Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 716 - Abril 2009

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JOREV LUTERANO ABRIL 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - ABRIL - Nº 716

Tema: Missão de Deus - Nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

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Cristo ressuscitou

Der Christ

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Páscoa e esperança


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Editorial

Não me detenhas! (João 20.11-18) Crises econômicas, violência, guerra, conflitos internacionais... os tempos não estão fáceis. O que tornou tudo tão carregado? A consciência, talvez, de que existem coisas que nós absolutamente não conseguimos reter e guardar. No entanto, também existem coisas que nós tivemos a felicidade de experimentar e estas ninguém nos tira. A qualidade destas experiências alimenta em nós a noção de que as coisas não se perdem, não se esvaem simplesmente. Como ficamos nós em meio a tudo isto? Disse Jesus ‘Não me detenhas. Subo para meu Pai e vosso Pai. Subo para meu Deus e vosso Deus!’. Não restam apenas o anonimato, o vazio e o que é obscuro. Existe uma direção, um lugar. Não só uma direção, não só um lugar, existe um conteúdo, uma qualidade a ser buscada e encontrada.

‘Meu Pai é o vosso Pai. Meu Deus é o vosso Deus’, disse Jesus, o ressurreto. As evidências comprovam: alguém tirou, alguém levou, alguém escondeu, alguém perdeu... desencontrou. ‘A quem procuras?’, ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu ‘Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei’.

Disse-lhe Jesus ‘Maria!’. Ela, voltando-se, lhe disse ‘Mestre!’. Neste momento, os desencontros, o vazio, a confusão, o luto... nada superou a força da abordagem e o consequente reconhecimento mútuo. Maria pode reagir porque foi reconhecida e reconheceu. Voltou a ter algo para anunciar. Não permaneceu na perda, no vazio, em sua confusão. Foi chamada pelo nome e isto aqueceu o seu coração. Esta experiência alimentou nela a noção e a profunda confiança de que nós temos um endereço e um destino que é maior do que aquilo que as mais duras contingências da vida tentam tirar. P. Hermann Wille (leia texto do mesmo autor sobre a Páscoa na página 12)

Diário da redação Esta promoção vale somente para quem já é assinante do Jorev Luterano! A partir de 2009, todos os meses o Jorev vai sortear diversos brindes, como bolsas, camisetas, CDs e livros, entre os membros que renovarem a sua assinatura do Jorev, premiando 15 assinantes mensalmente. Nesta segunda edição do sorteio, os assinantes receberão CDs da coleção Reavivar o Canto nas Comunidades contendo belas músicas da nossa Igreja e as assinantes receberão lindas bolsas personalizadas do Jorev. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

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CARTAS Intercâmbio

IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

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Bom dia! Sou Johannes Karrer. Estou muito feliz porque posso me apresentar para vocês. Minha cidade natal chama-se Erkheim e fica a 100 quilômetros ao leste de Munique, ao sul da Alemanha. Tenho 20 anos e já terminei um curso para Eletrotécnico numa empresa alemã. Agora estou fazendo parte do intercâmbio da Mission EineWelt, organização que faz parte da Igreja Luterana da Baviera (ELKB) e é responsável por manter bons contatos entre a ELKB e as igrejas irmãs no mundo criando novas amizades. No Brasil, estão sete intercambistas para o biênio 2008/09. Cheguei aqui no dia 25 de agosto e moro na casa da Pastora Mayke Kegel. Gosto muito de conhecer outras culturas. Os brasileiros são muito otimistas, calmos e abertos para coisas desconhecidas. Quando descobri isto, fiquei muito impressionado. O que faz este rapaz da Alemanha no Brasil? Estou conhecendo o projeto missão no Morro do Meio, ligado à Paróquia São Marcos, e também o trabalho com pessoas com deficiências da Paróquia Cristo Redentor, projetos existentes dentro da Comunidade Evangélica de Joinville. Quanto mais consigo entender e

falar a Língua Portuguesa tanto mais posso apoiar. Quatro dias por semana estou no Morro do Meio. Lá, ajudo nas aulas instrumentais e no coral infantil, cuido das crianças, brinco e faço artesanato com elas. A dedicação dos voluntários e do Mário Ângelo, Missionário do projeto, é enorme, no entanto ainda são poucas pessoas e necessita-se de mais voluntariado. Vou ficar até fim de agosto de 2009 e quero dizer muito obrigado para a Pastora Mayke, para o Missionário Mário Ângelo e para todas as pessoas que estão me ajudando durante este período. Deus fique com vocês! Espero que eu consiga ser um diferencial nesta boa obra dirigida por Deus. Johannes Karrer Joinville/SC Indicadores Financeiros UPM Março/2009 = 2,4602% Índice Fevereiro/2009 = 0,59% Acumulado do ano = 1,10%

Capa - Foto do Teólogo Jaime Jung, colaborador da página em Alemão, simbolizando a ressurreição de Cristo.

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Abílio Appelt – Anápolis/GO Armando Saick – Santa Teresa/ES Carlos Dorst – Primavera do Leste/MT Cecilia Gabatz – Candido Godói/RS Com. de Cachoeira do Sul – Cachoeira do Sul/RS Gelsi Tessmann – Concórdia/ SC Georg Karl Albert Fuchs – Belo Horizonte/MG Herberto Ziebel – Agudo/RS João Pedro Bohme – Porto Alegre/RS Lar OASE – Taquara/RS Lurdes Beatriz Dutterlle – Itabuna/BA P. Erno Feiden – Teutônia/RS Regis Meyer – Campinas/SP Renato Grehs – Toledo/PR Zelma Roll – Cerrito/RS Renove a sua assinatura e receba prêmios, pois, para nós, a sua companhia sempre será premiada!


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Curtas

Diretoria Sinodal da LE No culto de domingo, 28 de dezembro, na Igreja em Balneário Camboriú/ SC, a Pastora Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí instalou a primeira Diretoria Sinodal da Legião Evangélica Luterana, agora adequada ao novo Código Civil e ao novo Estatuto da LE.

Da direita para esquerda, estão, na primeira fila, a Pastora Sinodal Mariane Beyer Ehrat, a Presidente do Conselho, Léa Stange de Oliveira, e os Conselheiros Varmor Antonio de Oliveira, Laurinho Poerner e Enus Rück. Na segunda fila, estão o Pastor Valdim Utech, o Coordenador Sinodal, Ottokar Hagemann, o Vice-Coordenador, Egon Neuwirth, o Secretário, Augusto Carlos Hort, o Vice-Secretário, Aldo Pfleger, o Tesoureiro, Raulino Schütze, e o Vice-Tesoureiro, Elstor Dummel. “Na exortação da Pastora Sinodal aos Legionários, ficou clara a expectativa que têm o Sínodo e a IECLB nessa que se propõe a ser uma ferramenta à disposição da nossa Igreja”, afirmou Ottokar Hagemann, Coordenador Sinodal. ______.....______ Festa da Colheita A Comunidade de Itaguaçu, Paróquia de Palmeira de Santa Joana/ ES, realizou a sua já tradicional ‘Festa da Colheita’ com Culto de Ação de Graças por todas as bênçãos recebidas. A Igreja estava toda ornamentada e o altar repleto de alimentos e produtos que expressavam agradecimento a Deus. A celebração foi muito animada, contando com a bela participação dos corais de Itaguaçu e de Palmeira.

Após o culto, a Comunidade serviu um delicioso almoço com leilão de inúmeras doações ofertadas para este fim, também como expressão de agradecimento a Deus. A Festa da Colheita é uma excelente oportunidade para unir ainda mais os membros da Comunidade e também um momento para refletir e agradecer sobre a bondade do nosso Deus, que está sempre abençoando todos os seus filhos.

Missão em acampamentos A Paróquia Evangélica de Rio Negro/PR e o Ministério de Acampamento Moriah, em Mafra/SC, promoveram dois acampamentos de verão no mês de janeiro com 100% das 200 vagas preenchidas e mais de 40 líderes voluntários envolvidos na organização.

Missão na Amazônia O Sínodo tem a responsabilidade de planejar e coordenar o trabalho da Igreja na sua área e executar as decisões e metas decididas pelo Concílio. Para efetivar realmente essa tarefa, a Assembléia Sinodal de setembro de 2006 formou o Conselho de Missão, cabendo-lhe deliberar sobre a missão de Deus no Sínodo da Amazônia e, respectivamente, seus campos de atividade Ministerial.

Sobe O verdadeiro sentido da Páscoa: a ressurreição de Cristo

Desce Resumir a Páscoa a ovos de chocolate, coelhinhos e consumismo no ‘feriado’

Sob a coordenação geral do estudante de Teologia Rúbem Thiem, junto com a Diretoria do Ministério Moriah da Paróquia de Rio Negro, o primeiro acampamento reuniu crianças de 8 a 12 anos de idade e o segundo, adolescentes entre 13 e 17 anos. Com a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo em uma perspectiva de missão integral, contemplou-se a evangelização, a formação em valores cristãos e a conscientização da responsabilidade ecológica, motivando crianças e adolescentes para uma vivência cristã alegre, comprometida e saudável. ______.....______

Nesse sentido, em setembro de 2007 foi apresentado o Projeto Sinodal de Missão 2008-2012 com o objetivo geral de somar na manutenção dos serviços missionários existentes e na ampliação da presença missionária da Igreja nas escolas e áreas longínquas. O planejamento vem dando frutos: a Comunidade em Apuí, no Estado do Amazonas, em culto testemunhou a realização de um sonho, a instalação do primeiro Pastor residente na cidade, no dia 15 de fevereiro, em celebração oficiada pelo Pastor Sinodal Mauri Magedanz. ______.....______

Templo em Santa Luzia No domingo, 8 de fevereiro, ocorreu a inauguração de um novo templo na área abrangida pela Paróquia de Santa Maria de Jetibá/ES. O culto de dedicação do templo em Santa Luzia teve início às 9 horas do dia 8 de fevereiro com a participação do Pastor Sinodal Osmar Lessing, dos Obreiros e lideranças da Paróquia e representantes de Comunidades vizinhas. O Coral de Santa Luzia, o Grupo de Canto de Jequitibá, o Coro de Metais de Santa Maria de Jetibá e um Männerchor formado às pressas abrilhantaram esta celebração histórica. A pregação baseou-se no Evangelho do dia, Marcos 1.29-39, especialmente nas palavras de Jesus Vamos aos povoados que ficam perto daqui, para que eu possa anunciar o Evangelho ali também, pois foi para isso que eu vim. As festividades de inauguração do templo em Santa Luzia tiveram prosseguimento com o almoço comunitário e se estenderam até o anoitecer.

Dia Mundial da Oração Em 2009, as mulheres de PapuaNova Guiné foram as autoras do Dia Mundial da Oração (DMO), que aconteceu no dia 6 de março, com o tema Em Cristo somos muitos membros, mas um só corpo. Papua Nova Guiné é um país da Oceania que ocupa a metade oriental da ilha da Nova Guiné e uma série de ilhas e arquipélagos, a leste e a nordeste, embora sempre na Melanésia. O Dia Mundial de Oração é um movimento ecumênico que reúne mulheres cristãs de diversas tradições, em todo o mundo, para ob-servar um dia co-mum de oração por ano. A celebração anual acontece na primeira sexta-feira de março, aberta a todas as pessoas interessadas. C o m o movimento, b u s c a aproximar mulheres de várias r a ç a s , culturas e tradições, estreitando relacionamento, compreensão e trabalho. Atualmente, o DMO existe em mais de 170 países e regiões.

