OUTUBRO 2014 - Nยบ 777
Jorev Luterano - Outubro - 2014
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Editorial
Contribuição e solidariedade
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egundo o Título III – Da estrutura central, Capítulo I – Do Concílio, Seção I - Disposições Preliminares, da Constituição da IECLB, o art.49 esclarece que o Concílio é o órgão deliberativo máximo da IECLB, cabendo-lhe definir a linha programática de atuação da Igreja em todo o seu território e, além de decidir e legislar sobre toda e qualquer matéria de interesse da Igreja, compete-lhe, especialmente, fixar as diretrizes que assegurem a unidade doutrinária e a identidade confessional da IECLB, estabelecer os planos de ação para atuação da Igreja, promover a reflexão sobre os temas fundamentais de interesse da Igreja, propiciar condições para os membros exercerem seus dons na missão da Igreja, zelar para que a disciplina evangélica seja observada, criar condições para que Ministros e colaboradores recebam formação adequada, alterar e aprovar documentos normativos da IECLB, aprovar a criação e extinção de Sínodos, estabelecer critérios sobre a política de subsistência dos Ministros, aprovar os relatórios anuais, o Balanço Geral e a proposta orçamentária para o exercício e eleger o Pastor Presidente e os seus Vices, o Presidente do Concílio e os seus Vices, além das demais eleições pre-
vistas nos documentos normativos da Igreja. São preciosas estas tarefas, por isso o Concílio é tão importante na nossa estrutura como Igreja. Tendo em vista a relevância deste encontro decisório e a sua repercussão na vida dos membros, é fundamental que todos compreendam como funciona o Concílio, quem são os membros participantes e com direito a voto, quais as suas responsabilidades, além de entender o funcionamento da contribuição, do orçamento e da gestão dos recursos da Igreja. Para atender esta demanda, O Jorev dedicou as Editorias Sustentabilidade, Co-
Nesta edição, o Jorev destaca o Concílio
municação, Formação, Tema do Ano e Vai e Vem aos principais assuntos relacionados ao Concílio na edição de setembro e nesta edição, outubro, repete a iniciativa. Na sequência, vamos compartilhar tudo o que terá acontecido na XXIX edição do Concílio, que, realizado a cada dois anos, ocorrerá no município de Rio Claro/SP, de 15 a 19 de outubro. Na Editoria Atualidade, saiba mais sobre o lançamento do novo Vídeo Institucional da IECLB - 2014. Na Editoria Presidência, Presença de vida, alegria e esperança! - Outubro: Reforma e Crianças é o título da Mensagem, de autoria da Pa. Silvia Genz, Pastora 2ª Vice-Presidente da IECLB. Na Editoria Fé Luterana, de maneira a estimular a reflexão sobre a confessionalidade luterana e os ensinamentos da Bíblia, duas Ministras, uma Pastora e uma Diácona, discorrem sobre o Culto como espaço de inclusão. Contribuição e solidariedade ganhou destaque na Editoria Comportamento. Eine heilmachende Erfahrung é o título da meditação da Editoria Deutsche Seite. Boa leitura!
da IECLB, as obrigações dos Delegados e o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI)
Atendimento ao leitor Mariana Mattos Paim Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419
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Capa A lei de Cristo é que os seus seguidores e seguidoras permaneçam no amor, porque ‘o amor edifica’ (1Co 8.1). Esta é a nova ordem de vida da Comunidade cristã: ‘a edificação por meio do amor’. Leia matéria especial sobre ‘Contribuição e solidariedade’ na Editoria Comportamento, página 13.
Reforma Luterana Há muitos anos, sou leitor do Jorev Luterano! Trata-se de um excelente meio de comunicação da nossa Igreja, trazendo notícias dos 18 Sínodos e das suas Paróquias e Comunidades, além dos Departamentos da IECLB. Aprecio também as Mensagens da Presidência e os ricos conteúdos teológicos e doutrinários sobre a vida nas nossas Comunidades. Em especial, destaco o artigo A música na comunicação do Evangelho, de autoria da Professora Drª Soraya Heinrich Eberle, publicado na edição de junho/2014, como parte da série especial Lutero - Reforma: 500 anos. A propósito, sugiro que os artigos da série Lutero - Reforma: 500 anos, que apresentam diversos temas relevantes sobre a Reforma Luterana, promovida por Martim Lutero, no século XVI, sejam consolidados e publicados em uma edição especial e comemorativa, a ser vendida. Esta seria uma importante ação na Igreja para termos melhor conhecimento sobre a história da Reforma, bem como da fé e da doutrina luterana, marcando, assim, a história dos 500 anos da Reforma. Wainer Quitzau Indaiatuba/SP
Pastor Presidente P. Dr. Nestor Friedrich Secretária Geral Diác. Ingrit Vogt Jornalista Letícia Montanet Reg. Prof. 10925
Revisão Margret Reus Administrativo Mariana Paim ISSN 2179-4898 Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios
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Jorev Luterano - Outubro - 2014
Curtas
Liberdade Ivone Gebara
Doutora Honoris Causa
com
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A Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, no contexto do seu II Congresso Internacional, concedeu o título de Doutora Honoris Causa à Teóloga e Filósofa Ivone Gebara, que, desde a década de 1980, tem contribuído de maneira decisiva para o debate e a formação teológica no contexto brasileiro e latinoamericano. A história da religiosa católica de ascendência sírio-libanesa, que, em 2014, completa 70 anos, oferece visibilidade para a participação das mulheres na construção da Igreja e da sociedade, espírito que move a campanha da IECLB, em parceria com a EST e com o apoio da Federação Luterana Mundial (FLM), intitulada Em comunhão com as viDas das mulheres. A recomendação da concessão do título foi uma iniciativa do Núcleo de Pesquisa de Gênero da Faculdades EST (NPG-EST), consideA Faculdades EST concedeu o título de Doutora rando que a biograHonoris Causa à Teóloga e Filósofa Ivone Gebara fia de Ivone Gebara revela um trabalho constante e profundo desde o surgimento da Teologia da Libertação e da Teologia Feminista no Brasil e na América Latina, contribuindo ativamente para a formação de lideranças das Igrejas, Teólogos, Teólogas, agentes de pastoral e movimentos sociais. A relação de Ivone com a Faculdades EST é de longa data. A leitura dos seus textos e a sua presença em atividades, ainda nos anos 80, foram fundamentais para o desencadeamento da discussão teológica a partir das mulheres. Ainda nos anos 80, ela esteve na EST durante duas semanas, lecionando e dialogando com o Grupo de Mulheres e a Comissão Pró-Teóloga, que redundou na criação da Cátedra de Teologia Feminista, em 1991. Em 1987, a Revista Estudos Teológicos publicou o texto Desafios que o movimento feminista e a teologia feminista lançam à sociedade e às Igrejas. Da mesma forma, os seus estudos contínuos na área de gênero influenciaram toda uma geração de Pesquisadores que têm integrado o Núcleo de Pesquisa de Gênero desde 1999 e realizam as suas pesquisas no Programa de Pós-Graduação da EST. Em uma das suas últimas visitas à EST, Ivone participou do II Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião (2006) como Conferencista e a sua contribuição foi publicada no livro Epistemologia, sexualidade e violência, em 2008. Durante todo esse período, Ivone manteve contato constante com docentes e estudantes da instituição, tanto dialogando com a produção local quanto subsidiando e inspirando a reflexão e a ação.
Na pista da Sapucaí, no Rio de Janeiro, levanto os braços para tirar fotos. Alguns garis riram do meu gesto. Levanto novamente os braços e canto: liberdade, liberdade. Bastou para que vários garis cantassem: Liberdade, liberdade!/ Abra as asas sobre nós./ E que a voz da igualdade/ Seja sempre a nossa voz (samba de 1989 que fala sobre a abolição da escravatura e o fim do Império). Na semana seguinte, estudamos com adolescentes do bairro Jardim Vitória, em Cuiabá/MT, o Tema da IECLB para 2014, viDas em comunhão, lembramos da letra cantada na Sapucaí e nos perguntamos: temos liberdade na nossa cidade? Conversamos sobre liberdade externa, social, na cidade e na periferia. A garotada foi se lembrando da liberdade de ir e vir, estudar, decidir sobre vários caminhos e o próprio projeto de vida. Não faltaram exemplos da experiência dos adolescentes sobre escassez de possibilidades para a liberdade. Se, por um lado, faltam oportunidades para viver liberdade, por outro, há pressão e sedução para o caminho da violência e da ilegalidade. A maioria dos adolescentes contou alguma experiência sobre abordagens com ofertas vantajosas para o mundo do crime. Apareceu também a história de uma amiga que, por ter sido seduzida para o mundo do crime, perdeu a sua liberdade. Atentos ao Evangelho, os adolescentes ouviram: Foi para a liberdade que Cristo os libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão (Gl 5.1). Com alegria, acolheram essa palavra e a reflexão sobre o próprio sentido da liberdade. Não bastam a abolição e o fim do Império, como diz o samba-enredo. É preciso mais! A Comunidade tem o tesouro, isto é, o Senhor diz: Se permanecerdes na minha palavra, conhecereis a verdade e a verdade os libertará (Jo 8.32). P. Teobaldo Witter Cuiabá/MT Sinodo Mato Grosso
OFERTAS NACIONAIS 5 de outubro 17º Domingo após Pentecostes Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia A formação teológica é um dos bens da IECLB, por isso necessita de cuidado e acompanhamento. Para melhor cumprir essa tarefa, está sendo executado o Programa de Acompanhamento a Estudantes de Teologia. O principal objetivo do programa é Acompanhar estudantes de Teologia durante o período de formação acadêmica, tendo em vista a sua qualificação para o ingresso no Ministério Ordenado na IECLB. Esse acompanhamento prevê a realização de diversas atividades, como a promoção de diálogos frequentes com os estudantes e as estudantes dos três Centros de Formação conveniados com a Igreja, a realização de retiros, oportunizando o estudo de temas de interesse da IECLB e incentivando a integração entre estudantes e a Igreja, além da oferta de orientação vocacional e de um acompanhamento permanente por meio da mentoria espiritual. 26 de outubro 20º Domingo após Pentecostes Música e Liturgia na IECLB
Cantem hinos a Deus, o Senhor, todos os moradores da terra! Adorem o Senhor com alegria e venham cantando até a sua presença (Salmo 100.1-2). Esse convite do salmista é atendido pela Comunidade cristã toda vez que ela se reúne para o culto regular, devocionais, celebrar a bênção matrimonial, velar e sepultar os seus mortos. Nessas ocasiões e em tantas outras, recorremos à música e à liturgia para celebrar a presença de Deus em nosso meio, para expressar a nossa dor, a nossa alegria, a nossa esperança, a nossa intercessão. Música e liturgia estão no coração da vida comunitária na IECLB.
