Em comunhão com as viDas das mulheres - 2014-2022

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Nome: Adélia Schenkel Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus - Estância Velha - RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

A história aqui registrada é de Adélia Schenkel, filha de Alfredo Kieckow e Erminda Kieckow. Ela nasceu a 27 de outubro de 1950, em Linha Olinda, cidade de Nova Petrópolis/RS. Foi batizada em 25/12/1950 pelo Pastor Gustav Adolf Braun e participa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil desde o seu nascimento. Quando criança participou da escola dominical na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Nova Petrópolis onde também participou da doutrina e do grupo de jovens. Na família de Adélia havia seis irmãos e irmãs (três homens e três mulheres). A família tirava o sustento da roça. Desde pequena, Adélia tinha a responsabilidade de tirar leite da vaca de manhã cedo, antes de ir para a escola. A distância entre sua casa e a escola era de aproximadamente 2 quilômetros. Ela fazia este percurso a pé, acompanhada de uma amiga que era sua vizinha. Estudou até a 5ª série do ensino fundamental, com aulas em língua portuguesa.

Adélia ia aos cultos, a cavalo, com seu pai, sua mãe e seus irmãos, e algumas vezes com suas primas Lisete Kieckow e Asta Nienow. A distância entre Linha Olinda e Nova Petrópolis, local do culto, era de aproximadamente 17 km. A doutrina e o encontro de jovens eram realizados num ponto de pregação na escola em Linha


Olinda. O pastor que realizou sua confirmação foi Arno Gustavo Wrasse. Depois da confirmação, Adélia participou do grupo de juventude.

Conheceu seu esposo Ernani Schenkel num baile em Linha Nova, e namoraram por quatro anos. O casamento ocorreu no dia 31 de julho de 1971 em Linha Nova. Ernani era membro da IECLB de Linha Nova, e o pastor que celebrou a bênção matrimonial foi Manfred Jacob. Depois do casamento, Adélia foi morar em Novo Hamburgo – RS.

Quando Adélia e Ernani casaram, já tinham a casa, pois, antes do casamento, Ernani comprou um terreno no bairro Rincão, em Novo Hamburgo, e fez uma casa de madeira (chalé) para morarem após o casamento. Adélia recorda que moraram por cinco meses sem luz elétrica. A iluminação era só com velas. Havia poucas famílias no bairro, e de um lado da rua não havia casas.

Depois do casamento, Adélia começou a trabalhar em sua própria casa, montando fivelas para uma metalúrgica. O trabalho era com carteira assinada. Seu esposo trabalhava na fábrica. Por estar registrada na empresa, ela conseguiu, anos depois, se aposentar. Assim, com fé, saúde e esforço conseguiram melhorar a situação.

Em 1983, a sogra, Sra. Marta Schenkel, ficou viúva e foi morar com Adélia e sua família. Adélia cuidou da sogra. Essa época foi muito difícil para Adélia, pois, além da sogra, tinha suas três crianças para cuidar, inclusive uma recém-nascida. Ela contou que orava muito e que seu esposo sempre a aconselhava a ter calma, ficar firme na fé e não se desesperar. O sofrimento causado pela doença e pelo trabalho excessivo e permanente era muito grande. Disse que sua cunhada Rejane Kopper veio algumas vezes do bairro Canudos (em Novo Hamburgo) até o Rincão para ficar e cuidar da sua sogra e das crianças para que ela pudesse participar do estudo na OASE. Mencionou que ao retornar para casa, após ouvir boas palavras


de conforto e paz, sempre se sentia mais forte em sua fé. Depois de seis anos, a sogra teve um infarto e faleceu.

Sua contribuição na comunidade Em 01 de agosto de 1971, Adélia se tornou membro da Paróquia Trindade, no Rincão, que hoje é Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Rincão dos Ilhéus. Naquela época, a comunidade de Rincão era um ponto de pregação que pertencia à Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Novo Hamburgo. Em 1978, por convite da Sra. Atemia Möller (in memoriam), Jeny Schneider, Doris Müller e do Pastor Élio EugenioMüller (in memoriam), entrou na OASE. Neste período, trabalhava em casa para uma metalúrgica, montando fivelas. Lembrou que, na época, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil estava organizada em região, distrito, paróquia e comunidade. Ela participou de alguns encontros da região e, às vezes, ficava até quatro dias fora de casa. Tudo valeu, e aprendeu muito a valorizar ainda mais o trabalho na OASE. Uma dificuldade que teve foi com a língua portuguesa, pois estava acostumada com o alemão.

Adélia foi presidenta na OASE de 1989 até 1990 e, várias vezes, coordenadora e vice-coordenadora. O seu cargo atual é de coordenadora da OASE. Adélia disse que gosta de participar dos encontros de coordenadoras da OASE e da Assembleia Sinodal da OASE, onde revê as senhoras de outras comunidades, trocam-se ideias e, com isso, ela pode levar sugestões e melhorias para o grupo do Rincão. Participa do grupo de terceira idade e dos trabalhos manuais da diaconia. Sua especialidade em trabalhos manuais é o crochê, que é um dos dons que Deus lhe deu. Adélia diz que sente alegria em ensinar as outras mulheres. Também sente alegria e está sempre pronta para servir onde for preciso nas demais atividades da comunidade. Ela participa da comissão de festas da comunidade, colabora no chá da OASE fazendo deliciosos bolos, na festa e no baile anual da comunidade ajuda na preparação da comida e nas sobremesas de creme de leite e sagu.


Sua família e vida de fé Adélia tem um filho e duas filhas: Délcio, nascido em 27 de maio de 1972, Marcia, nascida em 23 de maio de 1974, e Raquel, nascida em 12 de novembro de 1983. Todos foram batizados na IECLB. Ela sempre procurou incentivar sua família a participar da comunidade, levando as crianças ao culto infantil. Posteriormente também tiveram participação no grupo de jovens.

Ela e seu marido celebraram as bodas de prata no dia 04 de agosto de 1996. A cerimônia foi oficiada pelo Pastor Anibaldo Evaldo Fiegenbaum (in memoriam), pastor do Rincão dos Ilhéus naquela época.

A neta Sofia nasceu no dia 07 de outubro de 2007, e o neto Davi no dia 20 de setembro de 2011. Adélia sente muita alegria em poder participar de momentos importantes da vida das crianças. Citou a homenagem que recebeu no dia do vovô e da vovó em uma escola em Triunfo, onde o neto Davi estuda. Mencionou com orgulho a neta Sofia, que seguiu sua orientação e está participando do culto infantil em Linha Nova. Disse que sua neta adorou a bíblia para crianças que Adélia lhe deu de presente. Adélia realizou o sonho de viajar de avião, e conheceu Salvador – BA e Fortaleza – CE. Adélia só tem a agradecer a Deus. Disse que Deus é a fortaleza de seus dias, que sem Deus nada somos e nada podemos realizar.

Atividades de que participa fora da comunidade Em 2015, ela começou a participar do grupo de terceira idade “Charalina”, pertencente ao projeto social do Hospital Regina de Novo Hamburgo. Os encontros do grupo acontecem uma vez por mês, na parte da tarde, no posto de saúde do bairro Rincão. O objetivo do grupo é reunir-se para cantar, inclusive aprender cantos novos e fazer apresentações para as pessoas doentes que estão nos


hospitais. Para ela, é muito importante poder passar alegria a outras pessoas. Disse que se sente muito feliz por poder aprender cantos em alemão.

Sonhos e desafios Com a ajuda de Deus, Adélia espera continuar participando por muito tempo da Comunidade com seus dons.

(História de vida coletada por Márcia Laux Blauth e Eliane Maria Koch)


Nome: Adriane Cechinel da Silva Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Marcílio Dias Paróquia: Canoinhas/SC Sínodo: Norte Catarinense

Meu nome é Adriane Cechinel da Silva, tenho 43 anos e fui batizada na Igreja Luterana de Marcílio Dias, da Paróquia de Canoinhas/SC. Participava com frequência de todas as atividades com minha mãe, com quem aprendi e desenvolvi a minha fé cristã. Sinto a falta da participação do meu pai na minha educação cristã, pois a sua participação se dava somente em datas especiais, como no batizado e na confirmação. Gostava muito quando chegavam os domingos de culto infantil em que ouvíamos as histórias bíblicas. Comecei a frequentar o ensino confirmatório em 1984, com o Pastor Wolfgang. Ele era uma pessoa especial, amiga, mas exigia que aprendêssemos e nos fazia decorar o catecismo, o que me deixava muito nervosa. Mas lembro-me muito bem do dia da minha confirmação, pois foi especial. Não participei de grupos de jovens, pois, na minha época, não havia trabalho com jovens em minha comunidade. Somente uma vez fui a um retiro de carnaval, convidada por um grupo vizinho. No entanto, desde jovem frequento a OASE, junto com a minha mãe. As viagens e os congressos de que participamos fazem muito bem para nós. Além disso, sempre participo de promoções e eventos da nossa OASE e da Igreja. Na comunidade, por diversas vezes, fiz parte do presbitério, assumindo diferentes cargos.


Quando me casei com Jeverson, em 1997, a celebração foi na Igreja Católica. Ele é de família tradicional e eu não quis contrariá-lo. Eu sabia que o acompanharia na Igreja dele, mas não tinha certeza de que ele participaria da minha. Porém, aconteceu que revezávamos e todos os domingos íamos ao culto ou à missa. Também foi assim com a nossa filha, que hoje tem 15 anos. Mas, há uns cinco anos, um irmão de meu esposo ficou doente. Nesse período, ele recebeu apoio de amigos da Igreja Assembleia de Deus e, por isso, desde lá, ele frequenta essa Igreja. Ele convidou minha filha e a mim para também mudar de Igreja. Mas a minha vontade era voltar a ser membro da Igreja Luterana, o que fiz, e minha filha “adolescente” permanece católica. Eu brinco que minha família é uma “família ecumênica”, e assim vivemos bem. Somos uma família cristã, que respeita a decisão de cada pessoa.


Nome: Alda Pagelkopf Membro da IECLB: A partir do Matrimonio Comunidade: Paróquia Evan. De Confissão Luterana Vila Itoupava, Blumenau/SC Sínodo: Vale do Itajaí

O olhar do neto sobre uma mulher luterana: A pessoa que vos escreve essa mensagem é Felipe Emílio Gruetzmacher. Faço questão de mencionar algo sobre minha avó, Alda Pagelkopf, nascida Dix, falecida recentemente. Minha produção literária lança luz sobre a questão da herança deixada por ela em se tratando de valores morais e cristãos. Conforme cita o artigo “500 anos de Reforma Protestante e as mulheres”, há uma frase no prefácio do Regulamento da Caixa Comunitária em Leisnig, por exemplo, onde constam as palavras: “não há maior culto a Deus do que o amor cristão que ajuda e serve aos carentes”. É preciso entender as tradições bíblicas e o fundamento deixado pela Reforma Luterana para compreender a filosofia que norteava Alda. Assim, Alda doava-se, de corpo e coração, oração e espírito, para a família, as amizades e a Igreja presente em Vila Itoupava, Blumenau. A sabedoria possibilitou que ela aconselhasse a todas com palavras encorajadoras e otimistas. Otimismo e entusiasmo são coisas diferentes. Otimismo é torcer para que algo dê certo. Entusiasmo é fazer a coisa certa, com alegria e afinco, sem expectativas ou tentativas de controlar cada aspecto da caminhada que é a vida. Oma Alda era entusiasta e, em vez de acalentar expectativas, nutria esperança, que é acreditar


que vamos, a longo prazo, ficar bem, mesmo por caminhos tortuosos ou eventuais desvios. Trabalhou como professora primária, casou com Allido Pagelkopf e teve dois filhos, Karin e Loreno. Movida pela fé e oração, levava uma vida simples, contentando-se com pequenas coisas. Mesmo tendo esposo evangélico, frequentava cultos católicos. A igreja católica local não via com bons olhos o fato de ela ter contraído matrimônio com um luterano. A partir daí, virou protestante. Alda serve como exemplo para pensar a religião de antigamente, como as estruturas institucionais e hierárquicas silenciavam os dissidentes. Sempre se surpreendia com o sorriso do neto, contentava-se em conversar com os filhos, alegrava-se com o convívio humano possibilitado pelos grupos da Igreja como a OASE. Rompida a unidade cristã, é exposta a cisão do povo de Deus. Para além de todo o ritualismo e da religiosidade sem substância, a Igreja caminhou num sentido de unificar diferentes crenças e incluir os destoantes no âmbito do ecumenismo, nesse presente momento, mas ainda falta fortalecer o diálogo com diferentes perspectivas e paradigmas, como as outras crenças e até mesmo a ciência. Com recuos, idas e vindas, ela construiu uma linda família, educou filhos, netos e bisnetos, tornou-se temente a Deus, serviu a Igreja e foi uma pessoa de bem. Podemos ter certeza de que a esperança e não a expectativa se concretizou: ela está descansando nos braços de Deus.


Nome: Alice Paulina Petry Loesch Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica de Luterana em Rincão dos Ilhéus

Confissão

Estância Velha - RS Sínodo: Nordeste Gaúcho Data nascimento: 13/ 06/1945 Naturalidade: Linha Nova - RS A história aqui registrada é de Alice Paulina Petry Loesch, filha de Nilo Petry e Hilma Bender Petry. Foi batizada em 29/07/1945 em Linha Nova/RS. Alice tem 69 anos de idade. É membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana desde o seu nascimento. Quando criança, participava da escola dominical na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Linha Nova. Na época, Linha Nova pertencia ao município de São Sebastião do Cai/RS. Frequentou o Ensino Confirmatório e também o grupo de jovens de Linha Nova. Desde pequena não teve uma vida fácil. Ela conseguiu estudar somente até a 5ª série do ensino fundamental. Seu irmão, Frederico Luiz, era uma pessoa com deficiência. Para os pais poderem trabalhar na roça, ela ficava em casa cuidando do irmão. Aos sete anos, já assumia a responsabilidade de soltar o gado, limpar a estrebaria, dar água para os porcos, tratar as galinhas, deixar milho preparado para dar a refeição aos porcos de noite. Além disso, precisava levar lenha e gravetos para acender o fogo no fogão. Lembra que uma vez se esqueceu dos gravetos e acordou às 5 horas da manhã para buscar. As roupas eram lavadas em um riacho, pois a água da cisterna era usada somente para beber e cozinhar. Com essa experiência de vida, aprendeu muito. Acima de tudo, aprendeu a valorizar a vida e tudo o que se tem. Alice Paulina Petry Loesch lembra que, na época do Ensino Confirmatório, aprendeu a orar e cantar em alemão. Para fazer a confirmação, tinha que fazer uma prova final. Essa prova era feita durante o culto de domingo. Sua prova foi realizada no dia 8 de dezembro de 1957. A igreja estava cheia. As perguntas foram feitas pelo pastor Daniel Kolfhaus. As respostas deveriam ser bem corretas e os


acertos valiam pontos. A bíblia não podia ser consultada. Neste culto também estavam presentes os padrinhos e as madrinhas. Aos 20 anos, foi morar e trabalhar em Esteio/RS. Seu primeiro emprego foi em uma casa, cuja família possuía uma padaria. Na parte da manhã, ela fazia os trabalhos domésticos e, à tarde, ajudava na padaria. Trabalhando com o público da padaria, conheceu outra família, com a qual, mais tarde, foi morar e trabalhar. Essa família tinha uma malharia. No novo emprego, Alice continuou fazendo os trabalhos domésticos e aprendeu a lidar com as máquinas industriais da malharia. Posteriormente, esta família foi morar em Porto Alegre. Alice permaneceu com a família até o seu casamento. Alice casou-se no dia 09 de outubro de 1976, com Inácio Loesch, que também era da Comunidade de Linha Nova. O Pastor que oficializou o casamento foi Manfref Acob. Neste mesmo ano, foram morar em Novo Hamburgo, bairro Rincão. O casal tornou-se membro da Comunidade de Rincão dos Ilhéus. Mesmo morando em Novo Hamburgo, ela continuou trabalhando durante dois anos na malharia em Porto Alegre. Mas disse que não foi nada fácil, pois saía de manhã e voltava à noite. Na época, não tinha ônibus que fazia a linha da rodoviária para seu bairro. Em 1978, quando nasceu seu filho Daniel, a família para quem trabalhava lhe deu uma máquina de tricô industrial para poder trabalhar em casa. Mais tarde, trabalhou para uma malharia de Novo Hamburgo, onde permaneceu até 2005. Como participava ativamente nos cultos, integrantes da OASE lhe convidaram, em 1990, para fazer parte do grupo. Desde o tempo em que ingressou na OASE, ocupou vários cargos na diretoria. Foi tesoureira, presidente (mandato de dois anos e reeleição para mais dois anos: 2003 a 2006) e vice-presidente. Atualmente, ocupa o cargo de vice coordenadora da OASE. Alice considera todo o trabalho da OASE importante. Quando assumiu o cargo de Presidente, todas as senhoras disseram que iriam ajudá-la e apoiá-la nessa função. Um dos momentos difíceis enfrentados durante a gestão foi quando houve vacância no ministério pastoral da Comunidade. Neste período, aprendeu a elaborar e conduzir estudos sem a presença do Pastor. Este exercício lhe proporcionou um maior crescimento na fé. Sobre o grupo de OASE, Alice afirma: “Somos um grupo bem organizado, e deixo as senhoras mais jovens trazer ideias novas, mas se tiver que opinar, eu falo o que penso ser melhor para o grupo, pois nunca é tarde para aprender.” Atualmente Alice participa em vários grupos dentro da comunidade do Rincão dos Ilhéus: grupo de canto, terceira idade, liturgia, diaconia e OASE. Ela ajuda em tudo que pode. Sente-se bem em ajudar o próximo, conforme o dom que Deus lhe deu. Por diversas vezes, acompanhou o Pastor Edemar Zizemer em visitas para as


pessoas doentes da comunidade de Rincão dos Ilhéus, que não podiam mais vir aos cultos. Alice sempre procurou incentivar sua família a participar da comunidade, levando o filho Daniel e a filha Ellen ao Culto Infantil. Um dos momentos marcantes que a deixou feliz foi quando os dois filhos casaram na Igreja de Confissão Luterana. Depois do falecimento de sua mãe, em 2000, seu pai foi morar com ela. Durante oito anos Alice cuidou de seu pai. No seu ultimo mês de vida, vivenciaram momentos muito difíceis. Mas sempre colocou toda a preocupação nas mãos de Deus, procurando manter a calma e não desesperar. Ela tem a certeza que Deus estava presente em sua vida naqueles momentos difíceis, assim como durante toda a sua vida. Sobre a importância da fé, afirma: “Quando temos fé, amor e responsabilidade a vida torna-se mais fácil para seguirmos em frente.” Em relação a seus sonhos, sua esperança, Alice diz acreditar que um dia o mundo vai melhorar e que as pessoas poderão viver com paz, sem medo. História de vida coletada e escrita por Eliane Maria Koch


Nome: Ana Luiza Burzlaff Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade da Paz Paróquia: Espigão do Oeste – RO Sínodo: da Amazônia

Meu nome é Ana Luiza Burzlaff, tenho 73 anos de idade, sou aposentada, divorciada e tenho 6 filhos homens. A minha vida até aqui foi repleta de altos e baixos, porém, hoje, vejo que tudo valeu a pena, até mesmo as vivências mais desagradáveis pois, tudo o que passei serviu para meu amadurecimento pessoal e crescimento na fé. Parte da minha vida eu morei no Estado do Espírito Santo, onde fui batizada, confirmada e mais tarde casei. Quando criança, eu era feliz porque eu tinha muitos amigos e brincávamos bastante. Depois que eu casei, tive quatro filhos, ainda morando no Estado do Espírito Santo. Depois, fomos para Rondônia, onde tive mais dois filhos. Logo no começo, quando chegamos a Rondônia, passamos por diversas dificuldades. Eu e meu antigo esposo tínhamos 42 alqueires de terra, onde trabalhamos muito. Às vezes não tínhamos Natal e nem Páscoa, feriados não existiam pra nós. Um tempo depois nós vendemos as terras e fomos morar em Espigão do Oeste, onde me separei após quinze anos de matrimônio. Com a separação, tudo foi muito difícil. Os meus filhos eram todos muito novos e o pai deles não deixou nada pra gente. Foi preciso trabalhar muito pra ter o que comer e recomeçar a vida do zero. Foi nesse tempo que eu conheci a família do Guinter Saibel e sua esposa Adelina. Eles me deram muito apoio, me arrumaram um serviço, onde consegui aos poucos me reerguer. Eu sou imensamente grata por tudo que eles fizeram a mim, isso tudo só serviu para o fortalecimento da minha fé. Hoje moro com minha neta mais velha de 21 anos e um de meus filhos. Sou participativa na Igreja, onde canto no coral desde os doze anos de idade, participo da OASE, encontro de Idosos e outros eventos que a igreja tem.


Graças a Deus, hoje eu e meus filhos estamos bem, servindo ao Senhor com alegria. Eu não poderia esquecer-se de minha mãe. Ela foi uma amiga, uma mãe muito querida para mim. Eu fiquei mais tempo com ela em casa. Eu cuidava dela quando precisava. Ela gostava demais de mim, agora é só saudade. Obrigada minha querida mamãezinha.


Nome: Ana Maria Brackmann Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Comunidade da Ascensão Paróquia: Paróquia Norte - Curitiba/PR Sínodo: Paranapanema

Sou Ana Maria Brackmann, tenho 69 anos e participo na IECLB desde meu nascimento. Nessa igreja fui batizada, confirmada e me casei. Aprendi com minha mãe Erica Siegmund a ouvir histórias bíblicas, participar no Culto Infantil, na época na Comunidade do Redentor em Curitiba, cantar hinos de louvor. Nossa vida era muito simples, mas na educação que recebi aprendi valores que permeiam minha vida e a da minha família. Minha mãe tinha uma pensão. Quando a ajudávamos na limpeza, cantávamos e o trabalho ficava leve. Nunca nos queixávamos. Chegava da escola, tirava o uniforme e ia ver qual quarto a mãe estava limpando para ajudá-la. Fui criada para ser dona de casa e por este motivo só conclui o Ginásio, em 1962. Meu noivo Rubens Rogério Brackmann, era católico e o conheci em agosto de 1963. Em 1968, a meu pedido, nos casamos na igreja luterana. Em 1979, minha mãe faleceu de enfarto, com 54 anos. Até então, eu frequentava os cultos com minha mãe e minha irmã mais nova. Depois que minha mãe faleceu, o Rubens passou a participar dos cultos comigo e decidiu fazer sua Profissão de fé. Isso foi marcante para mim. Nunca devemos desistir de nossos princípios e é importante marcá-los com exemplos. Foram os ensinamentos de minha mãe que levaram o Rubens a integrar a Igreja Luterana, com aceitação e conhecimento. Hoje ele é Coordenador do Estudo Bíblico e da Comissão da construção do templo da Comunidade da Ascensão.


Nosso filho mais velho, Sérgio Luís Brackmann, já trabalhou muito ativamente na Comunidade da Ascensão e atualmente participa nos cultos, quando possível. A filha mais nova Sandra Regina Brackmann Ullrich é Professora do Culto Infantil e foi convidada a participar na Educação Cristã Contínua - Sinodal. Ainda chegará o dia que eles serão presbíteros também. Sou presbítera ativa desde 1986. Comecei participando na OASE como Tesoureira e depois, como Tesoureira da Paróquia Norte. Fui Presidente da Comunidade, da Paróquia, da União Paroquial de Curitiba – CELC-UP e do Sínodo Paranapanema. Participei como delegada no Distrito Sul do PR e na II Região Eclesiástica. Fui eleita para o Conselho Distrital e da II Região. Mais tarde, no Concilio Geral da Igreja. São fatos marcantes na minha vida eclesiástica, pois os considero como base e fortalecimento da minha vida espiritual e da minha família. Atualmente sou I Secretária da Paróquia e da Comunidade da Ascensão. Faço parte do Conselho Sinodal como representante da Obra Gustavo Adolfo – OGA. Fui eleita há um ano como Presidente da Assembléia Sinodal e já dirigi a deste ano. Aspecto que considero importante é o trabalho em equipe. Na comunidade ou qualquer outra instância o trabalho não pode ser individual, almejando destaque pessoal. O exemplo deve vir da coerência entre a palavra e a ação. Não somos eleitos para exercer cargos, mas para, através de uma função servir a Deus com alegria e desprendimento. Estamos todos num barco a vela, quem sopra o vento para impulsiona-lo é o próprio Deus. Se não tivermos esta imagem como fundamento de nosso trabalho na Igreja, trabalhamos em vão. Ao trabalhar em equipe somos líderes, agregando outras pessoas, com mais ou menos dons, pois o convívio alegre e descontraído faz com que os dons apareçam e se desenvolvam. Todos, desde o mais humilde, são chamados para a seara do Senhor. Dar oportunidade, motivar, despertar dons é muito gratificante. Em 1993, três dias após comemorarmos Bodas de Prata, meu marido Rubens fora comunicado de que a empresa, na qual tinha o cargo de Gerente geral, fecharia as portas em 45 dias. Os móveis foram doados para a Comunidade, para a Creche Bom Samaritano e para o Lar Ebenezer. Rubens, com 32 anos de serviço, tomou a decisão de não trabalhar mais. Nossa situação social e financeira mudou muito. Fiquei seis meses em casa, fazendo de tudo e ele passava os dias em seu escritório domiciliar, lendo jornal. Após este período decidi que eu precisava estudar. Não poderia ficar estagnada. Através de


minha irmã, soube que minha sobrinha havia se inscrito no Vestibular da Escola Técnica Federal do Paraná para o Curso de Contabilidade. Decidi estudar para participar na seleção de alunos inscritos. Eram mais de 3.000 inscrições. Fui atrás de livros emprestados para me preparar. Queria estudar para melhor desempenhar minhas funções na igreja. O conhecimento seria meu trampolim. Prestei vestibular para Técnico em contabilidade e constatei que a vivencia e a experiência auxilia muito nas respostas. Raciocina-se melhor e as respostas são pensadas e repensadas. Quase não acreditei quando li meu nome no jornal. Que alegria! Pude realizar meu sonho. E o melhor, sem custos de mensalidades, pois o curso era gratuito. Logo pensei, vou estudar e depois trabalhar. As aulas iniciaram em março e eu sentia-me feliz, mas deslocada, pois freqüentava as aulas com roupa social enquanto que meus colegas de 16 a 17 anos iam para a aula com jeans. Procurei me aproximar adaptando-me à vestimenta deles. Aos poucos fui conquistando confiança a ponto de me tornar a “mãe da turma”. Em 1996 me formei Técnica de Contabilidade. Para a minha alegria, antes de completar 50 anos de idade. Procurei emprego em diversas empresas, mas os entrevistadores eram asquerosos. Não era ambiente para eu ficar subordinada àquelas pessoas, fechada num escritório cheio de documentos, sem me comunicar com outras pessoas. Meu dom é trabalhar com gente, principalmente da Igreja. Relutei, e com êxito prestei vestibular, na mesma escola, para o Curso de Administração de empresas. Isso me daria uma formação mais direcionada para atuar na presidência da CELC-UP. Assim, segui meus passos estudando e trabalhando como voluntária na Igreja. Os hábitos se tornaram módicos e não seria necessário ter um emprego. Na Assembleia da CELC_UP, em março de 1999, candidatei-me à Presidência e fui eleita. Para compor a Diretoria da CELC convidei um presbítero de cada Paróquia, que na época eram cinco. Confesso que orei muito pedindo por sabedoria e discernimento. Surpreendi-me com diálogos inesperados de alguns presbíteros que tentaram ser ardil, querendo despertar minha vaidade. Como eu me sentia servidora de meu Senhor, com humildade driblei estes comentários. Depois de atuar por dois anos fui reeleita. Realizei-me como nunca antes. Tinha galgado degrau por degrau e consegui liderar uma equipe que confiava em mim. Os desafios foram muitos, mas graças ao bom Deus consegui desempenhar com louvor a função. Dirigi encontros de presbíteros e presbíteras. Visitei diversas


comunidades de Curitiba, sempre sendo bem acolhida. Fui muito abençoada, pois chegamos a organizar encontros entre as diferentes paróquias com a freqüência de cento e vinte pessoas. A partir da experiência adquirida do trabalho em equipe na IECLB, senti-me motivada para organizar, como voluntária na ABIEG – Associação Brasileira da Etnia Germânica, uma Festa pública de Advento. Sob a confiança do presidente da Associação, Sr. Erich Nissen, realizamos a festa no dia de meu quinquagésimo aniversário no ano de 1997. Participaram da festa, com seus grupos folclóricos, vários clubes de Curitiba. Convidamos também, as fanfarras de Escolas Municipais para a abertura do desfile dos grupos. Em troca, servimos lanche para os alunos participantes. A festa foi um sucesso. Minha família toda se envolveu. No ano de 2002 fui eleita Presidente do Sínodo Paranapanema, a primeira a nível de Curitiba- PR. No mesmo ano fui indicada para receber uma bolsa para cursar Teologia na FEPAR, até então conhecida como a melhor Faculdade Evangélica na área da Medicina. Meu trabalho de conclusão do curso foi: “EDUCAÇÃO É MISSÃO – A EDUCAÇÃO NA IECLB. Me formei em fevereiro do ano de 2007, classificada como segunda melhor aluna. No mesmo ano fui convidada para trabalhar como Diretora Adjunta do Instituto de Educação e Cultura – IMEC, Faculdades Martinus. Aprendi muito. A tarefa era árdua, pois trabalhava de dia e frequentava as aulas à noite e de madrugada fazia os trabalhos. Depois de formada substitui alguns ministros no período de suas férias, ministrando cultos em Curitiba. Foi um período muito gratificante na minha vida pessoal e eclesiástica. Em 2009, conheci o Curso de Mestrado da SOCIEDADE PARANAENSE DE ENSINO E INFORMÁTICA - SPEI, em parceria com a BEULAH HEIGHTS UNIVERSITY, sediada em Atlanta - EUA: “PRINCÍPIOS CRISTÃOS APLICADOS À LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO”. Como me interessei pelo curso fui entrevistada pela Coordenação e aceita como aluna. As aulas iniciariam em março. Mas nesse tempo, um imóvel meu, herança de minha mãe, havia incendiado. Esse imóvel era a principal fonte de recursos para eu pagar o curso. Conversei com o diretor sobre o ocorrido. Para que eu não deixasse de frequentar o curso e dar minha contribuição como luterana ele ofereceu meia bolsa de estudos com início das mensalidades somente a partir do segundo semestre. Mais uma vez senti a mão de Deus na minha vida.


Escolhi como tema do trabalho de conclusão do curso: A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA FEMININA EM DIVERSAS INSTÂNCIAS SOCIAIS. Em maio de 2010 foi ministrado um módulo em Atlanta e na conclusão deste foi a formatura, numa Igreja Batista de Atlanta City. Ainda me emociono quando recordo como tudo se realizou. As bandeiras dos países participantes e entre elas a nossa, a do Brasil. Culto com cinco mil pessoas. Coral Negro Espiritual. Nosso Diretor da SPEI entre os Diretores presentes. Em fevereiro de 2011 foi realizada a formatura aqui em Curitiba – PR. O que poderia ter sido diferente? Talvez eu confiasse demais nas pessoas, mas eu combinara com Deus que jamais descartaria alguém. Assim, algumas vezes, tive que escapar de ciladas. Mas sem confiar, não se consegue ir adiante. Então não mudaria nada. Destaco aqui que sempre procurei estar com minha família, marido, filho, filha, genro e nora e agora com três netas que também são assíduas na igreja. Desejo que minha atuação na IECLB sirva de estímulo para outras mulheres participarem mais ativamente nas diversas instancias da Igreja e sociedade. O versículo bíblico que sempre me acompanhou: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” Salmo 37.5. Depois de tantos milagres em minha vida só me resta dizer como cantamos no hino 130: “Senhor tu me chamaste, portanto estou aqui, porque me convidaste sou grata a ti”.


Nome: Anamaria Kovács Participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Blumenau Centro/SC. Sínodo: Vale do Itajaí

Minha história com Deus começa muito antes da minha relação com a igreja. A responsável por esse início foi minha mãe, que me deu uma informação maravilhosa, quando eu estava com mais ou menos quatro anos de idade. Ela me contou que todos nós temos um Pai no Céu. Fiquei entusiasmada! Se o meu pai na Terra já era uma pessoa muito amada e admirada, como seria, então, esse outro Pai, infinitamente mais poderoso e amoroso? Minha imaginação me “mostrou” esse Pai, um dia, quando eu me encontrava no pequeno gramado da casa onde morávamos, no Rio. Cheguei a “vê-lo”, e me lembro até hoje dessa visão: numa nuvem branca, pouco acima da minha cabeça, havia um trono dourado, e, sentado nele, um velhinho calvo (como meu pai), de olhos azuis, (como minha mãe), cabelos e longa barba bem branca, vestido com uma espécie de roupão branco de mangas largas e compridas, que sorria para mim e me estendia seus braços. Empolgada, fiquei na ponta dos pés e ergui os braços em sua direção. Senti uma alegria imensa, uma vontade de sair dançando mundo afora, enquanto meu coração se enchia de amor. Logo em seguida, tudo desapareceu, ficando apenas essas sensações, acrescidas de uma terceira, que eu não conseguia identificar. Anos depois, intrigada com essa terceira sensação, que minha imaturidade não conseguia definir, acabei descobrindo o que era: paz. Essa experiência infantil, que só contei recentemente a um amigo que dividiu comigo algo semelhante, ocorrido com ele na idade adulta, acompanhou-me vida afora e foi determinante para muitas de minhas atitudes diante de desafios e problemas. Minha família, isto é, meus pais e minha avó materna, que morava conosco, não frequentava a igreja. Havia dois motivos para isto: meu pai não era luterano, mas judeu, embora também não frequentasse a sinagoga. Quanto aos meus avós maternos, não havia condições para isso. Meu avô era mestre de obras, construía


atracadouros para hidroaviões, fábricas, estradas, a maior parte disso fora do Rio de Janeiro. Minha avó ficava a maior parte sozinha em casa, criando os três meninos e duas meninas, sendo a mais nova delas a minha mãe. Moravam de aluguel, pois a família grande era difícil de sustentar, e minha avó não era uma pessoa religiosa. Todos os filhos foram batizados e confirmados, mas não se frequentava o culto. O pastor Hoeppfner (cujo primeiro nome não consegui descobrir) visitava a família de vez em quando – prática que hoje não existe mais, infelizmente – e conversava com minha avó enquanto tomava um café. No Natal e na Páscoa, nossa festa era feita em casa, com todas as tradições cristãs, menos a leitura da Bíblia, talvez em respeito à religião de meu pai. No entanto, ele participava ativamente, tocando os hinos de Natal ao piano, enquanto minha mãe, minha avó e eu cantávamos. Décadas depois, quando ele faleceu, em Blumenau, assumi o seu lugar ao piano, e minha mãe e eu fazíamos um “dueto”, já que também a voz de minha avó se calara. Quando comecei a frequentar a escola, meus pais me matricularam no Colégio Cruzeiro, ligado à Fundação Humboldt e à Igreja Luterana. O colégio oferecia aulas extracurriculares de religião, luterana e católica, e fui matriculada nelas. Foi só então que tomei conhecimento das histórias bíblicas, contadas com maestria pelo diácono responsável pelas aulas. Aos treze anos, comecei, junto com meus colegas, a frequentar as aulas do ensino confirmatório. Elas eram ministradas por um pastor, nas dependências da igreja luterana do Centro do Rio de Janeiro. Naquela época, meados do século passado, havia, ao que eu saiba, apenas duas igrejas da nossa confissão na cidade, a do Centro e outra, onde nunca pisei, na Tijuca, bairro onde morávamos... Foi na primeira aula do ensino confirmatório que entrei pela primeira vez numa igreja luterana. Fiquei impressionada com a austeridade do ambiente e a beleza dos vitrais. O pastor Kräutlein nos comunicou que, a partir daquele dia, deveríamos frequentar o culto todos os domingos. Ninguém gostou: o que seria da praia? Então, combinamos que metade da turma iria ao culto num domingo, e a outra metade, no seguinte. Assim, unimos o útil e o agradável... Quando dei a notícia em casa, minha mãe disse ao meu pai que ele não precisaria nos acompanhar – em respeito à sua religião. No entanto, ele disse: “por que não? Por que eu seria contra a religião da minha família? ” Assim, ele também passou a frequentar os cultos. Os caminhos de Deus são misteriosos... Começava ali a conversão de meu pai, que acabou pedindo para ser batizado muitos anos depois, aos 74 anos, nove meses antes de falecer.


Já na década de 1970, o Rio de Janeiro começava a tornar-se uma cidade perigosa. Meu pai, que lutava contra um câncer de bexiga (resultado de muitos anos de consumo de cigarros), decidiu que Blumenau seria um porto seguro para minha mãe e eu, quando ele deixasse este mundo. Muitos dos nossos parentes, do lado de minha mãe, moravam em Blumenau e imediações, e outros estavam espalhados pelo interior de Santa Catarina. Demoramos um ano inteiro para tomar a decisão definitiva, vender o apartamento no Rio, onde moramos por vinte anos, e vir para Blumenau, onde uma prima de minha mãe descobrira a “casa ideal” para nós, no bairro da Velha, numa rua tranquila próxima à Igreja da Paz. Como resultado de um contato anterior com o diretor do então Curso de Letras da FURB, consegui começar, em março de 1977, a lecionar ali. Ao mesmo tempo, começamos a tomar parte nos cultos da Igreja da Paz, dirigida, na época, pelo pastor Alfred Creutzberg. Certo dia, meu pai perguntou à minha mãe: “se eu pedisse ao pastor para ele me batizar, você acha que ele faria ? ” Ela o encarou muito espantada, porque não se conversava sobre religião em nossa casa, mas atendeu ao seu pedido. Assim começou uma grande amizade, dada a paixão de ambos, meu pai e o pastor Creutzberg, pela música. E durante essas visitas, depois de um ou dois prelúdios e fugas de Bach tocadas por meu pai, os dois se sentavam e conversavam sobre Deus. Meses depois, seguiu-se o batismo de meu pai, na sala de nossa casa, pois ele já estava bastante debilitado. Mesmo assim, foi-lhe concedido que participasse uma última vez de um culto em nossa igreja, como cristão batizado. Algum tempo depois, o pastor Alfred foi substituído pelo pastor Nelso Weingärtner. E foi pouco antes disso que começou minha história pessoal com a Igreja Luterana. Fui convidada para trabalhar como correspondente do Jornal Evangélico, sediado em Porto Alegre, na antiga Região Eclesiástica II. Foi uma alegria muito grande para mim, poder finalmente servir ao Senhor através do talento que Ele me concedeu. Durante cerca de dois anos, cobri eventos da nossa igreja em Santa Catarina, mas uma desavença entre a sede gaúcha e a Região Eclesiástica II levou ao meu pedido de demissão. Logo em seguida, os pastores Friedrich Gierus, Nelso Weingärtner , Meinrad Piske, Hugo Westphal e Bruno Gottwald me chamaram para participar da criação de um periódico da Região II – “O Caminho.” Como eles não tinham intimidade com a prática jornalística, pude passar-lhes a minha experiência e aprender com eles como funciona um jornal dirigido exclusivamente às


comunidades luteranas. Durante três anos, guiei os primeiros passos desse periódico, e continuei sendo sua jornalista responsável por muitos anos mais. Como também escrevo poemas e contos, acabei me tornando também colaboradora do Anuário Evangélico, atividade que ainda exerço, quando há espaço nesse periódico, que vem modernizando seu conteúdo a fim de atingir um público que lê cada vez menos. Colaborei também com o programa “Conversando com Você”, escrevendo, juntamente com outras senhoras, o texto que era lido diariamente na Rádio União. Tudo que apurei, redigi e editei nesses quase trinta anos me proporcionou um prazer enorme, um sentimento de gratidão a esse maravilhoso Pai Celestial, que me concedeu tão generosamente o dom com que pude servi-Lo e que, espero, ainda possa servir por muitos anos ainda. Aspectos importantes na vida da comunidade: amor, solidariedade, respeito ao próximo, culto a Deus. Coisas que poderiam ser diferentes: mais participação dos membros nas atividades da Igreja, mais contato entre as pessoas através de grupos de atividades.

Anamaria Kovács; idade: 69 anos. Profissão: Jornalista e professora aposentada; escritora. Residência: Blumenau, Santa Catarina, Comunidade Blumenau Centro. Dezembro/2017.


Nome: Andreia Scherer Membro na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Paróquia Nova Santa Rosa/PR Sínodo: Rio Paraná

Minha história começa há 50 anos, mais exatamente no dia 05/11/1965, quando nasceu meu pai Almiro Scherer, um homem muito abençoado por Deus. Ele foi batizado, confirmado e recebeu a bênção matrimonial na IECLB. Alguns anos antes de seu casamento, porém, sofreu um grave acidente que o deixou entre a vida e a morte, mas Deus, em sua infinita bondade, fez com que ele renascesse e se casasse com Cleonice Scherer. O casal foi abençoado com três filhos: Andreia Scherer, de 20 anos, Adriel Scherer, de 13 anos, e Diogo Scherer, de 7 anos. Os três são batizados na IECLB. Andreia já se confirmou e Adriel está participando do ensino confirmatório. O começo da minha existência na IECLB é no dia 25/06/1995, na comunidade de Nova Santa Rosa – PR, onde fui batizada. Desde cedo era membra ativa, participando do culto infantil, encontro de crianças e diversas outras atividades. Em 26/10/2008, fiz minha confirmação nessa mesma comunidade. Logo após, comecei a participar do grupo de jovens, onde tive a oportunidade de compartilhar conhecimento e aprender muito participando de retiros e encontros com jovens. O mês de março de 2013 para mim é o momento mais marcante como luterana, pois foi neste período que fui contratada para ser secretária executiva da Paróquia e Comunidade de Nova Santa Rosa – PR. Este fato me enche de orgulho por poder ficar mais próxima da casa de Deus e realizar um trabalho que amo muito, e é na parte administrativa; afinal, é nessa área que em breve irei me formar. Hoje, depois de dois anos e três meses, posso afirmar com toda a certeza que realizo um trabalho que amo e faço de coração. Como todo trabalho tem suas dificuldades, o meu também tem, mas o que me deixa feliz é poder ajudar as pessoas com o meu serviço e conviver com pessoas que estão unidas pelo mesmo fim: fé, amor e compromisso com Deus. Ajudo em todos os eventos realizados pela minha


comunidade e faço a minha parte como membra. O meu aprendizado profissional e espiritual é magnífico. Pela paróquia tive, no fim do ano passado, a oportunidade de participar do encontro sinodal de secretárias do Sínodo Rio Paraná, que nos proporcionou grande conhecimento no nosso serviço e também um bom preparo psicológico para melhor atender as pessoas que procuram nossa ajuda. Além disso, também conseguimos esclarecer dúvidas sobre o que realmente é nossa função como secretárias. O conhecimento que obtive aqui será por toda a vida, e só posso agradecer a Deus por ter me dado essa oportunidade e dizer que espero trabalhar aqui por muitos anos. Agora vem aquela pergunta: por que ela contou que seu pai sofreu um acidente se essa é para ser a história de vida dela? Pois bem, quando isso aconteceu, eu não era nem sonhada para meu pai, mas acho que essa historia de vida do meu pai serviu como uma lição de Deus para mim, e gostaria muito de poder compartilhá-la com vocês. Quando era pequena, tive que ajudar minha mãe inúmeras vezes a socorrer meu pai, pois ele ficou com sequelas para a vida inteira e precisa tomar remédios para controlar os ataques epiléticos – algo que não tem cura. Já passou por quatro meningites e superou tudo isso, sempre com fé em Deus. Com essa história eu aprendi que Deus existe e, se tivermos fé nele, tudo é possível, que ele é o Deus do impossível e nos ama muito. O testemunho de vida do meu pai mexe comigo toda vez que me lembro dele, e nada mais justo do que compartilhar com amigos e irmãos para que tenham a certeza de que Deus existe e a cada dia deve ser louvado por nós. História registrada por Andressa Suzane Almeida


Nome: Andressa Marisa Schmidt Rossmann Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Garrafão Paróquia: Garrafão (da Pedra) – Santa Maria de Jetibá/ES Sínodo: Espírito Santo a Belém

A caminhada de Andressa M. S. Rossmann a partir de seu batismo ao lado da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil é muito linda. Essa história está encravada e enraizada em sua família. Família que sempre está disposta ao serviço comunitário, em busca da paz e do bem-estar. Na época e até hoje, a família de Andressa não possui nenhum veículo de locomoção. O templo da IECLB de Garrafão fica a mais ou menos 4 km de sua casa. Para os cultos e outras atividades, sempre pegaram carona com os vizinhos e parentes – e quantas vezes foram na carroceria de uma caminhonete, seja com sol ou chuva! E assim essa pequena Andressa, de descendência pomerana, foi crescendo. Andressa sempre gostou de se envolver com as atividades na comunidade. Participou do Culto Infantil em seu tempo, e, logo mais, esse grupo perdeu rumo e força. Contudo, mais tarde Andressa, com a ajuda de pessoas voluntárias, conseguiu reativar o grupo, que permanece atuante até hoje. No Ensino Confirmatório, Andressa ia sempre a pé com seus primos e primas todos os sábados pela manhã até a comunidade, retornando para casa da mesma forma. Logo mais, a convite, assumiu ser orientadora do Ensino Confirmatório. Dedicada, aceitou o convite por três anos, com turmas entre 15 a 20 confirmandos e confirmandas. De 2004 a 2011, estudou na Escola Família Agrícola em São João do Garrafão (EFA), onde conheceu e se relacionou com Hilquias Rossmann. Esse tal de Hilquias tinha um sonho de estudar teologia na Faculdades EST. Contudo, Andressa se formou na EFA e, no ano seguinte, foi contratada pela Paróquia de São João do Garrafão para assumir o cargo de secretária executiva, e seu namorado Hilquias ainda teria um ano de estudo na EFA. Entre os dois, esse


desejo de estudar teologia foi crescendo e sendo alimentado pelo incentivo das próprias famílias, das comunidades, da escola e dos pastores e das pastoras: Osmar Lessing, Geraldo Grutzmann, Rogério Beling, Edivaldo Binow, Valdemar Gaede, Marli H. Gaede e Argeli K. Karsburg. Andressa se sentia vocacionada para a missão de Deus em nossa realidade. Mas isso não seria possível, pois ela não queria ir sozinha para uma realidade diferente e desconhecida. Acreditamos e temos toda a convicção de que Deus nos aproximou com seu amor e com suas mãos, apostando em nós. Além disso, Andressa teve uma grande proximidade com o grupo de jovens em sua comunidade, o grupo de canto e programas (teatro e apresentações) e outros. Participou de eventos promovidos pela própria Paróquia, União Paroquial, Sínodo e a nível nacional. Em 2013, com malas e pacotes de café, partiram para Faculdades EST. Hoje, são aspirantes ao ministério pastoral na IECLB. Andressa compreende que, quando temos uma missão a ser cumprida, devemos aceitá-la, pois ela faz parte dos desígnios de Deus. Deus conhece a fragilidade do ser humano, mas sempre dá inspiração e estímulo, dando-nos conforto, estendendo a sua mão e tocando em nossos lábios. Andressa transmite que a pessoa vocacionada por Deus geralmente tem muitas objeções, cria resistências, sente medo, levanta dúvidas. Mas o conforto de Deus nos faz anunciar, dialogar, comungar e profetizar o Evangelho da Salvação. Andressa é minha esposa. Admiro sua sensibilidade e capacidade de trabalhar e desenvolver atividades com as comunidades, de uma forma ativa e criativa. Ela é uma mulher disposta que pretende fazer a diferença neste mundo. Todos e todas nós fomos escolhidos e escolhidas como filhos e filhas do grande amor de Deus. Hoje e sempre o Senhor nos convida a sermos mais santos e bons, e Deus em sua sabedoria nos envia sua luz e a riqueza de todos os dons. O desejo da Andressa é que Deus possa sempre erguer a sua mão e conduzir o caminhar da sua vida, da família e das comunidades. Seguindo os caminhos de Deus, nossos passos firmes vão. Em meio a tantas violências, Andressa não quer andar sozinha na tristeza e na solidão, mas, acompanhada por sua família, pela sua comunidade e pela sociedade justa, igualitária e amorosa. História relatada por Hilquias Rossmann


Nome: Anelise Ruppenthal Trierweiler Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Picada Café Paróquia: Picada Café/RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

No dia 25 de abril de 2015, no Instituto de Educação de Ivoti/RS, participei da primeira etapa do curso “Como coletar e narrar histórias de vida”, no Sínodo Nordeste Gaúcho. Neste dia, foi proposto para o grupo participante que cada integrante escrevesse a sua história. Empolgada com a narrativa da história de vida de Katharina von Bora, que nos foi apresentada nessa ocasião, logo me lembrei de um trabalho da IECLB realizado em 2012, que trata da elaboração do livro “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, que faz o resgate e registro das histórias de membros de nossa Igreja, de nossas Comunidades. Este estudo foi coordenado pelo Dr. Martin Norberto Dreher, que para mim também é uma referência de vida, por ter sido o professor que me orientou no meu Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em História, cujo título era: “Picada Café: sua vida, sua produção na virada do século XIX para o XX”. A citação a seguir ilustra perfeitamente o sentimento de comprometimento com a nossa fé que tão bem nos foi transmitida naquele dia. “Igreja que olha para o futuro vive de suas raízes. Árvore que cresce e olha para o céu só o pode fazer enquanto tiver raízes. Igreja sempre terá que se orientar em Jesus, em sua história, em sua presença e em seu futuro. Sendo Igreja de Jesus, depende somente dele. Nessa dependência ela vive do testemunho que vem dos discípulos e apóstolos e nos foi transmitido por “nuvem de testemunhas” que nos legaram histórias de vida e fé”. (Martin N. Dreher, “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, p. 213).


Sou Anelise Ruppenthal Trierweiler, nasci em 26/02/1982, em Nova Petrópolis, mas moro em Picada Café, localidade de Kaffee Eck, desde meu nascimento. Tenho graduação em Licenciatura em História, desde 2007, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, e Especialização em Gestão Pública pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, em 2011. Trabalho na Prefeitura Municipal de Picada Café. Faço parte da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em São João de Picada Café. Fui batizada na igreja que pertence a essa Comunidade. Desde pequena já frequentava o Culto Dominical ou “Sonntagsschule”, como costumávamos chamar no dialeto alemão. Quando entrei no Ensino Confirmatório, também já era hora de ajudar nas festas da Comunidade. Tive uma infância muito privilegiada. Minha mãe, Vera Marisa Kintschner, ficou em casa, cuidando de mim e minha irmã Angelica Ruppenthal Boettcher até que eu estava com 11 anos e minha irmã com oito. Junto com os afazeres domésticos, ela trabalhava para malharias, mas em casa. Depois ela começou a trabalhar fora de casa. Ela ainda hoje trabalha na Malharia Schmitt de Picada Café. O meu pai, Alberto Luiz Ruppenthal, sempre foi caminhoneiro (profissão que exerce até hoje, junto com o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Picada Café), e, às vezes, ficava dias longe de casa. A saudade sempre era grande. Com a mãe trabalhando fora de casa, nos turnos em que eu e minha irmã não estávamos na escola, ficávamos na casa de nossos avós paternos. Que tempo maravilhoso! Íamos junto à roça; ajudávamos a limpar a casa, a estrebaria; passeávamos em Nova Petrópolis quando a avó, Lilli Bauer Ruppenthal (in memoriam) e o avô, Arlindo Ruppenthal (in memoriam) pegavam a aposentadoria. São pessoas que me deixaram e ainda deixam um legado de valores e lições de vida: a minha mãe, o meu pai, os avós paternos e também os maternos, que visitava mais em finais de semana. Sempre fui muito estudiosa. Concluí o Ensino Fundamental em Picada Café. No entanto, fiz o Ensino Médio em Nova Petrópolis junto com a Habilitação para o Magistério. Logo após o estágio já iniciei a faculdade e comecei a trabalhar como professora de Educação Infantil na Fundação Assistencial de Picada Café. Com o meu salário, eu pagava as despesas com os estudos. Nesse tempo, em 2001, também conheci o meu marido, Joel Cristiano Trierweiler. Ele ainda estava estudando no Ensino Médio, fazendo o Curso de Técnico Agrícola, pois é dois


anos mais novo que eu. Depois da conclusão de seus estudos, começou a trabalhar na empresa Bolsas Emme, em que está até hoje. Em 2005, comecei a trabalhar na Prefeitura Municipal de Picada Café, sendo atualmente Secretária da Junta de Serviço Militar e responsável pela emissão de Carteiras de Identidade e de Trabalho. Como já citei anteriormente, em 2007, concluí os meus estudos na Unisinos. Em 2009, eu e meu marido oficializamos nossa união perante Deus. Foi o Pastor Nelson Altevogt que conduziu a cerimônia. Ainda não temos filhos, mas é o nosso maior pedido a Deus. Para aperfeiçoar-me mais no meu trabalho, iniciei, em 2010, o curso de Especialização em Gestão Pública pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, tendo obtido o título em 2011. Em 2012, tivemos a notícia de que seríamos pais; contudo, houve um aborto espontâneo. Em 2014, procuramos uma Clínica em Reprodução Humana. Não obtivemos sucesso. Mas no começo de 2015, a notícia de outra gravidez natural nos emocionou muito. No entanto, outro aborto aconteceu. Em finais de abril desse ano, novamente a notícia de uma gravidez. Era uma mistura de ansiedade, alegria e susto ao mesmo tempo. Desta vez, tudo estava parecendo ir muito bem. Estávamos confiantes de que agora teríamos o nosso tão sonhado filho. Em início de maio, a primeira ecografia acusou uma gravidez fora do útero. O coração do nosso amado já pulsava dentro de mim, mas a cirurgia foi inevitável. Tenho fé em Deus de que Sua escolha é o melhor que Ele quer para nós. A minha participação como membro da Diretoria da Paróquia aconteceu no ano de 2009. Lembro que foi um convite do Pastor Nelson Altevogt a minha indicação como secretária da Diretoria da Paróquia. Fiquei muito feliz em saber que as outras pessoas confiavam no meu nome para escrever as atas das reuniões, o que também me motivou a aceitar o desafio. Até hoje faço parte da Diretoria. Um dos aspectos que considero mais importantes na vida da Comunidade é justamente o trabalho em equipe em busca de um mesmo objetivo. Todos engajados na mesma luta e na mesma fé, idealizando uma Igreja sempre mais unida e forte. Acredito também que é esse engajamento em Comunidade que te faz crescer, que te torna um cidadão pleno. Nesse ponto, considero que eu não teria nada a mudar em nossa Igreja. Tenho certeza de que a dinâmica usada pela Igreja é satisfatória. A questão fica na consciência das pessoas de terem tantos recursos em suas mãos e não aproveitarem as oportunidades que a vida lhes dá. A vida religiosa em Comunidade nos proporciona um encontro de pessoas que vivem a sua fé e refletem sobre sua ação.


Um dos trabalhos realizados pela IECLB e que considero de suma importância são as atividades desenvolvidas pela OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas). Em Picada Café, o grupo da OASE tem uma promoção durante o mês de outubro de cada ano, que é o Café Anual da OASE. Esse evento já é conhecido na região, sempre atrai muitas pessoas de diversas localidades. Quando esse evento ocorre, sempre sou convidada a ajudar a servir o café. Eu não participo atualmente do grupo da OASE, mas me sinto muito bem em poder ajudar. Em 2012, tive participação no livro “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, escrevendo sobre a história de nossa Comunidade. Ele resgata e registra as histórias de membros de nossa Igreja, de nossas Comunidades. Em 2014, foi lançado, em Picada Café, o livro “Lux Perpetua – O caminho da fé através dos vitrais”. Este último tem quatro autoras: Anelise Ruppenthal Trierweiler, Angela Tereza Sperb (Organizadora), Josiane Mallmann e Patrícia Rosina Stoffel Hansen. O livro faz uma contextualização da vida religiosa em Picada Café e apresenta um histórico dos vitrais e dos vitralistas no Rio Grande do Sul. As igrejas históricas do município apresentadas no livro são: a Igreja São João (filiada à IECLB), no bairro São João; a Capela Nossa Senhora da Visitação, em Picada Holanda; a Capela Sagrado Coração de Jesus, no Jammerthal; a Matriz Santa Joana Francisca de Chantal, na Joaneta; e a Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no centro de Picada Café. Também faço parte de um grupo que se chama Associação de Amigos do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Picada Café, ou simplesmente Amigos de Picada Café. É um grupo que se reúne mensalmente com o objetivo de preservar a memória material e imaterial de Picada Café. Um dos projetos mais importantes realizados pelo grupo é: “A Igreja é o Palco”, que aconteceu no ano de 2013 e, como o próprio nome já diz, consistiu de apresentações de grupos musicais nas igrejas de Picada Café. Um dos eventos que mais me marcou em minha vida foi quando o meu pai, Alberto Luiz Ruppenthal e a minha mãe, Vera Marisa Kintschner, se separaram. Isso aconteceu no ano de 2007. Naquele ano, eu estava na reta final do meu curso de graduação, e esse foi um ano bem conturbado para a nossa família em função da separação. Eu tinha prometido para a minha mãe que, assim que eu


me formasse, nós duas iríamos começar a cantar no Coral da nossa Igreja. Então, num dos cultos a que fomos, conversamos com a Sra. Marlise Altevogt, que é a regente, e, no inverno de 2007, começamos a participar do Coral São João. Acredito que, de certa forma, esse nosso ingresso no Coral fez com que nos aproximássemos ainda mais de nossa Igreja, pois os ensaios são de duas em duas semanas, mas temos várias apresentações durante o ano e outros eventos que fazem com que cada vez mais possamos afirmar a nossa fé. Como é bom poder ouvir histórias do passado e poder partilhar com outras pessoas! A minha mãe sempre conta que ela adorava quando o Pastor Heinrich Brakemeier vinha visitar a família, quando ela era criança, e contava histórias mostrando slides na parede branca. Ela me disse que o Pastor usava muito o nome “Anelise” nas suas narrativas. Esse é um dos motivos pelos quais ela escolheu esse nome para mim. E hoje, como Historiadora, acredito que o compromisso que temos com a nossa fé também deve ser passado para os nossos descendentes, assim como nossos antepassados nos orientaram a seguir esse caminho, trazendo do Velho Mundo um legado de amor e esperança, baseados na fé e na união, na coragem de traçar uma nova vida do outro lado do oceano.


Nome: Arlete Maiberg Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: São Lucas – Porto Mendes – Marechal Cândido Rondon - PR Sínodo: Rio Paraná

Meu nome é Arlete Maiberg, filha de Arno e Gerda Lindner (em memória). Nasci dia vinte nove de junho de mil novecentos e cinquenta e oito, em Presidente Getulio, Santa Catarina. Aos quatro anos de idade, juntamente com meus pais e meu irmão viemos fixar residência em Porto Mendes, na linha Cunhaporã, município de Marechal C. Rondon. Desde o meu nascimento faço parte da IECLB da qual me orgulho muito. A nossa vinda ao Paraná foi na época do desmatamento. Tempo difícil, inicio de uma nova etapa. Lembro-me muito bem da casinha de madeira no meio dos tocos da mata derrubada, era preciso muita fé pra superar todos os obstáculos. Realmente meus pais tiveram muitas dificuldades. No lugar onde morávamos, todo o mês chegavam novos moradores, vindos de Santa Catarina. Eram de origem alemã e italiana, havia uma união muito bonita entre as pessoas. Quando um caminhão chegava com a mudança, soltava-se um foguete para avisar as pessoas, que iam todas ao encontro, para ajudar. Assim fui crescendo rodeada de muitas coisas boas. Os dias mais felizes eram os dias em que meu pai colocava os cavalos na carroça para irmos ao culto. Dificilmente faltávamos. Frequentei o culto infantil e para a doutrina eu ia de bicicleta, andava sete quilômetros, mas adorava ir. Minha paixão por ser luterana não é de hoje, vem de berço. Eu teria muitas outras coisas pra relatar da minha infância, mas vamos adiante. Estudei até o quarto ano, pois sou da época onde as meninas aprendiam a costurar e ser uma boa dona de casa e os meninos a estudar. Posso dizer que fui feliz na infância, adolescência e juventude. Casei-me em vinte um de Abril de mil novecentos e setenta e oito, com Ottomar Maiberg. Tivemos uma filha e um filho de


nosso casamento, a Sandra e o Marcelo. Levamos uma vida normal, tentando fazer o melhor para que o filho e a filha crescessem com fé e felizes. E assim os anos foram passando. Às vezes somos pegos de surpresa. Como se encontrássemos armadilhas na vida. Eu, uma mulher cheia de fé, lutando para que nossas vidas fossem perfeitas me encontrei no fundo do poço. Isso não pode ser... Mas foi isso mesmo. Deparei-me com um dos piores vícios que conheço - ALCOOLISMO. Sim meus queridos eu, uma mulher alcoólatra! Já imaginaram? Quando me dei conta que eu era dependente, eu já estava “super” viciada. Não dá pra descrever o tamanho do sofrimento que esta doença me causou e a todos que conviviam comigo. Até então, eu achava que bebia quem não prestava ou quem realmente queria. Mas hoje eu só quero pedir: não julguem e nem apontem com o dedo, pois alcoolismo é uma doença muito cruel. Não é de um dia pro outro que nos tornamos dependentes, mas no decorrer de vários anos. Precisamos ficar atentos ao modo como consumimos bebida. Então começou a minha luta de querer sair desse pesadelo e, no desespero de sair afundava cada dia mais. Lembro-me que conversava com Deus implorando pra me tirar dessa situação. Você consegue sair sozinha... não! Isso eu posso afirmar. Mas quando você assume o seu problema e aceita ajuda, aí sim, é possível. Deus coloca anjos em forma de pessoas no nosso caminho. E Ele colocou no meu caminho a Sra. Dagma van Den Bylaardt Lutz e a ministra Cler Regina Schoulten. Mesmo assim foi difícil. Eu não queria tratamento. Agarrei-me na fé em Deus e por fim, comecei até duvidar de sua existência. Muitas vezes o desafiei. Lembro-me de todas as palavras que dizia a Ele: “Deus, se realmente existe e se sou merecedora de alguma coisa, então me mostra uma saída. Ou então, me tira deste mundo pra eu não fazer mais ninguém sofrer. Mas me prova que você existe”! Sim, tive a audácia de desafiar Deus. E na virada de 2001 pra 2002 Ele me mostrou o Seu imenso poder e a minha fragilidade. Fui atropelada! Lá estava eu toda quebrada e com vergonha de Deus. Ele me provou que pode tudo e me deu uma nova chance! Eu achava que tinha muita fé. Daquele dia em diante entendi o quanto dependo de Deus, e o quanto Ele deve ter triplicado a minha fé. Todos os dias sou imensamente agradecida pela vida. Por causa do acidente, precisei fazer um tratamento que me ajudou a sair do pesadelo do Alcoolismo.


Estou há 13 anos, 2 meses e 11 dias sem por uma gota de álcool na minha boca. Deus me salvou desse vício que machuca e destrói tantas famílias. Um dia a ministra Nádia Cristiane Engler Becker me perguntou: o que te fez sair desta vida? Respondi que era sofrimento demais. Sim era muito sofrimento. Mas me deu um nó na garganta e não consegui falar a ela que o motivo principal motivo foi minha mãe que estava adoentada. Eu não queria que Deus a levasse sem ver a filha, que ela tanto amava, de “volta”. E obviamente pelos meus filhos amados, que não tem como descrever o amor que temos uns pelos outros. Como não falar dos filhos, Deus foi tão generoso comigo. Eles tinham tudo pra estar num caminho tortuoso, no entanto, são duas pessoas maravilhosas. Sandra, hoje com 35 anos, me deu o melhor presente que uma avó pode sonhar: netas gêmeas, Lara e Alice de um ano e sete meses. Meu genro Diógenes é um ser humano maravilhoso. Meu filho Marcelo, com 33 anos, está no segundo ano fazendo Teologia, em S. Bento, S. C. Às vezes parece que não cabe tanta gratidão a Deus no meu coração. A partir da minha recuperação, minha vida de fé e participação na igreja ficou muito mais forte. O primeiro desafio foi assumir a presidência da minha querida comunidade São Lucas de Porto Mendes. Após, foram surgindo outros cargos na Comunidade, Paróquia e Sínodo. O desafio mais recente que assumi foi a Coordenação da OASE do Núcleo Girassol. Assim, encontrei uma forma de agradecer a Deus por tudo que Ele tem feito por mim. Sinto que Deus tem muito mais para mim e não quero desapontá-lo, muito menos duvidar do seu Amor por nós. DIZEM QUE A FÉ MOVE MONTANHAS. Sim meus queridos! Quando temos Fé conseguimos sair dos piores buracos. Quando fecho meus olhos e me coloco em oração, sinto a mão de Deus segurando a minha e me protegendo e isto me fortalece cada dia mais e mais. Esta é um pouco da minha historia! Que Deus, na sua infinita bondade, abençoe a todos. AMÉM (Relato de Arlete Maiberg, em 27 de outubro de 2015)


Nome: Asta Blondina Schneider Hagemann Membro da IECLB: desde o Batismo Comunidade Evangélica: Trindade de Crissiumal Paróquia: Crissiumal. Sínodo: Noroeste Rio Grandense

Inicio o relato de vida da Asta, minha sogra, com a passagem bíblica de que ela gosta e que sempre foi o norte de sua caminhada como mulher cristã. “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” (Sl 37.5). Assim ela vive sua vida, tendo Deus e Pai sempre presente. Muitos são os fatos e acontecimentos na vida de minha sogra. Eu a conheci no ano de 1977, quando comecei a namorar seu filho Sergio. Mulher dinâmica, pequena agricultora que, além do seu trabalho na propriedade que ela e seu marido Arlindo possuíam, ainda se dedicava à OASE e ao trabalho comunitário. Seu nome é Asta Blondina Schneider Hagemann, nascida em 09/ 06/1934 em Conventos, na cidade de – Lajeado-RS. Asta nasceu e cresceu dentro de um lar luterano. Ela é filha de Arthur Schneider e Frida Clara Scheinpflug Schneider, naturais de Lajeado, pequenos agricultores que lutaram pela sobrevivência da família com extrema dificuldade. Asta relata que, na época de seu nascimento, existiam muitas pragas na lavoura, de difícil controle, especialmente as formigas chamadas de mineiras, que, muitas vezes, devastavam o plantio de milho, mandioca e arroz, alimentos produzidos por seus pais e vizinhos para a sobrevivência das famílias. Devido a isso, por muitos anos consecutivos não se produziu nada. E foi assim que, desiludidos, mas com espírito aventureiro, seus pais decidiram abandonar tudo e partir em busca de novas terras. Aos 3 anos de idade, mais precisamente em 17 de abril de 1937, seu pai e sua mãe, com cinco filhos, migraram de Lajeado-RS para a cidade de Crissiumal-RS em busca de uma vida melhor. A terra nova era de mata fechada.


Um dos fatos que marcaram sua vida foi quando, depois de três meses que estavam morando em Crissiumal, um grupo de revolucionários provenientes de Palmeira das Missões que eram contrários à ocupação das terras por pessoas de origem alemã começaram a perambular, incomodar e ameaçar os moradores. Asta comenta que seu pai foi alertado sobre isso e que escondeu os filhos, juntamente com a mãe, no meio do mato, para que não fossem encontrados. Lá ele fez uma tenda/barraca com a lona de trilhar milho e os orientou a permanecerem em silêncio. A promessa foi feita... mas, crianças como eram, logo começaram a cantar hinos e canções folclóricas em alemão ensinados pelo pai e pela mãe para passar o tempo. Permaneceram na mata por quatro dias, mas, devido à chuva, voltaram para a casa. Asta comenta que teve uma infância feliz, apesar da vida difícil que levavam. Com 8 anos, começou a frequentar a escola Guilherme Rotermund, da Comunidade Evangélica. O trajeto para a escola era uma picada aberta no meio da mata fechada. Caminhavam diariamente seis quilômetros para ir à escola e eram sempre acompanhados pelo antigo proprietário das terras que seu pai comprou e que, por não possuir família, ficou residindo com eles. O mesmo se transformou em protetor das crianças da família, devido ao grande número de animais silvestres que ainda habitavam as matas. Asta foi batizada em 05 de agosto de 1934 em Conventos e confirmada em 07 de dezembro de 1947 em Crissiumal, onde cresceu e se tornou uma jovem muito bonita, trabalhadora, responsável, sempre ajudando os pais em tudo e participando ativamente do grupo de jovens da Comunidade. No ano de 1952, Asta conheceu Arlindo Hagemann, um jovem muito dinâmico do qual se enamorou. Casaram-se em 24 de abril de 1954 e iniciaram sua vida em comum com algumas dívidas, como ela comenta, provenientes da compra de um pedaço de terra para trabalharem e construírem o seu futuro. No início, moravam em um galpão, que também servia para o armazenamento de grãos, mais conhecido como “paiol”. Trabalhavam muito e eram felizes. O nascimento do primeiro filho, Sergio, veio coroar a vida de labuta do jovem casal e alegrar o avô materno, pois era seu primeiro neto. O casamento de Asta e Arlindo foi abençoado com três filhos, Sergio, Silvio e Harry. Formaram um lar luterano no qual cresceram seus filhos. Ela comenta também que, para ajudar nas despesas, vendia ovos, leite, nata, melado e fazia rapaduras de melado, de que todos gostavam, pois tinham um


ingrediente muito especial, que era o “amor”. Conseguiram, assim, construir sua casa após dois anos de casamento e, com o passar dos anos e muito trabalho, superaram as dívidas e compraram seu primeiro carro, que era um jipe. Com esse automóvel percorriam a linha em que residiam e angariavam ofertas para as festas de colheita da Comunidade. O casal sempre foi muito engajado na Comunidade, e esse viver em comunidade, esse trabalho voluntário também foi repassado aos filhos, que cresceram, casaram e lhes deram noras, seis netas e três netos, uma bisneta e dois bisnetos. Foram anos de muita alegria, trabalho, companheirismo e dedicação à Comunidade Evangélica Trindade e à OASE de Crissiumal. Estiveram casados por 58 anos. No dia 13 de abril de 2012, Deus chamou seu filho Arlindo para junto de si. Para Asta, ser luterana significa confiar, acreditar em Deus, ter fé, ouvir e aceitar a palavra, testemunhando o amor de Deus por nós. Para ela, ser mulher luterana é dedicar-se, é participar ativamente do dia a dia da Comunidade e da OASE, o que sempre gostou muito de fazer. Asta foi e é um exemplo de mulher luterana que testemunhou e colocou em prática o amor ao próximo. Sempre esteve disposta e pronta para ajudar as pessoas em suas dificuldades e necessidades. Nunca se importou se fazia sol ou chuva, calor ou frio, dia ou noite quando chamada para ajudar pessoas vizinhas e amigas. Também dedicou seu tempo ao trabalho de agente de saúde na linha Cotricampo, onde residiam, preparando chás e remédios caseiros, ajudando muita gente com os seus conhecimentos. Dedicou-se também aos grupos do lar, um programa da EMATER, e ao balãozinho, atuando em muitas sociedades. Asta, em toda a sua caminhada, sempre contou com o apoio do marido. No ano de 2002, aposentados e já com certa idade, Asta e Arlindo foram morar na cidade. Através de sua dedicação, liderança e persistência, criou-se um ponto de pregação da Comunidade Evangélica Trindade no bairro em que foram morar. O casal também sempre participou de corais, pois adoravam cantar. Hoje com 82 anos, acometida pela doença ELA – esclerose lateral amiotrófica, Asta está com os movimentos completamente paralisados, o que a entristece muito, pois sempre foi e ainda queria continuar a ser uma mulher muito ativa, apesar de suas limitações. Atualmente, ela reside com seu filho Harry e sua nora Neuza, pois precisa de acompanhamento diário e constante. Mas, apesar de tudo, agradece a Deus por tudo o que passou e viveu, pois foram momentos muito bons, e coloca-se sempre nas mãos de Deus, pois confia nele e que ELE guie, cuide e proteja a sua família, pela qual ora sempre.


Para ela, fazer parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana significa viver em comum-união, testemunhando o evangelho a todos e servindo ao Senhor com alegria. Essa alegria é traduzida pelo hino do HPD I – 237, “Graças dou por esta vida....”, que, de acordo com Asta, é um hino e uma oração muito especial que traduz todo o seu sentimento pela sua vida com Deus, família, amigos e vizinhos.

(História de vida registrada por Rejane Beatriz Johann Hagemann)


Nome: Beatriz da Silva Strottmann Tempo de participação na IECLB desde o casamento Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Beatriz da Silva Strottmann, nascida em 1951 em Cruz Alta/RS, de família católica, foi batizada e crismada na igreja. Na adolescência foi para a capital trabalhar como manicure. Passou por muitas dificuldades sozinha, morando na casa de amigas ou de patroas. Muitos anos depois, conheceu o seu amor Guilherme, que é luterano de berço. O dois tiveram uma filha chamada Bibiana. Por exigência do Pastor Osmar Orange, casaram-se um dia antes do batizado de Bibiana, na Paróquia da Paz, em Porto Alegre/RS. Os anos no Rio Grande do Sul foram de pouca igreja, mas muita fé. Devota de Nossa Senhora de Fátima Bia, ao sair do trabalho, fazia suas orações na igreja católica próxima. Na virada do milênio mudou-se com a família para São José dos Campos/SP. A mudança trouxe desafios como a distância dos familiares e pessoas amigas, e a saída do trabalho. Encontrou na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba conforto, apoio e comunhão. Logo, fez amizade com a Cristina Röpke, esposa do Pastor Ernani Röpke. Bia passava tardes na casa da Christina, fazendo suas unhas e ajudando a cuidar do pequeno Martin, desde o nascimento. Ela também passou a frequentar as aulas de artesanato em madeira, na casa da Sra. Erica Gielow onde aprendeu a pintar belos objetos em madeira.

Foi convidada, junto com

Guilherme, para ser madrinha e padrinho de batismo do Philipe, segundo filho do P. Ernani e Cristina.


Bia conquistou muitas amizades com a sua alegria. Com o passar dos anos, a comunhão entre os irmãos e as irmãs se estreitou e Bia viu na comunidade de fé, uma segunda família. Com a vinda da Pastora Elisabeth Lieven, em 2004, o trabalho da OASE tomou força na igreja incorporando ao seu trabalho, visitação aos membros mais distantes e pessoas idosas da paróquia. Bia foi “figurinha carimbada” nos passeios da OASE, além de participar de Fóruns e retiros de mulheres. Bia sempre foi uma serva de Deus ativa na comunidade, ajudando na cozinha, levando uma sobremesa para os eventos, confeccionando artesanatos em madeira ou lavando as toalhas das festas. Deus lhe deu o dom para a cozinha e os trabalhos manuais. Suas delícias são sempre elogiadas e suas receitas são um verdadeiro mistério (até para ela). Suas pinturas em madeira são tão bonitas quanto as da professora.

E as almofadas que ela costura, são as que tem os pontos mais

imperceptíveis. “Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo 30, 60 e até mesmo 100 vezes mais do que tinha sido plantado” Mateus 13.8

Autoria de Bibiana da Silva Strottmann, filha. São José dos Campos/SP em 18/09/20


Nome: Carla Andrea Grossmann Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Bom Pastor Paróquia: Coronel Barros Sínodo: Planalto Rio-Grandense

Meu nome é Carla Andrea Grossmann. Nasci em 16 de março de 1970, em Marechal Cândido Rondon. Fui batizada em 29 de março do mesmo ano. Posso dizer que minha caminhada na igreja começou naquela época. Lembro-me com muito carinho de ter participado do Culto Infantil na Comunidade Martin Luther, em Marechal Rondon. Meu pai teve vários empregos, e, por conta de sua busca constante por um trabalho digno, mudamos várias vezes de casa. Sou, portanto, uma garota do subúrbio das cidades. Faço parte, por origem, da grande massa da população migrante que, ao longo dos anos 60, 70 e 80, correu Brasil afora em busca de emprego e melhor condição de vida. Ao longo de muitas migrações, a ligação com a igreja sempre foi alento e deu segurança para minha família. Onde quer que morássemos, não estávamos sozinhos! Quanto eu tinha 6 anos, minha família veio para o Rio Grande do Sul, para Ijuí, onde meus pais tinham muitos parentes e havia emprego para meu pai. Minha mãe era professora durante o dia e estudava à noite. Ela era educadora especial, e com ela aprendi a respeitar todas as pessoas e ver o que o mundo considera como diferente, de outro jeito, como diversidade e pluralidade. Com ela aprendi as primeiras orações e histórias bíblicas. Ela era muito ativa na Comunidade, cantando no coral, levando os filhos e a filha à igreja, sendo orientadora do Culto Infantil. Dela ouvi um dos primeiros conselhos importantes que uma mãe e um pai podem dar à sua filha, quando eu ainda era menina: “Filha, nunca deixe um homem bater em você. Você é digna e tem valor, nunca permita que isso aconteça”.


Quando eu estava no Ensino Confirmatório, sonhava em trabalhar com pessoas na igreja. Eu não sabia que mulheres podiam estudar teologia, mas pensava que isso seria muito importante para mim. Certa vez, no Ensino Confirmatório, recebemos a visita de uma pastora. Ela compartilhou suas experiências no estudo da teologia e falou também sobre o seu trabalho como pastora. Meus olhos brilharam! Depois do encontro, procurei essa mulher e conversei com ela, compartilhando meu sonho de também estudar teologia. Em 2014, ao receber a visita da querida Doris Kieslich, fiquei sabendo o nome dela: Claudete Beise Ullrich. Sou muito grata a ela, que abriu as portas da possibilidade de estudar teologia para mim, e disse bem claro: “Carla, em nossa igreja mulheres podem estudar teologia e ser pastoras”. Durante a adolescência, tive muito contato com trabalhos comunitários. Fui a primeira orientadora de Culto Infantil do ponto de pregação do Bairro Modelo, em Ijuí, hoje um Núcleo Comunitário. Também ali, com meus irmãos, fundamos o primeiro grupo de Juventude Evangélica. Como confirmanda, participei do Grupo Bandeirantes do Verde, que fez a arborização e o cuidado das praças do Bairro Modelo. Era um grupo de ação voluntária que me permitia viver a fé fora do círculo da IECLB. No Colégio Evangélico Augusto Pestana, onde estudei por dois anos e meio, fui fundadora de um grupo de oração. Quando tinha 16 anos, minha família mudou-se para Santo Ângelo, e ali tive, com meus irmãos, uma grande participação na Comunidade, através do grupo de jovens, das encenações natalinas e de outras atividades. Quando o pastor local soube de minha intenção de ingressar no estudo de teologia, colocou-me no grupo de visitadoras. Em 1988, ingressei no curso de teologia na EST, em São Leopoldo. Lembro-me com alegria das gerações de mulheres que estudaram comigo, ou que eu tive a oportunidade de conhecer. Foram pioneiras, junto comigo, em várias áreas. Recebemos de nossas antecessoras o Grupo de Mulheres, os encontros de mulheres estudantes de teologia e ministras, os primeiros trabalhos, leituras e discussões na área de Teologia Feminista. Lembro-me com muito carinho de um desses encontros de estudantes e ministras, marcante, com a presença da fantástica Rose Marie Muraro. Eu também fiz parte da geração que teve pela primeira vez a cadeira de Teologia Feminista, com a pastora Wanda Deifelt. Foram anos incríveis, de muitas celebrações, discussões, debates e, sobretudo, crescimento. Tenho um filho, o Lucas, e uma filha, a Raquel. Meu filho e minha filha me ensinam muito sobre temas que aquecem meu coração: pluralidade, justiça de


gênero e inclusão. Também penso muito no mundo que vamos deixar como herança para as próximas gerações... o que temos feito para preservar nossos recursos naturais? Buscar alternativas para a geração de energia e combustível? Preservar nossa preciosa água? Valorizar a produção local de alimentos e bens? Como herdeira da Reforma, sinto que tenho muito compromisso com esses temas. Se fui tímida até agora, então é tempo de investir com coragem nesses temas! No trabalho comunitário, tenho tido muitas experiências. Tenho aprendido muito! Quero continuar a servir a Deus de uma maneira renovada. Penso que buscar essa IECLB que sonhamos é uma tarefa para muitas gerações de mulheres e homens nos ministérios e no trabalho voluntário. Amo minha igreja e quero vê-la cada vez mais plural e inclusiva. Vejo aonde chegaram nossas igrejas-irmãs na Suécia, na Finlândia, na ELCA (Igreja Evangélica Luterana da América) e sei que nossa caminhada ainda é longa; por isso, aconselho-me diariamente a não parar. Recebi de minhas avós Hermengarda Kant e Irma Grossmann, de minha mãe Marly e de tantas irmãs uma chama acesa que eu quero renovar e manter: amar a Deus nas pequeninas e nos pequeninos e plantar sementes de mudança, para que as próximas gerações deem um passo a mais. Que bom, temos muito para fazer!


Nome: Carlota Christimann Membro da IECLB desde o Batismo Comunidade: Sertão Santana - RS Sínodo: Rio dos Sinos

Meu nome é Carlota Christimann, nasci no dia 05/01/1945, filha de Arthur Raab Teifke e Joana Maria Marta Kuck Teifke. Fui batizada na IECLB em 25/02/1945 e confirmada em 14/12/1957, pelo Pastor Gustavo Peitz. Tenho cinco irmãos, três deles são mais velhos do que eu. O que mais marcou em minha infância foi o colo e carinho que recebi do meu pai. Da minha adolescência e juventude não tenho boas recordações. Fui muito maltratada por alguns de meus irmãos. Tenho traumas psicológicos que me marcam até hoje. Devido à má convivência com os irmãos, sempre sentia vontade de sair de casa, mas não sabia como nem para onde ir. Certo domingo, num culto, o Pastor falou na predica a respeito de um problema de saúde que ele teve. Ele precisou ficar hospitalizado no Hospital Moinhos de Vento. Durante a sua internação, ele soube que o hospital oferecia um curso de Auxiliar de Enfermagem. As pessoas interessadas em fazer o curso ganhavam a hospedagem e as refeições e trabalham no próprio hospital para pagar os custos. Isto era tudo que eu queria ouvir. Em casa falei da minha decisão de ir embora e fazer o curso. A notícia foi como a uma bomba. Minha mãe me disse que se eu fosse sair de casa eu não era mais, para contar com a ajuda dela, da família. Mas isso não me intimidou. Alguns dias depois fui à casa do Pastor e falei do meu interesse pelo curso. Foi quando, ele me ofereceu uma carona até o Hospital Moinhos de Vento. Ao me despedir da mãe ela não aceitou o meu abraço. Meu pai me abraçou e pegou minha mão disfarçadamente e falou baixinho em alemão “fica quieta” e colocou uma quantia em dinheiro na minha mão.


Chegando ao Hospital, me encaminharam para a Irmã Superiora Anna Götschin. Ela logo me falou para voltar pra casa, explicando que não tinha vaga. Mas eu insistia dizendo: - Eu vim para trabalhar. Depois de mais ou menos 2 horas sentada, chegou a Irmã Luise Abel que ouviu minha insistência: - Eu vim para trabalhar. Ela então, falou para a Irmã Anna que acabara de surgir uma vaga. Foi quando ela me levou até o quarto e acomodou-me na clausura das irmãs com as colegas que se chamavam Edith, Guilda, Sara, Leonor e Tusnelda. Cheguei no Hospital dia 18/03/1963 e no dia 10/04/1963 recebi a primeira carta da minha mãe onde estava escrito “ Liebe Lote”( este é o meu apelido). Chorei muito, entendi que minha mãe me amava muito e tinha aceitado a minha decisão. Saí do hospital dia 30/11/1967 porque ia me casar no dia 02/12/1967 com Arno Christimann. Não deixei de trabalhar no Hospital Moinhos de Vento. Deixei apenas de residir no hospital, pois Arno e eu fomos morar na nossa casa, simples e pequena. Do casamento tivemos um filho e uma filha, Claus e Agnes, que nos deram dois lindos netos, Felippe filho da Agnes e Guilherme filho do Claus. Foi um casamento muito, muito feliz, mas quis Deus que só durasse 12 anos. Por causa de uma grave doença, o Arno veio a falecer no dia 02/03/1980. Novamente passei um período difícil. Tive que ser forte para criar e educar os filhos, ainda pequenos, e trabalhar ao mesmo tempo. Mas com a ajuda de Deus consegui superar. Hoje me sinto feliz, realizada e agradecida a Deus por tudo que ele fez e faz por mim. Sou da IECLB desde que nasci. Sou membro da comunidade de Sertão Santana – RS. Gosto de participar da OASE Katharina, Estudo Bíblico, Grupo de Mulheres e Visitas a senhoras idosas. Sou alegre, gosto de participar das festas da comunidade, dançar, viajar e conversar com as amigas. Sou amada pelos meus filhos e netos. Trabalhei no Hospital Moinhos de Vento até o dia 14/06/1991, quando me aposentei. Meu lema é: “Não falo a Deus que tenho grandes dificuldades, falo para as minhas dificuldades que tenho um grandioso Deus!” Carlota Christimann


Nome: Celi Tesche Germany Membra da IECLB: Desde o batismo. Comunidade: Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS Paróquia: Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor, Rio Grande do Sul Sínodo: Nordeste Gaúcho

Sempre que ouço o grupo de sopro da igreja da IECLB de Picada 48 Baixa Lindolfo Collor fico muito emocionado. Aliás, este é um dos motivos que me fez escrever esta história. No dia 11 de setembro de 1971 nasceu Celi Tesche Germany no município de Ivoti, Rio Grande do Sul. É filha de José Claudio Tesche e Elvira Tesche. É irmã da Marli, da Isolde, da Noeli, da Marlene, da Simone, da Maristela, do Romeu, do Miro e do Sérgio. Sua família era financeiramente pobre. Não tinha morada fixa, porque vivia do corte do mato de acácia. Quando terminava o corte em um local, iam para outro. Aos sete anos ela passou por um sério problema de saúde. Numa certa manhã, sentada na cama, já bastante fraca, escutou uma conversa entre seu pai e sua mãe, na qual falavam sobre sua doença. Imaginavam que ela estava com câncer. Quando a levaram ao médico, Celi estava tão fraca que quase não podia mais caminhar. Sua cor era toda amarela. Pela demora em obter recursos médicos, precisou fazer transfusão de sangue. Mas não era câncer. Pouco tempo, recuperou a saúde. Ela estudou pouco. Estudou apenas até a segunda série do ensino fundamental. No seu relato conta que chorou muito quando o pai disse que não poderia continuar os estudos. A justificativa era porque ela teria que acompanhar o pai no corte de mato e, assim, ajudar no sustento da família. Ela fala que aprendeu a descascar a madeira manualmente e gostava do que fazia. Certo dia, por um descuido, ela cortou-se com o facão que usava para descascar a madeira. O pai orientou que ela fizesse “xixi” no local do corte que logo iria parar de sangrar. Com


o passar dos anos, ela foi crescendo e com dezesseis anos de idade foi trabalhar na indústria de calçados de Ivoti. Aos dezesseis anos de idade conheceu um rapaz e logo começaram a namorar. Quando menos esperou, estava grávida. Conta que pensava que isso só acontecia com as outras moças. A maior decepção dela foi a reação do seu namorado quando ele recebeu a notícia de que iria ser pai. Ele simplesmente respondeu que iria fazer uma cova para enterrá-la viva. Ela até pensou em aborto, mas com a ajuda do seu pai e de sua mãe, teve sua primeira filha, que nasceu no ano de 1990. Pouco tempo depois do nascimento da filha, ela procurou a IECLB de Ivoti para fazer o batismo da filha. A primeira pergunta do pastor foi se ela já era batizada. Celi respondeu que não era batizada. A resposta do pastor foi que primeiro ela fosse batizada e depois a filha. Como os pais passavam muitas dificuldades, não tinham condições de contribuir financeiramente para serem membros da igreja. Aqui vejo como falha da IECLB por não ir ao encontro daquelas pessoas que não tem condições financeiras para serem membros da igreja. As lideranças deveriam encontrar uma forma de trazer essas pessoas para a comunidade. A partir de 1990, Celi se tornou membro da IECLB após o seu batismo, mas participava muito pouco da vida da igreja. A mãe dela como avó foi fundamental. Enquanto ela trabalhava para sustentar a sua filha, a avó cuidava da neta. Com 19 anos conheceu outro rapaz, namoram e até chegaram a serem noivos. Mais uma ilusão. Quando menos esperou, ela estava sendo traída. Com mais essa decepção, decidiu que ficaria sozinha com a sua filha. Com 21 anos, mudou de opinião. Em 1992, ela, sua filha, seu pai e suas duas irmãs foram morar na localidade de Sertão Capivara, interior do município de Portão/RS. Como tinha uma filha pequena, ela foi comprar leite na casa vizinha. Ali conheceu um rapaz que logo lhe chamou atenção. Ele era solteiro e muito trabalhador. Mas logo veio o pensamento que não seria possível essa relação por ela ter uma filha. Passou o tempo e um certo dia os dois se encontraram e conversaram. Para a sua surpresa, o rapaz disse que seu maior sonho era adotar uma criança. O namoro foi de apenas 4 meses. No dia 15 de janeiro 1994 casou-se com Norberto Nilo Kickow Germany na comunidade da IECLB, da localidade de Conceição no município de São Sebastião do Caí. Após o casamento ela acompanhava o marido na agricultura. Aprendeu a ordenhar as vacas manualmente, colher frutas cítricas e verduras, a carpir no meio das plantações. Como todo casal recém casado, logo começaram as primeiras dificuldades. Por ela ter passado por algumas desilusões amorosas, tornou-se uma


mulher insegura. Logo começaram as crises de ciúmes, mas o marido nunca deu motivos para isso. Mesmo assim ele abriu mão de algumas coisas que ele participava. Para salvar seu casamento, ele pediu para sair da diretoria do sindicato dos trabalhadores rurais e do presbitério da igreja. O marido, que sempre foi uma pessoa calma, e com algum conhecimento e experiências diferentes das dela, com muita conversa tentou mostrar para ela uma forma de ser feliz. Muitas vezes, antes de dormir, ele pegava na mão dela para rezar um Pai Nosso. Mesmo assim ela continuava a reclamar da vida. No ano de 1994 ela e a família passaram a ser membros da IECLB de Picada 48 Baixa Lindolfo Collor. Depois de alguns anos de casados ela queria ter mais um filho. Quando ela e o marido chegaram num acordo sobre essa ideia, outra dificuldade: ela não engravidava. Culpou varias vezes o marido. Certo dia ela, disse que deixaria nas mãos de Deus. Com quase dez anos de casados, ela engravidou. Aos dez anos de casados, o marido fez uma surpresa para ela: mandou fazer uma tele-mensagem ao vivo escrita por ele mesmo. No dia 05 de agosto de 2004 nasceu o filho que ela tanto queria. Dois meses depois do nascimento, ela teve depressão pós-parto. Começou um tratamento médico que continua até hoje. Como na vida as pessoas passam por várias mudanças, certa manhã, ao acordar, ela tomou uma decisão: com a ajuda de Deus queria ser outra pessoa, mais alegre, prestativa, calma e reclamar menos da vida. E realmente foi o que aconteceu com ela. Com o passar dos anos ela insistia para que o marido voltasse a fazer o que ele gostava. Depois de muita insistência dela ele começou a participar, sendo eleito presidente do sindicato dos trabalhadores rurais, cargo que exerceu durante quatro anos. Atualmente faz parte do presbitério da comunidade de Picada 48 baixa Lindolfo Collor. Durante o período em que o marido estava como presidente do sindicato ela viveu uma das maiores emoções da sua vida. Participou da Marcha das Margaridas em Brasília, onde se encontraram mais de 70 mil mulheres de todo o país. Pela primeira vez, viajou de avião. Segundo ela, foi incrível a sensação de andar de avião. Sempre que fala da viagem da para ver os seus olhos brilharem mais fortes. Hoje é uma mulher de bem com a vida, alegre com um belo sorriso no rosto. Gosta de dançar nos bailes e festas, abraçar seu filho Mateus e sua filha Marlene e curtir as netas Natieli, Danieli e Ester e o neto Victor. Na comunidade sempre auxilia as pessoas com palavras e gestos. Segundo ela, não sente raiva de ninguém e sempre quer o melhor para todas as pessoas. Também começou a gostar da vida da igreja, participando dos cultos e estudos bíblicos. Como gostava de cantar


decidiu a fazer parte do grupo de canto da igreja. No começo do ano de 2016, durante o culto, a pastora Silvia Genz anunciou que quem tivesse vontade de aprender a tocar algum instrumento de sopro, depois do culto, deveria deixar o nome com a pastora. A primeira pessoa a se inscrever foi ela e ficou ansiosa aguardando o começo das aulas, as quais iniciaram em abril. No inicio das aulas, ela escolheu aprender a tocar trompete. Junto com as aulas, surgiram as primeiras dificuldades. Não conhecia notas musicais e nem as posições do trompete. E os instrumentos de sopro são uns dos mais difíceis de se aprender. Sempre teve incentivo do marido que a acompanha durante as aulas. Duas vezes ela quis desistir. A primeira vez foi mais fácil convencer a continuar, mas na segunda ela estava realmente convencida de abandonar o grupo. As palavras de incentivo da pastora Silvia fizeram a diferença para que ela continuasse no grupo. Com esse incentivo, ela encontrou forças para continuar. Atualmente é a única mulher do grupo. Hoje ela sente muito prazer de fazer parte do grupo da comunidade. Ela agradece a Obra Missionária de Metais Acordai, aos dois professores Romar Schneider e Beno Edmundo Heumann pelo trabalho voluntário, que sempre com muita paciência ensinam o melhor ao grupo, a pastora pelo apoio, aos colegas pelo respeito, à comunidade pelos aplausos após cada apresentação do grupo, ao marido que está ao seu lado lhe ajudando em tudo o que é possível. Com lágrimas nos olhos, escrevi essa história. Sou grato a Deus porque de alguma forma sou parte dela. O som do trompete é hoje, para mim, um sinal da vida que renasce. Para encerrar essa história uma frase de Jesus Cristo: No mundo passará por aflições, mas tende bom animo, pois eu venci o mundo (João 16.33). História escrita por Norberto Nilo Kickow Germany, participante do curso “Como coletar e narrar histórias de Vida, realizado pelo Programa de Gênero e Religião da Faculdades EST, com apoio da Comunidade Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS.


