Dezembro de 2018 | nº 04
Tattoo
Capitão James Tatto Expressão e estilo
Branco de Virada!
Os melhores looks para o Réveillon 2019
Moda de viola
Obra Marilyn Monroe de Marcelo Celau
Adriana Farias e Mariangela Zan falam sobre a importância de Inezita Barroso
De mentira em mentira, quem somos de verdade? Leia a crônica de Fabrício Cunha
Arte a um clique art gallery meon, sua nova galeria digital
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Art Gallery MEON A arte na RMVale a um clique
Fernando Durão | Serigrafia: Geométricos
Fabrício Correia São José Campos
Ter acesso fácil ao trabalho de novos artistas da RMVale e artistas consagrados no Brasil e exterior, pesquisar suas obras em um portal de arte até encontrar uma que o encontre em sentimento, esta é a proposta da Art Gallery Meon, galeria de arte digital que comercializará obras de arte pela internet a partir de janeiro. Pesquisa recente realizada pela seguradora inglesa Hiscox, especialista em seguros para obras de arte, apontou que as vendas online desse mercado no mundo todo já atingem anualmente valores próximos a US$ 4 bilhões, quase 10% das transações re4 | Meon Essencial
alizadas no mercado de arte em geral. “Esse tipo de venda tem crescido de forma significativa e diversas galerias online e marketplaces estão surgindo. Acompanhando esta tendência e oferecendo o que temos de melhor no mercado de arte na RMVale, tanto obras ofertadas nas galerias físicas ou por artistas não agenciados, o Grupo Meon de Comunicação, decidiu ofertar à comunidade em geral mais esta importante ferramenta de estímulo a arte e consolidação deste mercado”, afirmou a diretora executiva do Grupo, Regina Laranjeira Baumann. Em janeiro obras do artista português, Fernando Durão, radicado no Brasil, estarão disponíveis para aquisição na Art Gallery MEON. Celebrado pintor, desenhista, ilus-
trador, designer gráfico, fotógrafo, crítico de arte e fotografia, Durão transita pela arte no país desde os anos 70. Para o crítico de arte Paulo Klein, o artista “ joga em cores acrílicas, ilude com a sólida realidade dos geometrismos, faz e desfaz do Cubo, elemento básico e constante de suas inter(in)venções visuais” Também estará à venda a obra “Marilyn Monroe”, serigrafia do artista baiano Marcelo Celau, que ilustra a capa desta edição da Meon Essencial. Entregue à Pop Art, Celau explica que cria suas telas com sua percepção e emoção e que sempre existem paredes tristes, que precisam de uma cor. Inspirado em Andy Warhol e Pollock, Celau já expôs nos Estados Unidos. É agenciado pela Galeria Victor Hugo.
Marcelo Celau | Serigrafia: Marilyn Monroe
A Art Gallery MEON estará disponível no portal de notícias MEON. Os contatos devem ser feitos pelo telefone (12) 3204.3333 ou por email para financeiro@meon.com.br
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Passarella
Por: Fabrício Correia
BRANCO DE VIRADA LOOKS PARA O REVEILLON 2019 A noite da virada do ano é sem dúvida uma das mais esperadas e que requer um look todo especial. Muitas pessoas se apegam às cores e seus diferentes significados, mas a grande maioria não abre mão do branco
de sempre. Meon Essencial traz algumas sugestões para combinar peças, ficar na tendência da moda e ainda de forma confortável curtir a entrada do Ano Novo até o raiar do sol.
Transparência Não adianta combatê-la é tendência sempre. Além de frescor e um toque de sensualidade a transparência é adequada para ser usada nas regiões mais quentes do país, além de frescas e leves, dão sempre um toque de modernidade.
Renda
Quer uma alternativa para o branco tradicional? Renda. Com este visual, misturando texturas e até estampas, você ficará chique com uma tendência atemporal.
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Wrap Dress Se não ouviu falar, vai ouvir. Trata-se da promessa do verão 2019. O wrap dress mistura amarrações com maxi fendas criando um look quase esvoaçante e delicadíssimo.
E os meninos?
