Anuário Evangélico. Ano 37. 2008

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Anuário Evangélico

2008


tecidos

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Anuário Evangélico 2008 Publicado sob a direção de Meinrad Piske


© 2007 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br

Conselho editorial: P. em. Heinz Ehlert e esposa Elfriede, P. em. Meinrad Piske (Diretor), P. em. Nelso Weingärtner, Pa. Elaine B. Fuchs, Armando Maurmann e esposa Vânia, P. Dr. Osmar Zizemer, Prof. Dr. Nelson Hein, Profa. Anamaria Kovács, P. em. Friedrich Gierus Correspondência e artigos: P. Friedrich Gierus Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: f.gierus@terra.com.br

Foto da capa: P. em. Friedrich Gierus Revisão: P. Hugo Solano Westphal Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.

ISBN 978-85-87524-51-5

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Os textos poderão ser editados e/ou publicados em parte em função do espaço disponível.


Um documento de identidade vivo

A trigésima sétima edição do Anuário Evangélico traz uma diversidade de assuntos que são abordados por diversos autores. Cada uma das edições reflete um pouco do tempo em que foi publicada. Desta forma, as diversas edições, desde o ano de 1973, trazem algo da história, das alegrias e das esperanças, das frustrações e das tristezas. Falam da Igreja e das Comunidades, falam do país e do mundo, falam de pessoas com suas histórias vividas e acontecidas. De forma especial lembramos os nossos Pastores Auxiliares, que completaram quarenta anos no exercício do Ministério Pastoral e que agora não estão mais na ativa. O último foi aposentado em 2007. Eles escreveram uma página importante da história da Igreja. Assim como os Pastores Auxiliares recrutados em nossas Comunidades, os Pastores enviados pelas Igrejas da Alemanha, dos Estados Unidos, da Noruega, do Japão e de outros países, bem como as Diaconisas que chegaram ao Brasil a partir de 1909, escreveram páginas importantes de nossa história. Foram documentos vivos e formaram documentos vivos. Um destes documentos vivos da Igreja em nosso tempo é a OASE, a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, que conta com mais de 1.200 grupos em todo o Brasil. Ela nos identifica como Igreja que somos. O primeiro grupo de senhoras é o de Rio Claro, no Estado de São Paulo, que foi fundado em 1899. Em 2007, festejamos dois centenários: em 1907 foram formados o segundo grupo de senhoras com o nome de Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau e o terceiro com o nome de Sociedade Evangélica Beneficente de Brusque. Destacamos a presença da OASE em toda a nossa Igreja, recordando a história centenária destes dois grupos formados em 1907. A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas é um documento de identidade vivo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. P. em. Meinrad Piske Diretor ••• 3 •••


Datas Festivas do Calendário Eclesiástico

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Janeiro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

Fp 2.5-11 Js 24.1-28 Êx 2.1-10 Gn 21.1-7 Gn 9.12-17 Is 60.1-6

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

1 Jo 3.1-6 1 Jo 2.12-17 Ef 4.17-24 1 Jo 1.5-7 Lc 1.67-79 Zc 8.20-23 Mt 3.13-17

14 Seg 15 Ter 16 Qua

2 Co 3.9-18 Jo 1.43-51 Jo 3.31-36

17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

Ap 1.1-8 Jo 8.12-20 Nm 6.22-27 1 Co 1.1-9

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua 31 Qui

ANO NOVO – Dia Mundial da Paz

EPIFANIA Branco Em Jerusalém, os magos perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. Mateus 2.2 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil

1º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Depois que Jesus foi batizado, ouviu-se uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Marcos 1.11 1635 – ✩ Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 1875 – ✩ Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, em Hamburgo Velho, RS 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3)

2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde O Senhor me disse: Israel, você é o meu servo, e por meio de você serei glorificado. Isaías 49.3 1866 – ✩ Euclides da Cunha, escritor brasileiro († 15/08/1909) Lc 19.1-10 1800 – ✩ Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas Hb 12.12-17 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português Mt 10.40-42 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE 1 Co 3.1-8 Jo 2.13-22 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo 1 Co 1.26-31 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses 1 Co 1.10-18 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. Mateus 4.23 Dt 32.44-47 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas Êx 7.1-13 1499 – ✩ Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) Mc 6.1-6 1990 – 8ª Assembléia Geral da FLM, em Curitiba, PR Lc 6.43-49 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco

Fases da Lua:

= Crescente

= Cheia

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= Minguante

= Nova


Lema do mês

Jesus Cristo diz: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores. Marcos 2.17

Janeiro, mês do ano em que a maioria das pessoas tira férias. Período imprescindível para descansar, refazer as forças e reorganizar a vida para o ano que está pela frente. Tempo de ir ao lago, à praia e ao rio. Dias de encontro com os familiares, reencontro com pessoas amigas e especiais e, também, oportunidade para ampliar o laço de relações com profissionais de outras áreas. O contato, a relação com o diferente é um exercício de abertura, diálogo, postura e compreensão, enfim, expor-se. Na relação, mostramos o que somos, em que e em quem cremos, com quem estamos e para quem trabalhamos. Jesus era uma pessoa pública. Sua vida foi pautada pela relação direta com as pessoas que o procuravam e o seguiam. Tirar férias é semelhante. Sair, relacionar-se é ser público. O que é público não me pertence, mas é comum a todos e serve para todos. Em uma de suas idas ao lago da Galiléia, Jesus encontrou-se com Levi e lhe estendeu o convite de caminhar com ele. Prontamente, Levi aceitou, levantou-se e foi com Jesus. Ao final da tarde, Levi, Jesus e os discípulos param para descansar e alimentar-se em companhia de cobradores de impostos e outras pessoas que o seguiam. O fato se tornou notório, gerando comentários e perguntas. Jesus, atento, ouviu um desses questionamentos e disse que “os que

têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes.” Ainda, a partir do que Jesus ouviu, expressou o seu compromisso messiânico: “Eu vim para chamar os pecadores e não os bons.” O problema, aos olhos dos professores da lei, estava em comer com gente de má fama. Relacionar-se com estes era visto como se tornar um deles. Contudo, Jesus lhes mostra o porquê da relação. Jesus expressa coerência entre dizer e fazer. Óbvio na sociedade e na consciência das pessoas é que os doentes vão ao médico e não o contrário. Evidente é a opção de Jesus, em toda a sua vida entre nós, pelos/as pecadores/as. Cada pessoa, a partir do Batismo, passa a ser parte do corpo de Cristo. Ser do corpo, ter comunhão é, sem sombra de dúvidas, o desafio da cristandade. Diante do que se ouve e vê, duas perguntas não querem calar: Com quem nos relacionamos nas férias? Quem as pessoas enxergam em nós na comunidade e fora dela? A liberdade cristã é um dos esteios da nossa confessionalidade. Contudo, vale lembrar: temos liberdade para a qual Cristo nos libertou, ou seja, somos livres para fazer o que Cristo fez. Que o Espírito Santo de Deus cavalgue-nos no decorrer desse ano para que a nossa vida pessoal, familiar e eclesial seja pautada pela demanda das prioridades de Jesus. Mauri Magedanz Pastor Sinodal do Sínodo da Amazônia

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Fevereiro 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom

25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex

Jo 12.34 -42 Mt 13.31-35 Apresentação de Nosso Senhor Êx 24.12-18 ÚLTIMO APÓS EPIFANIA Verde O salmista canta ao Ungido de Deus: Tu és o mais formoso dos humanos; nos teus lábios se extravasou a graça; por isso Deus te abençoou para sempre. Salmo 45.2 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil Lc 13.31-35 Lc 5.33-39 Mt 6.16-21 Cinzas Zc 7.2-13 Jo 8.21-30 Dn 5.1-31 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara Mt 4.1-11 1º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Jesus respondeu ao tentador: Está escrito: Não só de pão viverá o ser humano, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4.4 1 Jo 3.7-12 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) Jó 1.1-22 1 Co 10.9-13 Tg 4.1-10 Hb 2.11-18 Dia Mundial contra a Lepra Ap 20.1-6 1497 – ✩ Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) Jo 3.1-17 2º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16 Jr 26.1-24 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (✩ 10/11/1483) Jó 2.1-10 Êx 17.1-7 1 Jo 1.8-2.2(3-6) Lc 9.43b-48 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES Gl 2.16-21 Rm 5.1-11 3º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Jesus Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.8 Lc 14.25-35 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latinoamericano († 17/08/1850) Jó 7.11-21 Mc 9.38-47 Mc 8.10-21 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos Mt 10.34-39

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Lema do mês

Jesus Cristo diz: Digo-vos que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. Marcos 11.24

Mais do que uma simples reflexão sobre oração, somos convidados a uma reflexão sobre oração atendida a partir do acreditar que já fomos atendidos. Iniciemos nossa reflexão procurando entender os fundamentos encontrados no Antigo/Primeiro Testamento. Dois são os fundamentos: As pessoas devem orar ao único e verdadeiro Deus, porque somente Ele é presença auxiliadora. Esta presença se dá em todos os espaços da vida. Somente em Deus poderemos encontrar a certeza do atendimento, porque o próprio Deus firmou com o seu povo uma aliança. Pois somente nele serão encontrados fidelidade e bondade. O outro fundamento é o fato de que Deus é o Criador e Conservador do mundo. Destes fundamentos advém a confiança com que se ora. A confiança provém da promessa e dos inúmeros atendimentos. E esta confiança, testemunhada na certeza do atendimento, provoca o agradecimento antecipado. No Novo Testamento, o fundamento da oração dos cristãos é a nova relação entre as pessoas e Deus, que se dá através de Jesus Cristo. Deus é o/a Pai/Mãe celeste e as pessoas são seus filhos e suas filhas. A essa existência cristã deve corresponder uma atitude de confiança ilimitada, de entrega espontânea, de uma familiaridade filial ininterrupta, de um refugiar-se nele em toda necessidade. É esse espírito de uma oração

contínua que Jesus, segundo os evangelhos sinóticos, tenta comunicar aos discípulos. Não há mais lugar para qualquer preocupação que seja. O que significa que Deus sabe do que precisamos. Deus atende com certeza infalível as nossas orações e nos dá as boas dádivas e o Espírito Santo. Para Lutero, a oração é o elemento-chave de toda a ética cristã. Ela é o “fruto da Palavra” pela fé e acompanha toda a vida das pessoas cristãs. A oração é resultado da graça de Deus e resposta à mensagem do Evangelho. Deus já determinou suas bênçãos para os que nele confiam, mas a oração é necessária “a fim de inflamares o coração a que deseje mais e com vigor e desdobres bem amplamente o manto para receber muito”. Ele recomenda que “devese orar brevemente, mas com freqüência e intensamente”. E, se a oração “é obra peculiar aos cristãos, na medida em que têm o Espírito de Deus, não serem relaxados e preguiçosos, e sim orarem constantemente e sem cessar, como ensina Cristo”. Os elementos e as características da oração, para Lutero, são: 1. Sejamos impelidos a ela pelo mandamento de Deus que ordenou veementemente que orássemos. 2. Deus prometeu atender nossas orações. 3. Considerar nossas aflições e misérias que nos oprimem e sufocam. 4. Orar com fé genuína, tendo certeza e nenhuma dúvida de que Ele quer atender e ajudar-nos. Osmar Lessing Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém

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Março 1 Sáb 2 Dom

Lc 17.28-33 Jo 9.1-41

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

Dt 8.2-10 Jó 9.14-23,32-35 Jo 15.9-17 2 Co 4.11-18 Jo 10.17-26 Dia Mundial de Oração – DMO Jo 14.15-21 Ez 37.1-14 5º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Jesus Cristo diz: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pra salvar muita gente. Marcos 10.45 Jo 17.1-8 1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4) Jó 19.21-27 Hb 9.11-15 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) 1 Co 2.1-5 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil Hb 10.1-18 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES Ap 14.1-5 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS Mt 21.1-11 DOMINGO DE RAMOS – DOMINGO DA PAIXÃO Violeta Jesus respondeu aos discípulos: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. João 12.23 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS Rm 5.6-11 Mc 14.66-72 Is 26.20-21 Dia da Escola Êx 24.1-11 QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO – QUINTA-FEIRA SANTA Mt 27.27-54 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO – SEXTA-FEIRA SANTA 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara Mc 15.42-47 VIGÍLIA PASCAL Cl 3.1-4 DOMINGO DA PÁSCOA Branco Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. Romanos 6.9 Lc 24.13-49 Is 7.10-14 ANUNCIAÇÃO DE NOSSO SENHOR 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I 1 Co 15.35-49 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS 1 Co 15.50-57 1 Co 5.6b-8 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) 2 Tm 2.8-13 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega Jo 20.19-25 2º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes os que não viram, mas assim mesmo creram! João 20.29 Is 42.10-16 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

31 Seg

4º DOMINGO DA QUARESMA Violeta Assim como Moisés, no deserto, levantou a serpente numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. João 3.14-15

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Lema do mês

Jesus Cristo diz: Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. João 16.22

Aparentemente o ser humano vive entre dois pólos: 1) O projeto de Deus - ideal ao ser humano; 2) A realidade humana. Tem-se a impressão e a sensação de que são excludentes e um não pode conviver com o outro. Em certos momentos temos que excluir um ou outro. Ou vivemos no e a partir do projeto de Deus, ou nos entregamos à realidade em que vivemos. Viver no e a partir do projeto de Deus traz responsabilidade por toda a criação, fazme viver com ética, com justiça, com honestidade. As minhas relações com a natureza obedecem à ordem de ser o “cuidador/ zelador” da natureza. Em relação ao semelhante, vou viver em toda a plenitude o mandamento do amor (amarás a Deus acima de tudo e ao próximo como a ti mesmo). Esta é a receita para que homem e mulher vivam bem os dias das suas vidas. Simples e sem complicação, a receita da felicidade para o ser humano. Entretanto, verifica-se que temos dificuldade em conseguir ou até querer viver felizes. A realidade que nossos sentidos constatam é de muitas lágrimas, de muita dor, de muita irresponsabilidade, de falta de ética, de injustiça, de desonestidade e de assassinatos. As autoridades e poderes constituídos deveriam ser os exemplos construtivos da nação. Ao invés, são motivos de chacota e de piada. Isto gera um sentimento de impunidade e de que também devo aproveitar e levar vantagem. Desta forma,

tornamo-nos iguais aos que não são exemplos e também nos desviamos do projeto de Deus. A realidade social e relacional tem trazido tristeza ao nosso país, às nossas famílias, às nossas Igrejas. Na maioria das vezes deixamos que o sentimento de impotência nos domine. Acomodamos e apenas choramos e lamentamos a realidade. Quando a comunidade cristã não tem mais palavras, exortação, admoestação, transformação e consolo, ela apenas sepulta os mortos. Ela é triste e vive na tristeza. Não é para isto que o Senhor levantou a sua Igreja. Não é para isto que Ele nos salvou. Ele nos chamou e resgatou para vivermos na Sua alegria. Alguém que foi salvo pelo sangue de Jesus, recebeu a vida eterna, foi reconciliado com o Pai, tem uma alegria que ninguém lhe poderá tirar. É alguém livre de todos os tipos de escravidão e tem o coração alegre. Por ser livre e não ter medo da morte, não cala, não consente e não produz nenhum tipo de injustiça e maldade. Torna-se instrumento da alegria de Deus. Toda vez que alguém olhar para este ser humano, que é instrumento, verá a alegria de Deus irradiar em seus atos e palavras. Esta alegria ninguém poderá tirar de nós, pois é dádiva e presente. Podemos dizer como o evangelista João: “O vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar”. Lauri R. Becker Pastor Sinodal do Sínodo Mato Grosso

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Abril 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua

Jó 42.7-17 1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO 1 Pe 1.22-25 João 17.9-19 Lc 23.50-56 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929) Jo 12.44-50 Lc 24.13-35 3º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras? Lucas 24.32 Nm 27.12-23 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil 1 Co 4.9-16 Jo 17.20-26 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) Ef 4.8-16 Mt 26.30-35 Jo 14.1-6 Jo 10.1-10 4º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. João 10.14 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685) Rm 1.18-25 Rm 1.26-32 Jo 8.31-36 Rm 8.7-11 Jo 19.1-7 Ap 22.1-5 Dia dos Povos Indígenas 1 Pe 2.2-10 5º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14.6 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Tg 1.17-27 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil Lc 19.36-40 1500 – Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Rm 15.14-21 Dia Mundial do Livro 1 Co 14.6-9,15-19 Lc 22.39-46 Jo 6.60-69 1500 – Primeira missa no Brasil At 17.22-31 6º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 1 Rs 3.5-15 Êx 17.8-13 Lc 11.1-4

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Lema do mês

Estai sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós. 1 Pedro 3.15

“As pessoas cristãs vivem neste mundo, embora suas raízes vitais não se localizem no mundo”. A citação tem a ver com o contexto histórico e religioso no qual situamos o lema bíblico que nos acompanha no mês de abril. O que tinha acontecido? As pequenas comunidades cristãs fundadas pelo apóstolo Paulo, na Ásia Menor, passaram por momentos de grande dificuldade. Observaramse diferenças marcantes na qualidade de vida dos cristãos; o culto cristão apresentava novidade. A Boa Notícia da liberdade e da esperança embalava as pessoas cristãs, dando-lhes um novo ritmo de vida e de convivência. Seu modo de pensar era diferente. No entanto, a vivência do espírito novo encontrou resistência. Surgiram sinais de desconfiança, cresceram as manifestações de agressão verbal e não tardaram as suspeitas contra a forma de celebrar a fé. A qualidade de vida marcada por reconciliação e, sobretudo, pela esperança tornou-se razão de adversidade. Em conseqüência, as suspeitas e as calúnias geraram medo e dispersão, sofrimento e perseguição. Em razão das dificuldades, o povo de Deus tornou-se povo peregrino. A marca da perseguição promovida pelo poder público encontrou terra fértil. Para dentro dessa realidade, o apóstolo Pedro - nome que lembra da rocha firme - espalhou sementes orientadoras e trouxe palavras de esperança e de consolo. Não deixou de ad-

moestar o povo de Deus em provação para que permanecesse firme naquele que é o Autor e Consumador da fé. Animou as comunidades, exortando-as à humildade e à sensibilidade para com os descrentes, avessos à vida de fé em Jesus Cristo. Assim, Pedro fortaleceu o espírito de compreensão e a atitude de diálogo, questionando posturas dos cristãos que indicassem orgulho próprio ou tentação a uma vida de superioridade. O apóstolo identificou as atitudes de resistência, vividas em comunidade, com o sofrimento vivido pelo próprio Cristo. É verdade, as pessoas cristãs, embora cidadãs do mundo, fortalecem as raízes da vida e da fé em outra fonte. Recorrem ao poço da água da vida que não se esgota, pelo contrário, firma a esperança. Jesus Cristo, o Evangelho encarnado, abre portas novas e ilumina o quintal da vida com os raios da luz da esperança. Na Páscoa, o Filho de Deus derrotou a ditadura da morte. Os pássaros da preocupação e do sofrimento continuam voando sobre as cabeças humanas, mas deixarão de fazer nelas os seus ninhos. Tampouco os ventos da autosuficiência e da indiferença, nem as rajadas da esperteza ou a tempestade da ambição são definitivos. A esperança cristã não frustra e nem permite mesquinhez. O perfil do futuro, fruto da esperança das pessoas cristãs, está desenhado; por isto “não podemos deixar de falar, no presente, o que vimos e ouvimos”. Manfredo Siegle Pastor Sinodal do Sínodo Norte Catarinense

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Maio 1 Qui

At 1.1-11

2 Sex 3 Sáb

Jo 18.33-38 Ef 6.18-24

4 Dom

Jo 17.1-11

5 Seg

Ez 11.14-20

6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb

ASCENSÃO DO SENHOR Dia do Trabalho 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ 7º DOMINGO DA PÁSCOA Branco Jesus Cristo diz: Não os deixarei órfãos, voltarei para vocês. João 14.18 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958)

Lc 21.12-19 Lc 12.8-12 At 1.12-26 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Jo 19.25-27 Zc 4.1-14 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) Nm 11.24-30 DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Jesus Cristo diz: Quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. Atos 1.8 DIA DAS MÃES At 2.1-21 Segunda-feira de Pentecostes At 4.23-31 1888 – Abolição da escravatura no Brasil At 8.9-25 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS At 11.1-18 At 11.19-26 At 18.1-11 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS 2 Co 13.11-13 1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – TRINDADE Branco Os serafins diziam em voz alta uns para os outros: Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro! Isaías 6.3 Jr 10.6-12 Is 43.8-13 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS At 17.16-34 Ef 4.1-7 CORPUS CHRISTI Lc 23.44-49 Jo 14.7-14 Mt 6.24-34 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde As misericórdias do Senhor Deus não se acabam, pois elas não têm fim. Lamentações 3.22 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) Lc 10.1-16 Jr 36.1-31 1 Co 12.4-11 Jo 21.15-19 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III Lc 22.24-30 1909 – ✩ Dr. Ernesto Th. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/10/1969) Rm 12.9-16 VISITAÇÃO DE MARIA

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Lema do mês

Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente. 1 Coríntios 14.15

A meditação deste mês é baseada no Salmo 127.1: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam.” Deixe que o Senhor edifique sua casa e dela cuide. Não se intrometa no trabalho dele. Cabe a ele cuidar dela, e não você. Deixe que ele, que é o senhor da casa a administre e cuide dela. Se as necessidades de uma casa são muitas, não se preocupe; Deus é maior do que a sua casa. Aquele que enche céus e terra, certamente será capaz de encher sua casa, ainda mais porque ele já começou a fazê-lo e dá ao salmista oportunidade de louvá-lo por isso. Agora, isso não significa que Deus proíba que você trabalhe. Trabalhar você deve e, de fato, precisa. Mas não atribua o alimento e a casa mobiliada a seu trabalho, e sim,

à graça e bênção de Deus única e exclusivamente. Porque, no momento em que isso é atribuído ao trabalho do próprio homem, a cobiça e a preocupação se farão sentir, seguidas da idéia de que muito trabalho resultará em muitas posses. Assim, dá-se a estranha contradição de que alguns que trabalham sem parar, mal têm o suficiente para comer, enquanto outros que trabalham descansadamente, são abençoados com toda sorte de coisas boas. Isso significa que a honra será dada a Deus, pois é ele, e somente ele, quem faz as coisas crescer. Pois mesmo que você cultivasse a terra por cem anos e fizesse todo trabalho do mundo, ainda assim seria incapaz de fazer com que ela produzisse um só colmo de grama. Mas, enquanto você dorme, sem seu trabalho, Deus faz da semente uma planta e muitos grãos nela, segundo sua vontade. Assim pregou o Reformador Martim Lutero. Texto gentilmente cedido pela Comissão Interluterana de Literatura. Veja outras meditações em www.lutero.com.br

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Junho 1 Dom

Dt 11.18-28

2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom

Pv 9.1-10 Êx 2.11-25 1 Sm 1.1-11 Mt 15.29-39 Dia Mundial do Meio Ambiente Lc 23.39-43 Jr 31.7-14 Mt 9.9-26 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos seres humano as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. 2 Coríntios 5.19 Lc 5.27-32 Êx 32.30-33.1 1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese Jo 5.1-16 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil Mt 18.15-20 Mt 27.3-10 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora Rm 8.1-6 1910 – Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, na Escócia Rm 5.1-8 5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis. Salmo 132.9 Lc 5.17-26 Ne 9.1-36 1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) Mc 11.20-26 1 Co 12.19-26 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) Lc 23.17-26 2 Co 13.10-13 Mt 10.24-39 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que exclama: “Aba, Pai”. Gálatas 4.6 Lc 6.12-19 At 13.13-26 Dia de São João Batista (João 3.30) 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) Ez 2.3-8a 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB At 15.4-12 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA Lc 22.31-34 Fp 3.12-16 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro Jr 28.5-9 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1.17 Ação de Graças pela Colheita (Salmo 145.15) Êx 14.15-22 1947 – Assembléia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia

9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg

3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos. Salmo 119.105

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Lema do mês

O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação. Êxodo 15.2

Atribui-se a Moisés este cântico de louvor. Suas palavras provêm do coração. Moisés e o povo experimentaram a libertação. Deus os livrara da opressão e de uma vida sem futuro. Enquanto reflito, vou folheando o VadeMécum Luterano com suas páginas dedicadas ao mês de junho. Observo datas e acontecimentos. Vejo que cada um deles, pela sua importância, mereceria uma meditação. Tomo a liberdade de destacar algumas datas: - 5 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente; - 10 de junho, ano 1888, há 120 anos, lançamento da 1ª. folha dominical do Sínodo Riograndense; - 11 de junho, ano de 1948, há 60 anos, criação da Sociedade Bíblica do Brasil; - 25 de junho - ano de 1530, a Confissão de Augsburgo é lida perante o Imperador Carlos V; - 24 e 29 de junho - Dias de João Batista e dos apóstolos Pedro e Paulo, respectivamente. As datas e acontecimentos mencionados revelam pessoas, grupos e instituições comprometidos com fé no Deus que é força, cântico e salvação. Assim, é a fé que permite redescobrir a cada novo dia o planeta Terra como um maravilhoso presente de Deus. Cuidar do meio ambiente neste planeta que Deus nos confiou é nossa responsabilidade. Mentes e corações comprometidos com o amor de Deus não se fecham em si mesmos. É através de um jornal que o Sínodo promove entre seus membros um forte elo de ligação. Seria impossível imaginar uma vida de fé comprometida com a vontade de Deus, se os cristãos não encon-

trassem na Sociedade Bíblica do Brasil, nos seus 60 anos de existência, uma entidade que imprimisse e fizesse chegar à nossa gente a palavra de Deus na língua do povo. Filipe Melanchton, teólogo e amigo de Lutero, e lideranças religiosas e políticas, tocadas pela redescoberta do evangelho, a salvação por graça e fé, confessaram cientes das implicações que isso poderia ter, lendo diante do imperador sua confissão de fé. Finalmente, ao lembrarmos personagens bíblicos como: João Batista, Pedro e Paulo, recordamos a confissão e a confiança deles no Senhor: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30); “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.15); “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21). O mês de junho é, no Sul do Brasil, uma época de natureza retraída. O rigor do inverno, temperaturas muito baixas, geadas e umidade intensa contribuem para tal. Este clima geralmente convida as pessoas ao recolhimento. Sabemos, no entanto, que pessoas tocadas pela palavra e ação de Deus não se retraem com condições externas desfavoráveis. Moisés e o povo encontraram no Senhor aquele que abriu-lhes corações e mentes para ver além de empecilhos e dificuldades momentâneos. Sempre que o perdão e o amor, oferecidos por Jesus Cristo, alcançar pessoas, o Senhor será experimentado como força, cântico e salvação.

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Dietmar Teske Pastor Sinodal do Sínodo Sul Riograndense


Julho 1 Ter

At 2.32-40

2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

At 16.23-34 Mt 18.1-6 Jo 19.31-37 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) Ap 3.1-6 Mt 11.16-30 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A semente que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança. Lucas 8.15 2 Cr 30.13-22 Mt 22.1-14 Zc 8.9-17 1 Co 10.16-17 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo calvinista do protestantismo († 27/05/1564) Lc 22.14-20 Ap 19.4-9 Rm 8.1-11 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus, te abençoará. Deuteronômio 30.16 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil Tg 2.14-26 2 Co 6.11-18 Tg 3.13-18 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) Lc 11.33-41 Jo 18.19-24 Fp 2.12-18 Mt 13.24-43 10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus diz: A palavra que sair da minha boca não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55.11 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) 1 Rs 3.16-28 Ez 3.16-21 Mt 19.4-15 Ef 5.15-20 Jo 19.9-16a 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, RS Dia do Colono e do Motorista Lc 12.42-48 1 Rs 3.5-12 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 Rm 11.1-12 Lc 21.5-6,20-24 Jo 4.19-26 Rm 11.13-24

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua 31 Qui

1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS

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Lema do mês

Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Salmo 139.5

A meditação deste mês é baseada no Salmo 51 vv. 4 e 10: “Pequei contra ti, contra ti somente. Cria em mim, ó Deus, um coração puro.” Aqui, não se trata de um conhecimento filosófico do homem, segundo o qual ele é um ser racional, etc. Isso são coisas de ordem natural, não teológica. Assim, o jurista vê o homem como proprietário e dono de seus bens, e o médico diz que ele está, ou são ou doente. Mas o teólogo descreve o homem como pecador. Existem dois tipos de conhecimento teológico, apresentados por Davi neste salmo. Ele fala do conhecimento teológico do homem e do conhecimento teológico de Deus. Isso para que ninguém se ponha a meditar sobre o que Deus poderia ter feito, e quão poderoso ele é. Semelhantemente, para que ninguém reflita sobre o homem como dono de seus bens, a exemplo do jurista, ou como doente, a exemplo do médico, mas reflita sobre o homem como pecador. Porque o objeto próprio da teologia é o homem, acusado e perdido por causa de seu pecado, e Deus, que justifica e é o Salvador do homem pecador. Tudo o mais que se debater em teologia e que for além desse objeto próprio é engano e veneno. Em teologia,

de modo algum pode-se tratar de coisas como a vida corporal, qual deve ser o sustento do homem, que tipo de trabalho deve fazer, de que maneira deve governar a sua casa ou cultivar a terra, etc. Estas coisas estavam diante do homem e lhe foram dadas no jardim do Éden, quando Deus disse: “Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu” (Gênesis 1.28). Em teologia, a gente tem que ocupar-se com a vida eterna e futura; Deus, que justifica, ressuscita e dá vida; e com o homem, que perdeu a justiça e a vida, caindo em pecado e morte eterna. Quem prestar atenção nisso, ao estudar as Sagradas Escrituras, este vai tirar santo proveito de sua leitura. Da mesma forma, o conhecimento teológico que alguém precisa ter é conhecer-se a si mesmo, isto é, saber, sentir e perceber que, por causa do pecado, tem culpa e está entregue à morte. Mas também é preciso conhecer a outra parte e dar-se conta de que Deus é quem justifica e dá nova vida a este homem que se conhece a si mesmo. Quanto aos outros homens, aqueles que não conhecem seus pecados, podemos deixá-los ao encargo de juristas, médicos e pais; estes que se preocupem com eles. Agora é claro que eles vão falar do homem de forma diferente do teólogo. Assim pregou o Reformador Martim Lutero. Texto gentilmente cedido pela Comissão Interluterana de Literatura. Veja outras meditações em www.lutero.com.br

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Agosto 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom

25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb 31 Dom

Lc 23.27-31 Dt 4.27-40 Mt 14.13-21 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça Ez 17.1-6,22-24 Gn 19.15-26 1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 12/02/1917) Mc 7.24-30 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau 1 Pe 5.1-5 Lc 22.54-62 Is 26.1-6 Rm 10.5-15 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1 DIA DOS PAIS Mt 9.27-34 Nm 12.1-15 Mt 17.14-21 Tg 5.13-16 Lc 23.6-12 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP Is 57.15-19 Mt 15.10-28 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Hebreus 4.1 Dt 15.1-11 Am 5.4-15 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, na Suécia Dt 24.10-22 At 4.32-37 Semana da Pessoa Portadora de Deficiência – 21 a 28 de agosto Mt 26.47-50 1948 – Assembléia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda Jd 1,2,20-25 Is 51.1-6 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus acabou com o poder da morte e, por meio do evangelho, revelou a vida que dura para sempre. 2 Timóteo 1.10 2 Tm 1.1-7 Jo 9.24-41 Fm 1-22 1 Cr 29.9-18 Jo 13.31-35 2 Ts 2.13-17 Mt 16.21-28 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Senhor, eu sou teu, e as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de felicidade. Jeremias 15.16

