Metrópole Magazine - Abril de 2017 / Edição 26

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Abril de 2017 – Ano 3 – nº 26 – Distribuição gratuita

E agora,

SÃO JOSÉ ? Cidade que nasceu “dos campos” e virou potência com a indústria encara agora o desafio de se reinventar para gerar emprego e renda

ESPECIAL

Jacareí comemora 365 anos com planos de melhorias e novos investimentos pág. 34

ENTREVISTA

Reeleito em um cenário improvável, Ortiz Junior fala sobre eleições, adversários e os desafios do novo governo pág. 16





No Colinas Shopping a alegria está por todos os lados. O shopping está repleto de atrações para a criançada. São diversas opções de lazer, entretenimento, compras e alimentação para tornar seus passeios em família ainda mais divertidos. Venha para o Colinas Shopping. Afinal, alegria e diversão a gente encontra aqui.

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6 | Revista Metrópole – Edição 26

EDITORIAL

As cidades e riquezas da RMVale A Região Metropolitana do Vale do Paraíba

abarca as cidades do Litoral Norte e Região

e Litoral Norte ainda é desconhecida de muitos

Serrana (Campos do Jordão, São Bento do

cidadãos que não entendem bem o que é e qual

Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal), concluin-

o objetivo de ter sido estabelecida.

do por ser a 12 ª a mais populosa do país, com

A RMVale foi criada através de uma lei esta-

2.400.000 habitantes.

dual em 2012, concomitante ao desenvolvimen-

A revista Metrópole Magazine traz aos

to do projeto do Grupo Meon de Comunicação,

seus leitores, mensalmente, informações sobre

que publica a revista Metrópole Magazine, cujo

o desenvolvimento das cidades desta região

nome vem exatamente de “Metropolitana” ba-

próspera e promissora e neste mês, além de

seada na cobertura jornalística que se realiza

retratar a evolução da cidade de São José dos

das 39 cidades que a compõe. As regiões me-

Campos, desde sua fundação, mostra também

tropolitanas são constituídas por agrupamen-

como Jacareí, que completa 365 anos no mês de

tos de municípios que fazem fronteira entre si,

abril, se prepara para o desenvolvimento que

visando maior organização, planejamento e

se projeta em toda a região.

execução de serviços públicos que sejam de interesse comum.

Entre matérias como mobilidade entre as cidades e outras de interesse da RMVale, a leveza

Mais importante, porém, é que potencializa

do movimento denominado slow food, prática

o desenvolvimento quando instituída, diante

mundial que se estabelece por aqui, privile-

da possibilidade de se ampliar o universo de

giando o prazer de comer de forma saudável,

atuação dos munícipes que a integram, como

com alimentos orgânicos, incluindo a produ-

no nosso caso, que, além das cidades que estão

ção de vinhos.

no eixo Rio-São Paulo (de Jacareí a Bananal),

Aproveite.

Regina Laranjeira Baumann


metr pole magazine www.meon.com.br/revista Diretora-executiva Regina Laranjeira Baumann Editor-chefe Max Ramon Repórteres Hernane Lélis Yasmin Faria Lucila Guedes Fotografia Pedro Ivo Prates Diagramação José Linhares Colaboradores João Pedro Teles Marcus Alvarenga Wagner Matheus Yasmin Faria Arte Giuliano Siqueira Mídias Sociais Nena Florêncio

Executivos de Negócios NHECE, CONHECE EduardoBDO Pandeló

e market no Brasil dvisory

Amanda Fonseca Carlos Henrique Dimas Ferreira Fabiana Domingos Fernando Maringo Greyce Candido Joice Martins Juliana Silveira Norival Silva Paloma Perlira Yago Morais Departamento Administrativo Gabriela Oliveira Souza Larissa Oliveira Maria José Souza Roseli Laranjeira

Tiragem auditada por:

262 m.br Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita


8 | Revista Metrópole – Edição 26

SUMÁRIO Pedro Ivo Prates

Matéria de Capa

22

Cidade que nasceu com paisagens bucólicas, se transformou com os sanatórios e virou uma potência econômica com a indústria encara o desafio de se reinventar para gerar emprego e renda

16 ENTREVISTA Reeleito em um cenário imprová-

56 ESPORTESBike Polo, esporte que

URBANA 40 OMOBILIDADE que move os moradores da

Conheça o

região rumo às cidades vizinhas?

Pedro Ivo Prates

Pedro Ivo Prates

está ganhando novos adeptos pelo Brasil e já tem até uma equipe em São José dos Campos. Pedro Ivo Prates

vel, prefeito de Taubaté fala sobre as lições tiradas do primeiro mandato, a relação com os adversários e os desafios do novo governo.

SAÚDE 46 Especialistas provam: ter uma

26 ECONOMIA Os serviços para animais domésti34

54 Cultura& Com rap ‘sócio-espiritual’, joseense Síntese desponta como revelação do hip-hop nacional Pedro Ivo Prates

cos seguem no caminho contrário a economia nacional, mas sentem o impacto ao pensar em novos. investimentos.

vida corrida não é desculpa para abrir mão de hábitos saudáveis

ESPECIAL Jacareí comemora 365 anos com planos de melhorias e novos investimentos.

10 12 14

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases&

70 72 74

60 AsTURISMO quatro cidades do Litoral Norte se unem para vender suas maravilhas naturais e eventos para visitantes do Brasil e do exterior.

66 Gastronomia& A favor do comer bem, Slow Food prega conscientização e sustentabilidade.

Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


Câmara Municipal de São José dos Campos e a comunidade O CAC (Centro de Apoio ao Cidadão) é uma parceria entre a Câmara Municipal e a Prefeitura de São José dos Campos. Você pode solicitar gratuitamente diversos serviços como atestado de antecedentes, elaboração de currículo, emissão de carteira de trabalho, orientação jurídica e até tirar dúvidas sobre o saque do FGTS. O CAC está localizado na Câmara Municipal e atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Canal 7 da NET e 9 da VIVO TV www.camarasjc.sp.gov.br /camarasjc

/camara_sjc /camarasjc /camarasjc

CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


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Espaço do Leitor Edição 25 – Março de 2017 RMVALE

Feedback A edição de março da Metrópole Magazine trouxe em sua matéria de capa o crescimento das exportações na RMVale. A reportagem mostrou que o volume de vendas das empresas da região para o exterior cresceu 205% no ano passado, quase o dobro do aumento médio registrado no Estado, que foi de 126%. A edição também trouxe uma reportagem sobre o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) –das descrenças na época de sua criação até a

Março de 2017 – Ano 3 – nº 25 – Distribuição gratuita

Do Vale para o mundo

Mercado da exportação cresce 205% e região ultrapassa a média estadual ENTREVISTA

Felipe Augusto, prefeito de São Sebastião, quer fazer a diferença pág. 18

EDUCAÇÃO

Um sonho que resultou no celeiro das mentes mais geniais do mercado brasileiro

pág. 36

Março de 2017 | 27

26 | Revista Metrópole – Edição 25

NOTÍCIAS ECONOMIA

Fotos: Pedro Ivo Prates

Moisés Rosa RMVALE E LITORAL NORTE

Do Vale para o mundo

O

mercado de exportação ganhou uma nova configuração para as empresas instaladas na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Apostar no mercado internacional e deixar de lado a crise. Foi isso o que fizeram 61 empresas da região que decidiram investir pela primeira vez na exportação de seus produtos e contribuíram para alavancar o resultado recorde no acumulado de 2016: 205% de aumento no número de empresas da região que enviaram os seus produtos para o exterior em relação ao ano anterior. O estudo é da Investe São Paulo, a agência de promoção de investimentos e competitividade ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, com base em informações disponíveis no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O resultado é visto como positivo para o mercado que alcançou a melhor marca desde 2001, quando a série começou a ser impulsionada. A região ultrapassou o resultado estadual que foi de 126,1%. No ranking de cidades que enviaram produtos para outros países, São José dos Campos aparece na liderança com 130 empresas que exportaram. Em seguida, Taubaté com 54, Jacareí com 51, Pindamonhangaba (41), Caçapava (21), Lorena (20), Guaratinguetá (13), Cruzeiro (10), Ilhabela e São Sebastião

Mercado da exportação cresce 205% e região ultrapassa a média estadual

aparecem com cinco, Ubatuba com quatro empresas, entre outros municípios. Dessa fatia, 20 empresas de São José exportaram pela primeira vez, seguida de Taubaté (10) e Jacareí (6).

Perfil A região é considerada a ‘menina dos olhos’ para o mercado de exportação. Além do potencial em atrair empresas que se instalam nas 39 cidades, a região está localizada em um eixo imprescindível para a economia, classificada como a 12ª maior região metropolitana mais populosa. Com empresas de médio e grande aporte, a expectativa do Estado é que a região possa expandir ainda mais a atuação em outros países. A recuperação da economia ainda neste ano refletirá nos resultados positivos para as empresas. Segundo o diretor da Investe SP, Sérgio Costa, o ano será de fomento à área. “O quadro reflete um dos ensinamentos que procuramos passar às empresas, que é o fato de que é sempre interessante começar a exportar aos poucos. Nossa expectativa, inclusive, é que o ano de 2017 feche com um número mais expressivo de empresas que fizeram remessas maiores, tendo debutado em 2017”, afirmou Costa.

Tipos de produtos

À Metrópole Magazine, Costa disse que o desempenho da RMVale e Litoral Norte no ranking já era esperado devido ao movimento da economia e da logística favorável.

“Foi uma grata constatação. Tivemos um recorde de empresas que exportaram no ano passado e aquelas que enviaram pela primeira vez os seus produtos para fora do país. Isso foi estimulado porque o produto brasileiro ficou mais barato e abriu portas para a exportação”, explicou Costa. Outra característica importante que fomentou o mercado é o conglomerado de empresas nas áreas de tecnologia. Isso, segundo o diretor da Investe SP, ajudou a internacionalização dos produtos. “Temos diversas empresas que atuam no ramo da tecnologia e a instalação ajuda na comercialização. A região também é composta por produtos que atendem o mercado, entre eles, o setor de máquinas e equipamentos, indústria química, ótica, o setor de madeiras, de produtos alimentícios, etc”.

Suporte às empresas Acompanhando as empresas ainda nos primeiros anos ‘de vida’, o Governo do Estado trabalha no auxílio da estabilidade delas no mercado. “O trabalho é para auxiliar a manutenção das empresas no ramo, capacitando, e orientando para que tenham continuidade nos negócios. Primeiro, elas se preparam melhor e precisam arrumar a casa, alertamos para as regras e características do mercado e levamos a inteligência comercial”. De acordo com o diretor, a região se destacou por não tem apenas um produto em comercialização. “O Vale do Paraíba e Litoral Norte possuem uma vasta diversidade de produtos, não existe uma predominância, e isso é um fator que conta

consolidação como um dos principais polos de conhecimento do mundo. Também mereceu destaque a reportagem especial sobre a produção de azeite na Serra da Mantiqueira. O produto feito por aqui tem conquistado os paladares de renomados chefs do país. A Metrópole Magazine de março trouxe ainda a banda Dom Pescoço, que entrou em 2017 com uma turnê nacional, além de uma entrevista com o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).

Histórias inspiradoras “Comovente a história do casal de Ubatuba que criou a ONG Blablabla Positivo. A Silmara e o Sérgio mostram a todos nós o quanto somos egoístas às vezes, pensando apenas em nossas próprias vidas e achando que temos problemas demais. Quando se quer fazer o bem, sempre há tempo.” Amanda Cristina Fidélis AF_QUA 0008-17 ANÚNCIO COLETA RV. METRÓPOLE - SABIN.pdf

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15/02/17

16:43

de| 2017 Março Março de 2017 31 |

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NOTÍCIAS SAÚDE

Fotos: Pedro Ivo Prates

Medo, superação e solidariedade

O Vale que dá certo “Gostei muito da reportagem sobre o crescimento nas exportações da região. Ela prova que, mesmo na crise, é possível crescer. Quem sabe não está aí o caminho para a recuperação da nossa indústria?” Breno Tavares

Casal de Ubatuba cria ONG para ajudar pessoas vivendo com HIV

Silmara e Sérgio criadores da ONG BlaBlaBla Positivo

Marcus Alvarenga UBATUBA

E

sta é a história de duas pessoas que transformaram o medo do diagnóstico de HIV (sigla em inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana) em uma luz de esperança e felicidade. Sérgio e Silmara Retti são exceção entres os mais de 14 mil pacientes soropositivos da RMVale que não têm apoio da família, o respeito dos amigos e temem a reação preconceituosa da sociedade. Os programas em âmbitos federal, estadual e municipal trabalham muito com a prevenção, mas ainda falta uma força-tarefa para disseminar o conhecimento sobre o HIV para promover o respeito. “Falta uma política pública, uma estrutura melhor. Os programas de DST focam apenas na distribuição do preservativo e teste rápido. Precisamos de uma equipe multidisciplinar com psicólogos, sexólogos e e outros especialistas, porque só a gente, as ONGs, não suportam a demanda e não tem esse recurso”, afirmou Silmara Retti. Mas para contar a história de luta deste casal é preciso voltar no tempo: Em 1982 surgiram os primeiros casos da AIDS no Brasil, na época rotulados de ‘Peste Gay’ pela imprensa internacional e nacional. Nesse período, Sérgio Rossi era apenas um adolescente no auge da sua curiosidade por novas experiências e que não pensava que suas atitudes poderiam colocá-lo em risco pela contaminação de uma doença ainda pouco conhecida e fatal. Com a maturidade a decisão de se distanciar das drogas o aproximou de um grande amor, interrompido pela morte repentina da parceira. Foi quando o jovem surfista e agente administrativo da Secretaria de Saúde de Ubatuba conheceu uma colega de trabalho, também viúva, Silmara Retti, e juntos transformaram um momento de luto em uma nova vida. “Ele me levava para dançar, me divertir, até os meus dois filhos se

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12 | Revista Metrópole – Edição 26

Aconteceu& Pedro Ivo Prates/meon

Alckmin anuncia acordo para construção do trem regional O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou um acordo para a implantação do Trem Expresso Metropolitano. Segundo o tucano, o futuro sistema usará a faixa de domínio da antiga linha férrea Central do Brasil, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, cruzando toda a região –a nova linha seria construída ao lado da atual, acompanhando seu trajeto. O sistema de transporte interligará o Vale do Paraíba às regiões de São Paulo e Campinas, totalizando mais de 400 quilômetros de linha férrea. A proposta do Estado é viabilizar o novo trem por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada), com custo estimado de R$ 18,5 bilhões. “O primeiro braço que será feito é Campinas-São Paulo. Então, vai pegar nesse primeiro momento Americana, Jundiaí, Campinas e São Paulo. Depois vamos fazer o trecho do Vale do Paraíba”, disse o governador. Apesar do anúncio, ainda não há, porém, um prazo para o início das obras. 

Foto: Meon

Chuvas de março deixam mais de 200 desalojados na região As chuvas do mês de março provocaram estragos em toda a região. Em São José dos Campos, houve pontos de alagamento em vários bairros. Cerca de 70 pessoas ficaram desalojadas e perderam roupas, móveis e eletrodomésticos. Na Vila Corintinha, um dos bairros mais castigados, famílias precisaram ser resgatadas com botes pela Defesa Civil. No Jardim Ismênia, uma mulher de 65 anos tentou atravessar a rua e foi arrastada pela enxurrada –só escapou com a ajuda de moradores da região. A situação foi ainda mais grave no Litoral Norte. São Sebastião e Caraguatatuba contabilizaram, juntas, mais de 150 desalojados. As cidades decretaram estado de atenção. 

Após 41 anos, Chico Picadinho será colocado em liberdade Estadão

Autor de dois dos crimes mais chocantes da história do Brasil, Francisco da Costa Rocha, o Chico Picadinho, será colocado em liberdade até o dia 1º de julho. A decisão foi da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara de Execuções Penais de Taubaté. Hoje com 74 anos, Chico Picadinho está preso na Casa de Custódia. Ele terminou de cumprir sua pena em 1998, mas foi mantido na prisão devido a uma interdição civil pedida na época pelo Ministério Público e aceita pela Justiça. Na sentença que determinou a liberdade do assassino, do dia 1º de março, a juíza destaca que Chico confirmou sua intenção de “integrar-se socialmente, mostrando-se bem seguro e determinado neste propósito, assim como bastante lógico no raciocínio desenvolvido e coerente em suas colocações”. De acordo com exames, há diagnóstico de “transtorno de personalidade inespecífica”, porém sua conduta é classificada como “ótima” pela direção da Casa de Custódia. A juíza determinou que ele seja solto de forma gradual, com acompanhamento psicoterápico. A Secretaria de Saúde do Estado será responsável por ajudá-lo a encontrar um lugar para morar. 


Abril de 2017 | 13

Pedro Ivo Prates/meon

Problemas na travessia da balsa provocam espera de até seis horas O Problemas na operação das balsas que fazem a travessia entre São Sebastião e Ilhabela provocaram protestos no último mês. Moradores e turistas chegaram a esperar até seis horas para cruzar o canal. No dia 16, um protesto organizado por estudantes de Ilhabela contra a Dersa (empresa estatal responsável pela operação da travessia) terminou em pancadaria generalizada entre os manifestantes e funcionários da balsa. A Associação Comercial de Ilhabela lançou uma campanha para pressionar o Estado a realizar melhorias no local. A entidade alega que os constantes atrasos na travessia já estão atrapalhando o turismo, com reflexos na economia local. A Dersa atribuiu os atrasos a problemas pontuais nas embarcações e ressaltou que tem investido em melhorias no serviço. 

Divulgação

Gerdau lança nova unidade em Pinda com investimento de R$ 280 milhões A Gerdau lançou uma nova linha de produção em Pindamonhangaba com investimento de R$ 280 milhões. A nova unidade fabricará componentes para torres de geração de energia eólica e a previsão é que sejam gerados 100 empregos diretos. A linha de produção é resultado de uma parceria da Gerdau com as japonesas Sumitomo Corporation e The Japan Steel Works (JSW). Juntas, elas formaram a joint venture Gerdau Summit --a Gerdau tem participação majoritária na sociedade. A produção das peças para o setor eólico tem previsão para começar em 2018. 

Foto: Meon

Protestos contra a Reforma da Previdência afetam fábricas, transporte e a Dutra Sindicalistas voltaram a bloquear a rodovia Presidente Dutra, desta vez em protesto contra a Reforma da Previdência. A principal rodovia do país ficou parada por duas horas no trecho de São José dos Campos. O protesto fez parte de uma mobilização nacional contra o projeto do governo Michel Temer (PMDB) que reestrutura a Previdência Social. Um dos pontos criticados pelos sindicalistas é o que exige 49 anos de contribuição para que o trabalhador tenha direito à aposentadoria integral. As manifestações em São José ainda incluíram uma ‘operação tartaruga’ no transporte coletivo e atrasos na entrada dos turnos das fábricas. A Justiça do Trabalho também aderiu ao movimento, realizando uma paralisação de uma hora no Fórum Trabalhista da cidade. 


