Jornal Evangélico Luterano - Ano 39 - nº 726 - Março 2010

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Jorev Luterano - Março - 2010

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Editorial

O Sínodo Paranapanema

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Sínodo Paranapanema é constituído por 73 Comunidades distribuídas na faixa leste do Paraná, oeste de São Paulo e ainda no Mato Grosso do Sul. Para viabilizar a caminhada conjunta, o Sínodo Paranapanema foi subdividido em quatro regionais. Muitas atividades acontecem em âmbito regional. São quatro as prioridades do Sínodo Paranapanema: o cuidado com as pessoas, o cuidado com os valores teológicos, o cuidado com a unidade da Igreja e o apoio à missão. Decorrem destas quatro prioridades os principais desafios. Trataremos aqui sobre o aspecto missionário. É possível perceber que as Comunidades carecem de autonomia financeira para o desenvolvimento da missão. O Sínodo tem como tarefa o acompanhamento e a orientação das Comunidades e das suas lideranças neste processo de viabilização financeira das Comunidades. Nesse sentido, a proposta de Planejamento Estratégico Participativo vai ao encontro deste objetivo e se tornou um instrumento de trabalho valioso para o Sínodo Paranapanema. O acompanhamento aos Projetos Missionários e de Comunidades em Formação

Comunidades autônomas e fortalecidas são a meta do Sínodo

também está incluído neste processo e se dá pela via da informação e formação. Todos os encontros e reuniões são considerados oportunidades de refletir, dialogar e avaliar as práticas comunitárias, tanto de gestão das Comunidades como do ponto de vista das práticas missionárias. A intenção é também motivacional, pois tanto as demandas que vêm do Conselho da Igreja como os desafios cotidianos da

Jorge Schieferdecker

missão exigem redobrada vitalidade das lideranças. A capacitação teológica dos nossos Presbitérios é um desafio permanente, especialmente neste contexto extenso e diversificado, pois Comunidades autônomas e fortalecidas são a meta do Sínodo Paranapanema. Acompanhe alguns testemunhos do Sínodo Paranapanema nesta edição do Jorev Luterano.

Pastor Sinodal

Atendimento ao leitor Juciane Wilsmann Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419

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Proteção e bênção

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Fraternalmente, P. Lindolfo Weingärtner

Agradeço à equipe do Jornal Evangélico Luterano pelos votos natalinos e igualmente lhes desejo um tempo natalino iluminado pela paz do Senhor e um novo ano sob a Sua proteção e bênção!

Celebração e descanso Obrigado pela lembrança natalina. Aproveito para desejar a toda a equipe do Jorev Luterano uma boa celebração de Natal e um período igualmente bom de descanso para nova criatividade no novo ano. Com saudações amigas, P. em. Huberto Kirchheim

Criatividade em 2010 Capa Homenagem ao centenário da Obra Gustavo Adolfo no Brasil (OGA). Informações sobre a OGA podem ser obtidas pelo e-mail ogaieclb@luteranos.com.br e pelo telefone 51 3589.1098. Leia matéria especial sobre a OGA na Editoria Atualidade, página 4.

Obrigado pela lembrança natalina. Quero acusar o recebimento do CD o qual me foi presenteado pela Campanha Companhia Premiada realizada pelo Jorev. Que a equipe editorial tenha muita criatividade para fazer uma pauta atrativa neste veículo de alcance nacional. Fraterno abraço, P. Kurt Rieck

Pastor Presidente

P. Dr. Walter Altmann Secretário Geral

P. Dr. Nestor Friedrich Jornalista

Letícia Montanet Reg. Prof. 10925

Administrativo

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Curtas

Instalação em Passo Fundo No domingo, dia 19 de julho, na Comunidade de Passo Fundo/ RS, foi investido o P. Walter Schenkel Neto no cargo de Pastor da Paróquia Evangélica de Passo Fundo. Em nome do Sínodo, o P. em. Rudi Kich deu boas vindas ao P. Walter e à sua esposa, Michele. O Coral da Comunidade levou a sua mensagem cantada e, em nome da Paróquia, o Presidente saudou a todos, colocando o culto, o trabalho do P. Walter e a vida do casal sob as bênçãos de Deus.

Celebração em Cruz Alta A Comunidade e a Paróquia de Cruz Alta/RS receberam o P. Artur Jaske em culto de investidura como Pastor da Paróquia, em celebração realizada no dia 13 de setembro. O Pastor Artur, natural do Espírito Santo, é casado com Edvânia Jaske e pai de uma filha e dois filhos. Um deles, o P. Tiago Jaske, que trabalha na Paróquia Litoral Norte, com sede em Capão da Canoa/RS, enviou uma mensagem que emocionou a todos. P. Artur atenderá as Comunidades de Cruz Alta, Boa Vista do Incra,Fazenda Colorados e Tupanciretã e o Ponto de Pregação Júlio de Castilhos.

Dia histórico em Santa Luzia O dia 4 de outubro se tornou histórico para a Comunidade de Santa Luzia, pertencente à Paróquia Santa Maria de Jetibá/ES. Foi momento de se tornar Comunidade. Após o culto, ministrado pelo P. Edivaldo Binow, aconteceu a Assembleia que decidiria o futuro de Santa Luzia, que, até o momento era um Ponto de Pregação, mas com a construção do templo, inaugurado em fevereiro de 2009, e pelo número de membros, era chegada a hora dos presentes dizerem ‘sim’ e a nova Comunidade eleger o seu primeiro Presbitério.

Uma obra de muitas mãos A sede da Obra Gustavo Adolfo (OGA), em São Leopoldo/RS, foi o local do lançamento do livro dos 100 anos da instituição, intitulado Uma obra de muitas mãos, em evento realizado em 22 de outubro. O Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, manifesta a sua alegria no texto de abertura da obra: É uma coletânea muito bem-vinda de informações históricas e apreciações sobre trabalhos realizados e desafios a serem abraçados na missão de Deus na IECLB hoje. “Obras beneficentes não têm muitas vitrines. São serviços que acontecem no silêncio. O foco está no bem-estar dos outros. A OGA nasceu há cem anos para que o bem cresça e a paz floresça”, expressou o Presidente da OGA, P. em. Rolf Droste.

26º Encontrão Jovem A Paróquia Ituporanga coordenou, nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, a 26ª edição do Encontrão Jovem, reunindo quase dois mil participantes em uma programação variada e dinâmica, com oportunidade de comunhão, novas amizades, prática de esportes, mas, acima de tudo, tempo especial para ouvir a Palavra de Deus. As palestras principais foram conduzidas pelos Pastores Gustavo Legal e Raul Rocha, que, com uma linguagem apropriada para o público jovem e muito dinamismo, abordaram a temática da crise no campo dos valores, da ética e da espiritualidade bíblica. Os jovens foram desafiados a fazer diferença em uma sociedade cada vez mais injusta, superficial e consumista.

O sol nasce para todos Com lançamento realizado no dia 15 de novembro, no Colégio Sinodal Barão do Rio Branco, em Cachoeira do Sul/RS, o livro O sol nasce para todos, de autoria do P. em. Kurt Benno Eckert, narra a saga familiar que se inicia na Alemanha no século XIX. A partir da trajetória do seu pai, o P. Eckert relata o cotidiano da imigração para o Brasil e os anos na nova terra. Na segunda parte da obra, o autor conta a sua trajetória: da infância à vida adulta, com vários capítulos dedicados à vida profissional como Pastor. O autor narra a vida cotidiana de grupos sociais que perseguem seus projetos e lutam por suas motivações, sonhos, anseios e esperanças.

OFERTAS NACIONAIS 28 de março Domingo de Ramos Campanha da Fraternidade Ecumênica Pela terceira vez acontece a Campanha da Fraternidade Ecumênica cujo tema é Economia e Vida e o lema vem de Mateus 6.24: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. O objetivo geral da Campanha é colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão. Os recursos arrecadados serão destinados a projetos que tratem de questões relacionadas à economia e vida e que tenham dentre os seus objetivos o fortalecimento da família e da comunidade como espaços privilegiados na defesa da vida e no acesso aos direitos de uma economia de solidariedade, de partilha, que atenda a segmentos mais excluídos.

INDICADORES FINANCEIROS UPM Janeiro/2010

2,5179

Índice Dezembro/2009 - 0,51% Acumulado do ano

2,93%

Querubim e Quero-Quero Com a participação dos coros Querubim e Quero-Quero, aconteceu o I Encontro de Coros Infantil na Comunidade Bom Pastor, em Ponta Grossa/PR. Os encontros de coros já são uma tradição no Sínodo Paranapanema, somando mais de dez edições. Com o objetivo de motivar os grupos e também ajudar na capacitação dos coralistas, os encontros são organizados pelo Sínodo, mas sediados por uma Comunidade. O evento, realizado no dia 8 de novembro, teve como objetivo sensibilizar sobre a importância da preparação da futura geração da Igreja, pois, nestes momentos, são vivenciados valores como comunicação, socialização e formação, criando uma forte união entre o grupo. “Louvamos a Deus pelo privilégio de fazer da música a nossa paixão na missão de Deus!”, afirmou Lislie de Carvalho Koester, Coordenadora do Conselho de Música do Sínodo Paranapanema, avisando que o II Encontro acontecerá em agosto, na comemoração dos 30 anos da creche Bom Samaritano em Pinhais/PR.