Nome: Célia Wölfle Zenker Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Reconciliação – Cerro Grande do Sul - RS Sínodo: Sul-Rio-Grandense

Nasci em 25 de julho de 1937 em Fortaleza – depois Vila Cerro Grande e hoje Cerro Grande do Sul. Sou filha de Hiran Otto Wölfle e Ana Teolina Storck Wölfle. Meu pai era alfaiate e minha mãe o ajudava, além de fazer todos os outros afazeres da casa, cuidar da horta e do jardim. Fui batizada em 6 de março de 1938, pelo pastor Gustav Paitz e minha confirmação ocorreu em 27 de dezembro de 1953. Brincava muito com meus 5 irmãos mas, da irmã mais nova eu tinha que cuidar. Sempre fui muito alegre, divertida. Eu tinha uma amiga, a Anita, juntas subíamos num enorme pé de ameixa, para não sermos vistas. Gostava de passear em Sertão Santana, na casa dos avós e tios. Íamos de carroça e na metade do caminho fazíamos um “Frisch Tic”. Meus avós, vindos da Alemanha, falavam alemão e nós, crianças, também. Aprendemos a falar em português por causa da escola e por medo das perseguições da época, aos alemães. Isso me deixava constrangida para falar com meus avós. Minha irmã mais velha, Dalila, era quem ensinava o português. Participávamos dos cultos uma vez por mês, que acontecia em uma peça da casa do senhor Sonnemann, mais tarde, na casa do senhor Roberto Zenker, meu sogro. O pastor vinha de Faite (espécie de charrete), às vezes no dia anterior. Quando fiz o Ensino Conformatório, já tinha a igreja iniciada. A igreja foi construída com muita dificuldade pelos membros, mas tudo feito com muito amor e fé. Os tijolos foram feitos com barro do próprio terreno da igreja. Eram poucos alunos no Ensino Confirmatório. Se estudava muito para aprender os mandamentos e textos bíblicos. Meu lema bíblico era “Levai as cargas uns dos outros, assim cumprirás a lei de Cristo” – Gal. 6-10. Eu participava dos encontros com Dona Olinda Henning,


que nos ensinava os cantos, e com o Senhor Max Hellebrandt, alemão exigente, que tocava violino. Se alguém estivesse sem atenção, ele batia de leve com a “varinha” do violino. Sempre ajudava quando tinha atividades da igreja, auxiliando minha mãe a fazer cucas, limpar as galinhas no arroio, no cai n’água e tudo que tinha para fazer. Comecei a namorar com o Áureo Zenker na roda de amigos, onde brincávamos, em uma pequena praça, vindo a me casar com ele em 21 de janeiro de 1961. Tivemos duas filhas, de quem me orgulho muito, ambas luteranas, hoje casadas com luteranos e participativas nas comunidades onde são membras. Sempre estudávamos, em família, textos bíblicos e de literatura da igreja fazendo reflexões sobre a palavra de Deus. Em dias de culto, meu esposo não dava trégua, todos tinham que participar. Ele também era uma parceria incrível para levar-me às atividades relacionadas à igreja, junto com minhas colegas. Certa vez, em 1976, as mulheres da comunidade se mobilizaram para comprar os lustres para a igreja. Eu fui à Porto Alegre fazer as compras, porque da turma, eu era a única que sabia andar lá. De volta à minha cidade, com os pacotes na mão, me deparei com o Pastor Helmuth Lampmann e sua esposa Hanna-Lore Lampmann. Eles ouviram a respeito das compras. Então, o Pastor virou-se para a sua esposa e disse, em alemão: “Mama, quem sabe podemos fazer uma OASE com estas senhoras”. E assim se deu início ao trabalho com a OASE. Em 31 de março de 1977, houve a primeira reunião da OASE, no salão de baile do senhor Roberto Zenker. E em 19 de julho do mesmo ano, foi eleita a primeira diretoria, onde assumi a função de secretária. Mais tarde, fui também vice- tesoureira e tesoureira do grupo. Muitas atividades foram realizadas com os recursos arrecadados como: a compra dos lustres de parede para a iluminação, da porta da capela, do piso do pavilhão, a colocação de piso e azulejo nos banheiros do pavilhão, a organização das pias, do mármore, dos vasos e das portas, tudo para melhorar o acolhimento dos membros e visitantes. O grupo trabalhava unido, apesar das dificuldades. Naquele tempo, tudo era ornamentado com palha de coqueiro e flores. A OASE tem toalhas em cretone com estampa azul e branco, que foram costuradas e feito crochê em volta de cada uma. O trabalho era partilhado. Sempre ajudei nas promoções, especial na sobremesa.


Em 1992, meu esposo foi eleito Prefeito do município. Segundo pesquisa realizada pelo pastor da época, P. Elcy da Costa, eu era a única esposa de Prefeito, na região, que participava de um Grupo de OASE. De fatos marcantes, lembro o batizado, a confirmação e o casamento de meus filhos. Um fato inesquecível foi a realização do 2º Dia Sinodal da Igreja, sediado aqui em nossa Comunidade. Todos trabalhando com muito carinho para que tudo desse certo, para que os participantes se sentissem bem. Foi um dia em que, além de ouvir e refletir sobre a Palavra de Deus, pôde-se compartilhar com membros de outras Paróquias, a alegria de ser luterano. Sinto-me orgulhosa de participar desta comunidade que ajudei a construir.

(Relato feito por Célia Wölfle Zenker e registrado por Marli Zenker Pacheco)


Nome: Cely Lenira C. Hollerbach Tempo de participação na IECLB: Desde o Casamento Comunidade: Teófilo Otoni Paróquia: Teófilo Otoni Sínodo: Sudeste

Eu me chamo Cely Lenira C. Hollerbach, viúva de Nelson Hollerbach um ex-tesoureiro da minha comunidade, onde comecei a fazer parte desde o dia que casamos. Já participei da Luterana da Missouri antes de casar. Tenho quatro filhos casados e nove netos. Sou uma feliz participante da OASE desde que me casei. Estou com 76 anos de idade e faço parte do Grupo Esperança da nossa comunidade como também do clube da maturidade na cidade de Teófilo Otoni. Aqui em nossa comunidade abri um grupo de senhoras para o jogo de vôlei. Sou fundadora do grupo dos trabalhos manuais (bordados). Já fiz três cirurgias de coração, quase perdi um rim, mas Deus me deu a felicidade de um bom tratamento, hoje estou bem com Deus, meus médicos e os meus remédios. Gosto de cantar, já cantei no coral, gosto de plantar, costurar, bordar, orar. Como sou viúva e não tenho a condução, às vezes fica difícil minhas participações na comunidade. Faço sempre o possível!


Enquanto viver serei uma servidora da nossa comunidade e fiel serva do noss o Deus. Após a morte do meu marido passei por uma fase difícil. Eu precise consertar o esgoto da minha casa, chamei autoridades, conselhos e ficou resolvido Consertei minha casa por fora e por dentro, coloquei manta plástica na varanda, suspendi o muro e aumentei grades e portão. Tenho dois filhos fora e dois aqui perto de mim, os quais muito me ajudam e orientam. Tudo que fiz, nem consigo acreditar, mas foi tudo poder de Deus. Me considero uma pessoa muito abençoada por Nosso Deus e sinto as bênçãos de Deus derramadas em toda a minha família. Desejo ser uma fiel serva de Deus até o dia que Ele determinar, e ajudar na nossa comunidade em tudo que me for possível, com a Sua ajuda e orientação.


Nome: Christina Ediht Lehmann Cesar Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Luterana de Pindamonhangaba/SP Sínodo Sudeste

Eu, Christina Edith Lehmann Cesar, participei muito pouco de atividades da Igreja Luterana, pelo fato de estar distante fisicamente dela. Nos três anos de internato em Hamburgo Velho/RS (1975 e 1977-1978) fiz a confirmação com o Pastor Bösemann e atuava no culto infantil, colocando em prática o magistério. Em Belo Horizonte, gostava muito de fazer os bordados que a OASE trazia da Casa Maier – Blumenau/SC e acompanhava a mãe no coral. Fiz o curso de Educação Artística – Artes Plásticas na Faculdade Santa Cecília - FASC, em Pindamonhangaba. Morei três anos na Alemanha, estagiando numa Escola Montessoriana. De volta a Pindamonhangaba (1987), comecei a trabalhar com as Irmãs Franciscanas, fazendo traduções, dando aulas na faculdade e crescendo no trabalho voluntário, primeiramente com visitas à Casa de Apoio Sol Nascente II, obra das Irmãs em Lagoinha/SP, fazendo atividades práticas com alunos da FASC (a partir de 2000). Em 2007, Irmã Vera e eu criamos a FUXIQUE, grupo de mulheres voluntárias que até hoje se reúnem em Pindamonhangaba para bordar, costurar, dar nós, pintar, mas muito conversar, trazendo leveza para corpo e alma. A renda dos trabalhos é revertida para a Casa de Apoio. Em 2020 a Casa esteve em festa, “25 anos trilhando nos caminhos de São Francisco”. Eu tive a honra de participar da organização do livro, com lançamento em 12/12/2020. Sou muito grata pelo dom da minha vida e de todos meus queridos a


minha volta, pelos ensinamentos dos meus pais e por tudo que posso fazer com muito amor ao próximo. A minha atuação junto a Igreja Luterana em Pindamonhangaba se fez em alguns muitos Cultos Infantis, quando os sobrinhos eram pequenos; tocando flauta e ajudando na organização da Festa da Colheita. Sou casada com Eduardo Galvão Ribeiro Cesar, católico. Pastor Ivário Fries realizou nosso matrimonio em 1994 e hoje me considero uma persona ecumênica.


Nome: Christina Schmidt. Participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Cristo Rei - Picada da Cruz, Paróquia Evangélica de Confissão Luterana da Paz Cerro Grande do Sul-RS Sínodo: Sul-Rio-Grandense

A história aqui registrada é de Christina Schmidt, filha de Guilherme Luis Kamisnki e Joana Horgue. Ela nasceu em 05 de julho de 1954, em linha Capitão Garcia, na época interior de São Jeronimo, hoje Sertão Santana. Foi batizada no dia 01 de novembro de 1954 e confirmada no dia 13 de novembro de 1966. Participa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil desde seu nascimento. Ela registra que não pode participar de Grupos como Culto Infantil e Juventude por causa da distância entre sua casa e a Comunidade. Christina contou que seu pai, Guilherme, veio da Alemanha com oito anos de idade. Como aconteceu com a maioria dos imigrantes, passou muita dificuldade. Ele era muito rígido. Segundo Christina, essa rigidez tinha muito haver com as dificuldades que passou. O pai de Christina tinha 70 anos de idade quando ela nasceu. Christina casou-se aos 17 anos com Roberto Fridolino Schmidt, atual presidente da comunidade Cristo Rei. Ela conta que quando se casaram não tinham praticamente nada, e ainda um temporal de pedras destruiu a plantação de fumo no primeiro ano de casamento. Nesse mesmo ano, nasceu o primeiro, dos quatro filhos do casal (Martinho, Milton, Nilson e Cristiane). Ela conta que desde criança pedia em oração para que Deus lhe desse um marido companheiro, para que não houvesse briga em seu lar. E assim aconteceu. Ela ressalta que o companheirismo, o trabalho e a fé sempre andaram juntos. Participaram sempre juntos nos cultos, o casal com seus quatro filhos. Um deles, o filho Milton Schmidt é hoje ministro Pastor na IECLB.


Christina ressalta a convivência com outros irmãos e irmãs de fé e o ouvir a Palavra de Deus como um aspecto importante na vida comunitária. Falou que gosta de participar na comunidade, colocando seus dons a serviço. Participa da OASE da qual fez e faz parte da diretoria. Participa com seu marido como presidente da Comunidade nas reuniões, na organização do espaço litúrgico (cuidando também da limpeza da igreja, do altar, elemento da Santa Ceia); Adora fazer teatros de natal – eu, Isolete, considero que ela sempre desempenha muito bem os seus papeis nos teatros. Além disso, Christina faz crochê, trabalhos de fuxico para vender na lojinha que a OASE organiza durante a festa tradicional da Comunidade, todo quarto domingo de maio. Christina disse que gostaria de ser mais espontânea e assim expor mais suas ideias. Ela ressalta que já consegue se expressar melhor do que anos atrás e isso se deve à participação ativa na sua comunidade. Quanto à sua vida de fé, Christina diz que procura fazer as coisas certas, cumprir os mandamentos, incentivar pessoas a participarem da vida comunitária demonstrando o quanto é necessário e benéfico para todo o ser humano. Como um momento marcante na sua caminhada de fé comunitária, Christina destacou a inauguração do Templo da Igreja Cristo Rei. Segundo ela, foi uma luta para conseguir ter uma comunidade mais próxima de sua residência. Lembra com muito carinho que seus filhos ajudaram na construção, trabalhando de serventes de pedreiro. Depois, esse mesmo templo serviu como espaço para o casamento dos filhos, Ordenação do filho ao ministério pastoral, Batismo dos netos. Em 2016, realizamos o culto de confirmação dos netos Luana e Otávio, filho e filha do Martinho e do Nilson. Com dedicação e sabedoria, Christina construiu uma linda família. Educou bem seus filhos e netos incentivando-os a tornarem-se tementes a Deus, como ela própria é. Christina serve a Igreja com dedicação e é uma pessoa de bem. É uma mulher de pouca fala como ela mesma disse, mas tem palavras de muita sabedoria. Ao ouvir sua história é possivel dizer: sua esperança e oração foram atendidas. História coletada por Isolete Marcia Follmer – Diaconisa da IECLB


Nome: Claudeci Voigt Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Marcílio Dias Paróquia: Canoinhas/PR Sínodo: Norte Catarinense

Sou Claudeci Voigt, tenho 41 anos e vou descrever um pouco da minha história dentro da IECLB. Como meus pais são luteranos, já nasci luterana. Fui batizada, sempre participei do Culto Infantil e frequentei o Ensino Confirmatório. As aulas do Ensino Confirmatório eram ministradas pelo Pastor Wolfgang Richter, hoje já falecido. Gostava bastante de participar. Lembro-me de uma época em que os professores da escola entraram em greve e depois tiveram que repor as aulas, inclusive aos sábados, nos quais tínhamos Ensino Confirmatório. Os professores nos dispensavam para que não perdêssemos o Ensino Confirmatório, e confesso que dava graças a Deus por isso! Minha confirmação foi bem marcante, pois era um momento bem esperado. Após o culto, os convidados foram recepcionados na minha casa, onde tivemos o almoço e café. Gostei de tudo, pelo menos quase tudo. Olhando as fotos, não gosto do meu cabelo, pelo qual culpo minha irmã Iraci, que foi quem me arrumou. Continuando a caminhada, frequentei bastante a Juventude e adoro lembrar e recordar as peças teatrais que fazíamos para o Natal, das quais já participava desde o Culto Infantil. Momentos inesquecíveis que vêm à memória com tanta vivacidade que muitas vezes parece que foram ontem que aconteceram.


Trabalhar com o Culto Infantil tem sido uma experiência bem significante na minha vida. Participei de alguns seminários para orientadores e orientadoras do Culto Infantil, onde tínhamos a oportunidade de conhecer outras cidades. A primeira delas foi a cidade de Videiras/SC, em que eu e minha irmã Silvana participamos do seminário. Ficamos hospedadas na casa de uma família, onde formos recebidas de forma extraordinária. Esse encontro ficou marcado também, porque minha irmã, em uma das paradas nos pontos turísticos, acabou esquecendo sua bolsa com todos os documentos, gerando o maior estresse quando chegamos aqui a Canoinhas. Mas foi tudo resolvido graças ao Pastor Wolfgang e sua esposa Elke, que, por telefone, entraram em contato com pessoas conhecidas de lá, e a bolsa foi resgatada e enviada pelo correio. Outro encontro foi na cidade de Rodeio 12, também muito gratificante, sendo esse marcado pela presença de um norueguês, com o qual fizemos amizade e trocamos endereço. Lembro-me até hoje da minha felicidade quando recebi a carta que veio da Noruega, que me deixou muito orgulhosa. Passado o tempo, e com outros afazeres, fui morar em São Bento do Sul/RS. Após ter concluído o magistério, passei num concurso e fui trabalhar no SESI com crianças do Maternal III. Tive um grande aprendizado, tanto no nível profissional como na vida pessoal, pois morava com meu irmão mais novo. Felizmente, sempre tivemos uma relação bem tranquila. Dividíamos todas as despesas e as tarefas domésticas. Convivíamos sem brigas, e um sempre ajudava o outro. Durante esse período, frequentava a igreja quando vinha visitar meus pais e, às vezes, frequentava a igreja de lá também. Minha fé cristã não era tão intensa, mas, mesmo assim, aprendi com meus pais a confiar e acreditar em Deus, sempre deixando um tempo para as orações, que incluíam pedidos e agradecimentos. Nessa época em que eu morava em São Bento do Sul, tinha um namorado, com o qual me casei em 2002. Ele era católico, mas casou-se comigo na Igreja Luterana, tornando-se, assim, membro da nossa Igreja. Casamos na igreja Marcílio Dias, que frequentamos por toda essa caminhada enquanto casados. Após cinco anos, nasceu nosso filho Vinicius, que foi batizado com três meses de vida. Outro momento bem marcante, que ficará gravado em nossas vidas para sempre.


Sou professora e, na correria do dia a dia, acabei deixando a vida cristã um pouco de lado. Participava dos cultos apenas uma vez por mês, fazia minhas orações em casa todas as noites, mas, sinceramente, estava com a fé meio abalada. Em dezembro de 2013, fui surpreendida pelo marido com o pedido de separação. No primeiro momento, fiquei sem reação alguma, quase não acreditando no que estava acontecendo. Com o fato confirmado, com sua saída de casa em fevereiro de 2014, minha vida teve uma mudança radical e muito dolorida, com um sofrimento indescritível... mas que não vou detalhar aqui. Na verdade, só mencionei esse fato para dizer que, através desse grande sofrimento, minha vida, a partir daí, teve uma grande virada. Enfrentei essa situação de uma forma bem diferente, e minha vida cristã começou a ter mais valor e importância. Tenho uma amiga evangélica que me ajudou bastante nesse período, com conversas, orações, estudos bíblicos, mostrando-me que devemos estar fortalecidos na palavra de Deus para enfrentarmos todas as dificuldades e desafios que a vida nos traz. Então, foi assim que voltei a participar mais assiduamente na nossa Igreja, percebendo de forma mais intensa a grande importância e diferença que isso proporciona na nossa vida. Hoje voltei a ajudar no Culto Infantil. Em minha casa acontece o estudo bíblico toda primeira quintafeira do mês, ministrado pelo Pastor Emerson Pott. Lá se reúnem meus familiares, vizinhos e pessoas amigas. É uma oportunidade para aprender mais e fortalecer a fé, vivendo em comunhão. Tudo isso tem contribuído de forma muito positiva na minha vida. E pretendo levar e repassar tudo que tenho vivido e aprendido para mais pessoas.


Nome: Darci Becker Maas Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Vila Nova- Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Eu me chamo Darci Becker Maas, tenho 73 anos e participo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Vila Nova, pertencente à Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo João, Jaraguá do Sul-SC.

Sou luterana desde o meu batismo. Eu tenho muito orgulho de ser membro dessa comunidade. Eu faço parte do presbitério há dezessete anos. Participo da OASE dessa comunidade desde a sua fundação. Sou tesoureira da OASE, participo dos cultos e ajudo nas festas. Também participo do grupo de pessoas idosas na Comunidade Vila Lenzi, pertencente a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo Paulo. Eu gosto de fazer leituras bíblicas nos cultos e ajudar na acolhida das pessoas que chegam a Igreja. Gosto também de conversar e de ajudar na cozinha.

Em minha comunidade e vida eu não mudaria nada. Sempre peço a Deus que me fortaleça na fé. A minha vida é a fé, sem Deus eu não sou nada. A fé nos faz ter mais força e segurança diante das situações que temos que enfrentar. Ela também nos faz ter gratidão diante das belezas e alegrias da vida.


Eu tive muitos momentos marcantes em minha vida. O mais marcante foi quando minhas duas filhas tiveram câncer de mama e eu me vi perdida. Mas com muita fé em Deus consegui superar. Hoje, graças a Deus, elas estão bem. Eu agradeço as pessoas da comunidade que nos deram muita força através das orações, da presença, de ouvidos acolhedores, de palavras bondosas e abraços carinhosos. E por esse cuidado, de sorrir com as alegrias, de motivar a esperança e de cuidar e de enxugar as lágrimas é que somos comunidade. Pois a partir da fé em Cristo, vivemos sempre em união, paz, fé, amor e esperança.


Nome: Denise Tschoeke Sabatke Tempo de participação na IECLB: desde Batismo Comunidade: Rio Negro Paróquia: Rio Negro/SC Sínodo: Norte Catarinense

A cada novo dia eu dou graças a Deus pela vida, mas hoje de forma especial por minha vida como luterana. Sou Denise Tschoeke Sabatke, nascida e batizada luterana, atualmente com 50 anos, participante da comunidade de Rio Negro/PR e residente da vizinha cidade de Mafra/SC. Participando hoje de um Seminário sobre Gênero, fomos desafiadas a escrever a nossa história, e, num instante, inúmeras lembranças vieram, algumas despertando emoções. Sempre participei na mesma comunidade. De forma especial, no entanto, quero destacar o tempo em que trabalhei como secretária da comunidade. Eu era uma jovem adolescente, cursando, na época, o 2º grau em escola particular, que precisava trabalhar para pagar os estudos. Nunca tinha trabalhado e, então, após aprovação do presbitério, me apresentei em uma segunda-feira à tarde na secretaria para iniciar o trabalho. Nervosa, tímida, insegura, mas determinada, entrei na sala que seria minha pelos próximos dois anos (o tempo que fui secretária) e, para minha surpresa, lá estava o pastor já à minha espera. Não sabia o que dizer, o que perguntar, como me apresentar... mas, para minha surpresa, ele falou primeiro: “Boa tarde, sou o Pastor Horst Baumgartner, estou começando hoje e preciso que você me ajude!”. Nossa!! Parecia que o chão havia desaparecido. Como eu iria ajudar, não sabia de nada, não conhecia sequer a sala? Assustada, respondi “... não sei no que, mas o senhor pode contar comigo!”


e ele abriu um sorriso largo, olhou por cima dos óculos... (cena que está até hoje em minha memória) e respondeu: “Preciso saber onde tem uma panificadora! A mudança não chegou e não temos nem pão em casa”. Puxa, como fiquei aliviada, e a partir dali uma grande amizade e cumplicidade se desenvolveu. Aprendemos juntos e servimos a Deus com empenho e dedicação. O P. Horst hoje já está aposentado, mas nosso início na comunidade de Rio Negro ficou marcado por este fato. Continuei atuando nos diversos ministérios da comunidade: culto infantil, grupo de jovens, teatros, retiros e acampamentos. Hoje, com os filhos me ajudando, estamos voltando a atuar no culto infantil. E, paralelamente a este trabalho, minha irmã Eliane Tschoeke Grascitelli e eu estamos há 16 anos cuidando da ornamentação do altar da igreja. Sim, a cada culto, a cada domingo, trocamos as flores do vaso do altar. Trabalho que muitas vezes ninguém nos vê fazendo, mas certamente se em algum dia não fizermos, as pessoas irão perceber. Consideramos esse trabalho um ministério e a cada semana nos empenhamos em deixar bonito o altar na casa do Senhor, mesmo que no anonimato para as pessoas, mas não para os olhos de Deus. E creio que novos desafios e novos caminhos virão nesta jornada de viver e servir a Deus.


Nome: Dione Carla Baldus Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Maripá/PR Paróquia: Maripá/PR Sínodo: Sínodo Rio Paraná

A entrevistada é Dione Carla Baldus, 38 anos, atualmente ministra da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) na cidade de Maripá-PR. Nasceu no estado do Paraná e iniciou sua caminhada na IECLB no ano de 1976, quando foi batizada na comunidade de Nova Santa Rosa-PR. Foi também nesta cidade que participou no Culto Infantil. No ano de 1976 mudou-se para Amambai-MS. Lá foi marcante em sua vida a participação nos cultos, experiência da qual ela lembra com muito carinho. Tangará da Serra-MT foi seu próximo destino. No ano de 1985 mudou-se novamente e agora já participava mais ativamente na comunidade, também de estudos bíblicos, juventude ecumênica e ensino confirmatório. No ano de 1988 aconteceu a sua confirmação, que foi um momento muito especial e de muita significância para ela. Já confirmada, passou a exercer o papel de liderança na juventude, na paróquia e na comunidade. No ano de 1998 iniciou seus estudos no Bacharelado em Teologia na Faculdades EST, que concluiu no ano de 2002. Ingressou no ministério em 2004. Atualmente encontra-se como ministra em sua segunda comunidade. Alguns dos aspectos que Dione considera importantes na vida da comunidade são: o acolhimento das pessoas e para com as pessoas, as


celebrações e o aprendizado em grupo. As atividades de que mais gostou e se sentiu estimulada a participar antes de estudar teologia foram: os grupos de jovens dos quais participou e o fato de exercer liderança dentro deles, os cultos e os estudos bíblicos e programas oferecidos na comunidade. Entre as muitas coisas que fez e gosta de fazer na comunidade, escolheu citar: a educação contínua e trabalhos com juventude; além disso, gosta de envolver as pessoas nas diferentes propostas, gosta muito da área de comunicação (escrever, divulgar) e do trabalho com grupos, principalmente com mulheres, diaconia e formação de lideranças. Se pudesse mudar algo, seria a participação das pessoas: gostaria que participassem mais e que nas comunidades houvesse mais clareza nas questões administrativas e teológicas, que as pessoas fossem de fato mais comprometidas. Acredita que a contribuição da sua vida de fé na comunidade e na sociedade se dá pelo fato de contribuir formando lideranças. Também acredita que é a partir dos bons exemplos que a sociedade é transformada, e afirma que seu testemunho pessoal se reflete na vida das pessoas. Procura motivar as pessoas para que reflitam sobre questões como gênero, violência e acessibilidade e sempre procura ter coerência nas suas falas e atitudes. Os momentos marcantes na sua vida em comunidade são muitos, e ela procurou mencionar somente alguns: os ritos de passagem (batismo, confirmação, bênção matrimonial, batismo das filhas, etc.); os encontros de formação de que teve a oportunidade de participar e que ajudaram na construção da mulher que é hoje (Encontro de Teologia Feminista, Dia da Igreja, CONGRENAJE, etc.). Também nos momentos de dificuldade (luto, doença na família, situações de risco, etc.) foi extremamente importante poder sentir que fazia parte de uma comunidade, receber apoio e sentir que não estava só. “Tudo isso foi muito marcante e influenciou para a formação da mulher que sou hoje”, afirma Dione.


Nome: Dulci Schuchardt Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Comunidade de Cinco de Outubro Paróquia: Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Maripá – Maripá/PR Sínodo: Sínodo Rio Paraná Dulci participa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) desde seu nascimento, pois seus pais também eram desta igreja. Ela foi batizada quando criança na comunidade de Linha 5 de Outubro, onde também participou do Ensino Confirmatório e fez sua Confirmação. Conheceu seu esposo e se casou também nessa comunidade. Viveu toda a sua vida, até o momento, na mesma localidade, morando na mesma casa e frequentando a mesma comunidade. Ela considera de suma importância para a vida em comunidade a participação nos cultos, na Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE) e nos demais encontros que ocorrem na comunidade. Frisa que acha importantíssimo fazer visitas aos membros da comunidade para convidá-los a participar, pois isso demonstra para essas pessoas que elas são importantes e benquistas na comunidade. Dulci participou e participa de diversas atividades na IECLB. Quando criança participou do Culto Infantil e, com mais idade, foi orientadora do mesmo. Participa do grupo da OASE em sua comunidade e muitas vezes a representou em congressos sinodais, bem como em outros encontros fora de sua comunidade. Em sua época de juventude lamenta não ter participado de algum grupo da Juventude Evangélica (JE), pois os grupos que existiam se reuniam na cidade, e locomover-se até lá não era possível para ela. Hoje participa dos cultos


comunitários, das festas que são organizadas pela sua comunidade (festa da colheita, por exemplo), mas também participa de festas nas comunidades da vizinhança, para contribuir também com elas. Gosta muito de participar dos encontros de estudo bíblico, de Quaresma e de Advento, que são encontros que acontecem nas casas das pessoas. Ela se empenha muito em fazer visitas para convidar as pessoas a participarem da comunidade, mesmo recebendo críticas de algumas pessoas que dizem que ela seria insistente nos seus convites, pois acha importante que se incentivem as pessoas a estarem em comunhão. Dulci gosta muito de ler a Bíblia, também nos cultos quando o Ministro ou a Ministra abre a leitura para os membros. Ela diz que todas as pessoas deveriam ler para tornar o culto mais participativo. Também quando, nas prédicas, o Ministro ou a Ministra faz perguntas aos membros, ela gosta sempre de responder ou até mesmo perguntar. Para ela não precisa existir medo ou vergonha de falar e questionar, e todas as pessoas têm que ter espaço na comunidade para se expressar. Dulci gosta muito de cantar. E ela e suas irmãs ajudam a conduzir o canto dos hinos nos cultos, pois na comunidade não há nenhuma pessoa da área da música para conduzir o canto comunitário. Ela diz que, mesmo que o Ministro ou a Ministra parem de cantar por algum motivo, ela permanece firme no canto, que é a coisa que mais gosta de fazer. Quando questionada sobre o que mudaria ou faria de forma diferente com relação à vida comunitária, Dulci responde que gostaria que as pessoas fossem mais participativas e ativas na comunidade, e diz que as coisas estão sempre melhorando. O Ministro e a Ministra da comunidade estão sempre incentivando as pessoas a participar, a fazer leituras, perguntas, colocações, e ela considera isso muito importante. Dulci diz que a fé é a coisa mais importante na vida. Em tudo que faz, ela crê que vai acontecer. A igreja é um local para alimentar a fé e é para isso que ela vai até lá. Quando a fé está alimentada, ela se sente mais segura. Dulci diz que vai à igreja com a sua forma de ser, da forma como ela é, e que lá busca alimento para ser uma pessoa melhor e para poder ajudar as pessoas que ela pensa estarem mais afastadas de Deus. Ressalta que a nossa fé pode ajudar as pessoas que estão mais afastadas da igreja para que possam se sentir chamadas a participar.


Dulci diz que, ao contrário do que muitas pessoas afirmam, a falta de chuva, que prejudica a colheita, uma criança que nasce com deficiência, um temporal que destrói muitas casas etc, não é castigo ou falta de fé; pelo contrário, são formas e exemplos de vida para nos ajudar a ter cada vez mais fé. A fé pode nos ajudar a demonstrar para as outras pessoas que tudo vem no tempo certo. Posso testemunhar a minha fé no mundo tentando viver de forma tranquila e entregando tudo nas mãos de Deus, aceitando a vontade dele e agradecendo pelo que Ele nos dá. Para Dulci, vários momentos foram marcantes na sua vida na comunidade; dentre eles, o seu Batismo e sua Confirmação, bem como também dos filhos e da filha, o casamento dela e a morte de seu pai, que também foi algo marcante para ela, com toda a cerimônia do velório e o enterro, feitos pela comunidade da IECLB da qual ele também fazia parte. Mas o que mais a marcou foi a celebração de comemoração de bodas de prata dela e do marido, pois neste mesmo dia um de seus filhos casou. Foi uma cerimônia conjunta, e ela se emocionou muito.


Nome: Edeltraud Hildegard Lindermann Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Apóstolo Paulo Santa Cruz do Sul Sínodo: Centro Campanha Sul

Edeltraud Hildegard Lindermann, nascida em 28/08/1929, filha de Ricardo Muller e Emma Muller na cidade de Santa Cruz do Sul. Nasceu em uma família luterana foi batizada também luterana. Cresceu e foi criada em Santa Cruz do Sul. Casou se em 18/05/1955 com o também luterano Werner Edgar Lindermann, e este casamento foi abençoado com dois filhos. Dona Edeltraud, apenas Traudi para as pessoas da comunidade, esteve presente desde a criação de sua atual comunidade, Apóstolo Paulo. Na época não havia comunidade presente no seu bairro. Então participavam de cultos que eram realizados junto ao hospital Ana Nery. Cada um levava sua cadeira, pois não havia grande estrutura. Depois passou a ser no Colégio Luiz Dourado. Com o passar do tempo já havia um grupo de cerca de 13 casais trabalhando em nome dessa comunidade, que por hora era apenas um ponto de pregação, e mais tarde passou a ser um núcleo. Então com a necessidade de demolir um galpão existente nos fundo de uma casa pastoral, surgiu a idéia de colocá-lo no terreno ao lado do Hospital Nery, a fim de abrigar as atividades deste núcleo. E assim foi feito. Os senhores membros passaram voluntariamente a trabalhar no alicerce para depois receber as paredes de madeira e telhados, vindos do galpão demolido. Foram muitos dias de trabalho árduo. E enfim ficou pronto o primeiro pavilhão. E nele era realizados os cultos, celebrações, festas, quermesses. Um lugar de viver e conviver comunidade cristã. As dificuldades eram muitas, não havia verbas na época. Tudo provinha de doações de membros. A cada festa, quermesse, as senhoras juntavam suas louças, talheres e utensílios e traziam para a comunidade a fim de ser usado, pois a mesma


não tinha nada. Passavam dias trabalhando, fazendo cucas, organizando a festa, como hoje ainda é feito, mas com um pouco mais de comodidade. Por várias vezes viram seu pavilhão ser arrombado e sempre levavam muitas coisas. Então novamente arregaçavam as mangas e iam a luta para conseguir adquirir novamente o que foi roubado. Mas nem tudo é triste. Dona Traudi, lembra com muito carinho a época. Da união das pessoas, do carinho e da amizade que fizera conservadas até os dias de hoje. Todos tinham um grande sonho, em um dia ter uma comunidade forte, com uma igreja linda. O maior destaque do trabalho das senhoras, segundo Dona Traudi, foi a realização de chás e celebrações junto a geriatria do Hospital Ana Nery. Era um momento de celebração, de cuidado, de carinho com pessoas que estavam lá internadas a bastante tempo. E muitas vezes tinham apenas essa visita para sua alegria. Destaca que foram momentos de muito aprendizado e crescimento, que leva consigo até hoje no coração. Houve também muitas visitas a membros, onde as senhoras convidavam para os cultos. Nem todos apreciavam essas visitas e alguns até se escondiam, receando uma cobrança financeira. Houve conflitos entre membros e ministros, muitas vezes os interesses não eram comum a todos e os sonhos pareciam difíceis de serem realizados. Mas isso só trouxe união e garra a essas pessoas. Hoje D. Traudi está muito feliz, porque a sua comunidade agora possui um bonito Templo. Ela mora pertinho e pode ouvir os testes sonoros dos sinos durante a instalação, o que lhe causou enorme comoção. E também um seus filhos seguiram os passos dos pais e e um deles está a frente desta comunidade, como presidente, e já vem participando a vários anos como presbítero. D. Edeltraud Hildegard Lindermann, foi uma das pioneiras da comunidade, e junto com sua família, faz parte da história das mulheres guerreiras da IECLB. Entrevista e texto por Silvia Regina Seibert


Nome: Edy Nelda Picoly Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Martin Luther Paróquia: Santa Cruz do Sul Sínodo: Centro-Campanha-Sul

Meu nome é Edy Nelda Picoly. Tenho 89 anos e sou natural de Santa Cruz do Sul/RS. Casei em 1946 e fui morar em Porto Alegre, no Bairro Petrópolis. Meu marido era católico, e durante nosso casamento nunca tivemos uma discussão sobre religião. Era bem democrático. Ele me acompanhava aos cultos e eu o acompanhava à missa. Foi meu marido quem deu início à minha apreciação da música clássica. Ele era sócio da Sociedade Sogipa de Porto Alegre, e o Clube tinha um Departamento “Club Hazden”, que tinha uma Orquestra que se apresentava uma vez ao mês no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. Os músicos eram todos amadores. Meu marido tinha um conhecido que tocava 2º violino na Orquestra. Então, todo mês, íamos ao teatro fazer companhia para a esposa dele. Diz um ditado: Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais se sentirá só. A vida foi passando, e vieram os filhos (um filho e uma filha). Mas algo faltava. Sempre me lembrava de que a mãe e a tia falavam da OASE, em Santa Cruz, que elas frequentavam toda semana. A Sra. Seelig, que também era de Santa Cruz, convidou-me para participar de um grupo de senhoras para fazer trabalhos manuais, ler a Bíblia e orar. Nossas reuniões eram quinzenais. No final do ano, os trabalhos eram doadas à OASE do Centro. Depois de certo tempo, surgiu o projeto de construir uma igreja no Bairro Alto Petrópolis. Aí nossas ações foram para a igreja. Fizemos chás, rifas... tudo


que a OASE fazia era para angariar fundos. Enfim, foi inaugurada a Igreja São Lucas (acho que é o nome, não me lembro). Quando faleceu meu pai, minha mãe ficou muito abalada; então um vizinho que tinha uma coleção de orquídeas a incentivou a começar uma plantação de orquídeas. Meu marido também foi se entusiasmando, e até hoje coleciono orquídeas. Cada cidade tem uma Associação de Orquidófilos, e os associados se reúnem uma vez ao mês. Nas nossas reuniões se fazem muitas amizades, e para as exposições cada associado leva de três a cinco plantas. Além das orquídeas, sempre gostei de jogar tênis. Agora que não posso mais, acompanho pela TV todos os torneios. Quando meu marido faleceu, resolvemos voltar para Santa Cruz, pois as filhas queriam estudar na faculdade. A filha já estava morando com minha mãe há um ano; ela estava cursando Educação Física e, para ajudar nos custos do curso, dava aulas de tênis. Minha vida em Santa Cruz transcorria normalmente. Frequentava a OASE Centro, até que uma tarde, veio a Sra. Traude Ott veio me visitar e me convidou para ser a presidente da OASE Centro. Logo neguei o convite, alegando não saber as normas da OASE. Mas a Sra. Traude foi categórica, dizendo que iria me orientar se eu tivesse problemas. Assim fui presidente da OASE Centro no ano de 19751977. O Pastor Klaus Werner foi o pastor naqueles anos. Em 1977, foi realizado o primeiro Baile do Chucrute, que acontece até hoje. Uma tarde, meu amigo Walter Wazlawick, que era o gerente do Hospital Ana Nery naquela época, pediu que eu fosse até lá que ele queria me fazer uma proposta. Pediu que eu fosse duas ou três vezes por semana lá e servisse de intermediária entre os diversos departamentos e a direção do hospital. Mas esse serviço seria voluntário. Assim aconteceu durante uns meses, até que, numa tarde , meu amigo me perguntou se eu não queria trabalhar na farmácia do hospital, porque o lugar estava vago. Conhecia um pouco de remédios, pois o marido era funcionário da Schering e, quando aparecia um produto novo, ele comentava comigo qual a função do medicamento. Foi assim que eu comecei minha nova função. Enquanto trabalhei no Hospital, quando um conhecido estava internado, fazia visitas ao doente, dando consolo e esperança para a recuperação e fazendo uma oração. Trabalhei 9 anos no hospital ao lado de Mari Schmidt - ela no escritório e eu na farmácia. Ao completar 60 anos, em 1986, me aposentei. Comecei a frequentar a OASE Centro, pois, enquanto trabalhava, isso não era possível.


O dia da OASE era dia de alegria, pois o encontro com amigas era muito bom. Na abertura da OASE, a presidente falou que era dia da votação das coordenadoras e que cada membro era candidata. Houve a votação e eu fui escolhida vice coordenadora para um período de 2 anos.Fiquei na Coordenação 8 anos, 4 anos como vice e 4 como titular. Nesses anos, recebi muitas bênçãos, mas também muitos desafios, e Deus me guiou com bondade e amparou os meus passos. Nesses seminários para coordenadoras recém-eleitas, gostei de conhecer a Diretoria da OASE Nacional. Nesses encontros conheci a Sra. Lilian Lengler. Em 1998 me retirei da OASE Centro e ingressei na OASE Martin Luther, que foi criada em 1997. A OASE Martin Luther é menor, e, depois de três anos, fui eleita secretária. Depois de muitos anos, quando foi a instalação da Pa. Anelise Abentroth e do P. Vilmar Abentroth, qual a minha surpresa ao me encontrar com Lilian Lengler, que é a mãe de nossa pastora. Até hoje, com minha fragilidade (quase não posso mais caminhar muito longe), pego o telefone e ligo para todas as mulheres da OASE e conhecidas no dia do seu aniversário. Canto os parabéns e digo palavras e mensagens bíblicas para elas. É o que ainda posso contribuir. Com a ajuda da pastora e do pastor, que me buscam de carro, ainda participo do grupo de canto da Comunidade e da OASE. Enquanto Deus me permitir, quero servir com alegria. Essa é a minha história e caminhada pela Igreja. Até aqui me trouxe Deus, guioume com bondade. Obrigada, Senhor, pela tua presença constante ao meu lado, em ti confio plenamente e rendo-te graças pelas bênçãos e proteção para todo o dia que está à minha frente. Abraços.


Nome: Elenir Butzke Agner Tempo de Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Da Paz Paróquia: Espigão Do Oeste – RO Sinodo da Amazônia

Eu, Elenir Butzke Agner, tenho 58 anos, sou casada, mãe , avó e moro em Espigão do Oeste, Rondônia. Nasci num lar abençoado por Deus. Sou luterana de berço e descendente de Pomeranos. Sou a segunda filha mais velha de nove irmãos. Tive uma infância muito simples com dificuldades financeiras. Muito cedo comecei a trabalhar ajudando os pais na agricultura, pois morávamos no sitio. Recordo minha infância com muito carinho e saudades. Recebi o grande presente de Deus – o santo Batismo, aos trinta e três dias de vida. Meus pais me presentearam mostrando e ensinando passos para a grande caminhada em direção ao reino de Deus. Eles foram exemplos de fé para os filhos. Desde criança estive presente na minha comunidade, em Timbuva - ES, a comunidade mais distante na paróquia. Não entendia muita coisa, pois os cultos eram celebrados em alemão, mas gostava de estar lá. Em casa, a minha mãe foi a grande mestra. Ela ensinava cantando e contando histórias que sabia de cor, pois era analfabeta. Meus pais conversavam muito com os filhos sobre a vida passada, presente e o futuro. As nossas refeições eram em volta da mesa. Éramos 11 pessoas. À mesa, sempre orávamos em conjunto (orações decoradas). Ingressei na escola primária aos seis anos de idade, menina tímida, só sabia falar a língua pomerana. Não foi fácil. Minha mãe aprendeu a ler junto com os filhos. Aos dez anos terminei o quarto ano primário e o lema era trabalhar na agricultura. Enxada, foice, arado, plantio e colheitas. No ensino confirmatório estudei os mandamentos em língua alemã. Quando aconteceu uma troca de pastor na paróquia, os cultos passaram a ser celebrados em português. Voltei a estudar os mandamentos e o catecismo menor em português. Também participava das programações natalinas Aos 15 anos iniciei ajudando minha mãe no culto infantil. Fui me envolvendo mais e me apaixonando pelo trabalho na igreja. Participei de cursos de formação de


lideranças, assumi culto infantil, ensino confirmatório. Quando acompanhei os confirmandos no retiro, o pastor Lírio Drescher me levou à prefeitura do município, assinou a documentação e no domingo me levou em casa e comunicou aos meus pais que eu seria a professora da escola pública que ficava ao lado da igreja. Após uma longa conversa, meu pai concordou. Foi assim que, através da participação na comunidade ingressei na profissão de professora. Eu tinha 17 anos e somente o quarto ano primário quando comecei a ensinar. Sala multiseriada, merenda, faxina, tudo por conta do professor. .No início foi muito difícil, mas eu estava gostando. Logo fiz cursos de formação e no mesmo ano iniciei o magistério modular. Na comunidade, cada vez me envolvia mais no trabalho com Jovens, no presbitério, como líder de estudos em setores... A comunidade estava em movimento com vários grupos, lideranças e ministro atuando na grande seara do Senhor. Tempo da juventude. Que maravilha. Aos vinte e dois anos de idade me casei, momentos lindos vivenciados. Continuei na mesma comunidade. No ano seguinte veio uma benção muito especial, nasceu o nosso filho. Quanta alegria! Quanto carinho, dedicação, amor, cuidado, mas também mais responsabilidades e compromissos. Conciliar o papel de mãe, esposa, dona de casa, professora, liderança na comunidade precisava de muito equilíbrio, paciência, sabedoria, amor, força de vontade, ânimo, persistência, coragem. Eu tentava colocar em prática o exemplo de vida da família em que me criei. Encontrei dificuldades pela rotina do dia a dia, na forma diferente da educação. Muitas tentativas de ajustes. Em setembro de 1986, aos vinte e seis anos de idade, com a motivação do governo no país a fora, fomos morar em Rondônia, no interior de Espigão do Oeste. Fomos à busca de terra para plantar e colher, pois meu esposo era agricultor. Na grande e vasta criação de DEUS, muita mata, muita fartura, tudo muito bom. Mas na nova terra não se refletia sobre a destruição da criação de DEUS. Na comunidade, com sua igrejinha de pau a pique, existia muita união, comunhão, amor ao próximo. Mesmo com sete quilômetros de distância para chegar à igreja, me envolvi na liderança, pois lá havia sede e fome de ouvir, conhecer, e vivenciar a palavra anunciada. Em fevereiro de 1987, consegui trabalho na escola que ficava no sítio onde morávamos. Mas também tinha muitas dificuldades. Estradas e acessos interrompidos pelas intensas chuvas. Tínhamos duas estações do ano. Estação da chuva seis meses e estação da seca seis meses. Isto também influenciava tno trabalho do dia a dia como, ir até a cidade que ficava a 30 km do sítio, para participar de reuniões pedagógicas. Muitas vezes fui sentada em cima de toras de árvores gigantescas, nos caminhões toreiros, pois outro transporte não havia.


Quando os caminhões atolavam nos barreiros, os motoristas saiam em busca de trator para puxá-lo. Na cidade, eu era acolhida por pessoas amigas, as quais sou muito grata. E sou grata a Deus por isso. Em meio a grandes dificuldades, o povo era solidário, unido, muito feliz, existia grande harmonia, humanidade. Menos com a natureza. Sempre acreditei em mudanças e mais justiça através de diálogo, reflexões, conscientização, estudos, mesmo em meio a grandes dificuldades que passei nesta fase da vida: tarefas e compromissos a cumprir, dificuldade financeira, esposo dependente alcoólico. Fase dolorosa! Mas a esperança era vencer. Colocava nas mãos de Deus as preocupações, dificuldades, os problemas, e buscava forças em Deus, na comunidade, no meu trabalho. Nesta fase surgiu o grupo de mulheres na comunidade Novo Alvorecer que, para mim, foi um grande apoio e da mesma forma para muitas mulheres. No início era tudo muito simples. Cantávamos muito, fazíamos devoções, geralmente do Castelo Forte, orávamos e conversávamos muito, tanto sobre as alegrias como sobre as dificuldades. A maioria dos encontros eu coordenava. Lá, diante de Deus e de mulheres amigas deixávamos cargas de dor, angústia, de sofrimentos, e retornávamos para casa com novas forças, mais leves, e renovadas para lutar por justiça e paz com mais amor e fé. Passei por momentos de tomar decisões nada fáceis. O filho precisava continuar os estudos na cidade. O que fazer? Consegui o que sempre sonhei: Ter uma turma de alunos só de alfabetização numa escola onde tinha uma equipe de trabalho. Cada qual na sua área. Eu estava feliz com o trabalho só alegria, o filho na escola, e o esposo empregado como ajudante de pedreiro. Compramos um pequeno terreno e fizemos a nossa casa bem próxima à igreja. Acolhi muitas pessoas que moravam no sítio, acompanhei muitas em hospitais, dei o primeiro banho em vários bebês e acompanhei as mães nos cuidados necessários. Estava muito feliz. Envolvi-me nas atividades da comunidade. Sempre que tive oportunidade participei de cursos de formação: Culto Infantil, mulheres, música, estudos, continuei meu trabalho como alfabetizadora com grande alegria. Surgiu a oportunidade de fazer Pedagogia nas férias, em plenos quarenta anos de idade. O pique dobrou. Sempre atuava com amor e alegria, recebendo de Deus sabedoria, paciência e forças. Recebemos o convite de sermos os zeladores da igreja, área da comunidade e paróquia. Foram oito anos de maior envolvimento na comunidade. Eu cuidava mais da área de ornamentação e meu esposo fazia a limpeza, jardinagem e reparos na estrutura. Muitas vezes, sentia dificuldade enorme na conciliação do meu trabalho,


meu envolvimento na comunidade e meus estudos, pois estava sobrecarregada. Não conseguia mais descansar. O filho nesta época teve a oportunidade de participar de um intercâmbio de estudantes na Alemanha. Fiquei feliz, mas sentia falta dele e por algumas razões de coisas que aconteceram com ele, a preocupação só aumentava. Fiquei doente, caí na depressão. Não tinha forças para lutar. Os dias eram longos, tinha muito, muito sono. Sofri muito e outras pessoas sofreram junto. Agradeço ao bondoso Deus pelo cuidado, zelo e cura. E pelas pessoas especiais que me acompanharam. Em especial a pastora que morava bem próximo e que todos os dias vinha me ver, conversar, orar, me ajudou na superação. Obrigada pastora Elke. Venci a doença, a faculdade, fiz pós-graduação em psicopedagogia. Voltei a morar na minha casa. Como alfabetizadora pude contribuir melhor. Trabalhei trinta e cinco anos na educação, me sinto realizada. O filho se casou, veio um neto que trouxe muitas alegrias e bênçãos . Na comunidade continuei envolvida na participação de formação pois conhecimentos e atualizações são necessárias. As mudanças diárias na sociedade também nos atingem. Nas atividades de liderança continuei atuando: Coral, crianças, mulheres, contribuo na Educação Cristã Contínua, represento grupos em reuniões, seminários, assembleias em nível de comunidade, paróquia, sínodo, e nacional. Tive muitos momentos maravilhosos vivenciados por estar envolvida nos trabalhos da igreja. Atualmente estou na função da coordenação da OASE e dos grupos de mulheres em nível sinodal e de comunidade. Venho acompanhando e fazendo parte da história da igreja neste sínodo da Amazônia desde os anos 80. Muitas bênçãos, muitas dificuldades nos acompanham. Deus, em sua infinita bondade e misericórdia, sempre me acompanhou e cuidou, presenteou-me com muitos Dons . Gosto muito de trabalhos artesanais, com o qual me ocupo também. Continuo dona de casa, esposa, canto no coral... Sou muito grata a Deus. Gosto do que faço e faço com e por AMOR. Muitas vezes, vou à igreja com os ombros pesados, cansada e retorno para o lar, mais aliviada e tranquila. Na unidade das pessoas cristãs, servir e testemunhar Jesus Cristo como nosso Salvador na vida em comunhão, nos conduz em alegria e Paz. GRATIDÃO


Nome: Eli Tatsch Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Rincão del Rey/Rio Pardo Paróquia: Santa Cruz do Sul/RS Sínodo: Centro-Campanha-Sul

Sou Eli Tatsch, tenho 74 anos e pertenço à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rincão Del Rey / Rio Pardo, Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Santa Cruz do Sul/RS. Faço parte desta comunidade desde que foi fundada, contribuído para a sua consolidação. Ainda como ponto de pregação, acolhi os cultos em minha residência e iniciei as atividades de Ensino Confirmatório onde atuo até os dias atuais. Sou membro desta igreja (IECLB) desde o meu batismo. Realizei e realizo trabalhos na Comunidade de Rincão, auxiliando seu crescimento como Igreja na fé cristã, assim como na Paróquia Evangélica de Santa Cruz do Sul, principalmente na liderança da OASE. Fiz o curso “Normal Rural” na Escola Murilo Braga de Carvalho de Santa Cruz do Sul, com dezoito anos comecei a lecionar em escolas longe de minha casa, tornando-me independente. Residindo em casas de família, conheci meu futuro marido, com o qual casei cinco anos depois, com 23 anos. Minha vida teve uma grande mudança. Deixei de trabalhar fora e assumi a família. Logo engravidei e tive minha primeira filha, que foi seguida por mais quatro com o passar dos anos. Precisei aprender a enfrentar situações desconhecidas e complicadas, pois morávamos no interior, sem energia elétrica e água encanada. Sempre busquei a realização das atividades como esposa, mãe e dona de casa, de forma a superar as dificuldades com a certeza de que eram minhas missões. Muitas vezes achei difícil, senti medo e angústia diante de situações de responsabilidade. Acreditei em minha força amparada pela minha fé no Deus


maior. Alcancei grande parte de meus ideais, principalmente na construção de minha linda família, que muito me orgulha. Todos seguem diferentes caminhos, mas estão unidos na bondade, companheirismo e responsabilidades familiares. Ao lado de meu marido Waires Tatsch, construímos muitas histórias que hoje fazem parte das lembranças do tempo passado. Na vida do interior, precisei realizar diferentes atividades para suprir as necessidades da família, parentes próximos e amigos, como: costurar, fazer tricô e crochê, cortar cabelo, fazer pão e cuca em forno a lenha, criar porcos, galinhas e perus para negócio e consumo próprio, carnear porco, etc. Como meu marido era agricultor e havia pessoas que trabalhavam com ele, eu fornecia as refeições para todos. Além disso, dava assistência às suas famílias, com roupas, remédios, cuidados aos doentes, etc. Nas atividades de nossa Igreja, eu sempre estive presente, junto com meu marido e filhas. Os cultos, na década de 60, eram em minha casa, e, depois, com o passar do tempo, colaboramos de forma direta e dedicada nas atividades para a construção do atual templo da Comunidade Evangélica de Rincão Del Rey. O que considero importante na vida da comunidade é a doação incondicional ao serviço de Deus, a busca da vida em comunhão dos membros, a vivência dos valores que Cristo nos ensinou. Em minha família, procuro ser a guia na busca da fé cristã, demonstrando a necessidade de acreditar sempre no Deus maior que nos fortalece a cada dificuldade da vida. Sempre demonstrei gratidão pelas graças alcançadas, tendo a certeza de que os caminhos foram traçados e vivenciados porque Ele nos fortaleceu para isso. Na minha história dentro da Comunidade Evangélica de Rincão Del Rey tenho alguns momentos que ficaram marcados com maior brilho. A realização das primeiras quermesses, onde o mais importante foi a união dos membros e a grandiosidade da busca de um objetivo em comum, que era o fortalecimento da comunidade cristã. A criação do grupo de OASE, que representa um grande marco, por ser o grupo mais forte e atuante dentro da comunidade, fazendo o trabalho evangelizador, contribuindo nos eventos festivos e celebrativos da comunidade. O trabalho com jovens do ensino confirmatório, que realizo há 50 anos, possibilita-me transmitir e vivenciar com alegria a fé no Deus bondoso, acompanhando algumas famílias no início de sua caminhada na comunidade.


A proposta da organização do grupo da OASE em Rincão, há 36 anos, foi de buscar uma orientação cristã das integrantes convidadas e desmistificar o papel da mulher como assessora dos homens na liderança da comunidade. Com grande êxito, estamos atuando até hoje como mulheres líderes e auxiliadoras em nossa região. Ao se aproximar os 50 anos de casamento, meu marido manifestou a doença de Alzheimer. Foi uma época muito complicada. Foram dois anos de sofrimento e superação de dificuldades. A força para enfrentar estas dificuldades quase intransponíveis, busquei nas orações e confiança na vontade de Deus. A ajuda incondicional das filhas, tanto no auxílio físico como no apoio emocional, foi muito importante nesta etapa. A necessidade de continuar sendo a guia de minha família, papel que tive desde sempre, mas que neste momento ficou declarado, também me fortaleceu, pois precisava mostrar para minha família que, apesar de tudo, tínhamos muito a agradecer e confiar, pois Deus fazia parte de nossas vidas. Há dois anos e meio, meu marido partiu, possibilidade jamais imaginada por mim. O vazio foi e está sendo muito difícil de superar. A saudade é imensa. Sonho muito com ele e acredito no reencontro. Esta é a razão de meu conforto hoje: acreditar que nos encontraremos junto a Deus, conforme a vontade dEle. Após o falecimento de meu marido, afastei-me um pouco de algumas atividades, pois não conseguia vivenciar momentos que antes compartilhávamos. Com o auxílio das filhas e outros familiares, retomei algumas atividades e iniciei outras que, embora sejam difíceis para mim, realizo para ocupar meu tempo e me sentir melhor. Estou fazendo um curso para a terceira idade na UNISC. Além disso, faço hidroginástica e participo de grupos de “chimarrão” com amigas. Minha participação nos cultos, nas atividades festivas, grupo de OASE, grupo de canto, encontros de Família, enfim, várias propostas dentro de minha comunidade, me fortaleceu e fortalece na fé cristã. Sinto-me feliz por alcançar ânimo e força para seguir minha vida em comunidade, por ter a oportunidade de oferecer minha amizade e receber o carinho de outras pessoas e expressar minhas angústias, tornando mais leve a minha vida nos momentos difíceis. É com grande satisfação e orgulho que faço este depoimento, o qual me fez parar e pensar na minha caminhada dentro da comunidade cristã. Gostaria que Deus continuasse a me fortalecer e a me proporcionar oportunidades para que eu possa continuar atuando, com alegria na Igreja, deixando sementes a serem cultivadas por quem assim desejar.


Nome: Eliana Zummach Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Alto Santa Maria do Garrafão Paróquia: São João do Garrafão – Santa Maria de Jetibá/ES Sínodo: Sínodo Espírito Santo a Belém

Eliana se envolveu desde cedo nos trabalhos da Igreja, a serviço de Deus. Aos 14 anos, começou, juntamente com seu primo (Rodrigo Zummach), a dar aulas de Culto Infantil, na Comunidade de Alto Santa Maria do Garrafão, Paróquia de São João Garrafão. A Comunidade era recém-formada. Antes, porém, era apenas um ponto de pregação, e neste não havia Culto Infantil. Tomou a iniciativa de criar um pequeno grupo de crianças e ensiná-las nos primeiros passos na fé, isto no ano de 2007. Em 2011, assumiu a turma do 3° ano do Ensino Confirmatório, a qual orienta até hoje. Eliana relata que ensinar os jovens e as jovens lhe traz muita alegria. No mesmo ano, passou a integrar o presbitério de sua Comunidade, exercendo a função de secretária, na qual atua até hoje. Eliana, juntamente com as demais orientadoras do Ensino Confirmatório, realiza todos os anos os encontros e programas de Natal da Comunidade (tradição da Comunidade/Paróquia), que incluem teatros, encenações e apresentações de canções. Em 2013, assumiu um cargo importante em nível paroquial: é a secretária executiva da Paróquia. Segundo ela, é o trabalho com o qual se identifica. Trabalhar com a Igreja lhe proporciona grande satisfação, contribuindo para um bem comum. “Trabalhar na Igreja e pela Igreja me traz felicidade, gosto daquilo que faço, acredito que isso é essencial para um trabalho bem-sucedido”, relata Eliana.Na opinião de Eliana, as mulheres atualmente já se veem mais


incluídas no mercado de trabalho do que antigamente, e elas exercem um papel importante, visto na tomada de decisões. Segundo ela, vale lembrar que não estamos diminuindo a capacidade dos homens, mas ressaltando a capacidade das mulheres. Tentando chegar à igualdade nas relações. Eliana se lembra da primeira pastora instalada na Paróquia de São João do Garrafão (entre 2004-2009); os membros acharam diferente por se tratar de uma mulher, houve resistências e críticas, mas no final a aceitaram muito bem. Eliana também se recorda da “desinstalação” da pastora. Ela assumiu o pastorado em uma Paróquia no sul do país, e vários membros ficaram muito tristes. No município de Santa Maria de Jetibá/ES, ainda se tem certa resistência às mulheres, por se tratar de uma região com muitos descendentes de pomeranos e este ser um povo bem conservador. “Na Igreja percebemos esse reflexo, pois encontramos mais homens na diretoria e exercendo liderança, mas nada impede que as mulheres assumam funções no presbitério”, acentua. Ainda chama a atenção para o fato de as mulheres sempre estarem mais atuantes em trabalhos relacionados com o Culto Infantil e o Ensino Confirmatório. Na opinião de Eliana, antigamente as mulheres eram mais excluídas do que agora. Mulheres não exerciam papel de liderança na Comunidade nem na sociedade e não tinham direito de voto. O seu trabalho era restrito ao lar. Eliana acredita na mudança e diz que as mulheres já se tornaram independentes, protagonistas e têm opiniões próprias. Eliana acredita que o mais importante na vida da Comunidade é a união das pessoas. Isto é, trabalhar em equipe para resolver os problemas e conflitos, respeitar as opiniões alheias e diferentes, sem críticas ou discussões. Se as pessoas se doarem ao trabalho de forma integral e verdadeira, os benefícios serão para toda a Comunidade. Vários são os momentos que marcaram a sua experiência de vida em comunidade, mas a concretização do sonho das pessoas de construírem o templo da comunidade foi a que mais a marcou. Antes os cultos eram realizados dentro de uma escola; as pessoas batalharam para conseguir uma igreja e, quando chegou, o momento da inauguração (2008), ele foi de muita alegria. “Agradeço por essa oportunidade de poder falar um pouco da minha atuação e vida na Igreja, também por poder falar de minha Comunidade e das ocorrências na mesma e principalmente pelas mulheres na Comunidade/Paróquia. Sempre é maravilhoso poder compartilhar histórias de vida.” (Eliana Zummach).


Nome: Eliane Maria Koch Tempo de participação na IECLB: Desde o Casamento - 19-05-1973 Comunidade: Evangélica de Luterana em Rincão dos Ilhéus

Confissão

Estância Velha - RS Sínodo: Nordeste Gaúcho Data nascimento: 20-09-1956 Meu nome é Eliane Maria Koch. Fui criada por uma tia católica, Susana Schneider (in memorian). Ela participava de grupos de igreja e desde pequena me ensinou que devemos amar o próximo como a nós mesmas. Isto eu sempre procuro passar para minha família: que devemos ser exemplos. Penso que as pessoas têm uma vida melhor quando contribuem com seus talentos e dons. Fui batizada e fiz comunhão na Igreja Católica. Meu esposo, Alceu Koch, desde o batismo é membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Quando decidimos nos casar, no ano de 1973, optei em tornarme membro da IECLB. Lembro que o pastor Orlando Keil, da Comunidade da Ascensão de Novo Hamburgo, pediu-me que eu estudasse o Catecismo Menor de Martim Lutero. Depois de um tempo, me fez algumas perguntas, confirmando que eu estava convicta e consciente para seguir a Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Logo que casamos (19/05/1973), ingressamos membros da Comunidade da Ascensão – Novo Hamburgo. Mas, como morávamos e trabalhávamos em Hamburgo Velho, resolvemos nos tornar membros da Comunidade de Hamburgo Velho, onde os nossos filhos Daniela nascida em 26/05/1976 e Jonathan nascido em 05/04/1981 também foram batizados. No ano de 1982, fomos morar no bairro Rincão – Estância Velha. Ali entramos como membros na Comunidade do Rincão, onde os nossos filhos também frequentaram o Ensino Confirmatório e fizeram a Confirmação. Após a Confirmação os filhos começaram a participar do grupo de jovens. Foi nesse grupo de jovens que meu esposo e eu fomos convidados a sermos pais conselheiros. Acompanhamos o grupo de jovens, por um tempo, em retiros e outros programas. Foi uma época muito gratificante para nós, nos sentimos abençoados. Na


Comunidade do Rincão também passei a frequentar a OASE – Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas. Os estudos bíblicos eram realizados nas casas das membras, e o estudo em sábado era no pavilhão da comunidade. O pastor da Comunidade era o Anibaldo Fiegenbaum, (in memorian). Um ponto marcante na OASE neste tempo foi que a cozinha era num pavilhão de madeira, onde preparávamos o chá da OASE. Na época, fazíamos as tortas com nossas próprias mãos. Não esqueço que aprendi com Atêmia Möller a fazer o chantilly, cremes, enfeitar as tortas. Nossa! Tudo era muito bom. Graças a Deus, o nosso grupo sempre esteve unido. Nesta caminhada, como tinha bastante participação na OASE, fui convidada para entrar na diretoria da mesma. Fui secretária no mandato de dois anos (2002 a 2003). Em 2010 me convidaram para ser a presidente do grupo. Aí eu pensei: e agora aceito ou não aceito este desafio? Depois de orar muito, aceitei. Sempre tinha no pensamento que Deus vai me guiar. Nas primeiras reuniões, lembro que tremi, gaguejei, suei frio, mas não desisti, fui enfrentando os desafios. Foi um aprendizado muito grande para mim como pessoa, o mandato foi de dois anos, e com a reeleição, fiquei por mais dois anos (2011 - 2014). Atualmente ocupo o cargo de vice Presidente da OASE. Já participei em varias reuniões do Sínodo, onde aprendi muitas coisas, principalmente a ter coragem, fé, e seguir em frente. Gosto muito de conversar com as pessoas e dar atenção a elas. Conversando descobrimos o que elas precisam e no que podem ajudar também outras pessoas, inclusive, na própria comunidade. Penso que fazer Diaconia é fazer sempre tudo com muito amor. Acho que devemos fazer a diferença ali onde Deus nos colocou. O compromisso que eu assumi comigo mesma é de sempre convidar senhoras novas para o grupo de OASE. Sempre que surge uma oportunidade, estou fazendo o convite. Ser parte da OASE é importante para a nossa formação como mulher, como pessoa. Nos encontros do grupo, aprendemos a agir com mais autonomia, buscando o bem de cada mulher e da comunidade. Aspecto que considero importante: não importa o que for fazer, que seja bem feito e feito com amor. Em primeiro lugar coloco Deus em minha vida, porque sem Deus a nossa vida é vazia. Participo atualmente do grupo OASE, grupo de Canto, Terceira Idade e de Dança Sênior da Comunidade do Rincão dos Ilhéus. Olhando minha trajetória de vida na IECLB, eu afirmo que sou feliz pela escolha que fiz em me tornar Luterana. Eu pretendo continuar coletando histórias de vida, pois sempre quis também ser escritora e atualmente estou escrevendo sobre minha vida desde o meu nascimento e sobre os momentos importantes no qual cito que a


minha participação nos grupos da Comunidade é parte de minha missão como Luterana. Eu estudei até completar o primeiro grau. Quando criança, um dos meus sonhos era estudar em uma escola maior e ser professora. Mas eu não consegui, pois tive que trabalhar para ajudar a família. Comecei trabalhar aos 14 anos. Primeiro trabalhei em casa de família e depois em gráfica e no comércio. Por falta de incentivo e de condições financeiras, não realizei o sonho de ser professora. Mas de uma forma toda especial este sonho está sendo realizado por minha filha que hoje é uma professora. Ressalto que uma das bênçãos na minha vida foi o nascimento, em 2003, de minha neta Mariana, hoje com 12 anos. Ela mora no mesmo terreno que eu. Desde pequena eu cuido dela, pois a minha filha Daniela trabalha o dia todo em uma escola. Sobre a minha neta, eu aprendi com ela a voltar a ser criança, ser brincalhona, ser risonha. Tenho ensinado a ela que em primeiro lugar devemos sempre respeitar as pessoas não importa religião ou cor, e que tudo que ela for fazer, é para ser com amor.


Nome: Elly Hirle Lieven Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Teófilo Otoni Paróquia: Teófilo Otoni Sínodo: Sudeste

Minha história de vida... Nasci num lugar muito humilde chamado Santana, que faz parte da cidade de Teófilo Otoni, Minas Gerais. Nasci na casa de meus pais no dia 22 de abril de 1934, nas mãos da parteira Ana Braun Hirle. Sou filha de Elmira Doerl Hirle e Max Leonardo Hirle. Meus bisavós emigraram da Alemanha em 1851 para a antiga Filadélfia, hoje Teófilo Otoni. Tive quatro irmãs, que, junto comigo, ajudavam meu pai e minha mãe a cuidar de uma pequena fazenda de plantação de café, bem como outros cultivos para nos alimentar, como milho, feijão, mandioca, pomar; também tínhamos gado. Estudei até a 4ª série com muita dificuldade, morando na cidade durante a semana e voltando 18 km a pé até a minha casa. Casei-me com Walter Friederich Lieven, e tivemos três filhas e seis filhos. Foram oito partos normais e uma cesariana. Um filho e uma neta morreram de acidente nessas estradas perigosas. Tenho a alegria de ter cinco netas e oito netos, duas bisnetas e um bisneto. Sou do tempo em que não se podia tomar santa ceia nos cultos, pois o pastor mandava as crianças saírem da igreja para não fazerem barulho; então, eu tinha que sair com as crianças para fora. Sempre levei meus filhos e filhas para a igreja. Hoje nem todos participam, mas receberam a boa Palavra. Em 1970, fomos da minha terra natal com os oito filhos/as para Vila Maripá, no Paraná. Vivemos durante 15 anos plantando soja e trigo, e, por causa das grandes dificuldades de ser pequeno agricultor e de uma vida diária com muito agrotóxico, migramos outra vez, para o extremo sul da Bahia. Assim nos


tornamos outra vez parte da Comunidade de Teófilo Otoni, que atende aquela região. Hoje sou viúva e agricultora aposentada. Eu e minha filha mais nova moramos juntas em Teófilo Otoni, e ela, que nasceu no Paraná, é pastora aqui nesta Comunidade. O mundo dá voltas.... Com os meus 80 anos de vida cheios de bênçãos, dureza e pelejas, procuro cuidar da minha saúde e fazer, dentro do possível, as coisas de que gosto e que são importantes pra mim. Gosto de bordar os pontos antigos, ponto atrás, ponto corrente, ponto escama, ponto cheio. Gosto de ler o Castelo Forte e o jornal, como também revistas que ensinam sobre saúde e alimentação. Gosto de cozinhar para muita gente e inventar novas receitas! Adoro cuidar de plantas e bichos. Não assisto a novelas, mas acompanho a TV Senado, notícias diárias, canais que têm programas de música de raiz e caipira, e também documentários. Não perco um jogo da seleção brasileira! Meu sonho? Ajudar mais na minha Comunidade. Ajudar as pessoas naquilo que posso. Criar um bando de garnisés, já que não posso voltar a viver na roça por causa dos meus problemas de saúde. Minha maior força para seguir em frente sempre foram meus filhos e minhas filhas. Assim Deus me guia e me cuida. Sua bondade dura para sempre.


Nome: Erica Ursula Gielow Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Chamo-me Erica Ursula Gielow, nascida em Curitiba, PR, filha de Paulo e Ana Mauch. Fui batizada na Igreja Evangélica Luterana pelo Pastor Frank. Quando pequena, as famílias do Bairro Bigorrilho, quase todas de ascendência alemã, reuniam-se na casa de meus Pais para Estudos Bíblicos. Os estudos aconteciam todas as quintas-feiras e eram conduzidos pelo nosso querido Pastor Frank. Para nós, crianças, era uma festa, pois cantávamos e orávamos, e depois nos reuníamos para delicioso café com sonhos recheados feitos por minha Mãe, com a ajuda de minhas irmãs mais velhas. Que beleza essas reuniões! Ainda ouço os cantos e sinto o cheiro maravilhoso dos sonhos fresquinhos. Bem, fui crescendo e chegou a hora da Confirmação. As aulas ainda eram em alemão, dadas pelo Pastor Frank. Eu esperava ansiosa pelos dias das aulas pois, com 14 anos, tive a permissão de ir sozinha de ônibus para o centro da cidade. Assim, quando chegou o dia da Confirmação, pude colocar pela primeira vez um sapato branco com pequeno salto, bem como luvas e meias de seda. Que emoção realizar a Confirmação de minha fé! Depois da Confirmação, continuei participando de cultos,


todos os domingos e das festas de Natal com apresentações natalinas, as quais guardo meu coração até hoje. Aos 24 anos me casei com Ralf Gielow, também luterano. Conheci e namorei ele desde os 17 anos de idade. O casamento foi oficiado pelo Pastor Ehlert, em 1965, no templo da Igreja Luterana de Curitiba. Nesta época, meu marido tinha concluído o Mestrado em Engenharia Química, no Rio de Janeiro. Um ano antes de nos casarmos, ele recebeu convite para fazer Doutorado nos Estados Unidos, na Universidade da Flórida. Assim, logo que nos casamos fomos para lá. Ele foi dois meses antes de mim, pois devia acertar detalhes administrativos e alugar uma casinha. Com a Bolsa de Estudos confirmada, Ralf escreveu-me dizendo que eu poderia ir ao seu encontro. Fui com muita coragem, viajando pela primeira vez de avião. Já no primeiro domingo, após minha chegada na Flórida, fomos ao Culto na Gainesville Lutheran Church. Lá fomos recebidos com alegria pelo Pastor Casper e todos os membros da Comunidade. Passamos então a participar de todas as atividades da Igreja! Nossa intenção era ficar por dois anos na Flórida, mas, como o projeto do Ralf era muito complicado e difícil, estendemos esse tempo para sete anos. Como a Bolsa de Estudos era insuficiente para nos manter, passei a cuidar de crianças para ajudar no orçamento. Com o apoio das mulheres de Gainesville logo consegui uma porção de crianças para tomar conta, todas em minha casa. Este era o único trabalho possível, pois meu visto no passaporte era de cônjuge de estudante bolsista, apesar de eu ser formada em Contabilidade. Após dois anos em Gainesville, nasceu minha filha Ingrid, e para ela foi ótimo ter outras crianças para brincar. Aos três meses a Ingrid foi batizada em nossa Comunidade, onde ela era muito amada e admirada. Quando ela tinha 3 anos recebi


proposta para cuidar de um menino de dois anos e meio e fazer todo o serviço da casa. A patroa saía cedo e voltava à tardinha, pois era professora. Assim se passaram sete anos, sem voltado para o meu amado Brasil e minha amada família. Nos comunicávamos só por cartas, pois telefones eram difíceis no Brasil. Quando meu pai adoeceu, fui informada por carta sobre sua condição. Na carta pediam para eu voltar, pois ele não iria resistir muito mais tempo. Não tive dúvida, com a ajuda dos membros da Igreja e de nossos amigos brasileiros, que também estavam estudando lá, voltei com a Ingrid para o Brasil. Ralf ficou na Flórida para terminar sua tese, o que ocorreu dois meses depois. Depois que retornou ao Brasil, Ralf foi trabalhar no INPE, como professor e pesquisador; Foi assim que viemos para São José dos Campos em 1972. Nesta época não havia templo luterano aqui, por isso, nos reuníamos na capela Santa Rita, emprestada pela igreja católica. O Pastor da Paróquia Centro/SP (Pastor Karl Gehring) vinha uma vez por mês a Pindamonhangaba para celebrar o culto na capela Santa Rita, ainda hoje emprestada de nossos Irmãos em Cristo. Meu filho Igor nasceu em 1973 e foi batizado na Paróquia Centro/SP. Após algum tempo, veio o Pastor Zulmir Ernesto Penno, de Ferraz de Vasconcelos (São Paulo – Leste), que passou também a ministrar cultos em nossa casa, em São José dos Campos. Receber a comunidade em nossa casa foi sempre uma alegria para nós. Depois do Pastor Zulmir, foi por um ano o Pastor Milton Schwantes, da comunidade Centro/SP. Com o aumento da Comunidade (25 membros no Culto), passamos a ter cultos no Templo Metodista; entretanto, com o número crescente de crianças, a Confirmação foi em Ferraz. Em seguida, como Segundo Pastorado de Ferraz, veio o Pastor Nils Skauf (norueguês), que foi sucedido pelo Pastor Ernani Röpke e o estabelecimento da Paróquia do Vale do Paraíba. Aí resolvemos com os demais


membros, construir nossa própria edícula no Jardim Americano e, anos depois, uma construção maior e mais central, que é até hoje nosso templo. Após o Pastor Ernani, vieram a Pastora Elisabet (Beta) Lieven, o Pastor Dr. Pedro Alonso Puentes Reyes, o Pastor Marcus David Ziemann, e a atual, Pastora Daiane Berndt Bottcher. Sou e serei Luterana para sempre, até que o Senhor venha me buscar! Grata pela atenção, Erica Ursula Gielow.


Nome: Erika Schwacke Niel Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Uma pequena história sobre a vida de minha mãe ERIKA SCHWACKE NIEL Erika Schwacke Niel nasceu aos 25 dias de fevereiro de 1925, em São Paulo. Seus avós eram alemães. O avô era botânico, contratado por D. Pedro II para trabalhar no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Erika perdeu a mãe ainda bebê, no parto do 3º filho, deixando-a com 2 anos de idade e uma irmã com 1 ano. Irmãs que se tornaram inseparáveis. Sempre diz que nunca brigaram, foram companheiras de brincadeiras, estudos, festas e viagens. São tantas histórias que conta destes tempos! Nós as apelidamos de Flora e Fauna porque quando se encontram conversam sem parar, lembrando das suas vidas, e sempre de mãos dadas. Erika cresceu em São Paulo, frequentou a Escola Alemã (hoje Benjamin Constant), formou-se em Secretariado, estudou francês e inglês. Embora sua madrasta fosse católica, Erika cresceu na Fé Luterana e frequentou a escola dominical da Deutshe Evangelishe Gemeinde zu São Paulo (hoje Igreja Martin Lutero), e mais tarde a OASE. Encontrou meu pai aos 19 anos, e ele se apaixonou por seus lindos olhos azuis. Casou-se aos 20 anos, durante a 2ª Guerra Mundial, quando faltava gás e os alimentos eram racionados.


O começo foi difícil, acordava muito cedo para acender o fogão à carvão e fazer o café da manhã. Era preciso encarar grandes filas para trocar o cartão, dado pelo Governo, por pão, carne e outros alimentos. Sempre conta que usava esfregão para encerar a casa e lavava, engomava e passava os ternos de linho do meu pai – as vezes me ponho no lugar dela e me arrependo de tantas vezes reclamar de cansaço com os meus afazeres domésticos! Teve 2 filhos, um menino, meu irmão que, nasceu no Dia das Mães, as 18h, quando tocava o sino de uma igreja próxima lembrando a hora de Nossa Senhor e eu, a filha caçula da família.! Erika dedicou sua vida à casa, aos filhos e ao marido. Deu todo amor, carinho, atenção e cuidado que podia, estando sempre presente. Prestimosa, costurou nossas roupas, tricotou nossas blusas, remendou o que precisava ser remendado. A casa e seu jardim, além da família, foram seu orgulho. Mas ela nunca se esqueceu de suas amigas de infância, todas descendentes de alemães, mantendo contato, escrevendo cartas, telefonando e visitando. Minha mãe, Erika, mudou-se para São José dos Campos. Ficou viúva cedo, aos 49 anos, e seu amor se voltou para os seus 6 netos, ajudando a cria-los. Carinhosa, sempre fez os quitutes que gostam. Nas horas difíceis, sempre dá seus conselhos, demonstrando seu caráter, honestidade e amor ao próximo. Em São José dos Campos, passou a frequentar a Igreja Luterana do Vale do Paraíba, participando das reuniões e trabalhos da OASE, costurando para o Projeto Almofadas do Coração.


Hoje, aos 95 anos, lúcida e saudável é o pilar da família. Amada e admirada por netos, filhos e nora. Até hoje costura, faz crochê, assiste aos noticiários da TV, critica os políticos, lê romances. Uma mulher de fibra. História escrita por Sylvia Niel, filha.


Nome: Erna Tank Gaedtke Participação na IECLB desde o batismo Comunidade Martim Lutero – Ilha da Figueira, Jaraguá do Sul/SC Sínodo Norte Catarinense

Erna Tank Gaedtke (falecida aos 89 anos e 11 meses) participou da Comunidade Martim Lutero (ilha da figueira) desde o seu nascimento. Dentre os aspectos que considerava importante na vida da comunidade estavam a constante oferta de congressos, cursos, renovação dos conhecimentos oferecidos pela igreja; o convívio com todos os membros e passeios; estudos bíblicos, grupos de orações... Era participante de diversos grupos tais como OASE PRIMAVERAS (grupo alemão) do qual foi presidente por diversos anos, OASE MARTIM LUTERO (Ilha da Figueira), Grupo de Idosos (Edwig F. Bruns), estudo bíblico (recebeu em casa por diversas vezes) etc. Sempre participou de toda atividade em que foi solicitado seu trabalho ou colaboração.

Erna adorava bordar, tinha o hábito diário da leitura bíblica e das senhas diárias isso, muitas vezes, em língua alemã. Sempre muito solidária, contribuiu em campanhas de ajuda ao próximo. Também ajudou na educação de netos e neta sempre mostrando a importância da fé e do amor, tornando nossa sociedade mais amorosa e solidária.


Erna teve diversos momentos marcantes na vida em comunidade: viu suas filhas e filho se casarem e batizarem seus netos e neta e pode participar ativamente dos encontros oferecidos pela comunidade/paróquia.

(História de vida coletada por Rudiberto e Joanilde Gaedtke)


Nome: Esther Lietz Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Vila Nova- Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Eu me chamo Esther Lietz, tenho 86 anos, sou viúva e tenho um filho e duas filhas. Sou luterana desde o meu batismo. Desde criança, na cidade de canoinhas, participava da comunidade e por causa disso, sofri preconceito na escola. A professora, que era da Igreja Católica, discriminava as pessoas luteranas e falava mal da nossa Igreja. Experimentei muitas brigas e divisões entre pessoas católicas e luteranas. Hoje, percebo que isto está bem melhor.

Atualmente sou membro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Vila Nova, pertencente a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo João, Jaraguá do Sul-SC. Participo desta comunidade desde a sua fundação.

Nos tempos da fundação da comunidade experimentamos muita união e amizade, éramos como verdadeiros irmãos e irmãs na fé. No início, os cultos aconteciam nas casas de membros, como a de dona Edla Wischral, que foi muito importante para motivar e ajudar a comunidade a chegar onde está hoje. Os encontros da OASE ocorriam em minha casa, no final dos anos 90.

Na comunidade fui secretária do primeiro presbitério, dirigente do grupo de estudo bíblico, coordenadora do grupo de OASE e visitava e levava Santa Ceia, junto com


o pastor, às pessoas que não podiam vir à Igreja. Também escrevia orações para usar nos grupos e entregar para as pessoas que tinham vergonha de orar em público.

Gosto muito de ler a bíblia. Conheço muitas histórias bíblicas e também gosto muito dos hinos da nossa Igreja. Penso que todos os espaços da comunidade são importantes. Os encontros comunitários sempre são muito bons, é ótimo estar em comunhão, se preocupar e cuidar das pessoas, fazer novas amizades.

A Igreja é para mim um espaço de união, amor e respeito onde aprendemos a acolher e respeitar quem é diferente. Na vida comunitária alimento a minha fé, que é base para a nossa existência. A fé em Deus nos ensina a acolher com gratidão tudo o que recebemos, a celebrar as dádivas e a amadurecer e aprender com o sofrimento. Sou uma pessoa que valoriza muito o estudo. Mesmo eu e o meu marido sendo de origem humilde, sempre nos esforçamos para que nossas filhas e filho pudessem estudar.

Sou muito grata a Deus por tudo, em especial pela minha saúde, que hoje não está tão bem. Mesmo assim sinto o cuidado e o amor de Deus através de minha família e das pessoas da comunidade que continuam me visitando e cuidando de mim.

(História redigida por Pamela Milbratz)


Nome: Euzita Aparecida de Souza Broum Tempo de participação na IECLB: Desde o Casamento Comunidade: Da Paz Paróquia: Espigão do Oeste – RO Sínodo Da Amazônia

Meu nome é Euzita, nasci em 27 de novembro de 1979, em Capitão Leônidas Marques – PR. Meus pais se mudaram para a Rondônia no ano de 1981, quando eu tinha apenas um ano de idade. Moramos na Linha do Canelinha, no sítio dos meus padrinhos de Batismo, o Senhor José Seconelli e a Senhora Ilda Seconelli. O meu batizado aconteceu no Estado do Paraná, na Igreja Católica Apostólica Romana. Meu padrinho comprou terreno no Canelinha, onde residem até o dia de hoje. Lá moramos alguns meses até que meu pai conseguiu comprar um terreno na Linha 15, Estrada Rei Davi. Como essas terras não eram boas para a plantação, ficamos pouco tempo lá. Ganhamos do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) um pedaço de chão na Linha P.A.2 há 75 quilômetros da cidade. Foi uma vida difícil. Enfrentamos picadas porque não havia estrada até o sítio. Com muita força de vontade, com coragem para trabalhar em união, e família sempre unida nos afazeres, conseguimos, vencer as dificuldades. Tivemos muitas plantações de café, milho, feijão, arroz, mandioca e outros. Nosso sustento vinha somente da terra, do nosso trabalho. Meus irmãos se casaram, cada um deles foi cuidar do que era seu, mas sempre por perto da gente. Quando eu tinha 13 anos já tinha estudado até a 4ª série. Lá no sítio onde morávamos ó tinha até esse ano. Aí, meu pai vendeu o sítio e fomos morar na cidade de Espigão do Oeste - RO. Do 5º ao 6º anos estudei na escola Fernanda Souza de Paula, em Espigão do Oeste. As 15 anos comecei a namorar um rapaz da IECLB. Meus pais foram a vida toda da Igreja Católica, mas concordaram que eu casasse na Igreja Luterana. Quando completei dezesseis anos me casei com o Valdevino Broum. O conheci assim que


meu pai vendeu o sítio e comprou casa na cidade. A casa dele fazia divisa com a minha. Éramos vizinhos de porta. Namoramos somente um ano. Com seis meses de casados Deus me abençoou com uma gravidez muito desejada. Queríamos muito ter o nosso primeiro filho ou filha. No dia 30 de Junho de 1997 nasceu nossa linda filha Valdirene. A felicidade tomou conta da casa! Sempre buscamos participar dos cultos na Igreja Luterana. Batizamos nossa filha Valdirene com dois meses de vida. A Pa. Glorinha R. Dexheimer Quinot, que estava realizando o período prático (de habilitação ao ministério), fez o Batizado dela. O período da minha gravidez foi bem difícil. Eu tive muitos enjoos e quase não comia. No sexto mês de gestação perdi o meu pai. Meu pai faleceu no dia 19 de janeiro de 1997. Todos, e principalmente meu marido, tiveram o maior cuidado para contar-me do falecimento. Mas fui forte e Deus me ajudou a superar tamanha dor e continuar com minha gravidez. Valdirene nasceu três meses depois, perfeita e saudável, graças ao bom Deus. Em 1998, chegou em nossa Paróquia a Diaconisa Siglinda Braum. Ouvi nos avisos dos cultos que ela ensinava a tocar instrumentos musicais. Num certo dia, no ano de 2000, fui visitar uma cunhada minha, madrinha de Batismo da Valdirene, que tinha feito cirurgia e estava se recuperando. Na visita, pude ouvir a filha dela, a Ilda, tocar um tecladinho que ela tinha. Eu nunca em minha vida tinha visto um instrumento daquele. Achei lindo! Fiquei maravilhada! Aí minha cunhada (hoje já falecida) disse que gostaria de vender aquele instrumento pra auxiliar no seu tratamento de saúde. Não pensei nem duas vezes. Meu marido não mediu esforços e compramos o teclado. No dia seguinte, fui até a casa da Siglinda pedir a ela que me ensinasse a tocar teclado. Perguntei quanto ela cobraria. Ela disse que pra membros da IECLB não cobraria nada, mas eu teria que retribuir tocando em cultos. Fiquei muito feliz com isso e imediatamente marcamos o dia para iniciarmos as aulas. Cada nota musical que eu aprendia era uma vitória. Com uns três meses de aulas já comecei a tocar nos cultos. Eu errava muito por causa do nervosismo, mas continuava com a cara e a coragem. Em setembro de 2001, toquei no casamento da minha querida professora Siglinda com o Vital. Eu estava grávida novamente, muito gorda, e emocionada por tocar no casamento da minha professora. Durante todo o período da minha segunda gravidez toquei em cultos. No dia 13 de Dezembro de 2001, uma grande alegria, novamente, tomou conta de minha vida. Nascia o Wagner, um lindo menino, que chegou para completar a família. A felicidade estava completa! Em maio de 2002 aconteceu o Batizado do Wagner. Uma das madrinhas era minha querida amiga e professora Siglinda Braun. O Pastor Claudir Burmann, o mesmo


que celebrou meu casamento, também fez o casamento do Wagner. Desde então, nunca mais abandonei a música. Hoje sou uma pessoa realizada, completa e sinto muito orgulho de ver meus filhos tocando e cantando em cultos na igreja. Assim como eu, eles seguiram o caminho da música! Sou uma pessoa realizada, muito feliz! Eu sou: Euzita Aparecida de Souza Broum!


