Anuário Evangélico Luterano 2020

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Anuário Evangélico Luterano O Livro da Família

2020 Publicado sob a direção de Meinrad Piske


© 2019 Editora Otto Kuhr Caixa Postal 6390 89068-971 – Blumenau/SC Tel.: (47) 3337-1110 E-mail: grafica.ok@terra.com.br

Conselho editorial: P. em. Meinrad Piske (Diretor) P. em. Heinz Ehlert, Profa. Elfriede Rakko Ehlert, P. em. Friedrich Gierus, P. em. Irineu V. Wolf, Profa. em. Úrsula Axt Martinelli, Eng. Ivonir Martinelli, P. em. Valdemar Lueckemeryer, Pa. Elke Doehl, P. em. Anildo Wilbert, Cat. em. Loni Wilbert, P. em. Dr. Osmar Zizemer, Pa. Mirian Ratz P. Roni Roberto Balz (editor) Correspondência e artigos: P. Roni Roberto Balz Caixa Postal 6390 89068-971 – Blumenau/SC Tel.: (47) 3337-1110 E-mail: cml@centrodeliteratura-ieclb.com.br

Produção editorial: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Produção gráfica: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Capa: Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda. Crédito das imagens: Gemeindebrief (Alemanha), divulgação internet e arquivos pessoais cedidos pelos autores.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados à Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda.


Prefácio Curiosidades, diversidade, humor, meditações, receitas, teatro, temáticas atuais – palavras que definem o Anuário Evangélico Luterano – O Livro da Família. São vários autores e autoras compartilhando suas experiências de fé, resultados de pesquisas, pontos de vista. É um excelente material para leitura pessoal, mas também trabalho em grupo. Alimento para uma leitura em família. São subsídios para a edificação e revitalização de Comunidades. Um ótimo presente para os amantes da leitura, bem como um maravilhoso atrativo para despertar este interesse naqueles que ainda não descobriram viajar pelas palavras. Elaborado com muita seriedade e confiabilidade. Em nossa 49ª edição, temos a honra de apresentar, em destaque, um belo retrato dos 150 anos da Comunidade Evangélica Luterana de Itajaí – SC. Uma das comunidades mais ativas, comprometidas, acolhedoras e missionárias da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB. Temos ainda, indicado principalmente para lideranças, uma meditação mensal baseada no lema bíblico sugerido pelas Senhas Diárias. Para promover a unidade na Igreja, publicamos o estudo da presidência da IECLB sobre o Tema e Lema do ano. Isto e muito mais... Realmente vale a pena ir sorvendo cada palavra desta coletânea de expressões pessoais e coletivas. Certamente uma de suas melhores companhias para 2020.

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Para a elaboração desta edição, mais de 80 pessoas colaboraram. A estes, nossa gratidão pela preciosa contribuição, seja no seu planejamento, elaboração de artigos, patrocínios, revisão, correção, diagramação, impressão, distribuição. Enfim, muitas mãos se uniram para produzir este material que está agora em suas mãos. Que ele seja igual água fresca em dias de calor, renovando sua fé, alegria, esperança, inspiração, criatividade e conhecimento. Desejamos a você, nosso amigo leitor e amiga leitora, um abençoado ano de 2020, onde a bênção de Deus os acompanhe, além de edificantes momentos de leitura com nosso querido Anuário Evangélico Luterano – O Livro da Família. Um cordial abraço, pelo Conselho Editorial,

P. Roni Roberto Balz Editor

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O significado das nomencla tur as nomenclatur turas Advento – Vinda, chegada do Senhor. Natal – Nascimento de Jesus Cristo. Epifania – “Aparição” de Deus em seu Filho Jesus Cristo. Septuagesimae – 70 dias (faltam até Páscoa). Sexagesimae – 60 dias (faltam até Páscoa). Estomihi – (Latim: Esto mihi in Deum...) Salmo 31.3: “Sê para mim um forte rochedo”. Invocavit – (Latim: Invocavit me, et ego...) Salmo 91.15: “Ele me invocará e eu responderei...”. Reminiscere – (Latim: Reminiscere miserationum...) Salmo 25.6: “Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias”. Oculi – (Latim: Oculi semper ad Dominum...) Salmo 25.15: “Meus olhos estão sempre em Deus...”. Laetare – (Latim: Laetare cum Jerusalem...) Isaías 66.10: “Alegrai-vos com Jerusalém...”. Judica – (Latim: Judica me, Deus...) Salmo 43.1: “Julga-me, ó Deus...”. Domingo de Ramos/Palmarum – Veja João 12.13: “... A grande multidão... tomou ramos de palmeira e saiu ao seu encontro...”. Páscoa – Ressurreição de Cristo. Quasimodogeniti – 1 Pedro 2.2: “... desejai, como crianças recém-nascidas o leite não adulterado da palavra...”. Misericordias Domini – (Latim: Misericordia Domini plena est terra) Salmo 33.5: “A terra está cheia da misericórdia do Senhor”. Jubilate – (Latim: Jubilate Deo, omnis terra) Salmo 66.1: “Jubilai a Deus toda a terra...”. Cantate – (Latim: Cantate Domino canticum novum) Salmo 98.1: “Cantai ao Senhor um cântico novo”. Rogate – “Rogai, orai” Salmo 66.20: “Bendito seja Deus que não me rejeita a oração...”. Exaudi – (Latim: Exaudi, Domine, vocem meam...) Salmo 27.7: “Ouve, Senhor, a minha voz...”. Pentecostes – No 50º dia após a Páscoa, a descida do Espírito Santo. Aniversário da Igreja. Trindade – Domingo em que é celebrada a ação do Deus triúno – Pai, Filho e Espírito Santo. ••• 5 •••


Datas Festivas do Calendário Eclesiástico

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2 0 1 9

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Janeiro 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex

Nm 6.22-27 ANO NOVO – NOME DE JESUS – Dia Mundial da Paz Branco Js 24.1-26 Êx 2.1-10 Gn 21.1-7 Is 63.7-9 2º DOMINGO APÓS NATAL Branco Cantem ao Senhor com alegria, povos de toda a terra! Louvem o Senhor com canções e gritos de alegria. Salmo 98.4 Mt 2.1-12 EPIFANIA DE NOSSO SENHOR Branco 1Jo 3.1-6 1890 – Declarada a plena liberdade religiosa no Brasil Nm 24.15-19 Ef 4.17-24 1Jo 1.5-7 Is 66.18-23 Sl 29 1º DOMINGO APÓS EPIFANIA – BATISMO DO SENHOR Branco Depois que Jesus foi batizado, ouviu-se uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Marcos 1.11 At 10.37-48 1635 – ✩ Philipp Jakob Spener, pai do pietismo luterano, † 05/02/1705 1Co 2.11-16 1875 – ✩ Albert Schweitzer, teólogo evangélico e médico, † 04/09/1965 Rm 8.26-30 Ef 1.3-10 1910 – Fundação Obra Gustavo Adolfo (OGA) brasileira, Hamburgo Velho, RS Cl 2.1-7 1546 – Última pregação de Martim Lutero em Wittenberg (Rm 12.3) Mt 6.6-13 1Co 1.1-9 2º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde O Senhor me disse: Israel, você é o meu servo, e por meio de você serei glorificado. Isaías 49.3 Dt 4.5-13 1866 – ✩ Euclides da Cunha, escritor brasileiro († 15/08/1909) Rm 9.31-10.8 1800 – ✩ Theodor Fliedner, fundou a primeira Casa Matriz de Diaconisas Gl 5.1-6 1532 – Fundação de São Vicente, primeira vila do Brasil-Português At 15.22-31 1637 – Chegada do conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-Holandês, a Recife, PE Jr 14.1-9 Dt 33.1-16 1554 – Fundação pelos jesuítas do núcleo de São Paulo Mt 4.12-23 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA Verde Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. Mateus 4.23 1654 – Fim do Brasil-Holandês: capitulação dos holandeses At 16.9-15 Rm 15.7-13 1808 – Abertura dos portos brasileiros aos navios das nações amigas Rt 1.1-21 1499 – ✩ Catarina von Bora, esposa de Martim Lutero († 20/12/1552) At 13.42-52 1990 – 8ª Assembleia Geral da FLM, em Curitiba, PR Cl 1.24-29 1531 – Chegada de Martim Afonso de Souza a Pernambuco Fases da Lua:

= Crescente

= Cheia

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= Minguante

= Nova


Lema do mês

Deus é fiel. (1 Coríntios 1.9)

Diante dos desafios da vida, sentimos a necessidade de ter alguém ao nosso lado em quem podemos confiar. Todavia, muitas vezes depositamos a nossa confiança em pessoas e nos frustramos. Pensamos que determinadas pessoas estariam ao nosso lado para o que der e vier, porém, elas podem nos abandonar quando mais precisarmos. Diante desta quebra de confiança, corremos o risco de mergulhar em um mar de insegurança, nos fechar em nós mesmos e sentir que estamos sozinhos. Pessoas podem nos decepcionar! Pense na sua própria caminhada. Quantas vezes você já deixou de cumprir uma promessa, decepcionou pessoas que contavam com você?! O ser humano é falho! Por vezes, contraditório. Entretanto, há alguém em quem podemos confiar. Confiar sem medo de sofrer decepção. Existe alguém que cumpre o que promete! Alguém que não nos abandona, sejam bons ou maus momentos. Existe alguém que está sempre com a mão estendida para nos auxiliar e orientar, nosso Deus, Pai de Jesus Cristo. NEle nós podemos confiar!

Deus é fiel e nunca nos abandonará! Ele mesmo prometeu. “Acaso, pode uma mulher esquecerse do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Isaías 49.15). Ele também prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.20). Deus não mente, não engana e nem falha. Por esta razão, podemos confiar inteiramente nEle e permitir que Ele conduza a nossa vida sabendo que Ele nos ama e fará o que é melhor para nós. O amor e fidelidade de Deus nos comprometem e nos chamam para estar em união com Jesus Cristo, nosso Salvador. Quando estamos em comunhão com Ele, somos desafiados a seguir o seu exemplo de amor e fidelidade. Somos desafiados a fazer a diferença na sociedade na qual vivemos. Em uma sociedade marcada pela desconfiança, somos desafiados a sermos instrumentos de Deus, por meio dos quais, outras pessoas possam experimentar a presença, o amor e a fidelidade de Deus. P. Jonathan Klebber São Paulo – SP

Oração Senhor! Nós te agradecemos porque podemos contar com a tua fidelidade em todos os momentos. Capacita-nos para que possamos seguir teu exemplo. Que as pessoas possam sentir o teu amor e a tua fidelidade por meio daquilo que nós fazemos e falamos! Amém! ••• 11 •••


Fevereiro 1 Sáb 2 Dom

Ap 15.1-4 Mt 5.1-12 Mq 3.1-4

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

2Co 3.9-18 Jo 1.43-51 Jo 3.31-36 Ap 1.1-8 1Co 2.6-10 Nm 6.22-27 Is 58.1-12 5º DOMINGO APÓS EPIFANIA (Septuagesimae) Verde Jesus Cristo diz: Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida. João 8.12 1558 – Execução dos primeiros evangélicos no Brasil, na baía de Guanabara Lc 19.1-10 Dt 7.6-12 1868 – Fundação do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, RS (extinto em 1875) Rm 4.1-8 1Co 3.1-8 Ml 3.13-18 1Co 1.26-31 Dia Mundial contra a Lepra Mt 5.21-37 6º DOMINGO APÓS EPIFANIA (Sexagesimae) Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 1497 – ✩ Filipe Melanchthon, colaborador de Martim Lutero em Wittenberg († 19/04/1560) Dt 32.44-47 Ez 33.30-33 1546 – † Martim Lutero, reformador alemão, em Eisleben (✩ 10/11/1483) Lc 6.43-49 1Ts 1.2-10 2Tm 3.10-17 Mt 13.31-35 1956 – Criação da Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa Serra Pelada, ES 2Pe 1.16-21 ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA (Estomihi) Branco TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR O salmista canta ao Ungido: Tu és o mais formoso dos humanos; nos teus lábios se extravasou a graça; por isso, Deus te abençoou para sempre. Salmo 45.2 Lc 13.31-35 Lc 5.33-39 1778 – ✩ José de San Martin, general argentino, libertador latino americano († 17/08/1850) Mt 6.1-21 QUARTA-FEIRA DE CINZAS Violeta ou Preto ou Vermelho Cl 3.5-11 Rm 7.14-25a 1997 – Reestruturação da IECLB, extinção dos DE’s e das RE’s; criação dos Sínodos Zc 7.2-13

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb

4º DOMINGO APÓS EPIFANIA (Último Domingo após Epifania) Verde APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO Jesus leu no livro do profeta Isaías: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4.18 1931 – Fundação da Federação das Igrejas Evangélicas no Brasil

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Lema do mês

Deus comprou vocês por um preço; portanto, não se tornem escravos de seres humanos. (1 Coríntios 7.23)

É comum, no comércio, o “pechinchar”. Baixar o preço. Comprar mais, por menos! O lema deste mês fala em preço. Paulo diz que Deus nos comprou por um preço, para que sejamos livres. O preço pago foi o seu sangue de Jesus, derramado na cruz do calvário. Será este preço uma pechincha? Com certeza não! Este preço foi valoroso para Deus, pois custou a vida de seu Filho, por isso não há dinheiro que pague. É graça. Paulo, ao falar sobre o preço da liberdade, utiliza como exemplo a própria realidade presente na comunidade. Estima-se que boa parte dos cristãos de Corinto era escrava. Paulo fala ao coração de seus ouvintes, para dentro de uma realidade de sofrimento. A completa falta de controle e liberdade sobre suas vidas, realidade brutal naquela estrutura social, gerava grande sofrimento, distinção e exclusão. Em nossos tempos, talvez possa parecer distante essa comparação que Paulo faz, porém, não podemos fechar os olhos às realidades em nosso país, onde há sim, pessoas que trabalham em situações iguais a escravidão. Situações que precisam ser denunciadas e combatidas. No tempo bíblico, pessoas podiam ser tratadas como mercadorias; adquiridas por certo valor (Êx 21.32). Quando Judas combina o valor para entregar Jesus aos líderes judeus, as trintas moedas de prata era o mesmo valor pago por um escravo (Mt 26.15).

Paulo não tinha o interesse em iniciar uma discussão abolicionista, apesar de legítima. Sua intenção, ao fazer uso do exemplo do sistema de escravatura, visa mostrar que em Jesus Cristo somos libertos dos poderes deste mundo, do pecado e da morte. Jesus, o Kyrios, comprou com seu sangue a nossa liberdade. Agora pertencemos a ele. Somos servos d’Ele, participantes de sua morte e de sua ressurreição. Conforme Lutero: “Pela fé, um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém; mas pelo amor, um cristão é servo prestativo em todas as coisas e está sujeito a todos” (Da Liberdade Cristã). Ser livre não é fazer o que se quer, mas servir em amor ao próximo, apesar da sua indignidade. Assim, Paulo exorta a fim de que não nos deixemos escravizar pelo pecado, apesar da nossa natureza pecadora. O pecado causa dor e sofrimento, prometendo prazer momentâneo. Geralmente nos retira da convivência familiar e comunitária. A ganância, o lucro a qualquer preço, o descaso com a criação, o ódio ao diferente, a intolerância político-religiosa são alguns dos exemplos de escravos do pecado. Por isso, lembrese: Em Jesus não somos mais escravos do pecado, mas servos livres para amar. Portanto, no servir ao Senhor, em amor ao próximo, nossa liberdade estará garantida e o mundo preenchido de louvor e adoração ao nosso Deus. P. Augusto Cesar Klug Rurópolis – PA

Oração Querido Deus de amor, te somos gratos por tudo o que realizaste em nosso favor mediante a morte e ressurreição de teu Filho Jesus. Reconhecemos que nem sempre fazemos o que te agrada e assim caímos em pecado. Ajuda-nos, Senhor, mediante teu Santo Espírito, a fazermos a tua vontade, lhe servindo com gratidão e boa vontade. Por teu Filho Jesus, amém. ••• 13 •••


Março 1 Dom

Mt 4.1-11

2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom

2Ts 3.1-5 Jó 1.1-22 Dt 8.11-18 Tg 4.1-10 Hb 2.11-18 Rm 6.12-18 Gn 12.1-4a

1º DOMINGO NA QUARESMA (Invocavit) Violeta Jesus respondeu ao tentador: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4.4

Dia Mundial de Oração – DMO 2º DOMINGO NA QUARESMA (Reminiscere) Violeta Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16 Dia Internacional da Mulher

9 Seg 10 Ter

Gn 37.3-36 Jó 2.1-10

11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb

Jo 16.29-33 1Jo 1.8, 2.2-6 1607 – ✩ Paul Gerhardt, teólogo luterano e poeta alemão († 27/05/1676) 2Co 13.3-9 1630 – Proibição do tráfico de escravos africanos no Brasil Gl 2.16-21 1965 – Consagração do primeiro diácono na IECLB, em Lagoa Serra Pelada, ES Rm 5.1-11 3º DOMINGO NA QUARESMA (Oculi) Violeta Jesus Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. Filipenses 2.8 1937 – Abertura do Ginásio (hoje Colégio) Sinodal, em São Leopoldo, RS Lc 14.25-35 1969 – Inauguração do Instituto Concórdia, da IELB, em São Leopoldo, RS Jó 7.11-21 Mt 13.44-46 Mt 19.16-26 Dia da Escola Mt 10.34-39 Início do OUTONO Gl 6.11-18 1557 – Primeira celebração evangélica (calvinista) da Santa Ceia no Brasil, na baía de Guanabara Jo 9.1-41 4º DOMINGO NA QUARESMA (Laetare) Violeta Assim como Moisés, no deserto, levantou a serpente numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. João 3.14-15 Jo 6.26-35 Jó 9.14-35 Jo 15.9-17 ANUNCIAÇÃO DO NASCIMENTO DE JESUS Branco 1824 – Promulgação da 1ª Constituição do Brasil, por D. Pedro I 2Co 4.11-18 1946 – Abertura da Escola de Teologia em São Leopoldo, RS Jo 16.16-23a Jo 14.15-21 1823 – ✩ Dr. Hermann Borchard, fundador do Sínodo Teuto-Evangélico da Província do Rio Grande do Sul († 03/08/1891) Ez 37.1-14 5º DOMINGO NA QUARESMA (Judica) Violeta Jesus Cristo diz: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente. Marcos 10.45 1549 – Chegada dos primeiros missionários jesuítas ao Brasil, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega E 2.11-16 Jó 19.21-27 1492 – Expulsão dos judeus da Espanha

15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg 31 Ter

1557 – Primeira pregação evangélica (calvinista) no Brasil, na baía de Guanabara (Sl 27.4)

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Jesus Cristo diz: Fiquem vigiando! (Marcos 13.37)

Lema do mês

O lema bíblico de março é do Evangelho de Marcos 13.37. Marcos é o menor e, provavelmente, o evangelho mais antigo. Acredita-se que tenha sido fonte para os demais evangelistas. Nele encontramos, de forma sucinta, relatos dos principais episódios da vida e obra daquele que confessamos ser o Senhor da história e o Salvador do mundo, Jesus Cristo. O capítulo 13 traz um discurso apocalíptico de Jesus. São os últimos momentos dele com as pessoas que o seguiram na jornada do seu ministério. Seu processo de condenação, morte e ressurreição estão perto de acontecer. De Jerusalém, ele ensina aos seus discípulos e às suas discípulas pelo que devem esperar e suas palavras não são fáceis de ouvir e de aceitar. Ele afirma que virão dias difíceis, marcados por destruição, perseguição e sofrimento. Diante das duras palavras de Jesus, os discípulos fizeram a pergunta que nós também gostaríamos de ter a resposta: Quando todas essas coisas acontecerão? O mestre afirma que ninguém sabe quando isso acontecerá, nem os anjos e nem ele próprio.

Somente o Pai sabe quando se dará o fim de todas as coisas. Marcos encerra o capítulo com um alerta de Jesus, que vale para nós hoje: Fiquem vigiando! Para compreender o real significado do alerta de Jesus precisamos deixar de lado o medo. O medo impede as pessoas de agir. O medo prende as pessoas. Se pertencemos a Jesus, o medo não tem a última palavra sobre nós – nem mesmo diante de situações desafiadoras. Não devemos receber o alerta de Jesus em tom amedrontador ou ameaçador, e sim ouvi-lo como uma motivação para preparar a chegada do seu Reino. Viver alerta e vigilante tem a ver com estar preparado tanto para a vida, quanto para o fim dela. Vigiar é estar alerta para promover vida, combater injustiças, ser um sinal concreto do amor de Deus no mundo e na vida das pessoas, e não temer quando o fim chegar, quando então estaremos, finalmente, com o Senhor! Vigiem para que o mundo experimente o amor de Deus e desfrute dele por toda a eternidade! P. Felipi Schütz Bennert Santos – SP

Oração Senhor, ensina-nos a sermos vigilantes e atentos para que o mundo experimente, através e apesar de nós, teu carinho e amor. Dá-nos certeza da tua presença nos dias difíceis e quando o fim estiver próximo. Confirma em nós a esperança de que somos teus e seremos para sempre. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ••• 15 •••


Abril 1 Qua 2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui

Hb 9.11-15 1985 – Lançado o primeiro número do jornal O CAMINHO Jr 15.15-21 Hb 10.1-18 Lc 18.31-43 1968 – † Martin Luther King (assassinado), pastor batista, líder do movimento negro dos EUA (✩ 15/01/1929) Mt 21.1-11 DOMINGO DE RAMOS – PAIXÃO Violeta ou vermelho Is 50.4-9a Jesus respondeu aos discípulos: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. João 12.23 Mt 26.6-13 Jó 38.1-11 1831 – Abdicação de D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil Lc 22.1-6 1Co 10.16-17 QUINTA-FEIRA DA PAIXÃO Branco 1945 – † Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão, mártir do nazismo (✩ 04/02/1906) Mt 27.33-50 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO Preto, Vermelho ou ausência de cor Jó 14.1-14 SÁBADO DA PAIXÃO – VIGÍLICA PASCAL Violeta ou Preto Jo 20.1-18 DOMINGO DA PÁSCOA Branco ou Dourado Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. Romanos 6.9 Lc 24.36-45 1598 – Edito de Nantes; tolerância para os protestantes na França (revogado em 1685) Jo 20.1-10 Jo 20.11-18 Jo 21.1-14 Lc 24.36-47 Lc 24.1-12 1Pe 1.3-9 2º DOMINGO DA PÁSCOA (Quasimodogeniti) Branco ou Dourado Jesus disse para Tomé: Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! João 20.29 Dia dos Povos Indígenas Gn 32.22b-32 1529 – 2ª Dieta de Espira: protestos dos príncipes evangélicos alemães contra a restrição da liberdade de religião (“protestantes”) Jó 42.7-17 1792 – † Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, enforcado 1960 – Inauguração de Brasília como nova capital do Brasil Is 66.6-13 1500 – Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (descobrimento do Brasil) Jo 17.9-19 Dia Mundial do Livro 1Pe 2.1-10 At 8.26-39 Lc 24.13-35 3º DOMINGO DA PÁSCOA (Misericordias Domini) Branco ou Dourado Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras? Lucas 24.32 1500 – Primeira missa no Brasil Jo 10.1-10 Mateus 9.35 – 10.1-7 Jo 17.20-26 Ef 4.8-16

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Lema do mês

Quando o corpo é sepultado, é um corpo mortal; mas, quando for ressuscitado, será imortal. (1 Coríntios 15.42)

Jesus Cristo é a nossa ressurreição Em 1 Co 15, vemos que alguns cristãos de Corinto, influenciados pela filosofia grega, não acreditavam que poderia haver ressurreição do corpo (v. 12). Porém, Paulo assegura que, assim como Cristo ressuscitou, também os que creem nele vão ressuscitar (v. 20, 22). Para comprovar a realidade da ressurreição, Paulo faz referência às Escrituras (v. 3, 4), mencionando alguns daqueles para quem Cristo apareceu (v. 5-7). Cristo ressuscitou e apareceu aos discípulos com as marcas dos cravos em suas mãos e pés. Seu corpo podia ser tocado, pois era de carne e osso, além de ser alimentado (Lc 24.39). A identidade e a personalidade de Cristo foram preservadas, seu corpo ainda tinha as marcas, mas era um corpo transformado. Quem crê em Jesus Cristo também ressuscitará, assim como seu corpo também será transformado. Paulo fala da ressureição do corpo fazendo uma comparação com uma semente (v. 36): ao semear uma semente de trigo, por exemplo, a semente morrerá, germinará e nascerá um “pé de trigo”. Continuará sendo trigo, não mais em forma-

to de semente, mas em forma de planta. Deus dá outro corpo ao trigo. É isso que Paulo nos mostra em 1 Co 15.42: “Quando o corpo é sepultado, é um corpo mortal; mas, quando for ressuscitado, será imortal”. A morte é consequência do pecado (Romanos 6.23). Em Cristo nosso pecado é perdoado, a morte já não é mais o limite, mas vivemos da esperança pela vida eterna que vem da ressurreição. Assim como uma semente, o corpo morto será “semeado no solo” e depois será ressuscitado (com sua identidade e personalidade preservadas). Será um corpo transformado, um corpo espiritual (v. 44), revestido de imortalidade, ou seja, um corpo que viverá eternamente. Isso só é possível porque Cristo venceu a morte e ressuscitou. Por isso, a mensagem da ressurreição é fundamental para a fé cristã. Sem essa certeza, nada temos para crer, nada temos para anunciar (v. 14) e continuaríamos perdidos em nossos pecados (v. 17). Mas, podemos agradecer a Deus, que nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo (v. 56). Nele podemos continuar firmes e fortes até o fim (v. 58). P. Joelmir Schanoski Domingos Martins – ES

Oração Senhor, Deus da vida. Obrigado pela morte de teu Filho em nosso lugar e pela sua ressurreição, vencendo a morte. Assim, por meio dele, podemos crer e ter esperança que seremos ressuscitados e transformados por ti também. Ajuda-nos a continuarmos firmes nesta fé e esperança até o fim. Amém. ••• 17 •••


Maio 1 Sex 2 Sáb 3 Dom

4 Seg 5 Ter 6 Qua 7 Qui 8 Sex 9 Sáb 10 Dom

11 Seg 12 Ter 13 Qua 14 Qui 15 Sex 16 Sáb 17 Dom

18 Seg 19 Ter 20 Qua 21 Qui 22 Sex 23 Sáb 24 Dom 25 Seg 26 Ter 27 Qua 28 Qui 29 Sex 30 Sáb 31 Dom

Mt 26.30-35 Dia do Trabalho Jo 14.1-6 At 2.42-47 4º DOMINGO DA PÁSCOA (Jubilate) Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. João 10.14 1824 – Fundação da primeira comunidade evangélica pertencente à IECLB, em Nova Friburgo, RJ Gn 1.6-8 Gn 1.9-13 1865 – ✩ Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista e geógrafo brasileiro († 19/01/1958) Gn 1.14-19 Gn 1.20-23 Gn 1.24-31 1945 – Fim da 2ª Guerra Mundial na Europa Gn 2.1-3 Jo 14.1-14 5º DOMINGO DA PÁSCOA (Cantate) Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14.6 DIA DAS MÃES 1886 – ✩ Karl Barth, teólogo evangélico suíço († 10/12/1969) Êx 15.1-21 1Sm 16.14-23 Rm 15.14-21 1888 – Abolição da escravatura no Brasil 1Co 14.6-19 1950 – 1º Concílio Geral da Federação Sinodal, em São Leopoldo, RS Ap 5.6-14 Jo 6.60-69 1Pe 3.13-22 6º DOMINGO DA PÁSCOA (Rogate) Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 1939 – Fundação da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, RS Mc 1.32-39 Lc 18.1-8 Mc 9.14-29 1886 – Fundação do Sínodo Riograndense, em São Leopoldo, RS Lc 24.44-53 ASCENSÃO DO SENHOR Branco ou Dourado Jo 18.33-38 Ap 4.1-11 Sl 68.1-35 7º DOMINGO DA PÁSCOA (Exaudi) Branco ou Dourado Jesus Cristo diz: Não os deixarei órfãos, voltarei para vocês. João 14.18 Ez 11.14-20 1700 – ✩ Nikolaus Ludwig, Conde de Zinzendorf, fundador da Igreja Evangélica dos Irmãos Herrnhut, Alemanha († 09/05/1760) 1 João 4.1-6 Is 32.11-18 At 1.12-26 Efé 1.15-23 1537 – Declarada a liberdade dos indígenas americanos pelo Papa Paulo III Jo 16.5-15 1909 – ✩ Dr. Ernesto T. Schlieper, 2º Pastor Presidente da IECLB († 31/ 10/1969) Jo 20.19.23 DOMINGO DE PENTECOSTES Vermelho Jesus Cristo diz: Quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. Atos 1.8

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Lema do mês

Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros! (1 Pedro 4.10)

Dons, um presente de Deus Nós somos agraciados por Deus com dons, que são capacidades e competências desenvolvidas ao longo da vida, para assim realizar a sua obra neste mundo. Cada pessoa, com seus dons, diferentes entre si, porém complementares, usados a serviço do bem estar coletivo, torna-se uma benção na vida de todos. Pena que muitas pessoas acabam por desvalorizar seus próprios dons, negando-os ou enterrando-os (Mt 25.14-30). Ou por vezes, exaltam apenas os dons de outras pessoas, acomodando-se em si mesmas. Em 1 Coríntios 12 é reafirmado que o Espírito Santo dá dons diferentes para servir a Deus, cada um conforme o dom que recebeu. A pergunta que fica ao lermos este belo versículo de 1 Pedro é: Nos dias de hoje estamos colocando os nossos dons a serviço de quê e de quem? Deus e ao próximo? Apenas para si mesmo? A resposta pode ser variada. Muitas pessoas usam o dom recebido de Deus apenas para conseguir dinheiro, poder e fama. Outras desvalorizam seu dom e não o usam para servir a Deus por vergonha, medo ou por descrença. Contu-

do, há aqueles que usam seus dons para glorificar o nome de Deus e fazer um mundo melhor para todos nós, pois fé em ação só tem um destino: o bem coletivo. Neste pequeno versículo, Pedro nos convida a cada dia usarmos os nossos dons a serviço de nosso irmão e irmã, praticando o amor ensinado e vivido por Jesus Cristo, como resposta de fé, gratidão e amor. Podemos colocar nossos dons a serviço de Deus de muitos modos. Convido você a refletir sobre como tu podes colocar teus dons a serviço de Deus onde você reside. Mas lembre-se: ao usar seu dom para ajudar o próximo, não espere nada em troca, pois tudo o que tens e precisas, já recebeste de Deus. Além do mais, a recompensa pelo bem virá quando Jesus Cristo voltar. Que o teu agir seja simplesmente uma resposta ao amor recebido de Deus. Um sinal de confiança e gratidão. Sejamos instrumentos de Deus no mundo com nossos diferentes dons, ajudando quem necessita, cuidando do mundo que vivemos e unindo forças para juntos exaltarmos e glorificarmos o nome de Deus. P. Felipe Andrei Graupe Vila Rica – MT

Oração Deus eterno e todo poderoso, te agradecemos por todos os dons que o Senhor nos presenteia. Te agradecemos pela oportunidade de colocar nossos dons a serviço da vida e de quem necessita, bem como louvar o teu grande nome. Assim te pedimos: faça de nós seu instrumento para que possamos ter um mundo melhor e mais justo. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ••• 19 •••


Junho 1 Seg 2 Ter 3 Qua 4 Qui 5 Sex 6 Sáb 7 Dom

8 Seg 9 Ter 10 Qua 11 Qui 12 Sex 13 Sáb 14 Dom

15 Seg 16 Ter 17 Qua 18 Qui 19 Sex 20 Sáb 21 Dom

22 Seg 23 Ter 24 Qua 25 Qui 26 Sex 27 Sáb 28 Dom

29 Seg 30 Ter

Jo 20.19-23 Segunda-feira de Pentecostes 1Co 14.1-40 Ef 1.11-14 2Co 3.2-9 Gl 3.1-5 Dia Mundial do Meio Ambiente At 18.1-11 2Co 13.11-13 1º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Branco ou Dourado TRINDADE Os serafins diziam em voz alta uns para os outros: Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro! Isaías 6.3 Êx 3.13-20 Is 43.8-13 At 17.16-34 DIA DO PASTOR E DA PASTORA 1888 – 1º número do “Sonntagsblatt” (Folha Dominical) do Sínodo Riograndese Ef 4.1-7 CORPUS CHRISTI 1948 – Criação da Sociedade Bíblica do Brasil 2Pe 1.16-21 Jo 14.7-14 1525 – Casamento de Martim Lutero e Catarina von Bora Mt 9.35,10.8 2º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis. Salmo 132.9 1910 – Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, na Escócia At 4.1-21 2Co 1.23, 2.4 Ez 3.22-27 1703 – ✩ John Wesley, pai do metodismo († 02/03/1791) Jo 21.15-19 Jr 20.7-11 1934 – Constituição da Confederação Evangélica do Brasil (CEB) Jn 1.1-16 Início do INVERNO Jr 20.7-13 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Para mostrar que vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso coração, o Espírito que exclama: Aba, Pai. Gálatas 4.6 Pv 9.1-10 Êx 2.11-25 Lucas 1.57-80 João Batista, profeta Branco 1904 – Fundação da Igreja Luterana do Brasil (IELB) Mt 10.26-33 1827 – Fundação da Comunidade Protestante Teuto-Francesa do Rio de Janeiro, hoje pertencente à IECLB At 13.15-25 1945 – Criação da ONU em São Francisco, EUA Lc 3.10-18 Mt 10.40-42 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1.17 Mc 8.1-9 AÇÃO DE GRAÇAS PELA COLHEITA 1912 – Fundação do Sínodo das Comunidades Teuto-Evangélicas (Sínodo Evangélico) do Brasil Central no Rio de Janeiro Lc 7.36-50 Jz 10.6-16 1947 – Assembleia Constituinte da Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia

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Lema do mês

Só tu conheces os pensamentos secretos do coração humano. (1 Reis 8.39)

Diante de Deus não há segredos Como é bom sabermos que Deus nos conhece tão bem, que até aquilo que não expressamos, Ele sabe. É isto que o rei Salomão em sua oração reconhece, e o faz, portanto como sendo filho de Deus. Deus nos conhece, mas e nós, nos conhecemos? Muitas vezes temos um sentimento em nosso coração que não conseguimos expressar, colocar para fora, falar com as outras pessoas. Há coisas particulares, que nos envergonham. Preferimos guardar em segredo. Porém, para Deus não há segredos. Ele nos conhece e por isso, podemos lhe falar em oração, sem medo. Só o simples fato de falar “Senhor tu me conheces e sabes o que se passa em meu coração e mente” já é uma forma de nos colocarmos nos braços amorosos de nosso Deus, reconhecendo que como filhos e filhas vivemos da sua graça e misericórdia. Nossa existência só é possível na total dependência ao amor de Deus. O texto de 1 Reis 8.39 é parte de uma oração do rei Salomão por ocasião da dedicação do Templo. Nele ficará a arca da aliança, bem como será

local aonde as pessoas irão levar seus sacrifícios a Deus pelos pecados cometidos e ofertas de agradecimento pelas bênçãos alcançadas. O rei Salomão se coloca na posição de filho de Deus e pede que Ele possa ouvir os clamores que se encontram em seu coração. Desta forma, também nós somos chamados e chamadas a nos achegarmos em oração a Deus, com o coração aberto para que Ele possa agir em nossa vida. Uma pessoa que não abre seu coração para Deus sofre sozinha, fica doente e desperdiça a mão amorosa estendia em seu favor. Que em nossa vida, para vivenciar a alegria plena, possamos abrir nosso coração a Deus, e compartilhar nossos fardos, pois Ele nos conhece tão bem e quer nos ajudar a lidar com eles. Ele é nossa força, libertação, cura e salvação. Que possamos cantar conforme o hino 451 do hinário Hinos do Povo de Deus: “Meu coração transborda de amor porque meu Deus é um Deus de amor. Minh’ alma está repleta de paz porque Jesus é a minha paz. Eu digo aleluia, aleluia, aleluia, aleluia, aleluia”. Que assim seja! P. Robson Peters Luis Eduardo Magalhães – BA

Oração Bondoso e Misericordioso Deus, nosso Pai celestial, em tua presença estamos e a ti recorremos como filhos e filhas, de coração aberto, para lhe pedir: sonda o nosso coração e nossa mente e retira de nós todos os pensamentos e sentimentos ruins e faça com que o nosso coração transborde de amor. Por Jesus Cristo, nosso irmão, Teu Filho amado, e nosso Salvador. Amém. ••• 21 •••


Julho 1 Qua

Mq 7.7-20

2 Qui 3 Sex 4 Sáb 5 Dom

Mt 18.15-20 Gl 3.6-14 Jn 3.1-10 1776 – Independência dos Estados Unidos da América (EUA) Rm 7.15-25a 5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A semente que caiu na terra boa são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança. Lucas 8.15 Gl 6.1-5 2Co 2.5-11 Mc 11.20-26 1Co 12.19-26 Fp 2.1-5 1509 – ✩ João Calvino, reformador de Genebra (Suíça), líder do ramo calvinista do protestantismo († 27/05/1564) Jn 4.1-11 Is 55.10-13 6º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus, te abençoará. Deuteronômio 30.16 Gl 1.13-24 1553 – Chegada do jesuíta José de Anchieta ao Brasil Rm 9.14-26 Ez 2.3-8a At 15.4-12 1054 – Cisão da Igreja Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla) 2Co 12.1-10 Fp 3.12-16 Mt 13.24-43 7º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus diz: A palavra que sair da minha boca não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55.11 Êx 14.15-22 1873 – ✩ Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação († 23/07/1932) At 2.32-40 At 16.23-34 Mt 18.1-6 1Co 12.12-18 Ap 3.1-6 1824 – Chegada dos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, RS Dia do Colono e do Motorista Rm 8.26-39 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Simão Pedro respondeu a Jesus: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6.68 Jo 6.47-56 Mt 22.1-14 At 10.21-36 1Co 10.16-17 Lc 22.14-20

6 Seg 7 Ter 8 Qua 9 Qui 10 Sex 11 Sáb 12 Dom

13 Seg 14 Ter 15 Qua 16 Qui 17 Sex 18 Sáb 19 Dom

20 Seg 21 Ter 22 Qua 23 Qui 24 Sex 25 Sáb 26 Dom

27 Seg 28 Ter 29 Qua 30 Qui 31 Sex

1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico do Sínodo Riograndense, em Cachoeira do Sul, RS

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Lema do mês

O anjo do Senhor Deus voltou e tocou nele, dizendo: – Levante-se e coma; se não, você não aguentará a viagem. (1 Reis 19.7)

Deus nos sustenta na missão O profeta Elias, após ter executado os profetas do deus Baal, foge de Israel por saber que a esposa do rei Acabe, rainha Jezabel, o procurava para matá-lo. Elias se refugia no deserto que fica a caminho do monte Sinai, lugar onde Deus se revelou a Moisés. No caminho, após parar para descansar, Elias acaba pegando no sono e é acordado por um anjo, o qual lhe oferece comida e bebida para suportar a longa jornada que ainda estava por vir. Elias seguiu os conselhos de Deus, e por seguilos, acabou sofrendo consequências que aparentemente pareciam ser pesadas demais. Elias teve que fugir para o deserto e por lá peregrinar por quarenta noites até chegar ao monte Sinai. No entanto, mesmo em meio à falta de alimento e de água, Elias foi sustentado por Deus nesta jornada, dada sua confiança integral a Deus. A nossa vida é feita de escolhas. Nem sempre optamos pela mais recomendável. Para escolhermos podemos tomar como parâmetro nossos princípios, valores éticos, sociais, políticos e, por-

que não, religiosos? Pertencemos a uma igreja que tem como fundamento o trino Deus. Somos cristãos e cristãs, e como tais, é nossa missão assumirmos nossas escolhas, confiando e temendo que nosso guia, nosso Senhor e Consolador, sempre junto a nós estará, tanto em momentos de dificuldade, quanto de bonança, nos sustentando em meio aos desafios, frustrações e dor; bem como celebrando conosco conquistas e alegrias alcançadas. Se de fato é neste Deus que depositamos nossa fé e nossa gratidão, a exemplo de Elias, que possamos sempre de novo e em qualquer situação demonstrar nosso comprometimento para com a vida, não apenas pessoal, mas com a vida de cada ser vivente sobre a face da terra. Que em confiança plena possamos dizer: Por tua mão me guia, meu Salvador, agora e eternamente, por teu amor! Não quero andar no escuro sem tua luz: Eu quero andar contigo, Senhor Jesus! (1ª estrofe do hino 627, do Livro de Canto da IECLB). Que assim seja! Pa. Juliana Lohmann Lindner Luís Eduardo Magalhães – BA

Oração Misericordioso Deus! Te agradeço por me sustentar em tempos bons e em tempos difíceis. Perdoa-me pelas vezes que contestei ou até mesmo duvidei do teu agir, do teu querer, por buscar orientações em caminhos que não levam a ti. Peço-te: dá-me discernimento para que possa testemunhar de forma prática o teu cuidado e o teu amor. Amém. ••• 23 •••


Agosto 1 Sáb 2 Dom

3 Seg 4 Ter 5 Qua 6 Qui 7 Sex 8 Sáb 9 Dom

10 Seg 11 Ter 12 Qua 13 Qui 14 Sex 15 Sáb 16 Dom

17 Seg 18 Ter 19 Qua 20 Qui 21 Sex 22 Sáb 23 Dom

24 Seg 25 Ter 26 Qua 27 Qui 28 Sex 29 Sáb 30 Dom

31 Seg

Ap 19.4-9 Mt 14.13-21 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. João 14.23 Mt 7.7-12 1927 – 1ª Conferência Mundial de Fé e Ordem, em Lausanne, Suíça Lc 6.27-35 Mt 5.33-37 1872 – ✩ Osvaldo Gonçalves Cruz, mais conhecido como Oswaldo Cruz, cientista e médico-sanitarista brasileiro († 11/02/1917) Mc 5.1-20 1911 – Fundação da Associação de Comunidades Evangélicas Alemãs de Santa Catarina, em Blumenau 1Pe 3.8-17 Fp 2.12-18 1Rs 19.9-18 10º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Hebreus 11.1 DIA DOS PAIS 1Rs 3.16-28 Ef 5.15-20 1Co 10.23-31 1Co 9.16-23 Jr 1.11-19 Lc 12.42-48 1899 – Fundação da OASE em Rio Claro, SP Mt 15.21-28 11º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Hebreus 4.1 Rm 11.1-12 Lm 1.1-11 Jo 4.19-26 1925 – 1ª Conferência Universal Cristã de Vida e Obra em Estocolmo, na Suécia Rm 11.25-32 Lm 5.1-22 Início da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência – 21 a 28 de agosto Dt 4.27-40 1948 – Assembleia Constituinte do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda Rm 12.1-8 12º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Jesus acabou com o poder da morte e, por meio do evangelho, revelou a vida que dura para sempre. 2 Timóteo 1.10 Mt 23.1-12 1Sm 17.38-51 Jo 8.3-11 1Pe 5.1-5 Lc 22.54-62 Is 26.1-6 Mt 16.21-28 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Senhor, eu sou teu, e por isso as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de felicidade. Jeremias 15.16 Mt 9.27-34

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Lema do mês

Eu te louvo porque deves ser temido. Tudo o que fazes é maravilhoso, e eu sei disso muito bem. (Salmo 139.14)

Esse salmo de Davi nos mostra a grandeza e a majestade de Deus. O salmista exalta em louvor a Deus em seus atributos. Onisciência: Deus sabe de todas as coisas; Onipresença: Deus está em todos os lugares; e Onipotência: Deus é todopoderoso. Os atributos de Deus são revelados, pelas Escrituras, sempre na perspectiva com o ser humano, nunca isolados. Vejamos dois exemplos: Amor e Justiça. Deus nos mostra o seu amor a ponto de dar seu Filho Jesus para nos salvar; Deus nos justifica quando Jesus, o justo, morre em nosso lugar. Também com relação aos atributos do Salmo 139, Deus é onisciente porque conhece os nossos pensamentos, as atividades, a fala antes mesmo de sair da boca. Deus é onipresente porque não há lugar que possamos fugir da sua presença e Deus é onipotente por ter feito toda a sua criação, em especial o ser humano. Veja: Davi não tinha o conhecimento médico, científico e tecnológico que temos na atualidade, mas mesmo assim louva a Deus por sua maravilhosa criação, a minuciosidade e a complexidade do corpo humano: “Tu criaste cada parte do meu corpo, tu me formaste na barriga da minha mãe”

(v.13). Hoje temos o código genético, o DNA que mostra em detalhes cada parte e sua função no corpo humano, um organismo que funciona perfeitamente. Mas não só o ser humano, mas todas as obras de Deus são maravilhosas: a natureza, os animais, o sol, a lua e as estrelas. Tudo é motivo de gratidão e louvor a Deus, assim como o salmista faz: “Eu te louvo porque deves ser temido. Tudo o que fazes é maravilhoso” (v.14). Lutero disse que quando era jovem não gostava de saber que Deus devia ser temido, pois não percebia a diferença do que Deus faz e o que nós fazemos. Mas quando entendeu que as nossas atitudes são corrompidas e a obra de Cristo por nós é santa e perfeita, ele se apegou à misericórdia de Deus. Assim é necessário temer a Deus sem perder a alegria genuína – uma alegria por sermos reconciliados com Deus por causa de Cristo e que faz surgir um sorriso no rosto, um brilho nos olhos e uma canção de louvor em nossos lábios. Que o Espírito de Deus nos ajude a orar e cantar como o salmista, que Deus é temido e suas obras são maravilhosas. Aleluia! Miss. Tiago Marcel Semin Zang Ariquemes – RO

Oração Santo e Eterno Deus, nos encha com o teu Santo Espírito para louvarmos o teu nome e reconhecermos que tu és grande e majestoso, e tuas obras são por demais maravilhosas. Que possamos ser gratos e alegres por tudo o que nos tens dado. Queremos te servir com a nossa vida. Ajuda-nos a testemunhar o teu amor às pessoas a nossa volta. Amém. ••• 25 •••


Setembro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom 7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

21 Seg 22 Ter 23 Qua 24 Qui 25 Sex 26 Sáb 27 Dom

28 Seg 29 Ter 30 Qua

Mc 3.1-12 At 9.31-35 Tg 5.13-16 Mt 12.15-21 Is 57.15-19 Ez 33.7-11

1939 – Início da 2ª Guerra Mundial na Europa 1850 – Início da colonização em Blumenau, SC 1850 – Abolição do tráfico de escravos africanos no Brasil 14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se. Filipenses 4.4 DIA DA PÁTRIA – 1822 – Independência do Brasil Verde Dia Mundial da Alfabetização

Sl 33.12-22 Am 5.4-15 Dt 24.10-22 At 4.32-37 Dia da Imprensa Tg 2.5-13 Jd 1-2,20-25 1990 – Fundação da Comunhão Martim Lutero em Joinville, SC Mt 18.21-35 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. Romanos 15.4 Dt 26.1-11 Gl 5.22-26 Fm 1-16-22 1Cr 29.9-18 Jo 13.31-35 2Ts 2.13-17 Fp 1.21-30 16º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O apóstolo Paulo diz: Eu trago vocês no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos vocês são participantes da graça comigo. Filipenses 1.7 Fp 4.8-14 Dia da Árvore 1Tm 6.3-11a Início da PRIMAVERA Ec 4.4-12 Lc 10.38-42 1Co 7.17-24 Mc 12.41-44 Mt 21.23-32 17º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. Filipenses 2.10-11 Dia do Ancião Rm 6.18-23 Lc 10.17-20 ARCANJO MIGUEL E TODOS OS ANJOS Branco Gn 16.6b-14

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Lema do mês

A nossa mensagem é esta: Deus, por meio de Cristo, ele está fazendo com que eles sejam seus amigos. (2 Coríntios 5.19)

A amizade de Deus não é utilitarista Vivemos a era do individualismo, utilitarismo e consumismo. O primeiro mandamento do mundo pós-moderno é: “Eu sou o senhor, meu deus; não terei outros deuses além de mim.” O ser humano passa a viver a autossuficiência e a redenção em si mesmo. Ele se basta; ele se louva com as selfies que é a idealização de si mesmo, ou seja, o eu na vitrine que poderá ser visto e consumido. Por consequência, as amizades também se tornam virtuais. As pessoas preferem (literalmente) a superficialidade de uma tela de poucos milímetros do que conversar pessoalmente com um corpo real, profundo e misterioso. Pode haver centenas ou milhares de amizades virtuais; porém, a real presença da solidão é cruel e entristecedora. Deus, entretanto, prefere manter uma relação conosco. Ele, como doador, doa-se a nós para que a amizade seja mantida. Deus faz isso através de seu Filho Jesus Cristo que acabou com a inimizade que existia desde Adão e Eva. Jesus nos faz, novamente, amigos de Deus. Esta amizade nos leva a exercitar o ministério (do gr.