Na onda do branco, cabe também um mix com listras verticais, camisas abertas, meia alta e até camisas tropicais com fundo branco. Camiseta por dentro da Calça? Super tendência, pode acreditar! Quer inovar? Calça jeans side stripes com tênis meia branca.
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Fotos: Divulgação
Surpreenda-se
Arte tattoo na melhor expressão Erick Silva
A tatuagem está entre as formas de arte mais antigas e apreciadas pela humanidade. Há mais de cinco mil anos, culturas de todos os continentes habitáveis trazem tintas permanentes em corpos humanos, seja como defesas místicas, símbolos de status, ritos de passagem ou simplesmente como arte pessoal. Em São José dos Campos, uma art gallery voltada para a tattoo tem impressionado pelo talento de seus artistas e qualidade de seus equipamentos, imprimindo um 8 | Meon Essencial
conceito moderno e de vanguarda para esta arte na RMVale. Sob a capitania de Erick Silva, tatuador nascido em São José dos Campos e celebrado no meio em todo o Brasil, tendo no currículo mais de uma dezena de prêmios obtidos em eventos do gênero, nasceu o Capitão James Tattoo. O espaço elegante e plural, completa dois anos na cidade e oferece além da arte tatoo, serviços de barbearia, body piercing, style, tabacaria e espaço gastrônomico e café bar.
Destaque para a decoração onde um belíssimo aquário adorna o espaço. Os clientes podem acompanhar a criação dos tatuadores. Entre as habilidades dos 12 artistas que colaboram no espaço, técnicas como black work, realismo, aquarela, pontilhismo, neo traditional, old school e oriental. Capitão James Tattoo Rua Afonso César de Siqueira, 179 Vila Adyana - SJCampos – SP (12) 98122-5476 (Whats) - 3019-7039 www.capitaojamestattoo.com.br
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Pas De Deux Adriana Farias
Moda de viola
Inezita Barroso trouxe a moda da viola dos cantadores do interior e o folclore para o cenário nacional. O que ela re-
Por: Fabrício Correia
presenta em sua vida? Mariangela: Inezita foi muito importante
A palavra moda é de origem portuguesa, significa canto, melodia, música A moda de viola é a expressão legítima da música caipira brasileira. Nesta edição Meon Essencial conversa com as duas maiores musas da música raiz na atualidade, Adriana Farias, apresentadora do clássico Viola Minha Viola, na TV Cultura e Mariangêla Zan, cantora, estudiosa da música caipira e apresentadora do Aparecida Sertaneja, na TV Aparecida.
na minha vida e na vida de todos os caipiras. Foi uma grande folclorista, viajou o Brasil recolhendo o folclore de todos os cantos. Tinha um grande coração. Me ajudou no momento mais difícil da minha vida que foi quando retomei minha carreira após o falecimento do meu pai, Mário Zan. Me levou ao Viola Minha Viola e me fez continuar.
Fotos: Divulgação
Adriana: Foi uma mulher a frente de seu tempo. Na época dela, só homem podia tocar viola, ai ela foi aprender piano para continuar perto da música caipira. Eu digo que ela “abriu a picada” e nós conseguimos permanecer. Sempre enfrentou inúmeras batalhas. Era uma mulher admirável. Passava muita competência. Mariangêla Zan
Qual
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a
principal
diferença
para
Quem são hoje para você os “novos
você entre música caipira e música
caipiras”?
sertaneja?
Mariangela: Essa nova geração, apesar
Mariangela: O sertanejo é uma vertente
da pouca idade, traz a viola com orgulho no
do estilo original que é o raiz, aquela mú-
peito. Eu me incluo nesses novos caipiras,
sica dos nossos antepassados do interior.
apesar de não tocar viola, defendo a mú-
O som da viola herdamos dos colonizado-
sica raiz desde sempre. Eu vejo com muita
res portugueses, que se juntou aos ritmos
qualidade o trabalho de Mayck e Lyan, João
e danças dos índios. A música caipira é
Carreiro, Bruna Viola, entre tantos.
miscigenada como é o nosso povo.
