Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 717 - Maio 2009

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JOREV LUTERANO MAIO 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - MAIO- Nº 717

Tema: Missão de Deus - Nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

P. Schlieper: por uma IECLB viva!

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Dia das Mães

Liturgia do culto

Vocação semeada

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Editorial

Mãe: uma declaração de amor Por um sorriso de criança vale qualquer encenação. Esta frase — que, escrita na base de um quadro no qual figurava um palhaço, marcou a minha infância, já que o tal quadro ficava no meu quarto — foi a mensagem que visitou a minha mente diante da proposta de escrever este Editorial sobre o Dia das Mães, desta vez especial, pois vou vivenciar o meu primeiro Dia das Mães como ‘feliz proprietária’ da Isadora, uma linda ‘bebéia’, como nos referimos a ela, de nove meses e muita disposição! No ano passado, nesta data já apresentava, com grande satisfação, uma barriguinha de quatro meses de gravidez dignos de várias manifestações de carinhosos cumprimentos e até um presente do marido e futuro papai pela passagem do Dia das Mães: uma bolsa, que passei a exibir juntamente com um colar com pingente de boneca anunciando a chegada de uma menina. Quanta expectativa! Então, este ano não será o primeiro! Será sim, pois naquela ocasião eu, que já me

sentia mãe, não sabia o quão maravilhoso é ser mãe, que olhar o rostinho do meu bebê pela primeira vez seria inesquecível, que amor de mãe é algo que aumenta a cada dia (e aumenta muito),

que aquela criaturinha tão indefesa passaria a ser o centro da minha vida, das minhas emoções, das minhas alegrias e de todos os meus pensamentos (todos os dias). A minha recente experiência no time das mães me permite afirmar que

ser mãe é conhecer o mais verdadeiro e profundo amor, um amor que faz uma infinidade de planos, mas não espera nada em troca. Meu amor de mãe se multiplica cada vez que fico observando o meu bebê dormir, um anjo sereno que me faz desejar ser uma pessoa sempre melhor para inspirar admiração nesta que já é o meu orgulho. Meu amor de mãe se renova cada vez que olho nos olhos tão ingênuos e ‘risonhos’ da minha filha (minha filha... como é bom dizer e escrever isso!) e penso em doação, proteção e oração. A propósito, os olhos ‘risonhos’ da Isadora me fazem voltar ao início deste texto, pois, pelo sorriso da minha criança, vale qualquer esforço, qualquer encenação. Filha amada, os braços da mamãe sempre estarão abertos para você, pois abraçá-la é abraçar a própria felicidade. Para todas as felizes mães luteranas, a homenagem do Jorev Luterano! Da mamãe Letícia Montanet

Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

CARTAS Crescimento espiritual

Este espaço é seu

Irmãos(as), sou membro da Igreja Presbiteriana Independente e há, aproximadamente, um ano assino o Jorev Luterano. Seu conteúdo tem sido fundamental no meu crescimento espiritual, assim como reforça a minha identidade ecumênica com vocês, amados(as) irmãos(as) luteranos(as).

A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as nossas matérias é muito importante para que possamos sempre oferecer um Jorev melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando o seu contato! Rua Senhor dos Passos, 202/4º 90.020-180 – Porto Alegre/RS ou jorevluterano@jorevluterano.com.br

Estão de parabéns pelo trabalho! André Tadeu de Oliveira São Paulo/SP

Importante jornal Sou assinante e leitora assídua deste importante jornal que tão bem representa a nós luteranos e aborda temas relevantes em nossas vidas. Uma das colunas que mais gosto de ler no Jorev são as participações de casamentos (Bodas) e festas de família. Agradeço a atenção! Um forte abraço e fiquem com Deus. Até a próxima edição... Ana Schnorr Krüger e Marcos Krüger São Lourenço do Sul/RS

Indicadores Financeiros UPM Abril/2009 = 2,4689% Índice Março/2009 = 0,35% Acumulado do ano = 1,46%

Capa - Montagem a partir de fotos do Pastor Ernesto Theóphilo Schlieper. Leia matéria especial sobre os 60 anos da IECLB e o P. Schlieper, este humilde servo de Deus que dirigiu a IECLB, na Editoria Comportamento – página 13.

Diário da redação Casa Matriz completa 70 anos Com o tema Multiplicando o Cuidado e a Paz, a Casa Matriz de Diaconisas completa 70 anos em 2009. As festividades duram o ano todo, mas, no dia 17 de maio, haverá uma grande festa em São Leopoldo/RS, aberta a membros da IECLB, amigos e parceiros da Irmandade Evangélica Luterana. A festa terá início com um culto festivo às 8h30min. Também estão sendo organizadas apresentações culturais, atividades para crianças e oficinas ligadas ao tema Diaconia. A Casa estará aberta à visitação – incluindo uma sala montada como um ‘museu’ histórico da instituição. Mais informações pelo telefone (51) 3037.0037.

Companhia Premiada Nesta terceira edição do sorteio, os assinantes do Jorev receberão CDs da coleção Reavivar o Canto nas Comunidades contendo belas músicas da nossa Igreja e as assinantes receberão lindas bolsas personalizadas do Jorev. 1234-

Anilda Dreyer – Independência/RS Augusto Dunck – Canarana/MT Edvino Lutz – Poço das Antas/RS Elisa Isaura Diesel – São Pedro do Sul/RS 5 - Ermindo Mertins – São Sebastião do Caí/RS 6 - Frida Baumann – Curitiba/PR 7 - José Tavares de Oliveira Júnior – Goiana/PE 8 - Jayme Gais – Porto Alegre/RS 9 - Marli Ritter Kuhn – Dourados/MS 10 - Norberto Eugenio Muller – Rio de Janeiro/RJ 11 - Olga Dumer – Parobé/RS 12 - P. Jorge Signorini – Morro Redondo/RS 13 - Traude Cibeli Stein – Novo Hamburgo/RS 14 - Romeu Baum – Campo Verde/MT 15 - Ruth Prust – Rio do Sul/SC

Renove a sua assinatura e receba prêmios, pois, para nós, a sua companhia sempre será premiada!


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Curtas

Cidadão do Rio de Janeiro A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro concedeu o título de cidadão do Rio de Janeiro ao Pastor da IECLB Armindo Laudario Muller, em resolução que entrou em vigor na data da sua publicação: 16 de abril de 2008.

Educação, diversidade e cultura Realização conjunta do COMIN e da Faculdades EST, aconteceu de 19 a 31 de janeiro a primeira etapa do curso de especialização lato sensu em Educação, Diversidade e Cultura Indígena, que busca qualificar para práticas em educação na diversidade, com ênfase nas culturas indígenas.

Novo templo em Boa Vista do Buricá Com culto realizado no dia 15 de março e com grande alegria e júbilo, ocorreu a dedicação do novo templo da Comunidade de Boa Vista do Buricá, pertencente à Paróquia de Três de Maio/RS. A Comunidade havia perdido seu templo em função do vendaval ocorrido em 13 de novembro de 2007.

Sobe Dia das Mães: uma caminhada de fé, dedicação e muito amor

Desce Apenas gerar filhos e não assumir a responsabilidade que é ser mãe P. Armindo Muller nasceu em Panambi/RS, em 1º de setembro de 1942, como filho mais velho de Artur Teodoro Muller e Hilda Radmann Muller. Em 1958, ingressou no Instituto Pré-Teológico, em São Leopoldo/RS, e, em 1962, na Escola Superior de Teologia, também em São Leopoldo. Formado em 1966, atuou nas Paróquias de Arroio do Tigre/RS, Santa Cruz do Sul/RS e Nova Friburgo/RJ. Também integrou a Diretoria da Obra Gustavo Adolfo (OGA) como Secretário de Comunicação, assumindo posteriormente as funções de Secretário Executivo Nacional.

A primeira etapa do curso, que ocorre na própria EST, em São Leopoldo/ RS, contou com 24 partici-pantes, entre eles um homem e uma mulher Kaingang e duas mulheres Xokleng. O programa contemplou uma visita à Aldeia Indígena Guarani da Estiva, em Viamão/RS, que recepcionou os visitantes a sua culinária tradicional, contou sua história e cultura, relatou sobre desafios e conflitos e apresentou cantos e danças tradicionais.

A ajuda que a Comunidade recebeu no tempo de reconstrução foi muito grande. Graças ao esforço dos membros, à solidariedade de várias pessoas, Comunidades, Paróquias e instituições do Brasil e do exterior, tudo foi possível. Para a Comunidade, Deus nos sustenta com sua destra fiel e nos mostra seu amor, enchendo-nos de esperanças e de força, força essa necessária para o término de mais essa etapa. ______.....______

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Cantata de Natal A Comunidade de Palmeira de Santa Joana/ES conseguiu celebrar o nascimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo de forma diferente. O Coral da Comunidade se preparou para comemorar junto com todas as Comunidades da Paróquia, além de pessoas de outras Comunidades e denominações, a Cantata de Natal com a Árvore que canta.

A Cantata se desenvolveu da seguinte forma: o coral entoava um hino intercalado por textos bíblicos e mensagens relacionadas com o canto entoado. Após a Bênção e o Envio, a Comunidade teve um momento de confraternização. “Foi um fato histórico marcante que emocionou todas as pessoas presentes. O objetivo foi alcançado, ou seja, comemorar a razão de ser do Natal, a encarnação e o nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo”, afirmaram os Pastores Simão Schreiber e Ronei Odair Ponaht.

Jovens na IECLB Políticas na IECLB para o trabalho com jovens e a sua relação com o protagonismo juvenil, Juventudes: identidades e protagonismos e Conaje e Cosije como oportunidades de articulação para o fortalecimento do protagonismo juvenil foram os temas tratados no Seminário Nacional para o trabalho com jovens, realizado em São Leopoldo/RS, nos dias 27 de fevereiro a 1º de março, juntamente com a reunião ordinária do Conaje.

O Seminário, que contou com a participação de 40 pessoas, abrangendo 17 Sínodos, propôs investir na formação de pessoas para trabalhar com jovens, melhorar a comunicação em todas as instâncias, fomentar diálogo e respeito entre linhas teológicas, em especial, no trabalho com jovens, criar um grupo assessor para intercâmbios e realizar seminário nacional. Ainda na reunião, o Conaje elegeu a cidade de Maripá/PR, no Sínodo Rio Paraná, para sediar o 20º Congrenaje e o 6º Fest’Art, nos dias 25 a 29 de julho de 2010.

Crianças na IECLB Nos dias 20 a 22 de março de 2009, na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo/RS, ocorreu o Seminário Nacional do Trabalho com Crianças na IECLB, com a participação de 17 Sínodos.

O evento contribuiu para o planejamento de ações na área do trabalho com crianças na IECLB. A partir de relatórios sinodais, o grupo elaborou um diagnóstico desse trabalho utilizando as linhas mestras do Plano Operacional do PAMI. O grupo também indicou ações estratégicas para a articulação nacional do trabalho com crianças. O seminário contou ainda com as assessorias da Pedagoga Luciana Berner, que exercitou técnicas de narração, e da Candidata à Diácona Sharlene Leber, que refletiu com os participantes sobre o tema Inclusão numa roda de conversa enriquecedora. O seminário foi reconhecido como um importante espaço de articulação, formação e planejamento para o trabalho com crianças.