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Atualidade

Obra Gustavo Adolfo P. DR. ONEIDE BOBSIN Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST

Apóstolo Paulo no Fórum Social

É possível salvar o mundo dos efeitos da nossa maneira de viver, que produz gases que elevam o aquecimento do nosso planeta? Esta é uma pergunta concreta. No dia 3 de fevereiro, Porto Alegre foi a cidade mais quente do planeta. As pessoas sentiram na pele os resultados das mudanças climáticas. Diante deste quadro e da inércia dos governantes e chefes de Estado, a pergunta pela salvação da humanidade faz sentido. Uma questão já presente no Evangelho de João 3.16 diz que Deus amou o mundo de tal maneira... Quem está fazendo está pergunta? São Cientistas, líderes políticos e de movimentos sociais e ecológicos. Grande parte deles, talvez, não frequente igrejas. Tais pessoas estavam participando na Grande Porto Alegre, em final de janeiro, do Fórum Social, que reuniu milhares de pessoas de várias partes do mundo e em diversos pontos do planeta. Também a Faculdades EST foi um espaço para o Fórum Social, ao promover um seminário teológico sobre Direito e Justiça com participação de pessoas de várias partes do mundo. Na ocasião, um Economista francês disse que o velho mundo demora em morrer e o novo mundo ainda não nasceu. Neste ínterim, crescem monstros dos tempos modernos. Entre tantos, citou o nazismo com seis milhões de vítimas, o stalinismo soviético, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, duas guerras mundiais e, agora, o aquecimento global que ameaça a vida. A exposição do Economista foi aprofundada pelo Teólogo Jung Mo Sung, da Universidade Metodista de São Paulo. Ele trouxe a contribuição de Paulo e Lutero para o debate. Os seres humanos não conseguirão salvar a si próprios. A salvação vem de Deus, não da economia. Assim, ao questionar o projeto de salvação nascido de homens e mulheres do mundo moderno, Jung Mo Sung não caiu no fatalismo. Há muitas mudanças em marcha em todo o mundo. São sinais do Reino de Deus e apontam para uma realidade mais justa e menos poluente. Desta forma, Mo Sung apresentou o apóstolo Paulo para o Fórum Social, destacando a sua contribuição ‘Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço’ (Romanos 7.19). Também poderia ter acrescentado que toda a criação geme e suporta angústia, esperando a revelação dos filhos de Deus. Enquanto a maioria cristã silencia diante de um modelo de desenvolvimento sem saída, outras pessoas e movimentos seculares abraçam a causa da ‘salvação’ da humanidade.

A salvação vem de Deus, não da economia

um mutirão que já dura 100 anos

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o dia 16 de janeiro de 2010, uma comunidade representativa se reuniu em ato litúrgico junto ao túmulo do Pastor Johannes Friedrich Pechmann, em Hamburgo Velho/RS, para louvar a Deus por ter vocacionado o P. Pechmann e sua esposa, Lydia, para o Ministério do Seu Reino na IECLB e manifestar a gratidão pela fundação da Obra Gustavo Adolfo no Brasil (OGA), em 1910. Unidade e comunhão A criação da OGA foi uma resposta à necessidade de um serviço que apoiasse as Comunidades na sua edificação e misA construção da sede própria da OGA, localizada em São Leopoldo, são. Também estavam surgindo novas Cofoi inaugurada em julho de 2009 munidades que careciam de tudo: dinheiro para manter o trabalho, construir capelas, igrejas e escolas, mas principalmente sinais concretos de que não haviam sido esquecidas pelos outros membros do corpo. “Uma obra conjunta, como a OGA, que fosse imparcial e não discriminasse, poderia construir unidade e estabelecer comunhão. A OGA não perguntava se a Comunidade que solicitava auxílio era do leste ou do oeste, do sul ou do norte, se já estava filiada ao Sínodo ou não. A partir disso, dá para entender que a OGA é muito mais P. Rolf Droste e P. Rui Bernhard (da esq. p/ dir.), do que uma simples ação para arrecadar e repasrespectivamente, Presidente e Secretário Executivo da OGA sar dinheiro. Ela é, sim, formadora de comunhão e também evangelizadora”, afirma o P. em. Rolf Droste, Presidente da Obra Gustavo Adolfo. Desde 1894, surgiram grupos locais de OGA, geralmente para garantir a manutenção de escolas comunitárias. No ato de inauguração da escola em Hamburgo Velho, o P. Pechmann convidou irmãos e irmãs na fé, colegas Pastores, para fundar a OGA. Isso aconteceu nos dias 16 e 17 de janeiro de 1910. Desde então, a OGA vem caminhando com as Comunidades, com o propósito de prestar auxílio onde ele se faz mais necessário. Na lápide do P. Pechmann, a manifestação da gratidão da OGA ao seu fundador A partir desse compromisso, a OGA se sabe como Igreja, assim como todas as Comunidades, de igrejas em outros países e decidimos que o reserviços e instituições da IECLB. A sua maior mis- sultado da Ação Confirmandos no ano do nosso são é servir a Deus e contribuir para que o Evan- centenário será em benefício de uma casa de acogelho de Jesus Cristo flua vivo e forte a partir das lhida para meninas na cidade de Caranavi, BolíComunidades, estejam elas onde estiverem, com via. Trata-se uma obra social da Igreja Evangélica atenção especial para aquelas que se encontram Luterana Boliviana. Alguém poderia argumentar: nos lugares mais distantes e isolados do Brasil. ‘Não temos dificuldades suficientes na nossa próO cuidado pelos outros pria Igreja?’ De fato, temos muitas carências, mas, Para o P. Droste, uma igreja não se mede so- se esperarmos pela sua superação antes de ajumente pela sua Teologia e confessionalidade, pelo dar a outros, jamais ajudaremos irmãos e irmãs seu tamanho e suas obras, mede-se de forma es- na fé”, argumenta o P. Rui Bernhard, Secretário pecial pelo cuidado que os membros têm uns pe- Executivo da OGA. los outros. Para manter este cuidado vivo, a OGA O mais importante na OGA não se cansa de motivar as pessoas a colaborarem O mais importante na OGA não é o dinheiro na promoção da comunhão na fé e na ação. e não são os auxílios concedidos. O mais imporPara destacar que a comunhão na fé exige a tante são as pessoas, que dão de si, do seu tempo complementação por meio de ações concretas, a e do seu amor para dizer que, na Igreja, ninguém, OGA escolheu como lema do seu centenário A fé por mais que viva na solidão da diáspora, está atua pelo amor (Gálatas 5.6). É neste caminho que fora e esquecido, mas que faz parte da comunhão a OGA se encontra desde 1910. maior, é lembrado e querido. “Às pessoas que Além da torre da própria Igreja perfazem o lastro de solidariedade da OGA, quer A OGA está ciente que há igrejas muito meno- pelo seu engajamento pessoal, quer pelas doações res que a IECLB e com dificuldades muito maio- sem conta, a OGA rende o tributo da sua gratires que as nossas, o que inquieta e desafia. “Nós, dão. Elas são a alma das ações da OGA. São elas que durante um século e meio recebemos auxí- o motivo do nosso louvor a Deus (Mateus 5.16), lios do exterior, pensamos que a OGA poderia ser palavra citada na lápide do P. Pechmann”, agraum instrumento da IECLB para apoiar serviços decem os Pastores Rolf Droste e Rui Bernhard.


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Presidência

Porque Deus ama o mundo, ele não está perdido

A manjedoura na arca de Noé

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m uma prédica de Natal, Francisco de Assis, ao comparar a arca com a manjedoura, disse Eu não vos presenteei a manjedoura para fitar e sim para tocar. No Natal, fomos tocados pela mensagem do nascimento de Jesus. Agora, queremos dar um passo adiante: tocar pessoas e temas a partir da certeza do amor de Deus pelo mundo Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite (Gn 8.22). A água é um desses temas. Ela, como vimos, não conhece limites. Por outro lado, é indispensável para a vida humana. Segundo a Agência Nacional de Águas, 1896 municípios brasileiros precisam de investimentos na ordem de R$ 41,1 bilhões até 2015 ou sofrerão escassez de água.

