Jornal Evangélico Luterano - Ano 37 - nº 708 - Julho 2008

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JOREV LUTERANO JULHO2008

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LUTERANO JOREV

JORNAL EVANGÉLICO LUTERANO - IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL - ANO 37 - JULHO - Nº 708

Lema: Velhinhos e velhinhas sentarão nas praças de Jerusalém e as praças ficarão cheias de meninos e meninas brincando. Zacarias 8.4-5

Tema: No poder do Espírito, proclamamos a reconciliação

Participe desta missão!

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Luteranos são protestantes

Violência revelada

Impresso Especial 9912204447/2008 - DR/RS IECLB - JOREV LUTERANO

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U.P. ACF Pres. Roosevelt

CORREIOS

Comunhão com Deus

DEVOLUÇÃO GARANTIDA

CORREIOS Não encontrado o destinatário devolver para R. Senhor dos Passos, 202 CEP 90.020-180


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Editorial

O Concílio é para todos nós! Segundo o Título III – Da estrutura central, Capítulo I – Do Concílio, Seção I - Disposições Preliminares, da Constituição da IECLB, o art.49 esclarece que o Concílio é o órgão deliberativo máximo da IECLB, cabendo-lhe definir a linha programática de atuação da Igreja em todo o seu território, e, além de decidir e legislar sobre toda e qualquer matéria de interesse da Igreja, compete-lhe, especialmente, fixar as diretrizes que assegurem a unidade doutrinária e a identidade confessional da IECLB, estabelecer os planos de ação para atuação da Igreja, promover a reflexão sobre os temas fundamentais de interesse da Igreja, propiciar condições para os membros exercerem seus dons na missão da Igreja, zelar para que a disciplina evangélica seja observada, criar condições para que Obreiros e colaboradores recebam formação

Jorev

Luterano IECLB Jornal da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil www.luteranos.com.br PASTOR PRESIDENTE P. DR. WALTER ALTMANN SECRETÁRIO GERAL P. DR. NESTOR FRIEDRICH JORNALISTA RESPONSÁVEL LETÍCIA MONTANET-REG. PROF.: 10925 ADMINISTRAÇÃO / COMERCIAL CRISTIANO HENRIQUE LAMB CARTAS - SUGESTÕES DE PAUTA ARTIGOS - ANÚNCIOS FAMILIARES E ANÚNCIOS COMERCIAIS RUA SENHOR DOS PASSOS, 202/3 90.020-180 - PORTO ALEGRE/RS FONE: (51) 3221.3433 FAX: (51) 3225.7244 E-MAIL: jorev@ieclb.org.br SECRETARIA GERAL - IECLB FONE: (51) 3221.3433 ASSINATURA ANUAL - 11 EDIÇÕES R$ 18,00

_______________________________________ Proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo desta edição sem a prévia e formal autorização da Redação do Jorev Luterano.

adequada, alterar e aprovar documentos normativos da IECLB, aprovar a criação e extinção de Sínodos, estabelecer critérios sobre a política de subsistência dos Obreiros, aprovar os relatórios anuais, o Balanço Geral e a proposta orçamentária para o exercício e eleger o Pastor Presidente e seus Vices, o Presidente do Concílio e seu Vice além das demais eleições pre-

vistas nos documentos normativos da Igreja. São muitas e preciosas estas tarefas, por isso o Concílio é tão importante na nossa estrutura como Igreja. Tendo em vista a relevância deste encontro decisório e a sua repercussão na vida dos membros, é fundamental que todos compreendam como funciona o Concílio, quem são os membros participantes e com direito a voto e como os assuntos decididos chegam ao Concílio. Para atender esta demanda, O Jorev vai dedicar as suas páginas centrais aos principais assuntos relacionados ao Concílio a partir desta edição até o final de 2008, quando vamos contar tudo o que terá acontecido na XXVI edição do Concílio da IECLB, que, realizado a cada dois anos, sempre em uma Comunidade diferente, este ano será no município de Estrela/RS, de 15 a 19 de outubro.

Diário da redação Oferecemos o prazer da leitura da poesia do P. Jairo dos Santos, da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana da Paz, em Santa Rosa/ RS, nosso entrevistado da Editoria Ministério (leia matéria completa na página 6). Na Linha do Tempo - Memória repleta de antigas lembranças, Do tempo em que os sonhos ainda eram ‘criança’ E o mundo girava em torno dos pais. Saudades da infância, do canto, da escola. Dos livros... A merenda dentro da sacola, Das rodas... a ciranda... Tempo bom demais! - Memória saudosa da juventude, Dos rios, os peixes, os banhos de açude, O canto das aves: suaves melodias! Os bancos da escola... Tempo de internato, Onde a personalidade forjou-se, de fato, E num pálido horizonte, o futuro se abria. - Memória consciente da responsabilidade Com tantas crianças... da escolaridade, Forjando o caráter como educador. Profissão difícil, cheia de cuidados, De preocupações, de medos velados; Mestre dedicado... esforçado Pastor. - Memória presente dos tempos atuais, Dos tantos ofícios ou atos pontuais No corre-corre da vida pastoral... Dos compromissos... da agenda do dia, Dos sobressaltos ou da euforia De poder sentir o amor fraternal!

CARTAS Unidade Pertencemos à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia, mais um grupo de luteranos que vivem fora da região Sul. Como leitores do Jornal Evangélico Luterano, temos sentido falta de artigos ou notícias de Comunidades que se localizam além do Sul. Gostaríamos que mais membros dessas regiões participassem escrevendo sobre as suas Comunidades, o lugar em que vivem, como vivem, etc. Nossa Comunidade engloba seis Pontos de Pregação: Patos de Minas (230 km), Iraí de Minas (110 km), Santa Juliana (100 km), Perdizes (150 km), Pedrinópolis (120 km) e Uberaba (100 km). Vivemos uma realidade diferente daquela de onde migramos, o Sul. Nosso Pastor, Klaus Dieter Wirth, precisa atender, além de Uberlândia, onde fica a sede, esses Pontos de Pregação e, uma vez por mês, temos o nosso culto, que sempre é uma grande alegria e, por que não dizer, uma grande festa! Contando todos os membros destes seis Pontos de Pregação e de Uberlândia, somos apenas 105 membros. Hoje, passamos por grandes dificu-

ldades, pois, como é possível concluir, somos poucos membros contribuintes. Alguns se sacrificam fazendo suas contribuições com valores bastante altos (150 e 200 reais por mês), tentando, com isso, manter a Igreja no querido Triângulo Mineiro. Muitas vezes, parece que deixaremos de existir, tamanha são as dificuldades financeiras pelas quais sempre, de novo, passamos. Esperamos poder ler mais participações de Comunidades que vivem situações semelhantes, contando um pouco sobre a vida em suas regiões. Para nos visitar, acesse o portal www.luteranos.com.br/uberlandia e, se alguém desejar mais informações, é só enviar uma mensagem para o e-mail uberlandia@luteranos.com.br. Um grande abraço de Minas Gerais, Comunidade de Uberlândia Ponto de Pregação Patos de Minas Capa

Mais de 300 confirmandos da Paróquia de Santa Maria de Jetibá/ES participaram do lançamento da Campanha de Missão VAI e VEM no dia 10 de maio. Leia matéria completa na página 4.

- Memória visual do mundo complexo, Onde a desesperança é fiel reflexo Da falta de amor e da fraqueza na Fé. Da Igreja que busca cumprir sua Missão Firmada na Nova da Ressurreição, E na força do Amor que vem de Nazaré. - Memória futura do que está por vir... Do vigor da vida que irá diminuir À medida que os anos vão pesando mais. Do desejo ardente da velhice sadia, Dos sinais presentes: de amor e harmonia. Da certeza ardente de misericórdia e Paz! - Memórias, memórias... Muitas memórias! Lembranças de fatos vividos na história Dos anos suados, da vida que passa... Mas a melhor imagem que fica gravada, É a força do amor por Deus revelada Na Família, na Igreja: NA GRAÇA DE GRAÇA! Do desejo ardente da velhice sadia, Dos sinais presentes: de amor e harmonia. Da certeza ardente de misericórdia e Paz! - Memórias, memórias... Muitas memórias! Lembranças de fatos vividos na história Dos anos suados, da vida que passa... Mas a melhor imagem que fica gravada, É a força do amor por Deus revelada Na Família, na Igreja: NA GRAÇA DE GRAÇA!


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Curtas

Dia Mundial de Oração Como acontece a cada ano, na primeira sexta-feira do mês de março, foi celebrado o Dia Mundial de Oração, neste ano em 7 de março, promovendo a comunhão com mulheres de 170 países do mundo que participam desse movimento ecumênico de oração. A celebração de 2008 foi preparada por mulheres da Guiana sob o tema A sabedoria de Deus proporciona novo entendimento, levando as autoras à reflexão sobre a sabedoria de Deus conforme o livro de Jó. O entendimento surge na conclusão do estudo proposto pelas mulheres da Guiana, a partir da última parte do ‘poema de sabedoria’, no capítulo 28 de Jó. As orações de intercessão expressaram o anseio de atingir a relação com Deus que nasce desse novo entendimento. ______.....______

25 anos de bênçãos Momentos significativos marcaram os festejos da Paróquia Bom Jesus, em Vila Nova, Joinville/SC, que completou 25 anos no dia 11 de abril. No culto, coordenado pelo P. Roberto Luís Schulz e equipe, Coral Evangélico Bom Jesus e grupo de música, o tema da celebração jubilar foi Até aqui nos trouxe Deus – Até aqui viemos pela fé! Os mais de 30 grupos de atividades da Paróquia confeccionaram símbolos, sinalizando a missão do grupo e a gratidão por estarem fazendo parte da edificação desta história.

Tudo começou quando Comunidades pertencentes à Comunidade de Joinville (Vila Nova e Estrada dos Morros) e Comunidades pertencentes à Paróquia de Guaramirim (Estrada Blumenau e Estrada do Sul) se uniram e formaram a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Bom Jesus. “A comunidade de fé é lugar que gera condições, acolhe, capacita e envia para servir e ir ao encontro de outras pessoas. Eis, portanto, a nossa tarefa!”, comemora o P. Roberto Schulz.

Centenário de Martha Walter Com abraços, hinos de louvor e a tradicional torta foi festejada na Casa Matriz os cem anos de nascimento da Diaconisa Martha Walter, que, nascida em 19 de abril de 1908, em Marienfeld, Polônia, veio aos dois anos de idade, com seus pais e irmãos, ao Brasil, radicando-se em Neu-Württemberg (atual Panambi/RS).

Querência inaugura templo Com apresentação do coral da terceira idade, coral da Comunidade e grupo de canto, a Comunidade Evangélica Martinho Lutero, de Querência/ MT, inaugurou seu templo na manhã de 27 de abril.

Sobe Iniciativas de várias Comunidades e Paróquias para a participação da criança e do adolescente na vida da Igreja.

Desce

Martha ingressou na Irmandade de Kaiserswerth, por meio do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre/RS, em 1935, seguindo o seu desejo de trilhar o caminho da enfermagem. Durante a maior parte dos 52 anos de sua vida ministerial, trabalhou em praticamente todos os setores deste hospital até chegar ao ‘Tabita’, o lar das Diaconisas jubiladas, em 1987. A Irmã Martha recebeu o carinho de familiares, amigos e da grande família do Lar Moriá, onde vive, agradecendo a Deus pelas bênçãos que recebeu e pôde transmitir.

