Anuário Evangélico. Ano 36. 2007

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Anuário Evangélico

2007


tecidos

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Anuário Evangélico 2007 Publicado sob a direção de Meinrad Piske


© 2006 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br

Conselho editorial: P. Heinz Ehlert e esposa Elfriede, P. Meinrad Piske (Diretor), P. Nelso Weingärtner, Pa. Elaine B. Fucks, Armando Maurmann e esposa Vânia, P. Dr. Osmar Zizemer, Prof. Dr. Nelson Hein, Profa. Anamaria Kovács, P. Friedrich Gierus Correspondência e artigos: P. Friedrich Gierus Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: f.gierus@terra.com.br

Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Impressão: Nova Letra Gráfica e Editora

ISBN 10: 978-85-87524-47-X ISBN 13: 978-85-87524-47-8 Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.


Passado – Presente – Futuro

Pela trigésima sexta vez estamos editando o Anuário Evangélico. Assim como na primeira edição, nós continuamos, também agora, trazendo artigos e informações que refletem diversos temas e vivências da igreja nos nossos dias. Não pretendemos inovar e não pretendemos dar saltos no tempo e no espaço. Apenas pretendemos dar continuidade aos "calendários" de tempos idos, do nosso passado. Lembramos diversos calendários ou almanaques como eram chamados, como por exemplo o "Jahrweiser", o "Serra-Post Kalender", o "Wille Kalender, o "Familienkalender", o "Lar Cristão" e tantos outros que foram editados e eram lidos por muitas pessoas. O Conselho de Redação procurou abordar assuntos de interesse de nossos leitores. São assuntos de nossa história e de nossa atualidade, que formam um pequeno espelho do momento que estamos vivendo agora. O Anuário pretende registrar fatos e refletir sobre situações que foram vividas e formam o nosso passado ou que estão acontecendo agora. Nos damos conta de como é fraca a nossa memória. Há 10 anos, quando foi aprovada a nova estrutura da nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a realidade política, econômica e social era uma, hoje já é outra. Mas não vamos entender o nosso presente e planejar adequadamente nosso futuro se desconhecemos o passado, e o passado da igreja deve ser buscado em todo o seu contexto cultural e social em que determinadas decisões foram tomadas. Saber entender o tempo em que estamos vivendo, olhando para o passado e vislumbrando o futuro, para isto pretende contribuir o Anuário Evangélico. P. em. Meinrad Piske

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Datas Festivas do Calendário Eclesiástico

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Janeiro 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter 31 Qua

Gn 17.1-8 Js 24.1-28 Êx 2.1-10 Gn 21.1-7 Gn 9.12-17 Is 60.1-6 Is 42.1-7

ANO NOVO – Dia Mundial da Paz

Epifania 1º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Romanos 8.14 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil

At 10.37-48 Js 3.9-17 Cl 2.1-7 Mc 10.13-16 Lc 12.49-53 Mt 6.6-13 1635 – I Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 Is 62.1-5 2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1.17 1875 – I Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 Dt 4.5-13 Mc 2.23-28 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, em Hamburgo Velho, RS Lc 16.14-18 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3) At 15.22-31 Jo 7.1-13 Dt 33.1-16 1866 – I Euclides da Cunha, escritor brasileiro (assassinado 15/08/1909) Is 61.1-6 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no reino de Deus. Lucas 13.29 1800 – I Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas Is 19.19-25 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português 1 Rs 17.8-16 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE Rt 1.1-21 At 13.42-52 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo Lc 4.22-30 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses Ap 15.1-4 Jr 1.4-10 4º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. Hebreus 3.15 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas 2 Co 3.9-18 1499 – I Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) Jo 1.43-51 1990 – 8ª Assembléia Geral da FLM, em Curitiba, PR Jo 3.31-36 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco

Fases da Lua:

= Crescente

= Cheia

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= Minguante

= Nova


Lema do mês

Tu és o Deus que vê. Gênesis 16.13

A afirmação, repetida com freqüência, de que Deus tudo vê e perscruta (Sl 7.9; Ap 2.23), causa mal estar em muitas pessoas. Quantos foram aqueles/as que cresceram ouvindo os adultos dizerem: “Cuidado, Deus está vendo!” Não raro, uma forma de chantagem de mães e pais que não conseguiam se impor diante de seus filhos pequenos ou adolescentes. Isto é trágico! O “infrator” sabe que pode enganar o pai e a mãe, mas não a Deus. A conseqüência é o medo, a desconfiança e a fuga. Deus passou a ser visto como olho biônico, estraga prazeres e conhecedor do proibido. Como fugir, se Ele está em todo lugar (Sl 139.18)? Tal qual Adão e Eva (que representam a todos nós), em Gn 3.8-13 se escondem em vão, pois Deus os acha de qualquer maneira e os “desnuda”?! É verdade que Deus tudo vê, pois, senão não seria Deus. Também é verdade que ele não concorda com o pecado, a injustiça e a maldade. Mas, não é delegado de polícia, promotor ou juiz, que está pronto para prender, acusar e condenar. Ainda que nos acusem nossos atos e pensamentos; Ele é antes de tudo Deus de amor que tem prazer em perdoar. Precisamos ter medo de Deus? O texto em questão (Gn 16.13) nos mostra que não! Agar era escrava de Abrão e Sarai. E, como mandava o costume da época, por Sara não poder ter filhos, engravidou de Abrão. Agar passou a ser desprezada pela sua dona e teve que fugir da "casa" (tenda). No deserto teve um encontro com Deus através de um anjo. Não foi experiência de medo.

Tanto que o chamou de “O Deus que Vê!” O encontro desta mulher oprimida com Deus foi restaurador e afastou o medo. Experimentou um Deus ao lado! Pouco depois, em Ex 3.7, também se fala de Deus como aquele que vê o sofrimento dos mais humildes. E, ao contrário do que ficou gravado com as ameaças, Deus é aquele que acolhe, sustém, encoraja e salva. Há muitas outras situações na Bíblia que o atestam claramente. Mas, sobretudo no NT, se nos mostra com maravilhosa clareza que a presença de Deus, começa com as palavras: “Não tenha medo” (Lc 1.30; 2.10). Usar a presença de Deus para assustar e controlar filhos e para amedrontar e manipular congregações é muito comum, mas de certa forma inaceitável. Deus merece respeito e honra, mas o que ele realmente deseja é que O amemos e confiemos nEle. Ou teriam outro significado as palavras DEUS É AMOR? Ao “olharmos” para o Cristo de braços abertos acolhendo a todos (especialmente os excluídos) e “ouvindo-o” contar as parábolas da Ovelha e do Filho Perdido (Lc 15), percebemos como Deus age e sentimos o que a escrava Agar expressou em linguagem simples e profunda: “Tu és o Deus que vê!” E, tendo visto, foi conselheiro e amparo na hora difícil. Necessitam ter medo de Deus somente aqueles que desprezam o seu maravilhoso amor e sua redentora presença. Deus não olha e nem julga como os seres humanos olham e julgam. Graças a Deus! P. Rosemar Ahlert Paróquia Picada 48, RS

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Fevereiro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua

Ap 1.(1-2)3-8 Jo 8.12-20 Apresentação de Nosso Senhor Nm 6.22-2 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil Is 6.1-8 5º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde O Senhor manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus. 1 Coríntios 4.5b Lc 19.1-10 Hb 12.12-17 Mt 10.40-42 1 Co 3.1-8 Jo 2.13-22 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara 1 Co 1.26-31 Jr 17.5-8 6º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Daniel 9.18 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) Dt 32.44-47 Êx 7.1-13 Mc 6.1-6 Lc 6.43-49 Dia Mundial contra a Lepra Jo 12.34-42 1497 – I Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) Mt 13.31-35 Dt 34.1-12 ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. Isaías 60.2 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (✩ 10/11/1483) Lc 13.31-35 Lc 5.33-39 Mt 6.16-21 Cinzas Zc 7.2-13 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES Jo 8.21-30 Dn 5.1-7,17-31 Dt 26.4-10 1º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 1 João 3.8 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latinoamericano († 17/08/1850) 1 Jo 3.7-11(12) Jó 1.1-22 1 Co 10.9-13 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos

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Lema do mês

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5.1

A paz é algo essencial para a felicidade. Por isso Jesus ensinou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14.27). Ele veio ofertar Sua paz, que tira do nosso coração o medo e nos capacita a acreditar n'Ele, nas outras pessoas e, também, nos planos de Deus. Estamos iniciando mais um ano. Alguns já terminaram as suas merecidas férias; outros vão iniciá-las. O certo é que as coisas só começam a funcionar direitinho depois do Carnaval, com o reinício das aulas e o corre-corre natural da vida. E aí as notícias da televisão e dos jornais nos fazem voltar à rotineira falta de paz, e dos compromissos urgentes que já nos acostumamos a conviver... Amados em Cristo, a fé cristã nos transforma! É por isso que passamos a viver em estado de paz, de tranqüilidade e conforto... A fé em nosso amoroso Deus nos mostra coisas novas e maravilhosas. E uma delas, sem dúvida, é a paz de Cristo, que vem como presente imerecido de Deus a todas as pessoas. O medo perde o seu sentido quando a gente se depara com o amor de Deus, provado através do presente da salvação, nos ofertado através de Jesus, que morreu por nós na cruz do Calvário e nos libertou do poder das trevas e de Satanás. Pois passamos a contar com a proteção daquele que ressuscitou a Jesus no terceiro dia e nos

ressuscitará no último dia. Somos perdoados por Deus, que promete estar conosco, como um castelo forte, refúgio bem presente em momentos de angústia e dificuldades, a cada dia, renovando suas misericórdias, enchendo o nosso coração de fé, amor e esperança. Assim, o apóstolo Paulo, escreve em sua carta aos romanos, afirmando que a fé em Cristo é a nossa força, consolo e paz. É obra de Deus, misericordioso, justo e poderoso juiz, que julgará as pessoas pelas suas palavras, ações, pensamentos e omissões. Mas, para aqueles que foram justificados em Cristo, estão limpos do pecado e cheios do seu espírito e amor, e que viveram a cada dia em amor a Deus e no trabalho da Sua obra, está reservada vida eterna. Eles, que foram testemunhas do seu amor, alimentando-se da sua palavra e espírito, transbordantes de amor e de paz, viverão para sempre com o Senhor! Quem crê em Cristo como Salvador e o tem como Senhor de sua vida, vive na sua graça, ama o seu semelhante, confia no seu Deus. Por isso, vive em paz, não mais em medo ou atrás de futilidades. Sabe que Deus o guarda diariamente e irá cumprir seus planos de amor em sua vida. Por isso, amado irmão, confie em Deus, alimente-se da sua palavra diariamente, ore constantemente e veja a paz de Cristo crescer em sua vida e na sua família. Esta é a receita da felicidade permanente e da vida eterna. Amém. P. Ernani Marino Petry Tubarão, SC

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Março 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb

Tg 4.1-10 Hb 2.11-18 Ap 20.1-6 Jr 26.1-15

Dia Mundial de Oração – DMO 2º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5.8

Jr 26.16-24 Jó 2.1-10 Êx 17.1-7 1 Jo 1.8-2.2-6 Lc 9.43b-48 Gl 2.16-21 1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4) Êx 3.1-8a, 3º DOMINGO DA QUARESMA Violeta 13-15 Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus. Lucas 9.62 Lc 14.25-35 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) Jó 7.11-21 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil Mc 9.38-47 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES Mc 8.10-21 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS Mt 10.34-39 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS Lc 17.28-33 Is 12.1-6 4º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Jo 12.24 Dt 8.1-10 Dia da Escola Jó 9.14-23,32-35 Jo 15.9-17 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara 2 Co 4.11-18 Jo 10.17-26 Jo 14.15-21 Is 43.16-21 5º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Mateus 20.28 ANUNCIAÇÃO DE NOSSO SENHOR 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I Mt 26.1-16 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS Jó 19.21-27 Hb 9.11-15 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) 1 Co 2.1-5 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega Hb 10.1-11.18 Ap 14.1-5 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha

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Lema do mês

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. Romanos 8.18

Compromisso com a Geração Futura O que ouvimos e aprendemos, o que os pais nos contaram, não o ocultaremos aos filhos, mas o transmitiremos à geração seguinte: os feitos gloriosos do Senhor, seu poder e as maravilhas que operou. Salmo 78.1-4 Tudo aquilo que ouvimos do Senhor, E o que aprendemos pelos pais amigos, Relatos dos fatos mais antigos Revelados pelo Eterno Criador, Entendemos ser tão grande o seu valor, Que não podemos levar para os jazigos, Nem deixar guardados em abrigos, Os grandiosos feitos do Senhor, Mas tudo aquilo que temos na memória, Que aprendemos com estória e com a história, Especialmente com a Revelação, Guardaremos, ó Deus, para a tua glória! E para nós será a maior vitória Transmitir para a próxima geração. O salmo 78, conforme comentário na Bíblia da Editora Vozes é um “Salmo sapiencial do tipo histórico-didático”. O seu autor tem em mente o compromisso de

guardar com fidelidade os ensinamentos de Deus e a confiança profunda em sua misericórdia. Tinha ainda o autor a consciência das contradições do ser humano e da possibilidade de tornar-se infiel. O Ser Humano está propenso a sepultar no esquecimento os fatos e atos do Deus criador, conservador e redentor de todas as coisas. Pode, inclusive, esquecer a sua misericórdia perene. Este texto ensina que devemos ter o cuidado de transmitir, amorosa e didaticamente, às gerações vindouras todas as experiências vividas na comunhão com o nosso Deus. Esta é uma tarefa basilar de todos os cristãos. O Apóstolo Paulo, instruindo a comunidade da fé sobre a Santa Ceia diz: “eu recebi do Senhor o que também vos entreguei...” Isto significa que só podemos ensinar e entregar o que recebemos de Deus. Nós, os cristãos evangélicos luteranos no Brasil, devemos ter o cuidado especial de transmitir para as gerações vindouras tudo o que aprendemos e recebemos das dadivosas mãos divinas. Não devemos nunca ser negligentes quanto ao compromisso que temos em transmitir às crianças, aos adolescentes e aos jovens tudo o que Deus fez por nós. P. Mozart Noronha Rio de Janeiro, RJ

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Abril 1 Dom

Dt 32.36-39

2 Seg 3 Ter 4 Qua

Rm 5.6-11 Jó 38.1-11;42.1-6 Is 26.20-21 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929) Jr 31.31-34 QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO – QUINTA-FEIRA SANTA Os 6.1-6 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO – SEXTA-FEIRA SANTA Os 5.15-6.3 VIGÍLIA PASCAL 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil Lc 24.1-11 DOMINGO DA PÁSCOA Branco Eu sou aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno. Apocalipse 1.18 Lc 24.13-49 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) 1 Co 15.20-28 1 Co 15.35-49 1 Co 15.50-57 1 Co 5.6b-8 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685) 2 Tm 2.8-13 At 5.12, 2º DOMINGO DA PÁSCOA Branco 17-32 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. 1 Pedro 1.3 Is 42.10-16 Jó 42.7-17 1 Pe 1.22-25 Jo 17.9-19 Dia dos Povos Indígenas Lc 23.50-56 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Jo 12.44-50 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil At 9.1-20 3º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Cristo diz: Eu sou o bom pastor. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna. João 10.11,27-28 1500 – Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Nm 27.12-23 Dia Mundial do Livro 1 Co 4.9-16 Jo 17.20-26 Ef 4.8-16 1500 – Primeira missa no Brasil Mt 26.30-35 Jo 14.1-6 At 13.15-16, 4º DOMINGO DA PÁSCOA Branco 26-33 Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 2 Coríntios 5.17 Rm 1.18-25

5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom

9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg

DOMINGO DA PAIXÃO – DOMINGO DE RAMOS Violeta Importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. João 3.14,15 1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO

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Lema do mês

Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Romanos 14.8

Estas palavras do Apóstolo Paulo estão carregadas de significado. Elas sugerem uma maneira de dar sentido à vida que recebemos como presente precioso de Deus. O contexto onde este versículo está inserido motiva a não julgar as outras pessoas pelo seu modo de viver, sua cultura, seus costumes, seus hábitos. Estas são expressões menores daquilo que está no nosso coração. Porém, o que dá sentido, aquilo que nos move, nos compromete, nos envolve, é o viver para Cristo, para o Senhor, como resposta de gratidão. Poderíamos sugerir aqui uma outra formulação ao texto. Resumidamente ele propõe que: Nós morremos por aquilo que vivemos. Isto quer dizer: Nosso viver é em muito, expressão daquilo que esperamos, do que cremos, não somente para este tempo, mas também para a eternidade. Por aquilo que tu vives é também por aquilo que tu morres. Este é o recado, a mensagem que passamos para as outras pessoas como testemunho da razão da nossa existência. Paulo aponta para o Senhor como o centro da vida e da morte. E quando isto é verdadeiro em nós, àquilo para o que o nosso coração se inclina, então todas as outras coisas se tornam menores, relativas, frágeis,

limitadas e passageiras. Aqui cabe lembrar as perseguições, as privações e as múltiplas formas de segregação por que passaram os primeiros cristãos, na consolidação e vivência da Boa Notícia do Evangelho em comunidade. Por isso Paulo pode afirmar convicto: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. É necessário então podermos responder para nós mesmos: Para que eu vivo? Para que eu estou morrendo? Somos batizados na vida e na morte de Cristo Jesus. De onde viemos e para onde iremos pertence ao Senhor que morreu e ressuscitou por nós. E este tempo de nossas vidas serve para experimentar, no exemplo da partilha do pão, já agora, os sinais daquilo que esperamos plenamente, pela graça de Deus, no Seu Reino. O tempo em que vivemos e a realidade que nos cerca estão aí como a oportunidade de darmos razão da nossa fé. O Espírito Santo nos chama, nos capacita e nos anima a servirmos a Deus com convicção e alegria. Isto é de fato o que importa, o que é relevante e decisivo, quando guiados e chamados de filhos e filhas de Deus. Que o bondoso Deus nos fortaleça na fé, na esperança e no amor, para que em Cristo vivamos e em Cristo morramos. P. Vilmar Abentroth Horizontina, RS

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Maio 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua 31 Qui

2 Co 5.11-18 Dia do Trabalho Jo 8.31-36 Rm 8.7-11 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ Jo 19.1-7 Ap 22.1-5 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958) At 13.44-52 5º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas. Salmo 98.1 Tg 1.17-27 Lc 19.36-40 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Rm 15.14-21 1 Co 14.6-19 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) Lc 22.39-46 Jo 6.60-69 At 14.8-18 6º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça. Salmo 66.20 1888 – Abolição da escravatura no Brasil Dia das Mães 1 Rs 3.5-15 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS Êx 17.8-13 Lc 11.1-4 Lc 24.44-53 ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS Jo 18.33-38 Ef 6.18-24 At 16.6-10 7º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12.32 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS Êx 11.14-20 Lc 21.12-19 Lc 12.8-12 At 1.12-26 Jo 19.25-27 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) Zc 4.1-14 At 2.1-21 DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Zacarias 4.6 1 Co 12.4-11 Segunda-feira de Pentecostes At 4.23-31 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III At 8.9-25 1909 – ✩ Dr. Ernesto Th. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/10/1969) At 11.1-18

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Lema do mês

Toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2.11

Mês de maio. Mês do veranico no sul. Mês de muita "quentura", de vivência da ternura e do carinho, de muita reflexão e sonho de um mundo melhor, justo e bom de viver, que nem colo de mãe e pai. Maio lembra o dia da trabalhadora e do trabalhador. Maio traz o dia das mães. Muito presente ainda está a Páscoa recém festejada. Para dentro deste contexto de nossas vivências o lema deste mês diz: e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Quando olhamos de perto o mundo das pessoas trabalhadoras, e são tantas, a grande maioria do nosso povo, quem afinal é Senhor? Quem dita as regras? Quem é Senhor depois de um mês de árduo trabalho, e o salário, já minguado, não vem? Contas de luz, de água, aluguel, e mercado vencidas! Insegurança. Amargura. Gosto amargo do paraíso estragado pelo pecado humano! Ganância, egoísmo, prepotência balizam a vida. E ali está a mãe, tantas vezes chefe de família, sozinha na sua angústia! Quem é o senhor? O Senhor é Jesus Cristo! Paulo o diz com tanta certeza e fé. Essa é a possibilidade que temos! O Senhor ensinou, ensaiou e desafiou a humanidade a construir um mundo diferente, com seus relacionamentos baseados na busca incessante da dignidade, do direito, da partilha, da solidariedade, do direito e cuidado pela vida, e vida em abundância, para toda a criação. Certa vez participei de uma cena que me

intrigou muito. Sentados no banco da rodoviária um agricultor e uma mulher, com sua filha portadora de grave deficiência, conversavam. O agricultor se queixava muito, estava arrasado. Perdeu a safra para a seca. Só pode ser castigo, dizia ele. Como vou pagar a faculdade da minha filha? E não é só a faculdade, precisa manter o aluguel do apartamento, os livros, as roupas. E a mãe mudando de braço sua filha. Pois é, tudo é difícil. Eu até tive sorte hoje, consegui agendar um dos exames da Luísa e só precisei comprar dois dos seus remédios, o restante consegui na farmácia da prefeitura. Amanhã já posso voltar para fazer o exame dela. Chega o ônibus. Filha no braço, mais duas sacolas e lá se foi ela na viagem para casa. Fiquei pensando: o quê faz esta mulher ter toda essa força, coragem e abnegação? Talvez dos lábios daquela mulher, mãe de Luísa, não saia nenhuma profunda confissão como a de Paulo. Mas o que sustenta essa mãe, com certeza, é a experiência carnal do amor de Jesus tão generoso e solidário na vida de quem se doa, de quem ajunta, de quem une, de quem se doa. .. "e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.11). Onde Jesus é Senhor ali o mundo tem possibilidade de ensaiar a verdadeira fraternidade. Gosto bom de Páscoa, de dia das mães e de trabalho realizado que sustenta a vida, dom de Deus. Pa. Dulce Engster Panambi, RS

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Junho 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom

25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb

At 11.19-26 At 18.1-11 Pv 8.22-31

1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – TRINDADE Branco Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. Isaías 6.3

Jr 10.6-12 Is 43.8-13 Dia Mundial do Meio Ambiente At 17.(16)22-34 Ef 4.1-7 Lc 23.44-49 Jo 14.7-14 1 Rs 8.41-43 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus Cristo diz: Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita. Lucas 10.16 1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese Lc 10.1-16 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil Jr 36.1-31 1 Ts 2.1-12 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora Jo 21.15-19 1910 – Conferência Missionáia Mundial em Edimburgo, na Escócia Lc 22.24-30 Fp 1.12-18a 1 Rs 17.17-24 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus 11.28 1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) Pv 9.1-10 Êx 2.11-25 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) 1 Sm 1.1-11 Mt 15.29-39 Lc 23.39-43 Jr 31.(7)8-14 Lc 12.13-21 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido. Lucas 19.10 Dia de São João Batista (João 3.30) Ação de Graças pela Colheita (Salmo 145.15) 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) Lc 5.27-32 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB Êx 32.30-33.1 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA Jo 5.1-16 Mt 18.15-20 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro Mt 27.3-10 Rm 8.1-6 1947 – Assembléia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia

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Lema do mês

Grandes são as obras do Senhor, consideradas por todos os que nelas se comprazem. Salmo 111.2

Ao sair da igreja, onde havia estado com os confirmandos, percebi um grupo de jovens no pátio, aguardando o começo da sua aula na escola ao lado e tomando refrigerante. Alguns haviam jogado os copos plásticos, utilizados para ingerir a açucarada bebida, no pátio da igreja. Lentamente fui ajuntando aqueles copos amassados e me aproximando do grupo. Eles estranharam a minha atitude. Afinal, eu estava ajuntando o lixo que eles deveriam ter colocado no local apropriado. Ao chegar junto a eles, estabelecemos preciosa conversa sobre a importância da natureza o cuidado com o lixo. Atitudes como a desses alunos não são fatos isolados. De maneira freqüente, encontramos pessoas jogando no solo materiais que levam muitos anos para se decompor. Apesar das campanhas educativas, parece que nós, humanos, temos enormes dificuldades para aprender a cuidar do nosso planeta, como se a nossa sobrevivência não dependesse disso. O que faz com que destruímos o que deveríamos preservar? O comportamento humano é orientado por um processo educativo, que pode ser individualista, competitivo, de violência ou de consciência solidária, pensado na coletividade, de não agressão ao meio ambiente e de paz. Historicamente experimentamos uma educação baseada na repressão e na imposição dos limites pela força. Talvez por isso não assimilamos a necessidade de cui-

dar da vida e respeitar os limites com responsabilidade. Só o fazemos quando corremos o risco de sermos punidos. A natureza parece tão vasta. Não temos consciência que pequenos gestos, somados, podem causar grande prejuízo. Também a ciência atualmente nos alerta sobre a necessidade de uma educação de solidariedade planetária. As maravilhas, criadas por Deus, nos foram dadas pela graça e amor de Deus. Portanto, não somos os donos do mundo, a ponto de destruí-lo a nosso belprazer. Fomos colocados neste mundo para preservá-lo, também para as gerações futuras. Não temos o poder de recriá-lo, apenas transformá-lo. Deus nos colocou como co-responsáveis por tudo que Ele criou. Por isso, é urgente repensarmos nossa educação. E quando falo educação penso em todos os que, de algum modo, educam: a família, a escola, a igreja, o Estado, os meios de comunicação... Mas, o êxito dependerá de ações conjuntas, locais e globais. É hora de deixarmos o individualismo, pensando que cada qual pode resolver tudo sozinho. Nesse processo educativo, a palavra-chave deve ser a solidariedade, construída no respeito ao diferente, mas unida num propósito comum: a valorização da vida em seu todo. Se não o fizermos, as maravilhas criadas por Deus poderão perder seu brilho por causa do nosso individualismo agressivo e desrespeito ao ambiente de vida. P. Oscar Miguel Lehmann Lajeado, RS

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Julho 1 Dom

Zc 12.7-10

2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom

Lc 5.17-26 Ne 9.1-3,29-36 Mc 11.20-26 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) 1 Co 12.19-26 Lc 23.17-26 2 Co 13.10-13 1 Rs 19.14-21 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Efésios 2.8 Lc 6.12-19 Gn 35.1-5, 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo 9-15 calvinista do protestantismo († 27/05/1564) Êx 2.3-8a At 15.4-12 Lc 22.31-34 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil Fp 3.12-16 Is 66.10-14 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Isaías 43.1 Êx 14.15-22 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) At 2.32-40 At 16.23-34 Mt 18.1-6 Jo 19.31-37 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) Ap 3.1-6 Dt 30.9-14 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus. Efésios 2.19 2 Cr 30.13-22 Mt 22.1-14 Zc 8.9-17 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, RS Dia do Colono e do Motorista 1 Co 10.16-17 Lc 22.14-20 Ap 19.4-9 Gn 18.1-10a 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça e verdade. Efésios 5.8,9 Tg 2.14-26 2 Co 6.11-18

9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg 31 Ter

5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus 11.28 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS

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Lema do mês

Jesus Cristo diz: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mateus 5.16

Acredito que todos nós ainda lembramos de maio do ano passado, quando ocorreram várias rebeliões e ações criminosas simultâneas, comandadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital - São Paulo), nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, onde aconteceram mais de cem atentados a delegacias, postos policiais, corpo de bombeiros, incêndio de ônibus, resultando na morte de mais de cem pessoas. Em meio ao caos instaurado, nas ruas e penitenciárias, principalmente em São Paulo, com familiares e agentes penitenciários feitos reféns, morte de apenados pelos próprios apenados, alguns cartazes exibidos pelos detentos rebelados chamavam atenção. Num deles estava escrito: “PCC: Paz, Justiça e Liberdade”. Conforme nota do Jornal Correio do Povo, do RS, “O PCC lidera rebeliões nos presídios, promove destruição, mas defende paz e justiça”. No caso em evidência, podemos constatar que as ações dizem muito mais e, em alguns casos, dizem até o contrário do que as palavras intencionam. Aliás, no episódio há pouco referido, as palavras escritas e a ação estão em flagrante contradição. Trago à lembrança aqueles tristes e trágicos acontecimentos do ano passado, para nos darmos conta de o que nosso agir deve corresponder às nossas palavras, pois muitas vezes aquilo que fazemos, contradiz àquilo que dizemos e, sem dúvida, nossas ações falam mais do que nossas palavras.

Jesus, em seu ministério, havia advertido seus seguidores a fazerem a diferença em seu meio. No evangelho de Mateus, capítulo 5, 14-16, Ele diz que seus discípulos “são a luz do mundo”. Diz também que, “não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”. A partir desse exemplo, Ele adverte seus discípulos, dizendo: “Assim brilhe também a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16). No texto acima, Jesus orienta seus discípulos, para que suas ações de bondade, justiça, amor, tolerância, mansidão, paz e fé, sejam luz, sejam um referencial para as pessoas com quem eles convivem, para que dessa forma elas venham a glorificar, valorizar Deus em suas vidas. Caros amigos e amigas: Imagino que todos nós já passamos pela experiência de estar num lugar onde tenha faltado energia elétrica, à noite. Logo que falta energia, sentimos certa insegurança e até receio. Mas tão logo é acesa uma pequena chama de fósforo, nós conseguimos nos orientar melhor no espaço onde estamos. A chama, por menor que seja, quebra a escuridão, fica em evidência, e passa a ser um referencial para quem está no ambiente. Em meio a um mundo cheio de escuridão, por menor que seja a luz que venhamos a refletir, ela se fará notar. Por isso, faça você a sua parte. Brilhe a luz de Deus ao seu redor. Amém. P. Alex Lima Baumbach Carlos Barbosa, RS

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Agosto 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex

Tg 3.13-18 Lc 11.33-36 Jo 18.19-24 1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça Fp 2.12-18 Gn 18.20-32 10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Lucas 12.48 1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 12/02/1917) 1 Rs 3.16-28 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau Êx 3.16-21 Mt 19.4-15 Ef 5.15-20 Jo 19.9-16a Lc 12.42-48 Lc 12.13-21 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança. Salmo 33.12 Dia dos Pais Rm 11.1-12 Lc 21.5-6,20-24 Jo 4.19-26 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP Rm 11.13-24 Lc 23.27-31 Mt 11.20-24 Gn 15.1-6 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. 1 Pedro 5.5 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, na Suécia Êx 17.1-6,22-24 Mt 12.1-14 Mc 7.24-30 1948 – Assembléia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda 1 Pe 5.1-5 Lc 22.54-62 Is 26.1-6 Jr 23.23-29 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega. Isaías 42.3 Mt 9.27-34 Nm 12.1-15 Mt 17.14-21 Tg 5.13-16 Lc 23.6-12

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Lema do mês

Desde o nascer até o pôr-do-sol, louvado seja o nome do SENHOR! Salmo 113.3

Logo que ouvimos ou lemos as palavras do Salmo 113 versículo 3, pensamos no diaa-dia da vida. Lembramos que o dia inicia com o nascer do sol e termina quando o sol se põe. E neste tempo somos convidados a louvar o Senhor da Vida. Mas, também podemos pensar que essas palavras lembram o nascimento da vida e a sua morte. Penso que poderíamos olhar para as palavras deste Salmo das duas maneiras. Assim, certamente nos daremos conta que o convite para o louvor perpassa toda a nossa existência. O louvor é um desafio que vai desde o nosso nascimento, passa pelos dias de nossa vida, desde que acordamos até o momento de deitarmos para o descanso, chegando até o fim da nossa existência. Até aqui a reflexão é bonita e cativante. Basta lembrarmos que quando uma parte do mundo está repousando a outra está acordando. Nesta compreensão a humanidade toda estará constantemente louvando ao Senhor. A humanidade toda é convidada e desafiada a louvar a cada dia e por toda vida o Deus criador, redentor e salvador. Que lindo seria isso! Certamente teríamos um mundo completamente transformado. Estaríamos no Reino de Deus!