diakonia cf. v. 21) da reconciliação. Quando Deus se dispõe a uma amizade conosco, isto nos leva a buscarmos a amizade com todas as pessoas. Através da fé, fomos reconciliados com Deus; através do amor, nos reconciliamos com as outras pessoas e com a criação. A amizade de Deus para conosco é individual e comunitária. Deus nos ama como somos em nossa identidade, mas também nos impulsiona à comunhão com outras identidades, diferentes da nossa. Por isso, a amizade de Deus não é utilitarista e consumista. Pecamos diariamente, mas Deus não nos descarta! Deus não nos joga fora como um copo de plástico que serviu e já não serve mais; o mesmo deve acontecer nas relações interpessoais: viver o serviço da reconciliação é amar mesmo quando o/a outro/a não tem nada a oferecer. Deus é o amigo que em Jesus deu a vida pela nossa salvação. Ele fez uma troca conosco, ao assumir nossa identidade pecadora na cruz e ao nos tornar justos por causa de Cristo. Que o sacrifício também faça parte das relações interpessoais reais do nosso dia a dia. P. William Felipe Zacarias Sapiranga - RS

Oração Senhor Deus, és o amigo que nenhum outro poderia ser. Fizeste tudo por mim. Não quero ser teu inimigo, mas amigo teu e dos teus. Obrigado por tua amizade e reconciliação. Ajuda-me a ser amigo daqueles que não querem minha amizade; ensina-me a prática do perdão e reconciliação. Em nome de Jesus. Amém! ••• 27 •••


Outubro 1 Qui 2 Sex 3 Sáb 4 Dom

5 Seg 6 Ter 7 Qua 8 Qui 9 Sex 10 Sáb 11 Dom

12 Seg 13 Ter 14 Qua 15 Qui 16 Sex 17 Sáb 18 Dom

19 Seg 20 Ter 21 Qua 22 Qui 23 Sex 24 Sáb 25 Dom

26 Seg 27 Ter 28 Qua 29 Qui 30 Sex 31 Sáb

Êx 23.20-27 1921 – Reunião de constituição do Conselho Missionário Internacional em Lake Mohonk, EUA At 27.16-25 At 12.1-11 1226 – † Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) (✩ 1181/1182) Is 5.1-7 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Ó Deus, eu falarei a respeito de ti aos meus irmãos e te louvarei na reunião do povo. Hebreus 2.12 1959 – Inauguração do prédio principal da Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo, RS Hb 11.1-10 Tg 1.1-13 Lc 7.1-10 At 5.34-42 Hb 12.1-3 1905 – Fundação do Sínodo Evangélico Luterano de SC, PR e Outros Estados da América do Sul, em Estrada da Ilha, SC Mt 14.22-33 Mt 22.1-14 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Naquele dia, todos dirão: Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Isaías 25.9 1962 – Concílio Vaticano II, da Igreja Católica Romana, em Roma Mt 6.1-4 Dia da Criança – Dia de Nª Srª Aparecida Mc 3.31-35 Ct 8.4-7 Gl 5.13-18 Jr 15.10-21 Mt 5.17-24 1Ts 1.1-10 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Segundo o seu querer, Deus nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1.18 Êx 15.22-27 Lc 5-12-16 1962 – Assembleia Constituinte do Sín. Evang. Luterano Unido (SELU) 1997 – Inauguração da Gráfica e Editora Otto Kuhr, em Blumenau, SC Lc 13.10-17 Mt 8.14-17 Jr 17.13-17 At 14.8-18 Mt 22.34-46 21º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde O Senhor me livrará de todo mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém! 2 Timóteo 4.18 1968 – Reestruturação da IECLB, fusão dos 3 Sínodos, criação da RE IV 2Ts 3.6-13 1949 – Constituição da IECLB Rm 13.1-7 1916 – ✩ Karl Gottschald, 3º Pastor Presidente da IECLB († 02/08/1993) Ef 5.25-32 1Co 14.26-33 Dia Nacional do Livro e da Leitura Jo 18.28-32 Gl 5.1-11 DIA DA REFORMA Vermelho 1517 – Lançamento das 95 Teses de Martim Lutero

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Lema do mês

Trabalhem para o bem da cidade para onde eu os mandei como prisioneiros. Orem a mim, pedindo em favor dela, pois, se ela estiver bem, vocês também estarão. (Jeremias 29.7)

Você tem orado pela cidade onde vive? Talvez esta seja uma pergunta um tanto quanto estranha para alguns. Por qual motivo eu devo orar pela cidade em que eu vivo? Qual diferença fará a minha oração frente a tantas pessoas que não a fazem? Sim, estas são perguntas muito cabíveis! Perguntas que o texto de Jeremias 29.7 nos responde, quando diz: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz”. Deus, através do profeta Jeremias, proclama sua mensagem ao povo que se encontra exilado na Babilônia. E, nesta, Deus trás duas importantes mensagens: procurar a paz da cidade e orar por ela. Deus assim o faz, para mostrar ao povo que, mesmo com a esperança de voltar para as suas terras, no momento, o seu lugar era ali. E, por causa disso, o povo deveria procurar a paz da cidade, ou seja, procurar trabalhar a favor da prosperidade dos seus conquistadores. Isso quer dizer que, ao invés de ir contra aque-

les que os escravizavam, o povo deveria buscar se esforçar em fazer a Babilônia prosperar, de modo que, eles também teriam melhores condições de vida, se assim o fizessem. Segundo, Deus manda que eles orem a Ele pela Babilônia, para que assim tenham paz. Ou seja, para que eles tivessem uma vida com melhores condições, teriam de orar pela paz na Babilônia, teriam que se importar com aquele povo e aquele local. Assim, voltamos para a pergunta inicial: Você tem orado pela cidade onde vive? Você tem trabalhado para a prosperidade da mesma? Deus nos chama a fazermos a diferença para fora dos muros da igreja. Nós o fazemos quando trabalhamos em prol do reino onde nós vivemos, trabalhamos e convivemos. Também, quando oramos para que Deus desperte pessoas para o seu reino, para que dê sabedoria aos que governam, em busca de paz. Que tal começar no dia de hoje a fazer a diferença? Pa. Camila Luísa Faber Kerber Alta Floresta - MT

Oração Bondoso Deus! Graças te rendemos por quem tu és. Graças te rendemos, pois tu nos conduzes a refletirmos sobre a tua Palavra. Ensina-nos a levarmos tua mensagem à cidade onde vivemos. Ensina-nos a orarmos por ela. Capacita-nos para esta tarefa. Em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém! ••• 29 •••


Novembro 1 Dom

2 Seg 3 Ter 4 Qua 5 Qui 6 Sex 7 Sáb 8 Dom

9 Seg 10 Ter 11 Qua 12 Qui 13 Sex 14 Sáb 15 Dom

16 Seg 17 Ter 18 Qua 19 Qui 20 Sex 21 Sáb 22 Dom

23 Seg 24 Ter 25 Qua 26 Qui 27 Sex 28 Sáb 29 Dom

30 Seg

Mq 3.5-12

22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vocês. 2 Tessalonicenses 3.1 Ap 7.9-17 DIA DE TODOS OS SANTOS Branco 1Co 15.35-44 DIA DE FINADOS Branco 2Co 10.1-6 1887 – ✩ Dr. Hermann Dohms, 1º Pastor Presidente da Federação Sinodal († 04/12/1956) Gn 13.5-18 Lv 19.1-18 Lc 22.49-53 2Tm 2.1-6 Mt 25.1-13 23º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. Mateus 24.42 1Pe 4.7-11 Jr 18.1-10 1483 – ✩ Martim Lutero, reformador († 18/02/1546) Hb 13.1-9b 1982 – Assembleia Constitutiva do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), em Huampaní, Lima, Peru 1Jo 2.18-29 2Co 6.1-10 354 – ✩ Aurélio Agostinho, teólogo da Igreja Antiga Ocidental (latina), bispo († 28/08/430) Mc 13.1-8 Mt 25.14-30 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES Verde Aquele que dá testemunho de tudo isso diz: Certamente venho logo! Amém! Vem, Senhor Jesus! Apocalipse 22.20 1889 – Proclamação da República do Brasil Mt 7.21-29 João 3.17-21 Is 1.10-18 1982 – Constituição do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), em Porto Alegre, RS Lc 15.1-10 Hb 13.17-21 Ap 20.11-15 Ef 1.15-23 DOMINGO DE CRISTO REI Branco ou Dourado ÚLTIMO DOMINGO DO ANO ECLESIÁSTICO Jesus Cristo diz: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Apocalipse 22.13 Hb 12.18-25 1Pe 1.13-21 1Co 3.9-15 1843 – ✩ Dr. Wilhelm Rotermund, fundador do Sínodo Riograndense († 05/04/1925) 1Ts 5.9-15 Hb 13.10-16 Ap 21.10-27 Mc 13.24-37 1º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. Salmo 85.7 1Pe 1.8-13 1991 – Abertura do Centro de Literatura Evangelística da IECLB, em Blumenau, SC

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Lema do mês

Quando eu os trouxer, eles virão chorando e orando. Eu os levarei para a beira de águas correntes, por uma estrada plana, onde não tropeçarão. (Jeremias 31.9)

Orar a Deus como inspiração para a prática do bem comum O profeta Jeremias procura fazer os seus desabafos para Deus. Se olharmos para sua vida, veremos que ele não se intimida em viver a sua vocação autenticamente. É perceptível o fato de que ele é sensível e sabedor de sua fragilidade humana. Assim, enfrenta as dificuldades ao denunciar as práticas corruptas de seu tempo. Ele era natural de Anatote, pequena cidade do interior de Judá, reino do sul. Porém, desenvolveu a sua atividade profética em Samaria, que era capital do reino do norte. A vida do profeta está mergulhada na longa fase de deportações para o cativeiro babilônico. Ele teve de escolher entre ir para a Babilônia ou permanecer em Jerusalém. Jeremias optou em ficar para auxiliar o novo governador Godolias. Este sustentava um projeto de reconstrução da vida para as pessoas que ficaram. Porém, logo Godolias foi assassinado por um bando de terroristas, que tendo medo de serem reprimidos, fugiram para terras egípcias levando Jeremias. Assim, o falecimento do profeta se deu nestas terras. Nos capítulos 30-31, encontramos textos que fi-

caram conhecidos como o “Livro do Consolo”. Nestes dois capítulos, todo lamento se transforma em júbilo porque Deus ouve o clamor do seu povo e o traz de volta do cativeiro. Apesar das desesperanças e sofrimentos, o profeta Jeremias insiste no princípio da oração que traz esperança. Este texto bíblico nos ajuda a meditar na força da oração para a vida espiritual. Recordamos que para Martim Lutero, a oração é uma das vias que nos conduz ao fortalecimento da experiência de busca por sabedoria divina. Isso para que a prática do bem comum inspire o nosso cotidiano. Jeremias enfatiza que o povo grita pela compaixão de Deus! O fato é que estas pessoas tem consciência do rumo errado que tinham tomado. A profecia está dirigida à realidade de que o Senhor pode novamente orientar o seu povo para o caminho da verdade, rumo a um lugar seguro. Diante das grandes contradições que vivemos em nosso país, o ato de orarmos ao Trino Deus é uma motivação para que mantenhamos as nossas consciências de liberdade, solidariedade e igualdade unidas às da realização de boas obras advindas da fé, em favor de práticas diaconais com vistas ao bem comum. P. Joel Francisco Decothé Junior Sertão Santana – RS

Oração Senhor, que possamos realizar a tua missão com fé, verdade e coragem. Que nossas ações sejam pautadas pelo amor solidário. Conceda a cada instante a experiência de vivermos a liberdade cristã ativa no amor. E que o teu Espírito nos ensine a orarmos pela construção da paz e a agirmos a favor do bem comum. Amém. ••• 31 •••


Dezembro 1 Ter 2 Qua 3 Qui 4 Sex 5 Sáb 6 Dom

7 Seg 8 Ter 9 Qua 10 Qui 11 Sex 12 Sáb 13 Dom

14 Seg 15 Ter 16 Qua 17 Qui 18 Sex 19 Sáb 20 Dom

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Hb 10.32-39 Cl 1.9-14 1Ts 5.1-8 Ez 37.24-28 Hc 2.1-4 Is 40.1-11 2º DOMINGO DE ADVENTO – DIA DA BÍBLIA Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E toda a humanidade verá a salvação de Deus. Lucas 3.4,6 Is 25.1-8 Is 26.7-15 Ap 2.1-7 2Co 5.1-10 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU Dia Universal dos Direitos Humanos Zc 2.10-13 1Ts 4.13-18 Mt 11.10 3º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul João Batista é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: Aqui está o meu mensageiro, disse Deus. Eu o enviarei adiante de você para preparar o seu caminho. Mateus 11.10 Os 14.1-9 Mt 3.7-12 Is 45.1-8 1815 – Elevação do Brasil à categoria de Reino, unido a Portugal e Algarves Lc 1.26-38 2Co 1.18-22 1865 – † Francisco Manoel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro (1831) (✩ 1795) Is 11.10-13 Rm 16.25-27 4º DOMINGO DE ADVENTO Violeta ou Azul O profeta Isaías diz: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus conosco. Mateus 1.23 Ap 3.7-12 Início do VERÃO Ap 22.16-21 Is 7.10-14 Lc 2.1-7 VIGÍLIA DE NATAL – NOITE DE NATAL Branco Lc 2.8-20 NATAL – DIA DE NATAL Branco Mt 1.18-25 Is 61.10,62.3 1º DOMINGO APÓS NATAL Branco Que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos. Colossenses 3.15 Mt 2.13-18 1Jo 4.11-16a Is 63.7-14 Jo 10.14-29 Véspera de Ano Novo Branco

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Lema do mês

O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes. (Isaías 58.7)

A espiritualidade que agrada a Deus Por mais que nos esforcemos, podemos, por vezes, ser contraditórios na vivência da nossa fé em Deus. Quantas vezes tu já foste contraditório na sua vida de fé? Pois é, a hipocrisia é uma realidade que perpassa a nossa vida de fé. Somos marcados pela realidade do pecado e, por isso, temos a facilidade de nos desviar da vontade de Deus. Logo, diante da Palavra de Deus, como luz em noite escura, nossas contradições e hipocrisias são reveladas. Foi assim que Isaías denunciou a falsa espiritualidade do povo de Israel, confrontando o falso jejum com o que realmente agrada a Deus. O jejum serve para você se aproximar de Deus, colocando suas necessidades espirituais em primeiro lugar. Pela abstinência, reconhece-se total dependência exclusiva de Deus. Porém, com o passar do tempo seu sentido foi corrompido. Muitos chegaram a pensar que o jejum obtinha automaticamente a atenção de Deus. Não é assim. Por isso, reclamavam que Deus não valorizava o jejum deles. Haviam deturpado o significado.

Desse modo, por meio da exortação de Isaías, Deus denuncia a falsa espiritualidade do seu povo e chama-o ao arrependimento. Deus ordena que se amem uns aos outros, especialmente aos mais necessitados. Amor a Deus que não se manifesta no amor ao próximo é falso. Por isso, lembremse: Jesus Cristo nos resgatou do pecado e da morte por amor, sacrificando sua vida para que nós tenhamos nova vida. E esta nova vida só se confirma quando nossas relações estiverem pautadas no amor, respeito, cuidado, acolhimento e solidariedade. Nisto seremos conhecidos como discípulos de Jesus, por imitarmos o seu exemplo. O verdadeiro jejum para Deus é a negação do “eu” em favor do bem estar de toda a criação, para que o Senhor seja tudo em nossa vida. O jejum que Deus espera de nós não é para obter admiração aos olhos das pessoas, mas é resposta ao amor recebido d’Ele, que nos move a sermos sua presença no mundo em favor dos fracos e descartados. Assim, na prática do amor, cumprimos toda a vontade de Deus. Pa. Iraildes F. Santoro Santa Maria do Sul – RS

Oração Deus de amor, tu conheces a minha verdadeira intenção. Por isso, peço perdão, pois muitas vezes fui egoísta e individualista. Ajuda-me para que a minha vontade esteja alinhada com a Tua vontade. Que as minhas atitudes reflitam a Cristo somente. Assim peço, pois creio que somente Tu tens poder para transformar a minha vida conforme o Teu querer. Ajuda-me a amar como Tu me amas. Amém. ••• 33 •••


Temas da IE CLB IECLB 1976 - Comunidade Consciente e Atuante 1977 - Nova comunhão em Cristo, como vivê-la? 1978 - Cristo, o caminho 1979 - A importância da família cristã para a criança 1980 - Cristo, o Mediador 1981 - Homem e Mulher unidos na Missão 1982 - Terra de Deus - Terra para Todos 1983 - Eu sou o Senhor teu Deus 1984 - Jesus Cristo - Esperança para o mundo 1985 - Educação - Compromisso com a verdade e a vida 1986 - Por Jesus Cristo, Paz com Justiça 1987 | 1988 - ... e serei minhas testemunhas 1989 | 1990 - O pão nosso de cada dia 1991 | 1992 - Comunidade de Jesus Cristo - A Serviço da Vida 1993 | 1994 - Permanecem a fé, a esperança e o amor 1995 | 1996 - Somos Igreja. Que Igreja somos? 1997 | 1998 - Aqui você tem lugar 1999 - É tempo de lançar 2000 - Dignidade Humana e Paz - um novo milênio sem exclusão 2001 - Ide, fazei discípulos... 2002 - Mãos à obra 2003 - Nosso mundo tem salvação 2004 - Pelos caminhos da esperança 2005 | 2006 - Deus, em tua graça, transforma o mundo 2007 | 2008 - No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação 2009 | 2010 - Missão de Deus - Nossa Paixão 2011 - Paz na Criação de Deus - Esperança e Compromisso 2012 - Comunidade jovem - Igreja viva 2013 - Ser, participar, testemunhar - Eu vivo comunidade 2014 - viDas em comunhão 2015 - Igreja da Palavra - Chamad@s para comunicar 2016 - Pela graça de Deus, livres para cuidar 2017 - Alegres, jubilai! Igreja sempre em Reforma: agora são outros 500 2018 | 2019 - Igreja – Economia – Política 2020 - Viver o Batismo Fonte: www.luteranos.com.br/conteudo/relacao-de-temas-do-ano

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Tema e LLema ema da IE CLB par a o ano de 2020 IECLB para

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TEMA DO ANO DE 2020 Secretaria Geral da IECLB

Viver o Batismo

tematizado desse precioso tesouro de que dispomos.

Lema: Eu escolhi vocês para que deem fruto (João 15.16)

Batismo como sacramento

“A vida cristã é simplesmente um batismo diário, iniciado uma vez e em constante andamento” (Martim Lutero, Catecismo Maior) O XXXI Concílio da Igreja, realizado em 2018 na cidade de Curitiba/PR, aprovou as cinco metas missionárias da IECLB para o período de 20192024. As metas definem as áreas prioritárias e o rumo da nossa ação missionária. São propósitos para toda a Igreja. A primeira meta diz que queremos ser uma “Igreja que valoriza o sacerdócio geral, capacita as pessoas e aprofunda a fé para seu testemunho na Igreja e no mundo”. O Tema do Ano de 2020 tem como pano de fundo especialmente essa meta. Viver o Batismo é viver o sacerdócio geral de todas as pessoas que creem. O Batismo é a origem e a base para o exercício do sacerdócio. Mas como entendemos o Batismo e o sacerdócio geral? Nada melhor do que recorrer ao tesouro da tradição bíblica e luterana, bem como às manifestações da IECLB sobre esses assuntos. O texto-base que apresentamos é um resumo sis-

O Batismo é um sacramento. Sacramentos são meios da graça de Deus, ou seja, são meios que Deus utiliza para conceder perdão e salvação. Um sacramento possui três componentes: mandamento divino, promessa da graça e elemento visível. Seguindo este pressuposto, a Igreja Luterana reconhece dois sacramentos: o Batismo e a Santa Ceia. Esses sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo (= mandamento divino), oferecem perdão e salvação (= promessa da graça) e são perceptíveis na forma de água, pão e fruto da videira (= elemento visível). O mandamento divino no Batismo é a instrução de Jesus: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês” (Mateus 28.18-20). A promessa da graça no Batismo é a afirmação de Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16.16). Sobre o mandamento e a promessa, Martim Lutero escreveu: “Nessas palavras você deve observar, em primei-

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ro lugar, que aqui se trata de mandamento e instituição por parte de Deus, que não se deve duvidar de que o Batismo seja coisa divina, não concebida ou inventada por humanos [...]. A palavra e o mandamento de Deus estão aí a instituir, fundamentar e confirmar o Batismo” (Catecismo Maior). Jesus Cristo delegou a tarefa de batizar na condição de ressuscitado que recebeu de Deus toda a autoridade no céu e na terra. A legitimidade do Batismo está, portanto, na autoridade divina. Por isto, o Batismo não é um ato humano, mas de Deus: “ser batizado no nome de Deus é ser batizado não por pessoas, mas pelo próprio Deus. Mesmo que se realize pela mão humana, é autêntico ato [ou obra] do próprio Deus” (Catecismo Maior). O elemento visível no Batismo é a água. Ela é necessária para a vida das plantas, dos animais e dos seres humanos. Sem água não podemos viver; por isto, ela é símbolo de vida. A água tem o poder de purificar, o que faz dela um símbolo de renovação. A água também pode destruir e, neste sentido, simboliza a morte. Todas estas representações são úteis para falar sobre o Batismo, porém a água do Batismo não é apenas um elemento simbólico, “mas é a água contida no mandamento de Deus e ligada à palavra de Deus. [...] Sem a palavra de Deus a água é só água e não é batismo” (Catecismo Menor). Não é o sentido simbólico, a qualidade ou a quantidade de água que dignificam o Batismo, mas a palavra de Deus.

Qual é o efeito do Batismo? Para Lutero, o objetivo do Batismo é tornar a pessoa bem-aventurada. Bem-aventurada, na percepção do Reformador, é a pessoa que entra no reino de Cristo e vive com ele eternamente. Quando somos batizadas e batizados em nome do trino Deus, a dignidade de carregar esse nome nos é dada. E “onde estiver o nome de Deus, somente pode haver vida e boa-aventurança” (Catecismo Maior). O Batismo nos torna pessoas bemaventuradas porque realiza em nós o perdão dos pecados. Isto acontece unicamente pela ação de Deus: “ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tito 3.5-7). Unida à palavra de Deus, a água do Batismo afoga o pecado e nos faz ressurgir como nova pessoa. Ganhamos assim a identidade de pessoas justificadas por Deus. Embora os nossos pecados sejam afogados, não estamos totalmente livres do poder do mal. Durante toda a vida carregaremos a ambiguidade de sermos, ao mesmo tempo, pessoas justificadas e pecadoras. A graça de Deus, todavia, permanecerá e sempre poderemos retornar a ela sem a necessidade de um novo Batismo. Por ser obra

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de Deus, o Batismo acontece uma só vez e vale para toda a vida. A prática do rebatismo é inadmissível porque menospreza a obra de Deus. O Batismo nos torna pessoas bemaventuradas porque nos une a Cristo: “todos vocês que foram batizados em Cristo, de Cristo se revestiram” (Gálatas 3.27). O Batismo estabelece um vínculo pessoal com Jesus e nos torna participantes da sua vida, morte e ressurreição: “Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida” (Romanos 6.4). O Batismo nos torna pessoas bemaventuradas porque nos agracia com o Espírito Santo. A pessoa batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo está colocada sob o âmbito da ação do trino Deus. Neste sentido, a Igreja Luterana reconhece que o Espírito Santo é concedido no Batismo. Por meio do Espírito Santo, Deus nos purifica e dá nova vida. É por isto que Lutero afirma que o Batismo é “um banho de novo nascimento no Espírito Santo” (Catecismo Menor). Batismo e fé O artigo 9 da Confissão de Augsburgo declara que o Batismo é necessário e que por ele se oferece a graça de Deus. A falta de fé não invalida o Batismo: “Se a palavra estiver junto com a água, o Batismo será autêntico, mesmo que não seja corretamente recebido ou usado, uma vez que ele

não está vinculado à nossa fé, como disse, mas à palavra” (Catecismo Maior). Ainda assim, a promessa de Jesus Cristo diz: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16.16). Como entender que o Batismo traz salvação, porém somente será salva a pessoa que crer? Esta aparente contradição pode ser dissipada se considerarmos a distinção entre eficácia e proveito: “A graça de Deus é sempre eficaz, embora a pessoa batizada possa permanecer sem proveito dela, se não houver a fé” (Diálogo sobre o Batismo - 2005). Por meio da fé, a pessoa batizada recebe o que Deus lhe prometeu no Batismo. Sem a fé, o Batismo não será aproveitado. Entretanto, é preciso lembrar que também a fé não é obra humana: “Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Efésios 2.8). Somos filhas e filhos de Deus pela fé e pelo Batismo (Gálatas 3.26s). Esta identidade é uma concessão divina. Nós não controlamos a ação de Deus e por isto também reconhecemos que pessoas não batizadas podem ser salvas. O batismo é um meio da graça, porém não é a única possibilidade para a salvação: “A graça de Deus pode dispor e dispõe de outros recursos. A graça de Deus é maior do que os meios que ele coloca à disposição da Igreja para partilhá-la” (Livro de Batismo). Batismo e vida comunitária O Batismo se dirige à pessoa em par-

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ticular e cria um vínculo pessoal com Cristo. A partir do acontecimento único do Batismo, a pessoa é revestida de Cristo e está em Cristo. Estar em Cristo significa fazer parte do corpo de Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo” (1 Coríntios 12.12s). O vínculo com Cristo é pessoal, porém não é individual. Do corpo de Cristo participam as pessoas batizadas das diferentes denominações cristãs, formando assim a santa Igreja cristã, que confessamos por meio do Credo Apostólico.

creveu no Catecismo Maior: “Levamos a criança com a ideia e na esperança de que ela acredite, e rogamos que Deus lhe dê a fé, mas não é com base nessa que batizamos, e sim com base na ordem dada por Deus”. Uma comunidade que batiza crianças precisa assumir a responsabilidade pela educação cristã para despertar e manter viva a confiança na graça de Deus. O Programa Missão Criança, desenvolvido em muitas de nossas Comunidades, é um exemplo do compromisso com a educação cristã. Através do Missão Criança, temos a possibilidade de cumprir com a tarefa de batizar, educar na fé cristã e promover a vivência comunitária da fé.

A união com Cristo e com o Espírito Santo nos torna participantes da Igreja cristã. Mas o Batismo também nos vincula a uma Comunidade específica e à IECLB em âmbito nacional. O guia comunitário Nossa Fé - Nossa Vida diz que a IECLB “é o convívio de pessoas por ela batizadas ou admitidas, diferentes umas das outras, todas elas, no entanto, chamadas para viverem seu batismo”. O Batismo é celebrado em culto comunitário justamente para assinalar que a Comunidade integra a pessoa em seu convívio, a fim de que possa desenvolver e viver a fé.

Batismo e a luta contra o pecado

A IECLB admite ao Batismo crianças, pessoas jovens e adultas. Ao batizarmos crianças, reconhecemos que a graça de Deus não depende de nosso mérito ou entendimento. Neste aspecto seguimos o que Lutero es-

Lutero escreveu que é necessário observar três coisas no Batismo: o sinal, o significado, a fé (Obras Selecionadas, vol. 1, p. 415-424). · O sinal consiste em mergulhar a pessoa na água em nome do trino de Deus e tirá-la novamente. Através desse sinal somos reconhecidas e reconhecidos como povo de Cristo. Lutero considerava que a imersão na água representa bem o significado de afogar o pecado, porém não insistiu nesta modalidade de Batismo. · O significado é um morrer para o pecado e uma ressurreição na graça de Deus: “o velho ser humano, concebido e nascido em pecado, é afogado, e um novo ser humano, nascido na graça, surge e se levan-

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ta”. O afogamento do pecado e o renascer na graça de Deus acontecem ao longo de toda a vida. Somente com a morte o significado do Batismo se realizará por completo. · A fé. Precisamos crer que o Batismo nos une com Deus e que Deus quer nos tratar com misericórdia, não nos julgando com todo o rigor a que teria direito. Sem a fé, a pessoa iria desesperar em seus pecados. A partir do Batismo carregamos o sinal de Deus, porém a natureza humana permanece pecaminosa. Qual seria então o benefício do Batismo, se ele não afasta completamente de nós o pecado? O benefício, segundo Lutero, é que Deus se alia conosco. No Batismo, Deus faz um pacto que nos permite enfrentar a luta contra o pecado: “ainda que maus pensamentos ou desejos se manifestem e ainda que, por vezes, peques e caias, se tornares a te erguer e a entrar na aliança, teus pecados já se foram por força do sacramento e do pacto, como diz São Paulo em Rm 8.1” (Obras Selecionadas, vol. 1). Porque a natureza pecaminosa permanece até a morte, a vida cristã é um constante reviver o Batismo: “por arrependimento diário, a velha pessoa em nós deve ser afogada e morrer com todos os pecados e maus desejos. E, por sua vez, deve sair e ressurgir nova pessoa, que viva em justiça e pureza diante de Deus para sempre” (Catecismo Menor). Assim como Deus se compromete conosco, também nós

precisamos nos dispor a subjugar o pecado. A pessoa que cair em pecado deve se lembrar do Batismo com toda força e confiança, sabendo que Deus não a quer condenar. O próprio Lutero escreveu a frase “sou batizado” para lembrar-se da ação misericordiosa de Deus. É necessário, entretanto, precaver-se da negligência e da falsa segurança. A partir da afirmação de que Deus não considera o pecado, mas quer dar a salvação, alguém poderia pensar: vou viver a vida do jeito que quero e, na hora da morte, me arrependerei e me lembrarei do meu Batismo. Para quem pensa assim, Lutero escreve: “Ao pecares tão petulante e deliberadamente, confiante na graça, toma cuidado que o juízo não te pegue e se antecipe ao teu arrependimento” (Obras Selecionadas, vol. 1). O Batismo pode ser comparado a uma roupa que se usa todos os dias para vencer o mal e permanecer na fé. O fruto do Batismo “Eu escolhi vocês para que deem fruto” (João 15.16). Este é o Lema bíblico que acompanha e aprofunda a reflexão sobre o Tema do Ano 2020. O Lema provém do contexto de uma comparação: Deus é o lavrador, Jesus é a videira e as pessoas que o seguem são os ramos da videira (João 15.1-17). Jesus escolheu pessoas para o discipulado, para anunciar e vivenciar o reino de Deus. Pelo Batismo, Deus igualmente nos escolhe e nos chama para produzir o fruto do seu reino. A palavra “escolher” não significa que Deus seleciona al-

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gumas pessoas para a salvação e outras para a condenação. Deus quer salvação abrangente e ilimitada, e é por isto que o Batismo se destina a todas as pessoas. Também a convocação para produzir fruto é destinada a todas as pessoas. “Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto ele limpa, para que produza mais fruto ainda” (João 15.1s). A função do ramo é dar fruto, e ele somente pode fazer isto porque duas condições lhe foram dadas. Em primeiro lugar, o ramo foi limpo: “Vocês já estão limpos por causa da palavra que lhes tenho falado” (João 15.3). O ramo não é “autolimpante”, mas é limpo por Deus. Pela Palavra e pelo Batismo, Deus nos perdoa e capacita a dar fruto. Em segundo lugar, o ramo dá fruto porque está ligado ao tronco: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada” (João 15.5). É a videira que alimenta o ramo. Fora da videira, o ramo não pode dar fruto e tampouco pode viver. Fora da videira, o ramo deixa de ser ramo e se torna lenha. O que nos possibilita dar fruto é o vínculo com Jesus Cristo, estabelecido pelo Batismo. O Batismo traz proveito na medida em que permanecemos nele. E “permanecer” é justamente a orientação que Jesus dá: “permaneçam no meu amor. Se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor” (João 15.9-10). Permanecer no amor

de Cristo equivale a guardar – no sentido de praticar – seus mandamentos. Sem a disposição para seguir os ensinamentos não há discipulado nem permanência em Cristo. O fruto da videira é a uva. A partir da uva é possível fazer suco, vinho, geleia, doce e outros produtos. Qual é o fruto que se espera da pessoa batizada e da comunidade cristã? A palavra de Jesus não deixa dúvidas: “O meu mandamento é este: que vocês amem uns aos outros, assim como eu os amei” (João 15.12). O fruto do discipulado é o amor. Este é o fruto essencial, do qual serão derivados outros “produtos”. Permanecer no amor de Cristo é praticar seus mandamentos. Praticar os mandamentos equivale a praticar o amor. É no amor, portanto, que se decide a permanência em Cristo. Mas de que amor estamos falando? Na Bíblia, o amor entre pessoas tem o sentido de promover a vida na perspectiva de Deus. Deus quer a salvação de todas as pessoas, quer vida digna e bemestar para todas as pessoas, quer justiça e paz em todos os lugares. Amar significa buscar o bem-estar em sentido amplo e universal. Não é tarefa simples e requer, entre outras coisas, empenho na promoção da paz e da justiça, disposição e desprendimento para ajudar a quem necessita. Quem ama anuncia o reino de Deus às pessoas e procura vivenciar com elas os sinais desse reino. O amor é a expressão máxima da fé e a característica básica da comunidade cristã por um motivo elementar:

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ele é o princípio do agir de Deus. Tudo o que Deus faz é motivado por amor. Deus escolheu Israel e o libertou da escravidão do Egito por amor: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Oseias 11.1). Jesus Cristo morreu na cruz por amor: “Ninguém tem amor maior do que este: de alguém dar a própria vida pelos seus amigos” (João 15.13). Nós podemos amar porque já fomos agraciadas e agraciados com o amor divino: “Como o Pai me amou, também eu amei vocês” (João 15.9). Dar fruto outra coisa não é do que transmitir o amor que recebemos de Deus. A nossa ação é decorrência da ação de Deus. Batismo e sacerdócio geral de todas as pessoas que creem O sacerdócio geral de todas as pessoas que creem é elemento constitutivo da fé cristã e teve papel decisivo na Reforma Protestante. Igreja Luterana é Igreja que anuncia e vivencia o sacerdócio geral. E o que significa “sacerdócio geral de todas as pessoas que creem”? O sacerdócio geral parte do princípio de que Jesus Cristo é o nosso mediador: “Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade, Cristo Jesus” (1 Timóteo 2.5). Jesus Cristo, o mediador e grande sumo sacerdote (Hebreus 4.14), nos confere a dignidade de sacerdotes e sacerdotisas. Cada pessoa, a partir da fé em Cristo, é chamada para testemunhar as obras de Deus: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar

as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9). Com base em 1 Pedro 2.9, Martim Lutero afirmou com muita convicção: “todos nós somos ordenados sacerdotes através do Batismo” (Obras Selecionadas, vol. 2, p. 282). Utilizando a imagem da Igreja como um corpo (1 Coríntios 12.12ss), Lutero insistiu que todas as pessoas batizadas fazem parte do corpo de Cristo e todas exercem uma função. Quem faz parte do corpo recebe do corpo e contribui com ele. Um membro do corpo não pode simplesmente decidir não contribuir para o corpo. Por isto, o sacerdócio é compromisso de toda pessoa cristã. Não se trata de um grupo seleto, mas de toda a comunidade, aliás, de toda a cristandade. Nenhuma pessoa cristã está excluída, muito pelo contrário, cada pessoa tem a incumbência de participar na missão de Deus. Neste sentido, falamos de sacerdócio geral de todas as pessoas que creem. A finalidade do sacerdócio é a proclamação da palavra de Deus e a realização da sua obra no mundo. Mas por que Deus não faz a sua obra sozinho, já que pode e sabe perfeitamente fazê-la? Lutero levantou esta pergunta e deu também a resposta: “Sim, ele o pode perfeitamente, mas não quer fazê-lo sozinho, quer que obremos com ele e nos dá a honra de querer efetuar a sua obra conosco e através de nós. [...] Da mesma forma, embora unicamente ele seja bem-aventurado, quer nos dar a honra e não ser bem-aventurado so-

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zinho, mas nos quer bem-aventurados junto com ele” (Obras Selecionadas, vol. 2, p. 124). Deus é todo-poderoso e não depende de nós. Mesmo assim, Deus nos chama para fazer parte da sua obra. O sacerdócio é, portanto, um privilégio. Deus nos concede o privilégio de ser instrumentos do seu agir. A pessoa que reconhece a ação de Deus é tomada por tamanha gratidão que não pode calar e ficar de braços cruzados. Ela vira testemunha e coopera com Deus. Neste sentido, o sacerdócio é também uma resposta de gratidão a Deus. O sacerdócio geral é afirmação da igualdade das pessoas batizadas e implica a valorização dos diferentes dons: “Os membros da comunidade têm muitos dons, nem sempre conhecidos e despertados. Todos eles devem ser utilizados na busca do alvo da comunidade: ser instrumento da missão de Deus no mundo” (Nossa Fé-Nossa Vida). Mesmo que todas as pessoas sejam sacerdotes e sacerdotisas, a Igreja necessita de ministérios organizados e de pessoas especialmente qualificadas para certos serviços. Por isso existe o ministério com ordenação. Na IECLB, o ministério com ordenação se desdobra em quatro ên-

fases: pastoral, catequética, diaconal e missionária. Sacerdócio geral e ministérios específicos existem para servir a Deus. Cada pessoa contribui com seu dom e sua capacitação para a obra de Deus no mundo. Viver o Batismo O Tema e o Lema do Ano 2020 nos chamam para vivenciar o Batismo e a fé. Muitas perguntas podem ser feitas a partir do Tema e do Lema: O que significa ser pessoa batizada em nosso contexto? Como podemos nos vestir com a “roupa do Batismo”? O que entendemos por pecado e por luta contra o pecado? Que ações concretizam o amor, que é o fruto do discipulado? Como vivenciar o sacerdócio geral na comunidade e fora dela? Estas e outras questões que surgem no contexto da vida comunitária indicam que a vivência do Batismo é dinâmica e desafiadora. Temos muito a refletir e a realizar. O Batismo não permite ficar inerte. Batismo não é o ponto de chegada, mas o ponto de partida para a jornada na fé. É transformação e efeito ao longo da vida. Na vivência do Batismo, permanecemos em união com Cristo e nos colocamos a serviço, tal qual cantamos:

Sempre quero estar contigo, sempre a ti, Jesus, servir; não me afasto, em ti me abrigo, teu caminho hei de seguir. És da minha vida a vida, da minha alma és o vigor. Eu sou vide a ti unida; a videira és tu, Senhor. (Livro de Canto da IECLB, 606) Presidência da IECLB ••• 43 •••


Datas Comemorativas em 2020 P. Me. Alan Schulz

50 ANOS 1970 – TRICAMPEONATO MUNDIAL DE FUTEBOL

100 ANOS 1920 – NASCIMENTO DE CHIARA LUBICH (Focolares)

A Copa do Mundo de 1970 foi a 9ª edição da Copa do Mundo FIFA, que ocorreu de 31 de maio até 21 de junho de 1970 no México.

A Fundadora do movimento dos focolares, nasceu em Trento, na Itália em 22 de janeiro de 1920 e faleceu em Rocca di Papa em 14 de março de 2008. Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a professora Chiara Lubich, então com 23 anos, criou esse grupo junto com seus amigos mais próximos. A unidade do mundo na caridade e no amor tornou-se a utopia pela qual essas pessoas resolveram empenhar as suas vidas; principalmente, naquele ambiente precário do pós guerra. Assim nasceu o Movimento dos Focolares, que concentra os seus objetivos em Deus como estilo de vida; na unidade, como exercício que une cada ser humano a Deus e ao próximo.

Nas semifinais ocorreu o chamado jogo do século, disputado entre as equipes da Alemanha Ocidental e da Itália. A partida permanecia 1 a 0 para a Itália até os 90 minutos, quando Karl-Heinz Schnellinger empatou e levou a decisão para a prorrogação. Nessa prorrogação, ambas as seleções protagonizaram uma sucessão de viradas de placar até que a Itália firmou a vitória em 4 a 3. Esta partida é tida como a primeira e única em todas as Copas a ter 5 gols feitos na prorrogação. Além destas equipes, uma das seleções favoritas era o Brasil que, embora tenha tido um retrospecto ruim em 1966, montou uma equipe repleta de estrelas, como Pelé, Jairzinho, Tostão, Rivellino, Gérson, Clodoaldo, Piazza e Carlos Alberto Torres. A seleção venceu todos os jogos das eliminatórias e da Copa e foi considerada a melhor de todos os tempos. Em 21 de junho conquistou seu terceiro título da Copa do Mundo de Futebol, derrotando a Itália por 4 a 1 no Estádio Azteca, na Cidade do México.

E como se apresenta hoje o Movimento dos Focolares? É uma entidade religiosa e civil ao mesmo tempo, com mais de 4 milhões de membros: dois milhões estão fortemente ligados ao Movimento e às suas estruturas. Os outros dois milhões vivem o seu espírito. São pessoas de toda raça, língua, povo e religião, espalhadas no mundo inteiro, em quase 200 países. Os seus membros estão unidos como irmãos e irmãs pela caridade trazida por Jesus à terra, ou simplesmente pelo amor de benevo-

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lência que, em prática, todas as religiões propõem; amor que é aceito até por pessoas indiferentes à religião, como único instrumento útil para construir a fraternidade universal.

importantes de Lutero e deram luzes significativamente mais claras para o caminho que a Reforma de 1517 teria que trilhar.

185 ANOS 1835 – CARRO ELÉTRICO

Aos nobres alemães, Lutero escreveu "À Nobreza Cristã da Nação Alemã", em agosto de 1520, onde recomendava o sacerdócio geral de todas as pessoas que creem. As reformas que Lutero propunha não se referiam apenas a questões doutrinárias, mas também aos abusos eclesiásticos. Muitas das propostas refletiam os interesses da nobreza alemã, revoltada com sua submissão ao Papa e, principalmente, com o fato de terem que enviar riquezas a Roma.

O primeiro veículo elétrico foi construído por Thomas Davenport em 1835. A partir daí os veículos elétricos começaram a ganhar espaço nas grandes cidades. Vale destacar que o primeiro automóvel a ultrapassar os 100 Km/h foi o carro elétrico La Jamais Contente no Parc agricole d'Achères em Paris no dia 29 de abril de 1899. A sua criadora Camille Jenatzy, projetou a aerodinâmica revolucionária. No início do século XX, algumas companhias como a Baker Electric, Columbia Electric, e Detroit Electric fabricavam veículos elétricos. Inclusive, no ano de 1900, 28% dos veículos produzidos nos Estados Unidos eram elétricos. Seu declínio ocorre após o início da produção em massa dos veículos movidos a combustão por Henry Ford. O custo de produção, deste último caiu drasticamente e roubou a viabilidade dos elétricos. 185 anos depois, iniciativas sustentáveis retomam o mercado. 500 ANOS 1520 – TRATADOS DE LUTERO Podemos dizer que estes três escritos de 1520, são os tratados mais

A Nobreza alemã

O cativeiro babilônico Lutero gerou muitas polêmicas doutrinárias com seu "Prelúdio no Cativeiro Babilônico da Igreja", em especial no que diz respeito aos sacramentos. Defendia que fosse devolvido o cálice a todas as pessoas da comunidade. Defendia a presença real do corpo e do sangue do Cristo na ceia e a promessa da graça de Deus manifesta na justificação do pecador por meio do Batismo. O que até hoje confessam as igrejas ligadas a reforma Luterana. Para ele, apenas o batismo e a Ceia do Senhor são uma instituição divina e promessa da salvação de Deus, um meio da graça. Apenas o batis-

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mo e a Ceia do Senhor seriam verdadeiros sacramentos, pois apenas eles tinham o "sinal visível da instituição divina": a água no batismo e o pão e vinho da eucaristia. Liberdade de um Cristão Da mesma forma, o completo desenvolvimento da doutrina de Lutero sobre a salvação e a vida cristã foi exposto em "A Liberdade de um Cristão" publicado em 20 de novembro de 1520, onde exigia uma completa união com Cristo mediante a palavra através da fé, e a inteira liberdade do cristão como sacerdote e senhor sobre todas as coisas exteriores, e um perfeito amor ao próximo. As duas teses que Lutero desenvolve nesse tratado são aparentemente contraditórias, mas, em verdade, são complementares: Liberdade pela fé e chamado ao amor ao próximo. • Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. • Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos. 500 ANOS 1520 – MORTE DO PINTOR RAFAEL Raffaello Santi completou a lista de grandes artistas do Renascimento, juntamente com Michelangelo e Leonardo da Vinci. Nasceu em 6 de abril de 1483 na cidade de Urbino na

Itália, também conhecido como Rafael Sanzio, ou simplesmente Rafael. Em 1504 foi morar no “Berço do Renascimento”, Florença na Itália e lá dedicou-se em aprender a Arte até colocar-se em pé de igualdade com Leonardo da Vinci e Michelangelo, cujos nomes e talentos dominavam aquele cenário. Em Florença permaneceu por quatro anos onde produziu inúmeras madonas e outras inúmeras obras de temas bíblicos. Suas madonas se caracterizavam pela suavidade das feições como em “A Virgem da Rosa”. A convite do Papa Júlio II e com apenas 26 anos, Rafael foi morar em Roma em 1508 para decorar as paredes de vários aposentos no Vaticano. Nesse período, o artista experimentou o desafio de pintar em grandes espaços. Com estes trabalhos, o artista teve a oportunidade de demonstrar seu domínio na técnica do desenho e afresco. Com a morte de Júlio II, logo foi nomeado arquiteto oficial do Vaticano pelo seu sucessor papal Leão X e assumiu a responsabilidade de continuação das obras na Basílica de São Pedro. Morreu prematuramente e no auge da sua carreira com 37 anos em 1520 no mesmo dia em que nascera. Conforme sua vontade, foi sepultado no Panteão de Roma.

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Trinta anos de Comunhão Martim Lutero P. em. Friedrich Gierus

Setembro de 1990 – fundada a Comunhão Martim Lutero Um culto festivo encerrou o encontro de membros e pastores da IECLB que se reuniram nos dias 11 e 12 de setembro de 1990 no Instituto Diaconal Bethesda em Pirabeiraba/ Joinville-SC, para fundar a COMUNHÃO MARTIM LUTERO – CML. Este evento, com participantes do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi organizado como Assembleia Geral Constituinte. O então Pastor Regional Meinrad Piske apresentou uma palestra sobre a situação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Lamentou que os escritos confessionais da IECLB, como o Catecismo Menor, a Confessio Augustana e Nossa Fé – Nossa Vida mal são conhecidos nas comunidades da IECLB. Ele apontou para a formação de lideranças como uma das necessidades mais agudas na IECLB. A seguir, o P. Dr. Henrique Krause contribuiu com uma reflexão sobre as raízes históricas da Igreja e sua importância para sua missão no presente. Baseado nestas duas palestras e, na proposta do texto dos estatutos a serem aprovados, refletiu-se sobre a finalidade da fundação da COMUNHÃO MARTIM LUTERO e seus objetivos. Estes foram aprovados e assim formulados com o se-

guinte teor principal: A CML congrega membros da IECLB, os quais, conscientes de sua identidade evangélica luterana, querem em conjunto crer, servir e testemunhar na prática da adoração na liturgia, na ação libertadora pela evangelização e diaconia, integrando os membros na missão de Deus em Jesus Cristo... A comunhão de fé e de serviço manifesta-se, entre outros, na participação consciente da vida da IECLB, contribuindo com impulsos para o contínuo desenvolvimento de sua identidade confessional em estrutura e ação. A partir da esperança que aguarda “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3.13), a CML investe numa ação social fundamentada em critérios delineados na Bíblia e definidos nos escritos confessionais luteranos. Este serviço visa o bem estar de todas as pessoas, a paz e a preservação do meio ambiente. Neste espírito, a CML apoia também entidades e iniciativas de caráter social, educacional e beneficente. No início a COMUNHÃO MARTIM LUTERO teve sua sede na cidade de Joinville/SC. Participaram da Assembleia Constituinte 27 membros, que elegeram as seguintes pessoas como primeiro Conselho Administrativo da entidade: Presidente – P. Hans Burger; vice-presidente – P. Wolf Dieter Wirth; secretário – P. Guido Leonhardt; vice-secretário - P.

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Dr. Henrique Krause; tesoureiro – Sr. Klaus Schlünzen; vice-tesoureiro – Sr. Osvaldo Rieper. Este conselho foi solenemente instalado pelo P. Regional Meinrad Piske, no culto com Santa Ceia do qual também participaram os idosos do Ancianato Bethesda. Nesta oportunidade foi lida a missiva do Pastor Presidente da IECLB P. Dr. Gottfried Brakemeier, que, impedido de participar do evento, enviou seus votos de bênção para a caminhada da nova entidade, solicitando sua própria inscrição no rol de membros da Comunhão Martin Lutero. Um ano mais tarde, em 31 de outubro, a CML criou o núcleo de irradiação da CML no Centro de Literatura Evangelística, no bairro Itoupava Central/Blumenau-SC, atendendo a um pedido do responsável pelo projeto do Centro de Literatura Evangelística, P. Friedrich Gierus.

