Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 715 - Março 2009

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JOREV LUTERANO MARÇO 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - MARÇO - Nº 715

Tema: Missão de Deus - Nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

Fé em ação

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In Gottes Namen

Mulheres com atitude


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Editorial

Missão de Deus - Nossa Paixão Missão de Deus - Nossa Paixão é o Tema do Ano da IECLB para 2009. Deus criou as pessoas à sua imagem e semelhança para serem suas colaboradoras na tarefa missionária. A partir do lugar em que vivemos, somos chamados a ser presença de Deus no mundo. Não há uma única maneira de participar da Missão de Deus. Cada realidade apresenta seus desafios para o agir missionário. Nossa ação missionária deve contribuir para a transformação e a justiça, para o perdão e a reconciliação, para a paz e a dignidade. A Missão de Deus torna-se uma grande paixão para as pessoas que aceitam o convite. O Lema de 2009 é Deus ama quem oferta com alegria (2Coríntios 9.7b). Ofertar é dom de Deus. É uma oportunidade de colocar aquilo que temos a serviço da Missão de Deus. Podemos ofertar conforme a orientação do apóstolo Paulo Cada um contribua segundo tiver proposto no coração (2 Coríntios 9.7). Contribuir conforme o que cada pessoa tem proposto é diferente de contribuir a

partir do que é imposto. Ofertar com liberdade liberta da obrigatoriedade e torna a oferta uma ação de graças. A

oferta livre e espontânea acontece de diferentes maneiras e é sempre uma resposta ao amor de Deus. As Comunidades e Paróquias da IECLB têm longa experiência em prover a sua sustentabilidade. Ao longo dos mais de 180 anos de história da IECLB, suas lideranças esmeram-se em administrar os recursos financeiros com responsabilidade e fidelidade. Porém, no atual momento histórico, a importância que o tema da oferta dada com alegria assumiu nas agendas da IECLB em todos seus níveis aponta para a urgente necessidade de discutir e refletir sobre novos modelos de captação de recursos, que correspondam, ao mesmo tempo, às exigências da fé e às necessidades da Igreja. Não se trata de simplesmente estabilizar orçamentos ordinários e garantir a sobrevivência institucional, mas de dotar toda a IECLB com os recursos necessários para sua presença ativa e apaixonada na missão de Deus. Trata-se de participar na missão de Deus com paixão movida por alegre gratidão.

Diário da redação Todos os dias com o Jorev Mais um ano inicia e o Jorev quer estar ao seu lado todos os dias, levando informação, formação, apresentando um pouco do importante trabalho realizado pela nossa gente luterana no Brasil e fora dele e cumprindo o seu papel de ser um instrumento de missão e transformação. Assim, para não perdermos o contato nem por um só dia, na edição passada presenteamos os nossos assinantes com um belo calendário. É o Jorev, o seu espaço privilegiado para compartilhar as vivências da nossa IECLB, querendo ficar sempre perto de você, estimulando a viver a fé e participar ativamente da nossa Igreja! Jorev – a missão luterana ao alcance de todos Companhia premiada

Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925

CARTAS Material de trabalho Prezada Equipe do Jorev, vocês estão de parabéns pelo trabalho apresentado nesse novo site. Ele ficou esteticamente lindo, as informações são fáceis de serem localizadas e o principal: estão aí para serem usadas como material de trabalho nos diferentes grupos das Comunidades. Mais uma vez: parabéns! P. Fábio Rucks Por e-mail

COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br

Iniciativa Parabéns pela iniciativa e pelo site. Meu agradecimento e apoio aos patrocinadores. Que Deus os recompense. Virginia Heichler Por e-mail

Parabéns Belíssimo site. Vocês estão de parabéns! Cleonir Geandro Zimmermann Por e-mail Este espaço é seu A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as nossas matérias é muito importante para que possamos sempre oferecer um Jorev melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando seu contato! Rua Senhor dos Passos, 202/4º 90.020-180 – Porto Alegre/RS ou jorevluterano@jorevluterano.com.br

www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

Qualidade Parabenizo a Secretaria Geral da IECLB e a Jornalista responsável pela qualidade visual e de conteúdo do Jornal Evangélico Luterano. P. Antonio Carlos Ribeiro Por e-mail

Indicadores Financeiros UPM Fevereiro/2009 = 2,4458% Índice Janeiro/2009 = 0,51% Acumulado do ano = 0,51%

Capa - Cartaz do Tema do Ano da IECLB. Leia matéria especial na Editoria Unidade – páginas centrais.

Esta promoção vale somente para quem já é assinante do Jorev Luterano! A partir de 2009, todos os meses o Jorev vai sortear diversos brindes, como bolsas, camisetas, CDs e livros, entre os membros que renovarem a sua assinatura do Jorev, premiando 15 assinantes mensalmente. Nesta primeira edição do sorteio, os assinantes receberão CDs da coleção Reavivar o Canto nas Comunidades contendo belas músicas da nossa Igreja e as assinantes receberão lindas bolsas personalizadas do Jorev. 1. Ari Kirinus – São Borja/RS 2. Carlos Milke – Porto Alegre/RS 3. Edit Weidmann Jahnz – Curitiba/PR 4. Erineo Kurth – Paranavaí/PR 5. Gilberto Neumann – Farroupilha/RS 6. Henrique Rohsig – Santa Cruz do Sul/RS 7. Jandir A. Engelmann – Ivoti/RS 8. Lorena Heim – Venâncio Aires/RS 9. Nelsy Lavall – Venâncio Aires/RS 10. P. Em. Hermann K. G. Krause – São Pedro do Sul/RS 11. P. Luiz A. Hegele – Arabutã/SC 12. P. Walter Doerr – Cristalina/GO 13. Cat. Remi Klein – São Leopoldo/RS 14. Sonia V. M. Kruger – Três Passos/RS 15. Wilmar W. H. Schutz – Carazinho/RS

Renove a sua assinatura e receba prêmios, pois, para nós, a sua companhia sempre será premiada!


JOREV LUTERANO MARÇO 2009

Curtas

Graças em Frederico Westphalen

Formação cristã contínua

Hinos clássicos no Natal

No dia 21 de outubro, um grande número de membros prestigiou o momento da dedicação do novo templo com uma bela celebração em ação de graças na Comunidade de Frederico Westphalen/RS.

A Paróquia do Salvador/RS, como parte do planejamento missionário, enfatizou ao longo de 2008 a formação continuada dos membros com o Seminário de Formação Contínua Passos na Fé. Com 70 pessoas inscritas, o grupo reuniu-se mensalmente para estudar temas teológicos centrais para a fé cristã, como Páscoa, Batismo, Eucaristia, Morte/Ressurreição, Reforma Luterana e Deus/Trindade. Ao final do Seminário, no dia 7 de dezembro, um culto celebrado pelo Grupo Roda de Canto, de São Leopoldo/RS, marcou a entrega dos certificados aos participantes, realizada pelo Pastor local, P. Eloir Weber, o Presidente da Paróquia local, Fernando Bicca, o Diretor do Colégio Sinodal do Salvador, Professor André Sträher, e o Secretário de Formação da IECLB, P. Dr. Romeu Martini, que destacou a formação continuada como um dos elementos centrais do PAMI 2008-2012.

Presidido pelo Pastor Dorival Ristoff, o culto de véspera de Natal, realizado na Paróquia Martin Luther/ RJ, teve a participação de músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira e do Coral da Paróquia, reunindo mais de 400 pessoas tocando e cantando em Português, Alemão e Latim.

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ADL forma primeira turma

Liderança feminina

Labirinto de Oração e Meditação

Na Associação Diacônica Luterana (ADL), uma nova modalidade de formação denominada Curso de Lideranças oferece duas possibilidades de formação: ênfase em Diaconia ou Catequese. Nessa nova conjuntura, os estudantes passam dois anos estudando em um currículo comum e, no terceiro, optam pela área com a qual mais se identificaram: Catequese ou Diaconia.

A Comunidade Evangélica de Nova Petrópolis/RS, fundada em 1860 e que conta atualmente com cerca de cinco mil membros, elegeu a sua primeira Presidente da história justamente para comandar a comemoração do 150º aniversário da entidade, em 2010: Ijoni J. Michaelsen, Professora Catequista de formação e Jornalista de profissão.

Nesse sentido e com grande alegria, no dia 13 de dezembro, foi realizada a Formatura da primeira turma de alunos da nova modalidade. A celebração, recheada de apresentações e espiritualidade, foi coordenada principalmente pelos próprios formandos, sendo marcada por um clima agradável e bastante acolhedor que possibilitou a interação e o envolvimento do público presente.

Os demais integrantes da Diretoria são Ernani Ritter, Vice-Presidente, Iris Lied, Secretária, Clóvis Fröhlich, ViceSecretário, Iria Schwantes, Tesoureira, e René Graf, Vice-Tesoureiro. O culto foi oficiado pelo Pastor Villimar Kist e o ato de instalação foi dirigido pelo Pastor Sinodal Altemir Labes, que, na oportunidade, também deu posse à nova Diretoria paroquial, comandada pelo Presidente Anésio Spier.

Marcada por rica simbologia, a celebração foi dirigida pelo Pastor Sinodal Ervin Barg, Pastor Sandro Luckmann, Pastor Adi Pfeiffer, Pastora Claudia Pacheco e pelo Presidente da Comunidade, Martinho Billig, que apresentou o histórico da Comunidade, e Érika Schnell, que manifestou o agradecimento em nome da Comunidade. Estiveram presentes também Obreiros do Sínodo Uruguai, além do coral Evangélico de Palmitos/SC. A Comunidade de Frederico Westphalen agradece a todas as Paróquias do Brasil que fizeram a doação de uma coleta do ano e as pessoas que colaboraram para que este sonho se tornasse realidade.

Como um espaço inovador e aberto à Comunidade em geral, o Labirinto de Oração e Meditação foi inaugurado e dedicado a Deus pela Comunidade em Santo Ângelo/RS no dia 16 de novembro.

O labirinto foi construído no terreno ao lado da Igreja do Relógio, local onde também foi desenvolvido um jardim com um quiosque e uma cascata. Além disso, há bancos e banheiros, sendo que todo o espaço é aberto ao público e acessível para pessoas com deficiência. Um sistema de cisternas permite que a água da chuva seja coletada e reaproveitada. O projeto, réplica do labirinto da Catedral de Chartres, na França, foi construído com a intenção de ser um espaço da comunidade para orar, meditar ou mesmo descansar e apreciar as flores.

Sobe O Lançamento do Tema do Ano 2009 – Missão de Deus – Nossa Paixão

Desce Não atender o chamado para ser presença de Deus no mundo

Ocasião marcante na vida litúrgica luterana brasileira, a noite trouxe clássicos como Ach mein herzliebes Jesulein, de J. S. Bach, Alle Jahre wieder, de E. Anschütz/J. W. Hey, Es kommt ein Schiff geladen, de D. Sudermann, Tochter Zion, freue dich, de G. F. Haendel e Stille Nacht, heilige Nacht, de F. X. Gruber/J. Mohr, cantado à luz de velas. Celebração tradicional da vida cultural carioca, o culto de Natal foi mais um momento que marcou as festas de fim de ano e propiciou o reencontro da comunidade luterana.

