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JOREV LUTERANO SETEMBRO 2008
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LUTERANO JOREV
JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - ANO 37 - SETEMBRO - Nº 710
Lema: Velhinhos e velhinhas sentarão nas praças de Jerusalém e as praças ficarão cheias de meninos e meninas brincando. Zacarias 8.4-5
Tema: No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação
As praças da solidariedade
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Inclusão em comunhão
Tema do Ano 2008
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Uma jovem liderança
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Editorial
Missão na IECLB: a hora é agora! Com a chamada Missão de DeusNossa Paixão, a Presidência da IECLB divulgou o texto-base da nova etapa do Plano de Ação Missionária 20082012 (PAMI) e a Campanha de Missão Vai-Vem, com lançamento no dia 11 de maio de 2008, domingo de Pentecostes, e o encerramento no dia 30 deste mês. Todo mundo tem uma paixão! Tem pessoas que são apaixonadas por carro. Há quem tenha paixão por música ou por futebol. Também existem pessoas que têm paixão por flores, por livros ou por dançar ou, ainda, por soltar pipas, jogar xadrez ou desenhar. Enfim, paixão todo mundo tem pelo menos uma. A nossa paixão, como IECLB, é a missão. A missão de Deus é a nossa paixão! Este trecho do texto de apresentação da Campanha Missão de Deus-Nossa Paixão mostra a nossa razão de ser Igreja: viver e promover a missão, anunciando a Boa Nova. Se fazer missão é a razão de ser da Igreja, qual seria o motivo para realizar uma campanha? A justificativa é que este engajamento em torno da constituição de um fundo
Jorev
Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA RESPONSÁVEL LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 COMERCIAL
que visa a apoiar e fortalecer projetos missionários em Comunidades, Paróquias e Sínodos requer planejamento, ou seja, necessitamos transformar a nossa paixão, o nosso encantamento e arrebatamento pela missão em uma
ação organizada e sustentável para que possamos cumprir os objetivos de promover a evangelização, a comunhão cristã, a celebração do amor de Deus e o serviço a todas as pessoas. Como expressão de gratidão por tudo o que recebemos, uma das formas
CARTAS Albergue Martim Lutero Agradeço o espaço dedicado ao Albergue Martim Lutero neste conceituado veículo de comunicação da IECLB (edição de maio/2008). A matéria ficou excelente. Muito obrigado! No mais, um grande e fraterno abraço a todos vocês e até a próxima. Saudações capixabas Nivaldo Kiister Vitória/ES
JUCIANE WILSMANN CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/3 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3284.5400 FAX: (51) 3284.5419 E-MAIL: jorev@ieclb.org.br SECRETARIA GERAL - IECLB FONE: (51) 3221.3433 ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 18,00
_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.
de realizar a missão a nós confiada — propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal, na família e na Comunidade, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo — é apoiar, divulgar e participar deste projeto, por isso, dando seqüência às matérias especiais publicadas desde julho deste ano por ocasião do Concílio 2008, que será realizado, no mês de outubro, em Estrela/RS, apresentamos o que é o PAMI, seu embasamento, além das suas metas e dimensões, tendo em vista que uma das importantes tarefas deste Concílio será analisar e votar o PAMI 20082012. Conforme afirma o Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB, P. Homero Severo Pinto, em sua Mensagem da Presidência desta edição, uma vez aprovado o Plano Operacional do PAMI, devemos nos empenhar para que este chegue a todas as instâncias na IECLB e seja debatido e assumido com paixão e coragem a serviço da missão de Deus no mundo. Todo mundo tem uma paixão. A nossa é a missão!
Luterano de coração Sou assinante do Jornal Evangélico Luterano e, desde que recebi a 1° edição do jornal, me alegrei muito pela qualidade de todas as matérias. Além de ser um grande companheiro das minhas leituras, o Jorev me faz sentir até um luterano de coração, uma vez que aqui, no Acre, não tenho noticias da existência da IECLB. No entanto, por meio desse periódico, posso também beber um pouco das fontes luteranas e viver esse ideal de fé pregado por Martinho Lutero. Grande abraço a todos, Thiago de Faria Santos Rio Branco/AC
Comunidades e Ministérios Estou com o último Jorev em mãos. Que bom que estão novamente incluindo informações sobre as Comunidades e relatos de eventos que lá acontecem. Isso torna o jornal mais atraente. Gostei também que estão entrevistando Obreiros e lideranças comunitárias, pois esta é uma boa maneira de divulgar os diferentes Ministérios com ordenação reconhecidos pela IECLB e suas ênfases de trabalho, cativando pessoas para que se prepararem para esses Ministérios e motivando as Comunidades a acolhêlos. Com votos que Deus lhes conceda muita sabedoria e muito amor para o desempenho dessa importante tarefa, envio as minhas saudações. Cordialmente, Diaconisa Gisela Beulke São Leopoldo/RS Capa
Foto da praça montada em frente à sede do Sínodo Vale do Taquari, em Teutônia/RS, por ocasião do Seminário Sinodal da OASE para Multiplicadoras do Tema do Ano da IECLB, realizado no dia 23 de abril deste ano.
Diário da redação Ministério Família Cristã Feliz Depois de haver percorrido Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, onde esteve nos últimos 30 dias, o casal Claudio e Lorita Gernhardt retornou ao lar “Nesta viagem, Deus nos presenteou com vidas transformadas e relacionamentos restaurados fazendo a diferença nas famílias e Comunidades”. Em cada retiro, vidas entregues a Cristo ou, como alguns declararam, Agora, sob nova direção. Para o casal, uma grande surpresa foi a Agenda de Atividades 2009 ter sido preenchida em apenas quatro horas! “Abrimos às 8 horas do dia 11 de abril de 2008 e, ao meio-dia, não havia mais datas disponíveis”, comemoram. Agenda de atividades 2º Semestre de 2008 25-27/7: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica Emanuel, Cerrito Alegre/RS 1-3/8: Retiro de Casais da Comunidade Evangélica São Lucas, Joinville/SC 15-17/8: Retiro de Casais da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, Paróquia Sul/PR 20/8: Palestra na Igreja da Comunidade Evangélica de Aririú, Palhoça/SC 22-24/8: Retiro de Casais da Comunidade Evangélica de São Bonifácio/SC 28/8: Palestra no Ministério Desperta Débora na Paróquia São Mateus, Porto Alegre/RS 5-7/9: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Arroio do Padre II/RS 12-14/9: Retiro de Casais da Paróquia Apóstolo Pedro, Jaraguá do Sul/SC 19-21/9: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de São Gabriel da Palha/ES 26-28/9: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana São João, Pelotas/RS 10-12/10: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Criciúma/SC 17-19/10: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Luzerna/SC 24-26/10: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Camaquã/RS 29/10: Palestra na Igreja da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Santa Cruz do Sul/RS 7-9/11: Retiro de Casais da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Bom Pastor, Canguçu/RS 21-23/11: Retiro de Casais da Comunidade Evangélica Luterana de Londrina/PR 28-29/11: Retiro de Casais da Igreja Cristianismo Decidido de Rolândia/PR 5-7/12: Retiro de Casais na Paróquia Evangélica Luterana de Taió/SC
Informações: 51 3563.1180/e-mail mfcfeliz@mfcfeliz.com.br/site www.mfcfeliz.com.br. Leia entrevista com o casal Claudio e Lorita Gernhardt no Jorev (março/ 2008)-Editoria Gente Luterana.
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Curtas
1º Encontro Ecumênico de Famílias Cerca de 2 mil pessoas estiveram no 1º Encontro Ecumênico de Famílias, realizado no dia 4 de maio, na Paróquia de Palmeira de Santa Joana, em Itaguaçu/ES, com a participação dos Corais das Comunidades luteranas de Palmeira e Itaguaçu, do Grupo de Canto da Igreja Católica de Itaguaçu, do Grupo de Dança Litúrgica da Comunidade luterana de Itaguaçu, de Catequistas e Irmãs Católicas, Orientadoras do Culto Infantil e Ensino Confirmatório e das famílias das Igrejas luterana, católica, maranata, presbiteriana, batista, evangélica e adventista.
15 anos em Pedra Bonita No dia 8 de junho, a Comunidade Ecumênica em Pedra Bonita, interior de Pancas/ES, estava em festa pela celebração de ação de graças pelos 15 anos de inauguração do templo ecumênico. Os atuais Obreiros, P. Sidney Retz e Pe. Cremilsom da Silva, receberam Dom Décio Sossai Zandonade, Bispo da Diocese de Colatina, P. Osmar Lessing, Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, e os Obreiros que já atuaram na Comunidade, P. Wonibaldo Rutzen, Pe. Malvino Xavier da Silva e Pe. Orlando.
Visita à Paróquia de Indaiatuba As Comunidades de Sorocaba e Indaiatuba receberam, no dia 13 de julho, a visita do Pastor Sinodal Guilherme Lieven, que ainda não conhecia as Comunidades da Paróquia de Indaiatuba/SP. O Pastor Astor Albrecht cuidou da recepção e promoveu o contato com as lideranças e os membros das Comunidades. Nas celebrações da manhã, em Sorocaba, e da noite, em Indaiatuba, o Pastor Sinodal proclamou a mensagem bíblica com base em Romanos 8.1-11.
Sobe Formatos inclusivos de lidar com as pessoas portadoras de deficiência e suas necessidades especiais.
Desce O descaso das autoridades, a discriminação e o preconceito em relação às pessoas com algum tipo de deficiência.
Ofertas Nacionais O encontro terminou com uma celebração ecumênica que refletiu sobre a importância da família e da necessidade de orarmos em favor da unidade familiar, animando, revigorando e fortalecendo as famílias, que já esperam um segundo encontro para 2009. ______.....______
1º Arraiá da OASE O 1º Arraiá da OASE na Paróquia de Palmeira de Santa Joana, em Itaguaçu/ES, aconteceu nos dias 6 e 7 de junho, reunindo aproximadamente 500 pessoas.
O sábado foi reservado às tarefas de criatividade, envolvendo os grupos da Comunidade, além do momento de celebração, em que houve a reflexão sobre o Batismo. O Arraiá terminou com a partilha de comidas típicas, preparadas pelas integrantes dos Grupos da OASE, demais membros das Comunidades e de outras igrejas. No domingo, o Encontro Paroquial reiniciou com o momento de celebração O que é um Grupo da OASE e a Vida deste Grupo em Comunidade, foi recheado com uma divertida gincana e terminou com um delicioso almoço, proporcionando maior união entre as famílias das Comunidades.
Um barco, símbolo do ecumenismo, serviu de motivação para a confissão de pecados e para o compromisso. P. Osmar Lessing trouxe uma mensagem baseada em Efésios 4. 1-16 e Dom Décio, em João 17.18-23. A celebração da ceia foi o momento marcante e a expressão máxima do compromisso ecumênico. A celebração encerrou com o plantio de 15 palmeiras no pátio do templo.