Há um outro tipo de dilúvio que ameaça a sobrevivência humana – o seu próprio pecado. A Conferência do Clima, realizada em Copenhague, na Dinamarca, gerou mais conflitos que soluções e, em janeiro desse novo ano, a população mundial chegou a 6.834.509.600 habitantes. Água para todos! Como? Certamente não fitando, mas tocando nesse assunto diuturnamente, mudando nossos conceitos e nossa prática ‘ecocida’. É verdade que melhoramos, nesse particular, os nossos índices como País. Todavia, o cenário político que se avizinha trará novamente motivos para muita discussão e controvérsia, oxalá acompanhados de propostas concretas para uma governança corporativa no interesse e para as necessidades básicas da maioria da população.

Março 2-3/3 Diretoria do CI Porto Alegre/RS P. Walter Altmann

O Grupo de Acompanhamento a Obreiros e Obreiras já está trabalhando ativamente desde a sua primeira reunião, realizada no final de 2009. Criado pelo Conselho da Igreja (CI), o seu objetivo é ‘analisar e discutir a necessidade de zelo, cuidado e atendimento a Obreiros e Obreiras, conscientes de que a Direção da Igreja e a Pastora e os Pastores Sinodais têm seus limites’, disse o Pastor 1º VicePresidente, P. Homero Severo Pinto. Na primeira reunião, foram apresentados alguns levantamentos realizados sobre o tema pela Secretaria do Ministério com Ordenação para os integrantes, que são: o Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos, P. Enos Heidemann (Coordenador), a Pastora Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí, Pa. Mariane Beyer Ehrat, a Diácona Ione Georg Pedde, o P. Douglas Wehmut, representante do CI, o P. Eloir Weber, Maria Regina Lucini, Nestor Mentz, o Pastor 1º Vice-Presidente, P. Homero Severo Pinto, e o Secretário do Ministério com Ordenação, P. Edson Streck.

P. Carlos Möller Pastor 2º Vice-Presidente da IECLB

IECLB terá árvore no Luther Garden

Acompanhamento a Obreiros

O objetivo do Grupo de Acompanhamento é analisar e discutir a necessidade de zelo, cuidado e atendimento a Obreiros e Obreiras

Em muitos casos, é incompreensível a passividade que a nossa população mostra diante de tantos abusos de governantes, seus representantes. A encarnação, sob o ponto de vista da dogmática, cerne natalino, como o evangelista Lucas nos apresentou e não na forma mais abstrata do prólogo joanino, deverá nos acompanhar no novo ano e indicará passos a seguir para a Missão de Deus - Nossa Paixão, especialmente inspirados pelo Lema bíblico desse ano Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia (Mt 6.11), pois arca e manjedoura têm algo em comum: são sinais da salvação. Porque Deus ama o mundo, ele não está perdido. Ele nos presenteia sempre com um novo começo. Através dos tempos navega a arca com a manjedoura, promessa divina para criação e criatura.

9-12/3 Reunião da Presidência com Pastores Sinodais São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller 15/3 Reunião da Comissão Interluterana de Diálogo (CID) São Leopoldo/RS P. Walter Altmann 18-20/3 Assembleia da FLD São Leopoldo/RS P. Walter Altmann 22/3 25 anos do jornal O Caminho Rodeio 12 P. Homero Pinto 26-27/3 Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller

É com grande alegria e entusiasmo que fomos informados sobre o projeto do Luther Garden (Jardim de Lutero), escreveu o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann, para o Pastor Hans Kasch, Diretor do Centro de Wittenberg, na Alemanha, ligado à Federação Luterana Mundial (FLM). O assunto foi apresentado na reunião da Diretoria do Conselho da Igreja (CI), no final de 2009, que aprovou o plantio de duas árvores no jardim: uma representando a IECLB e a outra representando uma igreja menor a escolhida foi a pequena Igreja Luterana da Zâmbia. O Luther Garden celebra os 500 anos da fixação das 95 teses de Lutero a serem completados em 2017. A proposta faz parte de um cuidadoso planejamento de atividades organizado pela FLM para comemorar a data. O objetivo é enfatizar a importância ecumênica da comemoração e das relações ecumênicas – a própria criação da FLM está fundamentada na declaração Confessamos uma única igreja, santa, católica e apostólica, com o objetivo de servir a unidade da igreja. O lançamento da pedra fundamental ocorreu no dia 20 de setembro de 2008. No jardim, serão plantadas 500 árvores, representando os 500 anos da Reforma (1517-2017). O processo completo terá nove fases de construção, de 2009 a 2017.

Parcerias na Alemanha A questão de novas parcerias internacionais com a IECLB foi tratada pelo 1º Vice-Presidente e Coordenador da Missão Global da IECLB, P. Homero Severo Pinto, em novembro de 2009, na Alemanha, onde se reuniu com parceiros para tratar de projetos e novos acordos em nome da IECLB. Seus compromissos iniciaram junto à Igreja ao Norte do Elba (NEK), que integra a organização Igrejas Evangélicas da Alemanha (EKD), e no Centro de Missão ao Norte do Elba (NMZ).

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Ministério

Cresci em um ambiente de fé e sempre vivi a Igreja sui uma estrutura física adequada para abrigar um Pastorado. Qual é a importância dos projetos missionários para a IECLB? Missão acontece em todas as Comunidades da IECLB. Algumas estão mais voltadas para a formação dos seus membros. Outras, voltadas para buscar novos membros. Os projetos com apoio financeiro nos fazem perceber a universalidade da Igreja e criam espírito de solidariedade, nos animando para a abertura e o diálogo, mas também nos firmando na nossa confessionalidade.

Em que momento descobriu a sua vocação para o Pastorado? Cresci em um ambiente de fé. A minha família sempre participou na vida da Igreja, por isso, desde criança, sempre vivi a Igreja: Culto Infantil, Ensino Confirmatório, retiros de confirmandos e o trabalho com jovens, que despertou a intenção de ser Pastor. Estudei no Instituto Pré-Teológico, em São Leopoldo/RS, e, em 1972, ingressei na Faculdade de Teologia. Já são 32 anos de Pastorado. Como funciona o Projeto Missionário da Paróquia de Assis/SP? Em 2004, a Paróquia de Assis aprovou um projeto missionário e chamou um casal de Pastores que residiu em Assis para atender o trabalho pastoral na Paróquia e motivar um trabalho de missão nas cidades de Marília e Assis. Em 2007, com a

saída dos Obreiros, a Paróquia deslocou os dois Pastorados, sendo um com moradia em Maracaí, onde atua o P. Jorge Dumer, e outro para Marília, onde atuo. O primeiro Pastorado está voltado para a área rural e o segundo pastorado, para a área urbana, com ênfase na missão. Em Marília/SP, de que forma está estruturado o segundo pastorado? A Comunidade de Marília, que festejou 50 anos em 2009, surgiu a partir da ação missionária de luteranos americanos do Estado de Minnesota. Após alguns anos, a Comunidade foi integrada à Paróquia de Assis, que percebeu a necessidade de estar mais presente em Marília para apoiar a pequena Comunidade, mas também buscar novos membros em uma cidade com mais de 200 mil habitantes. Hoje, a Comunidade já pos-

De que maneira se dá o seu trabalho voltado para a missão? A missão acontece por meio da visitação pessoal, convite de pessoas, participação em trabalhos ecumênicos, trabalho diaconal e nos meios de comunicação. A Comunidade realiza a missão e o Pastor contribui com a motivação e a assessoria teológica, mas é por meio do seu testemunho que a Comunidade realiza a missão.

A Comunidade realiza a missão e o Pastor contribui com a motivação e a assessoria teológica

Quais são as maiores dificuldades e alegrias no Pastorado? A necessidade de informação e formação constante para o desempenho no trabalho absorve cada vez mais o tempo das pessoas. Com isso, falta disponibilidade para um engajamento maior na vida da Igreja. Quando esta participação acontece, fico feliz quando vejo pessoas animadas para o trabalho na Comunidade e na sociedade, pessoas que apostam na sua fé e agem motivadas por valores do Reino de Deus e pessoas confiantes em Deus, dando testemunho do seu amor em Cristo.

