipula seus alimentos com uma pata com grande habilidade e parece gostar de se divertir com objetos vários que encontra. Pelo seu tamanho quase Araracangas se alimentando de barro junto não tem predadores, mas felinos e aves de rapina de com araras-de-barriga-amarela e papagaios grande porte podem caçá-la. É uma espécie muito gregária e pode conviver com outras araras e papagaios. Voa em pares ou grupos de três, unidos frouxamente a um grande grupo. Alimenta-se em grupos grandes, preferencialmente de sementes de frutos ainda verdes, mas também come frutos maduros, folhas, larvas, flores, brotos, néctar

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Corumbá - MS e ocasionalmente terra, para obter suplementos minerais e eliminar toxinas da dieta. Tem um importante papel de dispersora de sementes no equilíbrio de seus ambientes, e como prefere as sementes, muitas vezes descarta as polpas dos frutos, que caem ao solo ou ficam expostas, sendo consumidas por outras aves, insetos e mamíferos que de outra forma não teriam acesso a elas. Com seu bico poderoso abre sementes muito duras, cujas sobras também servem de alimento para outras espécies. Os casais são monogâmicos e inseparáveis. Nidificam geralmente em ocos de troncos, muitas vezes de árvores mortas, mas também em fendas em paredões de rocha. Colocam de um a três ovos, que a fêmea choca por 22 a 34 dias (há discordância entre os autores), sendo alimentada pelo macho. Os filhotes nascem em dias diferentes, implumes, cegos e indefesos. Ambos os pais cuidam da ninhada e a defendem com vigor, mas pode ser atacada por répteis e mamíferos. As crias comem uma papa regurgitada pelos pais e com dois a três meses deixam o ninho, mas permanecem junto dos pais por algum tempo, aprendendo como viver na floresta. Sua plumagem adulta só é conseguida aos dois anos. Atingem a maturidade sexual aos três anos e podem viver em média de 40 a 60 anos. Já foram registrados exemplares com 75 anos em cativeiro.

Importância cultural Esta arara é uma figura destacada em muitas culturas indígenas americanas desde tempos imemoriais. Foi identificada em murais em Bonampak e foi esculpida em pedra em Copam, ambos monumentos da cultura Maia, que a identificava com o calor solar e a associava à deidade primordial chamada Sete Araras. Entre os Astecas era a ave que carregava até a vida além-túmulo as almas dos mortos nascidos no 11º dia de sua semana de treze dias. Uma arara, identificada como provavelmente a maca o, era a principal deidade aviforme na cultura Izapan. Suas penas, usadas em adornos e artefatos religiosos, foram encontradas em muitos itens arqueológicos, incluindo múmias do Peru. Também foi encontrado um esqueleto parcial desta arara sobre a cabeça de um esqueleto humano em um enterramento no Panamá, que pode ter sido de um xamã. Entre os Bribri da Costa Rica era um animal protetor; suas penas vermelhas eram usadas em ritos de cura e em cerimônias fúnebres para afugentar maus espíritos e iluminar o caminho dos Um exemplar empalhado e um manto indígena mortos até o novo mundo. A água que elas bebiam de confeccionado com suas penas, Museu Etnológico ocos em troncos também era considerada curativa. de Estocolmo

Desde antes da chegada de Colombo foi muito procurada, na região do norte do México e sudoeste dos Estados Unidos, para retirada de plumas, para funções rituais e para domesticação, com um grande centro de criação em Paquimé. Atraiu de imediato a atenção também do homem branco assim que ele chegou à América. Esta arara aparece no primeiro mapa do Brasil, datado de 1502. Existem indícios de que os descobridores europeus já haviam-na encontrado na última década do século XV, em 1498, na desembocadura do Rio

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Corumbá - MS Orinoco. Jean de Léry a considerou uma das duas aves mais belas do mundo, junto com a arara-debarriga-amarela. Ainda hoje está presente nas culturas indígenas que sobreviveram. Como exemplo, os Yanomami, nos ritos ligados à entidade mítica Wasulumani, representada pela Ara macao, evitam o uso de penas multicores para não ofendê-la, competindo com seu esplendor, e seus adornos se limitam a penas de cores preta e branca. Além disso, sua imagem aparece nas obras de vários artistas antigos e contemporâneos de todo o mundo, seja em pintura, gravura, fotografia e outras técnicas, incluindo estamparia de tecidos. Sua imagem também já foi impressa em selos.