INDICADORES FINANCEIROS UPM Setembro/2014
3,4235
Índice Agosto/2014
0,11%
Acumulado do ano
4,06%
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Atualidade
Vídeo institucional da IECLB
Assista, compartilhe e divulgue a nossa Igreja!
P. DR. ONEIDE BOBSIN Reitor da Faculdades EST
Preta, pobre e evangélica
mas com alto índice de aceitação Não é meu objetivo fazer propaganda eleitoral neste espaço por uma razão muito simples: os leitores e as leitoras têm a sua própria cabeça, a sua própria opinião. Penso que uma pessoa cristã é uma cidadã. Logo, tem discernimento. Não estou fazendo campanha para a candidata Marina Silva, uma mulher negra, de origem pobre e evangélica pentecostal, mas fico admirado com o fato de a Marina reunir três preconceitos, de raça, de classe e de religião e, mesmo assim, ter um alto índice de aceitação do povo brasileiro. Isso é um avanço da consciência crítica, mesmo que os seus eleitores estejam buscando uma alternativa entre os partidos que governaram o país nos últimos 20 anos. Por ser homem branco, de classe média e com bom nível acadêmico, favorecido em grande parte pela IECLB, não teria dificuldade em votar em uma mulher negra. Afinal, foram as negras e os negros escravizados que construíram, por quase 400 anos, a riqueza do nosso Brasil. Da mesma forma, não excluiria a possibilidade de votar em uma mulher de origem pobre. Sou filho, neto e bisneto de mulheres Agricultoras pobres e honradas. Igualmente, votaria em uma mulher evangélica, mas não em razão da sua confessionalidade. Não usaria o critério religioso para definir o meu voto. Várias vezes, votei em candidatos ateus que não fizeram do seu ateísmo uma bandeira missionária. Prefiro um ateu justo a um cristão corrupto. Historiadores comentam que a Princesa Isabel poderia ter sido a primeira Presidente republicana, no lugar de Marechal Deodoro. Impediram-na por ser esposa de um militar francês. Julgando a mulher amarrada ao marido e sem cabeça própria, a República nasceu machista e militarista. Isto acontece hoje em nosso meio eclesiástico. Na política, porém, vemos Marina e Dilma pensando com as suas próprias cabeças e o povo brasileiro as apoiando em grande parte. Oro todo o dia para que Deus nos livre de sermos governados por alguma tradição religiosa por meio de um sacerdote ou de uma sacerdotiza. Não estou dizendo que Marina faria isto em um possível governo seu, mas muitos evangélicos, ou até milhões deles, veem nela um instrumento para impor a todos que creem de forma diferente ou se confessam sem religião ou ateus a sua forma de viver a fé. O fato de Marina ser aceita mostra que o nosso povo está aprendendo uma verdade que perpassa a Bíblia: não fazer acepção de pessoas.
A Bíblia ensina a não fazer acepção de pessoas
As salas do Centro de Retiros, junto com a capela da Casa Matriz, oferecem um espaço ideal para retiros, encontros e eventos. As instalações da hospedagem contam com quartos com banheiro, refeitório e local para estacionamento.
C
om lançamento realizado durante o Encontro da Presidência com a Pastora e os Pastores Sinodais, ocorrido em São Leopoldo/ RS, de 11 a 14 de março de 2014, o novo Vídeo Institucional da IECLB foi idealizado para apresentar conceitualmente os importantes passos da trajetória da Igreja e o atual momento da sua participação como Igreja missionária. As premissas abordadas na elaboração do roteiro do Vídeo buscaram atender os anseios de uma Comunidade que vive a mesma fé e está sempre em construção no contexto da sociedade brasileira. A utilização de fotos e vídeos reais para representar essa história transmite um sentido bastante apropriado dos cuidados que a IECLB tem com a sua Comunidade e com o povo do Brasil, país que a acolheu na sua missão como Igreja. Segundo o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, um ponto importante considerado na elaboração do Vídeo Institucional da Igreja foi mostrar a IECLB como ela é: pessoas compartilhando atividades e buscando o desenvolvimento das suas Comunidades com trabalho e dedicação, com vistas a um futuro com mais responsabilidade, ética, generosidade, justiça, respeito e sustentabilidade, a partir dos valores do Evangelho compreendidos pela confessionalidade luterana. Ministros, Ministras, Conselheiros, Conselheiras, Sínodos, Paróquias, Comunidades, setores de trabalho e organizações identificadas confessionalmente receberam oportunamente o Vídeo, apresentado nas versões Português, Português com legenda, Alemão, Espanhol e Inglês. A Presidência também disponibilizou o Vídeo Institucional via Portal Luteranos juntamente com o documento que explica o conceito deste recurso audiovisual. Acesse, assista, compartilhe e divulgue a nossa Igreja! Saiba mais sobre o Vídeo Institucional da IECLB - 2014 Várias técnicas de comunicação visual foram utilizadas na construção do Vídeo Institucional que a IECLB agora leva ao públi-
co. Imagens, animações em 3D e compilação de atividades da Instituição, que se desenrolam ao longo dos quase 200 anos da história da Igreja no Brasil, locução, textos aplicados às imagens e aos vídeos, além de trilhas especiais (uma delas, Castelo Forte) compõem os dez minutos do trabalho final. A sequência de imagens e vídeos disponibilizados para a construção do conteúdo foi montada em movimento, para que houvesse um alinhamento de forma tal que se percebesse o quanto a Igreja é ativa na missão que Deus lhe confiou e o quanto todas as organizações identificadas confessionalmente estão envolvidas nos propósitos da Igreja. O conceitual que inspirou o roteiro é o de uma Igreja que busca realizar a sua missão e integrar pessoas, estimulando a vivência comunitária e o testemunho do Evangelho. Ao longo dos anos que se sucederam à imigração alemã no Brasil, o Vídeo destaca o vínculo da IECLB com a nação brasileira e como os seus membros participaram na formação da nossa sociedade, buscando alcançar os mais longínquos recantos deste país. O Brasil, por si só, é um composto de culturas, etnias, contrastes diversos e, dentro desta premissa, o trabalho da Igreja, apresentado no Vídeo resumidamente, não estabelece fronteiras de atuação. Esta mídia trata de forma especial a abordagem do coletivo, estabelecendo um forte conceito de união. A lógica da atuação de uma Igreja que não somente acolhe, mas vai ao encontro dos que necessitam, que prioriza pessoas, não desprezando ninguém, valorizando crianças, jovens, adultos, idosos, pobres, remediados e ricos, pessoas em paz ou em sofrimento, etc., se sobrepõe ao trivial da sociedade globalizada e, ao mesmo tempo, individualista dos dias de hoje. O Vídeo da IECLB traz à tona o contexto das etapas da vida. Nesta lógica da vida, do dia seguinte, presente que Deus concede a cada amanhecer, tudo se inicia novamente, se renova e nós trilhamos, com fé, sob a proteção de Deus, a nossa caminhada. Este destino encontra em Jesus aquilo que a natureza representa: a força para continuar, perseverar, agir, dia após dia, em construção, em comunhão de viDas.
Em meio a abundante natureza, o ambiente tranquilo e acolhedor favorece a reflexão, a integração e o lazer. Dispomos de serviço de hospedagem, individual ou em grupos, ideal para realização de retiros, eventos ou para aqueles que desejam apenas hospedar-se aqui.
Av. Wilhelm Rotermund, 395 - Morro do Espelho - São Leopoldo Fone: (51) 3037-0037 | retiros@diaconisas.com.br | www.diaconisas.com.br
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Presidência
Presença de vida, alegria e esperança!
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os livros que falam sobre a vida de Martim Lutero, há a imagem de um quadro: Luther im Kreise der Familie, que retrata Lutero e Catarina reunidos com a sua família, cantando com os seus filhos e as suas filhas. É dessa maneira que um pai e uma mãe podem fortalecer e viver a sua fé junto com filhos e filhas. A IECLB aprendeu a cuidar das crianças. Sei que deveríamos fazer muito mais, mas já aprendemos que somos parte de um corpo – onde pequenos têm lugar. As crianças não votam, não fazem parte da Direção, mas infeliz da instituição que não percebe, no corpo, todos, também os pequenos. Aprendemos de Jesus: ele veio como criança, recebeu as crianças nos seus braços, aceitou a ajuda de uma
criança na multiplicação dos pães e curou crianças. Um momento questionador foi quando colocou uma criança no centro de um grupo de adultos e disse: quem não se tornar como uma criança, não entrará no Reino de Deus. Jesus também se refere aos pequenos quando fala em pobres, necessitados, excluídos sem força. Jesus falava aos que não podiam entrar no templo naquela época. Na Igreja, hoje, tentamos ensaiar apoio, inclusive financeiro, às pequenas Comunidades, às Paróquias e aos Sínodos menores em número de membros, que são parte do corpo. Lembro da Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem, uma bela iniciativa, tão bem defendida na sua criação pelo saudoso Pastor Homero Severo Pinto.
PA. SILVIA GENZ Pastora 2ª Vice-Presidente da IECLB
Comunidade de Nova Friburgo celebra 190 anos de história
Somos o bom perfume de Cristo Outubro 1/10 Assembleia Geral Ordinária da ACMEB Brasília/DF P. Carlos Möller Ser Igreja na diáspora é um desafio, é marcar a presença luterana em contextos múltiplos. Motivados por esses desafios, Delegados das Comunidades do Sínodo Brasil Central se reuniram em Luziânia/ GO para a 15ª Assembleia Sinodal, realizada nos dias 3 e 4 de maio de 2014. Comprometidos com o ser IECLB, as Comunidades se reuniram para avaliar, analisar e tecer considerações sobre perspectivas futuras olhando os acontecimentos passados. Para tanto, indicaram e elegeram representantes para as diferentes instâncias diretivas da nossa Igreja. O sentimento de partilha pôde ser vivenciado em plenitude e alegria como um verdadeiro testemunho de viDas em comunhão para Comunidades e Paróquias. Inspirados pelas palavras do Apóstolo Paulo Somos para Deus o bom perfume de Cristo (2Co 2.15a), os membros da Assembleia acolheram o lançamento em nível sinodal da Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem. Na prédica do culto de encerramento, o Pastor Sinodal do Sínodo Brasil Central e Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB, P. Carlos Moller, frisou que Deus nos aperfeiçoa para o serviço, a missão e a edificação (Hebreus 13.21), lembrando que aquele era o Dia Nacional da Diaconia na IECLB.
