Jornal Evangélico Luterano Ano 47 nº 811 Novembro 2017

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Jornal Evangélico Luterano | Ano 47 | Novembro 2017 | no 811

Livro de Canto da IECLB Soli Deo Gloria Ser para a glória de Deus! A complexidade e a beleza da música são expressão de louvor a Deus, o autor da música, que nos deu a voz, a arte e a criatividade

Dar e receber feedback...

Lutero - Reforma: 500 anos

ou ‘Não me importa o que pensam!’?

Confiança nesse Deus, de amor e vida

Gestão Ministerial

Unidade

Fé, gratidão e compromisso A contribuição nossa de cada dia Gratidão


Jorev Luterano - Novembro 2017

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REDAÇÃO

Livro de Canto da IECLB Soli Deo Gloria “A Visão da IECLB, ser reconhecida como Igreja de Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacandose pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação, nos dá as pistas para desenvolver a esperança: são o testemunho reiterado do amor de Deus, o serviço abnegado em favor da dignidade humana e o respeito irrestrito pela Criação que nos transformam em Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias”, lembra o Documento Estações do Jubileu - Estação de Novembro/2017: Esperança, emitido pela Presidência da IECLB. O Documento destaca que não podemos esperar pela adesão imediata da maioria. É preciso semear continuamente pequenas ações que transformam e regar as iniciativas que agregam e não excluem pessoas, incentivando cada gesto que leva a Comunidade a transpor as suas fronteiras, de maneira a cumprir a Missão que Deus confiou à IECLB, a saber: propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal, na família e na Comunidade, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo. “Façamos a nossa determinação nadar contra a corrente do pessimismo e da indiferença. É para uma viva esperança que somos chamados e chamadas, graças à grande misericórdia de Deus (1Pedro 1.3)”, frisa a Presidência da IECLB. Justamente nesta viva esperança, com muita gratidão a Deus, em ano de Tema Alegres, jubilai! Igreja sempre em Refoma: agora são outros 500, e em pleno fervilhar de celebrações referentes ao Jubileu da Reforma, a IECLB recebe o seu Livro de Canto e o álbum duplo Música Luterana 500 anos, obras que marcam a importância da Música no movimento da Reforma até os dias atuais, também para a IECLB. Soli Deo Gloria, expressão que consta na capa do Livro de Canto da IECLB, que alcançou a surpreendente marca de 40 mil exemplares na campanha de pré-venda, representa o cerne confessional da música luterana e, portanto, do Livro de Canto e da sua intenção: ser para a Glória de Deus. Este era o princípio do uso que Lutero fez da música!

CAPA ‘Soli Deo Gloria’, expressão que consta na capa do ‘Livro de Canto da IECLB’, representa o cerne confessional da música luterana e, portanto, do ‘Livro de Canto’ e da sua intenção: ‘ser para a Glória de Deus’. Este era o princípio do uso que Lutero fez da música!

Jornal Evangélico Luterano | Ano 47 | Novembro 2017 | no 811

Livro de Canto da IECLB Soli Deo Gloria Ser para a glória de Deus! A complexidade e a beleza da música são expressão de louvor a Deus, o autor da música, que nos deu a voz, a arte e a criatividade

SUMÁRIO 2

REDAÇÃO

CARTA À COMUNIDADE EXPLICAÇÃO DA CAPA EXPEDIENTE

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ENFOQUE

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PALAVRA

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PRESIDÊNCIA

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FORMAÇÃO

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DIVERSIDADE

Dar e receber feedback...

Lutero - Reforma: 500 anos

ou ‘Não me importa o que pensam!’?

Confiança nesse Deus, de amor e vida

Gestão Ministerial

Unidade

Fé, gratidão e compromisso A contribuição nossa de cada dia Gratidão

JUBILEU DA REFORMA CHARGE OFERTAS NACIONAIS INDICADORES ECONÔMICOS GESTÃO MINISTERIAL COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS TEMA DO ANO PALAVRA DA PRESIDÊNCIA RETROSPECTIVA AGENDA EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA PROPOSTA METODOLÓGICA FACULDADES EST SEXUALIDADE PRONUNCIAMENTO

8-9 UNIDADE

LUTERO - REFORMA: 500 ANOS

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FÉ LUTERANA

FAÇAMOS O BEM E NÃO O MAL

PERSPECTIVA

A COMUNIDADE E OS SEUS ESPAÇOS TERAPÊUTICOS VAMOS ROMPER COM O INDIVIDUALISMO!

MISSÃO

PLANO DE AÇÃO MISSIONÁRIA DA IECLB PROJETOS MISSIONÁRIOS PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO CAMPANHA DE MISSÃO VAI E VEM

GRATIDÃO

FÉ, GRATIDÃO E COMPROMISSO SAÚDE

GESTÃO

GESTÃO ADMINISTRATIVA DOCUMENTOS NORMATIVOS GUIA PARA O PRESBITÉRIO

SÍNODOS

ALEGRES, JUBILAI!

MÚSICA

LIVRO DE CANTO E ÁLBUM MÚSICA LUTERANA

O coração não pode ficar voltado para si mesmo. Precisa manifestar gratidão e amor. Martim Lutero EXPEDIENTE Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet - Reg. Prof. 10925 Administrativo Elizangela Basile ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios Rua Senhor dos Passos, 202/5º 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone (51) 3284.5400 E-mail jorev@ieclb.org.br Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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ENFOQUE

Jubileu da Reforma Dando seguimento ao projeto das Estações do Jubileu da Reforma, a Presidência da IECLB convida para, neste mês de novembro de 2017, refletirmos sobre a nossa esperança nesses que são, agora, outros 500. Como Igreja que carrega marcas da Reforma, a nossa herança e o nosso jeito de ser Igreja nos encorajam a olhar para o futuro com esperança e confiança. A Igreja que queremos ser está definida: queremos ser reconhecida como Igreja de Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação. Volto sempre de novo a esta questão, porque ela é de extrema importância. Não se trata de uma formulação contida em um documento perdido em uma gaveta. Ela é fruto de muita discussão, foi sancionada pelo Concílio e integra o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI). É com esperança que podemos olhar para o futuro. A nossa confessionalidade e os nossos valores nos dão razão de sobra para isso. De quais recursos adicionais precisamos? Menciono como fundamental a determinação de nadar contra a corrente do pessimismo, do desânimo e da indiferença. Os tempos em que vivemos nos induzem à desesperança: queremos fazer a diferença, mas nos sentimos tolhidos pelo desinteresse

INDICADORES FINANCEIROS

Reforma

da maioria em relação aos assuntos da Comunidade, pelo ‘tanto faz’, porque a corrupção corre solta no Brasil, pela superficialidade das relações reduzidas a ‘curtidas’ nas redes sociais. Não há modelos prontos: cada Comunidade precisa descobrir, à luz do Evangelho, na realidade em que está inserida, como dinamizar o seu testemunho para dentro e para fora. O compromisso que todas têm, no entanto, é o de compartilhar com as demais Comunidades as suas experiências de testemunho. Entendo que a organização da IECLB dá espaço para isto: reuniões de Conselhos Paroquiais e Assembleias Sinodais deveriam ser redescobertas como espaço para a troca de experiências missionárias. Isto vale também para o Concílio da Igreja. Explorem mais estes espaços da estrutura e usem melhor o espaço reservado para cada Comunidade e cada Paróquia no Portal Luteranos! Trechos do documento emitido pela Presidência da IECLB

UPM Outubro/2017

4,3530

Índice Setembro/2017 0,16 % Acumulado 2017

Cristo envia o Espírito Santo ao meu coração, o qual me dá alegria para fazer o bem. Martim Lutero

OFERTAS NACIONAIS 12 DE NOVEMBRO 23o Domingo após Pentecostes Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia A formação teológica é um dos bens da IECLB, por isso necessita de cuidado e acompanhamento. Para melhor cumprir esta tarefa, a Igreja criou o Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia. Este Programa prevê a realização de diversas atividades. Entre as atividades desenvolvidas pelo Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia, estão os Retiros com Estudantes de Teologia dos três Centros Formação conveniados com a IECLB. Nestes Retiros, estudantes têm a possibilidade de conviver e estabelecer vínculos, bem como refletir sobre temas importantes para a Igreja. Outra atividade do Programa é a oferta de orientação para o desenvolvimento pessoal. Nesta ação, por meio da assessoria de uma profissional da área da Psicologia, cada estudante é desafiado, desafiada a refletir sobre as suas condições pessoais para a sua atuação futura na IECLB, como Ministro Ordenado ou Ministra Ordenada. Também merece destaque a atividade da Mentoria Espiritual, que consiste no acompanhamento de estudantes, por um Ministro ou uma Ministra da Igreja. Dessa forma, as Comunidades da Igreja apoiam e zelam pela formação teológica dos seus futuros Ministros e das suas futuras Ministras.