Mas, como louvar a Deus todo tempo? Como louvar a Deus nos momentos de dificuldades, de tristezas, de luto, de decepção, de medo, de insegurança? Como louvar a Deus o tempo todo num mundo cheio de injustiças, guerras, violência? Como ter forças e tempo de louvar a Deus neste mundo tão complicado de enfrentar e tão distante de Deus? Mesmo em meio a tantas perguntas angustiantes Deus quer ser nosso companheiro pela estrada da vida. Em Jesus, Deus nos mostra o seu amor e a sua presença constante. Ele promete estar conosco todos os dias da nossa vida e quer a cada dia transformar-nos pelo seu amor. Ele nos abraça, nos orienta e nos carrega. É a confiança em sua promessa que nos leva ao louvor mesmo em meio aos dias escuros e frios. Louvemos, pois, o Senhor da Vida todos os dias. Ele estará conosco todos os dias da nossa vida e nos acompanhará no dia que chegar o nosso derradeiro ocaso, nos conduzindo para o nascer de uma nova vida transformada pela ressurreição. Isto é uma atitude frente à vida e certamente esta atitude poderá transformar vidas. Por tudo isso, Deus seja louvado! Pa. Sonja Hendrich Jauregui Sapiranga, RS

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Setembro 1 Sáb 2 Dom

Is 57.15-19 Is 66.18-23

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

Mt 13.53-58 Am 5.4-15 Mt 14.13-21 At 4.32-37 Am 6.1-8 Jd 1,2,20-25 Zc 7.9b-10

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus Cristo diz: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Mateus 25.40 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil 1822 – Independência do Brasil Dia Mundial da Alfabetização 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Salmo 103.2 Dia da Imprensa

2 Tm 1.1-7 Jo 9.24-41 Fm 1-16-22 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC 1 Cr 29.9-18 Jo 13.31-35 Mt 17.14-21 Pv 9.7-13 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Lançai sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. 1 Pedro 5.7 Fp 4.8-14 1 Tm 6.3-11a At 27.33-44 Lc 10.38-42 Lc 22.35-38 Dia da Árvore Lc 6.20-26 Êx 32.7-14 17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A graça nos foi manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. 2 Timóteo 1.10 Rm 6.18-23 At 21.8-14 Mc 5.21-24,35-43 Fp 1.19-26 Dia do Ancião Jo 18.3-9 Ap 12.7-12 Dia de São Miguel e Todos os Anjos Am 8.4-7 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 1 João 5.4

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Lema do mês

Jesus Cristo diz: Pois que aproveitará o ser humano se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Mateus 16.26

Ganhar, perder... Estas palavras estão em nossas cabeças durante o dia todo e todo o dia. Vivemos em um mundo onde a competição tem sido colocada a nós desde a mais tenra idade. Entre irmãos a competição pela atenção dos pais, na escola é preciso ser o melhor da turma, jogar no time vencedor, ser o mais popular, no emprego não competimos no mercado de trabalho pelas vagas existentes, mas estando no emprego competimos pela promoção, pela colocação, pela melhor posição... Aprendemos, desde cedo que não devemos deixar por menos e que somente “o céu é o limite”. Nesta ânsia de conquistar o mundo vale tudo, afinal “o mundo é dos vivos” e “quem pode mais, chora menos”. Devemos ganhar a qualquer custo, não importa se precisamos trapacear, “o fim justifica os meios”. E assim transformamos nossas vidas em um corre-corre que leva à lugar nenhum, num stress sem tamanho e sem sentido. Ganhamos! O melhor lugar na turma, o jogo, o melhor emprego, o melhor salário, vivemos na melhor casa, temos o melhor carro e, o que nos parece mais importante, nós temos status. Que vitória! Será? O que nos parece uma grande vitória pode mascarar uma grande perda. Normalmente espiritualizamos as palavras de Jesus e quando ele fala em “perder a alma” colocamos isto num porvir, para depois da

morte. No entanto não é muito disto não. Jesus falava de coisas práticas, do dia-adia e assim também quer nos falar nos dias de hoje. Para tanto precisamos pensar muito sobre o que se considera ganho em nossa sociedade e o que é considerado perda nesta mesma sociedade. Será que é ganho, correr atrás da máquina e deixar a vida escorrer pelo meio dos dedos como areia seca? Será que acumular bens ao invés de amigos é ganho? Será que vale a pena buscar status a qualquer custo enquanto a família se esfacela? No que a sociedade considera perda está o verdadeiro ganho. “Perder tempo” com os filhos, acompanhar seus primeiros passos, sentar-se para fazer juntos a lição. Ser honesto, quando “o mundo é dos vivos”. “Perder tempo e dinheiro” ajudando na comunidade. Estender a mão e ajudar aqueles a quem a vida não tem sido muito justa... Perdas e ganhos. É tudo uma questão do que consideramos ganho e o que consideramos perda. Para Jesus o que a sociedade considera perda é ganho e o que a sociedade considera ganho é uma enorme perda. O que nos resta questionar é em que time nós queremos jogar e então vestir a camiseta. O time de Jesus já sai ganhando, pois ele já conseguiu a vitória, o outro tem de ralar muito e por isto acaba perdendo todo o resto. P. Armin Andreas Hollas Sobradinho, RS

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Outubro 1 Seg

Ap 14.6-16

2 Ter 3 Qua

Mt 18.10-14 At 12.1-11 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) At 27.16-25 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS Ap 22.6-10 Mt 26.51-54 Am 6.1-7 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão. 1 João 4.21 Mt 22.1-14 1 Tm 1.1-11 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e Outros Estados da América do Sul, em Estrada da Ilha, SC Ct 8.4-7 At 6.1-7 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma Mt 23.1-22 Dia da Criança e Dia de Nª Srª Aparecida (feriado nacional) Mt 5.17-24 Lc 17.11-19 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Cura-me, Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor. Jeremias 17.14 Mc 10.46-52 Lc 5.12-16 Jó 2.1-10 Mc 6.7-13 Mt 27.39-44 At 14.8-18 1962 – Assembléia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC Rt 1.1-19a 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. Miquéias 6.8 Êx 23.10-16 Êx 18.13-27 Gn 24.54b-67 Êx 19.3-9 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV Jo 18.28-32 1949 – Constituição da IECLB Jó 12.1-6 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Gn 32.22-30 22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação. 2 Coríntios 6.2 Rm 12.17-21 Dia Nacional do Livro e da Leitura Jó 31.16-40 Rm 3.9-28 DIA DA REFORMA • 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero

4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter 31 Qua

1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA

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Lema do mês

Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas Salmo 19.12

Uma das primeiras atitudes da maioria das pessoas no início de cada novo dia é olharse no espelho. Ali nos confrontamos com a nossa feição, com a nossa imagem. O espelho ajuda para que depois, no contato com outras pessoas, estejamos com uma aparência aceitável. O espelho, contudo, se limita a mostrar o nosso exterior. Como seria se houvesse um espelho que mostrasse o que se passa em nosso interior? Que revelasse os nossos pensamentos, sentimentos e desejos mais íntimos? Em certa medida, este espelho existe. Quando ouvimos a palavra de Deus e nos colocamos sinceramente diante daquilo que ele diz, então começamos a perceber a nossa vida assim como ela de fato é. É quase desnecessário dizer que esta é uma atitude que requer um bocado de disposição. E mesmo quando conseguimos fazê-lo, ainda não vemos tudo. O salmista teve a humildade e a experiên-

cia de colocar-se diante do espelho, ou seja, de colocar-se diante de Deus. Ele percebe as falhas e se declara incapaz de discernilas. Por outro lado, justamente por isso, ele experimenta a dependência de Deus e se encoraja a pedir pela absolvição, também das falhas que sequer consegue enxergar. Desta comunhão com Deus resulta uma pessoa agradecida e que sabe expressar louvor: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (versículo 14). É importante começar o dia fazendo uso do espelho relacionado à nossa aparência. Mais importante ainda é iniciar e finalizar o dia colocando-nos diante da palavra de Deus. Ela revela a realidade a nosso respeito, mas também nos ajuda a sermos humildes e a perceber que Deus nos acolhe, abraça e perdoa. E isto é motivo para o louvor e a gratidão. P. Sin. Nilo Orlando Christmann Sínodo Rio Paraná Toledo, PR

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Novembro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex

Mt 5.1-12 Dia de Todos os Santos Mt 22.23-33 Dia de Finados 2 Tm 2.1-6 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956) Lc 18.9-14 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. 2 Timóteo 4.18 Os 12.1-7 Jr 19.1-4,10-13 Mt 7.1-5(6) Ap 3.14-22 Mt 26.20-25 Is 1.18-27 1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 16/02/1546) 1 Cr 29.10-13 ANTEPENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação. 2 Coríntios 6.2 1982 – Assembléia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru Mc 4.1-12 Mc 13.9-20 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) Hb 13.1-9b Tg 3.13-18 1889 – Proclamação da República do Brasil Mt 26.36-41 Mc 13.30-37 Lc 21.5-19 PENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. 2 Coríntios 5.10 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS Mt 7.21-29 Hb 10.26-31 Lc 13.1-9 Mt 24.15-28 Mt 26.59-66 Ap 20.11-15 Jr 23.2-6 ÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO – CRISTO REI Verde Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, e a honra, e a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Apocalipse 5.13 1843 – ✩ Dr. Wilherlm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) Dt 34.1-8 1 Pe 1.13-21 1 Co 3.9-15 Cl 4.2-6 Mt 27.50-54 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC

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Lema do mês

Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando. Tiago 4. 17

Vivemos o tempo do fazer! A vida de muitos neste século XXI se resume nesta palavra. Chega a ser doentio. A rotina do corre-corre, do ativismo é uma exigência da sociedade. Em determinados momentos parece ser a única forma que o ser humano tem de ser visto e lembrado. O fazer, o realizar faz parte da essência do ser humano, pois, sabemos que devemos fazer (ide, fazei...). Contudo, pelos frutos (fazer) se conhece a qualidade da árvore. Tiago, em sua carta, trata de assuntos práticos, corriqueiros da vida. Coloca que a fé se traduz em ação, ou seja, fazer. Chega a escrever que “... a fé sem ação está morta” (Tg 26b). A fé e a ação são respostas da cristandade. Fé em Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ação como reflexo de graça por aquilo que Cristo fez por nós do seu nascimento até sua ressurreição. A mensagem está cristalina, mas vale destacar a orientação, “não sejam apenas ouvintes, mas ponham em prática o que ela manda” (Tg 1.22). Fazer, colocar em prática este é o desafio! Aí surgem as dificuldades. Temos os que fazem por fazer. Os que fazem para aparecer e glorificar-se. Outros fazem sem saber porquê o fazem. Ainda há, “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz”. E, nisso

está pecando, exorta Tiago. A crítica é atual. O contexto para qual Tiago se dirige não é muito diferente do nosso. Gritante é a auto-suficiência dos ricos e a prática da injustiça que permeia inclusive instituições que deveriam fazer prevalecer o direito dos pobres e assalariados. Tudo gira em torno de nós. Fazemos projetos como se fôssemos os senhores do mundo. Confiamos em nossas forças e buscamos os bens materiais tornando-nos, por vezes, egoístas, assassinos, corruptos, injustos, duros de coração. E nisso, como cristãos e cristãs, estamos pecando, pois somos sabedores que devemos fazer o bem. Fazer o bem é fazer a vontade de Deus expressada nos 10 mandamentos e nos Evangelhos. Fazer o bem é amar como Jesus amou. Utopia? Não para quem ora todo dia “seja feita a tua vontade!” Não para os que buscam “em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça” (Mt 6.33). Não para os que buscam unidade na comunhão comunitária. Coloquemos a confiança e o nosso fazer nas mãos de Cristo que escreveu a vontade do Pai em mentes e corações. Creiamos e façamos assim e todas as cousas que são necessárias para a vida nos serão acrescentadas. P. Sin. Mauri Magedanz Sínodo da Amazônia Rolim de Moura, RO

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Dezembro 1 Sáb 2 Dom

Jd 17-25 Is 2.1-5

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

1 Pe 1.8-13 Hb 10.32-39 Cl 1.9-14 Is 42.1-9 Mt 27.27-30 Mt 23.37-39 Is 11.1-10 2º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima. Lucas 21.28 Dia da Bíblia Hb 6.9-12 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos Ap 2.12-17 Ap 2.1-7 2 Co 5.1-10 Lc 22.66-71 Is 45.9-17 Is 35.1-10 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Preparai o caminho do Senhor. Eis que o Senhor Deus virá com poder. Isaías 40.3,10 1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves Lc 1.26-38 Is 49.1-6 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) 2 Co 1.18-22 Ap 5.1-5 Ap 3.7-12 Ap 22.16-21 Is 7.10-14 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Perto está o Senhor. Filipenses 4.4,5 Mt 1.18-25 VIGÍLIA DE NATAL Branco Lc 2.1-20 NATAL Branco At 6.8-15 Mártir Estêvão (At 6.8-15, 7.1-60) Jo 21.20-24 Mt 2.13-18 1 Jo 4.11-16a Mt 2.13-15, 1º DOMINGO APÓS NATAL Branco 19-23 O Verbo se fez carne e habitou entre nós. E vimos a sua glória. João 1.14 Sl 121.1-8 São Silvestre

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

31 Seg

1º DOMINGO DE ADVENTO Eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador.

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Violeta Zacarias 9.9


Lema do mês

Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. Isaías 40.31

O povo de Deus está em uma situação muito difícil. Sofreu uma guerra e os que sobraram vivos foram praticamente todos levados para longe da sua terra natal. Este acontecimento ficou conhecido como o Exílio Babilônico. Diante disto o povo se sentia humilhado e derrotado. Tinha a impressão de ter sido abandonado e castigado por Deus. Diziam, queixando-se de Deus: “O nosso Senhor não se importa conosco, o nosso Deus não se interessa pela nossa situação” (Is 40.27). Muitas vezes, ao longo de nossa vida, também corremos a tentação de pensar que Deus está nos castigando ou que ele nos abandonou completamente. Mas, ainda que tudo pareça perdido, podemos esperar de Deus: “O Senhor é o Deus Eterno, ele criou o mundo inteiro. Aos cansados ele dá novas forças e enche de energia os fracos” (Is 40.28-29). Quando tudo parece perdido, sem vida e sem ânimo, podemos alimentar a esperança. Esperança é algo poderoso. Não vem de nós mesmos. Brota da palavra e promessa de Deus. Esperança é uma força que impulsiona, que movimenta a vida. Quando a esperança nasce em nós, as nossas forças são de fato renovadas. Nós nos colocamos a caminho. Nós levantamos a cabeça. Nós nos sentimos aceitos, sentimos ser alguém.

A esperança não permite que nós nos acomodemos, esperando algo chegar de forma unicamente sobrenatural. Ao contrário, nós alçamos vôo, arriscamos sair do ninho em busca do novo, da vida nova. A esperança nos encoraja. Jesus diz: “Coragem! Sou eu! Não tenham medo” (Mt 14.27). Olhando em nossa volta, somos tentados a concluir que há situações que jamais terão uma solução. Violência, criminalidade, desconfiança, desonestidade, instabilidade financeira e econômica, conflitos bélicos, intolerância entre as pessoas são notícias que ouvimos cotidianamente; parecem intermináveis. Apesar disso, a nossa certeza é de que para Deus nada é impossível. E por causa disto a esperança diz respeito também a estes aspectos que envolvem a vida. A esperança que Deus faz brotar em nós se traduz numa participação efetiva no sentido de trazer sabor e luz para a vida. Nós somos chamados a nos erguermos com vigor para testemunharmos sinais de paz, de comunhão de partilha e de solidariedade através de gestos de amor. Oração: Pai, derrama teu Espírito sobre nós, animando-nos, concedendo-nos verdadeira esperança a fim de termos as nossas forças revigoradas e alçarmos vôos para vivermos intensamente as nossas vidas confiando na Tua promessa de Redenção. P. Adélcio Kronbauer Novo Machado, RS

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Tema e Lema da IECLB para 2007 Tema No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação Lema Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos Atos 4.20 Cada membro da comunidade está convidado a se envolver O Espírito de Deus é livre e age onde, quando e como quer. Sua ação livre se dá certamente pela Palavra e pelos Sacramentos (Batismo e Ceia), levando à fé em Cristo e despertando para a prática do amor ao próximo. Sob a ação do Espírito, as pessoas reunidas em comunidade são mobilizadas a proclamar a reconciliação, com gratidão e alegria, mesmo para além das suas fronteiras geográficas, étnicas, culturais e sociais. Deus relaciona-se com a humanidade. O Espírito de Deus cria e nutre a fé nas pessoas. Também cria a Igreja, que é formada por comunidades. Essa ação de Deus acontece pelo ouvir do Evangelho e pelo que é dado no Batismo e na Ceia do Senhor. No Batismo, Deus nos insere na comunhão de seus filhos e suas filhas. Um dos principais elos nessa comunhão é o perdão, que vem de Deus e que faz acontecer reconciliação. A Ceia do Senhor nutre essa fé e essa comunhão. A

Santa Ceia é a memória viva que não deixa esquecer o sacrifício de Cristo em favor da paz e da justiça. A fé nasce da Palavra pregada e recebida nos Sacramentos. A fé age através do amor. Quem vive com essa fé é conduzido pelo Espírito para servir, eliminando barreiras, abrindo os olhos para a realidade, exercitando compaixão. A expressão “no poder do Espírito” significa que pessoas cristãs vivem do que o Espírito concede. Esse poder anima em meio ao sofrimento. Ele torna as pessoas alegres, confiantes, esperançosas. O poder do Espírito faz brotar compaixão e perseverar nos momentos de fraqueza. Ele se manifesta na fraqueza e seu principal efeito é a reconciliação. A reconciliação que vem de Deus muda a face do mundo. Sim, a reconciliação que nasce em Deus muda nossa história, porque o fermento da reconciliação colocado em nosso coração age e nos faz ir ao encontro de outras pessoas. No poder

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do Espírito, somos capazes de sair de casa e assumir nossa responsabilidade na transformação do mundo próximo a nós - família, vizinhança, comunidade -, bem como o mundo em geral - outros povos e outras culturas.

Porque vem de Deus e porque tem essa força transformadora, a mensagem da reconciliação não pode ficar escondida. Essa mensagem precisa ser levada adiante, pois ela contém a força que constrói a paz.

Esta reflexão básica foi elaborada por uma comissão sob a coordenação da Secretaria de Formação da IECLB. Cartazes, calendários, adesivos e selos adesivos serão distribuídos para as paróquias e comunidades através dos sínodos. Sacolas, banners e camisetas podem ser adquiridas junto à Secretaria Geral da IECLB (Fone: 51 / 3221.3433 ou temadonano@ieclb.org.br) – A Redação ••• 33 •••


Temas da IECLB 1976 – Comunidade Consciente e Atuante 1977 – Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 – Cristo, o caminho 1979 – A importância da família cristã para a criança 1980 – Cristo, o Mediador 1981 – Homem e Mulher unidos na Missão 1982 – Terra de Deus – Terra para todos 1983 – Eu sou o Senhor teu Deus 1984 – Jesus Cristo – Esperança para o mundo 1985 – Educação – Compromisso com a verdade e a vida 1986 – 1987 – Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1988 – 1989 – ... E sereis minhas testemunhas 1990 – 1991 – O pão nosso de cada dia 1992 – 1993 – Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida 1994 – 1995 – Permanecem a fé, a esperança e o amor 1996 – 1997 – Somos Igreja. Que Igreja somos? 1998 – Aqui você tem lugar 1999 – É tempo de lançar 2000 – Dignidade Humana e Paz – um novo milênio sem exclusão 2001 – Ide, fazei discípulos... 2002 – Mãos à obra 2003 – Nosso mundo tem salvação 2004 – Pelos caminhos da esperança 2005 – 2006 – Deus, em tua graça, transforma o mundo 2007 – No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação.

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Tabuleiro - uma montanha encantada Nelso Weingärtner

Na Serra do Mar, na região da grande Florianópolis, fica o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

O Tabuleiro visto a partir de Santa Isabel O parque de preservação permanente abrange uma área de 87.405 hectares e ocupa aproximadamente 1% do território de Santa Catarina. Ele foi criado em 1975 e engloba áreas de nove municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes. Também fazem parte do Parque, nove pequenas ilhas ao longo do litoral da Ilha de Santa Catarina. É uma região muita rica em flora e fauna e nela há centenas de nascentes de água, que abastecem toda a região da grande Florianópolis. O Imperador D. Pedro I e Da. Leopoldina estiveram lá Ao pé da montanha, que dá o nome a serra e ao parque, encontram-se as afama-

das termas de Caldas da Imperatriz e Águas Mornas. Na década de 1820, a imperatriz Da. Leopoldina e Dom Pedro I vieram do Rio de Janeiro para banharse nessas águas termais, que brotam da terra com a temperatura de 39 graus. Para esta visita imperial foi construída, na época, uma estrada de 30 quilômetros, de Desterro até essas fontes, que receberam o nome de Caldas da Imperatriz. Em 1847, meus tataravôs maternos: Georg Phillip Hausmann e Anna Maria (nascida Bauer), chegaram em Desterro como imigrantes e se tornaram co-fundadores da Colônia Imperial de Santa Isabel, que fica 25 quilômetros depois das Caldas da Imperatriz. Originalmente essa Colônia Imperial era denominada Isabella, em homenagem à princesa Isabel, que nascera dois anos antes. Em Isabella meus tataravôs receberam terras no alto dum morro, que oferece uma linda vista para o Tabuleiro, que tem ares de encantado. Cem anos mais tarde Cem anos mais tarde, meu avô Karl Friedrich Hausmann, sentava comigo nos fundos de nossa casa numa grande pedra chata e juntos observávamos o Tabuleiro. "O Tabuleiro é o rei das montanhas", dizia o Grossvadda (avô), "ele manda chuva e tempo bom". As trovoadas que vinham do Tabuleiro eram assustadoras, elas vinham com fortes ventos e traziam consigo muita chuva, relâmpagos e trovões. Depois das trovoadas a gente via

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enormes cachoeiras despencarem do alto da montanha. De manha cedo, quando levantávamos, todos olhávamos para o Tabuleiro, se ele usava chapéu (estava encoberto) isso significava que o tempo mudaria. O Tabuleiro era temido por todos, contava-se que ele era um vulcão extinto e que a qualquer hora ele poderia entrar novamente em erupção. Também se contava que lá, nos profundos vales e nas inescaláveis montanhas, viviam índios ariscos e bichos ferozes como onças, tigres (pumas), guarás e que manadas de antas e queixadas atacavam qualquer invasor. Por isso o Tabuleiro e toda essa região da serra do mar permaneceram quase que intocados por mais de cem anos. Quando em 1948, aos onze anos de idade, deixei Santa Isabel pela primeira vez, para iniciar meus estudos em Timbó, na casa de meu Tio (Pastor Lindolfo Weingärtner), nós descemos a Serra, sentados no alto dum caminhão carregado de taboas, olhando para o Tabuleiro. Um ano depois retornei para Santa Isabel, via Alfredo Wagner (hoje BR. 282) e no alto da Serra do Quebra-dente avistei o "meu Tabuleiro". Nos dez anos seguintes, quando partia, em fins de fevereiro e retornava em dezembro de São Leopoldo, o último e o primeiro olhar pertenciam ao Tabuleiro e o desejo de escalá-lo e conhecer seus mistérios e encantos aumentava cada vez mais. Primeira escalada do Tabuleiro Em julho de 1959 chegou o grande dia: Meu irmão Nilvo Weingärtner, o primo

Egon Weingärtner e os amigos Virto Rassweiler e Christian Hoegen partiram comigo para explorar o Tabuleiro. No primeiro dia seguimos uma antiga trilha, que levava de Theresópolis até o Alto da Serra. Todos estávamos armados com facões e espingardas. Ao anoitecer chegamos no alto da serra. Montamos nosso acampamento e fizemos uma razoável fogueira para espantar eventuais "atacantes". Durante toda a noite, dois montavam guarda enquanto três dormiam. Foi uma noite tranqüila. Na manha seguinte avançamos pelo alto da serra, não havia mais trilha e o mato era bastante fechado.

O Tabuleiro aparece bem nos fundos, visto do alto da Serra Pelo meio dia vimos nosso Tabuleiro ao longe e avançamos em sua direção. No fim do dia acampamos perto duma grande cachoeira no Rio Vermelho. Foi novamente uma noite tranqüila. No terceiro dia, pelo meio dia, o Tabuleiro se mostrava em toda a sua formosura. Descemos uma enorme ladeira, na qual escorria água, escorregando - sentados sobre bromélias - e paramos dentro dum dos muitos poços, que parecem enormes banheiras e existem às dezenas em toda a região. Quando chegamos no tope do

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Tabuleiro tivemos uma vista fantástica da Ilha de Santa Catarina com Florianópolis e de toda a região até Santa Isabel. O alto do Tabuleiro é plano e não tem vegetação. Parece que toda a montanha é uma única grande rocha, coberta por uma camada de musgos, na qual crescem gravatás. Onde quer que a gente pise, se tem a sensação de estar pisando sobre uma esponja cheia de água. Encontramos um lugar seco num dos lados da montanha e nesta noite dormimos sem guardas, porque estávamos cansados demais. Na manhã seguinte observamos os paredões, que tanto me impressionavam com suas quedas de água em tempos de fortes trovoadas. Esses paredões têm mais de cem metros de altura e levam para um tipo de cânion, que nós apelidamos de garganta do diabo. No quarto dia descemos pelo Rio Vermelho e tivemos que enfrentar assustadoras cachoeiras, com quedas altíssimas, mas no fim do dia saímos sãos e salvos em Vargem Grande. Quando chegamos em casa, o primo Egon assim definiu a nossa aventura: "O maior mentiroso não é capaz de mentir mais do que aquilo que nós enfrentamos nesses quatro dias". O encanto da Serra do Tabuleiro A Serra do Tabuleiro tem um encanto todo especial. Ela tem uma altura média de 1.100 metros e o tope do Tabuleiro tem 1.230 metros. Nos últimos 47 anos, estive 35 vezes no alto desta Serra. Subimos ou escalamos o Tabuleiro de todas as direções: Entramos em Cubatão, via Jasper e via Weber; partimos de São

O autor no tope do Tabuleiro com filho, neto e genro em 13/07/2006 Bonifácio seguindo o Rio Capivari, iniciamos a subida em Vargem Grande via Rio Vermelho, Partimos de Caldas da Imperatriz e de Vargem do Braço. Tenho registro de todas as escaladas: 389 pessoas participaram dos acampamentos e passeios na Serra do Tabuleiro. Só da Juventude Evangélica de BlumenauVelha, de 1982-1993: 251 jovens estiveram comigo no alto da serra. Para alcançar o alto da serra, caminha-se mais de 6 horas por picadas e precisa-se vencer uma subida de mais de 1.000 metros. Os lugares mais bonitos ficam distantes, mais ou menos, 10 horas de caminhada dos últimos moradores. Experimentar o anoitecer e o nascer do dia nessas alturas e nessa solidão é algo extraordinário e marca a gente para sempre. Celebração da Santa Ceia com 82 jovens no alto da Serra Em junho de 1983 fomos ao alto da serra do Tabuleiro com 82 jovens da J.E. de Blumenau-Velha e à noite, antes de dormir, celebramos a Santa Ceia. Em campo aberto uma grande fogueira - 82 jovens

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formaram um grande circulo - cada um tinha na mão um pequeno pedaço de lenha seca. Na hora da confissão dos pecados todos fomos desafiados a lembrar que Cristo morreu por nossos pecados "no madeiro". Após momentos de silêncio, pedimos que todos olhassem para a "madeira" em nossas mãos e que transferíssemos todos os nossos pecados, mágoas, medos e frustrações para esse pedaço de lenha. Após outro silêncio, pedimos que agora todos chegassem mais perto da fogueira e jogassem seu pedaço de lenha no fogo, entregando tudo que machucava e nos separava de Deus e de nossos semelhantes, para Jesus, simbolizado no fogo. Ninguém ria ou fazia qualquer travessura... mas corriam muitas lágrimas e se ouvia muitos soluços. Na seqüência um grande pão seguiu de mão em mão e cada um quebrava um pedaço e recebia o corpo de Cristo. Também o cálice com vinho foi passado de mão em mão. Depois, de mãos dadas, ações de graças, findando com o Pai nosso e a Bênção. Foi uma das celebrações mais marcantes de meu pastorado e os jovens de então, quando hoje me encontram, não cansam de falar como esta celebração os marcou. Em outros passeios ou acampamentos pela serra do Tabuleiro, sentávamos em lugares que ofereciam bonitas vistas panorâmicas, líamos salmos e cantávamos. O Opa é desafiado pelas netas Hoje, quando estou alcançando a idade bíblica (70 anos) o Tabuleiro ainda tem o mesmo encanto para mim, que ele teve quando eu tinha 7 anos e meu Grossvadda contava histórias, olhando comigo o Ta-

buleiro. Agora eu sou o Grossvadda! No dia 15 de abril de 2006 recebi a seguinte carta: "Ilustre Desbravador! Nós, AS DO MEIO, desde pequenas ouvimos histórias das incríveis aventuras que você, seus filhos, genros, nora e jovens da J.E. viveram no Tabuleiro. Quando vamos para Santa Isabel, vislumbramos a famosa Serra do Tabuleiro e imaginamos como será poder participar de uma aventura lá. Por isso resolvemos escrever-lhe esta carta. Agora que nós três já temos idade (em junho todas serão maior de doze anos) gostaríamos de viver uma aventura incrível no Tabuleiro. Sabemos que não temos condições de ir até o topo do Tabuleiro, mas queremos ao menos conhecer um pouco deste local, com o qual sonhamos tantas vezes. Gratas e ansiosas, suas netas Lidia, Adriana e Daniela." Já no sábado dia 29 de abril partimos rumo ao Tabuleiro, via São Bonifácio: As três netas, uma amiga e um amigo delas, uma mãe e um pai se aventuraram com o Opa. Pelas nove horas entramos no mato em São Bonifácio, seguindo o Rio Capivari. Atravessamos o rio 15 vezes, pulando de pedra em pedra e, após duas horas de caminhada, nos encontrávamos na picada que leva ao alto da Serra. Enquanto seguíamos a trilha na beira do rio vimos um macuco, bandos de uru, jacutingas, inambus e rastros bem fresquinhos de anta e veado campeiro. Num pequeno relatório da experiência, a neta caçula de 12 anos - Daniela, escreveu:

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"Caminhamos, caminhamos e... finalmente no final da tarde chegamos onde iríamos acampar. Não paramos, pois, tínhamos que buscar água, lenha e montar o acampamento.

banheiras, ou são jogados na água pelos veteranos. A água era muito fria, mas o batismo foi gostoso. No terceiro dia precisamos voltar, mas o Tabuleiro ficará na minha memória para sempre". Um desafio para pais, avós e educadores

O Opa com as netas: Daniela, Lídia, Adriana e a amiga Fabíola Depois disso veio a recompensa! Um carreteiro quentinho e uma vista inesquecível de Florianópolis, que podia ver deitada em meu saco de dormir. No outro dia, acordamos as seis da manhã e vimos um dia lindo. Então, sem o peso das mochilas, decidimos caminhar pela serra até as nascentes do rio dos Pilões para o nosso "batismo". Esse "batismo" é uma tradição, iniciada pelo nosso Opa, todos que sobem pela primeira vez ao Tabuleiro precisam pular num dos poços, que parecem

As crianças e os jovens de nossos dias não são diferentes dos jovens de outras épocas. Eles tem sonhos e anseios e precisam de orientação, amor e carinho como os jovens do passado. As possibilidades de entretenimento, que a moderna tecnologia da eletrônica oferece, facilmente os cativam de tal maneira, que eles não vêem e não conhecem mais as belezas da natureza e a importância do convívio com grupos. Precisamos de pais, avós e educadores que estejam dispostos a conviver com crianças e jovens na natureza, que sejam criativos, que sabem brincar e contar histórias. Reflita um pouco: será que você não tem também uma montanha encantada, da qual seu avô falava e que você conquistou no decorrer dos anos? Você está compartilhando suas experiências bonitas e gostosas com as novas gerações que vem aí? O autor é pastor emérito da IECLB

Da direita: Adriana, Daniela, Lídia e Fabíola, preparadas para o batismo tabuleirense! ••• 39 •••


Ação de Graças voltado para a missão Claudio Schefer

A Comunidade do Centro de Brusque/SC mantém a tradição do culto de Ação de Graças, herança que nossos antepassados trouxeram da Alemanha. Nos primeiros anos da colonização o culto de Ação de Graças era pela colheita, mas com a industrialização da cidade passouse a agradecer pela produção industrial e pelos bons resultados do comércio. A partir desta experiência o mês escolhido para este culto foi de Agosto e nestes últimos anos passou a ser o terceiro domingo do mês de Setembro.

de Trombudo Central que recebeu a oferta de R$ 5.500,00 entregue ao P.Aldemis da Cunha e esposa que vieram a Brusque num culto posterior e a COMUNIDADE DE BOMBAS da Paróquia de Itapema recebeu R$ 5.774,00, entregue por uma comitiva de presbíteros num culto em Bombas. Motivados em ajudar o Asilo, membros da comunidade doaram roupas usadas e produtos de limpeza. Especialmente o Sr. Ernesto Guilherme Hoffmann (Sr.Willy) doou uma significativa quantia de roupas e casacos.

Guarda-se a louvável tradição de Como nos anos cada família traanteriores, a Cozer o seu envelomunidade do pe até o cesto das Centro de Brusofertas, enquanto Culto de Ação de Graças em Brusque que sentiu grande são cantados hialegria em partinos de gratidão. cipar deste propósito missionário por Em seguida um membro do presbitério ocasião do culto de Ação de Graças. leva o cesto até o altar para a dedicação destas ofertas ao serviço do Reino de Desejamos motivar outras Comunidades e Deus. Paróquias a experimentar esta prática de Todo ano é proposto um alvo a ser alcan- amor fraterno na igreja, pois “...recordançado e definido o destino missionário do as palavras do Senhor Jesus, porquandesta oferta. Para o ano de 2006 o alvo to ele mesmo disse: Coisa mais bem-avenproposto foi de R$ 14.000,00 e o alvo turada é dar do que receber.” (Atos 20,35) alcançado foi de R$ 11.274,00. O destino missionário deste ano contemplou o Asilo RECANTO DO SOSSEGO ••• 40 •••

O autor é pastor da IECLB em Brusque, SC


Relação Homens x Animais Adaptação Barbara Lebrecht

Um dos maiores mistérios que a ciência confronta é o mistério da origem da vida sobre o nosso planeta. O mundo vivo que começou no oceano há milhares de anos se espalhou, vegetais e animais se diversificaram e esta evolução chegou aos homens que somos. Nós fazemos parte do reino animal e o animal é nosso irmão. Nós somos, cada um de nós, um ser vivo rodeado de outros seres vivos. A vida é um milagre que nós devemos respeitar. Nós amamos nosso próximo, seja ele da nossa família ou outro ser humano que esteja sofrendo. O animal também é nosso próximo. Se os vegetais ou animais não existissem, nós não poderíamos existir jamais. A sua vida e a sua morte assegura a nossa vida, e nós lhes devemos este reconhecimento. Gatos e cães nos fazem companhia, o cavalo é nosso servidor, vacas e cabras nos dão leite, manteiga e queijo, e graças às galinhas comemos ovos. Animais são mortos para nos alimentar e vestir, mas nós devemos lhes garantir uma vida feliz e sem sofrimento. Nós devemos, também, respeitar o animal selvagem, já que muitas espécies estão ameaçadas de extinção. A lenda nos conta que o patriarca Noé lhes reservou um lugar em sua Arca para salvá-las do dilúvio. Nós devemos lhes reservar um lugar no Planeta Terra, e compreender que o homem não é o “rei da criação”, papel que se atribui frequentemente, mas que somos seres vivos entre outros seres vivos, que tem como nós o direito a uma existência feliz, porque experimentam

como nós alegrias e penas. Não devemos esquecer que a palavra “alma” (anima em latim) deriva da mesma raiz que o nome “animal”. Os animais tem uma vida própria que é importante para eles independentemente da utilidade deles para nós. Eles não estão apenas no mundo, eles tem consciência disso. Cada um tem um vida que pode transcorrer melhor ou pior. Essa vida inclui uma série de necessidades biológicas, individuais e sociais. A satisfação destas necessidades é uma fonte de prazer, a sua frustração ou abuso uma fonte de sofrimento. Quando um animal selvagem é sequestrado da selva e de seus pares, e passa a viver em uma jaula e submetido às crueldades do adestramento para ser apresentado no circo, tendo que imitar humanos, fica exposto ao ridículo e vive totalmente em desacordo com sua natureza. Animais de exibição em rodeios corcoveiam para livrar-se dos apetrechos fortemente amarrados em sua virilha e que lhes causam dor. Não esqueçamos as rinhas de galo, farrado-boi, proibida por lei federal e desrespeitada em nosso litoral. Animais ainda vivos tem suas peles arrancadas para o consumo da indústria da moda, outros são usados como cobaias em laboratórios. Para os defensores dos direitos dos animais, o princípio fundamental é que todos os animais, tanto humanos como nãohumanos merecem viver de acordo com suas próprias naturezas, livres de serem

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feridos, abusados e explorados. Nas palavras do poeta Sri Aurobindo vida é vida - seja de um gato, cão ou homem. Não há diferença. A idéia da diferença é uma criação humana para seu próprio proveito. Não se está aqui promovendo o que seria heresia para alguns - a equiparação entre humanos e animais. O que há é um dever

com a vida, a solidariedade com a dor, o respeito pelo outro, seja da mesma espécie ou não. E como dizia Schopenhauer: “a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.” APRABLU – Associação Protetora de Animais de Blumenau

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Flagrantes da Vida Real – 1 Anne Ehlert

Muschy Nunca tinha ouvido falar que gatos também se comunicam. Achava que isso era coisa de cachorro. Pela manhã fico sozinha em casa fazendo traduções e costumo fechar portas e janelas da parte da frente da casa, já que minha área de trabalho fica na parte de trás. A janela do banheiro de nossa suíte dá para a varanda. Num intervalo, fui ao banheiro e dali a pouco ouço lá de fora: “miauuauu”, num pedido queixoso. Eu: “Que foi Muschy? Não consegue entrar?” Muschy: “miauaumiauu”. Eu “Tadinha. Já abro a porta para você, tá? Espera só mais um pouquinho.” Ela: “Miaaaau!” E se cala. Quando abro a porta, está ela lá, grudada, só esperando que eu abra para poder entrar, esfregando-se em minhas pernas, ronronando agradecida! Pode?? Ela “me contou” que estava presa pelo lado de fora! Ou terá sido imaginação minha? A autora é aposentada e tradutora; reside em Joinville - SC ••• 42 •••


Halloween Anamaria Kovács

Desde a Pré-História, a cultura humana dividiu o tempo e o espaço em duas categorias: sagrado e profano. Essa divisão atravessou milênios, mas, nos últimos cinqüenta anos, vem se desmanchando rapidamente. O profano vem ganhando cada vez mais importância frente ao sagrado, infiltrando-se de muitas maneiras no modo como sentimos e vivemos o sagrado.

assim como acontecia em épocas pré-cristãs. Na verdade, estamos voltando ao paganismo. Basta olhar em volta, para observar, de um lado, o fundamentalismo neopentecostal, e, de outro, as velhíssimas superstições que sempre acompanharam o ser humano: amuletos, horóscopos, cartas, benzeduras, fórmulas mágicas, adoração de forças da Natureza...

