Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 723 - Novembro 2009

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JOREV LUTERANO NOVEMBRO 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - NOVEMBRO - Nº 723

Tema: Missão de Deus - Nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

Nos braços de Deus Morte e vida eterna

O mais puro amor

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Consolo em Cristo

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Editorial

Sínodo Planalto Rio-grandense O Sínodo Planalto Rio-grandense tem 23 Paróquias, 125 Comunidades, Pontos de Pregação, Núcleos, Departamentos, Conselhos... Somos quase 60 mil pessoas batizadas. Ainda temos grande influência de uma Igreja rural, mas também cidades de porte médio e muitas pequenas cidades compõem o Sínodo. A distância, de um extremo ao outro (Vacaria, Pastorado Missionário de Tapejara, Paróquia de Getúlio Vargas, até Esquina Primavera, na Paróquia de Coronel Barros), passa de 350 quilômetros. Nossas Paróquias são bem estruturadas. Temos Grupos de OASE, Legião Evangélica, Juventude Evangélica, Grupos de Casais, Colégios Evangélicos, além de Obreiros e Obreiras de todos os Ministérios envolvidos na Missão de Deus, a nossa paixão. No ano passado, a Campanha de Missão envolveu a todos. Fomos o Sínodo que mais arrecadou. Passamos de R$ 72.000,00. Esse ano, muitas Paróquias estiveram novamente envolvidas nessa tarefa missionária. Algumas vezes, sentimos que falta

Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

vontade de sermos uma Igreja, um Sínodo, uma Paróquia, uma Comunidade missionária. O trabalho de missão

parece ser muito custoso ou então estamos, como Igreja, tão ocupados conosco mesmo que já não temos tempo

para nos dedicarmos a ser Igreja Missionária. Nessas horas, é importante lembrar que o trabalho de missão, muito antes de ser nosso, é de Deus. A Missão é de Deus. Foi Ele quem enviou o seu Filho ao mundo para nos trazer salvação. Como filhos e filhas de Deus, devemos reconhecer que, pela graça de Deus, muito já estamos fazendo pela Missão, como apostar no Planejamento Estratégico para que possamos, mais organizados, levar adiante o desafio missionário, e perceber que em nosso Sínodo existem muitos espaços que não foram ainda ocupados e, por isso mesmo, não fizemos ver e ouvir a nossa fé e as ações que dela decorrem. Que essa edição do Jorev Luterano traga informações preciosas para o nosso crescimento espiritual. Pela leitura dos depoimentos dos Presbíteros e de uma Obreira do Sínodo você possa conhecer um pouco mais do Sínodo Planalto Rio-grandense e nos sintamos cada vez mais como parte da IECLB. Boa leitura! Pastor Sinodal João Willig

CARTAS Novos assinantes Segue em anexo a lista dos novos assinantes do Jorev da Paróquia Martin Luther Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Obrigado pela atenção e que Deus continue abençoando a todos que trabalham para que tenhamos este belo jornal em nossa Igreja. Abraço fraterno, Pastor Tiago Jaske por e-mail Die Zehn Gebote “Die Zehn Gebote” – ein ergreifender Artikel von Herrn Pastor Weingärtner. Es ist heute sehr schwer, die zehn Gebote wörtlich zu halten. Klein aber fein! Mit freundlichen Grüâen, Erica Frank Rio Grande/RS Os Dez Mandamentos ‘Os Dez Mandamentos’ – um artigo emocionante do Sr. Pastor Weingärtner (edição 721 – setembro/09). Hoje em dia é muito difícil seguir os Mandamentos à risca. Artigo pequeno, mas finíssimo! Cordiais saudações, Erica Frank Rio Grande/RS

Este espaço é seu A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as nossas matérias é muito importante para que possamos sempre oferecer um Jorev melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando o seu contato! Rua Senhor dos Passos, 202/4º 90.020-180 – Porto Alegre/RS ou jorevluterano@jorevluterano.com.br Indicadores Financeiros UPM Outubro/2009 = 2,5001 Índice Setembro/2009 = 0,35% Acumulado/2009 = 2,73%

Capa - Esta cruz estava na cabeceira

da cama da Diaconisa Doraci Edinger, Irmã cedida pela IECLB para a Igreja Luterana de Moçambique, assassinada na cidade de Nampula, em 2003, aos 53 anos (foto de Caroline Strüssmann). Leia sobre o assunto ‘morte e seus desdobramentos’ nas Editorias Atualidade (página 4), Fé Luterana (página 11) e Geral (página 12).

Diário da redação Futuros Obreiros A IECLB e os Centros de Formação por ela reconhecidos convidam jovens a estudarem Teologia com vistas à atuação como Obreiros de suas Comunidades. Criada em 1946, em São Leopoldo/RS, a Faculdades EST (Escola Superior de Teologia) é o mais antigo Centro de Formação e pesquisa teológica da IECLB. Para candidatos ao Ministério na IECLB, o Bacharelado está vinculado a um curso de especialização com ênfase na confessionalidade luterana e na prática ministerial em Diaconia, Educação Cristã e Pastorado. Visite www.est.edu.br O Bacharelado em Teologia com ênfase em Missão da Fatev (Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba) possui um curriculo que transmite um conteúdo firmado na Palavra de Deus e na contribuição da Reforma e enfoca a realidade da missão urbana. Os Professores residentes e visitantes de diferentes denominações evangélicas proporcionam uma troca de experiências que enriquece a formação. Visite www.fatev.edu.br O curso da FLT (Faculdade Luterana de Teologia) prepara para o Ministério Pastoral na IECLB priorizando uma formação mais intensiva que visa a desenvolver competências pessoais e ministeriais, como a bíblico-teológica, a social-relacional, liderança, trabalho em equipe e administração de conflitos. Visite www.flt.edu.br Companhia Premiada Nesta nona edição do sorteio, os assinantes do Jorev receberão CDs da coleção Reavivar o Canto nas Comunidades contendo belas músicas da nossa Igreja e as assinantes receberão lindas bolsas personalizadas do Jorev. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.

Alexandre Hall – Ibarama/RS Denise de Menezes – Humaitá/RS Erio Petry – São Leopoldo/RS Guerda Brüttner – Ijuí/RS Iria Bender – Santa Cruz do Sul/RS Mariane Kirst – Brasília/DF Melida Neumann – Salvador do Sul/RS Odilio Conrad – Itapiranga/SC P. Kurt Rieck – Porto Alegre/RS Paróquia São João de Laranja da Terra – Laranja da Terra/ES Paulo Jahnke – Vila Pavão/ES Ricardo Goerl – Pomerode/SC Rosalino Saar – Barra de São Francisco/ES Urbano Erich – Roca Sales/RS Vera Person – Porto Alegre/RS


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Curtas

Dia Sinodal da Igreja Em uma celebração abençoada e com a participação de mais de 1300 participantes, o Sínodo Planalto Riograndense viveu o seu Dia da Igreja na Paróquia de Ernestina/RS, no dia de Pentecostes, 31 de maio, comemorando o centenário da presença luterana.

Gestão profissional nas Comunidades Ao ministrar a aula magna do Curso para gestão de comunidades cristãs, na noite de 10 de agosto, o Secretário Geral da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, argumentou que essa iniciativa representa o início de um processo de formação que busca suprir necessidades detectadas nos últimos anos na área da gestão em todos os níveis da estrutura organizacional da Igreja.

Maestro Júlio Medaglia no ABCD A Paróquia do ABCD/SP viveu momentos especiais junto ao Maestro Júlio Medaglia, que encantou com uma palestra sobre O papel do canto coral nos dias de hoje, realizada no dia 31 de agosto.

Sobe Nada pode nos separar do amor de Deus nem a morte (Rm 8.38-39)

Desce Acreditar em soluções mágicas para o consolo da morte

Na ocasião, o Secretário de Formação, P. Dr. Romeu Martini, realizou uma palestra sobre o Tema do Ano da IECLB e o Pastor 1º Vice-Presidente, P. Homero Severo Pinto, fez o lançamento da Campanha de Missão Vai-Vem. O dia, que foi de gratidão e comunhão com os irmãos em Cristo, começou com chuva e muito frio, mesmo assim nada impediu a participação de membros das diferentes Comunidades da Paróquia e demais Comunidades do Sínodo. Apesar do frio, o calor humano foi intenso e todos ficaram abastecidos para um novo período na vida familiar e comunitária. A Paróquia de Ernestina, a Comunidade, o Pastor Edson Koren e a Comissão do Dia da Igreja proporcionaram a todos uma ótima organização e momentos que ficarão guardados na memória de todas as pessoas. O convívio, a alegria e as palestras foram tão positivas que a Paróquia e Comunidade de Ibirubá já estão se preparando para o Dia Sinodal da Igreja 2011. ______.....______

“A impressão que muitas vezes tenho é que nos iludimos com a idéia de que as ‘as coisas da Igreja’ não precisam de tanto rigor quanto as demandas de uma empresa”, sublinhou o P. Friedrich ao esclarecer que a má gestão de uma Paróquia/Comunidade pode, inclusive, comprometer a sua missão e credibilidade. Promovido pela Luterprev em parceria com a Faculdades EST e a Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), a aula magna reuniu Secretários, Administradores de Paróquia e Presbíteros, entre outras lideranças de Comunidades, no auditório do Colégio Sinodal, em São Leopoldo/RS. ______.....______ O Reencontro de Casais é dez Com o tema O Reencontro de Casais, todos os casais que já participaram de algum retiro especial do programa do Reencontro foram motivados a festejar os dez anos de atividades.

Instalação em Vera Cruz No dia 26 de julho, às 19 horas, com culto festivo, foi instalado na Paróquia Martin Luther, na cidade de Vera Cruz/ RS, o Pastor Décio Weber, eleito para exercer as suas atividades por um período de quatro anos.

Natural de Três de Maio/RS, mas trabalhando em Marechal Floriano/ES, P. Décio é casado com Carmem Estelita Toillier e pai de Eloísa e Artur. Estiveram presentes no culto um grande número de Obreiros, bem como o P. Sinodal do Sínodo CentroCampanha Sul, P. Valdir Nilo Trebien.

Tudo começou no ano de 1997, com a chegada do casal Darli e P. Claudio Schefer à Paróquia Bom Pastor, de Brusque-Centro/SC, às atividades pastorais na Comunidade. Passados alguns meses, cinco casais foram convidados a fazerem um retiro de casais em São Leopoldo/RS. De lá para cá, cerca de 140 casais já participaram dos Retiros e muitos grupos estão ativos. Para festejar e agradecer a Deus por tantos casamentos renovados e amizades feitas sob a sua bênção, realizou-se um Retiro especial no Hotel Vila do Coral, em Bombinhas/SC, nos dias 15 e 16 de agosto, com a participação de 51 casais.