Ofertas Nacionais 9 de abril Quinta-feira Santa Apoio para a realização do Período Prático de Habilitação ao Ministério O Período Prático de Habilitação ao Ministério, programa criado pela IECLB que cuida do Ingresso no Ministério com Ordenação, é realizado após a conclusão da faculdade de Teologia, no período de 17 meses, sob a mentoria de Obreiros devidamente capacitados. O Período Prático é mais que um período de transição ou de passagem da vida de estudante para a vida de Obreiro, é o período em que a Igreja conhece, avalia e confirma o chamado dos seus futuros Obreiros.

19 de abril 2º Domingo da Páscoa Promoção do Ecumenismo e Fundação da FLM A IECLB é uma Igreja ecumênica. Está unida, pelo vínculo da fé, a todas as igrejas no mundo que confessam Jesus Cristo como único Senhor e Salvador. Este compromisso ecumênico se concretiza na participação em organizações ecumênicas nacionais e internacionais, convênios e parcerias e, além disso, a Federação Luterana Mundial constituiu um Fundo de Reserva para situações de emergência, para o qual solicita o apoio de todas as igrejas-membro.


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Atualidade

Jesus de Nazaré morreu Jesus Cristo ressuscitou Chegamos ao Canadá uma semana antes da Páscoa de 2007. A preparação desta festa é muito intensa e bonita neste país. Durante o período de Quaresma, temos cultos todas as quartas-feiras à noite, iniciando com a quarta-feira de cinzas. Durante os três primeiros meses, participei de um grupo de conversação em Inglês para sentir-me mais seguro no idioma. Era um grupo bem diversificado, com chineses, mexicanos, poloneses, árabes, etc. Num destes encontros, uma mulher, usando lenço na cabeça, perguntou-nos o que significava a Páscoa? Os cristãos ali presentes ficaram surpresos! A pergunta foi respondida, mas para mim ainda ficou no ar por alguns dias. Se você, como cristão batizado e confirmado, fosse perguntado O que significa a Páscoa? Qual seria a sua resposta? O sentido destas nossas celebrações é que reflitamos sobre a nossa fé cristã. Na época do Natal, não deveríamos apenas contar histórias do Papai Noel, mas que Deus, ele próprio, se tornou humano em Jesus Cristo e quer estar junto de nós. Na Páscoa, não deveríamos contar apenas alguma história engraçada de um coelhinho que pinta seus ovos, mas que Jesus ressuscitou dos mortos para que nós também tenhamos vida eterna. Em Pentecostes, deveríamos nos lembrar que Deus quer enviar-nos o seu Santo Espírito, que nos presenteia com confiança, esperança e amor.

Nossa fé necessita de constante revitalização e revigoramento. É este o sentido das nossas festas cristãs, por isso também esta Páscoa deverá ser uma renovação da fé! Sexta-feira Santa e Páscoa nos trazem a afirmação central da mensagem cristã: Jesus de Nazaré morreu na cruz. Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. Sexta-feira Santa e Páscoa nos fazem perguntar Como está a sua fé? – Qual o significado da morte e ressurreição de Cristo para você? Os familiares vão ao túmulo dos entes queridos e seguidamente conversam com os falecidos. Eles sentem que, de alguma forma, aquela pessoa ainda está com eles e nem tudo está acabado. Em cada cemitério, sinto vida, muita vida! Como Pastor, digo durante os funerais Terra a terra, cinza às cinzas e pó ao pó, mas a última palavra será de Jesus Cristo, quando ele chamar os mortos à ressurreição.

Vitória de Deus

Duas mulheres visitam um túmulo: Maria Madalena e a outra Maria. De repente, há um forte terremoto. Em meio a este abalo, alguém lhes diz Não temais! Não tenham medo! Nós não temos a capacidade de dar coragem a nós mesmos. Alguém tem que fazê-lo por nós! Nós precisamos da comunidade de fé! Um anjo traz a mensagem pascal às mulheres Eu sei que procurais o Jesus crucificado. Ele não está aqui! Ele ressuscitou!. As duas mulheres acreditam neste mensageiro celestial e, acreditando nele, encontram o próprio Jesus Cristo ressuscitado! Também hoje encontramos o ressuscitado quando, dentro de nós, nossa fé e nossa esperança se fazem presentes. Nós sentimos que há mais do que a realidade visível. Se no cemitério sentimos a proximidade dos nossos mortos, também temos uma idéia da nova vida. Quando sentimos a paz à beira de um leito de morte, então o próprio Cristo está presente. Quando durante a Santa Ceia sentimos a santidade de Deus, então Cristo está reunido conosco em volta da sua mesa.

Certa vez, um Pastor visitava um doente em sua residência e notou uma cadeira vazia ao lado da cama. Perguntou, então, a razão de a cadeira estar ali. O doente respondeu Convidei Jesus para sentar nesta cadeira e estava conversando com ele antes de o senhor chegar. Durante muitos anos, achei difícil orar, até que um amigo me explicou que a oração é uma conversa com Jesus. Ele me aconselhou a colocar uma cadeira vazia ao meu lado e imaginar que Jesus estivesse sentado nela. Ele me falou para conversar com Jesus e ouvir as suas palavras. Desde então, não tenho mais dificuldades em orar. Alguns dias mais tarde, a filha do doente chegou ao Pastor e deulhe a notícia do falecimento do seu pai. Ela disse Eu o deixei sozinho por poucas horas. Ele parecia estar tão calmo, mas quando voltei ao seu quarto ele estava morto. Porém, notei algo estranho: sua cabeça não estava na cama, mas em cima da cadeira ao lado da sua cama. Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado, mas ele não está aqui; já foi ressuscitado, como tinha dito. (Mateus 28.5-6) Este é o dia da vitória de Deus, o Senhor; que seja para nós um dia de felicidade e alegria! (Salmo 118.24) Amém!

P. Sigmar Reichel, formado em Teologia, com curso de Clínica Pastoral na Alemanha e atuação como Secretário Executivo da Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Amencar) durante 16 anos e como Pastor nas Paróquias de Canguçu/RS e Guarulhos/ SP, atualmente está cedido para a Evangelical Lutheran Church in Canada (ELCIC), onde assumiu a Comunidade da St. John’s Evangelical Lutheran Church, em Edmonton/AB (www.stjohnsluth.ca)

Cegueira branca Certamente haveis de ouvir, e jamais entendereis. Certamente haveis de enxergar, e jamais vereis. Com tais palavras do profeta Isaías, Jesus faz uma dura acusação a pessoas da sua época que não portavam necessidades especiais quanto ao ouvir e ver, conforme Mt.13 10-17. Não sofriam por causa de uma limitação física. Nas palavras de José Saramago, que escreveu uma excelente obra chamada Ensaio sobre a Cegueira, os que têm olhos sem limitações, mas não enxergam, foram tomados de uma cegueira branca. É deste tipo de cegueira que fala o Psicólogo social Fernando Braga da Costa, que, por oito anos, fingiu ser um gari junto à equipe de uma empresa que varria os espaços públicos da Universidade de São Paulo para ver como uma pessoa se torna invisível quando veste a roupa que define uma função social não reconhecida, como a de homens e mulheres que varrem nossas sujeitas e recolhem os nossos lixos, deixando de ser pessoas e passando a ser coisas. Tornam-se invisíveis. Não existem. Conta-nos o Psicólogo varredor que seus Professores não o reconheciam, mesmo quando

se esbarravam nos corredores. A roupa de gari o transformava em uma coisa desconhecida. Ao circular por vários espaços acadêmicos, seus velhos conhecidos o ignoravam. Nesta situação, disse Fernando, descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, significa um sopro de vida. Assim como não era reconhecido pelas pessoas do seu convívio profissional, da mesma forma

Haveis de ouvir, e jamais entendereis. Haveis de enxergar, e jamais vereis. encontrou resistências entre os garis com quem passou a trabalhar sem ser um deles. As provas foram muitas. Beber café com latas recolhidas nos lixos e comer em espaços fétidos foram algumas das provas para ser aceito naquela equipe de limpeza das ruas de uma famosa universidade brasileira. Por isto foi aceito, mesmo não sendo daquela categoria profissional ignorada.

Na sua entrevista ao Diário de São Paulo, Fernando afirma que sentiu na própria pele que uma função social torna uma pessoa invisível. Também afirma que chorava de tristeza quando tirava o macacão de lixeiro em sua casa, mas, acima de tudo, realça fiquei curado da minha doença burguesa. Conheci os garis e suas famílias. Freqüento suas casas na periferia. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Mais do que um episódio que questiona o nosso preconceito social, o fato acima, narrado de forma resumida, poderia se constituir numa parábola urbana, especialmente quando estamos vivenciando a paixão de Cristo, a qual nos ajuda a ver em Jesus o gari de Deus que levou nossas enfermidades e carregou as nossas doenças (Mt. 8,17), e tantas outras injustiças.

P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

JOREV LUTERANO ABRIL 2009

Chamado vocacional No momento em quem escrevo essa mensagem, constato, vide consulta ao portal da IECLB (www.luteranos.com.br), a existência de 34 vagas para Obreiros e Obreiras, das quais 9 são para o Envio, enquanto 25 destinam-se a candidaturas junto aos campos de trabalho. Distribuídas entre os quatro Ministérios reconhecidos na IECLB, temos o seguinte quadro: 32 vagas para o Ministério Pastoral, 1 vaga para Ministério Missionário e 1 vaga para qualquer um dos quatro Ministérios. De outra parte, há a informação de que a procura pelo ingresso junto aos centros de formação vinculados à IECLB, no início do ano em curso, ficou muito aquém do esperado. Se, por um lado, há vagas para Obreiros e Obreiras na IECLB e, de outra parte, cai a procura pela formação teológica, temos diante de nós um quadro que merece urgente e necessária reflexão e, também, uma profunda avaliação por todas as instâncias em nível de Igreja, com a finalidade de buscar caminhos que levem ao não agravamento do qua-dro

reinante. Será desastroso para a IECLB se aumentar o número de vagas para Obreiros e Obreiras e, ao mesmo tempo, despencar a procura pela formação teológica junto aos centros de formação. Não restam dúvidas de que, para a formatação de um cenário como este, de desaceleração vocacional em andamento, poucas não são as razões que nos

Há vagas para Obreiros e cai a procura pela formação conduziram até aqui. O quadro é complexo e fonte de preocupação. Contudo, ao mesmo tempo, instigador e desafiador. Priorizar a reflexão do tema Vocação, de forma transversal, no mais amplo sentido, penso ser um dos caminhos a ser percorrido pelas diferentes instâncias na IECLB. Necessitamos, com certa urgência, encontrar meios com a finalidade de ani-

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AGENDA DA PRESIDÊNCIA ABRIL

mar, desafiar e encorajar mais pessoas a abraçar consciente e alegremente o exercício do Ministério na IECLB. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer de apoiar, amparar e fortalecer as pessoas que já ingressaram nos centros de formação teológica, motivadas e animadas que foram pela grande e eterna fonte de toda vocação, o próprio Deus. Temos um longo e desafiante caminho a percorrer. Queremos fazê-lo fiéis e obedientes Àquele que ressuscitou e disse ser O Caminho, Cristo, o Senhor (João 14.6). Inspirado no ressurreto e por Ele consolado, faço votos de uma Páscoa abençoada e, ao mesmo tempo, inspiradora na busca por bons caminhos para o fortalecimento do chamado vocacional através da IECLB.

