Anuário Evangélico 2009
Anuário Evangélico 2009 Publicado sob a direção de Meinrad Piske
© 2008 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br
Conselho editorial: P. em. Heinz Ehlert e esposa Elfriede, P. em. Meinrad Piske (Diretor), P. em. Nelso Weingärtner, Pa. Elaine B. Fuchs, Armando Maurmann e esposa Vânia, P. Dr. Osmar Zizemer, Prof. Dr. Nelson Hein, Profa. Anamaria Kovács, P. em. Friedrich Gierus Correspondência e artigos: P. Friedrich Gierus Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: f.gierus@terra.com.br
Foto da capa: Martin Gierus Revisão: Jornalista Anamaria Kovács Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.
ISBN 978-85-87524-55-3
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados à Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.
Há sessenta anos... Há sessenta anos, no dia 26 de outubro de 1949, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil foi constituída. Neste dia os quatro Presidentes Sinodais (Synodalpraeses) estiveram reunidos e constataram que todos os Sínodos tinham decidido unir-se e formar um corpo eclesiástico em nível nacional. Este foi o passo decisivo para a consolidação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB. Os quatro Sínodos eram os seguintes: • Sínodo Riograndense, fundado em 1886 • Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados, fundado em 1905 • Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná, fundado em 1911 • Sínodo Brasil Central, fundado em 1912. No ano seguinte, no mês de maio, foi realizado o primeiro Concílio. Este adotou o nome de Federação Sinodal para esta aliança dos quatro sínodos. Sem abrir mão da autonomia e da administração própria dos Sínodos, foram dados os primeiros passos na direção do que seria mais tarde a IECLB. Cada um dos quatro Sínodos tinha a sua história. Cada um trouxe na bagagem as suas experiências de convívio e de comunhão em suas comunidades. O que todos tinham em comum era a resistência das Comunidades e das Paróquias que não queriam abdicar de sua autonomia e nem reconhecer autoridade superior. Houve esforços em todas as áreas para aproximar as Comunidades umas das outras. Cada um dos Sínodos parecia um arquipélago formado por diversas ilhas, que estavam separadas uma das outras e que não se conheciam. Para criar o clima de comunhão e de unidade, foi necessário estabelecer pontes. Assim surgiram publicações que trouxeram relatos sobre a existência de muitas comunidades, com seus desafios, suas alegrias e também suas dificuldades. Foi com esta finalidade que no ano de 1922 foi lançado pelo Sínodo Riograndense o JAHRWEISER, o anuário em língua alemã. O ANUÁRIO EVANGÉLICO é seu sucessor que circulou, pela primeira vez, em 1971. Pretendemos também, com esta edição de 2009, fazer o papel de ponte entre as diferentes áreas da Igreja, de suas Comunidades e Paróquias, de seus dezoito Sínodos, de suas diferenças de formação, de comunicação e de serviço. P. em. Meinrad Piske Diretor do Conselho de Redação ••• 3 •••
Datas Festivas do Calendário Eclesiástico
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2 0 0 8
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2 0 0 9
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2 0 1 0
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Janeiro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom
Nm 6.22-27 Js 24.1-28 Êx 2.1-10 Jo 1.1-18
5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom
Gn 9.12-17 Is 52.7-10 1 Jo 3.1-6 1 Jo 2.12-17 Ef 4.17-24 1 Jo 1.5-7 At 19.1-7
12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex
At 10.37-48 Js 3.9-17 1635 – ✩ Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 Cl 2.1-7 1875 – ✩ Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 Mc 10.13-16 Lc 12.49-53 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, em Hamburgo Velho, RS Mt 6.6-13 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3) 1 Co 6.12-20 2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde O Senhor me disse: Israel, você é o meu servo, e por meio de você serei glorificado. Isaías 49.3 Dt 4.5-13 Mc 2.23-28 1866 – ✩ Euclides da Cunha, escritor brasileiro († 15/08/1909) Lc 16.14-18 1800 – ✩ Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas At 15.22-31 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português Jo 7.1-13 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE Dt 33.1-16 Mc 1.14-20 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. Mateus 4.23 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo Is 19.19-25 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses 1 Rs 17.8-16 Rt 1.1-21 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas At 13.42-52 1499 – ✩ Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) Lc 4.22-30 1990 – 8ª Assembléia Geral da FLM, em Curitiba, PR Ap 15.1-4 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco
17 Sáb 18 Dom
19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom
26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb
ANO NOVO – Dia Mundial da Paz
2º DOMINGO APÓS NATAL Branco Cantem ao Senhor com alegria, povos de toda a terra! Louvem o Senhor com canções e gritos de alegria. Salmo 98.4 EPIFANIA 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil
1º DOMINGO APÓS EPIFANIA Branco Depois que Jesus foi batizado, ouviu-se uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Marcos 1.11
Fases da Lua:
= Crescente
= Cheia
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= Minguante
= Nova
Lema do mês
O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei abalado. Salmo 16.8
Hoje ainda ouvimos os ecos das festas que comemoraram o final de mais um ano. Muitas pessoas desejando-se mutuamente muitas felicidades para o novo ano. Em todos os votos se expressa a vontade de afastar o sofrimento, tristezas, dor, morte e miséria. Desejamos a todos um paradisíaco ano, relacionamentos celestiais e anestesia geral para todos os conflitos e dores deste mundo. Estamos em janeiro. Em alguns meses, estaremos novamente em dezembro, véspera dos famosos votos. Concluímos que o ano não mudou por causa daquilo que desejamos. Desejos são apenas desejos. Não são eles que transformam e mudam a realidade que nos cerca. No final do ano, desejamos as mesmas coisas que havíamos desejado no ano anterior. As nossas realidades só serão transformadas quando permitirmos que Deus seja o Senhor das vidas, dos relacionamentos e do contexto social e econômico em que vivemos. É a partir do senhorio de Cristo que não sentimos mais a necessidade de receber e ganhar no ano que inicia. Ao iniciar cada novo ano, me pergunto: o que eu estou disposto a fazer por este mundo tão belo criado pelo amor generoso de
Deus, e que está tão sofrido? O que estou disposto a fazer pelos irmãos e irmãs que Deus me deu? Cada ano que inicia em nossa vida é um grande presente do doador da vida. Só por isto já devo dar glórias. Ao voltar os olhos para a minha família, meus amigos, meu trabalho, minha comunidade, os bens que possuo, já tenho mais do que necessito. Saber que o Senhor está presente, cercando a minha vida, presenteando-me com tantas riquezas é a maior dádiva que posso ter. Não há poderes e males que poderão me abalar. Estou fortalecido, protegido e bem seguro nas mãos carinhosas e misericordiosas de Deus. Eis a minha liberdade. Sou livre para neste novo ano me preocupar pelo irmão e pela irmã. Não desejo votos, mas disponho-me a fazer ações concretas para que o ano que inicia seja especial e libertador para todas as pessoas. Oração: Ó Senhor! Dá-me olhos para ver o meu irmão/irmã e coragem para agir contra os poderes da morte. Afasta de mim toda a tentação que quer me impedir de levar a Tua Palavra aos sedentos e famintos. Amém. Lauri Roberto Becker Pastor Sinodal do Sínodo Mato Grosso
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Fevereiro 1 Dom
Dt 18.15-20
2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom
Mq 3.1-4 Jo 1.43-51 Jo 3.31-36 Ap 1.1-8 Jo 8.12-20 Nm 6.22-27 Mc 1.29-39
9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom
16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom
23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb
4º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Jesus leu no livro do profeta Isaías: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4.18 Apresentação de Nosso Senhor 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil
5º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Jesus Cristo diz: Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará nas trevas, mas terá a luz da vida. João 8.12 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara
Lc 19.1-10 Hb 12.12-17 Mt 10.40-42 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) 1 Co 3.1-8 Jo 2.13-22 1 Co 1.26-31 1 Co 9.24-27 6º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 Dia Mundial contra a Lepra Dt 32.44-47 1497 – ✩ Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) Êx 7.1-13 Mc 6.1-6 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (✩ 10/11/1483) Lc 6.43-49 Jo 12.34-42 Mt 13.31-35 Mc 9.2-9 ÚLTIMO APÓS EPIFANIA Branco O salmista canta ao Ungido de Deus: Tu és o mais formoso dos humanos; nos teus lábios se extravasou a graça; por isso Deus te abençoou para sempre. Salmo 45.2 Transfiguração do Senhor 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES Lc 13.31-35 Lc 5.33-39 Is 58.1-12 Cinzas 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latinoamericano († 17/08/1850) Zc 7.2-13 Jo 8.21-30 Dn 5.1-30 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos
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Lema do mês
Onde está a vossa fé? Lucas 8.25
Para a Bíblia, a fé é a fonte e o centro de toda a vida religiosa. Ao plano que Deus vai executando no tempo, deve a pessoa responder com fé. O Deus de Abraão visita no Egito o seu povo infeliz. Chama Moisés, revela-se e promete estar com ele para conduzi-lo à Terra Prometida. Moisés responde a essa iniciativa divina com uma fé que se manterá firme apesar de eventuais fraquezas. É a fé que acolhe o primeiro anúncio da salvação. Imperfeita em Zacarias, exemplar em Maria, partilhada pouco a pouco por outras pessoas, a humildade das aparências não esconde a iniciativa divina. Homens e mulheres que crêem em João Batista são pessoas conscientes de seus pecados e não fariseus orgulhosos. Os milagres de Jesus apontam para a dimensão do reino de Deus. Os milagres abrem uma nova perspectiva de vida e de relacionamento. Os milagres estão a serviço do anúncio da boa nova do reino de Deus.
No milagre, Jesus repreende severamente o vento e o mar que para a época simbolizam e representam os poderes sinistros do caos e da morte. Ordena: Acalma-te! Emudece! Os discípulos são criticados por sua falta de fé. Ainda assim o milagre acontece. O mar revolto é acalmado e o vento de tempestade é emudecido. Também hoje, os poderes sinistros que promovem caos e morte são severamente repreendidos e recebem a ordem: Acalmate! Emudece! Pela fé, cremos nesta Palavra e participamos destes ensinamentos. É através da fé que Deus realiza, em nós e através de nós, o seu plano, pondo em prática a salvação das pessoas que crêem. A fé se desenvolve na obediência ao plano de Deus. A fé se desdobra em fidelidade aos ensinamentos de Cristo e age no amor à criação de Deus. A fé me mantém numa fidelidade capaz de enfrentar as dificuldades e até a morte. Osmar Lessing Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém
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Março 1 Dom
Mc 1.9-15
2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom
1 Jo 3.7-12 Jó 1.1-22 1 Co 10.9-13 Tg 4.1-10 Hb 2.11-18 Dia Mundial de Oração – DMO Ap 20.1-6 Rm 4.13-25 2º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16 Jr 26.1-24 Jó 2.1-10 1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4) Êx 17.1-7 1 Jo 1.8;2.2-6 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) Lc 9.43b-48 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil Gl 2.16-21 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES Jo 2.13-22 3º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.8 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS Lc 14.25-35 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS Jó 7.11-21 Mc 9.38-47 Mc 8.10-21 Dia da Escola Mt 10.34-39 Lc 17.28-33 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara Nm 21.4-9 4º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Assim como Moisés, no deserto, levantou a serpente numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. João 3.14-15 Dt 8.2-10 Jó 9.14-35 Is 7.10-14 ANUNCIAÇÃO DO NASCIMENTO DE JESUS 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I 2 Co 4.11-18 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS Jo 10.17-26 Jo 14.15-21 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) Jo 12.20-33 5º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus Cristo diz: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pra salvar muita gente. Marcos 10.45 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega Hb 7.1-27 Jó 19.21-27 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha
9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom
16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom
23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom
30 Seg 31 Ter
1º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus respondeu ao tentador: Está escrito: Não só de pão viverá o ser huma no, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4.4
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Lema do mês
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor. Levítico 19.18
O lema bíblico deste mês de março coloca o amor como elo entre lei e evangelho. Sem dúvida, uma linda proposta pedagógica para ser igreja em nosso tempo: só o amor constrói para a humanidade. O amor é, infelizmente, uma palavra muito banalizada em todos os tempos. Urge, pois, a partir de nossa fé cristã, recuperarmos o verdadeiro sentido, não só da palavra amor, mas também da nossa ação amorosa em relação ao nosso próximo. Certamente viveríamos num mundo muito melhor, se houvesse mais amor entre os seres humanos e destes para o mundo que nos cerca. Infelizmente, o amor vem sendo colocado cada vez mais à margem de nossos relacionamentos. O que parece ter se tornado regra é o crescente abuso do poder em detrimento da prática do amor. Isso acontece em todas as esferas, infelizmente também na Igreja. As pessoas parecem ter cada vez mais dificuldades em dialogarem umas com as outras. Outros complicadores são a falta de compreensão e da prática do arrependimento, da confissão e do perdão. À luz do lema deste mês, somos lembrados de que é preciso reverter essa situação com urgência. Precisamos rever nossos valores, nossa maneira de ser, de pensar e de agir. Em verdade, estamos diante de um mandamento de Deus. Devemos amar o nosso próximo, porque Deus é o Senhor. Ele já demonstrou, na prática, o quanto o seu amor é incondicional para com o ápice de sua criação, o ser humano. O amor de Deus para
conosco, materializou-se com o nascimento, paixão, morte e ressurreição de Seu Filho Jesus Cristo. “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho”, lembra o Evangelista João. Tudo o que Deus pôde fazer por nós, Ele já fez em Cristo. Cabe a nós, única e exclusivamente, aceitar essa sua oferta de amor. A partir do momento em que esse amor incondicional de Deus se materializar em nós, certamente mudará radicalmente nossa maneira de nos relacionarmos com nossos semelhantes. Já não os enxergaremos mais como um perigo ou uma ameaça à nossa sobrevivência. Conseqüentemente conseguiremos conviver em harmonia e paz. Sabedores de que a ausência de paz corresponde à ausência de Deus, haveremos de reconhecer que o pecado perpassa todos os nossos relacionamentos. E as conseqüências do pecado são as crueldades com as quais nos defrontamos em nossos dias e que, infelizmente, quase já não nos sensibilizam mais. Com certeza isso é um sinal de alerta! É importante e urgente uma transformação de nossas mentes e de nossas ações. Precisamos nos voltar para Deus com urgência, na certeza de que só a partir do cumprimento do Seu mandamento do amor ao próximo, seremos capazes de experimentar uma nova sociedade com mais justiça e paz. Em tempos de destruição sejamos lembrados e convidados: só o amor constrói para a humanidade.
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Carlos Möller Pastor Sinodal do Sínodo Brasil Central
Abril 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb
Hb 9.11-15 1 Co 2.1-5 Hb 10.1-18 Ap 14.1-5
5 Dom
Mc 11.1-11 Hb 9.11-15
6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui
Rm 5.6-11 Jó 38.1-11 Is 26.20-21 Is 42.1-9
10 Sex 11 Sáb 12 Dom
Jo 19.16-37 Jó 14.1-14 At 10.34-43
13 Seg
1 Ts 5.10
14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom
1 Co 15.20-28 1 Co 15.35-49 1 Co 15.50-57 1 Co 5.6b-8 2 Tm 2.8-13 Mc 16.12-18 2º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! João 20.29 Dia dos Povos Indígenas Is 42.10-16 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Jó 42.7-17 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil 1 Pe 1.22-25 1500 – Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Jo 17.9-19 Dia Mundial do Livro Lc 23.50-56 Jo 12.44-50 1 Jo 3.1-7 3º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras? Lucas 24.32 1500 – Primeira missa no Brasil Nm 27.12-23 1 Co 4.9-16 Jo 17.20-26 Ef 4.8-16
20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom
27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui
1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929) DOMINGO DE RAMOS – PAIXÃO Violeta ou Vermelho Jesus respondeu aos discípulos: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. João 12.23 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO – QUINTA-FEIRA SANTA 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO – SEXTA-FEIRA SANTA SÁBADO DA PAIXÃO – VIGÍLIA PASCAL DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. Romanos 6.9 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685)
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Lema do mês
Deus cancelou o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente. Colossenses 2.14
Para os endividados com Deus essa notícia soou como uma agradável canção. Tornou-se motivo de festa. Eles ouviram e compreenderam que Deus, por amor e doação, anulou todas as dívidas e inaugurou uma nova oportunidade de vida, vida livre da culpa e dos pecados. Naquele tempo muitos mensageiros proclamavam que a comunhão com Deus e a santificação somente eram possíveis para poucos. Propagavam uma lista enorme de leis que denunciavam as dívidas e os pecados. Assim inviabilizavam para muitos a liberdade e a comunhão com o Deus da misericórdia, da paz e da justiça. Naquele contexto, motivado por esta Palavra da carta aos Colossenses, a comunidade cristã passou a anunciar e a viver o evangelho, a notícia do perdão das dívidas, a notícia do inesgotável amor de Deus, revelado em Jesus Cristo. Com tristeza reconhecemos que também hoje transitam entre nós os mensageiros do
terror. Ameaçam crianças, jovens e adultos com a dívida do pecado, com juízos e a morte, com as chantagens do medo e da culpa. Ensinam o ritual do mercado, do esforço humano como mediador da liberdade; com sutilezas escondem o Cristo da cruz e da ressurreição, o Deus de amor. Motivados por esta Palavra de Colossenses somos fortalecidos na missão de anunciar a notícia do perdão de Deus, o Cristo de Deus que primeiro doou a nova vida e depois se colocou ao lado daqueles e daquelas que, com alegria, dançam a música da gratidão e aceitam o seu chamado para a reconciliação e para a missão. Oração: Jesus Cristo, Deus da graça e do amor, somos gratos pelo perdão, pela liberdade, por sabermos que o teu jugo é leve, por experimentarmos a comunhão e a paz. Damos-te graças, ó Deus da vida, Espírito Santificador. Amém. Guilherme Lieven Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste
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Maio 1 Sex 2 Sáb 3 Dom
4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom
11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom
18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom 25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb 31 Dom
Mt 26.30-35 Dia do Trabalho Jo 14.1-6 Jo 10.11-18 4º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. João 10.14 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ Rm 1.18-25 2 Co 5.11-18 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958) Jo 8.31-36 Rm 8.7-11 Jo 19.1-7 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Ap 22.1-5 At 8.26-40 5º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14.6 DIA DAS MÃES 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) Tg 1.17-27 Lc 19.36-40 Rm 15.14-21 1888 – Abolição da escravatura no Brasil 1 Co 14.6-19 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS Lc 22.39-46 Jo 6.60-69 Jo 15.9-17 6º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS 1 Rs 3.5-15 Êx 17.8-13 Lc 11.1-4 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS Cl 3.1-11 ASCENSÃO DO SENHOR Jo 18.33-38 Ef 6.18-24 Jo 17.1a,6-19 7º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Não os deixarei órfãos, voltarei para vocês. João 14.18 Ez 11.14-20 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) Lc 21.12-19 Lc 12.8-12 At 1.12-26 Jo 19.25-27 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III Zc 4.1-14 1909 – ✩ Dr. Ernesto Th. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/10/1969) Ez 37.1-14 DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Jesus Cristo diz: Quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. Atos 1.8 VISITAÇÃO DE MARIA
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Lema do mês
Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. Atos 4.20
O som e a fumaça são elementos intocáveis. Enxergamos a fumaça, no entanto, ela se dissipa aos poucos sob a ação do vento. O som é audível durante determinado tempo mas, depois, não mais o escutamos. O povo de Deus, Israel, fez uma experiência parecida. Os israelitas descobriram e testemunharam que Deus era intocável. A revelação de Deus somente acontecia através de Palavras ouvidas e mediadas por profetas ou através de elementos da natureza, perceptíveis aos olhos humanos. Moisés, quando cuidava do rebanho do seu sogro enxergou a sarça ardente; aproximando-se dela ouviu uma voz que o orientava! O profeta Elias, desesperado até a morte numa caverna, vê a tempestade furiosa, mas Deus lá não se encontrava. Foi por intermédio do sussurro da brisa leve que Deus se comunicou. Na manhã da Páscoa, Maria caminhando entre as plantas do jardim, ouve a voz que parecia do jardineiro: “Maria!” Era o próprio Cristo ressuscitado que se revelava. Jesus, com freqüência, alertava os seus ouvintes, dizendo: Quem tem ouvidos, ouça! O apóstolo Paulo ensinava que a fé vem pelo ouvir do Evangelho.
Faz sentido quando, de forma corajosa, Pedro e João diante das autoridades afirmam: “não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos.” As primeiras comunidades cristãs eram pequenos núcleos de pessoas ouvintes de histórias da salvação. O ouvir do Evangelho aproxima o passado para tornar-se presente. É esta memória do passado que traz novidade e empurra para a frente. O projeto da Igreja-Esperança, assim como a história da salvação, são realidades que vêm de Deus. É realidade que precisa ser contada adiante. Se nas famílias, nas escolas ou na própria comunidade deixarmos de narrar essas histórias, lembranças das obras maravilhosas de Deus, então vem a morte, cresce o desânimo e impera o descrédito. Não se compra, nem se herda a memória; precisa ser contada adiante! Faz parte da espiritualidade luterana. Oração: Deus, tu nos deixas esperançoso/ a ao ouvirmos a história da salvação. Que continues próximo das comunidades e de cada um/a de nós, também em nossas famílias! Amém. Manfredo Siegle Pastor Sinodal do Sínodo Norte Catarinense
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Junho 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom
Lc 5.32 At 4.23-31 At 8.9-25 At 11.1-18 At 11.19-26 At 18.1-11 Jo 3.1-17
8 Seg 9 Ter 10 Qua
Jr 10.6-12 Is 43.8-13 At 8.4-25
11 Qui
Ef 4.1-7
12 Sex 13 Sáb 14 Dom
Lc 23.44-49 Jo 14.7-14 Ez 17.22-24
15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom
Lc 10.1-16 At 9.32-43 1 Ts 2.1-12 Jo 21.15-19 Lc 22.24-30 Fp 1.12-18a Mc 4.35-41
22 Seg 23 Ter 24 Qua
Pv 9.1-10 Êx 2.11-25 Lc 1.57-80
25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom
29 Seg 30 Ter
Segunda-feira de Pentecostes
Dia Mundial do Meio Ambiente 1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Branco ou Dourado TRINDADE Os serafins diziam em voz alta uns para os outros: Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro! Isaías 6.3
1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese CORPUS CHRISTI 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis. Salmo 132.9 1910 – Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, na Escócia
1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que clama: Aba, Pai! Gálatas 4.6
Dia de São João Batista (João 3.30) 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) 1 Tm 6.11-16 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB Ml 3.19-24 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA Mt 27.46-49 2 Co 8.7-15 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, conceda a vocês o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1.17 AÇÃO DE GRAÇAS PELA COLHEITA – Dt 26.1-11 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro Lc 5.27-32 At 14.1-7 1947 – Assembléia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia
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Lema do mês
Pedro falou: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. Atos 10.34-35
Deus encara as pessoas de modo diferente do que nós, seres humanos. Ao olhar para os seres humanos para distribuir seu amor e oferecer a salvação, Deus não o faz tomando em conta a origem étnica, o ambiente cultural e a condição social. Afinal, todos são suas criaturas e é seu desejo que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Aspectos tão valorizados entre nós como aparência, posição social, honra e poder estão completamente ausentes do horizonte de Deus. Seus critérios são outros. Pedro, autor da frase acima, era judeu e vivia num ambiente cultural judeu. Durante muito tempo, o povo de Israel se considerou destinatário único do Plano de Salvação de Deus. Além disso, eles tiveram dificuldades em aceitar que não há salvação em nenhum outro que não seja Jesus e que não há nenhum outro nome pelo qual
importa que sejamos salvos. E, na medida em que povo judeu rejeita Jesus – o único e suficiente Salvador – a oferta é estendida aos povos não judeus que a acolhem alegremente. É preciso sublinhar, no entanto, que a salvação de Deus, conquistada na cruz, não é distribuída de forma indiscriminada entre as nações. Pedro reconhece que aceitável para Deus é aquele que teme ao Senhor e pratica a justiça. Trata-se aqui de duas posturas, uma interna e outra externa, que precisam andar juntas em coerência. Temor a Deus existe ali onde uma pessoa vive em uma relação de fé e comunhão com o Senhor, pois somente a fé nos faz justos. E a obediência que brota da fé transforma nossa postura externa em uma relação de amor visível, tanto em relação a Deus quanto em relação ao nosso próximo. Sigolf Greuel Pastor Sinodal do Sínodo Centro-Sul Catarinense
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Julho 1 Qua
Jo 5.1-16
2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom
Mt 18.15-20 Mt 27.3-10 Rm 8.1-6 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) Mc 6.1-13 5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A semente que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança. Lucas 8.15 Lc 5.17-26 At 16.6-15 Mc 11.20-26 1 Co 12.19-26 Lc 23.17-26 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo calvinista do protestantismo († 27/05/1564) 2 Co 13.10-13 Am 7.7-15 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus, te abençoará. Deuteronômio 30.16 Lc 6.12-19 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil Gn 35.1-15 Ez 2.3-8a At 15.4-12 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) Lc 22.31-34 Fp 3.12-16 Mc 6.30-34, 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde 53-56 Deus diz: A palavra que sair da minha boca não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55.11 Êx 14.15-22 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) At 2.32-40 At 16.23-34 Mt 18.1-6 Jo 19.31-37 Ap 3.1-6 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, RS Dia do Colono e do Motorista Ef 3.14-21 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 2 Cr 30.13-22 Mt 22.1-14 Zc 8.9-17 1 Co 10.16-17 Lc 22.14-20
6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom
13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom
20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom
27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex
1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS
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Lema do mês
Alegrai-vos no Senhor! Filipenses 3.1
Aqui no sul do Brasil, com a proximidade do inverno, o tempo costuma apresentarse cinzento, nublado e frio. Nesses dias, a gente não sente a menor vontade de sair de casa. Precisamos fazer um esforço enorme para enfrentar com disposição o cotidiano da vida. O que nos anima é a confiança de que, em breve, este tempo cinzento se dissipe, dando lugar aos dias bonitos de sol. Semelhante a isto é a vida humana. Também ela nos coloca em situações “cinzentas”. Nessas situações, perde-se a vontade de tomar iniciativas. As pequenas ou grandes adversidades transformam-se em montanhas irremovíveis. O apóstolo Paulo escreve aos membros da comunidade de Filipos, animando-os a expressarem a sua alegria por pertencer a Cristo. “Alegrai-vos no Senhor” (Filipenses 3.1). Mas não era uma alegria qualquer. Algumas frases deixam transparecer isto. “Nós adoramos a Deus... e nos alegramos na vida que temos em união com Jesus Cristo em vez de pormos a nossa confiança em... se alguém pensa que pode confiar nisso...”. O que proporciona confiança e anima à superação de situações de conflito e adversidades e torna possível a alegria? Para Paulo está claro que não são as tradições religiosas que fundamentam a alegria.
