Comunidade Missional

Produção Elaborado pelo Grupo Assessor Evangelização e Comunhão do Sínodo Planalto Rio-Grandense. Setembro 2018.

Autoria dos Estudos Missionários Elfriede Krause, Romildo Ricardo Ramlow e Samuel Treptow Coswig.

Contato Sínodo Planalto Rio-Grandense: planalto@luteranos.com.br Avenida Pátria, 1136 - Centro - 99500-000 - Carazinho Telefone: (54) 3331-1787

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................04 COMO UTILIZAR ESSE MATERIAL.....................................................................05 ESTUDO 1 A Missio Dei e a Comunidade Missional...........................................................07 ESTUDO 2 A Igreja Missional no Novo Testamento: a Comunidade de Antioquia...11 ESTUDO 3 Igreja Missional e Reforma Protestante - Sacerdócio geral de todos os cristãos.................................................................................................................................15 ESTUDO 4 Por uma Comunidade Missional..........................................................................19 REFERÊNCIAS...........................................................................................................23

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APRESENTAÇÃO Comunidade Missional Comunidades Atrativas, Inclusivas e Missionárias O que estas palavras dizem para nós? O que pensamos ou sentimos quando ouvimos falar sobre planejamento missionário ou comunidade missional? O que é desconhecido ou estranho para nós pode trazer diversos sentimentos ou reações. Desde inquietação até desprezo. Podemos simplesmente rejeitar.

Existe um princípio bastante útil para nós: “[...] ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom” (1 Tessalonicenses 5.21). Se necessário, deixar de lado alguns pressupostos, e até mesmo preconceitos, para tentar assimilar o que é diferente e novo.

Nesta perspectiva disponibilizamos essa série de estudos. Que a leitura e o estudo deste material possa ampliar os horizontes e até provocar transformações pessoais, familiares e nas comunidades e Sínodo, na IECLB e na sociedade em que vivemos.

Ricardo Cassen, Pastor Sinodal

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COMO UTILIZAR

ESSE MATERIAL - O material que você tem em mãos foi elaborado para ser estudado e discutido em grupos. Isso significa que o ideal é que aquele(s) que participam se reúnam em grupos de no máximo 10 pessoas. Contém quatro estudos (para quatro encontros).

- O grupo faz a leitura em conjunto (leitura coletiva, ou uma pessoa assume a leitura em voz alta). As perguntas devem ser lidas e debatidas uma de cada vez.

- Sugerimos que seja escolhida uma pessoa no grupo como “Mediador(a)” da atividade. Esta pessoa conduzirá o momento, buscando manter o tema apresentado como centro da conversa e auxiliando para que todos tenham oportunidade de participar.

- Não há apenas uma resposta correta, mas para cada estudo apresentamos um direcionamento daquilo que se deseja alcançar com as perguntas. A pessoa que faz a mediação pode fazer uso desse auxílio, lendo antes ou durante a realização do estudo.

- Para cada estudo considera-se que a duração varie de 45 minutos a 1h30 minutos.

“DICAS” ADICIONAIS - A forma de trabalho em pequenos grupos auxilia na reflexão, compreensão e construção do conhecimento. O material também permite a utilização em grupos maiores (OASE, jovens, LELUT, podendo ser feita a apresentação do material por uma pessoa, e dividindo-se em grupos para a parte das perguntas). É importante não abrir mão do tempo de discussão, e considerar a realização dos quatro estudos (em quatro encontros consecutivos, por exemplo).

- Quando aqueles (as) que mediam a conversa recebem o material com antecedência, e preparam-se para esse momento de conversa, a produtividade do grupo aumenta.

- “Mediar” não significa trazer as respostas, nem falar para preencher um momento de silêncio... é encorajar as pessoas a participarem, e direcionar as falas para que seja debatido o tema apresentado.

