Anuário Evangélico. Ano 39. 2010

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Anuário Evangélico 2010

Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia Mateus 6.11



Anuário Evangélico 2010 Publicado sob a direção de Meinrad Piske


© 2009 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br

Conselho editorial: P. em. Heinz Ehlert e esposa Elfriede, P. em. Meinrad Piske (Diretor), P. em. Nelso Weingärtner, Pa. Elaine B. Fuchs, Armando Maurmann e esposa Vânia, P. Dr. Osmar Zizemer, Jornalista Anamaria Kovács, P. em. Friedrich Gierus (editor) Correspondência e artigos: P. Dr. Osmar Zizemer Caixa Postal 6390 89068-970 – Blumenau/SC Tel/fax: (47) 3337-1110 E-mail: cml@centrodeliteratura-ieclb.com.br

Foto da capa: Gemeindebrief Revisão: P. Hugo Solano Westphal Observação: Tendo em vista a recente reforma ortográfica da língua portuguesa, pedimos escusas aos leitores por erros não percebidos na revisão desta edição do Anuário Evangélico. Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados à Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.


Centenário Ecumênico A história da formação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil ilustra a busca da unidade que caracteriza o movimento ecumênico. A Igreja, como corpo eclesiástico em nível nacional, foi constituída no dia 26 de outubro de 1949 e realizou seu primeiro Concílio em 1950, há sessenta anos. Mas a sua história começou muito antes, iniciou com o surgimento da primeira comunidade, a Comunidade de Nova Friburgo no Rio de Janeiro, no dia 3 de Maio de 1824. Depois seguiram outras, muitas outras, dezenas e centenas de comunidades que viviam de forma isolada e separadas umas das outras. Com a constituição de sínodos (Riograndense em 1886, Luterano em 1905, Evangélico em 1911 e Brasil Central em 1912) foi dado o segundo passo no lento caminho para a unidade. O terceiro passo foi dado em 1949 quando os quatro Sínodos organizaram a Federação Sinodal que se tornaria a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Neste ano de 2010 lembramos que estamos no centenário do Movimento Ecumênico. O momento histórico foi a de Conferência de Missão na cidade de Edimburgo, na Escócia. Esta Conferência reuniu cerca de 1.200 pessoas das diferentes confissões religiosas. Foi o marco inicial do movimento que iria caracterizar a história da Igreja (das igrejas) durante todo o século 20. O ecumenismo, a busca de aproximação das igrejas cristãs visando alcançar a unidade visível, já percorreu uma estrada de cem anos, com altos e baixos, com momentos de entusiasmo e também de frustração e decepção. Ainda há muito que nos separa, mas muito mais que nos une. As igrejas Católica, Ortodoxa, Anglicana, Luterana, Presbiteriana, Metodista, Batista, Pentecostais e outras ainda não conseguem realizar juntas um culto com a celebração da Santa Ceia, também chamado culto eucarístico. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil é uma igreja ecumênica. O Artigo 5º da Constituição diz no § 2º: "A natureza ecumênica da IECLB se expressa pelo vínculo de fé com as igrejas no mundo que confessam Jesus Cristo como único Senhor e Salvador". Esta edição do Anuário Evangélico abre espaço para a história e para o presente ecumênico no qual estamos envolvidos como Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a igreja que afirma em seus documentos que tem natureza ecumênica. P. em. Meinrad Piske Diretor do Conselho de Redação ••• 3 •••


Datas Festivas do Calendário Eclesiástico

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Janeiro 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

Nm 6.22-27 Js 24.1-28 Ef 1.3-14

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

Gn 21.1-7 Gn 9.12-17 Jo 1.43-51 1 Jo 3.1-6 1 Jo 2.12-17 Ef 4.17-24 At 8.14-17

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb

At 10.37-48 Js 3.9-17 Cl 2.1-7 1635 – ✩ Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 Mc 10.13-16 1875 – ✩ Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 Lc 12.49-53 Mt 6.6-13 1910 – Fundação da Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, em Hamburgo Velho, RS Jo 2.1-11 2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde O Senhor me disse: Israel, você é o meu servo, e por meio de você serei glorificado. Isaías 49.3 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3) Dt 4.5-13 Mc 2.23-28 Lc 16.14-18 1866 – ✩ Euclides da Cunha, escritor brasileiro († 15/08/1909) At 15.22-31 1800 – ✩ Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas Jo 7.1-13 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português Dt 33.1-4 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE Ne 8.1-10 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. Mateus 4.23 2 Co 3.9-18 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo Jo 1.43-51 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses Jo 3.31-36 Ap 1.1-8 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas Jo 8.12-20 1499 – ✩ Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) Nm 6.22-27 1990 – 8ª Assembléia Geral da FLM, em Curitiba, PR Lc 4.21-30 4º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Jesus leu no livro do profeta Isaías: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4.18 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco

17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom

25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb 31 Dom

ANO NOVO – Dia Mundial da Paz 2º DOMINGO APÓS NATAL Branco Cantem ao Senhor com alegria, povos de toda a terra! Louvem o Senhor com canções e gritos de alegria. Salmo 98.4

EPIFANIA 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil

Branco

1º DOMINGO APÓS EPIFANIA Branco Depois que Jesus foi batizado, ouviu-se uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Marcos 1.11

Fases da Lua:

= Crescente

= Cheia

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= Minguante

= Nova


Lema do mês

Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Deuteronômio 6.5

Este é o principal de todos os mandamentos. Assim o próprio Jesus o classificou (Marcos 12.30 e Mateus 22.37-38). Claro, Jesus imediatamente colocou a seu lado, de importância semelhante, o mandamento "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", que também se encontrava no Antigo Testamento (Levítico 19.18). Dentre os muitos mandamentos existentes, Jesus escolheu esses dois para orientar todo agir do ser humano. Isso é muito libertador, pois já não precisamos regrar cada ato de nossas vidas conforme algum mandamento existente, mas nos perguntamos em todas as situações o que significa amar a Deus e amar ao próximo. Não precisamos mais nos angustiar como um permanente "faze isso - deixa de fazer aquilo", mas podemos viver em grande liberdade diante de Deus e para o próximo. Jesus podia curar no sábado ou permitir que seus discípulos colhessem espigas nesse dia, apesar de o sábado ser dia de descanso dedicado ao Senhor. Jesus declarou (Marcos 2.27): "O ser humano não foi feito por causa do sábado, mas o sábado foi feito por causa do ser humano." E o apóstolo Paulo ensinou (1 Coríntios 6.12): "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm." Assim, os cristãos poderiam comer

carne sacrificada a ídolos, porque Jesus já venceu todos os ídolos pela sua morte e ressurreição. Mas se isso causar escândalo a outros irmãos na fé, convêm que os cristãos se abstenham de comer carne sacrificada. Ou seja: o próximo passa a ser a medida da minha ação. Mas o maior de todos os mandamentos é o amor a Deus. Aí está a fonte de todo agir cristão. Da fé em Deus brotam todas as boas obras. E inversamente: tudo que brotar do amor a Deus será boa obra. Por isso que o amor a Deus seja de todo o coração, de toda a alma, de toda a força. Porque Deus é benigno, nos criou, nos salvou em Cristo e nos conforta e orienta pelo Espírito Santo, podemos confiar nele em todas as circunstâncias. E assim o amor a Deus tudo rege. No Catecismo Menor, Lutero explicou todos os Dez Mandamentos, iniciando com as palavras: "Devemos temer e amar a Deus, para que..." E seguiam, a cada mandamento, as conseqüências do amor a Deus nas nossas vidas. O característico de uma ética cristã não são determinados atos, que pessoas não-cristãs também podem praticar, mas sim que cada ato, qualquer que seja, provenha do amor a Deus e esteja voltado ao próximo. Dr. Walter Altmann O autor é Pastor Presidente da IECLB e reside em Porto Alegre/RS

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Fevereiro 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

Lc 19.1-10 Mq 3.1-4 Apresentação de Nosso Senhor Branco Mt 10.40-42 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil 1 Co 3.1-8 Jo 2.13-22 1 Co 1.26-31 1 Co 15.1-11 5º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Jesus Cristo diz: Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará nas trevas, mas terá a luz da vida. João 8.12 Dt 32.44-47 Êx 7.1-13 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara Mc 6.1-6 Lc 6.43-49 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) Jo 12.34-42 Mt 13.31-35 Lc 9.28-43 ÚLTIMO APÓS EPIFANIA Branco O salmista canta ao Ungido de Deus: Tu és o mais formoso dos humanos; nos teus lábios se extravasou a graça; por isso Deus te abençoou para sempre. Salmo 45.2 Transfiguração do Senhor Lc 13.31-35 Dia Mundial contra a Lepra Lc 5.33-39 1497 – ✩ Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) Mt 6.1-21 Cinzas Violeta ou preto ou vermelho Zc 7.2-13 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (✩ 10/11/1483) Jo 8.21-30 Dn 5.1-7 Rm 10.8b-13 1º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus respondeu ao tentador: Está escrito: Não só de pão viverá o ser huma no, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4.4 1 Jo 3.7-12 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES Jó 1.1-22 1 Co 10.9-13 Tg 4.1-10 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latinoamericano († 17/08/1850) Hb 2.11-18 Ap 20.1-6 Lc 13.31-35 2º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos

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Lema do mês

Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra. Deuteronômio 15.11

Priorizei a visitação aos membros no início do pastorado. Foi assim que aos poucos passei a inteirar-me da realidade na qual viviam. Constatei que um bom número de famílias vivia na área urbana da cidade, com acesso a ruas calçadas e asfaltadas, à energia elétrica, à água e ao telefone, com escolas, posto de saúde, hospital e a redes de supermercados. Por outro lado, um bom número de famílias, residentes nos bairros mais afastados, padecia com a falta de infraestrutura. Não havia calçamento, rede de água tratada e nem energia elétrica. A periferia também se ressentia com a falta de um posto de saúde, escola e linha de ônibus. Constatei que muitas dessas famílias também tinham outras carências. Suas moradias eram pequenas, o que tornava o espaço bastante apertado para viver e também para acolher visitantes. As refeições eram modestas e limitadas. Quando chegava o período do inverno, sofriam pela falta de calçados e de roupas adequadas para enfrentar as baixas temperaturas. As crianças eram as que mais sofriam, pois viviam doentes e com frequentes baixas no hospital. O salário mal dava para a alimentação. Por tudo isso, essas famílias eram tidas como os pobres da comunidade. Certa ocasião, conversando com algumas pessoas da comunidade, manifestei a elas minha preocupação diante do que eu presenciara durante as visitas aos membros que viviam na periferia da cidade. Foi aí que ouvi como resposta a seguinte afirmação: – Estão nesta situação por culpa deles. É fruto da preguiça. Aqui na cidade há trabalho para todos. São pobres porque querem.

Ainda hoje há pessoas que entendem que a pobreza é fruto de um desejo pessoal. Contudo, há estudos seguros e confiáveis que permitem afirmar que por diferentes razões milhões de pessoas vivem e morrem na pobreza. Cito como exemplo os seguintes fatores: a falta de acesso à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho e salários dignos. A pobreza denuncia que algo não vai bem em nossa sociedade. A pobreza é humilhante e constitui-se em uma barreira que impede as pessoas de desfrutarem a vida com dignidade. Nesse sentido, somos chamados a olhar para os pobres com os olhos da misericórdia de Deus, e não com os olhos do juiz; com olhar amoroso e não com preconceito. Olhar com compaixão também nos remete para a transformação da sociedade que tantas vítimas produz. Somos chamados por Deus e por sua Palavra, em liberdade, não por obrigação, conscientes de que reunimos as melhores condições para a superação dos fatores que geram a pobreza. Oração: Querido Deus, tu criaste a humanidade segundo a tua imagem e semelhança. Tua vontade é que vivamos como irmãos e irmãs. A pobreza expõe o nosso pecado. Por isso, pedimos: liberta-nos do egoísmo e do preconceito para enxergarmos os pobres da terra como irmãos e irmãs. Concede-nos força, ânimo e disposição na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Amém.

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Homero Severo Pinto O autor é Pastor Vice-presidente da IECLB e reside em Porto Alegre/RS


Março 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter 31 Qua

Jr 26.1-3 Jó 2.1-10 Êx 17.1-7 1 Jo 1.8-2.2-6 Lc 9.43b-48 Dia Mundial de Oração – DMO Gl 2.16-21 Is 55.1-9 3º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.8 Lc 14.25-35 Jó 7.11-21 Mc 9.38-47 1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4) Mc 8.10-21 Mt 10.34-39 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) Lc 17.28-33 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil Lc 15.1-3 4º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Assim como Moisés, no deserto, levantou a serpente numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. João 3.14-15 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES Dt 8.2-10 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS Jó 9.14-23 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS Jo 15.9-17 2 Co 4.11-18 Jo 10.17-26 Dia da Escola Jo 14.15-21 Fp 3.4b-14 5º DOMINGO NA QUARESMA Violeta Jesus Cristo diz: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pra salvar muita gente. Marcos 10.45 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara Hb 7.1-3 Jó 19.21-27 Hb 9.11-15 Is 7.10-14 ANUNCIAÇÃO DO NASCIMENTO DE JESUS Branco 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I Hb 10.1-18 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS Ap 14.1-5 Lc 19.28-40 DOMINGO DE RAMOS – PAIXÃO Violeta ou Vermelho Jesus respondeu aos discípulos: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. João 12.23 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) Rm 5.6-11 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega Jó 38.1-11 Is 26.20-21 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha

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Lema do mês

Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. João 15.13

O lema para este mês de março nos faz refletir sobre algo muito significativo na vida da cristandade: o amor de Deus. Amor este manifestado de forma suprema na pessoa de Jesus Cristo - crucificado e ressurreto. Em nossa vida de fé, sempre somos confrontados com este amor. Nos cultos, este amor nos é anunciado e dele podemos vivenciar na pregação da Palavra, nos Sacramentos, na liturgia, nos hinos e cânticos dos corais ou grupos de louvor. Em todos estes o amor de Deus é anunciado. Somos motivados a buscar mais contato com este amor e conhecê-lo melhor através de leituras e estudos da Bíblia e orações. Neste versículo utilizado como lema, Jesus fala de seu grande amor por seus amigos que, segundo Ele, são todos os que lhe obedecem (v.14). Esta é uma ligação indissolúvel entre amor e obediência. Quem ama se esquece de si mesmo e se empenha pelo outro. No entanto, a maior medida de amor que alguém pode dar por seus amigos é morrer por eles. Jesus deu sua vida por nós na cruz. É no Cristo crucificado que reconhecemos a verdadeira face e expressão do grande amor de Deus por todos. Não precisamos pagar e nem cumprir leis humanas para nos apegar a este amor e sua grande promessa de graça. Somente por fé

nos apropriamos automaticamente dela! O morrer pelo próximo não quer dizer que agora temos que perder nossa vida ou nos crucificarmos por alguém. Isto Cristo já fez e somente Ele foi capaz de fazer por todos, para que pudéssemos ser reconciliados com Deus e obter o perdão. Esta foi sua função. Mas o morrer pelo próximo significa deixarmos nosso "eu", nosso egoísmo, ganância e individualismo de lado e pensarmos e agirmos em favor dos outros por meio de atitudes de serviço e amor, sem segundas intenções ou por obrigação, mas, em primeiro lugar, motivados por nossa fé. Desta forma podemos compreender, vivenciar e aplicar o amor de Deus em nossa vida e estendê-lo também ao próximo, pois assim nos afirma 1Jo 3.16: "Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos." Oração: Bondoso Deus! Obrigado por teu grande amor por nós. Ajuda-nos a compreendermos a cada dia o significado deste amor e o aplicarmos aos nossos irmãos e irmãs de forma sincera e desinteressada, obedecendo e cumprindo com aquilo que Tu esperas de nós. Amém.

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Marcio Simões da Costa O autor é bacharel de teologia e estuda na Faculdade Luterana de Teologia, em São Bento do Sul/SC


Abril 1 Qui

Jo 13.1-35

2 Sex

Hb 4.14-16

3 Sáb 4 Dom

Jó 14.1-14 Jo 20.1-18

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex

At 10.34-43 1Co 15.20-28 1Co 15.35-49 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil 1Co 15.50-57 1Co 5.6b-8 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) 2 Tm 2.8-13 Ap 1.4-8 2º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! João 20.29 Is 42.10-16 Jó 42.7-17 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685) 1 Pe 1.22-25 Jo 17.9-19 Lc 23.50-56 Jo 12.44-50 Jo 21.1-19 3º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras? Lucas 24.32 Nm 27.12-23 Dia dos Povos Indígenas 1 Co 4.9-16 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Jo 17.20-26 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil Ef 4.8-16 1500 – Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Mt 26.30-35 Dia Mundial do Livro Jo 14.1-6 At 9.36-43 4º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. João 10.14 Rm 1.18-25 1500 – Primeira missa no Brasil 2 Co 5.11-17 Jo 8.31-36 Rm 8.7-11 Jo 19.1-7

10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex

QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO – QUINTA-FEIRA SANTA Branco 1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO Preto, Vermelho ou ausência de cor SEXTA-FEIRA SANTA SÁBADO DA PAIXÃO – VIGÍLIA PASCAL Violeta ou Preto DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. Romanos 6.9 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929)

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Lema do mês

Que Deus vos ilumine os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento. Efésios 1.18

Há uma palavra na carta aos Efésios que sempre mexeu comigo. Trata-se do capítulo 4.14: "Para que não sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Ef. 4.14). Afinal, a quem ainda vamos dar ouvidos, confiar? Ainda há lugar para a esperança em nossas vidas? Esta palavra de Efésios se tornou ainda mais desafiadora quando li algumas das muitas questões levantadas por mulheres que participam da OASE numa pesquisa que tinha por objetivo descobrir que assuntos e preocupações eram temas das conversas no dia-a-dia. Elenco algumas: "Qual será o futuro de nossos jovens (filhos e netos)? Qual será o futuro de nosso planeta? Vamos ter água para beber? E como fica a agricultura e produção de alimentos se continuarmos a destruição do equilíbrio ecológico? E a família? Como lidar com a violência doméstica, a falta de diálogo? Não sabemos mais orientar nossos filhos num mundo de drogas, crimes, assaltos, corrupção! A Igreja terá futuro?" De um lado, estes depoimentos evidenciam uma angústia profunda e generalizada e, por outro lado, revelam uma impotência assustadora diante da realidade. Há um clamor por orientações que são dirigidas para igreja. A intensidade deste clamor evidencia uma consciência crítica em relação ao contexto histórico, aos limites que esta realidade impõe à vida enquanto cidadãs cris-

tãs e ao compromisso no sentido da transformação desta realidade na perspectiva do Evangelho. O que fazer? A carta aos Efésios convida a olhar para a soberania de Deus e seu poder (1.3-14; 2023). Dele tudo procede. Ao mesmo tempo, aponta para a igreja como o espaço privilegiado por Deus para reforçar a dignidade e a confiança dos seus filhos e filhas. Espaço igualmente privilegiado para articular a fé e o amor (1.15) e afirmar o foco da esperança que os move a fazer a diferença numa realidade que aparentemente esmaga e sufoca a vida plena. Paulo ora a Deus para que este dê aos santos que vivem em Éfeso o espírito de sabedoria e de revelação para que tenham conhecimento. Acredito que um bom começo para a construção da consciência da dignidade que temos diante de Deus e também da nossa própria confiança inicie pelo mergulho no micromundo do cotidiano, buscando respostas às tantas perguntas que afligem nossos membros e que são tão decisivas para a sua vivência da esperança. Oração: Deus Soberano, concede-nos teu espírito de sabedoria e de revelação. Há tantas perguntas, tantas angústias e aflições que acabamos nos sentindo paralisados, impotentes. Somos bombardeados diariamente com tantas coisas que já nem sabemos mais a quem dar ouvidos ou a quem buscar. Fortalece nossa comunhão, ilumina nossa caminhada de fé, nosso amor e nossa esperança no teu agir poderoso. Amém. Dr. Nestor Friedrich O autor é pastor e Secretário Geral da IECLB e reside em Porto Alegre/RS

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Maio 1 Sáb 2 Dom

Ap 22.1-5 Jo 13.31-35

3 Seg

Tg 1.17-27

4 Ter 5 Qua

Lc 19.36-40 Rm 15.14-2

6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

1 Co 14.6-9 Lc 22.39-46 João 6.60-69 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Ap 21.10, 6º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Ap 22-22.5 Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 DIA DAS MÃES 1 Rs 3.5-15 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) Êx 17.8-13 Lc 11.1-4 Mt 28.16-20 ASCENSÃO DO SENHOR Branco ou Dourado 1888 – Abolição da escravatura no Brasil Jo 18.33-38 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS Ef 6.18-22 At 16.16-34 7º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Não os deixarei órfãos, voltarei para vocês. João 14.18 Ez 11.14-20 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS Lc 21.12-19 Lc 12.8-12 At 1.12-26 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS Jo 19.25-27 Zc 4.1-14 Jo 14.8-17 DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Jesus Cristo diz: Quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. Atos 1.8 Ez 37.1-14 Segunda-feira de Pentecostes At 4.23-31 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) At 8.9-25 At 11.1-18 At 11.19-26 At 18.1-11 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III Rm 5.1-5 1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Branco ou Dourado TRINDADE Os serafins diziam em voz alta uns para os outros: Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro! Isaías 6.3 1909 – ✩ Dr. Ernesto T. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/10/1969) Lc 1.39-56 VISITAÇÃO DE MARIA Branco

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom 17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

31 Seg

Dia do Trabalho 5º DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14.6 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958)

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Lema do mês

A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. Hebreus 11.1

Um hino do hinário diz: "Em nada ponho a minha fé, senão..." Em que você coloca a sua fé? O que significa fé para você? Fé para mim é um esperar, mas não um esperar de braços cruzados e sim um esperar a caminho; fé é a força que me alimenta, que direciona o meu caminhar e determina o meu jeito de andar pela estrada da vida... Fé que se fundamenta na palavra de Deus, que chamamos de Pai. A fé em Deus não é algo que já nasce pronto, mas precisa ser alimentada a cada dia através do ouvir da palavra de Deus. O lema bíblico deste mês procura reanimar a comunidade que está passando por uma crise de fé, crise esta gerada pelo fato de as pessoas se esquecerem de Deus e de sua vontade. O autor do texto procura lembrar a comunidade da vida de pessoas que confiaram em Deus e de como Deus tem cuidado delas... E a nossa fé, como está? Quem sabe seja tempo, também para nós, de relembrar a história do povo de Deus, a história dos nossos antepassados que, movidos por sua fé, foram capazes de mover montanhas... Sempre de novo preciso fortalecer a minha fé, relembrando a palavra de Deus que quer trazer paz ao meu coração quando, no corre-corre da vida, sou desafiado a ser como um super-herói, que tudo pode e consegue..., a palavra de Deus que me lembra: "não fique desanimado, nem tenha medo...estarei com você". Vivemos angustiados, tentando garantir a vida com as próprias forças, esquecendonos da promessa de Deus que quer prover as nossas necessidades. Ele, que é o cria-

dor, sabe das nossas necessidades e promete estar do nosso lado e cuidar de nós, dando-nos a sabedoria e as ferramentas necessárias para suprir as nossas necessidades. A fé que brota da palavra de Deus me lembra de que somos passageiros pela vida, de que o nosso alvo, a nossa meta não é aqui, mas a vida eterna. Neste caminhar para a eternidade, Deus nos promete dar tudo o que precisamos para esta caminhada. Somos passageiros pela vida em busca de um tesouro maior, que é a eternidade... Tudo o que nos cerca deve ser entendido e usado como instrumento que me ajuda a chegar ao meu destino: a vida eterna, que Cristo conquistou para nós. Se esta é a minha fé, então não mais preciso querer me adornar da criação de Deus, pois sei que são somente instrumentos que Deus coloca na minha vida para me ajudar a alcançar um fim maior: a vida eterna. A morte de Cristo por nós e a sua ressurreição são a garantia de que todo aquele que nele crer, herdará a vida eterna. Confie nele! Creia na sua promessa e ponha-se a caminho! Oração: Ó Senhor, não permitas que a dúvida se instale em meu coração. Quando o olhar para o futuro estiver obscurecido por incertezas, que então possa eu me lembrar da maneira maravilhosa como tens me carregado e guardado no passado. Sê tu o meu bom pastor. Amém.

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Bruno Ari Bublitz O autor é pastor da IECLB e membro do Conselho de Igreja, reside em Restinga Seca/RS


Junho 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

Is 43.8-13 At 17.22-34 Ef 4.1-7 Lc 23.44-49 Jo 14.7-11 Lc 7.11-17

CORPUS CHRISTI Dia Mundial do Meio Ambiente 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos seres humanos as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. 2 Coríntios 5.9

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui

Lc 10.1-16 Jr 36.1-10 1 Ts 2.1-12 Jo 21.15-19

11 Sex 12 Sáb 13 Dom

Lc 22.24-30 Fp 1.12-18a 2Sm 11.26-27 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde 2Sm 12.10-15 Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis. Salmo 132.9 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora Pv 9.1-10 1910 – Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, na Escócia Êx 2.11-25 1 Sm 1.1-11 Mt 15.29-39 1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) Lc 23.39-43 Jr 31.7-14 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) Lc 8.26-39 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que clama: Aba, Pai! Gálatas 4.6 Lc 5.27-32 Êx 32.30-33.1 Jo 5.1-16 Lc 1.57-80 Dia de São João Batista (João 3.30) Branco 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) Mt 27.3-10 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB Rm 8.1-6 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA Gl 5.1,13-25 5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, conceda a vocês o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1.17 AÇÃO DE GRAÇAS PELA COLHEITA – Dt 26.1-11 Lc 5.17-26 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro Ne 9.1-36 Mc 11.20-26 1947 – Assembléia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua

1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil

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Lema do mês

Assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei. Amós 5.4

Assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscaime e vivei. (Amós 5.4) Na época do profeta Amós (lá pelo ano 760 a.C.) havia dois grandes Reinos: o Reino do Sul, em Judá, e o Reino do Norte, em Israel. Amós nasceu no Reino do Sul, numa cidade chamada Tecoa. Ele era da roça: era pastor de ovelhas e colhia figos de sicômoros. Um dia Deus o chamou para ser profeta e anunciar a sua mensagem no Reino do Norte, em Israel. Amós largou tudo e foi. A missão de Amós era denunciar as injustiças sociais e a idolatria. O povo não vivia conforme a vontade de Deus. Os pobres eram intensamente explorados e enganados pelos ricos; estes se esbanjavam na prosperidade. A justiça se corrompera e a igualdade entre as pessoas não existia. A agiotagem corria solta. A religião era negligenciada; a devoção a ídolos tinha se instalado. Os famintos eram ignorados. A vida não era respeitada e não havia mais dignidade. Israel se afastara do Deus Criador. Amós é o porta-voz de Deus. A sua pregação está centrada na verdade, na justiça e na solidariedade entre as pessoas. O Senhor Deus diz que é para as pessoas se voltarem para ele novamente e, assim, encontrar

vida. Porque a vida está em Deus. É lá que devemos procurá-la, diz o profeta. Uma pessoa sem Deus é uma pessoa sem vida; é uma pessoa morta; é uma pessoa sem ação e sem alegria. Na sociedade atual as coisas não são diferentes. Com frequência vemos escândalos que nos deixam perplexos. A ética e a moral estão se deteriorando. Há uma inversão de valores: hoje em dia é quase assim que o certo é errado e o errado é o certo. Há carência de paradigmas. O que falta, então, para que a vida seja melhor? O Senhor Deus diz que se buscarmos a ele, viveremos. Buscar a Deus significa viver em favor do nosso próximo. É ser solidário com os mais fracos. É trabalhar para um mundo mais fraterno e mais justo. O próprio Cristo diz: "Eu vim para que tenham vida; e a tenham em abundância." (João 10.10b). É isso que importa. É isso que Deus espera dos seus filhos e filhas: buscar a ele e promover a vida. Oração: Senhor, nosso Deus e Pai ajuda para que eu não me acomode com as benesses da vida. Dispõe-me a te buscar para promover a vida e a solidariedade entre as pessoas. Em nome de Cristo Jesus. Amém. Joaninho Borchardt O autor é pastor da IECLB, membro do Conselho de Igreja e reside em Domingos Martins/ES

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Julho 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb

1Co 12.19-26 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS Lc 23.17-26 2Co 13.10-13 Lc 10.1-20 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A semente que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança. Lucas 8.15 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) Lc 6.12-19 Gn 35.1-15 Ez 2.3-8a At 15.4-12 Lc 22.31-34 Fp 3.12-16 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo calvinista do protestantismo († 27/05/1564) Dt 30.9-14 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus, te abençoará. Deuteronômio 30.16 Êx 14.15-22 At 2.32-40 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil At 16.23-34 Mt 18.1-6 Jo 19.31-37 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) Ap 3.1-6 Lc 10.38-42 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus diz: A palavra que sair da minha boca: não voltará vazia para mim, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55.11 2Cr 30.13-22 Mt 22.1-14 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) Zc 8.9-17 1 Co 10.16-17 Lc 22.14-20 Ap 19.4-9 Cl 2.6-19 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, RS Dia do Colono e do Motorista Tg 2.14-26 2 Co 6.11-18 Tg 3.13-18 Lc 11.33-41a Jo 18.19-24 Fp 2.12-18

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Lema do mês

Converte-te a teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre. Oseias 12.6

Estas coisas que Deus pede a seu povo parecem ser, na teoria, coisas boas e fáceis de praticar. Mas, na prática, a teoria é outra. Converter-se a Deus significa consagrar a vida a serviço dele. Muitos fatores prejudicam esta consagração, quando não a inviabilizam. Cito dois: a prepotência e a autosuficiência. Agora, independente de como se deu o afastamento de Deus, se de forma consciente ou inconsciente, importa é voltar-se de novo para esse Deus que chama à conversão e também a "guardar o amor e o juízo." Guardar, no sentido de vivenciar o amor (só se ama amando) e de viver ajuizadamente, agindo de acordo com a palavra e a vontade de Deus, sabendo que Ele vai pedir contas de suas ações. A exortação para o exercício do amor e do juízo, que segue ao chamado à conversão, é necessária para quem abandonou estas práticas e muito provavelmente está a exercitar a prática oposta. Não exercita o amor a partir do amor que recebe de Deus, muito menos demonstra temor a Deus em sua vida. A prática do amor e o do viver ajuizadamente só é possível a quem está em Deus e com Deus. No artigo 20 da Confissão de Augsburgo, Lutero fala da condição do ser humano, citando uma parte de hino que a igreja cantava, e cuja letra dizia: "nada há no Homem, nada de puro." Puro no sentido de pleno, de perfeito. Assim, o ser humano carece de Deus, dada a

sua limitação. Ele não é Deus, foi feito a imagem e semelhança dEle e por Ele. Jesus diz: "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5), e: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Resistimos à ideia de que somos dependentes de Deus e que a verdade está apenas em Deus, dificultando nossa conversão. Conversão diária. Por isso, ficamos impossibilitados de guardar o amor e o juízo, e até de fazer a missão que Jesus nos delegou (Mt 28.1820). A exortação de colocar sempre a esperança em Deus vem complementar o processo e selar a vontade de Deus. Cumpridas as primeiras exortações, cabe manter essa relação por meio da fé, a qual pode fazer esperar constantemente no Senhor em toda e qualquer situação. Essa exortação de Deus ao seu povo é reflexo do amor, da fidelidade e da justiça de Deus por ele. Por sua graça, Deus está buscando resgatar os que estavam se perdendo. E esse resgate só seria concretizado caso estes aceitassem e acatassem as suas condições, expressas neste versículo. E o que isso difere do projeto de Deus através de Cristo para conosco? E qual é o projeto de Deus para alcançar os perdidos hoje em dia? Deus não muda, nós é que precisamos mudar. E o primeiro passo é converter-nos a Ele. O segundo é guardar o que Ele nos manda, e o terceiro é esperar sempre nEle. Arnaldo da Rocha Clemente O autor é Pastor Vice-sinodal do Sínodo Paranapanema

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Agosto 1 Dom

Lc 12.13-21

2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui

1 Rs 3.16-28 Ez 3.16-21 1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça Mt 19.4-15 Ef 5.15-20 1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 12/02/1917) João 19.9-16 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau Lc 12.42-48 Gn 15.1-6 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1 DIA DOS PAIS Rm 11.1-12 Lc 21.5-6 Jo 4.19-26 Rm 11.13-24 Lc 23.27-31 Dt 4.27-40 Lc 12.49-56 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Hebreus 4.1 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP Ez 17.1-6 Gn 19.15-26 Mc 7.24-30 1 Pe 5.1-5 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, na Suécia Lc 22.54-62 Is 26.1-6 Semana da Pessoa Portadora de Deficiência – 21 a 28 de agosto Hb 12.18-29 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus acabou com o poder da morte e, por meio do evangelho, revelou a vida que dura para sempre. 2 Timóteo 1.10 1948 – Assembléia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda Mt 9.27-34 Nm 12.1-15 Mt 17.14-21 Tg 5.13-16 Lc 23.6-12 Is 57.15-19 Lc 14,1,7-14 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Senhor, eu sou teu, e por isso as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de felicidade. Jeremias 15.16 Dt 15.1-11 Am 5.4-15

6 Sex 7 Sáb 8 Dom

9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg 31 Ter

10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23

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Lema do mês

Jesus Cristo diz: Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. João 8.15

- Um dia eu quero ser um juiz. Mas um que julga retamente, sem fazer diferença entre as pessoas. Um jovem estudante de direito fala assim do seu ideal profissional e da aspiração de ser juiz. Reconhece que existem maus juizes, cujo julgamento é tendencioso e não justo. Ele não quer seguir o mau exemplo. Nenhuma sociedade pode funcionar sem justiça, sem o chamado Poder Judiciário. Mas independente disso todos nós temos que julgar ou fazer julgamentos no dia-adia, tomando decisões. O julgamento é necessário para saber o que é certo ou errado, o que é melhor, principalmente quando se trata do relacionamento com outras pessoas. Mas não é também um julgar segundo a carne? Quando Jesus, na controvérsia com os judeus, falou isso, havia uma crítica, ou até uma acusação. O julgamento deles era superficial, emocional e egoísta, era duro. A saber: em relação a Jesus. Eles não queriam reconhecer que ele era o Filho de Deus,

unido ao Pai sempre, como explica no contexto. Tinham preconceito. Não se abriram à mensagem de Jesus. Talvez este seja o perigo sempre: julgar a partir de preconceitos Importante para nós a afirmação: eu a ninguém julgo. A missão primordial de Jesus não é o julgamento, mas a salvação. Ele veio para buscar e salvar o que se havia perdido. Vai ao nosso encontro, mostra compreensão, não age com dureza. Isto se mostrou justamente na história deste capítulo em relação à mulher adúltera. Ele a despede com as palavras: Nem eu tão pouco te condeno; mas acrescenta: vai e não peques mais. Jesus quer o arrependimento do pecado. Que ele ou ela se converta e viva. Para isso veio. Oração: Senhor, ajuda-nos para olharmos os nossos próximos com amor, não com dureza. Enche o nosso coração de confiança em Jesus como Salvador de todos os homens. Santifica nossos pensamentos e procedimentos. Amém. Heinz Ehlert O autor e pastor emérito da IECLB e reside em Curitiba/PR

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Setembro 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

Dt 24.10-22 At 4.32-37 Mt 26.47-56 Jd 1, 2, 20-25 Dt 30.15-20

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

2 Tm 1.1-7 Jz 9.7-15 Fm 1-16-22 1 Cr 29.9-18 Jo 13.31-35 2 Ts 2.13-17 Lc 15.1-10

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

Fp 4.8-14 1 Tm 6. 3-11a At 27.33-44 Lc 10.38-42 Lc 22.35-38 Lc 6.20-26 1 Tm 2.1-7 17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O apóstolo Paulo diz: Eu trago vocês no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos vocês são participantes da graça comigo. Filipenses 1.7 Rm 6.18-23 At 21.8-14 Dia da Árvore Mc 5.21-43 Fp 1.19-26 Jo 18.3-9 Mc 9.1-10 Lc 16.19-31 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2.10-11 Mc 5.24-34 Dia do Ancião Tg 1.1-13 Dn 1.1-3 Dia de São Miguel e Todos os Anjos Branco Gên 16.6b-14

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui

1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se. Filipenses 4.4 1822 – Independência do Brasil Dia Mundial da Alfabetização

Verde

Dia da Imprensa 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. Romanos 15.4 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC

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Lema do mês

É dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho. Eclesiastes 3.13

Minha avó deve ter preparado uns 22 mil almoços ao longo da vida. Sei que ela sempre trabalhou muito, mas as lembranças mais caras que eu tenho dela não se relacionam a trabalho. Dos sofrimentos que ela enfrentou, nunca ouvi uma queixa. Todos os domingos havia tempo para o culto com a comunidade. Todas as manhãs havia tempo para ler a meditação. Todos os dias, depois do almoço, havia tempo para um cochilo. Não importa para onde ia, ela sempre levava um crochê na bolsa. Sem precisar de agenda e telefone, sem nunca ter aprendido português corretamente, e sem distinguir quem era da comunidade e quem não, ela visitava pessoas doentes, idosas e enlutadas. Da mesma forma que na casa dela sempre havia bolachas caseiras (mais de um tipo!), havia também muitas ervas medicinais, e tudo ela servia generosamente a todos. Olhando para nosso texto bíblico, não tenho receio de dizer que ela recebeu tudo como um presente de Deus e desfrutou com alegria de todo o trabalho que a vida lhe apresentou. Não confessamos que tudo o que temos vem de Deus? Mas vivemos como se todo o bem fosse resultado de nosso esforço pessoal! Achamos que primeiro nós precisamos fazer, fazer, fazer, empenhando-nos para alcançar um alvo. E, bem, um dia, quando tivermos "conseguido" isto e mais aquilo, então sim, vamos desfrutar a vida. Lembra quando foi a última vez em que você fez alguma coisa pelo simples prazer de fazer algo especial para você? Será que

esta nossa vida tem de ser apenas dever? Eclesiastes nos desafia, afirmando "é dom de Deus que possa..." Ninguém precisa fazer por merecer: você pode, é presente dado por Deus! Falando em presente, como lidar com as coisas não tão boas?Crendo no agir de Deus por trás daquilo que eu vivencio. Nossos olhos se abrem quando as vivências e experiências diárias são examinadas e avaliadas na relação com Deus. Nesta relação com Deus percebemos que os acontecimentos seguem um plano bom e pleno de sentido, através do qual tudo na vida tem o seu tempo. Assim, o que nos atinge não é puro destino ou fatalidade; o escuro e triste não é expressão da distancia de Deus. Em todos os tempos da vida está incluído um pedaço da eternidade, e tanto os dias felizes como os dias pesados estão igualmente nas mãos de Deus. Podemos confiar e receber cada dia como um presente que Deus quer que desfrutemos. Oração: Amado Deus, Nós transformamos o mundo que tu criaste num lugar em que há muita cobrança. Isto nos tira a espontaneidade e a alegria de desfrutar os momentos bons. Ajuda-nos a sermos mais generosos e tolerantes conosco mesmos e com as pessoas ao nosso redor. Presenteia-nos com a liberdade de aceitar e desfrutar do bem que vem de ti. Nós te agradecemos, porque podemos confiar que a nossa alegria é um presente que vem de ti. Amém.