Apesar das distâncias, da demanda de trabalho e da agenda do Sínodo Sudeste, a visita reforçou novamente a importância dessa atividade do Pastor Sinodal, pois, conforme o próprio P. Guilherme afirmou em seu relatório à XII Assembléia Sinodal (maio de 2008), “as visitas geram novos compromissos e serviços e aumentam a parceria entre Comunidades, lideranças e Sínodo”. ______.....______
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Missão no Brasil Central “É a missão de Deus que é a nossa paixão”, afirmou o Pastor Sínodal Carlos Möller em visita missionária às Comunidades ao Norte do Sínodo Brasil Central. Foram três semanas de verdadeira missão durante o mês de junho, passando pelas Comunidades do Tocantins, Pará e Maranhão, com momentos de intensa comunhão e espiritualidade.
O Pastor Sinodal se reuniu com todos os Presbíteros das Comunidades lembrando sempre a importância do trabalho conjunto, do compromisso e da responsabilidade. Também teve a oportunidade de estar com o Culto Infantil, a JE e as Mulheres, deixando uma mensagem de esperança, fé, paz e amor. Nas visitações, teve contato com famílias com as quais sentou-se à mesa e partilhou o pão. É a fé que rompe fronteiras, vence desafios e traz esperanças.
Revisão do Livro de Batismo O Seminário de Revisão do Livro de Batismo aconteceu entre os dias 15 e 17 de julho, no Centro de Eventos Rodeio 12/SC, reunindo representantes do Conselho de Liturgia da IECLB, participantes na elaboração da obra e representantes de quatro Sínodos, sob a coordenação do P. Dr. Nelson Kirst e da Diácona Sissi Georg.
7 de setembro 17º Domingo após Pentecostes Conselho Nacional de Música Criado em 1981, o Conselho Nacional de Música é um órgão da IECLB formado pelos coordenadores sinodais de música (Músicos, leigos, Obreiros e representantes de instituições ligadas à música na Igreja). O projeto de apoio ao canto e à música tem como público-alvo os membros das Comunidades da IECLB envolvidos na liderança de grupos musicais e objetiva difundir o material produzido nos últimos anos e ouvir das lideranças formas de trabalhar em conjunto. Com os recursos, serão realizados seminários intersinodais de música, além de oficinas práticas, históricas e teóricas.
28 de setembro 20º Domingo após Pentecostes Bolsas de Incentivo para estudantes de Teologia
Além das observações dos participantes, foram consideradas as manifestações de Obreiros e Sínodos que se ocuparam do assunto. O Livro de Batismo, enviado a todos os Obreiros da IECLB, após um período de experimentação em Comunidades, também passou por um processo de revisão e adaptação, sendo enviado para a Presidência da IECLB, que dará o devido encaminhamento. Igualmente, será disponibilizado um DVD e matérias na Revista Tear com recursos litúrgicos para a prática do Batismo.
Existem muitas formas de estender as mãos ao outro. Uma delas é a solidariedade com estudantes que, na IECLB, pretendem servir em um dos quatro Ministérios com ordenação: Diaconia, Missão, Educação Cristã e Pastorado. De maneira a possibilitar o estudo de Teologia aos jovens da nossa Igreja, a IECLB instituiu a Bolsa de Incentivo, com recursos provenientes de doações da Igreja da Alemanha, do orçamento central da IECLB e das duas ofertas anuais.
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Atualidade
Patriotismo e cidadania por meio do voto consciente, criterioso e participativo
Fui convidado, como estrangeiro, para comentar sobre a semana da Pátria e a independência do Brasil a partir das minhas pesquisas sobre as igrejas e a cidadania neste país. Sinto-me honrado com o convite, mas também um pouco constrangido em falar sobre uma pátria que não é a minha, embora venha sendo minha querida e apreciada residência desde 2001. Ofereço estas reflexões no espírito de partilhar a vida deste nobre povo e contribuir para com seu bem-estar. A independência do Brasil criou, em 1822, não uma república, mas um império. Neste, ainda que restrito pela constituição, o ‘poder moderador’ do imperador concentrava considerável poder em suas mãos, inclusive sobre assuntos religiosos. A Igreja Católica, continuava sendo ‘a Religião do Império’. A novidade foi que outras ‘religiões’ foram ‘permitidas com seu culto doméstico ou particular em casas para isso destinadas’, desde que não apresentem ‘forma alguma exterior de Templo’ (Art. 5). Isto abriu as portas para a imigração de estrangeiros evangélicos e logo foram fundadas igrejas em Nova Friburgo/RJ e São Leopoldo/RS com grupos de imigrantes alemães e suíços. Enquanto o culto destes era lícito, demorou a conquista plena da cidadania e liberdade religiosa. Não tiveram onde enterrar, de forma legítima, seus mortos, e não foram reconhecidos
seus Batismos (o único registro civil na época!) nem matrimônios. Somente com a chegada da república, em 1889, fruto do liberalismo (católico e evangélico) e do positivismo (Ordem e Progresso!), a liberdade religiosa se deu de forma plena, proibindo a ‘subvenção oficial’ de qualquer igreja ou culto. Foram secularizados os cemitérios e o ensino público e foi introduzido o casamento civil. Isto não significa que teria havido, de fato, total igualdade entre igrejas e religiões. Pelo contrário, a partir da sua separação do Estado, sendo liberada da tutela deste, a Igreja Católica conseguiu organizar-se de tal forma que surgiu como grande e influente força na chamada Neo-Cristandade das primeiras décadas do século XX. Continuou a luta pela cidadania das igrejas evangélicas, inclusive daquela que seria a IECLB. Uma outra luta pela cidadania deu-se depois da crescente germanização das igrejas imigrantes, no último terço do século XIX até a II Guerra Mundial. Aquela que já fora considerada a ‘Igreja dos Alemães’ assumiu ela mesma esta identidade. Com a Guerra, esta auto-afirmação desmoronou e cedeu lugar a uma nova busca de identidade, de uma cidadania agora explicitamente brasileira. A partir do Concílio Geral, realizado em Curitiba, em 1970, a IECLB também assumiu uma terceira luta pela cidadania, não apenas dela mesmo, mas de todos. Defendeu os direitos humanos e a não ingerência do Estado (na época, o governo militar promovia a
Educação Moral e Cívica como tipo de religião patriótica) em assuntos e práticas da igreja. Seguiu-se uma gama de posicionamentos públicos, em geral cautelosos, mas ainda assim ousados diante da repressão política. A IECLB, Igreja de pequenos Agricultores, defendeu a justa distribuição da terra, os direitos dos povos indígenas a terra, os direitos das mulheres e dos negros à plena cidadania, entre outros. Desde que a democracia voltou, em 1985, vem orientando seus membros para um voto consciente. Não no sentido de fazer política partidária nos púlpitos ou recomendar um partido específico para ser votado. Empenhou-se, isto sim, em insistir no voto consciente e criterioso do povo luterano. Afirmou, por exemplo, que o regime democrático [é] merecedor de compromisso especial por parte dos cristãos em nossos dias, pois oferece as melhores chances de corrigir as distorções sociais e de superar a injustiça. Valoriza o cidadão e simultaneamente o responsabiliza. E ainda vai priorizar a ética, opondo-se à corrupção, ao crime, ao fisiologismo... (Carta Pastoral de 1989). O povo luterano tem experiência no voto consciente e participativo em seu próprio meio: desde que chegou ao Brasil, vem praticando um jeito democrático de ser comunidade cristã. Cabe exercer este jeito também no âmbito público, cobrando o cumprimento de princípios éticos por parte dos políticos, na hora do voto e além. Os luteranos, com sua experiência histórica e tradição teológica, têm importante contribuição a dar para a luta pela cidadania de todos. Não há postura mais patriótica do que esta.
P. Dr. Rudolf von Sinner nasceu em 1967, em Basiléia, Suíça, é Doutor em Teologia pela Universidade de Basiléia e foi ordenado na Igreja Reformada em 1994. Em 2001, mudou-se para o Brasil, trabalhando na Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), em Salvador/BA. Desde 2003, atua como Professor de Teologia Sistemática, Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS. Foi acolhido no Ministério Pastoral da IECLB em 2004 e integra o Grupo Assessor de Ecumenismo da Presidência da Igreja. Seu último livro foi publicado pela Editora Sinodal, em 2007, sob o título ’Confiança e convivência: reflexões éticas e ecumênicas’.
Dupla cidadania Você passaria uma procuração para alguém que não fosse da sua família e de inteira confiança para administrar aproximadamente 40% do seu dinheiro? Estou convencido de que, em sã consciência, ninguém cometeria tal desatino, mas é isto que acontece compulsoriamente em nosso País. Ao elegermos Prefeitos, Governadores e Presidentes da República, passamos uma procuração para que administrem uma parte significativa da riqueza que produzimos. Também elegemos Vereadores, Deputados e Senadores para fiscalizarem estes investimentos e fazerem leis justas. Isto faz parte do jogo democrático e acontece com o nosso consentimento eleitoral. Novamente, estaremos elegendo representantes em outubro deste ano. Eles vão administrar parte dos nossos recursos entre 2009 e 2012. Certamente, os eleitores já estão pensando nos critérios para votar neste ou naquele candidato. Como o nosso dinheiro é um tema sério, a decisão precisa ser amadurecida com antecedência. A eleição, sendo um assunto público, é assunto da nossa Igreja, por isso quero defender uma idéia que ainda não mereceu o destaque que a fé em Cristo exige de quem porta a certidão de nascimento e de Batismo, que garantem a nossa dupla cidadania, como filhos de uma Pátria e herdeiros das bênçãos
de Deus, respectivamente (Romanos 8.17): os Presbitérios, ou Diretorias, como ainda são conhecidos, das Comunidades e Paróquias, bem como os demais grupos organizados da nossa Igreja, detêm uma força religiosa e social adormecida que poderá influir na vida pública dos municípios.
Você deixaria alguém, que não da sua confiança, com 40% do seu dinheiro? Como a fé diz respeito aos assuntos particulares e públicos, os Presbitérios poderiam, por exemplo, levantar demandas justas da população do seu município e marcar uma audiência com o líder maior da Prefeitura ou Câmara de Vereadores para ajudar a governar a cidade. Afinal, as nossas Comunidades e as suas Diretorias são respeitadas. Há quase dois anos, uma empresa despejou no Rio dos Sinos produtos químicos, provocando a morte de, aproximadamente, 80 toneladas de peixes. Muitas organizações se manifestaram pedindo às autoridades providências para que o fato não se repetisse. Salvo desconhecimento, não vi manifestações das nos-sas lideranças sobre tal depredação da criação de Deus.
A Lei Seca é um bom exemplo de como a política pode salvar vidas, poupar recursos e trazer paz no trânsito. Nossos Presbitérios poderiam ser vigilantes da observância da lei nos espaços públicos das nossas cidades. Grupos da JE poderiam divulgar folhetos evangelísticos a fim de sustentar a lei e salvar vidas. Os grupos de OASE, que investem tanto tempo e recursos em ajuda a setores excluídos, precisam dar um passo a mais: participar das Diretorias destes grupos como fiscalizadoras dos recursos angariados. Sem isto, pode-se ajudar a corrupção com boa-fé. Por fim, nossas lideranças comunitárias e paroquiais podem eleger representantes para os Conselhos Municipais que cuidam da educação, saúde e outros setores públicos que tornam a vida agradável. Prefeitura e Comunidade de fé podem trabalhar juntas a fim de cuidarem da Criação de Deus e da vida de todas as pessoas, pois Deus amou o mundo (João 3.16).