Estiveram presentes membros da sociedade em geral, P. Gerd Uwe Kliewer, que realizou o primeiro culto da Comunidade, em 1986, P. Sinodal do Sínodo Mato Grosso, Lauri Becker, que dirigiu a prédica com base em Atos 17.22-31, P. Roni Roberto Balz, primeiro Pastor oficial da Paróquia de Querência, P. Alexandre Klitzke, atual Pastor da Paróquia, P. Elisandro Rheinheimer, mas especialmente a própria Comunidade. A construção, iniciada em 2003, foi realizada com a dedicação e as doações dos membros, de colaboradores em geral e da OGA da Alemanha. Para a Comunidade de Querência, esta inauguração significa a realização de um sonho: ter um lugar próprio para ouvir e viver a palavra de Deus. ______.....______

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25º Encontrão Jovem Nos dias 19 a 21 de abril, com a tradicional chuva, foi comemorado o 25º Encontrão jovem. Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre. Aleluia! (Salmo 117.2) foi o tema que norteou as palestras do 25º Encontrão Jovem, apresentadas pelo P. Martim Weingartner, P. Sigolf Greuel, Pastor Sinodal do Sínodo Centro-Sul Catarinense, e Luciano Manga.

A programação do 25º Encontrão Jovem foi ampla, contando com seminários, bandas de música das Comunidades, esportes, vigília de oração, tenda dos talentos e ginástica. Aproximadamente, 2 mil pessoas participaram deste 25º Encontrão Jovem e o próximo já está marcado: 31 de outubro a 2 de novembro de 2009.

Missão em Rio Negro Em sintonia com o PAMI, a Paróquia de Rio Negro e Mafra estabeleceu prioridades missionárias para 2008: maio foi aprovado como mês especial de desafios para a missão em nível de Comunidades, grupos e Ministérios da Paróquia. Nas celebrações dos cultos, pregações, mensagens, meditações, Ministérios, retiros e reuniões de lideranças, o tema missão será abordado de forma intensiva e abrangente.

Por meio de aprofundamento bíblico-teológico sobre o tema Missão de Deus – Nossa Paixão, da prática da intercessão pelo trabalho missionário, além do envolvimento prático em uma ação missionária dos diferentes grupos das Comunidades, a Paróquia quer ampliar o compromisso missionário das pessoas, famílias e grupos em resposta ao amor de Deus e em obediência ao IDE de Cristo.

Violência (física e psicológica) praticada contra crianças e adolescentes, indivíduos indefesos que devem ser protegidos por todos nós.

Ofertas Nacionais 20 de julho 10º Domingo após Pentecostes Missão entre os povos indígenas A dignidade da pessoa humana é sagrada. Como cristãos, temos duas belas imagens para descrever essa dignidade: Deus nos fez do húmus da terra e nos encheu com o sopro da vida e Deus nos criou à Sua imagem e semelhança. A IECLB, por meio do COMIN, orienta o seu trabalho entre indígenas na dignidade concedida por Deus. A dignidade é igual, etnias e culturas são diferentes. Respeito às diferenças faz parte do direito à dignidade. Deus ama e se dá a conhecer às pessoas, valendo-se das suas peculiaridades étnicas e culturais. Esse Evangelho a IECLB está anunciando em ações e palavras entre os indígenas. Nesse ano, o olhar está dirigido especialmente para as crianças e as mães. Não há dignidade onde há fome, onde falta acesso à educação e as crianças ficam doentes por água contaminada. Nesse sentido, as ofertas vão oportunizar cursos, seminários e revitalização de conhecimentos tradicionais, organização das mães e avós, construção de hortas, filtros, canalizações, apoios educacionais, enfim, ações que melhorem as condições de vida. O mundo vai mudar um pouquinho para melhor e Deus será louvado por isso.


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Atualidade

Entusiasmo no lançamento da campanha de missão da IECLB

O lançamento oficial da Campanha de Missão aconteceu no dia 11 de maio, domingo de Pentecostes e Dia das Mães. O Pastor Presidente da IECLB, Dr. Walter Altmann, celebrou um culto especial pelas datas comemorativas. “Hoje, muitas famílias estão reunidas e queremos expressar em palavras e gestos nossa gratidão às mães e interceder por elas. Lembramos que, em muitos casos, foram nossas mães que nos contaram as primeiras histórias bíblicas, que nos ensinaram a orar”, afirmou o P. Altmann, no culto realizado na Comunidade de São Leopoldo/RS. Pentecostes, por sua vez, relembra a vinda do Espírito Santo à primeira comunidade em Jerusalém. Foi assim que se formou a ‘igreja primitiva’, aquela da qual todas as demais comunidades provêm. Com o Espírito Santo, a Igreja passa a ser

instrumento da própria missão de Deus. Na IECLB, o domingo de Pentecostes também tem sido festejado como domingo dedicado à missão e missão tem a ver com o todo da igreja, pois tudo o que ela faz é parte da missão. A IECLB está engajada em um aprofundamento e atualização da compreensão e da ação missionária. O próximo Concílio da Igreja, que, neste ano, vai acontecer em Estrela/ RS, em outubro, deverá aprovar um documento que traça o plano missionário para os anos de 2008 a 2012. “Já temos aprovado um documentobase, com os fundamentos bíblicos e teológicos da missão. Seu título é Missão de Deus-Nossa paixão. Também estamos trabalhando em instrumentos para o planejamento da missão”, informou o P. Presidente. O planejamento missionário deve ser uma realidade em cada Comunidade. “Queremos que, no nível de Igreja, exercitemos nossa vontade de sermos solidários com Comunidades distantes de nós e que precisam da nossa ajuda. Quando somos missionários, pensamos além de nós, das nossas fronteiras geográficas e culturais. Pensamos nos outros”, finalizou P. Walter Altmann.

Venha fazer parte da Campanha Missão de Deus-Nossa paixão -As Comunidades podem motivar a confecção de cofrinhos para que cada família possa ter o seu. -Promova um bazar, jantar ou outro evento. Use a sua criatividade e reverta a renda para o trabalho missionário da IECLB. -Reserve ofertas especiais para a campanha do Fundo de Missão. -Doações podem ser feitas nos envelopes especiais (peça na sua Comunidade) e por depósito na conta corrente da IECLB: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Campanha Nacional de Missão Banco do Brasil Agência 10-8 Conta Corrente 182000-1 CNPJ 92926864/0001-57 Todos os depósitos deverão ser comunicados à IECLB (campanha@ieclb.org.br ou fax 51 3225.7244). -Você também pode deixar uma mensagem no Mural do site VAI e VEM em www.luteranos.com.br.

Adesão jovem Em um clima de muita animação, os confirmandos da Paróquia de Santa Maria de Jetibá/ES aderiram à Campanha de Missão VAI e VEM. Reunidos em um encontro paroquial, realizado no dia 10 de maio, os 314 confirmandos, distribuídos em 21 grupos, acolheram com entusiasmo a proposta de participação na campanha. O encontro paroquial iniciou com a reflexão sobre o Tema e o Lema 2008 da IECLB a partir do livro do profeta Jonas. Posteriormente, o assunto abordado foi Missão de Deus-Nossa Paixão e, após uma explanação a respeito dos detalhes da campanha, os confirmandos já puderam colocar as suas primeiras ofertas num cofrinho especialmente preparado para o momento. “Todo mundo tem uma paixão. Os confirmandos de Santa Maria de Jetibá foram motivados e estão descobrindo, juntamente com os membros da IECLB, aquela que é essencial na Igreja Cristã: a missão. Que esta paixão seja assumida não apenas com ofertas para a campanha, mas também com o nosso jeito de acolher e de nos relacionarmos com as outras pessoas, com nossa participação ativa na Comunidade e com nossa disposição de amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”, disse o P.Valdemar Gaede.

Os outros e nós Lá iam o pai, montado no cavalo, e o filho, puxando o animal. Num trote cadenciado, deslocavam-se para a festa da Comunidade. Em uma curva, encontram-se com alguém que não havia gostado da festa. Vendo aquela cena, o caminhante não perdoou O senhor não tem vergonha! Deixar uma criança a pé e o senhor numa situação confortável, ralhou o transeunte. Meio envergonhado, o homem desceu do cavalo e colocou o menino em seu lugar. Assim, foram por longas léguas até encontrar um vizinho, que olhou para o menino e disse, com olhar de quem exagerou na cerveja da festa, Garoto, onde está o respeito pelos mais velhos? Com vergonha, o menino desceu do cavalo. Ao chegar à vila, todos estranharam aquela cena ridícula. Pai e filho carregavam o cavalo. Haviam atado as patas do animal e colocado uma vara nelas, levando o bicho nas costas. No velho estilo, toda estória tem uma moral. A desta, aqui adaptada, pode ser a seguinte: Se a gente vive dando ouvidos ao que os outros dizem, nunca sabe o que fazer. A sabedoria do leitor e da leitora utilizará esta história para exemplificar muitas situações. Da minha parte, vou me utilizar dela para tratar de

uma preocupação que aflige muitas lideranças da nossa Igreja. Refiro-me às perguntas a respeito do crescimento de outras igrejas, enquanto a nossa continua estagnada numericamente. Por que as outras igrejas crescem e a nossa marca passo? Continuo ouvindo as dores de Pastores e de lideranças a respeito do sucesso dos outros. De fato, a situação é dramática e as lideranças não sabem como lidar com ela, pois não basta repetir Lutero ou alguns versículos bíblicos.

Quem vive dando ouvidos ao que os outros dizem, nunca sabe o que fazer Há muitas explicações levianas. Apresento uma: ‘as demais igrejas crescem porque falam aquilo que as pessoas querem ouvir’. De certa forma, seus líderes bem-sucedidos são como o pai e o filho que terminaram, após se deixar levar pela opinião dos outros, carregando o cavalo. O problema, contudo, é mais complexo, entretanto este não é o lugar para explicação, mas a oportunidade de colocar a nossa posição.

Evangélico-luteranos são protestantes. Logo, não poderiam se deixar guiar pela opinião da maioria ou viver como folha levada pelo vento. Lutero, certa vez, afirmou que Deus está no contrário, na cruz. Conseqüentemente, pessoas cristãs estão na contramão. Usam a sua força para se solidarizarem com os oprimidos e não para carregarem o cavalo. Portanto, haveria somente uma razão para Pastores e Presbíteros carregarem um cavalo sem caírem no ridículo: se o animal estiver machucado. No entanto, há gente em nosso meio que está disposta a isso e poderá ter sucesso por algum tempo. Contudo, é necessário ouvir o que outros nos dizem, a fim de apreendermos a linguagem do povo, pela qual a vontade de Deus é anunciada. Nada além disso. Por isto sempre oramos Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.

