Metrópole Magazine - Maio de 2017 / Edição 27

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Maio de 2017 – Ano 3 – nº 27 – Distribuição gratuita

A hora dos criativos Quem são os jovens empreendedores da região que, com pouco dinheiro e muitas ideias na cabeça, estão sacudindo o mercado da inovação

O REI DA WEB

Junior Guimarães, o Tapa Olho Experimental, fala do sucesso na internet e da incursão no mundo dos games pág. 16

ESPECIAL

Três anos depois da pior crise hídrica da história do Estado, especialistas alertam: cenário não permite acomodação pág. 34





No Colinas Shopping a alegria está por todos os lados. O shopping está repleto de atrações para a criançada. São diversas opções de lazer, entretenimento, compras e alimentação para tornar seus passeios em família ainda mais divertidos. Venha para o Colinas Shopping. Afinal, alegria e diversão a gente encontra aqui.

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6 | Revista Metrópole – Edição 27

EDITORIAL

O aquecimento da economia é perceptível no comportamento de investidores, empresários e consumidores A Metrópole Magazine de maio, cujo mês

jovens (e adultos) que para ter sucesso em em-

naturalmente reflete a unanimidade de senti-

preender não é necessário seguir velhos padrões

mento de amor, gratidão e família, contagian-

de ter uma indústria, cursar faculdade de medi-

do a todos pelo Dia das Mães, segue firme na

cina ou direito. A realização como profissional

concepção de trazer aos seus leitores matérias

de sucesso pode vir de um infortúnio como, por

desenvolvidas em prol da região, mostrando as

exemplo, o que levou um jovem a criar o per-

inúmeras oportunidades que se encontram por

sonagem que é sucesso na web, o “Tapa Olho

aqui. Já se diz que estamos no Vale do Paraíba

Experimental”.

do Silício, numa referência à região norte ame-

Estamos num momento que não pode ser

ricana de onde surgiram empresas que revolu-

considerado como retomada de crescimento,

cionaram o mundo, o Vale do Silício. Por aqui

mas deve reflexionar como primeiros passos

também startups se multiplicam, atraem os

para saída da crise. A entrevista concedida pelo

olhares de investidores do mundo todo e firmam

presidente da Aconvap, Fabiano Moura, salien-

a característica de polo tecnológico e de inova-

ta o esforço do setor em participar de uma dis-

ção. A matéria de capa explica os critérios para

cussão propositiva, trazendo luz aos benefícios

que uma ideia se transforme em startup e as di-

da verticalização e necessidade de que haja um

versas possibilidades que surgiram como forma

pacto entre construtoras e poder público em fa-

de melhorar a vida de empresas e pessoas, mas,

vor do desenvolvimento da cidade.

acima de tudo, transformando uma ideia em re-

São sinais muito positivos para todos aqueles

alidade, com alto faturamento, geração de em-

que empreendem, vivem por aqui e acreditam

pregos e arrecadação pelo poder público.

que a Região Metropolitana do Vale do Paraíba

Transformar uma brincadeira em negócio lucrativo também é uma forma de mostrar aos

e Litoral Norte é especial e realmente muito promissora.

Regina Laranjeira Baumann


metr pole magazine www.meon.com.br/revista

Diretora-executiva Regina Laranjeira Baumann Editor-chefe Max Ramon Repórteres Eliane Mendonça Marcus Alvarenga Rodrigo Fernandes Colaboradores João Pedro Teles Wagner Matheus Yasmin Faria Fotografia Pedro Ivo Prates Diagramação José Linhares

NHECE, CONHECEArteBDO

e market no Brasil dvisory

Giuliano Siqueira

Executivos de Negócios Eduardo Pandeló Juliane Silveira Dimas Ferreira Greice Kelly Cintia Dovidauskis Norival Silva Departamento Administrativo Gabriela Oliveira Souza Larissa Oliveira Maria José Souza Roseli Laranjeira

Tiragem auditada por:

262 m.br

Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita


8 | Revista Metrópole – Edição 27

SUMÁRIO Pedro Ivo Prates

Matéria de Capa

24

Polo Tecnológico e de inovação, São José dos Campos se firma como celeiro de startups na região do Vale do Paraíba

ESPORTES 54 Conheça a história das ‘meninas

COMPORTAMENTO 38 Novas 16 ENTREVISTA tendências estão moldanNovo presidente da Aconvap prega

do o pensamento e as expectativas de noivos da região sobre o ‘grande dia’.

Pedro Ivo Prates

EDUCAÇÃO 42 Cursos técnicos se adequam às necessidades do mercado para formar profissionais empreendedores e com uma visão ampla sobre a profissão. Pedro Ivo Prates

POLÍTICA 20 Nunca se leu e discutiu tanto sobre política no Brasil. Mas, nas redes sociais, cada um fala a sua própria língua e ninguém se entende. A única certeza é que o debate virtual veio para ficar.

32 ESPECIAL Cheia dos reservatórios criou falsa sensação de que a situação está resolvida, mas não se engane: essa cruzada está longe do fim.

10 12 14

superpoderosas’ de São José que garantiram espaço na elite da canoagem brasileira. Pedro Ivo Prates

um debate ‘sem radicalismos’ em torno da nova Lei de Zoneamento de São José e propõe um pacto entre construtoras e prefeitura.

TURISMO 60 Metrópole traz 4 sugestões SAÚDE 46 Novo procedimento que reduz a gordura das bochechas promete acabar com problemas estéticos e funcionais.

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases&

70 72 74

para curtir o inverno longe da badalação.

66 Gastronomia& Estações mais frias do ano alçam os triviais pãezinhos a destaques em receitas sofisticadas.

Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


Visite a Câmara Municipal Alunos das escolas de São José dos Campos têm a oportunidade de aprender na prática como as leis municipais são criadas e de debater com os próprios vereadores problemas que acontecem no seu bairro ou na cidade. O programa Visite a Câmara promove uma integração com os estudantes e explica o papel do Legislativo no desenvolvimento da cidade. A Câmara recebe visitas de escolas públicas, particulares e também de associações e entidades. Para agendar as visitas, entre em contato com a Secretaria de Comunicação pelo telefone (12) 3925-6515 ou pelo e-mail visiteacamara@camarasjc.sp.gov.br.

Canal 7 da NET e 9 da VIVO TV www.camarasjc.sp.gov.br /camarasjc

/camara_sjc /camarasjc /camarasjc

CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


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Espaço do Leitor Edição 26 – Abril de 2017 RMVALE

Feedback A edição de abril da Metrópole Magazine trouxe como destaque um debate sobre a vocação econômica de São José dos Campos. A cidade, que virou potência com a indústria, encara agora o desafio de se reinventar para gerar emprego e renda. Para a prefeitura, o futuro da cidade passa por dois eixos: inovação (com o estímulo à economia criativa e às startups) e logística (com condomínios industriais e centros de distribuição).

Abril de 2017 – Ano 3 – nº 26 – Distribuição gratuita

E agora,

SÃO JOSÉ ? Cidade que nasceu “dos campos” e virou potência com a indústria encara agora o desafio de se reinventar para gerar emprego e renda

ESPECIAL

Jacareí comemora 365 anos com planos de melhorias e novos investimentos pág. 34

ENTREVISTA

Reeleito em um cenário improvável, Ortiz Junior fala sobre eleições, adversários e os desafios do novo governo

A edição também trouxe uma entrevista exclusiva com o prefeito de Taubaté, Ortiz Junior (PSDB). Reeleito em um cenário improvável, o tucano falou sobre as lições tiradas do primeiro mandato, a relação com os adversários e os desafios do novo governo. O crescimento do mercado pet na região, o aniversário de 365 anos de Jacareí e os eloquentes versos do rapper Neto, uma das maiores revelações do gênero no país, também tiveram destaque na revista.

pág. 16

Polo sobre rodas “Muito legal a reportagem sobre o bike polo. Confesso que não conhecia o esporte, mas gosto muito de bicicleta e, por isso, me interessei bastante. É muito bom saber que a revista abre espaço para todas as modalidades esportivas, sem ficar presa apenas ao futebol, como a maioria dos veículos de imprensa.” Eric Bueno Abril de 2017 | 57

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NOTÍCIAS ESPORTES

Fotos: Pedro Ivo Prates

Polo sobre duas rodas

Conheça o Bike Polo, o esporte que está ganhando novos adeptos pelo Brasil e possui uma equipe em São José dos Campos

sobre o esporte, mas sempre desconversavam. Até que convenci o meu irmão e no dia 19 de março de 2013, debaixo de chuva, na quadra do Jardim Aquárius, com tacos de alumínio e PVC e bicicletas comuns de rua, fomos descobrir qual era a do bike polo”, descreve. O ‘boca a boca’ ajudou aos irmãos a encontrarem novos adeptos da modalidade, conseguindo ainda no mesmo ano participar do primeiro campeonato. “Ainda em 2013, jogamos o sul-americano, em São Paulo. Foi o nosso primeiro grande campeonato, havíamos acabado de começar e foi uma oportunidade para aprendermos e garantir experiência”, relata Lucas sobre o momento que o São José Bike Polo se aproximou ainda mais de equipes de outras regiões, aumentando o grupo de conhecidos dentro da modalidade.

Conheça as regras do Jogo:

Abril de 2017 | 55

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Cultura&

Fotos: Pedro Ivo Prates

No caminho do meio

Com rap ‘sócio-espiritual’, joseense Síntese desponta como revelação do cenário nacional João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

uma casa de fachada alaranjada, poucos móveis e alguns quadros aleatórios na parede da sala sem televisão, uma grande lousa branca, riscada à caneta vermelha formando um calendário, destaca, no mínimo, 20 compromissos até o mês de maio. As portas trazem pinturas a spray e, na parede que divide a sala da cozinha, um papel sulfite colado estampa os dizeres: “Pegue sua vida e a transforme em poesia”. A área externa é ampla; no fundo da residência há dois sofás, paredes pichadas aleatoriamente com versos, palavras soltas e alguns desenhos simples. É deste local, no bairro Bosque dos Eucaliptos, zona sul de São José dos Campos, que o rapper Neto, cabeça por trás do projeto Síntese, elabora sua revolução “sócio-espiritual” por meio da música. O artista de 23 anos é uma das maiores revelações do rap no Brasil. E a lousa escancarada na sala de sua casa comprova isso. Há ali eventos marcados para todo o país,

do Rio Grande do Sul ao Amazonas. Neto é um jovem acelerado, não é dado a ruminar os pensamentos que sucedem-se urgentes na cabeça. Antes de receber nossa equipe, o rapper caminha para lá e para cá ao telefone. A vitrola de seu quarto toca alto o vinil do novo trabalho de Mano Brown, “Boogie Naipe”. “Mano, e tem gente que não gostou desse disco, pelo amor de Deus”, comenta, antes de nos levar até a praça do Estoril, onde Neto se diz mais à vontade para conversar.

Amém Em 2016, o artista finalizou o segundo trabalho com o Síntese, “Trilha para o Desencanto da Ilusão Vol. 1 ‘Amém’”. O álbum, lançado pelo selo independente Matrero – que reúne nomes do rap da região –, catapultou o rapper como uma das grandes promessas do gênero no país. O disco é produzido por Daniel Ganjaman, mesmo produtor de “Convoque Seu Buda”, de Criolo, álbum no qual Neto faz participação na música “Plano de Vôo”. O rapper toca sozinho o projeto Síntese desde 2013, um ano depois do primeiro

Confira clipe exclusivo no Portal Meon

CD, “Sem Cortesia”, ser lançado de forma independente. À época o Síntese era formado por Neto e Léo. Mesmo sendo sucedido de uma pausa para reflexão dos integrantes, o disco contou com um grande alcance no cenário musical. “Fizemos uma coisa que ainda não tinha sido feita no rap nacional. A gente decidiu fazer um rap forte, que ninguém fique fora. O único jeito de fazer isso é submeter a gente mesmo a esse julgo, esse raio-x da consciência, entre a verdade e a realidade, o que deveria ser e o que é. Acredito que a gente mexeu com a estrutura do rap por isso, por falar algo universal. Depois disso tivemos um período atribulado. Parei um pouco e só voltei em 2013”, comenta, antes de lembrar que o ex-parceiro, Leo, desenvolveu um quadro de esquizofrenia e precisou ser internado.

Caminho do meio A obra do Síntese, assim como a filosofia de Neto – não é exagero dizer que ambas fundem-se numa proposta unificada – se equilibram num estreito caminho entre as questões mundanas e as espirituais. O trabalho se apóia num regionalismo universal, que mira as questões que se avizinham (problemas sociais, violência, falta de perspectiva), mas acerta mesmo nos temas filosóficos, que conversam com todo e qualquer ser humano, seja lá onde ele estiver. “Para compreender o micro, eu encaro as coisas de um jeito mais macro. Penso que não represento esse ou aquele local, represento o povo da Terra e falo sobre as verdades que atormentam todos os seres humanos. Procuro ser verdadeiro comigo mesmo e vejo a arte como um entretenimento sim,

mas um entretenimento de desconstrução. È preciso se desconstruir a todo momento para se juntar novamente, temos que aceitar essa transformação constante”, comenta. A fala fica ainda mais vertiginosa à medida que Neto divide suas impressões sobre o mundo e as relações humanas, seu assunto predileto. Ele explica que, pela característica de transformação e universalidade presentes em sua obra, as músicas do Síntese fazem parte de programas de recuperação de menores e tratamentos com pessoas que possuem distúrbios mentais. “Tem pastor que usa nossa música no culto, projetos de reabilitação, na cadeia, nos tratamentos de esquizofrenia. Todos esses lugares envolvem o extremo da vida humana, o extremo da transformação do indivíduo. E o rap é isso. Por isso que pra fazer essa música tem que ser louco mesmo”, comenta.

Palco, terreno de liberdades Os shows do Síntese são permeados por uma atmosfera de devoção. Um sentimento de comunhão que o rapper partilha com o público. Foi assim no Sesc Pompéia, apresentação que Neto realizou no dia 18 de março, com ingressos esgotados cinco dias antes do evento, para 850 pessoas em um dos palcos mais celebrados do país. Se são nas composições que o rapper imerge em suas conexões e reflexões filosóficas, é no palco que Neto se diz livre para ser o que quiser. Em conexão com o público, o artista se liberta para, como ele mesmo diz, entregar tudo aquilo que alcançou com as composições. “O que passa pela minha cabeça ali é fazer jus à profundidade que eu visitei enquanto estava escrevendo as músicas. O palco é liberdade e liberdade é não ter medo. Quando estou me apresentando, não tenho medo de bater de frente com o status quo. Com um Estado que nos quer no chão, falidos e mudos”, explica. Em seu terreno preferido, além das canções, o artista também comenta temas da atualidade. O Fla-Flu político é um dos preferidos do rapper. “Hoje virou síndrome de torcida organizada. Tudo é uma gritaria,

ninguém escuta. A gente tem que se reconhecer como espécie, superar nossas diferenças. Por isso que eu não sou burro de ficar atacando político que nem escuta meu rap. Prefiro conscientizar as pessoas, porque são pessoas que elegem presidentes e que constroem um mundo melhor”, diz

Meio urbano, meio do mato Filhos de pais mineiros que vieram a São José dos Campos em busca de trabalho na indústria, Neto se vê como um típico cidadão valeparaibano: urbano, mas nem tanto. O pai, Eustáquio, saiu de Piranguçu, distrito de Itajubá. Por aqui, fez carreira na Embraer e conheceu a mulher, Salete. A música, seja na moda de viola, MPB ou até mesmo na música erudita, sempre esteve presente no cotidiano da família. A moda de viola, em especial, foi uma das primeiras influências do rapper, que ainda hoje se diz um admirador da poesia rural dessas composições. A casa onde hoje moram Neto e seu irmão Davi é herança dos pais, que, após a aposentadoria de Eustáquio, o mudaram-se para o campo. “Eu acho minha essência quando estou perto dos meus pais e primos. Sou do meio termo como todo o indivíduo valeparaibano, meio da roça, meio da cidade. Meus pais são minha maior inspiração e foram as pessoas que mais me deram força nesse caminho do rap. Hoje, vendo que a minha música chega no coração das pessoas e ajuda a promover transformações, eles apóiam ainda mais e incentivam mesmo”, afirma. Os exemplos familiares talvez sejam entre as razões pelas quais o artista não se deslumbra com a fama. Neto gosta de levar a mesma vida de sempre. Pega ônibus, não passa grandes temporadas longe de São José e também não nega uma prosa com algum fã de seu trabalho. “O melhor disso tudo é você mostrar pras pessoas que você é normal. Acho que falta muito para esses artistas famosos se humanizarem mesmo. Eles ficam achando que sentar nesse trono dá a eles algum tipo de respeito, ou mais dinheiro. A função da arte é o corpo a corpo. Tem que ter proximidade com a realidade das pessoas”, conclui. 

Evolução

Partida de Bike Polo em uma quadra pública na zona oeste de São José

Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

pós o aviso sonoro, os times saem da linha de fundo, atravessam a quadra e iniciam uma disputa sobre rodas por uma pequena bolinha. Como qualquer outro jogo, o objetivo é fazer o gol. O único “problema” é que os atletas estão sobre bicicletas, com mãos e pés ocupados.

Esse é o Bike Polo, esporte que tem ganhado cada vez mais praticantes em São José dos Campos. O jogo é uma mistura dos tradicionais polo à cavalo, polo aquático e hockey, mas substituindo o meio de locomoção por uma bicicleta. Os pioneiros da modalidade na região foram os irmãos Alberto Rabelo e Lucas Rabelo, que em 2013 experimentaram a sensação de jogar pela primeira vez um esporte.

Após quatro anos da primeira partida, o time do São José Bike Polo soma oito atletas ativos, que participam dos treinos e encontros, mas oficialmente o time em quadra deve ser composto por três ciclistas para as competições. A integrante mais recente é a comunicóloga Amanda Ovando, 23 anos, que começou a praticar o esporte há dois meses e afirma que é a primeira modalidade coletiva em que ela se sente acolhida.

“Eu estava montando uma bike, procurando alguns vídeos na internet, quando assisti um vídeo relacionado ao segundo campeonato mundial de bike polo. Fiquei curioso, comecei a procurar mais e quis testar o jogo”, conta Alberto, professor de sociologia, 30 anos, sobre seu primeiro contato com a mobilidade. A primeira ‘partida’ disputada em São José foi somente entre os irmãos. “Eu tentava conversar com as pessoas

Revelação do rap “Neto é o cara. Versos poderosos. Não canso de escutar.” Lilian Abraão Soares

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12 | Revista Metrópole – Edição 27

Aconteceu& Divulgação

Embraer anuncia parceria com Uber para desenvolver carro voador

Após 100 dias de governo, Felicio é aprovado por 36,6% dos eleitores Pesquisa contratada pelo Grupo Meon de Comunicação mostrou que, após 100 dias de governo, o prefeito Felicio Ramuth (PSDB) tinha a aprovação de 36,3% dos eleitores de São José dos Campos. O índice representa a soma dos que consideravam a atual administração ótima (6%) ou boa (30,3%) na ocasião. A gestão de Felicio foi considerada regular por 31,1% dos eleitores e reprovada por 9,8% –soma dos que a avaliavam como ruim (5%) ou péssima (4,8%). Outros 22,8% dos eleitores ainda não tinham uma opinião formada sobre o atual governo. O levantamento foi realizado no dia 12 de abril pela Mind Pesquisas. Foram ouvidas 400 pessoas (nas ruas e entrevistas domiciliares) em todas as regiões da cidade. A margem de erro é de cinco pontos percentuais para mais ou para menos. 