Na história da humanidade, a voz foi o primeiro e mais importante instrumento musical. Muito depois é que vieram outros instrumentos, primeiro rudimentares e depois cada vez mais sofisticados até a música eletrônica. No entanto, nada nunca irá substituir a voz como instrumento de comunicação. O evento iniciou com a Organista da Paróquia do ABCD, Margarida Antonoff, executando o hino Castelo Forte é nosso Deus e com a apresentação do Coro da cidade de Santo André, dirigido por Roberto Ondei. Após a palestra, houve espaço para perguntas e diálogos. Por fim, o Maestro autografou seu livro Música Maestro - do canto gregoriano ao sintetizador. ______.....______ Viver a fé em família Realizada sob o tema Viver a fé em família, no dia 12 de setembro, no município de Dezesseis de Novembro/ RS, a 12ª Assembleia Sinodal do Sínodo Noroeste Riograndense, deixou uma Mensagem às Comunidades, aqui resumida: nós, representantes das 159 Comunidades do Sínodo Noroeste Riograndense queremos anunciar a palavra de Jesus Não tenha medo. Tenha fé. Lembramos a palavra do apóstolo Paulo dizendo a Timóteo que ele foi educado na fé sincera pela avó Lóide e pela mãe Eunice (2 Tm 1.5). Que esta fé sincera possa ser ensinada e vivenciada também em nossas famílias hoje.

O Pastor 2º Vice-Presidente da IECLB, P. Carlos Möller, na pregação no culto de abertura, citando Paulo Freire em sua metáfora do rio que vira mar, desafiou à persistência na fé ao enfrentar os desafios e as dificuldades da vida e lembrou a palavra de Lutero, que insistia que Presbíteros não desanimassem na oração e na imposição de mãos em favor das pessoas em aflição.

Ofertas Nacionais 1º de novembro 23º Domingo após Pentecostes Projeto apoiado pelo Fundo de Missão no Sínodo da Amazônia Como Igreja, semeamos a Palavra de Deus e entre os frutos visíveis aos nossos olhos estão as comunidades de fé. Assim tem sido ao longo da história e não foi diferente na região amazônica do Brasil. Sementes foram lançadas e inúmeras Comunidades de Confissão Luterana se estabeleceram, presença que fez e quer continuar fazendo a diferença num pluralismo religioso, vivenciando o Evangelho de forma integral e contextualizada, neste chão para o qual o mundo volta seus olhos. 22 de novembro Último Domingo do Ano Eclesiástico – Cristo Rei Plano de Formação Cristã Contínua Na vivência diária do Batismo, experimentamos quão boa, perfeita e agradável é a vontade de Deus. A Educação Cristã faz parte dessa experiência. Ela fundamentase no Batismo e acontece ao longo de toda a vida. Pela Educação Cristã, cada membro é preparado para o testemunho do Evangelho de Jesus Cristo no mundo. 29 de novembro 1º Domingo de Advento Apoio às Comunidades necessitadas e novas - OGA A Obra Gustavo Adolfo, há quase cem anos, atua como um serviço solidário da e na IECLB, apoiando financeiramente pequenas Comunidades na construção do seu templo, centro comunitário ou casa pastoral. Desta forma, a OGA sempre foi e continuará sendo um importante instrumento a serviço da missão de Deus na IECLB.


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Atualidade

A morte é o nosso fim? Creio na ressurreição e na vida eterna Costumamos dizer que a morte faz parte da vida. Nem por isso lidamos com a morte de modo tão natural assim. Na verdade, a morte inquieta e gera insegurança à maioria das pessoas, por isso evitamos o assunto. Temos dificuldades de falar da realidade que envolve a nossa própria morte. Aliás, na sociedade ocidental a morte é, cada vez mais, encarada como tabu. Explorase a morte espetáculo, a do outro, distante de nós, mas ignora-se a morte própria e a de pessoas próximas. As pessoas falecidas são, inclusive, maquiadas para amenizar a ‘feiúra’ da morte, mas ninguém foge da morte e, quando nos confrontamos com ela, em nós mesmos, na perda de familiares e de pessoas amigas, somos profundamente abalados. Abre-se um vazio, normalmente, preenchido pela dor, pela saudade e pela lembrança da pessoa que a morte levou. Geralmente, apenas quando as pessoas se defrontam com a morte dos seus entes queridos, elas vão em busca das respostas para essa realidade. A morte suscita em nós uma série de perguntas existenciais: o que é a morte? Por que morrer? Para onde vão as pessoas que morrem? A morte é o nosso fim? Como a fé cristã responde as perguntas que o ser humano faz diante da morte? Existe consolo para a morte? De acordo com a tradição bíblica, o ser humano é visto como uma unidade. Ele é corpo e espírito e estas dimensões não se separam com a morte. O ser humano morre em sua inteireza. Isto significa que não há uma continuação retilínea da nossa vida para o além da morte. Com a morte se extingue o ser humano em corpo e espírito, ou seja, existe um fim, sim, que precisa ser encarado em toda a sua realidade. É difícil encarar a realidade da morte e dizer que ela é o fim desta vida. Normalmente, se procura fugir dessa verdade. Fugindo dela, certas expressões religiosas constroem uma ‘Teologia’ com respostas muito fáceis. A Teologia cristã, porém, não se constrói em cima de uma fuga. Para ela, a fé, como dádiva de

Deus, nos ajuda a olharmos a realidade da morte como fim da nossa vida. Ela nos encoraja a lidarmos com a morte de maneira realista, sem subterfúgios. Ela não

Se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé (1Co 15.13-14)

nos engana com doutrinas que pregam a continuação desta vida através de uma imortalidade da alma. Este tipo de doutrina não nos ajuda a aceitar a nossa condição de finitude. Ao mesmo tempo, a fé cristã nos

consola e nos dá esperança, pois, a partir da cruz, morte e ressurreição de Jesus Cristo, nos foi dada a promessa de que Deus ‘vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem’ (Rm 4.17). A ressurreição dos mortos, no sentido bíblico, não é dada a partir de algo que sobrou em nós. Ressurreição significa que Deus reconstitui a vida a partir do nada. Conforme Gênesis 3.19, somos pó e ao pó tornaremos. Ressurreição é nova intervenção criadora de Deus. Cremos que, assim como do pó fomos formados, pó voltaremos a ser, ou seja, assim como Deus uma vez criou tudo do nada, ele o pode fazer novamente na ressurreição. A partir da fé cristã, portanto, podemos enfrentar a morte como o fim da nossa vida, sabendo, porém, que a morte não é o fim do nosso ser. As pessoas falecidas não podem ser separadas do amor de Deus por nada neste mundo e nem mesmo pela própria morte (Rm 8.38-39). Vivemos na finitude, mas cremos no Deus infinito e cremos na ressurreição e na vida eterna. Em nossa pequenez, não podemos fazer nada diante da morte, nem pelas pessoas que faleceram, a não ser nos entregarmos às mãos misericordiosas de Deus, crendo que fará nova criação e dará nova vida ao ser humano. Diante de todas as perguntas que permanecem sobre como e quando tudo vai acontecer, o que vale é a certeza de que na eternidade estaremos definitivamente reunidos com Cristo e ‘transformados seremos todos’ (cf. 1Co 15.51).

A Catequista Dra. Erli Mansk atua em tempo parcial na Coordenação de liturgia da IECLB

Fé ativa no humor Nunca a tecnologia da comunicação nos deixou tão próximos. Mesmo assim, não é fácil um bom relacionamento com vizinhos. Via Internet, podemos nos comunicar com uma pessoa amiga no outro lado do mundo, em tempo real, e, inclusive, ver o seu rosto na tela do computador, mas os altos muros e as cercas elétricas impedemnos de uma conversa por sobre eles com nossos vizinhos. Esta experiência se tornou mais concreta desde março, quando passamos a morar em um bairro de São Leopoldo/RS, ainda uma cidade muita violenta, embora a política de segurança tenha baixado alguns índices de roubos e crimes nos últimos tempos. Nossa casa se encontra num bairro dividido entre moradias de classe média e um loteamento popular de aproximadamente 40 anos. Uma rua com o nome de um descendente de alemão divide estas duas situações sociais. É um muro invisível, como em tantas outras cidades brasileiras. Moramos no lado das casas de classe média, cujos muros impedem a proximidade e sobre os quais correm cercas elétricas. Não faltam cães de guarda que latem à noite, quando vira-latas passam pela rua. Também não faltam grades nas janelas e portas com fortes sistemas de segurança. Algumas garagens são feitas para dois ou três

carros. Provavelmente, os que têm apenas um fizeram grandes garagens pensando no futuro. Do outro lado da rua estão as casas populares, construídas por um plano habitacional de algum Governo do passado. Algumas foram reformadas e ampliadas, outras guardam a arquitetura original, pequenas e frágeis. Os muros são baixos e as casas que têm cercas permitem ver o pátio. Também há muitos cachorros, gatos e, em alguns lares, galinhas.

Pela fé, somos livres. Pelo o amor, somos servos Muito sugestivos são os nomes dos bairros. De um lado, temos Jardim América. Do outro, Vila Esperança. Certamente, existe a esperança de muitos de viverem num jardim América, já que tal bairro que é separado do outro por uma rua chamada John Kennedy. Ao se aproximar a Primavera e o Verão, outra grande distinção salta aos olhos. No lado popular, há rodas de mulheres e crianças em frente às casas ao anoitecer. O chimarrão corre de mão em mão. As crianças brincam sob os olhares de pais e mães que vieram da labuta diária. A frente da casa se estende para a rua, criando um espaço de convívio. Do outro lado da rua, as frentes estão desertas. Todos se

recolheram cedo para o mundo privado do lar. Na esquina popular, há um terreno baldio. Sob a sombra de abacateiros, um grupo de jovens se reúne constantemente para consumir drogas. Alguns são filhos de vizinhos. Outros vêm de longe. Metade deles foi aluno da minha esposa. Prometem cuidar da casa da Professora, embora saibamos, como o sabe a polícia, que praticam pequenos furtos. Assim é o mundo que nos cerca. Os que buscam segurança perdem a liberdade. Os que circulam livremente estão inseguros. Parece que liberdade e segurança não se abraçam. Enquanto nos empenhamos para que a justiça e a paz se beijem (Salmo 85.11), uma frase do reformador Martim Lutero tenta fazer de nós uma ponte entre estes dois mundos tão próximos e tão distantes: pela fé, somos livres, senhores da situação. Pelo o amor, somos servos. Em palavras de alguém outro, à fé que se torna ativa no amor, acrescentaria: a fé também precisa se tornar ativa no humor. O mal não suporta os gracejos da graça de Deus. Deste jeito, suportamos as tensões entre segurança e liberdade. P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

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Caminhar juntos Nosso segundo idioma materno é sistêmico. A experiência, assim nos ensina a Psicologia, que nós, como crianças, fazemos em nossa família nos ensina um sistema de pensamento e de ações que nos acompanham por toda a vida e isso num contexto sistêmico: o irmão mais velho, mais novo é, nesse sistema, o ‘primeiro’ e o ‘último’. Nesse sistema, reagimos de maneira muito sensível e assumimos nele posição. Muitas vezes, gerações futuras, inconscientemente, expiam ou vingam o preço dos pais, avós e bisavós. Às vezes, na pessoa errada, como nos alerta o livro de Êxodo 34.7 ou Lamentações 5.7. Isso não é diferente na Igreja. Precisamos de visão, processos e estrutura e nos postar, contribuir, para o processo ou, como temos chamado,

de missão e planejamento a partir das nossas raízes biológicas e espirituais. Nossa espiritualidade tem uma enorme influência sobre a forma como vivemos e agimos. Inúmeras pesquisas apontam que ‘pessoas religiosas’ caminham na sua vida de maneira estável e

Deus sem você é Deus. Você sem Deus, quem é? segura, apesar de estações incertas pelas quais passam e superam. Experimentamos que o acoplar às nossas origens não apenas nos situa, mas também nos oferece um lar e um novo desafio. Caminhar juntos tem sido, com resultados cada vez mais positivos, a

AGENDA DA PRESIDÊNCIA NOVEMBRO nossa marca como família e como IECLB, desde a infância até nossa fase adulta, seja na OASE, nos Grupos, no trabalho de homens luteranos reunidos na LELUT, por exemplo. A presente edição apresenta estágios dessa caminhada, lembra a importância da educação cristã continuada, ressalta a finitude da vida em Finados, com seu luto e sua esperança, no contexto do ano eclesiástico que está por findar. Que possamos aprender em nossos caminhos com Abraão Deus sem você é Deus. Você sem Deus, quem é?