Na sociedade atual, a busca pela alegria se dá por meio de obras, méritos pessoais e privilégios. Tanto nas tradições religiosas quanto nas propostas econômicas, promete-se felicidade às pessoas. Há uma fôrma que nos molda para sermos felizes sendo competitivos e egoístas. A pessoa é feliz pelo que faz e pelo que tem. Para o apóstolo Paulo a alegria tem outra causa. Passa por um encontro e acontecimento decisivo. Este encontro e este acontecimento é Jesus Cristo, causa de toda a alegria. Para Paulo, a alegria não é produto de obediência a uma tradição religiosa. Para nós não deve ser fruto de uma oferta econômica ou doutrina religiosa, tampouco de uma decisão racional ou de uma grande idéia. Não será a nossa inteligência, nem a tecnologia, nem as boas realizações, nem nossas boas intenções que garantirão sentido para a nossa vida. A alegria da qual Paulo fala é conseqüência de um acontecimento. Um encontro com a proposta e a causa de Jesus Cristo. Nela a nossa condição humana continuará marcada pela fraqueza e limitação, mas não precisamos nos envergonhar disto. Enfim, eu sou aceito por meio da fé em Cristo. Isso vem de Deus e é para minha alegria. Renato Küntzer Pastor Sinodal do Sínodo Noroeste Riograndense
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Agosto 1 Sáb 2 Dom
Lc 22.14-20 Jo 6.24-35
3 Seg 4 Ter 5 Qua
Tg 2.14-26 2 Co 6.11-18 Tg 3.13-18 1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 12/02/1917) Lc 11.33-41a 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau Jo 18.19-24 Fp 2.12-18 1 Rs 19.4-8 10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1 DIA DOS PAIS 1 Rs 3.16-28 Ez 3.16-21 Mt 19.4-15 Ef 5.15-20 Jo 19.9-16a Lc 12.42-48 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP Jo 6.51-58 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Hebreus 4.1 Rm 11.1-12 At 27.1-12 Jo 4.19-26 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, na Suécia Rm 11.13-24 Lc 23.27-31 Semana da Pessoa Portadora de Deficiência – 21 a 28 de agosto Dt 4.27-40 1948 – Assembléia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda Ef 6.10-20 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus acabou com o poder da morte e, por meio do evangelho, revelou a vida que dura para sempre. 2 Timóteo 1.10 Ez 17.1-6, 22-24 Gn 19.15-26 Mc 7.24-30 1 Pe 5.1-5 Lc 22.54-62 Is 26.1-6 Mc 7.1-23 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Senhor, eu sou teu, e as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de felicidade. Jeremias 15.16 Mt 9.27-34
6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom
10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom
17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom
24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom
31 Seg
9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça
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Lema do mês
O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz. Números 6.24-26
Nós amamos a vida e sempre procuramos viver dias melhores. Por isso buscamos com freqüência coisas diferentes para preencher nossos dias e que nos tragam satisfação e alegria. Em nossas cidades, podemos encontrar drogas, crimes e toda espécie de males. Encontramos pessoas desagradáveis e “lobos disfarçados de cordeiros”. Mas com certeza também há pessoas carinhosas, amáveis, atentas, hospitaleiras e educadas. Algumas vezes ocorre que encontramos aquilo que buscamos. Por exemplo, se selecionarmos a melhor mulher ou o melhor homem, o melhor filho ou filha, o melhor operário ou executivo, vamos encontrar nessas pessoas defeitos e falhas. E em todas as pessoas, se olharmos com atenção, também vamos encontrar muitas qualidades. Tudo depende do que buscamos. Assim também acontece com todos os meses deste ano de 2009. Também neste mês de agosto, com suas crendices e superstições. O que queremos buscar para nossas vidas? O que Deus quer nos proporcionar neste mês?
O lema deste mês mostra o que Deus quer dar a todos e todas: a palavra de bênção que recebemos no final de nossos cultos. Pode acontecer que já ouvimos essa palavra tantas vezes e de tanto ouvi-la já nem mais saibamos, ou nem nos preocupamos com aquilo que ela significa. Essa bênção provém de Deus e é o desejo mais sincero dele aos seus filhos e filhas. A bênção de Deus é para cada momento, alegre ou triste, de saúde ou de enfermidade, mostrando assim que Ele está conosco cada dia de nossa vida. Assim, cada vez que recebermos a bênção no final de um culto ou de uma celebração vamos nos lembrar de que Deus quer estar ao nosso lado e nós poderemos andar confiantes no nosso caminho, sabendo que Ele é fiel às suas promessas. Oração: Que Deus te receba em seu aconchego e te abrace fortemente contra seu peito. Que Deus olhe a teus olhos com ternura e de ti tenha compaixão. Que Deus esteja atento a tudo o que se passa ao teu redor e te faça sentir completamente seguro e em paz. Amém. João Willig Pastor Sinodal do Sínodo Planalto Rio-grandense
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Setembro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom 7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom
14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom
21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom
28 Seg 29 Ter 30 Qua
Nm 12.1-15 Mt 17.14-21 Tg 5.13-16 Lc 23.6-12 Is 57.15-19 Is 35.4-7a
1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se. Filipenses 4.4 1822 – Independência do Brasil Dia Mundial da Alfabetização
Jz 9.7-15 Am 5.4-15 Dt 24.10-22 At 4.32-37 Dia da Imprensa Mt 26.47-50 Jd 1, 2, 20-25 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC Mc 8.27-38 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. Romanos 15.4 2 Tm 1.1-7 Jo 9.24-41 Fm 1-16-22 1 Cr 29.9-18 Jo 13.31-35 2 Ts 2.13-17 Tg 3.13 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde 4.3, 7-8a O apóstolo Paulo diz: Eu trago vocês no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos vocês são participantes da graça comigo. Filipenses 1.7 Fp 4.8-14 Dia da Árvore 1 Tm 6.3-11a At 27.33-44 Lc 10.38-42 Lc 22.35-38 Lc 6.20-26 Mc 9.38-50 17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2.10-11 Dia do Ancião Rm 6.18-23 Sl 91.11 Dia de São Miguel e Todos os Anjos Gn 16.6b-14
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Lema do mês
Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Lucas 12.34
Um índio queria que seu coração fosse enterrado na curva do rio, pela vida e pela bondade que ele encontrara em suas águas. Na verdade, o coração dele já estava lá. Tesouros são coisas às quais damos muita importância. Às vezes damos o nosso sangue por algo que julgamos importante e que não tem valor algum para outra pessoa. Revelamos o nosso tesouro quando tentamos conseguir, proteger ou conservar algo que valorizamos. Jesus nos alerta que guardar tesouros na terra não é uma estratégia inteligente. Nos versículos que antecedem o v. 34, Ele cita o exemplo da natureza e também de pessoas que recebem tudo de Deus. Confiar em Deus é o suficiente. Não é preciso acumular “tesouros” nem construir celeiros enormes. Talvez Ele nos diria, na modernidade: “Não gastem tanto em seguros e na construção de sistemas de vigilância para proteger vossas riquezas” mas “buscai antes o Reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (v. 31). Os lírios dos campos, que são vestidos com vestes lindas e coloridas, e as aves dos céus,
que são alimentadas de forma gratuita, são usados como exemplo. Jesus ainda diz que certamente somos mais importantes do que flores e pássaros. Ele quer nossos corações livres para buscar as coisas do alto - Ele aponta para as coisas do Reino. Ele não quer nosso coração preso a um rio, a um seguro de vida, a um carro ou a qualquer bem de consumo. O amor de Deus é que deu vida ao mundo, às pessoas e a todas as coisas. Seu amor fez com que o Verbo se tornasse carne em Cristo e que no Espírito Santo nos tornássemos Igreja. É esse mesmo amor que nos faz buscar a comunhão com os outros, a construir comunidades, a ser solidários. É ali que Jesus quer o nosso coração. Este é o nosso tesouro. Oração: Senhor, sabemos que o Teu coração bate por nós. Isto é tudo do que precisamos. Pedimos que nos sustentes e nos mantenhas unidos a Ti. Nosso tesouro não é outro do que este: o Teu amor. Preenchenos com o Teu amor. Amém. Marcos Bechert Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Taquari
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Outubro 1 Qui
Ap 14.6-16
2 Sex 3 Sáb
Mt 26.51-54 At 12.1-11 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) Gn 2.18-24 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Deus, eu falarei a respeito de ti aos meus irmãos e te louvarei na reunião do povo. Hebreus 2.12 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS Mc 5.24-34 Tg 1.1-13 Lc 7.1-10 At 5.34-42 Jo 19.28-30 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e Outros Estados da América do Sul, em Estrada da Ilha, SC Mt 14.22-33 Mc 10.17-31 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Naquele dia, todos dirão: Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Isaías 25.9 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma 1 Ts 4.9-12 Dia da Criança – Dia de Nª Srª Aparecida (feriado nacional) 1 Tm 1.1-11 Ct 8.4-7 At 6.1-7 Lc 23.32-34 Mt 5.17-24 Hb 5.1-10 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1.18 Mc 10.46-52 Lc 5.12-16 1962 – Assembléia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC Ec 12.1-8 Mc 6.7-13 Mt 27.39-44 At 14.8-18 Mc 10.46-52 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Senhor me livrará de todo mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém! 2 Timóteo 4.18 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV Êx 23.10-16 1949 – Constituição da IECLB Êx 18.13-27 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Gn 24.54b-67 Êx 19.3-9 Dia Nacional do Livro e da Leitura Jo 18.28-32 Rm 3.19-28 DIA DA REFORMA Vermelho 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero
4 Dom
5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom
12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom
19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom
26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb
1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA
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Lema do mês
Deus diz: Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne. Ezequiel 11.19
O Profeta Ezequiel profere essa palavra numa época trágica vivida pelo povo judeu: a destruição do reino de Judá e de sua capital, Jerusalém, assim como o amargo exílio na Babilônia. Deus não deseja a mera condenação do pecador, por isso, através do profeta, anuncia essa palavra da graça e da misericórdia em meio a todo o sofrimento. Ele diz que dará um só coração, um novo espírito e um coração de carne. Vivemos também hoje um tempo de corações de pedra. Pessoas com coração de pedra são duras, porque não se expandem; são solitárias porque não cabe ninguém em sua vida; são pessoas insensíveis e egoístas. Tudo isso faz com que vivamos um tempo de uma grande fome de amor. Muitas pessoas desejam, sim, amar a Deus, mas não sabem como; há outras que não sabem nem mesmo como amar umas às outras ou receber amor umas das outras. O coração é a área da nossa vida que Deus fez com a capacidade de amar. Mas é esse mesmo coração que nos impede de amar a
Deus e as pessoas que nos cercam. Há uma tendência no nosso coração que nos faz errar o alvo. Quanto mais tentamos acertar, mais erramos. As coisas boas que queremos fazer, não fazemos, e as coisas ruins que não queremos fazer, essas fazemos. Para nós também vale essa promessa de Deus dirigida ao seu povo através do profeta Ezequiel. Deus diz, através de Cristo Jesus, que podemos ter um só e novo coração. Deus, em sua graça, pode remover o nosso coração de pedra e nos dar um coração de carne; um coração que bate de compaixão pelas pessoas. Somente o tesouro do amor e da graça de Deus pode saciar a nossa fome de amor e transformar o nosso coração de pedra em coração de carne, em instrumento de sua missão neste mundo. Oração: Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me um espírito novo e firme. Dáme novamente a alegria da tua salvação e faze com que o meu espírito seja obediente. Amém. Enos Heidemann Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos
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Novembro 1 Dom
2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom
9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom
16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom
23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom
30 Seg
Dt 6.1-9
22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vocês. 2 Tessalonicenses 3.1 Jo 16.20-24 Dia de Todos os Santos Branco Mc 5.21-43 Dia de Finados Branco 1 Sm 26.5-24 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956) Pv 29.18-25 Is 32.1-8 Lc 22.49-53 2 Tm 2.1-6 Mc 12.38-44 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. Mateus 24.42 Mc 4.1-12 Mc 13.9-20 1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 16/02/1546) Hb 13.1-9b 1982 – Assembléia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru 1 Jo 2.18-29 Mt 26.36-41 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) Mc 13.30-37 Hb 10.11-25 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Aquele que dá testemunho de tudo isso diz: Certamente venho logo! Amém! Vem, Senhor Jesus! Apocalipse 22.20 1889 – Proclamação da República do Brasil Mt 7.21-29 Hb 10.26-31 1 Tm 3.16 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS 2 Ts 1.3-12 Mt 26.59-66 Ap 20.11-15 Dn 7.9-10, DOMINGO CRISTO REI Branco ou Dourado 13-14 Jesus Cristo diz: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Apocalipse 22.13 Dt 34.1-8 1 Pe 1.13-21 1 Co 3.9-15 1843 – ✩ Dr. Wilherlm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) Cl 4.2-6 Mt 27.50-54 Ap 21.10-27 Lc 21.25-36 1º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. Salmo 85.7 1 Pe 1.8-13 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC
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Lema do mês
Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. 1 Tessalonicenses 4.14
Já está no tempo de fazer um balanço do ano que finda. Contentar-se com fartura material será o suficiente? Ou a vida possui outros ingredientes pelos quais vale a pena lutar? A palavra bíblica indicada para este tempo, e não é diferente com o lema de novembro, desafia a ver além do aqui e agora. A realidade de Deus leva em conta o futuro, o que vem depois do tempo e do espaço a que o ser humano está sujeito. O apóstolo convida-nos à confissão de fé no Deus que há de guardar-nos no seu amor eternamente (HPD 118). E Martim Lutero, ao responder o que significa o 3º Artigo do Credo Apostólico, diz: “... e, no último dia, ressuscitará a mim e a todos os mortos e dará a vida eterna a mim e a todas as pessoas que crêem em Cristo”. Embora não seja mais tão comum, houve tempos em que as lápides das sepulturas revelavam a fé e a esperança de quem partiu ou, então, de seus familiares. Além do nome e da data de nascimento e falecimento, versículos bíblicos, frases, versos e tex-
tos bem elaborados expunham a espiritualidade das pessoas, especialmente, quanto ao que viria após a vida terrena. O político, cientista e escritor americano Benjamim Franklin (1706-1790) foi alguém que depositou sua esperança na ressurreição de Cristo. Na lápide de sua sepultura lia-se: “Aqui jaz, para refeição dos vermes, o corpo de Benjamim Franklin, alguém que assemelha-se à página de um livro muito surrado, folhas rasgadas e a encadernação soltando praticamente todas as folhas. Mas a obra não está perdida. Será reeditada, revisada e melhorada pelo Editor”. É assim, repleto de bom humor, que Benjamim Franklin dava a conhecer aos que visitavam a sua sepultura, a fé e a esperança no “Editor”, o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, que ressuscitou o seu Filho. Ele há de ressuscitar a todas as pessoas que nele crêem. E certamente a sua companhia será plena, se já aqui e agora pudermos desfrutar dela. Dietmar Teske Pastor Sinodal do Sínodo Sul-Rio-Grandense
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Dezembro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom
7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom
14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom
21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom
28 Seg 29 Ter 30 Qua 31 Qui
Hb 10.32-39 Cl 1.9-14 1 Ts 5.1-8 Mt 27.27-30 Mt 23.37-39 Fp 1.3-11 2º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E toda carne verá a salvação de Deus. Lucas 3.4,6 Hb 6.9-12 Ap 2.12-17 Ap 2.1-7 2 Co 5.1-10 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos Lc 22.66-71 1 Ts 4.13-18 Lc 3.7-18 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul João Batista é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: Aqui está o meu mensageiro, disse Deus. Eu o enviarei adiante de você para preparar o seu caminho. Mateus 11.10 Dia da Bíblia Mt 3.1-6 Mt 3.7-12 Mt 21.28-32 1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves Lc 1.26-38 1 Ts 5.16-24 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) 2 Co 1.18-22 Mq 5.2-5a 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus conosco. Mateus 1.23 Ap 3.7-12 Ap 22.16-21 Rm 15.8-13 Lc 2.1-7 VIGÍLIA DE NATAL Branco Tt 3.4-7 NATAL Branco At 6.8-15 Mártir Estêvão (At 6.8-15, 7.1-60) Lc 2.41-52 1º DOMINGO APÓS NATAL Branco Que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos. Colossenses 3.15 Mt 2.13-18 1 Jo 4.11-16a Hb 1.5-14 Is 55.6-11 Véspera de Ano Novo Branco
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Lema do mês
Deus diz: Eu vos salvarei, e sereis bênção; não temais, e sejam fortes as vossas mãos. Zacarias 8.13
A olhos vistos, só marcas da destruição: ruínas, escombros, cidade vazia. Só cacos sobraram em Jerusalém após a invasão em 587 a.C. por Nabucodonosor da Babilônia. O templo estava destruído e o povo de Israel, disperso. Jerusalém apenas era habitada por um punhado de gente que era chamado de “resto” do povo. Diante dos olhos humanos só cacos e gente cabisbaixa! E é em meio a essa situação caótica que o profeta Zacarias, lá pelo ano 520 a.C., apresenta uma boa nova: a promessa de salvação. Ele fala a essa gente arrasada proclamando a visão divina de como será a Jerusalém futura: templo restaurado, praças com velhinhos e crianças brincando, campos com fartura. Reinará a paz, Deus habitará no meio do seu povo e Jerusalém será a cidade da Verdade, a Montanha Sagrada. Zacarias conclama o povo para uma mudança de visão e anima as pessoas a recomeçarem. Não temam, sejam fortes as vossas mãos! Os que eram considerados “resto” serão bênção. E, assim veio a acontecer: o povo foi liberto do exílio, o templo foi reconstruído, Jerusalém voltou a ser cidade referência para os povos. Advento é um tempo que nos lembra do
projeto de Deus, fala do novo que há de vir. E em Jesus, o totalmente novo se fez presente. O caos dava lugar às bênçãos, situações e vidas eram transformadas. Em Jesus temos mostras de que as coisas não vão ficar como estão. Pois o plano de Deus é que as pessoas tenham vida em abundância aqui na terra e vida eterna no céu. Este é o sonho de Deus, do qual Ele não abre mão. Hoje, é esperado de nós, cristãos, que sejamos bênção em meio ao caos existente ao nosso derredor. Que nossas mãos sejam fortes na construção de novidade de vida em nossos relacionamentos, na sociedade e na terra em que vivemos. Por isso, neste advento e sempre, coloquemos sinais de esperança, de solidariedade, de reconciliação e justiça, sinais de paz e de graça. Já agora, vivamos sinais do reino que há de vir. Assim, há de nascer novidade de vida. Oração: Senhor, renova a face da terra. Faze-nos entender tua visão e teus planos. Dá-nos mãos fortes que venham a cooperar na construção de um mundo mais divino. Ó Deus, dá que nossa vida e nosso testemunho sejam bênçãos. Amém. Mariane Beyer Ehrat Pastora Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí
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Temas da IECLB 1976 – Comunidade Consciente e Atuante 1977 – Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 – Cristo, o caminho 1979 – A importância da família cristã para a criança 1980 – Cristo, o Mediador 1981 – Homem e Mulher unidos na Missão 1982 – Terra de Deus – Terra para todos 1983 – Eu sou o Senhor teu Deus 1984 – Jesus Cristo – Esperança para o mundo 1985 – Educação – Compromisso com a verdade e a vida 1986 – 1987 – Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1988 – 1989 – ... E sereis minhas testemunhas 1990 – 1991 – O pão nosso de cada dia 1992 – 1993 – Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida 1994 – 1995 – Permanecem a fé, a esperança e o amor 1996 – 1997 – Somos Igreja. Que Igreja somos? 1998 – Aqui você tem lugar 1999 – É tempo de lançar 2000 – Dignidade Humana e Paz – um novo milênio sem exclusão 2001 – Ide, fazei discípulos... 2002 – Mãos à obra 2003 – Nosso mundo tem salvação 2004 – Pelos caminhos da esperança 2005 – 2006 – Deus, em tua graça, transforma o mundo 2007 – 2008 – No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação. 2009 – Deus ama quem oferta com alegria.
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Datas Comemorativas Osmar Luiz Witt
500 anos Nascimento do reformador João Calvino João Calvino, ou Jean Calvin, nasceu no dia 10 de julho de 1509, em Noyon, no norte da França. Ele é reconhecido como um dos principais teóricos da Reforma Protestante, no século XVI, em Genebra, na Suíça. Ele estudou na Universidade de Paris, onde ingressou em 1523, formando-se em Direito. Em 1535 foi para a Basiléia, onde escreveu sua mais famosa obra, Instituição da Religião Cristã, também conhecida pela forma abreviada como Instituta. Passou a residir em Genebra, em 1536, de onde foi forçado a sair pelas autoridades eclesiásticas, em 1538, refugiando-se, então, em Estrasburgo como pastor de refugiados franceses. Voltou, porém, em 1541, e ajudou a organizar uma nova igreja e a fundar o Colégio de Genebra, o qual veio a ser um importante centro universitário da Europa. A doutrina calvinista inspirou, tempos depois, o aparecimento do presbiterianismo. Calvino faleceu naquela cidade aos 27 de maio de 1564. 200 anos Nascimento de Charles Darwin Charles Darwin foi um naturalista inglês que nasceu em Shrewsbury, em 12 de fevereiro de 1809, e faleceu em Down, em 19 de abril de 1882. Com 16 anos ingressou na faculdade de medicina, onde se interessou por história natural. Sem con-
cluir o curso, por influência do pai, foi estudar teologia em Cambridge. Em 1831, como naturalista, teve a oportunidade de participar numa expedição científica de volta ao mundo no navio inglês Beagle. Nesta viagem, de aproximadamente cinco anos, colheu as informações em que baseou a sua Teoria da Evolução das Espécies, publicada em 1859 no livro A Origem das Espécies. Nesta teoria, Darwin sustenta que o meio ambiente seleciona os seres mais aptos e elimina os menos dotados. Por não alinhar-se com a teoria criacionista sustentada pela igreja de seu tempo, Darwin provocou polêmica e foi muito criticado, especialmente ao publicar, em 1871, a obra A Descendência do Homem, em que expõe sua teoria de que o ancestral da espécie humana é um macaco. Os estudos de Darwin mudaram os rumos das pesquisas biológicas. Seus estudos têm oferecido argumentos para posturas ateístas, mas não só, também a teologia crítica tem buscado o diálogo com sua teoria científica. 100 anos Nascimento do P. Dr. Ernesto Theophilo Schlieper O P. Dr. Ernesto T. Schlieper nasceu em Taquara, RS, no dia 30 de maio de 1909. Ele pertenceu à geração que contribuiu decisivamente na consolidação da IECLB como uma igreja de abrangência nacional. Começou seus estudos de Teologia no Instituto Pré-Teológico, quando este ainda estava situado em Cachoeira do Sul,
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deu valiosa contribuição à IECLB nos importantes anos de sua constituição e estruturação. Foi eleito presidente da Federação Sinodal - IECLB em 1958 e reeleito em 1962, tendo sido o seu mandato interrompido por sua morte, ocorrida em 1969, há quarenta anos. Em sua gestão, a IECLB realizou uma reestruturação concluída em 1968, na qual os antigos Sínodos deram lugar a uma igreja de abrangência nacional, subdividida em Regiões Eclesiásticas. Ao Dr. Schlieper também coube promover o estreitamento das relações de caráter ecumênico, mantidas pela IECLB no plano nacional e internacional. De 1961 a 1968, foi membro do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas e, desde 1957, do Comitê Executivo da Federação Luterana Mundial, de cuja Comissão Latino-Americana foi presidente desde 1964.
P. Dr. Ernesto T. Schlieper RS. Depois, freqüentou o Ginásio de Gütersloh, na Alemanha e, logo após, ingressou nas Universidades de Marburg, Bonn e Tübingen, onde concluiu o curso de Teologia, na época da Páscoa de 1933. De volta ao Brasil, exerceu, temporariamente, atividades pastorais e docentes em Montenegro, Candelária e no Instituto Pré-Teológico, o qual, então, já estava localizado em São Leopoldo. Foi ordenado ao Ministério Pastoral, em dezembro de 1937, atuando posteriormente em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. De 1/ 02/1960 a 28/02/1966, foi Diretor da Faculdade de Teologia da IECLB. Da Universidade de Heidelberg recebeu como justa homenagem o título de “Doutor Honoris Causa”, em 10/08/1955. O Pastor Dr. Ernesto Theophilo Schlieper
100 anos Nascimento de Dom Hélder Câmara Hélder Pessoa Câmara, D. Hélder, nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909. Tornou-se sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana em 1931, tendo sido ordenado em Fortaleza, CE, sua cidade natal. Nessa época, fez parte do movimento integralista, que se inspirava no fascismo europeu de grande repercussão. Após ser transferido para o Rio de Janeiro, em 1936, passou a dirigir programas educacionais da prefeitura na, então, Capital Federal. Contribuiu como um dos organizadores da Ação Católica, cuja atuação pastoral visava alcançar a população carente. Em 1952, foi nomeado bis
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po auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro. Foi um dos idealizadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fundada em 1952. O contato com o mundo das pessoas empobrecidas foi decisivo para abrir-lhe a perspectiva evangélica de inclusão do problema da desigualdade social em suas preocupações e ações. Em 1964, foi nomeado arcebispo de Olinda e do Recife, deslocando para o Nordeste sua militância social e religiosa. Ficou conhecido em todo o mundo por sua postura em defesa dos direitos humanos durante o Regime Militar de 1964. Manteve-se à frente da diocese até 1985.
40 anos Primeiro homem na Lua A viagem do foguete Saturno 5, que levava a Apolo 11 com destino à Lua, iniciou no dia 16 de julho de 1969, , em Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos da América. A tripulação era formada pelos astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin Jr. O pouso na Lua aconteceu no dia 20 de julho e Neil Armstrong entrou para a História como o primeiro homem a pisar no solo lunar: “Um pequeno passo para um homem e um grande passo para a humanidade”, assim definiu ele aquele momento. 20 anos Falecimento de Aurélio Buarque de Holanda
40 anos Morte de Carlos Marighella Carlos Marighella foi um dos principais líderes da luta armada contra o Regime Militar de 1964. Nascido em 1912, em Salvador, BA, era membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), desde 1934. Participou da Intentona Comunista de 1935, em razão do que foi preso. Libertado após a redemocratização do pós-Guerra, conseguiu eleger-se deputado federal constituinte, em 1946, mas logo o PCB seria cassado e seus integrantes perderam os mandatos. Na clandestinidade, lutou contra a ditadura militar até ser preso outra vez, em maio de 1964. Libertado no ano seguinte, entrou para a luta armada contra o regime. Teve participação, em setembro de 1968, no seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. Foi morto pelos órgãos de repressão em 1969.
“Não sabes como é que se escreve? Consulta o Aurélio!” Sim, “Aurélio” tornouse sinônimo de “Dicionário da Língua Portuguesa”, pois o lexicógrafo e escritor alagoano Aurélio Buarque de Holanda é o autor de um dos mais importantes dicionários do vernáculo, o Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Nascido na cidade de Passo do Camarajibe em 3 de maio de 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro e lecionou português em vários colégios, além da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e do curso de preparação à carreira diplomática do Instituto Rio Branco. Considerado um dos maiores conhecedores da língua portuguesa, publicou a obra que o consagrou em 1975. Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de fevereiro 1989.