Adriana: A música caipira sobrevive. É
Adriana: A música caipira é tradicional-
mais que um gênero é um modo de ser.
mente feita com duas vozes e uma viola
Hoje vejo Lucas Reis e Thácio, Mayck e
acompanhando. Para alguns, caipira é
Lyan e várias mulheres a frente de orques-
o jeito de cantar. O sertanejo permite os
tras de viola. Acredito muito na juventude
avanços da modernidade. Tião Carreiro
e fico feliz, por exemplo, de ver a música
dizia que existem apenas dois tipos de
caipira conquistando até o Youtube. Está
música, as boas e as ruins.
“entranhada” na alma brasileira.
Roda Gigante
Manimal e Jeito Moleque
Fotos: Divulgação
Por: Fabrício Correia
Em Ubatuba a casa 180º promove uma virada plural com música eletrônica e pagode romântico, traz para o palco do litoral norte paulista, as bandas Manimal e Jeito Moleque. Projeto criado por Junior Lima, músico e produtor, e Julio Torres, Dj e produtor, a Manimal apresenta a música eletrônica influenciada pelo rock, disco e house music, em conjunto com instrumentos musicais como bateria e guitarra. Conhecido pelas músicas de sucesso, “Think About It”, “The Reason” e “Human”, que foi um remix realizado em parceria com Bruno Be e Vintage Culture. No show apresen-
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tam seus sucessos, além do remix de “My Life Is Going On”, música de abertura da série “La Casa de Papel”, que atingiu mais de 200 mil plays no Spotify em um mês. Depois será a vez do Jeito Moleque assumir a “responsa” da virada. Com mais de 15 anos de carreira, o grupo “patrimônio cultural do pagode romântico” lança seu novo DVD. Sucessos como “Me Faz Feliz”, “Sem Radar”, “Meu Jeito Moleque”, “Pára Tudo” e algumas regravações como “Medo de Amar” de Ivete Sangalo e “Filho Único”, de Roberto e Erasmo Carlos estarão entre as músicas do show da virada.
Serviço Data: 31 de dezembro de 2018 Local: 180º - 21h - Estrada da Coaquira , 535 - Ubatuba Vendas On Line: www.alphatickets.com.br
De Santo Amaro a Xerém, Maria Bethânia e Zeca Pagodinho O entrosamento entre Maria Bethânia e Zeca Pagodinho passa, em boa medida, pelo amor e respeito com que os dois grandes intérpretes percorrem as veredas musicais que ligam a Bahia ao Rio de Janeiro. Neste formidável trabalho, lançado pela Biscoito Fino, as sonoridades baianas que se espraiam pelo recôncavo – entre sambas de aboios, de roda, bata de milho e feijão, folias de reis, chulas – abraçam o samba carioca, neto dos tambores do Congo, curtido nos terreiros, gestado nas esquinas do Estácio de Sá, Oswaldo Cruz e Mangueira, e maturado nos quintais suburbanos. Dividindo algumas faixas, como a inédita “Amaro Xerém”, composta por Caetano Veloso especialmente para o encontro, e “Chão de estrelas”, a seresta seminal de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, ou fazendo seus solos, o que salta da conexão entre Bethânia e Zeca é a incondicional devoção à música brasileira.
Vesúvio, Djavan Gravado entre julho e setembro deste ano,”Vesúvio” é um álbum pop, traz algumas faixas dançantes e outras melodicamente românticas, mantendo a forma Djavan de existir. O cantor alagoano de 69 anos, estampa a capa do cd com o rosto pintado de preto e detalhes dourados. Em 24º álbum, mesmo recorrendo a matiz do pop, não deixa vácuo para letras simplórias. O trabalho de capa remete às cinzas e ao magma do vulcão italiano responsável pela destruição das cidades romanas de Pompeia e Herculano, arrebatador, como o amor descrito na faixa-título do disco. Em músicas como “Cedo ou tarde” e “Solitude” Djavan deixa transparecer sua indignação pelos caminhos que o Brasil e o mundo estão convergindo. Destaque para as faixas “Vesúvio”, “Entre outras mil” e, principalmente, o samba “Orquídea”.