Ofertas Nacionais 10 de maio 5º Domingo da Páscoa Casa Matriz de Diaconisas Em 2009, a Casa Matriz de Diaconisas completa 70 anos de existência. Para a Irmandade Evangélica Luterana, isto é motivo para lembrar a sua missão, que consiste no apoio mútuo e no testemunho de Jesus Cristo, por intermédio de ações diaconais. Deus vocacionou para que sinais do seu amor se manifestassem e as Irmãs Diaconisas puderam dedicar-se ao próximo carente, porque também receberam apoio das Comunidades. 17 de maio 6º Domingo da Páscoa Projetos Desenvolvidos pela PPL As ofertas destinadas à Pastoral Popular Luterana (PPL) serão utilizadas para a organização e realização do encontro nacional Celebrar Jeitos, que será realizado em 2010. Como é testemunhado na canção ‘Coração PPL’, escrita por Flávio Kirst, Este momento é meu alimento: a luz e o calor de quem ama. 31 de maio Domingo de Pentecostes Fundo de Missão no País O Espírito de Deus cria e nutre a fé nas pessoas. Também cria a Igreja, que é formada por Comunidades. Nossa Igreja, a IECLB, é formada por mais de 1800 Comunidades: urbanas, rurais, pequenas, grandes e que se reúnem nos mais diferentes lugares, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, muitas vezes na forma de pequenas Comunidades e Pontos de Pregação, visitados esporadicamente e com dificuldade.


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Atualidade

Maternidade com amor, muito amor

‘Ser mãe é viver num paraíso, é sorrir muito, mas, às vezes, também é uma carga bem pesada, pois a preocupação com os filhos nunca termina...’ São as palavras de Nelcy Theresinha Heller (no centro da foto com o falecido esposo e os filhos), natural de Ijuí/RS, viúva, mãe de Roberto Alexandre (in memoriam), Susana Maria, Eduardo Alberto, Andrea Cristina, Luis Carlos e Paulo Sergio, avó de 12 netos e prestes a completar 80 anos, que serão comemorados no dia 4 de agosto próximo. Nelcy, membro na Paróquia Matriz, em Porto Alegre/RS, já foi Presidente e Vice-Presidente da OASE em nível local, Coordenadora paroquial da Igreja da Reconciliação, Representante da Igreja junto ao Sínodo e parte do Grupo de Visitadoras, compartilha a sua experiência de mãe e avó nesta reflexão sobre a maternidade, em comemoração ao Dia das Mães, este ano festejado no dia 10 de maio. O que é ser mãe? Ser mãe não é fácil. Ser uma mãe que realmente se dedica aos filhos é difícil, pois trata-se de uma eterna doação. A mãe abre mão de tudo pelos filhos. Muitas senhoras poderiam ter uma vida mais tranqüila, mas continuam cuidando dos filhos e passam a cuidar dos netos também. No momento em que os filhos são gerados, começa a tensão e assim vai a vida toda, sempre preocupada com os filhos e os filhos dos filhos.

Como vê a maternidade atualmente? É muito diferente de décadas atrás. Hoje está muito mais difícil, pois muitos maridos vão atrás de aventuras e as mulheres criam os filhos sozinhas. A situação mudou muito. Não é mais possível ter cinco, seis filhos. Na verdade, os jovens nem querem ter filhos. Os valores são outros. As moças trabalham e não querem ficar em casa educando os filhos. Além disso, os casais se assustam com o mundo de hoje, tão

violento, o uso de drogas, a promiscuidade, a falta de valores. Hoje está tudo liberado, livre e permitido e não é assim que deve ser.

bem-vindo. A mãe afaga, o pai normatiza, coloca respeito e os dois, juntos, educam. O filho deve se sentir amparado pelos dois, por pai e mãe.

Mãe ontem e hoje: qual é a diferença? Era tudo muito mais fácil, principalmente lidar com as crianças. Os filhos respeitavam os pais, os Professores. Não sei se é em função da Internet, do uso de drogas, da liberação de tudo, mas hoje as crianças estão muito diferentes. Atualmente, é necessário muito diálogo de amizade com os filhos, explicar as consequências dos atos, aos jovens principalmente, e não reprimir, não castigar. O caminho é conversar.

Como mãe, fez um bom trabalho? Muitas vezes, penso que poderia ter feito mais e me pergunto onde falhei. A gente indica o melhor caminho aos filhos. Eles fazem diferente e, quando erram, dizem Mãe, eu deveria ter lhe ouvido... Não existe regra para uma boa educação. A gente deve buscar passar valores para os filhos e colocá-los no caminho da vida cristã. Tenho satisfação em dizer que todos os meus filhos fizeram Ensino Confirmatório.

Para ser (boa) mãe, o que é importante? Paciência, amor, muito amor, ter tempo para os filhos e encaminhá-los no Ensino Religioso. É importante ter um tempo de qualidade com os filhos, o que as mulheres que trabalham também podem fazer, às vezes, até melhor que algumas mães que passam o dia inteiro com os filhos, mas é como se não estivessem lá. Mais que mãe, tem que ser amiga dos filhos e partilhar alegrias e tristezas, pois a vida não é feita só de alegrias. Além disso, muita conversa, muito diálogo.

Dizem que avó é mãe com açúcar... Qual é a diferença entre ser mãe e avó? Avó tapa o sol com a peneira e perdoa muita coisa, pois tem uma certa paciência que a gente só adquire com o passar dos anos. Inclusive, a avó tenta interceder junto à mãe da criança, seja ela filha ou nora, em favor do neto e vai dando um ‘jeitinho’ em tudo. Tenho uma neta que me chama de ‘mó’, que é a mistura de mãe com avó! Ser avó é muito mais fácil, pois é tudo repartido e não tem as noites em claro cuidando dos filhos. Adoro ser avó!

Qual é o papel da mãe na vida do filho? Dar o colo que acolhe! Quando os amigos não são mais tão importantes ou já se foram, a mãe ainda será boa ouvinte e conselheira ao longo dos anos por ser uma pessoa confiável e que sempre vai querer o bem para os seus filhos. O filho deve ser programado,

Há relação entre fé e maternidade? Total. Vou aos cultos todos os domingos. Se eu não tivesse crença, não aguentaria. Quando estou muito mal, é nela que me apego. A fé é muito importante. Sem ela, a vida não tem sentido, é vazia, por isso encaminhar os filhos no Ensino Religioso é tão valioso. Segurar na mão de Deus é fundamental!

Desemprego e amor contagiantes A conversa acontecia em sua pequena e organizada casa, com a presença da esposa e das suas duas filhas pequenas cujos ouvidos talvez não entendessem a dor do pai, que havia sido despedido da empresa depois de 15 anos de trabalho. M.B., fiel participante da sua Comunidade, falava para o Pastor que havia se surpreendido com seus colegas quando foi buscar os seus pertences na empresa, dias depois da demissão Parece que eu era portador de uma doença contagiosa. Meus colegas tinham dificuldades para se aproximar de mim no momento de me despedir deles. Alguém já comparou a dor da demissão ao luto. De fato, tem a ver com as dores da perda. Não se está perdendo um lugar de trabalho, mas as condições materiais de afirmação da sua vida e da família. Foi o que aconteceu com M.B. Ele se abateu, mas não desistiu. Abriu o seu próprio comércio. No momento em que o mundo entra numa crise recessiva e até de depressão econômica, milhões de pessoas estão perdendo os seus espaços de trabalho. A dor da perda se avoluma ao extremo e bate fundo na vida das pessoas. O desemprego mexe com a vida em família e atinge o centro da vida do desempregado, a espiritualidade. É justo também dizer que a dor sobrevém ao empregador. Jamais esquecerei a dor de um pequeno Empresário quando precisou demitir dois dos dez empregados. Era

necessário tornar-se mais competitivo. Ele sabia que a sua decisão involuntária causaria muito sofrimento às famílias dos (des)empregados. Conhecendo esta dor do desemprego, Jesus contou a parábola dos trabalhadores da vinha, em Mateus 20. É uma parábola que fala da misericórdia de Deus na forma de um patrão que parece autoritário. O patrão dá o mesmo salário a quem trabalhou o dia inteiro e para aquele que trabalhou poucas horas, o que gerou uma grande discussão entre os trabalhadores. Na boca

Deus, em Jesus Cristo, nos contagiou com o amor do patrão, a mensagem se resume nas seguintes perguntas Não tenho o direito de fazer o que quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom? As políticas públicas, empresariais e sindicais para garantir trabalho a todos passam pela capacidade de organização destes agentes coletivos, mas também pela misericórdia divina que engaja as Comunidades na criação das condições de dignidade, também advinda pelo trabalho. Foi isto que pude testemunhar em um grupo de jovens da Igreja Católica que residia e atuava num

bairro de trabalhadores, dentre os quais muitos desempregados. O grupo de jovens mobilizou a Comunidade de fé a adotar uma pessoa desempregada por um período. Cada 20 famílias faziam a compra de alimentos para a família do desempregado cujo tempo de inatividade fosse além de seis meses. Também eram feitas visitas. O apoio espiritual era tão importante quanto a cesta básica. Em muitos templos pentecostais, há um engajamento de todos na oração pela pessoa desempregada e na busca de um espaço de trabalho. A pessoa desempregada precisa de apoio espiritual, porque é atingida em sua dignidade. Contagiados pela misericórdia de Deus, os diversos grupos das nossas Comunidades podem organizar-se para a solidariedade às famílias das pessoas desempregadas. Cada grupo pode arranjar uma maneira de manifestar que Deus, em Jesus Cristo, nos contagiou com o amor. Assim, as ações solidárias serão frutos da ponte entre paixão e ressurreição de Jesus e o 1º de maio, especialmente para as pessoas desempregadas. P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

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Missão com diaconia Franz Joseph Haydn, cujo bicentenário da morte somos lembrados nesse ano, costumava afirmar que o meu idioma se entende no mundo inteiro. Penso ser um belo exemplo para nós como IECLB. Cada vez mais falamos um idioma que o povo entende e que a nossa realidade exige: Missão com diaconia. Justamente no mês de maio temos tantos exemplos que sublinham essa afirmação. A mãe, que alimenta, ensina e envia, o culto, no qual Deus nos serve e envia para o serviço no dia-a-dia do mundo, a Casa Matriz de Diaconisas, que no seu 70º aniversário escolheu o lema Multiplicando o Cuidado e a Paz e a Campanha Nacional Vai-Vem, testemunho da nossa unidade e cooperação na missão comum. Justamente agora, após termos cele-

brado a festa da Páscoa, que nos liberta mutuamente para a alegria, somos convidados a alcançar a ‘Galiléia’ – de volta ao trabalho, ao dia-a-dia! É lá que Jesus nos espera para trabalhar com ele para o seu Reino. Após ressuscitar, Jesus apresenta um grande desafio aos

Falamos um idioma que o povo entende e que a realidade exige discípulos recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (Atos 1.8). Crer na ressurreição é viver e agir orientado pelo Espírito Santo em nossa

vida, na missão com diaconia, na valorização do corpo humano, social e eclesial, que defende e viabiliza higiene, alimentação, moradia e educação adequada para todos, que advoga o meioambiente e cuida da justiça, da paz e da integridade da criação. No Brasil de hoje, que serve, na esfera pública, a partir do que a lei permite e, no particular, a partir do que a lei não proíbe, que o nosso povo também entenda o nosso idioma! Para a glória de Deus!

