Anuário Evangélico 2005 Pág. 32
Tema da IECLB para 2005
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Datas comemorativas
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Dinheiro na igreja
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O idoso na comunidade
CIA. INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A Av. Getúlio Vargas, 63/87 Brusque - Santa Catarina Fone: (47) 251-8000 Fax: 251-8004 / 8005 CNPJ 82 981 929/0001-03 - Inscrição Estadual: 250 013 045 E-mail: schlosser@schlosser.com.br
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Anuário Evangélico 2005 Publicado sob a direção de Meinrad Piske Redação de Friedrich Gierus
© 2004 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br
Conselho editorial: P. Heinz Ehlert e esposa Elfriede, P. Meinrad Piske (Diretor), P. Nelso Weingärtner, Pa. Elaine B. Fucks, Pa. Sandra H. Fanzlau, Pastor Valdim Utech, Armando Maurmann e esposa Vânia, Vera Lúcia Luchtenberg, P. Dr. Osmar Zizemer, P. Ari Knebelkamp, P. Nilton Giese, Prof. Dr. Nelson Hein, P. Friedrich Gierus (Redator), P. Hugo Solano Westphal (Revisão) Correspondência e artigos: Friedrich Gierus Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 337-1110 E-mail: f.gierus@centrodeliteratura-ieclb.com.br
Foto da capa: Friedrich Gierus
Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Impressão: Nova Letra Gráfica e Editora
ISBN 85-87524-19-4
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
O Anuário Evangélico tem continuidade! Na edição de 2004 nos despedimos de nossos leitores. Com a 33ª edição anunciamos o encerramento da publicação do Anuário Evangélico. Agora voltamos e apresentamos a 34ª edição. Estamos dando continuidade a um projeto que a Igreja iniciou em 1972. Naquele ano, o Pastor Presidente Karl Gottschald descreveu o Anuário Evangélico, no prefácio da primeira edição, como “bom companheiro para o ano todo, pois é um livro que inspira fé, amor e esperança – forças de que todos diariamente tanto necessitamos”. Há um ano, imaginamos que o tempo do Anuário estava passando. Escrevemos: “Entendemos que cumprimos o nosso tempo, nossos objetivos e a nossa missão com as edições anuais deste periódico da IECLB”. Recomendamos aos nossos leitores a revista NOVO OLHAR imaginando que ela, com as suas 4 edições anuais viesse a substituir o Anuário. De fato, a revista está sendo editada, está sendo distribuída, está sendo lida. Mas o Conselho da Igreja decidiu de forma diferente. Por sugestão do P. em. Heinz Ehlert, que foi o diretor do Anuário de 1972 a 1999, e o decidido apoio do Presidente do Conselho Luiz Artur Eichholz, resolveu-se que o Anuário Evangélico deveria ter continuidade. Assim nós fomos consultados e aceitamos a incumbência. Pretendemos continuar a editar o Anuário como “bom companheiro” que informa sobre temas que ocupam a Igreja e “que inspira fé, amor e esperança – forças de que todos diariamente tanto necessitamos”.
P. em. Meinrad Piske Diretor
P. Friedrich Gierus Redator 5
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Janeiro 1 Sáb
Sl 8
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Prédica: Ef 1.3-6, 15-18 Lc 3.1-6 Lc 3.7-14 Lc 3.15-20 Mt 2.1-12 Lc 4.1-13 Lc 4.14-30 Prédica Mt 3.13-17
3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom
10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom
Lc 4.31-44 Lc 5.1-11 Lc 5.12-16 Lc 5.17-26 Lc 5.27-32 Lc 5.33-39 Prédica: Jo 1.29-34 (35-41)
17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom
Lc 6.1-11 Lc 6.12-16 Lc 6.17-26 Lc 6.27-36 Lc 6.37-42 Lc 6.43-49 Prédica: Mt 4.12-23
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Lc 7.1-10 Lc 7.11-17 Lc 7.18-23 Lc 7.24-35 Lc 7.36-8.3 Lc 8.4-15 Prédica: Mt 5.1-12
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Lc 8.16-21
ANO NOVO Cor litúrgica: Branco Dia Mundial da Paz 2º DOMINGO APÓS O NATAL Branco E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João 1.14
Epifania 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil 1º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Romanos 8.14
1635 – ✩ Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 1875 – ✩ Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1.17 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, em Hamburgo Velho, RS 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3) 1866 – ✩ Euclides da Cunha, escritor brasileiro (assassinado 15/08/1909) 1800 – ✩ Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no reino de Deus. Lucas 13.29 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas 1499 – ✩ Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) 4º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. Hebreus 3.15 1990 – 8ª Assembléia Geral da FLM, em Curitiba, PR 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco Sl = Salmos • Ef = Efésios • Lc = Lucas • Mt = Mateus • Jo = João
Fases da Lua:
= Minguante
= Nova
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= Crescente
= Cheia
Lema do mês
Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro. Salmo 4.8 Roberto disse: “Durma bem, pastor. Eu estou tão contente, agradeço a Deus por este dia tão importante, em que conhecemos outras pessoas, realidades, mas também conseguimos dar forças e esperanças a elas para que perseverem na fé, na força própria e na que vem de Deus, pois seus sonhos serão realizados. Posso dormir tão sossegado, o chão é um pouco duro, mas eu sei de uma coisa e esta é a minha paz nesta noite: Deus vai cuidar de nós até enquanto dormimos. Ele nos deixa sonhar. Nos deixa repousar em segurança. Se não fosse este Deus da vida a cuidar de nós neste momento, não dormiríamos nesta noite. É tão bom poder crer que Deus cuida de nós mesmo quando dormimos. Boa noite, pastor”. Aos poucos fui escutando o respirar profundo e seu ronco, na confiança de estar sendo cuidado por Deus. Eu ainda escutava ruídos na floresta, mas aos poucos fui pensando nas palavras: durma bem, pastor. Dormi muito bem mesmo. Ao acordar no outro dia, pensei: seu Roberto me passou uma história de fé em três palavras.
Viagem inesquecível. Caminhamos de um ano ao outro e muitas vezes nem percebemos as coisas boas que fizemos. A vida é um corre-corre. Alegrar-se por ter viajado, ou vivido este tempo tão precioso, é perceber sinais da graça e da bondade de Deus em tua vida e para com os teus. Jamais me esquecerei daquela viagem de 600 Km de Toyota em estradas praticamente intransitáveis. Fomos visitar famílias, comunidades migrantes em busca de terra para seus filhos e filhas. Em busca de vida melhor. Era buraco ao lado de buraco, atoleiros, mas sempre encontramos pessoas para conversar. Eram histórias de vida muito sofridas. Famílias que deixaram tudo para trás e sozinhas se aventuraram em busca da construção de uma nova vida. Vida em abundância (João 10.10b). Foram dias de graça e de sofrimento. Sempre havia alguém que nos oferecia um café, comida, hospedagem. A realidade do povo motivava a continuação da viagem. Numa certa noite, dormíamos no chão de uma casa coberta de palha, fechada com lascas de palmeiras, mas havia frestas e a gente podia contar as estrelas e ver uma lua com um clarão incrível, e seu
Pastor Sinodal Elio Scheffler Sínodo da Amazônia
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Fevereiro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom
Lc 8.22-25 Lc 8.26-39 Lc 8.4056 Lc 9.1-9 Lc 9.10-17 Prédica: Mt 17.1-9
7 Seg 8 Ter 9 Qua
Lc 9.18-27 Lc 9.28-36 Lc 9.37-45
10 Qui 11 Sex
Lc 9.46-50 Lc 9.51-56
12 Sáb 13 Dom
Lc 9.57-62 Prédica: Gn 2.7-9, 15-17; 3.1-7 Lc 10.1-16 Lc 10.17-24 Lc 10.25-37
14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom
Lc 10.38-42 Lc 11.1-4 Lc 11.5-13 Prédica: Gn 12.1-4
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Lc 11.14-28 Lc 11.29-36 Lc 11.37-54 Lc 18.31-43 Lc 19.1-10
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Lc 19.11-27 Prédica: Is 42.14-21
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Lc 19.28-40
Apresentação de Nosso Senhor 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil
ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. Isaías 60.2
Cinzas 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) 1º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 1 João 3.8
Dia Mundial contra a Lepra 1497 – ✩ Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (❉ 10/11/1483) 2º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5.8 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latinoamericano († 17/08/1850) 3º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus. Lucas 9.62 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos Lc = Lucas • Mt = Mateus • Gn = Gênesis • Is = Isaías
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Lema do mês
Alegrai-vos, porque o vosso nome está arrolado nos céus. Lucas 10.20 deste Livro, mas os que rejeitam a Palavra de Deus e servem falsos mestres não têm seus nomes escritos nele.
O que significa ter o nome no Livro da Vida? A figura de um livro serve para comunicar a cada pessoa a importância que tem para com o Senhor da Vida. Ele mantém sob seus cuidados toda a criação e “deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
Ao mencionar a figura do Livro da Vida na Bíblia, dois pensamentos importantes surgem: 1 - Deus julga a todos com justiça. Muitos procuram maneiras de negar a justiça de Deus e seu direito de julgar a humanidade. Mas Ele é o Senhor e, através das Escrituras, nos revela Sua vontade e profere o julgamento através da Palavra.
O “Livro da Vida” é citado várias vezes na Bíblia – Fp 4.3; Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27. Ao falar sobre missão, Jesus afirma que a alegria vem, não pelo fato de se ter autoridade sobre os espíritos, mas por seus nomes estarem arrolados nos céus. Isso deveria ser a razão de alegria e júbilo. Paulo afirma que as pessoas que cooperavam com ele tinham seus nomes escritos no Livro da Vida. No Apocalipse está escrito que os nomes dos vencedores na fé não seriam apagados
2 - A vida está em Cristo. Quando servimos a Cristo, temos esta promessa: fazemos parte do povo eleito de Deus e nossos nomes encontram-se no Livro da Vida. Pastor Sinodal Renato Augusto Kühne Sínodo Brasil Central
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Março 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom
Lc 19-41.48 Lc 20.1-8 Lc 20.9-19 Lc 20.20-26 Lc 20.27-40 Prédica: Os 5.15-6.2
Dia Mundial de Oração – DMO 4º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. João 12.24
7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui
Lc 20.41-47 Lc 21.1-4 Lc 21.5-19 Lc 21.20-28
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Lc 21.29-38 Lc 22.1-6 Prédica: Ez 37.1-3, 11-14
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Lc 22.7-23
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Lc 22.24-30 Lc 22.31-38 Lc 22.39-46 Lc 22.47-53 Lc 22.54-62 Dia da Escola Prédica: DOMINGO DA PAIXÃO – DOMINGO DE RAMOS Violeta Mt 26.30-56 Importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. João 3.14,15 Lc 22.63-71 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara Lc 23.1-12 Lc 23.13-25 Prédica: QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO – QUINTA-FEIRA SANTA Jo 13.1-17,34 Prédica: SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO – SEXTA-FEIRA SANTA Sl 22.2-12, 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I 17-20 Lc 23.50-56 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS Prédica: DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jo 20.1-9 Jesus Cristo diz: Eu sou aquele que vive; estive morto, mas eis que estou (10-18) vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno. Apocalipse 1.18 1Co 5.6-8 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) Lc 24.36-49 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega Lc 24.50-53 Hb 1.1-14 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha
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1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4) 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) 5º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Mateus 20.28 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS
Lc = Lucas • Os = Oséias • Ez = Ezequiel • Mt = Mateus • Jo = João • Sl = Salmos • 1Co = 1Coríntios • Hb = Hebreus
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Lema do mês
Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Lucas 24.46-47 ressurreição estão a confirmar em caráter definitivo a promessa de vida e salvação de Deus ao seu povo. Que não haja mais dúvida entre vocês sobre isto”(v. 46). Por outro lado, é colocada ênfase no envio. É como se Jesus dissesse: “O cumprimento da promessa, remete vocês a proclamar a novidade do perdão e da misericórdia de Deus a todas as nações”(v. 47). “Vós sois testemunhas destas coisas. (v. 48) Eis que envio a vós” (v. 49).
No relato do evangelista Lucas vários fatos vão se sucedendo depois da crucificação e ressurreição de Jesus. Na Páscoa, “no mesmo dia”, o Ressurreto encontra-se com dois discípulos a caminho de Emaús. É fascinante acompanhar este relato e de como a frustração e a tristeza dos discípulos vão se transformando em entendimento, em alegria que irrompe finalmente no testemunho aos outros discípulos: “O Senhor ressuscitou!”. Logo em seguida o Senhor mesmo se coloca no meio deles e lhes explica as Escrituras.
“Lucas, o evangelista, escreve desde a fé e para a fé, oferecendo com isso um testemunho pessoal de que Jesus é o Messias que veio dar cumprimento perfeito ao plano salvador, preparado por Deus antes de todos os tempos”.
Conforme Lucas trata-se das últimas palavras de Jesus aos seus discípulos. Jesus em breve se ausentaria da companhia deles. Este fato - últimas palavras proferidas pouco antes do momento próximo de se “retirar”- dá às palavras de Jesus um peso e significado especial.
Pois disto cada um, cada uma será testemunha em palavra e serviço.
Inicialmente é colocada com ênfase a afirmação da promessa. É como se Jesus dissesse: “Atentem! Cruz e
Pastor Sinodal Martin Reusch Sínodo Centro-Campanha-Sul
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Hb 2.1-9 Hb 2.10-18 Prédica: 1Pe 1.3-9
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Hb 3.1-6
5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb
Hb 3.7-19 Hb 4.1-13 Hb 4.14-5.10 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil Hb 5.11-6.8 Hb 6.9-20 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) Prédica: 3º DOMINGO DA PÁSCOA Branco 1Pe 1.17-21 Cristo diz: Eu sou o bom pastor. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna. João10.11,27-28 Hb 7.1-10 Hb 7.11-28 Hb 8.1-13 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685) Hb 9.1-15 Hb 9.16-28 Hb 10.1-18 Prédica: 4º DOMINGO DA PÁSCOA Branco 1Pe 2.19-25 Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 2 Coríntios 5.17 Hb 10.19-31 Hb 10.32-39 Dia dos Povos Indígenas Hb 11.1-7 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Hb 11.8-22 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil Hb 11.23-31 1500 – Chegada da frota do português Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Hb 11.32-40 Dia Mundial do Livro Prédica: 5º DOMINGO DA PÁSCOA Branco 1Pe 2.4-10 Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas. Salmo 98.1 Hb 12.1-11 Hb 12.12-17 1500 – Primeira missa no Brasil Hb 12.18-24 Hb 12.25-29 Hb 13.1-14 Hb 13.15-25
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1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO 2º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. 1 Pedro 1.3 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929)
Hb = Hebreus • 1Pe = 1Pedro
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Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos. Hebreus 13.2 mesmos em qualquer cultura e em qualquer época. Seja o casal mencionado acima, seja Paulo, seja qualquer um de nós, faz um bem enorme quando chegamos em um lugar desconhecido e percebemos que somos bemvindos.
Recentemente participei da avaliação do projeto missionário de uma pequena comunidade. Na reunião, chamou-nos a atenção um casal que originalmente pertencia a outra denominação e viera de outra cidade. Quando ali chegaram, não encontraram a sua igreja. Começaram então a procurar uma comunidade onde se sentissem bem. Nesta busca, tornaram-se membros da IECLB. Perguntei-lhes: o que foi decisivo na opção que vocês fizeram? E eles disseram: “Além do alimento espiritual, aqui na comunidade encontramos amor e carinho”.
A hospitalidade é expressão da fé e do amor da comunidade cristã. Não basta uma bela prédica, precisamos nos sentir bem na comunidade. Não basta um gostoso almoço, precisamos sentir que somos bem-vindos na casa de alguém. Até em função dos medos dos dias atuais, a prática da hospitalidade continua sendo um desafio para todos nós. Continua sendo um testemunho que fala por si mesmo. E, não é demais lembrar, há uma bela promessa neste versículo: alguns, praticando a hospitalidade, “sem saber acolheram anjos”.
Não só em Hebreus, mas também nas cartas do apóstolo Paulo, a hospitalidade ocupa destaque. Paulo, pelas muitas viagens que fez, sabia muito bem da importância de uma boa acolhida. As necessidades e os sentimentos básicos do ser humano são praticamente os
Pastor Sinodal Nilo O. Christmann Sínodo Rio Paraná
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Prédica: 1Pe 3.15-18
2 Seg 3 Ter
Pv 25.11-28 Pv 26.4-12
4 Qua 5 Qui
Pv 27.1-7 Sl 110
6 Sex 7 Sáb 8 Dom
At 1.1-14 At 1.15-26 Prédica: 1Rs 3.16-28
9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom
At 2.1-13 At 2.14-21 At 2.22-28 At 2.29-36 At 2.37-41 At 2.42-47 Prédica: Jo 20.19-23
16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom
Sl 144 At 3.1-10 At 3.11-16 At 3.17-26 At 4.1-12 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS At 4.13-22 Prédica: 1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – TRINDADE Branco Mt 28.16-20 Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. Isaías 6.3 At 4.23-31 At 4.32-37 At 5.1-11 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) At 5.12-16 At 5.17-32 At 5.33-42 Prédica: 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 7.21-29 Jesus Cristo diz: Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita. Lucas 10.16 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III At 6.1-7 1909 – ✩ Dr. Ernesto Th. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/10/1969) At 6.8-15
23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom
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6º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça. Salmo 66.20 Dia do Trabalho 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ Ascensão do Senhor 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958)
7º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12.32 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Dia das Mães 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) 1888 – Abolição da escravatura no Brasil 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Zacarias 4.6 Segunda-feira de Pentecostes 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS
1Pe = 1Pedro • Pv = Provérbios • Sl = Salmos • At = Atos • 1Rs = 1Reis • Jo = João • Mt = Mateus
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Lema do mês
Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Atos 2.42 Neste mês de maio, as palavras bíblicas falam do permanecer: “Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” – Atos 2.42. Os primeiros cristãos permaneciam nos ensinamentos e nos encontros da Comunidade. Igualmente permaneciam na ceia do Senhor e na distribuição do pão para com aquelas pessoas que não o tinham. Permaneciam nas orações.
Sabemos todos o que é perseverar? É permanecer em algo. Como é difícil tal atitude. Podemos tomar como exemplo uma criança com seus dois anos. Ela é colocada numa poltrona e se pede: “Não saia daqui!” Mas em poucos minutos a criança não está mais naquele lugar. Outro exemplo: pegue um cachorro adestrado e peça para ficar sentado com as patas para cima. Ele fica por alguns instantes para, logo a seguir, colocar-se sobre as quatro patas.
Certamente são palavras que nos orientam e animam para vivermos neste “perseverar”. É difícil, mas não impossível. Peço que o poder de Deus nos fortaleça para “perseverar” mais nas palavras do texto acima.
Vemos nos exemplos acima que não é fácil “perseverar”. Mesmo nós adultos temos tais dificuldades. Vejamos: o trânsito limita a velocidade em 110 km por hora, ou 80,60,40. O que acontece? Quando não há controlador de velocidade, não se permanece na velocidade estabelecida.
Pastor Sinodal Werner Brunken Sínodo Paranapanema
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At 7.1-16 At 7.17-43 At 7.44-53 At 7.54-8.3 Prédica: Mt 9.9-13
3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus 11.28 Dia Mundial do Meio Ambiente
At 8.4-25 At 8.26-40 At 9-1.9 At 9.10-19a At 9.19b-31
1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese At 9.32-43 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil Prédica: 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 9.35-10.8 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido. Lucas 19.10 At 10.1-20 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora At 10.21-33 1910 – Conferência Missionáia Mundial em Edimburgo, na Escócia At 10.34-48 At 11.1-18 At 11.19-30 1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) At 12.1-25 Prédica: 5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 10.26-33 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus 11.28 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) At 13.1-12 At 13.13-25 At 13.26-41 At 13.42-52 Lc 1.57-66 Dia da São João Batista 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) At 14.20b-28 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB Prédica: 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 10.34-42 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Efésios 2.8 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA At 15.1-12 At 15.13-35 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro At 15.36-16.5 At 16.6-15 1947 – Assembléia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia At = Atos • Mt = Mateus • Lc = Lucas
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Lema do mês
Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. Atos 14.22 Pai, presenteado no batismo e na santa ceia, sinais do Evangelho visível, e a vida em comunidade trazem firmeza. Em meio às nossas experiências de adversidades, diante do egoísmo dos “príncipes deste mundo”, ocupando o lugar que cabe só a Deus, somos chamados a viver com lealdade o presente do batismo.
A ação missionária do apóstolo Paulo acontece num ambiente de perseguição e de sofrimentos. Como morto, ele é arrastado para fora da cidade de Listra. Ainda assim, Paulo continua exercendo o ministério como propagador da Boa Notícia. Anima os membros daquelas primeiras comunidades a permanecer igualmente fiéis, encoraja-os a resistirem.
Em nome de Jesus Cristo, prestamos serviços na sociedade humana. Estes não se resumem a emoções sentimentais. Os serviços, por causa da fé, apontam ao Senhor da Verdade. “Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da Verdade”. A história da morte, tão presente no mundo moderno, será interrompida, “quando Cristo entregar o reino a Deus Pai” (1Co 15.24). A soberania continua sendo de Cristo somente. Por isto, há esperança por um mundo melhor!
Feridas pelo medo, enfraquecidas pelo assédio dos inimigos, que viam nas pessoas cristãs perturbadores da ordem pública, o apóstolo diz que é preciso perseverar. A perseverança assemelha-se a uma âncora que dá firmeza, e produz fidelidade. Jesus não prometeu vida fácil aos seus discípulos. No jardim do Getsêmani, Pedro, Tiago e João adormeceram, enquanto Jesus orava. Quem não participa da missão de Deus, “adormece”. A vitalidade da fé e o ardor missionário são frutos da perseverança. O amor do
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At 16.25-40 Prédica: 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 11.25-30 Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Isaías 43.1 At 17.1-15 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) At 17.16-34 At 18.1-22 At 18.23-19.7 At 19.8-22 At 19.23-40 Prédica: 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 13.1-9 Já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus. Efésios 2.19 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo calvinista do protestantismo († 27/05/1564) At 20.1-16 At 20.17-38 At 21.1-14 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil At 21.15-26 At 21.27-40 At 22.1-21 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) Prédica: 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Rm 8.26-27 Andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça e verdade. Efésios 5.8,9 At 22.22-30 At 23.1-11 At 23.12-35 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) At 24.1-27 At 25.1-12 At 25.13-27 Prédica: 10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Rm 8.28-30 Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Lucas 12.48 At 26.1-23 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopldo, RS Dia do Colono e do Motorista At 26.24-32 At 27.1-12 At 27.13-26 At 27.27-44 At 28.1-10 Prédica: 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Is 55.1-5 Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança. Salmo 33.12
4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom
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1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS
At = Atos • Mt = Mateus • Rm = Romanos • Is = Isaías
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Lema do mês
Deus não está longe de cada um de nós. Atos 17.27 Deus é o criador do mundo, dos céus, terra, enfim de tudo e de todos. Ele tudo fez, tudo sabe, Ele nos sonda e nos conhece, Ele tudo pode. Ele não é estátua, não está preso a lugares, mas é um Deus vivo, presente em todos os lugares. Ele não é um Deus que precisa ser servido, mas diariamente nos serve com todo o necessário para a vida. Esse Deus não é um Deus entre outros, mas é O Deus, o único. E, diante desse Deus que Paulo anuncia, todo o shopping center de deuses é esvaziado, é qual remédio vencido, que perdeu seu efeito.
Atenas era um verdadeiro shopping center de deuses na época de Paulo. Lá, nas estátuas e nos templos, se expunham as virtudes, os feitos e os ditos poderes de cada deus. E cada pessoa se dirigia a um deus e dele se servia de acordo com suas necessidades. Para que nenhum deus fosse esquecido e, eventualmente, pudesse se vingar, até foi feito um altar ao “Deus Desconhecido”. E quando o apóstolo Paulo foi convidado a discursar no Areópago, onde se reunia o Conselho da cidade, disse: “Esse que adorais sem conhecer, é precisamente aquele que eu vos anuncio” (At 17.23).
E é com a força, com o perdão e com a nova vida desse Deus, revelado em Jesus Cristo, que eu posso contar sempre. Creia nisto.
Paulo em seu discurso usou a estátua ao “Deus Desconhecido” como “hall de entrada” para seu discurso, e lhes falou sobre o Deus verdadeiro, o Deus Emanuel, o Deus conosco, que Jesus nos deu a conhecer. Esse
Pastora Sinodal Mariane Beyer Ehrat Sínodo Vale do Itajaí
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Agosto 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom
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At 28.11-16 At 28.17-31 2Rs 2.1-15 2Rs 4.1-7 2Rs 4.8-37
1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça
1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 12/02/1917) 2Rs 4.38-44 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau Prédica: 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde 1Rs 19.9-13a Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. 1 Pedro 5.5 2Rs 5.1-19a 2Rs 6.8-23 2Rs 16.1-16 2Rs 17.1-23 2Rs 18.1-12 2Rs 18.13-37 Prédica: 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Is 56.1,6-8 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega. Isaías 42.3 Dia dos Pais 2Rs 19.1-19 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP 2Rs 19.20-37 2Rs 20.1-11 2Rs 22.1-13 2Rs 22.14 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, -23.3 na Suécia 2Rs 23.4-25 Prédica: 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Êx 6.2-8 Jesus Cristo diz: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Mateus 25.40 2Rs 23.26-37 1948 – Assembléia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda 2Rs 24.1-20 2Rs 25.1-21 2Rs 25.22-30 Dn 1.1-21 Dn 2.1-3, 27-49 Prédica: 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jr 15.15-21 Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Salmo 103.2 Dn 3.1-30 Dn 5.1-30 Dn 6.1-28 At = Atos • 2Rs = 2Reis • 1Rs = 1Reis • Is = Isaías • Êx = Exodo • Dn = Daniel • Jr = Jeremias
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Lema do mês
Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim. Daniel 6.26 Daniel. Caso Daniel orasse ao Deus de Israel poderia ser preso e jogado na cova dos leões. E foi o que aconteceu.