8 de março, Dia Internacional da Mulher Falar em mulher é falar da luta, do sacrifício, da perseverança, da esperança, do amor e da fé que movem a sua caminhada rumo à libertação e emancipação. Este processo histórico é rememorado e fortalecido internacionalmente no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. Na Igreja Cristã, apesar da leitura patriarcal da história, a participação das mulheres sempre foi decisiva na manifestação histórica de Deus e na construção das comunidades. Entre outras, lembramos de Maria, que, com humildade e coragem, aceitou o chamado para ser a genitora do Salvador, lembramos de Maria Madalena, que seguia Jesus como uma de suas discípulas para aprender seus ensinamentos, lembramos da mulher Samaritana,

que dialogou com Jesus e chamou o povo para conhecê-lo, lembramos de Lídia, que abriu as portas da sua casa para acolher a comunidade em formação. Nas Comunidades da IECLB, por meio do aporte anônimo, mas sempre comprometido e engajado, de dons, talentos, conhecimento, tempo, finanças, exemplo de vida e testemunho de fé, as mulheres têm sido a base sobre a qual são constituídas, construídas e mantidas as estruturas simbólicas, físicas e administrativas da vida comunitária. As vitórias até aqui alcançadas pelas mulheres têm contribuído de forma significativa não apenas para a sua emancipação, mas para uma maior humanização da pessoa e para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Sabrina Nunes Bolla Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias Secretaria da Ação Comunitária Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

Por gratidão,coloco os meus dons à disposição da obra de Deus A minha dedicação à Igreja tem um valor infinitamente menor do que o que tenho recebido de Deus

Na IECLB, qual é a sua caminhada? A nossa caminhada na IECLB iniciou a partir de um convite que recebemos para participar de um retiro de casais denominado Reencontro. Este evento foi um divisor de águas em nossa vida conjugal e também em nossa vida espiritual. Ficamos encantados com a abordagem feita pelo P. Orlando Keil acerca da forma de viver a fé, tanto individualmente como para o casal. A partir deste encontro, que ocorreu em 1985, fizemos um curso preparatório para fazermos a Profissão de Fé, pois éramos batizados e casados na Igreja Católica, embora não participássemos da vida comunitária, uma vez que cresci com os princípios da Igreja Mennonita e a minha esposa era de origem Católica. Com diferenças religiosas difíceis a serem superadas, a IECLB se mostrou um caminho coerente e agradável para a família. Que funções já desempenhou na nossa Igreja? Já fui Secretário e Tesoureiro na Comunidade Melanchton de Curitiba, Tesoureiro e Presidente da Paróquia Sul de Curitiba, Tesoureiro da União Paroquial de Curitiba, Presidente do Conselho de Administração do Cemitério Luterano de Curitiba e Conselheiro Fiscal do Instituto Martinus de Educação e Cultura em Curitiba. Atualmente, sou Conselheiro Sinodal. Quais são as atividades e desafios como Conselheiro Sinodal? As atividades habituais de Conselheiro Sinodal são a representação da Comunidade no Conselho Sinodal, que se reúne semestralmente, o intercâmbio de informações entre Sínodo e Comu-

nidade e a participação nas discussões e decisões do Conselho. Além destas atividades, sou membro da Comissão de Conscientização e Acompanhamento, instituída pelo Sínodo para amparar Paróquias e Comunidades nas questões burocráticas, legais e financeiras. Trata-se de uma ação extremamente gratificante, pois temos oportunidade de colaborar de forma significativa na adequada interpretação e adoção de práticas administrativo-financeiras. Em contrapartida, o nosso aprendizado tem sido muito grande e valioso. Como desafio, o Sínodo Paranapanema nomeou um grupo de trabalho, do qual faço parte, para avaliar, reestruturar e planejar a futura caminhada da Comunidade do Litoral Paranaense, uma Comunidade que, ao longo dos últimos anos, tem diminuído significativamente, a ponto de

não ser mais possível a manutenção de um Obreiro para o trabalho. O que significa ser Presbítero? Presbítero é a denominação que damos na Igreja às pessoas que são lideranças e que foram eleitas pela Comunidade para executar o trabalho, quer seja de natureza administrativa, manutenção ou apoio à atividade do Ministro Ordenado. Ser Presbítero significa a oportunidade de, por gratidão, colocar os meus dons à disposição da obra de Deus. Qual é o saldo desta dedicação à Igreja? Como Contador que deve entender de saldos, sinto-me detentor de um saldo favorável, pois a minha dedicação tem um valor infinitamente menor do que o que tenho recebido de Deus.

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10 Mulheres

Os nossos grupos superam todas as expectativas tos, evento que reúne os grupos e cada participante doa um trabalho, que é vendido durante a tarde e cuja renda é revertida para uma instituição de caridade. Coordeno também o Dia Sinodal de Mulheres do Setor Sul, anual. Como Presidente Sinodal, também participo do Dia Sinodal no Setor Norte e Setor Centro. As atividades como Presidente Sinodal são muito abrangentes, pois vão de reuniões de Diretoria até atendimento individual aos grupos de OASE.

Qual é a sua história na IECLB? Minha mãe sempre participou do grupo de OASE e por isso este trabalho e o seu significado sempre me acompanharam. A minha caminhada na OASE começou efetivamente em 1984, na cidade de Canoinhas/SC. Jovem e recém-casada, fui muito bem acolhida pelo grupo Ruth, do qual fui Presidente. Em outros lugares, como Joinville/ SC, as minhas atividades profissionais me impediram de participar regularmente de um grupo de OASE, mas fiz parte do Coral da Comunidade Bom Pastor e do trabalho com o Culto Infantil.

Atualmente, participo de três grupos de

OASE com propostas diferentes de tra-

balho: Samaritanas, Esperança e Rebeca. Recentemente, fui eleita Presidente Sinodal da OASE - Sínodo Paranapanema. Quais são as suas atividades como Presidente da OASE Sinodal? Nosso Sínodo é muito extenso e por isso é dividido em três Setores. Sou Coordenadora da OASE Setor Sul, que abrange os grupos de Curitiba e região metropolitana. Como Coordenadora do Setor Sul, além da visitação regular aos grupos, coordeno a Tarde de Talen-

Neste cargo, quais são os seus desafios? Cada grupo e cada setor do Sínodo vive uma realidade distinta e, devido à enorme distância entre eles, encontramos dificuldades de comunhão com todos os grupos. No entanto, os nossos grupos superam todas as expectativas em relação à participação das mulheres em trabalhos voltados para a missão de Deus. Com dificuldades ou não, são desenvolvidos trabalhos com portadores de deficiências, inclusão social, visitação a doentes e idosos, assistência social aos menos favorecidos com distribuição de cestas básicas, roupas e até construção ou reforma de moradias. O maior desafio, no momento, é fortalecer o crescimento dos grupos com novas integrantes, encontrar alternativas de encontros para mulheres que trabalham e a comunhão entre os setores do Sínodo. O importante é que as senhoras da OASE sempre estão à frente do trabalho diaconal e não medem esforços para realizá-los.

1) Dia Sinodal da OASE 2) Com a ‘mão na massa’ 3) Oficina de Natal

Pelo bem e em favor do próximo Ieda Radünz Fórum de Reflexão da Mulher Luterana

Na oportunidade que tive de vivenciar o contato com comunidades luteranas na Alemanha, nas cidades de Leipzig (Saxônia) e Dessau (Saxônia-Anhalt), participei de cultos e assisti a concertos de órgão e corais, podendo perceber o quão forte é o espírito de fé do povo daquele país, berço do luteranismo, um país que superou duas guerras e um longo período de divisão e que novamente se reconstruiu reunificado, com a perspectiva de algo novo. Fui convidada para um dia de celebração da Obra Gustavo Adolfo na cidade de Raguhn, próxima a Dessau, que incluía a participação no momento do culto e uma apresentação sobre os Projetos com o trabalho das mulheres na IECLB - Missão e Diáspora no Brasil. Como representante do Fórum de Reflexão da Mulher

Luterana na Região Sul, organizei um material sobre diversos trabalhos desenvolvidos na Igreja e relatei o empenho com que as mulheres cristãs, luteranas ou não, voluntária e ecumenicamente, dedicam um amor incondicional pelo bem e em favor do seu próximo. Destaquei também a necessidade de abertura nas relações de gênero e maior parceria para um futuro mais igualitário na Igreja. Após a apresentação, partilhamos com a comunidade um gostoso café da tarde no jardim da igreja. Agradeço a Deus pela oportunidade de participar de momentos tão fortes e peculiares, lembrando dos nossos antepassados, que, deixando seu país de origem, souberam transmitir para a nossa geração um coração puro e o sentimento de religiosidade e fraternidade.


Jorev Luterano - Março - 2010

Fé Luterana 11

Oração: Deus nos escuta Oração que Jesus ensinou

Pa. Dimuht Marize Bauchspiess, formada em Teologia pela EST, é Vice-Pastora Sinodal do Sínodo Mato Grosso. Atua na Paróquia do Leste Matogrossense, em Primavera do Leste/MT

Orar nada mais é do que conversar com Deus. É manter comunhão com o nosso Criador. Quem ora sabe que depende de Deus e Nele busca ajuda. Jesus, sendo o nosso mestre, mostrou-nos um modo especial de conversar com Deus: Ele nos ensinou a oração do Pai Nosso. Com esta oração, aprendemos como orar, a quem orar, por quem orar e em nome de quem orar. Nesta oração, Jesus nos revela um Deus próximo, que podemos chamar de Pai. Nela, Deus é o centro. Também o ‘nosso’, na oração, universaliza Deus. Ele não é o ‘meu Deus’, mas, sim, o ‘nosso Deus’. Os Evangelhos nos mostram diversas situações em que Jesus orava e também aconselhava os discípulos a fazerem o mesmo. Jesus nos ensina que, quando estamos abatidos e fragilizados, podemos nos dirigir ao Pai e colocar diante Dele toda a nossa ansiedade. Podemos confiar-lhe todos os nossos problemas, proferir o nosso louvor, confessar a nossa culpa, agradecer por tudo o que Ele nos dá e pedir o que nos falta. Ao orarmos, seja o Pai Nosso ou orações espontâneas, fortalecemos a confiança em Deus e recebemos o impulso necessário para as nossas ações. Orar é um ato de fé em que se recorre à ajuda de Deus para enfrentar os momentos difíceis. Pela oração, entramos em comunhão íntima com Deus e temos liberdade para expressar as nossas inquietações, mas também agradecer por tudo que temos e somos. Quem ora com fé, também age com fé.