P. Dr. Oneide Bobsin Pastor da IECLB e Reitor da Faculdades EST


Presidência

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IECLB: grávida da missão A IECLB tem a marca de acompanhar seus membros e vocação para a missão, transformadora, algo específico do luteranismo mundial. A Assembléia da Federação Luterana Mundial, realizada em 1970, teve como tema Enviados ao mundo. Hoje, é consenso na IECLB que é da essência da igreja cristã ser missionária ou ela não é igreja! Anunciar o Evangelho é sua razão de ser, ponto de partida e chegada. Nosso modelo luterano de Igreja é uma comunidade de comunidades que propagam o Evangelho de Jesus Cristo, estimulam a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária, promovem a paz, a justiça e o amor na sociedade e participam do testemunho do Evangelho no país e no mundo. Estamos inseridos num mundo que necessita e clama pelo nosso testemunho, por uma palavra reconciliadora, por acolhida e parceria, pela reconstrução de

projetos de vida e de sociedade. Ultrapassamos nossas fronteiras originais e somos desafiados a assumir, a partir da nossa herança eclesial e teológica, nossa identidade como Igreja de Jesus Cristo no país, perceber sua realidade e nos inserirmos em seu contexto de evangelização e serviço solidário ao povo brasileiro, ecumênica, sem fazer distinção de classe, etnia, gênero ou credo religioso.

Nosso modelo luterano de Igreja é uma comunidade de comunidades O passado nos marca e o presente nos chama, tendo como norte a proposta de Jesus e do seu Reino a partir do luteranismo como um modo de vida: um modo de ver, ouvir, ensinar e seguir. Sejamos gratos a Deus e instrumentos de sua missão,

AGENDA DA PRESIDÊNCI A JULHO PRESIDÊNCIA 05/07/2008 Assembléia Sínodo Paranapanema Maringá/PR P. Walter Altmann

por isso não tenho medo de afirmar: a IECLB está grávida da missão! Só não afirmo que o parto já aconteceu porque somos povo, corpo de Cristo, somos Igreja a caminho. A aprendizagem da nossa caminhada nos amadureceu e leva-nos ao PAMI e à Campanha Missão de Deus-Nossa paixão. Temos uma nova oportunidade: treinar, na comunhão, a aprendizagem do discipulado e, no dia-a-dia, a prática de uma vida reconciliada com o Criador e sua criatura. Cuidemos, pois, desta gravidez para que o parto aconteça de forma natural: onde, quando e como o Senhor da Igreja o desejar.

P. Carlos Möller P. 2º Vice-Presidente da IECLB

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07-08/07/2008 Exame de Admissão ao PPHM São Leopoldo/RS P. Homero Pinto 17-18/07/2007 Seminário Terra, espaço de cidadania Erechim/RS P. Carlos Möller 20-25/07/2008 19º Congresso Nacional da JE Santa Maria do Jetibá/ES P. Carlos Möller 21-22/07/2008 Comissão de Designação e Envio São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller 23-24/07/2008 Fórum Nacional de Formação Teológica São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller 25-26/07/2008 Reunião do Conselho da Igreja São Leopoldo/RS P. Walter Altmann P. Homero Pinto P. Carlos Möller

Secretaria Geral e Presidência da IECLB aderem à Campanha de Missão A Secretaria Geral e a Presidência da IECLB estão firmemente engajadas na Campanha de Missão. O Pastor 1° Vice-Presidente, P. Homero SeveroPinto, juntamente com as Catequistas Maria Dirlane Witt e Débora Raquel Conrad, realizou uma meditação enfocando o tema da missão, seguida da atividade prática – a confecção de cofrinhos! As meditações acontecem todas as quartas-feiras na sede da IECLB, em Porto Alegre/RS. “Foi um momento especial e de grande significado, ver a

participação e o entusiasmo de todos, desde o Secretário Geral, P. Dr. Nestor Friedrich, o Secretário Executivo da Fundação Luterana de Diaconia, Silvio Schneider, os Secretários da IECLB e os funcionários presentes”, comemorou o P. Homero. Os cofrinhos elaborados na ocasião foram colocados em cada andar. “Um responsável vai trazê-los na primeira quarta-feira de cada mês para a meditação, em que teremos um momento especial de entrega da oferta para a Missão de DeusNossa Paixão”, informou o P. 1° Vice-Presidente.

P. Presidente avalia a produção de álcool

Leonardo Boff na EST

Por solicitação de parceiros na Alemanha, o Pastor Presidente, Dr. Walter Altmann, elaborou uma avaliação sobre a expansão da produção do álcool combustível no Brasil. Mesmo que a IECLB ainda não tenha desenvolvido uma pesquisa aprofundada para adoção de um posicionamento oficial sobre o tema, a avaliação é de crítica e muita cautela. “Compartilhamos, com outros segmentos da sociedade civil e entidades pastorais, bem como entidades parceiras de outros países, a preocupação quanto ao desenvolvimento de um projeto dessa natureza, à parte de um processo mais profundo de desenvol-

Um dos Teólogos mais lidos e estudados no meio protestante, o católico Leonardo Boff, recebeu, no dia 15 de maio, no auditório do Colégio Sinodal, o título de Dr. Honoris Causa, outorgado pela Faculdades EST. A solenidade contou com a participação da Camerata Ivoti (Ascarte/IEI) e um público de cerca de 500 pessoas. O Pastor 1° Vice-Presidente da IECLB, P. Homero Severo Pinto, fez um pronunciamento durante a cerimônia. Boff esteve em São Leopoldo/RS para participar, na Faculdades EST, do Seminário Leonardo Boff e a Teologia Protestante, que foi motivado pelo interesse que o Professor Boff tem demonstrado em torno do tema, desde seus estudos de doutorado Laboris Causa, em Munique, na Alemanha. Em vários escritos, Boff tem ressaltado a importância de Martim Lutero e da teologia protestante, demonstrando grande abertura para o ecumenismo. Ao receber o título, Leonardo Boff destacou a atualidade do Reformador e do princípio protestante da indignação.

vimento sustentável, em todas as suas dimensões. Entendemos, portanto, que o projeto brasileiro deva ser encarado numa perspectiva crítica”, disse o enunciado. Por outro lado, a IECLB entende que o projeto específico se encontra num marco mais abrangente de relações internacionais, de modelo econômico globalizante concentrador e de padrões de consumo assumidos nos países desenvolvidos e, crescentemente, copiados por países emergentes. A crítica ao projeto de expansão da cana-de-açúcar no Brasil, para ser coerente, deve ser colocada neste marco mais abrangente, objeto de igual análise crítica.


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Ministério

Ética, confessionalidade e voz profética no pastorado Após a formação em Pedagogia, como foi a opção pelo pastorado? Em 1965, comecei a atuar como Professor e Diretor da então Escola Evangélica Particular Rui Barbosa de Giruá/RS. Como auxiliar do Pastor no Ensino Confirmatório e Juventude, me senti envolvido na vida da Comunidade e da Paróquia. Em 1968, com a oficialização da IECLB, fui componente dos Conselhos Regional e Nacional da Juventude e membro dos Conselhos Distrital e Regional da Igreja. Continuei a minha formação cursando Pedagogia. Então, surgiu o 1º Curso de Vocações Tardias na Igreja. Convidado, não fui aceito por não falar alemão. Como ainda persistia a carência de Pastores, a IECLB criou o Curso Teológico Complementar, no qual ingressei, convencido pelos argumentos da falta de Pastores. Fui enviado como ‘Pastor Missionário’ para São Luiz Gonzaga/RS, sendo investido em 1976, ao mesmo tempo em que exercia supervisão de área do Mobral (EJA) em vários municípios da região. De que maneira aconteceu esta transição? Trabalhei com carro próprio, devido à duplicidade de função, com uma carga muito extensa e intensa. Lembro-me que, num determinado mês, dormi 20 noites ‘fora’ de casa, para poder desempenhar a contento as tarefas. Nestes anos, durante os meses de janeiro, fevereiro e julho, continuei a Formação Teológica na, hoje, EST, des-

P. Jairo dos Santos, 64 anos, natural de Três de Maio/RS, é casado há 37 anos com Sonia. A ‘prole’, como chama, é de quatro filhas, quatro netas e um neto, até o momento. Desde 2004, exerce o pastorado na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana da Paz, em Santa Rosa/RS. locando-me com a família e, muitas vezes, sem ela, para São Leopoldo/RS. Depois de quatro anos, me transferi para Teófilo Otoni/MG, onde os estudos prosseguiram até janeiro de 1981, quando fui ordenado na Comunidade que me enviou: Giruá. Tenho, portanto, 10 anos como Professor e 32 anos e meio atuando como Pastor. Quais são as suas atividades na Paróquia da Paz? Exerço todas as funções inerentes à Missão-Pastor. O que, de maneira

especial, cativa é o Projeto Missão Criança, no qual uma equipe, da qual sou Orientador Teológico, acompanha famílias com crianças batizadas até completarem 10 anos. A Setorização da Comunidade de Cruzeiro é uma proposta legal em que os setores, compostos por 10 a 15 famílias com o respectivo líder, trabalham em parceria com o Presbitério levando informações e trazendo demandas. Os Grupos Musicais e o envolvimento das lideranças são muito significativos. Participo de muitas ações ecumênicas, atuo como um dos representantes do Colégio Pastoral no Conselho Sinodal, participo das celebrações do Instituto Sinodal da Paz e temos uma caminhada histórica do ‘Natal Ecumênico’. Como a sua experiência auxiliou no exercício do pastorado? O que auxilia nas funções pastorais é a minha formação Pedagógica. Minha ‘caminhada’ nas Regiões I, II e III e, depois, nos Sínodos Sudeste, Vale do Taquari e, atualmente, Noroeste Riograndense proporcionou experiências mais amplas e possibilitou a compreensão aprofundada da realidade brasileira e da complexidade na formação deste povo. As diferenças étnicas, sociais, econômicas e culturais, além da compreensão de Igreja e da vida comunitária nas diferentes realidades, forneceram subsídios concretos e novas propostas de envolvimento nos campos de atuação.

Música, poesia e aposentadoria Na música e na poesia, sou um ‘inveterado’ amador! Desde jovem, componho e escrevo coisas fáceis para serem cantadas pelas Comunidades ou mensagens poéticas para épocas específicas, que são enviadas a familiares, amigos e colegas. Parte do que compus foi aproveitado por Ernâni Luís nos seus últimos CDs. Como emérito, tenho projetos e um deles é voltar a atuar na Regional do Centro de Estudos Bíblicos, com sede em Ijuí. Estarei à disposição de Paróquias e colegas para colaborar com os dons e a experiência que acumulei. Quero dedicar-me à poesia e à música ou escrever um livro. Desejo conviver mais com familiares e amigos. Um forte incentivo ao ingresso no Pastorado foi a falta de Pastores. Hoje, vivemos uma situação inversa. Este é um dos motivos que me leva à decisão de tornar-me emérito antes dos 65 anos. Naturalmente, há outras razões. Uma delas é poder desfrutar mais a vida antes que ‘os anos pesem muito’, mas também alguns ‘desencantos’ influenciaram, como a superficialidade com que são vivenciadas a voz profética, a confessionalidade e a ética. Há uma grande insegurança na atuação pastoral. A competição está evidenciando-se. A falta de vagas impõe uma acomodação e as ações pastorais tendem a ‘agradar’ as lideranças para que estas não ‘despeçam’ os Obreiros, como ‘patrões’ que têm o domínio. Leia poesia do P. Jairo no Diário da Redação

Experiências além das fronteiras brasileiras De 24 a 26 de março, a cidade de Quito, capital do Equador, abrigou o I Encontro de Pessoas com Deficiência da região andina e, de 26 a 29, a I Consulta Latinoamericana sobre Teologia e Deficiência. Do encontro da região andina, participaram cerca de 20 pessoas com deficiência representando o povo indígena. Após refletir e traçar objetivos para o trabalho na área das pessoas com deficiência, todos saíram bastante animados e comprometidos em realizar mais reuniões para fortalecer os laços e o compromisso com a inclusão na região dos Andes. A I Consulta sobre Teologia e Deficiência reuniu Teólogos, Biblistas, líderes da sociedade e líderes de Igrejas para discutir sobre temas como graça, missão, evangelização, povos indígenas, infância, gênero, pobreza, bioética e violência. Todos estes temas foram pensados sob a ótica da deficiência.