Houve um jovem judeu de nobre ascendência deportado para a Babilônia (Iraque) em 597 a.C. Seu nome era Daniel, que quer dizer “Deus é o meu juiz”. Ser tirado da sua própria pátria deve ser uma coisa horrível. Viver em outro país contra a sua vontade deve ser também uma coisa muito complicada.
Daniel não parou de orar. Foi denunciado. O decreto tinha que ser cumprido. Daniel foi jogado na cova dos leões. Os invejosos medíocres estavam contentes. Livraram-se de Daniel. O rei Dario percebeu a cilada que haviam armado contra Daniel, ficou triste, mas teve que cumprir seu próprio decreto. Disse o rei para Daniel: “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que ele te livre”. Daniel 6.16
Há uma palavra muito difícil de ser entendida em Romanos 8.28, que diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Essa palavra se cumpre de maneira impressionante na vida de Daniel.
Ser jogado no meio dos leões é barra pesada! No entanto, no caso de Daniel acabou sendo motivo de um sinal marcante da presença de Deus. Deus fechou a boca dos leões. Deus salvou Daniel.
Os colegas de trabalho de Daniel tinham inveja dele. Isso é comum ainda hoje. Procuravam ocasião para denunciar Daniel ao rei Dario. Procuravam algum motivo. O problema é que não encontravam nada de errado. Em Daniel 6.4, lemos que não encontraram nenhuma razão para acusá-lo, pois não se achava nele nenhum erro nem culpa.
Há situações difíceis. Também entre nós, nos dias de hoje. O Deus que se revelou em Jesus Cristo tem suas soluções. Nem sempre são do nosso agrado. Sendo importante na construção do reino de Deus, até boca de leão Ele pode fechar. Louvado seja Deus.
Induziram o rei Dario a escrever um decreto proibindo todas as pessoas do seu reino a orarem a qualquer deus ou a qualquer homem que não fosse o rei Dario. Dessa maneira conseguiram armar uma cilada para
Pastor Sinodal Edson Saes Ferreira Sínodo Centro-Sul Catarinense
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Setembro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom
Dn 7.1-14 Dn 7.15-28 Dn 12.1-13 Prédica: Mt 18.15-20
5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom
Ed 1.1-11 Ed 3.1-13 Ed 4.1-24 Ed 5.1-17 Ed 6.1-22 Ed 7.1-28 Prédica: Mt 18.21-35
12 Seg 13 Ter
Ag 1.1-15 Ag 2.1-9, 20-23 Ne 1.1-11 Ne 2.1-20 Ne 4.7-23 Ne 5.1-19 Prédica: Mt 20.1-16a Ne 6.1-7.3 Ne 8.1-18 Ne 9.1-3, 32-37 Ne 9.38, 10.28-39 Ne 12.27-43 Ne 13.15-22 Prédica: Mt 21.28-32
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Lc 12.1-12 Lc 12.13-21 Lc 12.22-34 Lc 10.17-20 Lc 12.49-53
1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Lançai sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. 1 Pedro 5.7 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil
1822 – Independência do Brasil Dia Mundial da Alfabetização Dia da Imprensa 17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A graça nos foi manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. 2 Timóteo 1.10 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC
18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.
Verde 1 João 5.4
Dia da Árvore
19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão. 1 João 4.21 Dia do Ancião Dia de São Miguel e Todos os Anjos
Dn = Daniel • Mt = Mateus • Ed = Esdras • Ag = Ageu • Ne = Neemias • Lc = Lucas
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Lema do mês
Jesus Cristo diz: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. Lucas 12.15 os dons, fazer um bom planejamento e executar bem os projetos de desenvolvimento. Porém, os frutos desse trabalho precisam ser socializados e estar a serviço da vida, pois a vida é a maior riqueza. Ficar acomodado ou deixar a preguiça se sobrepor certamente não é virtude da fé cristã.
Esta palavra de Jesus foi dita num contexto de intriga e ganância. Havia uma disputa por herança entre dois irmãos, conforme lemos no versículo 13. Um dos herdeiros pede a interferência de Jesus a respeito da partilha. Jesus não entra nessa desavença, pois esta não é sua missão. Jesus veio para buscar e salvar o que estava perdido e condenado. Ele trouxe reconciliação. Nesta missão transformadora ele assume posição frente aos problemas pessoais e coletivos. Ele veio para libertar da opressão, do domínio da avareza e (re)conduzir para uma vida diferente. Para Jesus, a vida não consiste na abundância dos bens. A vida é dádiva do Criador, enquanto que a avareza traz confusão e ilude. Neste sentido Jesus conta uma parábola sobre a avareza nos versículos 16 e seguintes.
Na advertência de Jesus podemos perceber algumas questões com clareza. Por exemplo, a riqueza não é sinal de garantia de vida com qualidade. O texto não divorcia a vida da propriedade e das condições necessárias para uma existência decente. No entanto, deixa claro que a vida vem de Deus. Deus é a fonte e o Senhor da vida. Perante ele somos responsáveis. Por isso não podemos nivelar as diferenças sociais, pois elas são uma dura, vergonhosa e triste realidade na história da humanidade. A prática do amor deve superar o egoísmo e não pode deixar atrofiar a solidariedade. A avareza amordaça a vida espiritual, cega a pessoa e encobre a visão para os problemas sociais. A avareza bloqueia nossa caminhada em direção aos irmãos e irmãs. A vida rica em Deus nos torna sentinela e voz da consciência evangélica.
Lucas considera prudente não possuir mais do que é necessário para uma vida decente. Isto não contesta o desejo sadio por um emprego com salário que permite uma vida digna. Todas as pessoas devem ter o direito da casa para morar, direito à saúde, alimentação, lazer, educação e tudo mais que dignifica a vida criada à imagem e semelhança de Deus. Também os comerciantes, industriais e todas as pessoas são chamadas a usar
Pastor Sinodal Valdemar Witter Sínodo Uruguai
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Lc 12.54-59
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Prédica: Mc 6.34-44
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Lc 13.1-5
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Lc 13.6-9
5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom
Lc 13.10-17 Lc 13.18-21 Lc 13.22-30 Lc 13.31-35 Prédica: Mt 22.1-10 (11-14)
10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom
Lc 14.1-6 Lc 14.7-14 Lc 14.15-24 Lc 14.25-35 Lc 15.1-10 Lc 15.11-32 Prédica: Mt 22.15-21
17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui
Lc 16.1-9 Lc 16.10-15 Lc 16.16-18 Lc 16.19-31
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Lc 17.1-10 Lc 17.11-19 Prédica: 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 22.34-40 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para (41-46) o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. 2 Timóteo 4.18 Lc 17.20-37 Lc 18.1-8 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV Lc 18.9-17 1949 – Constituição da IECLB Lc 18.18-30 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Cl 1.1-8 Cl 1.9-14 Dia Nacional do Livro e da Leitura Prédica: 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mt 23.1-12 Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o nosso Senhor. Mateus 24.42 Ef 2.1-10 DIA DA REFORMA 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero
24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom 31 Seg
1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Cura-me, Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor. Jeremias 17.14 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS
Dia pelo Direito à Vida 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. Miquéias 6.8 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e outros estados, em Estrada da Ilha, SC 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma Dia da Criança e Dia de Nª Srª Aparecida (feriado nacional)
22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação. 2 Coríntios 6.2
1962 – Assembléia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC
Lc = Lucas • Mc = Marcos • Mt = Mateus • Cl = Colossenses • Ef = Efésios
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Lema do mês
Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. Salmo 62.8
Ouvir uma palavra dessas conforta a gente. Sermos lembrados que podemos buscar abrigo em Deus faz bem. Acredito que também nós somos parte deste povo, chamado para confiar no Senhor! Para demonstrar isso, não há hora marcada. Em qualquer tempo, momento ou situação, podemos abrir o nosso coração. Não precisamos camuflar nossos sentimentos diante de Deus. Consegue esvaziar o coração quem confia na ajuda de Deus. Ele, como Pai bondoso, nos acolhe, conforta, reanima. Independente da idade que temos, a qualquer hora, seja qual for o lugar, sempre está a nossa espera. Mas confiar-se aos cuidados de Deus não é comum em tempos de insegurança, desconfiança e múltiplas ofertas para se dar bem na vida.
Assim como o povo de Deus no passado foi marcado pelo sofrimento e persistiu na fé, se mobilizou para buscar por mais vida, temos hoje muita gente carente e em busca de terra, teto, o pão de cada dia. A luta por vida e dignidade nestes tempos em que o acúmulo de algumas pessoas e grupos econômicos impede tanta gente de ter acesso às dádivas de Deus é legítima. Precisamos anunciar e sentir o chamado para confiar e ir buscar refúgio, conforto e novas forças para resistir e mudar os tempos. É bom saber que o Senhor conhece o que está em nossos corações e nos convida para partilhar sofrimentos e sonhos. Pastor Sinodal Davi Jair Appelt Sínodo Noroeste Gaúcho
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Novembro 1 Ter 2 Qua 3 Qui
Sl 34.1-8 Jo 5.24-29 Cl 2.1-7
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Cl 2.8-15 Cl 2.16-23 Prédica: Mt 25.1-13
Dia de Todos os Santos Dia de Finados 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956)
ANTEPENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação. 2 Coríntios 6.2
7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex
Cl 3.1-4 Cl 3.5-11 Cl 3.12-17 Cl 3.18-4.1 Cl 4.2-6
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Cl 4.7-18 Prédica: PENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Mt 25.14-30 Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. 2 Coríntios 5.10 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) 1Ts 1.1-10 1Ts 2.1-12 1889 – Proclamação da República do Brasil 1Ts 2.13-16 1Ts 2.17-20 1Ts 3.1-13 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS 1Ts 4.1-12 Prédica: ÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde 1Co 15.20-28 Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, e a honra, e a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Apocalipse 5.13 1Ts 4.13-18 1Ts 5.1-11 1Ts 5.12-28 2Ts 1.1-12 2Ts 2.1-12 1843 – ✩ Dr. Wilherlm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) 2Ts 2.13-17 Prédica: 1º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Mc 13.33-37 Eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador. Zacarias 9.9 2Ts 3.1-5 2Ts 3.6-18 Zc 1.1-6 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC
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1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 16/02/1546) 1982 – Assembléia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru
Sl = Salmos • Jo = João • Cl = Colossenses • Mt = Mateus • 1Ts = 1Tessalonicenses 1Co = 1Coríntios • 2Ts = 2Tessalonicenses • Mc = Marcos • Zc = Zacarias
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Lema do mês
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 1Tessalonicenses 5.23
Uma reação: “Impossível”! Quem pode imaginar conseguir ser completamente dedicado a Deus? Quem pode pretender se manter integralmente livre de toda a mancha? Nenhum ser humano o consegue. É verdade. Nossas forças não conseguem construir tanta ordem e disciplina. Exatamente por isso o apóstolo Paulo diz: “Que Deus faça.” E aí as coisas ficam diferentes. Deixando que Deus faça em nós o que ele quer fazer, a palavra impossível já desaparece. Não seremos perfeitos, muito menos uma classe especial, privilegiada em relação às outras pessoas. Mas certamente teremos uma resposta mais clara quando nos assaltarem as conhecidas perguntas: “Que mal faz se eu consultar uma cartomante para prever o futuro? Que mal faz colocar um elefante de porcelana atrás da porta para garantir
um pouco de sorte? Que mal faz educar os filhos a reagirem também de forma violenta numa sociedade violenta, por uma simples questão de sobrevivência?” Deus nos dá a paz como critério para aprendermos a andar pelos caminhos da integridade, justiça e honestidade. Principalmente numa sociedade onde se prega o contrário. Confiar nele, buscar sua orientação, reorganizar os critérios com que conduzimos nossos atos e educamos nossos filhos, entender que o amor ao próximo não passa por outro caminho a não ser o servir: eis o que nos manterá íntegros, sem mancha. Não sem sacrifício. Mas com excelentes resultados para nós mesmos, para o mundo ao redor de nós, para a eternidade. Pastor Sinodal Erni Drehmer Sínodo Planalto Rio-grandense
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Dezembro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom
Zc 1.7-17 Zc 1.18-2.5 Zc 2.6-13 Prédica: Is 40.1-11
2º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima. Lucas 21.28
5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb
Zc 3.1-10 Zc 4.1-14 Zc 5.1-11 Zc 6.1-8 Zc 6.9-15 Zc 7.1-14
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Prédica: Jo 1.6-8, 19-28
12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex
Zc 8.1-8 Zc 8.9-13 Zc 8.14-23 Zc 9.9-12 Zc 11.4-17
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Zc 12.9-13.1 Prédica: 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Rm 16.25-27 Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Perto está o Senhor. Filipenses 4.4,5 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) Zc 14.1-11 Ml 1.6-14 Ml 2.17-3.5 Ml 3.6-12 Ml 3.13-18 Mt 1.18-25 VIGÍLIA DE NATAL Prédica: NATAL Branco Jo 1.1-5 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória. (6-8), 9-14 João 1.14 At 6.8-7.2a, Mártir Estêvão 51-60 Jo 1.1-5 Jo 1.6-8 Jo 1.9-13 Jo 1.14-18 Sl 121 São Silvestre
19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom
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1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Preparai o caminho do Senhor. Eis que o Senhor Deus virá com poder. Isaías 40.3,10 Dia da Bíblia
1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves
Zc = Zacarias • Is = Isaías • Jo = João • Rm = Romanos • Ml = Malaquias • Mt = Mateus • At = Atos • Sl = Salmos
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Lema do mês
Para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas. Malaquias 4.2
As palavras do lema deste último mês do ano são promessa maravilhosa: vai nascer o sol da justiça. É uma imagem forte. Todos nós conhecemos o poder do sol. Quem vive em terras frias como o sul do Brasil sabe como ele é bem-vindo nas manhãs de inverno. Sabe, porém, também como os seus raios podem causar danos à saúde em horários inadequados. Todas as pessoas, em qualquer parte do país, experimentam da mesma forma os poderes de destruição do sol quando ele brilha insistentemente, dia após dia, sem a perspectiva de uma chuva refrescante e renovadora do verde das plantas, da economia agrícola e do ânimo das pessoas e dos animais.
Maravilhosamente Deus promete, pois, não só o sol, mas o sol da justiça. Quantas pessoas terminarão este ano esperando algo que seja poderoso como um sol e, mais que um sol poderoso, um sol de justiça. As pessoas esperam algo que seja justo para com elas. Algo que repare tudo que lhes aconteceu de ruim e que consideram ser algo injustamente ocorrido. A quem, entre tantas coisas temerosas que existem, escolheu temer o nome de Deus, ele promete que as asas do sol, seus raios, trarão salvação, isto é, saúde num sentido completo. Pastor Sinodal Erno Feiden Sínodo Vale do Taquari
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Deus, em tua graça, transforma o mundo Tema da IECLB para 2005
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tema do ano é uma súplica. Esta súplica nos coloca diante do fato de que somos impotentes para transformar o mundo. O impulso inicial do tema não nos leva imediatamente à ação, mas nos remete à oração. Com isto reconhecemos que o sujeito da transformação do mundo é Deus. A súplica pede que Deus nos insira no processo da vinda de seu Reino.
Também a Igreja é chamada a ser transformada Quando se fala em transformação do mundo pensa-se no sentido concreto; mundo significa as relações humanas, a política, a natureza, as pessoas, as instituições, a Igreja. Por isso, também a Igreja, como parte deste mundo, é chamada a ser transformada, para que possa testemunhar a vida como graça bondosa e misericordiosa de Deus. O tema proposto para 2005 - Deus, em tua graça, transforma o mundo - não pode ser entendido como fuga de nossa responsabilidade em relação à sociedade. A graça, mediada pela Palavra e sacramentos, nos constrange a participar como instituição e como indivíduos, junto com outras organizações da sociedade civil e da política, no processo de transformação do mundo.
Tomada de consciência Percebe-se que a sociedade e as relações sociais são estruturadas e organizadas com base na lógica do mercado, com sua ênfase no lucro, no consumo, na troca desigual. Neste modelo socioeconômico predominam valores que priorizam o lucro individualista; suas conseqüências são a exclusão econômica e social, a violência, a fome, o desemprego, entre outros. A ideologia que sacraliza ou banaliza as desigualdades sociais ajuda a manter intocável o sistema político e econômico que está na origem das mesmas. Essa ideologia encobre o fato de que o mundo assim constituído é uma construção humana. A fé cristã, no entanto, incita-nos a não nos conformarmos com a banalização da pobreza e das relações sociais iníquas, e nos sensibiliza para a busca do perdão por deixarmos o mundo ser como ele é. A tomada de consciência deste fato é uma transformação que precisa ser operada em nós.
O mandamento do amor Se o mandamento do amor (amor a Deus e ao próximo como a si) nos impele a viver na confiança da graça de Deus, também nos leva a confessar pecados e pedir perdão por relações injustas, discriminatórias, violentas e que cerceiam potencialidades. A Igreja, neste sentido, é um espaço privilegiado para auxiliar as pessoas a identificar os valores cristãos e colocá-los em prática no seu cotidiano. O exercício ético nos leva a rever nossas ações, inclusive os relacionamentos entre homens e mulheres, e a
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se caminho. É a oração que suplica apenas por nossa salvação individual e se esquece do mundo que Deus ama (Lucas 18.9ss). Entretanto, a oração cristã jamais nos aquieta, antes nos faz levantar a cabeça e olhar à nossa volta. Se Deus é capaz de transformar este mundo de misérias e desgraças num mundo saudável e liberto, em e por meio de Jesus de Nazaré e do seu Espírito, então suas filhas e seus filhos caminham na mesma direção. Por isto somos eternos inconformados. Esta disposição para realizar mudanças começa em nossa própria mentalidade. É a graça de Deus que nos permite pensar diferente do senso comum; é por graça que ousamos reformar a Igreja, a cidade e nós mesmos.
ensaiar novas práticas que reiterem a dignidade humana na família e sociedade. Dentre as transformações que se fazem necessárias, citamos a banalização da violência e a ridicularização da compaixão a pessoas em necessidade. No entanto, a indignação de Jesus diante da agressão e a sua crítica à exclusão continuam nos servindo como critério. Sua postura nos desafia à indignação diante da realidade e nos convida a transformála. Cabe à Igreja apontar para os sinais do Reino nos exemplos de esperança, solidariedade, comunhão, participação plena, vida abundante e paz. A missão A oração que suplica a Deus pela transformação do mundo é, em si mesma, uma expressão de inconformismo para com este mundo assim como ele se apresenta hoje. A oração é, nesse sentido, o início da missão. Ela nos liberta do voluntarismo e da preocupação em relação à salvação do mundo. É Deus quem salva, redime e liberta este mundo; por isto podemos orar: Ó Deus, transforma este mundo, em tua graça! É uma oração de confiança e entrega. A súplica nos predispõe a caminharmos de modo agradecido e renovador no meio em que vivemos. A súplica nos convida a entregarmos tudo nas mãos de Deus, que tem o poder para fazer de nós instrumentos de sua paz, como tão bem cantou São Francisco de Assis.
Deus é quem transforma Por vezes, nossa colaboração na missão nem é percebida. Só mais tarde alguns testemunham: - Aquela gente tinha visão, sim! Saíram para além dos seus muros e compartilharam as dores do mundo, foram ao encontro dos outros, dos diferentes. Hoje sabemos que tinham razão. Por isto, damos graças a Deus, que é quem transforma a morte em vida, quem abre os caminhos sem saída, quem liberta e une os diferentes num só povo que anuncia a esperança! Extrato do texto elaborado pelos grupos assessores da Presidência da IECLB. Os subtítulos foram formulados pela redação do Anuário.
Cristãos são eternos inconformados Há uma oração que nos desvia des-
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Temas da IECLB 1976 – Comunidade Consciente e Atuante 1977 – Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 – Cristo, o caminho 1979 – A importância da família cristã para a criança 1980 – Cristo, o Mediador 1981 – Homem e Mulher unidos na Missão 1982 – Terra de Deus – Terra para todos 1983 – Eu sou o Senhor teu Deus 1984 – Jesus Cristo – Esperança para o mundo 1985 – Educação – Compromisso com a verdade e a vida 1986 1987 Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1988 ... E sereis minhas testemunhas 1989 1990 1991 O pão nosso de cada dia 1992 1993 Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida 1994 1995 Permanecem a fé, a esperança e o amor 1996 1997 Somos Igreja. Que Igreja somos? 1998 – Aqui você tem lugar 1999 – É tempo de lançar 2000 – Dignidade Humana e Paz – um novo milênio sem exclusão 2001 – Ide, fazei discípulos... 2002 – Mãos à obra 2003 – Nosso mundo tem salvação 2004 – Pelos caminhos da esperança 2005 – Deus, em tua graça, transforma o mundo
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A Lição do fogo Nilton Giese
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Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado. Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos poucos a chama da brasa soli-
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
tária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos.
Foto: Gierus
m membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades. Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
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da chama e que longe do grupo/comunidade eles perdem todo o brilho. Aos líderes vale lembrar que eles são responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os membros, para que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro. Essa história pode ser trabalhada em grupos sob o tema Animação de Comunidade, a partir de “1 Coríntios 12.2731”. Outras histórias podem ser encontradas em www.grupoemaus.com.br.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: - Obrigado. Por tua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio da comunidade. Deus te abençoe! O que podemos aprender dessa história?
O autor é pastor da IECLB e atua na Paróquia Curitiba Nordeste, PR
Aos membros de um grupo/comunidade vale lembrar que eles fazem parte
Um coração cheio de alegria vê tudo positivamente, mas um coração triste vê tudo de forma sombria. Martim Lutero
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A palmeira, símbolo de vitória e de paz Fonte: Gemeindebrief
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palmeira parece eterna: dificilmente uma tempestade lhe parte o tronco e, orgulhosa e reta, ela cresce até alcançar 30 metros; ostenta folhas novas, sempre verdes, ao lado das que vão morrendo. A “árvore da vida” é um símbolo de constante mudança, um sinal do tempo que passa e recomeça. Os atributos da palmeira já eram usados como símbolo de vitória entre os romanos. Seus generais, no dia do triunfo, usavam a “toga palmata”, uma capa feita de folhas de palmeira trançadas. Uma moeda romana do século I d.C. lembra a Judéia subjugada, com o motivo de uma mulher que chora, sentada sob uma palmeira. Além de lembrar a vitória, a palmeira pode simbolizar também a paz, já que o fim das hostilidades leva à esperança de reconci-
liação. Por isso, em afrescos e nos túmulos de mártires cristãos, eles são representados com folhas de palmeira nas mãos, para simbolizar a vitória de sua fé e a paz que ela traz à humanidade. Os discípulos cortaram ramos de palmeira para saudar a entrada de Jesus em Jerusalém, tornando sua chegada uma verdadeira marcha triunfal da vida sobre a morte. Eles “...tomaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, e que é Rei de Israel!” (João 12.13). A semelhança da folha da palmeira com os dedos abertos de uma mão, deu à velha planta, que pode viver até 300 anos, o seu nome: “palma”, que em latim significa “mão aberta.” Adaptado por: Anamaria Kovács
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A Política Educacional da IECLB Silvio Iung
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Conselho da Igreja aprovou, ção e Educação (CFE) do Conselho da na sua reunião em 21 e 22 de Igreja. Houve quatro consultas abertas em novembro de 2003, o texto das áreas que envolvem formação na IECLB: “Diretrizes para uma Política Educacio- Educação formal, Formação de liderannal da IECLB”. Este documento deve ser ças, Formação de obreiros e Planejamencompreendido como um reflexo de um to de pessoal. Os documentos destas conprocesso de construção histórica que rei- sultas foram submetidos à CFE, a qual tera a tradição teológico-pedagógica dos fez sínteses, encaminhou para redatores evangélico-luteranos, com a redefinição e por fim constituiu um grupo de trabade propostas diante de novos cenários e lho para a produção de um documento. desafios. Este texto foi novamente remetido às coA sua redação pretende ser síntese munidades, que formularam sugestões da prática educativa das comunidades finais. Todo este movimento consumiu desta Igreja. A Política Educacional já quatro anos e resultou no documento que teve outro documenpretende servir to oficial, em 1990. como referencial de Naquele documenatuação na formação Educação é um to, a afirmação era e educação na projeto de esperança de que a Igreja deIECLB. veria se ocupar com Na sua orgaque decorre de educação, enconnização, o texto ofeconhecer pessoas trando seu objetivo rece o subsídio hisna tríade entenditórico que levou à mento da fé cristã, construção deste da promoção do ser humano e de ser- texto e embasa a atuação educacional viço ao mundo. Este documento também luterana com fundamentos bíblicos, teoafirmava que a proposta educacional lógico-confessionais e pedagógicos. Ele evangélico-luterana era universal, com ainda ressalta o que se espera da prática valor próprio à escola comunitária evan- confessional luterana na educação. Na gélica, vista como expressão de respon- parte propositiva, ele reforça a importânsabilidade educacional da IECLB. O atual cia da educação comunitária e das institexto considera válido o teor desta ver- tuições educacionais comunitárias são de 1990. mantidas pelas comunidades da IECLB, Este novo documento pretende desafiando para atuação em outros níveis, mostrar um retrato mais legítimo da com- como a extensão e o ensino superior. preensão e da prática educacional na Em uma aventura de síntese, este IECLB. Ele é resultado de um longo pro- texto da “Política Educacional da jeto pensado pela Comissão de Forma- IECLB” procura reafirmar que a Educa
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ção é um projeto de esperança que decorre de conhecer pessoas, saber que são capazes de amar a si próprias, amar aos outros e apostar juntas; que a Educação é um projeto de esperança capaz de mudar o mundo da vida das pessoas e dos grupos sociais. É a esperança evangélica, de que a mudança na vida das pessoas torna o mundo melhor, a nossa vida melhor. Mas é também um texto que chama todos à responsabilidade, entenden-
do que a educação é compromisso de toda comunidade. O texto, na íntegra, está disponível na internet nos sites www.ieclb.org.br e www.redesinodal.com.br. O autor é professor, diretor da Rede Sinodal de Educação e integrante da Comissão de Redação de Diretrizes de uma Política Educacional da IECLB
Primeiro fazemos nossos hábitos, depois nossos hábitos nos fazem. John Dryden
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Acabaram os fósforos e o querosene Nelso Weingärtner
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m meados de 1944 correu a notícia em Santa Isabel: acabaram os fósforos e o querosene. Na época, tanto fósforos como querosene eram produtos importados. A Segunda Guerra Mundial estava no auge. As importações, via marítima, estavam ameaçadas e os produtos, que vinham da Europa, minguavam cada vez mais. Naqueles dias, eu era um menino de 7 anos e vivia com muito medo, porque só sabia falar o alemão, o nosso dialeto “Moselanerplatt”. Em casa todos falavam com voz meio abafada e, quando o cachorro latia, éramos advertidos com o sinal – dedo na boca – para não falar alemão, pois havia espiões na região. Naqueles dias, muitos foram denunciados por falarem alemão e foram presos. Era lei: o uso da língua alemã era proibido. Histórias assustadoras circulavam. Contava-se que alguns presos foram brutalmente torturados com chicotadas que estouravam a pele. Outros foram xaropeados com óleo queimado. Contavase também que pastores, professores e médicos, que eram alemães, estavam presos em campos de concentração e seriam tratados como animais. Era um tempo
sombrio e o medo andava solto. Nesse clima de tensão, medo e insegurança, a notícia que não havia mais fósforos e querosene assustava. É preciso lembrar que em toda a região ainda não havia luz elétrica. Perguntava-se: como acender de manhã o fogo no fogão e como iluminar a casa e o serviço nos paióis e na estrebaria? O problema foi resolvido por pessoas criativas. Nós éramos uma família de agricultores e nossa casa ficava no alto dum morro – os vizinhos mais próximos moravam mais ou menos numa distância de um quilômetro. Lembro, com muito carinho, que um dia minha idosa avó: Anna (nascida Werlich) Hausmann, que morava conosco, me tomou pela mão e fomos até um bambuzal. Ela escolheu um bambu bonito, cortou-o e separou um pedaço e disse para mim: “Domit mach ich moins Feia an” = “com isso eu vou acender de manhã o fogo”. Naquela noite, quando fomos dormir, ela juntou as brasas no fogão e as cobriu com uma boa camada de cinzas. De manhã, ainda no escuro, ela levantou, pegou o bambu e com ele removeu as cinzas que cobriam as brasas, soprando. Esse bambu recebeu o Arquivo
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nome de “Blosrohr” = “cano de soprar”. Debaixo das cinzas estavam as brasas do dia anterior, a Omma colocava gravetos e lenha sobre elas, usava novamente o “Blosrohr” e logo tínhamos fogo. Com um graveto, ela tirava fogo do fogão e acendia as lamparinas. Durante o dia todo o fogo era mantido aceso no fogão e à noite as brasas eram cobertas por uma camada de cinzas. O problema, ocasionado pela falta de fósforos, estava resolvido. Para o problema da falta de querosene, dois irmãos: Alfred Jahn (avô do Pastor Hugo Westphal) e Robert Jahn (que era meu padrinho, casado com a irmã de minha mãe) também acharam uma solução. Esses dois irmãos eram verdadeiros “fac-totums” = que fazem tudo. Eles eram agricultores, que também eram
funileiros, consertavam relógios, instrumentos musicais, armas de caça e davam um jeito em panelas furadas e fabricavam artesanalmente as lamparinas que os agricultores usavam nos serviços do paiol. Quando eles ouviram que ia faltar querosene para alimentar as lamparinas, eles ensinaram a usar banha como combustível para alimentar as lamparinas. Funcionou. O cheiro que essas lamparinas, alimentadas com banha, provocavam, não era nada bom e a fuligem, que os pavios produziam, deixava seus rastos nos lugares em que elas eram usadas. Felizmente a guerra acabou após mais alguns meses e os fósforos e o querosene voltaram.