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Lema do mês

Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Salmo 127.3

Em agosto, o lema do mês convida para refletir sobre os filhos. Anuncia que eles revelam as bênçãos de Deus. Nesse mês em que comemoramos o Dia dos Pais, essa Palavra é uma mensagem especial. O povo adorava a Deus no Templo de Jerusalém, cantando que os filhos eram herança de Deus. Naquele tempo, numa sociedade rural, os filhos asseguravam a posse da terra. Davam proteção à família e garantiam o sustento. Famílias com muitos filhos revelavam as bênçãos de Deus. Naquele tempo, os pais e as mães esperavam ansiosos pelo nascimento de seus filhos, e os dedicavam a Deus. Hoje, a nossa realidade é diferente. Não cantamos hinos que falam das crianças como bênçãos de Deus. As famílias com muitos filhos são consideradas pobres. Nas ruas e nos lares, encontramos crianças abandonadas, abusadas, escravizadas e violentadas. Filhos não são considerados presentes de Deus. Sem o esforço das avós e dos avôs, muitos filhos não são dedicados a Deus, ou levados para o sacramento do batismo. Um grande segmento das novas gerações, que cresceram em meio à violência e à injustiça, perderam o encanto pela maternidade e pela paternidade. A Palavra do Salmo 127.3 não passa. Ela contradiz a nossa realidade e revela a presença do amor de Deus nas crianças. Proclama que Deus reparte a sua herança conosco, através do nascimento dos filhos. Eles são frutos sagrados, que se desenvol-

vem nos ventres das mamães, e, depois, são colocados em nossas mãos e em nossos colos. Assim, somos chamados por Deus para cuidar da vida e para participar da sua obra criadora. Ele nos inclui no milagre da vida eterna; permite que, no dia-a-dia da nossa casa, da nossa família, no cuidado com os filhos e filhas, participemos do seu reino. A Palavra do Salmo clama nossa atenção e cuidados especiais para com os nossos filhos. Necessitamos de muitas coisas para viver, mas os nossos filhos são o principal. Uma história ensina sobre o principal. Um casal, passeando pelas montanhas, foi surpreendido por uma porta que se abriu entre as rochas, de onde uma voz anunciava: Entrem! Peguem tudo o que quiserem. Mas, não esqueçam o principal. O homem e a mulher entraram, acompanhados pelas duas filhas, e depararam-se com uma grande quantidade de ouro e jóias. Ficaram maravilhados. Com parte das roupas, improvisaram uma bolsa para carregarem uma porção do tesouro. Enquanto trabalhavam, a voz anunciou: em um minuto a porta se fechará, e não esqueçam o principal. Ocupados com as jóias e o ouro, conseguiram sair da caverna antes da porta se fechar. Porém, as filhas foram esquecidas. Ficaram presas. Em nossos filhos encontramos a vocação para vida e a revelação da bondade de Deus. Eles são o principal. Guilherme Lieven Pastor Sinodal do SínodoSudeste

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Setembro 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter

Fp 4.8-14 1 Tm 6.3-11a At 27.33-44 Lc 10.38-42 Lc 22.35-38 Lc 6.20-26 Rm 13.8-14

1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil

17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A justiça engrandece um povo, mas o pecado é uma desgraça para qualquer nação. Provérbios 14.34 1822 – Independência do Brasil Dia Mundial da Alfabetização

Rm 6.18-23 At 21.8-14 Mc 5.21-24 Dia da Imprensa Fp 1.19-26 Jo 18.3-9 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC Mc 9.1-10 Gn 50.15-21 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. Romanos 15.4 Mc 5.24-34 Tg 1.1-11 Lc 7.1-10 At 5.34-42 Jo 19.28-30 Mt 14.22-33 Jn 3.10-4.11 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O apóstolo Paulo diz: Eu trago vocês no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos vocês são participantes da graça comigo. Filipenses 1.7 Dia da Árvore 1 Ts 4.9-12 1 Tm 1.1-11 Ct 8.4-7 At 6.1-7 Lc 23.32-34 Mt 5.17-24 Dia do Ancião Mt 21.23-32 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2.10-11 Dn 1.1-3 Dia de São Miguel e Todos os Anjos Gn 16.6b-14

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Lema do mês

Deus diz: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31.3

A meditação deste mês é baseada em Isaías 53.6: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.” Meu caro amigo, se nós podemos apascentar e governar a nós mesmos, guardar-nos do erro, alcançar graça e perdão dos pecados por mérito próprio, resistir ao diabo e toda desgraça, vencer o pecado e a morte por nós mesmos, então a Escritura deve estar mentindo quando afirma que somos ovelhas perdidas, dispersas, machucadas, fracas e indefesas. Nesse caso, também não precisamos de Cristo como pastor que nos procure, reúna, guie, trate, cuide, dê força para enfrentar o diabo. Então, ele também deu sua vida por nós em vão. Pois, se podemos fazer e conseguir tudo isso por força própria e piedade pessoal, então podemos dispensar completamente a ajuda de Cristo. Agora, aqui você tem justamente o contrário, ou seja, que você, ovelha perdida, não pode, por si mesmo, voltar para junto do pastor. Por si mesmo, você só pode extra-

viar-se e, se Cristo, o bom pastor, não saísse à sua procura e o trouxesse de volta, você, simplesmente, acabaria sendo presa do lobo. Mas eis que ele vem, procura, encontra e leva você de volta ao seu aprisco, ou seja, por meio da palavra e sacramento o leva à cristandade, dá sua vida por você, conserva-o, doravante, no caminho certo, para que você não incorra em erro. Aqui, não se ouve nada a respeito de suas forças, suas boas obras e méritos, a menos que você considere extraviar-se, estar indefeso e perdido como sendo força, boa obra e mérito. Nisso aí, Cristo age, ganha méritos e manifesta o seu poder sem participação de ninguém. Ele sai à procura, carrega sobre os ombros, guia e, por meio de sua morte, ganha-lhe a vida. Somente Cristo é forte e chega para impedir que você pereça ou seja arrebatado de sua mão (João 10). Você não pode fazer nada nesse sentido. A única coisa que pode fazer é espichar as orelhas, ouvir e receber com gratidão esse extraordinário tesouro, bem como aprender a reconhecer nitidamente a voz de seu pastor, segui-lo e não dar ouvidos à voz do estranho. Assim pregou o Reformador Martim Lutero. Texto gentilmente cedido pela Comissão Interluterana de Literatura. Veja outras meditações em www.lutero.com.br

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Outubro 1 Qua

Ap 14.6-16

2 Qui 3 Sex

Mt 18.10-14 Mt 26.51-54 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) At 27.16-25 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS Fp 3.4b-14 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Deus, eu falarei a respeito de ti aos meus irmãos e te louvarei na reunião do povo. Hebreus 2.12 Êx 23.10-16 Êx 18.13-27 Gn 24.54b-67 Êx 19.3-9 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e Outros Estados da América do Sul, em Estrada da Ilha, SC Jo 18.28-32 Ec 12.9-14 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma Mt 22.1-14 22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Naquele dia, todos dirão: Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Isaías 25.9 Dia da Criança e Dia de Nª Srª Aparecida (feriado nacional) Rm 12.17-21 1 Sm 26.5-9,12-14,17-24 Pv 29.18-25 Is 32.1-8 Lc 22.49-53 2 Tm 2.1-6 Is 45.1-7 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1.18 Os 12.1-7 1962 – Assembléia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC Jr 19.1-4,10-13 Mt 7.1-6 Ap 3.14-22 Mt 26.20-25 Is 1.18-27 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV Mt 22.34-46 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Senhor me livrará de todo mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém! 2 Timóteo 4.18 1949 – Constituição da IECLB 1 Pe 2.11-17 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Hc 2.9-14,19-20 Is 7.1-9 Dia Nacional do Livro e da Leitura 1 Co 3.16-23 Mt 5.1-10 DIA DA REFORMA • 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero

4 Sáb 5 Dom

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex

1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA

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Lema do mês

Os que vêm do Oriente e do Ocidente, tu os fazes exultar de júbilo. Salmo 65.8

Exultar de júbilo, dar gritos de alegria, louvar a Deus. Palavras e gestos que envolvem o louvor e a gratidão a Deus. O convite à oração de gratidão envolve o júbilo, a alegria e o louvor por causa das maravilhas que Deus tem feito. Nas palavras do salmo, Deus cria e preserva a vida, não deixa nossos pés tropeçarem, nos prova e nos refina como se refina a prata, sustenta o peso sobre os nossos ombros. Se passamos por poucas e boas, Deus nos faz retomar o fôlego. Entre altos e baixos da experiência de vida, uma situação permanece inalterada: a presença e a fidelidade do amor e da solidariedade de Deus. Vamos dar gritos de alegria e louvar porque Deus nos é favorável. Ali, o júbilo tem a sua causa: a fidelidade de Deus. E uma conseqüência: o testemunho de gratidão a Deus. Normalmente as pessoas dão ruidosas gargalhadas para demonstrar a sua imensa alegria. Há muita alegria forçada que serve apenas como válvula de escape para ocultar a pobreza de vida. Certo dia, um barbeiro ouviu muitas queixas de um cliente novo, desconhecido. Ele se queixava de tudo em sua vida. O barbeiro fez várias sugestões e, uma a uma, o cliente rejeitava todas elas. Por fim, lembrou do circo recém chegado à cidade e recomendou que fosse ver o palhaço, muito bom, capaz de transformar a pior dor em grande alegria. Sem dizer nada, o cliente baixou a cabeça e chorou. Perguntado pelo barbeiro se não estava se sentindo bem, responde: “Eu sou aquele palhaço que faz os outros rir.” A alegria que o salmo propõe não é a de uma válvula de escape. Aqui ela se reveste de um motivo importante: da presença de Deus no

cotidiano da vida. O reformador Martim Lutero expressa em um de seus escritos as seguintes palavras a respeito do louvor e gratidão a Deus: “Visto que Deus presta este supremo benefício ao mundo, especialmente por Cristo e seu reino de graça, dêem graças a Deus, pois Ele é cordial, misericordioso, piedoso e bondoso, que nos faz bem sobre bem e que derrama bondade sobre bondade sobre nós aos montes. E isto sem cessar, sempre e sempre nos faz o melhor. Cria, dá a vida, protege, conserva, faz e dá. E tudo isso em abundância e com sobra, todos os anos, todos os dias, a toda hora, a todo momento. Deus nos dá, protege e conserva os bens comuns, aqueles necessários para o dia-a- dia da vida. Que grande graça é ter casa, lavoura, saúde, educação, bons vizinhos, amigos, família, alimento, vestes, chuva, sol... Esses bens de Deus são os maiores e os mais desprezados, e por serem comuns, ninguém agradece a Deus por eles. Os tomamos e os usamos diariamente como se não pudesse ser diferente e como se fosse de nosso direito, sem agradecer uma única vez por eles. Entrementes fazemos todo o emprenho, é nosso único desejo, nos preocupamos, contendemos, brigamos, lutamos e até nos enfurecemos por dinheiro e bens supérfluos, por honra e prazer, em resumo, por coisas que sequer chegam aos pés dos bens acima mencionados e que não nos valem nem a centésima parte”. Se a ingratidão ou a indiferença é o vício mais prejudicial, o louvor e gratidão a Deus é o culto divino mais sublime.

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Renato Küntzer Pastor Sinodal do Sínodo Noroeste Riograndense


Novembro 1 Sáb 2 Dom

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

Ap 7.9-17 1 Ts 2.9-13

Dia de Todos os Santos 25º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vocês. 2 Tessalonicenses 3.1 Dia de Finados Lc 7.11-16 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956) Lc 12.(1-3) 4-7 Ec 3.16-22 2 Co 2.12-17 Mt 27.62-66 Ap 19.11-16 Mt 25.1-13 ANTEPENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. Mateus 24.42 Mc 4.1-12 1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 16/02/1546) Mc 13.9-20 1982 – Assembléia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru Hb 13.1-9b 1 Jo 2.18-29 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) Mt 26.36-41 Mc 13.30-37 1889 – Proclamação da República do Brasil Jz 4.1-7 PENÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Verde Aquele que dá testemunho de tudo isso diz: Certamente venho logo! Amém! Vem, Senhor Jesus! Apocalipse 22.20 Mt 7.21-29 Hb 10.26-31 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS Mt 7.21-29 2 Ts 1.3-12 Mt 26.59-66 Ap 20.11-15 Mt 25.31-46 ÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO – CRISTO REI Verde Jesus Cristo diz: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Apocalipse 22.13 Dt 34.1-8 1 Pe 1.13-21 1843 – ✩ Dr. Wilherlm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) 1 Co 3.9-15 Cl 4.2-6 Mt 27.50-54 Ap 21.10-14,21-27 Is 64.1-9 1º DOMINGO DE ADVENTO Violeta Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. Salmo 85.7 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC

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Lema do mês

Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas. Isaías 58.10

Certamente você já ouviu uma pessoa se desculpar, dizendo “Eu não vou à igreja, porque os que sentam no primeiro banco são os primeiros a passar os outros para trás”. Quem fala assim, está arrumando uma desculpa, mas tem também um pouco de razão. Em verdade, está cobrando coerência da pessoa de vida de fé ativa. Isaías faz a mesma coisa no capítulo 58. O profeta descreve a vida piedosa com a prática de jejum de algumas pessoas. Esta piedade, no entanto, não é acompanhada de ações. O mundo (daquela época) está coberto de violência e injustiça. Isaías questiona os que praticam o jejum como um grande ato piedoso, mas voltam as suas costas para os problemas e nada fazem para a transformação da realidade em que vivem. A mensagem profética chega até a raiz do nosso íntimo e à nossa prática social ao mesmo tempo. O profeta conclama contra a incoerência da prática do culto com a prática da vida. Não adianta ser de um jeito na hora do culto e de outro jeito na hora de

lidar com o próximo. É incoerente cantar louvores a Deus e depois praticar injustiça em relação ao próximo. A carta de Tiago, no Novo Testamento, nos diz que a fé sem obras é morta. É disto que o profeta está falando no versículo 10, só que ele o faz de forma positiva: abrindo a alma ao faminto e fartando a alma aflita, a luz vai brilhar nas trevas e a escuridão será como o meio-dia. Ao usar a contradição trevas - luz, o profeta mostra a transformação fantástica que acontece. E o que acho ainda mais fascinante: estas palavras contagiam e empolgam de tal forma que nos levam a concluir: mas que legal, eu também quero fazer parte deste processo. A luz vai romper para dentro da escuridão (a luz do meio-dia, forte e sem sombras), a cura vai brotar, a justiça estará estampada no rosto e a glória do Senhor vai guardar a tudo. A descrição não é apenas de uma mudança pessoal, mas de toda a realidade. Para isto acontecer precisamos abrir a alma ao faminto e fartar a alma aflita. Marcos Bechert Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Taquari

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Dezembro 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter 31 Qua

1 Pe 1.8-13 Hb 10.32-39 Cl 1.9-14 1 Ts 5.1-8 Mt 27.27-30 Mt 23.37-39 Mc 1.1-8 2º DOMINGO DE ADVENTO Violeta O profeta Isaías diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E toda carne verá a salvação de Deus. Lucas 3.4,6 Hb 6.9-12 Ap 2.12-17 Ap 2.1-7 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos 2 Co 5.1-10 Lc 22.66-71 1 Ts 4.13-18 1 Ts 5.16-24 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta João Batista é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: Aqui está o meu mensageiro, disse Deus. Eu o enviarei adiante de você para preparar o seu caminho. Mateus 11.10 Dia da Bíblia Mt 3.1-6 Mt 3.7-12 1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves Lc 1.26-38 1 Ts 5.16-24 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) 2 Co 1.18-22 Ap 5.1-5 Lc 1.26-38 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta O profeta Isaías diz: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus conosco. Mateus 1.23 Ap 22.16-21 Rm 15.8-13 Is 11.1-9 VIGÍLIA DE NATAL Branco Lc 2.1-20 NATAL Branco At 6.8-15 Mártir Estêvão (At 6.8-15, 7.1-60) Jo 21.20-24 Gl 4.4-7 1º DOMINGO APÓS NATAL Branco Que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos. Colossenses 3.15 1 Jo 4.11-16a Hb 1.5-14 Jo 10.14-16, São Silvestre – Véspera de Ano Novo Branco 27-29

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Lema do mês

Deus diz: Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei. Isaías 66.13

Consolo de Deus! Nós, filhos e filhas de Deus esperamos sempre em nossas vidas pelo consolo de Deus. Às vezes ele não vem como nós gostaríamos ou como planejamos em nossos pensamentos, mas está aí. Deus é misericordioso e verdadeiro conosco. Ele mexe em tudo aquilo que parece pronto e certo e coloca a sua vontade e o seu desejo. Deus inverte os valores estabelecidos na sociedade; onde muitas vezes nós dizemos não, Deus diz sim. Neste mês de dezembro nos preparamos para o Natal. Advento é esse tempo bonito de preparo que Deus nos dá. Nesse nosso preparo para celebrar a vinda de Cristo, o profeta Isaías nos coloca esta certeza: “Deus diz: Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei”. Na época em que o profeta Isaías disse estas palavras ao povo de Israel, ele voltava do exílio na Babilônia para sua terra. Nesta longa caminhada de volta, o profeta anima o povo com palavras de esperança e certeza. Depois de tanto sofrimento, aquele povo pode novamente voltar para casa. Voltar para Jerusalém, para poder adorar a Deus em seu templo, reconstruir o templo. Quanta expectativa, quantos sonhos e quanta esperança na ação consoladora de Deus!

Deus está sempre presente em nossas vidas. E o grande profeta Isaías compara esta presença com o consolo de uma mãe para com seu filho ou filha. O colo da mãe é insubstituível. O carinho e o afeto dão ânimo e coragem para recomeçar. Hoje, quando escrevo esta mensagem, estou como tantos outros irmãos e irmãs, triste e arrasado com o grave acidente aéreo ocorrido em São Paulo, no mês de julho/2007. Quantas vidas partidas, quantos sonhos interrompidos, quanto sofrimento! Muitas vezes nos perguntamos sobre o porquê de tudo isso, de tanta dor. Nós, assim como em outras situações de nossas vidas, não encontramos resposta. Temos, sim, uma grande certeza: é nesses momentos que o consolo de Deus é ainda maior e se mostra mais forte. Deus está próximo de nós, da mesma maneira que uma mãe está próxima de seus filhos e suas filhas. Mesmo que os problemas em nossas vidas queiram nos afastar de Deus, e do seu consolo, devemos sempre nos lembrar que Deus cumpre as suas promessas. Vamos usar bem este presente de Deus, que é o tempo de Advento, para reforçar nossa confiança no seu consolo em todos os momentos de nossas vidas. Altemir Labes Pastor Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho

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Temas da IECLB 1976 – Comunidade Consciente e Atuante 1977 – Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 – Cristo, o caminho 1979 – A importância da família cristã para a criança 1980 – Cristo, o Mediador 1981 – Homem e Mulher unidos na Missão 1982 – Terra de Deus – Terra para todos 1983 – Eu sou o Senhor teu Deus 1984 – Jesus Cristo – Esperança para o mundo 1985 – Educação – Compromisso com a verdade e a vida 1986 – 1987 – Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1988 – 1989 – ... E sereis minhas testemunhas 1990 – 1991 – O pão nosso de cada dia 1992 – 1993 – Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida 1994 – 1995 – Permanecem a fé, a esperança e o amor 1996 – 1997 – Somos Igreja. Que Igreja somos? 1998 – Aqui você tem lugar 1999 – É tempo de lançar 2000 – Dignidade Humana e Paz – um novo milênio sem exclusão 2001 – Ide, fazei discípulos... 2002 – Mãos à obra 2003 – Nosso mundo tem salvação 2004 – Pelos caminhos da esperança 2005 – 2006 – Deus, em tua graça, transforma o mundo 2007 – 2008 – No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação.

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Tema e Lema da IECLB para 2008

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Datas Comemorativas Osmar Luiz Witt

1508 – 500 anos Martim Lutero em Wittenberg Na biografia do reformador Martim Lutero, o ano de 1508 trouxe sua transferência de Erfurt para Wittenberg, onde se tornou professor na universidade criada pelo príncipe eleitor Frederico, o Sábio, que também foi seu protetor. Também fazia parte das responsabilidades de Lutero a função de pregador da cidade. Em Wittenberg, que hoje é chamada de cidade de Lutero, teve início o movimento de Reforma da Igreja. Como mestre das Sagradas Escrituras, Lutero tinha por dever de ofício dedicar-se ao seu estudo. Se tomarmos a data da fixação de suas teses, 31/10/1517, como emblemática para o início do movimento de Reforma, veremos que se passaram antes, em Wittenberg, nove anos de cuidadoso estudo da Bíblia e docência. Neste estudo, fez as descobertas que o ajudaram a reconhecer que Deus é misericordioso e nos acolhe como somos. 1808 – 200anos A família real portuguesa mudou-se para o Brasil Aos 22/01/1808, chegava ao Brasil D. João VI com a família real portuguesa. O Bloqueio Continental, decretado por Napoleão na Europa, forçou a saída da corte portuguesa para a sua colônia na América. Este fato se reveste de importância histórica, pois a presença da família real produziu transformações na co-

lônia. Entre outras iniciativas, em 28/01/ 1808 estabeleceu-se a abertura dos portos brasileiros para as nações amigas de Portugal. No regime colonial estabelecera-se o monopólio das relações comerciais com a metrópole. Na nova situação, sobretudo a Inglaterra pode estabelecer relações comercias com a colônia portuguesa na América. Isso também forçou, gradativamente, a que o Brasil se abrisse à presença de imigrantes protestantes que, até então, não eram admitidos oficialmente no Brasil. Mas foi somente com a Constituição do Império de 1824 que a tolerância religiosa para os acatólicos foi reconhecida, ainda que com restrições. 1908 – 100 anos Nascimento do escritor João Guimarães Rosa Aos 27/06/1908, em Cordisburgo, MG, nasceu o escritor João Guimarães Rosa. Seu legado literário inclui obras como Sagarana (1946), Vaqueiro Mariano (1947), Corpo de Baile (1956), e Grande Sertão: Veredas (1956), entre outras. Guimarães Rosa também exerceu cargos diplomáticos na Europa e na América Latina. Entre suas habilidades destaca-se a grande capacidade para o estudo de línguas. Era um poliglota e, certa vez, disse de si mesmo: "Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do

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húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração."

Faculdade de Teologia passou a ser um dos Institutos. Hoje, além da graduação em Teologia, a EST oferece uma Graduação em Música/Musicoterapia. Em nível de pós-graduação, há Mestrado e Doutorado em Teologia, além de diferentes cursos de Especialização. Em nível profissionalizante, ela também propicia formação em Música e Enfermagem. 1988 – 20 anos Nova Constituição Brasileira

1958 – 50 anos O nome "Faculdade de Teologia da IECLB" A fundação da Escola Superior de Teologia da IECLB deu-se em 1946, em São Leopoldo/RS. Na época, foi denominada de Escola de Teologia. Ela era uma instituição vinculada ao, então, Sínodo Rio-Grandense. Desde o início, porém, nela estudaram também candidatos provenientes dos demais Sínodos. A Escola de Teologia representou um fator de aproximação entre os quatro Sínodos, os quais reuniam as comunidades evangélicas luteranas espalhadas pelo Brasil. De tal modo que, em 1949, os Sínodos se uniram e constituíram uma Federação Sinodal, a qual é a origem da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Essa Federação assumiu a Escola de Teologia como seu centro de formação de obreiros e obreiras. E, em 1958, há cinqüenta anos, ela passou a chamar-se Faculdade de Teologia da IECLB. A FacTeol, como era conhecida, cresceu e ampliou o alcance da formação. Em 1984, no Concílio Geral de Mal. Cândido Rondon/PR, foi aprovado o projeto da Escola Superior de Teologia, da qual a

Em 05/10/1988, o Congresso Nacional promulgou uma nova Constituição para o Brasil. É a oitava Constituição Federal a reger o país desde a sua Independência. A Constituição anterior, surgida no contexto da ditadura militar (1964-1985), estava marcada por uma lógica autoritária. A redemocratização do país fez crescer o anseio por uma Carta Magna que respondesse aos anseios expressos pelo povo que se mobilizou na campanha por eleições diretas para a Presidência da República. Ainda que o próprio Congresso Nacional fosse encarregado da tarefa de Assembléia Constituinte, a nova Constituição foi classificada pelo Presidente do Congresso, Sr. Ulisses Guimarães, como a Constituição Cidadã. Ela qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a ordem constitucional. Também determinou a eleição direta do presidente da República, dos governadores dos Estados e do Distrito Federal e dos prefeitos. Além disso, a nova Constituição ampliou os poderes do Congresso Nacional, com o fim de tornar o Brasil um país mais democrático.

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1998 – 10 anos Reestruturação da IECLB Na história da IECLB já aconteceram várias reestruturações. As primeiras comunidades tiveram uma existência institucional autônoma. O vínculo entre elas era dado pela comunhão de fé, mas não em forma de organizações de alcance supra-comunitário. Esta existência isolada das comunidades significava, porém, um enfraquecimento da presença evangélico-luterana. Surgiram, então, gradativamente, quatro Sínodos (a palavra sínodo significa caminhar juntos). Caminhando juntas, em Sínodos, as comunidades criaram uma primeira estruturação da Igreja, formando quatro Igrejas de abrangência regional. Após a Segunda Guerra, os Sínodos tiveram de assumir sempre mais intensivamente o trabalho da Igreja Evangélica no Brasil. Então, em 1949, os Sínodos tomaram a

decisão de caminharem juntos e criaram a Federação Sinodal. Em 1954, essa Federação Sinodal acrescentou ao seu nome a identificação IECLB. Desde 1962, deixou de chamar-se Federação e passou a ser apenas IECLB. Em 1968, num Concílio Extraordinário, em São Paulo, aprovou-se uma reestruturação, na qual desapareceram os quatro Sínodos, e a Igreja adotou uma estrutura de abrangência nacional, com a formação de Regiões Eclesiásticas, as quais eram subdivididas em Distritos Eclesiásticos que, por sua vez, eram formados pelas Paróquias de uma determinada área geográfica. Esta estrutura manteve-se por quase trinta anos, até 1997, quando um Concílio Extraordinário, em Ivoti/RS, aprovou uma nova reestruração, que passou a vigorar plenamente em 1998, e que substituiu as Regiões e os Distritos Eclesiásticos por dezoito novos Sínodos, que abrangem todo o território nacional. O autor é pastor da IECLB e professor de História da Igreja na Escola Superior de Teologia em São Leopoldo, RS

As florestas precedem os povos,

os desertos seguem-nos.Por toda parte onde desaparecem as árvores, o homem foi castigado da sua imprevidência.

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População ficou mais parda, velha e evangélica de 1940 a 2000 Em 60 anos, de 1940 a 2000, o Brasil quadruplicou sua população, que ficou mais parda e velha. O país deixou de ser rural, ficou mais evangélico, e reduziu em cinco vezes a taxa de analfabetismo. Os dados constam no estudo "Tendências demográficas: uma análise da população com base nos resultados dos Censos Demográficos de 1940 e 2000", documento divulgado no final de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população do Brasil passou de 41,2 milhões de habitantes, em 1940, para 169,8 milhões em 2000. Influenciadas pelo processo de miscigenação racial, mais pessoas se declararam pardas no último Censo - 38,5% -, quando não passavam de 21,2% nos anos 40 do século passado. Os evangélicos cresceram, no período, de 2,6% do total da população para 15,4%. O estudo mostrou uma expressiva redução de católicos romanos, de 95% para 73,6% da população. Os evangélicos se expandiram em todas as regiões do país, mas foi no Norte onde mais cresceram, sobrepujando a região Sul, que concentrava o maior rebanho, segundo o Censo de 1940.

que a taxa de analfabetismo entre pessoas acima de dez anos foi reduzida em cinco vezes, caindo de 56,8% para 12,1%. Mas em números absolutos os analfabetos somavam em 1940 o mesmo que foi levantado em 2000: 16,4 milhões de pessoas. Em 1940, menos de um terço das pessoas entre 7 e 14 anos freqüentava a escola, taxa de escolarização que passou para quase 95% das crianças nessa faixa etária em 2000. O Estado do Rio Grande do Sul apresentou, no início do Século XXI, a melhor taxa de escolarização de suas crianças: 97,3%. No período analisado, o Brasil ficou mais urbano. Nos anos 40 do século passado, apenas 31,3% da sua população moravam em cidades. Em 2000, já eram 81,2%, passando de 12,8 milhões de habitantes para 137,9 milhões. Também aumentou a faixa etária das pessoas idosas e a conseqüente redução do percentual de jovens. Na faixa etária dos 15 aos 59 anos, o estudo verificou o aumento de 53% para 61,8%, e a redução da faixa de zero aos 14 anos, que passou de 42,9% para 29,6% da população entre os Censos de 1940 e de 2000.

No comparativo dos Censos de 1940 com o de 2000, o estudo do IBGE verificou

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Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)


O ser IECLB na Amazônia Mauri Magedanz

A IECLB na Amazônia é fruto do processo migratório e da decisão conciliar de acompanhar as famílias luteranas. Mudar de região, deslocar-se de um país para outro, na verdade, é algo que o ser humano sempre fez e buscou. É natural, intrínseco nosso, característica que foi fundamental no desenvolvimento como criatura. É até por essa razão que evoluímos. Caso contrário, com a primeira falta de recursos em um território, a raça humana teria sido eliminada muitos anos atrás. Contudo, a migração sofreu mudanças no decorrer da evolução humana e tem se tornado motivo de reflexão, em espe-

cial na região amazônica. O que temos visto e ouvido na região amazônica está intrinsecamente ligado ao assunto. Desde os anos 70, pequenos agricultores e, agora recentemente, grandes plantadores de soja e cana-de-açúcar e criadores de gado migram para cá, por crerem ser um lugar de oportunidades. É migração que não acaba, não tem fronteira e limites. Mais que agricultores, parecem desbravadores da mata. Objetivo de muitos é "formar lote", para revender mais caro e comprar outro maior. Isto alimenta a grilagem e especulação da terra. E na cola desse processo vem o caos, a

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violência, a corrupção, a impunidade e os conflitos, onde prevalecem os poderosos, e os mais violentos têm vez e lugar. Em suma, o jardim a nós confiado "para cuidar e nele fazer plantações" (Gn 2. 15b) foi transformado em objeto de satisfação egoísta e fonte de lucro. A Amazônia, há muito, é assunto no mundo todo. Porém, pouco se tem feito. A extração clandestina de madeira que alimenta o mercado brasileiro e internacional, a matança dos povos tradicionais da região (índios, ribeirinhos, seringueiros e quilombolas), que sabem viver da floresta sem acabar com ela, e a devastação do meio ambiente continuam a céu aberto. E é neste contexto que está o Sínodo da Amazônia. Geograficamente estamos nas últimas fronteiras de migração. Espaço planejado por muitas pessoas para ser um lugar de vida longa e digna. Há trinta e cinco anos chegaram os primeiros luteranos/as em busca de terra e fartura. Distantes dos familiares, encontraram em sua Igreja Luterana o espaço e o sentimento de não estarem sozinhos. Contudo, foram desafiados/as pelo diferente, por outras culturas, tradições e povos. Além disso, a distância geográfica (caminhar ou se deslocar por 18 ou 30 km para participar do culto) fez e faz parte

do sofrimento na luta pela vida e do ser Igreja. Entrementes, muito se planejou e pouco se concretizou. Contudo, devemos reconhecer que Deus manejou o nosso planejar, mantém a fidelidade luterana e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo nas pessoas que querem ser parte desta Igreja. Os desafios são enormes, mas a força de Deus, a persistência no servir a Cristo semeando o Evangelho da vida, a busca em ser uma IECLB unida em meio às diversidades climáticas e de culturas, nos motivam em continuar planejando a missão de Cristo. Como parte da Igreja de Cristo somos exortados a praticar a reconciliação com os povos tradicionais e a floresta, a denunciar o que "vimos e ouvimos" e ao testemunho do Evangelho da vida. Os frutos da nossa presença na Amazônia apontam para a necessidade de repensar o mundo não mais baseado na competitividade, mas na solidariedade; não na concentração, mas na repartição; não no fechamento das fronteiras, mas na cidadania universal; um mundo não de violência, mas de paz; enfim, um mundo baseado não no consumo desenfreado, mas numa sociedade que saiba viver e conciliar as suas necessidades com a criação. O autor é Pastor Sinodal do Sínodo da Amazônia

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Socorro! Meu filho não me escuta mais! Nair Marlene Zizemer

Muitas vezes vejo notícias falando em crianças ou jovens que agridem professores em sala de aula. Muitas vezes ouvi mães ou pais dizendo: Não sei mais o que fazer com meu filho/a, ele/a não me escuta mais (às vezes essa figurinha só tem seus sete ou oito anos!). Nestes momentos eu sempre me pergunto: o que foi feito com essas crianças? Elas não nasceram assim! Na minha longa caminhada como educadora, conheci e convivi com muitas crianças e conheci muitas histórias de vida. A cada início de ano, recebia uma nova turma. Cada criança diferente da outra; cada uma com seus desejos, ansiedades e sua história de vida. Meu compromisso era o de ensinar e educar.