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Ingrit Vogt A autora é diácona e Secretária da Ação Comunitária da IECLB, em Porto Alegre/RS


Outubro 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom

25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb 31 Dom

Mt 26.51-54 1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA Mt 18.10-14 Hc 1.1-4; 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Hc 2.1-4 Ó Deus, eu falarei a respeito de ti aos meus irmãos e te louvarei na reunião do povo. Hebreus 2.12 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) 1 Ts 4.9-12 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS 1 Tm 1.1-11 Ct 8.4-7 At 6.1-7 Lc 23.32-34 Mt 5.17-24 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e Outros Estados da América do Sul, em Estrada da Ilha, SC Lc 17.11-19 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Naquele dia, todos dirão: Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Isaías 25.9 Mc10.46-52 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma Lc 5.12-16 Dia da Criança – Dia de Nª Srª Aparecida (feriado nacional) Ec 12.1-8 Mc 6.7-13 Mt 27.39-44 At 14.8-18 2 Tm 3.14-4.5 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1.18 Êx 23.10-16 Êx 18.13-27 Gn 24.54b-67 1962 – Assembléia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC Êx 19.3-9 Jo 18.28-32 Ec 12.9-14 Lc 18.9-14 22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Senhor me livrará de todo mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! 2 Timóteo 4.18 Rm 12.17-21 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV 1 Sm 26.5-24 1949 – Constituição da IECLB Pv 29.18-25 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Is 32.1-8 Lc 22.49-53 Dia Nacional do Livro e da Leitura 2 Tm 2.1-6 Mc 12.38-44 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vocês. 2 Tessalonicenses 3.1 Mt 10.26b-33 DIA DA REFORMA Vermelho 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero

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Lema do mês

Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar. Apocalipse 3.8

Quando meu filho fez o vestibular para tentar o ingresso na universidade, durante cinco dias levantamos de madrugada. Apreensíveis, percorríamos os quarenta quilômetros que nos separavam do local do exame, torcendo para que o trânsito não estivesse interrompido. Felizmente chegamos sempre antes da hora marcada. Se num destes dias, porém, ele chegasse com alguns segundos de atraso, a porta da escola estaria irremediavelmente fechada. A porta fechada, para o vestibulando que fica do lado de fora, representa um ano perdido. Significa sonhos adiados ou desfeitos. Traz frustração. Provoca lágrimas de tristeza. A "Porta da Esperança" era o nome de um programa de enorme audiência que, aos domingos à tarde, prendia muitas pessoas à frente da televisão. Em um programa anterior, uma pessoa selecionada falava sobre um sonho que gostaria de ver realizado. Domingos mais tarde, esta pessoa voltava ao programa e ficava parada em frente à "porta da esperança". Todos os telespectadores queriam ver se a porta ficaria fechada, ou não. Caso ela fosse aberta, a pessoa veria concretizados todos os desejos que havia manifestado. A porta aberta, para quem consegue passar por ela, representa um novo horizonte que se abre. Significa sonhos realizados. Traz abraços. Provoca lágrimas de alegria. Na vida dos cristãos que formaram as primeiras comunidades, no início da História da Igreja, também havia portas que se abriam, outras que se fechavam. O livro de Apocalipse foi escrito para cristãos que viviam tempos de intensa perseguição. Nesta época, muitos cristãos viam fechar-se, atrás de si, as portas das prisões. Outros, movidos pelo medo, cerravam as portas de suas casas

e viviam escondidos. Neste contexto, a seguinte palavra - que serve de lema para este mês - foi dirigida à comunidade de Filadélfia e a todos os perseguidos por causa de sua fé em Cristo: "Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar." Na mensagem que é dirigida a esta comunidade, Deus elogia todos os cristãos que, com bravura e paciência, seguem os seus ensinamentos, resistem à perseguição e permanecem firmes na fé. E lhes dá a promessa: "por isso os protegerei no tempo da aflição". Na hora de sofrimento e dor, é nesta promessa que os cristãos depositam toda a sua esperança. E resistem. Também nós sonhamos com "portas de esperança" que gostaríamos de ver abertas. E amargamos portas que se fecham, sem dó nem piedade. Pois vale também para nós a certeza de que Deus está conosco, em nossas tristezas e esperanças. A promessa de Deus - de colocar diante de nós uma porta aberta - também se aplica à nossa vida, se nós, a exemplo dos cristãos de Filadélfia, resistimos ao poder do mal com bravura, fé e paciência. Oração: Liberta-nos, bondoso Deus, de medo, angústia e dor. Enche-nos de esperança e abre à nossa frente as portas que conduzem a um convívio fraterno entre teus filhos e filhas, que seja marcado pela aceitação mútua, liberdade, solidariedade e paz. Amém.

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Ms. Edson Streck O autor é pastor e Secretário do Ministério com Ordenação da IECLB, reside em Porto Alegre/RS


Novembro 1 Seg 2 Ter 3 Qua

Lc 6.20-23 Is 25.1, 8-9 Mt 7.1-6

4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

Ap 3.14-22 Mt 26.20-25 Is 1.18-27 Lc 20.27-38 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. Mateus 24.42 Mc 4.1-12 Mc 13.9-20 Hb 13.1-9b 1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 16/02/1546) 1 Jo 2.18-29 1982 – Assembléia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru Mt 26.36-41 Mc 13.30-37 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) 2 Ts 3.6-13 25º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Aquele que dá testemunho de tudo isso diz: Certamente venho logo! Amém! Vem, Senhor Jesus! Apocalipse 22.20 Mt 7.21-29 1889 – Proclamação da República do Brasil Hb 10.26-31 Rm 2.1-11 2 Ts 1.3-12 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS Mt 26.59-66 Ap 20.11-15 Lc 23.33-43 DOMINGO CRISTO REI Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Apocalipse 22.13 Dt 34.1-8 1 Pe 1.13-21 1 Co 3.9-15 Cl 4.2-6 1843 – ✩ Dr. Wilherlm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) Mt 27.50-54 Ap 21.10-27 Rm 13.11-14 1º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. Salmo 85.7 1 Pe 1. 8-13 Hb 10.32-39 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter

Dia de Todos os Santos Branco Dia de Finados Branco 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956)

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Lema do mês

Deus julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras. Isaías 2.4

De acordo com o ano eclesiástico, a Igreja comemora o Dia dos Finados, o Dia da Penitência e o Dia da Eternidade no mês de novembro. Se bem que na IECLB, o Dia da Penitência não é mais lembrado, e o último domingo do ano eclesiástico recebeu outro nome (Domingo Cristo Rei), continua o tema da mensagem da Igreja durante o mês de novembro, girando em torno da nossa mortalidade e da vida eterna. Tanto o Dia da Penitência como o Domingo Cristo Rei querem lembrar que, com a nossa morte, não chegou o fim de todas as coisas. Há uma vida eterna. Haverá uma avaliação dos nossos atos realizados e cometidos durante toda a nossa vida. E convém analisar nossa vida, nossos atos, nosso comportamento no convívio com os semelhantes, em família, profissão e sociedade e colocar tudo sob a luz do Cristo Rei, que é o início e o fim de todas as coisas e, consequentemente, juiz sobre a nossa vida. O profeta Isaías viu todas as nações na luz deste Juiz Eterno. Pelos atos cometidos, todos os povos - como também cada indivíduo - serão julgados. Disso ninguém escapa. Pois, como diz o apóstolo Paulo: Todos pecaram e carecem da glória de Deus. Nós, o povo de Deus do Novo Testamento, sabemos: Sim, carecemos da glória de Deus, do seu perdão, "sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo (Romanos 3.23-24). Quando o profeta Isaías teve a visão da "correção de muitas nações", ainda não

podia saber que esta "correção" aconteceria através de Jesus Cristo. Baseado no seu Evangelho, sua morte e ressurreição, temos não somente esperança de passar pelo juízo eterno como justificados, mas sim, já hoje aqui e agora conseguimos, pela graça de Deus, converter espadas em relhas de arados e lanças em podadeiras. Quer dizer, a graça de Deus nos capacita a viver em função do novo mundo que há de vir com a volta de Jesus Cristo na eternidade. Às vezes, parece que as injustiças, o ódio, a violência e a guerra querem acabar com tudo. Isto não quer dizer que Deus se retirou do mundo. Pelo contrário, ele está bem próximo do seu povo para orientar, motivar e ajudá-lo a ser sal da terra e luz do mundo. Pois ele constrói seu reino ainda que nós fracassemos. Com esta esperança podemos entrar no novo ano eclesiástico, no Advento, nos preparando para a festa comemorativa do nascimento de Jesus, o Salvador do Mundo. Oração: Senhor, tu és o criador do universo, do mundo e tudo que nele há. Nós, criados à tua imagem, falhamos diante da tua vontade de conservar o que tu nos confiaste, e de viver em paz com nossos semelhantes. Perdoa-nos, Senhor, e concede-nos a tua graça para que possamos corresponder à tua vontade, sendo luz do mundo e sal da terra. Por Jesus Cristo, te pedimos. Amém.

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Friedrich Gierus O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Blumenau/SC


Dezembro 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex

Cl 1.9-14 1 Ts 5. 1-8 Mt 27.27-30 Mt 23.37-39 Mt 3.1-12 2º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E toda carne verá a salvação de Deus. Lucas 3.4,6 Hb 6.9-12 Ap 2.12-17 Ap 2.1-7 2 Co 5.1-10 Lc 22.66-71 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos 1 Ts 4.13-18 Is 35.1-10 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul João Batista é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: Aqui está o meu mensageiro, disse Deus. Eu o enviarei adiante de você para preparar o seu caminho. Mateus 11.10 Dia da Bíblia Mt 3.1-6 Mt 3.7-12 Mt 21.28-32 Mt 11.7-15 1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves Lc 1.26-38 1 Ts 5.16-24 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) Mt 1.18-25 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus conosco. Mateus 1.23 Ap 5.1-5 Ap 3.7-12 Ap 22.16-21 Rm 15.8-13 Gl 4.4-7 VIGÍLIA DE NATAL Branco Tt 2.11-14 NATAL Branco Mt 2.13-23 1º DOMINGO APÓS NATAL Branco Que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos. Colossenses 3.15 Mártir Estêvão (At 6.8-15, 7.1-60) 1 Jo 1.1-4 Jr 31.15-17 1 Jo 4.11-16a Hb 1.5-14 Ec 3.1-13 Véspera de Ano Novo Branco

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Lema do mês

Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Mateus 3.2

Desde o início de sua história o ser humano carrega consigo certo anseio e está à procura de algo que dê sentido e satisfação à sua vida. Para satisfazer esse anseio ele serve-se de muitos artifícios e procura realização na riqueza, no poder, na beleza das artes, no muito saber, na religiosidade e em muitos outros tópicos. Convenhamos, o ser humano realmente é capaz de grandes realizações, mas ele não é capaz de satisfazer, de maneira plena, o grande anseio, que almeja sentido e realização. Pois tudo que ele cria e desenvolve leva a marca da transitoriedade, que mais cedo ou mais tarde envelhece e desaparece. Por isso muitas pessoas tornam-se amargas e não vêem mais sentido na vida.

É à tais pessoas que João Batista dirige as palavras do lema deste mês: "Arrependeivos, porque está próximo o reino de Deus". A palavra "arrependei-vos" significa: "alto lá... meia volta"... vocês estão caminhando na direção errada e estão procurando sentido e satisfação em coisas... e esqueceram que "o coração humano é inquieto até que encontra a paz em Deus" (Agostinho). Queira Deus, que nos dias de Advento e Natal, a mensagem de João Batista nos leve ao menino da manjedoura de Belém e que Ele preencha a nossa vida de paz, sentido e satisfação. Oração: "Revela o teu poder celeste, abriga-nos por tua mão! Senhor, com tua paz reveste nosso irrequieto coração". Amém. Nelso Weingärtner O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó/SC

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Temas/Lemas da IECLB 1976 – Comunidade Consciente e Atuante 1977 – Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 – Cristo, o caminho 1979 – A importância da família cristã para a criança 1980 – Cristo, o Mediador 1981 – Homem e Mulher unidos na Missão 1982 – Terra de Deus – Terra para todos 1983 – Eu sou o Senhor teu Deus 1984 – Jesus Cristo – Esperança para o mundo 1985 – Educação – Compromisso com a verdade e a vida 1986 – 1987 – Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1988 – 1989 – ... E sereis minhas testemunhas 1990 – 1991 – O pão nosso de cada dia 1992 – 1993 – Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida 1994 – 1995 – Permanecem a fé, a esperança e o amor 1996 – 1997 – Somos Igreja. Que Igreja somos? 1998 – Aqui você tem lugar 1999 – É tempo de lançar 2000 – Dignidade Humana e Paz – um novo milênio sem exclusão 2001 – Ide, fazei discípulos... 2002 – Mãos à obra 2003 – Nosso mundo tem salvação 2004 – Pelos caminhos da esperança 2005 – 2006 – Deus, em tua graça, transforma o mundo 2007 – 2008 – No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação. 2009 – Deus ama quem oferta com alegria. 2010 – Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia. ••• 32 •••


Datas Comemorativas Ms. Osmar Luiz Witt

500 anos: 1510 Martim Lutero viaja para Roma

100 anos: 1910 Centenário da OGA

Em fins do outono de 1510 no hemisfério norte, o monge Martin Luther foi incumbido por seus irmãos Agostinianos de empreender uma viagem a Roma, onde deveria tratar de assuntos pertinentes a sua Ordem. A viagem para Roma, há quinhentos anos, não é um dos acontecimentos decisivos da história da Reforma, mas permitiu ao monge conhecer de perto a realidade da Cúria e presenciar a prática da venda de cartas de indulgência. Ele retornou decepcionado com os negócios da fé que eram realizados na época.

A Obra Gustavo Adolfo recebe seu nome do rei da Suécia, Gustavo II Adolfo, que integrou as fileiras evangélicas e foi morto em batalha, em 06/11/1632, durante a Guerra dos Trinta Anos que estremeceu a Europa entre 1618 e 1648. Sua intervenção foi decisiva para a preservação do protestantismo na Alemanha. Duzentos anos mais tarde, como forma de homenageá-lo, chegou-se à criação de uma Fundação para apoiar minorias evangélicas, na Alemanha e no exterior. Muitas comunidades evangélicas em solo brasileiro também receberam apoio da Obra Gustavo Adolfo (Gustav Adolf Werk - GAW), sobretudo em auxílio na edificação dos espaços eclesiais a partir de onde se pudesse atender à missão na diáspora. Há 100 anos passados, em 16/ 01/1910, por ocasião da inauguração da escola comunitária em Hamburgo Velho, um grupo de 51 pessoas tomou a iniciativa de criar uma OGA no Brasil. O pastor local, P. Pechmann, foi o primeiro presidente. Com ele compunham a Diretoria os pastores Wilhelm Rotermund e Erwin Huebbe, o professor Samuel Dietschi e o tipógrafo Paul Saile. Nas palavras do P. Heinrich Brakemeier, aquelas pessoas "reconheceram que, nas dificuldades da vida cristã, nada é mais necessário do que o auxílio fraternal e recíproco, que se realiza na disposição do sacrifício e do auxílio." Até hoje a OGA continua perseverando neste propósito, fiel ao seu lema: "Façamos o bem a todos, mas, principalmente, aos da família

250 anos: 1760 Revolução Industrial Há duzentos e cinquenta anos, aproximadamente, tinha início a Primeira Revolução Industrial, da qual a maior protagonista foi a Inglaterra, que ocupava posição de liderança na produção mundial de algodão. Um grande desenvolvimento tecnológico na época foi a introdução das máquinas a vapor, que serviram para colocar em movimento as locomotivas e também as indústrias de tecidos e de outros produtos, até então produzidos artesanalmente, proporcionando um incremento da produção industrial. Desde então, o uso das máquinas substitui, em escala crescente, a mão de obra dos trabalhadores, com efeitos positivos e ao mesmo tempo nefastos.

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da fé" (Gálatas 6. 10). 50 anos: 1960 Inauguração de Brasília Salvador e Rio de Janeiro foram capitais litorâneas, como litorânea foi a urbanização do Brasil em seu desenvolvimento histórico. Planos para a construção de uma capital em terras interioranas surgiram de tempos em tempos desde os tempos imperiais, alegando-se, sobretudo, as necessidades de defesa frente às incursões de nações estrangeiras. Brasília, projetada para ser a capital do Brasil, foi inaugurada há cinqüenta anos, em 21 de abril de 1960, no governo do Presidente Juscelino Kubitscheck. A cidade concretizava a esperança de modernidade e de desenvolvimento para o qual o país acreditava estar caminhando. Os grandes centros populacionais litorâneos carregavam todas as contradições e as tensões sociais resultantes desse processo. Em 19/09/1956 foi lançado o edital para o concurso de plano piloto e, em 02/10/1956, o Presidente e sua comitiva pousou numa pista improvisada no Planalto Central para conhecer in loco a área. A construção da cidade atraiu muitos trabalhadores. Foram meses de trabalho intensivo e contínuo. 30 anos: 1980 Assassinato do Monsenhor D. Oscar Arnulfo Romero 24/03/1980 é a data do martírio de D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador na América Central. Assassinado no altar, durante a celebração da missa, por suas posições em defesa das pessoas

empobrecidas, ele declarara: "Se me matarem ressuscitarei na luta do povo salvadorenho". Em suas pregações, D. Romero denunciou as violações aos direitos humanos em El Salvador e expressou sua solidaridade com as vítimas da violência política, no contexto da Guerra Civil de El Salvador. Ele foi vítima de um atirador de elite do exército salvadorenho treinado na Escola das Américas. O assassinato provocou uma onda de protestos em toda a parte e muita comoção em setores das igrejas comprometidos com a busca da justiça social decorrente do Evangelho de Jesus. 25 anos: 1985 Eleição de Tancredo Neves Há 25 anos, em 15/01/1985, Tancredo Neves foi eleito pelo voto indireto no Colégio Eleitoral para o cargo de Presidente da República. A chapa formada por ele e o candidato a Vice, José Sarnei, recebeu 480 votos, enquanto a chapa oponente, de Paulo Salim Maluf e Flávio Marcílio, recebeu 180 votos. Apesar da frustração popular com a rejeição no Congresso da campanha pelas Diretas Já, a esperança de mudanças foi em parte canalizada para o governo de Tancredo Neves. De sul a norte e de leste a oeste do país ocorreram manifestações populares de contentamento pelo fim dos quase 21 anos de governo militar. Em seu pronunciamento após a eleição, Tancredo Neves destacava: "Esta foi a última eleição indireta do País; venho para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas indispensáveis ao bem estar do povo". Com ele também se

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mantinha a esperança de uma nova Constituição que não fosse "assunto restrito aos juristas, aos sábios e aos políticos", que "não pode ser ato de algumas elites" e, sim, "responsabilidade de todos". Embora tivesse integrado as fileiras da oposição ao regime autoritário, Tancredo era um político conciliador de linha moderada e formação liberal, e como tal tinha

aceitação dos militares e não haveria risco de retrocessos. A chama de esperança recebeu um balde de água fria, pois, o recém-eleito Presidente adoeceu, foi submetido a várias cirurgias, em Brasília e em São Paulo, e faleceu em 21 de abril de 1985. Em seu lugar assumiu o VicePresidente eleito, José Sarnei. O autor é pastor da IECLB e leciona na Faculdades EST, São Leopoldo/RS

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Teses que abalaram o mundo Lindolfo Weingärtner

Em 31 de outubro de 2017, daqui a sete anos, portanto, vai perfazer meio milênio desde que Martim Lutero fixou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg. A redação deste Anuário resolveu publicar, em cada um destes sete anos, um breve comentário sobre este evento extraordinário, que abalou o mundo de então. É claro que nossa série de artigos não só terá por tema as teses propriamente ditas, mas igualmente as raízes da Reforma como tal e, com isso, também as raízes de nossa própria fé e de nossa própria identidade cristã.

1. Clero e leigos na igreja medieval Quem estuda os documentos teológicos do tempo de Lutero, admira-se de um fato frequentemente omitido na pesquisa de historiadores protestantes: a Bíblia, no tempo de Lutero, vinha sendo estudada e levada a sério em muitos lugares da igreja oficial. Na Espanha, na França, na Itália, na própria Alemanha havia mosteiros e conventos onde teólogos profundos, algumas vezes influenciados pela mística, ensinavam o evangelho bíblico, inclusive que o ser humano não podia conquistar o céu por seus méritos, mas que dependia inteiramente da graça de Deus em Jesus Cristo. O monge Tomás a Kempis (Thomas von Kempen), duas gerações antes de Lutero escrevera um livro meditativo, "Imitatio Christi" ("Seguindo o exemplo de Cristo"), de profunda espiritualidade, que até o dia de hoje está sendo lido com proveito por muitos cristãos evangélicos, inclusive pelo autor destas linhas. Lutero também era membro de um convento. Pertencia à fraternidade agostiniana, cuja tradição remontava a Santo Agostinho, que a seu tempo fora o

grande pregador da graça de Deus. Assim, Lutero não teve de cavar em lugar deserto para encontrar o tesouro que estava procurando. O próprio superior de sua ordem, Johannes von Staupitz, lhe ajudou a sair do desespero, em seu conflito com o Deus justo e punidor de sua imaginação, prestou-lhe ajuda decisiva ao indicar-lhe o caminho para um Deus que em seu Filho Jesus Cristo aceita o pecador sem olhar por méritos humanos. Por que, então, este evangelho, estudado e discutido em muitos mosteiros, não efetuou espontaneamente o que pareceu necessitar de uma revolução espiritual? Revolução que, enfim, veio pelo testemunho de um homem que, como tantos outros, se havia refugiado num mosteiro? Nossa resposta só poderá ser uma: o fermento, que ainda agia em alguns grupos monásticos, não se achava mais misturado na massa. Havia dois tipos de cristãos: o clero e os leigos. O clero era composto, por assim dizer, de cristãos de primeira classe, que haviam desistido da vida mundana e viviam uma vida retirada do mundo (Isso, ao menos, era o que se es

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perava dos clérigos. Muitos padres e bispos, principalmente do clero secular, viviam uma vida bem diferente, envolvidos no jogo do mundo). Os leigos, a grande massa do povo - ora, eles tinham que ser mantidos no caminho através de leis, de cerimônias e tradições que eles compreendiam. As igrejas estavam cheias de estátuas e de pinturas que ilustravam cenas da Bíblia. As imagens eram a "Bíblia dos pobres" que não sabiam ler e escrever, que criam pelos olhos, não tanto pelos ouvidos. Mas as estátuas eram mudas. Elas convidavam à idolatria. Houve tentativas, na história da igreja, de "botar o fermento na massa", isto é, de pregar o evangelho simples e claro às massas. Todos os que se empenharam nesta tarefa entraram em conflito com a igreja: Petrus Valdus, John Wicliff, João Hus, Savonarola. Todos foram rejeitados pela igreja, alguns condenados e mortos, seus seguidores perseguidos e aniquilados. São Francisco de Assis escapou mal

e mal de ser declarado hereje, mas o seu movimento de evangelização das massas foi desvirtuado depois de sua morte. As teses de Martim Lutero quebravam este encanto. Ignoravam simplesmente a divisão clero-leigos, dirigindo-se a todos os leitores, sem fazer diferença. A linguagem era simples e concreta, o conteúdo não tratava de nenhuma questão esotérica ou teórica. Os males e o sofrimento da igreja eram expostos aos cristãos do seu tempo. Já neste primeiro documento público assinado por Lutero, o evangelho figurava como luz orientadora, que iluminava todas as coisas controversas surgidas no chão da igreja, tanto as de dentro como as de fora dos templos e dos conventos. Era o primeiro muro que Lutero derrubava: o muro existente entre clérigos e leigos. Perante Deus, eles todos não passavam de pecadores que precisavam da graça redentora de Jesus Cristo. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC

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A força curativa da sálvia Brigitte Jonas

Desde a Antiguidade, a sálvia é altamente considerada como planta medicinal, que protege a saúde. Os antigos romanos a conheciam como "erva sagrada ou nobre". Seu nome vem do latim "salvus", no sentido de "saudável", ou "curado". Na Idade Média, ela era plantada nos jardins dos conventos, e já no século IX o monge Valafridus Strabo destacava as particularidades da sálvia e a elogiava como sendo "de aroma agradável, de força considerável e útil como bebida". Em todo caso, a planta tornou-se famosa como remédio eficaz contra muitas doenças. Como ela mantém suas folhas verde-acinzentadas também durante o inverno, ela ainda tinha a fama de ser capaz de adiar provisoriamente a morte, contra a qual não havia outra erva nos jardins. Mitos antigos contam que só depois de degustarem a sálvia, os deuses se torna-

ram imortais. Velhos videntes também estavam convencidos de que a sálvia poderia ressuscitar os mortos ou, ao menos, levantar uma ponte entre o reino dos mortos e o dos vivos. Na cultura cristã, a planta tornou-se um símbolo de Maria, sempre abençoada por Deus. Em todo caso - assim se conta - somente a sálvia conseguiu proteger a Sagrada Família em sua fuga até o Egito. Como recompensa, ela tornou-se capaz de curar os males humanos. No campo, usava-se colocar uma folha de sálvia dentro do livro de orações. Seu aroma disfarçava um pouco o cheiro de mofo das igrejas e prevenia contra o sono durante os longos sermões da missa. Imaginava-se também que só o fato de um arbusto de sálvia crescer num jardim já garantia a saúde e a felicidade dos moradores da casa. Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács

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Os Concílios da IECLB Rolf Droste

Um espelho do que se passa na Igreja O que são os Concílios da IECLB? São ocasiões em que pessoas representativas e devidamente credenciadas sentam à mesa para avaliar a caminhada da sua Igreja e deliberar sobre os assuntos de interesse da mesma e das comunidades que a constituem. Neles, são votados seus principais planos de ação. O princípio, pelo qual se norteiam as pessoas que constituem o concílio, é o da disposição de construir e contribuir. Exemplo disso são as palavras da carta que o Vice-Presidente em exercício do Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná, Willy Berndt, escreveu aos representantes que participaram do 1º concílio da IECLB, em São Leopoldo (1950), dizendo: "... além da nossa intenção de tratar todos os assuntos em bases cristãs e de coração aberto, recomendamos aos nossos representantes serem cautelosos, compreensivos e francos, para que nossa opinião seja conhecida sem restrições. O ponto central de todas as nossas pretensões é a Igreja de Jesus Cristo." A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) dá continuidade à história das suas comunidades, iniciada em 1824, e dos Sínodos que se constituíram em 1886, 1905, 1911 e 1912. Estes formaram uma Federação Sinodal em 1949, que desde o início se entendeu como igreja. O primeiro concílio foi realizado em 1950. Desde então, passaramse sessenta anos. Neste tempo, foram re-

P. Rolf Droste alizados 29 concílios. Destes, três foram concílios extraordinários (Carazinho1980, Toledo-1996, Ivoti-1997). Na realidade, foram quatro concílios extraordinários. Aquele importante concílio da reestruturação, realizado em São Paulo, em 1968, onde ocorreu a fusão dos Sínodos, foi convocado como concílio extraordinário. Só que a Igreja numerouo tal como se faz com os concílios ordinários. Os documentos registram-no como VI Concílio da IECLB. Até hoje, a Igreja somente convocou concílios extraordinários quando havia assuntos específicos a tratar e que um concílio ordiná

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rio não conseguiria abarcar sem prejuízo às atribuições dos concílios ordinários. Aliás, cabe lembrar que, entre 1950 e 1966, os concílios eram realizados com intervalos de quatro anos. Depois do concílio de 1966, o próximo deveria ter sido realizado em 1970. Mas, como vimos, intercalou-se o de 1968 como extraordinário. A partir de 1968, a Igreja se reúne a cada dois anos em concílio. O período até 1968 foi de construção da unidade. Foram elaborados os primeiros documentos normativos válidos para todo o corpo eclesiástico. Foi o tempo da aproximação entre as igrejas regionais, todas elas marcadas pela vertente confessional da Reforma do século 16. Os quatro Sínodos históricos continuaram existindo. Primeiro quatro e, a partir de 1963, somente três, tendo em vista a fusão de dois deles. Os Sínodos deixaram de ser pessoas jurídicas a partir de 1968. Agora, a Igreja subdividiu-se em Regiões e Distritos Eclesiásticos. É bom lembrar que o cargo de Presidente da Igreja foi exercido em tempo integral somente a partir de 1966. O título de "Pastor Presidente" somente foi introduzido com a Constituição de 1968. A mesma Constituição instituiu a secretaria geral. Ela foi estruturada em 1975. A primeira das cinco secretarias, a de Missão, foi provida em 1976 com o Pastor Friedrich Gierus. O Pastor Presidente Karl Gottschald chamou os anos de 1968 a 1976 de "anos de adequação". Por ocasião do primeiro Concílio (1950), o presidente Dohms apresentou quatro teses, que passaram a ser determinantes para a autocompreensão e ação da Fede-

ração-Igreja. A primeira diz: "A Federação Sinodal é Igreja de Jesus Cristo no Brasil com todas as consequências que daí resultarem para a pregação do Evangelho neste país e a corresponsabilidade para a formação da vida política, cultural e econômica de seu povo." A referida tese, bem como as outras três, tem validade até hoje. Sob este pano de fundo, deve-se ler e entender a caminhada da IECLB nestes seus 60 anos de vida, testemunho e ação. Os temas dos concílios e os temas dos anos refletem o compromisso de ser Igreja de Jesus Cristo no Brasil com todas as consequências que daí resultarem para a pregação do Evangelho. Os temas dos concílios Até 1968, os concílios não eram caracterizados por um tema. Isso mudou a partir de 1970. O concílio de Curitiba (PR) assumiu o tema "Enviados ao Mundo", tema da V Assembleia da Federação Luterana Mundial, prevista para Porto Alegre e transferida, em última hora e por razões políticas, para Evian les Bains, França. O concílio de 1972, realizado em Panambi (RS), foi marcado pelo tema "Fé-Vida-Ação". O tema tinha estreita conotação com o estudo e aprovação do documento Nossa Fé Nossa Vida, o guia de vida comunitária em fé e ação da IECLB. Já o concílio de 1974, em Cachoeira do Sul (RS), teve por tema "Igreja Missionária". Na pauta do concílio constava a proposta do Catecumenato Permanente, que tinha suas raízes no estudo sobre o ensino confirmatório e serviria para reavivar a Igreja. O concílio

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de 1976, em Belo Horizonte (MG), aconteceu sob o tema "Em Cristo, uma nova comunhão". Era o tema da Assembleia da Federação Luterana Mundial em Dar-esSalam, Tanzânia, África. A partir de 1978, quando o pastor Augusto Ernesto Kunert sucedeu ao Pastor Presidente Karl Gottschald na Presidência, a Igreja adotou "temas do ano". Com o estudo destes temas não só se desejava enfocar determinado assunto que carecia de especial atenção, mas também se tinha em mente o fortalecimento da unidade da Igreja e a responsabilidade recíproca dos seus membros. Em que grau o estudo de temas comuns realmente contribui para o forjamento da unidade e corresponsabilidade, mereceria uma análise criteriosa à parte. Temas como indicadores de rumo No fim deste artigo, trazemos a relação dos temas dos anos, o que possibilitará que sejam conhecidos e avaliados. Via de regra, eles refletem sentimentos e planejamentos que eram atuais na época, ou indicavam para outras margens que se julgava necessário abordar e enfrentar. É muito interessante analisar, sob este prisma, a preocupação da Igreja com alguns assuntos que, sempre de novo, retornam. Entre estes, chamam a atenção: O cuidado com a confessionalidade luterana. Há vários temas que retomam essa preocupação. O objetivo sempre foi o de fundamentar teológica e confessionalmente os membros da Igreja e evitar que a enxurrada de teologias estranhas acabesse por assorear e perverter

a vida espiritual dos membros da Igreja, desmerecendo o Evangelho da salvação por graça e fé. O cuidado com a confessionalidade luterana é, portanto, menos um cuidado com a doutrina da instituição Igreja, mas muito antes uma preocupação pela pura alimentação com o verdadeiro pão da vida. Missão é outro tema que permanece em cena. É como se houvesse uma inquietude latente e permanente em relação ao ser missionário. Sente-se que algo mais ou diferente ainda deveria e poderia ser feito. Um desafio que não se cala. Não se cala, porque enfim se trata de um mandato. Entre os temas que remetem à missão, podemos destacar o de 1988, do concílio de Brusque (SC): "... e sereis minhas testemunhas"(Atos 1.8). Mas é a partir de 1994 que o tema ganhou nova força. Ele se firmou como Plano Missionário (PAMI) nos últimos anos e hoje está se estabelecendo nas paróquias em forma de Plano Operacional da Ação Missionária "Missão de Deus, nossa paixão"! A ele vem acoplado o plano de captação de recursos. É importante que o testemunho do Evangelho, a evangelização e a missão disponham de recursos financeiros para a sua execução. Muito ligado ao tema da missão, encontramos a formação dos membros, no sentido de sua capacitação para o testemunho pessoal da fé e da ação missionária conjunta. Os concílios também manifestam preocupação pela formação dos obreiros da Igreja. Também a formação de obreiros se faz presente nos concílios. Em 1984, por exemplo, no Concílio de Marechal

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Cândido Rondon, foi aprovada a transformação da Faculdade de Teologia de São Leopoldo em Escola Superior de Teologia. Esta passou a compor-se da Faculdade de Teologia, do Instituto de Pastoral, do Instituto de Capacitação Teológica Especial (ICTE) e do Instituto de Pós-Graduação. Hoje, 25 anos depois, olhando para os cursos oferecidos pela Faculdades EST - e de outros centros de formação na IECLB - pode-se constatar quão dinâmica é e deve ser a oferta de formação de obreiros na Igreja. Há temas que abordam a responsabilidade social e política da Igreja. Por exemplo, o tema do concílio de Hamburgo Velho, em 1982: "Terra de Deus, terra para todos". Ele despertou muita discussão e paixão. Correu o mundo. "Pão para o Mundo", da Igreja Evangélica na Alemanha, adotou-o para a campanha de arrecadação de fundos para projetos mundoadentro. Com o tema do concílio do Rio de Janeiro, em 1986, "Por Cristo, paz com justiça", manteve-se o foco no social. Preocupação retomada no concílio de Chapada dos Guimarães (MT), em 2000, com o tema "Dignidade humana. Novo milênio sem exclusões".