1,78 %

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PALAVRA GESTÃO MINISTERIAL

Feedback ou... Não me importa o que pensam!‘ P. Dr. Victor Linn | Pastor, Psicanalista e Coach Quando uma pessoa diz ‘Não me importa o que pensam’, é provável que esteja se enganando. Esta pode ser a expressão de um desejo que assim fosse, uma forma de se defender da dor e da mágoa em vista de expectativas que se frustram. No Ministério, no voluntariado, na família, a frustração pela falta ou inadequação de feedbacks é uma das grandes fontes de mal-estar e sofrimento. O ser humano precisa do olhar e do reconhecimento do outro. Feedbacks são como o óleo que lubrifica a ‘máquina’ das relações. Considerando-se a importância e os efeitos dos feedbacks, é uma responsabilidade básica das lideranças fazê-los com competência. Não havendo habilidade inata, pode ser aprendida ou aperfeiçoada. Temidas e evitadas, críticas fazem parte do feedback e são facilmente confundidas com ataques pessoais. Aprendendo a fazê-las construtivamente, tornamse bem-vindas e valorizadas. Para isso há algumas regras básicas: Feedback construtivo baseia-se em uma postura de valorização, que respeita a individualidade da outra pessoa. Não critica nem faz pressão moral, mas reconhece méritos e informa, de maneira aberta, elucidativa e específica, algum aspecto (comportamento, eficiência) que incide de forma negativa no trabalho ou nas relações e pode ser otimizado. Não de forma vaga e difusa, mas informa de maneira concreta, para que seja plausível, convincente e estimule para uma mudança. É fundamental considerar o momento, o contexto, a disponibilidade da outra pessoa em receber o feedback, para assegurar-se de que esta entendeu e aceita o proposto.

COMPETÊNCIAS MINISTERIAIS

A importância da Homilética Cat. Dra. Haidi Drebes | Secretária da Habilitação ao Ministério P. Dr. Mauro Souza | Secretário da Ação Comunitária Homilética é a parte da Teologia encarregada de refletir sobre a pregação na Igreja. Pregação, por sua vez, é termo que abrange as formas pelas quais a Igreja comunica a Palavra de Deus. Prédica é uma forma de pregação: é uma reflexão baseada em um texto bíblico, dirigida a uma Comunidade reunida em oração. O termo ‘prédica’ é bastante utilizado na IECLB, assim como ‘mensagem’, ‘reflexão’, ‘homilia’. A prédica pode ter várias funções que são definidas pelo texto bíblico que a embasa. A prédica pode animar, confortar, consolar, desafiar ou ensinar. Quem prega precisa levar em conta três elementos indispensáveis: o conteúdo, o contexto e a forma. O conteúdo é o ‘o quê’ da prédica - a mensagem central, aquilo que queremos que a prédica fale ou faça. O contexto é o ‘onde’ a prédica acontece - quem são as pessoas, qual é a ocasião, em que situação vivem. A forma é o ‘como’ a prédica será performada - o método, o jeito, a estratégia usada para fazer com que a mensagem chegue aos ouvidos e, dali, ao coração e ao cérebro das pessoas. Os três ele-

mentos precisam estar em diálogo constante. Antes de falar, no entanto, é preciso ouvir, por isso uma das habilidades mais importantes para quem prega é a capacidade de ouvir. Ao ouvir, passamos a entender melhor como as pessoas vivem, amam, sofrem, se alegram, se relacionam consigo mesmas, com as outras pessoas, com Deus. Ouvindo, temos uma chance maior de falar para dentro das vidas das pessoas. Cremos, a partir da afirmação do apóstolo Paulo, que a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo, conforme Romanos 10.17. Pregar, portanto, é uma das mais importantes atribuições da Igreja. Ao dedicar-se com afinco ao estudo da Homilética, as pessoas chamadas pela Igreja para pregar enxergarão nesta tarefa uma oportunidade ímpar. Poderão estar falando sobre Jesus, Deus e aspectos do Seu Reino para pessoas que estarão ouvindo pela primeira vez e para pessoas que estarão ouvindo pela última vez. Pregar é um privilégio que precisa ser levado muito a sério.

TEMA DO ANO

Nele existimos! P. Dr. Emilio Voigt | Coordenador do Núcleo de Produção e Assessoria Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17.28a). O terceiro verbo do Lema do Ano da IECLB em 2017 trata da existência humana e pode ser traduzido por ‘somos’: Nele somos. Esta, aliás, é a tradução que Lutero escolheu. Então, o que é, afinal, ‘ser’? Muitas pessoas dedicam boa parte da vida à busca incessante por ‘ser alguém’. Ter bom estudo, ter promissora carreira, ter estabilidade financeira, são, por vezes, confundidos com ‘ser’. Talvez, você já tenha se deparado com frases do tipo: Estude para ser alguém!, Trabalhe para ser alguém!, Ganhe dinheiro para ser alguém! ou Quando crescer, quero ser alguém! Sim, queremos ser alguém, mas o que define esse ‘ser alguém’? O que acontece quando uma pessoa não alcança os padrões que definem o ser alguém? Ela permanece ou, então, se torna ‘ninguém’? Uma crônica de Rubem Braga nos desafia a refletir: Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: - Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? ‘Então você não é ninguém?’. Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: ‘não é ninguém, não senhora, é o padeiro’. Assim ficara sabendo que não era ninguém... Os padrões de Deus são outros. Diante de Deus, não precisamos nos tornar. Nós já somos! Somos pessoas amadas por Deus. Somos não por nosso empenho ou por nossas qualidades. Somos porque Deus nos aceita assim como somos. Deus acolhe, perdoa e nos torna pessoas justificadas, capazes de amar e praticar o bem. Por causa do amor de Deus, nós somos! Por causa do amor de Deus, nós existimos! Para mais informações, acesse o Portal Luteranos


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PRESIDÊNCIA

Agora, começam os ‘outros 500’! Olhar para o legado para construir o futuro P. Dr. Nestor Friedrich | Pastor Presidente da IECLB

Lutero e o seu empenho que resultou na Reforma precisam ser compreendidos a partir da sua Teologia. Enquanto a Igreja da época difundia a imagem de Deus como juiz severo, o que favorecia o comércio de indulgências, Lutero redescobriu a mensagem verdadeira da Escritura: o sacrifício de Cristo trouxe (e traz a cada novo dia!) o presente (a graça) chamado perdão. O que Deus requer de nós (e este é seu amoroso convite) é que peçamos perdão, nos arrependamos e, em resposta, vivamos como pessoas generosas, solidárias, promotoras da paz e

da justiça. A partir dessa redescoberta, Lutero sentiu-se livre, livre de medo e culpa diante de Deus e pronto para mostrar as consequências dessa fé para a vida em sociedade. É possível que ainda não tenha sido suficientemente compreendido – tanto por luteranos e luteranas, quanto pela sociedade brasileira – o legado da Reforma do século XVI a partir da Teologia de Lutero. Tomemos como exemplo a educação. Lutero foi enfático nisso. Ele constatou que, na sua época, a população era ludibriada em nome da religião e pela política

Quando alguém, por meio da fé, reconhece o quanto Deus o amou, o seu coração se torna alegre e amável para com Deus. Martim Lutero

e grande parte disso se devia ao fato de o povo ser iletrado. Ouvia pregações como se fosse o Evangelho, mas o Evangelho não era. Daí que Lutero definiu e defendeu a importância da escola – também para mulheres! O que fizeram as famílias luteranas que vieram ao Brasil a partir de 1824? Ali onde um grupo de famílias luteranas abria uma picada para fincar suas raízes, a primeira providência era criar condições para as crianças disporem de escola. Eine Kirche - Eine Schule, diziam, ou seja Uma Igreja Uma Escola. Das teses de Lutero, temos a valorizar a importância da sua visão de ética. Ética na política, por exemplo, que tanto faz falta no Brasil. Lutero não misturou nem confundiu ética cristã e política. Ele distinguiu e relacionou. Para o Reformador, fazer política é cuidar de quem sofre e impedir que se pratique o mal. A ética luterana requer saber que, como pessoa cristã, tenho responsabilidade cidadã. Lutero, aliás, tem uma singela e profunda definição de ética. Disse ele: ‘Se eu soubesse que morreria amanhã, ainda hoje pagaria as minhas dívidas’. Pensemos como seria a nossa convivência em sociedade se a educação de qualidade fosse direito de todas as pessoas e se essa ética governasse os nossos atos!

AGENDA | NOVEMBRO 4/11

8-12/11

RETROSPECTIVA

Valores inerentes à democracia Ética, justiça, verdade, respeito, transparência e diálogo são valores inerentes à democracia. São igualmente valores que pautam a vida e a missão confiada por Deus à IECLB [...]. Um dos princípios da Constituição da IECLB reza que, ‘em obediência ao mandamento do Senhor, a IECLB tem por fim e missão propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária, promover a paz, a justiça e o amor na sociedade e participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo’ (Art. 3º).

13-15/11

Esse testemunho é a grande oportunidade que Deus concede a cada membro à medida que assume a sua responsabilidade cidadã. Ser, participar e testemunhar com base na justiça e na verdade, em resposta e fidelidade ao amor de Deus por nós. Essa é uma parte importante da nossa contribuição para um país onde a justiça e a paz florescerão mais e mais à medida que a verdade prevalecer. Manifesto Protestos nas ruas do Brasil (2013)

19/11

24-25/11

Assembleia Sinodal do Sínodo Vale do Taquari Westfália/RS P. Inácio Lemke Synode (Concílio) da EKD e da VELKD Bonn/Alemanha P. Nestor Friedrich Council to the Committee for World Service (Federação Luterana Mundial) Genebra/Suíça P. Nestor Friedrich 125 anos de fundação da Associação Beneficente Pella Bethânia Taquari/RS P. Inácio Lemke Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Nestor Friedrich Pa. Sílvia Genz P. Inácio Lemke

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FORMAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA