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Pedro Ivo Prates

Frases&

Não dava para pensar. Tinha hora que parecia uma onda gigantesca. Eu boiava, afundava e voltava

Recebi o convite do prefeito Felicio Ramuth, para compor o quadro da Fundação Cultural Cassiano Ricardo nesse período de transição. Fiquei surpreso, mas diante da proposta achei que seria interessante e aceitei o desafio Aldo Zonzini, advogado há mais de 30 anos, sobre o convite para assumir a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de São José

“ Pedro Ivo Prates

Foto: Meon

Pilar Balgas Boiani, 65 anos, arrastada por uma enxurrada no Jardim Ismênia, em São José dos Campos

O projeto precariza as relações de trabalho. O trabalhador perde com ele. Perdeu-se, por exemplo, com a responsabilidade subsidiária aprovada, a possibilidade do trabalhador, diante da falência da terceirizada, recorrer diretamente àquela que terceirizou o serviço

Pollyana Gama (PPS) , deputada federal, sobre a Lei das Terceirizações, aprovada no último mês pelo Congresso


Ademir Brito/ACI

Abril de 2017 | 15

Foi uma dedicação em tempo integral Felipe Cury, que deixou a presidência da Associação Comercial e Industrial de São José após dois mandatos consecutivos, totalizando oito anos no cargo.

” Pedro Ivo Prates

Délcio Sato (PSD) , prefeito de Ubatuba, sobre o esforço conjunto dos municípios do Litoral Norte para fomentar o turismo na região. Em março, as quatro cidades do eixo representaram o Brasil na maior feira de cruzeiros do mundo, realizada nos EUA

Divulgação

Quando você fala no Litoral Norte como um todo, é um potencial tremendo. Vejo isso no olhar de grupos chilenos, americanos e alemães. Eles se mostraram totalmente interessados por conhecer [a região] e por trazer investimentos. É disso que precisamos

Escolhi todos os acessórios e roupas e tudo ficou muito melhor do que eu imaginava

Julia Silva, youtuber mirim de São José sobre a boneca lançada em sua homenagem.


16 | Revista Metrópole – Edição 26

ENTREVISTA

Fotos: Pedro Ivo Prates

A virada de Ortiz Junior

Reeleito em um cenário improvável, prefeito de Taubaté fala sobre as lições tiradas do primeiro mandato, a relação com os adversários e os desafios do novo governo Max Ramon TAUBATÉ

E

le foi afastado do cargo de prefeito às vésperas da campanha, teve a candidatura à reeleição impugnada e, no meio do caminho, perdeu parte de sua base de apoio. Mas, contrariando as previsões até de aliados mais próximos, José Bernardo Ortiz Monteiro Junior, 43 anos, o Ortiz Junior (PSDB), venceu a disputa pelo Palácio do Bom Conselho no primeiro turno, enfrentando seis adversários. “Muita gente achava que era impossível. A oposição cantou vitória. Mas, no final, a vontade da população prevaleceu”, diz o tucano, com um semblante bem mais leve que o da campanha. Fortalecido pelo resultado das urnas, Ortiz Junior vive seu primeiro período de trégua desde que assumiu a Prefeitura de Taubaté, em janeiro de 2013. Durante todo o primeiro mandato, se dividiu entre a rotina da administração municipal e uma longa batalha judicial para permanecer no cargo –acusado de abuso de poder econômico e político na campanha de 2012, o tucano chegou a ter o mandato cassado em três instâncias, decisões que só conseguiu reverter no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após a eleição. “Tenho certeza que a vitória no primeiro turno, nas condições em que ela aconteceu, transformou o voto de um ministro”, sentencia o tucano. Ortiz atribui o novo voto de confiança da população ao que chama de “políticas invisíveis” implantadas no primeiro mandato, especialmente nas áreas de Saúde e Segurança. “A humanização da Saúde e a sensação de segurança foram importantes conquistas.

São coisas que ficam impregnadas no cidadão e, no momento em que ele vai fazer o julgamento, isso salta”, afirma. Em entrevista à Metrópole Magazine, o prefeito fala sobre as lições do primeiro mandato, a relação com os adversários, a superexposição da classe política e os desafios do novo governo. Confira os principais trechos:

“ Enfrentamos uma resistência interna, que era calcada numa disposição grande de dois vereadores de fazerem a substituição da candidatura.” O senhor venceu a última eleição no primeiro turno, mesmo afastado do cargo de prefeito, com a candidatura impugnada e enfrentando seis adversários. A que atribui esse resultado? Esse foi um momento marcante não só na minha carreira política, mas na minha vida. Você imagina: no dia 6 de agosto você é afastado, tem o seu mandato cassado. Solicita seu registro de candidatura à Justiça Eleitoral e esse registro é negado. E você tem seis adversários em 12 debates eleitorais de televisão, além de outros tantos em rádio e em escolas. E, em todos esses debates, seus adversários dizem que você está impugnado e que todos os seus votos

serão nulos. Se você não consegue manter a serenidade para discutir os problemas da cidade, acaba sendo tragado pela única discussão que interessa aos adversários. E isso tornaria ilegítimo tudo aquilo que foi feito, a reconstrução da cidade. Muitas vezes, até algumas pessoas mais próximas não acreditavam que seria possível. A gente até cogitou uma substituição [de candidatura], alguém que pudesse encerrar aquele conjunto de transformações iniciado em 2013 e assumir compromissos futuros. Mas aí o grupo todo entendeu que a gente deveria insistir, já que havia ainda um julgamento. Meu advogado dizia que havia um conjunto grande de argumentos que poderiam convencer os ministros. Foi, de fato, o que aconteceu. Houve ainda uma resistência interna no PSDB à sua candidatura naquele momento. Enfrentamos uma resistência interna, que era calcada numa disposição grande de dois vereadores de fazerem a substituição da candidatura, e uma resistência de parte da comunidade por causa do ambiente político naquele momento de Lava Jato, com inúmeros políticos envolvidos em desvios de recurso público. Você junta tudo isso, chacoalha dentro de um frasco e terá a eleição do ano passado. Mas nas ruas, as pessoas, além do apoio político, da multiplicação do voto na família, no trabalho, foram muito generosas do ponto de vista espiritual mesmo. Elas sempre me diziam: “Olha, vai em frente. Não desista. Estou contigo. Estou orando na minha igreja”. Quando a propaganda eleitoral gratuita começou, a gente começou a perceber um aumento da intenção de voto.


Abril de 2017 | 17

O governo sempre foi medianamente bem avaliado. A gente tinha 40% de ótimo e bom, 30% de regular. Isso em um momento de desemprego, de crise econômica. Isso precisa ser levado em conta. Some a isso o clamor de mudança que havia no país. E, no final, a gente conseguiu uma votação expressiva no primeiro turno. Depois da eleição, a Justiça Eleitoral de Taubaté foi bastante serena ao não convocar o segundo turno. Você imagina se houvesse segundo turno naquele contexto e, depois, uma decisão judicial favorável [a mim]. O cenário, que já era confuso, ficaria ainda mais complicado. A decisão [do TSE] era inesperada. Era uma loteria, ninguém tinha condição de imaginar o que aconteceria. Mas eu tenho certeza que a vitória no primeiro turno, nas condições em que ela aconteceu, transformou o voto de um ministro. Porque disputar uma eleição cassado, indeferido, com seis adversários dizendo que a candidatura era inválida, e ainda assim ganhar no primeiro turno, isso mostra um desejo do eleitor. E esse desejo deve ser levado em consideração em qualquer circunstância. O que representa esse voto de confiança? É óbvio que grande parte desses votos decorre do conjunto de realizações que o governo fez. Menos por mérito pessoal meu e muito mais pela situação que a cidade vivia em 2012. O governo Peixoto, principalmente nos últimos dois anos, transformou nossa cidade em uma terra arrasada. Tínhamos uma prefeitura inchada, com 8.261 funcionários, uma dívida de R$ 60 milhões. Havia um cenário de pessimismo e descrença entre os servidores também. Licenças-prêmio atrasadas, horas extras. Uma coisa importante, que talvez seja a contribuição mais importante do governo, foi a formulação de políticas invisíveis. A mudança de cultura na administração, a formação de um repertório, um acervo técnico. Isso é fundamental para um governo funcionar. Fazendo um paralelo com o setor privado, a memória histórica é, por exemplo, o que faz a Coca-Cola fabricar

“ Você imagina se houvesse segundo turno naquele contexto e, depois, uma decisão judicial favorável [a mim]. O cenário, que já era confuso, ficaria ainda mais complicado.”

sempre a mesma bebida, com a mesma fórmula e o mesmo sabor. As coisas ficaram tão confusas nos últimos anos do governo Peixoto que a prefeitura perdeu a capacidade de replicar seus modelos bem-sucedidos. Então, formar novamente esse repertório, uma cultura de administração pública, talvez essa tenha sido a nossa principal contribuição. Tivemos ainda as outras políticas públicas invisíveis, como o acolhimento e a humanização na Saúde, a sensação de segurança. A cidade vivia um estado de guerra permanente. A gente conseguiu estruturar meios para que a PM pudesse oferecer um serviço melhor, cedemos funcionários para a Polícia Civil, introduzimos o COI [Centro de Operações Integradas]. Isso


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Ortiz Junior durante entrevista em seu gabinete, com imagem de Nossa Senhora Aparecida ao fundo

tudo fica impregnado no cidadão e, no momento de fazer o julgamento, salta. A experiência da última eleição deixou mais feridas ou aprendizados? Não guardo raiva, nem mágoa. Entendo as razões pelas quais algumas pessoas tomaram as atitudes que tomaram. Até os vereadores do nosso partido. Se eu tivesse o apoio de todos naquele momento, é claro que teria sido mais fácil. Não tive, mas nem por isso esmoreci. Tinha outros grandes amigos que me ajudaram muito. Isso é um exercício de resiliência. É quanto você aguenta de pancada e consegue se manter de pé, fazendo aquilo que deve fazer. Não dá pra você ficar olhando o rosto de quem te bate e jurando vingança. Se você faz isso, aí sim perde seu foco, que é seguir caminhando, resistindo às pancadas que a vida dá. Como sua família reagiu a tudo isso? Olha, no dia seguinte ao julgamento [que cassou o mandato], meus pais vieram à minha casa almoçar comigo. Expliquei a eles que seria muito difícil. Depois do

“Não guardo raiva, nem mágoa. Entendo as razões pelas quais algumas pessoas tomaram as atitudes que tomaram. Até os vereadores do nosso partido. Se eu tivesse o apoio de todos naquele momento, é claro que teria sido mais fácil. ”

almoço, me levantei e fui acompanhar o meu pai até a casa dele, caminhando. Ele me falou: “Nem pense em desistir. Estou do seu lado e vamos até o final. Temos que seguir em frente”. Então, esse foi o espírito. O apoio da família foi fundamental. Sem ele, não estaríamos aqui, mesmo porque em 2012 vivemos a mesma coisa. Foi [uma campanha] tão difícil quanto essa. A diferença é que eu não era prefeito e não tinha o que mostrar. Suas aparições públicas se tornaram menos frequentes após a reeleição. O que motivou essa postura mais reservada? Reassumi a prefeitura em novembro. Em dezembro, inauguramos o Samu e a UPA. Foram reuniões de inauguração, se você somar as duas, com umas 1.200 pessoas. Conversei com muita gente. Depois, ingressamos em um período duro, de muitas chuvas. Ainda temos cinco gargalos grandes na cidade: Timbó, Santa Tereza, Parque Três Marias, Parque Aeroporto e Água Quente. Os moradores dessas regiões sofreram muito. Tivemos muito


Abril de 2017 | 19

trabalho aqui na prefeitura. Hoje, voltamos a fazer uma inauguração grande, da UBS Mais da Independência. Em abril, iniciaremos as reuniões com as associações de moradores, toda quarta-feira à noite, e o Bairro a Bairro, que são as reuniões que iniciamos às 13h e ficamos até a última pessoa ser atendida. Qual a sua opinião sobre os prefeitos midiáticos? É difícil julgar, mas tenho certeza de uma coisa: o cidadão quer trabalho. Ele quer muito menos selfie e muito mais trabalho. Você deve estar se referindo ao [João] Dória. Acredito que, num dado momento, ele vai ser muito cobrado. E esse é o perigo. Ele se veste de gari, faz pintura de muro, mas o cidadão vai querer o resultado disso, a zeladoria da cidade. Eu chego aqui na prefeitura cedo, saio muito tarde e ainda acho que trabalho pouco, porque o volume de serviço é enorme. Se você se predispõe realmente a olhar o que está acontecendo na cidade, participar das decisões das secretarias, tem que dedicar tempo ao trabalho. Quando você se preocupa em ser um prefeito midiático, em fazer foto, aparecer em entrevistas a todo momento, você deixa de se dedicar àquilo que é o mais importante. Isso não significa que eu não tenha uma presença importante nas redes sociais, dialogando com as pessoas. É um canal importante. Lá no Facebook eu tenho 33.000 pessoas que dialogam comigo todos os dias, seja inbox ou nos comentários da página. Muitas vezes, o cidadão tem razão, e a gente tem que procurar resolver, sem medo da crítica. Além disso, o prefeito deve ter uma presença permanente nas comunidades, ouvindo, tentando entender os problemas. Acho que isso vale muito mais que aparecer em uma foto. Quais as diferenças entre o início do primeiro mandato e este segundo? Os desafios continuam sendo a infraestrutura urbana e a saúde, não tenho dúvida. Na infraestrutura urbana, a solução para um problema grave que temos, que é asfalto, além de questões ligadas a saneamento,

como citei no início, estão diretamente ligadas ao financiamento do CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina]. Essa operação já foi aprovada na Secretaria do Tesouro Nacional. Há alguma chance do empréstimo não sair? Neste estágio, não. É mais uma questão burocrática. A Secretaria do Tesouro Nacional já deu parecer favorável. Nosso processo é o primeiro da fila para ser aprovado no Senado.

“O cidadão quer trabalho. Ele quer muito menos selfie e muito mais trabalho. Você deve estar se referindo ao [João] Dória. Acredito que, num dado momento, ele vai ser muito cobrado. E esse é o perigo” A segunda coisa é a Saúde. A gente ainda tem um gargalo grande na fila de espera por especialidades médicas, como oftalmologia e cardiologia. Precisamos concluir o AME [Ambulatório Médico de Especialidades], o centro de referência Lucy Montoro e colocá-los para funcionar. Terminando isso, junto com o Superpamo do Mourisco, que está quase pronto, e o Superpamo do Cecap, a gente passa a ter uma descentralização de especialidades médicas. A área de urgência e emergência já está equacionada. A gente tem a UPA do San Marino, a UPA do Santa Helena e a UPA do Cecap

e concluiu neste mês a reforma do Pronto-Socorro. Há um outro gargalo importante, que começa a ser enfrentado agora em abril. A Unitau passou para a prefeitura, definitivamente, o prédio do Hemonúcleo. É um prédio grande, onde construiremos um Pronto-Socorro com 50 leitos de clínica médica e 11 leitos de UTI. Se você for agora ao Pronto-Socorro, encontrará 40 pessoas internadas lá, aguardando vaga em hospital. Pronto-Socorro não é para isso. Paciente em observação deve ser transferido para um leito de clínica médica ou para uma UTI. Como o Estado tem dificuldade em ofertar isso, a prefeitura decidiu construir dentro do Hospital Universitário um ProntoSocorro com porta fechada, em que a remoção e a internação do paciente se dará apenas por ambulância. Será uma unidade de retaguarda, custeada 100% pela prefeitura. A previsão é inaugurá-la em um ano, com um investimento de R$ 1,9 milhão. O senhor citou no início dessa conversa o problema do desemprego. Como enfrentar esse cenário? A gente vem, desde o ano passado, estimulando a vinda de grandes empresas prestadoras de serviços ou que atuam diretamente no comércio. Exemplo disso é a inauguração recente da Telhanorte. Agora, em abril, teremos a inauguração do Power Center da Leroy Merlin. Se a gente somar esses dois empreendimentos, são 1.000 empregos diretos e indiretos gerados. Temos algumas indústrias que estão se instalando neste momento no município, com obras acontecendo. Em 18 meses, serão mais 2.000 empregos, incluindo a Embraer, com a fabricação de trens de pouso para aviões. A questão toda é que o enfrentamento do desemprego depende de um cenário nacional mais favorável. Todo esforço da prefeitura tem que ser conjugado com a perspectiva de um Brasil melhor.


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É inevitável que neste momento já comecem a surgir especulações sobre a sua sucessão. Você identifica em seu grupo político alguém em condições de dar continuidade aos projetos do atual governo? A gente acabou de passar por esse processo eleitoral, temos quatro anos pela frente. Tenho falado aos secretários que não gostaria de ouvir nenhuma fofoca, nenhuma especulação acerca disso. Tenho enfatizado a todos eles, aos vereadores também, aos partidos, que não é hora de discutir isso. Chegará o momento certo. Em 2020, a gente vai ter tempo de sobra para tratar desse tema.

mais fácil [abandonou o arco de alianças do PSDB para apoiar a candidatura de Pollyana Gama, do PPS]. E numa discussão que eu divirjo, que é a discussão envolvendo cargo. Não acho que esse é o caminho para uma cidade como Taubaté, negociar apoio político em troca de um espaço no governo. Mas a vida segue. Não há nenhuma mágoa. E ressalto: até aqui, é um bom deputado. Isso é inquestionável.

Antes de 2020 vem 2018. Na última eleição para deputado, a candidatura do seu irmão chegou a criar um mal-estar entre aliados que esperavam o seu apoio. Em 2018, o senhor pretende apoiar algum candidato a deputado? Em 2014, tivemos muitos candidatos da base de apoio ao governo. Provavelmente vai acontecer a mesma coisa [em 2018]. Gostaria que os candidatos pudessem se entender e não tivéssemos uma divisão tão grande de votos, permitindo que a cidade elegesse pelo menos um deputado federal e dois deputados estaduais, mas acho que isso é muito difícil.