P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST
Presidência
JOREV LUTERANO SETEMBRO 2008
Promovendo paz, justiça e amor Acontecerá, no próximo mês, na cidade de Estrela/RS, no âmbito do Sínodo do Vale do Taquari, o XXVI Concílio da Igreja. Sob o tema Missão de Deus–Nossa Paixão, o Concílio receberá representantes dos 18 Sínodos, departamentos e instituições da IECLB, assim como visitantes e representantes de igrejas parceiras, em nível nacional e internacional, para refletir sobre a caminhada da IECLB até o momento e lançar um olhar para o futuro, planejando sua atuação a serviço do Reino de Deus neste país. Caberá ao Concílio a bela e inadiável tarefa de apreciar e votar o Plano Operacional do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) 20082012, que vai priorizar o tema da missão. Até agora, foi disponibilizado para Obreiros e lideranças o texto base do PAMI. Nele, vamos encontrar uma análise dos diferentes contextos nos
quais a IECLB vem desenvolvendo a sua missão desde que aqui chegaram as primeiras famílias evangélicas luteranas. Acompanha, também, uma sólida fundamentação bíblico-teológica para o tema Missão de Deus–Nossa Paixão, seguido da apresentação das quatro dimensões de uma igreja missionária: Evangelização, Comunhão, Diaconia e
Paixão e coragem a serviço da Missão de Deus no mundo Liturgia e conclui com a apresentação dos temas transversais à missão: Educação Cristã, Sustentabilidade e Comunicação. Uma vez aprovado o Plano Operacional, devemos nos empenhar para que este chegue a todas as instâncias na IECLB e seja debatido
e assumido com paixão e coragem a serviço da Missão de Deus no mundo. Para que o PAMI atinja seus objetivos, necessitará da participação ativa dos membros da IECLB. Ele não funcionará por si só, de forma automática. Ele é um meio, um instrumento humano, posto a serviço da causa do Evangelho. Nesse sentido, intercedemos para que Deus nos conceda sabedoria, discernimento e comprometimento frente ao desafio que acompanha a IECLB: propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal na família e na Comunidade, promovendo paz, justiça e amor na sociedade brasileira e no mundo.
Homero Severo Pinto Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB
Homenagens no sepultamento do P. Fischer No dia 7 de julho, em São Leopoldo/RS, ocorreu o sepultamento do Professor Dr. Dr. h.c. Joachim Fischer, falecido aos 78 anos. Ele ministrou aulas e acompanhou a formação de Pastores que passaram pela Faculdade de Teologia, depois Escola Superior de Teologia, no Morro do Espelho, também em São Leopoldo. O Pastor Presidente da IECLB, Dr. Walter Altmann, que foi aluno do P. Fischer na Faculdade de Teologia, depois colega no corpo docente da instituição, agradeceu a contribuição à Igreja e à educação teológica. P. Altmann lembrou que o Professor Joachim Fischer, nascido em Falkenau, Saxônia, em 8 de abril de 1930, ultrapassou fronteiras não
apenas geográficas, mas também culturais, deixando a Saxônia após a guerra para formar-se em Teologia pela Universidade de Erlangen. Já numa Alemanha dividida, não retornou para a sua terra natal. Doutorou-se em História da Igreja. Foi ordenado Pastor em Speyer, na Alemanha, em maio de 1960, e, em agosto daquele ano, assumiu a cátedra de História Eclesiástica na Faculdade de Teologia, em São Leopoldo. No Brasil, casou-se com Ingrid Graustein Fischer, com quem teve duas filhas, Martina e Andréa, e desenvolveu pesquisas na área da História. Aposentou-se do Magistério em 1992, mas não da pesquisa. O ex-Presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), P. Dr. Gottfried Brakemeier, contou, na cerimônia de despedida, realizada na
capela da Casa Matriz, que recebera de Fischer, recentemente, o livro Reforma, renovação da Igreja pelo Evangelho, ‘uma obra de mestre’, afirmou. O Reitor das Faculdades EST, P. Dr. Oneide Bobsin, outro ex-aluno do P. Fischer, lembrou o livro que seu antigo Professor escrevera, Pedras Vivas. “Fischer foi uma dessas pedras vivas da Igreja e da instituição de ensino”.
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AGENDA DA PRESIDÊNCIA SETEMBRO 6/09 Paverama/RS Assembléia Sínodo Vale do Taquari P. Carlos Möller 7-9/09 Palmitos/SC Assembléia Geral e Eletiva - PPL P. Carlos Möller 9-13/09 São Leopoldo/RS Reunião da Presidência com Presidentes e Pastores Sinodais Walter Altmann P. Carlos Möller 5-14/09 Lubango/Angola Reunião de Igrejas Parceiras com Igreja de Angola P. Homero Pinto 20-26/09 Lübeck/Alemanha CMI – Comitê Executivo P. Walter Altmann 27/09 Gramado/RS Assembléia Sínodo Nordeste Gaúcho P. Walter Altmann Independência/RS Assembléia Sínodo Noroeste Riograndense P. Homero Pinto Passo Fundo/RS Assembléia Sínodo Planalto Riograndense P. Nestor Friedrich 27-28/09 Cacoal/RO Assembléia Sínodo da Amazônia P. Carlos Möller
Feliz recebe novos membros No dia 8 de junho, aconteceram os cultos de lançamento da Campanha de Missão nas Comunidades da Paróquia de Feliz/RS, oficiados pelo estudante de Teologia Paulo Jahnke, proporcionando um momento de encontro bastante marcante entre os membros a partir da reflexão a respeito do tema Missão de Deus-Nossa Paixão.
Presidência da IECLB tem novo Assessor Desde 1º de julho, o P. Mauro Batista de Souza ocupa o cargo de Assessor da Presidência da IECLB, em substituição a Carlos Gilberto Bock, que assumiu a Secretaria Executiva da Fundação Luterana de Diaconia (FLD). P. Mauro estava atuando como Pastor voluntário na Comunidade de Santo Ângelo/RS. “Recebi o convite para trabalhar como Assessor da Presidência com um misto de muita surpresa, muita alegria, muito entusiasmo e um pouco de temor. Trata-se de um cargo extremamente importante e desafiador, mas o que sobra da vida se tiramos dela os riscos? Viver é um risco”, avaliou. Sobre as expectativas, Mauro considerou que deve
ingressar na dinâmica já existente e aprender a lidar com as pessoas e os sistemas de informação tanto internos (IECLB) quanto externos (Ecumene). “Logo a seguir, espero poder contribuir de forma mais específica com meus dons e habilidades para ajudar a tornar a IECLB uma Igreja ainda mais solidária, justa, honesta e comprometida com o projeto do Reino de Deus”, completou. Perguntado sobre qual seria o grande desafio da IECLB e como poderia contribuir, Mauro respondeu “No mundo onde impera o globalitarismo (a globalização econômica e tecnológica que desconhece controle democrático ou qualquer tipo de auditoria), tudo se compra e tudo se vende. Tudo e todos valem pelo que possuem, produzem ou consomem. Neste contexto de des-graça, a IECLB é herdeira de um tesouro valiosíssimo: a doutrina/teologia da justificação por graça somente”.
No culto da Comunidade Evangélica de Vale do Lobo, foram admitidos 18 novos membros. Além disso, todos foram agraciados com a presença e participação musical do Coral Dona Luiza de Coqueiral, tornando o encontro ainda mais especial. Ao final do culto, os membros plantaram um pé de Ipê em frente ao templo para simbolizar o crescimento da Comunidade. “Somos uma Comunidade viva, que cresce e quer contribuir financeiramente com a Igreja”, enfatizou Paulo Jahnke.
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Ministério
Sonho com uma IECLB com mais amor pela sua Igreja nidade Centro, supervisionado pelo P. Wilfrid Buchweitz. Em 1993, realizei o Período Prático de Habilitação ao Pastorado na Comunidade Evangélica em Blumenau, Paróquia Itoupava Seca/ SC, com o P. Romeu Hoefpner. Em dezembro do mesmo ano, fui enviado ao primeiro campo ministerial, na Paróquia de Cachoeira, em Guarapuava/PR, onde atuei durante três anos e meio. Hoje, estou há dez anos em Pomerode e posso dizer que é a Paróquia que Deus escolheu para mim para uns bons anos de trabalho.
P. Rolf Baade, 44 anos, nascido em Timbó/ SC, atua na Comunidade Evangélica em Testo Central, Paróquia Apóstolo André, em Pomerode/SC, Sínodo Vale do Itajaí.
Em que momento descobriu a vocação para o pastorado? Nasci em família luterana que cultivava sua piedade e, de forma bem especial, me senti motivado no Ensino Confirmatório, na JE e na Música Instrumental (trompete) a buscar aprofundamento teológico para um futuro Ministério. Como foram os estudos e o seu início? Em 1985, ingressei no Pré-Teológico na Escola Evangélica Ivoti/RS. De 1988 a 2002, cursei faculdade na EST, em São Leopoldo/RS, com estágio na Comu-
Quais são as suas atividades na Paróquia? A partir de um planejamento estratégico, agimos em três níveis básicos: nível litúrgico (fazer do culto o encontro maior da Comunidade e desta com Deus), nível comunitário (atender a grande Comunidade por meio do trabalho de grupos) e nível social (estreitar a nossa colaboração com entidades no município). Algum projeto especial nesta Comunidade/Paróquia? Como a IECLB se reestruturou em 1988, também nós, na base, buscamos a reestruturação em nível de Comunidades e Paróquias, culminando com a formação de uma União Paroquial que, além do Hospital e Maternidade Rio do Testo e do Conjunto Educacional Dr. Blumenau, congrega as 11 Comunidades do município independentes administrativamente, mas irmanadas de forma evangélica luterana e fra-
Ação e oração em Pomerode
terna, o que facilitou o planejamento estratégico em cada bairro, aumentou a contribuição e participação dos membros e está culminando com a abertura de quatro campos ministeriais, dos quais um já preenchido. Qual é o foco do seu trabalho com visitação? A visitação é uma constante no meu Ministério. Já visitei todos os membros. No entanto, sempre há prioridades, como enlutados, doentes, idosos e membros novos, mas todos estão no meu campo de atuação pastoral. Dedico especial atenção às famílias em conflito, oferecendo atendimento a domicílio. Igualmente, tento dar uma solução qualitativa em casos com PPDs (Apae), idosos (lar específico), desemprego (vaga de trabalho) e alcoólatras (internação na casa da solidariedade para tratamento). Não basta apenas a oração, é necessária a ação. Como funciona a sua atividade de formação contínua? Temos um plano contínuo de acompanhamento da pessoa desde o seu nascimento até o seu falecimento com curso de pais e padrinhos, Missão Criança, Culto Infantil, JE, Música, Coral, Reencontro de Casais, OASE e Melhor Idade. No momento, 350 crianças participam do Culto Infantil e constatamos que as pastorais da criança e da família formam a base para uma Comunidade viva e participativa.