Carlos Möller Pastor 2º Vice-Presidente da IECLB

Carta Pastoral: discernimento ético A Presidência da IECLB, reunida com a Pastora e os Pastores Sinodais, em São Leopoldo/RS, de 10 a 13 de março, divulgou o seu posicionamento sobre o caso de estupro e gravidez de uma menina de nove anos em Pernambuco – no qual a mãe decidiu pelo término da gravidez da sua filha. A carta pastoral que trata do ‘Discernimento ético’ a partir de uma perspectiva evangélica de confissão luterana, expressa a convicção de que Deus, em sua graça, pode até mesmo acolher, em situações limítrofes, opções carregadas de mal, pois o aborto não é certamente um bem, e as acolhe como expressão de um servir responsável ao próximo em necessidade. Essa teologia concorda que a legislação brasileira contemple a possibilidade de interrupção da gravidez em casos de estupro ou risco de vida para a mãe, diz o documento, assinado pelo Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altamnn. Essa teologia, contudo, não define esse desfecho como norma moral geral, pois estaria igualmente desrespeitando o critério de que a decisão deva ser tomada pelas pessoas implicadas, em responsabilidade própria. No caso específico, houve, na origem, atos criminosos de violência sexual contra uma criança, da parte do seu padrasto, que obviamente deve ser submetido aos rigores da lei penal brasileira. Entretanto, o seu julgamento deve considerar um contexto maior de violência que existe na

sociedade em geral e provocar não apenas a ira e a vontade de vingança, mas suscitar um debate mais amplo sobre a realidade que hoje experimentamos. Ademais, enquanto criatura de Deus, ele está também sob o juízo desse mesmo Deus que, em seus desígnios misericordiosos, pode transformar também a sua vida. No entanto, atenção preponderante é devida à criança que é, indubitavelmente, vítima dessa violência, e carecerá por longo tempo de todo apoio médico, psicológico e espiritual que lhe possa ser prestado, para se desenvolver livre de culpas. Nunca é demais enfatizar a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente em todas as suas implicações. Também a equipe médica, que, atenta aos riscos inerentes à gravidez da criança e devidamente autorizada, efetuou o procedimento, é merecedora não de juízos morais que sobrecarreguem as suas consciências, mas de conforto espiritual em sua própria angústia, um conforto que por muito mais razões deve ser estendido irrestritamente à mãe da criança, que autorizou a interrupção da gravidez em sua filha. Mãe e filha experimentaram, cada qual a seu modo, uma tragédia. Contudo, também em meio à tragédia, e especialmente ali, há a necessidade da solidariedade humana e a possibilidade da graça divina. Leia o texto na íntegra em www.luteranos.com.br

AGENDA DA PRESIDÊNCIA MAIO 5-7/5 Grupos Assessores São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Mauro de Souza 11-15/5 COP/COL (Conferência de Lideranças de Igreja Luteranas na América Latina) Lima/Peru P. Walter Altmann P. Homero Pinto 17/5 70 anos da Casa Matriz de Diaconisas São Leopoldo /RS P. Homero Pinto 25/5 Reunião de ACTDesenvolvimento Buenos Aires P. Walter Altmann 28-29/5 Reunião da Diretoria do CI Porto Alegre/RS P. Walter Altmann 30/5 100 anos do nascimento do ex-Pastor Presidente P. PR Ernesto Theóphilo Schlieper São Leopoldo/RS P. Walter Altmann Culto de lançamento da Campanha Vai-Vem Buritis/MG P. Carlos Möller 31/5 Culto de lançamento da Campanha Vai-Vem Canoas/RS P. Walter Altmann Dia da Igreja Sínodo Planalto Rio-grandense Culto de lançamento da Campanha Vai-Vem Ernestina/RS P. Homero Pinto 31/5 Dia da Igreja Sínodo Centro-Campanha Sul Culto de lançamento da Campanha Vai-Vem Agudo/RS P. Nestor Friedrich P. Mauro de Souza

Tema do Ano em Boa Esperança

Primeira reunião anual do CI

“No lugar em que vivemos, somos chamados a ser presença de Deus no mundo e dar testemunho da nossa fé e esperança. Apaixonados pela missão de Deus, conclamamos outras pessoas a integrarem ativamente a Comunidade e a igualmente se deixarem apaixonar pela missão de Deus”, disse o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter

A Diretoria do Conselho da Igreja (CI) reuniu-se com a Presidência e a Secretaria Geral nos dias 26 e 27 de fevereiro, na sede da IECLB, em Porto Alegre/RS, dando início aos trabalhos no ano. De acordo com o Presidente do CI, Milton Laske, 3 pontos da pauta, de um total de 32, foram prioritários. Toda a agenda, no entanto, foi trabalhada exaustivamente. Sobre os pontos definidos como prio-

Altmann, no lançamento nacional do Tema Missão de Deus – Nossa Paixão e Lema do Ano, no dia 1º de março, na Comunidade de Boa Esperança, filiada à Paróquia Martin Luther, de Cruzeiro do Sul/RS, que, na oportunidade, comemorou o aniversário de 120 anos do seu templo. O Tema 2009 é acompanhado do Lema bíblico Deus ama quem oferta com alegria (2Coríntios 9.7b). “Com esse lema, o PAMI recebe o enfoque da sua sustentabilidade e também atendemos à decisão do Conselho da Igreja de enfatizar, na IECLB, a reflexão sobre Fé, Gratidão e Compromisso”, lembrou o Pastor Presidente.

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ridades, o primeiro foi cumprir a determinação do XXVI Concílio para o estabelecimento de diretrizes com o objetivo de viabilizar a implantação do PAMI. O segundo esteve relacionado com o estabelecimento de diretrizes visando à distribuição de competências entre o CI, sua Diretoria, a Presidência da IECLB e a Secretaria Geral. O terceiro item decidiu pela criação de um grupo de trabalho com o objetivo de atualizar e compatibilizar os documentos normativos da IECLB. “Estudamos todas as questões e já preparamos propostas concretas para serem apresentadas na próxima reunião do CI”, confirmou Milton Laske.


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Ministério

Deus como Protetor e Salvador em todas as situações da vida que confia em Deus como Protetor e Salvador em todas as situações da vida. Quando ainda éramos crianças, meu irmão e eu, ela nos falava bastante em sermos Pastores e, no Ponto de Pregação em que participávamos, o Pastor sempre fazia questão de nos dar alguma tarefa no culto. A minha mãe sempre me ensinou a olhar com amor para as pessoas e, quando preciso, também a ajudar, estender a mão, caminhar juntos. Creio que isso tudo foi me conduzindo ao caminho do Pastorado.

P. Jonas Ronei Gunsch, 28 anos, natural de Ijuí/RS, casado com Mônica, é Pastor na Paróquia Evangélica Luterana Princípio da Esperança, em Rolim de Moura/RO, Sínodo da Amazônia De que maneira se deu a sua relação com o Ministério? Creio que vocação não é algo que, de um dia para o outro, cai do céu. A vocação é muito parecida com uma semente, que precisa ser plantada e cultivada para que chegue a dar frutos. Desde pequeno, sempre tive uma grande incentivadora em meus estudos, a minha mãe, que também ensinava a orar e dar graças pelas dádivas recebidas. A minha mãe é o meu grande exemplo de fé, pois a vejo como alguém

Como foi o início da sua trajetória pastoral? Iniciei os estudos de Teologia em 1999, na EST, em São Leopoldo/RS. Foram seis anos de estudos muito importantes, pois aprendi e vivenciei muitas coisas. São dois anos no Ministério e hoje me encontro na Paróquia Princípio da Esperança, uma realidade totalmente diferente da acadêmica. Aqui, as distâncias são maiores. Muitas estradas de chão: na época de chuvas, muita lama e, na época da seca, muito pó. No entanto, se estas são as dificuldades, também existem aspectos bons. Neste canto longínquo do Brasil, talvez pelas dificuldades, as pessoas são muito mais acolhedoras, participam bastante dos cultos, são companheiras para o trabalho da Igreja e a Palavra de Deus é o principal em suas vidas.

Quais são as atividades na Paróquia Princípio da Esperança? Na Paróquia, a principal atividade é a celebração de cultos, girando em torno de 25 cultos mensais. Entretanto, ainda coordeno dois grupos de jovens, cinco grupos de canto e o Ensino Confirmatório de algumas Comunidades, além de visitação às famíliasmembro. Está realizado na sua vocação? Creio que sim, pois as alegrias do Ministério ainda estão me fazendo continuar no Pastorado. Em todas as atividades que o ser humano pratica, existem situações ruins e situações boas e a gente só continua na atividade quando as alegrias se sobrepõem às tristezas. Isso é a realização de uma vocação. Nas situações de desentendimentos, perdas e tristezas, lembro das vitórias e isso me faz prosseguir. Quando vejo que consegui unir e fazer parte de uma Comunidade que luta por um mundo melhor, por um pedacinho do Reino do Deus já aqui e agora, então vejo a minha vocação se realizando. Para mim, a maior alegria do Ministério não é teórica e, sim, prática. Fico feliz quando vejo as Comunidades cada vez mais unidas. Também creio que, com cantos belos e animados, nossos cultos ficam mais saborosos e, então, alegro-me muito ao ver que os grupos de canto que incentivei a serem criados estão dando certo.

Ser Pastor no Sínodo da Amazônia Ser Pastor é buscar servir a Deus, colocando-me ao lado das pessoas que, assim como eu, necessitam Dele, modificando as suas vidas pelo poder da Palavra, pregando, anunciando, aprendendo e vivendo, todos os dias. Ser Pastor nessa Igreja não é apenas um título para poder me colocar acima das pessoas, mas, sim, para possibilitar que eu possa me colocar ao lado delas dividindo com elas tristezas, sofrimentos, angústias, alegrias, problemas, trabalhos, descansos... Para construir o Reino de Deus nesta região, creio ser de extrema importância visitar as famílias em seus lares, animando-as com o Evangelho, pois, devido às distancias, pessoas da própria Comunidade quase não se encontram para que possam se animar mutuamente. Também se faz necessária a coragem dos profetas para denunciar injustiças acontecidas muitas vezes devido ao baixo nível escolar dos que aqui estão. Ressalto, ainda, a paciência que o Pastor precisa ter por aqui para ensinar coisas básicas, desde como fazer uma ata até, às vezes, ensinar a ler e escrever. O número reduzido de membros em cada Comunidade termina sendo uma barreira, porque diversas vezes são poucas pessoas para muitas tarefas. Estamos sempre levando a Palavra de Deus para que mais pessoas sejam alcançadas, realizando o Reino aqui e agora. Neste sentido, nosso Sínodo tem vários projetos de missão que visam a alcançar os que já são membros da IECLB e os que ainda não o são.