Homero Severo Pinto Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB

4/4 Conselho Sinodal Sínodo Paranapanema Assis/SP P. Walter Altmann 5/4 Culto Batismal Campinas/SP P. Walter Altmann 5/4 100 Anos Escola Evangélica Ivoti (EEI) Ivoti/RS P. Homero Pinto 6/4 CONIC - Conselho Curador Brasília/DF P. Walter Altmann 14/4 Comissão Bilateral Católico-luterana Porto Alegre/RS P. Walter Altmann P. Mauro de Souza 18/4 Assembléia Sínodo Vale do Itajaí Pomerode/SC P. Walter Altmann

Carta Pastoral sobre acordo entre o Governo e o Vaticano A Presidência da IECLB divulgou uma carta pastoral referente ao Acordo firmado entre o Governo brasileiro e o Vaticano, no dia 13 de novembro passado. O Pastor Presidente, P. Dr. Walter Altmann, lembra as boas relações ecumênicas entre a IECLB e a Igreja Católica e observa “Ainda estamos em processo de avaliação quanto às suas

consequências e repercussões no que se refere, por exemplo, à liberdade de culto, ao ensino religioso nas escolas públicas e ao reconhecimento dos ministros religiosos. São assuntos que dizem respeito não apenas à Igreja Católica, mas também às demais igrejas”, escreve o Pastor Presidente. “Nesse sentido, lamentamos que o Acordo tenha sido elaborado, negociado e, por fim, assinado, sem que tivesse havido uma troca de idéias e um diálogo com outras confissões religiosas, bem como com a sociedade em geral”, completa. Na medida em que o Acordo confira direitos e prerrogativas para uma Igreja, no caso a Católica, a IECLB espera que o Governo Brasileiro com

naturalidade os estenda às demais confissões. “O respeito mútuo, a liberdade religiosa e a igualdade entre as religiões devem ser um imperativo para o Governo e constituem um preceito constitucional que não pode ser ferido”, lembra o P. Altmann. Na opinião do Pastor Presidente, o assunto é complexo e exige estudos mais aprofundados quanto aos seus desdobramentos e implicações. “Desejamos que o debate acerca do papel do Estado diante da religião e da religião diante do Estado cresça para o fortalecimento do bem comum, pelo qual tanto governos quanto igrejas devem sempre se empenhar”.

Ecumenismo no Fórum Social Mundial

Solidariedade: Santa Catarina

Belém do Pará ferveu entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro e não apenas por causa do seu típico clima úmido e abafado. A efervescência de atividades que tiveram início nas áreas onde aconteceu o Fórum Social Mundial (FSM) fez com que muitos participantes buscassem abrigos para renovar as energias entre uma atividade e outra. Ao total, o FSM 2009 promoveu 2400 atividades, divididas em auditórios, salas, palcos e tendas. As 18 tendas temáticas ofereceram ampla visibilidade para grupos e agendas relacionadas a questões que foram dos Direitos Humanos ao Diálogo Inter-religioso. A tenda da Coalizão Ecumênica e do Grupo Inter-religioso, do qual a IECLB

O Sínodo Vale do Itajaí liberou, no início do ano, R$ 335.500,00 para as famílias luteranas que foram atingidas pelas enxurradas, enchentes e deslizamentos que aconteceram no mês de novembro do ano passado. Numa reunião ocorrida na Igreja do Espírito Santo, Paróquia Blumenau Centro/SC, com a Diretoria Sinodal e lideranças, as Paróquias que tiveram membros atingidos receberam verba para ajudar famílias em dificuldades. “O que passamos aqui atingiu a todos muito fortemente, mas a mobilização e a solidariedade foram imensas. Experimentamos que o amor vence barreiras”, declarou a Pastora Sinodal Mariane Beyer Ehrat. As doações foram feitas por inúmeros parceiros a partir da conta corrente intitulada Solidariedade. Destacam-se os repasses encaminhados pela IECLB com as doações de Paróquias e Comunidades de todo o Brasil e da Alemanha, com as dádivas da Igreja da Baviera, da Comunhão Martin Lutero, de pessoas físicas que não quiseram se identificar, de setores de trabalho e de empresas.

também participou, foi um dos pontos centrais das atividades. Em alguns momentos, mesmo que nenhuma atividade estivesse acontecendo, as pessoas iam se familiarizando com o local e procurando mais informações. Mais do que um ponto de encontro e um refúgio do calor, as tendas funcionaram como eixos vivos das temáticas do FSM. “É interessante observar o movimento das pessoas. Mesmo uma visita rápida já faz com que aquela pessoa que nunca tinha ouvido falar de ecumenismo saia daqui pelo menos curiosa”, afirmou a Pastora da IECLB Cibele Kuss, Coordenadora do Grupo Interreligioso de Belém.


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Ministério

Ser Missionária é bênção, é ser instrumento nas mãos de Deus daquele que crê, fé que nos expõe a provações e que nos fortalece para vencêlas, estabelecendo a cada dia uma profunda revelação de amizade com Deus.

A Missionária Dulcenelda Schneider, 43 anos, natural de Laginha, município de Pancas/ES, Comunidade de Vila Fartura, Sínodo Espírito Santo a Belém, atua hoje na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Sinop, Comunidade Evangélica Tarumãs, Sínodo Mato Grosso

Como a fé se processa no seu dia-adia? O fundamento da fé cristã é Deus encarnado. Deus vem ao nosso encontro, por excelência, em Jesus Cristo. Deus toma a iniciativa, Ele se revela, tem algo a oferecer. Ele sabe as minhas necessidades. Deus chega e nesse chegar Ele se dá a conhecer, é um Deus pessoal. A fé cristã é uma experiência pessoal com Deus que se reflete no dia-a-dia

Em que momento descobriu a vocação para ser Missionária? O desejo de estar servindo ao Senhor no Ministério palpitava forte no meu coração desde a infância. Sempre gostei de acompanhar meus pais e, principalmente, participar de programações na Comunidade. Era muito bom quando o Pastor abria oportunidade para que eu pudesse fazer parte da liturgia do culto e ficava triste quando não podia participar dos cursos bíblicos oferecidos na Comunidade, além de encontros pela Paróquia e pelo Sínodo. Formada em História, já me sentia ‘missionária’ na escola onde trabalhava e também na Comunidade, pois estava envolvida em diversos trabalhos da Igreja. Mais tarde, conheci o Movimento Encontrão, que oferecia a formação Missionária. Quando falaram da Fatev, em Curitiba/ PR, quis conhecer. Por esse grande desejo de servir ao Senhor, no Ministério, de forma mais ativa, fui buscar formação teológica. Na Comunidade Tarumãs, quais são as atividades? Além de celebrar cultos na Paróquia, atuo especificamente no Projeto Missionário da Comunidade Tarumãs na formação das Comunidades Jardim América e São Cristóvão: celebração de cultos, visitação, estudos bíblicos, trabalho

com crianças, adolescentes, juventude, mulheres, Ensino Confirmatório e grupo de canto. A Comunidade de Tarumãs tem um Projeto Missionário em que, junto com o trabalho evangelístico, temos cursos oferecidos às mulheres e adolescentes para que eles tenham oportunidade de trabalhar, ajudando no orçamento familiar, buscando reintegrar estas pessoas à sociedade, tirando o adolescente das ruas, revendo também a questão da auto-estima, noções de higiene e a importância da escola. Quais são as dificuldades de ser IECLB na sua região? Entre elas, a distância de uma Comunidade para outra, dentro da própria Paróquia, sendo a maior parte por estradas de chão totalmente desertas. Consequentemente, temos o alto custo de manter a Paróquia devido às despesas de locomoção. Algumas cidades da Paróquia ainda não têm meios de comunicação à disposição: celular não tem sinal, telefone não funciona, luz ainda não chegou a todos os locais e Correio é muito demorado. As Paróquias que não têm Obreiro precisam ser atendidas por Obreiros ‘vizinhos’, mas que, na verdade, não são tão vizinhos assim. Doe muito viver essa realidade, mas temos uma grande alegria que nos anima muito: o Pastor Sinodal e a esposa, apesar das grandes distâncias, conseguem acompanhar a vida dos Obreiros frequentemente e bem de perto. Tem sido assim, com muito amor e carinho, apesar das dificuldades.

A missão de ser Missionária Ser Missionária é uma bênção, é ser instrumento nas mãos de Deus, é deixar as pessoas enxergarem com os próprios olhos, pelo seu testemunho vivo, como é bom e agradável viver da e na presença de Deus e sintam a vontade de conhecer de perto e aceitar a Cristo, Deus que vem ao nosso encontro. No entanto, é preciso reconhecer que todo o esforço do Agricultor é em vão sem o agir de Deus. Assim também toda a nossa busca e luta em produzirmos frutos é em vão se o Espírito de Deus não agir, se não o deixamos agir. Ele age quando, como e onde Ele quer. Creio e me coloco nas mãos desse Deus maravilhoso todos os dias da minha vida como instrumento em Sua mão. Sou Obreira Missionária e amo servir ao Senhor nesse Ministério. Sempre queremos ver logo o resultado do nosso empenho, mas sei que é minha função semear fielmente. Ao Senhor pertence o tempo e somente Ele poderá realizar o crescimento da semente lançada, como já tenho visto aqui em Sinop: a mão de Deus agindo e os resultados surgindo. Como é maravilhoso enxergar a ação de Deus no mundo. Amo servir ao Senhor e uma das maiores alegrias do Ministério é que, em todos os momentos da minha vida durante todo o Ministério, apesar das dificuldades já encontrei, jamais me senti desamparada por Deus. Talvez por pessoas sim, mas por Deus nunca, Deus a quem sirvo com grande amor e gratidão aqui no Mato Grosso, Deus que me fortalece e anima a cada novo amanhecer.