Formar-se ou aprender a aprender? Profa. Márcia Bach de Oliveira Lorentz | Orientadora do trabalho com crianças e adolescentes na Paróquia Cristo Salvador, em Curitiba/PR Quem já teve essa experiência, sabe bem o que é a alegria de uma Formatura. Segundo o dicionário, o verbo ‘formar’ significa dar forma. As palavras devem nos provocar, por isso... Que ‘forma’ você tem? Durante a vida, a pessoa passa por experiências que lhe dão, por assim dizer, uma forma. Essa forma não é definitiva nem prémoldada. É um processo em permanente movimento no qual estão incluídos o estudo, as leituras e os relacionamentos. A velocidade com que as informações são produzidas e transmitidas e o volume a que temos acesso mostra que a educação é um processo que jamais tem fim. Nunca estaremos totalmente formados ou formadas. Sinceramente? Gosto disso! A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) propôs, em 1997, quatro pilares para a educação em nosso milênio e um deles é aprender a aprender. Disposição e humildade

para reconhecer a necessidade de buscar o conhecimento são o ponto de partida para aprender a aprender e premissas dessa mudança de paradigma. Precisamos nos adaptar a uma nova realidade em que a leitura, o estudo, a curiosidade e a busca constante e autônoma fazem parte do cotidiano. Nesse sentido, faz-se necessário afiarmos o nosso senso crítico para avaliar o que é importante e buscar fontes confiáveis que tragam bom embasamento e novos conhecimentos. Em nossa vida cristã, será que nos ‘formamos’ na fé? Conheci uma senhora muito querida, que, do alto dos seus 80 anos, era a mais assídua frequentadora de um curso que tivemos em nossa Comunidade sobre o livro de Romanos. Lembrei dela quando li o comentário de Lutero, citado ao lado do Salmo 150 na Bíblia Sagrada com Reflexões do Reformador: Enquanto viveres não tenhas outro sentimento a teu respeito a não ser

como o de alguém que ainda não ama a lei de Deus e que necessita urgentemente dela. Assim, a resposta para a pergunta acima é: não há formatura na fé! Essa é também a compreensão da nossa Igreja quando defende uma Educação Cristã Contínua, ou seja, durante toda a vida, por isso trabalha para que os conteúdos vistos na infância ou no Ensino Confirmatório, por exemplo, sejam estudados novamente na vida adulta. As perguntas e a maneira de ver a vida e Deus mudam conforme o tempo, mas a necessidade de aprender e reaprender não. Aprender a aprender sobre Deus é um desafio permanente e instigante. Necessitamos buscar o conhecimento sobre Deus e a sua vontade para nós, por isso busquemos a fonte mais fiel e confiável, a Bíblia, para conhecer melhor o nosso Deus, não como alguém que conhece apenas de vista, mas como alguém cujo propósito é dar para nós o que de melhor podemos alcançar.

CRIANÇAS | PROPOSTA METODOLÓGICA

Calendário de Advento Material necessário Um exemplar da Revista O Amigo das Crianças nº72. Momento 1 O Advento está chegando. Que tal, junto com a criança, preparar a casa e o coração para a chegada do Natal? Neste ano, o Advento começa no dia 3 de dezembro. O Calendário de Advento é um jeito bacana de vivenciar essa época tão especial. Com ele, a família toda pode acompanhar a proximidade do Natal.

Momento 3 Para cada dia, há uma atividade que pode ser feita com a criança. No dia 24, é, então, aberta a porta da casa para receber o menino Jesus. Dica Assine a Revista O Amigo das Crianças e receba o Calendário de Advento gratuitamente! Você também pode comprar exemplares avulsos do Calendário para presentear as crianças da sua família, grupo, escola ou Comunidade, auxiliando no trabalho desenvolvido pela Obra Gustavo Adolfo (OGA).

Momento 2 A novidade deste ano é que o Calendário de Advento é repleto de janelinhas! No primeiro dia do Advento, é aberta a primeira janelinha.

www.est.edu.br

Curso de Musicoterapia A Faculdades EST é a única instituição do Rio Grande do Sul a oferecer o Bacharelado em Musicoterapia, um curso para quem gosta de música, sabe tocar algum instrumento e tem espírito empreendedor. Segundo a Federação Mundial de Musicoterapia, a Musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um Musicoterapeuta qualifica-

Sugestão extraída da Proposta Metodológica para uso da Revista O Amigo das Crianças, nº 72. Leia a Proposta Metodológica completa e saiba como assinar a Revista O Amigo das Crianças no Portal Luteranos

do, com um indivíduo ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidade físicas, mentais, sociais e cognitivas, ou seja, a terapia pode ser utilizada para proporcionar melhor qualidade de vida, seja por meio de prevenção, reabilitação ou tratamento. Além disso, o futuro Musicoterapeuta terá cada vez mais áreas de trabalho, podendo atender em clínicas ou hospitais na área da saúde mental, na recuperação de dependentes químicos (drogas e álcool) ou na reabilitação a deficientes físicos, no atendimento a deficientes mentais e sensoriais, no atendimento a mães e pais no pré-natal, na estimulação em bebês nas creches e em outras instituições, no atendimento a pessoas idosas.

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Vestibular de Verão 2018 A Faculdades EST está com inscrições abertas para o vestibular 2018/1 nos cursos de Bacharelado em Teologia, Bacharelado em Musicoterapia e Licenciatura em Música até 19 de novembro de 2017. As inscrições acontecem exclusivamente pelo site da EST. Quem optar pela nota obtida no ENEM, deve encaminhar uma cópia simples do seu boletim de desempenho para o e-mail graduacao@est.edu.br, que elimina a prova do vestibular. A taxa de inscrição é de R$ 40,00. As provas acontecem no sábado, 25 de novembro, às 9h, na EST. Os resultados serão divulgados no dia 29. As matrículas acontecem entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro, na Secretaria Acadêmica da EST. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 51 2111.1400 e pelo WhatsApp 99871.7685.


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DIVERSIDADE

Sexualidade e Pessoas com Deficiência Direito humano fundamental para a qualidade de vida Luciana Steffen | Musicoterapeuta, é Doutoranda em Teologia

O direito de exercer a sexualidade é garantido por lei como um direito humano fundamental para a qualidade de vida de todas as pessoas. Por outro lado, a prática revela que pessoas com deficiência são, muitas vezes, impedidas de vivenciar a sua sexualidade por questões de preconceitos e discriminação, tanto no meio familiar quanto educacional, médico e religioso. São diversos os mitos em torno da sexualidade das pessoas com deficiência como, por exemplo, a ideia que são assexuadas. Essa visão representa um olhar limitado sobre a sexualidade, o relacionamento sexual e a própria deficiência,

uma vez que todas as pessoas são seres sexuados. Em relação à sexualidade das pessoas com deficiência, as maiores dificuldades enfrentadas não estão nos seus corpos, mas nos preconceitos e estereótipos, na falta de atendimento e serviços adequados de saúde, na falta de informação acessível e de orientação e legislação adequada, ou seja, o que torna as pessoas incapazes de desenvolver e vivenciar a sexualidade são as questões sociais e culturais. Nesse contexto, as mulheres aparecem em desvantagem em relação aos homens, pois, além de enfrentarem pre-

conceitos e discriminação por causa da deficiência, precisam enfrentar os preconceitos de gênero. Para que haja real mudança, além de ampliar as concepções tradicionais que reduzem a sexualidade à função de procriação, é necessário considerar as especificidades das pessoas com deficiência. Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, ‘É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade... à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal e de outras normas que garantam o seu bem-estar pessoal, social e econômico’ (Art 8º). Negar a sexualidade das pessoas com deficiência é desumanizá-las, priválas de dar e receber amor, afeto, companheirismo, de viver a sua vida com completude. Preconceitos religiosos sobre sexualidade e deficiência também estão implicados, mas a sexualidade de forma responsável, segura e respeitosa é expressão da graça de Deus. Nesse sentido, todas as pessoas são dignas, únicas, capazes, íntegras e merecedoras de respeito e direito de exercer a sexualidade com informação, sem coerção, discriminação e violência.

PRONUNCIAMENTO

Deus é amor! Palavras simples, mas que requerem uma fé muito grande. Martim Lutero

Cada qual ame e honre seu consorte Estamos conscientes e lembramos que a sexualidade faz parte da Boa Criação de Deus, constituindo-se numa maravilhosa dádiva divina, pela qual devemos sempre ser gratos a Deus, vivendo-a também em responsabilidade diante de Deus e do próximo. Afirmamos ainda que a fé em Jesus Cristo, que queremos tornar concreta na convivência na Igreja, nos leva a viver a nossa sexualidade em respeito

ao matrimônio e ao próximo, conforme os ensinamentos da Palavra de Deus. [...] Lutero assim explica o 6º mandamento, no Catecismo Menor: ‘Devemos temer e amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte’. Posicionamento do Conselho da Igreja Agosto/2001

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UNIDADE

UNIDADE

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Por que o mal existe? Por que Deus permite a existência do mal? Deus não tem poder para terminar com o mal? Como conciliar a presença de um Deus Pai, Todo-Poderoso, com manifestações tão concretas do mal?