Um objetivo lançado a partir do evento é a elaboração e publicação de mais materiais e subsídios na área da inclusão e deficiência para motivar reflexões, informar, capacitar e alcançar cada vez mais comunidades e grupos sociais. Do Brasil, participaram a Teóloga Sharlene Leber, representando a Secretaria Geral da IECLB- Diaconia Inclusão, a Pastora Iara Müller, Coordenadora da Região Brasil na Rede Ecumênica em Defesa das Pessoas com Deficiência (EDAN), o Teólogo Rogério Link, representando a Faculdades EST, e Fernando Bortolleto, representando a Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE). Um documento final, intitulado Carta de Quito, foi elaborado para manifestar publicamente os resultados e compromissos assumidos a partir da consulta. Para maiores informações sobre a Carta de Quito, acesse diaconiainclusao@ieclb.org.br. Teóloga Sharlene Leber Coordenadora dos trabalhos na área da Inclusão e Deficiência da Secretaria Geral da IECLB


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Presbitério

Ser luterano é crer, ter fé no Senhor da Igreja, Jesus Cristo mais clara e não deixe muitas questões obscuras, nos tornando mais cientes e permitindo uma identificação melhor com a Palavra e a Escritura. Observo que o luterano busca ter um procedimento coerente com a sua religião. O seu comportamento correto não é apenas ‘da boca para fora’ e na hora do culto.

Massilo Engster nasceu em Imigrantes/RS (na época, município de Estrela), tem 72 anos, é Bancário aposentado e, na IECLB, atualmente exerce o cargo de Vice-Presidente da Diretoria do Conselho Sinodal e Delegado do Sínodo ao Concílio da Igreja, com a experiência de quem já foi Presidente e Tesoureiro de Paróquia, Tesoureiro na época dos Distritos, 2º Secretário do Sínodo, ViceSecretário da primeira Diretoria do Conselho Sinodal, quando da criação do Sínodo Noroeste Rio-grandense, e membro da Comissão de Visitação de Avaliação de Obreiros e Campos de Atividade Ministerial. Pertencente à Paróquia de Três Passos, Massilo é casado com Vacila e o casal tem quatro filhos: Valdir, Jairo, Gérson e Rosemeri. Qual é a sua definição do que é ser luterano? Ser luterano é crer, ter a sua fé no Senhor da Igreja, em Jesus Cristo. Sem desmerecer as outras, penso que a linha de conduta da doutrina luterana seja

No cotidiano, como se dá o ‘jeito luterano’ de ser? Quando amanhece, lembro que é sempre uma benção. A gente pode continuar a trabalhar em prol desta Igreja dentro da condição luterana, da crença em Jesus Cristo. Pode e deve continuamente agir em favor das pessoas que precisam. Sinto essa força. Não tenho medo de ajudar, colaborar em todos os sentidos e sem exigir nada em troca. Desde pequeno, procurei agir de forma correta e honesta. Ser luterano não é apenas ir ao culto, pedir perdão e sair fazendo besteiras. Erramos, sim, e somos perdoados, mas devemos ter consciência das dificuldades e buscar não errar. Trabalhar no Presbitério faz parte de ser luterano? Meu interesse pela Igreja surgiu a partir do Ensino Confirmatório, na época em que o Pastor só falava em alemão. O Pastor falou que eu deveria ir para o Seminário, mas os meus pais não tinham condições, pois isso significava estudar na Alemanha. Depois, participei da JE e do Presbitério da Comunidade. Pela minha Igreja, tenho trabalhado há 50 anos e posso dizer que é um grande aprendizado, pois estudei na ‘escola da

vida’, não tenho curso superior, mas sou humilde e sempre disposto a aprender e colaborar com a IECLB. Na sua relação com a Igreja, qual é a importância de participar do Presbitério? Por estar envolvido há tantos anos e em diferentes formatos na IECLB, posso dizer que realmente conheço a minha Igreja, lidei com as mais variadas situações e pessoas e fiz muitos amigos ao longo desta jornada. Certo dia, uma pessoa disse ‘Você vestiu a camiseta da IECLB e não tira mais’. É verdade! Tive tempo, pois a Igreja sempre esteve entre as minhas prioridades, disposição e nunca me neguei a colaborar. Sinto que cresci como membro e como pessoa ao me dedicar a este trabalho. Foi algo bom, bonito e me sinto feliz pela Igreja fazer parte da minha vida e eu da vida dela. Como engajar membros no Presbitério? Só participando é que se aprende. O trabalho na Igreja é um dom, uma necessidade para quem tem fé em Jesus Cristo. Convido a todos para que aceitem participar dos trabalhos na Igreja, buscando se dispor, aproximar e inteirar mais das atividades e do funcionamento da nossa Igreja. Muitos dizem que não têm condições, mas têm sim. Cada um tem o seu dom, se dispor é a questão! Posso dizer também que é muito importante encarar esta missão com seriedade, transparência e, principalmente, dedicação e humildade. Além disso, calma e paciência para ouvir e lidar com situações nem sempre agradáveis são muito importantes. Vale a pena!

Desafios e metas do Conselho Sinodal Nossas dificuldades no Sínodo Noroeste Rio-grandense dizem respeito aos membros afastados, aqueles que até contribuem financeiramente, mas não fazem parte da vida na Igreja, e ao repasse correto do dízimo por parte de Comunidades e Paróquias ao Sínodo. Em ambos os casos a medida adotada tem sido a visitação. No caso dos membros, Pastores e Presbitério trabalham juntos. A falta de tempo e a alegação comum de que a Igreja ‘não oferece nada de novo’ ou ‘oferece sempre a mesma coisa’ são explicações sempre ouvidas, mas é uma ação que dá resultado, pois as pessoas voltam a se integrar às atividades da Igreja, deixando de serem apenas ‘sócias’ e passando a membros de fato. Devemos ter prioridades! Quanto à contribuição, formamos uma Comissão Sinodal de Finanças para visitar todas as Comunidades e Paróquias e não só aquelas em dificuldades. O objetivo deste acompanhamento é oferecer orientação sobre os procedimentos financeiros e um deles é o correto repasse do dízimo, que nem sempre acontece, pois algumas Comunidades e Paróquias que vivem dificuldades usam todo o dinheiro arrecadado para pagar as suas próprias despesas e outras preferem gerir o seu recolhimento de forma local. Neste caso, a visitação também tem dado ótimos resultados e, até o momento, em todos os casos conseguimos regularizar a situação prevendo negociações e parcelamentos propostos dentro das possibilidades das Comunidades e Paróquias.

JurídicoResponde - Contribuição Sindical II A legalidade da cobrança da Contribuição Sindical de entidade religiosa, em nosso entendimento, está regulada nos parágrafos 5º e § 6º do art. 580 da CLT, dispositivos os quais estabelecem que as entidades sem fins lucrativos estão dispensadas da contribuição sindical. No caso, as Comunidades, as Paróquias e os Sínodos são pessoas jurídicas sem fins lucrativos, bastando fazer a comprovação desta situação junto ao Ministério do Trabalho, isto fazendo a interpretação literal da lei. Em suma, entendemos que a

comprovação deve ser realizada com a apresentação dos documentos relacionados nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’, do inciso III, do § 2º, do art. 3º da Portaria MTE 1.012/2003, sendo: a) estatuto da entidade ou instituição com a respectiva certidão de registro em cartório, b) ata de eleição ou de nomeação da diretoria em exercício registrada em cartório e c) comprovante de entrega da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ, como entidade imune ou isenta, fornecido pelo setor competente do Ministério da Fazenda. A realidade das Entidades Religiosas que integram a IECLB é de que estas não remuneram seus diri-

gentes. Neste caso, os Sínodos, as Paróquias e as Comunidades se enquadram no disposto no inciso I, do § 1º, do art.3º da Portaria MTE 1.012/ 2003, bastando ter contabilidade organizada para não estarem obrigados a pagar a Contribuição Sindical. Por outro lado, referimos que a isenção alcança tão somente a Contribuição Sindical das entidades religiosas, devendo os funcionários destas procederem ao pagamento do valor referente a um dia de trabalho, na forma do art. 580, inciso I da CLT. Concluindo, entendemos que as Comunidades, as Paróquias e os Sínodos não devem recolher a Contribuição Sindical a qualquer

entidade Sindical e ressaltamos que tal fato não impede as referidas Organizações Religiosas de continuarem integrantes da Categoria Econômica e se beneficiarem das suas conquistas.

Jeferson De Boni Almeida Assessor Jurídico da IECLB

Indicadores Financeiros UPM Junho/2008 = 2,3353% Índice Maio/2008 = 1,57% Acumulado do ano = 3,38%


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UNIDADE


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Mulheres

Igreja aberta e acolhedora à participação feminina Há um perfil marcante das mulheres no Sínodo Noroeste Rio-Grandense? O perfil das mulheres é ser humilde, pois muitas são Agricultoras, mas com bastante disposição de trabalho. Elas são capacitadas e com muitos dons, mas têm resistência quanto ao novo.

Lori Riecke, natural de Giruá/RS, é casada com Rudi Riecke. O casal tem um filho, Ari Alberto, e duas netas, Marciele e Mariele. Pertencente à Comunidade Evangélica São João, em Boca da Picada, Paróquia Evangélica em Giruá, a Agricultora aposentada, atualmente, é Coordenadora Paroquial da OASE e participa do Conselho Fiscal no grupo de mulheres da Comunidade e da Paróquia. Qual é a sua frente de trabalho no Sínodo Noroeste Rio-Grandense? É um trabalho organizado em grupos com mulheres da OASE. No Sínodo, temos 112 grupos de OASE. Na OASE paroquial, que também é um elo com o trabalho da OASE no Sínodo, sou a Coordenadora paroquial. Faço visitas aos grupos da Paróquia, repassando conteúdos e novidades vindas do Sínodo e da IECLB. No Conselho Sinodal, participo nas reuniões de avaliação e planejamento representando a minha Paróquia.

Reconheço que isto já acontece, mas podemos avançar muito mais. Vejo que só é possível motivar a participação das mulheres por meio de um testemunho bastante concreto. Dessa forma, vamos despertar a curiosidade para participar e também crescer enquanto participamos.

Nesse sentido, o que pensa sobre a pouca participação feminina na gestão da IECLB? Percebo que ainda há certa resistência quanto à participação feminina nas lideranças, mas, no Sínodo, sempre a mulher teve espaço e presença. Às vezes, sinto que não há mais participação feminina por causa de sobrecarga de Congresso da OASE, realizado em 2005, na Paróquia de Buriti/RS muitas mulheres em outras atividades. A propósito, sempre conQue inovações foram introduzidas no segui bom desempenho em todas as trabalho com as mulheres no seu minhas atividades na Igreja, pois tenho Sínodo que podem ser repassadas o apoio do meu esposo, que também se para os outros Sínodos? dedica continuamente ao trabalho pela Temos várias inovações: Arte Igreja. Mulher, que acontece uma vez por ano, oferecido às mulheres como forma de repassar conhecimento artesanal para outras mulheres. A cada dois anos, temos o Dia da Mulher Luterana em nível sinodal, evento no qual trabalhamos um tema específico. Anualmente, temos uma Assembléia Sinodal com uma representante de cada grupo, oportunizando, assim, o contato direto com a Diretoria Sinodal.