O Apóstolo Paulo afirma: O fato é que as partes do corpo que parecem ser as mais fracas são as mais necessárias (1Co 12.22). O corpo é um todo: se uma parte sofre, o corpo todo sofre. Se há alegrias, todo o corpo celebra e a partilha é vida. É preciso olhar e perceber que a nossa ação como cristãos não pode ser unicamente para nos satisfazer, enquanto ao redor há sofrimento. Na história, conhecemos muitas ações que salvaram vidas. Em Mateus 25.45, Jesus dá exemplos concretos de ações aos pequenos e conclui dizendo: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes pequeninos, a mim o deixaste de fazer. Que o Dia das Crianças faça despertar em nós o compromisso cristão do servir aos pequenos. Sejamos como crianças para participar do Reino de Deus.
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Outubro: Reforma e Crianças
6/10 Seminário Nacional do PPHM Curitiba/PR P. Nestor Friedrich 15-19/10 XXIX Concílio da IECLB Rio Claro/SP P. Nestor Friedrich P. Carlos Möller Pa. Silvia Genz 26/10 Culto da Reforma da UP Brusque Brusque/SC P. Nestor Friedrich
No dia 4 de maio de 2014, a Comunidade de Nova Friburgo/RJ celebrou Culto de Ação de Graças pelos seus 190 anos de história. Vários Pastores do Sínodo Sudeste, o seu Pastor Sinodal, P. Guilherme Lieven, o P. Martin Volkmann, representando o Sínodo Rio dos Sinos, e o Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, conduziram a celebração. A presença do P. Martin Volkmann ajudou a rememorar a presença luterana, iniciada com a chegada de imigrantes alemães a Nova Friburgo, na Fazenda do Morro Queimado, em 3 de maio de 1824, tendo à frente o P. Friedrich Oswald Sauerbronn. Na liturgia da palavra, o P. Rolf Rieck lembrou que os imigrantes trouxeram na bagagem apenas roupas e objetos muito importantes, entre os quais estavam a Bíblia e o hinário evangélico. Na pregação, o Pastor Presidente destacou que a comunhão em torno de valores cristãos bem definidos e ancorados nos valores bíblicos da verdade e da justiça levam à paz. O Pastor Sinodal Guilherme Lieven presidiu a liturgia da Ceia do Senhor. O P. Adélcio Kronbauer, Pastor local, afirmou que a impressão mais marcante foi da intensa e dedicada participação das pessoas na organização e na execução das tarefas.
150 anos da Comunidade de Ferraz No domingo de 11 de maio de 2014, a Comunidade de Ferraz, de Rio Claro/SP, comemorou os seus 150 anos com uma bela celebração, que contou com a presença do Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, como Pregador. A Comunidade de Ferraz foi fundada no ano de 1864 por, aproximadamente, 30 famílias, todas formadas por emigrantes da Alemanha ou descendentes destes. Em 1872, foi inaugurada a primeira Igreja. Nesta época, a Comunidade contava com 47 membros. Em 1972, foi inaugurada a nova Igreja da Comunidade, hoje com mais de 1100 pessoas, que contam com variadas atividades, como cultos, OASE, Coral, Ensino Confirmatório, Juventude Evangélica, Pessoas com Necessidades Especiais, Grupo de Casais, Idosos e Estudos Bíblicos.
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Sustentabilidade
Especial Concílio 2014 - Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI)
O PAMI têm quatro grandes eixos: Evangelização, Comunhão, Diaconia e Liturgia, além de três temas transversais - Formação, Sustentabilidade e Comunicação
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contexto no qual a Igreja realiza a sua missão mudou e essa mudança cobra novas posturas, novos modos de presença no mundo, uma maneira de agir que articule a espontaneidade das nossas iniciativas missionárias com o planejamento estratégico. Com o lançamento da publicação Missão de Deus-Nossa Paixão, com o texto-base do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI), o planejamento da missão da IECLB ganhou um novo impulso em todos os seus níveis. O texto-base do PAMI apresenta a missão como o gesto apaixonado de Deus pela humanidade, desde a criação do mundo, passando por todas as iniciativas divinas de mostrar o seu amor às pessoas, culminando com a morte e a ressurreição de Jesus, Seu Filho, e a manifestação do Espírito Santo, que, ainda hoje, chama, capacita e envia para testemunhar o amor de Deus como comunidades missionárias. Esse documento parte da descri-
ção dos contextos mais amplos da ação, passando pela fundamentação bíblico-teológica e os seus desdobramentos em quatro grandes eixos: - Evangelização - a dimensão evangelizadora tem no anúncio do Evangelho, que se dá por meio do testemunho missionário da fé, a evangelização como o seu foco. A evangelização, embora não exclua outras dimensões da missão, concentra-se na exposição explícita e intencional do Evangelho, visando a uma resposta pessoal de fé e ao ingresso no discipulado cristão vivido em Comunidade. - Comunhão - a comunhão cristã alude ao fato de que Deus é, antes de tudo, comunhão viva e relação dinâmica movida pelo infinito amor divino. A Igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus tem a comunhão na sua essência. A edificação de Comunidades missionárias em nosso meio passa pela conscientização de que a clareza do testemunho verbal
Luterprev Responde
ajudando a planejar o seu futuro Você sabia que... ...usar ‘dinheiro vivo’ no lugar de cheque e cartão de débito ou crédito ajuda a gastar menos? Para o nosso cérebro, comprar com cartão não representa estar gastando e quase o mesmo se dá com o cheque, enquanto, com ‘dinheiro vivo’, a sensação de que o valor gasto vai embora é bem mais viva. Igualmente ajuda a economizar cortar o hábito de abrir e-mails de ofertas e pegar catálogos de lojas, já que ambos normalmente levam a compras desnecessárias. ...economizar um pouco por semana é mais viável do que reservar uma quantia mensal para a poupança? Se a promessa de guardar R$ 100,00 por mês termina não se concretizando, vale tentar reservar R$ 25,00 por semana para a poupança. Pode funcionar bem melhor!
...ao escovar os dentes, é possível economizar mais de 11 litros de água? Quem escova os dentes por cinco minutos com a torneira semiaberta gasta 12 litros de água. Se a mantiver fechada, usando um copo para o enxágue, utilizará menos de meio litro. Um minuto de torneira moderadamente aberta equivale ao consumo de 2,5 litros. Faça as contas! ...para lavar o copo em que bebeu água, você gasta, no mínimo, outros dois litros de água potável? Lavar a louça com a torneira aberta é uma das melhores formas de desperdiçar água. Ensaboar toda a louça e só depois enxaguá-la ajuda a economizar. Usar a máquina também é uma forma de economia, desde que se espere estar cheia para acioná-la. Ela gasta em média 40 litros de água para uma lavagem completa.
do Evangelho deve encontrar correspondência na qualidade da comunhão comunitária, diz o texto-base. - Diaconia - a dimensão comunitária corresponde à dimensão diaconal da missão. É Deus que, em sua missão, vêm ao mundo, em Jesus Cristo, e nos serve. A missão de Jesus é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo, destaca o texto-base. O fundamento da diaconia está em que Deus nos serve, por isso servimos. O nosso servir e todas as nossas ações são fruto do amor de Deus em nós. - Liturgia - a missão também tem uma dimensão litúrgica. Refere-se ao culto comunitário, mas também a todas as formas de celebrar o amor de Deus no mundo, sendo a liturgia o serviço a Deus. O documento também oferece reflexões sobre temas transversais à missão, procurando dar indicativos do lugar, dos fundamentos e das implicações gerais da nossa ação missionária, visando ao planejamento de ações nas áreas da Formação (Educação cristã), da Sustentabilidade e da Comunicação. Em última instância, visa a cumprir o artigo terceiro da Constituição da IECLB: Em obediência ao mandamento do Senhor, a IECLB, por meio das suas Comunidades, tem por fim e missão: I - propagar o Evangelho de Jesus Cristo; II - estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária; III - promover a paz, a justiça e o amor na sociedade; IV - participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo.
A missão de Jesus é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo, destaca o texto-base
Os documentos referentes ao PAMI podem ser acessados no Portal Luteranos.
Notícia Centenário da Escola Sinodal Sete de Setembro Para festejar o aniversário dos seus 100 anos de fundação, a Escola Sete de Setembro, em Não-Me-Toque/RS, organizou um projeto de captação de recursos para a ampliação das suas instalações. A Luterprev foi uma das patrocinadoras da iniciativa, que resultará na construção da Sala Centenário, nesta que é uma das escolas mais antigas do Brasil, antecedendo em 41 anos a criação do próprio município de Não-MeToque, que só ocorreu em 1955.
Na foto, Evandro Raber, Diretor Geral da Luterprev, entre Waldir Scheurmann, Diretor Executivo da Rede Sinodal, à sua esquerda, e Marlene Gatti, Diretora da Escola Sete de Setembro, além de Adilson Frank, Diretor do Colégio Sinodal Rui Barbosa, de Carazinho/RS.
Visite o site luterprev.com.br e faça também uma simulação para sua aposentadoria complementar e/ou para assistência financeira. No site, você encontra um link para encaminhar perguntas à coluna. Se preferir, envie-a diretamente para luterprev@luterprev.com.br, com o assunto Jorev.