Ofertas Nacionais 8 de fevereiro 5º Domingo após Epifania Projeto apoiado pelo Fundo de Missão no Sínodo Mato Grosso A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Santarém é um projeto missionário do Sínodo Mato Grosso que teve início em outubro de 2004, com a instalação do casal de Pastores Joelson Erbert Martins e Marta Elisa Schneider Martins. Santarém é uma cidade de médio porte (pouco menos de 300 mil habitantes), mas de extremo significado para a região oeste do estado do Pará. Sua localização é privilegiada: entre as duas capitais mais importantes da região Norte do Brasil (Manaus e Belém) e exatamente no entroncamento de dois grandes rios da Amazônia (Tapajós e Amazonas). Sua relevância vai além do seu tamanho e localização. Santarém é a cidade pólo da região oeste do Pará, abriga várias instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, possui atendimento médico especializado, hospitais públicos e privados, inclusive um Hospital Regional recém inaugurado, além de porto e um aeroporto internacional. A economia está baseada em três atividades econômicas: comércio, indústria madeireira e agropecuária. A área da atuação do projeto missionário contempla o município de Santarém e arredores e o município de Belterra. O objetivo do projeto missionário do Sínodo Mato Grosso para Santarém é atender famílias imigrantes e, a partir delas, alcançar novos membros naturais da região.

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Atualidade

Eventos naturais e a calamidade em Santa Catarina: Deus não é o responsável As imagens das enchentes, dos deslizamentos e dos alagamentos em Santa Catarina nos últimos meses percorreram o Brasil e o mundo. Por trás das imagens, houve muitas desgraças pessoais. Pessoas foram atingidas diretamente, perderam casas, pertences, lotes. Entes queridos morreram em conseqüência das calamidades que assolaram a região. Abriram-se feridas. Desastres pessoais e de infraestrutura foram remediados por ações de solidariedade e ações emergenciais do poder público. Emociona ver pessoas solidarizando-se em momentos tão trágicos e funestos. Porém, é repugnante observar como pessoas e instituições conseguem se aproveitar, uma vez mais, das tragédias para sua própria promoção, afirma P. Dr. Haroldo Reimer, Pastor voluntário na Comunidade de Goiânia/GO, Vice-Pastor Sinodal do Sínodo Brasil Central e Professor titular na Universidade Católica de Goiás, em seu artigo para o Jorev Luterano. Calamidades como essas de Santa Catarina não são únicas nem isoladas. Seguidamente, vemos imagens de outros lugares retratando situações similares com diferenças locais. Eventos assim parecem, antes, inscreverem-se em acontecimentos cíclicos da natureza. Em Santa Catarina, enchentes assolam a região de tempos em tempos. Há 25 anos, em 1983, meus pais tiveram que demolir às pressas a casa em que viviam e que levaram a vida inteira para construir. Tiveram até sorte, porque conseguiram sair do local com pertences e vida antes do deslizamento da encosta do aprazível lugar de moradia. No mesmo período, toda a região do Vale do Itajaí experimentou eventos similares. Outras situações houve depois, porém em menor intensidade.

Em tais momentos, as pessoas se perguntam pela razão de tais calamidades. Em especial as pessoas diretamente atingidas, ainda mais se são cristãs piedosas, levantam essa pergunta, procurando entender as razões ou a vontade de Deus em meio a isso. Não raro, pessoas dizem que calamidades assim têm a ver com o pecado humano, com as faltas dos indivíduos perante Deus. Eventos naturais seriam respostas de Deus.

Teologicamente, prefiro não atribuir a Deus a responsabilidade por estas calamidades. A natureza tem suas próprias leis, tem suas formas próprias de reagir, equilibrando ou desequilibrando. Ela tem seus ciclos. O fenômeno da solifluxão é exemplo disso. Na fé, podemos até conceber Deus criador integrando a criação, mas a natureza tem sua autonomia. A palavra de Deus, enquanto reflexão para o discernimento, em fé, busca indicar princípios de sabedoria para uma

convivência sábia dos humanos em seu ambiente natural. Na maioria dos lugares assolados por calamidades, não é exatamente sabedoria, conhecimento e precaução o que tem pautado as ações das pessoas e do poder público. Pelo contrário, verifica-se em muitas situações a absoluta falta de razoabilidade. Em alguns lugares, até são realizadas obras de prevenção, o que é exemplo de boa administração e sabedoria. No entanto, a ocupação desenfreada de encostas de morros, de lugares baixios como leitos secundários de rios são tragédias anunciadas. Muitas vezes, as pessoas vêem o assentamento em lugares perigosos como única alternativa. Outras vezes, buscam os lugares mais altos para morar, sendo ironicamente atingidas por deslizamentos. Há uma ocupação desenfreada à revelia de princípios de cautela e de bom senso e da prevenção. Dá-se livre curso à imprudência, imperícia e negligência. Ao invés de responsabilizar Deus por tais desgraças, devemos perguntar mais criticamente pelas razões antrópicas de tais calamidades. Em que medida nossas ações individuais e sociais interferem negativamente no ambiente, provocando ‘respostas’? É possível que as mudanças climáticas sejam respostas da natureza à ininterrupta e crescente agressão humana em nível global. Calamidades assim dão margem à solidariedade, mas deveriam ser espaço para aprendizagem em sabedoria e a práxis de relações de cuidado não só com as pessoas, mas também com o próprio ambiente. As tradições de cuidado na Bíblia podem servir de orientação. Paulo já dizia a criação toda geme e sofre até o momento, aguardando a plena revelação dos filhos dos homens (Romanos 8).

Sociedade sem Deus e feliz? Provocações podem ajudar a pensar, a arrancar as pessoas do já sabido por todos. Entre muitas provocações, destaco uma que tira o sossego: O Brasil é pentacampeão. Somos o país mais católico, mais espírita e mais pentecostal do mundo. Além disso, somos um país com altos indicies de violência, de corrupção e de pobreza. Não estou sugerindo uma relação imediata entre as práticas religiosas e as nossas contradições sociais, com poucos ricos e muitos pobres. Apenas lanço uma pergunta para mexer com as nossas idéias. Questão semelhante levou o pesquisador norteamericano Phil Zuckerman a viver um tempo na Suécia e na Dinamarca, onde fez entrevistas com aproximadamente 150 pessoas. Por que estes dois países? Salvo algum exagero de Pesquisadores, são considerados os menos religiosos do mundo. Mesmo assim, possuem os mais altos índices de qualidade de vida e com baixas taxas de criminalidade, fruto de economia justa e políticas bem sucedidas. Sentemse felizes, conforme pesquisas. Provocativamente, estamos diante de sociedades de bem-estar social e sem Deus. Para o povo de onde vem Zuckerman, não parece ser possível uma sociedade com altos índices de bem-estar social sem o louvor ao Senhor. Ele também se apressa em dizer que a sua pesquisa não é propaganda a respeito do ateísmo. Ele reconhece o valor da religião na vida das pessoas do seu povo.

Diante de tais realidades como a do Brasil, USA e países como Suécia e Dinamarca, podemos perguntar pela relação entre ter fé em Deus e a situação social, mas também podemos nos perguntar se precisamos das Igrejas e da fé dos fiéis para alcançarmos um país com alto índice de bem-estar social. A entrevista concedida por Zuckerman ao Instituto Humanitas da Universidade Jesuíta do Vale dos Sinos admite que líderes políticos sem vínculo religioso podem levar povos a níveis altos de qualidade de vida, mas também admite que as idéias de Lutero, ao lado de outros lideres cristãos, podem ter contribuído, num

Ausência de práticas religiosas não significa ausência de Deus passado agora esquecido, para o desenvolvimento de uma sociedade com altos padrões de vida, como o da Suécia e da Dinamarca. Outra pergunta não quer calar na entrevista sobre o livro Sociedade sem Deus – O que as nações menos religiosas podem dizer a respeito da satisfação: o desinteresse religioso dos suecos e dinamarqueses pode ser fruto do desinteresse de Igrejas que não se envolveram com as lutas e os processos de busca de bem-estar social para todos? Pode ser.

Se esta suspeita procede, poderíamos encontrar duas repostas distintas, mas relacionadas. Primeiro, as igrejas e os seus fiéis são desnecessários para alcançarmos bons níveis de vida. Segundo, se não nos envolvermos com políticas públicas seremos irrelevantes como Igrejas. Sobraremos. Contudo, apesar do desinteresse religioso na Suécia e Dinamarca ou das práticas religiosas crescentes em nosso País, Deus é Deus. Se todo mundo decidisse negar a fé, Deus continuaria a ser Deus. Afinal, Deus não é religioso. Mesmo que a vida não se restrinja a um estado de bem-estar social, como se apenas de pão pudéssemos viver, podemos reconhecer em altos índices de qualidade de vida digna a presença da vontade de Deus por meio das políticas públicas. Logo, a ausência de práticas religiosas não significa a ausência de Deus. Também a forte presença de práticas religiosas não é garantia da presença de Deus. Deus se esconde ou se apresenta em seu contrário para que o seu Reino venha. Deus é Deus no Brasil religioso ou na Dinamarca descrente.

P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

JOREV LUTERANO MARÇO 2009

Salutar solidariedade Recentemente, o Brasil inteiro se comoveu com a tragédia que se abateu sobre Santa Catarina. Entrementes outros Estados, como Rio de Janeiro, Espírito Santo e, em especial, Minas Gerais, sofreram o impacto de chuvas inclementes. Houve muitas mortes, residências e propriedades destruídas, economia regional afetada. Em meio à tragédia, registraram-se comoventes sinais de solidariedade, nos locais atingidos e Brasil afora. As situações de emergência puderam ser enfrentadas, muito sofrimento foi diminuído e as perdas limitadas. Com os auxílios voluntários, estabeleceu-se Brasil afora uma verdadeira rede de ‘bons samaritanos’, dispostos a acudir as pessoas necessitadas. Também a IECLB se envolveu decididamente com iniciativas comunitárias e sinodais. A conta bancária aberta pela IECLB recebeu uma resposta significativa. Ações de recuperação psicossocial, que demandam tempo, poderão ainda obter auxílios de igrejas e organismos

ecumênicos do exterior. Há vários ensinamentos que podemos colher desses fatos. Por exemplo, não somos senhores dos acontecimentos, mas todos dependentes de outros fatores ou então: somos corresponsáveis pelas tragédias quando ocupamos espaços (nas encostas, por exemplo), sem o devido planejamento e cui-

Não somos senhores dos acontecimentos e dependemos uns dos outros dado da natureza. Acima de tudo, porém, podemos aprender a importância decisiva da solidariedade. Dependemos uns dos outros e devemos uma resposta ao que acontece também com outras pessoas. Talvez devamos aprender mais profundamente que a solidariedade não é necessária apenas quando de tragédias ou situações emergenciais. Precisamos cultivar um sentimento

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AGENDA DA PRESIDÊNCIA MARÇO

permanente de solidariedade com outras pessoas e estarmos sempre abertos a apoiar, a ajudar, a fazer doações. Empobrecemos espiritualmente quando nos limitamos a nossas relações profissionais, familiares e de amizade. Enriquecemos quando vemos nossas vidas também como oportunidade de serviço e solidariedade a pessoas e Comunidades em necessidade a nosso lado ou também em lugares distantes. Este é um dos segredos do viver em Comunidade e como Igreja: saber-se em comunhão com outras pessoas ali onde vivemos, mas também país e mundo afora. Assim, expressamos nossa gratidão por Deus nos ter dado a vida e ter criado cada ser humano, sem exceção, à sua imagem.