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POR UMA COMUNIDADE MISSIONAL

AGORA SÃO OUTROS 500 A eleição de Abraão é o instrumento para o propósito de Deus com o mundo inteiro. Por isso, na história bíblica, privilégio e responsabilidade, salvação e serviço, receber e mediar bênção, caminham de mãos dadas. (Michael W. Goheen) ESTUDO 1 A Missio Dei e a Comunidade Missional Propósito: Compreender o significado da Comunidade missional a partir da ação missionária de Deus em nós e através de nós.

A palavra “missão” não é desconhecida para nós. Até mesmo foi tema do ano na IECLB (2009/2010): Missão de Deus - Nossa Paixão.

Mesmo assim, quando ouvimos falar em “missão”, pensamos em povos que ainda precisam aprender sobre Deus, que nunca tiveram oportunidade de ouvir sobre Jesus Cristo. Se alguém em nosso meio tem uma vocação “missionária”, imaginamos que essa pessoa vai pregar o evangelho em algum lugar distante. Mas, será que essa “ideia colonialista” que temos sobre missão corresponde ao paradigma teológico que Deus deseja?

A “Missio Dei” Do latim, significa Missão de Deus. Muito mais do que algo que Deus faz, a Missão é parte da natureza de Deus.

Percebemos isso a partir da Trindade: Deus Pai envia o Filho Jesus para salvar o mundo. O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo, e este envia a Igreja (David Bosch).

Você já teve a sensação de que está faltando algo na igreja? Sempre que nos desviamos da Missão de Deus (que nos chama e envia em amor), a igreja perde a sua essência.

A Comunidade “Missional” Leslie Newbigin, um pastor inglês, teve essa sensação de que algo estava errado na igreja ao retornar para sua terra, a Inglaterra, depois de muitos anos servindo como missionário na Índia.

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O que lhe causou surpresa foi que as pessoas em seu país estavam tão distantes de Cristo quanto os indianos que ele buscava evangelizar. Enquanto a Igreja dedicava-se à missão em países distantes, seus membros perderam seu chamado para viver sua fé ali onde estavam.

Mesmo que muitos ainda fossem aos cultos, estudassem teologia e participassem de atividades da igreja, isso não fazia diferença em sua vida diária, e o sentido de ser cristão no mundo restringia-se ao nominalismo (“evangélico não praticante”). É essencial reafirmar e viver a missão de Deus na comunidade local, na vida e no trabalho de cada membro. O conceito “Igreja missional” é um resgate da essência do que é Missão de Deus na vida do seu povo.

A Comunidade missional não apenas faz missão: ela é parte da Missão, para os de perto e de longe, olhando com amor para os de fora, abrangendo a vida de seus membros em todas as esferas, porque essa é a sua razão de existir.

Vamos estudar o chamado de Deus na vida de Abraão Certo dia o SENHOR Deus disse a Abrão: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei. Os seus descendentes vão formar uma grande nação. Eu o abençoarei, o seu nome será famoso, e você será uma bênção para os outros. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. E por meio de você eu abençoarei todos os povos do mundo (Gênesis 12.1-3, NTLH).

Deus chama: Abrão é chamado por Deus. Ele leva sua família e tudo o que tem, e começa uma jornada. Muito mais do que uma religião, Abraão experimenta um relacionamento com Deus que faz diferença em toda sua vida. A mudança de seu nome é um símbolo disso (Gênesis 17.5). Deus o reconhece como um amigo (Isaías 41.8).

Deus abençoa: Deus cumpre sua promessa dando um filho a Abraão.

Aquilo que parecia impossível aos olhos humanos, acontece: de sua esposa Sara, já idosa, nasce Isaque. O testemunho de Abraão é de um homem que aprende a viver pela fé, graciosamente abençoado por Deus (Romanos 4.16-22).

Deus envia para ser benção: Já vimos que Abraão foi chamado por Deus, que recebeu bênção, mas seu chamado também teve um propósito maior. O propósito de Deus na vida de Abraão alcança todos os povos da terra. A benção não se esgota em Abraão. Ele é chamado para ser uma benção na vida de outros.

