Metrópole Magazine - Julho de 2016 / Edição 17

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São José dos Campos, julho de 2016 | 1

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Julho de 2016 – Ano 2 – nº 17 – Distribuição gratuita*

São José por quem não vê Deficientes visuais descrevem a cidade que completa 249 anos

COMPORTAMENTO

Crianças da região fazem sucesso no YouTube e já conseguem ter mais de um milhão de seguidores pág. 52

ELEIÇÕES

Nesta edição, Shakespeare Carvalho (PRB) e Carlinhos Almeida (PT) estão na última série de entrevistas antes das eleições deste ano pág. 12 e 22




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EDITORIAL

ALDEIA DE SÃO JOSÉ DO PARAÍBA São José caminha para os 250 anos e, como em todos os anos redondos, começam as reflexões, especialmente para aqueles que assistiram todas as mudanças dos últimos cinquenta anos. 249 anos é bastante tempo. Quando observamos a cidade do 20º andar do prédio que se localiza na colina, é impossível não se encantar com tanta beleza. Há uma vista linda deste e daquele lado. Banhada pelo banhado que, a princípio, foi de grande valia quando no ano de 1767 os jesuítas fundaram a Aldeia de São José do Paraíba, servindo-lhes de proteção contra os caçadores de índios, que os escravizavam nos engenhos de cana de açúcar, porque proporcionava uma visão longínqua, garantindo maior segurança contra invasões e enchentes, permitindo boa ventilação e insolação. Segura e aprazível, assim ainda hoje é sentida a cidade por quem vive ou passa por aqui. Mesmo emancipada naquele ano, seu progresso foi lento, porque a Estrada Real passava fora de seus domínios. Em meados do século XIX a Vila de São José do Paraíba já demonstrava alguns sinais de crescimento econômico com o desenvolvimento da agricultura e do algodão promoveu rápida evolução da região quando no auge, em 1864, foi elevada à categoria de cidade. Em 1871 recebeu a atual denominação de São José dos Campos, transformando-se em Comarca. São José foi referência na indústria automobilística e aeronáutica e já nos vemos com fábricas fantasmas, assistindo incrédulos a Embraer transferir sua espinha dorsal para São Paulo e outras capitais do mundo. O aeroporto não recebe aeronaves. Nos fortalecemos no setor de desenvolvimento tecnológico e vivenciamos uma geração que nasceu aqui, cujos pais também nasceram aqui. São José não é mais uma cidade de forasteiros. Tem na alma o amor de seus residentes. É tempo de refletir sobre quem maltrata essa cidade que se desenvolveu de forma sólida e hoje, madura, deveria desfrutar de todo o trabalho, estudo e investimentos realizados ao longo dos anos. É tempo de acompanhar as eleições municipais e votar em pessoas que estejam realmente comprometidas e tenham capacidade técnica para exercer a importante função de governar a cidade. Neste momento decisivo, a Metrópole Magazine aborda as questões políticas, mas também como os joseenses veem a cidade, mesmo aqueles que são deficientes visuais. É tempo de comemorar o que somos e brindar com São José dos Campos seus 249 anos! Boa leitura. Regina Laranjeira Baumann


metr pole magazine Diretora-executiva

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Editor

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62 .br Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita * Permitida venda em bancas por R$ 3,00

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6 | Revista Metrópole – Edição 17

TURISMO Monte Verde é um dos destinos mais rústicos no inverno.

70

ECONOMIA Distritos industriais crescem no período de crise.

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CULTURA Festival de Campos do Jordão terá mais de 80 concertos.

ENTREVISTAS

Nesta edição, duas entrevistas. Conheçam um pouco mais sobre Shakespeare Carvalho (PRB) e Carlinhos Almeida (PT)

Divulgação

58

26

74 78 86 90

MIRINS NA WEB Conhecemos as jovens estrelas do YouTube na região.

66

SAÚDE A paralisia do sono é mais comum do que se pensa, não tem cura e apavora quem sofre dessa patologia.

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Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

34 Pedro Ivo Prates

Deficientes visuais relatam suas impressões sobre a cidade que completa 249 anos.

7 8 10 44

54

CLIMA Fomos atrás das explicações sobre o “tempo maluco” deste ano.

Olhos em São José

12 e 22

Pedro Ivo Prates

COMPORTAMENTO Moda sem distinção de gêneros ganha o público mais jovem.

Sumário

Pedro Ivo Prates

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48

30

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


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Espaço do Leitor Edição 15 – Maio de 2016 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

São José dos Campos, junho de 2016 | 1

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Junho de 2016 – Ano 2 – nº 16 – Distribuição gratuita*

Taubaté pulsa

Política Gostaria de parabenizar toda a equipe da revista pela matéria “Contrariando a Lógica”, ela foi abrangente e esclarecedora. Agora tenho a certeza de que a professora Ana Abreu será pré-candidata à prefeitura de Jacareí nas próximas eleições e terá o apoio do vice-governador Márcio França. Marilene Rodrigues, aposentada

Mercado de alto padrão vive um momento singular na cidade e mostra seu potencial de crescimento

Política Gostaria de dar os parabéns à revista Metrópole. Desta vez em especial ao Marcus Alvarenga pela bela matéria sobre serras, que fala da cidade de Santo Antônio do Pinhal, que eu adoro. Leio quase todas as matérias e gosto muito da parte de política, muito atual e esclarecedora. Cristina Luz, consultora de viagens

ENTREVISTA

ESPECIAL

Pré-candidato pelo PMDB em Taubaté, o empresário José Saud quer governar pensando nos outros

Histórias de adoção e provas de amor que envolvem diversas questões

pág.14

Qualidade

pág. 32

Fomos entrevistados pela revista Metrópole Magazine, para uma matéria especial sobre adoção. Assumo que num primeiro momento eu fiquei um pouco preocupado e não querendo expor assim nosso família e história. Por outro lado, diante de tantas notícias ruins e tristes, porque não ajudar a mostrar boas noticias e quem sabe motivar pessoas pelo bem? Com um belo resumo dos fatos e sentimentos da nossa experiência, que para completar foi lindamente ilustrada pela foto da nossa família, realizada pelo fotografo e amigo André Tomino. Muito orgulhoso da nossa história, registrada por Moisés Rosa com muita sensibilidade.

Equipe de diretoria, editores e demais integrantes da equipe Metrópole Magazine, boa tarde. Com meus cordiais cumprimentos, venho parabenizá-los pela excelente conduta da Revista Metrópole Magazine na edição do mês de junho, nº 16, com destaque para a nossa cidade de Taubaté. Precisamos de mais veículos de imprensa como vocês, que entendem essa necessidade e saem pela contramão de notícias ruins e tendenciosas, características que não noto no material muito bem elaborado por vocês. Taubaté segue procurando alternativas para sobreviver a essa crise econômica e política que o país enfrenta, mas atenta para um crescimento ordenado e, principalmente, estruturado. O desafio é grande e nós, gestores públicos, junto à vocês, formadores de opinião, precisamos trabalhar com honestidade e bom senso. Parabéns pelo trabalho desenvolvido e a qualidade das editorias e pautas. Coloco-me sempre à disposição enquanto vereador, mas também como amigo e leitor. Na pessoa da diretora executiva, Sra. Regina Laranjeira Baumann, estendo meus cumprimentos para toda equipe de profissionais envolvidos

Marcelo Guadagnin, empresário

João Vidal, vereador pelo PSB em Taubaté

Sobre a crônica Tem muitas coisas que só o amor pode ensinar, portanto, vamos amar! Quem não sofre, não aprende, não engrandece e não vive!!. Valéria Saab, escritora

Adoção

Envie email contendo: nome, idade e profissão para metropolemagazine@meon.com.br ou por correio para av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim das Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

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8 | Revista Metrópole – Edição 17

Aconteceu& Divulgação

Parques poderão ser explorados pela iniciativa privada A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou projeto de lei que autoriza a concessão de 25 parques públicos do Estado à iniciativa privada. Pelo texto, fica autorizado, por 30 anos, o uso para ecoturismo e exploração comercial madeireira ou de subprodutos florestais. Entre os parques que poderão ser explorados estão os

de Campos do Jordão, Cantareira, Jaraguá, Serra do Mar, Ilha do Cardoso e Ilhabela. A proposta original da gestão Alckmin, de 2013, mencionava apenas três parques e a exploração turística. No ano passado, o projeto sofreu uma modificação que deixou em aberto quais unidades poderiam ser consideradas e, na prática, tor-

nou possível que mais de cem parques tivessem a gestão concedida à iniciativa privada. Ambientalistas e o Ministério Público se queixaram da pressa para aprovação e disseram que ficaram de fora itens que garantiriam a restauração de áreas exploradas, os direitos das comunidades que vivem nesses locais e as pesquisas feitas.

No mercado da aviação ainda repercute a troca de comando na Embraer, terceira maior fábrica de aeronaves do mundo. O Meon noticiou no dia 9 de junho que o até então presidente, Frederico Curado, seria substituído por Paulo Cezar de Sousa e Silva, vice-presidente executivo para Aviação Comercial da empresa. Curado comandou a Embraer por 10 anos. A empresa tem atuação destacada no segmento comercial de aviões de porte médio, aviação executiva e defesa. Sob o comando de Silva, a empresa vai duplicar a linha de montagem para a produção de jatos executivos Legacy 450 e Legacy 500, hoje concentrada em São José dos Campos, com o início da produção das aeronaves também na Unidade de Melbourne, nos Estados Unidos. A nova linha complementa o portfólio de aeronaves montadas nos EUA, onde já são produzidos os modelos Phenom 100 e Phenom 300.

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Paulo Cezar Silva é o novo presidente da Embraer


São José dos Campos, julho de 2016 | 9

Luto e comoção nacional

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A ajuda que você precisa O portal Meon acompanhou toda a surpresa, o choque, a tristeza e a indignação que acometeram a cidade de São Sebastião em luto pela morte dos 18 estudantes universitários em um acidente na noite do dia 8 de junho, na Rodovia Mogi-Bertioga. A série de reportagens teve início logo após as primeiras informações sobre o ônibus que perdeu o controle e invadiu a pista contrária chocando-se contra um rochedo, por volta das 23h30 do dia 8, e seguiu com cobertura completa até o dia 10 de junho. Ao menos 46 universitários viajavam no ônibus, os feridos foram atendidos em hospitais do litoral. A comoção das famílias das vítimas, o relato dos sobreviventes, bombeiros e policiais, tudo sobre um dos mais graves acidentes com ônibus da história recente do Brasil você pode ver no site www.meon.com.br .

Vereadores rejeitam processo de cassação de Carlinhos

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Divulgação

Cursos:     V  : www O pedido de abertura do processo de cassação do prefeito Carlinhos Almeida (PT) foi rejeitado pela maioria dos vereadores. Foram 11 votos contrários e 10 a favor, na sessão da Câmara Municipal de São José dos Campos ocorrida na noite de 23 de junho. O portal Meon acompanhou todo o processo desde o protocolo da denúncia, pelo Movimento Brasil Livre (MBL), até o adiamento da primeira sessão por confusões e brigas entre simpatizantes do governo e membros do MBL dois dias antes. A sessão que decidiu não aceitar a denúncia seguiu com tranquilidade, apesar das galerias lotadas, pois ambos os lados se comportaram democraticamente. Para os autores da representação, Carlinhos cometeu infração político-administrativa ao atrasar repasses ao IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal). Em nota, a Prefeitura de São José informou que o instituto conta hoje com um patrimônio sólido de R$ 2 bilhões. O déficit atual, criado no IPSM ao longo de administrações passadas, está sendo corrigido pela atual administração. Com a votação feita nominalmente na sessão de Câmara, a denúncia foi arquivada.

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Frases& Pedro Ivo Prates

Somos uma cidade que, apesar das dificuldades econômicas e fiscais, ainda tem uma capacidade muito grande de realizar. São José comemora 249 anos ganhando muitos equipamentos nas áreas de lazer, esportes, educação e saúde

Prefeito Carlinhos Almeida sobre o aniversário de São José dos Campos comemorado em 27 de julho

Queria dizer que eu só temo a Deus

Maisa Silva, após receber ameaça de morte pela internet


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Fotos: Divulgação

Se o governo fizer o que deve fazer, restabelecendo a confiança e acertando suas contas, sem dúvida nenhuma a recuperação ano que vem já será positiva Paulo Skaf, presidente da FIESP em reunião com empresários em São José dos Campos

” “

A secretaria entende e incentiva a solidariedade, mas não na rua. Se queremos proteger esses moradores do frio, eles não podem ficar nas ruas Valéria Gonelli, secretária de Desenvolvimento Social sobre doações de agasalhos e comida feitas por voluntários aos moradores de rua

Miguel Sampaio secretário de Obras de São José dos Campos, sobre o adiamento da dos lances das empresas na licitação do BRT

Pedro Ivo Prates

O Mobi é um projeto de alta complexidade e estamos tomando todos os cuidados jurídicos e administrativos para que a licitação e o projeto, sejam bem executados


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ENTREVISTA

Decidida a questão ‘Centrão’ oficializa pré-candidatura de Shakespeare Carvalho (PRB) Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

Grupo Meon de Comunicação recebeu em sua redação o vereador Shakespeare Carvalho (PRB), último pré-candidato a definir sua participação na disputa eleitoral para a Prefeitura de São José dos Campos. Sempre lembrado como possível postulante ao cargo, o vereador de primeiro mandato evitou o quanto pôde o anúncio da pré-candidatura, não só por estratégia, mas para poder ajustar os partidos que formam a base do chamado “Centrão”. Sorridente, o presidente da Câmara Municipal demonstrou segurança e convicção pela decisão tomada e falou de seus planos e desafios nesta entrevista à Metrópole Magazine. Aos 36 anos, Shakespeare Vieira Carvalho, nascido em São José dos Campos, é casado há oito anos com Flávia Tavares Pereira Viana Carvalho. Bacharel em direito, é o parlamentar mais jovem da atual legislatura e sua experiência política foi adquirida em 10 anos como assessor parlamentar de deputados estaduais e federais. Disputou a eleição de 2008, mas só foi eleito vereador em 2012. Na Câmara, foi 2º vice-presidente da mesa diretora e líder do governo em 2014.

Você fazia parte da base do governo e hoje é líder do Centrão. O que mudou? Quando fiz essa opção de não andar mais com a administração atual do PT, foi porque não cumpriram o que foi combinado com a população nas eleições. O projeto político e

de ideias não foi cumprido, e não só eu, como 85% da população à época, estava descontente com a atual administração e com a falta de planejamento para a cidade. Há uma série de questionamentos que já vinham sendo feitos por mim, por outros vereadores e pela população. Isso nos levou a romper com o governo, mas não foi um rompimento raivoso e sim um rompimento de ideias. O que queríamos para São José não era o caminho que estava sendo tomado pela administração. De forma natural, decidimos contribuir com a cidade como oposição, fiscalizando mais e debatendo mais para tratar São José como ela merece. Antes a Câmara era conhecida como a bancada do amém. Sempre concordava, não tinha discussão e

“Eu não tinha um projeto pessoal para me tornar prefeito. O que aconteceu foi um projeto coletivo”

a população não sabia exatamente o que estava se passando. Esse grupo político conseguiu resgatar a Câmara Municipal, retomando o protagonismo para o legislativo, sendo mais combativo e dinâmico. A partir desse ponto, o que fez você se tornar pré-candidato a prefeito? Eu não tinha um projeto pessoal para me

tornar prefeito. O que aconteceu foi um projeto coletivo. São José está precisando oxigenar, precisando de novas atitudes. Foi uma construção que se fez, não do meu nome, mas pelo meu protagonismo natural por ser o presidente da Câmara. Também por causa da atitude tomada pelo grupo político dentro do legislativo municipal. Depois por minha proximidade com a população, por caminhar nas ruas, conversar com as pessoas e trazer a população para dentro da Câmara Municipal para as discussões, por consultar as empresas privadas, as instituições e as entidades de classe. Tudo isso foi importante e eu acho que deu um eco maior quanto à maneira de se fazer política com mais dinamismo na Câmara de vereadores. Você é do PRB e conta com apoio de mais sete partidos. Como foi construir sua pré-candidatura? Foi construída com muito diálogo, muita conversa, muito debate, muitos embates, sugestões, críticas, às vezes mais acaloradas, pontos de vista em que eu concordava eles discordavam, mas toda vez que saímos de uma reunião, aceitamos as críticas com um objetivo: melhorar a cidade de São José dos Campos. Foi isso que nos uniu nessa vontade de contribuir. Se é para o bem de São José, seguimos em frente. Você se arrepende da foto que publicou no Facebook ao lado do deputado Eduardo Cunha? Digamos que me arrepender, eu não me arrependo. Porque foi uma foto involuntária, nada programada. Ele era o presidente de uma instituição, no caso a Câmara dos Deputados, recebendo o presidente de outra instituição, a Câmara de São José dos


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Com os últimos acontecimentos, o ex-presidente da Câmara dos Deputados te decepcionou? Claro, a decepção é grande e não só com ele, até porque havia uma expectativa muito grande com a mudança de postura. Eu me sinto como todo cidadão que se decepcionou com os políticos em Brasília. Denúncias contra PT, PSDB, PMDB e outros partidos. Isso vai influenciar nas eleições municipais? A influência da questão nacional vai refletir diretamente em São José, pois temos essa polarização (PT x PSDB) que se arrasta há anos, mas isso não fez bem para o país e demonstrou que um acusa aqui, outro critica ali, mas estavam todos no mesmo barco. Lamentável ter que dizer isso, pois tanto um lado como o outro também tem pessoas boas, mas as siglas partidárias acabaram se desconstruindo quando era confortável ficar como estava. Uma terceira via forte não só no Brasil, mas uma nova via aqui em São José dos Campos, traz um pouco de oxigênio, traz a discussão, oportunidade para as pessoas decidirem o que querem e o que não querem mais para a cidade. Com essa polarização PT X PSDB, você se considera o candidato da terceira via? Eu sou o candidato da nova via. Seria prepotência minha e de qualquer candidato se colocar como primeira, segunda ou terceira via. Quem vai decidir isso é o eleitor, quando

abrirem as urnas. Sou da via que acredita na cidade de São José e quer fazê-la voltar a crescer e não quer mais picuinhas, política com “p” pequeno ou jogo baixo. Isso não é o que queremos propor. A nova via tem que ir por outro caminho, do debate, das sugestões e apresentar propostas para a cidade, andar pelas ruas de cabeça erguida, cumprimentar e olhar nos olhos da população e, quando receber críticas, absorver e dizer: vamos melhorar. A Câmara travou a cidade ao não votar a Lei de Zoneamento?