Walter Altmann Pastor Presidente da IECLB

1/03 Lançamento do Tema do Ano 2009 120 anos Comunidade Boa Esperança de Cruzeiro do Sul Cruzeiro do Sul/RS P. Walter Altmann 1-6/03 Consulta com a Igreja Luterana de Angola Lubango/Angola P. Homero Pinto 9/03 Diálogo com Coordenação da PPL São Leopoldo/RS P. Walter Altmann 10-13/03 Reunião da Presidência com Pastores Sinodais São Leopoldo/RS P. Walter Altmann / P. Homero Pinto P. Carlos Möller 21-22/03 Conselho Sinodal - Sínodo da Amazônia P. Walter Altmann 22/03 Conselho Sinodal - Sínodo Uruguai Palmitos/SC P. Homero Pinto 27-28/03 Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Walter Altmann / P. Homero Pinto P. Carlos Möller

Generosa solidariedade: irmanados com Santa Catarina A resposta ao apelo para auxiliar os atingidos na tragédia de Santa Catarina foi muito positiva. “Houve uma reação imediata à campanha de doações organizada pela IECLB”, afirmou o Pastor Presidente, P. Dr. Walter Altmann. Na área atingida, o desafio do auxílio emergencial foi enfrentado com êxito, graças aos muitos esforços e à generosa solidariedade do povo brasileiro. No entanto, resta às Comunidades afetadas um longo trabalho de recuperação, não só no sentido material, mas também de reabilitação psicossocial e de condições de vida. “Este será um processo demorado”, avaliou o Pastor Presidente. Em função da campanha interna de arrecadação realizada imediatamente após a calamidade, a IECLB liberou ao Sínodo NorteCatarinense a importância de R$ 50.000,00, destinada especialmente ao Projeto Crianças, em Piçarras, que precisou ser suspenso por determinação da Defesa Civil até que um muro de contenção fosse construído no local. Já o Sínodo Vale do Itajaí, o mais atingido na

calamidade, constituiu uma comissão sinodal que elaborou um plano e estabeleceu critérios e procedimentos para ajuda. Cada Paró-

quia atingida criou a sua própria comissão para efetuar um cadastramento individualizado dos danos pessoais,

familiares e comunitários, classificando-os também por ordem de severidade e de acordo com as condições pessoais de quem foi atingido. A IECLB repassou o valor de R$ 200.000,00 – também obtido via campanha interna de solidariedade – ao Sínodo Vale do Itajaí para suas ações. Além disso, no dia 18 de dezembro, a Presidência promoveu uma reunião de coordenação de iniciativas, buscando analisar possibilidades de projetos mais abrangentes de reabilitação e recuperação das áreas atingidas, particularmente junto às famílias mais afetadas. O encontro, realizado na sede da IECLB, em Porto Alegre/RS, contou com a participação de representantes dos Sínodos Norte Catarinense, Vale do Itajaí e Centro-SulCatarinense (sendo dois Pastores Sinodais e um membro de Diretoria Sinodal), do Secretário Executivo da Fundação Luterana de Diaconia, Carlos Gilberto Bock, e do representante da Federação Luterana Mundial, Departamento de Serviço Mundial, Rudelmar Bueno de Faria.

Resultado final da Campanha Vai-Vem

Oração pela paz em Gaza

A Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai-Vem, referente ao ano de 2008, foi encerrada oficialmente no dia 22 de dezembro. O valor total, re-gistrado às 11h30 desse dia foi de R$ 611.504,82. “Ao prestar essas informações, agradecemos mais uma vez, de maneira pública, a todas as pessoas que se empenharam nessa campanha”, disse o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, ao repassar o resultado final da Campanha Nacional de Ofertas para Missão VaiVem. Desde maio de 2008, em todos os cantos do

Deus da misericórdia e da compaixão, Da graça e da reconciliação Derrama Teu poder sobre todas as pessoas no Oriente Médio. Faz com que o ódio transforme-se em amor, o medo em confiança, Desespero em esperança, opressão em liberdade, Ocupação em libertação, Que os confrontos violentos sejam substituídos por gestos de amor, E que a paz e a justiça possam ser experimentadas por todas as pessoas. Amém. O texto acima, extraído de Imagine Peace, recurso litúrgico do Conselho Mundial de Igrejas, foi repassado como proposta de intercessão comum pela Presidência da IECLB para todas as Comunidades e Paróquias, pedindo pela paz e pelo final dos conflitos na faixa de Gaza.

Brasil, Obreiros, líderes e membros de Comunidades, Paróquias, Sínodos e instituições usaram da criatividade para ofertar em favor da missão de Deus. “Somos gratos, pois somos convidados por Deus, através de projetos missionários, a nos empenhar cada vez mais em sermos Igreja no Brasil, que evangeliza, vive a comunhão, celebra o amor de Deus e pratica a misericórdia a todas as pessoas, independentemente de origem étnica, idade, gênero ou situação vivencial. Isso se expressa também pela solidariedade diaconal nas necessidades das pessoas”, completou o Pastor Presidente.


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Ministério

Compromisso com Deus, amor pela fé e dedicação à Igreja Deus e a vida da Igreja. Após o Ensino Confirmatório, participei de um grupo de discipulado que tinha como proposta estudo, comunhão e oração. Fiz parte do grupo de jovens, sendo bastante atuante. Toda essa caminhada e experiência, mais o apoio da família, amigos e Pastores, foi despertando e amadurecendo em mim uma grande vontade de servir a Deus por meio do Pastorado.

P. Eldo Krüger, 50 anos, natural de Ijuí/ RS, é casado com Marisa e pai de Leandro, Luciano e Lucas. Pertencente à Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Rio Claro/SP, formada pelas Comunidades de Rio Claro e Ferraz, um Projeto Diaconal desenvolvido na periferia da cidade de Rio Claro e dois Pontos de Pregação, em Piracicaba e São Carlos, P. Eldo Krüger é Vice-Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste e Coordenador Ministerial da Paróquia de Rio Claro, completando, em junho, 25 anos de Ministério Pastoral. Qual foi o papel da fé na sua vocação? Participei da vida da Igreja desde criança. No Ensino Confirmatório, experimentei um ‘despertamento espiritual’, um maior interesse e amor por Jesus e pela fé cristã, e tornei-me uma pessoa mais comprometida com

Como Coordenador Ministerial da Paróquia de Rio Claro, qual é a sua atuação? As Comunidades da Paróquia são muito dinâmicas e atuantes. A vida comunitária além dos cultos é bastante intensa. Além do Ministério principal da pregação, ensino da Palavra e administração dos sacramentos, há vários Ministérios específicos coordenados pelos Pastores e por lideranças voluntárias. Atuo como Pastor em Rio Claro desde janeiro de 1995. No início, existia só um pastorado. Desde o ano de 2004, o P. Mauri Kappel assumiu o segundo pastorado, voltado para a formação de Comunidade em Piracicaba e São Carlos. Também cabe a mim acompanhar o trabalho da Secretaria, o Projeto Diaconal e praticamente todos os trabalhos da Comunidade de Rio Claro e Ferraz. Quais são as dificuldades de ser IECLB na sua região? O Sínodo Sudeste tem uma área de abrangência muito grande. As dis-

tâncias são enormes, criando dificuldades para realizar atividades em âmbito sinodal, por isso, há muitos anos, o Sínodo criou quatro núcleos, sendo que dois destes são União Paroquial (São Paulo e Campinas). Uma segunda dificuldade é com a missão, especificamente formação de novas Comunidades. Não tem sido fácil a IECLB se expandir e multiplicar. Nesse sentido, o Pastor Sinodal procura estar presente nos núcleos com a maior freqüência possível, estar sempre bem informado sobre tudo o que acontece em cada núcleo e visitar os Obreiros e as Comunidades, acompanhando as lideranças das Paróquias quando fazem o processo de elaboração do perfil do futuro Obreiro. Poderia citar quais são as maiores alegrias no pastorado? Poder experimentar a graça e a alegria de servir a Deus ajudando as pessoas, pregar, celebrar cultos, ensinar em pequenos grupos, testemunhar as mudanças que as pessoas experimentam em suas vidas a partir da fé em Jesus Cristo e da Palavra de Deus e contribuir com os meus dons para o desenvolvimento e crescimento da Comunidade, fortalecimento da vida comunitária e melhoria na estrutura funcional e patrimonial. Graças a Deus, estou realizado na minha vocação e atribuo a minha realização à capacitação e inspiração que a cada dia recebo de Deus – Pai, Filho e Espírito Santo.

Projeto de Diaconia Rio Claro O Projeto Diaconal Alvo (Ação Luterana de Voluntariado) dispõe de um prédio próprio com mais de 600m² construído com recursos de doações e promoções. Por meio de parcerias, vários projetos passaram a ser desenvolvidos por instituições e pela iniciativa privada, incluindo também voluntários da Igreja, como: -Vibraton Kids: musicalização com crianças - escuta musical, expressões vocal, instrumental e corporal. -Educação Periferia e Arte (EPA): destina-se para crianças e adolescentes e promove educação não formal com enfoque nos temas de linguagem, meio ambiente e sexualidade por meio da oficina de dança, atividades de música, pintura, fotografia, filmes, dinâmicas e textos. -Consulado da Mulher: oficinas de acordo com o interesse da Comunidade. -Grupo de Gestantes: acompanhamento da gestação e orientações sobre diversos temas ligados à mulher. -Ginástica, Expressão corporal e Dança: encontros destinados a pessoas que precisam de acompanhamento relacionado à saúde. No final de 2008, o Rotary fez uma parceria com o Projeto e doou aproximadamente 12 mil dólares em equipamentos. Com isso, o prédio dispõe para 2009 de uma boa estrutura funcional, o que desafia a ampliar o trabalho diaconal com mais projetos, como inclusão digital, cursos de capacitação para jovens e adultos, além de atividades que promovam uma maior interação com a Comunidade do bairro.

Livro de Rute em forma poética Lendo o livro de Rute, me senti estimulada a refletir sobre as relações entre as mulheres. Percebo que, tanto naquela época como hoje, as relações estão marcadas por diversos sentimentos de luta, resignação, companheirismo. Somos geradas no ventre de uma mulher que nos alimenta, cuida e preserva a nossa existência. Na minha criação, sempre estive rodeada por mulheres, tias, avós, irmãs, amigas. Todas elas me inspiraram e serviram de exemplo de vida. Muitas me ensinaram a ser amável, cuidadosa, educada na convivência com o meu próximo, outras a ser lutadora, perseverante, justa. Hoje, vivemos as conquistas da ‘revolução feminina’, espaço no mercado de trabalho, maioria nas universidades brasileiras, relações sociais mais igualitárias, cargos de comando em âmbito público, privado e na Igreja, e ainda somos o pilar familiar como mãe, esposa e dona de casa. Podemos dizer que a mulher se tornou ‘multifuncional’, figura essencial na sociedade em que vivemos.

