Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 722 - Outubro 2009

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JOREV LUTERANO OUTUBRO 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - OUTUBRO - Nº 722

Tema: Missão de Deus - Nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

Os caminhos da vocação Escolha profissional

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IECLB hoje e amanhã

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Reforma nos Ministérios


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Editorial

Sínodo Brasil Central Situado no coração do Brasil, o Sínodo Brasil Central, criado em 1997, é formado por 19 Comunidades distribuídas em nove estados Brasileiros. Em 2001, com o início dos trabalhos da Missão Zero, a Área Missionária Luterana no Sertão Nordestino passou a integrar também o Sínodo Brasil Central. Nossa área geográfica beira os 3,8 milhões de km² e a última estatística da IECLB indica cerca de 3 mil membros inscritos. O menor Sínodo da IECLB apresenta uma realidade desafiadora: Comunidades pequenas, distantes umas das outras, mas dispostas a ultrapassar barreiras e distâncias para se encontrar, celebrar e servir. Nossas Comunidades surgiram embaladas pelo projeto governamental do ‘milagre brasileiro’ e da forte migração interna no país a partir da década de 80 e abrigam em sua maioria membros luteranos oriundos do Rio Grande do Sul. Hoje, sua pluralidade é, além de desafio, um potencial missionário para ser descoberto e instrumentalizado

Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

para edificar Comunidades a serviço da vida.

Ensaiar a interculturalidade e a autossustentabilidade exige abnegação, renúncia e abertura para a realidade

Diário da redação

que permeia o nosso Sínodo. Seguidamente surge a necessidade de optar por pastorados parciais e contar com o trabalho de Obreiros voluntários, um misto de abnegação e teimosia da fé dos Obreiros e lideranças comunitárias. Assim sendo, são projetos permanentes: Fé, gratidão e compromisso, Formação de lideranças e Crescimento das Comunidades. Se a gente não nasce com a fé em Jesus Cristo, precisamos, então, aprender a confessar que Jesus Cristo é Senhor e, a partir do ouvir da Palavra de Deus, pela ação do Espírito Santo, edificar Comunidades com gratidão e compromisso. Queremos marcar presença nas Comunidades e, ao mesmo tempo, presença na sociedade em que vivemos e atuamos. Para a glória de Deus. Os testemunhos de uma Obreira e de alguns dos membros do Sínodo Brasil Central podem ser conferidos nesta edição do Jorev Luterano. Pastor Sinodal Carlos Möller

CARTAS Renovação Já recebi os novos exemplares do Jorev do mês de agosto para a Paróquia Evangélica de Boa Vista. Ficou muito boa esta edição. Parabéns! Obrigado pela atenção e pelo envio dos jornais. Um forte abraço e que a paz de Deus acompanhe o vosso trabalho. Pastor Fábio Steinert por e-mail

Ensino Confirmatório Aproveitando a linha de pensamento do irmão Carlos Dottling Jr., do Rio de Janeiro, (Cartas - agosto/09) acredito, sim, que deveríamos repensar a maneira e o ‘tempo’ que é colocado no nosso Ensino Confirmatório, mas não creio que só isso resolva o problema da nossa JE. Penso que uma linha que deveríamos buscar, adaptando à nossa realidade e identidade confessional, seria o uso da Escola Dominical, não só com classes para crianças e adolescentes, mas também para jovens e adultos. Deus abençoe a todos! Renato Timm Comunidade de Rio Claro/SP

Este espaço é seu A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as nossas matérias é muito importante para que possamos sempre oferecer um Jorev melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando o seu contato! Rua Senhor dos Passos, 202/4º 90.020-180 – Porto Alegre/RS ou jorevluterano@jorevluterano.com.br Indicadores Financeiros UPM Setembro/2009 = 2,4998 Índice Agosto/2009 = -0,31% Acumulado/2009 = 2,37% Capa - Quando fazemos as nossas escolhas e descobertas na vida, um dos pontos mais significativos é a opção profissional, ou seja, encontrar a nossa verdadeira vocação. São vários os caminhos... Nesse sentido, o Jorev Luterano traz um texto sobre as escolhas profissionais em termos gerais (que pode ser lido na página 4 – Editoria Atualidade) e a Vocação Ministerial à luz da Reforma nos quatro Ministérios com ordenação (que pode ser conferido na página 11 – Editoria Fé Luterana).

IEI lança livro histórico O Instituto de Educação Ivoti (IEI) lançou, no dia 29 de agosto, o livro Se você não assumir..., de Hans Gunther Naumann.

Completando seu centenário neste ano de 2009, o IEI já formou mais de três mil Professores e goza do prestígio de ser um dos principais institutos de formação de Professores do País. Em seus 100 anos de história, a antiga Escola Normal Evangélica, mais tarde Escola Evangélica Ivoti, contou com a presença ativa do Professor Hans Naumann em mais de 60 anos. Como aluno, em seguida como Professor e, por 30 anos, como seu Diretor, o autor reuniu suas lembranças e impressões num livro que servirá como fonte de pesquisa sobre a história da educação, especialmente no âmbito da IECLB. Companhia Premiada Nesta oitava edição do sorteio, os assinantes do Jorev receberão CDs da coleção Reavivar o Canto nas Comunidades contendo belas músicas da nossa Igreja e as assinantes receberão lindas bolsas personalizadas do Jorev. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.

Alberto Brandt – Novo Hamburgo/RS Alexandre Hinkeldey – Blumenau/SC Arlindo Hegemann – Crissiumal/RS Armando Maurmann – Florianópolis/SC Carlos Roberto Caldeira – Rio de Janeiro/RJ Darinho Rutz – Pelotas/RS Erna Wiethauper – Porto Alegre/RS Gerda Luber – Caxias do Sul/RS Mitiko Inagaki – Porto Alegre/ RS Otavio Schuler – Estrela/RS P. Hervig Kanitz – Sinimbu/RS Romero Ruggeri – Novo Hamburgo/RS Ruth Dexheimer – Estrela/RS Sieghard Genehr – São Leopoldo/RS Valter Patzlaff – Morro Redondo/RS

Renove a sua assinatura e receba prêmios, pois, para nós, a sua companhia sempre será premiada!


JOREV LUTERANO OUTUBRO 2009

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Curtas

Lelut elege nova Diretoria A Legião Evangélica Luterana (Lelut) efetuou eleições em nível nacional no dia 28 de março, em Carazinho/RS. A investidura religiosa foi realizada na Igreja da Comunidade Evangélica de Carazinho, no dia 17 de maio, com cerimônia oficiada pelo Pastor Valdemar Lückemeyer, Assessor Espiritual da organização.

Inauguração em Primavera A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Primavera, que pertence à Paróquia em Vitória/ES, celebrou, no dia 5 de julho, o culto de dedicação do templo e inauguração do espaço que será usado pela Comunidade no desempenho das suas atividades.

Sim à Missão de Deus Em abril de 2009, a Área Missionária Leste de Minas Gerais e Extremo Sul da Bahia, com sede em Serra dos Aimorés/MG, acolheu seu primeiro Obreiro, enviado pela Direção da Igreja para dar início às atividades de toda a região que abrange a Área Missionária. Parte dos recursos que sustentam os trabalhos provém da Campanha da Missão Vai-Vem de 2009.

Sobe 31 de outubro e os princípios da Reforma Luterana

Desce A falta de solidariedade com Comunidades e Paróquias carentes financeiramente

O mandato de quatro anos iniciou em 1º de abril de 2009, terminando em 30 de março de 2013. Com a eleição, também se renova o Conselho Nacional, composto pela Diretoria eleita, exceto Conselho Fiscal e os Coordenadores Sinodais, já instalados. Presidente - Ingo Strohschoen, VicePresidente - Walter Willkomm, Secretário Walter Zillmer, Vice-Secretário - Edu Schroeder, Tesoureiro - Milton Prediger, ViceTesoureiro - Erico Schuhmann, Assessor Espiritual - P. Valdemar Lückemeyer, Assessor Espiritual Suplente - P. Erni Drehmer, Conselho Fiscal – (titulares) - Gedeão Lutz, Luiz Schwantes e Clóvis Weirich (suplentes) - Roni Breunig e Oscar Althaus. ______.....______ Instalação na Paróquia de Vitória No dia 20 de junho, na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Grande/ES, foi realizada a instalação do Pastor Antonio Carlos Oliveira na Paróquia de Vitória. A celebração contou com a participação dos Pastores da União Paroquial Grande Vitória e a liturgia de instalação foi dirigida pelo Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, P. Osmar Lessing.

P. Antonio Oliveira, natural de Cascavel/PR, casado com Edneia Boning Oliveira e pai de Maria Eduarda, concluiu os estudos de Teologia na EST, em São Leopoldo/RS, em 2004, e realizou o PPHM em Joinville/SC, sendo enviado ao Pastorado na Paróquia Vale do Iguaçu, em Porto União/SC, onde atuou por três anos.

O culto contou com a participação dos Pastores da Paróquia de Vitória, P. João Paulo Auler e P. Antonio Carlos Oliveira, e a pregação da Palavra e a liturgia de dedicação do templo foram conduzidas pelo Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, P. Osmar Lessing. Participou também o Coral da Paróquia de Vitória. Na ocasião, foi lido um breve histórico da Comunidade, que começou como Ponto de Pregação da Comunidade de Campo Grande. Os primeiros cultos eram celebrados em casas de famílias. Com o tempo, foi adquirido um terreno e teve início a construção do templo, que contou com a colaboração dos membros da Primavera e a ajuda de outras Comunidades. ______.....______ Área Missionária de Samambaia No dia 18 de julho, o Sínodo Brasil Central e a Paróquia de Ceilândia marcaram o reinício dos trabalhos na Área Missionária de Samambaia com um alegre culto celebrado pelo P. Sinodal Carlos Möller e pela Diácona Débora Krauser Santos com a presença de 55 pessoas.

Em um clima de muita festa e comunhão, as pessoas relembraram o início dos trabalhos e as atividades desenvolvidas pelos missionários noruegueses. Muitos que estavam presentes, na época do início, eram crianças e participavam do culto infantil. “É muito bom ver essa área recuperada e o trabalho acontecendo de novo. Nós nos sentimos parte disso”, disse uma jovem. Atualmente, está acontecendo um culto mensal e funciona a Secretaria Administrativa do Sínodo.

A partir do lançamento da Campanha, no Domingo de Pentecostes, membros da Comunidade em Serra dos Aimorés confeccionaram um panô com a inscrição Serra dos Aimorés disse SIM a Missão. No dia 9 de agosto, em culto celebrativo do Dia dos Pais, estiveram presentes membros de Serra dos Aimorés, bem como de Posto da Mata/BA e Teixeira de Freitas/BA, onde estão sendo iniciadas as primeiras atividades, para lembrar o compromisso com a missão de Deus enquanto área missionária, fazendo dela a sua paixão. ______.....______ Ação de graças em Brasília No dia 30 de agosto, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (CECLB) comemorou o Dia de Ação de Graças, também conhecido como Festa da Colheita.