Nome: Frida Harckbaerdt Butzke Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Espigão do Oeste Paróquia: Espigão do Oeste Sínodo: Amazônia

A história da mulher que marcou a minha vida com a sua experiência! Frida Harckbaerdt Butzke (+) nasceu em Afonso Cláudio/ES no dia 28 de fevereiro de 1933. Descendente de pomeranos, analfabeta, não teve a chance de frequentar a escola. Sua família era muito numerosa. Era membro da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), onde foi batizada e confirmada. Em sua juventude, cantava no coral da igreja decorando a letra das músicas em português com uma amiga, pois não dominava a leitura e nem a língua. Casou-se com um pequeno agricultor aos 25 anos e passou a ser membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), onde as celebrações eram feitas na língua alemã, que pouco entendia. Dona Frida sempre foi muito determinada, dedicada, esforçada. Pediu que o esposo lhe comprasse uma Bíblia e um hinário para acompanhar os hinos e as leituras bíblicas nos cultos. Como na época repetiam muito os mesmos hinos, logo decorou a letra e, a partir daí, com esforço, iniciou o domínio da leitura em alemão. Mais uma ferramenta para construir sua casa sobre a rocha firme (Mt 7.24). Essa maravilhosa mulher foi mãe de nove crianças e foi um grande exemplo de mãe, amiga, conselheira, esposa e testemunha de Deus. Tudo era muito simples. Morava no interior, era agricultora, doméstica, costureira, prendada em bordados, crochê e tricô, cuidava das plantas da horta e do jardim e fazia


milagres com as questões financeiras. Era muito criativa e buscava sempre sabedoria em Deus. Dona Frida estava sempre pronta para auxiliar o próximo, era muito acolhedora, amiga, muito alegre, paciente e gostava de cantar. Cantarolava todos os dias com os filhos e as filhas. Ela transmitiu a seus filhos e a suas filhas o hábito de orar e a praticar a leitura da Palavra de Deus e ensinou-lhes quem é Deus. Esta mulher também era uma verdadeira pedagoga ao ensinar os filhos e as filhas no dia a dia, na convivência, usando tudo o que fazia; com questionamentos, desafios, propostas, orientações, juntos chegavam a uma conclusão. Um exemplo: “Vá buscar seis espigas de milho”. Ao retornar, ela conferia, e aí vinham os desafios: contar as espigas. “Conta novamente. Está certo o que pedi? Quantas faltaram? Quantos sabugos têm estas espigas? Uma espiga tem quantas fileiras de grãos? Quantos grãos? Para que servem?...” Os filhos aprendiam a matemática com material concreto, na língua pomerana. Dona Frida ensinava tudo o que sabia sobre história, geografia e cultura: músicas, versos, adivinhações, parlendas, histórias.. Em sua igreja e na alfabetização dos filhos e das filhas, aprendeu a ler primeiro em língua alemã e depois em português. Ela lia muito e era uma grande questionadora. Os livros que tinha em casa eram a Bíblia Sagrada, hinário, Catecismo Menor, mais tarde uma Bíblia para crianças, os livros pedagógicos escolares, devocionário Castelo Forte e o livro de oração. Na mesma igreja e comunidade dona Frida levou seus filhos e suas filhas para serem batizados e confirmados. Sempre motivava e orientava para que conhecessem o caminho que leva a Deus. Dona Frida era uma mulher de muita fé, esperança, amor e sempre lutava por justiça, pela igualdade e pela paz. Em sua comunidade, aprendeu e ensinou muito. Fez parte do presbitério, foi orientadora do Culto Infantil, Ensino Confirmatório, coordenou estudos bíblicos e, quando tinha oportunidade, cantava no coral. Em 1986 foi para Rondônia, onde tudo era muito difícil. Ela e a família foram em busca de mais terra para os filhos e de uma vida melhor. Em meio a muito trabalho, esforços, dificuldades, a “fé” da Frida trazia equilíbrio, união e fortalecimento familiar, comunitário e social. Na comunidade, logo se envolveu ativamente, fazendo visitas, buscando ajudar às pessoas necessitadas. Foi integrante do coral, ensaiava teatros e músicas. Ajudou na formação do primeiro


grupo de mulheres na comunidade. Participou de encontros paroquiais e sinodais de mulheres e, ainda, de encontros da medicina alternativa. Todos os dons que Dona Frida recebeu de presente de Deus, ela usou na prática do bem. Deixou marcas maravilhosas da bondade e do amor de Deus por nós. Foi uma testemunha do Evangelho de Jesus Cristo. Adquiri dela uma grande bagagem de experiência para a minha vida. Sou uma das filhas dessa maravilhosa mulher! Elenir Butzke Agner


Nome: Frieda Geissler Membro da IECLB: desde o Batismo. Comunidade: Novo Rio do Sul. Paróquia: Evangélica de Mercedes/PR. Sínodo: Rio Paraná

Vou contar um pouco da minha história de vida. Meu nome é Frieda Geissler e nasci no estado de Santa Catarina, no lugar chamado Ituporanga. Nasci no dia 29 de setembro de 1932. Meus pais se chamavam Frederico e Ida Berchinioch. Avós maternos: Adolfo e Ema Sives. Avós paternos: Jacó e Carlota Berchinioch. Fui batizada na cidade de Ituporanga ao completar 7 anos. Os meus pais se mudaram para Agrolândia, onde moramos no interior, em Ribeirão Ernesto. Lá frequentei a escola primária por dois anos. Ao completar 14 anos, fui para o Ensino Confirmatório em Braço do Trombudo, sendo que até lá fazia uma caminhada de 8 km, sempre a pé. Fiz minha confirmação neste lugar, na Igreja da IECLB, e até hoje frequento esta igreja. Passei a minha juventude neste lugar (Braço do Trombudo), e em 1950 conheci o meu esposo Harald. Nós nos casamos dois anos mais tarde, no dia 1° de março, em Santa Catarina, e em seguida nos mudamos para o Paraná. Viajamos seis dias até chegarmos a Marechal Cândido Rondon. Ficamos ali até que foi feita a medição das terras. Depois foram mais 22 km mata adentro, por uma picada aberta nela. A Empresa Fazenda Britânia fazia a demarcação das terras. Após um mês de espera foi erguido um barracão no meio do mato, sendo que meu marido ajudou a montar o “rancho”. Deste barracão seriam ainda mais 3 km para chegar à nossa tão sonhada terra. A caminhada foi dura, o dia todo, andando somente por uma picada. Resolvemos armar uma barraca no meio da mata e ali moramos. Quanto medo passamos! Mas sempre com fé em Deus.


O pior é que não tínhamos nem forno, muito menos fogão; por isso, para suprir a necessidade cavamos um buraco no barranco e, assim, tínhamos nosso forno. Deus estava sempre presente, em todos os momentos, nos dando muita força. Meu marido serrou madeira com as próprias mãos para fazermos a nossa casa. Rachamos tabuinhas para cobri-la, e graças a Deus conseguimos tudo, até hoje. O meu maior desejo era ter uma igreja perto de mim. Primeiramente íamos à igreja em Marechal Cândido Rondon, a 22 km de distância. Com o passar do tempo, construímos uma igreja em Mercedes e, com a graça de Deus, tivemos o nosso primeiro filho, o Orivald, que foi a primeira criança a ser batizada na igreja de Mercedes. Com o passar dos anos, construímos uma Igreja em nossa localidade, no Novo Rio do Sul. Por coincidência, a primeira criança a ser batizada na igreja do Novo Rio do Sul foi a nossa filha Inha. Morávamos no município de Rio do Sul, em Santa Catarina, e hoje moramos no Novo Rio do Sul, no município de Mercedes/PR. Isso já representa 64 anos no Paraná, 64 anos de casados e 64 anos morando no mesmo lugar! Um dos momentos mais marcantes da minha vida foi quando a OASE da Comunidade do Novo Rio do Sul completou 40 anos – OASE esta que ajudei a fundar. Uma das maiores alegrias da minha vida foi ter conseguido dar Culto Infantil por 33 anos. Deus me deu muita força, e tive o maior prazer em fazer isso; nunca tive problemas com qualquer aluno e nem com a comunidade. Parei em 2008, por motivo de saúde; adoraria estar com as crianças ainda hoje, mas a saúde não me permite. A OASE frequento até hoje. Aprendi muita coisa nos encontros e peço a cada senhora que participe dos encontros, pois cada um é uma bênção de Deus! Obrigada, meu Deus, por tudo isso. Outro momento marcante para mim foi um dia de culto em que pediram para não faltar, mas nem me preocupei. Foi um culto muito especial e inesquecível para mim. Imaginem só! Durante o culto os alunos foram todos para o altar e me chamaram, e eu fiquei apreensiva. As crianças e a Comunidade tinham preparado uma homenagem para mim. Isto foi em março de 2015, e eu agradeço às crianças e à comunidade. Não posso dizer que não sinto saudades, tenho sim, e muitas, só que me faltam forças, pois tenho 84 anos e dou graças a Deus por cada momento da


vida e por toda proteção recebida de Deus. Gosto muito de ir à OASE e participo sempre que é possível. Quero escrever um pouco sobre meu marido. Ele não sabe ler nem escrever, e, mesmo assim, foi por oito anos presidente da Comunidade do Novo Rio do Sul. Ele é muito dedicado às coisas da igreja. Sempre temos presente em nossa vida a oração. Agradecemos a Deus pelas refeições, pelo nosso lar e pela vida que temos. Durante todos os anos /que dei Culto Infantil, sempre preparei a igreja para as confirmações ou ainda casamentos. Vou finalizando a minha breve história, mas quero ainda dizer que tenho um filho, Orivald, casado com Nailde, e uma filha, Inha, casada com Renato. Tenho seis netos; destes, Dilvair e Delcio moram em Mercedes/PR, Ketty mora em Linha Boa Vista/PR, Cláudia em Novo Rio do Sul/PR, Orlei mora em Buenos Aires – Argentina, e Janice mora em Marechal Cândido Rondon/PR. E os dois filhos moram no Novo Rio do Sul, município de Mercedes/PR. Tenho ainda nove bisnetos. Agradeço a Deus por todos os meus familiares, pela saúde de todos e ainda por Deus ter me dado a oportunidade de ter todos e tudo ao meu redor. Meu nome é FRIEDA GEISSLER, moro no Novo Rio do Sul, município de Mercedes/PR.


Nome: Gerda Wehmuth Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Espírito Santo, Paróquia Blumenau Centro/SC Sínodo: Vale do Itajaí

Vou lhes contar a história de vida de uma senhora simples, mas com um coração muito generoso. Seu nome é Gerda Wehmuth. Ela nasceu em 06 de maio de 1926, em Rio do Sul/SC. Criou-se na localidade de Albertina, região situada entre os municípios de Rio do Sul e Ituporanga. Morava com os seus pais, Ricardo e Ida Wehmuth e mais 5 irmãos e 1 irmã: Hadwig, Evald, Alfons, Heinz , Waldemar e Erica. Desde muito cedo Gerda ajudou sua família no trabalho da roça e na ordenha do gado. Todos os dias, cedo da manhã, ia pra roça. Lá, passava o dia inteiro trabalhando retornando para sua casa somente no entardecer. Gerda teve pouco estudo. Embora tenha cursado somente até a 2ª série em escola multisseriada, aprendeu a ler, a escrever e fazer os cálculos básicos de matemática. Aprendeu praticamente por si só. Quando jovem veio para Blumenau em busca de outros sonhos e conquistas. Começou a trabalhar na Cia Hering onde permaneceu por aproximadamente dez anos. Nesse tempo, alugou um quarto na pensão da própria indústria, o qual dividiu com uma amiga. Mais tarde conheceu o meu pai. Namoraram e depois de um tempo resolveram morar juntos. Ela era solteira ele, porém, era desquitado. Tiveram uma filha e depois de um ano, um filho. Quando precisava trabalhar, a menina ficava com a Oma materna. Quando o menino nasceu ele ficava na creche da fábrica e a menina continuava aos cuidados da Oma. Depois de um tempo, ela decidiu não mais trabalhar e passou a


ser dona de casa. Dedicou-se a educação do filho e da filha e aos cuidados com a casa. Para ajudar na renda familiar, fazia bolachas para vender na época de Natal e pintava casquinhas de ovos na época da Páscoa. Gerda era membra da Igreja Evangélica Espírito do Santo, paróquia Centro, na cidade de Blumenau onde participava dos cultos dominicais. Nesse tempo, conheceu e integrou-se ao grupo da Associação Caritativa das Senhoras Evangélicas desta paróquia. Todas as terças feiras mamãe ia para o encontro onde ajudava na venda e distribuição de roupas e calçados e fazia palhaços de pano. Para dar conta das encomendas, a Frau Palhaço, como era conhecida, trabalhava até em casa recortando moldes, costurando e os enchendo com algodão. A carinha deles era pintada pela filha de uma das suas amigas. Com a bolsa repleta de palhaços de pano, em pouco tempo os mesmos eram vendidos. Os recursos arrecadados eram destinados para crianças de Blumenau, municípios da redondeza, diferentes estados do Brasil e até para o exterior. Minha mãe dedicou-se a essa atividade por mais de 35 anos. No início ela ia a pé, às vezes de bicicleta ou de ônibus. Com o avançar da idade ela passou a ir de carona com o filho de uma amiga ou então com um de seus próprios filhos. Ela não via a hora de chegar terça feira para lá deixar a sua contribuição que seria revertida em benefícios para as pessoas que estavam passando por dificuldades. Mais tarde, em função das enfermidades que foram surgindo, principalmente da artrose nos joelhos, ela deixou de participar do grupo. Suas lembranças, porém, dos encontros e trabalhos lá realizados, permaneceram presentes até a sua morte. Mulher guerreira, batalhadora, trabalhadora, jamais se deixou vencer. Viveu até o dia 21 de junho de 2011 vindo a falecer em casa, com a idade de 85 anos. Descansa em paz no cemitério da Paróquia do Espírito Santo – Blumenau – Centro. Para lembrar de que Deus sempre está conosco, seu lema de vida foi: O Senhor é o meu pastor e nada me faltará (Salmo 23). Afirmo a vocês que isto é verdade: em qualquer lugar do mundo onde o evangelho for anunciado, será contado o que ela fez, e ela será lembrada (Marcos 14.9)

(História contada e redigida por Sônia Vera Kleine.)


Nome: Gerhild Bull Valier Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Martim Luther Paróquia: Centro - São Paulo Sínodo: Sudeste

Quando nós nos debruçamos sobre a história da humanidade, percebemos a presença feminina em todos os tempos, mesmo que seja de forma implícita, rompendo fronteiras e quebrando tabus. É conhecendo a história que fatos e acontecimentos vêm dar força e embasar notórias posições femininas na luta diária, ontem... hoje... sempre... Gerhild Bull Valier não desistiu. Gerhild Bull Valier nasceu em Vitória, ES no dia 12 de junho de 1973, filha de Neuzina Stange Bull e de Günther Bull. Foi batizada no dia 30 de setembro de 1973, na Comunidade de Santa Maria de Jetibá, ES. Em 1974, por oportunidade de trabalho, a família veio para São Paulo. Logo, a família se tornou membro da Comunidade Martim Luther, Centro, SP, onde Gerhild frequentou o Culto Infantil. Por 10 anos ficaram morando e trabalhando em São Paulo. Mas as raízes capixabas puxaram a família Bull de volta. Com casa própria na Serra do ES, a família resolveu voltar. Lá, Gerhild começou a participar das aulas do Ensino Confirmatório. Foi confirmada, em Culto celebrado pelo Pastor Geraldo Graf, na Comunidade de Jardim Limoeiro, Serra, ES, no dia 07 de dezembro de 1986. Em seguida, começou a participar ativamente do grupo de jovens. Gerhild gostava de morar em Serra, participar na Comunidade local e do grupo de jovens porém, começou a se preocupar com os estudos e o seu futuro profissional. Ficou entusiasmada quando ganhou de presente de sua tia, uma passagem aérea para São Paulo. Era a sua primeira viagem de avião. Foi um passeio maravilhoso. Segundo Neuzina, as filhas sempre foram muito batalhadoras. Desde cedo correram atrás de seus sonhos, até conseguir realizá-los. Um dia, folheando uma


revista, encontrou uma matéria sobre a profissão de Comissária de Bordo. Gerhild sentiu-se tocada e muito interessada pelo assunto. Mas só havia cursos para essa profissão em São Paulo, Brasília e Porto Alegre. Gerhild ainda era menor de idade e só era permitido ingressar no curso a partir dos 18 anos. Mesmo assim, ela continuou pesquisando e buscando informações a respeito do assunto. Decidiu trabalhar para ter condições de pagar um curso de Inglês. Como ainda não podia ter carteira assinada, os serviços que fazia eram temporários. Em 1994, Gerhild voltou para São Paulo com o firme propósito de ingressar no curso de Comissária de Bordo. Era seu sonho e ela não desistiria dele. Durante um ano ela morou com seu avô e sua avó maternos. Depois, foi morar com sua irmã Gertraude. As oportunidades começaram a chegar. Enquanto aperfeiçoava-se no inglês, Gerhild aproveitou para trabalhar em voos fretados por empresas e agências de turismo. Tudo muito informal. Chegou a voar com um 727 para Cancum. Continuou investindo tempo e dinheiro para aperfeiçoar a língua inglesa. Era o que exigiam as grandes empresas. E era o que faltava para ela conseguir melhores oportunidades. Gerhild atingiu sua meta – ser Comissária de Bordo – quando conseguiu contrato com a TRANSBRASIL. Estava feliz por ter passado em todos os testes, principalmente no de Inglês. Infelizmente, após um ano a empresa faliu. Esta já era a terceira oportunidade de trabalho. Gerhild não podia desistir. Ela tinha que continuar firme atrás do seu sonho. Mais tarde, foi contratada pela GOL. Gerhild sente que seu sonho foi realizado. E diz que, se fosse preciso, faria tudo de novo. Ela teve a oportunidade de conhecer todas as capitais brasileiras. Também conheceu alguns países como os Estados Unidos, a Alemanha, a Itália, a Argentina, a África do Sul... Para ela, cada voo é diferente e único. Sente-se culturalmente enriquecida. Segundo ela, quando se quer algo, é preciso ser persistente. "A gente consegue". Disse que sempre orou muito pedindo a ajuda de Deus e a Ele é muito grata pelas conquistas. A profissão trouxe grandes benefícios para a vida de Gerhild, benefícios para a vida toda. Em um dos voos ela conheceu seu esposo Luciano Valier, que é Comissário de Bordo. O casal têm um filho e uma filha. O casamento foi realizado na Paróquia Centro, SP, oficiado pelos pastores Frederico Carlos Ludwig e Carlos Alberto Radinz, mesmo local em que seu filho e sua filha foram batizados. Gerhild e família continuam membros na Comunidade Martin Luther - Centro - SP.


O sonho profissional foi realizado. Agora, sua realização é ser mãe e cuidar da família. Por opção, cuida do filho, da filha, da casa, do marido. E ainda realiza trabalhos autônomos: vendas pela Internet e trabalha com fotos e vídeos. Essa mulher de ontem... de hoje... de sempre... traz no espírito a alma femininamente poética de Cecília Meireles, que a traduz em versos e parece revesti-la de couraça de guerra e fragilidade de flor: "Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira".

História coletada por Adelia Lemke Graf


Nome: Gertraude Bull Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Martin Luther Paróquia: Centro de São Paulo – SP Sínodo: Sudeste

O que move muitas mulheres hoje é a ânsia por liberdade e independência. Buscam o potencial que sabem estar dentro de si. Querem descobrir suas aptidões a partir de suas próprias forças e capacidades. Quando reconhecem e são reconhecidas em seu valor feminino, isso lhes dá prazer e uma leveza por ser mulher. Em homenagem às mulheres batalhadoras, vamos contar a história de vida de Gertraude Bull. Gertraude Bull é filha de Neuzina Stange e Günter Bull. Nasceu no dia 04 de fevereiro de 1969, em São Luís, Santa Leopoldina, hoje Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo. Foi batizada no dia 09 de março de 1969, em Santa Maria de Jetibá, pelo pastor Hans Miertschink. A confirmação foi no dia 22 de março de 1983, na comunidade Martin Luther, Paróquia Centro de São Paulo. O pastor Murl Eugene Foehringer a celebrou. Segundo Neuzina, sua mãe, Gertraude foi uma criança tranquila e começou a trabalhar muito cedo, com a preocupação de que tinha que ajudar a família. Por causa do emprego do pai, a família se mudou de Santa Maria de Jetibá para a Grande Vitória. Não ficaram muito tempo. Como havia oferta de emprego e casa para morar, a família se mudou para São Paulo. Ali moraram por dez anos, e novamente retornaram para a Grande Vitória. O pai passou a trabalhar por conta própria na região da Serra (ES) como motorista, fazendo fretes, mas infelizmente faleceu em um acidente atuando com o seu próprio veículo de trabalho. Passado algum tempo, Gertraude retornou para São Paulo. Pouco depois, sua irmã mais nova veio também. Era preciso trabalhar para sobreviver. Assim, Gertraude passou a morar na casa de seus tios e, em troca da estada e pouca remuneração, começou


a cuidar de dois primos pequenos. Isso durante quatro anos. Mas não era o que ela queria. Foi trabalhar em uma rede de supermercados muito grande. Prestou serviços lá por 11 anos, iniciando como operadora de caixa, depois, fiscal de caixa e, em seguida, encarregada de frente de caixa. Seus chefes queriam que ela fizesse um estágio para gerente. Gertraude não aceitou. Houve uma reestruturação de cargos e salários, e, por isso, ela foi dispensada. Enquanto trabalhava no supermercado, ela foi acalentando um sonho que tinha de ter um negócio próprio. Assim, foi se preparando e economizando para esse fim. Depois de dispensada, trabalhou como motorista particular para uma pessoa que tinha uma Van escolar. Enquanto recebia o seguro-desemprego e por ter guardado o Fundo de Garantia, economizou e aproveitou para comprar sua própria Van. Começou a trabalhar com transporte escolar, levando e buscando crianças e adolescentes. Logo ela notou que esse tipo de trabalho não era fácil devido à grande concorrência. O retorno do capital investido seria muito demorado, e ela tinha pressa. Mesmo assim, tentou por três anos. Um dia, dirigindo seu veículo, desmotivada, pensando na vida e observando os carros que passavam, aconteceu algo que fez seu coração bater mais forte. Ficou encantada! Viu uma mulher dirigindo um ônibus. Isso não era comum na época. Observou que atrás do ônibus havia o número 0800 (atendimento ao cliente). A partir daí, ligou, conseguiu o número da empresa, entrou em contato e ficou sabendo que estavam contratando motoristas. A telefonista pediu que fosse até a empresa e levasse consigo o seu currículo. Antes dessa empresa chamá-la, ligou para outras empresas, mas sem êxito. Era um momento de mudança de vida: partir para algo novo e que era seu sonho profissional. Ela disse que conversava muito com Deus, pedindo ajuda. Tem certeza de que a mão de Deus sempre a conduziu. No dia da entrevista e teste, como candidata ao emprego, ela era a única mulher, concorrendo com oito homens. Não era comum uma mulher dirigir ônibus, isso era considerado coisa de homem. O nervosismo foi muito grande. Não tinha experiência comprovada em carteira, nem experiência prática com micro-ônibus e ônibus-padrão, veículos com os quais a empresa trabalha. Além disso, já tinha feito teste numa empresa de turismo e sido reprovada. Até a hora da entrevista foi tudo bem, mas o teste com ônibus foi apenas razoável, pois ela não mostrou muita


habilidade. Destaque: quem avaliou a performance dos testes dos candidatos foi uma mulher, antiga funcionária da empresa, que de motorista passara a instrutora. Conforme Gertraude, a mão de Deus estava sobre ela. A instrutora sugeriu que Gertraude fizesse um treinamento com ela por três dias, pois achava que ela tinha potencial, apenas o nervosismo atrapalhara. Ela fez o treinamento. Em seguida, foi informada que deveria aguardar e que a empresa entraria em contato. Depois de alguns dias, recebeu uma ligação da empresa, comunicando que ela tinha sido aprovada e que seria contratada. Gertraude providenciou os documentos e logo começou a dirigir ônibus municipal. Não foi nada fácil. Ficou um mês na reserva. Cada dia ia para uma linha diferente, com ruas que eram vielas estreitas e sinistras; parecia que o ônibus atropelaria as casas, de tão estreitas que eram as ruas. Para conhecer as diferentes linhas, ela contava com a ajuda dos passageiros. Chegou a pagar lanche para alguém ensinar determinadas linhas. Depois desse sufoco, ela conseguiu se fixar numa linha intermunicipal, o que trouxe mais tranquilidade. Ficou na empresa por quase dois anos. Por incentivo de colegas que a ajudaram muito, enviou currículo para uma nova empresa. Após o segundo currículo enviado, foi chamada. Novo teste, novas emoções, novos medos, novas inseguranças... Ela confessou que estava cheia de medo, pois a mulher teria que estar à altura do homem. Não havia privilégio por ser mulher. Não teve nada facilitado. Tinha que dar conta. E ela foi aprovada no teste e posteriormente contratada. Hoje ela está há quase oito anos na empresa, fazendo aquilo que sonhou para si no dia em que viu uma mulher motorista de ônibus. Dirige um ônibus superarticulado, onde cabem 200 pessoas, com exigência de carteira de habilitação na categoria E. Seu trajeto é a Linha Terminal Jabaquara, em São Paulo, até o Terminal Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo, SP. Atualmente, ela conhece todas as linhas da Grande São Paulo. A ouvidora da empresa, Maria do Rosário, disse que só ouve e recebe elogios a respeito do trabalho de Gertraude. Não falta, não apresenta atestados médicos, é muito prudente e dirige defensivamente. É competente e comprometida. Quanto ao serviço para a comunidade, ela disse que tem pouco tempo disponível. Mas, quando era possível, transportava crianças da comunidade para


passeios – isso quando tinha a Van. Se tivesse disponibilidade para participar de atividades na Igreja, cantaria no coral. É muito importante fazer aquilo de que gosta. Gertraude se sente bem e realizada em sua profissão de motorista de ônibus na maior metrópole do Brasil. Lutou para conseguir, não desanimou na primeira tentativa. Sabe que para a mulher não é fácil conquistar seu espaço. Outros testes para outras empresas talvez venham. O medo e a insegurança com certeza estarão presentes. Mas ela já aprendeu muito. Aprendeu a confiar em Deus e em si mesma. E todo o aprendizado a ajudará a enfrentar novos desafios. Que todas as mulheres, a exemplo de Gertraude, sintam-se encorajadas a confiar na sua intuição feminina e a mostrar sua força. Que todas mostrem seu potencial para encher o mundo de valores. E que se tornem cada vez mais humanas e amorosas. (História de vida coletada por Adelia Lemke Graf)


Nome: Gertha Hilda Bühler Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Trindade de Ivoti/RS Paróquia: Trindade de Ivoti/RS Sínodo: Sínodo Nordeste Gaúcho

“Enquanto eu posso, participo!” Esta expressão é de Gertha Hilda Bühler, membro da Comunidade Evangélica Trindade (IECLB) de Ivoti/RS. Com olhar atento, atravessa a rua indo em direção à igreja ou em direção ao Departamento de Diaconia de sua comunidade. Seus passos são ligeiros, considerando seus 8 8 anos de vida. No domingo de manhã, ela participa do culto. Não de todos, mas de quase todos. Alegra-se em dizer que gosta muito de cumprimentar as pessoas, tanto na hora que em chega, quanto na hora em que o culto termina. Numa certa oportunidade, alguém questionou sua atitude de fazer questão de cumprimentar as pessoas. Ela não se importou com o questionamento, pois pensa que só se é comunidade quando se cultiva a amizade. Gertha, filha de Frida Fick Kern e de Albino Guilheme Kern, nasceu em Nova Vila (Ivoti) no dia 28 de fevereiro de 1926. Na época, a localidade pertencia ao município de São Leopoldo. Sua família era membro da Comunidade Evangélica de Picada 48 Baixa (hoje município de Lindolfo Collor), na qual foi batizada. O culto, na época, era celebrado de três em três semanas, talvez menos. Sua família costumava participar sempre dos cultos. Lembra que nesta época, durante o culto, os homens sentavam de um lado da igreja e as mulheres, do outro. Por isso, sempre que ia ao culto, sentava perto de sua mãe e de sua avó paterna, Carolina Koch Kern. Sua irmã Vilma também sentava ao lado delas. Seu avô, seu pai e seu irmão Anibaldo sentavam do outro lado. Conta que sua


avó foi muito importante na sua formação religiosa. Com ela aprendeu que cada época litúrgica deve ser celebrada tanto em casa como na igreja. No tempo de Natal, por exemplo, além de ir à igreja, é necessário organizar a casa para lembrar o nascimento do menino Jesus, o Filho de Deus. Em certa ocasião, a mãe comprou um presépio. Ela explicou em língua alemã: “Este aqui é Jesus, deitado na manjedoura”. O pequeno presépio era colocado todos os anos debaixo do pinheirinho de Natal. No tempo de Páscoa e de Natal, toda a família sentia alegria em se deliciar com as bolachas feitas, em formato de coração, pela mãe, pela avó, por Gertha e sua irmã. Como parte da vivência religiosa, destaca também que na casa de seu pai e sua mãe havia um quarto de hóspedes. Nele, muitas vezes, pastores da comunidade, sempre que precisavam, ficavam hospedados. Essa situação também ocorreu depois que Gertha casou e foi morar em Ivoti. Em sua casa também acolhia os pastores, sempre que vinham para dar ensino confirmatório ou celebrar cultos. Quando chegou a época de Gertha ir para a escola, foi morar em Ivoti com a sua avó materna, Luíza Fick (nascida Holler). Próximo da casa de sua família, em Nova Vila, havia uma escola católica, dirigida por freiras. Como havia uma compreensão de que crianças católicas deviam estudar em escolas católicas e crianças evangélicas, em escolas evangélicas, sua família não hesitou em encaminhá-la para ir morar na casa da avó materna, em Ivoti. Em Ivoti, havia uma escola mantida pela Comunidade Evangélica. Esta escola estava situada em frente ao local em que hoje está situado o Pavilhão Sião (antigo templo), a Secretaria e o Departamento de Diaconia da Comunidade Evangélica Trindade de Ivoti. Enquanto estudava em Ivoti, famílias evangélicas, entre elas a sua, fundaram uma escola próximo de sua residência em Nova Vila. Quando a escola ficou pronta, voltou para casa. Gertha estudou três anos em Ivoti, dois anos em Nova Vila e um ano na Fundação Evangélica em Novo Hamburgo. Ao voltar para casa, ajudava sua mãe nos trabalhos domésticos e no trabalho na roça. Conta que em Novo Hamburgo, além de estudar matemática, geografia e português, cursou “Economia Doméstica”. Com a Schwester Lieselotte, responsável por esta disciplina, aprimorou a arte de cozinhar (até matavam porcos para isso). Havia também uma professora de costura e outra de bordados e outros trabalhos manuais. Tudo isso já tinha aprendido com sua mãe e com suas avós. Ressalta que anos mais tarde, quando foi levar sua filha para estudar na Fundação, Schwester Lieselotte se alegrou por reencontrá-la e por ela estar levando a filha


para também estudar lá. Gertha se alegra porque tanto suas filhas quanto seu filho puderam estudaram e se formar. Aos 18 anos, Gertha casou-se com Armínio Bühler (03/11/1919 + 24/07/1999). Da união, nasceram as filhas Nair (1946) e Noeli (1949) e o filho Gastão (1951). Logo que casaram, continuaram a residir em Nova Vila. Seu marido aprendeu com seu pai e seus tios a trabalhar no curtume. Depois de um ano, seu marido e um outro sócio fundaram um curtume em Ivoti. Quando se mudou para Ivoti, sua mãe chorou, pois “Eu era o braço direito dela”, afirma a narradora. Conforme Gertha: “O trabalho no curtume era trabalho para homem. Eu continuei a trabalhar em casa, na roça e na costura (para a família)”. Atualmente sua filha Nair administra o curtume, do qual também é sócia. Uma de suas alegrias é saber que hoje a água usada no curtume volta para a natureza totalmente limpa. Em Ivoti, continuou a participar da vida da igreja. Lembra que, desde o início, começou a participar das reuniões da OASE. Foi na OASE que Gertha aprendeu a ler a Bíblia. Nesta época, inclusive, o pastor incentivou que cada uma olhasse na certidão de confirmação e de casamento qual o era o versículo escolhido para orientar a sua vida de fé. Tanto o de confirmação quanto o de casamento, Gertha sabe hoje praticamente de cor. Seu versículo de confirmação é: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Ressalta que, no tempo do Ensino Confirmatório, a ênfase era decorar os mandamentos, o Credo, alguns hinos, entre eles “So nimm denn meine Hände”. O Salmo 119.5, “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos”, é o versículo que consta na certidão de seu casamento. Estas palavras bíblicas lhe ajudaram a ser perseverante no trabalho comunitário e no testemunho de fé. A leitura bíblica e de outros materiais continua a fazer parte de sua vida de fé. Uma das atividades que ela e seu marido ajudaram, por muitos anos, a realizar na Comunidade Evangélica de Ivoti foram as quermesses. No sábado, eram feitas as cucas e carneadas as galinhas (os homens as matavam e as mulheres faziam o resto). O churrasco era servido no domingo. Lembra que, em certa ocasião, vieram poucas pessoas ajudar. O presidente da comunidade ficou desanimado. Ela disse: “Não fique triste. Até o sol se pôr, tudo estará pronto”. E de fato estava. As quermesses eram realizadas principalmente para arrecadar recursos para manter a escola da comunidade. Posteriormente, no início da


década de 60, não mediram esforços para viabilizar a vinda da Escola Normal Evangélica do município de São Leopoldo para Ivoti. Gertha e seu esposo, juntamente com outras lideranças da comunidade de Ivoti, contribuíram na reestruturação do local, chegando, inclusive, a construir um templo novo que pudesse acolher a comunidade escolar e a comunidade local. Entende que a parceria da comunidade local foi fundamental para que “esta escola da Igreja” (IECLB) pudesse se instalar em Ivoti. Quando perguntada sobre o que mais gosta na escola, diz, com b rilho nos olhos: “O que eu mais gosto nesta escola é que é uma escola que sempre vai para a frente e que sempre se renova”. Sente alegria porque pessoas de sua família, pessoas da própria comunidade e de outros lugares têm a oportunidade de estudar nesta escola. Com seus 88 anos, continua participando ativamente na vida da igreja. Seu ritmo de trabalho no Departamento de Diaconia e na OASE é intenso. Uma das coisas que gosta de fazer é preparar a linha (lã) para que as outras mulheres confeccionem blusões, meias, colchas, xales, enxoval de bebês, etc. Os fios, por ela agrupados, são distribuídos conforme as habilidades de suas parceiras. Umas sabem fazer melhor os blusões, outras meias, outras casaquinhos de bebês. Algumas ajudam a fazer “quadrados de crochê”, os quais serão por ela emendados, tornando-se lindas colchas ou mantas. Gertha sente-se feliz também em poder ensinar suas amigas a fazer tudo o que ela sabe. O empenho em fazer, a capacidade de ajudar a organizar o trabalho em grupo, seu compromisso em compartilhar seu conhecimento são contribuições, muitas vezes, invisíveis no trabalho da igreja. Mas quem recebe as doações ou quem compra para poder ajudar sabe o valor deste trabalho. Tudo o que é arrecadado é usado para manter o trabalho diaconal. Os enxovais de bebês e demais peças são doados a famílias que necessitam do auxílio e a instituições que desenvolvem trabalhos comunitários com crianças ou pessoas idosas. A parceria e a amizade que une participantes da OASE e do Departamento de Diaconia, agregada a uma boa relação com demais os membros da comunidade, transforma tanto a vida de quem faz as peças artesanais quanto de quem as recebe. Lembra que um aspecto fundamental na vida comunitária é o respeito mútuo. Afirma: “Quando as pessoas se respeitam, os dons são valorizados e a comunidade cresce. Quando não há o respeito, muitas situações injustas podem acontecer. Quando posso, sempre procuro ajudar para que cada pessoa seja valorizada e, nos momentos em que há mal-entendidos, penso que tudo tem que ser resolvido com amor, com conversa franca e honesta”.


Para finalizar, pergunto: Está feliz em contar sua história? Gertha responde: “Eu estou feliz em poder contar a minha história. Me alegro com o que já fiz e o com que ainda posso fazer. Quero continuar contribuindo enquanto Deus me der força para continuar. Também me sinto muito feliz com a minha família. Cada um, cada uma, do seu jeito, cuida muito bem de mim. Se Deus me permitir, quero ter bastante tempo para abraçar minhas amigas, para testemunhar o amor com alegria e para seguir na vida de fé”.


Nome: Glaci Sieben Membro da IECLB: Desde o batismo. Comunidade: Evangélica Linha Schmidt. Paróquia: Boa Nova Sínodo: Vale do Taquari

Sou Glaci Sieben, filha de Arthur Horst (in memoriam) e Nelda Landmeier Horst, e nasci em 16 de dezembro de 1952, em Linha Schmidt, então município de Estrela, irmã de Elmo Horst (1954) e de Eloi Horst (1964) (in memoriam). Fui batizada na Igreja da Comunidade Evangélica Sião de Linha Frank, em 22 de fevereiro de 1953, onde frequentei o ensino confirmatório, onde fui confirmada, em dezembro de 1964, pelo pastor Georg Lecke (in memoriam) e onde fui casada em 28 de julho de 1973 com Rudi Sieben (in memoriam) pelo pastor Schiemann. Sou mãe de dois filhos: Cristiano Sieben (1975), administrador em Agronegócios, e Gustavo Sieben (1979), professor de Educação Física. Depois da minha confirmação fui membro da Juventude Evangélica, participando das reuniões mensais, de encenações teatrais e do grupo de danças gauchescas, coordenadas pelos professores catequistas Herbert Lohmann e depois Sigmundo Schlabitz. Fui presidente do grupo, como também integrante da diretoria distrital da JE, então coordenada pelo pastor Orlando Stelter. Em janeiro de 1973, participei da Operação Impacto (OI), no município de São Gabriel da Palha, no estado do Espírito Santo, coordenada pela IECLB, através do pastor Martin Hiltel, o que foi uma rica e inesquecível oportunidade. Na época de marcante participação na JE, também era estudante do curso Normal, no Colégio Martin Luther, de Estrela, RS. Gostava das aulas de Ensino Religioso do pastor Hartmuth Schiemann, que desafiou os estudantes do magistério a praticar voluntariamente treino de regência de classe, em que atuei com Culto Infantil na minha comunidade e com aulas de Ensino Religioso para 5ª e 6ª série no então


Colégio Industrial de Estrela (CIE), durante um ano. Também fui convidada pela senhora Wilma Dahmer (in memoriam), presidente da OASE local (25 anos), a ensaiar teatros para uma Noitada Artística, a ser apresentada na comunidade local e em outras da região, para arrecadar fundos a serem investidos em melhorias na Casa da Oase, cuja construção fora feita pelo grupo de mulheres da OASE. Este local, atualmente é administrado pela OASE e pertence à Comunidade Evangélica Linha Schmidt. Foi uma experiência muito divertida. Em 1973, me formei e comecei a atuar como professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na Escola Bandeirantes de Linha Frank, Teutônia, RS. Em 1975, consegui uma vaga na Escola Evangélica Linha Schmidt, atualmente substituída pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Schmidt, onde atuei durante 17 anos como diretora, 10 anos como alfabetizadora, 21 anos como professora de Matemática e onde ainda atuo como coordenadora pedagógica e professora de Linguagens no 5º ano, de Ensino Religioso e de Educação Cooperativa nos anos finais. Em 1989, conclui a Graduação em Ciências-Física , na UNISC, em Santa Cruz,RS, e, em 2002, a Pós-Graduação em Administração e Supervisão Escolar na FIA, em Amparo, SP. Atuei com aulas de Física no Ensino Médio, no Colégio Teutônia, no IECEG de Canabarro e na EEEM Augustin de Canabarro, Teutônia, RS. Fui secretária da Comissão de Emancipação de Westfália e a primeira secretária municipal de Educação (2001-2002) deste município. Em 1997, conheci o meu atual companheiro, Plínio Ervino Widmann, também viúvo, e meus enteados Rodrigo, Márcio e Fabiana. Sou integrante do Coro de Senhoras da OASE de Linha Schmidt e do Coro Misto Justiça, ambos de Westfália, RS, há mais de 40 anos, participando do canto coral de músicas folclóricas e de louvor a Deus e também exercendo funções em diretorias. Fui uma das incentivadoras da fundação da OASE de Linha Schmidt, que ocorreu em 1º de março de 1986, quando se desmembrou da Comunidade Evangélica Sião de Linha Frank. Fui a primeira presidente dessa OASE, e naquele tempo aproximadamente 50 mulheres participavam das reuniões mensais. Em 2004, fui presidente pela segunda vez, período que destaco com a administração da Casa da


OASE, local de realização de muitos eventos e de visitas a muitas mulheres, reconvidando-as a participar da OASE, pois muitas trocaram a mesma pela participação no Grupo do Lar que fora fundado nesse meio tempo, mas outras participam das duas organizações de mulheres. De 2013 a 2015, exerci a função de coordenadora da OASE Paroquial da Paróquia Boa Nova, com sede em Westfália, RS, visitando e orientando os seis grupos de OASE. De agosto de 2010 até junho de 2014, exerci a função de tesoureira da OASE Sinodal do Sínodo Vale do Taquari. E, atualmente, exerço nessa entidade a função de secretária. Os aspectos que considero importantes na vida da comunidade são as visitações e as atividades de mutirão entre os vizinhos, a organização e o funcionamento de dois corais mistos, do Coro de Senhoras da OASE e do Coro de Senhoras do Grupo do Lar, da Comunidade Evangélica Linha Schmidt e da Comunidade Católica Nossa Senhora Aparecida. Destaco a localização próxima da Escola Municipal de Ensino Fundamental, da Escola Estadual de Ensino Médio, da igreja e do cemitério evangélico. Considero importante que as escolas oferecem o ensino das línguas alemã e inglesa e que há um grupo denominado ”Os amigos do sapato de pau”, do qual também participo. Este grupo se encontra mensalmente para estudar o dialeto plattdüüusk, trazido pelos imigrantes alemães por volta de 1869, e está procurando escrevê-lo. É importante destacar que o grupo da OASE iniciou a oferta de um Jardim de Infância (Kindergarten), na década de 70 ,sob a regência de duas “professoras” da comunidade. Esse Jardim de Infância funcionou na residência de um membro da OASE e, na década de 80, foi incorporado e assumido pela escola local. Não mudaria e nem faria as coisas de maneira diferente, pois tudo que temos de comunitário é resultado de um somatório de ideias e de trabalhos coletivos. Daria como sugestão para o fortalecimento dos grupos de OASE que todas as mulheres que são membros de comunidades luteranas deveriam, ao mesmo tempo, ser membros da OASE. Somos todas e todos abençoados com dons e habilidades. Me desenvolvi e pretendo continuar trabalhando como professora de crianças e adolescentes e a


desenvolver atividades como cantar, fazer teatro, escrever atas, fazer balancetes, organizar eventos, coordenar dinâmicas, participar de rodas de conversa, fazer trabalhos manuais, entre outras, na OASE e onde quer que seja chamada, contribuindo para a vida de fé, a igreja e a sociedade.


Nome: Gudrun Braun Tempo de participação na IECLB: Desde 1960, quando se mudou da Alemanha para o Brasil. Comunidade: Bom Samaritano – Ipanema/RJ Sínodo: SUDESTE

Escrever a biografia de alguém é um ato de carinho, respeito, admiração. É um ato de contar experiências e relatar acontecimentos vividos. Contar a história de Gudrun Braun é também contar grande parte da história da OASE. Gudrun Braun nasceu numa cidadezinha histórica no Sul da Alemanha, chamada Weinsberg. Teve uma infância feliz, mas sempre acompanhada pelas consequências da Segunda Guerra Mundial. Começou muito cedo a frequentar o Culto Infantil e os Estudos Bíblicos com o pai, que era Pastor luterano. Mais tarde, o pai dela assumiu um pastorado em outra cidade do sul da Alemanha, onde moravam poucos evangélicos. Depois da guerra, no entanto, vieram cada vez mais evangélicos entre os refugiados. Gudrun esperou ansiosamente pelo dia da Confirmação, pois queria participar no grupo da Juventude. O grupo era bem organizado. Os jovens realizavam reuniões, passeios, mas também ajudavam muito na Comunidade. Um dia a mãe de Gudrun disse que a Igreja enviaria um Pastor brasileiro para ajudar na Comunidade onde residiam, pois o pai não estava bem de saúde. Então, o Pastor brasileiro Karl Gerhard Braun chegou à Comunidade e realizou um lindo trabalho. Gudrun e Karl Gerhard se apaixonaram. Casaram na Alemanha e depois seguiram para o Brasil, para dar continuidade ao trabalho do marido junto à Comunidade de Panambi, RS, onde chegaram no dia 4 de março de 1960. Era uma tarde chuvosa e foram buscados de Jeep, em Cruz Alta e, logo no primeiro dia tiveram um “encontro” com um dos barrancos da estrada. No primeiro dia o casal já teve contato com a OASE. Foram escalados para dirigir um programa alusivo ao Dia Mundial de Oração, na Linha Iriapira II, no interior do município.


Os três filhos do casal Braun nasceram em Panambi. Além de cuidar dos filhos, da casa e ajudar o marido nas atividades da Comunidade, Gudrun participou ativamente na OASE. De terças a sábados havia reuniões em diversos lugares da Paróquia. Para atender melhor o grande número de mulheres da OASE Centro de Panambi, Gudrun se empenhou, junto com a diretoria do Grupo, em dividir o trabalho em 10 subgrupos. Cada subgrupo recebeu o nome de uma mulher da Bíblia. Assim, em grupos menores foi possível proporcionar maior aproximação e comunhão entre as integrantes. Gudrun teve a oportunidade de conviver vinte anos com as mulheres membros desses grupos de OASE os quais deixaram boas lembranças, grandes amizades e muitas saudades. Quando em 1995, a OASE de Panambi Centro festejou 85 anos de fundação, Gudrun, que já morava no Rio de Janeiro, participou da festa como convidada especial. Na ocasião, saudou as pessoas presentes com o Salmo 100.2, que diz: “Servi ao Senhor com alegria”. (Posteriormente este Salmo foi adotado como Salmo da OASE Nacional). Palavras de Gudrun durante os festejos: “A OASE é uma casa, na qual os moradores com as mais diferentes mentalidades devem se sentir bem. Uma casa que está aberta a todos, onde a gente se reúne, escuta e estuda a palavra de Deus e desenvolve os mais diversos dons, com os quais quer servir. Desta casa saímos juntas para cumprir as tarefas a nós confiadas”. Em 1980 a família Braun havia se mudado para o Rio de Janeiro, Paróquia de Ipanema, onde já existia OASE. Gudrun deu continuidade aos trabalhos existentes. Mais tarde, começou um trabalho com as mulheres no Ponto de Pregação da Barra da Tijuca. No Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro - DERJ participou de vários encontros e seminários, nos quais conheceu muitas pessoas. Diversas vezes foi convidada para assumir algum cargo na OASE, mas sempre recusava, pois achava que, como esposa de Pastor tinha muitas oportunidades e que outras mulheres também deveriam ter a oportunidade de participar e assumir cargos. Em 1990, sem ter tempo de questionar muito ou recusar, foi eleita Coordenadora Distrital da OASE do DERJ. Quando o seu marido, então Pastor Distrital, celebrou o Culto de Encerramento e fez a instalação da nova Diretoria, a emoção foi forte. Pastor Karl Gerhard Braun veio a falecer em março de 1991 e ela entendeu que Deus já havia escolhido um caminho para ela. No segundo mandato de Coordenadora Distrital, foi eleita Presidente Regional da OASE, em agosto de


1993, em Araras, RJ. Em 1994, participou da Reunião do Conselho Nacional da OASE, em São Leopoldo, RS. Neste Encontro, várias pessoas sugeriram que ela assumisse o cargo de Presidente Nacional da OASE. Ela disse que não aceitaria, pois acabara de assumir o cargo de Presidente Regional. Por insistência das pessoas, ela conversou com a sua Vice e esta disse que assumiria a Presidência Regional, se fosse necessário. Então, Gudrun foi eleita Presidente do Conselho Nacional. No Planejamento constavam: Congresso Nacional da OASE em 1996, e, 100 anos da OASE em 1999. No Congresso Nacional, em 1996, foi reafirmado o hino “Jesus Cristo é Rei e Senhor” como o hino da OASE. Houve muito empenho e trabalho para a comemoração dos 100 anos da OASE. Nesta ocasião foi lançado o primeiro livro da OASE “Retalhos no tempo”, que contém relatos das participantes da OASE. Segundo Gudrun: “Sobre os 100 Anos não cabe a mim escrever, mas posso dizer que foi um evento abençoado, marcante, inesquecível e único do nosso trabalho”. Segundo Helga Schünemann: “Movidos pelos objetivos da OASE COMUNHÃO, TESTEMUNHO e SERVIÇO, reuniram-se de 13 a 15 de agosto de 1999, em Rio Claro, SP cerca de 2.000 pessoas, representando os 17 Sínodos da IECLB. Nestes três dias, pode-se celebrar uma história que, como disse o Pastor Dreher, não exclui sofrimento, dor e morte, mas carrega a certeza da profunda esperança. Tudo foi único, a alegria de encontrar, o calor humano, a organização e a participação. Na abertura, as palavras da Presidente foram as palavras do Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”. Pastor Dr. Martin Dreher disse: ... “A IECLB não pode ser pensada sem a OASE”. O então Pastor Presidente da IECLB Humberto Kirchheim saudou a todas, dizendo que “esta celebração do centenário iria marcar profundamente a Igreja em sua caminhada”. O mandato de Gudrun como Presidente Nacional da OASE foi de 1994 a 2000. Em 2000 foi eleita Tesoureira do Conselho Nacional, cujo mandato durou até 2004, quando foi eleita para o cargo de Secretária do Conselho Nacional da OASE. Em 2005, por solicitação da IECLB e em conformidade com o Código Civil brasileiro, foi preciso transformar a OASE em pessoa jurídica. Isto aconteceu em setembro de 2005. Por esse motivo, a Diretoria teve o mandato estendido até setembro de 2009. Em 2009 Gudrun foi eleita Assessora da Diretoria da Associação Nacional dos Grupos da OASE, cujo mandato durou até 2013. Foi um tempo de muitas mudanças e aprendizado. Como Presidente Nacional da OASE, Gudrun empenhou-se em atender todos os convites possíveis dos 17 Sínodos, e diversos grupos, procurando, também,


integrar ao trabalho nacional os grupos do atual Sínodo Amazônia, que na época ainda não estava formalizado. Também participou ativamente dos Concílios e demais encontros da IECLB. Para ela foi marcante o Concílio Extraordinário em Ivoti, RS. Neste Concílio foi votada a nova Constituição da IECLB, quando com muito empenho, foi aprovado que a OASE teria participação no Concílio da IECLB, com direito a voto. Durante o Concílio, Gudrun enfatizou que estava pedindo um assento para a OASE, em nome de 40.000 mulheres que trabalham incansavelmente nas Comunidades e que isto não é pouca coisa. Durante seus mandatos ela fez inúmeras viagens para visitar os grupos, nas Regiões e depois nos Sínodos. Sempre foi muito bem acolhida e pôde sentir e acompanhar a alegria de estar junto, participando dos encontros e trabalhando para o bem das Comunidades. Esse sentimento a revigorava cada vez mais. Como Presidente Nacional, participou de um encontro internacional de intercâmbio na Federação Luterana Mundial, em Genebra. Atuou também no grupo Mulheres em Igreja e Sociedade, no Paraguai, Chile e Nicarágua. Visitou e foi visitada por Mulheres do Leste Europeu. Também aceitou convite para conhecer o trabalho das mulheres na Venezuela. Participou nas Assembleias do Dia Mundial de Oração e de Encontros do CONIC. Esteve presente no Encontro Internacional de Mulheres que fazem parte da Instituição Martin Luther Verein em Neuendettelsau, Alemanha. Teve contato com o Gustav Adolf Werk – Frauenarbeit, em Stuttgart, Alemanha e presenciou o intercâmbio com o Deutscher Evangelischer Frauenbund, Landesverband Bayen, Alemanha. Todos estes encontros foram importantes para conhecer o trabalho com as mulheres em outras instituições, países e Igrejas e, acima de tudo, para divulgar mais e mais o trabalho da OASE. Ela disse que nunca pensou que em sua vida escreveria tanto. Durante 15 anos foi responsável pela elaboração do jornal OASE em Foco. De março de 1994 até março de 2014 fez parte do Conselho Redatorial do Roteiro da OASE. Escreveu artigos para o Anuário da IECLB e a revista NOVOLHAR. Fez revisão e adaptação do Regimento Interno da OASE e do livreto OASE Por quê? Como? Para quê? E coletou material para os livros “Retalhos no tempo” e “Mulheres que fizeram a diferença”. Por solicitação do Gustav Adolf Werk Leipzig, na Alemanha, colaborou com o livro anual dessa entidade, com um extenso artigo sobre o trabalho da OASE “Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas – OASE no Brasil e a situação das mulheres. Além da atuação na OASE, ela também fez e faz parte da Diretoria da Paróquia Bom Samaritano, de Ipanema, da Creche Bom Samaritano, em Ipanema,


da Diretoria do Sínodo SUDESTE, do Conselho Sinodal e da Diretoria do Centro Luterano Araras, não poucas vezes exercendo o cargo de Secretária. Na antiga Região VII, atualmente Sínodo SUDESTE já exerceu os cargos de Vice-Presidente, Presidente e atualmente é Tesoureira da Diretoria da OASE Sinodal. Palavras de Gudrun: “Gostaria de agradecer a Deus pela força e proteção durante todos esses anos e pelas alegrias que levo no meu coração. E em especial, também aos meus familiares que me apoiaram e ainda me apoiam durante a minha caminhada no trabalho junto com a OASE. Assim, também no futuro quero continuar servindo a Ele com alegria, enquanto Ele me der forças”. Que o bondoso Deus continue abençoando a vida de Gudrun Braun com alegrias, saúde e principalmente com muito ânimo para continuar a se dedicar ao trabalho com a OASE. História coletada e redigida por Adelia Lemke Graf e Helga Schünemann.


Nome: Hadi Ruppel Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Marcílio Dias Paróquia: Canoinhas/SC Sínodo: Norte Catarinense

Meu nome é Hadi Ruppel, tenho 52 anos. Sou membro da IECLB desde o batismo. Quando criança, participei do Culto Infantil. Mais tarde, fui orientadora do Culto Infantil. Para mim, foi uma experiência muito boa. Ajudou-me muito, me fez crescer como pessoa. Estar com as crianças e pregar a palavra de Deus é gratificante e proporciona um bem-estar muito grande. Frequentei o Ensino Confirmatório por dois anos. Lembro muito das peças de teatro e dos estudos que fazíamos. Após a confirmação, frequentei o grupo de jovens. Além dos estudos bíblicos, participávamos de jogos e fazíamos teatro. Atualmente, participo do coral. Gosto muito de cantar e experimento a verdade do provérbio que diz: “Quem canta o seus males espanta”. Para mim, todo trabalho que a gente faz para a igreja é muito gratificante. A gente cresce como pessoa. Tenho muita fé e acredito no que faço. Eu cresci muito através da palavra de Deus. Leio muito a Bíblia, porque ela me dá força, ânimo, alegria. A Palavra renova a nossa mente, abre os horizontes. Também passar a palavra de Deus adiante renova nossas forças e nos anima para que o nosso dia a dia seja melhor. Gosto muito do que eu faço. Sou uma pessoa feliz porque sempre tenho Deus que me fortalece. Sem Ele a gente não é nada.


Nome: Hedi Kickow Germany Membra da IECLB: Desde o batismo. Comunidade: Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS Paróquia: Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor, Rio Grande do Sul Sínodo: Nordeste Gaúcho

Cada pessoa tem a sua história! Registro aqui a história de uma mulher luterana que nasceu no dia treze de agosto de mil novecentos e trinta e nove, Hedi Kickow Germany. Ela nasceu na localidade do Kaffeecke no interior do atual município de Picada Café, Rio Grande do Sul. É filha de Hilda (nascida Laux) Kickow e Rodolfo Kickow. O nome de sua irmã era Elga e do irmão, Osvaldo. Seu Batismo foi na comunidade da IECLB de Picada Café. Ao longo da vida, passou por grandes dificuldades. Segundo ela, mesmo morando em área rural, passou até fome na infância. As terras eram de encosta e tinha muita pedra. A produção era pouca e não dava o suficiente para o consumo da família. Estudou apenas um ano, pois, por ser a filha mais velha, tinha que ajudar a trabalhar. Para ir à aula, tinha que caminhar cerca de seis quilômetros a pé. No seu relato conta que, num certo dia, estava indo para aula, quando em um descuido resvalou e caiu em uma possa de água. Mesmo toda molhada foi até a escola para não perder a aula. Quando ela tinha nove anos de idade, sua família foi morar no município de São Leopoldo, localidade de vila Baum. Nessa localidade, seu pai conseguiu trabalho como cortador de mato de acácia negra. Hedi acompanhava o pai no trabalho e também era babá na casa da família que era proprietária das terras. Fazia esse trabalho quando a família lhe chamava. Logo que chegaram, seu pai e sua mãe se tornaram membros na comunidade da IECLB de Portão/RS. Para ir ao Ensino Confirmatório novamente tinha que caminhar aproximadamente sete quilômetros. E chegou o tão esperado dia que seria a sua Confirmação - dia vinte e dois de novembro de mil novecentos e


cinquenta e três. Este foi o seu versículo bíblico: “Deus o Senhor meu Deus, será contigo, e não te faltará nem te abandonará” (I Crônicas 28.20). Aos 22 anos foi trabalhar em uma cerâmica de artesanato de barro como serviços gerais. Uma das suas funções era auxiliar na colocação das peças de barro no forno para que secassem. Após esse processo, as peças eram retiradas e classificadas. Em seguida, as peças eram pintadas a mão. Hedi auxiliava na pintura das peças. Neste trabalho permaneceu por quatro anos. No dia 31/07/1965 casou-se com Otto Erich Germany. O casamento foi na Comunidade São Jacó (IECLB) em Conceição, município de São Sebastião do Caí. O versículo escolhido foi: Unser Herz frent sich Gottes und wir trauen auf seinen heiligem Namen (Psalm 33.21). O matrimonio foi abençoado com um filho Norberto e uma filha – Elisabete. Após o casamento trabalhou na agricultura. Ela ordenhava as vacas manualmente, colhia frutas cítricas, tratava as galinhas e também fazia a capina manual na limpeza das plantações. Fazia tudo sempre com muita dedicação e capricho. Gostava de cuidar da casa e do jardim e de preparar excelentes refeições que fazia com muito prazer. No dia que completou 27 anos de idade como presente de Deus nasceu o seu primeiro filho Norberto e o nascimento da Elizabete foi no ano seguinte, dia 20/08/1967. Como filho, posso dizer que Hedi é um grande exemplo de mãe, sempre mostrando o caminho do bem e da honestidade. Ela sempre queria que eu fosse estudar para ser pastor, mas eu desde muito cedo escolhi seguir na agricultura. Tanto na Igreja Evangélica de Confissão Luterana quanto na Igreja Católica, Hedi trabalhou na cozinha por mais de dez anos, sempre ajudando quando tinha festa comunitária ou casamento. No ano de 1994 ela e a família passaram ser membros da comunidade de Picada 48 Baixa – Lindolfo Collor. Como luterana dá muita ênfase para igreja, pela vida em comunidade e a forma como a igreja leva a palavra de Deus para os seus membros. Valoriza muito os cultos e os estudos bíblicos que é o caminho para fortalecer a fé em Cristo. Mesmo com algumas dificuldades ela sente prazer em poder continuar na vida da igreja. Com o passar dos anos passou por várias situações difíceis. Com 67 anos perdeu o marido. Aos 77 praticamente perdeu a visão. Esta situação fez com que tivesse que reaprender a caminhar, com mais cuidado e calma, e muitas vezes apalpando as paredes para não se perder na própria casa. Como a vida às vezes leva por


caminhos que não estamos preparados, uma mulher incansável nas tarefas domésticas, agora chegou o momento de deixar para os outros fazer as tarefas que tanto gostava de fazer. Quando ela é questionada sobre a sua história de vida se faria algo diferente? Ela prontamente responde, faria tudo outra vez. E deixa um recadinho, coragem e muita fé em Deus é o melhor caminho. História escrita por Norberto Nilo Kickow Germany, participante do curso “Como coletar e narrar histórias de Vida”, realizado pelo Programa de Gênero e Religião da Faculdades EST, com apoio da Comunidade Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS.


Nome: Hedwig Brehm Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Nova Esperança Sínodo: Paranapanema

Meu nome é Hedwig Brehm. Nasci em Caiuá/SP em 1942. Minha mãe e meu pai vieram da Alemanha em 1928 e aqui iniciaram trabalho com plantio de café. Meu batismo aconteceu na igreja luterana construída na nossa terra pelo meu pai e mais pessoas da pequena comunidade que se formou. O pastor Karl Moeller vinha a cavalo de longe e se hospedava na casa de meus avós. Minha memória de ensinamentos cristãos está ligada à minha mãe, Elsbet Knipelberg, e a meu pai, Jacob Knipelberg. À noite nos ajoelhávamos diante da cama e recitávamos a oração que a mãe nos havia ensinado. O pai ficava sentado em sua cadeira na sala ao lado, lia a Bíblia e nos ouvia. Quando terminávamos a oração, ele dizia amém como resposta à nossa prece. Em outros dias, aos domingos à tarde ou em algum feriado, o pai nos falava a respeito daquilo que lia na Bíblia. Desta forma eu recebi os primeiros ensinamentos bíblicos. Meu pai e minha mãe gostavam de cantar os hinos da igreja ou do folclore alemão, principalmente quando estávamos trabalhando na roça e meu pai estava de bom humor; então cantávamos enquanto colhíamos café ou realizávamos algum outro trabalho. Um destes hinos eu canto com saudades até hoje: Sabes quantas estrelinhas lá no firmamento estão? Outra canção de que me recordo, eu a tenho ainda agora como lema de vida: Muss ich gehen mit leeren Händen, so vor meinem Herrn zu stehen? Kann ich keine Seele ihm bringen, keine einzige Garbe sehen? Jesus hat mich ja erlöset, mich schreckt nicht die Todesnacht; aber leer vor ihm


erscheinen, das ist’s, was mich traurig macht. Muss ich gehen mit leeren Händen? Muss ich so vor Jesus stehen? Eu estudei o catecismo no mesmo livro que era de nossa mãe e com o qual ela havia aprendido o ensino para a Confirmação. Era em escrita gótica, assim como a Bíblia que tínhamos em casa. O pastor Wilhem Volkhammer foi quem esteve conosco neste tempo. Era rígido se comparado com os pastores que conheço hoje. Em 1962 foi o meu casamento com Helmut Brehm, e então vim morar em Curitiba, onde estou até hoje. Neste tempo, quem passou a influenciar minha vida familiar e cristã foi a minha sogra, Otilie Brehm. Ela era natural da Ucrânia, e sua maneira de ser não deixava dúvidas: Ela sabia o que queria e como queria! Eu aprendi a conviver com ela, a amá-la e acompanhá-la cada domingo na ida aos cultos. Esse trajeto era também bem exigente: uma parte era percorrida a cavalo, outra de ônibus e ainda se andava uma parte a pé, para então chegar à igreja, que fica ainda hoje na Inácio Lustosa, aqui em Curitiba. A frase de ensinamento para a vida que guardo dela é: Deixe de dar atenção para aquilo que o mundo propõe e ocupe-se com o que é o mais importante. Eu sabia que ela se referia à busca das riquezas e bens do mundo em detrimento dos bens espirituais que Cristo nos oferece. Ensinei ao meu filho e às minhas filhas isso que aprendi da minha mãe, do pai e da sogra. Em 1996, recebi o convite de minha cunhada para participar da OASE. Desde lá formei um grupo de amigas na OASE, e hoje não imagino a minha vida sem a presença destas irmãs. Nós estudamos a Bíblia e nos ajudamos mutuamente a compreender melhor a fé e as perguntas da vida no dia a dia. Na Paróquia da qual sou membro nunca tivemos uma pastora como ministra oficial, e nem sei exatamente qual a razão. Os pastores que passaram nos últimos anos por nossa Paróquia são todos esforçados no jeito e vontade de transmitir o Evangelho. Há algumas atitudes e ausências na liturgia do culto que não entendo. Eu sempre gostei da liturgia e não me agrada nem um pouco quando os pastores mostram dar pouco valor à liturgia colocando no lugar dela mais de meia hora de louvor com o qual não se chega a uma reflexão e ao silêncio, que para mim também é necessário na igreja. Hinos em alto volume com microfones e caixas de som me confundem. O que a igreja é para mim? Pessoas que trabalham juntas para o bem.


Nome: Helga Ehlert Witthoef Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Ilha da FigueiraParóquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Me chamo Helga Ehlert Witthoef. Nasci em uma família luterana. Com meus pais e avós paternos íamos nos cultos e no Culto Infantil. A minha mãe me ensinou a orar, ao deitar. Ela lia o devocionário Castelo Forte na mesa do café da manhã e antes das refeições nós orávamos o Pai Nosso. Quando “vinha” trovoada, minha mãe nos chamava para dentro de casa e, na sala, orávamos para que o Pai do céu, com seu amor revelado em Jesus, nos protegesse. Eu fazia 5 km a pé até o local da doutrina (Ensino Confirmatório). O amor de Jesus falou comigo durante uma evangelização com o Sr. Alcides. Ali, decidi entregar o meu coração para Jesus, meu Senhor e Salvador. O dia da minha confirmação foi um momento muito grandioso. A partir da confirmação comecei a participar do grupo de juventude, do Coral Jovem e a ser orientadora do Culto Infantil. Na casa da minha família só se falava em alemão. A minha mãe me ensinou a ler em alemão cantando. Com o dedo, ela apontava para a palavra cantada. Assim, aprendi alemão ao mesmo tempo em que despertou em mim o interesse por cantar. No Coral Jovem, que também era em língua alemã, aprendi a cantar ainda mais. O grupo de jovens era sempre acompanhado pelo pastor. Nesse grupo participei de retiros e cresci na minha caminhada espiritual. Foi no grupo de juventude que, depois de alguns anos, conheci meu esposo Valdir Witthoef. Dois anos depois nós nos casamos e viemos morar no Bairro Ilha da Figueira. Na época, a Figueira era ponto de pregação. Os cultos aconteciam no Paiol de Milho de uma família luterana.


Mais tarde, um terreno que ficava a uma quadra da minha casa, foi doado (para a construção da igreja). Nesse terreno, pouco a pouco, passo a passo a comunidade foi se formando e a Igreja foi sendo edificada. A nossa comunidade Ilha da Figueira, foi se formando a partir da comunhão e do calor humano, através do Culto Infantil, da OASE e do grupo de canto. O grupo de canto era um espaço de muito amor e comunhão, onde louvávamos ao Senhor Jesus, através da Música. Para aprendermos as melodias, o pastor Günther Richter ligava o gravador e tocava a fita cassete com os hinos do hinário. Era um momento de alimentar-se espiritualmente. Após o nascimento de nossos três filhos, mesmo sendo eles ainda pequenos, eu amava ir aos cultos e ouvir as pregações. Nos primeiros tempos da comunidade, tivemos evangelizações que foram muito importantes para toda a comunidade crescer. Estou hoje há 42 anos nessa comunidade e quero continuar participante (dela) durante o tempo de vida que Deus me der.


Nome: Helga Hertel Weller Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Santa Luzia Paróquia: Apóstolo Tiago Sínodo: Norte Catarinense

Meu nome é Helga Hertel Weller e sou natural de Jaraguá do Sul/SC. Nasci em 1942, período em que estava ocorrendo a Segunda Guerra Mundial. Recordo-me que, quando aprendi a falar alemão, meus pais tinham receio de que poderia haver perseguição, mesmo não entendendo nada sobre a guerra. Aos 6 anos de idade, fui mandada para a escola sem entender a língua portuguesa e o porquê do professor ser tão rude com os alunos e as alunas de origem alemã. Lembro-me ainda que no culto infantil e no ensino confirmatório os pastores vindos da Alemanha se esforçavam para falar português, com muita dificuldade. Mas nos ensinaram a cantar hinos do hinário, como, por exemplo, “Guia-nos, Jesus, com a tua luz, pela estrada que na vida deve ser por nós seguida...”. Foram anos em que aprendi com o pastor Hans Riegel que a FÉ deve ser constante, como uma chave que acende a luz que brilha para sempre, mas que deve ter um foco claro. Com ele aprendi o que é ter FÉ verdadeira e que FÉ sem ação é FÉ morta. Foi assim que, desde pequena, me engajei na vida da comunidade de Schroeder (SC) e, aos 13 anos, comecei a lecionar no culto infantil juntamente com minha irmã Hildegart Hertel. Aprendi com as crianças o que é fazer discípulos e como reunir membros de uma igreja que se solidariza e que vibra. Também frequentei a juventude evangélica, onde aprendi a importância da participação em tudo o que faz parte da comunidade. Em todos esses anos de minha infância e juventude, sempre tive muito apoio de meus pais, Germano e Rosa Hertel, bem como de minha madrinha Clara Karsten, que, além de me ensinar muitos hinos, mostrou-me o sentido da palavra bondade.


Aos 21 anos, casei-me com Curt Weller, e, desde 1964, somos membros da Paróquia Apóstolo Tiago e frequentamos a comunidade de Santa Luzia em Jaraguá do Sul/SC. Logo que nos mudamos, o pastor Karl Gehring pediu que eu assumisse o culto infantil, que ainda não existia na comunidade. Durante 25 anos, fui professora do culto infantil e convivi de perto com as crianças, que tinham muito interesse em ouvir e aprender a palavra de Deus. Foram anos que me trouxeram muitas alegrias e enriquecimento espiritual. Na comunidade de Santa Luzia, também batizamos e confirmamos nossos quatro filhos, que puderam participar desta comunhão e aprender o que é SER igreja. Além do culto infantil, iniciei o trabalho da OASE nesta comunidade, juntamente com minha mãe Rosa e minhas vizinhas Lídia e Traudi. A fundação da OASE foi de grande importância para fortalecer o sentido do que é SER igreja. Com o incentivo da OASE, conseguimos construir um salão comunitário e uma nova igreja em um mesmo terreno, o que ajudou na consolidação de nossa comunidade. Vivi muitos momentos marcantes na comunidade de Santa Luzia e sinto imensa gratidão por todas essas experiências vividas. No ano de 2013, celebramos com a família e amigos nossas Bodas de Ouro em uma celebração que nos fez lembrar muitos momentos que marcaram nossa vida como casal e como testemunhas da FÉ que precisa ser alimentada a cada dia, já que FÉ sem ação é FÉ morta.


Nome: Helga Maas Eggert Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana dos Apóstolos Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Meu nome é Helga Maas Eggert, nasci em Guaramirim - SC, tenho 85 anos, sou viúva e tenho seis filhas e um filho. Minha mãe era do interior de Jaraguá do Sul - SC e meu pai da cidade de Pomerode - SC. Meu pai e minha mãe eram agricultor e agricultora. Minha família é luterana desde antes de vir para o Brasil. Eu tenho muito orgulho disso. Sou Luterana desde o meu batismo, quando bebê.

Pertenço a Comunidade Evangélica Luterana dos Apóstolos, ligada à Paróquia Apóstolo João, Jaraguá do Sul-SC. Participo dessa comunidade desde o tempo da sua fundação. Ela teve o seu início inspirado pela Evangelização Tempo, Talento e Tesouro. Essa evangelização tinha como objetivo a formação de pontos de pregação nos bairros da cidade de Jaraguá do Sul.

A partir dessa evangelização e do grupo de mulheres da OASE, deu-se início aos encontros da OASE no Bairro Centenário. Esse grupo de OASE começou em minha casa. Ainda guardo em minha casa a cruz da fundação do grupo OASE Antúrio.

A comunidade dos Apóstolos teve início com o grupo da OASE que, a partir de 1968 começou a se reunir, uma vez por mês no domingo à tarde. Meu esposo Alitor Eggert buscava as mulheres e as trazia para os encontros em nossa casa. Éramos entre 10 e 12 mulheres.


Inicialmente as reuniões da OASE foram realizadas em minha casa. Até que num dado momento, por iniciativa de uma cunhada, que era contrária ao uso da televisão, o grupo ficou um tempo sem se reunir. Mais tarde, o grupo voltou a se reunir na escola Carlos Vasel.

Na escola também ocorriam cultos e a reunião de um grupo de canto. Com o passar do tempo, as pessoas sentiram a necessidade de construir um local próprio para os cultos e as atividades do grupo. Uma série de atividades foram realizadas para angariar fundos: cafés, bingos, brindes confeccionados pelas mulheres da OASE. Tivemos bons resultados e dali surgiu a perspectiva da compra de um terreno.

Eu e o meu marido vendemos o terreno para a comunidade a um preço simbólico. Isso, porque o terreno que tínhamos era bem localizado, livre de enchente e tinha o projeto da construção de uma rua, que facilitava o acesso. Nesse terreno foi construído um galpão, do qual eu e o meu marido tínhamos a chave e cuidávamos de tudo.

Fico muito feliz porque a comunidade está localizada ao lado da minha casa. Na comunidade servi através de leituras bíblicas nos cultos, coordenação da OASE e também gostava muito de fazer os registros dos encontros. Também cuidei por um tempo da limpeza do templo e do pátio.

Atualmente, tenho preocupação com o futuro da comunidade, que pessoas novas participem e continuem a tocar (os trabalhos da) a comunidade. Pois já fiz a minha parte. No início, visitamos todas as pessoas, membros da comunidade, para motivar a participarem.


Algo que lamento muito é que, em virtude da construção de uma nova rua, o templo da nossa comunidade foi destruído. Fato que gerou esvaziamento e desmotivação de parte de membros. Estamos, porém, na perspectiva da construção de um novo templo, num outro terreno, vendido pelo meu filho a um preço simbólico para a comunidade.

Fico feliz pela comunidade permanecer ao lado da minha casa. Pois posso continuar participando da OASE, dos cultos e do grupo das pessoas Idosas. Gosto do convívio com as pessoas, de estudar a palavra de Deus, de ajudar, cuidar e alimentar a minha fé na comunidade.

Algo que considero muito importante é o estudo. Eu não pude estudar, pois minha família tinha a concepção de que mulher estava aí para ser esposa e mãe e para isso não era necessário estudar. Para mudar essa lógica sempre incentivei e fiz de tudo para minhas filhas e o meu filho estudarem. Ensinei a elas e a ele a importância do estudo e da participação da vida na comunidade.

(História redigida por Pamela Milbratz)


Nome: Helga Milina Ghrös Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Água Boa/MT Sínodo: Mato Grosso

“No fim, não importa quantas vezes você caiu, mas sim, quantas vezes se colocou de pé depois da queda”. Esta é a minha caminhada na OASE e Comunidade Luterana desde o Rio Grande do Sul até os tempos atuais em Mato Grosso. Eu iniciei minha caminhada na OASE numa pequena comunidade chamada Esquina Gaúcha, que pertencia para Tenente Portela, na época em que Norberto Schwantes era Pastor na Paróquia. Uma vez por mês, ele e a Gertrudes, sua esposa, vinham para realizar os encontros da OASE. Fui convidada a participar dos encontros por uma amiga mais idosa, ela passava em frente de casa e me chamava para ir junto. Dizia para me aprontar que me esperaria. E assim, fui junto com ela muitas vezes. Nos dias em que o pastor não vinha para o encontro, senhoras eram responsáveis por fazer o encontro. Davam orientações sobre a vida em comunidade, liam e interpretavam passagens bíblicas e mensagens. Lembro que ficava muito emocionada, pois não tinha nenhuma experiência. Assim, com alegria e fé fui dando os primeiros passos nessa caminhada. Com o surgimento da Coopercol- Cooperativa de Colonização – no Mato Grosso, muitas famílias se transferiram para Canarana. Meu marido era associado


da Cooperativa, mas decidimos não ir, pois tínhamos medo e os recursos eram poucos. Vendemos, então, nossas terras e nos mudamos para São Pedro, outra comunidade do município de Tenente Portela. Fomos cultivar as terras do meu pai. Em São Pedro, comecei a participar mais ativamente dos encontros da OASE, com o pastor Osvaldo Jähn. E assim, fui ganhando experiência no grupo e vivência na fé. Um dia, fomos convidadas para assistir uma palestra da Dorothéa Seydel, em Tenente

Portela Ela ministrou toda a palestra em língua alemã. Ela era

coordenadora da OASE, chamavam-na de “Frau Seydel”. Eu fiquei muito impressionada com o seu conhecimento bíblico o qual ia mesclando com assuntos por ela trabalhados. A palestra serviu-me de inspiração e estímulo, deixando-me cada vez mais entusiasmada com a minha caminhada na OASE. Em 31 de Julho de 1975 nos mudamos para Água Boa I, no Mato Grosso, nas mesmas condições do Projeto Canarana. Nosso sonho ainda continuava. A sociedade com minha irmã e cunhado possibilitou a compra de 400 ha de terra. Éramos agora, 09 famílias acampadas em Água Boa. Acampamos por meses nos arredores de onde estavam sendo traçadas as ruas e avenidas da cidade. Eu e as crianças ficávamos na vila e os homens iam derrubar cerrado, preparando a terra para o plantio, pois o financiamento e a compra de maquinários já estavam tudo encaminhado. Nesse ano, as crianças ficaram sem aulas. Os cultos eram com o P. Hildor Reinke. Em seu primeiro culto, no mês de agosto, nos reunimos na casa do Sr. Arnildo Lorenz. Ele iniciou o culto falando: “Onde dois ou três estiverem reunidos, ali estarei.” Foi emocionante porque, mesmo não tendo igreja (templo), a palavra foi pregada e nos sentíamos alegres por estar novamente reunidos como comunidade luterana. O Pastor Hildor Reinke, o qual atendia as famílias migrantes na grande região de Barra do Garças, em suas andanças, sempre chegava lá em casa. Em setembro, tivemos a visita do missionário Alcides Jucksch. Trouxe slides mostrando o


trabalho das abelhas para refletir com nós que, enquanto comunidade, também deveríamos nos unir em nossas necessidades, alegrias e trabalho. No natal, eu já estava morando na fazenda. Plantava horta, fazia pão no forno de cupim, tirava leite, criava galinhas, porcos. Demais alimentos comprávamos em Canarana e Barra do Garças. Em 1º de Abril de 1976, a Igreja enviou um catequista para nós, o professor Lauro Feldmann. Ele atendia todas as atividades religiosas da comunidade e era também o professor. Sob sua orientação e apoio do Pastor Reinke fundamos a OASE em Água Boa. No dia 29 de agosto de 1976, após o culto, foi combinado uma reunião para dar um início às atividades da OASE. A reunião aconteceu no dia 4 de setembro, às 15 horas, na Escola Municipal 1° de abril onde reunimos as senhoras evangélicas, dentre as quais, compareceram: Elly Haag Wagner, Ernilda Allebrandt Muller, Helga Milina Gröhs, Lori Ilka Baldos, Dolores Muller, Benildes Maria Simon Pommer, Noeli Müller e ainda as senhoritas Marli Grohs e Nilve Marli Muller. A meditação foi baseada em Lucas 10.38-42. sobre Marta e Maria. As reuniões eram nas casas de famílias, ou aos sábados a tarde, na escola. Em reunião da OASE, no dia 7 de junho de 1977, na casa da senhora Irma Maria Uebel, elegemos a primeira Diretoria da OASE: Presidente: Irma Maria Uebel; vicepresidente: Maria Dulce Lorens ; secretária: Zenaide Lorens Klein, vice-secretária: Ernilda Allebrand Muller Tesoureira: Helga Milina Grohs, vice-tesoureira: Elzira Grelmann. D. Irma sempre abria sua casa para receber as reuniões. Nos encontros, aos sábados, líamos a bíblia, cantávamos muito, estudávamos, conversávamos sobre tudo o que acontecia no lugar. Nas quartas- feiras à noite, usávamos os livros de evangelização para ensaios de cantos. Em janeiro de 1978 eu e meu marido fomos à Tenente Portela visitar parentes e amigos. Lá ainda, no dia 12 de fevereiro, recebemos a notícia da morte de minha filha Cledi, em Água Boa. No outro dia, um avião foi nos buscar. Ela tinha


um problema de coração e teve um enfarte. Em quatro horas ela estava em Barra do Garças, ao dar entrada no hospital, faleceu. Cinco meses após, no dia 25 de junho de 1978 nós fomos em uma festa, na localidade de Serra Dourada, para a inauguração da escola e para assistir jogos de futebol entre Água Boa e Canarana. A tarde, quando voltávamos, chegando em Água Boa, sofremos um acidente. No acidente faleceram meu marido, Antônio Gröhs e dois filhos, o Nilvo e o Elton. Eu estava gravemente ferida e fui internada no hospital Maria Auxiliadora em Barra do Garças, a 240km de Água Boa. Fiquei 13 dias internada. Ao receber alta, a Sra. Edite Schwantes levou-me para sua casa e lá eu fiquei até poder voltar novamente, aproveitando uma carona no avião da Conagro. Enquanto estava acamada sempre pedia a Deus para não morrer, porque não podia deixar o restante da família desamparada. Isso me deu forças para lutar e enfrentar o que eu ainda tinha pela frente. Conosco, na época, morava o catequista Valdir Bruno Neuhaus, do qual recebi apoio. Foi um período de luta, sofrimento. O apoio de muitas pessoas amigas da família e da comunidade foi igualmente importante. Foi preciso coragem e determinação para assumir as funções do meu falecido marido. Aprendi a lidar com o inventário, com os negócios no Banco, na administração da fazenda. A Coopercana sempre foi um apoio e me orientava nas questões financeiras. Após cinco meses, quando o Pavilhão Comunitário – luteranos e católicos ficou pronto, assumi atividades na Igreja. Lá tínhamos um espaço para guardar os pertences da OASE. Em 1982, o pastor Uwe Kliewer, que atendia Canarana, passou a nos assessorar duas vezes ao mês. Vinha na sexta- feira a tarde para reuniões da OASE, Ensino Confirmatório e no domingo para o Culto. Água Boa se tornou paróquia em 1983. Nosso primeiro ministro foi o Pastor Roberto Jorge Schmidt. Sua esposa Rosane Doralice era professora. Nessa época, eu morava sozinha na fazenda e participava das reuniões da OASE. Rosane muito


me incentivou para refazer a vida de forma que em 11 de novembro de 1984, caseime com Hugo Guntzel. No dia 19 de Outubro de 1985 fizemos o Primeiro Encontro Setorial da OASE, entre as Paróquias de Água Boa e Canarana. Foi muito bonito nós, aqui em Mato Grosso, ter a oportunidade de nos reunirmos como OASE por setor. No mês de novembro, Rosane convidou-me para participar, em Curitiba, num encontro da OASE Nacional. Começaram os preparativos. Viajei com a empresa Medianeira. Meus sobrinhos me esperaram na entrada de Francisco Beltrão/ PR. No sábado, levaram-me na rodoviária e fui a Curitiba. Fui acolhida pela família Schmidt que me encaminhou para o Lar Rogate. A noite, na apresentação, conheci outra representante das novas áreas de colonização, a Sra. Helga Klein, de Cuiabá. Nós duas falamos sobre o que estava acontecendo nos grupos de OASE nas Novas Áreas de Colonização. A Coordenadora Nacional era a Lilian Lengler. Tivemos palestras com Dorothea Wulfhorst e a Christa Berger debatendo sobre consumo e os valores morais da TV Globo e a novela Roque Santeiro. E nós, que nem repetidoras de sinal tínhamos! Pensei: TV só em Barra do Garças! “O que estou fazendo aqui?” Foi uma experiência maravilhosa poder participar desse encontro.

Agradeci a Deus e a

Rosane pela oportunidade. Em janeiro recebi o Jornal Evangélico com fotos do encontro e uma foto pequena das duas representantes de Mato Grosso. Fui visitar os grupos de Serra Dourada e Canarana, com o pastor Kliewer e depois com o pastor Roberto, nas comunidades de Nova Xavantina e Barra do Garças. Eu estava animada, mas não era fácil. Um dia encontrei o Pastor Hans Alfred Trein, na casa paroquial. Coloquei sobre as dificuldades e ele aconselhou-me a ir devagar, pois tínhamos muito para organizar. Botei os pés no chão. Mas não parei. Depois da transferência do Pastor Roberto Jorge Schmidt, de Água Boa, organizamos um encontro em Garapu - comunidade da paróquia de Canarana. Neste encontro as palestras foram conduzidas pela Hildi Grühn e por uma Psicóloga, tendo por base o Roteiro da OASE. Foi muito lindo o encontro. Choveu muito naquele dia. O grupo de Água


Boa foi de carona na caçamba da camioneta do Sr. Kurt Schrader. Foram muitas mulheres e também crianças – uma aventura. O culto foi oficiado pela catequista Nilza Pommer. Tivemos muitos improvisos, mas onde a necessidade é grande Deus esta mais perto. Para Água Boa nos foi enviado o Pastor Eterio Köhlert e sua esposa Diácona Telma Merinha Kramer. Época em que o setor Leste já contava com a nova paroquia de Vila Rica. Lá tivemos um encontro Setorial com a presença de mulheres do Projeto Querência – pertencente ao município de Canarana. Um Encontro setorial com boa participação, apesar das péssimas estradas. No ano seguinte, foi na comunidade de Querência. Em 1992 ficamos sem ministro, mas todas as atividades continuavam. Com a vinda do Pastor André Müller e a esposa Katia, as atividades da comunidade e OASE tiveram novo ânimo. Todos os setores já tinham suas coordenadoras e atividades na Casa de Retiros, em Chapada dos Guimarães. Mato Grosso recebeu muitas visitas de Coordenadoras em nível Nacional. Em 1989, tivemos a visita das senhoras Brunilde Matzbach e Celia Weiend para um Seminário de Lideranças com a participação de mulheres de

Canarana ,Serra

Dourada e Garapu. Fizemos encontros setoriais em todas as comunidades. Também tivemos a visita da Presidente Nacional da OASE, Sra. Dagmar Triska. No encontro dos 100 anos da OASE em Rio Claro/SP conseguimos lotar dois ônibus. Todas de colete verde. Éramos as “periquitas” do Sínodo Mato Grosso. D. Gudrun Braun conseguiu alojamentos para nos acomodar em Ginásio de Esportes. Ela também veio até Vila Rica participar de um Encontro Setorial e conheceu nossa realidade. Também contamos com o palestrante Pastor Ingo Wulfhorst , trabalhando sobre o tema “ luto”. Em 2000, tivemos novamente a transferência de ministro ficando conosco a Pastora Andrea Mühlhäusser. Nesse tempo, fui eleita coordenadora paroquial da OASE.


Em agosto, nos dias 24 a 26/2001 aconteceu XVI Encontro do Setor leste juntamente com os 25 anos de fundação da OASE de Água Boa. Como nosso pavilhão estava sem condições de ser usado, fizemos nosso encontro na casa do Idoso e na creche municipal. As palestras foram proferidas por uma assistente social de Cuiabá e a Sra. Rosane Schmidt. O tema da palestra foi “Relações na família e com a família de fé”. Em fevereiro de 2003 iniciamos a Amiga Secreta da Oração, a ser revelada no último encontro do ano. Nos dias 19 a 21 de outubro tivemos o 1º Encontro Sinodal da OASE, em Chapada dos Guimaraes. Nova transferência pastoral no final de março de 2003. Em julho recebemos o pastor Fernando Wöhl e a esposa Ingrid. Em dezembro de 2004 fui eleita presidente da OASE e assim fui seguindo a minha caminhada. Nos dias 26 a 28 de Agosto/ 2005 tivemos o nosso 20º Encontro Setorial da OASE, em Agua Boa. O tema do encontro: Como vai a tua saúde física, mental e espiritual? Conosco, a Sra. Chirlei Weber, presidente da OASE Sinodal. Um encontro de muita confraternização, alegria e animação. Com a vinda da Pastora Fabiana Appelt, na Semana Nacional da OASE, começamos a visitar e receber visitas de grupos de paróquias vizinhas. Em nossas atividades diaconais fazemos cucas para arrecadar fundos para apoiar o Hospital do Câncer, Capelania Hospitalar, Pestalozzi... De 29 a 31 de agosto/2014, no 28º Encontro Setorial da OASE, em Água Boa, num encontro em que hospedamos 72 senhoras do setor leste, estiveram presentes as ministras Fabiane Appelt, a palestrante Pastora Eveline de Primavera do Leste, o Pastor Sinodal Nilo Christmann e o pastor Deolindo Feltz, da Capelania Hospitalar - Cuiabá, também o PPHM Valmiré Littig. Em maio de 2015 faleceu a minha filha Marli Marmet. Tem horas que agente perde o chão, mas a vida continua. Em 22 de junho 2016 faleceu meu marido Hugo Guntzel. Foram muitas perdas familiares. Entretanto, a fé em Deus sempre foi o firme ancoradouro para o enfrentamento nas horas de dor e sofrimento. Aprendi que nós por nós mesmos não mudamos nada. O abraço de Deus que sempre me


acalentou e me deu forças, foram os braços, mãos e pés das pessoas com as quais convivia. A elas toda minha gratidão! Finalizo este relato agradecendo a Deus pela proteção e apoio nestes 43 anos de Água Boa e o cuidado nas horas difíceis. Aos ministros/as e seus cônjuges que nos acompanharam em todos estes anos. Nossa eterna gratidão por cada momento de consolo, ânimo, esperança, cuidado, orações e alegrias. Ao Sr. Lauro Feldmann, nosso amigo, professor e catequista desde o início de fundação de Água Boa, nosso eterno agradecimento.