Paulo, em 1968, em que os Sínodos deixaram de existir, mas também no concílio extraordinário de Ivoti, em 1997, que trouxe de volta os sínodos no lugar dos Distritos e das Regiões Eclesiásticas. Logo adiante, já se partiu para novas alterações. Em parte, para atender dispositivos legais (novo Código Civil), mas também porque novas realidades na Igreja e no seu contexto o exigiam. Talvez a Igreja devesse ter uma "ordem básica", uma Constituição bem enxuta e fundamental, não suscetível às realidades movediças dos tempos. As partes sujeitas a alterações pelas vicissitudes dos tempos figurariam em amplo estatuto regimental, com maior facilidade de alteração e registro cartorial.

Outros temas que ganharam o palco dos concílios

Tema de muitas discussões sempre foram as finanças, seja tratando-se da contribuição dos membros/paróquias para o orçamento geral da Igreja, seja tratando-se da subsistência dos obreiros. O assunto, não raras vezes, transformou-se em verdadeira prova para a unidade e comunhão. Contudo, parece que a instituição do "dízimo" pelo concílio de Toledo, em 1996, arrefeceu em boa parte as discussões. Aliás, no antigo Sínodo Riograndense, a contribuição de percentual sobre a receita do orçamento paroquial foi ensaiada já em 1916.

Entre os que mais vezes subiram ao palco, encontram-se os documentos normativos. A própria Constituição da IECLB foi objeto de reiteradas alterações. Toda vez que o texto não atendia às aspirações da hora, partia-se para reformas mais ou menos profundas. Isso não se deu somente naquele concílio histórico de São

Caberia, ainda, dedicar espaço aos manifestos e moções emitidos pelos concílios diante de fatos e acontecimentos concretos. Através deles, a Igreja levanta a sua voz profética. As moções, pela sua natureza, são portadoras de sugestões, inquietações e insatisfações. Devem ser vistas também como indicativos de coi

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sas que vêm acontecendo ou que estão em evolução nos corredores da Igreja. São sinalizadoras tanto da vontade de contribuir como de reivindicar. Sempre merecem ser ouvidas e estudadas. Em 1994, por exemplo, o então Distrito de Lajeado propôs que o concílio suspendesse as constantes alterações nos documentos normativos da Igreja e que priorizasse a preocupação pela missão. Em 2000, moções alertavam para o carismatismo. Em resposta, o concílio apontou para o documento "A IECLB no pluralismo religioso". Uma leitura mais acurada da realidade levantada talvez tivesse encontrado a Igreja melhor preparada para enfrentar as cisões posteriormente acorridas em seu corpo. Temas relevantes Mereceriam ainda destaque outros temas que mexeram com os concílios e que refletem o que se passava e passa na Igreja. Arrolamos apenas alguns, que lembram estágios importantes na vida da Igreja: O processo migratório que levou milhares de membros da IECLB e, com eles, a própria IECLB para o centro, norte e noroeste do Brasil. Em decorrência, a Igreja investiu na criação do Departamento de Migração, em 1972. Este processo mudou a própria geografia da IECLB. A preocupação com a população indígena. Um compromisso e desafio permanente. O avanço das mulheres em serviços e cargos da Igreja. Em 1972, foi eleita a primeira mulher para o Conselho Diretor da IECLB.

O ministério compartilhado, que simultaneamente reparte e multiplica a ação ministerial. A Santa Ceia com as crianças, importante para a comunhão familiar e para a vida em comunidade. A liturgia, que enriquece a espiritualidade e fortalece a comunhão com Deus e com as irmãs e irmãos na fé. A criação do Departamento de Diaconia, em 1986, para dar à fé os braços que ela necessita. À margem Chama a atenção a quase total ausência da preocupação dos concílios com a educação. No entanto, há uma rede de escolas comunitárias na IECLB e um Departamento de Educação. Qual seria a política educacional da Igreja? Não só quanto à sua própria rede escolar, mas também quanto à educação em geral no Brasil. Outro tema deficitário é o ecumenismo. A IECLB é, desde a sua constituição há 60 anos, uma igreja ecumenicamente comprometida. Isso transparece nos relatórios e se torna visível na presença de visitantes nos concílios. Mas o assunto não mereceu, até hoje, espaço ou importância suficiente para ser tematizado em concílio. Perseverar na comunhão No encerramento do concílio de 1962, realizado na Faculdades EST, São Leopoldo, o Pastor Presidente Schlieper disse que naqueles dias nem todos os par

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ticipantes tiveram a mesma opinião sobre os mesmos assuntos, mas que ficou evidente que todos estavam decididos a "perseverar na comunhão", referindo-se a Atos 2.42. É com esta palavra que desejo encerrar, porque entendo que ela contém uma mensagem e um compromis-

so para nós hoje. Perseverar na comunhão é mais do que empenhar-se pela unidade. A unidade pode ser estabelecida até mesmo através de um instrumento jurídico. A comunhão não necessita deste instrumento. O Espírito a constrói por meio da fé e do amor. O autor é pastor emérito da IECLB e presidente da Obra Gustavo Adolfo e reside em São Leopoldo/RS

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A importância do CULTO na história de nossas Comunidades Nelso Weingärtner

Durante décadas, a maioria dos imigrantes alemães luteranos, que colonizaram grandes áreas no Sul do Brasil a partir de 1824, viveram como órfãos espirituais aqui no Brasil. O Brasil Império era um país católico e só católicos tinham todos os direitos civis, políticos e religiosos. "Não-católicos" eram tolerados "com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo", rezava o Artigo 5 da Constituição do Império. Também a antiga pátria, a Alemanha, não oferecia nenhuma assistência espiritual aos luteranos. Na solidão, no abandono e na vida dura de pioneiros na mata virgem, nossos ancestrais sentiram muita falta do culto dominical. Em muitos lugares eles organizaram comunidades e escolheram alguém de seu meio como pastor. Só as grandes comunidades conseguiam contratar pastores formados na Alemanha. Mas tanto nas comunidades com pastor formado em Teologia como naquelas com pastor sem formação teológica, o culto dominical tornou-se marca registrada dos luteranos.

melhores roupas, que eram a "Kirchwäsch" (roupa de igreja), e calçavam seus sapatos. Ainda na década de 1950, em Santa Isabel, minha terra natal, muitos membros da comunidade precisavam caminhar duas a três horas por caminhos pantanosos até a igreja. Eles traziam num "Quersack" (= alforje) seu paletó e sapatos, que vestiam perto da igreja. Quando, como menino, perguntei minha avó por que se tinha que usar sapatos e a melhor roupa para ir a igreja, ela respondeu: "Porque lá vamos nos encontrar com Deus!" Antes do culto, todos se cumprimentavam e conversavam animadamente ao redor da igreja. Cinco minutos antes de o culto iniciar, tocava o sino. Todos tiravam o chapéu e entravam na igreja em profundo silêncio, faziam sua oração silenciosa e sentavam. Quando o pastor, paramentado, entrava na igreja e se dirigia ao altar, o sino tocava novamente e toda a comunidade se colocava de pé.

O culto, entendido como "Gottesdienst" (significado duplo: serviço de Deus e serviço a Deus), logo tornou-se o acontecimento mais importante e marcante na vida das comunidades.

No culto, vamos nos encontrar com Deus! Essa frase é uma confissão de fé. Nossos ancestrais sabiam o que eles estavam dizendo e fazendo quando iam ao culto. O encontro com Deus na igreja era um momento muito dinâmico e o povo experimentava verdadeiro recondicionamento nesse encontro.

Para participar do culto, eles vestiam suas

No "Gottesdienst", o pastor tinha uma

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dupla função: ele era porta-voz de Deus na pregação, na absolvição dos pecados e na bênção, e era o porta-voz da comunidade na confissão dos pecados e nas intercessões.

mentou os nossos ancestrais luteranos durante mais de cem anos. Transcrevemos o que um grupo de idosos da Comunidade de Rio Ada, no

Na foto, idosos que falaram das dificuldades durante a Segunda Guerra Mundial ao pastor Nelso na década de 1960. Sentadas, a partir da esquerda: Auguste Fietz, Johanna Demuth, Elsa Wolter, Anna Kannenberg, Auguste Kretzer, Alvine Teske. De pé, partir da esquerda: Richard Fietz, Otto Kannenberg, Albert Kleinschmidt, Albert Meyer, Paul Beyer, Oskar Stein, Emil Wachholz, Richard Wachholz. O pastor estava consciente da grande responsabilidade que lhe cabia nesse encontro com Deus, e a comunidade também o sabia.

Sínodo Vale do Itajaí, relatou em 1967:

O pastor se dirigia ao altar com temor e tremor, porque neste encontro ele era porta-voz de Deus, e falava em nome de Deus. A comunidade se colocava de pé quando o pastor entrava na igreja - em respeito à função que lhe cabia no encontro com Deus.

Sofrimentos no período da Segunda Guerra Mundial: O período da Segunda Guerra Mundial, quando o uso da língua alemã era proibido, foi uma época de duras provações e angústias. Alemão era a única língua que a grande maioria dos membros entendia. Os idosos, da foto acima, relataram, ainda na década de 1960, que todos iam ao culto, mas não entendiam praticamente nada.

O culto, assim entendido e celebrado, ali-

"O que nos confortava era a bênção no

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final do culto. Quando o pastor levantava as mãos e falava, nós sabíamos que agora estávamos sendo abençoados. Também por gestos o pastor nos mostrava quando iniciava a confissão do Credo Apostólico e quando orava o Pai nosso; então nós o acompanhávamos em nossos pensamentos em alemão". Nessa época, um membro idoso da Comunidade desabafou no final de um culto: "Leute, wenn wir nochmal richtige Gottesdienste feiern dürfen und die Predigten verstehen, dann werden uns allen die Tränen die Backen herunterlaufen". Traduzindo: "Gente, se um dia pudermos celebrar novamente verdadeiros cultos, nos quais nós entendemos o que o pastor diz nas pregações, ninguém poderá reter as lágrimas". "E isso aconteceu em 1946, quando o pastor Blümel celebrou novamente o primeiro culto em língua alemã, todos nós choramos", confirmaram os idosos apresentados na fotografia da página anterior.

Será que o culto de nossos dias ainda é sentido e experimentado como um Encontro com Deus? A igreja ainda representa um lugar santo e sagrado, diante do qual, em tempos passados, as pessoas tiravam o chapéu ao passarem por ela? A comunidade e o pastor ainda entram na igreja com temor e tremor para um encontro com Deus? Ainda vale o que cantamos no hino (HPD 124): "Deus está presente, todos o adoremos, com respeito nos prostremos! Deus está conosco, tudo em nós se cale, Deus a nossas almas fale..."? Ainda encontramos o respeitoso recolhimento e silêncio na igreja antes de iniciar o culto? Nossos pastores ainda estão cientes e conscientes que no culto eles são portavoz de Deus e porta-voz da comunidade? Por fim: O culto de nossos dias ainda é um momento muito dinâmico e o povo ainda experimenta verdadeiro recondicionamento nesse encontro? O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Timbó/SC

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A Meditação Cristã no alívio do stress Rolf Roeder

Por que praticar a Meditação Cristã? O ser humano vive sob pressão, tensão. Vive-se, cada vez mais, em estado de stress intenso. Há o stress do tempo (prazos, desorganização, desperdício, esquecimento de coisas); há o stress das situações específicas (problemas de trabalho, trânsito, saúde, etc.); há o stress dos relacionamentos. Médicos dizem que o stress causa a descarga de hormônios e pode levar a problemas cardiovasculares, hipertensão, ataques cardíacos, derrames, fragilização do sistema imunológico, infecções, etc. A questão é: como posso diminuir a pressão interna, que estou criando? O stress pode ser trabalhado através de exercícios físicos, música, riso, técnicas de respiração, massagem, meditação, etc. Uma das melhores maneiras de lidar de forma positiva com o stress é a meditação. Novos estudos científicos comprovam o poder terapêutico da meditação. O pediatra Norman Martino Leite, idealizador da Sala de Meditação do Hospital do Servidor Paulistano, diz: "Um homem dormindo consome seis vezes mais oxigênio do que meditando". Diz ainda: "Os batimentos cardíacos diminuem e aumentam no cérebro as ondas alfa e beta, associadas ao relaxamento". Tudo isso apoiado em pesquisas científicas que buscam comprovar seus efeitos benéficos. Universidades americanas concluíram que a meditação ajuda a baixar a pressão arte-

rial e reduz a produção de adrenalina e cortisol, dois hormônios que atuam nas situações de estresse. Além disso, a meditação estimularia a produção de endorfinas, espécie de tranquilizante e analgésico natural fabricado pelo cérebro. Lembramos que as endorfinas são responsáveis pela sensação de leveza experimentada em momentos de contentamento. A meditação está sendo empregada em hospitais e clínicas como complemento a tratamentos médicos tradicionais (Revista Super Interessante, janeiro 2001 - p. 72-76). Se a meditação, por si só, já traz tantos benefícios, muito mais ainda a Meditação Cristã. Nela, além de meditar, entramos em contato com Deus. É uma forma de orar, de se colocar na presença de Deus. Laurence Freeman (Diretor da Comunidade Mundial de Meditação Cristã) diz: "A meditação é o processo de voltar para o aqui e agora. Assim que nos sentamos para meditar, descobrimos quão pouco de nós efetivamente está aqui e agora. Nossa própria distração explica nossa fraca percepção de Deus" ( Jesus, o mestre interior, p. 283).

Como praticar a Meditação Cristã? 1 - A preparação: Não é recomendável, simplesmente, largar tudo e iniciar a meditação. É imprescindível estar presente de corpo, alma e espírito. De uma forma concreta, significa: traje apropriado (sem calçados - é adequado usar meia), lugar

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apropriado, disposição para colocar-se na presença de Deus. É recomendável iniciar com uma oração, colocando-se na presença de Deus e pedindo pelo seu agir durante a meditação. 2 - Lugar: É muito importante se ter um lugar apropriado para meditar, um lugar que favoreça a concentração e a meditação sem interrupções (telefone, campainha, pessoas, ruídos, etc.). O lugar pode ser preparado de acordo com o seu desejo e as suas características. Pode-se preparar um pequeno altar com vela, flor, crucifixo, pequeno timer, etc. Contudo, não é essencial. É bom que o lugar seja ventilado, não muito iluminado. Importa se sentir bem naquele lugar. Importante é que o lugar favoreça a quietude, o silêncio. 3 - Hora: Cada um precisa encontrar a sua hora mais propícia para a meditação. De forma geral, logo o início da manhã é um tempo muito apropriado. Depois de uma noite de sono, ainda não estamos tomados pelos inúmeros afazeres do dia. O ideal é ter dois a três momentos diários de meditação, dentro das possibilidades. 4 - Duração: Aconselho meditações curtas de 15 a 20 minutos (uma a três por dia). Importante é definir o seu próprio ritmo de meditações e levá-las a sério.

Também é importante ter um pequeno timer (como de cozinha) ou até mesmo um pequeno despertador com um toque suave e agradável. 5 - A posição do corpo: A posição correta do corpo é fundamental. Posso meditar em diferentes posições: sentado, deitado (não é muito recomendável, pois favorece a sonolência), andando. O ideal é sentar para meditar. Posso sentar num pequeno banquinho de madeira, com no máximo 22 centímetros de altura (a altura depende de cada pessoa - a tábua do assento é inclinada), mas também posso sentar numa cadeira normal (sem encostar-se ao encosto da mesma). Muito importante é sentar com a coluna reta. Deixar a cabeça alinhada com a coluna reta. Pode-se imaginar um fio fino puxando a cabeça para cima. O queixo levemente retraído, o que causará uma leve inclinação da cabeça. Manter os olhos semiabertos (para ser atentivo) e fixá-los a uma curta distância diante de si. Os braços relaxados ao longo do corpo e a mãos apoiadas no colo, colocando uma palma dentro da outra, unindo os dois dedos polegares, formando assim, com as mãos, um semicírculo. Procurar deixar o corpo descontraído, relaxado, especialmente a nuca. Em seguida, perceber todo o cor

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po. Isto significa olhar de forma mental para a posição do meu corpo. Como estão: os meus pés, minhas pernas, como estou assentado, minha pelve (bacia), minha coluna vertebral, meus braços, minhas mãos, minha nuca, minha testa, minha face, boca levemente entreaberta. Ao fazer este exercício de percepção corporal, procuro constatar onde existem tensões e relaxar o meu corpo. Eu chego a mim corporalmente. Trata-se de uma percepção corporal consciente. 6 - A respiração: É o momento da percepção consciente da minha respiração. Eu deixo a respiração ocorrer e tomo consciência da mesma pela minha percepção. Não moldar e nem dar um determinado ritmo à respiração. Ao contrário, deixar ir e vir a respiração. Dirijo a minha atenção à respiração e acompanho o inspirar e o expirar. Como faço isto? Sinto o ar entrando e saindo. Acompanho o caminho do ar. Ele entra frio e sai aquecido. Sinto como o ar entra pelas narinas, passa pelo céu da boca, desce pela laringe em direção aos brônquios. Deixe esta percepção acontecer. Depois, sinta como o ar vai enchendo e esvaziando os seus pulmões. Perceba como o ar dilata e contrai o tórax. Em seguida, perceba como o ar mexe com o abdômen, depois passe a percepção às costas. Sinta como a respiração mexe com o corpo. Esta percepção da respiração é muito importante, pois auxilia a encontrar quietude. 7 - O silêncio: Durante a meditação, somos bombardeados com pensamentos, sentimentos, planos, preocupações, desejos, anseios, lembranças, medos, etc. Mesmo querendo silenciar, nós não o conseguimos. Contudo, é preciso buscar o silêncio da

mente, para estar totalmente na presença de Jesus. Assim, é preciso criar certa distância dos pensamentos, sentimentos e emoções. Não se identificar mais com os pensamentos. Não prestar atenção neles. Tomo uma posição exterior aos mesmos. Desta forma, busco o silêncio em mim, além do silêncio exterior. Busco silenciar. 8 - A ruminação de uma palavra cristã: A partir do silêncio, digo mentalmente, ou em voz muito baixa, uma palavra cristã. Importa ruminar um termo cristão, um versículo bíblico, uma frase cristã. Podemos meditar, por exemplo, o nome "Jesus Jesus" ou então a Oração do Coração - "Senhor Jesus Jesus, Filho de Deus, tem misericórdia de mim". Assim, há muitas outras possibilidades: Schalom (paz em hebraico); Tu em mim e eu em Ti; Tu estás aqui e eu estou aqui; etc. Também podemos usar versículos bíblicos: Sl 23.1; 84.3; 62.2; 131.2; Jr 17.14; Rm 5.5; 1 Jo 16b; Jo 14.27; Mt 28.20; Jo 14.23; 16.22; etc. Os versículos podem ser abreviados, para facilitar a meditação. Depois de ter escolhido o tema da minha meditação, eu passo a praticá-la. Eu uno a palavra a ser meditada com a minha respiração. A primeira parte é dita mentalmente, ou em voz baixa, ao inspirar, e a segunda parte ao expirar. Posso também dividir uma frase em várias partes, de forma que seja número par de partes, e assim, dizer cada parte ao inspirar e expirar. Explico através do nome "Jesus Jesus". Ao inspirar, digo mentalmente "Jesus" e, ao expirar, digo "Jesus". O autor é pastor da IECB e trabalha na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo João em Pomerode/SC

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A Obra Gustavo Adolfo da IECLB Rui Bernhard e Rolf Droste

Um exemplo centenário de paixão pela missão de Deus Falar da Obra Gustavo Adolfo (OGA) significa falar de solidariedade, amor pela IECLB, paixão pela missão de Deus. Sua história centenária mostra como ela sempre esteve intimamente ligada à história da IECLB. A OGA foi oficialmente criada em 16 de janeiro de 1910, em Hamburgo Velho, com uma tarefa muito importante. Muitas pessoas entenderam que precisavam ajudar a sua Igreja. O Sínodo Riograndense passava por grandes difi-

culdades, inclusive correndo o risco de uma cisão. O início do trabalho da OGA Nesta situação surge a OGA, que procura motivar as pessoas a colocar-se mais decididamente a serviço da Missão de Deus, tendo como objetivo ajudar as comunidades no seu crescimento e fortalecer a Igreja como um todo. Assim foi se criando uma corrente de comunhão entre as comunidades, fazendo com que o tra

OGA - um serviço solidário desde 1910 ••• 51 •••


balho da OGA contribuísse cada vez mais para definir a sua identidade como Igreja. Para fortalecer ainda mais esta corrente, surge em 31 de março de 1910 o "Grupo de Senhoras e Senhoritas Gustavo Adolfo de HamburgoVelho/RS", que serviu de exemplo para que outros grupos idênticos fossem criados em outras comunidades. Mais tarde todos se integraram à família da OASE. Por isso há mais de cem anos existe um parentesco muito saudável entre OGA e OASE, que continua até hoje. As duas entidades trabalham para as comunidades, conscientes de que assim são Igreja de Jesus Cristo, encontrando ali o seu espaço para mostrar a riqueza dos seus dons. Onde as lideranças da OGA buscavam a motivação para o seu trabalho voluntário em favor da OGA? A Bíblia nos dá pistas muito boas para isso, através do exemplo do apóstolo Paulo. Em suas viagens missionárias, ele falava das dificuldades de outras comunidades e, por isso, motivava as pessoas a darem suas ofertas em favor delas. Na sua opinião, comunidades não deveriam assumir sozinhas suas dificuldades. Ele achava que todos precisavam ajudar a quem tem menos, "para que haja igualdade" (2 Corintios 8.13). Mesmo que dificilmente conseguiremos colocar-nos todos num mesmo nível, é preciso entender que Jesus mostrou em suas atitudes que o mais importante não é ser servido, mas servir (Marcos 10.43). A OGA sempre entendeu que não se justifica que numa Igreja existam comunidades que se satisfaçam com a sua autossuficiência, sem que elas se sensibilizem com aquelas comunidades fracas

e pequenas que sofrem e não conseguem ter o mínimo necessário para a sua sobrevivência. Só o repartir torna possível a comunhão. Nem a Primeira e nem a Segunda Guerra Mundial conseguiram interromper a trajetória solidária da OGA. Quando tudo parecia sem esperança, a OGA criava mais coragem e se superava, procurando manter escolas comunitárias, pagando salários de professores e pastores, ajudando na construção de casas comunitárias e templos, concedendo bolsas de estudo... e por aí vai. A OGA sofreu abalos, mas conseguiu reestruturar-se em 1946. E, no surgimento da Federação Sinodal (IECLB), em 1949, a OGA estendeu o seu campo de ação a todas as comunidades da IECLB. A história centenária nos mostra que o mais importante nem sempre é o dinheiro arrecadado, mas sim o testemunho do amor e da prática da solidariedade não só através da OGA, mas também das comunidades entre si. O que sempre valeu e continua valendo é o fato de que na fraqueza as pessoas são fortalecidas pela graça de Deus (2 Corintios 12.9). O que precisamos é de pessoas dispostas a servir e a praticar a solidariedade, bem como pensar o trabalho da OGA, traçando suas metas e ações. Estamos convencidos que existem muitas pessoas assim na IECLB. E hoje existem muitas formas de ajudar. Iniciativas da OGA Por isso, entre outras iniciativas, a OGA vai procurar as comunidades e vai desa

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fiar as pessoas a tornarem-se Parceiras Doadoras, as quais passaremos a chamar de "Parceiras de Ouro". Esperamos que muitas delas possam assumir o compromisso de contribuir regularmente para a OGA, de acordo com as suas possibilidades financeiras. É como diz o nosso slogan: A sua contribuição sempre será na medida certa. Também queremos incentivar as pessoas a cultivar a idéia de transformar presentes em doações, por ocasião de comemorações de datas festivas como aniversários, bodas e jubileus. Ou seja: Renunciar a presentes e pedir doações em dinheiro para a OGA. Quem já tem tudo o que precisa para viver, pode incentivar nas pessoas a prática de doar para quem tem necessidades. É uma proposta da OGA que já está colhendo os seus primeiros frutos. Outra proposta é instituir a OGA como beneficiária de planos de aposentadoria ou de pecúlios. E, como já acontece em toda a história da OGA, as ofertas do 1º Domingo de Advento em todas as comunidades da IECLB destinam-se em favor do trabalho da OGA. Portanto, ao depositar a sua oferta, ou quando alguém comprar um produto da OGA, ou fizer uma doação, a pessoa torna-se participante da OGA. Por isso é bem verdade quando dizemos: A OGA somos todos nós. No início de sua história, a OGA mantinha a coleta infantil, com a venda de cartõezinhos, feita pelas crianças nas comunidades. Essa era sua maior fonte de recursos por muitos anos. Muitas dessas crianças de então continuam sendo cola-

boradores da OGA hoje. Esse trabalho foi reiniciado num outro formato e hoje se chama Ação Confirmandos. Esta campanha é realizada desde 2005 e é assumida pelos confirmandos da IECLB. São os adolescentes que arrecadam dinheiro em apoio a crianças e adolescentes, muitas vezes em situação de risco. Em 2008, eles juntaram R$ 30.000,00. Nem todos os confirmandos participam desta ação. Isso é uma pena, pois entendemos que se trata de uma ação pedagógica que procura envolver os adolescentes da IECLB com as diferentes realidades de sua Igreja. Trata-se de uma proposta que quer sensibilizar os jovens para a situação de carência de jovens de sua idade e plantar neles a cultura da prática da solidariedade. Os confirmandos de hoje, bem motivados, podem tornar-se membros ativos nas comunidades. Com a Ação Confirmandos 2010 queremos ultrapassar fronteiras, destinando o resultado da campanha para o Lar de Meninas, mantido pela Igreja Luterana em Caranavi, na Bolívia. Uma casa onde serão abrigadas meninas que vêm do interior e querem completar seus estudos na cidade. Portanto nós, que tantos anos recebemos auxílios do exterior, queremos passar a ser doadores a irmãos e irmãs na América Latina, bem de acordo com o lema da OGA (Gálatas 6.10). O que ainda precisa deslanchar melhor são as tentativas de consórcio missionário, a exemplo do que a OGA mantém com a OASE, LELUT e JE, no apoio ao Projeto Missionário Sul do Pará. Esta ain

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da é uma iniciativa muito tímida, considerando que ainda estamos acostumados a receber auxílios do exterior, quando deveríamos assumir muito mais esse apoio entre as Comunidades da IECLB. Para as pessoas que atuam nas frentes de missão, é importante saber que são apoiadas por uma retaguarda. Pessoas que pensam nelas, oram por elas e lhes garantem um auxílio material. Esta é um pouco da história centenária da OGA. Uma história que foi registrada num livro que já está à disposição para a compra. A sede própria da OGA Durante os seus cem anos de existência, a OGA nunca teve uma sede própria. Mas esse sonho também já está concretizado, considerando que no dia 15 de julho de 2009 foi inaugurada a nova sede da OGA, construída na entrada da subida histórica do Morro do Espelho em São Leopoldo/ RS, na Rua Sinodal, nº 50. Esperamos que muitas pessoas da IECLB possam integrar-se às comemorações do Centenário da OGA em 2010. Mesmo que nem todos possam participar de todas as programações, convidamos você a participar de um culto festivo do Centenário

da OGA em sua comunidade. Informe-se sobre a data marcada. Todos podem ajudar-nos a entender que a prática comunitária se faz num conjunto de pessoas, que colocam os seus dons a serviço da missão de Deus, em resposta ao convite que receberam de Jesus Cristo de ir a todos os povos e ali testemunhar o seu Evangelho. Por isso queremos encerrar, dizendo: uma paixão só é uma paixão quando ela se traduz em gestos concretos em favor do assunto pelo qual temos paixão. E isso é a Missão de Deus. Que a distância entre a nossa fé e a sua prática sempre esteja ao alcance de nossas mãos e do nosso coração para podermos traduzir a fé numa prática de serviço a Deus e ao próximo. A OGA é uma obra de muitas mãos Porém, ao mesmo tempo, reconhecemos e confessamos que a mão maior, na nossa obra, é a mão de Deus. A sua mão sustentou a OGA no seu primeiro século de vida. A ele pedimos que não a retire de nós, mas sim que abençoe o nosso futuro com a sua bondade e misericórdia. Nisso confiamos. Os autores são pastores da IECLB e, respectivamente, Secretário Executivo da OGA e Presidente da Instituição

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A visita Heinz Ehlert

O acontecimento do ano: visita à avó materna. Ela morava tão longe! A viagem para lá era cada vez uma aventura para nós, crianças. Sempre as menores da família tinham o privilégio de acompanhar os pais. Os preparativos eram também uma sensação. Significava roupa nova. Vestido novo para a irmã e uma fatiota para nós três meninos. Tudo costurado por nossa mãe. Dava um nervoso quando a costura dela não andava - tinha tantos outros afazeres! Mas para nós a roupa nova era o mais importante. Imagina, se não ficasse pronta! É claro que tínhamos que provar várias vezes. Uns dias antes da viagem ela podia anunciar: "Está tudo pronto só faltam os botões e suas casas". Que coisa! Então não estava pronto! Será que ela vai conseguir? A toda hora voltávamos a perguntar. Era aquela pressão em cima dela. Finalmente, na última noite ela conseguiu. "Vamos dormir cedo, porque amanhã iremos partir bem cedinho!" Mas era difícil pegar no sono, pensando nas aventuras do dia seguinte. O pai foi o primeiro a levantar. Era preciso ainda tratar dos cavalos e depois atrelar à carroça, enquanto nós tomávamos café. Escolheu os dois mais novos, o Rosilho e a Maneca. Eram bastante chucros e se assustavam facilmente. Deviam ser umas 4 horas da manhã quando partimos, ainda no escuro da noite. Com os nossos cavalos novos era uma

beleza viajar e rapidamente a nossa casa ia ficando para trás. Quando o dia amanheceu, já subíamos a serra. Era realmente uma subida longa, com estrada de muitas curvas perigosas. Tomara que não viesse nenhum automóvel ao nosso encontro, porque com estes cavalos... De repente se ouviu um barulho ao longe, como de algum rugido. Que bicho seria este? Perguntamos ao pai, mas ele também não sabia. Chegava cada vez mais perto. Nos momentos seguintes - todos nós olhando atentamente para frente - um monstro dobrou a esquina, levantando uma nuvem de pó. No mesmo instante a égua Maneca, assustada, se jogou com ímpeto contra o Rosilho. Quase o derrubou. Meu pai teve a maior dificuldade em segurar firme as rédeas para evitar um acidente. E qual foi o monstro que passara voando? Dois ciclistas que tinham amarrado um arbusto à sua bicicleta para frear o veículo morro abaixo. Depois meu pai explicou que faziam isto para poupar o freio da bicicleta, que esquentaria muito se acionado todo o trecho da serra abaixo. Estes homens inventam cada coisa! Felizmente não encontramos nenhum automóvel nem caminhão no trecho da serra. Se fosse hoje! A viagem correu tranquila. Na hora do almoço, chegamos ao nosso destino. Lá estava a avó para abraçar todos. Nós, crianças, admiradas, porque ela chorava. É, era de alegria. Mas também o tio Gustavo (por sinal meu pa

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drinho) e a tia Bertha e os primos nos receberam radiantes. Um pouco mais tarde serviram um lauto almoço. A conversa sobre as últimas novidades foi colocada em dia. Depois de um descanso fomos ver os animais e a roça dos tios. Era claro que a família inteira estava de "feriado" durante os dias de nossa visita. Como nos feriados de Natal, Páscoa e Pentecostes, só se fazia o mais necessário: tratar do gado, tirar leite e preparar as refeições. E, claro, muita conversa. Com os primos saímos por aí, colher frutas (p.ex. tangerina), ver passarinhos e até adentramos a mata virgem ali perto. Muitas coisas novas a descobrir. Perguntamos: "Ainda tem bicho silvestre no mato?" - "Tem", responderam, "macacos, porco do mato, tatu, aves silvestres, às vezes uma anta" - "E onça, ainda aparece?" - "Não, agora não; quando éramos pequenos, uma vez os caçadores abateram uma. Ela causou estrago entre os animas domésticos. Por várias vezes abateu um bezerro e até carregou, de noite, leitões do chiqueiro". "E nunca encontraram "bugres" (índios)?", queríamos saber. - "Não, já há muito tempo não tem mais bugres por aqui. Os mais velhos ainda contam histórias deles. Como eles apareciam, de surpresa, e roubavam animais e espigas de milho. Mas nunca houve aqui luta arma-

da entre colonos e bugres". Os dias da visita passaram rápido demais para nosso gosto. Meu pai me chamou: "Vamos pegar os cavalos". Estavam no pasto, que era grande. Não adiantava chamar. Tinha que ir mais perto deles e usar um truque. Meu pai levava uma espiga de milho na mão e então chamava o Rosilho, mostrando a espiga. Ele não resistia . Aí era fácil colocar-lhe o cabresto. A Maneca nem dava bola. O meu pai colocou a ponta do cabresto na minha mão e disse: "Vai indo, que eu tenho que dar um jeito na Maneca. Ela logo virá atrás do Rosilho, então eu vou pegá-la". Assim foi. Eu, bem orgulhoso, saí, meio a galope com o Rosilho, um animal grande e altivo. Eis que surge uma valeta. Eu salto, mas o Rosilho fica parado e quase me derruba. O jeito é puxar. De repente o animal salta em cima de mim. Uma das patas roça a minha perna. Eu grito, mais de susto do que de dor. Assustado, também meu pai, que já vinha atrás com a Maneca. "Menino, ele podia ter matado você!" Eu estava assustado demais para dizer qualquer coisa ou chorar. Mas entendi quando meu pai falou que foi por proteção divina que nada me aconteceu. A viagem de volta para casa transcorreu tranquila. A lembrança da visita ficou. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Curitiba/PR

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Acompanhamento a enlutados Odair Braun e Ana Paula Genehr

A morte é o fator que mais abala o ser humano. Ela se põe diante de nós com dúvidas e questionamentos. A perda de uma pessoa estimada é a experiência mais universal e, ao mesmo tempo, mais desorganizadora pela qual passa o ser humano. A perda de um ente querido é uma experiência que causa muita dor, mesmo quando a pessoa está enferma há muito tempo. Em alguns casos a morte pode ser esperada, ou seja, a morte é esperada, mas sempre há esperança de que seja no futuro próximo ou até que aconteça um milagre. Com a morte, o sentido da vida parece ruir e precisa ser recuperado. As relações com o meio precisam continuar, mas também devem ser avaliadas. A pergunta que fica: como é possível fazer e alcançar tal

realidade? Por ocasião da morte/luto, nada mais é como costumava ser. E, ainda assim, há vida, há esperança, há a possibilidade de recomeçar e continuar. Afinal, há tempo de chegar e tempo de partir (Ec 3.1-8). Lançar esta semente e estar ao lado dos enlutados é, antes de tudo, um gesto missionário da igreja de Jesus Cristo. Neste sentido, cabe a cada comunidade e cada cristão refletir como pode participar e auxiliar nesta tarefa de consolação. Quando se perde uma pessoa querida e amada, as reações são bem individuais. Ao longo dos dias e meses percebe-se que não será mais possível conversar, brincar, tocar e até mesmo brigar com ela. É comum ter a sensação de que o chão nos é tirado, pois a dor é enorme.