Dia Nacional da Diaconia Olhando para a história da IECLB, veremos que alguns acontecimentos se destacam na área da Diaconia, como, por exemplo, a vinda das primeiras Diaconisas alemãs ao Brasil. Elas tinham como missão cuidar dos doentes e, mais tarde, também assumiram a função diaconal nas Comunidades. Com a crescente demanda deste tipo de trabalho, foi fundada no Brasil, em 1939, a Casa Matriz de Diaconisas. Desta forma, a Igreja consolida a sua missão diaconal de servir ao próximo motivado pelo amor de Deus por nós. Em 2009, comemoramos 70 anos de Fundação da Casa Matriz de Diaconisas servindo pessoas em diferentes contextos e, assim, transformando vidas. Comemoramos também 33 anos da Comunhão de Obreiros e Obreiras Diaconais, que estão inseridos em diferentes contextos das nossas Comunidades e instituições. Em 1988, tiveram início as atividades do Departamento de Diaconia dentro da estrutura da IECLB, que tem como objetivo principal coordenar, articu-

lar e fortalecer a tarefa diaconal inerente ao Evangelho de Jesus Cristo. Desde agosto de 2008, a Coordenação de Diaconia integra a Secretaria da Ação Comunitária. Muitas foram as ações desenvolvidas ao longo desses 21 anos e dentre elas destaco o Dia Nacional de Diaconia, que comemoramos no domingo Misericordias Domini, terceiro domingo da Páscoa. Para esta data tão especial, está à disposição das Comunidades uma proposta de liturgia para ser usada no Dia Nacional de Diaconia, um depoimento e estudos pertinentes ao Tema do Ano com um enfoque diaconal. Desejamos que estes materiais, que foram elaborados por diferentes colaboradores, possam auxiliar as nossas instituições, Comunidades e os seus diversos grupos a refletirem sobre a vocação diaconal/ missionária da nossa Igreja. Diácona Leila Schwingel Coordenadora de Diaconia Secretaria da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

Ser Presbítero é zelar pela pregação da Palavra de Deus Qual é a sua caminhada na IECLB? Nasci de uma família luterana na qual meu pai e minha mãe também são oriundos de famílias luteranas. Aprendi muito com os meus avós maternos e também com meus pais e tios, que sempre lutaram para que todos seguissem na caminhada da palavra de Deus dentro da IECLB, pois, em todos os atos que praticamos no nosso dia-a-dia, se não tivermos fé em Deus, não teríamos forças para poder lidar com as batalhas cotidianas. Comecei trabalhando na JE, onde fui Tesoureiro e participava ativamente do grupo de jovens. Também participei dos trabalhos na Comunidade de Sinop, onde exerci cargo de Vogal, Secretário e Tesoureiro. Na Paróquia, exerci o cargo de Secretário, Tesoureiro e Vice-Presidente. Hoje, ocupo o cargo de representante na Comunidade junto à Paróquia e também representante da Paróquia do Conselho Sinodal. No Sínodo, fui Tesoureiro Sinodal e atualmente sou Presidente da Diretoria do Conselho Sinodal. Como a sua profissão auxilia no trabalho na Igreja? A profissão em que estou atualmente dá maior liberdade para estar acompanhando os trabalhos junto à sede do Sínodo, já que, de Sinop a Cuiabá, são 500 quilômetros e, com isso, consigo estar quase todos os meses acompanhando os trabalhos junto ao Sínodo. Outro fator que o exercício profissional tem me ajudado é no

Paulo Ricardo Kirsch, 39 anos, catarinense de Tangará, Contador, casado com Wanessa e pai de Beatriz. Membro na Comunidade/Paróquia de Sinop/MT desde 1987, hoje é representante na Comunidade junto à Paróquia e também representante da Paróquia do Conselho Sinodal. No Sínodo, é Presidente da Diretoria do Conselho Sinodal

encaminhamento da Palavra de Deus junto aos meus colegas de trabalho. Tenho divulgado os devocionários da IECLB e, nesse último ano, sete pessoas ligadas ao meu trabalho adquiriram. Também uma colega de trabalho passou a fazer parte da IECLB, a partir de uma ação realizada junto com o Pastor Lauri e sua esposa, Liane.

Quais são as maiores adversidades encontradas na região? O Sínodo tem enfrentado algumas dificuldades quanto ao envio de Obreiros para as Paróquias mais distantes, tanto que as Paróquias de Matupá e Vila Rica já estão há quase três anos sem um Obreiro, falta essa que é suprida pelas Paróquias ‘vizinhas’ sendo que a Paróquia mais próxima da Paróquia de Vila Rica fica a 400 quilômetros de distância. Além disso, estes Obreiros deixam de lado a sua Paróquia e também a família para, pelo menos uma vez ao mês, pregar nessas Paróquias. A grande dificuldade que, hoje, temos no Sínodo é a extensão territorial tanto do nosso Sínodo como também das nossas Paróquias, fazendo com que o Obreiro passe boa parte do tempo em viagem, tempo esse que poderia ser dedicado aos membros. Para você, o que é ser Presbítero? Ser Presbítero é zelar pela pregação da Palavra de Deus e buscar direcionar as atividades da Igreja focando o amor que Deus tem pelos seus filhos. Nesse sentido, tenho buscado, nos últimos anos, participar de forma ativa de todas as atividades dentro da Comunidade, Paróquia e do Sínodo, sendo que a motivação principal deve ser a palavra de Deus pregada aos nossos membros. Estar atuando ativamente dentro da Comunidade mostra a preocupação que devemos ter em relação às nossas crianças e jovens, para ensinar-lhes o caminho da Palavra de Deus.

Responsabilidades como Presidente da Diretoria do Conselho Sinodal A Diretoria do Conselho Sinodal, no qual, hoje, estou exercendo o cargo de Presidente desde a última Assembléia Sinodal, realizada em maio de 2008, e com apoio do Pastor Sinodal Lauri Becker, já vem há vários anos trabalhando na formação de lideranças junto às Comunidades e Paróquias, formação esta focada na preparação de pessoas para exercer nas Comunidades a ponte entre Comunidade e Sínodo, uma vez que, hoje, devido à grande extensão territorial do Sínodo Mato Grosso, esta é a forma que as Diretorias anteriores e também a atual, juntamente com o Conselho Sinodal, visualizaram para atingir um número maior de membros e preparando esses para trabalhar na formação junto às Comunidades. Devido às distâncias, a Diretoria se reúne de duas a três vezes ao ano, pois, entre o Presidente e o Vice-Presidente, Renato Schneider, por exemplo, a distância é de, aproximadamente, 1200 quilômetros. Como Diretoria do Conselho Sinodal, também temos dificuldades de estar acompanhando a vida nas Comunidades e Paróquias. Nesse sentido, estamos exercitando o modelo em que um dos membros da Diretoria participa das reuniões do Conselho Paroquial. É desgastante física e economicamente, mas compensador e gratificante.


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UNIDADE

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Mulheres

Superação é a marca luterana no Sínodo Mato Grosso Noeli Maria Dunck Dalosto, 48 anos, natural de Tenente Portela/RS, casada com João Carlos Dalosto e mãe de três filhos: Vinícius, Cássius e João Augusto, cursou o Magistério, posteriormente Pedagogia para séries iniciais, depois Letras e Especialização em Linguística: Língua e Literatura, trabalhou como alfabetizadora e nas séries do Ensino Fundamental. Atualmente lecionando Português e Literatura, Noeli completa, em 2009, 30 anos de trabalho como Professora da rede pública do Estado do Mato Grosso. Na IECLB, é integrante do Conselho Fiscal da Paróquia, Vice-Secretária da OASE local e setorial e Coordenadora da OASE Sinodal. Também colabora com o grupo de animação dos cultos e nas promoções realizadas com jovens, grupos de casais e demais atividades programadas pela Comunidade

Como é o trabalho com mulheres no Sínodo Mato Grosso? Há, aproximadamente, 40 grupos de OASE/Mulheres que desenvolvem trabalhos em diversos setores da vida comunitária atuando principalmente junto às Comunidades em almoços, jantares, festas, confraternizações,

OASE: Comunhão, Testemunho e Serviço

rifas, bingos, bazares e arrecadação de fundos para as Comunidades. Destacase o encontro setorial, que ocorre uma vez ao ano, ocasião em que as mulheres convivem por dois dias em intensa programação, dividindo momentos que superam as distâncias e aproximam corações que buscam compartilhar a fé cristã fazendo a diferença sempre para o fortalecimento da IECLB. A cada ano, em maio, nos reunimos enquanto OASE Sinodal em Assembléia, em Chapada dos Guimarães, momento em que podemos perceber o trabalho desenvolvido no Sínodo, partilhar experiências, traçar objetivos, participar decisões e metas traçadas em nível nacional, nos fortalecendo como lideranças e testemunhando o amor de Deus. A participação das mulheres no Sínodo Mato Grosso é ativa? Muito ativa. Inclusive, temos muitos depoimentos que a OASE é essencial na vida comunitária. Mesmo tendo

muito das suas atividades voltadas para a própria Comunidade, considero que esse trabalho seja missão. Comunhão, Testemunho e Serviço são a sustentação dos grupos nestes 110 anos de existência. Se formos pontuar todos os trabalhos desenvolvidos pelas OASEs, como não dizer que isso é missão? No Sínodo, as mulheres, independente de estarem ligadas ou não a grupos de OASE/Mulheres, ocupam cargos de gestão, liderança e estão à frente de muitos trabalhos na Comunidade e na sociedade local. Isso é testemunho, é missão, é evangelização. Qual é a marca das mulheres no Sínodo Mato Grosso? Superação é a marca da mulher luterana no Sínodo Mato Grosso. Como integrante de uma família que veio para o Mato Grosso na década de 70, vivenciei, ouvi e ouço relatos de como cada família se estruturou dentro das limitações com o desconhecido e as incertezas com as quais foram confrontadas e a superação foi o que levou as mulheres a serem tão criativas para resolverem situações do cotidiano. A superação fez vencer o medo,

Fazendo a diferença para o fortalecimento da IECLB

a saudade e ajudou a enfrentar o sofrimento. A superação trouxe a esperança e a coragem para enfrentar o desafio de conviver com o novo, aprender com o outro, aceitar ‘o jeito diferente’, buscar soluções inéditas, começar tudo de novo, ‘’sonhar um sonho juntos’. Existem peculiaridades no trabalho do Sínodo Mato Grosso? A disposição em encarar as distâncias para nos encontrarmos é uma delas. Somos Comunidades relativamente novas, vivemos em municípios, a maioria, a partir da migra-

Noeli na Semana Nacional da OASE

ção para o centro-oeste e norte do País, com muita mobilidade social, com pessoas de diferentes Estados com culturas e modos de viver diversos, municípios que estão se estruturando em relação aos serviços essenciais de saúde, habitação e educação. Nesse processo, as Comunidades também buscam por soluções para firmaremse como espaço de edificação da fé e de testemunho cristão. Quais as prioridades no trabalho junto às mulheres? A OASE tem muito bem definido seus objetivos quanto ao trabalho que deve ser desenvolvido: dar apoio e ajudar na busca de soluções para os problemas, incentivar o desenvolvimento dos dons pessoais, integrar-se na Igreja participando e decidindo, perceber a realidade que a cerca buscando sempre uma atuação responsável, incentivando o trabalho diaconal, o crescimento e o fortalecimento na fé cristã. Mesmo grupos que não se denominam como OASE, mas como Grupo de Mulheres têm se pautado por estes objetivos e dado o seu testemunho de fé e de serviço. Acredito que esses objetivos continuam prioritários e cada mulher luterana é convidada a ouvir, ajudar, acolher, divulgar a Palavra, promovendo esse encontro com Jesus e com o próximo. Isso só acontece quando se é possível partilhar, pois partilhar em grupo tem outro sabor.