Um exemplar domesticado

A Ara maca o é também muito apreciada como animal de estimação. Como outras de sua família, é muito sociável e dócil, mas sua criação é bastante trabalhosa, pois são aves grandes que exigem amplas instalações e precisam de muito estímulo do tratador; pessoas que passam a maior parte do dia fora de casa não devem manter esta espécie em cativeiro, além de ser imprescindível oferecer-lhes brinquedos diversos com que possam se exercitar e manter-se ocupadas em outros horários. Podem também causar algum incômodo por serem animais naturalmente barulhentos. Para que se mantenham saudáveis a dieta deve ser variada, incluindo sementes, vegetais e frutas frescas. É recomendável disponibilizar um osso para que obtenham cálcio e desgastem o bico sempre em crescimento. Como seus hábitos incluem roer madeira, as gaiolas devem ser de metal, e devem possuir uma área grande para que possam voar. À noite a gaiola pode ser coberta para manter as aves tranquilas e habituá-las a horários definidos. Muitos criadores costumam cortar parte de suas penas alares para diminuir sua capacidade de voo e mantê-las sob o alcance e controle. Elas podem ser treinadas para imitar a voz humana e podem ser manipuladas, desde que com gentileza e atenção. Sob estresse, na forma de gaiolas pequenas, má alimentação, maus tratos ou recebendo pouca atenção, podem desenvolver doenças e comportamentos aberrantes, incluindo aumento da agressividade e da destrutividade, que podem chegar até a automutilação.

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Corumbá - MS Arara-canindé A arara-canindé (Ara ararauna, Linnaeus, 1758), também conhecida como arara-de-barriga-amarela, arari, araraamarela, arara-azul-e-amarela, araraí e canindé, é uma das mais conhecidas representantes do gênero Ara, sendo uma das espécies emblemáticas do cerrado brasileiro e importante para muitas comunidades indígenas. É muito apreciada como animal de estimação. Ocorre da América Central ao Brasil, Bolívia e Paraguai.

Etimologia "Arara" provém do tupi a'rara. "Canindé" é oriundo do tupi kanimé. "Arari" provém do tupi ara'ri.

Descrição Os indivíduos desta espécie pesam cerca de 1,1 quilogramas e chegam a medir até noventa centímetros de comprimento, com partes superiores azuis e inferiores amarelas, alto da cabeça verde, fileiras de penas faciais negras sobre o rosto glabro e branco, olhos de íris amarela e garganta negra. Têm uma longa cauda triangular, asas largas, um bico escuro grande e forte e as típicas patas zigodáctilas dos psitacídeos, com dois pares de dedos opostos, o que lhes dá grande destreza para escalar árvores e manipular os alimentos. Seu grito típico é um RRAAAAK gutural e áspero com entonação ascendente, mas podem produzir diversas outras vocalizações mais anasaladas e musicais.