Jorev Luterano - Outubro - 2014
Comunicação
Sustentabilidade é a capacidade de criar as condições favoráveis para a sobrevivência e para o desenvolvimento da Igreja no presente e no futuro
Especial Concílio 2014 - Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI)
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O Plano de Ação Missionária da IECLB estabelece que o Plano Missionário seja construído por meio de esforço comum de pensamento e de ação de toda a Igreja, por isso a criação de um texto-base que estabelece objetivos principais comuns a todas as instâncias para a elaboração do planejamento e identifica quatro grandes eixos da ação: Evangelização, Comunhão, Diaconia e Liturgia. Com o PAMI, a Igreja objetiva que as Comunidades, as Paróquias e os Sínodos da IECLB se unam em torno de uma ação missionária única, cada local com as suas características, a partir de linhas mestras para o desenvolvimento de planos de ação oferecidas no texto-base. A Educação cristã, a Sustentabilidade e a Comunicação são temas que perpassam toda e qualquer ação missionária e levam não só a criar novas Comunidades, como a recriálas na perspectiva de que sejam missionárias e atrativas. A ação educativa faz parte da história de Deus com o seu povo. A experiência vivida pelo povo de Deus tem como característica aprender e ensinar. Deus educa o povo, de forma contínua. O povo aprende por meio da vivência e da reflexão, dos acertos e dos erros. O povo também ensina. Os pais ensinam aos filhos que se mantenham firmes e confiantes no Deus libertador. A Educação Cristã inicia no Batismo e segue por toda a vida. A educação faz parte de todas as dimensões da missão. Assim, também a Sustentabilidade da Igreja integra as dimensões
Com o PAMI, a Igreja objetiva que as Comunidades, as Paróquias e os Sínodos se unam em torno de uma ação missionária única, cada local com as suas características da missão. O tema Fé, Gratidão e Compromisso aponta para a urgente necessidade de discutir e refletir sobre novos modelos de captação de recursos, que correspondam, ao mesmo tempo, às exigências da fé e às necessidades da Igreja. Não se trata apenas de estabilizar orçamentos ordinários e garantir a sobrevivência institucional. Trata-se, antes de tudo, de dotar toda a IECLB com os recursos necessários para a realização efetiva da sua missão. Trata-se da Sustentabilidade, ou seja, da capacidade de criar as condições favoráveis para a sobrevivência e para o desenvolvimento da Igreja no presente e no futuro, evitando o esgotamento ou a sobrecarga dos recursos que a mantêm. Toda a ação missionária da Igreja tem uma dimensão comunicacional. Comunicar é da própria natureza da Igreja. Não se cria Comunidade sem Comunicação nem se mantém Comunidades sem comunicação. A
Igreja nasce de processos de Comunicação: um processo de Comunicação divina, de Deus conosco, e um processo de Comunicação entre nós, de uns para com os outros. A questão maior se dá quando a nossa Comunicação tem que passar pelos meios de Comunicação. Eles mudam o modo de interagirmos com as outras pessoas, no tempo e no espaço. Eles mudam o nosso modo de fazer missão, por isso toda a ação missionária deve levar em conta os processos de Comunicação que fazem a sociedade atual. Por fim, o PAMI quer reforçar o compromisso com a missão de Deus, que prevê, além da renovação das Comunidades existentes, também a criação de novas Comunidades. Isso implica que o planejamento das ações pelas várias instâncias da Igreja deve incluir estratégias de implantar Igrejas nos mais variados contextos.
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Jorev Luterano - Outubro - 2014
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Lutero - Reforma: 500 anos O culto como experiência de ‘viDas em comunhão’ Conforme o que escreve o apóstolo Paulo em 1Coríntios 12.1231, a Comunidade cristã é como o corpo humano, formado por diferentes membros, que vive em unidade, em interdependência e em total sintonia. A unidade do corpo humano é tamanha que, se um membro sofre, todos sofrem com ele (v.26). Lutero desdobra esta palavra de Paulo da seguinte maneira: ‘se dói o pé de alguém, mesmo que seja só o dedinho, o olho se volta para ele, os dedos o tocam, o rosto se franze e todo o corpo se inclina em sua direção; todos se ocupam com o minúsculo membro’ (Obras Selecionadas, 1). Quer definição mais bonita e perfeita para a Comunidade cristã, em que o menor tem vez
e a sua presença ou ausência faz diferença para todo o corpo? A unidade e a convivência entre os membros do Corpo de Cristo são expressas nesta imagem do corpo de forma tão exemplar que podemos imaginar a Comunidade de fé como uma mãe cujo colo acolhe, protege e cuida de quem necessita, especialmente quando alguém está em situação de fragilidade. Se a Comunidade, o corpo de Cristo, é como o corpo físico, como é o culto dessa Comunidade? O culto, podemos assim dizer, é a festa do Corpo de Cristo, é o encontro dos membros deste Corpo com a fonte da sua existência, aquela que sacia a sede deste Corpo, que o alimenta e o mantém, dá energia para que o Corpo continue desempenhando as suas funções com qualidade de vida. O culto da Comunidade cristã é um encontro de viDas em comunhão, vidas que se encontram e vidas que, em conjunto, celebram a fé no mesmo Deus.
Neste encontro celebrativo, nenhum membro é desprezado ou deixa de participar, pois não se corta o dedinho do pé ou a mão do braço e diz ‘você está dispensado’. O encontro com a fonte da nossa existência acontece com todos os membros do Corpo, desde o minúsculo dedinho até braço, pernas, olhos, etc. Afinal, todos os membros, desde o menor até o maior, carecem de colo e afago. Cada qual, seja qual for a sua condição, necessita de cuidado, o cuidado de Deus que se concretiza pelas mãos das suas criaturas. O culto é um espaço muito especial. Deus espera, convida e reúne a Comunidade ali onde as várias gerações se encontram, repartem as suas vidas, compartilham alegrias e tristezas, fé e desilusão e renovam as suas forças e a sua esperança. A Comunidade é a grande família de Deus. Gosto da experiência que fiz na Comunidade onde nasci e permaneci até a minha maioridade, quando, então, fui para terras distantes. Sei que muitas pessoas na IECLB têm uma história semelhante. Na minha Comunidade de origem, o culto era um encontro de todas as pessoas, desde os bebês recém-nascidos até as vovós e vovôs de cabelo branquinho. O culto não era momento de separação das gerações, mas justamente o lugar do seu encontro, do aprendizado comum, da convivência com as pessoas diferentes. Desde criança, participando de cada culto, ouvindo a Comunidade cantar os hinos do Hinário que cada família trazia de casa, aprendi os nossos hinos. Ouvindo a Comunidade orar o Pai Nosso, confessar a fé por meio do Credo Apostólico, aprendi esta oração e esta confissão. Vendo e acompanhando cada passo da liturgia do nosso culto, aprendi a participar do culto da nossa Comunidade. Como eram esperadas aquelas datas especiais, quando, então, a Igreja ficava diferente! Havia algo novo no ar! O espaço adornado de maneira totalmente nova gerava uma expectativa. Um exemplo disso acontecia nos cultos de confirmação. O corredor de entrada do templo era adornado com flores no chão, deixando o ar com um cheiro diferente. À porta de entrada e aos fundos do altar, enormes pés de palmeiras com coroas de flores nos lembravam que o dia era de festa, especial. Após o badalar dos sinos e ao som do coro de trombones ou do coral da Comunidade, o grupo de confirmandos e confirmandas entrava solenemente e a Comunidade se levantava em sua acolhida e saudação. As crianças ficavam de pé sobre os bancos para enxergar a entrada triunfal daquele grupo para quem o culto era especial. Uma verdadeira festa! Vendo tudo aquilo, pensava: ‘um dia vou estar ali’. Quanta expectativa! Isto tudo fazia com que o culto da Comunidade se tornasse algo muito especial, um lugar diferente, onde fazíamos experiências que mexiam conosco, crianças, pessoas adultas e jovens.
No culto, temos muitas possibilidades de participação, interação e partilha. À medida que incluirmos mais pessoas – todo o Corpo! – e valorizarmos as diferentes manifestações e expressões de fé, a comunhão que Deus cria e fortalece no culto e para além do culto certamente será aprofundada. A verdadeira comunhão existe quando os diferentes interagem, dividem as suas cargas e alegrias, partilham as suas visões de mundo, celebram juntos a sua fé. As crianças também tinham o seu dia especial de culto. O Natal, ah, esse dia era pra lá de esperado. Tanta coisa diferente acontecia. Uma semana antes do culto, escolhíamos e aprendíamos um versinho, fosse a estrofe de um hino ou um versículo bíblico. Para quê? Cada criança era chamada pelo nome no culto do dia 23 de dezembro para receber um pacote de balas e chocolates. Quanta emoção! Quando jovem, a preparação para o Natal iniciava no Advento, com o ensaio e os preparativos da grande peça teatral que tematizava o nascimento de Jesus e seria apresentada na noite do dia 24 de dezembro. Na Festa da Colheita (Ação de Graças), os jovens participavam de um modo muito especial na dádiva das ofertas. Naquele culto, em casa, o pai ou a mãe nos dava um ‘dinheirinho’, pois, neste dia, no momento das Ofertas, os jovens iam, em procissão, ao altar, depositar ali a sua oferta. Outras datas eram marcantes. Não vou relatar sobre o culto da minha confirmação, pois não há mais espaço, mas ele ainda está muito vivo na minha memória. Ainda lembro do som da badalada do sino quando o Pastor pronunciou o meu nome. Muitos anos se passaram, mas posso afirmar que a experiência de culto na minha infância e juventude foi muito marcante. O culto abrange uma linguagem ampla: gestos, fala, cores, cheiros, símbolos, ambiente e música. O que acontece no culto incide sobre as nossas emoções, assim como fala à nossa razão. Cada pessoa presente no culto, qualquer que seja a sua idade, é afetada pelo culto, de uma ou outra forma. Levemos isto em conta quando preparamos o culto. Valorizemos cada gesto, cada palavra, os símbolos, o ambiente, a música. A comunicação no culto não se dá apenas mediante a palavra falada. Tudo é importante no culto, desde a Acolhida até a Despedida, inclusive o tom da nossa voz e o nosso olhar. O culto é significativo para todas as pessoas presentes: crianças, jovens, pessoas adultas, idosas e pessoas com deficiência. Todos e todas captam cada mensagem comunicada, seja por palavras ou por gestos. Como Comunidade, valorizemos cada membro do nosso Corpo para que todos sejam incluídos e se sintam participantes ativos do culto! Vamos inclinar o nosso Corpo em direção aos mais pequeninos. Para aprendermos a inclusão, não precisamos ir longe. Temos bons exemplos na nossa própria Igreja: há Comunidades que fazem a experiência de preparar um espaço especial para as
crianças dentro do culto, colocando um tapete no chão para elas se sentarem, oferecendo material para desenho sobre o tema do próprio culto. Outras fazem bancos ou cadeiras em tamanho especial para elas. Há Comunidades que praticam o que o Concílio da IECLB já decidiu: incluem as crianças na Ceia do Senhor, pois entendem que, como membros do Corpo de Cristo, elas têm lugar à mesa. Pessoas jovens são motivadas a participar do culto com cantos da sua geração. Há templos com acesso às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Há também aquelas que se preocupam com a língua de sinais, mas o que fazemos ainda não é o bastante. Podemos fazer mais e melhor. A liturgia do culto oferece elementos que favorecem a participação de todas as pessoas no culto. Por exemplo, o texto bíblico nem sempre precisa ser lido, também pode ser encenado por jovens, pelas crianças, pelas pessoas adultas, pelas pessoas idosas e pessoas com deficiência. A dança litúrgica é um recurso que ainda pode ser melhor aproveitado nos nossos cultos. Esquecemos que todo o nosso corpo adora a Deus, a fonte da nossa vida. Nem precisamos ir tão longe, para além da forma litúrgica de costume. Mesmo dentro do culto, com a antiga e conhecida liturgia, não poucas vezes, esquecemos que crianças, jovens e pessoas com deficiência devem ser incluídas, por exemplo, na Confissão de pecados. O relacionamento humano conflituoso inicia desde a nossa infância, com conflitos entre colegas, estranhamento entre os diferentes, relacionamentos difíceis na família, sendo estes motivos suficientes para serem incluídos no culto como parte da nossa condição humana de pecado, quer seja na vida adulta quer seja na vida infantil ou juvenil. Nas Orações de graça e de intercessão, convidamos as crianças, pessoas jovens, pessoas com deficiência de fala, cegas, surdas a manifestarem os seus anseios e a sua gratidão? No culto, temos muitas possibilidades de participação, interação e partilha. À medida que incluirmos mais pessoas – todo o Corpo! – e valorizarmos as diferentes manifestações e expressões de fé, a comunhão que Deus cria e fortalece no culto e para além do culto certamente será aprofundada. A verdadeira comunhão existe quando os diferentes interagem, dividem as suas cargas e alegrias, partilham as suas visões de mundo, celebram juntos a sua fé.