Cada pessoa lida de uma maneira com a sua dor, sendo que algumas ignoraram a tristeza, outras se isolam, e há também as que escondem a dor. No entanto, precisa se ter a convicção de que a dor é verdadeira e não se pode negá-la. O luto é o tempo que precisamos para organizar novamente a nossa vida. É um tempo que se vive com um turbilhão de sentimentos como a tristeza, revolta, raiva, angústia, indignação e perguntas. É fundamental que se vivencie a dor para que se possa sentir profundamente todo seu significado para a perda. Se não lidamos com a dor da perda, se não enfrentamos essa dor, ela não irá passar. A vivência da dor é um passo que nos auxilia a superarmos o luto. É preciso ter cuidado para que no momento de grande sofrimento e dor a pessoa enlutada não se encha de medicamentos para "anestesiar" a dor da perda. Estes somente deverão ser usados em casos de comprovada necessidade e de antecedentes depressivos. As fases do luto precisam ser vivenciadas. O velório, a despedida, o sepultamento, o culto de oração em memória e a iniciativa de levar flores ao túmulo são ritos de relevância no processo de assimilação do luto. Cabe compreender que nem todas as pessoas são iguais, ou seja, cada qual deve ter o direito de vivenciar e procurar superar o tempo de luto de forma que lhe aprouver ser a mais saudável possível. Nem todos precisam de um grupo de apoio na dor e no luto. Nem todos têm vontade ou necessidade de participar de tal grupo. Nem todos desejam ou necessitam expressar perante outros os seus sentimentos e emoções relativas a este

tempo especial. Bem viver o luto é ter espaço para bem poder expressar o que se sente. Este bem poder expressar não necessariamente ocorre por meio de palavras, ou seja, do falar. Para muitas pessoas, este bem poder expressar é ser respeitado em sua forma de viver o luto. Neste sentido, cabe à comunidade cristã o papel de acompanhar o luto, observando a forma como o referido é vivido e enfrentado, ou seja, se de forma patológica ou sadia. Caso se observe desvios, deve ocorrer o processo de intervenção e oferecimento de ajuda. Em suma, a disposição de ajudar uma pessoa em fase de luto deve sempre visar, antes de tudo, a que a pessoa aceite a sua realidade de luto, ou seja, a perda sofrida; que possa expressar a dor e o pesar que sente; que encontre novo ajuste ao meio em que se encontra, podendo, assim, trilhar um novo caminho. A comunidade cristã é um espaço de acolhida das pessoas que sofrem a dor da perda e de pessoas que buscam um espaço onde lhes é possível enxugar as lágrimas e continuar a vida. O momento de perda e vulnerabilidade que as pessoas estão passando é uma oportunidade para realizar a missão e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, proporcionando esperança na vida das pessoas. Assim como nos diz o apóstolo Paulo: "Consolar aos que estiverem em qualquer angústia com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus" (2Co 1.4). Assim pode-se lembrar da brevidade da

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nossa vida com a metáfora das flores do campo. No amanhecer, as flores estão lindas e, no findar do dia, elas já apresentam sinais de fragilidade e precisam de cuidado especial. Quando proporcionamos um espaço de cuidado para trabalhar a perda o tempo de luto reduz e é uma oportunidade de perceber que a nossa vida e "os nossos dias são como a relva: ela floresce como a flor do campo; roça-lhe o vento e já desaparece e ninguém mais reconhece o seu lugar. Mas, o amor de Deus existe desde sempre e para sempre existirá" (Sl 103. 15-17a).

lidades de reconstruir as vidas feridas pela dor do luto, buscando para o nosso cotidiano uma atitude de esperança, apesar de vivermos um tempo de dor e de sofrimento. É entregarmos nossas dores e sofrimentos nas mãos de nosso Deus e de seu filho Jesus Cristo, de onde nasce a esperança e a vida em plenitude a todos nós, e ao Espírito Santo, que nos consola e fortalece em meio às lágrimas e à dor, guardando em nossos corações as lembranças alegres e os aprendizados vividos com nosso ente querido.

O grande desafio é viver plenamente o momento presente tanto na dor como na alegria. É acreditar que neste exato momento da nossa vida existem as possibi-

Os autores são pastores da IECLB e trabalham na Pastoral / Comunidade da Consolação e na Capelania do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba/PR

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Agora é o tempo Meinrad Piske

Março de 1990 – Justiça, Paz, Integridade da Criação – 2010 Há 20 anos, no mês de março de 1990, aconteceu em Seul, capital da Coreia do Sul, a Convocatória do Conselho Mundial de Igrejas denominada Conferência Mundial para a justiça, a paz e a integridade da criação. Eram os três grandes temas que angustiavam a humanidade. Injustiça, guerras e destruição do meio ambiente eram apontados como sendo os grandes vilões que ameaçavam a humanidade.Aproximadamente mil pessoas de todos os continentes e das mais diferentes igrejas estiveram reunidas de 5 a 12 de março de 1990, assistindo a palestras, trabalhando em grupos, participando das plenárias com discussões abertas, das celebrações litúrgicas, dos cultos e das meditações. O resultado é o conteúdo da mensagem final que lista as dez afirmações no item 5. Deve ser perguntado por nós se esta convocação para a paz, a justiça e a integridade da criação foi assimilada pelas igrejas, se o seu conteúdo continua sendo tão atual como o foi há 20 anos e se algo já melhorou. A mensagem final é a seguinte: 1 - Agora é o tempo de confirmar a aliança com Deus e entre nós. 2 - Agora é o tempo de constatar com alegria que sempre mais se consegue, a nível local e regional, unir os esforços em prol da justiça, da paz e da integridade da criação.

3 - Agora é o tempo de unificar todas as lutas em prol da justiça, da paz e da integridade da criação. 4 - Agora é o tempo de nos solidarizarmos com o povo coreano na sua busca de reunificação. 5 - Agora é o tempo de o movimento ecumênico engajar-se com mais determinação, mais compromisso mútuo e solidariedade. Por isso nós afirmamos que todo exercício de poder deverá ser responsabilizado perante Deus; que Deus está ao lado dos pobres; que todas as raças e povos têm valor igual; que homem e mulher foram criados à imagem de Deus; que a verdade é um dos alicerces da comunhão de pessoas livres; a paz de Jesus Cristo; que Deus ama a criação; que o mundo pertence a Deus; a dignidade e o engajamento da geração jovem; que os direitos humanos foram dados por Deus. 6 - É chegada a hora de o movimento ecumênico reafirmar com clareza a sua visão de uma comunhão de todas as pessoas que vivem na terra e tratam com cuidado a criação e na qual todas as pessoas têm o mesmo direito à vida em sua plenitude. Esta visão espiritual deve tornar-se visível em ações concretas. À luz de nossas experiências espirituais aqui em Seul nós nos comprometemos a trabalhar por uma ordem econômica justa e pela libertação da carga da dívida externa; pela real segurança de todas as nações e povos e

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por uma cultura sem violência; para a criação de uma cultura que permite viver em harmonia com toda a criação e pela manutenção da atmosfera terrestre; pela eliminação do racismo e da discriminação em todos os níveis e no interesse de todas as pessoas e pela diminuição de modelos de comportamento que perpetuam o pecado do racismo. 7 - É chegada a hora de reconhecer que

temos um longo caminho diante de nós. Iremos levar estas nossas convicções básicas para dentro de nossas igrejas e movimentos e convidar outras pessoas a andarem conosco. Juntos com elas nós iremos trabalhar para que a nossa visão se torne realidade. Uns aos outros e diante de Deus nós temos de responsabilizarnos. Nós oramos para que não ignoremos o KAIROS de Deus." O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC

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Alegrias e dificuldades no meu período prático em comunidade – valor e sentido de uma fase no estudo de Teologia Marcio S. da Costa

Uma das fases mais esperadas para um estudante de Teologia é o período de estágio. Mas certamente com ela vêm os anseios, os medos e as preocupações. Como colocar tudo o que aprendi, em sala de aula, agora numa vida comunitária? Um dos pontos que considero positivo e muito importante para se analisar e considerar em nossa igreja - IECLB é a seriedade para com a formação de seus obreiros. Muito se aprende num curso de Teologia e o estágio é o momento apropriado para se praticar estas teorias. Da casa de formação onde realizei meus estudos, a Faculdade Luterana de Teologia, em São Bento do Sul/SC, nós já tínhamos contatos e pequenas práticas em comunidades através das cadeiras de Ação Comunitária I, II e III. Como alunos de um curso de Teologia, desde que iniciamos os estudos sempre é desafiante o período de estágio. Para onde irei? Qual e como será a comunidade que irá me receber? Como serei acolhido? O que me oferecerão como estrutura de trabalho? O que poderei realizar? Estas são algumas das perguntas, parte da expectativa, mas, ao mesmo tempo, sinais de medo e insegurança que compõem a vida de um estudante de Teologia. Mas o tempo vai passando, os locais são anunciados, algumas comunidades já pe-

dem um prévio contato com seus estagiários e, enfim, chega o dia de arrumar as malas, encaixotar os livros, pôr o "pé na estrada" e se instalar numa moradia paroquial. Tive como uma bênção em minha trajetória de estudos poder ter realizado, no segundo semestre do ano de 2008, meu estágio com o pastor Rolf Roeder, na Paróquia Apóstolo João em Pomerode/ SC, o que para mim foi motivo de bastante alegria. Fui muito bem acolhido pela paróquia e pelos membros das duas comunidades que dela fazem parte. Mas algo que muito me marcou já no primeiro contato com o presidente da paróquia e pastor mentor, foi que eles me valorizaram como estudante em estágio. Eles não me consideraram como "mão-de-obra barata"! A paróquia, mesmo me oferecendo um auxílio financeiro básico, assumiu integralmente o papel de me ensinar, de colaborar para a minha formação. Lembro-me das palavras do Sr. Wilson Krüger, presidente da paróquia na época: "Marcio! Não se preocupe com o trabalho em primeiro lugar, preocupe-se, em primeiro lugar com o seu aprendizado aqui conosco, com tudo o que pode aprender de seu mentor, de nós e, ao mesmo tempo, tudo o que também pode compartilhar conosco. O trabalho virá como

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consequência disso". De imediato, fiquei um pouco espantado, pois estava "munido" de muita vontade para começar a trabalhar ou, como dizem popularmente, "colocar a mão na massa". Nas duas primeiras semanas apenas fui apresentado oficialmente em cultos e grupos das comunidades e acompanhei meu mentor de estágio. Em seguida, aos poucos, fui assumindo tarefas, conforme o pastor mentor ia me sugerindo, mas nunca impondo. O pastor Rolf, em sua vasta experiência, consequência de anos de ministério, sempre me deixou livre para também, na medida em que eu me sentia seguro, ir assumindo programações diversas. Apenas quis compartilhar isso como exemplo de uma paróquia e pastor que realmente se preocuparam com a formação de mais um obreiro para nossa querida IECLB. O que também é motivo de muita alegria e, principalmente, motivação do estudante em estágio. Muitos estudantes têm experiências muito importantes para a sua vida ministerial. Num estágio se aprende aquilo que se deve ou não se deve falar e fazer. Neste período, os estudantes também podem passar por situações agradáveis e alegres, mas também por dificuldades das mais diversas, de acordo com a personalidade do estagiário ou da comunidade que o recebe. Um fator que também é muito importante para o estudante de teologia observar no estágio é seu chamado e vocação para o ministério da pregação da palavra e da administração dos santos sacramentos de

acordo com o evangelho, ou das funções referentes aos demais ministérios missionário, catequético ou diaconal. É no período de prática na comunidade e no confronto com as realidades das pessoas que o estudante pode perceber se tem ou não esta vocação ao ministério ordenado. Mas sua opinião somente não basta. Importante é ouvir o mentor, os presbíteros e os membros da comunidade. Falo isto, pois muitos fatores pessoais ou psicológicos (como medo, insegurança, dentre outros) podem fazer com que o estudante se ache incapaz para o ministério, enquanto que a essência: chamado e vocação de Deus, conhecimentos bíblicos e teológicos, oratória e uma boa prática comunitária acaba sendo omitidas ou desprezada por isso. Exercer um ministério ordenado na igreja, apesar de ser uma profissão, é antes de mais nada uma vocação. Aliás, para nós, luteranos, toda a nossa profissão é (ou deveria ser, a partir do ensino bíblico de Lutero) compreendida como uma vocação, exercida a partir dos dons que Deus nos concede. Meu desejo é que você, caro leitor, cara leitora, se tem se sentido chamado ao serviço na igreja, em especial em nossa IECLB; se você concorda com o nosso ensinamento bíblico-teológico e nosso jeito de ser, celebrar e proclamar a Jesus Cristo como único Senhor e Salvador; e se este seu chamado é voltado a um ministério ordenado na igreja para trabalhar na função pastoral, missionária, diaconal ou catequética, então vá em frente!

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Procure seu pastor ou pastora, converse, busque também a opinião de outras pessoas: familiares, amigos, presbíteros, membros da comunidade de fé, e busque também o Senhor em oração. E se assim estiver firme este compromisso entre você e Deus em seu coração, então procure uma das casas de formação teológica reconhecida por nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Lembre-se desta passagem de Jesus: "E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos" (Mt 9.37). O autor é Bacharel em Teologia e estuda na Faculdade Luterana de Teologia, em São Bento do Sul/SC

HUMOR Irritado com seus alunos, o professor lançou um desafio: – Aquele que se julgar burro, faça o favor de ficar de pé! Todo mundo continuou sentado. Alguns minutos depois, Joãozinho se levanta. – Quer dizer que você se julga burro? – perguntou o professor, indignado. – Bem, para dizer a verdade, não! Mas fiquei com pena de ver o senhor aí, em pé, sozinho! ***** O pai do Joãozinho ficou apavorado quando este lhe mostrou o boletim. – Na minha época, as notas baixas eram punidas com uma boa surra. – Legal pai! Que tal pegarmos o professor na saída, amanhã? ***** Na escola, a professora explica: – Se eu digo “fui bonita”, é passado. Se digo “sou bonita”, o que é, Joãozinho? – É mentira...

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Amor inclui atitude e ação Julia Fortes Gonzalez

Um dia na "Diaconia"- um depoimento Faço parte de um grupo de "Diaconia" participar de perto nesta situação. (assistência aos necessitados), na Comu- Mas, ao mesmo tempo, temos muito a nidade Martin Luther, em Curitiba. agradecer à nossa comunidade, que nos Só depois que comecei este trabalho é que me realizei, pois me faltava algo, um trabalho direto com as pessoas, o que no meu grupo ocorre às sextas- feiras.

fornece tudo que é necessário (mantimentos, roupas, material de higiene e limpeza) para que possamos minimizar o sofrimento dessas pessoas.

Pela manhã, levanto e já me sinto feliz, pois é o dia em que encontramos nossas assistidas, famílias empobrecidas, às quais podemos passar um pouco de conforto espiritual.

Fazemos um café gostoso para recebêlas e distribuir os mantimentos e demais artigos de primeira necessidade.

É um trabalho, não vou dizer que fácil, mas necessário e urgente.

Nosso trabalho vai mais além. Acompanhamos suas vidas, para ver se as crianças estão na escola, se mantém a casa em ordem, para ajudarmos no que for necessário e estiver ao nosso alcance.

Sempre quis ajudar, mas não conseguia... Aí, tenho que lutar contra minha sensibilidade ! Quase desisti em meu primeiro encontro, quando uma moça de 20 anos desmaiou na nossa frente. Comoveu-nos, quando começou a contar sua estória. Ela tem duas crianças pequeninas e trabalha, juntando papel e latinhas para sustentá-las. É ajudada por nossa comunidade com roupas e mantimentos. Dói muito ver e

Emociona-me ao ver a alegria estampada em seus olhares!

Vamos ter atitude, vamos agir! Há muita gente em dificuldades e podemos amenizar suas dores, seus problemas, com FÉ e AMOR. Lembremo-nos sempre: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu... (1 Pedro 4.10). A autora é dona de casa e reside em Curitiba/PR

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Big Bang ou Criação? Lindolfo Weingärtner

A revista VEJA, em sua edição de 25 de junho de 2008, publicou um longo e bem ilustrado artigo, que deixou muitos leitores meio "pendurados". O artigo tenta resumir os resultados das pesquisas mais recentes de astrônomos e cientistas nucleares, traduzindo as fórmulas científicas dos homens da ciência para uma linguagem mais concreta, compreensível ao leitor comum. Um pequeno resumo do artigo: O cientista Edward Hubble já em 1929 havia constatado que todas as estrelas e as galáxias do universo se iam afastando umas das outras. Ele e seus colegas concluíram (deixando o filme do universo rodar para trás, por assim dizer) que mais ou menos doze bilhões (doze mil milhões) de anos atrás, o universo deve ter sido do tamanho de um pontinho minúsculo, mil ve-

zes menor do que um núcleo atômico. Este pontinho explodiu. E foi o começo de todas as coisas. Os astrônomos chamaram o fenômeno (por ora, uma hipótese, produto de cálculos matemáticos) de "big bang", o "grande estalo", e o classificaram de "singularidade", quer dizer: de fenômeno que aconteceu uma só vez, que não dava de enquadrar nas leis de causa e efeito, de gravidade, etc - que hoje regem o universo. Dentro de frações de segundo, esta energia inconcebível se teria descarregado, teria explodido, por assim dizer, transformando-se em partículas subatômicas, mais tarde em átomos de hidrogênio e em elementos mais pesados e complexos. Tempo e espaço se teriam formado com o próprio estalo, já que "antes" não existiam. E em seguida, aquele universo, pro

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duto do estalo, foi evoluindo, impelido pelas leis surgidas com aquela "singularidade", e, afinal, deu no que deu: deu no mundo que nós conhecemos (ou afirmamos conhecer) hoje. Deu no planeta Terra, na vida vegetal e animal que cobre a sua face, e deu em nós, os humanos. Tudo por acaso. Deus? Ele parece estar sobrando. Nós perguntamos: como é que a teoria do Big Bang combina com o relato da criação de Gênesis 1 e 2, se é que combina? Nossa resposta não será apenas motivada por curiosidade científica. Ela mexe com nossa fé. Um certo tipo de ciência descrente hoje perturba a paz de espírito de nossos filhos, que ouvem no colégio ou na universidade que a história bíblica da criação do mundo por Deus é coisa antiquada, e que dá de explicar tudo pelas leis naturais. Uma coisa, a meu ver, que não deveremos fazer na discussão do tema com um cientista descrente: tratar o relato do Gênesis como se fosse uma reportagem. Uma reportagem está interessada em fatos secos. Quer satisfazer a curiosidade dos leitores. Em Gênesis 1 e 2 nos é apresentada uma visão de tudo que existe, inclusive de nós mesmos. Esta visão não quer satisfazer nossa curiosidade, antes quer derrubar nosso orgulho, nossa autossuficiência, nossa tentativa de viver sem Deus. A linguagem do relato bíblico é visionária, é profética. É uma linguagem superior. Deus fala, e as coisas acontecem. A cobra fala. O primeiro casal cai na tentação, depois se esconde de Deus. Nós sentimos: isso não é linguagem de reporta-

gem. Algum repórter já ouviu uma cobra falar? Ou poderia ele dizer que tudo que Deus criou é bom? Não quer ser tomado ao pé da letra, mas, antes, "ao pé" ou, melhor, "ao ouvido" do espírito. Não é apenas linguagem figurada, é a linguagem do essencial. Deus não quer que eu aprenda com Gênesis 1-3, qual o método, a sequência e a duração de suas obras, mas que aprenda que tudo é obra dele, no passado, no presente e no futuro, que ele é o Senhor do mundo para todo o sempre, e que ele é meu Senhor, não a serpente semeadora de dúvidas. Acho que Lutero acertou em cheio a interpretação do relato da criação, quando afirma, na explicação do primeiro artigo do Credo Apostólico: "Creio que Deus me criou a mim, e todas as criaturas, que ele me deu e ainda conserva corpo e alma... por isso é que lhe devo gratidão e obediência..." Quanto aos fatos da criação: o cristão não anda na contramão das verdades científicas. Nesta questão, as igrejas, no passado, já tomaram atitudes muito erradas, por exemplo, quando condenaram pessoas sérias como Copérnico e Galileu Galilei por terem afirmado que não é o sol que

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orbita em redor da terra, mas que é a terra que orbita ao redor do sol. O cristão não combate fatos (se forem fatos comprovados). Fatos são coisa da criação. "Nada podemos contra a verdade, mas apenas em favor da própria verdade" (2.Co 13.8). O que o cristão combate é a interpretação descrente de fatos. O como da criação de Deus, ele deixa por conta dele mesmo. Se os "seis dias" da criação do mundo foram etapas de bilhões de anos, mesmo se tudo começou num pontinho só, isso não tira nada da verdade bíblica. Pelo contrário. Só um Deus Todo-Poderoso poderia ser o Senhor de um universo de 13 bilhões de anos de história e de duzentos bilhões de galáxias, cada uma com cem bilhões de estrelas como o nosso sol. O que de fato é coisa da serpente, é afirmar que as coisas se deram por si mesmas, que, afinal, tudo não passa de um processo casual, no qual não há espaço nem necessidade para Deus. Sem Deus, nada faz sentido. Nem o universo, nem o ser humano. Usando um pouco de malícia, poderíamos afirmar que em nossa imaginação também poderemos reverter o processo de crescimento de uma criança, fazer o filme da vida dela rodar para trás. Enquanto ela crescia, igualmente todas as partes dela se foram afastando umas das outras. Conclusão: no passado, em algum tempo, uma pessoa humana deve ter par-

tido de um pontinho só. E é a pura verdade. Um óvulo humano fecundado tem o tamanho de uma cabecinha de alfinete. Mas afirmar que este pontinho explodiu, casualmente, e que deu no que deu - isso seria um contrassenso não só teológico, mas também lógico. Que coisa magnífica é imaginarmos que o tal do pontinho do big bang (se de fato as coisas se deram daquele jeito) foi algo semelhante a um óvulo fecundado, no qual Deus já havia esboçado o seu plano de um mundo cheio de maravilhas, um mundo que culminaria em Jesus Cristo, com a criação do ser humano destinado a ser sua imagem! O enigmático pontinho que explodiu. Sem este pontinho, os cientistas do big bang estão perdidos. Porque um pontinho pode explodir. O nada não pode. O mundo não pode ter surgido do nada. Certos cientistas têm um horror do nada. Porque com o nada, cálculos e hipóteses chegaram ao fim da picada. Mas Deus é Deus! Na carta aos Hebreus (11.3) diz que ele criou o universo do nada. Mesmo o "pontinho" ele criou, se foi de fato assim que o universo surgiu de suas mãos. O pontinho "preexistente" revela a contradição, a falta de uma lógica básica de um sistema científico que tenta imaginar o universo sem Deus.Graças a Deus que podemos continuar a confessar, confiadamente: "Creio que Deus criou a mim e a todas as criaturas!" O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC

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BRASÍLIA: 50 anos de existência e 41 anos de presença da IECLB Ricardo Dalla Barba

O dia 21 de abril de 2010 marca o 50º aniversário de inauguração de Brasília, a capital do Brasil. Uma data importante para os brasileiros, especialmente para os de mais idade, ou seja, os que viram a cidade ser erguida e que acompanharam o seu crescimento. Quando recebemos visitantes estrangeiros em nossa cidade-capital, percebemse reações que variam da incredulidade à admiração quando lhes falamos das peculiaridades desta cidade: quando contamos que, há 55 anos, nada havia neste planalto que não fosse natureza, ou seja, não havia um único sinal da presença humana nesta grande área que hoje marca o centro governamental do país; ou

quando se menciona que a cidade fora projetada para ter 500 mil habitantes na virada do milênio e hoje tem quase 2,5 milhões; que possui uma frota de automóveis que superou a marca de 1 milhão em outubro de 2008; ou ainda que o Plano Piloto, centro administrativo do país, é a menor região administrativa do Distrito Federal e está cercado de cidades como Taguatinga e Ceilândia, que juntas perfazem mais de 1 milhão de habitantes. Poucos brasileiros sabem alguns detalhes sobre a construção de Brasília. Por exemplo: a decisão de mudar a capital do Rio de Janeiro para o interior do país já figurava na Constituição de 1891; o projeto

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urbanístico de Lúcio Costa foi apenas um dos muitos que foram apresentados para a construção da nova cidade; e Oscar Niemeyer projetou apenas os prédios e não o traçado das ruas e praças. Apesar de ter apenas 50 anos, Brasília possui vários museus e locais nos quais é possível acompanhar os fatos, os desenhos e os rostos que construíram a cidade. Também poucos sabem que Brasília é a única cidade construída no século XX que é considerada patrimônio cultural da humanidade em sua integralidade. Esta condição garante que o Plano Piloto será respeitado em sua organização viária, habitacional e de alocação de setores que hoje possui. Muitos perguntam: Brasília é uma cidade boa para se viver? É interessante notar que as opiniões variam do amor incondicional pela cidade a uma repulsa exagerada. Praticamente não há indiferença! Os que amam Brasília gostam dos seus espaços, de suas áreas verdes, seu ar não

poluído e, especialmente, do seu clima. Os que detestam a cidade acusam-na de ser uma cidade impessoal, onde ninguém é vizinho de ninguém, longe do mar, árida na época seca, onde ninguém anda a pé! É verdade: na escola aprendemos que os seres humanos se dividem em cabeça, tronco e membros. Em Brasília, eles se dividem em cabeça, tronco e rodas, porque tudo é longe e o transporte individual é a regra. Portanto, não há mesmo muita oportunidade de encontrar as pessoas, como nas cidades em que se anda a pé! Nesta cidade rotulada de impessoal, e a qual muitos acusam de concentrar os males do país - como se fosse a cidade e não os administradores, os seres humanos, os responsáveis por eventuais erros - nesta cidade criou-se, em 1969, uma comunidade da IECLB, por iniciativa e visão dos dirigentes da Igreja da época. Os mais velhos talvez ainda lembrem que foi feita uma campanha nacional de arre

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cadação de fundos para que a IECLB pudesse erguer um templo na capital federal: como em outras situações semelhantes, houve quem criticasse a iniciativa e houve quem a abraçasse com força. Assim, em 20 de abril de 1969, em cerimônia festiva e marcante na capital de então, foi inaugurado o templo que ainda hoje serve à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (CECLB). Naquela época, dezesseis famílias constituíram a Comunidade, dando-lhe personalidade jurídica e reunindo os poucos luteranos que então ali se congregavam. O templo é constituído de sete tendas de concreto aparente – tendência arquitetônica da época –, fechadas na frente e nos fundos apenas com vidros: incolores na frente; vitrais ao fundo. O templo representa as sete igrejas do Apocalipse, simbolizando a totalidade das raças, cores e povos que certamente afluiriam à capital do país e lembrando a cada pessoa, que ali adentra, que "somos apenas acampantes neste mundo: vivemos em tendas, pois não temos aqui morada permanente". Os vidros na frente e nos fundos permitem a passagem da luz, dando ao conjunto uma sensação de leveza e transparência. Para quem já olhou o texto introdutório da Bíblia editada pela IECLB, identifica imediatamente uma fotografia do interior do nosso templo. Pois assim como a cidade cresceu, também a Comunidade de Brasília cresceu e se expandiu para outras localidades do entorno: das 16 famílias originais, a CECLB conta 308 famílias ou 855 almas (segundo dados da estatística anual de 2008).

Mas a comunidade não cresceu apenas em número, como também espalhou seus trabalhos por outras localidades. Ao longo do tempo, obreiros e leigos de Brasília auxiliaram na criação de comunidades luteranas em Ceilândia, Formosa, Cristalina, Paracatu e mesmo em localidades mais distantes como Goiânia e Barreiras. Também, bem cedo, no ano de 1972, a CECLB envolveu-se no trabalho diaconal, criando, com o apoio da Kindernothilfe, o Centro Social Luterano "Cantinho do Girassol", o qual atende, desde então, as necessidades de pessoas carentes da Ceilândia e arredores. Mais tarde, no início dos anos 90, criou o Centro Social Luterano "Casa da Esperança", também em Ceilândia. Hoje, ambas as casas possuem praticamente vida autônoma, com orçamentos e financiadores próprios, embora estejam juridicamente subordinadas à Comunidade. Tal como Brasília acolheu gente vinda de todas as regiões do país e também do estrangeiro, também a CECLB serviu de porto referencial para gente vinda de todos os lugares. E ao contrário da impessoalidade de que se acusa a cidade, a Comunidade de Brasília é reconhecida como uma comunidade acolhedora e que dá espaço à variedade de dons e de características das pessoas. Aqueles que já tiveram a oportunidade de visitar a CECLB ou mesmo de serem membros dela durante algum tempo, podem corroborar esta característica: visitantes são saudados com canções; novos membros são oficialmente acolhidos; aniversariantes são saudados com oração de bênção no culto dominical. Esta característica

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desenvolveu-se, com o passar do tempo, com base na percepção de que, ao mudarem para Brasília, as pessoas singulares e as famílias deixavam para trás suas relações familiares e as amizades. A CECLB passaria a ser o espaço em que as crianças encontram novos tios, avós, primos e amigos; as pessoas singulares encontram referência espiritual, comunhão e um ombro amigo.

Ao comemorar 40 anos, a CECLB inaugurou novas dependências administrativas e seu salão comunitário, porque constata-se – com júbilo – que as instalações construídas em 1969 não são mais suficientes para o grande número de pessoas que a Comunidade hoje reúne e as atividades que desenvolve. Brasília pode até ser uma cidade fria e impessoal, mas a Comunidade Luterana quer fornecer acolhimento, espaço e vida. O autor é presidente da Comunidade de Brasília, representante do Sínodo Brasil Central no Conselho da Igreja e membro da diretoria do CI

HUMOR Hospital psiquiátrico - O teste da banheira Durante a visita a um hospital psiquiátrico, um dos visitantes perguntou ao diretor: – Qual é o critério pelo qual vocês decidem quem precisa ser hospitalizado aqui? Respondeu o diretor: – Nós enchemos uma banheira com água e oferecemos ao doente uma colher, um copo e um balde, e pedimos que a esvazie. De acordo com a forma que ele decida realizar a missão, nós decidimos se o hospitalizamos ou não. – Entendi, – disse o visitante – uma pessoa normal usaria o balde, que é maior que o copo e a colher. – Não, – respondeu o diretor – uma pessoa normal tiraria a tampa do ralo. O que o senhor prefere? Quarto particular ou enfermaria? Dedicado a todos que escolheram o balde. A vida tem muito mais opções. Abra a sua mente e passe a enxergar novos horizontes.

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110 anos de OASE No ano em que comemoramos os 110 anos da OASE, queremos entoar o hino que expressa as palavras do Salmo 100, o Salmo da OASE. 1. Ó terras, todas celebrai! Com júbilo ao Senhor cantai! Apresentai-vos com louvor, servi-lhe em alegria e amor!