Carlos Möller Pastor 2º Vice-Presidente da IECLB

IECLB e CNBB promovem encontro “Gostaria de, novamente, falar sobre a minha satisfação de estarmos reunidos aqui”, afirmou o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, durante o II Encontro de Bispos Católicos e Pastores Sinodais, realizado em Curitiba/PR, de 18 a 20 de agosto. “Tenho certeza de que esse encontro significa um impulso vigoroso para as causas ecumênicas das nossas igrejas”, completou. Durante três dias, 34 representantes da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) e da IECLB – incluindo o Pastor Presidente Walter Altmann e os Pastores 1º e 2º Vice-Presidentes, P. Homero Severo Pinto e P. Carlos Möller –, discutiram temas ligados ao Ecumenismo no Brasil, entre os quais: a história da caminhada da Comissão Bilateral Brasileira, um olhar ecumênico sobre dioceses e Sínodos, o panorama do Cristianismo no Brasil e elementos históricos da assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, ocorrida em 1999, na Alemanha. O encontro foi organizado pela Comissão Bilateral de

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Diálogo em comemoração aos 10 anos da assinatura da Declaração Conjunta e teve o apoio da Presidência da IECLB, da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Federação Luterana Mundial (FLM). O que mudou nesses 10 anos? “Fazer essa pergunta é crucial para orientar a caminhada daqui para frente”, avaliou o Pastor Sinodal Manfredo Siegle, do Sínodo Norte Catarinense, Coordenador pela IECLB da Comissão Bilateral “O que percebemos no encontro é que existem muitos sinais de compreensão e de atividades conjuntas entre Obreiros das duas igrejas, mas que resultam muito mais pela vontade individual de cada um”. Como fazer com que as pessoas nas Comunidades, nas bases, conheçam e compreendam o sentido da Declaração Conjunta? “Esse encontro quer justamente reforçar o clima de confiança mútua já existente buscando o aprofundamento do diálogo entre as igrejas. Sem isso, não se pode trabalhar nas bases”, completou o P. Manfredo Siegle.

4-8/11 Exame Pró-Ministério São Leopoldo/RS P. Homero Pinto P. Carlos Möller

6-8/11 Investidura do novo Bispo de Stavanger Rev. Erling Pettersen e visita à Sociedade Missionária Norueguesa Stavanger/Noruega P. Walter Altmann

9/11 Colóquio de ordenandos com a Presidência Porto Alegre/RS P. Carlos Möller P. Homero Pinto

14/11 Conselho Sinodal Sínodo Rio dos Sinos Porto Alegre/RS P. Walter Altmann

20-21/11 Reunião do CI (extraordinária) São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller

28/11 Conselho Sinodal Sínodo Norte Catarinense Rio Negro/PR P. Carlos Möller

30/11-1/12 Comissão de Designação e Envio São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller

CMI elege norueguês para Secretaria Geral Fraternidade Ecumênica O Teólogo e Pastor luterano norueguês, Olav Fykse Tveit, 48 anos, foi eleito pelo Comitê Central, no dia 27 de agosto, Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Tveit é o sétimo e o mais jovem eleito para o cargo desde a fundação do organismo ecumênico, há 60 anos. A eleição ocorreu durante a reunião do Comitê Central, do qual participa o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann como Moderador. Na abertura do encontro, P. Altmann havia nominado três decisões de ‘particular importância para a vida do CMI’ e seu futuro: a eleição do novo

Secretário Geral, o local da próxima Assembleia do CMI, que acontece em 2013, e orientações relacionadas ao relatório do grupo de trabalho de governança, prestação de contas e política de pessoal. “Não é a nossa causa que está em jogo, mas o plano de Deus”, afirmou. “Realmente sinto que esta tarefa é um chamado de Deus. Sinto que temos muito que fazer em conjunto”, disse P. Tveit ao tomar conhecimento da sua escolha. Ele pediu aos integrantes do Comitê para continuarem orando por ele: “Por favor, não parem!”, disse.

Aos pés do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro/RJ, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) realizou, no dia 10 de setembro, o lançamento do material promocional da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, sob o tema Fraternidade e Economia. “O objetivo da Campanha da Fraternidade 2010 é unir as igrejas cristãs e, principalmente, a nossa sociedade, que é formada por pessoas de boa vontade, na promoção de uma economia a serviço

da vida, sem exclusões, criando uma cultura de solidariedade e trazendo paz”, disse o Secretário Geral do CONIC, Reverendo Luiz Alberto Barbosa. A abertura da cerimônia ficou a cargo do Presidente do CONIC, Pastor 2 o Vice-Presidente da IECLB e Pastor Sinodal do Sínodo Brasil Central, P. Carlos Möller, e do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta. A campanha de 2010 será a terceira que terá caráter ecumênico. A primeira ocorreu em 2000 e a segunda, cinco anos depois. Além do CONIC, em 2010 as organizações envolvidas serão a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e Cáritas.


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Ministério

A Igreja quer ser apoio e força nas diferentes fases da vida

Pa. Sonja Hendrich Jauregui, 45 anos, nascida em Cochabamba, na Bolívia, mas residindo no Brasil desde a infância, noiva do P. Sinodal João Willig (o Casamento será em fevereiro de 2010), exerce o Pastorado Escolar no Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP), no Sínodo Planalto Riograndense

Como foi a escolha pelo Pastorado? No final de 1981, decidi estudar Teologia e nem tinha o conhecimento que mulheres poderiam exercer o Ministério Pastoral. O incentivo veio da vida e educação que recebi da minha mãe. Desde pequena participava do Culto Infantil, depois da Juventude Evangélica e com a Confirmação passei a ser também Orientadora de Culto Infantil e Professora em um trabalho social da Comunidade.

Quanto tempo de Ministério? Iniciei os meus estudos em Teologia na Escola Superior de Teologia em 1982 e conclui o Bacharelado em 1990. Entre 1987 e 1988, realizei o estágio prático na Comunidade Evangélica Luterana do Alto Araguaia (fronteira dos Estados do MT, MS e GO). Recebi a ordenação ao Ministério Pastoral no dia 12 de fevereiro de 1995, na Paróquia de Funil, localizada na zona da mata mineira e que tem como sede a cidade de Conceição de Ipanema, onde permaneci até 1997. Na condição de Pastora licenciada, tive a oportunidade de auxiliar a Paróquia de Igrejinha/RS, que aguardava a chegada do Pastor que havia sido eleito recentemente. A partir desta atividade, passei a ser conhecida na região, sendo convidada a trabalhar na Paróquia de Sapiranga, onde permaneci até 2007. Em fevereiro de 2007, iniciava um novo campo de trabalho e em uma nova cidade. Não estaria agora atuando em uma Paróquia ou Comunidade. Iniciava um desafio novo: o Pastorado Escolar. Qual é o papel do Pastorado Escolar? As escolas evangélicas têm um papel importante e especial, pois o seu trabalho está alicerçado nos princípios cristãos. Um dos maiores desafios do Pastorado Escolar é descobrir um jeito e uma linguagem de ser Igreja no contexto escolar. O Pastorado Escolar, então, teria a tarefa de acompanhar a comunidade escolar em seus desafios

e projetos, bem como estar ao lado das pessoas que formam esta comunidade na vivência da espiritualidade e dos valores cristãos, de forma aberta, ampla e respeitosa. O Pastorado Escolar também é uma forma de ajudar a escola em sua identidade evangélicoluterana, contribuindo para um diálogo entre Teologia e Pedagogia e mantendo um contato com a comunidade eclesial, sem com isso ser confessionalista. Escola é um espaço laico, secular, ecumênico e multirreligioso. Qualquer construção precisa levar a sério esta realidade. O que é ser Pastora? O Ministério Pastoral, apenas um dos facilitadores da missão de Deus, bem como os Ministérios Catequético, Diaconal e Missionário, precisa ser visto a partir do Sacerdócio geral de todos os crentes, ou seja, toda a Igreja é responsável por sua missão, mesmo que ela eleja pessoas para assumirem os diversos Ministérios em seu meio. Os diversos Ministérios são um chamado da Comunidade, mas também, e principalmente, um chamado do próprio Deus para que a sua mensagem seja levada a todos os cantos do mundo. Assim, o trabalho da comunidade cristã precisa ser sempre colocado sob as Escrituras Sagradas para que a Comunidade e o Obreiro realizem a missão de Deus e não apenas a sua própria missão pessoal e individualista.

Pastorado Escolar no CEAP Um dos assuntos que sempre nos deparamos na Igreja é o trabalho com crianças, adolescentes e jovens. Propostas têm surgido e, aos poucos, temos encontrado formas e jeitos de enfrentar este desafio presente nas Comunidades da IECLB e nos trabalhos realizados nas escolas. Nesse sentido, em 2008, o Pastorado Escolar no Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP) passou a ser integral. Até o ano de 2007, este Pastorado era exercido de forma parcial por um dos Obreiros da Comunidade Evangélica de Ijuí (CEI). Mesmo sendo agora um trabalho realizado de forma autônoma, o Pastorado Escolar continua ligado à CEI. No ano que passou, o Pastorado Escolar procurou estar presente no cotidiano da escola, bem como nas atividades especiais. Era importante se fazer conhecer e também ser um ouvido atento às necessidades das pessoas que fazem parte da grande família CEAP. Aos poucos, o Pastorado Escolar foi tomando forma, mostrando a sua cara e hoje cada vez mais as pessoas veem este serviço como importante. Uma das propostas missionárias da nossa Igreja é a Igreja do Cuidado. Vejo aí um bom ponto de partida para construirmos o Pastorado Escolar. Precisamos estar sensíveis à dor e aos sonhos do outro. A Igreja quer ser apoio e força, mesmo que nem todas as pessoas a vejam como este espaço de acolhida e orientação nas diferentes fases da vida.