As mulheres do Sínodo lidam com quais temas e desafios no Qual é o seu formato de tracotidiano? balho voltado para a missão? No ano passado, o trabalho Lori Rieck é eleita Vice-Presidente Sinodal da OASE, em Três de Maio/RS Penso que o trabalho de da OASE no Sínodo estava missão seja sempre ir ao focado no tema oração. Este ano, o Quais são as prioridades no trabalho encontro das pessoas com mais trabalho tem ênfase no combate à junto às mulheres? necessidades. Já participei do Conselho violência praticada contra as Busco motivar as mulheres no de Missão no Sínodo e, a partir dele, mulheres. O mais importante é que a desenvolvimento do seu conhecimento articulamos atividades práticas que participação das mulheres no Sínodo individual e mútuo, fortalecimento na tenho levado para as atividades é muito ativa. Quando tem alguma fé e no exercício dos seus dons. A oporespecíficas com a OASE, princiatividade, com chuva ou sem chuva, tunidade de exercer cargos como, por palmente na visitação. elas estão lá, colocando os seus dons à exemplo, Presidente Sinodal da OASE disposição do trabalho. e Coordenadora Distrital, que oportuComo a OASE auxilia o seu trabalho nizaram vivenciar expeno Conselho de Finanças no Sínodo? riências com mulheres de Sou integrante da equipe que forma várias regiões do Brasil e o Conselho de Finanças no Sínodo Argentina, motivou para Noroeste Rio-grandense. O objetivo é um engajamento cada vez a visitação a Comunidades e Parómaior neste trabalho. quias. Nesta visitação, num primeiro momento, sente-se uma certa resisA Igreja tem um papel tência, mas aí vale a minha experiência junto ao público femidos Seminários de visitação oferecidos nino? pela OASE e vejo que consigo ajudar O papel fundamental no diálogo para que este trabalho seja da Igreja é ser aberta e de orientação para o bom desempenho acolhedora para a partida organização financeira em Culto de abertura do Congresso Sinodal da OASE, no ano de 2000 cipação das mulheres. Comunidades e Paróquias.

Associação de ex-alunos da Faculdades EST tem nova Presidente Buscar maior participação das mulheres nos eventos realizados pela Associação de ex-alunos da Faculdades EST é o desejo da nova Presidente, Ingrid Garbade Marxen, que assumiu o cargo no dia 19 de abril, durante o encontro de ex-alunos, realizado na Faculdades EST, em São Leopoldo/ RS. Ingrid falou sobre a satisfação de ser remanescente do Instituto Pré-Teológico (IPT), hoje Faculdades EST “Aqui, aprendemos a ser útil ao próximo e a ter coerência. Sempre me perguntam onde estudei e sinto que isto se deve à instituição, que me fez uma pessoa diferenciada e melhor”. O encontro reuniu mais de 100 ex-alunos vindos de vários municípios do Estado e do País, que assistiram à apresentação cultural com show de Mauro Harff e à palestra O Caminho das Águas, um relato do Hidrogeólogo e Consultor na área de recursos hídricos, Roberto Kirchheim.

Localizada no bairro Morro do Espelho, a Faculdades EST foi criada em 1946 como Faculdade de Teologia. Hoje, além do Bacharelado em Teologia, primeiro curso no Brasil a receber autorização oficial de funcionamento pelo MEC, possui o Bacharelado em Musicoterapia, único na área dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A EST atua também na educação profissional, com a oferta de cursos técnicos em Música e Enfermagem, em cursos de Extensão em diversas áreas e a sua Pós-graduação em Teologia é distinguida com a nota máxima pela Capes.


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Fé Luterana

A liturgia reconciliadora da Santa Ceia Na Santa Ceia, come-se pão e bebe-se vinho, mas também come-se e bebe-se a Palavra de Deus. Em outras palavras, Deus vem ao nosso encontro nesta santa refeição. É a grande ‘festa da reconciliação’, pois somos presenteados com uma nova comunhão com Deus e os irmãos. Com o passar do tempo, foram introduzidas inovações na tradicional liturgia da Santa Ceia, deixando muitas pessoas em dúvida sobre como é realmente correto proceder. Algumas dessas questões dizem respeito, principalmente, ao uso do cálice individual ou coletivo, à ingestão de vinho tinto ou suco de uva, ao consumo do pão ou da hóstia e à participação de adultos e crianças. Para ponderar sobre essas temáticas relacionadas a um momento especialmente significativo da vida cristã, a celebração da Santa Ceia,

convidamos o P. Carlos Romeu Dege, Mestre em Teologia, integrante do Coli (Conselho de Liturgia da IECLB) e Pastor na Paróquia em Igrejinha/RS. Também faz parte o P. Helio Adolfo Doss, Bacharel em Teologia pela EST, no exercício do Ministério Pastoral há mais de 30 anos, Pastor na Paróquia de Concórdia/SC. Participa, ainda, o P. Eloir Carlos Ponaht, formado pela Faculdades EST e atuando na Paróquia São João de Laranja da Terra/ES, onde fez uma série de estudos bíblicos sobre a Ceia do Senhor. Concluímos esta reflexão com a Pa. Tânia Cristina Weimer, formada em Teologia pela EST, Mestre em Teologia Prática, com área de concentração em liturgia, trabalhando na Paróquia de Nova Hartz/RS e na Coordenação Sinodal de Liturgia do Sínodo Nordeste Gaúcho.

Cálice individual ou coletivo?

Vinho ou suco de uva?

Pastor Carlos Romeu Dege

Pastor Helio Adolfo Doss

Para decidir pela forma de distribuição da Ceia do Senhor, é necessário ter clareza do que ela significa. O Reformador Martim Lutero esclarece que a Ceia do Senhor significa ou opera comunhão de todos os santos. Celebrar a Ceia não é outra coisa que receber um sinal certo dessa comunhão e incorporação em Cristo. A Santa Ceia surge do encontro das pessoas com Jesus em torno da mesa, espaço aberto a todos que aceitam o convite (Mt 22.1-14), é lugar de reconciliação, diálogo e partilha (Mc 6.30-44). Lembra a comunhão de Deus com o seu povo pela a ação de Jesus, que, rememorada na ceia, nos torna um só corpo a partir do pão (verdadeiro corpo de Cristo) e do cálice (verdadeiro sangue de Cristo) dado em nosso favor. Portanto, a Ceia do Senhor nos remete à comunhão, à unidade, onde somos alimentados, fortalecidos, por uma mesma comida e bebida e remetidos a cuidar uns dos outros, cientes que o nosso próximo faz parte do mesmo corpo, da mesma família e do mesmo sacerdócio. O cálice comum reforça este ensinamento. Somos iguais, bebemos do mesmo cálice, sinal da nova aliança (Mt 26.27-29). Existem reações adversas à prática de beber no mesmo cálice por medo de contágios ou repugno de um cálice usado por todos, mas há maneiras de celebrar a ceia sem perder este significado de comunhão: copos individuais ou intinção (mergulhar o pão no cálice). É necessário que estes copos individuais não percam o referencial com o cálice coletivo sobre a mesa da ceia durante a consagração. Há que se ter dignidade na forma de realizar a ceia e no cuidado com os utensílios usados. Para refletir, leia 1 Coríntios 11.17-34

Fico feliz que este assunto seja abordado neste espaço. Em conversa com muitas pessoas, tenho ouvido queixas de que algumas se sentiam excluídas da Santa Ceia porque não queriam ingerir bebida alcoólica. É do conhecimento de todos nós que cada vez mais pessoas são acometidas de estresse e depressão. Estas pessoas tomam antidepressivos e tranqüilizantes, medicação que não combina com bebida alcoólica. Além disso, também é de conhecimento público que há muitos membros das nossas Comunidades que são doentes alcoólicos em recuperação. Isto é, estas pessoas não podem ingerir bebida alcoólica sob pena de recaírem. É por este motivo que estes membros se sentiam excluídos, pois o vinho contém álcool. Vejo na adoção do suco de uva um gesto de amor e solidariedade. No Sínodo Uruguai, foi aprovada em Assembléia a recomendação do uso de suco de uva nas Santas Ceias, mas sabe-se que há resistência de algumas pessoas quanto a isto. Assim sendo, sugerimos que sejam adotadas as duas possibilidades: suco e vinho. Santa Ceia é para a vida e não para a morte, por isso quero animar os Presbitérios a refletirem sobre estas possibilidades, visto que o alcoolismo é uma doença incurável e que leva milhares de pessoas à morte todos os anos. Urge nos lembrarmos do grande Mandamento do Amor. Para dirimir quaisquer dúvidas, dirijam-se aos grupos de apoio, como Alcoólicos Anônimos ou outros do gênero. Também me disponho a contribuir, caso for solicitado, pelo telefone 49 8802.0727 e pelo e-mail helioadolfodoss@bol.com.br. Para refletir, leia Mateus 22.34-40

Pão e hóstia, qual a diferença?

As crianças e a Santa Ceia!

Pastor Eloir Carlos Ponaht

Pastora Tânia Cristina Weimer

Tradicionalmente, em nossas Comunidades, usamos a hóstia nas celebrações da Ceia do Senhor. Porém, em muitas celebrações é utilizado o pão caseiro. Qual é a diferença? É importante saber que hóstia é pão. A hóstia é sem fermento e está ligada ao fato de que, na instituição da Ceia, Jesus usou este pão (sem fermento), pois era época da ‘Festa dos Pães sem Fermento’ ou ‘Pães Asmos’ (Mt 26.17-30). Por outro lado, para nós, evangélicos de confissão luterana, importa o fato de que Jesus não se utilizou de algo que estava fora do contexto ou fora do alcance das pessoas comuns. Ele usou o pão diário, com o qual as pessoas se alimentam. Ele usou o pão que estava na mesa. Com isso, Ele se revela a nós como o alimento diário para a pessoa cristã, o alimento para a nossa fé. Jesus diz: Eu sou o pão da vida (Jo 6.35). A pergunta deveria ser Existe diferença entre pão e hóstia? Na forma, na preparação e no nome, sim. No entanto, para a celebração da Ceia do Senhor, ambos nos fazem perceber o Corpo de Cristo, que é dado em favor de nós, que Nele cremos (Lc 22.19). Nas primeiras comunidades cristãs, a Ceia do Senhor era uma refeição completa, que tinha como marca a partilha (At 2.46). O partir do pão, aquele pão com o qual nos alimentamos, vem a ser o centro da vida da comunidade. Por meio do pão e do cálice, fraternalmente partilhados, recebemos o Cristo vivo, ressurreto: que sustenta a fé, que conduz para a reconciliação, que anuncia e concede o perdão e que desperta para o testemunho em ações concretas no dia-a-dia. Este é o pão da vida oferecido a nós em Jesus Cristo. Para refletir, leia Atos 2.42-47