A Câmara não travou, ela discutiu a cidade, o que antes não era feito. As discussões eram feitas só pelo executivo, que enviava o projeto para a Câmara e dizia “votem!” e os vereadores balançavam a cabeça. Infelizmente acontecia isso, mas hoje há espaço para a discussão da cidade. Na Câmara, seguimos a Lei Orgânica do Município, o Regimento Interno da Câmara e a Constituição Federal. Na discussão da nova Lei de Zoneamento, a Câmara Municipal respeitou todos os prazos legais. Eu tenho que respeitar os prazos das comissões, que são formadas por

Fotos: Pedro Ivo Prates

Campos. Na época fomos à secretaria de comunicação da Câmara para que pudéssemos ter a liberação do canal aberto para a TV Câmara. Fomos atendidos pelo deputado Cléber Verde e depois passamos pelo plenário onde o Deputado Eduardo Cury (PSDB) nos levou para cumprimentá-lo e alí fizeram o registro fotográfico. Eu não tenho contato nenhum com Eduardo Cunha, aproveitaram a foto e tentaram me vincular a ele. Como disse, era uma relação apenas institucional, relação pessoal com ele eu não tenho nenhuma.


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pode ter esse tipo de burocracia. O novo prefeito terá o desafio de desburocratizar a prefeitura. Precisamos ter uma cabeça mais progressista, mas com progresso sem perder qualidade de vida. Não podemos crescer desordenadamente, temos que investir em infraestrutura atendendo o desenvolvimento da cidade. Isso tudo demanda planejamento. É o que tenho cobrado muito da atual gestão, mas a administração do PT não planejou. Eu pergunto: qual é o grande plano que temos para os próximos dez anos? Não existe. Uma metrópole como São José dos Campos, não ter grandes planos, grandes projetos? Isso mostra a deficiência de gestão. Falta gestão e falta comando em nossa cidade.

vereadores de situação e de oposição, que tinham que dar seu parecer. Só após os pareceres das comissões, eu poderia colocar em votação. O que não pode é utilizar isso como um ato de politicagem como se eu não quisesse realizar a votação. Eu sou a favor da nova Lei de Zoneamento, a cidade precisa dela, precisa destravar, pois a lei de 2010 é muito restritiva e feita com base em um estudo mal elaborado. Temos que debater, discutir com todos os setores da sociedade porque isso é importante para a cidade. Tenho compromisso, chegando em minhas mãos, eu coloco em votação imediatamente. O que é necessário fazer para retomar o desenvolvimento econômico de São José dos Campos? A proposta é dar prioridade ao desenvolvimento econômico da cidade, não só destravando o setor da construção civil, que é o setor que mais rápido faz a economia girar,

porque gera empregos e as pessoas começam a trabalhar e vão ao comércio comprando mais. Mas precisamos nos tornar uma cidade atrativa, temos uma logística diferenciada pois estamos no eixo Rio-São Paulo, próximos do porto de São Sebastião, temos aeroporto, etc. Podemos aprimorar nosso setor industrial com políticas econômicas e de desenvolvimento, mas também com nossa logística atrair empresas do setor de serviços, que vão aquecer o mercado de trabalho, gerando vagas rápidas. Mas para isso, o administrador municipal precisa caminhar e fazer propaganda mostrando porque é vantajoso vir para cá e não ir para outra cidade. Nos últimos anos, São José ficou muito conhecida pela dificuldade para as empresas se instalarem, pela burocracia que o empreendedor encontra na prefeitura. De que adianta uma nova Lei de Zoneamento, se a burocracia trava? São José dos Campos quer voltar a crescer economicamente, não

Mesmo com um orçamento enorme na Saúde, temos reclamações. O que fazer? Tem solução? Tem solução. O que falta na saúde é o reflexo da má gestão da atual administração. Temos uma fila enorme necessitando de especialistas e uma fila enorme para cirurgias. Com toda essa demanda, como a prefeitura rompe contratos com parceiros? Deixa de fazer o atendimento à população e interrompe parcerias com instituições que fazem tabela SUS, entidades que fazem o atendimento daquilo que o sistema esta sobrecarregado, como o Pro-Visão, a Santa Casa, Pio XII, cujo rompimento fez aumentar as filas e a necessidade de especialistas. Precisamos retomar e ampliar essas parcerias com instituições sérias que já prestam serviços à comunidade, desafogando o pronto-socorro, as UBS e as UPAs. Tudo é questão de gestão. É possível resolver isso com planejamento. Precisamos contratar mais médicos mas a questão salarial é um problema na contratação de profissionais de saúde. As cidades vizinhas pagam melhor do que São José. Temos que melhorar isso, fazer um planejamento e apresentar um bom plano de carreira para os médicos. Sobre o Hospital da Mulher, você pretende manter ou ampliar essa política de


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saúde para a mulher? Primeiro tem que se tornar um hospital, pois por enquanto é só um ambulatório. Meu compromisso será transformá-lo em hospital. Não importa quem criou e inaugurou, temos que entender que políticas públicas tem que se dar continuidade. A população não pode sofrer por questões partidárias. Gestão é dar continuidade às coisas boas, aprimorar o que está caminhando e propor as melhorias. Não haverá politicagem, temos que ter responsabilidade com o dinheiro público.

“O próximo administrador terá que enxugar a máquina e cortar na carne, como fizemos na Câmara Municipal, que geramos uma economia significativa para os cofres públicos”

Na mobilidade urbana, as grandes obras viárias sequer começaram. O que é possível fazer? Ex-prefeitos investiram no viário. O Sérgio Sobral fez sua parte, depois Ednardo de Paula Santos fez a sua, a Ângela Guadagnin fez a dela e depois veio se construindo. E hoje, qual é o grande projeto para os próximos administradores ? Não temos. A mobilidade aqui em São José dos Campos está se tornando cada vez mais séria, toda grande cidade precisa ter esse planejamento. Temos aqui a Via Oeste, Via Leste e a Via Norte que não se interligam e esse é um problema que precisa ser resolvido nos próximos quatro anos. E esse será o grande desafio a ser encarado pelo próximo prefeito.

usuários do transporte coletivo na cidade. Na questão da tarifa, teremos que discutir com a sociedade se a prefeitura deve pagar um subsídio às empresas de ônibus para compensar e equilibrar as planilhas de custos que impactam no valor da passagem.As ciclovias precisam se transformar, de fato, em ciclovias. Temos ciclo faixas, mas precisamos fazer a interligação. Sou favorável e tenho compromisso com a ampliação das ciclovias na cidade.

E o projeto do BRT ? Para ou continua? O BRT (Bus Rapid Transport) é importante, precisa continuar. Embora, em minha opinião, o ideal seria o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que, moderno, atenderia a população e poderia ter expansão. Mas como o projeto está aí, e o recurso já foi destinado para a realização do BRT, precisa dar continuidade. Até porque esse governo não conseguirá iniciar esse projeto. Mas temos também a questão do transporte público em que ouvimos muitas reclamações como a diminuição dos ônibus e dos horários, atrasos, demora, qualidade dos ônibus e atendimento ruim. Precisamos reorganizar e planejar para atender as demandas dos

Na educação, o kit escolar e escola interativa devem continuar? O kit escolar é um ganho para a população, mas precisa ser feito de maneira correta e com respeito ao dinheiro público. Essa é uma política que precisa ser mantida. Quem tem, não quer perder. O que nós precisamos fazer é um estudo para que esse kit escolar seja adquirido nas empresas da cidade, sem prejudicar o comércio local. Temos que tomar muito cuidado com o superfaturamento dos valores, que é o que foi questionado pelo Ministério Público. Nunca discutimos se devia ou não devia distribuir os kits. Na Câmara, a discussão ficou em torno dos valores pagos,

da aquisição errada e das denúncias de superfaturamento. São José dos Campos é uma cidade tecnológica, precisamos aprimorar o programa da Escola Interativa. Hoje temos um tablet e uma rede precária, um sistema que não funciona, com muitas dificuldades e que requer investimento para integrar a escola, o aluno, a casa do aluno e o professor. Temos em nossa cidade várias empresas que desenvolvem tecnologia e podemos fazer parcerias. Como realizar tudo isso com um orçamento menor e queda na arrecadação? É preciso enxugar e organizar a máquina pública, para que a gente possa destinar o recurso onde atenda a população. O próximo administrador terá que enxugar a máquina e cortar na carne, como fizemos na Câmara Municipal, que geramos uma economia significativa para os cofres públicos e melhoramos a qualidade dos serviços. A Câmara está mais atrativa, tem mais participação popular, mais visibilidade e reduziu as despesas. É o que temos que fazer na prefeitura também, é um trabalho que precisa de posicionamento, pulso e firmeza. Essa é a dificuldade que todo o gestor público tem porque quer agradar a interesses políticos e esquece-se de agradar a população. Por que você quer ser prefeito de São José dos Campos? Para ajudar a população e para que São José possa crescer e se desenvolver. Nasci aqui e amo minha cidade, porque não existe lugar melhor do que São José . Quem tem oportunidade de sair para trabalhar ou passear, não vê a hora de voltar. É a cidade onde quero construir minha vida e minha família, por isso quero contribuir para que outros joseenses, de nascimento ou de coração, possam também construir sua vida em uma cidade de oportunidades, uma cidade de realizar sonhos, a cidade que amamos. São José precisa se desenvolver com qualidade de vida. Quero ser prefeito por uma nova São José. 


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OPINIÃO POLÍTICA

Quem governará a cidade em 2017? O próximo prefeito comandará a cidade que completa 250 anos, uma data significativa que merece uma gestão marcante Roberto Wagner de Almeida SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

o início da década de 60, quando o Brasil se deslumbrava com a chegada da televisão e as moças se liberavam com a pílula anticoncepcional, São José dos Campos era uma cidade provinciana. Seu número

de habitantes não chegava a dez por cento da atual população. Onde hoje existe um templo evangélico na rua Antônio Saes, ficava o acanhado estádio de futebol do Esporte Clube São José, bem na zona central. O Jardim Esplanada, bairro mais chique de então, tinha mais terrenos baldios do que casas e nenhuma rua asfaltada. O Jardim Satélite começava apenas a se esboçar, a zona leste ia

pouco além do Jardim Paulista, só anos depois o Sanatório Ezra daria lugar ao Parque Santos Dumont e nem se sonhava com Urbanova, Jardim Aquarius ou com as avenidas Jorge Zarur, Teotônio Vilela, Cassiano Ricardo e Anel Viário. Foi a essa cidade que cheguei, nos últimos dias de 1959. Vim para estudar direito, por não ter ainda percebido que minha vocação era o jornalismo.


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Fotos: Arquivo Meon

“Até o início da década de 70 nosso legislativo era composto por vereadores cultos” Apaixonado por leitura, tinha a veleidade de um dia tornar-me escritor, o que me fez bater à porta do “Valeparaibano”. Por salário mínimo, fui contratado como repórter desse único jornal diário, que circulava com heroicas quatro páginas. Para mais que isso não havia assunto. Escalado para a cobertura política, logo me vi em contato com prefeito e vereadores. Tempos em que prefeitura e câmara municipal ocupavam um único prédio na esquina da Sebastião Hummel com 15 de Novembro, onde hoje está a biblioteca municipal. Naquelas modestas instalações, tão diferentes dos ambientes refrigerados de prefeitura e câmara de hoje, foi-me dado conviver com vereadores melhores que os de agora. Que os atuais me perdoem a franqueza, mas a vereança ainda não tinha virado profissão. Hoje é emprego muito bem pago, até para quem mal consegue redigir um bilhete ou balbuciar um lacônico discurso. Bem ao contrário, até o início da

década de 70 nosso legislativo era composto por vereadores cultos, salvo uma ou duas exceções. Dava prazer acompanhar as sessões e presenciar debates em que nunca se ouvia um erro de português. Mas o aspecto mais admirável na postura daqueles vereadores era que não recebiam um centavo sequer de remuneração. Eram pessoas abnegadas, que exerciam sua função com o desprendimento de voluntários. Vá lá que isso talvez ocultasse alguma secreta vaidade. Mesmo que assim fosse, qual o prejuízo? Hoje, soa como lorota dizer que já houve políticos que trabalhavam de graça. Mas era assim naqueles dias. Que enorme diferença da câmara de hoje. São José evoluiu, mas seus vereadores, com poucas ressalvas, engataram marcha à ré. Nem com muita indulgência se dirá que esta cidade, centro produtor de alta tecnologia, onde se cruza com um PhD em cada esquina, esteja condignamente representada em nossa câmara.

Basta lembrar que seus vereadores já aprovaram a concessão do honroso título de Cidadão Joseense a um indivíduo que nunca viveu aqui e atende pelo nome de Nêga Véia. Felizmente a situação tem sido menos ruim no poder executivo. Numa retrospectiva, vê-se que a prefeitura esteve confiada a pessoas de melhor formação, inclusive a dois engenheiros do ITA. Parabéns a nós, que não elegemos nenhum prefeito que mascasse fumo e cuspisse no chão. Se bem que, eu ia me esquecendo, já tivemos um que era suspeito de comer meleca. Por falar em prefeitos, a eleição municipal está próxima, será em dois de outubro, com provável segundo turno em 30 do mesmo mês. De acordo com a nova lei, nenhum Odebrecht local poderá financiar campanhas para depois dispor de concorrências com cartas marcadas. Agora, só pessoas físicas podem contribuir para partidos ou candidatos. E há


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outra boa notícia: sabe aquele horário eleitoral gratuito na televisão? Antes, nos torturava por 45 dias. Agora, o besteirol vai durar 30. E a campanha que se estendia, barulhenta e sugismunda, por 90 dias, será reduzida a 45. Meno male - diria a avó italiana que não tenho. Quem for eleito prefeito em outubro irá comandar em 2017 a comemoração de 250 anos de São José dos Campos. Quem terá essa honra? Difícil dizer, mas é possível examinar as prováveis chances de cada candidato. Comecemos pelo prefeito Carlinhos Almeida, que tentará a reeleição. Quando se pensa nele, a imagem que vem é de bom moço, simpático, educado, jamais acusado de corrupção. Mas, infelizmente, tem-se mostrado um pouco mentiroso, embora não tanto quanto sua correligionária madame Rousseff, responsável pela quintessência do estelionato eleitoral. Até então, não era raro candidatos fazerem promessas e, depois de eleitos, deixarem de cumpri-las. Mas, honra lhe seja feita, nossa mulher sapiens foi pioneira em fazer promessas e, empossada, perpetrar o contrário delas. Nem tanto assim, Carlinhos prometeu em campanha que não teria em sua equipe petistas trazidos de fora, mas tropeça-se neles nos melhores cargos da prefeitura. Aliás, nunca se fez tanta mudança na equipe de um prefeito, Carlinhos parece não achar o lugar certo para ninguém. Michel Temer, que também vem se revelando craque nesse esporte, poderia fazer um curso com ele para aprender a trocar assessores com mais frequência. Infelizmente, Carlinhos não vem sendo bom prefeito, o que torna difícil a sua reeleição. O BRT, por exemplo, que seria a grande marca de sua gestão, não saiu do papel. Ainda assim, o atual prefeito deve chegar ao segundo turno, pois tem o privilégio de empunhar a caneta mágica dos governantes, inexcedível na arte de dar empregos e conceder favores. Além

“O atual prefeito deve chegar ao segundo turno, pois tem o privilégio de empunhar a caneta mágica dos governantes”

disso, ele tem obras a inaugurar antes de outubro. Considere-se também que o eleitor petista é mais fanático que um talibã, vota no PT seja quem for o candidato e chama de heróis gente como Delúbio Soares e João Vaccari. É assim que o partido costuma alcançar 30% dos votos em qualquer eleição, percentual que, levando-se em conta a divisão de forças entre oito candidatos, será suficiente para garantir vaga no segundo turno. Resta saber se o desgaste que o PT vem sofrendo nos últimos tempos não reduzirá, desta vez, os 30% de sempre. No outro polo da política local está o PSDB, que lançou como candidato o empresário Felício Ramuth. Ele tem graduação em administração de empresas e pós-graduação em gestão pública, atuou em diferentes cargos nas administrações dos prefeitos Emanuel Fernandes e Eduardo Cury. É pouco conhecido pela população, mas tenho ouvido elogios ao trabalho que fez como secretário de transportes e

presidente da Urbam. Mas ninguém explicou até agora por qual razão, se era tão eficiente em cargos da linha de frente, acabou em um posto de segundo plano na área de comunicação. Ele tem a seu favor a lembrança que os joseenses guardam das boas administrações de Emanuel e Cury. Mas isso não basta, votos não são fáceis de transferir. Haja vista a barbeiragem que os tucanos fizeram na eleição passada, quando entregaram o município na bandeja ao PT ao lançarem um candidato cujo currículo se resumia a três palavras: “Enteado do Emanuel”. Também Sebastião Cavalli, candidato a prefeito pelo PMDB, não é bem conhecido pelo povão. Sabe-se, entretanto, que é engenheiro pelo ITA, coronel aposentado da Aeronáutica, liderou projetos estratégicos no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (antigo CTA) e foi secretário municipal de Desenvolvimento Econômico na gestão de Carlinhos Almeida. Tem apoio


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da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, o que não representa muita coisa, pois se trata de seara com mais caciques do que índios. Em eleições, empregados dão mais votos que patrões. O Ciesp seria importante em contribuição financeira para a campanha, mas a nova lei eleitoral não permite doações por empresas ou entidades. E, depois de Sérgio Moro, o caixa dois tornou-se perigoso. Fico imaginando a dificuldade que Cavalli terá para fazer críticas à administração de Carlinhos Almeida, pois dela fez parte até fevereiro. Nos debates que virão, ele irá cuspir no prato em que comeu? Não há dúvida de que Claude Mary de Moura tem ótimo preparo para assumir a prefeitura, se vier a conquistá-la nas urnas. Embora seja outra figura desconhecida pelo eleitorado amplo, teve participação importante na administração de Emanuel Fernandes e mais ainda na de Eduardo Cury. Séria, a ponto de comentar-se que pouco sorri, revelou-se competente não só nas tarefas administrativas, mas também no trato com os vereadores, pois era quem ia às sessões da câmara garantir a aprovação de projetos oriundos da prefeitura. Tudo indicava, na eleição passada, que seria a candidata do PSDB, mas foi preterida com a escolha de Alexandre Blanco. Magoada, com razão, deixou a legenda e filiou-se ao PV. Agora, está em um partido pequeno, com quase nenhuma estrutura para a campanha, e no horário eleitoral de TV mal terá tempo de dizer como Enéas: “Meu nome é Claude!”. Há também um candidato que dizia que não o seria, mas todo mundo sabia que seria. Para fazer jus ao nome, Shakespeare Carvalho, do PRB, insistiu nesse to be or not to be. Após ser candidato a vereador e não se eleger em eleições passadas, Shakespeare foi eleito em 2012 e vem fazendo carreira ascensional. Em sua primeira legislatura, já é presidente da câmara, tem-se destacado pela

independência diante do executivo e em curto prazo tornou-se estrela na política local. Demonstra habilidade na conquista de apoios, terá vários vereadores trabalhando por ele e é pastor da Assembleia de Deus, que tem eleitorado fiel. Como deve colher votos também em outras igrejas pentecostais, pode surpreender, já que político evangélico está na moda. Mas entra no páreo como azarão. E há mais três candidatos que não concorrem para vencer, só querem maior visibilidade. É o caso de Alexandre da Farmácia, do PTB, que foi vereador e presidente da câmara, chegou à assembleia legislativa como suplente de deputado, tem muita força eleitoral na zona leste da cidade. Seu apoio será disputado pelos que chegarem ao segundo turno. Luiz Motta, candidato pelo PSC, é vereador, sabe não ter a menor chance de se eleger. Sua estratégia é tornar-se conhecido na cidade toda, pois sonha ser deputado em 2018. E tem Toninho Ferreira, do PSTU, carismático líder do sindicato dos metalúrgicos, cuja candidatura é francamente ideológica. Inteligente, quer espaço na televisão, pequeno que seja, para divulgar sua plataforma de extrema esquerda. O que preocupa é não saber como se comportará o eleitorado de São José dos Campos, segundo maior do interior paulista. Numa época em que prevalece a decepção com a política e a consequente repulsa a políticos, de forma indiscriminada, teme-se por uma avalanche de votos nulos. É necessário resistir a essa tentação, que é de fato sedutora. Mas não devemos cair nessa armadilha, pois estaríamos cedendo espaço à eleição de patetas e espertalhões, que causariam muito dano à cidade. Permita-me uma sugestão. Se necessário, antes de dirigir-se à urna tome um antiemético para aplacar a náusea, tape o nariz com um prendedor de roupa, mas vote em quem lhe pareça o melhor ou o menos pior. Mais que isso, não me atrevo a pedir. 