Greve geral para transporte coletivo, escolas, bancos e rodovias na região Os protestos realizados pelas centrais sindicais no dia 28 de abril contra as reformas Trabalhista e Previdenciária pararam a região. O setor mais afetado foi o transporte coletivo, com a paralisação de todas as concessionárias em seis cidades da região (São José, Taubaté, Jacareí, Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Caçapava). A greve geral também afetou o funcionamento das escolas (inclusive particulares), fábricas, bancos e Correios. Durante os protestos, manifestantes bloquearam avenidas e estradas em toda a região. Um dos casos, em São José, terminou com quatro estudantes atropelados por um motorista que tentou atravessar a manifestação. Ele acabou preso e indiciado por tentativa de homicídio. 

Pedro Ivo Prates

Pedro Ivo Prates

A Embraer anunciou um acordo com o Uber para desenvolver o carro voador da companhia de transportes urbanos. Chamado de Elevate Network, o sistema a ser desenvolvido permitirá que seja feito transporte aéreo com decolagem e aterrissagem vertical --parecido com o de drones, mas com a possibilidade de transportar uma pessoa. As ilustrações divulgadas pelo Uber mostram um veículo compacto com hélices semelhantes a um helicóptero. Segundo as empresas, o carro voador (chamado de VTOL) foi imaginado para ser um meio de transporte aéreo de baixo custo e, por ser elétrico, não fará a emissão de gases poluentes à atmosfera. A expectativa é que a demonstração pública do veículo aconteça até 2020. 


Maio de 2017 | 13

Divulgação

Megaempreendimento cria nova ‘cidade’ entre São José e Jacareí

Pedro Ivo Prates

Um loteamento de alto padrão promete mudar a cara da região e criar uma nova “cidade” entre Jacareí e São José dos Campos. Com área total 17 milhões de metros quadrados, o empreendimento prevê 4,8 milhões de metros quadrados de área residencial, o suficiente para abrigar cerca de 135 mil moradores. Os números são superlativos: 400 mil metros quadrados de área comercial, 700 mil metros quadrados de área de escritórios, 194 mil metros quadrados de área de serviços, um parque com 1,2 milhão de metros quadrados de extensão e, para completar, 5,5 milhões de metros quadrados de área verde. E tudo isso na divisa entre as duas cidades, bem ao lado do bairro Urbanova, em São José. A primeira etapa do projeto, um condomínio com 440 apartamentos, deverá ser entregue até abril de 2019. A previsão é que o empreendimento completo fique pronto em 20 anos. O investimento total não foi revelado pela construtora Terra Simão, responsável pelo loteamento. 

Estudantes fazem vigília no plenário da Câmara contra reajuste da tarifa

Carlinhos Almeida investigado por repasse da Odebrecht O ex-prefeito de São José dos Campos Carlinhos Almeida (PT) foi incluído pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em uma lista de políticos citados na delação premiada da Odebrecht que deverão ser investigados em seus Estados. As denúncias contra o petista, feitas no âmbito da operação Lava Jato, serão investigadas pelo Ministério Público Federal. Carlinhos foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República com base na delação premiada do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Segundo o delator, o petista articulou, a pedido da Odebrecht Defesa e Tecnologia (braço do grupo Odebrecht na área de defesa), alterações na Medida Provisória 544/2011, que criava um regime tributário especial para a indústria do setor --na época, Carlinhos era deputado federal e foi relator da MP. Mais tarde, o petista recebeu R$ 50 mil para sua campanha a prefeito em 2012. O ex-prefeito nega irregularidades e diz que a doação do grupo Odebrecht à sua campanha foi feita de maneira legal e transparente. O grupo Odebrecht diz que tem colaborado com a Justiça. 

Pedro Ivo Prates

Manifestantes fizeram uma vigília no plenário da Câmara de São José em protesto contra o aumento da passagem de ônibus na cidade (de R$ 3,80 para R$ 4,10). O grupo, formado por estudantes, invadiu o prédio durante a sessão do dia 27 e permaneceu no local até a manhã seguinte --devido ao protesto, o presidente da Casa, Juvenil Silvério (PSDB), optou por encerrar a sessão. Os manifestantes cobravam a anulação do aumento, medida já descartada pela prefeitura. A administração municipal alega que a nova tarifa foi calculada com base nas diretrizes previstas no contrato de concessão do transporte público, levando em consideração custos como salário dos funcionários, preço do combustível e a inflação além de aspectos operacionais como o tamanho da frota, dos itinerários e o número de passageiros transportados. 


14 | Revista Metrópole – Edição 27

Frases& Divulgação

O TST foi o laboratório do PT, foi onde deu certo. E o aparelhamento foi exitoso exatamente no âmbito do TST. Hoje, o tribunal é composto por muitos simpatizantes que foram indicados pela CUT. E nós temos um direito do trabalho engessado

Gilmar Mendes, ministro do STF (Superior Tribunal Federal), durante encontro com empresários em São José dos Campos

Minha esposa é melhor funcionária do que 50% desses vagabundos que tem aí dentro [da prefeitura]. Ela pegou a cidade falida depois de um governo corrupto, de um prefeito que pegou 34 anos de cadeia. E ela arrumou tudo

José Bernardo Ortiz (PSDB) , ex-prefeito de Taubaté, sobre a mulher, a secretária de Odila Sanches, que recebeu R$ 78 mil em fevereiro entre salário e licença-prêmio, passando na frente de mais de 1.000 servidores públicos municipais que aguardavam o mesmo benefício

Divulgação

Estou muito feliz, não sei nem muito o que dizer nessa hora. Conquistar um Mundial no Brasil é especial. Levar esse título para a minha cidade é fantástico

Pâmela Rosa, skatista de São José dos Campos, logo depois de faturar o primeiro lugar da etapa do Mundial disputada no Rio de Janeiro


Maio de 2017 | 15

A mudança de nome foi a maior tragédia na história do clube. Foi um ação de ambição maldosa de quem assumiu o clube, tentando tomar o nome do São José, coisa que ninguém jamais iria conseguir

Renato Santiago, ex-jogador e ex-dirigente do São José dos Campos Futebol Clube, rebaixado à quarta divisão do futebol paulista

É uma mentira dizer que a reforma trabalhista vai resolver o problema de 14 milhões de desempregados do país. O que deveria ser feito é a reforma tributária, porque o excesso de impostos é o grande entrave para o crescimento das empresas

Flávinho (PSB),único deputado federal da região a votar contra a Reforma Trabalhista, aprovada pela Câmara

na verdade foram “ Olha, 10 dias de governo só,

né?! Eu gastei 90 dias só para pagar dívidas, reorganizar as coisas. Eram muitos problemas, em todas as áreas

Izaias Santana (PSDB),prefeito de Jacareí, em balanço dos 100 primeiros dias de governo

Pedro Ivo Prates


16 | Revista Metrópole – Edição 27

ENTREVISTA

Fotos: Pedro Ivo Prates

Momento de convergência Novo presidente da Aconvap prega um debate ‘sem radicalismos’ em torno da nova Lei de Zoneamento de São José e propõe um pacto entre construtoras e prefeitura ‘em favor do desenvolvimento da cidade’ Max Ramon SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

empresário Fabiano Moura assumiu a presidência da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba) em janeiro com a missão de defender os interesses da entidade em dois momentos estratégicos para o setor: a revisão do Plano Diretor e elaboração da nova Lei de Zoneamento de São José dos Campos. Ambas disciplinam o crescimento da cidade, afetando diretamente as atividades da construção civil. “Hoje, temos uma Lei de Zoneamento que não possibilita novos projetos”, sentencia. “Por causa dessa lei, entramos primeiro na crise e corremos o risco de sair dela depois de todo mundo, caso essa legislação não seja revista logo.” Em entrevista à Metrópole Magazine, Moura defendeu um debate “sem radicalismos” em torno do tema, inclusive por parte do próprio empresariado, e propôs um pacto entre construtoras e prefeitura em favor da retomada do desenvolvimento da cidade. “O ponto de vista do poder público tem que abraçar o setor privado, parar um pouco com ideologias. Temos que estar juntos nessa briga”, afirma. Confira abaixo os principais trechos: Qual a avaliação da Aconvap sobre o atual momento da construção civil em São José? São José dos Campos é uma cidade bem desenvolvida, está em um eixo comercial extremamente rico, entre Rio e São Paulo, mas sofre pelo mau momento da

economia, como qualquer outra cidade do país. A questão é que São José tem ainda um agravante: não estamos conseguindo desenvolver os nossos trabalhos na construção civil por causa de alguns problemas que já são de conhecimento de todos. Temos uma Lei de Zoneamento que não possibilita novos projetos. Esse é o grande problema. Tivemos uma parada de proje-

“ Se você parar para pensar, todo mundo fala mal, mas a gente nunca viu o Jardim Aquarius perder valor. Vá ao bairro no final da tarde passear. Você tem tudo ali. Não precisa usar carro” tos na cidade. Por causa da atual lei, entramos primeiro na crise e corremos o risco de sair dela depois de todo mundo, caso essa legislação não seja revista logo. O mercado da construção civil no país está com uma nova expectativa, de crescimento. É claro que não será como no passado recente. Vai demorar um pouco para um novo ciclo como aquele, mas o país está se preparando para crescer. Alguns indicadores econômicos já mostram bem isso. Os juros estão baixando e temos a possibilidade de chegar até o final do ano em 8,5%, o

que, para a construção civil, é fundamental. A inflação está chegando dentro da meta, o que também é muito importante. Está ocorrendo um grande aporte financeiro de investimentos externos. Isso é muito importante para os fundos imobiliários e terá um impacto positivo para a construção civil. E, com a baixa dos juros, é natural que os bancos voltem a fornecer crédito. É o tripé que a gente precisa: juros baixos, inflação controlada e crédito. Até o final do ano, isso tudo deverá estar consolidado. De que forma a atual Lei de Zoneamento tem afetado a construção civil? A maioria das pessoas com quem a gente conversa pergunta: “Nossa, o que aconteceu com São José? Construía tanto, tinha tanto canteiro de obra”. Se você olhar hoje, verá poucas construções acontecendo na cidade. Agora, a gente tem a expectativa de aprovar e construir, junto com a prefeitura, uma lei moderna, conectada aos novos hábitos de consumo da população. Que novos hábitos são esses? Por exemplo, o tamanho dos apartamentos, o tamanho das casas, dos terrenos. Eles serão menores, e não só por uma questão financeira. É também por uma nova mentalidade da população. Hoje, as pessoas têm menos filhos, acabam ficando menos tempo em casa. Esses condomínios que a gente vê por aí com milhões de alternativas de lazer, as pessoas não vão querer mais, porque o custo fica alto. Se o poder público não entender isso e não dividir essa discussão com quem trabalha no setor, com quem faz pesquisa de mercado, com quem entende o consumidor... A


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expectativa nossa é fazer com que o poder público enxergue isso. Hoje, a nossa lei exige, tanto para um apartamento de 42 metros quanto para outro de 250 metros, que eu deixe 12 metros quadrados de área de lazer por cada apartamento. Quem paga isso é quem compra o apartamento. Precisamos que a lei seja mais flexível. Nosso lote mínimo é de 200 metros quadrados. Somos a única cidade deste porte no país com lote mínimo deste tamanho. É possível fazer loteamentos ótimos com terrenos de 175 metros quadrados. Só para se ter uma ideia, perto do Campos de São José o metro quadrado já está custando R$ 580. Então, faz muita diferença um lote com 200 metros quadrados e outro com 175. Você precisa deixar o mercado escolher um pouco. Muitos prédios hoje só têm idosos. Então, porque você precisa ter duas vagas de garagem para cada apartamento? Você não dá para o empreendedor, e para quem compra dele, essa alternativa. Se eu construir um prédio com uma vaga de garagem por apartamento, terei público para isso. Ou sem área de lazer, por exemplo. Se eu não vender o meu apartamento, não é problema da prefeitura. Na época em que a lei foi aprovada, a prefeitura alegou que ela era fruto de um esforço para preservar a qualidade de vida da cidade. A economia do país vivia um momento diferente naquela época. Todo mundo se assustou. Não tinha mão de obra, foi uma loucura. O país amadureceu tanto com esses problemas, tanta coisa aconteceu neste tempo... Se o poder público não estiver de braços dados com o setor privado, não conseguirá trazer investimentos para a cidade. O timing, hoje, é muito diferente. Um exemplo: São Paulo. O [João] Doria [prefeito da capital] tem uma cabeça de empresário e está tentando destravar a máquina. Campinas está acompanhando esse ritmo. Então, o ponto de vista do poder público tem que abraçar o setor privado, parar um pouco com ideologias. Temos que estar

“ Se eu construir um prédio com uma vaga de garagem por apartamento, terei público para isso. Ou sem área de lazer, por exemplo. E se eu não vender, não é problema da prefeitura”

juntos nessa briga. Se a atual administração tiver a sensibilidade de fazer com que isso aconteça, São José tem tudo para retomar o eixo do desenvolvimento. O poder público não precisa se preocupar achando que a cidade vai crescer como naquele ‘boom’ que vivemos alguns anos atrás. Será algo muito mais moderado. A Aconvap tem esperança que o limite de 15 andares para edificações, previsto na atual lei, seja revisto? A gente é contra esse limite. Isso é uma ingerência do poder público. É claro que é preciso ter regras, coeficientes, mas o resto o mercado se adapta, faz aquilo que lhe cabe e é conveniente para o consumidor. Essa intervenção estatal em tudo que o empresário vai fazer é um problema.


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Fabiano Moura, presidente da Aconvap, em entrevista à Metropole Magazine

É possível quantificar esse impacto? Das nossas 90 empresas associadas, 70% estão construindo fora de São José. A Marcondes César é uma delas. Ela constrói muito, é uma empresa importante. A Costa Norte, a Cisa, a Castor, todas estão construindo fora. Hoje, temos em torno de 2.500 empregos nas nossas empresas. Para se ter uma ideia, isso já chegou a 14.500 em 2010. E estamos falando apenas das construtoras. Se você considerar a cadeia completa, eram 25.000 empregos. Hoje, são 5.000. Essa cadeia envolve a empresa que faz móveis planejados, os fornecedores de materiais para construção. Muitos escritórios de engenharia fecharam em São José.

“Todo esse radicalismo ambiental, de ideologia, perdeu muita força. Do outro lado, o empresário entendeu que trabalhar sem ética, sem princípios e sem respeitar a questão ambiental também é um radicalismo ”

As discussões sobre a Lei de Zoneamento em São José sempre colocaram em campos opostos o setor da construção civil e os movimentos que atuam em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida da cidade. Não é possível chegar a um ponto de convergência, conciliando essas duas visões? O país se dividiu muito nos últimos anos, e acho que as pessoas começaram a perceber que isso não ajuda em nada. Todo esse radicalismo ambiental, de ideologia, isso perdeu muita força. O outro lado do radicalismo é o do empresário. Ele entendeu que trabalhar sem ética, sem princípios e sem respeitar a questão ambiental também é um radicalismo.


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Acho que daqui para frente teremos um debate mais produtivo. O bairro Jardim Aquarius é considerado por muitos especialistas em planejamento urbano um exemplo negativo da verticalização. Vocês reconhecem que esse não é o modelo ideal para o crescimento da cidade? Se você parar para pensar, todo mundo fala isso, mas a gente nunca viu o Aquarius perder valor. Vá ao bairro no final da tarde passear. Você tem tudo ali. Não precisa usar carro. Você leva seu filho na praça, vai ao supermercado, à farmácia, tudo a pé. Acho que é injusto crucificar, as pessoas escolheram morar lá. É claro que o construtor aprendeu, entendeu algumas coisas que estavam erradas. Ele não vai errar mais, porque na hora de vender o produto as pessoas vão considerar isso. O acesso a uma série de serviços é um fato, mas há também o outro lado do bairro: do morador que às vezes precisa esperar meia hora para conseguir sair da garagem do prédio por causa do excesso de veículos nas ruas ou daquele que abre a janela do apartamento e consegue ver o que acontece no apartamento do prédio vizinho. Existem ainda os problemas de sombra e ventilação, causados por construções muito próximas umas das outras. A gente defende um conceito mais moderno, que é a densidade. Posso construir oito prédios pequenos aqui ou uma torre enorme, com o mesmo número de apartamentos, mas com recuos muito maiores. Erros acontecem e devem ser corrigidos. Você pode ter certeza: o empresário não terá mais coragem de construir um apartamento do lado do outro porque sabe que o consumidor não vai comprar. O construtor sabe que tem que melhorar, ele já entendeu isso. O pessoal fala às vezes da verticalização com ressalvas, mas essa é uma tendência mundial. Você traz

“O ponto de vista do poder público tem que abraçar o setor privado, parar um pouco com ideologias. Temos que estar juntos nessa briga. Se a atual administração tiver a sensibilidade de fazer com que isso aconteça, São José tem tudo para retomar o eixo do desenvolvimento” tudo para perto. Imagine uma cidade como São José dos Campos todinha com casas. Não existe. Como tem sido a relação com a prefeitura? A gente sentiu uma diferença grande na comunicação com essa administração nova. Estamos muito otimistas com a sensibilidade do novo governo. A gente já teve bastante possibilidade de conversa. Todas as vezes que solicitamos algum tipo de reunião, fomos recebidos, mas será no Plano Diretor que vamos sentar para discutir mesmo. Se isso se desenvolver da maneira que tem acontecido, acredito que estamos em um caminho positivo. Que região da cidade é a bola da vez para a construção civil?

A classe média alta está bem amarrada ali na região do Urbanova. Não consigo enxergar uma outra região com esse tipo de perfil. Em relação aos empreendimentos populares, a zona leste tem muito futuro. Há muitos projetos viários para aquela região, que vão abrir várias oportunidades de desenvolvimento. Acho que Santana merece uma visão empreendedora do governo na questão dos acessos. A zona norte merece rejuvenescer. Não é nem expandir muito, mas rejuvenescer. E o centro da cidade também. A região da Vila Maria precisa ser repensada. Seria um belo Aquarius lá, uma região que pode se desenvolver muito. A prefeitura já deixou claro que não pretende enviar a nova lei à Câmara em 2017, como a Aconvap esperava. Vocês já se conformaram com isso? Vai acontecer o seguinte: chegará uma hora, neste ano ainda, que o mercado ficará atrativo. São José terá que decidir se quer atrair esse mercado para cá ou continuar expelindo, deixando as construtoras investindo fora daqui. Esse é um pensamento que o poder público precisa trazer para si. Nós gostaríamos muito de poder discutir o Plano Diretor e a nova Lei de Zoneamento juntos. É possível, temos capacidade técnica na cidade para isso. Estamos em uma cidade com uma tradição de engenharia muito forte. Então, vai depender muito do poder público, do que ele quer para a cidade. Se ele quer trazer investimento para a cidade a curto prazo ou se quer jogar isso mais para frente. Se o poder público quiser esperar mais um ano para discutir uma burocracia, isso vai ter um custo. E isso não afeta só a construção civil. Mas estamos bastante otimistas. Estamos pensando em uma cidade do futuro, mais moderna. Estamos em um momento positivo, extremamente animados com as novas perspectivas do mercado e com a possibilidade de convergência com o poder público. 