A visitação, o trabalho da Diretoria Paroquial e Presbitérios de Comunidades e o serviço da Secretaria Executiva em matéria de atendimento aos membros, suporte a Obreiros e grupos têm dado resultados qualitativos e quantitativos, resultando em uma inadimplência inferior a 10%. De cada R$ 100,00 arrecadados, a Paróquia repassa 10% ao Sínodo, 23% são aplicados nas Comunidades e 63%, na Paróquia. Com isso, temos suporte para investir nas mais diversas frentes de trabalho, inclusive para abertura de mais um campo ministerial no fim do ano, visto que contamos com 3.609 membros, o que é demasiado para um só Obreiro, ocasionando, inclusive, a nossa maior dificuldade: formação de lideranças. Nosso objetivo primeiro foi tornar uma Comunidade grande em uma Comunidade ativa. A partir disso, se abriram frentes de atuação em que gostaria de destacar a acolhida aos migrantes em nossa região, a ação diaconal junto aos sofridos e a busca por fortalecer a presença da IECLB em nível nacional, seja com campanhas da OGA, Vai-Vem e repasse austero de dízimo e ofertas. Nesta missão de vida, minha maior alegria é despedir-me de uma Comunidade sorridente à porta da Igreja, após o culto, para mais uma semana para servir ao bom Deus. Igualmente, saber-me carregado por um Presbitério crente e confiável. Minha evocação silenciosa é que o Espírito Santo infunda em nós, evangélicos luteranos, mais fé, esperança e amor. Amém!
Inclusão: direito, dever e responsabilidade de todos nós O Sínodo Planalto Rio-grandense foi o cenário escolhido para a realização do Seminário Sinodal sobre Inclusão, ocorrido no dia 21 de junho, em Ijuí/ RS. Participaram do encontro, assessorado pela Diácona Carla Jandrey, Professores da Rede Sinodal, Obreiros e lideranças paroquiais. O tema da inclusão das pessoas com deficiência foi desenvolvido a partir da pergunta: Como a humanidade lidou com as pessoas com deficiência ao longo da história? Inclusão social é um processo bilateral no qual a sociedade se adapta para incluir em seu
sistema geral as pessoas com deficiência e estas assumem os seus papéis sociais. É uma soma de esforços. No seminário, também foram partilhadas algumas iniciativas e experiências sobre inclusão, como a eliminação de barreiras arquitetônicas, a disponibilização de material em Braile ou com letras maiores, a realização de cultos com tradução para Libras, o uso de material pedagógico e a existência de grupos de convivência de pessoas com deficiência e familiares, além de grupos de visitação. “Ao fim do Seminário, a partir de uma dinâmica, percebemos que cada um nós é importante no processo de inclusão. Deus nos chama e nos capacita do jeito que somos, com nossos dons, limites e sonhos e, principalmente, está conosco no caminho da inclusão”, afirmou a Diácona Carla Vilma Jandrey.
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Presbitério
Gratidão pelas dádivas e uma total dedicação à Igreja Até o momento, quais foram as suas atividades ligadas à Igreja? Ela iniciou em 1994 com a perda do meu pai e do emprego, sendo que o amparo veio do Pastor Günter Boebel e a entrada na família Reencontro. Na Comunidade Trindade, fui Vogal, Conselheiro, Presidente e participei do Conselho Fiscal. Na Paróquia de Timbó, fui representante no Conselho Paroquial, Vice-Presidente e Secretário Executivo. No Sínodo Vale do Itajaí, fui membro e, atualmente, sou Vice-Presidente do Conselho Sinodal. Quais são as suas responsabilidades e os seus principais objetivos como VicePresidente do Conselho Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí? Minha responsabilidade principal é representar o Sínodo em diversos eventos na ausência da Presidência e meu objetivo é participar ativamente nas decisões e atividades do Sínodo. Há projetos especiais sendo desenvolvidos na Comunidade de Trindade? Sim, como, por exemplo, incentivar todas as famílias (membros) distantes das atividades da Comunidade a voltar a participar, pelo menos, em uma das diversas ações ou eventos oferecidos a toda Comunidade. Também vejo com muita preocupação a falta de espaço para atividades com adolescentes, o que os deixa disponíveis para seguirem caminhos menos recomendados. Com o mundo cada vez mais globalizado e o indivíduo cada vez mais isolado, faltam aquelas pessoas que estarão prepa-
Como IECLB, quais são as maiores dificuldades encontradas na região? Disponibilidade de pessoas que queiram auxiliar na propagação do Evangelho em suas diversas maneiras de execução. Para lidar com este problema, em nível de Sínodo, estamos oferecendo diversos cursos, palestras e formação de novas lideranças. No que se refere à Paróquia percebe-se que o trabalho do Reencontro está conseguindo trazer novas lideranças.
Raulino Schütze, 44 anos, natural de Timbó/SC, Assessor Parlamentar, é casado com Aneti Neci e pai de Aline Daiane. Na Comunidade de Trindade, é atual Presidente e Conselheiro, atendendo 35 famílias na sua área. Na Paróquia de Timbó, faz parte do Presbitério, na função de Vogal, é representante no Conselho Sinodal, está à frente da organização do Grupo da Legião Evangélica Luterana-Núcleo de Timbó e representa o Grupo 7 nas lideranças do trabalho do Reencontro. No Sínodo Vale do Itajaí, é o atual Vice-Presidente e representante do Sínodo na Fundação do Lar Rodeio 12. radas para atender estas pessoas sozinhas no seu individual, por isso outra ação importante é oferecer para crianças e adolescentes atividades dentro da Comunidade que atendam aos desejos do jovem, mas sempre com base em um convívio fraterno.
Qual é a importância de participar do Presbitério da IECLB? Podermos dividir o fardo daquelas pessoas voluntárias que se dedicam, possibilitando a implantação de novas frentes de trabalho que, hoje, ainda estão deficitárias. Na certeza da existência de um Ser Superior do qual podemos ter amparo e proteção, toda a minha dedicação para a Igreja é apenas um sinal da gratidão pelas coisas que recebo diariamente de Deus por meio de Jesus Cristo. O que poderia destacar na dinâmica de funcionamento do Presbitério? Entendo que, apesar das diversas dificuldades encontradas, a estrutura da IECLB é a mais democrática possível, formato este que não se encontra nas demais religiões, por isso tento ser útil para o bem da própria IECLB, mas principalmente para o próximo. Nesse sentido, meu maior aprendizado ao trabalhar no Presbitério é sentir a gratidão expressa pelas pessoas que, de uma ou outra forma, foram auxiliadas.
Reencontro O Reencontro é a ferramenta missionária mais eficiente que a IECLB possui no momento. O fato dela trabalhar diretamente com casais está reestruturando a base da família e da sociedade. Este belo trabalho foi implantado há mais de 25 anos no Brasil e cada região ou Paróquia utiliza este eficiente recurso com alguns métodos diferenciados, mas o mesmo objetivo: o fortalecimento da vida conjugal, relembrando os compromissos assumidos no dia do matrimônio. Na Paróquia de Timbó/SC, o primeiro grupo já completou 20 anos de existência e, ao longo deste tempo, foram formados 23 grupos, tendo em média a participação de 10 casais de diferentes níveis econômicos, etários, culturais e participativos nas atividades da Igreja. Mesmo que o objetivo principal não tenha sido este, em nossa Paróquia foi possível reanimar as lideranças leigas para o trabalho voluntário da Igreja e, principalmente, atrair os casais e suas famílias para as atividades comunitárias devido à gratidão que sentem pela Igreja ter oferecido algo que faltava em sua vida conjugal, ou seja, o reencontro com ela própria, com seu cônjuge e com Deus. Minha esposa e eu fomos convidados para participar do 7º grupo formado em Timbó e nele permanecemos desde 1994. É muito bom ver pessoas, casais e famílias inteiras voltarem a participar, com alegria, da vida em comunidade, gerando a convivência de uma grande família. Maiores informações sobre o Reencontro poderão ser obtidas com os Pastores Ivo Krueger, Günter Boebel e Darcy Hugo Brandt.
Jurídico Responde - A imunidade de IOF nas organizações A Constituição Federal de 1988 prevê a Imunidade Tributária para Templos de qualquer Culto, benefício este pouco usufruído pelas entidades religiosas, provavelmente pelo desconhecimento dos reflexos financeiros e econômicos no âmbito das organizações. Apesar da Imunidade prevista na alínea “b” do inciso VI e §4º do art. 150 da Constituição Federal ser aplicável a todos os tributos, no presente artigo vamos nos limitar a abordar a imunidade tributária das organizações religiosas (Comunidades, Paróquias e Sínodos) com relação ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas
a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF. Com a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), no final do ano de 2007, imediatamente, para evitar perda de receita, o Governo Federal anunciou o aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tornando mais significativo o seu valor. No entanto, no inciso II do §3º do art. 2º do Decreto 6.306/2007, que alterou as alíquotas do IOF, está regulada a não incidência do imposto nas operações realizadas por entidades religiosas referidas no Decreto como ‘templos de qualquer culto’, quando as operações estiverem vinculadas às finalidades essenciais, nos seguintes termos, in verbis: “2º O IOF incide sobre: (...) § 3º Não se submetem à incidência do
imposto de que trata este Decreto as operações realizadas por órgãos da administração direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, desde que vinculadas às finalidades essenciais das respectivas entidades, as operações realizadas por: (...) II - templos de qualquer culto; (grifamos)”. Considerando os termos do inciso II do §3º do art. 2º do Decreto 6.306/2007 e o disposto na alínea “b” do inciso VI e §4º do art. 150 da Constituição Federal, as entidades religiosas gozam de imunidade de impostos. Em outras palavras, não precisam pagar o IOF. Para tanto, basta a entidade religiosa entregar um ofício dirigido ao Gerente Geral da agência bancária onde mantém conta, firmado pelo representante legal da entidade, acompanhado da cópia do CNPJ/MF, dos estatutos, da ata de eleição
do representante legal e solicitar que a instituição financeira deixe de cobrar o IOF das operações realizadas pela organização religiosa firmatária, por gozar de imunidade tributária nos termos da alínea “b” do inciso VI e §4º do art. 150 da Constituição Federal e do inciso II do §3º do art. 2º do Decreto 6.306/2007.
Jeferson De Boni Almeida Assessor Jurídico da IECLB
Indicadores Financeiros UPM Agosto/2008 = 2,3877% Índice Julho/2008 = 0,85% Acumulado do ano = 6,15%
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UNIDADE
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Mulheres
Nossas mulheres têm potencial, fé, perseverança e muito amor Gisele Metzger, 26 anos, natural de Blumenau/SC, está cursando o 6º semestre de Ciências Contábeis na Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb) e, atualmente, trabalha no setor de contabilidade da Central das Cooperativas de Crédito (Cecred). Na IECLB, é membro na Paróquia Martin Luther, em Blumenau, Presidente da Comunidade Martin Luther, Orientadora do Culto Infantil e da JE Mirim, além de Tesoureira da Juventude Evangélica Martin Luther (Jemalu).