Nome: Helvetia Hulda Bender Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Alto Linha Santa Cruz – Paróquia Monte Alverne/RS Sínodo: Centro-Campanha-Sul

Sou Helvetia Hulda Bender. Nasci em 18 de maio de 1950 e fui batizada em 30 de julho do mesmo ano na Comunidade de Alto Linha Santa Cruz, Paróquia de Monte Alverne. Participava na comunidade com meus pais de forma regular, mas não com grande envolvimento. Dos 14 aos 24 anos fiz curativos nos pés de uma vizinha. Quando eu tinha 20 anos faleceu minha avó materna a qual também cuidei até a morte. Estava envolvida com atividades de cuidado desde pequena. Certa vez acompanhei a vizinha para fazer uma cirurgia em Porto Alegre, no Hospital Moinhos de Vento. Descobri que tinha curso de enfermagem neste hospital. Fiz a inscrição e prova de admissão no curso de enfermagem oferecido no Hospital Moinhos de Vento. Consegui passar. Logo veio o desafio de conseguir os recursos. Meus pais venderam uma vaca por 500.00 cruzeiros. Estes eram suficientes para dois meses: pagar o curso, moradia, alimentação. Só a saudade foi maior que a fome, também nos dias que passei com apenas um pastel. Depois, o pai me deu uma espiriteira de álcool, uma panela, um prato e um par de talheres. Levava chuchu, batatas, cebolas e folhas de couve. Disto fazia minha comida. Estava à procura de um emprego quando ouvi o Pastor Damerow falar sobre a Faculdade de Teologia, em São Leopoldo. Num sábado de manhã resolvi ir para São Leopoldo. Chegando à rodoviária pedi informações sobre como chegar ao


Morro do Espelho. Ninguém soube me explicar. Não tinha ônibus pra lá, somente táxi. Aí meu corpo ficou mole, me sentei num banco e comecei a chorar porque eu não sabia mais o que fazer da minha vida sem dinheiro, sem comida e sem trabalho. Pensava: como vou trabalhar em São Leopoldo e estudar no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre? Como conciliar os horários sendo tudo muito longe? Sentada no banco, pensando na minha vida lembrei-me da vó Luíza e da herança de varizes – ela passou toda a vida com perna enfaixada e com muita dor, eu não queria isso para mim. Como eu vou continuar na roça? Qualquer machucado sempre logo inflamava. Levantei do banco e olhei pra frente, para a estrada reta e longa. Comecei a andar e andar nesta estrada, sem destino. Foi o pior caminho que já andei. Lá longe eu vi uma torre branca. Como eu não via solução para minha vida, de curiosa fui até a torre. Cheguei lá e eu estava na frente do túmulo do Padre Réus. Vi muita gente trazendo rosas, outras tirando rosas, outras tiravam sua carteira de trabalho do bolso e esfregavam na foto do Padre. Eu sentei bem quietinha num banco e comecei a orar pedindo a Deus que me fortalecesse para continuar, que me desse uma luz, mostrasse um caminho novo que até então eu não tinha visto. Voltei para a estrada e numa parada peguei o ônibus de volta para Porto Alegre. Sentei ao lado de uma mulher alguns anos, mais velha que eu. Começamos a conversar. Falei que estava procurando emprego. Ela me disse que na segunda de manhã, no Hospital das Clínicas em Porto Alegre/RS, teria seleção para emprego de atendente de enfermagem. Ela pediu para que eu não falasse que ela me indicara, pois não queriam que funcionários fizessem indicação. Eu deveria dizer que vi o anúncio no jornal.


Segunda feira, ao invés de ir para a aula, falei com a enfermeira Vera Petersen, responsável pela seleção. Quando cheguei à secretaria fui perguntada se eu tinha curso de enfermagem. Falei que estava cursando. A secretária então, me disse que não adiantava esperar, pois só quem tinha curso completo teria chance. Mas, eu não dei bola. Pensei: Hoje já perdi a aula então vou esperar. Apareceram mais 25 pessoas, além de mim. A enfermeira Vera chegou e nos cumprimentou com um sorriso e nos convidou para irmos à outra sala. Ela começou a falar dizendo que gostaria de dar emprego para todos, mas não era possível, pois só tinham oito vagas. Deu um papel amarelo do RX para todos e pediu que escrevêssemos porque estávamos ali. Eu coloquei que vim de Santa Cruz para fazer o curso de enfermagem. Apenas havia iniciado o curso, mas sabia verificar os sinais vitais. Preciso muito de trabalho, estou passando necessidade. Tenho muita força de vontade. Entregamos as folhas e ela pediu que voltássemos na terça-feira. Voltei no dia indicado e a secretária me perguntou o que eu queria novamente ali. Eu disse: - Vim para saber o resultado. Ela disse: - Não precisas esperar. Não foste escolhida sem curso completo. Eu respondi: - A Vera é quem pode dizer isto. E a Vera chegou, abriu os braços para me abraçar e disse: - Venha comigo! E a secretária viu. Vera me levou para a sala das enfermeiras e disse para uma delas: Esta é tua nova funcionária. Ela só sabe verificar os sinais vitais, mas tem muita força de vontade. Sábado eu estava sem rumo, parecia que o mundo tinha parado para mim. Na segunda procurei emprego no Hospital das Clínicas. Na terça soube do resultado e na quarta-feira, dia 30 de abril de 1975 comecei a trabalhar. Permaneci trabalhando no Hospital das Clínicas até 28 de dezembro do ano 2000.


Como lugar para morar a Irmã Marta, do Hospital Moinhos de Vento, nos indicou uma pensão feminina. Ela não sabia que esta era apenas uma pensão de fachada, pois na casa, moravam as moças que se prostituíam na Boate Madrigal – casa noturna que funcionava na Av. Farrapos. Fomos eu e mais três jovens do curso morar lá. Dona Lurdes era a proprietária da pensão. A casa era enorme. Entrando pela porta tinha um grande corredor e em cada lado do corredor tinham três escadas que davam acesso aos porões. Os quartos grandes ficavam no porão de baixo. Em cima e nos fundos de uma escada tinha outro porão, lá eu ficava. Só tinha um banheiro com água quente que era aquecida com álcool, para não gastar luz. Cada uma tinha que comprar o seu álcool. Nessa pensão, aconteciam estranhos movimentos e chamadas na campainha. Ela começava a tocar às 18h e assim ia até às 20h. Dona Lurdes chegava no corredor e gritava: Fulana, o Ciclano chegou. Eu não entendia o que estava acontecendo. Sem pensar mal fui perguntar Dona Lurdes e ela ficou braba comigo e me xingou porque eu havia reclamado que o aluguel subia a cada semana. Foi quando ela sugeriu que eu fizesse o mesmo que aquelas moças dizendo-me que eu iria ganhar muito dinheiro sem precisar passar fome. Aos poucos comecei a entender o que estava acontecendo nesta casa e fui falar com a Irmã Marta que ficou muito surpresa. Ela não sabia que esta pensão funcionava como um prostíbulo. No tempo em que morei naquela pensão fiz amizade com uma das mulheres que se chamava Paula. Ela me ajudou comprando o tecido e os acessórios para confecção do avental que eu precisava para o trabalho, pois o hospital não tinha o meu tamanho. E ela me falou: - Não entre na vida que eu estou. É uma vida muito


sacrificada. Fica firme no teu propósito. Eu perguntei a ela por que não saía dessa vida? E ela me disse que depois de estar no meio era difícil de sair. Depois de concluir o curso passei a trabalhar também no Hospital da PUC. Também neste processo seletivo tive que explicar porque eu queria mais um trabalho e por quanto tempo eu conseguiria trabalhar em dois lugares. Eu disse que ficaria pelo menos dois anos porque o que eu mais queria era ter um banheiro só pra mim. Mesmo já tendo mudado de pensão, nos lugares em que morava o banheiro era sempre coletivo e aquecido com álcool. Fiquei nove anos e três meses nos dois empregos e consegui comprar um apartamento de um dormitório para eu morar. Trabalhava muito para conseguir me manter em Porto Alegre. Um dia, quando o Pastor veio lhe visitar, uma pessoa internada me convidou para celebrar a ceia com ela. Foi quando conheci o Pastor Bonato (motoqueiro), da Comunidade São Marcos. Ele me convidou para me integrar na comunidade. Participei o quanto pude e depois de me aposentar o Pastor Evaldo Pauli me convidou para participar das reuniões da OASE. Fui a primeira presidente da OASE desta comunidade. Assumi o cargo aos trancos e barrancos, pois eu não tinha conhecimento da dinâmica nem do funcionamento de uma OASE. Também participei das atividades no Sínodo Rio dos Sinos. Depois fui presidente da comunidade. Foi um período muito difícil porque primeiro o presidente titular da comunidade faleceu e depois o pastor faleceu também. Mas com muita fé luta e solidariedade a comunidade seguiu em frente. Em 10 de dezembro de 2010 decidi voltar para minha terra natal e passei a integrar a comunidade e a OASE de Alto Linha Santa Cruz. Participo da diretoria e colaboro com trabalhos manuais. Continuo firme na minha fé, no meu propósito de vida. Mesmo lutando com muitas enfermidades encontro alegria na linda e maravilhosa natureza, criação de Deus, que me cerca e na fé que me fortalece.


Nome: Hermengarda Kant Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Torres Paróquia: Capão da Canoa- Litoral Norte Sínodo: Rio dos Sinos

Recordando a vida da Oma Minha mãe, Hermengarda Kant (nascida Irmgard Knebel), nasceu em 05 de abril de 1918 e faleceu em 16 de agosto de 2014, aos 96 anos. Sempre foi muito ligada à Igreja. Quando jovem, ela foi enviada ao Mutterhaus (Casa Matriz de Diaconisas), onde se preparou para trabalhar no Deutsches Hospital (Hospital Moinhos de Vento) como Schwester. Ela chegou a usar o hábito de Jungschwester. Trabalhou no Hospital Alemão, mas foi diagnosticada com tuberculose e afastada do trabalho. Retornou à casa de seus pais para recuperar a saúde. Durante o tempo de sua recuperação, conheceu meu pai, Helmuth Erdmann Kant, com quem se casou por volta de 1943. Teve dois filhos (Armindo e Walter) e uma filha (Marly). Foram tempos difíceis, de perseguição durante a Segunda Guerra Mundial. Meu pai chegou a ficar preso durante meses, por não falar português. Sempre vi minha mãe muito ligada à Igreja. Em certa época de nossa vida, fomos morar em Linha Santo Antônio, interior de Crissiumal/RS, onde meus pais instalaram o moinho de farinha da família. Naquela localidade não havia nem igreja nem Comunidade formada. Tudo era distante, e a locomoção era feita com carroça ou cavalo. Minha mãe foi uma grande líder comunitária e batalhou para que se instalasse um ponto de pregação na localidade, o que aconteceu, realmente. Para isso eram utilizadas as residências dos membros, cada vez em outro local, e o pastor vinha de Crissiumal em seu jipe Willys. Atendia as solicitações das famílias, fazendo toda a programação, ou seja, Batizados, visitas às pessoas doentes e idosas, ensino confirmatório e reunião da OASE, além do


culto, tudo era feito num dia só. Acontecia muitas vezes de o pastor não conseguir ir até o ponto de pregação, principalmente quando chovia. Então a comunidade ficava um longo tempo sem atendimento. Minha mãe prontificou-se a ajudar. Pediu orientação e material ao pastor e fazia os atendimentos quando ele estava impedido. Isto foi lá pelos anos de 1957-1958. Nesse período foi construída a capela em terreno próprio. Minha mãe preparava e celebrava o culto baseada no Castelo Forte, no Anuário Evangélico, nos cânticos conhecidos do hinário. Fazia também a preparação dos confirmandos e, todos os domingos, coordenava o Culto Infantil. Ela visitava pessoas doentes e idosas. Não lembro que minha mãe tenha feito enterros ou casamentos. Mas é possível que tenha feito batizado de emergência, uma vez que era muito procurada pelas famílias do ponto de pregação. Eu era muito menina, com 11, 12 anos, e não me lembro de muitos detalhes da época, mas lembro-me de muitos fatos que minha mãe contou. Depois, quando nos mudamos para Três Passos, na cidade, participávamos de todos os ofícios e atividades da Comunidade como membros. Quando moramos em Marechal Cândido Rondon/PR, ela também participava ativamente dos grupos de senhoras e cultos da IELB e da IECB (Congregacional), e levava junto as netas que moravam perto dela. Fomos, todas a gerações descendentes dela, influenciadas por sua prática. Antes de falecer, ela não conseguia mais cantar junto, mas sempre cantávamos um hino que ela conhecia, o que a deixava feliz e emocionada. Ela sempre foi muito prestativa em todas as atividades das comunidades de que participou. Morou ainda em Toledo/PR e em Balneário Camboriú/SC. Nesta fase de sua vida, o mal de Alzheimer já havia avançado bastante, tornando sua vida mais restrita. Em 1996, meus pais vieram morar em Passo de Torres/SC, onde eu vivo atualmente, pois a doença avançava e ela precisava de acompanhamento e supervisão. Mas a Igreja sempre foi uma presença na vida dela, na forma que fosse possível. Seus 90 anos foram celebrados com culto oficiado por uma de suas netas, minha filha Carla Andrea Grossmann, pastora de nossa Igreja. Sou Marly Selma Kant Grossmann e moro em Passo de Torres/SC. * A foto mostra minha mãe vestindo o hábito de Jungschwester (foto que ela deu ao seu irmão Kurt, com a dedicatória no verso).


Nome: Irmgard Fuck Lautert Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Condor Paróquia: Condor/RS Sínodo: Planalto Rio-Grandense

Sou Irmgard Fuck Lautert, casada com Dorival Lautert, mãe de Sandro e Adriane, vó dos amados netos Samuel e Romulo, de minhas maravilhosas netas, Maira e Emanuelle, sogra da nora Geni e do genro Rildo. Sou filha de um professor rígido e severo, que exigia muito de nós quatro, filhos e filhas. Nas férias escolares, as crianças brincavam, e nós, em casa, precisávamos estudar alemão e geometria e ler livros que ele escolhia. Eu queria ser mais livre, correr e brincar. Apesar da rigidez, chegou o dia em que eu pude reconhecer e dizer: “Obrigada, pai, por insistir nos estudos, obrigada, mãe, pelo carinho e estímulo para participar na OASE”. Na vida adulta, sempre me dediquei e trabalhei no comércio da família. É com gratidão a Deus e alegria que vou compartilhar a minha caminhada na OASE. Foi uma bênção de Deus em minha vida. Jovem, recém-casada, comecei a participar das reuniões da OASE. Isso foi bem peculiar na época, pois as mulheres jovens não participavam, porque a OASE era só para as mais velhas; no entanto, consegui levar algumas amigas. Participar da OASE foi legado deixado por minha mãe, que sempre dizia: “Vai nas reuniões, não esqueça”. Escutei um relato de uma participante de um Congresso que aconteceu em São Leopoldo/RS, pelo qual me “apaixonei”. Eu queria fazer parte destes grupos. Participar, conhecer, ouvir, trocar ideias e fazer parte dessa “Frauenhilfe”, dessa OASE-VIVA. Aos poucos, fui aprendendo que


havia uma diretoria, uma hierarquia. Os estudos bíblicos foram uma revelação, quando o pastor explicava os textos. Com o passar do tempo, fui assumindo cargos de Presidência, Tesouraria e Coordenação Paroquial. Participei de um seminário de preparação com a Sra. Gertrudes Grüber. Foi um trabalho muito bom conhecer os grupos, dialogar com as mulheres, ouvir as suas dúvidas, seus anseios e ser informada do que estava acontecendo, com olhos para fora dos muros da Igreja. Os objetivos da OASE eram capacitar, valorizar e fortalecer a mulher, inteirando-a também do tripé que diz “COMUNHÃO – TESTEMUNHO – SERVIÇO”. Como presidente da Região III, após ter sido coordenadora paroquial, participei de reuniões do Conselho Nacional da OASE, e daí se abriram novos horizontes. Assumi o cargo de vice-presidente da Região III. Após alguns meses de desistência da presidente, acabei assumindo a presidência. De repente, como presidente, senti-me despreparada para esta função, mas, com a ajuda do pastor Ermindo Wahlbrink da minha cidade e da Diretoria, tudo foi se encaminhando. Participando das reuniões do Conselho Nacional, percebi o compromisso que estava em minhas mãos. Foi lançada a Semana Nacional da OASE, com temas para o início da semana da primavera. Fomos motivadas para uma visita às novas áreas de colonização, como Canarana/MT, Querência/MT, Água Boa/MT, e fomos em mais mulheres. Hospedadas em casas de família, com o apoio dos pastores, vi com clareza que a Semana Nacional da OASE tinha um objetivo certo, isto é, criar a unidade nacional. Na Semana Nacional da OASE, assumimos o desafio de visitar as novas áreas de colonização do Mato Grosso e demais regiões pelas quais passamos. Tudo foi um grande aprendizado. As mulheres destas novas áreas acharam que iríamos dar palestras, quando na verdade, nosso objetivo era fazer contatos, sentir as necessidades dos grupos que já estavam formados ou se formando. Estas jovens mulheres se encontravam muito sozinhas, devido às grandes distâncias. Longe dos familiares e com saudades do sul, lembraram-se da mãe e da sogra que frequentavam a OASE nas suas comunidades. A dor da saudade da família foi um fator muito forte para elas se unirem em grupos de OASE e lá poderem compartilhar alegrias e tristezas nas suas casas ou debaixo de qualquer pé de manga, com um bom chimarrão.


Numa reunião do Conselho Nacional da OASE em Cascavel/PR (Casa de Retiros), chegou o momento de escolher a nova diretoria. A mesma era constituída em forma de rodízio, e chegara a vez da Região III, a qual representava. Eu não sabia disto. Foi uma decisão que teve de ser tomada ali, e assumir a Presidência do Conselho Nacional da OASE foi um desafio enorme. Com as dúvidas, veio também a consciência de ter que me preparar, estudar, informar, conhecer melhor a minha Igreja com seus regimentos, estatutos e departamentos, etc... Na ocasião, chegou às minhas mãos um bilhete de uma irmã muito querida que dizia: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13). Este já era um versículo que me acompanhava. Escutei o chamado e aceitei o cargo. Tudo estava acontecendo rápido demais. Na minha gestão de presidente do Conselho Nacional da OASE, investimos em proporcionar seminários para as lideranças regionais e líderes de grupos. Realizamos o 2º Congresso Nacional em Curitiba/PR, onde foi proposto fazer o Seminário Nacional do Idoso, a Dança Sênior e o 1º Censo da Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) da IECLB com o apoio da diaconisa Hildegard Hertel (em memória). Participei de um encontro promovido pela Federação Luterana Mundial (FLM), em Neuendettelsau, na Baviera/Alemanha, com mulheres do 3º Mundo. Para participar destes encontros, estudei inglês durante dois anos, o que não foi fácil; no entanto, o que facilitou foi a boa fluência verbal no alemão para explicar um estudo bíblico. Esse foi um encontro muito frutífero, onde pude conhecer mulheres de outros países e raças, como o Quênia, Tanzânia e outro, onde se fala inglês, francês, alemão e português. Fizemos um intercâmbio com mulheres do Leste Europeu que já haviam visitado o Brasil, para conhecer e saber como se vive Igreja numa democracia. Fomos entre sete mulheres conhecer a realidade da vida no pós-comunismo. Foi muito interessante escutar os seus depoimentos falando da queda do regime comunista, e da reconstrução da cidade com traços bem arrojados e modernos. A maioria das igrejas foi preservada graças a um acordo político. Visitamos muitas construções antigas, edificadas na Idade Média. Conhecer estas obras antigas foi algo muito emocionante. Conhecemos cidades e comunidades na Polônia, Hungria, Eslovênia e outros lugares, e tudo foi marcante para todas nós. Durante o período comunista nestes países, a prática religiosa era proibida. No entanto, as mulheres encontraram uma maneira de fazer um estudo bíblico meio clandestinamente,


reunindo-se em torno de uma mesa, com um bom bolo e doces, alegando ser uma data comemorativa de aniversário, às vezes num galpão ou porão. Participei de um encontro latino-americano só de mulheres, com representantes da Venezuela, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Brasil. Outro encontro de representação internacional foi em La Paz/Bolívia. Todos estes eventos foram patrocinados pela Federação Luterana Mundial (FLM). Participei de encontros do Dia Mundial de Oração (DMO), encontros ecumênicos, congressos regionais e sinodais, reuniões de presidentes de OASE, Comunidade e como representante paroquial do Sínodo, tudo voltado para a valorização da mulher. Relembrando e relatando estes encontros, os pensamentos voltam ao passado. Tantas boas recordações, lembranças e conhecimentos adquiridos nestes encontros. Lembro-me de uma reunião em Porto Alegre/RS em que o diálogo era sobre as siglas que me eram um tanto desconhecidas, mas, mesmo assim, fui me atualizando nesta caminhada de OASE/Igreja. Algumas vezes, eu me perguntava: conseguimos atingir as mulheres com nossos objetivos? Fizemos muitos projetos que só ficaram no papel, tivemos algumas utopias, como, por exemplo, o trabalho com idosos. Havia épocas de muita resistência por parte das mulheres, para assumir trabalhos e funções na OASE. Embora buscássemos fortalece-las, encorajá-las e subsidiá-las para assumirem funções, elas alegavam que não sabiam, não tinham tempo, a família não permitia. Passei e ouvi tudo isto também. Relembrando e resumindo, devo confirmar que, nos momentos bons e difíceis, sempre senti a presença do bondoso Deus. Quando precisava falar de improviso, eu orava: Senhor, coloca as tuas palavras na minha boca e que sejam uma bênção para as pessoas que me escutam. Hoje algumas mulheres me falam: O que você falou, valeu e aprendemos muito. Resumindo, devo dizer que houve os momentos abençoados de encontros e reencontros, como também houve percalços e pedras no caminho. Sei que tudo isto faz parte de uma caminhada. Estou muito grata a Deus por ter colocado este trabalho e dever em minhas mãos, por ter feito de mim um tijolo para a construção do seu reino. Na cidade de Condor, onde moro, fui presidente da Comunidade. Atualmente sou representante da Comunidade no Conselho Paroquial do Sínodo Planalto RioGrandense.


De uma maneira muito especial, quero manifestar gratidão ao meu querido esposo, por seu apoio e sua paciência. Foram muitos dias de ausência para participar de reuniões, foram longas viagens para as novas áreas de colonização, América Latina e Europa. Lembro-me, de maneira especial, da volta de uma viagem para uma reunião em Porto Alegre/RS. Após o término da mesma, embarquei no 1º ônibus da noite para Panambi/RS, num dia muito frio e chuvoso de inverno. A previsão de chegada era 1 hora da manhã, num posto de gasolina, fechado durante a noite por razões de segurança. Meu marido estava me esperando. No entanto, devido ao tempo frio, chuvoso e de inverno, houve muitas horas de atraso. O esposo, para não passar frio na agonia da longa espera por sua mulher, ligou o ar quente do carro. Lá se foi a energia. Cheguei com muitas horas de atraso. Tivemos que aguardar o amanhecer e o posto abrir as portas para nos atender. As suas palavras foram: Nunca mais pede para te aguardar de tuas viagens. No entanto, na próxima viagem e muitas outras, quem estava lá me aguardando era ELE. Aqui o meu reconhecimento e o meu carinho por tamanha paciência e benefício. “A gratidão é uma atitude que honra a Deus”. Tenho muito a agradecer aos filhos, pastores, amigas e ao grupo de OASE de Condor/RS, cidade onde moro. Quando eu precisava de um trabalho, sempre me apoiaram muito. Encerro dizendo: “SERVI AO SENHOR COM ALEGRIA” (Salmo 100.2). Para a OASE do futuro deixo o desafio nas palavras do nosso reformador Lutero: “Em fé e amor consiste toda a essência de uma vida cristã. A fé recebe, o amor dá de si, a fé leva a pessoa para Deus, o amor leva Deus às pessoas”. IRMGARD FUCK LAUTERT – Ex-presidente da OASE Nacional Texto escrito por HELGA SCHÜNEMANN, coordenadora editorial do ROTEIRO da OASE.


Nome: Ingelid Cassel Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Querência – MT Sínodo: Mato Grosso

INGELID CASSEL, nascida JUST, nasceu no dia 30 de dezembro de 1941 e foi batizada no dia 15 de fevereiro de 1942, na Igreja Luterana na localidade de Jabuticaba, município de Sarandi-RS. É filha de família tradicional luterana, Florencio e Irna Just, e neta de Gustavo Jost, imigrante da Alemanha, que fixou residência em Trombudo, no município de Santa Cruz-RS. Suas lembranças remetem à família sempre envolvida com a vida comunitária. Desde jovem, Ingelid contribuiu ativamente nas atividades da igreja, inicialmente no grupo de jovens, onde participava de teatros natalinos, e no coral da igreja. Leo Romeu Cassel participava do grupo e fez par com Ingelid, desempenhando o papel de José e Maria. Assim iniciou-se namoro, e em seguida se casaram. Logo Ingelid passou a participar da OASE, onde integrou a diretoria até se mudar para o Mato Grosso. No ano de 1989, migrou com seu esposo e filhos para a colonização da Coopercana, hoje município de Querência-MT. A localidade carecia de muitos recursos, estando situada em meio a uma clareira na mata, mas as amizades e a fé os fortaleciam e, assim, as dificuldades eram superadas.


Logo após sua chegada, foi convidada a fazer parte da diretoria da OASE, que estava dando seus primeiros passos. Os encontros aconteciam à sombra das árvores ou no Pavilhão da ADESQUE, associação dos colonizadores e ponto de encontro para reuniões, cultos e missas. Lentamente, a mata foi dando espaço às pequenas lavouras. Inicialmente, a cultura principal era arroz, que mais tarde cedeu espaço à cultura da soja e do milho. Seu Léo, num ano de muita chuva, preocupou-se demasiadamente com as colheitas e desenvolveu uma depressão, que na época dificilmente era detectada, levando-o ao suicídio. Dona Ingelid, mulher de muita fé, deu continuidade à caminhada junto a seus filhos já adultos. Hoje com seus 73 anos, continua participando na igreja, gosta de fazer parte das programações específicas, como o Dia Mundial da Oração e a Semana Nacional da OASE, além de atividades desenvolvidas na OASE. A orientação espiritual dada a seus filhos se reflete em nossa comunidade: Neuci faz parte da diretoria da OASE, Eloi do presbitério e Marla do Culto Infantil e da OASE. “O Senhor é bom; o seu amor dura para sempre, e a sua fidelidade não tem fim” (Salmo 100.5).

História coletada e redigida por: Pa. Mariza E. Neuberger e Leni Sirlei Altmann Wink – Pres. da OASE.


Nome: Ingrid Bofinger Participação na IECLB: Desde o Batismo Paróquia: Evangélica de Confissão Luterana Cascavel Comunidade: Cascavel Sínodo: Rio Paraná

Entre as belas paisagens de Santa Catarina, em 15 de março de 1956, em Rio das Antas – SC nascia uma menina na família de Gerhard Sagmeister e Elli Dreher Sagmeister. Com admiração, os pais, padrinho e madrinha levaram-na à Comunidade Evangélica de Videira para receber o Batismo no dia 17 de junho de 1962. Desde cedo, sempre foi tempo de regar a semente da fé. Assim, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Cascavel – PR esteve reunida para celebrar o culto de sua confirmação, em 23 de novembro de 1969. Moça jovem, professora, certo dia, a janela entreaberta ofereceu uma paisagem. Ofereceu para Ingrid um belo pôr do sol. E nessa admiração, Ingrid, jovem bela, entre raios de sol, despertou encanto aos olhares de Ingolf Reinhold Bofinger. E nada impediu que, no dia 21 de janeiro de 1978, em Cascavel – PR, eles fossem à Comunidade receber a bênção matrimonial. Começou uma jornada de muito trabalho na vida a dois, na vida profissional e na organização do lar. Nas reviravoltas da vida, Ingrid atuou como bancária. Com muita emoção e cuidados, no decorrer dos tempos, nasceram Jeferson e Jackson. Hoje são casados. Ingrid e Ingolf têm uma grande família, noras e netas. É na casa de Tia Ingrid e Tio Ingolf que se passavam fins de semana e se faziam passeios. Além disso, tempo de férias, tudo de bom, passear pelos campos, brincar com os animais, tomar banho de rio, de chuva, andar a cavalo, balançar na rede da varanda, experimentar frutas e ter uma boa conversa na companhia desta grande família. Na história de vida desta família, tive oportunidade de fazer um “retrato” das memórias queridas e recordar os bons momentos vividos, que por algum tempo


marcaram a vida de famílias, OASE, Culto Infantil, Ensino Confirmatório e Comunidade. Carinhosamente chamada de Tia Ingrid, ajudou a impulsionar o grupo de OASE da Comunidade de Foz, onde fez diferença. Este grupo também foi importante na Comunidade e na IECLB, ligadas à Diaconia. Neste entrelaçamento, tive a oportunidade de conhecer e conviver com a família de Ingrid. Minha filha e filho, não raras vezes, foram embalados e cuidados pela Ingrid, quando precisava me ausentar da paróquia... Gratidão sempre pelo ministério exercido junto ao grupo de OASE e pelas mulheres animadas para a Comunhão, o Testemunho e o Serviço. Através da OASE e de mulheres corajosas, falar de Tia Ingrid Bofinger, carinhosamente assim conhecida, falar de sua família e de muitas pessoas amigas, falar de sua força e coragem, para mim foi importante, e também muito necessário para que outras pessoas pudessem encarar e lutar pela vida com otimismo. Em sua atuação na OASE, Ingrid, além de exercer cargos de diretoria, com dedicação, buscava e levava com seu carro aquelas mulheres que, por uma razão ou outra, não tinham como vir à OASE, aos cultos. Fazia trabalho voluntário na comunidade como secretária executiva, em meio turno. Cada membro, no dia do seu aniversário, recebia cumprimentos através de um telefonema. A JELFI (Juventude Evangélica de Foz do Iguaçu) também teve a motivação de pais, famílias e de Ingrid, contribuindo com sua motivação, alento e coragem para novos desafios para este grupo. No Canto Coral atuava indiretamente e fazia o possível para o bem-estar das e dos participantes através dos seus serviços voluntários. Seu apoio era fundamental, pois ajudava no crescimento de todas as pessoas. Presenciei, algumas vezes, pessoas que ficavam sem saber o que fazer quando uma amiga, um amigo ou parente estava sofrendo por causa da morte de uma pessoa querida, e lá estava Tia Ingrid com sua ação, um abraço... a presença sempre tão próxima para ajudar, consolar com palavras bondosas e ajuda prática. Tia Ingrid mantinha contato com estas pessoas, famílias enlutadas depois da perda de alguém querido. Momentos difíceis de despedidas também ocorreram na sua família. A morte invade a vida, muitas vezes pega todos de surpresa e leva embora as pessoas que amamos. Tia Ingrid e Ingolf, com confiança e na esperança de que Deus também sente as suas dores, enfrentaram o sofrimento, conforme o Salmo 55.22: “Entregue os seus problemas ao Senhor, e ele o ajudará”. “Ele cuida de vocês” (1 Pedro 5.7).


Entre muitas surpresas, um dia, recebi uma caixa em papel de seda e um laço dourado. Ao abri-la, fiquei iluminada. Um presente lindo e misterioso. Debrucei-me para olhar e abrir o pacote. Tantos sentimentos se misturaram à minha emoção. Beleza, alegria, coragem, amor, gratidão, amizade, carinho, criatividade.... Depareime com tantos sentimentos resumidos todos num só pacote. Com espanto tirei daquela caixa uma linda toalha bordada em ponto-cruz, girassóis. Uma perfeição. Encontrei naquela toalha muita dedicação, muito empenho. Linhas coloridas ligando ponto a ponto. Assim, Tia Ingrid e Tio Ingolf fizeram com que a alegria chegasse muitas vezes à vida de minha família, em tempos difíceis. Entrelacei todos estes sentimentos numa caminhada de muita luta, emoção, recomeços e felicidades. Assim, Tia Ingrid, com seu jeito de ser e atuar na OASE e na Comunidade, dedicase ainda hoje aos cuidados de familiares e outras pessoas. Atualmente motorista, enfermeira, babá, administradora da fazenda.... Porém, sempre ativa no cuidado da vida, de pessoas idosas e familiares. Membros da IECLB desde o Batismo e a partir dele, Ingolf e Ingrid receberam e recebem forças para viver a beleza de serem abraçados sempre pelo Deus Consolador nas angústias e nas alegrias.

(Relato e redação de Telma Merinha Kramer)


Nome: Iracema Schultz Schwalm Participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangelica de Confissão Luterana da PazCerro Grande do Sul-RS Comunidade Jesus Salvador Sínodo Sul-Rio-Grandense

A história aqui registrada é de Iracema Schultz Schwalm, filha de Bernardo Schultz e Erica Bonness Schultz. Ela nasceu em 17 de julho de 1948, em São Jeronimo, foi batizada no dia 12/12/1948 e confirmada no dia 13/08/1961. Iracema casou-se com Helio Cunha Schwalm no dia 18/07/1970 com quem teve quatro filhos e uma filha. Iracema participa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil desde seu nascimento. Seu avô, Eduardo Schultz, foi um dos fundadores da Comunidade em Capitão Garcia, interior de Sertão Santana. Em Tapes/RS, Iracema ajudou de diversas formas na Construção do Templo. Ela conta que foram realizadas muitas festas, ofertas, chás organizados pela OASE, grupo do qual ela participa assiduamente ainda hoje. Passaram-se seis anos entre a construção e a inauguração do Templo da Comunidade de Tapes. Na época, trabalhava na, já extinta, Paróquia Trino Deus a Pastora Marli Brun. O apoio dela foi muito importante para que a Comunidade da IECLB viesse a existir em Tapes. Iracema conta que o primeiro casamento a se realizar no Templo, recéminaugurado, foi o casamento de sua filha Liziane.Schwalm.Munhoz com Sergio Munhoz. Outros momentos que marcaram a vida de Iracema nesse templo: a Confirmação dos filhos mais novos e agora a Confirmação dos netos mais velhos, também, o Batismo dos netos pequenos.


Dentre os aspectos que Iracema considera importante na vida Comunitária estão: Encontros Bíblicos, Cultos, OASE, Dia do Jejum, Dia Mundial de Oração, Natal, Pascoa, Chá da OASE, Almoços Comunitários, Cultos da Colheita, Encontros de Juventude etc... Iracema colabora e contribui na comunidade de diferentes maneiras. Ela ajuda na limpeza da igreja, com doação de utensílios domésticos para a comunidade, entre outros. Iracema gostaria de poder fazer mais pela comunidade, mas ajuda no que pode. Ao falar sobre o que mudaria ou faria diferente, Iracema desabafa: por vezes, já tentei fazer e trazer coisas novas para a comunidade, mas não encontrei apoio. Ela comenta que, por causa de suas ideias, seu ponto de vista, muitas vezes se sentiu humilhada na comunidade. No entanto, não desistiu de sua fé e nem de contribuir na vida comunitária. Todos os dias Iracema ora pedindo proteção e bênçãos para a família, filhos, noras, genro, netos, irmãos, tios, tias, primos, enfim, amigos e também os não amigos. Sabe-se pecadora e por isso pede perdão diariamente a Deus. Iracema considera-se feliz por ter conseguido que os filhos permanecessem na Igreja de Confissão Luterana, atuantes na Comunidade, ocupando cargos de presbíteros. Ela conclui dizendo que se sente uma fundadora da Comunidade em Tapes. Pois, antes mesmo da construção do templo, ela já participava de cultos que eram realizados nas residências de Belmira e Bruno Schrank, Adelia e Alfredo Weinheimer, Cilda e Armando Schultz.

História de vida coletada e redigida por Isolete Marcia Folmer.


Nome: Iracy Engelmann Zwetsch Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Paz Paróquia: Joinville Sínodo: Norte Catarinense

Iracy nasceu em Porto Alegre, na rua Ipiranga, próximo ao entreposto de leite. O parto ocorreu em casa com o auxílio de uma parteira, como era comum na época. Ela foi a primeira de cinco irmãs: Iracy, Edith, Gerta, Marlene e Elsi. Seu batismo aconteceu no dia 25 de dezembro de 1930. Como não eram membros da Comunidade de Porto Alegre/RS, fizeram o batismo na Comunidade Evangélica de Estância Velha – RS, onde residiam seus avós e familiares e onde ela também foi confirmada em 21 de novembro de 1943. Seus padrinhos e madrinhas foram: Hulda e Albano, irmãos do pai; Albino, Irma, e o casal Edmundo e Hermínia, parentes da família da mãe. Iracy lembra que nasceu no ano da revolução encabeçada por Getúlio Vargas e que o levou ao poder nacional por 15 anos. Na época da revolução, as casas foram revistadas para ver quem tinha algum cavalo para ceder aos revolucionários. O pai Ervino, para evitar que levassem seu cavalo, usou o bercinho da menina para disfarçar o fato de terem escondido o cavalo atrás da porta do quarto do casal. O avô precisava do animal para o seu trabalho de comerciante. Ela conta que desde pequena participava do culto infantil na Comunidade Martim Luther, da avenida D. Pedro II, em Porto Alegre. O P. Fritz Vath era o pároco, muito respeitado entre as famílias. Iracy estudou na escola junto à igreja. A escola ficou fechada na época da 2ª Guerra (1939-1945), pois a alfabetização era feita em alemão. Mas a diretora reabriu a escola três meses depois do


fechamento com o nome de Escola Particular D. Pedro II. Iracy se lembra muito bem dos nomes de seus professores e de sua professora da época: Selívio Kehl; Sigfried Dietsche; Iris Dreher. Hoje o prédio da escola é considerado patrimônio histórico da capital. Iracy e mais duas de suas irmãs estudaram nesta escola. Iam e voltavam a pé, pois moravam na rua Cristóvão Colombo. Conta que era uma boa caminhada, feita com alguns amigos, como Hans e Oto. Tinha uma amiga, mas não conseguiu lembrar o nome dela. Ela começou o estudo primário com 6 anos. Frequentou somente as quatro primeiras séries escolares, mas sempre teve excelente escrita e aperfeiçoou a leitura e interpretação de textos, pois sempre gostou de ler e escrever. Como aprendeu desde pequena a língua alemã, com o tempo e esforço pessoal passou a ler em alemão e se comunicar bem na linguagem oral. Este preparo fez com que, muitas vezes, assumisse mais tarde o cargo de secretária em diretorias da OASE e no trabalho da diaconia nas comunidades de que participou. Na juventude participou, em Santa Rita, distrito de Canoas – hoje Nova Santa Rita – da Igreja Anglicana. É que na vila só havia Igreja Católica e Episcopal Anglicana, enquanto a Igreja Protestante vinculada ao Sínodo Riograndense se reunia no distrito de Berto Sírio e era atendida esporadicamente por pastores vindos de Porto Alegre. Quando não vinha pastor do Sínodo, ela e as irmãs participavam da escola dominical e do grupo de jovens da Igreja Anglicana, atendida pelo Reverendo Nadal, que vinha de Porto Alegre e trazia a mensagem do evangelho. Anotamos esta integração para demonstrar que, desde jovem, Iracy já exercitava as relações ecumênicas entre igrejas; inclusive tinha uma amiga muito chegada, que foi sua madrinha de casamento, de nome Eduarda, a quem chamavam carinhosamente Maninha. Eduarda casou-se com um rapaz evangélico luterano em Berto Sírio. Iracy conta ainda que sua irmã mais nova, Elsi, foi batizada na Igreja Episcopal e teve como madrinha Dona Filinha Fraga, esposa de um empresário local. Mais tarde, seu pai Ervino decidiu voltar com a família para Porto Alegre, onde organizou um comércio de secos e molhados. Iracy e sua irmã Edith auxiliavam como vendedoras. Iracy conheceu seu futuro marido nestes tempos e o aguardava passar “pendurado” no bonde quando voltava do emprego. Casou-se com 21 anos, em 17 de novembro de 1951, com Ernesto Ervino Zwetsch, nascido em Campo Bom. Ele veio para a capital aos 15 anos, em busca de emprego e estudo, e morou nos primeiros tempos com o irmão mais velho até tornar-se independente. Lá acabou encontrando o amor de sua vida. O casamento ocorreu em Canoas/RS, para onde sua família havia se transferido em função dos negócios do pai. A Bênção Matrimonial foi celebrada numa casa em que a comunidade se reunia para cultos e ofícios e que, mais tarde, tornou-se casa pastoral da Comunidade Evangélica


de Canoas. O pastor morava junto à Comunidade de Esteio e de lá atendia a Comunidade de Canoas. O P. Wilhelm Meirose foi o celebrante das bodas. A lua de mel – se é que se pode falar assim – já foi na casinha que ganharam do pai de Iracy. Ervino desenhou a casa e seu cunhado a construiu: tinha um porão com pedras, e na parte principal havia quatro peças: quarto do casal, onde havia uma banheira em que colocavam água quente para o banho, cozinha e sala e, nos fundos do terreno, a latrina. Tiveram cinco filhos: três meninos e duas meninas (Roberto Ervino, Eduardo Ernesto, Liane, Gilberto Raul e Irene). Iracy sempre levava os filhos e as filhas o culto infantil na Comunidade de Canoas. Aos 25 anos, ela já iniciou sua participação no grupo de OASE da Comunidade de Canoas, enquanto suas irmãs cuidavam das crianças. Desde então, participa da OASE em todas as comunidades por onde passou com a família. Hoje, com 84 anos, ainda é membro ativa na OASE Tabita da Igreja da Paz, em Joinville/SC. Em 1966, a família mudou-se para Caxias do Sul/RS, onde o marido passou a trabalhar numa indústria local, buscando melhoria de vida. Nessa cidade, continuou ativa na OASE. As reuniões eram quinzenais e aconteciam nas casas das participantes, com a orientação da esposa do Pastor Robert Maland, Srª Anna Maland, missionários da Igreja Evangélica Luterana dos EUA e que passaram a atuar, junto com outros colegas, em parceria com a IECLB. Na época, a comunidade de Caxias do Sul ainda não tinha templo, utilizando as dependências da Igreja Metodista para a realização dos cultos aos domingos. Esta fraternidade ajudou a comunidade a vivenciar uma abertura ecumênica desde sua fundação. Nesta comunidade, Iracy também colaborou como professora do culto infantil, que também acontecia nas casas das famílias, e depois no porão da casa pastoral. Em Caxias do Sul, Iracy e sua família participaram de muitos mutirões para a construção da casa paroquial e do templo, inaugurado na década de 1970. Em 1969, a família se mudou para Curitiba/PR, devido à mudança de emprego do marido. A família viajou com uma recomendação para estabelecer contato com o Pastor Richard Wangen, então pastor de estudantes naquela cidade. Ela se vinculou e participou ativamente da Comunidade do Redentor localizada no centro da capital paranaense. Aí já encontraram uma comunidade estruturada, onde atuavam dois pastores: P. Johannes Blümel e P. Heinz Ehlert. Iracy participava da OASE e também auxiliava no culto infantil, onde incentivou a filha mais velha a também colaborar. A família morou quatro anos nesta cidade, e então o esposo recebeu nova proposta de emprego que levou a família a mudar para Joinville/SC. Nesse ínterim, o filho mais velho, Roberto, já havia se transferido para São Leopoldo, onde foi estudar teologia com vistas a tornar-se pastor. Eduardo resolveu


continuar estudando em escola técnica e permaneceu em Curitiba, morando numa casa de família da comunidade, com a intermediação do P. Blümel. Em Joinville, a família inscreveu-se na Paróquia da Paz, no centro da cidade, pois moravam próximo dali. Nesta paróquia, a família atuou ativamente em cultos, festas, culto infantil, Juventude Evangélica e mesmo em cargos da diretoria. Iracy e Ernesto integraram-se no Coral da Paz e no grupo doméstico de estudo bíblico, tendo participado de um programa que foi muito importante na época, o Curso “Redescoberta do Evangelho”, coordenado pelo P. Ulrico Sperb. Iracy continuou contribuindo na OASE, dedicando-se de modo especial ao trabalho da Assistência Social. Nesse trabalho, conviveu por anos com famílias pobres da periferia de Joinville e descobriu o que significava para aquelas mulheres e crianças o sofrimento causado pela pobreza e o descaso das administrações públicas. Esta experiência certamente a ajudou a desenvolver um senso crítico quanto às injustiças sociais que ainda hoje existem na sociedade brasileira. Iracy também auxiliou no início e na formação do grupo de OASE Margarida na Comunidade Cristo Libertador, no bairro Boa Vista, de Joinville. Foram, mais ou menos, 20 anos de participação ininterrupta, nesta cidade. Quando seu esposo se aposentou em 1990, voltaram a morar em Curitiba, por alguns anos, participando ativamente da Comunidade do Pilarzinho, onde ela se integrou ao grupo local da OASE e onde participaram das atividades regulares da comunidade luterana. Como Ernesto e Iracy foram sempre “meio nômades”, decidiram retornar para o Rio Grande do Sul, especificamente para Osório, onde haviam construído uma casa de veraneio, que também havia sido pensada como a casa da aposentadoria. Também nesta cidade experimentaram intensa vivência comunitária e ecumênica, pois nela o coral era formado em conjunto com a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), enquanto os cultos eram realizados no templo da IELB. O pastor de Tramandaí era o responsável pelo acompanhamento à comunidade de Osório, celebrava os cultos e dirigia outras atividades comunitárias. Iracy participava da OASE e o casal participava do grupo de casais. Moraram poucos anos em Osório, quando Ernesto sofreu um AVC. Decidiram, então, retornar a Joinville, pois os dois necessitavam do apoio dos filhos. O casal voltou para Joinville, onde residem Liane, a filha mais velha, com a família, e Gilberto, o filho mais novo, com sua família. Desde então, Iracy recebeu o apoio e o carinho desses familiares, uma vez que Eduardo e família, Roberto e família e Irene e família vivem noutras cidades – a filha mais nova inclusive na Suíça, para onde Iracy viajou em duas oportunidades. Ao retornarem para Joinville, em 1996, continuaram vinculados à antiga comunidade – Paróquia da Paz –, onde ainda tinham muitos conhecidos e puderam experimentar uma convivência fraterna. Iracy voltou a participar do grupo de OASE Tabita e do grupo de oração que já conhecia. Ali estavam em


casa, novamente. Iracy teve a experiência de um câncer de mama, que foi retirado, e, com a graça de Deus, não precisou fazer quimioterapia, tomando somente a medicação oral. Depois houve a suspeita de câncer de útero, que também foi extraído, e de novo somente precisou continuar com a medicação oral. A doença foi enfrentada com coragem e confiança em Deus e o apoio da família, que sempre esteve ao seu lado. Iracy perdeu seu esposo, vítima de um câncer de intestino, no início do ano de 2006. Foi uma experiência que a marcou profundamente. A viuvez lhe trouxe novos desafios, que ela encarou com muita fé. Como vivia num apartamento no centro da cidade e tinha participação comunitária próxima, viveu sozinha por alguns anos. Então, sua neta Vanessa veio morar com ela, durante uns dois anos. Em seguida, a filha Liane e o genro foram lhe fazer companhia por mais de um ano, até que ela tomou a decisão de se transferir para o Lar Bethesda em Pirabeiraba, distrito de Joinville, pois, por causa da idade, julgou mais sensato não ficar sozinha. A decisão de se mudar para o Lar foi tomada depois de muita reflexão com filhas e filhos e sem nenhuma pressa. O Lar Bethesda é uma instituição ligada à IECLB, com excelente infraestrutura, contando com uma diácona, um pastor aposentado que auxilia nas meditações diárias, uma profissional de educação física, equipe de enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos e técnicas de enfermagem, nutricionista e assistente social, de modo que proporciona um cuidado integral às pessoas que lá vivem. Uma boa área verde, um quarto com banheiro privativo e amplos espaços coletivos, e uma capela central completam aquele espaço. Lá Iracy pode acompanhar as meditações diárias e outras atividades interativas com profissionais competentes que ajudam as pessoas idosas a movimentar o corpo e ativar a memória. Mesmo morando na periferia de Joinville, Iracy continua participando de seu grupo de OASE Tabita na Paróquia da Paz, para onde vai com uma vizinha do lar, sua amiga, que dirige o próprio carro. No Lar, além de participar das atividades coletivas, faz fisioterapia, participa de um projeto com um fisioterapeuta doutorando e continua cultivando seu hábito de ler regularmente e ouvir música. Gosta de estar informada e, por isto, assiste aos telejornais locais e nacionais. Iracy teve a alegria de receber 11 netos, sendo um já falecido, Hoje, a maioria já está casada, de tal maneira que já lhe deram seis bisnetas e um bisneto. Três das bisnetas residem em Joinville, e os demais no Rio Grande do Sul e em Brasília. Estas crianças são, nesta altura, a sua “alegria de viver”, como ela mesma diz, nos seus 84 anos de vida. O que se pode concluir deste apanhado da vida de uma senhora que enfrentou muitas mudanças ao longo da vida, muitos desafios novos que lhe exigiram deixar para trás a família de origem, laços de amizade, e a chamaram para criar novas amizades, outros engajamentos e relacionamentos?


Como ela mesma testemunha, duas constantes marcaram sua existência: a) a participação comunitária nas diferentes paróquias a que a família se vinculou: b) o desenvolvimento de uma fé alicerçada no evangelho da graça, do amor e da compaixão de Deus, que foi e continua a ser o alicerce de sua vida até hoje. Iracy é uma pessoa de oração cotidiana, com espírito otimista e alegre. Por isto mesmo, fez muitas amizades durante toda a vida, muitas das quais nem a distância conseguiu diminuir. É esta confluência de fé, testemunho e alegria que encanta suas amigas, suas filhas e filhos, e sobressai em sua narrativa. Eis aí alguém que deixou marcas por onde passou e continua a desafiar as novas gerações. Membro contribuinte da OASE há 58 anos! Perguntada se tinha um lema de vida, foi direta: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia n’Ele, e o mais Ele fará!” (Salmo 37.5). Liane Zwetsch Klamt1

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Catequista da IECLB, graduação em História, educadora, pós-graduada em Educação – Contação de Histórias.


Nome: Iria Conter Kaminski Participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana da PazCerro Grande do Sul-RS Comunidade Cristo Rei- Picada da Cruz Sínodo Sul-Rio-Grandense

A história aqui registrada é de Iria Conter Kaminski, filha de Eduardo Adriano Conter e de Irma Eckert Conter. Ela nasceu em 28 de janeiro de 1951, em linha Capitão Garcia, interior de São Jeronimo, hoje Sertão Santana/RS. Ela foi batizada no dia 26 de março de 1951 e confirmada no dia 28 de junho de 1964, em Águas do Verê PR. Irma participa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil desde seu nascimento. Ela contou que tinha dois anos de idade quando seus pais se mudaram para o Paraná, por causa de uma promessa de terra que ganharia do governo. Ela lembra que eram dois irmãos e sua mãe estava gravida. Quando chegaram ao Paraná só encontraram mato, nenhuma estrutura. Como casa, tinham uma barraca e a sobrevivência vinha da caça e da pesca. Com o nascimento do irmãozinho, seus pais tiveram que amarrar um cesto acima da cama do casal, pois não havia outro espaço na casa para acomodá-lo. Iria revela que a sua infância não foi fácil. A mudança de estado do Rio Grande do Sul para o Paraná e a falta de dinheiro marcaram tempos difíceis na família. Iria tinha 13 anos de idade quando calçou seu primeiro sapato. Foi no dia da sua Confirmação. Com sua mãe, Iria aprendeu a amar a igreja e a participar da vida em comunidade. Ela conta que quando se mudou para o Paraná ainda não tinha Igreja na localidade. Nesse tempo, as pessoas se reuniam nas casas. Mais tarde, com a comunidade já constituída, a mãe de Iria, dona Irma, tornou-se uma importante liderança. Ela era responsável pelos ensaios natalinos, pela coordenação da OASE e era membro do Coral. As aulas de Ensino Confirmatório eram coordenadas pelo Sr. Vili Kaminski, que mais tarde, veio a ser o cunhado de Iria.


Logo depois de casar-se com Ignácio Kaminski, Iria retornou para o Estado do RS. Ela e Ignácio tiveram sete filhos. Para Iria, a igreja sempre foi importante. Em cada etapa da sua vida a igreja se faz presente: batismo, confirmação, participação no coral, casamento, OASE, festas, luto, enfim,. Ela ressalta a importância dos cultos e da santa Ceia para se fortalecer na fé e enfrentar as dificuldades diárias. Para ela, a igreja é um importante espaço de encontro com as pessoas. Ela agradece a Deus pelo fato da comunidade estar perto de onde ela mora, o que facilita a sua participação nas atividades. Iria gosta muito de cantar. Ela conta que aprendeu a cantar com sua mãe. Quando jovem, ela participava do Coral. Para ela, o canto é fundamental no culto. Outro oficio que aprendeu de sua mãe, através do qual adora ajudar as pessoas é a massagem. Ela também gosta de colaborar na comunidade fazendo cucas para as festas. Perguntada se mudaria ou faria algo diferente até então, Iria respondeu dizendo que gostaria de ser mais espontânea para expor melhor as suas ideias. Ela ressalta que já consegue se expressar melhor e isso se deve a participação ativa na sua comunidade de fé. Através de todo o seu viver e agir, Iria procura demostrar a sua fé. Sempre procura motivar e convidar sua família, filhos e netos, a participar da vida comunitária. Da mesma forma que fazia sua mãe, Iria procura mostrar em casa o quanto a vida de fé, a vida em comunidade é importante Dos muitos momentos em comunidade, Iria lembra de ofícios que marcaram a sua vida. O Batismo foi um passo importante dado por seus pais e padrinhos em sua direção. Mas a confirmação foi o primeiro passo, dado por ela, para dentro da fé. Foi o seu SIM ao discipulado. Ela lembra bem do vestido que usou e de que foi a primeira vez que calçou uma sandália. Outro momento marcante foi o dia de seu casamento. O casamento no civil foi de manhã, a festa durante o dia e as 18h aconteceu a benção matrimonial na igreja. Palavra de dona Iria: Sempre participei na Comunidade de Confissão Luterana, tanto no Paraná quanto aqui, na Picada da Cruz- Cerro Grande do Sul-RS onde sou membro assídua. Participei nos cultos, nas festas (trabalhando na cozinha), na OASE, fazendo cucas e pães para as festas. Na IECLB, recebo muita força da comunidade. Nela me sinto muito bem acolhida e fortalecida. Quando eu ficar idosa, quero que Deus me ajude


para que eu não adoeça e possa continuar ajudando e participando na comunidade, sempre com alegria e canto. Que Deus nos abençoe.

História coletada dia 18/11/2016 por Cleci Vaz Grudzinski


Nome: Irma Maria Uebel Participação na IECLB: Desde o Batismo Paróquia: Evangélica de Confissão Luterana de Água Boa Comunidade: Água Boa - MT Sínodo: Mato Grosso

Sou Irma Maria Uebel, filha de Lindolfo Zingler e Adanita Iappe Zingler, nascida em 21 de setembro de 1941 em Palmitos /SC, casada com Adelir Jacob Uebel, em 14 de março de 1964, mãe de dois filhos e uma filha, sogra de duas noras e um genro, vó de seis netas e um neto. Sou de uma família de seis filhos e agradeço a Deus e a meus pais por terem me dado a oportunidade de estudar. Quando jovem, acompanhei a minha irmã Irma, indo a Porto Alegre/RS fazer o curso Técnico em Enfermagem, no Hospital Moinhos de Vento. É, minha irmã Irma e eu temos o mesmo nome, caso do destino. Irma era 4 anos mais velha e quando papai foi me registrar informou ao escrivão o meu nome: Irmgard. Porém, naquela época, não era permitido registrar filhos com nomes de origem alemã e, por decisão do escrivão, fui registrada como Irma. Que susto para meu pai, “Mas já tenho uma filha com este nome” disse meu pai ao escrivão. Então, o escrivão tomou mais uma decisão: “vamos acrescentar Maria ao nome dela”. Assim, fiquei para os registros civis como IRMA MARIA ZINGLER e minha irmã IRMA ZINGLER. Porém, para os registros religiosos e as pessoas que me conhecem no Sul, sou IRMGARD ZINGLER. Este fato já nos rendeu (a mim e a minha irmã) várias risadas juntas. No sul, amigos e familiares nos conheciam como Irmgard e Irma. Quando cheguei ao Mato Grosso, logo pensei: - “agora vou poder usar o meu nome sem confusão”. Foi a melhor escolha, pois para os mato-grossenses, falarem o meu nome era muito difícil. Naquela época, estudar era questão de escolha. Sempre tive vontade de estudar. Saí de casa logo cedo, aos 14 anos, para estudar em Panambi – RS. Lá


morei na casa do Dr. Henrique Liberknecht trabalhando como babá e no cuidado com as atividades da casa. Nesta época, meus pais moravam na linha Diamantina em Palmitos – SC. Era difícil para manter um filho longe de casa estudando. Então, nos deram a possibilidade de estudar e morar na casa de uma pessoa conhecida e, luterana como nós. Nunca foi fácil! Lembro-me de uma ocasião, quando tive que ser operada do apêndice e, meus pais nem sabiam de nada. Quanta dor! Lembro-me que a dor vinha até o estômago. O Dr. Henrique dizia: “isso é saudades de mãe...” Não sabia que saudade doía tanto. A recuperação pós-cirúrgica foi em casa, tudo para diminuir os custos no hospital. Passei muito mal. Tive muita febre, mal estar... Era inverno e frio. Naquela tarde, recebi a visita de uma amiga da casa e ouvi a esposa do Dr. Henrique, a senhora Ruth, desabafar com ela: “ela não está reagindo e se o pior acontecer não dá nem para chamar os pais dela, pois o rio Uruguai não está dando passagem”. Eu estava de olhos fechados e ouvindo esta conversa. Reagi imediatamente. Não poderia imaginar tamanha tristeza de meus pais se algo assim acontecesse. Até hoje acredito que o Dr. Henrique e sua esposa não entenderam a rapidez da minha recuperação. Concluí os estudos em Panambi. Mas eu queria mais. Então, como minha irmã Irma já estava morando no internato do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre – RS, escrevi-lhe uma carta. Combinamos que eu iria para a casa de meus pais, em Diamantina, para aguardar o momento certo de viajar. Conforme combinado, era uma tarde linda e embarquei no ônibus com destino a Iraí/RS, onde pegaria o avião até Porto Alegre, seguindo todas as recomendações de minha irmã: - “chegue na hora certa! Não converse com estranhos”. O que não estava nos planos, era eu chegar atrasada no aeroporto e perder o voo. Sem telefone para me comunicar, bateu o desespero. Então, contrariando as recomendações de minha irmã pedi ajuda a um estranho que, gentilmente remarcou meu voo para outro dia. Voltei, então, para Diamantina aguardar o dia correto de viajar. Nesse tempo, minha irmã fora por três vezes ao aeroporto sem sucesso de me encontrar, pensando que eu havia desistido de estudar em Porto alegre. Três dias depois, retornei ao aeroporto, agora sim, no horário correto. Chegando em Porto Alegre, achei tudo muito estranho e diferente do que eu estava acostumada. Irma não sabia que eu chegaria e também por isso, não me aguardava no aeroporto. Com ajuda da guarda consegui ligar para o Hospital Moinhos de Vento, onde Irma trabalhava, e falar com ela. Insegura, mas confiante nas orientações, peguei um taxi para encontra-la.


Minha vontade de aprender era grande. Neste hospital trabalhei como enfermeira auxiliar no Centro Cirúrgico e fui chefe do Berçário. Chegaram as férias, mas como ir para casa sem dinheiro? Afinal de contas, havia escrito apenas uma carta para nossos pais, dizendo que as férias haviam chegado e que eu precisaria de dinheiro para poder visita-los. Até o dinheiro chegar, as férias já teriam passado. Então, as irmãs liberaram o pensionato para que aguardássemos lá. Esta era mais uma forma de incentivar para com que nós nos tornássemos irmãs do convento evangélico luterano. Continuamos mais um ano de estudos no Hospital e no dia 1º de outubro 1960, na presença de Deus e da assembleia, fiz o juramento e recebi o certificado de Auxiliar de Enfermagem do Hospital Moinhos de Vento. Chegando de volta a Palmitos, fui trabalhar como auxiliar de enfermagem no Hospital Municipal, ao lado do Dr. Ivo Poiter (nosso compadre – padrinho da Margid), minha irmã Irma e muitos outros colegas no período de 1960 a 1964. Em 20 de junho de 1969, conclui o Curso de Enfermeira Obstetra pelo Curso Guanabara de Ensino Livre. Este foi um período abençoado e agradeço muito a Deus e aos meus pais pelas oportunidades que minhas irmãs e eu tivemos para estudar. Sempre digo para meus filhos: “não chorem na frente de seus filhos quando estiverem saindo de casa para estudar. Na despedida, deem forças e coragem para enfrentar este período.” As lágrimas, muitas vezes nos enfraquecem e o que precisamos neste momento é de muita força. Era assim que meus pais faziam, porque eram descendentes de alemães. E, alemão tem aquele sentimento contido que mal dá um aperto de mão. Mas sinto que seria bom receber um enorme e forte abraço na hora da partida e da chegada. Hoje, saio “distribuindo e colhendo” abraços afinal, aprendi que precisamos de 20 abraços diários para recarregar as nossas “baterias”. Em meados de 1973, em Palmitos, meu esposo, eu e nossos três filhos, saíamos pelo interior a fora, nas conhecidas colônias catarinenses, com a Kombi da família, convidando a população para assistir as seções de cinema que, mais tarde, seriam reproduzidas nos Salões Comunitários. Essa era uma forma de proporcionar um pouco de alegria àquela população, e também uma renda extra para a nossa casa. Esta rotina acontecia pelo menos três vezes por semana. Sabendo desta atividade, o Sr. Norberto Schwantes entregou ao meu esposo um “trailer”. O trailer falava de uma terra promissora, onde “tudo que se planta dá, onde o agricultor trabalha seis meses ao ano e tem seis meses de férias”. Localizada no interior do Mato Grosso, a cidade que aprecia no trailer era Canarana, aproximadamente oitocentos quilômetros da capital mato-grossense. Com o objetivo de atrair novos imigrantes para a região, o trailer era reproduzido


antes dos filmes de entretenimento. As imagens eram lindas, atraíam a atenção de muitas pessoas, inclusive a nossa. Em julho de 1973, o Sr. Norberto Schwantes organizou a primeira caravana à cidade de Canarana, da qual meu pai Lindolfo, conhecido como Grossvater e o cunhado Olívio participaram. Foi uma decepção! Quase três dias de viagem, um dia e meio de estrada de chão em região seca e sem plantação, com poucos recursos. O Hospital mais próximo de Canarana estava cerca de 200 km e o Banco a 340 km. No inverno, o chão era seco e poeirento, no verão era lamacento. Os dias se passaram e as lindas imagens do trailer permaneciam no meu pensamento. Não me conformei com os relatos de meu pai sobre a região. Numa tarde, saí à procura de meu pai. Andamos pelo potreiro na Linha Diamantina, onde conversamos por algumas horas. Depois daquela conversa fizemos uma reunião familiar onde acordamos que meu esposo Adelir e meu irmão Alfredo iriam para o Mato Grosso. Chegaram lá no dia 7 de setembro de 1973 com uma abençoada chuva. Logo foi tempo de vender os bens que possuíamos no Sul, arrumar a mudança e ir para o Mato Grosso de vez. Dia 20 de julho de 1974, damos início à aventura. Despedimo-nos do sul rumo ao Mato Grosso. Seguimos com um caminhão e duas Kombis, levando a mudança, as famílias e os mantimentos para as refeições à beira da estrada. Além de expectativas e dúvidas, muito ânimo, força e coragem nos acompanharam. A hora era de total mudança (mudar de casa, de Estado, de cultura, de clima, de profissão). As experiências como Auxiliar de Enfermagem e Obstetrícia, e também a prática de meu marido, como Dentista, ficariam na lembrança, visto ser necessário tornarmo-nos agricultores agora. Em 24 de julho, chegamos no Vau dos Gaúchos onde moraríamos por um tempo, já que na fazenda ainda não havia nada. A vila ficava aproximadamente há 60 km de nossas terras. Algumas famílias como a do Sr. Antônio Lindermayer, Sr. Elardo Bortzh, Sr. Bertoldo Beckmann, Sr. Edgar Pinof, Sr. Hugo Lindermayer, Sr. Dionísio Vian e a família Michel moravam lá. E tinha uma escola, onde as crianças poderiam dar continuidade aos seus estudos. Assim que chegamos à vila, soubemos que a escola estava sem professora. Por conta disso, seguimos viagem até à fazenda. Descarregamos a mudança no meio do nada, cercados de mato, cerrado, bichos desconhecidos e um silêncio que me apavorava. Além de atenção, o tempo foi de agradecer a Deus por chegarmos bem e de pedir por proteção para a nova fase de nossas vidas. Pergunto-me: Valeu a pena? Seriamos capazes de repetir esta escolha?


Para os filhos mais velhos isso tudo era uma aventura, pendurar no cipó e gritar como o Tarzan, ouvir o barulho dos macacos e tentar imitá-los. Mas para Andréas e Margid, que eram menores, ficou difícil acompanhar os mais velhos. Imaginei que seria difícil, mas não desse jeito. Que remorso, quanta decepção quando perguntavam: - Mãe! Quando vai ser de novo como era em Palmitos? Chorei muito e ainda choro por ter feito esta loucura. Orei muito para Deus me dar forças e energia para erguer a cabeça e superar estas dificuldades, afinal, todo o sacrifício era para o bem deles. Em Palmitos, meu filho mais velho estava estudando na escolinha. Os menores faziam o Jardim de Infância e tinham a pracinha para brincar. Morávamos no centro da cidade de Palmitos – Santa Catarina, em frente ao Clube 25 de Julho, próximo da escola e do Hospital Municipal Palmitos. Tudo perto de casa. Tirar os filhos deste conforto e levá-los para o meio do mato foi loucura.

As experiências adquiridas com o trabalho no hospital me deram muita coragem para enfrentar as terríveis doenças tropicais que poderíamos encontrar no Mato Grosso. Antes de sairmos de Palmitos preparei um bom estoque de remédios, material de sutura e soro antiofídico (para aplicar em pessoas feridas por cobras e escorpiões), pois sabia que o hospital mais próximo estava a algumas horas da fazenda. Meu esposo, também trouxe seus equipamentos para ajudar alguém da família que precisasse de dentista. Afinal, os equipamentos da época, diferente dos de hoje, eram movidos a pedal e portáteis, muito fáceis de serem transportados. Em janeiro de 1975 meu esposo adoeceu. Não imaginava que pudesse ser a terrível e temida malária. Era dia de ir para Barra do Garças para, enfim, assinar a Escritura da terra. Seu exame de sangue veio negativo para malária. Que alívio. No retorno para casa a febre chegou a 40ºC. Então, resolvemos ir para Nova Xavantina consultar o médico. Mesmo mal e com febre altíssima, Adelir foi dirigindo a nossa Kpmbi abaixo de chuva forte. No caminho, muita solidariedade como a sopa oferecida pela dona Selma, esposa do seu Aluisio Beckmann. Chegamos no Hospital de Nova Xavantina, expliquei os sintomas dele ao médico e ele logo atestou: Malária, e das brabas: “falciparum”. Foi uma longa conversa com o médico a respeito de tudo que tínhamos feito antes de procurar sua ajuda. Contei dos procedimentos que fiz a partir da minha experiência como enfermeira. Mais tarde, ele me convidou para trabalhar no hospital. Nesses dias que ficamos em Nova Xavantina, refletimos muito sobre as condições da escola e da moradia no Vau. Decidimos, então, comprar um terreno e oferecer um futuro escolar para os nossos filhos nesta cidade. Chegando em casa, encontrei minha irmã Elisa muito abatida e pálida. Mamãe achava que era dor de garganta, por ter brincado tempo na água. No dia seguinte, o


vizinho Sr. Jaime Taufer estava indo para Nova Xavantin. Então, pegamos carona e levamos a Elisa para consultar com o médico que a diagnosticou com malária do tipo vivax. Ela ficou internada por três dias no mesmo quarto que o Adelir. No retorno pra casa, por precaução, comprei os medicamentos necessários para dois tratamentos de malária. A chuva foi aumentando e ficamos ilhados entre os rios Areões e Arara. Dois vizinhos estavam passando muito mal, o rio não dava passagem para levá-los ao hospital. Os sintomas eram idênticos ao da minha irmã. Então, resolvi tratá-los com a medicação que havia trazido de Nova Xavantina. Graças a Deus deu tudo certo e eles recuperaram a saúde. Em setembro de 1974, convidei Dona Verena para visitarmos o bebê recémnascido dos vizinhos Vian. Soube que ele não estava bem. A fazenda dos Vian era próximo da vila Vau dos Gaúchos. Fomos a pé. Chegando lá, o Sr. Dionísio estava trabalhando com as máquinas do plantio e colheita de arroz. Dona Célia estava na casa com as crianças. As crianças sempre me chamam atenção e com aquela pequena criança no colo da mãe não foi diferente. Peguei-a no colo e percebi e logo percebi seus pés frios e febre alta. A mãe do bebê, Dona Célia, disse que ele não estava querendo mamar. Aconselhei a levar o pequeno Rogério para Nova Xavantina, onde havia o hospital e médicos para consultá-lo. Dona Célia me pediu para conversar com o Sr. Dionísio. Pai do bebê. Ele disse que, se até o outro dia a criança não melhorasse, o levaria para consultar. Naquele momento, sinto que Deus me usou como instrumento de cuidado. Com coragem falei a Dionísio que o amanhã poderia ser tarde. Dando-se conta da gravidade, ele largou tudo que estava fazendo e levou Rogério para o hospital. Dona Célia estava tão preocupada com a situação do filho que começou a passar mal. Então, deixei meus filhos na casa da tia Voni e acompanhei o casal até Xavantina até o hospital. Era uma tarde chuvosa. As estradas estavam cheias de buracos. Estávamos tensos com a febre de Rogério que não baixava. O Sr. Dionísio lembrou-se que o pequeno ainda não tinha sido batizado. Naquele momento, paramos o carro e Dona Célia e eu o batizamos (Rogério) com a água da chuva. Rogério estava realmente mal. Dionísio já falava em voltar para a fazenda, acreditando que nada mais tinha para ser feito. Ao que lhe disse: Sr. Dionísio, enquanto há vida, há esperança, e seu filho está vivo, então segue em frente. E assim seguimos. Chegando no hospital de Nova Xavantina, pedi à enfermeira que me trouxesse um ventilador, álcool e compressas de gaze para colocar nas perninhas, braços e cabeça do pequeno Rogério. Quando a febre cedeu, Rogério foi medicado. Na manhã seguinte recebemos a notícia de que o pequeno estava fora de perigo. Tão grande foi a gratidão de Dionísio e Célia que sou madrinha do Rogério. Hoje Rogério mora em Mineiros-Goiás, mas quando vem visitar sua irmã em Água Boa não deixa de visitar a madrinha.


Naquele tempo, os cultos com o pastor Hildor Reinke (de Canarana) e as missas aconteciam na escolinha do Vau. Éramos uma grande família ecumênica, longe dos recursos, porém perto de Deus. Sabendo do meu trabalho no Sul, como “parteira e enfermeira”, muitas pessoas doentes foram dirigidas a mim para receber os primeiros socorros. Às vezes, eu emprestava remédios que havia trazido do sul para a família. Logo que as pessoas iam para a cidade, compravam os remédios e me devolviam. Era uma forma de nos ajudarmos enquanto vizinhos. Meu esposo, que era “dentista”, fazia o mesmo. Aos domingos, depois dos cultos de leitura, ele atendia as pessoas que o procuravam com dor de dente. A convite do pastor Hildor Rainke, atendeu como dentista em Canarana, num cômodo da casa pastoral. Nosso objetivo sempre foi trabalhar na agricultura, como agricultores. Para isso, pedimos a Deus que nos desse forças e coragem para enfrentar as mudanças que estavam ocorrendo em nossas vidas. Deus nos deu esta força. Ele nos deu coragem e colocou pessoas necessitadas à nossa frente. Como negar ajuda ao próximo mesmo que seja desconhecido? Nosso lema sempre foi “Não faça aos outros o que não queres que façam contigo”. Já não sabíamos mais onde morar, se em Nova Xavantina (a pedido do doutor para que eu trabalhasse no hospital), em Canarana (a pedido do pastor e da comunidade para meu esposo prestar atendimento) ou em Água Boa (que ficava no meio das duas cidades e mais perto da fazenda). Em junho de 1975 resolvemos morar em Água Boa, apesar de ser a menor vila e de não ter escola por ali. As dificuldades dos primeiros anos aproximaram as pessoas, fazendo-as comungar de um mesmo sentimento: a esperança por construir uma nova História. Essa aproximação levou-nos ao constante respeito às diferenças, por exemplo, a prática religiosa. O primeiro templo religioso construído recebia católicos e luteranos, cada qual realizando em momento combinado a missa e o culto. Essa “congregação ecumênica” reunia-se primeiro na escola de madeira e mais tarde no Pavilhão das Comunidades. Em setembro de 1976, fizemos um encontro com as senhoras luteranas para dar inicio as atividades da OASE. Em junho de 1977 fui eleita presidente da OASE, e como vice-presidente a senhora Maria Dulce Lorens. Como secretária foi eleita Zenaide Lorens Klein e para vice secretária Ernilda Allebrand Müller. Para tesoureira foi eleita Helga Milina Grohs e para vice tesoureira Elzira Grelmann. Os encontros normalmente aconteciam em minha casa e na ausência do pastor fazíamos leitura bíblica, meditação e louvor.


Mesmo com os compromisso de atendimento às pessoas que nos procuravam por questões de saúde, meu esposo e eu, sempre estivemos presentes nas atividades e nas diretorias da paróquia, da comunidade e da sociedade. Após minha aposentadoria, pude voltar com mais ênfase às reuniões e encontros da OASE, o que me traz muita alegria e satisfação. Adoro estar rodeada de mulheres guerreiras com suas habilidades sem igual e principalmente com muita fé.


Nome: Irmgard Schulz Drews Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Ilha da Figueira, Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

A Sra. Irmgard Schulz Drews participa na IECLB desde o seu Batismo. Ela é membra na Comunidade Ilha da Figueira, Paróquia Apóstolo João, em Jaraguá do Sul/SC. Com a graça de seus 84 anos de idade, ela participa nessa comunidade desde a sua fundação, há 33 anos.

Em sua caminhada de vida comunitária, Irmgard percebe ser muito importante todos os espaços que envolvem as pessoas, membros da comunidade: os Grupos de OASE, Grupos de Pessoas Idosas, Coral e Cultos. Destes, ela participou do Grupo de Pessoas Idosas, da OASE, do trabalho de voluntariado, diretoria de grupos e demais espaços comunitários. São atividades das quais ela gosta muito e pretende continuar participando.

A Sra. Irmgard gosta tanto de sua comunidade que não mudaria nada em suas atividades. Nessa mesma direção, ela crê que a fé a motiva para a continuidade da vida e sua participação em tudo, com muita alegria. De forma especial, gosta quando lhe é permitido compartilhar suas histórias e lembranças.


Irmgard lembra com carinho a oportunidade de ter participado da fundação, do crescimento e da edificação da Comunidade Ilha da Figueira, na qual vivenciou tantos momentos belos em sua vida de fé e serviço.

(Por Hiltrud Drews Schunke (filha) e Diácono Jaime José Ruthmann)


Nome: Jantina Brandt Windler Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Da Paz Paróquia: Espigão do Oeste – Ro Sínodo da Amazônia

Vou contar um pouco da minha história. Eu nasci no Espírito Santo, em Itarana no dia 21 de dezembro de 1946. Fui batizada em 23 de Fevereiro de 1947 e confirmada em 05 de Abril de 1959. Me casei dia 03 de Julho de 1971. Em 1972, com seis meses de casada fui para a Rondônia , morar na cidade de Espigão do Oeste, lugar onde moro até hoje. Fui uma das pioneiras. . Com um ano de casada nasceu o primeiro filho, que se chama Ovandio. Quando ele completou três anos, nasceu o segundo filho que se chama Ezequias. E, quando Ovandio completou nove anos, engravidei de novo e nasceu um casal de gêmeos, que se chamam Fabricio e Fabiana. Sou feliz por estes filhos que Deus me deu. Nasci nessa Igreja (IECLB) e estou nela até hoje. Convivi com meu marido dezesseis anos de casados, quando então, ele me deixou e foi morar com outra mulher. Fiquei sozinha com meus filhos para criar. Depois que foi embora nunca mais visitou os filhos, nem na doença e nem na saúde. Não tive apoio nenhum dele. Eu sofri muito, mas venci com a ajuda de Deus. Hoje vivo feliz. Participo do encontro das mulheres (OASE) faz uns dez anos. Assinado Jantina.


Nome: Jenni Wedig Schneider Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha Sínodo: Nordeste gaúcho

Nasci em 09 de julho de 1940, filha de Wilibaldo e Iris Wedig e irmã de Alviro, Alipio, Idor, Lenita, Norma e Jorge. Fui batizada na comunidade da Linha Nova pelo P. Kolfhaus. Sou mãe de Renato e Claudete Schneider e avó de Tobias, Matheus e Isadora. Ingressei na IECLB através do batismo. Quando criança, minha mãe me ensinou a orar, pois ela era temente a Deus e me guiou nos caminhos do Senhor. Meus pais eram inicialmente agricultores e depois meu pai se tornou comerciante. Como caixeiro viajante, buscava as mercadorias e as revendia na vila, mas minha mãe continuou trabalhando como agricultora. Sou a terceira dos sete filhos. Quando comecei a ir para a escola, andava 3 km a pé, com os irmãos e as irmãs. Cursei até a quinta série. Sempre tive muita fé em Deus, pois fui vendo os milagres acontecendo e meus pedidos de oração sendo atendidos. Ia a cavalo para a doutrina. O trajeto era de aproximadamente 6 km. Fiz minha confirmação aos 12 anos. Em 2002, no dia 08 de dezembro, foi celebrado o culto de 50 anos e, em 2012, o culto de 60 anos de confirmação. Aprendi e sempre amei cantar hinos religiosos. Não participei do grupo de jovens porque no interior, em Nova Petrópolis, morávamos na Linha Olinda e a igreja que frequentávamos era na Linha Nova; naquela época, não tínhamos estas reuniões. Comecei a namorar meu marido, Arsenio Alcido Schneider, aos 15 anos, e com 19 anos nos casamos (1959) na comunidade de Arroio Paixão. A cerimônia foi realizada pelo pastor Grazatti, de Linha Nova. Moramos durante os primeiros nove


anos no interior, em Nova Petrópolis. Nesta época, também nasceram os filhos, Renato e Claudete, com a parteira Ida Michaelsen, em casa. Hoje o Renato mora no Estado do Pará e a Claudete em Novo Hamburgo, RS. Em 1968, viemos morar em Novo Hamburgo. Meu esposo trabalhava na construção e eu trabalhei como costureira por 20 anos. Depois, comecei a trabalhar no comércio, como meu pai. Inicialmente, vendia roupas de cama e, depois, semijoias, que vendi até o ano de 2014. Minha caminhada de fé na igreja começou na infância, como mencionei, mas, quando cheguei aqui a Novo Hamburgo, logo comecei a participar na igreja. Fui uma das fundadoras da OASE da minha comunidade, e o pastor Orlando Keil foi o pastor orientador. Em 1979, fui eleita presidenta da OASE, na época do pastor Elio Müller, na comunidade Rincão dos Ilhéus, onde sou membro até hoje. Nesta época, participávamos de estudos bíblicos realizados nas casas dos participantes do grupo. Tempos depois, fui coordenadora da OASE no Sínodo. O passar de todos estes anos trouxe muito aprendizado e crescimento, pois todas as experiências de participar da liderança trazem um crescimento pessoal e cristão muito grande. Hoje me sinto com muito mais liberdade de me expressar e me comunicar, pois como agricultora, vinda do interior, sentia-me muito insegura. Como também falávamos com mais facilidade na língua alemã, por diversas vezes fomos convidadas (eu, minha mãe e mais um casal de amigos) a dar culto em alemão na comunidade do Bairro Primavera, na década de 70. Cantei por muitos anos no coral. Primeiro no coral da Comunidade do Rincão e depois no da comunidade do Bairro Primavera. Na comunidade do Rincão, o regente era o Sr. Alfredo Robinson , o coral era misto e nos reuníamos nas segundas à noite. No Bairro Primavera, o regente era o Sr. Osvaldo Barth, o coral também era misto e nos reuníamos nas terças à noite. Fiquei viúva aos 74 anos, em 2014. Arsenio foi meu primeiro e único grande amor. Estávamos casados há 55 anos e tínhamos um relacionamento maravilhoso de parceria, cumplicidade e respeito. Foi um presente de Deus. A partir daí, fui morar com minha filha, seu companheiro Adriano e os netos Matheus e Isadora. Lá fui muito bem acolhida e tive que iniciar uma nova fase na minha vida, com sofrimento, mas também muita fé em Deus e apoio de toda a família. Hoje vivo a alegria de ver minha filha e meus netos participando ativamente na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana do Bairro Primavera em Novo


Hamburgo. Meu neto Matheus participa na liderança da Juventude (JEP), minha neta Isadora participa do Coral Infantil da Comunidade e minha filha Claudete participa de um grupo vocal feminino (MIRIÃS), atua como voluntária no grupo de Terceira Idade e na liderança de um Projeto de Refeição Solidária. Continuo participando da minha comunidade do Rincão, nos cultos, na OASE, no Grupo de Terceira Idade, no grupo de trabalhos manuais (Diaconia), e acompanho minha filha e sua família também nas atividades na Comunidade do Bairro Primavera. Procuro me cuidar muito bem, fazendo hidroginástica e tendo um bom acompanhamento médico, e tenho certeza de que toda a força que tenho vem de Deus.

(História de vida coletada por Claudete Schneider e Joseida Schütt Zizemer)


Nome: Joanilde Gaedtke Participação na IECLB: desde o casamento Comunidade: Martim Lutero, Paróquia Ev. de Conf. Luterana Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Hoje, penso que poderia passar a noite escrevendo, são tantas as ideias que passam por minha mente, são tantos pensamentos que até fica difícil escolher o que escrever. A igreja me desafia e assim sendo, aqui deixo registradas emoções pelas quais passei dentro dessa igreja de confessionalidade luterana. Bom, tenho que mencionar que fui batizada e crismada na igreja Católica, na qual aprendi a amar a Deus sobre todas as coisas, respeitar o meu próximo como a mim mesma e a ter um amor muito especial pela mãe de Jesus, por ter sido ela a escolhida para tutora deste tão grande ser, enfim... Foi nessa igreja (católica) que aprendi a engatinhar na fé. Depois de meus 23 anos de idade, passei por uma trajetória de árdua batalha entre o catolicismo e o protestantismo. Minha avó paterna tinha a triste crença de que eu não mereceria mais comungar (tomar a santa ceia) junto dos eleitos de Deus, caso eu viesse a me casar na igreja Luterana. Também tive que me submeter ao julgamento dos que se diziam crentes e fiéis da Igreja Luterana. São episódios hoje superados, mas que me causaram muita dor e sofrimento, pois já não me sentia “digna” em nenhuma das duas religiões. As pessoas conseguem nos deixar no chinelo quando estão resolvidas que tem razão e são doutoras de seus fúteis argumentos. Em determinada ocasião, já frequentando a igreja luterana por opção, dando Culto Infantil na comunidade local, fui convidada a participar de uma reunião regional. Na ocasião, houve debate sobre a aceitação e aproximação das duas igrejas, Católica e Luterana. Lá,


definitivamente tive que me dobrar, chorar e ver como somos todos hipócritas quando olhamos para o alto e dizemos ser uma igreja acolhedora, fraterna, amiga. Naquela reunião ouvi vários depoimentos de pessoas aparentemente esclarecidas. Pensei: - Meu Deus, meu Deus será que me enganei tanto? Será que toda a minha luta foi em vão? Em nome de tudo que conheci na Igreja Católica e Luterana, e sabendo que não era bem assim como diziam – com certeza não era o que Lutero diria ou confessaria, levantei-me e sem conter o choro, a tristeza e a enorme agonia, sem me importar em ser ou não julgada, e quem sabe condenada por aquele público falei: Gente, o que estamos fazendo aqui? Estamos procurando coincidências entre essas duas religiões ou queremos estabelecer de vez as diferenças entre elas? O que mais importa não é o amor ao próximo, o amor ao nosso Deus? Eu falo porque conheço um pouco de cada uma dessas religiões e procuro só ver o bem que as conduz. Não consigo negar nada do que aprendi durante o período de minha catequese, durante todo o meu ensino religioso. Por isso peço: - Vamos ver aquilo que nos une, os conhecimentos que nos unem como irmãs e irmãos. Do contrário, nada, nada valerá à pena. Bom, creio que finalmente as pessoas acordaram e pelo menos por um final de semana refletiram um pouco mais sobre como sermos um grupo acolhedor, uma igreja acolhedora. Hoje, já com 55 anos de idade, posso dizer que amo ser Luterana, foi essa confissão que optei em seguir e também batizar e confirmar minha filha e meu filho. Participo ativamente da OASE, Projeto Catarinas, Mirians, Martas e Marias unindo papéis e costurando ideias. Sempre que sou convidada à participar de trabalhos comunitários tenho imenso prazer em contribuir.


Nome: Katheleen Hoberg Andre Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Pentecoste Paróquia: Vale do Iguaçu Sínodo: Sínodo Norte Catarinense

Meu nome é Katheleen Hoberg Andre, tenho 18 anos e faço parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana na comunidade Pentecoste em Porto União, Paróquia de Vale do Iguaçu, no Sínodo Norte Catarinense. Participo dela desde o dia em que fui batizada. Participei das atividades da Igreja desde muito cedo. Iniciei no Culto Infantil com 2 anos de idade sob a influência de minha avó, que sempre incentivou e priorizou a Igreja em nossa vida. Ela sempre foi luterana e cuidou para que a educação cristã de toda a família fosse também luterana. Com o passar dos anos e a presença forte da IECLB em minha vida, a vontade de fazer teologia surgiu. Incentivada pelo pastor Carlos de Oliveira, que muito me estimulou a desenvolver essa vocação, tive a certeza de que era realmente o que eu gostaria de fazer. Fui então, no ano de 2010, para o meu primeiro CONGRENAJE (Congresso Nacional da Juventude Evangélica) em Maripá/PR. Lá, o anseio e o sentimento de vocação para estudar teologia só aumentaram. Porém, a vida tomou outros rumos e o sonho ainda não se concretizou. Procurei, então, outras maneiras de continuar servindo a Deus e à IECLB. Sempre fui muito interessada e engajada na comunidade, gostava e gosto de ajudar nos trabalhos da OASE e grupos que existem na comunidade. Atualmente sou coordenadora de jovens da Paróquia Vale do Iguaçu, vicecoordenadora do COSIJE (Conselho Sinodal da Juventude Evangélica) no Sínodo


Norte Catarinense e a mais jovem representante eleita para ser delegada no Concílio da IECLB. Posso citar dois eventos como sendo muito importantes em minha vida. Um destes é o CONGRENAJE em Pelotas/RS, no ano de 2012, que foi muito significativo, pelo lugar diferente que visitei, pelas pessoas que conheci e as experiências inesquecíveis que vivemos naqueles dias. O outro evento foi a segunda Olimpíada Sinodal da Juventude, que reuniu cerca de 300 jovens, e eu tive a honra de estar presente na organização e realização deste evento. A Igreja me ajudou muito na minha formação como jovem na sociedade e sempre me ensinou que devo realizar tudo que pratico com muito amor. Um dos aspectos que considero muito importantes em uma comunidade é viver comunidade e a ser, de fato, comunidade – o que sinto ainda, infelizmente, como sendo algo que muitas vezes falta em nossas comunidades e nas suas vivências diárias. A IECLB já vem mudando, dando mais espaço às mulheres e principalmente às mulheres jovens, mas acredito que o caminho a ser seguido é longo e que muita coisa ainda precisa ser discutida e trabalhada para que todas as pessoas tenham direito à igualdade dentro e fora das comunidades. O momento mais marcante para mim foi quando fui eleita uma das delegadas para o Concílio; senti-me muito capacitada e reconhecida pelo Sínodo. Minha história de vida como mulher luterana na IECLB se resume na frase: “Missão de Deus, nossa paixão”.


Nome: Ketlin Lais Schuchardt Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Linha 5 de outubro Paróquia: Maripá Sínodo: Sínodo Rio Paraná

Meu nome é Ketlin Lais Schuchardt, tenho 20 anos e faço parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Maripá, na comunidade de Linha 5 de Outubro. Participo dela desde o dia de meu Batismo. Desde então sempre gostei e participei das atividades como Culto Infantil, Ensino Confirmatório e Juventude. Participei ativamente na comunidade até o início do ano de 2013. Depois disso decidi estudar teologia em São Leopoldo, onde estou atualmente. O que sempre considerei importante em uma comunidade é o papel de família e refúgio que ela sempre representou para mim e para a minha família. Nesse espaço sempre tivemos apoio, pessoas amigas, conforto nas horas difíceis e também oportunidade para compartilhar as alegrias. A comunidade, juntamente com todas as atividades que oferece, transformou-se na minha segunda casa. Como citei anteriormente, sempre participei ativamente das atividades na comunidade. O Culto Infantil era o meu preferido; sempre foi um espaço de aprender histórias, das quais me lembro até hoje, e também um espaço de fazer muitas amizades e de brincar. Depois da confirmação fui orientadora do Culto Infantil durante dois anos e meio. O grupo de jovens foi e continua sendo a atividade que mais me cativou e uma das quais que considero mais importante. O grupo de jovens desperta o interesse e o prazer de fazer parte de uma comunidade, ensina a conviver de perto com pessoas diferentes de nós, a trabalhar em equipe e oportuniza a participação em muitos encontros e retiros. Certamente posso afirmar que o grupo de jovens do qual participei e de que durante as férias ainda participo se transformou em uma família de laços mais fortes do que os de sangue. As atividades das quais mais gostei de participar estiveram relacionadas com o grupo de jovens, principalmente na época em que participei do CONAJE (Conselho Nacional da Juventude Evangélica) como representante do Sínodo Rio Paraná.