O evento teve início às 9h30 com o culto festivo. A celebração foi oficiada pelos Pastores da Comunidade local, P. Euclécio Schieck, P. Joachim Wörner e P. em. Renato Kühne. No culto, as crianças da Escola Dominical levaram ao altar elementos como pão, frutas, legumes e flores e o Coral Luterano entoou dois hinos. Além disso, os membros foram ao altar depositar sua oferta especial de agradecimento a Deus. Todo o dinheiro arrecadado no evento será destinado à conclusão das obras de ampliação do salão comunitário. Para a Comunidade, foi um momento muito bonito de união e comunhão, pois todos os grupos se empenharam para que a festa tivesse bom êxito.

Ofertas Nacionais 18 de outubro 20º Domingo após Pentecostes Bolsas de Incentivo para estudantes de Teologia Cremos e confessamos que Deus criou o mundo e nele nos colocou para dele cuidar e viver com alegria. A vida e as condições para viver são presentes de Deus. Deus foi mais além. Ele nos ensinou a viver em comunhão. Portanto, por meio de Jesus, a humanidade aprendeu que é possível estender as mãos e apoiar o outro. Assim é nossa resposta ao presente de Deus! Existem muitas formas de fazermos isso. Hoje, somos convidados a exercitar uma dessas formas de estender as mãos. Trata-se da solidariedade com estudantes que, na IECLB, pretendem servir em um dos quatro Ministérios com ordenação: Diaconia, Missão, Educação Cristã e Pastorado. As Comunidades da IECLB apoiam estudantes que não têm condições de custear os seus estudos mesmo recorrendo a financiamentos. Para dar esse apoio, a IECLB instituiu a Bolsa de Incentivo: trata-se da parcela dos créditos pagos pela Igreja com recursos que provêm de doações da Igreja da Alemanha, do orçamento central da IECLB e das duas ofertas anuais.


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Atualidade

Vocação e opção profissional: uma reflexão sobre os primeiros passos O ritmo em que vivemos atualmente faz com que tenhamos constantemente escolhas a serem feitas e infelizmente nem sempre temos o tempo ideal para refletir. Somos impelidos a correr, a dar conta de inúmeras tarefas, informações e atividades simultaneamente e o jovem de hoje teve a base de sua educação neste ritmo. Tecnologia e informação, muitas vezes superficiais, disponíveis para quem quiser, mas na maioria das vezes alienada de afeto. É neste cenário que precisamos pensar a Escolha Profissional/Vocacional. Fundamentalmente escolher o que se quer trabalhar está intimamente ligado ao que se quer ser e o que não se quer ser. O que você vai ser quando crescer? Quem não respondeu a esta pergunta? Nossa identidade é muito ligada à identidade ocupacional. Você é o ‘fulano’ de onde? Desta maneira nos situamos diante dos outros, construindo uma imagem. Se for Advogado, imaginamos um perfil desta pessoa. Alguém que gosta de se comunicar? Que anda bem arrumado? Diante de nós vão aparecendo imagens daquilo que já conhecemos e experenciamos. Esta Identidade Ocupacional não é definida solitariamente. Ela faz parte de uma Identidade Pessoal submetida às mesmas leis e dificuldades que conduzem à construção do eu, do indivíduo, um processo de autopercepção que acontece como uma construção de papéis que são um conjunto de expectativas. Então, se penso em ser Professor, é porque construí uma imagem a partir da minha vivência que valoriza o papel, que percebe características em comum entre o que foi vivido na escola e o que se quer ser enquanto pessoa e enquanto profissional e porque me vejo na posição. Este papel é constituído a partir da interação das minhas características inerentes com o meio ambiente. Não pode ser definido somente por uma parte, por isso não posso só pensar em como está o mercado... é preciso olhar para mim mesmo. Nenhuma decisão que

vem de fora é genuína. Influenciam a nossa construção, as relações que vivenciamos enquanto crianças com pessoas que desempenham papéis sociais e que são valorizados, a

identificação com o grupo familiar e a percepção de valores que este tem, as experiências de escolha que a família traz em sua história. As características individuais fazem com que cada um vivencie as experiências e as interiorize do seu jeito e por isso situações semelhantes deixam marcas tão ímpares para cada um. Nesta construção individual que se faz desde a infância, podemos perceber em muitos jovens um despreparo para ‘escolher’. Uma escolha madura e consciente exige uma clara percepção de si e do mundo que o rodeia. Sem este autoconhecimento, dificilmente a escolha não será equivocada, pois o jovem terá a dificuldade de projetar-se no futuro. Aí volto para a questão inicial: Quem quero ser e quem não quero ser? A partir do momento em que o jovem se dá conta

disso, passa a ser um agente ativo na sua escolha, na sua decisão. Decidir passa por cindir, por romper com uma vida conhecida e por isso também se torna tão difícil, mas a palavra indecisão significa etimologicamente estagnação. Desta forma, para sair do lugar e ir adiante, é preciso decidir. Este processo tem encaminhamento quando há compatibilidade entre interesses, capacidades, valores e oportunidades ocupacionais. Um processo mais consciente, menos aleatório, mais identificado com a história da pessoa. Sua primeira etapa é o olhar-se, pensar em si mesmo, como sou, que características eu tenho, que habilidades, do que eu gosto, que valores tenho, o que é importante para mim, o que absorvi como valores da minha educação, como ela me influencia e tantas outras perguntas que formam a nossa identidade. Pensar nossos interesses, nossas capacidades, nossos valores e então voltar-se para fora e tentar identificar como usar minhas habilidades e características de forma a atender alguma demanda existente ou a ser criada e que tudo isso possa fazer parte de um projeto de vida, de um projeto maior, pois nossa vida não pode ser constituída somente de trabalho, mas também de lazer, fé e relacionamentos. Então, mãos à obra! Conhecer-se para utilizar de maneira positiva nossos dons, nossa vida!

Patricia Lenhard Meinhart, Psicóloga e Especialista em Gestão de Recursos Humanos, atua como Consultora em empresas e instituições e tem se dedicado às questões relativas ao trabalho. Desde 2000, trabalha com Escolha profissional/vocacional em consultório e escola

Marcas e símbolos Nascido e criado no mundo rural, com forte presença da comunidade de fé em nossas vidas, seguidamente ouvia dos familiares e vizinhos, participantes ativos da Igreja, frases que eram recriadas e atribuídas aos Pastores. Entre as muitas que lembro, destaco uma relacionada às pessoas que não participavam da vida comunitária e que vinham trazer suas crianças para serem batizadas. Naqueles casos, a frase voltava a circular ‘coitada desta criança, ela foi marcada como um bicho. Agora, só voltam para a Confirmação’. A idéia de marcar vinha dos campos de cima da serra, onde os donos de gado marcavam a ferro em brasa seus animais, já que não havia cercas dividindo as propriedades. No tempo da venda do gado para os frigoríficos, o fazendeiro mandava os peões reunirem o gado por marca. Hoje, não é mais assim naqueles lugares. O gado é acompanhado para tratamento, pois o sistema de saúde e de exportação não engole qualquer carne. Por outro lado, os Agricultores da minha região de infância entendiam o ato do Batismo da criança como um momento de marcá-la com uma cruz na testa. Isto era corretamente interpretado como propriedade de Jesus. Agora, aquela criança está com a marca de Jesus, a quem ela pertence e de quem virá todo o cuidado. Na sua testa está a marca invisível de Jesus, que se expressa na participação

da vida de fé e na prática da cidadania na sociedade. Em razão desta experiência da infância, criei o hábito de, ao lavar o rosto após levantar de manhã, passar água na testa para lembrar que fui batizado. Com a lembrança desta experiência, reporto-me a uma discussão que vai tomar corpo em nosso País, a exemplo do que ocorreu recentemente na França. Lá, depois de dez anos de discussão, uma alta comissão de pessoas estudadas propôs ao Ministério da Educação retirar todos os símbolos religiosos das escolas pú-

Em espaços públicos, não deveriam existir símbolos de religião blicas, mas não só. Também as crianças e jovens não podem entrar no espaço escolar com símbolos ou marcas de suas tradições religiosas. Uma moça muçulmana, por exemplo, não pode entrar com vestimentas que a identificam com sua tradição religiosa. Contudo, podem entrar com as marcas de tênis e roupas de grandes empresas. Certamente, podem ingerir refrigerantes com marcas das grandes empresas, como Pepsi, Coca-Cola, entre outras. Enfim, as pessoas e os prédios públicos precisam ser limpos de todos estes símbolos que lembram as tradições religiosas.

Há poucos dias, uma Juíza paulista de uma Vara Federal determinou que os símbolos religiosos, como crucifixos, podem permanecer numa repartição pública. Ela não via na sua permanência uma agressão à liberdade de crenças e ao fato de que o Estado é laico. Uma pessoa havia entrado no Ministério Público com o pedido de supressão dos símbolos religiosos naquele espaço. Pessoalmente, penso que, em espaços públicos, não deveriam existir símbolos de nenhuma religião, a não ser aqueles que as pessoas trazem junto a si, como manifestação pessoal de uma pertença religiosa ou de outra natureza. Entretanto, as pessoas cristãs podem atuar nos espaços, públicos ou privados, com a admoestação de Paulo (Gálatas 5.6) sobre a polêmica em torno da circuncisão como marca de pertença a um determinado povo de Deus. Em Cristo, estas marcas não têm valor, mas a fé agindo em amor. Esta é uma das grandes marcas de Jesus em nossos corpos, que todo mundo vê e ninguém pode proibir.

P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

JOREV LUTERANO OUTUBRO 2009

Justificação por graça e fé Neste ano completam-se dez anos da assinatura da Declaração Conjunta de luteranos e católicos sobre a Doutrina da Justificação por graça e fé, na cidade alemã de Augsburg, no dia 31 de outubro de 1999. Um longo período marcado por encontros, reuniões e consensos entre a Federação Luterana Mundial, entidade que congrega as Igrejas Luteranas e a Igreja Católica, culminou com a assinatura desse documento histórico. O tema central, objeto da Declaração Conjunta, foi o mesmo que impulsionou e firmou o cisma, separação, na Igreja no século XVI, a saber, a compreensão em torno do tema da Justificação. Nesse período da história, ensinava-se na Igreja que a pessoa dependia de boas obras para qualificarse junto a Deus para a obtenção da salvação. Martim Lutero, por sua vez, lendo as Escrituras Sagradas, redescobriu que em Cristo, e somente nEle,

Deus redime a pessoa pecadora gratuitamente, independente das suas obras. As obras não são condição para que Deus aceite e salve o ser humano, mas o seu amor revelado em Cristo. Para rememorar essa decisão histórica, estiveram reunidos em Curitiba/ PR, de 18 a 20 de agosto, a Presidência da IECLB, Pastores Sinodais e Bispos

Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século católicos para expressar gratidão a Deus e avaliar a caminhada ecumênica percorrida até aqui. Constatou-se que, embora a Declaração Conjunta seja um marco histórico nas relações entre luteranos e católicos, há muito a ser perseguido para que ela chegue aos membros nas Comunidades. Avançamos muito aquém do que

propõe a Declaração Conjunta, contudo constatou-se que podemos contabilizar avanços na área ecumênica. Para ilustrar, tomo, por exemplo, a Campanha da Fraternidade Ecumênica e a Semana de Oração pela Unidade pelos Cristãos, dentre outras iniciativas. São duas ações que visam a promover Cristo, testemunhar o seu amor e lançar as sementes da paz e da justiça. Estamos a caminho no serviço do Senhor Ressurreto. Ainda há muita barreira a ser vencida. Não estamos sós, Ele caminha conosco conforme prometeu ao dizer - e eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20b).

