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Genésio de Melo Pereira

MARCAS HOMENAGEM

GENEROSO GENÉSIO

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POR ANTÔNIO PEREIRA E NÚBIA MOTA

Ele nasceu na vizinha Araguari, mas fez por Uberlândia o que poucos nativos fizeram. Genésio de Melo Pereira teve dois ideais na vida: garantir estudo e emprego para a população. Foi ele um dos responsáveis para que centenas de pessoas conseguissem um diploma de graduação. Para isso, doou a área onde hoje está o campus Santa Mônica e criou a Faculdade de Engenharia. Como empresário, deu oportunidade para profissionais que até hoje trabalham para a família, mesmo depois de 24 anos da sua morte. O professor José Peppe Junior, um dos primeiros professores da Faculdade de Engenharia, já falecido, registrou em depoimento para o programa Uberlândia de Ontem e Sempre, “O Genésio era um apaixonado pelo ensino. Ele vivia dizendo que muito do que tinha devia ao ensino público e que por isso, queria retribuir essa oportunidade a outros. Ele era engenheiro e tinha aquela vontade de ver o ensino superior de Engenharia se tornar realidade. Por meio da empresa Carfepe, dele próprio e de muitos de seus amigos conseguiu o dinheiro para comprar o prédio que o colégio Diocesano havia começado a construir no Santa Mônica. Ele foi doado para a Escola de Engenharia e aí ela ganhou corpo.”

Genésio de Melo nasceu em 25 de fevereiro de 1925. Era o quinto filho, entre sete irmãs, de Genésio Pereira, natural de Uberlândia, e Carmem de Melo Pereira, de Araguari. Com cinco anos de idade, mudou-se para a zona rural de Indianópolis, onde trabalhou e estudou e, aos 9, se mudou para Uberlândia para concluir o ensino primário no Colégio Bueno Brandão. Sempre que podia, voltava para a fazenda para ajudar o pai, até que, em 1938, mudou-se em definitivo, com a família, para a terra que ele adotou como sua.

No ginásio, ele estudou no Colégio Estadual, conhecido na época como Colégio Mineiro e, ao mesmo tempo, se dedicava à venda de frangos e ovos, como forma de ajudar nas despesas de casa. Fez o curso científico em Belo Horizonte, nos Colégios Estadual e Arnaldo e, em

GENÉSIO DE MELO PEREIRA GARANTIU ESTUDO E EMPREGO PARA A POPULAÇÃO UBERLANDENSE

DR. GENÉSIO com os políticos Alysson Paulinelli e Virgílio Galassi

1945, ingressou na Faculdade de Engenharia Civil, na Universidade Federal de Minas (UFMG). Durante os estudos, trabalhou com topografia e antes de se formar era responsável pelas obras da Prefeitura de Betim. “O papai queria que ele fizesse Medicina, porque a gente tinha cinco tios médicos. Ele era o único filho e, naquela época, mulher não saía pra estudar. Por isso, só ele fez faculdade, mas quis fazer Engenharia”, disse Mary Lucy Pereira Carneiro.

ALMANAQUE | UBERLÂNDIA S.A.

REGISTRO HISTÓRICO com ex-presidentes da Aciub

Assim que se formou, em 1949, Genésio assumiu o serviço de obras na Prefeitura de Uberlândia, nos mandatos de José Fonseca e Silva (1948-1951) e Tubal Vilela da Silva (1951-1955). Logo depois, foi para o DER, onde atuou por pouco tempo como engenheiro auxiliar. “Com o cargo como engenheiro, ele comprou um trator de esteira e começou a trabalhar para ele”, disse Mauro de Freitas Pereira, filho de Genésio e presidente da ITV Urbanismo.

Nessa época, o empresário montou, ao lado de Francisco Paulo dos Santos (Chico do Rivalino) e Hugo Pereira, a Construtora Alves e Pereira (Cap), que tempos depois se uniu `a Mecanização Ras Ltda, dos irmãos Helvécio e Edésio Carneiro, com o primo Orvenor Fernandes. Em 1958, as duas empresas se fundiram na Paviterrana, sigla de Pavimentação e Terraplanagem Nacional Ltda. “Quando começou a fazer Brasília, subempreitamos da Camargo e Côrrea o trecho de Itumbiara a Prata. No meio do caminho, juntaram as firmas. Eu era pequenininho e lembro de escreverem Paviterrana numa caminhonete, uma Ford antigona”, disse Rogério Pereira Carneiro, filho de Helvécio Carneiro e Mary Lucy Pereira Carneiro, consequentemente sobrinho de Genésio . Com o saldo do caixa da construção das estradas, os sócios começaram a investir em outros ramos. Compraram o Moinho de Trigo Sete Irmãos em 1958. Em 1961, já com parte da sociedade desfeita, Genésio, Helvécio e Orvenor criaram o Instituto Vallée, de produção em larga escala de vacina antiaftosa. Juntas, as empresas formaram, em 1963, o Grupo Caferpe, que, em 2018, passou a se chamar Grupo Carpe. Depois disso, eles ainda compraram a Granja Planalto em 1964 e, em 1966, criaram a Companhia Agroindustrial de Goiás (Cagigo), pioneira na extração de óleo comestível de arroz.

Em 1972, o grupo então comprou a ITV Urbanismo, hoje administrada pelas famílias de Genésio de Melo e Helvécio Carneiro, responsável pela expansão da cidade, com a comercialização de mais de 75 mil lotes, além de ter beneficiado várias regiões com a doação de terrenos, como a área onde está o Cemitério Campo Bom Pastor, a Ceasa, o 36º Batalhão de Infantaria, a Igreja Espírito Santo Cerrado, parte do Parque do Sabiá e todo o campus Santa Mônica. Ao todo foram 2 milhões doados à Prefeitura. “Meu pai tinha um ideal que era ajudar as pessoas, criando emprego, dando oportunidade de estudo. Tem gente que trabalha conosco há 30, 40 anos”, disse Mauro de Freitas Pereira, presidente da ITV Urbanismo.

ATIVIDADES EDUCACIONAIS

Genésio de Melo foi o fundador e diretor da Faculdade Federal de Engenharia de 1964 a 1970 e, quando a instituição se federalizou, foi o fundador e reitor da Universidade de Uberlândia, o que hoje é a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além de ter doado, junto ao grupo Carpe, toda a área do campus Santa Mônica, foi responsável ainda pela terraplenagem da Faculdade Medicina, no campus Umuarama. Entre tantas outras atribuições, foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) entre 1988 a 1890.

Foi membro do Rotary, Lions, participou de trabalhos junto a cantinas de escolas públicas, doando alimentos. Foi um dos criadores do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente. Cuidou da segurança, com a reforma da cadeia pública, foi conselheiro do Programa de Policiamento Ostensivo e presidente do Conselho Municipal de Entorpecentes.

Doutor Genésio, como todos o chamava, morreu em 7 de abril de 1994, aos 69 anos de idade,. Deixou a esposa Helena de Freitas Pereira e cinco filhos Virgínia, Mauro, Ronan, César e Carmem . “Ele morreu no auge do trabalho”, disse a irmã Mary Lucy.

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