3. Seu povo somos, sua grei! Deus, por seu Verbo, sua Lei, nos pastoreia sem cessar; jamais nos há de abandonar.

2. Lembrai-vos: O Senhor é Deus! Seu nome adoram terra e céus. Não és teu próprio criador, pois tudo deves ao Senhor.

4. Por suas portas, vinde, entrai; ações de graça lhe ofertai! Entrai com salmos de louvor no tempo santo do Senhor!

5. De geração em geração perdura sua compaixão. Seu santo nome bendizei; a vida em graças lhe rendei. HPD I – Hino 238

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OS OBJETIVOS DA OASE • Proporcionar um crescimento e fortalecimento da fé em Jesus Cristo. • Enfatizar o estudo da doutrina da nossa Igreja. • Proporcionar um ambiente de acolhimento mútuo. • Levar a mulher a valorizar-se a si mesma, aceitando-se como um ser feito a imagem e semelhança de Deus. • Apoiar a mulher, ajudando-a a encontrar soluções para seus problemas. • Incentivar o desenvolvimento dos dons pessoais. • Integrar a mulher na Igreja, acentuando a sua participação e capacidade de decisão. • Encorajar a mulher a testemunhar a sua fé. • Oferecer à mulher condições para perceber a realidade que a cerca e incentivá-la para uma ação responsável no presente, visando também as novas gerações. • Preparar a mulher para um trabalho diaconal. DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO DA OASE período de 2009 a 2013 PRESIDENTE: Elsa Eneli Müller Janssen Rua Professor Milton Sullivan, 151; Bairro Carvoeira; 88.040-620 Florianópolis SC; Fone: 48 - 3234 6389; Cel. : 48 - 9969 0747; e-mail: elsajanssen@bol.com.br VICE-PRESIDENTE: Rejane Beatriz Johann Hagemann Rua Lindolfo Dietrich, 80; Bairro La Salle; 85.505-220 Pato Branco PR; Fone: 46 3025 3787; e-mail: rejanehagemann@hotmail.com SECRETÁRIA: Wilhelmina Kieckbusch Rua Frederico Luebke, 83; 89.036-410 Blumenau SC; Fone: 47 - 3329 1984; e-mail: casakieckbusch@yahoo.com.br VICE-SECRETÁRIA: Olga Kappel Roque Rua Jacob Antônio Scoralick, 61; Bairro Bairu; 36.050-180 Juiz de Fora MG; Fone: 32 - 3225 7671; e-mail: olga_kappel@yhoo.com.br TESOUREIRA: Teresinha Metzker Rua Julio Scheidemantel, 310; 89.120 000 Timbó SC; Fone: 47 - 3382 0511; Fax: 47 - 3382 0854; e-mail: metzker@tpa.com.br VICE-TESOUREIRA: Dirce Schitkoski Rua Major Cândido Cruz, 311; Jardim dos Bancários; 84.172-370 Castro PR; Fone: 42 - 3233 3742; Fax: 42 - 3232 4441; e-mail: tiazeliaradio@hotmail.com SECRETÁRIA ADJUNTA: Gudrun Braun Rua Dr. Satamini, 75/601; 20.270-232 Rio de Janeiro RJ; Fone/Fax: 21 - 2254 2860; e-mail: gudrunbraun.braun@gmail.com ••• 74 •••


Como incentivar o hábito da leitura em crianças A responsabilidade em estimular o hábito da leitura nas crianças é dos pais e da escola. Temos que entender que gostar de ler não é um dom, mas um hábito que se adquire. • Comece desde cedo a apresentar os livros para as crianças. Deixe que seu filho leia com você as historinhas que você conta para ele. Eles precisam ver as letras e olhar as figuras para irem tomando intimidade com a dinâmica da leitura. Não esqueça de usar diferentes entonações de voz para fazer com que a história chame mais a atenção. • Escolha uma escola onde o hábito da leitura é levado a sério e que disponha de uma boa biblioteca. • A partir de mais ou menos 6 anos, comece a ajudar seu filho a montar a sua biblioteca pessoal, com gibis, livros infantis, enciclopédias, jornais etc e tomar gosto em ir a bibliotecas e livrarias para

escolher e folhear livros e revistas. • Ajude seu filho na interpretação das histórias. Conversem sobre livros, artigos de jornais e revistas, mas sem a cobrança como se fosse corrigir uma lição de casa ou tomar matéria. • Não tente impor horário para leitura ou limitar a televisão, vídeo game ou Internet. Se a escolha não for dele, pode começar daí um ódio eterno pela leitura. • Não despreze nenhum tipo de leitura. Se seu filho só lê a parte de esportes do jornal, comece a comentar assuntos que se encontram próximos a este caderno do jornal e vá estimulando-o cada vez mais a começar a ler outras partes. Atenção: Dê o exemplo. Pais que não leem não podem querer que os filhos leiam. As crianças tendem a imitar os pais em seus hábitos. Fonte: http://www.sabido.com.br

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Como ser feliz no matrimônio Friedrich Gierus

Silvana ainda estava muito agitada quando foi dormir. Não conseguia adormecer. Sonhava de olhos abertos. Seus pensamentos mexiam com ela num vaivém multicolorido. Silvana não conseguia parar de pensar em Marcelo. Era o garotão que hoje, pela primeira vez, chegara na sala de aula. E logo que conversaram, os dois sentiram uma atração irresistível um pelo outro. Isto era amor à primeira vista? Silvana não sabia. Apenas percebia que algo maravilhoso acontecera em sua vida. A adolescente tinha dificuldade em administrar seus sentimentos. O namoro A experiência de Silvana é natural. Deus criou as pessoas assim. Homem e mulher receberam o dom especial do amor. O interesse pelo sexo oposto, portanto, não é algo proibido ou pecaminoso. Ao contrário, é um dom de Deus a ser usado e administrado de forma responsável. Nem sempre o forte sentimento por uma determinada pessoa surge tão subitamente quanto no caso de Silvana e Marcelo. Às vezes, a descoberta do(a) parceiro(a) de vida é um acontecimento lento e cresce aos poucos, culminando no desejo de compartilhar a vida inteira em conjunto. O casamento O processo de aproximação entre homem e mulher é maravilhoso e tende a levar à relação sexual. No entanto, os namorados precisam dar-se conta de que este

passo é um comprometimento de vida. Porque sexo não é um artigo de consumo descartável, mas sim, surge da vontade de viver em conjunto. O casamento tem suas raízes no namoro. Torna-se fato consumado quando homem e mulher unem suas vidas na relação sexual. Pois neste acontecimento revelam para o(a) parceiro(a) o íntimo de seus sentimentos. Abrem suas vidas em confiança total para celebrar a comunhão mais profunda de que dois seres humanos são capazes de vivenciar. Este comprometimento recebe caráter oficial quando assumido e firmado, na presença de testemunhas, em cartório. O casamento na igreja é uma confirmação deste comprometimento público perante Deus e a comunidade presente. Na bênção matrimonial Deus, por sua vez, compromete-se a acompanhar o casal, santificar e fortificá-lo em seu propósito de fidelidade recíproca, em tempos de alegria e em tempos de crise. Vida matrimonial ameaçada Infelizmente cresce o desinteresse pela vida matrimonial legalizada. Por que será? É porque está na moda? Talvez as pessoas não saibam mais administrar conflitos? Quem sabe talvez nisto se espelhe uma certa dose de egoísmo, que teme o comprometimento total. Mantém-se o pé entre a porta para fugir mais fácil da responsabilidade. Assim cresce o número de mães solteiras que têm dificuldade de

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educar os filhos na altura das necessidades deles. As famílias se desintegram. Crianças crescem sem carinho e fora do ambiente familiar intacto. O sexo vira droga negociável. Neste contexto o cristão tem uma boa oportunidade de assumir uma atitude de testemunha que aponte para a vontade do Criador. Pois Deus criou o homem e a mulher de tal forma que encontram, na vida matrimonial, um caminho para a plena felicidade. A arte de conviver em matrimônio Quem casa, entra num processo de aprendizagem. Ainda que cada casal tenha sua própria história, sua característica individual e seu ambiente peculiar, existem dicas que podem ajudar a todos na busca de uma vida matrimonial feliz: 1 - Respeito mútuo: Deus criou o homem e a mulher à sua imagem. Ambos receberam a mesma dignidade. A diferença do sexo, do físico, da estrutura emoci-

onal entre homem e mulher enriquecem e complementam a comunhão no matrimônio. Por isso, os cônjuges só podem ganhar ao respeitarem as peculiaridades de cada um. 2 - Diálogo: Não há convívio sem comunicação. Poder falar sobre nossos sentimentos, sobre nossas experiências e sobre tudo que nos interessa, faz parte da autorrealização. Por isso, valorize o diálogo! À medida que trocamos idéias, aprofundamos o conhecimento mútuo e entendemos melhor o mundo do(a) parceiro(a). 3 - Confiança: Comunhão entre pessoas humanas somente é possível na base da confiança. Ela cresce a partir da sinceridade. Nossas palavras e nosso comportamento têm que ser coerentes com nosso sentimento de amor pelo(a) companheiro(a). 4 - Perdão: Ninguém é perfeito. Por mais que amemos nosso(a) parceiro(a), come

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temos erros e dizemos palavras que irritam ou ofendem. Assim, surgem tensões e desentendimentos que somente podem ser superados pelo espírito de reconciliação. O perdão é o remédio que cura estas feridas e possibilita a continuação da vida matrimonial. Conceder perdão e aceitá-lo é uma arte de vida que o amor de Cristo ensina. 5 - Vida sexual: O sexo tem seu lugar legítimo no matrimônio. Ele faz parte do dom de amor que recebemos do Criador. A felicidade no matrimônio depende de uma vida sexual que satisfaça ambos os cônjuges. Neste campo há muita falta de conhecimento e diálogo. Para que haja uma educação sexual libertadora, há necessidade de um diálogo entre pais e filhos e, sobretudo, entre os parceiros. A busca de orientação junto a pessoas capacitadas e de confiança, bem como a leitura apropriada, também são caminhos para a solução dos nossos problemas. 6 - Filhos: Uma das afinidades que Deus colocou no relacionamento sexual é a geração de filhos. Isto capacita homem e mulher para constituir família. No entanto, importa que o casal meça sua capacidade econômica, verifique as condições de espaço físico de sua moradia, o ambiente familiar. Existem técnicas naturais, mas também meios medicinais que permitem o controle da natalidade. O abuso de anticoncepcionais na sociedade não deve impedir o uso responsável sob orientação médica. Na educação dos filhos, homem e mulher entram num novo estado de aprendiza-

gem, que pode ser maravilhoso e muito enriquecedor. Para tal, é preciso buscar aconselhamento junto a profissionais. Fé e amor O amor é como o motor de um carro. Assim como o motor depende da energia da bateria, nosso amor necessita de uma fonte de força que nos permita levar as cargas uns dos outros. Encontramos esta fonte na fé alimentada pela palavra de Deus. Jesus Cristo nos orienta: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei" (João 13.34). Este amor possibilita a comunhão entre as pessoas e, especificamente, no convívio matrimonial. Precisamos alimentar este amor. Precisamos da fé que nos fortifica. A palavra de Deus quer e, realmente, pode nos orientar neste sentido. Por isso, é imprescindível que o casal se dedique diariamente à leitura bíblica, à oração em conjunto e que busque a convivência com os irmãos na fé. Onde isto acontece, é construído um fundamento forte para aquele amor que possibilita respeito mútuo, facilita o diálogo, gera confiança, dignifica a vida sexual e leva à felicidade no matrimônio e na comunhão da família. O autor é pastor emérito e reside em Blumenau/SC Observação: Este texto também pode ser obtido em forma de folheto no Centro de Literatura Evangelística: folhetos@ centrodeliteratura-ieclb.com.br

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1999 – Declaração Conjunta – 2009 Meinrad Piske

O dia 31 de outubro é o Dia da Reforma, celebrado nas comunidades luteranas em todo o mundo. É o dia em que lembramos a publicação das 95 teses de Martim Lutero, que deu início ao movimento da Reforma da Igreja. Isto aconteceu no ano de 1517. Já existe no mundo inteiro um movimento para preparar condignamente os 500 anos deste acontecimento em 2017. O dia 31 de outubro tornou-se simbólico para as igrejas que têm sua origem histórica na Reforma. O movimento da Reforma chegou ao seu auge no ano de 1530, 13 anos depois da publicação das 95 teses. Diante do Imperador Carlos V, durante a Dieta de Augsburgo, os príncipes que haviam aderido ao movimento da Reforma apresentaram o documento que se tornou conhecido como "Confissão de Augsburgo". É uma exposição dos principais assuntos da doutrina. Este documento é adotado pelas igrejas luteranas como expressão da fé. Augsburgo, tal como o dia 31 de Outubro, tornou-se símbolo das igrejas luteranas. Tragicamente, o ano de 1530 marca também a cisão da Igreja. A dieta do Império, que deveria realizar a união, foi o marco da desunião. Desde então, luteranos e católicos formam igrejas distintas. Unindo estes dois marcos, foi assinada há dez anos a Declaração Conjunta entre luteranos e católicos romanos sobre a doutrina da justificação. Foi no dia 31 de outubro de 1999, na cidade de Augsburgo. Pela Igreja Católica Apostólica Romana assinou o documento o Cardeal Cassidy

e, pela Federação Luterana Mundial, seu Presidente. Também assinaram o documento, na mesma ocasião, os Vice-Presidentes da Federação, entre eles o então Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, P.Huberto Kirchheim. Porque a doutrina da justificação? Esta doutrina teve importância central para a Reforma luterana do século XVI. Era considerada o "primeiro e principal artigo" e, simultaneamente, "regente e juiz sobre todas as partes da doutrina cristã". Assim está escrito no preâmbulo da Declaração. Como resultado dos diálogos bilaterais em andamento, a Declaração afirma no parágrafo 14: "O ouvir comum da boa nova proclamada nas Sagradas Escrituras e, não por último, os diálogos teológicos de anos recentes entre as igrejas luteranas e a Igreja Católica Apostólica Romana levaram a uma concordância na compreensão da justificação". Assim, a Declaração pode afirmar no parágrafo 15 - e esta é a afirmação central de todo o documento - o seguinte: "Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo que nos renova os corações e nos capacita e chama para boas obras."

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O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC


5 de junho – Dia do Meio Ambiente A preocupação deve ser diária, principalmente levando em conta a situação catastrófica pela qual passa o planeta, mas o dia 5 de junho foi escolhido pela ONU para ser a data em que a preocupação com o meio ambiente seja a principal atividade. Criada em 1972, a comemoração foi assinada durante a abertura da Conferência de Estocolmo sobre o tema, junto com uma outra resolução que criava o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês).

Mas o que fazer efetivamente para contribuir? Não é necessário inscrever-se numa ONG e, no período de férias, se embrenhar na Amazônia para cultivar sementes. Pequenas ações do cotidiano ajudam a reverter o quadro em que se encontra a natureza. Um novo mundo é possível e só depende de nossas atitudes. As mais simples delas, como fechar a torneira ao escovar os dentes, ou apagar as luzes em cômodos em que não há pessoas. Oficina das Palavras - news

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA NT – CARTAS DE PAULO Colaboração: P. Irineu Wolf

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HORIZONTAIS 1. Bebida típica, de cor escura, produzida no Brasil. 5. Convicção religiosa. 7. Uma das Cartas (Epístolas) do Ap.Paulo (9 letras). 10. Estado dos Alagoanos (Sigla). 11. As 1ªs letras de "Lóbulo" e "Íleo", partes da orelha e da bacia, respectivamente. 12. Provedor da Internet. 14. Prefixo de "Polígrafo". 16. Idêntica; Igual; Semelhante. 18. Consoantes de "Tosa"(Corte da lã nos ovinos). 19. A primeira letra da "Palavra". 20. Avó na língua alemã. 21. Litro (Abrev.). 22. Mostro com orgulho. 25. As vogais da "Preá"(roedor do sul do Brasil). 26. Personagem bíblico que construiu a Arca (escrito ao inverso). 27. Preposição que designa local. 28. As consoantes de "Foto". 29. As consoantes de "Tino", o mesmo que juízo, tato... 30. A 3ª pessoa do indicativo do verbo ser (pl.); Sadio. 32. Grupo de Estudos de Astronomia (Entidade sediada em Florianópolis-SC). 33. A 7ª nota musical (escrita ao inverso). 34. Extra Terrestre (Abrev.). 35. A 11ª letra do alfabeto. 36. As consoantes de "Sisa", Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. 37. Carta (Epístola) do Ap.Paulo (as 4 primeiras sílabas ). 40. Artigo Definido Masculino (pl.). 41. Cidade dos Caldeus na Mesopotâmia, às margens do Rio Eufrates. 42. A 1ª sílaba de "Ósculo", beijo respeitoso (Ósculo Santo). 43. Carta (Epístola de Paulo (7 letras). ••• 83 •••


VERTICAIS 1. Uma das Cartas (Epístolas) do Ap.Paulo(11 letras). 2. Brisa; Infla os pulmões. 3. Carta (Epístola) do Ap.Paulo(10 letras). 4. Conhecido nome de Sal de Frutas. 5. Carta (Epístola) do Ap.Paulo(7 letras). 6. As vogais de "Neon". 7. Conquisto, colho, aprendo. 8. Carta (Epístola) Pastoral de Paulo (7 letras). 9. Afirmação. 13. Carta (Epístola) do Ap.Paulo (7 letras). 15. Litro (Abrev.). 17. Sadia. 23. Tocantins, Estado Brasileiro (Sigla). 24. O "Norte" (Abrev.). 25. Carta (Epístola de Paulo (7 letras). 29. Carta Pastoral de Paulo (4 letras). 31. Registro do assunto de uma Reunião. 32. A consoante que se repete no "Gago". 35. Semente, grão, cereal, centeio (na língua alemã). 38. Satélite natural da Terra, romantizado pelos amantes. 39. A consoante que se repete no "Nono", avô em italiano.

SOLUÇÃO NA PÁGINA 151

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Epifania A palavra "epifania" vem do grego epiphaneia (aparecimento), e refere-se ao Dia de Reis (6 de janeiro). A origem desta festa do "aparecimento do Senhor" é provavelmente egípcia. Pesquisadores sugerem que a seita cristã-gnóstica dos "basilidanos" festejava neste dia o batismo de Jesus no rio Jordão, já no século III, pois considerava esta a data da verdadeira concepção e nascimento de Cristo.

magos" que vêm adorar o menino Jesus no início da Idade Média. O Evangelho de Mateus (2.1 -12) também não menciona "reis" e nem o seu número, três; apenas se fala em "sábios" do Oriente. Os nomes dos três "reis" só aparecem pela primeira vez em 560, sobre o mosaico de um artista desconhecido, em Ravena (Itália): Gaspar, Melquior e Baltazar.

A festa original do nascimento e batismo só se tornou a comemoração dos "três reis

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Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács


Eu cuido... Elfriede Rakko Ehlert

Deus, o Criador, confiou ao homem um jardim e lhe deu a ordem de cuidar dele (Gênesis 2). Esta ordem continua válida para mim, que não sou nem teóloga nem cientista. Não importa como foi a evolução. Acredito que o "cuidar" está, assim, dentro de nós. Todos nós cuidamos de alguma coisa, ou de alguém. Na nossa vizinhança vive uma senhora de idade; poderíamos até chamá-la de "velhinha". Tem paixão pelo seu jardim. Cultiva as mais diversas flores, num caos maravilhoso, sempre oferecendo mudas a quem passa e lhe dá atenção. Fica triste, quando não aceito. Ela, talvez melhor do que muitos, tenha compreendido o que seja preservar o meio ambiente, a nossa maravilhosa natureza. Outros cuidam da casa, do carro, com todo esmero e dedicação. Entre os animais apreciados, o cachorro ocupa um lugar de destaque. Alguém se expressou assim: "Desde que conheço os homens, amo o meu cachorro". No ano 2008, havia uma exposição no museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, com trabalhos de pacientes da Dra. Nise da Silveira, também alcunhada de "psiquiatra rebelde". Chamou atenção que no tratamento dos doentes mentais, o cachorro ajudava. O doente cuidava do cachorro e este cuidava do doente. Inúmeras pessoas curtem a companhia e amizade deste animal. Cuidar de coisas, de plantas, de animais é algo louvável.

Seres vivos alegram e enriquecem o nosso convívio Mas os seres vivos são constantemente ameaçados por doenças e morte. Inúmeras pessoas realizam um serviço dos mais sublimes. Abdicam de uma vida própria para dedicar-se exclusivamente a pai e mãe que não podem mais viver sozinhos. Estamos mal preparados para isso, pega-nos sempre de surpresa. De repente o avô, a avó, a mãe, o pai ou mesmo jovens são surpreendidos: acontece um acidente, um ferimento, ou qualquer desgaste físico ou mental. As pessoas só conseguem movimentar-se com dificuldade ou só se alimentam, com a ajuda de outros. Sentem-se fracassadas, inúteis, abandonadas; queixam-se de Deus e do mundo. Suas lamentações e lamúrias enchem quartos e salas, não só de hospitais. Aí surge a grande tarefa para nós: dar assistência e estar do lado, animando e, às vezes, até divertindo-a com criatividade; tirá-la sempre de novo do fundo do poço. Segundo a opinião de um médico psiquiatra, o que ele faz não é curar no sentido de tirar a doença, mas no sentido de assistir, estar do lado. Poderíamos agora citar inúmeros exemplos de pessoas por nós visitadas que têm um anjo da guarda ao seu lado, parente ou não, que dia após dia está aí, dando banho, comida na boca, trocando fraldas, tirando da cama, colocando de volta, dando todo tipo de apoio com carinho, esquecendo-se de seus próprios desejos.

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Preciso mesmo citar um nome? Estas pessoas são para mim os verdadeiros heróis da vida; não aqueles que se destacam numa guerra, mas na luta diária de assistir pessoas com necessidades especiais.

Para esta missão sublime, mais cedo ou mais tarde nós somos chamados. E tomara que possamos dizer: "Sim, eu cuido!", mesmo quando a pessoa fica ranzinza no seu desespero e se revolta contra tudo! Mesmo assim eu assumo: "Eu cuido!" A autora é professora aposentada e artista plástica e reside em Curitiba/PR

HUMOR Divisão Professor: O que devo fazer para repartir 11 batatas entre 7 pessoas? Aluno: Purê de batatas, professor! Verbos Professor: Se és tu a cantar, dizes: “eu canto”. Se for o teu irmão que canta, como dizes? Aluno: Cala a boca, Alberto! Castigos Aluno: Professora, alguém pode ser castigado por uma coisa que não fez? Professora: Não. Aluno: É que eu não fiz os trabalhos de casa! Conjugação Verbal Professor: Joaquim, diga o presente do indicativo do verbo caminhar. Aluno: Eu caminho... Ah, tu caminhas... Ah, ele caminha... Professor: Mais depressa! Aluno: Nós corremos, vós correis, eles correm! Tempo Verbal Professor: Chovia, que tempo é? Aluno: É mau tempo, professor!

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Família? Que família? Ruth Amanda Michel

Interessante! Apesar de todas as mudanças de comportamento no mundo, ainda tentamos definir "família" como sendo constituída por: pai, mãe e filhos! Como este conceito mudou! Parecia tão certinho, até correto, embora nem sempre fosse assim. Para a sociedade, isto é, para fora das quatro paredes da casa, uma família assim constituída era respeitada: não se olhava se havia realmente amor, diálogo, compreensão, cooperação. Creio que podemos definir família como um lar gostoso, onde reine o amor ensinado por Jesus Cristo, quando nos diz: "Amai-vos uns aos outros"! Mas, além disto, o que observamos é que esta definição tem concepções bastante diversificadas. Pessoalmente, conheci famílias muito diferentes. Algumas eram compostas de pai, mãe e 16 filhos, criados com farinha de mandioca e água. Iam crescendo, frequentando escolas simples, indo trabalhar, casando, tendo filhos, se separando... Mas, naquele lar inicial, de onde saíram (às vezes, para se juntar com outra pessoa, tendo filhos, perdendo emprego), todas as tardes aquele pai pobre trazia para sua casa meio saco de pão e colocava-o sobre a mesa, onde se encontravam café, margarina, leite, e todos podiam chegar e comer ao menos esta refeição. Não importava como

eram - casados, separados, se eram noras, filhos, netos, empregados, desempregados. Também não significa que não havia problemas, brigas, discussões, mas nunca se negava a volta ao lar simples. Ali não imperava a norma de cada um que fosse embora, que se virasse, tão comum em nossa sociedade hoje... Outras famílias eram compostas de mães que se tornaram "pai e mãe". Sofreram agressões de seus ex-maridos, vizinhos, família, mas continuaram cuidando dos filhos, com erros e acertos, trabalhando, nem sempre recebendo a parte que o pai teria que, por lei, contribuir. Quantos destes filhos se tornaram pessoas boas, honestas, amorosas, conseguindo formar, mais tarde, lares bonitos, cheios de amor - que receberam desta mãe (pai/mãe). Então, o que significa "família"? Penso que é um espaço para onde podemos voltar após um dia de trabalho, da escola e até de uma festa, e sermos recebidos com um olhar de carinho, onde podemos sentar e contar o que nos trouxe o dia lá fora - coisas agradáveis ou difíceis. Onde há convívio entre todos e com outras pessoas. Portanto, onde todos se sentem seguros e onde se aprende o respeito por pessoas e o amor de Deus.

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A autora é professora aposentada e reside em Curitiba/PR


Igreja de portas abertas Helga Maria Brandt

A Paróquia da IECLB em Timbó há alguns anos constatou que a missão da Igreja não se restringe à pregação da Palavra nem só a oferecer educação cristã e ajuda material. Há ainda outra necessidade básica: existem, cada vez mais, pessoas carentes na esfera psicológica, emocional e afetiva, pois vivemos um tempo marcado por correrias e agitação em que ninguém mais tem tempo para ninguém. Casais não dialogam, não se escutam; pais e filhos não têm tempo para conversar sobre suas incertezas, tristezas e frustrações; idosos não são ouvidos por falta de tempo e paciência por parte dos mais jovens... enfim, a vida é só correria, e as necessidades de todos de desabafarem, de serem ouvidos, não são supridas. Quando nos damos conta, estamos no fundo do poço, puxados pelas nossas frustrações, desilusões, desânimo, indiferença, preocupações e desacertos pessoais, familiares e profissionais. A quem recorrer? Sabemos, ou até esquecemos, que Deus, em Jesus Cristo, quer ser o amigo das horas certas e incertas.

Por nos amar, quer nos ver livres, confiantes, esperançosos, enfrentando o cotidiano com seus percalços com serenidade e amparados por seu amor incondicional. Com amor incondicional devemos entender que ele nos aceita assim como somos, com nossas falhas, inconstâncias e limitações, nos oferecendo perdão, alívio e aconchego a qualquer momento. A dificuldade é que, muitas vezes, se precisa de alguém que nos lembre de tudo isto e nos leve até Deus. Estamos tão abatidos que não temos mais forças. Quem poderia nos ajudar? Onde encontrar paz, calma, tranquilidade e alguém que nos escute, que procure nos compreender, nos aceitar, e conosco ir até Deus? Essa também é missão da Igreja: oferecer ajuda nesta ocasião. Os pastores da Paróquia de Timbó desenvolvem um trabalho de aconselhamento, mas o seu tempo é limitado por terem inúmeras atividades a serem cumpridas. Preocupada com seu papel missionário de ir ao encontro das pessoas em todas as suas necessidades, a Paróquia decidiu criar um

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programa chamado "Igreja Portas Abertas". A igreja central de Timbó, Igreja da Ressurreição, está diariamente com suas portas abertas para acolher quem busca um ambiente apropriado para se refazer de suas angústias, preocupações e incertezas, e poder relaxar, desabafar e orar. Como, muitas vezes, as pessoas, em momentos de crise gostariam de ter alguém que simplesmente as ouvisse, com quem pudessem desabafar, aliviar a sua carga, foi providenciada uma sala reservada para diálogo fraterno e contratado alguém especializado em aconselhamento. A catequista Helga Maria Brandt está nesta sala alguns dias por semana para ouvir, acolher, ajudar, enfim, servir de apoio e tentar suprir a necessidade momentânea, como também está disponível em qualquer horário, por telefone ou em sua residência. Este programa também é oferecido a empresas, onde ocasionalmente há algum funcionário desmotivado, não produzindo de acordo com sua capacidade por estar atormentado por problemas pessoais, conjugais, familiares ou até financeiros. Quando isto acontece, a empresa, através do seu Departamento Pessoal, entra em contato com a obreira, e ela, na

própria empresa, ouve o funcionário, procurando detectar sua necessidade, ajudando-o na busca por solução. As pessoas buscam auxílio no seu momento de desespero também por telefone ou indo à residência da obreira. Assim, o programa Igreja Portas Abertas vai além dos muros da igreja e de sua confissão religiosa. Inúmeras pessoas já foram auxiliadas por este programa e muitas outras poderiam ser alcançadas se buscassem ajuda, pois sabe-se que o desabafar, o ser ouvido, é terapêutico, como também é terapêutico saber que alguém ora com e pela gente. O objetivo maior de "Igreja Portas Abertas" é mostrar que Deus quer vir ao encontro das necessidades das pessoas, como Jesus diz em Mt 11.28: "Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes aliviarei". Para isto, Deus dá dons a pessoas que, por sua vez, os usam, tornando-se assim ouvidos, mãos, voz e colo de Deus, como bem mostra a foto ilustrativa acima e que serve de característica do programa.

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A autora é professora catequista da IECLB e reside em Timbó/SC


Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA AT – DIDÁTICOS Colaboração: P. Irineu Wolf

O povo fala com Deus através de cantos, de poemas e de orações. Assim nascem os Salmos e os Cânticos de amor declamados e cantados em Culto a Deus. Estes livros contêm o ensino transmitido de geração a geração através de provérbios e da sabedoria popular.

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HORIZONTAIS 1. Tipo de feijão com o qual se produz óleo, farinha, leite... 5. Chuva miúda, fina. 10. Livro de sabedoria prática - Salomão. 12. Nome comum de vários batráquios. 13. Figura da mitologia grega (tentou voar até o sol, mas a cera das asas derreteu). 14. A 3ª vogal. 15. O Dia "..." (Desembarque na Normandia). 16. Os hinos cantados pelo povo de Israel. 17. A vogal repetida na "água". 18. Pequeno roedor. 19. As consoantes de "Gota". 20. O 1° numeral cardinal. 22. Personagem de "O Guarani", deJosé de Alencar. 24. Que já existe há muito tempo. 28. Oklahoma Christian (Iniciais), Universidade de Oklahoma. 29. Cada uma das partes da Bíblia. 31. A 1ª vogal. 32. A consoante que repete no pedido de socorro. 33. A vogal do "Til". 34. A 3ª pessoa da Trindade (Abrev.). 35. O cântico dos Cânticos. 40. Passa, alcança algo para outrem. 41. Confissão de Augsburgo (Abrev.), escrito Confessional da Reforma. 43. A última vogal. 44. Assistente.

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VERTICAIS 1. Consoantes de "Separado". 2. Faz oração. 3. Livro profético do AT. 4. Expedir; preparar. 5. Relva; pasto. 6. Levanto a tampa. 7. Curso de água doce (pl.). 8. As vogais do ovo. 9. Habitantes da Ásia. 11. Livro do homem sem Deus. 16. São Paulo (Sigla). 19. Ridículo. 21. Aquela que tem filhos. 22. Nuvens de pó (pl.). 23. A 2ª vogal. 25. A consoante de "Nós". 26. As consoantes de "Tato". 27. Fábrica de Automóveis - EUA. 29. Forma simplificada de está. 30. O "Norte" (sigla). 35. Consoantes de "Cena". 36. Registro de uma reunião. 37. Consoantes de "Noras". 38. Atua. 39. A vogal do "Mel". 40. Pron.Pess., 1ª pessoa sing. 42. Brisa. 45. O "Sul"(sigla). SOLUÇÃO NA PÁGINA 151

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Jovem, cadê você? Marilei Lúcia Reinhold

A preocupação de uma mãe Filho, não esqueça os meus ensinamentos; lembre-se sempre dos meus conselhos. Os meus ensinamentos lhe darão uma vida longa e cheia de sucesso. Não abandone a lealdade e a fidelidade; guarde-as sempre bem gravadas no coração. Se você fizer isso, agradará tanto a Deus como aos seres humanos (Provérbios 3. 1-4).

Observando a vida da minha comunidade, tenho a impressão de que, hoje em dia, a igreja, na maioria das vezes, é procurada apenas para cumprir as necessidades da vida de um paroquiano. Quando pequenos, nos levam à pia batismal para sermos batizados, e para passarmos a ser membros daquela comunidade. Depois nos encaminham ao Culto Infantil, para ouvirmos histórias sobre Jesus. Quando estamos um pouco maiores, temos que frequentar o Ensino Confirmatório. Se não formos dois anos no Ensino Confirmatório, não seremos confirmados, e não teremos a tão sonhada festa. E parece que tudo acaba por aí. Minha

missão na igreja está cumprida! É o pensamento da maioria dos jovens que passam pela confirmação. O porquê desse afastamento brusco na vida da comunidade? O que tanto afugenta nossos jovens para não permanecerem mais em convívio com as atividades da igreja? Será que o pastor/a os amedrontou no Ensino Confirmatório? Será que a igreja ainda é vista como um lugar que dá medo? Ou será que os jovens não se sentem motivados na igreja para permanecer nela? Poucos grupos de jovens se veem hoje em dia, que após a confirmação permanecem unidos e ativos na vida de sua igreja. Poucos jovens se interessam pelo que

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acontece, ou de livre vontade oferecem ajuda à igreja. A igreja está aí, o pastor/a quer isso de você, jovem! Ele quer a sua presença na igreja. Lá você é ouvido e ajudado também. Não se sinta nunca abandonado ou discriminado. Seja qual for seu jeito, sua cor, seu pensamento, sua forma de se vestir... ali você tem lugar. Jovem, procure não esquecer dos ensinamentos que teve na igreja; eles não

foram apenas para aquela hora de você decorar e falar para o pastor/a. Eles são para toda a sua vida. E para manter eles sempre vivos em seu coração, continue participando de alguma forma em sua comunidade. Dê o melhor de si para manter a igreja viva, e não apenas continue o ciclo de procurar a casa de Deus quando for de sua extrema necessidade, para casar ou batizar seu filho. Marilei Lúcia Reinhold é secretária e reside em Blumenau/SC

HUMOR Na aula de Ciências Professor: Quantos corações nós temos? Aluno: Dois. Professor: Dois? Aluno: Sim, o meu e o seu! Dois alunos chegam tarde à escola e justificam-se 1º Aluno: Acordei tarde, professor! Sonhei que fui à Polinésia e a viagem demorou muito. Professor: Sei! Então tá, e tu!? 2º Aluno: E eu fui esperá-lo no aeroporto! Um aluno de Direito fazendo um exame oral Professor: O que é uma fraude? Aluno: É o que o Sr. Professor está fazendo. Professor: (muito indignado) Explique-se... Aluno: Segundo o Código Penal, comete fraude todo aquele que se aproveita da ignorância do outro para o prejudicar!