Uma mulher confiando em outra mulher. Uma mulher acreditando no Deus de outra mulher. Uma mulher escutando outra mulher. Uma mulher alimentando outra mulher. Uma mulher protegendo outra mulher. Uma mulher promovendo outra mulher. Duas mulheres seguindo em frente, Uma planeja e aconselha, a outra alimenta e seduz. Nora e sogra, duas viúvas, duas marginalizadas. Duas mulheres traçando seu caminho, perseguindo seu projeto. As duas sobrevivem juntas, apoiando-se mutuamente. E voltam a ser membros da sociedade.

Que possamos aprender a partir do exemplo de Rute e Noemi a caminhar juntas, a ouvir, a acolher a outra pessoa, a respeitar a caminhada e a escolha de cada uma. Uma mulher preocupada com outra mulher. Uma mulher orientando outra mulher. Uma mulher seguindo outra mulher. Uma mulher apoiando-se em outra mulher.

Relacionamento centrado na outra mulher: Aonde tu vais, eu irei. Teu povo será meu povo, E teu Deus será meu Deus. Autor desconhecido

Sabrina Nunes Bolla Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias Secretaria da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

Devemos ser Igreja na Palavra, mas também na ação, pois fé passa por ação No seu dia-a-dia, qual é o espaço para a fé? Sinto a minha fé no dia-a-dia no contato com as pessoas da Comunidade, família, amigos, vizinhos. Nesse contato, exercito a fé na compreensão de necessidades, problemas e alegrias compartilhadas. Também participo dos cultos, grupo de mulheres e estudo bíblico, que são momentos de reflexão e renovação da fé.

Qual é a sua caminhada na IECLB? Minha participação na Igreja se dá desde os tempos de juventude, nos anos 70, quando tínhamos as escolas de líderes coordenadas pelo P. Martin Hiltel. Comecei a atuar mais ativamente na coordenação da Comunidade a partir de 1986, quando a nossa Comunidade se estruturou, deixando de ser Ponto de Pregação. Fui Presidente da Comunidade, representante no antigo distrito e na região. Nesse período, foi sedimentada a estrutura da nossa Paróquia, com a opção de atender não só as famílias luteranas, mas desencadear uma ação social na região. Há projetos especiais sendo desenvolvidos na Comunidade Vila Campo Grande? Estamos desenvolvendo o trabalho missionário que abrange a região sul de São Paulo com perspectivas para a região de Diadema que faz divisa com a nossa área de atuação e tem famílias luteranas afastadas da Igreja. Temos também uma grande demanda de famílias objeto da nossa atuação diaconal por meio do trabalho do Centro Social Sal da Terra. A sua profissão auxilia no trabalho na Igreja? Sou Assistente Social de formação e sempre senti que, no exercício da minha profissão, estava a possibilidade de por

Olga Suiter, 60 anos, paulista de Vila Campo Grande, é Assistente Social. Membro da Paróquia de Vila Campo Grande-Diadema, região sul de São Paulo, atualmente é Secretária no Presbitério, 2º Secretária na União Paroquial de São Paulo e Secretária no Sínodo Sudeste.

em prática a minha fé em Deus. Creio que, na minha atuação na Igreja, sempre tenho a possibilidade do exercício do respeito pelo ser humano e do atendimento a necessidades básicas que não são atendidas pela sociedade. Nesse sentido, entendo que devemos ser Igreja na Palavra, mas também na ação.

Existe uma ‘causa’ pessoal para participar das atividades administrativas da IECLB? Desde que comecei a fazer parte do Presbitério da minha então Comunidade de Vila Campo Grande, senti que temos responsabilidade não só em nível de Comunidade, mas nas esferas maiores. Em São Paulo, temos a União Paroquial, que administra todas as Paróquias e tem também a função de ser elo e apoio. Assim entendo a Igreja, com todas as células unidas, desde o menor Ponto de Pregação até a Paróquia mais organizada e estruturada, a UP, o Sínodo e a IECLB. Sempre foi uma alegria participar ativamente da vida comunitária na minha Igreja e o trabalho diaconal também me gratifica muito, pois, como já disse anteriormente, entendo que a fé passa pela ação e, principalmente, a ajuda a pessoas que não tiveram acesso a educação e bem-estar .

Centro Social Sal da Terra O Centro Social Sal da Terra foi criado em função da necessidade de uma atuação mais concreta na região onde está localizada a Comunidade de Vila Campo Grande. Ao lado de ser uma Igreja que prega a Palavra, havia a necessidade da ação social, por isso o Centro Social foi criado para atender os moradores do bairro na área social. Paralelamente, surgiu a proposta da Oficina de Paramentos, com a coordenação, na época, de Karin Rosenbaum, que criou os desenhos iniciais e organizou toda a montagem do trabalho. A Oficina atende mulheres carentes servindo como geração de renda por meio do trabalho de bordado e costura e o Centro Social atende famílias carentes da região, crianças e adolescentes na área socioeducativa e oferece cursos de educação de adultos, além de cursos de idiomas. Na região, existem dificuldades próprias da periferia das grandes cidades. As famílias não moram próximas à Igreja e as distâncias, associadas ao trânsito e à insegurança, afastam as pessoas da Igreja. Há dificuldades em organizar atividades à noite. Também é possível perceber que a vida na cidade grande afasta as pessoas do convívio social e da Igreja, devido à necessidade de sobrevivência.


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UNIDADE

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Mulheres

Mulheres que constroem Comunidades com força e fé

Suely Munck Kappel (na foto com o marido, as filhas, os genros e o neto), mineira de Juiz de Fora, Professora de Geografia, atualmente Artesã, é casada com o P. Mauri Kappel com quem tem duas filhas, Patrícia e Elisa. Qual é a sua caminhada na IECLB? Na Juventude, estive envolvida em todas as atividades em âmbito Distrital, Regional e Nacional. Depois de casada, assumi, junto com meu marido, as atividades nas Paróquias por onde passamos. Sempre participei ativamente na minha Igreja e me dediquei ao trabalho com as mulheres e também corais e grupos de canto. Na OASE, estive à frente em todos os níveis das antigas Regiões Eclesiásticas I e VII e também atuei como Secretária Nacional da, hoje, Associação dos Grupos de OASE. Ainda, estive junto

Grupo Coisas de Mulher

desde a criação do Fórum da Mulher Luterana ajudando a planejar e participando de encontros, pois me identifico com a proposta do serviço sem fronteiras, que não encontra limites, criativo, amável e que sempre me surpreende, deixando brotar a fé, o desprendimento que nos anima a servir aos outros como também Deus nos serviu em Cristo. Quais são as suas frentes no trabalho junto às mulheres? Há quase cinco anos, realizamos um trabalho na área missionária da Paróquia de Rio Claro/SP, que envolve as cidades de Piracicaba e São Carlos, onde participo de um grupo que se reúne para trabalhos manuais. Em Piracicaba, iniciei um grupo de mulheres, chamado Coisas de Mulher, que funcionou por dois anos. Foi um

tempo muito interessante de troca de experiências. Atualmente, este grupo continua atuando nas atividades da Comunidade, fazendo o trabalho que geralmente fica com as mulheres: preparação de materiais e organização de encontros e atividades. Em Rio Claro, faço parte de um grupo diferenciado de mulheres. Foi a partir dele que também me envolvi na equipe que cuida da ornamentação da Igreja

Beatriz Narkevitz, Suely Kappel e Maria Cristina Guilherme, Coordenadoras do grupo de mulheres de Rio Claro

nas épocas festivas e se preocupa com a confecção de paramentos, cortinas, etc. Com o grupo de OASE da Comunidade, atuo na área do artesanato, dando suporte, confeccionando trabalhos, ajudando a organizar bazares e também na divulgação e vendas. Qual é o perfil das mulheres no Sínodo Sudeste? O Sínodo Sudeste reúne Comunidades nas maiores capitais do País (São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG), grandes cidades como Campinas/SP, Juiz de Fora/MG e outras, mas também Comunidades interioranas com muita expressão. No Sínodo, situam-se também as comunidades lingüísticas (japonesa, húngara, escandinava e letã), revelando a grande variedade de contextos locais, com

Grupo de mulheres em Rio Claro descontraídas na festa junina

suas particularidades, desafios e formas de atuação. Assim sendo, o trabalho das mulheres recebe acento de acordo com as necessidades e condições locais, mas são mulheres que fazem, constroem e levantam as Comunida-

des. São elas que estão lá, na frente de trabalho, que se reúnem em oração, que promovem atividades para levantar fundos e ajudam no que for necessário para manter ativo o trabalho da Igreja. Quais as prioridades no trabalho junto às mulheres? Defendo a idéia de que as mulheres precisam se sentir bem nos grupos. O grupo precisa dar a elas algo mais do que elas têm em casa. Rir, falar de si, encontrar amigas, participar de uma dinâmica, ouvir uma mensagem, fazer artesanato, orar, meditar. Tudo isso faz a diferença na vida da mulher. A participação no grupo ajuda a superar problemas, dores e tristezas. No grupo, a mulher vive momentos especiais e pode voltar para casa mais leve, com as ‘baterias recarregadas’.

A obra-prima da criação Deus criou a luz, o céu, as estrelas, as árvores, as flores e os animais. “E viu Deus que isso era BOM” (Gn 1.10). Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. “E viu Deus tudo quanto fizera. Eis que era MUITO BOM” (Gn 1.31).

Concluiu Deus que não era bom para o homem estar só. Então, fez com que adormecesse. Tirou-lhe uma costela e fez a mulher. Qual foi o conceito para a mulher? Se a criação recebeu um BOM, o homem um MUITO BOM, a mulher com certeza recebeu um ÓTIMO.

Como se dá o seu trabalho voltado para a missão? Certamente, esta é parte mais desafiadora de todo o ser Igreja. Percebo que a ‘igreja show’ faz muito sucesso por aqui e a concorrência é bastante grande. Alguns dos problemas que enfrentamos são passividade, puro interesse em aprender algo novo para lucro próprio, falta de vontade em se De fato, Deus criou o gênero humano, o casal, e os abençoou. São diferentes, mas ambos têm dentro de si um pouco do outro, a fim de se entenderem, a fim de se completarem.

Dinâmica meditativa no grupo de mulheres

envolver nos problemas da Comunidade e muitas pessoas apenas se servindo da Igreja e se afastando quando seus interesses são atendidos. Nossa tradição luterana encanta os que vêm de fora, mas muitos não permanecem porque querem ‘espetáculo’. Visitamos famílias, convidamos, distribuímos folhetos, fazemos propaganda, mas as pessoas vêm mesmo nos brechós e bazares, onde compram coisas ótimas a preços muito baixos. Às vezes, vem o desânimo. Pensamos que já usamos tudo que sabíamos e que está faltando criatividade. De repente, alguém fala da alegria de participar, de quão bom é fazer parte desta Igreja, de como isso muda a sua vida. Aí a gente se reanima, novas idéias aparecem e o trabalho continua.

