Jornal Evangélico Luterano - Ano 38 - nº 714 - Janeiro e Fevereiro 2009

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JOREV LUTERANO JANEIRO/FEVEREIRO 2009

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - JANEIRO/FEVEREIRO - Nº 714

Tema: Missão de Deus, nossa Paixão Lema: Deus ama quem oferta com alegria - 2Coríntios 9.7b

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Unindo vocações

Culpa e perdão

Amar e doar


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Editorial

Uma história para contar! O ano de 2009 traz com ele uma comemoração muito importante: os 60 anos da IECLB. Para homenagear a nossa Igreja, o Jorev Luterano, jornal nacional da IECLB, criou um selo alusivo à data, que pode ser conferido colorido na capa e preto e branco neste Editorial, para presentear e contar esta história tão especial. Com a assessoria do P. Rolf Droste, Pastor emérito da IECLB, que ingressou no pastorado em 1956, foi Pastor de Comunidade, Diretor da Casa Matriz de Diaconisas, Secretário Geral da IECLB (1986-1994), Diretor Geral da Luterprev e, atualmente, Presidente da Obra Gustavo Adolfo (OGA), nas edições dos meses de janeiro/fevereiro a dezembro deste ano, serão destacados fatos e pessoas que fazem parte do processo de constituição da Federação Sinodal, depois denominada Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Será uma oportunidade para que os membros da IECLB conheçam capítulos importantes da história da nossa Igreja, além de pessoas que estiveram envolvidas diretamente com os acontecimentos e, também, como os Sínodos históricos construíram a IECLB.

Para iniciar esta série de matérias, sempre presentes na página 13, Editoria Comportamento, escolhemos o Instituto Superior de Educação Ivoti, que comemora 100 anos de existência em 2009.

De modo a situar o leitor na caminhada histórica da nossa Igreja, fizemos um apanhado que complementa a matéria sobre os 40 anos de reestruturação da IECLB, apresentada na edição de dezembro do Jorev Luterano pelo P. Rolf Droste. 26 de outubro de 1949 – Os Sínodos constituem a Federação Sinodal com a presença dos representantes dos quatro

Sínodos. É o início da IECLB. 1948/1949 – Os quatro Sínodos aprovaram em suas Assembléias Gerais a ‘Ordem Básica’, que fala no ‘corpo eclesiástico’ Federação Sinodal. 1º de fevereiro de 1950 – Registro dos Estatutos no Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, então capital do Brasil. 14 a 16 de maio de 1950 – I Concílio Eclesiástico. 11 a 12 dezembro de 1954 – II Concílio (os Concílios são realizados de quatro em quatro anos). 26 a 28 de outubro de 1962 – IV Concílio. Adota-se o termo Constituição, em vigor até hoje. No preâmbulo da Constituição, lemos: Constituída em 26 de outubro de 1949, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil... 12 a 16 de outubro de 1966 –V Concílio. Na pauta, a discussão sobre uma reestruturação substancial da IECLB. 23 a 27 de outubro de 1968 – Concílio Extraordinário da IECLB. Na ordem do dia, alteração da Constituição da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e deliberações sobre assuntos decorrentes da alteração. A partir de 1968, houve somente uma direção e uma administração central e geral em e para toda a IECLB.

CARTAS Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/4 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorevluterano@jorevluterano.com.br www.jorevluterano.com.br ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 20,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

Orgulho de ser luterana Sabem por que me orgulho de ser luterana? A grandeza e a prosperidade de uma Nação não dependem da abundância de suas rendas, nem da resistência das suas fortalezas, nem tampouco da beleza de seus edifícios, mas reside no número de pessoas cidadãs que dominam o conhecimento da tecnologia e de pessoas de boa reputação, cultas, patriotas e tementes a Deus - Martin Luther Abraço, Ieda Radünz Porto Alegre/RS Testemunhos Meus cumprimentos pelo bom conteúdo e as matérias equilibradas deste jornal. Como sugestão, poderiam aumentar o número de testemunhos de leigos e Obreiros, pois cada testemunho é um estímulo. Parabéns! Com cordiais saudações, Kurt Benno Eckert Cachoeira do Sul/RS Jorev online Quero parabenizá-los pelo lançamento do Jorev online. Valeu! Oscar Luiz Stumm Por e-mail

Parabéns Olá amigos do Jornal Evangélico Luterano. A serviço da nossa IECLB na Alemanha, em parte acompanhei o Concílio pela transmissão via Internet e assisti ao lançamento do nosso jornal na Internet, o qual nos últimos anos teve significativos e bons avanços, tanto no conteúdo bem como também na diagramação. Recebo por parte da IECLB o jornal. Melhor ficou agora pela Internet. Obrigado! Parabéns! P. Milton Jandrey Por e-mail Este espaço é seu A sua opinião é fundamental no nosso trabalho. Conhecer as suas preferências, ouvir as suas dicas de pauta, as suas sugestões para o jornal e os seus comentários sobre as nossas matérias é muito importante para que possamos sempre oferecer um Jorev melhor para você. Faça o seu Jorev Luterano. Escreva para nós e participe! Estamos esperando seu contato! Rua Senhor dos Passos, 202/4º 90.020-180 – Porto Alegre/RS ou jorevluterano@jorevluterano.com.br

Diário da redação Educação, Diversidade e Cultura Indígena

A Faculdades EST está com inscrições abertas para o curso de Especialização em Educação, Diversidade e Cultura Indígena em parceria com o Comin. O objetivo geral é qualificar Professores, educadores, lideranças, profissionais de outras áreas, ONGs e movimentos sociais para práticas em educação na diversidade, com ênfase em culturas indígenas. A P. Ms. Cledes Markus, que juntamente com o P. Dr. Wilhem Wachholz coordena o curso, explica que a especialização proporciona aprofundamento teórico e metodológico em diversidade para atuação no contexto multiétnico e pluricultural brasileiro. Também oportuniza a atualização de conhecimentos sobre história e cultura indígena e as dimensões étnico-culturais-religiosas do conhecimento. Além disso, proporciona a formação de multiplicadores para o exercício do seu papel transformador na sociedade. Razões para fazer o curso - A Constituição Federal de 1988 é como um divisor de águas. Pela primeira vez, o Brasil se reconhece como um país multiétnico e pluricultural. A sociedade brasileira abre-se para a reflexão inclusiva sobre suas origens históricas e formação social diversa. Esse processo precisa ser difundido no tecido social. Para isso, é necessária formação e sensibilização, mudança de paradigmas e reorientação de olhares. O curso também é oportuno para atender a Lei federal nº 11.465 de março de 2008, que torna obrigatória a inclusão da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo oficial da rede de ensino (pública e privada). Este curso apresenta conteúdos e metodologias que possibilitam importante contribuição nesse processo. As inscrições podem ser feitas, mediante o pagamento da taxa de R$ 50,00, até 5 de janeiro de 2009, junto ao Comin (51 3590.1440 cledes@est.edu.br www.comin.org.br) ou junto a Faculdades EST (51 2111.1486 est@est.edu.br - www.est.edu.br), onde será ministrado o curso.

Capa - Selo comemorativo aos 60 anos da IECLB. Leia matéria especial na página 13 – Editoria Comportamento.


JOREV LUTERANO JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Curtas

Espiritualidade ecumênica A prática da Espiritualidade Ecumênica no Ambiente Hospitalar foi a temática do IX Congresso Brasileiro Ecumênico de Assistentes Espirituais Hospitalares, realizado em São Paulo/SP, no centro de Pastoral Santa Fé, de 27 a 29 de outubro, envolvendo igrejas cristãs do Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sob a coordenação da Associação Cristã de Assistentes Espirituais Hospitalares do Brasil (ACAEHB).

“Renovou-se a confiança no cumprimento da missão em Jesus Cristo. Onde há amor, o Sagrado se faz presente”, afirmou a Pa. Mayke M. Kegel, do Departamento de Assistência Social-Diaconia da Comunidade Evangélica de Joinville/SC. ______.....______

Dia do Luterano No final de outubro de 2007, líderes luteranos de Curitiba/PR se empenharam no sentido de marcar os 490 anos de Reforma Luterana com uma sessão solene na Câmara de Vereadores em que o Vereador Jorge Bernardi fez um pronunciamento destacando os méritos da Igreja Luterana no desenvolvimento cultural, educacional e econômico-industrial da capital paranaense e anunciando a sua intenção de entrar com um projeto de lei para instituir um Dia do Luterano em Curitiba.

No dia 31 de outubro, realizou-se o ato oficial de assinatura da Lei Ordinária 05.00301.2007 pelo Prefeito Beto Richa, no salão nobre da Prefeitura, sancionando a lei que institui o dia 31 de outubro como ‘Dia do Luterano’ no calendário oficial do município de Curitiba, com a presença do Pastor Sinodal do Sínodo Paranapanema, P. Jorge Schieferdecker.

Lideranças ecumênicas O Conselho de Igrejas Cristãs do Rio de Janeiro (Conic-Rio) homenageou lideranças envolvidas com a causa ecumênica e a justiça social no Brasil, em culto celebrado no dia 1º de novembro, na Paróquia Martin Luther.

Campanha Vai - Vem “A celebração proposta para o lançamento da Campanha Vai-Vem foi muito especial”, conta o P. Evandro Meurer, da Comunidade Bom Pastor, de Curitiba/PR. Depois, a cada mês, foi realizado um culto temático sobre missão e reforçada a campanha. Mais um culto temático e foi a vez da confecção de cofrinhos com as crianças do Culto Infantil. “Lançamos o desafio: cada família-membro recebeu um segundo boleto no qual solicitamos a metade da contribuição mensal para a campanha Vai-Vem”, revela o Presidente Ernani Brune.

A solidariedade que não pára de chegar aos desabrigados atingidos pelas chuvas no Estado de Santa Catarina

Desce Pessoas e instituições que se aproveitam das tragédias para obter benefícios financeiros

Foram homenageados o Pastor batista David Malta do Nascimento, Reitor emérito do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, o leigo congregacional Jether Pereira Ramalho, líder conhecido em todo o continente e na Europa, com atuação em diversos organismos ecumênicos, o Reverendo Francisco de Paula Pereira de Souza, da Igreja Presbiteriana Unida, o Pastor luterano Mozart Noronha, da Paróquia Bom Samaritano, o Reverendo Oriel Teixeira, que representou a Igreja Metodista no Conselho Mundial de Igrejas (CMI), e o Padre Geraldo Lima, da Pastoral Operária da Diocese Católica de Nova Iguaçu.

A última ação foi o culto sob o tema Vai e Vem - Missão de Deus, nossa paixão, que animou a Comunidade a realizar a missão de Deus, com paixão, neste mundo. A meta financeira proposta pelo Sínodo à Paróquia Bom Pastor foi ultrapassada, mas muito mais importante foi o envolvimento, a conscientização e a educação para a missão.

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Ensino Religioso Promovido pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper), o X Seminário Nacional de Formação de Professores para o Ensino Religioso, realizado nos dias 3 e 4 de novembro na Universidade Católica de Brasília/DF, teve como tema principal a criação de cursos nacionais de licenciatura plena para o Ensino Religioso.