Consequentemente, o CONGRENAJE (Congresso Nacional da Juventude Evangélica) foi o evento que mais marcou minha participação no grupo. Hoje, com experiências diferentes daquelas às quais eu estava acostumada na comunidade de origem, tenho a cada dia me apaixonado mais por teologia feminista e pelo trabalho e pesquisa do Programa de Gênero e Religião, no qual sou bolsista de iniciação científica pela Faculdades EST. Se eu pudesse mudar algo, certamente seria a participação das pessoas na igreja e o seu engajamento nas atividades. Procuro me empenhar para que cada vez mais pessoas possam, assim como eu, experimentar o agradável sabor de ser comunidade, viver comunidade e não querer mais se desvincular. Acredito que o maior desafio é capacitar e motivar pessoas para assumirem compromissos; afinal, ser comunidade é comprometer-se com Deus e com as pessoas. Considero-me uma pessoa privilegiada por fazer parte da IECLB, igreja que me deu muitas oportunidades e espaço para ser protagonista. Acredito que a contribuição que eu posso dar em relação à minha vida de fé, à sociedade e à comunidade é ser coerente na minha caminhada em relação ao que faço e anuncio. Nessa perspectiva, sempre busco contribuir com o trabalho na igreja e nas comunidades de que tenho a oportunidade de participar; sinto que essa é uma das formas de contribuir para a missão de Deus. Também penso que todas as relações de amizade, consolo, afeto e auxílio que dou e recebo dentro dos grupos de que participei e participo, não só relacionados à igreja, mas a toda sociedade, também fazem diferença na minha vida e na das outras pessoas. A participação na comunidade me proporcionou muitos momentos marcantes, como fazer a primeira viagem de avião, conhecer grandes cidades, pessoas de diferentes lugares. Pude participar de grandes eventos da juventude e da igreja, conhecer e ajudar pessoas. A soma de todas essas experiências de frustrações, alegrias e anseios, despertou em mim a vontade de fazer teologia. Foi difícil a decisão de sair de casa – aliás, minhas duas casas, aquela em que eu morava com minha família e a comunidade. Desde o início, recebi e recebo muito apoio do ministro, da ministra, da minha família e de toda a comunidade, que se orgulha muito da minha decisão. Isso me faz muito feliz. É impossível não lembrar que momentos de aflição e desespero também marcam a vida em comunidade, mas foi lá que também busquei e consegui conforto, auxílio e ajuda nas horas de dor e dúvida. Enfim, a comunidade precisa ser construída e sentida diariamente. Nem tudo são flores, mas as experiências precisam ser, assim como a comunidade, vividas em comunhão.


Nome: Laurene Weber Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus - Estância Velha - RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

Laurene Weber nasceu em 13 de junho de 1963 na localidade de Nova Caxias, na época pertencente ao município de Feliz. É filha de Benno Weber e Melina Köepsel Weber. Possui uma irmã, Sra. Leoni Weber e um irmão, Sr. Egon Weber. Foi batizada no dia 03 de agosto de 1963 na Comunidade Evangélica Picada Cará, Paróquia de Feliz, pelo Pastor Lothar Hemming. Mesma data de casamento do seu padrinho Ademio Weber. Criada na colônia, já aos 05 anos de idade passou a acompanhar sua família na lida da roça. Quando sua mãe foi operada, teve que fazer sozinha o serviço da casa: tirar leite de vaca, alimentar as galinhas, limpar chiqueiro. Disse que sua avó Sulmira Weber morava perto, mas também tinha seus trabalhos na casa e roça. Lembra que sua avó ia de vez em quando verificar se ela estava fazendo as tarefas. Foi a avó que lhe ensinou a fazer o pão e a cozinhar no fogão a lenha. Nesse tempo, também as roupas da família ficaram por conta de Laurene, que as lavava manualmente. Na propriedade onde morava tinha muitos “pés” de frutas. As que mais produziam eram as bananeiras. Ela lembra que vinham vizinhos de perto e de longe buscar bananas na sua casa. Laurene aprendeu a pescar com o pai. Pescavam no arroio que ficava perto de casa. Às vezes até faziam disputas para ver quem pegava mais peixe. Certa vez, para sua alegria, ela pescara mais que o pai. Disse que o pai fora sempre muito


reservado, exigente, não demostrava seus sentimentos. Mas Laurene, em seu coração, sentia que ele a amava do jeito dele. Na localidade de Bananal os cultos e a escola dominical eram realizados de forma alternada nos domingos de manhã, cada semana uma das atividades era realizada. Laurene acordava cedo para poder participar, pois a pé, o trajeto percorrido até a igreja era de duas horas. Na época, um e outro vizinho, que tinha carro rural, dava carona para as pessoas idosas. Laurene conta que participou na escola dominical e lembra que, na época de Natal, decorava versículos bíblicos em alemão para apresentação nos cultos. Como presente, as crianças recebiam da comunidade figurinhas bíblicas. Ela também lembra da oração que aprendeu em alemão: Ich bin klein, mein Herz ist rein! Soll niemand drin wohnen als Jesus allein. Amém! - “Eu sou pequena, meu coração é puro! Ninguém deve viver nele somente Jesus. Amém! ”. Aos 11 anos iniciou o período da Doutrina (Ensino Confirmatório). Foram dois anos em língua alemã. No ano seguinte, a família saiu de Bananal para tentar uma vida nova em Rincão dos Ilhéus, Estância Velha/RS. Perto de onde veio morar havia um Ponto de Pregação da IECLB, ligado à Comunidade do Centro de Novo Hamburgo, onde se tornaram membros. Em Rincão, Laurene fez mais um ano de doutrina, em língua portuguesa. Nesse tempo estudou os livros da Bíblia e o Catecismo Menor. A confirmação foi realizada pelo Pastor Heitor Joerci Meurer em 28 de novembro de 1976, tendo como versículo bíblico João 14.6: “Eu sou o Caminho, e a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Conta que ganhou uma sandália para usar no dia da Confirmação. Isso foi marcante porque até então, só tinha chinelo (Holzschlappen, em alemão) e conga (tênis da época). Ainda antes da Confirmação, Laurene ingressou no grupo de jovens (JERI) Juventude Evangélica Rincão. No grupo, cada integrante tinha uma tarefa. Inicialmente Laurene foi responsável pela organização da sala, mais tarde participou também na diretoria. Os encontros aconteciam nos sábados à noite. Havia tempo para cantos, estudo e oração. Também faziam retiros, onde acampavam em barracas. Na lembrança ela guarda o acampamento realizado em Itati/RS, na paróquia de Três Forquilhas e o encontro “Repartir juntos”, em São Paulo do qual participaram grupos de todo o Brasil.


Aos 15 anos, Lurene ganhou sua primeira Bíblia – presente do Grupo de Jovens – JERI. Nela constam escritos a punho e na contracapa os nomes dos e das participantes do grupo. Diz a Laurene que numa noite chuvosa, atrasada para o estudo da JERI, levou um tombo deixando a Bíblia cair no chão. E, que mesmo suja de barro ainda hoje é possível visualizar os nomes de cada participante: Nélio Schneider, Leonice Laux, Lisete Laux, Wiliberto Gressler, Márcia Kern, Nélson Bierkals, Jussara Wilbert, Luis Claudio Ritter, Gilmar Klein, João Biehl, Mirian Regina Schuster, Marina Biehl, Hilário Ritter, Márcia Elisabeth Konrat, Lisete Schutz, Sérgio Schutz, Lúcia Sturm. Além de participar na Juventude, Laurene envolveu-se com a equipe da Escola Dominical, formada em 1979. Com João Guilherme Biehl, ela auxiliou na orientação das crianças de 4º e 5º anos. Aos 14 anos Laurene começou a trabalhar em fábrica de calçados, na função de serviços gerais. Ela iniciou na empresa Rio verde, onde permaneceu por seis meses. Depois, foi para os Calçados Erno. Ela conta, que até completar 18 anos de idade, todo o seu salário servia para completar a renda da família. Com seu primeiro salário, ela e a mãe fizeram um rancho que durou por seis meses. Diz que, além das necessidades, também compraram coisas que nunca haviam experimentado, como: doces, enlatados, bolachas. Com muito esforço e com a ajuda de Deus, LOurene teve saúde para trabalhar durante o dia e estudar à noite. Ela concluiu o segundo grau (Ensino Médio) em 1993, na escola Cientifico, em Novo Hamburgo/RS. A mãe de Laurene sempre foi muito exigente com ela. Preocupou-se em conduzir a filha no caminho de Deus, levando-a para os cultos e participando na vida da comunidade, em Rincão dos Ilhéus. Era desejo da mãe que Laurene se tornasse uma Irmã (diaconisa). Influenciada por isso, aos 20 anos de idade, quando ficou desempregada, Laurene decidiu morar, estudar e trabalhar na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo. Lá, ela conheceu o Pastor Bertholdo Weber que lhe deu uma ajuda para pagar o curso. Laurene diz que foi um tempo muito importante de fortalecimento da fé e crescimento espiritual. Conta que faziam meditações e era tudo bem organizado com os horários. Aprendeu a trabalhar em equipe nos vários setores da Casa, como: limpeza, lavanderia, copa, quartos, biblioteca, escola. O tempo na Casa Matriz foi importante para muitas coisas, inclusive para a Laurene perceber que não essa não era a vocação de sua vida de forma que decidiu voltar para casa.


Um pouco de sua formação: Seminário Bíblico Diaconal (1991) e Curso Auxiliar de Desenvolvimento em Comunidade (1992), ambos na Casa Matriz, em São Leopoldo/RS; Curso de Extensão Comunitária, pela Prefeitura Municipal de Estancia Velha; Curso para Multiplicadoras na Área de Diaconia; Curso Multiplicadores da Saúde - Região IV; Curso de Treinamento para Professores Evangelistas de Crianças, em Porto Alegre; Concurso na Escola Vila Becker sobre Plantas Medicinais (1º lugar na escola e 4º lugar no município de Novo Hamburgo. Em 2014, durante um retiro da comunidade, Laurene teve seu nome indicado, pelo presidente da comunidade, para auxiliar o P. Edemar Zizemer na orientação do 1º ano do Ensino Confirmatório. Mediante aprovação dos participantes, Laurene acolheu a indicação assumindo essa tarefa na qual permanece até hoje. Além do Ensino Confirmatório, Laurene participa no Grupo de Canto da comunidade, colabora nos cultos, trabalha nas promoções como o chá de aniversário da OASE, o bingo e os Retiros Sinodais da OASE. Segundo Laurene, a participação nas atividades significa um crescimento em sua vida e a comunidade é seu segundo lar. Com carinho, lembra do Retiro Sinodal da OASE, em 2015, quando motivada por algumas pessoas fez uma mensagem através da qual pode expressar o quanto cada irmã, de perto e de longe, mora em seu coração. Na ocasião, utilizou a imagem de um coração de feltro, confeccionado pela Sra. Loiva Nied - Presidente da OASE do Rincão dos Ilhéus, com as palavras Tema da OASE 2015 - SIMPLESMENTE AMAR. Fato marcante na vida de Laurene foi a festa de Bodas de Ouro do pai e da mãe. A cerimonia, oficiada pelo P. Marcio Trentini, foi realizada na comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Rincão dos Ilhéus. E a confraternização se deu no restaurante Primavera, em Novo Hamburgo. Para Laurene, poder proporcionar esse momento e oferecer essa festa para seus pais, foi sempre um sonho. Um sonho realizado. Alguns anos após o falecimento do pai, Laurene foi morar com a sua mãe no bairro Lago Azul, em Estancia Velha. E, que 10 meses depois, a mãe faleceu. Diz ela que, por segurar firme na mão de Deus, mesmo nesses momentos de tristeza, vivendo sozinha, conseguiu superar a dor. A distância de um bairro para outro não impede sua contribuição na Comunidade. Continua seu trabalho com os jovens no Ensino confirmatório, continua indo nos ensaios do grupo de canto, nos cultos, e, se não tem


uma carona vai e volta de ônibus. Laurene ama tudo que faz. Trabalha atualmente na parte de higienização de um Posto de Saúde e uma vez por mês é responsável pela limpeza nas capelas municipais no centro de Estância Velha. Sobre a importância da Fé ela diz: - “Fé é vida, é alegria, é Paz. A fé nos move. Sem fé não somos nada, não conseguimos viver”. Sobre esperança ela deseja: - “Que Deus dê forças para continuar trabalhando na comunidade que é minha vida. E que o diálogo entre pais, mães, filhos, filhas, entre irmãos e irmãs, amigos e amigas, volte a ser o ponto principal. Pois, a internet e os meios de comunicação são bons e necessários, mas não é o mesmo que olhar nos olhos da pessoa, conversar de frente e abraçar”. (História de vida coletada e sistematizada por Márcia Laux Blauth.)


Nome: Leda Müller Witter Tempo participação na IECLB: desde o batismo Comunidade atual: Cuiabá Paróquia:

Paróquia

Evangélica

de

Confissão

Luterana de Cuiabá Sínodo: Mato Grosso

Nasci numa família luterana, aos 24 dias do mês de setembro do ano de 1959, na cidade de São José do Cedro, SC. Fui batizada em 22 de dezembro do mesmo ano. Sou filha única do casal Selma Müller (in memoriam) e Heinz Karl Rudolf Müller. Cresci sempre vendo meus pais participarem da igreja, cedendo a casa para realizar os cultos, acolhendo o pastor que vinha de longe. Ainda em SC, lembro que ele vinha com um jipão, de São Miguel do Oeste; na parte da manhã, almoçava, descansava e depois celebrava o culto, na nossa casa. Meu avô materno, Arthur Borck, foi um líder muito importante, principalmente durante a 2ª Guerra, quando celebrava cultos, fazia sepultamentos e batismos. Depois chegaram os pastores; então, ele os auxiliava. Quando chovia ou eles tinham outro imprevisto, meu avô celebrava os cultos. Com 4 anos de idade, com meus pais nos mudamos para o interior do Paraná, para Bom Princípio, uma vila entre as cidades de Cascavel e Toledo. Meus avós paternos já residiam lá há mais tempo. Logo adquirimos uma chácara, e construíram uma casa e um galpão para começar a trabalhar com a marcenaria, pois a profissão do meu pai era marceneiro. A minha mãe cuidava da casa, plantava milho, mandioca, verduras, criava galinhas, alguns porcos e umas vaquinhas para o leite. Com 6 anos de idade comecei a frequentar a escola. Aí foi


um dilema, pois eu só falava a língua alemã, e na escola se falava a língua portuguesa. Mas consegui aprender a falar português com bastante facilidade. E certo dia cheguei em casa falando somente o português com meus pais: eles falavam em alemão, e eu respondia em português. Foi aí que meu pai disse: “Você vai falar as duas línguas, em casa o alemão e na escola o português”. Foi uma coisa difícil!!! E hoje eu agradeço, pois assim mantive a língua alemã, que já me ajudou muito em tantas situações. Nesta vila havia a Igreja Evangélica Luterana – IECLB, e o pastor vinha de Toledo uma vez ao mês, para atender a comunidade, de mais ou menos 15 famílias. Não participei do culto infantil, pois não havia. Com 12 anos comecei a frequentar o ensino confirmatório. O pastor vinha de Toledo depois do almoço e realizava duas horas de estudo; éramos quatro adolescentes. À tardinha, o pastor celebrava o culto e retornava a Toledo. Um marco foi o retiro dos confirmandos num final de semana em Toledo, onde ficamos hospedados em casas de famílias. Eu fiquei na casa da família Hoffstadter. Foi um período de muita ansiedade: estudar os mandamentos, o medo de errar na prova oral, o pastor sempre sério, etc. Fui confirmada dia 07 de setembro de 1973. O lema bíblico de minha confirmação é João 15.4a, onde Jesus diz: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”. No dia seguinte fiquei doente, levaram-me ao hospital em Toledo e fiquei internada oito dias, fazendo exames, e não descobriam o que tinha. Resumindo, acho que foi uma virose. Nesta comunidade da vila, meu pai foi presidente do presbitério por dois mandatos, e minha mãe ajudava sempre nas festas e limpava a igreja. Fatos que me marcaram: como meu pai era marceneiro e era o único na região, fazia móveis, janelas, portas, cangas de boi e caixões. Quando alguém falecia, lá ele ia fazer e preparar o caixão, e eu o ajudava na decoração e forração. Também, quando ele tinha alguns móveis prontos, eu o ajudava a pintálos com verniz. Também ingressei no ginásio, e todo dia viajava com uma Kombi até Toledo para estudar. Em 1973, nós nos mudamos para a cidade de Cascavel,


pois a saúde do pai e da mãe não estava das melhores. O médico sugeriu ao pai que mudasse de profissão, devido à poeira da marcenaria que estava prejudicando a sua saúde. Então vendeu tudo o que tinha em Bom Princípio e começou em Cascavel com um armazém de secos e molhados. Continuei com os estudos e, nas horas vagas, ajudava meu pai no armazém. Começamos a participar da igreja em Cascavel, nos cultos, festas, estudos bíblicos. A mãe participava das reuniões da OASE e colaborava nos chás. Em fevereiro de 1979, casei-me com Erotides Padilha, porém muito nova, com 19 anos. Três anos depois, dia 07 de janeiro de 1982, deixando meus pais muito tristes e preocupados, eu e meu esposo nos mudamos para o Mato Grosso, para a cidade de Tangará da Serra. Montamos um supermercado com mais um casal de primos em sociedade. Meu marido era sócio gerente, e eu trabalhava no caixa. No primeiro ano, não frequentamos a igreja, pois a informação que tínhamos era de que a igreja luterana mais próxima se localizava em Cuiabá. Mas, certo dia, quando eu estava trabalhando no caixa, passou por lá um casal com compras, Carlos e Maria Gressler, muito simpáticos, e ofereceram um cartão de almoço. E, quando peguei o cartão, vi o emblema da IECLB e falei que éramos luteranos. Que bom!!! A partir deste momento, começamos a participar da comunidade, que nos acolheu muito bem. O pastor que a atendia era Geraldo Schach, que vinha de Cuiabá uma vez no mês. Em 1983, a paróquia construiu uma casa paroquial e recebeu um pastor, Teobaldo Witter, para atender a paróquia. E assim as atividades continuaram, e foi neste ano que comecei a participar das reuniões da OASE, assumindo cargos de presidente e/ou secretária do grupo. Posso dizer que ali eu cresci espiritualmente. Sempre tentando compreender a Bíblia, a história da IECLB e da OASE. A OASE foi e é uma verdadeira escola para mim. Sempre procurei preservar as amizades; muitas ainda existem até hoje, e outras já nos deixaram. Sempre participei das reuniões de movimentos sociais, organização de festas, visitas, estudos bíblicos e tantos outros que foram surgindo. E, para nossa alegria,


meus pais também vieram de mudança para Tangará da Serra e começaram a participar da comunidade, também no ano de 1986. Mas, com o passar dos anos, saímos da sociedade do supermercado e montamos uma papelaria, que até então não havia na cidade. Estávamos casados há 10 anos e não tivemos filhos; assim, decidimos adotar uma criança. Num belo dia, recebemos a notícia de que nascera uma menina e seria nossa. Que felicidade preparar tudo para recebê-la! Mas na vida às vezes precisamos virar páginas. Estando ela conosco sete dias, o meu esposo veio a falecer num acidente de trânsito. E o sepultamento foi feito pelo P. Albérico Baeske, que trouxe palavras consoladoras e desafiadoras da parte de Deus criador e salvador. Como vai ser agora? Como a vida vai continuar? O que fazer? Eu com a pequena Débora, frágil com apenas sete dias, e a papelaria para cuidar. Mas agradeço muito a Deus pelas pessoas que ele colocou no meu caminho para ajudar a cuidar da filha e poder administrar a papelaria. A comunidade cristã, neste momento, foi muito importante, sempre apoiando, consolando, dando colo e ombro para chorar e dar forças. Passado dois anos, consegui administrar a papelaria, cuidar da filha, sempre com o apoio dos meus pais e muitas pessoas queridas. E uma delas hoje é muito especial, é meu companheiro, meu amado Teobaldo. Ele era viúvo e trouxe junto o seu filho Mateus de 5 anos. Assim, formamos uma pequena família e tentamos construir juntos os laços quebrados. A bênção matrimonial foi celebrada dia 24 de setembro de 1989, na comunidade de Tangará da Serra, pelo pastor Gerd Uwe Kliewer. O Teobaldo era pastor desta paróquia, e, assim, abraçamos a causa em conjunto. Consegui administrar bem esta nova etapa na vida. Esposa de pastor, com duas crianças, o trabalho, serviço da casa, tendo que conciliar isso com as atividades e a participação na igreja. Para nossa alegria, em agosto de 1990 nasceu a nossa filha Rute, que veio para se somar ao Mateus e à Débora. Hoje estão todos adultos, formados, casados, trabalhando e aumentando a família com nora, genros e três lindos netos (filhos da Débora) para a alegria dos avós. Em


julho de 1993, nos mudamos para Cuiabá, onde assumimos a paróquia de Cuiabá. Isto foi um grande desafio: por ser a capital, nós com crianças pequenas, papelaria em Tangará da Serra. Mas, com a colaboração de uma diarista na casa, tudo funcionou. Quanto à participação na igreja e comunidade, sempre estive mais envolvida com a OASE. Isso há 33 anos, desde a estruturação do antigo Distrito Eclesiástico Mato Grosso, em que a OASE se organizou em três Setores (Centro-Sul, Norte e Leste). Fui coordenadora setorial da OASE do Setor CentroSul por dois mandatos, secretária e tesoureira, também. Fui coordenadora distrital por dois mandatos. Ainda fui secretária do antigo CNO (Conselho Nacional da OASE). Enfim, no Sínodo Mato Grosso, fui presidente sinodal da OASE por dois mandatos, estando presente na sua estruturação, também. Desde 2014 e até 2017, estou como secretária da OASE Sinodal. Participei de vários cursos de líderes de culto que eram oferecidos pelo Sínodo. Isso ajudava muito para celebrar os cultos na ausência de pastores e colaborar neles, mesmo com a presença de pastor ou pastora. Fui coordenadora estadual do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI, no Mato Grosso, por três anos. Foi uma experiência muito rica, onde aprendi a leitura popular da bíblia e a viver com a diversidade de religiões e culturas. Desde 2014 até 2017, estou como secretária da Associação Nacional da OASE. Em Cuiabá, estou presente no grupo da OASE e na comunidade, colaborando e auxiliando ali onde for preciso, o que é muito gratificante. Tenho certeza de que nada do que sou, fiz, aprendi, ensinei e estou sendo seria possível se não fosse a graça de Deus agindo, atuando, perdoando, reconciliando, entusiasmando e fortalecendo a minha vida e a vida das pessoas que comigo conviveram e convivem. Nesta caminhada conheci muitas pessoas. Com algumas convivi mais, com outras menos, mas todas foram e são importantes, pois aprendi muito com elas a dar valor às coisas mais simples do dia a dia, nesta família de Deus.


Agradeço ao Trino Deus por me dar a chance de poder sonhar em fazer parte de sua família, como diz João 1.12: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”, na graça da vida em comunhão.


Nome: Lenir Matilda Follmer Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Capela de Santana - Paróquia Ev. de Conf. Luterana em Portão Sínodo: Nordeste Gaúcho

Lenir é filha de Norberth Fenner e Ivone Maurer Fenner. Nasceu em 23 de julho de 1962, na localidade de Barra do Pinhal, hoje pertencente ao município de Cristal do Sul-RS, âmbito da Paróquia de Erval Seco no Sínodo Uruguai. Lenir foi batizada no dia 26 de agosto de 1962 na Igreja São Pedro da Barra do Pinhal, pelo Pastor Junge. Sua família sempre foi muito assídua e participativa na comunidade. Por isso, desde a infância Lenir esteve inserida na vida comunitária. A Escola Olavo Bilac, onde Lenir estudou até a 5ª série, ficava ao lado da igreja. Na Comunidade aconteciam encontros de JE, teatros de Natal, Cultos, Encontros de Cantos, Culto Infantil, entre outras atividades. Quando criança, Lenir participou do Culto Infantil, onde teve como orientadora a Senhora Eli Sprandel. Aos 11 anos, ela começou a frequentar o Ensino Confirmatório e no dia 11 de maio de 1975, foi confirmada pelo Pastor Rudolfo Fischer. Durante sua juventude, Lenir acompanhava seus pais na lida da casa e no trabalho da roça. E nos finais de semana, participava do Grupo de Jovens, coordenado pelo Pastor Otto Porcel Filho e sua esposa Irma. Foi assim que conheceu Alcenio Follmer com quem passou a namorar.


Lenir e Alcenio casaram-se no dia 26 de janeiro de 1980. O casal teve uma filha e três filhos: Isolete Marcia Follmer, nascida em 24/02/1981, Joel Alcenir Follmer, nascido em 26/01/1986, Anselmo Junior Follmer, nascido em 07/11/1990 e Lucas Airton Follmer, nascido em 08/07/1996. Logo depois do casamento, Lenir mudou-se para Linha Volta Alegre, interior de Cristal do Sul-RS. Lá se tornaram membros da Comunidade Luterana João Batista do Palmital - ainda Paróquia de Erval Seco. Moravam a 5 km de distância da Comunidade. Durante a semana trabalhavam na roça e nos finais de semana a família participava nos cultos da comunidade. Às vezes, pegavam as crianças e iam a pé para a Comunidade, noutras vezes de carroça. Nos finais de ano, organizavam e ensaiavam as peças de teatro e de canto apresentadas na comunidade no dia 24 de dezembro. Juntavam-se muitas pessoas para assistir, não só membros, mas também pessoas da localidade e proximidade. O encontro de mulheres teve início com a chegada do Pastor Leonídio Gaede e da Catequista Marlene Zizemer Gaede, na Paroquia de Erval Seco. Esses encontros eram de formação e informação, especialmente no manejo de chás e alimentação natural. Assim, juntamente com o marido, Lenir assumiu o presbitério na comunidade. Também se envolveu na organização dos bailes de Kerp que duravam até dois dias. Ainda hoje, os bailes de Kerp são realizados na região. Como importante para a vida comunitária, Lenir ressalta a formação recebida na IECLB. Foram vários cursos e estudos que a preparam para a vida. Quando a vida na roça não deu mais, precisando migrar com sua família para a cidade, a formação que recebeu foi de fundamental importância pra ela. Lenir sente-se fortalecida na Palavra de Deus. Ela fala sobre como se sentiu “em casa” quando, em Capela de Santana, na comunidade da Cruz, ela e sua família foram acolhidas e integradas na


comunidade. Logo começaram a participar da vida comunitária, do presbitério, da OASE, do Grupo de Canto. Lenir sempre contribuiu na comunidade nos grupos de teatros natalinos, grupos de cantos, grupo de mulheres e OASE. No presbitério, o cargo era do marido, mas ela assumia junto com ele os trabalhos que o cargo requeria. Além disso, em casa, o ensino da fé cristã foi sempre praticado com muita seriedade. Ela acredita que a contribuição da sua vida de fé na comunidade e na sociedade se dá a partir dos bons exemplos e assim é que a sociedade é transformada. Lenir se diz muito agradecida a Deus por tudo que experimentou e viveu dentro da igreja na IECLB. Foram muitos momentos lindos de comunhão, confraternização, aprendizado e amizades. Momentos que marcaram a sua vida comunitária da infância à vida adulta. Momentos como: Batismo e Confirmação dos filhos, e depois dos netos. Casamento dos filhos, Ordenação para o Ministério Diaconal da Filha Isolete Marcia Follmer, entre outros. Ela conclui dizendo: “A fé pode nos ajudar a demonstrar para as outras pessoas que tudo vem no tempo certo. Posso testemunhar a minha fé no mundo tentando viver de forma tranquila e entregando tudo nas mãos de Deus, aceitando a vontade dele e agradecendo pelo que Ele nos dá, pois, O Senhor é meu Pastor e nada faltará” (Salmo 23).

(História de vida coletada pelo marido Alcenio Follmer e redigida pela filha Isolete Marcia Follmer)


Nome: Lia Frank Gerlach Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Toledo - PR Paróquia: Toledo Sínodo: Rio Paraná

Devido à importante influência da Igreja em minha história de vida, tomei a decisão de participar desta coletânea que certamente trará grande quantidade de fatos interessantes e diversificados. Antes de mais nada, quero me apresentar. Sou Lia Frank Gerlach, tenho 64 anos de idade e sempre pertenci à IECLB de Toledo, no oeste paranaense, onde sempre vivi juntamente com minha família. Cresci sempre ouvindo meus pais, irmãos e amigos falarem em culto, escola dominical, ensino confirmatório, juventude e do importante papel dos pastores em todo esse processo. Aos poucos, fui percebendo que os momentos mais significativos, como, por exemplo, batismos, confirmações, casamentos e também festas, eram realizados pela Igreja. Portanto, seu papel era fundamental e importantíssimo na vida de todos nós que formávamos a pequena comunidade daquela época. Desde então, achava muito bom quando eu, ainda criança, podia contribuir de algum modo. Lembro que me enchia de orgulho e alegria quando via meus pais colaborando da forma que podiam na construção da igreja e do salão da Comunidade. Vale a pena lembrar que este salão foi adaptado para que ali funcionasse uma Escola pertencente à Comunidade, onde passei os primeiros ciclos da minha vida escolar. Nossa vida, digamos social, girava em torno da Igreja. Meus irmãos eram participantes da juventude e professores do culto infantil, e minha mãe sempre participou da OASE. E eu ia crescendo e observando todos esses fatos.


Estava transcorrendo tudo bem, até que um dia meu pai faleceu de forma trágica e repentina. Esse fato me fez perceber e sentir a importância de um pastor e da Igreja numa hora como essa. Foi muito complicado, mas a vida em comunidade não perdeu seu encanto e seu valor pelo contrário, fortaleceu a fé e a esperança. Bem sabemos que, enquanto seres humanos que somos, a fé em Deus e a vida em comunhão são uma necessidade. A igreja favorece esse convívio social, incentiva e nos sustenta espiritualmente. Assim, fortalecemos a nossa fé. Cada pessoa tem o compromisso de participar das atividades da Igreja, sugerir novas ideias e cobrar dos ministros e do presbitério ações que fortaleçam a fé, a espiritualidade dos membros. Penso que a vida em comunidade, como Igreja, pode nos proporcionar momentos de intensas alegrias, através dos amigos que podemos conquistar, doando espontaneamente aquilo que temos a oferecer, do conhecimento bíblico e de orações, enfim, chegando a uma vida de fé mais ampla, e, por consequência, gratificante. Desenvolvi estes conceitos ao longo do tempo de forma simples, pois sou leiga, com pouca fundamentação na questão teológica. Lembro-me com saudade da alegria que sentia ao chegar cada domingo, pois aí tinha culto infantil. Era muito bom reencontrar as outras crianças, cantar e ouvir histórias da Bíblia. Quando se aproximavam datas especiais como Natal e Páscoa, a alegria era ainda maior. Era de praxe apresentarmos para a comunidade pequenas peças de teatro, declamações de poesias e cantos. No período da juventude era a mesma coisa. Era um grupo pequeno, mas muito assíduo e participativo. Foi um marco importantíssimo na minha vida. Essas vivências na Igreja até a idade adulta tiveram influências positivas para mim, tanto na concepção de valores quanto na formação do caráter e, sobremaneira, na fé que hoje me leva a seguir a caminhada, participando do grupo da OASE. Ali, mesmo de forma tímida, é possível contribuir de algum modo na vida da comunidade. É muito bom o encontro semanal, que espero sempre com ansiedade. Sou meio novata no grupo, pois só pude iniciar essa caminhada após a aposentadoria. Segundo tenho observado, penso que talvez pudessem ser implementadas algumas pequenas mudanças que tornariam a comunidade e a Igreja em si ainda mais dinâmica e atuante, atingindo uma parcela maior da sociedade. Por exemplo: faz parte da rotina da OASE visitar pessoas idosas ou doentes levando


palavras de conforto e esperança e cantando hinos de louvor. Fazemos doações a entidades beneficentes, contribuímos com nosso tempo e trabalho nas promoções de modo geral. O trabalho espiritual realizado pelos pastores através de estudos bíblicos e meditações nos leva a perceber de forma consciente que podemos e devemos fazer muito mais. O lema da OASE: COMUNHÃO – TESTEMUNHO - SERVIÇO, segundo meu modesto entendimento, abre portas para ações comunitárias bem mais amplas. Encerro este relato com o seguinte versículo bíblico: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).


Nome: Liane Ritter Fritsch Becker Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Toledo Paróquia: Toledo Sínodo: Rio Paraná

Sou Liane Ritter Fritsch Becker e atualmente participo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Toledo/PR. Nasci há 53 anos em um lar luterano. Aos 13 anos fui convidada a participar da equipe de orientadores e orientadoras do Culto Infantil. Sem experiência, não tinha a mínima ideia do que este convite proporcionaria à minha vida. Junto com o convite veio a proposta de um curso de nove meses para preparação e estímulo para o trabalho com crianças. Acredito que este foi o meu primeiro “divisor de fé”. Até então, o chamado de Deus parecia algo muito distante. O estímulo de trabalhar com crianças despertou o desejo de caminhar e estar com este Deus maravilhoso. Vivendo esta experiência de Culto Infantil, fui ingressando na juventude, e os novos desafios foram muito interessantes. Olhando para trás, percebo que, em todos os momentos, Deus construía e direcionava o meu caminho. Penso que nossas vidas são caminhos que Deus usa para anunciar o seu amor e o seu plano de vida para todos os seres humanos. Um dos sonhos da minha infância era conhecer o rio Amazonas, apesar de não ter experiências muito agradáveis com viagens por passar mal, o que me fazia questionar se um dia eu iria realizar este sonho. Após a conclusão do segundo grau e do curso técnico em química, fui trabalhar por um período de quatro anos em outra cidade. Quando regressei à casa dos meus pais e ao


trabalho na Comunidade, retomei as atividades com crianças. Foi então que conheci a pessoa que iria transformar a minha vida numa grande viagem. Em julho de 1988, casei com Lauri Roberto Becker, que acabara de se formar em Teologia. Em novembro do mesmo ano, fomos enviados pela Igreja para trabalhar na Paróquia de Rurópolis/PA (transamazônica). Ao chegarmos a Rurópolis, percebi que os caminhos de Deus são incríveis. Sair de Portão/RS e chegar a Rurópolis foi algo muito especial, e sou grata à IECLB por possibilitar essa mudança na minha vida. Foi através dela que pude aprender a servir e abrir as portas da minha casa e do meu coração para as pessoas. Percebi que também se vive IECLB longe/distante/diferente daquilo que conhecia e tinha como referência. Após alguns meses residindo no Pará, surgiu a oportunidade de viajar a Manaus. Inicialmente, viajamos até a cidade de Santarém/PA, e depois pegamos um barco até Manaus. O meu sonho de infância estava se realizando. Neste período que passamos no Pará, a Igreja me proporcionou um aprendizado de vida que ninguém pode tirar de mim. São vidas, estradas, acontecimentos e lições que mudaram a minha vida e meu modo de pensar Igreja. A forma como as pessoas tinham sede pela sua Igreja me marcou profundamente. Elas caminhavam 20, 30 ou até 40 km para participar de um culto. A dificuldade das pessoas me fez perceber que a grandeza de Deus é muito diferente daquilo que eu pensava. Esta experiência me fez conhecer melhor o nosso Deus. Fez-me perceber que ser Igreja em outras realidades é um desafio e, ao mesmo tempo, um aprendizado. É uma caminhada que me desafia, dia após dia, a perguntar: como devo fazer? O que devo fazer? E onde devo fazer? As dificuldades do dia a dia não me desanimaram, pelo contrário, motivaram-me para reformular minha vida e minha fé. A opção de deixar a minha profissão por uma nova caminhada, acompanhando o meu marido, foi desafiadora. A filha Tatiane nasceu no Pará em pleno período de chuvas, o que significava muitos atoleiros e estradas fechadas. As dificuldades e as pessoas que viviam lá me ensinaram muito. A dureza de suas vidas, as dores, as alegrias que elas passavam me fizeram admirá-las. Guardo-as no meu coração e tenho um grande amor, carinho, admiração e respeito por ter experimentado o cuidado delas por mim e minha família. Essas pessoas foram as mãos bondosas de Deus em minha vida. Em fevereiro de 1995 fomos para o Mato Grosso, mais especificamente para a cidade de Tangará da Serra. Nesta cidade, o aprendizado foi o cuidar. Cuidar de vidas que tinham dores. Neste período Deus me proporcionou o


crescimento e aprendizado bíblico através de cursos e seminários. Ali também comecei a desenvolver o trabalho com casais, uma vez que um dos textos que sustenta a minha vida, lema do nosso casamento, é: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. E assim, deixando a porta da minha casa sempre estava aberta sei que consegui fazer a diferença na vida de algumas pessoas. Em julho de 2002, fomos para Cuiabá, com a nova função do meu marido. Perguntei-me novamente o que deveria fazer agora? Então surgiu uma nova necessidade em minha caminhada: a visitação a doentes. Agora em um grande centro urbano, referência em hospitais no estado, recebíamos muitos pedidos de comunidades do interior para acompanhar e visitar os seus membros doentes hospitalizados. Sempre me considerei frágil para este trabalho, não podia ver sangue e muito menos uma pessoa entubada em UTI. Novamente recorri a Deus e perguntei se era isto que eu deveria fazer. A resposta veio com o próximo telefonema, e lá fui eu para a minha primeira visita hospitalar. Claro que não ficou apenas nesta visita. Posso aqui testemunhar que Deus nos capacita nas nossas necessidades. O estar com Deus e sentir a sua proteção e o seu cuidado em momentos críticos na vida das pessoas me faz pensar no dia a dia, no quanto somos frágeis e dependentes de Dele. Muitas vezes me deparava com a frieza das UTIs, mas sentia o cuidado amoroso de Deus através das mãos que cuidavam ou do carinho dos que visitavam. Estar ao lado de pessoas quando estão sofrendo faz refletir sobre o quanto o cuidado e amparo de uma Comunidade é importante nestes momentos. A Comunidade é um dos esteios na vida das pessoas. Presenciei muitas situações em que não havia nenhum familiar ao lado do doente, mas ali estava a Comunidade dos irmãos na fé. Percebi que uma Comunidade que caminha junto com os seus membros, em momentos de fragilidade, faz a diferença na vida dos mesmos. A minha caminhada ainda não terminou. Ela continua junto dos que necessitam de um ombro amigo, um abraço caloroso. Deus nos chama para caminhar e semear.


Nome: Lilia Sasse Drews Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Ilha da FigueiraParóquia Apóstolo João, Jaraguá do Sul- SC Sínodo: Norte Catarinense

Lilia Sasse Drews nasceu no dia 23 de agosto de 1921 e faleceu em 23 de janeiro de 2011 aos 90 anos. Aspectos que a Sra. Lilia considerava importante na vida da comunidade: Harmonia na convivência comunitária, valorização da palavra de Deus, Pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Atividades nas quais participou e as quais considerava importantes para a sua vida: Oase, Cultos e grupos de estudo bíblico. Coisas que a Sra. Lilia gostava de fazer: Ela gostava de ornamentar o altar com flores colhidas no próprio jardim, participar dos cultos, divulgar e falar para outras pessoas a palavra de Deus e manter as tradições religiosas. Contribuições da vida de fé para a Igreja e a Sociedade: A Lilia não via com bons olhos as festas com música e bebida que a comunidade fazia para arrecadar fundos (dinheiro). Ela, juntamente com o esposo Arnold Drews


(em memória) decidiram, ainda em vida, doar um terreno com área de 1800m2 para construir a Igreja, hoje atual Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Ilha da Figueira. Foi uma das fundadoras do grupo da Oase antes da comunidade existir. Momentos marcantes na vida da comunidade: A inauguração da Igreja.

(Entrevista concedida por Udo e Ingridt Drews)


Nome: Lilian Fleck Lengler Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Estrela Paróquia: Estrela/RS Sínodo: Vale do Taquari

Nasci em 15 de novembro de 1938, em Maratá município de Montenegro/RS. Sou filha de Jurema Ebling e Armindo Fleck. Fui batizada em 03 de dezembro de 1938, na Igreja Evangélica de Pinheiro Machado, hoje município de Brochier/RS. De 1942 a 1945 moramos em Beija Flor, município de Estrela/RS, ao lado da igreja evangélica e da escola, onde recebi os primeiros ensinamentos. Em fins de 1945, mudamos para Estrela e no ano seguinte comecei a frequentar a escola da Comunidade Evangélica, hoje Colégio Martin Luther. Os professores eram o P. Ernst Dietschi e sua esposa Ida. Cada semana, tínhamos uma celebração na igreja da qual eu gostava muito, principalmente dos cantos. Fui confirmada no dia 3 de dezembro de 1950. Este dia foi muito importante para mim, pois com muita sinceridade fiz a confirmação da minha fé. Desde lá a minha participação na Igreja fez parte do meu viver diário. No ano seguinte comecei a cantar no coral da comunidade e mais tarde a participar da Juventude Evangélica. Desde pequena, sonhei em ser médica, mas minha mãe não permitiu que eu saísse de casa para estudar. Dizia que as moças que iam estudar na cidade grande se “perdiam”. Depois, pensei em estudar na Casa Matriz de Diaconisas. Mas, novamente, minha mãe não permitiu que eu saísse de casa. Assim, minha forma de servir a Deus se deu de outra maneira.


A OASE é um marco muito importante na minha vida. Um mês após o meu casamento, com Gunther Gilberto Lengler, fui visitada por duas mulheres da OASE que me convidaram para participar do grupo. Isto foi uma surpresa, pois durante a época da Juventude nossos relacionamentos nem sempre eram amistosos. Mas aceitei e desde então sou membro. No grupo local exerci os cargos de secretária, tesoureira e presidente. Na década de 70 fui convidada para ser coordenadora distrital da OASE. Quando perguntei ao nosso pastor o que este cargo exigia, ele me respondeu: nada! Este “nada” se resumiu no seguinte: naquele tempo a diretoria da OASE regional era formada pelas coordenadoras distritais que, em forma de rodízio, alternavam o exercício da presidência. Mediante a renovação da diretoria houve também a alternância na condução da presidência que, na ocasião, deveria ser assumida pelo Vale Taquari. Assim, me tornei presidente regional no congresso de julho. Em março do ano seguinte realizou-se, em Curitiba, a reunião anual das presidentes regionais. Eu e a Irmã Ruthild Brakemeier, orientadora contratada da OASE participamos da reunião. Lá nova surpresa: a presidência da OASE nacional, no ano seguinte (1980) deveria ser assumida pela RE IV. Era sonho das presidentes e orientadoras regionais editar um manual para as atividades da OASE. Com o apoio das lideranças regionais e de suas orientadoras, assumimos a tarefa. Elaboramos também um modelo de Regimento Interno. Os projetos foram enviados e submetidos à avaliação dos grupos de OASE sendo aprovados no 1º Congresso Nacional da OASE, realizado em 1982. Numa época de libertação e valorização das mulheres esses materiais serviram de auxílio e motivação para elas agirem com mais autonomia e coragem. Nessa mesma ocasião, fui eleita pelo Congresso Nacional, para presidir a OASE por mais dois anos. Foi tempo de visitar as diversas regiões do Brasil e conhecer um pouco mais a nossa IECLB, os grupos da OASE e a cultura de cada região. Tive a oportunidade de falar com os estudantes da Faculdade de Teologia (EST) sobre a importância da OASE para nossas comunidades. Representei a OASE em Concílios da IECLB. Fizemos um movimento para eleger mulheres para o Conselho Diretor da IECLB. E, no Concílio do Rio de Janeiro, elegemos quatro mulheres para titilares e três para suplentes. Fiz parte do Conselho Diretor da Igreja por quatro anos como titular e por mais quatro anos como suplente. Essa participação no Conselho ampliou meu conhecimento sobre a


realidade brasileira, especialmente através do método de trabalho ‘Ver, julgar e agir’. Em 1990, a assembleia da Federação Luterana Mundial, realizada em Curitiba, elegeu o P. Presidente da IECLB, Dr.Gottfried Brakemeier e eu, para compormos o Conselho da FLM. Foram sete anos de ricos e novos conhecimentos, amizades, viagens a outros países e continentes. Mas também foi um tempo de muito trabalho, muito desgaste físico com longas viagens, reuniões de até dez dias consecutivos, realizadas em quatro línguas diferentes. Como presidente da OASE, também participei de alguns conselhos e iniciativas, dentre os quais o Conselho de Diaconia, da OGA e da Fundação Luterana de Diaconia. Também fui membro da Associação Pella Bethania, do Conselho de fundação do CONIC, da criação do programa radiofônico “Conversando Com Você” e do Fórum da Mulher Luterana. A intenção sempre foi possibilitar que todas as mulheres tivessem lugar e espaço para alimentar sua fé, compartilhar conhecimentos e ter comunhão na nossa igreja. Não só para mulheres da OASE, mas também para as mulheres profissionais e demais grupos que estavam se organizando nas Comunidades pelo país. Na minha Comunidade, em Estrela/RS, nunca deixei de participar ativamente da OASE e demais trabalhos comunitários. Ajudei nas atividades do serviço de assistência (diaconia) e durante cinco anos, ao lado do meu marido, estivemos na organização do Festival do Chucrute, festa do folclore alemão, tradicional em nossa Comunidade. Aprendi que nosso testemunho de fé vai além dos muros da igreja. Creio que isto veio da vivência de minha família, pois sempre abrigávamos em nossa casa pessoas que vinham à cidade e não tinham onde ficar. Procurávamos nos colocar no lugar destas pessoas e fazíamos o que nos era possível para ajudá-las. Talvez por isto, além das minhas atividades na IECLB, também dei minha contribuição à minha cidade como vereadora de 1983 a 1988. Com a experiência que fui adquirindo, participei da fundação da Associação de Mulheres Estrelense (AME), ESTRETUR (entidade criada para promover o desenvolvimento e turismo do município) e da organização da Rota Turística Delícias da Colônia. De 2003 a 2007 fui presidente da Fundação Vovolândia São Pedro, entidade que foi organizada pelas Comunidades Católica e Evangélica para dar guarida a idosos que precisam de cuidados permanentes.


Hoje, depois da morte do meu esposo, moro sozinha, mas continuo dando minha colaboração naquilo que ainda posso fazer. Sou atualmente presidente do nosso grupo de OASE e participo do Grupo de Idosos Caminhando Juntos e de seu grupo de danças como uma das coordenadoras. Profissionalmente, trabalhei de 1958 a 2000 na Transportadora Ijui Ltda, onde me aposentei. Meu marido e eu éramos os responsáveis pelas agências de Lajeado e Estrela. Por uma série de motivos da conjuntura econômica do país, a empresa foi vendida. Precisávamos de um novo ramo de atividades. Então, com 50 anos, voltei aos bancos escolares e fiz o curso de guia de Turismo. Com a amiga Marlene Ahlert, lançamos os fundamentos da ideia de desenvolver o turismo no Vale do Taquari. Fundamos a Ritur Turismo em Lajeado e depois a Stern Turismo, onde trabalhei até 2009, como sócia e guia de turismo. Gosto de participar das atividades da comunidade e da cidade. Gosto de fazer visitas, bordar, ler, acessar a internet, fazer hidroginástica, e tudo o que ainda consigo fazer. Quando percebi que precisava manter minha memória em atividade, retomei aulas de teclado com um professor que vem na minha casa. Muitas vezes desligo a TV e toco teclado ou leio, pois prefiro isto a me intoxicar com os noticiários midiáticos que só trazem notícias negativas. Minha maior alegria é ter servido a Deus de tantas formas e ainda ser presenteada com a família maravilhosa que Deus me deu: minhas duas filhas, Cristina (arquiteta e economista), Anelise (pastora da IECLB), casada com Vilmar Abentroth. E meus netos: Aliende, Samuel e neta Lilian Regina, que entre um compromisso e outro, pude ajudar a cuidar e paparicar. Sob a proteção de Deus, compreendida e apoiada pelo meu marido e amparada pela família tenho uma vida muito abençoada. Em tudo o que até aqui vivi foram muitos momentos de alegria e satisfação. Certamente também tive momentos de dificuldades e tristezas. Sempre confiando em Deus e em seu filho Jesus Cristo procuro continuar servindo naquilo em que ainda tenho condições. Meu versículo preferido é Filipenses 4.13 : TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTELECE. Sou muito grata a OASE e a IECLB por tudo que pude viver e aprender nesta caminhada.


Nome: Lindaura Waiandt Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade da Paz Paróquia: Espigão do Oeste – RO Sínodo: da Amazônia

Eu, Lindaura Waiandt nasci em 08/09/1949, no Estado do Espírito Santo, município de Santa Leopoldina, filha de Carlos Waiandt e de Augusta Peter. Fui lavradora e empregada doméstica. Em 1969 fomos para o Paraná, na cidade de Corbélia e continuei trabalhando na roça. Casei em 1973. Do casamento tive duas filhas. O pai delas era alcoólatra. Em 1979, eu e minhas filhas viemos para a Rondônia na cidade de Espigão do Oeste. Trabalhei de domestica até 1981. Fui contratada na área da Saúde como auxiliar de serviços médicos. Estudei, fiz a 8ª série, e o curso para Enfermagem. Completei o concurso e fui trabalhar no Hospital Unidade Mista até me aposentar. Trabalhando dia e noite, ajudei a botar muitas crianças no mundo, perdi a conta. Como aqui (Espigão do Oeste) não tinha Hospital de 1981 até 1985, a gente levava os pacientes, de ambulância, para o município vizinho, Pimenta Bueno. Quando era gestante, às vezes não se chegava lá em tempo, fazia-se, então, o parto na estrada. Não tínhamos ruas asfaltadas, era estrada de chão. Nos tempos das chuvas, era um atoleiro em cima de outro atoleiro. Muitas vezes, levávamos dois a cinco pacientes de uma só vez. Trabalhei com muitos médicos no Hospital, mais ou menos trinta e dois médicos e hoje já são mais de cinquenta. Foi muito bom. Eu estou com 69 anos e ainda trabalho no Hospital (sou chamada para ajudar a fazer cesarianas). Eu moro sozinha. Tenho 6 netos, 5 bisnetos e estou na Igreja, na OASE, e em tudo que eu puder. Eu ajudo num grupo de Idosos aqui, o grupo tem 150 idosos. E lá no Distrito Nova Esperança, o grupo é pequeno, tem 30 idosos, e no Seringal o grupo tem 25 idosos. Tem o grupo de artesanato com 20 idosos no centro de Convivência de Idosos, no bairro Cidade Alta, tudo em Espigão do Oeste. E participo da hidroginástica duas vezes por semana e academia duas vezes também. E participo também do Grupo de Artesanato na Igreja. Eu amo o que eu faço.


Nome: Liria Leli Wölfle Schwalm Comunidade: Reconciliação – Cerro Grande do Sul – RS Sínodo: Sul-Rio-Grandense Desde quando integra a IECLB: desde o batismo

Liria nasceu em Vila Fortaleza, hoje Cerro Grande do Sul, em 24 de outubro de 1939, como filha de Arno Evaldo Wölfle e Clara Schiffner Wölfle, alemã por parte de pai e francesa por parte de mãe. O pai era carpinteiro e a mãe responsável pelos afazeres da casa e da família. Foi batizada em 08 de junho de 1941 e confirmada em 1953 pelo Pastor Gustav Paitz. Com muito carinho Liria lembra que o pai, sendo membro da diretoria da comunidade, tinha a responsabilidade de arrumar o salão onde se realizavam os cultos. Os materiais (cruz, paramentos, etc.) ficavam guardados em uma grande caixa de madeira, na sua casa. Toda a família era envolvia nessa tarefa e a desempenhava com alegria. Quando da construção da igreja, Liria lembra que um cavalo petiço foi usado para fazer subir e descer os baldes de massa na construção. Naquela época, o Pastor vinha de outras localidades de Faite (espécie de charrete) para desenvolver as atividades comunitárias. No início era apenas um Ponto de Pregação. Liria participava de todas as atividades que envolviam a Comunidade, como cultos e ensino confirmatório. Em 26 de junho de 1965 Liria casou-se com Armando Schwalm, em Vila Cerro Grande. Depois de casada foi morar na localidade de Faxinal, onde nasceu o filho Elton e a filha Guizela. A participação na vida da Comunidade era difícil por causa da distância e do meio de transporte, que era a carroça. Ela trabalhava muito em casa e na lavoura. Em 1967, dois anos depois de casada, veio morar em Vila Cerro


Grande onde nasceram mais um filho e duas filhas Eliára, Vilmar e Liane. Os afazeres domésticos ocupavam quase todo o seu tempo. Mesmo assim, ela procurou participar das atividades da Igreja, que não eram muitas, visto que o Pastor vinha apenas uma vez ao mês. Liria faz questão de ressaltar, que “não se tinha muito, mas se era feliz com o que se tinha”. Ela educou os dois filhos e as três filhas com muito carinho, levando-os a confiar em Deus. Em 1977, a convite da esposa do Pastor Helmuth Lampmann, Liria iniciou sua participação no grupo da OASE. Por um período, ela não conseguia participar das reuniões porque os cuidados com a casa e a ajuda que prestava no armazém lhe tomavam muito tempo. Quando em 1992 seu esposo foi eleito para o cargo de presidente da Comunidade, Liria viu sua participação intensificar-se novamente. Nesse período, foram iniciadas as obras de construção da capela mortuária. Mas infelizmente, o esposo de Liria veio a falecer antes de ver a obra concluída. Nas atividades festivas, organizadas pelos membros, cada um colaborava com aquilo que achava possível. Liria conta que fazia e doava fornadas de cucas recheadas e ainda ajudava a vendê-las no dia da festa. Eram momentos de confraternização, alegria, encontro e muito amor à causa da Igreja. Em 22 de fevereiro de 1996, agora com participação mais ativa na comunidade, Liria foi eleita como presidente do Grupo de OASE. Ela desenvolveu as atividades com responsabilidade. Conta que aprendeu muito sobre a Igreja participando de encontros na Paróquia e no Sínodo. Atuou como presidente da OASE até 2011. Em 2000, Liria foi eleita Vice-Coordenadora paroquial da então Paróquia Trino Deus e mais tarde, eleita como Coordenadora Paroquial. Depois da subdivisão da Paróquia Trino Deus, Liria também assumiu os cargos de Presidente do grupo de OASE, Vice-Coordenadora (2008 a 2010) e Coordenadora Paroquial (2010-2012) na Paróquia da Paz. Foram muitas participações em eventos como os 100 anos da Paróquia Trino Deus, apresentações de danças, pequenos teatros, cantos, organização de chás. Disse ela: “O nosso Grupo também se envolve com as atividades municipais, sempre que solicitado”. Disse também que o marcante na participação (da vida comunitária) é a proximidade com as pessoas – “Tudo parece mais leve com o estudo da Palavra. Tudo é aprendizado, por pouco que se consiga gravar em cada encontro". Liria conta que sempre procurou se dedicar para organizar os encontros do grupo, tentando apresentar momentos alegres e descontraídos para que todas se


sentissem bem. Ela também destaca a importância das visitas feitas aos grupos de OASE, junto com a Coordenadora Regina Mausolf. Hoje, Liria é Vice-Presidente do grupo da OASE local e realiza as atividades com o mesmo carinho. Participa das Noites da Família onde ouve e reflete sobre a Palavra do Senhor. Com alegria, Liria procura ajudar aquelas pessoas que necessitam de ajuda – “Pois tudo o que temos vem de Deus, então, dar com alegria, é servir ao Senhor”, disse ela. Disse ainda: - “São muitas as coisas que gostaríamos que fossem diferentes. Que bom seria, por exemplo, se mais senhoras viessem a participar para aumentar o grupo da OASE. A idade avançada e a saúde de várias senhoras tem impossibilitado a participação delas nos encontros e ainda, o falecimento de outras três senhoras diminuiu muito o grupo. Permanecemos firmes na fé em Jesus Cristo. Não queremos fracassar, esperamos crescer em número de participantes”. Algo que marcou bastante a sua caminhada como membro da OASE foi participar, em Rio Claro/SP, dos 100 anos da OASE Nacional – “Além do aprendizado, as lembranças são inesquecíveis”.

(História de vida coletada e escrita por Marli Zenker Pacheco)


Nome: Luci Heidecke Bauer Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Luterana dos Apóstolos - Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Luci Heidecke Bauer nasceu em 31 de janeiro de 1931, na cidade de Blumenau – SC e faleceu no dia 29 de agosto de 2017, aos 86 anos em Jaraguá do Sul - SC. Luci era membra da Comunidade Luterana dos Apóstolos - Paróquia Apóstolo, Sínodo Norte Catarinense. Tempo de participação na IECLB: Desde 1931, sendo batizada, confirmada, casada, batizando as duas filhas e os quatro filhos, depois enviando-os para o Ensino Confirmatório. Aspectos que considerava importante na vida da comunidade: União de todos, perseverança, fé e muita dedicação, motivação/vontade. Atividades em que a Sra. Luci participava e que foram importantes para a sua vida: A Luci frequentava os cultos no Centro de Jaraguá do Sul. Depois de participar de uma evangelização sobre Tempo, Talento e Tesouro, algumas senhoras resolveram se reunir na Rua Joinville e fundar um grupo de OASE denominado de Frauenhilfe. Luci foi uma das fundadoras desse grupo que teve início em 03 de março de 1968. Em 1973, quando Luci foi nomeada tesoureira, o grupo já contava com a


participação de 23 senhoras. Ela também foi uma das fundadoras da Comunidade dos Apóstolos. Sempre esteve participando/trabalhando em tudo que se organizava na Igreja: festas, feijoadas, churrascos, pasteladas, rifas, limpezas, doações de toalhas, louças; adorava rechear e assar patos e frangos. Em 1973, Luci se tornou mensageira: fazia visita aos membros da igreja, entregava os planos de culto, conversava, conquistava mais pessoas para participar da comunidade, vendia e entregava blocos de rifas, jornais, carnês de mensalidades. Também acompanhava o pastor nas casas de membros enfermos para ajudar a ministrar a Santa Ceia e fazer visitas. Participava nos grupos de Estudos Bíblicos e nas evangelizações. No início, os hinos eram quase todos cantados em alemão, porque os membros da localidade falavam em alemão e alguns tinham dificuldade de falar português. Ela se orgulhava muito quando chegava o final do ano e não tinha nenhuma falta no grupo de OASE Antúrio. Depois, começou a participar no grupo de idosos Orquídea. Sempre ganhava presentes de participação. Participou também do Dia Mundial de Oração, Dia Sinodal da Igreja e muitos outros eventos. Entre os dias 01 de junho a 20 de julho de 1999, Luci participou do “Curso Básico da Fé”, ministrado pela Professora Isolde Herberts, Pastor Cláudio Herberts, Pastora Marli Hellwig e Pastor Wilson Milton Schäffer (com direito a certificado). Em 2009, durante o 29° Baile no Vieirense, Luci foi debutante da terceira idade pelo grupo de Idosos. Em 15 de setembro de 2012, participou do baile comemorativo dos quinze anos das debutantes da Terceira Idade, no Parque de Eventos em Jaraguá do Sul-SC. Luci fez muitas viagens com o grupo de Idosos dentro do Estado de Santa Catarina: Beto Carrero, no município de Penha; Lar Vila Elsa, em São Bento do Sul; Zoológico de Pomerode; Seminário de Corupá; Passeio com o Barco Príncipe, em


Joinville; Cidade Histórica de São Francisco do Sul; Passeio Turístico em Florianópolis; Passeio Turístico em Brusque; entre vários outros. Em janeiro de 2016, já com seus 85 anos de idade, com a saúde bastante debilitada e sem condições de andar, Luci entregou o cargo de mensageira. Fez isso com muita dor no coração, pois era o que ela mais gostava: visitar os amigos de tantos anos. Em fevereiro de 2016, em um Culto festivo, Luci foi homenageada pelos 43 anos dedicados à missão de mensageira. Em dezembro do mesmo ano, teve a sua perna esquerda amputada. Apesar da idade avançada, por causa de sua grande vontade de viver, se recuperou rápido e voltou a participar do Grupo da OASE Antúrio, do Grupo de Idosos Orquídea e de todos os cultos. Em 29 de agosto de 2017, surgiram novos problemas de saúde, e Luci veio a falecer com 86 anos. Coisas que fez, faz e gosta de fazer: Luci sempre gostou de ajudar em todos os sentidos: trabalhando e visitando. Ela adorava cantar, viajar, participar de palestras, conversar, rezar, tudo que diz respeito a Deus ela adorava e acompanhava. Contribuições da vida de fé para a Igreja e a Sociedade: No início de tudo, Luci ajudou a criar um espaço para trazer a OASE para o bairro. Depois, ela iniciou o Culto Infantil nesse mesmo espaço. Com a ajuda de seu marido Harry Bauer, que era pedreiro, e dos demais membros da igreja, ela lutou para conseguir comprar um terreno e construir a Igreja e o salão. Luci sempre ajudou a trazer mais membros para a Igreja, aconselhando, visitando, dando ideias para melhorias, fazendo cursos. Sempre arrumava tempo para se dedicar aos serviços de Deus.


A Oma Bauer, como era conhecida, era admirada e querida por todos, pelo seu carisma e determinação. Momentos marcantes na vida da comunidade: Para ela, tudo era marcante, desde ajudar numa festa, viajar, vender rifas, entregar o jornal, conversar com amigos até trocar ideias. Seu marido Harry Bauer, foi o primeiro Presidente da Igreja Apóstolo João, e como pedreiro foi o construtor da mesma. Motivo de grande orgulho para a família. Ele chegou a receber honra ao mérito, já in memoriam. Luci recebeu uma linda homenagem por todos os serviços prestados à comunidade. Ela ficou muito emocionada e grata a Deus por ter conseguido juntar as pessoas do bairro e partilhar um mesmo ideal durante 49 anos. Sempre serviu a Deus com pequenos gestos que representaram grandes feitos para a comunidade.

(Entrevista sobre Luci Heidecke Bauer, por Isalora Bauer Miranda)


Nome: Lúcia Blauth Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus Paróquia: Estância Velha/RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

No domingo dia 26/04/2015, após fazer o curso sobre história de vida das mulheres luteranas, eu, Marcia Laux Blauth, recebi a missão de escrever uma história de vida. Chegando em casa, encontrei a sogra, Lúcia Blauth, pois moramos uma ao lado da outra, e contei como foi o curso. Após contar tudo, fiz a ela a seguinte pergunta: M: Dona Lúcia, a senhora, que ano passado, em 28/11/2014, completou 50 anos de bênção matrimonial, gostaria de contar a sua história de vida? Ela pensou um pouco e, após alguns segundos, disse: L: Sim, aceito! Mas eu preciso primeiro pensar um pouco, lembrar-me de fatos e, talvez, escrever algumas coisas para te passar. E hoje não vai dar: tenho que ir para a chácara, lá tem muito serviço. M: Ok. Não precisa ser hoje. E também não precisa escrever; podemos marcar um dia e sentar calmamente para começarmos. Eu sei que a senhora tem muitas tarefas para fazer hoje. Mas assim que tiver um tempinho, a gente marca um horário para a senhora contar e eu ouvir a sua história. A HISTÓRIA L: Nasci em linha São Jacó – Nova Petrópolis/RS, na época município de São Leopoldo. Fui batizada na igreja da comunidade de Treze Colônias, da IECLB. M: Do que a senhora se lembra do tempo de criança? L: Muitas coisas: não tinha escola dominical na comunidade. Os cultos eram de duas em duas semanas. Como éramos entre muitos irmãos (nove homens e oito


mulheres), uma turma ia numa semana e a outra turma na outra. Íamos de carroça, e levava mais ou menos uma hora para chegar à igreja. M: Como era a convivência com tantos irmãos e irmãs? L: Era boa. Mas teve um momento triste que não consigo esquecer. Certo dia, estávamos à mesa do café quando o irmãozinho de 3 anos começou a tossir muito. Era coqueluche. Ele acabou por falecer neste dia. Isso foi muito difícil para mim. M: Como conseguiu enfrentar, suportar a dor? L: A partir disto, a mãe Ida Sommer Klein (in memoriam) pediu para ficar firme em Deus, para colocar a nossa tristeza nas mãos de Deus. Mas, naquela época, ainda não compreendia direito que Deus está do nosso lado em todos os momentos da vida, querendo nos consolar e orientar. A minha caminhada de fé, assim posso dizer, começou mesmo a partir da doutrina. M: Falando em doutrina, ensino confirmatório, como era no seu tempo? Quem foi o pastor que orientava o ensino confirmatório? L: O pastor foi o Braun. Lembro-me que, no dia da confirmação, o pastor fez perguntas, em português, sobre questões da Bíblia. As perguntas eram feitas na frente de toda a comunidade, e, a resposta deveria ser em alemão. Ganhávamos pontuação, e eu tirei o primeiro lugar. Hoje em dia, este tipo de prova é realizado antes da confirmação. M: E sua juventude como foi? Na comunidade tinha encontro de jovens? L: Não tinha encontro de jovens na comunidade. M: Como foi então? L: Trabalhava na roça e em casa. Não consegui estudar, pois a cada ano nascia um irmãozinho ou uma irmãzinha. E como eu era a mais velha dos irmãos, precisava ajudar a cuidar deles. M: E o seu casamento? L: Casei aos 18 anos, em 28 de novembro de 1964, com Edgar Blauth. Edgar era da IELB, mas nós nos casamos na IECLB, porque meu pai assim exigiu. Morei junto com a sogra durante seis meses, até compramos um pedaço de terra do meu pai Arthur Klein, onde fizemos uma casinha. M: Deste tempo lembra-se de algo mais? L: Nasceu o primeiro filho, Danilo Blauth. Éramos muito pobres, mas tínhamos muita fé e esperança de que as coisas iam melhorar. Trabalhava na roça, e o filho ia junto. Depois nasceram as filhas Margarida, Lorena e Cristina, todos em Treze Colônias.


M: Outros momentos? L: Triste foi quando um cavalo nosso quebrou a perna e tivemos que matá-lo. Tivemos que pegar dinheiro emprestado para comprar outro. M: E como pagaram? L: Pegamos uma junta de bois emprestada para roçar e plantar. Um dia trabalhávamos para nós, em nosso pedacinho de terra, e dois dias trabalhávamos na terra desta pessoa que nos emprestou os bois. Assim pagamos a dívida. Não com dinheiro, mas com trabalho. M: Mas aqui já estava fazendo diaconia, não é, Dona Lucia? L: Sim, graças à ajuda dos vizinhos. Assim também foi quando nasceram os filhos. Vinham vizinhas me a lavar roupa, limpar a casa. Quando elas precisavam, eu também ia ajudar: uma mão ajudava a outra. Oito anos depois vendemos a terra e, em 1973, viemos para Rincão dos Ilhéus, município de Estância Velha/RS. Compramos um terreno, trouxemos a nossa casinha e ali a colocamos. Por nove meses buscávamos água nos vizinhos e, mais tarde, conseguimos fazer um poço artesiano. M: E na cidade conseguiu trabalho? L: Sim. Trabalhei primeiro em casa de família, três tardes por semana. Os filhos ficavam em casa, um cuidando do outro. Aqui no bairro também encontramos um ponto de pregação da IECLB, ligado à Comunidade da Ascensão de Novo Hamburgo. Começamos a nos envolver nesse ponto de pregação e entramos nela como membros. Lembro-me muito da Irmã Hildegard Hertel, que fazia visitas nas casas. Certo dia, ela veio me visitar e me convidou para entrar na Assistência Social aqui no Rincão dos Ilhéus, e eu aceitei. M: O que se fazia na Assistência Social e quem era o pastor no Rincão do Ilhéus na época? L: O pastor era o Elio Eugenio Müller. Na Assistência foi muito bom. Lá me ensinaram a costurar, fazer tricô, crochê. O que a gente fazia, podia levar para casa. Lembro que fiz capa de chuva de saquinhos de leite, para meus filhos. E tinha momentos de estudos bíblicos com a Irmã Hildegard. Era muito bom. Uma vez por mês toda a família ia aos estudos no centro em Novo Hamburgo, e lá ganhávamos rancho. Neste tempo nasceram Leandro e Adriano, sendo que agora tínhamos seis filhos. Também tínhamos um trabalho da Assistência Social no bairro Roselândia. Lá eu ajudava a cuidar de crianças nos dias de encontro, inclusive podia levar as minhas junto. Era na época da Márcia Paixão e Mara Klein.


M: Como a senhora deu conta de todos? L: Sempre digo: não fui eu sozinha; Deus quem me ajudou em toda a minha vida. Depois trabalhei em casa, fazia o serviço de noite, preparando e virando sapato, para poder ir aos encontros na Assistência de dia. M: E os cultos e a OASE no Rincão, como eram? L: Os cultos, nos primeiros anos, eram no pavilhão da comunidade. A OASE, em dia de semana, era nas casas das participantes da OASE e, no sábado, era realizada no pavilhão da comunidade. Depois de dois anos de OASE, a Sra. Ely Seewald (in memoriam), que era a primeira presidente, e a Sra. Ilsa Sturm, (in memoriam) me visitaram e convidaram para eu entrar na diretoria, e aceitei. M: O que mais gostaria de compartilhar? L: Fui presidente da OASE por três vezes, cada vez com mandato de dois anos. Na OASE tive bom crescimento, mesmo sem muito estudo. Mas com amor, com fé em Deus e as senhoras me ajudando, tive oportunidade de conhecer outros grupos. Participando, eu aprendi realmente que a OASE é diaconia, assistência, comunhão. Um estudo que marcou na OASE foi quando o pastor Anibaldo Fiegenbaum pediu para cada pessoa colocar em oração um dom que achava ter, e eu coloquei que gostava de fazer pães e cucas. Fui abençoada! Até hoje posso servir a comunidade com esse dom. A primeira vez que fui presidente da OASE foi no tempo do pastor Genésio Bobsin. Tínhamos um pavilhão bem simples, que era um local de encontros e festas. Ao lado do pavilhão estava construída a igreja. Lembro que para mobiliar a igreja foram tiradas árvores de cinamomo do pátio da comunidade, das quais se fizeram a mesa do altar, o púlpito e a pia batismal. Os bancos foram doações dos membros da comunidade. A segunda vez que fui presidente da OASE foi na época do pastor Marcio Trentini, e a terceira vez foi na época dos pastor Edemar Zizemer. Na comunidade já fizemos muitas festas, muitos bailes. Sempre trabalhei na cozinha, fazendo as cucas viradas, os pães, mocotó. Tínhamos e temos, até hoje, pessoas se doando para ajudar a comunidade crescer. Lembro que uma vez estávamos indo para a comunidade trabalhar, eu e meu esposo, e no caminho, a pé, três pessoas tentaram nos assaltar. Eu gritei tanto que eles fugiram. Ali senti mais uma vez a presença de Deus, que nos protegeu. Eu estava com a Bíblia na mão. Vários anos depois, foi construído o ginásio de esportes. Por três anos fui zeladora da comunidade. Morei na casa ao lado da igreja. Fazia limpeza na igreja, arrumava as salas para os encontros, puxava o sino de meio-dia e de tarde, às 18:00 horas.


M: Atualmente, na comunidade do Rincão dos ilhéus, a senhora participa de mais grupos? L: Participo nos trabalhos manuais e nos estudos da OASE, no grupo de canto da comunidade (Cantos para Viver), Dança Sênior, no grupo da Terceira Idade (estudos, cantos, brincadeiras, passeios, visitas a outros grupos, ginástica). Isso tudo é muito bom e importante. Neste grupo não fazemos bailinhos; é um grupo ligado à comunidade. O pastor Edemar Zizemer traz estudos que nos ajudam na formação espiritual. De uns anos para cá ajudo, uma vez por mês, aos sábados, no grupo de diaconia, onde fizemos o brechó, cuja renda é revertida para doações, para lares, para pessoas que precisam de ajuda. Isso tudo é bênção de Deus! Não posso deixar de mencionar o culto infantil. Sempre que precisam, colaboro com o que posso, seja fazendo amendoins para os pacotinhos das crianças, ou ajudando nos almoços dos encontros. M: O que a senhora espera e sonha? L: Espero continuar participando sempre onde for possível. É muito importante ter comunhão com outras pessoas. Eu agradeço todos os dias a Deus que me dá forças, coragem e fé. Que eu possa continuar dando exemplos para os outros e para minha família. Sinto-me feliz e abençoada porque muitos membros da minha família aprenderam o caminho da igreja cristã, de Deus, e o seguem. Eu só tenho que agradecer e agradecer. M: Assim eu, Marcia Laux Blauth (nora), finalizo a entrevista com Lúcia Blauth, com as palavras de agradecimento, muitos agradecimentos.


Nome: Lucia Kirst Klein Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Maripá Comunidade: Maripá Paróquia: Maripá Sínodo: Rio Paraná

Num domingo de manhã, em Arroio da Seca, então município de Estrela, hoje Imigrante, no Rio Grande do Sul, nasci em 27 de outubro de 1946, filha de Romeu e Irene Drebes Kirst, membros atuantes da comunidade luterana. Fui batizada em 1º de dezembro na Igreja da Paz, onde fui confirmada. Sou casada com Sigfrid Klein. Temos três filhos, Suzana, Patrícia e Oscar, e dois netos, Maria Andressa e Felipe, todos membros da IECLB em Joinville/SC. No ano de 1976, fixamos residência em Marechal Cândido Rondon/PR e, logo em seguida, em Maripá, região oeste do Paraná, onde moramos atualmente. Minha participação nas atividades da Igreja começou muito cedo, no Kindergottesdienst (Culto Infantil), quando tinha em torno de 2 anos de idade. Lembro-me da Frau Pastor, Vitória Hoffmann, que o ministrava e nos recebia com um belo sorriso. Tinha por hábito me perguntar o que eu gostava de cantar, e prontamente eu respondia “Gott ist die Liebe” (Deus tem amado). Participei do Ensino Confirmatório, com o Pastor Heinrich Brakemeier, em Arroio da Seca, que nos ensinou o catecismo menor em dois idiomas, alemão e português. O Pastor Brakemeier era um hábil e criativo contador de histórias. Sabia levar as crianças, em especial, a se encantar com as histórias bíblicas do Antigo e Novo Testamento. Esses momentos foram decisivos na minha caminhada de fé. Tenho gratas lembranças dessa época; em especial, recordo-me do nosso Natal e da nossa Páscoa, que eram muito celebrados e eram por ele enfatizados em comemorações, mostrando o verdadeiro sentido dessas datas cristãs. Hoje, na


nossa família, temos por costume nos reunir e vivenciar esses momentos com fé e muito amor. Quando jovem, participei da Juventude Evangélica e integrava a equipe da comunidade que dava Culto Infantil. Formei-me como professora no Colégio Martin Luther em Estrela. Quando em sala, mantinha, semanalmente, uma hora de atividades chamada “Histórias da Bíblia”. Senti que esses momentos eram muito importantes para as crianças, porque elas esperavam com ansiedade esse contato espiritual, onde se trabalhavam o amor, a misericórdia, a fé em Jesus Cristo e em Deus, o Senhor. Durante muitos anos auxiliei a nossa comunidade como orientadora do Ensino Confirmatório, o que me deu oportunidade de estudar mais e crescer mais na fé, a sentir a importância do convívio familiar na formação do ser humano e também a conhecer a estrutura e o funcionamento da nossa Igreja, a IECLB, como um todo. Quando me aposentei profissionalmente, passei a dispor de mais tempo e pude servir a Deus convivendo com um grupo de mulheres. Comecei a participar do grupo da OASE Rebeca, em Maripá, com assiduidade, porque antes só podia fazê-lo nas atividades de final de semana. Isto também me possibilitou fazer parte da diretoria da OASE do Núcleo Girassol, o que abracei colocando os meus dons a serviço da seara do Senhor e procurando firmar-me sempre mais no tripé: comunhão, testemunho e serviço. Em nível de Presbitério, participei de diretorias da comunidade e da paróquia. Hoje, integro o Departamento de Diaconia, levando mensagens de consolo, amor e fé em momentos especiais e difíceis na vida das pessoas. Faço parte da Equipe de Liturgia, auxiliando os pastores na condução de cultos, encontros e tarefas nos grupos que funcionam junto à Comunidade. Todas as atividades junto à Igreja foram aprendizado, rico em vivências, conhecimento, dedicação e testemunho. Acho importante o trabalho das mulheres junto à Igreja auxiliando, amando e servindo com alegria. Deus dá capacidade, talentos e dons para que os usemos para a Sua honra e glória. Sim, foi servindo ao Senhor com alegria que Ele me abençoou, orientou e guiou com sabedoria até os dias de hoje.


Nome: Lúcia Marquardt Pommerening Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Ilha da FigueiraParóquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Quais aspectos que a Sra. considera importante na vida da comunidade? Acolher todas as pessoas sem distinção, de idade, raça ou cor. Com alegria, vivenciar a fé em Comunhão com outras pessoas a partir do Evangelho de Jesus Cristo. Valorizar o trabalho de grupos, principalmente com crianças, jovens e os cultos. Atividades que participa ou participou e que são importantes para a sua vida: Sempre participei das atividades da comunidade, desde sua criação. Participei como orientadora do Culto Infantil, juventude, grupo de canto e coral, OASE, Reencontro de Casais, retiros. Ainda participo do grupo de artesanato, grupo de pessoas idosas, diaconia e visitação e estudo bíblico. Gosto de decorar o altar com flores, para os cultos da comunidade e eventos (festas) da paróquia. Coisas que fez, faz e gosta de fazer: Gosto de visitar as pessoas doentes e enlutadas, fazer artesanato, ajudar nas festas e ornamentar o altar para os cultos da Comunidade. Coisas que mudaria ou faria de forma diferente: Preparar e dedicar-se apenas para um ou dois tipos de atividade.


Contribuições da vida de fé para a igreja e a sociedade: Testemunhar, falar para outras pessoas as maravilhas e bênçãos recebidas das mãos de Deus em minha vida e na vida da minha família e amigos.

Momentos marcantes da sua vida na comunidade: Momentos marcantes foram: o primeiro evento (festa) realizado para levantar recursos e dar início à construção do primeiro salão da comunidade; a minha confirmação; meu casamento; o batizado e confirmação dos filhos; batizado dos netos; convite para a formação de um grupo de visitação; a construção e inauguração da sala destinada para trabalhos de grupos; a construção e inauguração da Igreja.


Nome: Luciana Jarosczevski Comunidade Luterana da Cruz / Curitiba Sínodo: Paranapanema Cidade: Curitiba/PR

Onde DEUS está quando mais precisamos dele? Resolvi começar com essa pergunta por achar que ela expressa o que tantas pessoas, também as que se dizem cristãs, sentem diante das dificuldades: a falta de Deus. Por muito tempo, em minha vida, senti-me agraciada com a presença de Deus, até o momento em que experimentei o que hoje vivencio e defino como a “MAIOR DOR” que um ser humano pode experimentar: a partida de uma filha para a VIDA ETERNA. A experiência da perda de minha filha me levou a perguntar: POR QUE EU? Ainda hoje, quando faço esta pergunta para DEUS, durante minhas infindáveis crises de choro, pela saudade da minha pequena Kelli Cristina, sinto a dor tomar conta do meu ser. Depois de um tempo de silêncio, calmamente começo a perceber que Deus sempre esteve ali, o tempo todo comigo. ELE sempre esteve junto, pois, se fosse diferente, eu não aguentaria. Então percebo que é nossa tendência querer sempre mais do que Deus nos proporciona. No início de 2015, quando Kelli foi internada, chorei durante dias. Foram três meses de angústia, acompanhando seu difícil quadro de saúde. Nos 65 dias finais em que permanecemos juntas na UTI, a Kelli em estado gravíssimo, acometida pelo mal epilético e eu desorientada pela possibilidade de perder minha única filha, questionei: “Onde DEUS está enquanto minha filha, uma adolescente de apenas 16 anos, sofre? Ela não tem o direito de ao menos falecer com dignidade? Precisa ficar neste ambiente frio e com tantas dores, sem que eu possa ao menos ajudá-la?”


Sem me dar conta, DEUS estava ao nosso lado o tempo todo, providenciando tudo de que nós necessitávamos, mas não aquilo que eu considerava que precisávamos. Toda essa reflexão me ocorreu quando meus familiares, pessoas amigas e pastores da comunidade me alertaram sobre a gravidade do caso, dizendo que só me restava entregá-la nas mãos de DEUS. Como foi difícil, mas não havia alternativa: entreguei-a nas mãos de Deus e, aos poucos, fui percebendo que tudo tinha um propósito. Comecei a fazer as poucas coisas que eu poderia: primeiro, relembrar como nós tivemos uma vida maravilhosa juntas. Apesar das limitações da Kelli, nós não reduzimos nossas vidas apenas a poucos passeios, mas desfrutamos do melhor que a vida pode nos oferecer. Visitamos com frequência as pessoas que nos amam de verdade, conhecemos lugares fantásticos criados por Deus ou pelos simples mortais. Quando aparecia algo que a Kelli não conseguiria fazer sozinha, eu a agarrava junto de mim, e nós desfrutávamos ao máximo qualquer oportunidade de felicidade juntas. Presenteamos nosso paladar com alimentos muito deliciosos, viajamos, lutamos contra o preconceito, brincamos. Quando buscávamos estímulos nas clínicas de fisioterapia, terapia ocupacional ou fonoaudiologia, nas piscinas em que fazíamos hidroterapia ou apenas fazíamos farra na água, rimos e descobrimos na Reeducação Visual, em meu local de trabalho, o CMAE (Centro Municipal de Atendimento Especializado), que a baixa visão nos proporcionava enxergar além, com os olhos do coração. Nós nos emocionamos nas sessões de equoterapia, em que a Kelli, por vezes, resolvia mostrar que podia, sim, melhorar seu controle de tronco. Em outros momentos, ela simplesmente curtia as crinas do cavalo. Foram momentos cheios de emoções. Por outro lado, não podemos deixar de mencionar as nove escolas que a Kelli frequentou, algumas para mostrar que a inclusão é possível, outras para a Kelli ser realmente estimulada. Em algumas escolas, percebemos que existem professoras fascinantes; em outras, experimentamos o descaso de professoras incompetentes e sem preparo para lidar com o diferente. Mas em cada local por onde passamos pudemos perceber que DEUS estava ao nosso lado. Em segundo lugar pude pensar: “Nossa, como é injusto a Kelli ter ficado neste mundo somente 12 anos após sua adoção”. Mas também percebi que isso é uma questão de interpretação. DEUS é tão bondoso que me permitiu viver com a Kelli por 12 anos muito intensos, nos quais fui chamada de MÃE pela criatura mais iluminada que já conheci. Embora Kelli tenha falado por um período muito curto, pois logo teve o 1º mal epilético que a impediu de continuar falando, ela me mostrou


algo ainda mais grandioso: a linguagem do coração. Na minha limitação, não consigo explicar, mas a Kelli sabia me transmitir muito da grande inteligência emocional com a qual foi agraciada por Deus. Não vi minha filha correndo, andando, mas a vi com toda a certeza flutuando com a sua cadeira de rodas. Sempre fiz questão de lhe proporcionar muito conforto, porém alguns passos foram importantes para que eu desse valor à maneira de conduzir nossas vidas. Também pude frequentar a Comunidade da Cruz, em Curitiba, com este anjo ao meu lado. Inclusive, na sua Confirmação, ela nos fez refletir e questionar sobre quem consegue cumprir os DEZ mandamentos? A Kelli nos ensinava muito quando cantava cada hino do culto com a língua dos anjos. Deus sabe de todas as coisas. A Kelli ensinou na vida e na morte. Obrigada, SENHOR, por me permitir ser MÃE de um ANJO. Sei que a missão dela permanecerá com a mesma importância: ensinar-nos a nunca desistir. Como diz a letra do seu canto preferido: “Eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro, quebra a minha vida e faze-a de novo, eu quero ser, eu quero ser um vaso novo.”


Nome: Magali Lülke Pazda Tempo de participação na IECLB: desde a Confirmação Comunidade: Canoinhas Paróquia: Canoinhas/SC Sínodo: Norte Catarinense

Meu nome é Magali Lülke Pazda, tenho 31 anos e sou integrante da Comunidade Luterana desde 1996. Fui batizada na Igreja Católica, porém, como meu pai Gerhard Lülke (em memória) era luterano, sempre que possível participávamos dos cultos luteranos na cidade de Três Barras com o Pastor Wolfgang Richter (em memória). Eu adorava participar do culto infantil. Na idade de 10 anos, iniciei a catequese na comunidade católica. Fiz a 1ª comunhão na localidade da Campininha, interior de Três Barras/SC. Mudamo-nos para a cidade de Canoinhas, e seria tempo de iniciar a preparação para a crisma na Igreja Católica. Foi quando disse a minha mãe que se eu não participasse da Luterana, não iria a nenhuma Igreja. Então, com muita discussão, meu pai e minha mãe resolveram me trazer até a igreja para conversar com o pastor, que me acolheu e perguntou se eu gostaria de participar do ensino confirmatório e fazer a confirmação na Igreja Luterana, e SIM, aceitei. Participei depois do grupo de jovens. Lembro-me de ter ido ao REPICA. Participava também do coral com o Sr. Aloísio. Porém, desde que casei, não participo mais. Casei com Ernani de Assis Pazda (que era católico), e temos dois filhos, Henrique (12 anos) e João Pedro (7 anos), batizados e participantes na Igreja Luterana. Há pelo menos três anos estamos firmes na fé e participando ativamente em nossa comunidade.


Trabalho como auxiliar de mecânico e gosto do que faço. É uma atividade que a sociedade está aceitando aos poucos. No momento, estou fazendo, também, um curso de costura aos sábados. Na comunidade, sou orientadora do culto infantil. Além disso, auxilio nas atividades e participo do grupo de mulheres na quarta-feira. Sempre incentivo meus filhos a terem uma vida cristã ativa. Eu e meu filho Henrique participamos das aulas de violino da comunidade. Ele adora cantar, e fico muito feliz quando o vejo participando na comunidade. Espero ver minha família ainda mais participativa na comunidade.


Nome: Márcia Laux Blauth Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica de Luterana em Rincão dos Ilhéus

Confissão

Estância Velha - RS Sínodo: Nordeste Gaúcho Data nascimento: 18/08/1963

Meu nome é Marcia Laux Blauth. Sou filha de Evaldo Walter Laux e de Sibila Metz Laux (in memoriam). Faço parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) desde o batismo. Fui batizada na Comunidade Evangélica de Novo Hamburgo (Ascensão) em 08/09/1963, pelo pastor Gustav Reusch. No tempo de criança, minha mãe nos levava aos cultos, e eu participei algumas vezes da escola dominical, no bairro onde morava, Primavera, em Novo Hamburgo – RS. Os primeiros cultos foram na casa da Frau Pfarrer Martha Wartemberg, pois o bairro, naquela época, não tinha igreja e os membros estavam ligados à Igreja do Centro (Ascensão). Sobre a doutrina... O primeiro ano da doutrina realizei na escola Osvaldo Cruz (centro de Novo Hamburgo) e o segundo, no bairro onde morávamos na igreja. O Pastor Helmut Burger vinha do centro até o bairro Primavera para dar a doutrina. Minha confirmação foi realizada na Comunidade Evangélica Ascensão de Novo Hamburgo (07 novembro de 1976), pelo Pastor Orlando Moacir Kehl. Sobre a infância... Minha vida foi simples, nunca faltou nada. Os brinquedos eram poucos. O que fazíamos era pular corda, jogar pinicas, esconde–esconde. Brincávamos também com bonecas feitas de papel. Nós desenhávamos as roupas em papel desenho, recortávamos e as vestíamos. Às vezes, íamos com o pai e a mãe para a terra onde eles nasceram, em Morro Bock, Picada Café. Lá moravam padrinhos e madrinhas, tias e tios. Ali ficávamos felizes: íamos ao galinheiro pegar os ovos, convivíamos com animais e muitos pés de frutas. Lá tive a oportunidade de comer muita bergamota e laranja.


Outro fato que me lembro do tempo de infância aconteceu em um culto. Certa vez eu e minha irmã gêmea (Marlene) fomos num domingo de manhã para o culto, no bairro. Quando o pastor começou a falar, nós duas nos olhamos e pensamos no que fazer. O culto era em alemão e nós entendíamos pouco. Não conseguimos cantar, nem orar, mas ficamos firmes até o fim do culto. Naquele tempo tinha cultos em alemão. E mesmo que a nossa vó paterna, Amália Blos Laux,(in memoriam) tenha morado conosco, e só falasse o alemão, eu só consegui aprender algumas palavras em alemão. Sobre o tempo de juventude Em grupo de jovens, minha primeira experiência de participação foi num retiro. O retiro do grupo aconteceu no lar da Juventude em Sapiranga, com jovens do Bairro Primavera, onde meus irmãos Ari Ingo Laux e Elton Hilário Laux também participaram. Sobre o tempo de infância Eu e minha irmã gêmea sempre vestíamos roupas iguais até a 6ª série, no colégio 25 de julho. Certo dia, a professora conselheira chamou a mãe para conversar. Ela aconselhou a nos separar de sala e usarmos roupas diferentes, para cada uma criar a sua própria personalidade. De sala não nos separamos, pois os pais não tinham condições de comprar livros para cada uma, mas as roupas começaram a ser diferentes. Sobre o mundo do trabalho... Com 14 anos, concluí a 8ª serie e comecei a trabalhar. O objetivo era ajudar no sustento da família. Também queria comprar “coisas de menina” e, principalmente, queria comprar óculos melhor, mais moderno. Desde os seis anos de idade eu tinha problema nos olhos (miopia e astigmatismo). O primeiro emprego foi numa fábrica de calçados, e aos 18 anos de idade adquiri lentes de contato, que me proporcionou uma visão melhor. Após quase doze anos na mesma fábrica (1977 – 1989 - Calçados Klaser), resolvi trocar de emprego. Saí num dia e no outro já estava trabalhando em outra firma (Calçados Brochier S.A,). Por um lado, o trabalho nos dá autonomia, mas por outro, como tolhe a vida de nós trabalhadores e trabalhadoras. E o amor... Foi nesta mudança de emprego, que conheci meu esposo, Danilo Blauth. Eu estava quase sem esperança de encontrar alguém sério, pois tinha passado por algumas decepções. Coloquei meus sentimentos em oração. Hoje sei que Deus, de uma forma especial, nos colocou um perto do outro, pois o Danilo também tinha saído do emprego anterior, de onze anos e começou trabalhar na mesma firma que eu. As cartas do tempo de namoro...


Eu comecei a conhecer o Danilo através de cartas; isto foi durante três meses. Nós queríamos nos conhecer e não queríamos que ninguém na firma soubesse, pois alguém poderia sair prejudicado e acabar perdendo o emprego. Danilo era chefe no setor de corte, e eu trabalhava noutro setor. Eu tinha 27 anos e ele 25 anos. Falávamos nas cartas de tudo, das famílias, dos fins de semanas, de Deus, o que esperávamos do futuro. Muitas eram as perguntas e as respostas. Mais tarde, no dia quatro de abril de mil novecentos e noventa, no aniversário de minha mãe, nós assumimos o namoro oficial. Conhecendo a IECLB... Eu conto tudo isso por que foi assim, através do Danilo, que conheci a Paróquia Evangélica Trindade do Rincão dos Ilhéus, que hoje é a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Rincão dos Ilhéus. Eu comecei ir junto com ele na Juventude - JETRI, nos cultos. Neste grupo de jovens, conheci bons amigos, que mais tarde se tornaram nossos padrinhos e madrinhas de casamento: o Daniel Möller e Eliane, a Lisete Ritter e Ernani Ritter. Hoje afirmo que fui bem acolhida na casa dos pais do Danilo, bem como na comunidade do Rincão dos Ilhéus. E posso também dizer que foi Deus que esteve comigo nesta caminhada, cuidando de mim e me colocando novamente para dentro da Igreja. O casamento e a participação na vida comunitária... Após dois anos entre namoro e noivado, construção da parte de baixo da casa, veio o casamento, que foi no dia 23 de Maio de 1992. O Pastor Anibaldo Fiegenbaum oficializou o casamento. Vim morar no Rincão dos Ilhéus, Estância Velha, tornandome membra da comunidade. Naquele ano, participei em estudos bíblicos à noite, nas casas. O pastor Anibaldo Fiegenbaum trazia, para reflexão, temas da atualidade, fatos da vida, como perdão, necessidade de diálogo, família, casamento, separação, etc. Os encontros eram muito bons, tínhamos um bom crescimento espiritual e fortalecimento na fé. Participação na OASE Alguns anos depois do casamento, a convite da sogra Lúcia Blauth, comecei a participar na OASE. No momento, só posso participar dos encontros realizados sábados à tarde. Eu trabalho numa empresa de Produtos Químicos, há vinte e quatro anos, onde sou auxiliar administrativo, faturamento. Por isso me alegro que existem comunidades abertas para fazer encontros da OASE aos sábados. Isso foi muito importante para mim, ter oportunidade de conhecer mais a palavra de Deus. Estou há oito anos entre a função de secretária e vice-secretária da OASE. A OASE realiza no ano dois cultos com o Pastor Edemar Zizemer: no Dia Mundial de Oração e na Semana Nacional da OASE, onde ajudo no que precisar, nas leituras, no jogral, na elaboração e envio dos relatórios dos cultos.


