Meon Essencial - Novembro de 2018

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Novembro de 2018 | nº 03

Moda Que babado! Eles estão de volta para dar graça e leveza

Duas mulheres

Ludmila Saharovsky:

“Basta eu entrar na estrada e viro outra pessoa!”

Divulgação: www.myabhushan.com

Cinema

Otto Guerra e Mikael de Albuquerque falam sobre suas paixões

Nós, Voz, Eles

Sandy está novamente na estrada e chega a RMVale

Surpreenda-se Quebre a rotina e permita-se momentos de puro relax em um Day Spa

Joias, charme, elegância e cultura O Brasil é hoje um dos grandes produtores de joias do mundo


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Joias, charme, elegância e cultura Fabrício Correia São José Campos Há milhares de anos as joias são objetos de desejo e possuem um altíssimo valor agregado em todas as culturas do mundo. Uma joia simboliza o valor e a durabilidade das relações. Por meio de um presente como este, você diz à pessoa que se preocupa em agradá-la e vê-la feliz, além de estabelecer uma ponte de convivência longeva. São tidas

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como eternas, costumam abrilhantar “looks” por várias gerações dentro de uma mesma família. Mais que um presente, se tornam patrimônio e herança familiar das mais queridas, devido a história por trás da peça que a faz reluzir muto além que o brilho de um metal precioso, ilumina parte da memória, bons momentos que perpetuam-se na lembrança. Um compromisso de longo prazo, caracterizado pela singularidade de cada peça. Podem ainda representar o momento em que a relação de um

casal se torna algo mais duradouro, ou então um presente entre pais e filhos, ou, ainda, a celebração de uma conquista pessoal, em todos os momentos, joias são a personificação do glamour. O Brasil é hoje um dos grandes produtores de joias em ouro do mundo, de acordo com a pesquisa do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Precisos) e, segundo dados do relatório da McKinsey Global Institute, a expectativa de crescimento do mercado de joias chegará a US$


250 bilhões anuais até 2020. Dentre os fatores que contribuíram para colocar o Brasil em posição de competitividade internacional, destacam-se a criação de joias considerando a pluralidade cultural do Brasil e a variedade de materiais e pedras existentes por aqui. Os designers de joias conseguem extrair do pedaço de metal precioso a alma do ofício, entregar

para cada cliente além da joia, um recorte singular do universo, traduzido em uma obra de arte. Este trabalho aumenta consideravelmente o valor de uma peça se ela é exclusiva. É um diferencial ao produto e sua conclusão vai acrescentar uma identidade que será passada exclusivamente ao usuário. Fora os valores de mercado, importância da obra na his-

tória ou qualquer outro predicado que uma joia personalizada possa ter, há algo que transcende tudo isso: o valor sentimental. A partir deste encontro tornam-se verdadeiras preciosidades para quem as possui. Saber que a peça que você usa é personalizada e revela uma história, definitivamente, não tem preço. Joias, presentes para sempre.

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Passarella

Que babado!

Fotos: Divulgação

Por: Fabrício Correia / SJC

Não é novidade que os babados foram uma das grandes apostas na moda em 2018. Povoaram todos os tipos de peças, desde os vestidos até os maiôs e biquínis. Chegando em novembro, continuam em alta. Foram uma das principais trends das semanas de moda ao redor do mundo, culminando na São Paulo Fashion Week, edição de outubro, como proposta para o inverno 2019, isto posto, o babado vai durar!

Vestidos Para entrar no babado acertando, Meon Essencial aconselha as meninas a adesão aos vestidos. Além de tratar-se de peça única, o que elimina as combinações. E o babado? Pode vir nas mais diversas posições, ombros, mangas e até nas laterais. O leve da tendência é que fica bem em qualquer tipo de vestido, do “vestida para matar” ao simples vestidinho para um passeio de fim de tarde.

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Beachwear E não é que os babados invadiram as praias? Uma das marcas mais celebradas da semana da moda nacional trouxe babados para os biquínis, maiôs e demais peças. Quem? Água de Coco, queridas. Em verdade, o babado nos biquínis acaba substituindo o uso do bojo, ótimo para quem se incomoda com o sutiã marcando. Também acaba destacando o busto, dando uma ligeira sensação de mais volume.