Por que o mal existe? Por que Deus permite a existência do mal? Deus não tem poder para terminar com o mal? Dificilmente, alguém que tenha pensado com seriedade em sua fé, deixou de se fazer estas perguntas, especialmente quando ficamos perplexos perante crimes bárbaros, como foram, por exemplo, o holocausto judeu, as guerras que produziram grandes massas de imigrantes famintos e desvalidos, os atentados terroristas, o extermínio de grupos étnicos, as diversas situações geradas pela violência humana (Gn 4.9) ou diante da realidade da fome, que revela um sistema econômico injusto e excludente que é a própria personificação do mal e, ainda, frente às catástrofes naturais, como o Tsunami que varreu a Ásia em 2004, os terremotos devastadores, como vi-

P. Dr. Marcos Augusto Armange, Ministro na Comunidade Concórdia de São José dos Pinhais/PR

mos no Haiti e no Chile, e os furacões nunca antes observados, como o ‘Irma’, que devastou muitas ilhas do Caribe. Como conciliar a presença de um Deus Pai, Todo-Poderoso, com manifestações tão concretas do mal? Estas são questões sobre as quais a Filosofia e a Teologia se debruçam em um debate milenar, o que revela a complexidade do tema, impossível de ser sintetizado e muito menos exaurido nas poucas linhas de um artigo. O nosso objetivo, portanto, é humilde. Ora, respostas intelectuais ou mesmo moralistas, como foram aquelas dadas pelos amigos de Jó (Jó 2, 4, 8 e 11), não fariam sentido para as pessoas que experimentaram em suas vidas as manifestações do mal nem para aquelas que perderam pessoas que amam. Está em jogo a própria justificação de Deus pelo ser humano, que, angustiado, procura perceber a presença de Deus em um mundo onde as experiências do mal são tão visíveis. Neste sentido, o livro de Eclesiastes, na pessoa do pregador, com o seu discurso pessimista e tão pós-moderno, dá voz a um grande contingente de pessoas que, diante da desesperança, está inclinado a confessar: Tudo é ilusão (Ec 1-2). O ramo da Teologia e da Filosofia que se ocupa com as questões do mal e da existência de Deus é denominado Teodicéia. A Teodicéia caracteriza o mal como uma força oposta à vontade de

Deus, um poder que domina e arrasta o ser humano para a miséria e para a morte. Ela distingue o mal em ‘mal moral’, ou seja, aquele que se expressa no pecado como ação e condição humana existencial, ‘mal metafísico’, que é a manifestação da realidade angustiante da finitude humana, e ‘mal natural’, de natureza impessoal, que provém de catástrofes naturais a que estamos sujeitos no mundo. No decorrer da história do Cristianismo, a Teodicéia estabeleceu o debate em diferentes bases. Inicialmente, as reflexões foram sendo construídas na área moral. Clemente de Alexandria e Agostinho defendiam a ideia que o mal decorre do livre arbítrio (Conflito Pelagiano). Deus permite o mal porque o seu amor prefere criar pessoas livres ao invés de pessoas incapazes de pecar. Assim, o ser humano teria liberdade de abraçar o bem ou o mal em sua vida (mais tarde, Lutero combateria essa tese). Posteriormente, a Teodicéia arriscou explicar a existência do mal por um viés pedagógico, vendo o mal como um fator importante para a maturidade espiritual, já que a obrigatoriedade de viver e conviver com o sofrimento move a pessoa, de um estado de fé infantil, para um processo de amadurecimento da fé que nos aproxima de Deus. Outras formulações importantes foram aquelas designadas de Teodicéia Escatológica e de Comunhão. A primei-

ra diz que Deus encaminha a história humana para o estabelecimento definitivo do seu Reino de Justiça, onde o mal não mais existirá. Deus vê o todo da história, do seu princípio à sua consumação, e, consequentemente, o papel que o mal desempenha nela, enquanto o ser humano tem uma visão parcial e imprecisa. Em Jesus Cristo, no entanto, Deus antecipa o futuro da história, a reconciliação, como sinal que ela se encaminha para esse final preestabelecido. É necessário, portanto, neste espaço entre a existência e a essência, uma postura de confiança em Deus e a admissão que a compreensão plena do mal só será respondida na consumação dos tempos. A Teodicéia da Comunhão, por sua vez, defende a ideia que mais importante que o interesse sobre as origens do mal é o fato que Deus pode ser conhecido no sofrimento humano, pois Deus se tornou vítima do mal na crucificação de Jesus. Assim, o sofrimento, experimentado pela Criação e pelo Criador, proporciona oportunidade de comunhão entre o ser humano e Deus. Mesmo a despeito das Teodicéias, permanece a necessidade de alguém que aponte concretamente para a presença de Deus na vida e no mundo. O apóstolo Filipe pede a Jesus: Senhor, mostre-nos o Pai e assim não precisaremos de mais nada (Jo 14. 8). Da mesma forma que os primeiros discípulos, queremos saber onde Ele está, conhecê-lo, tirar as dúvidas. Então, os mistérios seriam respondidos, a fé seria inabalável, a vida, o mundo e a própria questão do mal teriam um sentido. Jesus responde a Filipe: Filipe, já estou tanto tempo com vocês e você ainda não me conhece? Quem me vê, vê também o Pai (Jo 14. 9). Portanto, quem olha para Jesus, enxerga também a Deus. Em Jesus, Deus visita o mundo, é o Emanuel (Mt 1.23), o Hosana (Mt 21.9), a encarnação do Verbo (Jo 1.1-4), o Messias (Mc 8. 29). O Novo Testamento fala em Jesus como aquele que, pela Palavra, tem domínio sobre o mal (Lc 9.37-43, Lc 11.14-23 e Mt 8.28-34) e como o único que resistiu às suas tentações (Mt 4.1-11). As primeiras testemunhas

cristãs são unânimes neste sentido: quem quer conhecer Deus, precisa conhecer Jesus! Olhar para a história humana ou para a própria natureza, na qual encontramos tão concretamente as manifestações do mal, nos joga na desesperança e na descrença, mas é diferente quando olhamos para Jesus. É também para este caminho que

Somos pessoas chamadas a confiar na soberania e no amor de Deus, que desce, se sacrifica, cuja última palavra é amor e vida, por isso temos motivos para estarmos alegres e jubilar, pois, em Deus, vivemos, nos movemos e existimos.

Martim Lutero conduz o nosso olhar. As suas Teses, discutidas em Heidelberg, em 1518, confrontaram a Teologia Medieval com a Teologia da Cruz. Lutero rejeitou o que ele chama de Teologia da Glória, uma Teologia que se baseia em méritos e na sabedoria humana para chegar a Deus, e afirmou uma Teologia da Cruz, revelada, cuja justiça não vem de nós, mas da graça recebida mediante a fé (Ef 2. 8-9), que nos leva a confessar Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo (Mt 16.16). Nela, vemos um Deus que não está alienado ao sofrimento da sua Criação. Em Jesus, Deus mesmo

(Fp 2) sofre e padece na cruz. É ali, na cruz, loucura para a sabedoria humana, que Deus se oculta e se revela. Assim, Deus é conhecido não na força, mas na fraqueza, não na demonstração de poder, mas na manifestação do amor que se dispõe a sofrer, se torna vitima do mal, a fim de converter o ser humano para si (Rm 3.24-25). Deus sabe o que é sofrer e Ele é solidário ao ser humano no sofrimento, porque Ele mesmo sofreu em Cristo. No sofrimento, é possível comunhão com o Cristo crucificado (Mc 8.34-38). O mal, neste sentido, não é só custoso ao ser humano, mas também ao próprio Deus. É um Deus poderosamente fraco. Não se trata de uma limitação da sua soberania. Significa, isso sim, que Ele escolheu nos salvar por meio da cruz (1Co 1.25). Deus sofreu e foi vítima nos atentados terroristas, nas guerras, no holocausto judeu, na violência humana e nas catástrofes naturais. Deus foi refugiado faminto e desvalido (Mt 25.40). No entanto, isto é só parte da realidade. A cruz revela um movimento posterior, o da ressurreição de Jesus, que nos conduz do sofrimento à glória, do ódio ao amor, da morte para a vida. A ressurreição é o sinal antecipatório de que o mal foi derrotado. Isso dá um sentido que transcende ao sofrimento e à morte, porque, pela graça de Deus, quando somos encontrados por Jesus, o seu destino torna-se também o nosso destino. Todavia, o problema do mal, mesmo a despeito das Teodicéias e do nosso olhar conduzido a Cristo, continua sendo um dos mistérios do Deus absconditus, do Deus não revelado, conforme Lutero. Somente quando vier o perfeito, não teremos nada mais a perguntar e isso coloca um desafio à fé: somos pessoas chamadas, a exemplo de Jó, a confiar na soberania e no amor de Deus contra a realidade empírica do mal, a não se entregar ao discurso pessimista de Eclesiastes, mas confiar neste Deus que desce, se sacrifica, cuja última palavra é amor e vida, por isso temos motivos para estarmos alegres e jubilar, pois, em Deus, vivemos, nos movemos e existimos (At 17.28).

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FÉ LUTERANA

Colaboramos com o mal que denunciamos P. Afonso Adolfo Weimer | Ministro na Comunidade em Corbélia/PR, é Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Rio Paraná Ao ler esta frase, podemos ficar em dúvida. É uma afirmação ou uma pergunta? Estamos afirmando que colaboramos com o mal que nós mesmos denunciamos ou é apenas uma pergunta provocativa? Os dois! É uma pergunta provocativa. Quer chamar para a reflexão: O quanto eu colaboro para o mal que eu mesmo denuncio? Também é uma afirmação: Eu colaboro com o mal que eu denuncio! Precisamos descobrir o quanto nós colaboramos. Vamos tornar mais concreta e prática esta conversa. Um dos males que assola a nossa sociedade, básico e visto por todos, é a questão do lixo. O lixo nas ruas das cidades e nos lotes vazios. Este lixo é produzido e jogado pelos ‘outros’. Quem são os outros? Na sequência, vem o mosquito tríplice transmissor de doenças. Só no quintal ‘do outro’ que ele se cria? Vamos seguindo a reflexão... De onde vêm as 50 mil mortes anuais do trânsito em nosso país? São ‘os outros’ que desobedecem aos sinais, à velocidade e às leis do trânsito? Seriam os mais de 200 mil feridos graves do mesmo trânsito? Continuando... De onde vêm as 60 mil mortes violentas por ano? Vêm daqueles outros bandidos que têm armas? Como ficam aqueles que defendem o uso liberado

das armas? Para que querem a arma? Qual é o alvo de uma arma? A assustadora violência contra as mulheres só acontece na casa ‘dos outros’? O abuso de menores é sempre na casa ‘do outro’? Isto tudo acontece sempre e somente com ‘esta gente que não tem Deus no coração’? Ficamos indignados diante do mal que se mostra tão presente, atuante e