Desta forma a CML colocou sua estrutura à disposição da Igreja para manter a Livraria Martin Luther que, por sua vez, servia de base para a produção e distribuição de Folhetos Evangelísticos. Como a CML se propusera como objetivo de suas atividades “a participação consciente da vida da IECLB, contribuindo com impulsos para o contínuo desenvolvimento de sua identidade confessional em estrutura e ação”, foi dado o início de uma caminhada junto ao serviço do Centro de Literatura Evangelística em consonância com a direção da Igreja. A Livraria foi inaugurada no dia 31 de outubro de 1991. E a inauguração de todo complexo do Centro de Literatura Evangelística foi celebrada pelo P. Regional Meinrad Piske, no dia 30 de novembro de 1991, com a presença do prefeito de Blumenau, Sr. Victor Fernando Sasse, do vice-presidente

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do Martin-Luther-Verein, P. Wolfgang Hagemann (Baviera/Alemanha), de representantes do conselho administrativo da CML e da diretoria administrativa do Centro de Literatura Evangelística, assim como de membros das paróquias locais. Em 16 de setembro de 1992, o P. Wolf Dieter Wirth foi eleito presidente da entidade, função que exerceu até o ano 2000, quando voltou para a Alemanha, sua terra natal. CML participa da discussão sobre Formação na IECLB A CML, fiel a seus objetivos de “participar conscientemente da vida da IECLB, contribuindo com impulsos para o contínuo desenvolvimento de sua identidade confessional em estrutura e ação” realizou um seminário em Curitiba-PR em abril de 1991, onde avaliou a então controvérsia em torno da formação de pastores. Naquela época, o Movimento Encontrão decidiu criar um centro próprio de formação de pastores obreiros. Em carta aberta a CML afirmou: “Tal maneira de solucionar o problema da formação na IECLB põe em risco não apenas o princípio confessional reformatório da Igreja, mas essencialmente a sua unidade. O caminho correto de reformar ação, estrutura e vida da Igreja passa pelos Concílios Distritais como foro de diálogo oficialmente constituído para a participação dos nossos membros e leva a uma decisão de consenso no Concílio Geral”.

Preocupado com a unidade da IECLB, a CML realizou nos anos seguintes uma série de seminários, contribuindo desta forma na formação de um conceito que busca a unidade da Igreja na base de sua confessionalidade luterana. CML intermedia Plano de Saúde em grupo Já em 1990 os obreiros da Igreja se preocuparam com a suplementação previdenciária. Uma carta aberta do Distrito Eclesiástico de Taquara-RS chamou a atenção para a necessidade de criar-se na IECLB uma suplementação previdenciária que “garante a segurança face às necessidades da vida.” Esta discussão durou anos. A CML se sentiu desafiada a oferecer um plano de saúde complementar aos ministros e seus dependentes, mas também a líderes leigos. Após longos estudos, em 1º de julho de 1996 foi assinado um contrato com a UNIMED-Federação de Sta. Catarina para viabilizar a prestação de serviços e assistência médica hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapia para os associados. Naquela ocasião aderiram a este plano mais que quatrocentos ministros e membros de nossa Igreja. CML faz parceria com Literatura Evangelística No ano de 1997 a CML transferiu sua sede de Joinville-SC para o Centro de Literatura Evangelística em Blume-

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nau/SC onde, desde o início da parceria, foram realizados todos os atos administrativos da entidade. No mesmo ano, no dia 19 de outubro foi realizado um Dia da Igreja, na Estrada da Ilha – Joinville/SC, em comemoração ao centenário da vinda do primeiro obreiro luterano, Pastor Otto Kuhr, enviado pelo associação “Gotteskasten” da Igreja Evangélica Luterana na Baviera/Alemanha. Logo depois foi inaugurada a Gráfica e Editora Otto Kuhr Ltda., onde seriam impressos todos os folhetos e o material de interesse da Igreja para a distribuição nas comunidades da IECLB. Em setembro de 2000, o ex-Pastor Regional Meinrad Piske assumiu a presidência da Comunhão Martim Lutero, ficando nesta função até agosto de 2002, quando por motivo de saúde, deixou o cargo para o vicepresidente, P. Anildo Wilbert. Este, na Assembleia Geral realizada na Paróquia Evangélica de Barra do Rio Cerro/Jaraguá do Sul-SC, foi eleito presidente. CML cria trabalho social com crianças Em abril de 2002, ainda sob a presidência do P. Meinrad Piske, foi formado o Núcleo de Itoupava Central/ Blumenau-SC, com o objetivo de criar e manter o CENTRO DE FORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA CATARINA VON BORA. Esta iniciativa surgiu no contexto de uma migração acentuada para os bairros da periferia de

Blumenau, especialmente para Itoupava Central, região livre de enchentes. Além disto, o empobrecimento de uma larga camada da população, o aumento da violência na rua e residências, o abuso sexual de crianças e os efeitos do tráfico de drogas foram fatos inegáveis, que levaram à ideia da criação de espaços de proteção, onde crianças poderiam ficar no contra turno escolar. O P. Friedrich Gierus foi encarregado com a coordenação deste projeto. Em 2005 iniciou-se a construção deste Centro que foi concluída em 2016. A partir do ano de 2011 já funcionou uma creche no espaço do Centro, alugado para a Prefeitura (500 m²). E simultaneamente iniciamos oferecendo oficinas de artes, musicalização, dança e teatro para crianças de 6 a 14 anos. Hoje participam das nossas atividades 180 crianças (500 m²). CML abraça a Obra Missionária de Metais Acordai Voltando para o ano de 2002, a CML abriga sob o seu teto jurídico a organização dos coros de metais da IECLB, formando o Núcleo Obra Acordai. A “Obra Missionária de Metais Acordai” foi criada em 12 de novembro de 1989, e estava inicialmente vinculada à Secretaria Geral da IECLB. Por motivo de mudanças estruturais da IECLB, a Obra Acordai passou a fazer parte da CML a partir de dezembro de 2002. Além da organização de concentrações de co-

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ros de trombones, em nível regional e nacional, há inúmeras celebrações comunitárias e paroquiais, nas quais os coros de trombones estão envolvidos diretamente. Entendemos, assim, que a Obra Missionária de Metais Acordai também é uma forma de ação missionária, e participa da divulgação da confessionalidade luterana. Mudanças na Liderança Na Assembleia Geral de setembro de 2006, realizada no Instituto Bethesda, em Pirabeiraba/JoinvilleSC, foi eleito o P. Dr. Osmar Zizemer como novo presidente da entidade que, em 2009, também assumiu a função de diretor do Centro de Literatura Evangelística, junto com a Gráfica Otto Kuhr e a Livraria Martin Luther. Em agosto de 2016 o Pastor Roni Roberto Balz foi convidado para assumir os trabalhos em substituição do P. Osmar que se aposen-

tou. P. Roni, além de dirigir os trabalhos no Centro de Literatura Evangelística, também assumiu a função de diretor do Centro de Formação e Convivência Catarina von Bora. Em 2018 foi eleito presidente da Comunhão Martim Lutero o P. em. Friedrich Gierus. Na qualidade de uma associação evangélica de confissão luterana, a CML vem se dedicando há 30 anos ao anúncio do Evangelho, através de folhetos e de literatura evangelística, envolvendo-se, também, em ações sociais na busca de atendimento a crianças necessitadas, bem como contribui na manutenção e promoção das atividades dos coros de metais em nossa Igreja. Temos muitos motivos de agradecer e louvar a Deus que abençoou as atividades da COMUNHÃO MARTIM LUTERO, uma entidade a serviço da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. O autor é pastor emérito da IECLB e presidente da CML, gestão 2018/2022 (47) 3337-1434 f.gierus@terra.com.br

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Viagem com jubilo e muitas asas! 120 anos da OASE Pa. Maria Helena Ost e Pa. Elisabet Lieven

“Embarcamos sonhadoras e desembarcamos contadoras de muitas histórias. Foram muitos momentos inesquecíveis vividos”. Estas são as palavras de Maria Tereza, uma das mulheres da OASE do Sínodo Espírito Santo a Belém, que participou da Celebração dos 120 anos da OASE realizada em Blumenau/SC, entre os dias 5 e 7 de abril de 2019. Com muitos sonhos e reuniões, preparamos essa grande caravana, cheia de mulheres pomeranas, vindas de diferentes realidades e contextos. Os nossos sonhos moveram o caminho. Sonhos de conhecer outros lugares, outros sabores, outras vivências. Foram oito ônibus organizados por mulheres e levando mulheres da roça, mulheres da cidade,

mulheres de outras denominações, mulheres que acreditam em sua força que transforma a vida. Muitas fizeram pela primeira vez uma viagem! Nos hotéis, foram servidas com gostosos cafés da manhã pela primeira vez em suas vidas! Andaram de trem pela primeira vez. Riram e dançaram de pura alegria com as asas da liberdade como algo raro e precioso, se dando conta de que podemos curar as dores e o cansaço, enxugar as lágrimas e vivenciar a sororidade. Em cada ônibus surgiu, ao longo do caminho, uma grande família. Saímos de viagem no dia 01 de abril e chegamos de volta às nossas casas no dia 09 de abril. Aprendemos nes-

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ses 09 dias a cuidar umas das outras, a compartilhar a vida e suas descobertas. A viagem como um todo, em que 325 mulheres (e mais 15 homens) participaram e se envolveram na programação, mostra claramente que nunca mais seremos as mesmas! Graças a Deus! A música vencedora do concurso para jubilar os 120 anos de alegria e comunhão nos acompanhou na travessia, a caminho do inesquecível encontro. Encontro que revelou mais uma vez que somos muitas e de toda parte, de todo gingado e de toda cor! “Somos OASE: A Deus agradecemos. Jubilamos com alegria e gratidão. Que entre nós continue abençoando o testemunho, o serviço e a comunhão” (composição de Fabio Lahass).

Mario Quintana diz que “Viajar é trocar a roupa da alma!” Asas nós temos e não queremos parar de voar! Queremos mais, muito mais! “Quando será a próxima viagem?”, muitas perguntam desde a chegada ao Espírito Santo. Aguardam uma nova oportunidade de muitas descobertas, de celebração, de amizade, de novos conhecimentos, de libertação! Que Deus continue abençoando a caminhada da OASE, para que cada vez mais mulheres experimentem a força, a leveza e a vida nova que a fé em Jesus, nosso libertador, nos proporciona!

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mhelenaadair@yahoo.com.br betalieven@gmail.com


Hino comemorativo dos 120 anos da OASE História e Gratidão (Fabio Lahass – Janeiro de 2019) 1. Há muito tempo mulheres se uniram pra juntas ouvirem a palavra de Jesus, Ele falava do projeto de seu Reino, anunciava ao mundo inteiro o amor de Deus na cruz. Ainda hoje as mulheres se reúnem e juntas testemunham a mensagem do Senhor, trazem vida à Palavra do Evangelho quando com seus dons diversos vivenciam o amor. REFRÃO: Somos OASE: A Deus agradecemos, Jubilamos com alegria e gratidão. Que entre nós continue abençoando o testemunho, o serviço e a comunhão. 2. As mulheres assumem o compromisso, se dedicam ao serviço em qualquer área e lugar, com a culinária alimentam multidões e alegram corações ao dançar, ao visitar. No bordado tecem toda a sua vida, fazem da arte terapia, são na luta resistência pelos direitos nesta nossa sociedade, por equidade e liberdade, dizem NÃO à Violência. 3. São uma da outra companhia, lealdade, fortalecem a amizade no encontro e comunhão, com a Palavra alimentam sua Fé em Jesus Cristo que é seu exemplo e Salvação. Até aqui Deus conosco caminhou, com sua Graça abençoou na alegria e no pesar. Ó Deus, a Ti é este canto de louvor, abençoe com teu amor sempre o nosso caminhar.

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Sesquicentenário da Comunidade Evangélica Luterana de Itajaí “A grandeza e a prosperidade de uma nação não dependem da abundância dos seus bens, mas do número de cidadãos, homens de boa reputação, cultos, patriotas e tementes a Deus”. Martin Luther O COMEÇO A rigor, pode-se dizer que a história de nossa comunidade teve início na distante Alemanha de meados do século XIX. O interessante livro de pesquisas, “Esses maravilhosos imigrantes, nossos avós ...”, de Cláucia Meister Pimentel, editado em Curitiba – PR em 1998, narra muitos episódios vividos pelos migrantes. Dentre eles, a partida, a 17 de maio de 1852, do veleiro “Florentin”, sob comando do capitão Logfren, que zarpou do porto de Hamburgo com destino a São Francisco do Sul, no Brasil, onde lançaria ferros a 19 de julho do mesmo ano. Mais de dois meses de viagem. No percurso, não ocorreram nascimentos, mas os falecimentos foram 33. A bordo, eram comuns surtos de doenças, como o sarampo. Muitos imigrantes tiveram por túmulo o mar. Da lista de passageiros, consta o nome de Martin Heusy (com “y”), tecelão, vindo de Schleithein, Suíça, e sua mulher Elizabeth, com os filhos Anna, Samuel, Jacob, Úrsula, Christian e Verena com idades entre 7 e 21 anos.

Anna e Jacob faleceram a bordo. O casal partiu da Alemanha com 6 filhos... e chegou com 4. Era apenas o início das muitas lágrimas, amargas decepções e imensos sacrifícios reservados aos imigrantes. O livro citado (pág. 152) diz que Samuel “foi para Itajaí”.

Igreja antiga

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1865 – Neste ano aconteceu, em Itajaí, aquele que teria sido o primeiro culto celebrado por um Pastor na Porta do Vale. O ato se deu na residência do Sr. Franz Sallenthien e o celebrante foi o P. Hölzer, de Joinville. A informação é do P. Nelso Weingärtner em seu caderno “150 Anos de Presença Luterana no Vale do Itajaí”, que acrescenta: ”Em Itajaí residiam famílias evangélicas luteranas desde o início da colonização do Vale do Itajaí.” 12 de Julho de 1870 – Dez anos após a fundação de Itajaí, um pequeno grupo de imigrantes alemães se reuniu a fim de fundar uma comunidade evangélica. O principal objetivo era a aquisição de terreno para ter o cemitério próprio. Desta comissão participava o Sr. Samuel Heusi (agora, por algum motivo, já grafado com “i”), pessoa que não só liderou a Comunidade Evangélica local por 37 anos, mas também se tornou um dos cidadãos mais proeminentes de Itajaí. Foi prefeito e também vereador por várias legislaturas. Ao partir da pátria mãe, Samuel, com certeza, não fazia ideia de como viria a ser importante para nossa história. Da comissão também fizeram parte Hermann Willerding e Karl Hugo Praun, egressos da guerra do Paraguai, onde defenderam a pátria adotiva como voluntários. Hermann era médico e consta que teria salvo Karl, já tido como morto. Para cumprir o objetivo principal daquela reunião, uma subscrição

voluntária levantou os fundos necessários e foi adquirido, do Sr. Manoel Máximo, um terreno ao lado do cemitério católico já existente, com 10 braças (22 m) de frente por 30 braças (66 m) de fundos (aproximadamente 1500 m2), ao preço de 200 mil-réis. Em outubro de 1871, o cemitério foi oficialmente consagrado pelo P. Sandreczki. A área se localizava mais ou menos onde atualmente se encontra o Hospital Infantil Pequeno Anjo, início da Rua Brusque, no Centro da cidade. Em 1873, mal decorridos dois anos de consagração do cemitério, a Câmara Municipal, surpreendentemente, exigiu a exumação dos restos mortais dos evangélicos, obviamente negado por unanimidade, pela Diretoria.

Igreja atual

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Interior da igreja de Itajaí, com culto Na época, havia um clima de animosidade para com os “protestantes”. Como é de conhecimento geral, na época do Brasil Império as denominações não católicas não podiam nem mesmo ter construções que sugerissem uma igreja, isto é, com torre e sino. No Art. 5º da Constituição Imperial, constava: “A Religião Catholica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular em casas para isso destinadas, sem forma exterior de Templo.” Muito “democrático”! Uma afronta que atingia, justamente, grande parte daqueles

que o próprio império desejava para colonizar e trazer desenvolvimento ao país. Felizmente, com o advento da República, esta discriminação acabou. Voltemos ao caso do cemitério: Adotando uma posição firme, os luteranos só concordariam com a mudança para outro local se o cemitério municipal (leia-se “católico”) também fosse transferido e se os luteranos recebessem área equivalente aos 1.500 m2 no novo local. Só em 1934, decorridas mais de seis décadas, as reivindicações seriam atendidas (o assunto voltará a ser tratado adiante).

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ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL Agosto de 1890 – A Comunidade aprova ligação eclesiástica com a Comunidade Evangélica de Brusque, mediante pagamento anual de 80 mil-réis. Brusque cederia seu pastor para 6 cultos anuais, sendo 3 dominicais, mais cultos de Natal, Páscoa e Pentecostes. Também ficou deliberada a construção de uma capela em Itajaí. CAPELA – 08 de maio de 1891: Uma comissão, formada por Hermann Willerding, Samuel Heusi, Karl Agge, Julius Gall e Friedrich Specht, assina contrato com Wilhelm Müller, pelo preço de 194 mil-réis, “incluídas as pedras e o cal”, para a construção dos alicerces da capela. A antiga “igrejinha”, como se tornaria mais conhecida, foi consagrada a 26/11/ 1894. NOVO ESTATUTO – Maio de 1911: Foi decidido registro do novo estatuto em língua portuguesa. Nesta data, pela primeira vez, a Comunidade pediu auxílio financeiro ao

Oberkirchenrat da Alemanha. Foi feita referência a um sino doado pelo Sr. Rauert. Mais tarde, este sino seria transferido para a igreja da Rua 2300, em Balneário Camboriú. Setembro de 1911: A Comunidade recebe doação de 2.000 Marcos (145 mil-réis, na época), do Oberkirchenrat e do Gustav Adolf Verein. Consta que em 1914 viviam 63 famílias evangélicas em Itajaí, das quais 14 casais eram de casamento misto. O falecido membro, Sr. Karl Hagger, em seu testamento, legou um terreno de 18 braças (cerca de 40 m) anexo ao terreno da igreja. Em fins de 1914 chegou-se à conclusão que a Comunidade deveria se tornar independente. Imediatamente foram adquiridos seus próprios livros de registro dos atos eclesiásticos. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – Como consequência da guerra, em 1916 os cultos e reuniões foram interditados, medida que vigorou por sete anos. A interrupção dos trabalhos trouxe muito sofrimento para

Café após o culto, no pátio em frente à igreja ••• 59 •••


Crianças do Culto Infantil os “protestantes”. Somente a 23 de fevereiro de 1923 a comunidade voltou a se reunir, ocasião em que foi eleita nova diretoria. Ainda em 1923 foi adquirida faixa de terra do lado direito, que pertencia ao Sr. Antônio Cunha, e outra, do lado esquerdo, que pertencia ao Sr. Bruno Malburg. Até então, a igreja possuía apenas uma faixa estreita no centro, na qual o Sr. Otto Witt plantou algumas palmeiras alinhadas. Algumas dessas palmeiras originais ainda existem. Outras tiveram que ser retiradas, para dar lugar ao atual templo. Maio de 1924: a comunidade cogitou, pela primeira vez, de se transformar em paróquia, com pastor-residente. Mas este objetivo só seria alcançado 46 anos depois. A demora não teria sido por culpa dos membros da comunidade. Agosto de 1924: O Sr. Alfredo Eicke providencia um “livro de ouro”, para futura memória, onde seriam registrados os donativos para a igreja. Como primeiro registro, consta a

doação equivalente a 570 mil-réis oriunda da Sociedade Evangélica de Stuttgart, da Fundação Gustav Adolf, obtida por intermédio do Sr. Adolfo Pfeilsticker. Neste período, o próprio povo alemão passava por muitas privações, consequência da guerra perdida. Conhecedores desta situação, muitos eram de opinião que esta oferta não deveria ser aceita. Ao final, optou-se por receber a doação, já que oferecida com tanto amor fraternal. Dependeria de nós sermos dignos de tal sacrifício. Abril de 1929: Comunidade resolve se filiar ao Deutscher Evangelischer Kirchenbund. O P. Friedrich Richter editou um livrinho para comemorar o 400º aniversário do Catecismo Menor de Martin Lutero. Dezembro de 1934: A Municipalidade comunica que cemitérios seriam transferidos para o lugar denominado “Fazenda”, mais afastado do Centro. Como indenização pela perda do antigo cemitério, a Comunidade Luterana receberia uma área reservada para uso próprio, fato que veio a se concretizar. Curiosidade: ainda hoje, muitos itajaienses perguntam por que os luteranos falecidos são sepultados em área “separada” dos demais. Seria porque “não querem se misturar”? A explicação é que, numa época em que “protestantes” não podiam ser sepultados no mesmo cemitério onde jaziam católicos, os luteranos tiveram que providenciar um cemitério próprio. A co-

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munidade de Itajaí continua a ter o seu cemitério atual como resultado da permuta realizada em 1934. Já há muitos anos, está em vigor o regulamento criado pela comunidade para uso do cemitério. Hoje, o nome “Fazenda” identifica um dos principais bairros da cidade. SINO – Com intermediação do P. Georg Ratsch, o Gewecknerbund Berlin und Brandenburg doou um belo e valioso sino de bronze à nossa Comunidade. Somente depois de 31 anos este sino soou pela primeira vez, por ocasião da inauguração de nosso atual templo, em 12 de junho de 1960, também data do centenário político de Itajaí. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL – No período de 1942 a 1947 os cultos e reuniões foram novamente interditados. Pela segunda vez, a Comuni-

dade sofreu as consequências da interrupção de suas atividades. A alegação governamental era de que os cultos e reuniões eram realizadas só na língua alemã. De 1870 a 1945 todos os pastores que serviram nas comunidades evangélico-luteranas no Brasil eram alemães. Ainda não tínhamos nossa própria Faculdade de Teologia. Registre-se que os pastores estrangeiros prestaram relevantes serviços à coletividade, inclusive, muitas vezes, como professores das prestigiadas escolas alemãs. Em consequência, todo o Vale do Itajaí e adjacências teve como legado um povo trabalhador, cristão e patriótico, de acordo com o que vaticinava Martin Luther. Em 1947 foi elaborado novo estatuto e foi eleita uma diretoria jovem. Maio de 1952: Foi convocada uma

Grupo de jovens ••• 61 •••


Pastor Marcos Butzke e confirmandos após o Culto de Confirmação assembleia da comunidade para tratar da construção do novo templo, projeto arquitetônico do P. Gustav Schuttkus. O lançamento da pedra fundamental ocorreu a 22 de agosto de 1954. De 1952 a 1960 foram realizadas diversas festas para angariar os recursos necessários. Em 1955 foi restituída à comunidade a metade da propriedade da antiga Escola Alemã, sequestrada durante o governo Vargas por decreto de 12 de março de 1942 que, em consequência da guerra, autorizava apreensão de 30% do total de bens

pertencentes a cidadãos do Eixo. A ação de Ewaldo Willerding e Américo Meinicke, respectivamente, Presidente e Secretário da então Diretoria da Comunidade, foi fundamental no processo de restituição. Na esquina da Av. Sete de Setembro com Rua Gil Stein Ferreira, Centro, existia o salão paroquial, onde a Comunidade realizava seus eventos. A partir de 1956 ali funcionou o Jardim de Infância Lauro Müller, que iniciou como sendo da Comunidade e sob a coordenação de Isolde Bläse, mais conhecida como Tante Lolli. Mais tar-

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de este Jardim de Infância passou a pertencer a Tante Lolli, que, então, pagava aluguel para a Comunidade pelo espaço. Em 1968 o jardim de infância voltou para a propriedade da Comunidade com o nome de Jardim de Infância Bom Pastor, sob direção de Lisbeth K. Meinicke. Eram professoras, Marly Wiese Probst, Neida Dornbusch e Valtrudes Schröder, funcionárias da Comunidade. Teve curta duração, devido a exigências burocráticas de ordem legal. Posteriormente, a direção passou para Neida Dornbusch. A propriedade restituída da antiga Escola Alemã ainda serviu como sede do Centro Cultural 25 de Julho, cujo histórico se confunde com o histórico da própria comunidade. Os membros de ambas as instituições eram praticamente os mesmos. O referido centro cultural sediava atividades artísticas e culturais, além de promover bailes bem ao gosto de nossa tradição alemã. As “orquestras” que abrilhantavam os bailes eram formadas por elementos da própria comunidade: Brigita Ruf Hosang no acordeão, Curt Reimer ao violino e o curioso “violino do diabo” (“Teufels Geige”), do Sr. Carl August Bergfeld, instrumento artesanal usado para marcar o ritmo das músicas que fazia, às vezes, de bateria. No espaço externo havia quadra de esportes, com pequena arquibancada, utilizada por clubes locais para prática de basquete, voleibol e futebol de salão. O antigo prédio, já com

as instalações em situação precária, necessitava de obras para a realização de várias adaptações. O custo proibitivo das reformas necessárias determinou a sua desativação e posterior demolição. Junho de 1961: As atas da comunidade passam a ser redigidas na língua portuguesa. A partir de 1974 o terreno, de 1.244 m2, graças a sua situação privilegiada no centro da cidade, passou a ser alugado para distribuidoras de combustível, vindo a constituir substancial fonte de recursos para a Comunidade. Janeiro de 1974, dia 20: Com a presença de representantes credenciados das comunidades de Itajaí, Baln. Camboriú e Piçarras, foi apresentado e aprovado o primeiro Estatuto da Paróquia de Itajaí, sendo publicado no Diário Oficial do Estado, edição de 09/03/1974. Outubro de 1977: Itajaí sedia o Congresso Nacional da OASE, com a participação de 500 mulheres. Neste mesmo ano fomos agraciados com a doação de R$ 18.000,00 (dezoito mil cruzeiros) da Obra Gustavo Adolfo (OGA). Dezembro de 2001, dia 16: É lançada pedra fundamental do novo Centro Administrativo da Paróquia, com a presença do P. Sinodal Nelso Weingärtner, do Pastor local Roberto A. Hollerbach, de Heinz Porthun, presidente da Paróquia, de Martin Schmeling, presidente da Co-

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munidade, Warmor de Oliveira, presidente da Comissão de Construção, além de membros da Comunidade. O projeto arquitetônico de Homero e Élia Malburg. Iniciativa mais importante desde 1960, quando da inauguração do templo, a nova construção tem área total de 914,12 m2. Abriga a residência pastoral, a Secretaria da Comunidade, salas comerciais para alugar e outras dependências de uso para as atividades da Comunidade.

dos bíblicos. Também acontecem aulas de artesanato. Recentemente, a JE também passou a realizar suas reuniões dos sábados em Cordeiros, devido maior espaço e, inclusive, com uma pequena quadra de esportes. São dois os cultos mensais (2º e 4º domingos) ali realizados. O próximo desafio é que Cordeiros tenha, em breve, um obreiro/missionário residente.

Ponto de Pregação de Cordeiros

CULTO INFANTIL – A referência mais antiga que se tem do Culto Infantil é pós-1ª Guerra Mundial. Por volta de 1923 foi criado um Culto Infantil quinzenal, dirigido pelo Sr. Henrique Jenné (pai).

Em 14 de setembro de 1995 reúnemse 21 membros da comunidade na residência do casal Edgar e Renita Willrich. Eles foram unânimes na ideia de que o bairro Cordeiros contasse com um trabalho de assistência espiritual. Decidiram pela construção de um Centro Comunitário num terreno doado pela família de Alfredo Weiss. Formou-se uma Comissão de construção assim composta: Artur Strutz, Edgar e Renita Willrich, Erich e Helga Thomsen, Valdir Dias, Ademar Stein, Gerold Schultz e Arlei Niada. Em 05 de outubro de 1995 aconteceu a 1ª reunião da OASE local na residência de Maria do Carmo A. Dias, sob a orientação de Brigita Ruf Hosang, acompanhada por algumas senhoras da OASE Centro. Atualmente Cordeiros conta com Centro Comunitário, por ora também usado como templo. Há um grupo de OASE local, se reúne em semanas alternadas, bem como o grupo de estu-

OS DEPARTAMENTOS

Uma das colaboradoras que atuou no CI por mais tempo foi Leslie Tesch: 37 anos orientando nossas crianças com a luz do Evangelho. Por mais de 30 anos foi acompanhada e auxiliada nesta atividade por Marion Neubauer. Atualmente, temos ótimas equipes para atender as crianças no Centro e no bairro Cordeiros. A visão missionária de nossa comunidade vem facilitando o acesso de muitas crianças à presença de Jesus, de forma alegre, lúdica e divertida. Pais e mães que vêm ao culto com seus pequenos têm experimentado um lugar acolhedor de alegria, incentivo, consolo e força; enfim..., vida em família com Deus”. OASE – Em setembro de 1952 foi fundada a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas de Itajaí. Fundadoras: Johanna Eicke, Marie

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Willerding, Paulina Adam, Elvira Momm, Clara Wobser, Emmy Hofmann, Hedwig Odebrecht Miranda, Anita Gall Heidorn, Marta Kienast, Frieda Henning, Hilda Burghart e Irma Gall. Na celebração dos 150 anos da Comunidade de Itajaí, o grupo de OASE Lídia estará atingindo os 68 anos de atividades. Este trabalho tem hoje como presidente a Sra. Valkiria Spiess. JUVENTUDE EVANGÉLICA – Fundada em 27/11/1954, na antiga igrejinha. As reuniões aconteciam aos domingos no salão do Centro Cultural 25 de Julho, antiga Escola Alemã, exceto nos domingos em que havia Culto. Na época ainda atendida pelo Pastor de Brusque. Cabe aqui citar uma curiosidade, narrada pelo saudoso Fridolino Probst, nosso historiador extraoficial: ”A porta de entrada de nosso templo foi doada pela JE, mediante contribuições que eram de acordo com os centímetros da cintura de cada jovem. Coitados dos gordinhos...” LELUT – Em 03 de abril de 1997 foi fundado o grupo da Legião Evangélica Luterana de Itajaí com participação de Laurinho Aldemiro Poerner, seu primeiro Presidente. Em parceria com a LELUT, Laurinho aglutinou outros grupos atuantes na área da beneficência para, em conjunto, promover ações visando auxiliar pessoas e entidades necessitadas. A LELUT reúne homens com o objetivo de participar das atividades da Comunidade, prestar auxílio na ma-

nutenção de entidades carentes, em catástrofes naturais, prover auxílio financeiro para construções, etc. Neste sentido, a LELUT Itajaí há muito promove anualmente campanha para arrecadação de alimentos não perecíveis e produtos de limpeza e higiene, que são distribuídos para entidades previamente inscritas e, sobretudo, para o Asilo Recanto do Sossego, de Braço do Trombudo/SC, entidade da IECLB. Na catástrofe ocorrida em Guaraciaba (2009), angariou importante subsídio financeiro para distribuir entre os moradores atingidos. Atual Presidente: Thomas Klaus Firzlaff. PASTORAL DO IDOSO – O primeiro encontro dos idosos em nossa comunidade ocorreu em 29/03/94, em conjunto com a OASE, presidida por Élia Bachmann. O primeiro Café do Idoso foi proporcionado pela OASE Grupo Lídia a 02/04/1994, com a presença de 62 pessoas, entre idosos e membros da OASE. Outro evento idêntico aconteceu em dezembro do mesmo ano, tornando-se habitual até 27/06/1998. Nesta data, o P. Hermann Leonhardt Mühlhäusser realizou a primeira reunião do Sínodo, na qual foi eleita a primeira Diretoria Sinodal da Pastoral do Idoso. Alda Werner, da Paróquia Blumenau Centro, assumiu como Coordenadora Sinodal. A partir daí a Pastoral do Idoso passou a ser reconhecida como um departamento dentro das comunidades. Em 28 de março de 2019 foram celebrados os 25 anos (1994-2019) do gru-

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po de idosos Estrela do Mar, com presença do P. Sinodal Guilherme Lieven. Atualmente, o café do Idoso de Itajaí acontece uma vez por mês, sob a liderança de Brigita Ruf Hosang e com as colaboradoras Ingetraud e Waltraud Lucas e outras. MÚSICA – Entre os luteranos a música representa um capítulo à parte. Nossa igreja chegou a ser conhecida como “a igreja que canta”. O Reformador Martin Luther, ele próprio, era compositor. Vários de seus hinos constam no nosso hinário. Existe uma gravura onde se vê Martin empunhando um alaúde para acompanhar o canto da família. Johann Sebastian Bach, luterano, compositor e exímio organista, nos legou incríveis peças para coral. Obras cuja genialidade lhe permitiu composições a oito vozes, além do respectivo e complexo acompanhamento instrumental. Neste contexto, os luteranos, em particular, têm a imensa responsabilidade de cultivar e divulgar o canto coral, principalmente na igreja. Durante 41 anos tivemos a presença de Lucie Bläse nos cultos. Mais conhecida como “Frau Bläse”, tocava harmônio, acompanhando os hinos da comunidade. Muitas vezes teve a parceria de seu marido, Adolfo Bläse, ao violino. Isto foi na época de nossa antiga “igrejinha”. “Frau Bläse” faleceu na Alemanha a 18 de março de 1992. Um ícone de nosso passado. Coral Luterano: Nomenclatura dada ao grupo de 22 pessoas que, hoje, integram o coral. Com a chegada do P.

Eugen Balzer em 1970, tivemos na regência da carinhosa Sra. Karin Balzer a grande incentivadora do canto coral em nossa comunidade. Infelizmente, a alegria durou menos de dois anos. O casal viria a falecer em acidente automobilístico em 1971. Superando traumas, anos depois tivemos outra grande incentivadora na pessoa da maestrina Emília Probst. Do grupo que ela reuniu entre 1976 e 1977, transcorridos mais de 40 anos, temos, ainda, alguns remanescentes. Na sequência, tivemos por regentes, Erno Schlenker, Clarice Decker, Ruth Maier, Geraldo Blenke junto com a professora e organista Diony Schneider Lima, Mônica Zewe Uriarte e, desde 1996, Jair Maciel Rosa. O Coral conta com o apoio financeiro da Diretoria na remuneração do regente e da pianista. As palavras de Cl 3.16 nos estimulam a “louvar a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais”. Com a vinda do P. Marcos Butzke, tivemos na pessoa de sua esposa, Sandra Butzke a criação de um grupo de louvor jovem, a Banda, com 6 a 8 integrantes em média. Seu repertório consiste de músicas, por assim dizer, mais modernas. Contrastando com o Coral, cujo repertório é mais “conservador”, as duas vertentes preenchem o gosto de todos. Coral e Banda não são concorrentes, mas, sim, uma saudável parceria no louvor a Deus. O Grupo “Coe/Renato”, assim denominado porque são os líderes deste

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grupo de louvor. “Coe” é Elisa Nicole Jurk de Oliveira. O “sócio” é Renato Ebert. Grupo formado por seis pessoas, na média, e seu repertório se baseia bastante em peças do próprio hinário, dentre outras. Trio instrumental: Sax, trompa e teclado. Fazem parte Valdir Dias, Martin Neubauer e Jair Maciel Rosa, respectivamente. Este trio acompanha a comunidade nos hinos. Coral, Banda, Grupo Coe/Renato e Trio Instrumental se revezam a cada domingo na participação nos cultos. Musicalmente falando, isto nos dá o privilégio de termos variantes para o louvor. AS “FILIAIS” Atendendo ao chamado de missão, a Comunidade de Itajaí deu amplo suporte para a formação de novas Paró-

quias e Comunidades nos municípios vizinhos de Balneário Camboriú, Piçarras, Armação, Nave-gantes/Gravatá e Itapema/Porto Belo. Comunidade/Paróquia, hoje. Atividades Além das principais atividades, representadas pelos cultos adulto e infantil, outras atividades afins são desenvolvidas durante a semana. Reúnemse regularmente, além da Diretoria e Presbitério, a OASE Centro e Cordeiros, o grupo de Estudo Bíblico Centro e Cordeiros, LELUT, membros do Coral para ensaios, grupo do Planejamento Missionário, Grupo da JE, Ensino Confirmatório, etc. Em nossos dias, a IECLB, como um todo, está amargando um encolhimento. Contudo, caminhando na contramão da história, nossa Comu-

Atividades culturais com crianças e adolescentes ••• 67 •••


nidade, com funções de Paróquia, há pelo menos uma década está experimentando crescimento. A frequência aos cultos tem melhorado. A presença de muitas crianças é “pra lá” de animadora. As ofertas durante os cultos, cujo valor sempre é encaminhado para fora da comunidade, resultam em valor significativo. A “campanha do envelope” Vai e Vem tem sido bem sucedida em nossa comunidade, des-

de que foi implantada tendo arrecadado nos últimos quatro anos um Total de R$ 42.688,05; numa média de R$ 10.672,01/ano. O cafezinho no final do Culto, que em domingos ensolarados é servido no jardim em frente à igreja, reúne a comunidade em animada confraternização, que não tem horário para terminar. Como já disse alguém: “Pois é, parece que vamos ficar para o almoço.”

Até aqui me trouxe Deus; guiou-me com bondade. Ele amparou os passos meus, com graça e fieldade. Até aqui me protegeu, perdão e paz me concedeu, Conforto e alegria. HPD 233.1/470.1 Pastores que serviram a Comunidade de Itajaí Durante praticamente um século, Itajaí e região foram servidas por pastores da cidade de Brusque/SC. Somente em 1970, após se tornar Paróquia, Itajaí recebeu seu primeiro pastor-residente. 1870 a 1889 – P. Johann Anton Heinrich Sandreczky 1890 a 1897 – P. Johannes Julius von Czekus 1897 a 1909 – P. Wilhelm Lange 1910 a 1914 – P. Gerold Hobus 1914 a 1920 – P. Eberhard Neumann 1920 a 1921 – P. Albert Bomfleth 1921 a 1929 – P. Georg Ratsch 1926 a 1930 – P. Friedrich Richter e P. Ender 1931 a 1939 – P. Ferdinand Graetsch 1939 a 1945 – P. Justus Grassmann 1946 a 1948 – Est. Teol. Lindolfo Weingärtner 1948 a 1955 – P. Robert Westendorf 1955 a 1956 – P. Paul Kroehn 1956 a 1961 – P. Lindolfo Weingärtner 1961 a 1967 – P. Adolf Prinz 1963 – P. Meinrad Piske (Substituiu o P. Adolf Prinz durante os 6 meses em que o mesmo esteve de férias na Alemanha) ••• 68 •••


1968 a 1970 – P. Werner Brunken 1970 a 1971 – P. Eugen Balzer, primeiro pastor residente – esposa Karin. Ambos faleceram, vítimas de acidente de trânsito em 15/11/1971. Órfãos, os filhos Dorothea (7 anos), Johannes (4 anos) e Michaela (2 anos) receberam os cuidados da Comunidade. Dorothea foi hospedada pelo casal Max Roemers. Michaela e Johannes receberam abrigo do casal Herbert e Hilda Erna Lucas (“Frau Lucas”) e de suas filhas Ingetraud e Waltraud. Depois de aproximadamente um mês as crianças foram encaminhadas a São Paulo, acompanhadas por Ewaldo Willerding, Presidente da Comunidade, “Frau Lucas” e Roseli Schroeder. Dali, foram repatriadas para a Alemanha, acompanhadas pelo P. Johannes Knoch, padrinho de Johannes. P. Eugen e Karin estão sepultados no cemitério da Fazenda, em Itajaí. 1972 a 1987 – P. Geraldo Rekowsky – esposa Brunilde e filhos Jaison, Fábio, Eduardo e Ricardo. Brunilde acompanhava os hinos da comunidade ao órgão. 1988 a 2006 – P. Roberto Augusto Hollerbach – esposa Marlene e filhos Simone e Jônatas. P. Roberto se destacou no movimento ecumênico, tendo participado do CIER (Conselho de Igrejas para Educação Religiosa). Da. Marlene participou da OASE e era coordenadora do serviço de visitação a pessoas afastadas, acompanhada pelo P. Roberto. Algumas senhoras deste grupo colocavam seus próprios veículos à disposição para os deslocamentos. 2006 a 2007 – P. Ruy Bonato – esposa Arlete e filhos Gustavo e André. Pela segunda vez nossa comunidade sofre a tragédia da perda de um pastor, vítima de acidente de trânsito em 11/10/2006. P. Rui foi sepultado no Rio Grande do Sul. 2007 – P. Marcos Butzke – esposa Sandra e filhos Mateus e Daniel. Sandra tem importante papel na coordenação do Culto Infantil e do louvor no Culto.

Agradecemos às muitas pessoas que prestaram depoimentos e informações para que este texto fosse possível. Para evitar injustiças, não serão citados nomes. Ao ler este trabalho, cada um vai se reconhecer naquilo que colaborou e se sentir grato por participar deste momento histórico em que celebramos nossa caminhada dos 150 anos. Soli Deo gratia. Dados mais antigos deste texto com base em relatos de Américo Meinicke e Ewaldo Willerding, compilados por Fridolino Probst e que constam no caderno comemorativo dos 140 anos da Comunidade de Itajaí, editado pelo P. em. Roberto Augusto Hollerbach. Dados mais recentes obtidos de outros colaboradores. geraldo_blenke@hotmail.com ••• 69 •••


A busca pela transformação por meio do incentivo à leitura Carine Mokfa Leiria

Oferecer às crianças a oportunidade de conhecer e se encantar com os livros é um dos papéis fundamentais da escola. Por meio da leitura de diferentes gêneros textuais: anedotas, parlendas, lendas, contos, fábulas, poesias, história em quadrinhos, entre outros, amplia-se o potencial imaginativo das crianças, tornandoas mais criativas. Além disso, é importante destacar que, pela leitura, desenvolve-se um maior domínio da linguagem, amplia-se o potencial de concentração e das capacidades cognitivas para compreensão de ideias e de organização de linhas de pensamento, possibilita-se o desenvolvimento de uma visão crítica e a capacidade de argumentação.

selo Nascedouro da Editora Os Dez Melhores. Os autores do primeiro volume buscaram, no universo dos contos, recursos para suas produções escritas, que deram origem a um livro repleto de criatividade e beleza. Já os autores do volume 2, lançado em 2018, descobriram na poesia o ingrediente necessário para suas produções, cujo resultado foi um livro fantástico, escrito pelas delicadas e pequenas mãos de grandes escritores... ‘mãos, que não demora, estarão conduzindo o nosso futuro.’ O volume 3, obra repleta de sensibilidade e emoção, será lançado no mês de agosto e irá reunir a autobiografia e o autorretrato de 59 alunos.

Nós, no Colégio Sinodal Rui Barbosa (Carazinho-RS), promovemos constantemente, através do ‘Rodalê’ Projeto anual de leitura, atividades para motivar os alunos à leitura e à escrita. Pelo terceiro ano consecutivo, desafiamos os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental a realizar suas próprias produções escritas que vêm compor o livro PEQUENOS ESCRITORES DO RUI, obra lançada pelo

Os livros produzidos no decorrer desses três anos são resultado de experiências significativas com a leitura. Somente a literatura de qualidade nos toca de forma tão intensa, provocando TRANSFORMAÇÃO. Esse é nosso maior compromisso: transformar. Transformar o mundo interno para, assim, transformar o mundo em que vivemos em um lugar melhor de se viver para todos. A autora é Coordenadora Pedagógica dos Anos Iniciais no Colégio Sinodal Rui Barbosa em Carazinho/RS

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A dor como ajuda P. em. Friedrich Gierus

Há pouco tempo atrás, à tardinha, enquanto tomava o meu banho, percebi que meu calcanhar estava inflamado e apresentava uma contusão dolorida. A pele estava avermelhada, e num olhar mais cuidadoso percebi um espinho encravado ali. Decerto eu havia pisado nele há alguns dias, quando trabalhava no jardim numa das minhas horas de folga. Com alguns banhos de água quente com sabão e aplicação de uma pomada apropriada pude enfrentar o problema, e em pouco tempo estava livre da minha dor. Sabemos que um tal espinho, estando encravado profundamente no pé, se não for retirado, pode provocar uma infecção perigosa, que até pode levar a uma septicemia! Uma pequena dor, inicialmente despercebida, pode levar a um fim trágico. Outro exemplo: Enquanto uma persistente dor de dente ainda nos deixa dormir à noite, e durante o dia ainda pode ser anestesiada ou pelo menos amainada com lavagens, em geral vamos adiando a ida ao dentista. Mas, quando a dor se torna insuportável, não há mais adiamento. Aí estamos dispostos, até mesmo, a tirar o dentista da cama à meia-noite, mesmo se ele mora a quilômetros de distância. A dor como sinal Deus nos criou de tal forma que tan-

to nosso corpo como também nossa alma nos dão sinais quando estão ameaçados. Portanto, a dor que pode se manifestar em nossa alma ou em alguma parte de nosso corpo, é uma espécie de alerta! Ai da pessoa que não leva a sério suas dores (do corpo ou da alma!) ou somente as anestesia superficialmente! Toda a dor tem uma causa. E ela só pode ser eliminada, se sua causa for eliminada. Mas existem dores, cujas causas não conhecemos, ou ainda não conhecemos. Então a dor vai se transformando em sofrimento. Um sofrimento que coloca a nossa alma em desarmonia. A pergunta que logo está à mão: Por que justo eu? E a resposta não aparece. Ninguém gosta de sentir dor, e ninguém, racionalmente, gosta de sofrer. Mas onde o sofrimento surge, perguntamos por seu sentido. Nós nos insurgimos onde não encontramos sentido. E assim o sofrimento se nos torna mais pesado, e a solidão se torna nossa companheira de viagem. O sentido do sofrimento Como cristãos sabemos que tudo, também o maior sofrimento, tem um sentido. Muitas pessoas abriram os seus olhos em meio à escuridão do sofrimento, e aprenderam a enten-

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der o seu sofrimento como um processo de amadurecimento, que lhes abre portas para compreender a dimensão de sua existência. Jesus aprendeu a entender o seu sofrimento como uma tarefa, como um “ter que”, um “dever” imposto pelo seu Pai Celeste. “O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens” (Lucas 9.44). (Ou, numa outra interpretação: “O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos homens”!). No final de seu cami-

nho pelo sofrimento estava a vitória da ressurreição. Assim também em nossa vida o sofrimento, que não podemos evitar, nem sempre é derrota! É importante ver e vivenciar o sofrimento a partir da perspectiva da esperança da ressurreição. Assim a dor e o sofrimento podem tornar-se um meio de ajuda. Talvez especialmente a Época da Paixão e nosso meditar sobre a Paixão de Cristo pode nos ser um auxílio para tanto. (47) 3337-1434 f.gierus@terra.com.br

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A Federação Luterana Mundial e a IECLB – uma Interessante Relação P. em. Dr. Dr. H. C. Gottfried Brakemeier

“Não é bom que o homem esteja só...” Diz a Bíblia ter sido essa a razão para Deus criar a mulher como companheira de Adão (Gn 2.18.) Solidão acarreta prejuízos. O mesmo se aplica a entidades como igrejas. Elas necessitam da “comunhão dos santos”, ou seja, da parceria com seus irmãos e suas irmãs de fé. Assim também o entendeu o 1º Concílio Geral da IECLB realizado em 1950. A IECLB deveria ter natureza essencialmente ecumênica. Coerentemente resolveu-se autorizar à direção da igreja solicitar a imediata filiação ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e à Federação Luterana Mundial (FLM), ambos com sede em Genebra, na Suíça.

em palavra e ação. Existem igrejas luteranas que não se filiaram à FLM. É o caso da IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil), por exemplo. Ela se recusa a ordenar mulheres. Por que? O modo de ler a Bíblia dela é outro do que aquele na IECLB. Portanto, há divergências entre os membros da própria família luterana, sim, até mesmo entre membros da FLM. Tais divergências obrigam a IECLB a olhar também seus irmãos e irmãs luteranas com espírito crítico e pedir-lhes o argumento. Nem tudo o que se diz luterano de fato é luterano. Ainda assim, o grau de parentesco entre a IECLB e IELB costuma ser maior do que aquele com outras igrejas.

A dupla filiação faz bom sentido. Pois enquanto o CMI procura reunir igrejas de várias denominações, a FLM se restringe a congregar membros da família luterana. Obedeceuse assim ao princípio ecumênico, segundo o qual confessionalidade não conflita com a busca da comunhão maior com os demais cristãos espalhados pelo mundo. É como no caso dos parentes: Existem os mais próximos e os mais distantes. A IECLB se sente particularmente afinada com o mundo luterano.