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ENTREVISTA

Disposição de estreante Carlinhos Almeida (PT) diz estar ciente que pode e precisa fazer mais Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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ncerrando a série de entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de São José dos Campos, a Metrópole Magazine tentou um encontro com o Prefeito Carlinhos Almeida. Em função da extensa agenda do chefe do executivo, isso não foi possível, mas entre um compromisso e outro Carlinhos respondeu as perguntas enviadas por e-mail em seu próprio tablet, segundo seus assessores mais próximos, muitas vezes dentro do carro em deslocamento pela cidade. Carlos José de Almeida, 53 anos, é casado com a vereadora Amélia Naomi, professor de história e geografia e também funcionário licenciado da Caixa Econômica Federal. Carlinhos Almeida (PT) estudou no Seminário Diocesano de Taubaté e formou-se em história pela Univap. Foi vereador, deputado estadual e deputado federal. Nessa entrevista, o prefeito faz um balanço de sua gestão, rebate críticas e diz estar com disposição e coragem para enfrentar os desafios com criatividade e ousadia.

O que o faz convicto em tentar a reeleição? Minha vida não é pautada por eleição. Sigo concentrado no que fiz nos últimos três anos e meio: administrar a cidade olhando para lugares e pessoas que nunca sentiram a presença da prefeitura, sem deixar de lado os bairros já consolidados. Costumo dizer que nosso governo não discrimina quem mora na periferia, nem quem

mora nos bairros com maior infraestrutura. Entregamos uma UPA no Campo dos Alemães e apresentamos um parque que está sendo construído no Urbanova. A pré-candidatura, ou candidatura, será a consequência de um trabalho, da constatação de que avançamos muito na comparação com os últimos 16 anos, mas cientes de que podemos e precisamos fazer mais. Como o Partido dos Trabalhadores virá para a campanha eleitoral? Nosso governo não é governo de um partido. Temos um grupo de pessoas e partidos que tem um compromisso com a cidade.

“ ... o WTC seria uma plataforma que colocaria São José em um circuito mundial de grandes eventos, gerando mais de cinco mil empregos” Nosso objetivo é o desenvolvimento de São José e nossa forma de trabalho é o diálogo democrático e o estímulo à participação cidadã. Quais foram as dificuldades que encontrou nesses quatro anos de governo? Todos os governos e municípios têm sido afetados pela queda na arrecadação. Mas isso só reforça que São José dos Campos

precisa atrair investimentos como o WTC (World Trade Center) para diversificar a economia da cidade. Não vamos deixar de apoiar a indústria, mas precisamos dessa diversificação e o WTC seria uma plataforma que colocaria São José em um circuito mundial de grandes eventos, gerando mais de cinco mil empregos. A nova Lei de Zoneamento ainda é um problema para a cidade e para o governo? A falta de um novo zoneamento é que é um problema para a cidade, que continua com áreas do território com um vazio jurídico, por conta das chamadas emendas secretas da atual Lei de Zoneamento que foram derrubadas pela Justiça. Elaboramos uma nova proposta que está em condições de ser votada desde o começo do ano pela Câmara. Ela tinha como diretriz permitir a chegada de novos investimentos, sem descuidar da qualidade de vida da cidade. Não é uma lei para um governo ou para um setor, mas um projeto para a cidade. Infelizmente uma parte da Câmara tratou do tema como uma questão partidária. Quem perde é a cidade. São José perdeu indústrias, atraiu poucas empresas e tem um aeroporto ocioso. O que fazer para reverter esse quadro? Existe uma crise econômica nacional que afeta necessariamente uma cidade como a nossa. Apesar disso, há muita gente querendo investir em São José. Votar a nova Lei de Zoneamento ajudaria a viabilizar muitos investimentos e empregos para a cidade. Mas também trabalhamos em outras frentes. Tornamos a Sala do Empreendedor mais ágil e zeramos a fila de empresas esperando a liberação do alvará. Quando chegamos eram mais de sete mil processos. A


atratividade dos novos investimentos passa por uma melhora na economia como um todo, mas também temos que fazer a nossa parte. Mesmo com todas as dificuldades, trouxemos novas lojas no ramo de serviços. Fortalecemos nosso Parque Tecnológico, tornando-o o maior do país. As obras feitas pela prefeitura também contribuíram para geração de empregos. Sobre o aeroporto, o investimento feito pela Infraero era necessário. O terminal era extremamente acanhado. O aeroporto de São José é de propriedade da União, mais precisamente da Força Aérea e está cedido à Infraero. Sua administração teve um foco na regularização de bairros antes irregulares. Esta é uma marca de seu governo? Talvez essa seja uma das áreas onde a diferença se torna mais visível, porque em 16 anos foi regularizado apenas um bairro, enquanto em três anos e meio da nossa administração, já regularizamos 21 bairros. Mas não é apenas na regularização que estamos trazendo o novo. Na Habitação, trouxemos mais de quatro mil unidades habitacionais pelo Minha Casa, Minha Vida. Estamos em andamento com o maior programa de pavimentação da história da cidade, com mais de 100 quilômetros de asfalto já concluídos, o que é mais do que se tinha feito nos 12 anos anteriores. Fizemos mais de 300 obras e investimentos ao longo do mandato. Na Educação, considera o kit escolar e a Escola Interativa programas de sucesso? A Escola Interativa é um programa inovador e de grande sucesso. Que cidade brasileira conseguiu em três anos colocar internet, computadores e lousas interativas em todas as suas escolas como nós conseguimos? Nós trouxemos a escola do século XIX para o século XXI graças à aposta que fizemos e à qualidade extraordinária de nossos professores, especialistas e dirigentes. As experiências que observamos na Rede Municipal e no LEDI, que é o cérebro da Escola Interativa, mostram que estamos no caminho certo. Já há professores

trabalhando com programas de realidade aumentada em sala de aula. Já há programas de computador sendo desenvolvidos no LEDI. Estamos preparando nossos alunos para o futuro, para a economia criativa. Quanto ao material escolar, não é apenas um benefício para o orçamento das famílias, mas um item pedagógico indispensável para o aprendizado. Pelo terceiro ano consecutivo, fizemos a distribuição e entendemos que é um benefício que deve continuar. Neste ano, o material chegou a todos os alunos no início das aulas, mesmo com a oposição tentando atrapalhar a compra. Com relação à primeira compra, assim que identificamos problemas, tomamos providências: abrimos uma apuração, punimos a empresa fornecedora do material, que foi multada, e os itens com preço distorcido tiveram o pagamento anulado. Os erros cometidos no primeiro ano foram corrigidos nos anos seguintes e o programa está consolidado. A prefeitura teve problemas com as tarifas de ônibus, não iniciou as obras do BRT e das vias Banhado e Cambuí. O que houve? É importante ter uma visão global. Renovamos a frota de ônibus, implantamos as faixas exclusivas de ônibus e o Bilhete Único, que permite que os usuários do sistema utilizem até quatro ônibus pagando uma só tarifa. Isso foi um avanço significativo. Agora, o reajuste é previsto em contrato, que foi firmado na

administração passada. Salários de motoristas e cobradores são reajustados, combustível é reajustado. É por isso que o governador Geraldo Alckmin reajusta as tarifas assim como os prefeitos. É por uma imposição, não por escolha. Com relação

Fotos: Pedro Ivo Prates

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às obras viárias, estamos com importantes ações que irão auxiliar na interligação de diferentes regiões da cidade. Por exemplo, a ligação leste-sudeste vai ligar mais de 20 bairros da região leste. Ela sai do Parque Tecnológico e vai até o Putim. Fizemos a via Aeroporto-Tamoios em parceria com o governo do Estado. O prolongamento da Via Oeste também está em andamento. A Via Banhado só depende da licença da Cetesb para ser contratada. Segue o trabalho para o início da Via Cambuí. Já executamos projetos e obtivemos licença ambiental. Estamos desapropriando as áreas e aguardando as últimas autorizações para licitação. O Mobi, nosso BRT, é um projeto complexo e estruturante para a cidade. Vai colocar a mobilidade urbana da cidade em um outro patamar. Fizemos uma opção, assim como as cidades mais modernas do mundo: priorizar o transporte coletivo e as ciclovias. É uma tendência mundial. Isso não significa que vamos demonizar os carros e por isso

também temos feito obras como no viaduto Kanebo. Queremos que o Mobi seja bem-nascido. Mas como em outras obras, a oposição tem dedicado seu tempo a atrasar o projeto, com seguidos acionamentos no TCE. Tenho confiança de que iniciaremos as obras ainda neste ano. No lote 1 já estamos na fase de apresentação das propostas financeiras das empresas concorrentes. O governo iniciou obras que estão sendo chamadas de eleitoreiras. Por que? Quem diz isso ou é pautado pelo calendário eleitoral, por razões políticas, ou ignora todas as obras que realizamos em 2013, 2014 e 2015. Só para exemplificar: em 2013 fizemos oito grandes obras de pavimentação e duas novas pontes na zona sul. Em 2014, fizemos 11 obras de pavimentação e a duplicação do sentido sul do viaduto Kanebo. Em 2015, seis grandes obras de pavimentação, novos acessos viários e ampliação das faixas da avenida entre o Colinas e o

Thermas. Neste ano estamos com mais de 10 obras viárias em andamento, fizemos a duplicação do Kanebo sentido Centro e outras obras. No primeiro ano de mandato, contratamos 5 mil novas unidades habitacionais. Mais de 30 novas academias ao ar livre foram implantadas nos três primeiros anos de gestão. Sempre haverá os que parecem querer que se pare a cidade apenas porque haverá eleição. Imagina só, temos eleições a cada dois anos. A Prefeitura vai ficar dois anos sem fazer investimentos na cidade? Não há lógica nesse argumento. A região central é o coração da cidade e ficou em segundo plano durante muito tempo. O diagnóstico de que precisava de uma revitalização está colocado há muito tempo. Mas nunca ninguém teve a coragem de fazer. Nós vamos fazer e assumimos a opção pela mobilidade, pela devolução do Centro como espaço de convivência para os pedestres, com uma ciclovia como fio condutor. Será um parque linear com vista privilegiada. A primeira etapa já está para ser entregue. Toda obra traz um pouco de transtorno no trânsito, mas já estamos superando essa etapa. O mutirão de cirurgias funcionou como era esperado? A saúde é uma área onde temos consciência de que sempre devemos fazer mais. Porém quando comparamos a rede de São José dos Campos com a de outras cidades, notamos que estamos em uma condição melhor. Mas temos como norte que sempre precisamos aprimorar. Entre 2013 e 2015 implantamos o Samu, no Hospital Municipal, que é muito bem avaliado pelos pacientes e familiares, fizemos uma nova UTI neonatal, nova UTI adulto, três novas UBSs e três Postos de Saúde da Família. Inauguramos duas novas UPAs, no Putim e no Campo dos Alemães. Implantamos a primeira fase do Hospital da Mulher. Saímos de quatro para 44 equipes na Saúde da Família. Como faríamos isso sem mais médicos? Hoje São José dos Campos tem o maior número de médicos em atendimento na rede municipal,


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os trâmites legais.

entre servidores próprios e contratados via entidades, são quase 1200. Como estão a Arena Esportiva e o Teatro Invertido? Compensou mais reformar o Teatrão e o Cine Teatro? O Teatrão estava em estado de abandono e envolvido numa disputa judicial que conseguimos encerrar por meio de um acordo judicial. Será um espaço multiuso, de lazer, esportes, cultura e educação. Vamos devolver à comunidade um espaço que estava degradado, sem nenhuma pendência judicial. O Cine Teatro é outro local que estava fechado há mais de 15 anos, deteriorado, e agora estamos entregando recuperado. Ela integra nossa iniciativa do Novo Centro. Entregamos a revitalização da Residência Olivo Gomes e estamos também recuperando as estações ferroviárias, que estavam ruindo. Temos um carinho especial pelo patrimônio histórico da cidade. A Arena Esportiva e o Teatro Invertido são casos bem parecidos, deixados pela administração passada. Na arena licitaram um projeto e executaram outro. No Teatro Invertido, nem se fala, licitaram uma obra e construíram outra ao contrário, um erro que apareceu até em horário nobre no domingo. São obras que estão judicializadas e dependem de perícia. Não há no momento segurança jurídica para continuar a colocar mais dinheiro em obras que nasceram errado A arrecadação do município diminuiu. Dá pra fazer mais com menos? Desde 2013 estamos fazendo a lição de casa para cortar gastos com custeio. Reduzimos contas de água, luz e telefone, estabelecemos limites para execução de horas-extras, reorganizamos a frota administrativa da prefeitura para leiloar carros com muitos anos de uso, que gastavam muito com manutenção. Já fizemos três leilões e arrecadamos cerca de um milhão, além de diminuir os gastos com manutenção. A arrecadação preocupa. Só neste ano, a queda real foi de cerca de 10%. Mas não deixamos isso afetar a manutenção dos serviços à população ou

“Governar é fazer escolhas. O que implantamos são programas da cidade” os investimentos. Fizemos isso porque nos planejamos. Mas é claro que precisamos pensar em aumentar e diversificar as fontes de arrecadação. Por isso o interesse em atrair investimentos como o WTC (World Trade Center). Atraso nos repasses ao IPSM e venda das ações da Sabesp. Isso é (foi) necessário ? O nosso Instituto de Previdência tem hoje o maior patrimônio de sua história. Não há nenhum risco ou perigo em relação as contribuições e aposentadorias dos servidores. Todos os repasses da cota dos servidores estão em dia. Os repasses da cota patronal, correspondente ao período de janeiro a abril, será feito com correção. O déficit do IPSM vem das administrações passadas e está sendo corrigido por nós. Assim como estão tentando paralisar obras e investimentos, estão tentando paralisar o governo. Mas não vamos deixar de fazer investimentos para cidade. Sobre a Sabesp, o objetivo da oposição não é questionar a comercialização das ações, mas sim tentar barrar investimentos para a população. Vendemos por um preço acima do que vinha sendo praticado. É um recurso que não podemos utilizar para custeio, mas sim para investimentos. Entre as obras que estão sendo feitas com os recursos estão o Novo Centro, Corredor LesteSudeste, asfalto da avenida Jorge Zarur, asfalto do Buquirinha II, asfalto do Portal do Céu e outras obras de drenagem e pavimentação. A comercialização seguiu todos

O que considera ser seus principais feitos à frente da Prefeitura de São José ? Entregamos novos e importantes equipamentos como o Hospital da Mulher e a Escola Interativa. Mas levar a infraestrutura para bairros que antes não recebiam atenção do poder público, talvez seja o mais importante. Tem um caso que vou guardar na memória. Em uma edição do programa Prefeitura no Bairro, uma moradora do Santa Cecília 2 chegou para mim e disse: “Prefeito, eu só peço uma coisa: queria ter água encanada no meu bairro. E só peço para o senhor porque sei que os outros nunca me atenderiam”. Em breve vamos entregar a rede de água para o bairro. O que pretende ampliar ? O que deixará de lado? Governar é fazer escolhas. O que implantamos nesta gestão não são apenas programas de uma administração, são programas da cidade. Por isso merecem ter sua continuidade assegurada e, quando possível e necessário, ampliados. A Escola Interativa, por exemplo. Os alunos de agora não são mais analógicos. Eles já crescem com as ferramentas tecnológicas em seu cotidiano. Porque a escola continuaria apenas com o quadro negro? Temos é que fazer com que o aluno saiba utilizar bem essas ferramentas. A primeira fase do Hospital da Mulher já fez mais de dez mil atendimentos. Mas sabemos que precisamos avançar e por isso queremos fazer a segunda fase. Por que quer ser prefeito de São José dos Campos por mais quatro anos? Estou muito feliz por estar à frente da nossa cidade. Mesmo num momento de crise em que a arrecadação das prefeituras caiu muito, estamos promovendo muitas conquistas para a cidade, mas sei que há muito por fazer. O futuro exige coragem e disposição de enfrentar os problemas com criatividade e ousadia. Tenho essa disposição. 