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Liberdade e Responsabilidade Silvio Meincke

O ARTISTA Antes de falar sobre o quadro acima, quero apresentar o seu autor. Lucas Cranach veio para a corte do príncipe Frederico o Sábio, em Wittenberg, no ano de 1505. Era casado com Barbara Brengebier, e o casal tinha 5 filhos e filhas. Ele exercia vários trabalhos, mas foi o seu atelier de artista plástico que o tornou importante para o Movimento da Reforma. Além de pintar seus famosos quadros, ele tinha uma adega de vinhos, uma farmácia e uma tipografia. Também foi prefeito de Wittenberg durante vários anos. TEXTOS E QUADROS Quando Martim Lutero foi para Wittenberg, os dois se tornaram bons amigos. Sem essa amizade, o Movimento da Reforma Protestante não seria o que veio a ser. A tipografia de Cranach imprimia e vendia os textos dos reformadores, e ele mesmo expressava em quadros e pinturas as ideias da Reforma. Todos po-

diam refletir sobre a fé e a confiança em Deus, assim como os reformadores ensinavam. Alguns preferiam a leitura, outros preferiam os quadros. O quadro acima encontramos, na sua versão original, sobre o Altar da Reforma, em Wittenberg. A COMUNIDADE À esquerda, vejo uma pequena comunidade reunida. O homem idoso, de barba e cabelos brancos, envolto em sobretudo imponente, é o próprio Lucas Cranach, que se desenhou como membro da comunidade. A mulher que está mais na frente, com uma criança no colo, é Catarina von Bora, a esposa de Martim Lutero. Homens, mulheres e crianças se encontram para ouvir o pregador, no alto, à direita. Uma das meninas, a que usa uma tiara para prender seus cabelos cor de fogo, olha para mim e me diz: O que estamos ouvindo tem a ver contigo. Isto está sendo dito para ti também.

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O PREGADOR Olho para o lado direito do quadro e vejo Martim Lutero no púlpito. Sua mão direita aponta para Jesus Cristo, no centro. Todas as pessoas olham para esse centro. Olham para o crucificado. O lenço branco, envolto na cintura de Jesus Cristo, tem um movimento dinâmico, quase fantástico, vivo, que prenuncia a ressurreição. O pano se move em ondas, na direção da comunidade, como para anunciar que o crucificado irá ressuscitar para as pessoas ali reunidas. Essas ondas do pano simbolizam as letras Alfa e Ômega, a primeira e a última letra do alfabeto grego, o início e o fim do alfabeto, para significar: Jesus Cristo é o início e o fim de todas as coisas. SOMENTE JESUS CRISTO Em torno de Jesus, Cranach desenha um grande espaço vazio. Espaço aberto, para liberdade de movimentos, para livre acesso ao Crucificado. Ele sozinho domina todo o espaço. Olhem, diz Lucas Cranach, entendam o que o meu amigo Martim Lutero nos quer dizer: Jesus Cristo é o centro da nossa fé e da nossa vida de cristãos. É para ele que devemos olhar. É com ele que devemos relacionar o que pensamos, o que sentimos, o que cremos, o que fazemos ou deixamos de fazer. Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o início e o fim, o centro da nossa vida. LIBERDADE E RESPONSABILIDADE Olha mais uma vez, diz o artista. Observa esse grande espaço livre. Nada e ninguém está entre ti e Jesus Cristo. Não pre-

cisas de intermediários, nem de pistolões e nem de santos; não necessitas de bispos e nem de papas, nem de ditadores e nem de doutrinas fundamentalistas que fazem a tua cabeça, nem de cartas de indulgência e nem de cartas de Tarô que te digam o que deves fazer. Não precisamos de nenhuma autoridade que imponha a sua verdade sobre a nossa verdade própria, porque buscamos a nossa verdade diretamente em Jesus Cristo. Podes tomar as tuas próprias decisões, orientadas no teu relacionamento livre e confiante com o Crucificado. Tens liberdade de pensamento e de decisão diante de Jesus Cristo que dirige para ti a sua fronte ensanguentada e coroada de espinhos. Diante do seu rosto, olhando para ele, em resposta a ele - em responsabilidade diante dele - é que tu podes orientar a tua vida livremente. Portanto: voltado unicamente para Jesus Cristo, estás livre de outros poderes, que querem ser teus senhores, e podes viver em resposta a ele, em liberdade e responsabilidade. FÉ ADULTA Devo confessar que a grande liberdade, o grande espaço vazio em torno de Jesus Cristo crucificado me assustam um pouco. A total liberdade me dá uma sensação de insegurança, como se eu fosse uma criança que precisa crescer, largar a mão do pai e o colo da mãe, pra tomar decisões adultas. Sinto a falta de protetores, de alguém que descida por mim, de alguém que me diga o que devo fazer, de alguém que vá à minha frente e abra a trilha. Dá-me vontade de sair procurando um "grande papai espiritual" que re

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solva as coisas por mim, que me diga o que é a verdade, o que é certo e errado. É um pouco assustador para mim descobrir que sou tão livre e que posso tomar as decisões em livre responsabilidade, em liberdade de consciência, apenas como resposta de fé em Jesus Cristo; que posso orientar-me somente nos seus ensinamentos, nas suas palavras, que acolho na minha confiança, sem ninguém que me sirva de bengala ou de tutor.

de consciência. Há dois perigos: 1) "Muito bem", poderia alguém dizer, "já que sou livre e ninguém tem o direito de mandar em mim, vou fazer o que bem entendo". Essa liberdade, sem responsabilidade, levará para a autodestruição. 2) Por outro lado, por ser incapaz de viver uma liberdade amadurecida e adulta, alguém poderá submeter-se novamente a qualquer autoridade da sua escolha. Assim, vai jogar fora a liberdade que Jesus Cristo lhe oferece.

LIBERDADE E RISCOS Lutero questiona todas as ordens que até então dominavam e aprisionavam a vida das pessoas: o poder da Igreja, o domínio dos príncipes e reis, os costumes e medos há muito enraizados na convivência humana, as superstições escravizantes. Muitas pessoas se perguntavam: E agora? Onde posso me agarrar? Qual o colo que vai me acalentar? Qual a autoridade que vai me premiar ou chicotear? Não poucos perderam a sua liberdade e voltaram a submeter-se a leis, a governantes, a cléricos ou professores autoritários, a seitas legalistas que passaram a decidir por eles; outros fugiram para as drogas ou para doutrinas fundamentalistas, porque não suportaram a liberdade.

A COMUNHÃO Cristãos libertos buscam a comunhão, em pequenos grupos de estudo e diálogo, nas reuniões da igreja, na convivência familiar, onde fortalecem e renovam a sua liberdade, onde crescem e amadurecem em diálogo, onde se enriquecem e se corrigem mutuamente, onde encontram orientação na troca de ideias e de experiências. Ali não haverá chefes e nem guardas da verdade que decidem sobre os demais. Todos são livres, e a palavra de cada um terá o mesmo peso. É na comunhão de irmãos e irmãs, onde Jesus Cristo é o centro, que o cristão liberto encontra o apoio, o aconchego, a segurança em liberdade, a mão e o colo que lhe darão orientação nos seus pensamentos e nas suas decisões.

DOIS PERIGOS Realmente, é preciso crescer e tornar-se adulto na fé, para viver em livre resposta

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O autor e pastor emérito e reside em Schwäbisch-Hall/Alemanha


Maria, a mãe de Jesus Dr. Osmar Zizemer

Uma tentativa evangélica de compreender o seu significado e importância Para nós protestantes - provenientes do movimento da Reforma - Maria, a mãe de Jesus, parece ser - num primeiro momento - uma questão de fé e de piedade católica (e ortodoxa), e não da fé evangélica. Afinal, nas igrejas evangélicas não se invoca a "Nossa Senhora" em oração, nem tão pouco estátuas da mesma nos mais diversos tamanhos e matizes estão sobre altares, em nichos de parede de igrejas ou em lugar de destaque em lares de fiéis.

bém recitamos o seu nome no segundo artigo do Credo Apostólico. Logo, Maria não é só "católica" e "ortodoxa". Ela também é "evangélica". A nossa diferença em relação a estes dois ramos da cristandade no que se refere a Maria está no modo como compreendemos o seu significado.

Mas Maria, a mãe de Jesus, tem um lugar nos textos do Novo Testamento. E nós tam-

Os textos mais significativos para tanto nós vamos encontrar em Lucas 1.26-55. Não há outros textos no Novo Testamento que façam afirmações mais profundas sobre o significado da mãe de Jesus para a fé em Jesus Cristo.

Para entender o real significado de Maria para a doutrina de fé evangélica, é necessário em primeiro lugar ouvir com cuidado os textos bíblicos. Pois estes são a base para a doutrina da igreja evangélica.

São três as subunidades deste trecho: a) V. 26-38 - O anúncio do nascimento do Filho de Deus pelo arcanjo Gabriel; b) V. 39-45 - A visita de Maria a Isabel; c) V. 46-55 - O cântico de Maria (Magnificat). Lucas 1.26-38 O arcanjo Gabriel tem uma mensagem da parte de Deus, que concerne somente a Maria, esta jovem mulher de Nazaré: Ela dará à luz um filho - e ele será o Salvador, o Messias que os profetas anunciaram. Este filho será o Filho de Deus - e ela o conceberá por intervenção direta de Deus (V. 35). Isto, aos olhos humanos é ••• 99 •••


impossível (V. 34: "Como será isto, se não tenho relação com homem algum?", diz Maria), mas para Deus não há impossíveis (V. 37). Neste milagre se manifesta o poder criador de Deus. Conceber Jesus é o milagre da criação de Deus, que o Senhor gera nela, e que somente ele pode gerar. E para este milagre Maria diz sim: "Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra!" (V. 38). Isto é fé em sua mais pura expressão. Fé em "Deus que vivifica os mortos e que chama à existência as cousas que não existem" (Rm 4.17). Este sim de Maria à sua maternidade é o seu sim a Deus. E o seu sim a Deus é ao mesmo tempo o seu sim para este filho singular. Em sua fé Maria oferece a si mesma, o seu próprio ventre para gerar o Filho de Deus (mesmo sob o risco de se envolver em um escândalo). Assim Maria se torna o protótipo, o exemplo para toda a fé, cristã, que depende e vive da graça de Deus. Lucas 1.39-45 Ao se encontrar com Isabel - mãe de João Batista -, sua prima, esta saúda Maria com as palavras: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto de teu ventre" (V. 42) . Tendo aceito a escolha e a incumbência divina de gerar o Filho de Deus, o Salvador, Maria recebe uma posição de destaque, uma posição singular entre todas as mulheres. E isto não por méritos próprios, mas pelo fruto singular de seu ventre: Jesus, o Filho de Deus. Por isso Isabel também chama Maria de "mãe de meu Senhor!" (V. 43). Quer dizer: Em primeiro lugar, Maria se destaca, ou melhor, é destacada entre as

mulheres, porque Deus lhe concedeu por graça a incumbência de gerar o Salvador. E em segundo lugar, ao aceitar em fé esta graça incumbente, ela se torna protótipo (ou arquétipo) de todos os que crêem. E por isto Maria deve ser louvada e respeitada, Lucas 1.46-55 O cântico de Maria - também conhecido como Magnificat - é um dos trechos mais sublimes da Bíblia, conforme Martim Lutero. Ele é, por assim dizer, a apresentação concentrada do evangelho de toda a história da salvação de Deus, como Maria mesma o experimentou como mãe de Jesus Cristo. Em Jesus Cristo Deus cumpriu o seu agir salvífico em misericórdia para com toda a humanidade. E tudo o que Maria canta no Magnificat, ela o canta falando de Deus e de seu agir, que ela experimentou em si mesma! Assim, neste salmo, Maria testemunha o agir salvífico de Deus que, pela graça, tomou o seu início em seu corpo. Portanto, conforme o evangelista Lucas, devemos falar de Maria sob dois enfoques: a) Como mãe do Filho de Deus por graça Maria é singular, diferente de todos os seres humanos; b) Como exemplo de fé, Maria é completamente humana e próxima de todos os seres humanos que creem. E é por isso que ela merece admiração e reverência. Tudo o mais que a Bíblia relata sobre Maria - sua proximidade com Jesus (Lc 2.41ss; Jo 2.1ss), sua dor pela paixão e morte de Jesus, sua presença na comunidade pós-pascal (At 1.14) - não tem importância e implicação para a salvação.

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Em três pontos a teologia da Reforma, a partir daí, difere fundamentalmente da compreensão de Maria: a) Num dogma formulado em 1854, a Igreja Católica Apostólica Romana ensina que Maria, desde a sua concepção, esteve livre do pecado original, e assim permaneceu sem pecado pessoal por toda a sua vida. E esta santidade pessoal de Maria foi a condição para que ela fosse escolhida para gerar do Filho de Deus em tudo igual aos seres humanos, porém sem pecado! b) Em outro dogma, formulado em 1950, a Igreja Católica Apostólica Romana ensina que, após a sua morte, Maria foi assunta ao resplendor celestial de corpo e alma, sendo o primeiro ser humano a alcançar a ressurreição e a bem-aventurança celestial dos últimos tempos. Mas isto não por méritos ou qualidades próprios, mas pelos méritos de Cristo. Ela é compreendida como aquela que, dentre todos os santos que já alcançaram a vida eterna, mais próxima está do Senhor Jesus. c) Na oração da Ave-Maria - que em sua primeira parte é uma saudação respeitosa a Maria - e em outras orações mariológicas a piedade católica invoca o auxílio da mãe de Jesus como intercessora e mediadora junto a Deus em Jesus Cristo. Aliás, algo semelhante acontece na piedade católica referente aos outros santos. O que se pode dizer sobre estas questões a partir da teologia e piedade evangéli-

ca? Quanto aos dois dogmas citados, é preciso afirmar claramente que eles não têm base bíblica. É difícil que um cristão evangélico possa se convencer de que estas afirmações dogmáticas resultam de um "olhar crente do todo do testemunho bíblico". Pelo contrário, eles têm suas raízes em testemunhos de piedade uns bons tempos posteriores aos escritos do Novo testamento. Quanto à Maria como intercessora e mediadora da salvação cabe dizer que a própria Bíblia é clara quando diz em 1 Tm 2.5: "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem." E nos escritos confessionais especialmente na Confissão de Augsburgo, Artigo 21 e na Apologia da Confissão de Augsburgo, é claramente rejeitada a prática da oração aos Santos. Na Apologia 21.14ss diz que - por maiores que sejam os méritos pessoais dos santos, eles não servem para mediar a salvação! Toda a confiança nestes méritos pessoais dos santos é sem base, traz insegurança às consciências e desvia a confiança de Cristo, direcionando-a a pessoas! É por isto que na caminhada da piedade das igrejas da Reforma a invocação de Maria e dos Santos muito cedo foi caindo em desuso. Em vez disto, a oração e a intercessão dos cristãos evangélicos se dirige a Deus, baseada na oração-modelo do Pai Nosso. O autor é pastor da IECLB e reside em Blumenau/SC

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Mensagens que circulam na internet Sem indicação de autores

Dicas para uma vida saudável Se você não se sente bem, busque a causa e, por meios naturais, procure corrigila. Se não souber como fazer, recorra a profissionais que possam ajudá-lo. Permita que seu corpo cure a si mesmo. Para isso, mantenha-o livre de produtos tóxicos e alimente-o corretamente. Desfrute do contato com a natureza, respire ar puro no campo, na montanha, na praia. O oxigênio é imprescindível para a vida. Use água abundantemente - fora (banhos, duchas) e por dentro - para manter o organismo perfeitamente hidratado e limpo e melhorar ou eliminar certas doenças. Sempre que puder, e com a devida proteção e cuidado, beneficie-se do sol. Procure realizar exercícios físicos diariamente, de acordo com seu gosto e possibilidade. Se não puder ter uma carga programada de atividade física específica, ao menos caminhe. Durma aproximadamente oito horas por dia. Dedique um dia da semana para descansar e regenerar a saúde mental e espiritual. Tire férias, pelo menos uma vez ao ano. Abstenha-se de todo tipo de droga. Volte a ser criança e recupere a capaci-

dade de admirar e descobrir a vida. Fortaleça a paz mental. Afaste as atitudes negativas, que prejudicam diversas facetas da saúde, e encoraje as positivas, que as beneficiam. Expresse seus sentimentos Deixe que a alegria ocupe sua vida e compartilhe-a com os seus semelhantes. Encha sua vida de amor. Convença a si mesmo de que isso pode ser uma realidade e você se converterá em um gerador de atitudes positivas. Aja com amabilidade e otimismo, criando um ambiente cordial e de aceitação mútua. Fortaleça a autoestima Conscientize-se de que a juventude não depende da idade, mas da atitude mental, da vitalidade do espírito e da fé no futuro. Cultive a esperança diante de novas expectativas e a alegria no modo de encarar a vida. Esqueça as preocupações - demorar-se em pensamentos negativos e preocupações provoca tensões internas e afeta o organismo.

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Ter razão ou ser feliz Oito da noite. Numa avenida movimentada, o casal já está atrasado para o jantar na casa de bons amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede que vire na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza que é à direita. Discutem. Percebendo que, além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com

dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: "Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais..." Ela diz: "Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão; se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!"

Palavras ao Vento Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto. Após muito sofrimento e humilhação, ele processou o homem. No tribunal, o homem disse ao juiz: - "Comentários não causam tanto mal..." E o juiz respondeu: - "Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho até sua casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!"

O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse: - "Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!" - "Não posso fazer isso, meritíssimo! O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!" O juiz respondeu: - "Da mesma maneira, um simples comentário que pode comprometer a moral de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!"

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Refinando a Prata Havia um grupo de mulheres num estudo bíblico sobre o livro de Malaquias. Quando elas estavam estudando o capítulo 3, elas se depararam com o versículo 3, que diz: "Ele assentar-se-á como fundidor e purificador de prata..." Este verso intrigou as mulheres e elas se perguntaram o que esta afirmação significava quanto ao caráter e natureza de Deus. Uma das mulheres se ofereceu para tentar descobrir como se realizava o processo de refinamento da prata e voltar para contar ao grupo na próxima reunião do estudo bíblico. Naquela semana esta mulher ligou para um ourives e marcou um horário com ele para assisti-lo em seu trabalho. Ela não mencionou a razão de seu interesse na prata. Apenas mencionou sua curiosidade sobre o processo de refinamento da prata. Enquanto ela o observava, ele mantinha um pedaço de prata sobre o fogo e deixava-o aquecer.

Ele explicou que no refinamento da prata devia-se manter a prata no meio do fogo, onde as chamas eram mais quentes, de forma a queimar todas as impurezas. A mulher pensou em Deus mantendo-nos num lugar tão quente; depois ela pensou sobre o verso novamente, que "ele se assenta como um fundidor e purificador da prata". Ela perguntou ao ourives se era verdade que ele tinha que se sentar em frente ao fogo o tempo todo em que a prata estivesse sendo refinada. O homem respondeu que sim; ele não apenas tinha que sentar-se lá segurando a prata, mas também tinha que manter seus olhos na prata o tempo inteiro em que ela estivesse no fogo. Se a prata fosse deixada apenas por um momento em demasia nas chamas, ela seria destruída. A mulher silenciou por um instante. Depois ela perguntou: "Como você sabe quando a prata está completamente refinada?" Ele sorriu e respondeu: "Oh, é fácil! Quando eu vejo a minha imagem nela."

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA NT – MATEUS ATÉ COLOSSENSES Colaboração: P. Irineu Wolf

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Horizontais 1. A consoante de Mãe. 2. Um dos símbolos sobre o altar. 6. Argola - Sustenta o pneu. 9. Antes de Cristo. 11. A certeza de coisas que não vemos (Hb.11). 13. Prenúncio do fruto. 14. Se alimenta. 16. A 3ª nota musical. 17. A 6ª nota musical. 18. Fileiras; Flancos de Exército. 19. As 3 primeiras letras de "Alread " (Já, em inglês). 21. A consoante de "Rua". 22. Uma das cartas do Apóstolo Paulo. 25. Repugnância; nojo. 26. Escola Pública Municipal (Iniciais). 27. A consoante que repete no "Google". 28. Pedido de socorro. 29. As vogais de "Uberlândia". 31. Fases leitura. 32. As consoantes de "Mesanino". 33. A consoante de "Lei". 34. A 1ª sílaba de "unção". 35. Imediatamente. 36. O mesmo que adição. 37. As consoantes de "Casa". 38. Faças a ornamentação. 40. A letra que indica uma conexão hidráulica. 41. As vogais de "Mãe"

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42. O Livro que relata a ação dos apóstolos. 43. Anfíbio anuro. 44. As consoantes de "Sósia". 45. As vogais de "bondade". 46. Período que corresponde a 1/12 do ano.

Verticais 1. A fêmea do macaco. 3. Uma das cartas do Ap.Paulo. 4. Decifra o que está escrito. 5. A 1ª vogal. 6. Alagoas ( sigla). 7. Lista. 8. Fazer oração. 10. Uma das cartas do Ap. Paulo. 12. A 2ª vogal. 13. Uma das cartas do Ap.Paulo. 15. Um dos 4 Evangelhos. 16. Um dos 4 Evangelhos. 20. Uma das cartas do Ap. Paulo. 23. Norte (sigla). 24. Sul (sigla). 27. Uma das cartas do Ap. Paulo. 30. A 3ª vogal. 31. Um dos 4 Evangelhos. 32. A irmã de Maria (amigas de Jesus). 35. Um dos 4 Evangelhos. 39. Ele construiu a Arca do Dilúvio. 43. Marcha que a moto não tem. SOLUÇÃO NA PÁGINA 151

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Missão Cumprida Hanny Taeshner Hopfer

A fundação ISAEC, fundada em 1977, está encerrando as suas atividades após trinta e três anos de existência. Os cinco últimos anos foram dedicados integralmente ao trabalho de divulgar e semear a mensagem do AMOR DE DEUS, através da música. Duzentos e trinta hinos foram gravados em CD's para alegrar e dar esperança aos corações que os adquiriram. Gostaríamos de agradecer a todas as paróquias, livrarias, obreiros e obreiras, secretárias que abraçaram este sonho conosco. Agradecer às críticas, que nos corrigiram, e, principalmente, agradecer muito as palavras de reconhecimento pela coragem de gravar somente hinos dos nossos hinários luteranos, muitos dos quais já esquecidos pelas nossas comunidades.

Cantar e ouvir os nossos hinos é como sentir-se UM POUCO NO CÉU. É o que sempre senti, cada vez que, sentada no estúdio de gravação por vários dias seguidos, ouvindo cada nota se juntar com outra, cada voz se unir a outra, e no final aquela mensagem maravilhosa DO GRANDE AMOR QUE DEUS TEM POR NÓS. Os maiores agradecimentos, porém são a Deus que nos deu esta coragem, iluminou os nossos pensamentos e as nossas ações, para que esta herança musical fosse reavivada. Que seus filhos possam cantar e ouvir a qualquer momento de suas vidas ESTES MARAVILHOSOS HINOS, que nós luteranos possuímos. Cantem junto com os nossos CD's, vocês irão gostar! A autora foi Presidente da Fundação ISAEC de Comunicação por 4 mandatos (16 anos)

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No verão, antes da colheita Hans Schmiedehausen

Pessoas agradecidas são mais felizes "O pão nosso de cada dia nos dá hoje" assim oram os cristãos no Pai-Nosso. Mas, qual o valor deste pão para nós? Lembro-me muito bem dos anos de fome depois da Segunda Guerra Mundial. Íamos aos campos recém-ceifados "catar espigas" e éramos gratos por cada grão recolhido. Nesse meio tempo, coisas tão simples como o pão tornaram-se evidentes para nós. Muitas pessoas afirmam que precisam apertar o cinto, poupar de todos os lados e virar cada moeda duas vezes antes de gastá-la. Mas o agradecimento por um pedaço de pão seco só existe ainda nos contos da carochinha. Será que somos gratos, ao menos, pelas muitas coisas cotidianas que recebemos, além disso? Ou vivemos sob o lema assustador de "quanto mais temos, tanto mais precisamos"?

Os salmos bíblicos encorajam sempre para o agradecimento por todas as coisas: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum só de seus benefícios" (Salmo 103.2). Na gratidão fundamenta-se e se encontra o alvo principal da fé bíblica. Isto eu não quero esquecer. Viverei muito mais contente quando não precisarei ter tudo que aparentemente se precisa. As outras pessoas perceberão quando eu me tornar agradecido e começar a compartilhar o que tenho com elas. E no fim, também a Terra de Deus sofrerá menos. Pois pessoas agradecidas vivem mais felizes, e pessoas felizes agridem menos o meio ambiente.

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Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács


Nosso compromisso ecumênico Pastor Presidente da IECLB Dr. Walter Altmann

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil tem, em sua Constituição, o compromisso ecumênico. Ela se entende como tendo um vínculo de fé com as igrejas que confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador, numa alusão explícita à base doutrinária do próprio Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Mas o ecumenismo responde, antes de tudo, a um dom divino e um mandato bíblico (João 17.21). Assim, a visão ecumênica não é algo opcional, mas algo essencial na vida da Igreja, se ela quer ser fiel a Jesus Cristo. Por isso, o ecumenismo é algo tão belo e apaixonante, mesmo que também se constitua numa jornada cheia de percalços e dificuldades. O ecumenismo conjuga a legítima diversidade com o empenho pela unidade e pela superação das divergências. Nisso, constitui, em si, um vigoroso testemunho para dentro de nosso mundo globalizado e de tantas formas excludente. Há multidões famintas, tanto no sentido material quanto espiritual.A elas somos devedores de uma testemunho com credibilidade da "razão da esperança" que há em nós e que provém de Cristo (1 Pe 3.15).

caminho comum de comunhão, testemunho e serviço. Inclusive, num mundo em transformação, como o é o mundo em que vivemos, o próprio movimento ecumênico passa por mudanças, demandando o que se tem chamado de "reconfiguração do movimento ecumênico".

Temos todos, naturalmente, profundos vínculos de fé, espiritualidade e ação com nossas respectivas igrejas. Mas nossas divisões são uma flagrante contradição a tudo que cremos, um escândalo, fruto do pecado humano. Por isso, nossas igrejas devem se deixar renovar em tudo aquilo que obstaculiza a vivência da unidade da família cristã, encontrando-se num

A motivação permanente do movimento ecumênico é o desejo de alcançar a unidade plena entre as igrejas e, a partir dela, tornarmo-nos instrumentos mais fiéis e eficientes do amor de Deus ao mundo. No amor de Deus, a ecumene se estende muito além das fronteiras das igrejas, abrangendo a humanidade inteira e toda a criação. Para as igrejas, o ecumenismo

Paralelamente às tendências globalizantes, temos atualmente também o fenômeno da fragmentação e do individualismo. Há hoje uma maior diversidade religiosa, mesmo no interior da cristandade, do que quando nossos pais vislumbraram a necessidade de um projeto ecumênico. É preocupante haver, inclusive, consideráveis forças que impelem igrejas até agora comprometidas com o ecumenismo, para fora dos organismos ecumênicos tradicionais.Contudo, essas tendências e a própria diversidade num mundo simultaneamente globalizante e conflituado, nada mais faz do que tanto mais necessário e urgente o ecumenismo. O maior desafio, portanto, consiste em manter viva em nossas igrejas a paixão pelo ecumenismo e encontrar caminhos criativos que renovem nossas próprias igrejas na jornada ecumênica comum.

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está baseado no dom da unidade que temos em Cristo, pela fé e pelo batismo. Enquanto assim peregrinamos, sobre essa base, já ensaiamos e experimentamos de

múltiplas maneiras a unidade. Adoramos a Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo, perfeita unidade e comunhão. Este artigo é parte do relatório do Pastor Presidente ao Concílio da Igreja em 2008

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Nosso tempo nas mãos de Deus Ako Haarbeck

Nós temos tempo, muito tempo, 24 horas todos os dias. Mas ele nos escorre entre os dedos. Às vezes, depressa demais; outras vezes, terrivelmente devagar, tanto que queremos até matá-lo. O que, na verdade, é o tempo? Ninguém sabe. O que o relógio bateu? Como se pode averiguar isso? Também os cristãos não conseguem resolver esse enigma. Mas para eles, uma coisa foi dita, que os ajuda a viver no tempo como seres humanos. Pela fé, eles sabem: 1. Deus é Senhor do tempo. Ele vive de eternidade a eternidade. Ele coloca o começo e o final. Todo o tempo está em suas mãos. E ele foi presenteado aos seres humanos por suas mãos. "Comprem todo o tempo" adverte a Bíblia. Usem-no para algo de bom. Alegrem-se com suas vidas, antes que chegue o dia da despedida. Pensem que cada ano é um ano do Senhor.Vocês vivem no ANNO DOMINI, tanto no velho quanto no novo milênio. E são responsáveis por ele perante o Senhor do tempo.

2. Deus começou um tempo novo. "Quando o tempo se cumpriu, Deus enviou seu filho," diz a Escritura Sagrada. No meio do tempo, que parece um círculo sem fim nem começo, Deus começou um tempo novo, inseparável do nome de Jesus Cristo. O ano 2000 é o ano 2000 depois do nascimento de Cristo. Com Jesus Cristo começou uma virada no tempo. O Cristo crucificado e ressuscitado foi enviado a todos os seres humanos, para que eles aprendessem a viver sob sua palavra e na força do seu espírito, em liberdade e justiça diante de Deus. 3. Deus dá um objetivo ao tempo. Ele dirige a história em direção a um alvo, que os seres humanos não podem atingir sozinhos: o novo céu e a nova terra, onde haverá justiça. Por isso ele insere no tempo a palavra da eternidade, o novo tempo de Deus. Por isso ele acende a esperança na vitória final do amor de Deus.

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Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács


Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA AT – PENTATEUCO E HISTÓRICOS Colaboração: P. Irineu Wolf

Os cinco primeiros livros formam o Pentateuco. Contam a história do surgimento do povo de Deus, seus costumes e suas leis. Os seguintes, relatam a maneira como o povo foi organizando a sua vida, e como se formou o Estado de Israel com um rei e um território. Um dos livros históricos ficou fora. Qual livro é este, que fala do relacionamento harmonioso com a sogra Noemi?

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HORIZONTAIS 1.Um dos livros históricos,(A volta da Babilônia). 7. As primeiras letras de "Ajudar". 10. Um livro do Pentateuco, contém as Leis do povo de Israel. 12. Aspereza, amargura. 14. A 3ª Pessoa da Trindade (Abrev.). 15. Convicção (Hb.11). 16. A consoante que repete no "Tatu". 17. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 19. Um dos livros Históricos (A reconstrução das muralhas de Jerusalém). 23. A 2ª vogal. 24. Aquela que é julgada. 25. A consoante da "Rua". 26. Aquela que tem filhos. 28. Segurou com uma escora. 32. A primeira de "Xerox". 34. Dois em romanos. 35. Um livro do Pentateuco. (contagem do povo de Israel). 37. Serviço Social (Iniciais). 38. As vogais de "Broa". 39. Litro (Abrev.). 40. As consoantes de "Data". 41. As consoantes de "Tomé". 43. O rato ... (quando se alimenta). 44. Um dos livros históricos (Da conquista da terra até a Monarquia). 47. A consoante do "Rei". 48. Livro histórico (Dos reis israelitas).

VERTICAIS 1. A 2ª vogal. 2. As consoantes de "Solar". 3. Livro do Pentateuco. 4. As consoantes de "Rever".

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5. Receptora; dama de companhia. 6. As consoantes de "Sótão". 7. Carne do lombo da rês. 8. Livro histórico (Invasão de Canaã). 9. Caixa de Auxílio Fraternal (Abrev.). 11. A 3ª vogal. 13. Livro do Pentateuco (Da Criação). 17. Livro histórico (A passagem dos Juízes para os Reis). 18.Membro importante das aves. 20. A vogal do "Bem". 21. Metro (Abrev.). 22. A vogal do "Sim". 24. Livro histórico (Fim do reinado de Davi e início de Salomão). 27. Livro do Pentateuco (Saída de Israel do Egito). 29. A consoante do "Céu". 30. Via pública. 31. Ondas Médias. 33. Livro histórico (A moça judia que se torna rainha casando com Xerxes, rei da Pérsia). 36. Consoante que repete em "Raro". 41. Giro turístico. 42. Regra; Diretriz; Mandamento. 43. Rua (Abrev.). 44. Iniciais do Salvador dos homens 45. Consoantes de "Zona". 46. Estado Catarinense (Sigla). 49. A vogal que repete na "Alma". 50. O Sul (Abrev.).

SOLUÇÃO NA PÁGINA 151

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O centenário do movimento ecumênico Meinrad Piske

2010 é o ano do centenário do movimento ecumênico. Em 1910, nos dias 12 a 23 de junho, estiveram reunidos na cidade escocesa de Edimburgo cerca de 1.200 representantes de Sociedades Missionárias e Igrejas. Esta Conferência é considerada como marco inicial do movimento ecumênico. Não foi a primeira Conferência Mundial de Missão, foi a quarta. A primeira foi realizada no ano de 1860 em Liverpool, a segunda em 1888 em Londres e a terceira no ano de 1900 em New York. Respeitando as diferentes convicções e formas de atuar das Sociedades Missionárias e das Igrejas, refletiu-se a partir de então muito sobre a passagem do Evangelho de João, capítulo 17,verso 21, onde Jesus diz, na oração sacerdotal "a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste". Nesta prece Jesus pediu que haja unidade entre os seus seguidores para que a missão não se torne questionável. Unidade de todos os cristãos e Missão são duas grandezas que andam juntas: "Missão e Unidade são assuntos de toda a Igreja Cristã." Impressionante foi que foram dois leigos, J. R. Mott e J. H. Oldham, que organizaram e dirigiram esta conferência. Eles também conseguiram aprovar a resolução de que uma comissão fosse eleita para dar continuidade aos temas estudados em Edimburgo.

Esta comissão conseguiu fazer com que fosse organizado em 1921 o Conselho Missionário Internacional, que desde então estuda e implementa os grandes temas da missão no mundo inteiro. Foi importantíssimo o seu desempenho na articulação e ajuda aos campos missionários, especialmente na África e Ásia, para se transformarem em igrejas com autonomia de decisão e de trabalho. Além disto, foi fundamental na organização do Conselho Mundial de Igrejas. A partir da temática que fora levantada na Conferência de Missão em Edimburgo surgiram mais dois movimentos, um denominado "Cristianismo Prático" e o outro "Fé e Constituição". Estes dois movimentos, juntamente com o Conselho Missionário Internacional, levaram à constituição do Conselho Mundial de Igrejas em 1948. Sobre este tripé – missão, engajamento social e reflexão teológica – o Conselho Mundial de Igrejas é formado hoje por 348 igrejas, que tem 590 milhões de membros em 110 países. A IECLB é igreja membro desde o ano de 1950. Já o primeiro Concílio, realizado naquele ano em São Leopoldo, solicitou a filiação ao CMI. Foi prontamente atendido. Hoje, o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, é o Moderador do Comitê Central e Executivo, cabendo-lhe presidir as reuniões destes dois Comitês. Ele também deverá presidir a próxima Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas.