Homero Severo Pinto Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB

Representante da ELCA visita a IECLB “Gostei muito de ver os avanços que aconteceram aqui no Quilombo Torrão”, disse a reverenda Raquel Rodriguez, Diretora do escritório para América Latina e Caribe do Departamento de Missão Global da Igreja Evangélica Luterana na América (ELCA, sigla em inglês). Raquel veio ao Brasil no mês de agosto, entre os dias 5 a 9, quando visitou alguns projetos apoiados pela igreja parceira da IECLB. Um desses projetos foi o Pequenos Agricultores Quilombolas, um apoio inédito a esse segmento por meio do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e da própria IECLB. “Sem o apoio da ELCA, não teríamos nem como iniciar o projeto, mas a ELCA demonstrou um grande interesse e apoiou de forma decisiva nossa iniciativa”, disse a Coordenadora do CAPA Pelotas, Rita Surita.

O projeto começou em 2003. “Podemos dizer hoje que os grupos conquistaram muito, inclusive questões aparentemente simples como sementes de qualidade, luz elétrica, documentos de identidade, Carteira de Trabalho, além de uma série de políticas públicas que foram sendo criadas aos poucos no Brasil todo, mas também como resultado desse movimento de apoio aqui no sul do Rio Grande do Sul”, afirmou Rita. No dia anterior à visita a Pelotas e São Lourenço do Sul, Raquel Rodriguez foi recebida pelo Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, pelo Pastor 1º Vice-Presidente e Diretor da Missão Global da IECLB, P. Homero Severo Pinto, pelo Secretário Geral da Igreja, P. Dr. Nestor Friedrich e Secretários. No encontro, estiveram presentes o Pastor Sinodal do Sínodo CentroCampanha-Sul, P. Waldir Trebien e representantes.

Pastor luterano na Ucrânia O Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, o Pastor 1º Vice-Presidente, P. Homero Severo Pinto, e o Presidente do Conselho da Igreja (CI), Milton Laske, oficiaram o envio do Pastor Armindo Schmechel na reunião do CI realizada nos dias 31 de julho e 1º de agosto, na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo/RS. P. Schmechel e sua família assumiram um Pastorado na Ucrânia, país da Europa Oriental, no âmbito do Acordo de Parceria e do Programa de Intercâmbio firmados entre a IECLB, a Igreja Evangélica Luterana na Baviera (ELKB) e a Igreja Evangélica Luterana Alemã na Ucrânia (DELKU).

“Ficamos muito agradecidos com o apoio prestado pela IECLB, especialmente pelo Pastor Presidente Altmann e pelo Pastor 1º Vice-Presidente Homero Severo Pinto por essa oportunidade. As igrejas lá estão muito necessitadas de Pastores e resolvemos aceitar o desafio”, afirmou P. Schmechel. “Desejamos que você e a sua esposa, Rosane, levem consigo votos de ricas bênçãos de Deus por parte de toda a IECLB, a vontade de servir e viver em comunhão com as pessoas da igreja co-irmã e a certeza de que a IECLB acompanhará vocês com carinho no período em que estiverem na Ucrânia”, disse o Pastor Presidente, lembrando Gênesis 12:1-2b Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei. Sê tu uma bênção.

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AGENDA DA PRESIDÊNCIA OUTUBRO 29/09-2/10 Consulta IECLB Igreja Evangélica Luterana da Baviera Vitória/ES P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller Secretaria Geral

3/10 Conselho Sinodal Sínodo Sudeste São Paulo/SP P. Homero Pinto

13-16/10 Convenção Nacional de Obreiros Curitiba/PR P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller

24/10 Conselho Sinodal Sínodo Centro-Campanha-Sul Vale do Sol/RS P. Carlos Möller

24-25/10 40 Anos Hospital Colônia Nova-Aceguá Aceguá/RS P. Walter Altmann

26/10 Homenagem na Assembléia Legislativa aos 160 anos de imigração alemã em Santa Catarina Florianópolis/SC P. Walter Altmann

31/10 Celebração - 10 anos da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação Brasília/DF P. Carlos Möller

Presidência promove evento

“A Convenção Nacional de Obreiras e Obreiros da IECLB, longa e arduamente planejada, se tornou uma realidade”, comemorou o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann. “Esperamos, pela graça de Deus, que este encontro seja um marco na IECLB e, especialmente, na vida de todas Obreiras e Obreiros.” Realizado entre os dias 13 e 16 de outubro, em Curitiba/PR,

o encontro reuniu Obreiras e Obreiros ordenados da IECLB, proporcionando um espaço para a valorização da Pessoa, da Vocação e da Família Ministerial. “A convenção buscou também propiciar o (re)encontro de colegas que, embora em contextos diferentes, se identificam por servirem à Missão de Deus a partir da IECLB, ou seja, de uma Igreja Evangélica, claramente identificável como de Confissão Luterana e coerentemente arraigada no chão brasileiro”, confirmou Altmann, agradecendo a todos que colocaram seu tempo e esforços para a realização do evento em Curitiba.


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Ministério

Diaconia: disponibilidade e preparação para servir a Deus que temos que ajudar o próximo e servir a Deus. No início dos estudos, tive conflitos entre teoria e prática, mas meus tempos de formação foram marcados principalmente por muito trabalho e responsabilidades, o que me possibilitou completar 32 anos de Ministério. Fui Irmã durante 15 anos e, para mim, a diferença entre Diaconisa e Diácona está só na nomenclatura. O que realmente importa são as ações e, principalmente, ter humildade, postura correta e estar disponível e preparada para servir a Deus.

Diácona Elli Emma Stoef, 58 anos, natural de Piratuba/SC, descendente da família Stoef proveniente de Hamburg, na Alemanha, membro na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brasília, é atuante no Centro Social Luterano Casa da Esperança em Ceilandia/DF, Sínodo Brasil Central De que forma a fé movimenta o seu cotidiano? A fé está na minha vida por meio da Bíblia, que me recarrega de motivação para cumprir a minha missão, me dá forças para vencer os obstáculos, solucionar problemas e refletir as ações vivenciadas de forma gratificante. Em que momento descobriu a vocação para ser Diácona? Desde criança, tive meu pai como exemplo de vida e fé. Aprendi com ele

Quais são as suas atividades na Comunidade? Na IECLB, sou Coordenadora da Casa da Esperança onde desenvolvemos com a comunidade carente atividades assistenciais, educativas, profissionalizantes e orientação cristã, além de cultos, Confirmações, Batismos e poimênica. O trabalho como um todo é muito importante para mim, uma vez que sou uma das idealizadoras e fundadoras do Centro Social Casa da Esperança. Qual é o desafio de ser IECLB na sua região? O principal desafio é a disponibilidade de Obreiros realmente comprometidos em evangelizar e preparados para divulgar a doutrina luterana, uma vez que ela é pouco conhecida na periferia de Brasília. Além disso, saber lidar com os conflitos sociais e culturais tão diversificados quanto os desta região.

Aponte as maiores dificuldades e alegrias do Ministério. As maiores dificuldades são financeiras e encontrar pessoas comprometidas com o trabalho. As maiores alegrias são os resultados obtidos com o público atendido e a satisfação de viver em comunhão com Deus. Não posso dizer que estou realizada no meu Ministério, porque ainda há muito que fazer. Como Coordenadora da Casa da Esperança, quais são as suas ações? O Centro Social Luterano Casa da Esperança é um departamento da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brasília, funciona como entidade filantrópica, atende cerca de 350 pessoas por semestre distribuídas nos seguintes cursos: informática, marcenaria, culinária, Inglês e atividades complementares, como música, futebol e capoeira. No papel de Diácona e Coordenadora da Casa da Esperança, meu maior desafio no momento é arrecadar recursos para manter as atividades desenvolvidas por este projeto social. A Casa da Esperança entra na vida do cidadão de que maneira? A Casa da Esperança entra na vida do cidadão como uma fonte de apoio socioeconômico, por meio da orientação cristã e da formação profissional. Como em Ceilândia existe muito desemprego, violência, tráfico de drogas e pobreza, meu principal objetivo é lutar para mudar este quadro.

Casa da Esperança Ao relatar o trabalho desenvolvido na Casa da Esperança, não deixo de testemunhar o que entendo por Diaconia na prática. A ideia de casa está associada tradicionalmente também à ideia de família de tal forma que a palavra costuma ser usada com este significado. A Casa da Esperança foi pensada como um espaço que servisse de moradia para crianças e jovens de maneira que pudessem se sentir protegidos dos fenômenos naturais exteriores, como a chuva, o calor e o frio. A Casa também serve de refúgio em momentos de desespero e dor para famílias em situação de risco que, sem ter onde se abrigarem com os filhos, encontram aqui carinho e proteção. Lugar de acolhimento e aconchego, a Casa da Esperança dedica parte do seu tempo a oferecer formação para jovens, crianças e a comunidade em seu entorno com o objetivo de contribuir para cidadãos mais conscientes e que venham, um dia, devolver à sociedade o que de bom aprenderam. Há um carinho especial por todos que chegam, pois, se casa está associada à família, então formamos uma família em Jesus, já que este é o fundamento de fé que nos alimenta ao longo de 14 anos de atuação, fé baseada na prática vinda do grande Diácono Cristo, que nos alimenta na esperança de uma vida nova e com um novo sentido. Esperança significa também nunca desistir dos sonhos de alguém ou de um mundo melhor. Aqui, nunca desistimos das pessoas neste contexto: acolhidas.