“Hoje, Taubaté está entre as cidades com melhor estrutura de saneamento básico do Brasil. Somos a 40ª cidade do país em Índice de Desenvolvimento Humano [IDH] e a 5ª cidade em expectativa de vida ao nascer. ”

Está disposto a costurar esse acordo? Taubaté é uma cidade importante na região, os partidos querem esse espaço. Há uma pressão dessas siglas pelo lançamento de candidatos a deputado para abrir palanque para candidatos a governador, presidente. Acho que não é exatamente a minha função [mediar esse processo]. Minha função é manter a harmonia. Se a cidade assiste a um processo com muita agressão, muita desavença, é ruim para todos. Por falar em deputado, a ruptura com Padre Afonso (PV) é um caminho sem volta? Ele fez uma escolha [durante a campanha] que, na minha opinião, foi equivocada. Naquele momento, escolheu o caminho

É possível governar sem composição política? Temos aqui um exemplo grande de ruptura com esse modelo. Tenho um secretário de Segurança Pública que é um servidor público de carreira aposentado, um vice-prefeito que é professor do Senai. Tenho uma secretária de Finanças que é servidora de carreira, assim como o meu secretário de Negócios Jurídicos e o meu secretário de Obras. Minha secretária de Educação é servidora de carreira da Unitau. Meus secretários de Saúde, Esportes e Meio Ambiente também. Nosso secretário de Mobilidade Urbana não é filiado a partido nenhum. O secretário de Serviços Públicos

nunca teve vida partidária. Minha secretária de Desenvolvimento e Inclusão Social nem tem título de eleitor em Taubaté. É de Pindamonhangaba. E, de todos os cargos de diretor e gerente das secretarias, 50% são ocupados por servidores de carreira. Nenhum vereador tem secretário ou qualquer outro cargo de indicação. Isso tem um custo político? Tem. O diálogo é muito mais trabalhoso. No mandato passado, fui 18 vezes à Câmara sustentar projetos, sustentar uma visão que eu entendia coerente naquele momento. Perdi muitas vezes. Em outras ocasiões, o projeto que mandei foi alterado, sofreu emendas. É um risco que você tem. É uma ruptura dura, mas dá. Em 31 de dezembro de 2020, que legado espera deixar para Taubaté? O legado vem aparecendo em alguns levantamentos feitos nos últimos anos por organismos independentes. Recentemente, houve uma classificação de municípios do Brasil com mais de 260 mil habitantes e Taubaté foi considerada a 12ª melhor. Acho isso muito relevante. Na década de 90, a revista Exame fez uma avaliação importante, apontando que Taubaté era uma das 10 melhores cidades do interior do Brasil para se viver. O taubateano falava disso com muito orgulho. Conseguimos uma retomada importante desse taubateanismo, esse orgulho que o taubateano tem de ser da cidade, de viver em um lugar agradável, com um legado cultural extraordinário. Hoje, Taubaté está entre as cidades com melhor estrutura de saneamento básico do Brasil. Somos a 40ª cidade do país em Índice de Desenvolvimento Humano [IDH]. E agora, recentemente, uma pesquisa apontou que Taubaté é a 5ª cidade em expectativa de vida ao nascer. Isso é extraordinário. A cidade se transformou, melhorou, e a gente conseguiu atuar de forma planejada em todas as áreas. Conseguiu estruturar serviços públicos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Acho que, se a gente puder pensar em um legado, talvez seja esse. 



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NOTÍCIAS POLÍTICA

Fotos: Pedro Ivo Prates

E agora, São José?

Cidade que nasceu “dos campos”, se transformou com os sanatórios e virou uma potência econômica com a indústria encara o desafio de se reinventar para gerar emprego e renda

Max Ramon SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

economia de São José dos Campos vem passando por profundas transformações nos últimos anos. Gradativamente, o setor industrial, responsável pelo mais importante salto de desenvolvimento da cidade, tem perdido peso na geração de empregos. Até o início dos anos 2000, a indústria era a principal empregadora de São José, escorada principalmente nas cadeias produtivas da Embraer e da General Motors. Hoje, o setor de serviços lidera esse ranking, respondendo por praticamente metade do total de empregos com carteira assinada do município –são 88.000 postos de trabalho em um universo de 180.000, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho. E, aos poucos, o setor industrial, atualmente com 39.000

empregos formais em São José, já vê o seu segundo lugar ameaçado pelo comércio, com 37.000. Essa reconfiguração trouxe alguns efeitos colaterais. Primeiro, na renda média do trabalhador, já que a indústria é o setor que paga os melhores salários. Hoje, a remuneração média na indústria é de R$ 6.000 por mês em São José --quase o triplo, por exemplo, da renda média do trabalhador do setor de serviços, de pouco mais de R$ 2.000. “Quando perdemos emprego na indústria, temos menos dinheiro em circulação. Isso afeta a economia da cidade como um todo”, explica o economista Edson Trajano.

Finanças públicas Outro efeito colateral foi nas finanças da prefeitura. Com a desaceleração da indústria, o PIB (Produto Interno Bruto) de São José, que já chegou a ser o segundo do Estado em 2000 (o 8º do Brasil), não cresceu na mesma proporção de

outros municípios desde então e caiu para o oitavo lugar no ranking estadual (é hoje o 21º do país). Neste intervalo de 17 anos, a cidade foi ultrapassada por Osasco, Campinas, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Barueri e Jundiaí. Para se ter uma ideia do que isso representa, o PIB per capita de São José (soma de todas as riquezas produzidas no ano pela cidade dividida pelo número de habitantes), que já chegou a ser o dobro da média estadual (R$ 20 mil contra R$ 10 mil) no início dos anos 2000, hoje se equivale a esta última (R$ 40 mil contra R$ 39 mil). Como consequência, a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal fonte de receita da prefeitura, foi atingida em cheio. No ano 2000, o município tinha o segundo maior índice de participação no ‘bolo’ estadual do tributo, atrás somente de São Paulo. Hoje, é o sexto colocado dessa lista. Se São José mantivesse o mesmo


Abril de 2017 | 23

índice da década passada, o orçamento da prefeitura, atualmente estimado em R$ 2,6 bilhões por ano, chegaria perto de R$ 3,3 bilhões. “Mesmo perdendo força nos últimos anos, a indústria ainda tem um peso importante no orçamento da cidade. Por isso, esse é um setor que merece atenção do poder público”, diz o economista.

Incentivos Almir Fernandes, diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), segue a mesma linha de raciocínio. “A vocação de São José é a indústria”, sentencia. Para ele, a cidade precisa criar um ambiente favorável ao investidor, reduzindo a carga tributária e a burocracia. “O município também pode ajudar com a questão dos terrenos, que são muito caros aqui. Somos contra a doação, mas entendemos que a prefeitura poderia comprar áreas e repassá-las a preço de custo para as empresas”, afirma.

“O município também pode ajudar com a questão dos terrenos, que são muito caros aqui. Somos contra a doação, mas entendemos que a prefeitura poderia comprar áreas e repassá-las a preço de custo para as empresas” Almir Fernandes

DIRETOR REGIONAL DO CIESP

O debate em torno dos incentivos fiscais ganhou novo fôlego nos últimos anos. Atraídas por incentivos fiscais e condições mais competitivas de outros polos, importantes indústrias reduziram ou encerraram suas atividades em São José. O caso da General Motors é emblemático: a fábrica, que chegou a empregar mais de 12.500 trabalhadores, hoje tem cerca de 5.000. Suas 12 linhas de produção foram reduzidas para apenas 2 --a última desativada foi a do modelo Classic, já no governo Carlinhos Almeida (PT). Hoje, a lei de incentivos fiscais de São José prevê isenções de IPTU, por prazos entre dois e seis anos, para novas empresas que se instalarem no município ou empresas já instaladas que ampliarem suas atividades. O tempo de isenção é definido com base no número de empregos gerados e no faturamento da empresa. “Uma gestão austera na prefeitura, correta, também gera credibilidade


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junto aos investidores. Você cria um bom ambiente”, acrescenta Humberto Dutra, novo presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial de São José.

transformar São José em um polo atrativo de investimentos em logística, como é a região de Campinas, por exemplo. São José é uma cidade bem estruturada,

Novos caminhos Alberto Alves Marques Filho, o Mano, secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico de São José, aponta caminhos para a retomada do crescimento da cidade. Ele concorda que a prefeitura deve ser uma facilitadora de investimentos. “São José já tem uma lei de incentivos fiscais. O que o prefeito Felicio Ramuth [PSDB] quer é agilidade para a abertura de empresas. Que isso possa acontecer em poucos dias, sem burocracia”, diz. O secretário acredita que, apesar da reconfiguração dos últimos anos, segmentos como a indústria de defesa, a cadeia automotiva e o setor aeroespacial estão no DNA de São José. “A cidade tem algumas características que são orgânicas”, comenta. “Vamos buscar investimentos nessas áreas. Agora, nada é excludente. Todos os segmentos nos interessam.” A prefeitura, porém, aposta alto em dois novos eixos: inovação, com o estímulo à economia criativa e às startups, e logística, com condomínios industriais e centros de distribuição. “Estamos nos preparando para

condições especiais para as indústrias que quiserem desembaraçar suas cargas aqui. Elas têm a possibilidade de receber um carregamento em Santos e abrir aqui, pagando taxas extremamente convidativas.” O tema, segundo o secretário, também deverá receber especial atenção durante as discussões da nova Lei de Zoneamento, que se desenrolarão até o ano que vem. “O projeto deverá trazer adequações para que as zonas industriais da cidade possam receber, também, centros logísticos”, antecipa.

Criatividade

“Uma gestão austera na prefeitura, correta, também gera credibilidade junto aos investidores. Você cria um bom ambiente na cidade” Humberto Dutra, PRESIDENTE DA ACI

com localização privilegiada. Temos a via Dutra, a Tamoios e estamos próximos do porto de São Sebastião”, afirma Mano. “Além disso, a Infraero criou

Antes disso, a prefeitura deve mandar à Câmara um projeto para a criação de uma lei de incentivos voltada especialmente para as empresas de inovação. A expectativa é que a proposta seja apresentada até o fim do primeiro semestre. “Vamos criar incentivos para as startups e empresas de economia criativa. Muitas delas são criadas por jovens, e falta a eles um impulso nesta fase inicial”, diz o secretário. “O Quero Bolsa, por exemplo, não é exatamente uma empresa de tecnologia, mas é uma empresa de inovação. Iniciativas assim podem e devem ser estimuladas pela prefeitura.” É esperar para ver. 



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NOTÍCIAS ECONOMIA

Fotos: Pedro Ivo Prates

Mercado pet em alta durante a crise

Os serviços para animais domésticos seguem caminho contrário ao da economia nacional, mas sentem o impacto ao pensar em novos investimentos Marcus Alvarenga RMVALE E LITORAL NORTE

N

os últimos anos a mudança comportamental da sociedade vem impactando diretamente na economia regional e nacional. Um dos interesses atribuídos no cotidiano das pessoas foi o gasto com o mercado voltado para os animais de estimação. O melhor amigo do homem, aquele companheiro inseparável, agora é mais

do que um animal, se tornou um membro da família, entrando no quadro de gastos essenciais. Diferentemente de outros mercados, as empresas pets estão apontando números positivos, seguindo na contramão da crise econômica do país. Entretanto, especialistas explicam que o setor permanece estagnado. “Estima que o mercado pet nacional tenha tido R$ 19 bilhões em faturamento no ano passado, entre janeiro e setembro de 2016, um crescimento

de R$ 5,7% em relação a 2015. Porém, é importante apontarmos a estagnação do mercado”, explica José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). Mesmo com o mercado sem grandes possibilidades de investimento, os empresários confiam no setor e permanecem abrindo novas unidades e oferecendo serviços diferenciados. Após uma pesquisa e por questionamentos como tutora da cachorra Nina,


Abril de 2017 | 27

a administradora de empresas, Juliana Keske, de 36 anos, inaugurou no início de março um empreendimento voltado para banho e tosa de cães e gatos. “Enquanto tutores de um animal, nós percebemos a necessidade de um serviço de excelência. Se fala muito na expansão do mercado, mas hoje o tutor busca para o seu animal coisas muito parecidas para qualquer outro membro da família, na questão de saúde e cuidados, gerando um beneficio emocional e físico’, conta a empresária pet. A unidade da Juliana está entre as mais de 1.500 empresas de higiene e embelezamento de animais domésticos que foram abertas até março em todo o Estado de São Paulo, de acordo com as estatísticas apresentadas pelo Empresômetro MPE, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Os dados regionais da abertura de empresas no setor pet tiveram um crescimento de 20,87%, entre 2015 e 2016, somente em São José dos Campos. No mesmo período, em Taubaté, houve um crescimento de 17,87% no mercado. Confira os dados das principais cidades na tabela; da página 29.

Serviços especializados O mercado voltado aos animais domésticos deixaram de ser apenas um banho e tosa e consultas com o veterinário. O atendimento personalizado, o acompanhamento de um especialista diário e serviços de luxo já entraram na cartela de opções. Henrique Estreano, 35 anos, há um ano trocou o mundo corporativo para conviver 24 horas do dia com os cães de outras pessoas. Agora empresário e personal canino, o seu serviço vai desde uma viagem até o petshop, caminhada diária, acompanhamento médico e demais serviços que ajudam os tutores com pouco tempo. “A minha filosofia é trabalhar ideias inovadoras, dar comodidade e

facilidade para o cliente, tudo isso com produtos e serviços de qualidade. “A parte clínica é a mais especializada e com maior demanda, eu busco o cão, levo até diagnóstico, acompanho o procedimento, dou o feedback ao tutor, espero o laudo, compro o medicamento e entrego o cão com tudo resolvido e outros serviços com a estrutura completa.”, conta o personal canino. No momento da reportagem, conhecemos a Mona, uma cadela de um

ano, que fica sob sua responsabilidade diariamente em todos os quesitos, desde ração, banho, médico e até brincar. O tutor que possuiu um tempo curto para ficar com a cachorra durante a semana, contratou um serviço que não deixasse a sua melhor amiga sozinha durante o dia. Ela é uma das clientes da Juliana, que dentro do setor de luxo está investindo em um banho com hidratação dos pelos dos animais.

Henrique Estreano trabalha com o personal canino há um ano


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Juliana Keske inaugurou seu petshop em março de 2017

“È perceptível que o tutor está cada vez mais aberto para oferecer ao seu animal um serviço diferenciado, algo a mais, principalmente na parte da estética. Os serviços vão desde tosas diferenciadas, tratamento para os pelos entre outros atendendo as necessidades dos pets”, explica a administradora.

Valor A posição do animal de estimação agora como um integrante da família brasileira, leva ao patriarca ou matriarca planejar um gasto limite mensal fixo. De acordo com a Abinpet, o Pet Food é o segmento da indústria com a maior demanda. “Como os pets são considerados parte da família, suas necessidades básicas são uma parte no orçamento doméstico que não são cortadas na crise econômica. Vale ressaltar que o segmento de Pet Food puxa o faturamento, mostrando a importância do alimento pet no orçamento familiar”,

“Se a pessoa for dar o banho uma vez por semana, gasta em torno de R$100. Já a ração depende, porque vai de acordo com a marca, porte do animal e frequência da alimentação. E os acessórios entram a critério. Eu creio que esses gastos já se tornaram um hábito” Juliana Keske EMPRESÁRIA

relata o presidente da associação. A última pesquisa feita pelo Datafolha, entre os dias 1º e 9 de dezembro de 2016, na capital paulista, aponta que o serviço de banho e tosa com tesoura tem o valor médio de R$ 83, com máquina, R$ 69. Porém, houve o registro de estabelecimentos que cobram até R$ 143 para o serviço em cães e R$ 125 em gatos, de acordo com o público e região. Esses valores seguem semelhantes em diferentes regiões do Estado, como aqui na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Os serviços oferecidos pelo petshop da Juliana e pelo personal canino do Henrique começam em R$ 25 para aqueles de pequeno porte e serviços básicos, podendo chegar a gastos acima dos R$ 150, de acordo a necessidade de cada animal. “Se a pessoa for dar o banho uma vez por semana, gasta em torno de R$100. Já a ração depende, porque vai de acordo com a raça, porte do animal e frequência da alimentação. E os acessórios entram a critério. Eu creio que esses gastos já se tornaram um hábito e entraram na planilha, com uma média acima dos R$ 100”, relata Juliana. O comércio varejista de animais vivos, de artigos e alimentos para animais de estimação, de higiene e embelezamento de animais domésticos e outros segmentos do setor pet vem garantindo um espaço ascendente na economia nacional e a previsão é que a expansão se torne ainda maior com o fim da crise. “O meu objetivo é ter um ‘centro pet’. Não agora no momento econômico do país que a gente vive, porque eu não consigo fazer. A economia não atrapalha a questão do pet em si, mas atrapalha você investir no negócio. No caso, estamos em um dos mercados que caminha contra a crise, mas não está em 100%”, conclui Henrique. 


Abril de 2017 | 29

A evolução do mercado Pet MPEs abertas Atividade Econômica

2014

2015

2016

03/2017

Os ossos são o nosso ofício. Conquistamos o certicado de Acreditação com Excelência, nível máximo de acreditação ONA - Organização Nacional de Acreditação

São José dos Campos Comercio varejista de animais vivos e de artigos e alimentos para animais de estimação

262

285

331

341

Higiene e embelezamento de animais domésticos

98

127

167

178

Taubaté

Isso é como... GANHAR

Comercio varejista de animais vivos e de artigos e alimentos para animais de estimação

164

187

211

219

UM OSCAR

Higiene e embelezamento de animais domésticos

56

76

99

105

PELO TALENTO

Jacareí Comercio varejista de animais vivos e de artigos e alimentos para animais de estimação

96

115

131

132

Higiene e embelezamento de animais domésticos

17

23

29

30

E QUALIDADE!

99

109

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Atendimento emergencial 24 horas.

Pindamonhangaba Comercio varejista de animais vivos e de artigos e alimentos para animais de estimação

87

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30

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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Fotos: Pedro Ivo Prates

Desapegar: o verbo que se transformou em comportamento Profissionais afetados pelo desemprego encontram alternativa na venda de itens usados e geram ‘boom’ no setor de vendas online Lucila Guedes RMVALE

D

esapegar deixou se ser só um verbo: em tempos difíceis, passou a ter outros significados como solução para problemas financeiros e desemprego, nova atividade; outra forma de comprar e vender e algo maior: uma mudança no comportamento do brasileiro. Essa ‘onda’ do desapego, que atingiu o país principalmente nos últimos três anos, é tão forte que já pode ser traduzida em números pelas empresas do setor e, claro, com reflexos no próprio mercado em geral. Segundo dados regionais da OLX, a que mais apostou no termo ‘desapega’ em suas campanhas publicitárias, o volume

de dinheiro movimentando no Vale do Paraíba e região quintuplicou no período em apenas um ano: de R$ 1,1 bilhão em 2015 para R$ 5,9 bilhões em 2016. O número de anúncios vendidos também saltou de 277 mil em 2015 para 498 mil no ano passado. Segundo a OLX, que levantou os dados exclusivamente para a Metrópole Magazine, a categoria mais vendida na região é a de eletrônicos e celulares, seguida por veículos e barcos; artigos para a casa, moda e beleza e, em último, as opções para bebês e crianças. O Mercado Livre, outro gigante do setor, informou que, em comparação com 2015, no ano passado o site registrou 113,3% de aumento no número de anúncios de produtos usados, com um aumento de 63,3% em volume de vendas nesta condição.