Para refletir, leia Mateus 6.5-15

Quando devemos orar

P. Gilson Ricardo Hoepfner, formado pela EST e Pós-graduado em Ensino Religioso pela PUC/PR. Atua na Paróquia Bom Pastor de Brusque/SC

Você deve estar pensando em onde e quando costuma fazer as suas orações e se perguntando: será que ajo corretamente? Há diferentes lugares e horários para orar. Quanto ao local, a Bíblia cita, por exemplo, que Isaque orava no campo, Paulo orou na casa do seu amigo, no templo, na praia e na cadeia, quando junto de Silas. Daniel orou no quarto, enquanto Jonas orou no ventre da baleia. Vemos Jesus subindo ao monte para orar, bem como orando ao Pai diante do túmulo de Lázaro. Quanto ao horário, a Escritura também demonstra tempos diferentes, mas oportunos para orar, como ao cair da tarde, pela manhã, à noite, à meianoite, de madrugada ou, como diz o salmista, orar de manhã, ao meio-dia e à tarde (Salmo 55.17). Deus nos diz Orai sem cessar (I Ts 5.17). Jesus definiu não onde e quando orar, mas como orar. Devemos sempre buscar lugares apropriados para conversar com o nosso Senhor. Barulho e agitação atrapalham qualquer atividade. Assim também acontece com a oração, por isso, para uma oração particular e individual, busque um lugar calmo e silencioso, como um quarto. Na oração pública e coletiva, nada melhor que a nossa segunda casa, a Igreja. Oração não é ritual repetitivo e cansativo, mas comunhão e sinal de fé. A respeito da oração, Martim Lutero já dizia Ao deixar de orar por um único dia sequer, perco grande parte de meu fogo e de minha fé. Ainda Hoje tenho muito a fazer, portanto hoje vou precisar orar muito. Ore sempre e sem cessar, a qualquer hora e em qualquer lugar, pois Jesus afirmou que não importa onde você esteja: Deus ouve você.

Para refletir, leia 1 Tessalonicenses 5.17

Orar e confiar Será que Deus ouve e atende a nossa oração? Em novembro de 2008, tivemos o Vale do Itajaí assolado por catástrofes naturais. Em meio a chuva e deslizamentos, um grupo de pessoas teve que deixar suas casas e buscar por lugares mais seguros. Em um determinado momento, pararam e uniram as mãos em oração, colocando aquela situação nas mãos de Deus e pedindo por ajuda. No outro dia, o auxílio veio de forma surpreendente. Nisso, reconheceram a resposta de Deus a seus clamores. Jesus nos garante que, se pedirmos, Deus responde, pois ele já sabe do que necessitamos antes de o pedirmos (Mt 6.5-8). Ele sabe tudo o que nos preocupa, pensamos, sentimos, necessitamos, fazemos e, mesmo assim, faz questão que nós mesmos coloquemos diante Dele aquilo que estamos passando e sentindo. Também é importante lembrar que a oração necessita ser feita de coração e com fé. Deus, por meio da oração, sempre está pronto para nos ouvir com muita atenção, mas ele não vai apenas ouvir, mas agir e responder da melhor forma para nós e de acordo com a sua vontade. Não somos obrigados a dizer de que forma e quando Deus deve agir, isso Ele sabe melhor do que nós, mas é indispensável dizer o que se passa em nosso coração e ter a certeza que Deus vai atender e responder. A Bíblia está cheia de provas. Depois da oração, também é importante ter ‘olhos abertos’ para reconhecer a resposta de Deus. Eu creio, oro e tenho percebido Deus respondendo as orações. Ore e confie!

P. Sigfrid Baade, formado pela EST, exerceu o Pastorado na Paróquia de Rio Bonito e Joinville. Atua na Paróquia de Blumenau Fortaleza/SC

Para refletir, leia Samuel 1.1-2.11

Conversa com Deus A oração é uma resposta à ação de Deus em nossas vidas. Na oração, a Igreja se relaciona com Deus, em louvor, gratidão e intercessão a favor das pessoas e do mundo. Na oração espontânea, as pessoas expressam as suas alegrias e preocupações. Isto é muito bom, pois tal prática exige meditação sobre a presença de Deus em suas vidas. No entanto, não basta enxergar o mundo apenas com os nossos olhos. Corremos o risco de repetir as mesmas palavras. Quando usamos os olhos e as palavras de outras pessoas, a nossa visão é ampliada e crescemos. Nossa fé, inclusive, pode ser reanimada. Lutero assim escreve, sinto, às vezes, que fiquei frio ou perdi a vontade de rezar por causa do trabalho ou de pensamentos estranhos. Então pego meu livro de Salmos e passo a ler em voz alta para mim mesmo diversos textos. Ao recitar orações escritas por outras pessoas, não é fortalecido somente o nosso relacionamento com Deus, mas o relacionamento com a Igreja. Ao orar ‘Pai nosso’, Jesus nos indica que a fé não é uma experiência pessoal e isolada, mas coletiva e solidária. No Dia Mundial de Oração, provamos do vínculo que Jesus estabeleceu entre nós. Somos Igreja que reúne pessoas de diversos lugares e tempos. Ao orar com as palavras de outros irmãos, reconhecemos e aprendemos sobre a presença de Deus em suas vidas. Tanto a oração espontânea como a oração pronta têm o seu lugar e importância na Igreja. São palavras que expressam a nossa resposta ao grande amor de Deus revelado em Cristo Jesus.

Para refletir, leia Mateus 6.5-13

P. Ms. Alexander Roberto Busch, Mestre em Divindade e Pastor orientador na Coordenação Sinodal de Música e Liturgia do Sínodo Vale do Itajaí. Atua na Paróquia de Itoupava Central, em Blumenau/SC


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12 Geral

Educação cristã

vivendo, aprendendo e ensinando A tarefa de educar na fé não é invenção humana, mas uma determinação divina. Em Deuteronômio 6.6-7, encontramos três indicações: Deus diz ao povo para guardar os mandamentos no coração, repeti-los aos filhos e falar deles em todos os lugares. Para o Antigo Testamento, o coração é o lugar de reflexão, entendimento, planejamento e decisão. Aquilo que nós atribuímos ao nosso intelecto ou à nossa consciência, o Antigo Testamento atribui ao coração. Guardar uma palavra sobre o coração significa refletir, aceitar e

diariamente e em qualquer lugar. Ao despedir-se dos seus discípulos, Jesus lhes dá uma tarefa: fazer discípulos, batizar e ensinar a guardar todas as coisas que ordenou (Mt 28.19-20). Novamente encontramos o ensino como ordenança. Seguindo os passos dos apóstolos, a igreja cristã é chamada a instruir nos ensinamentos de Jesus. Investir na Educação Cristã é, portanto, sinal de obediência e de fidelidade a Jesus Cristo. A Educação Cristã é realizada na família e na Comunidade e acontece ao longo de toda a vida.

assumir essa palavra. A pessoa que guarda a palavra no coração deve repassá-la aos filhos e às filhas. O texto fala em repetir seguidamente. Essa ação de educação ajuda a ‘gravar’ os mandamentos e a preservar a experiência com Deus. Por fim, a pessoa é chamada a falar dos mandamentos

Educação Cristã é Contínua! O Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC) é uma resposta da Igreja ao mandamento divino de educar na fé. O PECC está alicerçado na Bíblia, no Batismo e na confessionalidade evangélico-luterana. Estes três elementos funda-

P. Dr. Emilio Voigt, Assessor de Formação no Sínodo Vale do Itajaí e Coordenador de cursos de Educação Cristã Contínua na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS

Um pacote de sal Patrícia Hoffmann Pedagoga Paróquia Evangélica de Tapera Vice-Presidente do Conaje Coordenadora do Cosije Sínodo Planalto Rio-grandense

mentam e orientam o planejamento e a execução de ações de Educação Cristã. A prática do amor, o serviço, a esperança, a reconciliação, o diálogo e o respeito são princípios bíblicos norteadores. O Batismo é um ponto de partida por meio do qual se assinala o início da vivência cristã. Ele é celebrado na Comunidade, que assume o compromisso de educar a pessoa batizada na fé. A confessionalidade aponta para uma prática educativa baseada na justificação por graça e fé, na liberdade, na abertura para o diálogo e no sacerdócio geral de todas as pessoas que creem. Agora você já sabe por que educar na fé cristã. Enquanto aguarda as próximas colunas, que tal exercitar a Educação Cristã em sua família e na Comunidade? Para ler o texto do PECC, acesse o Portal Luteranos (www.luteranos.com.br).