Procura-se Gustavo Adolfo A Obra Gustavo Adolfo (OGA) vai completar 100 anos em 2010 e não quer comemorar este importante acontecimento sozinha, por isso uma comissão está elaborando um calendário de eventos. Agora, a Comissão quer fazer um levantamento das entidades que levam o nome Gustavo Adolfo no âmbito da I E C L B . Informe onde a OGA pode encontrar Gustavo Adolfo (nome e endereço da entidade e, se possível, foto com boa resolução para publicação). Os nomes fornecidos até fim de março de 2009 poderão ser incluídos no livro do centenário da OGA. Então, mande as informações para Obra Gustavo Adolfo-IECLB, Rua Tomaz

O evento contou com a participação de quase 200 inscritos de vários Estados do Brasil, entre filiados do Fonaper e lideranças comprometidas com o Ensino Religioso nas escolas e nos conselhos estaduais de Ensino Religioso. A Catequista Maria Dirlane Witt representou o Departamento de Educação Cristã da Secretaria Geral da IECLB no evento que também elegeu a nova coordenação do Fonaper cujo novo Coordenador é o Professor Dr. Remí Klein, de São Leopoldo/RS.

Sobe

Flores, 132 – Cep 93.030-260, São Leopoldo/RS, telefone (51) 3589.1098 e e-mail ogaieclb@brturbo.com.br.

Ofertas Nacionais 18 de janeiro 2º Domingo após Epifania Trabalho com Jovens na IECLB

Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus (1Tessalonicenses 5.1618) Os membros do Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje) agradecem, em nome de toda a juventude da IECLB, pelas ofertas para o trabalho com jovens recebidas nos últimos anos. As doações foram de extrema importância para a continuidade das atividades. As ofertas deste dia ajudarão a animar e a sustentar o trabalho daqui para frente, contribuindo para que a juventude se envolva na Missão de Deus, que também é a nossa paixão. As doações vão auxiliar na realização de encontros nacionais da Juventude Evangélica (JE), do Congresso Nacional da Juventude Evangélica (Congrenaje), na produção de materiais e na formação de lideranças jovens em âmbito nacional. Com as ofertas, os membros apóiam e incentivam o trabalho entre jovens na IECLB.

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Atualidade

1517 - 2017: Igreja de Cristo - 500 anos ecclesia semper reformanda

A IECLB foi representada na Conferência da EKD pelo VicePresidente do Conselho da Igreja, Otávio Schüller, pelo Secretário Geral, P. Dr. Nestor Friedrich e pelo Pastor Presidente, P. Dr. Walter Altmann Nos dias 30 de outubro a 1º de novembro, a Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) realizou uma conferência com 23 representantes de Igrejas com as quais tem uma relação de parceria. O encontro aconteceu na cidade de Wennigsen com o objetivo, segundo o Bispo da EKD Martin Schindehütte, de relatar aos visitantes o processo de reforma na EKD e saber quais as respostas que as outras igrejas (Brasil, Estados Unidos, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Namíbia e Suíça) encontraram para desafios semelhantes. “Foi interessante ver como os desafios colocados às igrejas no mundo todo são bastante parecidos. Apesar de algumas particularidades regionais ou nacionais naturalmente diversas, as grandes questões, como redução de número de membros e quebra de tradições, muitas vezes podem ser comparadas. Ser Igreja de Cristo na era da globalização também significa, por isso, aprender uns com os outros”, afirmou Martin Schindehütte, Auslandsbischof da EKD.

A IECLB estava representada pelo Pastor Presidente. P. Dr. Walter Altmann, pelo Vice-Presidente do Conselho da Igreja, Otávio Schüller, e pelo Secretário Geral, P. Dr. Nestor Friedrich, que, na apresentação dos processos de reforma experimentados na IECLB, destacou o Plano de Ação Missionária (PAMI 2008-2012). P. Nestor iniciou o seu relato com algumas questões sobre o processo de mudanças, ou reformas como define, no qual vive a IECLB hoje no contexto brasileiro e que irão incidir incisivamente em seu futuro, afinal, o futuro se constrói no presente, ressalta: - A IECLB, assim como todas as igrejas luteranas, são ‘indispensáveis’ em nossas sociedades. Seu desafio está em mobilizar as energias e redescobrir o carisma implícito na confissão luterana. - A IECLB não nasceu nem é fruto de um projeto missionário. Os primeiros evangélicos luteranos vieram ao Brasil não como missionários e, sim, como imigrantes. Estavam proibidos pelo governo brasileiro de fazer missão. Este passado marca a IECLB até hoje. - Igreja sem missão não tem futuro, trai seu mandato, permanece em dívida com as pessoas. Missão exige tornar a igreja visível e isso requer coragem, identidade confessional clara e objetivos definidos. - Desde 2003, duas palavras permeiam as atividades da IECLB: unidade e planejamento (com vistas à missão e à sua sustentabilidade)! Neste processo de transformações, passos importantes foram dados e estes se traduzem nos eventos nacionais realizados pela IECLB e enumerados pelo Secretário Geral: - PAMI (2000): objetivo de Recriar e criar Comunidades juntos. Trata-se de um marco importante porque é o momento em que a IECLB ousou olhar para o futuro e estabelecer metas para sete anos. - Fórum Nacional da Unidade (2004): objetivo de analisar o atual contexto brasileiro, tomar maior

consciência da base confessional da IECLB e explorar caminhos que possam fortalecer a unidade da IECLB e o seu testemunho em terras brasileiras. - Fórum Nacional Fé, Gratidão e Compromisso (2005): objetivo de avaliar o levantamento de recursos financeiros na IECLB, desencadeando um movimento multiplicador e enfatizando que se trata de um projeto teologicamente ancorado na teologia da graça. - Fórum Nacional de avaliação da Reestruturação (2005): com o objetivo de avaliar a nova estrutura da IECLB aprovada em 1997, este fórum destacou que é inútil tentar definir o perfil da IECLB enquanto não for definido o perfil histórico das suas Comunidades. - Fórum Nacional sobre Missão (2006): objetivo de avaliar a caminhada da IECLB e do Plano de Ação Missionária adotado em 2000. - Fórum sobre Formação Teológica (2008): objetivos de refletir sobre a atividade desenvolvida nos centros de formação e a sua repercussão nas Comunidades. - Missão de Deus-Nossa Paixão (2008): objetivo de ampliar e consolidar a ação missionária da IECLB iniciada em 2000. O Secretário Geral da IECLB explicou, ainda, os objetivos específicos, os temas transversais e as dimensões do PAMI 2008-2012 bem como as ações já realizadas: a Campanha Nacional Vai e Vem (maio a setembro de 2008) e a Matriz Operacional do Plano (outubro de 2008). “O grande desafio dos próximos anos será articular, motivar e conquistar as lideranças em todos os níveis na IECLB, assim como também os membros nas Comunidades, em torno deste Plano de Ação Missionária em processo, de tal modo que, ao final do período, estejamos vivendo melhor e de forma mais organizada e afirmativa a nossa paixão: a missão de Deus no mundo”, declarou P. Dr. Nestor Friedrich, Secretário Geral da IECLB.

O arco-íris e a aliança A grande reação solidária diante do sofrimento causado pelas enchentes de novembro no leste de Santa Catarina nos mostrou que algo pode ter mudado em nosso povo. Em nenhum momento, vimos, ouvimos ou lemos nos meios de comunicação a responsabilização destes ou daqueles por causa das três semanas de chuvas. Nem os moralistas de plantão nem os arrogantes na fé tiveram coragem de sair a público, como seguidamente acontece, para dizer que a chuvarada foi mandada por Deus para castigar este ou aquele. Pobres, ricos e de classe média sofreram o impacto das chuvas. Ela não poupou luteranos, espíritas, pentecostais, católicos, descrentes, etc. A chuvarada não distinguiu prédios públicos, privados ou de igrejas. Os efeitos das chuvas vieram sobre todas as pessoas, indistintamente. Também os demais seres viventes foram atingidos mortalmente. Diante de tanto sofrimento, temia que a palavra dilúvio fosse aparecer com força, como se um deus vingativo viesse aniquilar os pecadores e salvar uma minoria. Esta versão nada bíblica do dilúvio não teve força desta vez. Antes, vingou a promessa do Deus que não mais castigaria as pessoas e os demais seres com um dilúvio (Gênesis 9). Contudo, algumas perguntas ficam pairando

no ar, como De que forma a solidariedade se comportaria se as chuvas tivessem atingido uma região distante e com a qual não temos nenhum envolvimento? Temo que a versão do deus que manda desgraça para uns com objetivo de salvar uma minoria vingaria como argumento para o não envolvimento solidário com as vítimas. Algo semelhante aconteceu quando ondas gigantes afogaram tudo o que se encontrava nas praias dos mares de países de minoria cristã. Não faltaram, entre os cristãos, pessoas que viram nas

A misericórdia de Deus é profundamente ecumênica ondas gigantes (tsunami) um castigo divino aos infiéis que não acreditam em Jesus. Também não faltam, entre certos seguidores de Jesus, aqueles que atribuem a seca no Nordeste ao catolicismo dos santos. A misericórdia de Deus é profundamente ecumênica. Ela não olha para credos, etnias, classe social, nacionalidade ou condição sexual. A solidariedade ao povo de Santa Catarina é um sinal desta misericórdia e de que um outro mundo sem muros é possível. Quem segue lendo os versículos bíblicos que vêm

após a promessa de que Deus não trará mais dilúvio para acabar com toda a carne, percebe a razão da bondade ecumênica de Deus. A terra ainda estava encharcada quando os que foram salvos pela arca de Noé voltaram a pecar. A torre de babel, que foi construída com água do dilúvio, é sinal de que só Deus cumpre a promessa de salvação. A solidariedade persistirá nos longos anos de reconstrução do leste de Santa Catarina ou teremos que dar razão ao escritor Saramago, que nos chocou recentemente com a seguinte frase O ser humano não merece estar no planeta Terra. Os ateus, como Saramago, fazem grandes perguntas que acenam para a nossa forma de explorar a natureza. Se confiarmos tão somente em nossas obras humanas, teremos que dar razão a Saramago. Se olharmos para a bondade divina, as ações de reconstrução continuarão solidárias, o que não dispensa a vigilância constante na distribuição dos recursos.