O povo de Deus é um povo escolhido a fim de que possam conhecer a salvação de Deus e então convidar todas as pessoas a fazer parte dela. (Michael W. Goheen)

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Estudo Três perguntas que vão ajudar na compreensão e reflexão sobre o que foi estudado. No final, há uma seção com auxílio nas respostas para aquele(a) que coordena o grupo orientar a conversa. Sugerem-se grupos com 10 pessoas no máximo.

1. O verbo abençoar e a palavra bênção são usados cinco vezes na passagem que lemos do livro de Gênesis (12.1-3). No mesmo livro, nos capítulos de 1 até 11, o verbo amaldiçoar e a palavra maldição aparecem cinco vezes. A bênção de Deus tem um significado de redenção (salvação, libertação). Como isso acontece? Comente o que você pensa sobre isso.

2. Façam a leitura de Mateus 5.13-14. Jesus fala que nós somos o sal, a luz do mundo. Qual a relação que isso tem com o chamado de Abraão para abençoar todos os povos? E o que esse texto tem a ver com Igreja Missional (o conceito pode ser relido acima).

3. A figura ao lado é utilizada pelo teólogo luterano Christian A. Schwarz para refletir sobre os obstáculos quanto ao cumprimento da missão da igreja, mesmo quando temos o conteúdo certo na carroça.

Será que essa imagem fala algo de nossa Comunidade? E como IECLB? Conversem sobre a carroça com as rodas quadradas. Se há semelhanças, como podemos fazer uso das rodas redondas que Deus já nos deu?

Notas de Estudo (respostas sugeridas): As respostas aqui apresentadas não estão colocadas como única resposta possível; são um auxílio para a conversa em grupos, sendo subsídio para aquele que facilita a conversa no grupo.

Questão 1: Bênção é um termo bíblico que significa tanto a revogação da maldição do pecado como a restauração da plenitude da criação. A bênção visa restaurar a boa criação de Deus, e também o relacionamento de Deus com seu povo. Pode-se conversar desde a salvação que temos em Jesus Cristo, e também sobre como Deus continua agindo abençoando nosso relacionamento de uns com os outros e com a sua criação.

Questão 2: Uma palavra chave nessa resposta é testemunho. A igreja é o sal, então ela dará sabor e impedirá o apodrecimento. Ela é luz, então iluminará nas trevas. É interessante que Jesus não oferece uma

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opção aqui, é uma palavra no imperativo. Nosso testemunho é parte de quem nós somos, não apenas do que fazemos, e por isso tem a ver com a Comunidade missional. Esse testemunho acontece no ambiente de trabalho, na sala de aula, em nossa vizinhança e até em nossa família.

Questão 3: Como IECLB, somos conhecidos como a igreja da palavra, que tem um bom conteúdo, mas muitas vezes nossa forma de ser igreja não acompanhou a mudança da sociedade... É importante dialogarmos sobre nossas atitudes como membros e lideranças (as duas pessoas na imagem estão trabalhando com afinco, mas, sem avançar como poderia) e pensarmos em mudanças concretas para sermos uma igreja atrativa, inclusiva e missionária.

Autor desse Estudo: Samuel Treptow Coswig - Missionário Próximo estudo A Igreja Missional no Novo Testamento - a Comunidade de Antioquia (Atos 11.19-30 e Atos 13. 1-3)

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POR UMA COMUNIDADE MISSIONAL

AGORA SÃO OUTROS 500 “Lucas (autor do livro de Atos) lida quase que exclusivamente com a igreja em Antioquia e sua obra missionária, não porque era a mais antiga, a mais rica ou a mais poderosa, mas porque ela foi sensível aos desafios da época”.

(Justo González) ESTUDO 2 A Igreja Missional no Novo Testamento: a Comunidade de Antioquia Propósito: Compreender o chamado missional a partir do Novo Testamento Compreender a missão da igreja nem sempre é tarefa fácil. Há fatores culturais, doutrinários e históricos que a dificultam. Por longa data, cristãos têm entendido que a missão acontece apenas quando alguém vai à outra terra para pregar o evangelho aos que o desconhecem.