Exemplos dessa situação não faltam: em termos de espaço, igrejas européias vêm sendo transformadas em museus, quando são importantes como monumentos históricos ou arquitetônicos, ou simplesmente postas abaixo para dar lugar a outras edificações. O motivo? Não há fiéis em número suficiente para justificar a sua manutenção.

No meio disso tudo, ainda nos aparecem elementos de culturas estrangeiras, como é o caso do famigerado “Halloween”, ou noite das bruxas, importado dos Estados Unidos, mas originário da cultura celta, na Irlanda. Para nós, luteranos, a coincidência com a data da Reforma torna ainda mais incômoda essa comemoração da superstição. Pode parecer exagero, já que, por enquanto, a festa se restringe à correria das crianças pelas ruas, exigindo “doçura ou travessura”, numa tradução do tradicional “trick or treat” das crianças de fala inglesa. A festa em si acontece geralmente nas dependências dos cursos de Inglês, mas sua influência cultural é inegável.

O mesmo vem acontecendo com o tempo, no mundo ocidental, principalmente. Aqui no Brasil, o Carnaval já invadiu a Quaresma - basta ver o povo se esbaldando nas ruas de Salvador, Recife ou Olinda, ou as Escolas de Samba desfilando no sábado seguinte ao Carnaval. Além disso, muito antes da Páscoa, os ovos de chocolate já atravancam os supermercados - e são comprados e degustados pelas famílias, como simples guloseima da época, totalmente esvaziados de seu conteúdo simbólico. Do Natal, nem é preciso falar. A época do Advento, que, como a Quaresma, era um tempo de reflexão e preparação para a festa maior, já desapareceu, sob o peso das correrias de fim de ano. E o Natal funde-se rapidamente às “festas de final de ano”,

Como combater essa invasão do profano sobre o sagrado? A única saída parece ser o esclarecimento das novas gerações e a revalorização dos elementos sagrados da cultura, a saber, o respeito aos lugares santos (no sentido de “separados”, “apartados”) e às datas ou épocas do calendário eclesiástico.

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A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC


Por causa da melancia decidi morrer Meinrad Piske

Com dez anos de idade decidi morrer com coragem e com determinação Tive a sensação de que este era o destino. Era criança. E isto por causa de uma melancia, aliás, por causa de uma fatia de melancia. Éramos uma grande família. O pai e a mãe, o avô e nós cinco filhos pequenos. Morávamos na área rural. Meus pais eram agricultores. Cultivavam a terra. Era pouco mais que cultura de subsistência. Havia criação de porco, havia gado leiteiro, galinhas, patos, marrecos e gansos. Logicamente não faltava o cachorro e nem os gatos bem como os cavalos. Plantávamos desde o milho e o arroz, as batatas e o aipim. Além da pequena horta e do jardim tínhamos diversas árvores frutíferas que produziam figos, laranjas, goiabas, tangerinas, ingás, abacates e pêssegos. Tudo tinha seu determinado tempo em que eram colhidas as frutas amadurecidas.Comprar no supermercado ou no verdureiro... nem pensar! Isto não existia. Somente se comia as frutas que nós mesmos tínhamos. O verão era a estação preferida. No verão aconteciam as pescarias, primeiro no ribeirão e depois, bem acompanhado com um adulto, lá no rio. Era no verão que aconteciam as grandes trovoadas que assustavam todos com os trovões e relâmpagos. Era também no verão que começava a colheita do milho.E era no verão que comíamos melancia. Comer melancia era diferente de comer outra fruta. Tinha um ritual observado por todos.

A melancia era a única fruta que comprávamos. Quem vendia eram os vizinhos, o avô de nossos amigos da infância ou então o tio Ricardo. Eles tinham o jeito. Eles sabiam como se plantava, como se cuidava das melancias e conheciam e guardavam bem o grande “mistério”: saber quando a fruta estava madura. Naquele dia da compra a melancia era guardada no lugar mais fresquinho da casa, perto do poço. Para resfriar a fruta. Só no outro dia poderia ser comida. Comíamos a melancia depois do almoço. Onde? Lá fora de casa. Naquele rancho, um anexo da casa no qual estava o poço. Era o rancho do poço. Todos sentavam em roda e ao pai cabia a tarefa quase sublime de cortar o fruto. De olhos arregalados nós acompanhávamos todos os comedidos gestos e ficávamos extasiados com a cor vermelha que víamos: apesar de aparentemente verde, ela estava madura. O pai tomava nas mãos uma metade e cortava para cada um sua parte, não antes de lembrar que naquele dia não deveríamos comer outra fruta e nem beber leite. Porque? Porque a melancia, assim dizia a tradição, é gostosa e saudável. Mas tem um porém: Melancia torna-se venenosa e mortal quando misturada com outra fruta, misturá-la com leite a tornaria imediatamente mortífera. Chegava-se a tal ponto que até tomar água e comer melancia já era perigoso.

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Eram regras rígidas que cada um obedecia. O que não faz a ameaça, o que não faz o medo? Nós aprendemos, desde pequenos, a seguir todas as instruções relacionadas com a melancia.Naquele dia, naquele dia especial da melancia não se tomava leite e nem comia outra fruta, nem banana, nem goiaba,nem figo,nem ingá e nem pensar em pêssego, este era o mais perigoso de todos. Já durante o café da manhã os pais chamavam nossa atenção: hoje não se come fruta nenhuma, nem se toma leite, pois hoje é dia de melancia. Acontece que naquele dia eu me esqueci da tradição, da proibição, me esqueci que era dia da melancia. Achei uns pêssegos, já um pouco fora de época, e por isso mesmo chamados de pêssegos tardios, e comi. Mal tinha comido os pêssegos e me aconteceu tal qual a Adão e Eva depois de comerem o fruto proibido: abriram-se os meus olhos. Me dei conta do que tinha feito. Era dia da melancia e eu fizera o que de maneira nenhuma poderia ter feito: comi outra fruta! Pior ainda: comi pêssego. E agora? O que fazer? Contar aos meus pais? Não, isto não seria possível porque eles ficariam decepcionados comigo e provavelmente me castigariam. E a vergonha, a vergonha diante de meus irmãos, de meus quatro irmãos mais novos, eu o mais velho que deveria dar o exemplo.

Não tinha desculpa assim como Adão que disse que fora “a mulher que me deste por esposa” Não podia dizer: foram meus irmãos que me induziram. Eles eram inocentes. Não podia também fazer como Eva e afirmar “a serpente me enganou”. Ora, não existiu a serpente enganadora que me ofereceu os pêssegos! Era um problema meu, era culpa minha, só minha. Que fazer? Se confessasse meu erro seria castigado ou envergonhado. Se não contasse e alegasse um mal-estar e não comesse a melancia, bem, então fariam tantas perguntas que eu não saberia responder. Com toda a minha coragem infantil resolvi então que comeria a minha parte da melancia. E depois... bem, depois eu morreria. E foi o que aconteceu: depois do almoço, na hora solene de cortar a melancia eu recebi a minha fatia e com muito esforço a comi. Esperei com heroísmo infantil a morte.Passaram-se os minutos, passou meia hora.O grande relógio de parede o anunciou. Passou também a tarde, a longa, muito longa tarde. E tudo corria como sempre. Veio a noite. Passou a noite e eu continuei vivo. Por muito tempo me perguntei: O que aconteceu? Um milagre?

E se eu contasse aos pais? O que aconteceria? Provavelmente eles cancelariam o “dia da melancia” ou o adiariam para o dia seguinte.Não sei se temi mais a vergonha ou o castigo que viria.

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O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque, SC


Pelos caminhos da Igreja Meinrad Piske

A atual estrutura da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil está completando dez anos. Foi aprovada no dia 2 de fevereiro de 1997 pelo Concílio Extraordinário realizado nas dependências do Instituto de Educação de Ivoti. Este ano de 1997 foi o ano da transição. Foram realizadas todas as 18 Assembléias constituintes e foram eleitos os seus Pastores Sinodais e Vice Pastores Sinodais, foram formados os Conselhos Sinodais e as respectivas Diretorias. No dia 31 de dezembro as Regiões Eclesiásticas e os Distritos Eclesiásticos foram extintos e nos dia seguinte iniciou a vida própria dos 18 Sínodos. O caminho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – a IECLB iniciou no ano de 1824, no dia 3 de Maio no Rio de Janeiro, na cidade de Nova Friburgo e no dia 25 de Julho no Rio Grande do Sul na cidade de São Leopoldo. Estas foram as primeiras duas comunidades que surgiram com a chegada de imigrantes europeus. Logo seguiram outras. Na medida em que vinham levas de imigrantes evangélicos foram fundadas e organizadas comunidades. Podemos descrever o caminho da Igreja em três períodos distintos. O primeiro, que foi o período das comunidades independentes e isoladas umas das outras durou até 1886, respectivamente até 1912. Não havia coordenação regional ou nacional, cada comunidade vivia isoladamente sua vida própria. O elo de ligação comum que tinham era sua ligação com a Igreja da Alemanha, respectivamente dos

Estados Unidos. O segundo período pode ser denominado período sinodal. Foram organizados sucessivamente cinco sínodos que congregaram as Comunidades e Paróquias em corpos eclesiásticos: em 1886 o Sínodo Rio Grandense, em 1904 o Sínodo Missouri, em 1905 o Sínodo Luterano, em 1911 o Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná e em 1912 o Sínodo Brasil Central. Este período sinodal durou até 1949 quando no dia 26 de outubro daquele ano foi constituída a Federação Sinodal, o início do terceiro período. Os Sínodos formaram a Federação Sinodal que adotou a designação Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. O Sínodo Missouri andou por outro caminho, transformou-se na Igreja Evangélica Luterana do Brasil. A Federação Sinodal aproximou os Sínodos que a formaram e em 1968 estes transferiram a sua autonomia para o novo corpo eclesiástico com estrutura centralizada, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) dividida em 4 Regiões Eclesiásticas e 21 Distritos Eclesiásticos. Com o aumento do número de Regiões de 4 para 8 e dos Distritos de 21 para 48 iniciou a busca de uma nova estrutura que deveria ser descentralizada. No início do ano de 1997 o Concílio Extraordinário realizado em Ivoti aprovou a nova Constituição da Igreja e com ela a nova estrutura. Completam-se agora 10 anos desde que

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a Igreja está organizada em 18 Sínodos – substituindo as Regiões e Distritos Eclesiásticos. Tanto para a Igreja como para os seus 18 Sínodos estes últimos 10 anos marcaram o começo da caminhada na nova estrutura eclesiástica. Foi o período de adaptação. Foram realizadas anualmente Assembléias Sinodais em todos os Sínodos e no ano de 2006 iniciou o terceiro mandato de Pastores Sinodais e dos Conselhos Sinodais. Também a nível de IECLB o ano de 2006 representa o terceiro período dentro da nova estrutura. Dentro da nova estrutura foram realizados cinco Concílios, em 1998 em Rodeio-SC, em 2000 na Chapada dos Guimarães-MT, em 2002 em Santa Maria do Jetibá-ES, em 2002 em São LeopoldoRS e em 2006 em Panambi-RS. O XXI Concílio em 1998 em Rodeio/SC aprovou o Regimento Interno e adaptou os demais documentos normativos à nova Constituição, reelegeu o Pastor Huberto Kirchheim para o cargo de Pastor Presidente, e elegeu o P. Walter Altmann primeiro Vice Presidente e P. Edson Saes Ferreira segundo Vice Presidente da Igreja. Pela primeira vez elegeu, com mandato de quatro anos, o Presidente do Concílio na pessoa de Darcy Laske. O XXII Concílio realizado em 2000 na Chapada dos Guimarães/MT, aprovou o Plano de Ação Missionária na IECLB – PAMI e a Ordem de Culto na Igreja. O XXIII Concílio realizado em 2002 em Santa Maria do Jetibá/ES, aprovou os documentos normativos Estatuto do Ministério com Ordenação, Ordenamento Jurídico-Doutrinário e Nossa Fé-Nossa Vida, elegeu o P. Dr. Walter Altmann

Pastor Presidente, P. Homero Pinto primeiro Vice Presidente e P. Rolf Schuenemann segundo Vice Presidente e reelegeu Darcy Laske para a Presidência do Concílio. O XXIV Concílio em 2004 em São Leopoldo/RS, celebrou os 180 anos de presença luterana no Brasil e o XXV Concílio foi realizado em Panambi/RS em 2006. Os grandes temas da Igreja nestes últimos anos foram tratados em diversos Fóruns nacionais, a saber: a confessionalidade luterana a, contribuição financeira, a estrutura e a missão. A nona Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas foi realizada em Porto Alegre no início de 2006. Com a vinda de delegados das mais de 340 igrejas com seus 550.000 membros que formam este Conselho o Brasil recebeu representantes das mais diversas tradições e nacionalidades. O Pastor Presidente da IECLB foi eleito moderador do Conselho Mundial de Igrejas. Tal como aconteceu em 1990, quando o então Pastor Presidente Dr. Gottfried Brakemeier foi eleito Presidente da Federação Luterana Mundial, agora a IECLB novamente, e de forma mais abrangente ainda, marca sua presença além das fronteiras do Brasil, na linha do que está estabelecido no Artigo 6º da Constituição: “A natureza ecumênica da IECLB se expressa pelo vínculo de fé com as igrejas no mundo que confessam Jesus Cristo como único Senhor e Salvador”.

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O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque, SC


As crianças na Comunidade Edson Ponick

Dandara tem quatro anos de idade. Um dia, no culto da comunidade, ela descobriu que podia assoviar enquanto as pessoas cantavam. A menina se empolgou muito com a descoberta. O hino acabou, as pessoas silenciaram e Dandara continuou assoviando. Sua mãe logo percebeu os olhares e gestos de reprovação. Por um instante, achou que deveria sair. Porém, preferiu ficar e conversar com a filha. A menina concordou com a proposta da mãe. Passou a assoviar só quando as pessoas cantavam. Dandara tem quatro anos de idade. Ao sentar-se no banco da igreja, ao lado de seu pai e sua mãe, vê à sua frente uma parede enorme de madeira. Por trás dela, há duas ou três cabeças desconhecidas que ficam imóveis o tempo todo. A menina ouve alguém falando, mas não sabe quem é e não entende o que é dito. Quando as pessoas começam a cantar, o barulho a convida a se manifestar também e ela assovia alegremente. Com quatro anos, Henrique participa com seus pais da Ceia do Senhor. É um momento especial para ele. Finalmente, as pessoas saem do seu lugar. Ele também pode andar e chegar perto daqueles objetos estranhos e fascinantes. Pode também comer e beber com outras pessoas. Ao redor da mesa, duas pessoas servem todas as outras e ele fica feliz quando é servido também. Come e bebe com vontade, porque comer e beber com outras pessoas é muito bom. Pena que está todo mundo tão triste. Ele está feliz e muito.

Sente que ali acontece algo importante e especial para seus pais, a quem ele ama e em quem ele confia. Há muitas crianças com menos e mais de três anos em nossas comunidades. Muitas nem entram nas igrejas, porque pais e mães também não entram. Outras entram e são logo encaminhadas para um espaço separado. Há muitas crianças que são excluídas da Ceia do Senhor. Pais, mães, padrinhos e madrinhas precisamos ler e ouvir com mais sensibilidade a história de Marcos 10.13-16. Lá é relatado que pessoas adultas fizeram questão de levar suas crianças para que Jesus as abençoasse, mas os discípulos acharam que a visita seria um incômodo para Jesus. A resposta de Jesus aos discípulos vale também para a comunidade cristã nos dias de hoje: Deixem as crianças virem até mim, não as embaracem. Os bancos altos, a falta de paciência, a exclusão na Ceia embaraçam as crianças e impedem que elas façam parte do corpo de Cristo. Saber acolher as crianças, valorizá-las como pessoas indispensáveis são formas de fazer missão dentro da própria comunidade. Proclamar reconciliação para as crianças é estar aberto para recebê-las nos diferentes espaços e encontros da comunidade, principalmente no culto e na Ceia do Senhor. É dessa maneira que contaremos às gerações presentes e vindouras as maravilhas que Deus tem feito. Encerro com o texto a seguir que é um

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convite ao abraço dentro e fora da igreja. Quando ignoras minha presença, indiferente, se venho ou não, se isso para ti não muda nada, tu me embaraças; mas, quando vês que estou chegando e já de longe o teu sorriso acolhedor me dá boas-vindas, então me abraças. Quando me sentas numa cadeira, comportado, às costas de uns, de costas para outros, tu me embaraças; mas, quando canto, brinco, corro em liberdade, tendo a ti e a outros amigos ao meu lado, então me abraças. Quando tu queres que, passivo, apenas ouça, para exigir, logo depois, certas respostas, tu me embaraças;

mas, quando aceitas descobrir comigo o mundo e me convidas para partilhar os sonhos, então me abraças. Quando teu “não” é categórico e constante, como se tudo o que eu faço te incomodasse, tu me embaraças; mas, quando vês minha inquietude com respeito, tentando ver o mundo do meu jeito, então me abraças. Quando entre nós houver bem menos embaraços, então, é certo: haverá bem mais abraços”. O autor é catequista e coordenador do Departamento de Educação Cristã da IECLB

Leia em sua Bíblia: Gálatas 3.6-14

FÉ EXULTANTE “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar”. (v. 13) Que mais deveria Deus fazer? Como pode o coração conter-se, deixar de sentir-se livre, alegre e obediente em Deus e Cristo? Qual a obra ou sofrimento que ele não encara com amor e louvor a Deus, cantando e saltando de alegria? Se não for assim, certamente a fé está desmoronando. Pois quanto mais fé, tanto mais alegria e liberdade; quanto menos fé, menos ale-

gria. Veja, eis aí a verdadeira salvação cristã e libertação da lei e da condenação da lei, isto é, do pecado e da morte. Não que a lei e a morte desapareçam, mas ambas se tornam como se não existissem. A lei não me condena, a morte não me destrói, pois a fé triunfa em justiça e vida nova. Texto gentilmente cedido por CIL - Comissão Interluterana de Literatura, www.lutero.com.br

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Mensagens garimpadas na internet Compilado por Nelson Hein

A janela Certa vez, dois homens seriamente doentes estavam na mesma enfermaria de um hospital. O cômodo era pequeno e nele havia uma janela que dava para o mundo. Um dos homens tinha, como parte do seu tratamento, permissão para sentar-se na cama por uma hora durante as tardes (algo a ver com a drenagem de fluido de seus pulmões). Sua cama ficava perto da janela. O outro, contudo, tinha de passar o tempo todo deitado de barriga para cima. Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado em posição sentada, ele passava o tempo descrevendo o que via lá fora. A janela aparentemente dava para um parque onde havia um lago. Havia patos e cisnes no lago, e as crianças iam atirar-lhes pão e colocar na água barcos de brinquedo. Jovens namorados caminhavam de mãos dadas entre as árvores, e havia flores, gramados e jogos de bola. E ao fundo, por trás da fileira de árvores, avistava-se o belo contorno dos prédios da cidade. O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isso, apreciando todos os minutos. Ouviu sobre como uma criança quase caiu no lago, e sobre como as garotas estavam bonitas em seus vestidos de verão. As descrições do seu amigo eventualmen-

te o fizeram sentir que quase podia ver o que estava acontecendo lá fora... Então, um dia, ocorreu-lhe um pensamento: Por que o homem que ficava perto da janela deveria ter todo o prazer de ver o que estava acontecendo? Por que ele não poderia ter essa chance? Sentiu-se envergonhado, mas quanto mais tentava não pensar assim, mais queria uma mudança. Faria qualquer coisa! Numa noite, quando olhava para o teto, o outro homem subitamente acordou, tossindo e sufocando, suas mãos procurando o botão que faria a enfermeira vir correndo. Mas ele o observou sem se mover... mesmo quando o som da respiração parou. De manhã, a enfermeira encontrou o outro homem morto, e silenciosamente levou embora o seu corpo. Logo que pareceu apropriado, o homem perguntou se poderia ser colocado na cama perto da janela. Então colocaramno lá, aconchegaram-no sob as cobertas e fizeram com que se sentisse bastante confortável. No minuto em que saíram, ele apoiou-se sobre um cotovelo, com dificuldades, sentindo muita dor, e olhou para fora da janela. Viu apenas um muro...

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Quem ama o feio, bonito lhe parece

A experiência Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada, e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir na escada, os outros pegavam e o surravam. Com mais algum tempo, nenhum macaco tentava subir, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo também não subia mais. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo da surra ao novato. Um terceiro foi trocado e aconteceu a mesma coisa. Um quarto e, afinal, o último dos veteranos, foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que, embora nunca tivessem tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Reflita: quantas vezes você já se comportou como os macacos da experiência?

Ouvi uma linda história a respeito de uma menina que sonhou receber uma boneca nova no seu aniversário. Ela “namorou” a boneca muitas vezes na vitrine da loja e fez questão de mencionar seu desejo em frente de toda a família para ver se alguém se comovia. O aniversário chegou e, para sua surpresa, a boneca veio muito bem embrulhada num pacote cheio de laços vermelhos e dourados. A menina foi logo dizendo: – Obrigada vovó! Você é mesmo demais. A festa foi se desenrolando, as horas passando, até que a garotinha começou a ficar sonolenta. Ela juntou ao seu redor todos os seus presentes, mas não conseguia se acomodar. Então decidiu sair da sala. A vovó saiu, foi à sua procura e a encontrou em seu quarto, agarrada à sua velha boneca, que já tinha seu rosto gasto, pouco cabelo e sem um braço. – Parece-me que você não gostou tanto assim de sua nova boneca! Exclamou a vovó. – Você veio dormir com sua boneca velha? A menina, então, abriu o jogo: – Vovó! Eu adorei a boneca nova, mas sabe, ela é tão linda que qualquer pessoa pode amála. Esta aqui não tem ninguém para amála, senão eu... Os textos acima estão disponíveis na internet, infelizmente sem indicação de autoria - A Redação

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BARTOLOMEU ZIEGENBALG O primeiro missionário luterano Marlon Ronald Fluck

Bartolomeu Ziegenbalg (1682-1719), nascido na Saxônia, nos anos de adolescência (aos 16 anos) passou por um reavivamento da fé. Em 1703, iniciou seus estudos de Teologia em Halle. Antes de encerrar seus estudos, em 1705, foi chamado para a obra missionária e enviado junto com seu colega Plütschau para Tranquebar, uma colônia dinamarquesa no sudeste da Índia. Dedicou-se ao grupo étnico tamil, aprendeu sua língua, cultura e mentalidade religiosa. Anunciou-lhes o evangelho e defendeu-os contra os interesses comerciais do comandante da colônia. Experimentou grandes dificuldades e sofreu o ódio dos colonos europeus que lá moravam, teve oposição dos hindus e dos católico-romanos, que se julgavam “donos” da vida religiosa do povo tamil. Como a companhia comercial não podia fazer algo abertamente contra a missão, visto ser realizada por mando do rei dinamarquês, queria manter os missionários sob controle e torná-los sem êxito. O comandante consentia em que fossem tratados com palavrões e na base de socos. Como defendeu uma cristã tamil contra um funcionário sem escrúpulos da companhia, a conseqüência foi seu aprisionamento por mais de quatro meses. A perseguição durou dez anos. Somente quando Ziegenbalg mesmo foi à Europa, recebeu ajuda para que o comandante fosse substituído. Apesar de sua pouca idade e ex-

periência, teve a tenacidade necessária para aquele longo período de luta. O primeiro missionário evangélico na Índia foi um pioneiro que teve de abrir caminho, experimentando tudo por conta própria. Não haviam princípios missionários pré-estabelecidos a serem seguidos. Ele não se contentou em pregar o evangelho em português, a língua então usada no sul da Índia. Percebeu que, para penetrar profundamente na alma tamil, era necessário comunicar a mensagem na língua materna. Depois de um ano conseguiu realizar sua primeira pregação em tamil. Traduziu o Novo Testamento, publicado em 1714, e o Antigo Testamento até o livro de Rute. Começou uma escola com os filhos dos escravos tamis e com os órfãos. O método missionário desenvolvido abrangia: escolas, orfanato, tradução da bíblia, editora, treinamento de professores e pregadores nativos, anúncio do evangelho de forma contextualizada, cânticos em melodia e métrica tamil, catequização dos jovens, e tudo visando a conversão pessoal a Cristo. Ziegenbalg julgou importante pesquisar as religiões da região antes de evangelizar. Julgava que o testemunho só poderia ser relevante a partir do conhecimento apurado da realidade espiritual dos nativos. Dedicouse a conhecer sua forma de pensar e sentir. Escreveu pelo menos três livros so

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bre as religiões, um hinário tamil, uma gramática e um dicionário tamil, enquanto seu colega escreveu sobre a medicina popular dali. Suas obras de pesquisa foram vistas como irrelevantes em toda Europa, visto que a primeira foi publicada somente mais de dois séculos após sua morte, em 1926. Depois de anos de fraqueza física e de injusta e severa crítica destrutiva, por parte do comitê da missão em Copenhagen, à obra missionária, o coração de Ziegenbalg não agüentou, caindo em grave enfermidade, vindo ele a morrer com apenas 34 anos de vida. Quando da sua morte, os cristãos tamis

eram cerca de 250. Ele tinha sido usado como semeador da boa semente do evangelho. Não teve tempo para ver muitos frutos, mas ocupa lugar de honra entre os representantes mais destacados da história missionária evangélica. Ele pregou o evangelho levando em conta o conhecimento natural de Deus existente entre os nativos e a visão de vida tamil, tendo como objetivo a criação de uma igreja luterana própria para aquela cultura. Ziegenbalg tem sido chamado de “protótipo do missionário evangélico”. O autor é pastor da IECLB, professor, escritor e conferencista

Leia em sua Bíblia: Salmo 51.13-19

SERVIR EM GRATIDÃO E NÃO BUSCANDO RECOMPENSA “Sustenta-me com um espírito voluntário”. (v. 14) Isso é, com o Espírito Santo, que faz com que as pessoas sirvam a Deus de livre e espontânea vontade, e não por medo do castigo ou motivadas por amor falso. Pois todos os que servem movidos pelo medo, fazem-no apenas enquanto persistir o medo. Sim, são forçados a servir e servem contra sua vontade, de sorte que, se não houvesse inferno ou castigo, eles não o fariam. São igualmente inconstantes aqueles que servem movidos por amor aos dons e à recompensa de Deus, pois caso nada soubessem a respeito de recompensa, ou quando Deus deixa de dar seus dons, eles também param de amar a Deus. todos estes não têm alegria na salvação de Deus, nem coração puro, nem espírito reto, mas amam a si

mesmos mais do que a Deus. Agora, aqueles que servem a Deus de boa vontade, ficam firmes neste serviço, quer tudo corra bem ou não, quer seja a vida doce que amarga. Isto porque Deus lhes deu firmeza e constância através da dádiva de uma boa vontade nobre, espontânea, principesca, livre. Porque na língua hebraica a palavrinha "espírito voluntário", que aparece no texto, também significa favorável, livre, tudo que é mantido pela força não vai longe; mas o que é mantido de livre vontade, isso permanece. Texto gentilmente cedido por CIL - Comissão Interluterana de Literatura, www.lutero.com.br

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As Escolas Comunitárias Luteranas Martin N. Dreher

Desde 1824 formaram-se comunidades evangélico-luteranas em território brasileiro. Essas são as primeiras comunidades de dissidentes religiosos a se estabelecerem de forma definitiva no país e eram regidas pelo disposto no § 5 da Constituição do Império do Brasil. Este parágrafo estabelecia que a religião católica apostólica romana continuava a ser a religião do Estado e que todas as demais religiões (cristãs) seriam toleradas, podendo realizar seus cultos em casas para tanto destinadas, sem qualquer forma exterior de templo. Ficava proibida propaganda religiosa. Como conseqüência desse parágrafo, a vida das comunidades luteranas ficou bastante restrita ao âmbito doméstico, mas não se restringiu a ele. Principalmente nas províncias do Espírito Santo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul surgiram comunidades de imigrantes luteranos em áreas da mata tropical e subtropical. Os assentamentos geralmente eram feitos ao longo de trilhas abertas na mata virgem, que receberam as mais variadas designações. Nessas comunidades, nas quais havia predominância luterana imprimiu-se marca cultural própria, na qual se destaca a escola. O Brasil, no qual estes luteranos começaram a entrar não tinha tradição escolar. Aliás, no século XVIII, o Brasil Colônia expulsara de seu território seus mais competentes professores, os sacerdotes jesuítas. Não havia, pois, interesse dos governantes brasileiros, e muitas vezes

faltavam condições, para instalar escolas de primeiras letras. Acostumados desde o século XVI com a exigência de Lutero de que se construísse e mantivesse escolas, e desde o século XVIII com a obrigatoriedade do ensino nos territórios da Prússia, onde os pastores recebiam também a incumbência de serem inspetores de ensino, nada pareceu mais lógico aos imigrantes luteranos que eles, em mutirão, construíssem e mantivessem escolas. Após os cemitérios, local de preservação da memória comunal, surgiram nas comunidades civis, organizadas com luteranos, escolas. Em sua maioria agricultores, os luteranos, buscavam por terreno apropriado, onde era construído prédio destinado às aulas e moradia para um professor. Gleba de terra a ser cultivada também fazia parte desse complexo. Para cada escola era constituída uma diretoria escolar, à qual cabia zelar pela construção e manutenção dos prédios, examinar e contratar professor, com ele participar do estabelecimento dos conteúdos programáticos a serem ministrados aos alunos (em geral ler, escrever e contar), estabelecer o número de dias a serem trabalhados pelos pais na gleba de terras pertencente à escola e, finalmente, a anuidade a ser paga em dinheiro. O trabalho na gleba também visava a manutenção do professor e dos prédios escolares. No final de cada ano letivo, a diretoria se fazia presente ao exame aplicado pelo professor aos alunos. Caso os resultados não fossem satisfatórios, o professor poderia

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ser demitido. Resultados satisfatórios significavam boa leitura, bela caligrafia, excelência em cálculos matemáticos. Nesse último aspecto era importante saber calcular superfícies irregulares e saber o que significava uma grosa ou uma talha, além, é óbvio, de cálculo mental e estabelecimento de percentuais. Era desejável que o professor soubesse ensinar o canto, o catecismo e ensaiar programações festivas para os períodos natalinos.

ram ao fechamento da maioria absoluta das escolas comunitárias. Não nos é possível apresentar aqui todas razões que, além disso, variam de localidade para localidade. As escolas, contudo, não desaparecem totalmente. Em estudos e levantamentos parciais, constatou-se que em boa medida as antigas escolas comunitárias são hoje escolas municipais. As sementes destas escolas são comunitárias.

Há estimativas que falam de bem mais de mil dessas escolas em comunidades luteranas. Esse modelo sofreu duro revés durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945). Vargas dedicou-se à construção do estado nacional brasileiro e declarou a educação prioridade nesse projeto. Houve, assim, uniformização no ensino. Além disso, pretendeu integrar os muitos grupos de imigrantes e seus descendentes neste estado. O principal veículo dessa integração foi a declaração do português como língua única e absoluta no país, ficando toda a criança brasileira proibida de aprender língua estrangeira antes dos 12 anos de idade. Além disso, todos os professores deveriam ser brasileiros natos. As medidas de Vargas leva-

O Estado assumira a educação básica. Após 1945, algumas das escolas que haviam sobrevivido deram início a novo tipo de formação luterana. Houve investimento na formação de professores luteranos e na formação de lideranças. Nos dias atuais há herança luterana importante. Na área das antigas escolas comunitárias temos os municípios mais alfabetizados do Brasil. Ali, onde as comunidades luteranas puderam reiniciar com uma formação em moldes luteranos, mas sujeitas à concorrência do modelo do ensino privado, a presença luterana se dá através da formação de importantes lideranças para o país, marcadas pela mensagem do amor incondicional de Deus, através de Jesus Cristo. O autor é pastor da IECLB

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Qual é o teu nome? Geralmente, quando encontramos uma pessoa desconhecida perguntamos: “Qual é a sua graça?” Para dialogar precisamos de um ponto de referência. Seria ruim conversar com uma pessoa e falar no vazio. Quando compramos um artigo, observamos a “marca”, a “procedência”. Queremos adquirir um produto de qualidade. Muitas vezes ouvimos: “O barato sai caro”. O vendedor quer fazer o negócio a qualquer preço e diz: “é a mesma coisa, só com outro nome”. O nome é a palavra com a qual designamos uma pessoa, uma coisa, uma instituição, etc. Na definição de nome existem algumas variações: nome de guerra - nome popular - nome próprio - nome quente - de nome = renome, só para citar algumas. Nosso nome é Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas - OASE - da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Não necessitamos de nome de guerra, porque não precisamos nos esconder atrás de outro nome ou por meio de outro nome dar força ao nosso nome, tão significativo! O nosso nome é um nome popular, nome próprio, bem forte; nome quente, verdadeiro, porque os membros trabalham com entusiasmo, idealismo, numa obra que tem a sinceridade e muito mais como fundamento. Nós somos um setor “de nome”, reconhecido como um trabalho sério, de qualidade, que nos confere um renome. Renome não só dentro da IECLB, mas também fora dela!

Quem já estudou o livrinho “OASE: Por quê?” deve ter lido, logo no início, a pergunta: “A OASE é uma entidade civil?” que tem como resposta: “Não!” Aqui vale a palavra: “Nunca devemos dizer nunca!” Somos um setor de trabalho sério, dentro de uma Igreja séria! Por isso observamos as leis do nosso país, as quais às vezes mudam e geram mudanças no nosso ser. Vamos ouvir o depoimento de algumas Presidentes Sinodais: “Pelas leis dos homens, precisamos nos adaptar e adequar aos novos tempos e fundar a Associação Nacional dos Grupos da OASE, doravante denominada Associação da OASE. Mas, pela "lei do coração", queremos continuar firmes e inabaláveis, escrevendo a história bonita que gerações iniciaram, muito antes de nós”. “É com alegria que estou iniciando esta caminhada na direção da OASE

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Sinodal, mas também posso dizer que estou muito preocupada com o tamanho da responsabilidade que assumi”. “Se eu soubesse que o trabalho é tanto, não teria assumido, mas, com fé em Deus, vamos em frente!” “Neste agir de Deus sentimos que o novo olhar da OASE recai também sobre novos caminhos... As ‘tijoladas’, como muitas vezes dizemos, que levamos em nossa vida são agentes de transformação. Como OASE somos agentes de transformação”. Como o trabalho da OASE está fundamentado na palavra de Deus e temos livre acesso a Ele, podemos e devemos falar com Ele. Como é bom ter esta ligação entre os homens e dos homens com Deus. Nós podemos chamar um ao outro pelo nome. Porém, mais importante para nós é saber que Deus, em sua grandeza, sabe o nome de cada um de nós, como cantamos num hino bem conhecido: “Deus a todos tem contado; Deus a todos está chamando; Deus a todos está olhando e a todos abençoando”. Que grande privilégio para nós e o nosso trabalho. Nesta nossa reflexão não estamos abordando o trabalho da OASE em si, mas dizendo como é bom ter um nome, mesmo que agora um pouco diferente, mas um nome reconhecido, cuja essência e os objetivos do trabalho continuam os mesmos!

Você também é nossa convidada. Venha e conheça a OASE. Coloque os seus dons a serviço! Sempre de novo pedimos a Deus: venha sobre nós a tua bênção, guarde-nos e nos dê a paz, no nosso servir em Comunhão - Testemunho - Serviço. O trabalho na OASE é bem diversificado. Somos um grupo aberto e acolhedor! Temos muito prazer no trabalho e a alegria reina entre nós. Por isso, lembrem sempre deste nome: OASE! Um lugar agradável, no qual recebemos novas forças, sob a bênção de Deus. E quando perguntado: Qual a sua graça? Sou..., com muito orgulho, membro da OASE!