Gemeindebrief
O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó, SC
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Amigos para Sempre Anamaria Kovács
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les se conheceram na escola, em o Brasil. Gyuri ficou na Europa. A amiBudapeste, na Hungria, aos oito zade continuou, através de cartas, fotos, anos. Tibor, meu falecido pai, cartões. era o quarto filho de um viajante, que A Segunda Guerra Mundial interpercorria o país vendendo móveis. O ou- rompeu a correspondência. O nazismo tro, Gyuri, era filho único de um capita- exterminou a maior parte das famílias dos lista, dono de indústrias têxteis, cerveja- dois amigos na Europa, e Tibor nunca rias, teatros. Tornaram-se inseparáveis. mais teve notícias de Gyuri. Restou-lhe o Viveram todas as aventuras a que meni- envelope de sua última carta e uma inanos e adolescentes do balável certeza de início do século XX que ele estava vivo. tinham direito: “asComo não tinha meisaltaram” a despensa os para procurá-lo de suas mães, atrás de pessoalmente, Tibor uvas e chocolate, dipedia a todos os corigiram um bonde nhecidos que viajapelas ruas, enquanto vam à Europa que o motorneiro corria tentassem descobrir o atrás, desesperado; paradeiro do amigo. destruíram o tapete Passaram-se décadas, persa do quarto de sem resultado. No coGyuri, ao fazer uma meço dos anos 70, experiência química; um senhor húngaro prenderam o mesmo de 85 anos, que modedo num projetor de rava e trabalhava no filmes, apaixonaramCanadá e fazia negóse pela mesma garocios com meu pai, ta – que nunca deu Da esq. para dir.: Eliza Kovács, contou-lhe que tencibola para nenhum Ilse e Gyuri Pál e Tibor Kovács. onava passar as pródos dois... ximas férias na Aos dezoito anos, optaram pelo Hungria. Era a última chance, e meu pai curso de Engenharia Têxtil, em Viena, na confiou ao visitante o velho envelope. Áustria, para onde se mudaram suas fa- Depois de várias semanas de ansiosa esmílias. Alguns anos depois, Tibor deci- pera, veio a notícia: com base no enderediu juntar-se a um dos irmãos mais ve- ço da firma, o “detetive amador” descolhos, que viera morar em Petrópolis, no briu o paradeiro do antigo sócio de Gyuri, Rio de Janeiro. Em pouco tempo, tam- que ainda mantinha contato com ele. bém o resto da família de Tibor veio para Tibor soube então que o amigo estava 42
bem e vivia em Los Angeles, EUA, um, as décadas vividas a milhares de quicom a esposa Lise. Assim que as lágri- lômetros um do outro. Gyuri acabou por mas secaram em seu rosto, ele correu para considerar-me um pouco sua filha, e, após a máquina de escreo falecimento de ver e redigiu uma meu pai, em 1980, longa carta. continuamos a Alguns meses corresponder-nos e a depois, reunimos totelefonar, de vez em das as nossas econoquando; Lise teve mias e partimos para um acidente vascular Los Angeles, onde, cerebral, e Gyuri após quase quarenta cuidou dela, com a anos, os dois amigos ajuda de um casal de se abraçaram mais enfermeiros, até o uma vez. Os laços fim de sua vida. Soforam reatados, breviveu a ela por alcomo se o tempo tiguns anos. Acredito vesse voltado quaque, em algum lugar, renta anos. Durante os dois amigos esteum mês, não se larjam definitivamengaram, revivendo a te juntos, compeninfância, a juventusando o longo períde, recordando, cada Gyuri Pál (esq.) e Tibor Kovács. odo em que a vida os separou. A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar. Machado de Assis
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Bom apetite! Resilde Wegner Piske
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culinária brasileira é muito rica e variada. As nossas receitas são de diversas procedências. Herdamos tanto de nossa população indígena como dos povos que vieram da Europa, da África e da Ásia. Assim, podese falar da cozinha chinesa e japonesa, árabe e italiana, francesa e alemã, húngara, portuguesa e outras mais. Muitas receitas que vieram de outros países foram adaptadas aqui e não obedecem necessariamente à receita original. Diferencia-se também por regiões dentro do Brasil. É comum dizer e ouvir que a comida típica brasileira é a feijoada, ou então o feijão com arroz. Também existem a cozinha mineira, o churrasco gaúcho, o marreco com couve roxa de Santa Catarina, o barreado do Paraná e outros. Sentar à mesa para uma refeição implica em muito mais do que apenas em comer e beber. Por mais importante que seja o saciar a fome, a refeição facilita ou até possibilita o convívio da família e de amigos. As pessoas sentadas ao redor da mesa formam uma comunhão. O comer e o beber são motivo para o completo bem estar da pessoa, porque a refeição em conjunto promove a união. Com boa comida e boa companhia
o comer se torna algo muito prazeroso. Por este motivo, além da boa comida, a mesa deve estar bem arrumada e o ambiente deve ser bonito e agradável. Assim, as pessoas se sentem bem à vontade. Apresentamos duas receitas. A primeira vem da França e a segunda é brasileira. Quiche lorraine Provavelmente quiche, o nome desta torta francesa, é uma deturpação da palavra alemã “Kueche”. E a palavra lorraine identifica a origem geográfica: Lorena. Nos tempos em que a Lorena (Lothringen) pertencia ao Império Alemão, a língua falada era, como ainda é hoje em grande parte, o alemão. Podemos deduzir que originalmente era a “Lothringer Kueche”, que foi adaptado para o francês: quiche lorraine. Roland Göök, no seu livro “As cem receitas mais famosas do mundo”, dá a seguinte receita: Ingredientes da massa: 200 gramas de farinha, 125 gramas de margarina, 1 ovo, uma a duas colheres de água. Recheio: 3 ovos, 250 gramas de nata, sal e pimenta, 150 gramas de toucinho defumado magro. Modo de fazer: Misture a farinha com a margarina, a água e o ovo inteiro. Deixe
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planta como o polvilho, os beijus e as gomas feitas da raiz. No Norte e no Nordeste brasileiro é a principal fonte energética, assim como em diversos países africanos para onde os portugueses levaram a planta. A receita mais conhecida é a que manda descascar a raiz do aipim e cozinhá-lo, sendo servido com molho. A farinha de mandioca é muito apreciada e é ingrediente obrigatório em muitos pratos, como por exemplo na feijoada, no churrasco, em pratos com peixes, carnes e ovos. Ingredientes: 4 bananas-prata não muito maduras, 3 colheres rasas de margarina, uma cebola média, 2 ovos, meia xícara de cheiro-verde picado, 3 xícaras de farinha de mandioca. Modo de fazer: Descasque as bananasprata e corte ao comprido em quatro partes e pique em pedaços não muito finos; reserve. Retire a casca de uma cebola média e rale; reserve. Numa frigideira, aqueça a margarina. Refogue a cebola ralada. Acrescente dois ovos inteiros levemente batidos. Frite um pouco, mexendo com cuidado. Acrescente o cheiro-verde, sal e pimenta a gosto. Ponha três xícaras de farinha de mandioca crua. Deixe aquecer bem a farinha, mexendo delicadamente. Acrescente agora a banana e continue mexendo até atingir o ponto (a banana deve ficar levemente cozida). O ideal é servir morna com bife, carne moída ou peixe.
a massa descansar e depois estenda-a bem fina e forre com ela uma forma de fundo solto e com os bordos altos. Corte o toucinho em tirinhas e coloqueas sobre o fundo da massa. Misture a nata com os três ovos, tempere com sal e pimenta e despeje sobre o toucinho. Leve para assar em forno moderado e sirva morno. Adaptação: Adaptar receitas também é uma arte. Eis a adaptação da quiche lorraine à moda mineira: Massa = 250 gramas de margarina de boa qualidade e trigo. Coloque a margarina numa vasilha funda e acrescente aos poucos o trigo.Mexa bem com a mão e depois numa superfície lisa.Deixe descansar e forre com ela uma forma de fundo solto e com os bordos altos. Recheio 1 = coloque sobre a massa uma xícara de brócolis cozido e picado e a mistura de ovos, nata,sal e pimenta. Recheio 2 = coloque sobre a massa uma xícara de presunto picado e acrescente a mistura de ovos,nata,sal e pimenta e uma xícara de queijo prato picado. Farinha de mandioca com banana e ovos O ingrediente mais brasileiro de nossa culinária é a mandioca, também denominada aipim ou macaxeira. É nativa da Amazônia e parente da seringueira e da mamona. É o alimento dos índios brasileiros desde tempos imemoriais. Quando os portugueses chegaram, aprenderam a conhecer com os índios tanto a
A autora é obreira do Ministério Catequético e reside em Brusque, SC
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Cientistas procuram relações entre fé e cura Fonte: ALC
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Teste semelhante foi aplicado em 150 pacientes com graves problemas no coração, nos Estados Unidos. Foi constatado o mesmo resultado: o grupo de pacientes que teve pessoas orando por elas teve menor número de complicações pós-operatórias. ”Como e por que a reza melhorou os resultados? Ninguém sabe. Não há explicações biológicas para esses resultados”, diz a matéria da Carta Capital. Também é significativa a constatação de que não foi identificada, nas experimentações relatadas, alguma igreja ou movimento ou corrente filosófica que fosse mais “eficaz” em melhorar a saúde das pessoas. “A fé parece ser o denominador comum nas pessoas que se beneficiaram”, conclui a reportagem.
Ilustração do cartaz do Dia Mundial de Oração de 2004
mbora não existam provas científicas cabais sobre a correlação entre fé e religião, faculdades de Medicina dos Estados Unidos começam a incluir em seus currículos cursos de Espiritualidade e Medicina. Pesquisas realizadas por cientistas em grupos de pacientes mostrou que a fé pode aplacar doenças. No suplemento especial sobre Saúde, a revista Carta Capital número 297, de 30 de junho de 2004, reservou duas páginas para a abordagem do tema. “Revisão de 46 estudos encontrou evidências científicas confirmando que indivíduos profundamente religiosos têm quase 30% de chance de viver mais tempo do que os não religiosos”, informa a matéria. A reportagem destaca dois experimentos, um realizado na Coréia do Sul e outro nos Estados Unidos. No primeiro, 199 mulheres, com idades semelhantes, que tinham dificuldade de procriar, foram divididas, por sorteio, em dois grupos. Os dois grupos foram submetidos a tratamento padrão para engravidar, mas um deles recebeu um adicional: o apoio de grupos de oração em várias partes do mundo. Nem as pacientes nem os médicos envolvidos na pesquisa sabiam desse apoio. As mulheres que receberam intercessões engravidaram duas vezes mais do que as colegas do outro grupo.
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Como ler a Bíblia: indicações práticas Dr. Nelson Kilpp
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aos diversos livros ou notas explicativas de pé de página. Estas informações adicionais podem facilitar a compreensão do texto bíblico. Quando devo ler? A leitura da Bíblia pode ser ocasional ou periódica. Muitas pessoas abrem a Bíblia em situações especiais, como em casos de doença, luto, aflição. A leitura periódica - diária ou semanal – é, a médio prazo, mais proveitosa, pois aborda conjuntos maiores. Convém, neste caso, seguir uma determinada ordem de leitura. Uma leitura semanal poderia, por exemplo, contemplar os textos bíblicos previstos para a leitura e pregação do Domingo. Quem tiver condições de realizar leituras diárias deveria ler livros inteiros. Não é necessário ler mais que um capítulo por dia; mais vale a leitura atenta e pausada do pouco do que “engolir” muito. Deve haver tempo para deixar o texto calar em
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nicio com um testemunho pessoal. Após 40 anos de estudo de teologia, trabalho pastoral, pesquisa e docência na área bíblica, a leitura da Bíblia continua sendo uma experiência emocionante. Pois o texto nunca se esgota; a cada leitura, ele mostra uma faceta nova. Descobri que sempre seremos meros aprendizes das verdades que se escondem nas palavras muito humanas da Bíblia. Seguem algumas indicações que podem ajudar na leitura da Bíblia. Comecemos com a pergunta: Qual é a Bíblia que devo ler, já que há tantas versões? Todas as Bíblias em português são traduções do mesmo texto. Portanto, não há nenhuma Bíblia “errada”. Algumas traduções usam linguagem mais fácil que outras. Cada vez mais as pessoas preferem versões da Bíblia que contêm informações úteis, tais como introduções
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nós. Dúvidas que ficarem podem ser anotadas para ser esclarecidas posteriormente com alguém que tenha mais experiência ou conhecimento. Com que livros inicio? Normalmente se inicia pelos mais conhecidos e de compreensão mais fácil. Sugiro iniciar com os Evangelhos e o livro de Atos. Pode-se intercalar, entre um e outro Evangelho, uma epístola ou um profeta. Podese passar, então, para a leitura de Gênesis, Êxodo, os livros históricos e os Salmos. Pode-se, após cada livro do Antigo Testamento, intercalar a leitura de uma epístola e de Apocalipse. Muitos preferem ler os Salmos não de uma só vez, mas aos poucos, por exemplo, reservando todos os domingos do ano para a leitura de um ou dois salmos. Depois desta “quilometragem”, também os livros mais difíceis serão melhor entendidos. Pode-se fazer uma oração antes ou depois da leitura, pedindo iluminação e compreensão. A oração concentra a nossa atenção para o essencial. Algumas pessoas consultam literatura adicional que possa ajudar na compreensão do texto lido, como devocionários ou comentários populares sobre o livro que está sendo lido.
A leitura em grupo - de vizinhos, jovens, mulheres ou de estudo bíblico na Igreja - propicia a troca de idéias, o que geralmente traz um proveito maior para a nossa compreensão do texto e sua aplicação para a nossa vida. Dúvidas podem ser esclarecidas, opiniões compartilhadas, práticas existentes avaliadas. A leitura em grupo também cria comunhão; pode-se cantar um canto e fazer uma oração coletiva, no início ou fim do encontro. A conversa sobre o texto lido pode orientar-se em algumas perguntas motivadoras, tais como: O que o texto diz? O que eu gosto ou não gosto no texto? O que não entendo? O texto é importante para a minha vida? Por quê? O que Deus quer que eu faça? Por quem posso interceder? Importante é estabelecer uma certa rotina de leitura, seja ela individual ou grupal, e não desistir ao toparmos com capítulos de conteúdo difícil ou estranho. Nem tudo se pode entender logo! Mas, com persistência e humildade alcançaremos, com o tempo, entendimento e sabedoria. O autor é pastor da IECLB e professor na EST
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BÍBLIA é uma erva, quanto mais se manuseia, mais perfume exala. Martim Lutero 48
Convivendo com o luto Ute Schlemmer
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Uma boa amiga de nossa família acaba de perder o esposo, após longa enfermidade. Agora ela se retrai cada vez mais, apesar dos muitos convites que lhe fazemos. Como podemos ajudá-la?” Quando meu avô faleceu, minha avó usou luto durante um ano. Para ela, não se tratava de uma convenção, e sim de um aviso: “Ainda não posso participar de uma vida normal. Preciso de tempo para me adaptar à minha nova condição.” Algo parecido está acontecendo com sua amiga. Nos últimos meses, ela passou muito tempo ao lado do marido doente. Agora acontece o inverso, ela está sozinha. Dê-lhe tempo para que ela se conscientize disso. Por outro lado, é igualmente importante que ela tenha alguém com quem conversar. O luto é uma difícil caminhada entre a solidão e o diálogo. Os amigos da pessoa enlutada apressam-se em planejar o seu futuro: “A vida continua”, dizem eles. Muitas vezes, porém, esses bem-intencionados programas de lazer mascaram a própria dificuldade de se lidar com o luto; reluta-se em falar sobre a morte, não se quer invadir a privacidade nem magoar a outra pessoa. Os enlutados, por sua vez, não querem ser um far-
do para os amigos, e isolam-se com sua dor. Na verdade, porém, eles gostariam de conversar sobre o falecido parceiro ou parceira, sobre a sua perda e o seu relacionamento. Isso é necessário para que lidem com o passado. Só depois de ter-se despedido dessa maneira, a sua amiga poderá enfrentar o futuro. Como amigos, vocês precisam lhe dar tempo, coragem e ouvidos abertos. Vocês conheciam o falecido, conheciam a ambos como casal. Devem compreender muita coisa melhor do que outros que não tiveram essa oportunidade. Nisso está a sua chance de serem bons interlocutores. Se, apesar disso, a sua amiga continuar se fechando, existem serviços como a ajuda espiritual por telefone, grupos de auto-ajuda, o pastor da comunidade ou encontros para pessoas enlutadas. Adaptado por: Anamaria Kovács (Fonte e ilustração: Gemeindebrief)
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Cosmogênese e Deus Mário Eugênio Saturno
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o princípio, Deus criou o céu e a terra. Criou a luz, o dia e a noite. Criou as águas... A narrativa do Gênesis quer dar uma classificação lógica e exaustiva dos seres criados, que vêm à existência seguindo uma ordem crescente de dignidade, até o homem. O texto utiliza uma ciência ainda incipiente e não se deve procurar estabelecer concordâncias com a ciência moderna. Apesar do Livro de Gênesis ter sido escrito há 3300 anos, a visão da criação é muito boa. A Terra nasceu há quatro bilhões e meio de anos. Meio bilhão de anos depois iniciou-se o processo de criação da vida na Terra. Inicialmente a Terra não era como a conhecemos hoje, sua atmosfera e seus oceanos eram diferentes. Algumas moléculas que surgiram, sob certas condições, eram capazes de gerarem uma cópia de si. As mutações geraram moléculas cada vez mais eficientes em se copiar usando os materiais disponíveis no meio ambiente. A seleção natural eliminou as primeiras e a evolução continuou até as células e os organismos multicelulares. Para chegar até aí foram necessários 3,5 bilhões de anos (Quantos!). Surgem os primatas que originarão o homem e o macaco. A aventura humana começou há 2 milhões de anos com o Homo habilis. A evolução da espécie humana produziu a inteligência, que nos faz generalizar conhecimentos adquiridos pela experiência e usá-los para transformar a natureza para o nosso bem-estar.
Onde fica Deus? As estrelas, como nosso Sol, existem devido à Lei da Gravidade, que diz que massa atrai massa na razão inversa da distância, quanto mais próximo mais forte. O “G” é a constante universal. Se o valor de G fosse diferente do que é, por exemplo, metade, somente estrelas gigantes conseguiriam acender o “forno” nuclear, nosso sol seria frio e, conseqüentemente, não existiríamos. Se fosse o dobro, os sóis “queimariam” muito depressa, nosso sol já estaria morto e não existiríamos! Se as leis que regem as camadas eletrônicas dos átomos fossem um pouco diferentes, o carbono não teria capacidade de gerar cadeia e não existiria o DNA. E tantas outras leis que contribuem com a nossa existência. Todas devidamente calibradas para nos gerar, por quê? É para pensar, não?