Voluntários de Missão O Programa Voluntários de Missão integra a Secretaria da Ação Comunitária, dentro da Secretaria Geral da IECLB, e dá a oportunidade para jovens alemães virem ao Brasil por um ano. A maioria tem entre 18 e 21 anos de idade e vem para realizar atividades voluntárias em alguma instituição diaconal ou Comunidade da IECLB. Nos dias 3 a 7 de março aconteceu o Seminário para Voluntários de Missão, realizado em São Leopoldo/RS, com a participação de 22 voluntários. Na ocasião, os presentes falaram sobre o motivo do seu voluntariado no Brasil e apresentaram o seu campo de voluntariado. A partir dos vários contextos em que os voluntários atuam, Beno Asseburg falou sobre realidade brasileira, cultura, política e economia. Também tivemos a oportunidade de conhecer e exercitar com o SERPAZ atitudes de não violência, começando por nós mesmos. Muito importante e significativa foi a visita à

(COMIN), Fundação Luterana de Diaconia (FLD), usina de reciclagem do Movimento dos Catadores, projeto apoiado pela FLD, Escola Superior de Teologia (EST), Obra Gustavo Adolfo (OGA) e Centro de Formação, Produção Alimentar e Bioenergia, em Santa Cruz do Sul/RS. A noite cultural foi animada pelo Grupo Anima (EST), que, além da sua apresentação, abriu espaço para alguns voluntários apresentarem os seus dons artísticos. É muito bonito ver que estes jovens voluntários estão apaixonados por aquilo que fazem. Para os voluntários, esta experiência de vida contribui de forma significativa para o crescimento e, muitas vezes, é um auxílio na definição da futura profissão. sede da IECLB, em Porto Alegre/RS. Conhecer a nossa Igreja e ver o seu papel diaconal, chamou a atenção dos voluntários, que ficaram encantados com o trabalho que realizamos em todo o Brasil. Marcantes foram as visitas ao Conselho de Missão entre Índios

Diácona Simone Voigt Coordenadora do Programa Voluntários de Missão Secretaria da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

A Igreja precisa ser criativa e fiel ao projeto de Jesus Cristo Qual é o espaço da fé na sua vida? Tenho como base em minha caminhada de Igreja o livro de Atos, Quatro pilares sustentam a vida de fé e de amor das primeiras comunidades. O retrato da comunidade ideal é apresentado nos quatro traços de Atos 2.42 ‘Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações’. As comunidades cresciam dia-a-dia nesses quatro caminhos entrelaçados, fundamentais para a vitalidade das comunidades cristãs ainda hoje. As primeiras comunidades eram chamadas a estar unidas em comunhão interna, em oração e no serviço fraterno. Orar pelo irmão e deixá-lo passando necessidade seria ter uma religião mentirosa. Receber Jesus no pão eucarístico e não se importar com a fome dos irmãos, seria trair o próprio projeto de Cristo, que teve pena da multidão faminta e sempre colocou o serviço prestado aos pobres como sinal de autenticidade no amor a Deus. A Igreja precisa ser criativa e, ao mesmo tempo, fiel ao projeto de Jesus para dar conta do recado nos novos tempos. Na IECLB, qual é a sua caminhada? Já fui Presidente da Comunidade Caminhos da Fé e Vice-Tesoureiro do Distrito Eclesiástico Regional Noroeste (DERN). Em 1998, com a criação de um novo modelo de IECLB, dividida em Sínodos, fui eleito Vice-Presidente da Diretoria Sinodal. Atualmente, na Comunidade, sou membro e colaborador, na Paróquia, Tesoureiro e, no Síno-

da inserção em Comunidades eclesiais, grupos populares e movimentos sociais. Além disso, busca auxiliar a descobrir, com a ajuda da Bíblia, a palavra de Deus na vida do povo, a fim de levar a uma nova consciência de cidadania, contribuindo para criar uma sociedade mais digna, justa e sustentável.

Valtencir Kaiser, 36 anos, nascido em Barra de São Francisco/ES, mas há 25 anos residindo em Rondônia, casado com Fabiane Inês, é membro na Comunidade Caminhos da Fé, em Cacoal/RO, Paróquia dos Migrantes, Sínodo da Amazônia do, Tesoureiro, Coordenador da Dimensão Ecumênica e Representante no Conselho da Igreja. Quais são as suas atividades? Hoje, estou exercendo a função de Secretário Administrativo. Coordeno um trabalho em Rondônia desde fevereiro de 1995, o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), que tem como um dos seus objetivos aprofundar e consolidar a leitura popular e orante da Bíblia defendendo e promovendo a vida por meio

Existe uma ‘causa’ pessoal para participar das atividades administrativas da IECLB? A presença da IECLB na Amazônia sempre teve a marca muito forte no seu princípio de ação ecumênica. Nunca podemos perder isto de vista. O ecumenismo é algo fundamental na caminhada da Igreja no Norte. O trabalho conjunto com a Igreja Católica, movimentos sociais e entidades de classe marcou e continua marcando a sua presença na luta pela dignidade e cidadania nesta região. O Sínodo da Amazônia quer implantar o conceito e a prática de ajuda mútua, já conhecido e de ótimos resultados dentro e a partir da IECLB. Uma das maiores dificuldades é a autosustentabilidade dos trabalhos na região. O grande desafio de Presbítero é proporcionar na vida comunitária espaços de convivência e aceitação mútuas. Espaços nos quais a graça de Deus determine o relacionamento das pessoas, criando um clima positivo - a valorização das pessoas, ou seja, levar as pessoas a sério e respeitá-las em seus desejos, experiências e potencialidades. Significa animá-las a contribuir voluntariamente com tempo, dons e bens.

Responsabilidades da Igreja Somar todos os esforços possíveis entre os Sínodos na manutenção dos trabalhos missionários existentes e na ampliação da presença missionária da Igreja onde houver necessidades. Também ajudar no planejamento e encaminhamentos da Igreja como um todo. Nesse sentido, precisamos de uma Igreja que seja: - missionária: capaz de ir ao encontro do outro; - ministerial: colocar a serviço os dons que Deus nos deu; - servidora: em defesa dos que sofrem e dos que não tem defesa, capaz de educar para a prática da justiça; - dialogante: capaz de falar a linguagem do homem, da mulher, da criança e do jovem de hoje, ensinando e aprendendo, reconhecendo valores também fora das suas fronteiras, com grande espírito ecumênico; - acolhedora: para os que chegam e os que já estão dentro, menos legalista e mais misericordiosa, construtora de Comunidades; - criativa: dando espaço para novas pessoas, novas idéias e novas maneiras de agir, capaz de se transformar sem perder o essencial; - evangelizadora: que anuncia em suas palavras, ações, celebrações e modo de viver; - comunidade fraterna: onde as pessoas se valorizam mutuamente e se querem bem; - alimentadora da espiritualidade: para se encontrar permanentemente na presença do Senhor e ajudar a educar para a oração, a celebração e a experiência mística.


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UNIDADE

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Mulheres

A missão de preservar o planeta com agroecologia às mulheres são formação e informação, porque, hoje, uma pessoa sem formação dificilmente consegue acompanhar o ritmo da evolução do nosso mundo. As máquinas estão tomando o lugar de muita mão-de-obra e mesmo nós Agricultores temos que nos adaptar às modernidades.

Claudineia Pagung Felberg, 34 anos, Agricultora, casada com Gilmar Felberg e mãe de dois lindos filhos: Artur e Letícia, é membro na Paróquia de Espigão do Oeste, Comunidade do Bom Pastor, mas atua no Ponto de Pregação de Divinópolis, Sínodo da Amazônia

Quais os cargos que já ocupou e as atividades que desenvolve na Igreja? Meu primeiro trabalho realizado na Igreja foi com um grupo de mulheres que organizei na Comunidade da linha 102, pertencente a Rolim de Moura. Depois, fui Secretária da Paróquia. Em 2000, nos mudamos para Cacoal e, desde então, sou membro em Espigão do Oeste. Em 2004, comecei a fazer um curso de Diaconia. Em 2006, assessorei um encontro paroquial de mulheres, em Cacoal, sob o tema Mulheres na Agroecologia. Atualmente, trabalho com grupos nas bases, grupos ecumênicos. Nesse trabalho sobre agroecologia, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais paga as minhas despesas e materiais.

Momento do preparo do adubo

Como é o trabalho com mulheres no Sínodo da Amazônia? Faço a agenda com os grupos, pergunto qual é o tema que elas querem trabalhar e, depois, fazemos o trabalho com elas. Na maioria das vezes, os homens estão participando também. O meu trabalho basicamente está relacionado ao meio ambiente, porque a nossa região consome muito agrotóxico e são muitos os casos de câncer, intoxicação, etc. As prioridades junto

Qual é o formato do seu trabalho voltado para a missão? Tenho fé e muita esperança que, com o meu trabalho, meu esforço, eu possa mudar a forma de pensamento dos nossos Agricultores, envolvendo principalmente a produção de alimentos, porque o ser humano está morrendo pela boca. Meu enfoque é a conservação do solo, a produção de alimentos saudáveis sem agrotóxicos e a conservação das águas, que é a fonte da nossa existência. Acredito que esta é a minha missão. Em relação à missão da nossa

batalhadoras e não se curvam diante dos problemas do dia-a-dia. Temos mulheres simples, surradas por causa do sol forte que castiga as Agricultoras, outras são donas de casa dedicadas à família, à educação dos filhos e há também aquelas que trabalham fora para poder ajudar no sustento da casa. Mesmo tão atarefadas, elas têm tempo

As prioridades junto às mulheres são formação e informação

de se dedicar ao trabalho da Igreja em ensaios de coral, teatro, grupos de estudo, enfim várias atividades da vida na Igreja.

Claudineia com os participantes do grupo ecumênico

Igreja, tenho um grande caminho a percorrer, porque o que fiz pela minha Igreja ainda é muito pouco perante o desafio que a missão nos propõe. No Sínodo da Amazônia, quais são os temas? Hoje, o tema mais discutido é a educação, que está sendo um dos maiores desafios das mulheres, mães. A grande dificuldade é manter estas novas gerações no caminho da Igreja, pois, quando atingem certa idade, já acham que são donos do seu nariz e criticam, dizendo que a nossa Igreja está parada no tempo, que as outras igrejas têm cantos mais animados, dançam e várias outras coisas. A participação das mulheres no Sínodo da Amazônia é ativa? A participação das mulheres está bem ativa no nosso Sínodo. Temos muitas mulheres ocupando cargos importantes nas Comunidades e os Encontros Paroquiais sempre são bem frequentados. A marca registrada das mulheres é que elas são guerreiras,

O que pensa sobre a participação feminina na gestão da IECLB? A antiga tradição luterana praticada em muitas Comunidades e famílias impede a mulher de ocupar cargos. Outro fato é que muitos homens são machistas e não permitem que as mulheres tenham cargo de destaque. Também existe aquele outro lado que não posso deixar de destacar: as próprias mulheres se discriminam, achando que não são capazes de cumprir funções. Com a experiência que tenho do trabalho com grupos de mulheres, posso afirmar: o que mais impede as mulheres de ocuparem cargos é o preconceito que existe entre as próprias mulheres. De que forma é possível motivar as mulheres que ainda não participam de nenhum grupo feminino na Igreja? Apresentando trabalhos realizados com os grupos já existentes e, principalmente, ouvi-las, para saber quais são os seus anseios, pois já percebi que, se no primeiro encontro não atingirmos as expectativas das pessoas, dificilmente elas voltam. O que posso sugerir como acesso é usar outros espaços. Por exemplo, eu trabalho com muitos grupos luteranos por meio do sindicato, pois foi onde encontrei mais facilidade para chegar até os grupos uma vez que, geralmente, as igrejas não têm orçamento para cobrir as despesas.

Missão de Deus Nos dias 10 a 12 de março de 2009, reuniram-se a Diretoria da Associação Nacional dos Grupos da OASE, as Presidentes Sinodais e o Conselho Redatorial do Roteiro da OASE. Sendo carinhosamente recebidas pelo Sínodo Brasil Central, a cidade de Luziânia/GO, foi o refúgio para a reunião anual. O tema do encontro foi Ética e Moral promovendo a reconciliação e, desde a meditação de abertura bem como durante toda a programação, fomos desafiadas a olhar com atenção para as questões éticas que perpassam a vida do ser humano. Olhar para ética é cuidar do modo de ser, permitir transformase. Nesse sentido, como pessoas cristãs, um dos crivos para avaliarmos eticamente os padrões morais da sociedade é a essência do projeto de Deus para a humanidade, que é a reconciliação consigo, com o outro e com toda a criação. Pelas devocionais, fomos convidadas a refletir e motivadas a buscar constantemente a força na fé e na comunhão com Deus, lembrando que pequenos gestos fazem a diferença. Por meio dos relatórios, foi permitido um passeio pelas diferentes realidades sinodais. Em todo o caminho, foi percebido que a criatividade está presente em todos os grupos. A terra há 110 anos preparada continua sendo cuidada por mulheres de diferentes gerações e segue em movimento, pois a vida está cheia de começo e recomeço, considerando que a OASE não tem tempo ruim.