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NOTÍCIAS POLÍTICA

Como sobreviver nesta torre de babel

Nunca se leu e discutiu tanto sobre política no Brasil. Mas, nas redes sociais, cada um fala a sua própria língua e ninguém se entende. A única certeza é que o debate virtual veio para ficar

Fotos: Pedro Ivo Prates


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Wagner Matheus RMVALE

D

esde o surgimento das chamadas redes sociais –Twitter, Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, entre outras– a discussão política saiu das ruas e mergulhou de cabeça no meio digital. Hoje, especialmente o Facebook, está dividido em duas trincheiras muito nítidas – petistas e antipetistas, legalistas e golpistas, mortadelas e coxinhas. Na verdade, a divisão é mais complexa. As redes sociais têm sido inundadas por uma avalanche de verdades e pós-verdades, cada um defendendo a sua “fonte” de informação e atacando os argumentos dos adversários. Para o especialista em pesquisas de mercado e de opinião pública Alexandre Lima, diretor da Mind Pesquisas, de Cruzeiro, esses rótulos de “coxinhas e mortadelas” refletem a incapacidade das pessoas enxergarem um quadro mais amplo. “A realidade não é tão maniqueísta, dividida entre o bem o e mal. O mundo atual é mais complicado, mais multifacetado, mais fragmentado”, explica. Lima observa que a revolução da internet trouxe um protagonismo para as pessoas comuns que elas nunca tiveram. “Hoje, o poder de cada um é muito grande, o protagonismo é maior, todo mundo tem um palanque, todo mundo é difusor, é produtor de conteúdo”, constata. O problema gerado por esse poder que foi dado ao cidadão, segundo Lima, é que não há filtros nas redes sociais. “O número de asneiras publicadas é muito grande, essas que têm sido chamadas de pós-verdades”, alerta o pesquisador. O professor de ciência política da Universidade de Taubaté (Unitau), José Maurício Cardoso do Rêgo, também vê com preocupação o uso que se faz hoje das redes sociais no país. “O mundo mudou e a sociedade encontrou nas

redes sociais uma ferramenta para fazer o debate político. Mas no Brasil, por uma questão de anacronismo, essa ferramenta não está sendo bem utilizada”, analisa. Para Maurício do Rêgo, as manifestações das pessoas nas redes têm sido uma forma de distanciamento, não de debate. “Quando não há diálogo, há discussão e atrito. Como as redes sociais são mal utilizadas, o resultado é um agravamento das divergências”, explica. “Nos últimos tempos, o clima se amenizou um pouco, mas não há consenso sobre o que fazer.”

Guerra civil? Qual será o limite do clima de enfrentamento entre as várias correntes de

opinião nas redes sociais? O professor Maurício não esconde seu pessimismo. “Com o povo desinformado e passivo, reclamando de forma isolada, o debate pode um dia bater no fundo do poço e gerar violência”, diz. Ele não afasta o risco desse radicalismo atingir um ponto de ruptura na sociedade, ou seja, um conflito que possa chegar a caracterizar uma guerra civil no país. “Quando se elimina o debate, a violência é o caminho. Nesse caso, uma guerra civil não estaria tão longe da nossa realidade pelos antagonismos existentes na classe política brasileira”, afirma Maurício, explicando: “Quando existe uma falha na estrutura da sociedade, é porque há um problema na superestrutura dessa mesma sociedade. O Estado brasileiro todo precisa ser mudado, não só a classe política. O problema é estrutural, os três poderes estão corroídos pelo mau uso das ferramentas civilizatórias”.

Como mudar

“O mundo mudou e a sociedade encontrou nas redes sociais uma ferramenta para fazer o debate político. Mas no Brasil, por uma questão de anacronismo, essa ferramenta não está sendo bem utilizada” José Maurício Cardoso do Rêgo

PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

O que já se sabe é que, depois da internet, nunca mais o debate político será o mesmo, ou seja, é melhor aperfeiçoar a ferramenta disponível nas redes sociais porque esse caminho não tem mais volta. Segundo Alexandre Lima, o principal entrave para um bom uso das redes sociais na discussão da política brasileira é a falta de uma curadoria de conteúdo. “A tecnologia é um excelente escravo, mas um péssimo patrão. Como existe muita quantidade de conteúdo, é necessário separar o bom conteúdo do mau conteúdo”, sugere. Quanto ao futuro, ele se define como um realista/otimista. “As redes sociais estão longe de ser uma panaceia [um remédio que cura todos os males], são um instrumento que precisa ser lapidado, mas dar mais acesso à boa informação é positivo”, opina. O especialista em opinião pública sugere que as pessoas leiam bons


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jornais, bons livros, acessem bons canais de conteúdo. E, é claro, que estejam dispostas a ouvir o outro lado. “O cidadão vive hoje em uma espécie de bolha, não recebe o outro lado por causa dos algoritmos usados pelas empresas que gerenciam as redes sociais”, revela. Ou seja, isto quer dizer que a internet dá à pessoa somente o que ela mais gosta, porque os conteúdos são filtrados de acordo com a sua preferência. Para uma melhoria no nível do debate, Lima também aconselha a não se desprezar o impacto da mídia tradicional. “Pesquisas mostram que as pessoas se informam pelas redes sociais, mas dizem confiar mais nas mídias tradicionais. O problema é que essas pessoas veem a mídia tradicional e vão deformando seus conteúdos, cada um passa a produzir daí a sua própria informação. E o conteúdo, que era sério, passa a ser regurgitado por esses jornalistas amadores”, observa. O professor de ciência política da Unitau também vê como entrave para o aperfeiçoamento do debate político nas redes a questão da qualidade da formação política dos cidadãos. “Não há preparo para usar a ferramenta de forma adequada. Esse preparo demanda

“O brasileiro médio não tem grande interesse por política, tem baixo nível de leitura e baixa escolaridade. Além disso, falta identidade ideológica aos partidos políticos. Por isso, o cidadão comum não está tão engajado como se supõe” Alexandre Lima,

DIRETOR DA MIND PESQUISAS

educação e tempo”, diz ele, chamando a atenção para a urgência dessa evolução. “A radicalização que ocorreu em 2014 vai, com certeza, reaparecer em 2018, porque nós criamos uma situação de atrito permanente.” De qualquer forma, há também a constatação de que os debatedores das redes sociais não representam a maioria da população. “O brasileiro médio não tem grande interesse por política, tem baixo nível de leitura e baixa escolaridade. Além disso, falta identidade ideológica aos partidos políticos. Por isso, o cidadão comum não está tão engajado como se supõe”, conclui Alexandre Lima. Faz sentido. Enquanto alguns se aprofundam nas questões ideológicas, nos mecanismos que fazem a política funcionar, uma parcela muito maior da população tem uma expectativa mais modesta. Esta maioria, na verdade, está mais preocupada com os seus problemas do dia a dia, o buraco na rua, a educação, a saúde. O certo é que, dos temas mais complexos aos mais simples, as redes sociais têm espaço para tudo e para todos. Para o bem ou para o mal, o palanque digital chegou para ficar. 


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NOTÍCIAS ECONOMIA

Fotos: Pedro Ivo Prates

A hora e a vez dos criativos

Quem são os jovens empreendedores da região que, com pouco dinheiro e muitas ideias na cabeça, estão sacudindo o mercado da inovação


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Eliane Mendonça RMVALE

T

ente adivinhar: qual o resultado se juntarmos um grupo de jovens com uma boa ideia na cabeça, espírito empreendedor, disposição para execução e pouco dinheiro no bolso? Se respondeu uma startup, você acertou. Nos últimos anos, a região do Vale do Paraíba, em especial a cidade de São José dos Campos, têm se firmado como um celeiro de startups no país. Por aqui, novas empresas inovadoras e bastante promissoras nascem todos os dias. Algumas delas, já conquistaram destaque e crescimento suficiente para chamar a atenção de investidores e se firmarem como grandes apostas da economia da região. E os exemplos são muitos: Quero Educação, Justto, Agronow, Kuadro, Guichê Virtual, SoluCX, Colégio Planck e QMágico, só pra citar algumas. Para se ter uma ideia do volume, segundo números da ABS (Associação Brasileira de Startups), há atualmente 4.217 startups cadastradas no Brasil. São Paulo é o Estado com maior número de startups, com um total de 1315 empreendimentos inovadores, seguido por Minas Gerais (365 startups) e Rio de Janeiro (341). Na região do Vale do Paraíba, a estimativa é que existam hoje cerca de 100 startups –15 delas estão no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Segundo o executivo da Google, André Barrence, que é diretor do Campus São Paulo do Google e do Google For Entrepreneurs, a gigante acredita que todas as regiões do Brasil têm potencial para criar negócios empreendedores, “mas, no caso do Vale do Paraíba, em especial, a proximidade de centros tecnológicos de excelência é um fator muito positivo”. Para ele, a onda de startups veio para ficar. “No começo, esse fenômeno parecia ser apenas uma febre, talvez nutrida pelo surgimento e ascensão meteórica de startups como Uber e outras, além da admiração por outros ecossistemas de inovação,

especialmente o Vale do Silício. Hoje, no entanto, as startups se tornaram parte importante de uma nova economia digital que surge no país, e cujos protagonistas são os empreendedores”, disse. Segundo ele, o Google acredita e aposta tanto nisso que inaugurou em 2016 o Campus São Paulo, um espaço dedicado a empreendedores e profissionais liberais. Renato Mendes, que é sócio de uma aceleradora de negócios, mentor da Endeavor Brasil, uma organização de apoio a empreendedores, e autor da coluna “Cabeça de Startup” da revista Época, também concorda que a onda das startups não é uma fase passageira. “Na minha época, para ser cool um garoto de 20 e poucos anos tinha uma banda de rock. Hoje em dia a onda é ter uma startup”, disse.

“No caso do Vale do Paraíba, em especial, a proximidade de centros tecnológicos de excelência é um fator muito positivo [para o surgimento de startups]” André Barrence,

EXECUTIVO DA GOOGLE

Segundo ele, essa tendência se deve a vários fatores, mas principalmente à transformação geracional. “Antes, os jovens eram educados para procurar emprego, ter um trabalho de carteira assinada, com salário no final do mês. Os jovens de hoje buscam trabalho”, disse. E outra mudança que, segundo ele, veio com as startups é a ideia de que uma grande empresa precisa estar próximo do mercado consumidor. “A era digital quebra essa lógica. Hoje, a empresa não precisa estar num grande centro para ter sucesso. Só precisa de uma grande ideia”, disse. Para o empreendedor e investidor-anjo Marcelo Salomão, que já morou no Vale do Silício, nos Estados Unidos, a região do Vale do Paraíba começa a chamar a atenção. “Nesta região eu destacaria a cidade de São José dos Campos como uma das mais promissoras. Estou de olho na movimentação de startups da cidade há algum tempo”, disse. Segundo ele, uma startup de sucesso precisa ter, acima de tudo, capacidade de execução. “Ideias boas, inovadoras e capacidade de colocar isso em prática rapidamente. É isso que faz uma startup ser altamente atrativa e é isso que os investidores procuram”, disse. Entre as características da região que podem colaborar com a criação de um ecossistema forte para startups ele também cita a presença de universidades de ponta, como o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). “Mas para uma cidade ou região se firmar como um polo de startups, é imprescindível o apoio do poder público. Hoje, o Brasil é muito defasado em relação à legislação empresarial. É preciso criar mecanismos de incentivo para que essas empresas, que têm uma dinâmica própria, possam se desenvolver”, disse.

Incentivo público De olho nesse mercado crescente e no potencial econômico promissor das startups, a Prefeitura de São José já está se mexendo. A Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico está elaborando uma legislação específica para atrair e fixar startups na


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Renata Rosa, líder do time de parcerias do grupo Quero Educação

cidade. A ideia é criar, inclusive, uma estrutura física para startups iniciantes, um projeto que a prefeitura está chamando de “Startup São José”. O esboço foi apresentado pelo secretário Alberto Marques durante uma reunião com as startups no final do mês passado. De acordo com o projeto apresentado, a Startup São José será instalada no Parque da Cidade, nos galpões que antes abrigavam a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Estamos certos que este é o local ideal. Temos espaço suficiente para instalarmos as empresas, para área administrativa e até um local para implantarmos um espaço de convivência cool, no estilo Google, onde a criatividade desses empreendedores possa fluir com mais facilidade”, disse. Segundo ele, o número de startups já instaladas na cidade fez com que a prefeitura assumisse o compromisso de criar mecanismos para facilitar a instalação dessas empresas. “Nós ainda não temos um cadastro de startups. Mas, é

impressionante a quantidade de pessoas talentosas e startups promissoras que temos na cidade. Apoiá-las com certeza é o caminho mais óbvio e a prefeitura está empenhada nisso. Esperamos publicar a Lei da Inovação, com regras específicas para as startups, com foco na desburocratização e incentivo, ainda no primeiro semestre deste ano”, disse. Segundo o secretário, a prefeitura sonha mais alto. “Temos a ideia de instalar um alojamento para que possamos receber startups de outros países em nossa cidade”, disse. O secretário concorda que a burocracia é um grande entrave para a instalação das empresas. “Acho perfeitamente possível que a legislação abra mão do Habite-se, por exemplo, na abertura de empresas e conceda um alvará provisório de um ano, prazo para se providenciar o documento com tranquilidade, enquanto a empresa já está funcionando. Precisamos facilitar a vida das empresas

e criar aqui um ambiente propício para retenção de talentos na cidade”, disse. O prefeito Felício Ramuth (PSDB) também já se mostrou um grande entusiasta das startups e assumiu o compromisso com as empresas, durante a reunião, de fazer o que for possível para que os talentos fiquem na cidade. “Não podemos nos dar o luxo de perder as mentes brilhantes que temos aqui. Meu sonho é, um dia, poder passar pela Cassiano Ricardo e, ao invés de ver várias vaquinhas no pasto, poder ver vários unicórnios”, disse, tirando aplausos da plateia. Na linguagem das startups, “unicórnio” é uma empresa que vale US$ 1 bilhão. No Brasil, ainda não existem “unicórnios”.

O que é uma startup? Mas, afinal, o que é uma startup? Certamente você já ouviu essa palavra, que está em alta por aí. Mas poucos sabem realmente o que é. Na verdade, há várias definições. Mas,


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Bruno Werneck, CEO da Kuadro, de São José

especialistas ouvidos são unânimes em dizer que startup não é simplesmente uma empresa nova que está começando. Nem uma forma diferente de chamar uma empresa pequena, ou uma empresa de base tecnológica. Muito menos uma empresa divertida. “Uma startup pode ser um pouco de tudo isso ao mesmo tempo. Mas, nada disso a define. Startup é uma empresa desenvolvida para ter altíssimo crescimento e que, em poucos anos, pode valer milhões de dólares”, explica Bernardo de Pádua, CEO da Quero Educação. Conheça um pouco de algumas das startups mais promissoras da região:

Quero Educação A Quero Educação é a startup com o escritório mais cool da região. Não à toa, é chamada de “Google do Vale do Paraíba”. Idealizada por três ex-alunos do ITA --Bernardo de Pádua, Lucas Andrade Gomes e Thiago Brandão-- a empresa está instalada em um prédio de 2.000 m², na

“Acho perfeitamente possível que a legislação abra mão do Habite-se, por exemplo, e conceda um alvará provisório de um ano a essas empresas” Alberto Marques SECRETARIA DE INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

avenida São João, em São José. A Quero Educação administra o site Quero Bolsa, plataforma online de comparação de faculdades, cuja missão é ampliar e melhorar o acesso ao ensino superior. Em 2016, a Quero Educação conquistou o apoio da Y Combinator, maior aceleradora de startups do mundo. A Quero Educação começou só com seus três fundadores e hoje tem 180 funcionários. No último ano cresceu mais de cinco vezes. Em 2015, a empresa teve faturamento de R$ 4,9 milhões e, no ano seguinte, viu esse número saltar para R$ 25 milhões. E não para por aí: a previsão para este ano é dobrar esses números. No segundo semestre do no passado, a plataforma teve 10 milhões de usuários. De acordo Bernardo, CEO da Quero Educação, a empresa foi criada para atender às necessidades das instituições de preencher vagas ociosas e democratizar o acesso ao ensino superior no país.


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Antônio Morelli, CEO da Agronow, ao lado da sócia WalkíriaSassaki

“Nosso país tem apenas 14% da população adulta com ensino superior, em contraste com os Estados Unidos, que têm 45%. É esse quadro que queremos ajudar a mudar. Queremos que cada vez mais alunos realizem seus sonhos através da educação. E isso tem dado muito certo”, disse. Além de bons números, a Quero Educação se destaca por sua cultura diferenciada. A gestora de felicidade da empresa, Lindsey Bueno, conta que sua função é promover a qualidade de vida e bem estar entre os funcionários. “O objetivo é oferecer um ambiente em que a pessoa possa ser ela mesma e ser feliz na posição que ela ocupa”. Para atingir esse objetivo, a empresa tem sala de jogos, aulas de inglês, aulas de dança, yoga e meditação, ginástica laboral, karaokê e um pub. Tudo isso dentro da empresa. Além disso, os funcionários tem almoço e lanches à disposição a qualquer hora, como biscoitos, frutas, cereais, pães e bebidas diversas. “Em um dia da semana, temos a noite da pizza. Sexta-feira é o dia da cerveja”, disse.

E tudo isso num ambiente com tobogã e piscina de bolinhas bem no meio do escritório.