Por isso, o ensinamento de Deus a partir da figura da ‘costela’ é de que, assim com a costela está ao lado do homem, assim também o homem e a mulher precisam caminhar lado a lado na construção de um mundo melhor. Pastor Euclécio Schieck Dia Internacional da Mulher/2009


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Fé Luterana

Como podemos definir a nossa IECLB? ‘Nossa Fé – Nossa Vida’ afirma que a IECLB é o Convívio de pessoas batizadas ou admitidas, diferentes umas das outras, todas elas, no entanto, chamadas para viver seu Batismo, é o Povo de Deus, pois, nesse Batismo, Deus dignifica-nos para sermos membros do seu povo pela obra salvadora do seu Filho, é a Igreja de Jesus Cristo no País, pois, como Igreja cristã, o Espírito Santo nos chama a participar do serviço de Cristo no mundo, no ambiente em que vivemos, é ainda Associação religiosa, pois somos, como entidade civil, uma associação religiosa constituída por Comunidades evangélicas e organizadas legalmente por Paróquias e Sínodos. Para falar sobre o tema, convidamos o P. em. Harald Malschitzky, que foi Pastor de Paróquia, Pastor regional e Professor na EST e em Matanzas (Cuba), além de ter se envolvido

em áreas públicas de educação. Hoje, é Assistente da Presidência da IECLB. Também participa o P. Dr. Silfredo Bernardo Dalferth, que atua no Departamento Dienst für Mission, Ökumene und Entwicklung da Igreja de Württemberg, na Alemanha. Contribui, ainda, o P. Milton Jandrey, que está participando do Programa de intercâmbio de Obreiros da IECLB com a EKD e Igreja da Baviera, atuando na Comunidade em Schwandorf, Alemanha, e trabalhando no fortalecimento da parceria do Decanato Sulzbach-Rosenberg com o Comin-Terra Indígena Guarita. Finaliza esta reflexão o Dr. Milton Laske, Procurador do Estado de Santa Catarina aposentado, atualmente exercendo a advocacia e, na IECLB, o atual Presidente do Conselho da Igreja.

Convívio de pessoas batizadas

Povo de Deus

Pastor emérito Harald Malschitzky

Pastor Dr. Silfredo Bernardo Dalferth

Nós, luteranos, somos conhecidos como individualistas e frios, por termos uma fé distanciada do dia-a-dia. Ainda assim, há exemplos e formas de convivência que mostram o contrário e são vitais para muita gente. Contarei algumas experiências feitas e outras ouvidas. Lembro de Comunidades pequenas, na área rural. O culto já é ponto de convivência e de encontro, mas no dia-a-dia um participa da vida do outro, seja em suas festas, em momentos de doença ou de luto. É comum pessoas de uma família ajudarem outra casa sem esperar nem receber nada em troca, mas simplesmente porque o outro precisa de ajuda. Se alguém fica doente, se nasce uma criança, se falece alguém, um familiar ou pessoa da Comunidade vai ‘dar uma mão’. Em muitas Comunidades metropolitanas, o encontro acontece após o culto, em torno de um chá ou de um café. Pessoas que conversam, falam de suas alegrias e suas dores, mas lembram também outras pessoas que precisam de apoio especial. Penso naquelas pessoas que, a partir de grupos na Comunidade, convivem também lá fora: casais, idosos, famílias inteiras. Penso em grupos que são parte da vida dos seus participantes, caso da terceira idade. É bom lembrar: nossos grupos são muito diferentes de tantos que andam por aí. Outro exemplo está no movimento de casais e de muitas Comunidades onde existem grupos de pessoas que se dedicam a visitar idosos e doentes presos às suas casas. Não podemos esquecer os grupos de senhoras e o seu papel para a vida de muita gente. Sem dúvida, falta muito a conviver, mas não devemos esquecer o que acontece. Para refletir, leia Atos 2.44

Conforme Nossa Fé - Nossa Vida, o Batismo dignifica-nos para sermos membros do seu povo. Em seguida, o texto fala que o Espírito Santo chama o seu povo para participar do serviço de Cristo no mundo, ou seja, a fé acontece dentro da comunhão, dentro do povo de Deus. A palavra ‘povo’, culturalmente muito carregada, expressa: unidade, identidade, necessidade de proteção, a realidade difícil da vida. Para Lutero, Cristo é, com os santos, um só corpo espiritual e, semelhante a um povo de uma cidade, é uma comunidade e corpo, onde cada cidadão é membro do outro e de toda a cidade... Nesta compreensão, o povo de Deus está ligado à vida, para que haja cuidado uns dos outros. Ninguém está sozinho! Também a Santa Ceia expressa esta unidade. Lutero usa a figura que muitos grãos formam um só corpo do pão. Na Comunidade, todos são membros do mesmo corpo e uns dos outros, se alegrando e sofrendo em conjunto. Todos são revestidos de Cristo, destruindo barreiras relacionais e discriminatórias, unindo com diferentes dons e na mesma comunhão. O povo de Deus age para dentro da sociedade e do mundo. O documento Missão dentro do contexto, da Federação Luterana Mundial, diz que a Igreja missionária é uma comunidade que age no exemplo de Jesus, uma comunidade de serviço em favor de pessoas. A diaconia vai para além da comunidade e se torna pública e irrestrita, incluindo todas as pessoas necessitadas e se engaja para transformar a sociedade. Jesus age na perspectiva do reino de Deus como projeto de comunhão que inclua todas as pessoas. Por causa do exemplo de Jesus, a Comunidade une a liturgia do culto com a liturgia da vida, por isso é Povo de Deus: porque vive a fé dentro do mundo, dentro da história. Para refletir, leia Mateus 5.1-16

Igreja de Jesus Cristo no País

Associação religiosa

Pastor Milton Jandrey

Dr. Milton Laske

Como Igreja cristã, o Espírito Santo nos chama a participar do serviço de Cristo no mundo, no ambiente em que vivemos. Somos, desta forma, Igreja de Jesus Cristo no Brasil, assim o Nossa Fé – Nossa Vida expressa o ser IECLB no Brasil. Pelo Batismo, fomos feitos membros do corpo de Cristo, somos povo de Deus, organizado em instituição, chamado a propagar em palavras e ações o Evangelho de vida no ambiente, isto é, na rua, cidade, no País em que vivemos. O que para nós, hoje, é consenso nem sempre foi assim. Ao olharmos para trás, veremos que antes e também ainda por algum tempo quando da constituição da nossa IECLB a idéia de ser Igreja no Brasil, por vezes, não passava da extensão geográfica ou cultural da Comunidade. A cultura é importante, mas não pode suplantar o Evangelho nem determinar a confissão de fé. A nossa tradição como IECLB é a nossa fé cristã marcada pela Reforma, a qual determina a espiritualidade, a Teologia e o ser Igreja. Esta tradição confessional deve ser vivida em linguagem e culturalmente contextualizada em nosso País, onde a diversidade cultural, as diferenças sociais são tão gritantes e a manifestação religiosa é tão variada. Temos em nosso imenso Brasil, como IECLB, uma tarefa no ser Igreja de Jesus Cristo e a alegria de podermos, no tempo e contexto atuais, participar da Missão de Deus, testemunhando a Boa Nova do serviço de Cristo onde vivemos, convidando a viver a fé em comunhão, se opondo ao individualismo e engajando-se em prol da justiça, da solidariedade e da vida digna a todas as pessoas, indiferente da etnia, cor, sexo e idade, porque esta é a nossa paixão. Para refletir, leia Atos 1.6-9

Associação é a reunião de pessoas, visando a um objetivo comum, quer seja de fins econômicos, filantrópicos, políticos, esportivos, culturais ou religiosos. Normalmente, essas associações se organizam como pessoas jurídicas para que possam ter vida jurídica dentro da sociedade organizada do país. Também Igrejas precisam cumprir essa exigência. Não é possível abrir e movimentar contas bancárias, ser proprietária de templos, etc., sem estar inscrito no CNPJ da Receita Federal, para o que é necessário um estatuto devidamente registrado em Cartório. Na IECLB, pessoas, na condição de membros, se unem para formar uma Comunidade. Comunidades se associam para formar Paróquia e Paróquias e Comunidades, para formar um Sínodo. A IECLB é uma associação de Comunidades e dos membros a elas filiados (Constituição, art. 1º), mas estas não se denominam como associação, pois a lei lhes faculta que se organizem e estruturem com liberdade (Código Civil, art. 44, § 1º), pelo que são conhecidas como organizações religiosas. Embora Lutero tenha sido contrário a um direito da Igreja, reconhecia a necessidade de uma Ordem da Igreja, por meio da organização de uma estrutura, com estatutos, regimentos, regulamentos e normas disciplinares, que entendia como instrumentos necessários para convivência pacífica entre os membros da Comunidade. Aliás, desde a Reforma, Igreja de confissão luterana é, antes e principalmente, a reunião, a convivência, a união dos crentes, isto é, a convivência associada, acolhedora, fraterna e solidária. Por isso, nas Comunidades da IECLB, ao lado do seu templo, é normal a existência do espaço comunitário para o exercício dessa convivência associada amorosa, que é desejada pelo próprio Deus. Para refletir, leia o Salmo 133


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Geral

Doação de órgãos: um ato de amor e solidariedade - II Nesta edição, vamos veicular a segunda parte (final) da entrevista sobre doação de órgãos realizada com o Pastor Odair Braun, atuante em Curitiba/PR desde 2000 e, até fevereiro de 2008, Capelão do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Desde então, é Gerente de Atendimento ao Cliente, tendo a atribuição de coordenar a Ouvidoria, Serviço Social, Psicologia Hospitalar, Grupo de Humanização e toda área de internação, realização de exames, recepção do Pronto Socorro e ambulatórios. Na Pastoral da Consolação, é responsável pelos ofícios de sepultamento e, em conjunto com a Pastora Vera e a Pastora Aline, celebra os cultos dominicais na Comunidade da Consolação.

Há métodos seguros para constatar a morte cerebral? Os avanços tecnológicos e científicos, associados à terapia intensiva, tornaram viável que pacientes neurologicamente ‘inviáveis’ possam ter suas funções cardiorrespiratórias mantidas por tempo indeterminado. Neste contexto, formula-se o conceito de morte encefálica (= encéfalo morto), uma lesão irreversível no cérebro que paralisa as suas atividades e conseqüentemente as atividades de todo o corpo humano. Assim sendo, o paciente em morte encefálica apresentará batimentos cardíacos, circulação sangüínea e o funcionamento pulmonar e cardiovascular sustentado e monitorado por processos e equipamentos artificiais. A morte encefálica caracteriza a morte do indivíduo como tal e deve sempre ser diagnosticada por dois Médicos, sendo um deles Neurologista ou Neurocirurgião, que não podem fazer parte da equipe que executará o transplante. É um processo difícil de conduzir? Desde o primeiro acompanhamento de doação de órgãos, o tema sempre foi fascinante e desafiador. Por um lado, a dor e a tristeza da despedida de familiares. Por outro lado, no dia seguinte, muitas vezes o contato com familiares e receptores do órgão doado e a alegria, a nova possibilidade que isto significa para eles, um misto de sentimentos e emoções. Nesta caminhada, se faz necessário discernimento no sentido de poder estar ao lado das partes envolvidas e permitindo que vivam e celebrem da forma mais saudável possível a ocasião que se apresenta. Nestes momentos, não há uma receita pronta, uma forma ideal de fazer a abordagem. Sempre procurei encontrar ‘ganchos’ a partir da fala dos familiares para refletir a possibilidade de doação, obtendo mais de 90% de resposta positiva. Jamais se pode tentar forçar a situação para que a família tente mudar sua posição manifesta. Igualmente, se faz necessário respeitar as diferentes opiniões. Não há o certo e o errado. Há posições religiosas, filosóficas e ético-morais que devem ter espaço. Quais são as principais dúvidas dos familiares? A maior dúvida sempre era ver o familiar preso a um respirador mecânico, ou seja, o peito com movimentos de respiração, o monitor cardíaco informando os batimentos do coração, mas a informação técnica dizendo que estava morto. Muitos pensam e imaginam estar sendo enganados e que, eventualmente, seu familiar não esteja com morte cerebral constatada. A outra dúvida muito freqüente é pertinente a questionamentos teológicos. O que a Bíblia diz a respeito? Como a Igreja se posiciona? Como vai ser na ressurreição? São questionamentos que exigem capacidade de diálogo simples e objetivo. Não é hora e nem momento para expor tratados teológicos ou sumas filosóficas