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Surpreenda-se

Lissage SPA Esthétique, fuga suave do cotidiano Por: Fabrício Correia / SJC

estéticos oferecidos. Com característica plural, o SPA permite massagens, técnicas de relaxamento e purificação enraizados nas culturas milenares da Ásia, sem perder de vista os “milagrosos” avanços possibilitados pela tecnologia. Para a experiência ser completa, há no local um exclusivo espaço gastronômico com cardápio elaborado com o melhor da alta gastrono-

mia, além de carta de vinhos e cervejas especialíssimas. Na visita da Meon Essencial, optamos pelo banho de imersão com sais aromáticos e cromoterapia, seguido de massagem de 90 minutos com aplicação de pedras vulcânicas aquecidas, além de um momento gourmet e esfoliação e aplicação de máscara facial suavizadora. Vale cada centavo. Fuja para lá!

Divulgação

Conjugar os tratamentos estéticos mais avançados com a melhor estrutura de Day Spa na RMVale é a proposta do Lissage SPA Esthétique, em São José dos Campos. Com profissionais qualificados e excelência no atendimento, não há como fugir da sensação de bem-estar no período da vivência proposta pelo espaço aos usuários, além dos efetivos resultados em melhoramentos

Lissage SPA Esthétique Rua Fernão Dias nº 89 Jardim Esplanada São José dos Campos – SP (12) 3303 2244 (12) 98855 7250 - Whats

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Fotos: Divulgação

Pas De Deux

Cinema Por: Fabrício Correia

Otto Guerra

Cinema é magia. Nada substitui a experiência de ingressar em uma sala escura e ser transportado para histórias de todos os tempos e gêneros. Nesta edição Meon Essencial pergunta a dois expoentes do cinema brasileiro, um roteirista, vencedor de dois prêmios em 2018 nesta categoria no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o outro um dos grandes cineastas de animação, sobre os efeitos desta apaixonante arte em suas vidas. Há quanto tempo você é apai-

- O menino Lobo” tiveram grande

xonado por cinema? Em que

influência, assim como “2001” do

momento paralisou e disse é isso

Kubrick. “Piconzé”, longa de ani-

que eu quero para minha vida!

mação brasileiro lançado em 1972

Mikael: Sou apaixonado pelo

também exerceu muita influência

cinema desde meus três anos de

sobre produzir meus próprios dese-

idade. Aos seis anos assisti “Um

nhos animados.

Estranho no Ninho” e me apaixonei

Mikael de Albuquerque

pela enfermeira interpretada pela

Qual o roteiro que gostaria de ter

extraordinária Louise Fletcher. Aos

escrito?

Que diretor em atividade pode

8 decidi, é isto que vou fazer minha

Mikael: Adoraria ter escri-

ser chamado de visionário?

vida inteira.

to “Retorno a Howards End” e

Mikael: Gosto muito da diretora

“Vestígios do Dia”, magnifica-

brasileira Eliane Caffé, do sensível

Otto: Em 1969 caminhando no

mente adaptados pela saudosa,

“Narradores de Javé”, e do recente

balneário de Torres, no Rio Grande

Ruth Prawer Jhabvala e é claro, “O

“Era o Hotel Cambridge”

do Sul, me deparei com uma revista

Piano”, obra de Jane Campion. Otto: O cinema como conhecemos

semanal portuguesa chamada Tintim. Eu tinha 12 anos e fazia

Otto: “De Olhos bem Fechados”,

está acabando. Algo está surgin-

HQs, me identifiquei com Hergé, o

escrito por Stanley Kubrick e

do. Fico com Emir Kusturica, de

autor. Pensei que se alguém vivia

Frederich Raphael, baseado

“Vida Cigana”, “Arizona Dream”,

disso eu também poderia viver. O

em “Traumnovelle”, de Arthur

“Underground” e outros clássicos

cinema parecia um sonho distante

Schnitzler é um roteiro que gostaria

contemporâneos como “Na Via

e foi através dos quadrinhos que

de ter escrito. Assim como “Barton

Láctea”.

cheguei à animação. Certo também

Fink” escrito pelos irmãos Joel e

que a ‘A Bela Adormecida” e “Mogli

Ethan Coen. Muitos na verdade.