Estes dados são válidos para todo Brasil, mas a empresa — também a pedido da reportagem da Metrópole Magazine — levantou que, no Estado de São Paulo, os setores campeões de preferência são os de informática, acessórios para veículos games, além de brinquedos e hobbies. Já em todo Brasil, a categoria mais vendida desde 2013 é a de acessórios para veículos. Outro dado que dá uma noção deste cenário de desapego é o da plataforma Loja Integrada, que mediu o crescimento de lojas virtuais voltadas para a venda de produtos usados em 81% em comparação 2017, considerando o primeiro trimestre de 2016. A plataforma, que é gratuita, é uma das mais populares do país no ramo de abertura de lojas virtuais e hospeda hoje mais de 400 mil delas. A Loja Integrada também


Abril de 2017 | 31

informou que o faturamento das lojas virtuais aumentou 290% em relação a 2015.

muito mais agora do que quando era contratada”, afirmou. “Sou dona do meu dia, faço meus horários e não tenho chefe”, listou Elizete.

Custo quase zero “Ao abrir uma loja virtual gratuita para produtos já disponíveis em casa, o único gasto do lojista é com a embalagem”, disse Adriano Caetano, especialista em comércio eletrônico e diretor da Loja Integrada. “A compra de produtos usados também é uma boa opção para o consumidor que está com o orçamento apertado e busca economia porque, no geral, os seminovos estão de 50% a 70% mais baratos”, completou. A empresa confirma que a situação econômica do país é um dos fatores que faz o brasileiro buscar dentro da própria casa itens para comercializar. “Vender algo próprio que está sem uso ou considerado supérfluo é a forma mais rápida de aumentar a renda mensal, sem grandes investimentos de tempo e dinheiro”, disse Caetano. Neste contexto, o brasileiro viu, tanto para a compra como para a venda, os itens usados como uma forma de economizar. “E, com a loja virtual pronta, é possível fazer a divulgação pelas redes sociais também sem gastar nada”, completou o especialista.

De vendedora a dona da própria loja Com o brasileiro colocando o pé no freio do consumo desde 2013, antes mesmo de sentir o aperto no orçamento, inflação e desemprego em alta que marcaram de forma dramática os anos seguintes até o presente momento, o consumidor brasileiro teve que abrir mão de produtos e serviços importantes para o seu dia a dia. A mudança na economia refletiu diretamente na rotina e comportamento da população, e boa parte dela mudou sua forma de pensar. Foi o que aconteceu com a vendedora joseense Elizete dos Santos Oliveira, de 38 anos. Ela foi uma das milhares de pessoas que perderam o emprego em 2013. A primeira mudança foi parar de comprar. A segunda, fazer aquela faxina de desapego na própria casa e começar a vender

Mais de 86 mil pessoas ‘desapegando’ em apenas um grupo de São José

“Sou dona do meu dia, faço meus horários e não tenho chefe.” Elizete dos Santos Oliveira, 38 PROPRIETÁRIA DE LOJA ONLINE

o que estava “sobrando” em sua casa e na de seus familiares, como roupas e objetos. Com o sucesso das primeiras vendas, Elizete criou sua loja virtual, a Laliluna (Facebook) e @lalinunaboutique (Instagram). Apesar de seu carro-chefe ser roupas femininas novas, ela não deixou a prática de vender os seminovos e usados. “Sempre que aparece algo eu já coloco para vender no desapego.” Elizete diz que para que quem segue as ‘regras do desapego’ o retorno é imediato. “As pessoas que querem vender suas roupas, sapatos e bolsas na internet precisam entender que independentemente do produto não ter uso, se saiu da loja já perde 50% de seu valor”, explicou. Ela deu como exemplo um casaco novo que comprou por R$ 150 e colocou por R$ 90 nos sites de desapego. Com preços atrativos, bons produtos vendem ou no mesmo dia da postagem ou em até uma semana, no máximo, segundo Elizete. Prova disso que ela vive de venda online hoje e não troca mais a condição de microempresária com a de funcionária com carteira assinada. “Ganho

Para quem usa redes sociais como Facebook e Instagram é fácil perceber como os grupos de desapegos, brechós e lojas online pipocaram na rede. Em uma rápida pesquisa no Facebook, basta escrever na busca de página a palavra ‘desapego’ para uma grande lista aparecer. Em São José dos Campos, um dos primeiros e mais frequentados site de desapego, o ‘Desapego entre mulheres SJCampos’ estava com 86.329 membros no dia 28 de março – número que muda

Regras do desapego - Fazer uma ‘faxina’ em todos os setores da casa, avaliar e separar roupas e objetos que estão em boas condições para venda e não farão falta; - Fazer uma ou mais fotos nítidas do produto, de preferência com fundo claro e neutro; - Criar uma loja online ou publicar o anúncio nos grupos de desapego com informações completas do produto. Em caso de roupas, por exemplo, colocar tamanho e de preferência largura e altura em centímetros, já que no Brasil ainda não há uma padronização de P, M, G e GG; - Verificar o valor pago e dar pelo menos 50% de desconto no valor da loja; - Não informar endereço residencial no anúncio, apenas a região da cidade onde o produto se encontra; - Oferecer a entrega em mãos e não somente a retirada no local para facilitar para os interessados; - Marcar a entrega do produto para vendedores desconhecidos em locais movimentados e seguros - Sempre abastecer os compradores com fotos novas e novidades


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sempre, já que o grupo recebe mais de 2.000 pedidos de participação por dia. Apesar do sucesso, o grupo foi criado há três anos pela motorista Ana Claudia Pereira de Melo, de 30 anos, com outro propósito: o de divulgar suas excursões para pontos tradicionais do comércio de São Paulo para quem revende roupas e afins. Ana, que está nesta área há mais de dez anos, notou que as próprias clientes das excursões começaram a usar o grupo para vender seus produtos. “Não tenho uma noção de quanto o grupo rende, porque lá temos de tudo, para todas as idades, e à venda 24 horas. Mas sei que o perfil dos membros é a pessoa desempregada que perdeu sua principal fonte de renda por causa da crise”, disse a administradora. Ana conta que o sucesso veio sempre no ‘boca a boca’ e o fato de se tratar do público feminino é um grande atrativo, além de ser totalmente de graça.

28 páginas com dicas como a exposição ideal dos produtos para a venda, os melhores cenários para as fotos, entre outras informações valiosas que fazem a diferença e dão resultado. A cartilha está disponível no link www.bibliotecas.sebrae.com.br

Desapego de luxo também está em alta A palavra desapego e o ato de desapegar são bem democráticos: atingem todas as classes sociais, inclusive a classe AAA. Um dos sites dedicados a este público, o Etiqueta Única, vende artigos novos e usados de marcas como Gucci, Fendi, Chanel, Prada, Christian Dior, Chloé, entre outras queridinhas internacionais. Criado há três anos, o site prioriza as marcas de luxo e atrai pessoas como a cientista Arielle Morimoto, de 24 anos. Ex-consumista assumida, Arielle diz que sua atividade de

Sebrae Uma pesquisa recente do Sebrae-DF comprova a tese de Ana. Os resultados revelaram o perfil dos empreendedores que apostam nesse segmento: 112 empresários do ramo responderam às perguntas, e as respostas foram bem animadoras para quem investe nesse setor. No perfil traçado na pesquisa do Sebrae, 97% dos proprietários dos brechós e lojas online são do sexo feminino, o que mostra que o mercado da moda e vestuário é dominado pelas mulheres empreendedoras. De acordo com o levantamento, 57,4% dos entrevistados têm o brechó ou loja como única atividade de atuação, (89,5%) trabalham com moda feminina e a motivação para abrir o negócio foi a oportunidade de mercado para (39%). Ainda de acordo com o levantamento do Sebrae, 75,7% dos donos de brechós tem planos de expandir a atividade; e 59,6% consideram que melhorar o visual da loja pode alavancar os negócios. Para quem quer iniciar neste ramo ou aperfeiçoar a prática de vender online, o Sebrae disponibiliza uma cartilha gratuita, um tipo de manual de

“Não tenho uma noção de quanto o grupo rende, porque lá temos de tudo, para todas as idades, e à venda 24 horas. Mas sei que o perfil dos membros é a pessoa que perdeu sua principal fonte de renda por causa da crise” Ana Claudia de Melo,30

MOTORISTA E CRIADORA DE GRUPO DE DESAPEGO ENTRE MULHERES

vendedora online foi impulsionada pela vontade de se livrar de suas bolsas de couro de grife após ser apresentada à filosofia vegana e a causa animal pela irmã. “Tudo que vendo tem um percentual que é doado para as causas animais”, disse ela, que também já adotou sete gatos. Desde que começou a “reciclar roupas e a personalidade”, como ela diz, deixou de comprar em excesso. Essa mudança de atitude, que ocorreu há cerca de uma ano e meio, já rendeu a Arielle aproximadamente R$ 15 mil em vendas de bolsas de grife como Chanel e Dior, além de roupas, sapatos e maquiagem – tudo de marcas badaladas. No Facebook, Arielle tem o ‘Desapegar para ser feliz’ e ‘Bazar do desapego’. Aliás, foi um par de sapatos que mais animou Arielle em sua nova atividade: “Coloquei meu Louboutin à venda e choveu interessados na mesma hora”, contou amimada. A marca francesa Louboutin é famosa por todos seus modelos ter o tradicional solado vermelho e ser usada pelo mais alto escalão de celebridades de Hollywwod, como Angelina Jolie. A marca vende sapatos a partir de R$ 3.000 em sua loja em São Paulo. Além de o faturamento ajudar Arielle como opção de emprego e renda, ela adotou o lema ‘desapegar para ser feliz’. Para Arielle, a cada nova compra – cada vez mais rara nos dia atuais – há um desapego. Ela também já incentivou a mãe e a irmã a entrarem no clima, fazendo a ‘faxina do desapego’ e vende seus produtos numa pousada em São Sebastião além dos sites conhecidos no mercado. “Pretendo ficar neste ramo e incentivo minhas amigas a fazerem o mesmo”, completou.

Desapego do bem no voluntariado e para a vida “Estou no momento do desapego. É tempo de aproveitar a vida e transferir o valor do material para cada momento que vivo”, disse Maria Regina de Campos. Aos 72 anos, ela diz sentir uma ‘paz enorme’ ao não ter problema algum em desapegar de tudo o que tem sem vender, mas doar.


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“Fico mais feliz em sentir a felicidade de quem recebe e dá valor para aquilo”, disse ela, que há dez anos é coordenadora do grupo de voluntariado do Hospital Antoninho da Rocha Marmo. Regina explicou que essa relação com a questão material se consolidou com o passar dos anos, mas o fato de seu marido ter passado por uma doença grave foi determinante para esta nova postura. “Na festa de aniversário de 45 anos de casada (comemorada em março), pedi fraldas geriátricas para o hospital, nada mais”, disse. A voluntária diz que o sentimento maior é o de libertação. “Limpei meus armários e em minha casa tudo que meus amigos gostam acabam levando de presente”, afirmou. No hospital, que já mantém um bazar diário de doações para vendas cuja arrecadação é revertida em benfeitorias, a onda do desapego surgiu como uma ótima oportunidade. Com a venda, que tem um dia especial com direito a desfile uma vez ao ano, o Antoninho já conseguiu comprar somente no ano passado 22 televisores que foram para os quartos e recepção, além de aparelhos de ar condicionado, bebedouro, cortina divisória de leito e cadeira de rodas. O bazar do Hospital Antoninho da Rocha Marmo funciona de segunda a quinta, das 8h30 às 12h, no estacionamento do local. A preços que variam de R$ 5 a 25 é possível encontrar roupas, sapatos, bijuterias e até brinquedos. 

Maria Regina de Campos, 72, voluntária: “momento de desapego”


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NOTÍCIAS ESPECIAL

Fotos: Pedro Ivo Prates

Uma jovem de

365 anos Jacareí faz aniversário com planos para crescer, mas sem abrir mão da qualidade de vida


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Hernane Lélis JACAREÍ

O

s 365 anos de Jacareí, completados no dia 03 de abril, deixaram marcas na cidade que vão além das tradições do passado, dos costumes culturais e de seus prédios históricos. O município agora é reconhecido pelas grandes indústrias que abriga e pelo potencial de desenvolvimento que possui para deixar sua economia cada vez mais sólida. Os investimentos realizados na cidade ao longo dos anos foram insuficientes para acompanhar seu ritmo de crescimento. Agora, em meio à crise financeira que compromete os recursos da administração municipal, o prefeito da cidade, Izaias Santana (PSDB), quer resolver o que considera os três principais gargalos de Jacareí. O primeiro é definir como o município quer continuar crescendo e que tipo de empresas quer atrair para fomentar a economia. O segundo é preparar a prefeitura para as ferramentas digitais e, por último, promover melhorias no sistema viário. Nas palavras do chefe do Executivo, é preciso “tirar a administração do século 19 e trazê-la para o século 21”. Izaias quer digitalizar os serviços e trâmites processuais da prefeitura para proporcionar ao cidadão informações e serviços com agilidade. “Precisamos nos modernizar e substituir os padrões de burocracia por um modelo mais gerencial, trocar os processos de papel por eletrônicos”, destacou o tucano. Esse trabalho de digitalização vem sendo adotado por diversas prefeituras do país. Em São Paulo, por exemplo, a informatização começou em janeiro de 2015. A previsão é abolir o uso de papel até 2018, com redução de até 90% do tempo de tramitação interna dos processos. Em Jacareí, o prefeito Izaias Santana não estabeleceu uma meta, mas a intenção é “dar resolutividade à máquina pública” até o fim do mandato.

Mobilidade Urbana Melhorar o sistema viário de Jacareí, com pavimentação, construção de novas vias, fiscalização e recuperação de ruas e avenidas é um dos maiores desafios da atual gestão municipal. A cidade possui mais de 100 bairros e cerca de 10% deles não conta com pavimentação asfáltica. Além disso, outros 15 loteamentos precisam ser legalizados. A situação, na avaliação do prefeito, é resultado de um contexto histórico

“Precisamos tirar a administração do século 19 e trazê-la para o século 21. Precisamos nos modernizar e substituir os padrões de burocracia por uma modelo mais gerencial. Trocar os processos de papel por eletrônicos” Isaías Santana, PREFEITO DE JACAREÍ

como água, rede de esgoto, energia elétrica e asfalto. “Isso criou um passivo muito grande. São problemas pesados e que demandam investimentos. Dos anos 80 para cá, não houve prioridade das administrações em fazer esse avanço na urbanização da nossa cidade”, afirmou Izaias. A prioridade da prefeitura, segundo o chefe do Executivo, é terminar a Avenida Davi Monteiro Lino, melhorar a ligação da cidade com a Rodovia Presidente Dutra e fazer um eixo do Anel Viário a partir do bairro Santa Maria até o Flórida, com construção de uma terceira ponte. Antes de iniciar os investimentos, os projetos serão submetidos para avaliação da sociedade, empresários e Câmara Municipal. João Pascoal Caldas Del Mônaco, presidente da AEAJ (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Jacareí), concorda que o município precisa priorizar a implantação de projetos voltados à mobilidade urbana e se preparar para novos investimentos. Ele ressalta, no entanto, que esse trabalho deve ter acompanhamento técnico. “A cidade se desenvolveu muito nas últimas três décadas e não estava preparada para isso. Precisamos preparar a cidade para receber novos investimentos, e isso tem que passar por analises técnicas, não apenas ser tema de reuniões políticas. Estamos sendo acionados para algumas reuniões com a prefeitura, mas essa participação precisa ser maior”, avaliou João. A ligação da Estrada Velha Rio-São Paulo com a Rodovia Nilo Máximo, que liga Jacareí a Santa Branca, também faz parte do conjunto de obras estruturantes apontadas como prioritárias pelo prefeito. Neste caso, a competência é do Governo do Estado.

Desenvolvimento de Jacareí. Segundo Izaias, somente a partir dos anos 80 é que o município passou a construir uma lei disciplinnando a criação de bairros no território urbano. Antes disso, não era exigido nenhum tipo de infraestrutura básica,

Para atrair novos investimentos, Jacareí quer modernizar as legislações tributárias e que tratam das políticas de desenvolvimento do município. A administração municipal está revisando as alíquotas de ISSQN (Imposto Sobre


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Serviços de Qualquer Natureza) aplicadas na cidade, que hoje variam entre 1% e 5%, dependendo da atividade. Segundo a prefeitura, algumas atividades estão pagando o dobro do que é cobrado em municípios vizinhos para a mesma prestação de serviço. A proposta é diminuir essas diferenças e criar uma legislação tributária mais uniforme, sem a necessidade de uma “guerra fiscal” para atrair investimentos. As vantagens geográficas de Jacareí e a disponibilidade de grandes áreas disponíveis para construção, muitas delas às margens da Via Dutra, são as apostas da prefeitura para conquistar a preferência dos empreendedores pela cidade. Na mira, estão as empresas de alta tecnologia e indústrias do setor aeronáutico com seus volumosos salários e empregabilidade de alto nível. Para atender as exigências de mão de obra para esse mercado, a aposta está na qualidade dos profissionais formados

“Tenho propriedade em São José, mas nunca pensei em deixar Jacareí” Tuany Gomes de Carvalho, 65 COMERCIANTE

nas escolas técnicas e universidades instaladas no município e outras cidades da região. A expectativa é que ao focar nesses segmentos que são conhecidos por terem os melhores salários, o poder de consumo no município fique maior e movimente a economia local. O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Jacareí, Ricardo de Souza Esper, concorda com a proposta de atrair industrias que trabalham com alta tecnologia à cidade. Mas, para ele, também é preciso investir no setor automobilístico. A chegada da Chery, fabricante de carros chineses instalada no município desde 2014, pode facilitar a vinda de outros investidores. “A Chery é o nosso indutor de desenvolvimento no setor automobilístico. Com ela, podemos atrair fornecedores de peças, empresas que desenvolvem tecnologia automotiva, indústrias de componentes eletrônicos, uma série


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outras que atuam junto às fabricantes de veículos”, disse. O diretor ressalta ainda que diversidade das empresas que compõem o polo industrial de Jacareí é um grande trunfo da cidade. “Temos o setor vidreiro, papel e celulose, alimentação, bebida, química, entre outras. Em um momento de dificuldade no país, uma pode ser afetada e outra não. Nesse momento, se tivéssemos apenas empresas do setor automobilístico, estaríamos passando por dificuldades maiores”, afirmou Ricardo. As políticas públicas para o desenvolvimento de Jacareí também estão sendo revistas pela prefeitura. Até o final desse ano, o novo Plano Diretor deve ser concluído. A legislação está sendo revista após dez anos da ultima atualização. Uma das funções da lei é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbanos e dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população. “Além do Plano Diretor, a cidade precisa de um Código Obras e Edificações para saber o que é permitido construir e como construir. Hoje, temos a Lei de Zoneamento que serve de orientação, mas são instrumentos diferentes. O desenvolvimento da cidade com qualidade de vida passa por essas legislações e um apoio técnico nas discussões é fundamental”, disse o presidente da AEAJ.