Olhe para os Mandamentos, para a Palavra de Deus e seja sincero, avaliando palavras e ações: O quanto colaboro com o mal que denuncio? forte. Para haver indignação, é preciso que eu confira dignidade ao que está sofrendo o mal. Quando olho para as vítimas de toda e qualquer violência como criaturas dignas, pois criadas à imagem e semelhança de Deus, dou a elas dignidade. Quando, porém, olho com desprezo e digo ‘eles merecem, pois são um lixo mesmo’, não há indignação e ainda

colaboro com o mal que eu mesmo não quero sofrer. Onde ouço palavras de indignação? Nos manifestos da Igreja, em algumas Comunidades, em Cultos e encontros da Igreja. Onde ouço palavras de desprezo? Nas conversas em rodas de amigos, nas redes sociais, na fila do mercado ou do banco, na imprensa em geral, nas posições políticas. As palavras de ódio são mais recorrentes e presentes. Assim você dirá ‘Nunca falei mal de fracos e vítimas de violência’, ou ‘Nunca desejei o mal ao abandonado’! Se você não colaborou com o mal com as suas palavras, que obra de misericórdia fez para diminuir o mal entre nós? Vestiu, visitou, alimentou, saciou, abrigou, acolheu ou orou, intercedendo? As suas palavras são de indignação diante do mal, mas e as suas atitudes? Aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado (Tg 4.17). Colabora com o mal, com o pecado! Olhe para os Mandamentos, para a Palavra de Deus e seja sincero, avaliando palavras e ações. Jesus é radical nesta avaliação: Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo? (Lc 6.46). Para refletir leia Mateus 5.17-48

O mal que não quero, esse faço P. Erivelton Schwantz Demari | Ministro na Comunidade de Dourados/MS Em nossa sociedade, nas relações, sejam as mais próximas ou distantes, vivemos entre o bem e o mal. Cabe perguntar: Em que momento estamos vivendo hoje? Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é um servo prestativo em todas as coisas e está sujeito a todos. São dois versículos do Apóstolo Paulo em 1Corintios 9.19, Sou livre em todas as coisas, contudo fiz-me servo de todos..., e adiante, em Romanos 13.8, A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros. O amor é, pois, prestativo e se sujeita ao objetivo que ama. Em Gálatas 4.4, o mesmo é dito acerca de Cristo: Deus enviou seu filho, nascido de mulher e sujeitado a lei (Da Liberdade Cristã - Martim Lutero). Observando os versículos citados, podemos adentrar em outros aspectos da vida cotidiana. Para todos os públicos, a liberdade, as escolhas, as ocupações, os medos, as leis, os Mandamentos e tantos outros aspectos nos escravizam ou isolam de pessoas e instituições. A grande maioria das pessoas mais jovens já nasceu na era informatizada. Não tem ideia do que é ter vivido em um tempo sem wi-fi. Talvez não consigam compreender a vida de alguém da era antes da Internet, que teve o privilé-

gio de experimentar relações olho no olho, relacionamentos mais presentes. Antes, com poucos acessórios e sem acessos a redes sociais, mas com outras formas de dialogo. Hoje, com muitos acessórios e acessos, mas pouco dialogo presencial. Vivemos o tempo do temor em olhar espelhos e especialmente nos olhos. A nossa vida está em um ciclo. Hoje, atri-

Deus continua sendo Deus independente do que você faz e só Ele tem poder de perdoar e livrar do poder deste mal! buímos nomes aos ‘altos e baixos’, como bipolaridade, depressão, déficit de atenção, síndrome do pânico, transtorno obsessivocompulsivo. Naquela época, talvez muitos abraços tenham curado dores, pois os amigos ficavam ao nosso lado nos momentos de aflição e não virtualmente, como acontece hoje. Assim, pouco a pouco, recuperávamos o bem-estar e os nossos ‘problemas’

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não se tornavam doenças crônicas. É prematuro falar ou apontar maior felicidade aqui ou ali, neste tempo ou naquele. Tornou-se fácil pecar. Tornou-se fácil cair na tentação de julgar as pessoas e até uma geração. A evolução do ser humano trouxe inúmeras benfeitorias em todas as áreas. Portanto, cada vez mais fazemos o mal que não queremos. Tudo se torna involuntário. É como estar em crise pelo esquecimento. O breve, logo, não será mais lembrado. O que fazer, então? Essa é a grande pergunta. Não vamos terceirizar a nossa culpa pelo mal que fazemos nem culpar a natureza humana por tantos episódios não assumidos com a nossa participação. Certo é que nos cercamos de acessórios que nos escondem ou nos dão outra identidade, tirando-nos o compromisso de assumirmos as fases e etapas da vida. Acontece que somos comprometidos com o reconhecimento da própria culpa. Aqui entra a obra de Cristo: ele não morreu pelo seu pecado, mas por você, que é pecador, seja em pensamentos, palavras, atos e/ou omissões. Deus continua sendo Deus independente do que você faz e só Ele tem poder de perdoar e livrar do poder deste mal! Para refletir, leia Romanos 7.19


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PERSPECTIVA

Nesse mundo em guerra, Cristo nos convida a viver em paz

A Comunidade e os seus espaços terapêuticos

Profa. Dra. Ema Marta Dunck Cintra | Docente no Instituto Federal de Mato Grosso e Presidente do Conselho da Igreja Quando chega a Primavera em nossas Comunidades Luteranas, celebramos a Semana Nacional da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE). Em Cuiabá/MT, ao término do Culto, que, neste ano, foi realizado pelas mulheres, um novo membro perguntou ‘O que seria a OASE?’. Expliquei o motivo e quando surgiu o grupo, os principais trabalhos desenvolvidos pelas mulheres, o lema da OASE, Comunhão, Testemunho e Serviço, e exemplifiquei com ações das mulheres em âmbito local. Nesse diálogo, também comentei que, além da importância do que é feito, o grupo termina se tornando um espaço para dividir alegrias, sofrimentos, enfim um lugar de acolhimento, em que as mulheres se sentem bem e querem estar sempre presentes, pois se percebem cuidadas, protegidas, compreendidas e amadas. O grupo se torna, assim, uma Comunidade Terapêutica. A vida das pessoas está tão atribulada, que elas esquecem que Viver Comunidade, como Cristo orientou e era prática nas primeiras Comunidades Cristãs, pode ser uma terapia para amansar o coração, abrandar as dores, se sentir pessoa amada e acolhida. É só seguir os ensinamentos dele. Nesse mundo egoísta, Cristo diz que devemos viver em total comunhão (At 4.32). Nesse mundo de desesperanças, Cristo

diz que devemos praticar a fé. Nesse mundo capitalista e individualista, Cristo diz que devemos viver a solidariedade, a unidade e a partilha de bens (At 2.44ss, 4.32 e 4.34-37). Nesse mundo em guerra constante, Cristo nos convida a viver em paz e exorta a todos a se edificarem mutuamente (At 9.31-38). Viver Comunidade é isso! É saber que, entre todas as pessoas, deve existir a comunhão fraterna, que se manifesta na aceitação das demais pessoas, na preocupação em dividir dores e alegrias, na distribuição dos serviços que cabe a cada uma. Isso faz um bem tremendo às pessoas! Como a OASE, há tantos outros grupos comunitários em que a amizade é fortalecida, em que a presença do Deus é invocada, em que as pessoas se preocupam umas com as outras, em que o testemunho é levado para fora da Igreja, em que os membros se sentem amados, acolhidos e escolhidos por Deus. Esses são espaços que, se prestássemos um pouco mais de atenção, poderiam se tornar um lugar muito mais procurado pelos membros. Então, vamos nos permitir participar dos grupos da OASE, das Mulheres, dos Homens, da Juventude e tantos outros que existem nas nossas Comunidades. Vamos viver a Comunidade Terapêutica oferecida por Deus. Ela nos é dada de graça!

Deus não precisa das nossas obras nem pediu que fizéssemos algo para Ele, exceto louvar o seu nome e agradecer. Martim Lutero

Antigas memórias e novas gerações estão perdidas?

Não! Vamos romper com o individualismo! P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS

Em Comunidades urbanas da IECLB na Grande Porto Alegre/RS, tenho percebido a ausência de pessoas jovens na vida da Comunidade. A observação pode ser feita nos Cultos, mas também na escuta da preocupação de diferentes lideranças nas Comunidades. Recentemente, em um Congresso da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), fiz uma enquete com quase 500 mulheres, a maioria acima de 50 anos de idade, portanto, avós. Na ocasião, perguntei-lhes se as suas netas e os seus netos seriam membros da nossa Igreja. A maioria das mulheres levantou a mão para confirmar o ‘não’! De fato, estamos diante de uma situação para a qual não tenho resposta, mas ela precisa ser colocada e sem medo. Precisamos conversar sobre o assunto e pesquisar com aquelas pessoas que estão ausentes. Alguns Especialistas que estudam o comportamento religioso dizem que está havendo uma dificuldade das gerações mais velhas repassarem às mais novas a vivência de fé dos antepassados. Entretanto, essa não é a causa, mas a consequência. Então, onde está o problema da ruptura da correia de transmissão da fé para as novas gerações?