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NOTÍCIAS MEIO AMBIENTE

Clima confuso Afinal, o que está acontecendo com o planeta ? Fotos: divulgação

Cachoeira congelada em Urupema (SC), “O parque Santos cidade regsitrou -9ºC emDumont junho é um espaço gostoso, em meio ao agito do município” Carlos Campos, 35

Maria Luiza é vegana há seis anos e esbanja saúde, disputando campeonatos de muay thai e kickboxing

Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

alor demais, frio intenso, chuvas fora de época, longos períodos de seca. Quem já não se pegou falando sobre as mudanças climáticas e o que elas causam no dia a dia de todos nós? A seca que atingiu a região sudeste entre 2014 e 2015 foi a mais severa das últimas décadas e causou uma crise hídrica que afetou milhões de moradores de São Paulo, Minas

Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Essa percepção das pessoas está se comprovando por meio de observações meteorológicas espalhadas pelo Brasil. As cidades com instrumentação e registros meteorológicos têm comprovado que as características climáticas, sejam elas de chuvas mais intensas ou períodos de seca e temperaturas mais elevadas, têm tido uma variação se comparadas aos últimos 30, 40 anos. Para entender o que está acontecendo no planeta, a Metrópole Magazine

foi conversar com Lincoln Muniz Alves, doutor em meteorologia e pesquisador do Grupo de Mudanças Climáticas do CCST (Centro de Ciência do Sistema Terrestre) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Para o pesquisador, há evidências científicas que a atividade humana tem provocado modificações nos padrões climáticos de algumas regiões do planeta. “Eventos extremos causados por variações naturais têm se tornado um pouco mais frequentes. Eles podem estar associados às atividades industriais e às emissões dos gases do efeito estufa. Isso tem sido verificado desde a década de 1930, onde se tem os primeiros registros. Fazendo esse paralelo do aumento das concentrações dos gases do efeito estufa junto com o aumento da frequência dos eventos extremos, isso corrobora que as atividades humanas têm uma parcela de contribuição nesse novo clima que está se configurando”. Porém, para alguns climatologistas, a Terra sempre passou por ciclos de aquecimento e resfriamento não causados pela ação humana e pela atividade industrial. Essa linha de pesquisa aponta também que o clima global é produto de vários fenômenos, incluindo alguns que ocorrem fora do planeta, como a radiação solar. O pesquisador do INPE explica como alguns fenômenos podem alterar as condições climáticas. “O El Niño é capaz de provocar mudanças nas circulações do vento até em regiões remotas do planeta e, consequentemente, há modificações nos padrões climáticos dessas regiões. Isso, dentro do contexto de clima, é normal. O que vem ocorrendo é que a separação desses eventos extremos causados por variações naturais tem se tornado um pouco maior”. Tanto o El Niño como a La Niña são cíclicos, existe uma boa previsibilidade. Os diversos centros de previsão meteorológica do mundo, como o CPTEC/INPE,



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conseguem saber quando e como ocorrerão com até 3 ou 4 meses de antecedência. Mensalmente são feitas previsões e emitidos relatórios para subsidiar as diversas atividades, principalmente ações governamentais.

Aumento Segundo os pesquisadores, a temperatura vem aumentando nos últimos anos e o que preocupa é essa taxa de crescimento. Nos registros paleoclimáticos (com testemunhos de gelo e anéis de árvore) de milhares de anos atrás, existem variações - tanto temperaturas altas como períodos muito frios. O que chama a atenção agora é o período curto e essa taxa de crescimento da temperatura nesta fase.

Oceanos Uma das possíveis consequências das mudanças climáticas é a elevação do nível médio do mar. No Brasil já se observa isso em cidades como Santos, Recife e Rio de Janeiro. “Essas são regiões que, historicamente, têm uma estrutura econômica importante para o país, como o Porto de Santos, e vemos variações do nível do mar por meio de ressacas, que tem um impacto significativo. Qualquer que seja a elevação do nível do mar, isso pode ter impacto na qualidade de vida da população e até mesmo na economia do país”, alerta Lincoln.

COP As COP (Conference of Parties, em inglês) são os encontros dos países que assinaram acordos na Rio 92: um sobre a biodiversidade e outro sobre as mudanças climáticas. Essas conferências têm mostrado um engajamento cada vez maior dos países, tanto dos mais pobres, dos em desenvolvimento e das grandes nações. “É realmente um desafio porque qualquer ação de adaptação ou mitigação a esse novo cenário exige, muitas vezes, medidas drásticas e impopulares, como mudanças até na economia e na cultura

Essa variação pode acarretar períodos muito quentes, mas também frio intenso desses países. O que se percebeu, principalmente na última conferência, a COP 21, que aconteceu em Paris em 2015, foi que os chefes de Estado estão sensibilizados e preocupados com esse novo destino. Foi ratificado um acordo entre as nações no sentido de que

sejam feitas ações para que a temperatura não ultrapasse até 1,5ºC, o que é considerado por diversos estudos científicos um limite extremo que pode ainda ser suportado. Passando esse limite, os impactos são imprevisíveis”, finaliza o pesquisador. 



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NOTÍCIAS ECONOMIA

Centros empresariais da RMVale resistem à crise Espaços reúnem pequenas e médias empresas e buscam novas alternativas Fotos: Pedro Ivo Prates

no setor do comércio, indústria e prestação de serviços e geram mais de cinco mil empregos diretos. O centro foi criado em 1999 para suprir a demanda por áreas industriais com infraestrutura completa, fácil acesso, segurança treinada e logística eficiente, além de redes de água, luz, esgoto, telefone e estrutura para instalação de bases de comunicação de dados de alta velocidade.

Tecnologia Voltado para o setor de tecnologia e empreendedorismo, o Parque Tecnológico de São José dos Campos concentra 60 empresas em quatro centros. O local oferece infraestrutura básica para abrigar instalações e pessoal e gerar oportunidades de networking com outras empresas, instituições de pesquisa e agentes financiadores. Além disso, o Parque Tecnológico também atua como uma incubadora e abriga importantes empresas do setor aeroespacial.

Fábrica Circuit, em Pindamonhangaba, tem sede em um distrito insdustrial

Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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forte crise econômica que tem impactado o país faz com que os empresários busquem alternativas. Nas cidades da RMVale, os centros empresariais e condomínios industriais têm reunido pequenas e médias empresas, atraídas por facilidades como apoio logístico, segurança, monitoramento por câmeras, fácil acesso a rodovias e proximidade com fornecedores.

Apenas em São José dos Campos, dois grandes empreendimentos reúnem dezenas de empresas. O Centro Empresarial do Vale, que ocupa a área onde funcionava a fábrica Kodak, tem 800 mil m², sendo mais de 88.500 m² de área construída. Lá estão estabelecidas empresas de serviços como a Tivit, gigante do setor de serviços integrados de tecnologia, e empresas de logística. Já o Centro Empresarial Eldorado tem mais de 80 empresas instaladas e funciona como um condomínio. Elas atuam

Pioneira Uma das primeiras cidades da região a por em prática um projeto de áreas industriais, Pindamonhangaba adotou uma política de atração de pequenas e médias empresas a partir de 1993. Benedito Rubens Fernandes de Almeida, atual secretário de Desenvolvimento da cidade, ajudou a implementar o projeto. “Pinda tinha grandes indústrias de base como a Alcan (atual Novelis), Villares e Confab. Então, nós propusemos


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um modelo diferente: buscar médias e pequenas indústrias e diversificar a atividade. Porque quando ocorre uma crise, você é afetado desde o início até a cadeia produtiva. Criamos três polos industriais, a princípio doando áreas de menor porte, de 20 mil m² e 15 mil m², evitando áreas maiores porque onera os cofres públicos. Quando iniciamos, em 1993, o índice de participação no ICMS no bolo total do Estado de São Paulo era em torno de 0,22. Depois de 12 anos de trabalho, chegamos a 0,56”. O empresário Renato Breda, dono da empresa Circuit, fabricante de acessórios plásticos para motos, chegou a Pindamonhangaba no início dos anos 2000. Espremido em uma fábrica no bairro do Mandaqui, em São Paulo, com dificuldades para expandir o negócio, Breda resolveu mudar toda a operação para um distrito industrial em Pindamonhangaba, em 2002. Tiveram atrativos, como a doação do terreno e outros benefícios. Em contrapartida, havia o compromisso de contratar mão de obra local. Para isso, investiu na construção de um prédio que já ganhou até prêmio na categoria edifícios industriais em um concurso de arquitetura nacional. Hoje, a Circuit tem unidades na Europa e nos Estados Unidos, como explica o gerente de logística da empresa, Miqueas Cavalcante. “A sede produtiva é no Brasil, mas temos unidades em Bergamo, na Itália, e nos Estados Unidos, onde entramos com a marca C84. Atuamos na área de duas rodas, com acessórios para motos offroad e de rua também. Temos fabricação como atividade primária, importação e exportação”. A empresa emprega cerca de 30 funcionários e ocupa uma área no distrito industrial Dutra. Miqueas conta que a empresa passou por muitas crises, mas conseguiu se estabelecer. “Hoje exportamos para todos os continentes e temos uma abrangência


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grande. Mesmo com a crise atual, estamos buscando alternativas. Desde 2013 nós patrocinamos o Campeonato Mundial de Motocross, o que facilitou nossa entrada no mercado europeu. Lá, eles têm uma visão mais técnica de produto. Se o piloto está usando, é bom, então isso abriu o mercado para a marca”.

Jérome Six transformou a empresa têxtil da família em centro empresarial

Jacareí Uma antiga fábrica têxtil, que já foi orgulho de Jacareí, hoje é um polo de novas empresas. A Lavalpa (Lanifício do Vale do Paraíba) surgiu em 1954 por iniciativa de empresários franceses e exportou lã até 1996. “O que parou o setor têxtil, principalmente para quem exportava, foi a âncora cambial, quando o dólar ficou um para um. Matou o negócio. Já havíamos passado por várias crises. O que fazer com um pátio de 200 mil m² e 25 mil metros de área construída? A solução foi parar e transformar a antiga fábrica num centro empresarial”, explica Jérôme Six, diretor administrativo da empresa. Atenta a novas oportunidades de mercado, a Lavalpa oferece salas para co-working e montou até um heliponto. “O nosso heliponto é utilizado, basicamente, por pessoas que não querem ser vistas em São José dos Campos. E é também uma alternativa ao Campo de Marte, que é bem mais caro”, diz o diretor. Mesmo com a crise na economia, os negócios não param. ”Estamos tendo consultas de clientes que desejam sair de outros centros empresariais por uma questão de custo. A gente sabe que não dá para praticar os preços de um ano atrás, na crise atual. Tem que ser muito atencioso com os clientes se não quiser ficar vazio”, finaliza.

Guerra fiscal Em São José dos Campos, desde os anos 2000 o poder público tem implantado políticas que facilitem o investimento e atraiam empresas para a cidade. Uma lei

de 2003 incentiva empresas da cadeia produtiva com alíquota mínima de 2% do ISS (Imposto sobre Serviços) para atividades nos setores aeroespacial, automotivo, telecomunicações, desenvolvimento de softwares, pesquisa e desenvolvimento em ciência e tecnologia, entre outros. De acordo com a Lei Complementar 314/06, empresas de alta densidade de empregos, como call centers, também podem se beneficiar do programa de incentivo, desde que invistam no mínimo R$ 3 milhões com a implantação e que gerem pelo menos mil empregos em 12 meses. O IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) é isento por um período de 2 a 6 anos para empresas novas que venham a se instalar na cidade, em função do número de empregos e faturamento a serem gerados. Em Taubaté, o Programa de Expansão Industrial foi implantado pela prefeitura em 2008 com o objetivo de atrair investimentos de empresas e indústrias. Os investimentos ocorreram principalmente em áreas doadas pela prefeitura às empresas em um conjunto

de distritos industriais de segmentos diversos. Também foram oferecidos incentivos fiscais, com a concessão de isenção de impostos municipais. Para Luiz Laureano, economista da Unitau, nem sempre a política de benefícios fiscais ou doação de áreas é positiva para os municípios. Ele acredita que, sem planejamento, até a qualidade de vida das cidades pode ficar comprometida. Laureano observa que os gastos com o crescimento desordenado podem ser até maiores do que os benefícios de ter novas empresas nas cidades. “Quando a cidade dá os incentivos para atrair novas empresas, o que geralmente ocorre é que muitas pessoas vêm de outras regiões e acabam trazendo a família. A cidade começa a crescer e, muitas vezes, não tem infraestrutura para acomodar de forma decente essas pessoas. Tem que haver uma discussão com a sociedade, verificar se a cidade está preparada para isso, se interessa realmente crescer, até mesmo por uma questão de qualidade de vida”, analisa. 


“Realizado pessoalmente porque sou casado, pai de três filhos e avô de quatro netos e também profissionalmente, como educador, esportista e empresário ,senti que

poderia colaborar com a minha cidade, na vida pública, como vereador.”

s o n A 30 ndo

F o rm a s o ã d a d i C

Quando construímos o prédio da academia, em 1986, no Jardim das Indústrias, eu e minha esposa tínhamos apenas 23 anos, mas já vislumbrávamos o progresso e crescimento da nossa região, mesmo quando muita gente não acreditava que este empreendimento daria certo. Passados 30 anos, consolidamos uma marca reconhecida internacionalmente e nossos atletas brilham no Brasil e no mundo. Ninguém faz nada sozinho! Devemos muito a nossa família, nossos alunos, funcionários e parceiros que nos ajudaram a vencer.

Com o esporte, aprende-se a ter respeito pelas regras e pelos outros e o que prevalece é o entendimento, o convívio com o coletivo, as resoluções de connitos, o esforço e a responsabilidade, sem contar que quando aliado à educação, o esporte é uma poderosa ferramenta de proteção social e resgate de crianças e jovens em situação de risco. O que nossas crianças e jovens menos precisam é estar nas ruas, convivendo e aprendendo “o que não devem”. Atualmente, como vereador, sigo com a mesma determinação, acreditando em meus sonhos e projetos. Luto por uma cidade melhor, investindo em pessoas por meio do esporte formativo e educativo. Entendo que a prática de esportes não é apenas sinônimo de cuidado com a saúde, mas sim uma ferramenta de integração e inclusão social. Hoje já consigo promover o bem-estar social por meio de programas que geram oportunidades à população. Nosso mandato na Câmara Municipal é para representar verdadeiramente os anseios de nossa gente. Agradeço a cada um que acredita nosso trabalho e constrói tudo isso conosco.

Nossa área de atuação é condicionamento físico, musculação e artes marciais, com orientação proossional qualiicada e credenciada, visando a melhoria da qualidade de vida dos nossos clientes. O maior investimento que zemos foi na solidariedade e no amor ao próximo, por isso, desde o primeiro dia de funcionamento, iniciamos nossos programas de bolsas de estudos para crianças e jovens de baixa renda.

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ESPECIAL SÃO JOSÉ

A cidade que só eles enxergam Deficientes visuais relatam suas impressões sobre São José dos Campos em seu aniversário Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

ove e meia da manhã de uma quinta-feira com céu nublado. O ponto de encontro com Júlio Augusto Oliveira Coutinho e Silva, 59 anos, ou mais conhecido em São José dos Campos como John Lennon, foi em uma lojinha de seu amigo chamado Nair, próximo de uma igreja evangélica na região central. Em um primeiro contato, por telefone, ‘John’ transmitiu as percepções e as discriminações que moldam o dia a dia de São José dos Campos. Chegando ao local, John Lennon já esperava na companhia de sua bengala, utilizada para o auxílio a deficientes visuais. Com os cabelos grisalhos e o sorriso no rosto, John Lennon rapidamente se apressou para indicar que estávamos no local certo. Cumprimentos feitos, partimos da lojinha, despedindo do amigo Nair, e fomos caminhando pelas ruas da cidade em um bate-papo. Ele se apoiando levemente em meu ombro e transmitindo uma boa energia. Estávamos ali para uma conversa, para ouvir, descrever histórias e as sensações dos deficientes visuais. Passando por um posto de gasolina, atravessando a via e seguindo

pela rua Coronel José Monteiro, John Lennon vai se soltando e contando um pouco da sua vida. Estávamos em direção aos principais pontos da cidade em que Júlio Oliveira costuma ir e se sente acolhido. E ele começa a nos contar a sua história. Uma forte dor de cabeça foi um dos principais sintomas para a perda da visão. Estava em um show com amigos, aos 33 anos, quando começou a sentir dores na cabeça. Num sábado à noite buscou os primeiros atendimentos em um hospital e foi detectado que havia tido um derrame. Quando criança chegou a contrair histoplasmose - doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes dos pombos -, algo que foi apenas descobrir com os exames. Aos 33 anos, Oliveira tinha acabado de participar de um programa de televisão como cover do John Lennon e estava em seu ápice na carreira. Nesta época, ele trabalhava como auxiliar de cozinha em um barzinho. “A dor foi muito intensa, como se alguém pegasse a minha cabeça e chacoalhasse. Passei por tudo o que tinha que passar, consultas e mais consultas, rodei em várias cidades e nada. Chorei muito, mas tive que começar a me adaptar. Tudo para mim era visual”, conta. Entre as situações relatadas e o


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Foto: Pedro Ivo Prates

A perda da visão fez com que ‘John’ percebesse a cidade de outras maneiras


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“O parque Santos Dumont é um espaço gostoso, em meio ao agito do município”, diz Carlos Peres, 35

nosso andar lento em direção à Praça do Sapo, ‘John’ é reconhecido por algumas pessoas na rua. Ele faz questão de ser popular e frisa: “sou independente e quero conscientizar e orientar as pessoas sobre a deficiência visual”. A aceitação para uma nova vida foi difícil, segundo ele. “No início fiquei sem saber o que fazer. Pensei que não fosse me acostumar com essa situação. Mudei radicalmente meus planos e hoje sirvo de exemplo para as pessoas”. Com uma boa percepção auditiva, por onde passa John consegue descrever os pontos por onde cruzamos durante a conversa. Passando pela Praça do Sapo, chegando próximo do calçadão, sentamos em um banco de concreto em frente a uma loja de roupas. Estendemos o bate-papo até 11h, horário em que vai em um restaurante popular. Morando atualmente sozinho na região leste, em uma casa do CDHU, Júlio relata que seu espírito aventureiro – ele chegou a subir a Pedra do Baú – e sua força de vontade fizeram com que ele nunca se abalasse. Nascido em Areias e há 42 anos em São José, ele descreve as principais ruas do Cento na “palma da mão”. “Ando por tudo na cidade, mas a região central é o meu ponto de encontro e onde eu me sinto bem, principalmente por conversar com as pessoas e amigos que fiz durante esta caminhada”. John faz acompanhamento com especialista periodicamente e, hoje em dia, tira de letra e se locomove para todas as partes da cidade. “Demorei uns dois anos para me adaptar, cheguei a cair até em buracos, quebrar óculos. Como as pessoas são distraídas, coloquei uma campainha em minha bengala para avisar que estou chegando. Tudo isso pois fui me virando e a faculdade da vida me ensinando”. Com bom humor para tratar a questão, ele afirma que é preciso vencer os



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São 2.377 pessoas cegas e 14.651 pessoas com baixa visão, em São José

tabus estabelecidos pela sociedade e disseminar o assunto. Júlio chegou a casar, troca o chuveiro, entre outras atividades. “Faço tudo normal. Isso que as pessoas precisam entender, não precisa ser dependente. Eu sou um ‘de-eficiente’”.