A Bíblia, porém, nos mostra que a missão aos lugares distantes é resultado da missão local. As comunidades missionais querem ver o Reino de Deus se espalhando onde estão e até aos confins da terra.

Além disso, compreendem que é tão importante viver em missão pelo evangelho em sua própria cidade como é ao missionário em outro país.

Jesus disse em At 1.8: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (grifo da autora).

Jerusalém ficava no estado da Judeia, mas Jesus disse aos seus que, enquanto testemunhariam em toda a Judeia, também o fariam no estado vizinho e até os confins da terra. Isso mostra que a missão quer acontecer aqui e lá, não apenas aqui, nem apenas lá. Assim, estamos em missão quando representamos a Jesus, quando somos suas testemunhas. O foco é mostrar Cristo e o seu amor em tudo o que fizermos e não vivermos a “representar” a nós mesmos.

Abertura: A quem você testemunha Jesus?

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( ) Seus vizinhos ou familiares ( ) Seus colegas de escola ou trabalho ( ) Qualquer pessoa com quem tem a oportunidade, seja num supermercado, ponto de ônibus, numa festa ou noutros ( ) Somente a membros da igreja ( ) Outro ____________________________________________ O que mostra que você vive como testemunha de Jesus? ( ) Seu compromisso de esclarecer o que representa o sacrifício de Jesus pela humanidade ( ) Sua forma de importar-se concretamente com as pessoas e o mundo a fim de que neles seja manifestado o agir de Deus ( ) Seu amor pelas pessoas, capaz de fazer renuncias pessoais a fim de amá-las e servi-las ( ) O seu cuidado para com a criação de Deus

Estudo: Ler Atos 11.19-30 e Atos 13. 1-3 1. Com a grande perseguição ocorrida em Jerusalém, cristãos foram dispersos para vários lugares. Mas estes continuaram a pregar o evangelho apenas aos judeus (11.19). Em Antioquia a igreja alcançou o caráter anunciado por Deus a Abraão em Gn 12.1-3, de que a salvação é para todos os povos. Lá começou-se a pregar aos gentios, os quais não adoravam a Deus e que não eram da mesma origem religiosa e étnica.

Você tem feito como estes que chegaram a Antioquia, anunciando o evangelho a quem não é luterano ou de descendência luterana ou alemã?

2. Havia semelhanças, mas também muitas diferenças entre a igreja em Jerusalém e a igreja em Antioquia. Quais você percebe?

3. Em Antioquia o evangelho era recebido de tal forma, que as notícias chegaram à igreja em Jerusalém. Decidiu-se, pois, enviar Barnabé a Antioquia a fim de conferir o que lá acontecia. Ele percebeu que a graça de Deus estava naquele lugar. E isso acontecia sem a presença de algum apóstolo ou de outra liderança oficialmente reconhecidos pela igreja-mãe, a saber, de Jerusalém. Você acredita que toda pessoa cristã, seja você, o grupo com o qual você se reúne em sua Comunidade, e demais membros dela, podem ser usados por Deus na divulgação do evangelho na sua cidade e a qualquer pessoa?

4. Tomado pela alegria, diante do que Deus estava fazendo em Antioquia, Barnabé decide voluntariamente se juntar ao seu agir. E não só isso, ele percebe quem mais poderia ajudar. Então, vai buscar Saulo – mais tarde chamado Paulo – e eles se dedicaram durante um ano inteiro, ensinando a igreja e firmando-a no Senhor Jesus. Que visão Barnabé teve da igreja em Antioquia?

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5. Lê-se em Atos 13.1-3 que em uma reunião de adoração e oração, o Espírito Santo fez um chamado à igreja em Antioquia. Que chamado foi este?

Compromisso: 1. Que ações precisam ser discutidas e tomadas para que nossas Comunidades sejam missionais, isto é, para que sejamos igreja para a cidade, espalhando nela o evangelho da salvação?