Para buscar uma das repostas para a nossa pergunta, é preciso dizer que, entre as gerações mais maduras e as mais novas, há uma perda da memória coletiva. O que se passava de geração em geração, não acontece mais. Então, estariam perdidas as antigas memórias e as novas gerações? O Salmo 78.2-4 nos ajuda a entender o problema: Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. Ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos, contaremos à geração vindoura... A tarefa está dada pelo Salmista, mas o que precisamos trazer para o debate ainda? Estudiosos dizem que o individualismo moderno enfraquece a memória coletiva. Brasa longe do braseiro apaga mais cedo, diz o ditado. A nossa sociedade incentiva o individualismo ao máximo. Então, o problema vem de fora para dentro da Comunidade de Fé. Além disso, não falta religiosidade entre as pessoas jovens, dizem pesquisas. Fato é que, na pregação e na vivência da fé, o individualismo deve ser questionado, pois é necessário romper esse intruso. Sem ele, a memória do grupo se refaz! Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

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MISSÃO

Missão de Deus: a vida abundante P. Dr. Pedro Puentes | Secretário de Missão Em uma apresentação sobre evangelização contextualizada, aparecia a seguinte pergunta: Qual seria o impacto, para o bairro ou para a cidade, se a sua Comunidade não existisse? A pergunta quer saber se a Comunidade faz alguma diferença para o lugar onde ela se encontra, pelo tipo de testemunho que a Comunidade oferece ao mundo que a circunda. Será que não é suficiente dizer que a Comunidade Cristã é um testemunho de Jesus Cristo e do seu Evangelho? Para Comunidades como as nossas, com programas e atividades de longa data, talvez seja bom perguntar: Para que fazemos o que fazemos? Os programas e as atividades da Comunidade respondem a quais necessidades das pessoas? Às necessidades de quem elas respondem? Elas respondem mesmo às necessidades?

As necessidades das pessoas são diversas e, às vezes, complexas, podendo ser físicas, sociais, psicológicas, religiosas, entre outras. Diante disso, pouco adianta argumentar que a preocupação da Igreja é só espiritual. Como Comunidade de Jesus Cristo, vivemos sob a palavra que diz Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância [vida completa, segundo a NTLH], conforme João 10.10. Jesus descreve a Missão de Deus como o agir que propicia às pessoas uma vida completa. Se isto é assim, é prudente, antes de elaborar o planejamento dos nossos programas e das nossas atividades, observar as pessoas e as suas necessidades. Certamente, encontraremos necessidade de esperança no desespero, serenidade nas

incertezas, perdão perante a mágoa, abraço em meio à solidão, reconhecimento diante da negação, comida na presença da fome, inclusão na exclusão, compreensão na confusão, lazer no esgotamento, abrigo na falta de lar, trabalho na desocupação, justiça na injustiça, amor em meio à indiferença, etc. Então, como organizaríamos a Comunidade para responder a estas e outras tantas necessidades?

Paixão e Projetos Planejamento Missionário Missionários Secretaria de Missão A paixão de Deus pelo mundo é fundamento da Missão. Cristo, que é o sinal mais claro dessa paixão, nos antecipou o Reino de Deus. Por ele: pessoas são acolhidas, ouvidas, valorizadas, perdoadas, curadas e transformadas. As crianças, as mulheres e as migrantes são defendidas e abençoadas. Às pessoas pecadoras e de má fama, é proclamado o perdão que segue o arrependimento. Também as leis que ferem o amor ao próximo são questionadas. Na incerteza afirma-se, a fé. No desespero, anuncia-se a esperança. A morte é vencida pela ressurreição e o amor é promulgado como a nova lei. A antecipação do Reino sempre esteve acompanhada do louvor e da oração a Deus, bem como da comunhão. Entretanto, só uma postura de abertura, encontro e diálogo com Deus em relação às pessoas que nos rodeiam possibilita um louvor, uma oração e uma comunhão que nutram a paixão necessária para conduzir a Ação Missionária.

P. Altemir Labes | Secretário Adjunto para Missão e Diaconia Após os quatro momentos: Apaixonarse pela Missão, Assumir a Missão, Analisar a Situação e Definir as Ações, estamos no quinto e último momento do Planejamento Missionário: Executar as atividades. Para que as Ações Missionárias possam ser efetivadas, é necessário estabelecer as atividades e as tarefas que precisamos realizar para alcançar os objetivos. Neste momento, vamos definir prazos, recursos, resultado esperado e responsáveis pelas atividades. Por fim, veremos maneiras de informar a Comunidade e monitorar a execução do Plano Missionário, essencial para aprimorar as atividades e corrigir eventuais falhas.

A avaliação de Campos de Atividade Ministerial está vinculada ao processo de Planejamento Missionário. Neste sentido, as Ações e Atividades Missionárias definidas no Planejamento estão relacionadas com a Avaliação de Campos de Atividade. O Plano Missionário precisa ser assumido pela Comunidade, por isso é importante que seja apresentado em Culto, por ser a oportunidade em que a Comunidade poderá agradecer por tudo aquilo que já tem acontecido e interceder pela efetivação do Plano. Que o processo de Planejamento não seja uma atividade técnica, mas uma oportunidade de comunhão e vivência da fé!

Vai e Vem: sementes de esperança P. Bruno Bublitz | Pastor Sinodal do Sínodo Centro-Campanha-Sul Na realidade em que vivemos, encontramos muitas pesVAI E VEM 2017 | ANO 10 soas que sonham com um amanhã melhor: com paz, segurança, emprego, harmonia no relacionamento entre os casais e filhos, uma Igreja acolhedora, inclusiva e na qual haja O meu coração bate pela missão! calor humano... A Vai e Vem ajuda a alimentar estes sonhos? Para que possamos caminhar confiantes na esperança que ‘agora são outros 500’ seja um caminhar para um futuro melhor, a Vai e Vem tem sido o semear de sementes de esperança para muitas Comunidades. Ali onde as nossas mãos, sozinhas, não conseguem chegar, por meio da Vai e Vem, nós temos conseguido estender a mão às Comunidades localizadas na região da diáspora do Sínodo CentroCampanha-Sul, ou seja, a região da fronteira com o Uruguai. Graças ao apoio da Vai e Vem, foi possível oferecer um trabalho de formação musical para jovens e, assim, animar as celebrações. Também conseguimos investir em Formação e, ainda, tivemos ‘elasticidade’ para atender uma pequena Comunidade que surgiu em um assentamento. Agora, estamos em busca de membros na fronteira para constituir um novo Ponto de Pregação. Reconhecemos e testemunhamos que tudo isso somente foi e é possível graças a inúmeras pessoas e Comunidades que se sentiram chamadas a colaborar com a Vai e Vem. CAMPANHA NACIONAL DE OFERTAS PARA A MISSÃO

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GRATIDÃO

Fé, Gratidão e Compromisso A contribuição nossa: a Igreja é de todos e todas nós! P. Leandro Luis da Silva | Ministro na Comunidade da Cruz, em Curitiba/PR

A Igreja não é apenas um prédio, onde todos os domingos pela manhã escutamos o badalar do sino nos chamando para mais um Culto. A Igreja é uma Comunidade na qual nos encontramos para ouvir a Palavra de Deus. É na Igreja que, desde criança, aprendemos as historinhas bíblicas, no ‘Culto Infantil’. Depois, quando adolescentes, vamos ao ‘Ensino Confirmatório’. O passo seguinte é a ‘Juventude’. Com o passar do tempo, as pessoas se casam, batizam os seus filhos, as suas filhas, comemoram Bodas de Prata, Bodas de Ouro e, por fim, sepultam e são sepultadas, conforme os preceitos cristãos pregados na Igreja Evangélica de Confissão Luterana. É na Igreja que temos comunhão com os nossos irmãos e as nossas irmãs na fé. É lá que comungamos juntos e juntas na Santa Ceia. É lá que recebemos a bênção de Deus em cada final de Culto. É lá que elevamos as nossas preces a Deus, na Oração de Intercessão. É na Igreja que pedimos perdão pelos nossos pecados e temos na absolvição a certeza de que somos perdoados e perdoa-

das. É lá que ouvimos a Palavra de Deus, preparada com carinho pelo Ministro, pela Ministra. É lá que confessamos a nossa fé, assim como os Apóstolos faziam nos primórdios da Igreja Cristã. É lá que oramos o Pai Nosso, a oração que Nosso Senhor Jesus nos ensinou. Parece bastante, mas ainda não é tudo que temos na Igreja. Há também os Ministérios com crianças, mulheres, homens, corais, jovens e adolescentes, casais, lideranças, etc. Para manter a Igreja em funcionamento, existe uma gama de gastos comuns a todos nós, como infraestrutura do templo, do salão comunitário e outras dependências. Verdade é que falamos muito sobre dinheiro em nossas Comunidades, pois este é um desafio constante para a nossa manutenção. No entanto, falamos pouco sobre como a Igreja se mantém, quais são os destinos das nossas contribuições e qual é o destino das Ofertas feitas no Culto. Quando se fala em contribuição na Igreja, logo lembramos nas sacolinhas (salvas) que são passadas durante o Culto, para as Ofertas. Esse dinheiro não fica para a Comunida-

de. Existe um Plano de Ofertas elaborado pela IECLB, válido para todas as Comunidades, que destina, em âmbito nacional e sinodal, cada contribuição a algum projeto diaconal, assistencial ou grupos definidos pelo Conselho da Igreja. As Ofertas locais deveriam ser pauta das reuniões de Presbitérios, para que fossem também destinadas e não servissem de apoio ao caixa da Comunidade. Há também muitas outras necessidades pequenas que vão aparecendo no dia a dia, por isso o trabalho voluntário na Igreja é bem-vindo e necessário, mas também precisamos da colaboração financeira de cada membro. De acordo com os Estatutos da nossa Igreja, todas as pessoas que fazem a Confirmação ou são admitidas como membros pela Profissão de Fé são responsáveis pela manutenção financeira da Igreja, ou seja, todas deveriam dar um pouco do que Deus já lhes deu para o trabalho da Igreja. É importante lembrar que a nossa Igreja não cobra para realizar Batismos, Casamentos nem Sepultamentos, por isso a contribuição regular e espontânea é tão importante. Para ações especiais de arrecadação, é essencial que a Comunidade saiba quantos são os seus membros, onde moram e como participam da vida comunitária, ou seja, manter um cadastro atualizado, para, assim, vislumbrar a Missão de Deus. A Igreja é de todos e todas nós! Somos responsáveis pela edificação das nossas Comunidades e da nossa Igreja. Cada Comunidade faz parte de uma Comunidade maior, a IECLB. Então, lembremos as palavras do Apóstolo Paulo: Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que tendo sempre em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra (2Cor 9.7-8).