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20 anos Falecimento de Raul Seixas Um dos pioneiros do rock’n’roll brasileiro, Raul Santos Seixas nasceu em Salvador em 28 de junho de 1945. Nos anos 50 criou um fã-clube de Elvis Presley, que teve grande influência em sua carreira. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1966, e estreou em disco em 1967, com Raulzito e Seus Panteras. Ganhou projeção naci-
onal com a canção Ouro de Tolo, de 1973. Dois anos depois lançou Gîta e, em 1976, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás. Entre seus maiores sucessos estão Eu Sou a Mosca Que Pousou na sua Sopa, Metamorfose Ambulante e Sociedade Alternativa. Faleceu em São Paulo no dia 21 de agosto de 1989, há vinte anos, mas vez por outra ainda se escuta nas platéias o grito: “Toca Raul!” O autor é pastor da IECLB e professor de História da Igreja na Escola Superior de Teologia em São Leopoldo, RS
Oração: Querido Deus! Alguma coisa em mim mostra-me que Tu existes de verdade. Tenho certeza de que Tu vives, me conheces e me amas. Tu me fazes rir, fazes cantar o meu coração. Tu me fazes dançar, fazes vibrar a minha alma. Eu respiro com alívio em Tua presença. Senhor, Tu somente me dás a alegria que vem de dentro, A alegria que ninguém pode me tomar. Senhor, Tu iluminas a minha vida com a luz do Teu amor! ••• 36 •••
Por que participo da Igreja? Ivanir Eberspächer
Desde criança participei muito da Igreja, pois meus pais são muito religiosos. Sempre acreditei em algo superior ou alguma força maior, e freqüentar a Igreja tornouse um hábito. Quando cresci, me afastei um pouco das atividades da Igreja, principalmente porque tinha filhos pequenos para criar, mas nunca deixei de acreditar e confiar em Deus! Chegou um momento em que senti falta deste alimento espiritual, e voltei a freqüentar a Igreja mais assiduamente e participar de atividades. Encontrei na Igreja uma família na fé, amigos dispostos a me ajudar e seus sorrisos para me fortalecer todos os dias. Hoje, toda a minha família freqüenta e participa da Igreja, criando vínculos cada vez mais fortes com a Comunidade e seus membros. Participar de uma religião, estar envolvido com uma Comunidade é algo muito saudável para a mente e fisicamente, é
uma nova família que se faz e este contato com seus irmãos na fé, os quais têm a mesma finalidade e objetivos é muito gratificante, tendo Deus como Pai, protetor. Ainda, participar do crescimento, do desenvolvimento da Comunidade junto com todos os membros e Pastores é muito gostoso, nossa vida se torna mais fácil, mais alegre quando temos fé em Jesus, acreditando que através dele chegamos ao Pai e com isso nossos problemas se tornam menores, pois sabemos que temos alguém em quem confiar, com quem dialogar através de nossas orações de pedido ou de agradecimento. As atividades e os grupos (p.ex. Coral, Estudo Bíblico) que existem na Igreja são muito importantes, e participar destes é muito gratificante. Amar e respeitar a Deus é muito bom, é algo que nos conforta, que nos dá força dia após dia. Como é bom participar de uma Comunidade unida e tendo Deus para nos confortar! A autora é membro da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba
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Irmã Doraci, Missionária e Mártir Ulrico Sperb
Na terça-feira, dia 24 de fevereiro de 2004, a IECLB foi atingida pela notícia do assassinato da Irmã Doraci Julita Edinger, em Nampula, capital da Província de Nampula, no Norte de Moçambique. A Irmã Doraci foi encontrada morta no seu apartamento em Nampula, assassinada. A morte ocorrera dias antes, pois foram os vizinhos que deram o alerta, por causa do mau cheiro. Ficou provado que ela foi morta no sábado, dia 21 de fevereiro de 2004. Irmã Doraci foi diaconisa da IECLB e estava em Moçambique desde 1998. Apesar de grandes dificuldades, realizou um belo trabalho, conquistando as comunidades. Sua atuação aconteceu em aldeias da cidade de Moma, onde ajudou a edificar nove comunidades. Ela realizava estudos bíblicos, cuidava da área da saúde e da alimentação. Sob sua liderança, foram construídos quatro poços comunitários,
diversas igrejas e escolas, e também foram plantados pés de caju, visando à manutenção das comunidades. A conversão do rei Na primeira visita que fiz à Irmã Doraci, enquanto viajávamos de Nampula para as aldeias, ela me contou o seguinte fato: – Aqui, todas as aldeias têm um rei. Esta é uma tradição que vem de antes da colonização portuguesa. A tradução da palavra na língua deles – o macua – para o português, do líder da aldeia é “rei”. Os portugueses não respeitavam muito esta tradição e colocavam líderes próprios, mas os macuas continuaram com a sua tradição. Quando eu estive uma vez na aldeia de Chalaua me pediram para visitar o rei, que estava muito doente. Enquanto íamos à sua choupana me pediram: – Irmã, o rei não é cristão. Por isso a senhora não pode rezar com ele.
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– Sempre que eu faço uma visita, respondi, eu oro com a pessoa ou por ela. Nós já vamos ver o que vai acontecer.
Moçambique literalmente duplicou de membros, ou seja, chegou a ter mais de três mil pessoas afiliadas.
De fato, o rei estava muito doente, deitado numa esteira no chão batido da sua choupana. Procurei na minha maleta de remédios o que poderia lhe dar. Expliquei bem à sua mulher tudo que tinha que fazer e me ajoelhei junto a ele e fiz uma oração. Quando voltei dois meses depois a Chalaua ele veio ao meu encontro, ainda fraco e apoiado em um pedaço de taquara e me disse:
Quando estive com ela nas aldeias de Moma, pude constatar o quanto ela era amada por aquele povo simples e sofrido. Até as autoridades locais me testemunharam que a qualidade de vida havia melhorado com os serviços que ela estava prestando.
– Irmã, eu quero ser batizado e fazer parte da sua Igreja. Eu ensinei doutrina para ele, o pastor o batizou e hoje ele faz parte do nosso Conselho. Este foi o relato da Irmã Doraci. Na ocasião conheci o rei de Chalaua. O batismo de centenas Em fevereiro de 2002, pessoas de uma aldeia da província vizinha – Cabo Delgado – solicitaram a presença da Irmã Doraci, cuja fama já chegara àquela região. Em algumas aldeias de lá, ela criou diversas congregações. Ajudou o povo na aquisição de instrumentos agrícolas (pás, enxadas, etc). Ensinou o Evangelho de Jesus Cristo. Em novembro daquele ano, um pastor foi para aquelas aldeias e num fim de semana foram batizadas mais de oitocentas pessoas.
A Irmã Doraci, em 2001, compartilhou suas atividades em Moçambique num dos cultos de sábado à noite, em nossa Igreja da Reconciliação, da Paróquia Matriz em Porto Alegre. Naquela época foi realizada uma coleta e uma rifa em favor do seu trabalho (uma mulher doou uma aliança de esmeraldas e outra, um álbum artesanal). Numa das visitas que lhe fiz levei o dinheiro (convertido em dólares), para que ela o usasse na aquisição de medicamentos. Como em tudo que fazia, ela nos prestou contas dos gastos desta verba. Todo o trabalho da Irmã Doraci era mantido pela IECLB. A Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos ajudava nos projetos maiores, como a construção dos poços. A tragédia da sua morte torna a Irmã Doraci mártir de nossa Igreja. Devido às circunstâncias locais, difíceis e perigosas, podemos dizer que ela concretizou a palavra de Jesus Cristo, em João 15.13: “Ninguém tem amor maior do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”.
Doraci - Diaconisa e Missionária Com a atuação de Irmã Doraci, a pequena Igreja Evangélica Luterana em
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O autor é Pastor da IECLB e reside em Porto Alegre/RS
LEGIÃO EVANGÉLICA LUTERANA Uma retrospectciva Ingo Bartz Strohschoen
Inicialmente, achamos necessário definir o que é Legião Evangélica Luterana – LELUT. Conforme o artigo 2º do Estatuto, é uma organização religiosa de homens, de âmbito nacional, com duração indeterminada, tendo como membros os núcleos instalados nas comunidades da IECLB. O núcleo, por sua vez, é a reunião de membros homens de comunidades da IECLB. Atualmente a LELUT, ao elaborar sua reforma estatutária, à luz do novo Código Civil, foi antes buscar subsídios no Arquivo Histórico da IECLB sobre o então chamado movimento dos homens, tentando, com isto, resgatar o engajamento dos homens em sua igreja nos idos de 1949. A história da missão dos homens como movimento organizado data desde aquele ano, quando, em 13 de maio, o 47º Concílio do Sínodo Riograndense ratificou a criação da Congregação Auxiliar, que tinha como finalidade angariar os meios necessários para manter e ampliar as obras de caráter geral da Igreja Evangélica do Rio Grande do Sul, mediante contribuições de pessoas e empresas. Já em 1957, surgiu outro movimento com integrantes daquela e outros, com o nome de Legião de Construtores da Escola de Teologia, que, como o nome sugere, administrou as campanhas e edificação da Escola de Teologia em São Leopoldo/RS. Concluídas as obras da EST, os homens de ambos os movimentos (grupos) resol-
veram se congregar numa única entidade, em 4 de outubro de 1959 – dia da inauguração do prédio da faculdade – agora com estatuto e com o nome Legião Evangélica. No transcurso do tempo, sentiu-se a necessidade de incrementar e dar maior identificação à organização. Assim, a Assembléia Geral Extraordinária realizada em Timbó/SC em 24 de setembro de 2005, acrescentou a palavra “luterana” ao nome, passando a entidade a denominarse Legião Evangélica Luterana. Aquela assembléia também constituiu “Comissão Pró-Reforma Estatutária” que, após meses de pesquisas e estudos, apresentou um Projeto de Reforma Estatutária, sendo o mesmo aprovado pela Assembléia Geral Extraordinária realizada em Carazinho/ RS, no dia 15 de setembro de 2007. O novo estatuto foi registrado em fins de fevereiro de 2008. A LELUT considera, portanto, seu início em 13 de maio de 1949, sendo que em 4 de outubro de 1959 houve apenas a fusão das entidades existentes. Não fosse assim, estaríamos alienando a história do magnífico trabalho e empenho dos homens no período anterior. Quer-se juntar e resgatar a magnitude da realização daqueles homens. O objetivo da LELUT hoje, como organização religiosa, é promover, tanto o aspecto espiritual quanto o social e o
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material juntos aos homens, membros da comunidade (artigo 4º, parágrafo único). No bojo do novo estatuto encontra-se inserida a finalidade maior da LELUT em nível nacional: apoiar os projetos missionários da IECLB dentro dos objetivos citados. Atualmente, a LELUT se engaja e apóia o Projeto Missionário Sul do Pará, já no quarto ano consecutivo. Conclamamos todos os homens a contribuírem para que a IECLB, que administra esses projetos por meio da Secretaria Geral, consiga mantê-los e, quiçá abrir novas frentes missionárias. Rogamos a Deus para que fortaleça as pessoas que estão diretamente envolvidas nos locais em que os projetos são desenvolvidos e, igualmente, agradecemos a Ele por permitir a nossa retaguarda de sustentabilidade. A Legião Evangélica Luterana também exibe no título acima sua nova logotipia, aprovada pelo Conselho Nacional no dia 15 de março de 2008. São dois homens estendendo as mãos em solidariedade e
no convite para juntos carregar a Cruz de Cristo como fonte motivadora na propagação do Evangelho. A letra H aparece em meio à cruz para identificar o movimento dos homens. Os traços ao redor da inserção da cruz representam a luz inspiradora do Espírito Santo, que conduz os passos da LELUT. O autor é presidente nacional da LELUT e reside em Ijuí/RS
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Dança Sênior: mais vida aos anos Regina Krauser
História da Dança Sênior A Dança Sênior surgiu na Alemanha com a Srª Ilse Tutt, psicopedagoga social e também professora e coreógrafa. Amante de ritmos e movimentos, descreve desta forma a sua motivação para a dança com os idosos: “Era 1971, quando minha sogra, que eu visitava no Ancianato em Koblenz, disse-me: – Você sempre dança com a geração nova, por que não com a idosa? Sim, eu disse, porque não?...” Assim nasceu a idéia de termos a Dança Sênior. Foi trazida para o Brasil pela Srª Christel Weber em 1978 e promovida a partir de 1982 no Ancianato Bethesda, pela Srª Regina Krause. O movimento congrega em nível nacional, dirigentes e interessados, promovendo cursos para habilitá-los a dirigir grupos de Dança Sênior de idosos e de pessoas com limitações.
A Dança Sênior tem a sua sede em Pirabeiraba, Joinville e compõe-se de 6 regionais: Regional 1 (RS), Regional 2 (SC-PR), Regional 3 (RJ-ES), Regional 4 (MG-BA-GO-DF-CE), Regional 5 (MS-MT-RO), Regional 6 (SP). Contamos com 700 grupos, dos quais 60 são filiados à Dança Sênior. Além dos grupos, temos 698 filiados no Brasil. Cada regional tem uma coordenadora, que organiza os cursos. Além delas, há coordenadoras de cursos, uma no Rio de Janeiro e outra na sede da Dança Sênior. As datas dos cursos estão no site www.portalbethesda.org.br, para o conhecimento do leitor. Dança Sênior, mais vida aos anos, é a forma mais charmosa de ativar-se. Santo Agostinho, que viveu de 354-430 dC, disse com muita convicção: “Ó gente, aprendam a dançar, senão os anjos do céu não saberão o que fazer com vocês.”
Depoimentos A Dança Sênior envolve muitas pessoas em todos os Sínodos da IECLB e contribui para o bem-estar físico, mental e espiritual dos participantes. Seguem alguns depoimentos deste movimento: “É com o maior prazer que participo da Dança Sênior, pois fiquei surpresa com o meu desenvolvimento. Estava sem motivação e muito deprimida. Já nas primeiras aulas notei uma melhora surpreendente.” Lindalva Abrantes – MG
“Para mim, a Dança Sênior representa a síntese de tudo o que busquei, observei, estudei e aprendi sobre o ser e suas artes, sobre o corpo e suas expressões. Ela conferiu uma forma às minhas aspirações, um método à minha maneira de atuar. Mas -
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e principalmente! - uma maneira de levar o ser que envelheceu à atividade física sem que ele perceba.” Maria Lúcia Lagonegro – SP “Com a Dança Sênior, além dos benefícios físicos, emocionais e sociais, as pessoas podem, de forma alegre, contagiante e prazerosa, desenvolver esta prática.” Shiomi O. Hirata – SP “A Dança Sênior favorece o crescimento individual e grupal, socializa, integra, educa a atenção, o senso rítmico, a cognição, contribui para a desinibição, a superação dos complexos, desenvolve o gosto pela música, o senso de direção,
equilíbrio e lateralidade, coordenação motora, mobilidade, estimula os hormônios da endorfina e serotonina (ótimo para os depressivos) e trabalha principalmente cooperação e respeito por si e pelos outros. Enfim, ajuda a manter uma boa qualidade de vida.” Luzia Rodrigues – SP “A Dança Sênior é segura e efetivamente uma contribuição para um mundo de paz e solidariedade.” Marielza de Bona – SP “A Dança Sênior, me fez descobrir o prazer de dançar e ensinar, atividades em que me sinto tão inteira, vivendo cada momento tão plenamente, que considero
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verdadeiras possibilidades de "meditação ativa. A Dança Sênior me ajudou a acreditar em mim e através dela tenho podido formar amizades verdadeiras que me fazem sentir muito bem. É bom demais!.” Elizabeth L. Bastos – RJ “A Dança Sênior é democrática, é para todos. É como um poço de água cristalina onde todos bebem, cada um a seu modo...” “Os participantes da Dança Sênior ficam esperando o dia da atividade. Todos gostam da dança, pois trouxer-lhes melhoras na vida social, as dores pelo corpo sumiram, a auto-estima aumentou, a solidão desapareceu e estão sentindo-se mais felizes. Os dirigentes de São Paulo estão cada vez mais motivados, entusiasmados e gratificados com os resultados que os idosos têm obtido com a Dança Sênior.” Dirigentes de São Paulo “Mas elas pareciam diferentes... Sim, estavam radiantes, dançavam e sorriam, encantavam com sua delicadeza e surpreendiam pela energia. Impossível não pensar que cada uma delas traz consigo uma história de vida, de
realizações, experiências e muitas vitórias. Todos as admiram, querem ter aquela alegria e garra. Mas tudo bem, elas não são egoístas e compartilham seu bem-estar pelo olhar e até convidam-nos para dançar, lançando por todo o salão uma onda de calor. Que continuem assim, com a graça de Deus entre elas, alegrando os lugares por onde dançam e as pessoas têm a felicidade de conhecê-las.” Juliane Bürger – Blumenau, SC “Esta atividade ultrapassa fronteiras, é atrativa para as mais variadas etnias, mentalidades e religiões. Por quê? Porque no centro desta atividade está a pessoa idosa e o seu bem-estar.” Christel Weber – Alemanha “Quem me dera, poder ter o dom das palavras, para poder dizer o quanto me senti feliz no Encontro de Dirigentes. A Dança Sênior tornou-se a célula viva em nosso ser.” Sueli Kasten – Joinville, SC “Dançar quer dizer, acima de tudo, comunicar-se, unir-se, encontrar-se. Falar com o próximo sobre a profundidade do seu ser. Dançar é união: de pessoa a pessoa, de pessoa com o universo, de pessoa com Deus.” Maurice Béjart A autora é Diácona, Coordenadora Diretora Nacional - Unidade de Ação da Instituição Bethesda
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Pinceladas sobre o trabalho da OASE em 110 anos Gudrun Braun
Ao voltar de uma viagem, notei que a posição da minha escrivaninha estava mudada. Quando perguntei a meus filhos o por quê, disseram: “Ah, mãe, achamos que você se alegraria em ter a vista para o Cristo Redentor no Corcovado”. Agora estou aqui, sentada, vendo o Cristo e refletindo a respeito do que escrever referente ao tema solicitado para mim: “Pinceladas sobre o trabalho da OASE em 110 anos”. Olhando, pensando, vendo o céu azul sem nuvens, o Cristo com os braços abertos e, passando por ele, como uma flecha prateada, um avião, assim, num instante, passou na minha mente tudo que li, escrevi e organizei por ocasião da festa dos 100 Anos da OASE! Que riqueza, que profundidade, quanto suor, quanto amor, quanta oração construíram o trabalho da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, que existe até hoje da mesma forma que começou. Da mesma forma, mesmo? Sim e não! Sim, porque o fundamento ainda existe, como há 110 anos: a palavra de Deus e os três pilares – Comunhão, Testemunho e Serviço. Não, porque hoje a OASE, com 110 anos, ainda é tão jovem como há dez anos. Ela não sente nada de uma velhice. A OASE ainda tem o espírito jovem, renovador e esta agilidade enorme para se adaptar a novas situações. Adaptamo-nos a novas situações quando
a nossa Igreja pediu para nos tornarmos pessoa jurídica. Por que isto? O novo Código Civil do Brasil obrigou a IECLB a desvincular todos os setores, departamentos e instituições que tinham cadastro bancário em nome da IECLB. Isto aconteceu em maio de 2005 e já em 14 de setembro do mesmo ano fundamos a Associação Nacional dos Grupos da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas – OASE. Também os Sínodos seguiram estas instruções e, em 2006, a grande maioria fundou a Associação da OASE nos respectivos Sínodos. Foi tudo pacífico? Não, nem sempre. Em alguns momentos houve muita discussão, mas depois veio o entendimento. Na verdade eu não queria ter entrado nesta questão, mas achei importante este esclarecimento para mostrar que, às vezes, as coisas acontecem “de cima para baixo”. Mas agora, como fica a OASE? Ela continuará a mesma que é hoje, andando dentro da lei, como um Setor que respeita e é respeitado na nossa Igreja. E no trabalho do dia-a-dia, nos Grupos, sentimos alguma mudança? Não! Com a mesma alegria e disposição nós nos dedicamos ao bem-estar do próximo, dentro das Comunidades e fora dos muros da Igreja, seja espiritual ou fisicamente. Olhando a diversidade do nosso trabalho, podemos dizer com o Salmista: “Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, e sua misericórdia dura para sempre”.
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Vamos às pinceladas • Em maio de 2008, foram comemorados os 20 anos de caminhada do Programa Radiofônico “Conversando com Você”. • Em agosto de 2007, o Sínodo Vale do Itajaí celebrou os 100 anos de OASE naquele Sínodo, dando destaque aos grupos de Blumenau e Brusque. Resgataram até a Imperatriz Auguste Victoria, que em 1888 fundou a “Sociedade Auxiliadora” na Alemanha com as palavras: “Quero gravar no meu coração e no meu pensamento que eu não estou na terra por mim, que eu dê amorosamente a outros o amor do qual eu vivo”, e as primeiras diaconisas de Wittenberg, que dirigiam a Maternidade Johannastift, em Blumenau, SC.
• A partir do próximo ano, 2010, teremos um considerável número de Grupos de OASE que festejarão 100 anos de existência. • Nunca faltou a comunicação e literatura espiritual. Em 1903, na Alemanha, circulava “O Mensageiro para a Mulher Evangélica”, o qual foi editado pela primeira vez no Brasil em 1930. • A primeira orientadora da OASE, em tempo integral, veio da Alemanha em 1954. Durante 15 anos de atuação no Brasil, o seu trabalho envolveu principalmente os grupos de OASE no sul do país. Mas ela também manteve contatos com grupos de outros Sínodos. Sua principal contribuição para o desenvolvimento do
Participantes do Seminário Nacional da OASE no ano de 2007, em Curitiba/PR ••• 46 •••
trabalho da OASE no Brasil foi o incentivo à prática do estudo bíblico nos grupos. • Foi esta orientadora que, em 1955, também deu início ao atual Roteiro da OASE. Ele surgiu como Roteiro de Trabalho com tímidas 12 páginas, primeiramente na língua alemã, depois bilíngüe, seguindo em alemão e português, e desde 2002 somente no vernáculo, agora com 112 páginas. • Em 1985, foi lançado o livreto “OASE – Por que? Como? Para que?”, que teve sua segunda edição em 2004. • Em 1998, lançamos o jornal OASE em Foco, com a proposta de melhorar a comunicação entre as mulheres além das fronteiras sinodais. • Em 1999, para o Centenário da OASE, editamos o primeiro livro que conta a história da OASE, sob o título “Retalhos no tempo”. • Em 1972, as Presidentes e Orientadoras Regionais começaram a reunir-se anualmente, para trocar experiências, e em 1978 formou-se o Conselho Nacional da OASE, composto por dois membros das então cinco Regiões Eclesiásticas da IECLB. • Nós nos identificamos por meio do distintivo. O primeiro foi lançado em 1930 e o segundo, e atual, nos acompanha há 60 anos. • Nesses 60 anos, também cantamos o hino “Jesus Cristo é Rei e Senhor...”, que foi aprovado e reconfirmado como o Hino da OASE. • Por exatos dez anos o Salmo 100 nos acompanha como Salmo da OASE: “Servi ao Senhor com alegria”.
Ani Cheila Kummer (dir.), Presidente da OASE Nacional e Gudrun Braun (esq.), Secetária. • Por 25 anos, como OASE Nacional, possuímos um Regimento Interno, que sempre foi adaptado conforme a estrutura da Igreja e, recentemente, foi adaptado à nova situação, como Associação da OASE. • Em 1987, portanto há 22 anos, foi criado o logotipo da OASE. • Por 22 anos ininterruptos celebramos, no mês de setembro (início da primavera), a Semana Nacional da OASE. • A OASE aderiu há 54 anos ao Dia Mundial de Oração, celebrado há 71 anos no Brasil. Por iniciativa da OASE, a Ordem do Culto está sendo impressa desde 1958. Na Diretoria do DMO a OASE tem expressiva participação. • Sempre no mês de março, num dos Sínodos, a Diretoria e as Presidentes Sinodais da OASE participam de uma reunião de planejamento. Em setembro, acontece já há oito anos, o Seminário de Liderança para Presidentes, Secretárias e Tesoureiras das Diretorias Sinodais da OASE e, desde 2005, junto com o Seminário, é realizada a Assembléia da Asso
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ciação Nacional dos Grupos da OASE. • Temos intercâmbios com Grupos do exterior e com o trabalho de Mulheres na Igreja e Sociedade da Federação Luterana. Como “Mulheres da OASE” somos bem conhecidas e respeitadas no exterior. Poderia continuar a encher páginas e mais páginas, mas, como dito no início, são apenas “pinceladas” do nosso trabalho! No caderno “OASE - 100 Anos em 100 Estrofes”, lemos: “... de carroça, ônibus, maria-fumaça, a pé, de bicicleta ou trator, o meio não interessa se é para dividir amor”. - Para dividir e viver o amor temos os dez objetivos para o nosso trabalho. Os três primeiros falam da comunhão com Deus e com o próximo, do quarto ao sétimo, do crescimento pessoal e do oitavo ao décimo do compromisso evangélico de testemunho e amor ao próximo. O que no momento nos preocupa é a segunda parte do nono objetivo: “... visando também as novas gerações”. Sabemos que muitas mulheres trabalham fora e estão impedidas de participar das reuniões à tarde. Devemos ser criativas, encontrar caminhos para envolver e tornar acessível o nosso trabalho para todas as mulheres. Vimos que as estruturas mudam, mas as bases sólidas ficam. A OASE não é um grupo fechado. Estamos sempre de portas abertas. Venha! Aqui você tem lugar, seja você senhora, senhorita, mulher, dama, jovem, viúva, separada... Juntas, queremos trabalhar para a glória do nosso Senhor Jesus. Somos gratas a Deus por
todas as colaboradoras. Queremos, também no futuro, ser fiéis no nosso trabalho e nos lembrar de que o amor abençoa duas vezes: ao que recebe e ao que doa. 100 Anos da OASE passaram. Foi uma festa inesquecível, lá em Rio Claro, no interior do estado de São Paulo. Mais 10 anos andamos, segurando a mão de Deus. Quando terminei esta reflexão, lá fora tudo mudou. O céu está cinzento, o Cristo envolvido em nuvens. Mas isto também é simbólico para nós. Não cantamos num hino do nosso hinário: “Se bem que meu caminho eu ignorar, confio em ti. Porque teus planos vais concretizar, confio em ti. Por me guiares, não preciso ver, nem mesmo sempre tudo entender”? Não precisamos entender tudo, mas temos a certeza de que Jesus Cristo é Rei e Senhor, a Ele servimos com alegria e pedimos a Deus que Ele nos dê o alento e a bênção para continuar o nosso trabalho da OASE de geração em geração.
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A autora é secretária da Associação dos Grupos de OASE e reside no Rio de Janeiro/RJ
Natal, Páscoa e Pentecostes Como surgiram as festas comemorativas da Igreja Cristã Friedrich Gierus
A história de Igreja teve início num dia de festa, para ser exato, no dia da festa da colheita, na cidade de Jerusalém. Era, para os judeus, uma festa de grande alegria. Vinha gente de toda parte: judeus saudosos que voltavam a Jerusalém, trazendo também pagãos amigos e prosélitos. Eram oferecidas as primícias das colheitas no templo. Era também chamada festa das sete semanas, por ser celebrada sete semanas depois da festa da páscoa judaica, no qüinquagésimo dia. Daí o nome Pentecostes, que significa “qüinquagésimo dia”. Pentecostes Data de nascimento da Igreja No primeiro Pentecostes, depois da ressurreição de Jesus, portanto, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo; todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (Atos cap. 2). Neste dia, houve um acréscimo de quase três mil pessoas à primeira comunidade cristã em formação, tornando-se assim o dia do nascimento da Igreja de Jesus Cristo. Desde então, transferiu-se o dia do descanso (no judaísmo, o Sábado), do sétimo para o primeiro dia da semana, em comemoração à ressurreição de Jesus, que ocorreu no primeiro dia da semana.
Tempo de Paixão (Quaresma) e Páscoa Aos poucos, a Igreja celebrou a festa da Páscoa, de forma especial, uma vez por ano, dando conteúdo cristão à festa judaica Pessach = Passagem, isto é, à libertação e fuga do povo de Israel escravizado no Egito. Os judeus comemoraram a libertação da escravatura como ato salvador mediante a intervenção direta de Deus. Os cristãos comemoram a Páscoa também como “passagem”, ou seja, a vitória de Cristo sobre a morte, passando da morte para a vida e oferecendo a libertação da morte eterna para todos que crêem em Jesus Cristo e são batizados em nome do trino Deus. Com a instituição da celebração da Páscoa, os cristãos deram início à montagem do ano eclesiástico. A instituição oficial da Páscoa se deu no Concílio da Igreja, realizado no ano de 325, na cidade de Nicéia. Logo em seguida – ou paralelamente à oficialização da Páscoa – surgiram costumes de observar dias e semanas de jejum (quaresma ou tempo de paixão) em preparação à semana que antecede a Páscoa, como a Quarta-feira de Cinzas, Quinta-feira Santa (em memória à última Ceia de Jesus com os seus discípulos e à instituição da Santa Ceia) e Sextafeira Santa (em memória à crucificação e morte de Jesus).