Cinema O Retorno de Mary Poppins | Direção: Rob Marshall Um dos filmes mais aguardados do final do ano, O Retorno de Mary Poppins, estreia na RMVale. Numa Londres abalada pela Grande Depressão, Mary Poppins (Emily Blunt) desce dos céus novamente com seu fiel amigo Jack (Lin-Manuel Miranda) para ajudar Michael (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer), agora adultos trabalhadores, que sofreram uma perda pessoal. As crianças Annabel (Pixie Davies), Georgie (Joel Dawson) e John (Nathanael Saleh) vivem com os pais na mesma casa de 24 anos atrás e precisam da babá enigmática e o acendedor de lampiões otimista para trazer alegria e magia de volta para suas vidas. Continuação do clássico “Mary Poppins”, filme de 1964 estrelado por Julie Andrews e Dick Van Dyke, também presente neste retorno.
Literatura Uma de minhas paixões na literatura, Lygia é a maior das escritoras brasileiras em atividade. Tenho a honra de encontrá-la regularmente para afetivas conversas durante os chás da Academia Paulista de Letras. Recentemente, brindou com um texto, um de meus livros, Os Gatos de Cora. Este mês, a Cia das Letras nos presenteia com os contos completos de Lygia Fagundes Telles reunidos pela primeira vez em um único volume. Os leitores da grande dama de nossa literatura, terão acesso a completa antologia de contos da autora, em uma edição especial que inclui, além de suas principais coletâneas, diversos escritos esparsos, há tempos fora de catálogo. Dos primeiros contos, concebidos na juventude, até sua produção mais madura, Lygia exibe sua maestria na narrativa curta, sempre com sensibilidade e sutileza, em textos impecáveis. Edição em capa dura.
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Secos & Molhados
Por: Fabrício Correia
Ester Carolina, amor registrado em fotos Jornalista, fotógrafa, mãe da Naomi, uma pequena notável, Ester Carolina é um dos olhares mais interessantes da fotografia em nossa região. Com passagens por diversas revistas impressas, após a maternidade decidiu fotografar pessoas e seus momentos especiais. Desde então, tem colecionado trabalhos repletos de sentimento, onde por meio de um suave e quase pueril movimento fotográfico registra nascimentos, aniversários, casamentos de famosos e anônimos, contando lindas histórias por meio de suas fotografias. Atenta aos detalhes desapercebidos a olho nú pelo célere passar do tempo, em seu mosaico Ester Carolina retrata as diferentes formas de amor. Generosa, compartilha seus trabalhos pelas redes sociais, está presente no Facebook e Instagram. Vale a pena acompanhar suas “pensatas” no Twitter, onde já possui mais de sete mil seguidores; @aEsterCarolina.
Paulo Roxo Barja e seus cordéis joseenses Natural de Santos, declara-se santista “de cidade e de time”. Dos pais herdou o gosto pela música e o amor pela literatura, junção fundamental para sua eclética trajetória. Paulo Roxo Barja é pós-doutor em física, transitando livremente pela música e literatura. Já publicou mais de 50 folhetos de cordel que tratam de temáticas diversas, como educação ambiental, política e saúde, incluindo adivinhas e fábulas para crianças de todas as idades, além de atuar no campo musical também profissionalmente. Apaixonado pela cultura popular, acaba de lançar seu novo livro “O Pequeno Cordel do Príncipe. Escreve e edita o celebrado blog Cordéis Joseenses.
Tami Oliveira, diálogo e sentimento Seguidora de Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, cujo eixo fundamental a individuação, é considerado como o processo central do desenvolvimento humano, Tami Oliveira, psicóloga, psicoterapeuta, consultora na área organizacional e palestrante está com a agenda cheia em seu consultório em São José dos Campos. Atuando com a teoria dos tipos psicológicos, onde explica comportamentos e conceitos que abrangem a introversão, a extroversão, o pensamento, o sentimento, a sensação e a intuição, Tami é plataforma para o conhecimento mais profundo sobre a tipologia de cada um de seus pacientes, amenizando o relacionamento deles com os próprios. Outra novidade é a arteterapia, utilizada por ela para simbolizar conteúdos do inconsciente. Para 2019 pretende se dedicar ainda mais a palestras e ações voluntárias que desenvolve colaborando para amenizar as mazelas existentes em nossa sociedade.