Publicações | Criatitude Seria bom viver em uma sociedade igualitária ao ponto de assuntos como a justiça de gênero não serem uma novidade, mas algo presente no cotidiano. Ao contrário: o assunto surge de necessidades concretas e urgentes. Violência em todos os espaços da nossa sociedade, inclusive na Igreja! A violência que tem como base a desigualdade entre as pessoas. Desigualdade, muitas vezes, fundamentada em discursos patriarcais e machistas. Sejamos sal e luz no mundo. Exerçamos a voz profética em prol da justiça em todos os âmbitos e, neste momento, voltemos as nossas orações e ações em favor da justiça de gênero. Trecho de Criatitude - Pela Justiça de Gênero

Deus é inimigo da arrogância e do atrevimento que lhe usurpam a honra e se opõem ao Primeiro Mandamento. Martim Lutero

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GESTÃO

Corpo IECLB | Gestão Administrativa Secretaria Geral da IECLB A qualificação da Gestão Administrativa acontece em sintonia com o Planejamento Participativo Continuado (2015-2018), que definiu quatro objetivos principais para o período, entre os quais um que trata especificamente da Gestão. As atividades coordenadas e executadas pela Secretaria Geral decorrem dos Planos e Programas Nacionais e estão alinhadas com os referenciais definidos pela Igreja. Com vistas a atender aos objetivos propostos pelos parâmetros da gestão, de igual forma à Missão, Visão e aos Valores da IECLB, a Secretaria Geral planeja e desenvolve as atividades a partir das seguintes formas de ação: articulação, capacitação, gestão e produção, traduzidas em quatro objetivos específicos para a Gestão Administrativa, que são: - Articular a implementação do planejamento participativo continuado e aperfeiçoar os canais de relacionamento com os diferentes públicos prioritários da gestão. - Desenvolver e implementar o plano de capacitação funcional das pessoas colaboradoras que trabalham na Sede da Igreja, com vistas à qualificação dos serviços prestados. - Coordenar o programa de qualificação funcional da IECLB, com vistas à expansão das ofertas de capacitação e ao aprimoramento da Gestão Administrativa nas instâncias da Igreja. - Promover a gestão dos recursos humanos e financeiros, das normas, dos processos administrativos e do apoio logístico com vistas ao crescente reconhecimento do atendimento, ao público interno e externo, e dos serviços promovidos pela Sede da IECLB. - Elaborar documentos e produzir relatórios que orientam e amparam a Gestão Administrativa da Sede da IECLB (gestão de pessoas, financeira, contábil, fiscal, patrimonial, etc.). - Assessorar a revisão dos Documentos Normativos da IECLB, além de assessorar os Sínodos com relação ao cumprimento das normas administrativas e jurídicas vigentes no país. Os Encontros de Gestão são espaços de diálogo e de reflexão que reúnem o Pastor Presidente e a Secretária Geral e as suas equipes. Trecho do Relatório da Secretaria Geral ao XXX Concílio da Igreja/2016 Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

Guia para o Presbitério A partir das diversas recomendações da Bíblia, podemos verificar algumas orientações que têm validade para as nossas Comunidades e Paróquias a respeito da contribuição como Oferta: a) Oferta de gratidão: a gratidão é o motivo básico da contribuição. Não se contribui porque é regra ou para ter direitos na Igreja, mas porque se quer agradecer a Deus pelo que dele se tem recebido. b) Oferta espontânea: não deve ser como em um clube, que determina o valor a ser pago pelo sócio. Tal como a oferta da viúva pobre, que Jesus valorizou, a pequena contribuição daquele que tem poucas posses tem o mesmo valor que a grande oferta. c) Oferta generosa: um critério do Novo Testamento é que a contribuição é expressão de generosidade e não de avareza (2Co 9.5). A necessita da Igreja e que o membro pode doar são os critérios da generosidade. d) Oferta dada com alegria: é a oferta que o apóstolo Paulo descreve na Segunda Epístola aos Coríntios: Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria (2 Co 9.7).

Documentos Normativos Regulamentos são a expressão normativa dos compromissos firmados entre as representações nas diversas instâncias. A Constituição, o Regimento Interno, o documento Justiça e Ordem, o Estatuto do Ministério com Ordenação da IECLB e o Guia Nossa Fé-Nossa Vida são normas nacionais, eclesiasticamente válidas para todos e todas. Acima desses documentos está o Mandato de Deus, tendo como base a Bíblia e os Escritos Confessionais. Todos os demais documentos são elaborados a partir dos princípios constantes nesses documentos citados e a eles estão sujeitos eclesiasticamente. Entre estes documentos, encontra-se a Resolução 098, que dá estrutura ao Plano Nacional de Ofertas da IECLB: 1. O Plano de Ofertas da IECLB conta com cinco ofertas em datas fixas, que, por seu destino global e ecumênico ou seu valor tradicional e histórico, são consideradas como compromisso da Igreja como um todo (veja a relação completa no Portal Luteranos). 2. As demais datas (em torno de 54) são divididas, igualmente, entre Ofertas Locais (destinadas pelos Conselhos Paroquiais), Ofertas Sinodais (destinadas pelos Conselhos Sinodais) e Ofertas Nacionais (destinadas pelo Conselho da Igreja), de maneira que cada nível administrativo destina 18 Ofertas. 3. A primeira Oferta do ano é destinada pelo nível seguinte, na sequência da última Oferta do ano anterior, sempre observando a ordem local/sinodal/nacional. Se a última Oferta do ano foi nacional, a primeira do ano seguinte será local e a seguinte sinodal.


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SÍNODOS

Igreja que anuncia: Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida Vivamos estes ‘outros 500’ com fé, coragem e alegria! P. Odair Braun | Pastor Sinodal do Sínodo Paranapanema

Em 2017, quando comemoramos os 500 anos da Reforma Luterana, o Sínodo Paranapanema comemora 20 anos da sua fundação. Nesta jornada, olhamos para os caminhos percorridos, reconhecendo avanços, desafios e um amplo leque de possibilidades que se colocam no horizonte e devem ser enfrentados sob a bênção de Deus. O Sínodo Paranapanema engloba o litoral paranaense, a capital do Estado do Paraná, Curitiba, e Região Metropolitana, os Campos Gerais do Paraná até Guarapuava, norte do Paraná, meio-oeste e oeste de São Paulo e leste do Mato Grosso do Sul, na cidade de Três Lagoas. São, aproximadamente, 14.500 membros espalhados em contextos urbanos e Comunidades rurais. Há Comunidades com mais de 150 anos de história e Comunidades com 15 anos de fundação. Temos Comunidades com mais de mil membros e outras com 40 membros. Portanto, é um Sínodo de grande extensão geográfica, multiformes Comunidades no

que tange à cultura, à realidade social, assim como aos entendimentos teológicos. Nesta diversidade, somos desafiados e desafiadas a sermos Igreja que, alegre, jubila e caminha para servir e testemunhar a Boa Nova por Cristo anunciada. Nesta grande geografia e diversidade de Comunidades, muitos são os dons a serviço. Olhando para a caminhada, nos alegramos: (a) pelo Planejamento Missionário elaborado no ano de 2017, (b) por ter conseguido pagar valores devidos desde a aquisição da Sede Sinodal há mais de dez anos, (c) pela nova Sede Sinodal, a ser inaugurada no começo de 2018, (d) pelas frentes missionárias colocadas como prioridade para 2017, ou seja, Santa Fé do Sul/SP, Litoral Paranaense e Cianorte, no norte do Paraná, (e) por conseguir investir em formação de Ministros e Ministras, assim como na formação de lideranças das nossas Comunidades, (f) pelas contribuições, mesmo em tempos de crise financeira, estarem de acordo com o planejado, (g) pelo desafio de, até 2019,

Queremos e trabalhamos para ser Igreja com Comunidades vivas, acolhedoras, ousadas e animadas para o testemunho da Boa Nova da Salvação. Queremos ser Igreja e Comunidades orientadas pela Palavra de Deus, pelo bom testemunho, pela coragem e ousadia de abrir novos Campos de Atividades Ministerial. Queremos ser Igreja e Comunidades que caminham unidas, com fé e coragem, mesmo quando a escuridão parecer ser mais forte. Queremos ser Igreja e Comunidades que colocam os seus dons a serviço, que testemunham com gratidão por tudo que Deus tem dado e permitido, dando um pouco do que recebemos, para que os nossos irmãos e as nossas irmãs, de perto e de longe, possam ser abençoados e abençoadas. Queremos ser Igreja e Comunidades vivas, dinâmicas, proféticas e sempre dispostas a viver e anunciar que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Assim daremos o melhor testemunho como Igreja Luterana que celebra e se alegra com os 500 anos da Reforma. Que venham os ‘outros 500’ e que possamos servir e testemunhar com alegria e gratidão!