Desenvolvimento trouxe qualidade de vida e problemas Os moradores de Jacareí acreditam que, apesar dos desafios pela frente, a cidade tem muitos motivos para comemorar nesse aniversário de 365 anos. A chegada de grandes indústrias, universidades e o fortalecimento das atividades comerciais e de serviços, segundo eles, garantiu a “independência” do município. “Antigamente, a gente era uma cidade dormitório. As pessoas trabalhavam e estudavam em São José e voltavam para casa apenas na hora de dormir. O salário no final do mês também era gasto fora da cidade. Isso mudou depois da industrialização”, disse Pompílio Garcia, 70 anos, morador do bairro Avareí. Para ele, esse desenvolvimento também trouxe problemas estruturais a Jacareí, que não conseguiu se preparar para acompanhar o ritmo de crescimento do município. “Problemas comuns de segurança, saúde e transporte, mas que não podem ser deixados de lado, O poder público precisa melhorar essas questões”, afirmou o aposentado. Tuany Gomes de Carvalho, 65 anos, acredita que o maior patrimônio da cidade seja sua população. Dono de uma loja de utensílios de cozinha no Mercado Municipal, o comerciante garante que não troca a Jacareí por nenhuma outra cidade.

“Tenho propriedade em São José, mas nunca pensei em deixar Jacareí. Aqui as pessoas são acolhedoras, estão sempre dispostas a ajudar e receber os outros. Amo essa cidade e a população que mora aqui. O povo é a maior bem que temos”, disse Carvalho. 



Jacareí, 365 anos. É por você que a gente comemora.

Quando pensamos em nossa cidade, pensamos em você. Sua história, sua família, sua força, seu orgulho e seus sonhos. Estamos juntos para construir um futuro melhor, e é por você que a gente trabalha. Dedicamos os parabéns a cada cidadão que nasceu ou vive em Jacareí e faz dela o melhor lugar para viver.

www.jacarei.sp.gov.br

/PrefeituraMunicipaldeJacarei


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NOTÍCIAS MOBILIDADE URBANA

A RMVale vista pela janela

Fotos: Pedro Ivo Prates

Metrópole acompanhou a rotina de moradores da região que encaram a estrada todos os dias

Laryssa Prado RMVALE

À

s 6h da manhã, de segunda a sexta-feira, Felipe Reis, de 23 anos, ainda está acordando. Giovana Aquino Mota, de 16, já está entrando no carro do pai e seguindo a caminho da rodovia Presidente Dutra. Ele é de São José dos Campos e ela de Jacareí. O que eles têm em comum? Ambos precisam fazer uma pequena viagem diária para chegarem aos seus destinos na Região Metropolitana

do Vale do Paraíba: o trabalho e a escola, respectivamente. Todos os dias cerca de 49 mil veículos circulam pela Dutra entre o quilômetro zero, na cidade de Queluz e o quilômetro 175, em Jacareí. A principal via de conexão entre as cidades tem seu ponto mais movimentado entre os quilômetros 146 e 150, na cidade de São José dos Campos, chegando a um volume diário de 132 mil veículos. Boa parte desse fluxo se deve ao intenso trânsito entre os 39 municípios da RMVale, que juntos somam quase 2,5 milhões de habitantes. Mas o que leva os moradores da

região a saírem de sua cidades natais rumo aos destinos vizinhos? Por que alguns chegam a enfrentar até 6 horas por dia em um ônibus intermunicipal? Felipe Reis é radialista e trabalha em Aparecida, a cerca de 80 km de sua casa, em São José dos Campos. Em média, o trajeto é feito em cinco horas e meia, tempo gasto em seis conduções. Sobre a rotina, ele revela o cansaço.“Matematicamente não vale a pena, eu perco grande parte do meu dia. Mas se quiser continuar atuando na minha área, tem que ser assim”, conta.


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A empresa em que ele trabalha arca com o transporte, mas caso precisasse lidar com as despesas sozinho, Felipe teria um gasto de R$ 1.300,00, superior ao próprio salário. Sobre a mobilidade, o radialista acredita que muitos quesitos dificultam o trajeto. “Em Aparecida, por exemplo, o fato do embarque só ser permitido na rodoviária é péssimo. Eu poderia andar menos de dez metros e pegar o ônibus no ponto em frente ao trabalho, mas não é possível. Em São José, acho que as possibilidades de conexão da Rodoviária Nova com o centro são ruins também”, conta. Outro problema apontado por Felipe é a existência de uma única empresa fazendo o trajeto entre São José dos Campos e Aparecida. “Isso me deixa refém de horários reduzidos”, diz. Mesmo assim, além de trabalhar longe de casa, Felipe também opta pelo lazer fora de São José dos Campos. “Geralmente saio em Guará e Lorena por conta dos colegas de trabalho que moram nestas cidades”, conta. De acordo com Edson Trajano, economista e professor da Unitau (Universidade de Taubaté), o caso de Felipe Reis é comum na região. “Isso ocorre devido à proximidade entre as cidades do Vale, e até em função das possibilidades de trabalho. Por exemplo, em Tremembé elas são muito mais restritas do que em Taubaté, o que é proporcional ao tamanho da cidade e à sua população. Por isso percebe-se um fluxo migratório muito grande, tanto na busca de trabalho, como para atividades industriais e comércio. Isso também acontece entre Jacareí e São José dos Campos”, diz. A proximidade das cidades, apontada por Trajano, tem um nome: conurbação urbana. O diretor do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Unitau, professor Flavio Brant Mourão, ressalta que o fenômeno ocorre não necessariamente por conta das questões territoriais. “A conurbação ocorre quando a cidade não tem a sua vida fechada nela mesma. As cidades se tornam interdependentes. Hoje, essa conexão se dá ainda mais pelo trabalho. Muita gente mora em uma cidade e trabalha em outra”, diz. A Volkswagen, empresa automotiva com

unidade em Taubaté, por exemplo, possui cerca de 4 mil empregados. Deste efetivo, cerca de 30% reside fora de Taubaté. A empresa oferece a todos o transporte fretado, com uma estrutura de mais de 100 linhas de ônibus, que abrange dez cidades na RMVale.

São José e Jacareí As cidades dormitório, como são os casos de Caçapava, Tremembé e Jacareí, geram o que os urbanistas e geógrafos chamam de “migração pendular”. De manhã, há um movimento grande em direção a cidades polo, como São José dos Campos, e à tarde essas pessoas estão voltando para suas cidades. Lucas Fernando Costa, 23 anos, faz parte desse movimento. Ele morou em São José até os 20 anos, e depois se mudou para Jacareí, mas mesmo assim sua vida ainda está centrada no município joseense. “Para mim, é muito mais cômodo ir para São José do que para Jacareí, ainda mais porque moro no Villa Branca, um bairro que é limite entre as duas cidades. Me acostumei com São José, com o comércio de lá, com meus amigos, meu trabalho, e na minha opinião a maioria das coisas acontecem lá”, conta. Sobre a afirmação de Lucas, Edson Trajano explica que o que define uma cidade de maior porte é justamente a capacidade de produzir serviços especializados. “Os cinco shoppings de São José dos Campos, por exemplo, oferecem serviços mais qualificados e diversos do que outros da região. Isso também ocorre com outras atividades de lazer, de saúde e educação. Cerca de 10% do deslocamento de um município para o outro é em função da busca desses serviços”, diz. A administração do Vale Sul Shopping, por exemplo, estima que 20% de seus frequentadores são de fora de São José dos Campos. Para trabalhar, Lucas usa o transporte intermunicipal. Ele considera o serviço bom, mas caro. “O ônibus que trafega pela via Dutra tem uma boa frequência, mas mesmo assim está sempre lotado nos horários de pico. E o valor da passagem é um absurdo, ainda mais na situação em que os


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passageiros vão, e por só ter essa linha. O ônibus que vai pela Estrada Velha, que seria uma outra opção, é inviável por ter horários reduzidos. E dependendo do local onde você está em São José, ou Jacareí, você não consegue ter acesso fácil”, conta. A Metrópole Magazine entrou em contato com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Giovana Aquino Mota, 16 anos, também faz um trajeto parecido com o de Lucas. A jovem mora em Jacareí, mas estuda em São José dos Campos. “Eu acordo 5h e saio de casa às 6h. Meu pai me leva para a escola de carro. Na volta, pego três ônibus para chegar em casa”, diz a estudante, que sabe que futuramente terá que continuar migrando.

“Quando terminar o ensino médio vou ter que ir para outra cidade novamente, pois aqui em Jacareí não tem a faculdade que quero, que é Odontologia”, diz. O pai de Giovana, Marcos Mota, não vê a ausência do curso na cidade como um problema, mas afirma que a opção de levar a filha todos os dias vem da insatisfação com o transporte público e também pela falta de segurança. “Para ela ir de ônibus, teria que sair às 5h15 de casa”, relata o pai.

Desafios Os desafios desse intenso fluxo de pessoas aparecem em dois sentidos. O primeiro seria a receita gerada a partir dele. De acordo com Trajano, “as pessoas saem do município e vão em direção à cidade vizinha, e aí elas gastam, consomem no município onde trabalham, estudam”. “Por outro lado, os municípios onde essas pessoas moram é onde elas vão demandar saúde, educação e outros serviços oferecidos pela administração pública, por exemplo. Ou seja, a renda gerada por esses migrantes fica fora de suas cidades, mas as pessoas continuam gerando despesas no município de origem”, diz o economista. Assim, as cidades de São José dos Campos, em sua posição de liderança, e Taubaté têm vantagem por terem mais receita, mas também uma maior responsabilidade de gestão. “Em São José estão 40% dos empregos da RMVale, e, consequentemente, é onde há mais renda e mais possibilidades”, conta. O segundo desafio é a mobilidade urbana e a falta de integração entre as localidades, mesmo depois da criação da RMVale. De acordo com Mourão, a região não tem estrutura para atender tal fluxo. Segundo dados da EMTU, só na linha 514, entre Jacareí e São José dos Campos, circularam 318.354 passageiros em 2016. “Hoje, a estrutura viária é pior do que há 20 anos. Ainda não temos a utilização da ferrovia, que é um elemento morto na região, e que poderia absorver com muito mais eficiência essa questão do transporte intermunicipal, já que passa estrategicamente pelo centro de

quase todas as cidades”, diz. De acordo com o urbanista, toda a densidade do transporte cai sobre a via Dutra, que também comporta o fluxo entre outras duas regiões metropolitanas, Rio de Janeiro e São Paulo. “Aí começa a ter uma mistura de tráfego e de obras que é preciso executar para compensar esse estrangulamento. A rodovia opera no seu limite o tempo todo, e aí a quantidade de acidentes também aumenta. Isso gera uma série de consequências que trazem problemas para a mobilidade como perda de tempo em deslocamento e estresse ”, diz Mourão. A solução, nas opiniões do economista e do urbanista, é a mesma: a integração de políticas e esforços municipais. “As cidades precisam ser melhor estruturadas não só nessa questão do transporte, mas nas suas áreas verdes e no seu desenho urbano, em saúde, educação e outros pontos que geram perda de qualidade de vida. Isso obriga que o planejamento dessas cidades seja feito coletivamente”, diz Mourão. Para Edson Trajano, as políticas conjuntas são importantes também para o fim de competições por empresas. “Muitas vezes ocorrem disputas para atração de empresas entre as cidades da região. E qual é o resultado? Quando Taubaté e Pindamonhangaba brigam por uma fábrica, e cada uma delas reduz carga tributária e dá infraestrutura para essa empresa, as duas, no final das contas, acabam perdendo”, relata.

Melhorias Recentemente os secretários de Mobilidade Urbana de São José, Paulo Guimarães, e Jacareí, Edinho Guedes, começam a discutir a possibilidade de construção de um novo acesso entre as duas cidades. A iniciativa prevê a conexão entre a avenida Davi Monteiro Lino, na altura do Villa Branca, em Jacareí, e a Zona Oeste, em São José. O fluxo seguiria por debaixo da Via Dutra, utilizando um túnel já existente, e continuaria por trás da Unip (Universidade Paulista). A obra ainda depende de autorização do governo federal. Juntos os municípios tem quase um milhão de habitantes.


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Litoral Norte Para quem mora no Litoral Norte a situação não é diferente. Brena, 20 anos, é de São Sebastião e estuda na Unip, em São José dos Campos. Ela conta com o auxílio da prefeitura da cidade, que disponibiliza 14 linhas para os estudantes irem para as instituições de ensino fora do município. Dentro da RMVale, são três linhas para São José dos Campos, três para Caraguatatuba e uma para Taubaté (na Universidade de Taubaté, 53% dos alunos são de outras cidades da RMVale e Litoral Norte). Em 2016, o valor gasto pela prefeitura com o benefício social do transporte universitário foi de aproximadamente R$ 3,5 milhões, atendendo 526 estudantes. O auxílio existe desde 2009, e foi criado pela lei municipal nº2004/2009, bem como pelo decreto 5372/2012. Quem viaja em direção a São José dos Campos gasta em média 5h no trânsito entre as cidades. O volume médio de tráfego da Rodovia dos Tamoios, principal conexão com o Vale do Paraíba, é de 15 mil veículos por dia, de acordo com a concessionária responsável pelo trecho. Brena estagia das 9h às 15h, e às 16h45 está pronta para ir para a faculdade, chegando em casa à 1h30, todos os dias. “Só consigo descansar final de semana, ou quando vou dormindo no ônibus. O que também acontece com os estudos”, diz a aluna de Engenharia Civil. Hoje, o curso de Brena é oferecido em Caraguá, mas ela optou por continuar a graduação em São José. Sem o auxílio da prefeitura, ela diz que seria impossível fazer a faculdade. Sobre o mercado de trabalho, a estudante diz que as oportunidades na cidade são ocasionais para a sua área de atuação, em função de grandes obras. “Se eu conseguir algum emprego em São José depois de me formar, eu vou sair daqui”, diz. O investimento em qualificação profissional é uma das metas da Prefeitura de São Sebastião, por meio de parcerias com o Estado e o governo federal. A proposta visa ampliar a oferta de cursos técnicos profissionalizantes e de ensino superior, além de descentralizá-los para a Costa Sul e Norte.


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“O cenário ideal é que os munícipes estudem na cidade, até por uma questão de segurança, para evitar acidentes como o que vitimou 18 alunos, em 2016, na Rodovia Mogi Bertioga. Também estamos negociando com a faculdade local uma isenção tributária, tendo como contrapartida o oferecimento de bolsas integrais para os estudantes que comprovadamente não possuem condições financeiras para custear seus estudos”, diz Felipe Augusto (PSDB), prefeito de São Sebastião. A Univap (Universidade Paulista) tem um terço de seus alunos vindos de cidades fora de São José dos Campos. Bruna Teixeira, 23 anos, faz parte desse grupo. A estudante de Fisioterapia também recebe o benefício de transporte gratuito, mas da Prefeitura de Caraguatatuba, que exerce a função de liderança no Litoral Norte. Ainda assim, ela acaba tendo problemas com o transporte. No terceiro ano de faculdade, com a mudança de horários por conta de uma monitoria, Bruna passou a ter que voltar

para Caraguá por sua conta. “Eu saía às 20h da faculdade e perdia o transporte da prefeitura. Com o ônibus comum eu levava cerca de 3 horas para chegar em casa. E o trajeto sempre fica pior com a proximidade de finais de semana e feriados”. “O fato de não ter o curso na cidade e ter que assumir essa rotina me desmotivou muito. No começo foi difícil a adaptação, e eu sinto muita dificuldade na volta às aulas, fico muito desanimada. No Litoral Norte, existem boas oportunidades de cursos técnicos, principalmente na área de engenharia, e isso está crescendo aos poucos. Mas para a minha área de saúde, é bem restrito. O máximo que teria é um curso técnico de enfermagem”, conta. Sem o auxílio da prefeitura, Bruna gastaria o equivalente a R$ 1.520. Hoje a estudante gasta em torno de R$ 310. Para lazer, ela diz não sair de Caraguá. “Nem consigo aproveitar a ida a São José porque, sempre quando posso, estou muito cansada e nem tenho

coragem de subir a serra”, diz.

Reflexo cultural e social Para o produtor cultural Wagner Rodrigo, o cenário cultural heterogêneo da RMVale também influencia no trânsito de pessoas entre as cidades da região. “Sobre a população em geral, o que acaba gerando movimento é a ida aos cinemas e teatros, o que também ocorre quando há grandes eventos, como o Revelando SP e Virada Cultural. Para a população que já é próxima da cultura e da arte, há um movimento para assistir festivais e mostras, bem como a idas a espaço independentes”, diz. “Políticas públicas regionais podem garantir identidade cultural, cidadãos conscientes e participativos, trabalhadores organizados”, diz. Caso essas políticas não sejam realizadas, para el a realidade da RMVale vai continuar sendo vista pela janela dos ônibus e carros, no trânsito das grandes rodovias. 

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NOTÍCIAS SAÚDE

Fotos: Pedro Ivo Prates

Saúde pra dar e vender

Especialistas provam: ter uma vida corrida não é desculpa para abrir mão de hábitos saudáveis


Wagner Matheus RMVALE

Saúde”, segundo a definição da OMS (Organização Mundial de Saúde), “é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Ter saúde, como você acabou de ver, é muito mais que não estar doente. Ter saúde é ter qualidade de vida. No mês em que se comemora o Dia Mundial da Saúde (dia 7), fala-se muito sobre os avanços da medicina, que são realmente notáveis. Mas existe outro caminho para quem quer passar longe dos consultórios médicos e dos remédios – pelo menos enquanto isto for evitável. São atividades preventivas para manter as pessoas saudáveis e felizes. Confira o que três especialistas em atividade física, nutrição e yoga recomendam para você. Está esperando o quê? Mexa-se e ganhe mais saúde e disposição.

Atividade física Você sabia que uma pessoa com 60 anos de idade, praticando atividade física regularmente, pode ter a capacidade física semelhante à de uma outra de 40 anos, que é sedentária? A informação é da profissional de educação física Mônica Marques, diretora técnica da Cia Athletica, academia instalada há 20 anos em São José dos Campos. A atividade física é uma alternativa a vários medicamentos e também uma importante aliada no tratamento de doenças. “Existem muitos casos em que a prática de exercícios é suficiente para manter normal a pressão arterial sem a necessidade de medicamentos”, observa Mônica, alertando para a necessidade de acompanhamento médico em todos os casos. Ela também aponta a importância da prática da musculação em todas as idades. “Não importa a idade, a musculação ajuda a manter a massa muscular, preservando a força da pessoa para desenvolver suas atividades normais”, diz.

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Mônica lembra que a Cia. Athletica mantém um programa de prevenção para pessoas que já possuem riscos de saúde. “É um programa de computador que inclui 2 mil exercícios com 400 ocorrências médicas. Ao ser abastecido com os dados da pessoa, o programa indica os exercícios mais adequados para o seu perfil”, explica. A profissional de educação física ressalta que já existe uma conscientização da população mundial sobre a necessidade da atividade física em qualquer idade. Mas aponta um paradoxo: enquanto na Europa 11% da população pratica atividade física regularmente, esse índice chega a 14% nos Estados Unidos e, no Brasil, a prática envolve apenas 4%. “Isto significa que, embora estejam conscientizadas, as pessoas têm dificuldade para mudar seus hábitos”, lamenta. Mônica não acredita que a baixa adesão à “malhação” tenha a ver com dificuldades financeiras. “Quando cheguei a São José, há 20 anos, só existiam 35 academias na cidade, enquanto hoje existem 150 academias. Isto sem falar nas academias ao ar livre e nos espaços mantidos por entidades”, afirma, concluindo: “A informação já chegou para todos os públicos, a mídia faz o seu papel nessa conscientização, só falta as pessoas se mexerem.”