OASE não é tão somente forno e fogão, é formação, comunhão, espiritualidade, acesso à cultura e ao lazer. Neste contexto, conhecer a capital do país foi algo especial e um tempo para perceber que somos parte de uma nação e para com ela temos nossa missão: colocar os governantes em oração, não esquecendo da nossa própria ação enquanto seres humanos responsáveis. Encerrou-se o encontro com a celebração eucarística, fortalecendo, assim, para a Missão que é de Deus. As participantes da reunião Luziânia/GO, 12 de março de 2009


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Fé Luterana

Prédica, Ceia, Credo e Pai Nosso Os cristãos vão ao culto porque Deus, em Jesus Cristo, assegurou a sua presença lá onde duas ou mais pessoas estivessem reunidas em seu nome e porque Deus também ordenou que seu povo se reunisse em sua memória. O culto é formado por várias partes e entre elas destacamos a Prédica, a Ceia do Senhor e as orações do Credo e do Pai Nosso para oferecer uma reflexão aos nossos leitores. Para este exercício, convidamos o P. em. Nelson Kirst, que foi, durante 30 anos, Professor de Antigo Testamento, Homilética e Liturgia na EST. Também participa a Pa. Nádia Cristiane Engler, formada pela EST em 2006, Pastora na Paróquia Noroeste do Paraná/PR, seu primeiro campo de atividades. Contribui, ainda, o P. Dilmar Devantier, formado em Letras pela UCPel,

em Teologia pela EST e pós-graduado em Psicopedagogia e em Educação, com atuação durante 13 anos como Professor de Teologia na FLT, em São Bento do Sul/SC, como Pastor em Sinop/MT e, atualmente, na Paróquia de Aririú e Santo Amaro/SC. O encerramento fica a cargo do Pastor Yedo Brandenburg, que, Bacharel em Teologia pela EST e pós-graduado em Aconselhamento e Psicologia Pastoral, cursou Clínica Pastoral em Columbus, Ohio, EUA, exerceu a docência no Curso Superior de Catequese e Estudos Teológicos em São Leopoldo/ RS, atuou no pastorado em Tenente Portela, Campo Bom, Teutônia/ RS, foi Pastor Distrital e, atualmente, é Pastor na Comunidade de Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo/RS.

Prédica

Ceia do Senhor

Pastor emérito Nelson Kirst

Pastora Nádia Cristiane Engler

No culto, ocorre o encontro de Deus com a sua comunidade. São dois parceiros que se encontram regularmente. O que acontece quando dois parceiros se encontram? Eles se comunicam, trocam mensagens. No culto, essas mensagens podem articular-se por palavras ou gestos. Em primeiro plano, estão as mensagens de Deus à sua comunidade, que falam de Evangelho (o amor irrestrito de Deus por nós em Jesus Cristo) e de lei (mandamentos, questionamentos, demandas, orientações). As pessoas, em comunidade, respondem ao recado de Deus com manifestações de louvor, gratidão, arrependimento, intercessão e súplica. As mensagens de Deus vêm à comunidade de duas formas: por objetos e ações simbólicas, nos sacramentos, e por meio da palavra lida e interpretada. A prédica é essa interpretação da Palavra de Deus, registrada na Bíblia, para pessoas de hoje. Na tradição luterana, a prédica costuma partir de um texto bíblico indicado para o respectivo domingo ou dia festivo. A igreja prega, porque entende que Deus a incumbiu com o ‘ministério da palavra’ (At 6.4). Ao pregar, a igreja procura responder às cruciais perguntas de Paulo ‘Como invocarão aquele em quem não creram? e como ouvirão, se não há quem pregue?’ (Rm 10.14). Para que as pessoas ouçam a respeito de Deus, creiam nele e o invoquem, a igreja precisa pregar, interpretando e atualizando para os dias de hoje a palavra do Deus que, de modo articulado e inteligível, falou ‘outrora, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas’ (Hb 1.1), e que falou depois, de uma vez por todas, em Jesus Cristo. Para refletir, leia Isaías 55.10-11

O que você experimenta quando participa da celebração da Ceia? No culto da minha Confirmação, participei pela primeira vez da celebração da Ceia do Senhor. Lembro-me que experimentei a Ceia, apesar do culto festivo, como um momento muito sério, formal e individual. A rigidez na forma do culto não me permitiu perceber seu verdadeiro sentido. Demorei anos para sentir alegria e gratidão pela dádiva que nos é oferecida na partilha do pão e do suco da videira. Hoje, experimento a Ceia do Senhor como o momento de intensa comunhão com Deus e com irmãos e irmãs na fé (1Co 10.16-17), no qual o próprio Cristo se faz presente. Experimento o perdão dos pecados e a paz de me saber reconciliada com Deus através do Corpo e do Sangue de Jesus. É esta experiência que me motiva e me capacita a também ofertar perdão e buscar reconciliação com outras pessoas. Na Ceia, recebo o Pão da Vida (Jo 6.35). É Ele quem sacia a minha fome de vida. É Ele o alimento que me sustenta na caminhada de fé e me permite sair com forças renovadas para a vida cotidiana. É aqui, na Ceia do Senhor, que experimento a ‘troca maravilhosa’. Cristo me convida para vir com meus erros, minhas culpas, angústias, medos e preocupações e entregar tudo em suas mãos. Em troca, Ele me preenche de paz, esperança, ânimo e disposição para servi-Lo. Mesmo sendo a Ceia apenas um aperitivo do Reino de Deus (Mc 14.25), ela já possibilita experimentar tudo isso, que me faz ansiar pela Comunhão plena com Deus, na vinda do Seu Reino. Por isso tudo, para mim, a Ceia é motivo de alegria e gratidão! Você também tem experimentado a comunhão da Ceia dessa maneira? Para refletir, leia 1Coríntios 11.17-34

Credo

Pai Nosso

Pastor Dilmar Devantier

Pastor Yedo Brandenburg

Com o ‘Credo’ (eu creio), a gente diz em que crê. Isso mostra a sua importância no culto, pois afirmamos a nossa fé. Para tanto, o mais conhecido é o Credo Apostólico, mas a confissão também pode se dar por meio do Credo NicenoConstantinopolitano (indicado para os cultos dominicais) ou com formas cantadas. Em todo caso, o Credo afirma a nossa fé no Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo). Deus criou a nós e a natureza – não somos donos da terra, nem temos liberdade de explorá-la predatoriamente. Jesus Cristo, o Filho, nos resgatou e nos libertou para servir a Deus e ao próximo, especialmente anunciando o Evangelho e vivendo o amor de Deus até a sua volta em glória. O Espírito Santo atualiza a obra salvadora de Deus, pondo em nosso coração a paixão pela missão recebida de Jesus e nos capacitando com seus dons. Ter essa clareza e afirmá-la conscientemente é essencial, pois vivemos numa época de crendices que em nada ajudam a nós ou ao próximo. A importância do Credo no culto também se mostra pelo lugar em que aparece: após as leituras bíblicas e a pregação. Isso aponta para um fato fundamental: nossa fé (o Credo) sempre é reação ao ato primeiro de Deus vindo ao nosso encontro. Deus vem a nós em Jesus Cristo, nos liberta da cegueira em relação a ele. Quer dizer, só podemos crer porque Deus vem ao nosso encontro e nos capacita. No culto, ele vem a nós em Sua Palavra e nós respondemos dizendo Eu creio (Credo). A iniciativa é de Deus. Nossa fé (o Credo) é presente de Deus e vem num segundo momento. Portanto, a graça de Deus, da qual vivemos cada dia, é afirmada em cada culto. Para refletir, leia Romanos 10.9-10

A oração é parte do culto cristão. Ao orarmos, nos comunicamos com Deus. Como oração modelo, essencialmente comunitária, Cristo nos legou o Pai Nosso. A palavra ‘Pai’ expressa intimidade, confiança e dependência. O Pai é nosso. Somos sua família. ‘Nos céus’ significa que Deus está disponível para nós em todas as circunstâncias. Após a introdução, seguem sete petições. Na primeira, nós pedimos pela santificação do nome de Deus que acontece por meio do ensino da sua palavra ‘de forma clara e pura’ e da prática da mesma (Lutero). Na segunda, nós suplicamos pela vinda do Reino de Deus, ou seja, da realidade sem males que Deus deseja para toda a sua criação. Na terceira, a vontade de Deus é feita ‘quando Deus nos fortalece e mantém firmemente na sua palavra e na fé, até o fim’ (Lutero). Na quarta petição, nós rogamos pelo ‘pão nosso’. ‘Pão’ é ‘tudo que se refere ao sustento e às necessidades da vida’ (Lutero). Numa época em que se cultiva o ‘meu’, nós somos animados para a vivência do ‘nosso’, da solidariedade. Na quinta petição, nós buscamos o perdão. A comunidade é a comunhão de pessoas perdoadas pelo Cristo crucificado e chamadas a exercitar o ministério da reconciliação. Na sexta, nós clamamos para superar a tentação de romper o nosso relacionamento com Deus e com as pessoas. Na sétima, há o pedido pela libertação ‘de todos os males que afetam o corpo e a alma, os bens e a honra’ (Lutero). A conclusão, em forma de doxologia, proclama o senhorio de Deus sobre todos os demais poderes. Oremos como se tudo dependesse de Deus e ajamos como se tudo dependesse de nós. Para refletir, leia Mateus 6.9-13


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Geral

Aconselhamento Pastoral, Psicologia e Espiritualidade - I Na nossa sociedade atual, repleta de assuntos e complicações de toda a ordem: emocionais, espirituais, familiares, financeiros, políticos, de saúde, segurança, relacionamento, etc., com a pressão das mudanças éticas, morais, de costumes e hábitos, muitas pessoas precisam de ajuda para lidar melhor com os problemas e apoio para solucioná-los. Nesse sentido, podemos contar com o Aconselhamento Pastoral, sobre o qual vai nos apresentar uma reflexão o P. Lothar Carlos Hoch, que estudou Teologia na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo/RS, e no Luther Theological Seminary, em Saint Paul, Minnesota, USA, é Doutor em Teologia pela Philipps Universität, Marburg/Alemanha, e atua como Professor titular da Faculdades EST, onde foi Reitor entre 1999 e 2006. O texto será apresentado em duas partes: a primeira nesta edição e a segunda na edição de junho, em homenagem ao Dia do Pastor e da Pastora, comemorado em 10 de junho. No Seminário de Clínica Pastoral que ministro nas Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, costumo incentivar e acompanhar os estudantes a fazerem visitas em hospitais ou em outras instituições que abrigam pessoas que sofrem e peço que eles escrevam relatórios das visitas que os impactam mais fortemente. Outro dia, um estudante compartilhou que visitou um homem e, ao se aproximar do leito, perguntou como estava passando, a esposa interveio e disse ‘Os nossos dias neste hospital têm sido horríveis. Parece ser um local esquecido por Deus. Quem passa pela rua, do lado de fora, não imagina o que se passa aqui dentro!’. Este fato expressa duas facetas importantes que merecem ser destacadas: Primeira faceta: esta mulher expressou o que inúmeras pessoas experimentam na hora da doença, da morte de um ente querido, do luto, da separação conjugal, da depressão, ou seja, o abandono por parte de Deus. Eis que chega um representante da igreja e a mulher dispara ‘Assim como Deus está longe, também vocês da Igreja estão longe dos hospitais e não podem imaginar o que a gente passa aqui dentro’. De fato, as nossas igrejas costumam se dedicar mais aos assim chamados ‘membros fiéis’, que participam dos cultos e dos grupos organizados, ou seja, mantêm o foco da sua atenção pastoral centralizado no templo enquanto os membros mais afastados ficam em segundo plano, por isso a visita pastoral na hora da crise, justamente quando se experimenta a ausência de Deus, é um dos mais importantes desafios pastorais nos dias atuais. Estou convencido de que as igrejas históricas estão perdendo seus membros para outras igrejas, justamente porque estão deixando a sós os seus fiéis na hora da dor e da crise. Precisamos desenvolver uma concepção mais dinâmica de Aconselhamento Pastoral que não espera as pessoas no templo e na casa pastoral, mas que vá em busca delas ali onde elas se encontram. Segunda faceta: a doença e o sofrimento levantam dúvidas e questionamentos relacionados com diferentes áreas da vida. No leito da enfermidade, as pessoas são obrigadas a parar, têm tempo para refletir e se confrontar consigo mesmas e com a fragilidade humana. Isso pode suscitar o protesto contra Deus, mas pode igualmente levar a pessoa à autocrítica, a fazer um balanço da sua vida e se dar conta de que não cuidou suficientemente da sua saúde,