abrirmos um Campo de Atividade Ministerial, no Sínodo, voltado para a formação, (h) pelo trabalho com jovens, que, no primeiro Congresso Sinodal, em 2013, reuniu 25 jovens e, no terceiro, em 2017, alcançou 160 jovens e (i) por termos um ambiente de diálogo, respeito e diversidade teológica permeada por desafios e oportunidades para a atuação e presença da IECLB e das suas Comunidades, testemunhando que O justo viverá por fé (Rm 1.17), passagem que abriu os horizontes de Martim Lutero e impulsionou a Reforma. Olhando para o nosso contexto, precisamos reconhecer que temos o título de ser a Igreja da Palavra. No entanto, nem sempre a Palavra de Deus recebe e ocupa o lugar de destaque que deveria. Precisamos reconhecer que, muitas vezes, famílias e Comunidades Luteranas deixam a Sagrada Escritura em segundo plano, seguindo de forma autônoma, sem dar vez e voz para que a Palavra de Deus ilumine e conduza os passos, as ações e a vida. Precisamos reconhecer que somos Comunidades ‘ricas’ de dons, possibilidades, desafios e também recursos financeiros. Falar com mais liberdade e ousadia sobre Fé, Gratidão e Compromisso é sempre um desafio atual e que, se levado a sério, viabilizará mais gratidão, Ofertas ainda mais generosas e isto oportunizará condições para auxiliar, viver e testemunhar no contexto sinodal e fora dele a Boa Nova da Salvação, ensinada por Jesus Cristo e redescoberta por Lutero. Outro aspecto que sempre de novo precisa ser reconhecido e abordado é a estrutura e a governança estabelecida pela IECLB para as suas Comunidades, Paróquias e para o Sínodo. É necessário dialogar sobre as políticas norteadoras da Igreja, a sua forma de conceber e formular a missão e o testemunho, sendo estes nem sempre reconhecidos e levados em consideração. Exemplo disto é que ainda se percebe que, muitas vezes, o Plano de Ofertas da IECLB é desobedecido, Ofertas são divididas e a Campanha de Missão, a Vai Vem, não é tratada com a seriedade que merece. Isto deve ser motivo de arrependimento e mudança de atitude, de forma que, realmente, façamos jus ao título de Igreja da Reforma, orientada pela Palavra de Deus e de acordo com as descobertas feitas por Lutero. O Sínodo Paranapanema tem diante de si o desafio de motivar as suas Comunidades a serem diaconais, assim como a motivar os membros das suas Comunidades a colocarem os seus dons a serviço, exercendo o Sacerdócio Geral de todas as pessoas crentes, um valor da Igreja Luterana.

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MÚSICA

Soli Deo Gloria Livro de Canto e Álbum Música Luterana Comissão do Livro de Canto da IECLB e do Álbum Música Luterana - 500 anos Em 2011, o Conselho da Igreja nomeou uma Comissão para organizar um novo hinário. Entre os motivos para esta resolução estavam os inúmeros pedidos para unificação dos dois volumes do HPD ou a reelaboração do hinário, o contexto da renovação litúrgica e de maior apropriação da realidade brasileira, o repertório recém-composto e já em uso nas Comunidades e a necessária atualização da linguagem de alguns hinos. O Hinos do Povo de Deus (HPD1) foi entregue às Comunidades em 1981, após cinco anos de trabalho da Comissão, composta por Ir. Ruthild Brakemeier, P. Frank Graf, Prof. Hans Naumann e presidida pelo P. Lindolfo Weingärtner. Em 1994, foi convocada uma nova Comissão para editar o HPD2, com a tarefa de inclusão de um repertório mais contemporâneo, o que aconteceu em 2001,

da Comissão, formada por: P. Cláudio Kupka (Coordenador), Mus. Dra. Soraya Heinrich Eberle (Coordenação de Música da IECLB), Cleonir Zimmermann, Werner Ewald, P. Oziel Campos de Oliveira Júnior, Cladis Steuernagel, Delmar Dickel e Marcel Steuernagel. O material foi compilado a partir do HPD 1 e 2, Livro de Culto, Manuais de Ofícios da IECLB, Coleção Miriã, Em Tua Casa, O Povo Canta, Cantarei ao Senhor, Novo Cântico e outros cancioneiros, além de sugestões vindas de diferentes Comunidades e pessoas. A revisão ocorreu em quatro grandes blocos: música, texto, dados e editorial. Quanto à música, foram revisados a melodia (altura), a harmonia (inclusive cifragem) e o ritmo (duração), bem como a grafia musical. A revisão do texto envolveu Teologia, Gramática, versões e traduções. A revisão de dados compreendeu autoria, datas e dados biográficos de ComO Livro de Canto, conceitualmente amplo, positores e Letrisalém de confessionalmente claro e preciso, tas. A revisão editorial abrangeu os não é mais um cancioneiro lançado na Igreja, índices (alfabético, mas o substituto dos hinários Hinos do Povo temático e bíblico). de Deus 1 e 2 - para ser usado por toda a IECLB. A Comissão se preocupou, ainda, sob a coordenação do Cat. Edson Ponick, em incluir temas que não fizeram parte das assessorado pela equipe formada por Cat. edições anteriores, como Ascensão, Tríduo Louis Marcello Illenseer, P. Dr. Martin Dreher, Pascal e Confirmação, além de temas da viMichaela Berger, P. Geraldo Grützmann, Mus. da comunitária e cristã, como ecumene e culAndré Lichtler, P. Silvio Meincke, Mus. Ruth tura de paz. Nesse sentido, foi durante a seleKratochvil, P. Oziel Campos de Oliveira, P. Rolf ção do material que percebeu-se: além de hiDietz, P. Leonhard Creutzberg, Flávio Ost, P. nos, o repertório da IECLB é composto tamJohann Friedrich Genthner e P. Cláudio Kupka. bém por cantos litúrgicos, canções, corinhos. O hinário contém o repertório, mas este reUma Comissão se ocupou com o assunto pertório se torna música na medida em que é e sugeriu a elaboração de um novo hinário. cantado pela Comunidade. Então, seguindo A proposta foi aprovada pelo Conselho da a linha do Livro de Culto da IECLB, a ComisIgreja. A partir daí, a, então, ‘Comissão do são propôs uma nova nomenclatura, simples Novo Hinário da IECLB’ se reuniu para defie direta: Livro de Canto da IECLB. nir critérios, coletar, selecionar e elaborar o O Livro de Canto da IECLB, dedicado, ao novo material, que deveria privilegiar o canto lado do Álbum Música Luterana - 500 anos, comunitário e servir como instrumento para na noite de 21 de outubro de 2017, na Igreja a capacitação litúrgica e musical. da Reconciliação, em Porto Alegre/RS, segue De um universo de mais de 3 mil cantos o estipulado na liturgia da IECLB, atendo-se e hinos consultados, foi criado um catálogo ao Culto em suas diferentes partes e considede 993 hinos. Destes, 641 cantos foram serando o Calendário Litúrgico. lecionados durante os seis anos de trabalho

Álbum 500 anos - Se nos tornamos profissionais ou amadores ou tão simplesmente entusiastas e amantes da música, não importa. O que importa é perceber que esta oportunidade de encontro com a música que trazemos das nossas Comunidades, esse legado que precisamos nos empenhar para continuar tendo, não é o resultado de mero acaso ou de uma simples coincidência, mas é parte de uma história que tem atrás de si um marco, o marco da Reforma, além do entendimento do valor e da abertura de Lutero, dos luteranos e das luteranas para com a música. Esse legado é um vigoroso símbolo da Igreja Luterana e que nos identifica como Comunidade Luterana. Esta foi exatamente a ideia que fez nascer o projeto de contar ou, melhor dizendo, cantar o legado da música luterana, esse legado em que o texto é um chamado e a música é uma chama. O Álbum Música Luterana - 500 anos conta um pouco da história da música luterana por meio da vida e da obra de Compositores luteranos e Compositoras luteranas desde a época de Martim Lutero, no século XVI, até os nossos dias, ano de 2017, no Brasil. Trata-se de um álbum duplo com 67 faixas encartado em um livro que descreve a música luterana em seus 500 anos. Se uma mostra como esta tem a vantagem de oferecer uma audição ampla da história da música luterana, incorre também na desvantagem de reduzi-la. A história desta música é, felizmente, muito maior que esta seleção permite acomodar, por isso o desejo é que ela sirva como um ponto de partida para a audição e a execução de outras peças do nosso tesouro musical e uma aproximação com a história de vida e fé dos seus autores e das suas autoras. O Álbum Música Luterana - 500 anos surpreende pela diversidade de material e formações musicais, como, por exemplo, coro à capella ou com acompanhamentos, metais, cordas, instrumentos de época, banda, conjunto de flautas, órgão, solistas vocais e coro infantil. Por tudo isso, podemos afirmar que trata-se de um trabalho inédito na IECLB e, provavelmente, no Brasil.

Para mais informações, acesse o Portal Luteranos

Caminhos Ibéricos (Portugal & Espanha) Caminhos Germânicos (Europa Central & Reforma Luterana) Caminhos Nórdicos (Países Escandinavos) Caminhos do Leste Europeu Caminhos Romanos (Amsterdã a Roma) Caminhos das Festas (castelos, tradições e cervejarias)

Embratur nº 23.028609.10.0001-5

16/05 – 03/06 05/06 – 22/06 09/06 – 26/06 14/08 – 30/08 29/08 – 16/09 15/09 – 02/10

luizartur.rs@gmail.com

51 3762.2758 / 51 98515.6668

www.planviagens.com.br


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