Outras participações na vida da Igreja Atuei como secretaria do Conselho da comunidade, no período de 2009 a 2012. Atualmente sou Vice-Secretária da OASE, e Vice-Secretária do conselho da Comunidade. Sempre que possível também envio para o Sínodo Nordeste Gaúcho fotos e informações da nossa Comunidade para serem publicados no site do mesmo. Em alguns cultos eu participo fazendo as leituras bíblicas e, quando estamos de plantão, no caso, o casal, recebemos as pessoas na porta, entrego os hinários e também ajudamos no recolhimento das ofertas. Momentos de tristeza Houve no meu caminho também momentos de sofrimento e tristeza. Lembro do falecimento da minha vó, do falecimento de minha mãe, da época em que o meu esposo estava desempregado. Mas, com a graça de Deus foi possível aguentar e superar o sofrimento, as dificuldades. Momentos de Alegrias. Nascimento dos filhos, Gustavo Laux Blauth em 26 de Novembro de 1994, e Gabriele Laux Blauth em 25 de outubro de 2000. O curso de coleta de histórias de vida.... Neste curso de histórias de vida e fé eu aprendi a importância da mulher luterana na Igreja, que temos papel importante, como o exemplo de Katharina Von Bora. Eu sinto que a minha saída do convento, como chamamos no curso, o momento importante na minha vida, em que minha vida tomou novo rumo, foi quando entrei na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Rincão dos Ilhéus. E o ponto importante da minha vida é a fé. Se não tivesse fé, a vida não teria sentido.


Nome: Margid Uebel Coelho Participação na IECLB: Desde o Batismo Paróquia: Evangélica de Confissão Luterana de Água Boa Comunidade: Água Boa - MT Sínodo: Mato Grosso

Nasci em berço luterano, aos 17 de fevereiro de 1971, em Mondaí –SC. Sou filha caçula do casal Adelir Jacob Uebel e Irma Maria Uebel, irmã de Martin e Andréas. Fui batizada em 08 de abril de 1971, pelo Pastor Edio Scwantes, na Igreja Evangélica de Mondaí. Morávamos em Palmitos/SC, anos de 1974. Neste tempo, meus pais faziam cinema nas comunidades do interior para terem uma renda extra. Minha mãe era auxiliar de enfermagem, trabalhava no hospital e meu pai trabalhava como dentista. A Kombi era o meio de transporte da família e com ela levavam também os equipamentos de que necessitavam. Na época, o pastor Norberto Schwantes, amigo de meus pais, pediu para que eles divulgassem, durante as sessões de cinema, as imagens de uma terra maravilhosa localizada no centro do país, tratavase da região de Água Boa e Canarana, no Mato Grosso. No dia 20 de julho de 1974, saímos (nossa família, meus avós maternos com minha tia caçula de 11 anos e a família do tio Alfredo) rumo ao Mato Grosso, início da aventura inesquecível. O caminhão com a mudança e duas Kombis com as famílias e os mantimentos para as refeições, na beira da estrada. As duas Kombis iam à frente do caminhão. Próximo do horário de almoço, meu pai e o tio Alfredo escolhiam cuidadosamente um local com uma boa sombra, água, banheiro e espaço amplo, a beira da estrada, para almoço e descanso. Enquanto minha mãe e a tia Voni faziam o almoço, papai e o tio Alfredo aproveitavam para descansar, porque dormir não era possível com o barulho das crianças. Eram 4 meninos e 3 meninas precisando descarregar um pouco da energia, correr e brincar. Quando o almoço ficava pronto, o caminhão com a mudança estava chegando.


Foram cinco dias de aventura e, em 24 de julho finalmente chegamos no Vau dos Gaúchos, uma vila onde iríamos nos instalar. As terras ficavam 60 km à frente. Nesta vila tinha uma escola construída de madeira, era melhor construção da vila mantida pelo município de Barra do Garças. Como a escola estava sem professor, nossa família resolveu ir direto para a fazenda. No dia 26 de julho descarregamos a mudança. Estavam todos muito animados, ajudando um ao outro a descarregar o caminhão. Para nós, crianças, a aventura continuava, apesar dos meus irmãos e primos serem mais velhos tudo era uma aventura, pendurar-se no cipó e gritar como Tarzan, ouvir o barulho dos macacos e tentar imitá-los. Eu e meu irmão Andréas, que éramos menores, não conseguíamos acompanhar os mais velhos e questionávamos nossa mãe: “Mãe! Quando vai ser de novo como era em Palmitos?” Muitas vezes, minha mãe chorava e orava muito por ter feito esta loucura. Quando nos mudamos de Palmitos, Martin, meu irmão mais velho, já estava estudando na escolinha e eu e o Andréas fazíamos o Jardim de Infância. Em Palmitos, morávamos no Centro, em frente ao clube, próximo da escola e do Hospital Municipal. Tínhamos o parque da pracinha para brincar. Tudo era perto de casa, Sair deste conforto para o meio do mato, no meio do nada não foi fácil. Lembro-me também, que nos primeiros tempos íamos passear e conhecer os vizinhos, todos muito receptivos. Em cada visita ganhávamos algo e assim, quando voltávamos para a fazenda, a Kombi estava lotada de sementes, mudas e como não poderia faltar, a galinha e seus pintinhos. Era muito divertido. Nosso primeiro Natal no Mato Grosso foi muito diferente. Não tivemos um pinheiro, mas tivemos uma linda árvore do cerrado, enfeitada com bolinhas. O Papai Noel saia do meio da plantação de milho. Ficávamos assustados com aquela luz que brilhava na escuridão do milharal, mal sabíamos que era a Groβmutter se passando pelo nobre Papai Noel. Os presentes eram todos iguais, tanto para os meninos como para as meninas, um carrinho colorido para que pudéssemos brincar juntos, sem atritos. Sentávamos ao redor daquela árvore, cantávamos hinos de Natal, ouvíamos histórias do nascimento de Jesus Cristo e todos éramos muito felizes. No início de 1975 mudamos para o Vau dos Gaúchos e em junho deste mesmo ano, mudamos para Água Boa. Lembro-me que brincávamos à vontade no meio das ruas largas. Subíamos nas árvores e descíamos com cordas e roldanas e, como eu não tinha uma irmã, ficava sempre ao lado dos meus irmãos. Isso me trouxe inúmeras experiências e tombos, por ser a “cobaia” nas brincadeiras. Mas o mais divertido disso tudo era quando minha mãe atendia um parto em nossa casa,


ai eu tinha uma “boneca viva” para cuidar, enquanto minha mãe cuidava da mãe do bebê. A escola foi construída com a ajuda dos pais que ali estavam, cada qual ajudava como e com o que podia. Lembro-me que estudávamos até umas 10 horas da manhã, porque após este horário o sol era muito quente. A escola não tinha telhado, somente as paredes. Por isso, à tarde as aulas aconteciam entre 14h30 e 17h30 porque depois deste horário escurecia e não havia luz na escola. Lembro-me também que sentávamos num banco e as anotações eram feitas nos cadernos sobre nossos colos, sem contar que a professora precisava se dedicar com alunos de várias idades em numa mesma sala. No começo, os cultos eram na escolinha. Mais tarde, as comunidades católica e luterana se uniram e construíram um centro comunitário (pavilhão em alvenaria) perfeito para culto, missas, festas comunitárias, casamentos e outros eventos. Em 04 de dezembro de 1983, no pavilhão comunitário, foi realizado o culto de minha confirmação e de meu irmão Andréas, pelo pastor Roberto Jorge Schmidt. Aos 14 anos fui morar em Goiânia, com meus irmãos e minha tia Elisa, que já moravam lá. A mudança se deu em virtude de não haver segundo grau em Água Boa. Meus pais sempre deram muito valor aos estudos. Em janeiro de 1989 morei em Passo Fundo–RS, onde fiz seis meses de faculdade de Biologia. Descobri que não era isso que eu queria então, com o apoio da família, retornei à casa de meus pais onde permaneci de agosto/1989 até janeiro do ano seguinte, quando passei no vestibular para Farmácia na Faculdade de Cuiabá-MT. Depois de um ano cursando Farmácia em Cuiabá, pedi transferência para a Faculdade de Goiânia-GO, pois queria ficar mais perto do amor da minha vida. Concluí o Curso de Farmácia e Bioquímica em dezembro de 1995 quando então, celebrei minha formatura. Em janeiro de 1996 Lisson, meu esposo e eu nos mudamos para Água Boa onde montei uma farmácia em sociedade com minha mãe unindo seu conhecimento prático ao meu conhecimento teórico. Foi um período maravilhoso. Ficamos com a farmácia até fevereiro de 2011. Hoje, permaneço trabalhando nessa mesma farmácia, porém, como farmacêutica substituta. Sempre gostei de estar na companhia de meus pais. Meus pais sempre gostaram de aventura. Nas férias de julho de 1988 fomos acampar no Rio Araguaia, município de Cocalinho-MT. Ali, conhecemos um grupo de pessoas que estava acampado na outra margem do rio. Tivemos bons momentos juntos. Conheci Lisson, meu esposo. Ele é de família católica, mas se identifica com a comunidade luterana. Em 09 de fevereiro de 1993 recebemos a bênção de Deus. Foi na


Comunidade de Água Boa. O pastor Eltério Koehlerr foi quem fez nosso casamento. Hoje, somos uma família abençoada com três filhas maravilhosas: Cibele, nascida em março de 1995, na cidade de Goiânia-GO; Fabíola, nascida em maio de 1997 e Letícia em maio de 2000, ambas em Água Boa-MT. Em virtude dos estudos, nossas filhas não moram mais conosco. A mais velha já está formada e as outras duas ainda estão na faculdade. Minha família sempre foi atuante na comunidade luterana e na comunidade água-boense, desde a emancipação da cidade. Comigo não foi diferente. Desde 2008 assumi cargo de tesoureira da Paróquia, fui secretária da Comunidade e depois, no biênio 2012/2013 fui presidente da Comunidade. Tive momentos ímpares com grande aprendizado e grandes amizades. Ao ingressar na diretoria da Comunidade e da Paróquia também me tornei voluntária no grupo de liturgia, grupo de canto, no grupo de artesanato, no grupo da OASE, ajudando na organização dos eventos, ouvindo histórias e literalmente colocando as mãos na massa quando se trata de fazer cucas (as deliciosas cucas da OASE). Agradeço a Deus pela família que me concedeu, pelas oportunidades, pelos aprendizados, pelos amigos, pela comunidade, pelas dores, por ter me dado forças para cumprir a minha missão e por Ele achar que sou merecedora e me escolher para servi-lo.


Nome: Maria Cistina Berjmann Guilherme Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rio Claro Paróquia: Rio Claro Sínodo: Sudeste

A Sra. Maria Cistina Berjmann Guilherme tem 58 anos e faz parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana na comunidade de Rio Claro/SP, Paróquia de Rio Claro, no Sínodo Sudeste. Ela nasceu, foi batizada e passou toda a sua infância nesta comunidade. Participou do Culto Infantil, Ensino Confirmatório, fez a confirmação e começou a participar da Juventude. Atuou também como orientadora de Culto Infantil e assessorou vários cursos para a formação de novos orientadores e novas orientadoras. Conheceu seu marido no grupo de Juventude da comunidade. Dona Maria Cristina é casada há 34 anos e afirma que o sucesso de seu casamento se deve ao fortalecimento e ao convívio que encontra na comunidade. Ela considera a comunidade muito importante e sente-se motivada a participar das diversas programações que a igreja oferece. Sendo mulher, considera seu papel ainda mais importante e motiva outras mulheres a sentirem-se empoderadas para assumir papéis de liderança na comunidade. Atualmente a Sra. Maria Cristina integra a coordenação do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana, é presidente da Paróquia de Rio Claro e também da União Paroquial de Campinas. Segundo ela, sempre se sentiu capacitada a assumir as responsabilidades e amparada pela comunidade; nela encontra pessoas comprometidas e amigas, que a ajudam a suportar as cargas quando elas se tornam pesadas demais. Do na Maria Cristina diz: “A igreja proporcionou campos que me capacitaram para ser uma liderança, me deu oportunidade de estudar e aprender. Agora eu também quero ensinar.” O que a deixa triste é perceber que o tempo de comunhão e convivência entre as pessoas da comunidade se reduz cada vez mais. As programações são cada vez mais


curtas devido às agendas lotadas das pessoas. Ela diz que gostaria de resgatar o tempo de comunhão entre as pessoas. Gostaria que as pessoas priorizassem a igreja e a comunidade. Dona Maria Cristina acredita que sua maior contribuição é o cuidado e o carinho que tem com as pessoas e diz que suas atitudes são sempre pensadas para o bem de todos e todas. Às vezes ela se sente muito cobrada, mas se considera batalhadora quando se trata de defender as causas das pessoas, principalmente das mulheres. Seu desejo é que todas as pessoas conheçam Jesus Cristo e trabalhem igualmente pela sua Missão aqui na Terra, com direitos iguais e espaços igualmente reconhecidos, independentemente de raça ou gênero. Às vezes se entristece por perceber que muitas mulheres se conformam em estar sempre nos “bastidores” e não têm coragem de assumir cargos de liderança por acharem que isso é coisa só de homem. Ela se considera protagonista e diz que sua luta é pela causa e não por reconhecimento próprio. A Sra. Maria Cristina reconhece que foi através de Fórum de Mulheres que ela clareou suas percepções sobre a desigualdade que existe entre homens e mulheres. Segundo ela, sempre recebeu apoio do marido e de toda a família e também da igreja para não desistir da luta. Ela diz saber que há muita coisa a ser feita e que vai continuar na luta para ajudar muitas mulheres a se libertarem também. Ela relata como um momento muito marcante em sua caminhada de comunidade o seu primeiro mandato como presidente da comunidade, e também os eventos organizados com as mulheres da OASE e outras lideranças que ela assumiu. Lembra ainda com carinho da época em que participava da Juventude e diz que a pessoa responsável por ela ser a mulher que é hoje na comunidade foi sua prima Ingart Ana Winkel (Gate), já falecida. Gate, como era conhecida, sempre incentivou e animou a ela e todas as outras pessoas jovens de sua época a participar do grupo. Ela era referência para a Juventude da época e fez a diferença na comunidade. Sempre foi um exemplo de fé e testemunho e rendeu muitos frutos para a comunidade.

Maria Cristina sente-se muito grata a Deus por tudo que tem recebido em sua vida, também por poder contribuir com a comunidade. Ela gostaria que todas as pessoas sentissem a alegria que é fazer parte de uma comunidade. Segundo ela, sente orgulho de ser uma mulher luterana.


Nome: Maria da Glória Luz Kremer Tempo de participação na IECLB: Março de 1995 Comunidade: Bom Pastor Paróquia: Bom Pastor (Novo Hamburgo) RS Sínodo: Rio dos Sinos

Escrever a própria biografia é desafiador e gratificante ao mesmo tempo. Não é apenas escrever a minha história, é acionar a memória e contar momentos vividos por mim. Sendo assim, compartilho com vocês um pouco de minha trajetória. Sou Maria da Glória Luz Kremer. Nasci no dia 04 de setembro de 1964, em Novo Hamburgo, RS. Venho de uma família de origem católica. Meu batismo ocorreu no dia 19 de junho de 1965, na Igreja Sagrado Coração de Jesus, em minha cidade de origem. Casei-me com Moises Kremer no dia 16 de outubro de 1982. Temos uma filha e dois filhos (Kelly, Tiago e Filipe). Moises vem de uma família de raiz luterana (IECLB), porém como eu era Católica e na época desconhecia a Igreja evangélica de Confissão Luterana, o nosso matrimônio aconteceu na Igreja Católica Nossa Senhora das Graças, situada no Bairro Rondônia, onde residimos até a atualidade. No ano de 1995, passamos a fazer parte da Igreja Evangélica de confissão Luterana Bom Pastor (IECLB) de Novo Hamburgo, onde atuei e atuo como voluntária. Meu esposo e sua família sempre foram participativos na igreja luterana, por isso acabei me aproximando cada vez mais desta igreja. Desta forma, a partir de 1995 passamos a fazer parte da Paróquia Luterana Bom Pastor de Novo Hamburgo.


Na comunidade participei de tudo um pouco: auxiliei na limpeza, na secretaria, no grupo de casais, na oase, participamos da diretoria (conhecida como presbitério por algumas pessoas), participamos do grupo de oração (nome escolhido pelas pessoas do grupo), algumas vezes estive presente no grupo de jovens da comunidade e fiz parte do grupo de visitação. Aprendi a fazer visitas às pessoas doentes e necessitadas com minha amiga Carla Sauressig, que atualmente é formada em Teologia na Faculdades EST. Foi a participação na comunidade que me estimulou a reiniciar meus estudos e ir à busca do meu sonho (ser pastora). Algumas pessoas de maneira especial me ajudaram a construir esse sonho: Janaisa De Cesaro Schpchacki (psicóloga), Janini Marschall (professora) e as pessoas que faziam parte do grupo de oração: Pastor Airton Zitzke, Flávio de Souza, Anibaldo Kremer, meu amado esposo Moises Kremer e eu (Maria da Glória). Em março de 2006 recomecei meu estudo na Escola Estadual Madre Benícia, em Lomba Grande, na EJA (educação de jovens e adultos). Em dois anos concluí a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental. Lomba Grande é um bairro que compreende a Zona Rural do Município de Novo Hamburgo. Após a conclusão do Ensino Fundamental, e devido à distância entre minha residência e a escola, pedi transferência para estudar mais perto de casa. Em 2008 passei a frequentar a Escola Estadual Antônio Augusto Borges de Medeiros (polivalente da Rondônia, é como a escola é conhecida por muitas pessoas). Lembro como se fosse hoje quando cheguei à escola perguntando: tem vaga para eu estudar aqui? Tem sim, podes escolher o turno da manhã, tarde ou noite, disse-me Carmem Ries, diretora do educandário na época. Estudei no Borges durante três anos, o primeiro ano foi pela manhã e os outros dois à noite. Finalmente o Ensino Médio foi concluído. E agora, o que eu faço? - perguntava-me. Foi aí que tentei o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, onde fui aprovada, para minha surpresa e alegria. Após isso veio o PROUNI, mais uma etapa concluída, e lá estava eu a caminho da Faculdades EST, localizada na Rua Amadeo Rossi, 467, Bairro Morro do Espelho, São Leopoldo, RS.


Estar na faculdades EST após fazer a EJA não foi fácil, tive várias dificuldades, Mas em todas elas o Senhor Deus me ajudou. Ser estudante universitária é gratificante e assustador ao mesmo tempo, é estar diante do desconhecido é conhecer o novo. Enquanto estar em casa é apenas eu e a família, na faculdade sou eu e as pessoas de longe, de outras cidades, de outros estados e de outros Países. Hoje concilio os estudos com a experiência do cuidado familiar. No inicio fiquei muito assustada com o novo, mas após embarcar nesse mundo do conhecimento vemos que não é um bicho de sete cabeças, e nem estou sozinha. Tenho o apoio da família, especialmente do homem maravilhoso que escolhi para viver ao meu lado: Moises Kremer (meu esposo). Incluo também a companhia e o apoio d@s colegas, d@s professor@s da Faculdades EST, da comunidade Bom Pastor de Novo Hamburgo, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), do Pastor Edemar Zizemer e sua esposa Joseida Zizemer. Como futura pastora da IECLB, acredito que poderei contribuir para uma sociedade mais justa e solidária, orientando as pessoas sempre para o bem, levando a palavra de Deus e sendo orientada por ela. Assim como eu, jamais deixe de sonhar, tenha fé, coragem, perseverança e paciência. Viva um dia depois do outro. E todos os dias nas mãos de Deus. Até aqui o Senhor Deus nos ajudou (1º Samuel 7.12).

Maria da Glória Luz Kremer.

Novo Hamburgo, 10 de janeiro de 2017.


Nome: Maria Emília Amaral Ruppin Tempo de participação na IECLB: desde o Casamento Comunidade: Teófilo Otoni - MG Paróquia: Teófilo Otoni Sínodo: Sudeste

Minha história.... Eu me chamo Maria Emília Amaral Ruppin. Fazia parte de outra comunidade e ingressei através da Profissão de Fé. Eu me senti muito bem acolhida e me sinto bem aqui. Participo da OASE, um grupo de senhoras que se reúne na primeira quinta-feira de cada mês. Temos um trabalho muito bom, pois, quando nos reunimos, temos a devoção feita por um dos pastores e, depois da reunião, saboreamos um delicioso lanche. Sempre fui uma pessoa que participou de trabalhos na igreja. Eu era católica e, como tal, me sentia bem em participar das atividades. Tornei-me membro da Igreja Luterana pelo matrimônio, pois o meu esposo é luterano, e não fui muito praticante no início. Foi muito difícil para me adaptar, mas, aos poucos, fui ingressando e tomando parte nas atividades. Casei-me muito nova, aos 19 anos de idade. Tenho três filhos homens cinco lindos netos que amo muito. No começo, fiquei meio arredia, não me sentia muito à vontade, mas, com o passar dos anos, as coisas foram mudando. Hoje me sinto mais ativa e me dou bem com todos os irmãos e irmãs da comunidade. Casei-me na Igreja Luterana, mas fui morar numa fazenda distante daqui; então complicou mais, porque ela ficava muito distante da igreja e demorávamos muito a vir até aqui. Eu já fui mais ativa, mas ultimamente tenho andado meio


para baixo. Acho que são fases da vida da gente; a idade vai chegando e as coisas vão mudando. Estamos bem servidos aqui na nossa comunidade quanto aos pastores, secretária e outras coisas mais. Acho que não dá para colocar tudo, mas deixo aqui o resumo da minha vida. Que Deus abençoe a todas nós e aos nossos pastores.


Nome: Maria Gomes Hollerbach Tempo de participação na IECLB: Desde o casamento Comunidade: Teófilo Otoni Paróquia: Teófilo Otoni Sínodo: Sudeste

Em 1966, casei-me na Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Teófilo Otoni, e então comecei a participar dos cultos. Nesta época, haviam chegado da Alemanha um pastor e sua esposa: Eugen e Karin Baltzer. Dona Karin descobriu que eu bordava e levou à minha casa uma toalha de mesa bem grande para que eu a bordasse. Eu estava grávida da primeira filha, no oitavo mês – não me esqueço disto –, e ela perguntou: Você vai dar conta? Para a Festa da Colheita? Faltavam dois meses. Dei conta, sim! A convite da tia Leny Hollerbach, comecei a participar das reuniões da OASE. Fui eleita secretária desse grupo e não sabia como fazer atas. As primeiras atas eu fazia chorando, mas depois aprendi. Fui presidente da OASE vários anos. Cheguei a ser vice-presidente do presbitério e até hoje frequento a OASE. Cantei no coral muitos anos, fiz parte do grupo de liturgia, faço parte do grupo de visitação. Bordei muitos anos para o bazar de trabalhos manuais na Festa da Colheita; hoje não há mais esse bazar.


Fiz parte do grupo de vôlei das mulheres da OASE. Minha filha Ingrid foi organista da igreja muitos anos, até ir estudar fora. Ajudei muito em bazares do Internato Rural que faz parte da Comunidade. Minha vida sempre foi em torno da comunidade e da família. Tenho mais dois filhos, e estão todos casados. Eu era católica, e ingressei na Igreja Evangélica por achar melhor para a educação religiosa dos filhos. Sou Maria Gomes Hollerbach, e há 48 anos faço parte dessa comunidade de Teófilo Otoni.


Nome: Maria Tereza Habermann Guilherme Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rio Claro Paróquia: Rio Claro Sínodo: Sínodo Sudeste

A Sra. Maria Tereza Habermann Guilherme tem 58 anos e faz parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana na comunidade de Rio Claro, Paróquia de Rio Claro, no Sínodo Sudeste (São Paulo). Ela nasceu em Ferraz-SP e foi batizada nesta mesma comunidade. Com 3 anos de idade, começou a participar do Culto Infantil, que, em sua infância, ainda era chamado de Escola Dominical. Com 9 anos de idade, mudou-se para Rio Claro/SP com sua família. Depois da confirmação, começou a participar do grupo de jovens na comunidade, onde conheceu seu ex-marido. Dona Maria Tereza é professora de enfermagem aposentada, tem um filho e uma filha e gosta muito de participar da comunidade. Ela acompanha as pessoas da Igreja quando passam por intervenções cirúrgicas ou estão enfermas. Também contribui dando cursos na área de enfermagem para jovens do Ensino Confirmatório e para as mulheres da OASE. A Sra. Maria Tereza diz: “Sou grata por poder contribuir de alguma forma para a edificação da comunidade, me sinto bem ajudando e sinto que as pessoas retribuem meu trabalho me dando carinho e sorrisos.” Na opinião da Sra. Maria Tereza, a diversidade que existe na comunidade é algo enriquecedor. Para ela, a comunidade é uma família de fé onde ela busca forças e encorajamento nas dificuldades. Ela diz: “Viver Igreja e comunidade é sentir um pedacinho do céu aqui na terra. A comunidade fortalece e alimenta.”


O que ela mais gosta é da convivência com grupos; por isso, assumiu a orientação da turma de primeiro ano de Ensino Confirmatório da comunidade e assessora um grupo de gestantes da comunidade, além de trabalhar com treinamentos em empresas. Ela se considera muito capaz e gosta de fazer essas coisas. Segundo ela, até faria mais coisas para ajudar, mas quer que outras pessoas também se envolvam. Quando perguntada sobre o que mudaria na comunidade, a Sra. Maria responde que começaria mudando a si mesma, que gostaria de aprender a lidar melhor com a diversidade, respeitar e ser respeitada. Também diz que gostaria que as pessoas fossem mais sinceras e honestas. Dona Maria acha que as pessoas não aproveitam as oportunidades que a Igreja e as comunidades oferecem. Na sua opinião, todas as pessoas deveriam seguir o que Jesus Cristo nos ensina quando diz que veio ao mundo para servir e não para ser servido. A família é seu alicerce e a comunidade também é sua família. Ela lamenta muito que as pessoas se desentendam tão facilmente e se afastem da Igreja por não aceitarem a diversidade e a opinião das outras pessoas. O preconceito é algo que incomoda muito dona Maria Tereza, e ela procura dar seu testemunho de luta contra esse mal dentro e fora da Igreja. Conta dona Maria que o momento mais marcante e em que mais precisou da comunidade foi quando, depois de 23 anos de casada, ela se separou de seu companheiro. Ela diz que a comunidade foi essencial para que conseguisse superar a experiência do divórcio e cuidar para que o ocorrido não afetasse a relação com seu filho e sua filha. Segundo dona Maria, foi nessa ocasião que Deus se revelou em sua vida da forma mais profunda. Ela diz: “Me deitei no colo de Deus e deixei que Ele me consolasse; depois que estava bem, me levantei e fui reconstruir minha vida. Hoje sou muito feliz.” Outros momentos que dona Maria gosta muito de relembrar e cita como significativos em sua vida são: a adolescência, quando participava do grupo de juventude e realizavam confrontos bíblicos com outros grupos de juventude das comunidades vizinhas; as viagens e pessoas que conheceu também são lembranças que trazem saudade e felicidade. Ela se considera uma pessoa muito comunicativa, querida pela comunidade e abençoada por ser uma mulher luterana.


Nome: Marie Ann Wangen Krahn Tempo de participação na IECLB: desde setembro de 1956 Comunidade: São Leopoldo Paróquia: São Leopoldo Sínodo: Rio dos Sinos

Meu nome é Marie Ann Wangen Krahn. Eu nasci em Dubuque, Iowa, nos Estados Unidos em 9 de março de 1956, portanto tenho 58 anos. Sou filha de Dorothy Marie Wangen e Richard Harvey Wangen. Meu pai estava terminando os seus estudos de teologia na Faculdade de Teologia de Wartburg – Wartburg Seminary. Ele queria ser missionário, e, ao terminar a faculdade ele foi chamado pela Federação Luterana Mundial para ser pastor de estudantes universitários no Brasil. Assim, em setembro de 1956, meu pai, minha mãe e eu (de 7 meses) viemos de navio para o Brasil. Começamos nossa jornada em Campinas/SP com curso de português para que meu pai e minha mãe aprendessem o português. De Campinas fomos para Curitiba/ PR, de lá para São Paulo por dois anos, de São Paulo de volta para Curitiba e em 1971 meu pai foi chamado para ser professor de teologia prática na área de aconselhamento pastoral na Faculdade de Teologia da IECLB, Escola Superior de Teologia, agora a Faculdades EST. Meu irmão Stewart, minha irmã Charlotte e eu fomos criados num ambiente de muita acolhida para muitas pessoas – estudantes, missionários, pessoas com deficiências e necessidades especiais, pessoas homossexuais, pessoas de diferentes etnias e cor de pele, pessoas da comunidade em geral. Em outras palavras fomos criadas num ambiente de muita diversidade, pelo qual sou muita agradecida até hoje, pois, fez com que eu aceitasse e respeitasse a diversidade com naturalidade.


Além disso, meu pai, em especial, e com minha mãe sempre o apoiando, era um ativista, mobilizador, e sempre lutou pela transformação local e mundial em um lugar de mais dignidade humana, justiça e paz. Ele havia lutado no exército americano na segunda guerra mundial e, ao pisar pé em Hiroshima, três semanas depois do lançamento da bomba atômica nessa cidadezinha inocente, ele jurou que nunca mais iria pegar armas ou lutar em forças armadas, e que, dali em diante trabalharia para a paz. E é isto que ele fez. Essa paixão foi contagiante e desde jovem eu já participava em manifestações públicas por várias causas, marchas, abaixo assinados e escrevendo cartas para representantes e governantes. Isso faz parte do meu ser. Atuamos através do SERPAJ (Serviço de Paz e Justiça), que meu pai ajudara a fundar nos anos 70 no meio da ditadura. Comecei a estudar teologia na Faculdade de Teologia em 1974, mas decidi, por fim, estudar linguística na Universidade de Minnesota, em Minnesota nos Estados Unidos. Enquanto estudava, também trabalhei num projeto de envio de livros doados para a biblioteca da EST. O meu lugar de trabalho era o porão da biblioteca da Luther Seminary em St. Paul. Lá também trabalhava Allan Krahn, que era o bibliotecário de informática de Luther. Ele já havia cursado uma disciplina sobre Dietrich Bonhoeffer com meu pai, e ao ficar sabendo que eu era filha do pastor Richard, quis saber mais sobre ele. Assim nos conhecemos e, depois de 6 meses, decidimos casar. Allan também queria trabalhar fora dos Estados Unidos e através de contatos com meu pai e outro missionário, Donald Nelson,criou interesse em trabalhar no Brasil. Por fim fomos chamados pela American Lutheran Church, (que depois se juntou com a Lutheran Church in America para formar a Evangelical Lutheran Church in America - ELCA) para o Brasil para um ministério especial que era ser bibliotecário da Faculdade de Teologia da IECLB. E cá estamos desde 1985. Viemos com nossa filha Natasha de 9 meses e em 1986 nasceu nosso filho Daniel. Eu havia estudado hebraico na faculdade e feito uma temporada de três meses de trabalho voluntário com o intercâmcio estudantil num kibbutz em Israel em 1978. Com essa experiência e estudo fui convidada pelo saudoso professor Dr. Milton Schwantes a auxiliá-lo nas aulas de hebraico, com cantos e uma metodologia diferenciada. Quando ele saiu, ajudei os professores subsequentes nas suas aulas de hebraico e assim fui aprendendo melhor o hebraico até que em 1994 a EST decidiu me contratar para ser a professora de hebraico, posição na


qual atuo até hoje. Em 2004 terminei meu mestrado em teologia na EST sobre o ensino de hebraico e sua importância para o ministério. A paixão do meu pai pela liturgia e a vontade de fazer com que os cultos fossem mais dinâmicos também me contagiou. Eu participo ativamente nos cultos da IECLB, tenho atuado esporadicamente como liturga leiga e incentivo sempre aos e às estudantes que se envolvam na pesquisa e na prática de liturgia significativa. Para melhor cumprir com seu desejo de educação pela paz, meu pai trouxe para o Brasil em 2000 as oficinas do Projeto de Alternativas à Violência. Estas oficinas são de 20 horas e buscam formar comunidade de confiança, resgatar a autoestima, aprender a comunicação não violenta e a resolução não violenta de conflitos. Para facilitar a entrada desse projeto nas escolas públicas e nas prisões foi criado em 6 de agosto de 2004 o SERPAZ (Serviço de Paz) entidade jurídica não governamental, que, além de legitimar o projeto, possibilita que entidades públicas recebam notas fiscais. Fora do trabalho com o Projeto de Alternativas à Violência, temos membros envolvidos em Educação em Direitos Humanos, sendo que SERPAZ faz parte do Movimento Nacional de Direitos Humanos, do Conselho Estadual de Educação em Direitos Humanos e do Conselho Regional de Educação em Direitos Humanos além de outras comissões. Também é integrante jurídica da AMENCAR (Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente) que hoje enfoca o seu trabalho na proteção dos direitos das pessoas defensoras dos direitos humanos. Toda nossa família é membro do SERPAZ e atualmente eu sou a coordenadora geral da entidade. SERPAZ tem atuado fortemente para o desarmamento em São Leopoldo, mas, atualmente, através de representação pela IECLB no Conselho Mundial de Igrejas (CMI) eu, também como SERPAZ, atuei na Campanha por um Tratado de Comércio de Armas Forte e Eficaz. Esse tratado, no dia 24 de dezembro de 2014, entrou em vigor e tem por objetivo regulamentar o comércio internacional de armas inibindo, diminuindo as transferências de armas para países ou grupos que violam gravemente os direitos humanos do povo do seu país, entre outros objetivos. Através de cartas a IECLB, a EST, a FLD (Fundação Luterana de Diaconia), SERPAZ e o CONIC fizeram parte da massa de pressão para que o Brasil assinasse e ratificasse o tratado. O Brasil foi um dos primeiros países a assinar o tratado em junho de 2013, mas ainda não ratificou. A pressão deve continuar.


Também fui representante da IECLB na convocação do CMI para formação de lideranças na construção da paz e na advocacia para a paz. O CMI começa este ano a Peregrinação de Justa Paz para dar continuidade à Década da Paz, que vai ter três focos: Trabalhar contra a violência baseada em gênero, prevenir a violência armada e manter a Justa Paz e segurança nas 17 Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU que dão continuidade às Metas do Milênio de Desenvolvimento. Nessas representações sempre levo o nome do SERPAZ comigo. Em tempo estarei enviando material para conscientizar e envolver nossas igrejas nessa peregrinação. Além de ativismo, gosto muito de cantar em corais e canto no coral da Igreja de Cristo em São Leopoldo e no grupo Roda de Canto. Eu vejo que a música é essencial para uma espiritualidade plena tanto individual como comunitária. Na Faculdades EST atualmente coordeno os Grupos de Convivência que são grupos pequenos de estudantes do primeiro e segundo ano onde esses e essas estudantes têm um espaço seguro para compartilhar seus sentimentos com relação ao que mexe com eles e elas e para serem eles e elas mesmos/as. É um trabalho muito gratificante pois, além de aproximar nós docentes de uma maneira diferenciada aos e às estudantes, temos também, principalmente, sempre a esperança que as temáticas tratadas nos grupos possam dar subsídios para esses e essas estudantes entrarem no ministério com mais firmeza e auto segurança e serem praticantes convictos e convictas dos valores cristãos de solidariedade, honestidade, transparência, perdão, reconciliação, escuta, aceitação do/da diferente, fé e amor. Sem a fé que meu pai e minha mãe incutiram em nós, nada disso teria sido possível. Meu pai e minha mãe acreditavam avidamente que a fé se mostra mais nas ações do que nas palavras, mesmo que palavras também são importantes para o testemunho. Portanto, agradeço a Deus pelo testemunho e pela vida do meu pai e da minha mãe e oro para que eu possa levar adiante com humildade, firmeza e convicção esta causa tão importante que é a justa paz e não violência com amor que é a missão mais importante de nosso Senhor Jesus Cristo.


Nome: Marina Bauer Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha Sínodo: Nordeste Gaúcho

Meu nome é Marina Bauer, tenho 64 anos. Nasci em 22 de março de 1951, em Linha São Jacó, Nova Petrópolis – RS, filha de Leopoldo e Anita Bauer. Somos em 10 irmãos (três falecidos), nove meninas e um menino. Tenho dois filhos, Luiz Gilberto Bauer e Maicon Josué Bauer, e um neto, Rafael, de 3 anos. Fui batizada no mês de abril de 1951, pelo pastor Braun e fui confirmada em Treze Colônias, Nova Petrópolis – RS, pelo pastor Walter. Conheci meu esposo Alceno Bauer na mesma localidade onde fui batizada e recebemos a bênção matrimonial em Treze Colônias, mesma igreja em que fui confirmada. Apesar de meu marido e eu termos o mesmo sobrenome, não somos parentes. Lembro-me que, na minha infância, meus pais preparavam uma mala de garupa com mantimentos para eu ir à casa dos meus avós para visitá-los. A cavalgada até a casa deles durava mais ou menos 40 minutos. Hoje ainda posso me lembrar daqueles momentos de ajuda para meus avós, e assim sou até hoje, solidária. Como éramos nove meninas, tínhamos que fazer todo o serviço da lavoura, lavrar, cortar lenha, derrubar mato, tirar leite – tudo braçal –, além do serviço doméstico. Por ter que trabalhar, cursei somente até a terceira série do Ensino Fundamental. A minha juventude foi muito tranquila. Naquele tempo, o respeito era fundamental; bastava um olhar e já entendíamos. Foi nessa época que levávamos, a cavalo, as latas de leite até a estrada principal. Então conheci o jovem Alceno, que morava perto dali. Foi amor à primeira vista. Namoramos um ano e então casamos;, ambos com 19 anos. Continuamos trabalhando na roça junto com os pais dele por um ano, e depois moramos com meus pais também por um ano.


Aos 22 anos, viemos para Estância Velha – RS, Bairro Rincão dos Ilhéus, e moramos no mesmo endereço até hoje. No começo, morávamos numa “meia-água” entre cinco pessoas (o casal, o filho, uma irmã e uma prima), mas depois construímos nossa casa. Nesses primeiros tempos, meus pais nos mandavam o que tinham da roça para nos ajudar (leite, verduras, frutas...). Fomos trabalhar nas fábricas, nasceram os filhos, tivemos momentos bons e momentos difíceis. Mas sempre com fé, esperança e solidariedade. Durante 20 anos, trabalhei em casa preparando sapatos, com carteira assinada, e, ao mesmo tempo, cuidando de cinco crianças para as mães trabalharem fora. Depois, quando o filho fez 11 anos, comecei a fazer faxinas diárias. Nos últimos anos, ainda venho trabalhando com faxinas um dia da semana e nos outros dias, eu e meu esposo, com jardinagem nas casas. Além disso, planto e cuido de três terrenos, onde produzo e vendo verduras. Em casa falamos sempre alemão, mas nossos filhos só falam português. Minha caminhada em Estância Velha começou indo uma vez por semana até a Igreja da Ascensão em Novo Hamburgo (IECLB), onde atuavam as Irmãs Hildegard Hertel e Marelize. Elas trabalhavam com assistência social, faziam e ensinavam a fazer trabalhos com retalhos, colchas. Recebíamos alimentos (rancho). Além disso, eu participava dos cultos em Rincão dos Ilhéus e levava os filhos à igreja. Automaticamente já procurava me identificar conforme meus pais, caminhando na fé. Sempre participei na Comunidade Rincão dos Ilhéus de Estância Velha – RS, desde que vim morar aqui: nos cultos, nas festas (trabalhando na cozinha), na OASE, no grupo de trabalhos manuais fazendo crochê e tricô, e sou membro assídua. A comunidade da IECLB é a maior força que recebo, e me sinto muito bem acolhida. Sou uma ciclista e vou à maioria dos lugares de bicicleta, apesar dos meus 64 anos. Como desafio, gostaria que, quando idosa, Deus me ajude a não adoecer e poder continuar ajudando e participando, sempre de boa vontade. São meus desejos para esta comunidade. Que Deus nos abençoe. (História de vida coletada por Norma Terezinha Schüller e Joseida Schütt Zizemer)


Nome: Marlene Fuerstenau Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Apóstolo Paulo Paróquia: Santa Cruz do Sul/RS Sínodo: Centro-Campanha-Sul

O que significou Deus para mim, na infância, e o que significa hoje? Não me recordo exatamente da minha idade, quando aprendi a primeira oração: Ich bin klein, mein Herz is rein... (Eu sou pequena, meu coração está limpo...). Quem era Jesus para mim? Jesus e Deus eram a mesma pessoa. Minha avó materna morava conosco e dormia comigo no quarto. Ao nos deitarmos, eu a questionava a respeito de Deus: “Quem é, onde mora, o que faz, como Ele nasceu?” Ela me dizia: “Ele mora no Céu; é tão grande quanto este mundo que criou. Assim, protege-nos, é poderoso e castiga quem faz coisas erradas, porque Ele enxerga tudo.” Ainda assim, uma grande dúvida assaltava meu pensamento: como Deus poderia caber no meu coração, conforme minha oração “Soll niemand drin wohnen als Jesus allein” (somente Jesus deve morar dentro do meu coração)? Minha avó explicava que, para Deus, tudo era possível. Aos 10 anos, fui morar na casa de minha madrinha, na vila Sinimbu, para continuar os estudos, pois na minha localidade o ensino se estendia somente até o 4° ano primário. Também iniciei o ensino confirmatório, no qual aprendi os Dez Mandamentos e o significado de pecado. Passei a ter medo de Deus e seu castigo. Dessa maneira, tentei sempre obedecer e viver conforme seus


ensinamentos, para que nunca fosse castigada. Na minha livre interpretação, ser cristã era sinônimo de ser uma pessoa pura, sem pecados, a exemplo dos pastores, freiras, etc. A partir dos 11 anos de idade comecei a ler a Bíblia, inspirando-me no exemplo de uma amiga, que não dormia sem ler pelo menos um versículo. Com 12 anos, fui estudar no Colégio Mauá, hospedada no Internato Feminino. Meus pais eram comerciantes e moravam no interior do município de Santa Cruz do Sul, a uma distância de 37 quilômetros da cidade. No internato, encontrei adolescentes que também eram assíduas leitoras da Bíblia. Assim, tive companhia na partilha da leitura. Nesse mesmo ano, tive uma grande perda. Minha irmã menor, de apenas 9 anos, faleceu vítima de crupe. Quando soube de sua morte, logo me ocorreu a história da ressurreição de Jairo. Durante o trajeto de Santa Cruz até Sinimbu, onde minha irmã estava sendo velada, orei o tempo todo. Pedia a Deus para que ressuscitasse minha irmã e tinha fé de que, se eu a beijasse, Ele faria isso. Porém, quando cheguei ao local do velório, meus pais me impediram de aproximar-me do caixão, temendo que eu pudesse ser contaminada pela doença que havia vitimado minha irmã. Assim, uma dúvida enorme me atormentou durante muitos e muitos anos: será que Deus a teria ressuscitado se eu a tivesse beijado? Continuei estudando, até me formar no antigo Básico. A partir de então, passei a trabalhar na Prefeitura Municipal, como auxiliar de escritório. Nesse período, comecei a namorar o amor da minha vida, com quem estou casada até hoje. Tive de ir morar em uma pensão, no centro da cidade, o que mudou muito minha vida. No entanto, o hábito da leitura sagrada, assim como da participação nos cultos dominicais, não mudou. Aliás, as palavras bíblicas foram, muitas e muitas vezes, o consolo e a orientação para minha vida. Aos 18 anos, terminei o 2° Grau e formei-me em Técnico em Contabilidade. Minha mãe, com muitos problemas de saúde, já estava sentindo a fadiga do trabalho. Assim, quando terminei os estudos, ela pediu que eu voltasse para casa a fim de ajudá-la nos afazeres da casa comercial. Voltei, deixando meu emprego, meu noivo e minhas amigas em Santa Cruz.


Tive que me habituar ao sistema do interior, em que os fregueses (plantadores de fumo) falavam da plantação, da colheita, da secagem. Não foi fácil. O rádio de pilha, presente de meu noivo, era meu companheiro; através dele, ficava sabendo das notícias da cidade, além de ouvir música e futebol (quando o Grêmio jogava). Uma senhora viúva, muito simples e quieta, frequentava assiduamente os cultos, que aconteciam em um ponto de pregação na escola. Somente ela, o pastor e eu sabíamos cantar os hinos indicados. Na saída do culto, eu costumava passar algum tempo conversando com ela. Certo dia, enquanto atendia um freguês, veio correndo, desesperado, o filho dessa senhora, para dizer que sua mãe estava mal e queria falar comigo. Também pediu para chamar o médico, já que o único telefone da região ficava em nossa casa. Acompanhei o rapaz e, quando cheguei em sua casa, encontrei a senhora minha amiga, imóvel, atravessada na cama. Tentei acomodá-la melhor, até que acordou e pediu para ficar a sós comigo. Então, disse: “Quero me confessar! Chegou a hora da minha morte.” Assustada, insegura e trêmula, escutei a sua confissão. Pediu-me, então, para orarmos “So nimm denn meine Hände” (Por tua mão me guia). Enquanto aguardava a chegada do médico, preparei-lhe um chá. O médico, ao examiná-la, diagnosticou infarto leve. Assim, mais tarde, quando já estava recuperada, ela atribuía à minha ajuda e presença o fato de ela ter sobrevivido. Portanto, naquele acontecimento, fui ao encontro de um pedido de socorro e pratiquei o amor ao próximo. Muitos anos depois, descobri que isto se chama diaconia. Após o casamento, voltei a morar em Santa Cruz do Sul e a trabalhar na Prefeitura Municipal. Engravidei! Quando meu filho mais velho, Emerson, tinha 5 meses, engravidei novamente. Após o nascimento de Fabiano, decidimos, meu marido e eu, que eu pararia de trabalhar fora, a fim de ficar mais próxima dos filhos. Continuava frequentando assiduamente os cultos. Tentei participar da OASE, porém lá não me senti à vontade, as mulheres eram prendadas demais! Enquanto o pastor fazia o estudo bíblico, elas faziam crochê, bordado ou


tricô. Eu não tinha afinidade com as agulhas, então me senti inútil, sem dons, e desisti. Passados alguns anos, eu e meu marido, juntamente com outros dois casais, participamos de um retiro em Gramado, coordenado pelo Pastor Kirchheim. O tema do retiro: preparação de lideranças para atuação na comunidade. Lá, fomos motivados a fazer um trabalho de descentralização das comunidades. Assim iniciamos, no bairro Ana Nery, um trabalho com os casais da comunidade local. Desse “Encontro com Casais” surgiu o Núcleo Apóstolo Paulo, atual Comunidade Apóstolo Paulo. Inicialmente, os encontros aconteciam nas casas dos participantes, mas, com o decorrer do tempo, a participação e a dedicação do grupo foram responsáveis pela edificação de um pavilhão, que servia como ponto de pregação. Ali se iniciou, também, um grupo de OASE. Nesse grupo eu me sentia integrada, pois ali acontecia somente o estudo da palavra, sem trabalhos manuais. Nestes estudos, porém, sempre se discutia o serviço ao próximo, e esse assunto continuava mexendo comigo! Mantinha a dúvida: de que maneira eu poderia servir ao próximo, sem os habituais dons que as mulheres possuíam e pelos quais eram valorizadas? No ano de 1982, a Irmã Hildegard Hertel veio integrar o grupo de obreiros eclesiásticos da Comunidade de Santa Cruz do Sul. Sua função era ocupar-se com atividades diaconais, e sua principal meta era envolver e preparar pessoas da Comunidade para um trabalho voluntário junto a excluídos, idosos, crianças, etc. Ela também ficou responsável por dirigir os estudos bíblicos na OASE Apóstolo Paulo, e foi justamente durante um desses estudos que tive o primeiro contato com a palavra diaconia e o seu significado. Fazer visitas às pessoas da comunidade era uma das tarefas que Irmã Hildegard levava muito a sério, e começou pela casa das participantes da OASE. Um dia desses, chegou a minha vez. Convidou-me, então, para o engajamento no trabalho diaconal. Fiquei assustada e lhe respondi: “Mas Schwester, eu não sei fazer nada, não tenho qualidades”. Ouvindo isso, ela respondeu: “Tu tens um tesouro escondido dentro de ti que ainda não descobriste!” Ela foi tão convincente com suas palavras que conseguiu me animar a encarar o desafio do trabalho diaconal.


Assim, comecei a trabalhar como voluntária nas ações diaconais da Comunidade, coordenadas pela Irmã Hildegard (a essa altura, ela já se tornara grande amiga da família) Inicialmente, atuei no Asilo dos Idosos, contribuindo na fundação, organização e promoção de eventos; fazia visitas a um grupo de idosos em suas próprias casas, a pessoas com deficiência e a famílias do bairro Bom Jesus; participei da fundação de um grupo de mulheres nesse mesmo bairro, baseado em orientação sobre saúde, trabalhos manuais, etc; e fui, ainda no Bom Jesus, mentora e responsável por um grupo de danças com crianças. Além disso, coordenei durante 12 anos o Grupo de Dança Sênior “Amor à Vida”. Através de toda a minha passagem pela comunidade, posso hoje afirmar que nós, membros e participantes da IECLB, também somos responsáveis por intervir na realidade em que vivemos. A Igreja está inserida na sociedade civil; por isso, a nossa responsabilidade não se limita tão somente a manter as nossas comunidades: precisamos promover vida digna em favor de todas as pessoas. Assim, em 1992, iniciamos o Projeto Alegria, com crianças provenientes do bairro mais pobre e violento da cidade, o Bom Jesus. Inicialmente com apenas quatro crianças; atualmente, são 85 crianças e jovens participantes das atividades oferecidas (contação de histórias, oficinas de aprendizagem, oficinas de música e canto, oficinas de arte, fabricação de velas artesanais, oficinas de teatro e dança). A nossa grande missão neste trabalho, portanto, é testemunhar o amor de Deus através da palavra e da ação, tendo, então, como meta principal a transformação do indivíduo e da sociedade.


Nome: Marli Zenker Pacheco Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Reconciliação – Cerro Grande do Sul – RS Sínodo: Sul-Rio-Grandense

Nasci em 23 de dezembro de 1951, em Passo da Venda, segundo Distrito de Tapes, filha de Irene Catarina Zenker e Carlos Zenker, ambos descendentes de alemães (avós paternos vieram da Alemanha e avós maternos da Áustria). Sou a terceira filha do casal que teve três meninas e um menino - o mais velho. O sustento básico da família estava na agricultura, atividade que ocupava todo o tempo da semana. Crescemos juntos aos avós paternos. Apesar do pai, da mãe e de meus avós Reinoldo Zenker e Maria Gorziza Zenker falarem alemão, aprendemos apenas o português, influência dos vizinhos brasileiros e também da escola. Minha avó materna, Catarina Kölbitz Christmann, também alemã, era muito presente em nossa vida. Sou da época em que o respeito era fundamental, bastava um olhar do pai ou da mãe para entender o que fazer. Minha mãe foi exemplo de determinação, organização e fé. Meu pai foi exemplo de austeridade, comprometido com a família, o trabalho e os amigos. Tínhamos um relacionamento bom e agradável com todas as pessoas. Aos domingos fazíamos visitas ou as recebíamos, e eram momentos de muita satisfação e alegria. Morávamos em torno de 15 km distantes da igreja. Tínhamos apenas carroça para nos locomover e aos domingos, o ônibus não passava. Por isso, participamos pouco da comunidade de fé. Fui batizada em 26 de setembro de 1954 pelo Pastor Gustav Peitz e confirmada em 21 de fevereiro de 1965 pelo mesmo pastor, tendo como lema bíblico o Salmo 23.1: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Cursei a Escola Primária e por insistência das Professoras, Herotildes Alencastro e Maria Helena Gomes, junto a meus pais, fiz admissão ao Ginásio e tive aprovação. Que dificuldade foi romper com a resistência de sair de casa para estudar. Na época, o filho mais velho saía


para estudar. As filhas aprendiam com a mãe os afazeres domésticos e como dirigir bem o lar. Meu pai temia privilegiar um filho em relação aos outros. Os recursos financeiros eram poucos. Concluí o Ginásio graças a uma bolsa de estudos municipal. (1964-1967). Depois, cursei o Magistério. Quando me formei na Escola Normal (1971), depois de alguns contratempos, consegui um contrato de professora estadual e vim trabalhar em Cerro Grande (1972), passando a parar na casa de meus tios Theodoro e Otília Zenker. Na época, meu tio era presidente da comunidade. A partir daí, comecei a participar ativamente na comunidade, não só das atividades desenvolvidas como também da organização e limpeza. Percebi que participar envolve, fortalece e gratifica. O convívio com meus tios também possibilitou maior proximidade com o Pastor Helmuth Lampmann. E foi assim, que sob sua orientação, atuei na escola como professora de ensino religioso, atendendo aos alunos luteranos. Casei com Silon Jorge Pacheco, em 22 de dezembro de 1979, na igreja católica. Por tradição, a mulher seguia a religião do marido. Minha sogra, Wilma Beyer Pacheco, queria que o Silon estudasse na Escola Técnica, que priorizava católicos, por isso, o levou para fazer a 1ª comunhão. Quando nossas filhas gêmeas nasceram, convidamos para padrinhos de Batismo um casal luterano e um casal católico. O padre disse que não batizaria a filha cujo casal de padrinhos era luterano. Chegou a sugerir que convidássemos outro casal de padrinhos. O batizado foi realizado, mas não conseguíamos nos sentir confortáveis com a situação. Foi quando decidimos participar da igreja luterana. Procuramos o presidente e nos inscrevemos como membros da comunidade em junho de 1984, onde passamos a participar de todos os cultos e atividades. No ano de 1987 tivemos eleições para diretoria e meu esposo foi eleito presidente. Tive uma participação intensa junto à Comunidade e nas reuniões da Paróquia. Fui secretária da Comunidade em Cerro Grande do Sul e da Paróquia Trino Deus. Na função de secretária, fui a primeira mulher a integrar a Diretoria da Comunidade, em 1993 e da Paróquia, em 1999. Também fui a primeira mulher a assumir o cargo de tesoureira da Comunidade, no ano 2000. Dividia-me entre as atividades da casa, da família, as horas de trabalho na escola e na igreja. Organizava meus horários na escola de tal forma que pudesse estar presente nas atividades da igreja. A participação possibilita a convivência entre os membros, novas amizades, conhecer realidades e favorece o aprendizado da Palavra de Deus e o crescimento na fé.


Na escola, trabalhei com diversas disciplinas e em diferentes funções: fui professora, secretária, diretora e assistente financeiro. Mas o trabalho que mais gostei foi atuar como professora de pré-escola. Lembro com carinho das atividades que realizei como professora de Ensino Confirmatório e de Culto infantil, orientando os alunos a assumir a responsabilidade de participar nos cultos e atividades da comunidade. Na comunidade da Reconciliação fui eleita e reeleita na função de tesoureira para o período de 2000 a 2003. Nesse tempo, havia a necessidade de um espaço maior, que sediasse as atividades da Igreja. Foi então, elaborada e aprovada uma planta para a construção de um pavilhão maior. Acompanhei a construção da base, cujas escavações iniciaram em 13 de outubro de 2002. O trabalho se concretizou graças à colaboração de muitos membros. Pois o dinheiro das promoções realizadas pagaria apenas a mão de obra. Foi um trabalho de “formiguinha” através de visitas e pedidos de colaboração para a compra de material. Fazíamos esse trabalho durante as horas de intervalo, aos sábados e nos cultos. E Deus, em sua bondade, nos acompanhou para que pudéssemos fazer tudo da melhor forma. Em junho de 1986 iniciei minha participação na OASE onde fui secretária e vice-secretária do grupo. Teve um momento que o grupo pensou em parar com suas atividades. Mas, com um olhar diferente consegui incentivar o grupo para que isto não acontecesse. Alegro-me por isso. Hoje, o grupo segue com um número reduzido de integrantes. Algumas mulheres deixaram de participar por causa das limitações com a idade e a saúde outras, partiram deixando saudades. Temos dificuldades em trazer senhoras mais jovens para participarem do grupo. Além dos encontros regulares, previstos no calendário da Paróquia, às vezes nos reunimos para organizar as doações e planejar formas de ajudar pessoas em dificuldades. Os demais recursos arrecadados são empregados em melhorias na comunidade. Também participei do Conselho Sinodal onde representei a Paróquia Trino Deus e a Paróquia da Paz. Hoje, sou representante da Paróquia da Paz na Assembleia Sinodal. Essa participação me possibilitou aprender e ensinar muitas coisas sobre as pessoas que marcaram a história e o crescimento da igreja e sobre os aspectos legais (regimento, estatuto, ata, ...) para membros novos que iam integrando as diretorias. Em casa sempre tivemos muita confiança no amor de Deus. Somos sempre gratos por tudo que somos e conseguimos conquistar. Passamos por muitos momentos difíceis, mas a fé nos fortalece e por isso nos sentimos amparados pelo Senhor. Dos momentos marcantes na vida em Comunidade destaco: a nominação das diversas comunidades em 1992, quando a nossa passou a chamar-se Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Reconciliação; a indicação de padrinhos para cada Comunidade, sendo o Sr. Áureo Zenker e Célia Zenker para a nossa - esses dois fatos sob a coordenação do Pastor Elcy da Costa; A construção da capela mortuária iniciada em1993; A saída de


nossa Paróquia da Região IV para o Sínodo Sul-Rio-Grandense (1997); a realização do segundo Dia Sinodal da Igreja, quando reunimos em Cerro Grande do Sul (2001), com a ajuda de todas as Comunidades da Paróquia Trino Deus, mais de duas mil pessoas. Tudo aconteceu conforme planejado, nada deu errado. Algo inesquecível para a vida de fé. Este, com o P. Marcos Cesar Sander, a P. Neida Altevogt Sander e o Pastor Sinodal Jorge Antônio Signorine. São fatos que contribuem para enriquecer a vida em comunhão. Não posso deixar de mencionar um fato que marcou as comunidades de nossa então Paróquia Trino Deus. Num período da história tivemos um momento de conflito com o obreiro, instalando-se uma situação desagradável para as atividades religiosas. Temia-se pela direção que tudo ia tomar. Quando aqui tivemos a chegada da primeira Pastora, Marli Brun, ela não só rompeu com algumas formas de pensar, mas principalmente, com seu jeito peculiar de lidar com as situações, transformou o conflito em harmonia. Sei das dificuldades e dos momentos difíceis que enfrentou, mas, com certeza Deus a fortaleceu sempre. Foi ela que incentivou e coordenou a festa de cem anos da Paróquia – impossível esquecer... depois disso outras Pastoras... atuaram e atuam na (s) Paróquia (s). Também lembro a transformação da Paróquia Trino Deus em três Paróquias, com o objetivo de oferecer aos membros maior acompanhamento pelo obreiro (a), sendo a nossa instituída em 06.6.06. Hoje participo dos cultos, dos encontros de OASE e sou representante da Paróquia na Assembleia Sinodal. Tudo que faço é em amor a Deus, nosso Criador. Enfim, não posso esquecer que para que eu pudesse, e ainda hoje possa participar de tantas atividades, sempre contei com a ajuda da família e, em especial, de meu esposo Silon Jorge Pacheco, que incansável na tarefa de motorista, sempre esteve disposto a levar a mim e outras mulheres aos mais diversos lugares, para os encontros.


Nome: Marta Schönholzer Dunck Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Com. Evangélica de Confissão Luterana Pastor Norberto Schwantes Paróquia: Canarana Sínodo: Mato Grosso

Aos 83 anos de idade a memória já não guarda muitos acontecimentos, pormenores, mas lembro com muita emoção do que ficou registrado, provando que o que foi importante é possível ser puxado como um fio que se desenrola, enrola de novo.... Nasci aos 27 dias do mês de outubro do ano de 1933 e fui batizada em dezembro de 1934, em Santa Rosa, na Evangelical Lutheran Church (UAC). Meus pais, Germano Schönholzer, de família luterana, imigrante Suiço, veio ao Brasil em 1822. Após ficar viúvo e com três filhos, se casa com minha mãe, Maria Perius Zimmer - de família católica, que foi aconselhada pelas vizinhas para ajudar a tomar conta dos filhos. Ele trabalhava empregado. Era o serrador na serraria e ela dona de casa e agricultora. Quando eu tinha dois anos de idade meus pais mudaram-se para o então município de Braga, um pequeno povoado. Naquela época ainda não havia escola nessa localidade, somente a Igreja Católica onde, com minhas amigas, frequentava os programas que ela desenvolvia. A Igreja Luterana mais próxima ficava no município de Santo Angelo. Na época só contávamos com um caminhão-reboque, que era usado para a retirada de madeira a ser levada à serraria e em emergências. Para batizar as crianças que nasciam, esperava-se por quase dois anos e, então, íamos de carroça até Restinga Seca, viagem de dois dias, na casa da vovó Maria Barbara e vovô Francisco Zimmer. Minha mãe não sabia ler e foi somente aos sete anos que eu tive contato com as histórias da Bíblia. D. Ana, nossa vizinha, lia a Bíblia na língua alemã e eu gostava muito de ouvir as histórias, juntamente com suas filhas, Eli e Lídia.


Para começar meus estudos, aos 7 ou 8 anos, fui levada para a casa de meus tios Cornélio e Matilde, em Santa Rosa. As aulas aconteciam na Igreja Evangélica. O professor era o filho do pastor. Não lembro mais do seu nome. Lá fiquei por um ano. No ano seguinte, quando estávamos retornando para retomar meus estudos, meu pai, ao visitar seu amigo Fritz, que estava preso por falar a língua alemã, no vilarejo de Campo Novo, ficou preso por um dia, por tê-lo cumprimentado também na língua alemã, apesar de possuir o “salvo conduto”. Soltaram seu Fritz e prenderam meu pai. Ao soltá-lo, prenderam o amigo novamente. Com essa trapalhada toda, voltamos para casa. Naquele ano, por sorte, chega D. Luiza, a nova professora do local. No ano seguinte, mudamos para a localidade de Lajeado Tigre, pertencente ao município de Tenente Portela, onde meu pai havia comprado um moinho, no qual trabalhei como munheira mais tarde, por muitos anos. Meu pai continuava trabalhando no Braga. Continuei meus estudos com a professora D. Brandina, em Tronqueiras. Fiz os estudos da “doutrina” com o professor Verno Antton e fui confirmada no dia 6 de maio de 1948 na Comunidade Evangélica de Tenente Portela, pelo pastor Friedrich Zander. Aos domingos íamos de carroça participar dos cultos, quando o pastor Zander vinha da paróquia de Três Passos. Foi ele quem fez meu casamento, no dia 15 de agosto de 1954, quinze dias após o casamento civil, porque na ocasião o Rio Turvo transbordara. Depois de casada fomos morar a três quilômetros de Tenente Portela. Então íamos aos cultos também quando o pastor ia ao município. Em 1960, comecei a participar dos encontros da OASE em Tenente Portela, uma vez ao mês, quando o pastor Norberto Schwantes assumiu a paróquia de nossa cidade. Nesses encontros, também organizávamos e reformávamos roupas que chegavam do estrangeiro, pelo programa “Pão para o Mundo”, para a doação aos necessitados. Por vezes, organizávamos chás aos sábados e jantares, com o objetivo de angariar fundos para manter o internato evangélico. Dessa época, lembro com muito carinho de D. Gertrud Schwantes, esposa do pastor Norberto, de D. Norma Fries, Araci e Neli Breunig, da D. Olinda Ghercke e de tantas outras, das quais não recordo mais os nomes. Companheiras de tantos trabalhos pela comunidade. Nas festas da comunidade era convidada para liderar o grupo de mulheres nos preparativos das cucas, assadas no forno da padaria de D. Veni Stirmer. Também lembro dos Srs. Olinto Ott e Willy Schmidt, responsáveis por puxar o sino. Por dez anos prestamos nossos serviços à Comunidade, até que,


convidados pelo pastor Norberto, eu e meu marido resolvemos migrar para Mato Grosso, juntamente com mais oitenta famílias. Então, no ano de 1973, eu, meu esposo Augusto Dunck e nossos dez filhos nos mudamos para Canarana, integrados a um projeto de colonização, liderado pelo pastor luterano Norberto Schwantes, de Tenente Portela. A decisão de mudar se deu pela necessidade de proporcionar à família novas possibilidades e terra para cultivar. Nossa chegada ocorreu no dia 11 de janeiro. Tempo das águas. Literalmente era começar mais uma vez, só que diferentemente de quando nos casamos, pois tínhamos dez filhos para sustentar e em meio ao cerrado mato-grossense, numa casa construída com lona e folhas de coqueiro, mas com uma vontade enorme de desenvolver a terra que escolhemos para recomeçar. No início, as famílias reuniam-se para comentar principalmente sobre “a saudade do sul”, os problemas a serem enfrentados, as doenças que surgiam etc. Nos finais de semana nos reuníamos nas casas das famílias, tanto evangélicas como católicas, para ler a Bíblia, meditar, cantar muito. Isso nos ajudou profundamente a suportar a saudade e enfrentar o dia a dia. A chegada do pastor Hildor Reincke foi muito boa. Ele reuniu as mulheres na casa da D. Ida e lá pudemos falar das nossas dificuldades e saudades. Nessa reunião vimos que todas tínhamos as mesmas dificuldades e anseios, por isso decidimos nos encontrar uma vez por mês. Essa foi considerada a primeira reunião da OASE, em Canarana, da qual participavam mulheres de diferentes denominações religiosas. Nessas reuniões, além realizar estudos bíblicos, oração e cantos, conversávamos sobre tudo o que estava acontecendo: a falta de alimentos, de medicamentos, dificuldades em lidar com as novas doenças até então desconhecidas, os atoleiros nas estradas recém-abertas, o clima diferente, a terra que não sabíamos como cultivar... A afirmação “Canarana, por lembrar Canaã, a terra prometida” foi também a nossa esperança de dias melhores, apesar de todas as adversidades. No dia 1º de julho de 1974 foi realizada a primeira reunião para formar a Comunidade de Evangélica de Canarana, e o pastor Hildor ficou incumbido de visitar e assistir todas as famílias luteranas que viessem a se estabelecer na região. Foi sua missão como pastor designado pela IECLB, em novas áreas de colonização. Em 1976, no dia 25 de julho, a jovem comunidade inaugura seu centro comunitário, local usado para as mais diversas finalidades, tanto pela comunidade


quanto por instituições da cidade, por membros e não membros. Por muito tempo, as mulheres ficaram incumbidas de zelar pelo local. Em 1985, no dia 17 de fevereiro, foi registrada a ideia da construção do templo e começou-se a arrecadação de fundos necessários para o seu início. Foram muitas promoções, muitas reuniões, e em 27 de julho de 1986 foi lançada a pedra fundamental com a presença do estagiário Geraldo Grützmann. Relato estas datas para mostrar o trabalho que tínhamos pela frente, em meio as dificuldades existentes. Graças ao trabalho desenvolvido pela comunidade e pelo grupo da OASE, com incontáveis jantares e almoços, o trabalho nas festas e arrecadação de donativos pelas famílias é que em julho de 1998, treze anos depois, inauguramos o templo, e em 31 de dezembro, a torre e o sino. Importante lembrar que também fomos auxiliados pela OGA. O papel da OASE nesse tempo todo foi fundamental. Assumir os trabalhos na cozinha, colaborar e promover jantares e almoços, fazer artesanato para arrecadar fundos. Impossível lembrar de tudo o que fizemos. A OASE também, com suas promoções, colaborou dando o material para fazer o piso e comprar material pedagógico para uma creche municipal; pagou exames laboratoriais na Campanha contra a verminose, colaborou na compra dos tijolos para a construção do templo e na aquisição de parte de suas janelas e tantas outras atividades. Fomos desafiadas, com a colaboração do pastor Ari Käfer, a também pensar e agir globalmente, como denunciar a pesca predatória e a caça, que era proibida. Assumir cargos na diretoria da comunidade, bem como na OASE, foi importante. Entretanto, foi o empenho dos membros, e em especial das mulheres, nesses anos todos, que encorajou nossa união em torno da fé, em prol de um projeto de vida comunitária luterana em solo mato-grossense. Deus, em nossos momentos mais angustiantes, também esteve conosco, nessa caminhada. “ Deus é Castelo forte e bom, defesa e armamento. Assiste-nos com sua mão, na dor e no tormento...”. Penso que meus “conselhos” e opiniões, ajudaram muito as pessoas que vinham até nossa casa para desabafar, colocar suas angústias, pedir guarida. Muitas voltavam, depois, agradecendo. Atualmente, ainda participo das reuniões semanais do grupo “OASE Unidas em Cristo”. Lugar onde podemos levar nossas dores e alegrias. Confraternizar. Agradeço a Deus pelas bênçãos recebidas nestes anos todos e agradecimentos a todas as mulheres que participaram nesta caminhada de Fé, Trabalho, Comunhão e Serviço. Amém.


Nome: Melita Christmann Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Gustavo Adolfo Paróquia: Castelo Forte - Santa Cruz do Sul/RS Sínodo: Centro-Campanha-Sul

Melita Christmann dedicou muitos anos de sua vida à Comunidade Evangélica Gustavo Adolfo, no bairro Santo Inácio, em Santa Cruz do Sul/RS. Melita conta que o bairro se chamava, inicialmente, Três Barulhos. As ruas eram de chão batido e não havia muitos moradores. Atualmente o bairro é denominado Santo Inácio, as ruas são calçadas e há muitos moradores. Tudo começou quando os evangélicos luteranos começaram a se reunir na escola Petituba para celebrar seus cultos e para reuniões da OASE. Era o ano de 1972. Os primeiros chás da OASE foram realizados numa das salas de aula desta escola. Melita lembra que não havia louça para fazer o primeiro chá. Para suprir esta lacuna, cada participante trazia suas louças de casa e as colocava à disposição. O dinheiro arrecadado com o primeiro chá foi destinado à compra de louça. Em seguida, uma das famílias da comunidade doou um terreno para a construção da capela e do pavilhão. A partir daí, passou-se a fazer a festa comunitária, aqui denominada de “quermesse”. Melita conta que, muitas vezes, batia de porta em porta pedindo doações. As pessoas colaboravam de bom gosto e ofereciam açúcar, farinha, arroz e vários objetos para a realização da rifa. Em algumas ocasiões, doavam até dinheiro com generosidade. Nessa época, a massa (macarrão) para o almoço era toda feito à mão por ela. Lembra-se ainda hoje da quantidade de ingredientes que usava para fazer a massa e como a abria com o rolo, à moda antiga. Tudo era feito com muita alegria e em mutirão. No domingo, outras senhoras se reunião e, juntas, faziam a salada


e todo o restante da comida. Os homens se ocupavam em assar o churrasco, e depois tudo era servido nas mesas, pois não havia um buffet à disposição. A turma era muito boa e tudo dava certo. Terminado o almoço, tudo era retirado das mesas e todo o serviço de lavar, secar e guardar era feito pelas mulheres, muitas vezes ajudadas pelos seus companheiros. Os três casais que trabalhavam na cozinha se divertiam muito enquanto faziam seu trabalho. Sempre sobrava uma ocasião para dançar uma valsa. Ali tudo era feito com muita alegria. Trabalhava-se muito, mas também era recompensador. Ela conta que, antes do pavilhão da comunidade ficar pronto, fechavam-se parcialmente as laterais com lonas para realizar a quermesse. Era necessário que alguns homens dormissem no local para impedir que pessoas estranhas entrassem para dar desfalques. Já às 5 horas soltavam-se fogos para acordar os voluntários, que vinham em seguida para os trabalhos. Melita sempre participou da OASE e do coral. Lembra com tristeza que teve que abandonar o coral recentemente, pois a saúde já não permitia a participação regular. Recorda que, junto com as companheiras, fez várias campanhas para ajudar asilos, pessoas doentes ou carentes. Participou ativamente do grupo de visitação. Ela lembra que inicialmente tinham que fazer as visitas aos sábados, pois durante a semana cada uma das mulheres tinha a sua rotina de trabalho. Conta que mais tarde, quando aposentadas, juntamente com Amanda Christmann e Elanie Haas, passaram a fazer visitas com maior frequência, alegrando a família visitada com canções e orações. Aliás, com certeza, cantar sempre foi uma de suas grandes alegrias. Hoje com 88 anos, viúva, mãe de três filhos e com cinco netos e sete bisnetos, Melita guarda com carinho essas boas lembranças e gosta de falar sobre elas. Atualmente ainda participa da OASE, dos cultos e estudos bíblicos. Ela, que participou de tantas visitas, manifesta agora grande alegria pela visita que o grupo da comunidade e OASE lhe faz, especialmente no seu aniversário. Melita guarda boas lembranças e é muito agradecida a Deus por ter-lhe dado tantas oportunidades para servir à causa do seu Reino. Em toda a sua vida participou da IECLB e sente orgulho de sua comunidade e igreja. Hoje mora com as filhas, é muito lúcida e leva uma vida tranquila.


Nome: Mirian Eberhardt Alves Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Concórdia Paróquia: São José dos Pinhais/PR Sínodo: Paranapanema

“Graças dou por esta vida, pelo bem que revelou, graças dou pelo futuro e por tudo que passou”. Esse trecho do hino traduz um pouco do que sinto: GRATIDÃO. Gratidão porque no dia 22 de março de 1950, eu, Mirian Eberhardt Alves, nasci na localidade de Rio Bonito, município de Joinville/SC. Fui batizada, frequentei Culto Infantil, Ensino Confirmatório, Grupo de Jovens e casei na Comunidade Luterana de Rio Bonito. Vivi minha infância cercada de muito carinho e atenção, pois meus pais tinham um armazém (ou casa de secos e molhados, bar e sorveteria), onde sempre circulava muita gente. Ali já sentia o quanto é importante a boa relação com as pessoas. Também na vida comunitária, onde igreja, escola e família se completavam. Tenho lembranças muito fortes de vivências com a minha avó Ana, que influenciaram e serviram de alicerces para a minha vida de fé: por exemplo, todas as noites ela orava em voz alta em seu quarto e pedia que eu a acompanhasse. Cantava pequenos corinhos, alguns deles em alemão, que falavam de fé e confiança em Deus. Hoje vejo que isso foi fundamental, pois creio na boa semeadura e no crescimento no devido tempo.


Assim, fui crescendo. Depois da Confirmação, já fiz parte da equipe do Culto Infantil, que foi sempre prazeroso, e colaborei na liderança do Grupo de Jovens. Foram muitos os encontros paroquiais e congressos de jovens, peças de teatro, evangelizações em que alimentei meu espírito e pude testemunhar o amor de Cristo. É verdade que houve momentos de dúvidas, de questionamentos, mas não chegaram a me afastar. Pelo contrário, fiz uso do versículo bíblico de Filipenses 4.13: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Inclusive vencer a depressão. Cursei a Escola Normal (Magistério) no Colégio Governador Celso Ramos, em Joinville. Trabalhei cinco anos na Fundação Municipal 25 de Julho, em Pirabeiraba, Joinville/SC. Essa entidade tinha como objetivo orientar e capacitar o agricultor e a sua família nas atividades agropecuárias e nos cuidados com a saúde e alimentação. Foi nesse trabalho que Deus colocou alguém muito especial em minha vida, meu marido, Francisco. Casamos em junho de 1973, na Comunidade Luterana de Rio Bonito. Os caminhos de Deus são perfeitos e maravilhosos. Há algum tempo, eu não entendia por que sair de Joinville e ir morar em Ponta Grossa e, depois, em São José dos Pinhais/PR. Hoje vejo com clareza que Deus só queria me dar a oportunidade de trabalhar em Sua seara. Quando viemos morar em São José dos Pinhais, não havia comunidade luterana no município. O que fazer? Sempre que podíamos, apesar dos filhos pequenos, participávamos dos cultos na Comunidade da Cruz, em Curitiba. Mas eu sentia muita falta de uma comunidade onde pudesse congregar – viver comunidade. Foi quando surgiu a ideia de iniciarmos um grupo de estudos bíblicos em São José dos Pinhais, na casa de uma família que conhecemos na Comunidade da Cruz. Dali para iniciarmos os trabalhos da OASE foi rápido. Em agosto de 1977, a OASE realizou sua primeira reunião na casa da Sra. Ursula Rothert. Não demorou e a garagem da nossa casa passou a ser local de culto da futura comunidade. Ganhamos algumas cadeiras, alguns hinários e; uma vez ao mês nos reuníamos em culto. Assim nasceu e cresceu a Comunidade Concórdia de São José dos Pinhais, contando com o entusiasmo e a dedicação do pastor Friedrich Genthner. Hoje a comunidade tem o seu templo, é bastante ativa e é orientada pelo pastor Dr. Marcos Augusto Armange. Temos nosso grupo de OASE Sara, onde podemos colocar em prática a Comunhão, o Testemunho e o Serviço. Faço parte deste grupo há 37 anos, colaborando na sua coordenação, como secretária, presidente ou tesoureira, não


importa a função. O que me alegra é reunir as senhoras e auxiliar na grande semeadura do Reino de Deus. A OASE nos proporciona momentos ímpares, de muitos desafios. Quando organizamos nosso primeiro evento, o “Café do Avental”, para arrecadar fundos para iniciar a comunidade, não tínhamos nenhuma infraestrutura. Tudo foi emprestado ou alugado, louças, toalhas, cafeteiras, salão. Mas tínhamos algo muito precioso, um brilho no olhar, um coração cheio de sonhos e a certeza de que estávamos fazendo algo bom e agradável a Deus - seja de solidariedade, quando visitamos asilos ou organizamos campanhas para a aquisição de roupas de cama, quando apoiamos o trabalho do Culto Infantil, seja de ternura, quando nos colocamos ao lado de nossas irmãs em suas dificuldades, ou quando exultamos de alegria nos momentos de conquistas, de superação e felicidade, simplesmente por estarmos juntas. Outro trabalho que eu senti muito prazer em realizar foi como orientadora das crianças do Culto Infantil; foram alguns bons anos. Pois eu creio que as crianças vivem o seu relacionamento com Deus de uma forma tão pura, sincera e bonita que não tem como a gente não se envolver. Assumimos um compromisso com Deus de orientá-las no caminho da fé. Francisco e eu nos deixamos cativar por mais um trabalho da nossa Igreja, que é o trabalho com casais. Foram muitos os retiros de que participamos, e em outros auxiliamos na coordenação. Pois acreditamos que um bom relacionamento entre marido e mulher e, por consequência, entre pais e filhos fará a família um pouco mais feliz. Esse é um trabalho com o qual ainda gostaríamos de colaborar. Mas caminhando e crescendo junto com o trabalho na Igreja está a minha realização como mãe, esposa e avó. Deus me presenteou com três filhos maravilhosos: Fábio, casado com Cintia; Luciana, casada com Lauro; e Marco Aurélio, casado com Anelisa. E agora, para enfeitar ainda mais a nossa família, temos quatro netos, João Eduardo, Pedro Antonio, Laura e Felipe. Agradeço a Deus diária e eternamente por essa família e pela oportunidade de servi-lo dentro da Comunidade Luterana e também fora dela, onde o amor alcança.


Nome: Naira Binow Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade da Paz Paróquia: Espigão Do Oeste – Ro Sínodo da Amazônia

Meu nome é Naira Binow, sou membro da IECLB desde que nasci, há 53 anos. Nasci e me criei em Laginha do Pancas, Estado do Espírito Santo. Nasci aos 21/11/1965 e fui batizada aos 26/12/1965 com o pastor Georg Bertlein. Tive uma infância e juventude muito abençoada, sempre ao lado de meus pais, que me educaram no caminho da fé. Participei do Culto infantil quatro anos. Bastante estudiosa, é o que diziam para mim. Aos 14 anos comecei a estudar o catecismo, ou seja, Ensino Confirmatório. Foi maravilhoso, foi um passo a mais para minha vida de fé. Foram dois anos pedalando dez quilômetros de bicicleta para chegar à comunidade onde eu estudava e era membro, isso uma vez por semana. Mas são boas recordações. No final do 2° ano de ensino confirmatório participei do retiro e da avaliação final, durante uma semana. Éramos em 103 alunos das cinco Comunidades da Paróquia. Foram momentos maravilhosos que não dá para conter a saudade que ficou daquele tempo. Saudade das amizades e do aprendizado que nunca mais esqueci. Aos 11/05/1980 fiz minha confirmação na Comunidade Floresta, da Paróquia de São Bento, onde eu era membro e estudava. Recebi a Benção da confirmação com o Pastor Ido Port. Tive uma pequena decepção neste dia, me formei como moça erro dos pais na época, não explicar para as filhas a formação delas. E assim, aconteceu o pior para mim, justo neste dia, na frente de toda a comunidade. Mas nada me impediu de receber a benção e confirmar o meu “sim” para “Deus”. Eu estava bem preparada, pois, tinha aprendido isso durante os dois anos de aprendizado. Como não foi possível confirmar com meu vestido branquinho, porque estava sujo, eu usei o vestido da minha irmã que também tinha sido o vestido dela de confirmação. Essa para mim foi uma primeira prova, mas venci. Depois dessa fase, comecei a participar da juventude, um grupo ecumênico da IELB e IECLB, e também já participava do Coral, isso aos dez anos de idade. Tudo de bom! E a vida continuou...


Chegou o período mais complicado da vida, o namoro, as paixões. Muitas lutas, provas apareceram, mas nenhuma delas me abalaram. Aos vinte e três anos de idade ainda solteira, no ano de 1989, eu e toda minha família, incluindo pai e mãe e minhas quatro irmãs e dois irmãos, migramos para Rondônia. Três dos meus irmãos já tinham migrado para lá. Do Espírito Santo só ficou boas recordações e muita saudade do povo e de tudo que construímos lá. Nós recebemos tantas bênçãos lá que só resta agradecer a Deus todos os dias. Não tive oportunidade para ter um estudo de profissionalismo, fiz apenas o 4° ano primário. Papai também não deu oportunidade para participar de encontros fora da Paróquia, como por exemplo: encontros de lideranças jovens, orientadores de ensino confirmatório ou escola dominical, etc... “a gente foi criado com muita rigidez, era só trabalhar na roça”. Chegamos na Rondônia e tudo mudou. Começamos na Rondônia uma nova vida, novos costumes, conhecemos novas pessoas, foi muito bom chegar aqui. Havia muito calor humano, abraços recebidos, muito carinho por parte do povo daqui, mesmo sem que os conhecêssemos. Tive oportunidade de trabalhar com os jovens, fui orientadora de Escola Dominical e Ensino Confirmatório. Participei de diversos encontros. Só não tenho boas recordações relacionadas ao meu casamento. Na Rondônia, conheci alguém que só complicou a minha vida. Não cheguei a casar com ele, apenas ficamos amigados por seis anos. Tive uma filha com ele, a qual foi acusada de “não ser filha dele”. A criança não sobreviveu, perdi-a com apenas dois dias de vida. Depois, sofri um aborto de dois meses, por uma hemorragia. Fiz os exames com resultado positivo para rubéola. Em meio a esse período me separei, não conseguia mais suportar a vida que levava com ele. A família dele é maravilhosa, não deixaram vir nada contra mim. O problema era só ele. Sofri muito. Só quem conhece minha história, sabe o que passei. Isso que estou colocando é apenas um resumo. Para o fim do meu sofrimento, que já estava quase que insuportável, senti as mãos de Deus me tocar. Encontrei na Bíblia, no Salmo 139 que me aliviou de todas as dores. Consegui erguer a cabeça e prosseguir minha caminhada. Hoje já estou sozinha a mais de dezessete anos. Tenho apenas como único companheiro ”Deus” que não me abandona jamais. Hoje sou feliz por que venci. Em meio a tanta turbulência, espero ser exemplo para outras pessoas, especialmente para as mulheres, que ainda são as maiores vítimas de acusações. A elas digo: Erga a cabeça, Deus é nosso consolo, refúgio e amparo em todos os momentos. Ele pode tudo em nossa vida. Basta abrir a porta do nosso coração quando Ele bater, e deixá-lo agir em nós. Digo também: Seja forte o bastante como eu fui, jamais abandonei a minha fé.


Na vida passamos por experiências para conhecermos melhor o nosso Deus. Isso que eu passei, foi para demonstrar o seu amor por mim. Por vários anos fiz parte do grupo de mulheres no sítio, na Comunidade Kapa 80, da Paróquia de Espigão do Oeste, onde sou membro até hoje. Depois, foi escolhido um nome para esta Comunidade, “Novo Alvorecer”, nome escolhido por mim, que ganhou no sorteio de vários outros nomes indicados. Hoje mudei de rumo, moro na cidade de Espigão do Oeste e faço parte da Comunidade da Paz e sou membro do grupo da OASE. Me sinto muito feliz no meio do grupo e por tantas experiências já vividas e tantas bênçãos já recebidas por parte de nosso Deus. Também participo do Coral, amo cantar... “Essa é a minha história na caminhada de fé” Naira Binow Espigão do Oeste – Rondônia


Nome: Neusa Tetzner Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Valinhos Paróquia: Vale do Atibaia Sínodo: Sudeste

Desde que o desafio foi lançado, tenho me perguntado se devo escrever e o que escrever, pois, aparentemente, minha história se assemelha a tantas outras. Sou só mais uma entre todas nós que enveredamos por este mundo da Igreja, uma que se sentiu desafiada a colocar-se a caminho como mulher na IECLB. Minha história começa como muitas de nós. Nasci luterana, filha de pai luterano e mãe católica, mas que aderiu à fé do marido pelo casamento. Vivia na roça, em Limeira/SP, e era membro da Comunidade do Bairro dos Pires, que tinha culto duas vezes por mês, sempre às 14 h. Íamos de charrete para a igreja: pai, mãe e quatro filhos. Eu, a primogênita, Carlos, Noeli, Ismael. (O irmão mais novo, Junior, veio 16 anos mais tarde, quando já se tinha carro, e me lembro do choro da minha mãe, que se sentia velha para ter mais filho). Era uma grande festa sair assim no domingo à tarde para ir ao culto, pois lá se encontravam todos os vizinhos, amigos, parentes. A Comunidade de Pires em Limeira (SP) foi o berço da minha fé e onde dei os primeiros passos na Igreja. Aos 16 anos fiz a confirmação, pois naquele tempo se era confirmada mais tarde. Logo depois comecei a frequentar a Juventude. Num dos cultos, uma jovem (Inalda) fez a reflexão sobre a importância dos jovens na Igreja e usou a ilustração do tijolo, com um buraco na parede. “Você é esse tijolinho que está faltando”, disse ela. Saí com aquela palavra na cabeça. O tempo foi passando, vieram as eleições na Juventude, os desafios para retiros, encontros, viagens, e


eu fui assumindo. Num desses encontros falei da vontade de seguir estudando (pois só tinha estudado até a 4° série), mas morava na roça e o pai não deixava sair de casa. Minhas amigas (Dagma e Noeli) me incentivaram a levar o sonho adiante e mostraram caminhos. Assim, criei coragem e saí de casa aos 21 anos para fazer Curso Supletivo. Estudava à noite e, de dia, trabalhava numa fábrica de feios. Dois anos depois, encontrei alguns estudantes de Teologia, que me incentivaram a estudar na Escola Evangélica de Ivoti (catequista) ou Casa Matriz (diaconia). Em 1979, fui para Ivoti/RS, e na EEI o Prof. Naumann me falou que eu deveria seguir pelo caminho do pastorado, que meu teste vocacional indicava isso. Foi uma grande surpresa, mas aceitei o desafio. E assim fui me aventurando pelos caminhos da Teologia. Em 1982, iniciei a faculdade aos 27 anos. Durante os estudos, o grupo de mulheres na Teologia me instigava na reflexão. O Prof. Wangen desafiava os alunos a andar pelos caminhos dos excluídos, e, assim, comecei a refletir sobre as mulheres em situação de prostituição, Pastoral das Mulheres Marginalizadas. Isso me levou a conviver de forma ecumênica com as pastorais da Igreja Católica. E assim mulher e ecumenismo passaram a andar sempre juntos. Em 1982, me casei, e, em meio aos estudos na faculdade, nasceu Iuri, que cresceu a meu lado nas salas de aula e na escrivaninha e andou de colo em colo das companheiras. Éramos um grupo de mulheres/mães e tínhamos até uma babá contratada para cuidar de nossos filhos em conjunto. Em agosto de 1987, fui enviada a Teófilo Otoni (MG), onde fui demitida. Depois vieram novos desafios, novos campos de trabalho (São Leopoldo/RS, Campinas/SP, Bahia Blanca/Argentina, Valinhos/SP). Em 1992, adotamos Iago, um menininho lindo que era só sorriso. Em meio aos vaivéns da vida me divorciei. Os meninos cresceram e já são adultos, e meus cabelos que vão embranquecendo já assumem a idade para ser chamada de vovó por Nicolly. Foram muitas as lutas e dores no início do pastorado, mas muito mais alegrias e bênçãos. Confrontada com muitas pessoas com câncer, em especial mulheres, veio o desafio de refletir e pesquisar, no Mestrado em Ciências da Religião, sobre a relação entre fé e medicina, constatando a força e a fé das mulheres. Hoje somos em torno de 30% de ministras na IECLB, e é motivo de gratidão fazer parte desta história. Nem tudo foi sempre belo e poético, como o


texto aparenta; houve muitas dores e sofrimentos, muitas lágrimas derramamos juntas enquanto pastoras, enquanto família pastoral, enquanto mulher e mãe. Mas aprendi a me levantar, a começar de novo, a aceitar os desafios e descobri que algo novo, bom e melhor está sempre por acontecer. Deus nunca me abandonou, e as marcas que carrego não doem mais como antes, mas me lembram que é preciso ficar atenta e aprender sempre de novo. Até aqui me trouxe Deus, assim cantamos e louvamos. E, em comunhão com a vida de mulheres, ando por aí, na IECLB, no CESEP, HAOC, no movimento ecumênico e de mulheres. Tomo emprestado o canto de Luiz Gonzaga para expressar um pouco das minhas andanças e a minha esperança: “Minha vida é andar por este país, Pra ver se um dia descanso feliz Guardando as recordações, Das terras onde passei Andando pelos sertões, E dos amigos que lá deixei”.