Superação da violência contra a mulher O Grupo Colméia, em parceria com a Diaconia (Recife/PE) e a Coordenação de Gênero Gerações e Etnias da Secretaria Geral da IECLB, produziu nova tiragem da cartilha Superando a violência familiar contra a mulher – roteiro de oficinas para igrejas, com o objetivo de capacitar lideranças das igrejas no território nacional. Três Seminários regionais estão programados para 2009: na região Centro-Oeste, foi realizado em maio, na região Sul (São Leopoldo/RS), nos dias 15 a 18 de agosto, e, na região Sudeste (São Paulo/ SP), está programado para 5 a 8 de novembro. A publicação é o resultado de diversas Oficinas sobre Violência Familiar que a Diaconia realizou junto às igrejas em Recife/PE, Natal/RN e Fortaleza/ CE. Para os Seminários, a Cartilha passou por uma nova formatação. O conteúdo continua o mesmo, mas o material está mais didático e leve. A parceria entre o Grupo Colméia e Diaconia começou em 2007 a partir de uma pesquisa que o Grupo Colméia estava realizando sobre a existência

de algum material para desenvolver a temática da superação da violência nas igrejas. A IECLB integrou o trabalho em 2008 por meio da assessoria que a Coordenação de Gênero Gerações e Etnias tem prestado ao desenvolvimento do trabalho. O Grupo é uma Regional da Nova Década

Ecumênica de Mulheres ligada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e tem como objetivo ser espaço de celebração, acolhida, solidariedade, lugar de falar das dores e experiências que movem e comovem. Participam da Coordenação do grupo representantes da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Católica Romana e Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. A Diaconia é uma organização social sem fins lucrativos e de inspiração cristã que tem por missão: contribuir para a construção solidária da cidadania e a garantia dos direitos humanos da população excluída, na perspectiva da transformação social, preferencialmente na região Nordeste do Brasil. Sabrina Nunes Bolla Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias Secretaria da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

Ser Presbítero é uma rica oportunidade de servir e ajudar a nossa Igreja Qual é a sua caminhada na IECLB? Desde 1986, sou luterana de coração. Não nasci de família luterana e sim escolhi ser luterana. Participei das primeiras atividades da Igreja aqui em Balsas. Desde então, estive junto à Comunidade desenvolvendo ativamente todos os trabalhos que foram necessários. Como voluntária, participei de vários cargos na Igreja, como Presbítera Vogal e Presidente. Atuo como liderança mesmo não fazendo parte do Presbitério. Hoje, sou Representante do Sínodo Brasil Central no Plano de Educação Cristã Contínua (PECC) e Diretora Administrativa da Escola Infantil Luterana no Setor Industrial há quatro anos. Quais são as suas responsabilidades como Diretora Administrativa da Escola Infantil Luterana? Desde aquisição de recursos para funcionamento e manutenção da escola, pois esta escola é mantida totalmente por duas empresas, a SLC Agrícola e a Syngenta Proteção de Cultivos Ltda., o que muito me orgulha pelo fato de acreditarem em nosso trabalho como Igreja Luterana e no meu trabalho pessoal, que, apesar das dificuldades, divulga e engrandece a nossa Igreja. Sou responsável pelo funcionamento total da escola desde as compras, funcionários, até o projeto da horta. Atualmente, são 80 crianças carentes de 4 e 5 anos divididas em dois turnos, Jardim I e Jardim II. Elas recebem duas refeições por turno, lanche e almoço pela manhã e lanche e

capacidade da mulher também dentro da Igreja. Na verdade, a mulher é quem mais se envolve nos trabalhos realizados na Comunidade e está presente nas atividades religiosas e sociais. Na nossa Comunidade, existe essa participação em mais ou menos 80% dos cargos há muitos anos. Entretanto, observo que em algumas Comunidades falta incentivo para as mulheres ocuparem cargos diretivos. As mulheres precisam se conscientizar da sua capacidade em realizar trabalhos também nos cargos de liderança em sua Comunidade. Terezinha Campos Rocha, 49 anos, nascida em Carolina/MA, Técnica em Contabilidade, casada com Luiz Carlos Schwingel e mãe de Werike (in memoriam), Marina e Luiz Henrique, é membro na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Balsas, Sínodo Brasil Central janta à tarde, são pré-alfabetizadas, têm ensino religioso e introdução ao Inglês. Temos também acompanhamento de Enfermeira e Agente de Saúde, pois é também nossa meta, além da educação, o combate à desnutrição e a integração à sociedade. Ainda em busca da integração à sociedade, há participação dos pais na horta e em cursos profissionalizantes, que são realizados buscando uma melhor condição de vida. O que pensa sobre a participação feminina nos cargos de liderança da IECLB? Importante, uma vez que retrata a

O que significa atuar no Presbitério? Presbítero é um cargo de liderança com poder de decisão e ser Presbítero é uma oportunidade rica de servir e ajudar a Igreja. O Presbítero exerce um papel fundamental dentro da Igreja. Cabe a ele, na ausência do Obreiro, o compromisso de manter as atividades religiosas, além de executar, com a ajuda ou não dos membros, os trabalhos administrativos da Comunidade. O resultado da minha dedicação à Igreja é, além do meu crescimento como cristã, o fortalecimento da fé em Deus, que me guia e me guarda. É gratificante fazer parte da Igreja Luterana, conviver com as pessoas da Comunidade e participar ativamente dos trabalhos realizados. O que o Senhor planeja dura para sempre, as suas decisões permanecem eternamente. Feliz a nação que tem o Senhor como seu Deus! Feliz o povo que Deus escolheu para ser dele! Sl 33.11-12.

O PECC na IECLB O Plano de Educação Cristã Contínua (PECC) busca promover a Educação Cristã como um processo contínuo de aprendizagem e capacitação para a vivência da fé com gratidão e compromisso na ampliação da atuação e solidariedade entre Comunidades e Sínodos. O desafio da Educação Cristã não se limita a uma área de atuação apenas, mas ao conjunto das ações pedagógica, litúrgica, pastoral, diaconal e missionária da Igreja. É necessário aprofundar o que significa ser uma pessoa cristã de confissão luterana. A Educação Cristã acontece onde há compromisso cristão. É um processo pessoal e comunitário de aprendizagem dos conteúdos da fé. Ela acontece na família e na Comunidade e se reflete nas ações e atitudes do dia-a-dia, que é a vivência cristã no mundo. É necessário que se faça um trabalho com passos bem pensados e planejados, pois terá que ser direcionado a toda Comunidade crianças, adolescentes, adultos e terceira idade. Saber que posso contribuir para o crescimento da Comunidade IECLB é a minha grande motivação. Independente de cargo ou função, estarei sempre pronta para servir e lutar para o crescimento da Igreja, pois esse é o meu compromisso como luterana.


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UNIDADE

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Mulheres

Precisamos dar as mãos e unir forças em prol da solidariedade Alemanha e Comunidade Luterana de Paracatu. A preocupação é oferecer uma educação de qualidade, tendo em vista a formação do ser humano como um todo. A preocupação é oferecer um espaço em que as crianças

Flávia Rodrigues Barbosa, 33 anos, mineira de Unai, é casada com Rubens Rodrigues de Sousa e mãe de Paula Eduarda e Roberta Kauane. Formada em Pedagogia pela Faculdade do Noroeste de Minas e pósgraduada em Supervisão Escolar e Gestão de Pessoas pelo Instituto Prominas, está há quatro anos atuando como Diretora Executiva da Instituição Luterana em Paracatu (LUPA), Sínodo Brasil Central Qual é a sua trajetória na IECLB? Iniciei na Instituição Luterana como voluntária, desenvolvendo diversas atividades em conjunto com a Igreja Luterana. Fiz parte da Diretoria da LUPA e, em seguida, fui contratada como Professora de Educação Infantil. Trabalhei durante cinco anos com a turma do maternal no período vespertino. No período matutino, comecei a trabalhar na LUPA administrativamente durante dois anos até ser convidada a trabalhar como Diretora Executiva da Instituição.

Entrega de certificados do curso Alimentação Alternativa

Como Diretora da LUPA, quais são as suas responsabilidades? É um grande desafio, porém é muito gratificante. A LUPA, que tem como objetivo geral a assistência social por meio de ações integradas de educação, saúde e geração de renda, surgiu por iniciativa da Comunidade Luterana em Paracatu, que buscou fazer alguma diferença frente às dificuldades enfrentadas pela população do Bairro Bela Vista, onde se localiza a sede da Comunidade. As frentes de ação da LUPA são: o convênio de saúde, com 900 famílias cadastradas, o grupo de ocupação e geração de renda, com 10 famílias, a horta comunitária, com cinco famílias, e o Centro de Educação Infantil, que atende, em média, 90 crianças de 3 a 6 anos. De que forma a LUPA participa da vida do cidadão? O Centro de Educação Infantil existe hoje como fruto de muita dedicação e esforço de parceiros, círculo de amigos da Comunidade Luterana da

Horta comunitária

possam se desenvolver e reconhecer como cidadãs, com capacidades e potencialidades. Na perspectiva de atender integralmente as crianças que frequentam a escola, buscamos envolver os pais não só na escola, mas em outras atividades, como a horta comunitária, os cursos de artesanato ou outros cursos oferecidos (pintura artística em vidros, alimentação alternativa, pintura em tela, alemão, violão, flauta, grupo de canto, corte e costura, etc). Temos em execução o projeto ‘transformando vidas pelo corte e costura’. São cinco mulheres que trabalham na reciclagem de roupas usadas, fazem tapetes e estão iniciando uma pequena confecção de peças íntimas infantis. Essas mulheres também confeccionam fantasias para as crianças da escola.

Pintura artística em vidros

Quais são as prioridades no seu trabalho? Desenvolver atividades em conjunto LUPA – Igreja Luterana é algo que está dando certo dentro dos grupos. O importante é criar condições

para que surjam atividades conjuntas que facilitem o conhecimento mútuo e, na medida em que essa cooperação se realiza, nos aproximem do nosso objetivo primordial que é sermos solidários. Nosso maior desafio é sempre o inicio de um novo ano. Contudo, é sinal que conseguimos vencer mais um, que conseguimos superar os problemas financeiros e proporcionar oportunidades de formação e transformação da realidade de muitas famílias. No entanto, não conseguimos fazer isso sozinhos. Da mesma forma que as crianças precisam das nossas mãos para trilhar um caminho diferente, nós precisamos dar as mãos e unir nossas forças para sermos solidários com quem precisa de nosso apoio. São muitos os sonhos e projetos que buscamos alcançar. Esperamos que Deus possa acompanhar e orientar nossos passos na realização da construção de vida digna para todos e da propagação da Palavra de Deus por obras de amor.

Projeto ‘Transformando vidas pelo corte e costura’

O que pensa sobre a importância do ecumenismo nas relações, afinal é católica e trabalha em uma instituição luterana? Para qualquer ser humano, viver só faz sentido quando o cotidiano e a fé se encontram e se tornam concretos nas nossas ações. Como discípula de Jesus, tenho convicção que o amor que toca as pessoas é uma espiritualidade que só pode ser testemunhada no cotidiano de todos nós. Juntos, somos capazes de aprender a pensar e praticar a fé sendo solidários às necessidades do próximo. A formação cristã é necessária em todos os níveis e em todos os momentos das nossas vidas. A dimensão ecumênica é importante na formação dos que trabalham em prol da solidariedade. Devemos nos preocupar com os irmãos. O amor deve estar na raiz de todas as ações humanas, por isso, além do conhecimento mútuo, são necessários também a estima e o afeto verdadeiro, que surgem espontaneamente.