Percepções A perda da visão fez com que “John” percebesse a cidade de outras maneiras. Descrevendo por onde passa, com as idas e vindas das pessoas pelas ruas no Centro da cidade, Júlio diz que o Banhado é um lugar em que sente “paz”, para um momento de repouso, na correria do dia a dia. Lá, ele também chegou a morar por onze anos. Ele descreve a atual sensação quando passa pelo local. “Quando passo no Banhado sinto uma tranquilidade e uma paz interior, apesar do barulho dos carros que passam constantemente”.

“O lugar me traz boas lembranças e um descanso. Sinto uma sensação de estar em um lugar bem frio, principalmente, no período de inverno, já que sinto a brisa passar pelo meu rosto. É um pulmão da cidade e que falta ter mais árvores”, descreve. Aproximando das 11h, encerramos a conversa, caminhando pela Praça do Sapo, e nos despedindo na porta do restaurante.

O locutor Procurando por personagens, fomos orientados a falar em uma outra data com uma pessoa de gabarito. É isso mesmo, gabarito. Ele não teve a oportunidade de enxergar, pois perdeu a visão com alguns dias de vida, por conta de excesso de oxigênio no cérebro. Carlos Peres, 35 anos, atualmente mora em Jacareí, mas passa grande parte do tempo em São José dos Campos, onde trabalha como revisor

de braile na Gráfica Pró Braille. O seu contato com a cidade aconteceu quando ele mais precisou de ajuda. Para ele, o atual trabalho é uma segunda casa, já que fez tratamentos e reabilitação no Próvisão. O espaço é onde segue uma rotina durante a semana e, de acordo com o próprio Carlos, vive momentos de alegria. Chegando no setor de revisão, encontramos com Carlos, que nos esperava. Vestido com uma blusa da instituição, cabelo curto e rosto arredondado, nos atendeu em uma sala ao lado daquela que ele utiliza para revisão dos livros. Ele superou os obstáculos com o apoio da família e hoje é casado e tem a sua autonomia. Até a terceira série, estudou em escola pública na cidade. Com a falta de estrutura para o atendimento, ele foi estudar em um colégio interno em São Paulo, onde ficou até a oitava série. Aos finais de semana, ele retornava para São José. Carlos conta que o ensino rígido no colégio contribuiu de certa forma para a sua boa qualificação. “Eram utilizados, na época, excelentes conteúdos para os alunos e tinha uma boa estrutura de aprendizado, o que contribuiu para a minha formação. Apesar disso, resolvi retornar para a cidade, concluir o ensino médio na escola Synésio Martins e ficar mais perto da minha família, algo que não abro mão”. “Na escola, tinha a ajuda dos professores e amigos que ditavam e me passavam os materiais”. Apaixonado por música e depois de concluir os estudos, Carlos decidiu fazer um curso de locutor. As ondas do rádio sempre o encantaram e ele chegou a trabalhar em várias rádios da cidade. Sem barreiras, Peres partiu para a graduação em letras, se especializando em língua portuguesa. Os estudos não pararam por aí e ele concluiu a pós-graduação em educação


Jovens

e adolescentes

descobrem o sabor do leite fresco


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inclusiva. Neste período, conheceu o amor de sua vida durante um evento na igreja e há sete anos está casado. “Minha família é tudo para mim, sempre estiveram ao meu lado. Tenho uma rotina totalmente normal e ando de ônibus com o auxílio das pessoas que me conhecem. Hoje posso dizer que tenho autonomia, é claro que é uma autonomia solidária, pois dependo de outras pessoas e que elas também tenham boa fé”. Durante o bate-papo, Peres relata os momentos com empolgação, contando os seus relatos com muita determinação e orgulho. Como hobby, escuta todos os dias o rádio e fala de um dos seus méritos: passar em um concurso público para professores do Estado. “Consegui passar no concurso, mas as condições de trabalho, infelizmente, eram desfavoráveis para mim. Não havia estrutura”. Sobre a atual profissão, ele se sente muito feliz e fala dos planos para o futuro. “É um trabalho muito gratificante para mim. Tudo o que sai da gráfica, eu sou o responsável por revisar e apontar as alterações necessárias nos materiais, que são usados para o aprendizado de crianças em processo de adaptação. No futuro, pretendo ter filhos”, acrescenta.

Sensações Com a turbulência na metrópole, assim como Carlos define São José, um “cantinho” na cidade chama a atenção dele para os momentos de descanso. Ele chegou a ir algumas vezes ao Parque Santos Dumont –localizado próximo da avenida Adhemar de Barros, uma das principais avenidas na região central-, e relata as sensações ao estar no espaço verde, um refúgio para o descanso. “Não sou muito adepto às coisas bucólicas, mas o Santos Dumont é um espaço gostoso, em meio ao agito do

município”. “Creio que o Parque Vicentina Aranha também transmita essa sensação, um lugar para relaxar e curtir com a família. Andando pelo Santos Dumont consegui sentir o frescor da presença das árvores, algo muito bom e que me faz bem”, relata. Finalizando a conversa, próximo das 10h30, Carlos destaca sobre a importância da inclusão social. “Inclusão é uma questão de valores.

Toda relação envolve muitas partes e a sociedade precisa se abrir para o novo. As pessoas têm receio de se aproximarem das minorias e isso necessita de mudança”. Peres se despede e vai para área da cozinha fazer um “lanchinho” da manhã. Afinal, ficamos alguns bons minutos conversando.

Reabilitação Situado em São José, o Próvisão é


São José dos Campos, julho de 2016 | 41

moda masculina

Cada célula braille possui seis pontos de preenchimento, permitindo 63 combinações

referência e atende as 39 cidades da região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira. A instituição recebe crianças recém-nascidas a até pessoas com mais idade, ensinando e socializando o deficiente visual, seja com baixa visão ou cegueira total. Um acompanhamento diferenciado é dado para crianças e jovens até o período da faculdade, com auxílio de materiais adaptados e aulas de reforço.

“Nossa existência se iniciou com as pessoas com deficiência visual. Há mais de 30 anos temos atividades voltadas para esse público. Temos a possibilidade de atender e fazer a reabilitação, para a escola, trabalho ou até mesmo na área esportiva”, diz a superintendente, Meire Cristina Ghilarducci. Segundo ela, o Centro é uma nova porta que se abre para a pessoa que busca algum tipo de tratamento. Lá,

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42 | Revista Metrópole – Edição 17

é possível encontrar uma casa que simula as situações vividas, como escovar os dentes, fazer um lanche, tomar banho, entre outras. “Temos profissionais de fonoaudiologia e fisioterapia, que dão suporte para as crianças irem às aulas, acompanhando o processo de adaptação. Todas as pessoas com deficiência precisam de acompanhamento”. Outro importante trabalho desenvolvido é a inclusão no mercado de trabalho. “Com 18 anos, o jovem pode ser encaminhado para o primeiro emprego. Inclusive, temos a própria gráfica, que conta com o programa de empregabilidade. Em outras situações, também damos suporte nos meses iniciais para o jovem se adaptar no novo ambiente”. Por mês, são atendidos 240

pacientes (105 mulheres e 135 homens) na unidade e a dificuldade financeira é a grande barreira. Por meio de convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde), o Centro de Reabilitação Visual também realiza a concessão gratuita de bengalas, lupas, telelupas, próteses oculares e lente escleral pintada. “Infelizmente, o custo é elevado e pode variar entre R$ 320 e R$ 380, dependendo do tratamento. Temos convênio com o município com atendimento via SUS, que cobre 40% dos nossos gastos. O restante nós dependemos de doação”, afirma Meire. Com a crise e a queda na receita, a direção do Próvisão está atendendo pacientes também por meio de consultas particulares. “Essa medida é para cobrir a defasagem que temos

nas contas”, acrescenta.

Raio-x De acordo com a Secretaria de Promoção e Cidadania de São José, são 2.377 pessoas cegas e 14.651 pessoas com baixa visão. Deste cenário, 1.332 pessoas cegas são homens e 1.045 são mulheres. De baixa visão, 8.205 são homens e 6.446 são mulheres. Segundo a pasta, algumas políticas públicas foram implantadas na cidade, incluindo biblioteca acessível com acervos em braille, fonte ampliada, áudio-livros e filmes com áudio-descrição. Uma sala multimídia conta com recursos de estimulação para complementar a formação do aluno. Ainda segundo a secretaria, cursos de braille e de áudio-descrição são oferecidos, entre outras atividades. 

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O direito de conhecer Redação SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

em o mais talentoso dos artistas seria conhecido se a obra dele não chegasse ao público. Expor é a etapa final de qualquer manifestação artística, afinal, sem chegar ao público e causar as sensações que a arte deve causar, qualquer manifestação fica incompleta. Contagiado por essas sensações no início dos anos 80, o empresário Renato Andrade resolveu mergulhar no mundo da arte contemporânea transformando as unidades do Yázigi da região em espaços para que os artistas cheguem ao público. “Sartre dizia que vale a pena viver se puder existir, só existe o homem livre, só é livre quem pode optar e só pode optar que tem conhecimento. Minha maior vontade é dar o direito de conhecer”, conta. Dono de um acervo que foi montado durante esses anos, as exposições agora ultrapassaram as apostilas de inglês e até o dia 15 deste mês, a exposição “Y-art Collection - A arte para além da linguagem”, no Parque Vicentina Aranha, com curadoria de Célia Barros, traz um pouco dessa paixão e dedicação. Entre as obras expostas, uma de Ricardo Valise (foto), que aproveitou uma sobra da obra na unidade da escola de Pindamonhangaba e transformou em um presente ao empresário. “Essa tem um grande significado pra mim”, diz. Além de alguns artistas regionais, a exposição também conta com obras de nomes como Lucia Py, que idealizou esse projeto nos anos 80 em São Paulo e espalhou as exposições para unidades do Yázigi que se interessaram em ampliar as formas de linguagem.

Fotos: divulgação

Cultura&


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DVD&

Meu amigo Hindu Preço: R$29,90

Diego é um diretor de cinema que ao saber que sofre de uma doença que pode ser fatal, casa-se com sua mulher de muitos anos, despede-se de seus amigos e entra numa rotina de longas jornadas num hospital. Lidando com a dor e conversando com a morte conhece um menino hindu, que se torna seu mais novo amigo. Um dia ele não aparece mais. Diego recebe alta, mas sua vida nunca mais será a mesma.

CINEMA&

LITERATURA&

LIFE – UM RETRATO DE JAMES DEAN

A Imaginação Totalitária Francisco Razzo

Às vésperas do lançamento de um filme, James Dean ainda não é um ator famoso. Os estúdios têm grandes planos para transformá-lo em um astro, mas ele não se sente à vontade com a vida de festas, eventos e autógrafos. O fotógrafo Dennis Stock, apostando no sucesso iminente de James Dean, pede para fotografá-lo em um ensaio para a revista Life, mas recebe

apenas respostas negativas. Um dia, para fugir da promoção do filme, Dean esconde-se na fazenda de sua família e leva o novo amigo Stock junto dele. Neste local, o fotógrafo registra as imagens mais famosas de toda a carreira do ator. Talvez não venha para a região, mas é um dos melhores lançamentos para este mês de julho nos cinemas.

Preço: R$46,90 Francisco Razzo expõe uma tese perturbadora: esquerda, direita ou centro, somos todos responsáveis pelas jaulas voluntárias de nossas ideologias. “A Imaginação Totalitária” é a estreia promissora de um escritor que quer nos perturbar sem fazer nenhuma concessão. E, sobretudo, o relato de um exorcismo pessoal de alguém que também quer expulsar os demônios que infestam a atual sociedade brasileira.

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ESPECIAL CULTURA

Música para esquentar

O maior evento de música erudita da América Latina traz 80 concertos para Campos do Jordão durante a temporada de inverno João Pedro Teles CAMPOS DO JORDÃO

A

ssim como um bom vinho de guarda, o tradicional Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão chega à 47ª edição com vigor renovado para oferecer sofisticados deleites sensoriais. Realizado pela Fundação Osesp, o evento acontece até o dia 31 de julho e é a principal atração da estação de inverno da estância turística. Este ano, o encontro contará com nada menos do que 80 concertos de música erudita, a maioria deles gratuitos. Maior e mais importante festival do gênero na América Latina, o evento terá a participação de renomados artistas nacionais e internacionais. Nomes que oferecem ao público desde as composições clássicas até o repertório contemporâneo em apresentações diárias. A abertura aconteceu no sábado (2), no Auditório Rodrigo Santoro, às 20h30. Abriu as atividades o concerto da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). A regência é de sua diretora musical e regente titular, Marin Alsop. No programa, que tem como solista a violinista Karen Gomyo e o violoncelista Christian Poltéra, a Orquestra apresenta o Concerto para Violino e Violoncelo em Lá Menor da Brahms e ainda promove a estreia mundial da obra Gravitações, de Jorge Villavicêncio Grossmann. Como nos anos anteriores, o destaque fica por conta da Orquestra do Festival, formada por parte dos 217 bolsistas


São José dos Campos, julho de 2016 | 49

semijoias

Fotos: Divulgação

“O parque Cláudio Santos Auditório Dumont é um Santoro receberá espaço gostoso, em a maior parte dos meio aoconcertos agito do município” Carlos Campos, 35

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que foram contemplados neste ano. A Orquestra faz dois programas, com dois concertos cada. O primeiro deles acontece sob a batuta do regente estoniano Arvo Volmer – diretor artístico e regente principal da Ópera Nacional Estoniana, além de diretor musical da Haydn de Bolzano—e acontece no Auditório Claudio Santoro no dia 9. No dia 16, a Orquestra apresenta-se sob o comando de Giancarlo Guerrero, diretor musical da Sinfônica de Nashville, em apresentação que acontece no mesmo auditório. Para este ano, a curadoria do festival enfoca o violoncelo como destaque. Neste contexto, os principais nomes do festival são mestres no instrumento de cordas. Atrações como os violoncelistas Christian Poltéra – que faz recital duo com a violinista Karen Gomyo –, Pieter Wispelwey e o grupo de Cellos da Osesp, que faz sua estreia no festival, são os destaques da programação. Já na música de câmara, a edição traz alguns destaques como o flautista Ransom Wilson, em duo com a pianista Olga Kopylova, da Osesp; a Camerata Latino Americana, com Simone Menezes (regente) e o Duo Siqueira Lima (violões); a Camerata Fukuda, com Alessandro Borgomanero (regente e violino); e a Camerata Antiqua de Curitiba, com Cláudio Cruz (regente e violino). Entre os recitais solo, destaque para os concertos do pianista Fabio Martino e do trombonista György Gyivicsán. O maestro Pierre Boulez, que morreu em janeiro deste ano, será lembrado em uma programação especial em sua homenagem. A soprano Manuela é quem fará as honras na lembrança da memória viva do maestro, pedagogo musical, ensaísta e compositor francês morto aos 90 anos e que foi figura influente no cenário musical e intelectual da França. Outra entre as novidades que o festival oferece este ano é a criação do Grupo de Música Antiga do Festival, que se apresenta na terceira semana do evento

Praça do Capivari recebe os eventos gratuitos do Festival

(dia 23), sob a regência do violinista e diretor artístico do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira, Luis Otávio Santos. Já entre as orquestras convidadas para o evento, estão a Sinfônica de Heliópolis, sob a batuta de Isaac Karabtchevsky; a Filarmônica de Goiás, com o regente Neil Thompson; a Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo, com Eduardo Strausser na regência; a Orquestra Sinfônica da USP (Universidade de São Paulo), com a regência de Lavard Skou Larsen; e a Orquestra do Theatro São Pedro, que tem André dos Santos como regente.

Além da música Além de trazer um recorte atualizado do que há de mais importante no cenário da música contemporânea, o festival também oferece este ano 138 bolsas de estudo integrais – sendo 123 vagas para inscrições individuais e outras 15 destinadas para instituições estrangeiras e parceiras – e outras 79 bolsas de estudo parcial. Estes cursos compreendem aulas dos instrumentos integrantes do naipe de orquestra sinfônica, além de outros como violão, piano e regência. Os candidatos aprovados para a classe regência ainda participam de atividades preparatórias



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Orquestra SInfônica de Campos também se apresenta este ano

na Sala São Paulo, na capital paulista. A Osesp premiará o bolsista de destaque com uma quantia de U$ 1,4 mil. Para o prefeito de Campos do Jordão, Frederico Guidoni Scarnello (PSDB), além das atrações, o festival fortalece o clima cultural da cidade e oferece aos moradores uma oportunidade singular de contato com a música erudita. De acordo com ele, como legado do festival, a população traz consigo uma verdadeira vocação musical. “A nossa maior preocupação é que o evento não seja como aquele circo que arma-se na cidade, fica um mês e não deixa nada de legado depois que vai embora. Por isso aproveitamos a chama que o evento acende para levar esse clima da música para toda a cidade. O contato faz com que os mais jovens tenham consciência de que a música pode ser o caminho para uma sólida carreira no meio cultural. O Estado ainda dá

oportunidade para que alguns dos estudantes da rede municipal possam participar como ouvintes em aulas e treinamentos. É uma oportunidade para estar em contato com os grandes mestres da música”, explica. O prefeito destaca a simbiose entre município e festival. De acordo com ele, o trabalho começa já no mês de fevereiro, quando a Secretaria de Cultura do Estado, junto com a Fundação Osesp já adiantam para a prefeitura a pauta e as definições sobre programação do evento. “Trabalhamos em parceria, a prefeitura é quem recebe e sedia o evento. Junto com a programação oficial, há outras apresentações acontecendo, como corais, atividades musicais. A cidade entra no clima para receber os amantes da boa música”, afirma.