Vida no Limiar da Morte Na Europa, já há muitos anos, existe uma formação para pessoas que trabalham com o ‘acompanhamento a pessoas em fase terminal’. Quando o curso foi trazido para o Brasil, esse recebeu o nome de ‘Vida no limiar da morte’. Inicialmente, foi realizada a capacitação de um grupo de Obreiros e lideranças na IECLB por duas profissionais da área da Supervisão e Diaconia das Instituições Diaconais de Bethel da Alemanha. Os desdobramentos dessa capacitação resultaram na decisão de adaptar o projeto à realidade brasileira. A multiplicação desse projeto ficou a cargo da Coordenação de Diaconia que integra a Secretaria da Ação Comunitária da Secretaria Geral da IECLB. Diversos Sínodos já realizaram a capacitação de lideranças e Obreiros por meio do curso ‘Vida no limiar da morte’. O curso acontece em sete módulos nos quais os participantes ocupam-se a cada encontro com diferentes temáticas, seja capacitando-se para a realização de visitas, seja para o acompanhamento a pessoas doentes, doentes

Participantes do curso ‘Vida no Limiar da Morte’, no culto de enceramento, em Cascavel/PR, no Sínodo Rio Paraná

terminais e seus familiares. O curso é também um momento de aprendizado, fortalecimento pessoal e comunitário por meio de reflexões e dinâmicas propostas. Neste ano, a Coordenação de Diaconia realizou um curso em parceria com o Sínodo Rio Paraná do qual participaram 42 pessoas de

diferentes Comunidades. Queremos realizar essa tarefa diaconal lembrando uma das obras de misericórdia Estive enfermo e me visitaste (Mt 25.36) e a forma do próprio Cristo agir quando, antes de qualquer ação, perguntava Que queres que eu te faça? Essa sensibilidade evangélica aos que vivem neste momento particular da vida é fundamental. Morrer com dignidade pressupõe, além de um bom atendimento por profissionais da saúde, a solidariedade dos amigos, vizinhos e comunidade cristã nesta ultima etapa da vida. Finalizo com as palavras da Dra. Cicely Saunders, fundadora do Vida no Limiar da Morte: Tu és importante, porque tu és tu. Tu és importante até o último momento de tua vida, e nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que tu não apenas morras em Paz, mas que tu possas viver bem até o fim. Diácona Leila Schwingel Coordenadora de Diaconia Secretaria da Ação Comunitária


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Presbitério

Pastoreai o rebanho de Deus, não por constrangimento, mas de boa vontade Na sua vida, qual é o espaço para a fé? A cada dia, procuro ler os versículos bíblicos dos livros ou devocionários bem como os textos complementares para reflexão e ter um comportamento adaptado às mensagens, dividindo, sempre que possível, as leituras com a minha família e com as pessoas com as quais me encontro para divulgar as maravilhosas bondades do Senhor.

De onde vem a motivação para participar das atividades da IECLB? A minha participação na IECLB se deve principalmente ao interesse que tenho em partilhar as mensagens provenientes do Evangelho, as quais honram e louvam a graça e as dádivas do Senhor, pois, pela graça, somos salvos, mediante a fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus (Efésios 2.8).

Na IECLB, qual é a sua trajetória? Na juventude, participava dos encontros e frequentava os cultos, embora com uma certa dificuldade de acesso, pois os meios de locomoção eram o cavalo, a carroça, a bicicleta e só posteriormente o carro. Quando exerci o Magistério, de 1965 a 2003, sempre arranjei espaço e momentos para lecionar o Ensino Religioso e participar dos cursos proporcionados pela IECLB e pela Secretaria da Educação, inclusive ecumênicos. Também já ministrei Culto Infantil e Escola Dominical fora do horário escolar.

dal do Sínodo Planalto Rio-grandense e curso a Escola Sinodal de Formação no Lar da Igreja, em Panambi/RS.

Quais os cargos que já ocupou na Igreja? Na Comunidade de Ibirubá, nunca ocupei cargos, porém sempre me coloquei à disposição e participei de cursos que visavam a um aperfeiçoamento na orientação religiosa. Também colaboramos, minha esposa e eu, com a organização de Encontros Bíblicos. Em Quinze de Novembro, fui Secretário no Presbitério. Atualmente, sou Conselheiro por parte da Paróquia de Quinze de Novembro no Conselho Sino-

Como a sua formação profissional auxilia no trabalho na Igreja? Sou Professor aposentado e, atualmente, leciono a Língua Alemã e trabalho com a minha esposa no nosso sítio ecológico. Sou licenciado pelo Goethe Institut em Língua Alemã e pela Unicruz em Estudos Sociais, além de especializado em Educação Ambiental pela Unicruz. Como religião e ambiente combinam bem, compartilho textos da minha autoria no Devocionário Sementes da Esperança.

Como motivar outros membros a participarem do Presbitério? Ser Presbítero significa participar assiduamente das atividades propostas pela Igreja cuja finalidade deve basear-se em uma verdadeira Comunidade cristã, na qual predomina a igualdade somada à humildade em busca de seres humanos distantes para a formação do rebanho direcionado aos princípios de Jesus. Para que outros membros participem do Presbitério, seria necessário convidá-los com o oferecimento de uma estrutura religiosa na qual permanecem a fé, a esperança e o amor, sendo que o amor é o maior (1Coríntios 13.13), portanto o mensageiro presbiterial deve precaver-se também da fé e esperança no Senhor.

Alseno Pott, 67 anos, nascido na cidade gaúcha de Ibirubá, mas residindo em Quinze de Novembro/RS, Professor aposentado, é casado com Líria, com quem tem uma filha, Vânia, e dois netos, Gustavo e Gabriel. Na IECLB, é membro na Comunidade de Quinze de Novembro, pertencente ao Sínodo Planalto Rio-grandense

Qual é saldo desta dedicação à Igreja? O saldo de toda a dedicação à Igreja se encontra fundamentado em 1Pedro 5.2 Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento nem por ganância, mas de boa vontade e em João 20.29 Bem-aventurados os que não viram e creram. Faço isso por boa vontade e fé.

Paróquia de Quinze de Novembro Na Comunidade, são realizadas reuniões mensais entre os membros do Presbitério e o Obreiro. Há reuniões semanais entre as senhoras da OASE com visitação mensal às pessoas que têm dificuldade de locomoção. Encontros bíblicos, de músicas e cantos religiosos ou comunitários sacros. Ensaios do coral da OASE e coral de trombones, os quais fazem apresentações nos cultos dominicais, auxiliando com os cantos religiosos comunitários. Encontros com Coordenadoras e Professoras de Culto Infantil, sendo que os cultos com as crianças acontecem duas vezes por mês nos fins de semana. Reuniões e participação dos membros voluntários que auxiliam no preparo ambiental e até espiritual com o Obreiro. Com a Paróquia, são realizadas três reuniões anuais entre a sua Diretoria, Conselho Paroquial com o Conselheiro Sinodal. Penso que a Comunidade, a Paróquia e o Sínodo devem andar de mãos dadas para que possamos conquistar a meta mais premente: trazer o irmão cristão para os cultos, tarefa essa que cabe não somente ao Presbitério e aos Conselheiros, porém a todos nós como cristãos batizados.


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UNIDADE

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Mulheres

Discípulas de Jesus, servimos ao Senhor com alegria Loni Irene Schemmer, 66 anos, nascida em Palmitos/SC, Técnica de Enfermagem, é casada com Lotário Schemmer e mãe de Luiz Henrique. Na IECLB, Loni é Presidente da Associação dos Grupos das Senhoras Evangélicas do Sínodo Planalto Rio-grandense

Na IECLB, qual é a sua caminhada? A minha caminhada na IECLB iniciou no Ensino Confirmatório, continuando na Juventude Evangélica (JE), participando ativamente nas Escolas de Lideres da época, posteriormente na OASE nos Estudos Bíblicos, visitas a doentes e trabalhos manuais. Na Diretoria do Grupo Local, fui Secretária, Vice-Presidente e Presidente. Também fui Coordenadora do último Congresso da OASE da RE III, que aconteceu em Panambi/RS, Vice-Presidente e Presidente da OASE Sinodal. Desde 2006, sou Presidente da Associação do Grupos das Senhoras Evangélicas do Sínodo Planalto RioGrandense, um trabalho muito gratificante, pois na OASE se tem um exemplo de viver a fé na pratica.

palestra desafiadora para nossas mulheres, voltado ao projeto maior da IECLB Missão de Deus Nossa Paixão.

Fale sobre as suas atividades como Presidente Sinodal da OASE do Sínodo Planalto Riograndense. Como Presidente, meu dia-a-dia é manter contato com as colegas de Diretoria. Lá preparamos os nossos programas para que as nossas mulheres do Sínodo, quando reunidas, se sintam bem acolhidas. Estes encontros são, num primeiro momento, com as Coordenadoras

Apresentação de relatório de atividades do Sínodo Planalto Rio-grandense no Conselho Nacional da OASE, em Luziânia/GO

Encontro das Coordenadoras Paroquiais, no Lar da Igreja, em Panambi/RS

nossa Igreja. O objetivo é proporcionar crescimento e fortalecimento da fé em Jesus Cristo, enfatizar o estudo da doutrina da nossa Igreja, proporcionar um ambiente de acolhimento mútuo, levar a mulher a valorizar a si mesma, aceitando-se como um ser feito a imagem e semelhança de Deus, apoiar a mulher, ajudando-a a encontrar soluções para os seus problemas, incentivar o desenvolvimento dos dons pessoais, integrar a mulher na Igreja acentuando a sua participação e capacidade de decisão, encorajar a mulher a testemunhar a sua fé, oferecer à mulher condições para perceber a realidade que a cerca e incentivá-la para uma ação responsável no presente visando também às novas gerações e preparar a mulher para um trabalho diaconal.

Paroquiais, quando são instruídas de como devem conduzir seus trabalhos nas Paróquias. Em um segundo momento, recebemos as Presidentes e Vices dos Grupos locais para manter um contato bem estreito com elas, verificando como está sendo desenvolvido o seu trabalho e mostrando principalmente a responsabilidade que cada uma delas assume na OASE em relação às leis vigentes em nosso País. Encontro anual das Presidentes Sinodais (Conselho Nacional da OASE), em Luziânia/GO

Loni entregando donativos recolhidos no Sínodo Planalto Rio-grandense (OASE) para o Asilo Pella Bethânia

Com quais temas e demandas as mulheres do Sínodo Planalto Riograndense lidam no seu dia-a-dia? O tema mais desafiador nos últimos tempos é a autoestima, temática que trabalhamos nos nossos encontros de núcleos com resultado visível. Com relação às demandas, oferecemos canto coral, visita a doentes e enlutados, auxílios em mantimentos, roupas, medicamentos, uma semana de lazer no Lar da Igreja, em Panambi/RS, sem custo para as mesmas e o maior evento acontece no mês de dezembro, quando reunimos mais de mil mulheres em torno do Advento e sempre com uma

Loni com a Secretaria Luiza no Conselho Nacional da OASE, em Curitiba/PR

Quais são as suas responsabilidades, metas e desafios neste trabalho? As minhas metas e desafios são, em primeiro lugar, mostrar para as nossas mulheres que a IECLB tem trabalhos em que elas podem crescer na fé e como pessoa, valorizando o que temos na

Como se dá o seu trabalho voltado para a missão? A fé se processa no meu cotidiano quando me dedico ao trabalho com as mulheres da OASE, mostrando que dentro da Igreja elas têm lugar e são valorizadas. Na OASE, aprendemos que não é pelo esforço próprio e sim pela graça de Deus que somos estimuladas para servir e crescer na fé, no amor, no entendimento da palavra de Deus. Nós mulheres temos na OASE oportunidades para desenvolver os dons e, como discípulas de Jesus, servir nas nossas Comunidades, cumprindo as tarefas a nós confiadas e não esquecendo das palavras ditas pelo Salmista Servi ao Senhor com alegria.