Nos primeiros tempos da igreja cristã, as pessoas eram admitidas à Ceia do Senhor imediatamente depois de batizadas. Quando o Batismo passou a ser de crianças (século V em diante), manteve-se essa prática. Com o Batismo, a pessoa é incorporada no corpo de Cristo, que é a sua igreja (1Co 12.1-13 e Gl 3.27), e, por meio desse Batismo, participa da morte e ressurreição de Jesus (Rm 6.4 e Cl 2.12). Jesus reúne a sua comunidade toda em um só corpo, doando-se a si mesmo. No Concílio realizado em 1990, constava em uma das atas que não podemos afastar as crianças da Ceia sob o argumento de que não tenham atingido o grau de fé dos adultos ou que já tenham na palavra pregada toda a dádiva que a Ceia oferece. Tais argumentos dão maior valor à razão que ao Espírito Santo. Para Jesus, as crianças são tão capazes de receber o Reino de Deus, que Ele as coloca como exemplo para seus discípulos. Receber o Reino não depende da capacidade cognitiva da pessoa, mais importantes são a fé, a receptividade e a humildade. Lutero, ao falar em culto na comunidade, disse que se dirigiam à mesa da comunhão ‘homem, mulher, jovem, velho, senhor, escravo, esposa, empregada, pais, crianças, como Deus ali a todos reúne’. Uma das coisas que as pessoas querem saber é o que a Bíblia diz, por isso é importante explicar bem que, na Bíblia, não há argumentos contrários à Santa Ceia para crianças. O texto de Atos 2.42 e Atos 20.7 mostra que a Ceia era celebrada regularmente, sempre que os cristãos se reuniam e acreditava-se que, das crianças, vinha o perfeito louvor (Mt 21.15-16). Para refletir, leia Marcos 10.13-16


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Geral

ECC: a presença na Igreja em todas as fases da vida conhecimentos e experiências, que parte da nossa fé em Jesus Dando continuidade às ações na área da Educação Cristã Cristo e da vivência do seu Evangelho. Disse-se dela que é Contínua (ECC), o Sínodo Centro-Campanha-Sul está ‘contínua’ porque tem a ver com a presença na Igreja em todas promovendo a realização de uma série de três Seminários com as fases da vida, criando Orientadores de Culto Inpossibilidades de manter a fé fantil e Ensino Confirmaviva. tório, além de pessoas ligaNo Seminário, os particidas à educação nas Comupantes listaram uma série de nidades, com o objetivo de desafios encontrados no implementar o Programa trabalho com crianças e a partir Missão-Criança. delas. Com esse diagnóstico, No dia 24 de maio, aconplanejou-se ações que contemteceu o primeiro desses plam o processo de Educação Seminários, em Santa Maria/ Cristã Contínua, do qual o RS, envolvendo o Núcleo da Missão-Criança também faz Campanha e reunindo 16 parte. pessoas no salão da Comu“A implementação do nidade Evangélica para reMissão-Criança envolve famifletir sobre Educação Cristã liares e pessoas ligadas a diContínua e os desafios do ferentes grupos, enfim toda a trabalho educativo nas CoA Comunidade vivencia a ECC e se fortalece nas experiências de fé munidades e Paróquias. Comunidade. Mais do que um O Seminário foi coordenado pela Pastora Dra. Mara Parlow trabalho para crianças, o programa é um espaço de missão com e pela Professora Gilmarise Eggers Neumann, integrantes do crianças, valorizando-as como agentes missionárias. Conselho Sinodal de Educação Cristã Contínua, e assessorado Igualmente, o Missão-Criança valoriza o ‘jeito criança de ser’ como pelo Catequista Ms. Edson Ponick, Coordenador do referência para a vida comunitária (Mt 18.1-5). A partir do Departamento de Educação Cristã da Secretaria Geral (DEC). Batismo, a Comunidade toda vivencia a Educação Cristã e O grupo conceituou Educação Cristã Contínua como a continuamente se fortalece nas experiências de fé”, esclarece o construção de um viver harmonioso, por meio da partilha de Catequista Edson Ponick.

Seminário para Multiplicadores do Tema do Ano Sínodo Espírito Santo a Belém

Sínodo Sul-Rio-grandense

O Seminário de Multiplicadores do Tema do Ano do Sínodo Espírito Santo a Belém aconteceu nos dias 3 e 4 de maio, em Vila Velha/ES, contando com a participação de 34 representantes de todas as Uniões Paroquiais do SESB. O encontro foi muito proveitoso, principalmente pela forma construtiva, didática e criativa utilizada. A retrospectiva sobre os Temas da IECLB, desde 1976 até 2008, também foi muito apreciada pelos participantes. “As dinâmicas aplicadas despertaram para a situação reinante nas ‘praças’ em nossos dias. Pudemos estudar e refletir sobre a nossa realidade a partir das atividades dos profetas Jonas, Zacarias, Miquéias e Elias”, ressalta Alex Reblin, um dos participantes do Seminário .

Ser profeta hoje, esta é uma das motivações que o Tema do Ano leva às Comunidades. Nos tempos bíblicos, profetas ajudaram as pessoas a entenderem a vontade de Deus. Alguns diziam palavras duras, faziam denúncias de situações injustas, lembrando o que Deus quer para o seu povo. Outros, com palavras suaves e cheias de promessa, animavam as pessoas a seguirem adiante, com esperança e fé. Um dos maiores desafios para a ação profética, hoje, está na nossa ação com o meio ambiente. O mau uso do solo, a falta de cuidado com os mananciais de água, o desmatamento, as queimadas e o reflorestamento irresponsável são algumas denúncias que, a cada dia, se tornam necessárias. Muitas pessoas vivem das atividades com o solo, por isso criar grupos de reflexão e orientação nas Comunidades, alertando para os cuidados com o cultivo do solo e o uso da água, é uma ação profética muito importante. Esta foi uma das reflexões levantadas durante o Seminário de Multiplicadores do Tema do Ano, realizado no Sínodo Sul-Rio-grandense, no dia 17 de maio. O encontro, que reuniu 40 lideranças de Comunidade e Obreiros, aconteceu na Paróquia Deus Conosco, em Linha Capitão Garcia, Sertão Santana/RS, e teve assessoria da Catequista Monika Maier.

A integração dos participantes em um clima leve e descontraído proporcionada pela metodologia participativa, alimentação equilibrada com frutas e verduras e pela boa vontade de toda a coordenação merece especial destaque. O encontro contou com a assessoria do Catequista Edson Ponick, do Departamento de Educação Cristã da Secretaria Geral (DEC).

Conaje

O espírito do Congrenaje Tatiana Dumke Sínodo Paranapanema Arrumei as malas para ir ao Congrenaje, em Paracatu, Minas Gerais. E agora? Senti medo de ficar uma semana sozinha em um lugar onde não conheço quase ninguém e que fica longe da minha cidade, Presidente Prudente, em São Paulo. Também foi o que pensei quando fui para o meu primeiro Congresso da Juventude Evangélica. O primeiro dia foi bastante estranho. Aquelas pessoas todas que eu nunca tinha visto se abraçavam e sorriam. Parecia que todos se conheciam. Lembro-me que, logo que cheguei ao meu quarto, as meninas me receberam muito bem. Perguntaram meu nome, cidade e tantas coisas mais. Nos outros dias, tivemos momentos de louvor e pude notar o quanto Deus se fez presente nessas horas. Percebi que o meu coração estava cheio de alegria e não nutria um sentimento tão bom assim já fazia algum tempo. Nas oficinas, pude aprender coisas que nem a escola ou a faculdade me ensinaram. Compreendi o quanto eu poderia fazer a diferença no mundo! Fiz grandes amizades em apenas poucos dias. Quando fui a outro Congresso, em Joinville, Santa Catarina, reencontrei meus amigos e foi maravilhoso. Acredito que todos os jovens que foram a esses encontros também sentiram algumas coisas que senti. Esses dias são muito especiais. Cada minuto ali é especial. Todo o preparo do Congresso e a sua realização são feitos com muito carinho. Todas as pessoas estão reunidas pelo mesmo motivo, a fé que temos em Deus. O mais incrível é ver todos os jovens das mais diversas cidades desse país reunidos em nome da fé. Não importa quantos anos você tem para poder viver tudo o que eu presenciei nesses dias. Basta ter sentimento de jovem! Não perca a oportunidade de participar do 19° Congrenaje e 5° Fest‘Art, que ocorrem em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, nos dias 20 a 24 de julho. Conheci pessoas muito animadas que aceitaram esse grande desafio de coração aberto! Espero encontrar você lá!


Comportamento

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As tristes marcas da violência infantil - I social que deve ser combatida por todos nós, pois ‘cada adulto responsável deve ser um defensor nato de crianças e adolescentes vítimas de violência de qualquer espécie’, como afirma o P. Carlos Eduardo Muller Bock em nossa entrevista que será publicada em duas partes: a primeira, agora e a parte final, em outubro, mês das crianças. É a nossa forma de homenageá-las, não com presentes, mas com um convite ao esclarecimento, à reflexão e, como não pode deixar de ser, à ação!

Infelizmente, a violência contra a criança é muito mais comum que imaginamos. Ao contrário do que parece, não está restrita às classes menos favorecidas. Os principais responsáveis pelas agressões são os homens. Não temos investimentos governamentais satisfatórios em políticas públicas que protejam crianças e adolescentes. A violência, muitas vezes, acontece dentro de casa e vem justamente de quem deveria proteger a criança. Essas são algumas das informações sobre a triste realidade de violência contra a criança e o adolescente no nosso país, uma calamidade

Quais são os dados sobre a violência contra a criança? No Brasil, não existem dados confiáveis sobre a violência contra a criança e o adolescente. Nesta área, há muitos números sem comprovação de pesquisa. Os mais confiáveis são os dados locais. Em Novo Hamburgo, desde 2003, quando o Serviço Sentinela foi criado, até março de 2008, foram recebidas 644 crianças e adolescentes vítimas de violência física, psicológica e sexual. A população tem a impressão que aumentou a violência contra a crian-

ça, porque o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está revelando o que antes era escondido, mas ela é histórica e universal. As famílias estão procurando os órgãos competentes para denunciar e exigir proteção das vítimas. Alguns municípios já têm o depoimento sem dano, prática que evita a revitimização das crianças. Atualmente, há uma impressão inflada do aumento da violência, causada pela mídia ao expor ao extremo um caso como o da menina Isabella. Mesmo assim, penso que isso pode ser positivo para dizermos, como País, que não aceitamos nenhum tipo de violência contra a criança. Além da violência que leva à morte, quais são as outras práticas? A violência doméstica tem um rol de situações que envolvem a criança. Começa pela negligência e vai até os maus tratos de ordem física, emocional e sexual. A violência psicoló-

gica é muito comum e pouco considerada. Um exemplo simples são os pais que reafirmam para o seu filho que ele nunca vai ser nada na vida e que é um ‘burro’. As afirmações negativas vão baixando a auto-estima da criança e ela se conforma. No futuro, acaba tendo problemas para vir a ser um adulto feliz e realizado. A violência física é muito corriqueira. Muitas vezes, é praticada com a intenção de ‘educar’. Em outros momentos, acontece para derramar sobre a criança, a parte mais fraca, as frustrações ou o resultado do uso de drogas de qualquer tipo. A violência sexual, em forma de abuso psicológico e físico, é comum e talvez a mais difícil de ser detectada no âmbito doméstico. Negligência e abandono são formas comuns de violência. Os homens têm tido muitas dificuldades para exercer uma paternidade responsável, sendo os maiores responsáveis pela violência doméstica, abandonando as mães com seus filhos.