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A Origem dos Sobrenomes Alemães Armindo L. Muller

Cada nome uma história? O famoso escritor alemão Goethe escreve na sua grande obra “Fausto” que o “nome é som e fumaça” (Schall und Rauch). Por isto há muitos que afirmam que o nome é a coisa mais fútil que existe. Mas, se abrirmos a Bíblia, observaremos que o nome ocupa um lugar de grande importância: o segundo mandamento do decálogo recomenda que não se use em vão o nome divino e rezamos no Pai Nosso - “santificado seja o teu nome”. Temos também a promessa de que receberemos tudo o que pedirmos em nome de Cristo e todos somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Num tribunal, o juiz emite a sua sentença em nome do povo. Tudo isto sugere que o nome é algo de enorme importância. A controvérsia surge porque há uma milenar evolução entre o significado original de um nome e sua utilização atual. Hoje um nome designa tão somente uma pessoa, um animal, um local, uma estrada, etc. E isto para diferenciá-lo de outros. Do significado original pouco, ou quase nada, aparece atualmente. Por exemplo: o meu sobrenome é Müller (moleiro) e exerço a profissão de pastor (Schäfer). Por isto não se pode traduzir nomes próprios para outra língua. Como exemplo: o que pensaríamos, se alguém dissesse que a lança (Shakespeare) escreveu o Hamlet? Ou que a fonte (La Fontaine) editou muitas histórias infan-

tis? Que o juiz (Richter) é o presidente da nossa associação? Ou que o fabricante de calçados (Schumacher) é o prefeito deste município? Isto, até certo ponto, ainda é possível com os nomes geográficos: Rocky Mountais (Montanhas Rochosas), Schwarzwald (Floresta Negra), Stiller Ozean (Oceano Pacífico). Um moleiro pode ser pastor. Um alcoólico anônimo pode se chamar Süffert (beberrão). E um ferreiro (Schmidt) pode ser advogado. Ele só se chama assim, mas não exerce esta atividade. Hoje o significado original do sobrenome pouco representa, exceto em casos muito isolados. Há até quem sugira que um número faria a mesma coisa. E já nos damos conta de quantos números nos identificam? O telefone, a caixa postal, o CPF, o INSS, a residência, a conta bancária, o telefone celular, a placa do carro..., e tantos outros números mais. Por isto, já em 1928, foi sugerido por uma publicação alemã (Patermanns Mitteilungen) que cada pessoa utilizasse apenas um número que a identificaria em todas as situações. Em função de tudo isto é muito interessante tentar descobrir por que determinada pessoa ou família recebeu determinado sobrenome. Em nomes geográficos ainda se pode constatar a origem: Morro Queimado (antiga denominação de Nova Friburgo, devido à aparência de um morro ali existente); Nova Friburgo (fundada por imigrantes de Friebourg, na Suíça); Teutônia (colônia com grande inci

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dência de alemães); rua da Praia (que hoje não é mais da praia); Rio Pardo (devido à coloração da água do rio do mesmo nome que deságua no Jacuí); Cruz Alta (no início do povoamento havia uma grande cruz no local). Quando surgiram, as denominações diziam algo especial sobre a particularidade do local. Hoje as ruas, prédios e educandários recebem o nome de pessoas, meritoriamente ou não. Por exemplo: em uma cidade o maior carreirista de cavalos e homem quase analfabeto deu o nome a uma escola; o bandeirante e exterminador de índios, Raposo Tavares, designa uma importante rodovia brasileira. Cada pessoa é, porém, um ser único, individual e distinto do todo e de todos os outros. Por isto o nome quer dizer algo especial sobre esta pessoa. Conhecer o nome de uma pessoa revela que a conhecemos e sabemos algo sobre ela. Uso como exemplo um conto de fadas, da literatura alemã, onde a moça descobre o nome do anão que a mantém prisioneira, alcançando assim a liberdade. Os presos tinham apenas números para que o nome deles ficasse excluído da lista dos cidadãos honestos. E os escravos tinham apenas um nome (dizia-se, no máximo, apenas “da nação tal”) e se precisavam de outro, utilizavam o do patrão (um fato interessante aconteceu com os escravos dos imigrantes alemães que foram batizados com o sobrenome dos seus proprietários; surgindo, por exemplo, uma Picucha Voges (em Três Forquilhas) e um Imannuel Koch e uma Luiza Ruppenthal (em Hamburgo Velho). Terminar com os nomes seria um caos,

pois o nome significa algo mais do que apenas um número, mesmo que hoje pouco ainda tenha a ver com a sua origem. Imaginemos, se tivéssemos que estudar, no colégio, que o cidadão número tal descobriu o Brasil? O escritor número tal é o autor do “O Tempo e o Vento”? E que cidadão de número tal é o Presidente da República? Seria, com toda a certeza, uma confusão generalizada. Os sobrenomes não existiam na antiguidade: os gregos não os conheciam, nem tampouco os hebreus e outros povos vizinhos. No máximo dizia-se que o fulano era filho de determinada pessoa (sufixos sen e son e os prefixos ibn e ben). Ou, então se dizia que era natural de determinado lugar ou pertencia a determinado clã. Estudos acurados comprovam que os sobrenomes surgiram aos poucos, à medida que as pessoas começaram a se fixar em aldeias e cidades. Foi então necessário diferenciar os indivíduos uns dos outros. Quando os sobrenomes surgiram tinham essência, substância. E tinham um significado bastante claro. Imaginemos um entregador de correspondência procurando o Paulo, a quem deveria entregar uma carta. Deve ter havido uma porção de pessoas com o mesmo nome. Foi então anexado ao nome um cognome, um sobrenome, um apelido. Ao que parece os etruscos e romanos foram os precursores. E os primeiros a utilizarem um sobrenome foram os nobres e as pessoas de destaque, mais tarde os operários e, por fim, os lavradores. Na Europa, e principalmente na Alemanha, os sobrenomes começaram a surgir

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por volta dos anos de 1200 e 1300. Mas já depois de 1100 tornou-se costume acrescentar ao nome de batismo um segundo nome. E, pelo que parece, este costume tem a sua origem no sul da Europa. Na Itália já os temos nos séculos IX e X. Ainda é interessante de observar, que, na Idade Média não se perguntava “como te chamas” mais sim “como és chamado”? Como surgiram os sobrenomes alemães? Queremos, apenas dar um sumário das principais origens: 1. O nome de batismo do pai (ou do santo do dia) vira sobrenome nos filhos e descendentes: Willms (derivado de Wilhelm), Behrens (derivado de Bernd e Bernhard), Wilkens (derivado de Wilhelm), Stephani (derivado de Stephan), Ensslin (derivado de Anshelm), Appel (derivado de Albrecht), Anders (derivado de Andréas), Arnemann (derivado de Arnhold), Assmann (derivado de Erasmus), Binz (derivado de Berthold), Class (derivado de Nicolaus). 2. O local de nascimento ou de residência fixa o sobrenome: Berghahn (morador das montanhas), Frankfurter (natural de Frankfurt), Westermann (natural do oeste), Ostermann (natural do leste), Bach (pessoa que reside junto a um arroio),

Bayer (natural da Baviera), Böhm (natural da Boêmia), Berger (habitante das montanhas), Billig (natural da localidade do mesmo nome, perto de colônia). 3. O sobrenome é derivado da profissão: Schmidt (ferreiro), Schneider (alfaiate), Becker (padeiro), Müller (moleiro), Dreher (torneiro), Richter (juiz), Fauth (alcaide, mordomo), Schumacher (fabricante de calçados), Drescher (trilhador), Schuster (sapateiro), Brauer (cervejeiro), Burmester (lavrador), Jäger (caçador), Beuermann (lavrador), Böttcher (fabricante de botijas). 4. Sobrenomes que surgiram a partir da constituição física, aparência pessoal, deficiências ou exageros de seu portador: Klein (pessoa de pequena estatura), Gross (pessoa de grande estatura), Hoch (pessoa de grande estatura), Lahm (pessoa manca), Lange (pessoa de elevada estatura), Dick (homem gordo), Braun (pessoa dom olhos e cabelos marrons), Weiss (pessoa de cabelos brancos), Kurz (pessoa pequena), Klotz (pessoa grosseira), Roth (pessoa de cabelos ruivos), Hurtig (pessoa apressada), Riese (pessoa agigantada), Barth (o barbudo, homem de barba grande), Beschoren (monge com tonsura, homem tosado), Blank (pessoa de tez muita clara).

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O autor é pastor da IECLB em Nova Friburgo, RJ


FUNDAÇÃO LUTERANA SEMENTES Valorização humana e desenvolvimento sustentável Juventude e Cidadania. Essa combinação marcou a experiência da Fundação Luterana Sementes, em 2006, durante a execução do Consórcio Social da Juventude da Grande Vitória – ES, uma ação do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego. O órgão escolheu a fundação capixaba para coordenar o trabalho de onze instituições não governamentais na qualificação de 1.500 jovens, com idade entre 16 e 24 anos, em situação de vulnerabilidade social. Além de aulas de estímulo à elevação da escolaridade e do aprendizado técnico-profissional, os jovens refletiram sobre temas como valores humanos, ética e cidadania, saúde, qualidade de vida e educação ambiental. E para complementar a formação, foram estimulados a doar parte do seu tempo a trabalhos voluntários dentro da própria comunidade. Essa é uma das áreas de atuação da Fundação Luterana Sementes, criada em 2000, após um longo processo de reflexão, de prática de atividades e de troca de experiências entre os diversos projetos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, no Espírito Santo. Muito antes de expandir suas atividades para área urbana, a instituição firmou sua atuação na área rural. Essa história co-

meçou nos anos 80 e provocou o surgimento de sinais concretos de desenvolvimento local sustentável nas comunidades. Na época, a igreja assumiu o desafio de implantar projetos com propostas alternativas para a melhoria da qualidade de vida da família rural. A inserção destes projetos nas comunidades do interior teve marco significativo no período de crise no meio rural. Para organizar a integração e a articulação dos projetos, que abrangem uma ampla região geográfica com um grande número de atividades e desafios, a antiga Região Eclesiástica I, hoje chamada Sínodo Espírito Santo a Belém, criou em 1996 o projeto BASES, posteriormente assumido pelo Sínodo. Esse, por sua vez, ao perceber as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos projetos ligados ao BASES, quanto à assessoria a projetos e à captação de recursos, decidiu, então, criar uma fundação. Tal instituição teria como funções apoiar e facilitar o desenvolvimento de projetos que atendessem às diversas comunidades na região de trabalho diaconal. Surge a Fundação Luterana Sementes. A instituição é encarregada de oferecer assessoria técnico-administrativa a projetos na área da educação (Escolas Família Agrícola) e a grupos sobre questão

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de gênero e saúde alternativa. Outra atividade é a assessoria a cinco cooperativas compostas por pequenos agricultores, filiadas a Cooperativa de Comercialização Central Bases. Buscar apoio para inúmeras famílias rurais é um dos desafios da entidade, pois essas pessoas perdem espaço no campo devido às crises enfrentadas pelo meio rural, tendo como conseqüência a migração destas famílias para os grandes centros urbanos que, sem estrutura, condenam os trabalhadores ao desemprego e à falta de condições de vida, e seus jovens ficam sujeitos aos apelos da droga, da prostituição e da violência juvenil. Mais recentemente, a instituição iniciou suas atividades na área de criança e adolescente em situação de vulnerabilidade social. Numa parceria com a Fundação Fé e Alegria, vem desenvolvendo apoio ao projeto Casa Legal, que atende cerca de 130 crianças, adolescentes e jovens

empobrecidos no Bairro Nova Esperança, em Cariacica – ES. Desde agosto de 2004, a entidade desenvolve o projeto “Centro Pedagógico e Geração de Renda” com atividades culturais e de geração de renda para jovens que desejam e precisam do trabalho para o seu crescimento pessoal e para colaborar no orçamento de suas famílias. E, mais recentemente, assinou com o Governo Federal convênio para implantação do Consórcio Social da Juventude da Grande Vitória – ES. Com a proposta de atuar na promoção da vida e do desenvolvimento local sustentável, a Fundação Luterana Sementes baseia seus programas e projetos em cinco eixos de trabalho: ecologia, agricultura familiar, trabalho e renda, saúde e educação. Da mesma forma, todas as discussões e atitudes da entidade são orientadas pelos seguintes eixos transversais ou temas: ética, gênero, ecologia e cidadania.

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Datas Comemorativas Dados compilados por Osmar Luiz Witt

1907 – 100 anos Nas artes plásticas, há cem anos, o pintor e escultor espanhol Pablo Picasso (18811973) introduziu o cubismo com sua obra Les Demoiselles d’Avignon (As senhoritas de Avinhão). Na história do escotismo, há um século atrás, vinte rapazes e Lord Baden-Powell participaram do primeiro acampamento escoteiro, de 29 de julho a 9 de agosto, na Ilha de Brownsea na Inglaterra. 1932 – 75 anos Getúlio Vargas chegou ao poder com a revolução de 1930, da qual foi um dos líderes. Sem respeitar a autonomia dos Estados, nomeou interventores que deveriam apoiar seu Governo Provisório. Para São Paulo nomeou um Interventor de fora, o que provocou descontentamento entre os paulistas, sobretudo entre os dirigentes do Partido Republicano Paulista (PRP). Este descontentamento foi se acentuando e levou à Revolução Constitucionalista de 1932, desencadeada em São Paulo. Foram três meses de combate, que puseram em campos de batalha forças rebeldes e forças legalistas. A revolta paulista evidenciou a necessidade de acabar com o caráter revolucionário do regime, criando novas instituições. Isso se deu em maio do ano seguinte, quando foram realizadas as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, exigida

pelo movimento constitucionalista e que produziu a Constituição de 1934. 1937 – 70 anos Em 1937, quando se estava na eminência das eleições presidenciais marcadas para Janeiro de 1938, foi denunciado um fictício plano de conspiração comunista para desestabilizar o governo do Presidente Vargas, conhecido como Plano Cohen. A denúncia criava o clima para o golpe e criação do Estado Novo, ocorrido em 10 de Novembro de 1937. A partir daí, o Presidente determinou o fechamento do Congresso, outorgou uma nova Constituição, e decretou o fechamento dos partidos políticos. O Estado Novo ou a Ditadura Vargas durou até 1945, quando as tendências fascistas foram derrotadas na Segunda Guerra e os ventos da redemocratização depuseram Vargas. O Estado Novo é um período de triste memória para muitas famílias de imigrantes europeus, que foram submetidos a uma política de nacionalização que lhes proibiu o uso da língua materna e provocou o fechamento de organizações comunitárias. 1957 – 50 anos Há 50 anos, no dia 25 de Março, eram assinados os Tratados de Roma, que instituíram a Comunidade Econômica Européia (CEE) e a Comunidade Européia da Energia Atômica (Euratom). Participantes do acordo foram Bélgica, França,

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Alemanha, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. A Comunidade Econômica Européia foi um passo decisivo em direção à criação da União Européia. Aqui no Brasil, em 1957, entrava em funcionamento a filial brasileira da Volkswagen. Na época, saíam diariamente oito veículos da linha de produção. O primeiro carro a ser produzido foi o modelo Sedan, posteriormente batizado como Fusca. 1982 – 25 anos A Copa do Mundo de 1982 foi a 12ª e foi disputada na Espanha. Participaram 24 seleções, classificadas entre 105 concorrentes na fase eliminatória. A Seleção Brasileira, treinada pelo técnico Telê Santana, reuniu um grupo de talentosos jogadores que encantaram o mundo. Mesmo assim, foi desclassificada antes da final.

Também há 25 anos, no dia 2 de Abril, a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, dando início à Guerra das Malvinas travada contra a Inglaterra. Os generais argentinos, porém, não conseguiram superar o poderio bélico inglês. 1997 – 10 anos No dia 22 de Fevereiro de 1997, em Roslin, na Escócia, cientistas anunciaram o primeiro clone de um animal adulto, a Ovelha Dolly, nascida em Julho de 1996. No Brasil, no dia 4 de Junho, o Senado aprova em segundo turno a emenda que possibilita a reeleição para Prefeitos, Governadores e Presidente da República. E no dia 9 de Agosto, faleceu o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, nascido em 1935.

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O autor é pastor da IECLB


Esperançar!!! Elisabet Lieven

Quero testemunhar minha esperança na vida falando do que vivenciei num cantinho de Minas Gerais, chamado São José do Mantimento... Desde que cheguei na minha primeira casa, comecei a criar um jardim, digo criar, porque a terra era amarela sem vida, raspada, cheia de tiririca que é uma plantinha danada que nasce em qualquer lugar, menos debaixo de sombra. Tive que carregar muita terra lá do Brandi e comprar esterco dos “minino” e, o mais importante, aprender a cuidar daquele pedacinho de chão. Plantava de tudo, meio inspirada na horta altar do Rubem Alves. Minhas segundas-feiras eram dias de festa pras plantinhas. Colocava o cd de Pena Branca e Xavantinho, e lembrava do meu pai que me ensinou a gostar de música que vem do chão. Vinha a infância. Vinham as recordações que amamos e ficam eternas. Tem uma flor(!) que era sempre semeada no meu jardim, em qualquer estação, em cada canto, perto da cerca, no “munturo”, nos canteiros, entre as couves. Girassóis... Quando papai faleceu, colhi todos que havia pra enfeitá-lo. Alguns murcharam pois a viagem foi longa, mas dois ficaram firmes. Era um pedaço do meu sentimento de girassol. Penso que Jesus teria contado uma parábola de girassol se fosse planta lá da região onde ele caminhava, e os passarinhos da parábola do grão de mostarda iriam adorar as sementes de girassóis como os do meu jardim gostavam.

“...Fica decretado que, a partir desse instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrirse dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança” (Thiago de Mello). Plantar girassol é viver em esperança. Esperançar! Semear sempre, deixar brotar, crescer, dar botão, virar flor, flor que parece ora flor, ora sol, ora comida para os pássaros, ora colher as sementes pra plantá-las outra vez... Outro dia vi um girassol “dos contra”, gosto deles porque apontam para o outro lado, não é girassol “vai-com-os-outros”, não olha pra lá porque todos olham pra lá. Poderia também falar do pé de abóbora que ficava doido pra entrar pela varanda, ou das semprevivas que, mesmo sendo colocadas num vaso, permanecem vivas, e não são de plástico. Poderia falar da roseira, e das formigas que volta e meia retalhavam suas folhas, mas sempre ela brotava com mais força sem cansar de florescer. Mas o Girassol, de todas as plantas “no meu jardim”, comunga com mais força a minha fé. Girassol gosta de chuva, chuva vem depois do sol, sol depois da chuva. Não tem o cio da terra? Então, tem também o cio da chuva. Lá em Minas aprendi a respeitar e a amar a chuva. Fica tudo seco durante o outono e o inverno, tem sua beleza também, a terra descansa, a terra vira poeira e torrão, têm flores que resistem à seca, os ipês amarelos ejaculam em agos

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to, a sequidão realça estas belezas, e a terra aos poucos começa a gemer. Através das aves, dos insetos, sinais vão aparecendo e esperançando a chuva; sabemos que ela vem, cedo ou tarde ela vai chegar. O joão-de-barro constrói sua casa com a portinha do lado contrário de onde virão os ventos, as andorinhas voam baixo, o saleiro começa a transpirar, as tanajuras saem de seus ninhos para a alegria da criançada que faz competição de quem pega mais, as pedreiras ficam úmidas, o ventinho faz rastros pelas estradas enrolando as folhas, o círculo ao redor do sol, as nuvens viram castelos, a seriema canta, a cigarra grita... lá vem ela, já se sente aquele cheirinho de terra molhada. Depois da primeira chuvada tudo brota de repente, o ar limpa, os telhados são lavados, vem a tranqüilidade dentro da gente. Ver a chuva caindo faz a gente chorar junto com ela de alegria, de tristeza e de saudade. As plantas agradecem, a vida agradece. A Terra ressuscita! Chuvas de bênçãos pra ricos e pobres, pra pecadores e justos, vida em abundância faz e refaz. “Eis que vos farei chover do céu pão” (Ex 16.4), “...das nuvens chovam justiça: abra-se a terra e produza a salvação, e juntamente com ela brote a justiça: eu, o Senhor, as criei” (Is 45.8). Não é só sinal do Reino de Deus, é o Reino brotando e florescendo perante

nossos olhos. Os poetas do sertão sentem este milagre como ninguém: “No meu Cariri, quando a chuva não vem não fica mais ninguém, somente Deus ajuda se não vier do céu chuva que nos acuda macambira morre chique-chique seca juriti se muda. Se meu Deus der um jeito de chover todo ano se acaba o desengano o meu viver lá é certo no meu Cariri pode se ver de perto quanta boniteza, pois a natureza é um paraíso aberto” (Rosil Cavalcanti, Dilú Melo). “Põe as galinhas pra dentro, recolhe os lençóis, fecha os vidros, desliga as tomadas e deixa as faíscas passarem, tocando tambores cuidado, sinto cheiro de chuva no ar. Ela vai chegar, ela vai chegar... Pudera, lembra que a chuva quem manda é Deus... um rastro de cheiro de terra molhada, repara, alma lavada é mesmo assim” (Renato Teixeira). “Quando é tempo de chover se alegram flores, bichos, gados, eu ainda hei de ver um mundo sem guerra de homens honrados então seguirei por aqui de pés do chão despreocupado” (Juraildes da Cruz). “Josefina sai cá fora e vem vê, olha os fôrro ramiado vai chovê, vai triminá riduzi toda a criação das banda de lá do ri Gavião, Chiquêra prá cá já ronca o truvão, futuca a tuia, pega o catadô vamo plantá feijão no pó” (Elomar F. Mello). A autora é pastora da IECLB na Paróquia Evangélica Luterana no Vale do Paraíba, em São José dos Campos, SP

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SEMI-ÁRIDO NORDESTINO Cisternas armazenam água potável RECIFE – Um sistema muito simples, com tecnologia desenvolvida há milênios, de baixo custo e não-poluente tem aliviado, animado e sustentado a vida de milhares de famílias de agricultores do semi-árido brasileiro. Trata-se da popular cisterna. Josefa Cabral do Nascimento, 56 anos, da comunidade de Rangel, no município de Jassanã, no Rio Grande do Norte, mãe de quatro filhas e um filho, teve reservatório construída no pátio do seu casebre através do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (PIMC), da Articulação no Semi-Árido (Asa). “Vivi toda a minha vida carregando água em tempo de seca. Se fosse contar as horas gastas neste vai-e-vem, dariam dias, semanas, meses de minha vida. Indo e vindo, lata d’água pesando nos meus braços, roubando meu tempo, levando minhas forças, minha juventude, desfazendo minhas ilusões, minando nossa esperança. Mas nunca me entreguei”, relatou Josefa Cabral para Francisco Flávio Felipe, da Cooperativa Techne, do Rio Grande do Norte. A sertaneja caminhava uma hora, todo dia, para buscar água. E mesmo caminhando uma vida, não deixou a esperança morrer. Quando ficou sabendo do projeto das cisternas, quase não acreditou que não precisaria mais carregar água, “nem depender de ninguém e que só com a chuva daria para encher as tais de cisternas”, contou. O milagre da multiplicação!

O projeto ainda está longe de alcançar um milhão de cisternas, meta proposta pela Asa. Mas já foram construídas mais de 113 mil, beneficiando diretamente 680 mil pessoas em 952 municípios do semiárido. O número de cisternas existente acumula, no total, 1,92 milhão de litros de água potável, o equivalente a um lago de 2 km de comprimento, por 192 metros de largura e cinco metros de profundidade. Além do armazenamento de água potável, as cisternas trazem benefícios indiretos, que são visíveis em municípios do semi-árido: aumento da freqüência escolar, diminuição dos índices de doenças provocadas pelo consumo de água contaminada e geração de emprego e renda para moradores das comunidades. O “complexo” sistema da captação e armazenamento de água é, na verdade, muito simples: a cisterna, de 16 metros cúbicos, em média, é semi-enterrada ao lado da casa, a um custo de 1,2 mil reais (cerca de 567 dólares). O telhado da casa serve de superfície captadora da água da chuva, que é canalizada, via calhas, para a cisterna. A Diaconia, que, junto com outras 750 ONGs, igrejas, associações, sindicatos e organismos de movimento social, integra a Asa, desenvolveu pesquisa no sertão do Pajeú, em Pernambuco, e na região do Umarizal, no Rio Grande do Norte, registrando a metragem do telhado das re

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sidências de pequenos agricultores. A área média desses telhados tem 84 metros quadrados e apenas 4% das casas dos moradores dessas localidades apresentam telhados reduzidos. Esse dado é importante, uma vez que a capacidade de captação de uma moradia é determinada pelo tamanho do telhado da casa, pela quantidade de chuva e pelo escorrimento do líquido. O programa das cisternas adotou o coeficiente de 75%, ou seja, 10 milímetros de chuva que caem sobre um telhado de um metro quadrado vai gerar 75 litros de água potável. O semi-árido tem 974,7 mil quilômetros quadrados, abrange 86,4% do Nordeste, em nove Estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), mais a região setentrional de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. A região passa por secas periódicas, mas não existe ano sem chuva, por menor que seja. Os anos mais secos registram 200 milímetros de chuvas no ano. A média, porém, varia de 400 milímetros a 800 milímetros por ano. Considerado esse volume de chuva, 96% das famílias do semi-árido têm condições

de captar e armazenar, com o sistema de cisternas, 16 metros cúbicos de água por ano, o que daria para suprir o consumo de oito litros por pessoa por dia. As fontes de financiamento para a construção de cisternas no semi-árido são o Ministério do Desenvolvimento Social (Fome Zero), a Federação Brasileira de Bancos e a ONG inglesa Oxfam. A Asa foi criada em 1999, por iniciativa de organizações da sociedade civil, depois da realização, naquele ano, da 3. Conferência das Partes da Convenção de Combate à Desertificação e à Seca, patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reunida no Recife. A carta de princípios da Asa afirma que esse espaço de articulação, sem personalidade jurídica, busca a conservação dos recursos naturais do semi-árido e a quebra do monopólio de acesso à terra, água e outros meios de produção. A Asa contribui para a formulação de políticas para o desenvolvimento do semi-árido e a monitoria de políticas públicas. Ela tem convênio com o Ministério do Meio Ambiente e a Diaconia é a ONG responsável, por indicação, para receber e administrar esses recursos. Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)

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Contemplando mosaicos Ezequiel Souza; Luis Mello; Pedro A. Leyva; Selenir C. G. Kronbauer

A diversidade artística e cultural de nosso país é impressionante: vivemos em um grande mosaico. As cores se mesclam, as formas se complementam. Cada cor e cada forma mantém sua particularidade, ao mesmo tempo em que adquire uma nova funcionalidade, a serviço do todo. “Respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem esse mosaico étnico brasileiro e mundial, incentivando o convívio dos diversos grupos e fazendo dessa característica um fator de enriquecimento cultural”, tornou-se o grande desafio para todos nós. O século XXI será o século da valorização da pluralidade. Diferentes cores comporão novos cenários, até então relegados à clandestinidade. Não será mais possível a defesa do monocromatismo. Novas combinações tornar-se-ão possíveis, revigorando as cores desse lindo mosaico. A presença negra no Brasil impinge tonalidades próprias. O povo afro caracteriza-se por ser um povo criativo e feliz. Isso é o que aglutina diferentes cores e formas do mosaico, impedindo a fragmentação. A IECLB, em seu Plano Estratégico de Ação Missionária, observa que, entre outros aspectos, compete às Comunidades e Paróquias realizar a missão pelo “ultrapassar das fronteiras étnicas”, ou seja, que não sejam feitas diferenças entre as pessoas em função de sua origem ou cor, e nós complementamos que “se aceitem as diferenças de cor e etnias entre as pessoas como presente de Deus e não como empecilho nas relações

e na convivência”. Fazem-se visíveis os primeiros respingos, pois essa presença fez-se necessária, também, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Entre outros documentos oficiais da IECLB, buscamos fundamentar nossa complementação ao que diz no Plano Estratégico, na Declaração da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, cujo item cinco (5) declara o seguinte: “Do ponto de vista cristão não há como justificar racismo de qualquer tipo. Deus criou um mundo multiforme, em que cada “peça” tem sua característica inconfundível. Diversidade é a marca da criação. Mas é uma diversidade na mesma dignidade. Nenhum ser humano, por pertencer a outra raça, cultura ou sexo, é inferior ou menos valioso. O propósito de Deus não está na segregação de grupos e categorias humanas, e, sim, na complementação de uns pelos outros e no serviço mútuo, usando cada qual o dom que recebeu. Discriminação racial equivale a desprezo ao Deus Criador, que moldou a criação assim como a fez e que por amar a ela deu seu Filho Unigênito. Resulta daí o compromisso com a meta da parceria fraternal entre raças, povos e culturas” (Declaração da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil Documento IECLB Nº 18386/92). As reflexões e pesquisas de grupos como o Grupo Identidade da Escola Superior de Teologia da IECLB e o trabalho realizado pelo COMIN auxiliam na pintura

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dessas novas cores e caras que, hoje, circulam nos diferentes espaços da Igreja. Trata-se de uma caminhada, ainda que não muito visível no grande cenário da

Igreja, mas que reflete sobre a vida, a alegria e a felicidade de povos que buscam espaços para contribuírem para o embelezamento desse mosaico. Os autores são membros do Grupo Identidade EST/IECLB que, em conjunto, construíram este texto

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Flagrantes da Vida Real – 2 Anne Ehlert

Táh Tahdi Thomas! Ou a rapidinha da mulher

“Ah mãe, por favor, por favor, eu queria ficar só mais um pouquinho”.

Minha afilhada Ciça (Cecília) é uma figurinha muito perspicaz e observadora, além de ter respostas pra tudo, apesar dos seus 2 anos de idade.

Minha irmã com aquela calma e sempre tratando de explicar os porquês “Thomas, realmente não dá, porque hoje está muito tarde. Outro dia você brinca mais um pouco. O Papi ainda precisa preparar sua aula e não tem tempo”.

Era hora de dormir e minha irmã e cunhado trocavam sua roupa em cima do trocador. Ela entretida com um brinquedinho, enquanto Thomas enchia os ouvidos de seus pais que gostaria de brincar “só mais um pouquinho”. “Pai, por favor, vem brincar só mais um pouco”! “Não Thomas, já está tarde e você precisa dormir pra estar disposto pra aula amanhã”.

Thomas amuado, “mas só mais um pouquinho, por favor!” Eis que Ciça, olhando pra baixo (do primeiro andar) e já sem paciência diz: “Ts, táh tahdi Thomas! Hoje naum!” encerrando o assunto de uma vez.

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A autora é aposentada e tradutora; reside em Joinville - SC


DANÇA SÊNIOR Impressões de sua dinâmica A Dança Sênior já fez história, festejando 10 anos como entidade em 2003, marcando com passos decisivos a sua presença no Brasil. Integra em torno de 14.000 cursistas com inúmeros grupos em 655 municípios brasileiros, desde o Rio Grande do Sul até Goiás, Bahia e Rondônia. É um trabalho digno junto e com as pessoas que tem um interesse comum – o de

A Dança Sênior oportuniza momentos para se deleitar na recordação numa coreografia de uma valsa bem conhecida. Reforça os laços de amizade, de convivência e de comunhão com mensagens carinhosas, animadoras e fraternas alusivas às datas de comemorações como aniversários, fundação de grupo, natal e outros. Estes valores visam a sintonia harmoniosa e alegre entre a diversidade do

Encontro Nacional de Grupo de Dança Sênior manterem-se ativos. Ela é atraente, tanto para os já avançados na idade, os anciãos longevos, como também para os mais novos, e ainda para os portadores de limitações. Atrai pelo “poder fazer”. É um movimento diversificado e prazeroso que prioriza as atividades em grupo, em pé ou sentada. Além das danças, temos a modalidade “Geronto-Ativação” que “desperta” o corpo através de exercícios específicos, prevenindo contra males precoces da velhice.

público alvo, são sinais e gestos que edificam e transformam o cotidiano de quem participa. A Dança Sênior tem um esquema de formação bem elaborado para o objetivo específico – o idoso. Catharina Elisabeth Goethe, referindo-se à idade cronológica, já disse: “Cada fase da vida tem as suas alegrias”. Acrescento que, cada fase tem as suas características, aptidões e alegrias! O estudo relativo à longevidade é promissor e destaca: que o movimento é

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necessário ao longo da vida, não importando se somos saudáveis ou não, pois conserva a aptidão física e mantém o cérebro ativo. A Dança Sênior e Geronto-Ativação englobam terapias como da auto-estima, do abraço, do riso, da amizade, da felicidade, da fé, da espiritualidade, etc, contra a tristeza e a depressão. A dança em grupo é naturalmente de inclusão, onde se é acolhido para entrar na roda. Além de estimular pessoas através do ritmo, a dança de grupo traz uma enorme alegria, e abre espaço à tolerância, benevolência e aceitação do outro e suas diferenças, é isto que o mundo tanto necessita. O fascínio e a beleza da Dança Sênior não tem fronteiras. Nasceu na Alemanha sob a liderança da Sra. Ilse Tutt em 1970, espalhando-se nos países europeus, ultrapassando o mar, chegando no Brasil através da Christel Weber e Hannelore Weber. No Brasil realizam-se de 2 em 2 anos os Encontros de Grupos num grande Encontro Nacional. De 3 em 3 anos a Dança Sênior faz parte do Congresso Internacional de Dança Sênior que neste ano será em maio na Alemanha. A linguagem da dança

é universal na terminologia e figuras. Através da dança desabrochamos para o prazer da vida, buscamos a nossa cidadania integrando-nos na sociedade brasileira. Dança Sênior é pulsão. Que a nossa missão de hoje traga frutos no presente e no futuro. Que Deus, o criador universal nos encoraje e fortaleça para uma caminhada feliz e abençoada. Conceito de Santo Agostinho (354 a 430 d.C.) referente ao valor da dança: “Eu louvo a dança, pois liberta o ser humano do peso das coisas – une o solitário à comunidade. Eu louvo a Dança que tudo pode e tudo promove: saúde, mente clara e uma alma alada. Dança é a transformação do espaço, do tempo e do ser humano, este constantemente em perigo de fragmentar-se, tornando-se somente cérebro, vontade ou sentimento. A Dança, ao contrário, pede o ser humano total, ancorado no seu centro. Aquele não possuído pela cobiça de pessoas e coisas e pelo demônio do abandono no próprio eu. A Dança pede o homem liberto, vibrando em equilíbrio com todas as forças. Eu louvo a dança. Ser humano, aprenda a dançar! Senão, os anjos do céu não saberão o que fazer de você.”