Gemeindebrief
O autor é tecnologista sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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Crianças invisíveis Edelberto Behs
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freqüentam a escola. Apesar de proibido por lei, o trabalho doméstico infantil é difícil de ser combatido, porque se dá dentro de residências, é invisível, informal. Mas suas conseqüências são notadas e deixam marcas nas meninas: baixa escolaridade, falta de perspectiva futura, causa debilidade física e traumas emocionais. O segundo capítulo do “Crianças invisíveis”, sob o título “Uma questão cultural”, mostra que, em geral, as meninas pobres são introduzidas no serviço doméstico em torno dos sete anos de idade, cuidando de irmãos mais novos e ajudando nas tarefas de casa. Essa atividade diferencia-se do trabalho infantil doméstico em casa de terceiros, remunerado, mas por via de regra explorado. A luta é gigantesca. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registra a existência de 348 mil crianças no Paraná, que trabalham de forma irregular, das quais 27 mil são empregadas
Gemeindebrief
las são as “Crianças invisíveis”, título de livro editado pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI), enfocando trabalhadoras domésticas, meninas entre 5 e 17 anos de idade, que, embora saibam ler e escrever, não conhecem os seus direitos, não freqüentam a escola, e a maioria é negra e parda. O Brasil lembradia 27 de abril o Dia da Trabalhadora Doméstica. Por lei, o trabalho doméstico é proibido para menores de 16 anos de idade. Dados sobre a atividade no país mostram que, das trabalhadoras domésticas infantis, 62% são negras e pardas; 72% não conhecem seus direitos; 64% recebem menos de um salário mínimo para uma jornada de 40 horas semanais; 55,5% não têm direito a férias nem descanso semanal; 14,9% já sofreram acidente de trabalho. Das meninas domésticas residentes nas casas dos empregadores, 61,3% não
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domésticas. No entanto, a Delegacia Regional do Trabalho no Estado não recebeu sequer uma denúncia a respeito. Na Bahia, segundo Estado depois de São Paulo com o maior contingente de crianças e adolescentes exercendo trabalhos, 628 mil meninos e meninas, de 5 a 17 anos, trabalham para ajudar no sustento familiar. Desse contingente, cerca de 48% têm menos de um ano de estudo ou jamais freqüentaram uma escola, mostra matéria do jornal A Tarde, de Salvador. “Crianças invisíveis” reporta-se à atenção que a imprensa dá ao trabalho infantil. Pesquisas divulgadas em 2002 demonstram que a maioria das meninas que trabalham em casas de terceiros é
negra, ponto que não tem merecido a atenção de jornais e revistas, segundo o livro, e fato lembrado no Senado em discurso proferido pelo senador Romero Jucá, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de Roraima, em 23 de março de 2004 passado. “Hoje, graças aos sucessivos debates e pesquisas que se realizam, prevalece a consciência de que o trabalho infantil doméstico é resultado de uma condição histórica de desigualdade social, concentração de renda e de falta de oportunidades”, disse o senador Jucá no discurso. Mais ainda falta, apontou, uma “política pública transparente e incisiva, que indique como proteger tais crianças uma vez retiradas do ambiente de trabalho”. Fonte: ALC O autor é jornalista
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Cristãos com 30 a 49 anos são maioria Edelberto Behs
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maior contingente de cristãos brasileiros, por faixa etária, encontra-se no grupo dos que têm entre 30 e 39 anos de idade, seguido pelo grupo dos que têm 40 a 49 anos. O fenômeno registra-se tanto entre os seguidores do catolicismo quanto das igrejas evangélicas, sejam elas de missão, histórica ou pentecostal. O dado fica muito claro na tabela de resultados sobre população residente por religião e grupos de idade, levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Demográfico de 2000. Entre os que se declararam sem religião, o maior contingente, também, tem entre 30 e 39 anos, seguido pelos da faixa etária dos 15 a 19 anos. De 169,8 milhões de brasileiros, 124,1 milhões são católicos e 26,1 milhões são evangélicos (dados do Censo de 2000). Do total de evangélicos, 17,1 milhões estão vinculados a igrejas pentecostais, das quais as quatro maiores são a Assembléia de Deus, a Congregacional Cristã, a Universal do Reino de
Deus, e do Evangelho Quadrangular, nesta ordem. Das igrejas evangélicas de missão, a batista é a maior, com 3,16 milhões de fiéis, seguida da adventista, com 1,2 milhão, e a luterana, com 1,06 milhão. Presbiterianos são 981 mil no Brasil, e metodistas 341 mil. Em todas as igrejas cristãs há mais mulheres do que homens em suas fileiras. Olhando para o quadro da população residente por sexo e situação de domicílio, as Igrejas Católica e a Luterana são as únicas que têm um contingente maior de homens do que de mulheres em seus quadros no meio rural. Em todas as outras, presentes no campo e na cidade, o número de mulheres que seguem o seu credo é maior do que o de homens. O espiritismo kardecista tem 2,26 milhões de seguidores no Brasil, a Umbanda conta com 397 mil e o Candomblé com 127 mil. Budistas no país somam, segundo o Censo 2000, 214 mil pessoas; judeus são 86 mil e islamitas 27 mil. Fonte: ALC O autor é jornalista
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Cultura de boas mensagens na Internet Compilado por Friedrich Gierus
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Internet é um meio de comunicação que liga continentes, países, raças e culturas. O navegador tem acesso a bibliotecas, dados científicos, estatísticas, informações culturais, esporte, lazer, fotografias, música e a muitas outras áreas da vida pública, religiosa e cultural. Infelizmente também são veiculadas informações enganosas e hackers inventam programas (vírus) para desestruturar sistemas e provocar grandes estragos. O internauta precisa desenvolver um senso crítico, pois nem tudo que é colocado na Internet merece nossa atenção. Por outro lado, surge uma cultura de boas mensagens. Alguém em algum lugar do mundo escreve uma história e a envia para amigos. Na medida que os amigos enviam estas mensagens a outros amigos, as matérias são enriquecidas por músicas que ajudam a aprofundar os pensamentos. No fim um ou uma internauta ilustra os pensamentos com fotografias, de forma que você recebe algo valioso para ler, escutar e olhar. Infelizmente, os textos de parábolas, estórias e contos, na maioria das vezes, são divulgados sem a indicação dos seus autores. Mesmo assim, são válidos e podem ajudar na vida do diaa-dia. A seguir publicamos quatro textos que escolhemos entre muitos para compartilhá-los com nossos leitores. Deus não existe Um homem foi ao barbeiro. E enquanto tinha seus cabelos cortados, conversava com ele. Falava da vida e de Deus. Daí a pouco, o barbeiro incrédulo não agüentou e falou: - Deixa disso, meu caro, Deus não existe! - Por quê? - Ora, se Deus existisse não haveria tantos miseráveis passando fome! Olhe em volta e veja quanta tristeza. É só andar pelas ruas e enxergar! - Bem, esta é a sua maneira de pensar, não é? - Sim, claro!
O freguês pagou o corte e foi saindo, quando avistou um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não agüentou, deu meia volta e interpelou o barbeiro: - Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros! - Como? - Sim, se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas! - Ora, eles estão assim porque querem. Se desejassem mudar, viriam até mim! - Agora, você entendeu. 54
Nossos vícios isso, todos os dias comprava dois pães de meio quilo cada, colocava os pães em um prato da balança e o queijo em outro e quando o fiel da balança se equilibrava ele então sabia que tinha 1 quilo de queijo. O delegado, para tirar a prova, mandou comprar dois pães na padaria do acusador e pôde constatar que dois pães de meio quilo não se equivaliam a um quilo de queijo. Concluiu o delegado que quem estava fraudando a balança era o mesmo que estava acusando o vendedor de queijos.
Certa vez, em uma cidade do interior, um padeiro foi ao delegado e deu queixas do vendedor de queijos que, segundo ele, estava roubando, pois vendia 800 gramas de queijo e dizia estar vendendo 1 quilo. O delegado pegou o queijo de 1 quilo e constatou que só pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de queijos sob a acusação de estar fraudando a balança. O vendedor de queijos, ao ser notificado da acusação, confessou ao delegado que não tinha peso em casa e, por
A bomba d’água Um homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede... Quando, esgotado, chegou a uma construção velha, desmoronando, sem janelas e sem teto. Andou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol. Olhando ao redor, viu uma velha bomba d’água, bem enferrujada. Ele se arrastou até a bomba, agarrou a manivela e começou a bombear, bombear, bombear sem parar. Nada aconteceu... Desapontado, caiu prostrado, para trás. Então notou que ao seu lado havia uma velha garrafa. Limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu um recado que dizia: “Meu Amigo, você precisa primeiro preparar a bomba derramando nela toda a água desta garrafa. Depois faça o favor de encher a garrafa outra vez, antes de partir, para o próximo viajante.”
O homem olhou bem e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu num dilema. Se bebesse aquela água, poderia sobreviver. Mas se despejasse toda aquela água na velha bomba enferrujada, e ela não funcionasse, morreria de sede. Despejar a água na velha bomba e esperar vir a ter água fresca... Que fazer? Ou beber a água da garrafa e desprezar a mensagem? Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... A bomba pôs-se a ranger e chiar, mas nada aconteceu! E a bomba foi rangendo e chiando. Então, surgiu um fiozinho de água, depois um pequeno fluxo e, finalmente, a água jorrou com abundância! Para alívio do homem a bomba velha fez jorrar 55
água fresca, cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela ansiosamente. Encheu-a outra vez e tornou a beber seu conteúdo refrescante.
Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante, acrescentando uma pequena nota: “Creia-me, funciona. Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la de volta.”
Somente de Passagem Conta-se que, no século passado, um turista foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio. O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? - perguntou o turista. E o sábio, bem depressa, perguntou também: - E onde estão os seus...? - Os meus?! - surpreendeu-se o turista - Mas eu estou aqui só de passagem! - Eu também... - concluiu o sábio. O autor é pastor da IECLB e diretor do Centro de Literatura Evangelística, em Blumenau, SC
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Datas comemorativas Compilado por Osmar Luiz Witt
450 anos: franceses no Rio de Janeiro
Matozinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho, que foi iniciado em 1796, é constituído de 66 imagens escul-
Em 10/11/1555, chegava à baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, uma expedição de franceses comandada pelo Almirante Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571). Fundou-se uma colônia de huguenotes (franceses calvinistas), que buscavam um lugar onde pudessem livrar-se das perseguições religiosas que enfrentavam na França. A experiência não perdurou por muito tempo, pois as diferenças religiosas transferiramse também para o Novo Mundo. Villegagnon perseguiu os huguenotes e, nessa situação, um grupo produziu a primeira confissão de fé evangélica em solo brasileiro, conhecida como Confissão Fluminense. Por sustentarem a Confissão, três deles foram martirizados: Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon.
Esculturas de Aleijadinho, os Doze Profetas, esculpidos em pedra-sabão, na entrada do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo/MG.
200 anos: conclusão da obra de Aleijadinho no santuário de Bom Jesus de Matozinhos Antônio Francisco Lisboa (17301814), conhecido como o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto/ MG, e foi escultor, entalhador e arquiteto. Recebeu o apelido em razão de deformações nas pernas e nas mãos provocadas pela hanseníase. A limitação física, porém, não foi impedimento para que continuasse trabalhando na construção de igrejas, capelas e altares na região do ouro em Minas Gerais. Em 1805, concluiu o conjunto do santuário de Bom Jesus de
pidas em madeira e 12 profetas feitos de pedra-sabão. 100 anos: criação do Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados da América do Sul Em 1949, formou-se a Federação Sinodal, com a qual nasceu a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –
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seu padrinho na carreira de cantora, tend o a levado, em 1929, para apresentar-se na Rádio Sociedade. Nos anos 30, apresentou-se em muitos palcos, no Brasil e no exterior. Além disso, iniciou carreira no cinema. Ficou famosa como a “Pequena Notável”. No fim dos anos 30, transferiu-se para os Estados Unidos, tendo sido contratada pelo empresário Lee Schubert. Sua popularidade cresceu muito em Nova York, chegando também a apresentar-se na Casa Branca. Em 1941, foi contratada para trabalhar em Hollywood, onde atuou em vários filmes. Neles, caracterizou-se por cantar e representar a personagem da mulher divertida e atrapalhada, usando exóticos chapéus. Depois de haver alcançado consagração internacional, com 19 filmes e 154 discos, faleceu no dia 05/ 08/1955.
IECLB. Antes disso, existiam quatro Sínodos, cada qual unindo comunidades evangélicas dispersas por diferentes regiões do país. Um deles surgiu de comunidades atendidas por pastores que foram enviados ao Brasil por uma entidade na Alemanha chamada de “Gotteskasten” (Caixa de Deus). O primeiro pastor, Otto Kuhr, chegou ao Brasil em 1897. Seguiram-se outros e, em 09/ 10/1905, em Assembléia na Comunidade de Estrada da Ilha (perto de Joinville/ SC), foi criado o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados da América do Sul que, como expressava o nome, reunia comunidades evangélico-luteranas de Santa Catarina, do Paraná, São Paulo e Espírito Santo. 50 anos: falecimento de Carmem Miranda
30 anos: morte do jornalista Vladimir Herzog
Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Marco de Canaveses, em Portugal, em 09/02/1909. Com dois anos de idade veio com seus pais para o Brasil, passando a residir no Rio de Janeiro. A mãe dirigia uma pensão freqüentada por músicos, na qual Carmem costumava cantar com suas irmãs. Josué de Barros a conheceu e tornou-se
Vladimir Herzog foi editor da revista Visão desde 1970 e, em 1975, assumiu a direção do departamento de jornalismo da TV Cultura, em São Paulo. Nesse ano foi chamado a apresentar-se ao DOI-CODI, órgão encarregado da repressão aos movimentos de oposição ao governo militar. Suspeitava-se de sua vinculação ao Partido Comunista Brasileiro. Foi preso e torturado e achado morto em sua cela no dia 24/10/1975. A versão oficial para o ocorrido foi a de que ele teria se enforcado. A família Herzog não aceitou essa explicação e iniciou uma batalha judicial que levou, em 1978, à responsabilização da União. A repercussão de sua morte provocou manifestações contra a ditadura militar.
Carmem Miranda com Max Gordon e Ary Barroso numa das Tardes Musicais da Rádio Nacional.
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tidiano das pessoas que habitam as regiões interioranas do Brasil. De origem humilde, tinha apenas instrução primária, mas grande capacidade para a leitura e a escrita. Escrevia seus poemas em cadernos que guardava em casa. Seu primeiro livro foi publicado quando contava 77 anos: “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”. Sobre seu trabalho ela mesma afirmou que: “Meus versos têm o cheiro dos currais, da terra, têm o som livre do berrante. É água corrente, é tronco, é fronde, é folha, é semente, é vida.” Em 1983, recebeu o Prêmio Juca Pato e o título de intelectual do ano, da União Brasileira de Escritores. Faleceu em Goiânia, aos 10/04/1985. Em sua lápide pode-se ler um verso de sua autoria: “Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”
25 anos: visita do Papa João Paulo II ao Brasil No dia 30/06/1980, o Papa João Paulo II chegou em Brasília, dando início a uma visita que durou 12 dias e passou por 13 cidades brasileiras. A primeira visita do Papa provocou grandes concentrações populares e ele pôde conhecer diferentes realidades do povo brasileiro e os diferentes trabalhos da Igreja Católico-Romana. Sua despedida aconteceu em Manaus/AM. 20 anos: falecimento da poetisa Cora Coralina Cora Coralina era o pseudônimo da poetisa goiana Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretãs, nascida em Goiás Velho (GO), em 20 de Agosto de 1889. Sua obra literária caracteriza-se por traduzir o co-
O autor é pastor da IECLB e professor na EST
Casa de Cora Coralina em Goiás, ou Goiás Velho, primeira capital do Estado de Goiás.
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Desafios matemáticos Nelson Hein
1. João tem um peixe a menos que Ana. Ela tem um a menos que sua irmã, que tem o dobro de João. Quantos peixes tem cada um? 2. Um tijolo pesa um quilograma mais meio tijolo. Quanto pesa um tijolo e meio? 3. Um aluno, interrompendo uma aula de matemática, perguntou para o professor o horário. Este respondeu que se ele somasse um quarto de tempo decorrido entre meia-noite e aquele momento à metade do tempo que faltava para a meia-noite seguinte, ele teria o horário. Qual o horário? 4. A soma 2 + 2 é igual ao seu produto 2 x 2. Determine mais 3 exemplos de pares de números cuja soma e produtos sejam iguais.
O autor é professor de matemática na FURB, em Blumenau/SC
4: 3: 2: 3 kg 1: João tem 2; Ana tem 3 e a irmã tem 4
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Devemos batizar crianças ou adultos? Ute Schlemmer
“
Minha irmã convidou-me para madrinha de sua filhinha. Não tenho nada contra a igreja ou o batismo, mas acho que deveríamos ser batizados somente quando pudéssemos decidir por nós mesmos sobre o assunto.” Naturalmente, há algo de positivo no batismo de um adulto: ele jamais esquecerá sua decisão nem seu batismo. Mas eu gostaria de convencer a senhora acerca do batismo de crianças. Penso que se fala precipitadamente de uma “tutela”. De modo geral, os pais decidem muita coisa por seus filhos: eles escolhem a escola onde vão estudar, estimulam seu talento para o esporte ou a música, desejam capacitá-los para o amor e a amizade. Ninguém se lembra de uma “tutela” nesses casos. O mesmo se dá com o batismo. Se os pais confiam em Deus e isso lhes ajuda, por que eles privariam seus filhos dessa boa experiência? A decisão futura pertence à própria criança. Ela sempre terá oportunidades de dizer “não”. No entanto, a conscientização da grandiosa oferta contida no batismo apaga-se, muitas vezes, com o passar do tempo. O batismo, porém, é mais que uma decisão humana, é oferecimento de Deus. Quando o bebê é batizado com seu nome, isto quer dizer: Deus quer estar presente para este ser humano único. Batizamos bebês para que fique claro que o amor de Deus lhes é dado incondicionalmente. Numa sociedade onde o sucesso e a capacidade individual contam tanto, esta é uma experiência rara e importante, encorajadora para qualquer
Gemeindebrief
pessoa em situação crítica: “Eu posso contar com alguém, mesmo se fracassar.” Também faz parte do batismo o reconhecimento dos pais que a vida da criança não está em suas mãos. Claro que o batismo não é garantia de uma vida bemsucedida, mas ele pode ser o começo de um caminho da criança com Deus. “Crescer com Deus” é o lema da campanha de uma creche evangélica. Para mim, neste slogan há muito da experiência da caminhada de um pequeno ser humano com Deus. Uma caminhada que tem no batismo um ótimo começo. A senhora, como madrinha, sempre poderá lembrar à sua sobrinha o seu batismo. (Fonte: Gemeindebrief) Adaptado por: Anamaria Kovács 61
Quem é visto é lembrado Leda Muller Witter
V
ocê certamente já ouviu ou leu em algum lugar esta frase: “Só é lembrado quem é visto”. Será que funciona? Há muito tempo, três vezes na semana, à tardinha, eu saio de casa para fazer caminhada, ali no bairro onde moro e no campus universitário da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso). Sempre visto uma bermuda, gosto de usar camisetas, principalmente aquelas em que há algo escrito ou desenhado, por exemplo, da OASE, lema da IECLB, JE ou de outros movimentos. Logo que saíram as camisetas com o tema da IECLB-2004: “Pelos caminhos da esperança – Preservando a unidade do espírito no vínculo da Paz” (Ef. 4.3),
comecei a usá-las nas caminhadas. Neste vai-e-vem, encontro muitas pessoas diferentes. Numa tarde, foi diferente. Enquanto caminhava, fui abordada por um casal, e a mulher perguntou: Você é Evangélica Luterana? Surpresa pela interrogação, respondi que sim! Diz ela: Eu vinha observando a camiseta com o símbolo da IECLB que você está usando. Minha mãe também é desta Igreja, só que não mora em Cuiabá. A conversa foi muito interessante. Convidei-a para participar nos cultos com a família. Hoje, ela e sua família participam ativamente da Igreja. Desenvolvo este projeto de fazer missão com boa vontade. Gosto de falar da fé, de Deus, da vida, da Igreja. Entendo que foi o mesmo que, desde a sua origem, a comunidade de Jesus fez. Disso nos fala 1 Pe 3.15 ao dizer: “Tenham nos seus corações respeito por Cristo e o tratem como o Senhor de vocês. Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a fé que vocês têm”. A autora é membro atuante da comunidade e reside em Cuiabá, MT
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Dia Mundial da Água – 22 de março Fonte: Gemeindebrief
O
Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU a 22 de março de 1922. Desde então, todos os povos são conclamados a observar a importância econômica e social desse líquido. Estatísticas da ONU mostram que mais de um bilhão de pessoas não têm acesso à água potável, tratada, e praticamente 2,5 bilhões de pessoas vivem sem instalações sanitárias – ao todo, quase a metade da população do planeta. No mundo inteiro, 14 milhões de km³ de água estão disponíveis para consumo anualmente, mas somente um pouco menos de um milhão de km³ é potável. Desde 1940, o consumo mundial de água mais do que quadruplicou, e o consumo per capita dobrou: de 400 para 800 metros cúbicos. Estudiosos apontam o crescimento populacional e o aquecimento do planeta como as principais causas da crescente
falta de água. No entanto, a agricultura, a indústria e o crescimento urbano consomem cada vez mais água. Vinte e seis países, com um total de 505 milhões de habitantes, são considerados carentes de água e, destes, 14 sofrem de falta extrema do líquido. Até o ano de 2005, 46 países sofrerão com a falta de água, principalmente na África, ao sul do Saara e no Oriente Próximo. Na Ásia, o Afeganistão, a Índia e o Paquistão, assim como o Peru, na América Latina, estarão igualmente numa situação crítica. Segundo a UNICEF, nos países em desenvolvimento, quatro milhões de crianças morrem anualmente de doenças provocadas pelo consumo de água poluída e por condições precárias de higiene. Além disso, estão aumentando as áreas dos desertos, assim como a fome e os conflitos entre populações pelo acesso a grandes rios e barragens. Adaptado por: Anamaria Kovács
Gemeindebrief
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Humor O professor pergunta ao aluno: - O que é leptospirose? O garoto responde na bucha: - É uma doença que ataca os usuários de laptop. É transmitida pelo contato com a urina do mouse.
Diz o homem de negócios ao pastor: “O Sr. acha que eu irei para o céu, se doar 25 mil reais à Igreja?” “Isso eu não lhe posso garantir”, - respondeu o pastor - “mas, no seu lugar, eu tentaria...”
Após o culto, em que se saiu muito bem, como sempre, o pastor sentou-se em seu carro. Após alguns minutos, sua mulher lhe diz: “Querido, você pode parar de sorrir, o culto acabou.”
Um assíduo freqüentador da igreja entusiasma-se: “Que bela prédica! Pela primeira vez eu tive a sensação de que não era dirigida a mim pessoalmente!”
O pregador prega interminavelmente. De repente, um ouvinte se levanta para ir embora. O pregador pergunta: “Aonde o Sr. vai?” Responde o interpelado: “Ao barbeiro.” O pregador grita atrás dele: “Por que não foi lá antes?” Ele responde: “Porque ainda não precisava.”
Em Amsterdam, um hippie lê a Bíblia. De vez em quando, grita: “Aleluia!” Um homem que passa lhe pergunta o motivo da gritaria. “Acabei de ler como Deus salvou os israelitas, através do mar. Aleluia! Um milagre!” Mas o homem explica: “Isso não foi um milagre! Havia uma passagem lá com 30 centímetros de profundidade.” O hippie cala-se, pensativo, mas logo começa de novo: “Aleluia, aleluia!” O sabichão volta, aborrecido: “Eu acabei de te dizer. Tudo tem uma explicação natural. Não houve nenhuma ajuda de Deus.” “Sim, sim!” - diz o hippie - “Mas eu li adiante, e diz na Bíblia que Deus fez os perseguidores se afogarem. E isso em 30 centímetros de água! Isso é que é um milagre! Aleluia!” 64
Dinheiro na igreja – entre a esmola e o sacrifício – Meinrad Piske
A
história do dinheiro na igreja começou no grupo dos discípulos de Jesus. Eles tinham um tesoureiro. Judas “era quem trazia a bolsa” (João 13.29). Não sabemos de onde vinha este dinheiro, como era arrecadado, e também não sabemos para quais finalidades era gasto. O evangelista João dá uma pista sobre o destino deste dinheiro quando relata que os discípulos pensaram que Jesus estava falando com Judas sobre as compras para a festa da Páscoa ou sobre uma doação aos pobres. São itens: a administração e a ajuda aos pobres. Sabemos também que uma das primeiras crises na comunidade de Jerusalém teve a sua origem na administração e no cuidado aos pobres, assim descrito no livro de Atos (cap. 6, verso 1): “Houve murmuração dos helenistas contra os
hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária”. A solução proposta pelos apóstolos foi a instituição dos diáconos. Conhecemos também diversas passagens que falam da origem do dinheiro da igreja, das coletas e contribuições. O apóstolo Paulo dedica dois capítulos da segunda carta aos Coríntios a este tema. Diversas orientações estão escritas aqui. Prática do dízimo não foi introduzida nem assumida na igreja. A lei do Antigo Testamento não estava mais em vigor, pois Jesus falou do dízimo em apenas duas ocasiões e a afirmação da epístola aos Romanos prevaleceu também na questão da arrecadação financeira: “O fim da lei é Cristo” (Rm 10.4). Houve, no entanto, uma diretriz básica para toda a arrecadação na história da igreja: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração,
Foto: Gierus
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não por tristeza ou necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9.7). Desde então, passaram dois milênios e a igreja, em todos os tempos, se debateu com este assunto, especialmente com as motivações e com os métodos de arrecadação. Houve épocas em que o tema “igreja e dinheiro” foi longa e apaixonadamente discutido. A Reforma, em especial a publicação das 95 teses no dia 31 de outubro de 1517, teve como pano de fundo a pergunta sobre a arrecadação financeira na e pela igreja. Como levantar o dinheiro? Como motivar as contribuições? Que método adotar? Estas e muitas outras são perguntas que nos ocupam também nos dias de hoje. Para ilustrar o tema, olhemos para uma pequena anedota, a história de Gabriel e seu amigo Totó: O menino Gabriel estava sentado à mesa com seus pais e irmãos. Ao seu lado, no chão, estava seu amigo, o cachorro Totó. Gabriel fez menção de dar a coxa de frango que sua mãe pusera em seu prato para o amigo Totó. Mas a mãe o impediu, dizendo que ele mesmo deveria comer a carne. Depois poderia dar o osso ao cachorro. Gabriel insistiu, mas nada pôde fazer contra a autoridade da mãe. Resignou-se e comeu silenciosamente a coxa que estava no seu prato. Terminada a refeição, deu o osso ao cachorrinho, dizendo: “Totó, eu queria que fosse um sacrifício, mas virou esmola.” Gabriel nos ensina algumas lições: 1 - Gabriel recebeu gratuitamente de sua mãe a coxa de frango. Assim como toda a comida. Não foi por mere-
cimento. Apenas recebeu, gratuitamente. E isto é muito normal para uma criança. Recebe tudo que necessita porque a mãe e o pai gostam dela. Não como recompensa, mas por causa do amor de sua mãe Gabriel ganha carinho, roupa, comida, inclusive a coxa de frango. Pretendeu dar uma parte que ele recebera espontaneamente ao Totó. Assim também era nos tempos do Antigo Testamento. Uma parte da sua colheita, o israelita pagava ao templo de Jerusalém. Pagava 10%. Era a lei do dízimo. O mesmo dízimo que Abrão pagou espontaneamente a Melquisedeque, rei de Salém, assim relatado no livro de Gênesis 14.20: “de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. Era a instituição religiosa que existia em Israel. Era a contribuição. Uma palavra do livro de Deuteronômio deixa isto bem claro: “darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher no campo” (Dt 14.22). Sem dúvida alguma era o imposto que se pagava, mas este imposto tinha uma finalidade didática: “para que aprendas a temer o Senhor teu Deus todos os dias” (Dt 14.23). 2 - Gabriel deu uma esmola ao seu cachorro, aquilo que não tinha mais serventia para ele: o osso sem carne. Quem entende que tudo que tem é dádiva de Deus não vai contribuir com esmola. Esmola normalmente é um valor pequeno que pessoas dão a mendigos, e mendigar é o mesmo que pedir esmola. É bom lembrar, no entanto, que muitas pessoas dependem de esmolas para poderem viver. Muitas vezes a contribuição para a igreja ou mesmo para uma outra entidade não passa de esmola. Esmola não dói.