Vai e Vem: prestação de contas 2009 Com alegria, comunicamos o resultado da Vai e Vem 2009 – Campanha de Ofertas para a Missão. O valor total mobilizado foi de R$ 592.532,62. Descontando a participação proporcional de cada Sínodo nas despesas da Campanha (incluindo despesas com a Coordenação do PAMI), retornará aos Sínodos o valor de R$ 241.199,89. Os R$ 257.125,42 restantes formarão o Fundo de Missão da IECLB e serão destinados aos projetos. Embora não tenhamos alcançado a meta geral proposta, destacamos que cinco Sínodos ultrapassaram a meta e oito aumentaram a arrecadação em relação a 2008. Isso nos mostra que, em 2010, podemos avançar ainda mais. A todas as pessoas que se empenharam para o sucesso da Vai e Vem, o nosso muito obrigado!

Dias atrás, observei um pacote de sal que estava na cozinha e percebi que ele não tem nenhuma utilidade se não for adicionado a algum produto. Sem essa mistura, ele nunca terá valor. Isso me fez lembrar da ordem de Cristo ‘Vós sois o sal da terra...’ O sal, desde muito tempo, é usado para dar sabor e conservar os alimentos, mas também era usado em diversas cerimônias religiosas. O sal era utilizado como elemento simbólico para estabelecer uma aliança destinada a durar. Essas e outras explicações sobre o uso do sal podem ser encontradas na Bíblia em Levítico 2.13 e Números 18.19. Ao pensar em sal, certamente uma das primeiras qualidades que vem à mente de cada pessoa é o tempero, mas quero destacar uma característica que passa despercebida - a sensibilidade. O sal, em estado natural, não refinado, reage à umidade do ambiente, sendo que ‘ar úmido é igual a sal molhado’ e ‘ar seco é igual a sal seco’. Muitas vezes, ouvi a minha mãe reclamar do sal em dias de chuva, pois, às vezes, a comida ficava salgada demais, porque era difícil dosar o sal. Na mudança de clima, o sal é um dos primeiros produtos a reagir. Cristo, sobre a importância de sermos sal, talvez tenha pensado na reação do mesmo diante da alteração climática. Que também em 2010 sejamos sensíveis àquilo que nos cerca: pessoas doentes, solitárias ou enlutadas, fome, problemas familiares, opressão, marginalização, pessoas que fazem uso de drogas... Jesus nos desafia e convida a ser sal, a despertar a nossa sensibilidade, o nosso olhar diaconal e tentar dar sabor e tempero ao convívio, colocandonos à disposição para auxiliar os que sofrem e lembrando que a missão de Deus é a nossa paixão. Que em 2010, com as bênçãos de Deus, possamos fomentar e distribuir muitos temperos, aromas e sabores regados com a sensibilidade que está no pulsar do coração de cada ser humano!


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Comportamento 13

Os primeiros imigrantes

Dando sequência à série de matérias especiais em comemoração aos 60 anos da IECLB, nesta edição o P. Marlon Ronald Fluck, especializado em Sociologia Urbana e em Serviço Social da Família, Mestre em Teologia e História, Doutor em Teologia e História pela Universidade de Basiléia, vai apresentar a vinda de imigrantes alemães luteranos ao Brasil antes de 25 de julho de 1824, marco do início da história da IECLB

É fato comprovado que a chegada aprovaram os estatutos para uma igre- alemães oriundos do Hunsrück, arredos imigrantes alemães à cidade de ja no Brasil e constituíram um Comitê gimentados pelo Major Schaeffer e seu São Leopoldo/RS não se constitui na com a função de vincular os protestan- Agente Kretschmer. A fim de convencer primeira vinda de alemães ao Brasil. Já tes em uma comunhão intensa e defen- pessoas a virem ao Brasil, ambos fizeno século XVIII, eles foram ram promessas mirabolansendo instalados na região tes. O primeiro grupo que amazônica. Em 1818, surgiu conseguiram convencer era Leopoldina/BA. Em 1821, composto de 324 colonos, Mandioca/RJ (com Georg dos quais 110 eram oriunHeinrich Freiherr von Lagsdos da região de Becherbach dorff). Em 1822, Almada (junbei Kirn, local do pastorado to a Ilhéus) e Franckenthal de Friedrich Oswald Sauer(junto ao rio Caravelas), na bronn. Bahia. Em 3 de maio de 1824, Sauerbronn foi originalNova Friburgo/RJ. mente contratado para ser Em 1817, devido ao depastor e Diretor dos edusemprego, à carestia e às candários que viriam a ser dificuldades econômicas reedificados em Almada, coAcampamento dos emigrantes suíços em Mijl, povoado ao sul de Dordrecht sultantes das guerras napolelônia alemã recém-criada - julho a setembro de 1819 (aquarela de Isaak Schouman) ônicas, surgiu grande penúria nas proximidades de Ilhéus, na Suíça. Isso levou o cantão de Friburgo der os interesses religiosos evangélicos na Bahia. Sua tarefa seria batizar os a negociar com o Reino de Brasil, Portugal diante do rei de Portugal e Brasil, tendo escravos, converter os indígenas que e Algarves a possibilidade de enviar em vista a realização de culto público e moravam nas vizinhanças e atuar misemigrantes ao Brasil. O interesse da corte a concessão de um pregador ordenado sionariamente. Cerca de quatro meses luso-brasileira na imigração era tão pela Igreja Protestante. depois do contrato com Sauerbronn, o grande que o fato de alguém ser A ênfase na prática privada do cul- Major Schaeffer fez um contrato com os acatólico não seria impedimento. Em to evangélico, na leitura da Bíblia, na demais colonos do Hunsrück no qual 1819, cerca de 2100 suíços oriundos de oração e no vínculo com as Socieda- mudou a localidade de destino, agora vários cantões se dirigiram à Holanda, des Bíblicas e Missionárias demonstra Leopoldina e Franckenthal, além de ounas proximidades de Dordrecht, onde a influência da prática da fé cultivada tros tópicos. tiveram que ficar acampados de modo pelo movimento do Reavivamento. rudimentar durante 70 dias. Para este grupo de emigrantes, chegou a ser cogitado o envio de um pregador, porque a Sociedade Auxiliadora à Missão da Basiléia, em Berna, criada em 1819, tinha como um dos seus objetivos iniciais apoiar a missão dos proColônia de Nova Friburgo - 1820 testantes no Brasil. Os 190 protestantes (pintura de Jean Baptiste Debret) haveriam, no entanto, de sofrer enorme Saindo no início de maio de 1823 do pressão. Quando foi realizada a festa de Cenas da vida a bordo fundação de Nova Friburgo, em 17 de seu local de moradia, somente em janeiFoi um período de muitas doenças e abril de 1820, o Inspetor Geral de Nova ro de 1824 chegavam os alemães ao pormorte. Charles Merkus, pastor da Igreja Friburgo chamou os suíços protestan- to do Rio de Janeiro e, em maio de 1824, Protestante Francesa de Dordrecht, inte- tes a se converterem ao Catolicismo. a Nova Friburgo, então um projeto fraressou-se pela situação dos emigrantes e A situação dos protestantes de cassado de colonização que D. Pedro passou a visitá-los. Como resultado, foi Nova Friburgo, que foram sendo gra- queria retomar. Em Nova Friburgo, realizada, na igreja, em 20 de agosto de dativamente reduzidos a um pequeno Sauerbronn deveria ser o pastor de 1819, uma assembleia dos emigrantes grupo, somente viria a melhorar com todos os protestantes, fossem eles aleprotestantes em que 190 participantes a chegada de um grupo de imigrantes mães ou suíços.

Cemitério Evangélico Luterano ‘Jardim da Paz’

Pastor Friedrich Oswald Sauerbronn (1784-1864)

Menos de duas semanas após a chegada, o pastor Sauerbronn teve que sepultar o seu filho Peter Leopoldo, que nascera durante a viagem. Não lhe foi permitido fazê-lo no cemitério da cidade, pois este era destinado somente às famílias católicas. Recebeu, então, a doação de uma área de terras, onde realizou o sepultamento. Assim surgiu o Cemitério de Nova Friburgo, que, mais tarde, foi denominado Cemitério Evangélico Luterano ‘Jardim da Paz’.