Aliás, é este um dos grandes serviços prestados pela FLM. Ela coloca em pauta conflitos “intra-luteranos”. Serve como foro de debates entre as igrejas. Foi o que aconteceu em 1970. Naquele ano deveria realizarse a 5ª Assembleia Geral da FLM em Porto Alegre - RS. No Brasil, reinava a ditadura militar com infração dos direitos humanos e repressão das liberdades democráticas. Em tal cenário houve quem quisesse instrumentalizar a assembleia como protesto contra a tortura, a injustiça, o arbítrio, enquanto outros queriam afastar qualquer conotação política da

Isto apesar de que também o luteranismo nem sempre é unânime

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mesma. As igrejas luteranas estavam despreparadas para enfrentar um regime autoritário. A fim de evitar maiores prejuízos, resolveu-se transferir a sede da assembleia em última hora para Evian, na França, um lugar longe dos problemas políticos brasileiros. Foi um choque para a IECLB. Ela viu ferida sua hospitalidade e ofendida a autoridade estatal. A IECLB deu a devida resposta no “Manifesto de Curitiba”, aprovado pelo Concílio Geral da IECLB ainda naquele mesmo ano. Nele, a IECLB assumiu posição frente à situação a partir do evangelho. Seria errôneo concluir que este manifesto seja fruto da pressão exercida pela FLM. Certamente não. Mas é inegável que os acontecimentos dolorosos que levaram à transferência da assembleia de Porto Alegre a outro país, deram um valioso empurrão. Também para as demais igrejas luteranas eles serviram de lição. Aprenderam a não depositar expectativas descabidas na realização de uma assembleia como essa da FLM. Vinte anos depois, em 1990, a IECLB teve a coragem de novamente convidar a FLM a realizar uma de suas assembleias em terras brasileiras. Correspondeu assim a expectativas de várias igrejas, manifestadas nos bastidores. Estavam interessadas em conhecer a IECLB e seu contexto. Como sede foi escolhido Curitiba. Entrementes, o clima político no país era outro. Apesar de a realidade social marcar forte presença nos deba-

tes dos conciliares, ela deixou de provocar cisões e polêmicas. A 8ª Assembleia da FLM foi tranquila e, justamente assim, significativa. Sob o tema geral “Ouvi o clamor de meu povo (Ex 3,7)” dirigiu importante mensagem ao mundo de hoje. Ademais procedeu à atualização de sua Constituição, definindo-se a si mesma já não mais como mera federação, e sim, comunhão de igrejas. A designação costumeira FLM permaneceu. E, no entanto, as igrejas luteranas queriam mais: Querem mais proximidade em palavra e ação e mais partilha de recursos e cooperação. Não que outras assembleias não tivessem sido importantes também. Destaco a 6ª Assembleia que se realizou em 1977 em Darsessalam, na Tanzânia, África. Deu um passo pioneiro ao estigmar o racimo como pecado. Qualquer forma de discriminação de pessoas por motivos da cor de sua pele seria incompatível com o credo cristão. Mesmo assim, a Assembleia de Curitiba foi particularmente relevante. Na qualidade de comunhão de igrejas a FLM conseguiu desempenhar melhor sua função de representar o luteranismo global, de ser seu porta-voz e de ser o parceiro de diálogo com outras igrejas. Podemos bem ilustrá-lo na “Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”. Já há tempo a pesquisa teológica havia chamado atenção à notável proximidade que hoje se

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verifica entre as igrejas católica e luterana no que tem sido o pivô das polêmicas na época da Reforma, a saber a doutrina da justificação por graça e fé. Estaria na hora de examinar a possibilidade de um consenso entre as igrejas neste assunto com a perspectiva de eliminar um tradicional obstáculo ecumênico. De fato, uma comissão mista, convocada pela FLM e pelo “Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos” do Vaticano, elaborou um texto que habilitou a assinatura da referida declaração conjunta por ambas as partes. Esta aconteceu no dia 31 de outubro de 1999, em sessão solene na cidade de Augsburgo, na Alemanha. Trata-se de uma iniciativa inédita, abrindo nova página nos anais do ecumenismo. Entrementes as igrejas reformadas, metodistas e anglicanas aderiram ao acordo católico-luterano. Em todo este processo a FLM agiu como corpo representativo de suas igrejas-membro, dispensando-as de assinar o acordo cada qual em separado. Também no mais a ação corporativa de uma entidade como a FLM se reveste da mais alta relevância. A central administrativa em Genebra certamente não tem o direito de exercer tirania e tomar decisões em lugar das igrejas filiadas. Deve haver consulta e intensa comunicação. Há regras democráticas a respeitar, também numa comunhão de instituições. E, no entanto, a solidariedade sofre prejuízo, enquanto todos bus-

cam apenas o seu. Vale também aí o princípio formulado pelo apóstolo Paulo que diz: “... façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). O quanto isto é verdade se me evidenciou em minhas inúmeras viagens que fiz a serviço da FLM. Na Assembleia Geral em Curitiba houve por bem eleger-me para presidente da entidade, inaugurando para mim um valioso período de aprendizagem. Durante sete anos estive exercendo essa função até que, em 1997, na assembleia realizada em Hong Kong (China), o bispo Christian Krause de Braunschweig, Alemanha, sucedeu-me no cargo. A presidência da FLM não prevê dedicação integral, razão pela qual não exigiu minha transferência e a da minha família a Genebra. Mesmo assim absorve enorme quantidade de tempo. A IECLB, nessas condições, convocou o Pastor Huberto Kirchheim, 1º VicePresidente para me auxiliar no exercício da Presidência da IECLB. Representando o luteranismo global coube-me, entre outras, ver campos de trabalho da FLM, contatar autoridades ecumênicas, fazer visitas a comunidades e igrejas luteranas. Minhas andanças me levaram a praticamente todos os continentes. Elas me deram nítida impressão das atividades da FLM. Ela está engajada em serviço diaconal em lugares de fome e de emergência neste planeta; ela mantém ou apoia projetos missionários; ela se empenha em

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pesquisa teológica e esforço ecumênico; ela abraça a causa das mulheres em sua luta por mais justiça; ela lança seu protesto em casos de infração dos direitos humanos; ela alerta para a necessidade da paz. Pude constatar, com certo orgulho, que a FLM é uma instituição altamente ativa diante dos desafios da atualidade. Confesso que, no rol de minhas tarefas, sempre atribui certa prioridade à visita à diáspora luterana, ou seja, a igrejas minoritárias em contexto difícil. A FLM, através de seus órgãos, mantém viva a consciência de seus membros de sua pertença a um corpo maior, fortalecendo a afirmação de sua identidade. É assim que funciona comunhão, a saber em intercambiar experiências e em levar as cargas uns dos outros (Gl 6.2). A tanto servem vários programas, desde o envolvimento de pessoas das igrejas-membro na condução dos trabalhos, desde a participação de delegados e delegadas em determinadas comissões ou projetos até o aprimoramento da comunicação intereclesial. Também a IECLB, em passado e presente, deu para tanto sua contribuição. Ela sempre foi “membro contribuinte”. Da mesma forma, porém, recebeu de suas igrejas irmãs valiosos impulsos e mesmo, em alguns casos, ajuda financeira. Entre os muitos aspectos que caracterizam a cooperação entre IECLB e FLM haveria muitos destaques a fazer. Quero li-

mitar-me, porém, a um serviço que somente uma organização internacional como o é a FLM é capaz de prestar. Ela mostra por sua mera existência que o luteranismo se tornou um fenômeno global. Certamente Igreja luterana tem suas origens na Alemanha. É fruto da inconformidade do monge Martim Lutero com o estado deplorável da igreja de seu tempo. Entrementes, porém, o movimento por ele deflagrado extrapolou as fronteiras de sua terra natal e criou raízes também em cristãos de outras nacionalidades. Para a IECLB a percepção desta realidade foi extremamente salutar. Durante longos anos, o luteranismo era tido como sinônimo de germanismo. Comunidade evangélica seria comunidade alemã, cuja missão ficaria limitada a descendentes dos imigrantes alemães, excluindo assim os assim chamados “brasileiros”. É o que inibia a integração das comunidades luteranas em seu contexto social. A revisão desta mentalidade não se deve unicamente à FLM. Há outros fatores a considerar. E, no entanto, o luteranismo mundial foi uma forte mão na roda. De repente tornava-se evidente que existem igrejas luteranas africanas em franca expansão; que os países escandinavos eram majoritariamente de confissão luterana; que também na Índia e em outros países asiáticos o jeito luterano de ser igreja tinha adeptos. E todos eram luteranos e luteranas a seu modo, falando a sua

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língua e seguindo os costumes de sua cultura. O luteranismo pode ter muitas faces. Que significa isto para a IECLB? A globalidade do luteranismo foi colocada mais uma vez em evidência quando, em 2017, a cristandade comemorou o jubileu dos 500 Anos da Reforma. Como se sabe, no dia 31 de outubro de 1517, Martim Lutero pregou noventa e cinco teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, Alemanha, protestando contra a prática da venda de indulgências. Com isto desencadeou o movimento da Reforma. A celebração aconteceu em grande estilo, mas já não como evento pertinente somente à família luterana, e sim, a toda cristandade e a todas as nações da terra. Lutero, juntamente com outros reformadores, tanto na Suíça, quanto na França, Itália ou na Inglaterra, contando com inúmeros colaboradores e simpatizantes, entre eles não

poucas mulheres, legou à humanidade herança valiosa demais para ser considerada propriedade particular luterana. A confissão luterana exige que ela seja compartilhada com todas as religiões e culturas existentes no planeta. A FLM, como também a IECLB, estava fortemente engajada nesse processo, demonstrando o firme propósito de manter vivo esse patrimônio espiritual também no futuro. A história da IECLB com a FLM não terminou. E ela continua trazendo bons frutos. Aliás, a comparação com outras igrejas luteranas me fez ver também os dons de “minha” igreja. A IECLB é uma igreja pequena, sim. Luta com limitações e problemas. Não obstante há de que se orgulhar dela. Da mesma forma, porém, ela agradece por toda solidariedade recebida em passado e presente, plenamente consciente da vantagem de não estar sozinha no mesmo caminho. (54) 3281-2271 brakemeier@terra.com.br

HUMOR Professor: – O que devo fazer para repartir 11 batatas por 7 pessoas? Aluno: – Purê de batata, professor! (Faz sentido!)

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A IECLB e o seu futuro como igreja histórica P. em. Valdemar Lückemeyer

Em Atos 2 lemos a respeito da vida dos primeiros cristãos e da atuação dos apóstolos. É destacado que todos estavam juntos, repartiam uns com os outros o que tinham, vendiam suas propriedades, se necessário, para poder melhor ajudar a quem precisava, partiam o pão, louvavam a Deus “e cada dia o Senhor juntava àquele grupo as pessoas que iam sendo salvas” (Atos 2.47b). O grupo crescia. A igreja crescia. O crescimento é inerente à igreja. A IECLB cresce? Ela ainda cresce? Lembro com frequência do resultado inesperado e, até certo ponto também frustrante, do censo realizado pela Secretaria Geral da IECLB há pouco mais de duas décadas. O objetivo era de ter um dado mais realista do número de membros, pois existia uma estimativa de que éramos algo em torno de um milhão e cem a um milhão e duzentos mil membros. O censo deu muito mais trabalho e desgaste do que se esperava. Várias comunidades se negaram a prestar as informações solicitadas, outras as repassaram depois de dois, três, quatro convites. Somaram-se os números que foram enviados a uma estimativa proporcional para as comunidades que não deram

as suas informações e se chegou à conclusão: éramos tão somente algo em torno de 720 mil membros! O resultado foi frustrante. Desde então não foi feito mais outro censo na IECLB. Apenas são enviadas e avaliadas as estatísticas anuais das comunidades e estas apontam para um quadro preocupante: não somos mais 700 mil membros na IECLB!! Há quem afirme que talvez sejamos apenas 600 mil! O que está acontecendo com a nossa IECLB que ao invés de crescer, decresce? Com certeza há muitas respostas para esta pergunta. Os motivos certamente são vários. E logo é necessário dizer também que este fenômeno não é algo que atinge apenas a nossa igreja. As assim chamadas igrejas históricas enfrentam a mesma situação, algumas mais, outras menos. O que está acontecendo? Faço a minha leitura, não isenta de parcialidade e erros, muito subjetiva e até bastante restrita a uma determinada área da igreja. Olho a partir dos quase 40 anos de ministério pastoral e, agora, somados aos sete anos de aposentadoria. Entendo que o não crescimento da nossa igreja é uma preocupação de longo tempo e de uma ou de outra

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forma sempre presente por detrás da escolha dos temas anuais: MISSÃO! Alguns exemplos: “Homens e mulheres unidos na missão”, “...e sereis minhas testemunhas”, “Aqui você tem lugar”, “É tempo de lançar”, “Missão de Deus, nossa paixão”, e assim por diante. O fio vermelho em todos os temas é a missão, o chamado para ir, para buscar, para atrair, para envolver. Esta mesma preocupação vejo em várias matérias trazidas pelos nossos jornais. Cito algumas manifestações: - “Em várias situações, temos dificuldades em nos abrir à diversidade sociocultural e, assim, tornamos deficiente a Ação Missionária em comunidades ditas tradicionais”. - “O que nos preocupa é o fato de não conseguirmos crescer em número de membros”. - “O XXXI Concílio da Igreja aprovou as Metas Missionárias da IECLB 20192024”. Quantos seminários, estudos, debates já realizamos em torno desta temática. Criamos até novos termos e palavras modernas, como p.ex. “igreja missional”, somos chamados para uma “revitalização da Igreja”, e assim por diante. Percebo nas entrelinhas destes temas, destas novas metas, destes novos conceitos e palavras certa angústia: o número de membros decresce, a sustentação financeira de várias comunidades está se tornando cada vez mais difícil, mas o quê fazer? Nunca fomos “agressivos” na missão. A nossa postura em tempos pas-

sados, e que em parte ainda está presente nos dias atuais – era a de cuidar do “nosso rebanho”, de não “pescar em lago alheio”. Cuidamos do nosso rebanho. Aos poucos nossas famílias foram diminuindo em número de filhos, consequentemente os “novos” membros eram cada vez menos, a migração para novas áreas e o êxodo rural também renderam perdas de membros. A fidelidade das novas gerações para com a sua igreja não é mais a mesma das gerações de outrora. A tudo isto se soma ainda a disputa de fieis no “mercado” religioso das últimas duas ou três décadas. Enfim, há uma soma grande de motivos e razões que nos deixaram na atual situação. Deixamos de ser ou nunca fomos “igreja missional”? Deixamos de “revitalizar” as nossas comunidades, nossos membros? Como explicar, p.ex. que uma comunidade centenária, localizada numa pequena cidade interiorana, simplesmente deixou de ser atendida e assistida pelo pastor, porque os ainda poucos membros “relaxaram” na contribuição anual para com a paróquia e diante disso, a diretoria paroquial suspendeu o trabalho pastoral! A nossa comunidade “desapareceu” naquela localidade, ao passo que várias outras igrejas pentecostais surgiram entrementes na pequena cidade. Não estamos mais conseguindo cuidar nem mesmo do nosso rebanho? Procuramos criar comunidade em cidades com mais de 200 mil habitantes, mas ficamos no encaminhamento da

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meta. Criamos o audacioso projeto “Missão Zero”, isto é, criar comunidade evangélica luterana partindo do zero, onde não havia luterano! Resido numa cidade, onde a nossa igreja está presente há pouco mais de um século. Ela veio com os agricultores que estavam saindo das “velhas colônias” em busca de novas terras. Aqui, até então, só existia a Igreja Católica. A nossa igreja foi a segunda igreja nestes pagos. Hoje a cidade tem pouco mais de 60 mil habitantes, muitos templos, muitas igrejas, e nós continuamos com apenas um templo e um centro comunitário num bairro. Este foi o nosso “crescimento” físico e material como igreja. É bem verdade que temos um colégio grande e renomado. Mas a nossa presença nos bairros? A Igreja Assembléia de Deus, p.ex. chegou 25 anos depois da nossa, e conta hoje com 22 congregações na cidade! Todas elas têm um templo, alguns grandes e bonitos, outros pequenos e bem modestos, mas estão ali reunindo pessoas, pregando o Evangelho. Qual o segredo, perguntei a um dos seus pastores, ao que me respondeu: “O segredo deste crescimento é o programa do “Discipulado”, puxado por leigos preparados para esta tarefa”. Leio que em vários países as igrejas históricas estão diminuindo em número de membros. Mas também leio que as duas maiores igrejas luteranas na África crescem, e muito! Na Etiópia há 7,9 milhões de luteranos e um crescimento de 25% desde 2013. Assim

também a igreja na Tanzânia, que tem 6,5 milhões de membros, cresceu 12% nestes últimos cinco anos. E agora, olhando para além de números e estatísticas, que para alguns é motivo de preocupação, para outros nem tanto, penso que é necessário olhar para nossas possibilidades, nossos recursos, nosso potencial: aí o quadro muda; se instala a esperança, ainda que pequena, mas consistente. Temos um passado bonito, uma história rica em exemplos de fé e de fidelidade ao Evangelho, continuamos firmes nos famosos “quatro sola: soli fide, sola gratia, sola scriptura e solus Christus” (Quatro somente: somente a fé, somente a graça, somente a Escritura e somente Cristo). Além disso temos uma formação teológica de excelente qualidade (reconhecida pelo MEC)! Então, não vamos olhar apenas para números e estatísticas, mas continuar nos comprometendo com o anúncio do Evangelho e nos deixar guiar de forma mais enfática pela “norma” de Lutero: “A Igreja sempre precisa ser reformada”. Os nossos dias, pós-modernidade ou como sempre são denominados, requerem novas posturas e novas formas de “ser Igreja de Jesus Cristo no Brasil”, mas o que deve permanecer é a fidelidade para com a “pura e reta pregação do Evangelho e administração dos sacramentos”.

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luckemeyer@annex.com.br


Ação Conjunta de Igrejas – ACT Aliança Pa. Dra. Elaine Neuenfeldt

A ACT Aliança é uma rede global de igrejas e organizações religiosas presente em mais de 140 países, composta por mais de 150 igrejas e organizações, de denominação ortodoxa e protestante, engajadas em trabalho humanitário, de desenvolvimento e incidência pública. O trabalho da aliança tem duas vertentes de orientação: é motivado por fé e baseado em direitos humanos. A organização da ACT Aliança dá-se em fóruns nacionais e regionais. Em cada país, um grupo de organizações

membros compõe o fórum nacional, que logo se reagrupam nos fóruns regionais ou sub-regionais. No Brasil, o Fórum é composto por seis organizações, sendo que a IECLB está representada pela Fundação Luterana de Diaconia e através das relações ecumênicas, pelo CONIC. Faz parte do campo de atuação da aliança o trabalho com o crescente impacto dos desastres climáticos sobre as comunidades mais vulneráveis. A unidade das Nações Unidas responsável pela Redução do Risco

Painel na Assembleia Geral da ACT 2018, Suécia, moderado por Azza Karam, UNFPA, com Phumzile Mlambo-Ngcuka, Diretora Executiva da ONU MUlheres e Arcebispa da Igreja da Suécia, Antje Jackelén ••• 81 •••


O conselho Nacional de Igrejas Cristãs das Filipinas, membro da ACT, prestando ajuda às vítimas do Tufão Mangkhut (2018 Johanna de la Cruz, NCCP ACT Alliance) em Desastres (UNDRR, sigla do inglês: The United Nations Office for Disaster Risk Reduction) trabalha com profissionais na investigação do estado de risco em diferentes contextos, destacando as novidades, identificando tendências emergentes, revelando padrões perturbadores, examinando o comportamento e apresentando progressos na redução do risco. Estes estudos são publicados no “Relatório de Avaliação Global sobre Redução de Risco de Desastre” 1, que em 2019 diz que em termos de desastres e riscos "surpresa será a novidade normal". A mudança climática é um "grande ampli-

ficador de risco" e os esforços para proteger os mais vulneráveis devem ser ampliados. Esta área é um dos focos do trabalho da ACT Aliança, implementado maioritariamente em comunidades locais, igrejas e organizações baseadas na fé, que contam com líderes e atores religiosos como parte de seu mecanismo de enfrentamento em tempos de desastres. Comunidades de fé e igrejas estão profundamente enraizadas em contextos locais, bem como, muitas vezes, conectadas com comunidades e organizações globais. Igrejas e comunidades ou organizações baseadas na fé, tem desenvolvi-

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do um trabalho diaconal relevante com pessoas em situação de vulnerabilidade e pobreza, em conflitos, emergências, desastres, etc. O papel de igrejas e organizações baseadas na fé no trabalho com emergências e incidência pública Os grupos religiosos são fundamentais para a redução de riscos, da construção de resiliência e da ação humanitária, porque estão entre os que estão na primeira linha de defesa na prevenção de desastres evitáveis. Comunidades de fé podem ser espaços seguros de acolhida e conforto a quem está desesperado, com medo, quem perdeu seus referenciais em meio a tragédias e desas-

tres. Pessoas e grupos religiosos estão entre os socorristas em emergências que fornecem abrigo durante a evacuação, necessidades básicas (ou seja, comida, água, roupas, abrigo) das pessoas afetadas durante as emergências e capital social para cura e recuperação. As organizações membros de ACT respondem a uma variedade de tipos de situações de emergência: as de início súbito, como desastres naturais; emergências globais, de larga escala, ou complexas, com necessidades de atenção multissectorial; ou ainda em crises prolongadas como guerra e conflitos armados em geral. Através da sua função “Apelo” ACT Aliança levanta fundos a partir de seus mem-

Pessoas da vila de Chidzizima em Moçambique ••• 83 •••


bros para atender as necessidades das comunidades em emergências. A ACT Aliança entende que as ações diaconais das igrejas são fruto de compromissos de fé e baseadas numa profunda convicção religiosa de comprometimento e amor ao próximo. Nesta perspectiva, a diaconia caminha de mãos dadas com a perspectiva de direitos humanos, assegurando proteção em situações de vulnerabilidade. Para implementar esta perspectiva, o trabalho humanitário é guiado pelos princípios humanitários fundamentais de humanidade, neutralidade, parcialidade e independência. A ACT Aliança igualmente trabalha com ações de incidência pública para influenciar espaços de tomada de decisões, políticas e estruturas na busca de um mundo sustentável, justo e em paz. A promoção de plenos direitos e o testemunho do direito à dignidade humana, defendendo leis justas e políticas de inclusão em todos os níveis, faz parte do trabalho de incidência pública das organizações membro da Aliança. O plano estratégico de ACT Aliança para o período de 2019 a 2026 afirma que a comunidade global pode certamente fazer mais para salvar vidas e aumentar a qualidade de vida de todos os seres humanos, promover paz e assegurar os direitos de todas as pessoas e a integridade da criação de Deus. As organizações baseadas na fé podem fazer mais para expressar sua fé em ações prá-

ticas, ao se engajar em processos que tem impacto na vida de pessoas em situação de vulnerabilidade e marginalizadas. A voz profética e a autoridade moral das comunidades de fé, associadas com seu cuidado e preocupação de salvar vidas podem ser um movimento poderoso de desenvolvimento de capacidades, no enfrentamento de situações de risco e desastres. O trabalho em conjunto de igrejas e organizações baseadas na fé no desenvolvimento de planos de preparação e resposta de emergências, coordenados com mecanismos globais, como os usados nas Nações Unidas, são mandatórios em todos os fóruns e membros. Um exemplo de atuação da Aliança é no manifesto do movimento ecumênico com a explosão de queimadas na Amazônia. O Fórum Ecumênico ACT Brasil - FE-ACT Brasil reitera que o compromisso ecumênico "é a proteção da sócio-biodiversidade da Criação e a defesa das organizações da sociedade civil e movimentos sociais, que repudiam este projeto político de morte". O FE-ACT Brasil une-se a todas as organizações ambientais, movimentos sociais, povos e comunidades tradicionais para expressar sua dor e sua extrema preocupação frente à política ambiental do atual governo, cujo resultado concreto é o aprofundamento do processo de devastação, visível nas extensas queimadas na região Amazônica, em níveis alarmantes.2

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O trabalho de Justiça de Gênero de ACT Aliança ACT Aliança entende a perspectiva de gênero como transversal em todo seu trabalho programático na área de ajuda humanitária e incidência, bem como na sua forma de organização e estruturas de tomada de decisões. Na Assembleia Geral que aconteceu em 2018, na Suécia, justiça de gênero foi afirmada como compromisso coletivo e estratégico de toda Aliança. As ideias principais de uma campanha de Justiça de Gênero, intitulada “Iguais na Criação” foram lançadas nesta Assembleia. Uma área programática foi estabelecida no plano estratégico tendo justiça de gênero como foco. Subtemas como gênero e migração, justiça econômica, violência baseada em gênero, direitos sexuais e reprodutivos e masculinidades vão fazer parte do trabalho. Uma parte crítica do problema de promover a justiça de gênero em ações globais está relacionada com normas culturais e sociais que limitam ou fazem dano à vida e prejudicam as relações de homens e mulheres. Violência baseada em gênero ou contra as mulheres é um tema de saúde pública, com dimensões de crise global. Violência sexual e de gênero é acentuada em contextos de assistência humanitária, com aumento de vulnerabilidade para mulheres, e pessoas com orientação sexual diversa, especialmente. As comunidades de fé, autoridades

religiosas, com suas práticas e regulamentações teológicas, influenciam e colaboram na formatação de concepções e regras de comportamentos individuais e coletivos, incluindo as regras e construções sobre identidades de gênero e sexuais. A vida cotidiana de muitas pessoas, individual e em comunidade, é orientada por valores que se originam no campo da fé ou religioso. Igrejas e organizações eclesiais podem oferecer o capital humano e social, através de suas redes e plataformas, onde mulheres podem apoiar-se em suas estratégias de sobrevivência a estruturas injustas, opressoras e excludentes. Comunidades de fé e igrejas têm o potencial de engajar em vários aspectos materiais de desenvolvimento sustentável para prover dimensões sociais e espirituais do bem-estar de uma pessoa. Por isso, é fundamental que líderes religiosos e de igrejas estejam conscientes de seu papel de influência na definição de papeis de gênero, e tenham acesso e estejam convencidos de que justiça de gênero faz parte de um arcabouço teológico que pode provocar transformações na vida e nas relações das pessoas, promovendo justiça, paz, dignidade. A ACT Aliança tem uma política de justiça de gênero que define a proteção das pessoas de direito, em situações de crise e vulnerabilidade como prioridade. Para tanto, as ações precisam estar orientadas em diminuir a lacuna de gênero no aces-

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so e uso do poder reconhecendo todas as pessoas em sua dignidade e direito. O plano estratégico de Aliança define como principais ações na área da Justiça de Gênero3 Todos os membros da ACT Aliança têm uma política de gênero que reflete a política da Aliança e estabeleçam procedimentos para garantir a equidade de gênero. A ACT Aliança desenvolverá recursos de qualidade e fornecerá oportunidades de treinamento on line, que membros e fóruns poderão usar e compartilhar com outros parceiros para promover as melhores práticas e programas de igualdade de gênero. A ACT Aliança mantém fortes parcerias nacionais, regionais e globais com agências inter-religiosas, ecumênicas e ONU, nas quais os fóruns de ACT e parceiros locais participam ativamente de uma variedade de redes de partes interessadas para promover a justiça de gênero. A ACT Aliança possui uma forte análise de gênero que molda suas posi-

ções políticas e de incidência na esfera pública, em todas as áreas temáticas do trabalho. A ACT Aliança mantém as Principais Normas Humanitárias e garante que, em crises humanitárias as necessidades específicas de grupos vulneráveis (mulheres, meninas, minorias étnicas e sexuais) sejam garantidos. A ACT Aliança aborda áreas de importância crítica da justiça de gênero, incluindo violência baseada em gênero, direitos sexuais e reprodutivos, e empoderamento econômico, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Os membros da ACT Aliança integram abordagens baseadas na fé e nos direitos para justiça de gênero, permitindo que o desenvolvimento de programas seja sensível ou transformador de gênero. A Campanha de Justiça de Gênero de ACT serve como um trampolim para a realização da justiça de gênero internamente entre os membros e dentro os espaços locais, nacionais, regionais e internacionais. A autora é Gerente de Programa de Justiça de Gênero da ACTAliança em Genebra, Suíça elaine.neuenfeldt@actalliance.org +41 22 791 65 14

Referências 1 https://gar.unisdr.org 2 https://conic.org.br/portal/noticias/3220-movimento-ecumenico-manifesta-preocupacaocom-explosao-de-queimadas-na-amazonia 3 https://actalliance.org/wp-content/uploads/2019/05/EN_act-strategy-2019-26_web-3.pdf

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Ajuda-me na minha falta de fé! P. em. Wilfrid Buchweitz

No Evangelho de Marcos 9.24, lemos: “Eu creio... Ajuda-me na minha falta de fé”. Esta afirmação é dita por um pai que traz para Jesus um filho muito doente. Ele confessa para Jesus que tem fé, mas que esta sua fé é pequena, frágil, para lidar com a situação de doença de seu filho. Ele tem fé, e esta fé o fez trazer o filho doente a Jesus. Ele tem a esperança, o profundo desejo de que Jesus cure o menino. Ao mesmo tempo ele está extremamente angustiado pela doença do menino, “possesso de um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam” (versículos 17 e 18). Se nem os discípulos puderam ajudar, isso faz o medo ser mais forte do que a fé. Eu tenho fé, Senhor Jesus, eu quero ter fé, mas o medo de não poder ajudar meu filho toma conta e se torna tão forte que ameaça minha fé. Por isso, Senhor Jesus, eu preciso de sua ajuda. Só com sua ajuda minha fé pode ganhar nova força. Que reação esta palavra e este quadro causam em nós? Quem de nós já não tremeu e vacilou na fé? Pode ser que também a nós nos assuste. Nós cremos, temos fé, queremos ter fé, a fé é importante. Mas será que é possível que esta fé se

torne pequena, frágil ou que venha a faltar? Será que poderia acontecer de minha fé não aguentar uma situação difícil na minha vida? Algumas pessoas vão dizer que não tem medo, que tem confiança que sua fé, pela graça de Deus, sempre será forte. E algumas pessoas parecem sempre ter uma fé forte. Essa fé então é um presente todo especial e não há palavras suficientes para agradecer por isso. Outras pessoas vão dizer ou, nem vão dizer, mas vão pensar, por que a gente não gosta de falar sobre isso, que já passaram por isso. Que numa situação difícil a fé ficou pequena, que a confiança em Deus ficou abalada. Por que Deus não ajuda? Onde está Deus? Por que tenho que passar por isso? Por que Deus não escuta minhas orações? Martim Lutero certa vez afirmou que um dia pode ser longo demais para o tamanho de nossa fé. Há pessoas que colocam superstição em datas, objetos, situações e dão poder a isto, deixando o medo as dominar. Ex: mês de agosto – mês do azar; sexta feira 13; passar por baixo da escada; gato preto passar pela rua;... Em algumas pessoas o medo se torna maior do que a fé. Como se para Deus o dia 13 fosse diferente do que o dia 12 ou 14, ou qualquer outro. Como se o cuidado de Deus conosco fosse menor no dia 13 de agosto. Isso é fé

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pequena. Ou é medo grande demais. Voltando ao texto do Evangelho de Marcos 9.24, vemos que o amor de Jesus cura o menino. O amor de Jesus não depende do tamanho de nossa fé. Bem por isso eu quero fortalecer minha fé. Quero buscar força na Palavra de Deus e na Santa Ceia. Quero pedir sempre que o Espírito Santo fortaleça a minha fé. Por isso também nós, com muita confiança, podemos dizer: Nós cremos

Senhor, e se nossa fé vier a ser pequena, então ajuda-nos sempre. Como diz Lutero, na explicação do Credo Apostólico: Que eu por minha própria força não consigo crer, se não for pelo agir do Espírito Santo. Por isso, que jamais deixemos de orar pela ajuda do Espírito Santo, para que tenhamos fé e suportemos os dias de nossa vida em confiança e amor. wbuchweitz@gmail.com

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Aprendendo com as árvores P. Norival Mueller

O conhecimento científico está nos mostrando cada vez mais as maravilhas da natureza e o que podemos aprender dela. No caso das árvores, vejamos apenas três aspectos: Não somos “tão” diferentes Ao nascer, a primeira atividade da árvore é a mesma que seres humanos realizam: respirar. É o que dá vida e crescimento tanto para a árvore, quanto para nós. A respiração da árvore se resume na fotossíntese: Filtrando a luz solar, a clorofila possibilita à folha retirar o que necessita para a árvore e liberar oxigênio. Na nossa respiração, transformamos oxigênio em energia e liberamos gás carbônico. Deixando de respirar, tanto nós, quanto a árvore, morremos. Nós, em alguns minutos. Uma árvore em duas semanas. Assim que brota, a árvore procura a luz solar. Procura a orientação para a sua longa vida. Lembremos que “orientação” provém justamente da palavra oriente, onde nasce o sol. Como a árvore, o ser humano também precisa de uma orientação. Esta, normalmente vem pela sua família, no que se refere a valores, cultura, religião, costumes. E aqui é necessário lembrar que celebramos Jesus Cristo como a luz do mundo. E isto é o mesmo que dizer, celebramos a “orientação” para a vida humana.

Quando então olharmos uma molécula de clorofila em comparação com uma de nosso sangue, as semelhanças são espantosamente grandes. A diferença básica está apenas no núcleo: a clorofila da folha de uma árvore tem magnésio (por isso a cor verde) e a hemoglobina do nosso sangue tem ferro (motivo da cor vermelha). As células são muito idênticas, apenas ordenadas de forma diferente.

Se entrarmos com um microscópio nas estruturas internas de uma árvore, veremos que a madeira forma um complexo e completo sistema de uma perfeita logística para abastecimento, reserva e segurança. Outra vez, não muito diferente do corpo humano. Ou, ainda, muito parecido com uma cidade, porém, muito mais perfeito, otimizado e melhor construído. Algo que a engenharia não consegue reproduzir. Certamen-

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te é o resultado de bilhões de processos na sua evolução. Pode ser que isso se deve ao longo tempo que as árvores tiveram para aprender, adaptar, evoluir. Durante mais de quatro milhões de anos as árvores estão sobre a face da terra, enquanto nós, humanos, apenas 350 mil, aproximadamente. Então, se somos tão semelhantes, quem sabe podemos aprender algo mais das árvores. E você não ficará mais tão chateado se em uma futura oportunidade alguém lhe chamar de “cara de pau” ou cabeça dura (Holzkopf, em alemão). Crescer para cooperar Já no início de sua vida a árvore sabe para que ela está aqui, qual a sua tarefa. Com a brotação da semente começa uma corrida para ver quem consegue chegar primeiro no alto da mata e abrir seus galhos, para ter tamanho necessário para se reproduzir. Ao seu crescimento se aplica o conceito de Inteligência Evolutiva: Dar segurança ao solo, produzir húmus, limpar o ar, limpar a água, preservar e sempre melhorar o lugar que recebeu para viver. E tudo isso ela faz retirando menos de 0,5% da terra, do solo. Os outros 99,5% são retirados do ar e da água, com a ajuda do sol! Com tão poucos elementos a árvore faz milhares de reações químicas para formar raízes, galhos, folhas, flores, frutos, madeira. E, de uma forma ou de outra, devolve tudo outra vez à mãe terra.

Logo, ela entrega muito mais que retira! O mesmo vale para a fotossíntese que realiza. Para a árvore fotossíntese é uma troca. Mas uma troca que beneficia a vida de todos os seres que necessitam de oxigênio. Portanto, as árvores não conhecem o conceito de “Crescimento Exponencial”, isto é, crescer sempre. Ao contrário de pessoas ou empresas – que acham que devem competir/combater sempre e superar tudo e todos – na natureza o objetivo último não é crescer e combater quem é menor. Será este o segredo da longevidade das árvores? Será a experiência da cooperação e da doação a razão de árvores preservarem suas células por centenas de anos, a ponto de algumas espécies viverem até 9.600 anos? A árvore mais bem-sucedida é

Oliveiras que viram Jesus ainda estão vivas, saudáveis e produzindo

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a que mais se doa a outras árvores e à natureza como um todo. Na economia humana quando uma empresa concorrente está em má situação financeira, diz-se que é chegado o momento de acabar com a concorrente. Será saudável para a economia toda? As árvores fazem um enorme esforço para seus sistemas de trocas permanecerem em constante funcionamento! Humildade e honestidade na comunicação As árvores têm atualmente as maiores verdades para nos dizer no que se refere à comunicação: árvores não mentem. Quando está em perigo (atacada por alguma praga, falta de água ou atingida por um raio), a árvore fraca comunica sua situação para outras através de elementos químicos liberados no ar ou pelas raízes. É o maior sistema de internet do mundo. Ao comunicar a falta de água no solo, todas as árvores ao redor diminuem seu ritmo de crescimento. Todas cessam a competição no crescimento para evitar um colapso de todo o seu sistema, pois sabem que a falta de água é uma catástrofe para qualquer árvore. Mas, as árvores não se comunicam apenas entre si. Elas também se comunicam através das raízes com as colônias de fungos. Essa comunicação acontece por impulsos bioquímicos. Esta comunicação é necessária para que a árvore consiga do solo

os elementos de que precisa para crescer. Por si só as raízes não conseguem tirar nada do solo. Mas, elas são uma excelente praça de troca. Uma vez que o açúcar produzido pela fotossíntese das folhas é a mercadoria mais cara na mata, ele é trocado com as colônias de fungos por elementos que a árvore precisa para crescer e sobreviver, como cálcio, ferro, magnésio. A cada árvore adulta pertencem de quatro a sete famílias de fungos. Algumas destas colônias de fungos podem atingir até 50 km de pequenos filamentos/ligações entre si. Para se ter uma ideia do volume que isso pode alcançar, um dado auxilia: No volume de uma colher de chá de húmus podem viver cerca de 10 milhões de microrganismos. E, como a árvore depende do trabalho dos microrganismos, ela mantém um diálogo constante e sincero com eles. Assim, se uma árvore tiver um galho quebrado, em questão de 10 minutos ela consegue comunicar para a colônia de fungos quais são os elementos que ela precisa naquele momento para reconstruir, reparar a ferida. A comunicação para a cooperação entre as árvores é o fator mais importante para a sua sobrevivência. Também o seu diálogo sincero com as colônias de fungos lhe garante nutrientes do solo e a sobrevivência, especialmente em tempos difíceis. Além disso, a árvore não pode mudar de lugar. Ao contrário de nós,

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humanos, ela não pode simplesmente largar tudo e se plantar em outro lugar. Ela precisa resolver seus conflitos ali onde está. Será exagerado afirmar que ela nos mostra um grande exercício de diálogo, paciência, resiliência, perdão?

Você quer aprender mais da natureza, criação divina? Coloque em prática, em pequenas ações, os exemplos que as árvores nos dão.

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(47) 3339-5953 norival_m@yahoo.com.br


Buscar a Paz, acabar com a festa da morte! P. Guilherme Lieven

Vivemos num tempo em que precisamos buscar a paz. Percebemos um vazio. Parece que está faltando o principal, mesmo quando temos muitas coisas. Essa situação é semelhante àquele momento quando cozinhamos e, ao provar o alimento que estamos preparando, constatamos que falta alguma coisa. A panela está cheia, mas não tem gosto. A impressão é de que a panela está vazia. Temos muitas coisas para viver. Pessoas amigas e confiáveis estão ao nosso lado. Até as flores resistem, também o sol, a lua, as chuvas, o frio e o calor. Mas, e a paz? Falta a paz. Refiro-me à paz como um invisível volume de afago, um enorme manto de proteção e consolo. Um tesouro maravilhoso composto de esperança e certezas que preenchem a nossa vida e nos tornam maiores do que a dor, o medo, a angústia, o mal. Algo de fora de nós que ocupa o enorme vazio em nosso corpo, mente e espírito. É mais do que uma sede ou fome. Porque, mesmo saciados, necessitamos dela. Os discípulos de Jesus, logo depois da crucificação se esconderam em uma casa. Estavam assustados, com medo, feridos pela perda do Mestre, o Filho de Deus. A morte de Jesus

criou um buraco em suas vidas. Naquela situação a morte encontrou espaço e dançou uma valsa no corpo, na mente e no espírito dos discípulos. Porém, a ressurreição de Jesus acabou com a festa da morte. O Evangelho de João relata: “… Jesus pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!” (Jo 20.20-21). Os discípulos imediatamente ficaram alegres. A ressurreição de Jesus e a sua paz despertaram neles a vida. O tesouro da esperança, certezas de vida os envolveram. Jesus disse-lhes outra vez: A Paz seja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Recebam o Espírito Santo. Que cenas maravilhosas. Interpreto que Jesus disse assim: Vamos, levantem. Saiam dessa casa. Comecem a viver. Recebam a paz. Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Levantem o rosto e vejam à frente o caminho da vida. Vamos semear. A morte está vencida. Pois é! Talvez não foi bem assim… Mas eu consigo imaginar uma cena semelhante a esta. Com a paz de Cristo os discípulos foram ao mundo. Proclamaram o amor de Deus e deram testemunho da ressurreição, da vitória da vida. Encorajados e santificados com o Espírito Santo que Jesus soprou so-

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bre eles, semearam a paz e criaram comunidades cristãs que partilhavam as cargas uns dos outros, que se alegravam e choravam juntos, repartiam o pão e praticavam o amor, os mandamentos de Deus. Faziam boas obras, eram do bem. Comunidades, sinais de vida entre os destroços da morte.

do nas mentes e espírito das pessoas ganha honra de condenar os errados e limpar o mundo. Confunde o comportamento dos simples, das pessoas de bem, daquelas e daqueles que buscam a paz. E passa longe das descobertas bíblicas de Martim Lutero no século dezesseis (Estamos no Século XXI).

Vivemos num tempo em que as pessoas estão vazias. Não só os outros, nós mesmos estamos com um enorme buraco em nossas vidas. O ódio está perto de nós. Aquela morte vencida, mesmo derrotada está sendo cultivada. Parece que deu cacho e sementes. Não veio de Deus. Mas, encontrou lugar no coração, na mente e no espírito das pessoas, também em nossas vidas. O fantasma da morte está bem perto, na rua, nas casas, na escola, nas igrejas. Em algumas cidades ela é tão forte que exala odores que se confundem com perfumes sedutores.

Aprendemos dos debates da Reforma que todas as pessoas justas são também pecadoras, e todas as pessoas pecadoras, pela fé, recebem a graça de Deus e podem ser justas. Recebem a justificação de Deus e nascem de novo. No catecismo menor, Martim Lutero ensina "que no batismo ganhamos um banho de novo nascimento no Espírito Santo”. Não somos pessoas perdidas. Deus nos adotou para uma nova vida. Mesmo errados, somos resgatados. Portanto, nós não conseguimos ser deuses de nós mesmos, muito menos deuses das outras pessoas. Nos relatos do evangelho Jesus conta a história do Joio e do trigo. O dono da plantação proíbe aos seus empregados separarem o joio do trigo antes da colheita (Mt 13.24-30). No sermão da montanha Jesus afirmou: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados" (Mt 7.1s). A palavra do apóstolo Paulo também é contundente: “… Você que julga os outros é indesculpável…” (Rm 2.1-3). O caminho para o tribunal humano é tortuoso e cultiva os fantasmas da morte.

Por que tantos conflitos, falta de compreensão e de diálogo, violência, fome, separações e perseguições? Em casa, na família, nas escolas, no trabalho e no lazer não mais é possível falar livremente da realidade e da situação injusta e pecadora, do cenário vazio em que vivemos. Há divisões e opiniões contraditórias. O herói de cada um é diferente e divergente. E o teor da conversa, das reflexões derrapam para o julgamento, para o dualismo, do certo e do errado, feio e bonito, branco e vermelho. O tribunal humano encarna-

Neste triste cenário do nosso tem-

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po as pessoas estão confusas. Na confusão, nós e elas, gostamos de verdades humanas e não damos muita atenção às verdades de Deus. Criamos os nossos mandamentos e esquecemos os mandamentos de Deus. Para ilustrar essa confusão perigosa descrevo uma história antiga; certamente você já a ouviu. Mas, parece ser um conto pós-moderno: Um casal saiu para a vila. Foram comprar algumas coisas para a casa. Levaram o burrinho. O caminho era longo. No início da viagem o homem montou no burrinho e a mulher foi caminhando ao lado. As primeiras pessoas que cruzaram por eles comentaram: Por que você não deixa a mulher ir montada no burro e você vai caminhando? Tímidos, nem responderam. Depois de uns 50 metros trocaram de posição. Novos transeuntes comentaram: Que homem burro. Ele deveria estar montado no burrinho e não a sua mulher. Esses comentários confundiram o casal. Em seguida os dois montaram no burro. E novos caminhantes, já próximos da vila gritaram: Vocês dois não tem dó do burrinho? Indignado, o casal desceu e passou a caminhar ao lado do burrinho. Mais alguns metros depois outros comentaram: Esses dois não estão bem da cabeça, porque pelo menos um deles deveria estar montado no burro. Chegaram à vila cansados, aborrecidos e confusos. Aqui não posso relatar, mas afetados pela situação, irrita-

dos, participaram de discussões perigosas no armazém da vila. Outros contam que, com ódio, voltaram para casa sem comprar nada. Desorientados, confusos, vazios e prontos para a briga, precisamos dar passos em caminhos que nos levam para a paz. A nossa saída nesse tempo ruim é buscar a paz. Somente a paz que vem de Jesus Cristo tem o poder de preencher o nosso vazio e afastar de nós os fantasmas da morte. Buscar a paz de Cristo para a nossa casa, nosso corpo, nossa mente e nosso espírito. Precisamos da verdadeira alegria para viver. Assim como aconteceu com os discípulos, ao receberem a paz, nós também precisamos levantar as cabeças, sair das nossas tocas e com liberdade ir ao mundo e fazer o bem. Revestidos da paz, certos da graça, do amor e misericórdia de Deus, cheios de esperança, precisamos criar comunidades. Se já a temos, precisamos nos envolver na vida comunitária de fé e nos encantar e encantar aos outros da comunidade com a paz de Cristo. Em nosso tempo, no cenário do vazio, a Igreja e nós estamos chamados para buscar e semear a paz, para participar em comunhão com Deus dos sinais da ressurreição de Jesus Cristo, da vida que venceu a morte. A ação salvadora de Deus e o Espírito Santo nos empurram para viver e semear a paz, a falar da vontade, da liberdade e da justiça de Deus. Convido você leitor, vamos fazer al-

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guma coisa, buscar a paz! E no caminho viver com os pedaços da paz que vem chegando, ocupando o nosso vazio e nos tornando mais fortes para construir, entre os destroços da morte, espaços de graça, de esperança, de cuidados e de comunhão. Permita que a paz de Cristo transforme você em uma pessoa livre da morte. Vamos juntos perguntar para a morte, tal como o profeta Oseias perguntou e foi citado pelo apóstolo Paulo: E aí ó morte, onde está o teu aguilhão, a tua vitória? (Oseias 13.14). A morte foi vencida (1 Co 15.54ss).

Escrevi tanto, contei história e fiz comparações para ajudar você, leitor/a, a se convencer que o caminho mais precioso é aquele que conduz à paz. Esse é o caminho de Jesus Cristo. Nele encontramos a alegria para viver. Porque nele a morte não dança, nem valsa e nem hip hop. Nesse caminho da paz a vida faz a festa e prepara todas as pessoas, filhas e filhos de Deus, para participarem da missão de construir nesse mundo sinais concretos, vivos e maravilhosos, do novo que virá das mãos de Deus e será pleno. O autor é Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí (47) 3322-1364 guilherme.lieven@luteranos.com.br

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Caminhando com a LELUT P. em. Anildo Wilbert

Comemoração - No dia 28 de agosto de 2018, o núcleo da LELUT (Legião Evangélica Luterana) de Brusque celebrou os 25 anos de fundação com um jantar festivo e com a presença de muitos convidados. Entre eles o presidente nacional, sr. Ingo Bartz Strohschoen, de Estância Velha/RS, Pastor Sinodal do Vale do Itajaí, P. Breno Carlos Willrich, e P. em. Anildo Wilbert que, na época da criação do núcleo, era pastor nesta paróquia. Nas falas da noite foram lembrados os primeiros passos da caminhada destes 25 anos. Relembraram-se alguns dos feitos realizados pelo núcleo, bem como as bênçãos de Deus aos participantes e o que esta caminhada representa para esta Comunidade. Afirmou-se que a partir do núcleo de Brusque a ideia se divulgou e diversos núcleos foram criados. Focaram-se também as possibilidades de atuação e a recomendação da criação de mais núcleos na área sinodal. Experiências do trabalho com a LELUT Carazinho/ RS – Pessoalmente, como pastor, tomei contato efetivamente com o trabalho da LELUT em Carazinho/RS, que é o núcleo ativo mais antigo na IECLB, fundado em 12/07/1957. Nesta paróquia aprendi o que acontece num grupo e vislumbrei possibilidades de atuação.

Por exemplo, percebi que membros que não frequentavam os cultos dominicais, ali estavam presentes e muito assíduos. Participavam ativamente nos debates em torno de temas bíblicos e nos calorosos diálogos que aconteciam antes e depois do encontro propriamente dito. Constatei que o trabalho com homens pode ser uma possibilidade de missão, em que as pessoas se encontram para ouvir a Palavra de Deus e fazer com que a igreja lhes venha a ser essencial. O núcleo de Carazinho na época tinha como objetivo buscar incentivar a criação de novos grupos. Como tarefa assumiu uma tarefa de servir, qual seja, preocupar-se com as construções e manutenções dos prédios da Comunidade e do Colégio Sinodal Rui Barbosa. Brusque/SC – Para mim foi bem marcante a palavra de um membro ativo na comunidade que certa vez disse: “Não tem sentido para mim só saber o que personagens bíblicos viveram, por exemplo, Paulo, o que ele fez e disse, mas diga-nos o que nós podemos fazer para sermos bons membros”! Esta colocação calou profundamente em mim. De tal maneira que a minha reflexão foi sobre a pergunta: Como focar e mostrar o testemunho, a missão de personagens bíblicos no contexto histórico?

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vocês os problemas da sociedade! Estas colocações e pensamentos serviram de mola propulsora para se buscar um trabalho envolvendo os homens, além dos cultos, estudos bíblicos... Foi então que a ideia da criação de um núcleo da LELUT tomou corpo! Fundou-se assim o núcleo em 28 de agosto de 1993, sendo apadrinhado por Carazinho que se fez presente na ocasião. Brusque deu-me a convicção de que é possível focar a Palavra de Deus, trazendo o testemunho de pessoas da Bíblia e de outros tempos, buscando a atualização para os nossos dias!