Alessandro Campos, o padre sertanejo Nascido em Guaratinguetá, terra de Frei Galvão, há 36 anos, Alessandro Campos continua em ascensão dentro e fora dos ambientes da arquidiocese. O clérigo que notabilizou-se por usar dos elementos da música sertaneja em suas missas e pelos trajes de cowboy em meio as vestimentas tradicionais de padre, acaba de assinar contrato com a RedeTV. Ele vai comandar um programa musical a partir de fevereiro. Segundo o padre e a emissora, a ideia é que o programa seja diário. Com cinco álbuns lançados, sendo o mais recente “Deus sempre faz o melhor”, padre Alessandro segue percorrendo o Brasil em apresentações músicais. Em entrevista recente ao portal Alto Astral, contou que a paixão pela música sertaneja é uma herança familiar.“É a minha raiz. Venho de uma família rural, de sertanejos, onde todo domingo meus avós, após o almoço, faziam aquela roda de viola. Sempre digo que todos nós, de uma certa forma, temos o pé na roça.”, afirmou. 14 | Meon Essencial
Crônica das cidades
De mentira em mentira, quem somos de verdade? Descobri que precisava mentir aos seis anos. Não que já não tivesse mentido antes. Mas percebi minha primeira mentira voluntária, racional, intencional, aos seis. Um menino subiu na prancha e pegou uma onda. Devia ter uns oito. Subi e caí, caí de novo e de novo. O menino riu. Minha mãe remendou: “ele caiu, mas já foi campeão paulista de natação. E você?” Eu precisaria me enquadrar num padrão que trouxesse orgulho, mesmo que ao custo da mentira. Daí foi fácil. Aos oito, menti que já tinha ido na Fórmula 1 com meu pai. O Adriano vivia mostrando fotos de todas as suas idas, desde os quatro. Não dava para perder assim. Aos dez, que tinha ido pra Paris. Peguei as fotos do Wallace e disse que eram
minhas. Aos doze mostrei minha casa para um amigo, mas a casa não era minha. E mesmo sendo um vagabundo contumaz, sempre fui bom aluno de verdade. Tirei medalha de ouro da primeira à terceira série. Na quarta, a de prata. No primeiro colegial, fui para o clube dos cientistas. Não permaneci nem uma semana, mas fui. Na sétima série, a sala toda tirou menos de seis numa prova e eu tirei oito. O único. Cheguei em casa e mostrei pra mãe, que me perguntou: “valia oito ou dez? Porque se valia dez, tinha que ter tirado dez.” Ser de verdade nunca valeu a pena. Mesmo assim, mentindo pra caramba, não consegui não ser de verdade. Não que alguém seja de verdade o tempo todo. Verdade e mentira nos habitam constantemente, vo-
litivamente ou não, às vezes. Quem se acha de “verdadão”, na verdade, geralmente é um babaca mal educado. O fato é que mentira e verdade nos habitam. O que não vale é acostumar-se a mentir sobre si mesmo, inclusive para si mesmo, para agradar quem quer que seja. Montamos um personagem para agradar e, no final das contas, as pessoas até gostam do personagem, mas não da gente. Aí vem o cativeiro. Ficamos reféns de quem não somos. E nos esquecemos de quem somos, muitas vezes. E isso pesa. Muito. A mentira é parte de quem somos, mas quando somos a mentira, deixamos de ser alguém.
Fabrício Cunha é escritor, cronista e poeta por paixão. Torcedor do São Paulo, ninguém pode ser perfeito, é autor dos livros “Eu, Tu, Ele, Eles” e “Juro que Tentei – História de um ferrado emocional”. Mora em São José dos Campos e todo santo dia lança alguma semente no solo fértil e sempre cheio de ervas daninhas das redes sociais.