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Natal No mesmo século, tornou-se praxe a celebração do Natal, em 25 de dezembro, data esta que antes tinha sido uma festa pagã no Império Romano, em honra ao deus Sol. A Igreja oriental (ortodoxa) seguiu outra tradição, reservando para a festa de Natal o dia 6 de janeiro, no dia em que a Igreja ocidental celebra Epifanias (= aparição ou revelação da natureza divina ou transfiguração de Jesus –Mateus 17.1-8).
comemorativos relacionados à obra salvífica de Deus, através do seu filho Jesus Cristo, muitos dias em memória de mártires e santos, ocorrendo uma verdadeira aglomeração, para não dizer poluição, de dias comemoráveis do ano eclesiástico. A Reforma de Lutero reduziu estes dias comemorativos ao essencial, ou seja, colocando a obra e a pessoa de Jesus Cristo, de novo, no centro das celebrações.
Mais tarde, ainda foram inseridos dias específicos, acrescentando-se aos dias
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O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Blumenau/SC
São Nicolau Apesar de ser um dos santos mais populares há séculos, a figura histórica de Nicolau apóia-se sobre pouquíssima documentação. O dia de sua festa, 6 de dezembro, é lembrado principalmente como dia das crianças. A figura de Nicolau remonta ao bispo de Mira, atualmente a cidade de Demre, na Turquia. Ele era conhecido por sua caridade. O santo, conhecido como amigo das crianças, parece ter falecido em torno do ano de 350, aparentemente no dia 6 de dezembro. Segundo a tradição, seus ossos foram rou-
bados por marinheiros italianos em 1087 e levados de Mira, que se tornara muçulmana, para a cidade italiana de Bari, na Apúlia. Até hoje são venerados lá como relíquias. No Ocidente medieval, o povo recorria à intercessão de São Nicolau em muitas situações de emergência, principalmente os estudantes, os apaixonados e os noivos. Também era considerado patrono dos marinheiros e socorro em perigos no alto mar. Os russos o veneram ainda hoje como seu padroeiro. Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács
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O Mensageiro Anamaria Kovács
O anjo Gabriel estava muito nervoso. Até sua auréola piscava, enquanto ele andava em círculos pelos campos celestiais, com passos enormes e pesados. “Eu não posso falhar – pensava – não posso gaguejar nem engasgar nem tossir... Ainda mais na frente de todos os anjos do coral!” Pérolas de suor umedeceram sua testa. As imensas asas tremiam, enquanto ele continuava percorrendo quilômetros sem fim. “É estranho... Nunca me senti assim, nem quando levei a mensagem à Virgem Maria... Também, eu já sabia que ela aceitaria a missão. E era uma conversa a dois, ambiente fechado... Bem mais tranqüilo que agora.” Gabriel parou por um instante. Faltou-lhe o fôlego, só de pensar no que enfrentaria dentro em pouco. “Esta é a mensagem mais importante de toda a minha eternidade! A humanidade jamais será a mesma. Vão dividir o tempo deles em antes e depois deste dia. Muitos viverão de modo diferente, com mais amor, mais justiça... Mas também haverá guerras, perseguições, martírios... É muita responsabilidade! Não vou conseguir!”
Desencorajado, o anjo sentou-se sobre uma nuvem, e escondeu o rosto entre as mãos. Nesse momento, um som cristalino ecoou pelo Paraíso. O sinal de reunião do coral! Gabriel levantou a cabeça. Já não havia mais tempo para pensar. Ele ergueu-se, abriu os braços e bradou: – Socorro! Lá no fundo de seu coração, uma voz suave, que ele conhecia bem, sussurrou: – Por que esse medo todo, meu filho? Esqueceu que estou do seu lado? Vá... Tudo dará certo. Uma paz profunda envolveu o anjo, dissolvendo a angústia em sua alma. Ele desdobrou as asas poderosas, atravessou as dimensões do Universo e surgiu, esplendoroso, diante de um grupo de pastores aterrorizados, enquanto milhões de vozes angelicais entoavam hinos de glória. – Não tenham medo! – exclamou – Tenho para vocês uma boa notícia... Nasceu um menino, na cidade de Belém... A autora é jornalista e professora aposentada, reside em Blumenau/SC
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Pousada Guilherme Reichwald Jr.
Em nome do Céu Peço-lhe pousada, Pois não pode andar Minha esposa amada.
Por fim, nos últimos versos, a canção muda a melodia, representando o personagem que recebe o casal. A comunidade, com a melodia alegre da última estrofe, entra na casa. A família visitada e o grupo de peregrinos e peregrinas compartilham um texto bíblico do período de Advento e reflexões fomentadas por sua leitura. Outras canções são entoadas e um lanche é oferecido pela casa anfitriã.
Aqui não é mansão Siga adiante Eu não posso abrir Não seja um errante a molestar. A “Pousada” é o canto de Advento que reúne comunidades da Igreja Luterana Costarriquenha (ILCO), na América Central, celebrado nas casas das famílias e não nos templos ou salões comunitários. Durante as quatro semanas do período de preparação para o Natal, o Advento, grupos vão, como o casal peregrino Maria e José, em busca de acolhida nas casas da vizinhança e de membros da comunidade luterana. Crianças e adultos se reúnem na porta das casas e com a canção simulam a peregrinação de Maria e José em Belém. Dentro da casa, com portas e janelas fechadas, a família visitada faz o papel das pessoas que negam pousada para o casal de Nazaré. Violões, maracas, chocalhos e pandeiros animam a comunidade, que clama para que abram a porta a Maria, José e o menino Jesus, ainda no ventre. Deus bendiga a esta família Sua grande caridade Lhes abunde um céu De felicidades.
Esta é uma de nossas experiências como família da IECLB que está na Costa Rica, em um convênio de fortalecimento das relações estre igrejas latino-americanas. Feliz Advento e obrigado por poder visitar você, leitora e leitor do Anuário Evangélico da IECLB, compartilhando esta vivência das comunidades luteranas na Costa Rica. Entrem santos peregrinos Recebam este rincão Ainda que seja pobre a morada Lha ofereço de coração. O autor é Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/RS) O Prof. Guilherme, sua esposa, a Pª Drª. Renate Gierus e seu filho Luis Guilherme vivem atualmente em San José da Costa Rica e atuam na Igreja Luterana Costarriquenha(ILCO) e em instituições a ela vinculadas, como a Universidade Bíblica Latino-americana (UBL) e Consórcio Costarriquenho de ONG´s e Cias. Sociais (CONGES).
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Internet, um perigo para os filhos? Irineu José Jesus Rodrigues Barcelos
No que se refere à internet e seu uso por crianças, a principal proteção é aquela garantida pelos pais, mesmo que não entendam nada de informática. Dois conselhos são indispensáveis: não dar confiança a estranhos e respeitar a si mesmo e aos outros. A internet nada mais é do que um ambiente de relações, no qual há mais dificuldades de olhar nos olhos da pessoa que está do outro lado e, principalmente, nem tudo é o que parece ser. No caso de uma compra virtual, por exemplo, é muito mais seguro comprar na loja, com o vendedor dando as explicações e as garantias e vendo o produto, do que num site, mesmo que seja da mesma loja. Os maiores riscos na internet estão nas relações e na facilidade que as pessoas têm de se dissimularem. O mundo virtual é bem semelhante ao real. Mas há algumas facilidades que podem ser rastreadas, para saber o que está acontecendo enquanto nossos filhos navegam na rede. Para quem deseja fazer um controle mais técnico do uso do computador, existem softwares de monitoramento que controlam sites, horários e até mesmo mensagens. Entretanto, tais meios não são tão eficientes porque limitam e monitoram o usuário de forma mais impositiva. Uma dica muito útil é entrar no meio dos jovens, fazendo um Orkut, por exemplo. Além de manter contato com eles, receber e passar informações e mensagens de carinho, é possível conhecê-los melhor e saber como são seus amigos, quais são
as comunidades, o que pensam sobre determinados assuntos e o que estão pensando ou sentindo. Normalmente, esse tipo de site permite marcar encontros, solicitar informações sobre a família e é usado por pessoas mal-intencionadas para aproximar-se de quem possui o perfil que procuram. É ali que os jovens deixam as informações necessárias para que outras pessoas montem seu próprio perfil repleto de afinidades. Há várias maneiras simples para verificar acessos a sites indevidos ou impróprios, consultando o histórico de navegação e programas que controlam acessos e enviam relatórios. O anti-vírus deve estar atualizado. O ideal é adquirir um com licença, pois são mais eficientes do que os gratuitos. Em sites de relacionamento é bom evitar deixar recados sobre viagens da família, festas ou eventos em que todos se ausentam de casa. Procure conhecer os amigos de seus filhos. Mantenha sempre um diálogo aberto, para que possam confiar em você e falar sobre suas curiosidades, alegrias e frustrações. A falta de diálogo é a principal porta para que eles arrumem conselheiros virtuais, que nem sempre ajudam. Cada um deve definir o nível de controle sobre seus filhos, mas certamente vai ser necessário um monitoramento de acesso. Existem programas pagos que fazem esse controle. Tecnicamente, há inúmeras possibilidades de blindagem, mas servem apenas
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enquanto os filhos usam a máquina de sua casa, com seus controles. Entretanto, isso gera acomodação, pois quando não estiverem na máquina da sua casa, eles estarão mais vulneráveis por não estarem acostumados com a ausência de vigilância. O melhor ainda é o diálogo franco, limites claros de horários e acompanhamento responsável para proteger dos perigos da era cibernética. No Orkut há comunidades absurdas, que banalizam atrocidades, como por exemplo o caso da morte da menina Isabella, em que um jovem de aproximadamente 13 anos, sem monitoramento dos pais e ausência de apoio espiritual, criou uma comunidade chamada “Isabela Aviãozinho do Papai”, que em pouco tempo, juntou 1.015 membros. O processo de banalização de valores e sentimentos, que ocorre no dia-a-dia, encontra na internet um mecanismo muito eficaz de propagação. O que se pode fazer para
ajudar é estar no meio e aproveitar as informações disponíveis para um diálogo franco e aberto. O Youtube, site de vídeos vinculado ao Orkut, com vídeos preferidos colocados nos perfis dos usuários, também revela muito da personalidade dos jovens. Entre tais vídeos, normalmente os que fazem mais sucesso são aqueles que ridicularizam o ser humano. Eles devem ser avaliados em conjunto com os jovens, para que haja aprendizado e agregue valores morais. É importante que filhos e pais saibam que a internet tem sido um dos mecanismos modernos que mais tem causado processos judiciais por uso indevido. Com o avanço tecnológico, o anonimato é muito difícil e é cada vez mais fácil saber a origem de e-mails e mensagens. O fato de o Orkut ser proibido para menores de 18 anos já mostra seu perigo.
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Muitos responsáveis e usuários não observam essa norma. Faça uma reflexão com seus filhos sobre os perigos encontrados na internet. Comente as notícias que a mídia divulga. O excesso de uso do computador em nenhum caso é saudável, porque tira tempo do sono, da alimentação, da família, do estudo, de exercícios físicos e, principalmente, de convívio social presencial. DICAS TÉCNICAS • Umas das melhores formas de protegerse de programas mal-intencionados é criar os usuários como usuários limitados, que tenha usuário administrador com exclusividade para instalar programas. A maioria dos vírus é instalada através de atitudes ingênuas. Quando um usuário sem permissão para fazer instalações tenta fazêlas, o sistema operacional não deixa que programas mal-intencionados se instalem. Dicas básicas de e-mail, mensagens de Orkut e MSN válidas para todos • NUNCA acesse links da Receita Federal, do SPC, com Débitos de Empresa de Telefone/Lojas, Renovação de dados cadastrais, mesmo que seu nome e endereço estejam certos no e-mail. • E-mails e links que prometem mostrar fotos de traições, morte de famosos, declarações anônimas e fotos da turma antiga, da amiga que você não lembra mais, normalmente têm vírus.
pos de vírus é mandar a mensagem através da relação de contatos de um usuário e se utilizam da credibilidade de seus contatos para que você faça o que querem. Para evitar acesso a sites inapropriados, existem algumas opções simples: • No navegador Internet Explorer, existe a opção de bloquear determinados sites. Basta seguir os passos: Ferramentas; Opções da Internet; Conteúdo; Habilitar. • Na aba classificação, é aconselhável diminuir a sensibilidade de todos os controles, pois o navegador é muito forte nesse tipo de filtro. Proíbe quase todos os sites. • Na aba sites aprovados é possível selecionar quais sites serão permitidos sempre e quais nunca devem ser acessados. • Na aba Geral, se você não marcar a opção “Os usuários podem ver os sites sem classificação”, o usuário só vai poder acessar o site que você definiu como sempre na aba sites aprovados. Faça uma relação de sites que não devem ser acessados e acompanhe o histórico para saber se está sendo acessado algum site impróprio e o acrescente à lista dos nunca. • Dentro dessa aba há a opção “O supervisor pode digitar uma senha permitindo acesso a conteúdos restritos”. Não é aconselhável pois, com a esperteza dos jovens, em poucas tentativas eles saberão sua senha.
• Não envie e aceite cartões virtuais e mensagens para clicar em um link para baixar ou ler uma mensagem. A grande sacada das pessoas que mandam esses ti-
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O autor é professor de informática da Escola Barão do Rio Branco, em Blumenau/SC
Meus cinco ladrões Meinrad Piske
Cinco experiências que tive com ladrões foram marcantes. Aconteceram em lugares diferentes: a primeira em Blumenau, a segunda em Joinville, a terceira na praia de Perequê, a quarta em Porto Alegre e a quinta em Brusque. Lógico que aconteceram mais do que cinco furtos em minha vida. Lembro do dia em que ladrões retiraram com todo o cuidado, sem fazer outro estrago, o rádio do carro. Em outra ocasião, levaram o carro. Lembro também da noite em que invadiram a nossa casa na praia e roubaram dinheiro e diversos outros objetos. Cada furto me causou a sensação de fragilidade: nada pude fazer para reaver o que me tiraram. Marcantes mesmo foram os seguintes furtos: 1 – Em Blumenau, um ladrão invadiu a nossa casa num sábado. Entre uma celebração matrimonial e outra, na igreja, eu resolvi ir até a casa, a antiga casa pastoral onde funciona hoje a Secretaria da Paróquia Blumenau Centro. Naquele tempo, início dos anos 70, toda a área, que compreendia a igreja, centro evangélico e a casa pastoral, não tinha cercado ou proteção. Portas e janelas de nossa casa permaneciam abertas. Assim, seria fácil entrar na casa para roubar, mas ninguém pensava em roubo. Assustei o ladrão que estava abrindo a gaveta da escrivaninha quando apareci de repente, na penumbra e vestido com o talar preto. O homem pulou a janela, não levou nada e correu morro abaixo com velocidade de atleta.
Provavelmente imaginou estar vendo um fantasma com vestes pretas... 2 – Em Joinville, aconteceu numa noite de Páscoa. Domingo de Páscoa. Voltamos tarde para casa, muito tarde, porque um acidente na estrada tinha interrompido o trânsito. Quando entramos pelo portão e os faróis do carro iluminaram a casa, o ladrão fugiu e deixou tudo que tinha juntado dentro de uma mala. Ele tinha “empacotado” roupas e objetos e inclusive um boneco vestido com a camisa do Grêmio que eu recebera e guardava com carinho. Pensei comigo: O ladrão é um gremista. E gremista que rouba de gremista, ora... 3 – Em Perequê, a praia onde passamos as férias nos anos em que eu exercia o cargo de Pastor Regional, assumindo regularmente os cultos de Natal e de Ano Novo, aconteceu um roubo diferente. Tínhamos plantado um pinheiro de Natal lá no terreno da praia. No ano em que este pinheiro tinha o tamanho para ser cortado e servir de “pinheiro de Natal” na nossa casa lá de Perequê, tivemos uma má surpresa. Fomos à praia alguns dias antes do Natal, com tudo empacotado no carro. Pinheiro não precisava, pois lá no terreno tinha um, à nossa espera. Mas alguém foi mais rápido e roubou o nosso pinheiro, que fora cortado e nós - mesmo que decepcionados - felizmente ainda conseguimos comprar uma outra árvore. Depois do culto, nós festejamos a noite
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de Natal na nossa casa, debaixo do pinheiro, com muita alegria, mas não conseguimos deixar de pensar que uma outra família estava cantando “Noite Feliz” debaixo de um pinheiro roubado... 4 – Em Porto Alegre, onde estive participando de uma reunião na sede da Igreja, fui roubado em plena rua. Tinha ido almoçar num restaurante e ao sair um batedor de carteira me tirou o dinheiro que eu tinha no bolso e saiu correndo. Vi o ladrão e procurei rapidamente um palavrão apropriado. Mas não me recordei de nenhum. Isto porque não uso palavrões para xingar e reclamar. Assim só consegui gritar: “burro”, sem me dar conta de
que o burro era eu e não o ladrão. 5 – Em Brusque, na nossa então nova casa, os ladrões entraram e roubaram todas as jóias. Eram ladrões, ou um ladrão, bem educados: nada estragaram e não fizeram desordem em nada. Apenas abriram as gavetas e levaram o que interessava: as jóias. Talvez estivessem procurando dinheiro, mas este não existia. A Resilde, minha esposa, comentou: Não era muito, mas era tudo que eu tinha. E eu, pretendendo consolar, lhe disse com todo o cuidado: Roubaram as jóias mas deixaram a coroa, e eu prefiro a coroa. Ela entendeu e achou graça. Não me levou a mal. O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC
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Quem é o presidente da IECLB? Susanne Buchweitz
O atual pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e moderador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Dr. Walter Altmann, nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 1944. É casado com Madalena, tem quatro filhas e três netos (à espera de outros dois na época da entrevista). Foi ativo na Juventude Evangélica e já nesse tempo teve os primeiros contatos com a questão do ecumenismo. Estudava teologia em São Leopoldo (RS) quando foi escolhido como delegado jovem para participar da Conferência Ecumênica de Missão e Evangelismo, na Cidade do México, em 1963. Em 1966 estudou em José C. Paz, Argentina. De volta ao Brasil e recém-formado, correu riscos viajando, em plena ditadura militar no Brasil, de forma semi-clandestina, a Praga, para participar como delegado da Conferência Cristã pela Paz (1968), um movimento que buscava o contato entre cristãos do Leste e do Oeste, como contribuição em favor da paz mundial. A formação teológica de Altmann busca inspiração em Karl Barth, Dietrich Bonhoeffer e em Lutero. Fez o seu doutorado em Hamburgo, Alemanha (1969-1972), com uma tese sobre o conceito de tradição em Karl Rahner, teólogo católico muito influente no Concílio Vaticano II. Ao regressar ao Brasil, exerceu o pastorado na paróquia de Ijuí, no Sul do Brasil, até 1974. Em seguida, foi convo-
Dr. Walter Altmann, Pastor Presidente da IECLB. cado como professor de Teologia Sistemática na Escola Superior de Teologia, de São Leopoldo. “Empenhei-me em buscar as convergências entre a Teologia da Reforma e a Teologia da Libertação”, disse Altmann. De 1974 até 1982, foi membro da Comissão Bilateral Católico-Luterana, no Brasil. De 1995 a 2001 foi presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI). De 1990 a 1994 foi pastor segundo vice-presidente da IECLB, e de 1998 a 2002 pastor primeiro vice-presidente. Em 2002 foi eleito pastor presidente da IECLB e reeleito no Concílio de Panambi, em 2006. “Trata-se de uma
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honra muito grande. Em termos pessoais não deixa de ser gratificante e razão para gratidão a Deus, entrar no último período de ministério exercendo o cargo maior na IECLB”, revelou. A Presidência é eleita pelo Concílio da Igreja, seu órgão decisório máximo. De acordo com o artigo 36 da Constituição, ela é exercida de forma compartilhada (pastor presidente, pastor 1º vice-presidente e pastor 2º vice-presidente), princípio que se estende aos pastores sinodais. As principais atribuições da Presidência são coordenar a atividade eclesiástica, zelando pela unidade e identidade confessional – “Esse é o norte mais importante da minha atuação”, confirmou Altmann; estar em sintonia com todas as áreas da Igreja, buscando e sentindo suas necessidades e seus anseios; exercer relações com outras entidades religiosas e civis; acompanhar os projetos de missão. O pastor presidente é reconhecido por todas as instâncias internas da IECLB, bem como pelas igrejas-irmãs, entidades e instâncias públicas externas, como porta-voz da Igreja como um todo. “Continuamente peço a Deus proteção e orientação, aos membros da IECLB apoio, solidariedade crítica e constantes intercessões para bem me desincumbir das responsabilidades a mim confiadas.” Manter e reforçar a identidade confessional da IECLB é outra das propostas e desafios de Altmann. “É fundamental que, como membros da IECLB, saibamos as razões pelas quais somos de confissão luterana, especialmente em tempos de pluralismo e mobilidade religiosa. O conhecimento da fé dá o melhor sustentá-
culo para sua preservação e sua difusão”, afirmou. No que se refere à missão, o pastor presidente da IECLB lembra que essa deve ser entendida como um projeto do próprio Deus no mundo. “É Ele quem age, por meio do Espírito Santo. A missão é parte essencial da Igreja e abrange a preservação e a difusão da fé.” Movimentos internos contribuíram decisivamente para a tomada de consciência de uma ênfase missionária na IECLB. Mas para isso também contribuíram a pesquisa bíblica e as percepções do movimento ecumênico. “Precisamos ainda crescer na consciência de que não há uma única forma de fazer missão, de que a ênfase missionária não exclui o compromisso ecumênico e que missão e diaconia se desenvolvem em interconexão – e não em compartimentos estanques.” Outro tema que mobiliza as atividades do pastor presidente Walter Altmann está relacionado à sustentabilidade da Igreja. “É fundamental reconhecer e afirmar que a IECLB, vista a partir das bases comunitárias, já é amplamente auto-sustentada. A partir daí, o desafio de atingir a autosustentabilidade como entidade nacional é algo perfeitamente viável, desde que se consiga fazer avançar decisivamente a disposição para a oferta de gratidão; a consciência da responsabilidade eclesial no sentido amplo; e alcançar os acordos sistêmicos que dêem sustentação à estrutura e aos programas da IECLB.” A autora é jornalista e assessora de imprensa da presidência da IECLB e reside em Porto Alegre/RS
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Índios e Imigrantes Uma história triste e trágica na antiga Colônia Imperial Santa Isabel Nelso Weingärtner
Em 1847, quando o governo imperial do Brasil fundou a Colônia Imperial de Santa Isabel, no estado de Santa Catarina, a população de todo o Estado era de aproximadamente 100.000 habitantes. Quase todos eles viviam nas regiões próximas ao mar – ou na Serra, na cercania de Lajes. Todo o resto do Estado era coberto por imensas florestas, nas quais viviam milhares de índios, que em sua grande maioria eram nômades. Há séculos os “Botocudos”, como os índios eram caracterizados, percorriam as selvas da Serra do Mar e da Serra Geral de Santa Catarina e se alimentavam de frutas silvestres, de pinhão e principalmente de caça e pesca, que eram abundantes em toda a região. Os índios conheciam bem toda a área. Sabiam quando, em cada região, era a melhor época para colher e comer araçá, ingá, cortiça, baquebari, amoras, pinhão e muitas outras frutas. Conheciam os rios e riachos: Rio dos Bugres, Rio Antinhas, Rio das Antas, Rio Capivaras. Lá eles caçavam: antas, capivaras, pacas (que os imigrantes chamavam de antinhas), veados, porcos do mato, tatus e outros. Eles sabiam quando e onde podiam apanhar peixes e onde encontravam aves para caçar: macuco, jacu, inambu, araquã, etc. Quando chegaram os primeiros imigrantes alemães naquela região, eles receberam terras do Governo Imperial. Cada
família recebia, como presente, uma colônia de 250.000 metros quadrados. Ser proprietário de terras era o grande sonho dos imigrantes. Eles deixaram a Alemanha porque lá, na época, não havia mais terras disponíveis. Com muito orgulho eles comunicavam em suas cartas aos parentes na Alemanha que eles, agora, eram agricultores e proprietários de terras. Com entusiasmo e persistência eles começaram a trabalhar em suas colônias e a construir suas primeiras primitivas casas. Agora inicia a triste e trágica história Os índios chegaram aos seus lugares de caça e pesca e viram que os mesmos estavam ocupados pelos imigrantes. Eles fizeram muito barulho nos arredores e com isso queriam avisar que este lugar era seu. Os imigrantes se reuniram com os seus vizinhos para defender as terras que receberam do governo e atacaram os índios com armas de fogo. Os índios fugiam e levavam consigo os seus feridos. Chegava a época da colheita de frutas silvestres e os índios voltavam para colher. Mas as suas árvores frutíferas haviam sido derrubadas e lá havia outras plantações, desconhecidas para eles. Quando chegavam perto dessas novas plantações, que
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se encontravam nos lugares que há gerações eram seus eram recebidos a bala. De quem eram as terras da Colônia Imperial de Santa Isabel? Os índios se entendiam como os legítimos donos. Como nômades, eles passavam lá todos os anos para pescar, caçar e colher frutas e isso eles já faziam há séculos. Os imigrantes também se consideravam os legítimos donos, porque eles tinham a escritura das terras, que receberam do governo imperial. Esse triste e trágico conflito, entre imigrantes e índios, colheu muitas preciosas vidas de ambas as partes. Os conflitos acima relatados iniciaram logo em 1847 e continuaram até (mais ou menos) 1910. Nas primeiras décadas da colonização de Santa Isabel, os colonos sempre iam armados para a lavoura e, quando percebiam a proximidade de índios, eles disparavam tiros em sua direção e os índios respondiam atirando suas flechas. Quanto mais a colonização ocupava espaço na região, tanto mais os índios o perdiam e logo não havia mais lugar para eles. Não houve quem intermediasse o conflito Os índios eram considerados selvagens e foram caçados como animais ferozes. O governo de Santa Catarina empregou “bugreiros”, que tinham a tarefa de espantar e enxotar os índios da região ou simplesmente aniquilá-los, matá-los. Vamos contar três acontecimentos
comprovados. Família de Mathias Kahlbusch Em 1877, na localidade de Rio Bonito, em Rancho Queimado, foram mortas pelos índios três crianças da família de Mathias Kahlbusch. Enquanto os pais e os filhos mais velhos da família se encontravam na lavoura, índios invadiram a moradia, cortaram os cobertores e espalharam as penas, quebraram louças e móveis, mataram os porcos nos chiqueiros e também mataram a flechadas as três crianças que estavam em casa. Esse episódio gerou muita revolta entre os habitantes da região e o governo do estado mandou “caçadores de bugres”, que perseguiram os índios em todo o estado e mataram centenas deles. O que a história, geralmente, não conta: é a razão por que os índios fizeram isso! Precisamos lembrar que dezenas de acampamentos dos índios, quando caçavam na região, foram atacados pelos bugreiros, com a ajuda de imigrantes, e os índios com suas mulheres e crianças foram mortos impiedosamente. Esse é o pano de fundo que precisamos ver, quando ouvimos a história da morte das crianças Kahlbusch: Foi um ato de vingança dos índios. O massacre de uma tribo inteira e o resgate duma indiazinha Vinte anos depois que foram mortos pelos índios os filhos Kahlbusch em Rio Bonito, na mesma região, aconteceu, em
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janeiro de 1897, o aniquilamento de uma tribo inteira, que lá montara seu acampamento, na encosta dum paredão da caverna dos bugres, perto de Taquaras. Em dezembro de 1954, fui convidado pelo pastor Hans Blümel, que era pastor em Santa Isabel, para acompanhá-lo ao lugar do massacre de 1897. Em Rio Bonito, o sr. Rudolf Westphal, um dos moradores da região e cujo pai esteve presente no massacre, nos levou ao local, que na época era de difícil acesso. Ao chegarmos lá, encontramos ossadas de dezenas de índios, espalhados perto do paredão e dentro da caverna. Foi um cenário de arrepiar! Na ocasião o sr. Westphal nos contou como aconteceu o massacre: Na época do Natal de 1896 foi percebida a presença
de índios, que caçavam, pescavam e colhiam frutas em toda a região. Os moradores foram tomados de medo e pediram ajuda ao governo do Estado. O governo enviou o bugreiro (= caçador de índios) Inácio Martins com outros bugreiros para enxotar os índios. Durante uma semana, Martins e seus companheiros observaram os índios secretamente e os seguiam. Descobriram que os mesmos haviam montado um grande acampamento na encosta dum paredão da caverna dos bugres em Rio Bonito. Para lá os índios levavam o resultado de suas caçadas e pescarias e as frutas colhidas. No acampamento encontrava-se, aparentemente, uma tribo inteira, com mulheres e crianças. Segundo o relato do Sr. Rudolf Westphal, Inácio Martins recrutou colonos da região
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para “ajudar a aniquilar e exterminar os selvagens”. Com um grupo de 30 homens armados com espingardas, pistolas e grandes facões, eles cercaram o acampamento na noite do dia 5 de janeiro de 1897. Até tarde da noite os índios ficaram reunidos ao redor duma grande fogueira. As suas armas: arcos e flechas, estavam postados junto duma árvore perto da fogueira. Dentro da caverna e nas choupanas perto do paredão, os índios dormiam bem sossegados e não perceberam a proximidade dos bugreiros e seus recrutados. Os bugreiros conseguiram entrar sorrateiramente no acampamento e de lá tiraram as armas dos índios. Nos fundos do acampamento, os índios haviam montado um tipo de escada feita de cipós, que lhes permitia subir pelo paredão para o alto do Quebradente. Martins postou atiradores perto dessa escada com a ordem de não deixar escapar ninguém, mas matálos como se mata bicho, caso alguns tentassem fugir pela escada. Sob ordem do bugreiro iniciou a matança: muitos eram mortos a tiros e outros eram decapitados ou mortos a coronhadas das espingardas. Segundo nos contou o Sr. Rudolf Westphal, todos os índios, menos uma menina de aproximadamente um ano e meio de idade, foram mortos e abandonados. Eles nunca foram sepultados. Em 1954, as suas ossadas ainda estavam espalhadas lá. O Pastor Blümel mandou recolher parte das ossadas e as enviou para o museu do índio em Curitiba. O que aconteceu com a menina que escapou do massacre? Segundo o relatório do Sr. Rudolf
Westphal, Inácio Martins amarrou as pernas e os braços da menina com cipó e a carregou nas costas, pendurada em sua espingarda. Quando o grupo chegou em Taquaras, na casa do Sr. Roberto Schütz, o primeiro morador da localidade, muitas pessoas aguardavam o grupo. As roupas de todos os participantes do massacre estavam encharcadas de sangue e o povo ficou horrorizado com o aspecto do grupo e muitos choraram. O bugreiro tirou a menina de suas costas e disse ao povo: “Por esses bichos não se chora” e, segurando a menina por uma perna, desembainhou seu enorme facão e continuou a falar: “trouxe essa menina para mostrar como se deve lidar com selvagens” e quis decapitar a criança. Mas o Sr. Roberto Schütz o impediu e enfrentou-o de pistola em punho: “Se matares essa criança, juro que será a última!” Sentindo-se ameaçado, Martins jogou a menina aos pés de Schütz e disse: “Então dê você mesmo cabo dela” e se retirou com seus homens. Roberto Schütz e sua esposa Alvine, nascida Weiss, ficaram com a menina e a criaram. No dia 13 de julho de 1897, a indiazinha foi batizada na igreja evangélica de Taquaras com o nome: Thelesophia Alvine Waldin. O nome Waldin na língua alemã significa do mato. A menina foi criada com muito amor e carinho pela família de Robert Schütz, que sempre a tratou como filha. No dia 18 de julho de 1909, ela foi confirmada junto com outras crianças na Comunidade Evangélica de Taquaras e recebeu
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como lema de confirmação uma palavra do Novo Tetamento da 2ª Carta de Pedro 3,18: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Sophie (Sofia) como ela se tornou conhecida em Taquaras, alcançou a idade de 80 anos. Durante toda a sua vida ela foi uma fiel participante dos cultos de sua comunidade. Fui pastor da Comunidade Evangélica de Taquaras de 1962-1966, e lembro que Thelesophia Alvine Waldin não só participava dos cultos, mas sempre estava disposta a ajudar onde quer que alguém precisasse. Ela era baixinha, tinha grossos e longos cabelos negros, com tranças que alcançavam suas coxas. Quando seus pais adotivos faleceram, ela ficou com Maria Schütz e seu marido, Armando Gödert, que ela considerava seus irmãos. Como Armando Gödert era católico, ela também participava da missa, sem por isso abandonar a igreja na qual fora batizada e confirmada. Em fins de 1993, uma filha de Armando Gödert contou: “Eu cuidei da Sophie no fim de sua vida. Ela foi uma cristã muito fiel e, para mim, uma segunda mãe”. O testemunho de Jacob Heinz aos 101 anos de idade Numa entrevista para o jornal O Caminho, em setembro de 1985, o Sr. Jacob Heinz contou: “Minha mãe foi parteira durante mais de 50 anos (desde 1870).