Na mesma época, motivado pelo tema da IECLB (1991-1992): “Comunidade de Jesus Cristo – A Serviço da Vida”, perguntava-se também pelo testemunho e participação ativa dos cristãos e como posicionar-se diante dos problemas na sociedade? Foi então que dois vereadores, membros, foram convidados para um encontro com a liderança da comunidade. Eles aceitaram o convite e vieram prontamente, perguntando o que a Comunidade precisa? Como podemos ser uma ajuda? Foi então que o presidente disse: Nós não vamos pedir nada. Mas queremos ajudar a vocês a serem bons vereadores, qual seja, focar e refletir com

Jaraguá do Sul/SC – A terceira experiência aconteceu em Jaraguá do Sul, na Comunidade Cristo Salvador, Paróquia Barra do Rio Cerro. O núcleo foi fundado em 05 de setembro de 2003, apadrinhado por Brusque. Como surgiu a ideia de criar um trabalho especial com homens? – Havia certa dificuldade em pessoas se disporem a ocupar cargos de liderança na igreja. Então se partiu em despertar, capacitar e encorajar pessoas da comunidade, mulheres e homens, a assumir papéis de liderança, enfim, focar os temas: dons, vocação, chamado de Deus. Formulou-se um convite especial aos homens da comunidade para uma programação mensal, na qual teria uma reflexão bíblica, cantos, palestra e um jantar, este preparado por eles. Houve expressiva adesão. Logo

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de início alguém doou 30 Bíblias personalizadas da IECLB, que tem anexo o hinário. Já no primeiro encontro todos foram estimulados a abrir a Bíblia, ler um versículo do texto. Que surpresa, o fizeram com satisfação! A consequência foi verificar que novas lideranças foram sendo despertadas, assumindo cargos e funções na igreja. É legal ouvir alguém dizer: “Agora descobri o meu papel na igreja e sei como servir com os dons que

Deus me deu”! Como também, observar, que há legionários que se envolveram na distribuição do jornal O Caminho, levando-o nas residências de membros. Aliás, na Comunidade e na Paróquia até os dias de hoje, todos os membros recebem o seu jornal O Caminho em casa. Olhando para o passado percebo que o envolvimento com o trabalho da LELUT foi algo marcante e estimulador. Criou um círculo de amizade. Deixou saudades! anildowilbert@yahoo.com.br

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Campanha Nacional de Ofertas para a Missão VAI E VEM 2020 Secretaria Geral da IECLB

Texto Motivador “Que significa este batizar com água? Significa que, por arrependimento diário, a velha pessoa em nós deve ser afogada e morrer com todos os pecados e maus desejos. E, por sua vez, deve sair e ressurgir nova pessoa, que viva em justiça e pureza diante de Deus para sempre”. (Martim Lutero - Catecismo Menor) O que significa Batismo para você? Para algumas pessoas, ele não passa de um rito, que aconteceu quando criança, sem nenhuma conexão com o dia a dia. Para outras, o Batismo lhes concedeu um vínculo à comunidade cristã, da qual não se sentem participantes. Para outras pessoas, o Batismo é um acontecimento que traz consequências para toda a vida... A nossa confessionalidade luterana ensina que o Batismo é um evento que se situa no centro da vida da pessoa. Pelo Batismo, a pessoa ingressa na comunidade cristã e é marcada por compromissos éticos e de fé. O Batismo marca o início de uma vida totalmente nova, voltada à fidelidade a Deus. Isso significa que “Batismo não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Marca o início de uma vivência cristã, de um diário e constante apropriar-se de sua promessa, até a morte” (Livro de Batismo). O Batismo atende a questões essenciais para a existência humana, tais como: a maldade, que de-

turpa nossas melhores intenções; os diferentes poderes, que prendem o potencial humano; a fragilidade e os limites humanos, que tiram da vida a esperança. Resumindo, o Batismo nos coloca no caminho de Deus e marca a existência humana como uma luta diária contra o mal e a favor do bem. Neste ano, a chamada do Tema da Igreja propõe: “Viver o Batismo”. Mas, como é possível viver o Batismo no dia a dia? O Batismo não é algo do passado, mas algo que acontece todos os dias. Nele “Deus toma morada na pessoa, através de seu Espírito Santo, e a faz, desse modo, inatingível em seus direitos fundamentais, mas também a desafia, em primeiro lugar, em seus deveres de filha de Deus, de imagem de Deus para com o mundo e a sociedade que ajuda a construir” (Proclamar Libertação, Suplemento 1 – Catecismo). Pelo Batismo, a vida é como uma oficina em constante trabalho em prol de uma nova pessoa e de um novo

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mundo. Noutras palavras, no Batismo recebemos perdão, libertação e salvação para vivenciar e transmitir aquilo que recebemos. O Batismo marca a opção de amor que Deus faz por nós com a finalidade de nos tornar instrumentos do seu agir. Por isso, o Lema do Ano diz: “Eu escolhi vocês para que deem fruto” (João 15.16). A vida cristã é vida em fidelidade a Deus, e, justamente por isto, conduzida por aquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama (Filipenses 4.8). A Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem abraça o desafio lançado pelo Tema e Lema do Ano em 2020 de Viver o Batismo de forma que produza frutos. Nesse contexto, a Campanha entende que viver o Batismo é abraçar os bens mais preciosos de Deus: o mundo e a vida com toda sua diversidade. O Batismo nos impulsiona e capacita para diariamente frear toda espécie de mal e para dia a dia construir uma novidade de vida nos âmbitos da pessoa, da família, da comunidade de fé, da sociedade e da criação. Ser pessoa batizada é ser pessoa engajada, comprometida com a missão de Deus. Quem é batizada e batizado coloca seus dons, habilidades e recursos a serviço da missão de

Deus, para produzir frutos de perdão, libertação e salvação. Como diz Martim Lutero no Catecismo Maior: “a vida cristã é simplesmente um batismo diário, iniciado uma vez e em constante andamento”. Considerando as Metas Missionárias 2019-2024, com indicativos para o fortalecimento da Ação Missionária nos âmbitos nacional, sinodal e local, a Campanha Vai e Vem convida a Viver o Batismo. Vamos, em conjunto, - criar espaços para refletir, estudar e dialogar sobre a Missão de Deus. Sobre onde e como se tem manifestado o perdão, a libertação, a salvação e a transformação para uma nova vida; - sustentar o testemunho da missão de Deus pela oração; - promover ações missionárias vinculadas à vivência do Batismo na família, na comunidade, na sociedade; - ofertar generosamente em apoio às iniciativas missionárias. Rogamos que o bom Deus, que nos deu o seu abraço no Batismo, nos fortaleça na fé, na esperança e no amor para que dia a dia possamos viver em novidade de vida para assim santificarmos este mundo que ainda é de Deus. Amém! Saudações em Cristo, Presidência da IECLB

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Descobrindo as origens das misteriosas “Cartas do céu – Himmelsbriefe” Pa. Dra. Scheila Roberta Janke

Alguns imigrantes alemães e seus descendentes trouxeram consigo para o Brasil em sua bagagem suas principais fontes de fé, como a Bíblia, o hinário, devocionários e o catecismo menor, mas também o assim chamado “Himmelsbrief”. Durante muito tempo a posse e a disseminação do Himmelsbrief, ou na sua tradução conhecida, “Carta do céu”, foram criticadas como superstição por muitos ministros e ministras (pastores) e também por alguns membros nas nossas Comunidades. No entanto, a proibição de sua posse e sua multiplicação através de inúmeras cópias impressas ou escritas a mão não impediu que essa fonte continuasse circulando entre pessoas de nossas Comunidades, que se apegavam às “Cartas do céu” quando outro recurso, principalmente em casos de doença, parecia não surtir efeito. Em uma Comunidade de Pelotas (RS) uma senhora afirmou em uma entrevista que havia entregado uma “Carta do céu” para sua filha no dia de sua confirmação, para que ela a guardasse e a lesse quando tivesse de enfrentar uma situação difícil, como de

doença, perigo ou tempestade1. Em muitos casos a censura até estimulava o uso dessas cartas, já que assim elas adquiriam um caráter ainda mais misterioso e interessante. Uma análise mais profunda da história das “cartas do céu” revela, no entanto, um fato bastante interessante. As “Cartas do céu” são mencionadas já no século VI no âmbito da Igreja. A sua forma mais antiga era o assim chamado “Sonntagsbrief” (Carta de domingo), mencionado pela primeira vez no ano de 584 ou 585 em Ibiza. O bispo católico Vicentio teria lido o conteúdo dessa carta numa celebração religiosa e enviado uma cópia dela para o bispo Licêncio de Cartago. Licêncio interpretou o conteúdo da carta como heresia e proibiu a sua circulação2. Mas isso não impediu que a carta continuasse sendo multiplicada na França, na Inglaterra e na Irlanda, mais tarde também na Itália, na Espanha, na Alemanha, na Áustria, no território da atual República Tcheca, na Romênia, nos países eslavos e na Grécia. Com a imigração de vários imigrantes europeus ela também chegou ao Brasil e

1 MALTZAHN, Gislaine Maria. Família, ritual e ciclos de vida. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2011, p. 85. 2 STÜBE, R. Der Himmelsbrief. Tübingen: Mohr (Paul Siebeck), 1918, p. 12f.

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podia tocá-la – e de tradições mágicas da época medieval. Como a carta misturava o conteúdo de tradições medievais com a fórmula trinitária – Pai, Filho e Espírito Santo – e com versículos bíblicos, principalmente os Mandamentos, as pessoas acreditavam que isso não estaria em contradição com sua fé cristã.

Himmelsbrief. Versão impressa na Papelaria Alexandre Ribeiro, Rio de Janeiro (RJ) e disponível na sede do Sínodo Espírito Santo a Belém, em Vitória (ES). foi traduzida para o português3. Durante esse processo de disseminação a “Carta do céu” recebeu vários acréscimos de lendas sobre seu surgimento maravilhoso – ela teria caído do céu sobre uma cidade santa (Jerusalém, Constantinopla ou Roma) ou no altar de uma igreja, era escrita com letras de ouro e ninguém

Outro motivo pelo qual as “Cartas do céu” adquiriram tanta importância para os imigrantes e seus descendentes no Brasil é a situação difícil nas colônias onde eles se estabeleceram. Nos primeiros anos de colonização não havia hospitais, farmácias e médicos para auxiliar as pessoas em caso de necessidade ou doença e também as mulheres nos partos. Os imigrantes e seus descendentes também travaram conflitos com povos indígenas, já que foram estabelecidos em regiões por onde circulavam várias tribos indígenas, e se sentiam ameaçados por eles. Revoluções e guerras, como a Guerra dos Farrapos (1835-1845), a Revolução Farroupilha (1893-1895), as guerras contra as províncias argentinas (1825-1828), contra o Uruguai (18641865) e o Paraguai (1864-1870), assim como a Primeira (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (19391945) e suas consequências para os

3 Uma versão traduzida para o português está disponível na sede do Sínodo Espírito Santo a Belém: Carta do céu, também conhecida como Gredoria. DIN A4, 1 Folha, 1 Página. Fonte disponibilizada gentilmente pela Dra. Claudete Beise Ulrich. Outra versão da carta em português se encontra no trabalho de Maltzahn junto a famílias de descendência pomerana em Pelotas (RS): Mensagem (carta) celeste, chamada Credo. Foto. 1 Folha, 2 Páginas. In: MALTZAHN, p. 143f.

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imigrantes e seus descendentes no Brasil, faziam com que eles sempre de novo tivessem de pensar em alternativas para se protegerem. Eles sentiam a necessidade de possuir algo palpável que lhes garantisse que estariam protegidos contra doenças, tempestades, o risco de perder os filhos durante o trabalho de parto sem assistência de parteiras e médicos e também contra qualquer tipo de armas ou ataques de inimigos. Justamente essa proteção lhes era prometida pelas “Cartas do céu”. Nesse sentido, também surgiram o “Schutzbrief” (Carta de proteção) e o “Hausbrief” (Carta da [para a] casa). A “Carta de proteção” pode ter surgido da tradição do “Waffensegen” (Bênção das [sobre] armas), bênçãos escritas por monges para os soldados que iriam para a guerra. Da mesma forma representantes de diferentes religiões costumavam abençoar os soldados e suas armas antes de uma tropa sair para enfrentar os inimigos. Com o desenvolvimento do arsenal militar, com a descoberta da pólvora, por exemplo, as antigas “Schwertsegen” (Benção da espada) se desenvolveram em “Kugelsegen” (Bênção da bala [de revólver ou pistola]) ou em “Schutzbriefe”. Na Europa elas foram muito usadas durante a

Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e nas batalhas da Revolução Francesa (1792-1802). “Cartas de proteção” e “Cartas para a casa” também podem ter surgido da tradição da “Bênção para o lar” (“Haussegen”). Muitas famílias possuíam, por exemplo, quadros com uma bênção nas salas de suas casas que tinham a função de proteger o lar contra incêndios, tempestades, vendavais e também da inveja de terceiros. Da mesma forma “Cartas de proteção”, “Cartas para a casa” ou ainda as “Cartas do céu” eram colocadas no sótão das casas ou expostas nas paredes da sala para proteger o lar e a família contra todos os perigos. “Cartas de proteção”, “Cartas para a casa” e “Cartas do céu” nunca foram oficialmente aceitas pela Igreja, mesmo que seu desenvolvimento tenha surgido nesse ambiente e o clero ser, durante o surgimento dessas fontes, uma das únicas classes que detinham o domínio sobre a escrita. No século XV as “Cartas do céu” foram condenadas como heresia e quem era descoberto portando tal fonte era excluído de participar da Ceia4. No entanto, o papa Pio IX (1846-1878) autorizou a impressão de “Cartas do céu” e no ano de 1870 as declarou como infalíveis em questões de fé e costume5. Independentemente de

4 Magisch-sympathetischer Hausschatz oder Die offenbarten Geheimnisse der natürlichen Magie nebst Zauberformeln, Heil-Sprüchen und Schutzsegen wider allerlei Anfechtungen. In: 6./ 7. Buch Moses. Einleitung und Bildkommentare von Wolfgang BAUER. Berlin: Karin Kramer, 1979, p. 202. 5 BECKERT; Hans Günther; NAIL, Norbert. Der alte Gasthof zum Schützenpfuhl in Marburg. Marburg: Magistrat der Stadt Marburg, 2008, p. 123.

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sua proibição ou permissão, tanto membros católico-romanos, quanto protestantes, continuaram a utilizar essas fontes como proteção contra doenças, perigos, desastres naturais e guerras, também durante a realização de partos e no tratamento de algumas doenças. Além disso, alguns soldados, tanto brasileiros, quanto

alemães, levaram “Cartas do céu” junto de si para o campo de batalha durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Para as pessoas que usavam essas cartas elas representavam uma fonte de fé importante para a superação de dificuldades e perigos para os quais não havia outro recurso disponível no momento. scheilajanke@gmail.com

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Cidadania e fé P. em. Heinz Ehlert

Cidadania obtém-se por nascimento ou por escolha. Estaremos sempre inseridos numa realidade e também num ambiente sócio-político. Somos relacionados e podemos relacionarnos com essa realidade. Este relacionamento vai influenciar a nossa própria existência e a do nosso ambiente. Isso também tem a ver com a orientação religiosa, a fé do cidadão. Ao longo da história podemos apontar muitos exemplos que ilustram essa afirmação. Então é relevante para nós cristãos, pessoalmente e como Igreja, qual é o papel que estas duas grandezas ocupam em nossa vida: Fé e cidadania. Este papel certamente está sujeito a mudanças, de acordo com os acontecimentos em nossa existência. Por isso parece-nos necessário, refletir constantemente sobre a nossa situação atual. Onde estamos? Nossos atos e atitudes ainda correspondem à convicção da fé que abraçamos e professamos? Como membros de uma Igreja cristã estamos dentro de uma longa tradição que nos diz respeito e que nos compromete. Para nós é de suma importância o testemunho das Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Quero destacar um fato da história do povo de Israel, descrito no livro do Profeta Jeremias, no capítulo 29.

Refere-se a um momento de sua história, quando um grande grupo deste povo, em consequência do conflito bélico com uma grande potência de então, foi deportado ao chamado exílio babilônico. Não foi por vontade e iniciativa própria, mas obrigados por uma nação inimiga, que deixaram a sua pátria para estabelecerse num lugar completamente estranho... Bem semelhante às migrações do mundo hoje. Interessante é que a comunicação com a longínqua pátria não foi totalmente cortada. De lá lhe é enviada uma carta com recomendações de como relacionar-se com o lugar, onde se encontram. Ela traz a mensagem do profeta Jeremias que, na verdade, é a mensagem de Deus aos exilados. Ela se resume na sentença: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei, e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz tereis paz.” Tal recomendação não serve apenas para uma situação específica, mas para cada “cidade”, onde a gente vive. Esta “paz” é o significativo “SHALOM“ que também é mensagem central do tema da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) para o ano de 2019: “Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou” (João 14.27). Por isto a promessa de Cristo de dar a sua paz, autoriza a tradução de “paz” como “salvação”.

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Em que deve consistir a busca desta paz concretamente é preciso descobrir. Mas existe a indicação “e orai por ela”. Isso aponta para Deus. Tem a ver com a fé. De qualquer maneira não é um convite à passividade. Fica claro: é uma tarefa coletiva e a favor da coletividade, representada tanto por nossa comunidade eclesial (Igreja), como por nossa comunidade civil... (cidade – cidadania). Confere às pessoas, aos cidadãos a capacidade de cooperar. De servir com os seus dons (e sua formação, inclusive profissional) (cf. I Pedro 4.10). Isto não exclui outro aspecto da cidadania do cristão: pagar tribu-

to, cumprir leis. (“Dai a César, o que é de César” – Mateus 22,17-21; 1 Pedro 2.11-17). A obrigação que exige engajamento e cooperação, não exclui a atitude crítica. Atitude crítica de observar e chamar atenção para a ordem divina em nosso tempo, quando a mesma é negligenciada ou desprezada (poluição, lixo, destruição da natureza). Por outro lado, o cristão como cidadão deverá lembrar-se da transitoriedade de nossa vida:... “não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hebreus 13.14) e “... pois a nossa pátria está nos céus...” (Filipenses 3.20). 41) 3079-8532 ehehlert@ig.com.br

HUMOR Um pastor voltou pra sua igreja após ter concluído seu doutorado. Foi destinado para uma congregação bem simples. Na sua apresentação ele diz empolgado: – Prezados irmãos, estou vindo até vocês com hermenêutica, dogmática, pneumatologia, exegese e metafísica... No final do culto um velhinho se aproximou dele e disse: – Fique tranquilo pastor, e tenha fé. Quando cheguei aqui tinha reumatismo, diabetes, artrites e dor de cabeça, mas o SENHOR me curou. Ele também pode curá-lo de todas as suas enfermidades!

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Compromisso com promessa com a missão Prof. Dr. Roger Marcel Wanke

No que consiste o compromisso cristão?

guma bênção já recebida.

Hoje, fala-se muito em compromisso. A palavra compromisso é de origem latina. Ela é formada pela preposição “com” e o verbo “promittere” e significa comprometer-se com algo, fazer uma promessa a alguém. Assumir um compromisso é prometer o seu comprometimento diante de alguma tarefa, de alguma pessoa, é empenhar a sua palavra para que algo aconteça ou permaneça. A palavra compromisso é usada em vários contextos do cotidiano das pessoas. Podemos ter um compromisso marcado com alguém em um determinado local e horário. Encontramos também atualmente vários termos de compromisso, que assinamos, nos comprometendo com alguma questão. Há, por exemplo, diante de situações de crimes, o compromisso moral de denunciar sob pena da lei. Não por último, há também o famoso anel de compromisso, que antigamente era trocado por ocasião do noivado e casamento. Hoje, porém, até entre namorados, indicando o compromisso e o comprometimento que se tem com a pessoa amada. No contexto religioso, muitas pessoas fazem e pagam promessas a santos e ao próprio Deus, para receber alguma bênção, ou por causa de al-

No entanto, há também nos dias de hoje uma crise de compromisso, que pode ser percebida na falta de comprometimento de pessoas em várias situações da vida. Usar uma aliança, ou um anel de compromisso não significa, para algumas pessoas, um sinal de verdadeiro comprometimento à pessoa, com a qual se relaciona. Há quem usa tal anel, apenas por modismo. Os altos índices de divórcio são provas evidentes de que o compromisso de fidelidade nos casamentos não é mantido, como prometido, seja diante do altar de Deus, ou diante de um juiz de paz. Compromissos assumidos, nem sempre são cumpridos. Parece sempre haver algo mais atrativo ou mais importante. Também se percebe cada vez mais, na sociedade individualista e egoísta como a que vivemos, que se comprometer em favor de uma causa justa ou humanitária, em favor de pessoas necessitadas tem cada vez menos adeptos realmente comprometidos. Abrir mão de seus próprios interesses em favor do interesse alheio, parece ser cada vez mais raro. Literalmente é “cada um por si e Deus por todos”. Além disso, todas as pessoas vivem sempre muito ocupadas. Elas, na verdade, estão comprometidas mais consigo mesmas e

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com as suas coisas e seus objetivos. Isso em si não é errado. Mas o problema é que, ao nos comprometermos apenas conosco mesmos, perdemos o foco principal para o qual fomos criados por Deus: Amar e servir a Deus e amar e servir ao próximo. Isso tem reflexos também para dentro da vida da igreja. De alguma forma, percebe-se a falta de comprometimento das pessoas com o Evangelho, sejam ministros, ministras, lideranças e membros. Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus parece ser algo impossível nos dias de hoje. Também a Bíblia fala de compromisso. Ela distingue entre o compromisso de Deus e o compromisso do ser humano. Em primeiro lugar, a Bíblia fala do compromisso de Deus em favor do ser humano. Se o termo compromisso tem sua origem na palavra promessa, então, ao falarmos do compromisso de Deus, vamos falar de suas promessas. A Bíblia é repleta de promessas de Deus. A principal delas se refere à salvação. Em Jesus Cristo, Deus veio buscar e salvar o perdido, assim como prometeu (Lucas 19.10). Deus, contudo, é diferente do ser humano, pois Ele cumpre o que promete. Isso é o seu compromisso! Deus empenha a sua Palavra, viva e verdadeira, imutável e eterna, e se compromete em cumprir suas promessas. Isso mostra claramente o caráter fiel de Deus. Ele cumpriu todas as suas promessas. Por isso, podemos confiar nele ple-

namente. Mas a Bíblia também fala do compromisso do ser humano, que é voltado em primeiro lugar ao próprio Deus, em resposta às suas promessas. Mas o compromisso do ser humano, conforme a Bíblia, é voltado da mesma forma ao seu semelhante. A Bíblia chama essas duas ênfases do compromisso do ser humano de Amor: amor a Deus e amor ao próximo (Deuteronômio 6.5; Levítico 19.18; Mateus 22.34-40: Lucas 10.25-37). Ao ser amado incondicionalmente por Deus (João 3.16), o ser humano, que reconhece e aceita esse amor (João 1.12), pode amar a Deus e o seu semelhante e se comprometer pela causa de Deus e pelas necessidades do seu próximo (1 João 4.7-21). Um dos textos bíblicos mais interessantes para se falar de compromisso, encontra-se em Deuteronômio 26, onde se fala das primícias da terra. Aliás, esse capítulo fala de forma clara a respeito de um famoso tripé: Fé – Gratidão e Compromisso. Aqui, queremos destacar apenas o aspecto do compromisso, mas que é fruto da fé, fundamentada do ato de libertação e salvação de Deus (Dt 26.1-9) e da gratidão, manifestada em alegria, pelo cumprimento das promessas de Deus em favor do seu povo (Dt 26.10-11). Já os v.12-15 falam do compromisso do povo de Deus, ao serem trazidas as primícias, os dízimos e as ofertas diante do Senhor. Na Bíblia, o dinheiro e a sustentabili-

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dade estão intimamente ligados ao compromisso. O texto aponta para três compromissos importantes do povo de Deus, ao trazerem suas ofertas de gratidão, em fé, ao altar do Senhor: a) Compromisso de sustento da casa do Senhor (os levitas serviam no culto e no trabalho da comunidade do povo de Israel); b) Compromisso diaconal: órfão, viúva (dentro do povo havia pessoas que passam necessidades); c) Compromisso missionário: estrangeiro (no meio do povo de Israel sempre havia pessoas de outros povos, refugiados por causa de guerras). Esse compromisso do Povo de Israel era fruto e sinal de sua obediência ao mandamento de Deus e do seu pertencimento ao Senhor e à sua aliança (Dt 26.16-19). Mas, ao falarmos de compromisso, não poderíamos jamais nos esquecer de abordar o principal tema, no qual o compromisso com o Evangelho se manifesta: a missão de Deus. O único compromisso que o cristão deve ter é com a missão de Deus neste mundo. A missão de Deus no mundo é o DNA de cada pessoa cristã, que forma a Igreja de Jesus Cristo. Essa missão consiste no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas. Significa convidá-las ao discipulado com Jesus Cristo, aquele que se encarnou, morreu e foi ressuscitado em nosso favor e, assim como Pedro e João, confessar: “E não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os

homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12) e “nós não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4.20). Essa é a razão maior do nosso compromisso com Deus e com as pessoas. Essa é razão maior da existência da igreja no mundo. De forma bem concreta, o nosso compromisso se manifesta a partir não do que fazemos, mas do que somos em Cristo e por causa de Jesus Cristo (2 Coríntios 5.17-21). Desde o Antigo Testamento, essa ênfase pode ser percebida. Ao chamar Abraão e Sara e fazer deles um povo numeroso, Deus os chamou para ser luz aos povos e nações. Deus os chamou para ser um povo de sua propriedade exclusiva, um povo santo, separado por Ele e escolhido por Ele em amor (Deuteronômio 7), para anunciar os seus feitos e a sua salvação. Deus escolheu o seu povo, para que todas as famílias da terra fossem abençoadas (Gênesis 12.1-4) e para isso, constituiu o seu povo como sacerdotes e seus representantes neste mundo. Por isso, a forma mais concreta de entendermos qual é o nosso compromisso como igreja, com povo de Deus neste mundo é assumirmos quem nós somos a partir do que Deus, por sua promessa, fidelidade e compromisso fez de nós: seus sacerdotes (cf. Êxodo 19 e 1 Pedro 2.4-10). Com isso, entramos no assunto do Sacerdócio Geral de todas as pessoas crentes. Além de ser um dos te-

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mas mais importantes da nossa confessionalidade Luterana, ele é antes disso, o tema central da missão de Deus na Bíblia: A missão de Deus acontece quando assumimos que somos seus sacerdotes neste mundo, enviados para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo e fazer a diferença, ou seja, ser luz, tanto no âmbito eclesiástico, como também e, principalmente, no âmbito assim chamado secular. Não somos sacerdotes somente na igreja e nas atividades que desenvolvemos na vida comunitária de nossas paróquias e comunidades. Pelo contrário, conforme Lutero, em seu escrito Do Cativeiro Babilônico da Igreja, toda pessoa cristã é sacerdote perante Deus e que por isso, tanto o serviço secular como o serviço eclesiástico tem o mesmo valor. A pessoa cristã é chamada, vocacionada por Deus à fé em Jesus Cristo e a exercer a sua profissão na sociedade e a sua função na família, a partir da fé e com os valores da fé em Jesus Cristo e, desta forma, participar

da missão de Deus no mundo. A finalidade do exercício deste sacerdócio, conforme o apóstolo Pedro, vai muito além do exercício de nossas funções no âmbito familiar, social, profissional ou político. Pedro afirma “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (v.9) e isso justamente porque fomos alcançados pela misericórdia de Deus (v.10). Ou seja, o nosso compromisso nesse mundo é sermos pessoas cristãs ativas a partir da fé, missionários e missionárias em palavras e ações (Mt 28.18-20). Essa, inclusive, é a primeira das atuais metas missionárias da nossa igreja para os anos de 2019-2024: “Uma igreja que valoriza o sacerdócio geral, capacita as pessoas e aprofunda a fé para seu testemunho na igreja e no mundo”. Eu estou comprometido com essa missão. E você? Comprometa-se com a missão de Deus! Experimente em sua vida, em sua família, em sua profissão e em sua comunidade as suas promessas!

O autor é Diretor Geral da Faculdade Luterana de Teologia – FLT diretorgeral@flt.edu.br

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Uma Comunidade com um coração diaconal P. Nilton Giese

Como acontece diaconia e evangelização na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte/MG A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte/MG tem aproximadamente 240 pessoas membros, que vivem em diferentes cidades da região metropolitana. Esta Comunidade descobriu sua vocação diaconal a partir dos anos 1980, motivada por dois acontecimentos: A doação de dois aparta-

mentos pela sra. Luiza Griese, com o objetivo que o dinheiro fosse usado na construção de um Lar para Pessoas Idosas, e o Projeto Santa Fé em Ribeirão das Neves/MG, um projeto de missão suburbana, que tinha a convivência como instrumento de evangelização. A realidade de pobreza extrema na região metropolitana desafiou um pequeno grupo de pessoas a comprar um terreno e a implementar uma horta comunitária que atendes-

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Comunidade em Belo Horizonte se os moradores do bairro Santa Fé em Ribeirão das Neves/MG e estimulasse hortas próprias. A OASE e famílias da Comunidade apadrinhavam famílias do projeto, até elas conseguirem se estruturar e gerar renda própria. Esse trabalho motivou a organização da Associação de Moradores Povo Unido, com o objetivo de sensibilizar as autoridades a apoiar as necessidades da população (esgoto, água, linha de ônibus, telefones públicos, posto médico, escola em três turnos, alfabetização de adultos, distribuição diária de 150 litros de leite para as famílias mais pobres).

A administração desses dois projetos é um trabalho voluntário. Mas a execução das atividades do dia a dia necessitava ser remunerada. Para dar suporte jurídico e financeiro a essas iniciativas surgiu, em agosto de 1990, a Instituição Beneficente Martim Lutero (IBML). E para arrecadar recursos financeiros e divulgar os trabalhos da IBML, começou a realizar-se anualmente uma festa chamada BIERGARTEN (literalmente: jardim da cerveja). Com o trabalho pastoral do casal Hans e Gertrud Zeller – a partir de 1991 – essa vocação diaconal se ampliou com a criação de duas novas

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Comunidade em Belo Horizonte unidades da IBML. Junto ao projeto Santa Fé em Ribeirão das Neves, surgiu em 1993 a Creche Cantinho Amigo, que atende diariamente das 8h às 17h, 40 crianças, de 2-5 anos de famílias em situação de vulnerabilidade social. Em Belo Horizonte, o templo da Comunidade passou a abrigar o Projeto Esperança, voltado para meninos e meninas das favelas do Aglomerado da Serra, que fica próximo ao templo. Os encontros aconteciam todas as quintas-feiras à tarde para cantar, ouvir histórias bíblicas, aprender técnicas de artesanato, culinária, bordado, reforço escolar, iniciação musical, acompanhamento odontológico e educação sexual. Em 1997 o Projeto Esperança tornou-se o Centro de Integração Martinho (CIM), que passou a ter sede própria dentro do Aglomerado da Serra e atende diariamente 110

crianças e adolescentes. A partir do trabalho de iniciação musical, as crianças que mais se destacavam formaram um coral de flautas chamado Tocando Pela Vida. A sustentabilidade financeira O ponto forte dessa Comunidade de Belo Horizonte é a disponibilidade das pessoas para apoiar os projetos diaconais. Os membros da Comunidade costumam perguntar “onde eu posso participar?”, referindo-se aos projetos diaconais. Isso é motivo de muita alegria. O ponto fraco são as nossas limitações financeiras. Somos uma Comunidade com poucos membros e com muitos desafios que demandam recursos financeiros. Por isso, a IBML precisa estar atenta a parcerias com prefeituras, empresas, o Núcleo de

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Projetos da IECLB e da FLD. Além disso, precisamos realizar almoços comunitários, ofertas e, anualmente, a Festa de Ação de Graças. Um grupo de senhoras da Comunidade – desde o ano de 1999 – criou o Grupo Solidariedade, que tem por objetivo apoiar mensalmente com 10 cestas básicas pessoas relacionadas com a Comunidade e que estejam em dificuldades financeiras. O grupo Solidariedade faz campanhas de roupas usadas que são vendidas quinzenalmente na garagem da Comunidade - a preços baixos - e o dinheiro é usado para a compra das cestas básicas. Esse trabalho comunitário também é apoiado pela OASE e pelo grupo de Mulheres.

As lideranças da Comunidade que assumem o Conselho Deliberativo da IBML e a Diretoria da Comunidade tem o tema da sustentabilidade financeira como um tema permanente em cada reunião. No entanto, nós enfatizamos que os temas financeiros também são uma questão teológica. Há mais de 25 anos essa Comunidade vem demonstrando que, com poucos recursos, ela consegue fazer uma grande diferença na vida de mais de 150 famílias pobres. Por isso, a sustentabilidade financeira numa igreja luterana deve estar relacionada com nossa gratidão a Deus. Oferta para a igreja deve ser expressão de gratidão. E o dinheiro para a igreja não deve limitar-se aos

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gastos administrativos da Comunidade, mas deve também ser usado para o trabalho diaconal. A atual gestão lançou, em outubro 2018, a Campanha para os próximos quatro anos com o seguinte desafio: SE VOCÊ TEM MAIS DO QUE PRECISA, CONSTRUA UMA MESA MAIOR E NÃO UM MURO MAIS ALTO. Dentro dessa campanha incluímos também a RádioWeb Luteranos UAI. Através desse instrumento de comunicação – acessível gratuitamente por internet ou pelo aplicativo no celular – levamos a Igreja Luterana para mais perto das pessoas. A programação da RádioWeb Luteranos UAI leva até os membros da Comunidade a retransmissão diária do Culto Dominical, as prédicas em podcast que podem ser ouvidas a qualquer hora e uma programação que quer divulgar as boas práticas diaconais em nossa Comunidade e também de outras Comunidades da IECLB. Comunidade e IBML, estamos na mesma missão de ser instrumentos de Jesus para transformar a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Por isso, além do trabalho com crianças e adolescentes desenvolvido pela IBML, uma das responsabilidades do ministro (a) dessa Comunidade é trabalhar com os

familiares e com os funcionários das unidades diaconais. Quem já tem muito que fazer, ainda tem tempo para fazer algo mais. No início de 2019, aconteceu o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho que matou 278 pessoas, matou toda a vida do rio Paraopeba numa extensão de 60 km, tirou a subsistência de milhares de pequenos agricultores que precisam da água do rio para irrigar suas hortas. Acompanhar semanalmente as vítimas desse crime tem sido nosso mais recente desafio. Muitas pessoas têm nos perguntado por que estamos fazendo isso, considerando que são poucos os membros da Igreja Luterana morando em favelas ou pessoas idosas que precisam de atendimento individualizado. É gratificante quando a resposta vem das próprias lideranças da Comunidade que dizem que Jesus nos ensina que amar a Deus e amar ao próximo são duas coisas inseparáveis e que Deus espera que cuidemos de sua Criação e das pessoas, do mesmo jeito que Ele cuidaria. A partir dessas ações diaconais, estamos colhendo os frutos missionários de novos membros. São pessoas que nos dizem: De uma igreja assim eu também gostaria de participar. (31) 99803-0286 (31) 3281-1988 giese1959@gmail.com

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Confirmandos na Igreja Simone Vesper Binow

Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos! Salmo 133.1 Em nossa sociedade, o convívio pessoal e comunitário tem se tornado cada vez menos intenso, à medida que a tecnologia vai tomando lugar nos gostos e hábitos diários. Isso se torna ainda mais aparente quando se trata de crianças, adolescentes e jovens. São muitos os atrativos que afastam as pessoas da comunhão de irmãos e irmãs na fé, prejudicando o crescimento e desenvolvimento integral do indivíduo. Com isso cresce

a solidão, o isolamento, a depressão, e não por último, o suicídio. Neste contexto, como igreja de Jesus temos um papel fundamental no resgate da interação entre as pessoas, promovendo comunhão, proporcionando às pessoas um local de convivência. Isso pode se dar nas noites do pijama do culto infantil, retiros de ensino confirmatório e de grupos de jovens. A partir do momento em que abrimos as portas de nossas comunidades para esse tipo de programação, fazemos com que as crianças, adolescentes e jovens se interessem mais pelas atividades da igreja, na qual elas pertencem. Vínculos são criados, estendendo-se, por vezes, por toda a vida. Diminui-se o uso das mídias sociais e jogos tecnológicos para interagir no mundo real, promovendo brincadeiras de contato físico, crescimento espiritual, espírito cooperativo e colaborativo, afetividade e cuidado mútuo. Assim, viver a fé e o amor de Deus torna-se algo concreto e vivencial, trazendo cura, alegria, troca e crescimento a todos e todas. A seguir, compartilho depoimentos de jovens que participam dos encontros promovidos pela nossa Paróquia de Califórnia, no Estado do Espírito Santo: Estes momentos nos fazem ver como

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o amor de Deus Pai é grandioso por nós, tocando nossos corações e nos motivando a seguir firmes, na fé, o exemplo de Cristo, amando uns aos outros e servindo com alegria (Alcilaine Bactk – Coordenadora da JE na Comunidade de Califórnia). Estar presente nas atividades da igreja cristã é para mim um desenvolvimento espiritual que vai além do contato humano, é crescer, buscar a presença de Deus e se tornar uma pessoa melhor pelo Evangelho e pelo amor (Daniela Lampier – Coordenadora da JE na Comunidade de Sião).

Os momentos proporcionados nos encontros são maravilhosos. Tem um tempo de intensa meditação onde refletimos sobre assuntos relacionados principalmente com o nosso ser em relação ao nosso próximo, e temos momentos de distração, de brincadeiras em grupo que nos entrosam ainda mais. Quando os encontros terminam, já ficamos na expectativa boa do que nos espera na próxima vez que iremos nos reunir (Lulaira Bermudes Schwambach). É muito bom participar das atividades da juventude. São momentos de reflexão e diversão. Tenho a oportunidade de me conectar mais espiritualmente e também são momentos onde posso sair um pouco da rotina e relaxar! (Leandro Lampier).

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simonevesper@gmail.com


Cremar e cultivar a memória de quem partiu Pa. Vera Maria Immich

Uma das tarefas do povo de Deus e da cristandade é sepultar os seus mortos. Ao longo da história e de diferentes expressões culturais isso foi acontecendo de variadas formas. Inovou-se, abriu-se o leque de opções para os cristãos. Não existem apenas os grandes ou pequenos cemitérios com covas na terra, depois cimentadas, mas também opções de cemitérios verticais, gavetas e cremações, sendo esta última, opção ainda um pouco controversa e geradora de perguntas, tais como: É permitida aos cristãos a destruição completa do corpo pelo fogo sem prejuízo na ressurreição? O que fazer com as cinzas? A cremação parece uma novidade, porém é praticada, no oriente, há quase três mil anos. Para estes, acredita-se que a cremação purifica o corpo, eliminando as impurezas. No ocidente, desde o século X a.C., os gregos já cremavam os corpos dos soldados mortos nas guerras e enviavam as cinzas às suas famílias. Contudo, houveram épocas em que a cremação foi considerada ilegal por motivos religiosos, uma vez que entendiam que os corpos não deveriam ser destruídos, ou recomendava-se um período maior para a alma deixar o corpo. O que se pode dizer

é que nunca houve unanimidade sobre o que fazer com os restos mortais. No Brasil, a cremação está legalizada, regida pela Constituição: Deve ser decidida em vida pela pessoa ou, na sua morte, por seus familiares responsáveis pelo sepultamento. A Igreja Luterana tem orientado seus fiéis através da formação pastoral e de cartas sobre o tema. Este documento fundamenta este artigo: O Sepultamento Eclesiástico – Um posicionamento da IECLB referente a enterro e à cremação – 1997 (Posicionamento da IECLB – 15/06/1997). A carta nos lembra de que, mesmo sendo corpo falecido, ele continua sendo criação de Deus e, como tal, deve ser honrado e cuidado. Assim como é crime civil a violação de sepulturas e de corpos mortos, assim também nossa tarefa cristã não acaba com a morte de nossos amados. No item 9 lemos: “Na Igreja cristã tem prevalecido a forma de enterro. O cadáver está sendo devolvido à terra de que, conforme Gn 3.19, foi formado. Mas também a cremação é uma forma de devolução da pessoa à terra. Ela não contradiz os princípios cristãos, e mais e mais tem se tornado praxe nas Igrejas luteranas.”

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Cabe, portanto, às comunidades luteranas, através de seus meios de comunicação e da própria vida comunitária, esclarecer esta liberdade que lhe compete e provocar momentos de reflexão sobre a forma mais adequada de exercê-la e quais os limites desta liberdade. Optar pela cremação não pode ser com a motivação de se desvincular do falecido e não ter mais responsabilidades com cemitérios e sepulturas, embora com famílias cada vez menores e com poucas pessoas responsáveis por várias sepulturas essa questão possa estar presente. A logística do cuidado dessas sepulturas e do pagamento de taxas pode onerar algumas famílias. Ainda assim, entendemos que precisamos pensar na maneira correta de guardar e honrar nossos falecidos, sem causar novos problemas emocionais. A dimensão ecológica da natureza nos lembra de que cinzas não devem ser jogadas em rios ou mares. Lembrando que as cinzas de um corpo, dependendo do tamanho e se for logo após o sepultamento ou se forem restos mortais de algum tempo, pode variar de 300 gramas a 1 kg ou mais. Se milhares de pessoas jogarem as cinzas de seus amados nas Cataratas do Iguaçu ou nas praias preferidas teremos milhares de quilos de cinzas boiando nas águas, poluindo-as. Daí, concluímos ser inadequada esta prática, pois afeta um espaço comum e não particular. Também destruiria a dimensão do

lugar onde foram guardadas, permitindo a possibilidade de visitação. Uma praia é um lugar vasto que se abre à imensidão do mar. Logo, não é um lugar específico. Pessoas que foram importantes para nós não desaparecem. Outra prática também usada por aqueles que têm espaço nos terrenos de suas casas, é jogar as cinzas no quintal, às vezes cuidado pelo falecido/a enquanto vivia. Lindo e poético. Porém, não é prático e é inadequado. Pode haver inconvenientes na hora da venda por ter cinzas espalhadas. Pessoas podem comparar a um cemitério e não querer adquirir. Pode haver apego, tanto na elaboração do luto, já que não é comum morar em cemitérios, quanto na hora de uma venda necessária. E, em casos de maior vínculo, poderia gerar um sentimento de proximidade exagerada. E perdas implicam em aceitar a ausência de quem faleceu. Outra situação: Deixar em urnas na casa. Costume bastante comum, contudo pode gerar dependência psicológica e alterar o costume básico que cada coisa tem seu espaço e os mortos devem estar em cemitérios ou similares. É importante ser lembrado, conforme o costume de cada família, ter uma referência para a árvore genealógica não ser interrompida e um lugar de eventuais visitas, servir de possibilidade para ensinar às crianças sobre a finitude da vida, demonstrar o respeito aos mortos, cultivar a memória familiar e expres-

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são da fé na ressurreição. Porém é preciso dar um destino adequado aos restos mortais de nossos amados, pois através das lembranças, continuamos existindo na história da família e da comunidade. Permitam-me um exemplo pessoal: Quando visitei a cidade dos antepassados da família Immich, em Enkirch, na Alemanha, ao lado do Rio Mosel, visitei uma igreja que tinha várias placas/lápides, em seu jardim, com os nomes dos soldados que tombaram na guerra. Quando cheguei ao meu sobrenome havia mais de 10 nomes. Foi inevitável o arrepio frio na coluna ao imaginar a vida de tantos jovens, primos meus distantes, que nunca realizaram seus sonhos e nunca tiveram a oportunidade de viver a plenitude da vida, devido à insanidade da guerra. Mas, eles existiram e seu nome em uma lápide coletiva registra a sua existência e nos chama à reflexão. Caminhamos para o futuro com um olho voltado para os erros e acertos do passado. Eles nos questionam e orientam. Transformar nossos mortos em cinzas e as

cinzas em nada, pode dificultar esse processo. Onde então colocar as cinzas? Há várias opções: Pode-se colocar em sepulturas já utilizadas pela família. Ou em uma pequena sepultura abrigar as cinzas de vários corpos com as respectivas lápides, garantindo a história e a memória. Pode-se guardar as cinzas em columbários e gavetas pequenas, construídas em nossos cemitérios, que demandariam pouco espaço e taxas bem menores devido a pouca conservação necessária. Em Mateus 28.5-6 lemos que as mulheres que seguiam e serviam Jesus foram homenageá-lo após a sua morte no lugar onde havia sido sepultado e lá foram informadas de que ele havia ressuscitado. Não sumiu, não desapareceu. Mas, ressuscitou dentre os mortos: “mas o anjo, dirigindose às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia”. A autora é Pastora da Comunidade Pastoral da Consolação, CELC – UP, em Curitiba/Pr – (41) 99224-2383

Bibliografia consultada: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-feita-a-cremacao-decadaveres >, publicado em 18 de abril de 2011 ••• 121 •••


Criação de Deus, responsabilidade humana Eng. Ivonir A. Martinelli

Ao abordar este tema, tenho a impressão de estar dando continuidade ao artigo “DESENVOLVIMENTO”, publicado no Anuário Evangélico Luterano de 2019. Naquela análise da evolução humana, ao final, me curvo à obstinação do ser humano de gerar desenvolvimento como uma imposição do ambiente interno e externo de cada um. Seguindo este raciocínio, surge o sucesso como uma forma de realização pessoal. À medida que o ser humano concentra suas energias na busca de glórias, ele certamente deixa para trás a possível sublimação de seu ambiente interno, priorizando de forma desequilibrada as imposições do ambiente externo. Em meio a essa profusão de ideias de realização pessoal, de vitórias no sentido mais amplo de conquistas materiais ou de sublimações do espírito surge o mundo físico de cada ser humano ao qual, como ser vivo, ele precisa se adaptar. Designado para servir em Boa Vista, capital do estado de Roraima, como Sargento topógrafo do Exército Brasileiro, em fevereiro de 1970, numa viagem de quatro horas de Brasília a Manaus, sobrevoando a selva amazônica nas asas do Electra da VARIG, me encantei com a harmonia e a

imensidão daquele universo ainda desabitado pelo mundo civilizado (autodenominado civilizado). Esse encantamento me transmitiu a certeza da presença de Deus pela perfeição de uma obra tão grandiosa. Hoje a ciência identifica partículas subatômicas: neutrinos, elétrons, fótons, quarks, glúos, bósons, grávitons e outras que compõem a matéria, motivo também de deslumbramento diante da perfeição de como o universo foi concebido e realizado. São todos eventos que sinalizam a presença de Deus na harmoniosa composição da natureza, seja pela contemplação de uma paisagem apreciada do alto, seja pela visão misteriosa do cosmos. A história nos legou com alguns expoentes inovadores a exaltação da natureza. Francisco Bernardone (1182 – 1226 - São Francisco de Assis, para os católicos), chamava as principais forças do universo de irmão sol, irmão fogo, irmã lua, irmã água... Aliás, foi inspirado em suas meditações que o Papa Francisco em 2013 promulgou a encíclica “Laudato Si” numa referência à mensagem do Cântico das Criaturas de “Louvado sejas Meu Senhor”. A encíclica conclama a todos para uma correção

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dos atuais rumos da humanidade de forma a cuidar da “nossa casa comum”. Alexander von Humbold (1769 – 1859) apresentou ao mundo científico a concepção da natureza como algo integrado, no tempo e no espaço. Fritz Müller (1822 – 1897), nossa referência local, pesquisou a influência do ambiente na evolução do desenvolvimento embrional.

pioneirismo no entendimento da relação natureza e política. Eles tentaram barrar e até corrigir desequilíbrios nas políticas agrárias puramente voltadas para a exploração dos recursos naturais e humanos com esgotamento do solo, colonialismo e destruição, dependência da monocultura e fome.

Esses personagens históricos, imbuídos de proposições distintas, religiosas ou científicas, absorveram a ideia de que o ser humano é parte dessa natureza. No entanto, suas ideias não foram transformadoras das ações da mão humana, ficaram subordinadas aos ditames mercadológicos de seus tempos. Amados por suas famílias e por parte das sociedades, São Francisco de Assis e Alexander von Humbold foram incompreendidos ou até mesmo rejeitados e ignorados.

Atualmente, todos nós, por inúmeros confortos, renunciamos ao chamado de preservar a Criação Divina. E ao verificarmos nossa pequenez por tantas atitudes mesquinhas, faltando ao respeito com a natureza e admitindo-se isso como uma força irresistível e necessária para o desenvolvimento humano, nos cabe, talvez como uma alternativa eficaz para a preservação da natureza, buscarmos tecnologias e formas de reaproveitamento de tudo o que a natureza nos serviu e que Deus nos emprestou. Mas como estamos fazendo a devolução?

Como contribuição, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB promove ações de conscientização e de sustentabilidade introduzindo o programa “Galo Verde”, um projeto ecumênico de implantação, monitoramento, auditoria e premiação de iniciativas ambientais. Esta orientação eclesiástica para os luteranos busca materializar atitudes de permanente vigília.

O questionamento – COMO ESTAMOS DEVOLVENDO À NATUREZA O QUE DEUS NOS EMPRESTOU? – precisa adquirir força e obrigatoriedade perante o mundo como forma consciente de preservar a natureza. Nossa passagem pelo mundo precisa ser menos possessiva e mais desprendida. A terra não nos foi presenteada para o “consumo” e sim emprestada para usufruto.