2. Barnabé teve a visão de perceber o agir de Deus naquele lugar.

Ele percebeu que a porta estava aberta para preparar os novos convertidos e toda a igreja para coisas ainda maiores. Você tem estudado a Palavra e orado pedindo a Deus que dê visão e entendimento a você e a sua comunidade para perceberem o que Deus quer fazer em vocês e através de vocês, nos lugares em que estão?

Notas de Estudo (respostas sugeridas): Questão 2. A igreja em Jerusalém era vibrante no início de sua história. Como a de Antioquia, muitas pessoas eram acrescentadas e passaram a seguir a Cristo. Também havia em ambas uma forte preocupação diaconal. Mas a igreja em Jerusalém foi omissa em pregar o evangelho aos não judeus e para fora de Jerusalém. A pregação “até os confins da terra” apenas iniciou por meio da perseguição, vista como uma ação de Deus para espalhar o evangelho que de outra forma não ocorria.

Antioquia é diferente desde a sua origem. Ela prega a todos, sem descriminar raça ou origem. Ela não era engessada em raízes judaicas. E mais adiante passou a enviar e acompanhar a propagação do evangelho por quase todo o mundo antigo, especialmente pelas viagens do apóstolo Paulo e de seus cooperadores.

Questão 4. Jesus dedicou três anos do seu ministério preparando discípulos para que dessem continuidade à sua missão. Preparar os novos na fé é fundamental para que compreendam que crer já os inclui nesta missão. A Comunidade Missional é comunidade de discípulos que se entende em missão e, por isso também, prepara a todos que se achegam, para manter-se participante no chamado de Deus.

Assista ao vídeo: QR Code - Igreja Missional: Aliança Link: www.youtube.com/watch?v=NUTcRfwOSCc

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Questão 5. O Espírito Santo chamou a igreja em Antioquia para espalhar a preciosa mensagem que tinha recebido. Como Igreja Missional, Antioquia era sensível à voz de Deus. Deus queria mais por meio dela. E ele escolheu justamente os mais capacitados em seu meio para espalhar a partir de Antioquia. Ser missional é entender que se é igreja para o mundo. Antioquia não hesitou por irem seus “melhores” membros, pois compreendia que o mundo era parte de sua missão, e que esta não era sua, mas é de Deus.

Autor desse Estudo: Elfriede Krause - Missionária Próximo Estudo Igreja Missional e Reforma Protestante: sacerdocio geral de todos os cristãos.

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POR UMA COMUNIDADE MISSIONAL

AGORA SÃO OUTROS 500 “Quem sair da água do batismo pode vangloriar-se de que ele já é um sacerdote consagrado. Todos nós somos ordenados sacerdotes através do batismo”.

(Martinho Lutero) ESTUDO 3 Igreja Missional e Reforma Protestante Sacerdócio geral de todos os cristãos Propósito: Desenvolver uma visão missional na igreja a partir da vocação de todo cristão batizado.

Para a maioria de nós a fé tem dia e lugar específicos: o domingo e a igreja. Ao longo da história, a igreja tem sido composta de dois grupos de pessoas: as que fazem o ministério e aqueles para quem ele é feito. Em seu livro Os outros seis dias, Paul Stevens (2005) nos chama a atenção para o seguinte erro: o ministério tem sido definido como aquilo que o pastor faz, e não em termos de os cristãos serem servos de Deus nos negócios, na igreja, no lar, na escola ou no trabalho.

A missão da igreja é compreendida de forma errada quando achamos que missão é o que o missionário faz numa outra cultura ou país distante. O conceito de igreja missional nos ajuda a recuperar o sentido da missão de todos os cristãos: precisamos agir em nossas comunidades locais da mesma forma que os missionários atuam em um país estrangeiro, para que assim muitas vidas em nossa própria rua, bairro e cidade também possam ser transformadas (STETZER, 2018).