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Corumbá - MS Arara-canindé

Estado de conservação

Pouco preocupante (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

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Corumbá - MS Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Ara (Lacepede, 1799)

Espécie:

A. ararauna

Nome binomial Ara ararauna (Linnaeus, 1758) Distribuição geográfica

Distribuição geográfica atual da arara-canindé

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Corumbá - MS Distribuição, ameaças e conservação A Ara ararauna ocorre em uma grande região da América do Sul a leste da Cordilheira dos Andes, concentrada na região amazônica até o norte do Paraguai e Bolívia, mas chegando ao litoral somente no norte do continente, entre o Pará e a Venezuela. Também é encontrada em ilhas de ocorrência no sul do Panamá, Peru, Equador e Colômbia. No Pantanal, sua ocorrência é rara. Foi introduzida pelo homem em Porto Rico. É raramente avistada em altitudes superiores a 1 650 m. Graças à sua vasta distribuição e grande população estimada, esta espécie de arara não está em condição de ameaça imediata, mas sua população vem declinado diante da destruição do ambiente e do comércio intenso, muitas vezes ilegal, sendo procurada em todo o mundo como animal de estimação por sua docilidade em cativeiro e grande beleza. Entre 1981 e 2005, foi registrado o comércio de 55 531 exemplares, e o preço por indivíduo pode chegar a 4 000 dólares estadunidenses. O relatório da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres apontou a existência de quatro tipos de tráfico de animais no Brasil. O primeiro é o tráfico para colecionadores particulares e zoológicos. Os principais clientes situam-se na Europa, Ásia e América do Norte e, entre as espécies mais procuradas, encontrase a arara-canindé. A segunda modalidade, a chamada biopirataria, sequestrando espécimes para a pesquisa científica, não chega a atingir a canindé, mas a terceira sim, a que busca animais para petshops, bem como a quarta, que busca suas penas para a indústria da moda.

A atividade predatória do homem já fez com que em alguns locais fosse extinta, como em Trinidad e Tobago, Santa Catarina, Paraguai e Bolívia, ou quase extinta, como em São Paulo. Na área do cerrado, atualmente o bioma mais ameaçado da América do Sul, onde outrora abundava, já é considerada em perigo. O caso se torna mais grave quando se sabe que a canindé está envolvida na dispersão de sementes, atividade importante para o equilíbrio do seu ecossistema, e que os caçadores clandestinos muitas vezes abatem as árvores com os ninhos para chegar aos filhotes, prejudicando a reprodução de diversas espécies de aves que utilizam o mesmo ninho em épocas reprodutivas diferentes. Por outro lado, medidas para sua conservação já foram e estão sendo tomadas. O governo brasileiro proíbe o comércio e cativeiro de animais silvestres em geral e mantém reservas ecológicas onde ela

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Corumbá - MS ocorre, e algumas regiões elaboraram políticas específicas para sua proteção. Já existem diversos projetos, mantidos pela iniciativa privada e/ou pelos governos, para o estudo, proteção e recuperação das populações de araras-canindé, e os criadouros comerciais regulamentados também contribuem na proteção e propagação da espécie. As técnicas para sua criação já foram bem dominadas e o número de ovos produzidos em cativeiro a cada postura pode chegar a vinte, em comparação com a média de dois na natureza.