Mulheres no Ministério Ordenado O projeto Mulheres no Ministério Ordenado: história, experiência e testemunho tem por objetivo enfocar a trajetória, as experiências e o testemunho que as Obreiras da IECLB vêm vivenciando nas suas práticas. A partir das falas das mulheres, o estudo busca perceber o impacto da sua atuação dentro e fora da IECLB e, além disso, apontar as implicações da presença de mulheres no Ministério para a concepção de vocação e para a formação teológica. A ordenação de mulheres é um tema urgente para toda a comunhão luterana. A consulta Reforma Contínua da Igreja: o Testemunho de Mulheres Ordenadas Hoje, realizada em março de 2008, desafia as igrejas luteranas a estarem abertas a ouvir umas das outras sobre experiências positivas de mulheres ordenadas dentro e fora da comunhão luterana. Este processo de escuta tem como objetivo a preparação para a 11ª Assembléia da Federação Luterana Mundial (FLM) a ser realizada em 2010. Dentro desta perspectiva, o presente projeto de pesquisa busca dar a sua contribuição ao discutir a questão da ordenação de mulheres na IECLB. Além disso, considerando o contexto específico desta Igreja em particular – uma Igreja minoritária num contexto majoritariamente católico-romano – esta pesquisa também pretende dar testemunho do impacto que a ordenação de mulheres pela Igreja Luterana tem nas e para as relações ecumênicas. Afinal, suas Obreiras ordenadas têm a possibilidade de representar a Igreja em projetos, atividades e organismos ecumênicos, mas também socialmente pelo seu testemunho e atividades públicas.

O projeto é coordenado pela Professora Ms. Márcia Paixão e pela estudante de Mestrado Ligiane Fernandes, da Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, e conta com o apoio da IECLB e FLM - Secretaria de Mulheres. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail mulheresnoministerio@est.edu.br.


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Fé Luterana

Culto - reunião da comunidade cristã Como diz o Livro de Cultos da IECLB, o culto é uma parada estratégica necessária ao longo de uma jornada. Reúne pessoas na presença de Deus e faz delas uma comunidade. Para refletir a respeito do culto, definição, condução, público-alvo, local e função, convidamos a Pa. Tânia Cristina Weimer, formada em Teologia pela EST, em São Leopoldo/RS, com Mestrado em Teologia Prática, Área de Concentração: Liturgia. Atualmente, exerce o Ministério Pastoral na Paróquia de Nova Hartz/RS e está na Coordenação Sinodal de Liturgia do Sínodo Nordeste Gaúcho. Também participa o Pastor Márcio Arthur Trentini,

O que é o culto para os luteranos? Pastora Tânia Cristina Weimer Após a ressurreição de Jesus, os discípulos e alguns seguidores começaram a se reunir a cada domingo para ‘rememorar’ a ação salvífica de Jesus e ‘comemorar’ a alegria do anúncio feito pelo anjo: Jesus vive!, mudando a nossa relação de fé com o Deus criador e salvador. Isso significa que o culto está diretamente vinculado ao evento da história da salvação. A sua essência é Deus agindo para dar a sua vida ao ser humano e para levar o ser humano a participar dessa vida. É ali que Deus revela sua vontade através da sua Palavra e a comunidade reunida dá a sua resposta de louvor e gratidão. Para essa resposta, usamos uma variedade de emoções, palavras faladas e cantadas e ações, os elementos litúrgicos. No culto, Deus fala e nós, além de escutar, interagimos. A fé nasce do que é ouvido e reconhece as dádivas recebidas pelo amor abrangente e bondade redentora de Deus. A existência cristã é essencialmente comunitária: ser cristão significa estar na comunidade, na Igreja. É nesta comunidade que Deus atua no culto em que se reúne a sua comunidade de fé, que, por sua vez, busca complemento nas devoções pessoais diárias e dali retorna para o culto em comunidade, mantendo seu equilíbrio. Lembrando das palavras de Jesus, na narrativa da tentação (Mt 4.10; Lc 4.8) Está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto. É apaixonante falar sobre o culto e principalmente sentir no coração o que ele representa para nós cristãos luteranos: o encontro da comunidade com Deus. Reunimo-nos para encontrar-nos com Deus bem como com nossos próximos (Mt 18.20) e esse encontro só é possível porque Deus assim o permite. Para refletir, leia Romanos 10.5-18

Onde é realizado o culto, quando e como? Pastor Carlos Romeu Dege A partir do exemplo de Noé, o culto é realizado num contexto presente (após a saída da arca), em vista de acontecimentos passados (o dilúvio), numa perspectiva futura (o recomeço após a destruição). Portanto, no culto a comunidade encontra-se com Deus (Mt 18.20). Essa realidade é sinal da ação primeira de Deus (1Co 11). Ele vem e cria comunidade. A comunidade reage. Neste sentido, quando perguntamos onde o culto é realizado, a experiência de Noé (Gn 8.20s) em construir um altar, o qual resultou da sua fé, mostra que qualquer lugar é oportuno, pois sua prontidão para o culto estava ancorada no reconhecimento de que Deus o guardara até ali, juntamente com todos os seres vivos na arca. A adoração de Noé representou uma reação à ação primeira de Deus. O culto foi a resposta da família de Noé de que Deus a guiara e salvara. Assim as primeiras comunidades cristãs também o fizeram. Reuniam-se no primeiro dia da semana reagindo à ressurreição de Jesus. A celebração no primeiro dia da semana (nosso domingo), dia em que Jesus ressuscitou, mostra o recomeço, a possibilidade de um outro futuro que não a morte, um dia de triunfo e liberdade, proclama e vive de novo a Páscoa. Assim o nosso domingo foi designado O Dia do Senhor. Portanto, este encontro da comunidade com Deus é de responsabilidade de toda a comunidade para lembrar a ação de Deus. É a comunidade que determina local e horário do culto, que é dirigido por uma liturgia que tem por função auxiliar a comunicação entre estes dois parceiros (comunidade e Deus). O culto não quer assistentes, mas participantes. O culto não é do Pastor ou da equipe de liturgia, mas sim de todos. Para refletir, leia Romanos 12.1-18

com Mestrado em Liturgia. No momento, atua como Pastor na Paróquia Martin Luther, em Porto Alegre/RS e participa dos Conselhos de Liturgia da IECLB e do Sínodo Rio dos Sinos. Contribui, ainda, o Pastor Carlos Romeu Dege, Mestre em Teologia, Área de Concentração: Liturgia, integrante do Conselho de Liturgia da IECLB (COLI) e Pastor na Paróquia em Igrejinha/RS. Encerra esta reflexão a Pastora Ana Isa dos Reis, formada em Teologia na EST, com Mestrado em Teologia, na área de Liturgia, no Instituto Ecumênico de PósGraduação (IEPG), também em São Leopoldo. Hoje, exerce o pastorado na Comunidade Evangélica Ijuí/RS

Por e para quem é ministrado o culto? Pastor Márcio Arthur Trentini O culto é um encontro de Deus com as pessoas. Deste encontro, a comunidade é convidada a participar e não somente assistir. O guia da vida comunitária da IECLB Nossa fé – Nossa vida (página 17) deixa claro que a tarefa de conduzir o encontro das pessoas com Deus no culto é uma tarefa do Pastor e da Pastora, mas o culto não é do Pastor ou da Pastora, o culto é da comunidade. O Pastor apenas ajuda a comunidade a celebrar, por isso a tarefa de conduzir o culto pode ser compartilhada ou totalmente assumida por Obreiros dos outros Ministérios ou por pessoas da comunidade, desde que, para isso, haja concordância por parte da comunidade. Em muitas comunidades, há também a experiência de grupos de liturgia. São grupos que, junto com o Pastor, preparam e conduzem o culto regularmente ou em ocasiões especiais. Normalmente, estes grupos recebem algum tipo de formação/preparação específica para realizarem esta tarefa, bem como também recebem autorização por parte da comunidade. Durante a preparação do culto, sempre é importante estar atento para quem vai estar presente ao culto: qual o público que se vai ter. Em princípio, o culto é um encontro para a comunidade toda, não apenas para um grupo específico. Além disso, ele é aberto para todas as pessoas que quiserem dele participar, mesmo aquelas que não são ‘inscritas’ na comunidade, mas ele acontece dentro de uma determinada realidade, de um determinado contexto e momento da vida da comunidade e isso deve ser considerado na hora de moldar e conduzir o culto. Para refletir, leia Romanos 12.5

Para que os luteranos se reúnem em culto? Pastora Ana Isa dos Reis A partir do Batismo, formamos parte da comunidade de pessoas cristãs e sentimos a necessidade de viver em comunhão, compartilhando a fé e os acontecimentos da vida com Deus e com os irmãos e irmãs. As pessoas cristãs luteranas vão ao culto porque Deus, em Jesus Cristo, assegurou sua presença lá onde duas ou mais pessoas estivessem reunidas em seu nome e porque Deus também ordenou que seu povo se reunisse em sua memória. As pessoas cristãs luteranas reúnem-se em culto para celebrar o amor de Deus revelado sob as mais diferentes formas. No culto, as pessoas encontram Deus, o Senhor da Vida e da Morte, e também encontram os irmãos e as irmãs, encontram, ainda, forças para a caminhada diária, podendo ‘reabastecer as baterias’, saindo revigoradas e preenchidas com o alimento necessário para a caminhada diária. É no culto que trazemos coletivamente a voz de clamor do povo que sofre e podemos ensaiar um novo mundo. Pessoas cristãs luteranas vão ao culto porque lá encontram oportunidade de, em gratidão, ofertar com alegria. Cada vez que celebramos culto, experimentamos novamente a união com o Cristo Ressurreto e, assim, também encontramos orientação para a vida. É no culto que as pessoas cristãs luteranas se encontram como comunidade, como família em que cada membro, diferente um do outro, é importante. Pessoas cristãs luteranas são como uma brasa, um carvão. Cada carvão, cada brasa, precisa dos outros carvões, das outras brasas, para continuar produzindo calor e luz. O culto é o espaço no qual o ‘cristão-brasa’ encontra outros ‘cristãos-brasas’ e, assim, pode manter bem acesa a chama da vida. Para refletir, leia Mateus 18.20


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Geral

Páscoa: o sinal mais em meio a tantos sinais menos Autor do Editorial do Jorev Luterano de Páscoa, o P. Hermann Wille, com 27 anos de pastorado, Mestre em Ciências da Religião (PUC/SP), atualmente na coordenação da ação pastoral na Comunidade de Santo Amaro, no Programa Comunitário da Reconciliação e na direção do Instituto de Estudos e Práticas Interdisciplinares – PRAXIS, em São Paulo, nos oferece uma profunda reflexão sobre esta data especial na vida dos cristãos, a Páscoa. Não faz muito tempo, a vida neste nosso mundo, a economia, a produção e o comércio estavam muito vivos! A vida financeira resultou numa aposta contra a vida dos cidadãos e cidadãs no mundo todo. O ganho fácil envolveu os próprios governos e esses fizeram vista grossa durante anos. Justamente no ano em que a humanidade foi confrontada com dados concretos a respeito do aquecimento global, o comércio internacional se acelerava mais e mais. Em função do embalo, todos continuaram consumindo os recursos naturais num nível absolutamente insuportável para a Terra. A bolha estourou. Ficou um buraco enorme. A cicatriz passa pelas casas de milhões de famílias no mundo todo. O mundo todo foi atingido e nele, em especial, o rosto dos mais fracos.