Logo surgia a questão: o que fazer com aquelas "ferinhas" que em casa "deitavam e rolavam"? Nunca foi fácil, mas nunca foi impossível. Às vezes, aqueles pais, inicialmente aflitos, vinham e ficavam admirados ao ver que também seu filho/a estava trabalhando e fazendo o que estava sendo proposto: – Mas como obedece aqui? Parece outra criança! Como você conseguiu esse milagre? Não era milagre! Aqui estava aprendendo a conviver em grupo. Neste grupo, havia muitas crianças e cada uma era importante e especial. Todas tinham direitos, mas também tinham deveres. Em conjunto, nós criávamos regras de con

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vivência e de respeito. Duas palavras pequenas eram importantes para nós: SIM e NÃO. O não era tão importante quanto o sim. Porque nem sempre aquilo que eu quero agora, é o melhor para mim ou para o meu grupo. A sinceridade e o respeito faziam parte do nosso dia-a-dia. As frustrações também. Elas nos ensinavam a não desanimar e procurar superá-las. Superá-las com argumentos e ações e não com birras e teimosia. Cada qual, dentro de suas possibilidades e aptidões, era valorizado e elogiado; e também estimulado e desafiado para ir além. Momentos muito ricos e construtivos eram as rodas de conversas. Ali, todos sempre tinham muitas coisas para contar e nem sempre haviam tido oportunidade para serem ouvidos. Ouvir e ser ouvido é muito importante; não importa a idade. Como vamos formar opiniões e aprender a argumentar se não nos é dada oportunidade para fazê-lo? Deus nos deu a nossa vida e nos deu a liberdade de fazer dela o que queremos. Mas com nossos filhos não é assim. Deus nos tornou pais e mães, dando-nos a responsabilidade e o compromisso de os amar, cuidar, educar e preparar para o mundo. Nossos filhos não são nossos. Eles são um presente de Deus. Ideal seria se pudéssemos sair da maternidade com um manual de instruções. Como isso não é possível, teremos que achar um caminho. Como educadora e

mãe eu diria: · Sejam coerentes, nunca prometam o que não podem cumprir. · Sejam honestos e sinceros. Sejam espelhos positivos para seus filhos. · Valorizem seus filhos ao ouvi-los, ao brincar com eles e ao se alegrar com as pequenas conquistas. · Preparem seus filhos para o SER. O mundo se encarregará da importância do TER. · Ensinem seus filhos a pensar e agir criticamente. Vencer não é acertar sempre! · Ajudem seus filhos a lidar com frustrações e com perdas, estando ao seu lado e os confortando. · Elogiem mais e critiquem menos. Nunca os comparem. Cada filho, cada filha é único. · Deixem perceber que vocês não são perfeitos; mas sabem reconhecer seus erros e procuram não repeti-los. · Falem sempre de Deus e do seu amor, mostrando isso num viver e agir com sabedoria, consciência, honestidade e responsabilidade. As crianças lembram de tudo o que vêem e experimentam. O que é prazeroso, elas guardam. Que seus filhos e filhas possam guardar sempre em seus corações os ensinamentos e os exemplos que vocês lhes deram! A autora é professora e reside em Itoupava Rega, Blumenau, SC

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Albert Schweitzer - um médico missionário Nelson Hein

Não sei de onde me veio o nome Albert Schweitzer. Deve ter sido de alguma conversa com algum médico. Não lembro. Sei que, por mero acaso, me caiu também nas mãos um volume da Revista Seleções do mês de outubro de 1954. A partir daí, saí à procura de mais informações. Schweitzer trabalhou na aldeia de Lambaréné, no rio Ogowe, 64 km ao sul do Equador, na então África Equatorial Francesa. A região lembrava na época o princípio do mundo - nuvens, rio e floresta que se fundiam, segundo o próprio Schweitzer, "numa paisagem que parece literalmente antediluviana" (Seleções, 1954). Tal era o cenário de uma das mais famosas iniciativas missionárias do mundo – o hospital do Dr. Albert Schweitzer. Schweitzer foi incontestavelmente um grande homem. Um dos maiores de sua época ou de qualquer outra época. Dada a sua elevação e a multiplicidade de aspectos de sua personalidade, não é fácil defini-lo. Pode-se, talvez, resumi-lo na expressão "um homem completo", tal como Leonardo da Vinci ou Goethe. Seguiu quatro carreiras diferentes: filosofia, medicina, teologia e música. Escreveu livros eruditos sobre Bach, sobre Jesus e sobre a história da civilização. E foi grande autoridade mundial em estrutura de órgãos, sendo ao mesmo tempo um dos maiores organistas da época. Foi conhecedor de estética, zoologia tropical, antropologia e agricultura. Foi perito carpinteiro, pedreiro, veterinário, construtor de barcos, dentista, desenhista, mecâni-

co, farmacêutico e jardineiro. Nascido na Alsácia, em 14 de janeiro de 1875, Albert foi uma criança doentia, em contraste com a fenomenal robustez que adquiriu depois. Custou a aprender a ler e a escrever, foi um estudante medíocre. Por isso que depois de crescido, se impôs a dominar assuntos que lhe fossem particularmente difíceis, como por exemplo, o hebraico. Na música, foi um autêntico prodígio. Compôs um hino aos sete anos de idade, começou a tocar órgão aos oito, quando suas pernas mal alcançavam os pedais, e aos nove serviu de substituto do organista efetivo em uma cerimônia religiosa. Estudou filosofia na Universidade de Estrasburgo e conquistou o primeiro doutorado com uma tese sobre Kant. Estudou teologia e, em 1900, aos 25 anos, tornouse pároco da Igreja de São Nicolau, em Estrasburgo. Estudou teoria da música e começou sua carreira como concertista de órgão. Aos 26 anos tinha diplomas de doutor em filosofia, teologia e música. Enquanto isso, começou a escrever uma série de livros e nunca mais cessou. Depois dos 30 anos largou abruptamente suas três carreiras para estudar medicina e partir para Lambaréné, onde passou o resto de sua vida como missionário-médico. Por que medicina? Porque estava cansado de palavras e queria ação. Por que Lambaréné? Porque era um dos locais mais inacessíveis, primitivos e perigosos de toda a África, porque lá não havia médicos.

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Parentes e amigos procuraram dissuadi-lo, mas ele respondeu que se sentia obrigado a "dar alguma coisa em troca" da felicidade de que gozava. Seguia literalmente as palavras de Jesus: "Qualquer que quiser salvar sua vida perdê-la-á, mas qualquer que perder sua vida por amor a mim, esse a salvará". E como sempre pregava "os idealistas devem ser moderados nos seus propósitos", Schweitzer tinha plena consciência das dificuldades que iria enfrentar. Dedicou-se ao estudo da medicina de 1905 até 1912 e, finalmente, com 38 anos de idade, terminou o curso. Esses anos foram os mais difíceis e fatigantes em sua vida, pois continuou ensinando filosofia, prosseguiu com as atividades de pároco e começou a trabalhar numa edição definitiva de música de órgão de Bach, enquanto dava concertos de órgão, incessantemente. Casou-se em 1912. Sua esposa, judia, filha de um conhecido historiador de Estrasburgo, aprendeu enfermagem para ajudá-lo na África. Quando chegaram em Lambaréné, em 1913, encontraram condições tremendamente difíceis, que ainda hoje o são. Cada palmo de terra da floresta gigante, que era densamente povoada de animais hostis, teve que ser conquistado. Albert Schweitzer construiu um hospital do nada e praticamente com suas próprias mãos. Teve que mudar-se e reconstruir todo o hospital, porque as velhas cabanas eram pequenas demais para conter sua crescente clientela. Nem sempre foi fácil lidar com os pacientes africanos, atacados de todas as doenças, desde lepra até elefantíase. Uma das biografias de Schweitzer informa que, às vezes, os pacientes comiam os ungüentos receitados para afecções na pele,

Schweitzer foi incontestavelmente um grande homem. Um dos maiores de sua época ou de qualquer outra época. bebiam de uma só vez um vidro de remédio destinado a durar semanas, ou tentavam envenenar outros internos. Depois da morte de um paciente que chegou tarde demais ao hospital, Schweitzer tornou-se suspeito de ser um leopardo disfarçado, que tirava vidas intencionalmente. Uma vez reclamou ao seu intérprete: – Que imbecil eu fui para vir para cá tratar de selvagens como estes! Nisso seu auxiliar respondeu: – É mesmo, doutor, aqui na terra o senhor é um grande imbecil, mas no céu, não! Albert Schweitzer recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1952 e faleceu em Lambaréné, na África, em 4 de setembro de 1965. O autor é professor universitário em matemática e reside em Blumenau, SC

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A doença de Alzheimer Dr. Cezar Zillig

Ultimamente tem se falado muito em Doença de Alzheimer (DA), a ponto de todos saberem que se trata de uma enfermidade terrível, culminando em demência. Tal perspectiva inquieta qualquer um e, por esta razão, os neurologistas estão sendo procurados por pessoas com a dúvida de estarem afetadas pelo mal assim que lhes ocorre algum esquecimento. Mesmo jovens têm sido atormentados por este tipo de dúvida. No entanto, pode-se dizer que quem está com tal dúvida certamente não tem Alzheimer. Ao menos não tem ainda! O mais correto seria dizer: não tem a manifestação da doença. Os pacientes afetados geralmente não se incomodam com pensamentos desta natureza e sempre são trazidos à consulta por seus familiares, que vêm estranhando-lhes o proceder e o comportar. A falta de percepção da própria doença já é uma das características do mal. Portanto, se tal tema tem te inquietado, é um bom sinal; tranqüiliza-te, ao menos por enquanto. Quando suspeitar do mal? Ao notar-se que pessoas muito próximas começam a repetir coisas estranhas como deixar a porta da geladeira aberta, se recolher à noite sem fechar a casa, sair e se perder, etc., saiba que se trata de incidentes e atitudes absolutamente invulgares, que raramente ocorrem com pessoas sadias.

bita mudança em seu estado de humor, alternando rapidamente da serenidade para a ira, podendo chegar mesmo à agressão verbal ou física, para logo a seguir se mostrar calma, tendo esquecido o incidente. Experientes donas de casa não conseguem mais fazer as comidinhas que as distinguiam entre familiares e amigos. Pode se dar de servirem um frango parcialmente assado, quase cru, e não se aperceberem. Às vezes não reconhecem alimentos deteriorados, vindo a consumi-los ou servilos. Esquecem alimentos estocados, adquirindo-os novamente. Tanto louças quanto roupas são mal lavadas ou ocorre a mistura de objetos limpos com usados. Pessoas que sempre foram conhecidas pela elegância e esmero no seu cuidado pessoal, passam a se apresentar desleixadas e com sua higiene pessoal a desejar. Antes de apresentar os sintomas mais evidentes, que levam os circunstantes a desconfiarem de que algo grave esteja ocorrendo, o paciente vai lentamente mudando sua maneira de ser. Pode apresentar uma diminuição da iniciativa, um retraimento do convívio social, ter alterações do estado de humor ou depressão. Deixa de demonstrar afeição e emoções, por vezes apresentando-se totalmente apático. Uma ansiedade antes inexistente também pode surgir. É comum tais alterações serem os primeiros sinais do mal, podendo surgir um ou dois anos antes que se chegue ao diagnóstico de DA.

A pessoa também passa a apresentar sú-

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Ao se conversar com uma pessoa que esteja na fase inicial das manifestações da enfermidade, em geral, no primeiro momento, nada se percebe; no entanto, logo adiante ela vem a repetir perguntas já formuladas e respondidas. Este é um dos sintomas cardinais, que costuma alertar os familiares de que algo errado está acontecendo. A progressiva deterioração da memória é o principal "déficit cognitivo" encontrado na DA. Nas fases mais adiantadas da doença, além de uma progressão nos esquecimentos, aparecem conversas estranhas, quando o paciente interage com pessoas ausentes ou há muito tempo falecidas. São as alucinações. É comum também o desejo de voltar para casa, tendo em mente o lugar onde passou a infância, que geralmente nem mais existe. Isto faz com que ele saia desorientado de casa, em busca do lugar imaginário, vindo a se perder. Os familiares então se vêem obrigados a vigiá-lo e a retê-lo em casa. Como conseqüência, o paciente passa a encarar familiares e cuidadores como impostores e os trata com desconfiança. O próximo passo podem ser as agressões.

gerir seus interesses e legalmente se encontra sem condições de responder por atos da vida civil.

Na medida em que o mal avança, as alterações vão se sucedendo e se somando. Nos estágios finais da enfermidade o paciente pode apresentar sintomas semelhantes aos dos pacientes com o mal de Parkinson, como dificuldade de marcha, rigidez e tremores. Em tal situação, ele se encontra totalmente dependente de terceiros para realizar os mais elementares cuidados pessoais como se alimentar ou promover sua higiene pessoal. Evidentemente, há muito perdeu a capacidade de

A enfermidade foi descrita e apresentada pelo médico alemão Alois Alzheimer num encontro da Sociedade Alemã de Alienação, em 1906. Alzheimer tinha acompanhado uma paciente que veio a falecer aos 51 anos, mas que exibia sintomas de demência semelhantes aos encontrados em pessoas de idade muito avançada. Descreveu em detalhes não apenas as manifestações clínicas como também as alterações que encontrou no cérebro da mesma: acentuada atrofia cerebral por perda de células nervosas, bem

Estabelecido o diagnóstico de doença de Alzheimer, geralmente o paciente tem ainda mais oito ou dez anos de vida. Mal de Alzheimer e outras demências

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como a presença de placas e emaranhados fibrilares, que desde então caracterizam esta doença. Não há exames de laboratórios ou de imagem que dêem a certeza da DA, principalmente nas fases iniciais. O diagnóstico é clínico, baseado na história do paciente. A DA é apenas um tipo de demência, a mais comum delas, sendo responsável por 60% dos casos. Decorre de processo degenerativo do encéfalo. Existem outras doenças degenerativas cerebrais que, embora menos freqüentes, se manifestam com alienação e têm igualmente curso irreversível. No entanto, existem demências temporárias, secundárias a doenças que afetam outras partes ou o organismo e que são reversíveis. Drogas e mesmo alguns medicamentos podem causar confusão mental. Deficiências alimentares, como a falta de vitamina B12 e de ácido fólico, também levam a quadros confusionais. Se a deficiência for corrigida, a alteração desaparece. Caso a doença básica ou a deficiência persista por tempo prolongado, as lesões podem se tornar permanentes. Alterações endocrinológicas, principalmente as que acometam a função da tireóide, também simulam quadros de demências. Lesões que atinjam a estrutura cerebral como traumas, tumores, hidrocefalia, esclerose múltipla, etc. podem apresentar demência como sintoma. Da mesma maneira ocorre com infecções cerebrais, as encefalites, que podem apresentar confusão mental da noite para o dia. As fases tardias da sífilis podem culminar com demência.

As demências, em geral, decorrem do progressivo desaparecimento das células cerebrais, os neurônios, e também da perda das conexões destas células cerebrais entre si, conexões estas denominadas de "sinapses", responsáveis pela memorização das informações, de maneira parecida com o armazenamento de dados processados por computadores. A demência de Alzheimer não é causada por um agente ou fator único, mas sim, o estágio final comum a diversas anormalidades metabólicas e estruturais determinadas por fatores de natureza muito diversos e distintos. Dentre eles, constam determinantes genéticos propiciados por múltiplos genes, fenômenos de natureza inflamatória, bem como fatores alimentares e ambientais. O caso das freiras de Minnesota Desde 1986, o pesquisador David Snowdon vem estudando 678 freiras aposentadas, investigando seus históricos pessoais e médicos, examinando suas funções intelectuais e, após as suas mortes, dissecando seus cérebros. Este estudo tem demonstrado uma significativa relação entre o estilo de vida e o mal de Alzheimer. Enquanto acidentes vasculares e traumas cranianos aumentam as chances de vir a se desenvolver a enfermidade em fases posteriores da vida, uma ativa vida intelectual contribui para retardar o aparecimento da doença. Todas as irmãs tinham sido professoras de colégio e levaram uma vida muito semelhante em seus hábitos impostos pela irmandade.

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Snowdon verificou que a maneira como as jovens irmãs redigiram suas autobiografias ao ingressarem na ordem religiosa, quando tinham em torno de vinte anos de idade, tinha relação significativa com o fato de virem ou não apresentar o mal de Alzheimer no ocaso de suas vidas. As irmãs, que agora exibiam sintomas de Alzheimer, eram justamente as que tinham redigido os mais pobres textos autobiográficos tanto em densidade de idéias quanto em complexidade gramatical, há mais de meio século. As irmãs que se expressaram de maneira mais inspiradas e positivas foram menos acometidas da DA do que as que já na juventude se descreveram de forma menos efusiva. No estágio atual das pesquisas, o estudo das freiras de Minnesota deixa uma questão no ar: a alta capacidade mental protegeu as irmãs de virem a desenvolver sintomas de demência, ou as que redigiram as biografias menos inspiradas já portavam algum tipo de anormalidade cerebral que as predispunha para o declínio das funções mentais mais tarde? Enquanto todas as irmãs apresentaram um declínio das funções mentais relaciona-

do com a idade, as que tinham ensinado a maior parte de suas vidas mostraram um declínio mais lento que aquelas que tinham passado suas vidas em tarefas e serviços fora das classes de aula. O que se pode fazer Não há cura para a DA. O que se tem são medicamentos que se propõem a retardar o avanço dos sintomas, das limitações. No entanto, seus efeitos deixam muito a desejar, mormente pelo elevado custo que têm. Tanto ou mais importante é a maneira de cuidar e conviver com a pessoa acometida. Já se tem reunido boa quantidade de experiência relativa aos cuidados a serem prestados à pessoa acometida do mal de Alzheimer, constituindo-se em assunto longo demais para se detalhar aqui. Estudos têm demonstrado que uma intensa atividade intelectual e física contribui para o retardamento do início dos sintomas. Quando iniciados, após o diagnóstico firmado, parecem retardar o progresso da deterioração. Como o estudo do caso das freiras de Minnesota sugere, a prática de atividades físicas e intelectuais deve ser cultivada ao longo de toda a vida, iniciando já na juventude. O autor é especialista em Neurologia e Neurocirurgia e reside em Blumenau, SC

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A certeza da fé faz a diferença Heinz Ehlert

Já observou quantas pessoas, mulheres e homens, hoje, usam correntinha no pescoço com algum amuleto, figa ou até uma cruzinha? Com que finalidade? Aparentemente não é para enfeite, mas para se proteger! Até crianças levam fita amarrada ao pulso. Outros consultam horóscopos em jornais e revistas. Procuram cartomantes ou vão atrás de mulheres que lançam sorte, búzios, tarôs, etc. para conhecer o futuro. Alguns alegam que é só de brincadeira. Mas dali pode advir inquietação ou até distúrbio muito sério. Ainda outros vão até um terreiro, onde prometem "fechar o corpo"– contra qualquer agressão. Por que tudo isso? A pessoa quer tomar precauções, porque se sente ameaçada. Com a maior naturalidade, contratamos seguro para o nosso veículo contra acidentes ou roubo. Achamos também normal fazer seguro contra incêndio de nossa residência. Precisamos de seguro de saúde, talvez até seguro de vida. Construímos muros altos ao redor de nossas casas. Instalamos cerca elétrica. Vamos para condomínios fechados com vigilância (cara!) permanente.Tudo para proteger a nós e a nossa família contra danos e perigos. Uma das reclamações mais freqüentes em cidades maiores é a falta de segurança. Segurança é, pois, um tema extremamente atual em toda parte. Segurança pode ser definida, então, como uma necessidade básica do ser humano, assim como o pão

de cada dia. Desde criança precisamos de proteção, amparo, abrigo. Querer e buscar segurança, portanto, não é apenas natural e normal, mas também legítimo. Há épocas e situações na história de um povo, quando o anseio e reclamo por segurança é maior. Justo, quando as ameaças contra uma vida tranqüila, contra a própria vida, são mais graves. O que, em nossos dias e em nosso contexto, ameaça a sociedade para uma existência tranqüila? - A desagregação familiar, pela negligência no cultivo da tradição de valores éticos e a propaganda destrutiva nos meios massivos de comunicação. - Desigualdade social, a tesoura extremamente aberta entre pequena camada rica e uma enorme parte da população muito pobre, até miserável. Falta de educação e saúde ao alcance de todos. - A disseminação cada vez maior de drogas e entorpecentes e a conseqüente dependência entre a população cada vez mais jovem e, na seqüência, o estabelecimento de uma rede de tráfico. - O aumento da delinqüência juvenil e da criminalidade em geral. - A violência no trânsito devido à falta de auto-disciplina dos motoristas e do controle insuficiente da polícia. Como já mencionado, medidas e precauções são tomadas para se defender e proteger (muros, grades, cerca elétrica). Mas

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isso tudo, além de ser insatisfatório e insuficiente , não representa uma solução para o futuro. Também já nos cansamos de apelar às autoridades, aos políticos. Onde conseguir mais segurança? Emigrar? Assistimos já à emigração, principalmente de jovens com estudo e formação universitária e preparo tecnológico, para países que oferecem uma colocação, vantagens tanto econômicas quanto de estabilidade política. Mas esta não pode ser uma solução para a grande maioria.

mando os próprios jovens a se engajar. Conhecemos exemplos de comunidades eclesiais que, em seu programa de diaconia, realizam isto. Mas também é imprescindível mais vigilância em relação aos atos do governo, dos nossos representantes nos órgãos legislativos, em todos os níveis, para reclamar mais ação concreta. Será que esses assuntos todos, que dizem respeito à necessidade básica de segurança da pessoa, têm a ver alguma coisa com religião, com a fé?

É preciso buscar possibilidades ali, onde Na Bíblia, encontramos estamos, descobrindo e aproveitando Ora, a fé é a certeza de recursos, capacidades e cousas que se esperam, a dons das pesconvicção de fatos que se soas.

não vêem. Criar meios de discutir a situação e encaminhar soluções simples, por exemplo, através de uma associação de bairro. Incentivar, em bairros pobres, a criação de cooperativas para comercializar produtos artesanais de fabricação caseira. Exemplos animadores já existem. Mas também núcleos de reflexão a respeito de assuntos sócio-políticos. Disto poderão surgir propostas de iniciativas e ações comuns, por exemplo, numa participação em programas de preservação e melhora do meio ambiente – menos poluição, controle do esgoto, uso de materiais recicláveis, economia de água e energia. Ou então na criação de áreas de lazer para crianças e jovens, ani-

um termo afim de segurança, ou seja "certeza": "Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem" Hebreus 11.1 (Hb 11.1). Isto vai além do nosso horizonte meramente humano, imanente. Lembra que, além da realidade que vemos, existe uma outra, que poderíamos chamar de celestial. Tem a ver diretamente com a nossa vida terrena. Experimentamos que ela é ameaçada de muitas maneiras. Somos confrontados com a fragilidade e finitude da vida. Fatores exteriores, fora do nosso controle, podem prejudicar ou até tirar-nos a vida. A fé, que resulta da revelação na Palavra de Deus, confere a certeza que, como criaturas, continuamos na mão do Criador. O Criador que é ao mesmo tempo Pai e

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Salvador. Através de seu Filho, Jesus, revela-se como o bom pastor que cuida de suas ovelhas. Podemos recorrer a ele em todas as situações com a certeza de que ele nos ouve. Isso dá ânimo nas situações difíceis e nos conduz a pessoas (por exemplo na Igreja) que compartilham conosco da mesma fé. Faz experimentar comunhão e solidariedade. Diante da realidade da morte, que para todos – crentes ou descrentes – é inevitá-

vel, a fé em Cristo nos confere esperança. O futuro reservado para nós, é desconhecido e pode parecer escuro. Mas está na mão de Deus Criador e Salvador. E depois da morte? Ressurreição e vida eterna! Da morte foi tirado o aguilhão. A vida terrena ficou valorizada, não perde sua dignidade e tem uma perspectiva animadora que capacita para a ação solidária. Esta certeza faz toda a diferença. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Curitiba, PR

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Depressão – a morte da esperança? Andréa Grossmann

"Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o meu Salvador e o meu Deus." Salmo 42.5

Ele está conosco, mesmo quando não podemos sentir seu poder. E isso pode acontecer com qualquer pessoa, por mais fé que ela tenha.

Você sabe o que é depressão? O que leva pessoas a cometer suicídio? Como pastora, tenho a oportunidade de ouvir as mais variadas opiniões sobre depressão e suicídio. O que mais me preocupa são as pessoas que vêem quem está deprimido como uma pessoa fraca na fé e, quem comete suicídio, apenas como um pecador. Mas o que você sabe sobre este assunto?

Quem pode sofrer de depressão? Qualquer pessoa pode passar por fases difíceis, de sofrimento, estresse, que provocam sentimentos depressivos: Infidelidade do cônjuge, desemprego, vestibular fracassado, fracasso na lavoura, dívidas...

O que pode provocar a depressão? Precisamos de uma abordagem médica do assunto. Mas podemos dizer, entre outros fatores, que a depressão pode ser causada por fatores genéticos, alcoolismo, reação a algum acontecimento de nossa vida. Um acidente ou doença, a morte de um ente querido, ou mesmo uma mudança de cidade, podem provocar depressão. O estresse provocado por uma rotina atribulada, com excesso de atividades, sem tempo nenhum para dedicar-se a si mesmo pode ser um dos fatores que ajudam a provocar ou agravar uma depressão. Muito ruim é se a pessoa tem dificuldade de expressar seus sentimentos, se "fica engolindo sapos" por toda a vida, sem expressar o que está sentindo. Dentro de um aspecto pastoral, podemos dizer que a perda da esperança é um dos fatores que provoca e/ou agrava a depressão. Perder a esperança em Deus, e que

Normalmente as pessoas conseguem encontrar uma saída e superar a crise. Mas há pessoas que têm dificuldades em resolver seus problemas. Não conseguem expressar seus sentimentos. Muitas vezes entram em parafuso e ficam deprimidas. Espiritualmente, a depressão provoca um sentimento de afastamento de Deus, e de ter sido abandonado por Ele. As pessoas sentem um vazio interior, como se no peito houvesse apenas um imenso e árido deserto. Ao mesmo tempo em que duvidam da existência de Deus, sentemse culpadas e desejam ardentemente que Deus as possa ajudar. Acredito que um dos sintomas mais perigosos da depressão é a perda da esperança. Muitas pessoas passam a duvidar da existência de Deus, e também do valor da vida. A idéia da própria morte passa a ser bastante atraente. Assim, muitas acabam por cometer suicídio. Entretanto, nesse espaço desolador, nesse deserto, Deus está passeando. Como diz Andrew Paige, "Lá, onde nos desnudamos de tudo - até mesmo da es

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perança - abunda a graça de Deus. Lá, um poder muito maior do que nós mesmos nos aguarda e possibilita que a ele nos agarremos, nem que seja pelas pontas de nossos dedos". Deus sempre abre uma possibilidade de reencontrar a alegria e a esperança! O salmista reconheceu essa verdade e cantou com confiança: "No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração no teu salvamento. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito bem". Salmo 13.5-6 Como podemos ajudar quem está com depressão? 1) Em primeiro lugar, é fundamental encaminhar uma pessoa que está sob suspeita de depressão para cuidados médicos especializados. Somente o cuidado religioso é insuficiente para tratar de depressão! Mas, por quê? Porque a depressão, via de regra, necessita ser diagnosticada (nem toda tristeza que sentimos é depressão). Caso a pessoa esteja sofrendo de depressão, vai precisar medicação e terapia especializada. Um religioso não possui o conhecimento médico necessário para tratar sozinho de

quem está deprimido, e não tem autorização para receitar remédios. Quem pode e deve fazer isso de maneira correta é o médico. Por isso, o primeiro passo que devemos tomar diante de alguém que suspeitamos que está deprimido é gentilmente dizer que estamos preocupados com a sua saúde, e procurar conduzi-lo ao médico. 2) A partir do momento em que está confirmando o diagnóstico de depressão, o apoio da família, da Igreja, dos amigos, são fundamentais para quem está deprimido. A fase inicial do tratamento pode ser muito difícil. Não é fácil acertar o tipo e também a dose certa de remédio na primeira tentativa. Por isso, muitas vezes, em vez de melhorar, a pessoa piora. Ou, então, apresenta uma melhora por algum tempo e depois volta a piorar. Neste momento, o mais importante é oferecer uma companhia carinhosa, calorosa, misericordiosa. Que esta pessoa que está enfrentando a pesada batalha para vencer a depressão possa sentir, sem ser pressionada, que Deus está ao lado dela. Que ela saiba que Cristo caminha ao lado dela, mesmo que ela não sinta. Assim, quando

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ela sentir-se forte o suficiente, poderá dar um pequeno passo em busca da cura, ao ouvir o chamado de Cristo: "Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso." Mt 11.28 3) A oração é muito importante. Ore PELA pessoa que está deprimida e também ore COM a pessoa que está deprimida. Você pode orar com palavras próprias, ou então com salmos. Eles, além de serem cânticos, são orações belas e profundas que podem e devem ser usados nesta hora. Expressam muito bem todos os sentimentos de angústia, abandono e tristeza por que passam as pessoas deprimidas. Além disso, eles mostram a entrega total do ser humano ao Deus que tudo pode, mesmo quando não conseguirmos sentir a presença d’Ele. 4) Seja a companhia certa na vida de

quem está deprimido ou deprimida. Ouça o que ela quer dizer de coração aberto. Coloque-se no lugar dessa pessoa, para compreendê-la. Não julgue quem está enfrentando uma depressão. Não diga: "Mas você tem tudo, não tem motivos para estar assim!" Quem está deprimido pode sentir-se ainda mais envergonhado e culpado por sua situação. 5) Faça da sua Igreja o espaço de apoio, onde a pessoa deprimida vai sentir liberdade de chegar e encontrar carinho e motivação para superar sua dor. Os grupos da comunidade são espaços de cura, pois oferecem oportunidade de receber abraços, carinho, e ouvidos atentos para acolher suas dores. Que Deus anime você e também sua comunidade a serem um espaço de cura para todas as pessoas que, de corações e vidas quebrados, procuram por ajuda! A autora é pastora da IECLB e reside na cidade de Lapa, PR

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Mensagens que circulam pela internet O sapo e a rosa Era uma vez uma rosa muito bonita, que se sentia envaidecida ao saber que era a mais linda do jardim.