Precisamos resgatar a base bíblica para uma abordagem teológica no que se refere à missão de todos os cristãos batizados, não só na igreja, como também no mundo. Martinho Lutero entendia que, pelo batismo, todo cristão é ordenado ao ministério, ou seja, todo cristão é vocacionado por Deus para participar como um missionário na missão de Deus por meio da comunidade no mundo.

Assista ao vídeo O valor do trabalho Link: www.youtube.com/watch?v=HUPseqFsFig

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Pela fé, todos os cristãos são missionários. Ser parte da família de Deus significa que todos são enviados ao mundo com as Boas Novas de salvação do pecado e da morte (Leia: Mateus 28.18-20; João 20.21).

O conceito “sacerdócio geral de todos os cristãos”, segundo Martinho Lutero, reforça a vocação de todos os cristãos: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).

O sacerdócio universal de todos os santos não é somente algo que um ministro ordenado faz, mas aquilo que cada cristão é pela fé em Cristo. Um cristão batizado é uma pessoa que ocupa uma posição diante de Deus. Ele é um ministro e, representante de Deus no mundo perante toda a criação.

Contasse que certa vez um sapateiro convertido perguntou a Lutero o que poderia fazer para servir melhor a Deus e ser um verdadeiro cristão. Lutero perguntou-lhe: “O que você faz?”. O sapateiro respondeu: “Eu sou sapateiro”. Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo.

Desta forma estará servindo a Deus”.

Abertura Qual é o seu papel na Comunidade? ( ) Sou “apenas” um membro ( ) Sou um líder ou presbítero ( ) Não sei o que Deus quer da minha vida ( ) Preciso descobrir meus dons ( ) Sinto que Deus está me chamando ao serviço Qual a importância dos ministros/as ordenados? ( ) Pago para realizar os ofícios (batismos, casamentos, sepultamentos, cultos etc) ( ) Fazer visitas e estudos bíblicos ( ) Capacitar os membros para servir uns aos outros Estudo: Ler Efésios 4.11-16 1. “Cada cristão batizado é um missionário”. Então, qual/ais são as funções e importância dos/as ministros/as e dos membros batizados?

2. Qual a finalidade dos ministros/as prepararem os cristãos para à maturidade (v. 13)?

3. Conforme Paulo, cada cristão precisa crescer na fé e no conhecimento do Filho de Deus. Como as comunidades poderiam oferecer

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oportunidades para que todos os cristãos pudessem crescer na fé e servir uns aos outros em amor?

4. “Então não seremos mais como crianças” (v.14). Esta frase se refere à maturidade. Discutam por que muitos cristãos não se comprometem e, inclusive, reclamam da Comunidade, vindo até mesmo a abandoná-las.

Compromisso 1. Todos os cristãos batizados são vocacionados para a missão de Deus no mundo. Como você tem vivido a sua fé e compromisso em relação à sua família, amigos e colegas de trabalho?

2. Que mudanças são necessárias para que sua vida reflita a missão de Deus?

Procure ler e estudar ou conversar com alguém (ministro/a, cônjuge, filho/a ou amigo/a) para que você dê passos concretos no melhor entendimento da sua vocação e no amadurecimento da fé em Jesus Cristo.

Notas de estudo (respostas sugeridas) Questão 1: A função do ministro/a ordenado/a, conforme a IECLB, não consiste em somente fazer os serviços (pastorais, diaconais, catequéticos e missionários) que são de responsabilidade de todos os membros da Comunidade. Os ministros/as ordenados devem motivar, formar, envolver e acompanhar lideranças comunitárias para participar efetivamente na execução desses serviços, com vistas a capacitação do “sacerdócio geral de todos os cristãos”. No XXI Concílio da Igreja, em 1998 foram definidas as quatro ênfases ministeriais para o ministério ordenado na igreja (missionário, pastoral, catequético e diaconal) que têm como finalidade a edificação de Comunidades através da capacitação dos membros. Cada cristão batizado precisa de capacitação para que seja uma testemunha viva de Cristo em sua família, comunidade e cidade.