Cat. Dra. Erli Mansk, graduada em Teologia, com ênfase no Pastorado e em Educação Cristã, com Mestrado Profissionalizante em Liturgia e Doutorado em Teologia Prática (A ritualização das passagens da vida: desafios para a prática litúrgica da Igreja), todos pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, é Coordenadora de Liturgia da IECLB
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Formação
Especial Concílio 2014 - Responsabilidades e obrigações dos Delegados no Concílio (parte 2)
As leis que regulamentam a vida da Igreja são dinâmicas e precisam ser aperfeiçoadas continuamente
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onheça as obrigações dos Delegados e as razões das suas responsabilidades no Concílio, órgão deliberativo máximo da IECLB: - Alterar disposições da Constituição e do Regimento Interno e demais documentos normativos da IECLB - As leis que regulamentam a vida da Igreja são dinâmicas e precisam ser aperfeiçoadas continuamente. A necessidade de mudança pode começar a ser discutida em qualquer instância da Igreja, mas não pode ser a bandeira de uma única pessoa ou de um movimento. É preciso entrar em consenso com os demais para levar a ideia adiante, como, por exemplo, em uma Assembleia Sinodal. Um único Sínodo não pode impor uma ideia para os outros 17 Sínodos. Precisa discutir, argumentar e encontrar uma solução que seja boa para toda a IECLB. É por isso que todos os Sínodos se encontram no Concílio. - Aprovar a criação e a extinção de Sínodos e estabelecer critérios gerais para subdivisões e alterações das áreas que os constituem - Desde a reestruturação da Igreja, aprovada em 1997, a IECLB conta com 18 Sínodos. Considerando que a alteração geográfica de um Sínodo implica na alteração geográfica de outro
Sínodo, este assunto é de competência do Concílio. - Estabelecer critérios sobre a política de subsistência dos Ministros Não é uma Diretoria paroquial, sinodal ou nacional que define o valor da subsistência dos Ministros. É todo o Concílio. A IECLB tem uma política de subsistência dos Ministros, na qual está definido o valor da subsistência-base, do adicional previdenciário, dos avanços, entre outros. Esta política vale para toda a Igreja. - Aprovar os relatórios anuais do Pastor Presidente e do Secretário Geral, o Balanço Geral e a proposta orçamentária para o exercício seguinte - Os relatórios para o Concílio são as prestações de contas sobre os dois últimos anos. Eles informam o que foi feito, o que deixou de ser feito e o que pode ser feito melhor, carecendo de votação, pois quem elabora o relatório precisa saber se está no caminho certo ou se deve fazer alguma alteração. Além disso, o Concílio aprova o Balanço Geral e a proposta orçamentária da IECLB, elaborada pela Secretaria Geral. As contas da IECLB são auditadas por uma auditoria externa e a prestação de contas acontece no Concílio ou, quando este não reúne, no Conselho da Igreja. - Eleger o Pastor Presidente e os seus Vices, o Presidente do Concílio e os seus Vices e realizar as demais eleições previstas nos documentos normativos da Igreja - São 95 pessoas que elegem o Presidente do Concílio e os seus Vices, a quem cabe convocar e coordenar o Concílio. Essas 95 pessoas também elegem o Pastor Presidente e os seus Vices, que têm como missão coordenar a atividade eclesiástica da IECLB, zelar pela sua unidade e identidade confessional, manifestar-se a respeito de questões teológicas e da atualidade, ordenar Ministros, supervisionar os órgãos administrativos da IECLB, exercer a representação da IECLB junto a Igrejas no Brasil e no exterior, com organismos ecumênicos, entidades civis e órgãos públicos, além de outras atribuições. Os assuntos votados no Concílio são publicados no Boletim Informativo. Os trâmites dos assuntos podem ser acompanhados pelos Boletins Informativos posteriores. Os interessados também podem se dirigir aos representantes no Conselho da Igreja para verificar o andamento dos assuntos e, a qualquer hora, solicitar informações à Presidência ou à Secretaria Geral da IECLB, de acordo com o que lhes compete.
Secretaria da Ação Comunitária Entre os dias 17 e 20 de julho, no Lar Luterano Belém, em Campinas/ SP, aconteceram dois importantes eventos da área musical da nossa Igreja: o I Simpósio de Musicistas e o II Fórum de Musicistas da IECLB. Resultado do desejo de realizar um evento de caráter acadêmico, porém sem perder de vista a identidade luterana, o I Simpósio teve como tema geral Educação musical e a sua aplicação nas Comunidades luteranas. A abertura do evento aconteceu na noite do dia 17 com uma celebração e saudações de instituições e setores apoiadores do evento: Conselho Nacional de Música (Mus. Me. Cleonir Zimmermann), Coordenação de Música (Mus. Dra. Soraya Eberle), Instituto Superior de Educação Ivoti - ISEI (Prof. Dr. Manfredo Wachs), Assessoria da Presidência da IECLB (P. Dr. Romeu Martini). O Simpósio, que teve como um
dos seus pontos altos a mesa-redonda Música e identidade luterana, com um debate muito inspirador, foi alegre, com apresentação de comunicações na área da pesquisa em educação musical e relatos de experiência que confirmaram a tradição luterana nas áreas da educação e da música. Foram oferecidas Oficinas de canto coral, técnicas de regência coral, técnica vocal e liturgia para Musicistas. No dia 19, teve início o II Fórum de Musicistas, em que o tema central foi Novo hinário. O hinário é o que a Comunidade canta e reflete o que nos constitui como Igreja de Cristo. Dentro desta perspectiva, a Comissão que está trabalhando no novo hinário desde 2011 trouxe os resulta-
dos preliminares das suas reuniões, apresentando os critérios que serão usados na seleção dos hinos. Cerca de 50 pessoas vindas de diversos Sínodos, em sua maioria Musicistas da nossa Igreja, participaram dos eventos e puderam contribuir no debate sobre os critérios de desenvolvimento do serviço musical na Igreja (discussão de classe dos Musicistas) e também do hinário que está em planejamento (pensando o hinário como uma ferramenta de educação musical para a Comunidade). Na noite de sábado, o grupo fez uma intervenção urbana: todos, juntos, foram até o centro de Campinas e cantaram em uma praça. Foi o primeiro flashmob do grupo!
Musicista Ana Maria Althoff Coordenadora Geral do evento
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Culto: espaço de encontro e inclusão Encontro entre Deus, Comunidade e membros Deus foi quem gerou e fez nascer a Comunidade. A Comunidade existe por obra e vontade de Deus. Como comunhão de pessoas, a Comunidade é um corpo vivo (Rm 12.5), uma família de fé, formada por diferentes pessoas – crianças e bebês, jovens e adolescentes, adultos e idosos, pessoas sem ou com deficiência, que têm sonhos e frustrações, alegrias e tristezas, coragem e medos – e que têm em comum a fé no Trino Deus. O culto acontece por iniciativa de Deus. A Comunidade dá o passo seguinte, respondendo ao chamado de Deus. Deus permite que o culto aconteça, ao prometer que estará presente lá onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em seu nome (Mt 18.20). Todavia, além de permitir, Deus também ordena que o culto aconteça: façam em memória de mim (1Co 11.24s). Alegra-nos saber que Deus dá o primeiro passo em nossa direção, que podemos encontrá-lo sempre de novo, receber novas forças, ânimo, coragem e orientação para a caminhada de cada dia, mas também nos chama ao compromisso de assumirmos a responsabilidade por este encontro. Deus estará lá, no local e na hora em que marcarmos para o culto, onde duas ou mais pessoas estiverem reunidas em seu nome. Como posso eu, então, não participar? Celebrar culto é responsabilidade minha e de todas as pessoas batizadas. É o Senhor em quem nós cremos, a quem depositamos a nossa vida e a vida de quem amamos, que vem ao nosso encontro no culto. Que boa notícia! O culto é de responsabilidade de toda a Comunidade. A Ministra e o Ministro Ordenados
– e a equipe de liturgia – têm a tarefa de ajudar a Comunidade a celebrar o culto. Se o culto é da Comunidade, isso significa que sou chamado a participar ativamente do culto. Sou chamado a envolver-me no culto, a participar com todo o meu ser, com todos os meus sentidos, trazendo ao Senhor tudo o que se passa no meu coração, deixando que Ele me transforme. Eu não vou ao culto para assistir ou para, depois, parabenizar a Pastora, o Pastor pelo belo culto que fez. O culto é meu, seu, nosso. Para que ele seja significativo, eu preciso participar ativa, consciente e responsavelmente com os meus dons e com todo o meu ser. Preparar um culto envolvente é tarefa de toda a Comunidade, também da Pastora e do Pastor e equipe de liturgia. A liturgia deve ser envolvente e o seu moldar deve levar em conta a realidade na qual a Comunidade está inserida, as pessoas que dela fazem parte, a vida da Igreja. Todas as pessoas precisam encontrar no culto um espaço de acolhimento, de inclusão, sentindo-se amparadas pelo próprio Deus. No culto, o Senhor fala conosco e nós respondemos, além de nos relacionarmos mutuamente como Comunidade. A celebração e o espaço devem considerar esta realidade. A arte de moldar liturgia permite que todas as pessoas possam participar e que a experiência profunda do culto permaneça viva durante toda a semana, animando a ser sal da terra e luz no mundo, lá onde estiver.