Então, como vai ser na ressurreição? Para a fé cristã, não é essencial a integridade corporal, ou seja, não há objeção quanto à retirada de órgãos para transplante. A ressurreição é obra de Deus e não necessita de restos de um corpo intocado e sem mácula. Para a ressurreição, se faz necessária somente a nossa fidelidade ao Senhor da vida e da morte, Jesus Cristo. Desta forma, o cristão pode efetuar a doação de órgãos sem maiores preocupações. Segundo a confissão luterana, uma pessoa pode dispor dos meus órgãos em favor do próximo? A antropologia cristã vê o ser humano como obra de Deus. O cristão pode devolver a Deus o que Ele criou, com fé firme e plena convicção de que o Senhor da vida faz ressurgir algo novo desta doação. Para Lutero, o ser humano desta vida é mera matéria de Deus para a futura forma da sua vida gloriosa. Afirma também que no princípio a terra e o céu foram completados por Deus e que também o ser humano será reconstituído perfeitamente, pois é imagem e semelhança de Deus. Embora, no Brasil, ainda não tenha sido publicado um posicionamento oficial da Igreja luterana quanto à doação de órgãos, podemos encontrar nuances do seu pensamento a partir do posicionamento luteranocatólico da Alemanha, publicado em 1990. Neste manifesto, afirma-se: A partir da visão cristã, a disposição para a doação de órgãos é um sinal de amor e solidariedade ao próximo. Conforme a compreensão cristã, a vida e o corpo são dádivas divinas, sobre as quais os humanos não podem usufruir à vontade, mas que após um cuidadoso exame de consciência pode ser ofertado, em amor, ao próximo. O serviço de amor ao próximo dá sentido à vivência humana. O ato de doar é sinal visível daquilo que Jesus pregou e viveu. Plena entrega, total doação, foi também a experiência das primeiras comunidades cristãs, as quais viveram e praticaram o amor solidário que Jesus semeou. Como a pessoa pode se declarar doadora? O mais importante, no transcorrer da vida, é falar e discutir sobre este tema, seja com a sua família, seja com os amigos ou com os colegas de trabalho. Observamos que, em muitos momentos, este tema é tabu e, diante de casos concretos, não se sabe como conduzir a situação. Ficava sempre muito claro que quem falava sobre doação e morte tinha mais facilidade de decidir na hora da constatação de morte cerebral. No Hospital Evangélico, sempre respeitamos a decisão da família. Em alguns momentos, estivemos diante de famílias que não se sentiam à vontade com a doação, mesmo tendo a pessoa falecida manifestado em vida que o desejava fazer. Nestes casos, adotamos o bom senso, ou seja, não insistimos no processo de doação, pois somente criaria uma dificuldade a mais no processo daquela família viver o luto.

Conaje

Carnaval com Deus P. Valdir Rodolfo Gromann Membro do Conaje, Pastor Orientador da Juventude no Sínodo Rio Paraná e Coordenador do Acampamento Repartir Juntos (ARJ) no Sínodo Rio Paraná Fevereiro tem Carnaval! A canção já nos diz, fevereiro tem Carnaval sim e tem mais: jovens acampando em vários locais do Brasil, jovens conhecendo novas pessoas, momentos de oração, louvor, estudo da Palavra Bíblica, descontração e aprendizado, jovens se divertindo de maneira saudável, um som maneiro agitando a galera, novas coreografias, criatividade e vida. Pena que nem todas as pessoas jovens pensem assim e nem sequer experimentem a alegria de viver em grupo neste feriado. Para muitos, o Carnaval só tem sentido se for festejado com bailes, desfiles e embalado pelas bebidas alcoólicas e entorpecentes, mas quem conhece um retiro ou acampamento de Carnaval sabe o que realmente é se divertir e ser feliz, pois lembro bem da observação da Repórter de uma TV durante a entrevista no Acampamento Repartir Juntos (ARJ 2008) ‘A banda de vocês agita mais do que as que tocam nos bailes de Carnaval’ e mais ‘A galera aqui pula e dança com uma alegria contagiante’ e concluiu dizendo ‘Enquanto nos bailes de Carnaval as pessoas precisam de álcool e até mesmo drogas como combustível, aqui, é a fé, o carinho e a amizade que fazem com que estes jovens tenham tanta animação’. Fico feliz em ouvir isso de uma profissional de imprensa que, certamente, faz reportagens em diversos locais em que as pessoas se reúnem no Carnaval. Também nós cristãos precisamos de testemunhos como esse para nos animar e contagiar outras pessoas. A alegria do povo de Deus reunido produz música, dança e alegria como já aconteceu com Moisés e Miriam (Ex.15). Esta alegria contagiante quer alcançar você e motivá-lo a participar dos retiros e acampamentos no próximo Carnaval. Como nos diz o Evangelista João Peçam e receberão para que a alegria de vocês seja completa (Jo 16.24b). Aproveite a oportunidade de se divertir com o povo de Deus. Que Ele te acompanhe!


Comportamento

JOREV LUTERANO MARÇO 2009

A IECLB vem de longe Dando seqüência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. Rolf Droste, Pastor emérito da IECLB, que ingressou no pastorado em 1956, foi Pastor de Comunidade, Diretor da Casa Matriz de Diaconisas, Secretário Geral da IECLB (1986-1994), Diretor Geral da Luterprev e, atualmente, Presidente da Obra Gustavo Adolfo (OGA), vai apresentar recortes do tempo anterior à constituição da IECLB em 1949, para mostrar que também se pensava nos irmãos na fé além da própria área geográfica.

1887, em Santa Cruz do Sul/RS, ele enfatizou no seu relatório Nós não trilhamos o caminho de Roma, da hierarquia e do domínio dos religiosos e adiante Se queremos fortalecer a nossa Igreja, temos que fortalecer as nossas Comunidades. É verdade que ele viu a necessidade do Sínodo como instrumento ordenador e disciplinador para superar situações muitas vezes vexatórias para os teuto-evangélicos, mas não é menos verdade que ele queria ajudar que as Comunidades fossem Igreja e não apenas clubes com interesses imediatos e materiais (proprietárias de imóveis, cemitérios, etc.). Em outros Sínodos, encontramos situações e posturas semelhantes. Uma exceção pode ser considerado o Sínodo Evangélico LuDr. Martin Braunschweig, terano de Santa primeiro Prepósito no Brasil, Quando, em 1868, se constituiu o Catarina e Parade 1911 a 1919 primeiro Sínodo na Província do Rio ná e outros EstaGrande do Sul, de vida dos, no qual aefêmera, constava no estatuavam exclututo que se buscariam consivamente Pastatos com o Sínodo do Rio tores de confesda Prata, Buenos Aires, sionalidade lucom as Conferências Pastoterana definida, rais e Comunidades de o que asseguoutras Províncias do Brasil. rava uma certa Um projeto audacioso para uniformidade a época. Quando o P. na organização e Rotermund convidou para vida eclesiástica. a Assembléia de fundação Constata-se, do Sínodo de 1886, ele portanto, que os escreveu a todos os minisSínodos não etros ordenados nas Comuram tão estannidades evangélicas aleques como muimãs no Brasil. O estatuto tas vezes imagiPrepósito Erwin Hübbe (1926) previa a filiação de Comunamos. Obreiros nidades fora da Província e lideranças Qualquer do Rio Grande do Sul. mantinham contatos entre si. LevanPastor Dr. Wilhelm Rotermund em 1875, ano iniciativa tavam-se, inclusive, ofertas em cultos No tempo pré-sinodal, em que veio ao Brasil para forpara necessidades em outros Sínodos. as Comunidades viviam mar uma comunhão maior, um Sínodo, Consolidados os Sínodos, começou com a atenção voltada para os seus lhes cheirava a perda de liberdade, por a lenta costura de formação de um corpo próprios interesses. Havia muita desorisso P. Rotermund fez constar no eclesiástico comum. Nesse processo, a dem, disparidades e discrepâncias entre estatuto do Sínodo que ele era uma Igreja Evangélica da Alemanha, reelas. Eram fortemente marcadas pelo ‘Associação de Comunidades’. presentada por Prepósitos no Brasil, ‘independentismo’. Os membros e, por Na primeira Assembléia Sinodal, em teve forte participação. vezes, os Pastores eram os ‘donos’.

Os Prepósitos 1911-1919: P. Dr. Martin Braunschweig - Teve participação na constituição do Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná (1911) e do Sínodo Evangélico do Brasil Central (1912). Em 1907, na qualidade de Comissário, incentivou a criação de um Seminário para a formação de Professores evangélicos no Brasil e de um Seminário para a formação de Pastores para o exterior na Alemanha. Foi Secretário Geral da Obra Gustavo Adolfo alemã de 1904 a 1911. 1919-1925: por razões políticas e econômicas, não foram enviados Prepósitos entre 1919 e 1925. A Alemanha perdera a Primeira Grande Guerra. 1925-1928: P. Erwin Matthias Hübbe - Foi Pastor da Comunidade de Rio Grande/RS de 1906 a 1914 e membro da primeira Diretoria da OGA-Brasil. Em 1924, representou o Conselho Eclesiástico de Berlim nos festejos do centenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul e na Assembléia Geral do Sínodo Riograndense (sic). Veio ao Brasil como Prepósito em 1925. Em 1928, costurou a filiação do Sínodo Riograndense à Igreja na Alemanha. Em 1933, veio para ultimar a filiação do Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina e Paraná e outros Estados à Igreja alemã. Na sua quinta vinda ao Brasil, foi vítima de atropelamento no Rio de Janeiro/RJ em 4 de julho de 1934, falecendo no mesmo dia. 1929-1932 e 1933-1936: P. Gottlieb Funcke - Presidiu o primeiro encontro dos Presidentes dos Sínodos em 1935, em Santos/SP. 1929: Paul Kaetzke Interinamente, exerceu a função de Prepósito para o Brasil. Paul Kaetzke era Supertintendente e Prepósito na Argentina.