NUTRIÇÃO Comer corretamente é um caminho certo para ganhar saúde. O problema é que, ao mesmo tempo que comer é uma forma de repor componentes necessários ao organismo, é também uma grande fonte de prazer. “Hoje em dia as

pessoas trabalham muito, têm pouco tempo para outras atividades e acabam vendo na comida uma forma de obter prazer”, explica a nutricionista Kalinka Lamêggo, de São José dos Campos. Ela critica o fato de muitas pessoas terem parado de preparar os próprios alimentos e recorrerem cada vez mais aos alimentos prontos, que normalmente usam matérias-primas de baixa qualidade. “Hoje se consome muita gordura hidrogenada, farinha de trigo e açúcar, alimentos que não são saudáveis, além de todos os aditivos químicos que os produtos processados contêm”, alerta. “A combinação das gorduras com o açúcar é muito prazerosa para o cérebro, por isso a população está engordando de maneira generalizada.” Comer virou um vício. “O açúcar é oito vezes mais viciante que a cocaína”, revela Kalinka. Ela explica que, quando comemos, acionamos dois mecanismos, o hedônico e o homeostático. O hedônico produz prazer e recompensa, enquanto o homeostático serve para manter a energia necessária para o corpo. “Hoje, as pessoas se alimentam influenciadas muito mais pelo prazer hedônico”, conclui. Segundo Kalinka, é preciso pensar menos em comida, parar de comer sem fome, evitar comer só por prazer. “Uma boa alimentação leva a um percentual ideal de gordura corporal e a mais saúde. A redução do peso é uma consequência dos bons hábitos”, garante.

YOGA Equilibrar o físico pode ser pouco quando se entende o ser humano como um conjunto

integrado, formado por corpo e mente. Daí a importância de trabalhar também as emoções para ganhar saúde. A prática do yoga é um dos caminhos para quem deseja encontrar o equilíbrio entre corpo e mente. Quem explica é a instrutora de yoga Bia Flauaus, do Espaço Nanda Kumara Das, que atende na Vila Ema, em São José dos Campos. “O yoga não é só uma prática física, ele é uma filosofia de vida”, afirma Bia. Segundo ela, o corpo é um complexo em que tudo interage, ou seja, as emoções mexem com a condição mental e esta dispara uma reação física. “Por isso, o yoga parte de exercícios e posições que têm o objetivo de lidar com o corpo para melhorar as emoções e a mente.” “Emoções boas ou ruis acabam ficando gravadas na mente, desde as mais importantes até as mais sutis. O yoga vem para liberar a consciência do corpo”, exemplifica a instrutora. “O descondicionamento prepara o copo para vibrar em padrões mais saudáveis”. Segundo Bia, os resultados com a prática do yoga podem ser percebidos tanto no aspecto físico quanto no emocional. No físico, aumenta a flexibilidade, a força e o equilíbrio, enquanto no emocional reduz a ansiedade, melhora o sono, equilibra o corpo e reduz o estresse. Importante: a filosofia oriental é milenar e profunda, mas você não precisa, necessariamente, se aprofundar para conseguir resultados positivos. A prática dos exercícios já permite ganhos significativos na sua qualidade de vida. 

Hábitos simples para uma vida mais saudável ••

Encontre uma atividade que traga prazer. Se ainda não encontrou é porque você não pesquisou o suficiente. Pode ser dança de salão, academia, passeio no parque, levar o cachorro passear. Toda atividade física traz benefícios, mas é necessário praticar regularmente.

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Estética é consequência. Quem busca o corpo perfeito talvez não encontre a saúde que precisa ter. Mas quem busca saúde vai conseguir ter um corpo bonito e harmonioso.

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Você é o que você come. Para as pessoas com mais de 50 anos, 80% da saúde está na alimentação. A união da atividade física e da alimentação saudável é imbatível.

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Procure consumir menos alimento industrializado. Prefira, por exemplo, as sementes oleaginosas como castanhas e nozes.

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Coloque mais nutrientes no prato. Ele pode contar com uma fonte de proteína (carne bovina, frango ou peixe) e abundância de hortaliças.

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Prefira “comida de verdade”. Está na moda levar marmitinhas para o trabalho ou outros locais.

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Alongue-se. Um corpo contraído tende a adoecer mais.

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Fortaleça a musculatura para ganhar mais tônus. Mais tônus muscular beneficia o físico e também ajuda a ganhar maior flexibilidade emocional.

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Procure o equilíbrio aprendendo a observar a sua respiração. O objetivo é que você aprenda a reduzir o estresse conseguindo controlar a forma como respira.



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NOTÍCIAS CULTURA

Elas querem participar da cena Mulheres artistas ainda enfrentam preconceito e falta de espaço na cena cultural de São José dos Campos Foto: Letícia Kamada

Lígia Kamada em apresentação no Sesc Ypiranga, em São Paulo

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

É

domingo de manhã. Sob um céu de nuvens ameaçadoras, a cantora Lígia Kamada, erradicada em Monteiro Lobato, desfere seu repertório world music a uma plateia que lota a área do bambuzal do Parque Vicentina Aranha, em São José dos Campos. As canções, interpretadas no palco a céu aberto, fazem parte do primeiro álbum de composições próprias da artista, Yermandê, lançado em 2016 No público, grande parte das pessoas já estava familiarizada com a obra de Lígia e acompanhava a maioria das composições da cantora. Além do palco

do Vicentina Aranha, o novo trabalho da cantora já a credenciou para shows de lançamento no Sesc São José dos Campos e Sesc Ipiranga. Lígia é um dos expoentes de uma cena feminina que pede passagem dentro do cenário cultural dominado exponencialmente pelos homens em São José dos Campos e região. Na música esta característica se acentua. Das bandas contemporâneas, por exemplo, a cantora de Monteiro Lobato é uma das pouquíssimas mulheres que conseguiu projeção. A cantora, que passou longos anos de sua vida entre metrópoles europeias como Paris e Barcelona, voltou ao Brasil há pouco mais de três anos. De acordo

com ela, o choque de realidade entre a participação das mulheres nessas localidades, comparado com o que temos no Vale do Paraíba, é muito grande. “Posso dizer, pelo tempo que estou aqui, que é muito mais homem do que mulher fazendo música e aparecendo com mais destaque no cenário. Vejo mais as meninas participarem de projetos instrumentais, como os de maracatu, por exemplo, e na cena do rap, que é forte na região. Mas de banda mesmo eu posso contar na mão quantas têm. Na verdade, acho que sou eu e uma baixista (Luise Martins, da banda Homens de Melo) que tocamos instrumentos. Há outras mulheres, mais cantoras, mas que eu me lembre mesmo é muito pouco”, comenta.


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Costumes ainda arraigados na sociedade, como a ideia de que a mulher precisa se casar para cuidar dos filhos e afazeres domésticos, são, de acordo com a cantora, a melhor explicação para um cenário onde elas produzem tão menos arte que os homens. Lígia também defende que a maior participação feminina é uma questão de oportunidades e reafirma que os conceitos praticados há muito não só na classe artística, mas por todo o país, são o maior vilão das mulheres na arte. “O Brasil é um país bem machista e isso se reflete no cenário da arte. Como em qualquer outra profissão, infelizmente na música a mulher também precisa produzir muito mais que os homens para ser notada e ganhar o seu espaço. E a coisa começa cedo mesmo. Na própria concepção das bandas já é difícil encontrar homens que liberem espaço para que as mulheres entrem, se aprimorem. Essas recusas vão minando a vontade das meninas desde novas. Então, isso precisa passar pelos homens também, essa vontade de mudar o cenário que aí está”, afirma.

Na caneta ou no batom Encontrar espaço para exibir suas próprias composições já foi um desafio quase intransponível para a raper Ariadna da Mata, que, junto com Simeire Domingues, integra o grupo D’Origem, de São José dos Campos. Vinda de Araraquara, a artista

passou a interessar-se pela cultura Hip Hop em terras joseenses ainda em meados dos anos 2.000, até então apenas como espectadora. Quando decidiu que gostaria não só de assistir, mas que também tinha talento para participar dos eventos, foi que a artista começou a se deparar com as dificuldades de emplacar uma carreira sendo mulher. “Percebia que a mulher sempre ficava ali no fundo, fazendo backing vocal e quase nunca tinha a chance de mostrar suas próprias composições. A produção dos shows também era sempre feita por homens e ficava muito difícil você ver uma MC como atração principal de um evento, não havia convite. Até o fato do ambiente ser muito masculino fazia com que a gente não conseguisse frequentar as festas com tanta liberdade”, explica. Para virar o jogo, Ariadne percebeu que precisaria conquistar seu espaço. Atualmente, a MC, junto com os coletivos que integra, produz, divulga e se apresenta em seus próprios eventos. Com o grupo D’Origem, Ariadne alcançou projeção na cena, mas, segundo a própria artista, ainda há muito o que ser feito para que haja igualdade entre os gêneros na música. Em fevereiro, junto com outras artistas do Hip Hop, Ariadna ajudou a compor o coletivo Na Caneta ou No Batom, que promove eventos que dão espaço

para as mulheres mostrarem seus trabalhos. No mesmo mês, o grupo promoveu uma batalha de rima exclusivamente com mulheres, que aconteceu no Hocus Pocus, em São José. “Ali foi o ponto de partida para que a gente começasse um movimento que oferece esse espaço para que as mulheres possam se apresentar. A partir de agora, teremos outras atividades voltadas ao Hip Hop, mas também à conscientização das mulheres. É difícil ter que bater na mesma tecla sempre, mas a questão é que para a mulher ainda sobra a jornada dupla de trabalhar e ter que cuidar das tarefas domésticas. Essa realidade dificulta muito a presença de mulheres na arte. Por isso, quanto mais a gente conseguir expor e falar sobre essas questões, melhor”, explica a artista, que, além de trabalhar como atendente 9 horas por dia, é mãe de um menino e toca as tarefas em casa. “Sobram as noites e os finais de semana mesmo para conseguir colocar no papel as composições e fazer os trabalhos como artista e ativista”, conclui.

Cores Se fosse perguntada há pouco mais de dois anos sobre uma futura atuação nas artes, a jornalista Gisela Zaffalon Bobato provavelmente responderia que sim. É apaixonada pelas cores vibrantes, pelas estampas, pela obra de Frida Kahlo, pelos


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Apresentação do coletivo ‘Na caneta ou no baton’ no Hocus Pocus, em São José filmes do Almodóvar, entre tantas outras coisas que admira nas artes. Mas, que não, que além dos desenhos incipientes que produzia lá com seus seis anos de idade, nunca se arriscara no universo artístico. Este cenário passou a ganhar tons de protagonismo quando, por demanda do trabalho, Gisela aportou em São José dos Campos, justamente há pouco mais de dois anos. A fase pessoal exigia algumas mudanças e foi na costura e nos desenhos que ela foi encontrando sua identidade artística. O passatempo, absolutamente autodidata, revelou um talento nato para as estampas, combinação de cores e cortes. Em paralelo, desenvolvia-se também um traço pronunciado, que passou a compor os expressivos desenhos de autoria própria. As peças, caracterizadas pelas estampas coloridas que Gisela confecciona para si própria, fizeram sucesso entre as amigas e nas postagens nas redes sociais. O número de pedidos foi tão grande que a jornalista criou uma grife própria, a Gisme. Em sua conta no Instagram, @ gisme.art, ela divulga novos modelos e recebe encomendas. “Não é minha fonte de renda. Comecei presenteando as pessoas que gosto e aí a coisa ficou um pouco maior. Não tenho pretensão de crescer e empreender, ganhar dinheiro com isso. Gosto dessa relação próxima que mantenho com as pessoas que fazem as encomendas. Não tenho formação em moda, mas minha mãe e minha avó sempre costuraram”, explica.

Gisela leva a sério a questão da exclusividade das peças. Tanto que suas vendas são fechadas às escuras. Depois de um café com o cliente, de entender suas preferências e estilo, a própria artista é quem escolhe o modelo que vai confeccionar. “A pessoa escolhe a peça. Uma camisa, um vestido, me passa o tamanho. E geralmente eu escolho o que ficaria legal para ela”, conta.

Sexualidade e preconceito Se o trabalho na costura tem sido bem aceito, com os desenhos Gisela sentiu na pele as diferenças na liberdade de expressão entre homens e mulheres também no meio das artes. Ela conta que seus quadros, que frequentemente trazem temas ligados à sexualidade, já despertaram alguns comentários, no mínimo, inapropriados. “Meus desenhos trazem muito essa questão do sexo e da sexualidade. Já escutei muitos comentários das pessoas tentando relacionar isso à minha vida pessoal. Sabe, se fosse um homem fazendo esses mesmos quadros isso seria mais respeitado como arte. Não tô nem aí. Eu fico irritada na hora, mas não vou ficar me incomodando por causa de duas ou três pessoas.”

Carnaval feminista Para colocar na avenida as questões ligadas à violência contra a mulher, a professora e ativista Rosa Scaquetti, de São José dos Campos, reuniu-se com um grupo de amigas para montar o bloco Sô Fia

da Vida, que desfilou durante o Carnaval da cidade. Primeiro bloco carnavalesco de São José a trazer exclusivamente essa temática, o cortejo atraiu mulheres e homens numa mistura de Carnaval e conscientização sobre o tema. “A gente sempre conversava bastante sobre a criação de um bloco como este aqui na cidade, até que, no meio de 2016 resolvemos colocar nossa ideia em prática. O projeto surgiu de conversas entre amigas e, em setembro, começamos a nos reunir para planejar o que queríamos do bloco. Desde a primeira reunião as coisas começaram a se alinhar e a partir daí fomos angariando novas integrantes, fazendo conexões com o Sindicato dos Metalúrgicos e com a Confraria do Samba para instrumentos e estrutura, até que começamos os ensaios para valer em janeiro de 2017”, comenta. Durante pouco menos de dois meses, cerca de 20 mulheres reuniam-se para afinar a bateria e ensaiar o samba-enredo. O boca a boca e a divulgação nas redes sociais fez com que o interesse aumentasse e o bloco fosse ganhando corpo. “Acredito que o samba, o Carnaval, sejam ferramentas mais populares com as quais a gente pode levar essa mensagem de respeito às mulheres para um número maior de pessoas. Inclusive àquelas que não têm acesso a tantas informações e que sofrem diariamente com opressão e violência”, diz. Nem a chuva que caiu durante praticamente todo o Carnaval em São José desanimou os integrantes do bloco, que despertaram a atenção do público que acompanhava a movimentação na avenida. “A reação foi muito positiva. A gente contou com bastante ajuda também. Ajuda dos comerciantes e outras classes com a confecção das camisetas e com toda a estrutura que a gente utilizou para sair. Atualmente vivemos uma primavera feminista, o que é positivo, já que a democratização da informação leva para mais pessoas questões importantes como o feminicídio e a violência diária contra a mulher”, conclui. 



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Cultura&

Fotos: Pedro Ivo Prates

No caminho do meio

Com rap ‘sócio-espiritual’, joseense Síntese desponta como revelação do cenário nacional João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

uma casa de fachada alaranjada, poucos móveis e alguns quadros aleatórios na parede da sala sem televisão, uma grande lousa branca, riscada à caneta vermelha formando um calendário, destaca, no mínimo, 20 compromissos até o mês de maio. As portas trazem pinturas a spray e, na parede que divide a sala da cozinha, um papel sulfite colado estampa os dizeres: “Pegue sua vida e a transforme em poesia”. A área externa é ampla; no fundo da residência há dois sofás, paredes pichadas aleatoriamente com versos, palavras soltas e alguns desenhos simples. É deste local, no bairro Bosque dos Eucaliptos, zona sul de São José dos Campos, que o rapper Neto, cabeça por trás do projeto Síntese, elabora sua revolução “sócio-espiritual” por meio da música. O artista de 23 anos é uma das maiores revelações do rap no Brasil. E a lousa escancarada na sala de sua casa comprova isso. Há ali eventos marcados para todo o país,

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do Rio Grande do Sul ao Amazonas. Neto é um jovem acelerado, não é dado a ruminar os pensamentos que sucedem-se urgentes na cabeça. Antes de receber nossa equipe, o rapper caminha para lá e para cá ao telefone. A vitrola de seu quarto toca alto o vinil do novo trabalho de Mano Brown, “Boogie Naipe”. “Mano, e tem gente que não gostou desse disco, pelo amor de Deus”, comenta, antes de nos levar até a praça do Estoril, onde Neto se diz mais à vontade para conversar.

Amém Em 2016, o artista finalizou o segundo trabalho com o Síntese, “Trilha para o Desencanto da Ilusão Vol. 1 ‘Amém’”. O álbum, lançado pelo selo independente Matrero – que reúne nomes do rap da região –, catapultou o rapper como uma das grandes promessas do gênero no país. O disco é produzido por Daniel Ganjaman, mesmo produtor de “Convoque Seu Buda”, de Criolo, álbum no qual Neto faz participação na música “Plano de Vôo”. O rapper toca sozinho o projeto Síntese desde 2013, um ano depois do primeiro

CD, “Sem Cortesia”, ser lançado de forma independente. À época o Síntese era formado por Neto e Léo. Mesmo sendo sucedido de uma pausa para reflexão dos integrantes, o disco contou com um grande alcance no cenário musical. “Fizemos uma coisa que ainda não tinha sido feita no rap nacional. A gente decidiu fazer um rap forte, que ninguém fique fora. O único jeito de fazer isso é submeter a gente mesmo a esse julgo, esse raio-x da consciência, entre a verdade e a realidade, o que deveria ser e o que é. Acredito que a gente mexeu com a estrutura do rap por isso, por falar algo universal. Depois disso tivemos um período atribulado. Parei um pouco e só voltei em 2013”, comenta, antes de lembrar que o ex-parceiro, Leo, desenvolveu um quadro de esquizofrenia e precisou ser internado.

Caminho do meio A obra do Síntese, assim como a filosofia de Neto – não é exagero dizer que ambas fundem-se numa proposta unificada – se equilibram num estreito caminho entre as questões mundanas e as espirituais. O trabalho se apóia num regionalismo universal, que mira as questões que se avizinham (problemas sociais, violência, falta de perspectiva), mas acerta mesmo nos temas filosóficos, que conversam com todo e qualquer ser humano, seja lá onde ele estiver. “Para compreender o micro, eu encaro as coisas de um jeito mais macro. Penso que não represento esse ou aquele local, represento o povo da Terra e falo sobre as verdades que atormentam todos os seres humanos. Procuro ser verdadeiro comigo mesmo e vejo a arte como um entretenimento sim,


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mas um entretenimento de desconstrução. È preciso se desconstruir a todo momento para se juntar novamente, temos que aceitar essa transformação constante”, comenta. A fala fica ainda mais vertiginosa à medida que Neto divide suas impressões sobre o mundo e as relações humanas, seu assunto predileto. Ele explica que, pela característica de transformação e universalidade presentes em sua obra, as músicas do Síntese fazem parte de programas de recuperação de menores e tratamentos com pessoas que possuem distúrbios mentais. “Tem pastor que usa nossa música no culto, projetos de reabilitação, na cadeia, nos tratamentos de esquizofrenia. Todos esses lugares envolvem o extremo da vida humana, o extremo da transformação do indivíduo. E o rap é isso. Por isso que pra fazer essa música tem que ser louco mesmo”, comenta.