Muitas vezes ela precisava atender parturientes que moravam a horas de distância. Ainda havia índios na região, mas eles eram bons, nunca faziam mal a quem era bom para eles”. Lembrou que, quando menino, foi ao Faxinal juntar pinhões com os seus irmãos. Eles haviam juntado uma grande quantidade e quando iam carregar os “cargueiros” ( cavalos que carregam duas grandes cestas), apareceu um grupo de índios, liderados por um velho. Jacob contou que ele e seus irmãos ficaram muito assustados, mas os índios nada lhes fizeram, só tiraram uma parte dos pinhões das grandes cestas e então os mandaram embora. Há sessenta anos, coleciono histórias relacionadas com a Colônia Imperial de Santa Isabel. Entrevistei muitas pessoas idosas e escutei muitas histórias fantásticas, nem sempre verdadeiras. Sem medo de errar, afirmo: Os índios foram pessoas tão boas e bondosas como os imigrantes. Todos os sofrimentos com assassinatos e massacres, de ambos os lados, poderiam ter sido evitados se, na época, os direitos dos índios tivessem sido respeitados. Santa Catarina tinha terras o suficiente para abrigar a todos. Os Governos da época, tanto o do Império como o da Província, foram os grandes responsáveis por estas tristes histórias, que acabei de relatar.
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O autor é Pastor emérito e reside em Timbó/SC
Rir AINDA é o melhor remédio! Mais água!
Só tenho 47 anos!
Pronta para batizar o menino, a pastora pergunta aos pais:
No portão do paraíso aparece um mecânico de automóveis. Aborrecido, ele se queixa a São Pedro: “Por que você me chamou tão cedo? Eu só tenho 47 anos!” Pedro verifica no seu enorme livro e responde: “Pelas horas que você cobrou dos seus clientes, você está com exatos 97 anos!”
– Qual é o nome dessa criança que será batizada? Orgulhosamente, a mãe responde: – Marco Antônio Randolfo Cristóvão Felipe de Lima e Silva von Ostemberger Cardoso Júnior. A pastora, perplexa, volta-se para o ajudante e diz: – Um pouco mais de água, por favor!
Novo professor Carlinhos tem um novo professor. Alguns dias depois do início das aulas, seus pais perguntam: – Que tal o novo professor?
Medida de precaução O filho do pastor caminhou com determinação até o sofá onde o pai estava sentado. Na mão levava o boletim de notas:
– Bem legal. Parece um homem muito religioso.
– Pai, aqui está o meu boletim do bimestre; e aqui está um dos seus, que achei no baú!
– Ontem eu mostrei para ele o meu caderno de ditados, e ele o examinou por muito tempo, dizendo várias vezes: “meu Deus, meu Deus!”
– Como assim? – pergunta seu pai.
Igreja lotada O pastor, preocupado com a baixa freqüência aos cultos, resolveu inventar. Ao final do culto avisou que no próximo domingo pregaria sobre uma família que era um verdadeiro escândalo. No domingo pela manhã, o templo já estava cheio meia hora antes do culto começar. Os curiosos e fofoqueiros estavam a postos. Então o pastor começou a falar sobre... Adão, Eva e os filhos Caim e Abel!
Padeiro desafinado Durante o ensaio do coral da igreja, o padeiro Emílio canta mais alto do que afinado. – Por que você berra desse jeito? – pergunta seu vizinho. – Para a glória de Deus – responde ele. – O bom Deus ficaria mais feliz se você cantasse mais baixo e fizesse seus
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pãezinhos um pouco maiores – concluiu o outro. @#$%[+#{@$#! Quando o pastor local saía do trem, prendeu o dedo na porta. Quando o cobrador viu a cena, comentou: – É, senhor pastor, agora o senhor preferiria ter outra profissão, não é verdade? Para poder dizer uns bons palavrões!
Curiosidade feminina Uma das histórias mais impressionantes do Velho Testamento é aquela em que a mulher curiosa de Ló é transformada em estátua de sal. Quando a pequena Pietra ouve este relato pela primeira vez, ela fica muito impressionada e quieta. Ela não consegue pensar em outra coisa. Mal chega em casa, sai-se com esta: – Mamãe, me diz uma coisa: todo o sal do mundo é feito de mulheres?
Expulsos do paraíso
O castigo
– Quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso? – pergunta o pastor na aula de confirmação.
– Senhor pastor, a gente também é castigado por algo que não fez?
– No outono! – respondeu João.
– Mas, meu filho, isso seria muito injusto. O que faz você pensar assim?
– Como assim, no outono? – pergunta o pastor, admirado.
– É que eu não fiz a tarefa de catecismo...
– É no outono que as maçãs ficam maduras – diz o menino.
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Há 100 anos vieram as primeiras Irmãs Meinrad Piske
Há 100 anos, em 1909, chegaram ao Brasil Martha Link e Auguste Kuechler, as primeiras irmãs evangélicas. Vieram da Alemanha, do Distrito de Zehlendorf, da cidade de Berlim. Ali era a sede da Casa Matriz da Sociedade Diacônica Evangélica – Evangelischer Diakonieverein Zehlendorf. Dois anos antes tinha sido fundada em Blumenau a Sociedade Evangélica de Senhoras, no dia 2 de setembro de 1907. Já no ano seguinte, houve contatos com a Sociedade Diacônica Evangélica de Zehlendorf, objetivando a contratação de duas irmãs. Presidente deste segundo grupo de Senhoras que se formou na Igreja (na nomenclatura de hoje: OASE) era a esposa do Pastor de Blumenau, Mildred Mummelthey. Ela era de nacionalidade inglesa e enfermeira da Cruz Vermelha da Inglaterra. A falta de enfermeiras e auxiliares de enfermagem era grande e
afligia a “Frau Pastor” que conseguiu organizar e entusiasmar um grupo de Senhoras para o trabalho de assistência à saúde. Perceberam logo que não bastava boa vontade, havia a necessidade de contratar pessoas qualificadas para este trabalho com doentes. Um dos grandes dramas era a morte de mulheres no parto por absoluta falta de quem pudesse orientar e ajudar. Foi assinado um contrato entre BerlimZehlendorf e Blumenau e, dois anos após sua fundação, a Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau se preparou para receber as duas irmãs que vinham de Zehlendorf. Elas embarcaram no dia 30 de agosto de 1909 e foram recebidas em Blumenau com grande expectativa. Uma casa tinha sido alugada – na esquina da hoje Alameda Rio Branco com a Rua Sete de Setembro. Tinha sido contratada também a cozinha do Hotel Holetz para for
Irmã Johanna Eicke, com 4 bebês no Johannastift de Blumenau. Um dos bebês recebeu o nome de Hanna. ••• 68 •••
necer as refeições. Além do aluguel da casa e das despesas com as refeições, a Sociedade Evangélica de Senhoras tinha em caixa o dinheiro suficiente para pagar também os ordenados destas duas irmãs – enfermeiras. Mas a alegria não foi completa. Blumenau esperava que elas fossem parteiras. Mas não eram. Eram enfermeiras que sabiam cuidar de doentes, mas não tinham sido preparadas para o trabalho de parteiras. Novos contatos com Zehlendorf foram feitos, mas esta Casa Matriz não conseguiu encontrar parteiras com disposição para o trabalho no Brasil. Uma das irmãs, Auguste Kuechler, foi liberada para assumir a direção do hospital da cidade, mas com duas ressalvas: 1ª – A irmã continua subordinada à Sociedade Evangélica de Senhoras; 2ª – A todos os doentes, também aos pobres, é dada a liberdade de escolha do médico. Neste mesmo ano de 1909, teve início na Alemanha a formação de irmãs para o trabalho no exterior. Tinha sido organizada uma entidade denominada “Frauenhilfe fuers Ausland”, a Ordem Auxiliadora de Senhoras para o Exterior. Pessoas que conheciam a precária situação social daquelas famílias que tinham emigrado da Alemanha para outros países e que também sabiam da enorme dificuldade para encontrar irmãs dispostas a assumirem um campo de trabalho no exterior, se empenharam para criar esta entidade. A primeira candidata ingressou nesta nova irmandade em 1909, e, em 1912, a Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau e, além dela, as Comunidades de Florianópolis, de Teófilo Ottoni e de Rio
Grande pediram o trabalho de irmãs. As primeiras irmãs foram consagradas em início de 1913 na igreja do Castelo em Wittenberg, a mesma na qual Lutero publicara em 1517 as 95 teses. A primeiras irmãs desta Casa Matriz de Wittenberg que vieram já em 1913 à América Latina foram enviadas a Puerto Montt no Chile e para Blumenau, Florianópolis e Rio Grande, no Brasil. Num artigo da revista “Frauenhilfe” publicado por ocasião dos 25 anos da entidade “Frauenhilfe fuers Ausland” está escrito o seguinte: “Quando uma das duas irmãs em Blumenau assumiu, com o consentimento da Sociedade Evangélica de Senhoras, o hospital municipal desta cidade, Blumenau recebeu no final do ano mais uma irmã. Este trabalho, muito pequeno no início, que a Sociedade Diacônica Evangélica de Zehlendorf nos entregou, cresceu com o dedicado e fiel trabalho de nossas irmãs.” Assim foi o início do trabalho diacônico na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Cem anos depois, sucessoras e sucessores das Irmãs Martha e Auguste são 30 diaconisas e 81 diáconos e a diáconas, que trabalham nos mais diferentes campos de trabalho em todo o Brasil. A Sociedade Evangélica de Senhoras de Blumenau, que foi pioneira na contratação de irmãs há cem anos, hoje mantém um ancionato que é dirigido pela Diácona Hildegard Amabile Mathies.
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O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC
A videira como símbolo da vida Brigitte Jonas
Desde os primeiros tempos do Cristianismo, a videira foi um elemento decorativo em sarcófagos e pedras tumulares, nos mosaicos de batistérios e mausoléus, assim como parte do enfeite de esculturas, paredes e colunas em inúmeras igrejas. Talhados em pedra, em madeira, ou pintados, em estilo naturalista, ou estilizados: ramos de videira e cachos de uvas não podem ser separados da iconografia cristã. A videira faz parte da simbologia judaico-cristã como “arbusto sagrado”. Na tradição do Velho Testamento, simboliza o povo de Israel, a árvore do Messias ou a promessa de Deus, assim como alegria e prosperidade.
paciência do dono das terras. Por outro lado, também é cobrada a responsabilidade dos maus trabalhadores do vinhedo... Ao longo do tempo, a videira tornou-se um “emblema de Cristo”, de modo que na arte medieval encontram-se representações dela como raiz de Jessé, ou como a cruz do Crucificado. Também se fez uma combinação do crucificado na videira com o batismo e a Santa Ceia. Na combinação de “pão e vinho” a videira tornou-se, finalmente, o símbolo da comunhão cristã.
No Novo Testamento, a videira também está presente de muitas maneiras: Jesus Cristo apresenta-se a si mesmo como “a videira verdadeira”. Na festa de casamento de Caná, relata-se o milagre da transformação da água em vinho, na parábola dos trabalhadores no vinhedo trata-se da
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Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács
Depender de Deus é muito melhor! Osvaldo Christen
Na atualidade, um dos problemas mais graves que as sociedades enfrentam é a dependência de álcool e drogas. Trata-se de um problema complexo que retrata uma realidade produzida por essas mesmas sociedades. Há quem afirme ser uma pandemia1 que vem alcançando pessoas, indistintamente de sua classe social, etnia, raça, sexo, idade ou religião. Em outras palavras, trata-se de um problema de saúde pública. Saúde? Então “alcoolistas”, “maconheiros”, “craqueiros” e outras formas de se referir a dependentes químicos, sofrem de uma doença? Sim, a Organização Mundial de Saúde – OMS – considera a dependência química como uma doença, um avanço que tirou os dependentes químicos do campo da moral. Mas na prática é muito difícil para as pessoas olharem para os dependentes químicos sob este ponto de vista. Até porque, com justa razão, muitas conseqüências do uso de álcool e drogas correspondem a transgressões de respeito à moral e ética que regulam as relações sociais. Compreendida como doença, surge uma nova pergunta: o que exatamente fica doente quando alguém se droga irrestritamente? Para quem trabalha na linha de frente dos tratamentos oferecidos, a conclusão é rápida: o ser humano
como um todo fica doente! Inclusive sua família fica doente! Ou seja, as conseqüências são observadas nos aspectos da saúde biológica, psíquica, espiritual e social. O Centro de Recuperação Nova Esperança – CERENE – trabalha com a concepção de que, se o ser humano integral adoece, ele também necessita de um tratamento integral. Essa é a visão de ser humano na Bíblia, a Palavra de Deus, que apresenta o homem como interação do corpo, alma e espírito, implicando suas relações com Deus, consigo mesmo, com os outros e com as coisas. Há 20 anos o CERENE vem trabalhando na recuperação de vidas destruídas pelo álcool ou outras drogas. Muitos encontraram no tratamento proposto a saída do ciclo vicioso em que se encontravam e passaram a viver com um novo sabor. O que significa para um dependente de álcool ou drogas fazer um tratamento? O que ele ganha no lugar dessas substâncias psicoativas se ele se propõe a deixálas? Para responder a nossa curiosidade, pedimos auxílio a dois ex-residentes do CERENE. Perguntamos para Mauri2: – O que você ganhou por ter deixado o álcool e as outras drogas?
1 Pandemia: epidemia de alcance macro, mundial. 2 35 anos de idade; conheceu o álcool desde os 11 anos; o cigarro desde os 15; e as drogas desde os 19 anos de idade.
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Ao que ele respondeu: “Posso dizer que muitas coisas. Por exemplo, eu ganhei novamente estabilidade em um trabalho. Estou abstinente há dois anos, e já faz um ano e meio que estou novamente trabalhando na mesma empresa, coisa que antes era rara. Reconquistei uma casa, um carro, uma estrutura financeira (que ainda pode melhorar), a saúde. Eu também estou bem melhor com meu estômago e rins”. Fizemos a mesma pergunta para Márcio3 e este respondeu que ganhou tempo – qualidade de tempo. Hoje sabe que a vida não se resume a trabalhar, mas que deve haver um equilíbrio com outras atividades, incluído o descanso. Reconquistou o crédito das pessoas, seja no aspecto financeiro ou de relacionamentos saudáveis, sente alegria de não mais viver na contramão, fez novas amizades e fortaleceu-se na fé em Deus. Observamos nesses dois depoimentos as
reconquistas psicofísicas em seu contexto de vida quando mencionam: trabalho, lazer, família, amizades, saúde, aquisição de bens e não por último, a fundamentação espiritual em Deus. “Acima de tudo conheci Deus e pude voltar para minha família. Aliás, para eles eu era como um lixo, não podia nem me aproximar. Hoje me vêem como um novo homem e pedem minhas orações e opiniões a respeito de seus próprios problemas. Estou muito feliz; sinto-me útil” – acrescentou Mauri. “Aprendi a valorizar conversas com pessoas que se importam comigo; aprendi a orar e a ler a Palavra de Deus; aprendi a cantar ao Senhor! Tudo junto representou uma grande ajuda para mim” – disse Márcio. Esses são elementos essenciais à vida humana e que sofrem prejuízos significativos ou mesmo perda total no período de uso abusivo ou já dependente do álcool e drogas. Sim, é possível reaver esses elementos que representam um
3 32 anos de idade; conheceu o álcool desde os 11 anos de idade.
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ganho inquestionável para quem os perdeu. Uma segunda pergunta foi feita aos mesmos: – O que foi mais difícil: parar de usar drogas ou álcool, ou aprender a viver sem usar essas substâncias? Mauri respondeu que foi mais fácil parar de usar e ser muito mais difícil viver diferente do que estava acostumado, mudar de amizades, de ambiente, largar hábitos. “No começo é mais difícil – disse ele. Depois, aos poucos, a gente vai se fortalecendo e vai gostando. Uma forma que me ajudou muito foi não mais sair sozinho. Minha esposa teve e ainda tem um papel muito importante nesse sentido e eu aprendi a gostar de compartilhar tudo com ela. As pessoas observam isso e querem descobrir o segredo. Aí eu posso ajudá-las com meu testemunho”. Márcio também respondeu que viver sem usar álcool é mais difícil que parar de usar. “A mídia é muito forte e sempre de novo
lembra a bebida. O que muito me ajudou, foram novos amigos que, por sua vez, me introduziram em novos ambientes de convivência”. Fizemos uma última pergunta aos nossos entrevistados: – Quais ansiedades que você enfrentou durante o tratamento e como conseguiu superá-las? Márcio respondeu que tinha medo de estar perdendo tempo; do tratamento não dar certo; de decepcionar o missionário que o recomendou ao CERENE; bem como as dívidas que deixou para trás. A maior ansiedade de Mauri foi: “será que minha esposa vai me aceitar de volta?” e “como ela vai dar conta de sobreviver, já que eu a deixei em situação tão precária?” Respostas carregadas de medo e preocupações são muito freqüentes por quem encara o tratamento no CERENE. São questões legítimas que requerem do dependente um esforço muito grande para
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superação. Para auxiliar no processo de adesão na primeira fase do tratamento é estipulada a não comunicação direta dele com seus familiares durante os primeiros 30 dias (ver quadro). Do contrário – mostra a experiência – ele acaba perdendo o foco do tratamento, tentando administrar suas preocupações, ansiedades, dívidas e relacionamentos, o que o desvia de pensar o real motivo pelo qual se internou.
de ou conselheiro espiritual; o ambulatorial, geralmente oferecido por programas públicos de saúde; e as internações em hospital e comunidade terapêutica. O CERENE é uma comunidade terapêutica. Sua proposta de tratamento no regime de residência integral dura seis meses, com um Programa de Tratamento dividido em quatro fases, conforme o quadro da página anterior.
Construir um novo estilo de vida – este é o grande desafio do dependente químico. Não basta tentar remendar o velho. É preciso fazer algo novo e como sabemos, o novo representa expor-se a um risco, enfrentar medo e insegurança. Muito mais em se tratando de mudanças de hábitos que são comportamentos fortemente arraigados. O leitor já tentou, por exemplo, introduzir algumas horas de exercício físico na semana, ou deixar de comer alguns alimentos para controlar o peso? É muito difícil. Multipliquemos isso muitas vezes e ampliemos mudanças em mais aspectos que os de saúde física e veremos o grau de dificuldade. Não basta, portanto, parar de usar álcool e drogas ou, como disse alguém, “somente fechar a garrafa”; é preciso introduzir algo melhor no lugar. E o que é melhor? Este talvez seja o maior desafio dos tratamentos propostos: o de despertar o desejo de mudar e manter mudanças conquistadas.
As atividades diárias neste Programa Terapêutico são desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar composta por pastores e missionários, assistentes sociais, psicólogos, médicos, enfermeiros, educadores físicos, pedagogos, laborterapeutas4 e pessoal administrativo, numa intensa vivência diária. Nesse ambiente criam-se diversas oportunidades, que fazem emergir material terapêutico nos diversos aspectos que afetam o ser humano. A idéia das fases no CERENE é parecida com as de um hospital, guardadas, naturalmente, características próprias: o paciente ingressa inicialmente na UTI, para então migrar para o quarto do hospital e somente então voltar para casa, com o máximo de autonomia adquirida. Em todo o processo, o residente conta com o acompanhamento do conselheiro individual e da equipe terapêutica.
Tratamentos de dependência química existem diversos, como, por exemplo: o clínico, seja com um profissional da saú-
A Palavra de Deus menciona em Romanos 12.2: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.
4 Laborterapia é uma atividade que consiste na execução de pequenas tarefas laborais cotidianas em setores como horta, jardim, marcenaria, cozinha, zeladoria e outras, lideradas por laborterapeutas.
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Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”. Quantas vezes desejamos ser outra pessoa! Paulo nos diz que devemos evitar ser como o mundo que nos cerca. Se imitarmos as condutas e os costumes deste mundo, cairemos diretamente em atitudes egoístas e em dependências destrutivas. O versículo diz que Deus nos transforma pela completa mudança de mente – a nós cabe deixar isso acontecer! Temos grandes possibilidades de mudar, mas é muito difícil fazê-lo somente por nossas próprias forças. Isso não vale apenas para dependentes químicos, mas para qualquer um que se reconheça longe de Deus e que deseja conhecer a boa vontade perfeita e agradável dele para cada ser humano!
Sim, um novo estilo de vida é possível para qualquer pessoa. É preciso trocar nossas dependências pela dependência única daquele que nos criou e amou sobremaneira. Desta vez aos Coríntios, na segunda carta, capítulo 5, versículo 17, Paulo escreveu: “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo”. Nesta fé e esperança o trabalho do CERENE se fundamenta, não deixando de apropriar-se de conhecimentos humanos disponíveis nos diversos saberes em prol da recuperação de seus residentes. O autor é diretor do Centro de Recuperação Nova Esperança – CERENE, em Blumenau/SC
LEMA Para uma vida sem drogas
MISSÃO: Atuar na prevenção da dependência de álcool e outras drogas e no tratamento do dependente e seus familiares, a partir de uma visão cristã de ser humano integral, buscando a reinserção social e uma melhor qualidade de vida.
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SOCORRO, minha família está desmoronando... Christine Liz Moeller Gabel
Achou este título engraçado? Mas não é assim que muitas vezes nos sentimos quando nos deparamos com os conflitos pelos quais passa nossa família? Os filhos brigam entre si, não há diálogo com a esposa ou esposo, a sogra vive dando palpite, o cunhado só aparece quando precisa de alguma coisa, os netos são muito “levados, não respeitam o que a gente diz”... A impressão que muitas vezes temos é que tudo vai se acabar, se romper, se diluir... Apesar disso, até os dias de hoje, a família ainda é considerada uma das fontes de satisfação do ser humano. Os laços familiares também vêm sendo apontados como uma maneira de auxiliar a manter o organismo sadio, conforme pesquisas recentes.1 E será que todo conflito é negativo? Não. Principalmente se lembrarmos que os membros que compõem uma família também se desenvolvem e, neste desenvolvimento, passam a ter novas aspirações, com novas expectativas e comportamentos. Ao atingir um outro patamar de crescimento, condutas adaptativas são necessárias às exigências do novo estágio. Assim como os seres humanos se desenvolvem ao longo de um período, as famílias também o fazem. Daí o chamado ciclo de vida familiar, ou seja, etapas ou estágios de desenvolvimento pelos quais passa uma família 1
durante o desenrolar do tempo. Para alguns estudiosos brasileiros, estas fases são em número de quatro. Tomemos como exemplo um filho que sai da infância e inicia suas primeiras tentativas adolescentes. Tanto esse jovem, como seus irmãos, tios, avós, pais e aqueles que pertencem àquele núcleo familiar necessitam adaptar seu modo de relacionar-se com o garoto. Ao garoto, por sua vez, compete dar sinais a esta família de seus novos anseios, condutas, perspectivas... A cada nova etapa de vida de um dos componentes daquela família, seus pares necessitam dessa adaptação. Desse modo, não é somente um dos membros que muda, mas a família como um todo. E para que mudar? Quando trabalhamos com famílias, tomamos “emprestado” alguns conceitos da Física. Para o estudo dos seres humanos e grupos familiares, falamos de homeostase para a tendência que temos de deixar tudo como está, ou seja, num certo equilíbrio, mesmo que precário. Daí a resistência à mudança. Mas tudo está em constante mudança! Quem não lembra os gramofones, que passaram a ser radiolas, daí toca-discos e hoje são ipods. E os telefones? Quanto tempo se levava para realizar uma ligação interurbana? Hoje carregamos os telefones para qualquer lugar (nossos celulares). Esses exemplos de mu
Família, a grande fonte da saúde. Revista Isto É, 10 de abril de 2008, n. 2006, ano 31. p. 76 -81.