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Para quem dá, a esmola é um valor que não faz falta, é aquilo que sobra. Ou ficando na história de Gabriel e seu cachorrinho: esmola é o osso, o osso sem carne, de nada vale, só o cachorro ainda pode roer. Assim como o osso não é alimento, assim a esmola não sustenta. 3 - O sacrifício é o outro extremo. O oposto da esmola. Sacrifício é dolorido, machuca. Algo que me é precioso, algo de que eu gosto, algo que me é útil se for dado a outra pessoa, à igreja ou à entidade social, educacional, mexe com o meu bolso. Na história de Gabriel, é sacrifício dar ao cachorro aquilo que ele mesmo gosta de comer: a coxa inteira. A história da oferta da viúva pobre, que os evangelistas Marcos (12.41-44) e Lucas (21.1-4) contam, é a história de um sacrifício, pois Jesus diz: “da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento”. A história de Gabriel nos ensina que aquilo que fazemos, ou planejamos fazer, tem uma motivação. A motivação de
Gabriel ao pretender dar a coxa de frango ao cachorrinho era muito simples: ele gostava de seu cãozinho. Se eu gosto de minha igreja, eu vou contribuir e ajudar com alegria e com satisfação. O apóstolo Paulo enfatizou: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9.7). Dar com alegria, esta é a receita que o Novo Testamento ensina. A contribuição na igreja e a arrecadação da igreja deve sempre olhar para este princípio: a alegria. Não pode ser por tristeza e não pode ser por necessidade. Por isso é tão difícil encontrar o caminho certo para a contribuição responsável. O apóstolo Paulo, falando aos líderes da comunidade de Éfeso - assim relatado por Lucas no livro de Atos (20.35) -, recorda uma palavra de Jesus Cristo que não foi registrada nos Evangelhos. É a seguinte: “Mais bem-aventurado é dar que receber”. O autor é pastor emérito da IECLB, diretor do jornal O CAMINHO e reside em Brusque, SC
"Se alguém reconhece ser letrado, sábio e rico, saiba que isto não é mau; pois seria ingratidão desprezar tais dádivas. Mas, sobrepor-se aos demais por causa destas dádivas é demoníaco e um pecado." Martim Lutero
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Elizabeth Segseg vai à escola Anamaria Kovács
E
la estava apavorada. Tudo tão novo, diferente da aldeia onde morava... Mas a madrinha dissera para seus pais: “Ela precisa estudar, aprender a ler, a escrever...” E, agora, ela estava numa sala estranha, rodeada de caras novas. - Como é o teu nome? – perguntou um menino. - Elizabeth Segseg – murmurou ela. - Elizabeth o quê?! Ela não respondeu. As outras crianças chegaram mais perto. Repetiram em coro: - Fala teu nome! Fala teu nome! Elizabeth tapou o rosto e pensou: “Estou na minha aldeia, com meus irmãos e irmãs... Estou na minha aldeia...” A professora Lurdes entrou na sala! A meninada se espalhou feito galinhas assustadas. Só Elizabeth ficou parada, as mãos escondendo o rosto. A professora se aproximou, abaixou-se e afastou delicadamente as mãozinhas da menina. - Bom dia... – disse a professora, sorrindo gentilmente. E, levantando-se, apresentou: - Turma, esta é Elizabeth Segseg, a nova coleguinha de vocês. Ela veio de muito longe, de Toldo Chimbangue, onde moram
os índios Kaingang, no Estado de Santa Catarina. As crianças se remexeram nas carteiras. Uma menina cochichou: - Meu pai diz que índio é preguiçoso... - Minha mãe falou que índio é pinguço, vive bêbado – sussurrou outra menina. A professora ouviu tudinho. - Vamos fazer uma coisa diferente, agora – ela decidiu. – Fechem livros e cadernos. Vamos conversar sobre os índios. Vocês sabiam que... – E ela contou para a turma toda a história do povo de Elizabeth, desde antes do descobrimento do Brasil. Contou também o que aconteceu depois que portugueses e outros povos começaram a lutar com eles pela posse da terra. As crianças ficaram em silêncio, ouvindo. Elizabeth também. Não imaginava que a professora soubesse tanto sobre os seus parentes. Um menino levantou o braço: - Professora, é verdade que os índios não sabem cozinhar? Outro perguntou: - Como eram as casas deles? - Por que eles andavam sem roupa? A professora 68
Lurdes ia respondendo. De repente, uma das meninas levantou o dedo: - Por que todo mundo diz que índio é preguiçoso, burro e bêbado? Elizabeth sentiu uma pontada no coração. Mas a professora tinha uma resposta. - Isso se chama preconceito. É uma idéia que as pessoas têm antes de conhecerem alguém. Por exemplo, na nossa turma, nem todos são caprichosos e aplicados. Você diria que todos são maus alunos? - N...não... - Eu não sou! – disse um menino. - Nem eu! – disse outro. - Pois então... Cada um de vocês é
diferente de todos os outros. Com os índios é a mesma coisa. Cada um é diferente do outro. Assim, existem pessoas boas e más entre eles, como existem pessoas boas e más entre nós. É preciso conhecer cada uma delas e respeitar as diferenças. Agora vocês já conhecem um pouco o povo de Elizabeth. Que tal conversar com ela, para conhecê-la melhor também? Uma das meninas levantou da sua carteira, correu até Elizabeth e deu-lhe um abraço bem apertado. - Meu nome é Letícia – disse ela – Quer ser minha amiguinha?
Foto: Gierus
A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC
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Ensino religioso escolar Raul Wagner
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odo ser humano em todos os tempos tem e teve necessidade de Deus em sua vida. O nome desse Deus pode variar conforme a religião, grupo social ou cultural. O que se sabe é que todo ser humano busca algo que está fora e além de si mesmo. Nessa busca, a curiosidade humana, natural e saudável, faz perguntas pela sua origem como: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? E a humanidade, no percurso de sua história, tem respondido a estas perguntas a partir da revelação de Deus. Toda a revelação de Deus precisa ser compreendida e praticada. Por esta razão, o próprio Deus tem levantado profetas, mestres e outros. Os tem capacitado para o ensino, à exortação e à prática da palavra recebida na revelação. Essa palavra precisa tocar o ser humano na sua dimensão física e espiritual para que aconteça a reintegração a Deus. Os primeiros mestres na vida do ser humano são os pais. Eles tanto lhe ensinam pela palavra dita como pela palavra praticada. Ele aprende de ouvir e de ver fazer. Quando isso acontece, dá-se a educação. Na medida em que cresce, chegará o momento em que a educação passada pelos pais não lhe será mais suficiente. É chegado o momento do ensino na e pela coletividade. Essa tarefa está reservada à escola. A escola é a responsável pela transmissão do saber acumulado pela humanidade. Essa escola no passado estava integrada à vida religiosa. Em muitas
dessas escolas, o pregador ou o pastor era também o professor. Vida religiosa e vida escolar caminhavam juntas. Talvez esta tenha sido uma das razões pela qual os pais abriram mão de ensinar os princípios básicos de vida a seus filhos, delegando à igreja e à escola a educação. É evidente que, no decorrer dos tempos, nem a igreja e nem a escola conseguiram fazer educação, pelo fato de que esta acontece efetivamente na convivência familiar. Ora, se a escola tem a responsabilidade do ensino e o ser humano tem necessidade de Deus, esta escola precisa estar preparada para ensinar a respeito desta necessidade humana. Esta é a razão pela qual precisa a escola, particular, comunitária ou pública ter em seu currículo aulas de ensino religioso. Estas aulas devem trazer o saber acumulado pelas diferentes tradições religiosas na história da humanidade e ajudar o educando a encontrar as respostas às suas perguntas. As respostas, trabalhadas e desco
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bertas no ambiente da escola, abrem novos horizontes para conhecer, compreender e aceitar o outro que é diferente. A partir desta atitude estaremos exercitando a paz entre as pessoas e entre os povos. A falta do conhecimento gera a insegurança, a desconfiança, a defesa e a agressão. E este não é o propósito de Deus em sua revelação. O seu propósito, revelado uma vez a Abraão, é a bênção
sobre todas as famílias da terra, não somente sobre algumas. Outra vez, o seu propósito, revelado ao povo de Israel, é que todos os seres humanos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1Timóteo 2.4). O autor é pastor da IECLB, ocupando o pastorado escolar na Escola Barão do Rio Branco, em Blumenau, SC
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ÓS pais não podeis dar tesouro maior aos filhos do que a formação. Casa e quintal, queimam, desaparecem; o saber é bom de levar. Martim Lutero
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Férias frustrantes Clara Maria von Hohendorff
A
organização da sociedade, a partir da era industrial, divide o tempo em dois momentos geralmente distintos: o tempo do trabalho e o tempo do lazer. Isso acontece mesmo para as pessoas, cuja forma de vida e trabalho não são tão regradas pelo relógio, pelos dias da semana, ou pelos feriados, como é o caso das pessoas que trabalham no campo. Esta forma de pensar está presente na maneira de ver o mundo e perceber as situações da nossa vida. A idéia de um tempo de férias, longe das obrigações cotidianas, é um anseio do ser humano contemporâneo independentemente de qual seja sua função ou seu trabalho. Tanto o patrão como o empregado, o trabalhador da cidade como o trabalhador do campo, sonham com esse tempo longe do trabalho. Na volta ao trabalho, o período de férias é sempre um tema obrigatório nas conversas informais. Experiências diversas, boas, ruins, são relatadas e compartilhadas junto com a insatisfação. Sim, voltamos das férias sempre insatisfeitos. Se as férias foram ótimas, deveriam ter durado mais, se foram ruins, não valeram nada. As férias, como as conhecemos, são um fenômeno relativamente recente na história da humanidade. A sociedade industrial, com suas premissas de sistematização, padronização, centralização, etc., produziu uma forma de pensar que não existia no universo do camponês do século XVII, ainda empenhado em garan-
tir sua subsistência. Na era industrial, o trabalho, desvinculado do lazer, passou a ser coisa séria, que requer responsabilidade, organização, prazos e metas de produção. O lazer e a satisfação pessoal ficaram restritos aos intervalos, fim de semana, feriadão ou férias, que devem compensar o esforço e a dedicação despendidas no trabalho. O interessante é que a mesma premissa que organiza o mundo do trabalho passou a compor o kit férias, ou seja, não podemos perder tempo. Ao contrário do que se imagina, nas férias não ficamos livres das exigências. A primeira delas é de que as férias devem ser muito bem aproveitadas. A obrigação de aproveitar tudo é uma tarefa árdua e requer um grande empenho subjetivo. Em geral as férias são consideradas boas quando temos o que contar na volta. Dificilmente alguém que ficou vendo a grama crescer vai ser invejado pelas maravilhosas férias que teve. A contraposição entre trabalho e lazer nos deu o conceito de tempo livre. Paradoxalmente, o tempo livre só é livre porque é delimitado. Se as férias não tivessem um prazo determinado de tempo, se durassem indefinidamente, passariam a ter outro nome: desemprego, aposentadoria. Só é possível aproveitar as férias porque sabemos que na volta, a rotina do trabalho vai estar lá, nos aguardando. A rotina, da qual tanto nos queixamos, tem um efeito organizador na nossa subjetividade.
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As férias têm valor para nós porque prometem a satisfação e o prazer que não encontramos no mundo do trabalho. É uma promessa que não se cumpre, mas sempre se renova. Não é por acaso que geralmente a expectativa é mais prazerosa do que as férias realmente usufruídas.
Portanto, se as últimas férias não foram como você esperava, vale curtir a expectativa na contagem regressiva para o próximo feriadão.
Gemeindebrief
A autora é psicanalista e professora universitária
Dificilmente alguém que ficou vendo a grama crescer vai ser invejado pelas maravilhosas férias que teve.
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Flagrantes da Vida Anne Ehlert
Muschy
toda feliz por ter achado alguém. Mas o que mais me impressionou: quando estou aqui frente ao computador batendo nas teclas, ela se aninha no meu colo com um ronronar satisfeito. Eu me inclino e sussurro algo ao seu ouvido. Ela responde com um ronronar mais alto. Sigo com a “teclação”. Dali a pouco ela vira seu rosto para mim, dá um miado suave, salta sobre suas patas traseiras, estica as patas da frente colocando-as nos meus ombros como se fosse me abraçar e ronrona ainda mais alto, numa expressão de carinho. E eu me derreto com a “fala” de nossa Muschy!
Q
uando criança, minha mãe não era muito a favor de animais de estimação. Assim, minha relação com gatos, cachorros, etc. sempre foi muito pequena e sem expressão. Minha própria família sempre quis ter um animal que não fosse peixe ou hamster (que já tivemos), mas algo mais “palpavelmente” vivo! Assim, finalmente me convenceram (moramos em apartamento, o que é um pouco mais complicado em relação a animais) a termos um gato, por ser limpo, não requerer tanto treino, ter certa independência... Para seu aniversário, meu marido ganhou uma siamesa de sua mãe. Fofa! Caímos de amores por ela todos! De manhã, todos estão fora e fico eu sozinha com ela. Trabalho com traduções, sempre em frente ao computador. Não sabia que gatos também se comunicam com diferentes tons de miados. Nossa Muschy, quando acorda e não há nenhum de nós imediatamente à vista, solta um miado mais longo, com tom choroso. Cada um a chama pelo seu nome, e de onde quer que esteja, ela vem correndo,
Thomas Meu sobrinho Thomas é uma criança muito esperta para seus 4 anos de idade, talvez até pelos estímulos que minha irmã e cunhado oferecem, e tem um raciocínio bem peculiar. Thomas adora coisas do consumismo infantil da atualidade, como por exemplo, sanduíches e batatas fritas do Mc Donald’s. Quando os EUA atacaram o Iraque, os pais de Thomas acharam por bem, para demonstrar seu desacordo com esta violação à soberania dos países, não mais consumir produtos conhecidamente americanos ou de origem americana. Ao decidirem o que almoçar certo sábado, Thomas sugeriu que fossem ao shopping comer no Mc Donald’s. Seus pais trataram de lhe explicar seu ponto de vista, contaram dos bombardeios e
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tudo mais. Thomas insistiu que fossem, ele tinha certeza de que não havia nada de errado com “seu” Mc Donald’s. E a história ficou por aí - não se foi ao Mc Donald’s! Semanas mais tarde, Thomas e pai estão no shopping para ir ao supermerca-
do (meu cunhado nem lembrava mais da história), passaram em frente ao Mc Donald’s e Thomas grita todo excitado: “Viu pai! Eu disse prá gente vir aqui, eu tinha certeza de que estava tudo bem e que não tinha nenhuma bomba!” A autora é tradutora e reside em Joinville, SC
Ao arrancar suas pétalas, você não colhe a beleza da flor. Tagore
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Kiko e suas dúvidas Horst Baumgarten
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oltando do encontro com amigos, Kiko adentra a casa e vai diretamente à procura do seu pai, perguntando: - Por que o sino tocou? Hoje é sábado... nem tem culto? Ao que o pai respondeu: - Aconteceu um falecimento. - Como tu sabes? - Ora, é uma antiga tradição na igreja. Quando falece um membro da comunidade, os familiares comunicam o que aconteceu e o zelador da igreja toca o sino para que todos o saibam. - Mas como vão saber quem faleceu? - Isto eles não sabem, somente sabem se foi um homem ou uma mulher. - Como assim? - Ao falecer uma mulher, é tocado o sino menor. Ao tocar o sino maior, sabese que foi um homem. Kiko saiu parcialmente convencido e, obedecendo a indicação da mãe, foi banhar-se. Envolto em suas roupas limpas questionou seu pai mais uma vez: - E... quando morre uma criança, como a gente vai saber? - Ah, – disse o pai – existem maneiras diferentes de se fazer isto. Podese tocar o sino pequeno e acrescentar, ao final, mais uma ou duas badaladas, diferenciando assim adultos de crianças. - Mas tem mais uma coisa: para que toca o sino antes do culto se não tem ninguém na igreja? - Exatamente por isso, para dizer aos que estão em casa que em uma hora
o culto terá início. Já satisfeito, Kiko entreteve-se com seus brinquedos até a hora de dormir. No dia seguinte, acompanhou a família ao culto e, sempre querendo saber mais, perguntou: - Por que o sino toca quando a gente ora aquela oração...? - O Pai Nosso, interveio o pai. - Isso daí. - Veja, nas comunidades sempre existem pessoas que gostariam de estar na igreja, mas uma doença ou o fato de estarem cuidando de um doente impede que estejam com os demais. Também pessoas de idade, acamadas, ao ouvirem o toque do sino sabem que a comunidade está fazendo esta oração e oram junto. Kiko nunca tinha ouvido tanto sobre sinos e, no caminho para casa, perguntou: - Por que lá na igreja tem três velas na mesa? Lá na outra igreja só tem uma, eles não tinham dinheiro para comprar outras? - Kiko – disse o pai – aquela mesa chama-se altar. Quando você vai numa igreja que tem uma vela, então esta vela se refere ao próprio Jesus Cristo, que disse: Eu sou a luz da vida. Ao encontrar duas velas sobre o altar, estas se referem ao Antigo e ao Novo Testamento. Três velas lembram o Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Quatro velas no altar lembram os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. Seis velas se referem ao povo de Deus como um todo. - Lá, na mesa... ah não... no altar, 76
tinha uma cruz. - Tinha. É o maior símbolo que a cristandade tem, pois foi na sexta-feira santa que Jesus Cristo morreu por nós e nos tornou amigos de Deus. Uma comunidade nunca pode esquecer disto, pois só podemos celebrar a páscoa corretamente quando sabemos que Jesus Cristo nos reconciliou com Deus. Por isto festejamos a páscoa – a festa da vida. - O que é “reconciliou”? - Tu sabes que lá de vez em quando a gente briga... ou? - Sei. - Quando fazemos as pazes outra vez, quando nos entendemos de novo, isto é reconciliação. - Posso perguntar outra coisa? Por que sempre tem aquelas flores lá no... altar? - Isto é uma maneira muito bonita de uma comunidade reconhecer e ver que do culto também faz parte um pedaço da criação de Deus. Flores: podemos plantar e cultivar, mas por sua beleza e encanto, pouco se faz. - Mas lá dentro da igreja as flores vão ficar secas! - Também isto se deve aprender. A flor e toda a forma de vida, também a nossa vida, é concedida por Deus e tem um tempo. Vivemos e um dia o “sino também irá tocar”... - Pai, por que Bíblia no altar, aquela uma lá? - Para deixar claro a todos que na igreja o que importa é a Palavra de Deus e não a nossa. - E... aqueles panos? - Kiko, não é pano. Isto são antipêndios. Nestes antipêndios existem
coisas pintadas ou bordadas, certo? - Uh, hum! - Hoje vimos um antipêndio com um barco e uma cruz. Isto lembra a comunidade que ela está no mesmo barco de Jesus Cristo. Existem muitos outros. Sempre que existir um diferente a gente conversa. - Conta logo. - Então – mais um: o peixe. Esta palavra escrita em grego era um sinal para as primeiras comunidades saberem quem era cristão ou onde haveria reunião de cristãos. Em grego, as letras... – o pai se inclina ao chão, pega um pedaço de madeira, desenhando – ICTUS. I de Jesus; X de Cristo; T de Deus; U de filho e S de Salvador. Quem tinha este símbolo escrito na porta ou em qualquer outro lugar estava confessando: Creio em Jesus Cristo, Filho de Deus, o Salvador. - Nossa...complicados estes gregos! Pai, como tu sabes tudo isto? Ele sorriu sem responder. - Eu sei – disse Kiko – porque tu és pastor! - É... mas um dia também caminhei com pessoas que ensinaram e responderam minhas perguntas. Em silêncio, seguiram. Meditativo, o “pai-pastor” sabia, e no fundo de seu ser pedia: Senhor, que Kiko e tantos outros “Kikos” perguntem e descubram tua bondade e a graça que nos deste em Jesus Cristo através destes pequenos símbolos e sinais em nossos templos. O autor é pastor da IECLB e diretor do Lar Rodeio 12, em Rodeio, SC
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Ler é como comer Hans Schiedehausen
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s livros enriquecem a vida. Quem lê, mergulha de cabeça num outro mundo. Não importa se um livro tem mil páginas, ou até mais. Pode-se dizer de certos leitores: “Ele (ou ela) devora livros.” Há pessoas que só conseguiram sobreviver espiritualmente graças ao conteúdo de certos livros. Estes foram sua única arma contra o mundo agressivo, intolerante e ignorante, no qual tinham que viver. Isso aconteceu com soldados, na guerra ou em campos de prisioneiros. Eu tinha a Bíblia e o Fausto de Goethe. Isso me bastou. Naquela época, eu guardei muita coisa, na memória e no coração. Desde então, eu sei: é preciso guardar bem aquilo que se lê. Na Bíblia há uma história interessante a respeito: Ezequiel conta como foi sua vocação para profeta. Ele sonhou que lhe apareceu um rolo de pergaminho, escrito dos dois lados. Então ele ouviu a voz de
Deus: “Come o que tens diante de ti!” E Ezequiel continua: “Então eu abri minha boca e Ele me deu o rolo para comer, dizendo: Tu precisas ingerir esses escritos e preencher teu corpo com eles. E depois disse: Vai e anuncia minhas palavras ao povo!” (Ezequiel 3.3-4). O profeta precisa incorporar o que ele deve passar adiante. Comer e ler estão ligados de maneira elementar. Quem está satisfeito, não precisa comer; e quem se basta, não precisa ler. Na nossa cultura, a leitura também pertence à formação religiosa. Judeus, cristãos e muçulmanos não podem viver sem o seu livro. A leitura de textos sagrados tem para a fé um significado fundamental. Porém, a leitura sozinha não é tudo. Ler, sempre, e guardar o lido no coração – isso é o essencial. Lutero usava para isso a palavra “ruminar”. Também para ele, a leitura da Bíblia era como alimentar-se. Ilustração e fonte: Gemeindebrief Adaptado por: Anamaria Kovács
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Livro: O Canto do Sabiá Autor: Lindolfo Weingärtner, Ed. Otto Kuhr, 2003
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Canto do sabiá preto é o título de uma das histórias deste livro de contos escritos por Lindolfo Weingärtner. São lugares distantes, muito distantes uns dos outros, onde se desenrolam as histórias. E também são diferentes, muito diferentes umas das outras, as pessoas e os fatos descritos. É o garimpo da felicidade, a menina e o seu urso de pelúcia durante um culto, o sepultamento no cemitério do asilo e o canto do sabiá preto, o anjo que sabota um sistema, a prédica na farra do boi, o menino que era chamado Vinte e Dois, o homem mau, a descoberta do Doutor Mac, o escultor Pai Aleksei, o velho guia numa catedral e o frade que pregava com as mãos.
Todas as histórias relatam situações da vida humana que levam à reflexão e à meditação. O autor sabe descrever de forma cativante as circunstâncias externas nas quais se desenrolam os acontecimentos e sabe desvendar com carinho sentimentos que motivam as pessoas. O leitor torna-se participante destes acontecimentos e se sente transferido para o mundo das angústias e temores, das esperanças e das alegrias dos personagens. Mais do que contos e histórias são onze mensagens ilustradas da vida. Lindolfo Weingärtner consegue mostrar, com a sua maneira de escrever, o que o Evangelho faz e como transforma no diaa-dia.
O homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre aquele que não pode lê-los. Mark Twain
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O fantasma do Landenbach Nelso Weingärtner
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Santa Isabel. Lá começaram a aparecer fantasmas. Pessoas que lá passavam durante a noite, viam imagens assustadoras na água ou na beira do rio. Os cavalos se assustavam e não queriam atravessar o rio. Outros contavam que quase foram puxados do cavalo, quando lá passaram de noite, e algo os acompanhou por uns 100 metros pela estrada quando fugiram.
mais tarde, o mato tomou conta do lugar e tornou-se abrigo para diversos bichos do mato. Sobre o rio não havia ponte, só um pontilhão formado por um tronco de árvore achatado. A travessia com carroças ou cargueiros acontecia pela água. Essa travessia recebeu o nome de “Landenbach”, o que significa: o ribeirão dos Land. No início do século passado, o Landenbach passou a assustar o povo de
Dezenas de histórias fantasmagóricas se espalharam por Santa Isabel e circunvizinhança. Só poucos ainda ousavam passar lá, depois de escurecer. Quem ria dessas histórias e dizia que fantasmas só existem em nossas cabeças, era meu avô Robert Weingärtner. Ele mesmo passava muitas vezes de noite no Landenbach e nunca viu algo diferente. Por isso ele disse a seus filhos: “Se um dia alguém de vocês vier com uma história de fantasma
Gemeindebrief
o início da colonização de Santa Isabel, o imigrante Jacob Land fixou residência numa elevação perto do Rio dos Bugres, onde ele atravessa a estrada. Esse Jacob Land, cujos descendentes hoje estão espalhados pelo Brasil, não permaneceu por muitos anos em Santa Isabel e vendeu suas terras para Adam Schuetz. A casa e os ranchos foram abandonados e, poucos anos
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e não o enfrentou, eu vou dar uma surra em vocês, mesmo que já sejam adultos”. Mas, certo dia, Robert voltava tarde da noite – meia-noite – duma reunião na casa do pastor e ao chegar no Landenbach e subir no pontilhão, ele viu algo se mexer na água da beira do rio... era enorme... era preto e branco e do meio da água algo como dois olhos, que brilhavam como estrelas, o fixavam. Bem devagar ele seguiu pelo pontilhão, não tirava os olhos do fantasma. Seus cabelos se eriçavam e um frio lhe subia pela espinha. Era bastante escuro e o silêncio da noite cobria tudo. O que seria aquela “coisa” lá na água? “Tudo é natural... fantasmas só existem em nossas cabeças”, ele dizia para todos que contavam histórias de fantasmas. Lembrando-se dessa sua convicção, ele foi até uma porteira de paus, que ficava na cabeceira do
pontilhão, tirou um pau da porteira e, assim armado, saltou para dentro do rio e desferiu um enorme golpe no fantasma, que ainda se encontrava na margem do rio. O fantasma soltou um terrível urro e avançou sobre Robert... mas ele continuou a baixar o pau naquela coisa, até que ela ficou imóvel na água. Molhado... tremendo de frio... com o coração quase saltando do peito..., ele agarrou o fantasma e o puxou para fora da água e então viu que tinha à sua frente uma enorme jaguatirica. Provavelmente esta jaguatirica tinha lá o seu bebedouro e foi por causa dela que os cavalos, pressentindo sua presença, não passavam pelo local quando ela estava por perto. “Tudo é natural”, dizia o Opa, e ele tem razão, mas quando a gente passa sozinho, e pela meia-noite, lá no Landenbach, dá mesmo assim uns arrepiozinhos... O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó, SC
Jamais se desepere em meio às mais sombrias aflições da sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda. Provérbio chinês 81
Sabedoria Colaboração: P. Horst Baumgarten
Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos.