P. Carlos Eduardo Muller Bock, natural de Cruz Alta/RS, é Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da IECLB e pós-graduado pelo Instituto Ecumênico de PósGraduação, em São Leopoldo/RS. Trabalhou durante seis anos em Jaraguá do Sul/SC como Pastor e, desde 1994, está em Novo Hamburgo/RS como Pastor na Comunidade Evangélica da Floresta Imperial. Em 1998, assumiu a Direção Geral da Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial (ABEFI), que possui quatro unidades de trabalho na área educacional e de assistência social. Desde 1999, é Conselheiro Municipal do Conselho Municipal dos Diretos da Criança e do Adolescente de Novo Hamburgo (CMDCA/NH). Atualmente, no segundo mandato, é o Presidente da entidade.

Razões e classes sociais da violência contra crianças e adolescentes Em termos gerais, pode-se destacar o desperdício do dinheiro público e a falta de investimento em programas de proteção, conscientização e combate à violência como fatores fundamentais da violência que se concretiza contra a infância. A pobreza extrema, a falta de conhecimento, o uso de drogas lícitas e ilícitas, a precocidade da sensualidade das crianças mostradas pela mídia, a pobreza de valores e a violência dos programas de televisão também podem ser apontados como fatores da violência contra crianças e adolescentes. A maior parte dos homens e mulheres é muito frágil em convicção, valores, ética e utopia. Poucos se preparam para a paternidade. Muitos herdaram uma educação do castigo e da rigidez. Outros caíram na permissividade total. É preciso ajudar pais e mães a encontrarem o equilíbrio para exercerem a autoridade com convicção e amor.

Violência contra a criança existe em todos os substratos sociais, mas é camuflada nas classes média e alta em função do acesso aos recursos materiais e à contratação de pessoas ou instituições para cuidar dos filhos, além do medo do escândalo e do acesso a tratamento de saúde particular. Entre as populações mais pobres, a violência contra a criança é mais explicita, mas pobreza não é sinal de violência. Na maioria dos lares pobres, as crianças são bem-tratadas. No entanto, o número de pobres no País é bem maior e a criança está mais exposta. Homens e mulheres sem condições financeiras para sustentar seus filhos ficam mais suscetíveis a reagir com violência diante da insatisfação com o comportamento dos filhos. As casas nas periferias são pequenas e com pouco conforto. A rua se torna atrativa. Quando a pobreza chega ao nível da miserabilidade, a criança vai em busca de alimento e é facilmente aliciada por adultos inescrupulosos. Essa é uma grande diferença, mas, nas conseqüências, a violência doméstica não tem classe social.


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Deutscheseite

Internet und Netz Gottes Wir hängen unsre Sender und Antennen hoch an den Himmel, ständig anzupeilen. Sie schaffen Nähe, wo wir auch verweilen: Wir müssen nur die richtgen Ziffern kennen. Wo wir nun unser Netz so fein gesponnen, Kontakte schon durch Tastendruck entstehen, warum sehn wir so viele einsam gehen, die niemals eines Menschen Herz gewonnen? Ist nicht das grosse Netzwerk überfordert, wenn wir mehr als Kontakte in ihm suchen, wenn wir erwarten, dass es uns verbindet? Gott schuf ein Netz, das keine Ziffern fordert, in dem die Schlauen nicht Erfolge buchen, ein Netz, in dem der Ferne Nächste findet. Um es gleich zu bekennen: Ich benutze das grosse Netzwerk, das Internet, genauso wie Millionen anderer Menchen. Es ist schön, wenn man mit Kindern und Enkeln, selbst über den Ozean hinweg, e-mails austauschen oder gar über den Computer mit ihnen reden oder ihr Ebenbild auf dem Bildschirm seines Apparats sichtbar machen kann. Und die Zellulartelefone, ja, sie bilden ja auch ein unsichtbares Netz, das jeden Moment Millionen von Kontakten herstellt. Allein in Brasilien wurden bisher über hundert Millionen Zellulartelefone verkauft. Überall, auf den Strassen, in Lokalen und in Fahrzeugen sieht man Menschen, die das kleine Zauberkästchen ans Ohr halten und mit einem fernen Partner reden.

Fein. Eine grosse Errungenschaft der Technik. Man kann, gemütlich in seinem Sessel sitzend, einen Menschen, der tausende von Kilometern entfernt ist, sozusagen zu sich heranholen, kann seine Stimme hören, kann Erlebnisse mit ihm austauschen. Man spricht von einer virtuellen Wirklichkeit, die mehr und mehr unser Leben bestimmt. Beeindruckend! Und doch... Es ist keine Begegnung von der Art, wie sie zwei Menschen erfahren, die sich in der wirklichen Welt begegnen, wo Geschöpfe aus Fleisch und Blut sich die Hand reichen, sich umarmen, wo der warme Hauch des Lebens spürbar und wirksam ist, wo einer zum anderen sagen kann: „Warte, ich gehe mit dir!“ Ohne solche Begegnungen in der wirklichen Welt wird der Mensch einsam, auch wenn mit Telefon und Computer ausgerüstet, hat eigentlich keine chancen, eines anderen Herz zu gewinnen.

Wir übertragen heute ja auch Gottesdienste „virtuell“, per Radio und TV. Nichts dagegen einzuwenden, wenn Menschen eine zusätzliche Gelegenheit benutzen, Gottes Wort zu verbreiten und zu hören. Doch normalerweise verlangt die Predigt, der Lobgesang und das Gebet der Gemeinde nach leiblicher Gemeinschaft. Taufe und Abendmahl sind als virtuelle Handlungen gar nicht denkbar. Gott hat uns ja nicht virtuell geliebt, sondern sein Wort wurde Fleisch, wurde wirklicher Mensch in Jesus Christus. Ja, auch Gott verwendet ein Netz, in dem er Menschen „fängt“ und mit anderen zusammenbringt. Jesus sagte zu seinen ersten vier Jüngern: Ich will euch zu Menschenfischern machen. Das Netz Gottes ist kein technisch ausgeklügeltes Gebilde, bei dem man allerlei Tricks kennen muss, um sich seiner zu bedienen. Es „fordert keine Ziffern“, keine rhetorischen Kunststücke. Die Schlauen mögen wohl versuchen, „darin Gewinne zu buchen“, wie es in unserem Gedicht heisst, doch dann verraten sie ihre Mission. Das Wurfnetz öffnet sich erst gar nicht, es fängt niemanden mehr. Wenn man das Wort Wort sein lässt, erreicht es wirklich Menschen in Nähe und Ferne, hilft ihnen, ihre Einsamkeit zu überwinden und macht die Fernen, auch die nahen Fernen, zu Nächsten.

Pfarrer Lindolfo Weingärtner

Wer geduldig ist, der ist weise

Wenn ich mit dem Bus fahre, beobachte ich gerne die Menschen um mich herum. Dadurch fallen mir immer wieder interessante Situationen auf. Während meiner heutigen Reise sitzt eine ältere Dame in meiner Nähe. Ich vermute, sie ist längst über siebzig Jahre alt. Ihre grauen Haare und die blaue Augen verleihen ihr ein freundliches Gesicht. Nachdem der Bus an einer Haltestelle stoppt, steigen mehrere Schulkinder ein. Zwei nehmen neben der älteren Frau Platz. Ich nehme an, dass sie Geschwister sind. Die Schwester ist so um zehn Jahre alt, der Bruder vielleicht acht. Plötzlich merkt der Junge, dass

der Schnürsenkel von seinem Schuh offen ist. Er fragt seine große Schwester: „Kannst du mir meinen Schnürsenkel binden?“. Ich nehme an, er kann das noch nicht allein. Die Schwester beugt sich vor ihn, zieht den Schuh ihres Bruders aus und stellt ihn auf ihrem Schoss. Dann sagt sie ihm: „Es ist Zeit, dass du es selber lernst. Schau mal, ich zeige es dir“. Dann fängt sie langsam an, die Schnur zu einer Schleife zu binden. Dabei erklärt sie wo und wie die Schnürsenkel geführt werden muss. Der Bruder schaut jeder Fingerbewegung der Schwester zu. Danach löst sie die Schnur und legt den Schuh auf dem Schoß ihres Bruders: „So, jetzt bist du dran. Versuch es allein zu binden.“ Die ältere Frau schaut den Kindern immer zu, sie grinst und ihre Augen leuchten. Der Junge versucht die Schleife allein hinzukriegen: Ein, zwei, drei Mal aber es gelingt ihm nicht. Die Schwester zeigt es ihm noch mal. Die ältere Frau hat ein breites Lächeln im Gesicht. Auf ein Mal sagt die Dame dem Jungen: „Schön machst du das. Weiter so!“ Ich nehme an, sie weiß, dass alles im Leben seine Zeit hat. Sie hat im Laufe der Jahre gelernt, dass der Mensch Geduld mit sich selbst und mit den anderen braucht. Schon die biblische Sprüche Salomo weisen darauf hin: „Wer geduldig ist, der ist weise“.

Jetzt schauen auch die anderen Fahrgäste zu. Der Junge versucht es noch mal. „Er schafft es gleich“, denke ich. Zu meiner Überraschung, kommt plötzlich eine jüngere Frau dem Jungen zu. Sie nimmt ihm grob die Schnur aus den Fingern, bindet selber die Schleife und fügt hinzu: „So musst du es machen! Du bist mir zu langsam!“ Der Junge ist erschrocken. Die junge Frau hat einfach keine Geduld und will das Ergebnis sofort sehen. Die ältere Dame dagegen schüttelt nur den Kopf. An der nächsten Haltestelle steigen die Geschwister aus. Die Reise geht für mich weiter und ich denke über das Verhältnis der Kinder nach, über die Ungeduld der jungen Frau und über die Geduld der älteren Dame. Jüngere und Ältere brauchen Geduld miteinander. Glücklich sind die Kinder, die von geduldigen Omas und Opas begleitet werden. Glücklich sind Großeltern, die sich die Zeit nehmen, mit ihren Enkelkindern zu spielen, Lieder zu singen oder ein Tischgebet beizubringen. Wo eine Oma oder ein Opa ihrem Enkelkind beibringt, wie man den eigenen Schnürsenkel bindet, da entstehen gewiss Bänder für das ganze Leben. Theologe Jaime Jung


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Anúncios Comunitários Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Benção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento. Entre em contato conosco!