No próprio ativismo político dos últimos séculos, identificamos em Thomas Jefferson e Simon Bolívar o

Apesar da farta retórica apelatória pelo espírito de preservação do meio ambiente, ecologia e outras denominações de sentidos seme-

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lhantes, estamos assistindo um crescente desequilíbrio da natureza como um caminho sem volta. Só o caos pode trazer à humanidade a consciência de preservação da natureza. Por paradoxal que seja vislumbrar alguma solução após o caos, imaginam-se na antessala desse epílogo as imagens de poder, ganância e ignorância. A paz após o colapso virá pela aceitação imposta por leis de sobrevivência da espécie. Em outros termos embora as forças econômicas e as mudanças ambientais (não apenas climáticas) sejam parte do mesmo universo, o conflito entre o sistema econômico e o meio ambiente mostra um verdadeiro estado de guerra. Mais do que nunca é preciso entender que o destino da terra é o destino da humanidade. É nesse contexto de destruição que vemos pessoas de convicções religiosas (granjeiros, fazendeiros, colonos, produtores em geral) se transformarem em escravos da tecnologia da produção e da competitividade lucrativa na exploração dos recursos naturais. Assim ninguém renunciará ao uso de inseticidas e pesticidas nas lavouras para evitar a contaminação de rios e lagos, do lençol freático e do próprio solo

onde se acumula o resíduo de cada aplicação. Podemos dizer que a geração das pessoas nascidas após a Segunda Grande Guerra está deixando para seus descendentes um mundo pior do que recebeu em termos ambientais. Não há um único componente de nosso ecossistema: solo, ar, água, mar que tenha sido minimamente preservado, muito menos melhorado. Até do ponto de vista político, pertencemos a uma geração egocentrista (característica própria do ser humano), que não foi capaz de preparar um mundo com perspectivas de vida para a grande maioria da atual geração de jovens. Em meio a tanto pessimismo, é preciso dar alguns passos na direção de salvar a Criação Divina pela mão Humana; talvez se deva lembrar o conceito sempre atual, embora milhões de vezes repetido: PENSAR GLOBALMENTE E AGIR LOCALMENTE. Na análise de percepções e atos em defesa da natureza, fica a convicção de que as questões sociais, econômicas e políticas estão estreitamente ligadas a problemas ambientais e serão sempre todas imprescindíveis e relevantes na preservação do planeta e na sobrevivência da vida, na sua mais ampla e DIVINA CRIAÇÃO. ivamart@gmail.com (47) 3339-5736

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De mão em mão, compartilhando informação Pa. Mirian Ratz

A experiência da pós-modernidade e os meios de comunicação têm, cada vez mais, colocado em xeque alguns hábitos, como a leitura de um jornal, uma revista, um bom livro. Cada vez é mais frequente encontrarmos pessoas com celular em mãos, prontas para buscar dentro dele, qualquer tipo de informação.

ções e novidades. Verdade seja dita: a forma como podemos nos comunicar e compartilhar as informações é espetacular e há muita alegria ao saber de notícias e ver imagens de quem está distante fisicamente, em tempo real. São as maravilhas da tecnologia e condená-la seria um ato de ignorância.

E nem precisamos mais dizer que estas modernidades são “coisas de jovens”. Não é nenhuma novidade encontrar pessoas adultas e idosas interessadas em aprender a manusear aquela “caixinha” cheia de informa-

Mas o bom e velho hábito da leitura de impressos precisa ser motivado. Se você está lendo estas palavras é por que sua compreensão sobre a informação não é apenas imediatista e rápida. Você tem em mãos um ex-

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celente material de leitura, com assuntos variados e que pode chegar cada vez mais a outras pessoas. Como gaúcha, já ouvi muito aquela expressão: “De mão em mão, cultuando a tradição!”. A expressão faz referência ao chimarrão. Quando nos sentamos para tomar um bom chimarrão, junto com a cuia, que circula, também partilhamos conversas, histórias, desalentos e alegrias. De mão em mão também se reconstruía a esperança, nas mãos cuidadosas que serviam o mate e passavam a cuia – quase num ritual – com a mão correta, sem mexer na bomba e fazendo a cuia “roncar” para deixar claro que estava terminado. Poderíamos aprender das rodas de chimarrão novas rodas para a informação? Num encontro de senhoras da OASE levei comigo meu exemplar do Anuário Evangélico Luterano.

Naquele dia constatei que a grande maioria sequer havia ouvido falar deste material. Embora tenha me sentido diretamente responsável pela falta de conhecimento expressado, era preciso mudar essa condição e possibilitar que este material rico em sua diversidade temática alcançasse aquelas mulheres. Durante o encontro, o material circulou pelas mãos de todas. Ao final, um desafio: e se todas pudessem ler o conteúdo? Cada uma poderia levar o Anuário para casa, ler e trazer no próximo encontro. E foi isso que aconteceu. Durante todo aquele ano o Anuário Evangélico circulou entre as mãos, não apenas das mulheres, mas de seus familiares. Algumas vezes nem foi necessário aguardar o próximo encontro da OASE para passá-lo adiante, mas numa eventual visita, ele já ia junto. E “de mão em mão” aque-

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las histórias, textos, receitas, curiosidades, fatos e piadas foram compartilhando conhecimento. De vez em quando a gente ouvia: “Você não leu? Estava lá no livrinho...” Às vezes ficava observando a troca das receitas e imaginando como algo tão simples podia fazer um efeito tão bonito e contagiante. Não eram só as mãos que haviam passado o conhe-

cimento adiante, os lábios agora recontavam essas informações. No ano seguinte mais mãos seguraram seu próprio Anuário Evangélico. Mas aquele primeiro, que foi passado de mão em mão, ainda não voltou. Que continue circulando de mão em mão, compartilhando informação. mirianratz@hotmail.com (47) 3382-1495

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Ecumenismo – um testemunho de fé Pa. Romi Márcia Bencke

A perspectiva ecumênica é, na maioria das vezes, um tema controverso para as igrejas. Existem aquelas igrejas que sob nenhuma hipótese aceitam a dimensão ecumênica como parte de seu testemunho e de sua ação missionária. Para estas igrejas, o ecumenismo é visto como um entrave por não considerar o proselitismo religioso como prática missionária. Para estas igrejas, o ecumenismo é considerado também um movimento um tanto quanto ambíguo, pois compreendem que o ecumenismo anula a identidade confessional de suas denominações e teria um objetivo não verbalizado de transformar todas as igrejas em uma única igreja. O compromisso ecumênico com os direitos humanos é outra dimensão pouco aceita. Nestes casos, o movimento ecumenismo é compreendido como um movimento com inclinações políticas heterodoxas.

nome de um exclusivismo identitário. Estas igrejas, apesar das resistências internas por vezes encontradas, colocam-se à disposição para dialogar sobre suas doutrinas, dogmas e a rever sua eclesiologia e sua missão. Um exemplo muito significativo desta abertura foi o Documento sobre a Doutrina da Justificação por Graça e Fé, resultado de anos de debate entre luteranos e católicos, cujo resultado final foi a assinatura conjunta por luteranos e católicos reconhecendo a Doutrina da Justificação por Graça e Fé como algo que nos une e não nos separa. A diferença não estaria no conteúdo da doutrina, mas nas ênfases e interpretações dadas. A ênfase central da doutrina, que é a dimensão da graça amorosa de Deus é importante e central tanto para a tradição luterana, quanto católica romana. A divisão, a negação do diálogo, portanto, perdem sentido.

Existem ainda aquelas igrejas que assumem o ecumenismo como uma das dimensões de seu testemunho público. Para estas igrejas, o ecumenismo é um caminho que desafia a conhecer em profundidade a tradição de sua confissão para dialogar com as demais expressões do cristianismo. Estas igrejas reconhecem no ecumenismo a oportunidade de encontro, diálogo, revisão dos excessos cometidos no passado em

Em tempos de concorrência religiosa e de reforço das identidades confessionais como forma de “proteger” os membros de possíveis assédios de outras tradições de fé reforça a compreensão de que o ecumenismo mais do que um aspecto inerente à missão e ao testemunho de fé seria, na verdade, uma ameaça ou algo que relativizaria a fé em Jesus Cristo. Esta visão que compreende o outro como ameaça a ser

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evitada ou combatida nada mais é que um anti-testemunho de fé. Isso porque nosso compromisso com o Batismo e a fé em Jesus Cristo é por natureza relacional. No Batismo, somos reconhecidos e assumidos por Deus como seus filhos e filhas. A comunidade testemunha este momento central para a vida de todas as pessoas cristãs. O testemunho da fé em Jesus Cristo jamais será individualista, mas sempre se dará na relação com o outro. Testemunho de fé não é sinônimo de imposição de uma fé sobre a outra, mas sim, a abertura e o exercício cotidiano de tentar vivenciar de forma coerente o que a Boa Nova nos apresenta. Nos Evangelhos, Jesus não afirma que uma tradição religiosa ou uma cultura é superior à outra. Muito pelo contrário, a grande mensagem de Jesus foi de que devemos nos amar mutuamente (Jo 15.17), independentemente de quem seja a outra pessoa. Aliás, quanto mais diferente a outra pessoa for, maior deve ser meu empenho para amá-la, abrindose com isso para a superação do racismo, do etnocentrismo, do exclusivismo religioso. A perspectiva da liberdade cristã abre caminhos para a aproximação, o convívio e o diálogo com todas as pessoas, grupos étnicos e religiosos. Esta abertura não fragiliza a pertença religiosa de ninguém. Ao contrário, ela expressa a grandiosidade e a força da graça de Deus, capaz de alcançar e amar a diversidade de experiências humanas.

A fé em Jesus Cristo é o fundamento principal da prática ecumênica. O reconhecimento de que Jesus é o caminho, a verdade e a vida é a motivação primeira para a prática ecumênica. Isso porque, o caminho ensinado por Jesus é o da não negação do diálogo. Jesus jamais se negou a dialogar. Dialogou com fariseus, samaritanos e samaritanas, mulheres judias e não judias. Criticava ainda o legalismo religioso de sua época, bem como, o exclusivismo religioso dos senhores do templo. A verdade ensinada por Jesus é a da convivência (Jo 4.40) e a das bemaventuranças (Mt 5.1-12), e a vida ensinada por ele é a solidariedade irrestrita com todas as pessoas (Jo 11.1-46; Jo 8.6b-8). O apóstolo Paulo, em suas cartas, também apresenta experiências de encontros e diálogos entre diferentes experiências de fé. Em Atos 19.37, em Éfeso, é reconhecido que o apóstolo Paulo e seus acompanhantes não cometeram sacrilégios e nem blasfêmia contra a deusa Artemis, apesar de Paulo ter pregado e batizado em Éfeso. O respeito e o convívio com as diferentes expressões do sagrado são dimensões da nossa fé. Os tempos atuais tem se caracterizado por certo vigor da intolerância religiosa. Esta intolerância é fruto da manipulação dos extremismos religiosos e da instrumentalização de tradições de fé para fins nada evangélicos. Vimos no Brasil a instrumen-

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talização da fé em Jesus Cristo para a legitimação da violência contra grupos religiosos minorizados, instrumentalizando a fé em Jesus Cristo para perseguir pessoas. A proposta ecumênica é contrária a tudo isso. O ecumenismo se expressa no fortalecimento da prática da cultura de paz. Isso porque Jesus anunciou a paz e não a violência. A relação entre violência e a fé em Jesus Cristo são incompatíveis. Esta é a mensagem ecumênica. Para tanto, nada melhor do que o testemunho conjunto das diferentes igrejas, pois cada uma delas é uma expressão da graça amorosa de Deus. No Brasil temos exemplos muito concretos de testemunhos cristãos que se expressam na vivência ecumênica. Todos os anos realiza-se o Dia Mundial de Oração - DMO. Um movimento internacional, promovido por mulheres cristãs do mundo todo. Outro exemplo é a Semana Nacional de Oração pela Unidade Cristã, que todos os anos é promovida pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Ambas as experiências possibilitam que cristãos e cristãs de diferentes denominações celebrem e orem ecumenicamente. Estas experiências nos fortalecem e reforçam a principal perspectiva do ecumenismo que é a unidade na diversidade. Podemos ter unidade, apesar das nossas diferenças? A fé em Jesus Cristo diz que sim, é possível desde que não se tenha medo de abrir-se para o outro irmão e a outra irmã.

Em 2019, o Brasil acompanhou o crime ambiental ocorrido em Brumadinho. As consequências foram imensuráveis tanto para a população quanto para o meio ambiente. Graças ao diálogo ecumênico das igrejas em Minas Gerais, foi possível organizar e realizar várias ações ecumênicas de solidariedade para a população afetada. Estas ações foram desde a doação de roupas e alimentos, fortalecer os grupos locais para que os danos sofridos sejam reparados pela empresa responsável e a realização de celebrações ecumênicas para confortar espiritualmente as pessoas. Na dor e na perda a unidade na diversidade foi uma forma de estar solidariamente ao lado daquelas pessoas. “Em Cristo Jesus não há mais judeu nem grego, já não há mais nem escravo nem livre, já não há mais homem e mulher, pois todos vós sois um só em Jesus Cristo”. (Gl 3.28). Esta é uma fórmula batismal antiga que aponta de que o nosso horizonte é a igualdade na diversidade. É por isso, que o ecumenismo é um testemunho de fé. A autora é Secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC (61) 99873-3395 romibencke@gmail.com

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Estórias da minha vida na HISTÓRIA P. Heinz Ehlert

A visita do Presidente da República em Pomerode - “Viva o Dr. Getúlio Vargas...!” - “Vivaaa!” - “Viva o Dr. Nereu Ramos...!” (Então interventor Federal em Santa Catarina - final dos anos 30 do século passado). - “Vivaaa...!”

Pelo menos uma carreata de automóveis, enfeitada com bandeiras brasileiras se aproximou sem velocidade. Arregalamos os olhos. Mas nenhum veículo parou, nem aqui, nem mais adiante. Lá de dentro ninguém abanou para a multidão. Acabou... Os alunos são dispensados. O povo se espalha. O grande chefe da nação não deu as caras... E televisão ainda não existia!

- “Viva o Brasil!” - “Vivaaaa!” Uma grande concentração de alunos de várias escolas da região. Professores/as perambulando para manter as crianças e adolescentes mais ou menos quietos e disciplinados. É assim que nos queriam educar para o amor e o respeito à pátria (“... pátria amada, idolatrada...”). Homens bem vestidos, autoridades locais, com ar solene, aparentemente nervosos! Na visita ao Estado de Santa Catarina, o Presidente, Chefe do Estado Novo, Dr. Getúlio Vargas, anunciara sua passagem por Pomerode, vindo do Norte. Durante horas e horas milhares de crianças e adolescentes ali aglomerados, debaixo de um sol escaldante, cada vez mais irritados e irrequietos. De repente a notícia se espalhou: Ele vem, ele vem...

Este brasileiro extraordinário, político e estadista, na minha humilde percepção, foi um visionário e realizador. Influenciou a história do nosso País como nenhum outro e tem influência até hoje. Vale a pena aprofundar-se na HISTÓRIA. A caminho do estudo em São Leopoldo Foi incisivo para minha história pessoal. Muitas pessoas e fatores contribuíram para me encaminhar. Na grande HISTÓRIA: Corria o ano de 1945. Longe de nós a conflagração em escala global: a Segunda Guerra Mundial. Aqui no Brasil, excetuando algumas restrições, vivíamos a nossa vidinha praticamente normal. A agricultura familiar dava sustento a uma grande parte da população. O comércio

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local andava, o transporte coletivo valeu-se da invenção de alternativas (gasogênio) para não depender totalmente do petróleo importado. Lá no Rio Grande do Sul existia uma escola da Igreja, um colégio, que devia preparar jovens para um dia serem pastores: O Instituto Pré-teológico em São Leopoldo. Fui encaminhado para lá. A viagem seria longa. Mas tinha ônibus, sim. O Brasil, participando da grande guerra, impôs algumas medidas: Um Salvo-conduto. Todo viageiro tinha que dispor desse documento de identidade. No mais: passagem livre de ônibus, de trem. O último trecho a pé com a mala nas costas até aquele imponente prédio, no Morro do Espelho, o IPT, onde passaria nove anos de minha vida – para estudar. Foi ali que no dia 8 de maio de 1945 vivi o anúncio do FIM DA 2ª GUERRA MUNDIAL. Os sinos de todas as igrejas dobraram longamente aquela noite... Os dias seguintes transcorreram bem normais, pelo menos para nós alunos. Seguimos o nosso caminho, ano após ano. Lá fora, o mundo grande, a HISTÓRIA, passou por enormes mudanças, sim, e os reflexos a gente não podia deixar de sentir, na vida pessoal, familiar e da Igreja. Tive a minha formatura na Faculdade e Teologia em São Leopoldo, em

fevereiro de 1954, sendo chamado pelo meu Sínodo para trabalhar no meu primeiro campo ministerial na Paróquia de Ibirama e Nova Bremen, colhendo experiências de vida. Aqui casei, fundei família, assumi, quando chamado, tarefas específicas, além do âmbito de uma paróquia e do trabalho pastoral. Assumi também funções específicas na Igreja, como registrado no livreto, editado pelos meus 75 anos. E, então, parando e olhando para trás, em alguns pontos, só posso confessar: “Até aqui me trouxe Deus...” Sim, apesar de tropeços meus: Graças a Deus! O Concílio da IECLB em Curitiba A Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba recebeu a importante e difícil incumbência de hospedar o Concílio Geral da IECLB. Logo se chegou à conclusão que o mais adequado local, na capital paranaense, seria a recém-inaugurada Casa do Estudante Luterano Universitário - CELU. No Brasil ainda o chamado Regime Militar estava no poder. Esperava-se algum pronunciamento ou mensagem do órgão máximo da Igreja sobre o papel da Igreja como Voz Profética na situação atual. Os estudos e debates temáticos resultaram na aprovação de um (hoje histórico) documento O Manifesto de Curitiba. Neste documento eram

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estabelecidos princípios e critérios para a missão e ação da IECLB no seu contexto a partir de sua constituição. Nisto também se definia a sua relação com o Estado brasileiro e as autoridades constituídas.

Também eleições foram realizadas para o novo Conselho Diretor. Fui eleito para a função de 2º PastorVice- Presidente da IECLB, pelo próximo período de quatro anos. Estórias da vida na HISTÓRIA... ehehlert@ig.com.br

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Estou aniversariando e me presenteei com este texto! P. em. Renato Luiz Becker

Estou comemorando meus 65 anos. No momento moro numa casa com alguns degraus que, amanhã, certamente virão a ser um problema. Quando se envelhece, devagarinho esvai-se a destreza de outrora. Outro dia prestei atenção no som da televisão só para checar minha audição – tudo ok! Estou consciente que um pouco mais a frente vou ter que me esforçar para entender melhor aquilo que “rola” à minha volta. Sério! Faz tempo que me entristeço com a ausência de gente amiga e até de artistas com os quais sempre me identifiquei – esta lista não para de crescer! A Idade interfere na Vida da Gente! Isso mesmo! Os aniversários mudam meu corpo e meu estado de espírito. Podem crer! Essas mudanças nem sempre são positivas. Eles trazem consigo desafios e mais desafios. Quando a aposentadoria (muitas vezes desejada) é alcançada, muita gente cai num “buraco”: o despertador não toca mais às 6h e mesmo assim se dá o despertar. À noite não se volta mais para casa, pelo simples fato de se estar sempre em casa. De repente começa a rarear a rotina com tarefas e objetivos claros. O que me motiva a levan-

tar da cama a cada manhã? O que fazer com o tempo livre? Não! Esse novo momento não precisa desembocar na crise ou na depressão. Pelo contrário! Li histórias de gente que se reinventou depois dos 70 anos. O povo aposentado tem a oportunidade de buscar novas responsabilidades em sua família, na vizinhança e na Comunidade Cristã. Esse pessoal pode doar do seu tempo que, diga-se de passagem, é uma preciosidade para algum projeto que promova mais vida. Essa turma pode ajudar seus semelhantes simplesmente repartindo experiências. A nossa sociedade vai perder muito se ignorar a turma da terceira idade. Aqui a palavra do rei Salomão é propícia: “Uma vida longa é a recompensa das pessoas honestas; os seus cabelos brancos são uma coroa de glória” (Provérbios 16.31). Deus continua O mesmo! Os meus cabelos prateados comunicam, para quem quiser “ler”, que carrego muita experiência de vida. Alegra-me o fato de que Deus entende as pessoas idosas como valiosas. Ele não faz o Seu amor depender daquilo que eu fiz ou faço, mas espera que meu “coração” reflita Sua paz. Quando isso não é fato, há aí um sintoma

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de vazio. Deus perdoa quando Lhe confesso meus “desvios”! Confiar em Deus – essa é a “jogada”. O resto? Bem, o resto é história! Pra terminar, vai aqui uma palavra do profeta Isaías: “E, quando ficarem

velhos, eu serei o mesmo Deus; cuidarei de vocês quando tiverem cabelos brancos. Eu os criei e os carregarei; eu os ajudarei e salvarei” (Isaías 46.4). Viva a vida! renato.luiz.becker@gmail.com

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Família, uma boa ideia de Deus Psicóloga Káthia Brueckheimer Bretzke e P. William Bretzke

Há uma frase atribuída a Lutero que diz: “A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos”. Em outras palavras, dependendo de como a família é, se torna fonte de coisas boas, ou fonte de coisas ruins. Isto significa que também no passado as famílias não estavam isentas de crises. A família como instituição tem experimentado muitas mudanças. Casamento, filhos e educação de filhos tem sido motivo de muita discussão. A insegurança nas relações familiares tem preocupado pais e profissionais, mas também tem gerado preocupações pastorais. Com certeza a cada geração dependemos de Deus e de sua promessa: “Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.” Salmo 100.5. Ao falar deste assunto desejamos nos fortalecer e nos alegrar a partir de nossa fé em Deus de que a família continua sendo uma ideia de Deus e pode ser um maravilhoso espaço de afeto e segurança, e que a cada geração temos a promessa do seu cuidado. No evangelho de Mateus, tratandose de uma discussão dos Fariseus com Jesus acerca da possibilidade da separação no matrimônio, Jesus afirma que Moisés consentiu em dar carta de divórcio por causa “da dureza do coração, mas no princípio não era assim” (Mt 19.8). Certamente falar da

dureza dos corações que é a falta de perdão nas relações, seria um tema muito amplo e sempre oportuno. Porém, neste momento queremos nos ater a frase seguinte: “não era assim deste o principio”. Mas, se não era assim, como era então no princípio? Vale a pena olhar o texto de Gênesis capítulos 1 a 3. É o que nós temos para falar da família do princípio. São narrativas simples e muito básicas, mas carregadas de significados. Aqui lemos sobre alguns aspectos importantes da criação e que nos conectam com o próprio Criador. Encontramos aqui potenciais para a saúde de uma família, para o casal como também para outras relações familiares. Ao criar o homem e a mulher à imagem e semelhança de Deus, eles são colocados no coração da criação de Deus. “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou.” (Tiago 1.18). O ser humano tem um lugar maravilhoso na criação de Deus, algo como a coroa da criação. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Carregamos como modelo o próprio Deus. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” - Genesis 1.27. Desde a nossa origem, carregamos do próprio Deus três aspectos que pul-

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sam dentro do ser humano e que são essenciais na relação familiar: comunhão, comunicação e autonomia. Poderíamos ainda explorar outros aspectos, mas vamos nos ater a estes três. Falar de comunhão nos remete ao coração da Trindade. Não fica difícil enxergar a amizade eterna e a comunhão entre Deus, Jesus e o Espírito Santo. No novo testamento, especialmente no Evangelho de João, há inúmeros textos que respaldam este relacionamento eterno. Na oração sacerdotal (João 17), Jesus pede para que o seus seguidores, sejam um, assim como o Pai e Jesus são um, e que o amor que acontece na relação Pai e Filho, também estejam nos seus seguidores. A possiblidade da comunhão é maravilhosa. É interessante que também na relação conjugal esta comunhão é uma possibilidade, conforme Gênesis 1.24 “e eles se tornarão uma só carne”. Mesmo sendo mais, podemos ser um. Esta unidade na comunhão tem caráter divino. O filósofo e escritor Martin Buber fala que no encontro real do “eu e você” acontece uma manifestação do divino. Em Efésios 5, Paulo fala do matrimônio, e subitamente, em 5.29-33, faz uma analogia entre a relação do matrimônio com a relação Cristo e a Igreja. Em síntese, há uma comunhão maravilhosa que é transferida do divino à comunhão dos crentes, e destes à comunhão na família, e vice-versa. Outra herança do criador que carre-

gamos é o potencial da comunicação. Só o ser humano consegue comunicar-se com palavras. Jesus por excelência é o Verbo, ou aquele que é a Palavra. Tudo o que existe foi feito pela Palavra (João 1.1-14). A Palavra em si tem um potencial de criação sem limites, ela promove vida e intimidade. Na fala acompanha um universo de cultura, valores, espiritualidade e afetos. Nossos registros afetivos certamente são profundamente marcados pelas palavras. Quando um casal e uma família conseguem, via comunicação verbal, trocar conteúdos, afetos e declarações, não há dúvidas de que um pouco de céu acontece. A comunhão a partir do diálogo é um maravilhoso espaço de intimidade. Na declaração afetiva de Deus Pai a Jesus, “este é o meu filho amado, a ele ouvi” (Mateus 17.5), brota a vocação e o sustento do ministério de Jesus. Aliás, quando Jesus foi tentado no deserto, o alvo do tentador foi colocar em dúvida a filiação e as palavras da declaração amorosa do Pai. Se déssemos conta de como nossas palavras podem edificar ou destruir a construção emocional e o caráter de nossos filhos, seríamos mais cuidadosos. Infelizmente, tratando-se da comunicação em família, apesar de tanta informação, constatamos ainda enormes dificuldades nesta área em questões bem básicas. Como terceiro ponto, destacamos a autonomia. Ela é a possibilidade de termos comunhão, de sermos um,

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mas ainda assim sermos livres. Aqui acontece a nossa individualidade. É aquilo que Jesus nos lembra na tríplice regra do amor, de “amar o próximo, como a si mesmo” (Mateus 22.37). Trata-se da capacidade de amar e cuidar-se. De ter um lugar ao sol, um espaço que lhe garanta a liberdade. Qualquer relação de amor apenas será plena se houver esta possibilidade. Não significa que cada um faz o que quer, mas no consenso de responsabilidade e compromisso, poder respirar a sua individualidade. Quem consegue cuidar de si, consegue cuidar melhor do outro. Comunhão, comunicação e autonomia, que potencial maravilhoso nos foi dado por Deus. Faz parte da nossa genética. É algo inerente a nós, faz parte do princípio da criação. São dimensões aplicáveis também em outras áreas da vida, mas pela Palavra de Deus, podemos deduzir que brotaram no contexto da família. Por isso, são aspectos que certamente mantêm as famílias mais saudáveis. Fazemos bem quando cultivamos esta dinâmica da criação. Sem medo de errar, o ser humano continua, sempre que se apaixonar por alguém e desejar estabelecer família, carregando dentro do seu imaginário de felicidade estas informações da comunhão, da comunicação e da autonomia. São dimensões abstratas que acontecem no nível psicoespiritual, mas que tem desdobramento direto na relação do convívio real e concreto. Vivenciá-las nos remeterá ao pró-

prio Deus e nos faz experimentar um pouco de céu, já aqui na terra. Atualização Com as mudanças na sociedade atual, e as mudanças nos modelos de família, seus membros requerem alguma adaptação mais diferenciada. A função da família consiste em transmitir valores essenciais para a sua manutenção. Apesar das particularidades de cada família esses valores nos são dados por Deus (Confira Gálatas 5.22-23). Filhos aprendem a se relacionar com Deus pelo exercício da repetição, observar principalmente nos pais de cada família. Se para mim como pai ou mãe, exercer minha espiritualidade é vital, para meus filhos também será. O contrário também é verdadeiro. Se ainda não fiz as pazes com minha história familiar ou com a minha espiritualidade, isto também influenciará nos membros da minha família. Mais do que falar os filhos copiam o que eu faço e o que eu sou. Sou filha de pais separados, meus pais faziam parte de uma Paroquia da IECLB em Blumenau. Minha mãe era muito ativa na comunidade, meu pai ajudava mais nas festas. Depois se separaram e não mais atuavam na comunidade. Apesar disso, minha mãe sempre incentivou a leitura da Bíblia e que cultivássemos um relacionamento com Deus. Isto me ajudou a passar pelo período conturba-

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do da minha adolescência, e minha revolta com o mundo. Não me conformava com a separação dos meus pais, mas de alguma forma, conseguia levar isso em oração diante de Deus. Fico feliz que seis anos antes de meu pai falecer, ele fez as pazes com Deus e sua história de vida. Hoje sei que não foi nada fácil para ele. Porém, apesar de momentos tão complicados, ainda pude deduzir que a família é o lugar de experiência com Deus, e de exercício de espiritualidade conjunta ou individual. Assim como a linguagem da fala vem pela repetição, também a linguagem da fé e do amor vem pelo repetir. Desafie suas crianças a memorizar textos e histórias da Bíblia que estimulem o amor a Deus e a comunhão com as pessoas da igreja. Tenha coragem de sugerir uma oração ou palavras que apontem para Deus em momentos conjuntos. Gratifique-os

com o tempo de qualidade e não fuja de seus adolescentes e jovens. Trabalhe o seu emocional para lidar com palavras confusas e de confronto que porventura possam vir deles. Não quebre o canal da comunicação com eles. A autoridade espiritual dada por Deus é você e não eles. Continue sendo pai e mãe para os seus filhos, referências que inspiram a maturidade e a espiritualidade. Lembre-os sempre de novo que a vida tem fases, e que com ajuda e orientação de pessoas experientes, ou mesmo profissionais, é possível passar por momentos difíceis, e que Deus não nos abandona, mesmo se em dados momentos nós nos distanciamos dele. Continuamos acreditando e apostando, que pessoas que estão em paz ou que fizeram as pazes com a sua família, aproveitam melhor o potencial da vida e tem mais coragem e esperança do futuro. williambretzke@gmail.com (47) 3371-7226

HUMOR Professor: – “Chovia” que tempo é? Aluno: – É mau tempo, professor. (Alguma dúvida?)

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IECLB – de 50 anos atrás até hoje P. Dr. Walter Altmann

Fui solicitado a escrever sobre decisões que fizeram a diferença nos últimos 50 anos da IECLB. Entre o muito que se poderia destacar, escolhi dois assuntos particularmente significativos para o que é a vocação essencial desta igreja. IECLB – Igreja missionária? Hoje até parece algo estranho, mas por algum tempo houve, no passado, uma discussão no âmbito das comunidades e sínodos que vieram a constituir a IECLB, se a igreja deveria ser missionária ou não. Ninguém menos do que o Pastor Hermann Gottlieb Dohms, presidente do então Sínodo Riograndense e, posteriormente, primeiro presidente da Federação Sinodal, constituída em 1949, defendeu a posição de que ela não deveria ser missionária, mas limitar-se a transmitir o evangelho a seu próprio povo, isto é, aos membros de suas comunidades. Os imigrantes evangélicos vindos ao Brasil não o tinham feito com o propósito de converter os católicos do país, mas em busca de melhores dias para si e suas famílias. Queriam, isto sim, constituir com liberdade suas comunidades de fé, mas sem antagonizar as pessoas e comunidades de outra crença, o que, aliás, era também exigência governamental. Assim, compreensivelmente, se ins-

talou em nossas comunidades uma mentalidade e um jeito de ser voltados para si mesmas, com ênfase na manutenção da fé trazida de alémmar e sua transmissão às novas gerações. Manutenção, pois, não propagação. Isso tem reflexos sensíveis até hoje. Só passo a passo, sobretudo nas últimas décadas, foi crescendo a consciência de que testemunhar a boa nova do evangelho, a quem quer que seja, faz parte essencial do ser igreja. Claro, não se deve cair no erro de violentar a consciência e a crença de outras pessoas nem o de pretender arrancar pessoas de outras igrejas para a nossa. Vocação missionária e compromisso ecumênico vão de mãos dadas. Mas a boa nova de que Deus, em Cristo, proporciona a salvação a quem nele crer, não pode ser retida, e a IECLB deve transmitir essa boa nova dentro de seus templos e também para fora deles. Quem, porventura à procura de um sentido para sua vida, com essa mensagem se identificar e desejar vivê-la no âmbito da IECLB, deve encontrar abertas as portas desta igreja e ser bem acolhido. A bem da verdade, houve também no passado pastores, membros e até movimentos que se empenharam em intentos missionários. A missão organizada pela igreja entre indígenas, por exemplo, já remonta à dé-

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cada de 1950, sempre também em solidariedade com as comunidades indígenas em suas necessidades existenciais. Mas não se pode dizer que o espírito missionário permeasse a igreja como um todo. Até não muito tempo atrás os projetos missionários da IECLB eram sustentados quase exclusivamente com recursos vindos do exterior. Predominava o que se chamava de missão interna. Através de campanhas de evangelização, buscava-se redespertar membros que haviam se afastado da vida em comunidade. Movimentos como Missão Evangélica União Cristã (MEUC) e Movimento Encontrão (ME) e outros contribuíram a que a consciência missionária se desenvolvesse na IECLB. Então, especialmente a partir das décadas de 1980 e 1990 vários seminários, temas do ano e materiais da IECLB foram abordando, sob diversos ângulos, a missão da igreja. Na virada do milênio, precisamente no ano de 2000 a IECLB lançou seu Plano de Ação Missionária (PAMI). Seu título foi “Recriar e criar comunidade juntos” e o subtítulo “Nenhuma comunidade sem missão – nenhuma missão sem comunidade!” Ou seja, a missão, nesse sentido comunitário, passou a ser entendida como o próprio coração da igreja. O ex-pastor presidente Gottfried Brakemeier publicou em 2001 um livreto sob o título “Dez mandamentos para igreja missionária”, com o subtítulo de “imperativos práticos

para a reflexão na IECLB”. Alguns anos após, em julho de 2006, a IECLB realizou em Florianópolis um Fórum Nacional de Missão, reunindo diferentes vozes do interior da igreja e assumindo enfoques diversificados, como a fundamentação bíblica, uma análise do contexto socioculturalreligioso do Brasil e reflexões para a prática. Ele emitiu ao final o “Documento de Campeche” sob o título de “O rosto da IECLB está mudando”. O XXV Concílio da IECLB, realizado em outubro de 2006, em Panambi/ RS, estabeleceu que a “Missão” fosse o tema de reflexão da igreja para o biênio 2007 e 2008. A partir daí foi elaborado, em grande mutirão, o novo Plano de Ação Missionária da IECLB, que recebeu o título programático de “Missão de Deus – Nossa Paixão”. O destaque é que Deus é o verdadeiro autor da missão, mas nós podemos nos apaixonar por ela. O Concílio também aprovou uma campanha especial, junto às comunidades e aos membros, de arrecadação de fundos para a missão, superando assim sua quase que exclusiva dependência de recursos do exterior. A missão passou a ser “nossa”. A campanha foi encetada a partir de 2008 e ocorre anualmente desde então sob o chamativo título de “Campanha Vai e Vem”. IECLB – papel na política? Cinquenta anos atrás – a IECLB se preparava com afinco para um grande evento. A V Assembleia da Fede-

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ração Luterana Mundial (FLM) estava programada para ocorrer em Porto Alegre, em julho de 1970. Como sabemos, a IECLB tem origem na vinda ao Brasil de imigrantes, sobretudo da Alemanha, a partir de 1824, quando se constituíram as primeiras comunidades em Nova Friburgo, RJ, e São Leopoldo, RS. Apenas a partir de 1886 foram sendo constituídos Sínodos, em nível regional. Em 1949 os quatro sínodos então existentes se constituíram oficialmente como igreja em nível nacional, com a criação de uma Federação Sinodal, e que a partir de 1954 assumiu o subnome de IECLB, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Apenas em 1968, em Concílio realizado em Santo Amaro, na cidade de São Paulo, a IECLB adotou uma estrutura pastoral, de governança e administrativa unificada para todo o Brasil. Com substancial auxílio provindo do exterior, foi construído no centro de Porto Alegre um novo, moderno e espaçoso templo para a Comunidade Evangélica de Porto Alegre e um edifício para a Comunidade e a direção da IECLB, configuração que permanece até hoje. Pois bem, o plano também era de nessas dependências abrigar a V Assembleia da FLM. As igrejas luteranas do mundo seriam recepcionadas pela IECLB, recentemente estruturada em nível nacional. Havia muita expectativa e muito entusiasmo, acompanhado por intenso trabalho preparatório de organização local.

Acontece que o Brasil se encontrava sob um regime militar que com o Presidente Garrastazu Médici intensificara as medidas de repressão a quem a ele se opusesse. Relatos de abusos policiais e militares, prisões arbitrárias, torturas e mesmo mortes e desaparecimento de detidos chegavam cada vez em maior número ao exterior e inquietavam também as igrejas luteranas do mundo. Seria possível realizar a Assembleia no Brasil com plena liberdade? Seria possível tematizar com coragem a questão dos direitos humanos? No Brasil, onde havia censura prévia à imprensa, os fatos divulgados no exterior eram ou desconhecidos por boa parcela da população ou ocultados e negados como propaganda internacional contra o país, ou ainda apresentados como casos isolados que não correspondiam à política oficial. Essa última hipótese também era o entendimento da então direção da IECLB. Mas entre as igrejas parceiras do mundo havia entrementes uma ampla e crescente convicção de que os fatos lá divulgados eram verdadeiros e foi surgindo um amplo movimento questionador de realizar a Assembleia no Brasil, sob essas condições. E a poucas semanas do evento, este foi transferido pela FLM à Evian, na França. A reação na IECLB foi largamente de estupefação, frustração e revolta. Houve insistentes demandas de membros exigindo a saída da IECLB da FLM. Mas ela deli-

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berou apenas o não-envio de seus delegados à Assembleia; só o Pastor Presidente Karl Gottschald foi a Evian e apresentou no início dos trabalhos um protesto da IECLB. (O delegado jovem, Werner Fuchs, que já se encontrava no exterior em atividade preliminar de jovens, acabou participando de toda a Assembleia, contra a vontade oficial da IECLB.) A Assembleia da FLM adotou, entre outros, um documento acerca dos direitos humanos que também haveria de ser importante em outros contextos, como na luta por superação do regime de apartheid, isto é, de segregação racial, na África do Sul. Quanto à IECLB, ela, ainda no mesmo ano, também se ocupou intensamente do assunto, num processo de reflexão, incluindo também implicitamente uma indispensável autocrítica. O VII Concílio da IECLB, realizado em Curitiba, no mês de outubro de 1970, aprovou um documento que passou a ser conhecido como o “Manifesto de Curitiba”. Entre outros assuntos, como a questão da disciplina de Moral e Cívica no sistema escolar brasileiro, ele também abordou o tema dos direitos humanos e da relação entre Igreja e Estado. Com base em

texto profético da Bíblia (Ezequiel 33.7), o papel da Igreja frente ao Estado foi caracterizado como um de “vigia”. Esse documento conciliar é altamente importante na história da IECLB e relevante até hoje. Assim, a IECLB assumiu que o papel da Igreja no cenário político não é o de se aproveitar de algum modo para vantagens próprias, nem o de legitimar regimes políticos e governos. Sua vocação pública é a de servir em favor das necessidades do povo. E nesse serviço está o de ser voz profética, vigilante diante das agudas desigualdades e das injustiças estabelecidas. Ao exercer essa voz profética, a IECLB também percorre terreno minado no cenário político de polarizações. Ela poderá ser criticada, mas não pode renunciar à sua responsabilidade. Conclusão A vocação de testemunhar o evangelho, seja dando razão da fé que nos une, seja conclamando os atores políticos a atuar em favor de pessoas necessitadas e injustiçadas, constitui o verdadeiro coração do ser igreja. E isso pode e deve ser também nossa paixão. walteraltmann@msn.com

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Igreja, Política e Estado P. Odair Airton Braun

A Igreja não se deve meter em política! A afirmação anterior é quase senso comum, inclusive entre membros e lideranças das comunidades da IECLB. Será bem assim? De fato tais dimensões devem andar separadas ou há conexões possíveis? Sobre a temática desejamos desenvolver reflexões, partindo dos primórdios do relacionamento entre Igreja e Estado, possibilitando uma visão ampla e panorâmica do tema. Na antiguidade a distinção entre Igreja e Estado era algo inimaginável. Tudo era perpassado pelo Sagrado. E não era diferente no relacionamento entre Igreja X Estado X Política. Desde os primórdios da história de Israel há debates sobre a necessidade de separar o governo espiritual do governo político. Entre o povo hebreu havia uma compreensão teocrática, ou seja, a fé, até o início da monarquia, estava ligada ao Estado, regulando os aspectos da vida dos israelitas, no plano individual e coletivo. No início do reinado monárquico os profetas insistiam em reivindicar que o rei efetivamente devesse seguir os preceitos de Deus. Em 1 Reis 12.26-33 encontramos indicativos das dificuldades que se colocam a partir do momento em que a religião se torna instrumento de promoção dos interesses do Estado. Na Antiga Grécia percebe-se não haver diferenciação entre o religioso e o Estado. Aos atenienses era dada a

liberdade de prestar culto aos seus deuses, mas era necessário adorar a Zeus e Apolo como definido em lei. No império Romano, o imperador era também o supremo chefe da religião. Nesta perspectiva, César Augusto, que governou entre 27 a.C a 14 d.C promoveu a restauração de templos e devoção aos antigos deuses. Com ele também teve início a devoção ao imperador, que mais tarde, em caso de recusa, era vista como desobediência e deslealdade com o Estado. Nesta visão panorâmica, olhamos para o Novo Testamento percebendo que o cristianismo surge em meio a uma tensa relação entre o Império Romano e os Judeus. Jesus declara em Mt 22.21: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Cabe salientar que Jesus, tanto no nascimento, quanto na morte, enfrentou os poderes estabelecidos. Contudo, seu conflito maior se deu com o poder religioso. Ainda no Novo Testamento, observa-se que as epístolas (cartas) promovem ações de obediência às autoridades e intercessão por elas (Rm 13.1-7). Apocalipse 13 define o Império Romano como a besta perseguidora dos cristãos. Ainda nas epístolas, aparece o ensinamento de que o compromisso maior dos cristãos deve ser com Cristo (Filipenses 2.11), e que a sua verdadeira pátria está nos céus (Filipenses 3.20). No Império Romano surge a política

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oficial em relação aos primeiros cristãos. Estes eram bem comportados, não causavam dificuldades ao Estado e à sociedade organizada, de modo que o Estado não precisava gastar recursos para reposicionar a ordem entre os mesmos. Isto não equivale a dizer que os cristãos tiveram vida fácil ao longo do império. A cada governante, aconteciam alterações de orientações havendo, em determinados momentos, perseguições, assim como tentativas de recriar e impor culto a deuses. Era uma relação tensa e permeada de idas e vindas. Neste aspecto, nos anos 303304 d.C, decretos editados ordenam a destruição das igrejas, recolhimento de livros sagrados e inclusive a prisão de lideranças do cristianismo. No ano de 306 d.C, Constantino se torna imperador. A partir de uma interpretação de um sonho, ele transforma o cristianismo no protetor das forças armadas. Assim, em 313 d.C, o Edito de Milão concede ao cristianismo igualdade de culto com as demais tradições e viabiliza a devolução de propriedades confiscadas. Em 324 e 325 d.C, Constantino sacramenta seu poder e convoca os bispos a se reunir em Nicéia para o primeiro Concílio da Igreja. Igreja e Estado passaram a andar mais próximas, sem existir separações claras, de sorte que sempre havia interferências e complementações entre ambas. Na Idade Média, o Estado era visto como Instituição Cristã a quem competia auxiliar na difusão da fé. As leis canônicas estabeleciam ser papel do

Estado punir os hereges, ao passo que o Estado assimilou muito bem este papel para si. Na Idade Média formamse movimentos contesta-tórios (Valdenses, hussitas, etc) que advogavam mudanças de postura entre a Igreja e o Estado. Tais grupos sofreram perseguições de parte da Igreja e seu braço armado, o Estado. Este ambiente ajudou a configurar um propício terreno para o movimento da Reforma de Lutero, o qual contestava a relação entre Igreja e Estado, advogando ser uma relação danosa para a vida espiritual da cristandade, razão pela qual deveria sofrer transformações. Neste contexto, formula-se o entendimento de que Estado e Igreja precisam ter caminhos autônomos, sem deixar de dialogar e interagir em busca de um quadro de bem-estar do povo. Lutero distingue estes dois regimentos sem separá-los. Porém, Deus é soberano sobre ambos. Nos séculos XVI e XVII, a Igreja, digase Católica Apostólica Romana, e o Estado se unem para combater o protestantismo por meio da contrareforma e inquisição. No reverso desta moeda estava a luta para estabelecer a fé cristã nas jovens colônias, especialmente na América Latina. Porém, este roteiro sofreu forte interferência com a Revolução Francesa em 1789, movimento de cunho anticlerical. Em mais um pulo histórico, pode ser observado que no transcorrer de um período tenso e intenso da história mundial, a Segunda Guerra Mundial, a relação entre Igreja e Estado per-

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sistia com proximidade e afastamentos, confrontos e contestações. Na Alemanha, uma ala da igreja se cala ou consente diante das políticas implantadas por Hitler e a Igreja Confessante com forte contestação da ideologia do nazismo. Na história do Brasil, terra “descoberta” e colonizada numa parceria entre Igreja e Estado português, a relação entre ambas sempre foi intensa. Na colonização, o Estado havia fornecido navios, construía templos e pagava o clero. O catolicismo era a religião oficial do império. Isto sofre mudanças a partir de 1824 com a chegada de imigrantes protestantes. Inicialmente os protestantes sofreram limitações em sua liberdade de culto e de direitos no que tange ao casamento civil, educação e cemitérios. Em 1890/91 sob o governo da jovem República um decreto estabelece a separação entre a Igreja e Estado, assegurando ao protestantismo liberdade e proteção. Dominar a história lança luz sobre o caminho a ser seguido. A relação en-

tre Estado e Igreja sempre foi intensa. São duas grandezas complementares e que devem andar de modo independente. Na história recente do Brasil, observa-se uma relação cada vez mais íntima de certos grupos evangélicos, promovendo uma relação entre Estado e Igreja que poderá ser danosa em vista de interesses políticos pessoais de determinadas lideranças do mundo evangélico. Estes movimentos devem ser acompanhados com atenção e precaução. Igreja e Estado devem ser independentes, porém complementares, sempre visando o bem da sociedade. A igreja deve ter papel crítico e zelar pela justiça e equidade entre grupos sociais. Havendo desvios cabe à Igreja chamar para a responsabilidade, sendo denunciadora e profética, sempre que desvios e incongruências se apresentarem. Não é papel da Igreja advogar em favor de uma linha política, nem deixar se envolver e ser usada para fins que não sejam o de testemunhar a vida plena, digna e abundante, proposta por Jesus Cristo. O autor é Pastor Sinodal do Sínodo Paranapanema 41 3257-5571 psinodal@sinodoparanapanema.com.br

Bibliografia CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2.ed. São Paulo: Vida Nova,1988. LINDER, R.D. Igreja e estado. Em: ELWELL. Walter A. (Ed). Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo. Vida Nova, 1990, V.II WILLIAMS, Terri. Cronologia da história eclesiástica em gráficos e mapas. São Paulo: Vida Nova, 1993.