OASE Florianópolis rumo aos cem anos Domingo, 28 de junho, em culto festivo realizado no templo da Comunidade Evangélica Luterana de Florianópolis-Centro/SC, as senhoras da OASE Florianópolis Centro comemoraram seus 99 anos de existência juntamente com as mais de 150 pessoas presentes ao evento. Ao chegar ao templo, as pessoas eram recepcionadas pelas senhoras da OASE e recebiam um pacotinho com sementes de girassol e o tema Rendei Graças ao Senhor que deverá acompanhar a OASE neste período que antecede as comemorações de seus 100 anos. O culto teve ativa participação das senhoras da OASE na liturgia e no louvor e abriu as comemorações OASE Florianópolis Centro rumo aos cem anos dando início aos festejos previstos para serem realizados em junho de 2010. Ao final do culto, as integrantes do grupo se dirigiram ao estacionamento da Igreja onde receberam um balão branco ou azul contendo seu nome e que foram lançados ao ar ao som do repicar dos sinos e de foguetes. Em 17 de junho de 1910, no salão nobre da antiga Escola Alemã da Comunidade Evangélica de Florianópolis, com a presença de 28 senhoras, foi fundada a associação denominada Verei der Frauenhilfe, que,

com o passar dos anos, transformou-se na OASE, com a realização de trabalhos diferenciados por meio do Grupo Dorcas, no qual senhoras preparam enxovais para serem distribuídos a mães carentes de Florianópolis ou pelo Centro de Lazer Corações Alegres, hoje com mais de 40 idosos, além de um grupo de visitação a pessoas enfermas ou impossibilitadas de participarem nas reuniões semanais. O grupo da OASE Florianópolis Centro possui reuniões às terçasfeiras com muitos abraços, tristezas divididas, alegrias multiplicadas e onde se faz presente o louvor a Cristo, o meditar em Sua palavra e a intercessão. O Evangelho é o alicerce da OASE e o amor de Cristo é seu combustível. Participando da OASE, as senhoras confessam que Cristo é esperança, luz, alegria, paz e justiça e querem transmitir isso ao mundo por meio das suas palavras e ações.


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Fé Luterana

Nada pode nos separar do amor de Deus Novembro é o mês do Domingo da Eternidade, o último domingo do Ano Eclesiástico, oportunidade em que lembramos com saudade os nossos mortos, os entes queridos já falecidos. Sob esta perspectiva, convidamos para reflexão o P. Nilson Hermes Mathies, Pastor em Blumenau/SC, na Paróquia da Vila Itoupava, e especialista em Clínica Pastoral. Também participa o P. Astor Albrecht, formado em Teologia pela EST, em São Leopoldo/RS, e exercendo o Ministério Pastoral na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Indaiatuba/SP. Contribui, ainda, a Pa. Carmen Michel Siegle,

formada pela Faculdades EST, Obreira da IECLB na Paróquia Imigrante, em São Leopoldo, onde desde 2006 mensalmente é celebrado um culto direcionado às famílias enlutadas de um mês e de um ano de falecimento e recentemente foi iniciado um grupo de apoio e aconselhamento com pessoas enlutadas. O encerramento fica a cargo do P. Rolf Rieck, Pastor na Paróquia São Mateus da Comunidade Evangélica de Joinville/SC, Coordenador do Colegiado de Obreiros e Obreiras da União Paroquial e Assessor do Departamento de Formação Contínua do Sínodo Norte Catarinense.

Por que comigo?

Consolo? Em Cristo, tem!

Pastor Nilson Hermes Mathies

Pastor Astor Albrecht

Eu tinha apenas dez anos de idade quando meu pai sofreu um acidente. Lembro bem dele, deitado na cama, inerte. Tinha um pequeno ferimento na testa e um pequeno arranhão na mão. Por mais que a minha mãe tentasse acordá-lo, ele não se mexia. Ao clarear o dia, um vizinho o levou para o hospital, mas logo veio a notícia de que havia falecido. Daquele dia em diante e por muitos anos, minha mãe, meus quatro irmãos e eu nos perguntávamos: Por que conosco? Por que comigo? Seria castigo ou culpa de Deus? Seria nossa culpa? Encontrar um culpado, uma razão e uma resposta me fizeram buscar e ir ao encontro da Comunidade. O fato mais marcante foi um presente que ganhei no dia da Confirmação, e guardo até hoje – um crucifixo. Foi no sofrimento de Deus, em seu filho Jesus Cristo, que comecei a superar a minha dor. Na solidariedade, no aconchego dos seus braços abertos na cruz, encontrei alguém que entendia a minha dor e não se afastou de mim, pelo contrário, me conduziu para a convivência comunitária, para o testemunho de fé e me desafiou a viver uma vida com sentido e paz. Mesmo que não tenha encontrado todas as respostas para as perguntas da vida, encontrei alguém que pudesse me orientar e indicar o caminho da vida verdadeira. Hoje, quando me encontro diante de dificuldades, sei onde procurar alguém que tem a resposta para as minhas inquietações, dúvidas da vida e para a morte. Saber que em Jesus Cristo tenho aconchego e segurança me faz levar a vida com fé e com a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus, nem mesmo a morte. Para refletir, leia João 14

Na vida, enfrentamos crises e problemas financeiros e de relacionamento estão na ordem do dia, mas quando comparadas com a perda de uma pessoa amada, essas crises não são nada. Quando a morte nos separa dos pais ou de um filho ou filha, onde encontrar consolo? O espiritismo ‘oferece’ um contato com a pessoa falecida. Ouvir se ela está bem parece razoável para um coração machucado. Contudo, somos exortados a não fazê-lo: consultar os mortos é proibido (Dt 18.9-14). Quem crê no nome do Senhor deve se afastar desta oferta. Se Deus proíbe, é para o nosso bem. O espiritismo ensina que a pessoa falecida irá nascer e morrer novamente, por incontáveis vezes. Há consolo nisso? Se uma vez a morte traz tamanha dor, que dirá ela se repetindo? Nisso, não há consolo! No luto, sentimos saudade e tristeza, mas a fé quer levantar os olhos para receber ajuda e consolo que vem do Senhor (Sl 121). Nosso Senhor Jesus conhece a dor do luto. Ele chorou com a morte de Lázaro. Há mais: ele venceu a morte! A morte, esta nossa inimiga, não pôde com Jesus! Ele foi e é maior, por isso Ele pode dizer porque eu vivo, vós também vivereis. Sua ressurreição é a firme certeza de que todos que em Jesus creram e descansam também ressuscitarão. A morte tem a força de nos afastar uns dos outros por um tempo, mas a morte não afasta o cristão do Senhor Jesus. A morte pode tirar seus pais ou até um filho dos seus braços, mas não pode tirar dos braços do Salvador. Por quê? Porque o Pai ouve a oração de Jesus Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste (Jo 17.24). Para refletir, leia Apocalipse 21.1-7

Amparados nas mãos de Deus

Nossa vida fica trancada no túmulo?

Pastora Carmen Michel Siegle

Pastor Rolf Rieck

A leitura do Evangelho faz-nos perceber que entre Jesus e os discípulos havia laços muito fortes que os mantinham ligados. Não apenas laços de amizade, mas, sobretudo, de fé. A segurança de estar no caminho certo e a coragem para enfrentar dificuldades nasciam da certeza de que ao lado de Jesus estavam protegidos e bem guardados. Dá para imaginar o tamanho do medo, da insegurança e da tristeza desses discípulos ao verem Jesus pregado na cruz. Dúvidas, dor, vazio, lembranças de um tempo ido, saudades de uma presença, decepção, culpa, incertezas... Havia um laço muito forte que ligava os discípulos a Jesus. A tristeza pela sua morte levou-os a pensar que o laço havia se rompido. Sobre isso falavam no caminho. Conversavam enquanto caminhavam. Caminhavam extremamente entristecidos, mas não caminhavam sozinhos, pois afirma o Evangelho que Jesus, o ressuscitado, alcança-os no caminho, abraça-os na dor e revela de maneira muito carinhosa na oração, no partir do pão e na comunhão o quanto continua vivo e presente. A notícia de que Cristo ressuscitou e vive entre nós levou o apóstolo Paulo a uma certeza: nem morte, nem vida, nem o presente, nem o futuro. Em todo o universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Jesus Cristo (Rm 8.38-39). No culto, na Palavra, no partir do pão, da vida e na comunhão, somos lembrados que Deus é conosco, que Ele está entre nós para nos abrigar em seus braços, inclusive na hora da morte. Despedir-se em paz de nossos queridos e viver na paz do ressuscitado torna-se possível para aquele que aprendeu a confiar nessa Presença. Para refletir, leia Lucas 24.13-35

Todos ficamos mais à vontade para falar de vida que de morte. Observando os interesses que movem a humanidade, não fica dúvida de que a vida é melhor do que a morte. Afinal, com a morte, as possibilidades humanas acabam. Por isso, o que nos move é a vida. Há, porém, um ponto exato na história da humanidade em que algo absolutamente inimaginável e inexplicável acontece e que desdiz as impossibilidades com a morte: a morte de Jesus . A justificada ansiedade humana em ver um sentido para tudo o que se vive encontra uma pista para prosseguir quando mortais passam a aguardar a ressurreição. Somente uma nova lei e uma nova ordem podem dar sentido a esta possibilidade após o fim da vida. Como isso é acontece? Os relatos de Gênesis deixam em aberto a suspeita de que a morte foi inaugurada com o pecado. Deus, o Criador, mostra à sua criatura que há uma diferença entre o certo e o errado. Mostra que o errado leva à morte. Mesmo assim, manteve na humanidade um ‘sonho bom’, ou seja, a esperança de que a morte não seja o fim de tudo, que há vida após a morte. Depois, Deus concretiza isto tudo através da morte de seu único filho, Jesus. Ele morreu e ressuscitou para nos mostrar que, apesar da nossa impos-bilidade de andar certo, Sua graça nos possibilita viver a certeza da eternidade. A ressurreição é este ponto fundamental da fé, que vai além do nosso limitado raciocínio. A ressurreição não é apenas uma esperança. É certeza que surge do testemunho de pessoas que já experimentaram a fé, a vida nova em Jesus Cristo. Jesus é vida! Destranca o túmulo da morte e faz viver. Para refletir, leia 1 Tessalonicenses 4.13-18