Agronow Um mapeamento que estima, informa e projeta a produtividade agrícola em menos de um minuto, com alta taxa de acerto (acima de 90%) e a um preço viável a todos os produtores rurais. Esta solução, fundamental para a melhoria do agronegócio mundial, é oferecida pela Agronow. Sob a forma de plataforma web, a ferramenta utiliza imagens de satélites e tecnologia baseada em conceitos termodinâmicos para determinar a produtividade agrícola, permitindo um total diagnóstico da safra. O processo, além de muito simples, consegue levantar informações de colheitas passadas, permitindo quadros comparativos e análises históricas, criando um verdadeiro big data do campo. Na prática, o mapeamento oferece ao agricultor a possibilidade de localizar pragas, aplicar insumos de maneira mais eficiente, identificar áreas mais e menos

eficientes e, o mais importante, prever quanto a safra vai produzir, além de fornecer dados sobre o atual estágio do cultivo. Segundo Antonio Morelli, CEO da Agronow, a ferramenta oferece ao agricultor a possibilidade de entrar em uma nova era de informação do campo. “Trata-se de uma quebra de paradigma sobre quem pode ter acesso a satélites no agronegócio brasileiro. Chegamos para revolucionar o mercado”, diz Morelli. Ele explica que o mercado dispõe de análises semelhantes, com mapas de produtividade, umidade, temperatura, além dos índices de vegetação, de área foliar e de vegetação ajustado ao solo, feitas por engenheiros em campo e com taxa de acerto inferior, que chegam a custar 500 vezes mais e demoram meses para ficarem prontas. O mapeamento oferecido pela Agronow custa a partir de R$ 19 por mês. E o negócio tem dado muito certo. Pelo ineditismo e pela capacidade de ganhar escala global entre grandes produtores de grãos, como os americanos,


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europeus e australianos, a Agronow despertou a atenção do mercado e, em fevereiro de 2016, recebeu aporte do Fundo Inovação Paulista (FIP), entrando para o portfólio de empresas da SP Ventures, gestora do FIP. Os recursos, na ordem de R$ 2,5 milhões, serão direcionados para o desenvolvimento de novos produtos e à internacionalização da marca, além de reforço na estratégia de marketing. As operações comerciais da empresa começaram em novembro de 2016, gerando cerca de R$ 50 mil de faturamento. Para o ano de 2017, a estimativa é chegar ao primeiro milhão. Com uma taxa de crescimento no último trimestre (de novembro de 2016 a janeiro de 2017) superior a 260%, a Agronow espera chegar a 2.500 usuários em 2017 e, em cinco anos, a 10 mil. “Criamos a Agronow para que qualquer proprietário rural tenha acesso a dados relevantes, promovendo a

inclusão tecnológica, independentemente de seu poder aquisitivo ou tamanho da sua propriedade”, explica Morelli. “Colocamos o monitoramento por satélites sobre o sítio, fazenda ou região de interesse do usuário ao alcance de um clique. Queremos ajudar a cultivar o futuro e colher os benefícios da antecipação de informações essenciais ao planejamento e gestão em todos os níveis do agrobusiness”, finaliza o CEO.

Guichê Virtual Esta é mais uma startup formada por três ex-alunos do ITA: dois engenheiros aeronáuticos –Thiago Carvalho (CEO) e Halyson Valadão– e um engenheiro da Computação –Rodrigo Barbosa . A empresa entrou em operação no início de 2013 com capital próprio dos sócios. Em 2016, recebeu sua primeira rodada de investimentos, liderada pela gestora de capitais Kaszek Ventures –fundo liderado por Hernan Kazah e Nicolas Szekasy,

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cofundador e ex-CEO do Mercado Livre, respectivamente. O Guichê Virtual conecta passageiros às empresas de viagens para a venda de passagens de ônibus online. A plataforma oferece a empresas de ônibus e passageiros praticidade na compra e venda de passagens, além de segurança nas transações. O diferencial da empresa é não trabalhar com intermediários na compra de passagens e, por isso, conseguir oferecer às companhias de transporte rodoviário as melhores taxas. Para os passageiros, a empresa oferece cancelamento gratuito, diversos meios de pagamento e a melhor experiência de compra. Segundo informações do CEO da empresa, a ideia surgiu em meados de 2012, quando os sócios identificaram uma oportunidade no mercado. “Percebemos que havia uma grande dificuldade de encontrar informações sobre os horários de ônibus, rotas e empresas. Também vimos que a compra de passagens de ônibus por meio da internet não era nada prática. Então, decidimos reunir todas as informações em um só lugar, e tornar fácil a venda online de passagens rodoviárias”, disse. A empresa não divulga faturamento, mas destaca que tem atingido altos índices de crescimento. Ela começou com apenas três sócios e hoje tem mais de 60 colaboradores. Segundo os sócios, eles escolheram São José dos Campos para se instalar por conta da localização privilegiada, presença de empresas de grande porte, além das diversas startups que escolheram a região para inovar. “Graças a esse ambiente inovador, a região é considerada um dos maiores polos tecnológicos e de inovação do país, um verdadeiro terreno fértil para o empreendedorismo”, disse Thiago.

Justto Na contramão das startups instaladas em São José que são, em grande maioria, formadas por engenheiros ex-alunos do ITA, esta startup foi formada por dois advogados: Alexandre Viola e Michelle Morcos.

A plataforma oferece pela internet serviços de arbitragem e conciliação extrajudicial. Alexandre, o CEO da empresa, conta que a ideia surgiu em 2011, quando ele e sua sócia detectaram, no dia-a-dia da profissão, as dificuldades pra resolução eficiente de conflitos. No começo, ele conta, foram muitas as dificuldades. “Não sabíamos muito bem o que era ser uma startup. Depois, aprendemos a fazer e aí o negócio deslanchou”, disse. A empresa, segundo ele, passou pelo processo de mentoria da aceleradora ACE e recebeu um aporte de R$ 1 milhão de investidores. Com a negociação de acordos entreconsumidores e empresas, por exemplo, conseguiu reduzir em 46% os gastos

com processos e baixar em 30% o valor médio pago nas condenações. A expectativa é faturar R$1 milhão em 2017. “Essa área de resolução de conflitos com o consumidor gera muitos gastos para as empresas. Há estimativas que indicam gastos de R$ 124 bilhões por ano com conflitos. É exatamente nesse ponto que atuamos”, disse. Segundo ele, a taxa de sucesso nas negociações é de cerca de 70%. “Conseguimos, por meio da nossa plataforma, finalizar em apenas alguns dias negociações que normalmente durariam alguns anos”, disse. A empresa, que começou apenas com dois sócios, hoje tem 20 funcionários. E a taxa de crescimento tem se mantido em 30% ao mês. “Mas, pelo tamanho do

Equipe da startup Justto, plataforma que oferece serviços de arbitragem e conciliação extrajudicial


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mercado, ainda temos muito espaço pra crescer”, disse. Em janeiro deste ano, a empresa foi apontada pela revista Exame como uma das sete startups mais promissoras da área jurídica. Além disso, no final de abril, a Justto apareceu no ranking dos 100 negócios brasileiros mais atraentes na visão do mercado e prontas para receber investimentos. A lista é resultado de um processo anual que envolve especialistas do mercado, como aceleradoras, investidores e grandes empresas, e reconhece os negócios que mais despertaram interesse em grandes instituições.

Kuadro Mais uma startup voltada para a área da educação, a Kuadro é um cursinho online focado em vestibulares difíceis como ITA, IME (Instituto Militar

de Engenharia), USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade de Campinas) e cursos concorridos pelo Enem (medicina, engenharia e direito). Tem todo o suporte de um cursinho tradicional, com monitoria, orientação pedagógica, plantão de dúvidas e exercícios. Mas tudo é online e sem perder a qualidade. Atualmente, segundo Bruno Werneck, CEO da empresa, é o 6º cursinho que mais aprovou no ITA e está entre os melhores do país. Idealizada por um engenheiro eletrônico formado no ITA e a bióloga Lucimara Ancleto, formada pela UFMG, a empresa foi lançada em 2012, oferecendo videoaulas sobre conteúdos do ensino médio gratuitamente no YouTube e também em um blog. Segundo Bruno, a ideia de criar a empresa surgiu da vontade de resolver um problema que eles enfrentaram na

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adolescência: o alto custo do acesso à educação de qualidade. “Hoje, oferecemos preparação nos mesmos padrões de cursinhos como Poliedro, Anglo e Objetivo, mas por um preço cerca de 10 vezes menor. Assim, acreditamos que fazemos nossa contribuição no sentido de democratizar o acesso à educação de qualidade”, disse. Segundo ele, a empresa começou apenas com ele e sua sócia. Em 2015, o Kuadro começou o pré vestibular focado no ITA e a equipe cresceu para 8 pessoas, contando com os professores. Hoje, a empresa emprega 47 pessoas, incluindo professores, pessoal administrativo, monitores, designers e desenvolvedores. Ele não divulga cifras, mas diz que pode afirmar com segurança que o faturamento de 2017 será 16 vezes maior que o registrado em 2015. 


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NOTÍCIAS ESPECIAL

Fotos: Pedro Ivo Prates

O que aprendemos com a crise?

Cheia dos reservatórios criou falsa sensação de que o risco de escassez de água acabou, mas não se engane: essa cruzada está longe do fim


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Rodrigo Fernandes SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

om passos firmes e um olhar esperançoso, Valdir Claro caminha pela beirada da represa do Jaguari na propriedade em que vive desde que nasceu. Há mais de 70 anos, aquele trecho que passa por São José dos Campos já foi palco de brincadeiras quando ele era criança. O local, que antes era uma fazenda da família, foi tomado pela água quando a represa surgiu em 1971 e desde então Valdir convive com as águas que atravessam o estado para estar ali. Quarenta e seis anos se passaram e Valdir contabiliza pelo menos três crises hídricas pelas quais passou, mas nada se compara ao que viveu em 2014. “Quando eu olhava tudo isso seco [apontando para a represa], batia uma tristeza muito grande em mim”, recorda o senhor de 53 anos. Para uns, as águas são fonte de renda e sustento. Para outros, de inspiração e treinos. É o caso do educador

físico Eduardo de Sousa, que pratica remo nas águas da represa há cerca de dois anos. “É impressionante pensar que por aqui eu praticava mountain bike quando estava tudo seco”, recorda Eduardo. “A região é incrível, me inspira a treinar”. A escassez de água é um dos maiores desafios a serem enfrentados ao longo

“Precisamos, primeiro, cuidar do que é nosso. Recuperar nossos córregos, nossos ribeirões. Muitas cidades nem tratam seus esgotos.” Padre Afonso Lobato (PV) DEPUTADO ESTADUAL

do século 21 em todas as cidades do mundo. Embora São Paulo disponha de grandes reservas em rios, lagos e aquíferos (formações geológicas que podem armazenar água subterrânea), o Estado viveu uma das maiores crises hídricas de sua história em 2014 –ela se estendeu até novembro de 2015. “O auge dessa crise hídrica ocorreu em fevereiro de 2015, com o reservatório de Paraibuna, o mais crítico, com -0,64%, ou seja, já atingindo seu volume morto”, explica o engenheiro Luiz Roberto Barretti, atual vice-presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul. No dia 6 de janeiro de 2014, o nível do sistema Cantareira, que abastece mais de 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, estava em 26,6%. Em 16 de maio daquele ano, o governo teve de recorrer ao bombeamento da água abaixo das comportas, onde fica a reserva técnica para garantir o suprimento. A retirada da água passou para o ponto mais profundo em outubro e apenas no fim de 2015, finalmente, o


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sistema Cantareira saiu da dependência da reserva técnica.

Efeitos colaterais “Não possuímos muitos conhecimentos científicos sobre o que ocorre no território brasileiro em termos de clima a longo prazo e estamos passando por uma transformação contínua e acelerada na supressão de matas substituindo pela agroindústria e agropecuária, de uma forma que não conseguimos avaliar o seu impacto. Ainda há outro impacto resultante das chamadas ilhas de calor proporcionadas pelo adensamento urbano em diversas regiões. Tudo isto impacta diretamente nos recursos hídricos”, destaca Barretti. Uma das principais ações contra a crise foi o trabalho para diminuir a retirada de água do Cantareira, permitindo que os moradores atendidos por este sistema passassem a receber água de outras represas. “Foi necessário interligar grandes tubulações nas ruas e fazer com que os reservatórios regionais pudessem receber água de mais sistemas. É a partir desses reservatórios que a água chega

Orlando Ramos exibe peixes pescados no rio Paraíba do Sul

às casas”, explica o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga. Uma das ações tomadas durante a crise hídrica pelo governo de São Paulo foi o anúncio da transposição das águas do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira. A obra irá ligar as represas do Jaguari, na bacia do Paraíba, a Atibainha, parte do Sistema Cantareira. O deputado estadual Padre Afonso Lobato (PV) questiona a eficiência da obra. “Precisamos, primeiro, cuidar do que é nosso. Recuperar nossos córregos, nossos ribeirões. Muitas cidades nem tratam seus esgotos. Trata-se de uma mentalidade atrasada. Precisamos urgentemente um trabalho de prevenção”, alerta o deputado. Segundo o governo do Estado, as obras foram iniciadas em fevereiro de 2016 e terão início da operação previsto para o segundo semestre de 2017, com um investimento total de R$ 555 milhões.

Consciência Testemunhas as águas que abastecem a nossa região servem de fonte de renda

para muitas famílias. Exemplo disso está na pequena comunidade de Beira-Rio, às margens do Rio Paraíba do Sul. Ali se estrutura uma comunidade que se mantem invisível aos olhos da cidade que a cerca. Próximo ao bairro do Urbanova, uma das áreas mais nobres de São José dos Campos, os moradores já presenciaram tempos em que os níveis do Paraíba estavam altos e fartos de peixes. “Eram 30, 40 quilos de peixes que conseguíamos... era uma época boa. Além de revendermos sobrava também muito para a nossa janta”, lembra com muito saudosismo Gilmar Ramos, que há mais de 20 anos pesca naquela região. Gilmar é sobrinho de Orlando Ramos, que desde os 10 anos de idade se interessa pela pesca e toda a cultura em torno dela. O olhar de ‘seu’ Orlando se volta para o rio e no mesmo momento recorda os tempos em que outrora observava seu pai e seu avô enchendo as redes de peixes. A pesca foi passando de geração em geração na família Ramos, porém nos dias de hoje não dá mais estabilidade financeira, nem desperta o interessa das novas gerações.


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“Meu sobrinho é pescador profissional desde pequeno. Cresceu no meio da gente pescando, aprendeu a gostar de tudo, mas hoje trabalha na cidade já que não dá mais dinheiro viver de pesca”, explica Orlando, que também tem um filho de 25 anos, mas que está longe dessa vida de pescador. “É muito difícil tudo isso. Hoje, a gente vê que o rio está num nível bom, mas nem sempre foi assim e muitos peixes morrem”, lamenta. O lado positivo de uma crise está na

conscientização de que nem tudo é duradouro. “A população incorporou novos hábitos após a crise hídrica. O consumo de água está 15% menor ao que era registrado até 2014, antes da maior seca da história. O legado é uma prova de que a população tem evitado o desperdício e segue atenta ao uso racional da água”, conclui o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga.

Água invisível Quando pensamos em racionar a água, logo vem à mente ações práticas como não demorar durante um banho ou fechar a torneira ao escovar os dentes, por exemplo. Em geral, não nos ocorre que existe também o “gasto invisível”, que é a quantidade de água usada durante a produção de praticamente tudo o que é consumido. Em março deste ano, o Instituo Akatu –ONG sem fins lucrativos que


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desenvolve ações de consumo consciente em escolas e empresas –lançou uma campanha de reflexão sobre essa “água invisível”. “Para chegar a esses números, os pesquisadores analisam toda a cadeia de produção de um bem de consumo. Os cálculos são baseados em padrões, que variam conforme os processos e região de cada produtor”, explica o diretor-presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar. Um smartphone, por exemplo, para ser produzido consome em média 12.760 litros de água, segundo o relatório “Mind your Step” produzido pela empresa Trucost que realiza

estimativas sobre os custos ocultos do uso insustentável de recursos naturais por empresas. Essa quantidade de água equivale à transportada por um caminhão-pipa médio. Outro exemplo é o de uma simples calça jeans. Para produzi-la são necessários 10.850 litros de água em média. Essa quantidade contabiliza desde a água na irrigação do algodoeiro, material que é usado para a fabricação do tecido, até a confecção da peça em si. É uma quantidade suficiente para suprir o consumo de uma pessoa por mais de três meses. “Do ponto de vista empresarial, é certamente preocupante ser

dependente do recurso da água, que é cada dia mais escasso. E essa preocupação não deve ser só das empresas. As políticas públicas devem contribuir para evitar desperdícios hídricos e garantir a preservação dos mananciais. E, além disso, cada pessoa e cada família podem fazer a sua parte buscando consumir apenas o necessário, evitando o desperdício desse recurso tão essencial”, afirma Mattar. Ele orienta, através de campanhas, a população para um consumo mais consciente do uso da água, mas também um olhar mais atento na hora de realizar uma compra. 

Dicas simples, porém importantes devem fazer parte do nosso dia a dia. 1- Escove os dentes de torneira fechada Se todos os moradores do Brasil fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água economizada durante um mês equivalerá a um dia e meio do volume de água que cai nas Cataratas do Iguaçu!

2- Não deixe torneiras pingando O pinga-pinga da torneira ao longo de um ano desperdiça pelo menos 16 mil litros de água limpa e tratada, o que custa cerca de R$ 1.200,00 em sua conta de água. Não seria melhor consertar o pinga-pinga e usar o dinheiro do desperdício para fazer uma viagem?

3- Conserte os vazamentos e lave toda a sua roupa A água que vaza por um orifício de 2mm em um cano em um dia é equivalente à agua usada em uma lavagem de roupas na máquina de lavar: conserte os vazamentos e dê um melhor uso a essa água toda!

4- Aerador nas torneiras ajuda a economizar água A instalação de aeradores nas torneiras pode gerar uma grande economia. Por exemplo, esta instalação na torneira da cozinha de 12 apartamentos pouparia, ao longo de um ano, água suficiente para encher uma piscina olímpica.

5- Menos um minuto de banho economiza 15 dias de Itaipu Se cada um dos brasileiros diminuísse em apenas 1 minuto o seu tempo de banho no chuveiro, a energia economizada em um ano equivaleria a 15 dias de operação da usina de Itaipu em sua geração máxima.


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Eduarco de Sousa, educador físico, pratica stand’up paddle na represa do Jaguari: ‘é impressionante pensar que por aqui eu praticava mountain bike


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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Além da cerimônia tradicional Novas tendências estão moldando o pensamento e expectativa de como será o ‘grande dia’

Foto: Vitor Barboni


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Yasmin Faria RMVALE

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Foto: Suprema Assessoria & Cerimonial

uando pensamos em casamento, na maioria das vezes nos vem à cabeça a imagem de uma noiva com vestido branco, todo pomposo, um noivo de terno, um lugar todo decorado com diversas flores e vários convidados presenciando um dos momentos mais felizes da vida do casal. Porém, este modelo de cerimônia tradicional deixou de ser o sonho de alguns casais e o estilo dos casamentos vêm mudando nos últimos tempos. Atualmente, novas tendências moldam o pensamento e a expectativa de como será o ‘grande dia’. Novas opções estão tomando conta da cabeça dos noivos, que em meio a tantas escolhas, podem optar por uma cerimônia com a identidade do casal. E quem sabe até encontrar alternativas para não agredir o meio ambiente enquanto realizam o sonho de se casar. Para a cerimonialista Michelle Torres, de São José dos Campos, a questão ambiental está em alta nos casamentos. A preocupação com o ecossistema está fazendo parte de alguns detalhes da cerimônia, principalmente nas decorações com elementos sustentáveis,

Casamentos ao ar livre e com número menor de convidados estão em alta

além de temas estrangeiros, como Paris e Londres, e cerimônias restritas, como o ‘mini wedding’. “A preocupação com o meio ambiente está em alta nas cerimônias. A sustentabilidade se faz presente nos mínimos detalhes, como por exemplo, em lembrancinhas feitas de materiais reutilizáveis. Por isso, as tendências de estilo envolvem temas rústicos, com elementos naturais, boêmio-boho, com cores brilhantes e detalhes românticos”, explicou Michelle. Ainda de acordo com a cerimonialista, as cores em destaque no momento são em tons marcantes e vivos. A inovação se vê também em trajes de personalidade, como por exemplo, o macacão para as noivas. “No quesito moda, os vestidos de noiva apresentam menos tecido, decotes mais profundos, visual hippie, rendas, pedrarias e transparências. O uso de macacão também aparece entre as tendências, sendo indicado tanto para casamento civil, quanto comemorações pré-casamento”, disse. “Já em relação às cores, destacam-se as marcantes, vivas e alegres. A Pantone Color Institute, empresa da indústria das cores, lançou a cor de 2017, o Greenery, que é um verde musgo

misturado com amarelo intenso, que remete à natureza. Para os convites a inovação vem com tudo! Cores fortes e marcantes também são tendência e explorar texturas, materiais e estilo tornam este item ainda mais sofisticado e com personalidade”, finalizou.