Nome: Noeli Maria Dunck Dalosto Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Com. Evang. Pastor Norberto Schwantes Paróquia: Canarana - MT Sínodo: Mato Grosso

Cresci vendo meus pais trabalhando pela igreja e sempre fomos muito incentivados a participar do Culto Infantil, a frequentar os cultos e participar das atividades religiosas e a colaborar nas festividades desenvolvidas, cuidando dos menores enquanto as mães botavam a mão na massa, na comunidade de Tenete Portela. Fui batizada pelo então pastor Norberto Schwantes, aos trinta e um dias do mês de julho de 1960, quinze dias após meu nascimento. Das lembranças do tempo de infância e início da adolescência, muitas estão relacionadas às atividades da Igreja e escola. Lembro das apresentações natalinas, teatros e hinos que ensaiávamos para apresentar, dos ovos e coelhos da páscoa, dos cultos onde os homens sentavam de um lado e as mulheres do outro nos bancos, e da figura austera do pastor, que falava sempre com muita seriedade. Comecei meus estudos na Escola Evangélica Tobias Barreto, criada pela comunidade, juntamente com o internato para os filhos dos agricultores que moravam em suas colonias. Época muito prazerosa de lembrar. Muitas brincadeiras com os colegas na hora do recreio e a descoberta do mundo da linguagem pela alfabetização. Minha primeira professora, Terezinha Schwantes. Pequena e frágil, mas muito carinhosa com todos. Com a perspectiva da mudança para Mato Grosso, fiz meu ensino confirmatório com apenas um ano de estudos com o pastor Osvaldo Jähn. Das lições aprendidas, lembro principalmente dos mandamentos que tínhamos que decorar, dos livros da bíblia, orações e dos sermões quando não sabíamos o suficiente. De passar por uma prova oral diante da comunidade. De lembranças


engraçadas, a orientação do pastor aos meninos, que usassem o sapato muito antes do dia da confirmação para não fazer calos nos pés. A mudança para o estado de Mato Grosso, que apenas ouvíamos falar na aulas de Geografia, trouxe muitas expectativas a todos da família. A viagem de 7 dias por vários estados, vendo tantas coisas diferentes do que aquelas do nosso mundinho de poucos quilometros, tudo nos encantava. Pessoas que falavam diferente, a paisagem, os piqueniques à beira do caminho quando parávamos enquanto minha mãe, minha tia e irmãs mais velhas preparavam os alimentos... a expectativa da chegada, projetos e sonhos povoavam nossas conversas e fantasias. Enfim, em 11 de janeiro de 1973, chegamos em meio aos atropelos provocados pela chuva - atoleiros - na picada recém aberta e que nos levaria ao acampamento junto às demais famílias. Como tudo estava para ser feito, logo que as famílias iam se encontrando, conversando, projetando, formou-se a comunidade evangélica luterana. Importante as presenças do pastor Hildor Raicke e sua esposa Sara, com dois filhos pequenos, neste projeto de comunidade e a construção da escola. Foram nossos pastores, professores, administradores que ajudaram nos anos em que estiveram conosco a superar as dificuldades, buscar soluções, numa área muito abrangente, de enormes dificuldades de estradas, habitação, recursos médicos, educação, transporte e principalmente a saudade que notoriamente as mães e moças sentiam de seus familiares e amigos. Os pais e rapazes encantados em explorar o local em caçadas e pescarias. Para nós, crianças e adolescentes, era muita novidade e aprendemos a conviver com as adversidades como algo natural. A preocupação ficava com os adultos. Na vida comunitária, as atividades desenvolvidas assemelhavam-se como no sul. Apenas as condições eram outras. Escola e Igreja eram a vida social do local. Festas escolares, reuniões da Coopercana, atividades desenvolvidas pela Igreja movimentavam o local. Momento onde se encontravam e também podiam projetar os rumos que queriam para a recém formada localidade. Com a transferência do pastor Hildor e sua família para Barra do Garças – 1976 - e a decisão da Igreja em apoiar os novos projetos de colonização, vários líderes religiosos acompanharam e guiaram a comunidade. Nesta caminhada, é muito importante destacar o trabalho que as mulheres tiveram. Além do cuidado com a família e filhos, organizaram-se para discutir o cotidiano. Seus anseios e preocupações com o funcionamento da escola e da igreja. Atuaram de forma muito ativa, umas mais, outras menos, na participação


das decisões da comunidade, como no trabalho nas festividades, cozinhando, limpando, enfeitando. Crianças e jovens eram chamados a colaborar. Nos cultos, em programas especiais, festividades que a comunidade programava, enfim, eram oportunidades de convivência comunitária, de conhecer as novas famílias que chegavam, de paqueras e namoros. Sociedade civil e religiosa uniam-se buscando os meios para o desenvolvimento da localidade e a Igreja Luterana, com a presença de seus ministros e famílias, contribuiram muito para isso. Os primeiros encontros de mulheres foram organizados pelo pastor Hildor, que viu a urgente necessidade de as mulheres poderem chorar suas saudades e dificuldades de criar seus filhos e filhas numa região desprovida de recursos. Na casa de D. Idelvais Oster – responsável pela Casa di Pasti, deu-se o início das reuniões. Mais tarde, com a construção do pavilhão evangélico, todas as atividades religiosas e civis foram ali realizadas. Mulheres de todas as denominações eram convidadas a participar. Momento de expor suas frustrações por projetos não saírem como o planejado. Lágrimas, raiva, saudades. Não estava sendo fácil acostumar. Lembro especialmente de duas famílias alemãs que vieram para cá no início do processo colonizatório: Famílias de Hans e Ruth Rinkling – ele, engenheiro agronomo e ela pianista e professora do grupo de canto da comunidade. Do Sr. Eberhart Guissmann, engenheiro mecânico, nosso professor alemão que tentava nos ensinar matemática e D. Gisela, que tanto auxiliou as mulheres nos problemas de saúde, atuando como parteira e, por vezes, ajudando no tratamento da malária, bastante comum na época. A OASE sempre participou da vida comunitária com muito afinco. Desde o seu início, com suas promoções ajudou na construção do templo, colaborou em promoções diaconais na comunidade para auxiliar creches APAE, Casa da Criança e outras instituições afins, atualmente. Conforme as comunidades foram sendo constituídas e os grupos de OASE sendo formados, nos organizamos como setores e sínodo. Neste processo, penso que os ministros e ministras perceberam a força dos grupos de OASE como apoio muito forte nas promoções empreendidas para dar conta de se sustentar financeiramente, construir seus templos, enfim não se excluir de todo processo de mudanças/reestruturação pensados pela IECLB, a partir da migração para as novas áreas de colonização mesmo sendo comunidades reduzidas em número de membros e comunidades muito distantes umas das outras.


No período de estudos – 1976 a 1984- Ensino Médio e curso superior, em Barra do Garças, o trabalho na igreja ficou reservado apenas nos períodos de férias. Casei-me em dezembro de 1984, no antigo Pavilhão construído pela comunidade. Lembro-me do comentário do noivo “ você entrou muito depressa”... Sorrio ao lembrar dos poucos passos a serem dados até o altar. Apesar da simplicidade, uma dupla de mulheres tocava maravilhosamente seus violinos. Fomos abençoados pelo pastor Uwe Kliever que oficiou a cerimônia. Comecei a participar efetivamente da OASE por ocasião do XV Congresso setorial da OASE, em Canarana, tendo como palestrante o pastor Mozart J. de Noronha - RJ, que trabalhou conosco o tema “Novo Milênio – enfoque na mulher”. Quando meus filhos já estavam maiores pude conciliar o trabalho com o dia das reuniões semanais. O marco foi a comemoração dos 100 anos da OASE em Rio Claro/SP. A partir daí, o trabalho também se intensificou nas atividades festivas da comunidade, com ensino confirmatório, no prestitério e paróquia. É chegado o tempo de agradecer! Tempo de retribuir por tudo o que as mulheres e os homens, em conjunto, fizeram para edificar as comunidades que surgiram em solo mato-grossense. Como dizem as pessoas de mais idade “ nós já fizemos bastante, agora chegou a hora das pessoas mais novas”. Nunca falaram que já não fariam mais, pois continuam, com seus dons, a “dar cara” aos grupos que se tem hoje. Sustentando sua fé, cantando, ensinando as melodias dos hinos mais antigos, orando, contando suas histórias de superação e coragem, ajudando a fazer cucas, plantando e colhendo os temperos para os almoços e jantares, enchendo o chimarrão nas rodas de conversa, bordando, crochetando, costurando, fazendo artesanato, oferecendo e comprando números de rifas, doando prêmios, mimos, enfeitando altares ou simplesmente participando. Essas somos nós. Ao contar um pouco da minha história de vida pessoal e na comunidade luterana, quero dar “rosto” a tantas mulheres importantes da nossa paróquia. Importantes porque deram e dão seu testemunho de vida no dia-a-dia. Vivendo a comunhão com tantas outras mulheres, ensinando e principalmente levando a palavra de Deus aos filhos, vizinhos, amigas, enlutados, acamados, enfim, a sociedade através da sua organização. Tempo de agradecer em especial ao trabalho desenvolvido pelas esposas dos ministros e ministras que colaboraram com a edificação de nossa comunidade: Sras. Sara Reincke, Noemia Dockhorn, sempre muito animada, Gerhild Kliewer e seu trabalho em ensinar os hinos, a preparar os teatros e a participar ativamente das comissões na era Collor, Neiva Käfer, Isolde Kegler muito participativa nos


encontros da OASE; ministra Eliana Mutz, a queridinha dos jovens e as famosas gincanas promovidas pela APAE, ensaiando o coral da prefeitura, Uiara Kronbauer, muito prestativa em colaborar nos cultos na ausência do pastor e cantando maravilhosamente, Pa. Lourdes K. Knecht, muito meiga e animada, Leda Witter presença nos encontro, orientando e ajudando na sua estruturação e trabalhando temáticas; e tantas outras mulheres e ministras de comunidades e paróquias do setor leste que estiveram conosco nesta caminhada da OASE e, atualmente, Gizele Zimmermann. Lembramos também das estagiarias Mariane Mayer kempf, Ana Cássia Maus e Mariza Eckhardt Neuberger. Atualmente, tenho a alegria de presidir, pela segunda vez, a Associação dos grupos de OASE no sínodo Mato Grosso. Função de grande aprendizado e de novas experiências. Mulheres fortes, trabalhando em realidades distintas, mas que aprenderam que em seus grupos podem buscar ânimo, curar feridas, oferecer apoio umas às outras, projetar sonhos, ter a liberdade de somar esforços e forças para vivenciar um mundo com mais esperança, mais solidário e que por meio da fé, podem proclamar que “Jesus Cristo é Rei e Senhor, é Senhor potente, hoje e eternamente. Amém.


Nome: Noeli Ritter Tempo de participação na IECLB: desde Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha Paróquia: Estância Velha/RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

Noeli nasceu em 18/07/1954, filha de Arthut Bech e Ilma Plautz Bech, em Rincão da Serra – Linha Nova/RS. É a quarta filha de cinco irmãos e tem 60 anos. Sua família trabalhava na terra, em agricultura de subsistência, e sua renda provinha principalmente da venda de porcos. Os porcos eram vendidos no armazém, de onde vinham, então, as mercadorias que não tinham em casa, tecidos, sal e açúcar, por exemplo. E também, uma vez por semana, passava um senhor de carroça, trazendo mantimentos secos e comprando galinhas, ovos e o que houvesse da roça. Não havia energia elétrica, e a água era buscada no poço. Eles tinham um rádio que funcionava a bateria e, depois a pilha. Em geral, andavam a pé, e, quando o trajeto era mais longo, a cavalo. Na colônia trabalhava-se desde cedo. Com 7 anos ela era “dona” de uma vaquinha jérsei. Pela manhã ia à escola, mas à noitinha tirava leite; isto era um compromisso. Da mesma forma ela buscava água do poço, e tinha que fazer isto rápido. Seu pai era exigente e todos tinham que trabalhar. Sua família costumava frequentar os cultos, que aconteciam de três em três meses, na língua alemã, numa escola próxima de sua casa, pois não havia


templo, como é ainda hoje na localidade. As crianças sentavam nos bancos da frente para assistir ao culto e, na hora da Santa Ceia, que ocorria em geral na Páscoa e no Natal, elas tinham que sair da sala, as portas eram fechadas. A Santa Ceia acontecia somente para os adultos. O advento da Confirmação era o momento de conhecer este ritual. Seu Batismo ocorreu no dia 11/09/1954, e foi celebrado pelo pastor Kolfhaus. Sua Confirmação foi no dia 11/02/1966, pelo pastor Streber. No primeiro ano da Doutrina (ministrada em alemão), ela estudava na escola perto, mas, a partir do segundo ano, ela e outra colega iam de carona com o leiteiro até Linha Nova e depois voltavam a pé, numa caminhada de duas horas. Para a volta, elas ganhavam um lanche do pai da colega que trabalhava num armazém: uma “gasosa”, bolacha Maria e um pedaço de linguiça; ela gostava muito deste lanche. Após a Confirmação, além de conhecer o rito na igreja e participar dela, outras coisas eram também liberadas, como ir a bailes. Ela ia então com sua irmã, já casada na época, e depois com uma vizinha cujo namorado tinha uma “Rural”. Num destes bailes, conheceu seu esposo Orêmio Ritter, que na época já tinha saído da Vila Olinda, onde sua família morava, e trabalhava em Novo Hamburgo, numa indústria de componentes para calçados. O namoro durou oito anos. Ele vinha uma vez por mês para visitá-la, mas antes ia até sua casa, e depois caminhava uma hora para chegar até a casa dela. Nesta época, era também costume preparar o enxoval. As moças em geral preparavam um enxoval com algumas coisas básicas necessárias para o lar, como roupas de cama, panos de prato, louças e outras. Ela e sua irmã, então, nos dias de chuva, iam ao galpão e lá tiravam a palha do milho para palheiro. Faziam pacotes de mil e vendiam. Foi com a venda desta palha que fizeram o enxoval. Na época, elas só ganhavam roupas novas, em geral, no Kerb e na Páscoa. Noeli mudou-se para Novo Hamburgo após o casamento, que ocorreu em Linha Nova, no dia 24/09/1976. O pastor Manfred Jacob celebrou, às 10 horas, o culto de casamento; após houve um almoço (eles mataram um boi no dia anterior) e à tarde, tinha café para os convidados. Eles chegaram à igreja num fusca azul claro de um amigo que os levou. Neste mesmo dia, vieram para Novo Hamburgo, para morar no Bairro Rincão, onde moram até hoje. A casa mudou, foi


reconstruída, mas o lugar é o mesmo. Ela não conhecia muita gente quando veio para cá, mas seu esposo já estava participando ativamente da igreja, tinha a “mordomia” na comunidade, o que significava ser encarregado de algumas coisas, como entregar boletins informativos, participar de reuniões no centro e outras. Ele também participou da juventude, ajudando a formá-la no bairro com alguns amigos. Noeli conhecia a Adélia, que já morava em Novo Hamburgo, e começou a ir com ela às atividades da igreja, que eram realizadas num salão de madeira. Ia aos cultos, à OASE, ajudava nas festas e em todas as atividades, como faz até hoje. Antes do casamento, ela não tinha contato com a Bíblia; isso ocorreu somente depois de casada, uma vez que o esposo já possuía uma e estava bem familiarizado com ela. O casal tem dois filhos, Marcos (hoje com 38 anos, casado com Fabiane Rückert Ritter, pais de Amanda, de 7 anos, e Moisés (hoje com 34 anos, casado com Diane Alves). A partir do nascimento de seu primeiro filho, ela começou a trabalhar cuidando de crianças em sua casa. Quando os filhos ficaram maiores e iam para a escola, ela trabalhava em casa para um atelier de calçados. No entanto, não fez registros nem teve carteira assinada, como tantas mulheres que trabalhavam em casa para a indústria calçadista. Hoje ela sente não ter tido seus direitos garantidos, pois não recebe aposentadoria. No entanto, na época não se falava sobre direitos trabalhistas; ela diz que “era assim”. Mais tarde, começou a produzir tortas e biscoitos para vender. Ela sempre gostou de cozinhar, e seu esposo disse que ela puxou à mãe, e que ele gostava muito de ir lá quando namoravam. Não é difícil imaginar quão boa era uma comida caseira para quem morava sozinho na cidade. Esta atividade ela realiza até hoje, inclusive fazendo tortas e bolos para as festas e chás na Comunidade. A comunidade se mobilizou e construiu uma igreja ao lado do salão e, alguns anos depois, um novo salão atrás da igreja. Ela ajudou nestas construções participando ativamente da comunidade, ajudando nas festas e fazendo parte da diretoria da OASE. Ajudava especialmente na cozinha. Já atuou como conselheira, tesoureira, vice-presidente, presidente e coordenadora da OASE. Hoje atua como conselheira no presbitério. Participa nos cultos, no grupo de terceira idade, dança sênior, grupo de canto, grupo de liturgia, grupo de estudos bíblicos, grupo de trabalhos manuais e diaconia. A participação nestes grupos possibilita a convivência entre os membros da comunidade e favorece o aprendizado da palavra de Deus e o crescimento na fé. Ela observa a importância das mulheres nos trabalhos da comunidade, e como vem crescendo a


liderança delas nos presbitérios em geral, ocupando diversos cargos nas equipes de trabalho. Na atuação da diaconia, a comunidade ajuda pessoas em dificuldades eventuais com o que necessitam e emprestam muletas ou cadeiras de rodas; é um trabalho necessário, devido aos problemas sociais existentes. A intenção é ampliar sempre mais os trabalhos neste setor e aprender cada vez mais sobre como ser igreja solidária. Noeli observa a importância de participar da igreja em sua vida e na de sua família, pois cresceram juntos na fé, cresceram em convivência, aprenderam e ensinaram; o casal é companheiro na vida da igreja e serve como exemplo de engajamento nas atividades da comunidade. A fé é fortalecida na comunhão. A história da Noeli foi escrita a partir do seminário “Como coletar e narrar histórias de vida: subsídios metodológicos” em Ivoti. A partir daí a entrevistei e fiz o relato. Agradeço a sua colaboração. Joseida Schütt Zizemer


Nome: Noemia Hepp Pommê Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Martin Luther Paróquia: Centro de São Paulo - SP Sínodo: Sudeste

Minha história começa em 31 de janeiro de 1937, quando nasci, em Lageado Mariano, uma pequena localidade da Vila do Rio do Peixe, hoje município de Piratuba,SC, estância hidromineral que atrai turistas de todo o País. Filha de Raymundo Hepp e Selvina Etzberger Hepp, lá cresci e estudei, me formei em 1954, no Curso Normal Regional. No ano seguinte, no então distrito de Ipira, passei a lecionar nas Escolas Reunidas Professora Maria Anunciação Raffs Mafra. Em 1956, fui transferida para o Grupo Escolar Carlos Chagas, na sede do município. Na mesma época, conheci Asclepiades, natural de São Paulo, e acrescentei o Pommê ao meu nome, quando casamos na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Piratuba, em 5 de outubro de 1956. Dois anos depois, transferimos residência para São Paulo. Grávida de minha primeira filha, Angela, nascida em 1959, logo procuramos a Comunidade Evangélica Luterana de São Paulo. Batizamos nossa filha na Igreja Martin Luther, no centro da cidade, onde permanecemos membros até hoje. Em 1962, ganhamos a segunda filha, Regina. A Escola Dominical para Crianças abriu suas portas para elas. A igreja em São Paulo, fundada em 1907, até então mantinha exclusivamente o idioma alemão em suas atividades. Na época, a Comunidade em Língua Portuguesa dava os seus primeiros passos, com o trabalho desenvolvido pelo jovem pastor Karl G. Busch. Envolvemo-nos fortemente nas atividades. Tive ai os primeiros contatos com mulheres da comunidade, em especial Gisela Sandri. Ela me convidou para participar da OASE. O grupo havia sido fundado em 26 de agosto de 1965.


Eu conhecia a OASE do Sul. Quando eu era jovem e solteira, frequentava o grupo de Piratuba, na companhia de minha mãe, uma mulher da OASE a vida inteira. Em 31 de março de 1966 participei pela primeira vez da OASE em São Paulo. Em 1990, quando o Grupo de OASE Centro completou 25 anos de atividades ininterruptas, eu era a Presidente do grupo. Em maio de 1995, deu-se uma interrupção, mudamos nossa residência para São Leopoldo/RS e lá permanecemos por nove anos. Filiei-me à OASE local e me integrei plenamente nas suas atividades, um grupo imenso e altamente presente na vida da cidade. De volta a São Paulo, em 2009, o grupo passava por uma transição. A presidente da época se afastou e nenhuma das participantes quis assumir o cargo. Escolhida, assumi novamente a presidência, onde estou há 6 anos. Graças a Deus, o grupo continua forte e ativo. Mesmo na complexidade de manter uma atividade como a nossa, bem no centro da capital paulistana, realizamos reuniões semanais, todas as quintas-feiras e atuamos em várias frentes de trabalho da Comunidade. Contemporâneas, sempre fiéis ao lema Comunhão-TestemunhoServiço, no dia 26 de agosto de 2015 comemoramos 50 anos de atividades ininterruptas. Não por último, registro minha atividade como Secretária da OASE Regional da 1ª Região Eclesiástica da IECLB, entre 1968/1970, bem antes da atual estrutura da Igreja. De 2010 a 2014 fiz parte do Conselho Fiscal da OASE do Sínodo Sudeste. Com Dona Liselotte Zander me envolvi na tarefa de reunir e despertar os grupos dispersos pelo imenso território do então Sínodo Evangélico do Brasil Central. Nem sei como consegui conciliar minha vida pessoal e familiar com as constantes viagens de ônibus, por estradas rurais precárias, no interior dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Para percorrer poucos quilômetros, muitas vezes enfrentávamos horas de viagem. E fazíamos tudo com muito bom humor e muita alegria! Descobri, naquele interior de difícil acesso, mulheres de muita fibra, e uma igreja viva, pulsante. O Seminário de Araras abrigou congressos de mulheres da OASE, com mais de 100 participantes, vindas de todos os cantos de São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Caminhávamos firmes para a atual realidade da OASE nacional. É isto. Simplesmente, sou uma mulher da OASE.

Noemia Hepp Pommê


Nome: Norma Terezinha Schüler Tempo de participação na IECLB: Desde o casamento Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha Sínodo: Nordeste Gaúcho

Nasci em 21 de maio de 1960 na cidade de Paverana – RS. Venho de uma família humilde com três filhas e um filho, sendo eu a mais velha. Meu pai, Antônio Cardoso de Vargas, e minha mãe, Osvaldina de Azevedo Vargas, eram pequenos agricultores e trabalhavam como meeiros, plantando milho, aipim, cana, feijão. Por volta dos meus 10 anos, meu pai foi trabalhar numa indústria, como guardanoturno, mas continuava na lavoura com mamãe nas horas de folga. Aos 14 anos, papai providenciou minha carteira de trabalho e fui trabalhar na fábrica de calçados durante o dia e estudar à noite, em Teutônia. Vários momentos marcaram a minha infância: as dificuldades de meus pais para nos dar alimentos e educação, pois éramos muito pobres. Aos 9 anos sofri um acidente doméstico, em que perdi 80% da visão do olho direito, e só não foi pior porque tivemos a ajuda da professora Maria Guimarães, que me encaminhou a Porto Alegre para fazer tratamento. Meu pai pagava as enfermeiras com produtos da lavoura. Lembro também que, para eu poder continuar estudando e terminar o Ensino Fundamental, minha mãe vendeu dois travesseiros de penas de ganso para pagar a matrícula, e foi com muito esforço que conseguiram pagar as mensalidades da Escola Cenecista de Teutônia. Apesar disso, em geral minha vida familiar foi tranquila. Meus pais sempre foram muito amorosos e carinhosos, e até hoje eu tenho o colinho deles.


Aos 16 anos, conheci meu esposo, João Schüler. Nós namoramos por dois anos e então nos casamos. A celebração foi realizada na IECLB, na Igreja Cristo Redentor de Canabarro, município de Teutônia-RS. Quando fui pela primeira vez à casa de meu sogro, Helmut Schüler (in memoriam) e minha sogra Selma Porn Schüler, ocasião em que os conheci, a primeira pergunta que meu sogro fez foi: Se vocês casarem, qual religião vão seguir? Eu era católica, e a minha resposta foi: na igreja do João. Eu achava que deveria ser assim: a mulher acompanhar o marido em sua igreja. E assim aconteceu. Após o casamento, moramos em Estância Velha, e eu trabalhei como costureira de calçados. Após quatro anos de casamento, nasceu nosso único filho, Jonas Eduardo Schüler, hoje casado com Débora Mallmann Schüler, pai da nossa neta Manuela. Eu estava cursando o segundo ano do Ensino Médio e interrompi os estudos quando fiquei grávida. Voltei a estudar anos depois e me formei no Ensino Médio em 1999, mesmo ano que meu filho. Na ocasião, eu estava com 39 anos e ele com 17. Foi uma das melhores conquistas de que me lembro, e sinto saudades. A partir daí tomei por hábito e prazer ler e escrever. Sempre tenho à mão papel e caneta, pois registro tudo e passo a limpo assim que posso. Gosto de esclarecer cada ideia e falar sempre da forma mais correta. Casamos, batizamos nosso filho, mas não participávamos na igreja. O ponto de entrada efetiva (participativa) na igreja luterana foi por ocasião da confirmação do filho. Naquele momento, senti necessidade de me envolver na igreja. Encontrei na Comunidade Rincão dos Ilhéus, Estância Velha, a paz que procurava, através dos conselhos do querido pastor Anibaldo Fiegenbaum (in memoriam). A minha caminhada de fé na igreja ficou mais forte, e a chama que estava quase apagada reacendeu, recomeçou a esquentar. Refiro-me à fogueira porque, por ocasião de meu casamento, o pastor Arno Wartschow teve uma conversa pré-nupcial conosco, em que montou uma pequena fogueira e nos disse que, com o tempo e possíveis problemas do dia a dia, a fogueira tenderia a apagar, mas que o nosso compromisso deveria ser de sempre manter a chama do amor acesa durante o percurso do casamento. Ingressei na OASE, e hoje sou tesoureira. Participo do grupo de Liturgia, Dança Sênior, auxilio na Diaconia e nos cultos, sempre sob a orientação do nosso pastor. Fui coordenadora sinodal da Terceira Idade junto com o pastor Edemar Zizemer. Desde 2009, temos um grupo de Liturgia, em que nos reunimos para estudos. Este grupo auxilia nosso pastor na condução dos cultos, recebendo os


membros que chegam à igreja, fazendo as leituras bíblicas, ajudando na Santa Ceia, enfim, nas tarefas pertinentes aos cultos. O grupo de Dança Sênior veio para trazer leveza, saúde, exercícios para o nosso corpo e mente. A dança exige atenção aos movimentos, e pode ser realizada com as pessoas sentadas ou em pé. Pode ser aplicada para idosos, crianças, na OASE, para qualquer público, desde que seja preparada pelas pessoas que estão aptas, através de curso. Na Diaconia, nosso trabalho é para o bem-estar de nossos irmãos e irmãs que estão com dificuldades. Temos um pequeno brechó, um banco de alimentos, fazemos campanhas para casas-lares e visitas. Temos muletas e cadeiras de rodas para empréstimo. Diaconia, para mim, é uma palavra que significa acolher sempre todas as pessoas com muito amor. As atividades de minha comunidade são uma extensão da minha casa. Sempre me coloco à disposição com amor, fé, esperança e oração. Sinto-me feliz quando posso ajudar outras pessoas. Sou dona de casa e voluntária. Quando temos festa de crianças, eu e meu esposo usamos roupas de palhaço. No Natal, eu ou meu esposo nos vestimos de Papai Noel e Mamãe Noela. Se há enchente, arrecado mantimentos, roupas e outros materiais com vizinhas, vizinhos, amigas e amigos. Assim ajudamos a diminuir o sofrimento. Se há doença, sempre procuro levar esperança e fé em dias melhores. Às vezes sou ouvinte, outras vezes falante. Sempre que sou solicitada, seja na família, na comunidade ou em ONGs, estou pronta a ajudar. Ser voluntária é algo de que gosto e que faço com amor. Tudo isto sempre com o apoio da família; sem ela, eu não seria a pessoa que sou. Agradeço a Deus pelos pais que tenho, por me terem dado a vida. Sonho com uma sociedade mais justa, sem violência. Que possamos mostrar o amor de Deus sem exigir nada em troca. Para minha comunidade Rincão do Ilhéus desejo muita paz, amor, inclusão, comprometimento para com seus membros. Um dos versículos bíblicos que acompanha a minha vida é: “Senhor, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste” (Salmo 30.2). (História de vida coletada por Norma Schüler, Joseida Zizemer, revisada pela pastora Marli Braun)


Nome: OASE Maria Isabel Participação na IECLB: 20 de agosto de 1969 Paróquia: Evangélica de Confissão Luterana em Conventos Sínodo: Vale do Taquari

Da esquerda para direita: Glaci Hünnemeier; Anair Purper, Dulce Eckhardt; Lorena Dorr, Astéria Purper; Alícia Eckhardt, Zulmira Becker; Aniva Purper, Alma Eckhardt; Renata Auler, Marta Saffran, Rosane Sprandel, Marline Weiss, Ketleen Katiely Sprandel e Luisa Saffran. De acordo com dados históricos relatados pelas integrantes da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas, o grupo Maria Isabel foi fundado em 20 de agosto de 1969. Com perseverança, o Pastor Dirkopp e a sua esposa Sigrid Dirkopp impulsionaram este trabalho com as mulheres da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Conventos, Comunidade do bairro São Bento, Lajeado/RS. O esforço e a dedicação de cada mulher era importante para a realização de qualquer que fosse a atividade. Cada uma assumia

parte desta tarefa que ia desde a

organização de cafés até o preparo e elaboração das cucas, tortas e bolos. Assar implicava preparar a lenha, aquecer o forno, preparar as formas, colocar a massa nas formas, mexer as brasas, enfim, muita dedicação. A OASE também participava do preparo da comunidade para a celebração do Advento e Natal. As famílias se envolviam na produção de bolachinhas enfeitadas. A limpeza do salão era feita pelas famílias de Guido e Anair Purper, Elemar e Nair


Fleck. A OASE junto com o pastor preparava cantos, leituras bíblicas e arrumava as mesas com toalhas brancas, decoradas com arranjos de ciprestes iluminados à luz de velas. Nos momentos de encontro, cada familia ainda compartilhava de um prato de doce ou salgado. No decorrer destes 48 anos, as mulheres da OASE Maria Isabel tem se reunido para ouvir e refletir sobre a Palavra de Deus e nela buscar conforto e orientação; falar com Deus em oração sobre o que as alegra e as preocupa; compartilhar felicidades, angústias e experiências. O exercício do perdão através do amor e do acolhimento mútuo é constante. No encontro e na comunhão levam as cargas umas das outras e têm a oportunidade de usar os dons recebidos para o bem de todos e todas. As mulheres da OASE de São Bento são incentivadas pela Palavra que diz: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc.16.15). Conforme o livro de atas, da época, a OASE de São Bento “tem o compromisso de preocupar-se com as necessidades de outras pessoas, fazer campanhas para hospitais e asilos, acompanhar as companheiras em dificuldades familiares, prestar assistência para crianças e idosos”. Ao longo dos anos é possível perceber que muitas coisas aconteceram. E embora diversas transformações tenham ocorrido, os objetivos permanecem os mesmos: Comunhão, Testemunho e Serviço. Os trabalhos que continuam realizando hoje são diversos: se reúnem para oficinas de artesanatos que são revertidos em auxilio à comunidade e às famílias com pessoas que têm necessidades especiais; acompanham visitas com celebração da Santa Ceia, visita as pessoas idosas e doentes, aos membros afastados, aos viúvos e às viúvas levando a mensagem do evangelho através do canto coral. As mulheres também se organizam para auxiliar financeiramente instituições no tratamento de pessoas com dependência química.


Como OASE acreditamos que Missão é palavra unida à ação concreta. Por isso, a caminhada de 48 anos do grupo da OASE Maria Isabel sempre contou com a boa vontade e a disposição para iniciativas e exercício de Diaconia. É um grupo que procurou agir para além se seus encontros mensais divulgando e dando mais visibilidade ao seu trabalho e testemunho. Assim, percebemos e registramos a presença de meninas que sempre participam das reuniões, acompanhando suas mães e avós (conf. Foto). Em meio às atividades desenvolvidas dos 500 anos da reforma, realizamos diferentes eventos e atividades para lembrar o papel da mulher e as mudanças ocorridas. Assim, final de 2016, a reflexão nos levou a “batizar” o grupo de Maria Isabel. O nome faz alusão à história de Maria e Isabel como mulheres que se procuram e se apoiam mutuamente. O que gratifica e fortalece as integrantes, são as mensagens, o estudo da Palavra de Deus, as orações, visitas, passeios, celebrações DMO, Semana Nacional da OASE, celebrações ecumênicas, vistas interparoquias no Sínodo Vale do Taquari, músicas, dinâmicas, canto coral, trazidos pelo incentivo do ministro e da ministra. É justamente o estudo da Palavra, a persistência, a oração e a comunhão, que fortalecem e animam o grupo a continuar a sua missão e a sua caminhada. Com louvor podemos dizer: “Até aqui nos trouxe Deus, por graça e por sua bondade”. Somos gratas a Deus que nos guiou durante estes 48 anos. Agradecemos, também, às senhoras que se dedicaram com fidelidade ao trabalho da OASE e às que continuam se dedicando. Que Deus continue a iluminar o caminho trilhado pelo grupo de OASE Maria Isabel de São Bento e em todos os lugares. (História coletada e redigida por Telma Merinha Kramer)


Nome: Olga Ohnersorge Kramer Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Palmital-ES Sínodo: Espírito Santo a Belém

O que me leva a escrever sobre a minha avó são as lembranças que tenho, quando nestes últimos meses, tenho trabalhado com pedaços de retalhos coloridos. Isto me reporta aos momentos mais simples e alegres de minha infância. Memórias que me colocam diante de mulheres fortes, minhas avós, mãe, tias. Que tiveram uma educação muito rígida na sua época. Ao chegar à casa da vovó, da estrada já se ouvia o pedalar ligeiro da máquina de costura “Singer”. Seus largos pés descalços no pedal, suas mãos ágeis no tecido colorido. Em cima do seu nariz dois óculos, sobre a mesa linhas, tesoura, ferro de passar à brasa e pelo chão, aqueles pedaços lindos de retalhos. Assim, estava ela, cortando tecidos ou transformando roupas de adultos para que crianças da comunidade pudessem ter o que vestir. Remendando calças e ajeitando outras peças para que pudessem servir às pessoas necessitadas da comunidade. Vovó costurava e transformava peças de roupas para que pudéssemos nos sentir bem vestidas, agasalhadas. Quanto carinho! No canto do quarto, sacos de retalhos à nossa espera para ser revirado, escolhido, recortado, ser costurado e servir de roupinhas para as nossas bonecas de pano, de sabugo de milho, que festa! Chegar na casa da vovó Olga era assim, quando não se


ouvia os pedais da sua máquina, era o barulho da enxada na horta entre pedrinhas e galhos secos. Estava ela com seu chapéu de palha sobre a cabeça que a protegia do sol quente, capinando o mato, o inço entre os canteiros forrados de verduras e temperos verdes. Limpando tudo com muito cuidado. Ou ainda, animada junto com os demais na roça. Um detalhe: cantando ou assoviando. Este canto e assovio também ecoavam para dentro de sua comunidade. Era motivadora para que crianças participassem do Culto Infantil, Juventude. Apreciava a música, a dança, a leitura do Jornal Evangélico. Vovó Olga era conselheira, a boa conversa fazia parte de sua vida. Era gostoso ir dormir na casa da vovó. Antes de todos e todas se recolherem, vovó e vovô chamavam todos e todas para a devocional. Eram lidos o texto bíblico, a meditação do Castelo Forte e se cantava belos hinos. Também hinos do HPD eram entoados a quatro vozes. Após isto, deitar nos colchões fofinhos de palha de milho era o mais esperado, ainda mais quando lá fora chovia. Era pedir para ter lindos sonhos. Ouvir histórias. Esse aconchego de ternura, era muito gratificante. O dia era anunciado pelo cantar do galo e passarinhos. Logo o café estava na mesa e o dia começava com devocional. Após o café cada qual ia para os seus afazeres. Quando era a época da colheita do café ou plantio de sementes ou limpeza da roça as exigências eram maiores. Quando havia mais gente (camaradas) para ajudar, o dia era corrido. Assim, a vida com muita luta foi encarada por toda a família. Vovô Edmundo além de regente era agricultor e gerenciava um pequeno armazém onde de tudo se vendia um pouco. Isto há muitos anos no interior do Espírito Santo. Mesmo com inúmeras tarefas e dificuldades, vovó e vovô sempre se mantiveram fiéis à sua fé, a sua IECLB. Conheci meus avós cantando no coral. Vovô Edmundo regia coral, também lecionou lá no interior do sul do Espírito Santo. Era muito bonito quando a família toda se encontrava na casa da vovó para passar juntos a Páscoa. As latas de flores de balsaminas se tornavam belos ninhos. Ovos de galinha cozidos,


tingidos com cores exuberantes dos retalhos, nos eram presenteados. A família do vovô formava um belo coral a 4 vozes, e nós, netos e netas participávamos deste espetáculo. Vovó Olga foi exemplo de persistência e luta na OASE, na Comunidade do Córrego do Jacarandá, Paróquia de Vila Valério, ES. Na luta por dias melhores e em busca de outros sonhos, na década de 1980, junto com outros familiares se mudaram para Rondônia. Vovó levava para a OASE a força de plantar e colher o orgânico. Sua comunicação era fantástica. Plantava muitas flores porque gostava de flores, de roça, de cores, de cheiros, de texturas, de borboletas, de pássaros. Sua casa, seu quintal sempre florido. Tinha o dom de cantar e desenhar. Com ela aprendemos a arte de trançar cipó. Belas cestas, balaios. Em suas mãos qualquer pedaço de cipó virava a mais bela arte. Netos e netas ainda hoje continuam com este legado deixado por ela. Pastores, pastoras, estagiários e estagiárias que trabalharam nas paróquias de Cacoal, Rolim de Moura, Alta Floresta d'Oeste, eram presenteados com café que ela colhia, torrava e moía especialmente para eles e elas. Vovó e vovô se dedicaram integralmente muitos anos ao canto coral. Muitas foram as caminhadas a pé para celebrações, cultos, ensaios, até onde as forças lhes permitiram. Olga Ohnersorge Kramer, filha de Franz Ohnersorge e Ema Müller Kramer, nasceu em 28 de julho de 1921 em Aimorés, Minas Gerais. Como na vida de cada ser humano, Olga também costurou sonhos, pregou ternura, remendou carinho, alegrias e construiu amor. Olga e Edmundo Augusto se casaram no dia 09 de setembro de 1939, em Palmital-ES. Foram abençoados com 06 filhas e 03 filhos. Edmundo cumpriu a sua missão, nos deixando no dia 30 de agosto de 1992. Vovó aos poucos também foi sentindo as fragilidades da vida. Inspiradora de muitas lutas, criativa e forte. Diante das fraquezas da vida, vovó se reerguia na oração e no canto.


Na minha memória, vovô sempre chegava em nossas casas assoviando o hino: “Glória, glória, aleluia. Glória, glória, aleluia... Vencendo, vem, Jesus”. (naipe) Voz baixo. Vovó cantava muito. Voz suave que mais tarde a doença silenciou. Não pode mais cantar. Porém, continuava a distribuir abraço aberto. Era muito gostoso estar ali aconchegada. Como o envelhecimento faz parte da vida e as fragilidades trazem outras consequências, a doença foi progredindo e com ela muitos outros cuidados e atenção. Aos poucos, vovó também partiu, foi no dia 11 de agosto de 2006. Ela partiu deixando memórias, exemplos de carinhos, de fé, de serviço, de solidariedade que toda a sua geração têm muito a agradecer. Vovó e vovô nos transmitiram a vida e a fé em comunidade. Fé que diz respeito a todas as dimensões da vida e que no Batismo sabe reconhecer a Deus como o grande doador da vida. Vovó Olga fica para sempre em nossos corações. Gratidão a Deus pelo tempo maravilhoso de convivência! (História de vida contada por Telma Merinha Kramer)


Nome: Olivete Marilei Glönzel Rehfeld Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade da Paz Paróquia: Espigão do Oeste – RO Sínodo da Amazônia

Eu, Olivete Marilei Rehfeld vou tentar contar um pouco da minha vida na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Nasci no município de Tucunduva - RS. Meus pais, com meus irmãos mais velhos, subiam numa carroça de boi e andavam nove quilômetros para chegar até a igreja mais próxima. Mas não deixavam de participar. Logo após meu nascimento, recebemos na Comunidade um pastor da Alemanha chamado Valter, “não me recordo o sobrenome”. Éramos uma família muito grande, morávamos próximos uns dos outros e tínhamos um tio que ficou doente. Na época, tudo era difícil e ele acabou paraplégico por causa de uma doença reumática. Foi aí que o pastor decidiu dar os cultos para a família Glönzel, na casa do meu vovô, onde fui batizada. Mais tarde, titio veio a falecer em meio a muito sofrimento. Foi aí que papai e seus irmãos, tios e sobrinhos decidiram construir uma igrejinha ali perto. Em homenagem ao meu tio falecido ela (a igrejunha) se chamou “Comunidade Rudi Glönzel”. No final de 2018, estive lá e visitei a nossa igrejinha. Ali eu fui crescendo e participando, quando criança, decorava poemas e hinos em alemão para fazermos os programas de Natal, era muito lindo. Quando fui para o ensino confirmatório o pastor Valter voltou para a Alemanha e veio outro pastor brasileiro e então fiz o catecismo em Português e com o pastor Nelson fui confirmada. Este pastor também era muito querido na comunidade e sua esposa sempre o acompanhava. Certo dia, o pastor Nelson me chamou para conversarmos. Ele me propôs formar um grupo de jovens e me pediu para coordenar os trabalhos. Fiquei muito feliz, pois sempre gostava de organizar e ajudar em tudo, até tinha o sonho de me tornar uma irmã luterana. Fiquei à frente da juventude e também com a


preparação de eventos como Natal e Páscoa. Tentava fazer tudo com muito amor e carinho. Aos dezoito anos tive a oportunidade de participar de um congresso de três dias com um grupo de Irmãs. Éramos umas oitenta jovens e tivemos muita coisa a aprender com as Irmãs. Ainda não tinha mencionado, mas eu sonhava muito com uma vida dedicada a Deus, como ser irmã da igreja. Lembro que voltei do congresso com um dilema muito grande, chorei muito. Na época eu tinha um namorado há dois anos e nos amávamos muito. Enfim eu decidi pelo namorado, que hoje é o meu marido. Casei-me um ano depois do congresso, conforme os costumes da época: na igreja que meu marido frequentava – Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB. Casamo-nos na Igreja de Vila Machado. Morávamos no interior e com seis meses de casada engravidei da minha primeira filha, Fabiane. Tudo era felicidade. Logo depois, meus irmãos decidiram vir para a Rondônia. Eu estava grávida de sete meses por isso, meu marido e eu decidimos esperar o bebê nascer e ficar mais um ano nos Sul, pois as estradas eram muito ruins. Nossa filha nasceu e pra nossa grande tristeza e profunda dor, ela ficou conosco por apenas dez horas e depois, subitamente ela faleceu. Na época tudo era difícil e nem o médico soube nos dizer porquê ela faleceu. Disse apenas que achava ser uma deformação cardíaca. Depois de alguns meses, apesar da dor e da tristeza, decidimos ir para a Rondônia. Antes disso, batizamos nossa filha mais velha na “Missuri” – era forma como nos referíamos à IELB. Apesar de eu nunca ter sentido essa igreja como minha eu a frequentava com meu marido. Chegando no estado de Rondônia, meu esposo arrumou emprego de gerente em uma fazenda chamada “Solo Rico”, que ficava a 20 Km da cidade de Espigão do Oeste. Um ano depois, foi decidido fundar uma escola lá na fazenda e, então, também eu pude trabalhar como professora. Para irmos a cidade, na época das chuvas, era muito difícil, só usando o trator. Por isso, íamos pouco aos cultos e eu não conseguíamos participar das atividades. Três anos depois, decidimos ter mais um filho, nasceu a Fabrine, graças a Deus, com saúde. Batizamos a Fabrine na igreja Missouri, onde ela e a irmã Fabiane fizeram o Catecismo. Eu sofri muito, pois teve uma época que meu marido bebia demais, ele ia para a cidade e voltava bêbado. As meninas precisavam seguir os estudos, então, decidi


pegar transferência e fui morar na cidade onde já tínhamos uma casa. Ele não quis ficar lá e pediu demissão do serviço. Com nossa vinda pra cidade, meu marido, junto com o irmão dele e um irmão meu, decidiram comprar um trator e um caminhão e começaram a trabalhar como madeireiros. Mas quando ele chegava em casa, ia para os bares beber. Nossa vida era bem complicada, igreja ninguém ia mais, só as meninas que de vez em quando iam aos cultos e participavam do encontro de jovens. Num dia de carnaval, elas quiseram participar do carnaval e eu permiti, mas, não sem antes conversar com elas. O pastor soube e no primeiro culto depois do carnaval as chamou e as proibiu de participar da Ceia do Senhor por dois anos. Depois disso, elas nunca mais foram a igreja e eu também não fui mais. . No ano 2000, a Fabiane iria se casar. Ela queria muito casar-se na igreja. Decidi conversar com os pastores e diretoria a respeito. Assim, nos transferimos para a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Paz - IECLB. Eu fiquei muito feliz por sentir que estava novamente na minha igreja. Fabiane teve dois filhos que foram batizados nessa igreja. Meu marido continuava bebendo, até que um dia, ele sofreu um acidente muito grave de moto. Ele estava trabalhando em Colniza – MT, era véspera do dia dos pais (em 2004). Estava muito distante de um hospital e teve que aguentar a noite toda até chegar o socorro. Lembro-me como se fosse hoje! Eram seis da manhã quando o telefone tocou, eu ainda estava dormido. Queriam me avisar do acidente e pedir minha autorização para interna-lo. Pedi que fosse feito todo o possível para salvá-lo. Isso aconteceu num dia de domingo, 08 de agosto de 2004. Eu estava sem dinheiro e o hospital queria, no mínimo, R$ 5.000,00 para interná-lo. Desesperada, sem saber como e o que fazer, pedi que esperassem um pouco. Então, cai de joelhos orando e clamando a Deus para me dar uma luz e que nada de mais sério acontecesse com ele, pois era o dia dos pais e a Fabiane estava grávida de sete meses. Então Deus me disse: liga para a tua cunhada, irmã dele que mora no Rio Grande do Sul. Corri até o telefone e expliquei a situação. Ela, desesperada só me pediu o número do telefone do hospital e desligou. Fiquei o tempo todo em oração, eu e a Fabiane que estava comigo. A Elaine, minha cunhada, ligou pra direção que não queria negociar. Então, ela pediu para falar com o médico que estava cuidando dele. O médico se comoveu, deu um cheque dele para o hospital até que no outro dia, segunda-feira, quando os bancos estivessem abertos, ela pudesse mandar o dinheiro para ele.


Meu marido ficou até segunda na UTI, quando saiu para fazer a cirurgia no lado esquerdo da cabeça. Depois de cinco horas de cirurgia ele voltou para a UTI. Na terça-feira, fez a cirurgia no lado direito da cabeça, onde teve que ser removido até um pedaço do cérebro. Ele ficou uma semana na UTI e então foi para um quarto semi-intensivo onde permaneceu 28 dias internado. No princípio, ele não nos reconhecia direito e também não sentia o gosto de nada, por isso não queria se alimentar. Depois de um ano ele voltou ao normal. Foi aí que percebi que eu tinha recebido de Deus o primeiro grande milagre. O segundo grande milagre aconteceu no ano de 2000. A minha filha Fabrine ganhou uma viagem da madrinha dela, a Elaine, para ir visitá-la. De repente, ela começou a sentir dores fortíssimas e a levaram ao hospital. Lá foi feito uma bateria de exames, mas nada aparecia. Minha cunhada ligou desesperada pra mim dizendo que os médicos já estavam aplicando morfina e mesmo assim, as dores não passavam. Os médicos decidiram por uma cirurgia para ver o que ela tinha. Quando eu soube, quase enlouqueci. Novamente caí de joelhos e orando, chorando, implorei pela vida de minha filha. Fiquei em oração durante duas horas e meias até que minha cunhada ligou para dizer que ela estava bem. Fabrine estava com o apêndice e as trompas inflamadas, por isso as fortes dores. Então meu marido foi ao encontro dela, esperou que se recuperasse e a trouxe de volta pra casa, em meio a muita alegria e agradecimento. O terceiro milagre, foi há quatro anos. Fabrine estava grávida de quatro meses, quase cinco, e foi a Cacoal fazer mais um ultrassom e, se possível, saber qual o sexo do bebê. O médico demorou muito no exame. Olhou repetidas vezes a imagem e então pediu à ela para se sentar porque precisavam conversar. Ele disse: - “Mmamãe, as notícias não são boas. Você vai ter mais uma menina, mas ela vai nascer sem as mãozinhas e os pezinhos”. A notícia nos pegou de surpresa. No princípio, nós só sabíamos chorar. Então falei: Deus vai nos conceder mais um milagre. Vamos nos unir em oração! E assim fizemos. Orávamos todos os dias, sempre no mesmo horário, a nós se uniam em oração a família de Cacoal e também a do Sul. Depois de um mês enchemos o consultório do Dr. Pinheiro para vermos como o bebê estava. A primeira coisa que eu vi foi a mãozinha dela no rostinho, chupando o dedinho. Ali mesmo comecei a agradecer a Deus. Eu não tinha vergonha de ninguém. Eu não conseguia parar de chorar e agradecer. Minha irmã Elizabete, de Cacoal que é madrinha da Fabrine, disse: Vamos dar a ela o nome de Ana, em homenagem a avó de Jesus. Eu disse: Então a chamaremos de Ana Vitória, pois foi mais uma vitória que Deus nos deu. Hoje, eu fico pedindo a Deus que conduza as minhas filhas de volta a igreja, pois se afastaram. Sei que este dia também vai chegar, Deus vai me ouvir como sempre.


Foi nesta época que eu senti que só ir à igreja, nos domingos, era pouco. Eu queria mais e mais. Então comecei a freqüentar o grupo de mulheres e vi que era muito bom. Eu saio de lá renovada. Começamos a fazer artesanato no Centro Comunitário da igreja. Lá nos encontramos até hoje, todas as segundas feiras a tarde. Hoje, como OASE, temos nossas reuniões a cada quinze dias. Com a graça de Deus, a cada encontro o grupo vai crescendo e se fortalecendo. Consegui batizar as duas filhas da Fabrine, as minhas netas mais novas que estavam sem o batismo. Também consegui colocar as minhas netas mais velhas no catecismo. Se Deus assim o permitir, em dezembro vou assistir a confirmação da Letícia, filha da Fabiane, e no ano que vem, a da Allana, filha da Fabrine. Sei que minha missão ainda não terminou, vou fazer o que puder para dar aos meus cinco netos uma educação cristã. Não sei onde errei com minhas filhas, mas um dia elas vão ver que a mãe estava certa, quando digo que sem Deus, sem uma igreja onde buscar forças não somos ninguém. Amo minhas irmãs de fé e de companheirismo da OASE e todas mais. Ainda tenho vontade de crescer no meu serviço de Diaconia, como na visitação, etc... Agora, fui eleita como Coordenadora paroquial da OASE. Estou ainda engatinhando, não tenho experiência, mas com a ajuda de colegas e de Deus sei que vou vencer. Esta é apenas uma pequena parte da história de minha vida. Se fosse contar tudo daria um livro. Termino com a dedicação desta pequena oração a minha família, pois mesmo em meio às dificuldades, em 2017 completamos quarenta anos de casados. Como benção, Deus nos deu duas filhas um neto e quatro netas (e uma filha em memória): Que Deus nos abrace com amor de um pai, nos cuide com o carinho de uma mãe e nos de a sabedoria dos avós. Amém. Olivete Marilei Glönzel Rehfeld


Nome: Paula de Moura Kleinkauf Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Taquara-RS Paróquia: Taquara Sínodo: Nordeste Gaúcho

Meu nome é Paula de Moura Kleinkauf, tenho 20 anos e faço parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana na comunidade de Taquara, Paróquia de Taquara, no Sínodo Nordeste Gaúcho. Luterana de berço, fui batizada e confirmada na IECLB. Quando era criança, não participava das atividades na comunidade; somente depois de começar o período de dois anos no Ensino Confirmatório passei a me sentir parte da comunidade e a participar ativamente das atividades na Igreja. Em seguida, depois da confirmação, comecei minha participação no grupo da juventude, e lá despertou em mim um amor imenso pelo trabalho com jovens. Hoje exerço o cargo de coordenadora do COSIJE (Conselho Sinodal da Juventude Evangélica) no Sínodo e também coordeno o grupo de juventude na comunidade de Taquara. Um dos aspectos que considero importantes para a vida em comunidade é servir e ser feliz. Doar-se com tempo, dedicação, amor ao próximo e a próxima sem esperar nada em troca me faz sentir-me realizada. Esse sentimento de realização e o ato de doar-se ao trabalho despertam um sentimento maravilhoso de gratidão a Deus. Gostaria que todas as pessoas pudessem e quisessem sentir isso também. Os momentos e lembranças que mais marcam minha caminhada na comunidade e na Igreja estão relacionados com a Juventude Evangélica. Através do grupo de jovens e da mobilização realizada por eles e elas, conseguimos ajudar uma família de Taquara que estava passando por sérias dificuldades financeiras. Depois de algum tempo, essa família fundou, com a ajuda do grupo


da JE, uma biblioteca chamada “Amigos do Livro”, que tem o propósito de ajudar crianças e jovens que vivem em realidade de violência a ter uma nova perspectiva de vida através da leitura. O nosso grupo de jovens também tem um papel significativo no apoio emocional e psicológico prestado a esses jovens e crianças em situações de vulnerabilidade. De fato, o que mais me alegra é poder praticar o bem, poder ajudar as pessoas que precisam e necessitam de ajuda. Se eu pudesse mudar algo, com certeza seria o comportamento das pessoas, para que elas se sentissem tocadas e “chamadas”, assim como eu me sinto, a ajudar e cuidar das pessoas e de nossas comunidades. Ser mulher jovem luterana, ser IECLB é muito gratificante e me traz muita alegria.


Nome: Regina Höpner Abentroth Membro da IECLB: Desde o batismo. Comunidade Evangélica da Paz/Santa Rosa/RS Sínodo: Noroeste-Riograndense

Ela nasceu em 30 de setembro de 1932 em Porto Lucena, RS, como filha de Max Höpner (nascido em Berlim, Alemanha) e Ida Matilde G. Schultz (nascida em Blumenau, SC). Rememoramos sua história pelas lembranças de seus relatos em outros tempos, visto que agora isto não é mais possível por Regina ter desenvolvido um processo de demência que comprometeu significativamente sua memória. A infância de Regina foi marcada por acontecimentos em torno da Comunidade cristã onde foi batizada e confirmada. Seu pai Max foi presbítero da Comunidade de Porto Lucena, e a casa de Max e Ida era também hospedaria de pastores itinerantes que vinham de tempos em tempos. Max inclusive foi preso junto com um pastor em Santa Rosa, RS, por ocasião da guerra, época em que não se podia falar a língua alemã. Sua mãe Ida enfeitou, por mais de 30 anos, o altar da igreja com as flores do seu jardim. Sim, a Igreja fazia parte da vida da família toda. Aos 17 anos, Regina casou com Helmuth Abentroth, filho mais novo e nascido no Brasil (em Santa Rosa, RS) de imigrantes alemães da Volínia, - Rússia. Foram morar em Santa Rosa, RS, e pouco tempo depois nasceram os filhos e as filhas: Erica, Rudi, Elói, Vilmar, Rejane e Liselena. Foram batizados, batizadas, confirmados e confirmadas. E, para seu orgulho, ela sempre dizia: todos e todas receberam a bênção matrimonial na IECLB. Regina aprendeu a costurar aos 12 anos. Este aprendizado se tornou sustento e profissão ao longo de quase toda a sua história. Varava noites e noites para entregar as encomendas no prazo. Sua costura era muito prestigiada e solicitada. Vestiu rainhas, misses e muitas noivas também. E, além disto, sempre teve tempo para sua Igreja. Envolveu-se bem cedo no grupo da OASE da Comunidade Evangélica da Paz, em Santa Rosa. Depois por um período em São Luiz Gonzaga,


RS, e mais tarde, depois de ficar viúva aos 40 anos, em Crissiumal, RS. Na casa de Regina sempre tinha gente chegando e saindo, por causa das costuras. Sua casa humilde era também ambiente de diálogo, de confidências, de riso e de choro. Pastores, pastoras, professores e professoras, profissionais das mais diferentes áreas vinham ao seu encontro. Sempre tinha uma palavra de consolo, de conforto, ouvia com empatia, e sua ética cristã lhe oportunizava um sigilo de cura. Regina, pelo seu dom e pela sua experiência em cuidados com crianças, era muito requisitada por mamães parturientes. Foi ela que deu os primeiros banhos em muitos bebês, além de acompanhar as mães com orientações sobre alimentação, higiene e saúde. Não é por acaso que se tornou madrinha de batismo de 28 pessoas. O seu testemunho cristão foi sempre contagiante. Ela era uma mulher forte que conduziu sua prole para a comunhão na Comunidade. Ativa na OASE fazia muitas visitas nas casas e hospitais. Pelos seus dons culinários, junto com outras pessoas, preparava almoços, jantares e café colonial para angariar recursos necessários para a Comunidade e também para a Escola Evangélica. Seus olhos brilhavam quando ouvia as palavras do seu lema de confirmação. O Salmo 37.5 serviu-lhe como horizonte e ancoradouro. Ter luz para seus passos e força para caminhar adiante era preciso. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle e tudo o mais Ele vai fazer”. Regina participou do Presbitério da Comunidade e Paróquia Trindade de Crissiumal. Também na OASE ocupou diversos cargos de Diretoria. Foi coordenadora paroquial e distrital do então Distrito Buricá. Foi representante leigo da antiga Região Eclesiástica III em dois Concílios Gerais da IECLB. Apesar de sua situação econômica muito difícil para manter a casa, os filhos e as filhas – estava sempre contando os “trocos”, como dizia –, Regina sempre tinha algo para ofertar e contribuir. Se não podia de outra forma, oferecia seus dons, suas possibilidades. Um testemunho muito bonito da sua vida é a expressão de gratidão a Deus. Sempre dizia que, no tempo oportuno, Ele nos dá o que necessitamos. Regina se indignava com injustiças; isto ela não conseguia compreender: a maldade humana. Seu coração puro e doce sofria com muitas situações nas comunidades e grupos de trabalho na Igreja, mas também na sociedade em geral e no mundo. Quando nos encontramos em família, em momentos festivos, reconhecemos que o presente mais precioso e a herança mais valiosa que nossa mãe Regina nos deixou


foi o seu carinho e comprometimento com a vida de fé em Comunidade, na Igreja. Ela nos ensinou a dar valor e priorizar as coisas da Igreja, porque isto dava sentido à vida. Este seu legado ultrapassou as fronteiras familiares e contagiou muita gente que teve o privilégio de conviver com esta mulher guerreira e forte, mas mansa e meiga, de sorriso sincero. Sua contribuição, cremos, espalha-se e frutifica pela obra do Espírito Santo, na sua descendência e numa dimensão mais ampla, na comunhão cristã. A Dona Regina, como é chamada e querida, pôde se alegrar e conviver com doze netos, netas e ainda três bisnetas e um bisneto. Agora, prestes a completar 84 anos, ela está numa casa de cuidados especiais, um lar de idosos, onde é visitada e frequentemente buscada por familiares para momentos especiais. Regina tem sequelas da enfermidade e também de um AVC leve; por isto, está em cadeira de rodas. Afirmamos que nós somos a memória de nossa mãe. E não queremos e nem podemos esquecer todo o seu legado de vida para a família e para a Igreja, a IECLB que ela tanto amou e serviu. Responsável pelo relato: P. Vilmar Abentroth


Nome: Renate Elerht Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Renate nasceu em Caieiras, São Paulo e alcançou a idade de 93 anos, realizando sua Páscoa em janeiro de 2021. Segue seu depoimento: Trabalhei como voluntária na Alemanha, no Kinderweide, em Königsfeld, Floresta Negra, cuidando de crianças com deficiência. Eu tinha mais ou menos 25 anos. Naquela época, morei junto com minha mãe, que estava em tratamento no mesmo sanatório em que havia o orfanato. No ano de 1960, mudei-me com meus pais para Campos do Jordão, Serra da Mantiqueira, no bairro do Turiba. Dediquei boa parte da minha vida aos meus pais. Comecei a viver a minha vida particular aos 65 anos, fora os tempos de estudos no exterior, ao todo dois anos com cursos na Inglaterra e Suíça Francesa. Depois do falecimento dos meus pais, tive contato com a Igreja Evangélica Luterana de São Paulo e fui encaminhada para a nossa comunidade de São José dos Campos. A ideia do ecumenismo começou em 1992, na minha casa, nos cultos mensais com os pastores Ernani Röpke e Christian, da Noruega. Depois, em Santo Antônio do Pinhal, o primeiro culto foi em 2002, na minha casa e a comunidade era somente de fiéis luteranos. Importante foi dar aos cultos uma introdução musical de corais infantis e da terceira idade.


No ano de 2003, os cultos foram ampliados para fiéis de diversas confissões com integrantes do coral da igreja católica da Matriz e o coral infantil. No ano de 2004 o sucesso ainda foi maior: o cônego padre Pedrinho Alves dos Santos, cedeu para o culto de Advento a igreja de São Benedito onde celebrou com os pastores Ernane Röpke (Cantareira, SP), Sigmar Reichel (Guarulhos) e a pastora Elisabet (Beta) Liven, que foi a pastora da comunidade de São José dos Campos durante quatro anos ou mais. No ano de 2005, o culto ecumênico de Advento foi celebrado na igreja Matriz de Santo do Pinhal com participação dos corais infantis, sob a batuta do maestro Roberto Straube. O grande sucesso foi o coral da melhor idade Sagrado Coração de Jesus que, pela primeira vez se apresentou numa celebração não católica, conduzido pela professora e maestrina Maria do Rosário Silva Lima. A visão ecumênica do padre Pedrinho ajudou a concretizar esta ideia reunindo as diversas igrejas cristãs: Católica, Metodista, Batista, Presbiteriana, Adventista, Luterana e as demais. Assim sendo, o culto de 2005 junto com o grupo infantil de flauta doce foi um sucesso, tendo como convidados o padre Pedrinho e o pastor da igreja Presbiteriana. Chegamos a celebrar alguns cultos na igreja Metodista de Campos do Jordão, antes de ser construído o templo da igreja Luterana do Vale do Paraíba em São José dos Campos. Naquela época, em 1992, em São José dos Campos, conheci os casais Valdir Merkle e sua esposa Ziza, o casal Ralf Guilow e sua esposa Erika, o casal Eno Sievert e esposa Sueli, o casal Hermann Kux e sua esposa Angelika, entre outros contatos maravilhosos. Concluímos assim a nossa história da Igreja Luterana do Vale do Paraíba, tendo hoje a frente a nossa pastora Diane Boettcher, de Santa Catarina.


A história da Renate Ehlert, a Renatinha, foi escrita pelas mãos de Edimeia, A. Silva Fortes, sua cuidadora, com acréscimos de áudios enviados a Rosane Philippsen que realizou a redação final.


Nome: Rosalina Raasch Participação na IECLB: Desde a Confirmação Comunidade: Luz no Mundo, Alta Floresta-RO Sínodo: Amazônia

A história de Rosalina tem origem na imigração pomerana. As famílias imigrantes chegaram ao Brasil entre os anos de 1856 e 1872, desembarcando no porto capixaba, Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Estas famílias pomeranas vinham da Alemanha em busca de novos sonhos e um futuro melhor. Com estes desejos no coração, os imigrantes pomeranos chegavam às terras capixabas com fé, coragem e esperança de uma vida mais próspera. Com gratidão registramos a história de vida de Rosalina Raasch, carinhosamente conhecida como Rosinha. Rosinha nasceu no dia 06 de maio de 1942, em Vargem Alegre, município de Baixo Guandu-ES, filha de Augusto Ricardo Carlos Antônio Raasch e Albertina Bilke Raasch. Foi batizada no dia 02 de agosto de 1942, no Córrego Bley, na Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), pelo Pastor E. Walter Streich. A família tinha suas posses, terras, roças, cavalos e tropas de mulas... Como de costume, as famílias se preparavam para o Natal, que aos poucos se aproximava. Viajavam dias em lombo de cavalo até a cidade para as compras de Natal. Numa dessas viagens, o pai de Rosinha sofreu um trágico acidente. Imagina-se que, na travessia de um mata-burro, o cavalo se assustou, jogando-o bruscamente ao chão, entre pedras, e pisoteando-o. Quando o acharam, estava agonizando, com muitas dores e muito ferido. Até que conseguiram encaminhá-lo para algum recurso médico, ao hospital em Vitória, levou uns 15 dias. Mas não se tem notícia do que aconteceu depois. Acredita-se que tenha morrido. Ninguém ficou sabendo onde foi enterrado. Tinha 30 anos idade. Esta tragédia trouxe dias de muita amargura, tristeza, solidão e saudades para a família. A insegurança, o medo, a propriedade para gerenciar... Os filhos foram separados e


criados por famílias diferentes. Por isto, Rosinha foi viver longe de sua mãe e irmãos e irmãs. Foi confirmada na IECLB no dia 30 de março de 1958, em São Bento, pelo P. Georg Berthlein. Aos 18 anos de idade, moça linda e crescida, conheceu outro destino e tomou outro caminho. Falamos agora de um pomerano. Lá no interior, bem pra lá... Caminho da roça. Crescia feliz, um menino com sua família. Wilson Kramer, filho de Edmundo Augusto Kramer e Olga Ohnerzorge Kramer, nasceu no dia 22 de abril de 1941, em Pancas, ES. Foi batizado no dia 02 de junho de 1941, pelo Pastor Friedrich Heid, em Panquinhas, Paróquia São Bento, ES, e confirmado em 11 de abril de 1955, na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no Córrego do Jacarandá, Paróquia do Córrego Bley, pelo Pastor Richard Rosenbauer, que lá atuou de 1951 a 1958. “Assim como o céu e o mar que, através de raios de luzes e na profusão de cores, revelam a mais pura essência da beleza da imagem um do outro”, assim Wilson e Rosinha se encontraram, num evento comunitário. E, após alguns meses de namoro, no dia 14 de novembro de 1962, em Vila Fartura, município de São Gabriel da Palha, ES, foi registrado o casamento civil deste lindo e jovem casal. A bênção matrimonial foi realizada na Comunidade Evangélica do Córrego do Jacarandá, Paróquia Córrego Bley, no dia 18 de novembro de 1962, pelo Pastor Horst Schmeckel, que atuou na paróquia de 1960 a 1968. O início de vida a dois não foi fácil. Muitas dificuldades... Porém, a persistência na busca de condições de vida melhores, coragem e paciência foram ingredientes importantes para que a família tivesse o necessário para viver... Muitas mudanças e adaptações... Em 1970, Rosinha e Wilson, morando em Cachoeira da Onça, São Gabriel da Palha, passaram por dias de muito sofrimento, doença, falta de emprego e busca de melhores condições de vida. Rosinha e Wilson, com as suas cinco crianças e amparados por familiares, mudaram-se para a localidade do Córrego do Jacarandá. Lembro que nós crianças agora estávamos chegando a um verdadeiro paraíso. Minha mãe, com lágrimas nos olhos, com satisfação e alegria nos alimentava com leite de vaca, com verduras e frutas que ela mesma podia colher. Podia fazer e assar o saboroso pão de milho. Podia-se colher laranjas, mangas, tomar banho no rio e na bica, subir em árvores, brincar na grama... descobrir essa vida no campo, no interior... ir à igreja todos os domingos, agora, sim, isso era festa. Antes tinha que ter dinheiro para o ônibus. Além de mim, eram mais seis filhos. Agora, meus pais iam trabalhar na roça, plantar café, milho, feijão, fazer horta, criar vacas, porcos...


Meu pai, Wilson Kramer, participava de cursos, seminários oferecidos pela ADL. Reuniões... Presbitério... Na comunidade do Córrego do Jacarandá, meu pai assumia o culto infantil, ensino confirmatório, juventude, coral, estudos bíblicos nas casas, cultos, sepultamentos. Na ausência do pastor, a comunidade tinha a ele para qualquer emergência. Fui crescendo, observando e vivenciando isso tudo. Isso era lindo! Como o domingo demorava a chegar! Meu pai era o maestro do coral, tocava violão, acordeão e harmônio. Minha mãe, com gratidão e zelo, fazia a tarefa de zelar pela igreja, preparava o altar, o cálice, a pátena, toalhas para a santa ceia, celebrações, cultos, encontros, reuniões, fazia almoço para grupos de pessoas que, porventura, vinham conhecer a comunidade. Não havia rancor, cobrança, cansaço... Ela fazia por amor. Tudo voluntário. Sempre havia um sinal desta tarefa. O acolhimento podia ser visto e sentido, através do bem-estar, através de um toque especial e característico, bem pessoal dela: flores. Assim, em 1970, chegaram à paróquia de Vila Valério o P. Roberto Hollerbach e sua esposa Marlene Kurtz Hollerbach. Com o incentivo deles, nascia ali o grupo de OASE. Minha mãe fazia parte do grupo das fundadoras. Na companhia de minha mãe e minha avó, eu e minhas irmãs íamos junto quando podíamos. Antes de irem à igreja, as mulheres chegavam primeiro à nossa casa. Outra coisa bonita de minha mãe era a atenção que dava às crianças e aos idosos. Ela motivava para que crianças e idosos fossem presenteados com casquinhas coloridas e recheadas de amendoim doce na Páscoa, e no Natal com os famosos pacotinhos, ou nem que fosse um simples cartão feito à mão. Ela não sabia ler nem escrever. O importante era que todos fossem lembrados. Para as pessoas menos favorecidas, dispensava tempo e ajudava no que fosse necessário. Tentava amenizar a dor e apaziguar “conversas acaloradas”, fofocas. Sua simplicidade era uma característica admirável que fazia dela uma pessoa calma, bela e branda. Ela era referência para receber pessoas que necessitassem de apoio, quando não era ela quem precisava deste apoio. Assim, sua caminhada dentro da OASE e IECLB sempre permitiu que nossa casa fosse lugar de muitas visitas, parada e de acolhida das pessoas que vinham visitar a comunidade e paróquia. Posso afirmar que ela deu exemplos dos quais não posso me desviar, deixar de falar e aqui registrar. Todo este envolvimento na comunidade do Córrego do Jacarandá, Paróquia Evangélica de Vila Valério – ES, os momentos de grandes alegrias, assim como também estamos sujeitos aos momentos de mudanças, decisões... E, em busca de dias melhores, em 1981 a família Kramer se mudou para a Rondônia.


A conquista de um pedaço de terra custou muitas lágrimas, suor, calos nas mãos, feridas que até hoje ainda sangram, perdas de vidas, dias de muita solidão, saudades de quem ficou para trás, medos, inseguranças, sem economia alguma, estradas de barro, doenças e sem recursos médicos... Rosinha e Wilson, na luta por um pedaço de chão, no início morando debaixo de lona preta, com suas filhas e filho. Depois de um roçado, as sementes foram lançadas ao chão, as primeiras colheitas... enfim, aos poucos as coisas iam se ajeitando... Porém, a saudade da comunidade e de outros familiares que ficaram em terras capixabas era grande. Com o sonho de conquistar algo melhor, noites e dias minha mãe ficava sozinha com seis crianças, enquanto meu pai e meu tio construíam escolas, igrejas em outras localidades, onde tudo estava começando. Elas ficavam com muito medo... bichos selvagens rondavam o barraco. Nesta época eu já estava estudando e morando na Casa Matriz de Diaconisas em São Leopoldo, RS. Na primeira vez em que fui passar férias em casa, a viagem de São Leopoldo para Cacoal durou 15 dias. Assim, a cada ano que eu saía de férias, minha família estava num lugar diferente. E onde eles residiam começava um ponto de pregação ou uma igreja era construída pelo meu pai, tios e vizinhos. Chegou o dia em que meus pais conquistaram o sonho de um pedaço de terra, em Alta Floresta d’Oeste, P-50. O Pastor Inácio Lemke e outros pastores vinham realizar cultos, quando era possível, pois na época das chuvas, com o barro e os atoleiros, a situação ficava mais difícil. Logo ali, na P-50, também foi construída uma igreja para as celebrações. Também ali o trabalho de canto coral, culto infantil, ensino confirmatório foi realizado. Através de minha mãe, as mulheres eram convidadas a participar de encontros sobre ervas e pomadas medicinais, oferecidos e motivados pelo P. Inácio Lemke, sua esposa Magda e sua irmã Iracema Lemke. Passaram-se dias, anos... na cidade de Alta Floresta d’Oeste... de repente, a comunidade Luz no Mundo, construtores, meu pai, irmão, tios... ergueram uma casa, uma igreja, um centro comunitário... e quem estava lá lavando piso, varrendo quintal, ornamentando altar, preparando jardim, plantando árvores frutíferas... preparando comidas saborosas, assando pão, fazendo saladas, coando café, cuidando de crianças, adolescentes, jovens, idosos... preparando salas para reuniões, abrindo e fechando as portas da igreja e salas do centro comunitário, hospedando mulheres grávidas que aguardavam a hora para seguir até o hospital, que era ao lado, recebendo visitantes? Rosinha.


Com gratidão por tudo o que já tinham experimentado e vivenciado, no dia 13 de janeiro de 2013, em Alta Floresta d'Oeste, celebramos as Bodas de Ouro de Wilson e Rosinha, com muita alegria. Um culto muito esperado... fizemos uma grande festa após o culto. Reunimos os familiares e junto com a comunidade, agradecemos e louvamos na certeza de que a fé de meus pais permitia que eles continuassem ouvindo atentamente e a se dedicar com amor. Porém, no decorrer, dos anos seguintes, Rosinha, sorridente, a doença a abateu e começou outra luta. Exames... Internações, médicos... E os olhos azuis foram ficando cansados. Muitas adaptações, Zione decidiu deixar a sua casa em Campo Grande-MS, e veio morar com mamãe e papai para ajudá-los nos afazeres domésticos e encaminhamentos médicos. Cirurgia foi necessária para aliviar dores... dores... Para mim foi importante cuidar doze dias de minha mãe no hospital. Momentos de conversa, de dar banho, de massagear seu corpo cansado, de dar comida a sua boca, pentear os cabelos brancos... momentos de reflexão sobre a vida. O coração lentamente parando, a respiração enfraquecendo. A mulher com alma de menina e simplicidade extrema não teria mais o colo de mãe a oferecer. Rosinha faleceu no dia 04 de março de 2015, em Alta Floresta d’Oeste, RO. Para todas as pessoas que conviveram com ela e a conheceram, ficaram na memória os cabelos brancos, a pele cansada, marcas da jornada; muita experiência a compartilhar. Simplicidade – sim, esta palavra é o resumo da história desta mulher que foi mãe, esposa, avó, amiga, companheira, irmã... No embalo de todos os sentimentos, ela viveu a sua vida dedicando-se às pessoas, à sua família, sua igreja, sua comunidade. Hoje meu pai, Wilson Kramer, com 75 anos de idade, continua se dedicando ao canto coral na comunidade Luz no Mundo, Alta Floresta-RO. Minhas irmãs Zione e Mara Kramer e suas filhas Jordana e Joice continuam com a tarefa de zelar pela igreja, preparando e ornamentando o altar e o templo para as celebrações e cultos festivos da comunidade. Ficam aos olhos e na vida os bons exemplos. Saudosamente, sempre minha Rosinha! Texto: Diácona Telma Merinha Kramer


Nome: Rosalina Schliwe Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: da Paz Paróquia: Espigão Do Oeste – Ro Sínodo da Amazônia

Meus bisavôs vieram da Pomerânia junto de seus pais, fugindo da 2ª Guerra. Eles tinham apenas 6 meses de idade. Meus avôs paternos e maternos nasceram no Espírito Santo, Brasil. Ele se casaram e dessa união nasceram meus pais: Amelia Waiandt e Reinaldo E. G. Schliwe. Meus pais se casaram no dia 13 de Junho de 1957, na Igreja Luterana de São João – IECLB, no Espírito Santo e tiveram 4 filhos e 3 filhas. Minha mãe sempre foi na OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas) e meu pai sempre muito presente na Igreja. Nós fomos criados na Igreja, fomos batizados e confirmados. Íamos à Escola Dominical, no Catecismo, aos domingos na Juventude. Eu, Rosalina Schliwe, me lembro de algumas coisas de crianças. Lembro da casa do meu avô materno, no Espírito Santo. Lembro também, dos meus três anos de idade quando nos mudamos pro Estado do Paraná. Lá eu fui à Escola Dominical e no Catecismo. Crismei em 12 de abril de 1979. Naquela mesma, viemos para a Rondônia. Eu fui uma criança que sofreu “bullying” na escola. Me chamavam de “alemão azedo, alemão batata come queijo com barata”. Bom, um dia nós já estávamos quase de muda pra Rondônia, quando dei uma surra nas meninas, arranquei até sangue do nariz de uma. Era uma contra quatro, eu tinha que me defender. Depois disso, as meninas ficaram com medo de levar milho lá em casa pra fazer fubá, pois meu pai é quem cuidava do moinho. Lá eu tive dois testemunhos de Deus. O primeiro com irmãozinhos que morreram e o segundo comigo mesma. Eu tinha apenas dez anos e queria muito morrer. Então, o desejo de morrer se tornou uma ação de Deus. Era uma noite muito fria, estava geando. Nós éramos muito pobres. Meu pai sempre cuidou muito de nós. Às vezes, ele bebia para esquecer um pouco do sofrimento. Ele trabalhava muito para nos


criar. Sempre nos defendeu de tudo, mas às vezes ele também chegava ao seu limite de sofrimento, aí bebia. Deus sempre nos amparou na necessidade. Meu pai era um homem temente a Deus. Tudo que sou hoje devo a ele: a honestidade, a defesa da família, os conselhos pra não fazer nada de errado. Ele nos educou numa religião que é a IECLB. Minha mãe também sofria muito, mas com Deus sempre é possível superar as dificuldades da vida. Chegamos na Rondônia num “pau de arara”. Fomos à Espigão do Oeste, lugar muito promissor, onde meu pai queria uma terra. Fomos trabalhar de “meeiro” no Valdemar Scherok. Ficamos lá um ano. Compramos uma casa na cidade, e então nós fomos trabalhar. Eu trabalhei de doméstica, aprendi muitas coisas, a cuidar da casa, fazer almoço, lavar roupas, cuidar de criança, bebê. Sempre participava da Igreja, da juventude. Trabalhei de enfermeira seis anos e também em laboratório um ano. Quando eu conheci o meu marido, fui morar junto com ele. Aos poucos fui me afastando de Deus. Nasceu minha primeira filha. Quando tive minha segunda filha fiquei com depressão pós-parto. Por dois anos fiquei doente. Um dia eu estava tão ruim que dobrei os meus joelhos e pedi a Deus para me tirar daquele sofrimento, “me levar”, porque eu não aguentava mais. Então, conversando com Deus, pensei: o que será de minhas filhas? Cuida delas Senhor, porque as minhas forças acabaram. Pedi a Deus que me levasse ou me curasse, porque eu não agüentava mais. Eu disse: - Senhor, se Tu me curares sempre te servirei. Nunca mais vou te abandonar meu Deus, tu sempre estarás comigo onde eu estiver. Naquela mesma noite deitei-me e dormi imediatamente. Dormi a noite toda, e quando acordei eu não estava mais doente. Desde então, eu voltei a comer, a dormir, a orar muito. Retornei à Igreja, coloquei minhas filhas no Catecismo. Eu sempre falava com meu marido: - Vamos nos casar para batizar nossas filhas. Deus tinha me abençoado com mais duas filhas, então eu lutava com todas as minhas forças para cumprir a minha aliança com Deus. A promessa que fiz era muito grande. Em 2002 meu marido ficou doente. Ele fazia tratamento em outra cidade. Um dia ele chegou em casa e disse: - O Laury (ele me chamava assim)! Eu vou fazer profissão de fé para nós nos casarmos. Eu tinha quase perdido as esperanças sobre isso. Mas Deus não se esqueceu de mim, nem eu dele. Fiquei muito feliz e agradecendo a Ele. Meu marido fez a Profissão de Fé e nos casamos no dia 05 de março de 2004. Batizamos nossas filhas em 14 de agosto de 2004.


Meu pai faleceu no dia 27 de julho de 2007. Ficamos muito tristes. E eu, sempre me agarrando firme com Deus. De repente, meu marido ficou doente e foi internado no dia 13 de setembro de 2007. Eu fiquei muito desesperada. No dia 30 de outubro meu esposo faleceu na UTI, em Porto Velho. Apesar de desolada eu tinha uma força que me mantinha em pé, nem sabia de onde vinha tanta força. Eu tinha quatro filhas para criar e educar para a vida. Foi tão difícil, tão sofrido. Às vezes eu quase não suportava a dor que sentia na alma, mas Deus estava lá. Ele muitas vezes me carregava no colo. Eu chorava escondida em meu quarto. À noite eu orava, pedia a Deus para não deixar eu desistir. Passei por muitas provas, mas com Deus tudo se aguentava. Minhas filhas cresceram e foram viver a vida delas. Eu as coloquei diante da Igreja, foram batizadas e confirmadas e, agora, elas já se afastaram da Igreja. Eu sempre falo para elas se voltarem para Deus e a Igreja. É muito difícil trilhar o caminho sem Deus. Eu sempre as aconselho a voltar. Eu continuo a minha missão com Deus. Agora estou mais presente e participativa na OASE. Sempre vou no culto ouvir a Palavra. Bom, sou um pouco incompreendida, as pessoas me julgam por eu, às vezes, falar algo que era que estão fazendo, mas nem ligo. Deus está comigo, é o que importa. Sou Rosalina Schliwe essa é minha história. Nasci em 17 de junho de 1965. Casei em 2004, com Gilson Aguiar Ferreira, mas já morávamos junto desde 1991. Tivemos quatro filhas que são: Jacielly Schliwe Ferreira, nasceu em 06/02/1992 Gleice Kelly Schliwe Ferreira, nasceu em 25/10/1994 Ana Carolina Schliwe Ferreira, nasceu em 14/10/1998 Pamela Schliwe Ferreira, nasceu em 24/11/2000. Fiquei viúva em 2007. CONTOS DE QUANDO ERA CRIANÇA. As minhas travessuras: Eu ia nas costas do meu irmão e ele me jogava de cabeça no meio do capim, me segurava pelas pernas e ficava de pendurada. Eu queria que a mãe me carregasse, mas ela sempre tinha um monte de coisas para carregar. Outra travessura: Num dia de domingo tinha culto. Meu pai sempre cortava o cabelo das pessoas, ele tinha as ferramentas. Eu sempre as observei. Então, eu e minha prima Verdina, saindo do culto, fomos pra casa, que ficava em frente à Igreja. Ela então, sugeriu: Vamos brincar de cortar cabelos? Eu disse: Não, meu pai briga. Ela respondeu: Ele não vai ver! Eu corto o seu cabelo e você corta o meu. Bom, aí ela quis que eu


cortasse o cabelo dela primeiro. Meti a tesoura no cabelo, fiz aquele caminho de rato! Rsrsrs. Aí eu disse, corta o meu. Ela não quis, foi no culto mostrar o corte de cabelo. Então minha tia olhou brava para minha mãe, e eu já saí. Ela veio atrás e me bateu com cana de vassoura, quase me matou e fiquei toda “lapiada” (roxa). Então, meu tio Teobaldo veio e falou com minha mãe: O cabelo cresce de novo você quase matou sua filha, não deveria fazer isto. Na verdade o cabelo cresceu de novo e eu nunca me esqueci da surra. Outra travessura: Eu ganhei uma mini saia que a mãe fez. Eu fui na casa da minha amiga. Então, eu estou lá bem bonitinha e a irmã da minha amiga mandou eu buscar lenha. Eu fui, passei por de baixo da janela e ela me jogou uma bacia de água suja em mim. Eu fui embora berrando de raiva e eles ficaram rindo de mim.


Nome: Rosane Philippsen Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Mulheres, quem conta nossa história? Este foi um tema do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana e, confesso, que por mais que tenhamos trabalhado com as mulheres presentes este tema, a minha história ainda não registrei. Tal como remexer a velha mala de papelão, cheia de fotos antigas, talvez seja assim, ao contar a nossa história. Gosto de ver fotos assim, na “misturança”, muito mais do que na ordem dos álbuns. Na minha memória, passam muitas imagens, especialmente na vida comunitária e na vida de IECLB. Nestas fotos antigas, vejo o pai, Peter Philippsen e a mãe, Ilse Henschel em seu casamento. O pai era de origem menonita e de profissão, mecânico. A mãe era luterana e era costureira. Ambos vieram da mesma região de Santa Catarina, Alto Rio Krauel (Witmarsum) e (Gustavo Richard) Dona Emma, mas foram se conhecer em Curitiba, nos bailes como na Sociedade “5 de Julho” ou no “Wolf” no Boqueirão. Falo dos bailes, porque era a explicação do motivo pelo pai casar-se na denominação da mãe e não o contrário como seria habitual nos anos 60. Dizia que o pai cantava em coral e gostava de bailar, mas ele pertencia a igreja dos Irmãos Menonitas, mais rígida nos costumes e por isso se casou na luterana.


Nasci em uma manhã fria de São João no ano de 1967. Dizia a mãe, que era tão frio, tão frio, que se não fosse o pai me botar na cama junto com eles, talvez eu não sobrevivesse. Fui batizada em 29 de outubro daquele ano, na Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, Cristo Redentor, pelo P. Richard H. Wangen e o versículo que recebi foi João 15.16 Casa de madeira, terreno grande na cidade, cercado de pinheiros, plantados pelo pai, que nos serviram como alimento e árvores de natal por muitos anos. Continuam lá, cinquenta e tantos anos depois. Quintal grande, muitas flores, árvores, galinhas, patos e gatos. Esta bicharada está nas muitas fotos que o pai tirava de mim, enquanto era pequena. Fui privilegiada de ter muitos registros desta época, que foram bruscamente interrompidos com a morte dele. Esta lembrança não está registrada no papel, mas está numa das primeiras memórias de uma criança de seis para sete anos. Eu acompanhava a mãe nos hospitais, pelos quais meu pai ficava internado e presenciei sua morte em meio a um choque hemorrágico. Minha mãe tinha vinte e oito anos. Eu mal tinha entrado na escola, e mal sabia falar português. Mexo no baú e pulo para as fotos da Confirmação. Antes disto, tenho poucas lembranças de igreja. Lembro-me de festa no Centro Luterano da qual saí com um livro para pintar e uma caneca, que ganhei na pescaria. Depois disso, lembro-me do culto em memória do pai. Foi a primeira vez que me recordo de ter participado do culto infantil, pois ganhei uma figurinha de flores e um exemplar do Amigo das Crianças, que era no formato de um jornalzinho. Sou filha única e, ao entrar para a Doutrina, foi maravilhoso! Eu queria saber tudo. Minha primeira Bíblia eu li de ponta a ponta, como se fosse um romance. Os hinos – sim, decorávamos hinos e versículos – tenho na ponta da língua até hoje. Ensinos do P. Friedrich Genthner que permanecem até hoje. Ali, na Comunidade Mellanchton, começou de fato a trajetória do amor da minha vida. Amei aprender sobre Cristo, sobre a Igreja, sobre o povo de Deus e sua história... a convivência com outras meninas e outros meninos... todos eram como eu e não somente uma


“protestante” ou “crente” como eu era na escola pública. Se antes amava ir para a escola, no ensino confirmatório aprendi a amar os sábados de aprendizado na fé. Depois da Confirmação, passei a frequentar a Juventude Evangélica na Comunidade da Cruz, na mesma Paróquia Sul, na época. Lá fundamos o grupo GAMA – Grupo Amor Mais Amor e muita história levo comigo e com tantas pessoas queridas que hoje também são membros ativos, lideranças, ministros e ministras. Os anos 80 foram muito especiais e difíceis também. À medida que a adolescência avançava, os dilemas sobre as escolhas do futuro, a situação de abuso familiar que sofria por parte do padrasto, o medo, a culpa, tudo isto me empurraram para uma indefinição profissional. Eu tinha me formado no magistério, porque a mãe conseguiu estudo para mim no Colégio Pe. João Bagozzi, através da diretora que prometeu que assim que saísse a bolsa eu poderia fazer Secretariado. A bolsa nunca saiu, e fiquei no magistério. Com tudo isso, a grande alegria era participar da JE. Além da escola, era o único lugar que eu podia ir. Não podia ir na casa de amigas, nem elas vinham lá em casa, só se fosse pra fazer trabalho de escola. Acho que, com todas estas questões e mais este isolamento, me levaram a um casamento precoce com um jovem, que também fazia parte da mesma JE e com o qual temos a Nádia Philippsen Fürbringer, nossa primeira filha e que hoje nos deu a primeira neta, a Serena! Neste meio tempo, a indefinição profissional tinha que dar lugar à sobrevivência. Trabalhei de auxiliar de escritório na Füller S.A. e fazia faculdade de Matemática, na UFPR. Na época, acompanhei o Armin em seu vestibular e acabei passando em Pedagogia, também na UFPR. Nesta época passei a trabalhar em escola particular como professora de Ciências e Matemática. A união não foi muito adiante, mas ficou no lugar uma bonita relação entre nós, a despeito da mudança da trajetória comum. Sou grata a Deus por termos um cordial “ex-casamento” e uma bonita amizade entre as famílias.


Naquele período, fiz concurso público para o Banco do Estado do Paraná, e passei a fazer parte do quadro funcional. De novo eu não tinha sintonia entre o que estudava e com o que trabalhava. As demandas de uma filha pequena, as responsabilidades com a mãe, e mais o padrão como professora municipal e funcionaria de banco me exigiram muito. Não dei conta. Desisti no terceiro ano do curso de Pedagogia. Foi uma época bem ruim, estava muito mal, e não participava mais da igreja. Muitas amizades ruins, pessoas que se aproximavam para tirar proveito, muito rigor da parte da mãe e a presença próxima de uma pessoa que me causava muito asco. Era muito difícil. Mas Deus estava comigo, mesmo assim, em todos os momentos. Ele não permitiu que eu não levantasse de novo e de novo. Quando a filha foi para a primeira série, ela entrou no Colégio Martinus e, fez amizade com uma menina chamada Andréa. Logo, as duas se tornaram muito amigas, e nas idas e vindas de aniversários conheci a Maria Eliana e seu esposo, o P. Jorge. Logo fui visitar a Comunidade Bom Pastor de Curitiba e rapidamente passei a participar e me integrar nos grupos como Coral e Presbitério. Foi como tirar uma pessoa que se afogava de dentro da água: novo fôlego e nova vida. Na convivência comunitária, novas (e antigas) amizades foram feitas e retomadas. Reencontrei muitas pessoas conhecidas dos tempos de JE e, dentre estas, a família Mog. Era interessante, porque éramos vizinhos de bairro, onde morávamos a menos de 300m uma família da outra, porém, participávamos de comunidades diferentes. Nesta família, eram quatro irmãos: três rapazes e uma moça. A gente se conhecia da vizinhança, nossas mães frequentavam a casa da mesma manicure. No tempo de juventude a gente se encontrava nas atividades dos grupos GAMA e JEBOPA, na UP e no antigo Distrito Sul Paraná. Cheguei a ir à festa de quinze anos da jovem Ingrid e tinha amizade com o Dárvin e Flávio. Só o irmão mais velho que tive pouco contato porque na época da juventude ele estudava no ITA, em São José dos Campos/SP.