– É que, desde que tu foste embora, as formigas me comeram dia-a-dia, e agora nunca voltarei a ser o que era.

Mas começou a perceber que as pessoas somente a observavam de longe.

O sapo respondeu:

Acabou se dando conta de que, ao seu lado, sempre havia um sapo grande, e esta era a razão pela qual ninguém se aproximava dela. Indignada diante da descoberta, ordenou ao sapo que se afastasse dela imediatamente. O sapo, muito humildemente, disse: – Está bem, se é assim que tu queres... Algum tempo depois o sapo passou por onde estava a rosa, e se surpreendeu ao vê-la murcha, sem folhas nem pétalas. Penalizado, disse a ela: – Que coisa horrível, o que aconteceu contigo? A rosa respondeu:

– Quando eu estava por aqui, comia todas as formigas que se aproximavam de ti. Por isso é que eras a mais bonita do jardim... Muitas vezes desvalorizamos os outros por crermos que somos superiores a eles, mais "bonitos", de mais valor, ou que eles não nos servem para nada. Deus não fez ninguém para "sobrar" neste mundo. Todos temos algo a aprender com os outros ou a ensinar a eles, e ninguém deve desvalorizar a ninguém. Pode ser que uma destas pessoas, a quem não damos valor, nos faça um bem que nem mesmo nós percebemos. Que Deus nos abençoe e nos ajude a enxergar a "beleza" dos outros.

Agradeço a Deus... Por meu filho(a) que está vendo televisão em seu quarto, embora nunca o limpe... porque significa que está em casa e não nas ruas...

estive rodeado(a) de criaturas amigas...

Pela desordem que tenho que limpar depois de uma festa, porque significa que

Pela minha sombra, que me vê trabalhar, porque significa que posso sair ao sol...

Pelas roupas que me parecem um pouco apertadas, porque significa que tenho o suficiente para me alimentar...

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Pelo cipreste que tenho que cortar, pelas folhas a varrer do quintal, janelas que limpar e cortinas para lavar... porque significa que tenho uma casa Pelo lugar onde estacionar, que se encontra no final do estacionamento... porque significa que tenho um carro… Pela senhora que está atrás de mim na igreja e que desafina tanto quando canta...porque significa que posso ouvir…

Pela quantidade de roupa que eu tenho que lavar e passar, porque significa que tenho roupas para vestir... Pelo cansaço e as dores musculares no final do dia… porque significa que tenho um emprego... Pelo despertador que toca tão cedo todas as manhãs… porque significa que estou vivo! Os textos acima estão disponíveis na internet, infelizmente sem indicação de autoria – A Redação

HUMOR Um menino entra em uma oficina de bicicletas e pergunta ao mecânico: – O senhor conserta telefones? – Não! – diz o mecânico. – Mas falaram que o senhor conserta telefones. – Não. Eu só conserto bicicletas. – Fala sério! O senhor conserta também telefones... – insiste o rapaz. O mecânico começa a ficar com raiva e responde, furioso: – Eu já falei que eu conserto bicicletas e não telefones! O menino, com um sorriso no rosto, acrescenta: – Aposto que o senhor conserta telefones. O mecânico, não suportando mais, declara: – Sim, eu conserto telefones. Fiz e faço isso a vida toda! E o menino: – E pra que são essas bicicletas aí? *********************** Uma família janta em um restaurante, quando, por fim, o pai pede ao garçom: – Garçom, vê a conta para nós e embrulha estes restos de comida, que vamos levar para o nosso cachorro. Seus filhos em coro gritam: – Oba, o papai vai comprar um cachorro para nós!

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Um Pastorado Especial junto a Dependentes de Drogas Oziel Campos de Oliveira Junior

Por estranho que possa parecer, sem dúvidas, existem muitas alegrias no trabalho de Pastorado Especial junto a dependentes químicos. Algo que chama a atenção de alguém que começa um trabalho assim são as muitas surpresas. Logo descobrimos que dependentes químicos não são um bando de malucos e marginais. Descobrimos que a maioria é formada por pessoas normais, inteligentes; algumas delas com faculdade, algumas falam uma ou duas línguas. Entre os dependentes químicos encontramos policiais, engenheiros, advogados, carpinteiros, mecânicos, etc. Também, certamente, encontramos, entre eles, pessoas com pouquíssima instrução formal. Em outras palavras, é um grupo de pessoas como qualquer outro grupo na sociedade. No CERENE (Centro de Recuperação Nova Esperança), onde ficam internados por cerca de seis meses, não existe cercas, guardas ou qualquer outro dispositivo que possa impedi-los de sair a qualquer hora. Também não se usa medicação para tratálos. Os medicamentos que usam, normalmente, são os que já foram prescritos pelos seus próprios médicos, antes da internação. O tratamento é feito, principalmente, com relacionamentos e amor. Uma outra surpresa agradável no trabalho com dependentes químicos é a transparência que trazem consigo, quando resolvem admitir que precisam de ajuda. Muitos deles se tornam "almas despidas".

Muitos dependentes químicos admitem o erro, o orgulho, a arrogância, o caráter manipulativo da vida na ativa, o pecado, etc. Muitos deles, nas reuniões de feedback, ou nos Grupos de Apoio, abrem o coração de tal maneira que assustam alguns dos participantes menos experientes. A transparência que um pastor gostaria de ver em um estudo bíblico, em um retiro, em uma reunião da comunidade, se faz presente em muitas das reuniões com dependentes químicos. Assim, admitindo o erro e abrindo o coração, podem ser ajudados mais facilmente, conseguem escutar como Boas Novas a proposta de vida a partir do Evangelho. É como se os terapeutas não precisassem "descobrir primeiro" qual é o problema, para depois encaminhar ajuda. Vai-se mais diretamente ao cerne das dificuldades. Existem ainda outras alegrias, como: o laço que se cria entre o terapeuta, essas pessoas e suas famílias. Muitas vezes, por muito tempo, nós passamos a ser a família deles. Mesmo depois do tratamento, alguns retornam para expressar gratidão, para testemunhar aos que ainda estão no CERENE que "é possível viver em sobriedade". Alguns querem permanecer como voluntários, ou como funcionários do CERENE, para poderem assim expressar gratidão contínua com suas vidas. Sem dúvida, também faz parte do rol de alegrias quando alguns deles crêem em Je

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sus Cristo e passam a fazer parte da família da fé cristã.

alguns milagres acontecem e alguns rapazes permanecem limpos.

Há, sem dúvidas, também tristezas. É triste ver alguém que recebeu tratamento, abraço, acompanhamento; alguém que viveu em uma nova família durante seis meses, ou mais, recair em relação ao uso de substâncias químicas. Alguns terapeutas vêem essa possibilidade quase como "tristeza de morte". Um deles me disse: "O momento mais triste, nesse trabalho, é quando vejo alguém descer o morro com uma sacolinha nas costas antes de completar o tratamento". Pessoalmente sempre tentei comunicar aos colegas que a recaída "faz parte do tratamento". Embora fique triste, e às vezes surpreso, não fico abatido. A cada recaída, recomeça o processo de tentar acompanhá-los até que, mais uma vez estejam prontos a admitir que, sozinhos, não conseguem se desvencilhar da dependência química e que precisam, mais uma vez, da comunidade terapêutica. Uma outra tristeza é ver que alguns, após o tratamento, não têm mais para onde ir, não têm mais família. Nesse momento começa uma agonia, tanto da parte dos que ajudam quanto dos ajudados. Às vezes não se encontra solução, às vezes sim. Faz parte da tristeza saber que alguns não têm a mínima estrutura para contornar o problema da dependência. Mesmo assim,

Gostaria ainda de mencionar algo que faz parte, tanto da tristeza como da alegria. Da tristeza faz parte saber que muitas pessoas, nas nossas igrejas cristãs, têm dificuldade de entender, de abraçar e de dar boas vindas à comunidade de fé, para alguém que terminou o tratamento de dependência química. Existe medo, preconceito, falta de compreensão, falta de misericórdia. Com isso, às vezes, empurramos para fora alguns que tentam se aproximar. É preciso dizer também que alguns dos que tentam se aproximar das igrejas cristãs também têm seus preconceitos, medos e, às vezes, complexos. A combinação desses dois pólos pode ser desastrosa. Por outro lado, também faz parte da alegria ver que muitas pessoas nas igrejas, e entre os dependentes químicos, se esforçam e conseguem superar essas profundas barreiras. Uma dessas pessoas com dificuldades disse: "Se na Igreja de Cristo não encontramos um lugar, onde é que encontraremos?" Que, como cristãos, como Igreja de Jesus Cristo, possamos nos dispor a aprender, aprender a ser transparentes, acolhedores e, assim, saber estender a mão para curarmos uns aos outros e vivermos em comunhão com o nosso Deus. O autor é pastor da IECLB e reside em Palhoça, SC

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Catadores de papel Elfriede Rakko Ehlert

Baixinha, magérrima, rugas profundas cravadas na testa e nas bochechas que, aliás, nem possui, mas transpirando energia e vontade de viver e gratidão, muita gratidão. Ela vive de favor no que ela chama de seu "rancho", nos fundos de uma casa. Lá vive sozinha. De quê? Ela cata e junta latinhas e papel, o que lhe garante um ganho de R$ 200,00 ao mês. Está cheia de elogios e gratidão pela cesta básica que a nossa Comunidade lhe dá. Falei de "vontade de viver". É isto que esta mulher transmite. Deve-se dizer que ela também tem seus momentos de diversão e prazer. Aos domingos, vai à feirinha no centro de Curitiba, onde tem um grupo que canta e toca chorinhos. Lá está ela também - dançando e cantando junto. Até participa, sambando no desfile de carnaval. Ela tem o seu orgulho. Perguntei se o carrinho de catar pertencia a uma entidade ou a um chefe qualquer. Pronto veio a resposta: "Não, o carrinho é meu. Eu não dependo de ninguém, sou meu próprio chefe!"

Filhos? Ela teve quatorze, dos quais sete já morreram. Os outros sete estão espalhados por aí.. Ela não sabe muito deles... Às 7:30 h da manhã, quando nós e muitos outros, aposentados ou não, fazemos a nossa caminhada, lá vem um carrinho, abarrotado até em cima com papelão e "lixo que não é lixo". Às 7:30 h! Para ter tudo isso no carrinho, a que horas será que levantou? No mínimo às 4:30 h ou 5:00 h, para catar tudo isso num longo trajeto. Além disso, geralmente moram longe, num encosto, na periferia da cidade. O resultado da coleta pode ser entregue, tudo separado (papel, papelão, plástico, latinhas), num posto centralizado, onde se faz a pesagem e também o pagamento. Um catador desabafou: "Eu trabalho dia e noite! Mas onde eu moro, só rola droga. Não quero isto para os meus filhos. Faço tudo para sair de lá". São verdadeiros artistas da vida, estas pessoas. Grandes exemplos para nós.

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Dignos de serem ajudados. Não só materialmente, mas através de ajuda que lhes dê perspectiva de um futuro melhor. Ajuda com pequenos gestos de solidariedade, valorizando seu trabalho, prestando orientação no sentido de não desperdiçar, aproveitar tudo, p.ex. das verduras, como lavar roupa de maneira mais econômica, deixar a casa em ordem, aproveitar tábuas para fazer prateleiras. Importante não impor nada, mas tratá-los de igual para igual, sem ofender ou ferir o seu orgulho, sua auto-estima, talvez o único tesouro permanente que possuem. Alguns conseguem sair da situação. Sorte? Talvez uma vontade férrea de querer vencer a miséria! Um deles economizou, economizou e, por fim, conseguiu comprar uma betoneira. Hoje, oferece seus serviços nestes bairros de gente mais humilde, onde sempre precisam disto. O mesmo aconteceu com uma catadora, além de criar sozinha os três filhos, é agora dona de um ferro-velho e até emprega outros catadores. Uma outra nos falou que sai de casa às 5 horas da madrugada e só volta para lá pelas 21 horas. Mora na Vila Zumbi, um bairro bem distante, um dos mais violentos de Curitiba. Assaltos acontecem a toda hora. Até a polícia tem medo e não se atreve a ir lá. Têm três filhos. A mais velha, de doze anos, cuida dos pequenos. Marido? Ele se foi, faz tempo. Agora tem outro companheiro. Talvez chegado à cachaça. Pagam R$ 80,00 de aluguel ao mês - duas peças. Por luz e água, mais R$ 40,00. Admira, se alguém deles também, às vezes, "por engano" carrega um portão de

ferro não bem firme para vender a um receptador que lhe compra por preço de banana? Só seguem o exemplo de "gente graúda lá em cima"! Não está certo, não! Quem dá uma cesta básica? Futuro, quem dá? Cuidar de quatorze famílias, como uma Comunidade luterana faz, já é um começo. Em parceria com a Prefeitura Municipal, tiram crianças e adolescentes da rua. Aprendem artesanato, lidar com computador, têm um lazer sadio, ganhando assim uma perspectiva de vida mais sadia. Não é um exemplo único. Em diversas comunidades há iniciativas semelhantes. Lá, as crianças e adolescentes aprendem música, praticam esportes, ensaiam peças de teatro. Com tais atividades são transmitidos e exercitados valores como: fidelidade, honestidade, solidariedade - apontando Jesus como exemplo maior a ser seguido por todos nós.

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A autora é professora e artista com residência em Curitiba, PR


Canadenses planejam Dia Mundial de Oração Ani Cheila Kummer

Mulheres de mais de 95 países reuniramse em Toronto, no Canadá, de 30 de maio a 5 de junho de 2007, para planejar o Dia Mundial de Oração (DMO) de 2008. O DMO é um movimento ecumênico que se manifesta num culto anual celebrado na primeira sexta-feira de março. A cada ano, a liturgia do culto é escrita por mulheres de países diferentes e celebrado em milhares de comunidades, em mais de 170 países. Estive no Canadá Ao receber o convite, duas palavras logo se impuseram: Aprender e contribuir. Era a Quadrienal do Dia Mundial de Oração (DMO). Fui com a presidente, Esther Susana Renner. Norteava o encontro a palavra: "Porei o meu Espírito em vocês e a verdade vos libertará". Foi em Toronto, uma cidade com 2,5 milhões de habitantes e muito bonita, bem como as Cataratas do Niágara, que são deslumbrantes. Mas o mais importante foi o encontro de 200 mulheres representando 95 países, com a diversidade de línguas (com tradução para inglês, alemão e espanhol), trajes típicos, alegorias e costumes. Mas o bonito mesmo foi ouvir o que elas tinham a dizer das suas experiências e expectativas. O que significa oração - um dia de oração na vida fragmentada, quebrantada, de muitas daquelas mulheres, que, na verdade, representavam toda uma

realidade de sofrimento e opressão das suas origens. O poder transformador da oração O importante nisso tudo é que descobriram a força e o poder transformador da oração. O anseio por unir forças na 1ª sexta-feira de março, na certeza de que Deus ouve nosso clamor, se compadece e vem em socorro. Os testemunhos de confiança na oração, do quanto a oração transformou vidas, situações e despertou e elevou a auto-estima de muita gente, que pelo DMO se descobriu como filha ou filho projeto de Deus. É como se um fio invisível – o Espírito Santo – muito forte e resistente – a fé – amarrasse cada uma na outra, puxasse uma campainha – a solidariedade – para

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despertar para orar ao Senhor, e ali derramar suas mazelas e pequenas conquistas e então sentir-se fortalecida para continuar na estrada da vida, sob o olhar carinhoso e complacente de nosso Deus. Nos despedimos na certeza de que o DMO ganhará muito mais importância nos grupos de igrejas. É um movimento que tende a crescer pela descoberta do bem que faz a tanta gente. Sou grata a OASE e ao DMO pela oportunidade de tomar parte de uma Quadrienal do DMO. Sou agradecida a todos os grupos de

OASE que, a cada ano, iniciam as suas atividades com a celebração do DMO e convido aos grupos que ainda não incorporaram esta atividade em seu calendário que o façam e também descobrirão a grandiosidade do gesto de se unir com o mundo - 175 países, ecumenicamente, num dia comum de oração. Que o Deus de Misericórdia ouça sempre a nossa Oração. A autora é presidente da Associação Nacional dos Grupos da OASE e reside em Dom Pedrito, RS

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Martin Luther King O Apóstolo da Não-violência Donald Nelson

Faz quarenta anos que faleceu, com apenas trinta e nove anos de idade, o pastor Martin Luther King Jr. O dia 4 de abril assinala o quadragésimo aniversário do martírio dele. Convém que a cristandade registre e que todo mundo se lembre do que ele significa em termos da luta por dignidade e decência, não só para os norte-americanos, mas para todas as partes do mundo, cristãos e não-cristãos. Como o quase xará Martin Luther, reformador da Igreja no Século XVI, ele almejava ser advogado, mas não resistiu ao chamado de Deus para ser teólogo, pastor de comunidade. Ele era de descendência africana. Foi enterrado na cidade onde nasceu e era pastor da Igreja Batista. No enterro, participaram cerca de 400.000 pessoas vindas de todas as partes do mundo. Após o funeral, a viúva Correta recebeu mais de 150.000 cartas e mensagens de condolências. Mas antes, foi uma pessoa que falava com presidentes, reis, rainhas e o papa. Foi recebedor do Prêmio Nobel da Paz em 1964. Foi popularmente proclamado presidente moral dos EUA. Uma vez, visitado pelo Arcebispo de Atlanta da Igreja Católica Romana, esse de joelhos pediu a bênção de King. No

ato fúnebre, o presidente da Federação Luterana Mundial, Franklin Frey, leu o Evangelho. Nos EUA, em janeiro, há um feriado nacional em lembrança da pessoa e obra de King. Mas ele tinha inimigos e foi preso, várias vezes, por causa dos seus protestos não-violentos em favor dos diretos dos negros e foi morto por um branco. E, apesar da sua fama, uma carroça puxada por mulas o levou ao cemitério como sinal de ser defensor dos pobres e oprimidos. Nascido no sul dos EUA, ele experimentou na carne os sinais de uma segregação racial oficial. As escolas eram separadas: uma para os brancos e outra para os negros. No ônibus, o negro sentava nos fundos e o branco na frente. Até os bebedouros eram marcados com as palavras "negro" e "branco". A sua fama é a de que ele libertou os negros, mas a verdade é que ele ajudou em muito os brancos a serem livres de seus preconceitos. O racismo colocou dentro do branco um senso falso de superioridade e instalou no negro um senso falso de inferioridade. Ao liberar o negro, ele também acabou com o mito da inferioridade do negro e liberou o branco do seu preconceito. Assim, tratou o mal da baixa

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auto-estima do branco e do negro. Essa liberdade nos ajuda hoje. Mas como realizou isso? Usou o método da não-violência ensinado por Jesus Cristo que disse: "Amem os seus inimigos,"e de Mahatma Gandhi, da Índia, que afirmou: "A não-cooperação com o mal é uma obrigação moral tanto quanto a cooperação com o bem.". O amor e a não-violência o guiaram em toda a sua vida. Ele sempre pensava que o sofrimento injusto, imerecido, redime, ou seja, traz frutos bons. Uma vez King disse: "Se vocês um dia desses me acharem morto, peço que de maneira alguma retribuam com violência contra violência." Ele não respondia ao ódio com o ódio. O grande mérito de King consiste em ele não ter procurado alcançar os mesmos direitos para os negros por meio de força ou de armas. Levou esse princípio a ponto de protestar severamente contra a guerra no Vietnã e ensinou uma maneira de viver sem guerras, por meio de diálogo e negociações. E não somente por este método, mas, como pregador, proclamava a visão bíblica de liberdade em Cristo, que não fica só no interior da pessoa crente, mas se estende à vida publica. Em 1963, proferiu a sua famosa homilia, na qual falou para 250.000 pessoas ouvintes, reunidas na capital dos EUA, para conclamar os direitos iguais. "Tenho um sonho que um dia todo o vale será exaltado, e todo o monte e colina serão rebaixados." Usou

muito a mensagem do Antigo Testamento de Deus, lembrando o livramento do seu povo do Egito, e hoje em Jesus: "Se o Filho os libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.36). Também, eloqüentemente, alertou pessoas dizendo que a indiferença das pessoas boas, filhos da luz, contribui muito para a miséria da segregação. A esposa, Correta, música e esposa idônea, faleceu no ano de 2006 e, mais recentemente, em 2007, morreu a filha Yoki, a mais velha dos quatro irmãos. Ambas agiram durante toda a vida ativamente em movimentos por direitos humanos como o marido e pai o fizeram. A fé cristã de King não foi privatizada. Na noite antes de ser assassinado, King disse: "Não tenho medo de nenhuma pessoa. Pois os meus olhos viram a terra prometida (mundo sem discriminação). Glória a Deus nas alturas." Onde estaríamos hoje se tivesse ele guardado a sua fé dentro de si? Até hoje a sua interpretação da Bíblia nos orienta na jornada de fé de dentro para fora. E mais: Nós hoje precisamos de heróis e santos. Pessoas que nos servem como modelos e apontam para Deus. Demos graças a Deus por nos ter presenteado com esse homem, que foi uma bênção para muitos nos EUA e no mundo inteiro. No seu túmulo lê-se essa inscrição: "Enfim, sou livre. Graças a Deus, todo-poderoso, sou livre... finalmente livre." O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Garopaba, SC

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Movimento Ecumênico se irrita, mas continua apostando no diálogo Clovis Horst Lindner

Espanto e desalento são os sentimentos que marcam as relações ecumênicas na primeira década do século XXI. Salvo isoladas manifestações e atos locais, a relação entre os cristãos no mundo foi colocada na geladeira. Em plena Era do Gelo 2 do ecumenismo mundial, o Vaticano divulgou dois documentos no início de julho de 2007 que causaram indignação. Uma chuva de manifestações de todas as partes sobrelotaram a mídia nos dias que se seguiram a elas. Na primeira delas, o papa Bento XVI autoriza a volta das missas em latim, desagradando especialmente os judeus, uma vez que um dos trechos da liturgia latina pede em oração pela conversão dos judeus ao catolicismo.

subsistir noutras igrejas cristãs", foi considerada um equívoco. A declaração custou-lhe um silêncio obsequioso e o levou à renúncia formal ao sacerdócio. Segundo o Vaticano, o Concílio adotou a palavra subsiste precisamente para esclarecer que existe uma só "subsistência" da verdadeira igreja, ou seja, a Igreja Católica Romana dispõe de todos os meios de salvação e fora dela existem apenas "comunidades eclesiais". Para alguns vaticanistas, o objetivo do papa Bento XVI para reviver tal declaração é combater o que considera "relativismo eclesiológico". Chuva de declarações

O segundo texto, publicado pelo Vaticano no dia 10 de julho, com o título "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja", foi recebido com espanto pelo mundo ecumênico. Seu conteúdo não é nenhuma novidade, mas remexe em uma velha ferida das relações ecumênicas: um trecho do documento Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, que diz que a única igreja de Cristo "subsiste" na Igreja Católica.

As reações do mundo ecumênico à posição do Vaticano estão entre furiosas e angustiadas. "A sensação que temos é de desalento", qualificou Walter Altmann, pastor presidente da IECLB e moderador do Conselho Mundial de Igrejas. Para muitos, ela traz embutido um retorno ao passado, que apaga passo a passo a abertura trazida pelo Concílio Vaticano II, "que é doloroso, triste e absolutamente desnecessário", segundo Roberto Jordan, pastor da Igreja Reformada Argentina.

A interpretação deste verbo é uma "saia justa" nas relações do catolicismo com os demais cristãos. A interpretação do teólogo brasileiro Leonardo Boff, de que a única igreja de Cristo "pode também

O secretário-geral do Conselho LatinoAmericano de Igrejas, Israel Batista, declarou-se "surpreso com o documento", fruto de "estruturas de poder incapazes

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de ler os sinais dos tempos". Ele também faz menção do sofrimento causado em inúmeros fiéis, padres e bispos católicos "que vivem uma prática e um espírito de unidade cotidiana" com outras confissões cristãs. "Porque o amor é praticado em nossas congregações", disse Batista. "Não percamos de vista o essencial e no que avançamos: a unidade na missão", assinalou. "A IECLB tem mantido relações estreitas com as igrejas que compartilham seu compromisso ecumênico. Nesse contexto, ela tem em alta conta a trajetória comum e fraterna com outras igrejas em nosso país e no mundo, também com a Igreja Católica Romana", divulgou em nota o pastor presidente Walter Altmann.

"Conseqüentemente, a IECLB não nega a classificação de igreja a nenhuma das igrejas centradas na fé em Cristo, e tampouco passará a fazê-lo em relação àquelas igrejas que, em sua autodefinição, não a reconhecem como igreja em sentido pleno", acrescenta a sua nota. Para o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), o documento agora divulgado não traz "nenhum elemento novo" e que "são todos assuntos já postos na mesa dos diálogos ecumênicos". Para o Conic, a declaração mostra que Bento XVI continua firme em suas convicções de defender o Cristianismo contra o relativismo contemporâneo e para isso ele aponta para a Igreja Católica como a única que, através de sua conti

Comitê executivo do Conselho Mundial de Igrejas – CMI (a partir da esquerda): Gennadios of Sassima, moderador do CMI Walter Altmann (Pastor Presidente da IECLB), Samuel Kobia, Margaretha Hendriks-Ririmasse e Vicken Aykazian. ••• 65 •••


nuidade histórica, é capaz de manter uma referência moral e religiosa da herança cristã. Apesar da repercussão que o recente documento do Vaticano gerou, o Conic convida todas as igrejas a continuarem a reflexão e a persistirem na oração pela unidade dos cristãos, cada um na sua identidade, mas abertos ao diálogo e à partilha da fé. Importante declaração Importante declaração de parte do mundo católico foi emitida pelo cardeal Walter Kasper, responsável pela Promoção da Unidade dos Cristãos, do Vaticano, e que tem bom trânsito no movimento ecumênico, tendo participado da 9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas em Porto Alegre, em 2006. Na visão de Kasper, a falta de elementos novos na discussão não dá "razão objetiva para indignação ou sentir-se ofendido". O documento expressa o que, do ponto de vista católico, "infelizmente, ainda nos divide. Isso não atrapalha o diálogo, mas o favorece". Segundo ele, o documento não nega a condição de igrejas aos protestantes, "mas que não são igrejas no mesmo sentido em que a Igreja Católica se entende a si mesma". Para Kasper, os protestantes nem querem ser igreja no sentido da Igreja Católica. A base para o diálogo, acrescenta o cardeal, "consiste em haver mais elementos que nos unem do que nos separam. Por isso, não deveríamos deixar de ler as afirmações positivas da declaração sobre as igrejas protestantes: que Jesus Cristo de

fato está presente nelas para a salvação dos seus membros". A declaração do Vaticano não revoga o diálogo ecumênico, mas chama atenção para a tarefa que ainda está pela frente. "Deveríamos escandalizar-nos com essas diferenças, mas não com as pessoas que as apontam. A declaração é mais um convite urgente para o diálogo objetivo, que nos ajudará a caminhar para frente", finaliza Kasper. No meio ecumênico está claro que o pensamento do Vaticano, embora ainda provoque silêncio e dar de ombros em muitos, não representa mais o pensamento de toda a Igreja Católica Romana. Também não muda a convicção de que há muito mais que nos une do que a nos separar, na busca de sermos verdadeiros irmãos e irmãs na fé, sob o reinado de Cristo. Ecumene não é um simples capricho O ecumenismo não é um simples capricho ou desejo de poucos. Ele é um mandato do próprio Senhor Jesus Cristo, cuja oração "para que todos sejam um" não deve ter seu vigor diminuído no seio das igrejas. Não se pode abandonar a trajetória abnegada de incontáveis líderes ecumênicos, cujas vitrines mais visíveis são o Conselho Mundial de Igrejas, a Federação Luterana Mundial, o Clai e o Conic, organismos que realizaram um profícuo diálogo. A assinatura conjunta da Declaração da Justificação somente por Graça e Fé, entre luteranos e católicos (1999), é uma de suas mais importantes conquistas. Segundo declaração do secretário-geral adjunto do Conselho Mundial de Igrejas,

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George Lemopoulos, publicada um dia depois do documento do Vaticano, "Cada igreja é a Igreja Católica e não apenas uma parte dela. Cada igreja é a Igreja Católica, mas não sua totalidade. Cada igreja realiza sua catolicidade quando está em comunhão com as demais igrejas". Ele cita a formulação da 9ª Assembléia do CMI, reunida em Porto Alegre em 2006, e que reflete a luta comum das 347 igrejas-membros para fazer visível sua unidade em Cristo. Fazemos nossas as palavras do bispo luterano Wolfgang Huber, presidente da Igreja Evangélica na Alemanha: "Esperamos, confiantemente, que a sensibilidade ecumênica, da qual as relações entre nossas igrejas cristãs estão reple-

tas, permaneça e continue em franca evolução". Segundo o bispo, "o futuro da igreja será ecumênico. Isso corresponde à promessa de Jesus Cristo e também às necessidades práticas do testemunho e do serviço da igreja". Tal futuro ecumênico, segundo ele, não significa o nivelamento de toda confessionalidade, "mas a superação do seu caráter separatista". Nossa esperança repousa na convicção de que "a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Romanos 5.3-5). O autor é pastor da IECLB, editor do jornal O Caminho e da revista Novolhar, em Blumenau/SC

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Vivendo em Costa Rica a serviço da Igreja Pa. Dra. Renate Gierus

Saí do Brasil, de São Leopoldo/RS, em outubro de 2006, com duas malas e a certeza de que o P. Marcos Rodrigues me esperaria no aeroporto em San José, lugar que conhecia de ouvir falar. Depois de dormir uma noite em São Paulo, pois não há vôos no mesmo dia para cá, peguei o avião com escala em Lima/Peru. Esperei duas horas neste aeroporto e cheguei em San José no meio da tarde, com três horas antecipadas de fuso horário em relação ao Brasil. E lá estava Marcos, que me hospedou em sua casa até que chegasse meu esposo, Guilherme, e meu filho, Luis Guilherme, em dezembro. Saí antes deles do Brasil para começar o trabalho na Igreja Luterana Costarriquenha (ILCO) como coordenadora da formação teológica nesta Igreja. Por questões de escola e de trabalho de minha família, ambos chegaram dois meses mais tarde. Além disso, havia toda a mudança para ser resolvida, uma casa deveria ser esvaziada e deixada de alguma forma segura. Foram duros dias, tanto de início aqui como para os que ficaram no Brasil. Em dezembro, fomos viver em um dos apartamentos de estudantes que pertencem à Universidade Bíblica Latinoamericana (UBL). Neste meio tempo, o pessoal da administração da ILCO estava pintando a casa em que iríamos morar, bem como consertando e reformando

detalhes necessários. No final de janeiro deste ano, nos instalamos na "nossa" casa. Foi então que realmente tiramos tudo das malas e nos organizamos para deixar a casa com a nossa cara. Por esses dias, Luis Guilherme iria começar na nova escola, que não foi muito simples escolher. Como estrangeiro, algumas escolas requeriam vários tipos de documentos dele ou não queriam aceitálo na série para a qual passou no final do ano passado, antes de deixar o Brasil. Foi um grande desafio para Luis Guilherme confrontar-se com dois idiomas novos: espanhol e inglês. A escola é bilíngüe e optamos por uma que estabeleceu um programa específico para as necessidades dele. E na série que lhe correspondia! Agora já está com amigos/as, o espanhol já faz parte do cotidiano e o inglês está avançando diariamente. Guilherme começou a procurar trabalho e, como estrangeiro que é, também teve suas dificuldades. A maior foi a questão de papéis. O nosso visto de residência, encaminhado do Brasil desde setembro de 2006, ainda está tramitando. No ano passado, tivemos que ir os três até Florianópolis para registrar os documentos no Consulado de Costa Rica que há aí. Isto significa que somos turistas e a cada três meses precisamos sair do país para receber novos carimbos, com validade para os próximos três meses.