Contatos Sede: Caixa Postal 7101 – 89239-970 Pirabeiraba/SC Tel.: 47 3424 1131 – dancasenior@portalbethesda.org.br Regional RS: Lilian Comerlato – (51) 3592.2847 Regional SC/PR: Ursula Pofahl – (47) 3327.2992 Regional RJ/SP: Rita de C. de O. Souza – (21) 2578.7926 Regional MG/ES/BA: Rosângela M. P. Dutra – (31) 3225.5257 Regional MS/MT/RO: Sachiko Tamaki – (66) 3419.3086

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ECUMENISMO Participar da brincadeira de roda Antonio Carlos Ribeiro

A caminhada ecumênica das Igrejas é uma tarefa cotidiana, que demanda permanente e, tem avanços e recuos. A cada vez que celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, estamos como o povo de Deus que, como quem tem firme fé na promessa da terra de Canaã, aprendeu a edificar altares no deserto e celebrar cada etapa do caminho. Sem esquecer que o caminho era longo e com surpresas. Quem nunca teve esperanças, perdeu a viagem ao deixar o Egito. Quem decidiu olhar para cada oásis como a terra prometida se tornou vítima de seu próprio engano. Essa imagem bíblica nos ajuda a entender o processo na atualidade, no qual o penoso é exatamente insistir na utopia e abrir espaço para ela em cada topos (lugar). Isso é agir movido pela fé como uma firme esperança, que dá forças no cotidiano de luta pela dignidade do povo de Deus, partindo da igualdade básica de cada cristão batizado, que lhe foi conquistada pela morte vicária de Cristo na cruz. Quando, ao contrário, como pessoas ou igrejas, nos entendemos como o centro a partir do qual se constrói toda a unidade, identificando-nos como a expressão institucional da única Igreja, mesmo disfarçada de fala sobre o senhorio de Cristo, perdemos a noção de nosso papel. É necessário não esquecer que as Igrejas não são o sujeito e nem o objeto da mis-

são, mas seu meio, o espaço libertado em que se celebra a presença de Deus no lado inverso do mundo. É apenas o lugar em que ressoa o anúncio. A revelação é celebrada, acolhida e discernida nas Igrejas, mas não é nelas nem criada e nem mantida, nem assegurada. Nem é a mensagem das igrejas para o mundo, mas a mensagem de Deus. Se a auto-imagem das igrejas está distorcida, a imagem do movimento ecumênico também fica distorcida. E para recuperar o senso da realidade não é preciso muito. É preciso voltar os olhos para Cristo tornado ser humano em Jesus de Nazaré. Dessa postura decorre que aquele que encarna a causa de Cristo se torna ecumênico ou, dizendo de forma mais completa, cristão. É Ele que define o que é ser cristão e não alguma idéia abstratamente cristã ou ocidental, um princípio ético determinado, uma intenção piedosa, uma abstração ou um sistema eclesiástico ou teológico. Se não temos essa clareza em nossa perspectiva teológica e prática pastoral, perdemos a noção do quanto ecumênica é a humanidade, projetamos a realidade a partir de nossas deformações e entramos num caminho confuso e sem retorno. A atual retomada de perspectivas conservadoras, com normas teológicas precisas e medidas punitivas não propicia verdadeira ecumenicidade. Dizer que o propósito é preservar o mistério da salvação,

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que sequer precisa de guardião, ou as riquezas da piedade cristã, ou pior, o modelo da nossa civilização, é uma forma de afirmar-se como critério de adoração verdadeira (ortodoxia) ao qual todos devem se conformar ou se afastar, apelidados de hereges. Jesus preferiu uma prática de amor inclusivo (ortopraxia), comprometida de maneira radical com o bem do ser humano. Ao adotar a prioridade absoluta do Pai, se tornou intransigentemente fiel à sua vontade: o bem-estar de homens, mulheres, jovens e crianças. Numa palavra: tornou-se ecumenicamente humano. A necessidade de estar atentos surge da freqüente tentação de nos tornarmos o centro de tudo: da fé original, da melhor teologia, da etnia pura, da Igreja mais completa, dos que têm as verdadeiras marcas, dos que detêm a posse da tradi-

ção cristã, dos que são donos da ação Espírito, enfim. O auto-engano pode ser traduzido como “aquele que mente para si mesmo. E o que é pior, crê!” A melhor imagem para pensar na vivência ecumênica da fé cristã é a brincadeira de roda, que aprendemos na infância. Nos damos as mãos, olhamos nos rostos uns dos outros e nos equilibramos mutuamente, enquanto giramos. A presença do outro é o ponto de equilíbrio, e a segurança de que não vou cair. Não nos comportemos como as crianças teimosas, que insistem em cruzar os braços e virar as costas. Sem participar da brincadeira, não punem a ninguém. Só a si mesmas. Se eu, ao contrário, não quiser ser o centro da roda, posso aprender a canção que faz a roda girar e participar da brincadeira. Amém. O autor é pastor da IECLB, jornalista e membro do CONIC-Rio

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Espaços sagrados, morada de Deus Walter L.Berner

A igreja somente é espaço sagrado se erguida para Deus e unida à Palavra, caso contrário é apenas um prédio simples ou artisticamente elaborado. Esta edificação tem assim muita correlação com os dois Sacramentos, o Batismo e a Santa Ceia.

com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles”. Para a humanidade o templo sempre foi um lugar de encontro íntimo com Deus e também com as pessoas.

Igreja luterana e educandário, séc XIX Pode-se afirmar o mesmo para a escola e salão comunitário cuja ocupação está assentada no cristianismo. Em Ap 21.3 lemos: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará

Na IECLB estas edificações têm sua trajetória histórica e cultural. Foram construídas com zelo, amor e muita fé, para ser um local de identificação e de comunhão cristãs, e quando possível, com semelhança nas suas origens étnicas.

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Lutero sempre propôs começar todo o trabalho pela educação, e em seguida a evangelização, formando-se a partir daí a comunidade. Assim, constroem-se a escola, a igreja e o salão comunitário, ou um prédio que acomoda todas as atividades num só local. Este “caminhar luterano” sem dúvida tem sua eficácia missionária. Mas os padrões atuais de vida, as implicações de lei, as dificuldades financeiras e de espaço, e até algumas linguagens evangélicas, despertam outros valores que também precisam ser respeitados. Assim, as edificações tornam-se simples e de múltipla utilidade. Em alguns casos as comunidades iniciam suas atividades agregadas a escolas, a outras igrejas, em casas particulares, e até em locais alugados ou clubes sociais. Retornando aos propósitos de Lutero, não resta dúvida de que ao se levar o ensino às pessoas, surgem inúmeras possibilidades para formar-se uma comunidade que se reúne ao redor deste trabalho. Esta sim é uma proposta muito boa que tem resultados positivos em curto prazo, necessitando apenas de dedicação solidária das pessoas e pouco investimento. Um aspecto a ser considerado é a diferença entre templo sagrado, salão comunitário, e escola. São todos importantes, mas muito específicos. Concentrar espe-

cial atenção às particularidades e características de cada espaço, especialmente atento às necessidades de cada região geográfica, é acima de tudo zelar pela integridade da Palavra. Algumas vertentes religiosas estão desprezando demais estes conceitos fundamentais em prejuízo da essência dos ensinamentos de Jesus. Diz-se: “Deus fala quando o ser humano cala”. Isto é o mesmo que afirmar: “dai ao ser humano o que lhe pertence e oferecei a Deus o que lhe é digno”. É bom lembrar também: (1Co 3.16-17) “Não sabeis que sois templo de Deus e o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém profanar o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós”. Este “ser o templo” é a comunidade que tem um compromisso direto com Deus e com o próximo. Em resumo, os diversos espaços mencionados, se fazem sagrados pela comunhão de pessoas que se reúnem em nome de Deus, na certeza de que professam a mesma fé e que sustentam interesses comuns. Que seja o Senhor Jesus “a cabeça do corpo, da igreja” (Cl 1.18a), e assim tenhamos a certeza de que “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.5-6). Amém. O autor é artista plástico e reside em Petrópolis, RJ

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Fazer o bem? A quem? Egon Hilario Musskopf

Acima de qualquer outra coisa, parece mesmo que estamos vivendo um período de tristeza. Não acho palavra melhor para definir o que se sente por aí. Desamparo. Desesperança. Descrença nos valores. Descrença nos homens. Decepção. Vontade de fugir. É preciso resistir diante deste quadro. Não podemos nos deixar abater. Temos muito que fazer e estes sentimentos negativos, estas energias danosas, só atrapalham a nossa evolução, tanto material como espiritual. Temos que fortalecer nossas crenças, rebuscar aquilo de bom que sabemos ter existido - e que continua existindo, certamente! - e tentar ser o melhor que pudermos diante de todos que vêem nossas ações, nossos comportamentos, nosso modo de ser e viver. Somos muito de ficar falando e pouco de fazer acontecer. Assim só damos curso ao negativismo e contribuímos para que o mal se estabeleça de vez. Pensemos nisso. Conversemos mais com o vizinho, com os amigos, com os filhos e familiares, com a companheira, com quem vive com a gente este mesmo quadro - triste dos maus exemplos dados pela maioria das nossas autoridades, em todos os poderes! Observemos em torno de nós... existem pessoas de bem - não somos todos maus! Existem honra e honestidade, não somos todos desonestos e desonrados!

Existem coisas boas - o bem não sucumbiu! Existe muito amor dentro de nós e temos que colocá-lo para fora, torná-lo concreto e visível, fazê-lo ser a diferença entre esta tristeza e a alegria que buscamos. Todos nós nos dizemos cristãos. O que isso tem significado? Que ações isto tem gerado? Que diferença faz isso diante daqueles que não se sabem agraciados pelo amor de Deus? Vamos, gente! Vamos tirar de dentro de nós, da nossa história, das nossas lembranças, das nossas experiências, as lições que nos fizeram superar momentos difíceis em outros tempos. Nem sempre é bom relembrar momentos difíceis, mas eles sempre nos deixam lições valiosas. Não é por nada que somos colocados diante deles. E sempre se tem provado de novo que nossas cargas não vão além das nossas forças. Agora é apenas mais um momento destes na vida de todos nós. Sairemos dele, mais uma vez, fortalecidos! Não acreditemos quando querem nos fazer crer que tudo está errado, que ninguém presta, que todos só pensam nos seus próprios benefícios, que todos são mesquinhos à espreita da possibilidade de dar um bote. Não é verdade! Tem muita coisa errada, não está tudo bem, mas tem muita coisa boa!

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Eu, você e mais outros, podemos ser diferentes, podemos mostrar que vale a pena ser honestos, vale a pena perseverar no trabalho, vale a pena ir de encontro ao que está desanimado, vale a pena resistir, vale a pena usar toda nossa energia para dar um testemunho de amor à verdade, à justiça, à dignidade! Este terrorismo que quer fazer acreditar que tudo está errado não é de graça, não surge do nada, não é inocentinho. Por trás dele se esconde uma intenção sutil de nos fragilizar, de nos tornar mais vulneráveis, passivos, resignados. Assim ficamos à mercê de qualquer ação contrária aos valores tradicionais que nos trouxeram até aqui! Lembremos das lições de honra dadas pelos nossos pais. Lembremos os bons exemplos que testemunhamos. Observemos à nossa volta as pessoas de bem que não se entregam e, mesmo diante das maiores dificuldades, continuam lutando dignamente, certas de que é isto que lhes cabe fazer. Os bons e os maus se misturam. O trigo e o joio crescem juntos. Temos que aprender a fazer a distinção e fazer a nossa opção não apenas pelo que é melhor para mim, mas o que é melhor para nós. Pensar coletivamente.

Sozinhos somos muito frágeis e qualquer onda nos carrega. Padre! Pastor! Prefeito! Vereador! Empresário! Patrão do CTG! Pai! Mãe! Comunicadores! Formadores de opinião! TODOS! Todos que detém algum poder, maior ou menor, não importa, usem-no para semear a concórdia, a confiança, o bem! Usem seus púlpitos, usem seus microfones, usem sua influência para animar as pessoas e devolver-lhes a confiança! Ninguém tem poder para o seu próprio benefício! Se a alguém foi dado, é justo que deste mais seja exigido! Comecemos uma onda de energia positiva! Peçamos o bem nas nossas orações e façamos o bem em nossas ações. Este mundo, este país, este estado, esta cidade, esta rua, esta gente - SOU EU! E eu tenho o compromisso de ser responsável por tudo que me pertence. E se está tão mal, preciso ver onde falhei e corrigir meu erro, fazer de novo e de modo certo e... ...prosseguir, prosseguir, prosseguir... a vida continua! O autor é jornalista. Para interagir com o autor: egonhm@terra.com.br

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Passatempos matemáticos Colaboração: Nelson Hein

Que idade tinha Diofanto?

Produto

Os números dirão a duração da sua vida.

O produto dos três algarismos de um número é igual a 245 e a soma dos dois últimos é igual a 14. Que número é esse?

Cuja sexta parte foi ocupada por uma doce infância. Decorrida mais uma duodécima parte de sua vida, o seu rosto cobriu-se de brasa.

Caracol

Passado mais um sétimo da sua vida casou.

Um caracol está no fundo de um poço com 10 metros de profundidade. Por dia sobe 3 metros mas de noite adormece e escorrega descendo 2 metros. Quantos dias são necessários para sair do poço?

Cinco anos depois, nasceu-lhe o seu único filho, que apenas durou metade da vida do pai. Triste com a morte de seu filho, Diofanto viveu inda 4 anos. Diz-me, caminhante, que idade tinha Diofanto quando a morte o levou?

Gatos 7 gatos apanham 7 ratos em 7 minutos. Quantos gatos são necessários para apanharem 70 ratos em 70 minutos?

O Cachecol do Márcio

Frutas

A avó do Márcio está a fazer-lhe um cachecol às riscas iguais, com três cores: amarela, vermelha e azul. O Márcio quer o cachecol com 140 cm de comprimento. A avó disse-lhe que terminará como começou: com uma risca vermelha. Cada risca mede 5 cm. Quantas riscas azuis terá o cachecol?

1 maçã pesa tanto como 3 ameixas ou como 12 nozes. Quantas nozes pesam tanto como 1 ameixa? Pescaria Num barco estavam 2 pais e 2 filhos à pesca. Cada um pescou 1 peixe, mas só trouxeram 3 para casa. Explique porquê! O autor é professor de matemática na FURB, em Blumenau, SC

A idade de Diofanto: 84 anos – O cachecol de Márcio: 9 riscas – Produto: 577 – Caracol: 8 dias – Gatos: 7 gatos – Frutas: 4 nozes – Pescaria: Estavam no barco o avô, o filho e neto (dois pais e dois filhos)

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A Lei de Vampeta Eloi Zanetti

O Flamengo fingia que me pagava e eu fingia que jogava – Vampeta Entrevistado sobre seu relacionamento com o Flamengo, o jogador Vampeta saiu com a frase acima que, na sua simplicidade, retrata bem o atual comportamento do nosso povo: uma certa tolerância somada com uma boa dose de hipocrisia no trato dos nossos assuntos mais sérios. Estamos nos comportando como um país de fingidores, um lugar onde o cinismo, a dissimulação e o engano são aceitos como comportamentos normais e já incorporados, parece que de forma definitiva, como nossa maneira natural de ser e de agir. A arte de enganar e de aceitar com facilidade ser enganado permeia todos os níveis da sociedade brasileira, do cidadão comum às autoridades mais destacadas. Das empresas ditas socialmente responsáveis e seus profissionais, aos campeões da arte de fingir, que são os nossos políticos e governantes. Você deve ter pensado em atores. Não, estes fingem no palco por amor à arte e à profissão. Nunca a nossa sociedade se mostrou tão cínica quanto nos últimos tempos. Um professor universitário desabafou estes dias: “As escolas fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem e as autoridades que se preocupam com o nosso maior problema, a educação.” Outro educador, especialista nas relações,

pais, filhos e escolas alerta em entrevista na TV: “Os jovens fingem que se preparam para estudos mais avançados, seus pais coniventes fingem que os observam estudar. O tempo passa e o futuro profissional fica só na promessa da realização.” Um headhunter (descobridor de talentos, recrutador de executivos), indignado protesta: “Alunos de mestrado fingem que pesquisam a sério e seus orientadores fingem que aceitam bons trabalhos, os RHs dão ciência e arquivam os diplomas. O fingir ter o papel da diplomação é mais importante que o saber adquirido.” É só observar e constatar; empregados fingem que trabalham, seus chefes fingem que chefiam e, todos aceitam como normal os trabalhos mal realizados. Com a mediocridade estabelecendo padrão de qualidade estamos nivelando pela média e, a nossa média sendo baixa, podemos nos considerar todos medíocres. Jornalistas mais críticos observam as suas áreas e dizem: os esportistas fingem que se esforçam por resultados, os modelos se fingem de atores e os pretensos músicos e cantores fingem que sabem tudo sobre música. Salvo uma pequena parcela do nosso povo, a arte da embromação está sendo aceita e incorporada pela maioria na nossa risonha e franca terra da fantasia. Observe a quantidade de prêmios em algumas áreas. Na das causas comunitárias é enorme o número de empresas fingin

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do lutar por boas causas e de entidades que fingem observar e analisar seus falsos procedimentos e a lhes conferir prêmios nem sempre merecidos. Hoje, o fingir ser politicamente correto é premiado e divulgado a exaustão, nomes e ações de causas falsas estão nas revistas e jornais, sem nenhum constrangimento. Enquanto os políticos e promotores simulam a realização de investigações, boa parte da imprensa finge abordar o assunto com propriedade e imparcialidade. O que fazemos? - Olhamos para os lados e fingimos acreditar na boa intenção de todos. Podemos dizer também que o governo finge arrumar estradas, que cuida da saúde pública e que a polícia e a justiça se preocupam com a segurança. Mas como podemos explicar ao mundo o sofrer eterno do nosso povo que morre às pencas no meio desta incompetência consentida? A sociedade brasileira paga um alto preço pela sua transigência nos assuntos dos bons costumes e da civilidade: aceitamos com naturalidade a presença da falsida-

de nas nossas relações interpessoais, partilhando e não questionando as regras deste perigoso jogo. E, com a falsa esperança de que num belo dia, por si só, “isto tudo vai mudar”, não tomamos ações corretivas para mudar este nefasto modo de viver. Falta-nos coragem para abrir os olhos, encarar e enfrentar nossa realidade de frente. De reclamar, bater o pé e ir até as últimas conseqüências contra o engodo e o trabalho mal feito. Vivemos, coniventes, mergulhados num mundo de fingimento e, deve ser por isso, que a nossa maior manifestação coletiva seja o carnaval, onde o irreal e a fantasia fazem parte do evento. Quer melhor simbolismo para retratar o nosso povo? Cínicos, estamos nos acostumando ao sarcasmo. E com pesar lembro que a palavra cínico quer dizer: “agir como um cão”. Que injustiça aos nossos melhores amigos. E como disse George Meredith em sua peça The Egoist (1879): “como os cínicos ficam felizes quando fazem para os outros um mundo tão árido quanto fizeram para si mesmos.” eloizanetti@terra.com.br

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evemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas. Voltaire ••• 81 •••


LUTERANOS NO SERTÃO NORDESTINO Qual o “jeito” desta igreja? Juliano Muller Peter

– Luteranos? “Ó xente” o que é isso? Essa é ainda uma exclamação que se houve nesta região do Brasil. Mas, graças a Deus, desde os últimos 5 anos isso tem mudado. Em cidades como Araripina-PE, Crato-CE, Juazeiro do Norte-CE, Teresina-PI, Ouricuri-PE e José de Freitas-PI, a cada dia mais pessoas não só ouvem falar desta igreja, que não conheciam, mas têm suas vidas tocadas e transformadas pelo evangelho proclamado, testemunhado e vivido por ela. Hoje já existem pessoas que “enchem o peito” para dizer que são cristãs “luteranas”. Em 2001, aconteceu o primeiro projeto missionário no sertão nordestino, articulado pela Missão Zero na cidade de Araripina, que deu início a um ciclo de igrejas abertas por aqui. Várias pessoas, vindas de várias partes do Brasil, têm doado das suas férias e, literalmente, investido alto (financeiramente) para que pessoas possam ouvir de forma clara o evangelho de Jesus e assumir um compromisso de vida com Ele. Pela ação do Espírito Santo, “luteranos” da IECLB despertaram para o desafio missionário e evangelístico que uma das regiões mais pobres e exploradas do Brasil oferecia. O Sertão Nordestino é uma região muito seca. Chove muito pouco. Além disso, sofre pelo acúmulo de riquezas de uns poucos em detrimento de uma grande maioria pobre. Há muita explora-

ção por parte dos governantes e “coronéis” que detêm o poder por aqui. Essa realidade difícil tem como conseqüência um grande índice de prostituição, alcoolismo, analfabetismo e fome. Em termos de religiosidade, vive-se o chamado “catolicismo popular”. Cerca de 90% da população é católica, porém, em sua grande maioria “nominal”, ou seja, quando muito exerce sua “espiritualidade” em casa. Há uma forte tendência na adoração e no culto a santos e imagens, especialmente, Maria, Padre Cícero e Frei Damião. Há uma presença pequena de igrejas evangélicas, em sua maior parte de tendência legalista. Somos IECLB, ou seja, somos Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Somos Igreja, graças a ação do Espírito Santo que tem reunido nordestinos em torno do evangelho da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Tem congregado pessoas que antes não tinham igreja e então, tomaram um compromisso de fé e de vida com Deus e que agora querem e necessitam viver em comunidade com outros irmãos. Há por isso, espaço para celebração, ensino, aconselhamento, compartilhar e repartir. Somos evangélicos porque somos fruto da “boa nova” que Jesus veio trazer a este mundo. Assim somos identificados na região, por não sermos católicos, mas principalmente por causa do compromis

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so de viver a partir do testemunho dos evangelhos. Por causa disso, temos um compromisso enorme de anunciar essa “boa e nova notícia” por todos os lugares desta região. Por serem igrejas que nasceram de missão, elas assumem como parte essencial do seu ser cristão a tarefa missionária. As igrejas têm crescido qualitativamente e numericamente. Já são 7 comunidades, 2 pontos de pregação e cerca de 250 pessoas que fazem parte das igrejas luteranas no sertão nordestino. Pessoas que passam pelo Curso de Profissão de Fé (curso de membros) e decidem fazer parte dela. O “orgulho” de ser luterano se deve em boa medida pelas suas bases confessionais. Por isso, somos de confissão luterana. Os pilares da Reforma servem de base para a pregação e a vivência cristã em meio a uma religiosidade que mistura o nominalismo, o sincretismo e o legalismo. Assim, temos sido uma espécie de “opção” mais equilibrada, graças à ênfase na graça, que liberta as pessoas de um contexto de “negociata” com Deus. São muitas as pessoas que têm aprendi-

do que não são merecedoras de nada, mas que Deus em sua misericórdia as sustenta. A posição clara de que só Jesus é o caminho, a verdade e a vida, tem tirado muitas pessoas da confusão em que vivem. Tem apontado um propósito pelo qual viver. Saber que é a fé somente que pode acolher a Palavra da graça é maravilhoso, pois livra as pessoas de terem que provar que são “boas” o suficiente para receber o auxílio de Deus. Ser a Igreja da Palavra onde só a Escritura é norma de fé e conduta dá certeza de um caminhar na direção correta. E por fim, somos verdadeiramente Igreja no Brasil. Uma igreja de nordestinos. Com a alegria, a espontaneidade, o sentimento “a flor da pele”, o acolhimento típico do povo desta terra. Procuramos celebrar e vivenciar a vida de fé de uma forma contextualizada. De modo que, os irmãos da igreja luterana no Sertão Nordestino sintam a alegria de fazer parte da grande Igreja de Jesus Cristo. E essa alegria é que têm contagiado outros para se juntarem a esta família. O autor é pastor da IECLB em Araripina, PE, na Missão Zero, Área Missionária Luterana no Sertão Nordestino

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esperança não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade. Suenens ••• 83 •••


Mãe duas vezes Há experiências quase indescritíveis na vida: ser mãe é uma delas, ser avó, com certeza, outra. Quando recebemos a notícia de que nossa filha estava grávida, uma grande alegria tomou conta de toda a família. Os dias foram passando e, na primeira ecografia, a surpresa: seriam gêmeos! Com o decorrer do tempo aumentavam as nossas expectativas. Seriam meninas ou meninos? Mais adiante finalmente a revelação: um casal! Nossas esperanças e nossa ansiedade cresciam junto com o ventre que se avolumava, dia-a-dia. No final do mês de abril eles chegaram. Tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Diferentes no sexo, na constituição, nas feições e até na cor dos olhos. Ele bem loiro, com olhos azuis. Ela, com olhos castanhos e cabelo crespo e pele mais morena, mas iguais na alegria, na

ternura e no amor que desencadearam em todos nós. Eles moram longe de nós. Mas não conseguimos passar muito tempo sem vê-los. Este ano completarão 3 anos, em abril. Estão lindos (sou “vó coruja”). Quando vão embora, após visitar-nos, deixam um enorme vazio e uma saudade imensa. Parece que fica na casa o som de suas vozes, chamando: “irmão...!” “irmã...!” pois é assim que eles, Bernardo e Manoela se tratam. Com eles se renova meu sentimento materno. Compreendo agora o ditado popular: “Ser avó, é ser mãe duas vezes”. Obrigada, minha filha, por ter-nos dado estes netos! Obrigada, meus netos, por vocês existirem! Obrigada, Senhor, por ter-nos dado esta bênção! In memoriam Janesca Hofheinz Pötter, Curitiba, PR, falecida no dia 21 de março de 2006

Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização. Martin Luther King

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Mulher e pastorado – algumas reflexões Aneliese Abentroth

Todas as pessoas cristãs são chamadas a exercerem a tarefa de testemunhar, viver e anunciar a Boa Nova do Evangelho neste mundo. A Comunidade chama e capacita pessoas para uma função/tarefa especial: o ministério da pregação pública do Evangelho e a reta administração dos Sacramentos. A IECLB ordena mulheres e as envia para o pastorado a pouco mais de 30 anos. É uma história muito recente. São séculos e séculos de atuação essencialmente masculina neste ofício. É, pois, compreensível que o Pastorado tenha características consideradas como inerentes aos homens, tais como: liderança, condução e atuação pública, supervisão e autoridade. Na medida em que as Comunidades passam a conhecer, receber, conviver com uma mulher no exercício do pastorado algumas construções simbólicas presentes no seu imaginário sofrem abalos. Torna-se comum algumas situações peculiares: “Quando ela engravidar, quem fará o seu trabalho?” e “Ela não é casada com uma ‘Frau Pharrer’ (esposa do pastor), quem assumirá o Culto Infantil? Quem substituirá o pastor nos encontros da OASE?” A divisão social do trabalho vivida pela sociedade sempre esteve presente em nossas Comunidades. Aos homens é destinado o exercício da profissão remunerada, os cargos de lideranças, a presença e o reconhecimento público. Às mulheres cabe a manutenção do lar, o cuidado com familiares, a educação das crianças, a diaconia, o serviço na Comunidade.

Estes paradigmas são quebrados na medida em que as mulheres vão assumindo espaços e funções consideradas essencialmente masculinas. E, assim como acontece socialmente, os preconceitos vão mudando e passa-se a aceitar a presença feminina nestas esferas, mas com uma condição: que ela faça tudo e da mesma maneira que um homem faz; que ela se imponha e exerça a autoridade da mesma maneira. Pela nossa construção cultural, a mulher é vista e tratada como incapaz de muitas coisas. Para exercer determinadas funções, ela precisa provar que é competente. Assim surgem situações como esta: Após um culto, segue o comentário: “Ela é quase tão boa como um pastor”. Há uma enorme carga de responsabilidade colocada sobre os ombros das mulheres pastoras. Quando um pastor enfrenta dificuldades em alguma Paróquia e prefere se transferir, dificilmente escutamos: “O próximo, não queremos que seja homem. Agora queremos uma mulher”. Mas quando o conflito se dá com uma pastora, não se atribui à dificuldade a sua maneira de exercer a sua tarefa, mas se atribui à sua natureza como mulher. Mesmo que a lei tenha se modificado, nossa vivência social ainda não. O homem é considerado o chefe da família. É ele quem tem a última palavra nas decisões. Normalmente, quando surgem conflitos nas Comunidades, onde interesses pessoais, particulares estão presentes,

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quando o pastor é um homem, a discussão fica acalorada. Há argumentos de ambos os lados. Mas quando a pastora é uma mulher a situação muda. Muitos homens não estão habituados a dialogar e ouvir os argumentos vindo das mulheres. Já ouvi a seguinte colocação: “Chama o pastor... quero falar com ele. Com ele eu me entendo!” De algumas mulheres, escuto a seguinte fala: “A pastora precisa ter mais pulso. Ela tem que se impor e dizer o que é e o que não é e ponto final”. O poder compartilhado, a discussão de argumentos, a tomada de decisões em conjunto, muitas vezes é compreendida como fraqueza, debilidade, também quando pastores agem e atuam desta forma.

O que tenho vivido na IECLB, nos meus 19 anos de ministério pastoral, são encontros de pastoras onde os clamores, os desafios, as dores e as alegrias ainda são partilhadas somente “dentro de casa”. Fora dela precisamos nos vestir com identidades que nem sempre são as nossas. É preciso desconstruir conceitos e preconceitos, que estão impedindo uma vivência e um testemunho mais harmonioso, justo e igualitário dos filhos e das filhas de Deus. Se Deus me perguntasse novamente hoje, se quero ser pastora da IECLB? Responderia com toda a convicção: “Quero sim!” Quero servi-Lo com todo o meu ser nesta Igreja, que na sua fragilidade, mas com a força do Santo Espírito, vem rompendo barreiras e fazendo aparecer sinais concretos do Reino de Deus. A autora é pastora em Horizontina, RS

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Mulheres guerreiras Eloi Zanetti

Vejo-as todas as manhãs quando saio mais cedo para alguma viagem. São mulheres que caminham solitárias pelas ruas ainda desertas na madrugada. Caminham em direção aos seus trabalhos, apressadas, resignadas, cada qual no seu rumo: pequenas indústrias, comércios, ou alguma casa de família. Muitas, para poder trabalhar deixam seus filhos em creches, aos cuidados dos vizinhos ou sabe-se lá de quem. Minha constatação é antiga. Há tempos que as percebo. Nas primeiras horas do dia há mais mulheres se dirigindo ao trabalho do que homens. Mulheres que exercem o sagrado ofício, (sacrifício) do trabalho (triplálio-instrumento de tortura), que têm a obrigação de carregar um mundo nas costas, e carregam-no. Gente simples, humilde, maltratada. Pegam duas ou três conduções gastando preciosas horas de descanso para chegar aos locais onde ganharão pequena paga pelos seus grandes cansaços. A paga da sobrevivência. E os maridos? Ah! Os maridos, como se todas elas tivessem maridos! Muitas pagam a penitência de ter se envolvido com parceiros errados, nas horas erradas e estão, literalmente, abandonadas. Por que falo sobre isso? Porque as vejo. E porque há pouco tempo tive a oportunidade de participar de uma série de pesquisas sobre o comportamento de pessoas das chamadas classes C e D, moradores da periferia de grandes cidades. Ou-

vimos dezenas de histórias da população dos bairros mais pobres e afastados. De tudo, o que mais me chamou a atenção foi o comportamento e a disposição para enfrentar problemas mostrados pelas mulheres com mais de 40 anos. As pobres e sofridas mulheres brasileiras. Guerreiras que sustentam sozinhas o núcleo familiar e, quando não abandonadas pelos maridos, sustentam bêbados, vagabundos ou desempregados. E muitos, num cinismo atroz moram, ora com a oficial, ora com a outra. Além do marido, algumas sustentam, além de si, mais duas ou três gerações. A filha de 16 anos que engravidou e trouxe o bebê para ela cuidar ou o filho adolescente, quase adulto, que passa o tempo todo na rua e só volta para casa para comer, dormir, criar confusão e muitas vezes pegar algum trocado para ir ao baile funk. Outras sustentam também os mais velhos: pais, sogros, sogras ou avós. Estes, quando podem contribuem com uma parte das suas aposentarias mirradas, uma mixaria que mal dá para pagar a conta da farmácia. A força de trabalho da mulher brasileira é grande. Está espalhada nas lavouras, no artesanato, nas fábricas e nas residências. E este trabalho escravo é explorado ao extremo, aviltado pelos baixos salários, pela insegurança da informalidade e pela humilhação das condições do trabalho. Preste atenção quando tiver que sair de manhãzinha de casa ou simplesmente olhe pela janela do seu apartamento. Elas

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estão ao seu redor. Faça uma pequena reflexão em prol das nossas guerreiras da madrugada. Heroínas anônimas, que não jogam para a torcida, mas dão conta do

jogo sem aparecer. Até quando o Brasil vai continuar injusto com as mulheres brasileiras? eloizanetti@terra.com.br

Minha não metade Quando eu te conheci, pensei que tivesse encontrado minha outra metade. Hoje eu sei que estava errada. Não és minha outra metade, és meu outro “EU”. E não posso ter só tua metade, porque preciso amar-te por inteiro. Neida Wobeto

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Música: retrato da comunidade Guilherme Lieven

Quero partilhar com você a diversidade musical já instalada nas comunidades da nossa Igreja. A música é um dos retratos das nossas comunidades. Nos últimos anos, elas incorporaram novos ritmos e novas expressões musicais em suas atividades comunitárias, nos grandes encontros e celebrações. Antigamente não era assim, mas hoje diferentes ritmos e sons são experimenta-

dos e praticados nas comunidades. Esta mudança ocorreu de forma tímida e vagarosa. Nos diferentes sínodos da IECLB é visível e audível uma variedade de opções e práticas musicais, associadas à cultura, origem e contexto das pessoas e famílias acolhidas em comunidade. A mesma canção, em comunidades de diferentes regiões é acompanhada por instrumentos diferentes, cantada e executada em compassos também diferentes. Hoje,

a pluralidade musical é visível, até mesmo, no contexto de um mesmo Sínodo. A música sempre é contextualizada. Todos os povos, tribos e culturas têm a sua tradição e a sua linguagem musical. Culturas e tradições diferentes desenvolvem valores e bens musicais, culturais e religiosos também diferentes. Por exemplo, quem nasceu ouvindo samba não entenderá, sem nenhuma iniciação e convivên-

cia, a linguagem do órgão e dos sons marcados pelos códigos musicais produzidos em outras épocas e contextos. Antes de ser um problema, as diferentes expressões musicais são bemaventuranças. Para os mais atentos, elas são retratos das múltiplas faces das comunidades, que surgiram a partir da sua inserção nos diferentes contextos e realidades brasileiras. Durante os vinte e três anos no exercício do Ministério Pastoral

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em comunidades da IECLB, no Paraná, Roraima, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, experimentei pessoalmente esta riqueza e este processo, fazendo parte dele, através da experiência com a música no trabalho pastoral e com a produção de quatro CDs com mensagens de fé. A música está sempre presente na celebração da vida e nos encontros com Deus. O povo de Deus tinha a música como hábito. Cantavam e dançavam os principais eventos. Moisés cantou as maravilhosas obras de Deus (Ex 15.1s). Miriam conduziu um grupo de mulheres, cantando e dançando, para festejar a derrota dos egípcios (Ex 15.19-21). As distribuidoras de água cantavam os atos de justiça do Senhor, da justiça em prol de suas aldeias (Jz 5.11s). As mulheres tocavam e dançavam pela conquista de Davi (1Sm 18.6-7). A filha de Jefté foi ao encontro de seu pai com adufes e com danças, após seu retorno da batalha (Jz 11.34). Ana cantou a sua alegria por ser mãe (1Sm 2.1ss). Maria cantou a sua alegria, fé e esperança como a mãe do menino Jesus

(Lc 1.46s). Os anjos cantaram ao anunciarem o nascimento de Jesus (Lc 2.13). Jesus cantou os salmos, na última ceia (Mt 26.30; Mc 14.26). As primeiras comunidades cristãs cantaram sua esperança e a sua fé; cantaram o amor e o poder de Jesus Cristo, revelados na cruz e na ressurreição. A música sempre acompanhou a revelação de Deus. E nós somos herdeiros desta maravilhosa tradição de cantar o amor, a esperança e a fé. Somos chamados para acolher os diferentes dons e a pluralidade da expressão musical, deixando que ela retrate as nossas faces, os nossos contextos e as nossas realidades. Quais os hinos, as canções, que te fazem dançar? Quais os ritmos e melodias que te fazem pensar e meditar? Quais os sons que abrem o seu coração, que afrouxam as cordas que te prendem e facilitam a sua comunicação com Deus, a sua espiritualidade? Responda estas perguntas e participe da sua comunidade, cantando a sua fé, a sua esperança e a sua alegria. O autor é Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste

Um grama de testemunho vale mais que uma tonelada de propaganda. William W. Ayer ••• 90 •••


Naquele dia, eu jamais imaginaria... Luiz Artur Eichholz

Revistas de grande tiragem costumam publicar matérias sobre experiências que marcaram vidas e influenciaram a história. As palavras podem ser diferentes em cada testemunho dado, mas no fundo falam da surpresa que os próprios autores vivenciaram. Quando se dá o primeiro passo numa caminhada, nem de longe se consegue imaginar o que tudo espera pelo caminho e menos ainda o que a vida irá aprontar no final da jornada. Este não é um ensaio de autobiografia. Nem palavras doces foram escolhidas para falar dos sucessos ladeadas por amargas para falar dos fracassos. Quero antes imitar Joãozinho e Maria que vão largando migalhas de pão para identificar o caminho. Mas se tais “marcas” desaparecerem, não tem problema – eu e você seremos absolvidos – a culpa será dos passarinhos. Ou vale aquilo que se diz quando se fala de Deus sobre a feitura das pessoas. Cada um de nós até pode ser comparado a um pãozinho, do qual se pode ir tirando migalhas. Mas verdade é que Deus sempre que completa um, joga a forma fora para que ninguém sofra com a existência de uma impressão digital igual a sua. Somos todos diferentes. Cada fatia que sai de nós também é única. Oferecemos os nossos testemunhos apenas na intenção de inspirar. Afinal, nada se começa bem sem uma boa inspiração, e nada se termina com sucesso sem muita transpiração. Nos anos 50, a cidade de São Lourenço

do Sul - RS, era pequena e pacata. Lá se falava o português. Porque portuguesa era a origem da maioria de seus habitantes. Só nos anos 70, com o grande êxodo rural é que se começou a falar pomerano na cidade. Belos anos 50 e 60. Tudo girava em torno do seu pequeno porto. Eram os pescadores chegando e saindo, consertando as suas redes ou vendendo os seus peixes. Mas barcos maiores também chegavam e saíam todos os dias. Vinham carregados de açúcar, sal, trigo, querosene, cimento, ferramentas e miudezas. Quando partiam levavam batatinha, feijão e banha. Seu destino era Porto Alegre, Rio de Janeiro e Montevidéu. Bem diferente era a colônia a 20 ou 30 quilômetros dali. A maioria pomerana conseguiu impor a sua língua e os seus costumes junto aos agricultores. Os belgas, suíços e polacos ficaram retraídos. Cedo perderam a sua língua de origem e as suas tradições. Viraram pomeranos também. Cem anos após a chegada dos primeiros europeus, uma nova colônia foi aberta. Região de pradarias, a Santa Isabel era uma grande fazenda que por mais de 200 anos pertencera a estancieiros portugueses. Quando loteada, no pósguerra, diferentes nacionalidades aportaram. Uns poucos de cada lado: franceses, italianos, dinamarqueses, húngaros e vários segmentos germanos. Sim, quantas diferenças entre os prussianos, saxões, bávaros e pomeranos. Cada um falando o seu dialeto. A torre de babel

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ficava ali. Meu pai – juiz de paz, presidente da igreja, da escola, o comerciante e “médico”. Nossa casa era a casa de todos. Precisávamos saber o que cada um dizia e queria. Meu pai ali era o líder. E eu, o “filho do peixe”. Cresci aos pés da “torre”. Lá em casa eu tinha uma pessoa que fazia às vezes da babá. Negro Jorge, ex-escravo, do alto dos seus 90 anos, integrava a nossa família e ajudava a cuidar de mim. Na sua velhice, esqueceu o pouco de português que aprendera e voltou a falar quase que exclusivamente o banto, sua africana língua materna. José Maria e Maria José um casal de índios remanescentes de uma tribo dos patos, batizados pelos missionários católicos com estes nomes exóticos, eram muito acolhedores. Nos seu rancho beira-chão sempre havia um lugar para mim. Brinquei demais com os restos de cerâmica e pedras que se espalhavam pelo pátio daquela área que por muitas gerações acolhera uma aldeia indígena. José Maria e Maria José, na hora da boa prosa, não faziam uso do nosso português. Mas estou bem certo que eu os entendia. Como? Não sei! Eu jogava bola com os italianinhos do Seu Adamoli. Minhas manas brincavam de boneca com as francesinhas do Seu Sabrit. O menino dinamarquês da família Andersen, dividiu comigo a classe na sala de aula. Escreverei outro dia sobre os Somorowski, Tomachewsky e tantos outros. Húngaros, poloneses, russos. A babel traduz-se em confusão, mas também logo revela que o mundo não tem nada de homogeneidade. Mas, chegou o dia em que a minha infância ficou mais rica. Estávamos sem mes-

tre na nossa escola. A Prefeitura publicou a vaga e veio de Porto Alegre a professora Joceli. Tinha apenas 14 anos. Esposa do seu Antônio Folha. Aposentado de uma empresa estrangeira do ramo da eletricidade, sentiu-se melhor saindo da conservadora capital, que não o aceitava mais, depois que ele encaminhara o seu desquite da primeira esposa para ficar com a super-jovem, que em pouco tempo lhe daria um filho. Judeu de origem e astrônomo de vocação, bem munido de lentes e lunetas, era no céu estrelado do interior - de noites sem iluminação nas ruas, que Seu Antônio se deleitava. As velhas estrelas, que todos conheciam eram deixadas para trás. Meu amigo de 64 quatro anos estava à procura das supernovas. Não sei o que ele fez comigo. Mas vi-me obrigado a aprender a ler o quanto antes, para poder devorar a coleção completa das obras de Júlio Verne. Criança pode aprender cedo várias línguas, mas sobretudo, pode aprender várias linguagens. Meu avô foi um missionário a serviço do antigo Sínodo Riograndense. Com ele aprendi que uma igreja precisa ser construída com muitos outros materiais além de tijolos e telhas. Com meu pai aprendi a olhar para as pessoas e para a natureza. Com o Seu Antônio Folha aprendi a olhar para o céu e para além de todas as barreiras. Até aqui apresentei um resumo da minha infância. Infância que escreveu “nas estrelas” o que eu deveria ser no mundo. Aos quatorze anos irrompeu um misto de juventude e vida adulta. Formei o primeiro grupo de JE e fui o seu líder. Ano após ano fui convidado para outros cargos e encar

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gos até chegar à presidência do Conselho que, em nível nacional, responde pela administração da IECLB. Teria eu nascido com um dom ou carisma? Ou aquele mundo lá do interior, de onde pouco se espera, teria me desafiado para um papel que se convencionou chamar de liderança? Trinta e cinco anos se passaram desde o primeiro cargo. Em momento algum busquei este ou aquele papel. Muitas vezes me flagrei fugindo de novas responsabilidades, que só nos roubam da família, que só nos fazem andarilhos, tendo que dar conta de situações que por nós não foram criadas. Mas não tenho resposta para todas as perguntas que me são apre-

sentadas. Nem mesmo estou a exigir respostas a todas as perguntas que eu mesmo faço. No entanto, olho para todos os lados onde crianças vivem e brincam, para ver se consigo identificar os estrangeiros que transmitem aceitação do diferente, os José Maria e Maria José que dão colo, os pais e mestres que se ocupam com aqueles que tão pouco sabem, preparando-os para nos liderar no dia de amanhã, quando as nossas forças não mais serão as mesmas. Preparemos as crianças de hoje para que possam ser bons líderes amanhã. Naquele dia, eu jamais imaginaria... O autor foi Presidente do CI de 2002 - 2006

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A motivação da Pastoral Vera Maria Immich e Odair Braun

Em 1999, a Comunidade Luterana de Curitiba criou a Pastoral da Consolação. A partir de 2000 foi assumida pelo P. Odair Braun, que passou a atuar também no Hospital Evangélico de Curitiba, como capelão. Em 2001 foi designada a Pa. Sinara Berner para atuar no mesmo hospital. No ano de 2003 iniciou-se a reflexão sobre a criação de um pastorado para atender o Hospital de Clínicas da UFPR, o que se efetivou em 2005, quando este pastorado foi assumido pela Pa. Vera Immich. A perda de uma pessoa, assim como a enfermidade, é a experiência mais desorganizadora pelo qual passa o ser humano. O sentido da vida precisa ser recuperado. As relações com o meio precisam continuar, mas também devem ser avaliadas. Nada mais é como costumava

ser. E, ainda assim há vida, há esperança, há a possibilidade de recomeçar. Testemunhamos as transformações que a sociedade vem sofrendo. Isto provoca crises e angústia. Por um lado avança o processo de secularização. Por outro, cresce a busca por espaços que oportunizem sentido e orientação. Colocam-se questionamentos: Como podemos ajudar enfermos e enlutados que não estão integrados numa comunidade cristã? Reside aí a vocação da Pastoral da Consolação, ou seja, se colocar ao lado de enlutados e enfermos que não estão integrados numa comunidade. Acompanhamento a enfermos

Curitiba tornou-se cidade referência para tratamentos médicos, recebendo pessoas de várias regiões e estados. A Pastoral se propõe a acompanhar estas pessoas em sua estadia em Curitiba. Sabemos que nem sempre estas pessoas dispõem de conhecidos ou familiares, assim como tem dificuldades de deslocamento. Por este motivo, a Pastoral e o Sínodo Paranapanema firmaram convênio com a IDEAL CENTRAL DE APOIO, que hospeda aqueles que vem para tratamentos. Esta casa funciona 24 horas do dia e os hóspedes reSede da Comunidade da Consolação no Bairro Alto cebem café, almoço e jantar. da Glória, onde também funcionam as capelas Todos recebem cobertura de mortuárias do Cemitério luterano de Curitiba ••• 94 •••


seguro pessoal contra acidentes. A IDEAL busca e leva na rodoviária bem como leva ao hospital ou clínica em que se realiza o tratamento. Todas as semanas a Pastora Vera celebra culto nesta casa. Capelania Hospitalar Uma das ênfases da Pastoral é junto a Capelania do Hospital Evangélico de Curitiba e do Hospital das Clínicas. Nestes são realizados visitas e celebrações com os enfermos e com os funcionários das enfermarias. Também se atua no acompanhamento e preparação de voluntários para a visitação. Diante da enfermidade e luto, o desafio central reside na necessidade de desenvolver espaços de comunhão, capazes de dar sentido à vida. No propósito de animar e transmitir força, uma vez por mês se convida um coral de umas das Paróquias de Curitiba para se apresentar nos setores do Hospital de Clínicas. Desta forma, além de transmitir a mensagem do Evangelho aos enfermos, atinge-se também os funcionários. O acompanhamento a enlutados Outro campo de atuação da Pastoral é junto ao Cemitério Luterano. Muitas famílias concessionárias estão afastadas da vivência comunitária. Por ocasião de um óbito é comum que solicitem a presença de um/a pastor/a. O que fazer? Dizer não e afastá-las ainda mais? Ou dizer sim e abrir um espaço para a missão? À luz do Evangelho, a CELC diz sim. Jesus atuou movido por um profundo amor por aqueles que estavam em dificuldades. O

seu amor continua sendo libertador e disposto a arrancar as pessoas de suas dificuldades, impulsionando-as para uma nova vida. Ao nos dispormos a acompanhar famílias enlutadas, as quais não integram nenhuma igreja, cremos estar despertando nestes o desejo de se reintegrar na comunhão de irmãos e irmãs em Cristo. As famílias são acompanhadas por visitas e contatos telefônicos, e por meio dos cultos celebrados na Capela do Cemitério. De 1999 a 2005 eram celebrados cultos no segundo e no último domingo do mês. Desde março de 2006 todos os domingos, marcando a fundação da Comunidade da Consolação. A Comunidade da Consolação surge com o desafio de executar o que o profeta Isaías 35.3-4a diz: “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: sede fortes, não temais”. Diante deste desafio, a missão desta comunidade foi resumida, na pregação do culto de sua constituição: “Seremos comunidade e, comunidade é o espaço onde nos é permitido derramar lágrimas. Também é o lugar onde se pode encontrar conforto e consolo; onde a dor de um é a dor de todos. Comunidade é o lugar em que oramos e intercedemos pelo irmão que enfrentam dificuldades. Comunidade é o espaço em que nos fortalecemos pelo estudo da palavra, pela oração e o louvor, pelo acompanhamento aos enlutados e o partilhar das alegrias. Comunidade é espaço em que nos fortalecemos pela celebração dos sacramentos”.

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Quando o céu toca a terra Vera Cristina Weissheimer

Há momentos em que quase dá para sentir o céu tocando a terra. São momentos únicos, e poucos são os que conseguem senti-los. É quando a mão de Deus se abre derramando sobre a humanidade caminhos de luz. Quem puder enxergar com a alma – sim, com os olhos da alma – sentirá que algo está acontecendo. Quando você enxergar além daquilo que seus olhos podem ver, acredite: não é bobagem, algo está acontecendo com você.

E a quietude do barulho do rio? Se você passar por algum rio, pare e ganhe tempo (isso não é perder tempo, mesmo que você esteja atrasado!). As águas vão falando Foto: Paulo Hebmüller

Numa das cartas aos que moravam na cidade de Corinto, o apóstolo Paulo já exortava para que não prestássemos tanta atenção às coisas que conseguimos ver, porque são temporais e passarão; e sim que atentássemos para as que não se vêem, porque estas são as eternas (2 Cor 4.18).

Há momentos impagáveis, mas que só perceberemos se não tivermos tanta pressa e permanecermos com os olhos da alma bem abertos. Por exemplo: as folhas de outono caindo vermelhas sobre a urgência da avenida. Ou abrir a janela da sala em plena São Paulo e ver uma revoada de pássaros que saem de algumas janelas. É que há alguns moradores teimosos que insistem em desobedecer às normas dos condomínios e colocam sementes no parapeito das janelas para atrair os passarinhos. Ah! Como o mundo precisa dos teimosos!

Mesmo entre o mar de prédios é possível descobrir os oásis do verde

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conosco, ensinando muito sobre as coisas da vida – mas há quem não compreenda nada disso. Quando conheci dona Ermelinda, fiquei encantada. Ela queria muito me mostrar os seus segredos, abrir a sua caixa de Pandora. Então, um dia, fui visitá-la na Rua Timbiras, bem no centro da cidade de São Paulo. Entre o cinza dos prédios do Centro Velho está o apartamento encantado onde, pela primeira vez, comi abacate com cebola. Dona Ermelinda faz graça da vida. Plantou um verdadeiro matagal numa floreira que não tem mais de um metro de largura, e as plantas se esparramam pela sala, pela cozinha e pela área de serviço. Tem um pé de limão, outro de mexerica (ou bergamota, como se diz na minha terra!). Tem capim santo para as moléstias da vida. E a espada de São Jorge, que é para defendê-la dos dragões que aparecem durante a noite. Tem até pessegueiro, que, para minha surpresa, estava em flor naquele dia. Maritacas e andorinhas disputam as frutas maduras que ela espalha pelos galhos do arvoredo, e a água com

açúcar atrai os beija-flores. A dona da mata de apartamento me conta que as plantas florescem e dão frutos sem obedecer às estações (devem ser plantas mutantes, com aquela poluição toda!). Quando entrei na casa de dona Ermelinda, me convenci de que, quando alguém consegue perceber esses momentos em que o céu toca a terra, é capaz de trapacear a tristeza, passar a perna na solidão, pintar algumas cores numa parede cinza e inventar um jardim mesmo num pequeno apartamento. Mas quem não consegue perceber os momentos luminosos da vida continua com a sua pressa, a urgência de sempre resolver algo. Correr não adianta: é preciso partir a tempo, já dizia a minha avó. Quem estiver fixado no tempo morto dos relógios estará fadado ao cansaço e ao desânimo de ver que a vida está se esfumaçando. Quem compreender que não levará nada dessa vida além do que consegue carregar na alma terá encontrado um jeito mais leve e fácil de viver. E cada vez que mais alguém se dá conta disso, o mundo fica um pouco melhor. A autora é pastora da IECLB na Paróquia Centro de São Paulo, SP

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Quem educa... Elfriede Rakko Ehlert

Certamente muitos acompanharam pela televisão o drama da adolescente de baleia que se arriscou a subir o rio Tâmisa até Londres. Um fato raro, um animal se desvencilhar da proteção da mãe e seguir seu próprio rumo e levar um fim trágico. A baleia no Tâmisa não sobreviveu. Muito se fala nos instintos dos animais e que eles sabem dos perigos e procuram evitá-los. Os filhotes normalmente se deixam guiar pelos pais e aceitam a proteção oferecida.

fessoras. Caso os alunos inventarem passear ou sair mais cedo, escrevendo bilhetinhos com as mais variadas desculpas, ela liga para os pais, no final do mês, comunicando-lhes esses fatos a respeito de seus filhos Ela bem que poderia deixar correr as coisas, sem se importar. Mas ela se entende como educadora e assume responsabilidade junto com os pais. Muito louvável uma atitude dessas! Cabe ainda observar que essa diretora havia estabelecido e divulgado essas regras. Entende ela que é sua obrigação não só transmitir conhecimentos de uma língua, mas também contribuir para a educação de nossos jovens.

Quero comparar este exemplo com os filhos humanos. Quanta dedicação é necessária para educar! E a resA educação é tarefa Outro exemplo: na ponsabilidade não comum de todos para praia um grupo de é só dos progenitojovens, já noite, liuma convivência sadia res, mas todos nós gou o aparelho de somos chamados a som no volume participar da edumáximo, sem se cação de uma juimportar com as pessoas que querem dorventude que cada vez mais parece conmir. Um senhor sai e pede para baixar o fundir liberdade com libertinagem. volume. Resposta dos jovens: - Ó, seu velho, se quiser dormir, não apareça aqui Alguns exemplos que na praia! E continuaram na mesma. chamaram a minha atenção Felizmente esse “velho” conhecia bem a Uma professora de inglês, diretora de uma polícia que chamou em seguida. Aqueles escola de idiomas, contou o seguinte: para jovens foram detidos por uma noite. Eseducar os jovens à honestidade e pontua- pera-se que tenham aprendido a lição e lidade ela anota cada deslize dos alunos, pensem duas vezes antes de responder tão por exemplo cada entrada atrasada e cada grosseiramente a quem lhes chama atensaída antes do término da aula. Os pais ção. Será que vão respeitar mais as oucostumam deixar os filhos na porta da tras pessoas, no futuro? Sem dúvida foi escola, entregues aos cuidados das pro- uma tentativa de mostrar limites aos nos

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sos jovens. Talvez um dia vão se lembrar como aprenderam a conhecer valores como honestidade, respeito e consideração pelos, outros, evitando a mentira (o primeiro exemplo), tão comum entre nós.

mente permissiva - onde todos têm medo de ofender alguém e criar inimigos - se transformaria, se aceitasse o princípio que a educação é tarefa comum de todos para uma convivência sadia.

Talvez a nossa sociedade que é extremaA autora é professora aposentada e reside em Curitiba, PR

Leia em sua Bíblia: Lucas 16.19-31

QUE OUÇAM A PALAVRA DE DEUS! “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos”. (v. 29) Que pregam Moisés e os profetas? Em especial, estes dois pontos: Primeiro, apontam para o prometido descendente da mulher que deverá esmagar a cabeça da cobra. É desse descendente da mulher, o Filho de Deus, ... que tratam Moisés e os profetas, e ensinam, advertem e fala dele, para que o ouçamos quando aparecer, nos atenhamos a sua palavra e creiamos em sua promessa. Portanto, a fé em Cristo Jesus é o único e verdadeiro caminho para escapar dos pecados e da morte e chegar à salvação. O segundo ponto de que falam Moisés e os

profetas e este: Esperando nossa justiça e bemaventurança exclusivamente daquele descendente de mulher prometido, também sejamos obedientes a Deus e cumpramos nessa vida terrena o que ordenou, e, por outro lado, evitemos e abandonemos o que proibiu. Pois é assim que se teme a Deus e se o tem sempre diante dos olhos. A fé tem por objetivo livrarnos do pecado e tornar-nos filhos de Deus. A obediência ou o amor e as obras de caridade servem para revelar-nos como filhos obedientes, e não sigamos a provocar a ira de Deus, mas tenhamos boa consciência. Texto gentilmente cedido por CIL - Comissão Interluterana de Literatura, www.lutero.com.br

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Palavras Cruzadas Colaboração: P. Irineu Valmor Wolf

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HORIZONTAIS 1. Forma simcopada de maior 4. Saco de pele para transportar líquidos (Mc 2.22) 8. Ela se tornou um ser humano e morou entre nós (Jo 1.14-BLH) 10. Saudação juvenil 11. Rua em francês 12. Ensino que prepara para a Confirmação 13. Deslocar-se de um lugar a outro. 14. A 1ª vogal 15. As boas tem promessa de recompensa (Mt 16.27) 16. Por ela vive o justo (Rm 1.17) 17. Pronome pessoal da 2ª pessoa. 19. A consoante do “dado” 20. Abreviatura de Satélite 21. Encher o balão de ar. 24. Construiu a arca do Dilúvio 25. Caminho (Is 62.10) 26. A profetisa (Lc 2.36-38) 30. Identifica a pessoa (Gn 35.10) 31. O profeta que ungiu o rei Salomão (1 Rs 1.43-45) 32. O culto com os pequenos 33. Forma imperativa do verbo tornar-se (1 Co 15.34) 37. Órgão humano mais temido (1 Pe 3.10) 38. Indica falta, ausência. Também nome do filho de Noé (Gn 6.10) 41. Sem vida. VERTICAIS 1. Quem não é bom. 2. Essência usada na unção 3. Anfíbio anuro 4. Tipo de baleia 5. D + a 6. “Deus é pai das viúvas...” (Salmo 68.5) 7. A 7ª nota musical 8. Os que praticam (boas obras) 9. Conhecendo-a, nos libertará (Jo 8,32) 18. Prefixo de ungir 22. A letra da “faca” 23. A 6ª nota musical

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27. Exprime negação (Tg 5.12) 28. A vogal e as consoantes de “atar” 29. Oceano 32. Ela dá vida à pintura. 34. Ama, dama de honra. 35. Abreviatura de Interno 36. Unicamente (Jo 17,20) 39. Registro Geral (Cart.Indentidade) 40. Os que escutam a palavra 41. Parte dos membros superiores (Lc 9.62)

DESAFIO

Tiago _______________

Tiago _______________ ••• 102 •••


Lutar sempre, vencer às vezes, desistir nunca Elfriede Rakko Ehlert

Não me soltou mais esta afirmação, que li em algum lugar. Acompanhou-me durante semanas e me fez meditar constantemente. Lutar sempre Luta-se por alguma coisa ou contra algo ou alguém. “A vida é uma luta” – outra palavra corrente. Lutamos sempre para sobreviver. Está dentro dos seres vivos. A minhoca igual ao homem. A pessoa humana com sua capacidade intelectual, sua emocionalidade eleva esta luta a um nível mais sublime. Vale a pena lutar sempre - por um ideal, se este for paz e harmonia. Comecemos hoje. Se o seu vizinho lhe virar a cara , pergunte, “por que?” e vá ao seu encontro. Se as constantes mendicâncias, via telefone ou nas ruas aborrecem, converse. Talvez a sua atitude contribua para transformar um pequeno mundo ao seu redor. Se os filhos ou netos menores lhe dão nos nervos, mande-os embora por um pouco (pois ninguém é de ferro), mas depois chame-os de volta para um sorvete. Ao doce ninguém resiste. Lutar contra, é outro desafio. Não importa a idade. Já a criança na escola tem que desenvolver a consciência que vale a pena lutar contra a desonestidade e a atitude de “passar a perna” em alguém. Que “co-

lar”, por exemplo, ou “passar cola”, não ajuda, só prejudica. Fala-se muito, até demais, em justiça social. Mas quem a pratica? Pouco se faz para oferecer trabalho e com isso sustento a alguém. Combater o preconceito de que o pobre é pobre, porque merece. Ou que todo pobre poderia me roubar. Sei que é difícil em meio a tantas mentiras e trapaças confiar em alguém. Mas vale a pena tentar. Vencer às vezes Os eternos vencedores me desculpem, mas quem acha que é possível vencer sempre, engana-se a si mesmo e vive numa ilusão (que não dura muito). Aprendemos também com derrotas. Mas é tão bom alegrar-se com pequenas vitórias sobre o nosso egoísmo e comodidade, por exemplo, carregar a sacola de uma velhinha, testemunhar em favor de alguém acusado injustamente, ajuntar o lixo deixado por banhistas na praia. O medo que, às vezes, nos assalta ao pensarmos no futuro e na velhice e tudo que isto implica, é humano. Não pode

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mos evitar. Mas podemos impedir que se aninhe em nosso coração e domine o nosso ser e agir. É uma ajuda valorizar as coisas boas que já experimentamos e ora vivemos. Para o cristão é consolo lembrar que a nossa vida está na mão de Deus sempre e que Jesus falou: “no mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo eu venci o mundo” (João 16.33). Vencer também a nossa língua, muitas vezes afiada que nem faca de açougueiro, capaz de ferir profundamente nosso semelhante. Bem sabemos que estas vitórias não são permanentes. Mas é uma sensação maravilhosa: venci. Li sobre o tal do “caldeirão de ajuda”, onde oferecem ajuda imediata e fácil. Pois as pessoas não querem esperar e sofrer as dores da vida. Querem ser vencedores sempre, sobre sentimentos, imperfeições do corpo e da mente. Mas viver significa lutar sempre, mas vencer às vezes. Desistir nunca Não me resta escrever muito. Desistir é o contrário de insistir. Nunca desistir de lutar. Enfrentar sempre adversidades e novos desafios. Não deixar intimidar-se pelas dificuldades que poderia trazer. Continuar uma obra, uma ação válida e

lutar por uma causa justa, mesmo quando se apresentam obstáculos que exigem sacrifícios. Para muitos a entrada na aposentadoria é um choque. Não sabem mais o que fazer, depois que lhe tiraram a muleta, representada pela rotina diária de ir ao trabalho. Desistir de gozar a vida nos dias que nos restam, seria a última coisa em que pensar. A Igreja é um campo bem próximo para achar uma ocupação gratificante. Ali sempre precisam de voluntários. A pior escolha seria matar o tempo diante da televisão. Estes dias, uma senhora desabafou comigo, dizendo que o marido dela (já de idade) só se lamenta. Ela passa o maior sufoco. Aí ela aponta as coisas belas que os rodeia e destaca que ainda podem caminhar, enxergar e ouvir. E acrescenta: “olha, meu velho, tantas lutas que já vencemos, vamos agora desistir?” E ela não desiste da árdua tarefa que lhe cabe agora. Não desistamos nós também de viver uma vida plena, mesmo quando as forças diminuem! E se você nota que está no caminho errado? Aí são “outros quinhentos”. Daí vamos imediatamente parar e tomar outro caminho. Só um bobo insistiria no erro. E bobos nós não queremos ser. A autora é professora aposentada e reside em Curitiba, PR

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Um “Prosit” para a Diaconia Miltom de Oliveira

Em outubro de 2006 a Instituição Beneficente Martim Lutero – IBML realizou a 17ª edição do Biergarten: Festa das Nações de Língua Alemã. O Biergarten 2006 aconteceu na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte-MG, numa área de 2.900 m2 organizada em forma de “Biersalon” – mesas grandes de 8, 16 e 24 lugares – acomodando confortavelmente um público de até 1.000 pessoas. Esse evento beneficente tem dois grandes objetivos: divulgar as tradições e costumes das nações de língua alemã e captar recursos para os trabalhos diaconais (sociais) da IBML. O Biergarten é animado por uma Banda Típica Germânica e um Grupo de Danças Folclóricas, com sorteios de brindes e pacote de viagem. São servidas comidas típicas, água mineral, refrigerante e chopp. As pessoas se divertem num ambiente alegre e descontraído e podem fazer Um Prosit para a Diaconia, pois sabem que estão apoiando um dos projetos

de captação de recursos para os trabalhos diaconais da Instituição. A idéia da festa nasceu em 1990, graças a um grupo atuante de luteranas/os que voluntariamente encontraram formas de concretizar os objetivos acima citados. Naquela época, o Biergarten era voltado, quase que exclusivamente, para a “colônia alemã” de membros e amigos da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte. Devido ao grande conceito que o evento conquistou, a partir de 1999, foi necessário reestruturar o trabalho, agregar novas idéias e ampliar o evento para um público maior. Hoje o Biergarten faz parte do calendário de eventos de Belo Horizonte. Abriu-se também espaço para empresas investirem no social através de cotas de participação e, em contrapartida, obter divulgação nas peças promocionais criadas em torno da festa. Continua sendo fundamental o trabalho voluntário de muitos luteranos da Comunidade de Belo

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Horizonte e de outras pessoas que apóiam o trabalho diaconal da IBML. O evento tem contado com o patrocínio de empresas socialmente responsáveis, como por exemplo, Gerdau, SMS Demag, MAN, Croma, Haus München, V&M do Brasil, Kampmann do Brasil, e com o apoio dos Cônsules Honorários da Alemanha, da Áustria e da Suíça, bem como da Prefeitura de Belo Horizonte, da Belotur – Empresa Municipal de Turismo e da Polícia Militar de Minas Gerais. A Instituição Beneficente Martim Lutero, IBML, foi fundada em 05 de agosto de 1990 pela Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte e tem como objetivo a vivência da diaconia, ou seja, o trabalho social cristão, através do qual se assume a responsabilidade na promoção da cidadania, visando à restauração da dignidade e do bem-estar físico, psíquico, espiritual e social do ser humano e à concretização da paz e da justiça no mundo.

às crianças e adolescentes oportunidade de socialização, aprimoramento de habilidades e formação profissional através da educação, de atividades pedagógicas, de iniciação musical, do teatro, da dança, de trabalhos manuais e da prática de esportes. Aos idosos propicia convívio social, atendimento especializado, vida saudável e valorização de sua auto-estima. A IBML mantém quatro Unidades de Trabalho Diaconal, sendo três delas de apoio à criança e ao adolescente: Creche Cantinho Amigo, (crianças de 2 a 6 anos), Centro de Integração Martinho - CIM (crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos) e Oficina de Esperança (jovens de 14 a 18 anos) e uma unidade que acolhe idosos: Lar Luisa Griese. Veja no site www.biergarten2006.com.br mais informações sobre a festa e sobre o trabalho desenvolvido nas quatro Unidades.

A IBML é uma organização de caráter social, sem fins lucrativos, que oferece

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O autor foi Conselheiro-Presidente do Conselho Deliberativo da IBML no período de julho de 2002 a março de 2006


Natal na casa da vovó Mathilde Ido Port

Costumo fazer visita relâmpago por duas razões muito simples. Encontro as pessoas desarmadas e geralmente do jeito como são e vivem a vida do dia a dia. E por ser uma visita breve fica o principal e a pessoa ou a família visitada não se sente atrapalhada nos seus afazeres. Nesse Natal também investi em algumas visitas esporádicas as quais me renderam muita satisfação. Oh, que coisa boa você se dirigir a uma casa sabendo que havia problemas existenciais ou de saúde e de repente você encontra a casinha bonita, asseada e os moradores animados, sorrindo, cheios de alegria pela surpreendente visita. Assim passei cedinho, quase de madrugada, na casa da vovó Mathilde. Passei

rápido. Vi que a casa estava fria, fechada, ninguém à vista... Fui adiante. Na volta encontrei Mathilde. Sozinha na grande varanda, recém saída do banho, perfumada, ocupada com seu café matinal. Esse não consistia de cuca doce ou panetone, nem de frios previamente fatiados ali na padaria da esquina, mas de uma talha de pão branco amanteigado e um copão de café pingado. Mathilde me recebeu com um misto de susto e alegria. Guardou sutilmente o café fez de conta como se eu, devido à pressa, não quisesse, quando na verdade podia ter sido o fato de que a porção disponível era a única. Conversamos sobre o tempo, temperatura, chuva... quando saquei minha flauta e comecei a tocar hinos de Natal, para surpresa minha, Mathilde imediatamente me acompanhou cantando afinadamente os hinos cuja letra sabia de cor. Assim ficamos por alguns minutos, eu tocando para ela e ela cantando para mim. Não eram poucos os hinos que Mathilde demonstrou saber ainda do tempo de sua infância. Feliz, resolveu me mostrar seu pinheirinho. Acompanhei-a. Tive que passar por uma sala, seguir por um corredor para de repente chegar num salão contíguo. Sala enorme que já em outros tempos fora usado para realizar grandes festas de casamentos. Agora vazia, quase despida, sobravam um velho sofá desbotado que traía sua idade e uma pequena mesa em cima da qual havia um pinheirinho de plástico, presente de uma

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filha, enfeitado com balas, que os netinhos deviam colher assim que chegassem. Noutro canto existia o pinheirinho natural, espécie araucária, especialmente colhido e enfeitado para o Natal. Estava ele lá, sozinho, simples mas verde. Era comovente vê-lo assim solitário quase que abandonado nesta grande sala quase oca... Estava ali Mathilde ao lado do pinheirinho querendo ouvir alguma palavra minha sobre o que ela tinha de mais bonito e agradável para me mostrar. Comecei a cantar: “O Tannenbaum, o Tannenbaum wie grün sind deine Blätter.” (Oh, pinheiro como são verdes tuas folhas não só no verão mas também no inverno quando a neve tudo branqueou). Hino alemão trazido na bagagem pelos imigrantes. Mathilde logo me acompanhou. Quando terminamos, agradecida me abraçou e emocionada contou das lembranças de sua infância. Entre lágrimas lembrava com saudades aquele tempo quando junto com outras crianças cantava na noite de Natal na igreja lá no Alto Limoeiro. Agora Mathilde, já idosa e viúva, mãe de inúmeros filhos e filhas, dúzias de netos e uma promissora avalanche de não poucos

bisnetos... está na manhã do Natal sozinha na grande casa, cantando seus hinos preferidos, lembrando, junto a um estranho pastor, inocentes e abençoadas alegrias natalinas do tempo de sua infância. Me despedi e rápido como havia chegado parti. Na curva olhei para trás e lá estava Mathilde na varanda acenando para mim. Segui meu caminho pensando nos pastores que: “cantaram hinos de agradecimento a Deus pelo que tinham ouvido e visto (Lc 2.20). Foi uma abençoada experiência na manhã do Natal de 25 de dezembro de 2004. O autor é pastor da IECLB na Paróquia de Alto Jatibocas, ES

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Um conflito de direitos no nascedouro da IECLB Hans Alfred Trein

Em 1824, chegaram ao Brasil as primeiras famílias evangélico-luteranas. Eram pessoas pobres que estavam sobrando em seus países. Nossos antepassados imigrantes foram assentados sobre terras indígenas. Essas terras tinham sido “limpadas” barbaramente, antes, para que nossos antepassados imigrantes pudessem ser ali assentados. Os imigrantes receberam terra, indígenas e escravos ficaram sem terra. Os sobrantes da Europa foram usados para fazer sobrar indígenas e negros. É bom lembrar disso, para entender os direitos constitucionais atuais de indígenas e quilombolas à terra. A história da IECLB começou no Brasil, há 180 anos atrás, em cima de um conflito de direitos sobre a terra. O conflito de direitos - não apenas à terra, mas sim a um espaço existencial - se dá no choque entre culturas totalmente diferentes. É o choque entre sociedades tribais e sociedade de estado. “Terra” tem um significado cultural diferenciado: enquanto para os povos indígenas a terra é a “pacha mama” (mãeterra) sem cercas, natureza viva de uso coletivo, para os imigrantes e seus descendentes a terra é meio de produção que precisa estar organizado pelo sistema da propriedade particular, com limites claros e escritura lavrada em cartório. Os imigrantes e descendentes, até hoje, pensam que o significado que eles próprios atribuem à terra é mais desenvolvido e o dos indígenas mais primitivo. Os cataclismas ecológicos estão provando o contrário.