Dia Sinodal da OASE Emoção, alegria, fé e esperança marcaram o (re)encontro de cerca de 500 mulheres do Sínodo Vale do Taquari, no dia 27 de junho, em Conventos, Lajeado/RS, no Dia Sinodal da OASE, que, realizado anualmente, reúne mulheres dos 49 Grupos de OASE do Sínodo para um encontro de celebração pelas graças recebidas. A Pastora Sisi Blind, de Curitibanos/SC, palestrou sobre o tema A importância da autoestima da mulher na missão de Deus, enfatizando a relevância que as mulheres tiveram e têm na história do mundo e como, desde a Antiguidade, as

mulheres foram ‘desobedientes’ e com isto mudaram os rumos da história e os destinos de muitas vidas! A Pa. Sisi lembrou das parteiras do livro de Êxodo, que desobedeceram ao Faraó, preservando as vidas dos meninos nascidos no povo hebreu, entre eles, Moisés. Também rememorou outras passagens bíblicas em que as mulheres disseram ‘não’ à opressão, à escravidão e à humilhação. A tarde foi coroada com a apresentação do Grupo de Teatro Legato, de Canoas/RS, formado por pessoas com deficiência e que

mostrou um show de superação, amor e muita alegria. Cantos e danças emocionaram e contagiaram os presentes. O Grupo motivou muitas mulheres a superar as dificuldades, os medos e os desafios encontrados na família e no Grupo da OASE. A força de vontade de cada integrante do Grupo Legato deixou uma bela mensagem de luta e vitória contra o preconceito na sociedade. Apesar do frio, foi um dia gratificante e de muito calor humano! O sorriso no rosto das mulheres e as palavras de agradecimento proferidas mostraram o quanto elas apreciaram este dia.


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Fé Luterana

Vocação da Reforma para os Ministérios Outubro é o mês em que comemoramos a Reforma protagonizada por Martim Lutero, por isso, nesta edição a proposta é pensar a vocação à luz da Reforma nos Ministérios com ordenação. Para esta reflexão, convidamos a Diaconisa Gisela Beulke, membro da Irmandade Evangélica Luterana, Diretora da Casa Matriz de Diaconisas, Pedagoga com especialização em Orientação Educacional e Mestre em Teologia Prática, dedicada à formação diaconal: no Seminário Bíblico-Diaconal da Casa Matriz de Diaconisas, na Associação Diacônica Luterana, em Serra Pelada/ES, e nas Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, no Bacharelado em Teologia com ênfase em Diaconia. Também participa o Professor Catequista Danilo Carlos Doss, formado em Pedagogia – Habilitação em Orientação Educacional e

Administração Escolar, que atua em escolas e Paróquias luteranas desde 1976. Com experiência Catequética Eclesial e Ensino Religioso Escolar, atualmente é Diretor de Unidade de Ensino do Centro de Ensino Médio Pastor Dohms, em Porto Alegre/RS. Contribui, ainda, o Missionário Airton Härter Palm, formado em Teologia pela Faculdade de Teologia Evangélica (Fatev), em Curitiba/PR. Tendo sido Missionário no sertão nordestino, recentemente assumiu como Diretor Executivo do Movimento Encontrão. O encerramento fica a cargo do P. Lauri Roberto Becker, Pastor Sinodal do Sínodo Mato Grosso desde 2002, que concluiu seu estudo na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo/RS, em 1988 e atuou nas Paróquias de Rurópolis/ PA e Tangará da Serra/MT.

Vocação da Reforma para o Ministério Diaconal

Vocação da Reforma para o Ministério Catequético

Diaconisa Gisela Beulke

Professor Catequista Danilo Carlos Doss

Lutero redescobriu a gratuidade da salvação e resgata a íntima ligação entre liturgia e diaconia. A comunhão com Deus leva a servir ao próximo. Deus deseja que todos sejam salvos, todos são criaturas suas. O testemunho faz parte do ser cristão e acontece pela proclamação do Evangelho através da palavra falada e pela fala das ações de amor e cuidado mútuo. Deus nos presenteia com dons e habilidades e nos chama para colocar os mesmos a serviço do seu Reino. Ser vocacionado, portanto, tem a ver com ouvir e atender ao chamado de Deus e colocar os dons que dele recebemos a serviço. Uma comunidade cristã motiva e prepara os seus membros para o engajamento diaconal, para a ajuda mútua. Essa motivação pode e deve acontecer com crianças, jovens, adultos e idosos. É na infância que se semeia a arte de ajudar e ser solidário. Não há idade em que não se possa ajudar outros. A intercessão também é tarefa diaconal. A diaconia é o rosto de uma Igreja. Muitas pessoas podem não conhecer a fé luterana, mas apontam para a prática do amor, para a solidariedade e diaconia que determinada Comunidade pratica, por isso precisamos de Obreiros ordenados que se aprofundaram no estudo teológico-diaconal. Estes precisam preparar o voluntariado e a Comunidade para uma prática do amor que faz a diferença, que transforma e dá esperança. Para refletir, leia 1João 3.18

Lutero defendia e exortava as autoridades da época para que construíssem escolas para a educação das crianças. Portanto, a catequese, a formação religiosa e a formação laica dos cidadãos deveriam andar juntas. Isto se verifica em muitas Comunidades luteranas brasileiras: escolas e Igrejas foram construídas no mesmo pátio, isto quando não se usava a escola ou a Igreja para as duas funções de uma forma harmoniosa e o Professor fazia algumas tarefas pertinentes à função pastoral e o Pastor assumia tarefas da educação formal. No Ministério Catequético, é comum que o Obreiro, além dos estudos e formação específica, faça complementação da sua formação na área educacional formal, contribuindo, assim, com a ocupação de espaços profissionais diversificados. Por exemplo, identificamos Catequistas atuando nas áreas de Licenciatura: Línguas Portuguesa e Estrangeiras, Estudos Sociais, Orientação Educacional, Matemática, Supervisão Escolar, entre outras. Além disso, a ação se estende para a Gestão Escolar, lideranças comunitárias diversas, ONGs, e por que não na área política. Penso que, com a formação catequética, podemos dar contribuições responsáveis e importantes para o ensino da doutrina luterana nas Comunidades da IECLB, mas também dar testemunho de fé transformado em ação em diversos grupos e atividades na sociedade brasileira. Para refletir, leia Mateus 19.13-15

Vocação da Reforma para o Ministério Missionário

Vocação da Reforma para o Ministério Pastoral

Missionário Airton Härter Palm

Pastor Lauri Roberto Becker

Nem só pessoas formadas e remuneradas podem servir na obra de Deus. Todos nós, quer ministros quer leigos, somos seus servos e seu povo. Não devemos basear nosso Ministério no Antigo Testamento, pois ele elitiza a liderança que o Novo Testamento democratiza. No cristianismo, não há lugares, etnias, objetos ou classes sagradas. O prédio onde a Igreja se reúne não é santuário nem morada de Deus (At 17.24). Ele não está mais perto de alguém em Jerusalém do que no sertão nordestino, condomínios e favelas das capitais. Igreja é ‘comunidade dos santos’, dos que foram ‘chamados para fora de’. Esta comunidade que entra num templo precisa ir para além das suas fronteiras. Então, a Reforma buscou por um culto vivo ao Deus vivo, no qual todos os salvos e não só o sacerdote buscam, louvam e servem a Deus. Isso induz à obra missionária de levar a salvação em Cristo a todas as pessoas, transpondo barreiras linguísticas, culturais e geográficas. Um ‘Evangelho’ controlado pela igreja leva cristãos à apatia. A Reforma desburocratizou a religião, recolocando o Evangelho acima da instituição, como Jesus também fez. Perguntemo-nos, pois, se prédios, instituições e regulamentos não ocupam mais tempo que a Palavra entre nós, descendentes da Reforma. Lutero, numa pregação baseada no Salmo 91, afirmou que ‘a glória de Deus precede a glória da Igreja’. É momento de renovar o nosso compromisso com o Evangelho das Escrituras e a sua missão, para a glória de Deus. Enfim, na vocação missionária temos um bom legado da Reforma que nos estimula a continuar em reforma. Para refletir, leia 1Pedro 2.1-10

Quando se fala em vocação há a necessidade de compreender o seu significado. Vocação está inseparavelmente ligada à palavra cingir, ou seja, alguém que está cingido por Deus tem uma cinta em torno de si. Vocacionado ao Ministério Pastoral não é alguém livre para ir e vir quando e aonde quiser. É alguém que não tem mais o seu querer próprio. Ele foi totalmente despido dos seus interesses e das suas paixões. O apóstolo Paulo experimentou em toda a sua dimensão o chamado de Deus. Por causa deste Ministério, deixou tudo para trás assumindo uma nova vida. Ele era conduzido para onde o Senhor o levava. Paulo foi alguém cingido por Deus e sua obediência a esta condução edificou a Igreja do Senhor e fez o Evangelho chegar a nós. Vocação é serviço, é entrega, é aceitar a condução de Deus e a obediência a Ele. Muitas vezes, confunde-se vocação com glamour, status ou profissão. Também corremos o risco de nós nos sentirmos os corretos intérpretes (revelação) do momento ou do local do exercício deste chamado. Em muitos momentos, confundimos nossos interesses próprios com a cinta que o Senhor coloca em nossa volta e nos leva para onde Ele quer. Nós é que teimamos em não aceitar a mão de Deus que nos conduz por este mundo. Em algumas situações, poderíamos ter uma falsa impressão de que na IECLB esta cinta conduz somente para a região sul do país. Alguém me perguntou Será que Deus esqueceu-se da Sua Igreja no norte e nordeste do Brasil? Deus não esqueceu e nunca esquecerá da sua Igreja. Ele continuamente vocaciona chamando mulheres e homens para que aceitem serem cingidos e conduzidos por sua mão. Para refletir, leia Atos 16.6-10