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Atualmente estamos tentando, junto com um advogado da ILCO, encaminhar, por assim dizer, um status intermediário. Ou seja, como eu vim para cá a fim de trabalhar em uma Igreja, existe uma lei que permite a pessoas estrangeiras em funções missionárias e suas famílias permanecer em Costa Rica sem a necessidade de sair do país de tempos em tempos. Isto ainda não significa a aquisição do visto, mas já ajuda a espera por consegui-lo. Guilherme trabalha hoje com aulas de português, que são muito procuradas por aqui. Também está trabalhando na assessoria de um consórcio de ONGs, organizações que, desde tempos, trabalham junto à ILCO. Este consórcio se formou, entre outros, para assinar um convênio com um banco local. O meu trabalho é um trabalho de criar espaços. A atividade de formação como tal, com coordenação, não existia. Existia e existe formação nas comunidades, pelo grupo de mulheres, com crianças e com jovens. A questão agora é acompanhar estes momentos e criar espaços de formação para quem está na liderança. Formação continuada para pastores/as, para responsáveis por pontos de missão (que aqui são as reservas indígenas), para estudantes de teologia, para presbitérios e diretamente nas comunidades são as principais tarefas das quais devo me

Pa. Renate com família desincumbir. A temática mais tratada é luteranismo, sua identidade, história e teologia. Viver em Costa Rica está sendo um desafio. Como família e como indivíduos, percebo que nos adaptamos bem à realidade local, pensando também, por exemplo, nos costumes culinários ou na melodia do espanhol tico (ticos são os costarriquenhos). O desafio se mistura à alegria de poder conhecer um novo país, uma outra Igreja luterana, de fazer novos/as amigos/as, que passam a ser nossa família. Que o Deus da vida fortaleça cada família e cada pessoa, nos unindo na tarefa de anunciar a Boa Nova pelos caminhos que nos enviar! A autora é pastora da IECLB e atualmente trabalha na Igreja Luterana da Costa Rica

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O fim do amor Anamaria Kovács

A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará; mas quem ficar firme até o fim será salvo. Mateus 24.12 A resposta de Jesus aos seus discípulos, quando estes lhe perguntaram sobre os acontecimentos que precederiam a sua volta, encontra um eco assustador nos nossos dias. Nem é preciso recordar os casos mais escabrosos relatados pela mídia para nos darmos conta de que a maldade está, de fato, se espalhando, e que o amor está mesmo esfriando em muitos corações. Quando se fala em amor, pensamos logo na sua forma mais comum, que relaciona homens e mulheres. Dizem certas revistas que "o casamento está na moda", e exibem belas roupas, decorações, bufês, para o grande dia. Por outro lado, comenta-se na imprensa e na TV o aumento do número de divórcios, muitas vezes pouco tempo após a linda cerimônia. Os motivos apontados são inúmeros, desde as dificuldades econômicas até o despreparo das pessoas para enfrentar os problemas inevitáveis numa vida a dois. Pouco se menciona, no entanto, uma causa que está, muitas vezes, na raiz da questão: o fim do amor. Como é possível que o amor acabe, muitas vezes em poucas semanas? Alguém não foi sincero, ao pronunciar os seus votos? A decepção foi tão grande que matou qualquer possibilidade de reconciliação? Talvez tenha sido tudo isso, e

mais alguma coisa. Assistimos hoje ao enfraquecimento do amor e à sua substituição pelo egoísmo, de um lado, e pelo prazer sexual, de outro. Assim, quando a paixão acaba, termina também a relação conjugal, porque não há amor. Quando os interesses profissionais afastam os cônjuges - por questões de horário, viagens ou necessidade de mudança de domicílio - e o amor não é suficiente, o casamento fracassa. Até mesmo a doença - e aqui nos lembramos de reportagens sobre a AIDS, trazida para o leito conjugal por cônjuges infiéis - pode determinar o fim de uma relação. A esse propósito, aliás, algumas das pessoas entrevistadas, portadoras do vírus por culpa dos esposos, declararam tê-los perdoado. Vemos aí que, até mesmo num caso extremo como esse, se o amor estiver presente, o casal conseguirá permanecer unido. Com o fim do amor, desaparecem as suas conseqüências: o respeito mútuo, a fidelidade, a ternura, o companheirismo. Aparecem a traição, a violência - que tanto pode ser física quanto verbal - e, por fim, a ruptura. Já foi comprovado cientificamente que o "stress" mais agudo, depois da perda de alguém por morte, é o resultante de uma separação. Por mais tênue que tenha sido o laço, o seu rompimento é doloroso, tanto para o casal quanto para os filhos. Gerações opostas O fim do amor também atinge as relações familiares, principalmente as mais

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básicas - entre pais e filhos, entre a velha e a nova geração. O abismo entre as gerações, tão comentado há décadas, alarga-se e aprofunda-se cada vez mais. As gerações mais novas sempre foram rebeldes, sempre tiveram idéias diferentes dos mais velhos. Mas a ponte do amor tornava mais tolerável a situação. E o que vemos hoje? Muita gente se queixa da falta de respeito e de disciplina de crianças e adolescentes. A toda hora, ouvimos de professores e mesmo dos próprios pais, que a nova geração não conhece limites para suas exigências e desconhece seus deveres e responsabilidades. A culpa, dizem os mais velhos, é dos jovens. Será mesmo? Quando examinamos a questão mais de perto, vemos que os pais modernos pouco tempo têm para dedicar-se aos filhos. O casal trabalha fora. A mãe, passado o tempo da licença-maternidade, trata de desmamar o bebê e entrega-o aos cuidados de terceiros ou de uma creche. Em geral, o pai tem pouco contato com a criança, e a mãe, quando está em casa, sofre com o ônus da dupla jornada de trabalho. Está cansada e estressada, e

quer mesmo é sossego. Ao crescer, a criança vai à escola, às aulas de inglês, computação, natação e outras - para ter contato com outras crianças, para exercitar-se, para gastar suas energias fora de casa... A presença dos pais, nebulosa desde a primeira infância, vai se tornando cada vez mais distante. Sentindo-se vagamente culpados, eles procuram comprar o amor do filho através de concessões e presentes: brinquedos caros, televisão no quarto, a chave da casa aos quinze anos ou até antes. Neste contexto, vale perguntar: onde ficou o amor? Ele estava presente na concepção da criança. E depois? Passado o primeiro encanto com o filho, surge o peso da responsabilidade: não só da educação formal - na escola e na Igreja - mas daquilo que se chama normalmente de "berço": boas maneiras, gentileza, consideração com os outros, disciplina. Todas essas noções, supõem os pais, devem ser dadas nas instituições de ensino: a escola ensina etiqueta, a Igreja ensina bons sentimentos. É possível, até, que esses valores sejam passados aos educandos, mas existe aí um obstáculo intransponível: sem o exemplo, a partir da geração mais

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velha, os jovens podem até compreender o que se espera deles, mas não saberão colocá-lo em prática. O amor passa pelo coração, através da vivência dos valores, e não pelo cérebro, através da memorização! Relações profissionais Imagine a seguinte situação: um grupo de pessoas dirige uma instituição ou uma empresa. Uma delas, mais ambiciosa, tenta, por todos os meios, obter a liderança. Semeia a discórdia, faz intrigas, ofende. Os outros se perguntam: "Por que essa pessoa age assim?" Especula-se muito, e até se descobrem alguns prováveis motivos, mas nunca se chega a um consenso. Talvez a motivação dessa pessoa tenha sido a falta de amor, e uma de suas conseqüências, o fim de todo e qualquer laço com seus semelhantes: a amizade, a solidariedade, o respeito, a sinceridade... O fim do amor torna deserto o coração do ser humano; e, assim como no deserto nenhuma planta se desenvolve, também num coração árido os sentimentos positivos desaparecem. Em seu lugar, surgem outros, que só tendem a afastar a pessoa ainda mais do convívio humano: em vez da amizade, a desconfiança. Em vez da sinceridade, a falsidade e a falta de escrúpulos. No lugar da lealdade, o interesse, a ambição, a ganância. O infeliz resultado dessa substituição de valores é o isolamento daquele que deixou morrer o amor dentro de si, o que leva a um agravamento cada vez maior do seu estado. A solidão torna-o amargo, e o ressentimento contra a sociedade que o rejeita afasta-o cada vez mais de todos.

Triste destino! Dificilmente a pessoa sem amor conseguirá voltar ao convívio social sozinha. Em primeiro lugar, porque ela mesma tratou de derrubar a ponte e substituí-la por um muro, feito de orgulho e amargura; em segundo lugar, porque, muitas vezes, nem percebeu que o amor deixou de existir em seu coração e foi substituído pelo egoísmo. Assim como o esfriamento do amor deteriora as relações entre indivíduos, acaba afetando também todo o tecido social. Valores invertidos A substituição de valores éticos, como solidariedade, altruísmo, lealdade, por valores negativos, como egoísmo, interesse ou desrespeito, leva profissionais de todas as classes a atitudes anti-sociais. Por exemplo: médicos que só visam o lucro e não mais a saúde de seus pacientes; comerciantes que lesam seus clientes, ao fazerem propaganda enganosa, ao venderem produtos falsificados ou a preços abusivos; jornalistas que inventam notícias sensacionais para venderem reportagens, muitas vezes prejudicando inocentes; funcionários que roubam seus patrões; políticos que enganam seus eleitores; a lista é infinita... O que todas essas pessoas têm em comum? A resposta é clara: o amor ao próximo, assim como a auto-estima, desapareceram de seu coração. Foram substituídos pelo "valor" mais alto da sociedade contemporânea: o dinheiro. Por dinheiro, faz-se de tudo: falsificam-se remédios, traficam-se drogas, matam-se pessoas. Diz um ditado popular - dinheiro não

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traz felicidade, mas ajuda um bocado mas não é bem assim. De que vale o dinheiro ganho ilicitamente? A consciência pode ser anestesiada por um longo período, às vezes uma vida inteira, mas lá no fundo do coração, fica acumulada a culpa, sufocado o remorso. Até que, um dia, é tarde demais... Assim como deteriora o relacionamento social, o fim do amor afeta a relação do ser humano com a natureza. Acabou-se o respeito e o deslumbramento diante das obras de Deus. Sem amor à natureza, o ser humano pensa somente em explorála, para ganhar mais e mais dinheiro. Sem amor à sua própria espécie, o ser humano é indiferente a questões como a poluição, o aquecimento do planeta, a extinção de animais, a devastação das florestas. O que fazer? Conformar-se? Certamente que não! Precisamos resgatar o amor, começando em nosso próprio coração. Amar a si mesmo é condição primeira

para amar o próximo. Respeitar seu corpo, sua saúde física e mental, buscar a paz de espírito. Em seguida, olhar em volta: para os companheiros de vida, os filhos, a família. Depois, alargar o círculo, importando-se mais com os amigos, colegas de trabalho, vizinhos. Aos poucos, os resultados começarão a aparecer: um sorriso aqui, um cumprimento ali, um começo de conversa... A situação não mudará da noite para o dia: ao contrário, derrubar muros, atingir corações enrijecidos e atitudes arraigadas leva tempo, exige paciência. No entanto, quem se arriscar e tomar a iniciativa, contará com o aliado mais poderoso que existe - o próprio Deus, fonte do amor. Por isso, vale a pena tentar, mesmo que, no início, se tenha a impressão de estar acariciando um porco-espinho!

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A autora é jornalista e professora universitária aposentada e reside em Blumenau, SC


Igreja, para onde vais? Alberico Baeske

Reflexão sobre a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Aqui você tem lugar Foi-se a era de “o povo unido jamais será vencido”. Chegou a hora de salve-se quem puder. Como acontece na sociedade, assim também nas Igrejas. Ontem se indagava: O que a Igreja proíbe? Hoje se exige – e se oferece a Igreja que tudo permite. Tem Igrejas para tudo e para todos. Seus agentes viram personal trainers religiosos. Aprovados em mestrado profissionalizante, concluem: em época de vai-e-vem das pessoas de uma religião para outra precisa-se de sistema religioso aberto. Imperativo, pois, relativizar a doutrina e flexibilizar a ética para garantir, melhor, aumentar a clientela. Apostam em conteúdos negociáveis, apresentam e representam religião sem sacrifício, fornecem serviços de auto-diagnose e de auto-terapia em nome do “Pai de todos e de todas”. Tudo é acolhido e se aproveita, desde que seja bem intencionado e coopere com a auto-realização das pessoas, cientes de si e de suas necessidades. Na IECLB, ressaltam as diversidades nela existentes. Propagam sua pluralidade de idéias, opiniões e práticas. Vêem na pluralidade uma conquista da liberdade cristã. Usam a pluralidade como meio de atração: “Aqui você tem lugar”. Conosco, ganha razão e causa. “Bem aí”, aprego-

am, “vê que nossa Igreja tem futuro”. Caso venham curiosos, desejando saber o que a comunidade, filiada à IECLB, crê e pratica, provocam nela estranho silêncio e olhar assustado de um para o outro, ou baita discussão, que pode acabar em contendas entre os membros. Espertos e pedagogos igrejeiros aproveitam a primeira situação, declarando: “Estamos em processo de aprendizagem. Quem sabe, vocês, que perguntam, nos auxiliem”. E interpretam a segunda como “jeito democrático e vida em nossa Igreja”. Confessar ou negar diante dos homens Que sentimentos causam tais reações da comunidade nas pessoas que a abordam? Sacodem a cabeça, constatando: “A comunidade é muda, analfabeta na fé?” Ou viram as costas, dizendo: “É um bando de malucos?” A comunidade não deveria cooperar para que o pessoal chegue a adorar a Deus, testemunhando que Deus está de fato no meio dela (cf. 1 Coríntios 12.23,25)? Ela não necessita da experiência de que o Senhor lhe acrescenta, dia-a-dia, os que iam sendo salvos (Atos 2.47)? Inexiste motivo mais sério para a reflexão da IECLB do que o aludido. De repente, membros se lembram de estar sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós (1 Pedro 3.15). Ora, não nos documentos normativos da Igreja, nem em seus obreiros, mas nos mem

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bros comuns! Para cada membro individualmente e para cada comunidade vale: Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus (Mateus 10.32). Este dito de Jesus Cristo é vital para a vida cristã e eclesial. É decisivo no presente e quando ele virá para julgar os vivos e os mortos (Credo Apostólico). Seu enunciado inspira, orienta e organiza o projeto missionário de seu povo. Dispensa estratégias supra-comunitárias, traçadas por missiólogos na zona atrás da linha de combate concreta da fé corpo a corpo. Liberta de verbas solicitadas de fora da comunidade combatente. Requer, isto sim, membros enraizados em Bíblia, Catecismo e Confissão de Augsburgo para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (Efésios 4.14). É artimanha igrejeira insuflar que a Confissão de Augsburgo seja complicada, o Catecismo superado e a Bíblia carente de modernização. Pois assim se cria o pobre povo seduzido (Lutero), o povo igrejeiro. Aprovado e reprovado Não é assim que comunidade seja sinônimo para mesa-redonda, onde tudo tem o mesmo valor e é aceito por igual. Vida em comunidade de Jesus Cristo não termina em pizza. Eis o testemunho do apóstolo Paulo: Rogo-vos, irmãos, pelo nome

de Jesus Cristo, que faleis todos a mesma cousa... sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer (1 Coríntios 1.10; cf. Romanos 15.5-7). Surpreende, sim, inquieta que Paulo continue: ...até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio (1 Coríntios 11.19). Partidos na Igreja não são naturais (cf. 2 Timóteo 4.3s.; 1 João 4.1; 2 João 4-11; 3 João 915; 2 Pedro 2) nem servem para exercitar a democracia igrejeira. Eles constituem um jeito providencial para evidenciar quem são os aprovados na comunidade, e quem são os reprovados. Partidos na comunidade não se justificam. Mesmo assim, Deus os usa para seu fim: verificar quem é quem. Membros aprovados se confiam a Jesus Cristo para o que der e vier. Pois ele é deles, e eles dele, / onde ele está terão o céu. / Nada há de separá-los (Lutero). Destarte colados, ele os guia para onde não lhes apetece. Daí decorre que tomam atitudes adequadas à relação tremenda que ele estabeleceu com eles. Por exemplo: * Denunciam ambições pessoais, pontos de vista partidários, experiências subjetivistas, projetos teológicos particulares de escrivaninha que promovem orientadores e autores, formação de consciências igrejeiras ou enlatadas, pressões que visam unidade exterior ou uniformidade igrejeira. * Testemunham aquele que se revela e se doa – o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim

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(João 14.6), o fundamento posto da Igreja (1 Coríntios 3.11; Efésios 2.20-22): Jesus Cristo, que morreu por todos, para que os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Coríntios 5.15). * Avaliam se ocorre, na comunidade, tal pregação do evangelho puro (Lutero) ou não. Efetuam isso, independentemente de ligações familiares por gerações com a comunidade e da opinião emotiva nesta, talvez majoritária, a respeito da “boa prática do pastor / da pastora”. * Articulam a fé no evangelho puro. Chamam as pessoas a ela ou as chamam de volta a ela. Desdobram a fé no evangelho puro como critério de seu crer e ser, e como liga eclesial indissolúvel entre os membros da Igreja. Ensinar com magno consenso Membros aprovados rejeitam ser massa de manobras igrejeiras, meros votantes em concílios, cobaias para ensaios impostos por especialistas arbitrários em “divulgar nossa Igreja” à custa de sua identidade eclesial. Asseveram e aplicam: Na Igreja não vale o que eu digo, não vale o que tu dizes, nem vale o que ele / ela diz. Mas vale incondicionalmente tudo aquilo que o Senhor diz (Agostinho). A aprovação passa por conflitos profundos e rupturas aflitivas. Todavia, desemboca, aqui e já, no falarem todos a mesma cousa e serem inteiramente unidos na mesma disposição e no mesmo parecer, em meio à comunidade dilacerada por partidos.

O povo evangélico luterano de todos os tempos e lugares denomina isso de ensinar com magno consenso (Confissão de Augsburgo, Artigo 1). O magno consenso tem que ser repetido e mantido. Diante de discordâncias acirradas, deve ser reconquistado, resolvido e composto sob a orientação da palavra de Deus e do conteúdo sumário de nosso ensino cristão (subtítulo da Fórmula de Concórdia). A finalidade da recuperação do magno consenso é tríplice. Primeiro: cala os que nos consideram confusos e vacilantes. Segundo: consola e fortalece pessoas que se sentem perdidas em conseqüência de nossa falta de clareza. Terceiro: permite que compareçamos perante o tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo com coração alegre e consciência destemida (Fórmula de Concórdia, Prefácio). O magno consenso, respectivamente sua recuperação, sucede em conformidade com a pregação do evangelho puro. Esta confere origem e estrutura àquele. O consenso testemunha o que está de acordo com tal pregação e o que está em desacordo, precisando ser abolido. A Confissão de Augsburgo confessa em seus artigos 1 a 21, sempre no final, o que e a quem condena ou reprova; nos artigos 22 a 28, os confessores recenseiam os abusos mudados. O crer, ensinar e confessar da Fórmula de Concórdia traz doze artigos. Cada artigo possui três partes. A primeira descreve a controvérsia, a segunda afirma a doutrina, fé e confissão puras de acordo com a Bíblia e a Confissão de Augsburgo, e a terceira rejeita a falsa doutrina contrária. Lendo apenas trechos dos mencionados documentos confessionais, nota-se que

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não são escrita abstrata ou doutrina fria. Aqui explodem asserção e paixão indomáveis da fé. Sua força é incontrolável, uma vez que a fé não é auto-produzida nem mesmo almejada, ao contrário, concedida gratuita e surpreendentemente, acima de qualquer ansiar, imaginar e pensar dos confessores. Eles nos conduzem para que também nós experienciemos: a fé dada por Deus conclui que por causa de Cristo temos um Deus reconciliado. Ela é confiança em Deus que consola e erige as mentes aterrorizadas. A fé, por sua vez, é a mãe da vontade boa e da ação justa (Confissão de Augsburgo, Artigo 20). Fé verdadeira é uma obra divina em nós, transformando-nos em pessoas bem diferentes de coração, sentimento, mentalidade e todas as forças. Ela não consegue se refrear, ela se comprova, irrompe e confessa o evangelho puro diante das pessoas e por ele arrisca sua vida (Lutero). O que faz parte do magno consenso na IECLB Os membros são cheios de experiências com a IECLB. As mesmas diferem bastante daquelas de obreiros e obreiras. Isto já causa alarme. Pior é a pouca troca de experiências de parte a parte. A maioria dos membros é silenciosa ou foi silenciada – recentemente até em assuntos financeiros. Os que ainda vão às assembléias não querem se incomodar ou ser incomodados, aplaudem a tudo, votam rápido “o que vem de cima” – e permanecem calados ou saem de fininho. Há tantos motivos para tal quantos são os silenciosos ou demissionários. A vida comunitária ressente-se de animação para que as pes-

soas se manifestem e de treinamento para que se sintam à vontade nisso – sem que obreiros implorem ou manipulem. Aí Lutero presta excelente assessoria com seu escrito Direito e Autoridade de uma Assembléia ou Comunidade Cristã de Julgar toda Doutrina, Chamar, Nomear e Demitir Pregadores – Fundamento e Razão da Escritura. É uma mina para lemas e temas anuais da IECLB, imprescindíveis e conexos, antes de tantos desconexos havidos. Urge que este texto seja esmiuçado em todos os setores da comunidade, em mutirões comunitários para puxá-lo à realidade de congregações silenciosas ou silenciadas. Desafiando leitores e leitoras a descobrir nas comunidades o que causa estranheza, a articulá-lo e superá-lo se Deus quiser, sugere-se alguns aspectos, como: * Todos nós somos fundamentalistas. Quer dizer: possuímos um fundamento a partir do qual vivemos e argumentamos. A questão é apenas: em que ou em quem reside? Em nossa cabeça, na sociedade na qual somos inseridos – ou em Jesus Cristo, que se auto-comunica e se auto-doa, no meio de dois e três e uns a mais, reunidos em seu nome? É capaz que, na teoria, Jesus Cristo seja nosso fundamento. Porém, ele o é na prática, nas decisões cruciais pessoais, comunitárias e eclesiais? * Quase todo mundo está apaixonado por Jesus. Agora, gosta-se dele feito palpiteiro para viver bem por aí ou amase àquele que chama à decisão e ao seu discipulado marcado pela cruz? Ele é o psicólogo-mor para elevar nossas condições psíquicas, físicas e emocio

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nais ou aquele que nos livra da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1.10)? * Soam agradáveis e são aclamadas declarações como: “Deus é Pai”, “sua graça e misericórdia duram para sempre”, “todos somos seus filhos”. Mas fica cristalino aos que as fazem e aos que as ouvem que elas são verdade e realidade, única e exclusivamente, em, com e por causa de Jesus Cristo e na confiança nele? Ter Deus fora de Jesus Cristo é o diabo, afirma Lutero, é ser enganado pela fértil imaginação humana e pela fantasia igrejeira elaborada. * Corresponde ao espírito de nosso tempo evitar os termos “pecado” e ”pecador”. É tolerada a frase igrejeira: “Todos somos pecadores” – para acrescentar de imediato – “pecadores amados, perdoados, justificados”. Dificilmente se define o que é pecado e quem é pecador. Receia-se moralismo obsoleto, sem atentar que a falta de definição de pecado e pecador o produz. Pecado é duvidar da Palavra de Deus, ajeitandoa para o próprio gosto. Pecador é quem não teme e ama a Deus e confia nele acima de todas as coisas (Catecismo, I.1); quem não dá fé a Deus, que diz: tão-só em e por causa de Jesus Cristo tu prestas. É intrínseco à fé em Deus, que se auto-revela através de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, constatar pecado e pecador – e fazê-los grandes, ensina Lutero, significa, tornálos desesperadores. * A gente de boa vontade e igrejeira desconhece a gravidade de pecado e de ser pecador. Daí tem a Palavra de Deus, sua Lei e seu Evangelho, respectiva-

mente, como apelos para qualificar nossa vida e como expressões para animar e encorajar as pessoas. Celebra o Santo Batismo como “festa da vida protegida” e a Santa Ceia como “comunhão e compromisso entre irmãos e irmãs”. Declara supérflua a Confissão e Absolvição dos Pecados ou a transforma em “diálogo respeitoso, visando às dificuldades da vida e sua à superação”. * A gente de boa vontade e igrejeira se ilude terrivelmente sobre o abismo horrível entre Deus e nós. Daí ignora o lamento de Deus sobre suas criaturas perdidas e seu divino excelso amor, / que lhe custou a vida de seu filho – o único capaz de fechar aquele abismo horrível (Lutero). A gente de boa vontade e igrejeira sentencia: “Hoje em dia, é impossível dizer isso assim”. Não tem precisão de Jesus Cristo, obediente de coração a Deus, que se tornou nosso libertador de pecado e dor (Lutero). Desconsidera os Sacramentos como meios corporais que aplicam e realizam nas pessoas crentes tal libertação. Durante o Batismo, deixa de ressaltar que o mesmo opera remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos crêem, conforme rezam as palavras e promessas de Deus (Catecismo, IV.2). Na Santa Ceia, que chamam de eucaristia, começa-se a omitir as palavras derramado para remissão dos pecados ou a suprir as Palavras da Instituição da Santa Ceia por cantigas “esclarecedoras”. * Todos nós “rezamos ao Senhor”, sobretudo em apuros pessoais e familiares. O povo evangélico luterano reza desta maneira:

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Atende-nos, ó Deus dos céus, escuta os nossos brados. Quão poucos são os crentes teus, e estão desamparados! É desprezado o Verbo teu, e a fé já quase esmoreceu em toda a humanidade.

Ensinam-se doutrinas vãs, por homens inventadas. Deturpam as palavras sãs, no Verbo alicerçado. Discordam entre si também, confundem-nos com vil desdém, brilhando na aparência.

Senhor, oh! vem fazer calar os tais ensinadores! Ousados são no seu falar e dizem, quais doutores: Nós temos a revelação, decretos, leis e tradição, da Bíblia somos mestres.

Ó Deus, vem puro o Verbo conservar da geração perversa. Em ti queremos confiar, para que não nos subverta. O povo se juntando está em torno desta gente má que surge entre teu povo. (Lutero) O autor é pastor emérito da IECLB e reside em São Leopoldo, RS

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O granjeiro e o sábio Um granjeiro pediu certa vez a um sábio, que o ajudasse a melhorar sua granja, que tinha baixo rendimento. O sábio escreveu algo em um pedaço de papel e colocou em uma caixa, que fechou e entregou ao granjeiro, dizendo: “Leva esta caixa por todos os lados da sua granja, três vezes ao dia, durante um ano”. Assim fez o granjeiro. Pela manhã, ao ir ao campo segurando a caixa, encontrou um empregado dormindo, quando deveria estar trabalhando. Acordou-o e chamou sua atenção. Ao meio dia, quando foi ao estábulo, encontrou o gado sujo e os cavalos sem alimentar. E à noite, indo à cozinha com a caixa, deu-se conta de que o cozinheiro estava desperdiçando os gêneros. A partir daí, todos dos dias ao percorrer sua granja, de um lado para o outro, com seu amuleto, encontrava coisas que deveriam ser corrigidas. Ao final do ano, voltou a encontrar o sábio e lhe disse: “Deixa esta caixa comigo por mais um ano; minha granja melhorou o rendimento desde que estou com o amuleto”. O sábio riu e, abrindo a caixa, disse: “Podes ter este amuleto pelo resto da sua vida”. No papel havia escrito a seguinte frase: “Se queres que as coisas melhorem deves acompanhá-las constantemente”. Autor desconhecido ••• 79 •••


O doce lar que azedou Anamaria Kovács

– Ei, André! Quando é que o teu pai vem te buscar novamente? – Me deixa em paz, William! – O teu pai nunca mais veio te buscar. Ele tá doente? – Não te interessa! Pouco depois, André e William estavam embolados no pátio da escola, aos socos e pontapés. Não demorou e apareceu a professora Ester, desfazendo o nó de gente: – Já para a sala da diretora, os dois galinhos de briga! Vermelhos e suados, os meninos mancaram pelo longo corredor e bateram à porta da diretora. A secretária atendeu: – A professora Marta saiu, mas volta logo. Sentem aí fora e esperem. Cada um dos meninos ocupou uma ponta do velho sofá. Ficaram mudos por algum tempo, cada um mastigando a sua raiva. Por fim, André não agüentou: – Por que é que tu tens cisma com o meu pai? Vives perguntando por ele! – Ora, ele te buscava todo dia, numa de paizão. De repente, sumiu e tu inventas desculpas esfarrapadas: viajou, ficou doente... Eu não sou trouxa, não. Fala a verdade, cara! Ele se separou da tua mãe, não foi? André custou a responder. A vontade de bater de novo em William era tão grande que ele nem podia se mexer. Só o medo de levar uma suspensão o segurava.

William tentou outra vez: – Olha... Eu só queria ajudar. O meu pai também foi embora. Ele e mamãe viviam brigando, era horrível! – Ele te visita? – perguntou André, baixinho. – A gente sai duas vezes por mês. Ele viaja bastante, não tem tempo. – Eu saio com meu pai todo domingo. – Legal! – Legal, nada – queixou-se André – É chato pra caramba. Ele e minha mãe brigavam, mas pelo menos ele estava lá o tempo todo. Eu não queria que ele fosse embora. Agora... Não tem mais as coisas dele lá em casa. Até o cheiro do cigarro faz falta... – O menino engoliu as lágrimas com dificuldade. William chegou mais perto. – Faz tempo que ele foi embora? – Três meses. Eu queria entrar numa máquina do tempo e voltar atrás... Quando eu era pequeno e ele brincava comigo... A mamãe junto, rindo...A gente se dava bem, era feliz, e eu nem sabia... Eu fui crescendo, e tudo mudou. Parece até que a culpa é minha... – Não é nada disso, seu bobo. Meu vô me explicou: não tem nada a ver com a gente. Não fizemos nada de errado. O problema é só com nossos pais; eles é que ficaram diferentes, não combinam mais como antes. Eles continuam a gostar de nós do mesmo jeito. Não dá é pra pegar a

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tal máquina do tempo. Bem que eu queria... O meu vô disse que a saída, para nós, é seguir em frente, crescer! – Pra ti talvez seja mais fácil, tu és mais velho que eu. Eu só tenho nove anos... Mas a minha mãe também não está legal; um dia, chora pelos cantos, me pega no colo. No outro, sai com as amigas, toda feliz, parece que não está nem aí pra mim. Eu não entendo! William colocou o braço em volta dos ombros de André e disse: – Quando meu pai saiu de casa, eu também tinha nove anos. Agora tenho dez, e fiquei diferente. Fui morar com meus avós porque o clima na minha casa ficou pesado demais. Ainda estou dando um tem-

po, pra mim e pra minha mãe. No começo, foi meio chato, mas agora eu até estou gostando... Meus avós são legais, me dão a maior força. Ei, tive uma idéia! Se quiseres, vem passar o dia com a gente! Eles não ligam se eu trouxer um amigo... Foi aí que Dona Marta, enorme e severa, apareceu à frente deles, amarrando a cara e dizendo: – Brigando de novo, "seu" André? Os meninos se encararam. De repente, a briga ficou pequenininha e boba. Um sorriso cresceu na cara dos dois. William estendeu a mão e André apertou-a com força. – Com este aqui não brigo mais, Dona Marta! A autora é jornalista e professora universitária aposentada e reside em Blumenau, SC

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Minhas observações sobre quero-queros Osmar Falk

Os aficionados pelo futebol devem lembrar-se de uma cena inusitada que aconteceu no jogo entre São Caetano e Figueirense pelo Campeonato Brasileiro de 2006. Um quero-quero, que não queria ceder o seu espaço aos jogadores, levou uma bolada e foi a nocaute. O juiz teve que interromper a partida para que o massagista entrasse em campo para socorrer o lesionado. Assim que o ferido foi retirado de campo, o jogo prosseguiu. No dia seguinte, no programa de esportes, a cena foi mostrada, novamente, e o repórter anunciou que o quero-quero sobreviveu e estava passando bem.