Uma vez, minha mãe me deixou ir afesta com eles, porque eram “de família”. Eu nem ousava conversar com o Gérson pensando que um universitário não iria querer falar comigo, que só tinha dezesseis anos. Era aquela coisa platônica mesmo. Mas, a vida dá voltas e nestas, a gente volta a se encontrar! Nos encontramos anos depois, numa nova situação: ele como professor e empresário e eu, bancária, divorciada, mãe de uma filha de sete anos. Nesta época, o pastor nos convidou a compartilhar, no grupo de JE, como foi no nosso tempo de juventude. Tínhamos muitas histórias para contar, porque nossos grupos fizeram história nos anos 80 e 90, em Curitiba. Depois disso, não demorou muito para algumas pessoas – “cupidos de plantão”, sugerir que Gérson e eu tínhamos tudo a ver um com o outro. Era estranho pensar nisso, porque a gente se conhecia do tempo da JE. Sempre fomos amigos e nunca houve nada além de amizade. Bem, com tantos incentivos começamos a namorar e um ano depois, nos casamos. Passados 25 anos de casados, estamos aqui, em São José dos Campos escrevendo a nossa história. São mais uma filha e um filho: Heilike e Victor. Finalmente me formei em Teologia, turma 2008 da Faculdade Evangélica do Paraná e depois, fiz o Mestrado na tão sonhada Faculdades EST, no Programa de Gênero e Religião. Somos família na comunidade e a comunidade é nossa família e, graças a Deus, temos servido voluntariamente nesta Paróquia no Vale do Paraíba, Sínodo Sudeste. Aqui, tenho a graça de poder compartilhar aprendizados do grupo MEL, com o Projeto Almofadas do Coração para mulheres com câncer de mama e aprendido a ser OASE junto com as demais mulheres. Tenho participado de Presbitério em diversas funções e representado a Paróquia no Sínodo e este, em conselhos e comissões na IECLB. Amo ser parte desta igreja e por Deus ter me chamado a servilo a partir dela.


Nome: Ruth Schimidt Gundermann Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Teófilo Otoni Paróquia: Teófilo Otoni Sínodo: Sudeste

Minha história... Meu nome é Ruth Schimidt Gundermann. Tenho 78 anos e, desde que nasci, pertenço à comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Teófilo Otoni, conhecida na cidade como Igreja Martin Luther. Morei na zona rural enquanto menina e participava dos cultos na Igreja de Santana. Toda a minha vida cristã aconteceu na mesma Igreja, onde me batizei, confirmei e casei. E sempre participo da vida da Comunidade. Procuro ter uma vida participativa nos cultos e nos estudos bíblicos no meu bairro. Ouço o programa radiofônico, participo do grupo de trabalhos manuais nas terças-feiras e ainda frequento o grupo Esperança e a OASE. O meu livro diário é o “Castelo Forte”; leio as meditações todos os dias antes de dormir. Já fiz vários passeios com os grupos, e acho isso muito bacana, pois temos a oportunidade de conhecer lugares e fazer outras amizades. Gosto de tudo de que participo, e estou satisfeita com as programações da igreja. Momentos marcantes são as minhas lembranças de quando era criança na Igreja de Santana (ponto de pregação) e todas as lembranças da minha vida na Comunidade.


Nome: Ruth Walz Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Martim Lutero – Ilha da Figueira, Jaraguá do Sul/SC Sínodo: Norte Catarinense

Eu, Ruth Walz, tenho 65 anos, sou membra da Comunidade Martim Lutero – Ilha da Figueira em Jaraguá do Sul/SC. Participo da IECLB desde meu nascimento. Nessa igreja fui batizada, confirmada, participei do grupo de jovens e casei. Para mim, os aspectos importantes na vida da comunidade são: o trabalho voluntário, solidário, trabalhos em grupos, etc. Participei do Grupo de Jovens, grupo de OASE Primaveras (língua alemã) e OASE Margaridas (língua portuguesa). Atualmente participo do grupo de OASE Martim Lutero (Comunidade Martim Lutero Ilha da Figueira), Projeto Catarinas, Mirians, Martas e Marias, Unindo papeis, Costurando Ideias ( Paróquia A. João). Por diversas vezes atuei nos grupos como tesoureira, vice-presidente ou algum outro cargo. Também já fiz parte do presbitério de nossa comunidade e fui voluntária por diversos anos no Grupo de Idosos. Sempre tento colaborar onde sou chamada, porque o que faço é por amor. Dentro da igreja sempre gostei de participar das atividades de grupos. Em casa amo me dedicar as plantas e jardim. Sempre que solicitada procuro de forma solidária auxiliar com serviços, ouvidos e ações. Os momentos marcantes de minha vida na comunidade foram muitos, dentre eles, ter me casado nessa igreja, ter batizado meus filhos nela e ter tido o exemplo de serviço voluntário e dedicado de meus pais. Sou feliz sendo parte da Comunidade Evangélica Luterana!


Nome: Selma Alzira Barth Dickel Tempo de participação na IECLB: Comunidade: Com. Evangélica de Confissão Luterana Pastor Norberto Schwantes Paróquia: Canarana Sínodo: Mato Grosso

Me chamo Selma Alzira Barth Dickel. Nasci em 29 de outubro de 1934 em Santa Cruz do Sul, filha de Adão e Elly Mölz Barth. Aos dois anos, minha família muda-se para Criciumal, depois para Três de Maio, onde me criei. Meus pais eram agricultores. Ele também era marceneiro, ambos de família luterana. Lembro que por muitos anos, meu pai foi presidente da comunidade Evangélica da Entrada da Barrinha – Três de Maio. Fui batizada no dia 17 de março de 1935 e fiz a confirmação no dia 14 de dezembro de 1947, nesta mesma comunidade. Estudei em Lajeado Bonito com o professor Pedro Guimarães Filho e Elza Lucinda Guimarães, por mais ou menos três anos. Depois fui trabalhar na roça. Por dois anos, a cada quinze dias, ia a pé, às terças-feiras, para o ensino confirmatório com minha amiga Iracema Foistler. O pastor vinha a cavalo de Três de Maio. Perto de casa haviam dois salões de baile. Num destes conheci meu marido, Edmundo Dickel, e aos vinte anos, no dia 19 de fevereiro de 1955, nos casamos. Tivemos sete filhos e, nesse período, sempre frequentávamos os cultos na comunidade. As crianças iam ao culto infantil. O pastor na época era Siegfrid Valli e sua esposa, Selma. Como meu marido sofria muito dos pulmões, fomos orientados a morar num lugar que não tivesse frio e sereno. Então ouvimos falar de Canarana e viemos conhecer o lugar. A princípio não estava gostando do lugar, principalmente por causa das péssimas condições das estradas, falta de comércio, tudo muito


diferente. Entretanto, acabamos nos mudando para Canarana em junho de 1976, onde compramos 600 hectares de terra, no Garapu I. Mudamos-nos para o melhor galpão do local. Muitas vezes trabalhei para outras pessoas a troco de mudas de plantas e trato para os animais, pois apesar de toda a terra, ficava longe .....KM. Aqui comecei a participar de todas as atividades da Igreja e na Escola. Éramos muito unidos. Trabalhávamos para ver a cidade crescer e se desenvolver. Trabalhamos muito para ajudar a construir a igreja. Junto com outras mulheres trabalhávamos na cozinha fazendo jantares, nas festas, limpando e carpindo o pátio, plantando grama e árvores – principalmente mangueiras, cajueiros e limoeiro. Participei por muitos anos do coral da comunidade. Participo da OASE desde que cheguei em Canarana. Por 25 anos trouxe as flores que enfeitaram o altar, motivada pelo catequista Valdomiro Dockhorn. Também o pão da ceia e era responsável por abrir e fechar a igreja. Hoje continuo ativa, participando dos cultos, das atividades da OASE e demais festividades. Olhando para trás, percebo que não me arrependo dos serviços prestados. Tenho muitas amizades e, apesar dos 81 anos de vida, morando sozinha, por opção, acredito que fui muito abençoada, por isso agradeço a Deus por Seus cuidados, por ter me ajudado a superar as doenças, dado força nos momentos difíceis na perda de filha, neto e esposo. “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”. Sl.23 Amém.


Nome: Selma Bloedow Pommer Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Com. Confissão Luterana Schwantes

Evangélica do Pastor Norberto

Paróquia: Canarana Sínodo: Mato Grosso

“Firme está o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma”. Salmo 108.1 Como gosto muito de cantar, nada melhor do que me apresentar com um Salmo que enaltece o louvor cantado e entoado. Meu nome é Selma Bloedow Pommer. Nascida de família de agricultores Luteranos em São Pedro do Sul, no dia 27 de fevereiro de 1931. Meus pais são Luis Bloedow e Malvina Buss Bloedow. Antes de completar dois anos de idade minha família mudou-se para Santo Augusto. No interior do RS não era fácil o acesso a escolas. Frequentei só cinco meses de aula, que eram dadas numa pequena igreja, o que passou a ser proibido quando se iniciou a segunda guerra. Por isso, meu pai enviou meu único irmão para estudar em cidade vizinha, mas por eu ser MULHER não permitiu que morasse fora de casa. Aprendi a ler e escrever com meu pai, com meu próprio esforço e com a ajuda de Deus. Casei-me com Maximiliano Pommer aos 19 anos e fomos morar em Campo Novo. Permanecemos ali por três anos e fomos morar em Derrubadas, então distrito de Tenente Portela, para trabalhar no comércio. A comunidade de Derrubadas mantinha uma escola evangélica que iniciou suas atividades com o Professor Maske.


Nesta nova localidade formamos nosso primeiro grupo de OASE na comunidade, em 06 de janeiro de 1956. Uma senhora (não recordo seu nome) mudou-se para ali, reuniu as mulheres e por mais ou menos um ano liderou as reuniões da “Frauenhilfe”. Ela foi embora, mas as reuniões continuaram, uma vez por mês aos domingos, no pavilhão da comunidade, coordenadas então por Marta Reschke. Depois foi minha vez de coordenar as reuniões, que o fiz por mais ou menos 24 anos. Na época (1954) o Pastor Wrasse vinha de Três Passos. Em nossos encontros líamos a Bíblia, O Castelo Forte, cantávamos muito e fazíamos planos de como ajudar a comunidade. Sempre ajudávamos na preparação de festas fazendo bolachas, cucas e bolos. Também fazíamos muito artesanato que era vendido na tenda, em dias de festa. Lembro-me de D. Hildegart, costureira, que muitos anos limpou a igreja e arrumava as flores do altar e de seu esposo Jeorge Lutz, que puxava o sino três vezes ao dia. Os encontros da OASE eram feitos em língua alemã, depois os Pastores passaram a dirigi-los em Língua Portuguesa. Anos mais tarde formamos o “Coral 31 de Outubro” na comunidade e D. Idalina Grunewald era nossa maestrina. D. “Ida” e eu éramos costureiras e deixávamos nossas costuras de lado para ensaiar as vozes antes de levar ao grupo. Pelo correio chegavam partituras de outro coral do Paraná. Lembro-me de um grande acontecimento em minha vida, quando participei de meu primeiro CONGRESSO NACIONAL da OASE, por volta dos anos 50. Foi no ” Asilo Pella e Bethânia” em Estrela, RS, coordenado por D. Dorotéia Seidel. Em 1983 mudamos para Canarana, MT. Fiquei muito feliz ao saber que ali também havia um grupo de OASE. Neste ano passei a cantar no coral da comunidade, dirigido pela Sra. Ruth Rinkling, que também nos acompanhava no piano que a comunidade ganhara de presente da Alemanha. O P. Gerd Uwe Kliewer e sua esposa Sra. Gerhild que atuavam na comunidade neste período, cantavam e davam grande apoio a este coral. O grupo da OASE de Canarana realizava as mesmas atividades que eu já conhecia e com o dinheiro que este grupo arrecadou nas festas compramos os tijolos e a parte das janelas para a igreja em construção.


Como ainda gosto muito de cantar compus algumas letras de canções para apresentarmos em festividades da OASE, nos encontros setoriais, no Grupo de Idosos e aniversário de participantes do grupo. Para os idosos escrevi, por exemplo, uma pequena canção que tem como primeira estrofe: Como é belo recordar nosso viver Nossa infância e juventude, que prazer! Nossa vida a dois, muito prazer nos deu Filhos e netos também o bom Deus nos concedeu.


Nome: Siegried Loeblein Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Porto Velho Paróquia: Porto Velho Sínodo: Sínodo da Amazônia

Siegried Loeblein, nascida Stolte, nasceu a 20 de outubro de 1941 na cidade de Cruz Alta/RS. É casada com Romeu Loeblein e mãe de Carla Loeblein Rios. Sua profissão sempre foi costureira, e hoje é aposentada. Segundo ela, estudou “apenas meio ano”; o que aprendeu depois “foi sozinha e com os pastores que passaram pelas Comunidades em que fui membra”. Relata que gostava muito de ir à aula, mas naquele tempo para uma mulher isso era mais difícil. Atualmente reside na cidade de Candeias do Jamari/RO, Sínodo da Amazônia, com sua família. Sua história na IECLB começa com o Batismo, pois é filha de pais luteranos. Desde criança sempre participou, junto com seus pais, nas atividades da Igreja. Em 1945, com 3 para 4 anos de idade, mudou-se para a cidade de Iraí/RS, para uma vila situada a 18 km de Iraí que se chamava Farinhas e hoje pertence ao município de Alpestre/RS. Naquele tempo não havia estrada, nem pontes, somente “picadas” e mata fechada. Lá chegavam muitas famílias de imigrantes de outras localidades, como Lajeado, Ibirubá, Canela, São Sebastião do Caí, Gramado, São Leopoldo, Taquara, todas do Rio Grande do Sul. Desta migração surgiu, no dia 10 de maio de 1946, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Farinhas. O primeiro culto foi celebrado pelo pastor Augusto Ernesto Kunert, da cidade de Palmitos/SC. Os cultos eram realizados nas casas, mas logo viu-se a necessidade de construir uma igreja e também um cemitério e formar, assim, a primeira Diretoria da Comunidade; seu pai, Etvino Stolte, foi eleito tesoureiro. A Comunidade ficou filiada à Paróquia de


Iraí/RS. O caminho para Iraí era de canoa pelo Rio Uruguai ou, então, pela “picada” (um tipo de trilho por entre a mata). Em 1948, começou o trabalho de mutirão dos membros, derrubando árvores, serrando madeiras à mão, fazendo pinos e colocando os pregos. “Nesse ritmo, em 12 de novembro de 1950 foi inaugurada a 1ª igreja com um delicioso churrasco”, conta. O atendimento pastoral era feito pelo mesmo pastor Ernesto Kunert, que vinha de cavalo da cidade de Palmitos/SC, atravessando o Rio Uruguai em uma balsa. O cavalo ficava no lado de Santa Catarina, e uma nova montaria era trazida de Farinhas por um membro do Presbitério, que conduzia o pastor até a localidade. Com 9 anos de idade, entrou no Ensino Confirmatório. Ainda não havia Culto Infantil ou Escola Dominical. Quem realizava os encontros era o pastor Godofredo Boll. O pastor lhe deu uma tarefa que muito lhe agradou: “Ajudar a arrecadar dinheiro para a Obra Gustavo Adolfo, junto com outras crianças da minha idade. Ainda hoje guardo o meu 1° quadro que ganhei de presente”. A Confirmação foi em 1954, realizada pelo pastor Manfred Hasenack. Todo o ensino transcorreu em língua alemã. Após a Confirmação, começou a participar da Juventude Evangélica. Em 05 de outubro de 1959, foi fundado o Grupo de OASE. Sua mãe foi uma das fundadoras. A Comunidade passou a ser atendida pelo pastor Arno Wartschow. O grupo era coordenado por uma senhora chamada Augusta Daenecke, de nacionalidade alemã. As mulheres se reuniam todos os domingos à tarde para estudo bíblico, ensaio de cantos, ensaio de peças de teatro, programas de Natal, onde Siegried também participava. Também no ano de 1959, foi realizado o 1° culto de kerb. Havia mais ou menos 200 pessoas presentes. Após o culto, a banda de música já começava a tocar, juntamente com uma pequena orquestra, formada por membros da comunidade, que se chamava Orquestra Nienow. Em 1964, a Vila de Farinhas foi desmembrada de Iraí e passou a pertencer ao novo município de Alpestre. Em 1963, foi lançada a pedra fundamental de uma nova igreja de alvenaria, que foi inaugurada no ano de 1967. Nesse ano a Comunidade já contava com 100 famílias. Após um período de acentuado crescimento, houve uma estagnação devido ao grande êxodo rural. Muitos migraram para a cidade, principalmente para Farroupilha/RS e regiões calçadistas, em busca de uma vida melhor fora do campo.


Em 1976, ela casou e começou a participar do Grupo de OASE. Foi eleita tesoureira. Siegried conta que era muito tímida. Acredita que por falta de conhecimento, já que tinha estudado somente meio ano. Mas este não foi problema: uma grande ajuda veio pelo pastor Gastão Breunig. Começaram, então, as promoções: galinhadas, chás, etc. Todos os anos no aniversário da OASE era realizada uma festa para arrecadar dinheiro. Era preciso equipar a cozinha. Ela conta que “as mulheres realmente puxaram a frente das promoções também para a Comunidade, e logo foi comprado o sino para a igreja. Mais tarde os bancos, e assim por diante”. Esse envolvimento foi muito importante para o futuro de líder, como veremos. Além das reuniões mensais com o pastor, ela convidava mulheres para ensaios de cantos, além de ensaios de jograis para datas como Natal e Páscoa. Tudo isso acontecia na sua casa aos sábados à tarde. Seu marido era caminhoneiro e se ausentava muito de casa. Tomavam chimarrão, o bolo alguém sempre providenciava, e também conversavam sobre o culto de final de ano. Neste período era difícil para o pastor vir seguidamente ao interior porque também atendia outras localidades. O culto era realizado uma semana antes ou depois dos dias especiais. Conta que as mulheres da OASE resolveram fazer sua própria programação, e a Comunidade gostou. Tudo era feito em língua alemã porque a maioria não sabia falar português, principalmente as pessoas de mais idade. Em 1977, os cultos começaram a mudar: a liturgia era em alemão e a prédica em português ou vice-versa, e mais tarde era tudo em português. Para as mulheres essa mudança foi difícil, pois tinham que aprender a liturgia, orações, cantos. As traduções, às vezes, não combinavam. Pior foi para o Grupo de OASE. As mulheres de mais idade “perderam o gosto, mas nas reuniões que fazíamos na minha casa continuava tudo em língua alemã”. Em 1981, chegou o Culto Infantil. Acontecia todos os domingos. “A encarregada desse trabalho na Comunidade era eu”, conta com certa saudade desse tempo. Em 1983, acontece a terceira mudança. Foram morar no município de Iraí/RS. Isso foi um grande choque para o Grupo de OASE de Farinhas, que sentiu sua falta. Ela ingressou no Grupo de Iraí. Era tudo diferente. Conhecia poucas pessoas. Quem exercia o pastorado era a pastora Louraine Christmann, mais conhecida como “Lola”. Logo foi eleita coordenadora paroquial e, em 1985, secretária do Grupo de OASE. Ela adorou ser coordenadora paroquial. O trabalho era muito gratificante para ela e também para as mulheres do interior. Juntamente


com a pastora Lola, começaram a trabalhar a valorização da mulher fora e dentro da comunidade. Ainda havia muito preconceito em relação à entrada de mulheres na Diretoria e à sua participação nas reuniões da Comunidade. Conta que, no início, algumas foram convidadas a se retirar. Nesse período, começou a participar dos congressos distritais e regionais. A OASE de Iraí também começou a fazer visitas aos membros que não podiam mais sair de casa, aos doentes, internados em hospitais, enlutados, etc., tudo sob sua coordenação. Em 1986, foi mais uma vez pioneira: “Comecei com um programa de rádio, na Rádio Marabá AM, que se chamava ‘“Hora Evangélica’, que era feito em alemão, e quando o pastor não podia fazer o programa normal em português, eu o apresentava”. Esse trabalho de rádio foi muito gratificante para ela. Conta que gostou de “poder levar a palavra de Deus para pessoas em tantas outras cidades, e, por ser em alemão, era um programa muito ouvido por pessoas idosas e também de outras religiões”. Mais uma vez pioneira entre as mulheres, foi estudar. De agosto de 1994 a junho de 1996, participou do Curso de Teologia Popular (CTP) e do Curso de Liturgia e Ofícios do ICTE (Instituto de Capacitação Teológica Especial), esse com 76 horas/aula, no Distrito Uruguai (hoje Sínodo Uruguai), no CEFAPP, na cidade de Palmitos/SC. Em Palmitos, tomou gosto pela PPL (Pastoral Popular Luterana) e pelos Encontros Internacionais da Mulher, sempre realizados nos dia 8 de Março. Um dos seus incentivadores foi o pastor Valdemar Witter. Em 1997, entrou para a Diretoria Paroquial como vice-tesoureira. Uma mulher ocupa espaço entre os homens. Também em 1997, foi eleita coordenadora distrital da OASE, juntamente com os pastores/orientadores distritais Nilberto Scheidt e Arnaldo da Rocha Clemente e mais cinco integrantes. O trabalho envolvia 49 Grupos de OASE, e essa foi uma das atividades que mais gostou de realizar e da qual sente muitas saudades. Participou dos Concílios Distritais, apoiou o Movimento dos Sem Terra e o Movimento dos Atingidos por Barragem na região do Alto Uruguai, juntamente com os pastores. Muitas foram as visitas aos acampamentos, bem como passeatas com mulheres agricultoras pela valorização das mulheres. O movimento de valorização das mulheres se chamava “Margaridas”. No ano de 2000 acompanhou o pastor Edu Grenzel tanto na OASE como nos cultos no interior, em enterros, visitas aos doentes com Santa Ceia, etc. Neste ano, ela também iniciou um grupo de canto, cujos ensaios eram realizados todas as quartas à noite com dois violeiros na igreja. Um dos violeiros era o P. Edu.


Em 2003, mudou-se com a família para Candeias do Jamari/ RO. A cidade fica a 20 km da capital Porto Velho, e faz parte do Sínodo da Amazônia. Aqui a realidade é totalmente diferente do sul. No dizer dela, “outra cultura, outros costumes, jeito diferente, mas a Igreja IECLB é a mesma em qualquer lugar desse Brasil. Aqui não tinha OASE. A Comunidade é pequena. As mulheres moram muito dispersas na capital”. Mas disse ter sido “muito bem recebida e acolhida pela Comunidade e pela pastora Regene Lamb”. Os membros são poucos. Uma das grandes dificuldades “que enfrentei aqui é a distância e a localização da igreja, que fica em um bairro distante e também muito perigoso”. Observando a nova morada e a nova Comunidade, concluiu: “Deus também mora aqui”. E foi à luta, como sempre fez em todos os lugares em que residiu. Ao seu ver, “as mulheres da Comunidade são mais valorizadas do que do que no Sul, principalmente no Presbitério”. De fato, desde a fundação da Comunidade, as mulheres estão presentes no Presbitério. Mas faltava um movimento muito importante na Igreja de Porto Velho: a OASE. Em 2009, chegou o pastor Alan Sharle Schulz. Neste momento, Siegried já era a vice-presidente da Comunidade. Na eleição da nova Diretoria, coube-lhe a Presidência. Era o que faltava. “Em 2010, com muito esforço, fundamos o primeiro Grupo de OASE do Sínodo da Amazônia, ao qual demos o nome de ‘Catarina’ em homenagem à esposa de Martim Lutero”. Tal feito foi motivo de muitos comentários. O que é isso? Para que serve? OASE era algo conhecido só de quem veio do Sul. O nordestino não conhece esse tipo de trabalho. Mas nada disso arrefeceu o ânimo das mulheres, e Siegried foi eleita presidente do grupo também. Vejamos o que ela diz: “Em julho de 2012, chega para assumir a comunidade o pastor Jorge Klein e dá uma linda sequência no trabalho do pastorado anterior e nos encheu de ânimo mais uma vez. Hoje faço parte apenas da diretoria da OASE, pois os anos vão passando e quer queira, quer não, os anos vão chegando e com ele o peso da idade. Mas continuo ajudando e servindo sempre no que posso, pois esse é o trabalho que me fortalece todos os dias, o trabalho da Igreja e de Deus”. Por fim, ela faz uma confissão e manifesta um temor. O temor é de ofender alguém que também foi parceiro ou parceira de muitas jornadas. E confessa: “Aqui em Rondônia foi onde renovei e renovo a minha fé a cada amanhecer. Temos que ter muita fé para continuar com esse trabalho que não é fácil, mas agradeço ao meu bom Deus que me trouxe até aqui e que me deu a oportunidade de escrever essa caminhada na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”. E guia-se pelas palavras do profeta Isaías: “O Deus Eterno diz ao seu


Povo: Você é pequeno e fraquinho, mas não tenha medo, pois eu, o Santo Deus de Israel, sou o seu Salvador e o protegerei” (Isaías 41.14). É possível dizer que dona Siegried é mulher de dois extremos na IECLB: extremo Sul e extremo Norte. Em ambos, ela plantou a semente da Igreja.

Entrevista concedida à Sra. Ilse G. H. Klein Porto Velho/RO


Nome: Susanne Emma Auer Lehmann Tempo de participação na IECLB desde o Batismo Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Nascida a 28 de outubro de 1932 em Stuttgart, Alemanha. Seus pais e um irmão menor vieram para o Brasil, Porto Alegre, por volta de 1935. Fez o atual Ensino Médio em São Leopoldo, como interna do “Pro-Seminar”. Fez curso de tapeçaria em Sindelfinden, bei Stuttgart, e conheceu os teares da Suécia, numa ocasião de intercambio. Paixão na qual se realizou até pouco antes de falecer. Também em Stuttgart (07 de setembro de 1957) casou-se com Paul Kurt Heinrich Lehmann, técnico agrícola, fixando residência no interior do Rio Grande do Sul até 1967. Lá nasceram quatro dos cinco filhos, Christina (1960), Anselm (1961), Sofia (1963) e Thomas (1964). De mudança para o Estado de São Paulo, em janeiro de 1967, moraram em Pindamonhangaba, mais precisamente na Fazenda Santa Helena até 1979, ano em que nasceu o filho Claus. Neste mesmo ano, mudaram-se para Belo Horizonte/MG onde permaneceram por dois anos. Em janeiro de 1981, a família retornou a Pindamonhangaba, cidade na qual Susanne viu seus filhos se casar e alguns netos nascer. Paul faleceu em 25 de janeiro de 1999 e Susanne em 15 de abril de 2011.


Ainda no Rio Grande do Sul, Susanne e Paul realizavam encontros de exalunos da época do Instituto Pré-Teológico. Mesmo mais tarde, morando em São Paulo, os encontros não deixaram de ser realizados. Susanne e Paul conheceram muitos pastores. Por ocasião da confirmação dos filhos, fizeram contato com Pastor Guido Tornquist. Daí em diante, a ideia de ter um núcleo luterano no Vale do Paraíba se fortaleceu. Em Pindamonhangaba, os cultos aconteciam na Igreja Santa Rita do Massaim, de propriedade da Fazenda Santa Helena ou, nas casas de membros, quando necessário. O centro mesmo foi edificado em São José dos Campos. Na época de Belo Horizonte/MG, Susanne participou intensamente da OASE, que tinha o apoio da esposa do Pastor Wolf Dieter Wirth, e também cantou no coral da igreja. Já em Pindamonhangaba, Susanne participou mais intensamente das atividades da Casa da Amizade, com trabalhos em macramê. Em São José dos Campos, a distância dificultava o seu deslocamento até às reuniões da OASE, mas ajudava como podia e tinha muito carinho pelo grupo, em especial pela dona Erica Gielow. Pindamonhangaba, 18 de novembro de 2020. Autoria de Christina Lehmann, filha.


Nome: Teresinha dos Santos Baukart Tempo de participação na IECLB: desde a Confirmação Comunidade: Canoinhas Paróquia: Canoinhas/SC Sínodo: Norte Catarinense

Eu sou Teresinha dos Santos Baukart e tenho 47 anos de idade. Fui batizada na Igreja Católica em dezembro de 1967. Sou a caçula de oito irmãos. Minha mãe ficou viúva com uma filha pequena e sete filhos mais velhos. Passamos por muitas privações. No meu tempo de criança, trabalhava em casa de família onde tinha abrigo, comida, educação e aprendia a ter respeito. Eu fiz catequese para a primeira comunhão na Igreja Católica, mas não fiz a primeira comunhão porque minha mãe faltou nas reuniões e, então, não me deixaram fazer a primeira comunhão. Eu fiquei muito magoada e sem igreja um bom tempo. Minha mãe me colocou para trabalhar na casa de uma família luterana. E foi assim que voltei a frequentar uma igreja. Eu gostava de ir ao culto e me identifiquei. Então fiz o ensino confirmatório já com 18 anos. Eu gostava tanto que fui dar culto infantil. Havia muitas orientadoras e a gente podia se revezar. Tenho saudades daquele tempo, pois as pessoas se importavam mais com os trabalhos na comunidade. Hoje em dia são todos egoístas, cada um só quer cuidar da própria vida, não querem compromisso. Eu me casei com uma pessoa luterana de berço, como se costuma dizer quando a família é luterana. Tive minhas filhas, cinco meninas que amo muito. Por um bom tempo, eu só cuidei de minha família e quase não participava dos


cultos, pois aqui na comunidade as pessoas mais velhas não gostavam de ver crianças nos cultos. Certo dia, uma coordenadora me convidou para dar culto infantil, onde atuo até hoje. Nesse período, foi muito difícil quebrar a resistência das pessoas à participação das crianças na Santa Ceia. Também fizemos a experiência de dar o culto infantil aos sábados para ter mais tempo para passar melhor os conteúdos e também oportunizar a participação de toda a família no culto e na Santa Ceia. Conseguimos, mas agora estou triste por falta de pessoas que queiram se envolver. No momento, o culto infantil acontece paralelo ao culto comunitário e a participação das crianças no culto infantil é muito pouca. Estou com muita vontade de voltar a estudar, melhorar o vocabulário, aprender a expressar-me melhor e, principalmente, aprender um português melhor. Quero cuidar de mim, evoluir como pessoa. Sou luterana por graça e fé. Aqui na Igreja Luterana me sinto acolhida por Deus. Creio em Deus e em seu filho Jesus Cristo.


Nome: Trauda Florinda Zilske Tempo de participação na IECLB: Desde o casamento (1985) Comunidade: da Paz Paróquia: Espigão Do Oeste – Ro Sínodo da Amazônia

Hoje eu quero escrever contando um pouco sobre a minha história de vida. Eu nasci no dia 15 de abril de 1969, na cidade de Nova Venêcia, Estado do Espírito Santo. Sou filha de Franz João Emílio Zilske e dona Coversina Krause Zilske, que escolheram o meu nome, Trauda Florinda Zilzke. A minha família é bem grande, somos oito irmãs e três irmãos, ao todo onze filhos e filhas. Eu sou a décima filha. Os meus pais eram lavradores e eram da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). Por isso, no dia 04 de maio de 1969 fui batizada, com as Palavras do Trino Deus, na Comunidade de Mutum, no Espírito Santo. Passei a minha infância naquela região, até os nove anos de idade. Depois, meu pai e minha mãe se mudaram com a família para Espigão do Oeste, em Rondônia. No ano de 1978 chegamos à Rondônia. Naquele tempo, era muito difícil aqui. Moramos em barracas, e o assoalho era de chão. Nos primeiros tempos, só era possível ir à cidade de cavalo, pois, a estrada era uma picada. Escola só tinha na cidade. Por este motivo, eu precisei morar na cidade, com uma conhecida de meus pais. Era o único jeito de eu poder estudar um pouco. Não foi fácil, chorei muitas vezes com saudades da minha família. Quando eu estava na terceira série meu pai me tirou da escola. Eu queria muito continuar estudando. Meu pai disse que não porque eu precisava ajudar com os trabalhos na lavoura. Fiquei muito triste e pedi para minha mãe conversar com meu pai para que ele me deixasse estudar. Eu queria ser Pastora quando crescesse. Aí, a mãe fez este comentário com ele. Eu levei uma “bronca” do meu pai que quase apanhei. Ele disse: De onde ela tirou essa ideia de que mulher pode ser Pastora? Isso é trabalho para homens. Naquele dia, percebi que o meu pai discriminava as mulheres. Ele falou que mulheres tinham que trabalhar em casa. Assim como ele precisava trabalhar para dar terra aos herdeiros, que eram os três irmãos, as filhas tinham que arrumar um casamento com quem tinha algo para lhe oferecer. E assim foi.


Eu fiz o ensino confirmatório e no dia 27 de setembro de 1981 eu fui confirmada. Sempre participei das atividades da Igreja. Quando chegava os dias de Advento, eu e meus irmãos ficávamos muito felizes por poder participar das programações de Natal. Era um período muito bom porque nós ganhávamos algum brinquedinho e doces. Pão de trigo e biscoitos só tinha no Natal e na Páscoa. Casei-me no dia 03 de maio de 1985, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, com um rapaz de 22 anos de idade, também lavrador. Eu era muito jovem, tinha apenas dezessete anos. Ia tudo muito bem no meu casamento. Depois de um ano e cinco meses de casada tive meu primeiro filho, um menino. Eu e meu marido ficamos muito felizes. Eu sentia uma emoção muito grande de ser mãe. Eu sentia que ali a minha vida tinha mudado. Eu era uma mãe cuidadosa e ciumenta, porque para mim o meu bebê era o bebê mais lindo do mundo. Como eu o amava. O tempo foi passando. Num belo dia, eu estava mal e fui ao posto de saúde fazer uma consulta. Através de alguns exames tive a notícia de que eu estava grávida novamente. No momento eu fiquei um pouco preocupada, pois meu primeiro filho só tinha pouco mais de um aninho. Mas depois eu pensei bem e cheguei à conclusão de que o que está feito não dá para mudar. Saí contar a novidade para toda a família. Tudo ficou maravilhoso! Estávamos envolvidos nos preparativos de enxovais à espera do novo integrante da família. Quando o meu primeiro filho completou dois anos e dois meses eu tive o meu segundo filho, outro menino. Eu estava com 21 anos de idade, e era mãe de dois lindos filhos, os quais eu dei educação com muito amor e carinho. Depois de certo tempo, meu marido e eu resolvemos deixar a vida no sítio e nos mudar para a cidade. O meu marido foi trabalhar de empregado e eu também fui trabalhar em casas de família. Mais tarde, comecei a trabalhar em um hospital particular. Trabalhei por vários anos nesse hospital. E foi nesse período que minha mãe faleceu. Minha mãe estava com 69 anos de idade e faleceu no Hospital onde eu trabalhava. Isso mexeu muito comigo. Passei por momentos muito difíceis, até fiquei doente e resolvi deixar daquele emprego porque o ambiente não me ajudava. Todos os dias eu olhava para aquele quarto e me lembrava da minha mãe. Depois que minha mãe faleceu, passei um tempo cuidando da casa e dos meus filhos, que já estavam na escola. E aí, meu marido resolveu prestar concurso público, eu dei a maior força para ele. Ele se inscreveu, passou e conseguiu um trabalho onde permanece até hoje. Eu voltei a trabalhar em empresas particulares. Também voltei a estudar, mas não deu certo. Precisei interromper os estudos porque o meu marido não me apoiou. Todos os dias eu tinha que enfrentar ele, aí eu vi que era eu escolher entre estudar ou o meu casamento, e a escolha foi o casamento.


Todo o meu esforço por manter o casamento foi em vão. Dediquei-me tanto ao marido. Deixei de realizar meus sonhos. E, só fui feliz durante 17 anos no meu casamento. Quando os meus filhos estavam na adolescência, precisando de apoio do pai, eles não tiveram mais o pai, pois ele nos trocou por uma amante. Sim, eu fui traída. E quando eu descobri fiquei sem chão. Eu achei que não iria suportar a dor. Sentia-me sozinha. E, como amava muito o meu marido achei que eu poderia consertar isso. Eu conversava muito com ele. Sabe, quando você quer perdoar sem que o agressor tenha lhe pedido o perdão? Mas foi tudo em vão. Depois de alguns anos ele deixou aquela pessoa. Eu fiquei feliz achando que tudo ia melhorar. Mas foi engano meu, pois além daquela, já havia outra em sua vida. E nesse vai e vem de querer salvar o casamento, eu já estava sofrendo há oito anos. Na igreja sempre fui ativa nos cultos, no coral, no grupo de mulheres da OASE. Eu tive muita ajuda dos Ministros e das Ministras da Igreja, das amigas, do meu pai e da minha família. Porque, quando eu achava que as coisas iam melhorar, vinha outro problema. O meu marido ficou na miséria e virou um alcoólatra. E eu tinha que trabalhar para manter a minha casa e meus filhos. Devido ao sofrimento que passei com meu marido, entrei em depressão, cheguei a pesar 53 quilos. A cada poucos dias eu internava. Eu já não tinha mais forças para lutar. Num dia, o médico me disse que eu deveria tomar uma decisão na vida, se não eu iria morrer. Foi nesse momento que tive a ultima conversa com o meu marido e, depois, fechei a porta da minha casa, do meu coração e tirei ele para sempre da minha vida. Fiquei sozinha com meus filhos. Não foi fácil, mas foi assim que eu encontrei a Paz. Depois de três anos eu encontrei um velho conhecido e comecei um relacionamento com ele. Depois de seis meses nós casamos, ele com 65 anos e eu com 42 anos. A bênção para nossa união estável foi oficializada no dia 14 de novembro de 2010, na Comunidade da Paz, em Espigão do Oeste. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. A Igreja estava toda enfeitada, foi uma surpresa da minha madrinha com a ajuda de umas amigas. A festa foi muito grande, a igreja estava cheia de convidados. Eu fiquei sorrindo o tempo todo para aguentar a emoção e não chorar. Nesse dia, eu percebi que Deus já tinha enxugado todas as minhas lágrimas. E com a Graça de Deus estamos juntos e bem. Os meus filhos também já casaram e tenho um neto de coração, já com nove anos de idade. Agora, a minha nora está grávida do meu primeiro neto ou neta (biológico), ainda não sabemos o sexo. Já é a grande alegria da família. Eu já estou ansiosa com a chegada dele ou dela. Assim quero terminar uma parte da minha história de vida... Só mais um lembrete, no dia 11 de janeiro de 2017 o meu pai faleceu aos 93 anos.


Nome: Trudi (Gertrudes) Bublitz Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana dos Apóstolos Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

Sou Trudi Bublitz, tenho 77 anos de idade e sou natural de Varno, Indaial/SC. Antes mesmo de meu nascimento, minha família já participava da vida da comunidade luterana. Nesta comunidade fui batizada e confirmada dando início a minha vida como cristã luterana a partir de meu batismo. Com o passar dos anos, me casei na igreja luterana do Centro de Indaial. A benção foi realizada pelo pastor alemão Oswald Fuchs Uber (in memória). Sempre valorizei muito as belezas da vida comunitária refletidas na união, na criação e fortalecimento de amizades e principalmente como um lugar de muito acolhimento. Isso, vivenciei já desde a escola dominical em minha infância, depois no Ensino Confirmatório, e já há muito anos na OASE e grupo de pessoas idosas. Lembro-me de participar já desde o começo do grupo de OASE na casa da Frau Heideck. Em minha caminhada comunitária, quando minha saúde estava melhor, participei da visitação com Santa Ceia a pessoas doentes e idosas. Também, sempre estive disposição para ajudar nas festas e mutirões da comunidade. Gosto muito de minha comunidade, das pessoas e das atividades. Acredito que a igreja já ajudou muito nossa cidade, de forma especial, através da educação com a Escola Evangélica. Acredito que uma vida sem Deus, é uma vida vazia.


Lembro-me com carinho de nossas bodas de ouro em 2009. A celebração foi em nossa comunidade, Comunidade dos Apóstolos. A igreja estava cheia com pessoas de nossa família e muitas pessoas amigas. A vida de fé é muito importante para mim, auxilia na caminhada da vida, fortalece, nos dá forças para as lutas do dia a dia, e acima de tudo, nos enche e preenche de esperança.


Nome: Tusnelda Tillmann Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Evangélica Luterana Vila Nova Sínodo: Norte Catarinense

Nasci em 17 de setembro de 1944, e fui batizada em 17 de dezembro do mesmo ano na Comunidade de Ascurra, Paróquia de Indaial/SC. Tenho hoje 73 anos de idade e participo da Comunidade Evangélica Luterana Vila Nova, Rua Catarina Marangoni, S/n, Vila Nova, Jaraguá do Sul/SC. Fui confirmada em 27 de outubro de 1957, na Comunidade de Ascurra/SC, pelo então pastor Friedrich Fuchshuber. Na minha lembrança de confirmação consta o Salmo 37.5 que diz o seguinte: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará.”. Casei-me no dia 01 de março de 1969, na cidade de Indaial/SC e em seguida viemos morar em Jaraguá do Sul/SC. Por seis anos fomos membros da Paróquia Cristo Salvador, na Barra do Rio Cerro, onde batizamos nossa primeira filha, Giovana Tillman, nascida em 10 de agosto de 1973. Depois, nos mudamos para o centro pedindo nossa transferência para a Paróquia Apóstolo Pedro. Passado um tempo, os membros foram “separados” por região e nós, transferidos para a Paróquia Apóstolo João, Ilha da Figueira, Jaraguá do Sul/SC. Hoje somos membros na comunidade Evangélica Luterana Vila Nova, em Jaraguá do Sul, onde já estamos há 18 anos. A união de parte dos membros é algo que considero muito importante na comunidade. Aos 14 anos de idade fui professora do culto infantil, em Apiúna/SC, por dois anos. Hoje, faço parte do presbitério no qual sou tesoureira, e também sou presidente da OASE Marta Maria que se reúne duas vezes ao mês. Gosto de participar do nosso grupo de OASE Marta Maria, fazer a recepção e as leituras


bíblicas nos cultos, participar do estudo bíblico, ajudar nos eventos da comunidade, servir as pessoas.

Em 2014, nossa Paróquia um casal de ministros, a Pastora Pamela Milbratz e o Diácono Jaime José Ruthmann. Estamos muito felizes com as atividades que estão fazendo, sempre trazendo novidades. Alguns momentos marcantes em minha vida: o ano de 2006, quando inauguramos a comunidade Vila Nova; O batizado da minha neta, Ana Paula Tillmann Horongoso, em 18 de junho de 2006, pelo Pastor Claudio Herberts – Ela foi a segunda criança a ser batizada nesta comunidade; Fiquei muito feliz que após vários encontros conseguimos, com um membro da nossa comunidade, financiamento para a construção do nosso salão de festas. Outro momento abençoado por Deus foi encontrarmos o médico neurologista que descobriu a doença de minha neta, Camila Hinsching. Desde os quatro anos de idade ela começou a ter dificuldades para caminhar. Na parte da manhã ela andava, a tarde já tinha de se segurar nas paredes. Fomos a vários ortopedistas. Eles falavam que ela tinha problema nos tendões. Ela chegou a ir pra Curitiba fazer cirurgia em uma das pernas, mas nada resolveu. Aos doze anos de idade ela veio passar férias com a avó. Ela estava muito apreensiva por causa do Culto de Confirmação. Ela estava com os pés tortos e não sabia como faria para entrar na igreja. Vendo a preocupação da menina pedi a Deus uma luz para poder ajuda-la. Foi quando liguei para uma enfermeira e pedi ajuda para encontrar um bom neurologista. Levei-a até o Dr. Alexandre Longo e a Pediatra Dra. Ana que disseram não ser problema de tendões, mas falta de dopamina no cérebro. Graças a Deus, ela andou normal e pode entrar com todos os confirmandos na igreja. Graças a Deus eu só tenho a agradecer, por esta grande graça. Muito obrigada Senhor.


Nome: Ursula Cenita Merer Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Paróquia: Canoinhas Sínodo: Norte Catarinense

Eu, Ursula Cenita, nasci no dia 19 de março de 1953. Nasci num lar luterano abençoado por Deus com dois filhos e, para a alegria da família Merer, também com uma filha. Fui batizada em 5 de maio de 1953. Desde então, comecei a integrar a Comunidade Ressurreição de Marcílio Dias. Minha família foi muito participativa na comunidade. Em tempos árduos de guerra, quando os pastores percorriam de cavalo ou a pé as comunidades, era em minha casa que deixavam o cavalo. Minha mãe, mesmo com parcos recursos – pois a guerra racionava tudo –, fazia bolachas de fubá e pão de milho para o café que era oferecido aos pastores. Com alegria e descontração logo comecei a participar do culto infantil. As belas canções ali entoadas e as histórias bíblicas narradas pela senhora Ursula Voigt, a orientadora, me cativavam muito. Como era bom! As vezes fazíamos piquenique em lugares cheios de árvores e campos onde podíamos brincar à vontade e usufruir da maravilhosa natureza. Meu irmão mais velho, Geraldo, foi um participante ativo do grupo da juventude evangélica, em nossa comunidade. Era dele a responsabilidade de dirigir o grupo de teatro. Foram muitas apresentações inesquecíveis. Lamento que, apesar de todo o envolvimento com a comunidade, do apoio de meu pai e minha mãe, meu irmão não conseguiu vencer o vício da bebida. Ele faleceu prematuramente aos 47 anos de idade. Em minha adolescência, participei ativamente do grupo de JE. Nossas reuniões aconteciam nos domingos à tarde e eram bem frequentadas. Tínhamos também um grupo de canto da JE. Saíamos a cantar para as pessoas que tinham 70 anos de vida ou mais. Íamos longe, muitas vezes a pé ou em uma Kombi. As pessoas se


alegravam com o nosso canto. Elas ficavam esperando ansiosamente por nossa visita. Mais tarde, iniciei no coral da comunidade. Somente interrompi minha participação no coral durante o tempo em que frequentei a faculdade de Pedagogia. Como professora em uma escola vizinha da Igreja, recebi o convite para ser orientadora do culto infantil. Aceitei e assumi esse convite por muitos anos. Em 1974 me casei na Igreja Luterana. O casamento foi abençoado com um filho. Mas não foi um casamento duradouro. Por uma série de motivos o casamento se desfez. Em relação à OASE costumo dizer que cresci junto com o grupo. Pois desde que foi fundado, em 07 de março de 1966, eu já o frequentava. Acompanhei a minha mãe em muitas reuniões e gostosos cafés da OASE. Toda essa experiência só me fez crescer e ajudar a ser o que hoje sou. Participo do coral, do grupo de OASE e também sou coordenadora paroquial da OASE da Paróquia de Canoinhas. Participei do Curso de Aperfeiçoamento em Teologia, Bíblia e Missão durante os finais de semana por dois anos. Após este curso, senti-me chamada a participar mais ativamente em minha comunidade e a demonstrar minha fé aos e às adolescentes do ensino confirmatório. Tento passar-lhes o maior número de informações sobre a Bíblia e a história de Jesus, nosso Salvador. Sinto-me muito bem neste trabalho voluntário, bem como no trabalho com a OASE. Durante meu caminhar mudaria muitas coisas. Primeiramente me dedicaria mais a ajudar outras pessoas, bem como levaria o evangelho a mais pessoas. Iria ao encontro de pessoas necessitadas para compartilhar com elas o que tenho aprendido e experimentado a partir de minha fé. Tive momentos marcantes na vida em comunidade. Meu pai e minha mãe muito ajudaram na construção do novo templo. E eu também contribuí na medida do possível. A inauguração deste novo templo foi muito marcante em minha vida. Houve uma procissão do velho para o novo templo. Eu e uma colega caminhamos à frente levando a chave e um buquê de flores. Muitas pessoas, em clima de festa, caminhavam conosco louvando e agradecendo a Deus. Hoje, sinto-me lisonjeada em poder louvar a Deus com minha voz, através do canto, no coral de que participo. As senhoras da OASE apreciam muito as explanações e o meu jeito de transmitir a mensagem de Cristo, nosso Salvador. Participo também de um grupo da terceira idade que se reúne semanalmente. Em raras ocasiões, participamos da dança sênior e atividades físicas. Tudo isso nos dá muito prazer, ajudando a suportar as agruras de nosso dia a dia com fé.


Nome: Vera Tribess Baldus Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Tangará da Serra Paróquia: Tangará da Serra Sínodo: Sínodo Mato Grosso

Nasci em 1951, em Ijuí/RS, onde fui batizada na Igreja Luterana. Os bisavós, avós e pais participaram na divulgação e integração das comunidades, tanto no Rio Grande do Sul como em Blumenau/SC. Em 1954, nos mudamos para Pato Bragado/PR e, logo depois, para Nova Santa Rosa/PR. Foi nesta Comunidade que comecei a participar dos cultos. Éramos atendidos pela Paróquia de Toledo e depois passamos a integrar a Paróquia de Maripá, da qual meu pai era um dos fundadores. Morávamos distante da Igreja e, muitas vezes, íamos a pé ou de carroça puxada por bois ou cavalos, tamanha eram as dificuldades das estradas e da vida. Participei do Culto Infantil antes de frequentar a escola. Lembro-me que declamávamos poesias em alemão e que tive a ajuda de minha avó Elizabeth para decorá-las. Ela também participava da OASE quando o tempo e a saúde permitiam a caminhada de 11 km. No Ensino Confirmatório, a orientadora era a Professora Azilda Röpke e os encontros aconteciam aos domingos. Mais ao final, o P. Klaus vinha uma vez por mês para nos instruir com o Catecismo e a Bíblia, que somente ele tinha acesso. Após a Confirmação, ingressei na Juventude, onde fui secretaria por muitos anos e participei da organização de diversos Congressos da Juventude Evangélica. Encontros estes, que eram esperados com grande alegria, pois integravam grupos de diferentes Paróquias. Minha mãe Rosa, com filhos pequenos e tendo um filho com deficiência física, não conseguia participar das atividades comunitárias. Então, sendo a filha


mais velha, coube a mim o papel de acompanhar meu pai, Sr. Freymund Tribess, durante o período em que ele foi Presidente da Comunidade de Nova Santa Rosa coincidindo com a construção da casa paroquial, a instalação dos sinos e a construção da Igreja. Colaborei no Culto Infantil, na JE, na organização das festas da comunidade preparando cucas, saladas e brincadeiras, entre outras atividades. Em 1972, me casei com Adelberto que tinha vindo do Rio Grande do Sul. Sua família também era luterana. Logo, ingressei na OASE e, mais tarde, batizamos nossas filhas na Comunidade. Em 1979, nos mudamos para o interior de Amambaí/MS. Sentimo-nos perdidos sem a Igreja. Fazia falta a participação para nós e para as meninas que estavam acostumadas com o Culto Infantil. A comunicação era difícil naquela época. Certo dia, meu esposo foi para a cidade e viu um carro com a sigla IECLB. Seguiu o carro e descobriu a localização da Igreja, com instalações bem precárias. A comunidade era atendida pelo Pastor Ivo, que residia em Amambaí. O P. Ivo e a família foram nos visitar algumas vezes na Fazenda e assim nos integramos à Comunidade de Amambaí. Lá também foram batizados os nossos outros três filhos. Em 1984, nos mudamos para o interior de Tangará da Serra/MT. Fomos integrados à Comunidade por um casal de amigos (Leda e Erotides). E, assim, sempre que às condições das estradas nos permitiam, íamos à cidade para participar da Comunidade, um trajeto de aproximadamente 25 km. Nessa época, muitas foram às vezes que este casal nos buscou para podermos participar dos cultos. Depois, mudamos para o distrito de Progresso, o que facilitou um pouco o acesso à Igreja. Muitos cultos e estudos bíblicos foram realizados em nossa casa. Participei muito pouco da OASE, pois trabalhava 40 horas semanais como professora e tinha poucas condições financeiras e de locomoção. Mas, muitas vezes, colaborei nos eventos e participei dos encontros inter-paroquiais e sinodais que aconteciam nos finais de semana. Também nossos filhos fizeram um esforço para poder participar do Ensino Confirmatório, da Juventude Evangélica, do Presbitério e demais atividades da Comunidade, pois era necessário conciliar a questão financeira com os horários de ônibus e uma boa caminhada sob o sol forte ou a chuva. Na Comunidade, nossos filhos foram confirmados e receberam a bênção matrimonial, os netos foram batizados e celebramos a ordenação ao ministério pastoral de minha filha e a despedida de meu esposo. Contamos muito com a ajuda dos pastores e de suas famílias e, esse apoio, foi fundamental. Assim, os anos passaram, os filhos


cresceram, estudaram e se formaram. Cada um procurou o seu trabalho, uns por perto e outros mais distantes. O importante é que todos seguem participando da vida comunitária. Aproveitei a oportunidade e cursei Pedagogia pela UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso e logo ingressei na Pós-Graduação em Alfabetização. Conclui o mesmo em 2006. Em 2007 precisei cuidar da saúde. Depois de alguns exames e de cirurgia fui surpreendida com o diagnóstico de câncer de mama. Após uma série de exames, decidi que o tratamento seria feito em Cascavel/PR. Depois de uma nova cirurgia, radioterapia e fisioterapia, aproximadamente seis meses de tratamento, voltei a Tangará da Serra/MT para conciliar o trabalho e as consultas a cada 90 dias em Cascavel. Após cinco anos, recebi alta. Seis meses depois, o câncer se manifestou em forma de metástases nos pulmões e logo iniciaram as sessões de quimioterapia a cada 20 dias, em média. Nesse tempo, fui acolhida na casa da filha e do genro novamente. Ao completar o tratamento, exames comprovaram que o câncer foi vencido novamente. Durante o tratamento, o apoio da família e das comunidades foi fundamental, através das orações, do incentivo, da força que brotava da esperança. Muitas foram as pessoas que me acompanharam no tratamento, através da própria presença e de mensagens e de contatos telefônicos no caso das pessoas distantes. O tratamento seguirá por um longo tempo ainda, com consultas trimestrais em Cascavel. Fica um agradecimento especial a todas as pessoas que me acolheram e oraram pela minha recuperação, pois a união em oração também faz a força. Todo esse caminhar na Igreja me proporcionou uma segurança e um testemunho espiritual que se concretiza nas ações no dia-a-dia com toda a família. Agradeço a Deus por todas as bênçãos recebidas. Alegro-me, se a minha experiência na Igreja pode colaborar para este mutirão que reconta a participação de mulheres na história da IECLB. E que, minha (nossa) história, sirva de motivação para a participação, o apoio mútuo e redes de orações, fortificando cada pessoa no seu agir e pensar segundo a fé em Jesus Cristo.


Nome: Wally Gaedtke Drews Participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: Ilha da Figueira, Paróquia Apóstolo João Sínodo: Norte Catarinense

A Sra. Wally Gaedtke Drews (em memória) pertenceu, desde o seu batismo, à Comunidade da Ilha da Figueira, Paróquia Apóstolo João, até seu falecimento. Com a graça de Deus alcançou a idade de 89 anos. Em sua caminhada de fé compreendeu a importância dos grupos comunitários como Escola Dominical, Grupo de Jovens, Diaconia, OASE e Grupo de Pessoas Idosas. Sendo que destes, participou ativamente da OASE e Grupo de Pessoas Idosas. Wally sempre considerou importante a união das pessoas na vida comunitária e fora dela. Na vida comunitária, Wally auxiliou através de sua responsabilidade com a contribuição (financeira) e na motivação de pessoas para participarem dos cultos. Ela e seu esposo sempre estiverem muito presentes em todos os momentos da comunidade. Uma grande alegria era quando as pessoas falavam de sua importância na comunidade.

(Por Ursula K. Drews (nora) e Diácono Jaime José Ruthmann)


Nome: Walmi Nienow Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha/RS Sínodo: Nordeste Gaúcho

Nasci no dia 27 de outubro de 1943 na cidade de Feliz, Rio Grande do Sul. Sou filha de uma família luterana de agricultores a qual tinha um pedaço de terra para plantar e tirar o sustento. Eu sou a quinta mais velha de uma turma de 19 filhos e filhas. Tenho onze irmãs e oito irmãos (três falecidos). Cursei até o 3º ano primário. Aos sábados nós tínhamos que ir à escola onde a professora Iraceda Zimmermmann ensinava cantos, religião e desenho. Papai, Arno Einsfeld, sempre nos ocupava na lavoura, no trato com os animais e na lida da casa. Tínhamos um lindo pomar com frutas diversas. Em época de colheita, caminhões vinham da cidade para buscar as frutas. Meu pai as vendia e dali garantia o sustento da família que a cada tanto crescia um pouco mais. Naquele tempo não havia controle de natalidade, assunto desconhecido do qual faltava informação e orientação. Minha mãe, Amanda Einsfeld, ajudava na lida da roça e quando lhe sobrava um tempo, tecia balaios e cestas de crochê com palha de milho. Os balaios eram usados para buscar verduras na horta, recolher ovos entre outras coisas mais. Mamãe fazia também pomadas, vapores e chás para a família e os vizinhos, pois nem se falava em ir ao médico. Era uma mulher pequena, guerreira, cheia de amor e sabedoria. Com 13 anos fiz minha confirmação na comunidade do Bananal-Feliz-RS, com o pastor Lecke. Não havia grupo de jovens. O culto acontecia uma vez por mês. A Santa Ceia era oficializada na Páscoa e no Natal, pois o pastor atendia várias comunidades. Lembro-me de um pastor que vinha a cavalo, algo bem normal para a época e de um outro pastor que vinha de jipe, o que para nós era novidade.


Com 17 anos fui pela primeira vez a um baile. Com 19 anos fui princesa de um clube de futebol da sociedade local, Arroio Paixão. Conquistava-se o título com a venda de votos (Uma espécie de rifa cujo objetivo foi arrecadar fundos para o time comprar seu primeiro fardamento). Assim foi passando a minha juventude. Aos 20 anos fui trabalhar como doméstica em uma casa de família, em Porto Alegre. A cada quatro meses eu visitava a minha família. Muitas vezes chorei de saudades. O salário que eu ganhava entregava ao pai e à mãe para auxiliar nas despesas da casa. Trabalhei com essa família durante quatro anos. Depois, fui para São Leopoldo trabalhar em uma casa de idosos. Foi nesta época que conheci meu esposo Paulo Ninow (in memorian), que morava na cidade de Feliz. No período de dois anos e meio noivamos e nos casamos. Do casamento tivemos um filho, Emerson Alexandre Ninow, casado com Erica Margarete Maurer, pai de nossa neta Isadora. Paulo e eu nos casamos no dia 4 de outubro de 1969, em Bananal - Feliz. Em busca de trabalho fomos morar em Novo Hamburgo, cidade onde compramos um terreno e aos poucos, com muita luta, fomos construindo a nossa casa. No início participávamos dos cultos na Paróquia da Ascensão, centro de Novo Hamburgo. Mais tarde, quando fixamos residência no Bairro Rincão, onde moro até hoje, passamos a participar dos cultos no ponto de pregação que fora aberto no Bairro Rincão dos Ilhéus. Esse ponto de pregação pertence à Estância Velha, cidade vizinha de Novo Hamburgo. Havia ali um salão com uma cozinha e um espaço para a pregação do Evangelho. O Pastor Orlando Moacir Keil celebrava os cultos e batismos e membros da Comunidade Centro como o Sr. Jorge Möller(in memorian) e a sua esposa Artêmia (in memorian) também traziam mensagens. Mais tarde nos tornamos membros da Comunidade de Rincão dos Ilhéus. Grande momento que marcou minha caminhada de fé junto com meu marido foi a colocação da pedra angular do templo da Comunidade Evangélica Rincão dos Ilhéus, da qual sou membro. Anos depois, foram instalados os sinos. Chorei de emoção quando ouvi os sinos tocarem pela primeira vez. Ainda me lembro como se fosse hoje. Na comunidade sou membro ativa e participativa. Frequento os cultos, a OASE, o Grupo Cantos para Viver, o Grupo da Terceira Idade e ajudo nas promoções. Sinto-


me forte dentro da minha comunidade. Pois, na comunidade somos fortalecidos e fortalecidas na fé, esperança e amor para seguirmos firmes nas promessas de Deus. Sou aposentada, dona de casa, cuido de minha família e da comunidade para a qual desejo muitas bênçãos e perseverança. Para as irmãs e os irmãos em Cristo dedico o lema de meu casamento que diz: “Carregai o fardo um do outro, assim cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas 6.2).

História de vida coletada por Norma Schüller


Nome: Wanda Krueger Reinke Participação na IECLB desde a infância Comunidade Martim Lutero – Paróquia Apóstolo João, Jaraguá do Sul/SC Sínodo Norte Catarinense

Nasci em 26 de outubro de 1946, em Massaranduba/SC. Estou, portanto, com 70 anos. Sou filha de Ervino Krueger e de Wanda Kreis Krueger, já falecidos. Sou casada com Nelson Reinke há 52 anos. Temos 2 filhos e 2 filhas: Carmen, Arnildo, Rosima e Alirio. Atualmente, moro na cidade de Guaramirim-SC, na Avenida Egídio Peixe, localidade Ilha da Figueira. Eu participo desde pequena da IECLB. Fui batizada em 1 de janeiro de 1947 na Igreja Luterana no município de Massaranduba, localidade de Ribeirão Gustavo. Aos 08 anos comecei no Culto Infantil na localidade de Jacu-açú, Igreja da Paz, pertencente a Paróquia de Massaranduba. Também nessa Igreja fui confirmada no ano de 1960. No ano de 1965 casei na Igreja Luterana em Jaraguá do Sul/SC, Comunidade Apóstolo Pedro. Também nessa comunidade meus filhos e filhas foram batizados e batizadas. Hoje, setembro de 2017, pertenço a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Martim Lutero, Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo João, Jaraguá do Sul-SC. Eu participo da OASE Martim Lutero desde que ela foi fundada, em 16 de fevereiro de 2002. Há 10 anos, participo do grupo de Pessoas Idosas Hedwig Froelich Bruns, do qual eu sou secretária. No grupo e nas visitas às pessoas de fala alemã, auxilio a Pastora Pamela Milbratz e o Diácono Jaime José Ruthmann (não dominam a língua) nas leituras bíblicas e na escrita de textos em alemão.


Considero importante na vida da comunidade a convivência entre as pessoas, os momentos de orações, a visita as pessoas idosas e acamadas, levando a palavra de Deus, uma bênção e um abraço a elas. Nem sempre consigo ajudar como gostaria, pois tenho muitos problemas de saúde. Há 07 anos eu fui atropelada por uma moto. Em consequência do acidente coloquei 13 pinos nas pernas esquerda e direita. Tenho também, uma úlcera nervosa. Embora tudo isso me cause dor e sofrimento, nunca desisti de testemunhar a palavra do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois acredito que ela deve ser levada a todas as pessoas. As coisas que fiz e faço dentro da comunidade são muito gratificantes. Enquanto minha saúde permitir, quero continuar atuando nas atividades da comunidade, pois nelas, alimento e testemunho a minha fé no Deus altíssimo, no qual podemos confiar sempre. É Ele quem nos chama a contribuir na comunidade de fé. Um momento marcante dentro da comunidade foi quando eu tinha 13 anos e frequentava o Ensino Confirmatório. Nessa época, o pastor da comunidade de Jacuaçú, Paróquia de Massaranduba, nos contou sobre sua história de vida. O pastor contou que logo após seu casamento começou a Guerra. Ele e muitos outros tiveram que ir para a Guerra. O Pastor Friedrich Karl Höeck viveu por dez anos “debaixo da terra” levando consigo a Bíblia e o seu relógio que ajudava a marcar os dias, meses e anos. Assim, ele não perdeu a noção do tempo, mas só pode ver o céu, a lua e as estrelas depois de dez anos. Essa história me tocou muito. Outro fato marcante em minha vida foi a perda do meu irmão. Ele tinha 27 anos e faleceu cinco anos após o meu casamento. Um ano depois ocorreu a perda do meu saudoso pai. Sinto saudades deles até hoje. Porém, agradeço a Deus pela dádiva de ter podido conviver com eles. Agradeço a Deus, por meus filhos e minhas filhas estarem bem. Desejo que o Senhor Todo-Poderoso, Pai de misericórdia, continue nos abençoando, guiando e nos iluminando sempre.


Nome: Irmã Wera Franke Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo Comunidade: São Leopoldo/RS Paróquia: São Leopoldo/RS Sínodo: Sínodo Rio dos Sinos

RB: Irmã Wera, alcançaste a idade avançada de 97 anos, em 2014. Ao recordar a tua longa trajetória de vida, que pensamentos são predominantes? Irmã Wera: Só posso agradecer sempre de novo a Deus pela maneira como me guiou e acompanhou. Tive uma vocação clara para ser diaconisa e, em momento algum, eu quis ser outra coisa. Não posso me vangloriar de nada, porque, se pude servir e ajudar pessoas em suas dificuldades, foi pela graça de Deus. RB: Como foi tua infância e juventude? Irmã Wera: Nasci no interior de Santa Cruz do Sul/RS. O lugar se chamava Dona Josefa, onde meu pai era dono de um moinho, uma casa de três andares, junto a uma cascata. Os bisavós haviam imigrado para esta região, em 1852, vindos da Saxônia. Minha infância e juventude foi muito feliz. Gostava de brincar no moinho e arredores com meus irmãos. Também tinha uma casinha de boneca que meu irmão ajudou a montar. Mas, acima de tudo, gostava de ler os livros infantis que havia em casa. Quando comecei a frequentar a escola, já sabia ler. Minha sede de aprender era enorme. Mas, infelizmente, só pude visitar a escola em Dona


Josefa por dois anos. Meus irmãos também puderam estudar na “Escola Sinodal” em Santa Cruz do Sul. ”Meninas não precisam de muito estudo”, era a opinião na época. Mas eu implorei até que meus pais me deixaram também estudar na Escola Sinodal, por mais dois anos. Ali tive inclusive aulas particulares em português. RB: Tiveste uma vocação para ser diaconisa. Como foi isto? Irmã Wera: Meus pais assinavam “A Folha Dominical” (Sonntagsblatt). Esta trazia, de vez em quando, informações sobre a instituição Pella e Bethânia. Eu ficava com muita vontade de ajudar as pessoas pobres que ali moravam. Fui informada de que a melhor maneira de fazer isto seria tornar-me diaconisa. Eu também sonhava em ser professora de jardim de infância. Em Santa Cruz do Sul trabalhava a Irmã Paula Bergmann, muito amada pelas crianças. Foi o que bastou para completar minha vocação. Com 20 anos eu sabia que caminho tomar: ir para o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, que era a filial da Casa Matriz de Diaconisas de Wittenberg. Meus pais hesitaram em permitir. Mas meu tio disse: “Deixem-na! Em três meses estará de volta!” Não voltei, apesar de o início deste caminho ter sido muito duro. RB: Tua Casa Matriz de Diaconisas ficava na Alemanha, mas tu querias servir no Brasil. Como entender isto? Irmã Wera: Sim, a casa de formação das diaconisas que trabalhavam no Brasil desde 1913 ficava em Wittenberg, Alemanha. A Casa Matriz em São Leopoldo só foi fundada em 1939, um ano após o meu ingresso. Quando me perguntaram se eu queria pertencer à nova Irmandade, disse que não queria recomeçar do zero, uma vez que eu já estava trabalhando no Moinhos de Vento e usava o hábito das Irmãs alemãs. RB: Como foram os anos de aprendizagem? Irmã Wera: Minhas chefas diaconisas eram bastante severas e havia muito trabalho. Quem trabalhava na enfermagem também era responsável pela limpeza dos quartos e, em parte, pela lavagem da roupa dos pacientes. As alunas tinham aulas de enfermagem com um médico que dizia: “Como vocês já sabem...”. Desta forma, o aprendizado teórico foi muito fraco. Mas eu tentava, de alguma forma, preencher as lacunas. Lembro-me que o professor de anatomia deixava seu livro na recepção. Eu ia lá, levava o livro para o meu quarto e só devolvia no dia da aula. No mais, a gente aprendia observando e arriscando.


RB: Consegues lembrar-te de tua ordenação? Irmã Wera: Minha ordenação aconteceu sem que eu pudesse conhecer a minha Casa Matriz antes, pois em 1939 já iniciou a II Guerra Mundial. Em dezembro de 1945, as Irmãs no Hospital Moinhos de Vento ainda não ousavam aparecer em público. Por isso fui ordenada na clausura do hospital, junto com a Irmã Irma Engel. RB: Trabalhaste em hospitais de várias cidades, como Porto Alegre, Sinimbu, Montenegro, Estância Velha. Em Não-Me-Toque trabalhaste durante mais de 30 anos. O que mais te marcou? Irmã Wera: Em alguns hospitais só trabalhei por pouco tempo, para substituir Irmãs. O trabalho mais bonito foi no hospital Alto Jacuí em Não-Me-Toque. Em 1952 trabalhei ao lado de outra Irmã e, após 12 anos, tive que assumir a direção técnica no hospital. Os 40 leitos estavam quase sempre ocupados, porque, apesar de haver ainda um outro hospital na cidade, as pessoas gostavam de ser cuidadas aqui. Várias Irmãs jovens fizeram o seu estágio conosco, frequentando cursos à noite. Aqui adquiriram importantes lições práticas, que puderam usar e repassar mais tarde. Uma das Irmãs jovens foi Gerda Nied, que precisou muito destes conhecimentos quando trabalhou sozinha nas novas áreas de colonização. RB: O que foi especialmente difícil no teu ministério e o que foi gratificante? Irmã Wera: Difícil foi o meu despreparo para muitas das funções que eu tive que desempenhar. Nos pequenos hospitais, quando havia só um médico, as Irmãs também tinham que fazer anestesia e outros procedimentos que hoje só cabem a um profissional especializado. E, na ausência do médico, a Irmã tinha que “se virar”. Durante os meses em que substituí a Irmã-chefe no hospital em Sinimbu, o único médico se candidatou a vereador, o que significava muitas ausências no hospital. Dou graças a Deus que nunca aconteceu algo grave quando estive sozinha. Gratificante foi o bom convívio na equipe da enfermagem e a confiança que os pacientes depositavam em nós. Aprendi a conviver com pessoas diferentes e a perdoar. Também me alegro por ter podido trabalhar tanto tempo em Não-MeToque; pois, quando o exercício da enfermagem exigia cada vez mais conhecimentos, não fui demitida. A Direção valorizou minha experiência e minhas qualidades de liderança.


RB: Irmã Wera, estás hoje integrada na Irmandade da Casa Matriz em São Leopoldo. Como pensas sobre o futuro dela? Irmã Wera: Eu acompanho com muito interesse o desenvolvimento da Irmandade e também carrego no meu coração os problemas dos quais tenho conhecimento. Meu grande desejo é que a diaconia se desenvolva e que as comunidades despertem para ver sua importância. Também desejo que não acabe esta forma de Mutterhausdiakonie (= diaconia ligada a uma Casa Matriz), pois é tão importante que as pessoas que servem tenham um lar. RB: O que te alegra hoje? Irmã Wera: Alegro-me com a linda natureza e penso que devemos cuidar dela. Gosto de trabalhar no pedacinho de terra que chamo de “meu jardinzinho”.

Entrevista concedida a Irmã Ruthild Brakemeier (RB) São Leopoldo/RS


Nome: Zenaide Christmann Zarth Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo Comunidade: Eldorado.

Evangélica

de

Esquina

Paróquia: Horizontina/RS Sínodo: Noroeste Rio-Grandense

Uma mulher luterana ativa na vida comunitária e na luta popular

“A Zenaide é uma menina muito inteligente. Vai ter que continuar estudando”, disse o professor Ângelo, quando ela terminou o então “primário” em Esquina Eldorado, Horizontina, RS. No entanto, a menina muito inteligente não pôde estudar, porque “menina não precisa estudar”. A menina inteligente se transformou numa inteligente mulher. Constituiu uma linda família e buscou, com todas as suas forças, ser uma mulher feliz. Tendo crescido dentro de uma família muito ativa nas atividades de sua comunidade, Zenaide soube muito bem o que fazer para o bem da comunidade, usando os dons que Deus lhe deu e sendo feliz. Por muitos anos, foi orientadora do Culto Infantil, mas não tranquilamente onde já há uma estrutura montada. Com o apoio da liderança de sua comunidade, criou espaços para as crianças, primeiro no salão da sociedade, outras nas dependências da antiga escola, já que ainda não havia sido fundada a atual Comunidade Evangélica de Esquina Eldorado. Toda vez que eu vinha para casa, ela compartilhava suas alegrias nesta missão que desenvolvia, sempre ansiosa para receber novas ideias para novos momentos significativos, cheios de simbologia e sabedoria. E eu compartilhava as experiências em minhas comunidades. Éramos duas ministras colocando nossas vidas a serviço do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.


Um dia ela me recebeu com uma novidade: tinha assumido aulas de religião na nossa antiga escolinha. Quanta alegria! Quantos relatos de amor e carinho com aquelas crianças! Tenho muita saudade daqueles olhos lindos, cheios de emoção, que me olhavam, esperando o retorno emocionado dos meus olhos. E eu retornava! E às vezes chorávamos abraçadas! Ah, minha irmã querida, quanta saudade! Zenaide participou ativamente da fundação da Comunidade de Eldorado, ao lado do marido Ize, Luiz Fernando Zarth, também muito participativo, ao lado da nossa mãe Illa Hilma Golzer Christmann e do nosso pai Bruno Christmann, que, afinal, nos introduziram nesta paixão de viver comunidade. Sua filha Cristina e seus filhos Cristiano e Fernando também receberam este impulso. Eu lembro com carinho que era ela que levava o pote para as flores do altar. Atendendo ao seu desafio, meu pai buscava a argila que fixava as margaridas, e minha mãe as colhia no jardim lá de casa. Lembro também que o Ize fez uma cruz para o altar. Era uma cruz muito significativa. Muitos afazeres em casa e no cuidado de vacas leiteiras não foram desculpa para não servir em sua comunidade. Ela ainda teve um papel fundamental na criação do grupo de OASE, formado por vizinhas, parentes e amigas. “Lugar de lavar a alma”, ela dizia. Lembro que às vezes compartilhava tristezas e decepções, mas as superava constantemente, sempre com nova fé. Nesta vivência comunitária, onde muito se estudava a Bíblia, onde a pregação do Evangelho alertava para a missão libertadora no mundo, minha irmã Zenaide foi desafiada a entrar na luta pelos direitos do povo oprimido. Eram os inícios do MMTR (Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais) em meados dos anos 80. A conquista da aposentadoria da trabalhadora rural veio desta luta, depois de reconhecida a sua profissão. “Não é presente, não”, ela dizia. “É resultado da nossa organização”. Eu lembro daquele rosto lindo iluminado por um baita sorrisão, quando me mostrou seus documentos profissionais. “Agora também sou cidadã”, ela disse. “Cidadã trabalhadora rural”. Eu sentia muito orgulho de Zenaide. Ela estava colocando em prática o que eu pregava do púlpito. Lembro muito bem do carinho que eu sentia por ela quando ela me contava como as mulheres eram vítimas da repressão policial nas manifestações. Foi quando ela começou a entender o que era a terrível ditadura militar pela qual passava o nosso país.


Outra frente de luta foi dentro da cooperativa, onde as mulheres não tinham nem o direito de falar nas assembleias, muito menos de ter suas reivindicações ouvidas. Lembro que fiquei pasma ao ouvi-la me contando que a mulher não podia ser sócia da cooperativa. No movimento sindical, onde as portas já estavam mais abertas, ela também atuava. Também nas frentes políticas, quando se forjava um novo jeito de fazer política. Isto foi há mais de 30 anos. Podemos imaginar todo o preconceito que havia contra o engajamento da mulher, todo o falatório que ela precisava ouvir sobre as suas saídas de casa, sobre as suas viagens, sobre a sua vontade de colocar em prática o que tinha aprendido nos cultos de sua comunidade, nos estudos bíblicos da OASE, na preparação e nas celebrações do culto infantil e nos estudos das aulas de Religião. Esta foi Zenaide Christmann Zarth, uma mulher luterana ativa na vida comunitária e na luta popular. Eu tenho muito orgulho de ter sido irmã dela. Zenaide com certeza teria vivenciado muito mais a serviço do Evangelho, se a morte não tivesse vindo tão cedo. Ela está agora junto a Deus. Eu aqui, em meio à minha saudade, imagino-a sentada numa rodinha de anjos , ensinando-lhes a cantar: “Damos graças ao Senhor, damos graças, graças pelo seu amor. De manhã cedo os passarinhos estão cantando louvando ao Criador E tu amiga(o), por que não cantas, louvando a Cristo Jesus, teu Salvador?” Zenaide Christmann Zarth Nascida em 24 de março de 1955. Falecida em 27 de abril de 2001. Filha de Illa Hilma Goelzer Christmann e Bruno Christmann. Esposa de Luiz Fernando Zarth. Mãe de Cristina e Cristiano (gêmeos) e Fernando. História de vida relatada e escrita por Louraini Christmann (pastora na IECLB)


Nome: Zilda Eggers Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo (31.10.1952) Comunidade: Maripá/PR Paróquia: Maripá/PR Sínodo: Sínodo Rio Paraná

Eu sou Zilda Eggers, fui batizada em Tuparendi/RS, no dia 31 de outubro de 1952. Com 15 anos comecei a frequentar a juventude, onde inclusive cantei no coral. Com 18 anos comecei a namorar e me casei com 19. Meu marido, Hugo Eggers, era professor e diretor da Escola Oswaldo Cruz em Cruzeiro, Santa Rosa/RS. Ali nasceu nossa primeira filha. Casamos em 24 de janeiro de 1959, e em março começou a OASE. Eu recebi um convite para participar e desde então eu faço parte. Eu estava participando há poucos dias e já me convidaram para fazer parte da diretoria. Meu marido sempre me apoiou; algumas vezes, eu não queria assumir cargos, mas ele me incentivava. Em Carazinho, Hugo foi diretor da Escola Rui Barbosa, e nesta época aconteceram mudanças na nossa Igreja e faltavam pastores. Então começou um curso intensivo, e o Pastor Schlieper nos levou junto à Porto Alegre, e ficamos lá nove meses para o Hugo estudar. Após esse tempo de estudo, fomos enviados para a Paróquia de Maripá, no Paraná, que depois foi desmembrada, formando a nova paróquia de Nova Santa Rosa. Desde então, estou ativa dentro da OASE. Nós assumimos o trabalho do Reencontro de Casais. Lideramos este trabalho durante 16 anos. Eu sempre estive ao lado do Hugo. O trabalho do Reencontro de Casais foi algo que marcou a minha vida. Até hoje amo esse trabalho da nossa Igreja. Amo os casais Reencontristas. Continuei sempre participando da OASE, como orientadora do núcleo. Quando se formou a V Região Eclesiástica, fui a segunda vice-presidente, depois


tesoureira, e assim, durante vários anos, participei da diretoria da OASE em nível sinodal. Nesse período, comecei o trabalho com artesanato em nível de sínodo. Depois fiz esse trabalho nos núcleos e ainda hoje ajudo nas comunidades. Ainda hoje participo ativamente do nosso grupo de OASE local, aqui em Toledo/PR. Hugo e eu tivemos uma filha (Virlene, que nasceu em Santa Rosa/RS) e quatro filhos (Gerson e Daniel, que nasceram em Santo Ângelo/RS; Tiago e Paulo, que nasceram no Paraná). Tenho oito netos. A Igreja, para mim, representa tudo em minha vida. Minha fé está baseada no Senhor, e faço tudo por amor. Eu me sinto bem dentro da minha Igreja. É uma das coisas que sempre valorizo muito, porque a minha Igreja sempre me deu apoio. Desde que me conheço por gente, participo das atividades da Igreja: ensino confirmatório, de que eu gostava muito, juventude... Quando Hugo e eu nos casamos, no primeiro dia em nossa casa, ele disse: “Nós vamos começar com Jesus!” Assim, sempre que nos sentávamos à mesa para comer, orávamos. Mantenho esse costume até hoje; à minha mesa não se come sem primeiro fazer a oração. Então, a minha Igreja é tudo para mim. Se eu não tivesse esse apoio que tenho da OASE, não sei se teria sobrevivido nesta minha viuvez. É por causa desse apoio que estou sempre feliz e alegre, sempre participando e fazendo artesanato. Onde posso, e na medida do possível, estou ajudando, pois a gente já não tem mais 20 anos. Mas eu sempre digo que vou ajudar até quando Deus me permitir. Vou ajudar dentro da minha comunidade, onde me sinto bem. E sempre tive apoio dos meus pastores. Quantas vezes fui pedir ajuda e vocês não me abandonaram! Também o Pastor Nilo, nosso Sinodal, nos ajudou muito quando o Hugo ficou doente. Em 2008, fiquei viúva, mas continuo sempre buscando fortalecer a minha fé, nos cultos, nos estudos bíblicos, nos grupos de famílias que temos aqui nos bairros. Participo em tudo. Tudo isso fortalece a minha fé, porque eu preciso sempre pegar de novo da água viva. Lembro-me de vários momentos marcantes em minha vida. Um dos mais importantes foi o nascimento dos filhos, porque nós queríamos muito. Outro foi quando ganhei um convite especial para participar de Congresso da OASE e lá recebi uma homenagem. Por isso eu não esperava, e chorei muito. Lembro-me de que, quando cheguei em casa, liguei para o meu filho, Tiago, que me disse: “Mãe, tu viste quanta coisa boa vocês dois fizeram? A recompensa está aí! Deus nunca abandonou vocês!”


O nascimento do primeiro neto também me marcou muito. Foi uma alegria para toda a nossa família. Depois nasceu a neta, e foi muito bacana. Hoje se está dando mais espaço e importância para a mulher na Igreja. Mas nem sempre foi assim. No começo, quando eu me casei, ainda não era assim. Somente com os anos isso foi mudando, e a mulher foi conseguindo mais espaço, inclusive podendo estudar para ser pastora. Como palavra final, quero incentivar as mulheres mais novas a participarem dos grupos de senhoras, a participarem da OASE, pois isso faz bem. A gente cresce na fé e cresce como pessoa, como mulher. Quanta coisa se aprende nesses grupos... Eu agradeço a Deus pela oportunidade que tive dentro do grupo de OASE, pois lá foi onde mais cresci como mulher e também como cristã. Foi lá que eu mais aprendi a Palavra. Hugo e eu acumulamos muita experiência de vida no período em que ele exerceu o pastorado. Na medida do possível, sempre trabalhamos juntos. Enquanto ele dava o Ensino Confirmatório, eu ensinava artesanato ou lia um livro para as mulheres dos grupos de OASE. Ao todo, eram oito grupos na Paróquia. Nós cantávamos, fazíamos brincadeiras ou uma gincana bíblica... O Hugo fazia um estudo bíblico com elas. Às vezes, numa semana eu ia a três lugares diferentes com o Hugo. Participei sempre de todos os congressos e das diretorias da OASE em todos os níveis, tanto no núcleo quanto no Sínodo. Atualmente ainda recebo convites para participar, mas agora não quero mais. Agora vou trabalhar na minha comunidade, mas sem o compromisso com cargos, e vou fazer o que posso, o que sei, o que amo. Fazer visitas é uma das coisas de que eu mais gosto, principalmente visitas aos mais carentes. Durante as visitas, nós cantamos e levamos uma mensagem bíblica. Às vezes eu não acho palavras, mas Deus me dá. Eu sempre peço sua ajuda para poder falar o que é certo. Enquanto eu puder, darei apoio. Gosto de cantar sempre: “A minha fé e o meu amor, estão firmados no Senhor”.


Nome: Ziza Silva de Santana Merkle Tempo de participação na IECLB desde o Casamento Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Vale do Paraíba/SP Sínodo Sudeste

Meu nome é Ziza Silva de Santana Merkle, nasci no interior da Bahia, na Fazenda Pedra Verda, em uma pequena cidade chamada Ibicaraí, no ano de 1954. Sou a segunda filha de uma família de dez irmãos. De família católica, fui batizada aos cinco anos de idade e fiz minha Primeira Comunhão na igreja de Ibicaraí. Meus pais trabalhavam na produção de cacau, também plantávamos para nossa subsistência. Todos nós ajudávamos na plantação, conforme ficávamos mais velhos. A fazenda era como uma pequena vila familiar onde, além da casa em que eu morava, havia mais cinco casas: a dos irmãos, a do meu pai e a de meus primos com os quais dividi minhas brincadeiras de infância. Lá, muitas coisas eram usadas em comunidade, como a escola, a casa de farinha e a barcaça. Nessa época, acesso à saúde era algo bem difícil para nós: o parto era feito em casa, por parteiras, e o tratamento muitas vezes com plantas medicinais. Mas a maior dificuldade desse período era a falta de água. A seca predominava o ano todo. Desde pequena tive como atribuição cuidar dos meus irmãos menores para que meus pais pudessem trabalhar, com isso, assumi desde cedo as responsabilidades da casa. Nessa época, descobri um dos meus hobbies favoritos que é pescar, aprendido com o meu pai. E, também foi adolescente que aprendi com minha mãe a costurar e cozinhar. No início da juventude, junto com meu irmão, passei a trabalhar na vendinha de meu pai, que tinha seu maior movimento nos finais de semana, devido aos jogos de futebol, disputados na proximidade. Era também uma forma de me divertir e sair de casa, já que meu pai era muito rígido e não permitia que as filhas saíssem sozinhas.


Aos dezessete anos, incentivada pelo meu irmão mais velho, saí de casa sem o consentimento de meu pai. Me casei para poder vir para São Paulo com um pretendente que conhecia bem pouco até esse momento. Chegando em São Paulo, logo engravidei de meu primeiro filho, o Welton. Logo depois, meu primeiro marido faleceu. Foram tempos de muitas dificuldades, mas sentia que Deus estava lá, me sustentando. Não consegui mais estudar e precisei trabalhar em casas de família para manter a mim e ao meu filho. Graças a algumas mães de coração, colocadas por Deus no meu caminho, com o passar dos anos tudo foi se ajeitando, consegui emprego na Nestlé e voltei a estudar. Nesta época, meu filho Welton estava com quatro anos. Seria difícil trabalhar, estudar e cuidar dele sozinha, por isso, ele foi morar com a minha família. Não foi um momento fácil para mim, mesmo tendo certeza de que ele estaria bem cuidado. Depois de um ano, consegui ajuda de uma amiga que se dispôs para ficar com o Welton durante o meu horário de trabalho. Então, fui buscar ele para morar comigo novamente. O reencontro com meus pais foi um momento bem marcante de minha história no qual pude pedir perdão a eles. Mais tarde, precisei novamente da ajuda deles e de meus irmãos. No ano de 1979 passei a trabalhar como atendente em um prédio da Nestlé que estava à venda, na cidade de São Paulo. Foi neste local que conheci o Valdir, meu marido. Ele e mais dois amigos, estavam visitando o prédio, em nome da empresa. Um deles sempre arrumava uma desculpa para falar comigo e chegou a me convidar para um café, mas eu não tinha interesse. Valdir sempre foi quieto e nunca tinha mostrado interesse por mim, até o dia em que os ônibus estavam em greve e ele me perguntou onde eu morava e se eu queria carona. Disse a ele que não. Mas, ele ficou no ponto de ônibus com seu fusca, me esperando sair do trabalho. Aceitei a carona e daí por diante ficamos amigos. Aproximadamente três meses de jantares e conversas, começamos a namorar e no Natal de 1979, noivamos. De cultura diferente da minha, inicialmente houve resistência da família dele em me aceitar, exceto de meu sogro que sempre nos deu apoio. Depois de um tempo de convivência passei a fazer parte desta família. Casei-me em 05 de julho de 1980, na Igreja Luterana de Guaratuba/PR e, assim, passei a fazer parte da comunidade luterana. Logo que me casei, buscamos meu filho Welton para morar conosco e nos mudamos para São José dos Campos/SP. Em 1981 nasceu minha filha Daniela, que foi batizada na igreja de Guaratuba. Passamos então a procurar a igreja luterana no Vale do Paraíba. Conhecemos a família Gielow que nos recebiam em cultos


atendidos pela Paróquia de Ferraz de Vasconcelos, pelos pastores Zulmir Ernesto Penno e Ivário Fries. Depois de algum tempo, passamos a frequentar os cultos num espaço cedido pela igreja Metodista, e não mais nas casas como estávamos fazendo. Durante os primeiros anos em São José dos Campos trabalhei com venda de roupas e joias. Neste tempo, conheci amigos que se tornaram minha referência de família, já que estávamos distantes das nossas. No ano de 1984 nasceu meu filho Alexandre, que foi batizado já em São José dos Campos. Dez anos depois, em 1994, nasceu minha primeira neta, Shaiane, filha do Welton com a Marta. Foi também batizada na igreja Luterana, mas ela seguiu caminho na igreja católica, como a mãe. Nos anos que se seguiram sempre fomos presentes na comunidade luterana e fiz a primeira indicação para compra de um terreno no Jardim Americano, onde foi instalado nosso primeiro local de culto. Foi fruto de uma ação missionária no Vale do Paraíba, local em que foram confirmados meus filhos. Para o custeio desta igreja, assim como o atual templo no Jardim Satélite, foram muitas festas e trabalhos desenvolvidos em conjunto com a comunidade para custear os sonhos. Os trabalhos em artesanato, na casa da Dona Erica Gielow, com o grupo de senhoras, sempre oportunizaram, além das amizades, desenvolver mais habilidades e experimentar momentos muito gostosos de lembranças. O grupo se mantém até hoje. No ano de 1998 me tornei proprietária de um restaurante, o que foi uma experiência nova e bastante desafiadora, pois não tinha sócio e a demanda de trabalho era grande. Esta foi mais uma fase importante de crescimento e desenvolvimento. Após três anos, saí do ramo de alimentação e me mantive trabalhando com corretagem de seguros. Ainda hoje trabalho neste ramo. Sempre me identifiquei com o trabalho que envolve pessoas e vendas. Minha filha Daniela casou-se no ano de 2010, com Martin, e desta união nasceram mais dois netos: o Murilo, em 2013, e a Laura, em 2016. Meu filho Alexandre casou-se em 2014 com minha nora Thaís e tiveram a minha neta mais nova, Heloísa, em 2017. Ano passado ainda me tornei bisavó do Thor Gabriel. Desde o nascimento do Murilo a função de avó se tornou grande parte dos meus dias. Meus netos hoje também frequentam a igreja, o que é uma alegria para mim e meu esposo. O que posso dizer... A vida é cercada de desafios e aprendizagem, mas o mais importante é que Deus sempre esteve presente.


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