Pa. Ma. Ana Isa dos Reis, Bacharel em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, é Mestre em Liturgia pelo IEPG/EST. Atua como Ministra na Comunidade de Ijuí/RS
Para refletir, leia Coríntios 11.24-25
Espaço para experimentar a tolerância
Diác. Angela Lenke, Atua como Ministra na Paróquia de Vitória/ES, integrante do Conselho Sinodal de Missão e Vice-Assessora Teológica da OASE Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém
O culto é entendido por nós como encontro de Deus com o seu povo. Culto é também espaço onde diferentes pessoas, de gerações diferentes, se encontram. Será que temos refletido sobre essas diferenças? No mundo em que vivemos, não é raro encontrarmos pessoas que dizem ‘isso não é mais da minha época’. Ocorre que as últimas gerações precisaram das gerações passadas, da sua luta, perseverança e do investimento para a sua formação. A tecnologia, cada vez mais avançada, precisa ser mais ‘humana’ para com os que não acompanharam e não tiveram acesso à formação. Respeito e humildade correspondem a valores de todas as gerações! Em quais outras situações falta tolerância? Quando falamos em tolerância, estamos nos referindo ao respeito e à dignidade pela vida do outro. Tolerância significa vencer preconceitos e vencer a si mesmo. Tolerância é questão de coerência em relação à fé em Cristo, que mostrou o mais belo exemplo de tolerância por nós, sem violência e com amor. Em Lucas 2.41-52, nos é dito que Jesus foi ao templo com os seus pais e que ficou com os mestres da Lei enquanto os seus pais voltaram para casa, sem notarem a sua ausência. Os mestres da Lei ficaram admirados com a inteligência e a sabedoria de Jesus, cuja presença só foi possível, porque já tinha 12 anos e era menino. Há três perguntas a partir desse texto: Será que ouvimos, zelamos e ensinamos as nossas crianças?, O que é ensinado entre as várias religiões visa à igualdade de gênero? e Levamos as nossas crianças ao templo ou nos mobilizamos e instrumentalizamos para que a Comunidade cristã seja espaço para as crianças e todas as gerações? Ainda adolescente, Jesus nos mostra que também é
preciso buscar o seu espaço. Já em Marcos 12.41-44 encontramos o relato sobre uma mulher, idosa, viúva e pobre. A atitude de Jesus é perceber a mulher, olhar com amor, dar liberdade, incluir e dar dignidade. Cada pessoa tem a sua história de vida e Jesus nos ensina que tolerância significa amar e respeitar o mundo do outro, a sua história, os seus sofrimentos e as suas lutas. Para sermos Comunidades mais saudáveis e tolerantes, busquemos como conselho as belas ações diaconais de Jesus, ou seja, ações de amor. Sou livre de todas as coisas, contudo fiz-me servo de todos 1Co 9.19. Esse versículo, bem como Rm 13.8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros, inspiraram Lutero a escrever as duas conhecidas frases acerca da liberdade cristã: ‘Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é um servo prestativo em todas as coisas e está sujeito a todos’. Lutero entendeu que, pela fé, somos pessoas livres e, pelo amor, servos uns dos outros. Assim, o culto é espaço em que há diferentes pessoas com diferentes conhecimentos e de diferentes gerações, porém todas são carentes da graça, da misericórdia e do amor de Deus, revelado em Cristo (Rm 3.23). Para refletir, leia Romanos 14-15.1-13
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Geral
Educação cristã
vivendo, aprendendo e ensinando
A justificação por graça mediante a fé é uma das principais ênfases teológicas que encontramos no Novo Testamento (NT) e na Reforma. A Confissão de Augsburgo, Art. 4º, afirma: Ensina-se também que não podemos alcançar remissão do pecado e justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação nossos, porém, que recebemos remissão do pecado e nos tornamos justos diante de Deus pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo padeceu por nós e que por sua causa os pecados nos são perdoados e nos são dadas justiça e vida eterna... Apesar das barreiras culturais, a Bíblia e os seus conteúdos continuam sendo verdadeiros e atuais. Reafirmar isso é a primeira tarefa da educação cristã. Da mesma forma, são tarefas da educação cristã: a) ajudar a redescobrir que a raiz última de todos os males é o que a Bíblia e a Reforma sempre chamaram de ‘culpa/ pecado’. Quem cala sobre a realidade do pecado ilude as pessoas sobre os seus reais problemas. Já quem fala sobre ele ajuda as pessoas a encontrarem o caminho da liberdade; b) recuperar o significado bíblico da palavra e da experiência da justificação. No NT, o termo
‘justificação’ vem da linguagem jurídica. Um réu, ao ser absolvido pelo juiz, podia viver como alguém livre – ele era justificado. Paulo usa o termo para descrever o que é a essência do Evangelho. Pelo pecado, a pessoa, diante de Deus, é considerada uma ré condenada à morte. Como Deus ama as pessoas, Ele envia Cristo para morrer por elas. Por conta do que Cristo fez, Deus anuncia às pessoas o perdão. Exatamente isso Lutero redescobriu! c) explicar e anunciar o significado bíblico da justificação. Vivemos em um tempo em que constantemente as pessoas sentem necessidade de se justificar para serem aceitas. Nesse
contexto, ouvir o Evangelho da justificação por graça, pela fé, é tremendamente libertador! d) resgatar o sentido bíblico e atual do que é fé, pois, quem crê em Cristo, é justificado (Rm 5.1; Rm 3). A fé surge quando ouvimos
Prof. Dr. Claus Schwambach, Doutor em Teologia pela Universidade FriedrichAlexanderUniversität Erlangen-Nürnberg, na Alemanha, é Docente e Diretor Geral da Faculdade Luterana de Teologia (FLT), em São Bento do Sul/SC
Carlos Ismael Hoch
Coordenador de trabalho com jovens do Sínodo Nordeste Gaúcho
o Evangelho (Rm 10.17), quando nos é concedida a capacidade de compreender e assentir a essa mensagem, entrando em um relacionamento pessoal de confiança em Cristo. e) mostrar que, quando vivemos em um relacionamento pessoal com Cristo pela fé, experimentamos a justificação. Também encontramos o sentido da vida e passamos a nos dedicar de forma desprendida aos outros e a Deus, na vida pessoal, familiar, na Igreja, no trabalho e na sociedade, promovemos a justiça civil e social, a ética, o cuidado da natureza e o amor incondicional a todos os seres humanos.
A Vai e Vem no Sínodo Centro-Campanha-Sul A Campanha Vai e Vem no Sínodo Centro-CampanhaSul constitui-se em uma bênção! Comunidades mais fragilizadas e projetos são beneficiados. Sobretudo, esta bênção sobrevém sobre irmãos e irmãs que expressam a sua gratidão a Deus envolvendo-se na Campanha de Missão da IECLB. A gratidão tem o poder de nos proporcionar bem-estar para a vida. Fluir solidariedade e doação nos traz bem-estar sem que desejos necessitem ser realizados. São fundamentais as palavras do apóstolo Paulo: ...aprendi a viver contente em toda e qualquer situação (Fl 4.11). O Pastor Sinodal Bruno Bublitz afirma que a Campanha Vai e Vem tem espaço para crescer! Ainda estamos aprendendo a trilhar este caminho missionário. Necessitamos descobrir formas de motivação e organização deste trabalho. Três iniciativas foram beneficiadas em 2013: a construção do Centro Comunitário da Comunidade Linha Santa Cruz da Paróquia Monte Alverne, em Santa Cruz do Sul/RS, a finalização
Viva la Reformation
do Centro Comunitário no Bairro Pinheiro Machado da Paróquia de Santa Maria/RS, e ainda foi constituído um fundo de reserva para planejamento da missão nas Comunidades da diáspora no Sínodo. São Comunidades que se localizam próximas às fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Há um sentimento de gratidão e encantamento por parte das Comunidades auxiliadas. Os recursos levantados em 2014 serão investidos na formação especial de lideranças. O objetivo consiste em fazer com que esta qualificação se faça presente nas Comunidades, nas Paróquias e nos setores de trabalho, ou seja, qualificação que perpasse todo o Sínodo. Assim, este conjunto poderá responder melhor ao chamado de Deus. P. Leomar Pydd Coordenador Sinodal da Campanha Vai e Vem Sínodo Centro-Campanha-Sul
A Juventude Evangélica sempre busca pela reforma, não se acomoda ao ‘sempre foi assim’ e gosta de novidade. O Dia da Reforma, que completa 500 anos em 31 de outubro de 2017, continua sendo novo. Lutero deu o primeiro passo e nós, luteranos e luteranas, não podemos deixar de caminhar. Na realidade em que vivemos, acontecem mudanças e, na Igreja, também. Como falar em Reforma em um mundo no qual as pessoas mal sabem quem é Deus? Quem são as referências de Igreja Cristã para as pessoas hoje? O Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje) vem, há algum tempo, pensando em atividades e produções referentes à celebração dos 500 anos da Reforma Protestante. Inspirados em uma campanha desenvolvida pela Juventude Evangélica Luterana da Saxônia, na Alemanha, o Conselho resolveu fazer um modelo de camiseta estampando o rosto de Lutero e a frase Viva la Reformation. A identidade visual criada nos faz refletir sobre as reformas que precisam ser desencadeadas ainda hoje na nossa sociedade e na nossa Igreja, quase 500 anos depois de Lutero, e também nos incentiva a sermos protagonistas nos processos de reformas, que iniciam pelo modo como agimos no mundo e como falamos sobre Cristo às outras pessoas. Cada grupo de JE, à sua maneira, inicia processos de reformas nos seus grupos, com hinos novos, materiais para estudos, como o PalavrAção, encontros sinodais de JE e encontros nacionais, nos quais a troca de ideias e culturas fortalece todas as pessoas. Oficinas das mais diversas ocorreram no último Congresso Nacional da Juventude Evangélica (Congrenaje), em que jovens buscam melhorar a sociedade onde vivem, com projetos para jovens. Então, jovem, como você tem feito parte da reforma da Igreja, da sua JE, da sua Comunidade? Busquemos construir um mundo melhor não só com palavras, mas também com ações baseadas nos princípios luteranos. Jovem, a JE é o que o grupo a faz ser, então seja empenhado, para que outras pessoas jovens se vejam e queiram fazer parte dessa JE. Termino como comecei: viva la Reformation!