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Geral

Finados: celebração da obra da mais pura forma de amor O filósofo dinamarquês, Søren Kierkegaard escreveu há um século e meio que ‘a obra de amor em rememorar um morto é a obra do mais fiel amor’. A razão, ele explica, é que tal gesto de amor é o mais puro e desinteressado porque não pode ser devolvido. É a dádiva, talvez a única, que escapa a toda economia, toda transação e até mesmo toda reciprocidade, todo negócio. Finados é a ocasião em que celebramos esta forma de amor. Entre as histórias bíblicas, a que mais reflete este amor aparece em uma narrativa singela e quase que emudecida, bem como frequentemente esquecida nos calendários eclesiásticos. Não é sobre a Sexta-Feira Santa onde predomina a agonia da paixão de onde passamos direta-

mente ao Domingo de Páscoa, o dia da ressurreição, mas trata-se do sábado que se insere no meio do que se chama o trivium, os três dias que, no calendário judaico, separam a morte de Cristo e sua ressurreição. Pouco se sabe daquele sábado, o dia santo para Jesus, agora morto, e também para seus discípulos. Pelo que se saiba, não há palavras, não há discursos, nem milagres, nem profecias. É o momento em que não há negócio, quer dizer, é o momento do ócio, como prescreve o terceiro mandamento. No entanto, há memória que vem enriquecida por uma fragrância no ar, um aroma de bálsamo feito de ervas que haviam sido preparadas por aquelas mulheres que viram onde o corpo do finado amado fora colocado (Mc 16:1). Não há palavras que foram registradas, mas um gesto apenas, uma obra de luto e amor em meio a todo lamento que conecta a Sexta-Feira da Paixão ao Domingo da ressurreição. É este sábado das mulheres com suas orações, lamentos e cheiros que preenche o espaço infestado pelo odor miserável da morte. Este é o gesto daquelas mulheres que, desafiando o veredicto da morte, mantiveram viva a obra de um amor que é de outra economia, de outro negócio que se assemelha mesmo ao ócio, que oferece a dádiva da rememoração, mantendo vivo na lembrança aquele amado cujo corpo putrescente jaz em uma tumba. É este momento de rememoração que liga o que de outro modo estaria desconexo, a Sexta-Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa. É esta desconexão que leva as igrejas e suas comunidades a duas tendências maléficas à

espiritualidade cristã. Uma é o dolorismo ou o fatalismo que não consegue ver além da paixão e exalta a dor. A outra é o otimismo entusiasta de quem celebra a ressurreição, mas já se esqueceu que o corpo que ressurge leva consigo as feridas e cicatrizes da morte. Com o dolorismo, surgem expressões como ‘cada um deve levar sua cruz’, ou ‘é a vontade de Deus’ e tudo termina em um fatalismo. Com o entusiasmo exultante, promovem-se a prosperidade, as curas mágicas e outros engodos. É aquele sábado de silêncio, de aromas, de lamentos, mas, sobretudo, de rememoração do finado que restabelece a esperança ao que sofre e o realismo ao que exulta. Foram aquelas mulheres, testemunhas do corpo do amado ser depositado em sepulcro, que no sábado se dedicaram ao ocioso trabalho de rememoração, amor e lamento que as trouxe ao lugar onde o corpo foi colocado. Se não fosse por essas mulheres de finados, talvez o cristianismo confessasse somente aparições de Jesus, mas não a ressurreição do corpo. O que as trouxe com óleos e aromas para o sepulcro no Domingo de Páscoa é o que se chama de prática da ressurreição, algo que é sempre um trabalho de amor e luto. Embora a ciência e as evidências não comprovem esta relação entre Sexta-Feira e Domingo, é isto que a fé afirma e do que a esperança se nutre. A lida do Dia de Finados é precisamente esta expressão de um amor que se entrega e não busca ou aguarda retorno. Parecendo uma contradição ou paradoxo, é precisamente este gesto de oferta incondicional que já não conta em devolução, mas possibilita acesso ao que não se pode esperar. Esta é a esperança contra toda esperança de que nos fala o apóstolo Paulo (Rm 4.18). Sem esta prática que se aninha na dádiva de um gesto de amor que não poderia ser retribuído, nada levaria à surpresa da vida que ressurge. Este é o trabalho de finados, a obra ociosa, o ócio sem negócio que nos brinda com inusitada alegria.

P. Dr. Vitor Westhelle, que atuou como Pastor da IECLB no oeste do Paraná, quando foi também Coordenador da CPT/PR, foi Professor da EST, em São Leopoldo/ RS, atualmente é Professor de Teologia na Lutheran School of Theology at Chicago, nos Estados Unidos, e recentemente publicou a obra ‘O Deus escan-daloso: o uso e abuso da cruz’, nos oferece esta profunda reflexão a respeito do momento especial de lembrança dos nossos mortos.

Conaje Por que animo outros jovens a também estudar Teologia? Tenho sentimento de amor pela IECLB e por sua causa neste mundo. Essa Igreja precisa sempre de novos parceiros na caminhada. Sei que, assim como eu, muitos jovens se sentem chamados pelo Espírito Santo para assumirem um Mistério ordenado na Igreja, mas precisam de um incentivo. Para nós que já estamos aqui na Faculdades EST, é muito bom ver gente nova chegando na casa, se apaixonando pela Teologia e aumentando nossa família acadêmica. Aqui, descobrimos novos horizontes e sentimos que nossos dons são aperfeiçoados e polidos a cada dia, dentro e fora da sala de aula, no convívio, na amizade e na espiritualidade. Fernando José Matias

Se o pregador é aquele que aponta para Cristo, a verdadeira Teologia é aquela que nos direciona para a Bíblia. Ela nos auxilia a melhor identificar o que Deus nos revelou acerca de si mesmo. A partir disso, podemos dizer que a Teologia, além de ciência acadêmica, é também um instrumento pelo qual realizamos a nossa vocação. Desta forma, podemos melhor desempenhar nosso papel na manifestação do Reino de Deus. Sejam bem-vindos à Teologia! Naveguemos pelo conhecimento das águas profundas do Evangelho. Weslley Rodrigues

Todos somos chamados a servir a Deus, por isso o que faço é mostrar para os jovens que eles podem servir a Deus de um jeito diferente, doando-se totalmente a Ele, o servindo integralmente e buscando na Teologia ferramentas que auxiliem nesta tarefa: aprofundar-se na palavra de Deus, estar à frente e ser responsável pelas pessoas, levar o Evangelho a todos, olhar para o próximo com o amor de Cristo, ensinar valores éticos e cristãos e orientar as pessoas sempre na Palavra de Deus. A Teologia mostra que o testemunho do Evangelho deve condizer com a sua vida diária. Teologia é um curso fundamental, que dá base para qualquer outro curso e mais: dá base para a vida. Douglas Aloísio Rengel


Comportamento

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Colaboradores destacados Dando sequência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. Rolf Droste, Pastor emérito da IECLB, que ingressou no pastorado em 1956, foi Pastor de Comunidade, Diretor da Casa Matriz de Diaconisas, Secretário Geral da IECLB (1986-1994), Diretor Geral da Luterprev e, atualmente, Presidente da Obra Gustavo Adolfo (OGA), vai apresentar colaboradores e membros destacados na constituição da IECLB.

O Ministério leigo é o maior Ao escrever sobre os leigos Kersten e Fuchs, nem tão leigos, dei-me conta que o ‘Ministério leigo’ faz parte do ‘Ministério compartilhado’ adotado na IECLB (Pastoral, Diaconal, Catequético e Missionário). É o maior dos Ministérios na Igreja. As entrevistas que o Jornal Evangélico Luterano vem publicando com membros da Igreja mostram onde eles recebem a sua formação. Citam pais, Professores e pessoas que lhes deram atenção e oportunidades. Não foi muito diferente com Fuchs e Kersten. Kersten, por exemplo, disse ‘Pais e avós cuidaram de mim quando criança. Levaram-me cedo aos cultos e ensinaram-me a cantar e orar’. Ressalta que Professores evangélicos e Pastores tiveram grande influência no seu crescimento espiritual. Aqui vemos a importância da educação e formação na Igreja. Ela é fundamental e merece permanente investimento, porque é do ‘Ministério leigo’ que saem os candidatos para os outros Ministérios, com ordenação explícita e porque também o ‘Ministério leigo’ tem a ordem para servir ao Senhor e testemunhar o Evangelho. São exatamente os participantes do ‘Ministério leigo’ que estão em todos os cantos da sociedade e têm um fantástico poder de penetração e fermentação. Isto deve ser visto e valorizado.

Escola Normal Evangélica. Foi membro da Diretoria do Sínodo Riograndense de 1942 a 1961 e membro do Conselho Diretor da IECLB durante 20 anos. Depois de 1963, foi Secretário Geral do Sínodo (1963 a 1968), Conheço o Professor Willy Fuchs desde 1944. Fui colaborador dos Presidentes Schlieper e Gottschald e seu aluno, no Instituto Pré-Teológico (IPT). Mais tarde, do Secretário Geral, P. Rodolfo J. Schneider, em Porto trabalhei com ele em diversas comissões e o conheci Alegre. Teve participação destacada na formulação da melhor. Passei a admirar sua dedicação e seu amor à constituição da IECLB, quando, em 1968, os Sínodos sua Igreja. promoveram sua fusão e assumiram um só corpo Fuchs nasceu em Forqueta, no Alto Taquari/RS, em eclesiástico. Presidiu a Sociedade Evangélica Pella 1911. Queria ser colono, como seus pais. Quando o Bethânia no tempo em que os prédios antigos foram Pastor lhe sugeriu que estudasse para ser Pastor ou substituídos por novos. Professor, ele disse que isso seria a Fuchs é um legítimo repreúltima coisa que faria, mas aconsentante daqueles muitos teceu que o Professor da Forqueta membros e colaboradores da adoeceu e pediram que Fuchs o Igreja, que trabalham nos bassubstituisse ‘porque tinha letra tidores e subsidiam seus lídebonita’. A partir daí, ser Professor res com o seu conhecimento. passou a ser uma possibilidade. Estudam leis, fazem contatos, Certo dia, leu um artigo sobre o alinhavam assuntos, prepaSeminário Evangélico de Profesram agendas de serviço, redisores, em São Leopoldo/RS. Matrigem cartas, elaboram docuculou-se e ali estudou nos anos de mentos e estatutos. Aparecem 1930 a 1932. Em seguida, foi convipouco, mas deixam suas mardado para lecionar na Escola Sinocas. Trabalham durante a noite dal de Candelária/RS. Mal deu para para que os chefes apareçam conhecer sua futura esposa, quando bem equipados no dia seguinDohms lhe escreveu, em 7 de dete. Assim, o nome do Professor zembro de 1934, que sua colaboFuchs pode não ser um nome ração seria muito necessária no IPT, que aparece na primeira linha que Fuchs lhe expusesse suas exda Igreja, mas seguramente é pectativas e, acima de tudo, dissesse Willy Fuchs faleceu no último dia 16 de outubro, um dos nomes que deixou o ‘sim’. timbre do seu labor e saber, da aos 98 anos, logo após a elaboração deste texto Fuchs disse ‘sim’. ‘Esta decisão sua dedicação e fidelidade no mudou o rumo da minha vida’, afirmou. Lecionou no setor da educação e da administração da Igreja. É uma IPT de 1935 a 1959. A partir de 1938, também graça muito especial quando Deus dá à Igreja pessoas respondeu pelos assuntos de educação no Sínodo (até deste quilate. 1963). Foi o primeiro titular do Departamento de Willy Fuchs faleceu no último dia 16 de outubro, aos 98 Educação, criado em 1946. Em 1947, retomou a anos, logo após a elaboração deste texto. Fuchs era casado com formação de Professores, interrompida durante a Luci Fuchs, nascida Filter, e com ela teve três filhas e três filhos. Guerra. Realizou cursos rápidos de qualificação. Em O casal residia, há alguns anos, no Lar Moriá da Casa Matriz seguida, teve participação ativa na (re)abertura da de Diaconisas, em São Leopoldo.