que negligenciou a sua vida familiar, enfim, pode chegar à conclusão de que precisa dar mais atenção à espiritualidade e cultivar a sua relação com Deus. No aconselhamento pastoral e psicológico, devemos centrar a nossa atenção no paciente. Para nós, aconselhadores cristãos, abertos a aprender com a Psicologia, a Psicoterapia e a Psicanálise, isso significa: Em primeiro lugar, que em nossa ação terapêutica e pastoral devemos ser sensíveis a todas as necessidades da pessoa, tanto físicas, psicológicas, materiais e culturais e especialmente as necessidades espirituais. Essa sensibilidade especial para a espiritualidade, contudo, não nos autoriza a querer impor as questões de fé sobre as pessoas e, muito menos, a nossa forma particular de crer. Não nos cabe extrapolar a nossa autoridade pastoral e pretender manipular a vontade de Deus para conseguir fins imediatos. Nós nos entendemos como servos de Jesus Cristo e nos colocamos de forma humilde a seu serviço, ora para o consolo, ora a admoestação, ora para a cura, mas, às vezes, não nos é proporcionada a graça de poder animar, consolar e curar e, então, nos resta a mais sublime de todas as nossas ações, qual seja, a de suportar com paciência a fragilidade do outro, sem achar que temos que oferecer uma solução para tudo. O genuíno Aconselhamento Pastoral se dá sob o signo da cruz. Aconselhamento Pastoral sob o signo da cruz é o exercício da solidariedade na fraqueza. Aconselhamento cristão é o ato de permanecer ao lado do outro na mais profunda escuridão, sem apelar para soluções mágicas, mas trazer perante Deus tanto a dor e a fraqueza do outro quanto a minha própria impotência. Na Capela da Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, atrás da mesa eucarística, há um quadro que apresenta duas pessoas: uma que acolhe a outra, com um braço envolto em torno da mesma, e o outro braço apontando para uma singela cruz que se encontra atrás do altar. O que eu enxergo neste quadro é o seguinte: por mais importante que seja, que eu saiba acolher uma pessoa em seu sofrimento e que eu saiba ouvi-la em profundidade, e jamais devo me entender como sendo o sujeito da cura ou da solução do seu problema. Cabe-me apontar para além de mim mesmo, para Cristo, o bom pastor.

Conaje

Onde estão as juventudes? Catequista Edson Ponick Coordenador do Departamento de Educação Cristã da IECLB A reflexão a seguir está baseada em 1Samuel 16.1-13. Seguindo um chamado de Deus, Samuel vai à casa de Jessé para oferecer sacrifício a Deus, junto com os filhos de Jessé. Todos se preparam e se dirigem até o local da celebração. Davi está ausente na preparação desse ato litúrgico. Ele não é convidado, nem é lembrado. Deus vê com o coração. Antes do sacrifício, os filhos candidatos a rei se apresentam a Samuel. Para a surpresa de Jessé e de Samuel, Deus não se agrada de nenhum deles. A força física e a estatura não são importantes para Deus. Ele enxerga para além do visível. Ele vê o coração (1Sm 16.7). Creio que Deus insiste em ver como não vemos. Deus vê o interior. Deus vê o coração dos e das jovens que hoje convivem (ou não) nos programas da Igreja. Diante desta constatação, podemos nos perguntar... Quando as pessoas adultas veem: - jovens rebeldes que querem saber pouco ou nada dos programas que a Igreja oferece; - jovens agressivos, que respondem gritando e xingando; - jovens acomodados, alienados, distantes dos problemas que os rodeiam; - jovens consumindo drogas, tendo relações sexuais cada vez mais cedo e muitas vezes sem se prevenir. O que Deus vê? Celebração com a família completa Perguntado se todos os seus filhos estavam ali, Jessé responde Ainda está faltando o mais moço, que está apascentando as ovelhas. (v. 11) Mande chamá-lo, pois não nos sentaremos à mesa enquanto ele não vier. (v.12), respondeu Samuel. Não vamos adiante enquanto o moço que está faltando não estiver aqui. É preciso chamá-lo e incluí-lo para prosseguir. Esse diálogo faz pensar quantas vezes nós paramos para perceber a ausência de jovens na Comunidade. Nossas atividades seguem, os cultos seguem, os grupos seguem. Falta-nos, às vezes, a coragem de dizer: não vamos prosseguir enquanto os e as jovens não estiverem presentes. Que Deus nos oriente para vermos mais além das imagens controversas que fazemos dos e das jovens e que possamos parar para incluí-los nas atividades comunitárias, procurando ir ao encontro das necessidades e dos anseios da juventude.


Comportamento

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Schlieper: Pastor e Teólogo Dando seqüência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. Dr. Paulo Butzke, que estudou Teologia na EST, em São Leopoldo/RS, é doutor em Teologia pela Universidade de ErlangenNürnberg, Alemanha, foi Pastor em Gramado/RS e em Blumenau/SC, Assessor de Formação do Sínodo Vale do Itajaí e, atualmente, é Pastor em Ponta Grossa/PR, além de integrar a equipe coordenadora do programa de sustentabilidade da Federação Luterana Mundial (FLM) para as igrejas luteranas da América Latina, vai apresentar o P. Ernesto Theóphilo Schlieper e a sua influência na IECLB. A participação especial fica por conta do P. em. Ernesto Schlieper, filho do P. Ernesto Theóphilo Schlieper, que assina o box desta matéria. Quando, em meados de 1945, a Segunda Guerra Mundial havia terminado, as Comunidades e os Sínodos evangélico-luteranos no Brasil haviam transposto o período mais difícil da sua história. As medidas nacionalistas do Estado Novo haviam posto abaixo a concepção de trabalho eclesiástico vigente até então, que colocara o cultivo da germanidade como objetivo maior das atividades da Igreja. Assim, a tarefa de renovar a Teologia e a prática de Comunidades e Sínodos era absoluta prioridade nos tempos do pós-guerra. Coube ao aluno de Karl Barth, Ernesto Theóphilo Schlieper, o papel principal na realização desta tarefa. Sua liderança histórica provém, sobretudo, da sua capacidade de discernir e avaliar teologicamente a situação da Igreja e do país. Schlieper resgatou quatro fundamentos

da tradição teológica luterana que permanecem válidos na IECLB de hoje: Jesus Cristo é o Senhor e o fundamento da comunidade cristã Mérito permanente de Schlieper é ter reconduzido a edificação de Comunidades na IECLB nascente a este fundamento, baseando-se em 1Co 3.11 Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. A partir deste fundamento, ele definiu todo o trabalho na Igreja. Esta decisão fundamental permanece válida hoje: a IECLB somente

mas despertará fé e renovará continuamente a comunhão dos que crêem (Is 55.11). A confiança no poder desta palavra é o centro da concepção de edificação de Comunidade de Ernesto Schlieper. Para ele, a pergunta fundamental a ser feita é Confiamos que a Palavra de Deus tem poder para se fazer ouvir e formar comunidades vivas entre nós? Se confiamos, então nossa preocupação deverá ser que a Palavra seja pregada - o efeito da mesma não está em nossas mãos. Para Schlieper, a certeza de que o próprio Cristo é o sujeito da edificação

Ernesto Theóphilo Schlieper nasceu em 30 de maio de 1909, em Taquara/RS, como filho do Pastor Ernst Schlieper e de Helene Falk Schlieper. Influenciado pelo Pastor Dohms, ingressou em 1923 no recém fundado Instituo Pré-Teológico, em São Leopoldo/RS. Após a conclusão do Ensino Médio, em Gütersloh/Alemanha, estudou Teologia de 1929 a 1933 em Marburg, Bonn e Tübingen. Em Bonn, recebeu impulsos decisivos de Karl Barth, que também, após seu retorno ao Brasil, permaneceu seu mentor. Em dezembro de 1937, foi ordenado ao Ministério Pastoral pelo Pastor Sinodal do Sínodo Riograndense (sic), Hermann Dohms. Ao lado do exercício do pastorado em Porto Alegre/RS, lecionou no Instituo Pré-Teológico e, mais tarde, na Faculdade de Teologia. Em 1946, foi eleito Vice-Pastor Sinodal e, em 1950, Vice-Presidente da Federação Sinodal. De 1956 até o seu falecimento, em 31 de outubro de 1969, foi o Presidente da Federação Sinodal, que, desde 1962, utilizava oficialmente o nome de ’Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil’. estará livre para ser Igreja missionária no Brasil se submeter-se ao senhorio exclusivo de Jesus Cristo e for edificada sobre este fundamento. Somente a Palavra de Deus cria e mantém a Igreja Se Cristo é o senhor da Igreja, então também é o sujeito da sua edificação. Através de Palavra e Sacramento, ele cria sua Igreja. Como criatura do Evangelho, a Igreja vive da promessa de que a Palavra de Deus jamais voltará vazia,

da sua Comunidade não exime as lideranças comunitárias do planejamento missionário a fim de que seja dado amplo espaço para a ação da Palavra na vida da Comunidade. Para ele, o que Comunidades e Sínodos necessitavam era a reflexão sobre ‘meios e caminhos’ que ’proporcionem amplo espaço à pregação de Jesus Cristo’. A Palavra de Deus sempre chama a uma decisão de fé O conteúdo do Evangelho oferecido em Palavra e Sacramento é a recon-

ciliação de Deus com a humanidade ocorrida na cruz de Cristo (2Co 5.17-20). Para Schlieper, pregar ‘a benigna decisão de Deus em favor dos seres humanos’ é tarefa central da Igreja. Todo o seu agir, pois, terá o objetivo de chamar as pessoas a aceitarem esta decisão de Deus, permitindo que ele se torne o Senhor sobre suas vidas, ingressando no discipulado de Cristo. Schlieper leva em conta que a IECLB é uma Igreja caracterizada por uma massa de membros que, apesar de batizados, são, em grande parte, cristãos nominais sem um relacionamento de fé com Cristo, por isso ele elegeu como uma das prioridades da edificação das Comunidades a evangelização dos membros batizados distantes da fé e da vida comunitária. A fé consciente e viva engaja-se na edificação da Comunidade e na missão da Igreja Reclamando o engajamento leigo, Schlieper contribuiu para que o pastorcentrismo reinante sofresse rupturas significativas: o topo da hierarquia da Federação Sinodal exigiu este espaço, motivou muitos leigos a saírem da passividade. Schlieper lembrou que a missão não é tarefa exclusiva dos Obreiros ordenados, mas de todos os membros. Missão, para Schlieper, acontece com a realização concreta do sacerdócio geral de todos os crentes. O surgimento - no final dos anos 50 e início dos anos 60 - da Legião Evangélica, do movimento de mordomia cristã e da academia evangélica, todos voltados ao engajamento leigo, está diretamente ligado aos postulados teológico-práticos de Ernesto Schlieper. No ano do centenário do nascimento de Schlieper, a IECLB atual faz bem em ouvir a voz de um dos seus pais espirituais. Com ele, aprenderá a discernir com maior clareza o seu caminho rumo ao futuro desejado por Deus.