Palco, terreno de liberdades Os shows do Síntese são permeados por uma atmosfera de devoção. Um sentimento de comunhão que o rapper partilha com o público. Foi assim no Sesc Pompéia, apresentação que Neto realizou no dia 18 de março, com ingressos esgotados cinco dias antes do evento, para 850 pessoas em um dos palcos mais celebrados do país. Se são nas composições que o rapper imerge em suas conexões e reflexões filosóficas, é no palco que Neto se diz livre para ser o que quiser. Em conexão com o público, o artista se liberta para, como ele mesmo diz, entregar tudo aquilo que alcançou com as composições. “O que passa pela minha cabeça ali é fazer jus à profundidade que eu visitei enquanto estava escrevendo as músicas. O palco é liberdade e liberdade é não ter medo. Quando estou me apresentando, não tenho medo de bater de frente com o status quo. Com um Estado que nos quer no chão, falidos e mudos”, explica. Em seu terreno preferido, além das canções, o artista também comenta temas da atualidade. O Fla-Flu político é um dos preferidos do rapper. “Hoje virou síndrome de torcida organizada. Tudo é uma gritaria,

ninguém escuta. A gente tem que se reconhecer como espécie, superar nossas diferenças. Por isso que eu não sou burro de ficar atacando político que nem escuta meu rap. Prefiro conscientizar as pessoas, porque são pessoas que elegem presidentes e que constroem um mundo melhor”, diz

Meio urbano, meio do mato Filhos de pais mineiros que vieram a São José dos Campos em busca de trabalho na indústria, Neto se vê como um típico cidadão valeparaibano: urbano, mas nem tanto. O pai, Eustáquio, saiu de Piranguçu, distrito de Itajubá. Por aqui, fez carreira na Embraer e conheceu a mulher, Salete. A música, seja na moda de viola, MPB ou até mesmo na música erudita, sempre esteve presente no cotidiano da família. A moda de viola, em especial, foi uma das primeiras influências do rapper, que ainda hoje se diz um admirador da poesia rural dessas composições. A casa onde hoje moram Neto e seu irmão Davi é herança dos pais, que, após a aposentadoria de Eustáquio, o mudaram-se para o campo. “Eu acho minha essência quando estou perto dos meus pais e primos. Sou do meio termo como todo o indivíduo valeparaibano, meio da roça, meio da cidade. Meus pais são minha maior inspiração e foram as pessoas que mais me deram força nesse caminho do rap. Hoje, vendo que a minha música chega no coração das pessoas e ajuda a promover transformações, eles apóiam ainda mais e incentivam mesmo”, afirma. Os exemplos familiares talvez sejam entre as razões pelas quais o artista não se deslumbra com a fama. Neto gosta de levar a mesma vida de sempre. Pega ônibus, não passa grandes temporadas longe de São José e também não nega uma prosa com algum fã de seu trabalho. “O melhor disso tudo é você mostrar pras pessoas que você é normal. Acho que falta muito para esses artistas famosos se humanizarem mesmo. Eles ficam achando que sentar nesse trono dá a eles algum tipo de respeito, ou mais dinheiro. A função da arte é o corpo a corpo. Tem que ter proximidade com a realidade das pessoas”, conclui. 


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NOTÍCIAS ESPORTES

Fotos: Pedro Ivo Prates

Polo sobre duas rodas

Conheça o Bike Polo, o esporte que está ganhando novos adeptos pelo Brasil e possui uma equipe em São José dos Campos

Partida de Bike Polo em uma quadra pública na zona oeste de São José

Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

pós o aviso sonoro, os times saem da linha de fundo, atravessam a quadra e iniciam uma disputa sobre rodas por uma pequena bolinha. Como qualquer outro jogo, o objetivo é fazer o gol. O único “problema” é que os atletas estão sobre bicicletas, com mãos e pés ocupados.

Esse é o Bike Polo, esporte que tem ganhado cada vez mais praticantes em São José dos Campos. O jogo é uma mistura dos tradicionais polo à cavalo, polo aquático e hockey, mas substituindo o meio de locomoção por uma bicicleta. Os pioneiros da modalidade na região foram os irmãos Alberto Rabelo e Lucas Rabelo, que em 2013 experimentaram a sensação de jogar pela primeira vez um esporte.

“Eu estava montando uma bike, procurando alguns vídeos na internet, quando assisti um vídeo relacionado ao segundo campeonato mundial de bike polo. Fiquei curioso, comecei a procurar mais e quis testar o jogo”, conta Alberto, professor de sociologia, 30 anos, sobre seu primeiro contato com a mobilidade. A primeira ‘partida’ disputada em São José foi somente entre os irmãos. “Eu tentava conversar com as pessoas


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sobre o esporte, mas sempre desconversavam. Até que convenci o meu irmão e no dia 19 de março de 2013, debaixo de chuva, na quadra do Jardim Aquárius, com tacos de alumínio e PVC e bicicletas comuns de rua, fomos descobrir qual era a do bike polo”, descreve. O ‘boca a boca’ ajudou aos irmãos a encontrarem novos adeptos da modalidade, conseguindo ainda no mesmo ano participar do primeiro campeonato. “Ainda em 2013, jogamos o sul-americano, em São Paulo. Foi o nosso primeiro grande campeonato, havíamos acabado de começar e foi uma oportunidade para aprendermos e garantir experiência”, relata Lucas sobre o momento que o São José Bike Polo se aproximou ainda mais de equipes de outras regiões, aumentando o grupo de conhecidos dentro da modalidade.

Evolução Após quatro anos da primeira partida, o time do São José Bike Polo soma oito atletas ativos, que participam dos treinos e encontros, mas oficialmente o time em quadra deve ser composto por três ciclistas para as competições. A integrante mais recente é a comunicóloga Amanda Ovando, 23 anos, que começou a praticar o esporte há dois meses e afirma que é a primeira modalidade coletiva em que ela se sente acolhida.

Conheça as regras do Jogo:


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“A questão de equipe é muito legal, depois de muito tempo é o primeiro esporte coletivo que as pessoas são muito unidas. Todo o tempo você tem um incentivo, elogio, sugestões, eles vão te ensinando e apoiando durante os treinos”, comenta a jovem.

Adaptação O esporte requer habilidade de equilíbrio, atenção e coordenação motora, porém os atletas afirmam que para aqueles que não tem nenhuma dessas características e querem adquirir, a bike polo é a opção certa. “Aqui você tem que se concentrar em várias coisas, ter uma visão periférica espacial, domínio da bola, equilíbrio, e eu aprendi tudo isso jogando”, explica Amanda. Para outro integrante da equipe, Danilo Wichert, 28 anos, as técnicas vão ser adquiridas depois que o atleta se tornar parte do jogo. “É uma mistura

de hockey, polo, com futebol e ciclismo, então a bicicleta vira uma parte de você e segue o jogo. Se você sabe pedalar, isso já é mais fácil, mas até para quem não tem o contato é muito legal”, relata o executivo comercial.

Federação A primeira equipe da modalidade no Brasil surgiu em 2009, em São Paulo, e foi repassando as técnicas e regras para os demais interessados que vinham surgindo com o tempo em diferentes lugares do país. Hoje a modalidade já se disseminou, mas os atletas buscam a profissionalização junto ao Ministério do Esporte. “O Bike Polo é como o skate, hockey e tantos outros esportes urbanos, mas ainda não tem uma visibilidade para alcançar incentivos privados. O caminho é a profissionalização, por isso estamos em um processo de federação”, comenta Alberto.

Regras Para todo novo adepto de algum esporte regras são apresentadas. Muitas das modalidades possuem até uma “escolinha” que auxilia na atribuição dos conhecimentos básicos, mas o Bike Polo ainda é aprendido dentro de quadra. “Temos toda a atenção com os novatos, mas como não temos uma estrutura física e financeira para dar aulas, nós vamos durante o jogo indicando”, diz Alberto Rabelo. O primeiro aprendizado de todo atleta na modalidade é não colocar o pé no chão em hipótese alguma. “Tirar o pé do pedal e por em outra superfície é falta, você tem que sair da jogada, colocar seu taco no centro da quadra e depois voltar ao jogo”, detalha. A dúvida de muitos ainda é onde acontece o jogo. Para os atletas de São José, uma quadra vazia já basta. “Uma quadra perfeita é de 20 metros de largura por 40 metros de comprimento, com cantos arredondados. Mas o esporte promove uma ocupação do espaço público, serve para integração e inclusão social. Então, uma quadra vaga é suficiente para uma partida de bike polo”, conta.

Campeonato São José dos Campos será sede do 5º Campeonato Brasileiro de Bike Polo, nos dias 1º e 2 de julho, com a presença de mais de 20 equipes que buscam a classificação para o campeonato latino-americano. Porém, nenhum espaço público ou privado foi cedido para a realização dos jogos. “Temos a data certa, identidade visual, equipes de todo o Brasil confirmadas, contato de hospedagem, mas falta o local. O peso dessa competição é muito grande, os atletas querem estar no mundial que acontece nos Estados Unidos no fim do ano, mas precisamos realizar a competição em espaço que comporte um evento de grande porte”, completa Rabelo.  Alberto Rabelo, pioneiro do Bike Polo em São José dos Campos


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NOTÍCIAS TURISMO

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O alvo é o turista

As quatro cidades do Litoral Norte se unem para vender suas maravilhas naturais e eventos para visitantes do Brasil e do exterior Wagner Matheus LITORAL NORTE

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s quatro cidades do Litoral Norte nunca estiveram tão unidas. Elas querem oferecer uma estrutura mais adequada para “brigar” pelos turistas brasileiros e estrangeiros que são disputados por inúmeros roteiros de viagens em todo o país. A ideia é fazer do Litoral Norte um destino único com vários roteiros possíveis. Dois encontros entre os secretários de Turismo da região já foram realizados e as conversas vão avançando em torno da necessidade de investimentos no setor. Os projetos são ambiciosos. Em São Sebastião, por exemplo, a prefeitura pretende construir um “home port” com capacidade para embarque de 3.000 a 4.000 turistas e tripulantes. “Além

disso, está planejada a construção de três marinas em áreas públicas”, revela o secretário de Turismo Edson Pavão. Ele adianta que esses projetos náuticos devem ser viabilizados por meios de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e que a prefeitura já busca interessados em investir. Em Ubatuba, o secretário Luiz Bischof alerta para a necessidade de melhoria nos serviços de internet e telefonia móvel. Também defende investimentos nos portos da região para atender os cruzeiros marítimos, implantando um porto em Ubatuba. Ilhabela também já anunciou dois projetos para incrementar sua estrutura de turismo: a melhoria do píer de embarque de passageiros de cruzeiros marítimos e, ainda, uma marina pública que deverá ampliar a capacidade de

atracação na ilha das 145 vagas atuais para mais de 300 vagas. A união das quatro cidades ficou demonstrada com a montagem de um estande conjunto de Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba na Seatrade Cruise Global 2017, em Fort Lauderdale (Flórida, Estados Unidos), a principal feira mundial das companhias de cruzeiros marítimos. O evento foi encerrado no dia 16 de março. As atrações turísticas da região também têm sido mostradas em outros eventos nacionais e internacionais. A proposta é, a partir de agora, intensificar a presença das quatro cidades nas maiores feiras do setor em todo o mundo. Com investimentos e belezas naturais, o Litoral Norte acredita que poderá vencer a corrida em busca de novos visitantes. Afinal, a união faz a força, certo? 


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ROTEIRO ÚNICO As cidades mostram suas ‘armas’ Os secretários de Turismo das quatro cidades do Litoral Norte se preparam para disputar os milhões de turistas que passam todos os anos pela região com suas melhores atrações. Veja quais são as ‘armas’ de cada cidade nesta disputa, conforme informação das prefeituras à Metrópole Magazine. CARAGUATATUBA Aposta em sua “excelente infraestrutura de comércio e serviços”, mas o secretário Cristian de Souza prefere destacar o aspecto histórico, já que cada cidade tem a sua história e este será sempre um diferencial. “Os eventos também têm particularidades de acordo com cada município”, afirma.

uma ruína de fazenda de escravos do século 18, está localizado em meio à Mata Atlântica em uma área de aproximadamente 1,2 milhão de metros quadrados, sendo um dos sítios mais importantes do Brasil.” UBATUBA A Prefeitura de Ubatuba apresenta como vantagem competitiva seu litoral com 102 praias. Também destaca o projeto de reforma e readequações do seu Centro de Convenções, de olho no fortalecimento do turismo de negócios na baixa temporada, contando ainda com o funcionamento do aeroporto local. O diretor do Departamento Operacional de Eventos e Receptivo do município, Marcos Roberto dos Santos, também ressalta “os 19 mil leitos de nossa rede hoteleira nos projeta com a capacidade de um receptivo maior que as outras cidades”.

ILHABELA

PARA SABER MAIS

“Quando pensamos em roteirização, temos que pensar em complementação dos roteiros entre os quatro municípios que fazem parte dele. Podemos propor o ecoturismo em Ilhabela em um roteiro e, em outro, Caraguatatuba”, diz o secretário Ricardo Fazzini.

Veja mais informações sobre roteiros turísticos, hospedagem e calendário de eventos nas quatro cidades do Litoral Norte nos seguintes sites:

SÃO SEBASTIÃO

- www.ilhabela.sp.gov.br

Segundo a Secretaria de Turismo, São Sebastião tem o centro histórico com arquitetura colonial do século 17 bem conservada e com prédios restaurados. “São sete quarteirões tombados”, descreve o secretário Edson Pavão. “O sítio arqueológico do bairro de São Francisco, que é

- www.ilhabela.com.br

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- www.turismo.caraguatatuba.sp.gov.br

- www.turismosaosebastiao.com.br - www.vivaubatuba.com.br


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NOTÍCIAS TURISMO

Fotos: Pedro Ivo Prates

Turismo em um novo patamar

Participação em feira de cruzeiros nos Estados Unidos representa um novo marco no desenvolvimento do potencial turístico do Litoral Norte Confira um clipe exclusivo sobre a Seatrade Cruise Global, primeira cobertura internacional do Grupo Meon


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Da esquerda para a direita: Felipe Augusto (prefeito de São Sebastião), Marcio Tenório (prefeito de Ilhabela), Crystal Campbell (Royal Caribean), Ricardo Fazzini (secretário de turismo de Ilhabela), Délcio Sato (prefeito de Ubatuba) e Luiz Bischop (secretário de turismo de Ubatuba)

Pedro Ivo Prates FORT LAUDERDALE (EUA)

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s prefeituras de Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba representaram o Brasil na Seatrade Cruise Global, maior feira de cruzeiros marítimos do mundo, realizada em março, em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos. O evento acontece há mais de 30 anos e reúne as principais empresas do setor. O Grupo Meon, que edita a Metrópole Magazine, realizou uma cobertura especial da feira com o repórter-fotográfico Pedro Ivo Prates, que registrou os três dias da Seatrade. Os atrativos das cidades do Litoral Norte foram expostos em um estande conjunto no evento. Representantes das três cidades se reuniram com representantes de empresas de turismo e potenciais investidores. “A natureza preservada, a cultura

e a gastronomia são os pontos fortes de Ilhabela que podem ser incluídos no itinerário de toda companhia de cruzeiros. Com certeza nossos atrativos turísticos podem agregar muito no roteiro das empresas, e com isso trazer mais turistas para nossa cidade, alavancando nossa economia. Queremos aumentar as escalas e estamos visando o turista internacional”, disse o prefeito de Ilhabela, Márcio Tenório (PMDB). Também fizeram parte da comitiva os prefeitos de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), e Ubatuba, Délcio Sato (PSD), além de secretários. “Queremos parcerias realmente efetivas para que possamos receber mais cruzeiros marítimos, e por um período maior”, afirmou Sato. Segundo os prefeitos, os contatos iniciados na feira poderão ter desdobramentos já no próximo verão. 


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COLUNA Edu Rosa

Fotos: Arquivo Pessoal

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1. Excelente equipe do CCAA Taubaté – agora em SJC também – sucesso ! 2. Camila F. Borrego comemorando os 40 anos de Paulo Borrego – Que Festa impecável ! Alegria alegria 3. João Carderelli curtindo um jogo do Verde Packers em momento esportivo no intercambio High School 4. Colaçao de Grau dos alunos Universidade Braz Cubas Jacareí UBC EaD neste ultimo dia 18/03 - Sucesso Formandos 5. Kildare Morcini em pausa nos estudos do Intercambio de idiomas em Toronto ! Keep it up !!!!!! 6. TOP a abertura oficial da Osten Land Rover Jaguar de SJC - Frédéric Droulin diretor Presidente entrega placa inaugural a Jorge Yamaniski Filho. 7. Familia Khalil - CAPRICHO !! 8. no lindo Recanto Serimbura Maria Eduarda comemorando aniversario da linda vovó Rogeria Cordoba – uma das melhores Chefs da região, cozinheira como ela mesma diz ... Happy B day e vida longa !

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Gastronomia&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Muito além da calma A favor do comer bem, Slow Food prega conscientização e sustentabilidade André Fressant SÃO BENDO DO SAPUCAÍ

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ão Bento do Sapucaí é um lugarzinho todo especial que fica localizado na Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo. Vizinha de Campos do Jordão, não lembra em nada a famosa cidade de inverno. A Pedra do Baú é um marco na sua paisagem e atrai muitos aventureiros e turistas. Mas o encanto dessa cidadezinha de interior não está só em torno de seu principal cartão-postal e sim, na gastronomia. Com dezenas de excelentes restaurantes, tem se tornado um importante centro gastronômico para o Vale do Paraíba. Os amantes da boa comida, além de se deliciarem com a diversificada culinária de São Bento, tem o privilégio de apreciar do alaranjado da terra ao verde da mata atlântica à imponência das araucárias. Reúne os tons de azul dos lagos e cascatas às diversas cores dos animais que se misturam com a paisagem. É um arco-íris de brandura coroado pelo clima ameno que torna a região atraente o ano todo, inclusive agora, no outono. Estar envolto deste cenário – para muitos paradisíaco. É ter a possibilidade de uma alimentação prazerosa e de qualidade. Nada de atacar a comida sem saboreá-la. Com pressa ou sem perceber o que está a sua volta. Por lá, em alguns restaurantes, o conceito do Slow Food impera. Uma combinação de sustentabilidade com comportamento – deixar a ansiedade e os compromissos para depois, e realmente ter prazer na refeição.