P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

JOREV LUTERANO JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Novo ano: crise e identidade Albert Camus, Filósofo francês, que viveu uma vida na miséria e que tinha como Evangelho as belezas da natureza, afirmou certa vez que o mundo de hoje exige que os cristãos permaneçam cristãos. Recorreu em sua vida ao sol e ao mar, duas palavras principais em seus escritos, à constatação que o ser humano deve ser sempre de novo lembrado que foi tomado da terra e a terra voltará. Com a Segunda Guerra Mundial, não mais a natureza e as suas belezas, mas o sentido da vida ocupou um lugar prioritário em seu pensamento, culminando na pergunta do Porquê da existencia humana. O sol e o céu permanecem, mesmo que o homem destrua toda vida sobre a face da terra. O mundo – e o seu mal – não se deixa mudar para que tenhamos aqui um paraiso. Temos que viver aqui e agora. O ser cristao e igreja consistem no incondicional e apaixonado amor pelo

mundo, tal como Deus o amou e pelo qual entregou o seu filho ( Jo 3.16). Eis, num novo ano entramos. Aqui e agora, somos convidados em 2009 a viver e a agir, aprender dos reis magos que, orientados pela estrela, não encontraram o Menino em Jerusalém, como tinham imaginado, mas tiveram que deixar de lado seus próprios

Eis, num ano novo entramos... dá que em fé e amor vivamos pensamentos e se dirigiram a Belém, local em que encontraram pobreza e mendicância. Para viver a fé nos dias desse novo ano, é preciso perguntar e confessar, quem é o nosso Salvador, pois a história humana, marcada por crises e desencontros com o Criador, aos poucos vai registrando que a opção do turbo-

capitalismo e do fetiche não conseguiu dar soluções aos nossos problemas, não somente na área econômica. Estamos iniciando um novo ano do Senhor em meio a uma grande crise, financeira e de identidade. Porque nesse mundo o Reino de Cristo se apresenta tão pobre e miserável, devemos ajudar voluntariamente com o nosso dinheiro, bens e tudo que temos, para que o mesmo seja promovido e cresça, pois esse Reino sofre toda sorte de resistência e opressão do diabo e do mundo, disse Lutero. Com justa razão e fiel à sua missão, a IECLB, ao confessar que Cristo permeia todo o kosmos, conclama e convida Deus ama quem oferta com alegria (2 Cor 9.7b).

Carlos Möller Pastor 2º. Vice Presidente da IECLB

Prestação de contas da campanha Vai-Vem

A Presidência da IECLB divulgou a prestação de contas da campanha Vai-Vem, com resultados obtidos até o dia 21 de novembro. A arrecadação total chegou a R$ 546.574,49, do qual uma parte (R$ 69.017,42) foi destinada ao custeio do material de motivação (criação e produção de folder, envelopes, página na Internet, frete para encaminhar material, entre outros itens). O valor que compõe o Fundo de Missão, a partir da campanha, é de

R$ 240.722,24, e o retorno aos Sínodos será de R$ 236.894,42, para aplicação em projetos próprios. Como a campanha ainda prossegue em alguns locais, até o seu final serão compartilhados com as Comunidades novos dados atualizados, Sínodo por Sínodo. “Embora não tenha sido alcançada a meta total, somos profundamente gratos pelo resultado”, afirmou o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann. “Com a campanha, inauguramos uma nova cultura de apoio a projetos missionários que, irradiando o entusiasmo de quem se engajou neste ano, poderá alcançar nos próximos anos um nível ainda maior de apoio à missão com nossos próprios recursos”, finalizou. Em reunião realizada nos dias 21 e 22 de novembro, em São Leopoldo/RS, o Conselho da Igreja decidiu quais serão os projetos missionários a serem apoiados pelo fundo composto a partir

da Campanha Vai-Vem: Apuí, Amazonas (Sínodo Amazônia), Colniza, Mato Grosso (Sínodo da Amazônia), Área Missionária Sul do Pará, Pará (Sínodo Mato Grosso), Rurópolis, Pará (Sínodo Mato Grosso), Vila Rica, Mato Grosso (Sínodo Mato Grosso), Teresina, Piauí (Sínodo Brasil Central), Missão aos Marinheiros, Santos, São Paulo (Sínodo Sudeste) e Matias Velho, Canoas, Rio Grande do Sul (Sínodo Rio dos Sinos). A IECLB mantém ainda 43 projetos missionários com recursos oriundos do exterior. A esses projetos, devem ser acrescidos os projetos dos 18 Sínodos com a parcela da Campanha Vai-Vem que retorna aos Sínodos, conforme sua arrecadação. Outros projetos, embora aprovados, não puderam ser atendidos, porque os recursos disponíveis não são suficientes.

Apelo à solidariedade por Santa Catarina Bondoso Deus, o que nossos ouvidos têm escutado e nossos olhos visto, acerca da calamidade que afetou Santa Cataria nos deixa espantados e tristes. É uma catástrofe natural, que temos dificuldade em entender, mas bem sabemos também que a ação humana, descuidada de tua bela criação, muito tem contribuído para o sofrimento que agora testemunhamos de tantas formas. Conforta enlutados, dá força e ânimo a quem tenha sido atingido e desperta em nós todos um autêntico sentido de solidariedade e cuidado com tua criação. Não nos deixes esquecer o quanto de bom nos dás a cada dia de nossas vidas. Em nome de Jesus Cristo. Amém. Essa intercessão foi divulgada em correspondência encaminhada pela Presidência a toda a IECLB, relativa à calamidade que atingiu Santa Catarina. “Mais do que enchente, deslizamentos de terra, quedas de barreiras e verdadeiras avalanches de lodo deixaram um rastro de destruição e mor-

te. Muitas vítimas fatais foram confirmadas, milhares e milhares de famílias estão desabrigadas, muitas perderam suas casas e terão que começar a reconstrução de seus lares e suas vidas”, escreve o Pastor Presidente. Dr. Walter Altmann. Na IECLB, foram particularmente atingidas famílias e Comunidades no âmbito do Sínodo Vale do Itajaí, mas também dos Sínodos Norte Catarinense e Centro-SulCatarinense e, em menor grau, Paranapanema. A Comunidade de Alto Baú (Sínodo Vale do Itajaí), por exemplo, teve totalmente destruído o seu templo, a sua casa e o seu cemitério. A carta também divulga uma conta bancária para arrecadar dinheiro para auxiliar as vítimas. Favorecido: IECLB Camp Calamidade SC CNPJ: 92.926.864/0001-57 Banco do Brasil - Agência 0010-8 / C/C: 40.000-9

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AGENDA DA PRESIDÊNCIA JANEIRO/FEVEREIRO 18/01 Ordenação Cand. Missionário Elvis Clemente Monte Mor/SP P. Carlos Möller 24/01 Ordenação Cand. Pastorado Diego Freisleben Vila Pavão/ES P. Carlos Möller 25/01 Ordenações Cand. Diácona Ângela Lenke e Cand. Catequista Mônica Ellwanger Laranja da Terra/ES P. Carlos Möller 26/01 Fórum Ecumênico da Água Belém/PA P. Carlos Möller 16/02 Reunião de Representantes dos Centros de Formação e Secretaria de Formação Porto Alegre/RS P. Homero Pinto 17-20/02 CMI - Comitê Executivo Genebra/Suíça P. Walter Altmann 24-27/02 Joint Mission Board Beira/Moçambique P. Homero Pinto 26-27/02 Reunião da Diretoria do CI Porto Alegre/RS P. Walter Altmann

Dinheiro para bancos A destinação de mais de 2 trilhões de dólares pelos governos dos Estados Unidos, da União Européia e da China para salvar bancos, financeiras e companhias de seguro da crise é um escândalo, diz a carta da 13ª Assembléia Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), dirigida às congregações. A carta compara aquele montante com a ‘reposta pífia’ que os países membros da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) deram ao apelo do seu Diretor, Jacques Diouf, para minorar a escassez de alimentos no mundo, que ameaça quase 1 bilhão de pessoas. Dos 22 bilhões de dólares aprovados, a FAO recebeu apenas 2 bilhões de dólares. A Assembléia do Conic esteve reunida de 13 a 15 de novembro, em Luziânia, Goiás, sob o tema Água, fonte de vida e de paz. A água, elemento mais necessário à vida, está ameaçada pela crescente degradação ambiental, pelo seu uso predatório, pelo desperdício e pela “sua conversão no mais rentável negócio internacional nos dias de hoje, ao mesmo tempo em que escasseia para os mais pobres”.


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Ministério

Um casal que coloca os seus dons a serviço de Deus por meio da Comunidade P. Valdir Rodolfo Gromann, 35 anos, natural de Maravilha/ SC, e Pa. Dione Carla Baldus, 32 anos, natural de Toledo/PR, são pais de Heloísa e, na IECLB, exercem o pastorado na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Vila Nova, no Sínodo Rio Paraná. Em que momento descobriram a vocação para o pastorado? P. Valdir - Creio ser difícil precisar um momento em que me senti vocacionado, tendo em vista que a vocação foi surgindo a partir do trabalho comunitário principalmente com a participação na JE. Pa. Dione - Minha vocação surgiu e foi motivada pela participação ativa na Paróquia e na Comunidade de Tangará da Serra/MT e pelo incentivo e apoio do Pastor Lauri Becker. Como foi o início do caminho ao pastorado? P. Valdir - O início dos estudos foi marcado pela novidade de estar em outro lugar e a saudade da família, mas a adaptação foi facilitada pelo envolvimento na Comunidade de São Leopoldo e no Centro Acadêmico da EST. Relembro com alegria os bons tempos da EST e do pastorado nestes meus seis anos e seis meses de atuação no Ministério. Pa. Dione - Optei em estudar Teologia e, em menos de seis meses deixei pra trás a família, os amigos, a Faculdade de Administração e o emprego. Fui em

busca de conhecimento e confiante que Deus proveria o que fosse necessário, inclusive financeiramente, e, no início de fevereiro, completo cinco anos de Ministério Pastoral.

Quais são as atividades na Paróquia de Vila Nova? Somos uma Paróquia de quatro Comunidades, 702 pessoas e um campo de trabalho ministerial, o qual é dividido entre nós. As atividades neste contexto possibilitam a participação em cultos, grupos de OASE, JE, Culto Infantil, encontros de Advento e Quaresma, Estudos Bíblicos, Casais Reencontristas, grupo paroquial de Ensino Confirmatório, duas equipes litúrgicas para o Tríduo Pascal, além de inúmeros retiros e seminários envolvendo jovens, mulheres, casais e crianças. É muito bom trabalhar numa Paróquia que está organizada e financeiramente estável. O fato de ser uma Paróquia com poucos membros facilita os relacionamentos e dá abertura para que muitas pessoas possam colocar seus dons a serviço de Deus por meio da Comunidade. Somos pessoas que viemos de uma prática comunitária ativa, anterior à decisão pelo pastorado, e isso nos ajuda muito na vida comunitária e nas prioridades de trabalho pastoral a serem desenvolvidas. Qual foi a inovação no trabalho com casais? Dentro deste Sínodo, demos início ao Reencontro Paroquial de Casais e expandimos este trabalho para a Paróquia de Toledo/PR que, por sua vez, expandiu para Cascavel/PR. Colhemos muitos frutos deste trabalho. O Reencontro aproximou as lideranças comunitárias aumentando a amizade e a troca de visitas. Permanecemos reunindo os reencontristas semestralmente e, no final do ano, temos um culto especial com confraternização que envolve todos os grupos.