Prepósitos, uma presença estranha na história da IECLB Quem foram os Prepósitos? Foram representantes permanentes do Conselho Eclesiástico Superior da Igreja da Prússia/Alemanha. Tinham a incumbência de trabalhar pelo fortalecimento das Comunidades formadas por alemães e teuto-brasileiros protestantes, pela criação e consolidação de Sínodos e de manter o Conselho Eclesiástico bem informado. Isso mostra que a autonomia dos Sínodos era relativa, pois eram acompanhados por uma autoridade ‘estranha’, com a qual convinha viver em sintonia. O Conselho Eclesiástico de Berlim somente se envolveu a partir de 1900, em lugar das sociedades missionárias. Comunidades, Pastores e Sínodos puderam filiar-se à Igreja da Prússia. Esse era o lado eclesiástico da questão. Havia o lado político. A Prússia, identificada com o Protestantismo, tinha

interesses comerciais nos países de forte imigração alemã e protestante, como também queria que estes cultivassem a sua relação com a pátria de origem. Para obter informações confiáveis sobre a situação no Brasil, o Conselho Superior enviou um Comissário, em 1907, que, em seu relatório de 1908, propôs ao Conselho Superior o envio de um representante permanente, um Prepósito, com sede em Porto Alegre/ RS. Pedido igual veio do Sínodo Riograndense, face a desentendimentos internos, com risco de cisão. De 1911 até 1936, com uma interrupção de cinco anos, temos a figura do Prepósito. Em 1933, quando um novo regime político assumiu o poder, foi criada a Igreja Alemã Evangélica em lugar da Federação de Igrejas Evangélicas. No ano seguinte, a Igreja instalou um Departamento para Assuntos do Exterior, presidido pelo Bispo Theodor Heckel. A figura do Prepósito perde

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a sua relevância. Heckel ‘ordenou’ que as direções dos Sínodos realizassem reuniões para promover a comunhão entre si e discutir assuntos de comum interesse. O Prepósito Funcke coordenou a primeira reunião em 1935, realizada em Santos/SP. A segunda reunião aconteceu em Buenos Aires, Argentina, em 1938, sob a coordenação do Prepósito para a América do Sul, Martin Marczynski, da Argentina. As reuniões deixaram de acontecer com o início da Segunda Guerra Mundial. Se não deram o retorno desejado à Alemanha, os Prepósitos serviram para aproximar os líderes sinodais no Brasil. As reuniões foram retomadas logo depois da guerra, sob outro enfoque, por iniciativa de Hermann Dohms, do Sínodo Riograndense, mas este é o assunto da próxima edição do Jorev Luterano.


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Deutsche Seite

Wem können wir noch vertrauen? Ein Ort, an dem keiner dem anderen traut: das ist eine Definition der Hölle. Ein Ort, an dem jeder dem anderen von Herzen vertraut, das ist zumindestens ein Merkmal des Himmels. Wir leben weder in der Hölle noch im Himmel. Wir leben auf der Erde. Doch manchmal könnte man schon meinen, es sei der Teufel los auf Gottes Erde. Wir können hinblicken, wo wir wollen: Die Werbung im Fernsehen, die politische Propaganda auf Plakaten und in den Medien: Überall wird direkt oder indirekt das Vertrauen der Menschen missbraucht, sie werden mehr oder weniger raffiniert belogen. Sogar im Namen Gottes wird gelogen und getäuscht. Man preist einen Gott an, mit dessen Hilfe man schnell reich werden kann, der alle Krankheiten heilt, alle Schwierigkeiten beseitigt. Und im Geheimen denkt man an Macht, an Einfluss und Geld! Wo treibt unser Land hin, wo treibt die Welt hin, wenn der Vertrauensschwund so weiter geht? Ohne Vertrauen kann kein Land und kein Gemeinwesen bestehen! Man merkt es an dem globalen Bankerott der Banken und der Aktienmärkte vor einem halben Jahr. Sie haben alle von dem Vertrauen ihrer Kunden gelebt. Und sie haben dies Vertrauen missbraucht. Sie haben mit Geldern gehandelt, die garnicht existierten. Sie haben Aktien verkauft, die keinen Wert hatten. Die Folge: Das Vertrauen ist erst einmal weg. Nun werden Millionen darunter leiden, dass unverantwortliche Menschen das gegenseitige Vertrauen untergraben haben. Werden die Menschen dies Vertrauen wieder aufbauen können? Werden sie Vertraeuen zwischen Menschen zeugen können, ohne Gott zu vertrauen? Die Zukunft der Welt wird davon

abhängen. Man könnte zu dem Schluss kommen, dass man letztlich garkeinem mehr vertrauen kann. “Ich zweifle, deshalb bin ich” – so hat es einmal ein berühmter Philosoph gesagt. Aber damit hätten wir uns damit abgefunden, dass die Erde des Teufels ist. Und – Hand aufs Herz! – könnten wir uns vorstellen, dass wir selber in einer

Welt von Betrügern und Lügnern immer vertrauenswürdig sind? “Trau keinem, der nicht traut!” , pflegte mein Vater zu sagen. Ich verstehe das Wort so, dass Vertrauen eine Sache ist, die man aufbauen, an der man arbeiten muss. Ich muss mit dem Trauen anfangen, selbst wo es garnicht so sicher ist, dass es auf fruchtbaren Boden fällt. Ein Kind lernt seiner Mutter dadurch vertrauen, dass sie es

hundertmal an ihre Brust gelegt hat, wenn es hungrig war, es lernt dem Vater vertrauen, dadurch dass er es hundertmal auf den Arm genommen hat, wenn es gefallen war, dass es in der Nähe der Eltern täglich Geborgenheit und Liebe erfährt. Nein – Vertrauen fällt nicht vom Himmel. Vertrauen muss aufgebaut werden. Wir müssen, bildlich gesprochen, in diese Kasse etwas einzahlen, einen Vertrauensvorschuss schaffen. Vertrauen muss wachsen durch Vertrauen, durch vorgeschossenes Vertrauen, gleichsam.. Doch nun müssen wir fragen: Fällt unser Vertrauen letztlich nicht doch vom Himmel? Wo sollten wir den Vorschuss denn hernehmen, wenn nicht von dem Vertrauen, das vom Himmel fällt, von Gottes Vertrauen , das er uns Sündern, die wir ihn so oft getäuscht und enttäuscht haben, entgegenbringt? Hat Gott nicht während unseres gesamten Lebens bei uns Vertrauen aufgebaut, uns ins Vertrauen gezogen, hat er nicht Treue gehalten, Gebete erhört, Sünden vergeben – selbst da, wo wir nicht vertrauenswürdig waren? “Ich misstraue, also bin ich”? Nein! Im Gegenteil. “Ich glaube, also bin ich”. Der Prophet Jesaja sagte es schon vor gut zweieinhalb Jahrtausenden: “Glaubt (vertraut) ihr nicht, so bleibt ihr nicht” (7.9). Das Misstrauen wird vergehen. Das Vertrauen wird in Ewigkeit die neue Welt Gottes durchwalten.

Pfarrer Lindolfo Weingärtner

In Gottes Namen

In unserem Leben spielen Namen eine besondere Rolle. Einen Namen hören, einen Namen sagen, bringt immer etwas in Bewegung. Wer bei seinem Namen gerufen wird, der weiß: ich bin gemeint – nicht irgendjemand, sondern ich selbst. Wie viele Namen können wir uns merken? Bestimmt nicht von allen, die uns begegnen. Gott aber kennt uns alle. Er ruft uns beim Namen und vergisst uns nicht. Das ist gut zu wissen, gerade auch wenn wir uns manchmal einsam und verlassen fühlen. Wer ist dieser Gott der unsere Namen kennt?

Schon Mose wollte das wissen und hat Gott gedrängt ihm doch seinen Namen zu sagen. Mose soll in Gottes Namen das Volk aus Ägypten führen. Wer ist dieser Gott, der so einen Auftrag gibt? Gott antwortet Mose. Er sagt seinen Namen, aber dieser Name bleibt ein Geheimnis, schwer zu verstehen. „Ich werde sein, der ich sein werde“, wörtlich aus dem hebräischen Urtext übersetzt. Das bedeutet: ich sage euch meinen Namen, aber ihr bekommt mich damit nicht in eure Hand, ihr bekommt keine Macht über mich. Ich sage euch meinen Namen. Ich sage euch: Ich bin da für euch. Ihr könnt euch auf mich verlassen, bei eurem Weg durch die Wüste, bei eurem Weg durchs Leben. Der Name Gottes ist etwas Heiliges und Besonderes. Immer wieder spricht die Bibel vom Namen Gottes, mit viel Liebe, aber auch mit Ehrfurcht und Achtung. Nie wird er leichtfertig mit schneller Zunge ausgesprochen. Ganz anders als das oft bei uns heutzutage passiert. Denn wo der Name Gottes genannt wird, da bekommen wir es mit Gott selbst zu tun. Sein Name ist Zusage und Versprechen seiner Gegenwart. Deshalb feiern wir unsere Gottesdienste und Andachten auch im Namen des Vaters und des Sohnes und des Heiligen Geistes. Ganz betont und aus gutem Grund steht dieser Satz am Anfang. Gottes Name wird genannt, er ist da und

hier bei uns. Im Neuen Testament heißt es: „Wo zwei oder drei in meinem Namen versammelt sind, da bin ich mitten unter ihnen“ (Mt.18,20). Das sagt Jesus Christus, der Menschensohn und Gottessohn. In ihm hat Gott ein einen Menschennamen und ein Menschengesicht bekommen. Die Jünger haben darauf vertraut - Christus war bei ihnen auch nach dem scheinbaren Ende am Kreuz. Er war da, immer wenn sie in seinem Namen zusammenkamen oder das Abendmahl feierten. Die Jünger nahmen Jesus beim Wort. Sie konnten und durften damit rechnen: Mit seinem Namen ist Christus selbst gegenwärtig. Sie vertrauten darauf, dass alles was sie in ihrem Glauben und Leben bewegt, nicht im leeren Raum verklingt. Ihre Trauer und Freude, ihr Danken, ihr Bitten und Hoffen finden Gehör. Sie konnten davon ausgehen: Wir sind nicht allein. Egal, ob wir jung sind oder alt, lebhaft oder mit langsam schwindenden Kräften: Wer sich auf Jesus Christus verlässt ist nicht verlassen. Er ist bei uns. Die Zusage seines Beistandes galt den Jüngern damals, aber sie gilt auch uns heute. Der Name Gottes ist nicht Schall und Rauch, sondern Zeichen und Versprechen seiner Gegenwart. Theologe Jaime Jung


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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Falecimento

Bodas de Ouro

É com muita saudade que lembramos o falecimento de

IVA SCHAFFER ROLOFF ocorrido no dia 7 de janeiro de 2008. Você partiu, mas em nossos encontros familiares está sempre presente nas lembranças dos momentos maravilhosos que compartilhamos juntos. A família agradece a todos que, nos momentos de saudade, apoiaram e auxiliaram.

Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele fará. Salmo 37.5 Com saudades, esposo Ivo Roloff e familiares

Carta pastoral referente ao Acordo Brasil - Vaticano

No dia 8 de novembro de 1958, Ary e Vali uniram-se pelos sagrados laços do matrimônio na cidade de Coronel Barros/RS. Com o lema Com Deus de nosso lado nós venceremos, o casal

ARY E VALI HARTTFEIL comemorou com muita alegria e gratidão as suas Bodas de Ouro no dia 8 de novembro de 2008, na cidade de Itacurubi/RS. A data foi celebrada com a presença dos filhos, noras e genro, Adir e Gladis, Valdir e Terezinha, Haidi e Sidnei, dos netos, Maicon, Glauber, Gabrieli, Diuli e Matheus, além dos familiares e amigos. A celebração foi realizada na Comunidade Luterana João Batista de Itacurubi e oficiada pela Pastora Alice Griebeler, da Paróquia Apóstolo Paulo de São Luiz Gonzaga.