Para o Slow Food, a forma como as pessoas se alimentam tem profunda relação com o meio ambiente e, por isso, esse deve ser um ato responsável e consciente. A alimentação não pode prejudicar a saúde, a natureza e nem os animais. “São três os pilares básicos, bom, limpo e justo. O alimento deve ser bom, ter qualidade de sabor e aparência, ser elaborado com carinho e preocupação com o próximo; deve ser justo, com produtores bem remunerados, condições dignas no trabalho e que fomente a economia colaborativa da região; e deve ser limpo, ou seja, livre de agrotóxicos e aditivos químicos”, explicou o Chef Rodrigo Verdi. Presente em mais de 150 países e com mais de cem mil associados, o movimento surgiu na Itália, em 1986, como um protesto contra a comida rápida e industrializada. No Brasil, desembarcou no começo dos anos 2000 e vem sendo disseminado por “braços” locais do movimento que promovem palestras e fazem campanhas. Aberto em 2010, o restaurante Entre Vilas, a 23 KM de São Bento do Sapucaí e a 190 KM da capital paulista, oferece pratos com ingredientes regionais e frescos. Com uma doma branca, o proprietário do estabelecimento que não desgruda de sua taça de vinho apresenta as manifestações culinárias do restaurante. Agrônomo e também chef de cozinha, Rodrigo Verdi, conta um pouco de como empregou o conceito do Slow Food à casa. Aos 42 anos, o empresário uniu a profissão atual com a paixão pelo preparo das refeições.


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“O movimento se adapta a nossa filosofia perfeitamente. Quando abríamos as portas, não tínhamos uma identidade e precisávamos nos institucionalizar perante o mercado”, admitiu. Filiado ao movimento desde 2012, o espaço é destaque pela amplitude e a paz que inspira a 1600 metros de altura. Em um ambiente aconchegante, a cozinha está integrada ao salão principal, em que todos os clientes podem acompanhar o preparo das refeições. Das paredes em vidro, a vista em 180º impressiona e acalma. São 35 hectares, com plantação de uvas Malbec, Pinot Noir, Shiraz, Cabernet Franc e Sauvignon, além de um viveiro de frutas vermelhas. Na concepção do movimento o passeio pode durar uma manhã ou o dia inteiro — já que neste lugar é obrigatório utilizar todos os sentidos e percepções. O casal Cláudio Cinelli, de 44 anos e Gisele Gandolfi, de 39, vieram de São Paulo para conhecer a casa. “Além da incrível gastronomia, há muito que se fazer por aqui. Entre as refeições podemos passear pela fazenda, conhecer as parreiras e sob o restaurante, uma adega em pedra, que podemos visitar e conhecer os vinhos da casa que estão em maturação”, comentou Cláudio. No restaurante, os ingredientes e produtos artesanais chamam a atenção. Vale provar o menu que a cada final de semana é uma surpresa para o paladar. “Nos inspiramos em ingredientes da época, por isso não temos um cardápio fixo”, reforçou o chef que ainda explica o porque do conceito de não possuir um cardápio no estabelecimento. “Essa proximidade de vir até a mesa do cliente, se preocupar com o bem-estar dele, falar sobre o Slow Food e então, depois dizer qual é o menu, faz toda a diferença”. Uma combinação variada de ingredientes saborosos e coloridos que estimulam a visão e aguçam o paladar. A cozinha é tocada pelo chef e proprietário


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do Entre Vilas, Rodrigo Verdi e outros três chefs. E se ainda há energia depois do incrível passeio que se pode fazer pelo sítio, chegou o momento de experimentar algumas opções de pratos. Um menu degustativo que não só aflora visão ou paladar, mas trabalha e muito, o olfato, a audição e o tato. Leve, saboroso, ideal para abrir o apetite e estender o tempo para as outras refeições o antepasto foi pinhão cozido, lascas de queijo parmesão, azeitonas e salame encharcados no azeite e um delicioso pão caseiro. O diferencial são as alcaparras servidas produzidas no município de Brazópolis, no sul de Minas Gerais. “A alcaparra é uma cultura de origem europeia, da região do Mediterrâneo,

Talharim à provençal

pouco comum no nosso país. Aliás, não existem muitas informações sobre o cultivo no Brasil. E aqui, volto a dizer sobre um dos fundamentos, o justo. Dar preferência para os produtos da nossa

“São três os pilares básicos do Slow Food: bom, limpo e justo” Rodrigo Verdi, CHEF DE COZINHA

região e fomentar a economia local” reforçou Rodrigo Verdi. Colhido na Usina de São Bernardo, em uma vila afastada da região urbana de São Bento, por pescadores locais, o lambari-do-rabo-vermelho é servido sequinho e muito crocante como entrada. Se a cozinha tem sabor caseiro, é claro que tem massas. Para celebrar o primeiro prato, um talharim à Provençal sem pretensão e com um tom acolhedor reforça a proposta do Slow Food: ter prazer durante a refeição. Com um sabor inédito e marcante, chegamos ao prato principal. Neste momento, a dica principal é dar aquele tempo e conhecer os pés de castanheiras portuguesas que são abundantes e caminhar pela plantação de uvas. Rainha das uvas tintas, a fascinante Pinot Noir, é considerada a mais difícil de cultivar e de difícil adaptação. No vinhedo do Entre Vilas, se produz um dos mais elegantes vinhos da região. “De maneira artesanal e simples, nós expomos o que a uva tem de melhor, sem aditivos químicos ou conservantes. São mais de 18 mil garrafas produzidas em nove anos de safra”, apresentou o chef Rodrigo. Um suculento pedaço de leitoa à pururuca figura entre as cinco maravilhas gastronômicas apresentadas pelo restaurante. Uma iguaria da culinária caipira dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, é servida com uma geleia de pimenta e batatas


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assadas temperadas com uma fina crosta de pimenta-do-reino. A sobremesa dá o toque final à degustação. Uma simples ideia de um creme chantilly coberto por calda de frutas vermelhas e framboesas frescas colhidas no dia. A pavlova tem textura agradável e suave, uma ótima opção para encerrar as mais de quatro horas dentro do restaurante. Acompanhar o pôr do sol é imperdível: um vislumbre. Os moradores locais dizem que a paisagem foi esculpida pela natureza. Não por nada, mas o lugar é visto com um refúgio do estresse urbano.

Para o celular A organização mundial Slow Food lançou um aplicativo colaborativo com dicas gastronômicas de lugares e compras no Brasil e no exterior. A versão brasileira do app reúne dicas de Belém e arredores, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Norte Catarinense, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo. O aplicativo traz recomendações de acordo com a localização do usuário e as divide por estabelecimentos (na aba “Tempo para Comer”), produtos (“Tempo para Comprar”) e no que a pessoa está a fim de fazer, como tomar um café ou curtir um happy hour (“Tempo para mim”). Mesmo desconectado, o usuário pode acessar off-line as dicas salvas em ‘Favoritos’. 

O chef Rodrigo Verdi apresenta a leitoa à pururuca, um dos pratos mais pedidos da casa


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Social&

por André Fressant

Foto: Pedro Ivo Prates

Perfil Ela nasceu em abril de 2011 e já veio ao mundo com uma certeza: brilhar muito! Neste mês de abril, a joseense Alice Leite completa 6 anos de idade e já esbanja muito carisma e talento. A nova queridinha das campanhas publicitárias e da televisão já gravou três comerciais, sendo um deles internacional, participou de programas de TV e tem seu próprio canal no YouTube. A primeira vez que apareceu na televisão foi no ano passado, no Raul Gil (SBT). Alice foi selecionada para interpretar a canção “Ciranda da Bailarina”, clássico de 1983. Durante a apresentação, mostrou passos de ballet e uma voz afinada. “Faço ballet desde os 3 anos, e para a gravação do quadro do vovô Raul a produção me preparou para cantar”, relembrou a criança. Tamanho foi o sucesso da sua performance que ela foi convidada a participar do programa outras duas vezes. Comparações com a conterrânea, a apresentadora e atriz Maísa Silva, são inevitáveis, mas qualquer semelhança é mera coincidência. “Somos afilhadas do vovô Raul Gil, nossas primeiras apresentações foram no palco dele. Maísa é minha inspiração”, confessou Alice.

Novela Simpática, moleca, disciplinada, pequena no tamanho, mas com atitude de quem já entende da arte de interpretar, a atriz mirim acabou de gravar oito cenas para a novela infantil “Carinha de Anjo”, também da emissora de Silvio Santos. “Minha personagem é amiga da personagem principal, a Dulce Maria. E, segundo o diretor, o papel foi um presente para mim, pois ela também se chama Alice”. Alice, que já havia participado de um comercial para TV regional, ganhou destaque dos produtores e olheiros após suas idas ao programa do SBT. Com um currículo de dar inveja para muitos adultos, ela está prestes a estrear seu terceiro comercial e o primeiro internacional. “É uma campanha que gravei no Rio de Janeiro. Fiquei na cidade uma semana com minha mãe e tive um dia de folga. Aproveitei para conhecer a praia”, comentou. E para abocanhar uma parcela do público que não consegue acompanha-la na TV, Alice Leite criou em fevereiro seu canal no YouTube. “Vou postar minhas brincadeiras, atividades educativas, novidades, meus trabalhos, minhas apresentações”, finalizou.


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Formada em Design de Moda, a representante de São Sebastião Isabella Burgui, não venceu o concurso de beleza Miss São Paulo Be Emotion 2017, mas conquistou o público pelo seu carisma e desenvoltura. Com 1,77 de altura e 57 quilos, a modelo era a favorita para levar o título. Durante o concurso, ela ficou apenas entre as cinco finalistas. E mesmo não sendo coroada, Isabella recebeu um título muito importante: a mais bela do Vale do Paraíba, já que as outras candidatas da região à Miss não passaram pelo TOP 12 da competição. A bela de 23 anos morou em Maresias, em São Sebastião durante sua adolescência e hoje, vêm a passeio na cidade todos os finais de semana em sua casa de veraneio. “É uma honra muito grande representar as mulheres de São Sebastião. Sinto-me lisonjeada. Gostaria de ter ido mais a frente no concurso pra promover mais a região e contribuir com melhorias para a cidade”, completou.

Foto: Fábio Cerati

Isabella Burgui, Miss São Sebastião

Foto: Nando jr.

Relicário Art & Decor Quem passa pela Avenida São João, no Jardim Aquárius, em São José dos Campos, pode não ter percebido, mas há um relicário - estabelecimento que vende artigos antigos. Não há como passar pelo local, que fica localizado no edifício comercial Hellbor Offices, e não ficar admirado pelas peças, que encantam especialmente àquelas pessoas que gostam de antiguidade e luxo. No mercado há 20 anos e atualmente sem concorrentes, a empresária Tânia Carvalho, de 56 anos, proprietária do luxuoso Relicário Art e Decor, recebe colecionadores de várias regiões do país para comprar objetos antigos que têm alto valor de mercado. As peças dispostas no antiquário são de tempos históricos variados e de localidades também. Passear pelo antiquário é entrar em contato com histórias variadas e voltar ao tempo por meio da observação de cada detalhe, cada pintura e matéria-prima.

Formatura do curso Magna 2 Divulgação

Os alunos do Curso Magna 2, Transformação Empresarial, viveram uma experiência inovadora. Após 12 meses de curso, a formatura foi em Ilhabela, em uma regata sob a orientação da BL3 Escola de Iatismo. O objetivo, afirmam Eugênio Ferrarezi e Jeremias Rodrigues, organizadores do curso, foi trazer a navegação para o mundo dos negócios, com planejamento, foco, trabalho em equipe e competitividade.


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Arquitetura&

Fotos: Arquivo pessoal

De apartamento para uma ‘casa’ aconchegante

Projeto elegeu materiais como a madeira e o cimento queimado apostando no estilo monocromático e destacando o design Lucila Guedes SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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ransformar um apartamento de 243 metros quadrados com oito ambientes em uma ‘casa aconchegante’ para acomodar um casal e seu bebê. Este foi o desafio de outro casal, os arquitetos Tatiana Otta e Eduardo Albernaz, da Otta Albernaz Arquitetura, que lançaram mão de muita madeira, cimento queimado, ladrilhos e poucas cores – encontradas em detalhes como uma luminária, portas de armários e ladrilhos. Outra aposta dos arquitetos foi no design dos móveis, vários deles assinados. A sala, por exemplo, recebeu uma estante de madeira que ocupou toda a parede (4,50m x 2.58m) para atender ao estilo do casal, que utilizou o espaço de forma bem pessoal guardando livros, objetos de viagens e de decoração, fotos e até troféus.

“Criamos um ambiente bem prático na sala e o espaço da estante proporcionou uma flexibilidade na decoração, concentrando ali um ambiente familiar com fragmentos da característica de vida deles, como um convite para se sentirem em casa”, explicou Tatiana. Outra intervenção dos arquitetos foi integrar a varanda à sala, nivelando o piso e tornando o ambiente uma aposta

interessante com a instalação de uma bancada de ladrilho colorido, mas puxando pelos tons do azul. Já a cozinha ganhou um estilo mais provençal, trabalhando as cores para dar um toque contemporâneo e estilizado. Aliás, a cor é um dos itens que define bem o projeto de Tatiana e Eduardo. Eles optaram por poucas cores para ressaltar a madeira nas paredes e o

Estante da sala integra vida do casal à decoração


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cimento queimado utilizado no piso. “A madeira dá um efeito de aquecer o ambiente”, disse Tatiana. Neste contexto, as poucas cores utilizadas ganharam destaque na decoração, como uma luminária azul com interior laranja, um toque de cor na sala monocromática. O estilo foi estendido à suíte do casal e ao banheiro, que ganhou bancada dupla e banheira. O quarto e o closet da suíte compõe um espaço monocromático, mas com texturas que receberam materiais como pedra e revestimentos que deram volume à parede, com a intensão de deixar o ambiente aconchegante. “Como usamos uma linha mais monocromática, com a madeira, o cimento e poucas cores como cinza e azul, pudemos destacar outros detalhes nos ambientes, como o design das cadeiras da sala”, disse a arquiteta. Para o casal, em certos projetos não necessariamente priorizar as cores é o essencial, mas diminuir os tons e ressaltá-los.

Para o quarto do bebê os arquitetos pensaram em um quarto que pudesse acompanhar as diversas fases da criança. “Optamos por diversos tons de cinza nos elementos fixos da decoração, como na marcenaria e no papel de parede”, disse Eduardo. A cor rosa entrou em detalhes como quadros e, acessórios, como a roupa de cama, criando texturas e contrastes.

Perfil Formados em 2006 pela Universidade Federal Fluminense – e juntos desde então na Otta Albernaz Arquitetura – Tatiana Otta e Eduardo Albernaz têm como característica trabalhar nos projetos uma linguagem clean, porém aconchegante e com pitadas de ousadia e coerência. Materiais como concreto, madeira e vidro estão presentes na maioria dos projetos do casal, que também gosta de valorizar a qualidade do design nacional. 

Projeto destaca cores em objetos e design diferenciado

Tons de azul estão nos ladrilhos da bancada e no armário da cozinha


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Crônicas & Poesia

Muita informação, pouca reflexão Designed by Freepik.com

A internet e as redes sociais deram megafones para os outrora surdo mudos da sociedade, alterando por completo a balança de poder no mundo moderno. O cidadão comum ganhou mais força nas relações de consumo e de cidadania. Está empoderado. Agora tem voz, mouse, seguidores e a senha do cartão de crédito. Agora tem um protagonismo inédito, deixando de ser mero consumidor passivo do que a mídia ou grupos organizados distribuem para se tornar um produtor de conteúdo. Todo cidadão e internauta hoje é também um pouco repórter, um pouco médico, um pouco louco. E isso é bom, porque democratiza o acesso ao debate de todas as causas, mas ao mesmo tempo tem seus riscos, que não são poucos. Não há um trabalho de curadoria de conteúdo, como no (bom) jornalismo tradicional, nem tampouco checagem da veracidade da notícia, ficando muitas vezes difícil separar aquilo que é relevante e verdadeiro daquilo que é mero boato desprovido de fundamento. No meio dessa avalanche, há muita gente saturada de informação e ao mesmo tempo desinformada, porque mais do que consumir informação o que importa no final das contas é ser capaz de produzir reflexão. Agora as opiniões são formadas de maneira difusa, complexa, amalgamada, misturadas num liquidificador social de infinitas fontes, indecifrável. Tudo junto e misturado ao mesmo tempo agora. E o programa de TV vai parar no YouTube que vai parar no celular do estudante no ponto de ônibus, que vai virar uma piada compartilhada no WhatsApp. E a manchete do jornal é comentada por um locutor de rádio, que é

depois regurgitada no Twitter, que depois é assunto no boteco, que depois vira um post no Facebook. E nessa alquimia incontrolável as ideias e opiniões vão se formando, as verdades às vezes vão se (de)formando (ou virando “pós verdades”), num processo contínuo, um tanto caótico e incontrolável. É curioso notar que, a despeito de toda a gama de informações que podemos coletar hoje em dia, cujo ápice se dá na figura do chamado “Big Data”, nunca foi tão difícil compreender e analisar o produto final do que se possa chamar “Opinião Pública”, e muito disso se dá em decorrência dessa produção um tanto aleatória e incontrolável de conteúdo, criando uma fragmentação de ideias e pontos de vista muito grande, que no agregado até podem formar um “todo”, mas que não sobrevivem a um olhar mais atento. Não existe mais um único todo, mas múltiplas frações, infinitos redutos, clusters, nichos, segmentos. O mundo já não cabe mais nas divisões simplistas de direita ou esquerda, Flamengo ou Fluminense. Os moldes de antes já não servem para as formas de hoje. Pesquisas de opinião contemporâneas, aliás, têm demonstrado essa dificuldade. Recentemente foi divulgada a pesquisa “O Brasileiro e a Política”, feita

pelo Instituto Locomotiva em parceria com a eCGlobal, que aborda a relação do brasileiro com a política, e os resultados mostram uma desconcertante ambiguidade. Brasileiros que se dizem de direita apoiam que o Estado mantenha empresas estatais fortes e parte considerável dos que se dizem de esquerda defendem que os Direitos Humanos não devem valer para bandidos. E o brasileiro é a favor da Democracia, mas contra a política. E o brasileiro é católico, mas pula sete ondinhas para Iemanjá. E o cético bate 3 vezes na madeira, e o agnóstico diz que graças a Deus é ateu. O Brasil não é para amadores, já disse um famoso brasileiro, Antônio Carlos Jobim, que amava o Brasil e morava em Nova York. Sim, estamos nos afogando em números como nunca antes na história, temos dados sobre tudo, mas nunca a sociedade foi tão complexa e multifacetada. Tudo que sabemos é que não sabemos nada e que nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Portanto, se você acha que sabe de alguma coisa, lamento informar, mas você está profundamente desinformado.  Alexandre Corrêa Lima é administrador de marketing e pesquisas, palestrante e escritor diletante. Escreve semanalmente para o portal Meon.


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