No Sínodo Vale do Itajaí, como funciona o trabalho com mulheres? Em nosso Sínodo, as mulheres são muito ativas, tem voz e vez. Elas estão liderando muitas frentes de trabalho, como a nossa Pastora Sinodal, na administração do Lar Rodeio 12 e no Presbitério tanto de Paróquias quanto de Comunidades. As mulheres são muito participativas não somente como líderes. Na minha Comunidade e Paróquia, muitas são incansáveis, como as ‘formiguinhas’, trabalhando no anonimato para que a Igreja permaneça com as portas abertas. Elas participam de praticamente todos os setores e as suas ações são voltadas para o bem comum. Dificilmente pensam em si mesmas e por onde passam deixam o seu toque especial e as suas lições de superação.
muito bem as funções que nos são confiadas.
jovens na Comunidade e o que mais gosto de fazer é contar histórias e preparar os encontros. Na casa de Deus, devemos nos sentir à vontade. Procuro envolver a todos nos cantos, brincadeiras, trabalhos coletivos, narração e em momentos que possam ter pessoas ou situações especiais e diferentes. Como se prepara para esta responsabilidade? Desde cedo, a maior parte da minha formação foi referenciada por mulheres. Hoje, temos uma Obreira na nossa Paróquia e no Sínodo e procuro aproveitar os momentos que passamos juntas, sempre extraindo grandes lições de vida. Sei que sou jovem, porém, quando se está na liderança, somos alvo de críticas construtivas ou não. Também tenho consciência que muitos me tomam por referência e isto
Ser o único Sínodo a ter uma Pastora Sinodal é reflexo da liderança do trabalho feminino praticado no Sínodo? Como mulher, me sinto honrada por ter a nossa Pastora como referência por sua iniciativa e coragem, mostrando, a cada dia, a força e o potencial do seu trabalho. Como toda mulher, ela também tem seu toque especial e nos faz sentir mais à vontade, pois entende nosso dia-a-dia, nossos medos e limitações. Nosso Sínodo é conside- Devemos convidar, abrir espaço e acompanhar a caminhada rado referência em muitos das mulheres na nossa Igreja, afirma Gisele Metzger Poderias citar os temas e desafios das trabalhos. A OASE é o carro mulheres do Sínodo? alegra, assusta e faz refletir sobre os chefe e não consigo imaginar uma Embora as mulheres sejam muito meus atos. Como liderança, não traComunidade sem ela, pois são ativas em nosso Sínodo, ainda há balho sozinha, mas com uma Diretoria incansáveis e trabalham para que a preconceito em relação à sua atuação. e, juntos com a nossa Obreira, Igreja se mantenha. Nossas mulheres Além disso, é realidade mundial que a discutimos e buscamos as melhores têm fé, perseverança e amor. Não existe mulher possui jornada dupla: em casa decisões. idade ou raça. Conheço muitas mulheres que eram de Há prioridades no trabalho junto às outras denominações mulheres? religiosas e assumiram Cada um tem um dom, uma com muito amor fazer habilidade. Devemos cativar os dons, parte da IECLB. mostrar que em nossa Comunidade as mulheres têm lugar, são importantes e Quais são as suas atrio seu trabalho é valorizado. Na Igreja, buições como Presisomos alimentados e, em função do que dente da Comunidade recebemos, somos convidados a fazer Martin Luther? a diferença no dia-a-dia. Somos Tenho muitos sonhos abastecidos para que, em situações e um deles é que os nossos agradáveis, agradeçamos a Deus, membros reconheçam a reconhecendo que é Ele quem age, e, em importância de ser Para Gisele, a família é o ponto de partida da educação cristã momentos sinuosos, saibamos que não cristão. É um trabalho e no trabalho. No Sínodo Vale do Itajaí, estamos sozinhos e abandonados, pois difícil, pois as prioridades que não é diferente. Existem mulheres há uma Comunidade inteira ao nosso colocamos em nossa vida muitas vezes muito capacitadas. Acredito que lado, orando e caminhando conosco. passam longe das nossas Igrejas. É devem ser mais cativadas, mas é Muitas ainda não conhecem a nossa uma tarefa continuada que começa nos questão cultural e de tempo, pois, aos Igreja e o que ela nos oferece. Devemos primeiros anos de vida da criança e que poucos, estamos sendo reconhecidas e convidar, conhecer as suas necessinão deve parar. Acredito que a família buscando nosso espaço. Sabemos do dades, dar testemunho, abrir espaço e deve ser o ponto de partida, por isso nosso potencial e que desempenhamos acompanhar a sua caminhada. me dedico ao trabalho com crianças e
A Comunidade de Guaraí também tem grupo de mulheres Grupo de Mulheres da Comunidade de Guaraí/TO Na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Guaraí/TO, existem várias atividades. Entre elas, se destaca o encontro de mulheres, que acontece mensalmente e reúne cerca de 15 participantes.
Esse grupo iniciou em 2005 com o objetivo de integrar as diferentes culturas, tradições e raças que contrastam e compõem a nossa Comunidade. Assim, mulheres de todas as idades, raças e cores, juntas, celebram a união e o jeito de ser mulher luterana. Tal diversidade faz com que os encontros se tornem muito ricos. Há momentos de reflexão, troca de experiências e idéias, confraternização, partilha, lazer e, também, de louvor a Deus, estudo da Palavra e oração.
Podemos dizer que são encontros nos quais buscamos crescimento espiritual e comunitário. Nós, mulheres, nos sentimos felizes em participar desse grupo no qual cada uma pode contribuir um pouco com a sua experiência de vida e, também, ensinamentos para o diaa-dia. Com essa iniciativa, nos tornamos mais amigas, fomos nos conhecendo mais, apreendendo sobre as diferenças e, principalmente sobre o que nos une: a fé em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador. Somos diferentes, cada uma é única, mas todas nós somos membros de uma mesma Comunidade.
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Fé Luterana
Idoso: com muito respeito e dignidade! Até o ano passado, o Dia do Idoso era lembrado em 27 de setembro, mas, devido à criação do Estatuto do Idoso, em 1º de outubro, a comemoração foi transferida para esta data. O dia da comemoração foi alterado, mas os idosos têm o que comemorar? Para refletir sobre essa temática, convidamos a Catequista Emilda Feiden, Pedagoga e Gerontóloga Social, que foi membro do Conselho do Idoso na exRegião Eclesiástica VI e no Sínodo Vale do Taquari e, atualmente, faz parte da Comissão Vida Digna no Sínodo. Também faz parte o P. Ms. Luzaoir Adilson Lenz, Mestre pelo IEPG com a dissertação ‘A prática da espiritualidade na terceira idade’, Diretor e Professor da Carreira de Teologia na Universidad Luterana Salvadoreña, em El Salvador, Assessor Teológico para a Igreja Luterana Salvadorenha e autor de
publicações relacionadas aos idosos. Contribui, ainda, a Professora Walli Dreher, que, formada e pós-graduada em Letras, atuou em escolas públicas e privadas, desde as séries inicias até o curso superior, auxiliou no Culto Infantil, no Conselho do Departamento de Catequese e, desde sua aposentadoria, integra a coordenação do grupo de idosos da Comunidade de São Leopoldo/RS. Finaliza o P. Carlos Luiz Ulrich, Pastor na Paróquia Apóstolo Tiago, em Jaraguá do Sul/SC, Especialista em Aconselhamento e Psicologia Pastoral pelo IEPG com a pesquisa ‘O grupo como um espaço terapêutico e de afirmação da dignidade humana das pessoas idosas’, integrante da Pastoral do Idoso no Sínodo Norte Catarinense e do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso.
No trabalho , qual é o lugar do idoso?
Na sociedade, qual é o lugar do idoso?