Professor Willy Fuchs, uma vida para a Igreja

Benno Kersten, um Diácono Pastor Benno Kersten era cidadão brasileiro, mas acima de tudo cidadão do Reino de Deus. Usava terno escuro, tinha estatura mediana, primava pela boa educação. Nascido em Petrópolis/RJ, em 1903, era Bancário no Rio de Janeiro aos 17 anos. ‘Estudou Teologia’ desde a infância na ‘escola da vida’, no que muito lhe ajudaram os pais e avós, Professores evangélicos e Pastores dedicados, como ele escreveu mais tarde. Com 28 anos, foi eleito para o Conselho Diretor do então ‘Sínodo das Comunidades Evangélicas Alemãs do Brasil Central’. A vida de Benno Kersten transcorria como a de muitos outros membros da Igreja quando dois acontecimentos o colocaram diante de inesperadas tarefas: o falecimento do Presidente do Sínodo, Pastor Friedrich Ludwig Hoepffner, e as grandes dificuldades nas Comunidades, decorrentes das restrições impostas pelo Estado Novo, agravadas na Segunda Guerra Mundial. Hoepffner foi Presidente do Sínodo desde a sua fundação, em 1912, até 1941. O Prepósito Martin Marczynski, representante do Conselho Superior Evangélico de Berlim na América do Sul, residente em Buenos Aires, que viera para o enterro, costurou a seguinte solução para a Direção do Sínodo: Benno Kersten assumiria as funções administrativas da Presidência e ao Pastor Wilhelm Freyer, de São Paulo, caberiam o acompanhamento dos Pastores e os contatos com a Igreja da Alemanha. Como cidadão brasileiro, Kersten, tinha liberdade de locomoção. Como o ‘Banco Germânico’ em que trabalhava foi confiscado pelo Governo, pôde dedicar-se de corpo e alma à tarefa que recebera, à qual logo se juntaram serviços pastorais. Diante dessa situação, o Prepósito Marczynski não só o autorizou a usar o talar, mas lhe conferiu, por documento de 31 de outubro de

1942, enviado por correio, o cargo e a função de ‘Diácono’, com autorização para pregar, ensinar, administrar os sacramentos e realizar outros serviços pastorais. Na qualidade de Diácono Pastor, investiu Pastores, inaugurou templos e representou pessoas e Comunidades perante autoridades. Passada a Guerra, Kersten participou da reunião dos Presidentes Sinodais, realizada em 1946, em São Leopoldo. Ali, Dohms apresentou os planos para a constituição de uma Federação Sinodal. Quando esta se constituiu (26.10.1949), com sede e foro jurídico no Rio de Janeiro, Kersten foi seu procurador. No seu Sínodo, agora com o nome de Sínodo Evangélico do Brasil Central, ele foi eleito Vice-Presidente pela Assembleia Geral de 1948. Benno Kersten era formado em Ciências Econômicas, foi casado com Hedwig Bielefeld, nascida na ilha de Sumatra, Indonésia, onde seu pai trabalhara como Missionário. Tiveram dois filhos e uma filha. A Sra. Kersten, com 97 anos de idade, reside no Rio de Janeiro. Benno Kersten faleceu em 1985. Seu nome está inscrito em importante capítulo da Benno Kersten era Bacharel em Ciências história da nossa Igreja. Econômicas


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Deutsche Seite

Der Nachbar und der Nächste Das Wort “Nachbar” hiess in alten Zeiten einmal “Nahbur”, der nahe Bauer.. Es meinte den Bauern, der nahe wohnte, der einem nahe war, nicht nur was räumliche Nähe betraf. Man konnte zu ihm gehen, mitten in der Nacht, und sagen: Mein Kind ist krank. Oder man konnte ein Brot von ihm leihen. Man liess die eigene Arbeit liegen und holte für die Nachbarin die Hebamme, wenn es nötig war. Ein paar Generationen vor uns, als unsere Vorfahren sich hier im Urwaldd eine neue Existenz schufen, war der Nachbar lebenswichtig. Für sich allein hätte kaum einer diese harte Zeit überlebt. Für viele Kolonisten wurde der Nachbar zum Nächsten. Ja, der nahe Bauer. Wo ist er geblieben? Heute wollen wir nicht mehr so bäurisch sein. Nachbarn? In einem Hochhaus? Da kennt doch einer den anderen nicht mehr. Es trennt uns nur eine Wand oder eine Decke von 15 Zentimetern. Es ist also nicht weit bis zu unserem “Nachbarn”. Da müsste doch eine Kommunikation kein Problem sein, noch dazu im Zeitalter der mobilen Telefone. Doch wenn einer an die Wand oder an die Decke unseres apartamentos klopft, so kann das nur bedeuten: Stört uns nicht. Sagt euren Kindern, sie sollen mit dem Krach aufhören und Ruhe halten! Wie ist das nun mit unserem Nächsten? Wenn da kein naher Bauer mehr ist, und wenn die Menschen, die in dem Ameisenhaufen der Grossstadt leben, nur noch an uns vorübergehen, uns nicht mehr wirklich nahekommen – und auch nicht wollen, dass wir ihnen nahekommen? Ich glaube, wir dürfen uns hier nicht hinter soziologischen Mauern verschanzen – einfacher ausgedrückt: Wir dürfen nicht sagen: Die Zeiten haben sich halt geändert Heute gibt es das nicht mehr, was Jesus den Nächsten nennt. Lesen wir einmal aufmerksam die Geschichte vom barmherzigen Samariter (Lukas 10). Da ging es damals schon um die Frage: Wer ist denn mein Nächster? Man zog ja nicht mehr durch die Wüste, wie früher, wo man einander gebraucht

hatte. Jesus gibt keine “soziologische” Antwort. Er erzählt eine Geschichte. Und in dieser Geschichte lehrt er uns, die Frage anders zu stellen. Nicht mehr: “Wer ist mein Nächster?” sondern “Wem bin ich zum Nächsten geworden?”. Der unter die Räuber Gefallene hatte keinen Nächsten mehr auf der Welt. Seine Mitmenschen hatten ihn ausgeraubt und in seinem Blute am Strassenrand liegen lassen. Und nun gehen da drei Menschen an ihm vorüber – drei, die von Hause aus diesem Menschen fern waren. Aber bei einem, dem Samariter, passiert das Wunder: Er wird diesem einsamen, leidenden Menschen ein Nächster . Wirklich ein Wunder – damals wie heute. Es ist ein Wunder, das auch in der Grossstadt und im Hochhaus passieren kann. Ich habe dieses Wunder einmal in Verse zu fassen versucht, die heute als Lied bei uns und auch in Deutschland gesungen werden (Nr.466 im deutschen Gesangbuch).Lassen wir unsere Betrachtung in dieses Lied ausmünden: Einer soll heute dein Nächster sein, einer, der sonst nicht zählt, einer, der nicht mehr glauben kann, der sich mit Zweifeln quält Einer soll heute dein Nächster sein, einer dem Leid geschehn, einer, der keinen Menschen hat, den Gott für sich ersehn. Einer soll heute dein Nächster sein, einer, der sich entzweit, der sich in seinem Sinn verscliesst, der mit sich selbst im Streit. Einem sollst du heute Nächster sein, einem sollst du dich nahn, sollst an ihm tun wie Jesus Christ selber an dir getan. Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Meine Zeit in Gottes Händen In diesen Tagen besuchen viele Menschen den Friedhof. Friedhöfe – wie der Name schon sagt – sind Orte des Friedens, des Gedenkens, der Trauer aber vor allem Orte der Hoffnung. Diese Hoffnung wird auf vielen Grabsteinen durch Bibelworte bezeugt. Auf einem Grabstein steht geschrieben: „Meine Zeit steht in deinen Händen“. Dieser Vers aus Psalm 31 erinnert daran, dass ein Friedhof auch ein Ort ist, wo die irdische Zeit, die Uhr und der Kalender keine Rolle mehr spielen. Da muss man sich fragen, warum wir, die Lebenden, so hektisch durchs Leben gehen. Wir rennen den ganzen Tag, die ganze Woche, das ganze Jahr, um unsere Vorhaben zu erledigen und trotzdem fehlt uns die Zeit. Wer jetzt einen Kalender vor Augen hat, wird sich vielleicht schon gefragt haben: „Mensch, wo ist dieses Jahr nur wieder geblieben?“ Die irdische Zeit ist flüchtig wie der Wind. Tatsache ist, dass es nicht wenig Zeit ist, die wir haben, sondern das es viel Zeit ist, die wir nicht nutzen. Die Zeit unseres Lebens ist zu kostbar, um sie zu nutzlos zu verschwenden. Immer wieder hört man den Satz: „Ich habe keine Zeit!“ Aber bedenken wir: Wer meint, nie Zeit zu haben, ist wie tot für das Leben. Sterben darum so viele Ehen, Familien und Gemeinden, weil man sich keine Zeit nimmt für das Miteinander?

Menschen unserer Zeit sind dauernd beschäftigt, kommen kaum zur Ruhe. Sie haben für Gott und die Kirche keine Zeit übrig. Sie sehen den Ehepartner, ihre Kinder, den Nachbarn nur noch flüchtig. Aber

um ihnen nahe zu kommen, braucht man Zeit zum Gespräch. Liebe braucht Zeit, und Liebe hat Zeit. Wer keine Zeit hat, hat auch keine Zukunft, keine Ewigkeit. Ihn interessiert nur das Heute. Er will viel erleben und nichts verpassen. Wer denkt in dieser hektischen Welt noch über sein gegenwärtiges Leben

hinaus? Viele sagen sogar: „Mit dem Tod ist ja doch alles aus!“ Wirklich? Wie wohltuend ist es da, wenn der Psalmist betet: „Meine Zeit steht in deinen Händen.“ Das ist Ausdruck von Geborgenheit. Wer so betet, ist bereit, sein Leben vom Willen Gottes bestimmen zu lassen. Auch nach dem Tod. Er wird nicht sagen: „Ich habe keine Zeit“, sondern: „Herr, wie kann ich dir und meinem Nächsten mit meiner Zeit dienen?“ Es ist gut, wenn wir für jeden Tag einen Plan machen, aber noch besser ist es, wenn wir ihn morgens Gott im Gebet vorlegen und damit einverstanden sind, dass tagsüber etwas darin gestrichen oder eingefügt wird. Gott hat uns Zeit gegeben, unser Leben, miteinander und füreinander zu leben. Wir können diese Zeit für unsere Lieben, unsere Freunde, Eltern, Kinder und auch für uns selbst nutzen – oder sie auch verpassen. Aber die Zeit kommt nicht zurück. Auch wenn es schwierig ist, versuchen wir mal Uhr und Terminkalender zu vergessen. Legen wir unsere Zeit in Gottes Hand! Herr, wir sind dir dankbar für das Geschenk der Zeit. Lass uns lernen, bewusst damit in unserem Leben umzugehen. Theologe Jaime Jung


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JOREV LUTERANO NOVEMBRO 2009

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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Lembrança de falecimento Com pesar, lembramos o falecimento da nossa mãe, sogra, avó e bisavó, ocorrido no dia 17 de setembro de 2008,

HELMA BERGMANN MARKUS Nascida em 6 de outubro de 1915, filha de Augusto e Ana Horgemöller Bergmann, Helma casou-se com Reinaldo Markus em 21 de abril de 1934 em Arroio Grande, hoje Paverama/RS. Reinaldo faleceu em 19 de fevereiro de 1979. Os familiares agradecem ao Pastor Cleber Fontinele Lima, aos vizinhos e amigos que a visitaram nos seus quase 93 anos de vida. Agradecemos, ainda, aos Médicos, Enfermeiras e hospitais e aos corais pelas flores que enfeitaram o seu túmulo. Obrigado da viúva Leda Markus Blume, Vera e Armando Driemeyer, netos e bisnetos. Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que a de vir. Hebreus 13.14 Helma viveu sua vida toda no mesmo lugar onde nasceu.