‘Para evitar o pior’, dizem os entendidos, precisamos salvar os grandes bancos e empresas. A coisa chegou num ponto em que é impossível ajudar e salvar o indivíduo. As grandes forças desse nosso mundo correm para pedir ajuda. Para as pessoas em geral, vale um grande menos! A atual crise global não deixa de ser um espelho para as situações difíceis na nossa própria vida. Por vezes, vamos adiando certas situações. Vamos levando sem encarar e aí, num determinado momento, chega a hora da verdade. A bolha explode e, com ela, as nossas seguranças. Nossas for-

ças já não são suficientes para segurar com dignidade a própria vida. O entorno, por vezes, ainda ajuda a puxar para baixo. Situação vivida pelo salmista quando diz Elevo os meus olhos para os montes e pergunto ‘De onde virá o meu socorro?’ O protetor do povo nunca dorme nem cochila. Deus não faz vista grossa nem apostas. O seu investimento é outro e este resgata a confiança.

A ressurreição de Cristo mostrou o interesse e a lealdade de Deus. Ele investiu o que tinha de mais precioso, num dos momentos em que o mundo se encontrava em uma profunda recessão. Com o seu investimento, socorreu, salvou e resgatou a humanidade como um todo. Considerou a vida de cada um, caso a caso, e mais: para que o ser humano, tão endividado, não tivesse que abrir mão da sua dignidade (sem crédito na vida), instaurou uma grande anistia. Pela inconfundível força da ressurreição, Deus nos mostrou: não importa o tamanho da crise na qual nos metemos, é possível trabalhar com a velha imperfeição humana. O ‘pacote’ que vem nos socorrer estabelece condições para ultrapassar a lei das coisas que não têm volta, do imediatismo, da vantagem, da corrupção, da irresponsabilidade e da maldade pura e simples. Nos momentos mais tenebrosos e escuros, apesar de tudo, inclusive da morte, é devolvida à luz a força daquilo que faz com que a vida mereça e possa ser vivida.

Sinal de uma força diferente! A ressurreição de Cristo nos marcou definitivamente. Os vestígios da esperança insistem em se manifestar em nós e entre nós. Em meio às lágrimas, aos gritos, às idéias vagas e confusas a respeito da felicidade, do perdão e da gratidão, prevalecem o jeito e a forma de Deus agir neste mundo. Estamos autorizados a viver a vida por inteiro, apesar dos altos e baixos. É isso que reverbera em nós a partir do túmulo vazio.

No evento da Páscoa, Deus nos socorreu. Fez uma intervenção para curar o mundo. Diante das atitudes de extrema maldade, dor indizível e da perda incalculável, prevaleceu a vida na plenitude do Cristo ressurreto. Fomos curados porque Deus não cobrou de nós a conta em função da perda do seu mais precioso bem. Ao contrário, ele recolocou o seu filho na vida em prol de todos nós. O amor acabou sendo mais forte do que a morte. Esta é a razão dos semblantes

iluminados, sinal da nossa confiança. A marca de Deus é a cruz, o sinal do eterno mais (+) contra tudo que leva a um menos (-). O patrimônio que é a nossa vida e a nossa história não vai virar cinzas. Temos um eterno mais em meio aos altos e baixos desse nosso mundo. A vida pode e merece ser reconstruída. Ela será restabelecida apesar da morte. Eis a mensagem que, com sustentabilidade, nos reanima, por isso celebramos a Páscoa!

Conaje

Unidos por Santa Catarina Sheila Murgia Eggert Potin Presidente do Conaje É do conhecimento de todos a situação de calamidade no Estado de Santa Catarina. Sabemos como está sendo difícil encarar e superar todo este desastre que lá aconteceu, por isso, em nome do Conaje, quero motivar toda a Juventude Evangélica a se mobilizar, pois o momento exige solidariedade. Vamos nos organizar e usar a nossa criatividade para promover alguma ação concreta em nossas localidades e Comunidades de forma a ajudar estas pessoas que foram afetadas. A IECLB abriu uma conta para receber doações em favor de Santa Catarina. Divulguem esta conta. Façam campanhas de arrecadação financeira. Vamos nos unir a esta corrente de solidariedade. Vamos, juntos, assumir este compromisso de resgatar a esperança e a dignidade das pessoas atingidas pelas enchentes. Lembrem-se: cada doação é muito importante. Ajude você também! Podemos interceder em nossas orações individuais ou nos grupos pelas pessoas que enfrentam este momento tão difícil, por isso segue a oração indicada pelo Pastor Presidente da IECLB para os cultos da nossa Igreja, mas que também pode ser a nossa oração nos grupos de jovens. Bondoso Deus, o que nossos ouvidos têm escutado e nossos olhos visto, acerca da calamidade que afetou Santa Cataria nos deixa espantados e tristes. É uma catástrofe natural, que temos dificuldade em entender, mas bem sabemos também que a ação humana, descuidada de tua bela criação, muito tem contribuído para o sofrimento que agora testemunhamos de tantas formas. Conforta enlutados, dá força e ânimo a quem tenha sido atingido e desperta em nós todos um autêntico sentido de solidariedade e cuidado com tua criação. Não nos deixes esquecer o quanto de bom nos dás a cada dia de nossas vidas. Em nome de Jesus Cristo. Amém ____________________ Conta corrente para depósito de doações Favorecido: IECLB Campanha Calamidade em Santa Catarina CNPJ 92.926.864/0001-57 Banco do Brasil Agência 0010-8 C/C 40.000-9


Comportamento

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IECLB: entre 1945 e 1950 Dando seqüência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. em. Dr. Martin Dreher, Doutor em Teologia pela Universidade de München, vai apresentar o processo de formação da Federação Sinodal abrangendo o tempo entre o fim da II Guerra Mundial e o 1º Concílio Eclesiástico, em 1950. Alemão batata come queijo com barata! Cresci ouvindo essas expressões. Nasci em novembro de 1945. A Guerra terminara, na Europa, em maio. Quando, em 26 de outubro de 1949, surgiu a Federação Sinodal, não tomei conhecimento. Nesses primeiros quatro anos da minha vida, muita gente havia trabalhado para formar a Igreja que pretendia, com todas as forças, ser Igreja de Jesus Cristo no Brasil. Em 1945, os sentimentos dos membros dos Sínodos que viriam a compor a IECLB eram variados. Os rastros do regime fascista de Getúlio Vargas ainda se faziam sentir. A rede de ensino dos luteranos estava destruída. Patrimônio havia sido confiscado. Membros e Pastores haviam sido humilhados e levados para campos de concentração em Porto Alegre, Florianópolis/SC, Rio de Janeiro/RJ e Vitória/ES. Alguns haviam sido mortos pela polícia do Estado Novo. Alguns campos de trabalho estavam perdidos. Outras denominações protestantes haviam se aproveitado da situação. Nas Comunidades, alguns resignavam ante ‘o castigo de Deus’. Outros diziam que era hora de arregaçar as mangas.

Luteranos que regressavam da Europa, pois lá haviam ficado retidos por causa da Guerra ou nela lutado como ‘soldados de Getúlio’, diziam que também no Brasil necessitávamos de reorientação. O sinal mais evidente dessa reorientação se expressou nas Comunidades, principalmente nos grupos de OASE, que passaram a cantar com entusiasmo o hino da resistência ao nazismo Jesus Cristo é rei e Senhor... é Senhor somente, hoje e eternamente. A fome na Europa permitiu o trabalho conjun-

O Instituto Pré-Teológico de São Leopoldo/RS (IPT) iniciou em 1921, tendo à frente o Pastor Hermann Gottlieb Dohms (1921-1956) e encerrou suas atividades em 1977, sob o comando de Theo Kleine (1976-1977)

to com outras denominações cristãs no projeto ‘Socorro à Europa Faminta’, depois intensificado. Em 1948, os Sínodos estariam representados na Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas, em Amsterdã, na Holanda. Era, também, tempo de ‘guerra fria’ entre os Estados Unidos e a União Soviética. O medo se concentrava nos ‘comunistas’. Como vida não é feita apenas de medo, lideranças luteranas julgaram por bem ingressar com mais intensidade na vida pública. Desde a legislatura de 1946, haveria deputados estaduais

e federais luteranos. Regionalmente isolados, os Sínodos retomaram os diálogos que haviam sido interrompidos pela Guerra. Importante foi que começaram a enviar jovens para a Escola de Teologia, fundada logo após o final da Guerra pelo P. Hermann Dohms, em São Leopoldo/ RS. Aqui, começaria a formação de um quadro de Pastores nascido no Brasil e a discussão teológica sobre o que significava ser Igreja de Jesus Cristo no Brasil. No passado, os Sínodos haviam se orientado mais na questão da herança étnica. Agora, se perguntavam com mais intensidade pela missão da Igreja em contexto brasileiro. Todos esses acontecimentos e reflexões permitiram que, em 26 de outubro de 1949, todos os Sínodos P. Dr. Hermann Gottlieb Dohms nasceu em Sapiranga/RS, em 3 de novembro de 1887. Ao falecer, em 4 de dezembro de 1956, em São Leopoldo/ RS, seu currículo indicava que fora Pastor (1913), Diretor do Instituto Pré-Teológico (1921), Presidente do Sínodo RioGrandense (1935), fundador do Colégio Sinodal (1936), Reitor e Professor da Escola de Teologia (1946) e Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (1950).

tivessem assumido o compromisso de formar a Federação Sinodal, cujo primeiro Concílio aconteceria em maio de 1950, na sala de meditações do Instituto Pré-Teológico.

Igreja de Jesus Cristo no Brasil No Primeiro Concílio da Federação Sinodal, realizado de 14 a 16 de maio de 1950, foram apresentadas pelo P. Hermann Dohms as sentenças programá-ticas que norteariam a IECLB: 1. A Federação Sinodal é Igreja de Jesus Cristo no Brasil com todas as consequências que daí resultarem para a pregação do Evangelho neste país e a co-responsabilidade para a formação da vida política, cultural e econômica do seu povo. 2. Esta Igreja é confessionalmente determinada pela Confissão de Augsburgo e pelo Pequeno Catecismo de Lutero, pertence à família das Igrejas moldadas pela Reforma de Martinho Lutero e quando adotar em lugar de ‘Federação Sinodal’ a denominação de Igreja, o que esperamos para breve, exprimi-lo-á nesta mesma denominação. 3. Como Igreja assim determinada confessionalmente, a Federação Sinodal encontra-se na comunhão das Igrejas representadas no Conselho Ecumênico, as quais admitem o Evangelho de Jesus Cristo, que nos transmite a Sagrada Escritura, como única regra e diretriz da sua obra evangélica e da sua doutrina. 4. A Federação Sinodal cultiva a comunhão de Fé com a Igreja-mãe, a Igreja Evangélica na Alemanha, que pela sua organização básica evidencia a comunhão da cristandade evangélica na Alemanha e se enquadra na ordem da ecúmene. Nos anos posteriores a 1950, a história da IECLB deve ser entendida como esforço para concretizar essas sentenças.