Economia Com toda essa carga cultural, o festival

ajuda a movimentar a já concorrida temporada de inverno de Campos do Jordão. Como as atividades acontecem também durante os dias de semana, o evento faz a alegria da rede hoteleira e dos bares e restaurantes da estância turística, cujo movimento permanece alto durante todo o mês de julho. O representante regional do Sinhores (Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares) de Campos do Jordão, Paulo César da Costa, explica que os estabelecimentos da cidade atuam como grandes parceiros do evento. Costa destaca a rede de Amigos do Festival, que reúne uma rede de estabelecimentos que oferece desde a divulgação da programação aos turistas até alimentação para bolsistas. “É um momento muito especial para o comércio da cidade, que tem no festival o seu principal atrativo da temporada de inverno. Por isso, há uma forte colaboração para receber com excelência tanto os turistas quanto os artistas participantes do evento”, explica. A crise financeira e o dólar alto tiveram um efeito reverso para as últimas temporadas de Campos do Jordão. Desde 2014 o movimento segue numa crescente, com aumento de 15% a 20% nos lucros. “Com o dólar em alta, as pessoas buscam os destinos nacionais e isso marcou um crescimento importante para a nossa economia”, explica.

Ingressos Os concertos na Praça do Capivari, na Igreja de Santa Terezinha, na Capela do Palácio do Governo e na Sala do Coro (na Sala São Paulo) são todos gratuitos. Os concertos pagos no Auditório Claudio Santoro e na Sala São Paulo estão com ingressos à venda pelo site Ingresso Rápido, com valores entre R$22 e R$8. Mais informações e a programação completa do festival podem ser obtidas pelo site www.festivalcamposdojordao.org.br. 



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ESPECIAL COMPORTAMENTO

Mirins na web

Youtubers mirins da região conquistam milhões de seguidores e fazem sucesso com os canais Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

les ainda são pequenos no tamanho, mas já são “reconhecidos” no mercado como “gente grande”. Os youtubers mirins, crianças e adolescentes que produzem conteúdos para canais, se destacam nas redes sociais e arrastam diversos seguidores. Segundo o YouTube, há mais de um bilhão de usuários e o número de pessoas que assistem aumentou 40% ao ano, desde março de 2014. O Vale do Paraíba é um dos pioneiros quando o assunto é youtuber. A pequena joseense Júlia Silva, de dez anos, faz vídeos com desafios, em alguns acompanhada do pai, com experiências e histórias que são narradas com bonecas. O sucesso dos vídeos já atingiu a marca de mais de um milhão de inscritos em seu canal. Ela foi a primeira youtuber mirim no Brasil a receber o certificado de 100 mil inscritos. À Metrópole Magazine, Júlia conta que tudo começou com uma brincadeira aos seis anos para mostrar um pouco do dia a dia para a família. A pequena nasceu em São José dos Campos e teve que acompanhar os pais para uma estadia na França. No tempo em que morou no exterior, a youtuber começou a acompanhar alguns canais. “Minha mãe criou um canal, e começamos a fazer alguns vídeos e acompanhar outros canais. Postávamos para os familiares do Nordeste acompanharem, principalmente na época em que

moramos fora. Depois eu e minha mãe tivemos que voltar, por conta do período escolar, e meu pai havia prometido uma casinha quando retornasse. Foi aí que gravei um vídeo fazendo os ‘móveis’ recicláveis para a minha casinha”, conta. Com o primeiro vídeo publicado, os pedidos para prosseguir com o canal foram inúmeros. “As pessoas gostaram da Júlia ensinando a fazer os móveis e pediram outros vídeos”, comenta Paula, a mãe. Hoje, o canal da pequena Júlia é fenômeno na internet e é visto em mais de 50 países no mundo, sendo premiado duas vezes por atingir a marca de 100 mil inscritos e mais de 400 milhões de visualizações. Recentemente, o “Júlia Silva” - nome dado ao canal - atingiu o feito de um milhão de inscritos. Na prateleira de seu quarto, os quadros com os registros do YouTube são guardados com carinho. Ela encara as gravações apenas como “hobby” e leva uma vida agitada durante a semana, com as atividades escolares, inglês, francês e educação física. No prédio em que reside com a família em São José, Júlia conta com outro apartamento que abriga os brinquedos e serve de estúdio para as gravações. “Encaro tudo como se fosse uma grande brincadeira. O conteúdo é o mais natural possível, às vezes sai de improviso ou de algo que as pessoas pediram. É um canal que conta o universo visto por uma criança da minha idade. Gosto e sou responsável com as minhas atividades, mas o que importa para mim é me divertir, não deixando de lado a brincadeira, as bonecas. Faço tudo o que

uma criança faz”, diz empolgada. Com a projeção no canal, a mãe da pequena afirma que toma alguns cuidados em relação às postagens e ao contato da filha com a web. Atualmente uma empresa de comunicação gerencia a página de Júlia no Facebook e os contatos diretos são filtrados pela mãe. “A gente monitora as postagens. Tudo sou eu quem


São José dos Campos, julho de 2016 | 55

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Pavê de Chocolate 152 kcal Júlia Silva, 10 anos, faz sucesso com seu canal na internet Detox Free 1000 Kcal/dia publico e as mensagens são filtradas para que possamos ter controle do que está sendo publicado”. O sucesso na internet também fez com que ela marcasse presença nos encontros do YouTube, em programas de televisão, lançasse livros e até mesmo uma entrevista internacional a convite da Disney Channel. Júlia pretende transformar o

aprendizado na web em uma profissão. “Quero seguir na comunicação, onde eu possa me comunicar com as pessoas e fazer o que mais gosto”, acrescenta. Outro exemplo de youtuber da região é a menina Luiza Sayuri, que mora em São José dos Campos. Com quatro aninhos, a Lulu - como é carinhosamente chamada - encanta por sua

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doçura nas filmagens. Os pais de Lulu tiveram a ideia de fazer um canal para a menina há um ano, quando perceberam que ela gostava de participar dos vídeos. “Ela se divertia bastante, pedia para brincar e então criamos o seu próprio canal, há um ano. Todos os vídeos do canal da Lulu são gravados por nós, os pais, e o conteúdo é de acordo com o perfil dela e do canal. O canal da Lulu tem novelinhas, desafios, tutoriais, receitinhas e brincadeiras”, conta a mãe, Patrícia Sayuri. Nas gravações, pai e mãe de Lulu participam e entram na brincadeira. O canal já atingiu mais de 130 milhões de visualizações e mais de 450 mil inscritos. Três vezes por semana os conteúdos são atualizados. A mãe comenta que a rotina da youtuber não foi alterada. “Lulu faz ballet, natação e vai à escola. Ela gosta de gravar e fica feliz quando as crianças a reconhecem e comentam sobre os vídeos preferidos”. Sobre parcerias, a mãe de Lulu afirma que a menina comparece em eventos que ela se identifica. “Não temos parcerias comerciais. Os eventos que a Lulu comparece são os que ela se identifica e se diverte, sem vínculos comerciais”, destaca.

Início Do outro lado, o jovem Fabrício Filho está iniciando no mundo dos youtubers. Aos 16 anos, ele tem há um ano um canal e sempre quis ter “voz” para falar com as pessoas. O primeiro vídeo foi postado no ano passado, mas só foi “liberado” após mostrar para a família. “Eu sempre quis ter voz para falar com as pessoas e a internet me deu essa possibilidade. Iniciei no ano passado o canal, mas o primeiro vídeo foi um fracasso”, brinca. Segundo o jovem, que agora investe em recursos para a edição dos vídeos, a primeira filmagem foi de forma experimental. “Coloquei a minha câmera em cima de umas caixas de sapato e comecei a gravar, falando sobre liberdade.

Luluzinha , quatro anos, faz vídeos com tutoriais e brincadeiras

Mostrei para a minha família inteira e resolvi postar”, diz. O primeiro vídeo teve mais de mil pessoas alcançadas. O youtuber joseense conta que a maioria dos seguidores do canal é jovem. “No início, eu falava sobre assuntos variados e agora resolvi focar mais em assuntos que chamem a atenção dos jovens, como relacionamento, escola, crescimento, entre outros”. Para as filmagens, Filho utiliza um roteiro com palavras-chave. “Crio um roteiro e escolho a pauta do vídeo, colocando palavras-chave, mas me dou liberdade de criar na hora da gravação”, completa o jovem que pretende seguir na carreira e estudar na área.

Avaliação Mariana Marco, psicóloga e especialista em comportamento, avalia que a exposição na internet deve ser controlada

pelos responsáveis. O conteúdo produzido pelas crianças e jovens precisa ser fiscalizado. “Como uma criança consegue lidar com a exposição? Eles não têm clareza nas ações e, por isso, é necessário o acompanhamento dos pais. A criança ainda não tem maturidade para escolher entre estudar e fazer o conteúdo. O rendimento pode ser comprometido, mas é claro que o youtuber é um conhecedor de diversos assuntos”, afirma. Outro ponto abordado pela especialista é sobre a construção da carreira. Segundo ela, o youtuber pode se tornar um grande empreendedor. “Precisamos desconstruir o conceito que o caminho certo é a faculdade. Ele pode ser um grande empreendedor e se dar bem na vida. O que precisa ser avaliado é o impacto futuro na vida e no estudo”, destaca. 



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NOTÍCIAS MODA

Moda sem barreiras A tendência sem gênero causa polêmicas e chegou às grandes lojas fast fashion sem agradar a todos Idelter Xavier SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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ocê já viu um homem andando de saia na rua? E uma mulher utilizando camisetas grandes e largas? Algum garoto de vestido ou macacão? Talvez uma menina usando coturnos e jaquetas masculinas? Se não viu, acostume-se, pois essa é uma das últimas tendências da moda, as chamadas roupas sem gênero, que têm causado muita discussão entre os mais conservadores e deixado muita gente de boca aberta pelas ruas das grandes cidades. O choque é natural e até proposital, afinal, o grande questionamento que a moda sem gênero, ou genderless, como é chamada fora do país, levanta é: o que define se uma roupa é feminina ou masculina? Por que não podemos quebrar o estereótipo, incutido em nossa sociedade, de que as roupas que remetem delicadeza são para as mulheres e sobriedade para os homens? De maneira superficial, gênero pode ser definido como o que diferencia os homens das mulheres, ou seja, masculino e feminino. Porém, essa discussão vai além disso, pois o gênero também pode ser entendido como o que diferencia socialmente as pessoas, levando em conta padrões históricos e culturais atribuídos a homens e mulheres. Acontece que a atual geração nem sempre se identifica com a moda

imposta pelo mercado capitalista em que estamos incluídos, com definições engessadas de gênero que fomos acostumados desde pequenos. A procura é sempre pelo conforto, desmascarando a ideia de que mulheres devem sofrer em cima de saltos e que homens não podem usar roupas sensuais. Para o blogueiro, youtuber e editor de moda joseense, Alex Cursino, de 27 anos, toda ação que movimente o pensamento das pessoas em relação à moda é válido. “Eu sou a favor de qualquer movimento da moda, porque eu acho que a primeira coisa que a pessoa muda para se afirmar é a roupa. Isso em qualquer quesito, se ela quer se mostrar mais séria, ela vai se vestir de um jeito, se quiser se mostrar mais sensual, vai se vestir de outro, e aí por diante”. “Eu acho que estamos vivendo em uma geração que quer se desprender de rótulos, diferente da geração passada, que sempre buscou se afirmar. Acho que a moda sem gênero não busca tanto desconstruir gêneros, mas sim mostrar que existem pessoas que não querem ser rotuladas por meio da vestimenta. Daí também surge o lance dos movimentos contra homofobia, pois as pessoas misturam o gênero com a sexualidade, que são duas coisas que não tem nada a ver”. Apesar de muitos adeptos estarem apenas buscando conforto, é impossível negar que a moda sem gênero não esteja ligada à luta contra homofobia. “A moda sempre teve cunho político e eu vejo como necessária a existência de tais movimentos. Tenho minhas dúvidas se


São José dos Campos, julho de 2016 | 59

essa moda sem gênero seja apenas uma tendência ou um comportamento”, explica Rachel Cordeiro, coordenadora do curso de Moda da Universidade do Vale do Paraíba. A estudante de moda Nadja Tinoco D’Amo, de 25 anos, considera que a tendência sem gênero ganhou força em um momento muito importante. “Nossa geração é a mais exigente e questionadora que existiu até agora. Vira e mexe vemos pais compartilhando nas redes sociais seus filhos de três ou quatro anos perguntando ‘porque o azul é para menino e o rosa para menina?’. Acho que a moda sem gênero pode contribuir para quebrar muitos preconceitos”.

Grandes marcas Algumas marcas de roupas destinadas ao grande público, conhecidas como fast fashions, aderiram à moda sem gênero e criaram coleções com este conceito. Lojas como a Zara e a C&A apostaram nessa tendência e ganharam muitas críticas, em sua maioria negativas, tanto de apoiadores como dos mais conservadores. Por parte dos incentivadores da moda sem gênero, o grande questionamento foi a infidelidade das roupas apresentadas nas coleções. “A moda como conhecemos, no formato tendência/estação, está atrasada. A discussão de gêneros é um dos novos meios de se fazer moda, o que é muito interessante. Mas essas lojas pecaram um pouco em suas coleções, principalmente com os homens, que tiveram pouquíssimas opções”, explica Rachel. “O intuito dessas lojas foi o de mostrar que estão engajadas nessa tendência, mostrando que todo mundo pode e deve vestir o que quiser, mas a realidade foi bem diferente, já que ainda temos as divisões nas próprias lojas, outdoors com os gêneros bem definidos - mulher de saia e homem de calça - e coleções com modelagens não favorecendo

nenhum tipo de corpo. Apesar da iniciativa, muito legal por sinal, elas ainda tem um grande caminho para seguir”, analisa Nadja. Muito do preconceito ainda deve ser desconstruído, tanto na moda quanto na sociedade em geral, mas é algo que acontece aos poucos, gradativamente. A tendência é que todo esse barulho em torno da moda sem gênero se acalme com o passar do tempo, mas a esperança é que as pessoas sigam se preocupando menos com o que vão pensar delas e mais com seu conforto. “Na moda tudo é possível e seu estilo próprio é o que define você. Então se você gosta de usar roupas femininas, use! Se gosta de roupas masculinas, use também! Molde seu estilo de acordo com sua personalidade, afinal, o mundo está tão corrido para se preocupar com o que as pessoas pensam de você, não é mesmo?”, finaliza Nadja. 


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NOTÍCIAS ESPORTES

Futebol amador? Times de São José dos Campos dão exemplo de estrutura e organização Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

S

e no futebol profissional os moradores de São José dos Campos não têm o que comemorar, os amantes do esporte na cidade encontram consolo nos campeonatos amadores, onde todo domingo a bola rola, com estrutura e organização exemplar de algumas equipes. De início, a condição surpreende. Há times com uniformes de jogo, passeio e aquecimento, comissão técnica formada por treinador, auxiliares, preparador físico e de goleiros, “comes e bebes” antes, durante e após os jogos, além da grande quantidade de equipamentos para a prática do futebol. Atualmente, duas instituições organizam os torneios na cidade: a Acaf (Associação dos Clubes Amadores de Futebol), fundada em 2001, e a mais antiga, LMFSJC (Liga Municipal de Futebol de São José dos Campos), datada de 1955, ligada à prefeitura e filiada à FPF (Federação Paulista de Futebol). A maioria das equipes recebe patrocínio ou apoio de empresas e estabelecimentos diversos, que ajudam com dinheiro e produtos. A negociação fica por conta de cada time e a troca é simples, quem apoia acaba tendo o negócio divulgado, quase sempre, na internet.

Para driblar a dificuldade de conseguir patrocinadores devido à crise econômica do país, o A. E. Unibai, do Jardim da Granja, lançou há pouco mais de três meses um programa de sócio torcedor. A equipe da região sudeste de São José disputa a segunda divisão da Liga. “No ano passado, decidimos montar uma diretoria com pessoas que conhecem o futebol amador e que vieram com ideias diferentes. Nessas conversas, pensamos no que poderíamos fazer para levantar fundos, já que com a crise estava difícil de conseguir patrocinadores.

Foi quando surgiu a ideia do sócio torcedor”, conta Jorge Moutinho, presidente do Unibai. Segundo Moutinho, programas de clubes do futebol profissional ajudaram a moldar o projeto da equipe. “Para nós, tinha que ser igual a clube grande, ter uma carteirinha, vantagens e atrativos para o sócio. Dar uma camisa somente, por exemplo, era muito pouco”, detalha. Foi então que os dirigentes do time procuraram estabelecimentos, principalmente do bairro, para uma parceria com o programa. Deu certo. Em pouco


São José dos Campos, julho de 2016 | 61

Fotos: Pedro Ivo Prates

O Santana é uma das equipes mais tradicionais do futebol amador de São José

“Sinta-se bem trabalhe melhor”

A Valeflex se orgulha de fazer parte de uma cidade tão rica e cheia de oportunidades. Celebramos estes 249 anos com muita alegria, contribuindo com a qualidade de nosso trabalho para uma São Jose melhor!

mais de três meses, um time da segunda divisão do futebol amador está com cerca de 70 associados, que pagam R$ 10 por mês e recebem descontos de 10% a 15% em padaria, mercadinho, açougue, loja de material de construção, farmácia, loja de calçados e até advogado. “Os associados ganham uma carteirinha, têm desconto nos estabelecimentos parceiros e ganham uma camisa no fim do ano. O valor arrecadado ajuda nos gastos com o time. Fazemos uma prestação de contas todo mês e passamos para o associado”, detalha Moutinho. A

equipe conta ainda com patrocínios e apoio fora do programa. “O time foi criado por mim e por Luzivam [Alves Lima, diretor], gostávamos de futebol e fazíamos campeonatos de futsal no bairro. Éramos rivais e em 2004 e decidimos montar um time para campeonato de campo. Começamos com amistoso e com tudo emprestado, até uniforme”, conta Jorge. A equipe começou na Acaf e após acessos e rebaixamentos, decidiu, em 2013, ir para a Liga. “Atualmente, as duas entidades são muitos fortes, mas