Detalhes O casamento intimista é uma das modalidades que também se encontra em alta ultimamente entre os casais, que aproveitam para colocarem um pouco da própria personalidade em cada detalhe da cerimônia. De acordo com Patricia Nazario, que trabalha com cerimônias no Vale do Paraíba, a prioridade neste caso é representar a personalidade dos noivos. “Muitos noivos estão em busca de cerimônias menores e mais intimistas. Estamos percebendo que a quantidade de convidados está reduzida. Algo a se notar também é a preferência para cerimônias ao ar livre, seja na praia ou no campo”, disse Patrícia. Ainda segundo a especialista, o maior desafio deste tipo de cerimônia é escolher o estilo de casamento que melhor represente as características do casal –que combine com eles, considerando a família, amigos, seus costumes e cultura.


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“O sonho de cada casal deve ser considerado e isso vai além das tendências, sejam elas de moda, estilo de decoração e cores. Casamento vai além, deve ter a personalidade dos noivos refletida nas decisões, para que no futuro não haja arrependimentos. Casamento é um sonho muito particular de cada casal, é único”, explica a cerimonialista.

‘Mini wedding’ Ter as pessoas mais importantes da vida do casal no casamento é imprescindível. Os convidados são a plateia perfeita para o momento do ‘sim’ ser ainda mais especial. Porém, um dos principais quesitos que pesam na hora de escolher os convidados e qual estilo de casamento escolher é o valor. Quanto mais convidados, maior é o gasto com a cerimônia. O estilo de celebração mini wedding é uma boa opção para estes noivos que preferem uma cerimônia característica. Ele traz a alegria de estar com os entes queridos mais íntimos, gastando muito menos por isso. De acordo com a cerimonialista Elisa Maciel, que trabalha no ramo há oito anos, trata-se de uma experiência aconchegante com familiares

e amigos mais próximos. “Este estilo torna-se cada vez mais comum no Brasil devido às vantagens que oferece, como custos reduzidos, além de permitir a realização de um evento de qualidade em um prazo curto de tempo, maior flexibilidade de escolha do local e uma sofisticada decoração, com a identidade dos noivos em toda a cerimônia”, explica Elisa. “Por outro lado, esse estilo de casamento limita a lista de convidados e possivelmente gera um desconforto entre os noivos. Outra dificuldade está relacionada à logística dos fornecedores, que muitas vezes preferem dar prioridade a eventos maiores”, complementa a cerimonialista.

Realizando o sonho Fazer uma cerimônia em um lugar simples, com o estilo e com a presença das pessoas mais importantes para a vida do casal. Foi esse diferencial que fez os noivos Amanda Portes e Diego Sperotto decidirem fazer o casamento no estilo mini wedding. “Estávamos indecisos sobre o que fazer, não queríamos gastar muito e

fazer uma coisa que não fosse do nosso jeitinho. Vieram muitas opções, indecisões. Até que surgiu a ideia: por que não fazer uma coisa mais minimalista, só para as pessoas que convivem e realmente se importam conosco? Afinal, é assim que tem que ser, isso que importa. Como somos católicos, iremos nos casar em uma capela e com certeza ela combina com o estilo mini wedding, ela é pequenina e aconchegante”, disse Amanda Portes. O casal irá se casar em um Café Colonial em setembro deste ano e não esconde a animação em poder ter a identidade dos noivos nos detalhes do casamento. “O que mais nos chamou a atenção foi poder cuidar de cada mínimo detalhe, tudo vai ter um toque pessoal nosso. Além disso, com certeza poderemos curtir mais o momento e, principalmente, a família, padrinhos e amigos. Estamos animados com tudo”, comentou Amanda. Quanto às economias, a noiva disse que o casal havia entrado em um consenso de que a cerimônia não seria nada tão grande, mas sem deixar de mostrar a identidade do dos noivos, sempre Foto: Suprema Assessoria & Cerimonial

Desafio é escolher o estilo de casamento que melhor represente as características dos noivos


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buscando por fornecedores mais baratos e descontos na hora de pagar. “Os gastos estão dentro daquilo que já esperávamos, acredito que o mini wedding sai bem mais em conta do que um casamento normal. Economizamos em muitos detalhes e podemos nos dar o luxo de investir mais dinheiro em outros. Fomos economizando aos poucos e tentando sempre ganhar um bom desconto, pesquisando fornecedores que oferecessem o produto por um preço mais em conta”, finalizou a noiva.

Gastos Para a comunicadora e cerimonialista Fernanda Marchioro, é possível realizar uma cerimônia completa, do jeito que o casal sempre sonhou e ainda economizar nos gastos. “Pé no chão e calculadora na mão. Nada é impossível. O importante é não se empolgar nos fechamentos dos contratos e sempre buscar fornecedores com propostas que sejam viáveis ao orçamento do casal. Em meio à crise em que vivemos, todos buscam economizar de alguma forma. Alguns casais priorizam segmentos que consideram mais importantes, que devem gastar mais e economizam em outros”, explica a especialista. Ainda segundo ela, os preços podem variar muito em um mesmo fornecedor, dependendo da opção escolhida pelos noivos. “Você paga de R$1.000,00 a R$10.000,00 em um mesmo fornecedor. São as escolhas e decisões que os noivos tomam que norteiam se vão gastar R$ 10 mil ou R$ 100 mil reais”, completa Fernanda. Para aqueles casais que pretendem realizar o casamento sem se preocupar com o preço, existem várias opções no mercado que oferecem cerimônias luxuosas e requintadas. De acordo Fernanda Marchioro, não existe um preço máximo para estas cerimônias. “Costumo dizer que no casamento o céu é o limite”, finaliza. 


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NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

Fotos: Pedro Ivo Prates

Mais do que um atalho para a

profissionalização

Cursos técnicos se adequam às necessidades do mercado para formar profissionais empreendedores e com visão ampla sobre a profissão


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João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

um mundo em constante evolução, cujas transformações acontecem em velocidade vertiginosa, escolher uma profissão é tarefa ainda mais difícil do que aquela enfrentada pelos nossos pais – para ser honesto, até pelos nossos irmãos mais velhos. A rapidez com que as mudanças acontecem na sociedade é refletida imediatamente em um mercado de trabalho no qual as tendências de hoje podem se transformar em item de museu já no ano seguinte. Se já era tarefa complicada estudar para se transformar em um engenheiro, advogado ou médico, o que dizer de um futuro onde, de acordo com o previsão do Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças que estão começando o primário vão trabalhar em empregos que não existem? Pois a resposta para as aflições de uma geração marcada pela incerteza pode estar, vejam só, no velho conhecido Ensino Técnico. Esqueça a ideia de que o técnico é um curso voltado apenas para pessoas que serão preparadas para atuar em linhas de produção, com conhecimentos específicos sobre sua área e nada mais. Se as empresas atualmente preferem um bom solucionador de problemas a um bom soldador ou torneiro mecânico, os cursos de ensino técnico parecem estar ligados a essa tendência. Na Etep, instituição que oferece um dos mais tradicionais cursos técnicos da região, a ordem é se atualizar para não ficar em defasagem em relação às exigências das empresas. Diretor do Campus Esplanada da instituição de ensino, o professor Felipe Barros recebe semanalmente em sua sala tanto representantes de empresas que têm plantas fixadas na nossa região, quanto daquelas de fora do Vale do Paraíba. E o assunto é sempre o mesmo: qual tipo de profissional o mercado está procurando atualmente.

“O ensino técnico sempre teve essa vertente de preparar o aluno para já encarar o mercado profissional. Daqui ele saí com um ofício, o que ajuda muito na hora de conseguir trabalhar numa empresa e serve como diferencial para quem optar por fazer um curso universitário mais para frente. Por essa característica de ser mais voltado ao mercado, os cursos não podem parar no tempo, já que a velocidade com que este mercado muda é absurda”, explica.

Olhar amplo Caminho mais rápido para a inserção no mercado de trabalho, aparentemente o técnico não é mais aquele curso tão fechado em si mesmo como já foi. Até porque, de acordo com o diretor, ser um ótimo técnico em eletrônica, por exemplo, já não é a única exigência das organizações. O espírito empreendedor e a capacidade de resolver problemas tem ganhado espaço em tempos onde é tão importante cultivar um olhar mais amplo sobre a função exercida dentro da empresa. “Atualmente quem tem uma boa ideia pode muito bem montar uma startup para desenvolver seu material. O sucesso dessa empreitada exige muitas coisas além do conhecimento técnico. É preciso ter características empreendedoras e entender como aquilo que você domina pode ser útil para solucionar um problema de âmbito maior”, explica. Pensando nisso, a escola promove uma série de eventos que aproxima possíveis investidores a alunos e alunas com boas ideias para serem implementadas. Uma espécie de caça-talentos, que acaba rendendo bons frutos para as empresas. “Estas empresas normalmente gastam muito dinheiro com a qualificação de pessoal. Quanto mais os estudantes saem daqui sabedores de como é a realidade do mercado, mais chances eles terão de conseguir um investimento para


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seus projetos ou de ingressar em um bom emprego”, diz.

Trabalho em equipe Conhecer pessoas novas, acreditar em seus projetos e aprender a trabalhar em equipe foram apenas algumas das habilidades desenvolvidas pelas alunas Maria Julia Rachid e Mariana Vasconcelos, ambas do segundo ano do Ensino Médio, que cursam junto com o técnico em Eletrônica. As duas foram aos Estados Unidos integrar a equipe que defendeu o Brasil na First, competição de robótica que envolve países do mundo inteiro. A competição aconteceu em março deste ano. “É uma experiência muito legal. Você aprende a lidar com os problemas de última hora, com o estresse da competição, ajuda as pessoas que precisam de uma forcinha na hora da execução. Fica marcado para a vida inteira”, afirma Mariana. Companheira de time, Maria Julia quer utilizar a experiência que teve no exterior para aprimorar suas capacidades profissionais. A estudante tem o objetivo de cursar engenharia elétrica. “Acho que um curso Desenvolvimento do espírito empreendedor e e da capacidade de resolver problemas têm ganhado cada vez mais espaços nos cursos técnicos

“É uma experiência muito legal. Você aprende a lidar com os problemas de última hora, com o estresse da competição, ajuda as pessoas que precisam de uma forcinha na hora da execução. Fica marcado para a vida inteira” Mariana Vasconcelos ESTUDANTE

técnico já ajuda bastante a começar bem a carreira. Mais tarde, essas experiências que eu tenho tido por aqui vão ser bastante importantes”, comenta.

Aberto para o mercado Formar o profissional para o mercado atual não é tarefa fácil. São novas

profissões que surgem, outras que se reinventam e aquelas que simplesmente desaparecem. De acordo com o coaching em gestão de pessoas e professor da Unitau (Universidade de Taubaté), Julio Gonçalves, não é só para o setor industrial que os cursos de ensino técnico estão mirando atualmente. O crescimento das áreas ligadas à economia criativa também aparece no foco das instituições. “É claro que os cursos técnicos são atrativos para jovens em uma região tão rica industrialmente. Esse vai ser o foco dos técnicos por muito tempo, considerando a grande força desta indústria. Mesmo assim, há uma forte guinada para as áreas de Hotelaria, Turismo, Culinária ou Estética. Nessas áreas, há pessoas que conseguem grandes oportunidades. Sem contar as áreas de programação e ciências da computação”, explica. De acordo com o professor, a principal mudança no mercado para os alunos de cursos técnicos é a procura por profissionais com mais capacidade de autogestão e visão global. Gonçalves afirma que tal posicionamento pode levar um técnico muito


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adiante na empresa, garantindo inclusive um posto de trabalho em alguma área que não é a sua de formação. “Para se ter uma ideia, conheço um profissional que ocupa o cargo de diretor de engenharia em uma empresa cuja formação é em Administração. Foi nos cursos de pós-graduação que ele inclinou sua carreira para essa área. Mas sua capacidade de gerir pessoas se sobrepôs ao conhecimento técnico”, explica. Para o adolescente que está pensando em ingressar em um curso técnico, as dicas do especialista são informar-se o máximo possível sobre a área em que se deseja seguir carreira, saber quais as novidades e projeções para os próximos anos deste ramo e procurar pessoas que já trabalham na área. “O técnico também oferece essa opção de experimentar alguma área e não gostar. Mas é importante saber bem onde está entrando e para onde essa profissão pode ir”, conclui. 

“Para se ter uma ideia, conheço um profissional que ocupa o cargo de diretor de engenharia em uma empresa cuja formação é em Administração. Foi nos cursos de pós-graduação que ele inclinou sua carreira para essa área” Julio Gonçalves COACHING EM

GESTÃO DE PESSOAS E PROFESSOR DA UNITAU


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NOTÍCIAS SAÚDE

Bichectomia: a cirurgia do momento Procedimento que reduz a gordura das bochechas promete acabar com problemas estéticos e funcionais

Fotos: Pedro Ivo Prates


vmp8.com

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Yasmin Faria RMVALE

Q

uem tem o sonho de ter o rosto mais fino e delineado ou até mesmo acabar com o incômodo de morder as bochechas ganhou uma nova alternativa. Há pouco tempo os olhos do Brasil se voltaram para uma cirurgia que promete acabar com estes problemas e ainda aumentar a autoestima em pouco tempo, com um pós-operatório tranquilo e rápido; a bichectomia. Os principais motivos que fazem com que os pacientes busquem pela cirurgia são estéticos, como a insatisfação com o grande volume das bochechas e o contorno arredondado do rosto, ou, ainda, desejo por uma estética facial mais atraente e fina. Mas a cirurgia não se restringe somente à autoestima. Ela ainda também possui uma indicação funcional em pacientes cujo volume de gordura nas bochechas incomoda, levando os mesmos a morderem a própria bochecha com frequência, podendo gerar doenças no interior da boca. Este procedimento cirúrgico vem ganhando adeptos na RMVale, que conta com profissionais especializados na realização da bichectomia, procedimento cada vez mais procurado por pacientes que enfrentam o problema. A bichectomia é realizada por meio de uma pequena incisão, de 1 a 3 centímetros feita no lado interno da bochecha, para a retirada dos corpos de gordura, são (chamados de bolas de Bichat). Ela pode ser feita com anestesia geral ou até mesmo com anestesia local, e dura em uma média de 40 a 60 minutos. O pré e pós-operatório são bem semelhantes a outras cirurgias realizadas na cavidade oral, como a remoção dos dentes do siso. É preciso realizar exames pré-operatórios, e o maior desconforto no pós é causado pelo inchaço, que começa a diminuir cerca de 48 horas após a cirurgia. O procedimento tem

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pouca queixa dolorosa, desde que o paciente siga as orientações passadas pelo cirurgião. A bichectomia apresenta baixos índices de complicações, porém o profissional deve estar apto e capacitado para resolvê-las caso ocorram. De acordo com o dentista e residente em cirurgia e traumologia buco-maxilo-facial, Ivan José Oliveira, os riscos são específicos. “Existem dois riscos específicos na cirurgia de remoção das bolas de gordura da bochecha. São eles: a lesão a ramos do nervo facial, que movimentam parte da boca, e a lesão ao ducto da glândula parótida, que leva saliva para a boca. Tais acontecimentos podem ser praticamente eliminados quando realizados por um profissional capacitado a realizar uma técnica cirurgia delicada”, afirma Ivan.

ao procedimento, como a cirurgia funciona, preços, pós-operatório, enfim, tudo o que eu precisava saber para fazer a cirurgia tranquila. Descobri que posso fazer o procedimento com um cirurgião dentista e me animei. Pretendo fazer a bichectomia o quanto antes,” disse. A estudante Carolina D’amaco rea-

Sonho de fazer bichectomia A grande maioria das pessoas que optam pela cirurgia de retirada das bochechas devido à problemas de autoestima. Estas pequenas imperfeições estéticas interferem diretamente no psicológico das pessoas, afetando suas vidas de forma negativa. Jade Ribeiro, fotógrafa e estudante, conheceu o procedimento em 2015 por meio do Facebook. A partir disso, surgiram dúvidas e a vontade de fazer a bichectomia, principalmente por questões estéticas. A fotógrafa pretende fazer a cirurgia o quanto antes, e disse que percebeu estar preparada para a realização do procedimento durante suas pesquisas. “Quando eu vi a página falando sobre a cirurgia eu tive curiosidade de saber como o procedimento é feito e pensei: é a minha chance de conseguir acabar com um problema que me incomoda há muito tempo. Minhas bochechas são maiores do que eu gostaria, e sempre achei que meu rosto poderia ser mais fino. Comecei a procurar links na internet relacionados

“A lesão a ramos do nervo facial, que movimentam parte da boca, e a lesão ao ducto da glândula parótida, que leva saliva para a boca, são riscos que podem ser praticamente eliminados quando realizados por um profissional capacitado para essa técnica cirurgia delicada” Ivan Oliveira, DENTISTA E

RESIDENTE EM CIRURGIA E TRAUMOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL

lizou o procedimento em julho de 2016, por motivos estéticos e patológicos, pois sempre mordia as bochechas devido às

bolsas de gordura. Antes de fazer o procedimento, a estudante pesquisou sobre o assunto. E pensou nos prós e contras. Ela contou que teve apoio de amigos e familiares, pois era um aspecto que a incomodava muito. Carolina contou que está muito mais confiante e feliz com o resultado do procedimento. “Estava receosa no início, nunca havia feito nenhum procedimento cirúrgico. Pensei nos riscos, no resultado em longo prazo e, principalmente, se gostaria dessa mudança estética após a cirurgia. Pesquisei bastante sobre a cirurgia e profissionais que poderiam fazê-la. Equilibrei os prós e contras e decidi fazer a bichectomia com um cirurgião dentista. Como sou bastante curiosa e ansiosa, perguntei sobre todas as outras dúvidas que foram surgindo e como seria o resultado final. Tive confiança no profissional e nas orientações percebi que o procedimento é simples e rápido. Realmente foi bem tranquilo, adorei o resultado e já indiquei para várias pessoas”, informou Carolina.