Catequista Emilda Feiden
Pastor Luzaoir Adilson Lenz
Avós amados e tranqüilos, trabalhando apenas por prazer: imagem idealizada da velhice, mas não é sempre assim, pois muitos ainda se ocupam, uma vez que a sua vida sempre girou em torno do trabalho ou porque dependem dele para sobreviver. Ao perguntarmos a uma pessoa quem ela é, geralmente a resposta vem relacionada ao seu trabalho. Sou Médico, Educador, Agricultor. É assim porque o trabalho define o nosso ‘eu’ e, se não tivermos um local de trabalho, um círculo de colegas para manter contato, uma tarefa para confirmar a nossa ‘competência’, pode vir o sentimento de inutilidade, perda e vazio. A pergunta Afinal, o que ainda sou eu? nos incomoda. As Comunidades e a sociedade nem sempre oportunizam opções em que o idoso, nesta situação, possa assumir novos papéis favorecendo os contatos e a sua reinserção social. Por outro lado, a permanência do idoso no mercado de trabalho é, muitas vezes, por absoluta necessidade de sobrevivência e representa a única fonte de renda familiar. Assim sendo, ocupa o espaço de trabalho do jovem e se contenta até com o subemprego. Sem ganho extra, o idoso não cobre os seus gastos com saúde e nem mantém uma velhice com qualidade de vida. Juntar bens sem garantir liquidez estável faz parte da cultura do idoso. Vender patrimônio é difícil. Depender de familiares é complicado, por isso o idoso está no mercado de trabalho, mas até que ponto as nossas angústias pessoais e preocupações com a sobrevivência são tão ou mais importantes que todo o resto para que nos concentremos totalmente nelas? Para refletir, leia Mateus 6.25-34
Na Comunidade, qual é o lugar do idoso? Professora Walli Dreher A Comunidade de São Leopoldo/RS foi pioneira no trabalho com pessoas idosas. Em 1977, criou o primeiro grupo de terceira idade que se tem notícia no Brasil: o Centro de Lazer Girassol, resultado da percepção que muitos idosos ficavam sozinhos em casa, porque os filhos saíam para seu trabalho, e, com isso, entravam em depressão e perdiam a vontade de viver. Estes idosos já não participavam mais dos outros grupos da Comunidade, pois não se enquadravam mais neles. A partir de exemplos da Alemanha, trazidos pelo Professor de Teologia Dr. Gerstenberger e por Hanelore Weber, a OASE local foi incentivada a convidar todos os idosos da Comunidade para um chá e fundação de um grupo de terceira idade. A idéia deu certo e, há 31 anos, mais de 100 idosos continuam se reunindo semanalmente para celebrar a vida. Os programas são variados: cantos, brincadeiras, ginástica, danças, apresentações artísticas, palestras, passeios e meditações sempre encerrando com um gostoso chá. Ao longo do tempo, também foi fundado um coral e um grupo de dança sênior que se apresentam em várias oportunidades. Percebe-se que o trabalho alcançou os seus objetivos quando os idosos falam Vocês me devolveram a alegria de viver e também quando os filhos dizem Agora, minha mãe tem assunto para conversar, até esqueceu as suas dores. Com o aumento da expectativa de vida e a perspectiva dos idosos representarem 25% da população latino-americana, todas as Comunidades deveriam ter espaço para os seus idosos, um local onde possam conversar com pessoas da mesma idade e celebrar a alegria de viver. Para refletir, leia Salmo 104.33
Na sociedade moderna, valemos por aquilo que produzimos e pelo que consumimos. Em tempos passados, o que valia era a experiência, hoje vale a técnica. Historicamente, ser idoso proporcionava maior status. Isso se devia a dois motivos básicos: quantitativamente havia menos idosos e qualitativamente pelo fato que as suas opiniões em assuntos importantes eram ouvidas e se dava mais importância à experiência que à inovação. Em uma sociedade na qual se valoriza o físico, o belo e a produção, ser idoso, muitas vezes, foi sinônimo de ser inútil e fraco, sem valor para o mercado de trabalho e com valores limitados no que diz respeito à sua participação em vários contextos da sociedade. Contudo, essa imagem deplorativa do idoso vem mudando. A tecnologia, os avanços científicos e as leis de proteção aos idosos estão proporcionando uma melhoria na expectativa de vida. Uma nova geração de idosos saudáveis e ativos está surgindo com toda força. Idosos que buscam manter em harmonia o corpo e a mente por meio de atividades como informática, teatro, hidroginástica, viagens, etc. Idosos conscientes e cuidadosos, cientes da sua participação política e social, que têm ocupado o seu tempo livre com o lazer e também com a criação de redes de mútuo apoio, na qual constroem laços simbólicos de identificação, em que, juntos, negociam a sua participação como cidadãos e produzem novos paradigmas e modelos sociais, nos quais já não são meros figurantes, mas atores e autores do final da sua história de vida. Para refletir, leia Salmo 71
Na família, qual é o lugar do idoso? Pastor Carlos Luiz Ulrich A família brasileira contemporânea está cada vez mais distanciada do modelo tradicional, na qual idoso ocupava lugar de destaque. Ela é marcada pela fragmentação e fragilidade das relações cujos membros, embora juntos, vivem isolados uns dos outros. Existem, lado a lado, diferentes tipos de família. Dentro desta realidade plural, encontra-se o idoso. Observa-se que, em muitas famílias, há um bom relacionamento entre as diferentes gerações, enquanto em outras a pessoa idosa é excluída do convívio. É fundamental para o cuidado e a atenção ao idoso que a família seja vista em sua singularidade. Em diversas famílias, quem cuida das crianças, enquanto os pais estão trabalhando, são os avós. Em muitas casas, o salário da aposentadoria complementa o orçamento doméstico. As histórias das famílias são diferentes e se realizam na experiência do pertencimento, em que se compartilham redes de solidariedade e afeto. Freqüentemente, ouvem-se narrativas nas quais os fios familiares foram rompidos, aparecendo a solidão, o abandono e, inclusive, a violência como ameaças para uma vida digna na velhice. A comunidade cristã tem uma importante tarefa na manutenção dos vínculos familiares: visitando, criando programas e grupos comunitários que incluam a pessoa idosa e afirmando a sua dignidade na vivência familiar, necessitando, para isso, conhecer e apoiar as políticas públicas que envolvem a família no cuidado desta fase da vida, pois o idoso é parte integrante da grande família de Deus. Para refletir, leia o Salmo 78.3-4
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Geral
Seminários de formação em torno do Tema do Ano 2008 O Tema do Ano é uma importante iniciativa de reflexão, unidade e caminhada conjunta na IECLB. É uma oportunidade para refletir sobre um assunto comum a toda Igreja. A IECLB manteve em 2008 o mesmo Tema de 2007 No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação, que foi dinamizado por um novo Lema Velhinhos e velhinhas sentarão nas praças de Jerusalém e as praças ficarão cheias de meninos e meninas brincando (Zacarias 8.4-5).
Para auxiliar na divulgação do Tema do Ano, a Secretaria Geral da IECLB, em parceria com os Sínodos, ofereceu o Seminário para Multiplicadores do Tema do Ano. Em nove Sínodos da Igreja, esses Seminários aconteceram envolvendo diferentes públicos. O programa do Seminário foi proposto e coordenado pelo Departamento de Educação
Seminário em Três de Maio/RS Sínodo Noroeste Rio-grandense
Cristã (DEC) e pela Coordenação de Diaconia, setores da Secretaria Geral. “No decorrer de cada Seminário, alguns momentos foram bastante significativos, dentre os quais se
Seminário em Cascavel/PR Sínodo Rio Paraná
destacam a meditação inicial, que despertou nos participantes um sentimento de pertença em cada pessoa ao dizer ‘Eu faço parte desta praça’, e a apresentação de um histórico do Tema do Ano desde 1978. A projeção de imagens dos Temas e Lemas anteriores instigou a memória e a reflexão. Pôde-se constatar que as temáticas marcaram a vida das pessoas de diferentes maneiras, em distintas épocas e contextos”, afirmou a Catequista do DEC Débora Raquel Klesener Conrad. O estudo sobre a reconciliação motivou as pessoas a partilharem experiências. Foi um momento espontâneo de vivência comunitária, que fortaleceu a esperança na transformação das pessoas, reatando laços, curando feridas, abraçando-se novamente. O programa do Seminário também reservou um espaço para o tema profetismo. Nessa abordagem, buscou-se uma aproximação com os livros proféticos que deram origem aos textos e estudos. O caderno com Encontros Bíblicos também foi estudado pelos participantes. Os encontros foram elaborados a partir de cinco ênfases: Reconciliação da pessoa consigo mesma, Recon-
ciliação na e da família, Reconciliação na comunidade eclesial, Reconciliação entre povos, culturas e religiões e Reconciliação com o Planeta e com a Criação. Para cada ênfase, foram elaborados três encontros, um para crianças, um para adolescentes e jovens e um para adultos. O caderno é um subsídio para auxiliar na divulgação e dinamização do Tema do Ano nos diferentes grupos da Comunidade. A proposta metodológica dos Seminários de formação do Tema do Ano buscou envolver os participantes no processo de reflexão em torno das diferentes ênfases abordadas e foi bem acolhida pelos participantes, que se sentiram totalmente envolvidos. O Tema do Ano é uma das maneiras pelas quais a IECLB pode auxiliar na Missão de Deus no mundo. “Que o Tema de 2008 continue
Seminário em Schroeder/SC Sínodo Norte Catarinense
motivando as Comunidades a construírem e visitarem as praças, fazendo delas espaços de reconciliação”, deseja a Catequista Débora Conrad.
Seminário com a OASE em Teutônia/RS Sínodo Vale do Taquari
Conaje
... e o Espírito Santo nos chamou para o Congrenaje Patrícia Hoffmann Pedagoga e Coordenadora do Cosije do Sínodo Planalto Rio-grandense Viviane Kusler Professora e Presidente do Conaje Expectativas, ansiedade e alegria são sentimentos que nos invadem nos momentos que antecedem uma viagem. Os preparativos são muitos. Além de fazer a mala, precisamos também preparar o corpo e o espírito para enfrentar o desconhecido, caminhos nunca vistos, nunca trilhados por nós.
Quando nos colocamos a caminho, já não somos desconhecidos. Um objetivo comum, um local de chegada nos aproxima, tornandonos uma grande família, um grande grupo que partiu de diferentes Sínodos para, em comunhão, viver o 19º Congresso Nacional da Juventude Evangélica e o 5º Fest’Art, nos dias 20 a 24 de julho de 2008. Este foi o nosso destino, caminho abençoado por Deus, um momento de viver e de ver novos horizontes, de trocar experiências, construir novos conhecimentos, celebrar amizades, criar laços fraternos, despertar lideranças, dividir sonhos e alegrias, um tempo para fortalecer a fé. A Igreja e o mundo necessitam de jovens líderes que exerçam influência especial, que levem a marca da Juventude Evangélica da IECLB. Muitos jovens líderes fazem e fizeram parte da história do Congrenaje, história que se constituiu e se constitui no caminhar em comunhão, no enlaçamento de fé, esperança e amor. Tudo o que construímos deve ter como base o amor concreto que Jesus Cristo nos ensina por meio de tantos exemplos. Sejamos nós, jovens, motivadores deste amor ensinado por Deus, pois Somos a presença de Deus no Mundo e que o Congrenaje possa ter despertado novos líderes para a missão de temperar a vida e ser luz para os caminhos.
Comportamento
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Inclusão escolar: direito de pensar e criar Atualmente, um grande número de pessoas com deficiência está freqüentando escolas comuns. Isso tem levado a uma profunda reflexão acerca do papel e das finalidades da escola, de modo que, no avanço da discussão, vai se consolidando a compreensão de que as diferenças na sala de aula, antes de serem um complicador para a ação do Professor, podem se tornar um fator de qualificação e de enriquecimento do ensino.
Neste mês, no dia 21, lembramos o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência e um importante aspecto no contexto de avanços sociais e políticas públicas em favor das pessoas com necessidades especiais é a inclusão escolar, pois diz respeito às crianças com deficiência e também às crianças sem deficiência e seus familiares. O motivo é claro: as crianças com deficiência e seus pais desejam, precisam e merecem a inclusão, processo que acontece justamente pela aceitação do outro, do que é diferente, neste caso, o ‘normal’, portanto as crianças sem deficiência e seus pais. A inclusão escolar é um direito de alunos com e sem deficiência, uma tarefa difícil de ser executada, mas gratificante para todos os envolvidos, ou seja, para todos nós como sociedade. Para tratar sobre este tema de fundamental importância, convidamos a Pedagoga Mara Lúcia Sartoretto, que nos oferece esta relevante reflexão. A inclusão de pessoas com deficiência nas escolas comuns da rede regular de ensino coloca novos e grandes desafios para o sistema educacional. Este, talvez, seja um dos temas que mais têm instigado não só Professores do ensino especial, mas também Professores das escolas comuns, pais e a própria sociedade. Dentro e fora das escolas, vem se verificando um acalorado processo de discussão acerca das modificações que devem ser implementadas na escola, processo que nem mesmo as três leis de diretrizes e bases haviam conseguido desencadear.
A convivência entre crianças com e sem deficiência é mutuamente benéfica
Analisando a história das pessoas com deficiência, vemos que, durante anos, elas perderam a sua identidade e passaram a ser designadas não pelo nome, mas pela deficiência de que são portadoras: o cego, o surdo, o down, por isso, por muito tempo, não tiveram acesso à escola comum: ficavam em casa ou eram atendidas em espaços segregados, convivendo apenas com colegas que também apresentassem algum tipo de ‘deficiência’. Mesmo quando, numa tentativa de integração, alguns desses alunos passaram a freqüentar as classes comuns das escolas regulares, havia uma seleção prévia e só eram admitidos os que estivessem aptos e amoldados ao formato da escola. Aí, não era a escola que tinha que mudar: os alunos é que teriam que se adequar às exigências da escola.