A palavra "ninhada" não pode ser entendida na verdadeira acepção do termo. Que ave acomodada! Quero-queros não fazem ninhos, não recolhem gravetos, palhas ou penas. Fazem o seu "ninho" no chão mesmo, numa pequena depressão ou buraco, não cavam e nem forram. Ali põem, geralmente, três ovos e chocam durante vinte e oito dias. Que ave zelosa! Macho e fêmea se revezam durante o choco e ali ficam sob sol e chuva, tempestade ou geada. No final do último inverno, um quero-quero amanheceu coberto de geada, de tal forma que a sua plumagem cinza se tornara branca.

Quero-queros são aves que povoam os gramados deste Brasil afora. Em nossa chácara, assim que plantamos o gramado, eles apareceram. Um casal, sem a menor cerimônia, como se essa propriedade fosse sua, nela se instalou e, literalmente, tomou conta do pedaço. Que ave egoísta! Tão logo os filhotes aprendem a voar e os pais se preparam para nova ninhada, eles são mandados embora e precisam procurar outras paragens. O casal também jamais permitiu que outros quero-queros aqui aterissassem.

Se alguém se aproxima do "ninho" ou dos filhotes, o quero-quero tem dois recursos. Que ave esperta! Quero-queros são mestres na arte da dissimulação. A primeira tentativa é levar o intruso em direção contrária ao ninho ou dos filhotes. Fingemse de covardes, caminhando agachados como se estivessem batendo em retirada, a fim de o intruso persegui-lo. Ao grito de perigo, os filhotes se agacham e ficam inertes, fingindo-se de mortos. Com a sua plumagem marrom são, facilmente, confundidos com uma folha seca. Se esta estratégia não funciona, eles partem para o ataque. Qual caça bombardeiro, arremetem sobre o inimigo tentando atingi-lo com os esporões. O estalo que fazem, suponho com o bico, "clap-clap-clap", deixa até o mais valente arrepiado. Os quero-queros têm fama de espantar até bois. Por esta razão, no campo são chamados de "Espanta-Boiada". Logo no

O termo aterrissar se aplica bem a eles, pois esta ave tem alguma semelhança com avião bombardeiro. Eles trazem na frente das asas dois esporões vermelhos que se parecem com os mísseis de um caça. Partindo para o ataque, em defesa de seu território ou de sua ninhada, os "mísseis vermelhos" inspiram medo.

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início, quando nós ainda não nos conhecíamos tão bem, eu levei uma ferroada na nádega, a qual ficou doendo durante três dias. A minha convivência diária com estas aves fez com que entre nós surgisse uma tolerância mútua, baseada numa troca de favores. Da parte das aves há o reconhecimento de que eu não represento ameaça para elas. Pelo contrário, sou seu protetor. Quando eu trato os peixes, elas podem vir apanhar a sua parte da ração boiando sobre a água; quando nós limpamos os canteiros ou cortamos o gramado, elas apanham as minhocas; quando um filhote cai na água, eu banco o salva-vidas. Por ocasião da última ninhada, havíamos esgotado um tanque de peixes. Isso se tornou um grande perigo para os filhotes que nele entravam ou caíam e não podiam mais sair. Muitas vezes, com lama até os joelhos, auxiliado pela minha esposa, nós tínhamos que salvar os bichinhos. Um dia desses, chateado com estes constantes salvamentos, eu disse: "Chega, foi a última vez. Eu não entro mais naquele tanque barrento para tirar estes imbecis!" Uma neta que ouviu o meu desabafo, consternada, foi até a vovó e disse: "Né vó, o vovô só diz assim por dizer, porque ele tem coração mole!" E ela tem toda razão. Uma noite dessas, nós fomos acordados às quatro horas da madrugada com um pedido de ajuda emitido pelos pais e um "piu-piu" de filhote em perigo. Minha esposa adiantou o que eu já imaginava: "Tem um quero-querozinho caído

dentro do tanque de água!" Não me restou outra alternativa senão levantar da cama, munir-me da lanterna e sair à procura do imbecil. Lá estava ele, boiando sobre a água. Resgatado, o náufrago estava tão molhado e com tanto frio que não conseguia mais caminhar. Passou o resto da noite na lavanderia, enrolado num pano, dentro de uma bacia. Na manhã seguinte, ele foi recebido com piados festivos ao integrar-se, novamente, à família. "Sim", dirão vocês, "e qual é a recíproca? Em troca, o que fazem os queroqueros?" Ora, eles são os meus guardas, de dia e de noite! Estas aves são excelentes vigias. Um deles tem a sua "guarita", com visão privilegiada, no alto do telhado da churrasqueira, enquanto que o outro está no chão, sentado no ninho ou acompanhando os filhotes. Se alguém se aproxima, quer seja gato, cachorro, lagarto ou humano, imediatamente, soa o grito de alerta. Este se torna tanto mais intenso quanto mais próximo o intruso chegar. Com muita assertiva canta-se naquela música folclórica gauchesca: "Queroquero, quero-quero, quero-quero gritou lá em cima. Quero-quero quando grita é porque alguém se aproxima. Quero-quero no meio da noite gritou quando viu alguém se aproximar..." Aquele que quiser conferir estas minhas observações ou delas duvidar, pode visitar o casal Falk e o casal Quero-quero. Nós moramos na Chácara do Catavento, localizada na Estrada Schramm nº 2703, em São Bento do Sul. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em São Bento do Sul, SC

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Direitos das Mulheres em debate Elaine Neuenfeldt

"A eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as meninas" foi o tema central da 51ª Reunião da Comissão do Status da Mulher, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Nessa ocasião, a pastora da IECLB e professora de Teologia Feminista da EST, Dra. Elaine Neuenfeldt, foi uma das representantes da Federação Luterana Mundial (FLM). Como comissão do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da ONU, a Comissão do Status da Mulher (CSW, sigla em inglês) se reúne todos os anos durante duas semanas, com representantes de 45 governos eleitos. É considerado na ONU o principal espaço para as decisões do âmbito de gênero, para o qual recebe apoio da Divisão para o Avanço de Mulheres. Neste ano, aproximadamente 1.500 ONGs estiveram representadas na Comissão, reunidas de 26 de fevereiro a 9 de março de 2007. Elaine concentrou a sua participação nas questões de direitos reprodutivos e sexualidade, violência contra as mulheres e meninas. Procurou também participar de debates que representavam temáticas bastante diferentes de sua realidade e experiência cotidianas, como por exemplo, a questão da mutilação genital feminina e as discussões dos direitos das mulheres nas sociedades muçulmanas. Numa oficina sobre "O que mulheres religiosas fazem com textos e tradições religiosas difíceis?", promovida pela

Coalizão Ecumênica de Mulheres, o debate foi em torno de assuntos como: - Financiamentos para a eqüidade de gênero e empoderamento das mulheres - Escola da violência: como pessoas jovens aprendem seus papéis - Gravidez na adolescência e mortalidade materna na América Latina - A igualdade: ganho ou perda. Promovido pelo Comitê Intenacional Islâmico para mulheres e crianças - Experiências de câmbios - com relatos de experiências concretas de África do Sul, Zimbabwe, Quênia e Peru. Em diversas oficinas sobre direitos reprodutivos, aborto e violência sexual, promovidas por diferentes entidades de direitos humanos, houve o compartilhar de experiências da Nicarágua, Angola, Tanzânia, Peru, baseadas em pesquisas de especialistas de cada um destes países. A realidade de discriminação e violência é comum, especialmente onde as leis de penalização do aborto são mais restritivas, aponta Elaine Neuenfeldt. Aprendizados e desafios "A possibilidade de participação de uma reunião desta magnitude proporcionou muitos momentos de intenso aprendizado e novos desafios. Discutir com pessoas que vivem e experimentam realidades que não fazem parte de meu cotidiano foi uma experiência muito profunda de aprendizado e de desafio, especialmente

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nas minhas posturas feministas e na vivência de minha espiritualidade, como mulher, cristã, branca, de cultura ocidental", observa Elaine. Conforme ela, as discussões sobre a mutilação genital feminina é um tema que está na agenda das organizações e espaços das mulheres na ONU. É uma prática que deve ser discutida, tomando em conta aspectos culturais, religiosos, sociais e econômicos. Elaine reforçou uma percepção pessoal de que, em primeiro lugar, deve-se escutar a fala das mulheres implicadas. Estimativas apontam que, em alguns países africanos, 98% das mulheres têm algum tipo de mutilação genital. Outro tema bastante controverso e constante nas agendas globais dos movimentos de mulheres, agrega Elaine Neuenfeldt, é a questão dos casamentos prematuros, antes dos 18 anos. Geralmente, as meninas são forçadas ao casamento, por diferentes causas: situação de empobrecimento familiar que empurra a menina para o sustento de um homem, ou que possibilitam a troca econômica o dote, ou por costumes e tradições culturais, que dão a menina em casamento, ou que a obrigam a casar devido à gravidez. Esta realidade traz uma série de conseqüências negativas para a menina, de ordem psicológica, em sua saúde, no acesso à educação, colocando-a muitas vezes em situações de extrema fragilidade e riscos de violência e abandono. Como feminista e militante da igualdade de gênero, Elaine diz se opor a uma postura que procura entender estas situações como um problema que afeta somente mulheres da África ou Ásia. "As viola-

Elaine Neuenfeldt diante do prédio da ONU. ções aos direitos humanos das mulheres é um assunto que deve ser discutido em todos os âmbitos e espaços. Cabe uma postura de aprendizado e entendimento que escute o que as vozes das mulheres da África estão dizendo e, com uma postura de sororidade e solidariedade, unirse às suas lutas", defende Elaine. Por outro lado, reforça: "Inserir-se nestas reflexões implica em olhar para a nossa realidade latino-americana e ver como as situações de violência e discriminação por causa de tradições e costumes afetam a vida de tantas mulheres e meninas". Homens e meninos Outro momento de aprendizado e novidade para Elaine foi escutar sobre o envolvimento de homens e meninos em posturas ativas que enfrentam a discriminação e as situações de violência contra as mulheres e meninas. Um exemplo despertou em Elaine a possibilidade de um

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trabalho bem concreto: Um projeto impulsionado na África do Sul trabalha com campeonatos de futebol, que, em meio aos jogos, incluem campanhas, momentos de formação, partilhas que desafiam os homens a se solidarizar com as mulheres, e tomar posturas que digam um

basta a tanta violência. "Aqui se mostra também a importância de levar esta discussão para outros espaços, que não são os tradicionais 'momentos de formação', como cursos, encontros, etc. especialmente, quando se trata de trabalhos com grupos de jovens", resume Elaine. Fonte: www.luteranos.com.br Elaine Neuenfeldt é pastora da IECLB e professora de Teologia Feminista da EST

Lição de vida Conta-se que numa pequena cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Diz-se que era um pobre coitado de pouca inteligência, que vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o bobo ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas – uma grande e de pequeno valor e outra menor, mas com um valor muito superior. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o em particular e perguntou-lhe se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. “Eu sei” – respondeu o “tolo” – “ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda.” Morais da história: – Quem parece idiota, nem sempre é. – Se você for ganancioso, pode acabar estragando sua fonte de renda. – Podemos estar bem mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. – E que não importa o que pensam de nós, mas o que realmente somos. Autor desconhecido

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OASE festeja dois centenários Duas mulheres extraordinárias Meinrad Piske

Oito anos depois do centenário da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, que foi comemorado em 1999, em Rio Claro-SP, onde surgiu o primeiro grupo, acontecem dois centenários. No ano de 1907 foram fundados o segundo e o terceiro grupos da OASE do Brasil: um em Blumenau, no dia 2 de setembro, e o outro três meses depois, em Brusque, no dia 6 de dezembro. Estes três grupos - de Rio Claro, no Estado de São Paulo, de Blumenau e de Brusque, no Estado de Santa Catarina são os grupos pioneiros na Igreja. Na segunda década do século passado surgiram mais trinta e dois grupos de senhoras no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, totalizando assim trinta e cinco grupos, em 1920. Uma característica comum a todos estes grupos foi o seu isolamento. Era assim com as próprias comunidades e paróquias que se caracterizavam pela individualidade de cada uma sem ligações com outras. Igreja, no sentido de uma organização formada pelas comunidades e paróquias, estava apenas surgindo. Somente o Sínodo Riograndense, que foi fundado em 1886, existia na época em que foi fundado o grupo de Rio Claro, no Estado de São Paulo. Na época da fundação dos

grupos de Blumenau e Brusque já tinham sido formados dois sínodos: além do Sínodo Riograndense, existia o Sínodo Luterano. Mas tanto as comunidades de Rio Claro como as de Brusque e Blumenau eram Comunidades independentes e autônomas, ainda não havia o sínodo. O Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná e o Sínodo Brasil Central foram fundados somente em 1911, respectivamente em1912. Dentro de seus sínodos os grupos de senhoras se organizaram em Ligas: em 1930, no Sínodo Riograndense, em 1933, no Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná, em 1934, no Sínodo Luterano e somente mais tarde, em 1968, no Sínodo Brasil Central. Uma característica observada por Sybilla Baeske no livro "Retalhos no Tempo" - a edição comemorativa dos 100 anos de existência da OASE a "organização em Ligas, na década de trinta, foi importante para o processo de integração das comunidades em sínodos e para assumir tarefas de maior envergadura". Tanto na fundação do "Evangelischer Frauenverein", em Blumenau, como do "Evangelischer Wohltätigkeitsverein", em Brusque, as esposas dos pastores, a "Frau Pastor Mummelthey", em Blumenau e a "Frau Pastor Lange", em Brusque, tiveram papel destacado. Foram

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delas as iniciativas para a fundação dos dois grupos. O Pastor Koelle de Rio Claro, em São Paulo, leu que na Alemanha tinha sido fundada uma organização de mulheres pela imperatriz Auguste Vitória, no dia 1º de janeiro de 1899. Esta notícia o levou a fundar, juntamente com sua esposa, um grupo de senhoras, em Rio Claro, com a finalidade de angariar os fundos necessários para a construção da torre da igreja. De forma mais clara ainda os dois grupos fundados em 1907, em Blumenau e em Brusque, tiveram como exemplo o que estava acontecendo na Alemanha: grupos de senhoras que assumiam tarefas de ordem social na Igreja e na sociedade. Em Blumenau, o cuidado com pessoas pobres e doentes, e em Brusque, com pessoas idosas. MILDRED MUMMELTHEY Mildred Mummelthey nasceu na Inglaterra e foi enfermeira da Cruz Vermelha inglesa. Casou com o Pastor Walter Mummelthey e veio com ele ao Brasil, mais precisamente para Blumenau, e nesta cidade foi a "Frau Pastor", assumindo todo o trabalho que se esperava que a esposa do pastor realizasse. Pessoas que a conheceram a descreveram como sendo mulher enérgica. Como as demais colegas "Frau Pastor", ela estava sujeita aos regulamentos eclesiásticos que proibiam o exercício de uma profissão. Provavelmente era a única enfermeira em Blumenau, mas trabalhar como enfermeira no hospital da cidade não lhe era permitido. Podia realizar trabalho voluntário, e este ela fazia com dedicação e com os olhos abertos para as necessidades das

pessoas. Dirigia cursos para auxiliares de enfermagem e, depois de concluído um destes cursos, ela convidou para uma reunião em sua casa diversas senhoras da comunidade. Vieram quinze, e a estas quinze senhoras ela propôs criar uma entidade que se dedicasse aos pobres e doentes. Elaborou inclusive estatutos, cujo primeiro artigo dizia: "A Sociedade Evangélica de Senhoras tem por objetivo cuidar de pobres e doentes". Isto aconteceu no dia 2 de setembro de 1907. Naquele dia, Blumenau celebrava o 57º ano de sua fundação. Neste mesmo dia, as quinze senhoras reunidas com Mildred Mummelthey fundaram a Sociedade Evangélica de Senhoras. Aprovaram os estatutos que iriam nortear por trinta anos a entidade, até o ano de 1937, quando tiveram de ser adaptados às leis da nacionalização então em vigor no país. Mildred foi a primeira presidente e dirigiu a sociedade até 1910, quando encerrou o mandato e pediu que fosse substituída. A semente plantada no dia 2 de setembro de 1907 se transformou em planta viçosa, grande e forte. A Sociedade Evangélica de Senhoras conta com aproximadamente duzentas associadas e mantém o ancionato Elsbeth Koehler. CLAIRE LANGE Claire Lange era professora em Gnadenfrei,na Alemanha, professora de uma escola de moças, e veio em 1887 ao Brasil, para a Comunidade de Bruedertal, onde casou com o Pastor Wilhelm Lange. Com ele permaneceu na pequena localidade de Bruedertal, localizada entre as

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cidades de Guaramirim e Joinville, como "Frau Pastor" até que se mudou com sua família para Brusque, onde seu esposo assumiu a Paróquia. Em seu diário, o Pastor Lange a descreveu da seguinte forma: "Eu não conhecia minha noiva e sabia apenas que era francesa, ficara órfã cedo, e mais o que o Irmão Richard escreveu sobre ela. Junto havia uma fotografia e uma carta de minha noiva. Que maravilha! Durante três anos convivemos na pequena Gnadenfrei, ela como professora da escola de meninas, eu como professor do instituto de meninos". No mesmo diário, o seu esposo escreveu: "Principalmente por iniciativa de mamãe, formou-se em Brusque, ao final de 1907, uma associação que se denominou. "Associação Evangélica Beneficente" (Evangelischer Wohltätigkeitsverein). O objetivo principal era cuidar de mulheres idosas solitárias da comunidade, que tantas vezes eram empurradas sem carinho de um lado para outro...". Em pouco tempo, já em 1908, foi comprada uma casa,derrubada e reconstruída no terreno da comunidade bem perto da igreja e as primeiras mulheres idosas "encontraram abrigo e cuidados". Já um ano mais tarde, no fim de 1909, o Pastor Lange teve de deixar a Paróquia de Brusque. Foi aposentado por motivo

de saúde. Uma grave doença pulmonar o afastou do trabalho. Com a falta da fundadora e motivadora Claire Lange, o asilo fechou poucos anos depois. Mas não terminou a Sociedade Evangélica Beneficente. Esta comemora seu centenário com o nome de Associação das Damas de Caridade. O dinamismo de Claire Lange se torna evidente quando se constata que ela fundou em Itajaí, onde foi residir com seu esposo e filhos, um grupo de senhoras no mês de agosto de 1910. Seu esposo anotou em seu diário que ela "cuidou dessa associação com muito amor e sucesso. A associação adquiriu um terreno e estava tomando providências para chamar uma diaconisa e enfermeira de Wittenberg". Mas a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, fez com que este grupo fosse encerrado e somente muitos anos depois, em 1952, ressurgiu um grupo de senhoras na Comunidade de Itajaí. No dia em que for escrita a história das "Frau Pastor" na nossa Igreja, tanto a inglesa Mildred Burrow Mummelthey como a francesa (ou seria suíça, nascida em Neuchatel como afirmam seus descendentes?) Claire Reuge Lange fazem jus a um capítulo especial. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque, SC

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Meio ambiente – e eu com isso? Elfriede Rakko Ehlert

Era uma vez um país, grande, rico em belezas naturais, rios, lagos e mar, muito mar. Lá habitavam anões. Um deles era responsável para cuidar da comunidade, responsável por tudo. Era o chefe. Um dia chegaram uns gigantes e começaram a derrubar a mata. Entravam e saíam, carregando troncos, madeira e mais madeira. O anão-chefe só olhava, ficava triste, mas dizia: "E eu com isso?" Nos finais de semana os anões costumavam pescar nos riachos e rios. Divertiamse à beça. Com o tempo, os peixes desapareceram. A água, antes cristalina, agora se apresentava amarelada com mau cheiro, às vezes com uma camada de espuma. O anão-chefe e os outros se entreolhavam. Diziam uns para os outros: "E eu com isso?" Na verdade surgiram cada vez mais casas e eles, simplesmente por economia ou comodidade, não cavaram fossas. Deixaram escoar o esgoto para os rios. E os peixinhos – coitados – fugiram ou morreram. Também vieram os gigantes que implantaram indústrias à beira dos rios, lançando detritos, poluíram a água e o ar. E os anãozinhos: "E eu com isso?" E o lixo, então! Não se separava nada. Tudo era jogado nos terrenos baldios ou também no rio. Não sabiam que o lixo orgânico é adubo e por isso era necessário separar do outro lixo.

vam o carro da garagem. E os caminhões! Soltavam uma fumaça preta que ninguém conseguia agüentar. "E eu com isso?" Os anos se passaram. O futuro parecia ameaçado, escuro, como a fumaça dos caminhões. E os rios sem vida. Daí o anão-chefe resolveu tomar uma atitude. Chamou todos os anões para uma reunião. Falaram primeiro sobre esta pergunta bem boba: "E eu com isso?" O país é nosso e nós temos a responsabilidade de cuidar dele. Resolveram arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Nada mais de esgoto a céu aberto ou nas galerias de água pluvial. Em toda parte fossas. Fizeram também passeatas, protestando contra os gigantes que queriam acabar com as últimas matas e que despejavam produtos tóxicos e nocivos nos rios. Tomaram outra decisão: Curtir menos os queridos carros e caminhar mais e andar de bicicleta. Os filhos tiveram que aprender a ouvir sua música predileta em volume mais baixo para não incomodar os outros. Olha que esta ação em conjunto parece que surtiu efeito. Ninguém mais dizia: "E eu com isso!". Parecia que todos estavam sabendo que é obrigação de cada um preservar o que lhe foi confiado e cada qual deve chamar atenção do outro quando esquece isto: zelar que o vizinho da frente e do lado cumpra a sua parte antes que aconteça o desastre final: a destruição do meio ambiente.

E os automóveis apareceram, cada vez em maior quantidade. Ninguém mais queria utilizar ônibus. Até para comprar pão tira-

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A autora é professora e artista plástica, com residência em Curitiba, PR


Dicas para a cozinha Resilde Piske

Cuca de frutas da Lori Ingredientes: 2 ovos; 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina; 4 colheres de sopa de açúcar; 1 colher de sopa rasa de fermento; 6 colheres de sopa de trigo ( pode ser pouco mais). É uma base bem simples, pode ser batida à mão.Colocar em fôrma de abrir, untada e enfarinhada. Opções de cobertura: Banana cortada em rodelas, polvilhada com açúcar e canela. Ao retirar do forno espalhar 1/2 xí-

cara de nata com açúcar. Maçã cortada em fatias cozidas rapidamente numa frigideira com 3 colheres de açúcar. Cozinhar as cascas da maçã, peneirar e fazer um creme. Amoras ou morangos podem ser acrescentados como enfeite antes de assar. Em lugar do creme ou da nata sobre a cuca assada pode-se fazer um suspiro com uma clara de ovo e duas colheres de sopa de açúcar. Espalhar sobre a cuca e deixar assar mais alguns minutos.

Salgado especial Ingredientes da Base: 1 pão pluma; 2 ovos; 1 pitada de sal. Ingredientes para o recheio e cobertura: 2 peitos de galinha cozidos com sal, bastante tempero e cheiro-verde (deixar esfriar no caldo do cozimento); 1 vidro de palmito em conserva; 1 xícara de lombinho defumado bem picado; 1 xícara de queijo parmesão ralado grosso; 3 colheres de sopa de manteiga ou margarina; 3 colheres de sopa de trigo; 3 colheres de sopa de cebola ralada; 1 1/4 litros de leite; 1 copo de requeijão; 12 fatias de queijo muzzarela.

Montagem: Untar um pirex grande ou dois pequenos com margarina. Forrar o pirex com pão pluma umedecido com o leite, batido com os ovos. Cobrir com meio copo de requeijão. Em seguida, adicionar nesta seqüência: 1) metade do molho branco; 2) frango picado; 3) palmito picado; 4) queijo mussarela fatiado; 5) frango picado; 6) molho branco; 7) queijo mussarela fatiado; 8) queijo parmesão ralado. Pouco antes de servir, levar o prato ao forno quente por 10 minutos para gratinar. Servir em seguida. A autora é catequista e reside em Brusque, SC

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As Ofertas no Culto Infantil Raul Wagner

– Crianças! Vamos! Está na hora! – diz a mãe de Lídia e Rodrigo.

tas comunidades ou então lhes enviava cartas com recomendações.

– Já vou, mamãe! Estou ajudando o Rodrigo a calçar os tênis! – responde Lídia.

Também lhes explica que o apóstolo Paulo sempre viajava acompanhado de outras pessoas. Para ele era muito importante o trabalho em equipe. Depois de ter saído de uma cidade, ele mantinha ali um dos seus colaboradores ou, quando surgiam dificuldades em uma das comunidades, ele enviava alguém para ajudar. Nas suas pregações, falava do amor de Deus em favor de todos os seres humanos. De como Jesus Cristo vivera e ensinara e da sua morte e ressurreição.

– Não esqueçam de levar a oferta! – diz o pai. – Já pegamos! – responde Rodrigo. No pátio da comunidade, os pais logo cumprimentam os seus amigos e as crianças correm para brincar com as outras. A mãe de Lídia e Rodrigo alerta para que elas não sujem a roupa, como se essas palavras fossem ouvidas em meio a tanta algazarra. Ao badalar dos sinos todos entram para o culto. Lídia e Rodrigo gostam de sentar entre os seus pais. Logo depois de confessar a fé com as palavras do Credo Apostólico, as crianças acompanham a orientadora do Culto Infantil. É um momento muito especial quando elas saem do culto e são encaminhadas para ouvir histórias da Bíblia, participar de jogos e brincadeiras, orar e cantar. A orientadora lhes relata as viagens do apóstolo Paulo e as cartas que ele escreveu para as comunidades por onde passou. Ela tem um mapa de toda a região da Ásia Menor no tempo de Jesus e onde estão indicadas as rotas das viagens do apóstolo. Três foram as suas grandes viagens. Em cada lugar este pregava o Evangelho de Jesus Cristo, surgindo assim, em muitas cidades, comunidades cristãs. Ele também voltava a visitar es-

Os ensinamentos do apóstolo Paulo também se referiam ao comportamento das pessoas que se deixavam batizar. Das suas responsabilidades no reino de Deus. Do serviço em favor dos necessitados. Também as motivava a ajudar, com dinheiro, pessoas e comunidades necessitadas. Durante um bom tempo, Paulo fez uma campanha em favor dos cristãos pobres de Jerusalém. Para que as pessoas tivessem uma boa atitude, as instruía como deveriam separar o seu dinheiro de modo que pudessem fazer as suas ofertas. Essa parte da história despertou o interesse das crianças. A orientadora então lhes abriu a Bíblia em I Coríntios 16.1 e 2 e leu o que o apóstolo escrevera : "No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar." A orientadora chamou a atenção de que o levantamento de ofertas sempre acon

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tecera na história da Igreja e que todas as ofertas devem ser destinadas para uma necessidade especial. As crianças quiseram saber se a campanha, com a qual a comunidade se envolvera, tinha esse propósito e como o apóstolo Paulo havia desafiado as suas comunidades no seu tempo. É que neste ano a comunidade escolhera ajudar uma instituição para cegos em uma cidade vizinha, que passava por sérias dificuldades para manter o seu trabalho. Depois de conversarem sobre o assunto, decidiram se empenhar também no projeto. Na casa de Lídia e Rodrigo, a família decidiu participar em conjunto. Conversaram sobre a importância desse trabalho e das necessidades da instituição para cegos. Os irmãos contaram para os pais que iriam guardar suas ofertas conforme as orientações do apóstolo Paulo. Todo domingo Lídia e Rodrigo recebem uma mesada. Lídia recebe R$ 20,00 e Rodrigo R$ 15,00. Uma parte eles usam para comprar o seu lanche na escola. A outra parte Lídia usa para recarregar o seu celular e para outras necessidades pessoais. Rodrigo, no momento, está colecionando figurinhas. Decidiram separar, logo que recebem a sua mesada, uma parte para a oferta do Culto Infantil em uma caixinha e levar no domingo seguinte. Depois de algum tempo, Rodrigo começou a guardar também as moedas que lhe sobravam no bolso. A cada semana a orientadora informa o quanto as crianças já conseguiram arrecadar para a instituição de cegos. Depois de algum tempo Rodrigo observou que os valores arrecadados poderiam ser mai-

ores. Convenceu a sua irmã Lídia e mais um outro colega da escola a deixarem de comprar, durante um dia da semana, o lanche e a doar esse dinheiro para a campanha. Logo, muitas outras crianças também aderiram à idéia. Depois de algum tempo elas conseguiram arrecadar uma boa quantia em dinheiro. Terminado o período da campanha, a diretoria da comunidade convidou algumas crianças para irem junto entregar as ofertas arrecadadas. Também Rodrigo pôde ir junto. No outro domingo falaram sobre a alegria das pessoas quando receberam a ajuda arrecadada pelos membros da comunidade juntamente com as crianças. Todos sentiram-se muito felizes. Rodrigo também compartilhou que o dia sem lanche na escola nunca lhe fez falta e que se alegrava em poder assim ajudar. Que tal se você e a sua turma fizerem o mesmo? Fale com a sua orientadora e estimule outros a doarem parte do que

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recebem, seja da mesada ou dos valores recebidos no aniversário, para ajudar alguém ou alguma instituição que conheçam. Com certeza, tanto vocês se alegrarão por ofertarem como as pessoas que receberem a oferta se alegrarão. E a palavra do apóstolo Paulo na sua segunda

carta aos Coríntios 9.7 será realidade na vida de todos vocês. Ele escreve: "Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria". O autor é pastor da IECLB, trabalhando na Escola Barão do Rio Branco, em Blumenau, SC

Dicas para uma boa saúde • Pratique atividade física: 30 minutos acumulados diariamente são suficientes para melhorar sua saúde. • Conheça e controle seu peso, pressão arterial, triglicerídeos e glicose. • Faça de quatro a seis refeições moderadas por dia, evitando fritos e/ou gordurosos, preferindo alimentos integrais. • Vegetais frescos e saladas são sempre bem-vindos. • Opte por frutas frescas no lugar de doces, bolos, tortas e bolachas. • Beba bastante água e prefira chás e sucos ao invés de refrigerantes. • Reduza a ingestão de sal e use mais temperos verdes e ervas aromáticas. • Evite consumir bebidas alcoólicas ou consuma apenas esporadicamente e em pequenas quantidades. • Não fume ou pare de fumar. • Mantenha suas vacinas em dia. • Evite exposição ao sol entre 10 e 16 horas, e sempre use protetor solar. • Faça exames preventivos: converse com seu médico sobre exames preventivos para evitar sérios problemas de saúde no futuro. Os tipos de exames a realizar dependem de sua idade, sexo, e história pessoal de doenças. Seu médico pode recomendar o melhor programa para você. • Leia diariamente um trecho da Bíblia, pois a palavra de Deus ensina viver com responsabilidade em relação à sociedade e ao meio ambiente. • Valorize a comunhão que sua comunidade lhe oferece e participe da Missão da Igreja. • Jesus Cristo diz: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." (João 10.10) A Redação

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Lidar com alegria e tristeza Odair Braun

Alegria e tristeza são dois estados emocionais, dois extremos da vida, aos quais estamos sujeitos. Tristeza é a ausência de satisfação. Alegria é ter satisfação plena com aquilo que acontece em nosso entorno. Jesus resumiu isto em Jo 16.22: "Assim acontece também com vocês; agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aíi vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês".