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Francisco Cepeda

Roda Gigante

Sandy, Nós, Voz, Eles Por: Fabrício Correia / SJC

Sandy está novamente na estrada. No Luso Brasileiro, em São José dos Campos, traz a RMVale o show Nós, Voz, Eles. No roteiro, Sandy apresenta entre outras canções “Me Espera”, “Aquela dos 30”, “Morada”, “Nosso Nó(s)”, e a recém-lançada “Areia”. Como não pode faltar em set list de veterana, que coleciona verdadeiros ‘hinos’ entre fãs cativos ao longo dos quase trinta anos na música, Sandy revisitará seus grandes sucessos dos álbuns “Manuscrito”, “Sim”, “Meu Canto” e algumas releituras da nostálgica e inesquecível época da dupla com o 12 | Meon Essencial

irmão, Junior Lima. Após a estreia nacional em Paulínia (SP), a turnê passou nas capitais Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) entre outras cidades. O show Nós, Voz, Eles vem em sintonia com o lançamento do terceiro álbum solo de estúdio da cantora e compositora com o mesmo nome. As primeiras músicas do álbum “No Escuro” e “Areia”, tem as participações de Maria Gadú e Lucas Lima, respectivamente. Ao todo, são oito convidados, o músico Mateus Asato, o duo Anavitoria, Thiaguinho, a Banda Melim, IZA e seu pai, Xororó.

Serviço Data: 24 de Novembro de 2018 Local: Clube de Campo Luso Brasileiro - 20h - Censura 18 Anos Obrigatório a Apresentação de RG. Vendas On Line: www.alphatickets.com.br


Literatura Elza, de Zeca Camargo O que dizer sobre a história de vida, superação e sucesso de uma das maiores cantoras de todos os tempos e ícone cultural brasileiro? Coube ao multimídia Zeca Camargo narrar a história de Elza Soares, da infância pobre ao sucesso, consagrada em discos que marcaram a música brasileira e, mais recentemente, nos ovacionados e premiados A mulher do fim do mundo e Deus é mulher. “Esta é a versão final, contada por ela. Elaborada por mim, mas a matéria-prima é a memória da Elza – e isso é muito, muito fascinante. É como um mergulho nessa vida maravilhosa e nessa trajetória incrível.”, afirmou o autor. Zeca desenvolveu o trabalho a partir de muita pesquisa ao longo de diversos de encontros entre Elza e ele ocorridos no apartamento da autora, no Rio de Janeiro. As conversas possibilitaram uma interação fantástica.

Libido, Autoramas Com 20 anos de estrada, foi formada após o término do mítico Little Quail and the Mad Birds, Autoramas, uma das mais bem sucedidas bandas do cenário independente, lança seu oitavo álbum “Libido”. Atualmente em formação com Gabriel Thomaz, Érika Martins, Jairo Fajer e Fábio Lima, a banda traz metade das músicas cantadas em inglês. “É a primeira vez que as músicas em inglês têm mais espaço num álbum nosso. Fazia tempo que o Autoramas queria fazer isso e achamos que o momento certo chegou”, relata o vocalista e guitarrista Gabriel. Com “a libido lá em cima” por conta das duas décadas de carreira, Autoramas não decepciona com seu som “transviado” e um rock “divertido e inclusivo”. Destaque para “Sofas, Armchairs and Chairs” e “No Futuro”.

Caravanas ao vivo, Chico Buarque ‘Caravanas ao vivo’ traz o registro da última turnê de Chico Buarque, que percorreu 10 cidades brasileiras, além de Lisboa e Porto, e foi vista por quase 200 mil pessoas ao longo de 75 apresentações. Tendo como base o disco homônimo, apontado pela imprensa como um clássico instantâneo da obra buarqueana e indicado ao Grammy Latino de álbum do ano, traz um artista engajado que após quase cinco anos longe dos palcos volta com a plena consciência de seu tempo, seja tratando o momento de tensão política e social que estamos vivendo ou em referência ao seu tempo particular, acima de qualquer cronologia. No repertório, clássicos como ‘Partido alto’, ‘Iolanda’, ‘Todo sentimento’, ‘As vitrines’, ‘Retrato em branco e preto’, ‘Sabiá’ e ‘A volta do malandro’.