De que forma vocês utilizam o conhecimento na área de Aconselhamento e Psicologia Pastoral? A demanda é diária e urgente, mas nem sempre são situações fáceis de enfrentar. O curso nos trouxe um grande crescimento pessoal e, no dia-a-dia, esse crescimento pessoal se expande para as pessoas por meio de aconselhamento, visitação e convivência, muitas vezes gerando vínculos entre as pessoas e fortalecimento comunitário. P. Valdir, qual é o foco das suas atividades como Orientador Sinodal da JE? No trabalho com a JE no Sínodo, tenho procurado fazer com que os jovens se apaixonem pela Igreja. Para tanto, procuro possibilitar espaços de convivência, formação e vivência da espiritualidade. Isso acontece nos retiros dos Núcleos e do Sínodo. Tenho realizado uma coordenação compartilhada com os jovens tanto no Conselho Sinodal da Juventude Evangélica (Cosije) como na coordenação do Acampamento Repartir Juntos (ARJ), fazendo com que os jovens organizem o seu jeito de caminhar dentro Igreja. Se queremos sonhar com uma Igreja viva e atuante, temos que nos empenhar para acolher e integrar os jovens dentro da Igreja de forma que possam ser instrumentos de missão. Pa. Dione, a partir do seu envolvimento com o Jornal Partilha, considera a comunicação um instrumento de missão? Desde 2004, participo na equipe editorial do Partilha e, sem dúvida, a comunicação faz parte das nossas vidas e, junto com uma boa formação confessional, pode ser um ótimo instrumento de missão. Nesse sentido, nós, como Igreja, precisamos ser mais ousados quando agimos a fim de incluir os meios de comunicação como uma forma de dar testemunho cristão e mais visibilidade à nossa Igreja.

Implementação da Secretaria da Ação Comunitária na IECLB O provimento da Secretaria da Ação Comunitária foi homologado pelo Conselho da Igreja em sua reunião de 25 e 26 de julho de 2008. Para a função de Secretária foi convidada a Diácona Ingrit Vogt. Além de responder pela área de projetos missionários, a Secretaria inclui a Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias, coordenada por Sabrina Bolla, e a Coordenação de Diaconia, coordenada pela Diácona Leila Schwingel, com dois programas: Diaconia Inclusão, coordenado por Sharlene Leber, e Voluntários de Missão, coordenado pela Diácona Simone Voigt.

Sabrina Bolla - Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias, Ingrit Vogt – Secretaria da Ação Comunitária, Sharlene Leber - Diaconia Inclusão, Leila Schwingel - Coordenação de Diaconia e Simone Voigt - Voluntários de Missão

A Secretaria da Ação Comunitária está voltada para os Sínodos, mas também quer ser espaço de articulação e diálogo para organizações com vínculo confessional com a IECLB. As principais funções que a Secretaria desempenha são: - orientar e assessorar administrativamente nos assuntos referentes à Ação Comunitária; - contribuir para a dinamização das atividades da Igreja nos assuntos referentes à Ação Comunitária; - coordenar seminários e prestar assessoria aos Sínodos em temáticas da área de abrangência da Secretaria e das Coordenações; - administrar o encaminhamento às agências doadoras dos projetos de financiamento e missionários, solicitados pelos Conselhos Sinodais.


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Presbitério

Como cristãos, devemos ser exemplo de vida e, principalmente, obra do Senhor Qual é a sua relação com a fé? A fé me fortalece no dia-a-dia e nas dificuldades que surgem. A fé me anima a trabalhar na profissão e nas tarefas da Igreja. A fé em Deus me orienta a manter a boa ética, a conduta e a honestidade. Quando isso acontece, tenho uma sensação muito boa de gratidão a Deus. Na IECLB, qual é a sua caminhada? Eu sou membro luterano de berço, acomodado na Comunidade de Londrina/PR. Certa vez, fui convidado para aceitar um cargo no Presbitério e arranjei a desculpa de que teria alguém mais capacitado. Em seguida, o Pastor, sem saber do meu caso, falou exatamente isso na prédica, que a desculpa é dizer que o outro tem mais condições. Em casa, falei para a minha esposa que nunca mais diria não. Foi difícil aceitar um cargo na Igreja e, agora, está difícil deixar. Atualmente, me sinto muito bem por poder contribuir com os meus dons na Igreja. Meu foco é realizar as tarefas na Igreja com muita responsabilidade, dedicação, honestidade, transparência e organização para poder fazer da melhor forma possível. Como cristãos, devemos ser exemplo de vida e, principalmente, obra do Senhor. Que cargos já ocupou na Igreja? Vice-Secretário, Vice-Presidente e Presidente da Comunidade de Londrina, Delegado ao Concílio Distrital, Conselho da Paróquia de Foz do Iguaçu, Suplente, Representante e VicePresidente do Conselho Sinodal,

Rolf Leitzke, 51 anos, nascido em Maripá/ PR, Classificador de Produtos Vegetais, é casado com Avenilda e pai de Tatiane e Airton. Na IECLB, é Presidente da Paróquia de Foz do Iguaçu, Representante no Conselho do Sínodo pela Paróquia de Foz do Iguaçu e Coordenador do Conselho de Formação do Sínodo Rio Paraná. Coordenação da reforma do estatuto e regimento do Sínodo Rio Paraná, 2º Suplente no Conselho da Igreja, 1º Suplente no Concílio da Igreja, Presidente da Comunidade Missionária em Foz do Iguaçu, Vice-Presidente e Presidente da Paróquia de Foz do Iguaçu. Atualmente, sou Presidente da Paróquia de Foz do Iguaçu, Representante no Conselho do Sínodo pela Paróquia e Coordenador do Conselho de Formação do Sínodo Rio Paraná.

Na Comunidade e na Paróquia, quais eram as suas atividades? Muitas conquistas foram realizadas nestes dois anos. Além do término da construção do templo da Comunidade, tive um mandato com intensas atividades burocráticas nos cartórios, pois tínhamos uma casa adaptada em templo. Era um imóvel de loteamento irregular, mas a Prefeitura legalizou e nós também fizemos a nossa parte. Agora, o salão comunitário e as salas de culto infantil estão em obras. Na Paróquia, também houve muita burocracia e dificuldades nos cartórios, mas somos, hoje, uma Paróquia estruturada, oficializada com CNPJ e conta em banco. 2008 foi de muita dedicação e atividades na Igreja. Fico feliz por ter conseguido fazer tudo isso com orientação e benção de Deus. Na coordenação do Conselho de Formação do Sínodo, quais são as suas responsabilidades? No Sínodo Rio Paraná, não temos um Pastor Assessor Teológico ou de Formação. Para suprir, em parte, esta carência, foi instituído um Conselho de Formação, do qual sou o Coordenador, um grupo de nove representantes de Comunidades, departamentos e da Diretoria Sinodal. Sinto uma responsabilidade muito grande em contribuir nesta área, pois a carência de conhecimento bíblico, confessional e formação de lideranças é bastante grande. Estamos tendo muitas dificuldades, mas, com dedicação e colaboração, obtendo resultados significativos. Neste mundo moderno do mercado

multirreligioso, é fundamental que o luterano tenha conhecimento bíblico e confessional para ter discernimento. Temos que saber quem somos e no que cremos. Como Vice-Presidente do Conselho Sinodal, qual é o saldo da sua experiência? A experiência foi muito boa. Aprendi bastante e adquiri mais experiência, principalmente porque tive uma visão de Igreja fora da Comunidade, ou seja, na parte de administração intermediária (Sínodo) e central (sede da IECLB). Com isso, percebi a importância das atividades realizadas na sede, que, muitas vezes, não damos muito valor, por falta de visão. Atualmente, tenho conhecimento da estrutura da Igreja como um todo e sei que todas as instâncias são importantes e necessárias, por isso precisamos de pessoas dedicadas e compromissadas em todos os níveis. Quais são as maiores dificuldades encontradas na região? A maior dificuldade da região é a falta de preparo dos membros, conhecimento e compromisso. Precisamos ter mais gente ajudando de maneira a diminuir a sobrecarga de alguns. Para isso, estamos investindo na área da formação para suprir a carência do conhecimento bíblico na formação de lideranças, colocando à disposição material e realizando eventos, como cursos e palestras. A ajuda dos departamentos e setores também está sendo muito importante.

Financeiro Responde - Inicia 2009 Por isso mesmo façam todo possível para juntar a bondade à fé que vocês têm. À bondade, juntem o conhecimento e, ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio, juntem a perseverança e, à perseverança, a devoção a Deus (2 Pedro 1.5-6) Estamos iniciando um ano novo, 2009. Com ele, renascem esperanças, expectativas, metas, desafios e novas propostas. Com a reestruturação da Secretaria de Finanças da IECLB no final do ano passado, ainda continuamos apreensivos e aprendendo novidades diariamente. Novos desafios trazem novas expectativas, mas acompanhadas de novas responsabilidades. Queremos aproveitar este meio de comunicação da nossa Igreja para nos colocar à disposição de Sínodos, Paróquias, Comunidades e, principalmente, dos membros, pois são vocês a razão única da existência desta estrutura. Um abençoado e próspero ano de 2009 são os votos da equipe da Secretaria de Finanças. Não podemos deixar de citar a maravilhosa corrente de solidariedade para fazer frente à calamidade que se abateu sobre Santa Catarina, em especial sobre o Vale do Itajaí e arredores, cuja resposta vem sendo dada nas mais diversas formas de auxílio e de todos os cantos do Brasil.

O povo brasileiro, independentemente de raça, credo ou partido político, juntou e uniu as mãos para amenizar o sofrimento dos nossos irmãos de Santa Catarina. A IECLB também lançou a sua Campanha para arrecadação de auxílio financeiro em prol dos flagelados no nosso Estado vizinho superando as nossas expectativas. Informações Subsistência Básica de Obreiros R$ 2.057,00 850 UPMS Adicional Previdenciário R$ 399,30 165 UPMS UPM Projetada para janeiro/09 R$ 2,42

Indicadores Financeiros UPM Janeiro/2009 = 2,4334% Índice Dezembro/2008 = 0,19% Acumulado do ano = 8,19%