O nascimento de Jesus enche de alegria, pois chega a nós a luz que necessitamos para ver, chega a esperança e sentido para a vida. Por outro lado, Mateus 27 relata a condenação e morte de Jesus, causa de tristeza. Já o capítulo seguinte relata a ressurreição, que trouxe alegria para toda a humanidade. Dois extremos que se complementam. Estas e muitas outras passagens poderiam ser citadas. Alegria e Tristeza no dia-a-dia

Alegria e Tristeza na Bíblia Na Sagrada Escritura encontramos situações de tristeza e alegria. Em Gn 1 e 2, o relato da criação é motivo de alegria. Em seguida, Gn 3 e 4 relata a desobediência de Adão e Eva e o assassinato, motivos de tristeza. Gn 9 apresenta a aliança de Deus com o povo, ao passo que Ex 32 mostra a adoração ao bezerro de ouro, causa de tristeza.

O nascimento é causa de alegria. A morte, de tristeza. O emprego desejado, quando alcançado, proporciona alegria. Mas a tristeza se manifesta quando despedidos. A alegria é imensa na festa do casamento, mas a tristeza se abate no momento da separação. A alegria é grande quando os resultados dos exames são bons, mas a tristeza impõe a sua força quando chega a enfermidade. Estas e outras mar

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cas de alegrias e tristezas se fazem presentes no cotidiano, fazendo crescer e aprender. Alegrias e tristezas caminham lado a lado. No dia-a-dia de atividades no ambiente de hospital em que trabalho há sete anos, ocorre o constante confronto com esta realidade. Um dia se está diante da dor e tristeza de uma família doadora de órgãos. No outro, ocorre o confronto com a alegria do paciente receptor. Num momento atende-se um óbito. No outro se celebra a alegria de um casal que vê seu filho/a nascer. Numa enfermaria, um recebe alta depois de alguns dias de tratamento; o paciente ao lado recebe a notícia de que o tratamento não foi bem sucedido. Alegrias e tristezas, que marcam o transcorrer das atividades no hospital. Como lidar com estes sentimentos ambíguos? O filme Patch Adams se imortalizou por causa do método de acompanhar crianças internadas por intermédio de brincadeiras. A atitude é não deixar a tristeza se abater e tomar conta do dia-a-dia. Hoje, este modelo é aplicado em inúmeros hospitais mundo afora. No Brasil, os Doutores da Alegria, grupo teatral de São Paulo, atua nesta perspectiva. E em muitos hospitais há grupos de teatro, grupos de circo, pessoas que doam algumas horas para levar alegria, por meio do riso, aos pacientes internados. Como lidar com alegrias e tristezas? Lidar com alegrias e tristezas é tarefa complexa. Somente a fé e a confiança em Deus têm a capacidade de "livrar" da tristeza, reconstituindo a alegria. Para enfrentar a tristeza e chegar à plena alegria é

importante concretizar o que diz o Salmo 116.11, ou seja, não parar de crer. A vida está repleta de tristezas. A fé não pode ser conivente com esta situação. Não se pode aceitar que se tenha que sofrer nesta vida para alcançar plena alegria na "outra". A proposta de Deus é outra. O caminho que Cristo ensina diz: Eu vim para que todos tenham vida plena, digna e abundante (Jo 10.10). É preciso se despojar na comunhão com Cristo, aquele que verdadeiramente é o caminho, a verdade e a vida, capaz de sustentar e orientar, tanto diante das tristezas como nas alegrias. Em Fp 4.4-8 Paulo dá dicas importantes para a vida: a alegria é saber-se amado por Deus e que nada pode nos separar do seu amor; Paulo também ensina que é preciso viver sem preocupação e descansar no amor de Deus; que é importante orar, pois neste momento estamos com Deus e percebemos a sua presença; que é preciso agradecer, pois isto é uma resposta de gratidão a Deus. Este é um bom roteiro para chegar à plena alegria. Quem confia em Deus, é fortalecido e orientado para enfrentar o que a vida impõe. Exemplo disto encontramos em Dietrich Bonhoeffer, que foi preso e passou um tempo num campo de concentração. A tristeza certamente era grande. As dificuldades, imensas. E em meio àquela realidade, Bonhoeffer escreveu cartas, compôs hinos. Em 1945, foi morto pelas forças nazistas. Mas a alegria da sua convicção é ainda hoje cantada e testemunhada por meio dos seus hinos, tal como: "Maravilhosamente bem guardados, confiantes esperamos o porvir. De noite e de

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dia em Deus aconchegados e assim em cada dia que surgir". A verdadeira alegria está na experiência de viver na presença de Deus. Somente Ele pode dar a alegria e a felicidade plena. A alegria cristã não é um estado de ânimo, nem muito menos indiferença ao sofrimento do mundo. Alegria cristã é confiança no amor de Deus, que não quer dor, mas quer dignidade e abundância de vida. A alegria é dom de Deus Alegrias e tristezas são integrantes da vida. Não há como viver um destes sentimentos em detrimento do outro. A fé e a confiança em Deus orientam por um caminho renovado. Jó 42.2 aponta para este caminho. Jó responde a Deus: "Eu reconheço que para ti nada é impossível e que nenhum dos teus planos pode ser impedido". E na vida de Jó, depois de todas as

dificuldades enfrentadas, prevaleceu a confiança. Por ter prevalecido a confiança em Deus, as bênçãos foram significativas. Jó viu a alegria ser plenamente restituída. Voltou a ter amigos. Sua riqueza tornou-se ainda maior do que antes. Teve sete filhos e três filhas, e viveu ainda cento e quarenta anos (Jó 42.10-16). Confiar em Deus é caminho para a vida plena de alegria. A palavra de Deus ensina que a alegria é dom de Deus, fruto do Espírito em nossos corações (Gl 5.22). Encontra a verdadeira alegria aquela pessoa que está em paz com Deus e conduz a sua vida conforme a vontade do criador. Encontra plena alegria aquele que se deixa amar por Deus e se empenha em amar ao próximo. Encontra alegria aquele que, apesar das tristezas, vê na morte de Jesus e na sua ressurreição a esperança para continuar a viver. O autor é pastor da IECLB e trabalha na Capelania do Hospital Evangélico, em Curitiba,PR

HUMOR Na hora do recreio, dois meninos vão até a secretaria da escola. Um deles fala assustado para a secretária: – Moça, me ajude. – O que houve? – pergunta a secretária. – Eu engoli uma bolinha de gude! – responde um dos meninos. – E você? – pergunta a moça para o outro rapaz. – Eu só quero a minha bolinha de volta. Só isso.

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Palavras Cruzadas Colaboração: P. Irineu Wolf

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HORIZONTAIS 1. Ter temor, reverenciar (Sl. 86.11) 5. Peça metálica espiralada que reage quando vergada. 8. Antigo magistrado romano, vereador. 9. O que se opõe ao bem (Rm.12.21) 11. A letra do metro. 12. Vias, veredas (Hb.3.10) 15. Alimento sagrado (Jo.6.35) 17. Submeter à ação do calor até ficar tostado (Rm.12.27) 18. As primeiras letras de Ocidental 19. Aquelas que escrevem as atas (popular) 21. Esperem (Jer.20.10) 23. Contentamentos (Jo.16.20-pl) 24. A letra da vitória 25. Dispositivo na popa da embarcação que lhe dá a direção (Tg.3.4) 26. Conferência de obreiros 27. Convicção, confiança (Rm.1.17) 28. Nordeste 29. Boletim de Ocorrência 30. Concórdia, harmonia (Tg.3.18) 31. Antigo Testamento. 32. Apertem entre os dentes. 34. Planta de flores amarelas, usadas para fazer pomadas, cremes. 36. A planta com a qual Jesus se identifica (Jo.15.5) 37. A letra da zebra. 38. Importante funcionário público (atua nas ruas) 39. A primeira vogal. 40. Fútil, frívolo (1 Cor.15.58) 42. As vogais de salvação que se repetem (Rm.13.11) 44. Conjunto formado por três pessoas. 45. Entrelaçamento entre duas cordas ou unidade de velocidade náutica. 46. Resgatar, libertar (Tg.1.21)

VERTICAIS 1.Certo período (Eclesiastes 3.1) 2. As primeiras letras do jardim confiado a Adão e Eva (Gen.3.23) 3. Designação comum aos macacos de pequeno porte. 4. Pronome pessoal da 3º pessoa do singular (feminino) 5. Qualidade ou índole de quem é manso (Hb.1.21) ••• 99 •••


6. Olhos que fitam disfarçadamente. 7. Gritos de dor. 9. Compaixão suscitada pela miséria alheia (Lc.10.37) 10. Um em algarismo romano. 13. Proibido pelo 5º mandamento (Apoc.13.10) 14. Falam com Deus 16. Aconchegava, abraçava com carinho (Is. 66.12) 19. Apogeu, o ponto mais alto. 20. A letra do sol (nota musical). 22. Manifesta dor (Rm.8.22) 23. Alagoas 24. Oportunidade de cada um dentro de uma seqüência estabelecida (Rm.6.10) 27. Renome, reputação, notoriedade (Mc.1.28) 29. Substitui o chapéu. 30. Termo, vocábulo (Mt.4.4) 31. Antes de Cristo 32. Nota estipulada como mínima para aprovação escolar (pl.) 33. Primeiras letras de "durante". 35. Antigo instrumento musical 37. Lugar onde se pode ver diferentes animais. 38. Livro bíblico que fala da criação (Abrev) 41. Ar em inglês. 43. Grupo terapêutico de alcoólicos em recuperação. 44. Aparelho eletrônico nocivo ao diálogo.

Confira a SOLUÇÃO na página 125.

No Egito as bibliotecas eram chamadas ‘tesouros dos remédios da alma’. De fato nelas curava-se a ignorância, a pior das enfermidades e origem de todas as outras.

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Quebra-cabeças Colaboração Nelson Hein

1. Alguns meses possuem 31 dias. Quantos possuem 28?

4. Quantos selos de 5 centavos há em uma dúzia?

2. Um homem que vive em Santa Catarina pode ser enterrado no Paraná?

5. Quantos animais de cada sexo, Moisés levou em sua arca?

3. Um médico lhe receita 3 comprimidos, que devem ser tomados de meia em meia hora. Quanto tempo leva para tomar a medicina?

6. Um homem construiu uma casa com a base quadrada, com uma janela em cada lado e todos os lados apontando na mesma direção. De repente apareceu um urso em uma das janelas. Qual a cor do urso? Por quê? O autor é professor de matemática na FURB, em Blumenau, SC

Confira as SOLUÇÕES na página 125.

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O apagão Anamaria Kovács

Aquela seria uma noite de Natal como todas as outras. Claudiomiro, o primogênito, bocejava discretamente; sua mulher e as irmãs discutiam a educação das crianças e Clóvis, o caçula, beijocava a noiva. Seus cunhados assistiam a um especial sobre a data na tevê, açucarado e saudosista. A garotada corria pelo apartamento, aos gritos, os mais velhos aproveitando a vantagem do seu tamanho sobre os menores. Dona Clorinda cumpria seu papel de mãe e avó, terminando os preparativos da ceia, na cozinha trancada. Ela acabara de colocar na mesa a última travessa quando o inesperado aconteceu, acompanhado de um desolado "Ooh!" de todos: num fenômeno freqüente nos últimos anos, a energia caiu. As crianças reagiram imediatamente; Leninha e Tiago, os mais novos, gritando pela mãe, enquanto Augusto, Armando e Felipe iniciaram seu repertório de sons aterrorizantes. – E agora? – murmurou Mariana para Claudiomiro. – A gente acende umas velas e janta, ora essa – resmungou o marido. – Eu tenho uma lanterna no carro – ofereceu Sérgio, o cunhado. – Tá louco, homem? Numa hora dessas é ••• 102 •••

que os assaltantes fazem a festa! – apavorou-se a mulher dele. Enquanto os filhos discutiam, Dona Clorinda tomava providências discretamente. Tateou pelo corredor até o quarto de empregada, onde escarafunchou as gavetas de uma velha cômoda. Voltou à sala com uma lanterna na mão e uma caixa embolorada na outra. – Augusto e Armando, venham ajudar a vovó – chamou. A família silenciou. Fazia muito tempo que não ouviam aquele tom de voz de Dona Clorinda. Claudiomiro viu-se aos quinze anos, levando um sermão por fumar escondido. As gêmeas se entreolharam na escuridão – ali estava a mãe capaz de trancá-las em casa por uma semana, depois que a escola denunciara sua cabulação de aulas. Clóvis, que declarara sua independência ao ir morar com a noiva, deu uma risadinha e apertou a mão de Suzana. – A velha vai deitar e rolar – cochichou. Suzana não respondeu. Observava a futura sogra. Via uma sessentona alinhada, bem penteada e vestida com gosto, discretamente. Aliás, Dona Clorinda sempre lhe parecera discreta, até demais – raramente opinava


em assuntos pessoais, não defendia o filho quando ela se queixava. Parecia, mesmo, a sogra ideal. Talvez fosse esta a ocasião de ver o seu "outro lado..." Suzana aproximou-se dela, dizendo: – Posso ajudar em alguma coisa? – Puxa-saco... – sussurrou Clara entre os dentes. – Veja – disse Dona Clorinda – Essas são as velas que usávamos quando os meninos eram pequenos, para iluminar a árvore de Natal. Terão boa serventia agora... É só colocá-las nos suportes e prendêlos nos galhos. Você fica com os mais altos, que eu não alcanço. Em poucos minutos, as velas estavam em seu lugar. Dona Clorinda e Suzana acenderam as de cima, e os meninos, as dos galhos mais baixos. Uma luz suave e quente foi tomando conta da sala, tirando das sombras um rosto, o lampejo de uma jóia, o brilho de um olhar. Aos poucos, as vozes excitadas de crianças e adultos foram diminuindo de volume, baixando o tom... Até que um silêncio surpreso os envolveu. Claudiomiro e seus irmãos voltaram à infância, ao abraço caloroso do pai, à alegria dos presentes simples e das brincadeiras. As crianças renderam-se à magia da árvore iluminada, onde os enfeites cintilavam e as bolas polidas refletiam seu olhar encantado. – Pena que o som não funciona... – murmurou Clóvis.

– Sim! Sim! – responderam os meninos, que o aprenderam na escola. – Mais ou menos... – hesitou Cláudia, cutucando a irmã. – Podemos tentar – disse esta. Vozes inseguras começaram a cantar, desafinando a primeira estrofe. Depois, porém, lideradas pelos meninos e por Dona Clorinda, que não esquecera uma palavra da letra, foram se firmando, e terminaram em grande estilo. As crianças logo sugeriram outro hino, e mais outro, e de repente, ao terminarem o terceiro ou quarto, ouviram, surpresos, os aplausos do vizinho, que chegara à janela para ouvir melhor, junto com seus convidados. Dona Clorinda não se deu por achada, sorriu e agradeceu, como maestrina experiente, enquanto os netos gritavam "Feliz Natal!" – Agora podemos fazer uma oração, como fazíamos quando vocês eram pequenos – disse Dona Clorinda. Os netos prontamente se colocaram em volta da árvore e olharam para a avó-sacerdotisa. O resto da família ficou nas sombras, atento. Mal o "amém" deixara os seus lábios, a energia voltou. As crianças começaram a gritar e pular, mas os adultos ficaram estatelados, piscando. Enquanto o ar se enchia com o coral infantil a cantar "Jingle Bells", os filhos de Dona Clorinda se entreolhavam entre lágrimas. Nunca mais o Natal seria o mesmo.

Dona Clorinda reagiu prontamente: – Podemos cantar os hinos de Natal. Vocês se lembram de "Noite Feliz"?

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A autora é jornalista e reside em Blumenau, SC


Sessenta Anos: Uma Assembléia Sinodal comemorável Meinrad Piske

"Evangélico" e "Luterano" ainda eram designações rivais e antagônicas na história da Igreja nos Estados de Santa Catarina e Paraná. Evangélicos eram aqueles pastores e aquelas comunidades que tinham a sua origem na IGREJA EVANGÉLICA DA PRÚSSIA, e luteranos eram aqueles que, sob orientação dos pastores enviados pela organização GOTTESKASTEN, entendiam que não bastava dizer evangélico, mas que seria necessário acentuar também no nome a origem e herança da Reforma Luterana. Desde 1897, quando veio o primeiro pastor do Gotteskasten, até os anos de 1962, os "Evangélicos" e os "Luteranos" viveram cada um sua vida própria. Cada um desconfiava do outro. Os "Luteranos" formaram seu Sínodo na Assembléia realizada na Estrada da Ilha, no dia 9 de Outubro de 1905, e os "Evangélicos" somente seis anos mais tarde, no dia 11 de agosto de 1911, chegaram a um denominador comum e formaram não um sínodo, mas a "Associação das Comunidades, o "Gemeindeverband". Somente em 1962 eles se uniram num só corpo eclesiástico, formando o Sínodo Evangélico Luterano Unido. Muito difíceis foram os anos da nacionalização e da Segunda Guerra Mundial, tanto para os evangélicos como para os luteranos. Consta que nesta época os poucos pastores, que não foram para os campos de concentração, faziam o trabalho

de substituição sem olhar para a confessionalidade evangélica ou luterana. A maioria das escolas foram fechadas e muitas atividades eclesiásticas paralisadas. Em 1939, o governo federal determinou que "prédicas religiosas" tinham de ser realizadas em português. Em seis comunidades em Santa Catarina e em duas no Estado do Paraná, a língua alemã foi proibida, também na liturgia. Com isto, a vida comunitária ficou paralisada. Em 1937 realizou-se a assembléia do Sínodo Evangélico e somente dez anos mais tarde foi possível realizar a assembléia seguinte, que aconteceu nos dias 11 e 12 de junho de 1947 em Blumenau. Na análise da nova situação em que se encontrava o Sínodo constatou-se que o tempo das escolas comunitárias tinha terminado, que o português seria cada vez mais a língua a ser usada na Igreja, que os bens do Sínodo se resumiam ao Hospital Santa Catarina de Blumenau, ao Asilo de Velhos de Braço do Trombudo e à uma casa de veraneio no Balneário de Cabeçudas. Para evitar problemas com as autoridades civis decidiu-se eleger brasileiros, natos ou naturalizados, para a diretoria sinodal.Todos os pastores do Sínodo eram alemães e por este motivo nenhum pôde ser eleito para a diretoria. Eles indicaram o P. Heinz Soboll de Curitiba como assessor espiritual da diretoria.

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Esta foi a diretoria eleita há sessenta anos, no dia 12 de junho de 1947: Presidente: Hans Wolfgang Rudolf Kleine, de Blumenau; Vice-presidente: Willy Berndt, de Blumenau; 1º Secretário: Ernesto Guilherme Hoffmann, de Brusque; 2º Secretário: Emilio Jurk, de Blumenau; 1º Tesoureiro: Luiz Strecker, de Brusque; 2º Tesoureiro: Franz Klemz agricultor, de Ibirama; Assessor Jurídico: Arno Odebrecht; Membro Honorário da diretoria: Hermann Mueller Hering. Sessenta anos depois desta histórica assembléia sinodal, o Sr. ERNESTO GUILHERME HOFFMANN, de Brusque, o único dos integrantes da diretoria sinodal de 1947 que ainda vive, recorda a situação difícil da Igreja que começava a reorganizar-se nestes primeiros nos após a Segunda Guerra Mundial. Era a tarefa desta diretoria reorganizar e buscar o reavivamento da vida comunitária. Ernesto G. Hoffmann recorda que nos anos da guerra a língua alemã era proibida na Igreja. Os cultos tinham de ser realizados em português. E o pastor não entendia esta língua. O que fazer? É o Sr. Hoffmann quem relata: "Alguém traduzia os textos elaborados pelo pastor em alemão para que ele pudesse lê-los. Em Brusque, o Érico Krieger e eu traduzíamos a prédica que o pastor elaborava. Esta tradução ele lia para a comunidade no culto do domingo." "Brusque foi uma das raras comunidades que conservou a sua escola graças ao fato de ter sido chamada de São Leopoldo. Arno Ristow, que estudava na Escola

Ernesto Guilherme Hoffmann Normal Evangélica, foi chamado para assumir a mesma, já que diretor só podia ser quem fosse brasileiro". "Não só a escola, mas toda a educação cristã foi prejudicada. Não havia nem pessoas qualificadas e nem literatura para o ensino confirmatório e o culto infantil. Coube ao Érico Krieger a tarefa de buscar material literário português para as comunidades, especialmente para o culto infantil, em outras igrejas". "A assembléia de 1947 se caracterizou pelo desentendimento que havia entre os pastores, pois diversos pleiteavam a presidência do Sínodo. Nesta confusão, Hermann Mueller Hering, de Blumenau, um dos mais ativos líderes da Igreja e que fora um dos fundadores do sínodo, em 1911, reuniu os representantes leigos em sua casa e combinou com eles que se elegessem somente leigos para formarem a diretoria sinodal. E já que cada uma das paróquias estava representada pelo seu respectivo pastor e mais dois delegados

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leigos, estava claro que os leigos detinham 2/3 dos votos. Firmaram o acordo e sustentaram que somente brasileiros natos poderiam assumir cargos na diretoria". "Assim aconteceu. Nós éramos um grupo muito unido. Nas reuniões da diretoria somente se falava português, pelo motivo de não querer provocar falsas suspeitas diante de autoridades, especialmente da polícia, que ainda desconfiava de todos que falavam o alemão." "Nós constatamos que não poderíamos mais contar com as nossas escolas que eram os centros de formação e de educação cristã. Nos demos conta de que éramos uma igreja brasileira que deveria adotar sempre mais a língua portuguesa em seus cultos e reuniões". "Que deveríamos formar os nossos próprios pastores aqui no Brasil estava claro para todos nós. Apoiamos a Escola de Teologia que fora fundada pelo Sínodo Riograndense em São Leopoldo, em março de 1946". "Ainda como conseqüência dos dias da

guerra quando sentimos a nossa fragilidade o desejo de formarmos uma Igreja em nível nacional estava sempre na agenda. Sabíamos que dependeria dos sínodos, que deveriam unir-se, abdicando de sua autonomia". "Tínhamos a consciência de que estava surgindo uma nova maneira de ser Igreja e que cabia a nós tomar as decisões corretas". O Sr. Ernesto Guilherme Hoffmann nasceu no dia 7 de julho de 1912, em Brusque. Estava completando 35 anos quando foi eleito para ser o secretário na diretoria sinodal. Comemorou, em julho 95 anos de idade, e a data foi comemorada. Todos os domingos está com a sua esposa na igreja, participando do culto. Ele tem uma longa folha de serviços prestados à sua Igreja, tanto na comunidade e paróquia de Brusque como em nível sinodal, na escola e no hospital. Mas o trabalho e envolvimento não terminaram. Continuam. Ele participa ativamente do desenvolvimento da paróquia, da escola, do hospital. É membro dedicado de sua Igreja. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque, SC

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Luz, a sombra de Deus Nelson Hein

Daquilo que não se pode falar, deve-se guardar um respeitoso silêncio. Wittgenstein Quando quis tratar da luz me veio a idéia de quão interessante é o fato de podermos olhar para a natureza e observá-la. Interessantemente, no fundo do oceano, em uma escuridão tremenda, coisas bonitas acontecem e as criaturas de lá em sua boa maioria emitem uma "luz". Por que isso? Querem ser vistos? Devem ser vistos? Creio que é a ordem natural das coisas e, claro, Deus prefere assim. A luz nos permite também observar coisas próximas de nós. Uma delas é o chamado Número de Ouro. Sem querer ultrapassar os conhecimentos mínimos de nossos leitores, explico: há um número que insiste em estar próximo de nós. Conhecido desde a antiga Grécia, este número nos "assombra" de uma maneira gentil e é conhecido também como um número associado à beleza. Ele surge de uma razão. Façamos de conta que temos uma estaca de madeira de um metro de comprimento. A pergunta é: qual é o ponto P da estaca e, dividindo a parte pelo todo e o restante pela parte, formam um mesmo valor? Façamos o desenho:

O que acabo de mostrar chama-se, em linguagem matemática, de equação de segundo grau, que é resolvida por uma fórmula conhecida por "Fórmula de Báscara". Dependendo de como se constrói a equação, pode-se chegar a respostas invertidas, mas queremos chegar a dois valores. São eles:

Este número: 1,618 é o chamado de número de Ouro e o segundo (esqueçam o sinal) é a razão áurea, ou razão de Ouro. Vocês devem estar se perguntando: o que ele quer com isso? Pois bem, este número está em cada um de nós. Vejamos: ao tomar o corpo de uma pessoa, nós o achamos facilmente:

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Tomando a altura de uma pessoa (H) e dividindo pela altura do umbigo ao solo (h), chegamos em torno de H/h=1,618. Sua representação geralmente se dá pela letra grega Phi = . Caso fizermos o contrário, ou seja, a altura do umbigo dividido pela altura, chegamos em torno de h/ H=0,618. Arredondando, podemos dizer que o umbigo fica a 62% da altura do corpo. No rosto ocorre igualmente. Dividindo a medida obtida na altura dos olhos da largura do rosto, pelo seu comprimento, chegamos aos mesmos valores. Em verdade, o nosso corpo está todo no formato áureo. Na reprodução humana, está presente na ovulação das mulheres. Por exemplo: caso uma mulher possua um ciclo menstrual regulado em 29 dias, basta multiplicar por 0,618 e chega-se ao número arredondado de 18, ou seja, no décimo oitavo dia do ciclo é que as chances de reprodução são as maiores. Nas flores e frutas também pode ser notado pelas suas espirais.

Nas artes é muito utilizado, tanto que o velho Parthenon da Acrópole Grega foi todo construído segundo proporções áureas. Este número pode ser útil ao fazer pausas em reuniões por volta dos 60% da jornada. Nas construções de nossas casas, usando para cada 10 (dez) metros de comprimento algo em torno de 6,20m de largura. Fica muito bonito. Que bom que Deus nos deu sua sombra, a luz para que enxerguemos toda a sua criação divina. Aliás, o número = 1,618 também é conhecido como divina proporção. Faz sentido. O autor é professor universitário em matemática e reside em Blumenau, SC

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Quarenta anos – Pastores por outro caminho de formação Ingo Piske

Completam-se 40 anos desde que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, na época ainda Federação Sinodal, optou por uma segunda via de formação. Realizou o Curso Intensivo para Formação de Pastores. Na revista "Lutherischer Dienst", Jahrgang 1968, Heft 3, páginas 10 a 12, do Martin-Luther-Bund da Alemanha, o mentor e diretor do curso, Pastor Oskar Lützow, escreveu o seguinte: "A falta de um número suficiente de pastores tem acompanhado a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil através de sua mais que centenária história". Não raro se escutava que as comunidades são comparáveis a "um rebanho sem pastor". Com isso, o chamado por pastores sempre encontrou eco nas Igrejas da

Pastor Oskar Lützow, mentor e diretor do curso

Alemanha. No entanto, o principal contingente de pastores são formados na Faculdade de Teologia em São Leopoldo, só que o número é insuficiente. A reação ao curso por correspondência "A Fé Cristã", cuja expectativa era de 150, teve 700 pessoas participantes. Destes, redondamente 20 nos informaram que, ao concluir o curso por correspondência, eles queriam, de uma forma ou outra, continuar a estudar e servir como pastores, evangelistas e missionários. Este alegre fato nos deu coragem para um passo rumo ao futuro, o qual aconteceu sem muita reflexão. Convidamos estes 20, e mais outros das diversas comunidades, que teriam interesse em participar de um segundo caminho de formação de pastores, para um retiro na Faculdade de Teologia no Morro do Espelho, em São Leopoldo. Este retiro estava recheado de trabalhos bíblicos, palestras de informação e de conversas. Para nossa surpresa, compareceram 63 homens e uma senhorita, com idade entre 19 e 56 anos . Quem, devido à idade, poderia participar do caminho normal de formação de pastores, catequistas ou outro modo de servir na Igreja, recebia indicações destes caminhos regulares. Restaram 30 candidatos. Em relativamente pouco tempo, mas com discussões e reflexões profundas, surgiu o plano, conforme a realidade brasileira, de se seguir um segundo (ou alternativo) caminho

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Setembro de 1973 – turma que prestou o exame final do Curso Intensivo para Formação de Pastores para a formação de pastores. Um passo audacioso, na confiança em Deus. O curso foi concebido da seguinte forma: Uma parte da formação consistiu no curso básico, com duração de seis meses, de 20 horas semanais de aulas, nas matérias de: Conhecimentos Bíblicos; Sistemática (Dogmática), História da Igreja e Teologia Prática. A 2a parte do curso consistiu em trabalhos práticos numa comunidade sob a supervisão (tutoria) de um pastor, e a 3a, 2 meses de curso de aprofundamento, durante 5 anos, de maneira que ao todo sejam 16 meses de curso. Após a etapa inicial houve um exame, para a continuidade do curso, e no final do curso, outro exame, que, superado, possibilitou a ordenação ao pastorado. De modo algum este curso havia sido pensado para formar uma classe inferior de pastores. Durante o curso, os candidatos tinham que deixar o seu emprego, e o curso foi

custeado pelo próprio candidato ou por sua comunidade de origem. Com 33 candidatos, entre 21 e 47 anos de idade, iniciou em 18 de março de 1968 o "Curso Intensivo para Formação de Pastores." Algumas informações de quem participou deste caminho alternativo: Os "cursistas", assim nos autodenominávamos, ficaram alojados numa casa que a "Casa Matriz de Diaconisas" havia recebido da família Neugebauer, em Porto Alegre, na esquina das ruas Karl von Koseritz - adversário dos evangélicos em Porto Alegre e Marquês do Pombal, perseguidor dos Católicos Jesuítas no Brasil. A ampla garagem era nossa sala de aula e de estudos. Nas demais dependências estavam a cozinha, o refeitório e o alojamento. Como a casa não conseguia alojar a todos, alguns ficaram no Colégio Pastor Dohms, em Porto Alegre, na casa de férias dos pastores em Guaíba/RS, e outros em casas de famílias em Porto Alegre e

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cercanias. Como a maioria dos participantes eram casados e tinham filhos, estas ficaram nas comunidades de origem, por vezes mais de dois meses sem se verem. Participaram como ouvintes dois cursistas. Eles, mais tarde, foram ordenados pastores. Nas etapas de férias, participaram outros, por algum tempo. Alguns deles também foram ordenados pastores, mais tarde. No final da etapa inicial, alguns desistiram. Um acompanhou todas as etapas, mas nunca foi ordenado, pois nunca abandonou sua profissão de dentista. Mesmo assim, fez trabalhos pastorais na área da Grande Porto Alegre. As etapas de férias, nos meses de janeiro e fevereiro, para as quais vinha a cada semana um professor da Faculdade de Teologia, foram realizadas em Araras, em Petrópolis/RJ. Nesta etapa, houve a transição de tutores, pois em março de 1969, o P. Oskar Lützow retornou, com sua família, à Alemanha. Em seu lugar assumiu o pastor Rolf Dübbers. A segunda etapa

foi em Lageado/RS. Nesta etapa, o pastor Augusto Ernesto Kunnert passou a ser o mentor, e no final, o pastor Wolf Dietrich Lein. A etapa seguinte foi em Panambi/RS e em Londrina/PR. A parte final, bem como exame em julho de 1973, foi em São Leopoldo/RS. Da formatura, em São Leopoldo, participaram 23 cursistas, que em seguida foram ordenados pastores, cada um na "sua" comunidade. Durante o curso, nós éramos Pastores Auxiliares (P. Aux.). Dos concluintes, um desistiu do pastorado, dois foram afastados por motivos diversos, pela direção da Igreja, e três são falecidos. Era a necessidade da época, era nossa disposição de sermos pastores. Agora, estamos no repouso, somos pastores aposentados (P. em.). Na seara do Senhor, em nossa época, dissemos: "Aqui estou, Senhor". Foi um caminho alternativo, fruto da situação de então. O autor é pastor emérito da IECLB, integrante do Curso Intensivo de Formação de Pastores e reside em Agrolândia, SC

A

única derrota da vida é a fuga diante das dificuldades. O homem que morre lutando é um vencedor.