Cinema Bohemian Rhapsody | Direção: Bryan Singer Bryan Singer nos brinda com uma celebração ao legado extraordinário do Queen, sua música e seu inesquecível cantor principal Freddie Mercury (Rami Malek), que desafiou estereótipos, quebrou barreiras e convenções, enfrentou a hipocrisia social e tornou-se um dos artistas mais amados e reverenciados da história da música. O filme mostra o sucesso meteórico da banda por meio de suas canções icônicas e som revolucionário, a quase implosão quando o estilo de vida de Mercury sai do controle e o reencontro triunfal na véspera do Live Aid, concerto de rock realizado em 13 de julho de 1985 com o objetivo de arrecadar fundos em prol dos famintos da Etiópia onde Mercury, já sentindo os sintomas e sofrendo as complicações de saúde em consequência da AIDS comanda a banda em uma das maiores apresentações da história do rock. Para assistir e cantar junto!

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Secos & Molhados

Por: Fabrício Correia / SJC

Mirian Monteiro, a vida é um festa. Impossível não ser contagiado pelo largo e generoso sorriso de Mirian Monteiro. Figura constante na high society da RMVale, após longa carreira no setor gráfico vem se dedicando a alegrar todas as idades por meio de seu trabalho de consultoria em decoração de festas infantis na divertida Festa Vip, localizada na região central de São José dos Campos. Natural de São Paulo, Mirian sempre destacou-se pela forma espontânea em se comunicar, o que a levou inclusive a estudar radialismo no SENAC. Entre um evento e outro, adora receber os amigos em casa para um café bem forte com bolo de fubá. Simples, como a vida deve ser.

Arnaldo Gianna, corpo e mente sã. O ator Arnaldo Gianna, entre o subir e descer dos palcos, emendou dois espetáculos celebrados na temporada 2017/2018, Angel, de Eduardo Martini que aborda os limites éticos cada vez mais elásticos de nossa sociedade e o vale tudo pelo poder e Luz del Fuego, de Julio Kadetti, que traz para o contexto atual um discurso libertário da personagem que incendiou os olhares dos mais conservadores da década de 40, tem frequentado a RMVale. Com sua amada, a advogada Alessandra Gianna, estiveram em Campos do Jordão, em novembro. Gianna, está finalizando graduação na Teatro Escola Macunaíma e quer se dedicar ao cinema a partir de 2019. “Penso no universo dos filmes de ação. Algo que misture a biodiversidade da floresta Amazônica e as forças de segurança. Ainda estou pensando no roteiro”, finalizou o plural ator, que não dispensa os exercícios físicos diariamente.

Rodrigo Cabrera, direito e literatura. Sócio fundador da Cabrera Gozales Advogados, Rodrigo Cabrera é um homem determinado. Com atuação agressiva nas áreas tributárias, político-eleitoral e direito da energia e regulação do petróleo e do gás, é membro da Academia Joseense de Letras. Escolheu como seu patrono, o maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues, que com perspicácia e talento absoluto soube desnudar como nenhum outro as cenas privadas da vida familiar e sexual dos brasileiros. Além de escrever regularmente em sua coluna “Um Café Por Favor”, o imortal joseense, decidiu pleitear a vaga de seu colega do direito, sociólogo e cientista político, Hélio Jaguaribe, falecido em setembro, na Academia Brasileira de Letras. Por carta, declarou ao presidente da ABL, Marco Lucchesi, seu desejo de se juntar a Barão Homem de Mello, Oswaldo Cruz, Francisco Assis Barbosa, Cassiano Ricardo e Miguel Reale no hall dos cidadãos valeparaibanos que integraram a Casa de Machado de Assis.