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Geral

IECLB 60 anos – desafios para a nossa Igreja hoje O ano de 2009 trouxe com ele uma comemoração muito importante: os 60 anos da IECLB. Para homenagear a nossa Igreja, o Jorev Luterano vem destacando fatos e pessoas que fazem parte do processo de constituição da Federação Sinodal, depois denominada Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Nesse sentido, também queremos o olhar dos dois ex-Pastores Presidentes da IECLB e do atual P. Presidente, mas, desta vez não sobre o passado, e sim sobre o futuro da nossa Igreja. Assim, apresentamos a proposta ‘IECLB 60 anos – desafios para a nossa Igreja hoje’ aos três Pastores (P. em. Dr. Dr. h.c. Gottfried Brakemeier, P. em. Huberto Kirchheim e P. Dr. Walter Altmann). A primeira contribuição, do P. Gottfried Brakemeier, foi apresentada na edição de agosto. A segunda reflexão, de autoria do P. Huberto Kirchheim, divulgamos na edição de setembro. O texto final, que divulgamos a seguir, foi escrito pelo P. Dr. Walter Altmann, que, Doutor em Teologia pela Universidade de Hamburgo, na Alemanha, e autor de numerosos artigos em livros e revistas do país e do exterior, além da obra ‘Lutero e libertação - uma releitura de Lutero em perspectiva latinoamericana’, já foi Presidente do Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI), Reitor da Escola Superior de Teologia e Coordenador do Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Teologia (IEPG) e atualmente é Pastor Presidente da IECLB e Moderador do Conselho Mundial de Igrejas. Quando, como IECLB, olhamos e seguimos à frente, vemos uma série de belas perspectivas e desafios. Trazemos uma rica bagagem conosco, mas também alguns fardos, e percebemos riscos a enfrentar. Usemos o exemplo de uma viagem de carro. Queremos chegar a um lugar bonito e agradável. Devemos, porém, dirigir com atenção e cuidado. De vez em quando devemos também olhar no espelho retrovisor. Se não, corremos riscos de sofrer um acidente que nos impeça de chegar a nosso destino. Se o caminho é desconhecido – e o futuro é sempre desconhecido –, devemos também levar conosco um mapa que nos oriente. Caso contrário podemos nos perder. Pois bem: o mapa que levamos conosco é, em primeiro lugar, a Bíblia; em segundo lugar, os documentos confessionais da IECLB, a saber os Credos da Igreja Antiga, o Catecismo Menor de Lutero e a Confissão de Augsburgo. A Bíblia, devemos ler com devoção e os documentos confessionais, estudar com afinco. Ah, levamos conosco também o manual do carro, para sabermos como ele funciona, para podermos dirigi-lo bem e fazermos os reparos que venham a ser necessários. Esse manual de funcionamento são nossos documentos normativos: a Constituição, o Regimento Interno, o Estatuto do Ministério com Ordenação, o Ordenamento Jurídico-Doutrinário, o guia Nossa Fé – Nossa Vida. Demos uma olhada no retrovisor: como Igreja constituída em abrangência nacional temos 60 anos. Ela se constituiu em 26 de outubro de 1949, como Federação Sinodal, a partir de 1954, também designada de Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB. Uma estrutura central foi adotada em 1968, no Concílio de São Paulo, 41 anos atrás, mas nosso retrovisor alcança muito mais longe: imigrantes evangélicos, que vieram ao Brasil a começar em 1819, e a partir de 1824 formaram Comunidades em solo brasileiro, que hoje integram a IECLB. É um legado bonito: temos atualmente ao redor de 3 mil Comunidades e Pontos de Pregação. Os membros dessas Comunidades quiseram celebrar sua fé, preservá-la e transmiti-la às futuras gerações. Entre elas, estamos nós e queremos fazer o mesmo. Como herdeiros dessa história, nos esmeramos em acompanhar nossos membros em todas as fases de suas vidas, do nascimento e Batismo até a morte e o sepultamento.

A IECLB foi mudando ao longo da história. Uma mudança fundamental foi a ênfase na missão. Isso não estava tão claro no passado. Sabemos hoje que uma igreja fiel a Jesus Cristo é uma igreja missionária, isto é, ela testemunha o Evangelho em todos os lugares e tem suas portas abertas para quem quiser integrar suas Comunidades. Ainda temos que aprender melhor como levar adiante a missão de Deus, dar um testemunho evangélico, com a marca de nossa confessionalidade luterana, respeitosa de outras igrejas e religiões, mas solidária, convidativa e desafiadora. Estamos, porém, empenhados em acompanhar nossos membros que se mudam para outros lugares e em criar novas Comunidades. Temos o desafio da sustentabilidade. Também nessa área crescemos muito. A maioria de nossas Comunidades se autossustenta. Apoiamos a Igreja como um todo e ofertamos para a missão, mas precisamos ainda dar mais alguns passos nesse sentido, se queremos ser totalmente autossustentáveis. Precisamos de mais recursos, especialmente para a formação teológica, para apoio a pequenas Comunidades na dispersão e a projetos missionários. Conseguiremos fortalecer nossa unidade? Há sinais que sim, outros que não. Há muitas influências que vêm de fora que por vezes nos enriquecem, outras vezes procuram nos desviar do nosso rumo. Somos ecumênicos. No entanto, se não apenas aprendermos de outras igrejas e cooperarmos com elas, mas quisermos imitá-las, estaremos enfraquecendo aquela contribuição evangélica própria que somos chamados a dar no cenário religioso brasileiro, por isso devemos nos manter cuidadosos e vigilantes nesse particular. Somos uma Igreja minoritária. Ainda assim, nossa voz no cenário público brasileiro é importante, em âmbito local, sinodal e nacional. Muitos se perguntam o que dizem as igrejas acerca dos assuntos sociais, políticos, econômicos e outros. Em geral, nossas manifestações têm sido bem recebidas. No primeiro Concílio da então Federação Sinodal, em 1950, o Pastor Presidente H. G. Dohms declarou que somos ‘Igreja de Jesus Cristo no Brasil com todas as consequências daí resultantes para a proclamação do Evangelho neste país e a co-responsabilidade pela conformação da vida política, cultural e econômica de seu povo`. Isso vale também hoje e valerá no futuro.

Conaje

Por uma juventude apaixonada e apaixonante Sérgio Rafael Foster Sínodo Vale do Itajaí Missão de Deus – Nossa Paixão é desafio também para a Juventude Evangélica. Ser jovem é viver apaixonado: são muitas descobertas e possibilidades. Por um lado, é fácil encantar-se com a vida. Por outro, é fácil também se assustar com o ritmo das transformações dentro e fora de si mesmo. Ser jovem apaixonado é simples, é quase uma condição do ser jovem. No entanto, ser um jovem apaixonante só é possível quando alguém encontra não apenas a sensação da paixão, mas também a razão da sua paixão. O jovem que baseia a sua vida na fé em Jesus Cristo e se compromete com ela pode tornar-se, além de apaixonado, uma pessoa apaixonante. Quando o jovem se deixa apaixonar pela Missão de Deus, ele encontra orientação em meio às tantas descobertas e possibilidades. Sozinho no mundo, o jovem corre o risco de tornar-se conformado, mas, na comunhão de fé, é formado e capacitado pelo próprio Deus a tornar-se uma bênção. O grupo de Juventude Evangélica é um dos espaços para expressar a paixão pela Missão de Deus. Aliás, tudo começa com a Missão de Deus. É Ele que vem ao nosso encontro através de Jesus Cristo. Por causa desse encontro, podemos nos encontrar com o nosso próximo e fazer parte da grande família de Cristo. Deus tem amor, paixão e compaixão por cada uma das suas criaturas. Sua intenção é nos tornar apaixonados pela vida que Ele criou, pelas pessoas e por Ele. Quando nos dispomos a agir com amor, Deus nos capacita para a Missão. Que possamos ser cada vez mais apaixonados por Deus e apaixonantes instrumentos na missão de transmitir o amor de Deus em cada contexto que nos encontramos. Jovem, não fique de fora dessa paixão! Venha envolver-se na missão de Deus!


Comportamento

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60 anos de Igreja nacional Dando sequência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. Dr. Wilhelm Wachholz, Doutor em Teologia pelo PPG-EST, exPastor da Paróquia da IECLB de Santa Cruz do Sul/RS e da Comunidade Evangélica da Ascensão, em Novo Hamburgo/RS, Secretário Geral da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Teologia e Ciências da Religião e atual Professor de disciplinas de História da Igreja na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, onde pesquisa e leciona disciplinas em nível de Graduação e Pós-Graduação, vai apresentar o processo constitutivo da IECLB. A IECLB, que alcança seu jubileu de diamante, surgiu em 26 de outubro de 1949 sob o nome de Federação Sinodal. Na ocasião, quatro Sínodos estabelecidos no final do século XIX e início do século XX se uniram, formando uma Igreja nacional: o Sínodo RioGrandense (1886), o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados, mais conhecido como Sínodo da ‘Caixa de Deus’ (1905), a Associação Evangélica de Comunidades de Santa Catarina (1911) e o Sínodo Evangélico Brasil Central (1912). A confessionalidade representou um grande desafio para a caminhada conjunta dos Sínodos. Enquanto três Sínodos – Sínodo Riograndense, Associação Evangélica de Comunidades e Sínodo do Brasil Central – procuravam unir tendências luteranas, reformadas e unidas sob o termo ‘evangélico’, o Sínodo Evangélico-Luterano primava por uma base confessional luterana pura. Ainda assim, em maio de 1933 já se constatou ‘no fundo’ laços de doutrina e missão entre os Sínodos e que teria chegado o momento para se criar uma só Igreja. Outro passo importante para a caminhada conjunta dos Sínodos foi motivado pelo bispo Theodor Heckel, Diretor do Departamento do Exterior da Igreja da Alemanha, que, em 9 de fevereiro de 1935, ordenou

a realização de conferências anuais dos Presidentes Sinodais ‘para o fortalecimento da comunhão eclesiástica entre os Sínodos e associações de Comunidades na América do Sul’. Depois da primeira conferência, em julho de 1935, seguiram outras que levariam à aproximação dos Sínodos e preparariam o surgimento da IECLB em 1949. A partir de fins de 1937, os ideais nativistas da política de Getúlio Vargas se radicalizaram contra o caráter germanista existente em Comunidades e Sínodos, postergando o surgimento da Igreja nacional para depois da Segunda Guerra Mundial. Em 19 de abril de 1938, proibiram-se todas as atividades políticas de estrangeiros no Brasil.

Assembleia da Federação Sinodal-IECLB - 1950

O rompimento das relações diplomáticas do Brasil com o Reich, em 22 de agosto de 1942, levou a prisões em massa de alemães, entre os quais Pastores. Em algumas Comunidades, escolas e templos foram destruídos e a polícia chegou a realizar revistas na casa de famílias evangélicas. Tudo isso atingiu profundamente as Comunidades e os Sínodos, fomentando aproximação e reflexão. Se na década de 1930 havia vozes que desejavam o surgimento de uma Igreja Evangélico-Alemã no Brasil que reunisse elementos germanistas e luteranos, após a Segunda Guerra Mundial ocorreu uma nova autocompreensão. Sobre este novo momento, o P. Ernesto Theóphilo Schlieper afirmou Os anos de 1939-1946 colocaram a nós, Pastores, diante da necessidade de reexaminar nossa Teologia, de perguntar pelo fundamento teológico de nossa pregação e de nosso trabalho pastoral. Experimentamos então nosso próprio aperto. E o que inicialmente foi denominado de ‘tombo’, a saber, a submissão à proibição da língua alemã, deve, no mínimo, ser avaliado a partir do reconhecimento de que a insistência na língua usada até então nem sempre foi defendida por razões confessionais.

Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil A designação da IECLB foi assim compreendida e explicada Igreja – um povo que, chamado por Deus, se reúne em uma fé, celebra o culto e expressa a sua vida em comunhão com Deus e serviço ao próximo. Evangélica – o fundamento, a fonte e a norma crítica da Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo. de Confissão – a fé da comunidade cristã é testemunhada e vivida diante dos homens e do mundo. Luterana – segundo Lutero, o luteranismo em si é desinteressante,

mas em espírito ecumênico cremos que há uma só Igreja de Jesus Cristo que se renova pelo Evangelho gratuito, aceito em fé para uma vida em fidelidade e amor. no Brasil – cada igreja tem um lugar específico de vivência e testemunho. O Brasil é marcado por pluriformidade religiosa, diversidade racial, contrastes sociais, injustiças, crises políticas e de desenvolvimento.

Em 27 e 28 de julho de 1948, a conferência de Presidentes recomendou aos Sínodos o ‘projeto de uma ordem da Federação Sinodal’. As Assembleias aprovaram este projeto: o Sínodo Evangélico-Luterano em 15 de novembro de 1948, o Sínodo Riograndense em 14 de maio de 1949, Sínodo do Brasil Central em 28 de julho de 1949 e Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná em 24 de setembro de 1949. Assim, em 26 de outubro de 1949, em São Leopoldo/RS, nasceria a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, embora ainda não com este nome. A respeito, Schlieper afirmou em 1961 Apesar do nome ‘Federação Sinodal’ não pode [...] existir qualquer dúvida de que a Federação Sinodal de iure constitui uma Igreja e não uma Federação. A continuação dos Sínodos isoladamente como pessoas jurídicas, segundo o protocolo, apenas se manteve em virtude de considerações práticas (situação geográfico-políticojurídica dentro dos diversos Estados do Brasil). Foi o que considerou o segundo Concílio Eclesiástico [1954], acrescentando ao nome ‘Federação Sinodal’ a denominação ‘Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil’ o que a caracteriza como Igreja, com base na confissão comum. Em 1962, a designação ‘Federação Sinodal’ foi abolida. A identidade de Igreja nacional foi fortalecida em 1968, quando o caráter federativo foi superado, substituindo-se os Sínodos por quatro Regiões Eclesiásticas. A partir de então, Pontos de Pregação e Comunidades passaram a constituir as Paróquias que constituíam os Distritos Eclesiásticos que, por sua vez, constituíam as Regiões Eclesiásticas, que, juntas, constituíam a IECLB. Este modelo duraria até 1997, quando Regiões e Distritos Eclesiásticos dariam lugar aos atuais 18 Sínodos.

Documento da Federação Sinodal

O Caminho da IECLB para a Ecumene A Federação Sinodal não se entendeu como ‘confessionalista’, mas luterana e ecumênica. Esta sua identidade pode ser percebida no fato de ser aceita quase simultaneamente na Federação Luterana Mundial (FLM) e no Conselho Mundial de Igrejas (CMI) já em 1950. O caminho para o ecumenismo nacional demoraria mais tempo. Somente no Concílio Geral da Federação Sinodal de 1958, em Curitiba/PR, ocorreu a

decisão da filiação à Conferência Evangélica do Brasil, unindo-se, assim, ao mundo evangélico brasileiro. As relações com a atual Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) que, em geral, foram tensas, se estreitaram a partir da década de 1960. Nos anos e décadas seguintes, surgiu importante cooperação entre ambas as Igrejas, especialmente no diálogo sobre identidade confessional luterana e publicações conjuntas. Esta cooperação se estende até a atualidade.


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Deutsche Seite

Über das Vermögen unserer Kirche Es könnte wohl einer auf den Gedanken kommen, einmal das Vermögen unserer Kirche zu berechnen. Es dürften in der IECLB weit über tausend Kirchengebäude existieren. Wenn man noch die Pfarrhäuser, die Autos, die Gemeindehäuser, die Hospitäler, die Altersheime,die Schulen , die Freizeitenheime und andere Liegenschaften dazu rechnete, dann ergäbe das bestimmt einen Gegenwert von hunderten von Millionen Reais – wenn nicht gar von ein paar Milliarden.. Man könnte dabei schon zu dem Schluss kommen: Die IECLB ist eine reiche Kirche. Wir haben es zu etwas gebracht, wir können stolz auf unsere wohlsituierte Kirche sein. Doch da geht tief in uns ein rotes Lichtlein an. Eine innere Stimme warnt uns: Die Rechnung stimmt nicht, sie führt zu einer falschen Bilanz. Erstens wissen wir von unseren Vorfahren her, dass sie sich damals im Urwald in schindelgedeckten Schuppen versammelten, oder in primitiven Bretterkirchlein, ohne Turm und ohne Glocken. Und es waren deswegen keine armen Kirchen. Und wir wissen von Gemeinden in Asien und in Afrika, die sich heute noch in ärmlichen, provisorischen Räumen zusammenfinden, in Schuppen und gemieteten Lagerhallen – oft im Geheimen und sie sind deswegen keine armen Kirchen. Ganz im Gegenteil: Sie haben oft in all iherer äusseren Armut einen inneren Reichtum, der uns abhanden gekommen ist. In der Offenbarung des Johannes (3.17), in dem Warnbrief an die Gemeinde von Laodicea, steht das ernste Wort:”Du sprichst: Ich bin reich und habe gar satt und bedarf nichts – und weisst nicht, dasss du bist elend und jämmerlich, arm, blind und bloss”. Worin besteht denn der eigentliche Reichtum, das Vermögen, der Schatz unserer Kirche? Vielleicht in unserer Frömmigkeit und in unseren guten Taten? Herr erbarme dich! Da müssten wir wohl morgen schon Konkurs anmelden! Wir feiern in diesem Monat das Refomationsfest. Am 31. Okober 1517, vor

492 Jahren also, schlug Martin Luther seine 95 Thesen an die Tür der Schlosskirche zu Wittenberg. Und - man staune! In diesen Thesen ging es schon damals letztlich und endlich um nichts anderes als um den Reichtum, um den wahren Schatz der Kirche Christi. Luther spricht im Herzstück seiner Thesen vom Bau des Petersdoms in Rom, in den die Kirche damals sozusagen alles investierte, was sie aufbringen konnte. Man scheute keine Mittel, das Geld dazu aus den Taschen der Gläubigen zu ziehen. Luther versucht in dieser Frage nicht, abzuwägen und zu vermitteln. Er sagt klar und deutlich, dass Kirchengebäude und alles Menschenwerk nicht der Schatz der Kirche sind. Auch die Frömmigkeit und die guten Taten ihrer Glieder sind nicht der wahre Schatz. “Der wahre Schatz der Lirche ist das allerheiligste Evangelium von der Ehre und von der Gnade Gottes” (These 62). Wir fragen, von unserem Reformator aus unserer Selbstsicherheit aufgeschreckt: Ist das unser Schatz, von dem er spricht? Ist das Evangelium Jesu Christi bei uns die oberste Instanz, von der aus alles andere gemessen wird? Haben wir erkannt, dass Kirchen und Tempel und alles sichtbare Vermögen der Gemeinde Jesu nichts als Werkzeuge sind, die um des Evangeliums willen da sind und die in seinem Dienst gebraucht werden wollen?: Haben wir begriffen, warum die Glocken läuten, warum die Orgeln spielen und warum wir uns zum Gottesdienst versammeln? Es geht allein um das Evangelium. Allein? Das Evanglium Jesu bleibt ja nicht allein. Der Geist Gottes “beruft, sammelt, erleuchtet und erhält Menschen im rechten einigen Glauben - durch das Evangelium”, wie Luther in der Erklärung des dritten Artikels sagt. Diesen Reichtum schenke uns Gott! Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Brücken bauen Es gibt vielerlei Brücken, vielleicht auch in Ihrer Nähe: Aus Holz, Stein oder Metall, alt oder neu. Brücken strecken sich als Verbindungswege über Flüsse, Täler oder Straßen und vereinen Menschen, Landschaften, Kulturen. Brücken überwinden Grenzen und führen zusammen. Sie machen Verbindungen möglich, wo vorher keine waren. Brücken können auch symbolisch verstanden werden. Auch wenn das Wort „Brücke“ nirgends in der Bibel vorkommt, so ist sie doch voll von Brückenbau-Geschichten: Jakob und Esau, die sich die Hände reichen; die Regenbogenbrücke, die Gott zur Erde hin baut; die offenen Arme im Gleichnis vom barmherzigen Vater. Auch das Gebet ist eine große, unsichtbare VerbindungsBrücke zwischen Menschen und Gott. Aber Brücken entstehen nicht von selbst: Man muss sie planen und bauen, sonst bleiben Menschen getrennt, Völker einander fremd und ganze neue Möglichkeiten unbekannt. In den Worten von Pfarrer Michael Thein, Brücken sind auch die Orte mit offenen Türen, wo Menschen willkommen sind. Brücken, das sind auch die Wege der Kommunikation, der begegnung: Die Füße, die aufeinander zugehen; die Hände, die man sich reicht; die Augen, die sich treffen; die Ohren, die man einander leiht; der Mund, der ein Lächeln übrig hat; das gesprochene Wort von Mensch zu Mensch. Wir müssen die Brücke aber wollen und jeder

Pfeiler muss gesetzt werden. Ganz langsam wächst sie dann, die Brücke der Verständigung, der Achtung voreinander, die Brücke des Friedens. Wir können die Brücken bauen zwischen den Menschen in einer Gemeinde: zwischen den Alten und den Jungen, die

miteinander im selben Gottesdienst sitzen; zwischen der Kirchengemeinde und denen, die sich von ihr gelöst haben. Brücken bauen auch zwischen Gemeinden: einer den anderen einladen, die Gaben anderer erkennen und nicht alles selbst machen wollen. Brücken werden manchmal wackelig oder stürzen ein – das kann auch mit Beziehungen zwischen Menschen passieren. Viele machen die

Erfahrung, dass Freundschaften zerbrechen, dass Mitglieder der Familie oder der Gemeinde sich streiten, dass Schuld und Leid entstehen – so werden Brücken zerstört. Aber sie können wieder aufgebaut werden! Der erste Schritt zur Versöhnung ist die Vergebung. Die Hand zur Versöhnung reichen, einen Schritt auf den anderen zugehen, ihm ein freundliches Wort zusprechen. Diese Brücke überbrückt tiefe Gräben und bringt Menschen wieder zusammen. Jesus selbst ist diesen Weg der Versöhnung für uns gegangen. Er hat eine Verbindung zwischen Gott und den Menschen geschaffen, wo keine mehr war. Auf dem tragfähigen Grund dieser Brücke, die Christus gebaut hat, lasst uns weitermachen: Brücken bauen von Mensch zu Mensch, da wo wir uns befinden. Ich möchte gerne Brücken bauen, wo alle tiefe Gräben sehn. Ich möchte hinter Zäune schauen und über hohe Mauern gehen. Herr, gib mir Mut zum Brückenbauen, gib mir den Mut zum ersten Schritt. Lass mich auf Deine Brücke trauen, und wenn ich gehe, geh du mit. (Lied von K.Rommel)

Theologe Jaime Jung


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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Cinco Gerações

Bodas de Ouro WERNER SIEGFRID BANGEMANN e ZITA KROESSIN BANGEMANN viveram momentos de muita alegria no dia 9 de novembro de 2008, pois comemoraram 50 anos de casamento (Bodas de Ouro). A data foi festejada com culto celebrado pelo Pastor Rudi Kich, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Santo Antonio do Planalto/ RS. A recepção aos convidados aconteceu no pavilhão católico de Santo Antonio do Planalto, reunindo familiares e amigos, que enviaram votos de felicidade ao casal.