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UNIDADE

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Mulheres

A IECLB deve ser uma Igreja acolhedora e aberta às mulheres Rejane Beatriz Johann Hagemann, 45 anos, natural de Crissiumal/RS, casada há 24 anos com Sergio Hagemann, mãe de Thaís Raquel, Anelise e Daniel, é Pedagoga com especialização em Psicologia e Aconselhamento. Na IECLB, é Secretária da Comunidade, Coordenadora da OASE do núcleo Sudoeste, Presidente da OASE Sinodal, integrante do Conselho de Formação Cristã Contínua do Sínodo e Secretária do Conselho Sinodal do Sínodo Rio Paraná. Quais são as suas atividades desempenhadas na Igreja? Já exerci as funções de Secretária da OASE, Presidente e Vice- Presidente da OASE (grupo de Pato Branco) e Tesoureira da Comunidade de Pato Branco. Atualmente, sou Secretária da Comunidade, Coordenadora da OASE do núcleo Sudoeste, Presidente da OASE Sinodal, integrante do Conselho de Formação Cristã Contínua do Sínodo e Secretária do Conselho Sinodal do Sínodo Rio Paraná. Como é o trabalho com mulheres no Sínodo Rio Paraná? É uma atividade que procuro realizar com amor e carinho, pois as nossas mulheres são muito especiais. É um trabalho intenso, motivador, gratificante e cheio de alegrias. A motivação, a valorização da mulher, o amor a Deus e a minha Igreja são as principais frentes e a confessionalidade e identidade da mulher luterana, os principais temas. O mais importante é a Palavra de Deus. Que elas ouçam, falem, pratiquem cada vez mais a Palavra e que estejam preparadas para levá-la adiante. Que as mulheres sejam missionárias dentro e fora das suas casas. A participação das mulheres no Sínodo Rio Paraná é ativa? Muito ativa. Mulheres no verdadeiro sentido de comunhão, testemunho e serviço, estão presentes em vários departamentos, Diretorias de Paróquias e Comunidades e são muito valorizadas dentro do Sínodo. Em sua maioria, são mulheres humildes, porém sábias. São mulheres de força, dotadas de vários dons e incansáveis na sua luta por um mundo melhor. São verdadeiras formiguinhas. Qual é o seu papel como Presidente Sinodal da OASE? O meu papel na OASE é de muita responsabilidade, pois a OASE é formada por mulheres maravilhosas que batalham por um mundo melhor e cabe a mim motivar esse grupo, valorizálas e incentivá-las a buscarem sempre o melhor para elas e para a OASE. Devo

ser a mola mestre que impulsiona a OASE do Sínodo. O que a sua vivência pessoal e profissional contribui para a atividade junto às mulheres? Diria que conquistei espaço na vida pessoal e na Igreja pela minha dedicação, pelo meu trabalho, pois tudo o que faço, faço de coração. Se hoje tenho o meu espaço, agradeço, em

A minha fé é expressa por meio do testemunho e do serviço. Ela também se reflete no meu relacionamento para com Deus, com minha família e com as demais pessoas, afirma Rejane Hagemann

primeiro lugar, a Deus, pois é Ele que me conduz. Agradeço também ao meu marido e aos meus filhos, que caminham ao meu lado. Agradeço, ainda, a essas mulheres maravilhosas que formam a OASE do Sínodo Rio Paraná, só aumentando a minha responsabilidade junto a essas pessoas. O que pensa sobre a participação feminina na gestão da Igreja? Vejo que é um processo relativamente novo e que ainda há certa resistência quanto à participação feminina na gestão da IECLB, pois, em muitos casos, as mulheres não possuem apoio, não são incentivadas. No entanto, isso está mudando. No Sínodo Rio Paraná, é diferente. As mulheres possuem espaço e se fazem presentes. A atual Diretoria do Conselho Sinodal é formada por 50 % de mulheres e 50 % de homens, o que muito me alegra. Qual é o papel da Igreja junto ao público feminino? A Igreja deve ser motivadora e

acolhedora, procurando incentivar as mulheres a se envolverem nas mais diversas instâncias da IECLB. Existem muitas mulheres que necessitam ser convocadas, motivadas a assumirem uma liderança mais participativa, para que elas possam sentir o agir de Deus em suas vidas. Nós que estamos à frente de um departamento ou conselho devemos semear com fé e amor, assumindo o nosso papel de líder, aconchegando e estimulando essas novas lideranças que chegam, pois a participação das mulheres na Igreja é fantástica. São elas que assumem, na sua maioria, os diversos departamentos das Paróquias e Comunidades, sempre à frente, planejando, trabalhando e auxiliando onde podem. Há inovações no trabalho com as mulheres no Sínodo Rio Paraná que podem ser repassadas para outros Sínodos? No Sínodo, realizamos os Seminários de lideranças da OASE em cada núcleo. São encontros com dois dias em que as mulheres se reúnem para ouvir a Palavra e curtir momentos de descontração. Uma vez por ano, participam as mulheres da OASE e de outras denominações religiosas para compartilhar assuntos do cotidiano. Também são oferecidos cursos e oficinas de artesanato para que as mulheres participantes aprendam e, posteriormente, repassem os novos conhecimentos para os seus grupos de origem. Também procuramos investir em formação junto às mulheres, motivando-as e desafiando-as a colo-

No Sínodo Rio Paraná, as mulheres possuem espaço e se fazem presentes. A atual Diretoria do Conselho Sinodal é formada por 50% de mulheres e 50% de homens

carem os seus dons a serviço da seara do Senhor, por isso valorizá-las é algo muito precioso. Nesse sentido, devemos motivar e incentivar a participação das mulheres. Devemos ser uma Igreja acolhedora e aberta, que não apenas aceite, mas, e principalmente, valorize a participação feminina.

Não à violência A Coordenação do Fórum da Mulher Luterana da região sul do Brasil, frente à responsabilidade assumida junto à IECLB de debater e tratar de um assunto bastante delicado, Não à Violência, organizou um Seminário Intersinodal nos dias 28 e 29 de novembro de 2008, em São Leopoldo/RS. Sob o tema ‘Fermentando relações de respeito e amor a todos: mulheres e homens por igual’, o Seminário contou com a participação dos Sínodos Taquarí, CentroCampanha-Sul, Sul-Rio-grandense e Rio dos Sinos, que recebeu a incumbência de sediar o evento, enriquecendo o conteúdo das propostas nas oficinas e momentos meditativos e devocionais.

Após a saudação e a abertura oficial com a mensagem do Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos, P. Enos Heidemann, buscou-se aprofundamento das expressões Emoção x Motivação, com a Psicóloga Hertha C. Scherer. Meditação e distribuição de ingredientes levaram a trabalhar o tema Fermentar... no dia seguinte, quando Vera Roth e Ieda Radünz conduziram uma oficina em comunhão. Também foi marcante a presença da Pretora Elma Puntel falando dos direitos que assistem especialmente às mulheres quando na hora do amparo pelas leis vigentes e, em especial, sobre a questão ‘Maria da Penha’. O Seminário foi oportunidade, ainda, para o estudo bíblico: ‘Maria e Marta, como somos Martas ou Marias?’, um belo momento de introspecção. “Como Fórum de Reflexão, buscamos despertar e reavivar nosso compromisso ao compartilhar experiências e buscar por amparo e compreensão no âmbito da IECLB. Nosso desejo é formar lideranças femininas preparadas para bem representar o luteranismo no Brasil e no mundo”, afirma Ieda Radünz, uma das lideranças do Fórum da Mulher Luterana.


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Fé Luterana

Um olhar sobre confissão e absolvição O perdão da culpa reconhecida restabelece a comunhão com Deus e com o meio em que vivemos (Nossa Fé – Nossa Vida). Para falar sobre confissão e absolvição, convidamos o P. em. Nelso Weingärtner, que exerceu o pastorado em Santa Isabel, Timbó e Blumenau, trabalhou em pesquisa histórica na R.E. II, foi Evangelista em tempo parcial, Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí e Presidente do Conselho Curador da EST. Em 2005, fez pósgraduação em Psicologia e Aconselhamento Pastoral e, atualmente, presta atendimento nesta área. Também participa o P. Lothar Carlos Hoch, que estudou Teologia na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo/RS, e no Luther Theological Seminary, em Saint Paul, Minnesota, USA. É Doutor em Teologia pela Philipps Universität, Marburg/Alemanha, e Pastor da IECLB. Atua como Professor

titular da Faculdades EST, onde foi Reitor entre 1999 e 2006. Contribui, ainda, o P. em. Gerd Uwe Kliewer, formado em Teologia, com doutorado em Marburg, Alemanha, foi Professor na EST, Pastor de Paróquia, Pastor Distrital e Secretário Geral da IECLB. No momento, está morando na Colônia Witmarsum, em Palmeira/PR, onde ajuda nos trabalhos da Paróquia. Finaliza esta reflexão o P. Julio Cézar Adam, Bacharel em Teologia pela EST e Doutor em Teologia pela Universidade de Hamburgo, Alemanha. Hoje, trabalha como Pastor escolar na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo/RS (IENH), onde é Professor de Didática do Ensino Religioso no curso de Magistério e de Filosofia e Desenvolvimento de Pessoas no Ensino Superior. A partir de março, trabalhará também com a disciplina Culto Cristão na Faculdades EST.

O que é confissão

Por que valorizamos a confissão

Pastor emérito Nelso Weingärtner

Pastor Lothar Carlos Hoch

No culto luterano, a confissão dos pecados e a absolvição preparam a Comunidade para experimentar a verdadeira comunhão com Deus e uns com os outros. Primeiro, o pecador se coloca diante de Deus e confessa que a sua vida foi manchada por pensamentos, sentimentos e ações que não podem subsistir perante Deus. Depois, Deus anuncia, por meio do celebrante, que os pecados estão perdoados. Martin Luther acentua que o pecador recebe o perdão dos seus pecados unicamente por causa da morte expiatória de Jesus Cristo, que morreu na cruz em nosso lugar. Na confissão, o cristão se descobre como pecador e é movido em direção a Cristo para receber perdão e experimentar a vida renovada. Não recebemos o perdão dos pecados e a vida renovada por causa do nosso arrependimento ou por causa da sinceridade na confissão, o perdão nos é concedido única e exclusivamente por causa de Jesus Cristo que tomou sobre si o nosso pecado. Quem entendeu esses dois momentos da confissão, dirige-se ao culto dominical como alguém que vai tomar banho – antes do banho, ele se sente suado e sujo e, depois do banho, ele sai limpo e renovado. Observei esta realidade durante muitos anos. As pessoas que participavam do culto vinham com uma expressão de angústia e, após a confissão e o anúncio do perdão, a expressão desanuviava. Também a confissão individual não deve ser esquecida. Muitas pessoas que recorrem a Psiquiatras durante anos, sem encontrar alívio para as suas angústias, experimentam alívio e cura na confissão individual e na absolvição que lhes é anunciada. Para refletir, leia 1 João 1.5-10

Nós, luteranos, valorizamos a confissão por ela ser um dos pilares importantes da fé evangélica e por ser claramente testemunhada pelas Sagradas Escrituras. A confissão resulta da nossa consciência de sermos imperfeitos e de podermos, a qualquer hora, ‘cair em tentação’, como diz o Pai Nosso. No entanto, só teremos consciência da nossa imperfeição se estivermos dispostos a olhar para dentro de nós mesmos e a fazer autocrítica, ou seja, se formos honestos conosco mesmos. Enquanto não fizermos isso, tentaremos permanentemente responsabilizar os outros pelos nossos erros e pelo mal que acontece conosco. A confissão de pecados só será eficaz se ela partir de um coração contrito (em latim, contritio cordis). Em síntese, nós luteranos confessamos os nossos pecados diante de Deus, diante do nosso próximo e de nós mesmos, porque, se não admitirmos os nossos erros e a nossa culpa, não teremos condições de crescer na fé de uma forma sadia. Pessoas que deixaram de pedir perdão a uma pessoa distante ou já falecida, podem vir a sofrer terrivelmente porque não aproveitaram para admitir a sua culpa e para se reconciliar com a mesma, enquanto tinham a oportunidade para fazê-lo. Nestes casos, é fundamental que tal pessoa seja motivada a confessar a sua culpa perante Deus, eventualmente na presença do Pastor. Este ato pode ser seguido pela celebração da Santa Ceia. Para refletir, leia Salmo 51.17