Cecília Militão, espiritualidade e fé. Uma das vozes mais lindas surgidas na região da RMVale, Cecília Militão, natural de Jacareí, começou a descobrir sua plataforma existencial, a música, no coro da igreja Santíssima Trindade, em sua cidade. Com “Porto Solidão”, canção escrita por Zeca Bahia e Ginko, imortalizada na voz de Jessé, arrebatou o Brasil, conquistando o primeiro lugar no concurso Novos Talentos, apresentado por Fausto Silva, na Rede Globo, em 2003, muito antes dos realitys musicais dominarem as programações televisivas. Celebrando os 15 anos de seu primeiro álbum, lançado pela Sony Music e sua incrível carreira, a artista e sua mãe, Marta, estiveram este mês no Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás. “Gratidão”, foi a palavra ofertada pela diva para agradecer pela caminhada até aqui. As duas ainda aproveitaram a viagem para conhecer a capital goiana.

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Crônica das cidades

Duas mulheres Tenho vivido, ultimamente, num vai e vem contínuo pela Via Dutra: Ora estou em Jacareí, ora em Icaraí, e essa nova experiência tem sido muito instigante! Quando se está num ônibus, com seis horas de viagem pela frente, as opções e escolhas individuais revelam sempre o caráter de seus ocupantes: Há os expansivos, os reservados e os abusados! Alguns passageiros lêem livros, revistas, jornais. Outros fazem palavras cruzadas, corrigem textos, ouvem música. E há os que seguem, ensimesmados, a paisagem tão exata que desfila através da janela, num ritmo minimalista. Existem os que cochilam e os que dormem sem qualquer cerimônia, os que conversam sem tréguas com o companheiro do lado, e os que, insistentemente, comunicam-se pelo celular, colocando sua intimidade no estreito corredor do veículo, transformando-o em palco para informações e confidências que nos impingem. Enfim, há um lapso de tempo que cada um gerencia de acordo com as suas preferências! O que acontece comigo é muito interessante: Basta eu entrar na estrada e viro outra pessoa! Junto com o Vale que eu tanto amo, vou deixando para trás, a cada quilometro rodado, filhos, netos, amigos, falta de tempo, correria, o espírito da terra... Vocês já repararam como a nossa região tem uma topografia única, com cenários, cores, cheiros e um sotaque absolutamente peculiar? Pois tudo isso se desprega lentamente de mim, enquanto essa outra mulher que aflora, vai se incorporando. E ela permuta o computador por livros, muitos livros que eu nunca encontro tempo para ler. Troca vestidos por moletons, sapa-

tos sociais por confortáveis rasteirinhas, agenda cheia, por páginas em branco que irá preencher com novas idéias e assuntos! A casa da primeira, tão grande e trabalhosa fica para trás, e surge um apartamento claro e arejado pela brisa marinha, que a segunda adora! O automóvel, imprescindível, para uma, vira objeto absolutamente desnecessário para a outra, pois ela vive num bairro à beira mar onde todos os compromissos se resolvem percorrendo poucos quarteirões a pé. Muda a cabeça e os pensamentos! Mudam os interesses e o astral. Há, para esta segunda mulher, muito mais tempo para dedicar-se a um ócio criativo, preenchido por um tempo não linear: Chronos deixa o caminho livre para Kairós, que possui uma forma diversa de se marcar, maneiras distintas de perceber a vida e o mundo, alem de fomentar nela descobertas e encantamentos insuspeitos. Kairos é um tempo espiritual ...mas este é um assunto para uma outra crônica! Assim, enquanto a primeira mulher não sabe como desvencilhar-se de compromissos, contas, compras; dos cuidados com a casa, o trabalho, a família...a segunda permite-se ser cuidada, desliga-se de relógios, telefones, calendários; passa a existir livre, leve e solta. Ela consente em tirar férias dessa primeira mulher, reciclando-se, libertando-se do cárcere das rotinas que só gritam ordens e cobram desempenho. Ela se permite experimentar novos caminhos mergulhando de cabeça na experiência de apenas ser. E é muito boa essa metamorfose...não fossem as saudades, tanto de uma quanto da outra! Fazer o quê?

Ludmila Saharovsky, é professora, escritora, cronista, dramaturga e poeta. Cidadã do mundo, reside em Jacareí.

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