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danças tecnológicas nos fazem refletir sobre quão rápidas elas são. As mudanças sociais também são enormes, porém mais lentas. Observe as mudanças ocorridas nos papéis sociais desempenhados por homens e mulheres. Estas últimas vêm ocupando os mais diversos postos de trabalho, que até então eram de domínio masculino. Já os homens auxiliam em várias tarefas domésticas, reconhecendo a importância e valorizando as atividades que se julgava ser da esfera feminina. A escola, outro segmento social, também apresenta alterações em sua base. Sai de cena o individualismo, a competição entre os colegas e a busca da nota “para passar” e aparece a colaboração, o trabalho em equipe e a valorização dos diferentes talentos dos estudantes. As famílias, como qualquer sistema social, recebem influências das demais esferas onde estão inseridas. A começar por sua estrutura. O modelo tradicional de família, onde coabitavam o casal e respectivos filhos ainda é observado, porém, outros arranjos familiares são possíveis. Muitas mães são hoje as responsáveis pelos filhos, ou então os pais sozinhos dão conta da educação da prole. Avós ou tios também são observados como os responsáveis na criação dos menores. Ainda, famílias constituídas somente por irmãos...e assim por diante. Mas então, como poderemos saber se estamos diante de uma família saudável? Como já foi mencionado, as famílias mudaram... mas algumas características e funções necessitam ser mantidas. Os pais – entenda-se aqui aqueles responsáveis diretamente pelos filhos ou menores, inclusive em situação de abrigamento – devem garantir a proteção e afeto dos seus. No
falar da Psicologia, garantir a maternagem ou função materna, onde o cuidado, o amor, a atenção, etc. devem estar presentes. Isso não significa que só a mãe é que deve exercer tais atividades. O nome sugere a mãe, mas qualquer um dos membros responsáveis pode (e deve fazê-lo). Por outro lado, a função paterna também precisa se fazer presente. A ela correspondem as noções de respeito, ordem, hierarquia e limites que são necessários a todos nós que vivemos em grupos e inseridos em uma sociedade. Novamente, não é função exclusiva do pai, mas de todos que assistem aqueles filhos e menores. Importante saber que não existe modelo único de família. Existem sim, as famílias possíveis dentro de um contexto real. A família não é a mesma de tempos atrás; nem melhor, nem pior, somente diferente. E se você achar que sua família está desmoronando, pense e observe se ela não está só mudando... A autora é psicóloga (CRP 12/0297) e reside em Blumenau/SC
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Culto Infantil - uma escola para a vida Carlos Graef
Deixai vir a Mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus (Lucas 18.16). Achei legal começar esta curta história tentando entender a motivação dos meus “professores” de culto infantil. Uma ordem de Jesus. É isto que os motivava! Mas eles não só nos deixavam ir até Cristo, eles também nos conquistavam para ficar em Cristo e, pelo visto, fizeram um bom trabalho.
Então, chegava a tão esperada hora de entrar na igreja. Após rápidas boas vindas do coordenador e de cantarmos uma ou duas canções em conjunto, íamos, cada grupo, para um canto diferente. Dá para chamar de canto, sim, pois não havia salas na comunidade naquela época.
Não posso dizer que me lembro do meu primeiro Domingo - sim, era num Domingo - no culto infantil. Talvez eu fosse muito pequeno para guardar na memória. Mas, lembro-me muito bem de vários outros.
Mesmo assim, dava para acompanhar muito bem as histórias da Bíblia contadas pelos professores e participar das atividades. Aprendiamos divertindo-nos. Tinha até o jornal “O Amigo das Crianças” que ajudava a gravar os ensinamentos um pouco mais.
Chegávamos cedo para poder conversar e brincar um pouco com nossos amigos até a hora de formar a fila em frente à Igreja.
Eram tantas as histórias e sempre havia uma forma diferente de entrar no assunto e explicar os fatos ocorridos e a importância deles para nós.
Levávamos algumas moedas para a coleta - isto foi no início dos anos 70, antes da primeira grande crise do petróleo. Invariavelmente, algum engraçadinho deixava suas moedas cair dentro da grelha de limpar os pés. O que era desespero para uns, era uma festa para outros. Aí tinha que vir o sacristão para tirar as moedas de lá. Apesar das ameaças dele, de que aquela seria a última vez que ele tiraria moedas, essa era uma promessa que ele não conseguia cumprir.
Lembro-me bem de uma ocasião, em que a professora iniciou a discussão perguntando se alguém já tinha espetado as mãos com um alfinete ou agulha e de como isto era doloroso. Alguns indicaram que sim e confirmaram que doía muito. Ela então comparou esta dor com o fato de como foi doloroso para Jesus ter passado por todos os sacrifícios que passou para que nós tivéssemos nossos pecados perdoados. Era época da Páscoa e, provavelmente,
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nenhum de nós se esqueceu daqueles ensinamentos e da forma, pode-se dizer, incisiva, da professora colocar a questão. Mas não só de época da Paixão é feito o Culto Infantil. Durante o Advento, muitos eram convocados para os ensaios da peça de Natal. Não me lembro de ter feito papel de anjo. Sabiamente escolhiam alguém que combinava mais com o papel. É... Mas, fiz papel de estalajadeiro. Confesso que não fiquei muito animado no começo. Naquela época, eu via o estalajadeiro como aquele que não achou lugar para José e Maria dentro da estalagem. As professoras insistiam que ele não era tão ruim assim. Por anos me perguntei se se referiam ao homem ou ao papel a representar. Hoje, acho que concordo um pouco mais com aquelas professoras. Todos nós, mesmo sabendo que deveríamos ter todo o espaço para Jesus nos nossos corações, nem sempre conseguimos isto. Pode parecer estranho dizer isto, mas se, como o estalajadeiro, encontrarmos pelo menos um pequeno espaço para Cristo
nas nossas vidas, Ele irá encarregar-se de conquistar mais. Como diz o hino, “porque Ele fez e faz maravilhas”, se Lhe dermos uma chance Ele poderá fazer maravilhas em nós também. Esta deve ser uma das principais lições que eu trouxe comigo do Culto Infantil: deixar Cristo entrar em minha vida e dar a Ele a oportunidade de agir em mim e através de mim. O culto infantil é, muito provavelmente, o primeiro passo para uma vida em comunidade cristã. Certamente não é o último. Passamos pelo ensino confirmatório, participamos de grupos de jovens cristãos, grupos de estudo bíblico. Alguns até se tornam obreiros dentro da comunidade. Temos que construir mais ´pontes` entre estas fases cristãs. Não acham? Em muitos momentos da minha vida olhei para trás e vi aquele menino entrando na igreja para participar do culto infantil e isto me fazia e, acho que ainda faz, lembrar de quem eu sou, a quem devo minha existência e, à luz disto, escolher meus caminhos. A vida apresenta-nos oportunidades e opções. Acredito que o culto infantil foi uma das bases que me ajudou a fazer opções cristãs na minha vida e espero que as crianças de hoje também tenham a oportunidade de participar desta importante escola para a vida. O autor é membro da Comunidade Evangélica Luterana de Itoupava Central, em Blumenau/SC
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Palavras Cruzadas CULTO Colaboração: P. Irineu Wolf
Após preenchido corretamente o diagrama, nas linhas horizontais e verticais em tom cinza, aparecerão elementos ligados ao Culto.
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HORIZONTAIS 1. Sacramento da Igreja (ver Mt 28.18-20) 7. Convicção (ver Hb 11.1) 9. Instituto do Coração (abrev.) 10. Indivíduo natural de um lugar; aborígene (pl.) 12. Aquele que não tem doença 14. Preposição que exprime relação de lugar, tempo 15. Partir 16. Última parte do intestino delgado; também chamado “ílio” 18. A de Deus, anunciada e pregada, nunca volta vazia 21. Gelo (em inglês) 22. Naquele lugar; 6ª nota musical 23. Nome do nosso país (1ª sílaba) 24. Celebração; adoração. 27. Vogais de “pecado” 28. Ave galiforme da família dos fasianídeos; em Tupi, cesto de palha de carnaúba, com alça (pl.) 30. As consoantes de “nado” 31. Acionava o telefone 33. Preposição indicativa de companhia, ligação 35. Ícone do automobilismo brasileiro, que morreu em acidente (prenome) 36. Grupo de convívio e apoio de alcoólicos (sigla) 38. Passara algo no coador, ou filtro 39. A resposta de gratidão da comunidade depositada no gazofilácio 40. Metro (abrev.) VERTICAIS 1. Interjeição indicativa de repetição; outra vez 2. Amatutado; tornado matuto, caipira 3. Dentro (em alemão) 4. (e 24) Sacramento da Igreja; Eucaristia; Santa Comunhão 5. Mato Grosso (sigla) 6. Saudação juvenil 7. Sofreguidão; falta de víveres; grande desejo de comer 8. A 3ª pessoa da Santíssima Trindade (abrev.) 11. Símbolo da luz no culto cristão 13. Prece 16. Partir 17. Movimento ritmado da torcida no estádio de futebol interjeição indicativa de saudação ••• 81 •••
19. Decifra a mensagem do livro; identifica palavras 20. Lugar raso de um curso d’água que se pode atravessar a pé ou a cavalo 22. Adoração; glorificação; exaltação 23. Graça; ação de abençoar (anunciada no final de cada celebração) 25. Ganho; rendimento; proveito 26. Alimenta; dá de comer 29. Restabelecem a saúde; curam 32. Punhal dos antigos romanos 34. Aquela que gera a vida 37. Brisa; necessitamos dele puro, para viver Confira a solução na página 120.
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Mensagens que circulam pela internet Receita da D. Cacilda Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo o dia às 8 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução. Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, eu lhe fiz uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas de chintz florido que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho. – Ah, eu adoro cortinas... – Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera mais um pouco... – Isso não tem a ver, – ela respondeu – felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem... Ou posso levantar da cama
agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem. Simples assim?... Nem tanto; isso é para quem tem autocontrole, e exigiu de mim um certo “treino” pelos anos afora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos. Calmamente, ela continuou: – Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, “sábio é quem simplifica”. Depois, me pediu para anotar: Receita da D. Cacilda para se manter jovem 1. Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe o médico se preocupar com eles. Para isso ele é pago. 2. Freqüente, de preferência, seus amigos alegres. O “baixo-astral” puxa
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você para baixo. 3. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer. 4. Curta as coisas simples. 5. Ria sempre, muito alto. Ria até perder o fôlego; ria para você mesma no espelho, ao acordar, e que o sorriso seja sua última “atitude” antes de dormir. 6. Lágrimas acontecem. Agüente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é VOCÊ mesmo. Esteja VIVO enquanto você viver e seja uma boa companhia para si mesmo. 7. Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: pode ser família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é o seu refúgio, sua mente, seu paraíso. 8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a da maneira mais simples: caminhe, sorria, beba água, ore, veja comédias, leia piadas ou histórias de aventuras, ro-
mances e comédias. Se você está abaixo desse nível e não consegue fazer nada por si mesmo, peça ajuda. 9. Não faça viagens de remorsos. Viaje para o shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, pegue carona de cometa, imagine os mais diversos objetos formados pelas nuvens no céu, mas evite as viagens ao passado, pois você pode ficar retido na estação errada. Escolha as lembranças que quer ter; não se deixe dominar por elas ou perderá o direito à escolha. 10. Diga a quem você ama, que você realmente o ama, e diga isso em todas as oportunidades, através do olhar, do toque, das palavras, das ações diárias e do carinho. Seja feliz com seu próprio sentimento e não exija retribuição; você terá, de graça, o que o outro sentir; nada mais, nada menos. E lembre-se sempre que a vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego... De tanto amor... De tanto rir... De surpresa, de êxtase, de felicidade...
Quanto custa, Papai? Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, pergunta ao pai, quando este retorna do trabalho:
– Meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Por isso, não me amole, estou cansado!
– Pai, quanto o senhor ganha por hora?
– Mas papai, por favor, diga, quanto o senhor ganha por hora?
O pai, num gesto severo, responde:
O filho insiste:
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– Três reais.
sua consciência doída, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
Em seguida, o filho disse:
– Filho, está dormindo?
– Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real?
– Não, papai! – o garoto respondeu sonolento.
O pai, claramente irritado, disse:
– Olha, – disse o pai – aqui está o dinheiro que me pediu. Um real.
A resposta foi:
– Quer dizer que essa era a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não me perturbe mais! Já era noite quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado. Talvez, quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo aliviar
– Muito obrigado, papai! – disse o filho, levantando-se rapidamente e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama. – Agora já tenho três reais... Será que você poderia me vender uma hora para ficar comigo? Os textos acima estão disponíveis na internet, infelizmente sem indicação de autoria – A Redação
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Sucesso a qualquer preço! Dr. Everton Ricardo Bootz
Existe um pensamento americano que diz assim: “O segundo lugar nunca é lembrado!” Por trás deste pensamento há aquela cobrança de sempre sermos o primeiro em tudo. Isto eleva a expectativa de realização ao máximo. Este valor exacerbado de excelência é tão comum e tão freqüentemente mencionado que ele acaba se alojando dentro de nós, em nossa alma. É como se dentro de nós houvesse um pequeno pai autoritário nos cobrando sermos o primeiro, sempre! Não notamos esta voz interna, mas ela está lá. Pensamos que sejam os outros a nos cobrar, mas é aquela vozinha que está a nos exigir sempre o máximo. Para nós, Igreja luterana, com um número de membros majoritariamente alemão, este pensamento não nos é estranho. Muitos de nós fomos educados por nossos pais e avós a trabalhar desde cedo. Temos até um dito todo nosso: “Quem cedo madruga, Deus ajuda!” Por trás deste dito também está
escondida a mesma cobrança exacerbada. Somos uma sociedade de produção e de consumo e quanto mais consumirmos, mais temos que produzir para satisfazer a demanda sempre crescente. Quando nos damos conta, nos descobrimos como uma peça de uma máquina de produção industrial. A única coisa que temos que fazer é produzir e ponto final. Esta super valorização do sucesso é um engano que nos faz produzir para outros: realizamos o desejo da companhia; respondemos ao sonho dos pais; satisfazemos os planos do esposo/a; vivemos em função dos filhos. Cristo não compartilhava deste pensamento do “sucesso a todo custo”. Ele não se incomodava com o que as pessoas diziam sobre ele. Também não permitia que aquela vozinha interna se instalasse dentro de sua alma. Ele vivia em liberdade de ser. Ele chegou à cidade de Jerusalém
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montado num jumento, sabendo que os moradores o esperavam sobre um alazão. Ele não satisfazia a demanda popular por sucesso aparente. E nem estava aí. Pelo contrário, dizia através de suas ações que é possível se demonstrar fraco ou ficar em segundo lugar e ainda assim se realizar, ser feliz. Paulo vivia para o trabalho missionário e, para o seu sustento, trabalhava como artesão de tendas. Era uma profissão de não sucesso. Mas ele não estava nem aí para esta opinião pública. Para ele, o que mais importava, era se o Evangelho era pregado e espalhado entre as nações. Isto sim, o realizava! É possível um outro mundo onde a “realização de nosso ser” seja concebida de maneira diferente. O importante é sermos o que Deus tem imaginado de nós. Quando somos o que no fundo somos, então os apelos externos e a vozinha interna não nos influenciam mais. Nosso Deus se chama “Eu sou o que sou!” (Êxodo 3.14-15). Jesus Cristo se descrevia com as mesmas palavras: “Eu o sou, eu que falo contigo!” (João 4.26). Se conseguirmos ser o que somos, o que Deus tem planejado para nós, então não precisamos provar nada a ninguém. Não precisamos nos desvirtuar por
causa de uma idéia obsessiva ou de valores familiares antigos. O poder não se aperfeiçoa com o sucesso. O poder, segundo nosso Deus, se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9), quando ficamos em segundo ou décimo-segundo lugar. É na humildade que nos encontramos com Deus, com o próximo; não no sucesso, que nos faz arrogantes para com os perdedores. É entre os perdedores que encontramos a Cristo, sempre presente entre os perdedores de seu tempo (leprosos, profissionais do sexo, ladrões, pobres pescadores), enfim pessoas de não sucesso. Martim Lutero nos diz: “Certo é que o ser humano deve desesperar totalmente de si mesmo, a fim de se tornar apto para conseguir a graça de Cristo”. Deixemos de lado nossos anseios e procuremos o anseio de Cristo. Confiemos que Cristo está no timão de nossa vida. É dele a responsabilidade de alcançarmos o que Ele tem planejado para nós; não nossa. De nós, Deus espera apenas um espírito humilde, que não mais aposta em si e sim na comunidade de irmãos. Somos imagem de Deus. Espelhemos então esta imagem! O autor é pastor da IECLB e trabalha na Paróquia Apóstolo Paulo em Jaraguá do Sul/SC
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Globalização Neoliberal e Fé Cristã Silvio Meincke
À primeira vista, podemos alegrar-nos com a globalização, porque ela aproxima povos e países. Os mais de 5.000 diferentes povos que habitam o Globo Terrestre têm a grande oportunidade de se enriquecerem mutuamente com a troca dos seus saberes. Nunca antes houve condições tão favoráveis para todos os povos se unirem no combate solidário dos problemas, onde quer que apareçam. Infelizmente, o intercâmbio enriquecedor e solidário não acontece, porque a globalização foi seqüestrada pelas idéias neoliberais. A ideologia neoliberal apropria-se das asas da comunicação, que permitem a globalização, para espalharse sobre todo o globo; para globalizar a sua visão desastrosa de progresso e desenvolvimento. A globalização neoliberal estava em andamento desde a década de 1970. Em 1989, foi feito sistema, quando John Williamson sugeriu que o Banco Mundial, o FMI e a Organização Mundial do Comércio impusessem aos países em desenvolvimento o que chamou de Consenso de Washington: Aplicação das idéias de Milton Friedmann e dos seus Chicago Boys, ou seja, abrir as fronteiras para a economia neoliberal. Em seguida, Friedman viajou ao Chile, e fizeram da Ditadura de Pinochet um laboratório de experiências para o neoliberalismo. Logo depois, a “dama de ferro” Margareth Thatcher aproveitou a confusão da Guerra das Malvinas para implantar o sistema na Inglaterra. “Não existe mais solidarieda-
de – disse ela – mas somente indivíduos em competição”. Seguiram-na os EUA, no governo de Ronald Reagen, e a Alemanha, no governo de Helmuth Kohl. Quando falamos a palavra globalização, na verdade queremos dizer globalização neoliberal: economia neoliberal, estilo de vida neoliberal, ideologia neoliberal. Como explicar: As riquezas produzidas na riquíssima Alemanha, campeã mundial em volume de exportações, aumentam em média 2% ao ano, durante décadas. O número de habitantes, por outro lado, não aumenta ou diminui. Mesmo assim existem cada vez mais alemães pobres. Em outras palavras: O bolo cresce há anos, o número dos convidados permanece o mesmo ou diminui, mas um número cada vez maior de convivas ganham fatias cada vez menores. Hoje, cada oitava criança alemã é pobre e, sem a rede de assistência social, cada quarta criança seria pobre. É lamentável que a globalização não seja solidária. A solidariedade não acontece, porque os ideólogos neoliberais que governam o mundo entregam todas as decisões para as leis do livre mercado, na sua dinâmica de oferta e procura. Se houver quem oferece um produto e se houver quem o compra, então isso está correto, então essa é a verdade, então essa deve ser a norma máxima, dizem os neoliberais; e que ninguém interfira nessa dinãmica, nem o estado, nem os políticos que elegemos para nos representar,
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nem a sociedade civil organizada, nem os sindicatos e nem as igrejas! O neoliberalismo não admite interferência, pois quer que o mercado se globalize sem barreiras: - através da liberação das leis de proteção dos países, para além das fronteiras alfandegárias, porque o mercado não admite limitações; - através da desregulação das leis protetoras do trabalho, para além dos sindicatos (flexibilização, terceirização), porque o mercado não quer ser atrapalhado pelas reinvindicações dos trabalhadores; - através da privatização, para além dos interesses da coletividade, porque o estado deve manter-se magro e entregar os seus serviços à inicitiva privada, inclusive a previdência social – e que cada um cuide de si mesmo! - para além das igrejas, porque a dinâmica do mercado livre é a última verdade em termos de economia e não conhece espaço para quem pergunta pela vonta-
de de Deus; - para além da solidariedade, porque o livre mercado não conhece comunitariedade e nem desenvolvimento coletivo, mas somente competição individual; - para além da preservação da natureza, porque o livre mercado vê nas riquezas naturais somente matéria prima a ser mercantilizada. Os ideólogos do neoliberalismo prometem criar o equilíbrio social, quando cada um se empenha com liberdade e egoísmo pelos seus próprios interesses. Onde cada indivíduo compete egocentricamente, dizem eles, o conjunto de pessoas irá produzir tanta riqueza que sobrará o suficiente para todos, pois acontecerá uma espécie de chuva de riquezas, o chamado “trickle down process”. Também o mercado financeiro deve ficar livre de barreiras, querem os neoliberais, para que possa reproduzir o capital onde este consegue multiplicar-se o mais rapidamente possível.
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O neoliberalismo é uma ideologia, porque seus defensores afirmam que ele é a única verdade e o único caminho para a economia; que a história da humanidade chegou ao seu objetivo final; que não há mais necessidade de debate, porque o neoliberalismo é a verdade absoluta. Como cristãos nós não podemos concordar. Para nós, o caminho, a verdade e a vida é outro, e Jesus pregou e viveu a solidariedade, foi ao encontro dos mais frágeis, dos que não tinham condições para competir. Orientou-se pela vontade de Deus Pai, não pelas leis do mercado. Como somos seus seguidores, nosso Deus não pode ser o mercado. Os defensores da globalização neoliberal colocam as leis do mercado no lugar de Deus e, por isso, fazem dela uma ideologia, uma moderna idolatria, que exige o sacrifício das pessoas mais frágeis e da natureza. Por esse motivo, muitos cristãos vêem na globalização neoliberal não somente o desprezo pela ética cristã, mas também pela própria fé cristã. Mas quem, afinal, se beneficia da globalização neoliberal? Em primeiro lugar, o mercado financeiro, que quer especular em liberdade. Bilhões circulam pelo mundo e aterissam diariamente onde podem render mais. Em segundo lugar, algumas corporações transnacionais de proporções gigantescas, que têm mais poder do que os governos nacionais. “Em um governo neoliberal – diz Erhard Eppler, ex-ministro do desenvolvimento e duas vezes presidente do Dia da Igreja Evangélico, na Alemanha –
tanto faz qual é o partido que está no governo, porque o poder está nas corporações”. Elas querem acesso desimpedido aos recursos naturais, além das fronteiras nacionais; querem produzir onde os sindicatos são mais fracos e o trabalho mais barato; onde tem água e sol abundantes, que fazem as árvores crescer depressa; onde há matéria-prima no subsolo; elas querem vender os seus produtos sem barreiras no mundo todo, ainda que destruam a produção nativa de alimentos. Milhares de africanos já não têm mercado para seus frangos caipira, depois que a Europa decidiu vender lá os subprodutos dos seus frigoríficos por preços irrisórios. Quantas garrafas de água poderá vender a Nestlé quando tiver garantido o acesso ao Aqüífero Guarani e quando a China, com seus 1,3 bilhão de habitantes, abrir o mercado para a água engarrafada? Os recursos naturais no Iraque, entrementes, sofreram nova partilha entre as corporações que pressionaram Bush para invadir esse país. A realidade de milhões de perdedores com a globalização neoliberal nos mostra que o livre mercado não realiza o prometido “trickle down process” e nem cumpre a promessa de criar o equilíbrio social. Pelo contrário, o fosso entre o luxo e o lixo, entre o palácio e o casebre, entre os novos bilionários e os novos miseráveis, entre os altos muros e a criminalidade abre-se cada vez mais, até mesmo na riquíssima e democratíssima Alemanha.
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O autor é Pastor emérito e reside em Schwäbisch-Hall/Alemanha
Meio ambiente e aquecimento global Cledes Markus
Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas, as catástrofes climáticas e as transformações que estão ocorrendo no clima mundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos tão devastadores como tem ocorrido nos últimos anos. Diversas regiões do mundo têm sido castigadas com ondas de calor ou frio, enchentes ou secas; ciclones e furacões têm causado mortes e destruição em vários países; o degelo das calotas polares tem ocasionado a elevação dos níveis dos mares que alagam áreas costeiras, incluindo cidades e povoados, ao mesmo tempo em que causam a extinção de inúmeros animais, como peixes e ursos; o número de desertos tem aumentado e vulcões extintos têm entrado em erupção. Enfim, a reação da natureza vem assustando o mundo inteiro e levando à pergunta: O que, afinal, está acontecendo com a Terra, com o planeta? Os cientistas são unânimes em afirmar que todos estes acontecimentos estão relacionados com o aquecimento global. Trata-se do aumento gradual da temperatura em todo o planeta, o que vem preocupando cada vez mais a comunidade científica. Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, derivados da queima de combustíveis como carvão, petróleo, gasolina, diesel e gás, principalmente pelo setor industrial e de transpor-
te. Estes gases se acumulam na atmosfera e propiciam o efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global. Além disso, a forma como se tem tratado a Terra, com desmatamentos e queimadas; envenenamento do solo, do ar, e das águas; produção e acúmulo de lixo; aumento das áreas de monoculturas; aumento de rodovias e cidades; tudo isso tem provocado a emissão de gases poluentes. A concentração de gases na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, quando ocorreu a revolução industrial, a qual demandou a utilização de grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. Desde então, a concentração destes gases tem aumentado e continua a crescer. Eles provocam drásticas alterações físicas e biológicas no ambiente e sinalizam grandes devastações e cataclismas que ameaçam a vida do planeta e da humanidade. Os cientistas são contundentes em afirmar que este aquecimento é conseqüência da ação humana. É resultado de um modelo predatório de convivência e relacionamento com o ambiente vital. É decorrência de um projeto de crescimento material ilimitado que extenua recursos da Terra e compromete o futuro das gerações vindouras. A visão utilitarista que culturas humanas têm da Terra, considerando-a como mercadoria e bem de consumo, tem levado a um processo predador em que se estabelece um modo de vida baseado na explo
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ração do ambiente e consumo ilimitado dos recursos naturais. Esta forma de lidar com o meio ambiente está permeada por um manto de injustiças e violência contra a Terra e todos os seres que a habitam. E nos lembram as palavras de Paulo aos Romanos 8:18ss, quando denuncia que as dores e angústias deste planeta são por causa de submissões e corrupções: “toda a criação, a um só tempo, geme e sofre dores e angústias até o momento, esperando a revelação dos filhos dos homens”. A forma predatória de relacionar-se com o meio ambiente não é a única opção possível. Há culturas que ensinam formas mais gentis de se relacionar com a Terra. Os próprios organismos da ONU reconhecem que existem culturas e povos, como por exemplo, os indígenas, quando respeitados em suas tradições, que têm sido guardiões da integridade da terra, da água e de toda a criação. E como tal, em sua relação com a terra, podem inspirar concepções para uma nova convivência com ela.