Comportamento e reprodução As araras-canindé na natureza vivem em habitats variados, desde a floresta tropical úmida até savanas secas. Vivem preferencialmente no estrato arbóreo superior e em proximidade da água. Essas aves, como outros membros de sua família, são gregárias e barulhentas, podendo viver em comunidades numerosas, mas grupos pequenos ou mesmo apenas casais com crias também são comuns. Podem passar longos períodos do dia em repouso, relacionando-se com companheiros ou fazendo acrobacias no alto dos galhos. Voam em pares ou em grupos de três indivíduos, frouxamente ligados a um grupo maior. São grandes voadoras e podem transpor grandes distâncias entre os locais de repouso e nidificação e os de alimentação a cada manhã e tardinha, e tipicamente seus gritos são ouvidos muito antes de as aves serem vistas. Ocasionalmente alguns exemplares podem ser encontrados a grande distância de suas áreas de frequentação habitual. Uma vez que formam casal, não mais se separam. Se em sua região os locais para nidificação são escassos, casais podem expulsar ou matar ocupantes de ninhos já estabelecidos. Nidificam a cada dois anos entre agosto e janeiro, em buracos que escavam nos troncos de árvores e palmeiras. A serragem resultante se acumula no fundo e serve para secar as fezes e acolchoar os ovos, em geral dois, podendo chegar a cinco, que a fêmea, principalmente, choca por cerca de 25 dias. O macho alimenta a fêmea durante este período e protege o ninho de invasores. Um estudo realizado no Parque Nacional das Emas, monitorando dezoito ninhos, indicou uma taxa de natalidade de 72%. Os filhotes nascem implumes, cegos e indefesos, e são alimentados por ambos os pais com frutas e sementes regurgitadas, Grupo de araras-canindé se alimentando de argila permanecendo no ninho por três meses. Mesmo depois em uma encosta de aprenderem a voar as crias permanecem com os pais por até um ano inteiro, e atingem a maturidade sexual somente depois de três ou quatro anos. Seus maiores inimigos são aves de rapina de grande porte, mas tucanos e primatas de médio porte podem predar ovos e filhotes. Alimentam-se de sementes e frutos, incluindo o buriti (Mauritia flexuosa), o cajuzinho (Anacardium humile), o iriri (Allagoptera leucocalyx) e a gabiroba (Campomanesia adamantinum), de preferência ainda verdes, a despeito das toxinas ou do sabor desagradável que tais alimentos possam ter. Reúnem-se em grandes bandos em encostas argilosas expostas para ingerir argila, necessária para eliminarem toxinas da dieta e para enriquecê-la com um suplemento de elementos minerais. Têm grande força no bico, possibilitando-lhes abrir sementes de casca muito dura, como a castanha-do-pará.

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Corumbá - MS

Araras domesticadas

Cativeiro Bem cuidadas, podem viver até 70 anos em cativeiro, mas sua criação é bastante trabalhosa, pois são aves grandes que exigem amplas instalações e precisam de muito estímulo na forma de socialização com o criador; pessoas que passam a maior parte do dia fora de casa não devem manter esta espécie em cativeiro, além de ser imprescindível oferecer-lhes brinquedos diversos com que possam se exercitar e manter-se ocupadas em outros horários. Podem também causar algum incômodo por serem animais naturalmente barulhentos. Para que se mantenham saudáveis a dieta deve ser variada, incluindo sementes, vegetais e frutas frescas. É recomendável disponibilizar um osso para que obtenham cálcio e desgastem o bico sempre em crescimento. Como seus hábitos incluem roer madeira, as gaiolas devem ser de metal, e devem possuir uma área grande para que possam voar. À noite a gaiola pode ser coberta para manter as aves tranquilas e habituá-las a horários definidos. Muitos criadores costumam cortar parte de suas penas alares para diminuir sua capacidade de voo e mantê-las sob o alcance e controle. Elas podem ser treinadas para imitar a voz humana, muitas vezes aprendem uma palavra após ouví-la apenas uma vez, e podem ser manipuladas, desde que com gentileza e atenção. Durante a procriação podem se tornar extremamente agressivas, e seu bico poderoso pode infligir ferimentos sérios. Sob estresse, na forma de gaiolas pequenas, má alimentação, maus tratos ou recebendo pouca atenção, podem desenvolver doenças e comportamentos aberrantes, incluindo aumento da agressividade e da destrutividade, que podem chegar até a automutilação.