Quem não evita as pequenas faltas, pouco a pouco cai nas grandes. T. Kempis
Lao Tzu Senhores: tentem não se tornar homens de sucesso e sim homens de valor.
O otimista acredita que vivemos no melhor dos mundos e o pessimista teme que isso seja verdade.
Albert Einstein
James Cabell
Se nós não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros.
É melhor coxear pelo caminho do que avançar a grandes passos fora dele. Porque quem coxeia pelo caminho, embora avance devagar, aproxima-se da meta, enquanto que quem segue fora dele quanto mais corre mais se afasta.
La Rochefoulcauld Se houver um general forte, não haverá soldados fracos. Provérbio chinês
Santo Agostinho A primeira condição para ser alguma coisa é não querer ser tudo ao mesmo tempo.
Procurando o bem para os nossos semelhantes encontramos o nosso.
Tristão de Ataíde
Platão
Só o amor pode ser dividido infinitamente e ainda assim não diminuir.
O homem começa a envelhecer quando as lamentações começam a tomar o lugar dos sonhos.
Anne Morrow Lindbergh
John Barrymore Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir.
Nos momentos de crise, só a inspiração é mais importante que o conhecimento.
Napoleão
Albert Einstein
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O fascínio das estrelas Marcos Ramos Nascimento
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á três anos, quando, juntamente com o amigo Ovídio Haut, percorri, de mochila nas costas, alguns países da América do Sul, tinha no roteiro muitas aventuras a serem vividas. Grandes montanhas a serem escaladas, cidades Incas perdidas, deserto, lago, lugares pitorescos, pôr-do-sol no Pacífico, etc. Lá, bem no finalzinho da lista de prioridades, constava a possibilidade de visitar um observatório astronômico no sul do deserto de Atacama, no Chile. Pois bueno, lá se vão mais de mil dias desde aquela aventura. E parece que foi ontem. Não sabíamos o tamanho da emoção que nos esperava, já nos últimos dias da viagem. Partindo de La Serena, cidade balneária do Pacífico, numa excursão de van, subimos a 1.200 metros, em direção ao Observatório Planetário de Mamalluca. Na saída de La Serena, a noite trazia um tempo nublado. Isto nos preocupava. Mas, à medida que avançávamos, um céu diferente descortinouse ao nosso redor. Quando saltamos da van, no pátio do observatório, a emoção tomou conta. Numa noite de lua nova, num breu total, salpicavam milhares, milhões de astros luminosos, brilhando num firmamento que não conhecíamos, privilegiado pelo ar rarefeito e seco da altitude e do deserto. A experiência que tivemos, nos vários potentes te-
lescópios, com Júpiter e suas luas, com Saturno e seus anéis e galáxias em formação, está fortemente gravada em minha memória. Enigmático é saber que quando olhamos para uma estrela, estamos vendo o passado, pois devido a distância que o astro se encontra, até sua luz chegar à terra, muitos milhares de anos já se passaram. Quem ainda não teve a oportunidade de observar um planeta, ou uma estrela, através de um telescópio profissional, convido a fazê-lo. É um daqueles momentos em que percebemos com clareza nossa pequenez, nesse mundo colossal, criado por Deus. É uma visão maravilhosa e uma lição de humildade. Uma oportunidade de reflexão. O autor é jornalista e reside em Blumenau, SC
Arquivo
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Livro: O Glorioso Acidente Autor: Clemente Nobrega, Ed. Objetiva, 1998
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Glorioso Acidente vem mostrar que a ciência pode ser a grande aliada, na busca ansiosa de respostas para questões essenciais do ser humano. O que somos nós? Por que somos capazes de cooperar e trair? Por que escolhemos este - e não aquele amigo, namorado, emprego? Tomando por base conceitos científicos sofisticados, apresentados em linguagem simples, este livro fascinante aponta novas respostas para estas eternas perguntas. A mente existe porque existe um cérebro - um hardware moldado através dos tempos pela seleção natural. No entanto, a mente não surge de um cérebro
já pronto. Há um jogo implacável entre o pensamento que pensamos e o cérebro que acomoda este pensamento - um forma o outro, um altera o outro até fisicamente. Em meio à grande feira esotérica em que se transformou o mundo contemporâneo, Clemente Nobrega apresenta uma visão brilhante e original da mente humana. Ciência e acaso, razão e instinto, Einstein e Frankenstein - acompanhe este duelo eterno, inescapável e descubra como a ciência pode ser transformadora. Sem fadas, sem gnomos, sem cristais.
Um livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que fica distante da janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem. Kahlil Gibran
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O Idoso na Comunidade Heinz Ehlert
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Os dois exemplos podem levar-nos a refletir: O que uma comunidade cristã, e mesmo a comunidade civil, faz ou deve fazer em relação a este grupo: “Terceira Idade”? Poderíamos partir de duas perguntas: 1) Ainda é uma necessidade e tarefa da comunidade cristã e do governo manter ancionatos? 2) Será que com este trabalho institucional se esgota a responsabilidade do governo e a missão da Igreja em relação ao idoso? Criar e manter lares para idosos ainda faz sentido. Existem iniciativas de Igrejas, do governo e mesmo de particulares neste sentido. A procura por um lar desta natureza continua grande. Verdade é que com o aumento da idade média da população o acento da necessidade vem mudando. Sempre mais se trata de pessoas já semi-dependentes ou dependentes que precisam de amparo num lar. São, pois, carentes, não só e nem em primeiro lugar no sentido de recursos financeiros. Num lar desses poderiam ser acolhidos também só durante o dia, ou num fim de semana. No futuro, mais ancionatos e casas de repouso vão ser necessários. Devemos constatar, no entanto, que com isso nem de longe se pode abranger todo o universo dos idosos existentes, Foto: Gierus
rthur tem 75 anos. É viúvo há três anos. Não tiveram filhos. O único irmão já é falecido. Tem pouco ou quase nenhum relacionamento com os sobrinhos. A sua aposentadoria é razoável. Além da casa onde morou até aqui, tem algumas outras posses. Mas a saúde está abalada. A longa enfermidade da esposa também contribuiu para isso. Ele próprio reconhece que têm razão os amigos que lhe falaram: - Arthur, o melhor para você é procurar um desses lares para idosos. Você tem condições financeiras para ingressar lá. Hoje você ainda não é dependente, mas cedo ou tarde isso vai acontecer. Ele aceitou as ponderações. Procurou um ancionato da Igreja e agora é morador. Uma comunidade decidiu promover um Café dos Idosos. Mas quem é idoso? Quem se sente assim ou a pessoa que alcançou determinada idade, por exemplo 60 anos? Aquela comunidade convidou os membros que tivessem “mais de 60 anos”. Foi preciso insistir um pouco com alguns. Sentiam-se um tanto constrangidos: Será que já pertenço a este grupo (“terceira idade”)? Mas fez bem a todos que receberam o convite. Foram lembrados: sou alguém na comunidade! 85
nem na comunidade eclesial e nem na sociedade em geral. A temática do idoso é tanto mais premente porque a expectativa de vida aumentou: o número de idosos cresce a cada ano. A comunidade cristã deve, portanto, refletir como poderá cumprir a sua tarefa junto ao idoso quando se propõe a seguir Jesus no seu serviço cristão (diaconia). Desde os primórdios, a comunidade cristã exerceu a diaconia. Numa situação específica de necessidade foram escolhidos os sete diáconos com a função de fazer a distribuição de alimentos (Atos 6). Viúvas estavam entre os mais carentes. Foi um tipo de ação que nasceu do amor cristão, visando ao fome zero. Hoje é esta, no Brasil, a ênfase na ação social do governo (sendo que o Presidente Lula quer o envolvimento mundial). No contexto de nossa reflexão, é justo que enfoquemos o idoso carente que sente mais do que os de outras idades o peso da pobreza e carência de recursos. Como é que a comunidade cristã lida com o problema do idoso carente em seu meio? Como o integra? Mas existem, entre nós, muitos idosos com recursos (uma aposentadoria razoável, ou bens que conseguiram angariar com seu trabalho). A comunidade cristã consegue integrá-los em sua vida e missão? Isto tanto no aspecto de um sustento condigno como numa participação inteligente! Como é que poderiam, aos 70 ou 80 anos, ser envolvidos ativamente na missão da Igreja? As lideranças devem discutir o assunto com os membros, in-
cluindo os próprios idosos. A sua experiência de vida, tanto profissional como social e política, pode e deve ser aproveitada. Buscar sua sabedoria em questões administrativas e entregar-lhes tarefas definidas. Um outro exemplo é a visita a doentes, quer seja em hospital, quer nas casas. Temos exemplos em Curitiba, onde pessoas com mais de 80 anos(!) exercem semanalmente essa função e se sentem realizadas. Hoje se fala muito em amparo a doentes terminais. Em outros países existem instituições e organizações que assumem esta responsabilidade. Entre nós ainda é quase desconhecida. Não seria esta também uma tarefa, onde é possível envolver os da terceira idade? Já existem iniciativas para oferecer, na comunidade, atividades de lazer aos idosos, o que é louvável. Mas eles ainda podem e querem agir, contribuir, se tiverem oportunidade. Também eles (a exemplo de crianças, jovens, casais, senhoras e homens) podem formar grupos de estudo bíblico e ação, liderados pelos próprios idosos. Membros de todas as faixas etárias podem e devem estar integrados na vida e missão da comunidade, cada um conforme o dom que recebeu. Mas a Igreja, tanto em nível local como regional e nacional, também tem o dever de chamar à responsabilidade os políticos e governantes a fim de criarem melhores condições de vida para proporcionar dignidade aos idosos em seu âmbito. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Curitiba, PR
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O processo urbanizatório e a missão Arzemiro Hoffmann
Causas
milhões de pessoas a condições de vida sub-humana e indigna. O perfil da cidade foi mudado. As instituições e os costumes foram profundamente afetados. Aconteceu a desintegração familiar, a delinqüência juvenil, a drogadição e o narcotráfico, a prostituição infantil, as crianças de rua, o desemprego, o trabalho informal, etc. Poucos governos municipais souberam enfrentar e superar este desafio. Nos últimos dez anos se experimenta migração de cidades pequenas e médias para as regiões metropolitanas.
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a segunda metade do século XX o Brasil experimentou um dos maiores processos migratórios da história da humanidade. A população urbana, que era de aproximadamente 20% nos anos 60, passou para mais de 80% no ano 2000. O que motivou esta enorme corrente migratória do campo para a cidade? Há um consenso de que as principais causas do - rápido, desordenado e violento - processo urbanizatório foram: a desintegração da agricultura familiar, a mecanização do campo, a predominância da monocultura, o uso de agrotóxicos (herbicidas e ‘defensivos’), a forte ênfase na industrialização, a propaganda dos rendimentos financeiros... Todo este processo foi patrocinado pelo Estado, aliado aos interesses das grandes corporações transnacionais.
Como a urbanização afeta a igreja? A desintegração humana – social e espiritual – coloca um novo desafio para as igrejas. Ao lado do modelo de manu
Conseqüências
Gemeindebrief
A enorme migração do campo para a cidade promoveu um inchaço urbano, ou seja, favelização. As cidades não dispunham de políticas urbanizatórias para acolher os migrantes. Os serviços essenciais como habitação, educação, saúde, transporte, emprego, urbanização eram precários ou inexistentes. O resultado social foi a irrupção da criminalidade. É bom que se diga que a criminalidade é um aspecto da violência urbana. A violência urbana maior é o confinamento de
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lização estão cheias de novos crentes. Em suma, temos que aprender o que afirmam renomados missionários urbanos: 1) Na cidade, a geração que não for evangelizada, não será cristã. O batismo só tem valor para quem vive igreja. 2) Os moradores da periferia urbana fazem sua definição religiosa num espaço geográfico de poucos quarteirões. A igreja que chegar, leva. Só os membros conscientes viajam em busca de sua igreja em outros bairros.
Foto: Gierus
tenção das comunidades tradicionais, que não souberam integrar os migrantes, surge, com muita força, o pentecostalismo e o neo-pentecostalismo. Na IECLB, são bem sucedidas aquelas comunidades que foram ao encontro dos pobres urbanos e se estabeleceram nas favelas, adequaram a evangelização às necessidades concretas e coletivas da população. Temos que nos dar conta de que estamos no mercado religioso. As comu-
O perfil das cidades muda continuamente... nidades precisam ir ao encontro das pessoas e não esperar que venham até nós. Além disso, o desafio posto pela desintegração humana – social e espiritual – na periferia urbana está muito mais para a experiência da fé, que devolva um sentido para vida, do que para formas e tradições litúrgicas. As comunidades que inovaram e foram se instalar na periferia - entre os pobres - com propostas claras de evange-
O processo urbanizatório nos deixa claro que o trabalho de missão entre os pobres da cidade requer: compaixão, encarnação, intercessão, proclamação e poder, além do restabelecimento de um discipulado leigo e evangelizador. O autor é pastor ms. da IECLB e professor de missiologia na FATEV, em Curitiba, PR
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O que fazer com esse tal de Ecumenismo? Rui Bernhard
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vida nos ensina lições muito valiosas. Um exemplo disso nós temos na nossa própria casa, quando as relações na família não vão bem. A gente vai se aturando, até que um dia a coisa explode. As brigas e os desentendimentos são inevitáveis. Isso não é bom para ninguém. Pelo contrário, a vida se torna muito difícil. Em outras áreas de nossa vida essas coisas acontecem com muito mais facilidade. Vamos tomar o exemplo das Igrejas e Religões que existem ao nosso lado. Não é assim que a gente muitas vezes olha para elas com desconfiança e desprezo, achando que só a nossa Igreja é boa? Desta forma, não conseguimos ver as coisas positivas que existem em outros grupos cristãos, nem os problemas na “própria casa”. Combatemo-nos mutuamente e assim vamos nos isolando uns dos outros, deixando de praticar o Ecumenismo. Conforme o dicionário, a palavra “ecumenismo” significa: apelo à unidade de todos os povos contido na mensagem do Evangelho. Para os cristãos, isto fica mais claro em João 17.20-21, onde Jesus pede a Deus que todos os crentes “sejam completamente unidos.” Nesse fundamento, o Conselho Mundial de Igrejas – CMI, com suas mais de 450 Igrejas membro, se baseia, procurando construir uma unidade entre elas a partir da fé em Jesus Cristo. Não se pode esperar que todas se tornem uma só Igre-
ja, mas que todas possam unir os seus esforços para uma fé praticada de forma mais conjunta e solidária. Podemos bem imaginar as grandes diferenças que existem entre essas 450 Igrejas. Mas isso é um motivo a mais para a realização da 9ª Assembléia do CMI, em fevereiro de 2006, em Porto Alegre/RS. Para as milhares de pessoas que estarão reunidas em Porto Alegre na assembléia, haverá somente uma motivação comum: A fé no Senhor Jesus Cristo. Assim, todos se tornam um em Cristo. Por isso, será um evento muito importante para o ecumenismo brasileiro. Não basta apenas aplaudir as pessoas que participam do movimento ecumênico. Precisamos participar também e perguntar: Como é o ecumenismo praticado na minha Igreja? Ainda teimamos em apontar apenas para as diferenças, achando que a única Igreja certa é a nossa? Se conseguirmos refletir seriamente sobre estas perguntas, seremos capazes de fazer as amarrações que ajudarão o mundo a ser melhor, com menos violência, menos divisões, menos sinais de
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morte e com mais solidariedade. É uma tarefa que não pode ser feita individualmente. Por isso, o CMI conclama todas as Igrejas a orarem juntas, com as palavras do tema escolhido para a 9ª Assembléia: Deus, em tua graça, transforma o mundo!
Você também pode envolver-se mais na sua Igreja com a questão do Ecumenismo. Procure levantar o assunto na sua comunidade e una-se à oração dos cristãos de todo mundo, dizendo: Deus, em tua graça, transforma o mundo.
Gemeindebrief
O autor é pastor da IECLB e secretário executivo de preparação da IX Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas - CMI
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OASE – A serviço da vida Ani Cheila Fick Kummer
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ister se faz refletir sobre o que move as mulheres a participar da OASE, um trabalho totalmente voluntário. Qual é o papel da mulher na sociedade e na igreja/OASE? O testemunho que temos de mulheres é fantástico! Mulheres que saem da sua rotina e descobrem seus dons, suas habilidades e se alegram em poder servir voluntariamente na sociedade e na igreja. Têm consciência de sua evolução e sentem-se sempre mais comprometidas com situações adversas que se lhes apresentam. O serviço da OASE, na verdade, é compromisso de tornar o meio em que vivemos cada vez melhor, tanto na família, sociedade/comunidade, meio ambiente, mas especialmente tornar melhores a si mesmas e, assim, contagiar outras pessoas. Saint Exupéry diz em seu livro O Pequeno Príncipe: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Isto é definição, certeza, alento. Não é trabalho jogado ao vento. É investimento de tempo e talento. Presentes de Deus – é departamento e multiplicação de dons. É ser útil e sentir-se gratificada ao constatar a diferença que “eu posso significar”. Pessoas que se entregam a uma causa nobre, altruístas, crescem como criatura e feitura de Deus e se alegram no serviço. E é isto o que faz a diferença e faz com que sejamos “eternamente res-
ponsáveis”... Nesse sentido, e também por isso, a OASE investe sempre de novo na formação das mulheres, transmitindo-lhes segurança, crescimento pessoal e espiritual. Na OASE dá-se a reciprocidade no dar e receber. Por ser um grupo aberto e de fácil acesso, tem lugar para todas indistintamente, pois servir, amar e testemunhar é nosso lema. O Evangelho é nosso alicerce, o amor de Cristo nosso combustível. Por isso é mister refletir sobre o porque da OASE e reafirmar que a OASE é obra de Deus. E você é nossa convidada especial. Venha. Participe! A autora é presidente nacional da OASE e reside em Dom Pedrito, RS
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Ovo de Páscoa! Brigitte Jonas
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m nossos dias, presenteiam-se ovos “só porque é Páscoa”, mas antigamente eles eram bem mais importantes. Eram presentes dos padrinhos ou provas de amor. De acordo com a finalidade, eram coloridos, decorados ou veiculavam uma mensagem escrita. Algumas vezes, eram comidos, mas havia quem os guardasse como preciosidades, durante décadas, em armários ou vitrines. O papel cultural do ovo é muito antigo. Ele sempre foi considerado símbolo da vida e da fertilidade. Desde os primórdios do Cristianismo, o ovo – apesar da milenar simbologia pagã – representa a Ressurreição e, como tal, aparece na arte cristã em pedras tumulares e sarcófagos. Até hoje, templos, igrejas coptas e mesquitas ostentam um ovo de avestruz ou feito de porcelana, pendura-
do, como símbolo da Criação, da vida e da Ressurreição. Em tempos mais recentes, um dito popular afirmava: “Como o pintinho sai do ovo, assim Cristo deixou a cova.” Pesquisadores encontraram uma “benedictio ovorum”, uma ”bênção dos ovos”, no século XII, como parte das cerimônias pascais de bênção dos alimentos. O fato de que só os ovos decorados e coloridos são considerados verdadeiros ovos de páscoa também tem a sua história. Os antigos babilônios e os egípcios da Velha Dinastia, por volta de 5.000 antes de Cristo, comemoravam a chegada da primavera presenteando ovos decorados ou coloridos de vermelho. E os mitos hindus da criação afirmavam que o mundo surgiu de um ovo.
Gemeindebrief
Fonte: Gemeindebrief Adaptado por: Anamaria Kovács
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Humor “Enquanto eu não puder ver Deus, negarei sua existência” - afirma o ateu a um pastor. “Se esse é o seu único argumento,” - responde o religioso - “então eu negarei sua inteligência pelo mesmo motivo”.
Um homem está internado na UTI, ligado a dezenas de mangueiras. Um jovem pastor vai visitá-lo. Como ele não pode falar, pede, por gestos, um lápis e papel. Rabisca uma frase num cartão e morre em seguida. O pastor pensa: “Isto não é assunto meu,” e leva o cartão para a mulher do falecido. Esta lê o cartão e cai desmaiada. O pastor toma-o e lê: “Seu imbecil, saia de cima da minha mangueira de oxigênio!”
Um mecânico de automóveis chega aos portões do Paraíso. “Por que você me chamou tão cedo?” – reclama ele com S. Pedro. – “Eu só tenho 47 anos de idade!” Pedro dá uma olhada no seu grande livro e responde: “Pelas horas que você cobrou dos seus clientes, você está agora com exatos 97 anos!”
Jovem estudante de teologia, incumbido por seu superior, assume trabalho emergencial numa paróquia vaga. Com pouca experiência, mas com fé e coragem vai ao trabalho. Faz o trabalho essencial. Durante a semana, pergunta pela atribuição pastoral. Chega à conclusão que deve visitar os doentes, pois assim está descrito na Bíblia. Vai ao hospital. Adentra no primeiro quarto, onde encontra uma senhora acamada. Do alto de sua sabedoria, pergunta: “Qual o mal que lhe acometeu?” A paciente responde: “Nenhum - acabei de ter um filho.”
O mesmo jovem inexperiente oficia o primeiro casamento. Não se sabe até a presente data quem estava mais “nervoso”: o noivo, a noiva, os convidados ou o oficiante. Seguidas as etapas litúrgicas, chega o momento da troca das alianças. O celebrante solicita as mesmas. O noivo, com seus braços na altura do tórax, faz um esforço descomunal para retirar a aliança da mão direita, enquanto sussurra: “Não dá.” Ao que o oficiante retruca: “Tem que dar”.
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Palavras cruzadas Colaboração: P. Irineu Valmor Wolf
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HORIZONTAIS 1. “É a certeza de coisas que se esperam.” (Hb.11.1) 3. “A boa, como o Dom perfeito, vem do alto.” (Tg.1.17) 8. É a companheira do justo! (Apoc.22.11) 10. Saudação juvenil. 11. Apanhas o peixe com arpão. 12. A 4ª nota musical. 13. Um dos Profetas Menores. 14. As vogais de Mãe! 16. A 2ª vogal. 17. “Deus voltou atrás no mal que enviou sobre Israel.” (2 Crôn.21.15) 21. “Da potestade que atua nos filhos da desobediência.” (Ef. 2.2) 22. A Lei Mosaica. 23. Como também era chamado Jesus. (Mt.2.23) 26. Um dos muitos castigos que Paulo sofreu durante seu ministério. (2 Cor.11.23) 28. Expressão de dor. Sofrimento. (Apoc.11.14) 29. Como a que acaricia os próprios filhos. (1 Tess. 2.7) 31. A pedra de moinho. 32. “Jesus se cingiu com ela para lavar os pés dos discípulos.” (João 13.14) 36. Uma das expressões do amor cristão. 38. Deus nos amou primeiro. Nós amamos nossos filhos. Eles também... (futuro)
VERTICAIS 1. O mesmo que fúria. Delírio violento. Frenesi. 2. “Ela não confunde.” ( Rm 5.5) 3. No último, haverá a ressurreição. ( João 11.24) 4. A filha de Calebe. (Josué 15.17) 5. “O bom pastor oferta a sua vida pelas ovelhas.” ( João 10.10) 6. “O que a águia faz pelos céus.” ( Prov. 23.5) 7. As vogais de Pai. 8. Em qualquer tempo passado. Paulo usa a expressão 2 vezes. (Fil. 3.12) 9. É indulgente para com. Verbo na 3ª pessoa do singular. (2Cor. 11.20) 13. Um dos filhos de Noé. (Gen. 5.32) 15. Que fica no meio. (Rm. 14.5) 16. As vogais (não estão em ordem). 18. A nota musical MI. 19. Imperativo do verbo “doar”. 20. Nome de mulher.
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24. Esposa de Moisés. (Êx. 2.21) 25. Antigo Testamento. 26. Dono da casa. Patrão. 27. A 4ª vogal. 29. O maior dos dons. (1 Cor.13.13) 30. Solo. Lugar onde se nasceu. 32. Companhia aérea que opera no Brasil. 33. Ar em inglês. 34. Associação Diacônica Luterana (invertido). 35. Ano Domini. 36. Confissão de Augsburgo (Um dos escritos confessionais da Reforma). 37. Pronome pessoal (1ª pessoa). Solução na página 122
Gemeindebrief
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Para sempre no coração Anamaria Kovács
Talita chegou em casa da escolinha com uma ruga na testa. Mamãe logo percebeu e foi perguntando: - O que aconteceu,querida? Talita sentou no banco da cozinha, sem largar a lancheira. “Temos problemas”, pensou mamãe. Enxugou as mãos e foi sentar-se ao lado da menina. - Mãe... O Betinho mais a Viviane disseram que você não é minha mãe! - Hmm... - Aí, eu fiquei pensando... Eu acho que eles têm razão. Olha só... – E Talita colocou seu bracinho escuro ao lado da mão muito branca de mamãe. Ela sorriu e disse: - Vamos lá para a sala. Vamos sentar no sofá, que eu quero contar para você uma linda história. A sua história. Depois que se acomodaram, mamãe começou: - Quando seu pai e eu nos casamos, sonhamos em ter muitos filhos. Mas, o tempo foi passando, e nada. Fomos ao médico, e ele disse que não podíamos ter filhos. Ficamos muito, muito tristes. Aí sua avó disse para mim: “Por que vocês não adotam uma criança?” Ficamos pensando... Um dia, sua avó telefonou e disse: “Eu soube que no hospital da cidade tem uma menininha. Parece que está lá há muito tempo, e não tem pai nem mãe. Por que vocês não vão até lá?” Talita olhou para mamãe. - A menininha... era eu? - Sim, era você. Quando chegamos lá, encontramos uma bonequinha negra,
bochechuda e risonha. As enfermeiras todas amavam você, mas nenhuma podia adotá-la. Elas nos contaram o que aconteceu: sua mãe era uma moça muito, muito pobre e doente. Seu pai, que era o namorado dela, foi embora e nunca mais apareceu. Quando você nasceu, seus avós ficaram com você. Só que seu avô perdeu o emprego, e não podia mais cuidar de você. Então, ele levou você ao hospital onde você nasceu, e pediu que só a entregassem a uma família que pudesse dar a você todo o amor e carinho que ele dava. - Ele não queria mais me ver? – perguntou Talita. - Ele disse que sim, mas só quando você pedisse. - E aí, mamãe?