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Matrimônio e fidelidade P. Wilfrid Buchweitz

Deus cria Adão e o instala no mundo recém-criado. Mas aí Deus fica olhando o quadro daquele homem sozinho, bem sozinho. E não gosta. Nas outras etapas da criação a Bíblia diz que Deus olhou e viu que o que tinha feito era bom. Mas aquele Adão sozinho, Deus achou que não era bom. Um homem sozinho não é bom. Ele precisa de companhia. Vou fazer para ele uma companheira. Vou criar uma Eva para ele. Os dois podem viver juntos. Podem se ajudar um ao outro. Podem conversar. Podem ter filhos e criá-los. Podem construir

uma vida bonita para eles mesmos, o casal, e também para os filhos, podem ser uma pequena comunidade no mundo e na comunidade maior. Porém, Adão e Eva estragam aquele espírito amoroso de Deus quando se deixam levar pela desconfiança, quando desobedecem ao Criador, e tentam “ser como Deus”. Por isso, eles recebem o castigo por esta traição. Mas Deus não mexe naquele quadro que Ele tinha criado, de um homem e uma mulher, juntos, serem uma estrutura base da sociedade e da humanidade. Pela Bíblia afora dá

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para conferir isso. Ao lado de um Abraão, Deus coloca uma companheira Sara. Ao lado de Isaque, uma Rebeca. Em certo momento da história, o povo de Israel coloca mais de uma companheira ao lado de homens. Jacó tem Lea e Raquel. Salomão tem muitas mulheres. Mas no Novo Testamento Deus novamente coloca um José ao lado de Maria. Um homem e uma companheira. Uma mulher e um companheiro. O matrimônio é uma instituição que tem sua origem em Deus e é da vontade de Deus e para a qual Deus oferece sua bênção. É uma instituição essencial na igreja e na sociedade. Uma instituição que precisa ser honrada e protegida. Por isso Deus coloca entre os dez mandamentos um deles que trata desta questão. “Não adulterarás”, diz o mandamento. Ou, “não cometa adultério”, numa outra tradução. Não deves trair teu matrimônio. Não deves invadir o matrimônio de outro casal. Não deves destruir teu matri-

mônio. Não deves destruir o matrimônio de outro casal. O matrimônio precisa ser construído, protegido, valorizado, ensaiado o tempo todo. O matrimônio não está pronto no dia do casamento. O dia do casamento é importante, porque ali acontece a confissão pública de que o casal decidiu viver seu matrimônio pela vida afora e recebe para isso a bênção de Deus através da comunidade. Mas, depois do dia do casamento, o matrimônio precisa ser praticado, passo a passo, e dia após dia. Martim Lutero diz na explicação do sexto mandamento que por temor e amor a Deus devemos “levar uma vida sexual responsável e disciplinada, em palavras e ações, e amar e respeitar a esposa ou o marido”. Matrimônio é um lugar privilegiado de ensaiar a vida e de compartilhar a vida, de experimentar a vida, descobrir a grande riqueza da vida, individual, mas principalmente coletiva, com suas muitas alegrias, e com suas dores. wbuchweitz@gmail.com

HUMOR Professora: – Joãozinho, me diga sinceramente, você reza antes de cada refeição? Joãozinho: – Não professora, não preciso... A minha mãe é uma boa cozinheira. (Sem comentários)

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Música e o Ensino Confirmatório: Sonhos, desafios e descobertas de uma Educadora Musical Luterana Daniela Weingärtner1

Estar em comunhão é dádiva de Deus “por isso, quem pode até este momento viver em comunhão com outros irmãos, que louve a graça de Deus do fundo do coração [...]”. (BONHOEFFER, 1997, P.12) Desde a origem de nossa Igreja, a música é parte fundamental da vida e da comunhão entre as pessoas. Como diz o prefácio do Livro de Canto da IECLB: “Igreja que canta não é obra do acaso. O povo de Deus sempre expressou sua fé através da cantoria acompanhada de instrumentos musicais. Com a Reforma, Lutero contribuiu decisivamente

para a forma cantada da Palavra de Deus.” (STEUERNAGELL; EBERLE; EWALD, 2017). O posicionamento de Lutero, assim como suas ações em prol da música apontavam “para uma ênfase em música como uma arte prática e de performance com uma função direta, crucial e importante na vida e no culto da igreja.” (SCHALK, 2006, p.22). No Brasil, a história da Igreja Luterana mostra que na mala de nossos imigrantes, junto com as tradições e com a religião luterana, estava o hinário. Como fruto de nossa história e prova da força que tem, a música ainda ocupa um lugar importante na vida

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das comunidades. Em nossas Igrejas existem diversos projetos musicais como: ministérios de música, grupos instrumentais e vocais, coros, grupos de louvor, entre outros. Mas sinto que ainda precisamos, como igreja, discutir, investir e realizar mais projetos voltados para a Educação Musical. Digo isso porque, cada vez mais, as práticas musicais em ambientes religiosos, além de serem utilizadas como modo de evangelização e parte fundamental dos rituais, têm um papel de educação musical importante, minimizando a insuficiência da educação musical nas escolas regulares. 2

A educação musical acontece em uma aula de música, em um ensaio de um grupo musical ou no momento do louvor e, as diferentes vivên-cias ali criadas, em especial por serem coletivas, trazem profundas descobertas e, portanto, aprendizados diversos. Christopher Small (2002; 1989), pela importância que atribuiu à prática musical e ao momento em que as pessoas estão fazendo música, cunhou o conceito musicar, que não se refere apenas ao executante da música, mas todos os envolvidos no fazer música. O musicar em uma comunidade luterana é feito, portanto, não só pelos músicos ou pelo grupo que está con-

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duzindo o louvor no culto. Todos os que se envolvem, engajam e que são movidos por essa música fazem parte desse musicar. Trata-se, portanto, de uma vivência musical, religiosa e social. Entendendo a força que a música tem (ou deveria ter) na vida comunitária, algumas comunidades em Blumenau têm inserido aulas de música no Ensino Confirmatório. Através do canto, do desenvolvimento teórico-musical e da leitura de textos sobre o assunto, os jovens têm um complemento em sua formação no ensino confirmatório. Cantando, louvando e entendendo a importância da música, prevista por Lutero, o projeto visa integrar a música aos saberes básicos luteranos. Em Blumenau, três paróquias abraçaram essa ideia.3 A comunidade pioneira foi a da Velha Central que,

desde 2012 tem aulas de música vinculadas ao Ensino Confirmatório com a professora Cristiane Holetz Weingärtner. A partir dos bons resultados com este primeiro projeto, as comunidades da Velha e do Centro de Blumenau, também iniciaram com aulas de música com a professora Me. Daniela Weingärtner. Na Velha e na Velha Central as aulas têm um foco no Ensino de Flauta Doce, o que possibilita que os jovens participem da condução do louvor em alguns cultos. Na paróquia Blumenau Centro, as atividades estão focadas no canto, no aprendizado litúrgico e em práticas lúdicas com música. Nas três paróquias a perspectiva de louvor e canto comunitário é discutida e o próprio Livro de Canto é um rico material didático desse processo. A grande riqueza desta iniciativa é que a longo prazo, todos da comunida-

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de terão tido a oportunidade de apreender música e sobre a música da igreja. No primeiro momento, grande parte dos jovens não conhecem e nem se sentem movidos pelo repertório musical de nossa igreja. Com tantas ofertas musicais disponíveis, os jovens confirmandos nem sempre se conectam com as músicas de nossa igreja. A construção deste diálogo é, talvez, o maior desafio do ensino de música para os confirmandos. Cada vez mais, percebo que conversar, contextualizar historicamente, fundamentar teologicamente e refletir sobre o texto das músicas luteranas é a forma mais assertiva de conectar os jovens a este repertório. Conhe-

cer e entender é fundamental! Da mesma forma, participar da condução do louvor nos cultos, parece ser de grande importância, pois demonstra na prática o que é louvar e a força da música neste contexto. Entre os frutos do projeto, percebemos que os confirmandos estão cada vez mais integrados à vida da comunidade (e consequentemente, as famílias estão mais ativas), os jovens estão mais curiosos e atentos ao que cantam em culto e, a longo prazo, visualizamos uma comunidade mais ativa e mais consciente sobre sua prática musical. A música da Igreja Luterana é louvor, e como tal eì manifestação da religiosidade; eì performance, o que por

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si só já se refere aÌ fruição, estética e estudo; eì aprendizado, de aspectos musicais, teológicos, sociais, linguísticos, entre (muitos) outros; eì pretexto para o social, e aqui pensamos também na oportunidade de encontros e trocas que a música proporciona e na força das vivências

compartilhadas a partir dela; e eì o que de certa forma faz comunidade, unindo, dando voz e vez e construindo um ethos social solidário e coletivo. Não é à toa que precisamos, cada vez mais, falar sobre Educação Musical. daniela.wgt@gmail.com (47)3330-2479 e 99204-4348

NOTAS: 1 Daniela Weingärtner é educadora musical. Graduada em Licenciatura em Musical pela Universidade Regional de Blumenau (FURB - 2015) e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGMUS UDESC - 2018), atua em contexto comunitário como educadora musical, intérprete e pesquisadora. Seus principais interesses são educação musical em contextos comunitários, relações entre a música e a religiosidade e os sentidos de se fazer música em comunidade. 2 Apesar da legislação vigente (Lei 13.278/2016), a implementação da educação musical nas escolas ainda não é uma realidade em todo o país. Saliento que as aulas de música já fazem parte da realidade de muitas escolas e cidades brasileiras, porém a escassez de professores licenciados atuando na escola básica, a presença da música apenas no contra turno escolar e diversas outras dificuldades ainda são encontradas pelo país. 3 Outras comunidades da IECLB têm projetos parecidos, porém não tenho dados nem informações precisas. REFERÊNCIAS: BONHOEFFER, Dietrich. Vida em Comunhão. 7. ed. rev. São Leopoldo: Sinodal, 1997. SCHALK, Carl. F. Lutero e a Música: paradigmas de louvor. Tradução, Werner Ewald. São Leopoldo: Sinodal. 2006 SMALL, Christopher. El Musicar i el Multiculturalisme. In: ACTES DE LES IV JORNADES DE MÚSICA. Institut de Ciències de l’Educació. Universitat de Barcelona. 2002. p. 13-31. ______. Música Sociedad Educación. Madrid: Alianza Editorial, 1989. STEUERNAGEL, Marcell Silva; EBERLE, Soraya Heinrich, EWALD, Werner [et al.]. Livro de Canto da IECLB. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, 2017.

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O outro nome da dor Anamaria Kovács

Alice brincava sossegada com suas bonecas, quando ouviu uma freada brusca lá fora, seguida de um ganido horrível.

prestou atenção. – Mas isso não era consolo, era desculpa. Enquanto passava a mão pelos seus cabelos, a mãe disse:

– Bilú!

– Olha, não podemos mais fazer nada pelo Bilú. Só podemos chorar e enterrá-lo. Mas a gente poderia sair, amanhã, para adotar outro cachorrinho para você... O que acha?

Ela correu porta afora, mas logo parou. O carro já desaparecera, deixando na rua o corpo imóvel do seu cachorrinho. Alice correu para ele. Sua mãe, que também ouviu o barulho, veio ajuda-la a apanhar o cãozinho malhado, todo sujo de sangue. – Não podemos fazer mais nada, querida – sussurrou a mãe. – A pancada o matou. Alice correu para o seu quarto, agarrou-se ao ursinho de pelúcia e atirouse na cama, chorando. Como isso podia acontecer? Por que logo com o seu Bilú, tão amigo, tão fofinho? Sua mãe, tentando consolá-la, disse: – Foi culpa do motorista, que não

– NÃO! – gritou Alice – Eu quero o Bilú! – empurrou a mãe e saiu correndo até a casa ao lado, onde morava a tia Neusa, sua madrinha. Esta acabara de chegar das compras, não sabia de nada. Assustou-se quando abriu a porta e viu a menina chorando. – Que foi que aconteceu, meu anjo? – O Bilú, titia, ele foi atropelado e morreu! – Venha cá, meu amor, conte como foi – disse a tia. As duas sentaram-se bem juntinhas, no sofá da sala, e tia

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Neusa passou o braço sobre os ombros da menina. – Por que, titia? – perguntou Alice – Por que o Bilú morreu? – Bem... Para isso não tenho uma resposta, porque é a pergunta errada. Intrigada, Alice repetiu: – A pergunta errada?! – Sim. Errada, porque ninguém tem a resposta para ela. A pergunta que devemos fazer é outra: o que é que se pode fazer agora? – Mas, tia... Dói tanto, tanto, que... Não sei o que fazer gora! Não consigo pensar! Eu só quero meu Bilú de volta... – Você sabe que o Bilú não pode mais voltar, querida. Mas nós podemos tentar responder à pergunta: o que se pode fazer agora? Sei que é difícil pensar com o coração doendo, mas posso ajudar você. O que acha? Alice não respondeu, mas ficou olhando para a madrinha, enquanto as lágrimas secavam em seu rostinho. Tia Neusa continuou: – Primeiro, precisamos enterrar o Bilú. No seu jardim, vocês têm um cantinho lindo debaixo do ipê, com uma sombra gostosa e fresquinha. Quando o ipê der flores, todos os anos, o túmulo do Bilú ficará todo dourado... Você poderá visita-lo quando quiser, enfeitar...

tirei, com meu celular... – Pois então, vamos escolher o mais bonito e botar numa moldura. Assim, você terá a imagem do Bilú na sua mesinha de cabeceira. – Mas não é a mesma coisa! – Claro que não é. Mas esta é a segunda parte da resposta à pergunta: o que fazer agora? A fotografia vai ajudar você a lembrar-se dele, e é aí que eu queria chegar, fofinha. O Bilú vai continuar vivo, dentro de você, nas suas lembranças. Ali ele vai correr, pular, brincar com você. Nos primeiros tempos ainda vai doer, mas a dor não ficará para sempre. Você até terá vontade de fazer o que sua mãe sugeriu: adotar um cãozinho para brincar. – Eu nunca mais vou querer outro cachorrinho! Eu só quero o Bilú. Tia Neusa sorriu e acariciou o rosto da menina. Depois, bem pertinho do seu ouvido, cochichou: – Vai querer outro, sim. E sabe por quê? Eu vou contar um segredo para você: a dor que você está sentindo vai diminuir até ficar bem pequenininha. E aí, ela vai mudar de nome! – Mudar de nome?! – Sim, querida. O outro nome dessa dor é SAUDADE. anamariak663@gmail.com

– Ah, tia, para... – sussurrou Alice. – Você tem retratos do Bilú? – Uma porção deles, tia! Eu mesma

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Extraído do livro de histórias infantis Falando com Carinho, de Anamaria Kovács, pp. 26-28


O primeiro ser humano pisa na lua Stefan Lotz (Tradução: P. em. Dr. Osmar Zizemer)

Quando na quarta-feira, dia 16 de julho de 1969 o foguete lunar “Saturno V”, com seus 111 metros de altura, subiu aos céus da Califórnia, deixando para trás um jato de fogo amarelo-alaranjado, e levando em seu bojo os astronautas Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins, o final de sua viagem era totalmente incerto. A Missão Apollo 11 era uma perigosa aventura com uma potência de 155 milhões de cavalos-força. Quatro dias após a partida, na noite de 20 para 21 de julho, cerca de 500 a 600 milhões de pessoas em todo o mundo acompanham pela TV o seu pouso no solo da lua com sucesso.

Também na Alemanha (e no Brasil) a maioria das pessoas está diante de seus aparelhos de TV acompanhando tudo. Na Alemanha Oriental, porém, a transmissão é cortada antes dos momentos decisivos e projetada a logomarca da TV-estatal. Mas a maioria dos alemães orientais também pode assistir aos eventos pela TV-Ocidental. Enquanto Michel Collins permaneceu sozinho no Módulo de Comando e Serviço Apollo em sua rota em torno da lua, o Módulo de alunissagem “Eagle”, com seus mais de seis metros de altura e um peso de 15.000 kg, levando Armstrong e Aldrin, inicia seu mergulho para a

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superfície da lua. Mesmo que o local previsto para o pouso se chamasse “Mar da Tranquilidade”, o mesmo não foi exatamente tranquilo. A “águia” se desvia da rota prevista e voa rumo a uma cratera lunar. Neste instante Armstrong assume a direção manual da nave. E às 21:17 horas as “pernas” metálicas da cápsula de aterrissagem – composta por um milhão de peças – tocam a superfície da lua pouco antes de lhe acabar o combustível. Na Alemanha já iniciou o dia 21 de julho quando, às 03:56 horas (horário da Alemanha = 22:56 horas do dia 20 de julho, horário de Brasília) a uma distância de 384.400 km da Terra, Armstrong pronuncia a sua famosa frase: “That’s one small step for a man, one giant leap for mankid” (É um pequeno passo para um homem, mas um salto gigante para a humanidade). Se de fato Armstrong pronunciou esta frase corretamente até

hoje é controverso. Pois pode ser que, em meio ao nervosismo do momento, ele esqueceu o “a” antes da palavra “man”, e com isso, sem querer, deu esta enorme importância ao acontecimento. A equipe voltou ilesa à Terra no dia 24 de julho de 1969. Entre 1969 e 1972 os Estados Unidos enviaram outros dez astronautas à lua em cinco diferentes “Missões Apollo”. Depois disso o programa, que teve um custo de 25 bilhões de dólares, foi suspenso devido aos gastos cada vez elevados com a Guerra do Vietnã. E este foi o fim da corrida espacial entre os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, as duas superpotências. Neil Armstrong, o primeiro ser humano a pisar na lua, morreu em 2012, aos 86 anos, em consequência de uma cirurgia cardíaca. GEMEINDEBRIEF abril/2019, página 40

HUMOR Peguei um UBER no sábado e chegando na esquina perto de casa (eu estava no banco de trás), coloquei a mão no ombro do motorista, para avisar que ele tinha que virar à direita. O cara deu um berro e quase enfiou o carro no muro do vizinho. Assustado, perguntei: – Que droga é essa? Ele respondeu: – Cara, desculpa! Hoje é o meu primeiro dia de UBER... Até ontem eu era motorista de funerária!

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O Salmo da Mulher Maranhense – Poesia – Como Deus é bom! Ele fez este mundo tão bem feito. De noite, quando está escuro, têm tantas estrelas que brilham no céu. E a lua é tão bonita. Como Deus é bom! Ele semeou ao longo dos riachos tanta fruta boa pra nóis vivê, tanta manga, tanto buriti, bacaba, e macaxeira pra farinha de puba. Cada época do ano Deus deixa uma fruta para o povo do sertão comer. Como Deus é bom! Ele fez os rios pequenos e também os grandes, com peixes, grumatã e piaba. Ao longo dos rios deixa viver tantos animais: a cotia, o tatu. Como Deus é bom! Não deixou nada faltar para o povo do sertão. Ele semeou as ervas para que ninguém precisasse passar necessidade para viver.

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Pai Nosso do céu! Perdoa se algumas pessoas tomadas pela gula, cercam milhares de hectares de terra só para si. Eles não enxergam que com isso diminuem a vida de muita gente que vivia livre no sertão, nos vãos onde a fartura era grande. Sei que Deus é grande! Por isso te peço: que ele me deixe voltar e meus filhos e meus netos, meus parentes à margem do Rio Maravilha, onde eu nasci, onde tem fartura de manga, de buriti, de pequi, de macaxeira para farinha de puba, peixe piaba, água, sol e tanta caça. Lá me sinto gente! Agradeço ao bom Deus por ter criado a mim e todos os irmãos. Agradeço-te, bondoso Deus, que me criaste com todas as criaturas irmãs.

Texto extraído do livro APESAR DE TUDO ABRAÇAR A VIDA, Gerda Nied – Gerhilde Merz, Editora Otto Kuhr, 2012, p. 120-122.

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O valor de ter um cachorro na família Eliane Gierus

Dizem que os cães são seres encantados que vem ao mundo para nos dar uma segunda chance de sermos seres humanos melhores. Os cães estão presentes em nossas vidas há 40.000 anos, segundo uma pesquisa publicada pela revista Current Biology. São descendentes dos lobos, e com o passar do tempo se transformaram nesses companheiros tão fiéis e leais e com uma diversidade de biotipos que não tem limites. Estima-se que atualmente existem em torno de 400 raças de cães no mundo reconhecidas pelos kennel clubes. Fora nossos queridos SRD’s, os cães sem raça definida, ou simplesmente os vira-latas. Então, como fazer para escolher qual será o companheiro apropriado para o seu modo de vida? Quando for escolher um cão, vários fatores devem ser observados. É importante que você tenha consciência de que um cão é um ser vivo, e exige cuidados e atenção e deve ser observado se ele cabe no seu estilo de vida. Um cão vive, em média, 15 anos. E durante esse tempo, você é responsável por ele. Ele vai te dar amor incondicional. E você será o provedor dele. A alimentação, água, saúde, disciplina e entretenimento terão que ser incluídos na vida de vocês dois. É importante pesquisar sobre a raça antes de adquirir uma. Todos são ma-

ravilhosos, mas precisamos conhecer sobre o comportamento e a personalidade do cão em vista. Não é legal, por exemplo, ter um Beagle de porte médio, pelagem curta e fácil de manter, porém com um nível de agitação alto, que não se contentaria em ficar fechado em um quintal pequeno, mas sem atividades, muito menos em um apartamento. Torna-se um cão destruidor, incansável na busca por uma atividade que o preencha, irá usar de toda sua criatividade para satisfazer sua mente cheia de ideias. É um cão para espaços grandes, em lugares amplos e de atividades constantes. Agora vamos pensar no delicado Yorkshire. Pequeno, bonito, amigo. Mas tem a pelagem longa, assim como Shih-tzus, Lhasas, Malteses, todas raças lindas, que satisfazem nosso ego (desculpe a minha cutucada...) e que vemos em fotos de propaganda de ração. São cães que precisam de um asseio diário na pelagem, limpeza dos olhos, além de atividades físicas e de entretenimento. Ou você faz em casa, ou pagará pela vida toda desses cães citados acima os serviços de embelezamento necessários. E todos, sim, todos eles, sejam de raça pequena, raça grande, média, sem raça, todos precisam dos serviços de um veterinário. Iniciando pela sequência de vacinas de filhote, vermífugos, aconselhamentos sobre criação, manejo, alimentação, brin-

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quedos adequados, orientação sobre comportamento adequado. É o veterinário que irá lhe mostrar o caminho para uma convivência feliz e saudável com seu amigo pet.

cães de uma forma nunca antes pensada. E eles a nós. É impensável para muitos uma vida sem um cão. Eles são uma companhia fiel e leal, alegram a nossa vida.

Hoje temos a veterinária como uma ciência muito desenvolvida e progredindo a passos largos para o bem estar e uma longevidade confortável para os animais de companhia.

Muitas vezes trazem consolo a uma vida solitária, são estímulo de exercício para alguém que quer companhia, socializam os tímidos, ajustam os desajustados, guiam cegos, reconhecem doenças e crises epilépticas antes de nós mesmos, ora são filhos, ora são guardas extremamente protetores, mas sempre estão lá onde você os deixar, sempre irão fazer para nos agradar, o que quer que seja, o que quer que tenhamos pensado, eles tentarão entender e realizar.

No Brasil, há mais de 132,4 milhões de animais de estimação, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria pet cresce a cada ano. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), pet food (alimentos para animais) representa 67,3% do faturamento do setor. Em seguida, estão os segmentos de serviços, como banho e tosa, com 16,8%; pet care (equipamentos, acessórios e produtos de beleza) no terceiro lugar, com 8,1% e pet vet (produtos veterinários) em quarto lugar, com 7,8%. Esse aumento no mercado pet ocorre devido a uma mudança demográfica no país. Hoje existem mais casais com menos filhos, e mais idosos. O cão subiu no ranking dentro da família. Antes criado fora, no quintal, agora passou a conviver nos apartamentos, junto com seus donos, e são criados como membros da família. Como sobem no sofá, dormem na cama e vivem muito próximos dos donos, a atitude com relação a eles se tornou preventiva, ao invés de curativa. Estamos ligados intimamente aos

Sou veterinária há mais de 20 anos e trabalho com cães e gatos desde então, mas minha paixão por eles vêm desde sempre. Animais em geral sempre foram minha paixão, mas os cães... ah, os cães me encantam e fascinam. Já conheci cães das mais diversas origens, personalidades, raças. Seu comportamento é sempre coerente e pensando no bem-estar da “matilha”, quer humana ou canina. Todos os desvios de comportamento, exceto os de ordem fisiológica, partem do ser humano, e na maioria das vezes, é a forma que amamos eles. Lógico, existem as maldades e pessoas más intencionadas, mas vivemos nesse mundo de dualidades e cães não estão isentos a elas. Mas demonstramos nosso amor a eles dando lhes petiscos e alimentos em excesso, carinho e liberdade em excesso. E eles nos testam... e como o fazem!! São seres muito inte-

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ligentes e sabem o que é bom. Podemos torná-los uma fantástica companhia, ou um terrível capetinha... depende do grau de disciplina que eles receberam. São sempre espelhos dos donos. Sempre. Então, como fazer para saber o certo? Procure sempre profissionais que sejam de sua confiança, desde adestradores, veterinários, proprietários de hotéis, creches. Encontramos muitos deles por aí. Mas peça referências, pegue opiniões de usuários, veja como seu cão reage aos lugares e pessoas. Ouça conselhos de criadores, de proprietários, pessoas experientes com relação a raça desejada e pesquise. A compra por impulso de um ser vivo é a coisa mais injusta que podemos fazer com relação a eles. Saiba o que quer e o espaço e tempo que você tem a disposição para dar para seu novo amigo. Os serviços de pet táxi, hotéis e creches, antes impensáveis, agora viraram rotina na vida de nossos pets. E os empreendedores não param de criar novos serviços, bem como as pesquisas para melhor alimentar e medicar nossos cães não tem fim. Tudo para o bem estar deles. Não há mais como imaginar uma vida sem cães. Direta ou indiretamente eles fazem parte do nosso cotidiano. Segue o texto de autor desconhecido, mas muito propício que li nas mídias sociais: “É comum ouvir críticas a quem trata cachorro como se fosse gente. Concordo. Cachorro é cachorro e gente é gente. Cachorro tem que ser

tratado como cachorro – com respeito à sua fidelidade, ao seu caráter. Porque cachorro não trai. Não mente. Cachorro te ama pelo que você é, seja lá quem você for: ministro do Supremo, Senador ou indigente. Cachorro não finge, não forja, não frauda. Cachorro só sabe o que sente. Cachorro não faz jogo de cena. Não guarda mágoa. Cachorro é emocionalmente inteligente. Perdoa sem que você tenha que implorar perdão. E, uma vez perdoado, o perdão é permanente. Por que deveríamos tratar um ser assim como gente? Gente a gente também não deve tratar como cachorro. Porque não é qualquer um que merece carinho na barriga, cafuné na orelha, demonstração de amor sem motivo aparente. Gente não morde. Mas há outras formas de se cravar o dente. No coração, no bolso, na alma. Por vezes com veneno de serpente. Gente fofoca, inveja, calunia. Te beija enquanto te entrega e te odeia, sorridente. Cachorro obedece, respeita, se submete. Mas só gente é subserviente. Gente ama com ressalvas, faz promessas que não cumpre. Só cachorro (e uma ou outra mãe) é que ama incondicionalmente. Por que tratar como cachorro – que fica ao seu lado até a morte – alguém que te abandona de repente? Não. É totalmente sem noção e incoerente tratar gente como se fosse cachorro – e tratar cachorro como se fosse gente.”

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eliane_vet@hotmail.com


Para pensar... talvez planejar... P. em. Dr. Osmar Zizemer

Existe um ditado em língua alemã que diz: “Wenn jemand eine Reise tut, dann kann er was erzählen!” (Se alguém realiza uma viagem, ele terá algo para contar). Minha esposa e eu realizamos uma viagem à Alemanha durante o mês de agosto de 2018. Também visitamos a cidade de Mainz, cidade em que moramos durante o período de meus estudos de pós-graduação. E, entre outras coisas, também fomos à “Christuskirche” (Igreja de Cristo), igreja e comunidade que frequentávamos quando lá moramos. Coincidiu que neste dia iniciava o ano letivo no estado da Renânia Palatinado. E a comunidade da Christuskirche realizou uma celebração especial com as crianças que neste ano letivo começaram a frequentar o primeiro ano escolar. Uma celebração mui-

to especial, com a presença dos pais, avós, padrinhos e madrinhas! E ao final da celebração cada criança recebeu uma bênção especial, individual, do pastor para esta nova etapa de sua vida que iniciava. Foi emocionante! Eu creio que este momento ficou marcado para as crianças, no sentido de que elas estão sendo enviadas com a bênção de Deus para esta nova etapa de suas vidas. Como será esta etapa? O que ela trará? Seja lá o que for elas não estarão sozinhas, enfrentando este desconhecido. O Deus que as chamou pelo nome no Batismo, as acompanhará com sua bênção! Pensei com meus botões: Nós vivemos num estado laico – e o “politicamente correto” é não “misturar” instituições públicas (escolas) e igreja. De modo que não seria possível rea-

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lizar entre nós tal celebração diretamente ligada à escola. Mas acho que uma coisa seria possível: • A comunidade local poderia programar, na igreja, um culto especial de bênção para o início da vida escolar para as crianças membros daquela comunidade – com a presença de seus familiares (pais, avós, padrinhos, irmãos). E poderia convidar, com certa insistência, as suas crianças-membro, independentemente da escola em que

serão escolarizadas. E nesta celebração a criança poderia receber a sua bênção especial para a nova etapa de vida: a escola! Estou convencido de que este também seria um modo de valorizar a criança e a própria escola – o que seria sublinhado pela presença e participação da família. Que tal? Não valeria a pena fazer a experiência? ozizemer@terra.com.br

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Palavras cruzadas 1 - Títulos e Temas P. em. Irineu Wolf

Solução na página 202

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Palavras cruzadas 2 - Títulos e Temas P. em. Irineu Wolf

Solução na página 202

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Palavras cruzadas 3 - Títulos e Temas P. em. Irineu Wolf

Solução na página 202

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Poesia Não me perguntem os anos Não me perguntem quantos anos tenho, e, sim quantas cartas mandei e recebi. Se mais jovem, se mais velho... o que importa, se ainda sou um fervilhar de sonhos, se não carrego o fardo da minha esperança morta? E assim, somente assim, todos vocês, por mais brancos que estejam meus cabelos, por mais rugas que vejam no meu rosto, terão vontade de chamar-me o moço! E, ao me verem passar aqui... ali... Não saberão, por certo minha idade, mas saberão, por certo, que vivi! Moacyr José Sacramento Não me perguntem quantos anos tenho, mas os versos de amor que eu escrevi, ter um ano a mais ou um ano a menos não me torna mais triste ou mais feliz. Mais importante é o que eu sinto na alma: o borbulhar dos sonhos verdejantes ou das dores do parto da esperança gestadas no meu ventre de lembranças que vêm à luz em próximo amanhecer. Mozart Noronha

Extraído do livro: O Cordel Pede Passagem, de Mozart Noronha, p. 49.

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O Primeiro Cemitério Protestante no Brasil P. Ms. Alexander R. Busch

Até quando, SENHOR, te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? . . . Olha para mim e responde-me, SENHOR, meu Deus! Ilumina os meus olhos, para que eu não durma o sono da morte (Salmo 13.1,3). Um testemunho de respeito e tolerância Além do valor sentimental e do vínculo com familiares que já faleceram, os cemitérios são uma valiosa fonte de informações históricas e aprendizado do passado. Por exemplo, os cemitérios ensinam como as pessoas lidam com a tristeza e luto, qual consideração elas têm com o corpo

da pessoa falecida e quais as suas expectativas e esperanças quanto ao futuro. Desde suas origens no primeiro século, as comunidades cristãs tinham o cuidado de criar lugares especiais para sepultar os mortos. No Brasil chamamos este local de “cemitério”, uma palavra que vem da língua grega e que significa “lugar de sono”.

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Hoje em dia, na grande maioria das cidades brasileiras, o cemitério é um espaço onde as pessoas se “encontram”, independente de seu status social, religião, cultura ou local em que nasceu. Entretanto, no Brasil, nem sempre houve uma convivência pacífica entre os vivos na hora de se enterrar os seus mortos. Nos primeiros séculos de existência do Brasil, ainda como colônia de Portugal, os conflitos entre as igrejas na Europa eram reproduzidos em solo brasileiro. Os primeiros cemitérios de protestantes no Brasil foram varridos da memória. Quando os franceses reformados, no século XVI, e os holandeses reformados, no século XVII, invadiram a colônia do Brasil e por curto

tempo organizaram povoações, é muito provável que estes grupos também criaram cemitérios para abrigar os mortos. Mas com a expulsão destes estrangeiros, os vestígios de seus cemitérios desapareceram por completo. No início do século XIX, surgiu uma situação nova. O rei português Dom João VI e a família real foram forçados, pela França, a transferir o trono para a colônia brasileira. Com isto uma série de medidas foram tomadas para abrir as portas da colônia ao progresso industrial e ao comércio com outros países. E se fazia especialmente urgente a fabricação de armas para suprir o exército real. Desta feita, foi concedida autorização para que o empresário sueco

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Carl Gustav Hedberg trouxesse uma equipe de trabalhadores para o estabelecimento da Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, nas proximidades da atual cidade de Sorocaba/SP. O grupo, vindo da Suécia, chegou a Sorocaba em inícios de 1811. E a pacata vila de Sorocaba mudou com a presença destes estrangeiros de cabelos loiros e olhos azuis, que falavam uma língua estranha e, em especial, eram considerados “hereges” – pessoas que professavam uma fé contrária e errada à fé estabelecida pela igreja. Naquele tempo, a Igreja Católica Apostólica Romana era a religião oficial do governo português e seus territórios. A vida destes trabalhadores suecos não era fácil. Além de se adaptar a um novo clima e hábitos alimentares,

eram motivo de zombaria por parte dos novos vizinhos. As relações se agravaram em menos de dois meses, quando o carpinteiro Jonas Bergmann, vítima de tuberculose, faleceu no dia 27 de fevereiro de 1811. Esta situação criou um impasse. A população local impediu que o protestante Bergmann fosse enterrado no cemitério local. A acusação era dupla: Tratava-se de um herege, e, segundo se dizia, sua morte não havia sido decorrência de uma doença, mas sim por suicídio. Em meio ao tumulto, o diretor Hedberg da Real Fábrica de Ipanema comunicou ao rei Dom João VI a dificuldade de encontrar um cemitério para o sepultamento de Bergmann. Em resposta, Dom João enviou uma

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Carta Regia, datada de 28 de Agosto de 1811 ao Marques de Alegrete, capitão general da capitania de São Paulo, determinando a escolha de uma área para abrigar os restos mortais dos protestantes. Entre outras deliberações, a carta diz: “Também vos encarrego a cuidar e que aí se estabeleça, e conserve em boa ordem um terreno, que sirva de cemitério aos ingleses e suecos, e em geral aos que não forem membros da Nossa Santa Religião, permitindo-lhes também que em suas casas particulares, e sem forma de igreja, possam reunir-se para o culto particular, que dirigem ao Ente Supremo, e no qual vigiareis, não possam jamais serem

inquietados pelos habitantes do país, o que muito vos é recomendado”. Esta ordem real teve grandes implicações para a liberdade religiosa do Brasil. Além de possibilitar a criação de cemitérios destinados às pessoas de fé protestante, abriu portas para que grupos não católicos pudessem se reunir, desde que seus lugares de culto não tivessem a aparência de templo ou igreja. De fato, foram as determinações desta Carta Regia que permitiram a organização de escolas e igrejas e o fortalecimento de vínculos comunitários entre as pessoas de fé evangélicaluterana. O efeito imediato da Carta Regia foi

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a criação oficial do primeiro cemitério protestante no Brasil em Iperó, a 130 quilômetros da capital São Paulo. Lá se encontram ainda os restos mortais de Jonas Bergman e outras pessoas que viveram e morreram neste tempo conflituoso entre as igrejas do Brasil colonial. Atualmente, quem visita o primeiro cemitério protestante do Brasil há de se frustrar com as condições de manutenção do local. O cemitério está tomado pelo mato e muitas lápides estão danificadas pelo tempo. Se, por um lado, é verdade que não existem familiares próximos das pessoas sepultadas que poderiam assumir a responsabilidade de cuidar do cemitério, por outro lado, existe o descaso por parte das autoridades em preservar este local histórico. Infelizmente o que vale para o Museu Nacional do Brasil, vale para muitos outros patrimônios da memória nacional. O primeiro cemitério protestante do Brasil é certamente o testemunho de respeito e tolerância para com a religião do outro - um testemunho e uma lição que se faz urgente no Bra-

sil atual, que vive tempos de intolerância religiosa. Para o historiador Sérgio Coelho, o ato de Dom João VI foi um gesto histórico e generoso. Ele era um monarca católico, que poderia “desprezar os estrangeiros”. Mas “optou pela aproximação e convivência entre pessoas tão diferentes”. Certamente eram pessoas diferentes quanto à sua igreja, mas, no fundo, eram bastante semelhantes. Tinham em comum um dia encontrar-se com a morte. E, mais importante ainda, tinham em comum a confiança de que a morte não tem a última palavra, mas sim a graça de Deus. Neste sentido, nós também podemos nos identificar com as pessoas sepultadas no primeiro cemitério protestante do Brasil. Mesmo que um dia as pessoas venham a esquecer o local onde os nossos restos mortais foram sepultados, por causa do Cristo vivo, podemos afirmar: “Quanto a mim, confio na tua graça; que o meu coração se alegre na tua salvação. Cantarei ao SENHOR, porque ele me tem feito muito bem” (Salmo 13.5-6). pastoralexbusch@yahoo.com.br

Subsídios utilizados: - Reportagem da Rede Globo “Esquecido e em ruínas: o primeiro cemitério prestante do Brasil”, disponível em: < https://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/esquecido-eem-ruinas-g1-visita-primeiro-cemiterio-protestante-do-brasil.ghtml?utm_source=facebook& utm_medium=share-bar-smart&utm_campaign=share-bar&fbclid=IwAR0mgz4GRpez5RjE3yZ HzN-MSVWH10nxUp7qrrQQhcpjhGtu8VXmxhawmO8 >, acessado em 29 de maio de 2019. - Artigo do Pastor Rolf Schünemann, disponível em: < http://www.luteranos.com.br/conteu do_organizacao/ieclb/primeiro-cemiterio-evangelico-luterano-no-brasil >, acessado em 29 de maio de 2019.

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Quero chorar, não tenho lágrimas... Elfriede R. Ehlert

Certamente já ouviram esta música, talvez até acompanharam-na cantando junto. Crianças choram facilmente. Às vezes, o choro se transforma em gritaria. A criança se machucou ou alguém a machucou. Resultado: Ela chora, as lágrimas jorram abundantemente. Nós adultos ensinamos que não se deve chorar por “qualquer bobagem”, assim falamos. Pior a frase boba mesmo: “Homem não chora!”, induzindo a criança menino a reprimir suas emoções. Afinal, por que isto? Será que não queremos participar da dor alheia? Por acharmos: A minha dor, o meu sofrimento já me basta? Poderia citar outra música que vai nesta direção: “Já chorei demais...” “Emoções guardadas são só minhas” – poderíamos argumentar. Ainda bem que não somos todos iguais. Algumas pessoas vão para o seu quarto e tentam resolver o seu problema sozinhas, talvez através da oração, com lamentações ou até brigando com Deus. “Quero chorar, não tenho lágrimas...” Participei da celebração de sepultamento de uma criança de cinco anos, filhinha querida: Lágrimas, muito choro, incompreensão diante de um fato sem volta: A vida desta criança acabou! Mas logo a nossa memória procura trazer de volta as muitas ocasiões vividas em comum. “Deus nos dá recordações para ter-

mos rosas no inverno”, assim o expressou um poeta. Sempre me lembro desta palavra que conheço em alemão: “Gott schenkt uns Erinnerungen, damit wir Rosen im Winter haben”. Interessante que a gente também pode chorar de alegria! Mas acredito que seja bem mais raro. Lágrimas, via de regra, são sinal de tristeza profunda. Esta música no faz pensar que lágrimas sejam a expressão de um sentimento da grandeza de tanta dor, que ficamos paralisados, como que anestesiados, duros e tensos. “Quero chorar, não tenho lágrimas...” Então as lágrimas nos libertariam da hipertensão: Esta é como uma barragem que não deixa passar as lágrimas. O choro vem como um tipo de libertação. Na natureza a água em barragem pode ser gestora de energia. Mas só até certo ponto, senão acontece o que assistimos em Brumadinho, em Minas Gerais. A violência das águas pode arrastar – como as nossas emoções. Nós tentamos mostrar que somos fortes até um certo ponto. Mas as lágrimas são uma vazão necessária. “Quero chorar...” Tomara que suas lágrimas caiam e tragam alívio e nova força e esperança. Para lutar e levar adiante a vida. Pois esta vida vale a pena ser vivida com lágrimas de tristeza e também lágrimas de alegria!

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Quero referir-me mais uma vez ao exemplo acima citado da menina que morreu aos cinco anos. Era filha mais velha de um sobrinho meu, cujo pai, meu irmão, desapareceu, provavelmente assassinado por ladrões de gado no oeste do Paraná. O sobrinho tinha, então, só uns 12 anos e era o mais velho de três irmãos. Ninguém da família chorou por causa das 900 cabeças de gado que foram roubadas, mas devido ao assassinato do seu dono e do amigo dele. Choramos até hoje. Lamentamos e choramos. Queremos entender os caminhos incompreensíveis. Admito que não escrevo para um vácuo. Todos nós somos surpreendidos nesta vida e em nossa terra por situações e situações, situações incompreensíveis para nós. Assisti como este meu sobrinho que perdeu o pai, quando tinha só 12 anos, agora ficou como que paralisado diante da morte de sua filha (tumor maligno no cérebro). Falar nesta situação? Não temos palavras. Tal-

vez um abraço ajude um pouco. E lágrimas, quando estamos tão machucados em nosso íntimo, um choro talvez possa proporcionar um alívio momentâneo. Soubemos que a comunidade eclesial à qual pertence iniciou uma campanha de ajuda à família devido às perdas materiais em sinal de solidariedade. Uma oferta tão grande que nunca imaginaria. Pessoas deram de seu salário ou sua poupança. Mais uma vez se me confirmou como as pessoas são tão bondosas e generosas e se compadecem. Para esta comunidade toda e para nós como família foi uma experiência extraordinária. A filhinha faleceu... E, até hoje, o pai está em tratamento psicológico em virtude disso. Ficamos sem fala, sem explicação a respeito do “Por quê? Para que?” Perguntas ficam no ar. “No portal, a eternidade, silenciosa, te saudará e dos pés doloridos os calçados da caminhada te tirará”. A autora é artista plástica e reside em Curitiba/PR

HUMOR PROFESSORA: – Joãozinho, a tua redação "O Meu Cão" é exatamente igual a do seu irmão. Você copiou? JOÃOZINHO: – Não, professora. O cão é que é o mesmo.

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Razão da nossa fé P. Marcelo Jung

O que é ter fé cristã? Ao se fazer uma entrevista na rua, perguntando sobre o tema “fé”, têmse respostas muito diferentes umas das outras – um tem fé nisso, outro tem fé naquilo, e outro ainda tem fé em coisa diferente... Apesar das diferenças, o que perpassa as respostas é que a fé é algo importante para todas as pessoas; fé é algo que dá rumo para a vida; fé é algo que dá direção e move a vida. Por exemplo: O que faz alguém que, ao sair de casa, olha para o céu e tem fé de que vai chover? Volta para recolher a roupa; coloca uma roupa mais adequada para enfrentar a chuva; e levar o guarda-chuva? A fé, não importando em que está depositada, sempre determinará a vida de quem crê. A fé sempre dará a direção e o modo de viver a vida. Por isso, é de muita importância sabermos em que ou em quem temos fé. Qual é o conteúdo da fé cristã? Se fossemos apresentar todo o conteúdo da fé cristã teríamos que escrever muitos livros. Por isso vamos recorrer ao que a Igreja Antiga nos deixou: o Credo Apostólico – que é, justamente, uma confissão de fé. Tem por eixo central a Trindade: Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Cremos em Deus Pai, todo poderoso, criador dos céus e da terra Isso significa que a fé cristã é a fé que reconhece que nossa vida, nossa identidade, nosso corpo, nossos sentidos, nossas capacidades e limitações, nosso potencial, o mundo em que vivemos, nosso sustento, as pessoas com quem convivemos, todas as condições para ter vida e tudo o mais - recebemos de presente de Deus, o Pai de Jesus Cristo. Sabemos desse conteúdo da fé porque a Escritura Sagrada testemunha disso. O que sempre precisamos perguntar novamente é como reagimos a esta verdade: Nossas atitudes são coerentes com esta fé? Pelo que já agradecemos a Deus hoje? E a cada dia? Nossa expressão de gratidão revela o que cremos receber das mãos de Deus! Em que nosso coração está ligado? Aos presentes e dádivas ou ao Presenteador e Doador? Nossa disposição em repartir com quem precisa e em contribuir para o Reino de Deus com tempo, capacidades, dons e bens revela em que está ligado o nosso coração. Quem define quem eu sou, quem os meus semelhantes são e quem o mundo (criação/ natureza) é? A maneira como lido comigo, com os outros e com o mundo revela em quem eu creio.

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Cremos em Jesus Cristo, o Filho unigênito do Pai, o nosso salvador Isso significa que a fé cristã é a fé que reconhece que algo destruiu o relacionamento original entre Deus e os seres humanos; que os seres humanos não têm em si mesmos, condições de restabelecer aquele relacionamento original; e que Deus, em seu amor, enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo, para pagar o preço necessário para reconciliar-se com o ser humano e restabelecer aquele relacionamento original. Em outras palavras, estávamos perdidos e condenados a uma vida sem Deus e à morte, mas Jesus Cristo, por sua morte e ressurreição, nos resgatou para a vida com Deus que é a vida eterna. De novo, sabemos dessa verdade porque a Escritura Sagrada testemunha disso. E, de novo, sempre precisamos perguntar como reagimos a esta verdade: A quem pertencemos? Quem é o Senhor da nossa vida? Aquilo que determina nossas decisões, nossas atitudes, nossos relacionamentos, nossos pensamentos e todo nosso modo de vida revela a quem pertencemos. Em que, para nós, está a vida? Aquilo que nos é prioridade, aquilo em que investimos nosso melhor, aquilo em que esperamos ter alegria e satisfação revelam em que está a vida para nós. Cremos no Espírito Santo, o nosso santificador Isso significa que a fé cristã é a fé que

reconhece que Deus mesmo vem habitar em nós e faz com que a fé nEle – de que é nosso Criador, Salvador e Santificador – seja possível. É a fé que reconhece e aceita que Deus faz a sua boa obra em nós – a obra de nos fazer (em nosso pensar, falar, calar, agir, sentir... em todo ser) cada vez mais parecidos com seu Filho Jesus Cristo. E é a fé que reconhece e aceita que Deus faz a sua obra por meio de nós – a obra de colocar sinais de Sua realidade, Seu amor e Seu senhorio para atrair todas as pessoas para Si, para que todas as pessoas tenham salvação em Jesus Cristo e vida eterna com Deus. E mais uma vez, sabemos dessa verdade porque a Escritura Sagrada testemunha disso. E, mais uma vez, sempre precisamos perguntar como reagimos a esta verdade: Temos buscado na Palavra, pela comunhão com os irmãos e irmãs na fé e em oração que o Espírito Santo molde nosso caráter conforme o caráter de Jesus Cristo? Nossos pensamentos, palavras e ações revelam o caráter que está impresso em nós. Temos confessado nossos pecados, individuais e comunitários, e pedido por restauração da vida? A confissão de pecados indica se a obra de Deus está ou não acontecendo em nós. Onde não há confissão de pecados, a obra de Deus não está acontecendo. Temos nos dedicado ao testemunho de Jesus Cristo em palavras e ações? Nosso modo de vida, individual e comunitário, convida as pessoas a crer em Jesus Cristo como seu único Salva-

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dor e Senhor? O testemunho da salvação e do senhorio de Jesus Cristo indicam se Deus está fazendo sua obra por meio de nós. Onde não há esse atrair as pessoas para a fé em Jesus Cristo não há obra de Deus por meio de nós. Sei que essa reflexão sobre a fé é bastante questionadora e nos coloca sob o juízo de Deus. Sei por que para mim mesmo, ao escrever, foi muito questionadora e me colocou sob o juízo de Deus. Fez-me reconhecer que confessamos ter fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo... mas nem sempre vivemos em coerência com essa fé confessada. Mas também sei que essa reflexão é bastante consoladora e nos coloca sob a graça de Deus. Sei por que para mim mesmo, ao escrever, foi consoladora e me colocou sob a graça de Deus. Fez-me perceber que, se a Palavra de Deus questiona a nossa vida, é porque Deus está vindo em nossa direção mais uma vez e nos está dando mais uma vez a oportunidade de nos agarrar em Seu per-

dão e recomeçar a vida de fé nEle e com Ele. Quando Deus mostra nossos erros, não o faz para dizer “Te vira! Arque com as consequências!”. Quando Deus mostra nossos erros, o faz para dizer “Apesar de teus fracassos e erros, venha para mim! Confie no meu amor e no meu perdão! Vamos recomeçar a caminhada! Eu vou lhe ajudar! Conte comigo e com minha comunidade!”. Por fim, uma dica prática: o reformador Martim Lutero escreveu o Catecismo Menor (onde consta o Credo Apostólico) para que cada família pudesse ter os conteúdos básicos da fé cristã e neles meditar todos os dias. Que tal retomar ou iniciar a prática de ler as Escrituras e o Catecismo Menor e neles meditar todos os dias? Bastam poucos minutos. Quatro perguntas podem ajudar na meditação dos textos bíblicos e do Catecismo Menor: O que eu aprendo? Pelo que tenho a agradecer? O que tenho a confessar? Pelo que quero pedir? ma2jung@hotmail.com

HUMOR PROFESSOR: – Joãozinho, que nome se dá a uma pessoa que continua a falar, mesmo quando os outros não estão interessados? JOÃOZINHO: – Professor.