Para quem fazer a confissão

Onde confessar culpas e pecados

Pastor emérito Gerd Uwe Kliewer

Pastor Julio Cézar Adam

Um membro me explicou: “Quando fiz algum mal e estou com a consciência pesada, eu oro a Deus, confesso o mal que fiz e peço perdão. Sei que Ele me perdoa. Não preciso envolver outra pessoa. Fica entre mim e Deus.” Claro, ele não falava de crimes hediondos. Mesmo assim, será que é tão simples livrarse de um peso na consciência ou apenas a abafamos? Perdoamos a nós mesmos. Deus, porém, costuma usar outra pessoa para comunicar-nos o perdão de pecados e a absolvição. A confissão coletiva antes da celebração da Ceia traz algo mais: a absolvição anunciada pelo oficiante, em nome de Deus, aos que se arrependem e querem mudar. Será que, então, está tudo resolvido e a paz com Deus restabelecida? Como fazer se a consciência não se dá por satisfeita? Precisamos pedir a um confessor que ouça a nossa confissão. Pode ser qualquer pessoa com fé cristã, de nossa confiança, discreta e que saiba ouvir. Ela ouvirá o que nos aflige, nos aconselhará e, se perceber que nos arrependemos, nos anunciará o perdão e a graça de Deus. O confessor não precisa ser Pastor, mas, em casos em que o fato confessado pode prejudicar quem confessou ou magoar outros, é aconselhável dirigir-se a um ministro religioso, pois foi treinado para lidar com tais situações e está sujeito ao sigilo da confissão, não podendo revelar a ninguém o que lhe foi confiado, nem ser obrigado por alguma autoridade. Se, com os meus atos, prejudiquei alguma pessoa ou causei-lhe dano, cabe-me também confessar a ela e reparar o mal que fiz, se for possível. Para refletir, leia 1João 1.5-10

Antes da Reforma, a confissão de pecados e a penitência era um sacramento para os católicos, o sacramento da penitência, que tem seu lugar mais visível no confessionário, prática que os irmãos católicos mantêm até hoje. Diante dos abusos deste sacramento na Idade Média, Lutero o aboliu como tal. A Confissão de pecados foi parar dentro do culto: substituindo parte da oração preparatória, logo no início do culto e dentro da Santa Ceia. Na liturgia de entrada, a chamada Confissão de pecados desempenha um papel bastante relevante para a celebração, como uma oração preparatória. O cuidado que devemos ter é entender que não é esta oração que nos torna dignos de participar do culto. O perdão é anterior a qualquer culto (J.J. von Allmen). Somos sempre ‘simultaneamente justos e pecadores’ (Lutero). Ligar a Confissão com a Santa Ceia desvirtua o seu sentido, fazendo dela um rito de absolvição individual e não a celebração de ação de graças por tudo que Deus fez, faz e fará pela sua comunidade, sentido que foi construído antes de Lutero, já na comunidade do Novo Testamento. Outro local da Confissão é junto ao Pastor. Não temos o confessionário, mas é extremamente saudável para a pessoa e para a fé podermos confessar a culpa para alguém e receber uma palavra de absolvição. Além disso, temos que dizer que o lugar central da confissão da culpa é o próprio coração da pessoa e que nossa fé luterana nos ensina a ter em Deus nosso principal confessor, que já conhece nossos atos e palavras, antes mesmo que eles sejam realidade. Para refletir, leia João 20.19-23


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Geral

Doação de órgãos: um ato de amor e solidariedade - I No Brasil é crescente a demanda por órgãos para transplantes. Contudo, muitos órgãos saudáveis, que poderiam salvar a vida daqueles que se encontram nas listas de espera, são perdidos devido a preconceitos familiares, falsas compreensões do que vem a ser morte cerebral e à contra-indicação médica no potencial doador, em decorrência de diagnóstico tardio da morte encefálica. Outro fator que prejudica a captação de órgãos são conceitos religiosos que levam pessoas a se posicionarem negativamente. No Brasil, há apenas 3,7 doadores por 1 milhão de pessoas/ano. Destes, apenas um quarto se torna doador de órgãos, gerando um quadro que causa grande angústia naqueles que se encontram nas listas de transplantes, sendo que uma única Como funciona o trabalho na pastoral da Consolação? A Pastoral da Consolação foi criada em 1999. Partiu da constatação do Conselho de Administração do Cemitério Luterano de Curitiba ao perceber que inúmeras famílias concessionárias não mais integravam nenhuma igreja e, quando dos casos de óbito, solicitavam a presença ou demonstravam ansiedade e desejo de ter a presença de um ministro religioso para acompanhá-los. Os ofícios de sepultamento são realizados de acordo com a liturgia da Igreja luterana. Após os sepultamentos, as famílias são visitadas e sempre convidadas paa participar dos cultos celebrados na capela do próprio cemitério, aos domingos, onde acontece a oração em memória. Muitas destas pessoas atendidas tornam-se freqüentadoras. Foi a partir destas pessoas que se criou, em 2006, a Comunidade da Consolação, que se reúne no mesmo local e conta, atualmente, com 74 membros inscritos. Desde o começo, a pastoral tinha a função de acompanhar o trabalho de Capelania no Hospital Evangélico de Curitiba e também no Hospital de Clinicas da UFPR. A partir disto, passamos a ter assento no corpo de capelães do Hospital Evangélico, que conta com a minha atuação e da

doação pode vir a melhorar a qualidade de vida de até 25 pessoas. Para que as barreiras sejam transpostas, faz-se necessária a constante discussão destes aspectos dentro do âmbito social, religioso e familiar. A posição frente à doação de órgãos deve ser debatida sem preconceitos, de forma clara, por todas as pessoas, levando sempre em consideração as diferenças culturais e religiosas. “Doar órgãos é um ato humanitário permeado pela solidariedade humana. Como tal é de suma importância a participação da Igreja e suas Comunidades, uma vez que este tema ainda é pouco abordado nestes meios, por isso é premente a discussão de aspectos bíblico-teológicos que muitas vezes impedem a concretização da doação. Isto é tarefa de toda Igreja que se coloca a serviço da vida digna, plena e abundante (João 10.10b)”, afirma o nosso entrevistado, Pastor Odair Braun, atuante em Curitiba/PR desde 2000 e, até fevereiro de 2008, Capelão do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Desde então, é Gerente de Atendimento ao Cliente, tendo a atribuição de coordenar a Ouvidoria, Serviço Social, Psicologia Hospitalar, Grupo de Humanização e toda área de internação, realização de exames, recepção do Pronto Socorro e ambulatórios. Na Pastoral da Consolação, é responsável pelos ofícios de sepultamento e, em conjunto com a Pastora Vera e a Pastora Aline, celebra os cultos dominicais na Comunidade da Consolação. (Esta matéria será apresentada em duas partes: parte I nesta edição, janeiro/fevereiro, e parte II na próxima edição, março).

Pastora Ana Paula Genehr. Logo se percebeu que seria importante ter uma pessoa em tempo integral para o Hospital das Clínicas e a Pastora Vera Maria Immich veio a ocupar o trabalho de capela do Hospital de Clínicas. Qual é a sua participação no Hospital Evangélico de Curitiba? Sou o primeiro Obreiro deste trabalho e integro o Conselho de Administração do Cemitério Luterano. Sou responsável pelos ofícios de sepultamento, visitas aos luteranos vindos de outras cidades e Estados

para tratamento em Curitiba e faço parte da Capelania do Hospital Evangélico de Curitiba, sendo responsável pela Ouvidoria do referido hospital e por toda área de atendimento ao cliente. Nos oito primeiros anos, atuei diretamente no acompanhamento dos enfermos, tendo como minha responsabilidade os pacientes das UTIs Geral, Dor Toráxica, Coronariana e Cardíaca.

Com isto, acabei tendo envolvimento direto nos casos de óbitos e principalmente nas situações de morte cerebral. Nos casos de óbito, de que maneira é feita a abordagem dos familiares? No Hospital Evangélico, como o trabalho da capelania acompanha as famílias diariamente nos horários de visita, assim como as informações clínicas dos casos, vai se percebendo quais as situações podem se encaminhar para morte cerebral. Com isto, sabemos como as pessoas pensam, quais suas dúvidas, dificuldades, necessidades, anseios e linhas de pensamento. Sempre que se faz a constatação da morte cerebral, a família é chamada para receber a notícia. Este momento é conduzido por um Médico e por um Pastor. Durante oito anos desempenhei esta função. O Médico explica a parte teórica, os exames e os procedimentos técnicos, caso seja permitida a doação. Ao Pastor, fica a tarefa de permanecer com a família, dialogar sobre as dúvidas que surgiam, levar a família a visitar o seu familiar nas dependências da UTI e mesmo a acompanhar o momento de despedida junto ao leito de UTI. Normalmente, se apresentavam poucas perguntas ao Médico, mas as conversas pastorais eram longas.

Conaje

Uma nova porta se abre Sheila Murgia Eggert Potin Santa Maria de Jetibá Presidente do Conaje Quando uma porta se fecha, outra se abre, mas, geralmente, olhamos com tanta saudade e tristeza para a que se fechou que não vemos aquela que se abriu diante de nós. Alexander Grahm Bell Uma porta se fechou, que é o ano de 2008. Posso afirmar que foi muito agitado o ano que findou, pois, além de muitas atividades na Comunidade e no Sínodo, tivemos toda a organização do 19º Congrenaje e do 5º Fest’Art, que reuniu jovens de todo o país nos dias 20 a 24 de julho, aqui em Santa Maria de Jetibá/ES. Estes jovens deixaram muitas saudades. Olhando para frente, uma porta se abre. Inicia-se o ano de 2009. Convido para olhar para o outro lado desta porta que se abre. O que você vê? O que você pretende ver? É um bom exercício de imaginação! Com certeza, temos muitos planos na vida pessoal, familiar e profissional, mas também na vida em Comunidade e como IECLB. Que este novo ano possa se abrir cheio de esperança à nossa frente e que sintamos a mão amorosa de Deus nos conduzindo com muita alegria, humildade e paz. Que possamos trabalhar para a concretização de eventos planejados e fortalecer a vontade de sempre continuar. Espero que, no retorno das férias, voltemos descansados e animados para dar continuidade aos trabalhos na e da Igreja. Em 2009, teremos datas importantes para viver em comunhão e fazer da Missão de Deus, nossa paixão. Destaco dois momentos importantes no trabalho com a juventude: o Dia Nacional da Juventude Evangélica (21/04) e o Dia de Missão da JE (data conforme escolha do grupo local). O salmista diz Estou certo de que o Senhor está sempre comigo; ele está ao meu lado direito, e nada pode me abalar (Salmo 16.8). Que este versículo conduza nossas vidas em 2009, nos fortalecendo e nos dando a certeza de que nunca estamos sozinhos, em nenhuma situação.