As novas bases teológicas O Século XX foi, em boa medida, marcado pelos nacionalismos. Eles também se fizeram sentir nas igrejas. No caso dos luteranos brasileiros, o nacionalismo se expressou na forma da germanidade, conceito com o qual se acentuava o compromisso de manter a identidade étnica como dádiva divina. Ao final da Guerra estava claro que essa fusão de Evangelho e germanidade não se sustentava na forma como havia sido fundamentada no passado. O Evangelho deveria ser pregado na língua que as pessoas entendessem, mas de modo algum se poderia falar em um ‘evangelho alemão’ que deveria ser estendido a todas as etnias. Para o novo discurso que se estabeleceu nos Sínodos, alguns Teólogos foram de grande importância. Aqui devem ser mencionados os nomes de Karl Barth, Emil Brunner, Dietrich Bonhoeffer, Paul Althaus e Werner Elert. Karl Barth fora Professor de um aluno de Hermann Dohms, Ernesto Schlieper, e tinha no Pastor Gustav Reusch, Pastor em Cachoeira do Sul e, depois, em

Novo Hamburgo, seu grande advogado. Althaus e Elert eram Professores na Universidade Erlangen e suas publicações eram muito conhecidas entre os Pastores de um dos Sínodos, o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados, onde na época atuavam pessoas como o Pastor Ferdinand Schlünzen, também seu Presidente, P. Hans Müller e P. Wilhelm Fugmann, produtores dos primeiros hinários em Língua Portuguesa. A Ernesto Schlieper deve-se a aproximação de Hermann Dohms, a grande liderança dos primórdios da IECLB e também seu Arquiteto, desses pensadores teológicos. Dohms vinha do Pietismo, descobrira a Teologia de Schleiermacher, Troeltsch e Martin Kähler e, no pós-Guerra, teve nova conversão teológica ao se ocupar com Barth, Brunner, Althaus e Elert. Dohms também trabalhara já antes da Guerra para que três dos quatro Sínodos que formariam a IECLB assumissem explicitamente a Confissão de Augsburgo e o Catecismo Menor de Lutero, além do Antigo e Novo Testamento, como base confessional. Essa base

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confessional estreita deveu-se à composição confessional do povo que formou as comunidades da IECLB. Enquanto os pomeranos e os provenientes do norte da Alemanha eram luteranos, os vestfalianos e parte dos renanos eram calvinistas e muitos dos palatinos eram unidos. Para manter esse povo unido, teve que se optar por uma base confessional que alguns designaram de minimalista. O quarto Sínodo, no qual atuavam Pastores oriundos de Neuendettelsau e Hermannsburg, tinha como base confessional os escritos contidos no Livro de Concórdia. A grandeza de lideranças como Ferdinand Schlünzen e Friedrich Wüstner permitiram que também este Sínodo desistisse do Livro de Concórdia e adotasse a Confissão de Augsburgo e o Catecismo Menor como base confessional. No entanto, os outros três sínodos concordaram que, no futuro, todos os Sínodos deveriam ter todos os escritos contidos no Livro de Concórdia como sua base. Essa dívida está em aberto.


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Deutsche Seite

Der Christ und der Tod

Wenn ich mich recht erinnere, war es in einem Buch aus unserer Schulbibliothek, in dem ich als junger Mensch eine arabische Legende fand, die mich tief beeindruckte. Ich will versuchen, sie hier wiederzugeben: In einem Dorf bei Damaskus in Syrien kommt in der Morgenfrühe Abdullah, der treue Knecht, zu seinem Herrn, dem Scheich Ibrahim, und bittet ihn, aufgeregt und zitternd: “Herr, leihe mir dein bestes Rennpferd. Ich muss flüchten, sonst ist es um mich geschehen”. “Warum musst du denn flüchten?” – “Ich bin soeben dem Tod begegnet. Er will mich holen. Er

machte mit der Hand eine drohende Gebärde. Herr, gib mir dein Pferd, sonst muss ich sterben.” Abdullah will nach dem Libanongebirge reiten. Dort wohnt in einer verborgenen Schlucht sein Freund, der Zimmermann Hussein. Hinter seinem Haus befindet sich eine Höhle, die nur er und Hussein kennen. Da will er sich für ein paar Tage verstecken. Nur das beste Rennpferd des Scheichs kann die 50 Meilen bis zum Abend bewältigen. Scheich Ibrahim tut seinem treuen Knecht den Willen, und bald sieht man, wie Abdullah auf dem Rennpferd des Scheichs in gestrecktem Gallopp davonsprengt. Ein paar Stunden später begegnet Scheich Ibrahim auf seinem morgendlichen Rundgang im Garten selber dem Tod. Er stellt ihn zur Rede: “Tod, warum hast du meinen Knecht Abdullah erschreckt? Wenn Gott dich gesandt hat, ihn zu holen, gut! aber warum musst du ihn vorher noch erschrecken?” “Ich wollte ihn nicht erschrecken”, antwortet der Tod,. “er hat mich erschreckt”. - “Wieso hat er dich erschreckt?” - “Er hat mich erschreckt, weil Gott sich geirrt hat. Zum ersten mal hat Gott sich geirrt.” – “Wieso hat Gott sich geirrt?” - “Er hat mich gesandt, deinen Knecht Abdullah zu holen, aber doch nicht hier, in Sichtweite von Damaskus. Ich soll ihn im Libanon holen, heute nach Sonnenuntergang, in einer Höhle hinter dem Haus Husseins, des Zimmermanns. Und nun treffe ich ihn hier, fünfzig Meilen von der Höhle entfernt, wie er friedlich deine Tauben füttert. Gott hat sich zum ersten mal geirrt.Ich muss natürlich hin nach dem Libanon, aber ich werde nicht fertig damit, dass Gott sich geirrt hat!” Eine Geschichte, die uns nachdenklich stimmt. Man kann Gott nicht täuschen. Er weiss alles – er

weiss alles im voraus. Er verhängt den Tod über uns. Wir können ihm nicht entgehen. Wir wollen die alte Legende im Folgenden ein wenig hinterfragen. Hier wird uns ein Bild von Gott und auch vom Tod gezeichnet, das beeindruckend ist, das aber nicht dem biblischen Zeugnis entspricht. Erstens ist in der Bibel der Tod keine Person, sondern ein Vorgang, ein Geschehen. Und es ist ein Geschehen, über das wir mit Gott reden können, über das wir mit ihm reden müssen, um es annehmen zu können..Unser Gesprächspartner ist also nicht der Tod, sondern Gott..Und wir haben ja in Christus ein unmittelbares Verhältnis zu Gott als unserem Vater. Wir brauchen deshalb nicht vor dem Tod zu fliehen. Er ist kein Taabu vor Gott. Wir brauchen uns vor ihm nicht in eine dunklen Höhle zu verkriechen. Denken wir an den den Tod Jesu Christi. Jesus hat schon in seiner frühen Wirksamkeit erkannt, dass sein Auftrag ihn in den Tod führt. Er versteht seinen Tod von Gott her, versteht ihn als Heilsgeschehen.. Er lernt in der Zwiesprache mit Gott seinen Tod anzunehmen, ihn als des Vaters heiligen Willen zu erleiden. Deswegen ist der Tod Jesu nicht wie ein Punkt – ein Schlusspunkt in einer dunklen Höhle, in der man sich vor Gott versteckt, sondern er ist wie ein Doppelpunkt. Zwischen Karfreitag und Ostern steht dieser Doppelpunkt nun auch für uns: Der Tod Jesu und der Tod seiner Jünger und Jüngerinnen bekommt von seiner Auferstehung her erst seinen Sinn Der Tod ist verschlungen in den Sieg. Wir leben im Glauben schon auf der anderen Seite des Doppelpunktes. Auf der Osterseite. Gott sei gelobt! Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Fürchte dich nicht! Aus meiner frühen Kindheit erinnere ich mich, dass der Karfreitag immer ein besonderer Tag war: wir gingen im Wald Macelatee pflücken, zu Hause durften wir kein Radio hören, schreien war absolut verboten und es gab Fisch und „Sackpudding“ zum Mittagsessen. Zu diesem Tag gehörte auch der Gottesdienstbesuch. Es gab nämlich in unserer Dorfgemeinde keinen Ostergottesdienst, nur am Karfreitag. Dieser Tag war für mich als Kind in der Kirche schwer zu ertragen: die Glocken blieben stumm, die Lieder waren tief und lang, die Erwachsenen gingen mit sehr ernsten Gesichtern zum Abendmahl – und dabei mussten die Kinder sitzen bleiben. Was für eine Angst hatte ich, meine Eltern würden mich danach auf meinem Sitzplatz nicht wieder finden! Dabei fällt mir ein, dass in der Gemeinde wo ich aufgewachsen bin, in der Kirche über dem Altar ein Bild hängt, das das Gesicht des gekreuzigten Jesus zeigt. Ich erinnere mich noch wie sehr mich dieses Bild in Schwarz-Weiß als Kind geprägt hat: Da schaut der leidende Christus Richtung Himmel, die Dornkrone auf seiner blutigen Stirn, sein Mund leicht geöffnet. Als Kind machte mich dieses Bild sehr ängstlich und traurig und ich hatte Mitleid mit Jesus – ja, ich habe mit ihm gelitten, als ich das Bild betrachtete. Irgendwie hatte ich ein schlechtes Gewissen, dass auch ich, durch meine Sünden, dafür verantwortlich war, dass mein lieber Jesus so am

Kreuz leiden musste. Ich konnte einfach nicht verstehen, warum seine Hände mit Nägeln durchbohrt wurden, warum man ihm Essig zum trinken gegeben hat, warum er sterben musste. Dabei

hatte ich im Kindergottesdienst nur Gutes über ihn gehört, dass er die Menschen liebt und wie ein guter Hirte ist, der nach dem verlorenen Schaf sucht.