5º Encontro da Família Schneider

Temos recebido um número significativo de consultas quanto à posição da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) em relação ao Acordo firmado entre o Brasil e o Vaticano, no dia 13 de novembro passado, que versa, entre outros, sobre questões econômicas e administrativas da Igreja Católica no Brasil. Várias das consultas manifestam preocupações quanto a eventuais privilégios concedidos à Igreja Católica. O assunto é complexo e exige estudos mais aprofundados quanto aos seus desdobramentos e implicações. Por ora, destacamos os seguintes pontos: 1. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é uma igreja ecumênica de tal forma que expressa isso em sua Constituição (par. 2º, Art. 5º). Temos muitas frentes de diálogo com várias denominações cristãs, inclusive com a Igreja Católica Apostólica Romana. Participamos do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs - CONIC (em que a Igreja Católica é afiliada), do Conselho Latino-americano de Igrejas CLAI, da Federação Luterana Mundial - FLM e do Conselho Mundial de Igrejas CMI, que também tem uma Comissão Conjunta com a Igreja Católica. 2. Como sua parceira de diálogo ao longo dos anos, temos podido testemunhar a seriedade, a profundidade e a responsabilidade que a Igreja Católica no Brasil imprime em suas ações em favor da missão de Deus para dentro da sociedade brasileira, inclusive com aguda percepção da responsabilidade social cristã. Com ela temos compartilhado a Campanha da Fraternidade Ecumênica em 2000 e 2005, e estamos planejando em conjunto, através do CONIC, nova campanha em 2010. 3. Ao mesmo tempo, também é importante lembrar que o modelo eclesiológico católico difere muito do modelo protestante. Neste último, as comunidades têm bastante autonomia e o governo eclesiástico se dá por delegação das comunidades e seus representantes. Na Igreja Católica, estruturada hierarquicamente, todas as comunidades têm vinculação orgânica com o Vaticano, através das paróquias e dioceses. No concerto internacional, o próprio Vaticano tem status de Estado soberano, inclusive com assento na ONU. A partir daí, são legítimos e comuns acordos entre Estados. A Igreja Católica tem acordos semelhantes com outros países. 4. Em relação à substância do Acordo, a IECLB ainda está em processo de avaliação quanto às suas consequências e repercussões no que se refere, por exemplo, à liberdade de culto, ao ensino religioso nas escolas públicas e ao reconhecimento dos ministros religiosos. São assuntos que dizem respeito não apenas à Igreja Católica, mas também às demais igrejas. Nesse sentido, lamentamos que o Acordo tenha sido elaborado, negociado e, por fim, assinado, sem que tivesse havido uma troca de idéias e um diálogo com outras confissões religiosas, bem como com a sociedade em geral. 5. Na medida em que o Acordo contenha direitos e prerrogativas para uma Igreja, no caso a Católica, a IECLB espera que o Governo Brasileiro com naturalidade os estenda às demais confissões, pois o respeito mútuo, a liberdade religiosa e a igualdade entre as religiões devem ser um imperativo para o Governo e constituem um preceito constitucional que não pode ser ferido. 6. Também almejamos que o debate acerca do papel do Estado diante da religião e da religião diante do Estado cresça para o fortalecimento do bem comum, pelo qual tanto governos quanto igrejas devem sempre se empenhar. Walter Altmann Pastor Presidente

29 de março, em Canabarro, município de Teutônia/RS É com muita satisfação que vimos convidá-lo para o 5º Encontro da Família Schneider, a realizar-se no dia 29 de março de 2009 (domingo). Os participantes serão recebidos na Igreja Evangélica de Canabarro/Teutônia a partir das 8 horas. Às 9h30 haverá um culto ecumênico e, após, almoço colonial, sendo que cada participante deverá contribuir com um valor para o pagamento das despesas de alimentação. Há 180 anos, no dia 9 de março de 1829, desembarcava em São Leopoldo/RS o imigrante alemão Johann Peter Schneider com sua mulher Philippina Catarina Schülemann e seus três filhos: Johann Jacob Schneider, Peter Schneider e Christian Schneider. Conforme consta em vários documentos, ele veio da Alemanha, da cidade de Wieselbach, Condado de Birkenfeld – Reino dos estados da Prússia que mais tarde se unificaram, formando a Alemanha. Passaram pelas cidades de Koblens, até Bremen, onde embarcaram em um navio a vela rumo ao Rio de Janeiro, depois de quase quatro meses de viagem. De lá, foram com uma barcaça, via Rio Grande/RS, Porto Alegre/RS, até São Leopoldo/RS e Picada 48/RS, hoje pertencente ao município de Lindolfo Collor/RS, divisa com Ivoti/RS.

Confirme a sua presença antecipadamente por carta ou telefone e, se precisar de alojamento, até o dia 20 de março de 2009. Cartas: Rua Agostinho Camilo de Borba, 563 – Esteio/RS – Cep 93.270-650 Contatos: Rudi Schneider (51) 3473.6358 Otto Schneider (51) 3595.1505 Edgar Schneider (51) 3595.3057 Magda Schneider (51) 3595.4908


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Gente Luterana

O Sínodo Sudeste, formado por 29 Paróquias, 39 Comunidades e 20 mil membros, cuja ênfase missionária é a realização da missão de Deus em contextos urbanos sem esquecer os problemas da realidade rural, além de formar lideranças que disponibilizem o seu tempo e os seus dons para a maior eficácia no trabalho, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Luiz Fernando Guilherme e Ralf Gielow

IECLB firme e forte

Testemunho cristão

Luiz Fernando Guilherme, 50 anos, paulista de Rio Claro, é casado com Maria Cristina e pai de Carolina e Marina. Membro na Comunidade e Paróquia em Rio Claro, Luiz é um luterano ‘de berço’ que tem como desafio de fé dar um testemunho cristão no seu dia-a-dia “O exemplo de Jesus nos incita a buscar um comportamento que mostre a nossa fé, o nosso compromisso de amor com o próximo na Igreja, mas também em todas as áreas possíveis da sociedade”. A caminhada de Luiz na IECLB iniciou no culto infantil, passou pelo Ensino Confirmatório e chegou ao Grupo de Jovens, Mocidade na época, “Na juventude, conheci a Cristina e juntos procuramos viver

Igreja mais presente com crescimento em qualidade e número e ajudar o grupo sempre que possível. Com os jovens, se deu toda a nossa base. Pudemos estar em muitas Comunidades em todo o Brasil com as olimpíadas e os confrontos bíblicos, constatando que a Igreja ia muito além da nossa Comunidade local”. Luiz e Cristina são lideranças muito participativas na Igreja e já passaram por diversos cargos, inclusive Presidência no Presbitério da Comunidade e da Paróquia. Luiz Fernando também foi representante em diversos níveis, como, por exemplo, representante

do Sínodo no Concílio, e teve a oportunidade de estar em encontros de planejamento, missão e formação. Formado em Engenharia, Luiz trabalha na empresa fundada pelo seu pai, uma fábrica com loja de instrumentos musicais, áudio e iluminação. “Fabricamos teclados de percussão para uso em fanfarras, orquestras e especialmente para educação musical de crianças. Assim, posso assessorar quem nos procura e também ficamos conhecendo pessoas de muitas outras denominações, pois as igrejas têm cada vez mais investido em som e música”, comenta. No Sínodo Sudeste, Luiz afirma que missão é um tema que ecoa muito forte “Como uma Igreja que quer manter viva a sua reflexão e cuidar para não se entregar a modismos, a formação contínua também precisa ser muito cuidada”. Quanto aos desafios, o Empresário assinala a tendência de muitas igrejas em se ajustar ao que o povo deseja, semelhante a uma empresa voltada para o mercado “O risco de abrir mão do centro da palavra nos preocupa. Devemos encarar o desafio pela sustentabilidade de Paróquias e, a partir daí, desenvolver um trabalho com tranqüilidade e estrutura, avançando na direção de ser uma Igreja mais presente com crescimento em qualidade e número”. Um sonho para a IECLB?

“Sonho que achemos formas de aperfeiçoar o nosso anúncio, ajustar o nosso acompanhamento para que tantos membros não andem tão pouco ligados às suas Comunidades, pois temos muita responsabilidade no cuidado deste mundo que Deus nos permite desfrutar. Que Deus possa ver em nós e na nossa querida IECLB uma vida que pulsa e busca retribuir pelo tanto que nos dá”, deseja Luiz Guilherme.

Ralf Gielow, 67 anos, nascido em Jaraguá do Sul/SC, Engenheiro Químico, Servidor Público Federal (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE), casado com Êrica e pai de Ingrid e Igor, pertence à Comunidade de São José dos Campos/SP, Paróquia Vale do Paraíba. “Tento seguir os preceitos da fé, em especial Romanos 12.9-21, sempre me alegrando na esperança, sendo paciente na tribulação e perseverante na oração, lembrando que tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu (Eclesiastes 3.1 e ss)”, declara. Escola Dominical em Jaraguá do Sul, Juventude Evangélica e Juventude Universitária em Curitiba/ PR, Comissão de Construção (Implantação da Comunidade Tesoureiro e Secretário) em São José dos Campos, Conselho Distrital de São Paulo, Conselho Deliberativo da União Paroquial de São Paulo, Presbitério da Paróquia em SJC (Secretário e, atualmente, Vice-Presidente), Conselho do Sínodo Sudeste (atualmente Conselheiro), além de participação em reuniões e assembléias nas diversas instâncias locais e regionais desde o tempo da 1a. Re-

gião são etapas da trajetória de Ralf na IECLB “Sou um dos membros mais antigos da Paróquia, tendo

acompanhado e participado ativamente em toda a sua caminhada desde fins dos anos 70, quando ela era constituída de um Ponto de Pregação da UP São Paulo, em Pindamonhangaba”. Engenheiro Químico com Mestrado e Doutorado, Servidor Público Federal, Pesquisador titular e Docente de Pós-graduação em Micrometeorologia e áreas correlatas, com ênfase nas questões ambientais, incluindo o problema das queimadas, Ralf utiliza a sua experiência profissional, em especial a administrativa, para cumprir as tarefas que assume na Igreja, fazendo uso dos dons e talentos com que o Senhor o agraciou. Quando em viagens a serviço, tenta contatar as Comunidades luteranas locais, com valiosos resultados. Além disso, também busca demonstrar a sua fé nas atitudes no trabalho e com os colegas e alunos, divulgando as posições luteranas, mas sem proselitismo, assegura. Formação e missão são as grandes ênfases do Sínodo Sudeste para 2009, em especial o trabalho

Há tempo para todo propósito debaixo do céu desenvolvido para e com os jovens, bem como a formação de novas lideranças. Os desafios são combinar as diversas realidades e culturas das grandes áreas metropolitanas com as das cidades médias e pequenas, assim como as realidades das áreas rurais do Sínodo, além de incrementar as atividades de missão. “Que A IECLB se estabeleça, adense e firme cada vez mais em todo o território nacional, em especial acima da região Sul, até os mais remotos rincões do País, congregando luteranos e novos simpatizantes do seu modo de ser Igreja de espírito ecumênico” é o sonho de Ralf Gielow para a nossa IECLB.


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