Falecimento Com pesar, participamos o falecimento de

P. EM. REINALDO KLUMB Nascido em 11 de outubro de 1919, em São Lourenço do Sul/RS, veio a falecer em 28 de julho último, na idade de 89 anos, nove meses e 17 dias. Em 18 de abril de 1993, antecedeu-lhe na morte sua esposa, Irma Klumb, nascida Drawanz, com quem se casara em 20 de outubro de 1947. P. Reinaldo deixa enlutados o filho, Sigmar, a nora, Elaine, e a neta, Marcia Regina, bem como Anna Mendonça Kunde, com quem uniu-se em novo matrimônio em 17 de fevereiro de 1996, e a filha desta, Sirlei. P. Reinaldo Klumb faleceu e foi velado em São Lourenço do Sul/RS, onde residia, e foi sepultado na localidade de Coxilha do Barão/RS, onde se haviam radicado seus antepassados desde o ano de 1860. P. Reinaldo estudou na Escola Normal Evangélica em São Leopoldo/RS, entre 1936 e 1938, quando foi obrigado a interromper os estudos por dificuldades financeiras da família. Após exercer atividades em São Lourenço do Sul, casou e radicou-se com a família em Nova Gonçalves, 2º Distrito de Canguçu/ RS, onde exerceu o Magistério Estadual. Mais tarde, assumiu as funções de Professor Catequista e, a partir de 1º de julho de 1963, passou a atuar como Pastor na Paróquia Evangélica de Nova Gonçalves (IECLB). A partir de 1º de agosto de 1979, entrou em inatividade por problemas de saúde, passando a integrar o rol de Pastores eméritos da IECLB. A família agradece a todas as pessoas que, de perto e de longe, manifestaram a sua solidariedade na situação de luto e, com fé, deseja lembrar o lema preferido do P. Reinaldo. O Senhor é meu pastor: nada me faltará. Salmo 23

Encontro de família

4º ENCONTRO DA FAMÍLIA BECKER Cidade: Coqueiros do Sul/RS Data: 29 de novembro de 2009 Contatos: Carazinho - 54 3331.4245 ou 9136.0547 (Sirio) Coqueiros do Sul - (54) 3615.2175 ou 9602.0472 (Claci) Passo Fundo - 54 8134.4258 / daniel_auler@hotmail.com (Daniel)

Bodas de Ouro FLORÊNCIO SCHULTZ e ROSALINA WESTPHAL SCHULTZ No dia 20 de junho de 1959, Florêncio Schultz e Rosalina Westphal uniram-se em matrimônio na cidade de Baixo Guandu/ES. Dez anos depois, em 1969, o jovem casal mudou-se para Rondônia com seus três filhos pequenos. Nesta nova terra, passaram a construir o seu novo lar. Foi com muita alegria que neste ano de 2009, em 20 de junho, o casal Florêncio e Rosalina comemorou suas Bodas de Ouro, na cidade de São Francisco do Guaporé/RO. A cerimônia de benção do casal, que participa da Comunidade dos Migrantes, foi realizada em sua residência pelo P. Jeferson Rusch contando com a presença de grande número de amigos bem como irmãos, filhos, netos e bisnetos. Feliz aquele que teme a Deus, o Senhor, e vive de acordo com a sua vontade! Se você for assim, ganhará o suficiente para viver, será feliz, e tudo dará certo para você. Salmo 128.1s

COLEGAS E IRMÃOS AMIGOS DO HPD 1 Se você sempre sentiu falta de um órgão e Organista infalível para acompanhar o canto nos seus cultos, também nos confins de Comunidades rurais, a sua necessidade está suprida. Como resultado de muitos anos de música sacra na IECLB, apresento em um único CD, em formato MP3 (compactado), com qualidade de som de CD, os 306 hinos do HPD 1 (aproximadamente 9 horas de música). Preço R$ 20,00 mais R$ 8,00 de porte. Entre em contato! P. Werner Joachim Dietz wdietz@brturbo.com.br 47 3521.6756 www.brilhandoporjesus.com


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Gente Luterana

O Sínodo Planalto Rio-grandense, formado por 23 Paróquias, 125 Comunidades e quase 60 mil pessoas batizadas, cuja ênfase missionária é formação de lideranças leigas, formação contínua de Obreiros, diálogo com movimentos populares e a busca de membros afastados, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Patrícia Hoffmann e Marcelo Wuttig Friske

Sempre à disposição

Educando para a fé

Patrícia Hoffmann, 28 anos, natural de Tapera/RS, reside em Lagoa dos Três Cantos/RS. Na IECLB, é membro na Comunidade de Linha Glória, Paróquia de Tapera, pertencente ao Sínodo Planalto Riograndense. ‘Luterana de berço’, Patrícia é fruto de mais de quatro gerações que confessam a fé luterana em terras brasileiras e se orgulha muito disso! “A fé se processa diariamente em minha vida pela oração, no meu modo de sentir, ver, agir, ouvir, ensinar e ser luterana”, afirma. A caminhada de Patrícia na IECLB teve início no Batismo. Depois, vieram os ensinamentos nos princípios da fé cristã: orar e agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas. “No Ensino Confirmatório, entendi que a Confirmação é uma espécie de ordenação para a vida cristã. Depois, fui desafiada a ser Orientadora do Culto Infantil e assim fui me envolvendo no trabalho da Comunidade e me apaixonando por levar a Palavra de Deus aos pequeninos. O saldo foram 12 anos de envolvimen-

A missão de Deus é viver pela graça e em gratidão to com o Culto Infantil e a minha escolha pelo Magistério. Com novas lideranças despertando para o trabalho no Culto Infantil, pude me envolver mais diretamente com a Juventude Evangélica, o que trouxe muitas experiências e alegrias para minha vida”, comemora. Atualmente Orientadora da Juventude e do Ensino Confirmató-

rio da Comunidade de Linha Glória, Coordenadora do Conselho Paroquial da Juventude Evangélica (Copaje), Coordenadora do Conselho Sinodal da Juventude Evangélica (Cosije) e VicePresidente do Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje), Patrícia é Educadora formada em Pedagogia com Especialização em Educação “Como Educadora, tenho a missão de despertar e capacitar os educandos para reflexão e a ação lembrando que o amor, a busca pela dignidade individual e comunitária e o zelo pela integridade de toda a criação são consequências de uma educação que se espelha na ação divina”. No Sínodo Planalto Rio-grandense, os grandes temas são a Campanha de Missão e a Educação Cristã Contínua dos membros para formação de novas lideranças. Segundo a Presbítera, o desafio é encorajar membros na ação de contribuir para a transformação de maneira a serem colaboradores na tarefa missionária, pois a missão de Deus torna-se uma grande paixão para as pessoas que aceitam o convite e estão atentas a todas as oportunidades, transformações e contextos. “Consciente da missão que Deus confiou a cada um de nós, coloco meus dons a serviço entendendo que a missão de Deus é viver pela graça e em gratidão pela obra redentora de Deus em Jesus, abraçar o discipulado e, em amor, colocar-se a serviço. Assim, sonho que a IECLB

continue se desenvolvendo como Igreja comprometida com o Evangelho e com as bases da Reforma de Lutero, que os membros assumam cada vez mais a Missão de Deus, que é a nossa paixão, e que os jovens protagonizem a sua história, envolvendo-se não só no trabalho em grupos de jovens, mas também no Presbitério e no trabalho da Comunidade na propagação do Evangelho e da Palavra de Deus”, deseja.

Marcelo Wuttig Friske, 19 anos, gaúcho de Ijuí, estudante, é membro da IECLB na Comunidade Martim Lutero, pertencente à Paróquia Ijuí Linha 3 Oeste, Sínodo Planalto Rio-grandense. Luterano ‘de berço’, Marcelo ora todas as noites. “No meu dia-a-dia, tento viver a confessionalidade agindo, estando disposto a ajudar, perdoando, pedindo desculpas, enfim ‘colocando disposição à disposição’, como diz o trecho da música de Fernando Anitelli”. Desde que ‘se conhece por gente’, os pais de Marcelo participam ativamente da IECLB e isso se tornou ‘hereditário’, pois o jovem é um membro ativo na Igreja desde os tempos de Culto Infantil. Depois, veio o Ensino Confirmatório e, na sequência, as atividades da JE “Participei do Acampamento Cultural e Artístico da JE. Dali pra frente, minha participação só aumentou e não só na JE, mas na Comunidade, na Paróquia e no Sínodo. Sinto um vínculo tão forte com a IECLB que não consigo me imaginar vivendo sem participar dela”. Atualmente Representante Paroquial da JE no Conselho Sinodal e Vice-Coordenador da JE Sinodal, Marcelo, que está cursando Ciência da Computação, faz uso do

seu conhecimento de tecnologia para auxiliar as atividades na

Igreja, como criar uma conta de e-mail para o Conselho Sinodal da JE, cadastrar jovens para receber notícias, ministrar oficinas para ensinar sobre criação de sites, elaborar cartazes de acampamentos e apresentações multimídia. No estágio na área, não há um espaço específico para a fé, “mas julgo indispensável ser eu mesmo, cristão, no trabalho, na faculdade e na Igreja. Isso parece lógico, mas não é tão simples”. No Sínodo Planalto Rio-grandense, Marcelo conta que entre os grandes temas estão a Escola de Formação, que foi planejada com objetivo de construção de saberes sobre a confessionalidade cristã por meio de diálogo e troca de experiências. Importante também é a campanha de missão para ‘lançar as redes’ (pescadores de gente). Ainda a JE, a partir do que foi proposto no seu Congresso Nacional, se comprometeu a incentivar a visitação de pessoas necessitadas e a doação de sangue. Quanto aos desafios de ser IECLB na região do Sínodo, Marcelo afirma que “o desafio é nós todos, membros da IECLB, participarmos ativamente da nossa vivência de fé. Devemos motivar as pessoas afastadas a juntarem-se a nós”.

Sonho com membros atuantes, ativos e dispostos a ajudar O Vice-Coordenador da JE Sinodal revela que não consegue ser ‘expectador’. “Quando vejo, estou ajudando em algo e sendo ativo. Amadureci muito na IECLB. Aprendi a ser mais tolerante e a auxiliar as pessoas quando essas passam por dificuldades por simples gratidão de ter aquela pessoa como amiga. Essa é a minha motivação para participar da IECLB. Nesse sentido, meu sonho para a nossa Igreja é que todos os membros sejam atuantes, ativos e estejam dispostos a ajudar o próximo incondicionalmente”, finaliza.


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