Comportamento

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A Escola Evangélica de Ivoti Iniciando a série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição apresentamos a história da Escola Evangélica Ivoti, que comemora, em 2009, o seu centenário de fundação. O Seminário de Formação de Professores foi criado junto aos Asilos Pella-Bethânia em Taquari/RS, em 1909, por decisão unânime dos membros do XXI Concílio Geral do Sínodo Rio-grandense, precursor da IECLB, sendo uma das alternativas encontradas para oferecer bons Professores para a rede de escolas comunitárias que atendia todas as crianças de origem alemã da comunidade local. Em 1910, o Seminário de Formação de Professores é transferido para Santa Cruz do Sul/RS sob a denominação de Selecta. Em 1913, foi criado o Deutsches Evangelisches Lehrerseminar (Seminário Evangélico Alemão de Professores), que oferecia um curso com duração de três anos, destinado a alunos com mais de 14 anos. Em 1926, o Seminário é transferido para São Leopoldo/RS, ampliando-se a duração do curso para quatro anos e, logo a seguir, para cinco anos de formação.

Asilo Bethânia, em Taquari/RS – prédio que abrigou o Seminário Evangélico de Professores de abril de 1909 a junho de 1910 sob a direção do P. Lic. G. Thieme. A moradia para a família do Diretor e seis estudantes internos foi instalada no sótão e a sala de aula ficava no andar térreo

O Seminário, também chamado de Escola Normal Livre, não era reconhecido pelo Estado. A quase totalidade das aulas era ministrada em alemão, mas os Professores formados deveriam ter condições de ministrar um ensino bilíngüe. Alguns Professores do Seminário eram enviados e mantidos pelo governo

alemão e os Professores brasileiros ocupavam as cadeiras de Língua Portuguesa, História e Geografia do Brasil. A partir de 1927, foram admitidas moças, na época um avanço significativo na tradição da escola teuto-brasileira.

Cênicas, também foi introduzida no currículo. Em 1954, acontece o reconhecimento do curso, por parte da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul, sob a denominação de Escola Normal (Regional) Evangélica, retomando-se, então, a formação de professores vinculada à rede de escolas comunitárias de Ensino Fundamental. No ano de 1966, em função da necessidade de ampliar as suas instalações, a Escola Normal Evangélica (ENE) é transferida para a cidade de Ivoti. Este município, próximo à região metropolitana e com características rurais, ia ao encontro da realidade da futura atuação dos estudantes.

De julho de 1910 a setembro de 1913, o Seminário estava incorporado à Escola Sinodal de Santa Cruz. Em outubro de 1913, o novo Diretor Friedrich Strothmann, tornou-o autônomo, ocupando dois prédios: um com a moradia do Diretor, a cozinha e o refeitório e o outro abrigando os 12 estudantes internos e as salas de aula. As casas estão localizadas na Rua Borges de Medeiros, 598 e 594, ao lado da Praça da Bandeira, em Santa Cruz/RS

O Seminário para Formação de Professores encerrou as suas atividades em 1938 com a chamada ‘política de nacionalização’ do Estado Novo, que não conseguiu implantar uma rede de escolas públicas e tampouco substituir os Professores de fala alemã por Professores de fala portuguesa na rede de escolas comunitárias, ou seja, a nacionalização, na prática, apenas restringiu ainda mais o acesso à escola para as crianças das colônias alemãs. Em 1939, o seminário é transformado em Instituto de Ensino Comercial, abandonando completamente a formação de Professores que, assim, encontrou impedimentos legais definitivos. Em 1948, a Igreja Evangélica Luterana reabriu, nos prédios do extinto Seminário, em São Leopoldo, um curso de formação de Professores com uma turma mista de 12 alunos. Mesmo sem ser oficial, o curso seguia o currículo da Escola Normal Regional, que, conforme a legislação federal, consistia na formação do primeiro ciclo, do 6º ao 9º ano escolar. O curso foi além do disposto na referida lei, ampliando o currículo e a carga horária nas disciplinas de cultura geral. Além disso, adotou o Alemão como a primeira língua estrangeira e, posteriormente, o Inglês. A Educação Artística, sobretudo Música e Artes

A Reforma Luterana e o Luteranismo são inimagináveis sem a escola que promove pessoas a cidadãos livres e capazes para discernir e decidir, dando-lhes todo o instrumental para serem agentes da história. No seu escrito de 1524 Aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs, Lutero disse ‘A maior prosperidade, segurança e força de uma cidade consiste em ter muitos cidadãos capazes, sábios, judiciosos, honrados e bem educados...’ O Instituto Superior de Educação Ivoti está comprometido com esta missão há 100 anos, merecendo o aplauso e o apoio da Igreja e de toda a sociedade.

Até 1927, o Seminário havia crescido para 29 alunos e, de agora em diante, moças podiam ser admitidas

Em 1977, devido à incorporação do Instituto PréTeológico de São Leopoldo, a ENE passou a se chamar Escola Evangélica Ivoti (IEI). A partir do ano 2000, como decorrência de uma determinação legal, a EEI passou a denominar-se de Instituto de Educação Ivoti (IEI). Hoje, a escola leva o nome de Instituto Superior de Educação Ivoti (ISEI). Apesar dos vários nomes e locais de funcionamento, preparar professores e lideranças comunitárias com ênfase na formação humanística e integral dos seus alunos sempre acompanhou a instituição ao longo da sua história. O IEI, pelo seu sistema de moradia estudantil, possui 165 adolescentes residentes, que vão desde moradores da região até alunos provenientes de vários Estados brasileiros, concedendo ao IEI uma característica pedagógica toda própria, pois permite um processo de formação em tempo integral, a construção de uma consciência de trabalho em equipe e o desenvolvimento de relações interpessoais e intrapessoais.


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Deutsche Seite

Karriere und Nachfolge

Karriere, carreira: Früher war das eine Sache für Pferde. Und für Reiter, natürlich. Nur für gute Reiter. Wenn der Startschuss gefallen war, trieben die Burschen ihre Pferde an, benützten die Peitsche, wenn einer sie zu überholen drohte, und dann kämpfte sich ein Pferd langsam an die Spitze und wurde schliesslich als Sieger gefeiert. Die anderen hatten eben das Rennen verloren. Heutzutage sind selbst solche populären Pferderennen etwas für teure und trainierte “Karrierepferde” geworden. Die Heubäuche, die Kolonistengäule, sind auf der Strecke geblieben. Sie haben die Karriere verloren... Heute spricht man von Menschen, die Karriere machen. In der Schule lernen sie, wie man läuft, dann geht der Wettlauf los. Das Leben selbst ist die Rennbahn. Es ist oft ein gnadenloser Kampf, in dem die Rennstrecke von gestürzten Reitern nur so

wimmelt. Die Reiter wollen alles aus ihren Pferden herausholen, was darin steckt. Nur dann haben sie Aussicht auf Sieg. Und die Peitsche, ja, die gibt es in diesem Rennen auch. Es sind Vestibulare, Examen und Konkurse, es ist gnadenloser Konkurrenzkampf in Hochschulen, Kontoren und Fabrikhallen. Unsere Vorfahren waren zumeist Kolonisten.. Im bäuerlichen Alltag gab es auch Anstrengung und Kampf, Gott weiss es. Nur der Tüchtige hatte Aussicht, es zu etwas zu bringen, seinen Kindern Brot zu schaffen und ihre Schulbildung zu ermöglichen. Doch es war nicht der gehetzte, von der Peitsche des Ehrgeizes und des Erfolgszwanges angetriebene Wettlauf, der heute mehr und mehr den beruflichen Werdegang unserer Kinder und Enkel kennzeichnet. “Im Schweisse deines Angesichtes sollst du dein Brot essen”, heisst es in der Bibel. Davon ist kein Mensch frei, es sei denn, dass er krank ist, oder dass er es vorzieht, zu betteln oder zu stehlen. Doch Gott hat den Menschen nicht als Bettler und nicht als Wettläufer geschaffen. Der Apostel Paulus benutzt zwar einmal das Bild des Wettläufers (1.Co 9.24), um träge Christen daran zu erinnern, dass Nachfolge Christi auch Kampf bedeutet. Doch es ist kein Kampf unter der Peitsche des Erfolg-habenmüssens. Diese Art Kampf gehört eher nach dem Aegypten der Pharaonen, wo die Kinder Israels unter den Peitschen ihrer Fiskale schuften mussten. Nachfolge Jesu ist auch ein Laufen auf einer bestimmten Bahn – und es gibt da auch bestimmte

Kampfregeln – doch es ist ein Kampf, der nicht auf Sieg über die anderen Läufer aus ist, ein Kampf, in dem nicht der Ehrgeiz das Wort hat.Es ist ein Kampf in der Nachfolge dessen, der schon gesiegt hat. Es ist schön, wenn ein kluger Kolonistenbub – oder ein kluges Kolonistenmädchen - in der modernen Welt Erfolg hat. Mein Vater hätte es sich nicht träumen lassen, dass einmal unter seinen Enkeln und Urenkeln neben Pastoren auch Universitätsprofessoren, Ingenieure und Ärzte sein würden. Er hätte sich sicher darüber gefreut. Doch glaube ich, es ist an der Zeit, gerade denen, die an der Spitze rennen, zuzurufen: Wohin rennt ihr eigentlich? Was ist euer Ziel? Habt ihr bei dem Rennen das Leben nicht vergessen? Wenn ihr die Karriere über die Familie stellt, wenn ihr keine Kinder wollt, bis ihr mit eurer Karriere, mit Doktordiplom, mit Auto und apartamento und Sparkonto am Ziel eurer Laufbahn angekommen seid? Habt ihr da nicht auf das falsche Pferd gesetzt? Unser Menschenleben ist zu kurz, um atemlos drauflos zu rennen, nur um am Ende sagen zu können: Ich habe es geschafft, habe alle meine Konkurrenten überholt. Wir sollten unserer Begabung entsprechend unser Leben aufbauen, uns an eine Aufgabe hingeben – doch wir sollten es mit innerer Ruhe tun, ohne dass die eigentlichen Werte, Herzensfriede, Gemeinde, Ehe und Familie, Dienst an unseren Mitmenschen auf der Strecke bleiben.

Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Ein neuer Anfang Vor ein paar Tagen habe ich Freunden beim Umziehen geholfen. Sie verlassen die Wohnung, wo sie fast zwanzig Jahre zuhause waren, und ziehen in eine viel kleinere Wohnung um. Vieles wird anders sein: neue Räume, eine neue Adresse, zum Teil ein neuer Alltag. Ein Umzug ist für die meisten Menschen eine prägende Erfahrung. Viele volle Kisten und Koffer stapeln sich. Für eine Weile sind dann nur die leeren Räume und Wände zu sehen, sowohl in der Wohnung, die man verlässt, als auch in der, in die man neu bezieht. Zwischen der einen und der anderen Leere spannt sich die Frage auf: Was brauche ich wirklich? Sind die Sachen es wert, mit denen ich die Umzugskisten fülle? Wie vieles packe ich erneut ein, was ich seit langer Zeit nicht gebraucht habe? Würde der Spielraum meines Lebens nicht unendlich wachsen, wenn ich mich an weniger binden würde? Es kann befreiend sein, unnötigen Ballast abzuwerfen und ihn zurückzulassen. Doch die andere Frage stellt sich genauso: Was ist mir so wichtig, dass ich es nicht missen möchte? Kleider machen Leute; Bilder erzählen von meiner Geschichte; Bücher prägen meine geistige Welt. Vieles davon nehme ich mit, nicht weil es meinen äußeren Wohlstand dokumentiert, sondern weil es zu meinem inneren Wohlstand gehört.