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- Aí, seu pai e eu fomos ao Juizado de Menores, junto com seu avô e sua avó, e fizemos os papéis que tornavam você nossa filhinha. No dia em que você chegou, demos uma grande festa, com balões coloridos, bolo e pipoca, e convidamos todos os parentes. Você quer ver as fotografias? - Quero, sim. Mamãe mostrou as fotos para Talita. Ela olhou para todas elas com muita atenção. Quando viu a última, perguntou: - Onde está a fotografia do meu avô e da minha avó? - Essas nós não temos, querida. Eles não quiseram vir. Mas nós podemos visitá-los, se você quiser. - Eu vou pensar – respondeu a menina, muito séria. Uma semana depois, ela pediu: - Mamãe, papai... Podemos visitar meus avós de verdade? - Claro, meu amor – respondeu papai – Vou procurar seu avô e marcar o dia.
No domingo, eles foram visitar os avós de Talita. Eles eram mesmo muito pobres. Ficaram emocionados quando viram como ela estava crescida e bonita. Na hora da despedida, Talita perguntou: - Vovô, eu posso visitar vocês sempre que eu quiser? - Pode – disse ele – E nós vamos ficar muito contentes. Na volta para casa, Talita veio muito quietinha. Quando chegaram, ela pegou nas mãos de mamãe e papai e falou: - Sabem, eu gostei muito dos meus avós de verdade. Mas eu também gosto de vocês, e dos meus outros avós e dos tios e primos. Agora... eu posso pedir uma coisa para vocês? - É claro, fofinha – disse mamãe. - Peça, querida – disse papai. - Vocês podiam adotar um irmãozinho para mim? A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC
Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria; uma dor compartilhada, em meia dor. Provérbio sueco
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Livro: Por que ser cristão? Autor: Gottfried Brakemeier, Ed. Sinodal, 2004
Ser cristão deixou de ser algo natural em meio ao pluralismo religioso da sociedade contemporânea. Por isso é necessário tomar consciência da identidade cristã. Por que ser cristão? O que significa ser cristão em meio ao caleidoscópio religioso que se nos oferece? Como discernir o espírito de Cristo em meio à profusão de espíritos que disputam nossa atenção? Este livro, do P. Dr. Gottfried Brakemeier, oferece sólida informação e
orientação em uma linguagem simples e cativante, com clareza cristalina e com profundidade. Cinco temas centrais da fé cristã são abordados, sempre em dez passos: crer em Jesus Cristo, crer na ressurreição, viver em comunidade, ler a Bíblia e amar o próximo. A perspectiva bíblica está presente em cada página, assim como o horizonte confessional da reforma luterana, mas sempre em atitude de abertura ecumênica e de diálogo com outras expressões de fé.
Não tenho um caminho novo. O que eu tenho é um novo jeito de caminhar. Thiago de Melo
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Sabedoria Colaboração: P. Horst Baumgarten
O avarento está sempre necessitado. Horácio
Quem tem um porque viver, encontrará, quase sempre, o como. Nietzche
Os homens não falham, eles desistem de tentar. Elhiu Root
É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais. Coelho Neto
Para se chegar à fonte, é preciso nadar contra a corrente. Stanislaw Jerry Lac
O mundo acaba sempre por condenar os que ele acusa. Balzac
O maior herói é aquele que faz do seu inimigo um amigo. Talmud
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Chico Xavier
Reaja inteligentemente, mesmo a um tratamento não inteligente. Lao-Tse
Quem pensa grande também erra grande. Martin Heidegger
O gládio da justiça não tem bainha. Joseph de Maistre Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.
A capacidade pouco vale sem oportunidade. Napoleão Bonaparte A prosperidade faz poucos amigos. Vauvenargues
Thomas Edison
O melhor espelho é um velho amigo.
Não há calibre que mate uma idéia. José Gabriel Concorcauqui
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George Hebert
101 A chave para entender o problema é prestar atenção na informação certa. Se nos preocupamos com o número de pessoas que entra e sai do ônibus, estamos dando atenção à informação desnecessária. Ela nos distrai da informação importante. A resposta para o problema está na primeira sentença: VOCÊ está dirigindo o ônibus. Então a cor dos olhos do motorista é a cor dos SEUS olhos. Se você não acertou, não se preocupe. A maioria das pessoas não responde corretamente. Se você acertou, você tem uma excelente habilidade para resolver problemas.
Você está dirigindo um ônibus que vai do Rio de Janeiro para Fortaleza. No início temos 32 passageiros no ônibus. Na primeira parada, 11 pessoas saem do ônibus e 9 entram. Na segunda parada, 2 pessoas saem do ônibus e 2 entram. Na parada seguinte, 12 pessoas entram e 16 pessoas saem. Na próxima parada, 5 pessoas entram no ônibus e 3 saem. Qual a cor dos olhos do motorista do ônibus? Resposta no pé da página, de cabeça para baixo
Qual a cor dos olhos?
Quando os pequenos ensinam o que esquecemos Horst Baumgarten
N
a calmaria da noite irrompeu o grito: UMA ARANHA! Após: o choro. Movidos pelo instinto de proteção, pais adentram no quarto, observam e, com força incomum, matam o inseto, dilacerando-o. O menino tinha quatro ou cinco anos. Ainda assustado, soluçava. O aconchego maternal ia trazendo calmaria e proteção necessárias ao ocorrido. Passados alguns minutos, pais se entreolharam definindo, sem dizer palavra, quem dos dois permaneceria ao lado do filho. Pacto este feito na distribuição de tarefas familiares. Entreolhando-se, observaram suas expressões faciais e, ainda calados, estabelecem o acordo: o pai fica. Na certeza de cumprir a tarefa paterna, toma o filho nos braços, deita-se ao seu lado, dizendo: - Só foi um susto, agora tu podes deitar e dormir. Com convicção nunca dantes vista, expressando angústia e socorro, este respondeu: - NÃO QUERO FICAR SOZINHO. - Tu não viste que matamos a aranha? - VI. - Então! Não precisas ter mais medo. Passou, acabou. - MAS EU TENHO MEDO...
- Ah, rapaz! Não precisas ter medo. Vou aqui ao lado, no meu escritório. A mãe também está aqui. Tu não estás sozinho. - NÃO... TU FICAS AQUI. Vencidos os argumentos comuns, o pai passou a usar seus “profundos” argumentos teológicos que, no decorrer do diálogo, não se mostraram “profundos”, antes que iam para o fundo. - Escuta aqui. Tu não sabes que foste batizado e que nós pertencemos a Deus? - SEI. - Então! Nós dois sabemos, como tantas outras pessoas, que Jesus Cristo cuida de nós. - EU NÃO QUERO QUE JESUS CUIDE DE MIM. EU QUERO QUE TU CUIDES DE MIM. Ainda perplexo diante da exigência feita, o pai disse: “Isto Jesus também disse”, e ficou.
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O autor é pastor da IECLB e diretor do Lar Rodeio 12, em Rodeio, SC
Dia de São Nicolau Fonte: Gemeindebrief
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esde a Idade Média, o dia de São Nicolau, 6 de dezembro, é um dia das crianças. Nicolau, que foi bispo de Myra, na atual Turquia, era conhecido por sua bondade e conhecido também como amigo das crianças. Ele morreu em torno do ano 350, provavelmente no dia 6 de dezembro. Em 1087, marinheiros italianos roubaram seus restos mortais de Myra, que se tornara muçulmana, e os levaram
para Bari, na Apúlia. Durante a Idade Média, São Nicolau era patrono de estudantes, amantes e noivos, mas também era invocado por ladrões e assassinos. Os marinheiros sempre o consideraram seu padroeiro e salvador em emergências no mar. Em muitas cidades portuárias, e também no Norte da Alemanha, há igrejas dedicadas a ele, e contam-se muitas lendas em que ele aparece como benfeitor das crianças. Adaptado por: Anamaria Kovács
Gemeindebrief
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Rigoberta Menchú Renate Gierus
Quando comecei a ganhar [com oito anos], já me sentia uma mulher que contribuía diretamente com meus pais, pois quando recebi meu primeiro salário, o pouco que recebi foi como contribuição ao salário de meus pais e já mais ou menos me sentia parte da vida que sentem meus pais.
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Arquivo
sta pequena biografia está baseada no livro Meu nome é Rigoberta Menchú – e assim nasceu minha consciência, de Elizabeth Burgos (Editora Paz e Terra). O conteúdo do livro é falado por Rigoberta. Elizabeth gravou todas estas falas e as transformou em história escrita. O encontro entre as duas ocorreu em janeiro de 1982. Na época da gravação de seu livro, Rigoberta tinha 23 anos e fazia pouco tempo que aprendera a ler e a escrever em espanhol. Sempre disseram: pobre os índios não sabem falar: porque, aí, muitos falam por eles; por isso decidi aprender castelhano. Ao contar sua história, Rigoberta conta também a história – e torna-se portavoz – dos povos indígenas das Américas: Gostaria de dar este testemunho vivo que não aprendi num livro, nem aprendi sozinha, já que tudo isso aprendi com meu povo e isso é uma coisa que gostaria de deixar claro. Rigoberta Menchú é uma índia quiche, que é uma das 23 etnias existentes na Guatemala, na América Central. Ela
cresceu em uma das várias fincas (fazendas) existentes no litoral sul do país, nas quais eram cultivadas café, algodão, cardamomo ou cana-de-açúcar. Ela foi a sexta criança da família. Sua mãe trabalhou grávida na finca até o oitavo mês de gestação e quando Rigoberta nasceu, ela estava sozinha. O pai precisava completar o mês de trabalho. Geralmente a família de Rigoberta e as outras famílias indígenas trabalhavam oito meses por ano fora de suas aldeias. Somente então voltavam para as montanhas, onde cultivavam seu pouco milho e feijão. As terras das montanhas não eram férteis, assim que as famílias indígenas eram pobres e viviam em constante dificuldade. O trabalho nas fincas lhes dava um pouco de dinheiro. As famílias também assumiam seus compromissos junto à aldeia e à comunidade. Havia as cerimônias do nascimento, cerimônia dos 10 anos, cerimônias do plantio e da colheita, cerimônias de casamento. Eram momentos de festa, alegria, mas também de ansiedade. Apesar de poderem realizar suas cerimônias,
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sempre havia a preocupação com o trabalho na finca. Muitas vezes as cerimônias eram interrompidas, pois chegara o tempo de descer as montanhas em direção ao litoral. A vida destas famílias é muito difícil. Estes povos indígenas são vistos e tratados como escravos, são pobres, explorados e trabalham até a exaustão. Ficam doentes ou até morrem por desnutrição, intoxicação. As mulheres são violentadas, outras pessoas são torturadas, queimadas vivas e mortas diante de membros da comunidade e da família. Há seqüestros e exílios. Diante deste quadro, Rigoberta afirma: Eu sempre vira minha mãe chorar. (...) Eu tinha medo da vida e dizia para mim mesma: o que irá acontecer
quando eu for mais velha? Aparentemente a esperança de uma vida digna e justa para estes povos parece não existir. Mas eles se organizaram e lutaram por seus direitos. É nesta resistência que está a esperança. As atividades políticas e o trabalho de conscientização de massas foi a tarefa que Rigoberta viu para si e na qual se engajou com todas as suas forças. Ela acredita que a mudança precisa vir do povo e, a partir dali, transformar o mundo criminoso, injusto e violento em que vivemos. Em 1992, Rigoberta Menchú recebeu o Prêmio Nobel da Paz, por todos os seus esforços de resistir e de criar esperança com e para os povos indígenas. A autora é pastora da IECLB e reside em São Leopodo, RS
Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come. Greenpeace
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Se o mundo fosse uma aldeia Colaboração: Friedrich Gierus
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e o mundo fosse uma aldeia com apenas cem habitantes, haveria nele...
Gemeindebrief
...60 asiáticos... ...14 africanos... ...12 europeus... ...9 latino-americanos... ...5 norte-americanos... ...50 homens e 50 mulheres... ...30 crianças menores de 15 anos... ...7 pessoas com mais de 65 anos... ...2 nascimentos por ano... ...1 morte por ano... ...44 habitantes vivendo com menos de dois euros por dia... ...18 pessoas sem acesso à água tratada... ...e, no ano de 2050, eles seriam ao todo 146 homens, mulheres e crianças.
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Sem-terra e Sem-teto Günter Adolf Wolff
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ção é dividida em setores de trabalho. Isto já funciona assim há 16 anos. Os sem-terra assentados no extremo oeste catarinense construíram também a Cooperoeste, que é um lacticínio, que hoje beneficia diariamente quase 300 mil litros de leite, dando emprego para mais de 100 pessoas que trabalham na fábrica. Estes são dois exemplos que mostram que a Reforma Agrária dá certo. Hoje, sempre de novo, se discute o tema: Desapropriação de terras produtivas. Todos os fazendeiros não se cansam de repetir: Não se pode desapropriar terras produtivas! Na verdade, no Brasil há muitos anos já se desapropria terras produtivas. Não para reforma agrária, mas para construir estradas, redes de energia elétrica e principalmente para formar um lago para produção de energia elétrica.
Arquivo
família Guindani, de PalmitosSC, participou das ocupações de fazendas em 25 de maio de 1985 e hoje está assentada no Assentamento Conquista da Fronteira em Dionísio Cerqueira-SC. Quando foi para a ocupação, juntamente com mais 1.200 famílias, queria apenas uns 15 hectares para plantar. Hoje, eles estão assentados em 1.200 hectares, onde criaram a Cooperunião, com 50 famílias. O assentamento é totalmente coletivo e coordenado pela cooperativa. Cada associado da cooperativa trabalha 8 horas por dia, 5 dias por semana e tem 20 dias de férias ao ano. Qual o pequeno proprietário que tem uma vida assim? O assentamento é dividido em cinco núcleos de discussão que, a cada 14 dias, se reúnem em assembléia. A produ-
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Desapropriam-se pequenas propriedades produtivas à beira do rio para formar um grande latifúndio debaixo da água para beneficiar alguma empresa multinacional. Deste tipo de desapropriação os fazendeiros nunca reclamaram. Isto quer dizer: para formar um latifúndio podem-se desapropriar pequenas propriedades produtivas, mas para formar muitas pequenas propriedades não se pode desapropriar um latifúndio. Desta forma, a prática já mostrou que é possível desapropriar terras produtivas, só falta agora desapropriar os chamados latifúndios improdutivos para fazer reforma agrária e elevar o nível de vida dos camponeses empobrecidos e sem-terra. Existem atualmente em torno de 200 mil famílias acampadas na beira das estradas do país. Cerca de 26 mil grandes proprietários de terra, que representam menos de um por cento dos 4,2 milhões de proprietários, são donos de 46% de todas as terras do Brasil. O chamado agro-negócio é mostrado como solução. Mas as propriedades acima de mil hectares empregam apenas 600 mil assalariados, e possuem apenas 5% da frota nacional de tratores. As pequenas propriedades empre-
gam 13 milhões de trabalhadores familiares e mais de um milhão de assalariados, e detêm 52% de toda a frota de tratores do Brasil. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara votou, em 11/02/2004, a proposta de emenda à Constituição (PEC nº 232/95) que determina o confisco imediato de terras nas quais seja constatada a prática de trabalho escravo. De 1995 até 2003 foram libertadas no Brasil 10.726 pessoas que viviam em condições idênticas ao trabalho escravo. O governo admite que há cerca de 25 mil escravos trabalhando em fazendas pelo país afora. Por causa do sucesso do MST, surgiu o MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (ao lado de outros movimentos de sem-teto), que está se organizando nas cidades brasileiras, fazendo ocupações de terrenos vazios e de prédios abandonados. Enquanto a riqueza for tão mal distribuída no Brasil, onde milhões de pessoas não têm nada, as organizações dos sem-terra e dos sem-teto são a única possibilidade de mudança de uma vida miserável para um futuro um pouco melhor. Muitas experiências já comprovam isso. O autor é pastor da IECLB e integrante da Pastoral Popular Luterana - PPL
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Ser presbítero/a hoje Homero Severo Pinto
Presbítero/a - Seu compromisso e suas tarefas Origem do termo Presbítero
A
s raízes mais profundas do termo Presbítero são encontradas no Antigo Testamento. Usado originalmente para designar a “pessoa idosa”, “a anciã”, a palavra Presbítero referia-se às pessoas com experiência e sabedoria comprovada no meio da comunidade. Tendo como pano de fundo essa concepção, as pessoas mais velhas assumiam a liderança em suas comunidades. No Antigo Testamento, encontramos duas histórias exemplares para essa questão. Em primeiro lugar, há a Ser narrativa da história em que foram escolhidos setenta do que apenas anciãos para auxiliarem Moisés na condução do povo de Deus pelo deserto rumo a tão sonhada e desejada terra prometida, conforme Números 11. 16-17. Em segundo lugar, temos a história de Êxodo 18.13-27, na qual pessoas foram incumbidas com a tarefa de auxiliarem a Moisés na solução de divergências e crises que se instalavam no seio do povo de Deus. Com o passar dos anos, as pessoas que eram investidas com tal autoridade no meio comunitário acabaram por constituírem-se num conselho de anciãos, formado por setenta integrantes que primeiramente recebeu o nome de Presbitério
e, mais tarde, no período em que Jesus circulava pela Palestina, foi denominado Sinédrio. O Sinédrio era constituído por sacerdotes e escribas. A função do Presbítero nas primeiras comunidades cristãs Em resposta ao anúncio do Evangelho, pessoas deixavam-se batizar em nome do trino Deus, perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (Atos 2.42). À medida que a comunidade cristã crescia, novas situações passaram a eclodir no seio comunitário, o que motivou a convocação de uma assembléia para equacionar o descontentamento gerado entre o grupo de viúvas gregas (Atos 6.1). E, como resultado dessa assembléia, a comunidade primitiva deliberou no sentido de criar dois grupos. Um deles foi incumbido com a oração e o ministério da palavra, enquanto que o outro assumiu a distribuição dos alimentos. No tocante à escolha dos diáconos, a comunidade foi criteriosa e definiu que, para essa função, seriam escolhidas pessoas de boa reputação, cheias do Espírito Santo e de sabedoria (Atros 6.3). Posteriormente novos critérios para
presbítero exige muito mais boa vontade
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escolha da liderança foram estabelecidos, tais como ter conhecimento da escritura, não ser pessoa avarenta e nem dada à bebida, ser respeitada na comunidade e saber administrar o próprio lar, dentre outros requisitos. No tocante ao exercício de sua função na comunidade, esperava-se que o presbítero exercesse a liderança com boa vontade e que administrasse os bens da comunidade com zelo. Foram ainda incumbidos com a visitação e a oração pelos doentes, com a prática da solidariedade entre os membros e que soubessem animar os demais membros para que colocassem os seus dons a serviço do Reino ( I Pedro 5.1-4; Tiago 5.14-15; I Timóteo 3. 1-13 e 4.1416). Os desafios em ser presbítero/a hoje Os tempos mudaram. A sociedade modificou-se numa velocidade em que muitos ainda não conseguiram assimilar essas transformações. Também as comunidades foram impactadas por essa mudança. Por isso, ser presbítero/a na Igreja exigirá muito mais do que apenas boa vontade por parte das pessoas. Faz-se necessário uma avaliação dos dons de
cada pessoa, assim como se procedeu nas primeiras comunidades. Ao organizarmos os dons que Deus confiou às pessoas e ao planejarmos as ações de modo qualificado, estaremos contribuindo para que o testemunho que brota do Evangelho atue organicamente no mundo. Nesse sentido, muitos são os desafios para o exercício de uma liderança saudável nas comunidades. Creio que as proposições a seguir possam ajudar as lideranças a alcançar um bom funcionamento do presbitério: Autoconhecimento: é a capacidade que a pessoa possui de reconhecer suas habilidades e dificuldades. Capacidade de comunicação: pode ser oral, corporal e escrita. Habilidade em dar e receber críticas: é fundamental para o crescimento individual e do grupo. Aptidão para a negociação: para apresentação de idéias, prazos e orçamentos. Humildade: para aceitar as idéias dos outros, dizer “não sei fazer tal atividade” e pedir ajuda, mostrando-se pronto para aprender. Responsabilidade: cumprimento de prazos com as atividades que cabem a cada um. O autor é Pastor Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho e 1º Vice-presidente da IECLB
Bibliografia: • Bíblia Sagrada • PRISCO, Cristina. In.: Zero Hora. Edição de 16 de março de 2003. Porto Alegre
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Síndrome de Burnout Bruno H. Gottwald
Fatores de risco Esta síndrome, da qual tanto se fala recentemente, afeta, principalmente profissões relacionadas ao cuidado de outras pessoas e que exigem um contato interpessoal maior, como médicos, psicanalistas, enfermeiros, professores e outros. A constante interação com outras pessoas envolvendo situações estressantes e experiências repetidas de sofrimento, é um dos maiores fatores causadores desta síndrome. Imaginemos, por exemplo, o trabalho com doentes, onde muitas vezes o profissional é obrigado a machucar para poder ajudar. Soma-se a isto ainda o alto grau de expectativas que o próprio profissional tem em relação a seu trabalho ou que os outros demonstram em relação a seu desempenho como acontece, justamente, na área da educa-
ção e da saúde. Em seu livro Uma Filosofia para Enfermeiros a Dra. Vera Raduenz cita, entre outros fatores de risco para a síndrome do Burnout, a sensação de ser pouco valorizado como profissional. Ela lembra com muita propriedade que assim como a educação, também a saúde é muito valorizada no discurso e desvalorizada na prática. Verdade esta que pode ser comprovada pelo tratamento que o Estado reserva justamente para a saúde e a educação. Não é de admirar que esta síndrome afete especialmente profissionais destas áreas. Raduenz também chama a atenção para as estatísticas que mostram que estes profissionais são os mais propensos à dependência química como recurso para administrar esta exaustão físico emocional.
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“
Ele não apagará o pavio que fumega (Isaías 43.2). Sim, deveríamos e gostaríamos de ser uma luz que brilha, mas, em verdade, muitas vezes não passamos de um pavio que apenas fumega e ameaça apagar totalmente. Se você já se sentiu assim, ou está se sentindo assim no momento, então você tem uma idéia do que é esta síndrome do Burnout. Traduzido do inglês, Burnout significa sem fogo, em alemão “ausgebrannt”. A Bíblia diz: um pavio que apenas ainda fumega. É muito mais do que sentir-se cansado ou estressado; trata-se de uma exaustão físico-emocional associada ao trabalho profissional. Estar no fim.
Sintomas O problema é que esta síndrome vai se instalando gradativamente, passando pelos estágios de alarme, resistência e exaustão propriamente dita, com alterações físicas, emocionais e comportamen-tais. A pessoa sente que simplesmente não tem mais nada para dar de si, está com suas energias e recursos no fim. Palpitações, boca seca, insônia, diminuição ou aumento descontrolado de apetite são alguns dos sinais físicos que denunciam a instalação desta síndrome. Endurecimento afetivo, atitudes negativas e cínicas em relação aos outros, inflexibilidade, falta de envolvimento pessoal no trabalho, desinteresse, dificuldade de manter a atenção e ranger os dentes durante o sono são algumas das alterações emocionais e comportamentais mais freqüentes que acompanham o Burnout. Auto-cuidado A única maneira de evitar que esta síndrome se instale e atrapalhe severamente nossa vida é investir conscientemente no auto-cuidado, isto é, no cuidado de si mesmo, como já dizia o apóstolo Paulo a seu colaborador Timóteo: ”Tem cuidado de ti mesmo” (1Tm 4.16). Importante é que este cuidado não se resuma a algumas atividades isoladas, o que para muitas pessoas já é muita coisa, mas que se expresse num estilo de vida pautado em hábitos saudáveis, desde alimentação, atividade física e lúdica, cultivo de suporte familiar, social, espiritual, amoroso e afetivo e, para que isto seja possível, o estabelecimento de prioridades para a utilização racional do tempo. Cuidar de si é, antes de mais nada, respeitar-se a si mesmo, levar-se a si mes-
mo a sério, começando pelos nossos sentimentos. Isto significa, por exemplo, permitir-se sentir tristeza. Perceber, admitir que a tristeza faz parte de nossa vida e elaborá-la. Se nós nos permitimos sentir a tristeza em vez de reprimi-la, estaremos mais aptos para levantar novamente e prosseguir. Admito, isto é um tanto problemático em nossos dias de hoje, pois a sociedade não admite a tristeza e espera que sempre estejamos bem, sorridentes e felizes como compete a pessoas de sucesso. Afinal, é isto que importa: ter sucesso a qualquer custo! A indústria da felicidade fatura alto em cima desta mentalidade desumana. Assumir a responsabilidade A responsabilidade pelo auto-cuidado é da própria pessoa. Sabemos que é muito mais fácil culpar os outros, o sistema, o trabalho, a falta de tempo e colocarse como vítima, do que fazer algo, assumir a responsabilidade. Somente posso cuidar dos outros, de minha família, de meu trabalho quando cuido diligentemente de mim mesmo. É evidente que deve haver um equilíbrio entre o cuidar de si e cuidar dos outros. Se cuido somente de mim, como a sociedade e a mídia me induzem a fazer, haverá um desequilíbrio que se chama de narcisismo ou hedonismo. Por outro lado, se cuido somente dos outros, haverá igualmente um desequilíbrio que fatalmente levará ao Burnout, ao pavio que somente fumega, se fumega. E isto você não quer, tão pouco eu quero.