O Pastor D.Ernesto Theóphilo Schlieper O centenário de nascimento do D.Ernesto Th. Schlieper nos proporciona, como filhos, a oportunidade de recordar alguns aspectos da sua vida como Pastor e pai de família. Nascido em Taquara/RS e formado em Teologia na Alemanha, regressou em 1939 ao Brasil tendo sido sempre primordialmente Pastor com um dom poimênico muito profundo. Serviu durante um curto período em Candelária, a partir de 1940, por 16 anos, a Igreja da Paz, em Porto Alegre, e, por 5 anos, a Comunidade do Centro no Rio de Janeiro. Ao regressar a São Leopoldo, em 1960, já como Pastor Presidente, assumiu a Reitoria da então Escola de Teologia, deixando mais tarde o cargo para assumir em tempo integral a Presidência da Igreja, em Porto Alegre. Também representou a IECLB em várias diretivas de órgãos ecumênicos mundiais. Como Pastor de Comunidade, dedicava-se com seriedade à pregação nos cultos e ofícios. A Palavra de Deus significava a fonte e a base da sua vida.

Possuía o dom de pregar com simplicidade, sem comprometer a profundidade teológica. Sua atividade poimênica era sempre revestida de muito carinho e empatia para com os membros. Sua virtude era a de primeiro ouvir e só então consolar e orientar. No período de pastorado na Igreja da Paz, entre as muitas atividades da Comunidade, sentiu grande responsabilidade pelas inúmeras famílias de operários das grandes indústrias locais, ampliando a escola da Comunidade para Ginásio da Paz, contando com o auxílio da sua esposa, Irene Schumann Schlieper, que tornou-se Diretora do mesmo, sem remuneração. Aliás, ela foi a primeira esposa de Pastor luterano no Brasil a exercer uma profissão como catedrática no Instituto de Educação em Porto Alegre. A escola da Comunidade e o trabalho entre os jovens possibilitou o estudo para os filhos dos operários e a sua integração na vida da Comunidade. Para ele, o período no qual serviu na Comunidade sempre significou o ponto alto em sua vida de Pastor.

Como pai de família, junto com nossa mãe e meu irmão, Walter, recordo a sua preocupação de proporcionar-nos muito carinho e, o quanto possível, estar presente como pai, preocupado com a nossa formação cristã e secular. Fomos um lar no qual moraram a felicidade e a harmonia. Lamentavelmente, o Pastor D.Ernesto Theophilo Schlieper faleceu muito cedo. Ele alimentava planos e sonhos para o período de aposentado, mas Deus o chamou em 31 de outubro de 1969, o que, em 2009, cumpre 40 anos. Seu túmulo, junto ao da esposa, está no Cemitério da Comunidade Evangélica em Porto Alegre. P. em. Ernesto Schlieper, filho do P. D.Ernesto Theóphilo Schlieper, foi Pastor em Campinas, Brasília, Valparaiso-Chile e Conselheiro-Mor na Igreja Evangélica na Alemanha, país onde reside atualmente.


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Deutsche Seite

Unser Spiegelbild Um es gleich zu sagen: Unser Spiegelbild zeigt uns nicht so, wie wir wirklich sind. Versuche doch einmal, ein beschriebenes Blatt Papier oder ein offenes Buch vor einen Spiegel zu halten und die wiedergespiegelte Schrift zu lesen. Du wirst erstaunt sein, dass du die Worte gar nicht oder nur mit grosser Mühe entziffern kannst. Die Zeilen laufen von rechts nach links, und wir sehen alles, wie man sagt, spiegelverkehrt, auch uns selber. Wir sehen uns nicht so, wie andere uns sehen.. Doch es geht ja darum, dass wir erkennen, wie wir wirklich sind. Wir sehen uns selber eben anders als wir sind, und das leider nicht nur im Spiegel. Es fällt uns Menschen schwer, uns selber mit objektiven Augen zu sehen, so, als ob es ein anderer Mensch wäre, der da vor uns steht. Wir haben den Hang, uns anders zu sehen als wir sind: Schöner, vollkommener, klüger, bedeutender. Ja, aber soll man denn nicht ein positives Bild von sich selber haben, müssen wir nicht gegen Komplexe kämpfen, unseren Selbstwert erkennen und behaupten? Ja, das müssen wir. Aber dazu müssen wir erst einmal den Spiegel wegtun. Es gibt Maler, die das versucht haben – den Spiegel wegzutun und sich selber so zu malen wie sie in Wahrheit zu sein glaubten. Wir denken an das erschreckende Selbstbildnis des gemütskranken holländischen Malers Vincent van Gogh – oder auch an das schöne, christusähnliche Selbstporträt des deutschen Malers Albrecht Dürer, eines Zeitgenossen Luthers. Ich glaube, zwischen diesen beiden Bildern schwankt unser eigenes Bild, das wir als Christen von uns haben. Paulus schreibt Römer 7: “Ich elender Mensch, wer wird mich erlösen von diesem Todesleibe?” – und gleich darauf “Ich danke Gott

durch Jesum Christum, meinen Herrn”. Da ist van Gogh und Albrecht Dürer in einer Person vereinigt Wenn ein Mann wie Paulus noch nicht sein endgültiges Bild malen kann, wenn er im Brief an die Philipper sagt: “Nicht, dass ich´s schon ergriffen

hätte, ich jage ihm aber nach, ob ichs ergreifen möge, nachdem ich von Christus ergrifffen bin” , dann dürfen wir uns nicht wundern, dass wir gewöhnlichen Christenmenschen mit uns selber noch nicht fertig sind.. Martin Luther hat das schöne Wort gesagt: “Der Christ ist im Werden, nicht im Gewordensein”. Wir sind noch nicht fertig. Gott malt noch an unserem Bildnis. Er gestaltet uns noch hinein in das Bild seines Sohnes. Nur “in ihm” sind wir schon

fertig, wir können es nur noch nicht sehen. Paulus schreibt im Kolosserbrief: “Unser Leben ist verborgen mit Christus in Gott”. Doch einst werden wir Christus und uns selber nicht mehr wie in einem Spiegel sehen, sondern in letzter Wahrheit. Wie sieht uns denn Gott? Nun, er sieht uns, wie wir wirklich sind. Und trotzdem lässt er uns nicht fallen. Wir sind ja ein Gedanke Gottes. Und Gott ist mit seinen Gedanken noch nicht am Ende. Wenn wir meinen, wir sind am Ende, wenn wir keinen Ausweg mehr sehen, wenn einer uns vielleicht gerade “fertiggemacht” hat, dann ist Gott noch längst nicht am Ende mit uns. Er denkt uns noch weiter. Warum lassen wir ihn nicht weiterdenken? Warum stellen wir unsere Gedanken nicht auf seine Gedanken ein? Wir kennen doch das Ziel seiner Gedanken. Im Jeremiabuch heisst es (29.11): “Ich weiss wohl, was für Gedanken ich über euch habe, spricht der Herr: Gedanken des Friedens, nicht des Leides”. Eines der erschreckensten Dinge, die mir je ein Mensch gesagt hat, war der Satz: “Machen Sie sich keine Mühe mit mir. Ich bin, wie ich bin. Ich ändere mich nicht mehr.” Da spricht einer, als ob er Gott wäre. So hat ja Gott der Herr sich selbst definiert: ICH BIN, DER ICH BIN. Aber Gott ist Gott. Er ist der ewige, der sich selbst treue, der Schöpfer und Herr aller Dinge. Wir sind Menschen, vergängliche und oft elende Geschöpfe. Aber der, der ist wie er ist, er arbeitet an uns, damit wir einmal das sind, was wir sein sollen! Sein Name sei gelobt!

Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Ein Symbol für den Frieden Neulich bekam ich ein kleines Metallkreuz als Geschenk. Das auffallende daran ist, dass es aus einer abgeschossenen Patronenhülse gefertigt wurde. Rohes Metall, geschnitten und aufgebogen, die scharfen Kanten etwas gefeilt. Am unteren Ende des Kreuzes ist als Zeichen des Todes noch die Patronenhülse zu erkennen. Überreste eines grausamen Krieges aus Liberia, in Afrika. Aus dem oberen Teil der Hülse entstand ein Kreuz, das christliche Symbol des Lebens aus dem Tod. Die Geschichte der Metallkreuze haben schon viele Menschen weltweit zum Nachdenken angeregt. Ihr „Erfinder“, George Togba, war vor dem Krieg Automechaniker. Er und viele andere liberianische Männer und Kinder wurden von den Rebellengruppen als Soldaten gezwungen mitzukämpfen. Togba sah wie ihre Familie ermordet wurden und als 2003 die Kämpfe endeten, entschloss er sich, für den Frieden einzutreten: „In einem Traum kam mir die Idee, aus leeren Patronen- und Granathülsen Symbole des Friedens zu machen“. Zusammen mit über 30 Leidensgenossen fertigte er bisher viele tausend Metallkreuze. Das Projekt wird vom Lutherischen Weltbund unterstützt und mit dem Verkauf in andere Länder können diese Liberianer den Lebensunterhalt für ihre Familien sichern. Die Anfertigung der Kreuze dient ihnen auch als

eine Therapie, um die schrecklichen Kriegserlebnisse zu verarbeiten. Aus dem Symbol für Tod und Zerstörung ist also das Symbol für Leben und Liebe geworden. Auch die Bibel erzählt von einer solchen Verwandlung: „Da werden sie ihre Schwerter zu Pflugscharen und ihre Spieße zu Sicheln machen.