Dentistas fazem a cirgurgia? Pelo procedimento ser feito no interior da boca, área de domínio dos cirurgiões dentistas, existe uma grande procura destes profissionais para realizarem a bichectomia, que apesar de possuir finalidade estética na maioria dos casos, pode ser realizada por esse tipo de profissional. A cirurgia também é realizada por cirurgiões plásticos. Segundo Ivan, cirurgiões dentistas possuem a formação teórica e pratica necessária para realizar a cirurgia. “O procedimento engloba a necessidade de conhecimentos anatômicos faciais e conhecimentos cirúrgicos, além de ser um procedimento realizado na cavidade oral, área de domínio do cirurgião dentista, principalmente se tratando de um profissional especialista em cirurgia e traumatologia buco- maxilo- facial”, disse. O cirurgião ainda ressalta que existe


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uma resolução na lei que trata sobre o assunto, permitindo os cirurgiões dentistas a fazerem o procedimento. “De acordo com a resolução do conselho federal de odontologia CFO 185/93, Art 43, é vedado ao cirurgião dentista o uso da via cervical infra-hióidea, bem como a prática de cirurgia estética, ressalvadas as estético-funcionais do aparelho mastigatório. Portanto, o cirurgião dentista capacitado na realização das cirurgias de bichectomia encontra-se apto a realizar tal procedimento desde que o mesmo apresente indicações estético-funcionais adequadas a determinado paciente”, explicou Oliveira. Porém, não basta somente decidir realizar o procedimento. Antes da cirurgia ser feita, é preciso fazer uma análise da face dos pacientes.

“Equilibrei os prós e contras e decidi fazer a bichectomia com um cirurgião dentista” Carolina D’Amaco ESTUDANTE

“A grande maioria das cirurgias estéticas da face pode ser realizada quando houver o crescimento completo da face. Porém, no caso da bichectomia deve-se fazer uma análise minuciosa da área, principalmente em pacientes idosos, os quais apresentam menor volume de gordura nas bochechas e maior flacidez na pele, podendo ocasionar um resultado estético não satisfatório,” explicou o cirurgião dentista. Ivan ainda ressalta que o procedimento cirúrgico, como já citado, apresenta riscos inerentes, portanto o paciente deve sempre procurar um profissional capacitado. “Sempre dê preferência a um cirurgião para a formulação do correto diagnóstico e plano de tratamento, que vise atingir expectativas reais dos pacientes em sua correta indicação”, finaliza. 

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NOTÍCIAS CULTURA

Fotos: Pedro Ivo Prates

A Broadway é aqui

Academias da região oferecem cursos especiais de teatro musical e alimentam o sonho estrelado de atores, dançarinos e cantores João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

T

radição norte-americana, os grandes musicais já são uma realidade no mercado brasileiro. Donos das maiores bilheterias e de megaproduções, o gênero caiu facilmente no gosto do público nacional, atraindo às salas até mesmo aqueles que não tinham o costume de freqüentar o teatro.

Atores em aula de musical no Teatro da Rua Elisa, em São José

O sucesso absoluto das versões nacionais de espetáculos trazidos de fora do país, como Wicked, A Bela e a Fera, Rei Leão e Fantasma da Ópera (este último, com público recorde de 800 mil pessoas em 25 meses em cartaz) deu o fôlego necessário para que o país iniciasse sua caminhada nas produções originais. Atualmente, o gênero vive um período de retomada no cenário brasileiro. A consolidação do musical nacional veio logo depois, com espetáculos com a nossa assinatura e que contam a história

de ídolos como Cazuza, Tim Maia, Elis Regina e Mamonas Assassinas. A multiplicação das produções (entre junho de 2015 e junho de 2016, foram 24 montagens do gênero) aquece um mercado que alimenta o sonho de aspirantes a estrelas de musicais. Na região, o ano foi marcado pela abertura de cursos especializados em formar artistas para atuar nos espetáculos musicais. As aulas unem conceitos de atuação, canto e dança e têm, em média, três horas de duração cada.


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Na Academia Cristina Cará, em São José dos Campos, o curso conta com três turmas: kids, teens e adultos. A grande demanda por artistas para este tipo de produção foi uma das inspirações da proprietária, Cristina Cará, que percebeu a necessidade de formar artistas com capacidade para atender o crescimento desta demanda no teatro. Cristina se juntou a amiga Fernanda Chama, atriz de musicais e jurada no programa Dancing Brasil, apresentado pela Xuxa, e dona da academia Estudio Brodway, de São Paulo, para montar um programa de aulas. “Com os musicais assim tão fortes no país, aumenta bastante o leque de atuação para os artistas. É um mercado de trabalho que até então a gente não tinha tão estabelecido. A ideia do curso é proporcionar aos alunos essa experiência de cantar, atuar e dançar, preparando para as audições de grandes espetáculos. Eu mesma faço aula de canto há três anos e gosto muito de proporcionar esta experiência aos alunos”, comenta. O aparecimento dos cursos na região significa também uma economia de tempo para os artistas que precisavam ir a São Paulo para participar de aulas específicas. De acordo com Cristina, alunos da cidade, que frequentam a escola da amiga e professora Fernanda Chama, estão migrando para São José, onde podem ter o mesmo treinamento.

Escolas contam com turmas para crianças, adolescentes e adultos

“O Estúdio Brodway é uma academia bastante conceituada no cenário nacional. Há muitos alunos de lá que estão nas principais produções musicais do país. Alguns deles da nossa região, inclusive. Por isso, oferecer este mesmo padrão de qualidade é uma saída para quem não quer se deslocar para São Paulo. Ou até mesmo para aqueles que preferem somar as aulas na capital com as daqui”, explica.

Lista de espera Espaço cultural especializado na formação de atores, o Teatro da Rua Eliza, em São José, também abriu turmas de teatro musical no início de 2017. As aulas começaram em fevereiro, mas

já estão com inscrições esgotadas. No teatro, a turma conta com 27 alunos, limite da capacidade, já que outros sete ficaram de fora, compondo a lista de espera. O sucesso da procura superou as expectativas da professora Tamara Maria Cardoso, responsável, junto com os professores Luan Fonseca e Marcio Faria, pelas aulas de teatro musical. Atriz e bailarina de formação, Tamara explica que o curso já era uma demanda antiga dos alunos. “As pessoas me pediam, mas eu não tinha dimensão de que teríamos toda essa procura. No curso a gente busca trazer uma intersecção entre a dança, atuação e o canto, formando uma linguagem artística peculiar. Que é diferente, por


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La La Land Dançarina de Ubatuba, Carla Bettin foi contemplada, em 2016, com uma bolsa de 20 aulas para a Edge Performan Art Center, de Bill Prudich. O artista compôs o elenco do musical La La Land, que arrematou seis estatuetas no Oscar 2017. A escola é uma das mais conceituadas dos Estados Unidos, país que é o berço dos musicais. Carla conseguiu a bolsa após ser destaque em um congresso internacional de jazz realizado na cidade de Indaiatuba (SP), onde o artista oferecia uma oficina. Diretora de Hip Hop da academia Experimental, a dançarina embarcou para Los Angeles, onde viveu dias intensos de aprendizado. “Como eu não tinha muito tempo, cheguei a fazer cinco aulas por dia. Lá a coisa é levada muito a sério mesmo. Os professores exigem muito treino, disciplina, é tudo bastante exaustivo, mas muito profissional. No mesmo lugar onde eu estava praticando, havia várias atrizes de Hollywood, e outras de séries super

famosas. Foi um aprendizado inesquecível”, lembra. Mesmo em contato com o que há de melhor no mundo dos musicais, a dançarina não tem dúvidas sobre a capacidade dos artistas do país e da região para almejarem voos maiores no cenário do teatro musical. “Enquanto eu estava lá, só conseguia imaginar o quanto a gente pode ser tão bom quanto eles. Como temos pessoas aqui com talentos semelhantes e que podem atuar naquele nível de excelência”, comenta.

Na estrada com a Brasília amarela Há um ano e meio, a história dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas, fenômeno da música nacional, é contada por meio do musical que leva o nome da banda. Entre os 16 artistas que dividem o palco, está a taubateana Nina Sato. Formada em farmácia, a bailarina preferiu seguir a veia artística. O musical dos Mamonas já é o 4º de uma promissora carreira da taubateana que, além dos palcos, também é dançarina do Programa do Faro, na Rede Record. Formada em balé ainda em Taubaté, Nina fez universidade em Campinas. A carreira artística começou a se tornar realidade depois da dançarina passar no teste para compor o elenco do musical Crazy for You, de Claudia Raia. “Eu caí de para-quedas no meio daqueles profissionais todos. Minha intenção era ir para ganhar experiência, mas acabei passando na audição. A partir daí, as coisas foram dando certo para minha carreira artística. Mas como minha formação está mais centrada na dança, eu precisei correr atrás para conseguir boas noções de canto e atuação, já que não tive essa formação anteriormente”, explica a dançarina que também tem no currículo os musicais Natal Mágico e Dias Deluta, Dias de Glória (que conta a história do cantor Chorão, do Charlie Brown Jr). Para Nina, o sucesso dos musicais

aumenta muito o campo de trabalho dos artistas, oferecendo mais oportunidades para quem quer viver de arte no país. “Por ser um gênero grande, sempre há um bom patrocinador por trás, os salários são pagos em dia, há possibilidade de contratos mais longos. Para mim, é uma porta que se abre para trabalhar na área”, explica. E, para quem está batalhando por um lugar ao sol nas megaproduções musicais, a dançarina adverte: é bom já ir se acostumando com os “nãos” pelo caminho. “A dica é ser perseverante. A gente escuta muitos, mas muitos nãos. Isso vai nos acompanhar pelo resto da vida. Todos artistas, por mais famosos que sejam, serão rejeitados, é normal, faz parte. O segredo é não baixar a cabeça e se manter motivado. Além, é claro, de não parar de estudar para estar pronto quando as oportunidades aparecerem.” 

Foto: Divulgação

exemplo, do cantar, atuar ou dançar por si só. No teatro musical, todos os gêneros estão influenciando os outros o tempo inteiro. É um grande desafio para os alunos e professores”, afirma. Uma das características do curso é a união entre alunos com diferentes capacidades. Há quem se incline mais para o lado da dança, mas que quer aprender a cantar, e cantores interessados em saber dançar, entre outros. No caso da aluna Bruna Corrêa, o maior desafio está em desenvolver as habilidades de canto. “Este é meu terceiro ano estudando teatro e meu objetivo é ser atriz profissional. Estou muito interessada na oportunidade de crescimento que o teatro musical oferece para a atuação. Entendo a arte como um todo e acredito que tudo o que acrescente na atuação é válido, Por exemplo, nunca achei que fosse conseguir cantar e, com as aulas de canto, tenho visto que é uma questão de estudo, de entender o seu timbre”, diz.

Carla Bettin, dançarina de Ubatuba contemplada com uma bolsa de estudos para a Edge Performan Art Center



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NOTÍCIAS ESPORTES

As meninas superpoderosas Conciliando o esporte com a rotina de trabalho, grupo de mulheres de São José vem fazendo bonito na canoagem havaiana Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

D

e remada em remada, São José dos Campos chegou à elite da canoagem havaiana no Brasil –e mesmo sem ter mar. Batalhando contra a falta de estrutura, um grupo de garotas da cidade vem fazendo bonito no esporte: em apenas dois anos, elas conquistaram nada menos que 26 pódios e garantiram a vaga na categoria ‘open’ da modalidade em 2017. O primeiro grupo feminino de canoa havaiana de São José surgiu meados de 2014, participando das primeiras provas menos de seis meses depois.

A equipe Odoyá é formada por sete mulheres com suas particularidades e profissões que se apaixonaram pelo esporte ainda pouco praticado, mas que ganhou uma visibilidade maior após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no último ano –embora a canoagem olímpica seja disputada em lagos. Como diversas outras histórias da descoberta de um dom, as amigas e colegas da aula de SUP (Stand-Up Paddle) se encantaram pelo esporte durante um passeio pela orla de Ilhabela, no Litoral Norte, a convite do atual técnico, Rafael Leão, tricampeão brasileiro pela equipe Samu Team Brazil. “Um belo dia, convidaram a gente

para remar em Ilhabela em um passeio. Foi uma viagem que tocou a nosso coração. Todo mundo voltou para São José e foi atrás do nosso treinador, falando: ‘A gente tem vontade’”, lembra Paula Rodrigues de 35 anos, professora de yoga e integrante da Odoyá.

Primeiros passos O primeiro contato em conjunto foi apenas um momento que reforçou outras experiências adquiridas pela maioria das atletas que compõe a equipe. “Cada uma, de alguma, forma teve uma experiência na canoa ou direta ou indiretamente A gente juntou a equipe pra ir remar nesse evento e só, não era uma Foto: AlexandreSocci_Aloha

Meninas da equipe Odoyá em ação; interesse pelo esporte surgiu há apenas três anos


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Foto: Equipe Odoyá

equipe que tinha pretensão de se manter junta”, conta a psicopedagoga e psicanalista Claudia Del Corto de 39 anos. Após a descoberta da modalidade, a busca pelo auxilio profissional do treinador e o inicio das aulas de canoa havaiana, as meninas já se jogaram na água para competição em menos de três meses, no Campeonato Paulista de Peruíbe, em outubro de 2014. No mesmo ano, novas meninas já se uniram à equipe e, de quatro integrantes, o time se consolidou com sete atletas, formando um grupo para competições da categoria OC6 (modalidade com seis atletas em cada canoa). “Aconteceu a primeira prova, logo em seguida tinha outra. Aí a gente gostou, decidiu participar e convidou a Fabi. Nessa prova pegamos o segundo lugar e foi quando teve aquele click de falar assim: ‘Somos boas nisso’”, relata Paula Rodrigues sobre a conquista no Campeonato Brasileiro na praia de Santos em novembro de 2014. Na segunda competição, o segundo pódio fortaleceu a confiança e o desejo

das meninas em continuar –e alcançando boas colocações consecutivamente nas provas seguintes. Agora em 2017, a Odoyá está classificada para as provas da “série A” da canoagem. Na primeira competição do ano na categoria Open, as meninas garantiram o terceiro lugar na prova que aconteceu em Ilhabela e seguem focadas nas próximas quatro já programadas para este ano.

A equipe Para as meninas, o que levou em pouco tempo o reconhecimento entre equipes experientes foi a construção de uma união entre todas as atletas e a remada em direção a um mesmo foco. “Na canoa essa questão do entrosamento, estarmos juntos, não só da batida do movimento, mas de uma sintonia de sincronia do nosso estado, o respeito uma pela outra é essencial. Não e só a questão do exercício”, comenta a atleta Claudia Del Corto. A composição fixa desde o início chegou a atrair olhares e comentários

Equipe treina em um lago dentro de uma área particular na zona rural de São José dos Campos


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dos organizadores de competições de canoa havaiana. “Hoje, a técnica representa 50% da nossa equipe. Os outros 50% são o nosso conjunto, que é difícil outra equipe ter. Isso faz ganharmos de equipes que remam no mar e treinam todos os dias no mar”, destaca a jornalista de 40 anos, Fabiana Ferreira, que considera a Odoyá uma “irmandade”.

Rotina As sete atletas ainda não vivem apenas do esporte e dividem o seu tempo profissional e pessoal com os treinos e preparação para as competições. A equipe tem dois treinos oficiais por semana, em um lago dentro de uma área particular no bairro Vargem Grande, na zona norte de São José dos Campos. Mas a preparação de condicionamento físico acontece de forma individual, além das aulas de SUP, onde houve o encontro entre as meninas, em um lago dentro da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), na zona oeste da cidade.

“A gente treina o mínimo do mínimo”, comenta Paula. “Nós falamos que sempre queremos treinar mais, mas cada uma tem a sua vida profissional e precisa se adequar”, completa Fabi. Entre as meninas entrevistadas, Paula é a única junto com outras três atletas que participam dos dois treinos semanais. “Eu sou uma das que treina fixo. Isso é o nosso maior sonho, estarmos juntas com essa frequência e entrosamento, para ajuste nos detalhes que é feito nos treinos”, diz Paula, que ainda possui uma rotina de exercícios para estar preparada para as competições. “Eu faço funcional uma ou duas vezes na semana e yoga é o meu trabalho. Durante as minhas aulas eu tenho que praticar. No fim de semana já é uma prática mais leve ou um treino”, relata. As demais meninas que possuem uma rotina profissional longe de alguma atividade física precisam de um tempo maior de preparação. “Eu tento equilibrar seis vezes na

semana com remo de canoa e Stand-Up Paddle, faço treino de standup, funcional e treino com a equipe uma vez só. E um dia da semana é sagrado o descanso, que é fundamental para melhorar o meu desempenho tanto na rotina do dia a dia como para a atividade física”, descreve Claudia. A psicanalista trabalha em uma creche de São José, da aula em uma faculdade e também realiza atendimento particular voltado para a área de dificuldade de aprendizagem e também das questões relacionadas à emoção. Já Fabiana, jornalista que recentemente entrou para o ramo empresarial, já possuí uma trajetória com o esporte e tem uma rotina mais forte. “Remo duas vezes por semana. Fim de semana, eu podendo, estou na água. Faço três vezes o treino funcional para adquirir força e resistência e ainda faço massagem desportiva uma vez por semana”, conta. As outras quatro atletas que compõe a equipe Odoyá também não têm uma

Foto: Equipe Odoyá

Equipe feminina de canoagem havaiana de São José disputa este ano a elite da modalide


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rotina somente voltada à canoagem: a professora Sabrina Ribeiro, a arquiteta Raquel Pinheiro e a educadora física Raquel Daoud.

Detalhes

“Hoje, a técnica representa 50% da nossa equipe. Os outros 50% são o nosso conjunto, que é difícil outra equipe ter. Isso faz ganharmos de equipes que remam no mar e treinam todos os dias no mar” Fabiana Ferreira JORNALISTA

Na canoa havaiana, a equipe é formada sempre por seis remadores, onde cada lugar dentro da canoa corresponde a uma função. A primeira da embarcação, na proa, é a responsável por ditar o ritmo da navegação –chamada de Voga–, seguida pela segunda na mesma função, mas no lado oposto, composta pelas atletas Paula Rodrigues e Raquel Pinheiro. A terceira atleta, Sabrina Ribeiro, faz a contagem das remadas durante a competição e dá o grito ‘RIP’, sinal

para que as atletas mudem o lado da remada. “Entre 15 remadas, a atleta que está no meio da canoa fala para todo mundo ouvir “rip” e a outra parte fala “rou”. Esse sinal serve par avisar a hora de trocar o lado da canoa. Nessa hora as integrantes de um lado vão para o outro”, explica Fabiana. O terceiro banco ainda divide uma função com a quarta atleta que é à força da canoa. E o quarto banco, Claudia Del Corto, isoladamente oferece o equilíbrio da embarcação. No final da canoa, o quinto banco, Raquel Daoud, vai ajudar na tração traseira e na força. E a sexta atleta –chamada de Leme– comanda a direção da canoa, função de Fabiana Ferreira. Foto: Equipe Odoyá

Meninas competem com equipamentos alugados


Foto: Equipe Odoyá

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“Eu fico ao fundo controlando a canoa, com um remo maior. O comando ‘leme’ é a hora em que você coloca o remo na água para o lado de direção. Mas a gente chegou a um nível que não exige mais fazer leme. Eu já consigo remar junto com elas e direcionar a canoa”, explica a atleta.