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Receitas culinárias Ledi Bobsin e Marlene Zizemer Gaede

Pão Doce de Banana Ingredientes: 1 kg de farinha de trigo integral fina 1 colher de fermento 2 colheres de mel 5 colheres de açúcar mascavo 1/3 de xícara de óleo ou nata Raspa de laranja ou limão 2 xícaras de banana amassada Água morna para amassar Modo de fazer: Misture 1 colher de açúcar, 2 colheres de farinha de trigo, o fermento e ½ xícara de água morna. Coloque em um lugar morno para crescer por 20 minutos. Adicione o restante dos ingredientes. Deixe crescer um pouco. Depois passe para duas formas untadas. Crescer novamente. Quando a forma estiver “cheia”, leve para assar em forno médio. Pão de Natal Ingredientes: 5 ovos 2 xícaras de água morna 2 tabletes de fermento biológico 2 colheres de sopa de açúcar 1 colher de sopa de sal 1 xícara de farelo de trigo 1 xícara de germe de trigo 1 xícara de passas de uva enfarinhadas 1 xícara de nozes ou castanha picada 1 xícara de semente de girassol 1 xícara de fruta cristalizada (se gostar) Ou aumente a uva e castanha Farinha para dar ponto e massa de pão sovado Modo de fazer: Misture tudo e amasse bem. Coloque na forma, deixe crescer. Asse. Extraído do livro Alimentação Consciente, p. 121-122

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O SAFIG - 22 anos servindo a Igreja Mário Hardt

Fundada em 1995, a HARDT Informática iniciou suas atividades oferecendo serviços de consultoria e desenvolvimento de software por demanda. Foi trabalhando neste contexto que, em 1998, surgiu a ideia de fazer um software comercial, parametrizado e multiusuário focado na administração de Igrejas. O que fez a empresa despertar para este mercado? Houve uma demanda. A Comunidade Evangélica de Jaraguá do Sul (SC), em 1997, desejava trocar o seu sistema antigo, que fazia a gestão de suas quatro paróquias com suas quinze comunidades, para um mais atualizado, no padrão Windows. Para tal, fez o convite à Hardt Informática para que desenvolvesse e instalasse um programa que corresponda às necessidades das atividades eclesiásticas.

despertar o interesse da empresa que reuniu e organizou as necessidades comuns e a motivou a desenvolver o SAFIG – Sistema Administrativo e Financeiro para Igrejas. As duas primeiras cópias do SAFIG foram instaladas em Outubro de 1998, sendo que uma delas, da Paróquia Evangélica de Rio Cerro em Jaraguá do Sul (SC), permanece conosco nestes 21 anos de convivência até os dias atuais.

Neste mesmo ano, a União Paroquial de Joinville (SC) soube da novidade e, também, solicitou o desenvolvimento do seu sistema, desta vez, abrangendo as suas nove paróquias com suas quinze comunidades.

E, desde então, o sistema não parou mais de crescer. Sendo utilizado por aproximadamente 25 % das Paróquias da IECLB em todo o País, que nos incentivam a continuar com a missão de oferecer soluções inovadoras, criando sempre novas ferramentas para auxiliar no planejamento, organização, direção e controle de todas as atividades administrativas, financeiras e eclesiásticas realizadas nas igrejas, prevendo a total integração entre as Paróquias e suas Comunidades com todos os Sínodos e a IECLB, através de sua nova plataforma web, que está por vir em breve.

Na sequência, no final de 1997 e início de 1998, foram desenvolvidos seus respectivos softwares, para a Comunidade Evangélica de Brusque (SC) e para a Paróquia Evangélica de Badenfurt, em Blumenau (SC).

Gratidão a todos que confiaram e confiam na competência da equipe da HARDT Informática para caminhar juntos, organizando e cuidando do nosso bem maior: O povo de Deus.

Esta concentração de pedidos, para um mesmo ramo de atividade, fez

comercial@safig.com.br

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Sou mãe, que alegria! Katiane de Oliveira Rossi Stassun

Sempre ouvi dizer que ser mãe é o melhor dom de Deus aos seres humanos. Eu digo que foi o melhor consentimento cedido por Deus à transformação da humanidade. Ser pai também. Ser mãe, ser pai vivenciando estes papéis, é transformador. Não há pessoa neste mundo que não se modifique ao se tornar pai ou mãe e criando seu filho/a. Faço analogia à transformação da lagarta, que primeiramente é um animal terrestre, rastejante, limitado e após certo tempo de repouso, seu corpo vai se modificando e transforma-se numa linda borboleta.

Quando lagarta, só imagina como será lá no alto. Ao se tornar borboleta, ela experiencia o voo e descobre as belezas e perigos das alturas. Antes de me tornar mãe, eu imaginava como haveria de ser, ter um bebê em meus braços. Eu não fazia ideia. Não fazia ideia! Apenas vivenciando esta experiência para saber o que sente uma mãe, o que pensa uma mãe. Ter um ser tão pequenino, tão frágil, indefeso, advindo de dentro de você em seus braços, é mágico, é conflitante, é desesperador, é maravilhoso... É indescritível. É preciso viver para sa-

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ber, pois, não inventaram as palavras certas para descrever o que é ser mãe. Há quem deseja ser mãe, ser pai, eu recomendo. Mas, acrescento: que seja planejado, que seja esperado, que haja amor em seus corações o bastante para enfrentar os desafios, porque é uma decisão à qual não se tem conhecimento prático anterior e não se pode desistir. Já ouvi mães dizendo: “- A gente ama, mas às vezes tem vontade de jogar lá fora”. Sempre achei esta fala cruel. E me preparei psicologicamente para nunca, jamais pensar assim. E resolveu. Houve situações em que me lembrei de tais falas e só não pensei o mesmo, porque não me permiti pensar assim. Mas, entendi, só ali, entendi o que elas queriam dizer. Não que essas mães sejam más. É que a maternidade nos exige, por vezes, o limiar das forças. É uma entrega total e integral. Você se predispõe espiritualmente, psicologicamente, fisicamente, pessoalmente e até profissionalmente à criação deste novo ser. E isto desgasta, porém, no outro dia, Deus renova as forças e restaura o amor cuidador em nós. Eu achava impressionante quando eu passava algumas noites sofrendo com o bebê: terror das cólicas. E no outro dia, quando alguém me perguntava, isso já tinha sido superado. Ali passei a entender as mães de meus alunos que perdoavam tão facilmente seus filhos quando causavam problemas na escola.

No início, a nova mãezinha se torna muito sensível. É devido às questões hormonais. O hormônio chamado Ocitocina é produzido em grande quantidade a fim de provocar a contração uterina para a expulsão do bebê e também gera sensação de bem estar influenciando fortemente na geração de vínculo com o bebê. Ela também contribui com a ejeção do leite materno. Outros hormônios que atuam fortemente a partir do parto, são a adrenalina, a melatonina, a prolactina, a endorfina dentre outros. Com o evento desta atividade hormonal típica somente da gravidez, a nova mãezinha se torna uma flor de maio. Sensível, frágil, delicada, mas resistente. Torna-se uma leoa ao mesmo tempo e todo este processo de tornar-se, gera transformação tal qual à lagarta virando numa borboleta. Mas, toda transformação não ocorre de forma sutil, pois nos tira da zona de conforto e isso gera desconforto. Até que não adquira segurança em si mesma, a nova mãe e o novo pai sofrem. Mas é um sofrimento bom, principalmente quando podem contar com outras pessoas mais experientes no assunto: seus pais, família, médicos, doulas... No nosso caso, uma doula foi nosso anjo guardião. A ela devemos muito, pois nos salvou de muitos apertos com nosso pequeno Mártin. A quem esteja na dúvida se quer ter filhos ou não, eu lhes recomendo. Pense, ore, prepare-se e tenha filhos.

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É muito bom. No início, é uma descoberta total. Vocês como casal se descobrem, você na individualidade se descobre, vocês conhecem um novo ser e aprendem muito com ele mesmo sendo tão pequenino. Tão pequenino mesmo. Delicado, amável, anjinho... Meu esposo e eu sempre tivemos a certeza, a consciência de que somos servos de Deus e que Ele nos enviou um filho amado. Isto mesmo. Nossos filhos são filhos de Deus, na verdade. E Ele nos concedeu a graça de sermos pai e mãe de um de seus amados filhos, aqui na terra. Isto significa que ele tem o poder com propósito, de nos oferecer a vida e de nos tirar esta vida quando lhe aprouver. Cito esta reflexão, feita por nós quando nos encontrávamos em um dos mais comuns conflitos que acomete todo novo pai e toda nova mãe. O conflituoso medo de que a criança venha a óbito por algum descuido. E por isso, verificam a cada cinco minutos o pulso, a respiração, a aparência enquanto a criança dorme. Eu lhes digo: fizemos isto até hoje, dois anos após o seu nascimento, claro,

agora com menor frequência. Mas, fizemos, pois, combinamos que protegeremos sua vida enquanto ela estiver sob nossos cuidados. Mas a confiança que temos de que nosso filho veio para ficar, nos fortalece. Ver seu desenvolvimento, as primeiras palavras começando a surgir, os dentinhos nascendo, os primeiros passos, a comunicação dele conosco e com o mundo, as cantigas que saem espontaneamente de sua boca, as birras, os insistentes “não’s” que se manifestam como um processo natural da revelação e construção da sua personalidade... Tudo o que vem dele nos preenche de regozijo e nos faz repetir em alto e bom tom: - tenham filhos! Planejem antes, queiram antes, entendam que é uma transformação total na vida de vocês. Mas, tenham filhos, pois, é a melhor manifestação de Deus na vida de cada pai, de cada mãe. Para quem busca um sentido na vida, tenha filhos, para quem quer conhecer o amor em sua real essência, tenha filhos, para quem quer se aproximar de Deus, tenha filhos. Com responsabilidade, mas, tenha filhos! katneuropsico@gmail.com

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TEATRO: Nossas mães por elas mesmas Autor desconhecido

Num programa de entrevistas, as personalidades entrevistadas hoje são mães da Bíblia. Veja quem são elas: Maria (mãe de Jesus, esposa de José); Joquebede (mãe de Moisés, esposa de Anrão); Ana (mãe de Samuel, esposa de Elcana); Sara (mãe de Isaque, esposa de Abraão). Personagens: Apresentador/a desinibido/a e trajando esporte chique no mínimo; Maria (mãe de Jesus, esposa de José); Joquebede (mãe de Moisés, esposa de Anrão); Ana (mãe de Samuel, esposa de Elcana); Sara (mãe de Isaque, esposa de Abraão) – todas trajadas com figurinos da época. Cenário: Alguma coisa estilo programa de entrevistas, uma mesa e uma cadeira para o apresentador e um banco extenso sem mesa para as entrevistadas.

Enredo Apresentador: (chega ao palco com uma ficha estilo programa televisivo e um microfone) Boa Tarde! Nesta tarde especial de dia das mães iremos entrevistar quatro mães muito amadas por nós, verdadeiros exemplos de vida. Queremos chamar nossa primeira mãe, Sara! Esposa de Abraão, mãe de Isaque! (Nisto ela entra, pega um microfone, cumprimenta o apresentador e os dois se assentam em seus respectivos lugares). Sara: Boa tarde senhoras! É uma honra estar aqui! Apresentador: É uma alegria recebê-la! Muito bem Sara, gostaríamos de saber um pouco mais sobre sua vida materna. Então nos conte, quantos anos você tinha quando seu filho nasceu?

Sara: Cerca de noventa anos! E meu marido, Abraão, com 100 anos. Apresentador: Mas como uma mulher de noventa anos pode engravidar de um homem de cem anos e dar a luz a um filho? Sara: Sabe, me fiz essa pergunta várias vezes, quando Deus me deu essa promessa, de um filho na velhice, eu duvidei, cheguei a rir e a mentir que não ri. Apresentador: Mas... Como você reagiu? Esperou o agir de Deus? Sara: Não, assim como meu marido, eu não acreditei e achei muito inviável, meu marido até pensou em outro plano, adotar Eliezér, mas Deus mostrou-nos que nós teríamos realmente um filho de sangue. Eu fiquei muito preocupada, acreditava que eu era o empecilho entre Abraão

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e a promessa. Me senti péssima por já não ter idade para engravidar. Então eu pedi para que meu marido tivesse um filho com nossa serva Agar, daí nasceu Ismael. Apresentador: Então este era o filho da promessa... Sara: Não, Deus nos falou que sempre iria se lembrar de Ismael, tanto que o fez pai de uma grande nação, mas a promessa era com um filho do meu ventre e da semente de Abraão. Até que num belo dia, engravidei e dei a luz à Isaque aos plenos noventa anos! Apresentador: Que lindo! Que honra receber um milagre deste! Sara: Maior honra que eu poderia ter! Mesmo eu ter sido infiel com a promessa de Deus, ter duvidado dEle, Ele me fez a mãe de muitas nações e colocou o nome do meu filho de Isaque justamente porque significa risada, para nunca esquecer de que um dia duvidei da promessa dEle e que ela havia se cumprido. Aprendi a exercitar minha fé naquilo que creio. Apresentador: Muito obrigado Sara! Agora gostaríamos de chamar nossa próxima mãe, Joquebede, mãe de Moisés, esposa de Anrão! (ele se levanta e faz exatamente o que fez com a primeira mãe) Joquebede: Boa tarde igreja! Apresentador: É uma alegria recebê-la! Joquebede: É uma honra saber que

querem conhecer mais da minha vida! Apresentador: Pois então Joquebede, quais foram seus filhos? Joquebede: Eu tive Miriã, Moisés e Arão. Miriã é a mais velha. Apresentador: Três crianças então... Foi uma época boa para criar seus filhos? Joquebede: Não, queriam matar Moisés quando ele nasceu. O faraó tinha medo que nós hebreus ficássemos numerosos e dominassem os egípcios. Então ordenou as parteiras para matar todas as crianças que fossem meninos. Mas as parteiras não obedeceram, temiam ao nosso Deus. Disseram que tínhamos nossos filhos sozinhas. Aí o Faraó se enfureceu mais ainda e colocou seu exército nas ruas para matar nossos filhos. Apresentador: Que coisa! Moisés morreu? Joquebede: Não! Eu e minha filha Miriã recebemos uma grande ajuda de Deus neste momento. Montamos uma cesta fechada com betume para colocar Moisés no rio Nilo. Miriã o seguiu até ele parar. Parou bem na mão do inimigo, junto com a filha do Faraó! Apresentador: Ela o matou? Joquebede: Pelo contrário, ali foi realizado o grande milagre de Deus. Ela o pegou para criar, e o mais incrível, precisava de uma serva para cuidar do menino. Então Miriã ofereceu a minha pessoa e passei a criá-lo no palácio do Faraó.

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Apresentador: Que bênção!

Ana: Eu era estéril.

Joquebede: E das grandes! Deus teve muita misericórdia de mim e do meu filho. Me capacitou a bolar todo um plano de como salvar meu filho na última hora. Permitiu que eu não me afastasse dele e guardou de forma incrível a vida do meu filho enquanto flutuava no Rio Nilo. E ali no palácio, como filho adotivo da princesa, recebeu o que tinha de melhor educação e ensino, pois estava sendo preparado para liderar. E depois ele se tornou um homem usado por Deus para salvar nosso povo do Egito. Eu não poderia pedir coisa melhor para o meu filho!

Apresentador: Hã? Como? Como você teve um filho sendo estéril?

Apresentador: Realmente vemos a bênção que você foi para todos nós! Agora chamaremos nossa próxima mãe, Ana! Mãe de Samuel e esposa de Elcana! Ana: Boa tarde igreja! Apresentador: Ficamos muito alegres em contar com você hoje aqui em nosso encontro! Ana: Também fico imensamente feliz! Apresentador: Então Ana, você teve um filho, Samuel. Qual foi a sua emoção no nascimento de Samuel? Ana: Foi uma alegria e uma sensação de conquista e gratidão muito grande! Pois a parte mais importante do nascimento de Samuel foi como ele nasceu. Apresentador: E o que houve de tão especial?

Ana: Meu marido tinha duas esposas, Penina e eu. Penina era fértil, já havia dado filhos a Elcana, mas eu não conseguia. Ele me amava, me dava a melhor parte do sacrifício, mesmo que era Penina quem o tinha feito pai. Acho que ela tinha um pouco de ciúmes por isso. Apresentador: Por quê? Ana: Pois sempre que podia, Penina me agredia verbalmente e contava vantagem. Eu ficava muito triste, chorava e chegava a não comer. Meu amado então sempre me consolava dizendo “não sou melhor que dez filhos?”, e era verdade, mas eu não aguentava mais os ataques de Penina contra mim e a incapacidade de dar filhos para aquele que eu amo. Apresentador: Sinto muito... Não sei como é, mas deve ter sido muito difícil... Ana: Você não imagina o quanto, diante desta situação, então, fiz um voto a Deus: se me desse um filho, não passaria navalha nenhuma sobre sua cabeça e o entregaria totalmente ao Senhor. Durante a oração acharam até que eu estava bêbada, por que quando orava movia meus lábios, mas não falava nada. Falava para Deus. Apresentador: Poxa... E assim você teve um filho? Ana: Sim, me deitei com meu amado

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e tive um filho que chamei de Samuel, justamente por que Deus ouviu minha oração. Glorifiquei muito ao Senhor por essa graça. Além de Penina ter parado de me chatear, honrei o meu amado, e meu filho foi uma bênção.

Maria: Sabe... Eu também não sei... Mas o profeta Isaías profetizou que a virgem conceberia, e daria a luz a um filho, e esse filho seria o Messias.

Apresentador: Ficamos muito felizes por isso Ana! Sua vida foi uma bênção! Pois bem, agora chamamos nossa última, porém não menos importante mãe: Maria, mãe do nosso Senhor Jesus e esposa de José!

Maria: Sim, Deus me enviou o anjo Gabriel que me anunciou o nascimento de Jesus através de mim, que seria meu filho, e conceberia virgem.

Maria: Boa tarde queridas e queridos! Apresentador: Boa tarde Maria! Hoje temos aqui várias mães da Bíblia. Por isso, gostaríamos de saber como foi sua vida de mãe? Vamos começar desde o princípio: a quanto tempo você estava casada com José quando teve seu primeiro filho? Maria: Ainda não estava casada, estava noiva apenas. Apresentador: Como? Não entendo... Você não deveria ser virgem até então? Maria: Eu era! Apresentador: Tá legal, Sara quase centenária teve um filho, Joquebede teve um filho e o salvou de uma chacina jogando-o no rio, Ana teve um filho sendo estéril, agora você concebeu virgem? Maria: Sim! Apresentador: Desculpe-me, mas não consigo entender... Como pode uma mulher engravidar sem a semente de seu amado?

Apresentador: E você foi a eleita?

Apresentar: Você era noiva, casamento marcado, de família boa, e etc... e você aceitou ficar grávida do Espírito Santo e correr o risco de ser apedrejada até à morte? Maria: Eu aceitei porque sabia que teria que ter fé, e os planos de Deus não eram que eu morresse apedrejada ou que meu casamento virasse ruínas. Aceitei a vontade dEle porque confiei nele. E Ele foi fiel até o fim. Apresentador: Que lindo! Mas, e José? Você falou “amor, tô grávida do Espírito” e ele acreditou assim facilmente? Maria: Não foi assim. O anjo apareceu a ele em um sonho, explicando toda a situação, e José foi o marido perfeito! Foi discreto, me amou, se sentiu honrado, Deus fez uma obra maravilhosa no meu casamento! Apresentador: Que bênção! E o Filho de Deus? Onde Ele nasceu? Deve ter sido em um casarão! Maria: Também não... Ele veio para se esvaziar de sua glória e se tornar homem, para pagar nossos pecados

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e nos comprar com seu sangue. Ele não tinha formosura alguma, nem teve grandes privilégios na infância... Ele nasceu em uma estrebaria, local onde ficam os animais, completamente sem luxo, num local não muito cheiroso, muito simples... Mas foi a maior honra da minha vida! Apresentador: E como foi criar o Filho de Deus? Maria: Uma tarefa maravilhosa em todos os sentidos. Tivemos um tremendo incomodo, pois Herodes soube que “um novo rei estava para chegar” através dos Magos do Oriente que se guiaram através da estrela. Então Herodes mandou matar todas as crianças até dois anos. O anjo apareceu em sonho para meu marido dizendo para irmos para o Egito, conforme estava escrito pelo profeta. Voltamos quando Herodes morreu. Apresentador: E como foi Jesus quando criança? Maria: Nem tem o que dizer: uma bênção. Ele não pecou nunca, isto é, nunca respondeu, nem desobedeceu... Filho melhor nunca houve... A única coisa que me preocupou foi um dia quando a gente voltava da páscoa que a gente achou que Jesus estava junto, mas não tava! A gente perdeu Jesus. Ele ficou em Jerusalém! As mães que já perderam filhos em lugares públicos sabem como é. Você se sente como uma completa incompetente. Imagine o meu caso então irmãs, era meu filho, filho de Deus, e a esperança para o mundo, e

eu deixo ele sumir daquele jeito! Eu fiquei desesperada, procurei na casa de todos os meus parentes de Jerusalém, mas nenhum estava com Ele, até que encontramos no templo conversando com doutores. Ah! Eu estava acabada, quando o encontrei, então perguntei por que Ele fez isso? E ele falou que estava resolvendo negócios de Seu Pai. Tirando esse episódio, que eu fiquei bem nervosa, sua infância foi bem tranquila! Apresentador: Mas Jesus tinha uma missão extremamente árdua aqui conosco, como você reagia sabendo o que Jesus iria passar? Maria: Como eu já disse antes. É uma honra e uma alegria imensa ser a mãe do filho legítimo de Deus. Havia, porém, um lado muito triste, meu filho iria ser traído, torturado e crucificado. Foi muito doído ver tudo aquilo! Eu o amava muito, apenas quem é mãe sabe o que é um amor de mãe, tentem imaginar como eu estava... A única coisa que me consolava era saber que agora o mundo estava sendo salvo... Não tive dor maior na minha vida do que ver meu filho amado ser crucificado... Mas Deus estava me consolando desde o começo, e Ele foi tão incrível que nos deu a oportunidade de ficar mais quarenta dias com Jesus! Sempre fui grata por essa honra que Deus me concedeu! Apresentador: Realmente Maria, seu testemunho é muito lindo! Agora gostaríamos que cada uma das mães que estão aqui conosco se le-

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vantassem e dirigissem uma palavra para as mães da igreja! Sara: Mães, vocês são verdadeiras princesas diante de Deus! Ele tem planos maravilhosos para vocês, basta exercerem a fé! Nunca tentem modificar o plano de Deus, apenas confiem nEle! Nunca é tarde para nada quando é da vontade de Deus! Eu tive filho com noventa anos! Feliz dia das mães e que sempre se lembrem de que Deus age para além de qualquer capacidade humana: quando tudo parece ter terminado, Deus ainda é Senhor sobre a vida. Joquebede: Mães, só vocês sabem os problemas e atribulações que uma mãe passa, e só vocês sabem a intensidade de um amor materno. Muitas vezes, apenas pelo fato de vocês serem mães, sofreram muito. Por isso confiem em Deus. Ele sempre guardará o seu filho e nunca se esquecerá de você. Deus guardou o meu filho dentro de um cesto flutuando no Rio Nilo, guardará o seu também! Feliz dia das mães e nunca se esqueçam da maneira que Deus salvou e guardou minha família! Ana: Mães, vocês são postas à prova dia após dia, sempre tentando edificar a casa e honrando seu marido ou recebendo palavras rudes de pessoas más. Sempre sejam mansas, calmas e aguardem a justiça de Deus.

Ele te ama e quer o seu bem, Ele me fez ter um filho mesmo sendo estéril! Ouviu a minha oração e Ele ouve a sua também, portanto ore com fé! Mesmo que as outras pessoas pensem mal de você por confiar em Deus, mas confie, pois Ele te honrará! Feliz dia das mães e mantenha o meu testemunho em sua mente. Maria: Mães, muitas vezes os planos de Deus são imprevisíveis e nunca sabemos o que pode acontecer conosco se aceitarmos, mas saibam que os planos do altíssimo sempre são os melhores para a nossa vida! Saibam abrir mão das suas coisas para Deus! Ele te ama e sempre permanecerá fiel à Sua Palavra. Mãe, ele te elegeu para ter uma alegria inigualável: ter e criar filhos! Por isso vocês são tão amadas, valorizadas e respeitadas! Feliz dia das mães e nunca se esqueçam da sua eleição, pois ser mãe é um ministério: ministério do amor. Apresentador: E assim agradecemos a presença de cada uma de vocês, e desejamos um abençoado dia das mães. Não importa como Deus colocou um filho ou uma filha em tua vida; ame este filho ou filha e ensine-a a temer e confiar em Deus, e na tua velhice terás quem te ampararás. Um abraço e um beijo no coração de vocês. Tchau.... – FIM –

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Trabalho e Estudo no Cárcere: Uma experiência Exitosa Sisi Blind

Quem ganha com isso? São Cristóvão do Sul é um pequeno município do estado de Santa Catarina, localizado no Planalto serrano. Com uma população estimada em torno de 5.400 habitantes, teve sua emancipação política do município de Curitibanos no ano de 1992. Em 1993 iniciou a primeira gestão do município. Hoje somos um dos únicos municípios que tem o percentual de homens maior do que de mulheres, isto porque o presídio instalado em nosso município é masculino e os detentos são contatos como cidadãos de nossa cidade. Ao ser preso, a pessoa não perde status de cidadão, o que ele perde é a liberdade.

Como São Cristóvão foi emancipado de Curitibanos, nós herdamos em nosso território o presídio, que ainda hoje é conhecido como Penitenciária da região de Curitibanos. Pelos relatos históricos muito antes disto, um fazendeiro da região doou para o estado de Santa Catarina mais de dois milhões de metros quadrados de terra, com a finalidade de construir um presídio agrícola. Assim sendo, dez anos antes da primeira gestão do município, foi inaugurado o presídio agrícola de Curitibanos, construído nesta área de terras. Com a crescente necessidade de espaço prisional, o presídio vai deixando a vocação agrícola e passa a ser uma penitenciária também de regime fechado.

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Em 2013, quando assumi como prefeita, fui convidada a participar de conversas sobre o processo prisional e a instalação de empresas no presídio, assim como para anuir com alvará de construção de duas novas unidades para ampliação das instalações da penitenciária. Sem dúvida, um assunto polêmico no universo da sociedade/cidade. Nenhum município deseja ter em seu território uma penitenciária. Neste quesito, cabe uma reflexão: A sociedade deseja que os malfeitores sejam punidos e afastados do convívio das pessoas de bem. Se não queremos acolher a construção de unidades prisionais em nossos municípios, para onde vamos enviar os condena-

dos à privação da liberdade? Com a ampliação das instalações, temos hoje, Complexo Penitenciário em São Cristóvão do Sul. Este é composto de três penitenciárias. A unidade I: Penitenciária da Região de Curitibanos (são 903 detentos no Regime fechado e semiaberto – desde 1983); A unidade II: Penitenciária Industrial de São Cristóvão do Sul (são 780 detentos Regime Fechado – desde 2015); A unidade III: Presídio de Segurança máxima (ainda não está em atividade). Este complexo abriga hoje mais de 1.800 presos. Sendo que na unidade I, 100% dos detentos estão trabalhando e mais de 700 estão estudando. Na unida-

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de II, são 120 presos trabalhando, esta unidade foi inaugurada no ano de 2015, ainda está em fase implantação a parceria com empresas para as atividades laborais dos detentos. Também o estudo está sendo ofertado. São aulas do ensino regular e também cursos profissionalizantes. As salas de aulas, construídas no complexo, oferecem a oportunidade de formação para os detentos, em sua maioria homens entre 25 e 40 anos, com baixa escolaridade. A escola oferece a possibilidade de capacitação escolar, formação acadêmica e redução de pena pela frequência escolar. Também existe o incentivo à leitura, que é monitorada com relatórios escritos pelos apenados.

O trabalho dos presos é bem diversificado. Eles trabalham de acordo com as ofertas, tipo de regime e também de acordo com sua capacidade profissional. Na unidade I se instalaram diversas empresas para absorver os detentos do regime fechado e regime semiaberto. Tem fábrica de estofados, cama box, cabos de vasoura de madeira, binquedos educativos, reciclagem de lixo, metal mecânica (peças para motores), artefatos de cimento, secagem de laminados de madeira, palitos de dente, fabricação de cordas. Também tem o convênio com as prefeituras da região, onde os presos do regime semiaberto se deslocam para as cidades para atividades diversificadas. Em São Cristóvão do Sul, temos 10

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presos do regime semiaberto que trabalham na secretaria de obras. São muitos os serviços que eles prestam, mas quero enfatizar especialmente uma atividade muito especial. Estamos construindo casas populares com a mão de obra dos detentos. São casas mistas (madeira e material) que estão sendo construídas para famílias carentes. O trabalho é supervisionado pela engenharia e um mestre de obras e as construções se tornam mais baratas, pois o valor de custo do serviço é bem menor. Este detentos que trabalham são remunerados, segundo lei federal, com a valor de um salário mínimo, que é repassado para o fundo prisional. O fundo administra o financeiro. O valor é dividido em quatro partes. Es-

tas são gerenciadas da seguinte forma: 25 % do valor é retido pela gestão do presídio para manutenção, melhorias e reforma da própria unidade prisional. Os outros 75 % são do preso, que são gerenciados da seguinte forma: 50% é depositado em aplicação que o preso tem direito de sacar na sua saída ou, por autorização do juiz, pode ser utilizado pela sua família; 25% o detento pode usar para compras de alimentos, produtos de limpeza (todos autorizados pelo sistema) em mercados e ou mercearias conveniadas do município de São Cristóvão do Sul. Não só o complexo prisional de São Cristóvão do Sul, mas todo o estado de Santa Catarina se tornou referência nacional pela experiência exitosa

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da atividade laboral no sistema. É importante celebrar isto, pois estamos falando de ganhos importantes para a sociedade como um todo. Estes ganhos podem ser elencados e sua dimensão nem sequer pode ser mensurada. São ganhos financeiros, mas especialmente humanitários e sociais. Os ganhos financeiros se refletem na melhoria das condições do presídio, sem uso de dinheiro público que poderá ser utilizado em outras situações. O financeiro também se reflete no município que aumenta seu movimento econômico com a circulação da mercadoria fabricada dentro das unidades e o reflexo do movimento econômico das compras no comércio do município. No entanto, o maior ganho é a opor-

tunidade da ressocialização do preso. Todos nós sabemos que no Brasil não tem pena de morte e nem prisão perpétua. Toda pessoa privada de liberdade retorna para a sociedade. Passando pela oportunidade de trabalho e estudo, a possibilidade do condenado retornar e mudar sua história é muito maior, do que num sistema em que ele é depositado e não tem oportunidade nenhuma de melhorar sua conduta. Ressocializar é o caminho para recuperar seres humanos que foram privados de liberdade por terem cometido crimes. Certamente é um tema desafiador, onde conceitos e preconceitos são muito profundos. Para os seguidores de Cristo, o mandamento é claro: amar o próximo. No município que sou gestora, mais de 1800 pessoas

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que são meus próximos, são pessoas presas que infringiram a lei, que violaram o código de conduta social e que estão privadas de liberdade por causa disto. Qual a herança que nosso município e o sistema prisional vai deixar para nossas comunidades, nossas cidades? Sonha-

mos com a possibilidade de deixar um legado melhor e o sonho se alcança com trabalho, com empenho e com coragem. Só assim todos serão beneficiados e acima de tudo, cumprindo com uma ordenança do Evangelho “ ... Estive na prisão e foste me ver” (Mateus 25.36). A autora é Pastora Licenciada da IECLB, exercendo o segundo mandato de Prefeita do município de São Cristóvão do Sul/SC

REFLEXÃO Você já imaginou se, a partir de hoje, tudo que você reclamar seja tirado da sua vida? Imagine só... Ai, não aguento mais a minha mãe! – Pronto, morreu! Meu cabelo é horrível! – Pronto, careca! Não dá mais para engolir meu emprego! – Ok, desempregado! Meu marido é uma praga! – Tudo bem, viúva agora! Não suporto mais esse calor! – A partir de hoje só neve e chuva! Minha casa não é boa! – Então, viva na rua a partir de agora! Assustador né? Então, em tudo dai graças à Deus e seja alegre com o que tem. Quando o dia começar, agradeça! Quando o dia terminar, agradeça! Agradeça sempre!

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Vencendo o medo P. em. Friedrich Gierus

O medo de ficar sozinho

O medo da escuridão

Escrevendo sobre este tema é óbvio que meus pensamentos passaram para a minha infância, e logo me lembro de situações onde o medo tomou conta de mim. Eu tinha uns cinco anos. Depois do almoço adormeci no sofá e me senti muito bem – até que acordei e chamei a minha mãe. Mas ela não respondeu. Levantei e procurei-a em todos os cantos da nossa residência. Pensei que ela estava brincando comigo. Mas não foi o caso. Pois, quando queria abrir a porta para ver se estava no pátio, verifiquei que a porta estava trancada. Daí surgiu o medo de abandono. Não me escondi debaixo da cama, nem me sentei no cantinho chorando. Mas abri a janela e berrei: – Mãe, maaaãe, maaaaãe... Tremi no corpo inteiro, o medo de ficar sozinho, e ameaçado sem condições de me defender desestruturou toda a minha personalidade.

Um dia a minha mãe me disse para levar dinheiro a um alfaiate pertinho de nossa escola. Não tinha problema. Estava acostumado a ajudar a minha mãe, onde era possível e necessário. Porém, neste dia – era tempo de inverno – eu não queria ter recebido esta incumbência. Pois a mãe me disse para levar o dinheiro antes do início da escola. Portanto, ainda estava escuro e eu não gostava da escuridão. Mas, já que a mãe insistiu, me coloquei a caminho. A escola estava a quatro quilômetros de nossa residência. E a escuridão estava imensa. Mal via o caminho – uma picada que atravessava os campos. Não me incomodava de caminhar diariamente este caminho. Mas na escuridão? Foi um horror. Senti-me tão desprotegido! Por isso, logo que iniciei a minha caminhada procurei algumas pedras e coloquei-as nos meus bolsos. Com isso consegui fortificar um pouco minha coragem, pois tinha algo para me proteger. Mesmo assim, não gostei da escuridão ao meu redor. A gente não via nada, apenas a trilha que conhecia bem, pois andava nela todos os dias. Mas depois de meia hora de caminhada, algo se mexeu na plantação de trigo. Quem foi? O que foi? De repente o latido de um cachorro. Não, de dois cachorros. Agora seria bom ter um pau na mão. Mas não tinha. Aí o medo to-

O que de fato aconteceu, foi que a minha mãe foi chamada por uma vizinha no fim da rua para ajudar ela, pois o marido dela também estava fora de casa e ela sozinha, doente e acamada necessitava de ajuda. Infelizmente isto levou mais tempo do que a minha mãe pensou. Mas quando ela voltou para casa assustou-se muito e me consolou. Levei anos para superar o medo de ficar sozinho.

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mou conta de mim. O medo crescia à medida que o barulho dos cachorros se aproximava. Entrementes ficou um pouco mais claro, pois o sol estava para iluminar o dia, o que me consolou, e não levou mais tempo que pude ver os cachorros. Eles não estavam interessados em me atacar. Estavam correndo atrás de um coelho. Coitado do bichinho. E eu? Consegui me acalmar novamente. Agradeci a Deus que mandou o sol brilhar, e assim me ajudou a vencer o medo. Com mais firmeza continuei a minha caminhada e fiz o que minha mãe ordenou fazer.

tinha dito (Mateus 28.5-6). E o salmista do Antigo Testamento, sabendo que vivemos na “sombra da morte” afirmou em oração: Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo (Salmo 23.4). Além da escuridão, da solidão, do abandono e do desconhecimento do futuro que há de vir, sentimos ansiedade e preocupação com vistas à morte, e isto aumenta à medida que estamos ficando mais velhos. O salmista, a partir de sua fé em Deus, Senhor sobre a vida e a morte, não sentiu este medo, por isto podia formular: Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.

O medo do futuro, do desconhecido

O problema é que a maioria das pessoas não gosta de ser lembrada da morte. Pois a morte representa um futuro que foge do nosso conhecimento e da nossa capacidade de manipulação. Por isso a pergunta pela morte ocupa muitas pessoas na vida, e cada vez mais, à medida que avançam na idade.

Tudo o que fica fora do nosso alcance em termos de conhecimento e de experiência alimenta a nossa curiosidade, mas também, em situações específicas, pode provocar ansiedade, preocupação e medo. Por exemplo, o anjo que anuncia o nascimento de Jesus (Lucas 2.10) acalma os pastores: Não temais, eis que vos trago boa-nova de grande alegria! Ou Jesus, ao andar sobre as águas do mar, chegando perto dos discípulos em seu barco, provocou um grande medo. Mas Jesus encorajou os discípulos, dizendo: Tende bom ânimo. Sou eu, Não temais! (Mateus 14,27). E o anjo que anunciou a ressurreição de Jesus da morte acalmou as mulheres que estavam querendo ver o sepulcro e disse: Não temais... Jesus não está aqui. Ele ressuscitou como

O medo da morte O que vem depois da morte? “Nada! – Morte é morte! E fim!” Esta é a opinião de muita gente nos dias de hoje. Mas eu acho que a gente diz isto assim, da boca para fora com certa facilidade, quando se é jovem. Porém tão logo os sinais da velhice começam a aparecer, quando as forças começam a minguar, tão logo a memória não funciona mais como antes e os olhos aos poucos se turvam, o ser humano começa a refletir de for-

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ma diferente sobre a morte. É mesmo assim: Morte é morte!? Ou ainda haverá algo depois da morte? O apóstolo Paulo também levanta esta questão. E ele responde: “Se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é... vã a vossa fé... Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Coríntios 15.13 e seguintes). Vencendo o medo da morte Para nós cristãos a fé na ressurreição é a mola propulsora para uma vida com esperança e sem medo. Isto significa: Como pessoa que tem fé eu participo da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos anuncia: “Porque eu vivo, vós também vivereis!” (João 14.19b). Com isto nós somos incluídos no poder criador de vida de Deus, que ressuscitou o seu Filho Jesus Cristo dentre os mortos. E por vivermos desta esperança e nesta esperança, vencemos diariamente toda forma de medo e também nos sentimos corresponsáveis pela vida de nossos semelhantes, pelo meio ambiente, pela natureza, e somos motivados para lutar por uma vida perene neste mundo. É certo que Deus exigirá de cada um de nós que lhe preste-

mos contas sobre aquilo que fizemos com os seus dons e como administramos as suas dádivas. Jesus anuncia: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida!” (João 5.24). Deus sempre está conosco Isto significa: A morte não tem mais a última palavra sobre nós! De fato, com a morte não está tudo acabado! Pelo contrário, nós podemos nos consolar com a promessa que Jesus fez a seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (João 14.23). E aí não importa como, de que forma, que detalhes terá esta morada. É muito consolador saber que, por causa de nossa fé, em nenhuma situação de nossa vida ou na nossa morte estamos realmente sós, abandonados e entregues à própria sorte e ao medo em suas mais diversas formas. Pois o Filho Ressurreto de Deus prometeu: “Eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.20). E isto vale também para você e para mim. Foi para isto que ele morreu na cruz; e para isto o Pai Celeste o ressuscitou dentre os mortos. f.gierus@terra.com.br

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Você já conversou com o seu filho sobre finanças? Sharon Haskel Koepsel e Adelino Sasse

Na Bíblia, no livro de Provérbios 22.6, lemos: “Ensina a criança no caminho que deve andar e mesmo quando velho, não se desviará dele”, tomando esta palavra como referência, podemos dizer que os pais são acostumados a conversar com seus filhos sobre as mais variadas questões da vida, com o intuito de prepará-los para os desafios da vida adulta.

de vida era em média de 62 anos. Pesquisas do IBGE apontam que atualmente a perspectiva de vida do povo brasileiro aumentou para 78 anos. Considerando os avanços das tecnologias e o aumento da conscientização sobre a importância de hábitos saudáveis, a perspectiva é de aumentarmos a cada ano, 11 meses dessa expectativa.

Fato é que poucos pais elegem educação financeira como um dos tópicos a ser ensinado aos seus filhos. Mas tão importante quanto preparar as crianças para os riscos das drogas, é educá-los para administrar sua renda e serem independentes financeiramente.

Esses dados comprovam que tão importante quanto falar de doenças sexualmente transmissíveis, é falar de educação financeira, pois é natural que com o aumento da expectativa de vida, nossas necessidades de consumo irão aumentar e o planejamento financeiro desde a infância será determinante na qualidade do nosso envelhecimento.

O Brasil vive uma situação diferente de 40 anos atrás, onde a expectativa

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Mas por que falar de dinheiro com crianças parece tão complexo? Na verdade, o que é complexo é a capacidade do adulto de entender que crianças podem compreender os mais complexos assuntos, desde que tenham significado aplicável em suas vidas. O primeiro ponto a ser tratado nessa questão é envolver as crianças nas conversas sobre orçamento doméstico. A Associação Brasileira dos Educadores Financeiros (ABEFIN) realizou uma pesquisa com 750 famílias onde a metade dos pais adotam Educação Financeira e outra metade não. O resultado mostrou que somente 3% das famílias sem Educação Financeira conseguiriam manter o padrão de vida por um ano ou mais no caso de uma queda brusca no rendimento familiar. Já os 25% que conversam sobre Educação Financeira com seus filhos conseguiriam manter esse padrão por um ano ou mais. Esse estudo apontou também que apenas 33% das crianças conhecem a situação financeira dos seus pais, 43% não conhecem nada e apenas 6% conhecem totalmente. O envolvimento dos pequenos em situações práticas do cotidiano são os primeiros passos de um futuro de independência financeira. · Chamá-los para participar da elaboração da lista de compras, conversando sobre quais produtos são realmente necessários pode ajudá-los

a entender a diferença sobre o necessário e o desejável. O salgadinho é um desejo, o iogurte é necessário para o desenvolvimento saudável. Invista um tempo especial em explicar a importância de cada item da lista. Não se importe em repetir várias vezes. A criança tende a aprender com a repetição. · Reflita com eles sobre o consumo de energia elétrica. Será que o tempo que levamos no banho é realmente necessário? Os carregadores de celular na parede consomem energia mesmo quando não utilizados. Que tal mostrar o valor da conta de luz e combinar com eles que o valor economizado de um mês para o outro irá para um cofrinho da família que resultará em um passeio regado a sorvete?? · Combinem em família pequenas metas que são fáceis de serem alcançadas. A criança é imediatista. Pode ser difícil se manter fiel a uma meta de longo prazo, pois perde logo o foco. Um fim de semana na praia pode ser uma meta de curto prazo. Utilize um cofre, de preferência transparente. Convide a criança para desenhar algo que represente a meta e cole na frente do cofre. Sempre que tiver o dinheiro para colocar no cofre, chame a criança, explique como conseguiram aquele valor e peça que ela faça o depósito. Isso dará significado e o comprometimento dela será muito maior. · Evite usar a desculpa: “Não tenho

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dinheiro!” para justificar sempre que a criança pedir algo para comprar. Você pode até não ter dinheiro na hora, mas justificar a falta dele faz a criança crescer entendendo que quando tiver, você poderá comprar, sendo útil ou não. O ideal é responder que não irá comprar porque o item não é necessário, ou que ele já tem algo parecido em casa, ou até mesmo que a família tem outra prioridade no momento. · E por falar em prioridades, é de suma importância que os pequenos entendam que a família é composta de várias pessoas e que todos têm suas prioridades. Explicar que às vezes a roupa nova do irmão pode ser mais importante que o carrinho. É um passo fundamental para despertar o senso de cooperação, responsabilidade e convivência em sociedade. Uma boa estratégia é sentar e, com uma conversa, listar em um papel quais são os desejos e prioridades de cada membro da família. Decidam juntos em quais irão investir primeiro, construam prioridades e combinem prazos. · Adultos gostam de recompensas e os pequenos também. Ao invés de combinar presentes como brinquedos e jogos de vídeo game para boas notas escolares e bom comportamento, passem a combinar experiências em família. Pode ser um cinema, um piquenique no parque, um sorvete.

seio correto do dinheiro. Não existe uma idade ideal para começar, tudo vai depender da maturidade da criança, do quanto se fala em educação financeira em casa. Ao combinar a mesada, tenha em mente um valor que possa ser mantido durante todo o ano, independente dos compromissos financeiros dos adultos. Associar a mesada a tarefas domésticas é uma boa estratégia. Assim, começamos a ensinar sobre a importância do compromisso com o trabalho. Escolha tarefas condizentes com a faixa etária. Aproveite para ensinar a poupar, defina com a criança que parte do valor recebido da mesada será investido no cofre ou poupança, e a outra parte ela poderá utilizar para o que quiser. · Uma boa maneira de explicar como funciona a compra parcelada e os juros é combinar que sempre que a criança quiser comprar algo que seja um valor acima do que ela recebe de mesada, os pais podem emprestar o dinheiro e descontar uma parte da mesada para fechar o valor emprestado. Faça um registro em um caderno do valor que ela recebe e do valor que gasta (entradas e saídas). Esse registro é premissa básica da Educação Financeira. O diálogo sincero e aberto na família é a base de toda e qualquer educação de qualidade, para a formação de um cidadão consciente e cooperativo.

· Mesadas pode ser uma opção interessante para aprenderem o manu-

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Palavras cruzadas: Soluções SOLUÇÃO da página 165

SOLUÇÃO da página 166

SOLUÇÃO da página 167

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Sumário Prefácio ............................................................................................... 3 O significado das nomenclaturas ............................................................ 5 Meditações mensais de Janeiro a Dezembro .................................. 10 a 32 Temas da IECLB ................................................................................. 34 Tema e Lema da IECLB para o ano de 2020 ......................................... 35 TEMA DO ANO DE 2020 .................................................................... 36 Secretaria Geral da IECLB

Datas Comemorativas em 2020 ........................................................... 44 P. Me. Alan Schulz

Trinta anos de Comunhão Martim Lutero ............................................... 47 P. em. Friedrich Gierus

Viagem com jubilo e muitas asas! 120 anos da OASE ............................ 52 Pa. Maria Helena Ost e Pa. Elisabet Lieven

Sesquicentenário da Comunidade Evangélica Luterana de Itajaí ............... 56 A busca pela transformação por meio do incentivo à leitura ..................... 70 Carine Mokfa Leiria

A dor como ajuda ............................................................................... 71 P. em. Friedrich Gierus

A Federação Luterana Mundial e a IECLB – uma Interessante Relação ..... 73 P. em. Dr. Dr. H. C. Gottfried Brakemeier

A IECLB e o seu futuro como igreja histórica ......................................... 78 P. em. Valdemar Lückemeyer

Ação Conjunta de Igrejas – ACT Aliança ................................................ 81 Pa. Dra. Elaine Neuenfeldt

Ajuda-me na minha falta de fé! ............................................................ 87 P. em. Wilfrid Buchweitz

Aprendendo com as árvores ................................................................. 89 P. Norival Mueller

Buscar a Paz, acabar com a festa da morte! .......................................... 93 P. Guilherme Lieven

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Caminhando com a LELUT .................................................................. 97 P. em. Anildo Wilbert

Campanha Nacional de Ofertas para a Missão VAI E VEM 2020 ............ 100 Secretaria Geral da IECLB

Descobrindo as origens das misteriosas “Cartas do céu” ....................... 102 Pa. Dra. Scheila Roberta Janke

Cidadania e fé .................................................................................. 106 P. em. Heinz Ehlert

Compromisso com promessa com a missão ......................................... 108 Prof. Dr. Roger Marcel Wanke

Uma Comunidade com um coração diaconal ........................................ 112 P. Nilton Giese

Confirmandos na Igreja ..................................................................... 117 Simone Vesper Binow

Cremar e cultivar a memória de quem partiu ....................................... 119 Pa. Vera Maria Immich

Criação de Deus, responsabilidade humana ......................................... 122 Eng. Ivonir A. Martinelli

De mão em mão, compartilhando informação ...................................... 125 Pa. Mirian Ratz

Ecumenismo – um testemunho de fé .................................................. 128 Pa. Romi Márcia Bencke

Estórias da minha vida na HISTÓRIA .................................................. 131 P. Heinz Ehlert

Estou aniversariando e me presenteei com este texto! ........................... 134 P. em. Renato Luiz Becker

Família, uma boa ideia de Deus .......................................................... 136 Psicóloga Káthia Brueckheimer Bretzke e P. William Bretzke

IECLB – de 50 anos atrás até hoje ..................................................... 140 P. Dr. Walter Altmann

Igreja, Política e Estado ..................................................................... 144 P. Odair Airton Braun

Matrimônio e fidelidade ..................................................................... 147 P. Wilfrid Buchweitz

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Música e o Ensino Confirmatório ........................................................ 149 Daniela Weingärtner

O outro nome da dor ......................................................................... 154 Anamaria Kovács

O primeiro ser humano pisa na lua ..................................................... 156 Stefan Lotz (Tradução: P. em. Dr. Osmar Zizemer)

O Salmo da Mulher Maranhense – Poesia ............................................ 158 O valor de ter um cachorro na família ................................................. 160 Eliane Gierus

Para pensar... talvez planejar... .......................................................... 163 P. em. Dr. Osmar Zizemer

Palavras cruzadas 1 - Títulos e Temas ................................................ 165 P. em. Irineu Wolf

Palavras cruzadas 2 - Títulos e Temas ................................................ 166 P. em. Irineu Wolf

Palavras cruzadas 3 - Títulos e Temas ................................................ 167 P. em. Irineu Wolf

Poesia ............................................................................................. 168 O Primeiro Cemitério Protestante no Brasil .......................................... 169 P. Ms. Alexander R. Busch

Quero chorar, não tenho lágrimas... .................................................... 174 Elfriede R. Ehlert

Razão da nossa fé ............................................................................ 176 P. Marcelo Jung

Receitas culinárias ............................................................................ 179 Ledi Bobsin e Marlene Zizemer Gaede

O SAFIG - 22 anos servindo a Igreja ................................................... 180 Mário Hardt

Sou mãe, que alegria! ....................................................................... 181 Katiane de Oliveira Rossi Stassun

TEATRO: Nossas mães por elas mesmas ............................................. 184 Autor desconhecido

Trabalho e Estudo no Cárcere: Uma experiência Exitosa ........................ 190 Sisi Blind

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Vencendo o medo ............................................................................. 196 P. em. Friedrich Gierus

Você já conversou com o seu filho sobre finanças? ............................... 199 Sharon Haskel Koepsel e Adelino Sasse

Palavras cruzadas: Soluções .............................................................. 202

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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