Ja, ich wünschte mir, wir hätten in unserer Gemeinde damals auch einen Ostergottesdienst gehabt. Mir hat die Auferstehungsbotschaft gefehlt, aber im Laufe der Jahre hat sie mich auch erreicht. Heutzutage merke ich, dass es vielen Menschen angesichts des Todes ähnlich geht, wie mir damals. Sie können nicht begreifen, sie haben Angst. Wie soll es jetzt nur weitergehen? Für Menschen, die sich am Karfreitag versammeln und die Osterbotschaft nicht zu hören bekommen, klingt der Tod als Schluss. Aber Gott, der bis um Äußersten gegangen ist, zeigt, dass es weiter geht. Gott, der Vater allen Lebens, ist stärker als der Tod. Er ruft Jesus aus dem Tod heraus – und damit auch alle, die an ihn glauben. Das Bild von dem gekreuzigten Jesus hängt immer noch in der Kirche meiner Kindheit. Aber jetzt weiß ich, dass ich mich davor nicht mehr erschrecken lassen muss. Ostern ist der Aufstand Gottes gegen den Tod. Er schenkt die belebende Hoffnung, dass Angst und Tränen, Krisen und Katastrophen nicht das letzte Wort behalten. Jesus, der gute Hirte, ist auferstanden – und das gilt auch für mich. So muss ich mich nicht mehr fürchten. Er findet mich auf meinem Platz, er kommt mir entgegen. Die Strahlen der Ostersonne bringen mit sich ein neues Leben für jeden. Schon hier und jetzt. Theologe Jaime Jung


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JOREV LUTERANO ABRIL 2009

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Falecimento

Lembrança de falecimento

Nosso Senhor Jesus Cristo chamou para si a nossa mãe, a vovo, bisavó e tataravó, no dia 1º de dezembro de 2008, às 5h30,

Com pesar, lembramos o falecimento, ocorrido no dia 11 de abril de 2008, da esposa, mãe, sogra e avó

AMELIA GUILHERMINA FLECK NAGEL nascida em Lageado/RS, no dia 6 de janeiro de 1923, filha de Frederico Fleck e de Antonia Augusta Hermann. Casou-se com Willy Alfredo Nagel (in memoriam) em 15 de setembro de 1949, em Crissiumal/RS, e foram residir em Horizontina, na localidade de Lajeado Micuim, onde pertencia e era assídua colaboradora e membro da Paróquia Martim Lutero de Micuim. Mensagem à nossa querida e amada ‘vovo’ Amelia, como todos a conheciam. Queremos primeiramente agradecer a todos que nos auxiliaram nesta hora tão difícil e de grande dor. O que podemos dizer? Não existem palavras para expressar o que estamos sentindo. A ‘vovo’ nos deixou marcas que nunca serão apagadas, ensinamentos que nos acompanharão por toda a vida. Só soube semear amor, carinho, respeito e muita paz por onde passava. Sempre se preocupava muito com todos nós, nunca queria nem deixava ninguém doente. Doença era uma coisa que ela não tolerava. Em meio a tantas pessoas à sua volta, jamais esqueceu ninguém. Obrigado por tudo, você vai estar sempre em nosso coração, deixando para sempre muitas saudades em todos nós. Com essa mensagem, queremos agradecer, em especial, à Pastora Simone Falk Sell e ao esposo, Pastor Willian, aos amigos e pessoas dos nossos relacionamentos pelas lindas coroas e arranjos de flores, à OASE da qual nossa mãe e ‘vovo’ foi uma das fundadoras, ao Pastor Kurt, sempre fiel amigo de todas as horas, ao Pastor Uli, ao Pastor Werner, ao Pastor Claudio, à amiga Rosângela, Lise e Dona Ernilda, às pessoas da Secretaria da Paróquia Matriz de Porto Alegre. Só podemos dizer que Deus, em seu infinito amor, abençoe a todos. Nossa mãe deixou os filhos Araci, Elvira (in memoriam), Olmira, Úrsula (in memoriam), Wilma, Alvino, Arlindo, Armindo, Arno e Odilo, os netos e netas, bisnetos e bisnetas, tataranetos e tataranetas, noras e genros. Mãe querida, a semente de Deus caiu em solo fértil, nasceu, cresceu, floresceu e deu muitos e bons frutos. De repente, veio um vento divino e te levou, mas nos mostrou o que é doação. Amém!

Encontro de família

XXIII Encontro dos descendentes da Família Schnorr 3 de maio de 2009 em São Lourenço do Sul/RS no CTG Sepé Tiarajú Valor por pessoa R$ 16,00 (incluindo café da manhã, almoço e caldo lourenciano) 8h - recepção, credenciamento e café da manhã 10h - celebração do culto ecumênico 11h30 - sorteio de brindes 12h - almoço 14h - apresentações artísticas 15h30 - dançante com a Banda Estação 18h - caldo lourenciano Confirme a sua presença até o dia 25/04/2009 com Ana ou Tatiane pelos telefones (53) 3251.1305 e 3251 1268 ou pelo e mail carinajoias@hotmail.com. São Lourenço do Sul espera por vocês!

HAIDEE J. LORENZ SPIER Nascida em 23 de maio de 1937, filha de Fredolino Frederico Lorenz e Elza Viebrantz, Haidee casou-se com Bruno Spier, em Brochier, em 6 de novembro de 1954. Haidee deixou esposo, filhos, genros, noras, netos, irmã, cunhadas e familiares. A família agradece ao Hospital de Clínicas e à Santa Casa. Agradece também à OASE Salvador e ao Pastor Eloir. Haidee, membro ativo na Paróquia Salvador, deixa enlutados: Esposo Bruno Juliana, Moacir (in memoriam) e família Paulo Roberto (in memoriam), Marta e família Frederico e Julieta (in memoriam) Aline e família Martin Roberto (in memoriam) Ingrid, Nilo e família O Senhor é meu Pastor e nada me faltará Salmo 23

Falecimento Participo o falecimento da minha querida mãe, nossa sogra, avó e bisavó

ANNA FAUSEL (nascida Rotermund) *31.07.1910, em São Leopoldo/RS - †02.01.2009, em Achern, Alemanha após longa e ativa vida, aos 98 anos de idade. Em nome da família,

Sigrid Fausel Göppel Haldenweg 22 88212 Ravensburg Alemanha


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Gente Luterana

O Sínodo Mato Grosso, formado por 19 Paróquias, 110 Comunidades, incluindo os Pontos de Pregação, e quase 9 mil pessoas batizadas, cuja ênfase missionária é a Semana de Evangelização em todas as Paróquias, visitação a Obreiros e acompanhamento em momentos de crise e dificuldades, encontros com Diretorias e Conselhos Paroquiais com vistas a formação e planejamento, além de Seminários Sinodais em diversas áreas, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Nilson Brait e Silvania de Holanda

Comunicar e capacitar

Futuro promissor

Nilson de Oliveira Brait, Advogado, 61 anos, natural de Rinópolis/SP, é casado com Maria Solange, com quem tem quatro filhos e cinco netos maravilhosos, como descreve o avô orgulhoso. Membro da Comunidade de Jataí/ GO, Paróquia do Araguaia, Nilson tornou-se luterano há mais de 20 anos, participando em cultos nas residências de amigos, pois naquela época não havia templo na Comunidade. No cotidiano, a fé se processa de forma bastante intensa “A fé ensina a humildade, pois fé é negação de nós mesmos, total renúncia e confiança na graça de Deus”. Com esse pensamento, Nilson encontrou espaço na IECLB “Minha caminhada junto à IECLB deu-se pela

Fé é total renúncia e confiança na graça de Deus forma e concordância de pensamento, pois se trata de uma Igreja participativa e que se posiciona de maneira decisiva e própria a respeito de temas atuais que preocupam a nossa sociedade”. Na nossa Igreja, o Presbítero já foi Vice-Presidente e Presidente da Comunidade de Jataí e Presidente da Paróquia do Araguaia. Atualmente, é Vice-Presidente da Paróquia do Araguaia e faz parte da Comissão Jurídico-Doutrinária do Sínodo Mato Grosso. Como temas importantes para o Sínodo Mato Grosso, Nilson cita o

Plano de Ação Missionária (PAMI) com atenção especial no trabalho com crianças. Outro tema importante que tem sido trabalhado é Fé, Gratidão e Compromisso, pois a contribuição de todos os membros com seus dons e talentos é fundamental para uma Igreja viva e relevante na sociedade. Os desafios são imensos: as grandes distâncias a serem percorridas, a aglutinação dos luteranos, que existem, mas estão desgarrados, a falta de liderança em algumas Comunidades e Paróquias, apesar do trabalho incansável dos Pastores, e a ausência dos jovens nas Comunidades. “Nesse sentido, estamos dando ênfase aos cultos infantis para fortalecermos a nossa Igreja no futuro”, esclarece. De onde vem a motivação para ser IECLB? “Ela deu-se no momento em que conheci a minha Igreja. Até então, não sabia ao certo o que era ser luterano. Hoje, com a participação ativa em diversos setores e com a presença e o incentivo do Pastor da nossa Paróquia, homem de grande conhecimento sobre os princípios de Martim Lutero, passei a aprender sobre a IECLB”, explica. “O futuro do Sínodo Mato Grosso é bastante promissor, pois conta com diversos Pastores novos e de grande conhecimento na área teológica desenvolvendo as suas atividades com dedicação extrema, comandados por um Pastor Sinodal inteligente

e muito competente, homem de fé que segue religiosamente os princípios do Reformador”, comemora. Para Nilson, o sonho de todo luterano é que a IECLB mantenha as atividades com o princípio na fé, aprimorando e aglutinado o maior número possível de pessoas junto à IECLB, seguindo sempre os ensinamentos de Martim Lutero, sem que haja o desvirtuamento ao mercantilismo.

Silvania Maria de Holanda, 43 anos, nascida em Fortaleza/CE, é mãe de Ana Clara. Membro na Comunidade/Paróquia de Cuiabá/MT, Silvania tornouse luterana já adulta, quando chegou à cidade de Cuiabá e uma família a convidou para conhecer a IECLB. No cotidiano de Silvania, a fé está sempre presente nas suas atitudes seja no trabalho ou na família. “Procuro ser cristã, respeitar as pessoas com quem me relaciono, resolver conflitos de forma justa e não fazer nada que prejudique alguém, pois temos que utilizar a receita do amor de Deus de forma plena”, acredita. Na IECLB, sua caminhada começou como ajudante do Culto Infantil, passando a Professora do Culto Infantil e do Ensino Confirmatório. Também fez parte da Diretoria da Juventude Evangélica, foi Vice-Secretária e Presidente da Paróquia, além de Presidente do Conselho Sinodal. Pedagoga de formação e Diretora de uma grande escola profissionalizante, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), unidade Cuiabá, Silvania também abre espaço para a fé no seu ambiente de trabalho “Sempre que pos-

sível, nas reuniões que realizamos, sejam comemorativas ou de trabalho, fazemos orações de agradecimento”. A profissão também é útil nas atividades da Igreja, pois algumas capacitações que Silvania recebe procura aplicar na Comunidade, como, por exemplo, a elaboração de Planejamento Estratégico. No Sínodo Mato Grosso, a Presbítera cita como grandes temas a formação de leigos, a identidade luterana, o ecumenismo e a vivência da fé. As dificuldades de ser IECLB na região ficam por conta das distâncias entres as Paróquias, que dificultam os encontros. Silvania de Holanda, que participa das atividades na Igreja, pois acredita que esta ação faz parte da vida e nos ajuda a enfrentar o dia-adia, tem um sonho para a IECLB “A IECLB avançou muito desde que iniciei a minha caminhada. O respeito às diferenças regionais, ou seja, o respeito ao modo de ‘ser Igreja’ de cada Sínodo é muito importante para o nosso crescimento. Creio que devemos continuar as

Temos que utilizar a receita do amor de Deus de forma plena ações nesta direção, abrindo cada vez mais espaço para o diálogo com os membros das Comunidades, melhorando mesmo esta comunicação com a base da Igreja, que é a Comunidade e capacitando nossos Pastores, pois ainda somos muito centrados na ação pastoral, o que não considero ruim, apenas mais um desafio a ser vencido”, finaliza.


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