Incentivo

Atualmente, a equipe conta com recursos da Lei de Incentivos Fiscais de São José

Bons resultados da equipe estimularam o surgimento de novos atletas da cidade

Para a equipe Odoyá, cada competição pode sair em torno de R$ 3 mil, de acordo com o local da prova e outras necessidades. “Hoje temos a LIF (Lei de Incentivo Fiscal) através da prefeitura, e quem nos apoia nos disponibiliza uma valor especifico de impostos para patrocinar a equipe Odoyá. Nós temos com gastos o aluguel da canoa, inscrição, transporte, estadia e alimentação. Uma prova custa em torno de R$ 3.500 cada, se for próxima, fora as provas que exigem transporte aéreo”, descreve Fabiana. Mas a prática da canoa havaiana não exige equipamentos próprios e um gasto alto, explicam as atletas. O único valor fixo é da aula, como qualquer outra escolinha de futebol ou natação. As aulas de canoa havaiana e outras categorias acontecem no mesmo local de treino das equipes, em uma área particular na zona norte de São José, durante a semana, e na represa do Jaguari, em Jacareí, aos fins de semana. Na represa, as atividades com canoas podem ser agendadas para a família


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como uma opção de lazer para todos. “É um esporte muito inclusivo, que permite a superação e o contato de estar junto com o que você pode oferecer, usa muito a perna a troca de perna, usa o braço o jogo de corpo. Você adquire o preparo físico, não e um requisito”, conta Claudia. Para fortalecer a modalidade na cidade e oferecer uma estrutura para os novos adeptos a canoagem, foi oficializada no início de 2017 a Associação São José Paddle Club. “A escola de canoagem está dentro da associação, que foi criada para ganhar força dentro da Confederação Brasileira de Canoa Havaiana. Hoje São José já tem uma associação dos canoístas, mas não é só canoa, atendem os atletas de SUP e caiaque”, explica Fabiana. As diversas conquistas obtidas pela primeira equipe de canoagem de São José já estimularam a composição de novos times para competição. Na cidade, são três equipes femininas (Odoyá, Akamai e Kauana) e duas masculinas (Koru e São José Paddle Club). A dedicação dessas sete meninas e dos demais canoístas de São José é refletida no crescimento dos adeptos da modalidade e a possibilidade da formação de futuros atletas de canoagem na cidade. E assim, de remada em remada, a canoagem vai garantindo espaço em São José. E os atletas do Vale vão acumulando conquistas em alto mar. 

Foto: Equipe Odoyá


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NOTÍCIAS TURISMO

Fotos: Pedro Ivo Prates

Saindo da mesmice, descobrindo o novo

Metrópole traz 4 sugestões para curtir o inverno longe da badalação Wagner Matheus

Q RMVALE

ue tal esquecer os roteiros tradicionais de inverno e ousar um pouco? Metrópole Magazine foi buscar as novidades em quatro cidades próximas que talvez você ainda não conheça como deveria. Veja um roteiro de quatro cidades – Bananal, Guararema, Ilhabela e São Bento do Sapucaí – com atrações e opções de hospedagem e gastronomia para todos os gostos e bolsos. E boa viagem!

Um mergulho na história

A estância turística de Bananal está encravada no sopé da serra da Bocaina, no chamado Vale Histórico. Sua maior atração é o patrimônio arquitetônico formado por fazendas e sobrados urbanos que testemunham a fase áurea da cultura cafeeira no município. Localizada a 237 quilômetros de São José dos Campos, Bananal também é conhecida pelo seu artesanato, com destaque para o crochê de barbante, e pela produção de cachaça e doces artesanais.

Várias das antigas fazendas de Bananal foram transformadas em hotéis e diversas outras são abertas a visitação, onde se pode ter contato com a arquitetura colonial, afrescos, móveis antigos, objetos de uso pessoal das sinhás e antigos utensílios de cozinha. Outra construção que chama a atenção é a estação ferroviária, construída inteiramente com placas pré-moldadas importadas da Bélgica. Inaugurada em 1889, é a única construção desse gênero na América Latina. Também vale uma visita ao Solar Aguiar Valim, uma construção do século XIX em estilo neoclássico, e à igreja matriz, erguida em taipa de pilão no estilo colonial. Como atrações naturais, destacam-se a cachoeira do Bracuí, que possui cinco saltos com aproximadamente 150 metros de extensão, e a Estação Ecológica, que ocupa uma área com altitude entre 1.200 e 1.900 metros. Abrigando um centro de pesquisas, a estação guarda espécies ameaçadas de extinção e bromélias raras. Onde ficar Hotel Fazenda Boa Vista – A fazenda, construída em meados de 1780, chegou a possuir cerca de 1.000 escravos. Várias telenovelas de sucesso utilizaram o casarão como cenário, como O Casarão, Sinhá Moça, Cabocla e Dona Beija. Possui acomodações dentro e fora da construção histórica. Rodovia dos Tropeiros, s/nº – (12) 3116-2025.

Hotel Fazenda Três Barras – Instalado em uma fazenda construída em 1813, época do Império. Com arquitetura preservada e 25 aposentos, os móveis, a adega e um coreto permitem viver um pouco da história de riqueza do ciclo do café. Oferece chalés, piscinas com toboágua, piscina de hidromassagem, cavalos, lago para pesca, saunas e minigolfe. O restaurante promete a tradicional culinária da região, do café colonial ao jantar. Rodovia dos Tropeiros, Km 320 – (12) 3116-1356. Pousada Castor – Está dentro do centro histórico de Bananal, no alto de uma colina, com vista panorâmica para a bucólica cidade colonial. São 18 suítes equipadas com frigobar, TV e wi-fi. Sugere happy hour em seu Paradiso Bar à beira da piscina. Rua Pedro Humberto Bruno, 123 – (12) 3116-1216. Onde comer Restaurante Dona Licéia – Cozinha considerada sofisticada. O restaurante fica na zona rural da cidade, a 4 quilômetros do centro do distrito de Arapeí. O acesso é mais apropriado a veículos resistentes. Também é recomendável ligar e reservar. O restaurante foi montado na Fazenda Caxambu. Compõem o cardápio pato com laranja, feijão tropeiro, coelho no vinho tinto, galinha-d’angola ao molho pardo, entre outros pratos surpreendentes. O bufê de sobremesas conta com cerca de 40 opções. Recomendado a quem deseja viver uma experiência


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gastronômica sem gastar uma fortuna para isso. Estrada dos Tropeiros, s/nº – Arapeí – (12) 3115-1412. Casarão Andrade – Tem como especialidade a comida caseira interiorana, feita e aquecida em tradicional fogão a lenha que fica no meio do restaurante. Sistema self-service com bufê de sobremesas. Localizado no centro da cidade, na praça da matriz. Praça Pedro Ramos, 113 – (12) 3116-1489. Restaurante 418 – Comida mineira no fogão a lenha (tutu, carne de porco, torresmo e outras iguarias). Farofa de alho e pastel de banana estão entre as novidades mais apreciadas. Sistema self-service. Praça Pedro Ramos, 81 – (12) 3116-5418.

Vizinha do Vale tem natureza linda e bons hotéis

Embora pertencente à região do Alto Tietê, a cidade de Guararema está muito próxima do Vale do Paraíba. Distante apenas 36 quilômetros de São José dos

Campos, é uma boa opção de turismo de um dia. Mas também possui uma rede de hotéis e pousadas que convida o visitante a curtir por mais um tempo a tranquilidade, o clima e as paisagens do município. Guararema é lugar antigo. Surgiu em 1611, quando foi fundado o aldeamento da Escada, para onde foram levados índios já catequizados. Neste núcleo original, em 1734 foi erguido um conjunto formado por uma capela e um alojamento que passou a servir como convento. A capela, batizada de Nossa Senhora da Escada, é hoje uma das principais atrações turísticas de Guararema. O conjunto fica a 3,5 quilômetros do centro da cidade. Desde 1941 a igreja é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Outras atrações importantes são a Ilha Grande e o Parque da Pedra Montada. A primeira é uma ilha formada no rio Paraíba do Sul, que corta o centro da cidade. O parque possui trilhas, playground, jardins e espaço para venda de artesanato local. Já o Parque da Pedra Montada tem esse nome em razão de uma sobreposição inusitada de duas pedras, cada uma medindo cerca de 9 metros de comprimento por 2,5 metros de altura. O Recanto do Américo, também conhecido como Pau D’Alho, é considerado pela prefeitura como o cartão postal da cidade. Trata-se de uma área repleta

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de recursos naturais que se interligam em uma praça com quiosques, bancos, alambrados, decks com vista panorâmica, banheiros e lanchonete. O Recanto conta com espécies nativas remanescentes da Mata Atlântica, além dos recursos fluviais e a centenária árvore Pau d’Alho, com 33 metros de altura. Outro ponto de visitação de Guararema é o passeio de trem entre a estação central da cidade e a estação da Vila Luís Carlos, com um trajeto de 6,8 quilômetros. Onde ficar Guararema Parque Hotel Resort – Dentro de uma área de 532 mil metros quadrados, o hotel está cercado pela Mata Atlântica. Indicado para famílias, mantém equipe de recreação todos os finais de semana, feriados e temporadas de férias. Tem parque aquático com piscinas para adultos e crianças, climatizadas e cobertas, além de piscina ao ar livre com toboágua. A área conta com nove trilhas para caminhadas ecológicas. O hotel oferece um total de 87 acomodações em cinco categorias. Rua D’Ajuda, 438 – (11) 4693-8903. Vale do Sonho Hotel & Eventos – São 14 chalés e 12 apartamentos. Tem área de lazer com salão de jogos, churrasqueiras, sauna, piscinas aquecidas, quadra iluminada, playgrounds, tirolesa e horta orgânica. Rua João Barbosa


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de Oliveira, 1888 – Bairro Freguesia da Escada – (11) 4693-1894. Pousada Sapucaia – Hotel em estilo fazenda, com piscina, a 600 metros do centro. Quartos equipados com TV, ventilador e frigobar. A pousada também oferece atividade de caminhadas e visitação a igrejas coloniais ou ao Parque Municipal da Ilha Grande. Rua João Barbosa de Oliveira, 1279 –(11) 4693-3721. Onde Comer Quinta da Freguesia – Instalado no bairro Freguesia da Escada, é conhecido pelo seu tradicional bacalhau. Oferece música ao vivo e ambiente agradável. Rua Yole Gasparini, 259 – Freguesia da Escada – (11) 4693-5628. Mirante do Paraíba – Especializado em peixes e frutos do mar. A cozinha fica à vista dos clientes. Todas as quintas feiras, a partir das 19h, promove a Noite da Paella em sistema self-service. Rua Admeleto Gasparine, 4509 – Freguesia da Escada – (11) 4693-6055. Recanto da Traíra – O cliente encontra mais de 40 opções de pratos quentes em fogão a lenha, como feijoada, costela com goiabada, virado, pernil, frango e torresmo, além de uma variedade de saladas e sobremesas. Tudo no sistema coma à vontade. No sistema à la carte, oferece traíra sem espinha, porções de rã, camarão e tilápia empanada. Fica ao lado do rio Paraíba. Rua Álvaro Campagnoli, 800 – (11) 4693-5328.

No verão ou no inverno, uma ótima opção

Ilhabela deixou de ser roteiro apenas de verão. Sua ampla programação

de eventos atrai visitantes durante o ano todo. A 116 quilômetros de São José dos Campos, o arquipélago de 14 ilhas, 73 praias e 365 cachoeiras faz parte do roteiro anual de cruzeiros marítimos. Recebeu 39 navios na temporada deste ano, com o desembarque de cerca de 3 mil pessoas, entre turistas e tripulantes. De sua área total de 346 quilômetros quadrados, cerca de 84% são tombados e pertencem ao Parque Estadual de Ilhabela. A cidade também é famosa como roteiro esportivo internacional. Anualmente, a Semana Internacional de Vela de Ilhabela reúne velejadores de diferentes países, entre eles Argentina, Uruguai, Chile, Itália e Alemanha. São 400 barcos com 1.500 velejadores disputando regatas no canal de São Sebastião. Durante essa competição a cidade recebe cerca de 50 mil turistas. Dentre os eventos promovidos para atrair visitantes, o Festival do Camarão é um dos mais elogiados, reunindo mais de 40 restaurantes da ilha. Onde ficar Pousada Praia do Curral – A pousada dispõe de 14 apartamentos com capacidade para até 4 ou 5 pessoas. Tem piscina, 2 mil metros quadrados de jardins e wi-fi. Serve café da manhã estilo colonial. Av. José Pacheco do Nascimento, 7835 – (12) 3894-1310. Hotel Pousada Praia do Portinho – Estrutura com restaurante e bar anexos, sauna a vapor, internet banda larga gratuita com wireless e TV para entretenimento. Piscina climatizada. Oito tipos de acomodações. Avenida Riachuelo, 11 – Portinho – (12) 3894-9400. Hotel Ilhabela Beach Alemão – Suítes amplas e bem decoradas, todas com ar-condicionado, ventilador de teto, frigobar, camas king size e TV parabólica. Nos jardins do hotel-pousada o hóspede encontra um pequeno lago com carpas e peixes ornamentais. Avenida Riachuelo, 6926 – (12) 3894-9290.

Onde comer Pimenta de Cheiro – Cozinha brasileira com serviço à la carte e pratos executivos. Oferece peixes, massas, carnes e cardápio vegetariano. Acompanham sempre salada, arroz, feijão, farofa e pimenta. Av. São João, 84 – Praia do Perequê – (12) 3896-3783. Copacabana Beer – Segundo seus proprietários, a casa é inspirada no charme e descontração dos tradicionais restaurantes cariocas. O cardápio inclui pizzas, sanduíches, saladas, grelhados e massas, pratos triviais à base de carnes, peixes e frutos do mar. Também há espaço para a comida de boteco, com virado à paulista, carne de sol com aipim e pirão de leite, tutu à mineira e carne seca com quibebe, entre outras opções. Praça Coronel Julião, 47 – Vila – (12) 3896-4116. Restaurante do Cura – Comida caseira, por quilo, aliada a pratos típicos da culinária internacional italiana, portuguesa, árabe, francesa e argentina. Mais de 20 tipos de saladas e 30 pratos quentes em cada refeição. Tem opção de grelhados e massas frescas preparados na hora. Avenida Princesa Isabel, 337 – Praia do Perequê – (12) 3896-1341.

Meio paulista, meio mineira, clima de serra

Com um clima temperado na divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, a cidade de São Bento do Sapucaí, nome advindo do santo padroeiro e do rio Sapucaí, que corta o município, conta com pouco mais de 11 mil habitantes e é um dos municípios que integram o Circuito da Mantiqueira.


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A 103 quilômetros de São José dos Campos (via rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro), São Bento do Sapucaí tem altitude média de 1.500 metros, matas de araucárias e fauna abundante. Sua “marca registrada” é a monumental pedra do Baú, que pode ser avistada de vários pontos da serra da Mantiqueira. Para se atingir o cume é necessário subir 600 degraus feitos de grampos cravados na pedra. Completam o complexo as pedras Ana Chata e Bauzinho, que possibilitam uma vista excepcional de todo o Vale do Paraíba. Outras atrações naturais importantes são a cachoeira do Toldi, com queda de 70 metros em meio à mata fechada, e a cachoeira dos Amores, que possui conjuntos de quedas e poções que permitem um banho refrescante. A cidade é também um paraíso dos esportes radicais, oferecendo trilhas, passeios de bicicleta, rapel, arborismo, tirolesa, “escalaminhada” e voo livre. O artesanato local se destaca com peças feitas em palha de bananeira, que gera esteiras, cadeiras, redes e quadros. Também podem ser encontrados trabalhos em palha de milho, madeira, argila, fibras e sementes. Outra atração são os trabalhos à base de mosaicos em peças de vidro, através da técnica “fusing”, e peças feitas a partir do cobre.

Outras atrações bastante procuradas pelos turistas que vão a São Bento: visita à agroindústria de azeite de oliva extravirgem Oliq (agendar pelo fone 35 99168-8829); Casa da Cultura, onde nasceu jurista Miguel Reale; Igreja Matriz, construída por escravos em meados de 1850 em adobe e barro; Museu da Revolução de 1932, localizado dentro da Pousada do Quilombo, erguida em pau-a-pique, guarda objetos e histórias da revolução; e o Eco Parque Pesca na Montanha, um pesqueiro com ampla área de recreação que oferece passeios a cavalo, arco e flecha, criação de truta, pedalinhos (cisnes), minigolfe, ateliê de artes e loja de artesanato. A cidade mantém um centro receptivo para turistas no portal de entrada, na Avenida Vereador Sebastião José Galdino – (12) 3971-2453. Onde ficar Pousada do Quilombo – 40 apartamentos com lareira, varanda, internet via satélite e área de lazer completa. Estrada do Quilombo, 1403 – (12) 3971-2686. Pousada Refugio do Serrano – Em estilo rústico, chalés de 40 metros quadrados, aconchegantes e funcionais. Estrada do Serrano, 1045 – (12) 3971-1758.

Villa da Montanha – No centro da cidade, dentro de uma área verde de 5 mil metros quadrados, possui três opções de chalés em estilo alpino. Rua Candido José da Silva, 504 – Barra Funda – (12) 3971-1268. Onde comer Restaurante Pedra do Baú – Localizado no sopé da pedra do Baú, traz a autêntica cozinha da Mantiqueira, uma mistura entre a cozinha mineira e a caipira. Conta bufê self-service. Dentre os pratos mais apreciados, destacam-se tutu de feijão, abóbora refogada, creme de mandioquinha, frango caipira, costelinha suína, peixe na chapa, linguiças artesanais e leitoa em pedaços. Aberto aos sábados, domingos e feriados. Estrada para a Pedra do Baú, km 11 – (12) 99703-9512. Restaurante Grão do Galo – Decoração rústica e cardápio variado. Porções, saladas, massas, pizzas, batatas recheadas, peixes, aves, carnes, salgados, doces e sobremesas. Estoque de cachaças da região e de várias outras partes do país. Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 348 – (12) 3971-2301. Trincheira & Trattoria – Comidas requintadas com um toque especial. Culinária brasileira e italiana com peixes, frutos do mar, truta, cabrito, filé mignon, risotos e massas. Tem opção de cardápio vegetariano, sem glúten ou sem lactose. Estrada do Quilombo, 1403 – (12) 3971-2686. 