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3922-2166


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na época decidimos ir para a liga. Já tínhamos uma estrutura boa, mas o time era muito vinculado a amigos e, desta forma, acaba que o futebol não flui”, diz Moutinho. “Nosso projeto é de longo prazo e a ideia do sócio torcedor veio para ajudar o time”, completa. A A. A. Santana do Paraíba é uma das mais tradicionais de São José e também se destaca quando o assunto é estrutura. Aliás, talvez tenha a melhor delas no futebol amador joseense. A equipe realiza seus jogos no estádio ADC Parahyba, considerado por muitos o melhor campo da cidade. Fundada em 1913, o time é proprietário de um campo no bairro, mas utiliza a ADC Parahyba para os jogos. “O Santana é um dos poucos times de São José que é proprietário de um campo, mas jogamos no da ADC Parahyba porque é melhor aparelhado”, conta o advogado e presidente do Santana, Jorge Henrique Oliveira. “Temos uma estrutura de campo bom, material de jogo e uniforme de boa qualidade, mas não investimos em nada diferente disso”, explica Jorge. Segundo o presidente do Santana, essa “estrutura básica” é fruto de alguns poucos patrocinadores e apoio e dos próprios membros do clube, incluindo-o. No terceiro tempo, por exemplo, momento sagrado no futebol amador, o próprio Jorge assume o fogão e conta com a ajuda dos familiares dos atletas no preparo do almoço pós-jogo. Para a ocasião, o presidente é responsável pela comida e o técnico e seu vice, Profício, pela bebida. “Temos um espaço onde fazemos a confraternização depois dos jogos, não é nada megalomaníaco. Eu costumo cozinhar e comparecem os familiares, namoradas, esposas e filhos dos jogadores. Essa é nossa diferença, as famílias veem o comportamento que a gente tem e acabam permitindo e incentivando a prática do futebol pelos companheiros”, conta. O presidente ainda é responsável pelo

O Unibai lançou neste ano um programa de sócio torcedor

corte do gramado do campo. “Faço isso há 11 anos. Hoje o campo tem 104 por 68 metros”, detalha Jorge com orgulho. O presidente está no clube ao lado de Profício desde 1996. Ainda segundo Jorge, a estrutura do Santana também se funda em alguns princípios. “Nossa filosofia não permite o uso de drogas por jogador e torcida nas dependências do clube ou qualquer comportamento neste sentido, antes, durante e após os jogos. Claro que temos a preocupação de ganhar, mas não a qualquer preço, temos princípios e não abrimos mão deles. Essas são as razões de dizerem que o Santana tem uma estrutura fabulosa”, conclui. Atualmente, o clube centenário disputa a primeira divisão da Acaf e figura quase sempre entre os oito melhores da competição. O time conquistou o título do campeonato em 2014 e possui dois vices, em 2004 e 2011. Antes da fundação da associação, a equipe disputou o amador da liga, no qual possui dois títulos

(1999 e 2000) e um vice (1998). Outro time bem organizado no futebol amador joseense é o E. C. Sinésio Martins, que ficou 24 anos com as atividades inativas e voltou em 2008 com uma proposta de estrutura que virou exemplo na cidade. Fundada em 1968, a equipe foi por cerca de 15 anos uma das principais no cenário do futebol “varzeano” de São José. “O time foi fundado pelo meu avô, parou em 1983 e voltou em 2008”, conta Vitor Alexandre Gomes, diretor e “faz tudo” do time. “Era um clube da minha família, onde nos reuníamos. Hoje, temos uns três ou quatro [da família]”, completa. “Em uma conversa, meu irmão deu a ideia de montar um time e decidimos resgatar o Sinésio”, conta Vitor, que não queria “voltar de qualquer jeito”. “Pesquisei os times mais organizados do amador, ‘peguei’ o que via de bom em cada um para adequar ao Sinésio e mesclei com o que pensava”, completa.



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“Hoje, os clubes acabam copiando a gente, o futebol amador não tinha preparador de goleiro e físico, jogador entrando com uniforme de aquecimento, tendo agasalho, uniforme de passeio. Tentamos trazer coisas mais profissionais para o clube”, detalha Vitor que antes de voltar com a equipe era apenas mais um espectador do futebol amador da cidade. O time, que na época da fundação filiou-se à Liga, retornou na terceira divisão da Acaf em 2008 e conseguiu dois acessos seguidos, em 2009 e 2010. Em seguida, trocou de filiação entre as instituições por algumas vezes até voltar para a Liga em 2014, quando disputou a segunda divisão, conseguindo o acesso no mesmo ano. Segundo Vitor, toda a estrutura do clube é mantida por meio dos patrocínios e apoio de empresas. “Na hora de abordá-las, mostro os anos anteriores, empresas grandes que nos patrocinam, isso dá credibilidade e nos ajuda”, explica. A contrapartida fica por conta da divulgação nas redes sociais, no mínimo a cada 15 dias, em banners expostos durante os jogos e é claro, no uniforme.

Jogadores de “peso” A credibilidade do futebol amador é tanta que algumas equipes até pagam ou dão uma ajuda de custo para ter jogadores de “peso” no plantel. O acerto com alguns, mesmo quando não há valores incluídos, gera anúncio oficial nas redes sociais dos times quando a “negociação” é concluída. Segundo os presidentes do Unibai e Santana, as equipes não pagam jogadores e usam da estrutura para “seduzi-los”. “Mostramos a estrutura e o projeto. Nossa ideia é de não gastar muito, prefiro dar um terceiro tempo bom e estrutura bacana”, diz Jorge Moutinho. “Sempre fomos contra pagar jogador”, afirma Jorge Henrique Oliveira. O diretor do Sinésio, afirma que o clube dá uma ajuda de custo para

Técnico do Sinésio define o posicionamento e movimentação dos jogadores em uma prancheta

alguns jogadores. “Esse negócio de pagar jogador por jogo não existe aqui. O que temos são jogadores que vêm de Guaratinguetá, por exemplo, e neste caso damos o valor da gasolina e pedágio. Apenas isso”, diz. “Para trazer os jogadores, mostramos nossa estrutura e como agimos aqui”, completa. Tanto o Unibai, quanto o Santana e o Sinésio possuem ex-jogadores profissionais no elenco para a temporada 2016. Um exemplo é o zagueiro Rocha, que no início deste ano caiu com o E.C. São José para a quarta divisão do campeonato paulista e irá disputar a primeira divisão da liga pelo Sinésio. O jogador foi o porta-voz dos atletas da Águia do Vale, que pediam, além do pagamento de salário, melhores condições de trabalho. “O Sinésio está me proporcionando muito mais estrutura que

eu tinha no São José, infelizmente. Isso era uma coisa que eu cobrava lá dentro e cobro até hoje”, afirma. A comparação entre o futebol profissional e amador é difícil, as proporções são outras. Os treinamentos, por exemplo, é um dos pontos que os diferenciam. O que não se pode negar é a grandeza e o significado que o universo do futebol amador traz para quem levanta num domingo pela manhã e vai para a “beira do campo”, jogar ou não. Os exemplos dos times destacados na matéria acontecem em dezenas de outras equipes da cidade e mesmo com todos os patrocínios e apoio, raramente alguém sai lucrando. Quanto mais verba, mais estrutura. O dinheiro é investido na equipe e o que motiva é o sentimento. Por isso, amador só se for no significado da palavra: aquele que ama. 


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66 | Revista Metrópole – Edição 17

NOTÍCIAS SAÚDE

Corpo e mente em descompasso Cerca de 5% da população mundial apresenta o quadro assustador da paralisia do sono

Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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epois de um dia cansativo, você se deita e tenta relaxar para ter aquela noite boa de sono. Seu corpo relaxa, sua cabeça começa a desligar e você tenta se acomodar melhor na cama e se surpreende com a falta de capacidade de se mexer. Consciente, você tenta, mas não consegue se mover. A surpresa dá lugar ao medo e você percebe que alguns vultos


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Fotos: Divulgação

A sensação de impotência e medo aterrorizam quem tem paralisia do sono

entram no seu quarto. Seu medo aumenta e a sensação de morte eminente toma conta do local. Com um esforço grande, você tenta se mexer novamente enquanto os vultos se aproximam. Finalmente você mexe os olhos e o corpo começa a voltar lentamente enquanto os vultos desaparecem. A narrativa, que parece de um filme de terror, na verdade é a descrição de uma anomalia conhecida como paralisia do sono. Uma disfunção que atinge 5% da população mundial, sem cura e

muitas vezes tratada como se fosse uma “maldição”, algo relacionado à religião e às vezes até atribuída a visitas de seres extraterrestres. Ao longo da história, a paralisia do sono foi encarada de diversas maneiras. A falta de estudos, informações e o contexto social e religioso de cada época, deram à doença uma aura de mistério. Em 1600, por exemplo, o entendimento levava para uma caça às bruxas, algo demoníaco. Até hoje, algumas religiões tentam “tratar” da doença como

se fosse uma possessão. “Temos que entender que as pessoas costumam mistificar o desconhecido. Em cada momento histórico, a paralisia do sono foi diagnosticada de maneira equivocada. Na idade média eram bruxas, hoje são ETs, mas a ciência já consegue explicar melhor o que acontece”, diz o psiquiatra Alberto Remesar, especialista em doenças do sono e diretor do Centro de Tratamento de Distúrbios do Sono, em São José dos Campos. O que acontece, trocando em miúdos,


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é um descompasso entre corpo e mente. É como se o corpo “dormisse” antes da cabeça, entrando em fases mais avançadas do sono ou pulando estágios. Durante o sono mais profundo, chamado de REM, ocorre uma paralisia fisiológica do corpo, conhecida como “atonia REM”, que é responsável por preservar a integridade física do organismo, uma vez que a pessoa pode se mexer enquanto dorme e acabar se machucando. Esse evento está intimamente relacionado com a paralisia do sono, que ocorre quando o cérebro desperta do estado REM, mas a paralisia corporal persiste. O resultado é que a pessoa fica totalmente consciente, mas incapaz de se movimentar. Para piorar a situação, o indivíduo pode literalmente sonhar acordado, sofrendo alucinações. São dessas alucinações que surgem as lendas. Como se não bastasse para impressionar, todo mundo pode ter um episódio assim na vida, o problema é que em alguns os episódios são diários, às vezes, acontecendo mais de uma vez por dia. “Cheguei a ter medo de dormir. Não ia mais para cama a não ser que estivesse completamente ‘grogue’ de sono. Fiquei três dias acordada e antes de perceber que estava doente, busquei todo tipo de ajuda espiritual”, diz a professora D., de 35 anos. Mesmo com a ciência colocando luz na doença, a “facilidade” em colocar a culpa no metafísico, na loucura ou na descrença dos relatos, ainda cria dificuldades para quem sofre com a paralisia do sono. A maioria dos doentes crônicos têm medo de sofrer com o preconceito. “Muita gente dizia que eu estava louca”, afirma D.

Tratamento O empresário T., 42 anos, aprendeu a conviver com seus fantasmas. “No começo sentia muito medo, afinal era criança, tinha cinco anos de idade e aqueles vultos eram as coisas mais assustadoras do mundo. Hoje eu sei o que tenho. Quando meu corpo começa a formigar, já sei o que

Alucinações com vultos visitando o quarto são muito comuns

vou passar, fico calmo e uso algumas técnicas para a crise passar”, conta. Até ele aprender a “se livrar do mal”, foram anos tentando entender o que acontecia. Remédios, tratamentos alternativos, médicos que não diagnosticavam corretamente e por fim a busca na religião. “Esse é o caminho que todo mundo que tem paralisia do sono faz. Principalmente se é um doente crônico”, diz. A paralisia do sono não tem cura. E talvez não terá, afinal, nem as causas são tão exatas. Na maioria das vezes, a doença vem como consequência ou sintoma de outras patologias como a narcolepsia e a cataplexia. Mas estudos indicam a existência de um possível grau genético na transmissão. “Em irmãos gêmeos monozigóticos, quando

um tem, o outro também tem”, diz o psiquiatra Alberto Remesar. Entretanto, especialistas do mundo todo tendem a dizer que um conjunto de fatores podem causar a paralisia do sono. A privação do sono, uso de medicamentos antidepressivos, consumo de álcool em excesso, apneia do sono e depressão são alguns dos fatores. O tratamento? “Se manter calmo”, diz Remesar. “Quando o médico me disse que o único tratamento era me acalmar e que não tinha cura, fiquei mais nervoso ainda”, conta o empresário, que chegou a ter três episódios diários. De fato, as crises duram poucos segundos, mas a percepção temporal fica completamente alterada em quem está paralisado, o que deixa a experiência mais aterrorizante.


São José dos Campos, julho de 2016 | 69

Surpresas acontecem...

Os ossos são o nosso ofício. Atendimento emergencial 24 horas. Consulta com hora marcada. A medicina consegue ajudar com base em relatos e observações desses pacientes. Por exemplo: sabe-se que a maioria das pessoas têm crises deitadas de barriga para cima; para algumas pessoas, olhar para uma fonte de luz faz com que a crise acabe; evitar cafeína cinco horas antes de dormir ameniza o número de ocorrências, entre outras possibilidades. Em tempo, Alberto Remesar é um especialista que já teve sua experiência. “Imaginava que meu corpo era feito de canos de ferro impossíveis de serem movidos. Era criança e aquilo me assustou muito”, revela. Se você faz parte deste universo de 35 milhões de pessoas no mundo todo, não pense que o “filme de terror” é só seu, afinal, se a doença for inevitável, o medo é opcional. 

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NOTÍCIAS TURISMO

De bem com a natureza Monte Verde, em Minas Gerais, é um dos destinos mais rústicos do inverno Fotos: Divulgação

Esquilos fazem parte da paisagem, em Monte Verde

Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

temporada de baixas temperaturas começou antes de o inverno chegar, oferecendo um período maior para aproveitar as cidades serranas. Os destinos próximos ao Vale do Paraíba, como as cidades do sul de Minas Gerais, têm um aumento de visitantes da nossa região durante os meses de julho e agosto. Para os apaixonados pelo clima mais gelado, mas que buscam ter experiências novas, além do tradicional passeio pelas cidades da Serra da Mantiqueira do lado

paulista, basta enxergar do outro lado das montanhas. Por trás da bela paisagem natural que vemos em Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí, temos os destinos mineiros, com ótima gastronomia e turismo de natureza. No Estado vizinho, Monte Verde, distrito de Camanducaia, é comparado com as cidades da serra paulistana, encantando curiosos e turistas adeptos ao frio e aqueles aventureiros que procuram trilhas por dentro da mata atlântica. Outro fator atrativo é a proximidade, localizado apenas a 164 km de São Paulo e 75 km de São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos), além de

possuir a maior altitude do sul de Minas Gerais: 1600 metros. O distrito é uma estância climática rodeada por montanhas verdes e pinheiros, onde, ao caminharmos por suas ruas, observamos a herança da colonização europeia através da arquitetura das residências. A culinária requintada do “slow food”, com influências europeias, divide espaço com a tradicional comida mineira, variando desde o queijo mineiro e a carne de porco, até as casas de fondue e cardápios com diversas opções de preparo de truta, além dos alambiques e cervejarias, com bebidas artesanais. As receitas requintadas com o peixe, criado também no alto da serra, abusam da cor mais próxima da do salmão. O prato pode ser adaptado de acordo com o paladar do turista, acrescentando molhos de amêndoas, alcaparras, queijo, aveia ou o tradicional. O visitante pode fazer a sua escolha entre o grelhado e o assado, em filés ou inteiro, sem se preocupar, pois o sabor é garantido por todos os chefs de Monte Verde. As opções doces na gastronomia do distrito não deixam de valorizar o famoso chocolate durante o inverno, investindo nas variações do fondue e das bebidas quentes. O diferencial na região são as casas artesanais com produção caseira de doces, como geleias e a torta folhada de maçã, que conquista quem a experimenta. O costume de comercializar o produzido dentro de casa também é uma das atrações para que turistas conheçam de perto como é feito uma cachaça ou um chope artesanal. Em todo o distrito, o rodízio de fondue sai em média a R$ 60 por pessoa. Degustar pratos europeus com o toque à



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mineira fica em torno de R$ 90. Para aqueles que consideram que comer não é uma opção, mas sim uma certeza, pois a comida é a principal característica de uma cidade, por dia se deve gastar em torno de R$ 200 para duas pessoas. O turista que quiser passar um final de semana em Monte Verde, para conhecer os pontos turísticos com calma e aproveitar o clima romântico, próprio para casais, pode se acomodar nos aconchegantes hotéis e pousadas espalhados da área central, mais populosa, até o silencio da área rural, em meio à natureza. As diárias podem iniciar próximas dos R$ 150, nas acomodações mais simples. Para aqueles que não dispensam o conforto e requinte em suas viagens, os hotéis também oferecem acomodações luxuosas, todas com ofurôs e atendimento particular, variando entre R$ 400 e R$ 2 mil por noite. A alta variação acontece de acordo com a escolha do quarto, apartamento ou chalé, podendo receber um casal, apenas um turista de passagem ou até uma família de cinco pessoas que buscam passar uma semana de férias em Monte Verde.

O clima frio é um dos maiores atrativos para os turistas

Natureza e esporte Aos adeptos às praticas esportivas e aos que amam apreciar uma bela paisagem, o distrito oferece algumas trilhas que alcançam locais como o Pico do Selado, que leva a sensação de ter alcançado um lugar acima das nuvens. Empresas também fornecem atividades de passeios a cavalo, escalada, voo de parapente, canoagem e montanhismo. A principal atração natural de Monte Verde é o Pico do Selado, com 2.083 metros de altitude, e que tem também a trilha mais desafiadora, com subidas íngremes e muitas pedras, exigindo um bom condicionamento físico e vestuário apropriado, como tênis e botas antiderrapantes ou especiais para trekking. Mas todo o esforço em mais de duas horas de morro acima vale a pena pela

beleza de recuperar todo o fôlego perdido na caminhada. Aos escaladores, a sensação pode ser ainda mais exuberante ao alcançarem o cume do Pico do Selado, restrito apenas a atletas e profissionais experientes. Os aventureiros que não se contentam com apenas uma subida, a região de Monte Verde conta ainda com a Pedra Vermelha e a Pedra Redonda, com uma dificuldade mais baixa de trekking, mas que apaixonam os ecoturistas.

Festival de inverno Os eventos promovidos na estação de inverno também acontecem nas cidades mineiras. Em Monte Verde o atrativo é o 4º Festival de Inverno, com atrações nacionais e internacionais, entre shows

musicais, concertos de música clássica e apresentações folclóricas. “O festival, além de ser mais uma atração para o distrito na alta temporada, traz o resgate cultural da Letônia e de Minas Gerais e é fundamental para a comunidade reafirmar suas raízes e os turistas conhecerem um pouco mais as origens de Monte Verde”, conta o prefeito de Camamducaia, Edmar Dias. Os turistas podem organizar um final de semana durante a temporada de inverno para conhecer a maioria dos pontos turísticos. O festival, que está programado para acontecer em todos os sábados de julho, preenche uma tarde e início da noite, podendo ser preenchido com a apreciação da boa gastronomia, com o passeio pelas belas montanhas ou com a diversão nas atividades de ecoturismo. 