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Poucas igrejas do Brasil participam como "igrejas-membros" do Conselho Mundial de Igrejas. São, além da IECLB, as igrejas Metodista, Episcopal Anglicana, Reformada e Presbiteriana Unida. Duas igrejas que não participam do Conselho

Mundial de Igrejas, com as quais a IECLB mantém diálogo fraterno e realiza diversos programas em conjunto, são a Igreja Evangélica Luterana do Brasil e a Igreja Católica Apostólica Romana. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC

HUMOR O marido decide mudar de atitude. Chega em casa todo machão e ordena: – Eu quero que você prepare uma refeição dos deuses para o jantar e, quando eu terminar, espero uma sobremesa divina. Depois do jantar você vai me trazer um whisky e preparar um banho, porque eu preciso relaxar. E tem mais: Quando eu terminar o banho, adivinha quem vai me vestir e me pentear? – O homem da funerária... – respondeu placidamente a esposa. ***** – Querida, o que você prefere? Um homem bonito ou inteligente? – Nem um, nem outro. Você sabe que eu só gosto de você. ***** Uma senhora vaidosa a um senhor sincero: – Que idade o senhor me dá? – Bem... pelos cabelos, dou-lhe vinte anos; pelo olhar, dezenove; pela sua pele, dezoito; e pelo seu corpo, dezessete anos! – Hummm, mas como o senhor é lisonjeador! – Nada disso, sou sincero... Agora, espere um pouco que vou fazer a soma...

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O dia de São João: 24 de junho João Batista nasceu mais ou menos seis meses antes de Jesus. Ele atendeu ao chamado de Deus, de levar o povo à expiação dos pecados e ao arrependimento. Os evangelistas relatam a prédica de João sobre o arrependimento (Mateus 3.7 - 10; Lucas 3.7 -14) e sobre o anúncio do Messias. O próprio João batizou Jesus no rio Jordão (Lucas 3.1-22). A festa no dia 24 de junho tem a ver com o solstício de inverno, que era comemorado tradicional-

mente com o acendimento das fogueiras de São João. Na Bíblia, o simbolismo da luz não é exclusivo do Natal. Na noite de São João, a luz da fogueira lembra simbolicamente também o Evangelho de João (1.6 - 9), quando ele diz de João Batista: " Ele próprio não era a luz. Ele apenas testemunhou a luz." Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács

HUMOR A pergunta do mecânico – e a resposta Um mecânico está desmontando o cabeçote de uma moto, quando ele vê na oficina um cirurgião cardiologista muito conhecido. Ele está olhando o mecânico trabalhar. Então o mecânico para e pergunta: – Ei, doutor, posso lhe fazer uma pergunta? O cirurgião, um tanto surpreso, concorda e vai até a moto na qual o mecânico está trabalhando. O mecânico se levanta e começa: – Doutor, olhe este motor. Eu abro seu coração, tiro válvulas, conserto-as, ponho-as de volta e fecho novamente e, quando eu termino, ele volta a trabalhar como se fosse novo. Como é, então, que eu ganho tão pouco e o senhor tanto, quando nosso trabalho é praticamente o mesmo? Então o cirurgião dá um sorriso, se inclina e fala bem baixinho para o mecânico: – Tente fazer isso, com o motor funcionando!

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O que o Domingo de Ramos tem a ver com ramos de palmeira? Christian Badel

Por que o Domingo de Ramos tem esse nome? Claro que ele tem tudo a ver com eles. Esse vínculo já tem uns 2.000 anos de idade. Assim como muitos outros feriados e festas, o seu nome vem da história cristã. Tem a ver com a última semana antes da Páscoa. A Bíblia conta a seguinte história: antes da festa judaica do pesach, Jesus entrou em Jerusalém, vindo do Monte das Oliveiras, no lombo de um burrico. Para a população, ele era o Messias, isto é, o seu rei e salvador. Eles se alegraram, jubilavam e estendiam suas roupas e ramos de oliveira e de palmeira sobre as ruas, para reverenciá-lo. As pal-

meiras eram consideradas árvores sagradas naquela época. Assim eram honrados reis e soldados vitoriosos. Era, portanto, algo muito especial ser saudado dessa maneira. Essa é a explicação para o nosso Domingo de Ramos. Mais tarde, desenvolveu-se também a tradição da procissão de Ramos, que acontece até hoje na Igreja Católica. Desde a Idade Média, as pessoas desfilam no domingo de Ramos com ramos de palmeira até a igreja, para benzê-los. Com o Domingo de Ramos, também chamado de Dia das Palmeiras, começa a Semana Santa. Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács

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O tamanho do Universo Kurt Rommel

O sol é tão grande, que mais de um milhão de planetas Terra caberia dentro dele. Ele está tão longe da Terra, que sua luz leva 8 minutos e 20 segundos para chegar até aqui. E a luz viaja perto de 300.000 quilômetros em um segundo. Portanto, a distância entre os dois corpos celestes perfaz mais ou menos 150 milhões de quilômetros. Para chegar à Terra a partir da Lua, a luz precisa apenas 1,3 segundos. De Vênus, a estrela da manhã e da tarde, a luz leva uns 2 minutos e 20 segundos para viajar até nós (distância: 41 milhões de quilômetros). Sírius é a estrela mais brilhante do céu. Ela está "apenas" a nove anos-luz de distância (portanto, a sua luz precisa nove anos para nos atingir). A luz das estrelas maiores da Ursa Maior precisa de 100 anos, a da estrela polar, 300 anos. Pertencemos, com nosso sistema solar, à Via Láctea, que vemos como uma densa faixa de estrelas no céu. O número de estrelas da nossa Via Láctea é calculado em torno de 100 até 200 bilhões, e seu diâmetro chega a 100.000 anos-luz na largura, e 10.000 a 15.000 anos-luz na altura. Outra galáxia que podemos ver a olho nu é a nebulosa de Andrômeda, cuja luz leva

cerca de 2,5 milhões de anos para chegar até aqui. Na opinião dos cientistas, existem cerca de 100 bilhões de diferentes sistemas estelares, ou galáxias, das quais apenas 1 por cento nos é conhecido. Dos sistemas solares mais afastados, a luz está viajando há 5 bilhões de anos, antes de chegar à nossa Terra. E o nosso Deus é o Criador de toda essa imensidão! Fonte: Kurt Rommel, (Der Morgenstern ist aufgedrungen) Tradução: Anamaria Kovács

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O trigo como símbolo da fertilidade e da vida Stefan Lotz

Na lavoura podemos observar o eterno ciclo de vida, morte e renascimento. O camponês nunca tem certeza se as sementes vão germinar, florescer e finalmente frutificar. Por isso, nossos ancestrais ligavam a arte da lavoura à influência divina. Poderes superiores devem ter ensinado aos homens esta capacidade. Para os gregos, era a deusa Demeter - cujo nome hoje é marca de alimentos naturais e saudáveis. Se o povo era abençoado pelos deuses, então a colheita seria farta. O trigo simboliza, com suas espigas, a fertilidade e

a riqueza. Representações de espigas e grãos de trigo são encontradas em moedas desde a Antiguidade até a era Moderna. A religião cristã interpretou o trigo como "pão da vida". Panos de altar e cálices são adornados com espigas. O próprio Cristo partiu o pão durante a Santa Ceia e disse: "Eu sou o pão vivo, que veio do céu. Quem comer deste pão, este viverá para sempre. E este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo." Ainda hoje, esta transformação é celebrada na sagrada eucaristia. Os primeiros grãos devem ter vindo de capim silvestre do Oriente Próximo. Povos nômades transportavam suas sementes em suas andanças. Os achados mais antigos vêm do Delta do Nilo (em torno de 4.000 a.C.). Na Europa, encontrou-se cevada e outro cereal datado de 3.000 a.C. O preparo deste alimento rico e saboroso também tem um longo caminho atrás de si: a princípio, fazia-se uma infusão com os grãos, crus ou torrados; mais tarde, eram comidos em forma de mingau, depois de batidos ou moídos. O chamado "pão sírio" é feito com massa sem fermento. Como farinha fina, em forma de pó com diferentes aditivos minerais, o grão de trigo é a base para as mais diversas receitas de pão. Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács

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Oração Acalme meu passo, Senhor! Desacelere as batidas do meu coração, acalmando minha mente. Diminua meu ritmo apressado com uma visão da eternidade do tempo. Em meio às confusões do dia a dia, dême a tranquilidade das montanhas. Retire a tensão dos meus músculos e nervos com a música tranquilizante dos rios de águas constantes que vivem em minhas lembranças. Ajude-me a conhecer o poder reparador do sono. Ensine-me a arte de tirar pequenas férias: reduzir o meu ritmo para contemplar uma flor, papear com um amigo, afagar uma criança, ler um poema, ouvir uma música preferida.

Acalme meu passo, Senhor, para que eu possa perceber no meio do incessante labor cotidiano dos ruídos, lutas, alegrias, cansaços ou desalentos, a tua presença constante no meu coração. Acalme meu passo, Senhor, para que eu possa entoar o cântico da esperança, sorrir para o meu próximo e calar-me para escutar a tua voz. Acalme meu passo, Senhor, e inspire-me a enterrar minhas raízes no solo dos valores duradouros da vida, para que eu possa crescer. Obrigado Senhor, pelo dia de hoje, pela família que me deste, meu trabalho e sobretudo pela tua presença em minha vida. Em nome de Jesus, Amém. Autor desconhecido

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Pastorado Escolar Raul Wagner

O Pastorado Escolar é um trabalho desenvolvido na Pastoral Escolar e exercido em tempo integral por um pastor ou pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, sob a orientação da Rede Sinodal de Educação. Tem a escola como seu campo de trabalho, reconhecendo-a como um ambiente pluriconfessional e multicultural. A partir das orientações emanadas do Conselho de Educação da IECLB, o pastor ou a pastora exerce a sua função na comunidade escolar atuando na poimênica, isto é, no ouvir e no aconselhamento pastoral de professores, alunos e familiares destes em suas dificuldades e dúvidas. Isto inclui visitas a alunos, professores e familiares, em caso de enfermidade, acidente, luto ou outra necessidade especial, seja nos hospitais, clínicas ou residências. Deve provocar a reflexão teológica-pedagógica da escola em postura dialogal com o Projeto Pedagógico da escola, garantindo a identidade cristã-luterana e desafiando a comunidade escolar para o testemunho público do amor de Cristo em palavra e ação. Este testemunho se dá por meio do trabalho voluntário, da postura ética, da aceitação das diferenças e dos diferentes e do compartilhamento de vida. Assim, a escola estabelece vínculos com a comunidade local, ecumênica e inter-religiosa. A atividade do pastor ou da pastora não deve ser de caráter proselitista, nem dar oportunidade para ocorrer discriminação em relação a não-luteranos. Também deve promover e fortalecer as inter-relações na comunidade escolar. Cabe aqui ainda o

assessoramento na orientação de encaminhamentos por parte da coordenação pedagógica e orientação educacional. Um outro compromisso é assessorar a coordenação pedagógica na área do Ensino Religioso. Seu trabalho deve ser junto ao professor ou à professora da disciplina, não devendo necessariamente assumir as aulas. Essa disposição não significa que deva permanecer fora da sala de aula; pelo contrário, é recomendável que tenha contato com o aluno na situação de sala de aula, o que poderá ocorrer, então, preferencialmente em outras disciplinas que não seja Ensino Religioso. Em cada escola, a Pastoral Escolar tem ainda como atividade a elaboração de momentos meditativos e celebrativos, apresentando mensagens para toda escola e em momentos especiais, como reuniões de professores, de pais, etc., incluindo a publicação dessas no site da escola. Fazem parte também cultos especiais. O pastor ou a pastora pode coordenar grupos de trabalho, ou trabalhos na escola ou a partir da escola. A Pastoral Escolar tem como compromisso auxiliar no cumprimento da missão, dos princípios e dos objetivos da escola, juntamente com a equipe pedagógica, sendo a voz pastoral que envolve tanto a dimensão de reconciliação e de anúncio quanto a profética.

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O autor exerce a função no Pastorado Escolar da Escola Barão do Rio Branco em Blumenau/SC


Relações ecumênicas com Igrejas e entidades Meinrad Piske

A Igreja não é uma ilha que vive para si mesma ignorando o que acontece ao seu lado. Está inserida numa grande comunhão de igrejas. Com muitas delas mantém relações de amizade e de cooperação, com outras tem dificuldades de relacionamento. Mas, em princípio, a IECLB é uma igreja com grande abertura

ecumênica. Tanto que na sua Constituição consta que "a natureza ecumênica da IECLB se expressa pelo vínculo de fé com as igrejas no mundo que confessam Jesus Cristo como único Senhor e Salvador". (Art.5º). A IECLB se relaciona com muitas igrejas e entidades eclesiásticas e ecumênicas.

Há um relacionamento fraterno com igrejas irmãs e entidades eclesiásticas no exterior. Todos estes relacionamentos têm acordos assinados. São os seguintes: 1 - EKD - Igreja Evangélica na Alemanha: a) Igreja da Baviera; b) Sociedade Martin Luther; c) Igreja do Norte do Elba; d) Obra Gustavo Adolfo; e) Obra Missionária da Baixa Saxônia 2 - Igreja da Noruega e Sociedade Missionária Norueguesa 3- Igreja Protestante nos Paises Baixos (Holanda) 4 - Igreja Evangélica Luterana na América 5 - Igreja Evangélica Luterana no Japão 6 - Igrejas Luteranas na América Latina 7 - Igreja Evangélica Luterana em Moçambique Com as seguintes igrejas e entidades no Brasil, a IECLB se relaciona: 1 - Igreja Evangélica Luterana do Brasil 2 - Igreja Episcopal Anglicana do Brasil 3 - Igreja Católica Apostólica Romana 4 - Sociedade Bíblica do Brasil 5 - Diaconia 6 - CESE 7 - Amencar

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Ela é membro da Federação Luterana Mundial desde 1952. O Pastor Carlos Bock é o representante da IECLB no Conselho desta entidade que congrega a maioria das igrejas luteranas do mundo. É a grande comunhão de igrejas que estão unidas pela mesma doutrina e vida eclesiástica. Participa ainda de três Conselhos de Igrejas, a nível mundial, na América Latina e Caribe e no Brasil. No Conselho Mundial de Igrejas - CMI, o Pastor Presidente Dr.Walter Altmann ocupa o cargo de Moderador, cabendo-lhe dirigir e coordenar as reuniões dos Comitês Central e Executivo, além de presidir a Assembleia. No Conselho Latino

-Americano de Igrejas - CLAI, o P. Nilton Giese da IECLB é o secretário executivo. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é presidido pelo 2º VicePresidente da IECLB, P. Carlos Moeller. Por ocasião do Concílio de 2008, 32 obreiros da IECLB estavam atuando em outros países, enquanto que 12 obreiros de igrejas de diversos países atuavam no Brasil em programas de intercâmbio. No relacionamento com outras igrejas nós aprendemos e somos gratos que podemos auxiliar com a nossa maneira de ser igreja no contexto brasileiro. O autor é pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC

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Ser membro da Igreja Evangélica Luterana da Venezuela – IELV Karin E.Ehlert de Giusti

Faz alguns dias, li o seguinte pensamento "Em cada corpo velho existe um espírito jovem, admirado com tudo o que passou" (Cora Harvey Amstrong). Realmente, quando me pediram para escrever um artigo sobre ser membro da IELV, pensei nos quase 30 anos que resido na Venezuela, e como minha vida durante todo este tempo esteve ligada à Igreja. Apesar de não me considerar ainda com um corpo velho, posso dizer, olhando para trás, que estou "admirada de tudo o que passou". Vir para a Venezuela, aos 23 anos, para acompanhar o meu marido Boris, realmente significou uma mudança profunda na minha vida, mudança da qual eu realmente não estava consciente. Simplesmente estava casada com um venezuelano, e o mais natural era acompanhá-lo ao seu país depois que terminamos nossos estudos universitários. Só ao estar aqui, acompanhada somente do meu marido e filha - bebê, foi que senti o peso da mudança radical. Outro país, outra língua (que eu entendia, mas não falava), outro modo de pensar, outra comida. Mas dentro de todos estes outros havia algo muito conhecido: a Igreja Luterana. Logo nas primeiras semanas fui ao culto, na Iglesia La Ressurección. Ali convivem várias comunidades chamadas étnicas: a alemã (Cong. San Miguel, estabelecida desde 1894), a letona, a

escandinava, a húngara e a espanhola. Estas congregações se estabeleceram durante a Segunda Guerra Mundial, com a ajuda do Nacional Lutheran Council (EUA), que pagou o primeiro pastor para estas igrejas. Mas foi realmente no ano 1952 que elas se reuniram para formar em Caracas o que até hoje é a Iglesia Evangélica Luterana La Ressurección. A primeira vez que fui, então, ao culto em alemão, e pude cantar nossos hinos tão conhecidos, a voz se me trancou na garganta, de tanta emoção. Eu imagino que esta sensação de familiaridade, de se sentir em casa, deve estar presente em todos os emigrantes, que sentem então a necessidade de participar ou fundar igrejas. Nos nossos primeiros meses na Venezuela, moramos à beira da praia, no interior do país, por questões de trabalho do meu marido, mas cada vez que vínhamos para Caracas, levava minha filha ao culto em alemão, na igreja de Caracas, que é realmente muito linda e aconchegante. Só quando depois de quase um ano nos mudamos definitivamente a Caracas, foi que pude me aproximar mais das atividades e descobri que existia também a Congregación La Reforma. Esta congregação de "habla española" foi fundada muito depois, e realmente foi pela necessidade de ter também uma comunidade

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para os casais, onde uma das partes não falava nenhum dos idiomas das congregações étnicas. Este era exatamente o meu caso. Comecei a me interessar pela vida comunitária que, comparada com a da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, de onde eu vim, realmente era de pouca atividade. Uma de minhas principais preocupações era o fato de se celebrar Escola Dominical (culto infantil) somente uma vez ao mês. Isto para mim era inconcebível. Fui convidada para participar como membro da "Junta Directiva"(Diretoria) da Reforma, cargo que aceitei, já que para ir ao culto em família tínhamos que ir ao culto em espanhol, porque meu marido não fala (até hoje) alemão. E minha principal luta foi organizar a Escola Dominical todos os domingos. Como tínhamos falta de professores, não tive outra opção que fazer o que me tinham sugerido: "Não temos professoras, se você quiser que tenha escola dominical todos os domingos, você mesma vai ter que dar". E foi exatamente o que fiz. Nesta época eu já tinha duas filhas, e a necessidade da educação cristã era agora dobrada. Nesta época, nosso pastor era Akos Puky, pessoa bem entusiasmada com o trabalho com as crianças. De muita ajuda foi o material para culto infantil que recebi da IECLB através do meu pai, Pastor Heinz Ehlert. Como isto funcionou e o número de crianças já era bem maior, começamos a pensar numa "escuela bíblica vacacional". Tive, nesta época, a ajuda da minha amiga Crista Schünemann, brasileira, filha do Pastor Schünemann, que estava por

uns anos na Venezuela, e com filhos na idade dos nossos. Como boa luterana, ela também tinha experiência de escolas bíblicas de férias, e assim, junto ao Pastor Puky, organizamos uma boa equipe. As primeiras canções foram compostas ou traduzidas de vários idiomas pelo Pastor Puky, um talento nesta área. Com muito entusiasmo, nós mesmos organizamos todo o tema, material, canções, preparamos professora e ajudantes, num árduo trabalho de pelo menos 5 meses. Durante os 11 anos em que participei desta atividade, chegamos a ter 5 grupos e a ter que fechar inscrições, por falta de espaço. Foi neste trabalho que me tornei muito amiga de Ruth Bethencourt (Q.P.D.), emigrante como eu, argentina e, além disso, presbiteriana. Como na Venezuela ela não encontrou igreja presbiteriana, também veio a fazer parte da "Reforma". Juntas, trabalhamos incansavelmente em várias áreas, chegando a ser ela presidente e eu, vice-presidente da comunidade. Mas ela também já era membro da Junta Directiva da IELV. A Iglesia Evangélica Luterana de Venezuela, na verdade, foi fundada em dezembro de 1952 como Consejo Luterano de Venezuela. Naquele momento, era uma necessidade das diferentes congregações na Venezuela contar com uma organização única. Eram as Comunidades de Caracas, Valencia, Barqusimeto, Maracaibo, San Cristóbal e Turén, e todas tinham uma forte influência alemã. Foi em 1985 que se constituiu finalmente a IELV, herdeira do CLV. Já em 1960, o CLV havia sido reconhecido pela

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FLM como representante de todas as Comunidades, mas somente no ano de 1990 foi oficialmente reconhecida pelo governo venezuelano. Por meio de Ruth Bethencourt foi que tive mais contato com os problemas da IELV, e finalmente fui eleita para o Consejo Directivo da mesma. Foram muitos anos de horas intermináveis de reuniões, resolvendo problemas, mediando conflitos, pensando em uma igreja mais forte e menos dependente dos fundos provenientes da FLM. Grande foi a ajuda que veio através do convênio com a Mision Finlandesa (MELF), que durante anos e anos enviou missionários e pastores à Venezuela, que participaram ativamente em todas as áreas desta jovem igreja. Tanto a Comunidade La Reforma em Caracas, como as mais jovens "Dios Proverá" no norte da cidade de Maracaibo (dedicada principalmente à etnia guajira), e "Casa de la Esperanza" estabelecida numa favela (aqui chamado barrio) na cidade de Barinas, receberam muita ajuda tanto de pessoal como financeira, mas também a obra que se iniciou no "Barrio

Tin Tin" em Barqusimeto como as obras sociais da Congregação de Valencia . O intercâmbio com as Igrejas irmãs da Argentina e Brasil possibilitaram que vários pastores fossem obreiros na IELV. Nossa atual presidente, Guillermina Chaparro, realizou seus estudos em São Leopoldo, e anteriormente também havia sido presidente o Pastor João Willig, enviado em seu momento à Congregação de Valencia. Lamentavelmente a política do atual e conflitivo governo nacional já não permite mais o visto de trabalho para a área eclesiástica. Isto está pondo o quase ponto final no intercâmbio com outras Igrejas para um trabalho mais continuado, o que nos põe à prova de conseguir novas soluções para os desafios de um país que se encontra totalmente polarizado do ponto de vista político. Esta polarização se sente também no âmbito da IELV, e somente os próximos anos dirão se somos capazes de, conforme era o objetivo principal quando se fundou a igreja, ter como base a "fé en Jesus Cristo" e servir a todas as nacionalidades e todas as pessoas. A autora reside em Caracas, Venezuela

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Solidão Bruno Gottwald

O ser humano é um ser essencialmente relacional. Relacionar-se com outras pessoas é uma necessidade existencial. Não admira que as pessoas costumem dizer "Ninguém é uma ilha" ou "Somos felizes no plural". No entanto, parece que, no tempo em que estamos vivendo, este relacionar-se com os outros tornou-se cada vez mais superficial. Por um lado, presenciamos hoje uma massificação muito grande. A pessoa não é considerada em sua individualidade, ela simplesmente desaparece na grande massa. Por outro lado, vivenciamos um individualismo nunca visto antes. "Cada um por si. Não me incomoda". Reside-se, muitas vezes, no mesmo edifício, e não se conhece o vizinho do andar debaixo. Cada vez mais pessoas relacionam-se, namoram e até fazem sexo virtualmente através do computador.

Embora o espaço geográfico encolha cada vez mais, cada vez maior número de pessoas dividam o mesmo espaço, estamos cada vez mais sozinhos, "cada um por si". Muitas vezes rodeados por pessoas, estamos sozinhos e presas fáceis da solidão. Solidão dói Devemos fazer uma diferença entre estar sozinho e solidão. Todos nós precisamos de momentos em que estamos sozinhos para uma boa leitura, para refletir, meditar, enfim, estar conosco mesmos. A solidão, no entanto, é algo que é percebido como uma experiência de abandono, de exclusão dos contatos e do convívio humanos, de ser deixado de lado. Esta é a solidão que dói. Dói muito. Principalmente quando estamos sofrendo com problemas, com perdas, com dificuldades e te

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mos que lidar sozinhos com os mesmos. Quando não temos ninguém para compartilhar aquilo que está nos machucando. Os antigos já diziam: "Alegria dividida é alegria duplicada. Tristeza dividida é meia tristeza". O problema é que numa sociedade hedonista, como a nossa, as pessoas não querem saber muito de nossas tristezas. Quando alguém passa por nós e diz "tudo bem?", na verdade não está interessado em nossa resposta. Quando queremos responder, já está longe. Para os outros, você sempre deve mostrar que está feliz, de bem com a vida. Pessoas tristes, infelizes, mal sucedidas não são uma boa companhia. Um dia desses eu não estava me sentido bem. Não sabia definir meu mal estar. Simplesmente não estava bem. O trabalho não rendia. Pendurei meu jaleco no cabide, fechei minha sala no hospital e fui dar uma caminhada. Sim, em plena tarde que quarta- feira. Um "amigo" me encontrou, percebeu meu estado de ânimo e perguntou: "Tudo bem?" E diante de minha resposta: "Não estou bem. Estou péssimo.", ele reagiu espantado:" O que? Mas você é um homem de fé! Você não pode..."

vão morrendo. Nossas próprias forças diminuindo e as típicas complicações de saúde aparecendo. Não conseguimos mais participar das atividades sociais como antes. As gerações mais jovens têm seu ritmo, diferente do nosso. Dificuldades de locomoção e de audição fazem com que nos sintamos isolados do convívio social. Para o pensador alemão Hermann Hesse, a aceitação do ficar sozinho é um caminho para a sabedoria na velhice e um meio de evitar a solidão. A maneira de como encaramos o ficar sozinhos depende muito de nossas experiências na primeira infância. A psicologia nos ensina que quando alguém, enquanto criança, tiver sido deixado sozinho por muito tempo experimentando a sensação de abandono, pode sentir mais tarde como adulto a solidão como algo desesperador. Também crianças que não aprenderam a brincar sozinhas têm dificuldade de lidar com a solidão mais tarde. Podemos fazer algo?

Solidão e velhice

Precisamos preparar-nos durante a vida toda para lidar positivamente com o ficar só e assim evitar ao máximo a solidão. Para muitas pessoas este é um aprendizado difícil, por que vivem fugindo do estar só, fugindo do encontro consigo mesmos. Precisamos aprender a ficar a sós e ocupar-nos positivamente conosco mesmos.

A tendência natural é ficarmos cada vez mais sozinhos na medida em que envelhecemos. As pessoas mais conhecidas

Não existe uma receita pronta para evitar a solidão. Mas certamente ajuda quando nos voltamos sem preconceito, de mente

Eu sabia que teria que ficar sozinho com meu mal estar. Esta pode ser uma experiência dolorida de crianças, adolescentes, adultos e, principalmente, idosos.

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e coração abertos para o mundo e as pessoas que nos rodeiam em vez de ficar esperando algo delas. A questão é dar o primeiro passo, se necessário, muitos passos. É importante que façamos coisas que nos fazem bem, nos agradam e elevam nossa auto estima. Que cuidemos de nós! Que nos amemos para tornar-nos amáveis! Concordo plenamente com quem disse: "Para de correr atrás das borboletas. Cuida de teu jardim que elas virão por si só." Temos que aprender a valorizar os momentos em que estamos a sós, antenados em nós mesmos. Podem ser momentos muito preciosos. Se soubermos valorizar

estes momentos teremos menos problemas com a solidão na velhice. Justamente quando nosso ritmo diminui, quando nossas forças não são mais as mesmas, temos a oportunidade para usufruir mais a natureza ao nosso redor e o silencio, cada vez mais raro em nossos dias. Os outros até só atrapalham nestes momentos. Estes momentos são preciosos porque permitem-nos vivenciar de maneira especial a comunhão com Deus. Uma senhora muito idosa definiu, por exemplo, a oração da seguinte maneira: "Orar é silenciar, silenciar, silenciar... até ouvirmos a voz de Deus".Esta experiência, com certeza, funciona melhor quando estamos sozinhos. O autor é pastor da IECLB e reside em Blumenau/SC

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Terceira idade Vânia G. Maurmann

A expressão "terceira idade" surgiu recentemente e já é popular em nosso vocabulário. Segundo Lalett, o primeiro passo nesta direção foi dado em 1987, na França, e em 1981 surgiu o primeiro grupo de estudo da terceira idade, na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Somos seres humanos e quando na infância, desejamos ser adolescentes; quando nesta fase, queremos ser adultos, ter nossa própria vida, liberdade de ir e vir, estamos cheios de sonhos, esperanças. Os anos vão passando e percebemos que nem tudo foi possível realizar. Chega o tempo da aposentadoria, as marcas da idade estão em nossa face, mas seguimos com ânimo e disposição e com mais sonhos. Queremos fazer muitas coisas que antes não conseguimos, pela falta de tempo, correria de emprego, criação de filhos, aquisição de uma casa e assim por diante. Nossos filhos saem de casa, começando nova vida, e nós vamos ficando sozinhos e muitas vezes sentimos solidão e nostalgia. Então, chegam os netos e esta nova etapa é de alegrias e de novo ânimo. Somos avós e os nossos netos são os filhos que já criamos, mas com uma bela cobertura de açúcar. Aqueles bebês fofinhos, que agora podemos segurar sem pressa e com muito carinho, que vão falar vovô e vovó, e nossos olhos se enchem de lágrimas de alegria. Notamos, aos poucos, que nosso corpo cansa com mais facilidade, o espelho re-

flete o aparecimento de rugas, os cabelos ficam ralos e brancos, a pele tem manchas e está sem brilho, engordamos, mas seguimos com nossa vida, mais devagar, mas capazes. O olhar ainda conserva a alegria e disposição de viver. Um belo dia alguém nos cede lugar em um coletivo e percebemos que não foi por gentileza ou cavalheirismo, mas foi porque a pessoa neste gesto demonstra que devemos sentar ao invés de viajar de pé. Então cai a ficha! Estamos com jeito, porte e aparência de idoso, pertencendo à terceira idade. O outono da vida está chegando e precisamos estar preparados para este fato. É um tempo muito bom e deve ser aproveitado com muita paz e tranquilidade. Muitos são os que afirmam que é a feliz idade, mas nem todos concordam com esta afirmação. Muitos idosos encaram a palavra como uma brincadeira e que não tem nada com a situação em que o idoso se encontra neste tempo de terceira idade. As doenças e dores aparecem com frequencia e o corpo fica debilitado facilmente. A agilidade no caminhar diminui, para sentar e levantar levamos alguns segundos a mais, e muitas vezes notamos que repetimos as mesmas estórias ou esquecemos de dizer ou fazer algo. Com o envelhecimento da população, grupos de terceira idade foram surgindo para proporcionarem um tempo de convivência alegre e saudável para os idosos. Os governos, em nível federal, esta

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dual e municipal, possuem políticas para inserir o idoso em vários programas. É importante que a sociedade se concientize de que precisamos cuidar e respeitar o idoso. Hoje, a terceira idade é encarada como um tempo privilegiado para atividades livres da pressão profissional e familiar. Mas sobretudo é importante educarmos nossas crianças, jovens e adultos

foi fundado em 1991 e tem reniões quinzenais, com muita alegria e descontração. Momento importante destes encontros é a mensagem bíblica proferida pelo pastor. A mensagem bíblica traz alento e conforto para o ser humano em geral, mas com certeza para os idosos ela é um importante alimento para o espírito. Afinal, cuidamos do corpo com ginástica e dan-

para que tenham respeito, amor, carinho e paciência com seus vovôs e vovós.

ça sênior, então devemos também tratar do bem estar emocional e espiritual. Momento esperado dentro do grupo é trazer nomes de parentes e amigos para serem lembrados em oração.

Muitas paróquias e comunidades da IECLB espalhadas pelo país têm seus grupos de terceira idade, que se encontram para repartir suas histórias de vida. O grupo da terceira idade da Paróquia Luterana de Florianópolis, por exemplo,

O contato físico com abraços e sorrisos é sempre muito esperado. Para muitos idosos que moram sozinhos, estes encontros

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da terceira idade são o programa aguardado para partilhar momentos de carinho e afeto com os amigos/as. A neuróbica, exercícios para o cérebro, também ajuda os idosos a desenvolver atividades com maior desenvoltura. A música, exercícios físicos, brincadeiras, são elementos importantes para o grupo ter entrosamento e diversão. Em parceria com a universidade e prefeitura, é possível ter um/a estagiário/a quinzenal, para alongamento e exercícios físicos, mesclados com brincadeiras de balões, bolas e outras atividades, onde o coletivo é enfatizado. A parceria também nos proporciona comemorações conjuntas com outros grupos da cidade. Proporciona ainda o acesso a palestras de cunho social sobre saúde, direitos e deveres dos idosos, administração do seu ordenado e assim por diante. Em várias ocasiões encontramos pessoas da terceira idade passeando em grupos nos mais variados locais. O grupo de Florianópolis acompanha esta tendência. Passa dias em hotel fazenda, sítio ou casa de praia de um integrante do grupo. Depois de vários meses e até anos, muitos são os que lembram de um fato específico ocorrido em tal situação. É história e memória de pessoas felizes e de bem com a vida.