O cemitério da cidade era destinado aos católicos

Os cultos foram realizados, inicialmente, em uma pequena casa. O próprio Sauerbronn relata que residiu em duas choupanas de taquara e barro abandonadas pelos suíços e, em uma casa semelhante, de 10x16 pés, na qual não havia banco, púlpito e nem altar, celebrou o primeiro culto, em 14 de julho de 1824. Em 1827, construíram uma pequena capelinha, mas tiveram que demoli-la a mando das autoridades. Somente em 1857 puderam edificar uma segunda, mas ainda precária casa de oração. O pastor Sauerbronn também visitou os evangélicos do Rio de Janeiro (até 1847) e de outras cidades vizinhas. Os membros residiam espalhados no meio das serranias quase inacessíveis. Grande parte deles seguiu rumo às fazendas de café em Cantagalo e arredores. A partir de 1868, muitas famílias luteranas começaram a colonizar a região de Manhuaçu/MG, sendo Wilhelm Eller o pioneiro. Leia mais sobre a história da Comunidade de Nova Friburgo no portal da IECLB www.luteranos.com.br


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14 Deutsche Seite Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Gotteslob wandert um die Erde Manchmal kommt es mir samstagsabends in den Sinn, dass zur Zeit in Japan, auf den Philippinen, in Australien, in Neuguinea der Sonntag schon begonnen hat. Ich stelle mir dann vor, wie die Christen sich in den Gotteshäusern der jungen Kirchen versammeln, um Gott zu loben. Und dort, wo sie nicht zu arm sind, eine Glocke zu haben, läuten dann schon die Gocken. Es ist ein erhebender Gedanke: Glockengeläut und Gotteslob wandern mit dem erwachenden Sonntag rund um die Erde. In China, in Indien, in Russland, auf tausend Inseln: Überall leben ja Christen. Dünn gesät sind sie, doch sie kommen zusammen, um das Evangelium zu hören, um zu beten, zu singen, um Christi Mahlfeier zu halten. Wenn wir noch schlafen, loben sie schon Gott. Immer, Tag und Nacht, sind Christen versammelt, um zu beten und um Gottes Wort zu hören. Wir sollten, wenn wir samstagsnachts wach liegen, wohl manchmal ihrer vor Gott gedenken, mit einem Stoßseufzer. Und dann läuten die Glocken in Europa und Afrika, wandern zur gleichen Zeit über die Stammlande der Weißen und über den schwarzen Erdteil – über Moskau und Jerusalem und gleichzeitig über Nairobi in Kenia – über Rom und Wittenberg und gleichzeitig über Moçambique. Ja, über Moçambique. Denken wir an unsee Schwester, die Diakonisse Doraci, die vor wenigen Jahren dort ihre Treue mit dem Tode besiegelte? Ein Stoßgebet für die Christen in Moçambique, in Angola, im Sudan, in ganz Afrika und Asien, aber auch für die in Jerusalem, Rom und Wittenberg! Ach Herr, du weißt, sie alle bedürfen deiner Gnade! Und dann beginnen die Glocken in Südamerika zu läuten,

Hast du schon dafür gedankt, dass du an dem wandernden Lobgesang des Gottesvolkes teilnehmen kannst?

Die Stille neu entdecken Das Kirchenjahr deutet auf die Zeit vor Ostern hin, die Passionszeit, eine stille Zeit. Das Leben entfaltet sich in der Stille, wie ein Saatkorn ruhig zur Pflanze wird, wie ein Kind in dem ruhigen Leib seiner Mutter sich entwickelt. Können wir aber die Stille neu erfahren? Einfach ist es nicht, in einer Welt wo uns überall Lärm umgibt: Autos, Telefon, Fernsehen, Baustellen, Geschrei aller Arten. Wir schwer es den meisten Menschen fällt, nur eine Minute in Ruhe zu verbringen und zu schweigen! Wir rennen hin und her, reden zu viel, auch wenn nichts zu sagen ist. Unsere Ohren, unser ganze Körper ist leider schon daran gewöhnt, ständig von Geräuschen geplagt zu werden. Muss das so sein? Ein älterer Mann wohnte weit von der Stadt und ihren Geräuschen entfernt. Dann kam ein jüngerer Mann zu ihm und fragte: „Wie können Sie es aushalten? Mir ist es hier einfach zu ruhig. Welchen Sinn sehen Sie in einem Leben der Stille?“ Der ältere Mann war gerade damit beschäftigt, Wasser aus dem Brunnen zu schöpfen. Dabei fragte er den jüngeren: „Schau in den Brunnen rein. Was siehst du da unten?“ Der jüngere antwortet: “Ich kann nichts erkennen.“ Nach einer Weile forderte der ältere ihn wieder auf: „Schau jetzt noch mal in den Brunnen, was siehst du?“ Er blickte hinunter und sagte: „Jetzt sehe ich mich selbst, denn mein Gesicht reflektiert im Wasser.“ Der ältere Mann sprach: „Vorhin war das Wasser unruhig, und du konntest nichts sehen. Jetzt ist es ruhig, und du erkennst dich selbst. Das ist die Erfahrung der Stille.“ Sollen wir versuchen, eine solche Erfahrung zu machen? Also: Still bleiben, eine Minute lang mindestens! Dabei

In der stillen Passionszeit, die Stimme Gottes spricht zu uns

zuerst bei uns. Drei Stunden brauchen sie allein, um unser Land mit dem anbrechenden Tag zu überqueren, die favelas von Rio de Janeiro, die Wolkenkratzer von São Paulo, unsere eigenen Gemeinden hier im Süden. Denken wir daran, dass unsere Brüder und Schwestern in Rondonia, in Crato, in Vilhena nicht zur gleichen Zeit am Gottesdienst teilnehmen wie wir? Welch einen riesigen Raum nimmt unsere Kirche ein! Ist sie nicht wie ein Senfkörnlein, das auf ein Riesenfeld gesät ist? Gott gebe, dass sie ein lebendiges Senfkörnlein sei! Und der Glockenton wandert über den Kontinent. Hast du schon dafür gedankt, dass du an diesem wandernden Gotteslob teilnehmen kannst? So sind Glocken und Lobgesang noch eine Realität auf der gesamten Erde. Gott sei gepriesen! Und überall stößt sich der Glockenton mit den harten Fakten der Welt, mit der Gottlosigkeit und ihren Werken, mit Krieg und Terror, mit Unrecht und Ausbeutung, mit Leid und mit Angst. Lasst uns darum beten, dass unsere Glocken nicht wie ein harmlos Getön erklingen, nicht wie ein tönend Erz, in dem keine Seele ist und kein Geist! Dass sie mit ihrem Schall nicht unsere Zwietracht, unsere Herzenskälte, unsere Heuchelei hineintragen müssen in die Welt. Dass sie gestimmt werden nach dem Urton des Evangeliums Jesu, in all ihrer Vielfalt im Einklang seiner Liebe zu klingen. (frei wiedergegeben aus “Einer soll heute dein Nächster sein”)

Theologe Jaime Jung

zuhören, wie das eigene Herz schlägt, spüren wie die Luft sich in den Lungen ausbreitet. Für einen Moment wieder merken, wie wunderbar das Geschenk des Lebens ist. Die Stille führt uns zu einer sensibleren Wahrnehmung der Welt, des eigenes Lebens, unserer Lebenspartner, Familien, Freunde. Und in der Stille können wir die Stimme Gottes besser hören. So spricht auch Gott zu uns, in der Stille unseres Herzens. Oft können wir kein Wort über die Lippen bringen, um unsere Gefühle der Freude, der Angst, der Trauer in Wörter zu fassen. Aber auch dann können wir gewiss sein, dass wir von Gott gehört und verstanden werden, wie eine Mutter ihr kleines Kind versteht, längst bevor es sprechen lernt. Manche haben schon erlebt, dass in einer schwierigen Situation Wörter oft nicht viel helfen können, sondern eher Taten: Eine Umarmung, ein ehrlicher Blick können viel mehr Kraft und Trost spenden als viele Sätze. Passionszeit – vierzig Tage oder sieben Wochen anders leben! Nutzen Sie diese Zeit, um ruhiger zu leben, um das Leben neu zu entdecken und mutig Veränderungen auszuprobieren. In Ruhe. „Herr, du erforschest mich und kennst mich, ich sitze oder stehe auf, so weißt du es; du verstehst meine Gedanken von ferne.“ (Psalm 139)


Jorev Luterano - Março - 2010

Compartilhar 15 Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Bênção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento.

Entre em contato conosco!