In den letzten Wochen hatten wir Menschen vor Augen, die alle äußere Ausstattung verloren haben. Die Katastrophe in Santa Catarina zeigte leider erneut wie vergänglich und zerbrechlich wir Menschen sind. Wenn alles zusammenbricht und fortgeschwemmt wird, sind Menschen plötzlich ganz

und gar auf ihre Innenausstattung angewiesen. Dass sie auf Hab und Gut verzichten müssen, wird zur grausamen Realität. Den Betroffenen bleiben nur die Unterstützung ihrer Mitmenschen und die Hoffnung übrig, mit der Zeit alles wieder in Ordnung zu kriegen. Diese Hoffnung haben viele in Worten und

in Taten ausgedrückt. Wie eine Frau, die Verwandte und Haus verloren hat: „Was mir Kraft gibt, weiter zu machen, ist der Glaube an Gott“. Der Apostel Paulus schreibt an die Korinther: „Denn wir wissen: wenn unser irdisches Haus, diese Hütte, abgebrochen wird, so haben wir einen Bau, von Gott erbaut, ein Haus, nicht mit Händen gemacht, das ewig ist im Himmel“ Ein neues Jahr steht uns bevor. Zwölf Monate, die je ihr eigenes Gesicht besitzen, wärmer oder kälter sind, farbenfroh oder kahl. Ein neues Jahr ist wie der Einzug in eine neue Wohnung. Wir bereiten uns darauf vor, wir sortieren aus, was nicht mitkommen soll, wir räumen auf, wir überlegen uns, wie in der neuen Wohnung die Möbel stehen sollen. Da stellt sich die Frage: Was brauche ich wirklich? Was will ich anders machen? Was uns bis zum Jahresende bevorsteht liegt in Gottes Händen. Gewiss ist Er bei uns in all den kommenden Tagen. Wir dürfen hoffen, von ihm in seiner Liebe geborgen zu werden wie in einem warmen Mantel; aufgenommen in ein Haus, das nicht mit Händen gemacht und ewig ist im Himmel. Gott will am Beginn des neuen Jahres und immer mit uns gehen und bei uns wohnen. Theologe Jaime Jung


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JOREV LUTERANO JANEIRO/FEVEREIRO 2009

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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Cultos e atividades da Paróquia Evangélica Martin Luther Litoral Norte do Rio Grande do Sul (Verão de 2009) COMUNIDADES

PONTOS DE PREGAÇÃO

Capão da Canoa: Praça Tiarajú, 278 – Centro, Capão da Canoa/ RS Janeiro e Fevereiro Cultos: domingos, 9h, com Culto Infantil quartas-feiras, 20h Jantares Dançantes: 10/01, sábado, 21h 21/02, sábado, 20h30

Chá da OASE: 18/01, domingo, 16h

Curumim: Igreja Católica – centro Cultos: sextas-feiras, 21h, com Culto Infantil

Café Colonial: 01/02, domingo, 16h

Rondinha: Capela Ecumênica ao lado da Sociedade Esportiva Cultos: 13/01, 27/01, 10/02 e 24/02 - 20h

Torres: Av. Benjamin Constant, 830 – Centro, Torres/RS Janeiro e Fevereiro Cultos: Todo sábado, 20h, com Culto Infantil Jantar Dançante: 17/01, sábado, 21h

Arroio do Sal: Capela Ecumênica, R. Paulista, nº 22 – Arroio do Sal/RS Cultos Ecumênicos: Sábados, 19h30

Aniversário da Comunidade – 35 anos: 14/02, sábado, 20h, Culto e Jantar de Confraternização

4º Encontro da Família Herpich

Lembrança de Falecimento

ERVINO KETTERMANN A esposa, Wenilda, a filha, Gládis Kettermann Dickel, Presidente do Sínodo Alto Taquari, e o esposo (in memoriam) e o filho, Cláudio Kettermann, Pastor da Paróquia Evangélica de Vale do Sol, e a esposa, Clarissa, os netos e demais familiares lembram com saudades um ano de falecimento do esposo, pai, avô e sogro Ervino Kettermann, falecido no dia 13 de dezembro de 2007. Jesus disse Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá. João 11.25-26 Vale do Sol, dezembro de 2008.

Quando: 28 de março de 2009. Onde: Salão da Comunidade em Desvio Blaut - Farroupilha/RS Informações: Raul Herpich (54) 9974.0597/3261.2406 Acisio Herpich (51) 8511.2000 Anselmo Sib (51) 9678.8731/3696.1147


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Gente Luterana

O Sínodo Rio Paraná, formado por 26 Paróquias, 127 Comunidades e 12 mil famílias-membro, cuja ênfase missionária é formação de lideranças e Presbíteros, visitação de Obreiros e Paróquias e trabalho com crianças e jovens, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Katharina Hoos e Verno Radetzki

Semeando a fé

Identidade luterana

Katharina Anna Maria Hoos, 48 anos, alemã, casada com Gooitzen Geert Kruizenga, holandês, e mãe de Paul, nascido na Holanda, Katharina Susanne e Anna Simone, ambas nascidas no Brasil, pertence à Comunidade e Paróquia de Maracaju/MS. “Nasci num berço luterano na Baviera na diáspora num ‘mundo bem católico’, mas sinto-me protegida quando e onde estiver, pois tudo o que tenho é dádiva de Deus!”, declara. Na IECLB, a história de Katharina começou em 1990, quando ela, o marido e o filho mais velho migraram da Holanda para o Brasil, sendo acolhidos na Comunidade com muito carinho “Aos poucos, aprendi a Língua Portuguesa e comecei a ajudar no trabalho com

Sinto-me protegida, pois tudo o que tenho é dádiva de Deus! as crianças. Também participo do coral. Trouxe o meu instrumento de música, uma trombeta para tenor que aprendi a tocar com cinco anos, mas, infelizmente, não temos coral de metais na Comunidade”. Atualmente, Katharina, juntamente com a equipe de Orientadoras do Culto Infantil, organiza e trabalha na evangelização das crianças “Uma sacola contendo todo o material para o Professor ‘viaja’ semanalmente para a casa de uma Orientadora para que ela possa se preparar a tempo e se comunicar com a Orientadora que

cuidou da aula anterior. A diversidade de Professores é boa para os alunos, mas temos o mesmo objetivo: transmitir o amor de Jesus Cristo e ensinar, por meio de histórias bíblicas, trabalhos e brincadeiras, a vontade de Deus. Temos o apoio do Presbitério e da Comunidade para o nosso trabalho e sempre tivemos a orientação dos Pastores”. Ter crescido numa família que gosta de música (os seis irmãos tocam instrumentos), sempre ter estado ligada a um coral de trombetas e já ter feito parte de um coral de jovens na Alemanha levaram Katharina a aceitar o convite da Comunidade para ser a responsável pela regência do coral, mesmo sem falar a Língua Portuguesa “Os membros do coral explicaram com muita paciência o que significavam as canções. Felizmente, alguns falam o Alemão e outros são holandeses! Sem nenhuma experiência, mas com livros de instrução e boa vontade, comecei a regência. Cantamos com alegria dentro da nossa Igreja e, se formos convidados, fora também, pois a canção serve para a honra de Deus e a alegria dos ouvintes”. No Sínodo Rio Paraná, os grandes temas são como ‘ser Igreja’ em meio a tantas diferenças sociais e culturais e como ser uma ‘Igreja aberta’ sem perder o perfil luterano, relata Katharina “O desafio é encontrar o equilíbrio entre se adaptar e ser dinâmica por um lado e mostrar perfil e preservar o que é bom,

sem perder a identidade por outro”, completa. Como sonho para a IECLB, Katharina vê uma Igreja mais confiante, ciente da herança valiosa que vem da Reforma, mas aberta para acolher pessoas que não nasceram e se criaram nela. “Penso que a Igreja luterana em nosso país pode e deve ter traços sul-americanos. Que a Igreja aflore e cresça com a benção do nosso Pai Celestial”, finaliza.

Verno Radetzki, 42 anos, natural de Maripá/PR, Agricultor, casado com Jacinta e pai de Junior Michel e Andressa Raquel é membro na Comunidade Linha Chapecó, pertencente à Paróquia Nova Santa Rosa/PR. Quanto à sua fé, Verno conta que nos dias da semana levanta mais cedo e, enquanto toma chimarrão, lê o texto bíblico para o dia, o devocionário, e medita sobre como usar o aprendizado na vida diária. Nos fins de semana, gosta de ouvir as mensagens cristãs pelo rádio e participar dos cultos. “Desde os primeiros anos de idade, comecei a participar da escola dominical, até a Confirmação. Depois, me envolvi no grupo de jovens e logo me tornei líder. Aos 23 anos casei, me tornei membro e fui convidado a participar da Diretoria da Comunidade. Hoje, estou envolvido na Comunidade, na Paróquia e no Sínodo”, relata o Presbítero, agradecido aos seus pais, que, desde os primeiros passos de vida, ensinaram as histórias bíblicas e as orações, de joelho no pé da cama, todas as noites, e o levaram à escola dominical, ensinando o caminho mais importante da vida do ser humano. Na sua trajetória no Presbitério,

Verno já foi Coordenador do grupo de jovens, Presidente da Comunidade, Presidente da Paróquia e

Representante da Paróquia como delegado no Sínodo. Atualmente, é Vice-Presidente da Paróquia, Representante do Conselho da Missão no Sínodo e atua no Conselho Fiscal do Sínodo. Na Comunidade, é Coordenador do Grupo de Famílias e também faz a coleta e o envio das ofertas realizadas durante o ano para o trabalho da Missão Zero. Verno faz um paralelo da sua profissão com a vida na Igreja “Vejo que, muitas vezes, as nossas plantações nascem e não se desenvolvem por falta de terra fértil ou escassez de água. Assim, muitas vezes, somos nós também: deixamos o nosso coração mal-alimentado por nossa mente, que, freqüentemente, não busca o verdadeiro sentido da vida. Devemos sossegar da correria do dia-a-dia para ouvir a voz de Deus no silêncio do nosso coração. Assim, produziremos os frutos que devemos produzir”. No Sínodo Rio Paraná, o desafio é acender a chama do amor de Deus no coração das pessoas em verdadeiramente assumir, ir à luta e vivenciar a vida cristã “Nossa

IECLB: Igreja onde o amor de Deus fala mais alto missão deve começar dentro de nossa casa, família, Comunidade, Paróquia e Núcleo”, afirma Verno, para quem a grande motivação é fazer parte desse corpo maravilhoso que é a Igreja de Jesus Cristo. “Mesmo me sentindo cansado e não estando muito bem de saúde nos últimos tempos, meu coração fica inquieto quando não posso auxiliar em algum trabalho”, assegura. Um sonho para a IECLB? “Que ela seja uma Igreja onde o amor de Deus fala mais alto, onde as diferentes linhas teológicas possam ser a grande diferença no trabalho, numa visão de amor ao Evangelho, de entendimento e sabedoria”, deseja Verno Radetzki.


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