A IECLB propõe reconciliação Em muitos lugares, esse conflito de direitos à terra não resolvido está nos alcançando. Indígenas têm o direito originário de retornarem para suas terras tradicionais. Nas colonizações mais antigas, isso significa que direitos adquiridos posteriormente são declarados nulos. Famílias de pequenos agricultores têm que sair novamente de suas terras. Esse processo de reparação é sofrido. Como o corpo humano, o corpo social desenvolve reações análogas à febre e dor quando combate suas doenças. Produz tensão, indignação e raiva. Acorda em muitas pessoas o preconceito e a discriminação latentes e a projeta sobre os mais fracos e seus apoiadores, já que não pode mais ser canalizada contra os verdadeiros responsáveis históricos por toda essa confusão. A IECLB não criou o conflito, portanto, também não cabe a ela solucioná-lo legalmente; isso é obrigação do Estado, e a Constituição Federal do Brasil (Art. 231) e as leis complementares regulamentam esse assunto. A IECLB, ao lado de outras igrejas, tem outras tarefas: criar um ambiente de diálogo, apoiar os mais fracos para que tenham as mínimas condições para viver, trabalhar fraternalmente as cabeças e idéias de não-indígenas, para superarmos a discriminação e o preconceito que nos ensinaram, assessorar indígenas e pequenos agricultores, a não se

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deixarem instrumentalizar (de novo) para as políticas dos grandes. O objetivo é a paz com justiça e não a paz dos cemitérios. As tarefas cristalizam-se no termo, reconciliação. A reconciliação de Deus conosco através de Cristo nos deu o ministério da reconciliação (2 Co 5.18). Este começa com o reconhecimento de que somos um país de várias culturas e etnias diferentes. Cada uma delas tem a sua forma de organizar a vida. Nós, descendentes de imigrantes, precisamos nos dar conta, de que a nossa cultura é boa e bonita, mas é apenas uma entre muitas outras que são igualmente boas, bonitas, importantes, milenares. Aliás, entendemos ser da vontade do Criador que as culturas sejam diferentes (Gn 11) para que o planeta sobreviva, embora também seja de Sua vontade que, apesar das diferenças a gente possa se entender quanto ao projeto de vida abundante de Deus para a sua criação (At 2). E, não tem outra saída: ou essas injustiças históricas são trabalhadas e reparadas, ou elas nos acompanharão eternamente como sombras, aumentando a violência social. O trabalho do COMIN A reconciliação da qual eu falo não é de se dar tapinhas nas costas nem de apenas não se desejar o mal. Ela vai bem mais fundo. Ela tem que ser transformada em ação, precisa ser operacionalizada politicamente. Ainda não é reconciliação quando o mais forte a decreta ou anuncia. Só é reconciliação quando o mais fraco e injustiçado pode dizer: agora eu me sinto respeitado em minha dignidade de ser humano igual aos outros.

Atualmente o COMIN procura realizar a missão entre indígenas da IECLB junto com os respectivos sínodos em quatro campos de trabalho na Amazônia e três campos de trabalho, nos dois estados mais sulistas. O trabalho é de apoio às comunidades indígenas nas áreas de terra, sustento, educação, saúde e organização própria. O trabalho com os não-indígenas acontece através de cursos, seminários, do caderno para a semana dos povos indígenas, palestras em comunidades, sínodos e nas escolas. Fazemos o nosso trabalho tendo numa mão a Bíblia e na outra a Constituição Federal. Recebemos seu interesse em saber mais, seu acompanhamento de apoio e crítica e talvez até o seu engajamento mais próximo com abertura e alegria. Estamos ao seu dispor para mais informações. Consulte a nossa página na internet: www.comin.org.br.

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O autor é pastor da IECLB e Coordenador Adjunto do COMIN


A oração de Biwa Nelso Weingärtner

BIWA viveu na região de Santa Isabel, na primeira metade do século passado. Ele era um menino especial - era diferente. Ele tinha cabelos grossos e vermelhos. Ele teve muita dificuldade para aprender a falar, mas não era bobo. Ele não brincava com outras crianças, mas amava todos os animais e os chamava de “meus irmãozinhos”. Já como criança levantava no meio da noite e ia dormir junto com o gado no pasto. Durante horas ele observava borboletas, insetos, lagartos, cobras, passarinhos e amava de maneira especial os animais domésticos. Aos 12 ou 13 anos, ele começou a perambular por toda a região e ficava fora de casa durante dias. Alimentava-se de frutas silvestres como: araçá, ingá, cortiça (tipo fruta do conde), bacabarí, amoras, pinhão e outras. Como em toda a região o gado ficava solto no pasto durante a noite, era comum ver o Biwa levantar no meio do gado ao nascer do sol. Em alguns lugares, por exemplo no Faxinal, o gado era bastante arisco e havia touros muito bravos, mas do Biwa o gado não fugia, nem o molestava. Ele ia ao encontro de qualquer animal e dizia carinhosamente: “Vem meu irmãozinho” e o abraçava. Isso ele também fazia com os cachorros mais ferozes.

Quando ele não achava frutas suficientes e tinha fome, ele se aproximava de qualquer morador e dizia: “Biwa hat Hunger” = Biwa tem fome. Geralmente ele recebia um pedaço de pão ou um prato de comida. Um carinho todo especial o Biwa nutria pelo casal Ewald e Hilda Westphal. Esse carinho, aliás, era recíproco. Pelo menos uma vez por mês ele dormia no meio do gado, numa colina perto da casa do Onkel Ewald e da Tante Hilda (eram meus tios). Quando eles levantavam de manhã, logo olhavam para a colina, se o Biwa estava lá. Então ele era convidado para tomar café com eles. Na casa do Onkel Ewald e da Tante Hilda não havia refeição sem oração. O Biwa aprendeu a sentar-se à mesa e esperar de mãos cruzadas pela oração, para então receber o seu pão com leite. Mas um dia, o Biwa apareceu lá no meio da tarde, faminto mesmo e a Tante Hilda fez para ele duas grandes fatias de pão de milho com doce de chuchu. Quando Biwa viu o seu doce preferido no pão, agarrou as duas fatias, as levantou ao alto e gritou: “Chuchu-schmia. Amém” e comeu com grande apetite. Quando Tante Hilda contou esta história, ela concluiu: “Com certeza Deus gostou dessa oração”. Eu também acho.

Na região todos conheciam o Biwa, gostavam dele e o aceitavam como era.

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O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó, SC


Ainda há esperança? Anamaria Kovács

Antes de responder a esta pergunta - e a tentação de responder negativamente é grande - precisamos refletir um pouco mais sobre o assunto. O que nos motiva a ter esperança? Lembro-me de um quadro famoso, “A Balsa da Medusa”, do pintor francês Théodore Géricault; motivado por um fato real, o naufrágio do navio Medusa na costa do Senegal, ele pintou o momento crucial em que os últimos sobreviventes, amontoados sobre uma jangada improvisada, avistam, no horizonte, o barco que os salvará. À frente de todos, de pé, um homem aponta para o horizonte, e alguns companheiros começam a acenar desesperadamente com os farrapos de suas camisas, enquanto outros, desanimados, sequer levantam a cabeça e continuam fixando as ondas com um olhar perdido. Mal se vê o outro navio, lá longe. Pode ser que os náufragos passem completamente despercebidos no meio do mar agitado. No entanto, aquele homem - e os que ele animou com seu gesto - acredita na salvação. Na verdade, para nós, cristãos, esta é a palavra-chave: salvação. Estamos todos condenados à morte, náufragos que somos no oceano dos nossos pecados. Nenhum de nós tem o poder de levar a balsa onde nos encontramos a um porto seguro. Ninguém tem a capacidade de acal-

mar o oceano bravio que ameaça nos engolir. Muitos já desanimaram, desistindo de perscrutar o horizonte, e, por isso, se entregam, desistem de lutar e de fazer a sua parte - simplesmente assistem ao espetáculo da vida enquanto esperam pela morte. Aqueles, porém, que teimam em olhar para a frente, porque têm fé, são premiados com a esperança. Ela lhes dá novas forças, incentiva-os a animarem outras pessoas, dando-lhes forças e coragem para acreditar na possibilidade de salvação. A balsa continua arruinada, o oceano continua igual, mas a salvação não depende de nós, ela nos é presenteada, na pessoa de Jesus Cristo. Aquele barco no horizonte é Ele. E, enquanto a esperança arder no nosso coração, também poderemos levar outros a olharem na direção desse horizonte, a enxergarem ali o barco da salvação: o perdão dos pecados, a renovação da vida, a força e a coragem para lutarmos juntos por um mundo melhor. Podemos ensinar os ignorantes, lutar contra os injustos, curar o meio ambiente, defender os fracos... Sim, ainda há esperança!

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A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC


A Balsa da Medusa

Esta tela retrata um acontecimento contemporâneo, o naufrágio do Medusa, um navio que transportava colonos franceses para o Senegal, e que afundou na costa oeste da África, devido à incompetência do capitão, nomeado politicamente. O capitão e a tripulação foram os primeiros a abandonar o navio e embarcar no barco salva-vidas, que puxava uma jangada improvisada, com 149 passageiros amontoados. A certa altura os tripulantes do barco salva-vidas cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva, por 12 dias, sem comida nem água, sofrendo tormentas indizíveis. Só 15 sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter, entrevistando os sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome, loucura e canibalismo. Fez o máximo para ser autêntico. Construiu uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a se amarrar ao mastro de um pequeno barco numa tempestade, para melhor poder retratar o desespero dos sobreviventes. A linguagem dos corpos em luta, contorcidos, dos passageiros desnudos diz tudo a respeito da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista.

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Ética na Política Silvio Meincke

Faz alguns anos, visitei um amigo de infância que era, então, prefeito de uma pequena cidade gaúcha. – Quando assumi – disse o prefeito, em certa altura da conversa – tínhamos algumas famílias pobres. Hoje, elas ganham o seu sustento e estão bem. – O Eterno, o nosso Deus – citei Deuteronômio 15.4 – abençoará vocês ricamente na terra que vai dar a vocês. Portanto, não haverá pobres entre vocês, se derem atenção aos mandamentos que ele está dando a vocês. Ética na política - um assunto da nossa fé Você quer uma ética para a política? Então, não procure uma lei! Nem procure uma doutrina pronta, com respostas para cada situação. Pois, para cristãos e cristãs, a ética é livre resposta. É resposta livre à vontade de Deus. Não é lei que obriga. Não é doutrina que decide por você. É orientação. Orientação, que inclui a sua reflexão, a sua análise, a sua decisão, para cada nova situação. Ética cristã é mais do que lei, porque o que é legal ainda não é, necessariamente ético. Isso é assim, porque a ética cristã se baseia numa relação. Não se baseia na letra, mas na relação de fé, viva, com Deus. Para tomar uma decisão ética, os cristãos não lêem a letra, mas perguntam a Deus, dentro da sua relação de fé. Perguntam ao Deus de Moisés, que não quer que haja pobres. Não é ao deus de

Pinochet que os cristãos perguntam, nem ao deus de Bush, nem ao deus de Bin Laden. Nem tampouco perguntam ao deus do latifundiário que tem escravos; nem ao deus do empresário que descumpre as leis trabalhistas. Também não perguntam ao deus daqueles que defendem a globalização neoliberal da economia, que coloca as decisões nas mãos do mercado, ainda que seja às custas do ser humano, da natureza e dos nossos mais caros valores. Não, não perguntam a esses deuses, porque eles têm outra ética. Cristãos perguntam ao Deus de Moisés, de Abraão, de Jacó, dos profetas, que se deu a conhecer em Jesus Cristo, e que Jesus chama de Pai. Se você pegar a Bíblia e espremê-la, o sumo do suco da ética vai aparecer como amor a Deus e ao próximo. “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22.34-40). Deus tem para nós um plano de amor que inclui todas as pessoas: os homens e as mulheres, os brancos e os negros, os índios e os caboclos. Também inclui os fortes e os fracos, os muito inteligentes e os menos inteligentes, os homossexuais e os heterossexuais, os trabalhadores do campo e da cidade, os presos, os viciados e os doidos. Por isso, uma política que excluiu uma única pessoa patinou na ética cristã. A existência de um único pobre é ofensa à vontade de Deus, já que fomos generosamente abençoados com uma terra riquíssima. A política deve colocar-se a serviço do

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amor que Deus tem por todas as pessoas. Se beneficiar uns e excluir outros, ela se opõe à vontade de Deus; se beneficiar o latifúndio e excluir o pequeno agricultor, ela ofende a vontade de Deus; se valorizar os brancos e desvalorizar os negros, ela peca contra o plano de Deus; se privilegiar o centro e negligenciar a periferia, exclui pessoas que Deus ama. Os partidos políticos, as decisões políticas, a nossa participação na política, devem intermediar o amor que Deus tem por todas as suas criaturas; devem encarnar o amor na realidade concreta da vida das pessoas; devem baixar o amor de Deus para a poeira da vida; devem colocar-se a serviço do amor de Deus, e as pessoas devem sentir que é o amor que chega a elas através das decisões políticas. Assim como aconteceu com a mulher cadeirante, quando a prefeitura construiu as rampas em todos os prédios públicos: - Hoje – disse ela – senti-me aceita e amada em minha cidade. Nem todos os políticos conseguem intermediar o amor. Também para nós isso não é fácil. Pois, é muito forte a tentação de usarmos a política para servir a nós mesmos, ao invés de a usarmos para servir à coletividade. No entanto, a fé dos seguidores de Jesus Cristo os liberta. Já não estão presos aos seus próprios egoísmos, como um pião que só consegue parar em pé, enquanto gira em torno de si mesmo. A fé liberta para o outro. A fé faz parar, refletir e abrir-se para os outros. Pessoas que se sabem carregadas pelas mãos amorosas de Deus, já não precisam usar suas mãos somente para cuidar dos próprios interesses. Confiam em que outro cuida delas, e essa confiança

solta as mãos para estendê-las ao próximo. A libertação é tão profunda que capacita as pessoas, inclusive, para defenderem os interesses dos mais fracos e mais pobres, ainda que não sejam, elas mesmas, fracas e pobres; liberta-as para apoiarem os partidos dos oprimidos, ainda que não sejam, elas mesmas, oprimidas. A fé liberta para a política que serve. Essa é a ética da política: Ser instrumento do amor de Deus que serve a todos e todas, sem exclusão. O que isso significa, para cada nova situação, isso se deve avaliar, porque ética cristã, como falei acima, não é lei que prescreve respostas prontas para todas as situações, mas é decisão livre, baseada numa relação de fé, que responde à vontade de Deus. Corrupção – um mal de 500 anos Rouba-se do Oiapoque ao Chuí, em 80% dos municípios, afirma Jorge Hage Sobrinho, ministro interino da Controladoria Geral da União. Ele instalou, logo no início do governo de Lula da Silva, um programa de investigação do desvio dos recursos públicos. Faz parte desse programa o portaldatransparencia, que cada pessoa pode acessar e verificar para onde vão os recursos federais. Jorge Hage Sobrinho já visitou, até inícios de 2006, mais de mil municípios e afirma que a criatividade e a imaginação dos políticos brasileiros para desviar dinheiro é insuperável. É verdade. Temos muita experiência nisso, pois temos 500 anos de cultura da corrupção. Ela já veio com os conquistadores. Sempre houve a percepção viciada

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de que o político que chega ao poder adquire o direito de servir-se dos bens públicos e de levar amigos, parentes e cabos eleitorais ao cofre. Em muitos casos, o grupo que ganha as eleições assume o poder com a idéia de que “passou a vez dos outros, chegou a nossa vez”. Pelo mesmo motivo, há pouco interesse, entre os eleitores, pelos programas partidários, o que permite todo tipo de alianças. Dá-se pouca importância aos projetos dos partidos. Muitos eleitores receiam de que o objetivo maior dos candidatos, ainda que os programas partidários sejam bem elaborados, está em botar a mão na chave do cofre. É também por isso que as campanhas eleitorais são tão ferrenhas, principalmente nos municípios. Na disputa pela “grande teta“ vale qualquer parada. Daí que se afirma, que a política acontece em um espaço com leis próprias, imunes à ética cristã. Eu não aceito a tese de que a política tem a sua própria ética. Para cristãos e cristãs não pode haver autonomia ética de certos setores da atuação humana, seja na política, seja no comércio, seja na economia. Isso levaria a uma vida dicotômica. A pessoa viveria em dois mundos: Em casa, entre amigos, na família, na igreja, ela viveria a ética cristã, mas lá fora, viveria uma outra ética, a ética do comércio, da política, da economia, da guerra. Na vida privada, ela seria solidária, mas na vida pública poderia passar a perna, ser corrupto, invadir outro país, ainda que fosse às custas de muitas vidas e da destruição da natureza. A participação – um recurso da ética A participação popular é um recurso para construir a ética na política. Quando in-

divíduos ou grupos pequenos de pessoas poderosas tomam decisões sozinhos, sem a participação do povo organizado e consciente, sem o controle público, as possibilidades de fraude aumentam. Por isso, todas as ditaduras são corruptas. Daí a importância da democracia. Não somente a democracia formal, que dá direito ao voto, mas a democracia amplamente participativa. Democracia (démos cratein = o povo governa) que cria meios de acompanhar, efetivamente, o gerenciamento da “res publica”, isto é, dos bens que pertencem a toda população. Onde todos e todas podem participar, onde cada pessoa e cada grupo podem se envolver, para que não sejam excluídos em seus interesses. A “res publica” - o bem comum deve ser administrado com a participação do povo organizado e politizado, que fixa diretrizes e controla o seu cumprimento. Quem não se organiza e não pressiona é esquecido e explorado. Felizmente, já temos bons exemplos de democracia participativa: - No acima mencionado “portal da transparência“, o munícipe pode verificar a quantia exata de recursos federais, repassados ao seu município, e pode controlar a sua aplicação. As pessoas podem organizar-se e exigir a transparência nos recursos de outras fontes e na forma como são gastos. - No Orçamento Participativo, instituído em vários municípios brasileiros, e copiado no exterior, o povo organiza-se para participar na elaboração e na execução do orçamento público. Essa participação, além de ouvir os interesses de todos e

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todas, conduz à transparência, evita a malversação dos recursos e, assim, constroem a ética na administração pública. - A imprensa tem função importante na construção da ética na política. Infelizmente, a pequena imprensa, de abrangência municipal ou regional, geralmente está comprometida com determinados grupos ou partidos e, por isso, não consegue ser livre e imparcial. Apóia unilateralmente os grupos locais que têm poder financeiro para comprometê-los, enquanto combate os outros grupos, por todos os meios, inclusive através da calúnia, da difamação e da desinformação. A grande imprensa, de abrangência estadual ou nacional, por sua vez, está geralmente comprometida com os grandes empresários, os grandes latifundiários e o mercado financeiro, nacional ou internacional, que a sustenta. Por isso, costuma interessar-se demasiadamente em descobrir e alardear as falhas nos partidos populares, enquanto não tem interesse na transparência das políticas que representam a elite econômica. A fé – um dos motivos No Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em janeiro de 2005, reuniram-se 150.000 pessoas, sob o tema “Um outro mundo é possível”. Esse número impressionante atesta o novo despertamento dos movimentos sociais, depois de uma espécie de atordoamento neoliberal, a partir do início da década de 1990. Na mesma capital gaúcha, em fevereiro de 2006, realizou-se a Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas, que representa 500 milhões de cristãos, membros de 348 igre-

jas, em 110 países, sob o tema “ Deus, em tua graça transforma o mundo”. Não é uma oração que pede e, depois, cruza os braços, à espera de que Deus faça acontecer. Não. É oração de pessoas que se abrem para o poder da graça e do amor de Deus, a fim de que esse amor as transforme e, então, elas possam atuar na transformação do mundo. Quando o vale-tudo quer dar a vitória ao egoísmo, essas pessoas querem colocar-se a serviço da graça e do amor, para experimentarem a libertação do egoísmo e, então, promoverem a gratuidade, a solidariedade, o crescimento coletivo, o progresso comunitário... enfim, o amoroso abraço de Deus que quer envolver a todos e a todas. Vejo três motivos, pelos quais as pessoas se unem e entram na luta para transformar o mundo. Em outras palavras, vejo três tipos de pessoas que se envolvem nesse engajamento: - Os cristãos que, motivados pela fé, querem dar resposta à vontade de Deus, conforme tentei descrever acima. - Os diretamente atingidos, que foram feitos pobres; que sofreram e sofrem na pele as conseqüências de éticas sem amor; que pagam o preço com a exclusão e a pobreza. Essas pessoas se conscientizam da sua realidade, se unem e buscam saídas, participando. - Os que se indignam com a injustiça. Muitas vezes, nem mesmo alegam motivos filosóficos ou teológicos, mas apenas sentem a injustiça e não se conformam com ela. Então, essas pessoas se inquietam e se envolvem, porque acreditam que outro mundo é possível e querem lutar por ele.

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A neutralidade não existe. Não há como ser politicamente neutro. Dizer-se neutro, na verdade, tem o efeito de dar apoio à situação vigente. Quem alega que não gosta de política, que não quer participar, que é indiferente, não entende ou não quer entender que está sendo muito político, ou seja, está decidindo que as coi-

sas continuem como estão. Quem diz que é neutro, na verdade, está a favor. Por isso, o amor de Deus nos convida para o envolvimento, porque o amor quer ser intermediado pelas nossas ações, para tornar-se concreto, perceptível, presente na vida das pessoas.

Leia em sua Bíblia: 1 Pedro 2.4-10

REIS SACERDOTES “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz”. (v. 9) Isto é assim porque, mediante a fé, o cristão é colocado acima de todas as coisas a ponto de, espiritualmente, tornar-se Senhor de tudo, pois, em se tratando de sua salvação, nada pode lhe causar dano. Ao contrário, tudo deve ficar sujeito a ele e cooperar para sua salvação. Isto não significa que tenhamos poder sobre tudo que é corporal ou material, possuindo ou fazendo uso disso como as pessoas desse mundo. Pois todos teremos de morrer corporalmente e ninguém consegue escapar da morte. De modo semelhante temos de estar sujeitos a muitas outras coisas, como nos mostra o exemplo de Cristo e seus santos. Pois esse é um reino espiritual, que exerce seu poder dentro dos limites da submissão corporal, ou seja: No que diz respeito à alma, posso fazer progressos em todos os sentidos, de sorte que até mesmo o sofrimento e a morte terão de ser meus servos e cooperar para minha salvação. Isto é uma dignidade sublime e honrosa, um reinado deveras poderoso, um reino espiritual, onde nada é tão bom ou tão mau que não me

venha beneficiar, desde que eu creia. E, então, não preciso de mais nada, porque minha fé me basta. Veja, portanto, que preciosa liberdade e poder têm os cristãos! Além disso, somos sacerdotes. Isso representa muito mais que ser rei, porque o sacerdócio nos possibilita comparecer diante de Deus, intercedendo pelos outros. Pois estar diante de Deus e orar compete exclusivamente aos sacerdotes. A Cristo devemos esse Dom de interceder e orar pelos outros em espírito, a exemplo de um sacerdote que se coloca corporalmente diante do povo e intercede por ele. Quem poderia conceber a honra e a grandeza de um cristão? Através de seu reinado tem poder sobre todas as coisas, por meio de seu sacerdócio dispõe de Deus. Pois Deus faz o que o cristão pede e deseja, como está escrito no Salmo 145.9: “Ele acode à vontade dos que o temem; atende-lhes ao clamor e os salva”. Texto gentilmente cedido por CIL - Comissão Interluterana de Literatura, www.lutero.com.br

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sentimentos, da paz que experimentamos. Aqueles que fizeram o bem ao Senhor, o fizeram porque estava em seu coração.´ O seu modo de vida, a sua ética, refletia a fé que tinham.

Jesus quer preparar os seus ouvintes – aqueles que já o conhecem – para assumirem a missão que Deus dá à sua igreja, aos seus filhos e filhas. Jesus conhece a tradição e os costumes do seu povo. Ele bem sabe que fazer caridade e ajudar aos pobres estava previsto nas leis e normas religiosas do seu povo. Mas o que aparece como novidade na parábola do juízo final é a pergunta feita pelas pessoas justas: – Quando foi que fizemos o bem ao Senhor?

– “Foi a Mim que o fizeram...” disse Jesus. Deus é Deus, nosso único Senhor. Foi Ele quem fez tudo e todas as pessoas a sua imagem e semelhança. A todos, Deus dá dignidade. Quem tira a dignidade dos seres humanos somos nós, com nosso jeito de nos organizar como sociedade, com valores e práticas que privilegiam uns e dificultam a vida de muitos. Se há pobres, doentes, presos, pessoas em sofrimento em nosso meio, não é por vontade de Deus. Isto acontece por causa da falta do amor e da justiça que reina entre nós. Muitas pessoas buscam Deus no louvor, na contemplação, no êxtase ou dentro de si mesmas. Porém Jesus deixa claro que Ele está naquele que tem fome, sede, frio, precisa de acolhida, está preso, perdeu alguém e sofre. O reformador Martim Lutero afirmou que a pessoa cristã deve orar como se tudo dependesse de Deus e, ao mesmo tempo, agir, como se tudo dela dependesse.

Esta pergunta revela:

A misericórdia de Deus

– Aqueles que fizeram o bem, o fizeram sem querer. Quando fazemos algo bom, com segundas intenções, não o esquecemos tão fácil. Esperamos recompensa, ou um benefício, ou algo em troca. Quando fazemos algo bom, por causa da outra pessoa, da sua necessidade, motivados pelo amor, via de regra, lembramos apenas do sorriso, do abraço, dos

A misericórdia de Deus vê as pessoas em suas reais necessidades. Ele não pergunta se merecemos ou não. Deus pagou um preço alto para nos livrar das amarras do pecado e da escravidão. Ele deu seu Filho Jesus para morrer na cruz, em nosso favor. Não temos méritos. Temos apenas mãos vazias que recebem de Deus dons, talentos, bens, habilidades e tempo, para

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servir a quem precisa e para amar. A pergunta que não quer calar “Senhor, quando é que te fizemos o bem?” Pare! Pense na sua vida! Olhe ao seu redor! Olhe para sua Comunidade... para o seu lugar de trabalho... para a sua cidade... para o horizonte... Há tantos por acolher, partilhar, cuidar, visitar, socorrer, amar...

Somos salvos pela graça de Deus. Isto vem da fé. Conhecemos a Cristo, o seu Evangelho. Mas... conhecer apenas não basta! A fé em Cristo é fé viva, atuante, que nos inquieta, impulsiona, nos move em direção ao próximo em necessidade. Por isto o apóstolo Paulo diz: Sirvam uns aos outros, cada qual conforme o dom que recebeu. (1 Pe 4.10)

Fonte: folheto 146/2006 da Missão de Folhetos da IECLB Literatura Evangelística - www.centrodeliteratura-ieclb.com.br

Origem do painel das Sete Obras de Misericórdia Este painel recortado em metal, retrata as seis obras de misericórdia, arroladas por Jesus, no texto do juízo final (Mt 25.31-46), mais a acrescida pelas primeiras comunidades cristãs. Nele vemos alguém batendo à porta e recebendo comida; outra recebendo água; um estrangeiro sendo acolhido numa casa; uma pessoa necessitada recebendo roupas; um doente sendo cuidado; quem está preso sendo visitado; um ente querido sendo velado. “Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar” (Mt 25. 35-36). As obras mencionadas neste texto do evangelista Mateus, mais o guardamento dos mortos, foram reproduzidas no painel de aço inoxidável de 3 mm, com 90 kg de peso, 1,20 m de largura por 5 m de altura, que ilustra este texto. Tiveram sua origem na pintura de Eitel Klein, feitas na parede externa da casa que tem o nome de “Sonnenheim”, da “Diakoniewerk Neuendettelsau”, na Baviera, Alemanha. Este painel, belíssimo e perene, está afixado numa parede próxima ao altar do templo da Comunidade de Horizontina, no Rio Grande do Sul. Reproduzir esta pintura numa estrutura de aço, foi o desafio em que se envolveu o Designer Gráfico Roberto Gerhardt, que é membro da Comunidade de Horizontina. Foram dezoito meses, desde a encomenda, pesquisa, projeto, descoberta dos materiais, métodos de corte. Uma releitura da obra de Eitel Klein, procurando manter a sua mensagem o mais próximo possível daquilo que as pessoas entendem do original.

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O cardo – Símbolo de dificuldades, dor e sofrimento Brigitte Jonas (Tradução Anamaria Kovács)

Na antiga China, o cardo era símbolo de longevidade, por sua pertinácia em crescer nos campos. No entanto, na cultura judaico-cristã, ele nunca teve boa fama. Já no primeiro livro de Moisés, ele aparece relacionado à expulsão do Paraíso, como a erva daninha espinhenta que dificultará ao Homem o trabalho no campo. Desde então, o cardo simboliza a dificuldade e também o pecado, a dor, o mal e as preocupações da vida. O uso da expressão “cardos e espinhos”, na tradução de textos bíblicos, leva a imaginar regiões inóspitas. No Evangelho de Mateus, essa metáfora alerta para o perigo das falsas doutrinas, que são reconhecidas pelos seus frutos. Nas obras de arte da Idade Média, o cardo representa a paixão de Cristo e os sofrimentos dos mártires cristãos. Com o tempo, isso o levou a simbolizar

também a salvação. Muitos quadros antigos de mártires são emoldurados por misteriosas gavinhas de cardos. Em representações da fuga da Sagrada Família para o Egito, aparece também o “cardo de Maria” ou “cardo da mulher”. Essa planta era cultivada como erva medicinal nos jardins de ervas dos conventos e usada como remédio. O povo simples considerava diversas espécies de cardos como plantas mágicas contra demônios e desgraças, deixandoas crescer nos campos para proteção da safra e dos frutos, ou pendurando-as nas portas dos currais para a proteção do gado. Cardos que crescessem sobre túmulos indicavam, segundo a crença popular, que a pessoa ali enterrada não morrera em paz ou fora assassinada, ou ainda, que sua alma fora condenada ao inferno.

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Os 18 Sínodos da IECLB se apresentam SÍNODO DA AMAZÔNIA

Pastor Sinodal: Mauri Magedanz Vice Pastora Sinodal: Elisabet Brehm Presidente do Conselho Sinodal: Charles Michel Ressel Tesoureiro Sinodal: Valtencir Kaiser Paróquias: 11 Comunidades: 81 Pontos de Pregação: 55 3 campos de atuação junto aos povos indígenas com 4 obreiros/as Membros batizados e batizadas: 8.040

Sede: Rua das Mangueiras, 2051 Bairro Jardim dos Migrantes Ji-Paraná, RO Tel: (69) 3421 4113 / 9751042 Fax: (69) 3421 4113 e-mail: sinamazon@brturbo.com.br Site: luteranosnaamazonia.com.br

A presença da IECLB na região Amazônica soma seus recentes 35 anos. Abrange os estados do AC, AM, RR, RO e parte do Mato Grosso. Oriundos dos processos migratórios do Estado do Espírito Santo (Pomeranos) e da região Sul, principalmente RS, SC, PR. Estes povos se mesclavam junto aos migrantes vindos de todos os Estados brasileiros, além dos povos indígenas, ribeirinhos, soldados da borracha, já habitantes da região. Neste contexto foram se edificando comunidades luteranas. A manutenção dos trabalhos devido às inúmeras comunidades por campo de trabalho, distâncias entre as mesmas e as dificuldades de locomoção

para muitas, é elevadíssimo. O Sínodo tem como critério a sua Oferta de Louvor/dízimo/gratidão de 5% do valores brutos arrecadado por pessoa, além de muitas e enormes festas organizadas com muito esforço e dedicação, necessárias para manter o trabalho de missão e edificação do Evangelho de Jesus Cristo. A formação cristã continuada na fé, Além de todo trabalho ecumênico junto as Igrejas do CONIC, e outras entidades, é nossa prioridade. O site, Jornal Luz da Amazônia são meios para divulgar as nossas ações, integrando-nos a IECLB em seu todo, apesar da diversidade e distâncias geográficas.

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SÍNODO MATO GROSSO

Pastor Sinodal: Lauri Roberto Becker Vice Pastora Sinodal: Dimuth Marize Bauchspiess Presidente do Conselho Sinodal: Ronald Celso Schwebel Tesoureiro Sinodal: Paulo Roberto Kirsch O Sínodo Mato Grosso é formado por 19 Paróquias, 55 Comunidades e 62 Pontos de Pregação. A partir de agosto/2006 seremos 30 obreiros e obreiras trabalhando em 25 vagas ministeriais; 1 obreiro em trabalho voluntário e 1 emérito. Somos 8.459 membros batizados no Sínodo(estatísticas ref. ano 2005).

Sede: Rua Desembargador Trigo de Loureiro, 215 - Bairro Araés Cuiabá MT - CEP: 78005-970 Fone: 65-36231152 (Esc.); 84066020 (Cel.); 33226020 (Res.) Site: www.sinodomatogrosso.com.br e-mail: sinodomt@terra.com.br

Nossa Missão

Objetivos

A tarefa que recebemos de Deus é:

• Preparar pessoas para o acolhimento;

Convidar todas as pessoas para conhecer a fé em Cristo, acolhê-las na vivência comunitária, para que sejam e permaneçam discípulas de Jesus, adorando a Deus e servindo ao próximo.

• Priorizar o trabalho com crianças e jovens; • Criar e estimular grupos de estudos bíblicos; • Priorizar a formação de membros considerando seus dons; • Conscientizar e sensibilizar para uma contribuição espontânea e proporcional relacionando fé, gratidão e compromisso.

Queremos destacar, neste ponto, o que foi aprovado na Assembléia Sinodal (16 a 18 de junho de 2006) e que terá prioridade neste biênio. A missão e a formação de comunidade sempre foram o centro da atuação. A Assembléia apenas reafirmou esta visão e destacou prioridades.

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SÍNODO ESPÍRITO SANTO A BELÉM

Pastor Sinodal: Osmar Lessing Pastor Vice Sinodal: Geraldo Graf Presidente do Sínodo: Dr. Nivaldo Küster Tesoureiro Sinodal: Lírio Drescher Paróquias: 37 Comunidades: 170 Pontos de Pregação: 75 Número estimado de famílias-membros: 59.484 membros

Sede: Rua Engenheiro Fábio Ruschi, 161 Bento Ferreira 29 050-670 Vitória - ES Telefone/fax: 27 3325-3618 Site: www.sesb.org.br e-mail: secretaria@sesb.org.br

Instituições do Sínodo: Associação Albergue Martim Lutero (AAML) Associação Diacônica Luterana (ADL) Centro de Formação Martim Lutero (CFML) Fundação Luterana Sementes (FLS)

O SESB é composto, em sua maioria, de descendentes de pomeranos, oriundos da Europa na primeira metade do século XIX. É um povo que cultiva o dialeto de sua pátria de origem, alguns ritos, gestos simbólicos e costumes que herdaram de seus ancestrais, além de uma liturgia própria. Faz parte de sua cultura o amor à Igreja e a capacidade de se alegrar com os passos que são dados dia-após-dia. As lideranças são, em geral, pessoas muito simples e trabalhadoras, que se engajam nas causas comunitárias, tornando a Igreja mais dinâmica, acolhedora e participativa.

A ênfase do trabalho realizado no Sínodo está na formação. Formação esta que acontece na capacitação de lideranças multiplicadoras e na formação cristã continuada. Procura-se privilegiar a formação de base que nem sempre apresenta resultados imediatos, mas dá fundamento para a caminhada também nos próximos anos. Os Mutirões de Formação de Lideranças são encontros marcantes em que se vivencia a alegria e comunhão. Nos mutirões os participantes se animam mutuamente para a caminhada conjunta na Igreja.