A diferença e a deficiência são inerentes à condição humana
Libras e Braile são dois importantes formatos de comunicação
Pais e Professores começam a se dar conta que a convivência entre crianças com e sem deficiência é mutuamente benéfica. Ganham os alunos com deficiência, na medida em que convivem num ambiente desafiador, provocador, rico em experiências e relações que estimulam e incentivam a pensar, e ganham os alunos ditos ‘normais’, por terem oportunidade de aprender a conviver com a diversidade, de construir conhecimentos e, inclusive, de conhecer novas formas de comunicação, tais como Libras e Braile, além de se familiarizar com novos recursos, como a tecnologia assistiva e a comunicação alternativa e aumentativa. Acima de tudo, em espaços onde se dá lugar à diferença e não se estigmatiza a deficiência, forma-se um terreno fértil para experiências de colaboração, ajuda mútua e solidariedade, padrões de convivência tão necessários em nossos dias. Isso é tão verdadeiro que já não é raro encontrar pais de crianças ‘normais’ que fazem questão que seus filhos convivam com colegas com deficiência.
conhecimentos, mas estimular a curiosidade e desenvolver a capacidade de adquirir conhecimentos. É preciso que a reflexão sobre os problemas de aprendizagem e o modo como ela se processa tome o lugar da reflexão em torno dos problemas do ensino, ou seja, em vez de nos preocuparmos tanto com o como devemos ensinar, precisamos aprofundar a nossa reflexão acerca de como os alunos aprendem.
Em uma sala inclusiva, é o Professor que presta atenção no aluno
Nessa concepção de escola, que vê a diferença e a deficiência como algo inerente à condição humana, o atendimento educacional especializado, a ser oferecido tanto aos alunos com deficiências quanto aos alunos com altas habilidades, assume papel importante e decisivo. Em uma sala inclusiva, o aluno não presta atenção no Professor, o Professor é que deve prestar atenção no aluno. Em uma sala inclusiva, o aluno não é ouvinte, não é assistente. Em uma sala inclusiva, o aluno realiza atividades, resolve problemas, desenvolve projetos, participa, opina, analisa, cria e não precisa decorar nada. A escola inclusiva é a escola do aluno que pensa, faz e cria e não do aluno que ouve, copia, anota, decora e reproduz na prova. Pensar, fazer e criar: cada um pode fazê-lo a seu modo, no seu ritmo e sem moldes predeterminados.
Os Professores devem estimular a curiosidade e a capacidade de adquirir conhecimentos
A transformação de todas as escolas em escolas inclusivas é um grande desafio que teremos que enfrentar, mas a condição para que a inclusão escolar se torne uma realidade passa pela redefinição do papel das escolas especiais como responsáveis pelo atendimento educacional especializado e das escolas comuns como o local em que os alunos, por meio do conhecimento, possam questionar a realidade e, coletivamente, viver experiências que reforcem padrões sociais de cooperação e vivência da cidadania. Nesse sentido, é imprescindível que se redimensione o enfoque da formação dos Professores cujo objetivo não deve ser simplesmente adquirir
Mara Lúcia Sartoretto é Pedagoga Especialista em Alfabetização e Estimulação Precoce, Coordenadora do Curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado - SEAC - Escola de Educação Profissional e Diretora do Centro de Apoio da AFAD - em Cachoeira do Sul/RS
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Deutscheseite
Unnötige Last? Vergangenen März waren es sechzig Jahre her, dass die erste Gruppe von Theologiestudenten der neugegründeten „Theologischen Schule“ von São Leopoldo ihr Schlussexamen ablegte. Wir waren sechs Kandidaten, die schon zu Anfang des Jahres zum Examen zugelassen wurden. Ausser . H-G. Naumann (der dann noch Pädagogik studierte) und mir waren es noch Edgar Liesenberg, Erdmann Götz, Albino Trein und Johannes Blümel, letztere vier heute schon verstorben - aus Dienst und Leben abberufen. Requiescant in pace Dei! Mögen sie in Gottes Frieden ruhen! Ich erinnere mich noch genau an die Formatura-Feier, bei der wir mit Dozenten und Familien samt persönlichen Freunden in der Aula des Proseminars versammelt waren. D. Dohms, unser Rektor, hielt eine besinnliche Ansprache, in der er ein Gedicht zitierte, das er offenbar von seiner Studienzeit her auswendig konnte:.- Ein Pfarrer hat einen Traum, der mehr und mehr zum Albtraum wird. Er träumt, er ziehe an einem heissen Tag einen Wagen auf einer staubigen und löcherigen Strasse. Als es ihm zu schwer wird, bittet er die Vorsteher und anderen Mitarbeiter, mit zuzufassen und den Wagen mit vereinten Kräften schieben zu helfen. Es geht eine Weile gut, doch dann wird der Wagen dem armen Pastor wieder schwerer und schwerer, bis er stehenbleibt und zurückschaut. Da sieht er zu seinem Erstaunen, dass alle seine Mitarbeiter in den Wagen geklettert sind und sich von ihm ziehen lassen. Das Gedicht schloss mit dem Vers: „Und so zieht er den schweren Karren und wird gehalten für einen Narren“.
Ich entsinne mich noch, wie Dohms dann sagte: Und er ist wirklich ein Narr, wenn er sich darauf einlässt, den Wagen alleine ziehen zu wollen, und wenn es ihm nicht gelingt, andere willig zu machen, an seiner Seite in die Radspeichen zu greifen und die Dinge bewegen zu helfen. Er gab uns dann folgenden Rat, und seine Worte haben sich mir tief eingeprägt: „Ich rate euch“, sagte er, dem Sinne nach, „haltet in eurem Amt hin und wieder inne, schaut zurück und stellt fest, ob ihr nicht eine falsche und unnötige Last zieht, nicht nur was Mitarbeiter betrifft, sondern auch in Bezug auf Dinge, Traditionen und Gewohnheiten. Die unnötigen und falschen Lasten sind es, die uns kaputt machen!“ Ich habe den Ratschlag unseres geschätzten Präses nicht mehr vergessen. Ich wollte heute, ich
hätte mich mehr danach gerichtet. Ich glaube, die Amtsmüdigkeit und Kirchenverdrossenheit bei manchen Pfarrern, Vorstehern und Mitarbeitern hat da ihren tiefsten Grund. Warum ist es heute so schwer, Kandidaten für ein Vorsteheramt zu finden? Sie haben Angst vor der Last, die sie glauben schleppen zu müssen. Aber das Joch Christi ist doch sanft, und seine Last leicht! Soll die Verheissung Jesu heute nicht mehr gültig sein? Haben wir, die wir den Wagen der Kirche ziehen, schon erkannt, dass es eine freudige und beglückende Sache sein kann, wenn es uns gelingt, eine Gemeinde mit dem Wort Gottes in Bewegung zu setzen, wobei dann wirklich alle mitziehen, - zu erfahren, dass das Evangelium keine Last ist, sondern der Motor, der uns überhaupt die Kraft gibt, den Wagen zu bewegen? Dass der Wagen wohl eher mit mühseligen und leidenden Menschen beladen sein sollte als mit gewichtigen Repräsentanten von Machtgruppen, Richtungen iund Traditionen! Der Ratschlag unseres alten Lehrers - Dohms wurde ja dann später auch zum Architekten der IECLB - sollte uns ein Anlass sein, ganz wortwörtlich anzuhalten und zurückzuschauen. Vielleicht können wir es nur mit Seufzen und Gebet tun, aber darin liegt ja dann mehr Verheissung als im Stöhnen über Lasten, die Gott uns vielleicht garnicht auferlegt hat.
Pfarrer Lindolfo Weingärtner
Apfelbaum
Martin Luther hat einmal gesagt: “Auch wenn ich wüsste, dass morgen die Welt untergeht, würde ich heute noch einen Apfelbaum pflanzen.” Mir gefällt dieser Satz, weil da viel Vertrauen drin steckt. Wenn die Rede gerade schon von Bäumen ist, will ich kurz berichten wie ich neulich zu meinen „Wurzeln“ geschaut habe: Mein Urgroßvater war Bauer und wohnte in Rio Grande do Sul. Wie viele andere „Kolonisten“, hat er vor mehr als sechzig Jahren sein Grundstück dort verkauft, ließ alles hinter sich und ist mit seiner Familie nach Santa
Catarina umgesiedelt, um ein besseres Leben zu suchen. Ich habe ihn nicht kennen gelernt – nur meinen Großvater, der immer mit Sehnsucht von dem Leben in der „Serra Gaúcha“ erzählt hat. Neulich habe ich mir dann einen alten Wunsch erfüllt, ich habe nämlich den Ort besucht, wo meine Vorfahren im Hinterland von Gramado gewohnt haben. Jetzt lebt da eine für mich unbekannte Familie. Aber aus jener Zeit sind noch Ruinen von Steinmauern zu sehen, ebenso einige Bäume. So war meine Freude groß, als ich dort noch einen alten und großen Apfelbaum sah, den mein Urgroßvater in seiner Jugend gepflanzt hat. Ich konnte sogar von den Äpfeln essen, eine ganz alte Sorte. Ob mein Großvater daran gedacht hat, dass auch noch seine Nachkommen die Äpfel genießen würden? Auf jeden Fall war der Baum für mich ein Zeichen der Hoffnung, der heute noch blüht und Früchte trägt. “Auch wenn ich wüsste, dass morgen die Welt untergeht, würde ich heute noch einen Apfelbaum pflanzen”. Luthers Satz weißt darauf hin, dass Vergangenes auch in die Zukunft wirkt. Wäre das nicht ein Wort für uns, wenn wir manchmal den Mut verlieren und denken, dass vieles was wir tun sinnlos erscheint? Es kommt immer öfter vor, dass wir in der Welt feststellen müssen, wie viel Not, Gewalt und
Einsamkeit uns umgeben. Nicht nur die Natur ist von dem bedenkenlosen Handeln der Menschen bedroht. Auch der Mangel an Verständnis und Nähe zwischen den Menschen bedrohen das Leben. Aber stärker als all das was uns beängstigt und bedroht ist die Verheißung Christi: „Siehe, ich bin bei Euch alle Tage bis an der Welt Ende.“ (Matthäus 28, 20) Auch wenn in der Welt keinen Grund mehr gäbe, Hoffnung zu haben, können wir fest daran glauben, dass Gott seine Welt nicht vergessen wird. So können wir Zeichen der Liebe und der Hoffnung setzten, da wo Gott uns „gepflanzt“ hat – wir können blühen und Früchte tragen! Mit den Worten von Siefried Kettling gesprochen: „Den Apfelbaum pflanzen heißt nicht, dass wir die Welt retten oder gar neu machen können, aber es bedeutet, dass wir im Namen Jesu in unserem Lebenskreis Leuchtzeichen, Positionslichter der Hoffnung aufrichten dürfen. Ein solches Bemühen mag uns wie der Tropfen auf den heißen Stein erscheinen, der sofort verdampft – aber er kühlt doch ein wenig; und er verdampft in Gottes ewige Welt hinein.” Darum: heute einen Apfelbaum pflanzen!
Theologe Jaime Jung
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JOREV LUTERANO SETEMBRO 2008
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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!