Questão 2: Para que cada cristão batizado possa contribuir com a edificação da Comunidade através do exercício dos dons e juntos, possam cumprir a missão da igreja no mundo.

Questão 3: (resposta livre) Questão 4: Um dos fatores que levam as pessoas a abandonarem a Comunidade local ou permanecerem ligados a ela mas não comprometidos é justamente a falta de maturidade. A Comunidade precisa

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desenvolver formas de capacitar cada membro a partir da Educação Cristã Contínua, ou seja, é preciso elaborar um planejamento na área da educação cristã de tal forma que oportunize e provoque a reflexão sobre as dúvidas e perguntas relacionadas à fé cristã, que vão surgindo ao longo da vida.

Autor desse Estudo: Romildo Ricardo Ramlow - Missionário Próximo Estudo Por uma Comunidade Missional (2 Coríntios 5.14-21)

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POR UMA COMUNIDADE MISSIONAL

AGORA SÃO OUTROS 500 “A igreja só é igreja, quando o é para os de fora”.

(Dietrich Bonhoeffer) ESTUDO 4 Por uma Comunidade Missional Propósito: Compreender que não é que Deus tem uma missão para as igrejas no mundo; em vez disso, Deus tem uma igreja para a sua missão no mundo.

O que vem a sua mente quando ouve a palavra “igreja”? Em geral, a igreja é confundida com o prédio com torre e sinos, onde aos domingos se realiza os cultos. A palavra igreja/eclésia do grego ekklesia significa “chamados para fora” ou “grupo de convocados”, portanto, a igreja é um povo chamado/convocado para fora do mundo mas para uma missão no mundo.

Precisamos cuidar com o significado das palavras. A raiz de uma palavra nem sempre fornece o significado hoje como no tempo em que foi usada.

Compreendermos que igreja significa “chamados para fora”, o que não exclui a reunião dos cristãos em um prédio para cultuar a Deus nem se limita a isso. Para evitar equívocos, precisamos entender a natureza da igreja a partir da missão de Deus.

A natureza missional da igreja está na compreensão da “missão de Deus” (missio Dei). Vejamos o significado do termo “missional” e “igreja missional”: [...] Na sua melhor definição, “missional”, descreve não uma atividade especifica da igreja, mas a própria essência e identidade da igreja à medida que ela assume seu papel na história de Deus no contexto de sua cultura e participa na missão de Deus para o mundo. [...] descrever uma igreja missional significa definir a comunidade cristã inteira como um corpo enviado ao mundo e que existe não para si mesmo, mas para levar as boas-novas ao mundo.

(Michael W. Goheen) Para uma igreja missional, a missão não é apenas o que a igreja faz (atividades missionárias), mas também a igreja atuante. Empoderada pela Palavra e guiada pelo Espírito, a igreja sabe que a missão flui de

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sua natureza como comunidade missional. O ministério da igreja em suas várias formas exerce papel central na tarefa de equipar a igreja para a missão como uma comunidade cultual, mensageira, servidora, curativa e ecumênica (Missão em Contexto, 2006).

Ao olhar para o futuro sem negarmos nossa história, precisamos de uma visão missional da igreja e, para isso, é fundamental uma reconexão com “a missão de Deus”. Frente ao desafio de caminharmos para sermos uma comunidade missional (atrativa, inclusiva e missionária), é necessário sermos guiados pela resposta a três perguntas: 1. Quem somos? 2. Onde estamos? e, então 3. O que Deus quer fazer de “quem somos” e “onde estamos”?

A missão não foi feita para a igreja; a igreja foi feita para a missão – a missão de Deus. “Igreja missional”, portanto, é uma espécie de tautologia (como “gelo frio”, por exemplo); se a igreja não for missional, não é igreja. Uma “igreja” pode ser um grupo de pessoas que fazem coisas religiosas juntas, mas, se ela não participar dos propósitos de Deus no mundo e para o mundo, perdeu o alvo e se esqueceu da razão de sua existência. (Christopher J. H. Wright) Percebemos que o conceito de igreja missional pressupõe que nem tudo que fazemos é missional, mas somente se a nossa vida e as ações, atividades e programas da Comunidade local estiverem contribuindo com e para a missão de Deus no mundo e para o mundo. As igrejas precisam entender sua natureza missional para alcançar as pessoas de forma contextualizada culturalmente com o evangelho da reconciliação.