Jorev Luterano - Outubro - 2014
Comportamento 13
Contribuição e solidariedade - Gálatas 6.2
P. Dr. Rodolfo Gaede Neto, graduado em Teologia pela Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, também fez Mestrado e Doutorado em Teologia pela instituição, com pesquisas na área da diaconia, exerceu Pastorado na IECLB entre 1979 e 1996. Atua como Professor na Faculdades EST e Coordenador do Bacharelado em Teologia
Levai as cargas uns dos em favor uns dos outros; de outros, e assim cumprireis maneira que, se um membro a lei de Cristo (Gl 6.2). O sofre, todos sofrem com ele; apóstolo Paulo escree, se um deles é honrado, ve estas palavras para com ele todos se regozijam uma comunidade que (1Co 12.25s). se tornara alvo de uma Levar as cargas uns doutrina legalista. Nesta dos outros, cultivar uma doutrina, o cumprimento saudável relação de recida lei é condição para se procidade, compromisso alcançar a benevolência mútuo, cooperação, mude Deus. O esforço pelo tualidade e solidariedade cumprimento da lei consão valores insubstituíduz à autojustificação, veis no exercício constanpor isso parece contradite de edificação da nossa tório que Paulo exorte os comunidade de fé e da gálatas a ‘cumprir a lei de nossa Igreja na atualiCristo’. dade. O exercício diário Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo (Gálatas 6.2) Cristo tem lei? Não é o destes valores nos coloca próprio Cristo quem liberta do jugo des- força para a questão da reciprocidade, em um novo modo de vida, sustentasa lei da autojustificação, quando dá a sua ou seja, o modo de vida da Comuni- do pelo amor. É o exercício do cumvida para que as pessoas tenham acesso dade cristã é fortemente marcado pela primento da lei de Cristo. gratuito e incondicional a Deus? Neste relação de reciprocidade. Trata-se de Uma forma muito concreta de sentido, Cristo é o fim da lei (Rm 10.4). uma relação que foge do individualis- exercitar estes valores da nova ordem O que acontece é que Paulo, estrate- mo e se torna um exercício de constan- de vida é o nosso sistema de contrigicamente, usa a palavra ‘lei’ para se te compromisso de cuidado para com buição na Igreja. Ele não será coerenfazer entender pelos gálatas, mas lhe as demais pessoas da Comunidade. te com o Evangelho se funcionar com confere um novo sentido: a lei de Cristo Vários textos bíblicos lembram esta base naquela lei da qual Cristo já nos é o novo modo de vida adotado pela co- relação de compromisso recíproco: libertou, que representa um jugo e munidade das suas seguidoras e dos seus Servi uns aos outros, cada um conforme que nos incita à autojustificação. Na seguidores. A lei passou a ser o amor. o dom que recebeu (1Pe 4.10); Sede mu- nova ordem de vida, o critério para a O amor é a base da vida cristã, por- tuamente hospitaleiros sem murmuração oferta de dinheiro à Igreja é o espírito que ela está construída sobre o amor (1Pe 4.9); Consolai-vos uns aos outros, de reciprocidade e de solidariedade, de Deus, manifestado em Cristo. É a e edificai-vos reciprocamente (1Ts 5.11); ou seja, a gente contribui para coopeisto que se refere também o evangelis- Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos rar com as demais irmãs e os demais ta João quando escreve: Deus é amor, mutuamente (Cl 3.13); acolhei-vos uns irmãos na missão de edificar a Igreja e aquele que permanece no amor perma- aos outros, como também Cristo nos aco- de Cristo. Essa cooperação acontece nece em Deus, e Deus, nele (1Jo 4.16) e lheu (Rm 15.7). em um espírito de justiça, para que a nós amamos porque ele nos amou primeiA relação de reciprocidade como carga não seja leve para alguns e pesaro (1Jo 4.19). Portanto, a lei de Cristo marca da Comunidade cristã é espe- da para outros. É como ensina o apósé que os seus seguidores permaneçam cialmente explicitada pelo apóstolo tolo Paulo no contexto da campanha no amor, porque ‘o amor edifica’ (1Co Paulo quando descreve a Igreja como realizada em favor da comunidade 8.1). Esta é a nova ordem de vida da corpo de Cristo (1Co 12). Este corpo empobrecida de Jerusalém: Porque não comunidade cristã: a edificação por meio comunitário, constituído por muitos é para que os outros tenham alívio, e vós, do amor. membros diferentes entre si, inclusi- sobrecarga; mas para que haja igualdade, Permanecer no amor no âmbito ve por aqueles que ‘parecem ser mais suprindo a vossa abundância no presente de uma comunidade de fé significa fracos’ (v. 22), os que ‘nos parecem a falta daqueles, de modo que a abundânconcretamente ‘levar as cargas uns menos dignos’ (v. 23) e os que ‘não cia daqueles venha a suprir a vossa falta, e dos outros’. Nesta frase, tem grande são decorosos’ (v. 23), caracteriza-se assim haja igualdade. Como está escrito: o importância a expressão ‘uns dos ou- pelo espírito de solidariedade. Nele, que muito colheu, não teve demais; e o que tros’. Em grego, o termo aponta com os membros cooperam, com igual cuidado, pouco colheu, não teve falta (2Co 813-15).
Solidariedade: fortalecer, ajudar, firmar, consolidar A palavra solidariedade tem como raiz a partícula solid. Basta acrescentar um ‘o’ para termos o seu primeiro derivado. Para a palavra sólido, os dicionários têm a seguinte definição: qualquer corpo que tenha consistência; que não é oco, que não se deixa destruir facilmente; ou algo firme, inteiro, pleno, resistente. Pois bem, o sentido de solidariedade é construído a partir destes significados. Equivale a dizer que exercitar a solidariedade é oferecer algo sólido, concreto, que não é oco (vazio), inteiro, pleno e resistente. Há também um verbo derivado de solid: solidar. Significa: tornar sólido, solidificar, tornar íntegro e firme, consolidar, soldar, fortalecer, ajudar a estabelecer-se. Este verbo torna o significado de solidariedade ainda mais interessante: trata-se de uma ação realizada em favor de alguém no sentido de fortalecer, ajudar este alguém a se tornar firme, consolidado e solidificado, inteiro, resistente. Ajudar alguém a estabelecer-se, a recuperar a sua integridade.
O Senhor sara os de coração quebrantado
Um terceiro aspecto interessante da etimologia de solidariedade é que o verbo solidar é uma forma evoluída do verbo ‘soldar’, que provém do latim solidare. Soldar é promover a união íntima de duas ou mais peças, formando um só corpo, unir(-se) formando um todo. Este breve estudo etimológico ajuda a compreender o conceito solidariedade na sua radicalidade (a partir da sua raiz): é a ação realizada em favor de alguém fragilizado no sentido de ajudar a pessoa a se recompor, fortalecer, tornar resistente, inteiro, consolidado. O verbo ‘soldar’ confere ainda maior plasticidade ao termo solidariedade: se alguém está ‘quebrado’ ou quebrantado, em ‘cacos’ ou despedaçado, esta pessoa necessita de solidariedade para se tornar novamente inteira e restabelecida. Neste sentido, a solidariedade tem o seu fundamento no próprio Deus, pois o Senhor sara os de coração quebrantado (Salmo 147.3).
Jorev Luterano - Outubro - 2014
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Deutsche Seite
Eine heilmachende Erfahrung Mich berührt die Geschichte vom Zöllner Zachäus (Lukas 19,5). Jesus lädt ihn ein: „Steig herab, heute will ich in deinem Haus sein.“ Zachäus war ein korrupter und reicher Mensch. Doch die Einladung Jesu änderte sein Leben. Zachäus stieg aus Neugierde auf einen Maulbeerfeigenbaum, um zu sehen, was es mit diesem Mann aus Nazareth auf sich hat. Er rechnete nicht mit der Einladung Jesu. „Und er stieg eilends herab und nahm ihn auf mit Freuden“ (V.6). Jesu Angebot ist: „Ich will dir Sinn, Gegenwart, Wärme, Geborgenheit geben, wie auch immer deine Lebenslage ist.“ Gegen das Murren derer, die auf das Gesetz pochen und von der Weite der Liebe Gottes, auch für Geächtete, nichts wissen wollen, kehrt Jesus in das Haus des Zachäus ein. Zachäus beginnt sein korruptes Leben zu ändern, indem er verspricht, die Hälfte seines Reichtums den Armen zu geben und das widerrechtlich erworbene Geld vierfach zu erstatten. Doch dieses Versprechen ist nur Konsequenz der Erfahrung der Zuneigung Gottes. Zwei Wörter in dieser Begegnung Jesu mit Zachäus sind von Bedeutung: Das „Heute“ und das „Haus“. Ich will heute in deinem Haus sein. Das Leben heute leben. Heute, nicht von gestern leben und auch nicht nur von morgen träumen. „Nichts ist so wichtig wie der heutige Tag“ (Goethe). Jeder Moment unseres Lebens will uns einladen, in der Gegenwart Gottes zu leben. Die Gegenwart Gottes, die Urquelle des Lebens, will uns tragen und Kraft geben, persönlich nicht unterzugehen in schweren Zeiten, aber auch aufrütteln, unser Leben zu ändern, wo wir unser eigenes Leben, das der Anderen oder der Gemeinschaft zerstört haben. In jedem Moment unseres Lebens will Gott in das Haus eines jeden von uns eintreten. Normalerweise leben wir in zwei verschiedenen Häusern: In einem schönen und in einem hässlichen. Wir haben ein Bild von uns und wie die anderen uns sehen sollen, ohne Fehler, mit Erfolg und allen gefällig sein. Das ist unser schönes Haus. Aber im Tiefsten wissen wir, dass wir Angst vor dem Tod, vor der Zukunft haben, Wut haben, mit der Sexualität oft nicht zurechtkommen und noch viele andere dunklen Seiten in uns haben. Das ist unser hässliches Haus. Dahinein verstecken wir alle die unangenehmen Dinge unseres Lebens, damit niemand diese sieht. Doch damit werden wir nie glücklich werden. Irgendwann kommen sie ans Tageslicht. Gott will in unser wirkli-
Und als Jesus an den Ort kam, blickte er auf und sah ihn und sprach zu ihm: Zachäus, steig eilends herab; denn heute muss ich in deinem Hause einkehren! Lukas 19,5
Pfarrer Walter Sass ches Haus mit allem, was wir haben und sind, eintreten. Freunde und Ehepaare wissen, dass eine wirkliche Beziehung nur dann besteht, wenn wir offen für einander sind und nichts verbergen. Wir nennen dies Liebe. Auch Gott will heute in unser Leben eintreten, so wie wir wirklich sind, nicht wie wir gerne sein mögen. Das kann unser Leben ändern, wie es das Leben des Zachäus geändert hat. Wenn etwas trägt in diesem Leben, so ist es die Erfahrung von Liebe, von Angenommensein. Es tröstet das Wort von Rabbi Chuza, der im Blick auf die letzte große Prüfung vor dem unbestechlichen Auge Gottes sagte: „Gott wird mich nicht fragen: warum warst Du nicht wie Mose oder David oder wie Salomo? Er wird nur fragen. Warum warst Du nicht wie Rabbi Chuza?“ Eine Künstlerin aus der norddeutschen Heide, Friedeborg Jungermann, schickte mir ihre kleine Geschichte als Freundschaftszeichen nach Brasilien. Den ganzen Vormittag war der kleine Engel schusselig. Dann verlor er auch noch beide Flügel, die er nicht richtig befestigt hatte. So fiel er vom Himmel, sehr, sehr tief und landete auf einer dicken kleinen Wolke. „Wo bin ich?“, rief der kleine Engel. „Du bist ganz nah bei der Erde“, antwortete ihm ein Stimmchen von der Nachbarwolke. Es war eine kleine Sternschnuppe, die auch vom Himmel gefallen war. „Ich werde gleich verglühen“, rief sie herüber. „Willst du meinen Schein haben, ich brauche ihn gleich nicht mehr“, rief sie noch. „Oh, ja, den kann ich mir um den Kopf winden“ –, antwortete der kleine Engel. „Was mache ich aber nur ohne meine Flügel?“, seufzte er. Da flog eine Friedenstaube vorbei. „Ich werde meine Taubenschwestern um Federn bitten“. So bekam der Engel neue Flügel. Und dann fiel ein beschriebenes Blatt vom Himmel, darauf stand der Name des Menschen, den der Engel beschützen sollte. Es war dein Name, der darauf verzeichnet war. Gottes Gegenwart kann in vielfältiger Weise erfahren werden, durch Engel mit Flügeln und auch durch Menschen, die für andere Engel ohne Flügel werden können. Wer die liebende und auch herausfordernde Gegenwart Gottes in seinem Haus erfahren hat, beginnt, Bote dieser heilmachenden Erfahrung zu werden. Er kann nicht mit ansehen, wo Ungerechtigkeiten geschehen, wo Menschen wegen ihres Andersseins ausgegrenzt werden, wo Menschen Schweres erleiden und der Kosmos, das Haus des Schöpfers, zerstört wird.