Bodas de Diamante
Bodas de Ouro RUDY STUMM E GERTA SCHNEIDER STUMM
NIVO DICKEL E IRMA SELVINA DIESEL DICKEL Alegria e emoção marcaram a comemoração dos 60 anos de união matrimonial do casal Nivo e Irma Dickel. A celebração aconteceu no dia 24 de maio de 2008, na Igreja Evangélica de Vila Margarida, em Marechal Cândido Rondon/PR, e foi oficiada pelos Pastores Olavo Koppe e Flávio Schmitt, responsável pela mensagem. O casal, unido em matrimônio em 22 de maio de 1948, na cidade de Três Passos/RS, tem a vida abençoada pelos filhos Romeu, Nelci, Airton e Delmar, pelos netos Claudemir, Éttore, Elizabete Cristina, Elane, Elmar, Elisa, Fábio e Jéferson e pelos bisnetos Fernando, Jéssica, Brenda, Ingrid, Peterson e Cauã. Após o ato religioso, Nivo e Irma puderam viver intensos momentos de confraternização com os familiares e amigos, muitos deles vindos de longe. No convite para a cerimônia, constam as palavras do hino 233 do HPD: Até aqui me trouxe Deus, guiou-me com bondade; Ele amparou os passos meus com graça e fieldade.
O texto de 1Coríntios 13 é uma das mais belas descrições do amor verdadeiro. No versículo 13, lemos... Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor. Com toda certeza, foi com esse amor que, no dia 20 de setembro do ano de 1958, uniram-se pelos laços sagrados do matrimônio o casal Rudy e Gerta, na pequena cidade de Crissiumal/RS. Em 2008, temos a felicidade de compartilhar com eles as suas Bodas de Ouro. Toda a família e, em especial, as filhas e o filho, desejam ao casal as mais ricas bênçãos de Deus. Que permaneçam juntos, firmes e fortes, guiados pelas mãos de Cristo Jesus Homenagem especial de Carmen, Haidee, Dirce, Cristiano e famílias
16º ENCONTRO DA FAMÍLIA SCHENKEL Data: 19 de outubro de 2008 Local: Comunidade Evangélica de Linha São Paulo – Não Me Toque/RS Contatos: Nelson Schenkel – 54 3503.0347 / 54 9982.5263 André Schenkel (à noite) – 54 3332.1176 (andreschenkel@terra.com.br) Marlene Raber (raber@dgnet.com.br)
Quatro gerações Quatro gerações de mulheres: - Irma Selvina - Diesel Dickel - Nelci Fries - Elane Fries Hoppe - Jéssica Gabriele Hoppe
Quatro gerações de homens: - Nivo Dickel - Romeu Dickel - Claudemir Romeu Dickel - Fernando Dickel
Lembrança de falecimento ARNILDO HELFESNTEIN Os familiares de Arnildo Helfesntein lembram, com saudade, o primeiro ano do seu falecimento, ocorrido no dia 24 de julho de 2007. Arnildo era membro ativo na Comunidade Evangélica Cristo de Paverama, Paróquia de Paverama/RS. A família também expressa o seu agradecimento aos amigos e às amigas que, durante todo este ano, deram muito apoio e consolo. Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele e o mais ele fará. Salmo 37.5
Falecimento Com profundo pesar, comunicamos o falecimento de
DARIO SPRANDEL ocorrido no dia 29 de maio de 2008, no Hospital São Vicente de Paula, em Passo Fundo/RS, após longos anos de luta contra a grave doença que o acometera. Filho de Ito Sprandel e Laura Sprandel, Dario nasceu no dia 4 de janeiro de 1948, em Polígono do Erval, hoje município de Tio Hugo/RS. Casou-se em 27 de setembro de 1975 com Mareli Sippel e o casal foi abençoado com dois filhos, Fábio e Márcio. Dario deixa enlutados, além da esposa e dos filhos, duas noras, uma neta, quatro irmãs, cunhados, cunhadas, sobrinhos e um grande círculo de parentes e amigos. Em vida, Dario foi um exemplo de coragem, determinação, esperança e superação. Cantou desde criança em casa, nos cultos e no Coral. Foi dirigente do Coral Nunca Pensei por mais de 25 anos e, até os últimos dias da sua vida, embora muito doente, não deixou de cantar e dirigir o Coral. Somos gratos a Deus por nos ter dado a graça de o termos tido em nossa companhia. Ensina-nos Senhor a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio. Salmo 90.12
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Gente Luterana
O Sínodo Vale do Itajaí, formado por 30 Paróquias, 85 Comunidades e 100 mil membros, cuja ênfase missionária é estimular Comunidades a servir a Deus e ao próximo na sociedade, testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo, a partir da Teologia e da fé luteranas, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Ottokar Adolfo Hagemann e Sinita Zeplin
Total gratidão a Deus
Ecumenismo no lar
Ottokar Adolfo Hagemann tem orgulho do seu nome “Ottokar, conforme papai me dizia, de acordo com a história universal, é considerado o maior rei da Bohemia, fundador de muitas cidades, apóstolo do comércio, da lei e da ordem. Durante o seu reinado, houve paz e prosperidade no país. Adolfo foi inspirado na obra humanitária luterana”. Aposentado, 72 anos, nascido em Linha Bernardina, Trombudo, Santa Cruz do Sul, hoje município de Vale do Sol/ RS, Ottokar é casado com Thecla Plümer, com quem tem quatro filhos, Karin Lílian, Miriam Ruth, Beatriz Esther e Luiz Felipe. Membro da Comunidade e Paróquia de Balneário Camboriú, este luterano recorda que seu pai cantarolava hinos sacros, como Ein feste Burg ist unser Gott, que sua mãe tinha um pano de parede bordado Ich hebe meine Augen auf zu den Bergen, von welchen mir Hilfe kommt e resume o espaço da fé na sua vida “Fé é a certeza que se realizarão as coisas em que você acredita, mas é vã e de nada vale se não vier acompanhada de ações, realizações e trabalhos que o cristão se possa orgulhar”.
A fé é vã se não vier acompanhada de ações Casado na Igreja Católica, religião da esposa, participante durante muitos anos de um movimento de espiritualidade conjugal e familiar e freqüentador de missas até hoje, Ottokar denomina-se um ‘apóstolo do ecumenismo’. Em Camboriú, é membro da IECLB desde 1991. Entre
suas atividades, estão participação no Presbitério, no Conselho Fiscal, exSecretário, fundador e ex-Presidente do núcleo local da Legião Evangélica Luterana e Coordenador Sinodal da LE no Sínodo Vale do Itajaí. Embora tenha demonstrado inteesse em seguir a vida religiosa, Ottokar não recebeu apoio familiar. Então, graduouse em Direito e foi trabalhar na Companhia Brasileira de Fumo em Folha, hoje Souza Cruz. Na vida profissional, o aprendizado cristão também era aplicado “Todos têm direito a um tratamento digno. Daqui a 100 anos, ninguém irá lembrar se fui varredor de rua ou Primeiro Ministro, mas o Senhor saberá, a cada um atribuindo ao que de direito fez jus”. Os desafios de ser IECLB na região do Sínodo Vale do Itajaí? “O Sínodo Vale do Itajaí é o menor em área geográ-fica, o maior no número de batiza-dos e o mais poderoso, econômica e financeiramente. Anualmente, temos a Oktoberfest, a segunda maior festa da cerveja de todo mundo e que nos faz questionar, quando contamos a ofertas depositadas ao final dos cultos, ‘Onde é que estão os ricos?’. No entanto, olhando para o estacionamento e vendo todos aqueles carros, nos perguntamos ‘Onde é que estão os pobres?’. Já perdemos a Rádio União, fantástico meio de comunicação à disposição do Sínodo, e o Lar Rodeio 12, que teve seu nome mudado para Centro de Eventos Rodeio 12, está muito próximo de uma situação
crítica. Quanto tempo levará para que seja alugado ou vendido a uma dessas seitas que estão em todos os lugares?”, preocupa-se. Os problemas são grandes, mas não impedem este rotariano há 46 anos de sonhar e o que Ottokar mais deseja para a nossa IECLB é que Deus lhe dê, sempre, Obreiros que sejam íntegros em sua vida pública e particular, fiéis, tementes ao Senhor e verdadeiros guias do povo de Deus.
Sinita Zeplin, 56 anos, natural de Blumenau/SC, é casada com Valmor, mãe de Charles Valmor e Jackson Sidnei e membro da IECLB na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Cristo Bom Pastor, Paróquia São Marcos, em Pomerode/SC. A caminhada desta luterana, que busca servir ao Senhor com os dons recebidos, começou em 1994: já foi Presidente da OASE, Presidente da Comunidade e Conselheira. Hoje, é Vice-Presidente da Paróquia e da Comunidade, membro da Comissão Sinodal de Avaliação de Obreiros, membro da Comissão Sinodal de Fé, Gratidão e Compromisso, Vice-Presidente da OASE Girassol e faz visitação hospitalar semanalmente. “Hoje, com os meus filhos já formados e trabalhando, me dedico quase totalmente a vivenciar a minha fé. Participo das atividades na IECLB, em primeiro lugar, por gratidão a Deus, pois já sofri muito na vida. Nasci com vários problemas de saúde. Então, depois de oito cirurgias, ainda poder trabalhar, isto é graça. Em segundo lugar, destaco o incentivo da minha mãe, já falecida, que muito me estimulou a fazer parte da Igreja, mas principalmente da OASE. Ela estava
certa, pois a OASE mudou a minha vida. Sou uma pessoa satisfeita espiritualmente”, comemora.
Como Vice-Presidente da Paróquia e da Comunidade, Sinita participa ativamente da administração da Comunidade, desde decisões sobre construções e reformas até preparativos para festas. “O trabalho na Paróquia é mais simples. Na Comunidade, na ‘célula’, é que tudo acontece, mas temos um Presbitério ótimo, que ajuda muito. São pessoas que realmente estão aí para o que der e vier, inclusive nos apoiamos mutuamente, pois, quando um está desanimado, o outro diz ‘levante a cabeça e vamos em frente’. Dá gosto trabalhar assim!”. Na Comissão Sinodal de Fé, Gratidão e Compromisso, a Presbítera explica que a contribuição deve ser espontânea, em sinal de agradecimento a Deus por tudo o que recebemos, por isso o Sínodo pretende abolir o carnê e, com ele, a idéia de ‘pagar’ a Igreja. O projeto prevê que as famílias passem a receber o orçamento da Paróquia juntamente com 12 envelopes para as contribuições, que devem ser realizadas com base na capacidade financeira da família e nas necessidades da Paróquia.
Mãos à obra, pois a seara é grande e poucos são os trabalhadores No Sínodo Vale do Itajaí, ‘agregar as ovelhas no aprisco’ também é uma luta constante neste mundo globalizado que está criando tamanho individualismo, mas “com a ajuda do Obreiro e dos Presbitérios, tudo é possível com a graça de Deus”, acredita. Um sonho para a nossa Igreja? “Uma IECLB forte, missionária e solidária, na qual todos se sintam acolhidos e que os cultos sejam uma fonte na qual carregar energias espirituais para serem passadas a quem precisa. Muito há por fazer, mas amo o que consigo fazer e cada dia, pra mim, é uma dádiva de Deus. Portanto, mãos à obra, pois a seara é grande e poucos são os trabalhadores”, convida Sinita.