Estas culturas concebem a Terra como um organismo vivo e lhe conferem um caráter social e sagrado, mantendo uma estreita e afetiva ligação com ela e através dela com todos os seres que nela coabitam. O meio ambiente é visto como espaço de vida, cheio de vidas e gerando vida. Comparam a relação com a Terra como uma ligação umbilical e por isso ela é referida como mãe. Ela cuida das pessoas e de todos os seres, alimenta-os e lhes dá vida. E por isso, de forma recíproca, as pessoas também zelam e cuidam da Terra, pois sabem que tudo o que é feito à Terra também atinge os filhos da Terra. Uma referência desta forma de se relacionar com o ambiente vital são as palavras escritas numa carta em 1854, pelo cacique Seattle, líder do povo indígena Suquamish, quando o governo dos Estados Unidos tentava convencê-lo a vender suas terras para dar prosseguimento à ocupação do território norte-americano por populações estrangeiras que chegavam ao país. No seu discurso, o caci
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que aponta a estranheza da idéia de considerar a terra como mercadoria: “O grande chefe de Washington diz que quer comprar a nossa terra. Essa idéia é estranha para nós. Como é possível comprar ou vender o céu e o calor da terra? Se o ar fresco e o brilho das águas não nos pertencem, como podemos vendê-los?”
sua irmã, nem sua amiga. Depois de exauri-la, abandona-a, deixando para trás o túmulo de seus antepassados e os sonhos de seus filhos” Esta fala denuncia a forma predatória como a nossa sociedade lida com o ambiente e nos remete a rever a missão que recebemos de cuidar e zelar pela terra, apontada em Gênesis 2.
No mesmo discurso, o Cacique Seattle aponta para o caráter sagrado do ambiente. Ele fala: “Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. O ramo do pinheiro, os grãos de areia à beira-mar, a névoa na floresta escura, o vaga-lume e o beija-flor todos pertencem à história e às tradições do meu povo”. Este caráter sagrado também nos é apontado por Paulo na sua carta aos Romanos, quando se refere a toda a criação como indicativo para toda realidade existente. Esta realidade, aos olhos da fé, é entendida como fruto da ação criadora de Deus.
A forma predatória de conceber, interpretar e agir no mundo e no cosmos tem trazido injustiças, provocado sofrimentos e ameaçado a existência da vida no planeta. Diante desta forma de relacionamento há necessidade de reconciliação, há necessidade de estabelecer novos paradigmas de convivência. É urgente uma mudança nos pensamentos, valores e hábitos de vida, de consumo e de relações. É necessário afirmar o compromisso missionário de cuidar e zelar pela criação e dedicar cuidados especiais ao ambiente vital.
Na carta do Cacique, ele aponta para as interações que existem entre todos os seres que habitam o planeta e o compromisso de cuidados e zelo mútuos. Ele considera este ambiente como uma grande família. Assim ele expressa esta relação: “Somos parte da terra e ela é parte de nós... A terra é nossa mãe... as flores perfumadas são nossas irmãs; os cervos, os cavalos, as grandes águias são nossos irmãos. Os cumes rochosos, os sulcos úmidos das campinas, o coração que pulsa nos potros e o homem – todos pertencem à mesma família.”
Na carta aos Romanos, Paulo ressalta as dores presentes, mas há um destaque para a esperança. Ele afirma: “A criação abriga a esperança”. A ação salvadora e reconciliadora de Deus é para toda a criação. Paulo, em Romanos 8.18ss, entende que as dores deste mundo, a degradação do ambiente vital, estão incluídos na obra redentora de Deus para a Sua criação. Face aos gemidos dela, coloca-se como desafio a conversão das pessoas para uma espiritualidade mais profunda e práticas mais justas, de modo que toda a criação seja incluída no processo de organização da vida neste planeta.
Mais à frente, o Cacique denuncia: “O homem branco não compreende o nosso modo de viver. Uma porção de terra, para ele, é como outra qualquer. A terra não é
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A autora é Pastora da IECLB e reside em São Leopoldo/RS
Desperdício de água no Brasil é patente A água representa 75% do planeta Terra. Desse volume, apenas 2,5% é potável, ou seja, própria para consumo. E a grande maioria dessa pequena porcentagem não está acessível. Por isso a economia de água é imprescindível. O desperdício de água no Brasil é patente. Carros e calçadas que continuam sendo lavados com mangueira são apenas um (mau) exemplo disso. Para se ter uma idéia, uma dona de casa, ao lavar a louça do almoço, pode gastar, em 15 minutos, 243 litros de água potável. Se deixar a torneira aberta por cinco minutos, ao escovar os dentes, a pessoa pode mandar pelo ralo doze litros de água tratada. Seis litros são desperdiçados em cada descarga de vaso sanitário – isso nas mais modernas. Legislação brasileira sobre poluição hídrica
Estaduais, nas leis federais, estaduais e municipais, que definem os usos e a proteção dos recursos hídricos de cada região brasileira. Não é, portanto, pela falta de leis, que nossos recursos hídricos apresentam tantos problemas, mas pelos mecanismos de fiscalização e controle, pela falta de conhecimento da população sobre a importância de sua proteção, e da gravidade que os maus usos trazem para a disponibilidade deste bem precioso às gerações futuras. Da Constituição Federal vale destacar os artigos 20, 21 e 22, que estabelecem que são bens da União os rios, lagos e quaisquer correntes de águas situados nos seus domínios; que compete à União instituir um sistema nacional de gerenciamento dos recursos hídricos; e que é de sua competência legislar sobre elas. Estes direitos constitucionais são repartidos com os Estados e Municípios onde os cursos d’água se encontram.
Muitas leis brasileiras tratam sobre os recursos hídricos. Existem preceitos na Constituição Federal e nas Constituições
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Fonte: www.ambientebrasil.com.br
Quarta-feira de Cinzas: começo de uma nova vida Com a Quarta-feira de Cinzas começa o tempo de jejum ou paixão, de quarenta dias, antes da Páscoa. A renúncia a comidas e bebidas como carne e vinho, ou também ao consumo de televisão, simboliza penitência e renovação espiritual. Nas sete semanas antes da festa da Páscoa, cristãs e cristãos reservam mais tempo para a meditação, a tranqüilidade e a oração, e para aproximar-se mais de si mesmos e de Deus. Na Igreja Evangélica da Alemanha, mais de 2 milhões de pessoas tomam parte na iniciativa de jejum chamada “Sete Semanas Sem”, para afastar-se de comportamentos de consumo e de atitudes rotineiras e encontrar novos objetivos na vida. Neste sentido, a penitência é compreendida também como o retorno a uma vida orientada pelos mandamentos de Deus. Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács Veja mais na internet em: www.7-Wochen-ohne.de (página em idioma alemão)
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Isadora precisa esperar Uma história de Advento para crianças de Dietlind Steinhöfel
– Vá até a casinha de esperar – disse a Vovó – Eu já vou lá. – Casinha de quê? – admirou-se Isadora – Você quer dizer aquela lá na parada de ônibus? – Essa mesma. Não te parece que é uma casinha de esperar? – perguntou a Vovó. Até que é. Quantas vezes elas já ficaram sentadas lá, esperando pelo ônibus! Quando ele se atrasava, as pessoas xingavam. Principalmente hoje, que está frio e úmido. Casinha de esperar. Isadora nunca ouvira esta expressão. “Existe cada palavra engraçada”, pensou ela. A Vovó fora depressa até a drogaria, mas Isadora não estava com vontade de fazer compras. Ela sentou-se no banco verde de metal. “Eu me sento aqui e espero pela Vovó. Estou sentada na casinha de esperar.” Muitas vezes precisamos esperar. Por exemplo, pelas férias de fim de ano. Mas estas não demoram mais muito tempo para chegar. Ou pelo Natal. Este também já está perto, faltam só duas semanas. Isadora balançava as pernas; estava ficando frio. Aí chegou a Vovó. Ela estava radiante. – Imagina só, estava tão cheio que eu precisei esperar na fila. E sabes quem eu encontrei lá? A Lisa!
– É uma colega de escola que eu não via há séculos. Lisa visita seus parentes no Advento. Às vezes é muito bom quando temos que esperar em algum lugar. Se a loja estivesse vazia, eu teria saído rapidinho e não teria encontrado a Lisa. Assim a gente combinou se encontrar hoje à noite. Imagina só! – A Vovó não parava de tagarelar. Aí chegou o ônibus. Já era tempo, porque Isadora já estava com os pezinhos gelados. – Vou preparar um banho quente para você! – prometeu a Vovó e abraçou Isadora. Aí já não estava mais tão frio... – Eu estava na casinha de esperar e você numa fila de esperar –Isadora disse, com uma risadinha – e também estamos esperando pelo Natal. É muita coisa para se esperar! – É – disse a Vovó – Na vida precisamos muitas vezes esperar por alguma coisa. Quando é uma coisa boa, então o tempo de espera dura um pouquinho mais. – Vovó, o Advento é uma fila de esperar ou uma casinha de esperar? – Ora, menina! – disse a Vovó, bem alto – Esta é uma boa pergunta! As duas começaram a rir, e as pessoas no ônibus as olharam admiradas.
– Quem é a Lisa? – perguntou Isadora. Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács
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Santa ingenuidade! AVISOS AOS PAROQUIANOS Fonte desconhecida
• Para todos os que tenham filhos e não sabem, temos na paróquia uma área especial para crianças. • Interessados em participar do grupo de planejamento familiar, entrem pela porta de trás. • Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra 'Hamlet' de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia. • Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam os seus maridos!
• O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei! • O preço do curso sobre “Oração e Jejum” não inclui a comida. • Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados. • Lembrem que na quinta-feira começará a catequese para meninos e meninas de ambos os sexos.
• Assunto da catequese de hoje: ‘Jesus caminha sobre as águas’. Assunto da catequese de amanhã: ‘Em busca de Jesus’. • O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia. • O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia. ••• 97 •••
Palavras Cruzadas FESTAS DO CALENDÁRIO ECLESIÁSTICO Colaboração: P. Irineu Wolf
Após preenchido corretamente o diagrama, nas linhas horizontais e verticais em tom cinza, aparecerão as festas relacionadas ao calendário eclesiástico
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HORIZONTAIS 1. Recife circular, construído por ação de corais 5. Festa que celebra o nascimento de Jesus, Salvador 8. Banco com encosto e braços, para duas pessoas; espécie de sanduíche aberto 10. Rio Grande do Sul (sigla) 11. Forma oblíqua de “tu”, na função de objeto direto (acusativo) ou indireto (dativo) 12. Resina extraída de certas árvores 14. Festa que celebra a presença e atuação do Triuno Deus 17. Choro; lamentos e soluços 18. Número “um” em inglês 20. Triturara; esmagara 21. São Paulo (sigla) 22. Poeira; partículas minúsculas de terra desfeita 23. A 1ª Pessoa da Santíssima Trindade 24. A festa que celebra a Ressurreição de Jesus, Senhor 27. Imposto sobre operações financeiras, cobrado pelos bancos (sigla) 28. Sorri; esboça risos 29. As primeiras duas sílabas de “Ascensão” 30. Realce; engrandeça; glorifique 32. A Criação; primeiro livro da Bíblia (abrev.) 34. Tempo de espera; preparação para o Natal 35. A terceira vogal 36. Sobrinho de Abraão (Bíblia) 37. Membro importante para as aves que voam 38. Tange; o sino se faz ouvir VERTICAIS 1. Ponto direto, feito no saque, no jogo de tênis 2. Forma reduzida de “está” 3. Ligado (em inglês) 4. Natural ou habitante do Lácio (Itália); pessoa de origem latina 5. Nordeste (abrev.) 6. Verruma grande usada por carpinteiros e/ou tanoeiros 7. Festa que celebra a subida de Jesus aos céus 9. Festa que celebra a vinda do Espírito Santo; aniversário da Igreja 12. Naquele lugar 13. A primeira vogal 14. Taxa de Referência (abrev.) 15. Nome dado ao Domingo que abre a Semana Santa; celebramos a Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém ••• 99 •••
16. Sofrimento físico; tormento; aflição; arrependimento 17. Ferramenta agrícola 19. Festa que celebra a apresentação de Jesus (revelação); da aparição ou da luz 22. Tempo da quaresma (40 dias antes da Páscoa); lembramos e celebramos o sofrimento e morte de Jesus. 23. Gotas de líquidos 24. Prefixo que indica “anterior” 25. Pessoa sem ou com poucos cabelos (careca) 26. Saúda com a mão ou a cabeça, à distância 31. Ano Domini (abrev.) 33. A segunda vogal Confira a solução na página 121.
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Sonhos... sonhos... sonhos Anna Lange
Os sonhos sempre exerceram fascínio sobre as pessoas. Por que existem? Que mensagem transmitem, se é que o fazem?
agido movidas por um sonho. Constantino, ao lutar sob o signo da cruz, é um exemplo clássico.
Um sonho alegre pode fazer-nos enfrentar com boa disposição o novo dia de trabalho. Um pesadelo, ao contrário nublar nossos pensamentos por algumas horas ou dias. E, nem sempre, isto todos sabemos, “sonhamos com os anjos!”
Também a ciência moderna ocupou-se dos sonhos. Novos caminhos foram abertos para a psiquiatria através do seu estudo. A tecnologia, por sua vez, possibilitou a delimitação de áreas do cérebro envolvidas no processo de sonhar, e tornou possível mensurar reações cerebrais de um modo absolutamente impossível antes de nossa era.
A preocupação com os sonhos vem de longa data. Podemos imaginar que a observação, as comparações, as tentativas de interpretação tenham levado estudiosos a atribuir a cada tipo de sonho um determinado sentido capaz de orientar o dia, a conquista de um determinado objetivo e até mesmo a vida de indivíduos. Foram escritos livros para interpretação de sonhos. É fácil também perceber o poder de manipulação que esse conhecimento proporcionava. O mais antigo “livro de sonhos” conhecido hoje em dia tem mais de 4000 anos e foi escrito no Egito. Mas também outros povos se dedicaram à análise do assunto. Os gregos, por exemplo, viam nos sonhos um canal aberto através dos quais as divindades se comunicavam com os homens (aliás, uma convicção compartilhada por comunidades de vida isolada, mais primitivas, em diversas partes do mundo). Uma percepção diferente aparece com Aristóteles, que vê o sonho como puramente humano. Na Antigüidade e na Idade Média há muitos exemplos de pessoas que teriam
Algumas opiniões resultantes dessas pesquisas são instigantes: • Os sonhos não são somente resultados de nossas experiências diurnas, como se nosso cérebro apenas reverberasse as experiências vividas durante o dia. Eles viabilizam a memorização e durante os sonhos o cérebro reprocessa o que já foi aprendido anteriormente, isto é, nos dá melhores ferramentas para enfrentarmos nosso mundo. Goethe escreveu sobre o sonho: “a pessoa sonha apenas para não parar de ver”. Este pensamento ganha agora não só um reconhecimento literário, mas também biológico. • No sonho, a pessoa se vê como ela julga ser. Daí a possibilidade da ajuda psicológica a partir dos sonhos. Mas nem todos os sonhos são úteis para essa finalidade. Alguns são apenas divertidos, tristes ou estranhos.
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Inge Strauch, professora de psicologia, diz: “Fascina-me a criatividade com que, noite após noite, histórias novas são criadas a partir do que já é conhecido. Não deveríamos esperar que alguém que vê as coisas interessantes que pode criar a partir do seu banco de memória enfrente a vida de modo um pouco mais leve?” Também a Bíblia conta muitas histórias de sonhos e, se comparamos os primeiros livros do Antigo Testamento com o final dele, e especialmente com o Novo Testamento, vamos encontrar alguns pensamentos diferentes. Sem esgotar o assunto, vamos notar: • O povo de Israel estava cercado de povos que davam muita importância aos sonhos. Para que país foi vendido o sonhador José? Para o Egito. Os sábios que
cercavam Faraó e que deviam ter acesso a “livros de interpretação de sonhos” tentaram, sem sucesso, dar uma resposta satisfatória ao Rei. • O sonho trazia uma revelação de Deus. José pode interpretá-lo mas, como ele mesmo disse: “Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó” (Gn 41.16). Muitas histórias bíblicas mencionam sonhos que precisavam de uma comprovação ou de uma interpretação. Jacó fugia de seu irmão Esaú, a quem havia enganado. Temia pela própria vida. Para ele, foi um alento sonhar que se abria um caminho entre Deus e os homens e que anjos subiam e desciam por uma escada que ligava céus e terra (Gn 28, 10ss). Desperto, sentiu que valia a pena confiar nas promessas ouvidas. Em Daniel, temos novamente Deus falando através de sonhos, sábios que não conseguem expli
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car e o profeta de Deus interpretando o sonho do rei e anunciando a destruição dos grandes reinos que se sucederiam ao de Nabucodonosor (Dn 2). • Revelação em sonhos não acontecia somente a profetas. Salomão recebe em sonhos a promessa da proteção de Deus (1 Rs 3.5ss), Abimeleque é impedido de tomar para si a esposa de Abraão (Gn 20.3). • Também entre o povo de Israel houve abuso na divulgação e interpretação de sonhos. Após uma longa descrição dos profetas de seu tempo, Jeremias anuncia, em nome de Deus: “O profeta que tem um sonho conte-o como apenas um sonho, mas aquele em que está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade” (Jr 23.28 a). • No Novo Testamento os sonhos são mais raros. Encontramos, entre outros, José sendo chamado a receber Maria por esposa (Mt 1.20); os magos sendo alertados para não voltar a Jerusalém (Mt 2.12); Paulo sendo chamado para ir à Macedonia (At.16.9 - sonho ou visão?). Entretanto, a comunidade do Novo Testamento não procura primordialmente revelações particulares através de sonhos e visões. O escritor da carta aos Hebreus manifesta isso da seguinte maneira: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais, nos profetas, nestes últimos dias nos falou, em um que é seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”
A conseqüência para nós é evidente: Deus é soberano no seu agir, mas nós não precisamos de revelação individual especial além daquela que o próprio Senhor quis estabelecer enviando-nos Jesus Cristo. É na sua pessoa, na sua pregação que encontramos salvação e esperança. E essa última palavra toca para nós novamente no tema SONHOS. Sonhos como expectativa. Sonhos por uma comunidade, um mundo diferente, um mundo melhor. Quantos sonhos no passado se transformaram em benefícios na atualidade: a tecnologia presente na casa, nas indústrias, nos hospitais; os medicamentos; os avanços na agricultura, na comunicação e por aí afora. Quantos sonhos aproximaram pessoas de países diferentes em pesquisas, em esportes, em tentativas de estabelecer a paz, de socorrer, de ampliar conhecimentos, de atingir novas conquistas. Antes de serem realidades foram sonhos. Sonhos em muitas vozes. Precisamos sonhar. Ou antes: sonhamos sempre. Dormindo (quer lembremos ou não) ou acordados ao esperar, desejar e trabalhar por um mundo melhor. Stefan Zweig, escritor austríaco que escolheu Petrópolis para viver no exílio durante a última guerra, escreveu: “O sonho é um tipo de pátria em que se pode morar e viver”. A autora é professora aposentada e reside em Curitiba/PR
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Menino bonito come com garfo! Meinrad Piske
Benno é portador de deficiência ou de necessidades especiais. Com a idade de dois anos e quatro meses, teve meningite. Muitas necessidades, muitos cuidados médicos, muitos remédios e acima de tudo isto muita ansiedade marcaram esta doença que deixou seqüelas. Com deficiências, Benno foi crescendo e seus pais e as irmãs aprenderam a conviver com ele. Em muitas coisas ele era diferente. Seu comportamento chamava a atenção. Por exemplo: ele sentava à mesa para as refeições, mas comia só com a colher, não com o garfo. Aprendera a comer com a colher e não aceitava o garfo. Tinha de ser a colher. Simplesmente repetia o que tinha aprendido uma vez. E não aceitava mudar. Um dia, no restaurante, para onde os pais o levavam para aprimorar seu comportamento em público, ele rejeitou o garfo quando foi servida a comida. Pediu uma colher ao garçom. O garçom trouxe a colher, mas disse: “Menino bonito come com o garfo”. A mãe se irritou e ficou incomodada com esta observação do garçom e na consulta seguinte ela contou isto ao médico. Para sua surpresa, o médico lhe disse que o garçom estava certo, que ela deveria, com muita paciência e disciplina, insistir com o Benno para que comesse com o garfo e não com a colher. E isto por, no mínimo, noventa dias.
come com o garfo!” Foi necessária muita paciência e persistência. Benno não queria aceitar a troca da colher pelo garfo. Chegava a rechaçar a comida, jogava o garfo e por vezes o prato inteiro no chão. As suas irmãs, por diversas vezes, saíram da mesa porque não agüentavam a rebeldia do Benno e a insistente persistência da mãe. Até o pai e a mãe desanimaram. Procuraram o médico depois de passados os noventa dias. Estavam entregando os pontos. Não adiantava. Não conseguiram convencer seu filho. Mas o médico insistiu: Continuem e não desistam. O Benno vai chegar lá. Ele vai comer com o garfo. A insistência continuou: Menino bonito come com garfo ! Passaram-se mais trinta dias e depois de 120 dias, Benno comia com garfo e faca. Depois de quatro meses Benno comia com o garfo! Tornara-se um menino bonito! E hoje é um “homem bonito” que vai completar cinqüenta anos de idade. Este é somente um aspecto da vida do Benno. Ou é um aspecto da vida da mãe de Benno? No mínimo, ela consegue concordar de coração com as palavras do Apóstolo Paulo na carta aos Romanos (5.3-4): “Tribulação produz perseverança, e a perseverança, experiência, e a experiência, esperança”.
Assim ela fez. Ao longo de três meses ela insistiu com seu filho: “Menino bonito
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O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC
Ovos de Páscoa são mais do que simples ovos! Atualmente, oferecem-se ovos “somente porque é páscoa”, mas no passado eles tinham muitos significados, como ovos de juros, oferendas de amor e presentes de padrinhos. Conforme o motivo, eles eram coloridos, sobrescritos ou decorados. Eram comidos ou guardados por décadas como pequenas preciosidades no armário ou na vitrine. A tradição cultural dos ovos é antiqüíssima. Desde a aurora dos tempos, o ovo significa vida e fertilidade. Assim, encontram-se ornamentos em forma de ovos nos frisos dos muros de antigos templos dedicados a Júpiter, que simbolizavam tanto a fertilidade dele próprio quanto a diversidade da vida que dele brotaria. Desde os primeiros dias do Cristianismo, o ovo - independentemente da sua origem pagã - significa a Ressurreição e encontrou lugar na arte cristã, em pedras tumulares e sarcófagos. Até hoje, um ovo
de avestruz ou um grande ovo de porcelana, pendurado em templos, igrejas coptas e mesquitas, representa a Criação, a vida e a Ressurreição. Em épocas posteriores, reuniram-se estas simbolizações num denominador comum, dizendo: “assim como o pinto pica o ovo, Cristo rebentou o túmulo.” No século XII, apareceu uma “benedictio ovorum”, uma fórmula litúrgica usada para a bênção dos ovos, seguida de uma bênção da refeição pascal. Também os ovos de páscoa, somente em sua versão colorida, têm a sua história. Assim, até os velhos babilônios e os egípcios da Velha Dinastia, lá pelo ano 5.000 antes de Cristo, e os hindus, em cujos mitos eles aparecem como origem do mundo, todos presenteavam ovos pintados ou decorados com vermelho por ocasião de suas festas da primavera.
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Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács
Peixe é gostoso! Resilde Wegner Piske
Filés de peixe recheados Ingredientes: 1 kg de filés de peixe em postas (ou de sardinhas, ou charutos abertos) Recheio: 1 cebola grande 2 dentes de alho 2 tomates 1 ramo de salsa 5 folhas de alfavaca 2 colheres de azeite Modo de fazer: Tempere os filés com sal e com limão, refogue o alho, junte a cebola e os demais ingredientes do recheio. Não é necessário cozinhar muito. Unte uma travessa refratária com meio copo de requeijão – ou com azeite. Forre a travessa refratária com uma camada de peixe; sobre o peixe espalhe o recheio e cubra com outra camada de peixe. Pincele levemente com óleo ou com pedaços de manteiga. Se preferir, espalhe por cima meia xícara de queijo ralado. Leve ao forno pré-aquecido – temperatura média – por 30 minutos.
Peixe ao vinho Ingredientes: 3 postas grossas (3 a 5 cm) de peixe (garoupa, cação ou dourado) limão, sal e pimenta do reino 1 cebola bem picada 1 dente de alho amassado 2 colheres de sopa de salsa picada 3 tomates sem pele, cortados em cubinhos 1 colher de sopa de manteiga 1 xícara de vinho branco seco Modo de fazer: Tempere o peixe com sal e pimenta do reino, frite a cebola e junte a manteiga e o alho, coloque na frigideira as postas de peixe e vire de lado, junte o vinho e os temperos verdes e deixe cozinhar. Arrume as postas numa travessa aquecida, junte os tomates picados ao molho da frigideira e cozinhe rapidamente. Se estiver muito líquido, engrosse com uma colher de maisena, espalhe-o sobre o peixe e sirva em seguida. A autora é Catequista da IECLB e reside em Brusque/SC
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Hino de louvor de uma pessoa idosa Autor desconhecido
Bem-aventurados aqueles que têm compreensão por meus pés trôpegos e minhas mãos trêmulas. Bem-aventurados os que percebem que meus ouvidos precisam se esforçar para captar tudo que me dizem. Bem-aventurados os que adivinham que meus olhos enfraqueceram e meus pensamentos se tornaram mais lentos. Bem-aventurados os que, com um sorriso simpático, se demoram um pouquinho
mais para conversar comigo. Bem-aventurados os que nunca dizem: “Esta história você já me contou duas vezes hoje.” Bem-aventurados os que me deixam perceber que eu sou amado(a), respeitado(a) e não me deixam só. Bem-aventurados os que, com sua bondade, tornam mais suportáveis os dias que me restam a caminho do Casa do Pai. Tradução Anamaria Kovács
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Aprendi com a catadora de lixo Caroline Graef
Caroline tem apenas 10 anos de idade e viveu uma experiência muito importante com uma CATADORA DE LIXO: a Dona Lúcia! Ela, com tão pouca idade, demonstrou uma inteligência e maturidade que deveria ser seguida por nós, adultos, mais frequentemente. Ela enxergou, através daquela pessoa simples, a enormidade e a importância do trabalho realizado. E como ela mesma escreve: “eles não só fazem o trabalho por dinheiro, mas também para salvar o mundo da poluição!” Será que nós pensamos assim, quando uma destas pessoas bate à nossa porta ou pede licença para passar com sua carrocinha? A CORAGEM DE DONA LÚCIA! Dona Lúcia trabalha há sete anos como catadora de lixo. Ela também trabalhou como diarista. Ganha, mais ou menos, por semana, R$ 160,00 e disse que o cobre e o alumínio valem mais. Ela acha importante seu trabalho, tanto para sua família quanto para a sociedade. Dona Lúcia já sofreu bastante preconceito, por parte de crianças e de adultos. Apesar do preconceito, não pensa em mudar de emprego. Ela tem cinco filhos e é uma mulher muito batalhadora! Surpreendi-me com a aparência dela, porque não era como eu pensava. Eu a imaginava grisalha, com o cabelo grosso e encaracolado e de cor de pele bem branca. E, na minha cabeça, ela teria uns 57 anos, mas parece mais jovem.
impressão por causa da roupa e do cabelo que estava mal penteado. E quando ela começou a falar tive a mesma impressão, mas também logo vi que ela é uma mulher muito corajosa, porque ela já sofreu muitos preconceitos, mas acho que alguns ela já superou. Quando ela falou que já a chamaram de "égua que puxa sua carrocinha", fiquei muita assustada, porque nunca imaginei que alguém fosse tão preconceituoso por causa de um trabalho tão importante. Aprendi com ela, que mesmo que os outros falem, temos que fazer o que pensamos e nunca discriminar um catador de lixo, pois eles não só fazem o trabalho por dinheiro, mas também para salvar o mundo da poluição!