Bênção Matrimonial Em gratidão a Deus e com alegria, ADRIANA KUHN E ALEXANDER BUSCH

Bodas de Esmeralda No dia 20 de setembro, a família Geveha preparou uma bonita festa para celebrar as Bodas de Esmeralda (40 anos de Casamento) do casal

receberam a bênção matrimonial em 30 de janeiro de 2010, em Ponto Alto/ES, cidade natal de Adriana, com liturgia dirigida pelos Pastores Aldo Beskow e Anivaldo Kuhn. Além de convidados de Ponto Alto e região e familiares do exterior, participaram desta festa membros da Paróquia São Lucas, Pomerode e Paróquia Itoupava Central, Blumenau/SC, onde Adriana e Alexander atuam, respectivamente, como Pastores. Ó Deus, tem misericórdia de nós e abençoa-nos! Trata-nos com bondade. Assim o mundo inteiro conhecerá a tua vontade, e a tua salvação será conhecida por todos os povos. Salmo 67.1-2

ERICA E ARLINDO GEVEHA A tristeza não foi convidada. A alegria sim. Também a gratidão a Deus teve lugar, pois Ele permitiu que familiares e amigos estivessem reunidos para celebrar uma bonita história de amor que começou há mais de 40 anos e se constituiu em uma aliança no dia 20 de setembro de 1969, na Igreja Evangélica de Nova Santa Rosa. O culto de ação de graças foi celebrado pela Pa. Sonia Luiza Ebert, no pavilhão da Comunidade de Dois Marcos, da Paróquia Evangélica de Vila Nova, município de Toledo/PR.

Demonstração de amor

Falecimento Com saudades, lembramos a passagem de um ano de falecimento de JACOB EDUARDO KUNZ cujo falecimento ocorreu no dia 24 de janeiro de 2009, em sua residência, na madrugada deste mesmo dia. Filho de Jacob e Jacobina Bauer Kunz, Jacob Eduardo Kunz nasceu no dia 28 de fevereiro de 1927, na localidade Morro Azul, em Paverama, casou-se no dia 15 de setembro de 1951 com Almira Kussler Kunz, tendo sido esposo, pai, sogro, avô e bisavô dedicado. Seu sepultamento aconteceu no Cemitério da Comunidade Evangélica Cristo de Paverama/RS. Jacob Eduardo Kunz alcançou a idade de 81 anos, 10 meses e 26 dias. A família enlutada ainda expressa os seus agradecimentos aos vizinhos, amigos e amigas pela ajuda e ao Pastor Cleber Fontinele Lima pelas palavras de consolo. Obrigado da viúva, Almira, da filha, Voni, do genro, Hugo Körner, dos netos, Rejani, Rosani e Roberto, e dos bisnetos, Roselaine Maria, Roeseli Maria, Roselei Marta e Roseléia Márcia. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e mais Ele fará. Salmo 37.5

Pensando em proporcionar aos casais momentos de profunda reflexão sobre o casamento, família e comunhão com Deus, surgiu a ideia de reunirmos os casais membros da Comunidade IECLB, oferecendo a oportunidade de descobrirem-se, percebendo que existem diversas situações no relacionamento conjugal e familiar muito mais importantes e que estão ou deveriam estar acima das suas preocupações, como, por exemplo: a atitude de demonstrar amor um pelo outro. Agradecemos carinhosamente a presença de todos! IECLB - Comunidade de Canarana

Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios

Rua Senhor dos Passos, 202/4º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419 E-mail: jorevluterano@jorevluterano.com.br Site: www.jorevluterano.com.br


O Sínodo Paranapanema, formado por 31 Paróquias, 73 Comunidades, 32 Pontos de Pregação e 17 mil membros batizados, cuja ênfase missionária é apoiar, sob a ação do Espírito Santo, as Comunidades no desenvolvimento da Missão de Deus no contexto onde estão inseridas, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Ari Stumm e Marli Voigt

Fé em

Deus

Sonho em ver a IECLB conhecida em todo o Brasil

Técnico em Contabilidade e Economista, com pósgraduação em Administração Financeira, Ari fez vários cursos na área tributária, societária, mercado financeiro e de capitais. Profissionalmente, também foi responsável pela área técnica e contabilidade “Tive a satisfação de poder aplicar não somente os conhecimentos adquiridos nos cursos, mas principalmente as recomendações e lições recebidas dos meus familiares e na nossa Igreja. Embora aposentado, mantenho até hoje o meu registro nos Conselhos de Contabilidade e de Economia e assessoro voluntariamente os Presbitérios e Conselhos das Comunidades e Paróquias da União Paroquial de Curitiba e do Sínodo, talvez assim atendendo ao que está escrito em 1 Pedro 4.10 Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu”. Ari iniciou no Presbitério como Vogal, foi Tesoureiro e Presidente da Comunidade e da Paróquia. Como representante da Comunidade, participou da Assembleia da constituição do Sínodo Paranapanema, foi membro e Presidente do Conselho Escolar do Colégio Martinus de Curitiba e atuou como Conselheiro Fiscal no Instituto Martinus de Educação e Cultura. Atualmente, na

Ações e Marli Voigt, 44 anos, catarinense de Marcílio Dias, Técnica de Enfermagem e mãe de Walter Alfredo, é membro na Paróquia Bom Pastor, Sínodo Paranapanema. Luterana de berço com orgulho e alegria, o espaço para a fé no seu cotidiano está nas ações e reações e no viver diário. “Tudo vem de Deus e tudo que faço é para glorificar o seu nome, gesto simples que anima aquele que está triste”.

Paróquia Norte de Curitiba, participa no Conselho como representante da Comunidade da Ascensão. Na União Paroquial de Curitiba, é membro do Conselho Diretor e exerce a função de 1º Tesoureiro. No Sínodo, é membro titular do Conselho Fiscal. No Sínodo Paranapanema, dois assuntos têm recebido dedicação especial: missão e educação cristã. O Sínodo tem dado atenção às Comunidades em formação e àquelas com dificuldade em viabilizar a sua autossustentabilidade. A formação de Obreiros e lideranças também tem sido prioridade, mediante a realização de cursos, seminários e oficinas. Os desafios são muitos e entre eles estão o tamanho e as diferentes realidades das Comunidades que compõem o Sínodo. Além disso, a maior parte das Comunidades é pequena e tem dificuldades em financiar a própria missão. “Observando as minhas origens, as realizações e a minha família, sinto-me abençoado por Deus. Acredito na minha Igreja e isto me motiva a participar das ações ligadas à IECLB, por isso sonho em ver a IECLB conhecida em todo o Brasil, tanto quanto é nos três Estados do Sul”, resume Ari Stumm.

reações

Técnica de Enfermagem, Marli Voigt considera a sua profissão um espaço contínuo de doação em que o amor fala mais alto e a fé caminha junto “Saio de casa para o trabalho com um único objetivo: ajudar quem precisa e cumprir a minha missão com alegria, dedicação e responsabilidade. Na Igreja, quando alguém necessita ou observo algo sobre o seu quadro de saúde, oriento e encaminho. É um prazer enorme auxiliar um irmão na fé. Também faço parte do grupo de visitadores hospitalares da Paróquia da Consolação de Curitiba/ PR”. Na IECLB, a trajetória de Marli iniciou na sua terra natal, aos 16 anos, na Igreja Evangélica Luterana de Marcílio Dias, com o Culto Infantil “Também participei do grupo de jovens, mas é o trabalho com crianças que me encanta. Fiz um curso preparatório para ser Orientadora de Culto Infantil e até hoje, com muita alegria e com a ajuda de Deus, estou no meio delas”. Além de Coordenadora de Culto Infantil, atualmente Marli faz parte da equipe Sinodal do Ministério com Crianças/Culto Infantil-Setor Sul e, na Paróquia, coordena o Projeto Missão Criança e Missão Batismo.

Ari Stumm, 58 anos, nascido em Crissiumal/RS, Economista e Contabilista, casado com Terezinha Müller e pai de Guilherme, Henrique e Marta, é membro da Comunidade da Ascensão, pertencente à Paróquia Norte de Curitiba, no Sínodo Paranapanema “Fui batizado, fiz Ensino Confirmatório (doutrina em Língua Alemã) e casei na Igreja da Comunidade Trindade de Crissiumal/RS. No dia a dia, exerço a minha fé dando exemplo de honestidade. Aos humildes, procuro transmitir esperança. Aos abastados, que deixem de ser mesquinhos e que todos tenham fé em Deus”.

Deixemos de ser tímidos na nossa manifestação do amor de Deus Em relação aos grandes temas, o Sínodo Paranapanema ocupa-se com os impulsos vindos da Secretaria Geral: Planejamento Estratégico, Campanha de Missão, Educação Cristã Contínua, Tema do Ano para as crianças, Dia da Igreja nas regionais, Projeto Missão Criança e Missão Batismo. Para Marli, os contextos diversos influenciaram a formação de diferentes Comunidades. Nesse sentido, um dos grandes desafios é manter a unidade como IECLB em realidades diferentes. “A motivação e a capacitação de pessoas para a missão é também um grande desafio. Paranapanema é um Sínodo grande, com área geográfica extensa, por isso necessitamos de perseverança para o desenvolvimento de atividades do Culto Infantil diante das dificuldades que as Paróquias e Comunidades enfrentam”, afirma. Motivada a participar da vida na IECLB por ser ‘batizada luterana, sentir-se chamada para tal e ter o apoio para as atividades desenvolvidas’, como ela própria define, Marli Voigt sonha para a nossa Igreja que deixemos de ser tímidos na nossa manifestação do amor de Deus.


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