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Como lidar com a Ansiedade Dr. João Carlos Ce Bassanesi

Ansiedade e medo são emoções tão corriqueiras que o dicionário está repleto de sinônimos para elas. A principal diferença entre medo e ansiedade é que o primeiro ocorre como uma resposta a um perigo real, enquanto a segunda ocorre sem que qualquer tipo de perigo objetivo esteja presente. A ansiedade é um estado emocional parecido com o medo, porém dirigido para outro futuro, desproporcional (a uma ameaça reconhecível) e que traz intenso desconforto físico. A ansiedade pode manifestar-se de várias maneiras: em forma de ataques de pânico; de fobias (medos específicos de altura, avião, situações sociais, etc.); como conseqüência de uma experiência traumática (assaltos, acidentes, etc.) e de maneira generalizada (quando os sintomas persistem constantes por longo tempo). Em todos estes casos é possível lidar com

a ansiedade utilizando técnicas psicológicas e/ou tratamentos farmacológicos adequados. Além desses recursos, alguns procedimentos simples têm-se mostrado eficazes e serão descritos a seguir. 1. Aprenda a relaxar. As técnicas de relaxamento são úteis em relação a todos os sintomas ansiosos. Uma maneira prática de fazer isso é: feche os olhos e percorra toda musculatura do corpo, contraindo-a e relaxando-a em seguida. Comece pelo pé e vá passando gradativamente para as outras partes até chegar à cabeça. Isso pode ser feito na posição sentada ou deitada. Fique atento à sua respiração. 2. Respirar é algo tão automático na nossa existência que poucos imaginam o quanto este ato tão simples está relacionado à ansiedade. A respiração ansiosa é curta, concentra-se no peito. Por

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isso, inspire o ar até que a barriga fique cheia como um balão de ar. Depois, expire lentamente até sentir-se totalmente "vazio". Repita o procedimento quantas vezes forem necessárias. 3. Praticar esportes ou simplesmente caminhar são recursos úteis na diminuição da ansiedade e do estresse. Tente praticar algum esporte pela manhã. Faça isso sempre que possível, mas não exagere. O exercício compulsivo pode ter efeito inverso. 4. Evite café, cigarro, bebidas do tipo cola e outros estimulantes. Estas substâncias aumentam a ansiedade e desencadeiam ataques de pânico. Entretanto, o momento em que se inicia um tratamento para ansiedade não é o melhor momento para parar de fumar. A parada brusca do cigarro leva aos sintomas de abstinência, que piorarão sua ansiedade. 5. Se você tiver interesse em técnicas de meditação, saiba que lhe serão extremamente úteis no controle da ansiedade, pois trabalham a respiração e facilitam o contato consigo mesmo. 6. As pessoas ansiosas costumam ter pensamentos catastróficos a respeito de toda e qualquer situação. Observe seus pensamentos e, se lhe parecerem excessivamente catastróficos, anoteos e procure uma interpretação mais realista da situação. 7. Se sua ansiedade tiver começado após a vivência de uma situação traumática como assalto, seqüestro, estupro, etc., você deve procurar ajuda para enfrentá-la. Neste caso, evitar as si-

tuações relacionadas à experiência traumática também só piorará a ansiedade e limitará a sua vida. 8. Se a ansiedade é fóbica, ou seja, medo de um objeto ou situação que o obriga a evitá-la e acaba por limitar sua vida, é importante lembrar que o único meio de lidar com um problema é enfrentando-o. Evitar uma situação temida só colabora para que a ansiedade em relação a ela seja cada vez maior. Se, aos poucos, enfrentamos este "fantasma" e nos reconhecemos capazes de lidar com eles (respirando fundo, por exemplo), o medo diminui e nos sentimos mais seguros. O que tecnicamente é conhecido como "terapia da exposição" consiste no planejamento desta aproximação à situação temida e à ansiedade associada a ela. 9. Se a ansiedade é intensa e desencadeia ataques de pânico, não se apavore. O ataque de pânico é uma reação fisiológica que, por mais terrível que seja, vai embora num tempo determinado. Se você enfrentar o ataque de pânico, ou seja, apenas esperar que ele acabe, verá que seu tempo de duração não é tão longo quanto você imaginava. Respirar e relaxar são recursos que ajudam a suportar estes minutos tão difíceis. Não acredite que evitando as situações onde você imagina que terá um ataque de pânico vai ajudá-lo a livrar-se dele. O melhor a fazer é dar-lhe a devida proporção: é "apenas" uma descarga de adrenalina que não mata, nem deixa seqüelas e dura poucos minutos.

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10. Quando a ansiedade aumenta em situações sociais, a melhor maneira de lidar com ela também é enfrentá-la. Não deixe de estar com pessoas por medo de uma crise de ansiedade. Nestas situações, é possível utilizar outros recursos apropriados. • Procure prestar atenção nas pessoas à sua volta. Tire o foco de si mesmo e pare de criticar-se. As demais pessoas podem ser interessantes e certamente também estão vulneráveis a críticas. • Se perceber que está ruborizado, suando ou tremendo, lembre-se de que estes sinais são mais perceptíveis para você do que para os demais. Além disso, ficar ansioso não é sinal de fraqueza e não precisa se envergonhar

disso. Assim como os ataques de pânico: em poucos minutos estas sensações mais intensas cedem e desaparecem. • Aprenda a colocar sua opinião sempre que tiver algo a dizer. Participe. Falar em público e expor suas idéias é uma questão de treino. Quando a ansiedade for demasiadamente intensa e as orientações descritas forem insuficientes para ajudá-lo, é indicado o tratamento farmacológico e/ou psicoterápico. Muitas vezes, é necessário iniciar o tratamento de sua ansiedade com medicações que diminuam as crises e lhe permitam maior estabilidade para a realização de uma psicoterapia apropriada ou para utilização das orientações apresentadas aqui. O autor é psiquiatra em Timbó, SC

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A escassez de água, bem mais do que análises científicas Claudia Florentin

"Enfrentar a escassez de água" foi o tema do Dia Mundial da Água 2007. O tema destaca a crescente importância da escassez de água em nível mundial e a necessidade de uma maior integração e cooperação que permitam garantir uma gestão sustentável, eficiente e eqüitativa dos escassos recursos hídricos, tanto em escala local como internacional. A escassez de água afeta 1,2 bilhão de pessoas em todo mundo, com projeções mais do que alarmantes. Em sua mensagem pelo Dia da Água, o diretor geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, expressa que a escassez da água não é resultado somente de uma carência física de recursos hídricos, mas de um fenômeno que se agrava por causa de problemas relativos à gestão desses recursos. "O crescimento demográfico, o desenvolvimento econômico, a contaminação e as mudanças climáticas são fatores que exercem pressão sobre os recursos hídricos. Do mesmo modo, as atividades humanas como o desflorestamento, a construção de barragens, a prevenção da erosão, a irrigação, as extrações e as inundações afetam os processos hidrológicos e os recursos hídricos disponíveis, o que põe em relevo a importância de uma direção responsável neste sentido." Matsuura complementa dizendo que "a UNESCO acredita firmemente que, em-

bora a exata avaliação científica de nossos recursos constitui um requisito básico para a elaboração e aplicação de políticas apropriadas, o aumento da capacidade necessária para enfrentar a escassez de água não pode se limitar unicamente à aplicação da ciência e da tecnologia. Precisa-se de uma estratégia multidisciplinar que considere a dimensão sociocultural da gestão da água doce." Segundo dados do Comitê Organizador do Tribunal Latino-Americano da Água (TLA), a reserva mundial de água apresenta a seguinte projeção: 1950: 16.800 m³ (por pessoa ao ano) 2000: 7.300 m³ 2025: 4.800 m³ Recursos hídricos renováveis no mundo: América Latina .............. 46 % Resto do mundo ............. 54 % A utilização da água na América Latina apresenta a seguinte configuração: Uso doméstico ................. 10% Indústria.......................... 20% Agroindústria ................. 70% A irrigação artificial, utilizada em centenas de países, requer grandes quantidades de água. Nos dias atuais este método de cultivo utiliza 70% da água do planeta. Contudo, as Nações Unidas advertem para o fato de que 60% da água utilizada

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na irrigação artificial são desperdiçadas. A falta do recurso e a contaminação fazem com que os usuários paguem preços exorbitantes por um elemento vital. A Bacia do Prata, por exemplo, é um dos maiores sistemas fluviais do mundo, abarcando uma extensa região que compreende o centro e o norte da Argentina, o sudeste da Bolívia, quase toda a região meridional do Brasil, todo o Paraguai e uma vasta região do Uruguai. Nos crescentes bairros marginais do Brasil, a contaminação das águas residuais aumenta em ritmo desenfreado e o preço é elevado: os moradores destes bairros costumam pagar um custo dez vezes superior à tarifa legal da água. A desertificação, a contaminação industrial, o reduzido volume dos rios no mun-

do devido ao aquecimento global e a perda progressiva da reserva de água que constituem as geleiras no sul argentino são fatores que colaboram dia-a-dia para o agravamento da problemática. Água e espiritualidade A água constitui uma parte intrínseca da maioria das espiritualidades. Ninguém pode negar os símbolos e múltiplas funções que este vital elemento tem em ritos, liturgias, cerimônias, curas e muitos outros aspectos mais. Cada cultura apresenta uma relação diferente com a água, dependendo do local em que esteja situada geograficamente, sua cosmovisão e história. Mas todas as memórias e relações com a água são im Friedrich Gierus

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portantes e revelam uma observação sobre aspectos tão importantes como a vida e a morte. No cristianismo, a água é símbolo de vida nova, de conversão e remete ao próprio Jesus que se chamou "água da vida". Acompanha a cristandade e o judaísmo como símbolo de frescor, de fortaleza natural, de busca de Deus.

logo e pastor cubano Rafael Cepeda, recentemente falecido. As mesmas são editadas no livro citado da AIPRAL. Tomando o texto profético de Ezequiel, no capítulo 36, Cepeda desenvolve duas perspectivas da mensagem divina, indignado pela destruição dos campos, montanhas e rios.

Estamos tão unidos à água que deveríamos repensar o que fazemos com ela, como a cuidamos e o que pensamos a respeito desta trágica realidade mundial para ser coerentes aos símbolos que utilizamos.

Um chamado à justiça, dirigido à ambição daqueles que devastam a terra e a água; aos vizinhos do povo de Israel no texto antigo - a quem hoje destroem por cobiça o que não lhes pertence.

Não faltam organizações cristãs que se aproximaram da leitura bíblica a partir de um olhar de justiça e vida plena para o criado e que incluíram a problemática em suas denúncias. No livro intitulado "Vida plena para toda a Criação", editado pelo ISEDET, a Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AIPRAL) aborda a temática sob o aspecto da justiça econômica e da globalização neoliberal. A Aliança Reformada Mundial promoveu, no ano passado, o prêmio Georges Lombard, um concurso para que jovens teólogos e teólogas refletissem sobre a água e sua conexão teológica e sócio-econômica. Um jovem da Índia, outro de Trinidad e Tobago e uma jovem da Argentina foram os premiados. Queria prover uma nota para a reflexão de nossas igrejas com as palavras do teó-

Outro chamado, não menos importante, de injustiça e culpabilidade: ao povo israelita - a nós hoje. "Eles também não tinham sido justos para com a natureza, nem tinham dado exemplo de dignidade e soberania entre as nações vizinhas", diz o autor. "O inimigo tem que carregar sua cota de culpabilidade e responsabilizar-se em emendar suas transgressões; mas, ao mesmo tempo, nós temos que reconhecer nossa negligência, nossas improvisações sem embasamento científico, nosso esbanjamento, nossa carência de perspectivas a longo alcance e nossa incapacidade de seguimento a um plano traçado", afirma Cepeda. "Se o inimigo não quer se corrigir, terá seu castigo, mas a ele não podemos atribuir o que é nosso pecado ecológico. Chegou a hora de confessá-lo e fazer justiça", finaliza. Fonte: www.alcnoticias.org

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A música na IECLB – análise e perspectivas Cleonir Geandro Zimmermann

Há poucos dias, aconteceu aqui, em São Leopoldo, um encontro que reuniu músicos, obreiros e obreiras da Igreja e membros em geral. Nele foi tratado do tema liturgia e música. Até o pastor presidente esteve conosco e concluiu que a área da música é geralmente tratada não só em segundo, mas até em terceiro plano. Ou seja, reconhecemos que não damos à música o seu devido lugar. Podemos nos perguntar como chegamos a esta situação. Afinal de contas, somos uma Igreja herdeira da tradição da Reforma. Nessa tradição, a música tem um papel de destaque. Foi por meio da música que a própria Reforma conseguiu se fazer conhecida entre o povo. Cantando os hinos da Reforma, o povo foi instruído na teologia que este movimento redescobriu. No volume 1 do nosso hinário está a grande maioria destes hinos. Eles poderiam continuar sendo ensinados na Igreja; afinal de contas, nossa teologia ainda é, e continuará sendo, uma teologia reformatória. Lutero reconhecia na música uma excelência da criação de Deus. Sim, para Lutero a música é algo criado por Deus e dado às pessoas. Por isso, ele a chama de maravilhosa dádiva divina e a recomenda a todas as pessoas. Diferentemente dos outros dois grandes reformadores, Calvino e Zwínglio, Lutero não tinha reservas quanto ao uso da música na liturgia. Desta maneira, Lutero nos deixou um modelo que, infelizmente, não está sendo seguido como poderia. Hoje em dia, é normal se ouvir dizer que

esse ou aquele tipo de música ou de instrumento não cabem dentro da liturgia. Mas não é bem assim. Tudo o que aponta para Cristo na liturgia deve poder existir no culto. Isso não significa que devemos abandonar o que até aqui utilizamos. Muito pelo contrário, como já foi dito acima, temos em nossa tradição musical uma enorme herança sólida e profunda, um verdadeiro Castelo Forte. Mas, se a música tem essa importância tão clara na Igreja luterana, como pode ser que o pastor presidente tenha afirmado que a música está em terceiro plano? Uma das razões para isso está no grau de instrução musical em geral da população brasileira. Depois do corte do ensino da música nas escolas, as novas gerações se desenvolveram sabendo cada vez menos de música. Estudar música passou a ser algo para escolas particulares de música. Isso afetou também a Igreja, que deixou de ter membros que soubessem ler partituras ou tocar instrumentos por notas. Até que se tentou criar um curso de música sacra em São Leopoldo a partir dos anos oitenta, mas ele não resistiu e foi fechado há anos. Hoje, não temos na IECLB nenhum curso de música que prepare músicos para trabalhar na Igreja. Já está se prevendo que no futuro tenhamos que contratar músicos de outras Igrejas para reger nossos corais, tocar nossos órgãos ou outro trabalho que envolva música. Com tudo isso, há pessoas que acreditam que se devesse inaugurar um novo minis

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Friedrich Gierus

tério ordenado na Igreja, ao lado dos quatro que já existem. Seria o Ministério da Música, com obreiros de dedicação exclusiva à música na Igreja. Claro que isso seria muito bom, mas quantas comunidades conseguiriam manter um músico em tempo integral? Lembram que estudar música é coisa de escola particular? Se tornar músico profissional significa investir muito dinheiro em si mesmo, na expectativa óbvia que isso signifique retorno no futuro. Há, sim, muitas comunidades que gastam dinheiro com música na Igreja, e, se nelas fossem feitas as contas na ponta do lápis, talvez muitas perceberiam que poderiam estar mantendo sim um músico exclusivamente para si. Um músico que organizasse a área musical da comunidade, que envolvesse os leigos em música, que ensinasse música. Se nas comunidades ensinarmos música, no futuro teremos pessoas ligadas à comunidade por causa disso.

Onde a situação não permite nem sonhar com isso, vale a pena o toque de que este tal de Ministério da Música não depende de dinheiro, nem de regulamentos. Ele já existe por si só. Ele acontece em todo lugar em que dois ou três estão reunidos em nome de Cristo e nesta reunião usam a música como veículo de comunicação. Comunicação entre eles, com Deus e com o mundo. Esta é a grande função da música na Igreja: comunicar! Comunicar o Evangelho! Ser a voz de Cristo, ser a nossa voz, ser um veículo que serve e, servindo, cresce. A música pode ajudar a Igreja a crescer. Muitas comunidades já perceberam isso. Vamos colocar nossos dons à disposição para que através deles a música ocupe outro espaço na Igreja. Sem desmerecer outras áreas, a música pode se tornar o grande diferencial da Igreja luterana novamente. Para isso, eu e você somos convidados a comunicar isso adiante! Boa música! O autor é músico e teólogo e reside em São Leopoldo, RS

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Diaconia: É gratificante fazer trabalho voluntário Vânia Gausmann Maurmann

Na Paróquia Evangélica Luterana de Florianópolis existe um departamento conhecido como Grupo de Ação Diaconal - GAD, que está inserido na Comunidade da Trindade e é supervisionado pelo pastor local. O grupo atua na Vila Santa Vitória, situada no bairro Agronômica, num dos morros do maciço do Morro da Cruz. O trabalho busca levar atendimento integral às pessoas, uma vida mais digna, resgatando a cidadania e a auto-estima e promovendo meios para que isto se torne realidade. A manutenção desse trabalho provém de doações e também de parcerias com instituições da capital, além dos trabalhos manuais confeccionados por voluntárias e suas alunas, que, vendidos, auxiliam no orçamento. Com o passar dos anos, tivemos projetos aprovados com entidades estrangeiras que possibilitaram melhorar as instalações da Casa Luterana e aperfeiçoar o atendimento aos moradores da vila. O Grupo de Ação Diaconal possui uma sede, que é conhecida como Casa Luterana, localizada na rua que é passagem obrigatória para quem sobe mais adiante e onde residem as famílias. Para seguir além da Casa Luterana é necessário subir a pé, devido a grande inclinação do terreno. As casas são espaços diminutos, muito próximas umas das outras. Nesta vila vivem aproximadamente trezentas

famílias e, em muitos casos, quatro ou cinco pessoas dividem o mesmo aposento. Algumas famílias possuem a vida razoavelmente estabilizada, quando o casal trabalha fora e a família não é muito numerosa. Outros casos são de pessoas que vêm para a capital no sonho do emprego e vida mais fácil e terminam por morar junto com familiares. Várias atividades são desenvolvidas, como visitação, aulas de reforço escolar, aulas de flauta doce, de pintura e de inglês, alfabetização de adultos, hora do conto, aulas de trabalhos manuais e cultos semanais. Os cultos são ministrados de forma ecumênica pelo pastor ou por estagiários e são freqüentados geralmente pelos pais de alunos. O trabalho é realizado por voluntários da paróquia ou pessoas que ouvem a respeito do mesmo e se prontificam a ajudar. É o caso de um senhor idoso, que semanalmente comparece à casa para contar uma estória para as crianças. Também temos casos de pessoas que contratam professoras de desenho e pintura para administrarem as aulas. Durante alguns anos, o trabalho contou apenas com voluntárias. De alguns anos para cá, foi possível receber o apoio de estagiários da Escola Superior de Teologia (PPHM/Diaconia), que cadastraram as famílias e deram ênfase na visitação. Nos últimos quatro anos, o reforço esco

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lar e aulas de flauta doce estão a cargo da Associação Evangélica Brasileira de Ação Social (AEBAS), que em parceria com o GAD proporciona este atendimento.

peças já prontas. É frustrante? Sim, e muito! Em princípio, a vontade de desistir é grande mas, aos poucos, prevalece o bom senso e continuamos a ensinar, colocando nossos dons a serviço da causa.

Muitas voluntárias colocam seus dons a serviço desta comunidade, ensinando trabalhos manuais. As peças são confeccionadas em parceria; enquanto uma borda, outra faz o crochê, outra engoma a peça que será depois vendida. As alunas vão aprendendo vários tipos de trabalhos e a satisfação de quem ensina está em ver a possibilidade de melhoria na vida destas mulheres, pois elas mesmas podem confeccionar e vender seus produtos. As mulheres e jovens que nos procuram para as aulas, muitas vezes trazem seus filhos menores porque não têm com quem os deixar. No ano de 2006, contamos com a colaboração de uma professora de costura e conseguimos doações de máquinas. Foram confeccionados vários edredons. Numa manhã de quarta-feira, fomos surpreendidas pelo furto das máquinas e das

Como em tantos outros lugares, a vila possui problemas com o tráfico de drogas e não são poucas vezes em que a polícia é chamada e fica estacionada em frente à Casa Luterana. Outro problema, com o qual nos deparamos freqüentemente, é a gravidez precoce, apesar das jovens receberem instruções de como preveni-la. Em nossas conversas informais com as mulheres, enquanto estamos fazendo os trabalhos manuais, surgem os mais diversos assuntos e com muita naturalidade é comentada a prisão de maridos ou filhos. Poderíamos contar muitos problemas, mas felizmente existem as maravilhas que Deus, em sua infinita bondade, deixa acontecer. Em frente à Casa Luterana, em uma madrugada, uma moradora grávida,

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já em trabalho de parto, seguia a pé pela rua que ainda não estava pavimentada. Entretanto, o bebê estava nascendo! Algumas vizinhas a socorreram e a criança veio ao mundo ali mesmo. Só depois de algum tempo a ambulância veio resgatar mãe e filho, que passavam bem. São estas belas novidades que fazem com que nós sigamos adiante, alegres e agradecidas por termos força e disposição para enfrentar as adversidades daquele espaço. Os laços de amizade entre as mulheres e jovens da vila e as voluntárias ficam nítidos a cada encontro. Ao repartir dissabores, pesares e frustrações, ao multiplicar alegrias, nos aproximamos. No início deste ano, tivemos a grata surpresa de recebermos uma carta, escrita por uma jovem senhora, nossa aluna. Ela citava cada uma das voluntárias e o seu dom, e da alegria em estar conosco uma vez por

semana. Dizia a carta: "Venho porque me sinto bem no convívio com as voluntárias; sinto que realmente tenho amizades verdadeiras". Pessoalmente quero registrar o quão gratificante é fazer trabalho voluntário e atuo na casa por mais de dez anos. Por algum tempo, atuei como professora de reforço escolar e contadora de histórias bíblicas. Hoje, ao encontrar as crianças que lá ainda residem, recebo beijos melados e calorosos abraços, e isto faz a diferença. Podemos sentir que em algum momento no tempo de convívio foi plantada uma pequena semente de afeto e carinho. Como professora de crochê, sinto cumplicidade com as mulheres e jovens. A solidariedade fica mais forte e, quando oramos juntas, pedimos que Deus conceda a sua bênção e sua graça em nossas vidas. A autora é voluntária do Grupo de Ação Diaconal – GAD – em Florianópolis, SC

A felicidade não passa de saúde boa e memória fraca. Albert Schweitzer

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Quilombolas Rita Surita

Com as palavras: “Sirvam uns aos outros, cada qual conforme o dom que recebeu” (1 Pedro 4.10) , a Bíblia nos anima e nos orienta para o serviço e o compromisso com os grupos historicamente marginalizados e excluídos na sociedade brasileira. O Projeto Pequenos Agricultores Quilombolas trouxe ao Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor CAPA, a grata oportunidade de conhecer, aprender e servir junto à população negra rural. Com o apoio da Fundação Luterana de Diaconia, este projeto atende diretamente 142 famílias, aproximadamente 820 pessoas nas áreas de Cidadania, Segurança Alimentar, Geração de

renda, Saúde Comunitária e Memória Histórica, Cultura e Etnia. Para desenvolver estas atividades, temos recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário – Governo Federal (MDA), da Igreja Evangélica da Alemanha (Evangelischer Entwicklugs-Dienst - EED) e Evangelical Lutheran Church in America (ELCA) dos Estados Unidos. Quem são as comunidades quilombolas? Os quilombolas constituem uma população numerosa e desassistida, fruto da história brasileira e do descaso na atualidade. Estas pessoas trazem como bagagem 500 anos de exploração e carências de

Troca de sementes crioulas durante o encontro de comunidades quilombolas ••• 123 •••


todo o tipo, desde as mais básicas como alimentação, saúde, moradia, energia elétrica, água, educação e respeito. As crianças freqüentam a escola, mas o diagnóstico realizado pelo CAPA mostrou que 45% da população jovem e adulta são analfabetos. Das quatro comunidades, apenas uma possui energia elétrica. A falta de energia elétrica impossibilita o acesso à água de qualidade para o consumo das famílias. Das quatro comunidades, duas ainda viviam até 2004 em casas de barro, como seus antepassados escravos. Em apenas uma comunidade, os agricultores quilombolas possuem terra suficiente para praticar agricultura como atividade econômica. É com esta realidade de descaso, discriminação e abandono que o CAPA se defrontou ao trabalhar com as comunidades quilombolas. Pela sua experiência no trabalho com comunidades empobrecidas e pela metodologia adotada, bem como a possibilidade de estabelecer parcerias com organizações sensíveis a esta realidade, o CAPA vem desenvolvendo ações que se propõem a resgatar a auto-estima, valorizar a cultura e etnia, e proporcionar a busca de melhor qualidade de vida a esta população. Demos atenção especial à segurança alimentar, com a implantação de quintais, onde se cultivam frutíferas diversas e verduras e o plantio de sementes próprias de milho, abóbora e

batata, visando à melhoria do padrão alimentar. Na saúde, trabalhamos o resgate do conhecimento tradicional das plantas medicinais e o uso de remédios caseiros. A valorização do artesanato local, característico da cultura afro, tem possibilitado uma nova fonte de renda a estas famílias. Um dos grandes avanços que alcançamos neste projeto são a visibilidade e reconhecimento das comunidades quilombolas, proporcionando acesso às políticas públicas como construção de moradias, energia elétrica, programas de apoio à agricultura e à saúde básica junto aos governos. O reconhecimento dos quilombolas como grupo social com características próprias é recente no Brasil. Para o CAPA, apesar de seus 28 anos de trabalho com agricultores familiares empobrecidos, o trabalho com este público é novo, estimulante e desafiador. Apesar da realidade de extrema carência em que vivem, temos que reconhecer que a característica principal destas pessoas é a alegria. Não se deixam abater pelo desânimo. Fomos recebidos com confiança e grande vontade de participar. No nosso encontro com as diferentes culturas, temos aprendido a respeitar e enxergar com encantamento a diversidade da criação, e como cristãos, somos gratos pela oportunidade de conviver com pessoas tão dignas e com elas poder construir caminhos de esperança. A autora é coordenadora do CAPA, em Pelotas, RS

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Palavras Cruzadas – SOLUÇÃO

Quebra-cabeças – SOLUÇÕES 1: Todos – 2: Não, pois se ele vive em Santa Catarina, então ele ainda não está morto – 3: Uma hora, ou seja, um comprimido agora, outro em meia hora e, por fim, o último em uma hora – 4: Doze – 5: Era Noé quem estava na arca – 6: O urso é branco, porque se todos os lados apontam na mesma direção, então a casa só pode estar em dois lugares: ou no pólo Norte (com todos os lados virados para Sul) ou no pólo Sul (com os lados virados para Norte). Como não há ursos no pólo Sul, só pode ser um urso polar, que é branco e vive no pólo Norte.

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Índice Um documento de identidade vivo ............................................................ 3 Meditações mensais de Janeiro a Dezembro ...................................... 8 a 30 Temas da IECLB ................................................................................... 32 Tema e Lema da IECLB para 2008 ......................................................... 33 Datas Comemorativas ........................................................................... 34 População ficou mais parda, velha e evangélica de 1940 a 2000 .............. 37 O ser IECLB na Amazônia ...................................................................... 38 Socorro! Meu filho não me escuta mais! .................................................. 40 Albert Schweitzer - um médico missionário ............................................. 42 A doença de Alzheimer .......................................................................... 44 A certeza da fé faz a diferença ............................................................... 48 Depressão – a morte da esperança? ........................................................ 51 Mensagens que circulam pela internet .................................................... 54 Um Pastorado Especial junto a Dependentes de Drogas ............................ 56 Catadores de papel ............................................................................... 58 Canadenses planejam Dia Mundial de Oração .......................................... 60 Martin Luther King – O Apóstolo da Não-violência .................................... 62 Movimento Ecumênico se irrita, mas continua apostando no diálogo .......... 64 Vivendo em Costa Rica a serviço da Igreja ............................................... 68 O fim do amor ...................................................................................... 70 Igreja, para onde vais? .......................................................................... 74 O granjeiro e o sábio ............................................................................. 79 O doce lar que azedou ........................................................................... 80 Minhas observações sobre quero-queros ................................................. 82 Direitos das Mulheres em debate ............................................................ 84 Lição de vida ....................................................................................... 86 OASE festeja dois centenários – Duas mulheres extraordinárias .................. 87 Meio ambiente – e eu com isso? ............................................................. 90

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Dicas para a cozinha ............................................................................. 91 As Ofertas no Culto Infantil .................................................................... 92 Dicas para uma boa saúde .................................................................... 94 Lidar com alegria e tristeza .................................................................... 95 Palavras Cruzadas................................................................................. 98 Quebra-cabeças .................................................................................. 101 O apagão ........................................................................................... 102 Sessenta Anos: Uma Assembléia Sinodal comemorável ........................... 104 Luz, a sombra de Deus ........................................................................ 107 Quarenta anos – Pastores por outro caminho de formação ....................... 109 Como lidar com a Ansiedade ................................................................ 112 A escassez de água, bem mais do que análises científicas ....................... 115 A música na IECLB – análise e perspectivas .......................................... 118 Diaconia: É gratificante fazer trabalho voluntário .................................... 120 Quilombolas ....................................................................................... 123 Palavras Cruzadas – SOLUÇÃO ............................................................. 125 Quebra-cabeças – SOLUÇÕES .............................................................. 125

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ANOTAÇÕES

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9 788587 524515

ISBN 978-85-87524-51-5


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