A foto marca o encontro de cinco gerações durante a festa de comemoração das Bodas de Ouro de Werner Siegfrid Bangemann e Zita Kroessin Bangemann, realizada no dia 9 de novembro de 2008, em Santo Antonio do Planalto/RS. Wilma Seelig Kroessin (90 anos), Zita Bangemann (68anos), Ledi Petry (44 anos), Grazieli Petry (18 anos) e Gabriele Heckler (2 anos) aproveitaram para registrar o momento especial. Gabriele teve a honra de ser aia no culto que celebrou os 50 anos de casamento dos bisavôs Werner e Zita.

Falecimento Ainda com profundo pesar, comunicamos o falecimento do

Falecimento

PASTOR EMÉRITO HUGO EGGERS

No último mês de maio, a família Trennepohl e a Comunidade Palmitense mergulharam na mais profunda tristeza, pois viram-se privadas da convivência de duas pessoas queridas e importantes para todos nós. Membros ativos dessa Comunidade e com vida dedicada aos seus, o casal

OTTO TRENNEPOHL e HILMA LIDIA TRENNEPOHL partiu, ele no dia 6 e ela no dia 31 de maio de 2009, para o encontro eterno. A nós, familiares, resta apenas a imensa saudade que sentimos, expressando nesse momento, a todos, a gratidão pelo carinho que nos foi dedicado nesse momento.

ocorrido no dia 16 de dezembro de 2008, aos 76 anos de idade. Tendo sido Pastor durante 28 anos em Nova Santa Rosa/PR, aposentado, Hugo Eggers morava em Toledo/PR, onde, após uma convalescença de alguns anos, veio a falecer. A família agradece o apoio recebido pelas Comunidades, Paróquias, Sínodo Rio Paraná, Pastores, Pastoras, bem como de muitos membros e amigos. Um eterno obrigado a todos! Da esposa, Zilda, filha, filhos e netos Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará. Salmo 37.5

Jesus Cristo diz Eu sou a ressureição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. João 11.25

Falecimento Com pesar, comunicamos o falecimento de

ARMANDO WENCESLAU KUPKA ocorrido no dia 16 de julho, em São Leopoldo/RS. Armando nasceu e viveu 88 anos em São Leopoldo, dos quais 59 anos ao lado da sua esposa, Maria Delurde Kupka. Desde jovem, trabalhou como Encadernador, primeiro por 35 anos como funcionário da empresa Rotermund, depois como autônomo, em casa. No final dos anos 60, com o envolvimento na Comunidade de São Leopoldo, encontrou um novo começo de vida. Ao lado da sua esposa e filhos, atuou como Presbítero, líder leigo sempre preocupado em ajudar a sua Igreja a ser mais viva e missionária. Nos últimos 10 anos, descobriu-se portador de insuficiência e arritmia cardíaca, o que o levou a fechar a sua oficina de encadernação e a diminuir o ritmo de trabalho. Armando Wenceslau Kupka deixa enlutados sua esposa, Maria, e seus filhos, Sonia, Jorge, Cláudio e Simone, além de oito netos e quatro bisnetos. O sepultamento ocorreu no dia 16 de julho e a Oração Memorial, no domingo seguinte, na Igreja de Cristo. Agradecemos a todos pelos gestos de carinho e solidariedade e a Deus pela sua vida alegre e abençoada.

Encontro de família

ENCONTRO DA FAMÍLIA GEORG GOTZ Comunicamos a todos os descendentes da Família Georg Gotz o 11º encontro, que acontecerá no dia 30 de janeiro de 2010, em Corbélia/PR, no salão comunitário da IECLB. Confirmar presença até 20 de janeiro de 2010. Contatos: Delio Gotz Schwambach 45 3242.1732 Marlene Gotz Steinbach 45 3242.2951 / marlenesteinbach@hotmail.com Dóris Gotz 45 3242.1150 evanirschwa@hotmail.com


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Gente Luterana

O Sínodo Brasil Central, formado por 13 Paróquias, 19 Comunidades, 5 Áreas Missionárias, 26 Pontos de Pregação e 500 famílias-membro, cuja ênfase missionária é Fé, Gratidão e Compromisso, Formação de Lideranças e Crescimento das Comunidades, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Harry Lausmann e Edy Pauvels.

Amo a minha IECLB

Igreja ‘no Brasil’

Harry Jorge Lausmann, 48 anos, natural de Giruá/RS, Engenheiro Agrônomo, casado com Cleonice Maria e pai de Aline e Ricardo, é membro da IECLB na Comunidade com funções paroquiais de Cristalina/GO, Sínodo Brasil Central. Luterano de berço, Harry acredita que a fé, sendo a certeza de coisas que não vemos nem ouvimos, funciona também como um referencial a ser obedecido “É pela fé que temos a certeza que vale a pena ser honesto, mesmo num mundo dominado pela corrupção, pela falta de ética e dirigido por governantes inescrupulosos”. A caminhada de Harry na IECLB vem desde muito jovem com cargos na JE local e na Diretoria da JE do então Distrito Eclesiástico Brasil Central. Na Comunidade, já ocupou funções de Secretário, Tesoureiro e Presidente. No Sínodo Brasil Central, foi Presidente e Tesoureiro. Atualmente, o Presbítero é ViceTesoureiro na Comunidade, Tesoureiro Sinodal, Vice-Presidente na

É pela fé que temos a certeza que vale a pena ser honesto Assembleia Sinodal e representante do Sínodo no Concílio da Igreja. Engenheiro Agrônomo, Harry entende que a fé ocupa 100% do espaço no seu trabalho “É pela fé que podemos ver no próximo um colega ou um amigo e não um ‘concorrente que precisa ser derrotado’, como o mundo tantas vezes quer nos ensinar”. Além de

Agrônomo, Harry é Técnico em Contabilidade e iniciou uma pós-graduação em Administração Rural “Esta formação tem sido muito importante no desempenho das minhas atividades na Igreja. Embora os objetivos da Igreja sejam exclusivos, quanto à necessidade de estratégias de planejamento e gerenciamento seguem os mesmos princípios administrativos das demais empresas”. Para Harry, o grande tema no Sínodo Brasil Central é ser IECLB também no Sínodo Brasil Central, por essência um campo missionário. Já os desafios de ser IECLB na região do Sínodo Brasil Central se dividem em dois aspectos: o material e o humano, ou seja, a falta de dinheiro para a manutenção das Comunidades e suas estruturas, inclusive Paróquias e Sínodo, e, além da baixíssima membresia, a falta de Obreiros vocacionados para o trabalho na Igreja. Mesmo com as dificuldades, é com alegria que o Tesoureiro Sinodal desempenha as suas atividades na IECLB “Sou motivado pela Palavra de Deus. Entendo que o ide e fazei discípulos não se aplica somente à pregação da Palavra, mas a todas as atividades e serviços que dão suporte à pregação, por isso coloco-me à disposição da Igreja com meus dons e talentos para que a obra missionária da IECLB possa ser levada a bom termo”. N e s s e sentido,

o sonho de Harry para a IECLB é que um dia ela possa ser uma Igreja ‘no Brasil’ “Gostaria muito de ver a minha Igreja ser missionária, uma Igreja que vai ao encontro das pessoas carentes da Palavra de Deus. Sei que muitas iniciativas já foram tomadas, mas ainda falta a conscientização de cada membro sobre o seu papel no plano de Deus. Meu sonho é ver a IECLB presente em todo Brasil”.

Edy Pauvels, 60 anos, gaúcha de São José do Centro, distrito de Não-MeToque, é mãe de Eliane Cristina e Edson Cristiano. Na IECLB, Edy faz parte da Comunidade e Paróquia de Formosa/ GO, no Sínodo Brasil Central. “A minha fé vem do meu crer em Deus, no confiar. Sou otimista, direta e não faço rodeios. Agradeço a Deus todos os dias por estar viva, pois sei que Ele é forte quando estou fraca”, declara. Luterana a partir do casamento, a atuação de Edy na Igreja começou na OASE, em 1966, ocupando o cargo de Tesoureira. O início foi ‘tímido’, como ela conta, mas ‘continuei e nunca mais parei, graças a Deus’, pois gosta de ajudar e trabalhar sem medida para a nossa Igreja. Como participava ativamente das atividades na IECLB, Edy foi convidada a fazer parte do Presbitério e aceitou o cargo de Secretária, em seguida, Tesoureira, no qual permaneceu por 12 anos, e participou do Conselho Fiscal da Comunidade. Na OASE Sinodal, foi Tesoureira e 2ª VicePresidente. Atualmente, Edy é Presidente da Associação dos Grupos da OASE do Sínodo Brasil Central e Secretária da OASE local, além de

fazer parte do Conselho Fiscal do

Sínodo. “Quando assumi a Presidência da Associação da OASE, senti que os grupos estavam um pouco dispersos e desmotivados. Minha prioridade foi fazer o corpo a corpo sentindo a real necessidade de cada grupo, motivando e animando a continuar o trabalho. Foram três anos de intensas visitas que agradeço muito ao Pastor Sinodal e aos demais integrantes do Conselho Sinodal por terem me dado a oportunidade de acompanhá-los”, relata. Para Edy, os temas relevantes do Sínodo Brasil Central andam conjuntamente com os desafios: a questão financeira, as grandes distâncias, as condições das estradas, a situação de conflitos entre membros e Obreiros e, no momento, a falta de Obreiros “Temos várias Comunidades sem Obreiro. Isso desestrutura as Comunidades e dispersa os membros”. A motivação para a Presidente da Associação dos Grupos da OASE do Sínodo Brasil Central participar das atividades ligadas à IECLB é acreditar na Igreja! “Se estou nela é porque amo a minha IECLB. Troco de Comunidade, mas não de Igreja. Espero que tenhamos, em breve,

Inovar sim, mas sem perder as origens e a identidade luterana Obreiros em todas as Comunidades do nosso Sínodo e que estes tenham vocação e humildade para resgatar os membros, pois devemos inovar sim, mas sem perder as origens e a identidade luterana. Inovar sim! Mudar não!”. O sonho de Edy para a IECLB é que a nossa Igreja faça mais Seminários com Oficinas nas Comunidades, como trabalho com crianças e jovens, que atraiam para o futuro, inclusive para Obreiros e, além disso, a Presbítera deseja uma Igreja ‘mais família’.


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