Um lanche gostoso também promove a confraternização entre o grupo e, nestes momentos de conversas, são divididas decepções e dores do corpo e da alma e são multiplicadas alegrias e amizades. Vale ainda registrar o número tão superior de mulheres, que frequentam os grupos de terceira idade, em relação aos homens. Eles ainda são poucos e tímidos nos encontros. Conviver com e na terceira idade é uma rica experiência e, como cristãos, podemos incentivar homens e mulheres a participarem de um grupo na sua comunidade. Muitas são as pessoas que, pela história de vida, são quietas e tímidas e em algum momento compartilham uma experiência de vida com as demais. É nesta hora que se torna visível a confiança e o bem estar deste ser humano em relação ao grupo. O conviver em grupo melhora a autoestima e traz qualidade de vida. Como igreja, este convívio fraterno leva o ser humano a usar e aperfeiçoar os seus dons em relação ao próximo. A autora é integrante da equipe de coordenação do Centro de Lazer Corações Alegres - grupo da Terceira Idade da Paróquia Evangélica Luterana de Florianópolis

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Testemunhando o Evangelho de Garagem em Garagem Helmar Reinhard Roelke

Desde 2007, a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Vila Velha (Grande Vitória) assumiu o compromisso missionário de atingir o litoral sul do Estado do Espírito Santo. O trabalho conta com o apoio financeiro da Igreja da Baviera (Alemanha) e da ICCO & Kerk in Actie (Holanda). Toda a ação recebeu o nome de "Projeto Garagem", pois entendeu-se que os encontros de missão e as celebrações deveriam acontecer em locais acessíveis a qualquer pessoa. A garagem aberta traz um pouco do apelo da "porta aberta que acolhe" também o diferente. Atualmente, duas garagens se tornaram pontas de lança do "Projeto Garagem": na cidade de Anchieta nos reunimos na garagem do casal Hilda e Miguel Neitzel; em Cachoeiro de Itapemirim, na garagem do casal Rosali e Rodolfo Garbrecht. Anchieta foi fundada em 1569 como "Iritiba" ou também "Reritiba" pelo Padre José de Anchieta, ali respeitosamente chamado de apóstolo do Brasil. Cachoeiro de Itapemirim é a cidade onde nasceu o rei Roberto Carlos. Lá também nasceu Rubem Braga, e a partir de suas crônicas a cidade recebeu a designação de "capital secreta do mundo". Título entendido e cultivado com muito carinho pela população local e, principalmente, pelos cachoeirenses ausentes. Até é possível comprar ar e água puros de Cachoeiro de Itapemirim em pequenas latinhas e frascos. Dessa forma, as nos-

sas celebrações quinzenais acontecem em cidades muito cientes da sua história e localização no mapa. Duas histórias querem ajudar a entender o trabalho missionário. Elas situam o leitor geograficamente e também indicam a importância do trabalho em todos os níveis de necessidades das pessoas que são atingidas. A história de Marlon e Eliana e os camarões Grande parte do trabalho do "Projeto Garagem" se concentra entre a BR 101 e a Rodovia do Sol, que margeia o litoral sul do estado do Espírito Santo. As duas vias correm quase que paralelamente, cortando paisagens exuberantes. Toda essa exuberância atrai pessoas das grandes cidades, que mantêm sítios para passar o final de semana. Em alguns casos trata-se de propriedades maiores, como a que Dr. Y, de Vitória, mantém entre as cidades de Guarapari e Iconha. Como sua propriedade tem bons mananciais, cultiva peixes e, nos últimos dois anos, decidiu criar camarões de água doce. Para administrar o laboratório, onde reproduz os camarões, Dr. Y trouxe um técnico em piscicultura de Cascavel, interior do estado do Paraná. Marlon e sua esposa Eliana têm um filho portador de necessidades especiais e uma filhinha. Moram na propriedade do Dr. Y, perto

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da localidade denominada Rio Grande. Nunca tinham saído do estado do Paraná. Marlon e Eliana, filho e filha de agricultores, são descendentes de alemães. Tomados pelo senso do dever e pela percepção de que o laboratório precisa produzir satisfatoriamente, estão lutando há

Em frente à garagem do casal Neitzel em Anchieta 11 meses, sem poder se afastar do trabalho. Algumas horas sem acompanhamento fazem com que os componentes químicos e nutrientes necessários na água para a reprodução de camarões se desequilibrem e matem os filhotes. "Presos" na propriedade, Marlon e Eliana praticamente não conhecem ninguém na localidade de Rio Grande. Até que Tânia, inscrita na comunidade luterana em Guarapari, descobriu o casal e possibilitou uma primeira visita do pastor. Em seguida aconteceu uma segunda visita. É indescritível a alegria de Marlon e Eliana quando descobriram que agora estão novamente inseridos entre irmãos luteranos. Numa das visitas do pastor, até o laboratório foi esquecido por algumas horas de

bom papo, de chimarrão trazido do Paraná, mas também de confidências sobre dificuldades pessoais/familiares. A história de Glorinha e o CD Glorinha trabalhava como empregada doméstica em casa de família na cidade de Iconha (situada na BR 101). Tinha consigo seu filho adolescente Vinícius. Na casa, era assediada pela igreja Maranata. Sem a presença da IECLB e sem condições de se locomover para Guarapari, onde existe uma comunidade constituída, Glorinha e Vinícius receberam atendimento através de visitas ou quando acompanhavam o pastor até a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, onde foi criado um ponto de pregação durante o ano de 2008. Geralmente, dois dias antes das celebrações na garagem do casal Rosali e Rodolfo Garbrecht, em Cachoeiro de Itapemirim, o pastor fazia contato com Glorinha para perguntar se estava interessada em ir junto e combinar o horário para buscá-la em Iconha. Já aí se percebia incontida alegria na voz, quando dizia: "É claro que eu vou! Tem também lugar para o Vinícius?" Mal embarcava no carro, Glorinha falava de forma apaixonada do seu trabalho na casa da família, onde lhe era permitido viver com o filho pré-adolescente Vinícius. Falava das alegrias, das dificuldades, das tentativas de convencê-la a freqüentar a igreja Maranata, dos sonhos. Enfim, com Glorinha em plena atividade parlatória, a viagem pela BR 101 até Cachoeiro de Itapemirim, geralmente ten

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sa por causa do tráfego intenso de veículos pesados, passava num piscar de olhos. Ainda está viva a lembrança da primeira viagem, quando ela avistou do carro pela primeira vez o "Frade e a Freira". O "Frade e a Freira" são duas formações de granito que se parecem com um frade e uma freira orando. As formações rochosas

show do pastor durante as celebrações, fazendo com que os slides fossem projetados sem sobressalto. Sempre quando se distribuía algum material evangelístico, Glorinha se lembrava de pegar um exemplar a mais, para mandálo para os parentes lá no interior do Espírito Santo, não distantes da divisa com Minas Gerais. Assim também aconteceu quando se distribuiu um CD com mensagens gravadas especialmente para o trabalho de missão. Lembrou de levar um CD para os seus parentes. Qual não foi a surpresa quando, tempos depois, os visitou e quis presenteá-los com o CD. Contou Glorinha que, ao mostrar o CD, lhe foi dito: "Esse nós já temos e gostamos de ouvir. Já ganhamos uma cópia!"

Formoção rochosa “O Frade e a Freira” em Rio Novo do Sul, ES embelezam com o seu tamanho e suntuosidade aquela paisagem exuberante, após a cidade de Rio Novo do Sul. Para aquela localidade, a Missão da Basiléia enviou em 1863 um pastor, que fundou uma comunidade protestante/luterana. Em 1909, ela foi cedida pelo pastor luterano de Domingos Martins para os presbiterianos do Rio de Janeiro. Iniciava-se, assim, a igreja presbiteriana no estado do Espírito Santo. Hoje, o "Projeto Garagem" procura estender os limites da presença luterana para onde ela um dia já existiu.

Conta-se aqui a história de Glorinha e o CD para mostrar como uma proposta de trabalho simples do "Projeto Garagem", como a gravação de mensagens, encantou as pessoas a ponto de elas as copiarem e multiplicarem por conta própria, o que contribui com a missão além das fronteiras geográficas do próprio projeto. Assim, de garagem em garagem, vamos testemunhando o Evangelho e fazendo a IECLB se expandir. Se você, leitor, conhece alguém que mora no litoral sul do Estado do Espírito Santo e não é atingido pela IECLB, faça contato conosco através do telefone: (27) 33264979, ou por e-mail: hrrolke@yahoo. com.br ou neunall@hotmail.com.

Enfim, Glorinha era sempre animada. Vinícius, menino loiro, bonito, cheio de pequenas sardas no rosto, interessado e atento, tinha a função de manejar o data••• 137 •••

O autor é pastor da IECLB e reside em Vitória/ES


Tudo sobre o dente-de-leão Christian Badel

Os jardineiros não gostam do dente-deleão. Em compensação, ele é bem visto na cozinha, onde pode ser preparado como espinafre ou como ingrediente picante da ricota. Existem até sementes de dente-de-leão, porque andou-se divulgando que suas primeiras folhas são ótimas como salada. Ultimamente ele é cultivado, e suas folhas enormes são oferecidas em lojas de "Delikatessen". Mas é claro que ele também pode ser colhido no jardim ou no campo. Ali, a nobre planta cresce de graça. Suas muitas qualidades fizeram do dente-de-leão um acompanhante fiel da raça humana. Ele adquiriu seu nome devido a suas folhas denteadas, cortantes como os dentes de um leão. Ele não é só alimento para o gado e fonte de néctar para as abelhas, mas também planta medicinal e ali-

mento humano. Suas floradas de um amarelo luminoso cobrem os campos como um tapete, da primavera até o outono, na Europa. Provavelmente, é a planta com mais nomes populares. Os mais conhecidos são flor-de-assoprar, flor-de-corrente, flor-devaca, dandélio ou também flor-de-manteiga. Deve haver mais de 500 apelidos para ele! Seu nome latino "taraxacum officinale" tem origem na palavra árabe "tarakshaqum" e quer dizer nada mais que erva amarga. Se quer saber por que, tente lamber o seu caule. Engraçado também é o nome cabeça-de-monge, porque depois de assoprada, a parte que resta da flor lembrava as cabeças calvas dos monges.

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Fonte: Gemeindebrief Tradução: Anamaria Kovács


Turismo alternativo na Palestina Rui Bender

A Palestina é uma região singular em vários aspectos, especialmente por causa de sua história, suas religiões e suas culturas. O que tornou essa região tão famosa é sua rica história humana, juntamente com o fato de que é a pátria de três grandes religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Infelizmente, são os constantes conflitos que essa região vivencia que a colocam no foco da mídia internacional de forma negativa. E isso acaba prejudicando o turismo na região, que poderia ser um dos principais pilares da economia palestina. Esse setor não apresenta nenhum crescimento considerável desde 1967 por causa das restrições impostas pelas autoridades da ocupação israelense, lamenta Rami Kassis, diretor executivo do Grupo de Turismo Alternativo (GTA), uma organização não-governamental palestina

especializada em viagens e peregrinações que incluem pesquisas sobre a história, cultura e política da Terra Santa. O GTA nasceu em 1995 com objetivos tais como oferecer novas alternativas de turismo. Ele tem como metas principais estabelecer um turismo mais humano, colocar viajantes estrangeiros em contato direto com a população, a fim de ajudálos a compreender melhor a cultura e a história árabe-palestinense, derrubar os estereótipos negativos da Palestina e de seu povo predominantes no Ocidente, desenvolver entre os turistas um conhecimento da cultura e da situação sociopolítica na Palestina, oferecer-lhes a oportunidade de trocar experiências únicas com palestinos através de trabalho voluntário com organizações não-governamentais (p. ex.: colheita nas oliveiras, plantio de árvores, etc.).

Ao iniciar o shabat, rabinos concentram-se no Muro das Lamentações em Jerusalém ••• 139 •••


No mês de março, um grupo de seis jornalistas cristãos de vários continentes visitou a Terra Santa a convite do Conselho Mundial de Igrejas. Objetivo dessa visita era conhecer a realidade do Oriente Médio e relatar essa experiência em seus países de origem. Participaram do grupo (da esq. para dir.) duas jornalistas suíças (Kathryn Ueltschi e Aline Bachofner), um jornalista sul-africano (Roland Vernon), um brasileiro (Rui Bender), um italiano (Giuseppe Platone) e um norte-americano (Patrick Cole). O grupo foi acompanhado por um representante do CMI, Juan Michel (à dir.) Desde sua fundação, o GTA já atendeu milhares de pessoas de todo o mundo, o que mostra o grande sucesso da iniciativa e prova que o conceito de turismo alternativo é extremamente interessante para as pessoas. O GTA administrou anos atrás a recuperação de trinta quartos em casas de palestinos na área de Belém. Essas casas servem desde então como locais para acomodar turistas e peregrinos junto a famílias locais, para interagir com a população local e enriquecer seu conhecimento sobre a cultura palestina, estender seu círculo de amizades e apreciar a hospitalidade palestina, entre outras coisas.

Apreciar a hospitalidade foi a oportunidade que teve um grupo de seis jornalistas cristãos (um norte-americano, um sulafricano, um italiano, duas suíças e um brasileiro) que, a convite do Conselho Mundial de Igrejas, visitou em março de 2009 a Palestina. Eles foram hospedados em casas de famílias de Betsahor (cidade vizinha de Belém) por uma noite. Alguns ficaram na casa do operador de câmera Raed Hanna Aurvad e de sua esposa, a professora de inglês Vivine Afife Aurvad. Raed e Vivine tem um casal de filhos e junto na casa ainda moram a mãe de Raed, a avó e a família de um irmão. É uma fa

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mília cristã, vinculada à Igreja Ortodoxa Grega. Raed contou que 90 por cento da população local são cristãos. Raed e sua família costumam hospedar periodicamente turistas estrangeiros, encaminhados pelo GTA. Eles recebem uma compensação financeira por isso, o que significa um reforço no orçamento familiar. Rami Kassis entende que o turismo social tem um papel muito importante na construção da imagem da Palestina. É fundamental no desenvolvimento de uma imagem positiva da Palestina no plano internacional e um elemento essencial na preservação e exaltação do orgulho e do espírito nacionais. Somente vivendo o que

os palestinos experimentam todo o tempo é que um visitante pode conhecer as injustiças vividas diariamente. Com isso nasce o desejo de tentar ajudar a acabar com as injustiças, arrematou Kassis. "Estamos muito próximos de um apartheid", entende o Dr. Bernard Sabella, professor de Sociologia da Universidade de Belém. Os palestinos têm o seu direito de ir e vir restrito por causa da construção de um muro de 725 quilômetros que separa Israel e Cisjordânia. "Além disso, a Faixa de Gaza é uma grande prisão. Ninguém pode entrar ou sair", relatou Sabella, e arrematou: "O povo palestino é um povo triste". O autor é jornalista em São Leopoldo/RS

Rua da antiga cidade de Jesusalém ••• 141 •••


Um projeto de missão entre os índios botocudos de Santa Catarina em 1899 Nelso Weingärtner

O choque entre índios e imigrantes é bastante conhecido. De um lado se encontravam os imigrantes, que foram atraídos pelo governo do Brasil Império com a promessa de que aqui receberiam terras que seriam suas. Ninguém disse para eles que essas terras já tinham donos, que os índios botocudos perambulavam por elas há séculos como nômades. Iniciou a colonização, e quando os índios chegaram aos seus tradicionais locais de caça, pesca e colheita de frutas, os mesmos estavam ocupados pelos imigrantes. Eles faziam muito barulho e com isso queriam sinalizar: essa região é nossa! Os imigrantes tinham a escritura da terra e viam os índios como invasores, e os expulsavam com armas de fogo. Os índios revidavam com suas flechas. Nesses confrontos morreram muitos índios e também muitos imigrantes. O Governo do Estado colocou-se ao lado dos imigrantes e mandou "bugreiros", que eram verdadeiros caçadores de índios, expulsarem os índios das regiões de colonização. Ao passo que a colonização ocupava cada vez mais espaço, não sobrava mais lugar para os índios. No final do século dezenove houve um plano para exterminar toda a população indígena, a fim de que o Alto Vale do Itajaí pudesse ser ocupado por imigrantes, sem correr o risco de ataques por parte dos indígenas.

Foi nessa época que iniciou uma conscientização de que os índios não são bichos do mato, mas seres humanos criados à imagem de Deus. Nesse contexto, transcrevemos o artigo publicado pelo Pastor Wilhelm Hägeholz, no Jornal Sonntagsblatt für die Evangelischen Gemeinden in Santa Catarina, de 12 de novembro de 1899: "Agora, que iniciam projetos de colonização do Alto Vale do Itajaí, muitas pessoas olham para lá com medo e terror. Lá vivem os remanescentes dos selvagens que foram expulsos ou mortos aqui no Vale. Há vozes que pleiteiam o total extermínio desses remanescentes, que tanto apavoram os colonizadores. Eu digo: Não! Não vamos para lá com guerra, com armas de fogo e espadas, mas vamos levar-lhes amor e vida. Vamos ajudá-los a experimentar vida plena - vamos cristianizá-los. Aos que argumentam, que os selvagens, o terror das selvas, não devem ser considerados humanos e por isso não ter direito à vida, eu digo: Eles têm direito à vida, sim. Eles também são criaturas de Deus e foram criados à imagem de Deus. Além disso: eles são os primeiros habitantes dessas terras e, só isso, do ponto de vista do direito dos povos, já mostra como eles foram injustiçados. Querer exterminar esses remanescentes, seria algo bárbaro. Isso já

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aconteceu em outros lugares, em outras épocas. Vamos salvar o que ainda pode ser salvo! O Estado seria grandemente beneficiado por uma obra missionária. As regiões do interior se tornariam mais seguras para viajantes, e grandes regiões poderiam ser abertas para a colonização, nas quais os índios, que até hoje perambulam pela selva, poderiam ser inseridos. Aos que temem que os missionários logo seriam mortos pelos selvagens, digo: em todo o mundo, os campos missionários foram adubados com o sangue de missionários e lá hoje o Evangelho de Jesus Cristo triunfa. Além disso, nos apegamos à palavra de Jesus: Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos, e também lembro da palavra: Sem a vontade do Pai nenhum cabelo cai de vossas cabeças. Para concretizar essa ação missionária, precisamos dar os seguintes passos: 1) Muita oração. 2) Fundar Sociedades Missionárias nas principais comunidades evangélicas do Brasil. 3) Criar uma Associação Central dessas Sociedades Missionárias. 4) Realizar festas de missão e, através das pregações, incentivar o serviço missionário e destinar ofertas e doações para esse

trabalho. 5) Depois da formação de um Fundo de Missão, requerer o envio de missionários de uma Sociedade Missionária da Alemanha. 6) Esses missionários terão que aprender a língua dos botocudos e familiarizar-se com os seus costumes. Isso é viável através de bugres mansos que já vivem entre os brancos. 7) Negociar com o Governo do Estado a cessão de terras para o assentamento dos bugres. 8) Isso feito, pode iniciar o trabalho missionário. Pastor Wilhelm Hägeholz". O Pastor Wilhelm Hägeholz atuou em Indaial e Timbó de 1897 a 1901. Foi uma pessoa muito dinâmica e um bom teólogo. No jornal Sonntagsblatt für die Evangelischen Gemeinden in Santa Catarina, ele publicou uma série de artigos sobre personagens da Reforma e reflexões. Infelizmente ele não conseguiu levar adiante o projeto missionário acima. Teve que retornar para a Alemanha em 1901 por causa de conflitos nas comunidades. O autor é pastor emérito e reside em Timbó/SC

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Uma fuga Elfriede Rakko Ehlert

Difícil para uma criança compreender o que significa viver sob um regime ditatorial e sob um carrasco como Stalin. Quantas vezes escutei, atrás de uma porta fechada, as vozes de meus pais, falando baixinho, e que logo se calavam quando eu entrava. Só mais tarde entendi o porquê. Era por causa do medo e da angústia que viviam com os desaparecimentos de familiares e amigos. Não queriam que eu ficasse envolvida. Mas, como criança, senti o clima tenso e assustador.

Mas um dia as tropas alemãs tiveram que retirar-se (a guerra havia tomado outro rumo). Sorte nossa que todos os alemães (nós) foram convidados a fugir para a Alemanha. Para mim, uma criança de nove anos, foi como uma aventura. Minha mãe lamentava de ter que deixar para trás, entre tantas coisas, o recém- adquirido piano - não sei por que mães sempre sonham em transformar suas filhas em pianistas! Para mim, era uma festa: juntar todas as coisas, deixando as inúteis para trás.

Éramos "njemzi"( alemães=os mudos) já desde séculos, quando a czarina Catarina II, a Grande, chamou alemães para cultivar as terras férteis, mas pouco aproveitadas, da Ucrânia.

Duas carroças, com três cavalos cada uma, foram carregadas com mantimentos e cobertores. Uma era dos meus avós paternos e uma tia que, graças a Deus, puderam fugir em tempo do exército russo, ficando alojados em nossa casa. A outra era para a nossa família (pai, mãe, eu e um irmãozinho de dois anos). Saímos num "Treck", uma caravana de carroças, rumo ao oeste. Foi em setembro ou outubro. As noites já eram frias, mas de dia estava agradável. Conforme as subidas ou descidas da estrada, os cavalos andavam devagar ou corriam. Nas subidas, eu podia acompanhar a pé. Eu me divertia correndo até a carroça dos avós e logo voltando para a dos meus pais.

Quando entrou o comunismo, passaram a ser perseguidos. Só da minha família desapareceram três tios meus, levados na calada da noite para nunca mais voltarem. Sem processo, sem nada, foram sumariamente fuzilados. Num cenário deste, eu vivia com medo. Desconfiava que atrás de cada porta podia estar alguém para me capturar. Do escuro, nem se fala. Não admira que quando os soldados alemães, no decurso da Segunda Guerra Mundial, ocuparam a Ucrânia , foram recebidos com alegria (mas isso é outra história). Entrando na cidade, onde meu pai trabalhava como médico, sentimo-nos livres, libertados do ditador Stalin - sem suspeitar que lá na Alemanha um outro carrasco, Hitler, detinha poder.

Mas uma vez me dei mal. Foi assim: Ia visitar a carroça dos meus avós, porque eles tinham sacos e mais sacos de frutas secas - peras, damasco, ameixa que eles haviam preparado já para a fuga (eles tinham um pomar enorme). Distraía-me, apanhando flores, abanando para crianças de outras carroças. Quando quis vol

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tar para a carroça dos meus avós, percebi que se aproximava uma descida que os cavalos, já cansados, tanto gostavam. Sentindo a carga mais leve, começaram a correr. E eu? Na estrada! Que angústia e desespero (mais tarde se soube que de fato muitas crianças se perderam assim, desgarradas do "Treck")! Pois quando o "Treck" se punha em marcha, não havia como parar. Fazer o quê? Eu corri pela minha vida, ofegante, já sem força e sem fôlego. Acontece que cada carroça possuía um "Langbaum", uma haste ou barra central, que ficava uns 50 cm para fora

da carroça na parte traseira. Esta eu vi, me agarrei nela e, depois de várias tentativas frustradas, consegui montar em cima. Assim me salvei. Nela os meus pais me haviam julgado segura na "casa móvel" de meus avós, sem se preocupar com minha ausência. Depois disso, nunca mais me deixaram passear a pé ao lado do "Treck". Nem eu sentia vontade para isso. Este foi o começo de nossa fuga da Ucrânia (que nem os meus pais conseguiram considerar uma pátria). Mas até a Alemanha havia ainda muito chão pela frente... A autora é professora aposentada e artista plástica; ela reside em Curitiba/PR

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Uma parceria especial P. Dr. Osmar Zizemer

Como estas duas Paróquias, tão distantes uma da outra e vivendo em contextos tão diferentes, chegaram a se aproximar e a selar parceria?

sobre a sua experiência vivida aqui. Encontrou ouvidos abertos, e assim foi brotando entre o presbitério e as pessoas das comunidades de lá o desejo: Nós gostaríamos de conhecer este lugar, as pessoas e a igreja de que nosso pastor tanto fala. Encarregaram-no de fazer contato com Itoupava Rega e sugerir uma parceria. Feitos os contatos, a Paróquia de Itoupava Rega topou a parada.

Acontece que o P. Michael Menzinger pastor da Igreja Evangélica Luterana na Baviera - atuou como pastor durante cinco anos na Paróquia de Itoupava Rega, e construiu uma relação muito forte com as pessoas daqui. Depois retornou à sua igreja de origem e assumiu o pastorado em Lauf/Beerbach. Lá falou e testemunhou, juntamente com sua família, muito

Feitos os preparativos, na semana após a Páscoa de 2007, um grupo de sete presbíteros chegou a Itoupava Rega, acompanhados pelo P. Menzinger. Recebidos com uma gostosa feijoada, foram depois hospedados em casas de famílias de nossos presbíteros. Os e as visitantes não cabiam em si de admiração por tudo: Ver bergamota e laranja amadurecendo

Em 2007 começou a se tornar concreta uma parceria muito especial entre uma paróquia do Brasil e uma paróquia da Alemanha: A Paróquia de Itoupava Rega (Blumenau/SC) e a Paróquia de Lauf/ Beerbach (próximo a Nuremberg).

O grupo da alemanha que visitou Itoupava Rega ••• 146 •••


no pé, pedindo para ser apanhadas e degustadas no próprio pomar, ver bananeiras dando cachos no fundo do quintal, as plantas, as flores, as árvores na mata cheias de cipós, flores nativas brotando espontaneamente, sem serem cuidadas e cultivadas... Para eles um novo mundo. Muito especial foi o fato de que aqui encontraram pessoas, com quem podia se comunicar sem dificuldade, e que foram acolhidos com tanto carinho e espontaneidade nas famílias hospedeiras. Havíamos preparado um programa de visitas e encontros tanto em nossa Paróquia, como em locais e com pessoas nos arredores em nosso Sínodo: Rodeio 12; encontro com a Pa. Sinodal e o Assessor de Formação do Sínodo; Centro de Literatura Evangelística; redação do jornal O Caminho, de modo que nossos visitantes puderam ter, in loco, informações importantes e detalhadas sobre o trabalho e a vida em

nossa igreja. Os programas em nossas comunidades foram acontecendo normalmente, e os visitantes participaram deles intensamente: culto infantil, cultos, encontros de OASE, encontro do grupo de idosos "Bom Humor". Foi marcante poderem viver comunidade, e celebrar ao mesmo Deus e Senhor em um local tão distante, tão diferente e, ao mesmo tempo, de modo tão semelhante... E especial também foi a convivência. Ali puderam sentir e vivenciar as preocupações e o dia-a-dia das pessoas daqui. Assim foram tecidas relações pessoais e de grupo muito fortes. "Wir wollen vor allem euch kennen lernen" (Nós, sobretudo, queremos conhecer vocês), foi a frase que sempre de novo foi dita para descrever o que aconteceu entre nós. Após duas semanas era chegada a hora da despedida, marcada de emoções, como se pessoas muito chegadas a nós estivessem se despedindo, e do retorno de nos

O grupo que viajou para Alemanha ••• 147 •••


sos parceiros a Lauf-Beerbach. Os contatos pessoais assim estabelecidos continuaram a ser cultivados. Telefonemas, fotos, e-mails começaram a cruzar a distância física que nos separa de nossos novos amigos e irmãos na fé. E um grupo de presbíteros de nossa paróquia passou a se preparar para devolver a visita, marcada para junho de 2008. A ansiedade foi crescendo, à medida que o grande dia ia se aproximando. Preparar a viagem, tirar passaporte, comprar as passagens, arranjar mapas e material para levar e distribuir na paróquia parceira, encaminhar as coisas em casa - afinal ficaríamos fora por duas semanas -, imaginar como seria o vôo para a Alemanha... E alguns de nós até aqui nem sequer haviam saído do Vale do Itajaí... Era assustador, mas ao mesmo tempo desafiador. Finalmente desembarcamos no aeroporto de Nuremberg. E lá estavam nossos amigos nos esperando, cada família hospedeira para recepcionar o "seu" brasileiro ou "sua" brasileira. Cada qual de nós foi recebido com grande carinho. E assim fomos ciceroneados e apresentados com alegria na vizinhança de cada família, nos cultos em comunidade, nos almoços comunitários preparados especialmente em homenagem a nós. Nestes encontros não houve momentos em que alguém de nós não estivesse rodeado de ouvintes interessados, que nos enchiam de perguntas. E não era só curiosidade passageira nestes visitantes. Era interesse real e profundo...

cemos cidades, castelos, igrejas, tecnologias e práticas de agricultura e pecuária desconhecidas para a maioria de nós. Vimos que também lá existem problemas sociais, e como a igreja se engaja com sua ação de diaconia para enfrentá-los. Tivemos oportunidade de conhecer como eles vivem enraizados e ligados na história e como valorizam a sua história. Nossos presbíteros, que vivem numa realidade de história breve e com pouca consciência histórica na família, na cidade e na igreja ficaram profundamente impressionados. Enfim, foram tantas as impressões e as marcas que recebemos nestas duas semanas, que com certeza serão lembradas pelo resto da vida de cada participante nesta viagem. Nos despedimos de nossos irmãos e irmãs num culto, que emocionou todos os presentes, em que nos desejaram boa viagem com uma bênção irlandesa, mais ou menos nos seguintes termos: "Até nós nos vermos de novo, Deus te segure firme em sua mão. Até nos vermos de novo, espero que Deus não te abandone; Ele te carregue em suas mãos, mas não te aperte firme demais." A parceria entre nossas duas Paróquias deverá ter continuidade. Esta parceria de conhecer-se e de compartilhar experiências de vida e de fé! Para 2010 está planejada a visita de um grupo de mulheres de Lauf-Beerbach em Itoupava Rega, e para 2012 a visita de um grupo de mulheres de nossa paróquia em nossa comunidade parceira.

Os irmãos e irmãs de nossa comunidade parceira nos abriram realmente a sua vida, dando-se a conhecer como vivem, trabalham, crêem, celebram, festejam. Conhe••• 148 •••

O autor é pastor da IECLB e reside em Blumenau/SC


Vamos para Belém! Anamaria Kovács

O velho Elias, ainda tonto depois de toda aquela luz e explosão de sons maravilhosos, olhou em torno. Seus companheiros haviam partido para Belém, deixando-o sozinho para tomar conta dos rebanhos. De qualquer maneira, não poderia ir, pois a perna machucada na luta contra um lobo doía a cada passo. De repente, percebeu um vulto junto ao chão, do outro lado da fogueira. "Não é possível" – pensou – "Será que o Joaquim dormiu o tempo todo?!" Ergueuse a custo, mancou até a trouxa e sacudiu- a , enquanto chamava o nome do garoto. Uma cabeça desgrenhada surgiu entre as dobras do manto grosseiro, e uma voz rouca sussurrou: – Que é? – Ô rapaz, vai me dizer que você não viu nada do que aconteceu aqui? – Não vi o quê? – resmungou Joaquim, mal-humorado. O velho suspirou. Ajeitou a fogueira e sentou-se ao lado do rapaz, dizendo: – Acho bom você se levantar, pois a história é longa e incrível. Joaquim sentou-se, esfregando os olhos. Apesar dos seus quinze anos, era franzino, pois comia pouco, mas suas pernas ágeis e braços fortes lhe garantiam o miserável emprego de pastor de ovelhas. Só assim alimentava (mal) a mãe viúva e uma irmã pequena. – Qual é a novidade? Cadê os outros? Elias contou tudo: a luz no céu, o coral

dos anjos, o nascimento do Messias. Joaquim ouviu calado, enquanto olhava em torno, procurando, entre moitas e pedras, as silhuetas dos companheiros. Provavelmente estavam escondidos, prontos para rir dele se acreditasse naquela história absurda. – ... E você também precisa ir para Belém, filho. Joaquim começou a rir. – Você acha que eu estou acreditando nessa história da carochinha? Pensa que me engana? Posso ser jovem, mas não sou tolo. Vocês já me pregaram peças antes, pensa que eu esqueci? Daqui não saio! Além disso, alguém precisa cuidar do rebanho, e, ao que me consta, você não é a pessoa ideal para isso, no momento. O velho Elias suspirou. Conhecia bem aquela cabeça dura: afinal, era seu sobrinho... – Escute, rapaz. Não estou brincando. Se eu tivesse percebido que você dormia, teria lhe dado um chute, na hora. Sinto muito que tenha perdido um acontecimento tão importante. Mas você precisa ir para Belém! O pessoal todo foi para lá. Joaquim cruzou os braços, franziu a testa e fechou a boca. Fixou as labaredas, e assim ficou por vários minutos. Elias sabia o que isso queria dizer: ele estava mesmo determinado a não arredar pé dali. A brisa da madrugada começou a soprar suavemente. Elias olhou para o céu, ainda totalmente negro, onde as estrelas cintilavam aos milhões.

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para o velho. A recompensa, porém, valeu a pena. Elias também ainda não vira a estrela. Ambos, tio e sobrinho, ficaram olhando, fascinados.

– Joaquim... – Hum. – Posso provar o que lhe contei. – Ah, é? Como? – Suba naquele outeiro e olhe na direção de Belém. Você verá uma estrela diferente, nova, mais brilhante do que todas as outras. Ela marca o lugar onde está o menino. – Ora, não seja ridículo. Quando eu chegar no topo do morro, a turma vai estar me esperando para rir de mim até o final dos tempos! Não adianta, tio. Não saio daqui. O velho perdeu a paciência. – Vou com você até lá. Vamos, levante-se! Joaquim acabou cedendo. Subiram juntos a elevação, o que não foi nada fácil

– Acredita agora? – perguntou Elias, triunfante. – Sim... – murmurou o rapaz. – Escute... Você não acha que poderíamos ir juntos até Belém? – E quem vai cuidar dos rebanhos? – Ora... Se há tantos anjos no céu para um simples anúncio, há de sobrar algum para cuidar das nossas ovelhas... Vamos lá, tio, apóie-se em mim! Vamos para Belém! A autora é jornalista e professora aposentada, e reside em Blumenau/SC

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA NT – CARTAS DE PAULO SOLUÇÃO da página 82

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA AT – DIDÁTICOS SOLUÇÃO da página 91

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA NT – MATEUS ATÉ COLOSSENSES SOLUÇÃO da página 105

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Palavras Cruzadas: LIVROS DA BÍBLIA AT – PENTATEUCO E HISTÓRICOS SOLUÇÃO da página 113

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Índice Centenário Ecumênico ............................................................................. 3 Meditações mensais de Janeiro a Dezembro ...................................... 8 a 30 Temas/Lemas da IECLB ......................................................................... 32 Datas Comemorativas ........................................................................... 33 Teses que abalaram o mundo ................................................................. 36 A força curativa da sálvia ....................................................................... 38 Os Concílios da IECLB ........................................................................... 39 A importância do CULTO na história de nossas Comunidades .................... 45 A Meditação Cristã no alívio do stress ..................................................... 48 A Obra Gustavo Adolfo da IECLB ............................................................ 51 A visita ................................................................................................ 55 Acompanhamento a enlutados ............................................................... 57 Agora é o tempo ................................................................................... 60 Alegrias e dificuldades no meu período prático em comunidade ................. 62 Amor inclui atitude e ação ..................................................................... 65 Big Bang ou Criação? ............................................................................ 66 BRASÍLIA: 50 anos de existência e 41 anos de presença da IECLB ............ 69 110 anos de OASE ............................................................................... 73 Como incentivar o hábito da leitura em crianças ...................................... 75 Como ser feliz no matrimônio ................................................................. 76 1999 – Declaração Conjunta – 2009 ..................................................... 79 5 de junho – Dia do Meio Ambiente ....................................................... 80 Palavras Cruzadas: CARTAS DE PAULO ................................................... 82 Epifania ............................................................................................... 85 Eu cuido... ........................................................................................... 86 Família? Que família? ............................................................................ 88 Igreja de portas abertas ......................................................................... 89 Palavras Cruzadas: DIDÁTICOS .............................................................. 91 Jovem, cadê você? ................................................................................ 94 Liberdade e Responsabilidade ................................................................ 96 Maria, a mãe de Jesus .......................................................................... 99 Mensagens que circulam na internet ..................................................... 102 Palavras Cruzadas: MATEUS ATÉ COLOSSENSES ................................... 105 Missão Cumprida ................................................................................ 108 No verão, antes da colheita ................................................................. 109 Nosso compromisso ecumênico ............................................................ 110 Nosso tempo nas mãos de Deus ........................................................... 112 Palavras Cruzadas: PENTATEUCO E HISTÓRICOS .................................. 113

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O centenário do movimento ecumênico ................................................. 116 O dia de São João: 24 de junho ........................................................... 118 O que o Domingo de Ramos tem a ver com ramos de palmeira? .............. 119 O tamanho do Universo ....................................................................... 120 O trigo como símbolo da fertilidade e da vida......................................... 121 Oração .............................................................................................. 122 Pastorado Escolar ............................................................................... 123 Relações ecumênicas com Igrejas e entidades ........................................ 124 Ser membro da Igreja Evangélica Luterana da Venezuela – IELV ............... 126 Solidão .............................................................................................. 129 Terceira idade .................................................................................... 132 Testemunhando o Evangelho de Garagem em Garagem ........................... 135 Tudo sobre o dente-de-leão .................................................................. 138 Turismo alternativo na Palestina ........................................................... 139 Um projeto de missão entre os índios em 1899 ..................................... 142 Uma fuga .......................................................................................... 144 Uma parceria especial ......................................................................... 146 Vamos para Belém! ............................................................................. 149 Palavras Cruzadas: SOLUÇÕES ............................................................ 151

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES


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