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SÍNODO BRASIL CENTRAL

Pastor Sinodal: Carlos Augusto Möller Vice Pastor Sinodal: Dr. Haroldo Reimer Presidente da Assembléia Sinodal: Ricardo Dalla Barba Presidente do Conselho Sinodal: Rosileia Maria Roldi Wille Número de Paróquias, Comunidades e Pontos de Pregação no Sínodo: O Sínodo Brasil Central é formado, em sua maioria, por pequenas comunidades, espalhadas em nove estados brasileiros, a saber: Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Tocantins, Piauí, Maranhão, Pernambuco e Ceará. Ao todo são cerca de 3.000 km de extensão, nos quais se encontram 23 comunidades e 29 pontos de pregação. Neste um terço do território brasileiro temos cerca de 3.000 pessoas, membros da

IECLB. Não contamos como famílias, mas como pessoas individuais, mesmo porque há muitas famílias em nosso meio que se distribuem em 3 a 5 denominações diferentes dentro da própria família.

Queremos contribuir na edificação do Reino de Deus entre nós. Temos algumas metas: 1. Incentivar, valorizar e acompanhar as iniciativas comunitárias em seu contexto específico, através do diálogo e conciliação, buscando sempre a edificação. 2. Estabelecer linhas gerais de ação que orientem os trabalhos desenvolvidos pelas comunidades e pelos obreiros em seus mais diversos campos. 3. Realizar visitas periódicas às comunidades e obreiros/as, bem como aos seus familiares, dando assistência espiritual, através do Pastor Sinodal. 4. Promover e organizar seminários de formação e capacitação de lideranças e obreiros nas comunidades, procurando

alcançar grupos e departamentos. 5. Estabelecer parcerias, dentro e fora da IECLB, estreitando os laços de amizade e serviço. Parcerias que queiram apoiar projetos, pois somos um grande campo missionário, com muito lugar a ser explorado. 6. Devemos também buscar a auto-sustentação das comunidades e, em conseqüência, do próprio Sínodo. É possível manter a obra do Senhor através de recursos próprios desde que nos dispomos a doar. O que temos a fazer é convencer, primeiramente a nós mesmos a sermos bons dizimistas, para, então, convencer os membros e simpatizantes de nossa IECLB. Cada um é importante na sustentação da obra de Deus.

Sede: O Sínodo Brasil Central tem sua sede na residência do Pastor Sinodal, pois não possui uma construção própria como sede. Endereço: SQS 113, Bloco C, Apto. 606 - Asa Sul - Brasília - DF. Fone/Fax: (61)3346.9242 e-mail: sbc@sagres.com.br

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SÍNODO SUDESTE

Pastor Sinodal: Guilherme Lieven Vice-Pastor Sinodal: Eldo Krüger Presidente do Conselho Sinodal: Miltom José de Oliveira Tesoureiro Sinodal: Willy Quandt Paróquias: 31 Comunidades: 35 Membros: 19.656

Sede: Rua Barão de Itapetininga, 225 Cj. 510 - São Paulo/SP - CEP 01042-001 Tel: (11) 3257 8418 / 32578162 Fax: (11) 3257 8418 / 3257 8162 e-mail: sinodosudeste@luteranos.com.br Site: www.luterano.com.br

O Sínodo Sudeste compreende os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo (parcial) e Minas Gerais (parcial). A maior parte das comunidades está situada em áreas urbanas/metropolitanas o que representa um enorme desafio para as lideranças.

Gerais). A responsabilidade maior pela articulação e formação acontece nos núcleos.

Por causa de suas enormes distâncias, o Sínodo foi dividido em quatro núcleos (Região de Campinas, Região da Grande São Paulo, Rio de Janeiro e Minas

O Sínodo procurou implementar uma organização em rede em que não se tem hierarquias rígidas. O desafio maior continua sendo a formação de lideranças nos mais diversos níveis e setores bem como o aprofundamento da perspectiva missionária.

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SÍNODO RIO PARANÁ Pastor Sinodal: Nilo Orlando Christmann Vice Pastor Sinodal: Ester Delene Wilke Presidente Conselho Sinodal: Sergio Hagemann Tesoureiro Sinodal: Arno Giese

Paróquias: 26 Comun. em Funções Paroquiais: 04 Comunidades: 128 Pontos de Pregação: 64 Número estimado de pessoas: 32.060

Sede: Rua Sete de Setembro, 1471 Centro - Toledo - PR - CEP: 85900-220 Telefone/fax: 045 3252-2799 e-mail: sinodorpr @uol.com.br

O Sínodo Rio Paraná abrange o Oeste e o Sudoeste do Paraná e o Mato Grosso do Sul. É um dos sínodos representativos da diversidade da IECLB: grandes distâncias, mas não as maiores; número médio de membros; comunidades com cerca de 50 anos de história; localização geográfica entre o sul e centro-oeste; convive-se com diferentes acentos teológicos.

lideranças e de formação. Também a coordenação do sínodo, incluindo a diretoria e o P. Sinodal, procura ali estar presentes.

Neste contexto pessoas que migraram e outras que aqui nasceram dão o seu testemunho de fé através da IECLB. Para fins de atividades e em função das distâncias, o sínodo está subdividido em quatro núcleos: Sudoeste, Sol de Maio, Girassol e MS. Nos núcleos acontecem Conferências de Obreiros/as, encontros de

Com isto já está se falando de uma das ênfases do sínodo, qual seja, de buscar proximidade entre comunidades e sínodo, um dos propósitos da reestruturação da IECLB. Além disso, o planejamento sinodal tem como objetivo principal o fortalecimento da vivência comunitária com perspectiva missionária. Para isso há motivação para a criação de novos campos de trabalho, zelo pela unidade tendo por princípio que temos muito a aprender uns com os outros, além da ênfase na formação de lideranças e de uma compreensão de contribuição baseada na gratidão.

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SÍNODO PARANAPANEMA Pastor Sinodal: Jorge Schieferdecker Vice Pastor Sinodal: Arnaldo da Rocha Clemente Presidente do Conselho Sinodal: Hans Henning Günther Tesoureiro Sinodal: Gerhard Arndt Campos de atividade ministerial: 29 Comunidades: 73 Pontos de Pregação: 39 Membros batizados: 17.086

Sede: Rua Cel. Temístocles de Souza Brasil, 282 - Jardim Social Curitiba/PR - CEP 82520-210 Fone/Fax: (41) 3257-5571 - Secretaria (41) 3256-5017 - Pastor Sinodal Site: www.sinodoparanapanema.com.br e-mail: sinodo@sinodoparanapanema. com.br

O Sínodo Paranapanema abrange: o Sul, Centro e Norte do Paraná; Oeste de São Paulo e Leste do Mato Grosso do Sul, onde estão situadas duas Comunidades e um Ponto de Pregação. Do extremo sul do Sínodo (Lapa) até o extremo norte (São José do Rio Preto/SP) são 1000 Km. Saindo da área metropolitana de Curitiba, o Pastor Sinodal realiza suas viagens (para visitar as Comunidades, Pontos de Pregação e famílias das Obreiras e Obreiros) com ônibus de linha.

A característica principal do Sínodo é a missão: tornar a IECLB conhecida e conquistar novos membros, criar novas comunidades e fortalecer as existentes. Valoriza-se muito a educação cristã continuada dos membros.

Na Região Metropolitana de Curitiba, residem 50% dos membros do Sínodo e 32 dos 63 Obreiros em atividade ministerial.

Outra forte característica, são as atividades desenvolvidas nos 04 Setores do Sínodo (Sul, Centro, Norte e Oeste de São Paulo). Devido as grandes distâncias e despesas, cada Setor organizou-se através de uma Coordenação Setorial, reunindo os diversos Departamentos e membros das Comunidades para encontros com crianças, jovens, senhoras, casais, confirmandos, coros e grupos musicais e formação de lideranças.

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SÍNODO NORTE CATARINENSE Pastor Sinodal: Manfredo Siegle Vice Pastor Sinodal: Inácio Lemke Presidente do Conselho Sinodal e da Assembléia Sinodal: Elemer Kroeger Tesoureiro Sinodal: Elídio Adalberto Fertig Sede: Rua: Jaguaruna, 99 CEP 89.201-450 - Joinville - SC Tel./Fax: 47-3433-9977, 34339225 e-mail: sinodonc@terra.com.br Site: www.sinodoluteranonc.org.br

Paróquias: 34 Comunidades: 126 Pontos de Pregação: 50 Famílias membros: 64.000

Por natureza a Igreja é missionária, empenhada na novidade de vida e servidora. O Sínodo Norte Catarinense dentro do mosaico eclesial da IECLB desenvolve o conceito de ser Igreja Sinodal. Nesta qualidade destacamos que a sua relevância na sociedade norte catarinense e nacional se concretiza sendo ponte mediadora, Igreja zelosa que assume postura vigilante. É dessa forma que participa e coopera na missão de Deus. Prioritariamente, queremos ser Igreja não para o mundo, mas com o mundo. A 9ª Assembléia Sinodal, realizada em 18 e 19 de maio de 2006, apoiou e apro-

vou o Projeto de ação missionária para o próximo mandato. Na última gestão, de 2202 a 2006, o Sínodo Norte Catarinense teve e continua tendo o seu enfoque concentrado no eixo da formação. Através de cursos e seminários coordenados pela equipe sinodal de formação, aconteceram várias ofertas importantes na área da formação e na capacitação de lideranças comunitárias e de presbíteros/as. A realidade das comunidades, a qualidade de vida na sociedade, assim como os fenômenos religiosos no país desafiam a um plano de missão que motiva à vivência de fé qualificada voltada à ação prática criativa e competente.

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SÍNODO VALE DO ITAJAÍ Pastora Sinodal: Mariane Beyer Ehrat Vice Pastor Sinodal: Ivo Krueger Presidenta do Conselho Sinodal: Léa Stange de Oliveira Tesoureiro Sinodal: Ilmor Junge O Sínodo constui-se de 30 paróquias, 85 comunidades, 38 pontos de pregação com 90 mil membros batizados.

Sede: Rua Amazonas, 131 - Ed. Luterano, 2º andar, Centro, CEP 89020-001, Blumenau/SC Telefone: (47) 3322-1364 Site: www.igrejaluterana.com.br / www.luteranos.com.br/valedoitajai e-mail: sinodovi@terra.com.br

O tema da 10ª Assembléia Sinodal - Fé, Gratidão e Compromisso - Alicerces da Missão é hoje a principal linha de discussão no Sínodo Vale do Itajaí. O tema desafia não somente para a manutenção da membresia mas também para o crescimento quantitativo e qualitativo de paróquias e comunidades. Cada vez mais, necessitamse mudanças na cultura e na atitude e, a partir daí, a vontade de avaliar os trabalhos existentes quanto a sua eficácia na motivação dos membros. O empenho do Sínodo Vale do Itajaí, suas paróquias e comunidades já é sentido em trabalhos como a visitação, pela qual se cria um vínculo de comunicação com todos os membros, inteirando-se de sua vida, suas alegrias e tristezas. Além disso, precisa-se aprender, com urgência, a acolher os visitantes e a cativar e integrar novos membros. Para desenvolver sua missão, a Igreja necessita de recursos financeiros. Estratégico é o debate acerca da contribuição voluntária. É necessário refletir com paró-

quias e comunidades a respeito da viabilidade da proposta e animá-las a assumirem os riscos de sua implantação. Além de recursos financeiros, a igreja missionária necessita de recursos humanos preparados e qualificados. No Sínodo Vale do Itajaí é consensual a convicção de que a participação efetiva da Igreja na missão de Deus no mundo depende da qualidade do programa de formação e educação cristã contínua de seus membros, colaboradores, lideranças e obreiros. A Igreja somente será missionária, crescendo qualitativa e quantitativamente, se seus membros testemunharem o evangelho em palavra e ação na comunidade e na sociedade. Neste sentido, o Sínodo disponibiliza múltiplos projetos e programas que auxiliam paróquias e comunidades em sua tarefa de capacitar seus membros a articularem sua fé de forma missionária. Entre os projetos e programas citamos o Curso Básico da Fé, Celebrar e Viver, Acompanhamento a Pacientes Terminais, Acompanhamento a

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Enlutados, Meditação do Coração, Somos Luteranos, Círculos Bíblicos, Retiros Espirituais, Seminários de Presbíteros. Decisivo para o desenvolvimento das paróquias e comunidades tem o Seminário "Visão e Perspectiva - Planejamento Estratégico Paroquial, destinado à análise da situação

da vida comunitária, ao estabelecimento de objetivos e à formulação de um plano de ação para determinado período. Adquirindo uma cultura de planejamento, as paróquias desenvolvem, ao mesmo tempo, uma visão missionária e auto-sustentável.

SÍNODO CENTRO-SUL CATARINENSE Pastor Sinodal: Sigolf Greuel Pastor Vice-Sinodal: Adelmo Oscar Struecker Presidente do Conselho Sinodal: Otto Hermann Grimm Tesoureiro Sinodal: Welfrid Schiestl Paróquias: 29, mais um trabalho missionário entre Povos Indígenas (Ibirama) Comunidades: 132 Pontos de pregação: 76 Membros: 44.063 (ano base 2005)

Sede: Rua Ivo Reis Montenegro, 126 Itaguaçu - CEP. 88.085-600 Florianópolis / SC Telefones: (48) 3249 0887 - sede (48) 3249 0451 - casa pastoral

O Sínodo Centro-Sul Catarinense tem a sua sede em Florianópolis/SC e é formado por 29 Paróquias. A liderança espiri-

tual está sob a responsabilidade do Pastor Sinodal Sigolf Greuel e do Vice-Pastor Sinodal Adelmo Struecker.

Como metas de atuação para os próximos anos, foram colocadas as seguintes prioridades: • Gestão Participativa: Marcos 10.42-44 • A busca pela qualidade de vida e de ministério para os obreiros: 1 Tessalonicenses 5.12-13; Hebreus 13.17; 1 Timóteo 5.17 • Pastoreio de Igrejas - Sínodo que serve: Gálatas 6.2 • Igreja que faz papel de Igreja - Efésios 5.27b • Lideranças capacitadas: 1 Pedro 5.2-3 • Igreja que evangeliza e faz discípulos de Jesus: Mateus 28.19-20 ••• 131 •••


SÍNODO URUGUAI Pastor Sinodal: Ervin Barg Vice Pastora Sinodal: Silvia Beatrice Genz Presidente do Conselho Sinodal: Arri Koch Tesoureiro Sinodal: Irde Eli Maihack Paróquias: 19 Comunidades: 182 Pontos de pregação: 92 Número estimado de famílias: Em torno de 7.500 famílias (29.557 membros batizados)

Sede: Av. General Osório 95 D Bairro Jardim Itália - Chapecó - SC CEP: 89802-210 Tel: 49 3329 3583 e-mail: sinourug@matrix.com.br

Prioridades Missionárias no Sínodo Uruguai - Curso “A Palavra de Deus”. Este é um curso com 24 fascículos no qual participam cerca de 4 mil membros em nosso Sínodo. O tema é a Oração do Pai Nosso. Nos mesmos moldes estamos iniciando um novo Curso “A Palavra de Deus” com o tema: O Credo Apostólico. - Outro curso muito importante é o CTP Curso de Teologia Popular com 16 etapas. É uma parceria com a EST, com diplomas reconhecidos. Os temas tratados abrangem as três áreas: Teológica: Antigo e Novo Testamento; Prática: culto, celebração, visitação, diaconia, dinâmicas de grupo; e área Histórico Sistemática: Protestantismo, Fundamentos da Reforma, História da IECLB, PAMI, Documentos Normativos. - Da missão faz parte a formação para comunidades através de preparo para orientações específicas (JE, OASE, Culto Infantil...), bem como a preocupação para com animadores e animadoras de comunidades, grupos de liturgia, área musical

e outros grupos. - A formação contínua também abrange os obreiros e obreiras através de atualizações teológicas, conferências e seminários. - Outra forma de realizar a missão é através de estudos, elaboração de material, palestras com temáticas específicas; - O Sínodo constituiu um grupo denominado - Missão e reestruturação. Este grupo tem entre suas atribuições fazer um diagnóstico nas paróquias e comunidades para racionalizar melhor o tempo e os recursos para a missão. Outra atribuição é motivar a discussão para uma missão mais integrada e integradora, alcançando também pessoas e municípios na área do Sínodo onde ainda não tem uma presença efetiva da IECLB. - Outro aspecto da missão é o envolvimento da Igreja nas questões de cunho mais social. Neste particular o Sínodo constituiu a Pastoral da Cidada

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nia com um desafio amplo em nossa área de atuação. - Missão e ecumenismo é outra abordagem da missão. Várias iniciativas ecumênicas mais amplas e outras bilaterias estão em curso. O ecumenismo se dá em ações pontuais bem como em atividades contínuas. - Formação e capacitação dos membros é prioridade contínua e tem por objetivo construir comunidades e Igreja mais di-

nâmica, criativa, acolhedora, diaconal, comprometida com a base bíblica e confessional e com a vida digna em seu todo. - No mais entendemos que a missão perpassa os mais de 25 grupos e setores organizados no Sínodo Uruguai que tem suas próprias coordenações e são supervisionadas ou tem uma coordenação geral realizada pelo Pastor Sinodal e Conselho de Formação e Diaconia.

SÍNODO NOROESTE RIOGRANDENSE

Pastor Sinodal: Renato Küntzer Vice Pastor Sinodal: Carlos Romeu Dege Presidente do Conselho Sinodal: Jorge Luiz Funghetto Tesoureiro Sinodal: Germano Berg Paróquias: 21 Comunidades: 158

Endereço: Travessa Dr. Bruno Dockhorn, 113 - CEP 98910-000 - Três de Maio/RS Tel./Fax: (55) 3535 1103 e-mail: sinodonoroeste@mksnet.com.br

O Sínodo abrange mais de 50 municípios na região das missões e noroeste do RS e suas comunidades se localizam ao longo do Rio Uruguai, fronteira com Argentina, tendo como extremidades Tenente Portela e São Borja (Itaqui).

como meta a edificação de comunidades diaconais e missionárias. Para tal faz o seu planejamento com base em três eixos temáticos: Reconciliação, Inclusão e Comunhão e pretende investir na visitação e nucleação de famílias, na busca por parcerias diante dos desafios missionários, no resgate da dignidade, motivando o testemunho da fé em palavras e ações como exercício do sacerdócio geral.

Organizado em Setores de Trabalho, Departamentos, Conselhos e Pastorais tem como prioridade maior a formação e

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Para impulsionar o trabalho criou-se a Pastoral da Agricultura Familiar e se recomendou que cada comunidade tenha um Conselho de Missão. As diversas coordenações sinodais se reúnem no Conselho de Formação Contínua para partilhar anseios, experiências e com vistas às

prioridades propor cursos e atividades. Entendemos que desta maneira contribuímos com a missão de Deus, a razão de sermos Igreja, falando do que vimos e ouvimos a respeito da vontade de Deus.

SÍNODO PLANALTO RIO-GRANDENSE Pastor Sinodal: João Willig Vice Pastor Sinodal: Vandereli Closs Presidente do Conselho Sinodal: Luiz Artur Eihholz Tesoureiro Sinodal: Erno Armando Franken Sede: Avenida Pátria, 1.136 cep 99500-000 - Carazinho/RS Tel./Fax: (54) 3331 1787 e-mail: sinodoplanrs@brturbo.com.br Abrangência do Sínodo: hoje estendemos nossa ação desde Coronel Barros até Vacaria (no sentido oeste-leste), com cerca de 400km; e Getúlio Vargas até Soledade, Tupanciretã (no sentido nortesul) com cerca de 350 km. A área compreende em torno de 70 municípios, sendo que em alguns ainda não temos comunidade constituída da IECLB. Em Vacaria e Lagoa Vermelha atuamos através de um projeto missionário apoiado com recursos do exterior, coordenado pelo pastor residente em Tapejara, que faz parte da Paróquia de Getúlio Vargas.

Nessas duas cidades ainda não constituímos comunidade, mas já conseguimos reunir em torno de 22 famílias e podemos dizer que há um crescimento abençoado. Dentro da área geográfica da abrangência do projeto missionária existem muitas outras cidades menores onde ainda não estabelecemos contatos, mas onde contamos com grandes possibilidades de termos membros da IECLB residentes. Atividades: a cada dois anos realizamos um Dia Sinodal da Igreja. Privilegiados pelas relativas curtas distâncias (compa

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rado com outros sínodos), realizamos reuniões do Conselho Sinodal a cada três meses e reuniões de Diretoria a cada 45 dias. Há conferências de obreiros a cada 2 meses, em média, além de atualizações teológicas. Além das atividades costumeiras e comuns a todos os sínodos (setores de trabalho), nesse ano estamos investindo em formação de leigos, através do programa chamado Encontros de Fé e Vida. Esse programa reúne membros de comunidade, em 6 encontros em residências ou centros comunitários e aborda três eixos temáticos: Bíblia, Confessionalidade e Realidade. O programa é coordenado pelo Conselho de Formação, que também assumiu a elaboração dos conteúdos. Como segundo passo na Escola de Formação no Sínodo, planejamos 10 encontros para 2007, em nível sinodal, com a representação de 3 participantes por paróquia. Esses encontros igualmente giram

em torno dos mesmos três eixos temáticos, mas já significam um aprofundamento dos temas tratados nas Comunidades. As assessorias para esses encontros são inteiramente assumidos por obreiros e obreiras do sínodo. O objetivo é chegarmos ao ponto de termos lideranças que conhecem melhor sua fé, sua confissão luterana e a realidade em que somos chamados a testemunhar nossa fé. Há grandes desafios a serem superados, e um deles certamente é o da superação do impasse financeiro. Com uma economia girando em torno da agricultura e com as sucessivas quebras de safras, abalamse não só as finanças mas também o estado de ânimo de nossos membros. Além disso, há a necessidade de refletirmos com profundidade o significado da contribuição financeira do membro, caminhando em direção à contribuição espontânea, meta da IECLB.

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SÍNODO VALE DO TAQUARI Pastor Sinodal: Marcos Bechert Vice-Pastor Sinodal: Ms. Leonídio Gaede Presidente da Assembléia Sinodal: Hércio Von Mühlen Presidente do Conselho Sinodal: Otávio Schüler Tesoureiro Sinodal: Ito Haas Paróquias: 14 Comunidades: 57 Pontos de Pregação: 65 Membros: Aproximadamente 38.000

Sede: Avenida 1 Norte, 10 Bairro Centro Administrativo CEP 95890 000 - Teutônia - RS Fone/Fax: 3762 2988 e 3762 2987 Site: www.sinodotaquari.org.br e - mail: secretaria@sinodotaquari.org.br pastorsinodal@sinodotaquari.org.br casasinodal@sinodotaquari.org.br

O Sínodo Vale do Taquari completa seus dez anos de existência no dia 25 de outubro de 2007. Muitos são os motivos de agradecimento por este tempo.

rios comunitários para estudo, reflexão, avaliação e o planejamento numa manhã de sábado ou mesmo numa noite de qualquer dia da semana. Podemos dizer que esta proximidade nos caracteriza e nos torna especiais.

Assim como somos pequenos em área geográfica - percorrendo 100 km, podemos atravessar o Sínodo em qualquer sentido - também colocando-nos de forma humilde a serviço da tarefa que Deus nos reservou, de zelar, como família luterana da IECLB, por sua missão no Vale do Taquari. Por não termos grandes distâncias entre nós, é possível reunir presbité-

Para cultivar nossa proximidade também no sentido da unidade na missão, elegemos, em assembléia sinodal a formação em todos os níveis como nossa prioridade. Louvamos a Deus pelos 10 anos passados e colocamos em suas mãos o tempo vindouro.

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SÍNODO NORDESTE GAÚCHO Pastor Sinodal: Altemir Labes Vice Pastora Sinodal: Christiane Érica Petry Presidente do Conselho Sinodal: Egon Schwarz Tesoureiro Sinodal: Walter Luis Dutra Keller Paróquias: 28 Comunidades: 104 Pontos de Pregação: 43 Famílias membro: 20.000 (estimativa)

Sede: Rua Barão do Rio Branco, 828 CEP 93600 000 - Estância Velha - RS Telefone: 051 3561 2905 e-mail: sinodong@sinos.net

O Sínodo Nordeste Gaúcho tem este nome devido à sua abrangência geográfica no Estado e a cidade de Estância Velha foi escolhida como sede, por sua situação geográfica favorável. Embora somente três das vinte e oito paróquias do Sínodo não tem a sua sede paroquial em sedes municipais, a grande maioria das comunidades fica n interior dos municípios, em área rural.

das comunidades, para apoio e acompanhamento. Na área de formação, obreiros/as, presbíteros/as, secretárias executivas, coordenações e lideranças comunitárias, são contemplados com seminários e retiros de formação.

O Sínodo é administrado pela Assembléia Sinodal, com uma reunião ordinária anual , no segundo semestre; pelo Conselho Sinodal, com uma reunião semestral e pela Diretoria do Conselho Sinodal,com reunião na segunda quarta-feira de cada mês. Dentre as suas atividades o Sínodo dá prioridade à formação e ao planejamento criterioso, sendo este requerido também

A cada dois anos, acontece o Dia Sinodal da Igreja. O Sínodo tem o seu Grupo Assessor, formado pelas coordenadorias dos Setores de Trabalho, para avaliar e indicar alternativas e prioridades do trabalho sinodal. Valorizamos as importantes e indispensáveis visitas do Pastor Sinodal, atingindo todos os segmentos do Sínodo. O nosso Sínodo torna-se especial pelo acolhimento de nossos membros, sua participação, a alegria nos encontros, essa receptividade tem nos animado muito. É um suporte para o trabalho no Sínodo.

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SÍNODO RIO DOS SINOS

Pastor sinodal: Enos Heidemann Vice-pastor sinodal: Kurt Rieck Presidente do Conselho Sinodal: Ingo Ronald Brust Tesoureiro Sinodal: Rudi Rubens Essig Paróquias/Comunidades: 36 Comunidades: 60 Pontos de Pregação: 43 Áreas Missionárias e Paróquias em Formação e em Reestruturação Apoiadas pelo Sínodo: 12 Total de membros da IECLB na área sinodal: 48.233 Instituições Diaconais Comunitárias de Atendimento a Crianças e Adolescentes: 7 Total de Crianças e Adolescentes Atendidos: 1200 Escolas e Instituições de Formação: 12 Total de Alunos Matriculados: 8.340

Sede: Rua Amadeo Rossi, 467 Bairro Morro do Espelho CEP 93030-220 - São Leopoldo - RS Fone: (51) 3589-3821 Fax: (51) 3590-1062 E-mail: secretaria@sinodors.org.br Home-Page: www.sinodors.org.br

Apresentação do Sínodo Localizado numa área eminentemente urbana e de grande concentração populacional, o Sínodo Rio dos Sinos busca investir em projetos, programas e ações que respondam aos desafios diaconais e missionários que a cidade coloca. Nesse sentido, o planejamento sinodal obedece às cinco áreas definidas no Plano de Ação Missionária da IECLB. As ações são realizadas através dos oito setores sinodais e Diretoria, com o apoio dos Conselhos Assessores. Administração e Estrutura: Tem trabalhado com presbitérios e obreiros e obrei-

ras o tema Fé, Gratidão e Compromisso e acompanhado de perto a adequação dos estatutos de comunidades e paróquias ao Novo Código Civil. Formação e Capacitação: O investimento na formação de pessoas é uma das prioridades no Sínodo, realizada através de cursos, seminários e encontros oferecidos para obreiros e obreiras e lideranças comunitárias. A maior parte destas iniciativas é feita pelos setores sinodais, mas cada comunidade/paróquia é desafiada a estabelecer pelo menos um projeto de formação de seus membros a cada ano.

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Acompanhamento e Diaconia: No Sínodo Rio dos Sinos há sete instituições diaconais que atendem cerca de 1.200 crianças diariamente. Além disso, há uma série de outras iniciativas de setores como o da Pessoa com Deficiência, Terceira Idade e OASE que fazem do serviço a sua razão de existir. O acompanhamento de pessoas e comunidades em situação de crise também é uma das ações que demandam a atenção prioritária no Sínodo. Evangelização e Reavivamento: Dois temas têm sido prioritários nesta área: Batismo e Missão Criança, buscando por meio deles fortalecer a identidade e a

confessionalidade luteranas, contribuindo assim para a edificação de comunidades maduras e inclusivas. Uma das ações nesta área é a realização do Dia da Igreja, como evento mobilizador e de fortalecimento da comunhão luterana na área do Sínodo. Missão e Ecumene: Há 12 áreas missionárias no Sínodo Rio dos Sinos, as quais têm recebido um investimento anual de, em média, R$ 50 mil. A instituição de áreas missionárias configura uma das estratégias sinodais para a formação de comunidades em áreas urbanas e de baixa presença luterana.

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SÍNODO CENTRO-CAMPANHA SUL Pastor Sinodal: P.Waldir Nilo Trebien Vice-Pastor Sinodal: P. Bruno Ari Bublitz Presidente do Conselho Sinodal: Oscar Luiz Stumm Tesoureiro Sinodal: Nestor Fischborn Paróquias: 25 Projetos Missionários: 03 Número de Comunidades: 116 Pontos de Pregação: 110 Famílias-membros: 14.000 (estimativa) Batizados: 55 mil (aproximadamente)

Sede: Rua Pastor Laechler, 606 Bairro Universitário CEP 96820-020 - Santa Cruz do Sul - RS Tel./Fax - (51) 3717-3612 (secr.) (51) 3717-3898 (res. Pastor Sinodal) e-mail: sinodoccs@terra.com.br

A área geográfica do Sínodo estende-se pela região central, da campanha e da fronteira sul e oeste do Estado do RS. As distâncias maiores oscilam entre 600 km na direção norte-sul, e 650 km na direção leste-oeste. A área abrange um total de 60 municípios, nos quais a densidade populacional de membros da IECLB é diversa e heterogênea. O Sínodo está organizado em três núcleos: Vale do Rio Pardo (onde estão 60% dos membros, cuja economia se ampara na cultura e industrialização do tabaco); Vale do Rio Jacuí (onde a economia se ampara na cultura do arroz e tabaco); Campanha (região de campos, cultura do arroz e criação de gado, comunidades na diáspora). A maioria dos membros são de origem e tradição germânica, apesar de algumas comunidades da área da campanha não ostentarem mais a exata tradição. Destaque-se uma comunidade de missão no Uruguai (Rivera), composta exclusivamente por membros luteranos de origem espanhola.

No Sínodo estão atuantes 31 obreiros/as pastores/as, 1 diácono, 2 pastores voluntários, 2 diáconos voluntários, 1 catequista voluntária, 1 candidato ao Ministério Pastoral (PPHM). São residentes 11 pastores/a eméritos, e 3 pastores licenciados. Ênfases: Formação de liderança leigas (com ênfase nos presbitérios); formação contínua e acompanhamento especial a obreiros/as; programa de Parceria Solidária entre paróquias e comunidades dentro do Sínodo; projeto de Diaconia Comunitária com ênfase na inclusão da Pessoa com Deficiência; incremento da Formação Contínua com ênfase na Missão Criança; insistência da reflexão e dinâmica do método de economia amparado em Fé-Gratidão-Compromisso; finalização e organização da sede e da administração sinodal.

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SÍNODO SUL-RIO-GRANDENSE Pastor Sinodal: Dietmar Teske Pastora Vice-Sinodal: Roili Borchardt Presidente do Conselho Sinodal: Herbert Wally Tesoureiro Sinodal: Elmo Hellwig Paróquias: 20 Comunidades: 108 Pontos de pregação: 13 Projeto Missionário: 01

Sede: Rua José Júlio da Cunha, 235 Lot. Toussaint - Bairro Três Vendas CEP 96.065-000 - Pelotas/RS Tel/Fax: (53) 3283-2864 / 9983-6641 e-mail - sinodosr.sul@terra.com.br

O Sínodo tem como tarefa obedecer os fundamentos e cumprir os objetivos fundamentais da IECLB e os que lhe forem atribuídos pelos seus documentos normativos, bem como exercer as funções que lhe forem delegadas pelo Concílio Geral e pelo Conselho da Igreja e as decididas pelos seus próprios órgãos, cabendo-lhes atuar de forma integrada com os órgãos centrais da IECLB.

Em obediência ao mandamento do Senhor, o Sínodo, através de suas Comunidades e Paróquias, tem por fim e missão: Propagar o Evangelho de Jesus Cristo; Estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária; Promover a paz, a justiça e o amor na sociedade; Participar do testemunho do Evangelho na sua área de abrangência, bem como, no País e no mundo.

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Palavras Cruzadas - SOLUÇÃO

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Índice Passado – Presente – Futuro .................................................................... 3 Meditações mensais de Janeiro a Dezembro ...................................... 8 a 30 Tema e Lema da IECLB para 2007 ......................................................... 32 Temas da IECLB ................................................................................... 34 Tabuleiro - uma montanha encantada ..................................................... 35 Ação de Graças voltado para a missão .................................................... 40 Relação Homens x Animais .................................................................... 41 Flagrantes da Vida Real – 1 ................................................................... 42 Halloween ........................................................................................... 43 Por causa da melancia decidi morrer ...................................................... 44 Pelos caminhos da Igreja ....................................................................... 46 As crianças na Comunidade ................................................................... 48 Mensagens garimpadas na internet ......................................................... 50 Bartolomeu Ziegenbalg – O primeiro missionário luterano .......................... 52 As Escolas Comunitárias Luteranas ......................................................... 54 Qual é o teu nome? ............................................................................... 56 A Origem dos Sobrenomes Alemães ........................................................ 58 Fundação Luterana Sementes ................................................................. 61 Datas Comemorativas ........................................................................... 63 Esperançar!!! ....................................................................................... 65 Semi-árido nordestino – Cisternas armazenam água potável ...................... 67 Contemplando mosaicos ........................................................................ 69 Flagrantes da Vida Real – 2 ................................................................... 70 Dança Sênior – Impressões de sua dinâmica ............................................ 71 Ecumenismo – Participar da brincadeira de roda ...................................... 73 Espaços sagrados, morada de Deus ........................................................ 75 Fazer o bem? A quem? .......................................................................... 77 Passatempos matemáticos ..................................................................... 79 A Lei de Vampeta ................................................................................. 80 Luteranos no Sertão Nordestino – Qual o “jeito” desta igreja? ..................... 82 Mãe duas vezes .................................................................................... 84 Mulher e pastorado – algumas reflexões .................................................. 85 Mulheres guerreiras .............................................................................. 87 Minha não metade ................................................................................ 88 Música: retrato da comunidade .............................................................. 89 Naquele dia, eu jamais imaginaria... ....................................................... 91 A motivação da Pastoral ........................................................................ 94 Quando o céu toca a terra ...................................................................... 96

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Quem educa... ..................................................................................... 98 Palavras Cruzadas ............................................................................... 100 Lutar sempre, vencer às vezes, desistir nunca ........................................ 103 Um “Prosit” para a Diaconia ................................................................ 105 Natal na casa da vovó Mathilde ............................................................ 107 Um conflito de direitos no nascedouro da IECLB .................................... 109 A oração de Biwa ............................................................................... 111 Ainda há esperança? ........................................................................... 112 Ética na Política ................................................................................. 114 As 7 Obras de Misericórdia .................................................................. 119 O cardo – Símbolo de dificuldades, dor e sofrimento ............................... 121 Os 18 Sínodos da IECLB se apresentam ................................................ 122 Palavras Cruzadas - SOLUÇÃO ............................................................. 142

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9 788587 524478

ISBN 978-85-87524-47-X ISBN 978-85-87524-47-8


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