Denn es wird kein Volk wider das andere das Schwert erheben, und sie werden hinfort nicht mehr lernen, Krieg zu führen“ (Jesaja 2,4; Micha 4,3). Schwerter zu Pflugscharen - die Friedensvision der Propheten Jesaja und Micha ist eine tiefe Motivation für die Friedensarbeit, so der Theologe

Dr. Hermann Schalück. Jesaja lebte in einer sehr friedlosen Zeit. Doch er spricht nicht einfach nur davon, die Waffen zu zerstören und einzuschmelzen. Seine Vision geht tiefer. Die Verwandlung von Kriegsgerät in Acker- und Erntegerät zeigt einen Richtungswechsel an. Menschen werden sich neu orientieren in ihrem Denken und in dem, was sie lernen. Sie werden die Gewalt verlernen und sich darum sorgen, dass das Leben wächst und gedeiht. Das kleine Metallkreuz bleibt aber zum Teil noch eine Waffe. Diese Patrone hat vielleicht einen Menschen das Leben gekostet. So ist dieses – wie das Kreuz wo Jesus starb – ein Zeichen dafür, dass das Tödliche und Absurde nicht einfach verschwindet, aber es ist in einer anderen Perspektive aufgehoben. Visionen sind auch heute notwendig als eine Kraftquelle zur Veränderung dessen, was verändert werden kann. Angesicht der Gewalt, die unsere Welt beherrscht, sind Friedens- und Lebenszeichen dringend notwendig. Kleine Schritte zum Frieden sind möglich. Auch in unserem Umgang mit anderen Menschen entscheiden wir uns täglich, ob wir einen Beitrag zu einer friedlicheren Welt leisten. Theologe Jaime Jung


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JOREV LUTERANO MAIO 2009

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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Falecimento Com pesar e saudades, os familiares de

REINOLDO GEISS participam o seu falecimento, ocorrido no dia 21 de janeiro de 2009, no Hospital Dr. Lima de Cascavel/PR, tendo alcançado a idade de 81 anos. Nascido no dia 14 de março de 1927, em Carazinho/RS, filho de Leopoldo e Carolina Geiss, Reinoldo Geiss casou-se, no dia 19 de abril de 1952, com Iracema Surkamp e fixou residência no município de Corbélia em 1956, sendo membro da Comunidade Evangélica Luterana desta cidade. Reinoldo Geiss deixa enlutados a esposa, 1 irmão, 1 irmã, 5 cunhadas, 5 filhos, 6 filhas, 26 netos(as) e 14 bisnetos(as).

Bodas de Diamante No dia 26 de fevereiro, comemoraram seus 60 anos de casados - Bodas de Diamante

ANILDA E RODOLFO SIPP O que Deus uniu, os homens não separam! Onde Deus agiu, sua obra os homens amparem! Pelo dom do amor, ó Pai fiel, te adoramos. Só a ti, Senhor, a nossa vida entregamos.

Aquele que procura segurança no altíssimo Deus e se abriga na sombra protetora do todo poderoso pode dizer ao Deus Eterno: Tu és o meu protetor. Tu és o meu Deus e eu confio em Ti. Salmo 91

Falecimento Com pesar, comunicamos o falecimento da esposa, mãe, sogra, avó e bisavó

AMALIA BILAU ocorrido no dia 8 de março de 2008, em Goiânia, aos 72 anos. Amalia Bilau nasceu no dia 25 de novembro de 1936, em Getúlio Vargas/RS, filha de Otto Britzius e Emma Amalia Britzius, casando-se com Reinaldo Bilau no dia 6 de outubro de 1955, em Tenente Portela/RS. Muito ativa em sua Comunidade, principalmente no grupo da OASE, Amalia deixa enlutados o esposo, 7 filhos, 2 filhas, 6 noras, 2 genros, 12 netos, 2 bisnetos e um grande círculo de amigos. O Senhor é meu pastor e nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. Salmo 23.1-2

Saudades eternas dos familiares

Lembrança de falecimento O esposo Lauro Wentz, filhos, genro, noras, netos e bisnetos comunicam, com pesar, o falecimento da esposa, mãe, sogra, avó e bisavó

ALMA WENTZ ocorrido no dia 23 de fevereiro de 2009, no município de Sete de Setembro. O sepultamento foi realizado no dia 24 de fevereiro de 2009, no Cemitério da Comunidade Evangélica de Buriti, em Santo Ângelo/RS. A família agradece a toda a Comunidade, OASE e pessoas amigas pelas palavras e gestos de consolo. Nosso muito obrigado!

Encontro de família

I Encontro da Família Anders 28 de junho - Linha Pinheiro Machado - Brochier/RS Convidamos a todos os descendentes de Johan Carl August Anders e Christiane Friederike (Schwanitz) Anders, para o 1º Encontro de Família, que será realizado no dia 28 de junho de 2009, na Sociedade de Linha Pinheiro Machado, município de Brochier/RS. Confirme a sua presença antecipadamente até 10 de junho de 2009. Contatos: Arsildo Anders (54) 3330.1413/3331.1628 Arcilo Von Mühlen (51) 3568.3737 Ivania Klein (51) 3592.5693

O casal reside na localidade de Caúna, no município de Três de Maio/RS Homenagem dos familiares

Bodas de Diamante ...entre alegrias e tristezas, transformamos os obstáculos do caminho em pedras preciosas... Assim

ELLA MARIA SEIDEL SCHMIDT E EGÍDIO SCHMIDT comemoraram as suas Bodas de Diamante no dia 6 de janeiro de 2009, na Comunidade Evangélica P. Norberto Schwantes de Canarana/MT, juntamente com os filhos, netos e bisnetos, em celebração oficiada pelo P. Elisandro Rheinheimer. Muitos amigos, parentes e vizinhos se fizeram presentes e não poderia ter faltado o grupo de canto da OASE, que, como surpresa, presenteou o casal jubilar. Ella e Egídio receberam com carinho os seus convidados na Churrascaria Central. Agradecidos a Deus por todas as bênçãos recebidas, afirmam com fé e esperança. Crê no senhor e serás salvo, tu e tua casa. Atos 16.31


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Gente Luterana

O Sínodo da Amazônia, formado por 11 Paróquias, 180 Comunidades, incluindo os Pontos de Pregação, 2 áreas missionárias e mais de 8 mil pessoas batizadas, cuja ênfase missionária está na manutenção dos campos de atividades ministeriais existentes e na ampliação da presença missionária da Igreja nas escolas e áreas longínquas, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Martim Ninke e Clarice Boeck

União e compromisso

Bençãos e igualdade

Martin Ninke, 51 anos, Agricultor, natural de São Gabriel/ES, casado com Florinda e pai de Edmar, Angelita, Carmelita, Edinéia e Itamar, é membro na Comunidade Cristo Redentor, Paróquia dos Migrantes, em Cacoal/RO. Luterano de berço, Martin acredita que a fé está nas inúmeras bênçãos que recebe no dia-a-dia “Cada dia que a gente recebe é uma bênção de Deus. Diariamente, leio a Bíblia e essa leitura alimenta a minha fé. Da mesma forma, a convivência com outras pessoas de fé também nutre esta fé. Caminhar junto com pessoas encorajadas e animadas faz a gente se sentir revitalizado”. Na IECLB, Martin já foi liderança no culto, Vice-Tesoureiro da Comunidade, Representante da Paróquia no Conselho Sinodal, além de Vice-Presidente e Presidente do Conselho Sinodal. Atualmente, é Presidente da Assembléia Sinodal do Sínodo da Amazônia, já no terceiro mandato, cargo que lhe confere

Sem Deus, a gente não seria e não faria nada a responsabilidade de zelar pelo bom andamento do Sínodo, seguindo junto com o Conselho Sinodal para coordenar as Assembléias e tomar decisões em nível de Sínodo. Na sua atividade profissional, o Agricultor considera a fé o mais importante. “A vida como liderança é a mais importante, depois vem o Agricultor. Deus está em todo o

lugar. Sem Deus, a gente não seria e não faria nada. Sem Deus, nada daria certo e tudo caminharia para o lado errado, pois tudo está fundamentado na fé cristã. A fé é o que nos faz levantar, trabalhar e colher as bênçãos diariamente”. Da agricultura, Martin tira lições: devemos cuidar da nossa Igreja assim como devemos cuidar da natureza. Na Igreja, temos diferentes pessoas, com diferentes dons e todos têm espaço e função. Assim também é na natureza: diversidade e necessidade de preservação “A nossa Igreja se preocupa com a natureza e orienta os membros no sentido da preservação, mas nem todos aceitam, preferindo o caminho da destruição, pensando apenas no lucro e no enriquecimento, mas a Igreja não pode deixar de fazer a sua parte”. No Sínodo da Amazônia, o grande tema é a missão, por isso o Sínodo, há dois anos, criou o Conselho de Missão, que trabalha fortemente esta questão. “O Conselho está fazendo um trabalho muito bonito de pensar como alcançar até os locais mais distantes do Sínodo e estamos colhendo muitos frutos!”, comemora Martin. Quanto aos desafios, o Presbítero aponta as distâncias geográficas entre as Comunidades, as famílias. Para agravar a situação, os meios de comunicação são problemáticos e de difícil acesso. Diante das dificuldades, de onde vem a motivação? Martin responde “Sou luterano e

a IECLB é a minha Igreja. Além disso, vejo outras pessoas que também estão se empenhando no trabalho da Igreja, na luta pela nossa Igreja. Isso me motiva a sempre estar com os irmãos da Igreja na caminhada de fé”. Um sonho para a IECLB? “Que a IECLB seja a mesma para todos os luteranos, ou seja, trate todos os Sínodos da mesma forma, com igualdade”, deseja Martin Ninke.

Clarice Boeck, 54 anos, gaúcha de Tenente Portela, Professora aposentada, é membro da Comunidade Caminhos da Fé, pertencente à Paróquia Evangélica Luterana dos Migrantes, em Cacoal/RO. Foi a partir de 1972, quando da chegada a Pimenta Bueno/RO, que Clarice fortaleceu a sua fé na caminhada pelo Evangelho de Cristo “Também fortaleço diariamente a minha fé pelas leituras bíblicas, principalmente a oração. A fé em Jesus Cristo nos ilumina nas tomadas de decisões na vida comunitária, pessoal e profissional”. Na IECLB, Clarice já ocupou os cargos de Secretária da Comunidade e Paróquia, Presidente da Comunidade e Representante Sinodal junto à Fundação Luterana de Diaconia (FLD). Atualmente, é Tesoureira da Comunidade Caminhos da Fé e representa a Paróquia no Conselho de Missão do Sínodo da Amazônia. Também faz parte de uma equipe de mulheres da Comunidade Caminhos da Fé que ajuda na coordenação, junto com o Pastor, dos encontros do Grupo da Melhor Idade da Paróquia dos Migrantes. Formada em Geografia, Clarice ingressou na educação em 1980, trabalhando durante 25 anos em sala de aula como Professora

de Geografia “O contato e o convívio diário com crianças e adolescentes de dife-

rentes denominações religiosas me ajudaram no fortalecimento da minha fé, porque Deus é único. Nunca discuti a doutrina luterana como a única, sempre respeitei todas as denominações religiosas e não foi obstáculo compartilhar no início de cada aula de Geografia um momento de reflexão com a leitura de um versículo bíblico ou de uma mensagem”. Com a experiência que a diversidade presente nas salas de aula lhe conferiu, a Professora consegue entender e ajudar os membros a refletir e a solucionar as diferentes situações no diaa-dia no convívio da Comunidade. A Presbítera conta que os grandes temas no Sínodo da Amazônia são a manutenção dos campos de atividades ministeriais existentes e a ampliação da presença missionária da Igreja nas escolas e áreas distantes. São vários os desafios de ser IECLB no Sínodo da Amazônia: ser uma Igreja que luta permanentemente pela manutenção das atividades ministeriais, lidar com a constante saída de Obreiros, trabalhar pela ampliação das atividades missionárias da Igreja e conviver com a característica da região - a migração constante de pessoas.

A fé em Cristo me mantém viva e iluminada A grande motivação para Clarice participar das atividades da Igreja? “É a valorização da vida, porque somos filhos de Deus. É ver os nossos membros comprometidos com o Evangelho e a sua oferta de louvor como uma gratidão a Deus por todas as benções recebidas diariamente. A fé em Jesus Cristo me mantém viva e iluminada para continuar as atividades da Comunidade. Nesse sentido, o meu maior sonho para a IECLB é a união e o compromisso de todas as Comunidades luteranas com o Evangelho, colocando Deus como o principal pilar dessa caminhada”.


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