Com profundo pesar, comunicamos o falecimento de

ROVENA FISCHBORN KURZ As filhas Revila, Laci, Claudete e Jurema e o filho Delcio participam o falecimento da mãe, Rovena Fischborn Kurz, ocorrido no dia 6 de abril de 2008, com sepultamento no dia 7 de abril, no Cemitério da Comunidade Evangélica da Paz em Giruá/RS. Rovena nasceu no dia 2 de junho de 1918, em Santa Cruz do Sul/RS, filha de João Fischborn e Ema Meda Mina Fischborn, e casou-se com Eugênio Kurz, que a antecedeu na morte, no dia 14 de março de 2003. O casal foi abençoado com 5 filhas e 1 filho. Rovena alcançou a idade de 89 anos, 10 meses e 4 dias, deixando enlutados 1 filho, 4 filhas, 8 netos, 4 netas, 6 bisnetos e 4 bisnetas. Juntamente com o seu esposo, exerceu a profissão de comerciante. No período de 1946 a 1962, eram proprietários da Estação Rodoviária em Horizontina/RS e, de 1962 até a aposentadoria, foram proprietários do cinema de Giruá, cidade onde o casal residiu até a morte. Agradecemos a todos pelo consolo e conforto recebidos por meio das palavras: O Senhor é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. Salmo 23.1-2

Os familiares de

PASSAGEIROS NO KRANICH História e Genealogia da Família Dreßbach (Dresbach, Dressbach, Tresbach e Trespach) Rodrigo Trespach (rodrigo.trespach@gmail.com) Editora Alcance - Porto Alegre/RS O livro contém dados biográficos das famílias Balz, Becker (Becher), Blos, Brusch (Bruscke), Dick, Gerhmann (Germano), Gebert (Gebhat, Gehardt), Heinsohn, Henke (Henkel), Hoffmann, Jacobi, Knippel (Klippel), Krämer, Krause, Lindner, Mauer (Maurer), Mayer (Meier, Maier), Müller, Petry, Schmidt, Schneider, Schütt, Schumacher, Sparrenberger, Stahlbaum, Witt, Wolff entre outras no Brasil. Também Brill, Griessmann, Loss, Michelmann, Sauer, Sell, Schnee, Rückert, Truchses e outras na Alemanha, dados sobre a Igreja Luterana no Litoral Norte/RS, reconstrução histórica de quatro gerações da família na Alemanha antes da emigração para o Brasil (16711824), reconstrução histórica das gerações da família no Brasil da imigração até hoje (1824-2007), fotos e mapas da Alemanha e do Brasil, informações sobre os dialetos da família na Alemanha, informações sobre a religião (da Igreja Reformada) na Alemanha, reconstrução, com informações históricas, da viagem Alemanha-Brasil, dados históricos das cidades de Büdingen, Gründau e Wächtersbach, na Alemanha, e de Capão da Canoa, Itati, Maquiné, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Terra de Areia, Três Forquilhas entre outras no Brasil, informações sobre os demais ramos da família espalhados pelo mundo e brasão do sobrenome.

Os familiares de

LEONIDA KELLER MALLMANN

DANILO PEITER

nascida em 5 de março de 1915, comunicam o seu falecimento, ocorrido em 20 de janeiro de 2008, em Serranópolis do Iguaçu/PR. Membro da OASE da sua Comunidade, foi abençoada com 2 filhos e 3 filhas e alcançou a idade de 92 anos. Os familiares e a Comunidade consolam-se na palavra bíblica:

nascido em 21 de setembro de 1939, comunicam o seu falecimento, ocorrido em 1º de fevereiro de 2008, em Serranópolis do Iguaçu/PR. Buscando forças para suportar o momento de grande perda que estamos passando, queremos dividir a dor da partida do marido, pai, avô, sogro e amigo, separação irreparável da pessoa que foi. Mesmo não estando presente em vida, estará presente em nossas vidas pelos ensinamentos deixados, pelos valores morais ensinados, o que para nós é a maior riqueza deixada. Agradecemos a Deus por termos tantas pessoas amigas e solidárias que compartilham essa fase dolorida. Ficamos felizes em saber que temos amigos. A todos que estiveram presentes, pessoalmente ou em lembrança, o nosso muito obrigado. Anilda (esposa), Arno e Louvane, Ivete e Izequiel, Albino e Jacinta, Bruno e Neiva (filhos e noras).

Bem-aventurados os que choram por que serão consolados. Mateus 5.4

5º ENCONTRO DA FAMÍLIA MÜTZENBERG Data: 21/09/2008 Local: Comunidade Evangélica de Desvio Blauth - Farroupilha/RS Contato: Romeu Mützenberg - 54.3261.2718 / 54.3261.3071 Werner Mützenberg - 51.3445.5191 wernerhm@via-rs.net

Vós sois meus amigos se fazeis o que eu vos mando. João 15.14

1º ENCONTRO DA FAMÍLIA GOLLMANN

AGRADECIMENTO À PASTORA MARGARETE!

Data: 24/08/2008 Local: Comunidade São Lucas - Venâncio Aires/RS

O nosso carinho, respeito, amor e gratidão... tudo isso é pouco para uma pessoinha que não mede esforços no seu trabalho, pois seus dias são sempre curtos e as suas noites incansáveis. Parece que a Pa. Margarete nunca está totalmente satisfeita com o seu trabalho, pois sempre procura fazer mais e mais. Pa. Margarete, obrigada por você ser a nossa Pastora, amiga, irmã em Cristo, Nosso Senhor Jesus. Que Deus ilumine a sua vida, pois, em função do seu trabalho, às vezes você tem que ficar longe de pessoas queridas, enfim das pessoas que mais amamos, mas Deus é fiel e Ele jamais abandona seus filhos e filhas. Pa. Margarete, por todos os dons que você tem e por ser esta criaturinha abençoada e humilde, o nosso muito obrigado! De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31.3 Comunidade Bom Pastor Paróquia Deus Conosco

Contatos: Sidonia Gollmann 51 37412192 ou anelisegollmann@gmail.com


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Gente Luterana

O Sínodo Noroeste Rio-grandense, formado por 21 Paróquias, 159 Comunidades e 45 mil famílias-membro, cuja ênfase missionária é formação de lideranças leigas, comunicação, evangelização, acompanhamento a Obreiros e Presbíteros, organização de pastorais e visitação às Paróquias, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Leonida Erna Bubanz e Lilia Raddatz Mühlbeier

Desenvolvendo dons

Com disposição e fé

Leonida Erna Bubanz, 77 anos, nasceu em Cachoeira do Sul/RS e sempre trabalhou ajudando seu esposo, Alcídio, já falecido, nos afazeres. Primeiro na agricultura, depois em uma marcenaria e, por fim, em um moinho de cereais. Assim, o casal criou seus seis filhos, que lhes presentearam com nove netos e cinco bisnetos. Pertencente à Comunidade Evangélica São Tomé de Independência, Paróquia de Independência, esta luterana participa assiduamente dos cultos, das reuniões da OASE, da visitação às pessoas doentes da Comunidade, tanto no hospital como em suas casas, além de ser uma leitora habitual do Castelo Forte e da Bíblia.

Participar da IECLB me faz sentir fortalecida na minha fé Nas atividades promovidas pela nossa Igreja, sempre fez parte de congressos, festas, almoços, encontros de OASE, estudo bíblico e encontros de família, freqüentemente ocupando algum cargo na diretoria da OASE. Apesar da idade avançada, Leonida está sempre disposta a auxiliar onde for preciso “Como trabalho só em casa, presto ajuda nas atividades da Igreja, colaborando no serviço da cozinha quando necessário, também leio nos cultos e encontros religiosos, como o Dia Mundial da Oração, faço parte do grupo de canto da

Igreja e efetivamente da OASE. Há muitos anos, confecciono a coroa de Advento com cipreste natural que é colocada no altar. Atualmente, além de atuar como Presidente do Grupo de OASE da Comunidade São Tomé de Independência, fazer parte do grupo de canto e do encontro de famílias, Leonida participa do grupo de visitação que promove visitas aos idosos, doentes e enlutados falando palavras de fé e esperança. “Nas visitas aos doentes que se encontram hospitalizados, não é feita distinção de religião, sendo que o grupo é bem-acolhido por todos. Nas datas comemorativas, como o Natal, confecciono artesanalmente mimos que são entregues aos doentes, com palavras de ânimo”, conta a ativa senhora. Buscar as pessoas que estão afastadas da Igreja são os principais desafios de ser IECLB na região do Sínodo Noroeste Riograndense, que tem como grandes temas a visitação e a reconciliação. De onde vem a motivação? Participar da IECLB me faz sentir fortalecida na minha fé. Sinto-me muito bem e estou sempre disposta para fazer parte das atividades ligadas à minha Igreja. Na família e na Comunidade, Leonida é exemplo, pois nunca demonstra desânimo e cansaço, mostrando-se uma liderança

positiva por onde passa. No dia 4 de maio, o grupo de OASE local completou 45 anos e, na ocasião, foi realizado um culto com almoço em homenagem ao grupo e às suas fundadoras, entre as quais está a atual Presidente, Leonida Bubanz, cujo sonho para a nossa IECLB é lutar para que a Igreja se fortifique e que sempre existam pessoas que dêem continuidade ao trabalho.

Lilia Raddatz Mühlbeier, 68 anos, é casada com Ervino Mühlbeier. O casal tem três filhos, Marcos, Cláudia e Thiago, e três netos que dão muitas alegrias. Natural da cidade gaúcha de Santa Rosa, Lilia é membro na Comunidade da Paz do Bairro Cruzeiro, Paróquia Evangélica de Confissão Luterana da Paz, em Santa Rosa. “Meus pais sempre participaram ativamente na Comunidade e o exemplo deles muito me ajudou no fortalecimento da fé e na fidelidade à Igreja. Aprendi com eles a amar a minha Igreja e dedicar-me a ela”, orgulha-se. Quando criança, Lilia participou esporadicamente do Culto Infantil devido às dificuldades de locomoção. “Lembro que tinha 7 anos quando foi lançada a pedra fundamental do Templo da Comunidade da Paz, em Cruzeiro. Fui batizada, confirmada e recebi, com meu esposo, a bênção matrimonial na IECLB. Acompanhava a minha mãe nas reuniões da OASE e aprendi a bordar os guardanapos que eram sorteados nas rifas das festas da Comunidade. Fiz parte do Grupo da Juventude e lecionei durante cinco anos na Escola Evangélica da Paz, em

Santa Rosa, me sentindo, então, preparada para ensinar no Cul-

to Infantil, sendo Orientadora por 33 anos”, relembra. Lilia conta que sempre esteve disposta a colaborar nas necessidades das pessoas. Já esteve envolvida com grupos e pessoas portadoras de necessidades especiais, além de lares de crianças e idosos do município. Atualmente, compõe o Grupo de Visitadoras da Comunidade, o qual acompanha doentes e idosos em seus lares. Faz 39 anos que participa da OASE, já tendo ocupados os cargos de Presidente, Tesoureira, Vice-Tesoureira e Secretária. Hoje, é Presidente do grupo de OASE da Comunidade de Cruzeiro. Na Comunidade, também assumiu cargos no Presbitério e, com seu esposo, participa do grupo de Casais Reencontristas.

Sonho com uma Igreja comprometida com a justiça e a paz No dia-a-dia, Lilia gosta de se doar ao próximo e contribuir com os seus dons nas atividades da Comunidade. Para isso, recebe o apoio da família e a parceria das companheiras de grupo. É com esta disposição que aponta as prioridades do Sínodo Noroeste Riograndense: o plano de ação e fortalecimento da Comunidade Diaconal, com ênfase na Inclusão, Comunhão e Reconciliação, juntamente com o estudo e a aplicação prática do Tema e Lema do Ano, preparando os membros para o serviço comprometido com o Evangelho e, em conseqüência, com o próximo. “Sonho com uma Igreja mais solidária, com uma Igreja na qual cada membro desenvolva os seus dons e os coloque a serviço do Evangelho, contribuindo, assim, para um mundo melhor, menos violento e mais justo. Sonho com uma Igreja comprometida com a justiça e a paz e que produza concretamente frutos do amor” finaliza.


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