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Gastronomia&

Fotos: Adriano Pereira

Coxurros da Milili Doces, em Campos do Jordão

Tesouros da Serra

Campos do Jordão tem opções que fogem do Capivari e que trazem segredos saborosos Adriano Pereira CAMPOS DO JORDÃO

D

aí você sobe a serra pra curtir um pouco do frio, do glamour de Campos, e claro, da gastronomia. Só que encontrar um lugar que

faça a relação custo benefício ser ideal em alta temporada é um trabalho de caça ao tesouro. O centro de Campos tem seus restaurantes tradicionais e bastante cheios e inflacionados nessa época. Além disso, muita gente se aventura em negócios que duram apenas os meses

de frio e deixam de lado a qualidade por menu caça níqueis. Mas a gente separou três opções para você voltar para a casa contando vantagem para os amigos. Sim, porque primeiro esses locais ficam fora do circuito turístico de Campos, segundo a qualidade é inquestionável e por último, o preço é justo pelo que você vai saborear. Então vamos começar com um lanche? Antes de chegar no Capivari, ainda no bairro do Jaguaribe, fica a Milili Doces. Seria muito simples dizer que é uma doceria, porque apesar das receitas açucaradas serem sensacionais, os salgados quase roubam o nome da casa.


São José dos Campos, julho de 2016 | 75

A chef Paula Roberta Rodrigues nasceu em Campos, estudou por lá no Senac Grande Hotel, resolveu por conta própria vender brigadeiro na feira. De repente quem não acreditava nela passou a apostar todas as fichas. Nascia a Milili, cujo nome veio de uma história bonitinha: o pai dela contava para ela quando ela era pequena que os cachorros morriam e viravam sabiás. O “Molhado” que era o cachorrinho da casa, virou Milili, morreu pouco antes de abrir a loja. Dele veio o nome e o símbolo da doceria, que é um sabiá. Mas o grande barato é que a Paula quis montar uma casa para o jordanense, com preços justos e qualidade máxima. E nessa nasceu uma das melhores coxinhas que você pode experimentar na Terra. Uma farinha panko deixa a

casquinha crocante, uma massa feita com bons ingredientes numa temperatura certa e mexida o tempo todo fazem uma base cremosa, o recheio de frango e requeijão só completam essa pequena obra de arte. Ainda nos salgados, a mesma massa e a mesma casquinha envolvem o risoles de presunto e queijo, o supremo de queijo e o bolinho de palmito com catupiry. E tem ainda o croquete que tem um creme de carne por dentro delicioso. E claro, você não pode ir embora sem provar os doces. Quer algo diferente? Que tal um “coxurros”? Crocante como a prima salgada, recheada de doce de leite cremoso e salpicada como um churros. É melhor você experimentar e guardar um espacinho para as tortas. Nossa sugestão é a de Nutella, que na verdade é uma cheesecake que dosa perfeitamente a mistura

de sabores tradicional dessa receita.

Lenha Bom, resolvemos sua tarde. À noite se você quer fugir da falta de vagas para estacionar, siga pelo caminho inverso e vá em direção ao Café Terraço. Sabe aquela pizza quadrada do centro de Campos? Cara e bem normalzinha? Esquece, agora você vai entrar no mundo detalhista do chef Augusto Berthoud. Essa viagem começa pelos ingredientes. O molho usado nas pizzas é feito com tomates plantados ali mesmo, orgânicos e bonitos. Aliás, a rúcula, a escarola, enfim, todos vegetais usados nas receitas vêm da horta da casa. Depois a massa, fina e crocante, com peso na medida e saborosa.


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Fondue de queijo do Toribinha e abaixo a pizza especial do Café Terraço

É difícil da gente sugerir um sabor. Então a sugestão é: vá e experimente. Para escolher, a simpatia do chef é a melhor bússola.

Tradição Mas é óbvio que você não vai embora de Campos sem comer um fondue. São muitas opções, muita variação de preço e todo mundo oferece a receita nessa época. Porém, o fondue tradicional é feito com uma mistura de queijos de qualidade, com proporções certas e com pouca invenção. E esse lugar em Campos existe. Um destino certo e tradicional: o Toribinha, restaurante do Hotel Toriba. Quando você chega ao hotel, na recepção logo encontra o “Livro de Ouro – 70 anos”. Sim, o hotel tem 73 anos e desde 1960, quando serviu o primeiro fondue, centenas de hóspedes deixam seus recados no livro. Gente que ia quando criança e que hoje leva o neto para curtir o hotel e o frio da serra. O grande segredo é a qualidade dos produtos usados nas receitas. Os queijos são todos importados, os molhos são todos feitos na casa e o blend de chocolate é uma receita desenvolvida exclusivamente para o Toribinha. O de queijo ainda carrega na receita uma tradição de 55 anos, respeitando a base criada pelo avô do Alberto Lenz, atual sócio proprietário do hotel, e seguindo ganhando todos os prêmios desde 2007. Gruyere, ementhal, kirsh e páprica é o mais vendido, servido com cubos de pão preto e branco. É claro que tudo isso merece bons vinhos, e óbvio que isso não foi esquecido. A carta do Toribinha é vasta e busca vinhos que tenham acima de tudo personalidade. Tudo cuidado pelo sommellier da casa e pelo próprio Alberto, um amante dessa arte. Enfim, encontramos os tesouros, e você não precisa nem cavar para aproveitar essa “fortuna”. 



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Social& por Luiza Paiva

Arquivo pessoal

Com etiqueta, mas sem ‘estrelismo’

São mais de 34 anos de colunismo social, uma história que se mistura com a vida de São José dos Campos e região. Em festas, inaugurações, festivais ou concursos, Maria Encarnação, 78 anos, era uma das figuras mais esperadas, já que sua presença poderia significar uma grande repercussão do evento nos dias seguintes. Bacharel em direito e doutora em direito penal, ela iniciou sua carreira no colunismo ao participar

do jornal do Tênis Clube, onde falava dos eventos sociais do local. A coluna fez sucesso e ela foi para o jornal Valeparaibano, que mais tarde se transformou em O Vale, ficando anos não somente contando sobre a vida social da cidade, mas assumindo um papel de relações públicas, já que ela recebia visitantes e parceiros do jornal que chegaram à cidade. Nesta edição em que comemoramos os 249 anos de São José dos Campos, a coluna social da Metrópole Magazine cede o espaço destinado tradicionalmente às festas e personagens da região para realizar uma entrevista que chega como homenagem a esta pessoa que, com requinte e sem estrelismo, se tornou o nome mais forte no colunismo social da RMVale.

Como iniciou sua carreira na coluna social? Eu vim de São Paulo para acompanhar meu marido, que tinha negócios na região, e nós ficamos sócios no Tênis Clube. Comecei a conhecer as pessoas, sou fácil para fazer amizades, e me pediram para ser colunista do jornalzinho do Tênis Clube. O Alberto Simões, que era da Rádio Clube, me deu algumas direções de como fazer. O pessoal gostou tanto que o presidente achou que tinha que falar no jornal Valeparaibano. Na minha primeira coluna no jornal saíram duas páginas centrais. Continuei lá, mas naquela época não ganhava nada, fazia por hobby, e fui ficando. Depois eu continuei colunista, mas era uma espécie de relações públicas, para divulgar o


São José dos Campos, julho de 2016 | 79

Negócios& jornal para a região toda. Qual era a importância da sua coluna para os eventos sociais na época? Eu insistia nas promoções, por exemplo, quando teria uma festa, eu falava várias vezes, pedia para as pessoas se produzirem e tudo isso fazia a diferença. Se bem que a cidade era menor também, mas criava um clima todo para aquele evento. O pessoal era conectado com a coluna social. Se tinha um baile, por exemplo, que era “azul e branco”, a gente ia no shopping e pedia para as lojas colocarem as cores na vitrine. A cidade entrava no clima do evento que ia ter. A gente arrumava um jeito para que todo mundo ficasse ligado, para que as festas fossem um sucesso. O que sente de diferença hoje? Mudou muito. Pouco antes de eu sair do jornal, os diretores falaram para mim que minha coluna precisava de mais charme, mas de onde que eu iria tirar mais charme? Eu estava vendo festas chatas, sempre com o mesmo conjunto tocando. Não tem charme, teria que inventar. Hoje eu não sei, não tenho ido mais aos eventos. Mas saudosista eu não sou. Qual o papel do colunista social? Colunista é igual o repórter. O repórter, por exemplo, vai lá e registra o acidente. A colunista social registra o evento, se a festa está boa, se o pessoal está bem vestido ou se a comida foi boa. Comunicar é diferente de escrever uma coluna. Você comunica pelas suas atitudes. Por exemplo, eu sempre sentei em lugares quase escondidos. Nunca procurei sentar na frente. Eu não queria ser observada, pois não interessa o “eu”, o importante era observar as pessoas.

Além disso, eu sempre cheguei cedo às festas, para as pessoas não ficarem ansiosas pensando “será que ela vem”? Eles ficavam ansiosos por causa do fotógrafo, às vezes, quando ele demorava a chegar, e fotógrafo é imprescindível. Colunista sem fotógrafo não existe. Como era recebida nos eventos? Eu era muito conhecida, inclusive em outras cidades. As pessoas vinham cumprimentar, faziam fila, às vezes, para me cumprimentar, ou melhor, para dizer “eu estou aqui, não vai me esquecer”. Eu era jurada de tudo que tinha: miss, fantasia, poesia, tudo que se imaginar. Em Guaratinguetá fui convidada para ser jurada de fantasia e, quando chamaram meu nome, eu fui aplaudida de pé pelo ginásio inteiro. Foi muito inesperado, uma surpresa para mim. O pessoal tinha muito respeito pela gente. Eu era convidada para ser madrinha de tudo que abria: loja, restaurante etc. Como surgiu a Dama de Verde? Eu criei a Dama de Verde para poder falar das coisas que eu achava erradas, como pessoa mal vestida ou comendo errado. Eu podia falar que a Dama de Verde tinha feito aquelas coisas que não teria problema para mim, não citava nome. Mas o pessoal morria de medo de ser a Dama de Verde, uma acusava a outra. Eu não me lembro direito como foi a primeira aparição dela, mas ela foi criada para eu poder falar à vontade das coisas que eu via. A Dama de Verde era toda errada, se vestia mal, mas as coisas aconteciam de verdade, até os homens comentavam. Todo mundo tinha a maior curiosidade e as pessoas achavam que era uma pessoa só, mas eram várias pessoas. 


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ESPECIAL METRÓPOLE

1º Prêmio Comunicação ‘como le gusta” Principais veículos de comunicação da cidade se uniram na iniciativa

Grupo idealizador do prêmio durante reunião na sede do Meon

Luiza Paiva SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Q

uando os principais veículos de comunicação do Vale do Paraíba se uniram para promover uma premiação para profissionais e estudantes de publicidade e propaganda, as agências e universidades começaram a olhar de uma forma diferente para o mercado. Se estava faltando criatividade e liberdade, os criativos aproveitaram 1º Prêmio Comunicação

“como le gusta” para colocar em prática suas ideias, sem barreiras e com muita inovação. O resultado surpreendeu e os vencedores do 1º Prêmio Comunicação “como le gusta” foram anunciados na noite de 29 de junho, em um evento realizado no auditório da Faap. Antes da revelação dos ganhadores, os presentes puderam contar com uma palestra de Fábio Brancatelli, CEO da A+V Zarpa e group IMD Associate, que falou sobre o mercado publicitário atual, os diferenciais e oportunidades. Em seguida foi realizado o anúncio dos

ganhadores nas quatro categorias profissionais (TV, Rádio, Impresso e Digital) e na categoria Estudante. O grande destaque da noite ficou para a agência Arriba, que levou o primeiro lugar em todas as categorias profissionais ao explorar a presença da cidade em cada morador. A diretora da Arriba, Daniele Botelho, explicou que os criativos da agência buscaram fazer algo que fugisse do padrão e que mostrasse o carinho por São José na visão de um joseense. Ela também aproveitou para elogiar o prêmio. “Toda iniciativa que movimenta e valoriza o mercado publicitário da Região Metropolitana do


É UMA MISTURA DE GOSTOS, UMA MISTURA QUE SOMA E MODIFICA CADA UM DE NÓS. VOCÊ TRANSFORMOU A CIDADE. E A CIDADE TRANSFORMOU VOCÊ.

A CIDADE QUE VIVE EM TODOS NÓS. Parabéns pelos seus 249 anos.


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Vale do Paraíba é válida. Esta foi uma ação corajosa e bem-sucedida”, ressaltou. As peças vencedoras serão veiculadas nos meios de comunicação realizadores do evento, como o anúncio da página 81. O 1º Prêmio Comunicação “como le gusta” é uma realização do Portal Meon e Metrópole Magazine das rádios Jovem Pan SJC, Rádio Antena 1, Rádio ConectCar SP/RIO, Rádio Ótima FM, Rádio Nativa FM 97,5, Band Vale FM e Band FM SJC e das emissoras de TV Record Vale, SBT e TV Band Vale. 

Vencedores Categoria Impresso 1º lugar: Arriba 2º lugar: Tríadaz 3º lugar: Central Marketing Categoria TV 1º lugar: Arriba 2º lugar: Imagem 3º lugar: Tríadaz

Categoria Mídias Digitais 1º lugar: Arriba 2º lugar: Tríadaz 3º lugar: Central Business Categoria Rádio 1º lugar: Arriba 2º lugar: Central Marketing 3º lugar: Imagem Categoria Estudante Alessandro Aparecido de Castilho (Faculdade Bilac)


Desenhos: Mauro Oliveira

?

www.meon.com.br




86 | Revista Metrópole – Edição 17

Arquitetura& Por Moisés Rosa

Casa integrada e conectada

Projeto inclui residência voltada para a área verde, com sala de estar e varanda gourmet

U

ma residência que gerou oportunidades e diversas percepções. O projeto assinado pelo arquiteto Alfredo Kobbaz traz uma casa com ambientes integrados, varanda gourmet e área de lazer, em um condomínio de alto padrão em Pindamonhangaba. A execução foi da The One Construções Exclusivas. Na proposta, o arquiteto projetou a residência em um terreno amplo, o que possibilitou desenhar a casa toda voltada para a área de lazer. Sala de estar, jantar e TV são integradas, todas com visão para a piscina. Na cozinha, o espaço é conectado com a ampla varanda gourmet e a extensão de um deck de madeira. Com isso, a ideia foi aproximar o ambiente com a piscina e tornar o espaço harmonioso e descontraído para as horas de lazer, além da funcionalidade e da praticidade. Já na área social, é possível avistar o mezanino que acomoda um home office com acesso à suíte, próxima de sacadas. O projeto ainda traz uma cobertura tradicional no telhado. De acordo com Kobbaz, isso proporciona movimento e valoriza o espaço. “Projetada com cobertura tradicional, o movimento dos telhados valoriza o

conjunto, conferindo leveza e proteção com amplos beirais forrados em madeira”, comenta. Outro espaço “confeccionado” com carinho foi a área da garagem da residência. No ambiente, o arquiteto utilizou pisos que se integram ao paisagismo da residência. “Com as garagens dispostas nas laterais, a paginação dos pisos de acesso amplia e integra ao paisagismo, característica original do terreno”, destaca Kobbaz.

Jardim O arquiteto integrou o ambiente da área da piscina e a parte externa da casa, ressaltando a beleza da jardinagem e as plantas utilizadas. O espaço também conta com um muro de pedra, tornando o ambiente convidativo entre a residência e o anexo 

Beleza do jardim é ressaltada com a piscina; ao lado, o arquiteto Alfredo Kobbaz


São José dos Campos, julho de 2016 | 87

Fotos: Arquivo pessoal


88 | Revista Metrópole – Edição 17

Acima, a cozinha se conecta com o amplo espaço gourmet, integrando a casa e aproximando o ambiente com piscina. Ao lado, arquiteto Alfredo Kobbaz deu toque especial na entrada do espaço com a utilização de plantas na área externa


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Crônicas & Poesia

O trem da meia-noite

por Marina Fecchio

Era possível ouvir quando ele passava, sempre por volta da meia-noite. Quando criança, Richard ficava acordado em sua cama até ouvir o apito, e imaginava como era o trem, para onde iria, que carga levava, e quem estaria a bordo. Durante o dia, ele ia brincar perto dos trilhos, mas nunca viu a locomotiva. O único horário em que ela passava era tarde demais para estar por ali. “Um dia quero ficar ao lado da linha para vê-lo soltando fumaça”, pensava. Mas acabava nunca indo. Apenas ouvia aquele som agudo, ao longe, na hora de dormir. Assim foi durante anos, até que o trem parou de apitar. Foi de repente, numa noite qualquer. O relógio marcou meia-noite, depois uma da manhã, duas... Nada. Ele simplesmente não passou pela cidade. Isso aconteceu nas noites seguintes e, então, nunca mais... Richard lamentou ter perdido a chance de ver o trem que sempre tivera papel importante em sua imaginação. Mas aos poucos ele foi esquecendo que um dia tinha ouvido os apitos. O menino cresceu, começou a trabalhar, casou, teve filhos, eles cresceram, teve netos, enviuvou... Na velhice, Richard passou a escutar cada vez menos. Tinha sempre que perguntar duas ou três vezes antes de responder a uma pergunta, o que irritava os menos pacientes. Sentia-se um velho triste e sem utilidade, cujas antigas histórias não interessavam a mais ninguém. E foi numa noite de nostalgia que, pouco antes de adormecer, ele o ouviu. Começou baixinho, muito distante, e então foi crescendo. O trem estava passando por lá outra vez. “Não é possível!”, pensou. Depois de setenta anos a locomotiva

estava novamente nos trilhos. O som ia ficando cada vez mais forte, e ele não quis mais esperar. Levantou-se da cama, calçou os chinelos e saiu de casa. Caminhou até a linha de trem. Não havia ninguém na rua para estranhar um senhor da sua idade andando de pijamas. O apito ia ficando cada vez mais forte à medida que Richard se aproximava da linha de ferro... Até que eles se encontraram. Pela primeira vez Richard viu aquele enorme dragão de ferro vindo em sua direção, cantarolando e soltando fumaça pela chaminé. O trem foi diminuindo a velocidade e parou exatamente onde Richard esperava.

— Viemos especialmente para buscá-lo, Richard - disse o maquinista. Convertido novamente em um menino, ele subiu os degraus da locomotiva. — Eu posso puxar a corda que faz apitar? - perguntou o garoto. Apesar de a ferrovia estar desativada há décadas, todos os moradores da cidade juravam que, na noite em que o velho Richard se foi, ouviram um animado apito de trem chegar aos seus ouvidos. Marina Fecchio Rincon Caires: estudante do 1º ano do ensino médio, 15 anos. Finalista do 4º Prêmio de Literatura de São Francisco Xavier.


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.



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