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COLUNA Edu Rosa

Fotos: Arquivo Pessoal

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1. No ultimo dia 19/4 no Patio Eventos, aconteceu o Lançamento do VALE MUSIC FEST – presentão pra região de Oscar Constantino-Grupo Oscar, Izaias Alves-Marka Estruturas e Fauez Rachid –Anova Eventos – O Maior Festival de musica é esperado para Setembro ..... #OValePediu 2. Lançamento ARBOVILLE – na foto Carlos Eduardo Olivares, gestor executivo de projetos da Icone Costa Hirota, Alexandre Sardinha Avelãs – Socio Diretor da DeF Projetos, Fabiano Moura – Presidente da ACOMVAP, Prof Edu Rosa da UBC Jacareí, Ricardo Rinaldi de Mattos – DeF, “Cassiano Terra Simão” empresário e idealizador do Arboville e o Vice Prefeito de Jacareí Edgar Sasaki 3. Comemorações – no último dia 2/4 Recorde de Vendas e Happy B day para o amigo e master franqueado “Gera Fleury” laderado por Willian Almeida Caragua, Marco Antonio G. Freitas CVC Vale Sul, Edu Rosa CVC Intercambio, gerente regional Andre Mesquita, Du e Marcelo Matera CVC Taubaté I 4. CVC Guaratinguetá auxiliando os queridos Glauco e sua mãe Eduarda Kelly, que tem rodinhas nos pés .... desta vez curtiram o feriado de Tiradentes no coração do mundo – NYC !! 5. Silvana e Carlote Marques com os bens mais valiosos – os FILHOS ! Congratssss pela família TOP !! 6. Na maravilhosa e estruturada “Igreja da Cidade” – Consagração de Davi Ribeiro de Vilhena Rosa – Deus proteja e ilumine SEMPRE / 4 EVER !!!!!! 7. “Rafael Tosetto” da Daher Tênis disputa série de 3 torneios profissionais na Flórida, o atleta de Jacareí esta atrás dos primeiros pontos da Associação de Tenistas Profissionais ATP. Rafael conta com apoio da LIF São José dos Campos - Shopping Colinas

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Gastronomia&

Frio combina com pães especiais

Estações mais frias do ano alçam os triviais pãezinhos a destaques em receitas sofisticadas

Fotos: Pedro Ivo Prates


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João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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stá aberta a temporada do friozinho na região. Para os amantes da boa culinária, a época é, remetendo ao irresistível trocadilho, literalmente um prato cheio. Receitas sofisticadas não faltam em nosso rico cardápio regional. Dos caldinhos do centro de São José, aos fondues de Campos do Jordão, passando pelo popular afogado, tradicional na Festa do Divino, em São Luiz do Paraitinga. São tantos os pratos tradicionais para essa época do ano que uma lista deixaria de fora muitas dessas delícias. Entretanto, um item em especial merece menção honrosa. Afinal, é no inverno que o pão nosso de cada dia, corriqueiro companheiro das refeições matinais, sandubas e afins, ganha status de estrela da refeição. Outono e inverno são as estações mais quentes para o pãozinho. É quando a procura por pães especiais –aqueles portugueses, com azeitona, os italianos ou as francesíssimas baguetes –aumentam nas gôndolas das padarias especializadas. E em São José dos Campos não é diferente. A cidade abriga uma das mais tradicionais padarias da região, a MD, que desde o início dos anos 1980 produz de pães especiais até antepastos e os próprios embutidos. Neste local, a demanda pelos pães cresce em escala inversamente proporcional à temperatura. Basta a marquinha do termômetro descer, para os pedidos da clientela aumentarem. O chef de cozinha e um dos proprietários da casa, Pedro Abdalla, garante que a exclusividade é o segredo para transformar o pãozinho em artigo requintado à mesa. Para ele, os carros-chefe da casa são todos produtos de receitas familiares, que trazem aquele toque de sabor que não se encontra no supermercado.


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“É impressionante o quanto a temperatura mais fria aumenta a procura pelos pães especiais. As mais procuradas são as baguetes Reny, feitas com ingredientes franceses. É uma receita especial e muito tradicional da padaria. Os pães portugueses, as ciabatas, e até mesmo as rabanadas (que a casa não produz apenas no Natal a pedido dos clientes) são outras receitas que saem bastante”, afirma Abdalla.

Do trivial ao sofisticado Tanta procura assim se justifica. O pãozinho é um coringa nas receitas de inverno. Pode ser utilizado como ingrediente da massa de um bolinho de carne, como recipiente para cremes, patês, ou estrogonofes, como acompanhamento nos caldinhos, no fondue de queijo ou de carne. As combinações são variadas. Ainda há uma infinidade de harmonizações entre os pães com queijos e vinhos que, juntos, impulsionam paladares. Para quem quer harmonizar, a dica é muito simples: os sabores devem se complementar, e nunca um se sobrepor ao outro. Então, por exemplo, um pão de paladar mais forte pede um vinho tinto mais encorpado, como o Malbec ou o Cabernet Sauvingnon. De qualquer forma, o chef salienta que o segredo está nos ingredientes. De acordo com Abdalla, estão aí mais de 50% do que vai dar a receita. “Procurar bons ingredientes e bons fornecedores faz toda a diferença. Outra coisa importante é contar com ótimos padeiros, que sejam experientes e tenham uma boa sensibilidade para experimentar novas receitas e executar com perfeição nossas invenções culinárias”, afirma.  Abddalla Mauro e Pedro exibem pães especiais; acima, aperitivos servidos na MD


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Clientes saboreiam produtos na MD, em SĂŁo JosĂŠ


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Social&

por Amanda Poso

O rei da web A ideia de fazer vídeos engraçados para a internet começou por diversão. Hoje, Gilberto Jorge Guimarães Junior, 33 anos, o Junior Guimarães, leva a coisa a sério. Músico, ele foi alçado à condição de webcelebridade graças ao sucesso do projeto Tapa Olho Experimental, que há quatro anos lança semanalmente vídeos bem-humorados com uma caricatura dos habitantes da região. Atualmente, o TOE já tem mais de 30.000 seguidores no Facebook e uma linha de camisetas personalizadas. Mas os frutos desse trabalho não param por aí. Graças ao sucesso na web, Junior acabou engatando uma carreira no stand-up comedy (com diversas apresentações na região) e virou até garoto-propaganda da campanha deste ano da Prefeitura de Taubaté contra o mosquito da dengue. Este mês, o humorista inicia uma incursão pelo mundo dos aplicativos, lançando seu primeiro jogo para celulares: uma ‘homenagem’ à ‘Grávida de Taubaté’, que continua rendendo memes e piadas na internet --no game, o jogador tem que esconder bolas na barriga, recolher pacotes de fraldas e encontrar repórteres. “Sou um cara pé no chão com essas coisas de fama. Eu não entendo muito o que tá acontecendo, e prefiro não entender mesmo. Prefiro ficar voando, pensando: ‘Pô, que massa’”, disse Junior à Metrópole Magazine.

Volta por cima O Tapa Olho Experimental foi criado por Junior como uma forma de encarar com mais leveza um drama pessoal: a perda da visão do olho direito. “Inventei o nome quando eu já tinha aceitado essa condição. Tive toxoplasmose com 20 anos e fui gradativamente perdendo a visão. Pensei: ‘O melhor jeito de encarar isso é me zoar’”, conta. “O humor tem essas coisas, né? Quando você mesmo se zoa, fica mais suave pra todo mundo. Então, acho que esse é um dos princípios: primeiramente, você deve se zoar.” Mas Junior não é a única mente criativa por trás do Tapa Olho: em todos os projetos, ele tem a parceria do amigo e sócio João Justi --que participa de tudo, mas sem aparecer. Os dois sempre fizeram o conteúdo do canal com base em suas próprias vivências, buscando sempre valorizar características e costumes locais, “como pegar a via Dutra como se fosse a avenida de casa ou comer espetinho, pinhão e bolinho caipira”. “Comecei devagarzinho. Eu fazia um por mês, um a cada dois meses, bem de boa, bem como hobbie. Depois comecei a ver que o interesse, o tesão de escrever roteiro, filmar e editar só crescia. Comecei a pirar na edição”, conta o humorista. Atualmente, além dos 30 mil fãs no Facebook, o TOE conta com um canal no Youtube com quase 6.000 inscritos e 7.000 seguidores no Instagram. “Espero fidelizar esse público. A gente quer e sabe que tem potencial pra isso” afirma o criador do canal. Alguém duvida?

Foto: Pedro Ivo Prates


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Foto: Divulgação

Um tour pela cervejaria mais charmosa do país Parada obrigatória dos turistas em Campos do Jordão, a cervejaria Baden Baden está de cara nova. O espaço passou por ampla uma reforma para proporcionar uma experiência sensorial aos mais de 50.000 visitantes que recebe anualmente. Na cervejaria, o visitante é convidado a conhecer o processo de fabricação da Baden, recebe dicas de degustação e harmonização e ainda experimenta os chopes Cristal e Bock. O roteiro inclui também a possibilidade de adquirir cervejas e acessórios exclusivos. Com a reforma, além de uma repaginação completa na fachada, a cervejaria passou por uma reestruturação interna e agora conta com uma sala de projeção audiovisual que apresenta conteúdos diversos como a história dos quatro amigos que fundaram a Baden Baden. Seis totens eletrônicos foram instalados dentro da área de visita para que os turistas possam acessar informações sobre os componentes da cerveja, os processos de produção artesanal e a história da marca. Além disso, o local ganhou uma mesa interativa onde o visitante poderá aproximar o código de barras da garrafa que lhe interessar e ter acesso a informações completas sobre a cerveja e suas harmonizações gastronômicas. A visita guiada passa ainda pela área produtiva e por uma envolvente sala de degustação onde é possível atestar o talento do mestre cervejeiro em mixar escolas cervejeiras e diferentes ingredientes, que resultam em sabores surpreendentes de um portfólio que hoje possui 13 rótulos, dois deles sazonais. Serviço: Cervejaria Baden Baden - Av. Matheus Costa Pinto, 1653, Vila Santa Cruz, Campos do Jordão. Informações e agendamento de visitas pelo e-mail badenbadentour@brasilkirin.com. br ou pelo telefone (12) 3664-2004, disponível entre 10h e 18h.


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Arquitetura&

Fotos: Arquivo pessoal

Ambientes de trabalho modernos e funcionais

Conceito de arquitetura corporativa apresenta um modelo inovador e humanizado das áreas de trabalho para empresas e escritórios Marcus Alvarenga RMVALE

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ocê já entrou em um escritório e se perguntou por qual razão daquela luminária diferente? O arquiteto Fabio Rocha, especializado no segmento corporativo, explica que esses detalhes que chamam a atenção aos nossos olhos são apenas uma parte de uma composição arquitetônica de interiores. “Muito mais que um recurso estético e decorativo, voltado para a composição de layouts dos postos de trabalho, a arquitetura corporativa tem um papel fundamental no planejamento do negócio e nos resultados operacionais e financeiros da organização”, diz o arquiteto. Os projetos de arquitetura corporativa

atendem desde estabelecimentos comerciais, escritórios de advocacia e consultórios médicos a grandes indústrias, buscando tornar o ambiente empresarial melhor planejado e favorável ao trabalho exercido. “Nós estamos quebrando paradigmas. Várias indústrias que já atendemos, elas estão envolvidas em uma arquitetura mais arrojada, com uma preocupação grande com ergonomia, com o design do mobiliário, com a iluminação, climatização, uso correto dos materiais de acabamento e revestimento”, explica Rocha. Dentro do design corporativo, uma das inovações é oferecer ao colaborador e funcionário uma qualidade de ambiente cada vez melhor, colocando esse fator como primordial nas mudanças da empresa. Em um dos projetos desenvolvidos pelo arquiteto especializado, ele levou para dentro de empresas da região uma adequação do ambiente industrial para o bem-estar geral. “É uma tendência de evolução nas empresas você se preocupar com as pessoas e atender necessidades para que elas produzam e se sintam melhores. O acabamento de piso madeirado, para dar uma sensação mais acolhedora, uma iluminação mais para o tom amarelo, que dá uma sensação de conforto no ambiente, sofás e poltronas confortáveis e variedades de mobília, para usar conforme a necessidade” relata o arquiteto sobre um projeto dentro da Embraer, onde foi feito uma

área de convivência com lan house e café. Todas as mudanças de aspectos visuais têm um objetivo fundamental que é atender as expectativas de funcionalidade do espaço para o empresário e clientes. Um projeto que mudou a rotina de todos que utilizam o espaço foi a readequação do Primeiro Cartório de Registro Civil de São José dos Campos.

Harmonia Aquela ideia tradicional e antiga de um cartório, com cores mais escuras e um espaço comum desorganizado, foi substituída por salas amplas para um fluxo livre e uma harmonia de tecnologia e inovação com as características antigas. “Buscamos manter um tradicionalismo de um cartório, mas com um toque de modernidade, tendo uma preocupação com a iluminação, um mobiliário mais ‘clean’, design de cadeiras mais sofisticado. Um projeto muito pensado na questão funcional de organização de áreas e departamentos, com fluxo de pessoas e essa questão da estética, para ter uma harmonia do antigo com o novo”, detalha. O arquiteto ainda aponta os materiais usados nesse projeto que mudaram o perfil de trabalho e de atendimento no empreendimento. “Foi usado um forro com formato orgânico sobreposto ao forro mineral acústico, no fundo os cobogós amarelos, que é algo tradicional, mas hoje já tem uma releitura com toque de modernidade. Usamos


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estantes de piso ao teto com escadas de correr, uma releitura com elementos de madeira e pedra, para dar um toque de aconchego e acolhida nesse ambiente. Áreas bem distintas e a tecnologia aplicada, com estudo das cores e de todos os materiais aplicados”, descreve Rocha. Personalizar o ambiente interno envolve a integração entre imagem, marca, missão e valores da corporação, além de manter a ordem de acordo com a legislação, prevenção contra incêndio, sinalização, acessibilidade e outros itens obrigatórios de regulamentação. A arquitetura corporativa também é responsável por relacionar as características de cada empresa e até mesmo buscar dar uma nova visão que fuja do produto vendido. Essa relação pode incluir itens fora do contexto empresarial. “Para fazer uma recepção e show room em três áreas distintas que se comunicassem e tivessem uma linguagem direta com seus clientes e visitantes, sem a sensação gélida, usamos uma forma orgânica de tom azul entre os salões. Fizemos shows rooms distintos e colocamos um pouco de arte, de elementos naturais e peças clássicas para poder compor o ambiente da

Projeto desenvolvido na embraer uniu área de convivência com lan house e café

forma que a empresa queria”, diz o arquiteto, relembrando o projeto desenvolvido na Rosenberger Domex, empresa que atua na área de data centers.

Perfil Fabio Rocha, que atua na área desde 1993, é sócio proprietário ao lado da sua mulher, Silvia Rocha, da empresa de arquitetura atuando especialmente no segmento corporativo. Entre seus clientes estão grandes empresas como Embraer, Nestlé, Monsanto e tantas outras que adquiriram um novo perfil de identidade nas suas áreas de convivência e profissionais. 

Fábrica de cereais CPW/ Nestlé ganhou um mesanino com salas de treinamento prático e teórico

Trabalho na Monsanto teve uma preocupação especial com argonomia e a iluminação

Primeiro Cartório de Registro de São José teve seu visual repaginado pelo arquiteto


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Crônicas & Poesia

O passarinho pode voltar a cantar Designed by Freepik.com

Vivemos tempos de incertezas e de dificuldades, quando os valores morais e éticos parecem ter ido para o ralo junto com a falta de vontade e o descompasso instalado para tornar a vida mais amena a todos. Em alguns momentos, quando vemos pessoas capazes de se apropriar de recursos que serviriam para o básico a muitas famílias, quase perdemos a esperança. Quando vemos pessoas desistindo porque gastaram todas as suas possibilidades e energia em vão, quase perdemos a esperança. Em algum momento, porém, surge uma situação que nos recarrega e nos traz a esperança de volta. Nos faz acreditar que nem tudo está perdido e que há pessoas capazes de reescrever a história. Uma dessas histórias é a do Passarinho do Vila Ema! Acendeu, para ele, uma luz de esperança que talvez possa trazer de volta o seu canto, que tanto encanta as pessoas e marca o som do bairro. Após a publicação da minha crônica nesta revista falando que o Passarinho parou de cantar porque perdeu seus dentes, surgiram voluntários que se sensibilizaram e vão pagar o seu tratamento. Surgiram profissionais da área de odontologia que ofereceram ajuda para avaliar o problema e indicar a melhor solução técnica e financeira para o caso. “O nosso passarinho perdeu os dentes e o canto, e nós perdemos o som do bairro. Podemos mudar essa situação? Claro que sim! Temos disposição e disponibilidade para isso? Tenho minhas dúvidas”, escrevi como reflexão final da crônica. Hoje posso garantir que sim, temos disposição e disponibilidade para o próximo, basta esbarrarmos com a possibilidade de que tudo flui e nos tornarmos capazes de fazer a diferença para a vida de alguém. A disponibilidade das pessoas que se

uniram para ajudar o Passarinho trouxe, além dos dentes que tanto lhe fazem falta, a sua história. Como se chama? Onde mora? O que sente? Hoje temos algumas respostas para essas perguntas. O Passarinho se chama Anderson Rodolfo, tem 41 anos e perdeu a visão aos 21. Tornou-se o Passarinho que conhecemos após ter passado alguns meses preso porque mantinha vários pássaros em gaiolas. Quando conseguiu sua liberdade, soube o seu valor. Em vez de prender os pássaros, se juntou a eles e aprendeu a cantar. Na época não sabia que esse acontecimento viria a ser o seu meio de sobrevivência após perder a visão. O canto do Passarinho encanta muitas pessoas, principalmente as mulheres. Casado quatro vezes e atualmente separado, com um saldo de 10 filhos que ajuda a criar, divide a pensão que recebe por causa da sua deficiência com todas as ex-esposas, e busca, nas ruas, a própria sobrevivência. A rua foi seu lar até recentemente, quando um anjo bom se encantou com a sua melodia e se sensibilizou com a sua história. Deu-lhe documentos e um apartamento do projeto Minha Casa Minha Vida, que conseguiu após muitos anos de

trabalho e dedicação a uma causa mais do que nobre. A vida do nosso Passarinho ganhou novos rumos, afinal as noites frias e chuvosas da rua fazem parte do passado há nove meses. Hoje divide seu apartamento com a mãe e a Elis Regina, uma cachorra Labrador que ganhou de um benfeitor. Parece que a vida escolhe algumas pessoas para testar a sua fé e a sua capacidade de superação. Com os dentes nosso Passarinho conseguia imitar o canto de cinco pássaros, hoje reaprendeu o canto do Sabiá. Com os novos dentes terá que começar tudo novamente; talvez se calará por um tempo mas não para sempre, porque, calejado como é, os obstáculos e as dificuldades não o assustam. O nosso passarinho vai ganhar os dentes e nós provavelmente vamos ganhar o som do bairro de volta. Ganhamos, também, a certeza de que somos capazes de nos sensibilizar e agir para fazer a diferença na vida de outras pessoas. Há esperança. 

Neide Pereira Pinto é arquiteta, empresária e membro da Academia Joseense de Letras. Escreve roteiros de HQ e livros sobre Meio Ambiente e Cidadania para o público infantojuvenil.


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.



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