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O autor é pastor da IECLB e capelão do Hospital Santa Catarina, em Blumenau, SC
Um dia para orar pelas crianças e adolescentes em situação de risco Fonte: ALC
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cada dia morrem 30 mil crianças, vítimas de doenças que poderiam ter sido evitadas; 250 mil crianças são infectadas a cada mês pelo vírus HIV/Aids. Os dados reforçam o apelo de engajamento no Dia Mundial de Oração pelas Crianças e Adolescentes em Situação de Risco lembrado no dia 5 de junho. O dia foi introduzido há nove anos pela Viva Network, uma rede mundial de ministérios cristãos. O Unicef considera crianças e adolescentes em situação de risco pessoas com menos de 18 anos de idade e que vivem numa dessas condições: escravidão ou trabalho infantil; guerra ou outra forma de violência; abuso e exploração sexual; doença grave, deficiência física ou mental; abandono ou perda da família. Em qualquer dos itens, os dados disponíveis assustam: 100 milhões de crianças e adolescentes passam a maior parte do seu tempo nas ruas em cidades de todas as partes do mundo; 130 milhões de crianças não têm acesso à educação; 160 milhões de crianças são mal nutridas; 250 milhões trabalham; 300 mil adolescentes, com menos de 18 anos, são soldados; 10 milhões são vítimas da indústria do sexo. No Brasil, crianças e adolescentes (0 a 17 anos) constituem 35,9% da população, o que representa, em números absolutos, 61 milhões de pessoas.
As estatísticas brasileiras também são desafiadoras. Estima-se que cerca de 20 mil crianças e adolescentes, entre 10 e 16 anos, estão envolvidos com o narcotráfico. Segundo o IBGE, 26.962 crianças entre 5 e 17 anos trabalham em troca de casa, comida e roupa. Daquele total, 20.331 são meninas, ativas em casas de famílias abastadas. Relatório das Nações Unidas sobre prostituição infantil no Brasil mostra que o fenômeno está relacionado ao crime organizado e à pobreza, uma vez que pessoas famintas são facilmente recrutadas. Uma em cada três famílias brasileiras com crianças de 0 a 6 anos - 30,5% do total vive com uma renda familiar per capita igual ou inferior a meio salário mínimo (cerca de 90 dólares). O documento da ONU revela a existência de 241 rotas de tráfico de crianças do Brasil para o exterior, e enfatiza que o turismo sexual é um dos grandes responsáveis pela prostituição infantil, visível em grandes cidades da orla marítima.
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Os dados estatísticos apresentados em cartilha motivadora do Dia Mundial foram levantados pela Fundação Getúlio Vargas, Family Policies Study Center, World Vison e ILO.
Um Salmo nos Andes - no Caminho dos Incas Nelso Weingärtner
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esde a minha infância eu amo as montanhas. Nasci na Serra do Mar em Santa Catarina e cresci olhando para o Tabuleiro, o Rei da Serra do Mar. Há 50 anos, quando se aproxima o inverno, algo quase irresistível toma conta de mim e sinto necessidade de escalar alguma montanha e passar alguns dias na natureza em rústico acampamento. Centenas de jovens de Grupos de nossa Juventude Evangélica experimentaram comigo momentos inesquecíveis, quando à noite, ao redor duma fogueira e no alto duma montanha, celebrávamos um culto com Santa Ceia. Outras vezes, sentávamos no cume duma montanha e apreciávamos a paisagem e eu lia trechos do Salmo 104, que é um Salmo de louvor a Deus, o Criador. Há muitos anos eu alimentava um sonho, ou um anseio, de seguir um dia a trilha Inca até Machu Picchu, nos Andes do Peru. Incentivado por Isa, minha esposa, e por meus filhos e netos, comecei a me preparar para a aventura. Durante três meses fiz caminhadas, cada vez mais longas, chegando a andar 142 quilômetros em quatro dias. Em meados de outubro de 2003, o sonho começou a se realizar. Viajei de avião até Cuzco, no Peru. Cuzco era a capital do antigo Império Inca e fica numa altitude de 3.400 metros. Ao chegar no hotel, logo foi servido um caneco de chá de coca para aclimatizar. Visitei os luga-
res históricos mais importantes caminhando e logo me acostumei com a altitude. À noite, conheci o grupo, “a tribo” com a qual seguiria quatro dias pela Trilha Inca. A guia era uma autêntica índia quíchua e a tribo era formada por dois rapazes de Luxemburgo, quatro israelitas (de Israel) e quatro canadenses, todos com menos de trinta nos de idade e por um brasileiro (eu) de 66 anos. A integração do grupo foi imediata e quando partimos na manhã seguinte num microônibus para Urubamba, onde inicia a trilha de 51 quilômetros, tive a sensação que partiria com minha JE para um piquenique. Iniciamos a caminhada numa altitude de 2.100 metros e acampamos à noitinha em Waylabamba, numa altitude de 3.000 metros. Passamos por paisagens fantásticas e vimos sítios arqueológicos impressionantes. Na Trilha Inca não há nenhuma infra-estrutura... banheiro é o mato e a água a gente apanha de pequenos córregos. Não há moradores na região, a trilha tem em média um metro de largura e está cheia de degraus, por isso não circula nenhum veículo motorizado por ela. Barracas, panelas, botijões de gás, fogão e a comida são levados por índios carregadores, que levam nas costas 50 a 60 quilos e andam correndo. No segundo dia, tínhamos que vencer o tope mais alto da trilha: 4.216 metros. Até mais ou menos 4.100 metros, consegui acompanhar bem a “minha tribo”... mas então come
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çou a faltar oxigênio. Andava cinco passos e tinha que parar... nos últimos 50 metros não consegui mais caminhar e sentei no chão... mas lá do “pódio das comemorações” mais de 50 pessoas faziam torcida e gritavam palavras de incentivo. Subi o trecho sentado e me arrastando... após uns 10 minutos de lutas alcancei o tope e de repente não faltava mais oxigênio, todos nos abraçávamos e celebráva-
tro israelitas, dos quais um era rabino, professor da lei judaica. Trocamos idéias sobre a vida em Israel e no Brasil, falamos de costumes e tradições e falamos de nossa fé. Fiquei muito impressionado com a seriedade e profundidade da fé e dos conhecimentos desses dois casais, ainda bastante jovens. O terceiro dia da caminhada na Trilha Inca é o mais tranqüilo e mais bonito.
O autor quando percorria a Trilha Inca. mos como campeões olímpicos... foi fantástico! As noites no acampamento são muito longas e a cama é dura... ou melhor, não há cama. A gente dorme no chão em cima dum plástico no saco de dormir. Por isso ficávamos sentados em pequenos grupos conversando até altas horas. Logo no primeiro dia da caminhada senti uma sintonia toda especial com os qua-
A trilha mantém-se no alto da cordilheira numa altura de 3.500 - 4.000 metros e tem trajetos dentro da mata, passa por grutas e cavernas, portais sagrados e quedas de água, para levar então ao alto duma montanha que oferece uma visão panorâmica de beleza indescritível. Com meus quatro amigos de Israel subi até uma pequena colina, que ficava a uns 30 metros da trilha. Ficamos parados em silêncio,
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respiramos o ar puro - um pouco rarefeito, e deixamos a natureza falar e penetrar em nós. Na noite anterior eu havia falado com eles sobre nossos acampamentos com a JE e que eu costumava ler trechos do Salmo 104. Interrompi o silêncio e pedi ao rabino que ele falasse um salmo em hebraico. Ele respondeu que, nesse momento, ele estava pensando na nossa experiência no Brasil e que ele se lembrava das principais partes do Salmo 104. Após pequena pausa, ele levantou as mãos ao alto e nós imitamos o gesto. Só entendi uma ou outra palavra do Salmo (já fazem 47 anos que aprendi hebraico na Faculdade de Teologia), mas pela alegria e emoção que partiam das palavras em hebraico, tive a impressão de estar flutuando e um sentimento de paz e satisfação preencheu todo o nosso ser. Quando baixamos os braços, vimos que lá na trilha, a uns 30 metros de nossa elevação, estavam parados uma porção de caminheiros da trilha, que olhavam para nós meio assustados. Nos aproximamos deles e explicamos que cristãos e israelitas têm em comum o Livro dos Salmos e que nós tivemos uma celebração ecumênica toda especial ao orarmos o Salmo 104. A maioria dessas pessoas tinha lágrimas nos olhos e parece que eles sentiram algo parecido com a nossa
experiência. No quarto dia, chegamos na cidade perdida de Machu Picchu. Impressiona a preservação das edificações, que estavam encobertas pela selva durante séculos. Construções fantásticas, com pedras trabalhadas que pesam mais de cem toneladas e estão ajustadas umas às outras de maneira tão perfeita que não cabe a lâmina dum canivete nas frestas. A cidade de Machu Picchu, construída há mais de 500 anos, está espalhada por uma área de 90 mil metros quadrados e encravada numa montanha. Ela abrigava templos, casas, praças, observatórios astronômicos e terraços para agricultura. Um total de 172 recintos, harmoniosamente distribuídos. A história de Machu Picchu ainda está sendo desvendada. Equipes de arqueólogos continuam com as escavações e, todos os meses, são feitas novas descobertas. A atmosfera dessa cidade perdida impressiona e faz refletir sobre a sabedoria do povo inca e sobre a crueldade dos espanhóis que destruíram uma das maiores culturas do mundo. Meu sonho de um dia caminhar pela Trilha Inca realizou-se. Valeu, foi uma experiência muito bonita e gostosa, mas o ponto mais marcante foi o Salmo em hebraico no alto dos Andes. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó, SC
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Uma mulher de nome Marta Elfriede Rakko Ehlert
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asci num lugarejo da Palestina, chamado Betânia, que significa “Casa de Hanias”. Deve ter sido um homem importante do lugar. Nada mais se sabe sobre ele. Fui a primeira de três filhos. Que alegria para toda a família quando Lázaro nasceu. Meu pai, então, ficou todo orgulhoso, pois todo homem gosta de ter um filho varão. Brinquei muito com ele, mas também tive que ajudar - trocar fraldas e essas coisas menos agradáveis para uma menina na minha idade. Passados alguns anos, veio mais um ser pequenininho: Maria, uma menina delicada e frágil. Como o parto foi difícil, nossa mãe nunca mais se recuperou direito. O nosso pai trabalhava fora e muitas das tarefas de casa caíram nas minhas costas. E como pesavam! Com o tempo, me acostumei a tomar sempre a frente e resolver tudo. Dias de alegria eram aqueles, quando todos íamos a Jerusalém, a uns três quilômetros dali. Alguns dizem que este nome é muito significativo, pois quer dizer ‘fundamento de paz’. E isto sentimos cada vez que nos aproximávamos do templo. Verdade que nós mulheres só podíamos chegar ao ante-pátio das mulheres (os homens podiam aproximar-se mais do santo). Nunca consegui entender o porque disso. Deus não criou homem e mulher com mentes e por isso também com direitos iguais? Meu pai tentou explicar. Minha mãe falou que devia conformarme. Mas não me convenceram. Só aceitei mais ou menos. Mesmo assim foi bem
legal encontrar outras pessoas de diferentes lugares, conversar, louvar a Deus. Voltávamos para casa realmente em paz e harmonia. Nós crescemos e os pais, principalmente a mãe, ficaram mais fracos. Vieram a falecer, deixando-nos sós. Não houve mais como perguntar a mãe de como fazer as coisas. Esteve muito tempo de cama, é verdade, mas estava lá. Depois da morte deles, tive que tomar conta da casa. Maria era um pouco sonhadora, vivia nas nuvens. Quando eu tentava ensinar-lhe as tarefas da casa, não tinha muito jeito. Um dia, lá em Jerusalém, aconteceu algo especial. Conhecemos um homem diferente. Podia ser um desses rabi
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nos ambulantes. Mas o povo dizia que ele era o messias, anunciado pelos profetas. Falava de Deus de modo tão comovente! E um milagre aconteceu: Ele se tornou nosso amigo. Visitava nossa casa e conversava conosco. Nunca vou me esquecer do dia: meu irmão Lázaro adoeceu gravemente. Meu primeiro pensamento: “Só Jesus, nosso amigo, poderá salvá-lo”. Mandeilhe uma mensagem, comunicando como era grave a doença de Lázaro. Que viesse logo. Mas ele demorou. O querido irmão morreu e foi sepultado. Quando os mensageiros voltaram, estranhamos muito as palavras que Jesus havia falado a eles: “Esta enfermidade não é para a morte e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado”. Não entendemos esta palavra enigmática e muito menos porque Jesus demorou tanto para chegar à nossa casa. Quando finalmente chegou, meu coração ficou entre esperança e dúvida. De repente me deu um toque no coração e iluminou a mente. Tive certeza que este era o Filho de Deus. Fui iluminada. Pude crer. Todos nós, as irmãs, os vizinhos fomos ao túmulo. Voltamos a chorar. E Jesus também chorou! Apesar da minha fé, fiquei chocada quando Jesus pediu para remover a pedra. Afinal, aqui faz muito calor e um morto depois de quatro dias já cheira mal. Mas Jesus clamou em voz alta. Primeiro invocou seu Pai. Depois chamou Lázaro, dizendo: “Lázaro, vem para fora!”. E nosso irmão saiu do túmulo. Alegria e mais alegria! A fé de muitos cresceu.
A nossa vida continuou... Uma vez Jesus me deu uma lição que me magoou muito. Sempre que ele se hospedava lá em casa eu tive que cuidar de tudo. Maria costumava sentar-se aos pés de Jesus, ouvindo os seus ensinamentos. Enquanto isso eu corria para lá e para cá, num agito só. Assumir todas as tarefas de casa e além disso tomar as providências para não faltar nada a um hóspede tão ilustre! Num dado momento, não pude me conter. Reclamei ao próprio Jesus para ele ordenar à Maria que me ajudasse. Ele respondeu: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só cousa; Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada”. Meu primeiro sentimento foi de raiva. Será, então, que tudo que faço para bem servir não vale nada? Todo esse agito em minha vida? Tive que repensar minhas atitudes e ações. Hoje, dedico também tempo para a minha paz interior. Aprendi com o nosso grande mestre que precisamos de tempo para ouvir (a palavra de Jesus). Assim vai tornar-se melhor o nosso agir. Este descanso é tanto mais necessário diante dos pesos e pesares que carregamos. Hoje estou feliz que Jesus colocou o seu dedo naquilo que me faltava realmente.
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A autora é professora aposentada e reside em Curitiba, PR
Urbanóides e a tecnologia Aga Pomarius
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ente, como tem botão! Foi complicado aprender a datilografar. Só ganhei a máquina, o resto foi por minha conta. Curso de datilografia, nem pensar. Para valorizar os datilógrafos, considero-me um dos que “bate máquina”. Iludem-se os que riem. De batida em batida, consegui fazer todos os meus trabalhos, usando tão somente quatro dedos. Veio a máquina de escrever elétrica. Uma dedilhada desajeitada na tecla e... nnnnnnnnnnnnn! Porém, vem o tempo em que se tem domínio sobre a máquina de escrever elétrica. Até ouso dizer que sou “senhor da máquina”, pois por muito tempo ela mandava em mim. Enfim, nesta fase de domínio, o patrão resolve ingressar na era da informática. Por favor, aprender de novo? O aprendizado não irrita, mas a escravidão de outra máquina. Feitos os meses básicos de treinamento, aqueles em que se descobre que ligar a CPU não causa explosões, passase a partilhar das conversas entre amigos, disfarçadamente, pois a gente já digita. Usa os mesmos dedos (quatro), mas datilografar é coisa do passado. Ainda bem que não conhecem os textos digitados! Involuntariamente, confunde-se as teclas “Shift” e “Control”. Saiu negrito por quê? Mas que cousa! Ah! Aí lembramos que aqueles quadrados, chamados “ícones”, têm utilidade. Tenho um amigo que é o maior gênio que conheço em termos de teclas de atalho. É fenomenal. Consegue, com pou-
cos movimentos, abrir novos documentos e perder os que estava usando. Não bastasse isso, ainda deve-se lidar também com fax, central telefônica, vídeo da CPU (onde tem uma inscrição “push”, que se puxa e só mais tarde se descobre que deve ser pressionada) e fotocopiadora nova. Gente, como tem botão! Na sextafeira, quando se habituou a lidar com teclas e estas dão comandos iguais aos desejados, avisam que devemos nos apressar, pois só temos mais uma hora de trabalho e ainda há um documento a ser produzido. Pior: tem texto e imagem. E vão avisando, desconsiderando o megaesforço do digitador: “quero isto co-lo-ri-do”. Depois de cinco dias acionando botões, vem a etapa final: impressão colorida. Já observaram que as CPU’s também cansam na sexta-feira? Também máquinas têm limites, ou melhor: o cartucho de tinta colorida. Pedi socorro ao colega da sala ao lado que, identificando a carência, disse: “Vamos imprimir na minha impressora! Não, espere. Vou trazer a impressora para cá.” Quando adentra em minha sala, carregando “sua” impressora, olho e pergunto: “Escuta... será que não é mais fácil a gente só pegar o cartucho de tinta e colocar nesta impressora?” Segunda-feira começa tudo de novo.
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Viver o presente Friedrich Gierus
Q
uando nos encontramos com alguém ou falamos com outra pessoa ao telefone, perguntamos: “Como vai?” - “Tudo bem, e você?” - “Tudo bem!”. Somente então é falado sobre o assunto que se queria. É interessante observar o que acontece quando alguém não diz “Tudo bem”, mas “Hoje eu não estou muito bem!”. Isso costuma surpreender de tal maneira, que o interlocutor engole em seco antes de tentar dar uma resposta (caso ele realmente perceba que toda a situação não era usual). Pode acontecer então que, no final de um telefonema desses, nos despedimos do interlocutor com um “outro”, quando ele sequer mencionou “um abraço”. Assim, nos antecipamos aos aconte-
cimentos e nossos relacionamentos se tornam cada vez mais superficiais. Trabalhar, comer, dormir tornam-se hábitos que se sucedem automaticamente, sem que os experimentemos de maneira consciente, o que é típico para nossa época estressada. Correria do dia-a-dia Perguntou-se a um sábio, como consegue ser sempre equilibrado e jamais perder a calma. “Quando estou deitado, estou deitado. Quando estou sentado, estou sentado. Quando estou andando, estou andando”, ele respondeu. “Isso todos nós fazemos!”, reagiu o outro. “Justamente não”, contrapôs o sábio. “Pois, quando vocês estão deitados, já estão senta
Gemeindebrief
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dos. Quando estão sentados, já estão andando e quando estão andando, já chegaram ao destino”. Não sei se contei esta história do sábio corretamente. Mas, é assim que ela se fixou em minha memória, porque eu me flagro sempre de novo dando o passo seguinte sem ter dado o primeiro. Na correria do nosso dia-a-dia, mal temos tempo para ouvir aquilo que nos é dito exatamente neste momento. Não vemos a flor à beira do caminho. Não lembramos o que comemos no almoço. Não ouvimos a conversa das crianças quando voltam da escola, nem percebemos as preocupações do cônjuge e assim por diante. Não se preocupem com o amanhã A preocupação em vista do passo seguinte, o planejamento antecipado, nos traz o perigo de esquecer o presente. Isto
não é bom para nossa saúde. Isto pode comprometer nossos relacionamentos interpessoais. Isto nos transforma em pessoas superficiais, pois achamos ter tudo sob controle, mesmo quando nos perdemos com relação ao essencial. Jesus formulou uma palavra, que é muito conhecida: Não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades (Mt 6.34). Trazer esta palavra à lembrança de forma renovada nos ajuda a enfrentar o estresse do dia-a-dia com serenidade, bem como a viver o presente de forma mais consciente. O autor é pastor da IECLB e diretor do Centro de Literatura Evangelística, em Blumenau,SC
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ão quatro os homens: aquele que não sabe e não sabe que não sabe: é um tolo. Evite-o. Aquele que não sabe e sabe que não sabe: é um simples. Ensine-o. Aquele que sabe e não sabe que sabe: está dormindo. Acorde-o. E aquele que sabe, e sabe que sabe: é um sábio. Siga-o. • Provérbio árabe •
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Palavras cruzadas – SOLUÇÃO
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Índice Apresentação – O Anuário Evangélico tem continuidade! ............................. 5 Calendário 2004, 2006 .......................................................................... 6 Calendário 2005 .................................................................................... 7 Calendário / Agenda Janeiro a Dezembro 2005 ................................... 8 - 31 Deus, em tua graça, transforma o mundo ................................................ 32 Temas da IECLB ................................................................................... 34 A Lição do fogo .................................................................................... 35 A palmeira, símbolo de vitória e de paz ................................................... 37 A Política Educacional da IECLB ............................................................ 38 Acabaram os fósforos e o querosene ....................................................... 40 Amigos para Sempre ............................................................................. 42 Bom apetite! ........................................................................................ 44 Cientistas procuram relações entre fé e cura ............................................ 46 Como ler a Bíblia: indicações práticas ..................................................... 47 Convivendo com o luto .......................................................................... 49 Cosmogênese e Deus ............................................................................ 50 Crianças invisíveis ................................................................................ 51 Cristãos com 30 a 49 anos são maioria .................................................. 53 Cultura de boas mensagens na Internet ................................................... 54 Datas comemorativas ............................................................................ 57 Desafios matemáticos ........................................................................... 60 Devemos batizar crianças ou adultos? ..................................................... 61 Quem é visto é lembrado ....................................................................... 62 Dia Mundial da Água – 22 de março ...................................................... 63 Humor ................................................................................................ 64 Dinheiro na igreja – entre a esmola e o sacrifício – ................................... 65 Elizabeth Segseg vai à escola ................................................................. 68 Ensino religioso escolar ......................................................................... 70 Férias frustrantes .................................................................................. 72 Flagrantes da Vida ................................................................................ 74 Kiko e suas dúvidas .............................................................................. 76 Ler é como comer ................................................................................. 78 Livro: O Canto do Sabiá ......................................................................... 79 O fantasma do Landenbach ................................................................... 80 Sabedoria ............................................................................................ 82 O fascínio das estrelas ........................................................................... 83 Livro: O Glorioso Acidente ..................................................................... 84 O Idoso na Comunidade ........................................................................ 85
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O processo urbanizatório e a missão ....................................................... 87 O que fazer com esse tal de Ecumenismo? .............................................. 89 OASE – A serviço da vida ...................................................................... 91 Ovo de Páscoa! .................................................................................... 92 Humor ................................................................................................ 93 Palavras cruzadas ................................................................................. 94 Para sempre no coração ........................................................................ 97 Livro: Por que ser cristão? ...................................................................... 99 Sabedoria .......................................................................................... 100 Qual a cor dos olhos? .......................................................................... 101 Quando os pequenos ensinam o que esquecemos .................................. 102 Dia de São Nicolau ............................................................................. 103 Rigoberta Menchú .............................................................................. 104 Se o mundo fosse uma aldeia .............................................................. 106 Sem-terra e Sem-teto .......................................................................... 107 Ser presbítero/a hoje ........................................................................... 109 Síndrome de Burnout .......................................................................... 111 Um dia para orar pelas crianças e adolescentes em situação de risco ....... 113 Um Salmo nos Andes - no Caminho dos Incas - ..................................... 114 Uma mulher de nome Marta ................................................................ 117 Urbanóides e a tecnologia ................................................................... 119 Viver o presente .................................................................................. 120 Palavras cruzadas – SOLUÇÃO ............................................................. 122
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Anotações
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Anotações
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Anotações
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Princípios de ação de base No contexto dos novos tempos e seus desafios, a 8ª Assembléia da PPL (Palmitos, SC em novembro de 2003) estabeleceu os princípios de ação para o trabalho da PPL:
Trabalho de base Confessionalidade luterana Convivência ecumênica Compromisso social Formação de lideranças leigas Espiritualidade de libertação Questões de gênero com ações de base
www.pastoral.org.br. E-mail: ppl@pastoral.org.br Caixa Postal 1025 CEP: 89.520.000 Curitibanos – SC Telefax: 049 245 1721 (13:30 às 17:30 h) IECLB
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
O coração da PPL pulsa nas regionais, no seio das comunidades, nas bases.
A Comunhão Martim Lutero é uma entidade que trabalha em função da IECLB. Ela tem por objetivo colocar todo o seu potencial à disposição para fortalecer a Igreja de Jesus Cristo, do jeito como ela se manifesta na IECLB, de modo especial na sua confessionalidade luterana. A Comunhão Martim Lutero tem por objetivo fomentar o testemunho e a comunhão. Para tal, promove retiros de reflexão e encontros de treinamento a fim de estimular a comunhão e capacitar para a ação missionária e diaconal. A CML mantém:
0 Livraria Martin Luther: A LML é distribuidora da Editora Sinodal e da Editora Otto Kuhr. O seu objetivo é a missão através da palavra escrita e a venda de livros e materiais para trabalho nas comunidades da IECLB.
0 Gráfica e Editora Otto Kuhr: A GEOK produz impressos tais como folhetos e livros, usados na divulgação da palavra de Deus no âmbito da IECLB e fora dos seus limites.
0 Obra Acordai: O Núcleo Obra Acordai é composto de coros de trom-
bones localizados na maioria dos Sínodos da IECLB. O objetivo do Núcleo é participar da missão da IECLB através de suas atividades musicais em cultos e demais eventos festivos.
0 CERI: O Centro de Educação e Recreação Infantil é um projeto social
em implantação, localizado em Blumenau/SC, que visa atender crianças de 6 a 10 anos, no período complementar ao horário escolar.
0 Convênio com a Unimed: Este convênio é um plano de saúde coletivo, sob a responsabilidade da CML, aberto a todas as pessoas ligadas à IECLB que queiram filiar-se ao plano.
0 Missão de Folhetos: A CML, em parceria com a IECLB, dá suporte à
Conservemos firmes a nossa confissão! –
Hebreus 4.14
9 788587 524195
COMUNHÃO MARTIM LUTERO Caixa Postal 6390 - Cep 89068-970 Blumenau.SC Tel/fax: (47) 337-1110 – E-mail: cml@centrodeliteratura-ieclb.com.br
ISBN 85-87524-19-4
missão de folhetos, através da publicação e distribuição dos mesmos e de outros materiais que visam a divulgação da palavra de Deus. – Junte-se a nós nesta missão. Informe-se no endereço abaixo –