Abertura Por que nossa Comunidade existe? ( ) Tradição ( ) Não sei ( ) A sociedade precisa de religião ( ) Por causa da missão de Deus ( ) Outro: __________________ Conversem sobre O que Deus está fazendo e quer fazer de “quem somos” e “onde estamos”?

Estudo: leiam 2 Coríntios 5.14-21.

1. Conforme a leitura bíblica, qual nossa identidade e chamado como “discípulos de Cristo” no mundo?

2. Qual o problema de não compreendermos o significado da palavra “igreja”? Que efeito essa incompreensão tem em seu compromisso

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com a missão?

3. Conforme o v. 18, “por meio de Cristo fomos reconciliados com Deus”. Como “reconciliados em Cristo”, qual a nossa missão no mundo?

4. O que é necessário fazermos para não ficarmos somente no discurso de “Por uma igreja de comunidades mais atrativas, inclusivas e missionárias”?

Compromisso 1. Um atributo de Deus: “Deus é um Deus missionário”. Missão deriva da própria natureza de Deus. Reflita nesta “equação missionária”: O Pai enviou o seu Filho (Jo 1.1-5, 14), e ambos enviaram o Espírito Santo (Jo 14.16); o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Trindade) enviam a igreja ao mundo.

Agora que esta série de estudos sobre a igreja missional terminou, que tal você e seu grupo se aprofundarem nos estudos sobre a igreja e a missão da igreja? Pesquise sobre materiais, peça orientação ao seu pastor/a e continue investigando a natureza missional da igreja.

Assista ao vídeo O que é uma igreja missional?

Link: www.youtube.com/watch?v=sDB1057T6Ow&t=14s

Notas de estudo Questão 2: Quando não compreendemos a natureza missional da igreja corremos o risco de nos tornar um clube ou organização social com um fim em si mesmo. A falta de visão missionária nos leva a inúmeras atividades, programas e ações que não cumprem a missão de Deus no mundo. A missão da igreja não é nada menos que trazer o mundo todo para a fé cristã e a maturidade.

Questão 4: Alcançar outras pessoas como Deus nos alcançou. Conforme Lutero, a palavra igreja é mal compreendida, preferindo que se dissesse “o povo cristão”. Como povo de Deus ou “grupo de convocados”, a igreja é um povo missionário em missão com Deus no mundo.

Autor desse Estudo: Romildo Ricardo Ramlow - Missionário

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REFERÊNCIAS BOSCH, D. J. Missão transformadora: mudança de paradigma na teologia da missão. 3ª. Ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2009.

FLM. Missão em contexto: Transformação, reconciliação e empoderamento.

Curitiba: Encontro, 2006.

GOHEEN, Michael W. A igreja missional na Bíblia: luz para as nações. São Paulo: Vida Nova, 2014.

GONZÁLES, Justo L. Atos: o evangelho do Espírito Santo. São Paulo: Hagnos, 2011.

LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas Vol. 2. O Programa da Reforma. Escritos de 1520. São Leopoldo: Sinodal, 2015.

PUTMAN, David; STETZER, Ed. Desvendando o código missional: tornando-se uma igreja missionária na comunidade. São Paulo: Vida Nova, 2018.

SCHWARZ, Christian A. O caminho por si só: uma introdução ao desenvolvimento natural da igreja. Curitiba: Editora Esperança, 2015.

STEVENS, Paul R. Os outros seis dias: vocação, trabalho e ministério na perspectiva bíblica. Viçosa: Ultimato, 2005.

WRIGHT, Christopher J. H. A missão do povo de Deus: uma teologia bíblica da missão da igreja. São Paulo: Vida Nova, 2012.

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