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Corumbá - MS Importância cultural e ecológica Estas araras eram admiradas pelos povos indígenas précoloniais desde tempos remotos, participando de seus mitos. Os Tupi celebravam sua beleza em canções; 27 uma etnia denominou-se Kanindé em lembrança a um cacique ancestral que assim se chamava por ser tão bonito - e tão barulhento - como estas araras; entre os Urueu-wau-wau e os Ticuna a arara-canindé é o nume tutelar de troncos familiares; ; entre os Craós o personagem mítico Khwök se transformou em araracanindé e foi responsável pela formação de um dos "grandes perigos" que existem na mata, dois troncos de buriti que lançam chamas, e segundo uma lenda de origem desconhecida a arara-canindé foi uma das criações da Arara Encantada, um ser divino que ensinou às tribos as artes da música, da dança, da fala e todo o Cacique Paulo dos Bororo adornado com plumas de saber. Suas penas estão presentes em muitos artefatos arara rituais indígenas e as araras em geral estão associadas aos mitos solares e os ligados à criação do fogo. Assim que os conquistadores chegaram ao Novo Mundo ficaram impressionados com sua beleza. Jean de Léry comparou sua plumagem ao rico damasco e ao ouro, e disse que ela, junto com a araracanga, tinha a plumagem mais bela do mundo. Desde então sua perseguição pelo homem branco se intensificou, mas também se tornaram aves emblemáticas do cerrado brasileiro e deram nome à cidade de Canindé (Ceará), sendo parte integrante de seu folclore. As araras-canindé são talvez dentre todas as araras as mais populares como animal de estimação, exercendo um fascínio que remonta aos primórdios do Brasil Colônia. Durante aqueles tempos possuir uma arara ou um papagaio era sinal de riqueza, muitos exemplares foram levados para as cortes europeias, e o gosto pela sua criação se disseminou também entre o povo. São apreciadas pela beleza de sua plumagem, pela sua docilidade e pela relativa facilidade com que aprendem a imitar a fala humana. Elas se adaptam bem ao ambiente humanizado, e a reprodução é razoavelmente fácil. São inteligentes e podem ser treinadas, e são conhecidas por socializarem confortavelmente com pessoas de todas as idades. Além de seu papel destacado na cultura, a arara-canindé tem uma grande função na teia de interrelações que sustenta a vida na natureza, pois seus hábitos alimentares provocam a dispersão de sementes de várias espécies vegetais e deixam frutos abertos e semiconsumidos, ou espalhados pelo chão, para outras espécies de aves e mamíferos que de outra forma não teriam como se aproveitar deles, seja por terem cascas excessivamente duras, seja por estarem fora do alcance.

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Corumbá - MS

Selo russo com efígie da araracanindé

Arara-militar A Arara militar ou arara verde (ara m. milytaris) é uma arara de coloração predominantemente verdeoliva. Existem três subespécies:A. m. militaris, ocorre na Colômbia, Venezuela, Equador e Peru; A. m. boliviana que ocorre apenas na Bolívia e noroeste da Argentina e A. m. mexicana com três populações disjuntas no México.

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Corumbá - MS Arara-militar

Estado de conservação

Vulnerável (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

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Corumbá - MS Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Ara

Espécie:

A. militaris

Nome binomial Ara militaris (Linnaeus, 1766) Distribuição geográfica

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Corumbá - MS Ara autocthones O Ara autocthones é uma extinta espécie de papagaio. Seus fósseis foram encontrados em Porto Rico e na ilha de Santa Croix por Williams Steadman.

Ara autocthones

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Corumbá - MS Estado de conservação

Extinta (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Subfamília:

Arinae

Género:

Ara

Espécie:

A. autocthones

Nome binomial Ara autocthones Wetmore, 1937 Distribuição geográfica

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Corumbá - MS

Ararinha-de-testa-vermelha A ararinha-de-testa-vermelha (Ara rubrogenys) é uma espécie de ave da família das araras. Possui plumagem verde, testa vermelha, cauda verde com penas azuladas, bico cinza-escuro, olhos laranjas e patas cinza-escuras. Ocorre somente na Bolívia. Corre risco de extinção.

Ararinha-de-testa-vermelha

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Corumbá - MS Estado de conservação

Em perigo (IUCN 3.1) Classificação científica

Reino:

Animalia

Filo:

Chordata

Classe:

Aves

Ordem:

Psittaciformes

Família:

Psittacidae

Género:

Ara

Espécie:

A. rubrogenys

Nome binomial Ara rubrogenys Lafresnaye, 1847

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Corumbá - MS

Corumbá – MS

FIM!!!

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