A minha primeira impressão sobre ela foi que é uma mulher muito pobre; tive esta
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A autora é aluna da Escola Barão do Rio Branco de Blumenau/SC
Bagagem com vida Heinz Ehlert
“Livros são coisas, livros são pessoas!” Com estas palavras, o falecido Dr. Hermann Dohms, fundador do Instituto Pré-Teológico e depois da hoje Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, um dia se dirigiu aos alunos. Foi numa devocional matutina. Era raro ele mesmo celebrar tal momento devocional diário. Neste dia, ao final da celebração, dirigiu-se aos alunos com aquela sentença estranha para os nossos ouvidos: “Livros são coisas...” – isso era evidente. Mas sua continuação “... livros são pessoas!” – o que queria isto dizer? Então ele explicou que os livros didáticos e de leitura em uso (propriedade do Instituto) envolviam e tinham atrás de si pessoas. Em primeiro lugar, os seus autores. Por isso, os livros deveriam merecer o máximo respeito. Só assim fora possível servir a várias gerações de alunos. Entendemos o recado e procuramos dali em diante cuidar melhor dos livros. Até hoje não o esqueci.
de todas as coisas e, de outro honra os pais, conforme o quarto mandamento. Pois é deles que recebemos, em primeira mão, a educação baseada em valores.
O meu pai nunca jogava fora objetos ou materiais que ainda poderiam ter algum valor, na hora ou mais tarde. Valorizar as coisas foi a lição. Evitar todo tipo de desperdício! Foi antes da época do descarte – e do lixo sufocante!
Deve-se reconhecer, destacar e difundir este fato, que até hoje pode ser uma contribuição valiosa à nossa sociedade.
Creio que as palavras do Dr. Dohms e o exemplo de meu pai fazem parte de uma tradição que vem de longe: reconhecer, cultivar e conservar valores recebidos , a nós confiados. Parece-me que têm sua origem na fé cristã luterana, que de um lado honra o Deus criador e conservador
Conta a história dos imigrantes alemães evangélico-luteranos, principalmente nos Estados do Sul e no Espírito Santo, que eles trouxeram em sua bagagem poucos bens materiais. Via de regra, eles saíam de sua terra porque não possuíam muitos bens ou dinheiro. Mas não esqueciam de trazer consigo uns poucos livros: A Bíblia (naturalmente na tradução de Lutero), o Catecismo Menor de Lutero e hinários. Às vezes, ainda um “Starks Gebetbuch” (Livro de orações de um autor chamado Stark). Além disso, meu avô tinha em sua bagagem um livro de Prédicas. Todos eles eram tratados com respeito. Mas não como objetos de museu. Antes eram “Bagagem com vida”. Dali deveria surgir e ser transmitida uma vida de fé, uma orientação para toda a sua atuação, onde quer que estivessem.
O que isto significava, trocado em miúdos, desejo ilustrar com alguns exemplos pessoais. É sabido que, dentro de sua tradição luterana, os imigrantes edificavam em responsabilidade comunitária a igreja e, ao lado dela, a escola. Em Ibirama, por exemplo, o mesmo edifício abrigava o lugar de culto, aos domingos, e, durante
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a semana, a sala de aula durante muitos anos (mais tarde, remodelado, serviu durante decênios como residência do pastor). Importante registrar que, em poucos anos (geralmente só quatro) professores competentes conseguiam ministrar um sólido ensino fundamental. Claro, tudo na língua dos imigrantes que, além de construir com esforço próprio a escola, também mantinham um ou mais professores. Quando não tinham mais professores entre eles, foram buscá-los fora. Mais tarde, foram criados Seminários de Professores, por exemplo em São Leopoldo, Blumenau e Timbó. Sem qualquer ajuda por parte do governo. Este ensino incluía naturalmente a instrução na fé cristã, chamado de Religionsunterricht, de acordo com a
confissão dos pais. Já aqui se aprendiam histórias e palavras bíblicas, um pouco de história da Igreja, além de muitos hinos do Hinário da Igreja. Geralmente também o Catecismo Menor, em parte ou no seu todo, depois aprofundado no chamado Ensino Confirmatório, de responsabilidade do respectivo pastor. Uma de minhas lembranças da infância é minha mãe tirando a lição ao meu irmão mais velho. Fazia-o repetir, até saber de cor, os mandamentos (com explicação) que ela ainda sabia de cor e salteado. Nem precisava do livro. O mesmo com palavras bíblicas e hinos. Assim era cultivado o patrimônio trazido pelos imigrantes em sua bagagem. Outra recordação: Marcou-me o costume de meu pai reunir a família (grandes e pequenos), aos sábados à noite, para uma
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hora de “Andacht” (=devoção). Eram cantados alguns hinos, lido um trecho bíblico e logo pegado aquele velho e grosso volume de Prédicas. Lia com sua voz clara e pausada uma prédica, o que podia levar mais de uma hora. Não importava que os menores pegassem no sono. O que marcou foi o espírito de devoção e culto. Os livros já não eram bagagem morta, mas objetos com vida. Um outro aspecto da tradição, simbolizado pela Bíblia, Catecismo e hinários na bagagem, era a participação nos cultos , além de programas para crianças e jovens. Nunca esqueço o badalar dos sinos e logo o barulho típico das carroças tiradas por cavalos, aos domingos de manhã: os colonos iam com suas famílias ao culto. Além dos cultos, também as festas da Igreja e as assembléias gerais da comunidade eram muito bem freqüentadas. Ali eram debatidos todos os assuntos da vida da comunidade. Entre outros, era discu-
tida e fixada a contribuição dos membros para o sustento dos serviços e obras da comunidade, além da eleição dos líderes. Conta-se que às vezes as discussões eram mais que acaloradas e que até saíam brigas mas nunca faltaram homens e mulheres dispostos a assumir, além de suas outras obrigações, voluntariamente, as funções de liderança. Como criança, não podia entender por que meu pai era sempre o último a deixar o pátio da igreja, depois do culto. Só muito mais tarde viria a compreender que a função de presidente exigia dele mais essa dedicação, além de todo o tempo que a função lhe tomava. O que levamos em nossa bagagem hoje, quando vamos para estudo fora de casa, de trabalho ou de mudança para outro lugar ou cidade? Será que a Bíblia, o Catecismo e hinários ainda têm o seu lugar? Será que ainda conservam o seu lugar no meio dos afazeres do labor da vida? O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Curitiba/PR
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Síndrome do ninho vazio Elfriede Rakko Ehlert
Quem não conhece a expressão “estou cheia/o”? Cheia de alegria que transborda, que irradia, que contagia. E quando fomos agraciados com algo especial.
difícil. Os filhos estão longe. Falar sobre eles, também cansa. Então o que fica? Dois seres emudecidos e, no fundo, infelizes, vazios.
Do outro lado também existe o “estou cheia/o”, quando estamos aborrecidos, descontentes, com o nosso dia a dia, sem perspectivas, sem ânimo.
O que fazemos quando a bateria do carro está vazia e o carro não se move do lugar? Ou quando o telefone celular nega a comunicação? Rapidamente solucionamos o problema : recarregamos , mediante recurso à fonte de energia.
Na verdade este “cheio/a” poderia também se chamar um “vazio”. Desejo referir-me hoje especialmente a uma época , um estágio de nossa vida , quando nos aposentamos, quando os filhos deixam nossa casa, o seu ninho e a nós resta olhar de longe e ver os seus vôos às vezes desastrados, mas também os bem sucedidos. Aí podemos ser atacados por sentimentos apelidados de síndrome do ninho vazio. Aposentadoria – acredito que para o homem é bem mais incisivo e até decepcionante do que para a mulher. Sem a rotina diária do trabalho, ele se vê na escuridão total sem uma luz no final do túnel. A aposentaria tão almejada e esperada se revela como mais monótona do que o trabalho. O tédio toma conta do pobre ser humano. E isso tanto mais quanto a esposa não mostra sensibilidade e não quer que ele agora mexa nas panelas e entre no reinado que antes era só dela, querendo mandar e organizar melhor. Outro aspecto: O diálogo, deixado de lado antes por falta de tempo , agora se torna
Acredito que está na hora de recarregar a nossa vida, nosso convívio. Mas qual seria, neste caso, a rede de energia? Sei que a tal doença da depressão pega desprevenidos cristãos e não-cristãos, velhos e jovens. Mas minha atenção se volta mais para os idosos. Estou convicta de que é preciso preparar-se para a aposentadoria. Sei de firmas que , preocupadas com o futuro de seus empregados, oferecem cursos sobre como enfrentar a aposentadoria. A euforia de não ter obrigação de trabalhar passa rapidamente. Depois de algumas semanas, entra a desilusão. Como preencher este novo “vazio”? Algumas experiências: • Nunca perder o contato com os filhos. Não para pegar no pé deles, mas para demonstrar que a família é e continuará sendo a célula mais importante. Estes dias alguém me falou: Não passa uma semana, sem que a gente esteja em contato com os nossos filhos. Assim haverá assuntos para conversar: filhos e netos.
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• Ter e cultivar um hobby. Em nossa rua, um senhor plantou feijão ao lado da casa. Antes, a esposa se queixava que ele vivia reclamando de tudo. Agora, com o feijão e a colheita abundante, se sente melhor. E se não tiver espaço ao lado da calçada, pode cultivar violetas. • Cuidar de netos. Às vezes é uma tarefa nada fácil, mas compensadora. • Escrever recordações da família, de épocas vividas na comunidade e sociedade. Estes dias, numa conversa, constatamos que sabemos muito pouco sobre o passado. Temos que aprender a curtir o nosso próprio passado e o de nossos pais e avós. Um dia, filhos e netos vão nos agradecer por isto. • Importantíssimo: não criar um casulo ao redor de si, não isolar-se. Os outros ainda precisam de nós. A comunidade/ Igreja oferece tantas chances de participar: cafés, almoços (ajudar a preparar e usufruir) .Existe até um grupo de chimarrão em nossa comunidade. Inserir-se em grupos comunitários (casais, estudo bíblico, dança sênior)
gar-se a excursões, sempre que o bolso permite. Como é bacana, um casal de 80 ou mais anos participando sempre que há um programa comunitário! • Oferecer os préstimos. Somos gratos por tantos aposentados (ou não) que assumem liderança no presbitério e entram de cabeça nas muitas tarefas, dedicando parte do seu tempo à comunidade. Além de gratificante é desafiante, quando surgem dificuldades a superar. Sentir-se-á: você está vivo/a e não só vegeta. • Ler também é uma boa opção, e comentar com o/a parceiro/a. Isso evita que a nossa mente crie mofo, pois a deixa bem arejada. Com o avançar da idade a nossa sensibilidade se aguça e cresce ou deveria crescer em relação aos outros. Por isso, notaremos com mais facilidade os diferentes humores do momento e podemos ajudar-nos mutuamente. “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo!”
• Viajar, visitando outros lugares, agre-
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A autora é professora e artista plástica e reside em Curitiba/PR
BIOÉTICA – A pesquisa com embriões e a dignidade humana Prof. Dr. Euler Renato Westphal
Muitos dos avanços científicos nos trouxeram benefícios maravilhosos. Hoje dificilmente alguém precisa morrer de tuberculose ou de lepra ou de outra doença infecto-contagiosa, se descoberta nos seus inícios. As mortes de crianças não são mais a regra. Tais mortes são exceção. Isso por causa dos conhecimentos da biologia e da medicina. Apesar desses conhecimentos científicos salvadores, pelos quais somos gratos, eles, de outro lado, trouxeram preocupações. O saber que pode curar, em muitos casos, também pode matar. A ciência que nos deu a energia elétrica também nos deu a bomba atômica. Os aparelhos que salvam as pessoas da morte, também nos colocam diante de decisões tais como: Quem decide se os aparelhos devem ser desligados de um paciente na UTI? Quais os critérios para colocar uma pessoa ferida nos aparelhos, se mais quatro ou cinco estão à espera do aparelho salvador? A pergunta que foi discutida recentemente diz respeito ao uso de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos. A Manipulação irresponsável Embrião é o nome que se dá às oito primeiras semanas de gestação, contando a partir da fecundação. Também fala-se de um pré-embrião para os primeiros cinco dias de desenvolvimento embrionário, que se estende da fecundação até o estágio da implantação no útero. A pergunta
polêmica está relacionada com o destino que se dá aos pré-embriões excedentes, que estão armazenados nas clínicas de fertilização. Geralmente eles não serão implantados e serão jogados fora. A pesquisa com embriões ocorre com os supranumerários, que sobram quando se realiza uma fertilização artificial. Em cada procedimento de inseminação produzem-se vários embriões. Há um prazo de validade de no máximo três anos para que os pré-embriões possam ser utilizados para uma gestação. Depois de passar do prazo de validade, esses pré-embriões são destruídos, pois não faz sentido mantê-los congelados. O problema somente veio à tona diante da possibilidade de fazer pesquisas, mas poucas vozes se manifestaram questionando a inseminação artificial. O problema com os pré-embriões não é somente a sua utilização na pesquisa. O problema já começa na inseminação artificial, que coisifica a procriação humana. Temos então a possibilidade de reprodução, desvinculado de sentimentos mais nobres como o da responsabilidade para com as novas gerações. As possibilidades de abuso e de manipulação são incontáveis, bem como a produção em escala industrial de embriões, que estão órfãos nas clínicas de inseminação artificial, ao redor do mundo, esperando serem implantados no útero da mãe. Seria isso uma forma de instrumentalizar o ser humano, ao se des
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cartar os seus embriões? É possível, a partir dos embriões excedentes fazer pesquisas com células pré-embrionárias. A pergunta não pára aí, elas já seriam vida humana? A discussão fica ainda mais acirrada se considerarmos que a possibilidade da doação de órgãos parte do critério da morte cerebral. Se o diagnóstico da morte cerebral é o fim da vida, também é possível a retirada de órgãos para transplante. Se a retirada de órgãos é possível a partir da definição do fim da vida quando ocorre a chamada “morte cerebral”, então o mesmo critério deveria servir para definir o início da vida, que é o começo da atividade cerebral. O problema é o uso que se faz das pesquisas. As intervenções nos seres mais frágeis podem produzir seres humanos sob encomenda e há a possibilidade de muitos outros malefícios para embriões e fetos. A ciência como uma nova religião A engenharia genética aplicada com o objetivo de proporcionar o melhoramento genético do ser humano não deixa de ser a busca pela imortalidade. Isso é o que move todos os povos, em todas as épocas e culturas. O ser humano, que tirou Deus da realidade de sua vida, busca formas não religiosas de esperar pela eternidade. A preservação ou a alteração das informações genéticas, muitas vezes, tem como objetivo garantir a ilusão da própria imortalidade. Há um sentimento de fascínio e, ao mesmo tempo, de medo diante das novas possibilidades de pesquisas com células-tronco embrionárias. Há quem aponte para a possibilidade técnica da clonagem humana.
Existe a possibilidade de manipular geneticamente o ser humano. Após a fecundação, a partir do zigoto, ele é ser humano em qualquer fase do seu desenvolvimento. É necessário afirmar o caráter humano do pré- embrião. Ele não pode ser visto como um produto da reprodução, mas a sua pessoalidade precisa ser reconhecida. Assim, a humanidade do embrião é preservada, bem como a dignidade do ser humano em quem foi diagnosticada a morte cerebral não pode ser violada. A lei aprovada no Congresso Nacional autoriza o uso de embriões congelados há mais de três anos. Mesmo implantados no útero de uma mulher, estes não seriam mais capazes de se desenvolver. De qualquer forma, eles seriam jogados fora. Com a aprovação da lei, esses embriões poderiam ser usados nas pesquisas com células-tronco. A partir disso, o único fim digno é a pesquisa para salvar uma outra pessoa. Caso contrário, serão jogados fora. O problema é que tanto o descarte de embriões, quanto o seu uso na pesquisa é um atentado contra a dignidade do embrião enquanto ser humano. Em ambas as situações nos fazemos culpados, porque já avançamos demais em processos anteriores. A pergunta é pelo mal menor. Mesmo se optássemos pela liberação da pesquisa como um mal menor do que o descarte de embriões, sem dúvida, isso seria mais um passo importante para atentar contra a dignidade da vida humana. O dilema é que não se tem alternativa, pois o dique que segurava a força das águas do “espírito deste século” foi rompido. A lógica da eugenia, que é o melhoramento e a purificação biológica da raça humana, já está
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presente nos movimentos pró-aborto e pró-eutanásia. Os planos de saúde também trazem na sua lógica o pensamento eugênico. A lógica do mercado neoliberal é eugênica. O espírito da nossa época tem uma percepção de que a eugenia não é problema. Será que estamos voltando ao período anterior ao Código de Nuremberg (1947), que defendeu a vida diante das barbaridades feitas pelos pesquisadores do regime nazista, tanto na Alemanha quanto nos Estados Unidos? A eugenia seria uma nova “hitlerização” da ciência. Naquela época se dizia que os judeus, os ciganos, as pessoas deficientes não tinham dignidade e não seriam humanos. Portanto, poderiam servir de cobaias. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos com negros, crianças com deficiência e prisioneiros que foram usados como cobaias em pesquisas para investigar o desenvolvimento de doenças. No período nazista, falava-se dos benefícios que a pesquisa poderia trazer para a humanidade, sem se importar com os malefícios nos processos da pesquisa. É perigoso quando pessoas, incluindo o embrião, são classificadas como não sendo seres humanos e as pessoas se acham no direito de violar a vida porque se julga alguns mais dignos do que outros. Vemos que a afirmação unilateral dos benefícios que a pesquisa com células-tronco pode trazer em função de que ainda não são seres humanos é extremamente perigosa. A lógica é assustadoramente semelhante àquela do período nazista. Se dissermos que o ser humano na sua fase embrionária não tem dignidade, seria porque não tem cérebro.
O que faremos com os deficientes mentais graves, os idosos dementes? De outro lado, aqueles que têm a morte cerebral diagnosticada não seriam mais humanos? Seriam apenas depósitos de órgãos? O outro lado da questão também deve ser levado em conta, que é a possibilidade terapêutica de pesquisa com embriões que serão descartados. Sem dúvida, seria criminoso recusarmos uma terapia para pacientes com cânceres, deficientes físicos, pacientes com Alzheimer, com Parkinson, com Esclerose múltipla, se a terapia estivesse à disposição. Seria a mesma coisa que recusar a transfusão de sangue ou a doação de órgãos, embora a fonte da terapia seja diferente. Estamos diante de um conflito insuperável. Como cristãos, dizer não às pesquisas embrionárias é tão nocivo quanto dizer sim sem medir as conseqüências. Se a Igreja cristã disser “não” à pesquisa com células-tronco embrionárias, ela também precisa se posicionar contra a inseminação artificial. Entretanto, isso foi mais ou menos aceito, no mínimo, pela maioria das igrejas cristãs e é uma prática aceita por muitos casais cristãos. Não há oposição quando se lança mão desse método de procriação. Porque a Igreja cristã é contra a pesquisa com embriões se ela aceita o descarte dos excedentes? A dignidade da vida é uma confissão de fé Falar da dignidade do ser humano, do embrião, do paciente terminal, da criança portadora de deficiência mental e física é uma confissão de fé. Deus é o cria
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dor da vida e em Jesus Cristo toda forma de vida foi amada por Deus. “Deus amou o universo de tal maneira que deu o seu filho unigênito” (João 3.16). A fé cristã enxerga a realidade a partir de Deus como doador da vida. O testemunho da Escritura resgata o respeito profundo diante da vida. A vida não é propriedade privada. Ela é concessão. Ela é doação de Deus para que possamos dar sentido à nossa existência. Portanto, a vida tem o seu mistério, porque não é uma coisa, um objeto, que pudesse ser manipulada, vendida ou comprada. Ela não é produto de consumo e nem de descarte. É necessário recuperar o temor diante da vida. Sob a ótica evangélica, a vida não é propriedade como o quer o mercado, mas ela é dádiva de Deus. E este deveria ser o ponto de partida para uma ciência respon-
sável. A sociedade moderna transformou os seres da criação e o próprio ser humano em coisa, cujo valor é regulado pela oferta e procura do mercado. Também se tem a idéia de que o ser humano seja semelhante a uma máquina. Se ele está doente é porque a máquina não funciona como deveria. O ser humano foi transformado em uma máquina, que precisa de conserto, ou em um produto, que pode dar lucro ou prejuízo. Os úteis e os que funcionam são importantes e quem não é mais útil para o mercado é descartado. A criação de Deus é dádiva. Em função disso, a responsabilidade diante de Deus, do ser humano e da criação, é fundamental. A Igreja de Jesus Cristo tem o seu compromisso de afirmar a dignidade da vida humana. Falar isso somente é possível na medida em que afirmamos que a vida é um dom de Deus. O autor é professor na Faculdade Luterana de Teologia - FLT em São Bento do Sul/SC, e professor de Bioética e Ética na UNIVILLE em Joinville-SC
BIBLIOGRAFIA: ENGELHARDT, Jr. Fundamentos da Bioética. 2 ed. São Paulo: Loyola. 2004. MEILAENDER, Gilbert. Bioética: um guia para os cristãos. São Paulo: Vida Nova, 1997. PESSINI, Leocir ; PAUL DE BARCHIFONTAINE, Christian de. Problemas atuais de Bioética. 6 ed. São Paulo: Loyola, 2002. SINGER, Peter. Ética Prática. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998 [1993]. WESTPHAL, Euler Renato. O Oitavo Dia na era da seleção artificial. São Bento do Sul: União Cristã, 2004. WESTPHAL, Euler Renato. Brincando no paraíso perdido: as estruturas religiosas na ciência. São Bento do Sul: União Cristã, 2006. WESTPHAL, Euler Renato. Para Entender Bioética. São Leopoldo: Sinodal, 2006.
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Por que agradecer pela Colheita? Festa de Ação de Graças pela Colheita Com esta festa, os cristãos relembram a relação íntima do ser humano com a natureza. O agradecimento nos cultos refere-se inicialmente à diversidade da vida e da alimentação diária. A partir do enfoque do pedido do Pai Nosso, “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”, lembra-se também a fome catastrófica nos países mais pobres do planeta. Dados da organização mundial FAO atestam que mais de 150 milhões de crianças abaixo de cinco anos de idade sofrem de subnutrição, nos países em desenvolvimento. Para os cristãos, agradecer e partilhar andam juntos. Por isso, muitos cultos de ação de graças pela colheita incluem ações de solidariedade para com pessoas necessitadas. Dez propostas para a Ação de Graças pela Colheita 1. A colheita e a fartura são dádivas di- 3. O cultivo de alimentos saudáveis pode ser feito sempre sem agressão ao vinas. Assim, ao festejarmos Ação de meio-ambiente. Nossos alimentos Graças pela colheita devemos procuvoltariam a ser preciosos, por um prerar o seu significado para o nosso diaço justo. a-dia. 2. Agradecemos nosso alimento aos agricultores e agricultoras. Por isso, cabe-lhes, mais do que nunca, mais atenção e justiça.
4. A fertilidade do solo é obrigação e dever tanto da cidade quanto do campo. Mantê-la e incrementá-la é serviço responsável à Criação.
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5. Plantas, animais e pessoas precisam de ar puro e água limpa. A maneira como os produzimos e consumimos determina o estado desses elementos. 6. A vida ao nosso redor e depois de nós precisa de cuidados. Nossa compreensão da criação exige a renúncia à manipulação genética na lavoura e à patenteação da vida. 7. Viver com justiça começa pela partilha da terra, da safra e da água, do trabalho e do salário. Pobreza e fome não são de Deus. 8. Os animais fazem parte de uma agricultura diversificada. Ao comprá-los para nossa mesa, cabe-nos decidir se
levamos para casa aqueles que foram criados com respeito às suas necessidades ou de forma industrializada. 9. É possível desenvolver aldeias no meio de grandes áreas cultivadas. Assim, podemos consumir alimentos sadios, produzidos regionalmente. 10. Para trabalhar a terra e proteger a sua qualidade, precisamos de postos de trabalho no campo e não êxodo rural, fazendas em vez de agronegócios, regionalização em vez de globalização, cidade e campo se encontrando e tomando juntos as suas decisões. Fonte: Gemeindebrief Tradução Anamaria Kovács
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Palavras Cruzadas: CULTO SOLUÇÃO da página 80
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Palavras Cruzadas: FESTAS SOLUÇÃO da página 98
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Índice Há sessenta anos ................................................................................... 3 Meditações mensais de Janeiro a Dezembro ...................................... 8 a 30 Temas da IECLB ................................................................................... 32 Datas Comemorativas ........................................................................... 33 Oração: Querido Deus! .......................................................................... 36 Por que participo da Igreja? ................................................................... 37 Irmã Doraci, Missionária e Mártir ........................................................... 38 Legião Evangélica Luterana – Uma retrospectciva ..................................... 40 Dança Sênior: mais vida aos anos .......................................................... 42 Pinceladas sobre o trabalho da OASE em 110 anos .................................. 45 Natal, Páscoa e Pentecostes .................................................................. 49 São Nicolau ......................................................................................... 51 O Mensageiro ....................................................................................... 52 Pousada .............................................................................................. 53 Internet, um perigo para os filhos? .......................................................... 54 Meus cinco ladrões ............................................................................... 57 Quem é o presidente da IECLB? ............................................................. 59 Índios e Imigrantes ............................................................................... 61 Rir AINDA é o melhor remédio! .............................................................. 66 Há 100 anos vieram as primeiras Irmãs .................................................. 68 A videira como símbolo da vida .............................................................. 70 Depender de Deus é muito melhor! ......................................................... 71 Socorro, minha família está desmoronando... ........................................... 76 Culto Infantil - uma escola para a vida .................................................... 78 Palavras Cruzadas: CULTO ..................................................................... 80 Mensagens que circulam pela internet .................................................... 83 Sucesso a qualquer preço! ..................................................................... 86 Globalização Neoliberal e Fé Cristã ......................................................... 88 Meio ambiente e aquecimento global ...................................................... 91 Desperdício de água no Brasil é patente .................................................. 94 Quarta-feira de Cinzas: começo de uma nova vida .................................... 95 Isadora precisa esperar .......................................................................... 96 Santa ingenuidade! ............................................................................... 97 Palavras Cruzadas: FESTAS DO CALENDÁRIO ECLESIÁSTICO ................... 98 Sonhos... sonhos... sonhos .................................................................. 101 Menino bonito come com garfo! ........................................................... 104 Ovos de Páscoa são mais do que simples ovos! ...................................... 105 Peixe é gostoso! .................................................................................. 106
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Hino de louvor de uma pessoa idosa ..................................................... 107 Aprendi com a catadora de lixo ............................................................ 108 Bagagem com vida ............................................................................. 109 Síndrome do ninho vazio ..................................................................... 112 BIOÉTICA – A pesquisa com embriões e a dignidade humana .................. 114 Por que agradecer pela Colheita? .......................................................... 118 Palavras Cruzadas: CULTO: SOLUÇÃO da página 80 .............................. 120 Palavras Cruzadas: FESTAS: SOLUÇÃO da página 98 ............................. 121
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