Jorev Luterano - Outubro - 2014
Compartilhar 15 Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo, Confirmação, Bênção Matrimonial, Encontros Familiares, Bodas e Sepultamento.
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Celebração A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) de Santa Maria/RS, no dia 2 de julho de 2014, completou 100 anos! O aniversário foi comemorado com um Chá, que contou com a presença de quase 400 pessoas, entre convidados e pessoas da Comunidade. Para a celebração, foi escolhido como símbolo o avental, por representar o ato de servir com humildade, marca registrada dos nossos grupos de OASE. Foram confeccionados em torno de 70 aventais bordados em pathcolagem. As bonequinhas-mulheres, cujas mãos seguram uma corrente que as une na fé em Cristo, testemunham o que a OASE é: mulheres de mãos e braços abertos para ajudar e receber com um abraço afetuoso sempre mais uma pessoa em seu meio, de forma respeitosa e ecumênica.
Quatro gerações Com alegria, celebramos o amor, a segurança e a proteção oferecidos por Deus às quatro gerações da nossa família. Que bom é podermos firmar a nossa ‘casa’ sobre a Palavra de Deus, compartilhando assim das suas bênçãos. Que o Senhor continue sempre a ser o nosso refúgio e a nossa fortaleza, pois jubilamos como família ao contemplarmos as obras das suas mãos, de geração em geração!
Da esquerda para a direita, Lourida Zimpel Schmidt (reside em São João/PR - 26.3.1950), Lilian Luci Schmidt dos Santos (reside em São João/PR - 15.10.1978), Hanna Manoela Schmidt dos Santos (reside em Pato Bragado/PR - 10.6.2013) e Elzira Müller Zimpel (reside em Maracaju/MS - 23.10.1928) Senhor tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Salmo 90.1
Falecimento HEINZ HERBERT MÜLLER
Falecimento Um ano de saudade de... NOEMIA BAUM ...Aprendi o segredo de me sentir contente em todo lugar e em qualquer situação, quer esteja alimentado ou com fome, quer tenha muito ou tenha pouco. Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação. Filipenses 4.12-13
Nascido em Porto Alegre/RS, em 4 de dezembro de 1927, filho de Luisa e Herbert Müller, Heinz foi confirmado na Igreja Velha da Rua Senhor dos Passos, na capital gaúcha, e casou-se, em 11 de agosto de 1951, com Sylvia Andrea Elizabeth Lindau, sua colega de turma no então Ginásio Farroupilha, em Porto Alegre. Pai de Luiz Fernando, Rita e Suzana Müller, Heinz deixa viúva, três filhos, um genro, uma nora, cinco netos, uma bisneta, dois irmãos, uma irmã e um cunhado. Heinz faleceu em 19 de junho de 2014, aos 86 anos de idade, de causas naturais, em Recife, para onde toda a família se mudou em junho de 1994. Economista de profissão, Heinz Müller dedicou-se como participante da Fundação Beneficente e Educacional mantenedora do Colégio Farroupilha. O Senhor é meu Pastor, e nada me faltará. Salmo 23.1
Lá no fundo, onde mora a saudade, não há esquecimento, porque lá só moram as coisas que foram amadas e o amor não suporta o esquecimento. Rubem Alves O cultivo do amor será sempre o melhor tributo que podemos prestar aos que não mais se encontram fisicamente entre nós! Campo Verde/MT, 20 de agosto de 2014.
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CONCÍLIO 2014 - PAMI A Matriz de Planejamento do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) se constitui de alguns elementos comuns a serem assumidos por toda a Igreja: missão, visão, objetivo geral e objetivos específicos. - Missão - a missão da IECLB é propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal na família e na Comunidade, promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo. - Visão - ser reconhecida como Igreja de Comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à criação. - Objetivo geral - ampliar e consolidar a ação missionária da IECLB. - Objetivos específicos - Evangelização, Comunhão, Diaconia e Liturgia. Cada objetivo implica três conjuntos de ações estratégicas (eixos transversais): Formação, Sustentabilidade e Comunicação. A Matriz de Planejamento não pretende definir antecipadamente o que as Comunidades, os Sínodos ou outras instâncias, setores ou instituições de-
A MISSÃO DE DEUS É A NOSSA PAIXÃO vem fazer, mas oferece um caminho cujo destino é comum em toda a Igreja. A Matriz de Planejamento oferece orientações para que cada instância (Comunidade, Paróquia, Sínodo, setores, instituições, Direção, departamentos) elabore o seu plano de ação a partir de objetivos comuns e de uma análise do contexto própria. Cada um é chamado a fazer uma análise de sensibilidade para alcançar esses objetivos no seu contexto. Isso significa dizer que, para elaborarmos um plano missionário, precisamos conhecer os nossos pontos fortes, as nossas fraquezas, aquilo que ameaça a nossa ação missionária e as oportunidades que se oferecem para fazermos missão. Essa análise envolve, portanto, um olhar para dentro da nossa instituição (Comunidade) e um olhar para fora. Olhar para dentro é verificar os pontos fortes (o que temos como qualidades) e assinalar os pontos fracos (o que depõe contra nós, os nossos limites). Olhar para fora implica em reconhecer as ameaças que estão à nossa volta (o que pode atrapalhar a nossa atividade fim, quais são as forças externas que podem pôr a perder a nossa instituição/Comunidade) e visualizar as oportunidades (observar o contexto no qual estamos e pensar como podemos modificá-lo, avaliar as ‘brechas’ e ocupar os espaços que se abrem na realidade que nos cerca).
Cada um é chamado a fazer uma análise de sensibilidade para alcançar os objetivos do PAMI no seu contexto. Isso significa dizer que, para elaborarmos um plano missionário, precisamos conhecer os nossos pontos fortes, as nossas fraquezas, aquilo que ameaça a nossa ação missionária e as oportunidades que se oferecem para fazermos missão
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O XXVIII Concílio da Igreja (Foz do Iguaçu/PR, 2012) decidiu pela continuação do PAMI, considerando que a missão é a razão de ser da Igreja, e estabeleceu que o Concílio de 2016 avalie novamente o PAMI e a metodologia do planejamento estratégico, reafirmando o objetivo de alcançar, pelo menos, 50% das Comunidades até 2016 com o Planejamento Estratégico
O XXVI Concílio da Igreja (Estrela/RS, 2008) aprovou o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) pelo período de 2008 a 2012, com as seguintes determinações: - que os Sínodos implantem o PAMI, considerando os seus contextos específicos e segundo as suas próprias estratégias; - que o Conselho da Igreja estabeleça as diretrizes para implementação do PAMI, incluindo a previsão de recursos para o financiamento; - que a Presidência coordene e acompanhe os processos de implantação do PAMI em conjunto com os Pastores Sinodais; - que haja a continuidade da Campanha Nacional de Ofertas pela Missão Vai e Vem, anualmente, com avaliação no próximo Concílio da Igreja, deixando a definição do período, duração, modalidade e coordenação a cargo do Conselho da Igreja; - que sejam elaborados cadernos auxiliares sobre como fazer planejamento; - que, na implementação do PAMI, os Sínodos considerem como meta que, pelo menos, um terço das suas Comunidades tenha elaborado seu planejamento missionário até 2012; - que a Direção da Igreja mantenha tratativas com os Centros de Formação Teológica para que considerem a oportunidade de oferecer capacitação na área de planejamento e que, fundamentalmente, trabalhem o conceito de missão e de Ministério junto aos seus estudantes; - que a Direção da Igreja e os Sínodos se ocu-
pem com a capacitação de pessoas na área de planejamento, acompanhamento e avaliação, formando multiplicadores para auxiliar as instâncias na elaboração dos seus planejamentos missionários e disponibilizem assessoria na área de planejamento para as Comunidades; - que cada instância implicada no PAMI formule indicadores de avaliação para os seus planejamentos, os principais desafios e estabeleça processos de avaliação participativa do PAMI. O XXVIII Concílio da Igreja (Foz do Iguaçu/PR, 2012) decidiu pela continuação do PAMI, considerando que a missão é a razão de ser da Igreja, e estabeleceu que o Concílio de 2016 avalie novamente o PAMI e a metodologia do planejamento estratégico, reafirmando o objetivo de alcançar, pelo menos, 50% das Comunidades até 2016 com o Planejamento Estratégico. O PAMI também deve estar conectado com o Tema do Ano da Igreja e com a metodologia de avaliação de Campos de Atividade Ministerial e Ministros. Os Seminários do Período Prático de Habilitação ao Ministério (PPHM) devem contemplar com intensidade o PAMI e o Planejamento Estratégico. Além disso, faz-se necessário empreender esforços para a adequação do roteiro do planejamento estratégico de modo a torná-lo mais acessível. O Concílio destacou, ainda, que a Comunidade é a base da ação missionária da Igreja, que leva a recriar e criar Comunidades, buscando levar a paixão de Deus ao coração das pessoas.